Novembro 2017

Nº01

CULTURA!
FILMES!
LIVROS!

BITCOINS: MULHER MARAVILHA

Aprenda PROIBIDA!
como Entenda o que acon-
investir teceu.

VAPORWAVE
Entenda este movimento artítisco que
inspirou o design desta revista!

1
2
EXPEDIENTE EDITORIAL

Supervisora: Carla Tozo HORA DE ECOAR NOSSAS IDEIAS!

Editor Responsável
Elisabete Bravo

Repórteres:
Elisabete Bravo
Felipe Cortinas
Luíz Felipe Carvalho
Giuseppe Frateschi

Produção Editorial e
Gráfica
Felipe Cortinas
Elisabete Bravo Chegamos! Com um estilo que mistrura o retrô e o mo-
derno, cheios de ideias e pensamentos, apresentamos a
Ensaio: você, leitor, a Revista Grito.
Fotógrafa Bia Lopes e
Elisabete Bravo Na correria do dia-a-dia somos sobrecarrregados de
Make up: Cauê Villela questionamentos, multiplosconhecimentos que ao lon-
Modelos: Viviane Olivei- go do tempo tornam-se devaneios que evaporam. Esta é
ra, Diana Vieira, Mayara a essencia de um movimento chamado Vaporwave, será
Morresi, Renan Rafael, tudo vapor? Confira na página 15.
Aline TKM.
Figurino: Thaís Lobato Você também vai descobrir como minerar Bitcois. Tem
entrevuista o dublador Wallace Raj e reflexão sobre o
Capa: mercado de trabalho feminino. Para relaxar tem filmes,
Modelo Aline TKM livros e dicas de viagem.
Make up: Cauê Villela
Fotógrafa: Elisabete Queremos você fazendo parte da nossa equipe, vamos
Bravo juntos buscar respostas para nossos questionamentos.
De pronto já deixamos aberto um canal de comunica-
Perfil ção contigo, anota nosso email: minharevista@grito.
Colaboração: Filipe San- com.br
tos Whatsapp: 1178932555. Já podemos trocar mensagens!

Revista Grito
Ampliando a sua opinião e seu conhecimento!

3
 SUMário
POO PEE ART

TECNOMONEY:
BITCOINS
PÁG. 8 ENSAIO:

MODA

ATITUDE

OPINIÃO

PÁG. 10

VAPORWAVE
PÁG. 15

PERFIL
PÁG. 21

NA TELA:
PENSE:
CONFIRA E ASSISTA!
MULHER MARAVILHA PROIBIDA
PÁG. 25
NO LÍBANO
PÁG. 23
EXPLORE: DICAS DE LEITURA:
DESCUBRA
PARANAPIACABA PÁG. 30
PÁG. 27
44
 ENTREVISTA

WALLACE RAJ
ATOR QUE EMPRESTOU SUA VOZ PARA POWER
RANGERS, DIGIMON, POKÉMON, DRAGON BALL
ENTRE OUTROS.

Por Luiz Felipe Carvalho

Atualmente ele dubla o Homem-For-

miga dos Vingadores Unidos e o Whisper
do Yokai Watch. Com 17 anos de carrei-
ra, Raj conversa com a Revista GRITO
e conta sobre sua carreira, mercado de
trabalho e a popularização das platafor-
mas streaming.

Revista GRITO: Quando você decidiu

ser dublador?

Wallace: Me formei como ator em 2000

querendo lançar diversas peças de tea-
tro. Participei de alguns grupos e o nos-
so maior problema era grana. Quando a
gente tinha o teatro a nossa disposição,
não tínhamos o direito da peça e quan-
do tínhamos o direito da peça não tínha-
mos o teatro. Às vezes faltava até elenco.
Mandava nossos projetos para a lei de
incentivo, demorava muito para respon- Wallace: A demanda é muito grande
der. Foi então que um amigo me sugeriu e o tempo de entrega é muito pequeno
trabalhar com dublagem, me apaixonei! cerca de dias, então com isso, fica muito
difícil manter um novato dentro do es-
túdio, enquanto aquele que está há mais
Revista GRITO: Como era a concorrên- tempo na praça consegue fazer em me-
cia na época em que você começou? nos tempo e de uma forma mais eficien-
te. Quando eu tenho tempo para testar
Wallace: A concorrência já era grande pessoas eu testo, quando não tenho tem-
e hoje em dia é muito mais. Antigamente po a prioridade tem que ser para aqueles
não existia muitos cursos de dublagem. que estão há mais tempo.
Com o aumento de números de cursos, O atraso na entrega gera multa, é uma
atualmente, por ano aparecem cerca de correria contra o tempo, deixando assim
100 dubladores novos, porém apenas uns a concorrência muito mais difícil para
10 vingam. quem está começando agora.

Revista GRITO: Como é a demanda nos

dias de hoje? Revista GRITO: Recentemente saiu
uma pesquisa feita pela Netflix sobre a
55
 “ A dublagem é uma streaming caiu no gosto popular. Você
pode escolher seu filme, ou série e assis-
de muitas vias da tir quando quiser. Alguns distribuidores
interpretação. Para ser internacionais estão abrindo suas pró-
prias plataformas, eles já perceberam
dublador é preciso ser atriz, que este é um bom negócio. Com isso o
ou ator, fazer um curso de mercado para o dublador amplia.
dublagem e praticar muito”
Revista Grito: Atualmente você coor-
preferência dos assinantes a respeito do dena as dublagens, como no caso da sé-
idioma, e o resultado foi à alta demanda rie Fuller House. Como é este trabalho?
de produtos dublados, o que acha a res-
peito disso? Wallace:O coordenador é aquele que
vai atrás do produtor, tradutor e diretor
Wallace: Muito bom, mais um mercado do projeto. Escolhe as vozes dos atores e
de trabalho para gente. Estamos receben- seleciona os personagens que dublarão.
do muitas séries da Netflix. Aqui na Mar-
mac cerca de 70% dos nossos trabalhos
vão parar na Netflix de alguma forma. Revista Grito: Como está o mercado de
Por exemplo, estamos dublando algo do TV à cabo?
Cartoon Network para depois o produto
ingressar no catálogo da Netflix. Wallace: Existe uma lei federal que
Também estamos dublando Fuller obriga as distribuidoras de TV á cabo
House. disponibilizar toda a sua produção em
português, dando assim a opção ao con-
sumidor de escolha. Graças a isso, no-
Revista Grito: O Streaming deu um up vos estúdios foram abertos. Além disso
na atividade de dublador e em todo mer- temos consecutivamente novos canais
cado que envolve a atuação. Você acha sendo adicionados e isso demanda mais
que este mercado chegou ao mesmo pa- trabalho.
tamar do boom da antiga era dos DVDs?

