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UM SENHOR, UM�t\ FÉ
TRADUZIDO DO INGLES
PELO
Reformatado by:
UM SENHOR, UMA FÉ
PADRE VERNON
ONE FAITH
IM PRIMI POTEST
IMP R IMATUR
_ _
.
Vcrnon Joh�son, ho em reto e de inteligência
. da ':l privile
gia , comp�eend1a tudo isso, como se colige da
_ leitura do
seu livro , cu1a tradução apresentamos.
A leitura da vida de Santa Teresinha foi o iníci
o do
trabalho da graça em sua alma. Duas visitas a Lisie
ux tive
ram efeito decisivo. Contemplou êle ali, pela primeira
vez,
o mognífico espetáculo da unidade da Igreja Católica.
Santa Teresinha levou-o ao Evangelho que êle come
çou o ler e o meditar com o mente despida dos preconcei
tos protestantes.
A exposição doutrinária que êle faz em seu livro, re
vela um estudo meticuloso do assunto.
Quem busco a verdade de todo o coração, infalivel
mente a encontra.
Que idéia nos dá êle do divindade de Cristo negada
pelos protestantes modernistas! Com que critério e seguran
ça expõe a tese do Primado de Pedro, tôda baseada nos tex
tos do Novo Testamento!
Após alguns anos de luta insana, triunfando da carne
e do sangue, bem como de mil preconceitos, Vernon Johnson
ingressou na verdadeira Igreja que lhe apareceu em todo
o seu esplendor nas páginas do Novo Testa!11ento.
Foi completar os seus estu�os no Colégio Beda, e :J
Roma, instituição eclesiástica destinada as _
, vocaçoes tardias
e ali se preparou para o sacerdócio.
da sua
Celebrou a sua primeira Missa em Lisieux junto
ce:este protetora.
rra fecundo
Hoje o ilustre sacerd. ote exerce na I ng Iªte
ent e m a vacu1'da-
d
muitas a Imas que
f,e qu e só se
apostolad o, orientando
��{
a ira
nessa 5).Igreja
de do anglic anismo e aspiram pela verd � .
seu livro, que ainda hoje se vendem, cada ano, mais de 1.000
Escreveu-me êle, ao dar-me permissão paro traduzir o
exemplares.
Dentre os milhares de protestantes inglêses e dentre
mais de 100.000 protestantes norte-americanos que cada ano
se convertem muitos, sem dúvida, encontraram nessas pági
�
nas luminosa o roteiro que os levou a repudiar o êrro para
�
��r conseguinte, o estado da Igreja da Inglaterra foi
.
u!11a dd1cul ade muito secundária e sómente serviu para con
firmar a minha fé na lgreia Católica.
A controvérsia do Livro de Orações (Prayer Book) foi
para mim antes um sintoma do que outra coisa qualquer; em
bc:>ra séria, nunca foi tão séria para mim, quanto o moder
nismo.
O. modernismo, vi-o quando cheguei o compreendê-lo
melhor, estava destruindo completamente a verdadeira con
cepção da Personalidade de Cristo e da sua Divindade, bem
como a crença nessa verdade fundamental da religião cristã.
Era inevitável que eu fôsse acoimado de desertor. Só
posso lembrar o todos que sempre estive metido no mais
aceso da luta. As dificuldades não me atingiram seriamente
enquanto examinei todo o problema, não por causa das difi
culdades, mas porque eu tinha visto outra coisa de que não
tinha a menor dúvida que era Divina. Pela primeira vez en
�
italiano.
e er
Eu possuía em alto grau a latente hostilida_d: q�
içao inglesa.
dara, como parte da costumada educação e trad
. do país até
1925. E, quanto me posso lembrar, ate e� �ao uem ambos os
Profundamente insu Iar, nunca e� five -foro
tinha falado
sómente duas vêzes a um sacerdote catolico
:
casos apenas ocasionalmente.
15
a
luz, é como se deixass� o seu lar e inúmeros cenas e pessoa
_ . os para deliberada
omont1ss1m mente tomar o cominho do exí
�
lio: é um puro ato de fé. E só mais tarde que aquela alma
pode possivelmente convencer-se de que o lugar aparente
do exílio é na verdade o próprio lar.
Um Senhor, 2
CAPfTULO 1
OS COMECOS ,
d esejo d e d o m i n a ção � u n !ª
d' 1
' e que e
, el a o ma1·or
1 m ag 1 na r pa ra o ivr
I" e acesso
i n i m i g o q u e se poss a
21
d as a l mas a Deus. Ta l ponto de vista é claro q ue
imped e q ua lquer conta to íntimo com a lgreia .
Pa ra outros é ela u m museu eclesiástico - o re
fúg io d a a rte sacra, a mãe das nobres catedrais,
cu ia a rq uitetu ra nos enche de gôzo e admira ção;
mas é essencia l mente estrangeira . O q ue pensa m d a
sua rel ig ião o imag inam como se, d e q ua ndo em
q u ando, a vissem man ifestada por estrangeiros e a
a d u ltera m ju lgando-a i ncerta, i rreverente, e com ple
ta mente a l heia ao espírito ing lês .
E assi m passam pelas belezas da lgreia sem
compreender a sua a l ma .
Para outros, que refletem mais, é ela u m enigma
insol úvel. Parece-l hes q ue a Igreja Catól ica deveria
já há m uito ter desaparecido da história : ficam ma
ravi l hados de seu extraordinário poder de reorgani
zação. Perseguida e expulsa de u m país a pós ou
tro, a i nda progride, sustentada pelas reivindicações
papais que j u lgam ser de todo fa lsas; tem ela enfren
tad o m a is de u ma revolta i ntelectual, aparentemente
esmagadora, e contudo permanece, e êles n ão po
dem deixa r de admira r a assombrosa unidade em
q ue e l a m antém homens e mulheres de tôdas as
na coes.
,
...,
b a rata q u a l q u e r e n te n d i m e n to m a is p ro fu n do . E as
s i 1n, ta mbém p a ra êles, o gra n d e seg rêd o d a Igr eja
Cató l i ca p e rm a n ece i nso l úve l .
A i n d a a q uê l es q u e têm am i g os cató l icos não
vão m a is l o n g e . Ace i ta m-n os como Cató l icos Roma
n os, e p res u m e m q u e hão d e obse rva r ce rtos deve
res re l i g i osos e a bste r-se d e certa s co isas que fazem
os o u t ros . Pod em, de te m p o e m te m po, esta r côns
c i os d e que seus a m i g os cató l i cos entende m ma is
de s u a re l i g ião e q u e esta s i g n ifica m a is para êles
d o q u e sucede co m os q u e p e rte n cem à I greja da
I n g l aterra .
Mas, se por u m m o m e n to isto os i m pressi ona ,
•
27
Mas para mim, q ua ndo me achei naq uele outo
n o d e 1924 com a autobiografia de Sa nta Teresa
_
� a s m aos, estas d úvidas e surprêsas ainda n ão me
ti n h a m ocorrido. Estava de todo absorvido na con
versão das a lrnas pa ra Nosso Senhor por meio de
um ressu rg _i mento na Igreja lng lêsa.
Eu n ão ti n ha nen h u m temor de insegurança, ne
n � u mas d úvid as, quaisquer que fôssem, q uanto a
m i n ha posição.
Foi só d epois de ano e meio que experi mentei
o i n ício daquelas dúvidas tortu ra ntes e aquêle fa s
tid i oso senti mento de temor q ue devia gradualmen
te a podera r-se do meu espírito.