Wallace: Com certeza! O sistema de Revista Grito: Quais as cidades que

66
estão crescendo na área e como anda a
distribuição desses produtos?

Wallace: Você tem muitos estúdios

aqui em São Paulo, Rio de Janeiro, Mia-
mi, Campinas e Belo Horizonte. É uma
demanda muito grande de trabalho, mas
infelizmente a distribuição não é tão
correta. Por causa de preços esses distri-
buidores estão indo para esses mercados
novos, como por exemplo, Porto Alegre,
Belo Horizonte, Miami, Campinas, e a
qualidade em si não é tão boa. As cida-
des de São Paulo e Rio tem uma acordo
com os estúdios para manter um nível
de pagamento para dubladores e equipe.
Com isso alguns trabalhos vão para ci-
dades com menor custo e que oferecem
menores pagamentos aos atores.
Wallace Raj - Foto: Arquivo pessoal
Revista Grito: O que é preciso para ser
um dublador?

A dublagem é uma de muitas vias de

um ator. Você precisa ser ator, fazer um
curso de dublagem e praticar muito.

Revista Grito: Você ainda tem algum

sonho na dublagem?

Wallace: Eu sonho em ter meu próprio

estúdio. Só na coordenação estou há
nove anos, já tenho noção de como é, a
vantagem que eu tenho é que eu andei
por diversas casas de dublagem, de ter
feito vários trabalhos, quem sabe o pró-
ximo...

“Alguns
distribuidores
internacionais
estãi abrindo suas
próprias plataformas
(streaming), eles já
percebram que é um
bom negócio. Com
isso o mercado para o
dublador amplia”
7
 TECHNOMONEY
Bitcoin
Uma revolução econômica
A
Por Felipe Cortinas
moeda é parte do sistema
monetário mundial, assim
como o Dólar e o Real. É
descentralizada e apre-
senta uma alternativa ao
sistema econômico atual.
Considerada como pioneira mundial,
foi criada por um programador com o
pseudônimo de Satoshi Nakamoto. O
Bitcoin torna possível operações finan-
ceiras com a ausência de intermedia-
dores, através do sistema denominado
“peer-to-peer” em blocos de bancos de
dados repartidos, chamados de Block-
chain.
Segundo um dos pioneiros do Bit-
coin, Charlie Shrem, Blockchain “É
um mercado verdadeiramente puro, a
tecnologia do Blockchain não é apenas
dinheiro. É toda uma estrutura nova”.
Um Blockchain nada mais é do que
uma corrente de blocos, onde milha-
res de transações, todo segundo, são
compactadas em um bloco. A estrutura
é mantida por meio dos computadores
de todo mundo em tempo real. Uma
contabilidade descentralizada em es-
cala global. Para Charlie, “O Bitcoin dá
para as pessoas liberdade econômica,
e é por isso que é uma coisa super in-
crível”.
Especialistas a respeito da cripto-
moeda falam que ela não possui centro
de gravidade nem quartel – general, ou
que você não pode desligar, só se o fi-
zer com toda a internet.
No início existiam alguns “gurus” da
tecnologia que visionaram um futuro
equalizado para a sociedade, ajudando
as pessoas a fazer dinheiro com movi-
mentações financeiras simples. Como
do ponto A para o ponto B, por exem-
plo, sem um banco para intermediar.
“São épocas malucas no espaço de
Blockchains atual”, afirmou João Ca-
nhada, CEO do FoxBit Brasil, empresa
de valores com moedas virtuais. “2016
e 2017 serão conhecidos no futuro
88
como uns dos mais formidáveis anos do
Bitcoin”, comenta João. Sua empresa em
2015 foi a que movimentou o maior volu-
me de moedas digitais da América Lati-
na.
Um estudo do site CoinDesk indicou que
no dia 23/10, o valor do BitCoin chegou
ao montante histórico de 6 mil dóla-
res, o equivalente ao valor de mercado
de 100 bilhões, um recorde mundial.
A valorização do Bitcoin é exponen-
cial e comparada a qualquer outra
moeda. Parece um crescimento ab-
surdo. Se analisarmos de forma grá-
fica, o valor de mercado cresceu bas-
tante em 2017, chegando a quantia de
5,5 mil dólares em outubro. Mesmo com
uma queda de 8,8% em uma semana, a
maioria dos especialistas recomenda
investir nesta moeda, falando em “di-
nheiro do futuro”. Outros alertam para
golpes nas redes que escondem um es-
quema de “pirâmide”. É importante fi-
car atento nas promessas de dobrar
triplicar ou multiplicar o dinheiro.
“Existem pessoas e empresas online
que prometem o rendimento de 1% ao
dia 100% ao mês e 1000% ao ano, parece
absurdo mas existem pessoas que são
enganadas”, diz Claudio Alves, investi-
dor e minerador de Bitcoins. “É indis-
pensável fazer uma pesquisa antes de
investir”, acentua. É tentador investir
em um negócio em que o lucro é certo
em questão de tempo, e a monetização
é em uma moeda bem mais valiosa do
 O sistema eletrônico é uma criptomoe-
da, codificada e irrastreável
que o dólar ou o real. Além da moeda ser
rastreada desde a sua origem, o que im-
possibilita sua falsificação.
Nos últimos 10 meses passados da eco-
nomia mundial, o Bitcoin se valorizou
mais de 350%. Saltou de um valor de
952 dólares, para quase 6 mil dólares.
De acordo com Fabrício Sanfelice da
Atlas Project, uma empresa brasilei-
ra focada em investimentos Bitcoin “ O
preço é taxado pela oferta e demanda
e por enquanto está num ritmo surre-
al, quem tem dinheiro sobrando deve-
ria investir pelo menos uma parcela”.
Mas existem pessoas que desacreditam
e espalham desconfiança “Não tenho co-
ragem de investir nisso é ilogicamente
surreal, nada mais é que uma bolha irre-
al prestes a explodir e deixar todos sem
dinheiro”, comenta Marcos Ticano, um
investidor.
Como aprendemos com as histórias das
pirâmides econômicas. Existem vários
esquemas “ponzi” como são chamados,
devido a Carlos Ponzi que no ano de 1920
nos Estado Unidos prometeu duplicar o
investimento dos clientes em três me-
ses, por meio de um esquema de vendas
de selos postais.
Esquemas aparecem sob várias facetas.
Podemos citar as fraudes financeiras
de Bernard Madoff que foi o centro do
maior escândalo de pirâmide financeira
de história até hoje. Que também pro-
metia retornos elevados em trocas de in-
vestimentos. Bernard hoje cumpre pena
de 150 anos de prisão. É imprescindível
ficar atento às promessas milagrosas em
qualquer meio econômico. Saiba sempre
onde pisa.
Minerando Bitcoins
Basicamente existem duas formas de ga-
nhar dinheiro com Bitcoins. Você pode
comprar e revender a moeda, como qual-
quer transação de câmbio ou “minerar”
as moedas. A mineração consiste no mé-
todo de averiguar outras transações des-
ta criptomoeda, nisso é possível obter
recompensas. Minerar é indispensável
pois ela protege as transações e as tor-
nam transparentes. Veja um gráfico so-
bre a dificuldade de mineração.
Como é possível notar a dificuldade pu-
lou de 300 milhões em 1 para 1,2 bilhões.
Sem dúvida é um reflexo do crescimento
absurdo do valor da moeda no mercado.
E da alta competitividade em encontrar
um novo bloco de Bitcoin. Isto se asse-
melha a Corrida do Ouro norte-america-
na das minas de Klondike em 1896.
Por fim você deve testar a rentabilida-
de em um período, comparar os seus
gastos com energia. O interessante é
que você pode fazer a mineração en-
quanto trabalha, estuda, está com a fa-
mília, na praia ou onde você quiser.
“Deixei minerando meus Bitcoins no
meu computador adicional desde o co-
meço do ano, quando olhei para minha
carteira digital eu desacreditei, era mui-
to dinheiro do nada”, comenta Leandro
Fontes, estudante, que aprecia a cadeia
de Blockchain mundial e quer tirar pro-
veito disto. “Podem dúvidar, mas daqui
a 30 anos vocês vão falar sobre a revo-
lução do Bitcoin e a distribuição de ren-
da”, completa.
99
 ENSAIO
MODA E OPINIÃO