O " aba lo" tremendo não o ti nha experi menta
do a i nd a ; d evia sobrevir em Lisieux, mas só depois
de passados dezoito meses.
Levei a vida de Sa nta Teresa pa ra o meu quar
to e comecei a leitura. Os dois pri meiros capítu los
n ão m e impressionaram : sem dúvida, pareceu-me d i
fíci l percorrê- los. Aos poucos, porém, a história em
p o lg ou-me , sendo de todo impossíve l descrever meu
esta d o de espírit o q ua ndo, afinal, alta madru ga da,
d ep u s o l ivro.
T udo o que posso d izer é que êle moveu todo
0 meu ser com o nenh uma outra leitu
ra jama is o fi-
zera.
A l i esta va a lg uém que hav ia ama do � osso _Se
n h o r em g ra u sup erio r a tud o o que eu _ti n ha v, 1st ?
rt!
a nte s : u m am or tão for te com o o dos a ntig os ma
res , e a ind a com a de lica dez a e ter nur a de um a cri-
28
po nder-l he.
39
pa rte .
A p ri n cí p i o parecia co i n cidência e a l g u n s l e i to
res assi m o poderão i nte rp reta r; mas, com o correr
do tempo, eu sentia q u e era mais do q u e m e ra co i n
cid ê n ci a o q u e m e l eva ra a m i m, u m estra n g e i ro e
d esco n h ecido, a a j oe l h a r-me no locutório do Ca rme
l o e receber a bêncão da Mad re I n ês, a i rmã d a Sa n -
,
S E G U N DA V I S I TA
d i fe r e n te .
44
A U TO R I D A D E DO N OVO TESTAM E N TO
P a ra a m ed i a n i a d os i n g l êses d i fi c i l m e n te ocor
re a q u e stã o d e a l g u m a a uto r i d a d e e m s u a re l ig ião.
O i n g l ê s a ce i ta a q u ê l e a s peto d a l g re i a doce n
te d a I n g l a te rra n o q u a l fo i ed u ca d o, A n g lo- Ca tó l i
co, B ro a d (Mod e r n i sta ) o u Eva n g é l i co, e seg ue-o a té
q u e f a l h e e m s a t i sfazer a s s u a s n e cess i d a d es o u e n
tre e m c o n f l i to co m s u a s vistas pessoa is s ô b re D e u s
e rel i gi ão.
S e n do, p o i s, esse n ci a l mente h o n esto e s i n ce ro e
n ã o d e s e j a n d o p rofessa r m a is do q u e c rê rea l m e n te,
o i n g l ês re m ove t u d o o q ue n ã o pode a c e i ta r e de
s e n vo l v e por s i m esmo uma re l ig i ão p essoa l .
A resp e i to d esta re l ig i ão, a ss i m formada, é ê l e
i n te n s a m e nte reservado, e, i nte rrog a d o sô b re o as
s u n to, resp o n d e ri a com com p l eta convi cção q u e re l i
g i ã o p a ra ê l e e ra matéri a i nte i ra me nte confi n a d a e n
t r e D e u s e a a l ma, e q ue cada u m devia b u scá - l a por
si m es mo e fazer o poss íve l pa ra vivê- l a .
Ma i s a i n d a : q ue s e êle q u i sesse to m a r p a rtido,
opta r i a s e m d úvida pe l a I g re j a d a I ng l aterra, mas
n ão q ue r p render-se a n e n h u ma cre n ça pa rticu l a r e
s em p re tra ta r i a tôd a s as re l ig i ões com respeito.
54
A A U T O R I D A D E D E N O SSO S E N H O R
N O S E VA N G E L H O S
A AUTO R I DA D E DA I G R EJ A
N O S EVA N G E LHOS
'
" Ma n ifestei o teu nome aos homens, q u e me
deste d o m u nd o " (J oa . 1 7, 6).
A ê l es confiou as pa lavras que o Pa i l he ti n h a
dado ; e por isso crera m e con hecera m seguramen
te q ue E l e viera do Pa i. Quer isto d izer que êles cre
ra m e m Sua m issão d ivi na e e m Sua d ivi ndade :
" Eu l h es dei as pa lavras q u e me deste a m i m ;
e ê les as re.c eberam, e con hecera m verdadei ramen
te que sa í d e ti, e crera m que me enviaste " (Jo a .
1 7, 8) .
Tendo mencionado esta verdade centr al, a s a
ber, Sua d ivi ndad e, e a crença d os Apó stol o s n essu ee
particu lar, conti nu a a o ra r por a l g u ma co isa q u
seria apenas cons eq uência de ta l crenç a : qu e s e l
Apóstolos possa m ser u m com u ma u nid a de t ã o re a
como a U n idade na p rópria D ivi ndade :
71
• pa i Sa n to , g u a rd a e m t
me deste, p a ra
eu n ome
q u e sej a m u m , a qu êl e s q ue
(J oa . 1 7, 1 1 ).
a s si m c om o n ós ·
O C ON F L IT O D O S A Pó ST
O LO S
COM O MU N D O
'
rá -lo s do m u nd o, po rq � e
P ri m e i ra m e nt e, se pa
e ra u m a cre n ca e fi n id a m e n te so b re na tu r� I, n � o
d I ª en1 ao
d e st e m u nd o. E m u ito i m p orta n t e n o ta r q ue .
,
·
N os s o Se n ho r ti n ha pr ed it o qu e ª. ve � d a � � i r ? f ,,
e
1z ad e
qu a nto à Sua P e rs o na l id a d e, . si g ni fi ca ri a in 1m
e
o m o m u ndo e n ã o com p
r o m i ss o.
72
E agor a toca mos no pont o cu l m i na nte de sta
g ra nd e oraç ão. Esta un idad e entre os Apó s tolo s d e
veria cont i n u a r pel o corr er d os sécu los entre to do s
m e ra
tura f.
. ·i ao d a l g r e 1 a
E a conseq uência essenc i a l d a un od e
-
. e nao p
_
de
ser rom p ida, bem co mo a sua u n i a
73
E � go ra, no Eva nge lho , des cob ri que era exa ta
m ente isso o . q ue Nos so Sen hor dese java que fôs
se a sua l g re 1 a .
Textos q u e i nconscie ntemente e u havia percor
rido às pressas no passado, agora se i l umina ram
com novo sig n ificado.
" Que êles seiam um em nós, pa ra q ue o mundo
possa crer. "
De rel a n ce eu vi que na mente d ivina do Mestre,
unidade, i nterna e externa da Sua Igreja, só seria
possível se fôsse fu ndada sôbre a u n idade interior da
Igreja com a Divi ndade, med ia nte a união desta
com seu d ivi no Fu ndador.
Vi, a lém disso, q ue fa ltando esta unidade de fé,
a Igreja fa l h a ria na sua função de Igreja docente
que Nosso Sen hor q u is q ue ela desem pen hasse. E
vi a i nda q ue esta u nidade i nterna, onde quer q ue
rea lmente existi u, não poderia deixar de se exprimir
em uma u n idade externa num mundo sacramenta l
como êste.
Tôda a m i n ha posição como um Sacramenta
l ista estava baseada na crença de q ue o Espírito se
ma n ifesta a si mesmo por sinais exteriores. Clara
mente, pois, a u n idade espiritu a l da Igreja . deve ma
nifestar-se sacra menta lmente em uma un idade ex-
terna.