“É hora de dar voz

a quem muito tem a
dizer"
Viviano Oliveira

Vestido: Thais Lobato

10
10
 ENSAIO
MODA E TRANSFORMAÇÃO

“Como dizia
Raul Seixas: eu
prefiro ser esta
metamorfose
ambulante”
Diana Vieira

Vestido: Thais Lobato

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 ENSAIO
MODA E AFIRMAÇÃO

“Não há preço
que pague a liber-
dade de se desco-
brir negra, gorda
e de poder trans-
mitir esta ima-
gem ao mundo
através da moda,
com confiança,
sensualidade e
estilo”
Mayara Morresi

Vestido: Thais Lobato

12
12
 ENSAIO
MODA E REALIZAÇÃO

“Uma vez me disse-

ram que eu era do ta-
manho do meu sonho
e eu acreditei. Desde
então, sou dono do
meu destino e a mi-
nha maior companhia
e a fé, que me lem-
bra todos os dias que
posso chegar onde eu
quiser”
Renan Rafael

Look: acervo pessoal

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13
 ENSAIO
MODA E LEITURA

“Um cafezinho
recém passado e
um bom livro na
mão; eis o que
chamo de felici-
dade”
Aline TKM

Vestido: Thais Lobato

14
14
 VAPORWAVE
VA P O R WAV E
ENTENDA ESTE
MOVIMENTO ARTÍSTICO
Q
Por Felipe Cortinas e Elisabete Bravo
uando surfamos pela internet
encontramos um alvoroço ar-
tístico global. Divagando en-
tre a parte intrínseca da rede
mundial de computadores, de-
paramos com tipos de mídias
atuais meio diferentes com expressões
dos anos 80 e 90 que traziam uma certa
nostalgia.
O Vaporwave é um afã do movimento
musical e visual oriundo das redes, que
tem suas fontes de inspiração focadas
nos anos 80, sintetizadores de música e
observações auto irônicas. Além de uma
desaprovação sobre como é regida a ló-
gica capitalista de consumação atual. O
movimento fez muito sucesso nos Esta-
dos Unidos e no Brasil não chegou à mui-
tas pessoas.
A estética da MTV dos anos 80, por
exemplo, foi definido por especialistas
do ramo de comunicação como uma arte
Mix – Mídia, que se trata de um conjunto
de meios e veículos em posições, usadas
num único plano de mídia, ou seja, mis-
turado numa única plataforma vídeos,
músicas, shows, comerciais e sons de
produtos. Tudo na internet.
Alguns especialistas em artes, afirmam
que o Vaporwave é um fruto do Seapunk
que se trata de um outro movimento um
pouco mais antigo surgido no Tumblr
em 2010.
Sempre associados a um meio New – Age,
muito ligados aos “memes da internet” e
movimentos artísticos vindos no século
21. Pode ser definido também como uma
estética Kitsch, que tem por definição
formatos plásticos, procurando contras-
tar o meio digital com o mundo real e
relacionar o sintético com o original.
15
15
 VAPORWAVE

A crítica à sociedade de consumo é es-

condida, numa postura, em que a pes-
soa se põe num lugar tão extremo a
modo de não querer ser levado a sé-
rio. É bem subjetivo e camuflado, alvo
de extrema reflexão. Assemelha a uma
posição extremista que teve muitos de-
bates em 2005 na internet, iniciada por
um rapaz chamado Nathan Poe, ele bo-
lou um fórum de debate sobre este tipo
de comportamento referente a críticas
auto irônicas.