De mo do q ue a u n ida de ext ern a � ess enc ia l por
q ue é o res u ltado da u n ião da l g re1a com seu Se
n h or e seu Deu s ' e seu Sen hor e Deu s é Um . J á não
p o d e is d ivid i r a i g rej a, co mo nã o po de is d ivid ir seu
Sen h or.
74
E d ifíci l des crev er a com plet a revo luç ão q u e
o pe ro u em me � esp írit o. De sde e tão per ceb i st
e.u n u n ca pod eria ser rea l men te fel�iz em min h ai qu�
r i a d e u m a I g reja visiv el mente d ivid ida, tant o ma te o
q u e Nos so Sen hor não faz esta ora ção pela u n idai s
d e u m a vez só, mas a repet e acres centa n do novo s
p � rmen ores ; most ra ndo q ue, em Sua ment e, a pe r
fe i çã o d e Sua I g reja esta ria em sua un ida de, inte r
n a e externa :
" Se j a m um, como ta mbém nós somos um . Eu nê
l es e tu em m i m, s:;ara que seiam consumados na
··
e
. r-s e a s 1 m e s -
r
·
T ra ça n d o o d e s e n vo l vi m e n to da I g re j a n os Atos
dos Ap ósto l o s e n a s E p ísto l a s, d eve m os l e m b ra r- n os
de q u e os Atos n ã o s ã o u m a com p l eta re l a ç ã o d a s
ativi d a d es d e tod os os A p ósto l os, d i s p e rsos co m o es
tava m p e l a s d i fere ntes n a ções.
São a p e n a s u m m u i to b reve esbôço d os come
ços da I g re j a . As E p ísto l a s, p o r sua vez, são ca rta s
escr i t a s d e te m p o s a tem pos p a ra a te n d e r a n e cess i
d a d es pa rt i c u l a res e m d i fe re ntes pa rtes d a I g re j a .
E m b o ra n ã o te n h a m s i d o e s c r i ta s p r i n c i p a l m e n te com
o b j et i vos h i stó ri cos, l a n ça m m u i ta l u z sô b re a vi d a
í n ti m a d a I g re j a .
O c u p a m -se espe c i a l m e n te d o m es m o p e r ío d o d a
h i stó r i a d a I g re j a q u e é o b j eto d os Atos : i sto é, o s
tri n ta p r i m e i ros a n o s d e p o i s d a Asce n s ã o .
O S ATOS
.
.Co n ta - n os q ue, d u ra nte u m perí odo de qua r e n
ta d i a s, Nos so Se n h or l h es d e u provas tão conv ice
n
tes d a S u � Ress u rre .i ção, q ue ê l es n ão pode ri a m pô
l a e m d u, v 1 d a , e q ue ta mbém l h es d i sse m u i tas cois as
.
a res p e i to do fut u ro da Sua I g reja :
" Aos q u a i s ta m bém se m a n ifestou vivo, depoi s d a
S u a Pa ixão, co m m u itas p rovas, aparece ndo- l h es por
q u a re n ta d i as, e fa l a n d o do re i n o d e Deus " (Atos
1 , 3) .
A s ú lt i m a s p a l avras do E va n g e l ho d e S . J o ã o
n os d iz e m q ue : "Mu i ta s outra s coi sas fêz J esus, as
q u a i s, s e s e escrevessem u m a por u ma, cre io que
.
.
A VI DA CO LETIVA DA IGREJA
V I DAS I N D I V I D U A I S
N o pri m e i ro serm ã o dep ois do Pen teco ste s f
. oi-
no s d 1 to :
" E n tã o Ped ro, chei o d o Espí rito Sa nto, d i sse . . . "
Q u a n d o fo i n eces sá ri o o rd e n a r sete d i ácon os 0
g ra n d e p r ? b l e m a em q u e i n sisti ra m os Apó sto los f oi
q u e d eve r i a m s e r h o m e n s c h e i os do Espírit o Sa nto :
" Po rta n to, i rm ã os, e sco l h ei dentre vós sete va
rões d e b o a rep u ta ç ã o, c h e i os do Esp . írito Sa nto " (At.
6, 3).
P o r o ca s i ã o d o m a rt í r i o de Sa nto Estêvão, ou
vi m os i sto :
" M a s , co m o ê l e estava c h e i o do Espírito Sa nto,
o l h a n d o p a ra o céu . . . (At. 7, 55).
E S . B a r n a bé é d es c r i to como " u m homem bom
e c h e i o do Esp í rito Sa n to " .
, · '
E ve n d o o a l e i ja d o c u r a d o, e s a b e n do que o mi
la g re e r a co m e n ta d o e m tôd a J e rusa l ém, n ão se
a treve ra m a p u n i r o s A pósto l os . E nte n d e m q u e d e
vem e s p e ra r e i n t i m a n d o os Apósto los a n ão c o nt i
n u a re m p re g a n d o d a q u e l a m a n e i ra , os d e sp e d em .
O res u ltado fo i q u e " os Após to l os, com g ra n d e co
rag e m , d a va m teste m u n h o d a ress u r rei ção d e J esus
Cri sto N o s s o S e n h o r " (At . 4, 33) .
E evi den te q ue o s u mo S a ce rd ote e a s aut
ori·
uar: é
da d es j u d a i c a s n ão po dem d e i x a r i sto con ti n
ass i m q ue vo l ta m à ca rg a.
cu ado
La n c a m m ã o do s Ap óst o los , q ue ti n h a m �t e ª
O doent
� e os me tem n a pri são . Du. ran. te a � oi
'
co i 50 q u
e
e a pr im e i ra
pr isã o é a b e rta p o r u m a n jo,
89
ouv e o S u m o Sac erd ot e é que os Apó sto los estã o fo
r a d e n ovo , p reg a ndo no Tem p l o.
Tra ze m-n os per a nte o Con se l ho e d izem a S.
Pe d ro : " Que re i s torn a r -nos resp onsá veis pelo sa n g u e
dêss e h o m e m ? " Mas ê l es a pen as obti veram a m es
ma respost a, à q u a l Ped ro acresce nta agora o fato
de J es u s d a r a rem i ssão dos peca dos : " O Deus de
no�!:>O S pais ressu scito u J esus, a quem vós mata s tes,
suspE. n d e ndo-o n u m made i ro. A êste elevo u Deus
com a sua dextra como Prínci pe e Sa lvado r, p a ra
d a r a I srae l o a rrepend i mento e a remissã o dos pe
cad os " (At. 5, 30).
N ã o s a b endo o q u e fazer para os i m ped i r d e
p rega r, o Consel h o p l a neja mata r o s Apósto los,
m a s n ã o se atrevem a fazê-lo. Por isso, tendo-os açoi
tado, d e ixa ra m - n os part i r.
A p róxi m a cena é i ntei ra mente d iferente . Esta
mos fora dos m u ros da cidade. Ta mbém a í há u ma
m u l ti d ã o, e no m e i o a l g uém que êles estão a rras
ta ndo p a ra a morte. É Estêvão. Por que va i êle m o r
rer ? Pe l a D iv i ndade do seu Senhor. Foi p rêso p e l o
S i n éd rio ' e , n o m e i o d e u m a m u ltidão i rritada, o l h a
estático p a ra o céu, e vendo " a g lória de Deus, e
J es u s q u e estava e m pé à d i reita de D�us", excla
m a : Eis q ue vej o os céus abertos, e o Fi l ho do H o
/1
m e m e m p é, à d i re i ta de Deus".
Enco l e rizados, a rrasta m-no para fora da � i � a
d e e a í a ped re javam Estêvão, que orava e d 1z1a :
/1
Q u e m e o or a d o r ?