O filósofo Zigmound Baumann é uma

referência do movimento, ele define a
sociedade atual como líquida, evidencia
a fragilidade dos laços humanos, o ca-
pitalismo como um parasita sugando a
essência das pessoas.

Revisitar outras décadas a partir da arte,

da música e da reflexão dos movimentos
sociais e trazer esta experiência para a
atualidade em forma de crítica é a essên-
cia do Vaporwave.

Esteticamente a tradução deste pensa-

mento é a mistura de esculturas antigas,
quadros, imagens em geral com um visu-
al dos anos 90 e cores dos anos 80.

Você leitor, pode usar esses elementos

em montagens de fotografias, talvez até
tenho uma colagem neste estilo e não sa-
bia que era uma influência deste Vapo-
rwave.
16
16
 VAPORWAVE

Para a estilista Thais Lobato a referência

Vaporwave está presente na moda desde
T-shirts e bonés que usam colagens e sá-
tiras até como fonte de inspiração para
designers famosos. “O movimento Vapo-
rwave, o Poo Pee Art e tantos outros são
como tentáculos de um mesmo corpo
que é o da inspiração retrô aliado a cria-
tividade e tecnologia atual”, concluiu
Thais Lobato.

ENTENDA
Começou com uma premiação dos pio-
res artistas dos anos 2000, a intenção
não era pejorativa, muito pelo contrário,
a ideia era ser divertida e crítica. Deno-
minado Poo Pee Art (tradução livre: coco
e xixi arte).

Em 2010 esta sátira artística e a mixa-

gem musical (Metal com Techno com
News Age e etc) passaram a ser mais di-
fundidas devido ao avanço tecnológico e
uma crescente inclusão digital. O nome
é muito mais relacionado ao deboche do
POO PEE ART que a algo ruim.

“O Vaporwave faz parte do Poo Pee Art e

todo movimento artístico não morre ele
se transforma, um pouco do Vaporwave
pode fazer parte de um outro movimen-
to, que se transformará em outro e assim
sucessivamente. Essa sinergia de arte é
livre, mesmo que tenha nomes diferen-
tes.
Movimentos anteriores já usavam esta
estética, eles colocaram a cor roxa e
usaram colagem em 8 bits e nominaram
como “Vapor”, amanhã pode ser usada
a cor laranja e ser denominado de “Fi-
reWave”, o nome não importa, porque
tudo é Poo Pee Art e a consistência está
na qualidade e nas referências e não no
título do movimento.
Os memes são um exemplo que traduz
uma reflexão engraçada, mas também
existem colagens que alcançaram uma
estética bonita e mesmo assim não dei-
xaram de ser Poo Pee Art”, explicou Van-
der Hair programador de TI e DJ.
17
17
 VAPORWAVE

“O VaporWave tem a influência da cor VAPORWAVE MUSIC

roxa, por causa do xarope, conhecido
como purple drink que dava um efeito Músicas eletrônicas, de recepções e ele-
grave a voz, este estilo treep influencia vadores, teclados sintetizados, além de
a música, foi difundido pelos traficantes sons de vídeo games e computadores de
da California para o mundo. 30 anos atrás são componentes deste es-
Hoje a maior influência do Poo Pee Art tilo. Os tons destas músicas são em ge-
são as mídias sociais e toda a nostalgia ral graves e sua velocidade vagarosa, o
de cada um. resultado é um ritmo vaporoso, etéreo,
volátil e fluido. Explicando o significado
Os anos 80 foi o início desse estilo misto do “vapor”, no nome do movimento.
de referência e de zombaria, um exem-
plo deste estilo de recortes é programa Muitas vezes, explicar o abstrato ou a
TV Pirata, já era o começo do Poo Pee Art junção de tantos pensamentos é algo
só não tinha esta denominação”, acres- complexo, a música pode traduzir esta
centou Vander Hair. fusão de ideias de filósofos e de pessoas
que debatem na internet sobre o movi-
mento e acrescentam formas de pensar.

Conheça!
MARc DEMARCO é um cantor multi-ins-
trumentalista e produtor canadense. Seu
estilo é conhecido como “blue wave”, al-
guns fãs chamam de “lo-fi jazz”. Seus ál-
buns mais conhecidos são Another One.
Some Other Ones e Algumas outras.
Ele produz em seu estúdio todos os
elementos da música. Conforme o Me-
tacritic, um site dos EUA sobre críti-
cas de entretenimento, as melhores
músicas dele são: Ode To Viceroy, My
Kind of Woman e Passing Out Pieces.
Os devaneios cantados vão do roman-
tismo ao vício por cigarros e expres-
sa a maneira de viver dos Millenials
e da geração dos anos 90. A rápida
evolução do mundo virtual é uma re-
ferência retratada em sua música.
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Playlist
Artista: Vektroid
Disco: Macintosh Plus
Músicas: Floral Shoppe ;
Neo Cali
Artista: Copavauna (Seattle/Usa)
Músicas: Vaporwave - Uge X Copavauna;
Juice;
Ocarina
Artista: Shift Tides (Tallinn, Estonia)
Músicas: Yashne Sade
Artista: Coletivo Vaporwave
Músicas: Macintosh Plus;
Saint Pepsi - Enjoy Yourself
Músicas disponíveis gratuitamente no
soundcloud.com
 VAPORWAVE

Macintosh Plus é música!