, i a o u ve
·
·
A I G REJA VA I A TO D O O MU N DO
PA RA E N S I N A R A Tô DA S A S NA C õ E S
,
Qu e a m i s s ã o d a I g re j a se este n d a a to d o o
m u n d o , é o q u e s e d e p ree n d e i m ed i a ta m e n te d o
f i m d e sta s c a rta s : s ã o ca rta s a c i d a d es s i tu a d a s m u i
to a l é m d os l i m i te s d a Pa l esti n a . S u a s fro n te i ra s v ã o
d e sd e a Á s i a Me n o r até a G réci a , e at ravés d a G r é
c i a f i n a l m e n te a té Ro m a , o ce ntro d o m u n d o c i v i l i
za d o, e i st o d e n t ro d e u m c u rto l i m i te d e t r i nta a n o s .
A g ra n d e · c a rta d e S . Pa u l o à I g re j a d e Ro m a
co m e c a e t e rm i n a c o m esta d efi n i d a e i l i m i t a a a e x i -
,
g ê n c i a d a I g re j a : " J es u s . . . p e l o q u a l receb e m o s a
g ra ça e o a p o s to l a d o, pa ra q u e obed eç a m e m s e u
n o m e à f é t o d os o s g e n ti o s " ( Ro m . 1 , 5) .
A s s i m c o m eça S . Pa u l o a s u a ca rta e a e n c e r r a
l a çã o d o m i sté
q u a s e c o m a m e s m a n ota : " A rev e
s a s n a çõe s p a ra
rio . .' · t o r n a d o c o n h e c i d o a tôd a
q u e s e o b e d e ç a à fé " ( R o m . 1 6, 26 ) .
96
A I G R EJ A !: A M E ST RA D IVI NA
A
I G REJA EXI GE O BE D I EN C I A A ESTA Ft
Dos q ue seg uem esta fé, n ã o exige a I g reja me
ra " a ce itação " ou a p rovação", mas o q ue expri
/1
d o, p a re ce u - m e s i m p l esmente esmagadora.
1 01
A n tes d e t u d o s a be mos q u e a ra iz o u ca u s a fu n
d a m e n ta l d a d esobed i ê n c i a à fé é o peca d o ca p i ta l
d a soberb a :
" Se a l g u é m e n s i n a d e modo d ife ren te, e n ão
a b ra ça a s s ã s pa l avras d e Nosso S e n h o r J es u s C r i s
t o , e a q u e l a d outri n a q u e é co nform e à p i e d a d e, é
u m s o b e rb o q ue n ad a sabe . . . privado d a verd a d e "
( 1 Ti m . 6, 3) .
Por m a i s e l eva da q u e seja a s u a a uto ri d a d e o u
a i n d a espi ritu a l , s e ê l e p rega outra co isa q ua l q u e r
é exco m u n g a d o :
11
Mas a i n d a q u e n ós m esmos ou um a n jo d o c é u
vos a n u n c i e u m Eva n g e l ho d ifere nte d a q u e l e q u e
vos temos a n u n ciado, seja a n átema " (Ga l . 1 , 8) .
Esta u n i d a d e da fé é tão i nd izlve l me n te p re c i o
sa p o rq u e é u m a s a l va g u a rd a contra tôd a d outri n a
fa l s a e con tra todos a q u ê l es q u e d e l i b e ra d a m e n te
te n ta m a rru i n a r a fé cristã :
11
Até q ue chegu emos todos à u n id a d e d a fé . . .
pa ra q ue n ã o m a i s seja mos cria nças fl utua ntes, e l e
va d o s a o ca pricho d e tod o ven to d e doutri n a , p e l a
m a l ig n id a d e d o s home n s, pela astú cia com q u e i n d u
zem a o ê rro " ( Ef. 4, 1 3).
N e n h u m a pa l avra é d e masiado fo rte pa ra exp r i
m i r a a ve rsão q ue tem a l g re i a àq u e l es q u e res i ste m
à verd ad e :
11 A p re n d e m se m p re e n u n ca cheg a m a o co n h e c i
m e n to d a verd a d e . E a ss i m como J a n es e Ma m b res
res i sti ra m a Moi sés, a ss i m ta m bé m êstes res i ste m à
1 02
AMO R E U N I DA D E
ao e s p í r it o da I g re j a A n g l i ca n a, na q u a l eu ti nha
si do cria do.
E, e n t re ta n to , ês tes A pó sto l os , S .
Pa u lo e S .
J oã o, n ã o e ra m h o m e n s es tre ito
s e de sp rov ido s de
ca ridade :
"E a i n d a q u e e u tive sse o d o m d a p
rofeci a e
� o n h e ces s e tod os os m isté rios e tôd a a ciê
nci a e
t i v e s s e tô � a ª fé, a té ?º p o nto d e tra nsp orta
. r os m � n
tes, se n a o t i ve r ca r i d a d e, n ão sou n ad a " ( 1
Cor .
1 3, 2).
" E a i n d a q u e e u d i str i b u isse todos os meus bens
n o s u st e n to dos p o b res, e e n treg a sse o meu corpo
às c h a m a s, se n ã o tive r c a ri d a d e, n a d a d i sto me
a p rove i t a " ( i b i d ) .
" 1 rmão . . . s e rvi -vos u n s a os o utros pe l a ca r i d a
d e " (Ga l . 5, 1 3) .
" Sofre n d o-vos u n s a os outros, e perdoa ndo-vos
m u t u a m e n te, se a l g u m te m razão de q u e ixa contra o
o u tro ; a ss i m como o Se n ho r vos perd oou a vós, as
s i m t a m b ém vós o d eve i s faze r " (Ca l . 3, 1 3).
11
M a s, a c i m a d e t u d o isto, te n d e caridade, q u e
é o v í n c u l o d a p e rfe i çã o " ( I b i d e m ) .
A ss i m escreve u S. Pa u lo e c o m m u ito m a i s a rdor
o fêz S . J o ã o :
Ca r ís s i mos, a m emo- n os u n s aos ou tros, porq ue
11
s u a ca r i d a d e e m n ós é p e rfe ita . Se a lg u ém d i ss e r :
1 07
eu a mo a Deus, e od iar a seu i rmão1 é um mentiro
so · · · E nós temos êste mandament 0, que aquêle
q u e ama a Deus, a me também a seu i rmão'' (1 J oa .
4, 7). E, contudo, êste é aquêle mesmo que escreveu :
" Se a l g uém vem a vós, e não traz esta doutri
na, n ã o o receba i s em vossa casa, nem o saudeis :
porq ue q uem o saúda, pa rti cipa das suas obras más"
(l i J oa . 1 O).
Que é o q u e torna êstes homens aparentemente
i nco nsistentes ? Certamente alguma coisa que eu a i n
d a não ti n h a compreend ido; a qua l teria provoca
do êstes dois senti mentos, a saber, absol uto horror
a q ue m nega a fé, e o amor das almas - a justados
u m a o outro.
O seg rêdo está na imensidade da Fé confia d a
à g ua rd a d a I g reja.
A D I VI N DADE E A RESSU RREI ÇÃO DE
N OSSO SENHOR J ESUS CRISTO
E n esta verdade centra l da Fé confiada à I g reja
q u e encontra mo � a respost � , isto é, a grande verda
de q ue o p róprio Deus veio a este " mu � do na P � s
soa d e J esus Cristo : que Nosso Senhor e Deus feito
Homem : perfeito Deus e perfeito Homem, . e é i sto,
em g ra u supremo, g a ra ntido pela Ressurrei ção.