Você não leu errado, estamos falando
de música e não do antigo computador
da Apple. Um movimento fruto da in-
ternet não poderia ter como principal
referência músical um álbum com título
diferente de “Macintosh Plus”. Criado
e mixado pela musicista estadunidense
Vektroid, a nostalgia tecnológica desta
música tem uma série de loops curtos gênero Vaporwave. Segundo o Google
que traduzem todas as referências do Trends o termo “macintosh plus”, no
som Vaporwave. ano de 2016 teve mais de 100 mil buscas
Lançado sob o nome de um computador em um só dia.
antigo da Apple, referência alternativa Quem não conhecia a história do pas-
ao PC Windows da Microsoft. O nome sado da computação passou a conhecer
de sua música principal é Floral Sho- de forma nostálgica, sonora e tecnoló-
ppe. Este foi o mais eloquente tom do gica.
19
19
 CAPA
AESTÉSICO
Diferente do substantivo “estética”, em
termos gerais ele é colocado como ad-
jetivo de forma que caracterize o tipo
específico de imagem do Vaporwave, a
definição literal é de uma imagem esté-
tica.
Essas imagens a princípios podem pa-
recer estranhas, esta é a intenção! Ser
20
aleatória, misturar cores, no caso das
músicas e vídeos, sons, sintetizar e ser
até mesmo engraçado.
No YouTube você pode conferir os víde-
os como o “Conversations With a Pizza
Pie” e “History of the World - I Guess” –
este último com mais de 33 milhões de
visualizações. Autoria é de Bill Wurtz,
um artista que representa o termo Aes-
tésico.
 PERFIL
FLOR EM PENÚRIA
Por Filipe Santos
Como o excesso de burocracia e a falta de vontade do serviço
público estão contribuindo para agravar a fome no Brasil
A feira é um caldeirão de humanidade.
Lá encontramos virtudes, defeitos, fru-
tas e legumes em uma diversidade efer-
vescente. Me propus a provar desse
caldo humano com um paladar seleti-
vo. Fui ali para falar da fome. Buscan-
do histórias de pessoas que garantem
o seu sustento com o que para nós é
lixo e me deparei com a trágica histó-
ria de uma senhora com nome de flor.
O corpo pequeno, encolhido pelo peso da
idade e de tragédias pessoais, caminhava
com dificuldade entre as barracas, carre-
gando uma bolsa de pano surrada e uma
sacola com alguns repolhos. Observo de
longe, não tenho coragem de me aproxi-
mar nesse primeiro momento. Continuo
observando à distância quando ela para
diante de um caixote com laranjas des-
cartadas, estrategicamente posicionadas
à margem da rua para não atrapalhar
o fluxo, ainda constante, de clientes.
Curvando-se com visível dificuldade,
ela coloca algumas laranjas na sacola
junto aos repolhos. Decido me aproxi-
mar, mas recuo quando mais uma vez
ela para diante de uma banca, dessa vez
de brinquedos. Com um olhar hipnoti-
zado, ela observa pequenos animais de
corda saltarem de um lado para o outro.
Ouço o vendedor dizendo o preço, isso
parece tirá-la do seu transe. “Meu neto
ia adorar”, diz cabisbaixa ao vendedor.
Quando finalmente consigo abordá-la,
sua primeira reação é de surpresa. Apre-
sento-me como estudante de jornalis-
mo, digo-lhe que gostaria de saber sua
história e pergunto o seu nome e idade.
“Meu nome é Margarida, eu tenho
77 anos, e em breve eu vou fazer 78”,
diz com o orgulho de uma criança
que jacta-se de estar envelhecendo.
Pergunto se já almoçou e diante da res-
posta negativa, convido-a para almoçar
enquanto ela me conta melhor a própria
história. Ela agradece, mas explica que
não pode demorar na rua. “Não posso ficar
parada aqui moço, minha nora está sozi-
nha e eu preciso voltar para ajudar ela.”
Compro uma marmitex, me ofereço
para carregar as sacolas e sigo escol-
tando-a pelo caminho enquanto ela
21
21
 PERFIL

me conta a própria vida. te do marido. Segundo a Resolve-se a questão bu-

Impedida de receber o própria, após 20 anos de rocrática com uma sim-
Benefício de Amparo ao casados, o homem que ples visita da assistência
Idoso porque não con- a trouxe para São Paulo, social municipal à casa
segue provar a morte do com a promessa de amor do necessitado, o que
marido que a abando- eterno fugiu com uma jo- comprovaria sua carên-
nou há mais de 30 anos. vem mais nova para Minas cia. Entretanto, por omis-
Gerais, deixando-a aqui são do poder público, não
“Os papéis estão lá, em com dois filhos para criar. é isso o que acontece.
Minas Gerais. Dizem que
se eu pedir pro cartei- Como nunca se separou le- Segundo Vicente Paulo
ro ele traz, mas a mu- galmente, Margarida pre- e Marcelo Alexandrino,
lher que ele arranjou por cisa do atestado de óbito do em Direito Constitucional
lá não deixa mandar.” seu marido para provar ao Descomplicado, “os direi-
Estado que merece receber tos sociais constituem as
Com 77 anos, morando liberdades positivas, de
em um barraco de um cô- Morosidade a observância obrigatória
modo em meio a uma fa- serviço da fome em um Estado Social de
vela localizada na região Direito, tendo por objetivo
do Jabaquara, Margarida Assim como Margarida, a melhoria das condições
garante o seu sustento cerca de 52% das pessoas de vida dos hipossuficien-
com a venda de latinhas em idade de se aposen- tes, visando à concretiza-
e coletando os produtos tar no mundo, segundo a ção da igualdade social”.
“indesejáveis” da feira. Organização Mundial do
Trabalho, não recebem “Sabe moço, eu não gosto
Margarida não consegue nenhum tipo de pensão. daqui não”, diz de súbito.
provar para o Estado que As razões são diversas: “Aqui eu não tenho famí-
necessita do benefício. de problemas burocrá- lia, eu sou praticamente
Segundo o Inss, os itens ticos à falta de legisla- sozinha. A minha vonta-
que qualificam uma pes- ção favorável no país. de é voltar para Minas Ge-
soa a receber o benefí- rais, lá que eu era feliz”.
cio são: Idade mínima de No Brasil, caso não tenha
65 anos. Ela possui 77. contribuído por tempo su- Pergunto se espera en-
ficiente para a Previdên- contrar em Minas a fe-
Renda mensal per capi- cia Social, o idoso pode licidade que deixou. A
ta da família deve ser in- solicitar o benefício de resposta vem em forma
ferior a ¼ do salário mí- Amparo ao Idoso, previsto de pergunta. “Você mora
nimo vigente na data do pela Lei n. 8.742, de 7 de com os seus pais né? ”
requerimento (dividin- dezembro de 1993, Lei Or- Respondo positivamente.
do-se o valor da renda de gânica da Assistência So- “Então, abaixo de Deus,
todos pelo número de in- cial, conhecida por LOAS. você tem tudo. Eu não, pra
tegrantes, deve resultar mim não adianta mais. ”
um valor menor que um Indeferir um pedido de Despedindo-se, segue seu
quarto do salário-míni- assistência social, mes- caminho. Ainda preci-
mo). Ela mora sozinha, e mo alegando a falta de sa visitar algumas casas
sua renda provém da ca- documentação apropria- para recolher as latas de
ridade alheia unida ao da, pode ser interpretado alumínio, previamente
seu olho treinado para como inconstitucional, separadas por desconhe-
buscar latinhas na rua. uma vez que a Constituição cidos mais habilidosos
Federal Brasileira de 1988 em reconhecer a carên-
O grande problema é prevê assistência social cia dela do que o gover-
que Margarida não con- a todas as pessoas caren- no que lhe dá o trata-
segue comprovar a mor- tes sem possibilidade de mento da invisibilidade.
22
22 prover o próprio sustento.
 PENSE

MULHER MARAVILHA É PROIBIDA NO LÍBANO

Por Elisabete Bravo A repercussão de toda esta história co-
meço logo que o filme foi anunciado jun-
O Grand Cinemas, rede de cinemas liba- tamente com Gal Gadot escolhida como
nesa comprou os direitos do longa-me- a heroína.
tragem aprovado, até então, pela censu-
ra e regulamentação do país. O trailer Para adicionar gasolina ao incêndio,
chegou a passar nos cinemas, porém talvez até sem intenção, a atriz postou
menos de 24 horas da estreia o governo uma foto orando com sua filha e a se-
libanês embargou o filme. A rede Grand guinte legenda: "Estou enviando meu
Cinemas teve algumas horas para infor- amor e orações a meus colegas cidadãos
mar aos clientes e o fez pelo twitter. israelenses. Especialmente para todos
os meninos e meninas que estão arris-
Uma das desculpas dos políticos, é de cando suas vidas protegendo meu país
que o governo foi pressionado por uma contra os terríveis atos praticados pelo
campanha de boicote ao chamado “Fil- Hamas, que estão escondidos como co-
me da Soldada Israelense”. vardes por trás de mulheres e crianças
... Devemos superar !!! Shabbat Shalom!
Gal Gadot, a atriz que interpreta Diana, #weareright #freegazafromhamas #stop-
a Mulher Maravilha, é israelense, nas- terror #coexistance #loveidf "
cida em Tel Aviv e serviu por dois anos
as Forças de Combade Israelense (IDF) O post deve 15 mil comentários tanto
e aos 18 anos foi eleita miss Israel. Vale a favor quanto contra o seu posiciona-
lembrar que o serviço militar em Israel mento. Um seguidor chegou a escrever
é obrigatório para ambos os sexos. Seria
este o único ou principal motivo? 23
 PENSE
“O exército israelense sionista é a maior
organização terrorista!". A foto foi apa-
gada das mídias sociais da atriz.
Independentemente das visões políti-
cas o filme Mulher Maravilha não faz
nenhuma alusão a Israel. A mensagem
passada é de enxergarmos o lado bom
das pessoas, de não desistirmos do ser
humano e do empoderamento femi-
nino. Este último parece ser o "X" da
questão.
Sorte que o Brasil não é assim!
Aqui é diferente!
Enquanto isso no Brasil...
Mulheres ganham menos do que os ho-
mens em todos os cargos de acordo com
a pesquisa realizada pela Catho divulga-
da em março de 2017 onde foram anali-
sados cargos de estagiários a gerentes.

Elie Fares, médico e blogueiro mais fa-
moso do Líbano esclareceu em seu blog
stateofmind13.com, que outros filmes
de Gal Gadot não foram censurados,
lembrou que Natalie Portman nasceu
em Israel e não existe problema com
seu trabalho exibido no país.
Ele relata que quando a Mulher Maravi-
lha apareceu nas telas dos cinemas em
Batman vs Superman foi aplaudida pe-
las pessoas que assistiam ao filme.
Fares levantou uma questão: “Quem
sabe, o problema deles (Governo Liba-
nês) não seja com o fato de Gal Gadot
ser israelense, pois isto não têm influ-
ência sobre o filme em questão, mas
sim porque o filme apresenta persona-
gens femininas fortes e independentes
que nosso patriarcado não pode propa-
gar? ”
Parece que o buraco é bem mais embai-
xo.
Em 1914 Margaret Sanger, autora e feminista Estadunidense escreveu:
A cada 11 minutos uma mulher é es-
tuprada no Brasil – Dados do Fó-
rum Brasileiro de Segurança Pública
Quando um caso de estupro é divul-
gado as primeiras questões levanta-
das nas redes sociais são: Que tipo
de roupa ela usava? Onde ela esta-
va? Isso são horas de estar na rua?
“Se as mulheres soubessem como
se comportar, haveria menos estu-
pros. ” É o que diz 35,3 % dos en-
trevistados pelo Instituto de Pes-
quisa Econômica Aplicada (IPEA),
órgão do governo e 23,2% concordam
parcialmente com esta afirmação.
Ainda segundo o IPEA, 26% dos quase 4
mil entrevistados concordaram inteira-
mente ou parcialmente com a seguinte
frase: "Mulheres que usam roupas que
mostram o corpo merecem ser atacadas".