Neste pa rticu l a r, as Epístolas são tão claras co
mo os Atos :
"Jesus Cristo, Nosso Sen hor, que nasceu da pos
teridade de D avid, seg u ndo a carne, e declarou ser
1 08
A AUTO R I DA D E DA I G REJ A
A re l i g i ã o cristã d e p e n d e, e m tôda ª,
a� plidão
us
d a s u a ce rteza , d o fato d e te r s i d o o prop ri o De
q ue m
q uem a fund ou, de te r s i d o o p ró p r i o D e u s ena ;
m and ou seu s Ap ósto los por tod o o m u n d o orde a e
d o - 1 hes que ens i nas sem a tôd as as n a çõ es a v �
1
�
que Ele l hes tinh a reve lad o; e tam b ém d eôted ar 5a v0e r-0
pró p rio Deu s q uem pro met eu gu ia- 1 os a t
•
,
1 09
da d e e pres ervá -los do êrro, e esta r com êles até ao
fi m dos tem pos.
Se o q u e fêz tudo isto não é Deus, mas sóme nte
home m, e ntão a I g reja não é mais do que uma so
cieda d e h u ma n a como q ua lquer outra. E lá se va i
tôda a sua a uoridade d ivi na e sobrenatu ra l . Não
tem d i reito de exi g i r obed iência aos homens, e n in
guém seri a tão i nse nsato que lhe prestasse esta obe
:Jiência.
Qua ndo a re l i g i ão, em a lguma crise de fé e de
mora l, exige dos homens e das mul heres sacrifícios
penosos e q uase superiores às fôrças humanas, ja
mais êles pensa ria m em su jeitar-se se não soubes
sem que a autoridade que a isso os chama é divi na
e não pode erra r .
Se Cristo não é Deus , e se a Igreja não é o seu
órgão d ivi namente d isposto para ensi nar a Sua ver
dade, d esaparece tôda a certeza no que toca à re
velacão' d ivina : não há autoridade sôbre a terra q u e
e
exi ja a nossa fé sujeição - tudo é incerteza como
dantes.
Ma is u ma vez, se há a lguma contradição dentro
da fé, a I g reja cessa ria a utomàticamente de ser a
Mestra d ivi na, porq ue a verdade deve ser uma -
não pode contrad izer-se a si mesma.
A VI DA SOBRENATU RAL DA I G REJA
e sta a d m i rá ve l se nte nc a :
,
S a l va d o r :
" Ro g o q u e s eja m u m , co mo ta mbém nós somos
u m, e u n ê l es e tu em m i m , para que sejam co nsu m a
d o s n a u n i d a de, e pa ra q u e o m u ndo co n heça q u e
t u m e envia ste, e q u e o s amaste, como m e a ma ste
ta m bé m a m i m " (J oa. 1 7, 22).
J á p o d e m o s ve r porque q u a l q u e r neg ação d a
fé o u d a u n i d a d e extern a d a I g reja é co nsid erada
c o m ta l h o rro r e taxa d a tão severa m e nte por homens
q u e for a m tão a ma ntes d a s a l mas. E porq u e tal n e
g a ç ã o fere a Pessoa d e N o � so Senho r, destrói t � da
a a u to ridad e d ivina da lgre 1 a, e s o l a pa a s u a vida
sob ren atu ra l .
Pre cav er os h om ens con tra tal catá stro fe n os
têr mo s m a is for tes não é i ndí cio de ecle sias ticis mo
aca n had o, ma s é obr a d e sa lva dor a e mã e das al
ma s, sem out ro mo tivo ma is que o am or .
U m Senhor, 8
C A P fT U L O IX
C O N C L U SÃO
N ã o n o s é p o s s íve l co n g l o b a r t u d o o q u e e n co n
t r a m o s s ô b re N o sso Se n h o r e S u a I g re j a n o N ovo
Testa m e n to .
S a b e m o s q u e N osso S e n h o r afi r m a q u e E l e é
D e u s : q u a n d o fa l a é D e u s q u e m fa l a : q u a n d o e n s i
n a , é o e n s i n o d e D e u s q u e s e fa z o u v i r : s u a a u to r i
d a d e é a a u tori d a d e d e D e u s : ve i o E l e p a ra tra n s
m i t i r a s u p re m a reve l a çã o d e D e u s a o s h o m e n s .
Q u a n d o d e i xo u êste m u n d o, q u e m ed i d a s to
m o u E l e p a ra q u e a S u a verd a d e fô sse tra n s m i t i d a
p u ra e i n co rru pto ? O n d e d e ixou a S u a a u to r i d a d e ?
E s c reve u u m l i vro ? N ã o . Tra n s m i t i u a S u a a u to r i d a
d e a o s A p ósto l o s : " Tod o o p od e r m e fo i d a d o n o
c é u e n a t e r ra . I d e, p o i s, e e n s i n a i a tô d a s a s n a -
..... "
c, o es .
E p o rq u e ê l e s fo ra m s e u s rep re s e n ta n tes, reves
ti u - o s d a S u a d i vi n a a u to ri d a d e ; d ev i a m , p o rta n to,
ex i g i r o b e d i ê n c i a ; e a q u ê l es q u e crêsse m s e r i a m s a l
vos, e q u e m o b sti n a d a m e n te re i e i ta s s e S e u s e n s i n a
m e n to s s e ri a co n d e n a d o .
P a ra to r n á - l o s ca p a zes d e l eva r ava nte esta m i s
s ã o , p ro m e te u - l h e s a a ss i stê n c i a d i vi n a d o E s p í rito
8 *
116
r
s e i a � x c l u _1 d o d a s
u a u n i d a d e vis íve l . N ão há ou -
t r � s g re 1 a s q u e se
� .
g e c i a . N e n h u m out
. ?
a p rese nte m co m sem e l h a nte ex i
ra I g re j a, n e m a O ri e n ta l n e m
ª n g l 1 ca � a , a f i r m a ·s e r a ú n i ca
m estra de tod o o
m u n d o u n i ve rs o.
� a rea l i d a d
, e n ã o há ou tra I g re j a u n ive rsa l . Está
s o , n a o a p e n a s em sua reivi n d i cacã o mas ta m bém
n o fato, p rov a d o p e l a h i stória d � t � r m a ntido ta l
r e i vi n � i ca ç ã o . E l a está só, ú n i � a, exc l us iva, evi d e n
t e . F o i a p e rcepç ão d o sob re n atu ra l , co mo e u o des
c o b r i e m L i s i e u x, q u e me cativou e atra i u a m i n h a
a te n çã o p a ra a I g re j a q u e havia p roduzido seme-
1 h a n te m a ravi l h a .
A s a nta d e L i s i e u x e n ca m i n h ou - me para a I g re
j a C a tó l i c a . A I g re j a Cató l i ca d i ri g i u- m e pa ra a Sa
g rada E s c r i t u r a , e a S a g ra d a Escritu ra ree n vi o u - m e
para a I g re j a Cató l ica . E esta deve s e r s e m p re a or
dem das coisas.