“Porque acredito que a mulher é escravizada pela máquina-mundo, pelas

convenções sexuais, pela maternidade e pela criação necessária e ativa dos
filhos, pelo salário-escravo, pelo moralismo da classe média, pelos costumes,
pelas leis e pelas superstições.

Porque acredito que a liberdade feminina depende de despertar dentro dela.

O espírito de revolta contra tudo que a escraviza.

Porque acredito que aquilo que escraviza a mulher deve ser combatido aberta,
destemida e conscientemente. ”
24
 NA TELA
Por Elisabete Bravo

CHOC AN TE
Para a galera que viveu as décadas de
80 e 90, não se reprima e venha rir de si
mesmo e das coisas que a gente curtia
e fazia ao som do Polegar, New Kid on
The Block, Menudos, Backstreet Boys
entre outras boyband.

Se você novinha e novinho, não sabe

do que estamos falando, “Chocante” irá
revelar essas duas décadas MA-RA-VI-
-LHO-SAS e um tanto brega.

Um filme leve, pra dar risada da pró-

pria nostalgia e sair cantando “Me dá
um choque de amor ôhhh!”

“Chocante” acabou de sair dos cinemas

e já está disponível nas plataformas
Streaming.

Sobre o filme:
O grupo “Chocante” formado por Téo
(Bruno Mazzeo), Tim (Lucio Mauro Fi-
lho), Tony (Bruno Garcia) e Clay (Mar-
cus Majella) se reencontram. Em meio
a lembrança do passado surge a ideia
de fazer um show. Os amigos retomam
os ensaios com o novo integrante Rod
(Pedro Neschling), vencedor de um re- OS MISTÉRIOS DE MISS FISHER
ality show.
Esta série é tão boa, mas tão boa, que
nem sei por onde começar. Já sei o que
você vai dizer: começa pelo começo. Ok!
A abertura é maravilhosa, aposto que
não vai conseguir pular nenhuma vez.

Mistério, investigação, romance e uma

bela pitada de sarcasmos faz parte deste
enredo que se passa nos anos 1920.

Miss Fisher é moderna e inteligente,

seu parceiro Jack fica embasbacado
com sua ousadia e atitude. Todos os per-
sonagens da trama são cativante.

A série é Australiana, não é modinha,

porém é apaixonante. Esta disponível
na Netflix.

25
 NA TELA
A L É M D A S PA L AV R A S
A palavra morre
Quando é dita,
Alguém diz.
Eu digo que ela co-
meça
A viver
Naquele dia.
(Emily Dickinson)

Dirigido por Terence Davies. Um filme chand, profissional experiente na área

envolto pela poesia de Emily Dickinson de moda cinematográfica, é impecável.
que retrata a vida desta artista que teve
seu talento reprimido por questionar De origem inglesa e belga, o filme é
os padrões de sua época, pela educação uma história de amor e arte. Está dis-
rígida e vida reclusa. ponível nas diversas plataformas strea-
ming.
Seus escritos eram sua fuga, alívio e de-
sabafo. Em vida, apenas 10 de seus poe-
mas foram publicados anonimamente.
Em 1886, após a sua morte foram en- A Revista Grito ecoa para você um
contrados, por sua irmã Lavinia, mais pouco da poesia de Emily Dickinson
de 1700 escritos.
Dizem que o tempo ameniza
“A alma escolhe sua Sociedade e fecha
a porta”, escreveu Emily Dickinson que Isto é faltar com a verdade
optou pela poesia e fechou as demais
portas. Não se casou, viveu e morreu Dor real se fortalece
na mesma casa em que nasceu. Ainda
assim, foi uma mulher destacada pelas Como os músculos, com a idade
palavras.

“Ela não conseguia ficar longe de casa, É um teste no sofrimento

dos pais e irmãos. Para Emily, a família
era o universo, e o universo era a família. Mas não o debelaria
Eles eram extremamente fechados,
quase uma família claustrofóbica”, dis- Se o tempo fosse remédio
se Terence Davies, diretor do filme.
Nenhum mal existiria
O longa consegue colocar imagens na
poesia de Emily. Flui como ler um li-
vro. O figurino feito por Catherine Mar-
26
 EXPLORE
Paranapiacaba
Por Giuseppe Frateschi
“Lugar de onde se vê o mar”, este é o
significado de Paranapiacaba, em tu-
pi-guarani. A pequena vila ferroviária
de ingleses construída no século XIX
não se passava de um discreto acam-
pamento para operários. Encarrega-
dos de fazer a manutenção da Ferrovia
Santos-Jundiaí, eles mal sabiam que
mais de um século depois, seriam res-
ponsáveis por darem início à Londres
brasileira - um dos lugares mais turís-
ticos e, porque não, “horripilantes”, do
estado de São Paulo.
A relação com os ingleses não é à toa.
A necessidade de transportar o café
até o porto de Santos de modo mais
rápido - para exportar - abriu margem
para a construção de uma nova fer-
rovia. No século XIX, a Inglaterra era
referência na construção de estradas de
ferro.
É neste momento que os ingleses, com a
sua cultura e habilidade na construção
de linhas férreas, entraram na histó-
ria. Desse modo, Paranapiacaba surgiu,
escondida entre montanhas e localiza-
da em um magnífico vale que nos leva
a crer na hipótese de não estarmos tão
próximos de São Paulo.
Em seu período de maior prosperidade,
a vila contava com ruas arborizadas,
casas pintadas e inclusive com o clube
União Lira Serrano. Lá, os habitantes
podiam contar com bailes, jogos, com-
petições esportivas, peças teatrais e
exibições de filmes.
A cidade era dividida em duas áreas,
27
 EXPLORE
uma com a tradicional arquitetura in-
glesa (casas de madeira com telhado de
ardósia que, anos depois, na década de
1950, foram trocados por fibrocimento)
destinada aos funcionários de alto es-
calão e a outra conhecida como o “Lado
Alto”, que era onde ficavam pequenos
comerciantes e funcionários aposenta-
dos - estes perdiam o direito de morar
nas casas da empresa logo que aposen-
tavam. Muitos acabavam indo morar no
“lado alto”.
Tanto a vila, como a ferrovia, foram es-
tatizadas pelo governo. É neste momen-
to que – segundo os moradores mais
velhos de Paranapiacaba - o local come-
ça a definhar. “Antigamente eu estudei
em Paranapiacaba. Hoje praticamen-
te a vila acabou”, relata com tristeza a
nostálgica Dona Maria Rodrigues, de 53
anos. A recôndita cuidadora de idosos,
acredita que por conta da expansão co-
mercial e turística da região, Paranapia-
caba perdeu relevância e autonomia.
28
TURISMO
Foi neste contexto que a fama do local
foi construída. Hoje, milhares de pesso-
as frequentam Paranapiacaba buscando
tranquilidade, contato com a natureza e
muito lazer. Além da parte histórica, a
vila é também muito visada por aman-
tes de trilhas e contos de terror. E não é
brincadeira não, existe até mesmo uma
convenção de bruxas por lá. De acor-
do com a organizadora, Tânia Gori, que
também é professora de feitiçaria, a pro-
posta é trazer informações para prati-
cantes de magia e bruxaria e organizar
um evento informativo para adeptos do
estilo de vida e simpatizantes. “Parana-
piacaba foi escolhida por conta da aura
mística em torno do local, sem con-
tar o contato com a natureza”, revela.
Além disso, a vila parada no tempo con-
ta com a famosa e inebriante neblina,
que pode cair durante a manhã e surgir
no final da tarde. Em questão de minu-
tos, ela toma conta de todo o vale. Dan-
do um ar, portanto, de “O Nevoeiro”, do
escritor americano Stephen King. “Ah,
eu me senti em Forks - uma península
próxima de Washington D.C.” revela,
“parecia que o Edward Cullen do Cre-
púsculo ia me pegar”, brinca, com hu-
mor, a jovem estudante de comunicação
Bárbara Guth, de 22 anos.
 EXPLORE
Não seria possível realizar essa maté-
ria sem entrar no assunto do Cambuci,
e olha que não estamos falando do bair-
ro paulistano, mas sim da popular fruta
local. Os habitantes, muito criativos, ti-
veram mais de um século para aperfei-
çoarem a cultura do fruto. Eles fazem
suco de cambuci, geléia de cambuci,
sorvete de cambuci e até mesmo pinga
de cambuci. “Esse é para os que gostam
de um goró”, afirma um vendedor local,
muito tranquilo, ao som de Raul Seixas.
O que acontece, é que a fruta ocorre
em abundância na região, assim como
o palmito juçara. O problema é que,
no caso do palmito, que demora anos
para se desenvolver, a extração é gran-
de e por isso está ameaçado de extinção.
Para dar ênfase à fama horripilante, en-
tra em cena o cemitério local. Para os
curiosos, vale conferir. Existem túmu-
los datados da fundação da vila. Inclu-
sive algumas lápides já estão até mesmo
desgastadas pela ação do tempo. Um dos
moradores, Isac Navarro, que é dono de
um café local, conta que quando morre
alguém no vilarejo, eles fazem uma fes-
ta: “É quase uma comemoração. Aqui
nunca morre ninguém, e isso é um luxo
[...] nós somos muito próximos por con-
ta da baixa população”, relata, “eu mes-
mo perdi um dedo quando era caminho-
neiro e por conta disso resolvi acalmar
a vida e comprei o café local, meu dedo
está enterrado aí no jardim, quando eu
morrer, vão desenterrar e levar para o
cemitério”, diz Isac em tom descontra-
ído, sem se preocupar se a morte é ou
não um empecilho da vida.
SERVIÇO
Para os curiosos que buscam um passeio
diferente, é possível chegar na vila com
o Expresso turístico, que sai da estação
da Luz todos os domingos (exceto no se-
gundo do mês), às 8:30. Se for de carro,
a Via Anchieta é o melhor caminho. Siga
até o km 29, que indica a entrada para
Ribeirão Pires. De lá, pegue a SP 148, co-
nhecida como Estrada Velha de Santos,
até o km 33. Em seguida, vá pela rodovia
Índio Tibiriçá até o km 45,5 e, em segui-
da, pegue a SP 122 até Paranapiacaba.
E assim segue a vida na vila, no vilarejo,
na cidade, no cenário de filme dos anos
1950, como quiser. Alguns, mais ousa-
dos, dizem até mesmo: “Paranapiacaba,
onde a pia não acaba não”.
29
 DICAS DE LEITURA

A História Secreta da Mulher-Maravilha

Autora: Jill Lepore
O Livro mostra a inspiração e a história feminista que foram a
base para criação da heroína mais famosa do mundo. Os qua-
drinhos de Mulher Maravilha além de aventuras e fantasias
narravam a luta pela emancipação da mulher é o que mostra
este livro imperdível para os fã desta amazonas.

A Lenda de Ruff Ghanor Volume 01: O Garoto Cabra

Autor: Leonel Caldela
Para quem gosta de livros de fantasia medieval o livro escrito
por Leonel Caldela, A Lenda de Ruff Ghanor Volume 01: O Ga-
roto Cabra, é um prato cheio desse universo fantástico, com
uma narrativa ótima e um final de explodir a cabeça a obra
mostra que esta nova geração de escritores brasileiros tem
muito pano pra manga.

Neuromancer
Autor: William Gibson
O livro detalha suas aventuras de estilo de ficção científica -
completa com batalhas entre seres humanos cibernéticamen-
te modificados, espionagem de computador em larga escala
e invenções de tecnologia legal que gostam da habilidade de
projetar imagens holograficas ou de ver através dos olhos de
outra pessoa - literalmente.

Nada a Invejar – Vidas Comuns na Coreia do Norte

Autora: Bárbara Demick

Utopia, essa é uma das palavras que servem como sinônimo

da Coreia do Norte, uma das nações mais inóspitas do mun-
do. A escritora viveu em Seul, na Coreia do Sul, durante cinco
anos e leva o leitor para o interior do país cinzento. Contan-
do, inclusive a história de diversos norte coreanos que sofre-
ram com a ditadura da família Kim.

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