A I g re j a C a tó l i ca n ã o é a l g re i a Cató l i ca p o r
q ue p o d e i s p rova r q u e e l a é ta l p e l a Sag rada Escri
tura. E l a ex i ste e m seu p róprio d i reito, faze ndo as
s u a s p ró p r i a s ex i g ê n c i a s pera nte o m u ndo. Exi stiu
a n tes q u e fôss e escr i to o Nov o Test ame nto. Não
p rom ete u No sso Sen hor i nfa l ibi l i ? ade a u m � ivro, mas
p rom eteu a i nfa l i bi l i d ade ao � ns1n o da lgre t� · O N e o
o
O PAPADO NO EVAN G E L H O
J á n ote i q u e, a p ós a m i n h a v i s ita a L i s i e u x, p a s
s a d o s i á u n s q u i n ze a n os d e m i n i sté r i os, co m o A n
g l i ca n o, m e e n co n trei pe l a p r i m e i ra vez fa ce a fa ce
c o m a l g re i a Cató l i ca co m o u m a rea l i d a d e e l a n
c e i m e u p r i m e i ro o l h a r pa ra os seg red os i n te r i o res
d a s u a v i d a s o b re n atu ra l .
D a m e s m a m a n e i ra , p o r i n críve l q u e pa re ç a , a té
e n t ã o j a m a i s h a v i a co n s i d e ra d o s e r i a m e n te o s textos
P e t r i n os , ou estu d a d o o Eva n g e l h o e os Atos p a r a
v e r q u a l fo i rea l m e n te a p os i çã o d a d a p o r N os s o S e
n h o r a S . P e d ro .
A razã o d i sto, s u p o n h o e u , fo i pri m e i ro e a n
tes d e t u d o, a co m p l eta co nvi cção d e q u e Ro m a e s
t a va fu n d a m e n ta l m e nte e n g a n a d a , u m a co n v i c ç ã o
�
q u e s u b s i ste n o co ra çã o e n o es � írito ª m a i o r p a r
.
te d o s i n g l êses ; e m s u ma, eu h a v i a ass i m i l a d o o q u e
t i n h a a p re n d i d o e m m � u Co l ég i o Teo l óg i co s e m exa
.
m e a l g u m , e n u n ca m a i s m e p reocu p e i co m o a s s u n t o .
P o r m a i s q u e e u co n s i d erasse a q u estão, v i v i a
p e rs u a d i d o q u e o Pa � a d o e ra o po nto c e n t r � I d a
d i fe re n ce e n tre a l g re 1 a d a I n g l ate rra e a l g re 1 a d e
Ro m a ; � ra u m a a d i ç ã o à fé o rig i n a l e n ã o ti n h a fu n -
1 22
N a se g u n d a oc a s i ão é d a do a S.
d e ca m .1 n h a r so... b re as ag , Pe d ro o po de r
uas com o f'i zer a seu Me s-
tr e (M ª t · 1 4, 28) . Ped ro fa
l h a em sua p ri m e i ra te nta -
�
fi a , m a s é l ev a d o
a bo m suc ess o g rac as a um a ma
_
n i est a � ª º d o pod er sob ren atu ra '
l de No sso Se n h or,
e, p a rt i c .i pa n d o d êst e po de r com
o Me stre 1 S Ped ro
� o 1 ta c o m E l e p a ra a ba rca , ca m i n ha ndo s Ó bre as
a guas.
De n ovo, e m Cafa r n a u m, é p o r meio d e S. Pe
d ro � u e N osso S e n h o r opera o m i la g re da moed a
� o t r i b u to p a ra ser d a d a ao co l etor de i m postos
(iV'\ a t . 1 7, 26) .
Vo l ta re m os a êste i n cidente.
E a q u a rta oca s i ã o é a da seg u nd a pesca m i
l a g rosa, q u e n os é re l ata da p o r S. J oão (J oa . 21 ,
4-7) . E S. Ped ro q u e está e n ca rregado da ba rca, é
S. Ped r o q u e se l a n ça ao m a r e m d e m a n d a da
p r a i a , e é S. Ped ro q u e a rrasta p a ra terra a rêde
q ue , d esta vez, a m u l ti d ã o d os peixes não co nsegue
rom pe r.
E m todo s êstes m i l a g res, excet o ta lvez no · ú lti
m o, com o com p l eme nto dêle s, vem os Nos so Sen hor
e mp e n h ado n u m i nte nso diá log o pes soa l co m S. P e
Ap ó s-
d ro e m g ra u n u nca vis to com nen hum out ro
to lo.
len e da Pa i
Se nh o r, ao
Q u a n do se a p ro xi m a o mo me nt o so
xã o ' é po r m ei o de S. Pe d ro q u e N os s ?
1 f
d '
1 sc1 p u os, d ,
ª ª m a i s c o m ove n tee
l ava r os pés dos ,
d .i ro e h e e e, 0 q u
l i c ã o e n s i n a nd o- no s qu e o ve rd a e
,
1 27
A CASA D E S . P E D RO
'
nd em os ª e
Si nte tiz em os d e no vo qu
aq u. i . Vi m os q u e o no me de S. Pe d ro
an to a p
é
r e
me nc J
.ion a 0
�
ve ze s : q u e
na do só me nte vi nte e no ve
1 31
u m a e m u i t a s vêzes a pa rece como i n t é r p rete n a t o
d o s A p ósto l os : q u e N osso Se n h o r e os A p ósto l o s p a
rece m a ce i tá - l o sem n e n h u m come n tá r i o o u s u r p rê
s a : q u e N osso Sen h o r a ss o c i a S. Ped ro a s i m es m o
e m c e rtos m i l a g res : q u e l h e d á u m a l i cã o e s p e c i a l à
'
res p e i to d a a u to r i d a d e p o r oca s i ã o d o l a va - p é s :
q u e o a ssoci a a s i mes mo, de u m a m a n e i ra p a rt i c u
l a r m e nte í n t i m a , n o i n c i d e n te d o i m pôsto ex i g i d o p e ·
l o co l eto r : q u e se h os ped a va em casa d e S . Ped ro,
e q u e a pa receu a ê l e p r i m e i ro q u e aos o u tros A p ó s
t o l os, d e po i s d e ress u sc i t a d o .
F i n a l m e n te, N osso Se n h o r o c h a m o u a n tes d os
o u t ros A p ósto l os e a ê l e, p o r motivos m i ste r i o s o s ,
mas bem d eterm i n a d os, d e u o s o b re n o m e d e " Pe -
d ro .
li
A p r i m e i ra p a s s a g e m q u e se d eve co n s i d e ra r e s
tá n o Eva n g e l ho d e S . J oã o . N o seu p ri m e i ro ca p ít u
l o ve m os co m o Nosso S e n h o r, a p r i m e i ra vez q u �
e n controu S. Ped ro, d e u- l h e êste misteri oso s o b re
n o m e - o q u e não fêz a n e n h u m o utro dos o ut ro s
Apósto los.
9 •
1 32
q ue r d ize r, pe d ra " (J oa . 1 , 42 ).
N o caso do sobr enom e Boan erge s dado mais
ta rd e a Ti ag o e a J oao, vemos o s1gn1� f .1ca d o; pois· ·
r, os fi l hos do trovão.
Mas , n este caso , não hav ia nenh uma rela cão a a l
g � m a qua l id ade natu ra l d e S. Ped ro ; pois, ' nas rela
çoes do Evang el ho, êle mostra ser tudo menos u m
roc� edo. P.a rece que isto indica um desti no q u e de
ver i a seg u i r, e não qual idade natural que porventu
ra possu 1sse.
Há a lgum semelha nte desti no? Se o há, qual
é ? A m a ior pa rte da história do Evangelho nos dei
xou n a expectativa e i nsatisfeitos ; o mistério só é
exp l a nado no ca pítu lo d ezesseis d e S. Mateus.
Esta mos em Cesa réia de Fi lipe no fi m do apos
tol a d o d a Ga l i léia, e Nosso Senhor faz a seus Após
tol os a suprem a pergu nta sôbre a sua Divi ndade :
" E vós q uem d izeis que sou ? Respo ndend o Si
m ã o Pedro , d isse : Tu és Cristo , Filho de Deus vivo.
E, resp o n d e n d o J esus , d isse- lhe : Bem -ave ntura do és,
S i m ã o B a r-J o n a , p o rq u e n ã o fo i a carn e e o san
g u e q u e to rev e l o u , m a s meu Pa i q u e está
nos céu s.
E e u te d i g o q u e t u és Ped ro, e s ô b re . esta pedn ao �o
o i nfe r n o
e d i fi ca re i a m i n h a I g re j a , e a s po rta s d
a l e c e rã o co n tra e l a . E e u t � d a re i � s cha v es do
p rev
r e i n o d o s cé u s ; e t u d o à q u e l i g a res
sob re a ter ra,
cé u s ; e t u d o o q u e de � ata
s e rá l i g a d o t a m bé m n o s ,
,
no s ceu s
res n a te rra , d es a ta d o s e rá ta m b ém
·
1 33
Ponde remos estas pa lavras cuida dosam ente. Ne
l as se d isti n g uem d, u as pa rtes�
a) "Tu és Ped ro, e sôbre esta pedra ed ifica rei
a m i n ha I g reja ; e as portas do i nferno n ão preva le
cerã o contra e l a . "
Pa ra a l ca n ça r tôda a fôrça e sig n ificado destas
pa l avras d e Nosso Sen h o r, devemos lembra r q ue
E l e fa l ava e m a ra m á ico, e usava a pa lavra Cefas :
E:s Cefas e sôbre êste Cefas ed ificarei a m i n h a I g re
j a . O m e l hor eq u iva l ente em nossos id iomas seria
" Tu és roc:ha e sôb re esta rocha ed ifica rei a m i n h a
I g re ja . "
Pa ra a mente judaica, e n a selvática reg ião d a
Pa l esti n a, a rocha era o g rande refúgio em tem po d e
g ue rra e o n atura l abrigo n a tem pestade. Sómente
u ma rocha oferece funda mento i namovíve l . Assi m
fa l a Nosso Senhor em sua pa rábola do h o m e m q u e
ed ifi cou s u a casa sôb re a rocha : " E ca i u a ch uva, e
tra nsbord a ra m os rios, e sopra ra m os ventos, e i n
vesti ra m contra a q u e l a casa e ela não ca i u, porq u e
estava fu n d a d a sôbre roch a " (Mat. 7, 25).
Ass i m p re n u n ci a N osso Senh o r q u e vai con stru i r
a s u a I g re j a sôb re u m a rocha e q u e esta roch a é
Ped ro.
E i mp ressiona nte pensa r q u e é esta a pri m e i ra
vez q ue E l e usa a exp ressão " mi n h a I g rej a " . Até e n
tão ti n h a sempre fa l a d o n o rei n o d o s e u Pa i ; agora
fa la d a " m i n h a I g re j a " - s u a p rópria I g re j a - sô b re
a q u a l tem pode r p a ra esco l h e r os co l a b o ra d o res
q ue l h e apraz.
1 34
A pri m e i ra pa rte ter m i n a com a p romessa q ue
c o n tr a e sta I g re j a - esta c i d a d e fu n d a d a sôbre u m �
r o c h � - o s pod e res d a c i d a d e contrá ri a do m a l n u n
c a t r i u n fa rã o - a s portas d o i n fe r n o n ã o p reva le
c e r ã o co n tra e l a 11 •
/1
b f ec h ara' , fe ch ara
,
e nin
· _
Da vi d ; êle a ri rá e n i ng ué m
g u ém a b r i rá " ( I s . 22, 22) .
1 35
cor i na sô
No sso Sen h or e Seu vi-
mo s do is per son ag ens ' ri
l o c hefe , ago ra p l e n a m e n te favo r ec1ºd o co m o s p
1 39
O PA PA D O N O S ATOS
Q u a n d o n o s vo l ta m o s p a ra os Atos d os Apó s
t o l o s e n co n t ra m o s o P r i m a d o de S. Ped ro em p l e n o
e x e rc 1 c 1 0 .
, .
s
no d ia de Pen tec ost es, pa rte a l g reia p a ra a sua m i
ga 0
são de ens i n a r ao m u ndo , é S. Ped ro q u e m p re s a-
, J e ru
pri me1 ro serm ao d ogm a t º1 co a.. m u l t º1 da- o e m
· · -
1 43
v i va m e n te p i n ta d a em d u as vi sões, u m a a Co rn é l i a
e o u tra a Ped ro. À l u z d a reve l a ção, seg u ndo a q u a l
ê l e n ã o d ev i a c h a m a r n a d a co m u m o u i m p u ro, va i
S . P e d ro à casa d o g e n t i o e se d i ri g e a ê l e em n o m e
do S e n h o r J es u s . Te rm i n a a s u a a l ocu cão com esta ,
ta s c o ·1 s a s'
E d o ou vi· d o es
e stas p a l av ras : " l es, ten
1 45
aq u i e tara m-se, e g lorifica ra m a Deus, d izendo : Lo
go . Deus con cedeu ta mbém aos gentios a penitência,
a f i m de que tenham a vida " (At. 1 1 , 1 8).
Aí, pois, está o ponto cu l m i na nte dos Atos. Aí
está o ab ri r das portas aos gentios. E o Apóstolo
q ue as abri u não foi Pau l o, mas Ped ro. Lembro-me
q ue até então era eu levado a considerar S. Pa u lo
como o g ra nde Apóstolo dos gentios, e foi para
m i m u ma g ra nde comoção e u ma completa revela
ção verifica r que, g ra nde m issioná rio dos gentios co
m o i nd ubitàvel mente foi S. Pau lo, todo o seu tra ba
l ho mº1 ssioná rio só foi possível porque S. Ped ro lhe
abriu as portas do mu ndo pagão e porque a I g reja
sa n cionou o fato sob a autoridade de S. Ped ro.
Aq u i não será i n úti l acrescenta r que o fato de
S. Pa u l o fig u ra r tão g ra ndemente na ú lti ma pa rte
dos Atos cessou de ser uma g ra nde dificu ldade pa
ra m i m, quando percebi que essa pa rte é s i m ples
mente uma biografia de S. Pa u lo no desempenho
da sua m issão e não uma h istória do desenvolvi men
to d a I g reja em con j u nto, como é o caso dos pri mei
ros cap ítu los dos Atos.
Por exempl o, o na ufrágio de S. Pau lo, fato sem
i mportâ ncia em si mesmo, ocupa mu ito mais espaço
d o q ue o i n comparàvelme nte mais i mporta nte Concí
l io de J erusa lém.
O CONCfL I O DE J E RUSA LtM
Que fo i S. Ped ro a pessoa q ue abri u a porta
aos gentios e q ue foi em vi rtude da sua a u toridade
U m S e n h o r, l O
1 46
O PA PA D O NA H I STO R I A
hoje e sem pre afi rmo u q ue o seg rêdo da sua auto ri
d ad e e da sua u n idade está no Pri mado de Pedro .
O Pa pad o é a fonte da sua divi na autori dade e 0
centr o d a sua u n idade sob renatura l . Onde encon tr a
mos o Pa pado, aí encon tra mos u ma Igreja a cumpr ir
as ordens d e Nosso Sen hor, revestid a daquel es p o
d e res sobren atu ra i s que Ele clara mente deu à sua
I g re j a . Onde não há Pa pado não se encontr a ta l
I g re j a .
E a i nda hoje h á mu itos que, por várias razõe s,
n ã o a cred ita m no Papado e permanece m fora do
seu red i l . As razões não são provàvel mente as mes
m a s em cada dois casos, e eu só posso fa lar daque
l a s q u e fora m rea is para m i m quando comecei a en
ca ra r seriamente a questão.
M i n has d ificu ldades p rovi nham pri ncipal mente da
Escritu ra. Pa recia-me q u e se Nosso Senhor preten
d ia d a r ofício tão acabru n hador a alguém, se algu
m a pessoa devia possuir a s chaves do rei no dos céus
e ser o g u ia i nfa l ível e o legislado r da Igreja sôbre a
t e r r a , d everia Ele ter tornado isto sobera namente
c l a ro , tão c l a ro q ue seus Apóst olos não pudes sem
ter-se e n g a n a d o , e q ue a mãe dos fi l hos de Zeb � de �
n ã o tives se o u s a d o s uger i r que fôsse m êles o prim e i-
r o e o s eg u n d o n o s e u r e i n o. .
Ta l fo i a m i n h a d i f i c u l d a d e até eu me cap ac
i
ta r d e q u e , e m m i n h a viva a n s i e d a d e d e alca nç
ar 0
do Pa � a
v e rd a d e e f i ca r a b s o l uta m e nte co nve nci d o
a Es cn tu
d o a n tes d e a ce i tá - l o I e u esta va ex1 g 1 n d o d
·
.
g 1 r.
r a n1 u i to m c : s d o q u e t i n h a d i re i to d e e x 1
• •
1 51
e
est ude i � s tex tos Pet ri nos , ma is c l a ro e def i nid o omn
P a rec eu q u e a ev idê nc ia q u a nto ao Pri ma do era � -
l m a i o r d o q u e no cas o d ª s an f155 1 m a
side ràv e m en te
Tri n d a d e o u d o Epi sco pa do.
1 53
Che g � ei ta m b ém a v � r q u e hav ia u ma resp osta
pa ra a q u e l es de meu s a m i gos q ue semp re u rg i ra m 0
a rg u ment o eva ngé l ico seg u ndo o qua l Ti ago e
J oão, so l icita ndo o pri mei ro e o seg u ndo l ugare s no
Rei no, m ostra ra m q u e j a m a is ti nham ouvido fa l a r da
pri mazia de Ped ro. Pa receu-me a ntes p l a usível suge
rir q u e fôra precisa mente o ciúme e a inqu ietação
pel a hegemonia conced ida a S. Ped ro o q u e insp irou
a petição dos dois Apósto los.
Mas, em todo o caso, a lentidão inte lectua l dos
Apóstol os não era coisa nova. O próprio Sa lvador
não pod ia fazer- l hes ver certas coisas e mostrava
se a d m i rado da sua imbeci l idade : "Ta mbém vós sois
ig nora ntes ? Não percebeis nem entendeis ? Tendes
vosso cora cão end u recido ? tendo ol hos não vêdes ?
,
A p r i m e i ra co i s a q u e m e fêz e n co ntra r l uz p a ra
ê s t e s c a s os fo i t e r e u ve r i f i ca d o q u e, n a mesma oca
s i ã o e m q u e N osso S e n h o r esta b e l ece u m a i s clara
m e n t e o p r i m a do d e Ped ro sô b re a I g re j a e sôbre os
d e m a i s A pósto l os, p red i s s e t a m b é m d e l i beradamen
t e a p róx i m a te n t a ção e a s u a q u ed a : " O rei por ti . . .
e tu, u m a vez co n ve rt i d o . . . " Q u e o utra coi sa pode
s e r i sto s e n ã o u m aviso d o p róx i m o d esfa l e c i m e nto ?
I sto m e fêz v e r q u e N osso S e n h o r n ã o co n s i d e ra a
q ueda p es s o a l como n ecessà r i a m e nte oposta ao Pri
m ado.
Tudo isto se me tornou mais claro a i nda, q u an
do vi q ue Nosso Sen hor fêz s e me l h a n te repreensão
ou adve rtência em cada uma das três s o l e n es oca
s iões e m q ue conferiu o Primado a Ped ro.
a) Em Mateus :
A afir macão : " Es Ped ro e sôb re esta ro cha �d i
fica rei a m i �h a I g reja " , é i me d iata men te seg u i e s
da
b ) E m S . L u ca s :
Q u e m l h e d i s se : " E t u , u m a vez c o n ve rt i d o, c o n
f i r m a o s t e u s i rm ã o s " , p re d i z l o g o a p róx i m a n e g a
çã o d e P e d ro, q u e s e d e v i a s eg u i r , q u a s e i m ed i a t a
m e nte ( L u c . 2 2 , 32) .
c) E m S . J o ã o :
D e po i s d a i n c u m b ê n c i a " Ap a sce n ta a s m i n h a s
ove l h a s " , a p e rg u nta d e S . Ped ro, " Se n h o r, e d êste
q u e s e rá ? " é r e b a t i d a p e l a ce n s u r a , " Q u e t e n s tu
com i s so ? " Tu , s e g u e - m e " (J o a . 2 1 , 1 7-22) .
E m tô d a s esta s o c a s i õ e s p a rece c l a ro q u e N os
s o S e n h o r s e e m p e n h a em m ostra r q u e o exe r c íc i o d o
P r i m a d o n ã o d e p e n d i a d e dotes pessoais, como se
p ro po s i ta d a m e n te estive s s e fa ze n d o s o b ress a i r a d i
fe r e n ça e n t r e o h o m e m e a d i g n i d a d e .
D o mesmo modo, na h istória p oste r i o r d a I g re j a ,
o i n c i d e n te G a l a c i a n o, n o q u a l S . P a u l o resisti u e m
fa c e a S . Pedro, de nenhu m modo comprometeu a
c r e n ç a d a I g re j a n a P r i m a z i a d e S. Ped ro ; e m b o r a ,
n o c a s o d e q u e s e trata, S. Pedro estivesse i nd u bi tà
ve l mente e m fa lta. O mesmo fato de S . L u c a s , o
g ra n d e a m igo d e S. Pa u lo, nem sequer o mencionar
nos Atos, mostra q ue o i ncidente n u n ca teve, a os
o l h o s da I g reja, a ressonâ ncia q u e os controversistas
anti-pa pa i s p rocu ra m d a r-l he. Qua ndo m u ito trata
va-se de u m a m atéria pu ra mente d i sci p l i na r o u c e
r i m o n i a l : comer à mesa d e uma i nsig n ifica nte fa c
ç ã o juda ica, q ue a cabava de cheg a r d e J erusa lém,
ou à m esa dos gentios convertid os.
1 56
a t.
1
·
a
M
d
� (
a
,
esc
es c a n d a 0
1 5
o 1
.
d aq u e l e h o m e m por q u e m v em O
1 8, 7) .
1 57
Qu a nd o o rdenou que a I g reja fôsse preservada
de todo êrro em seu ensino oficia l pelo dom do Es
pírito Sa nto, não deu a seus membros uma isenção
automática d o pecado no seu viver. E assim, com o
maior d e tod os os ofícios n a I g reja, o Primado, quan
d o prometeu a S. Ped ro, e a seus sucessores prote
ção contra o êrro em seu ensi no oficia l da Verda
d e, n ã o l hes d e u isenção de desfa leci mentos pes-
soa 1s.
.
·
· cu
o Eva n g e l ho, q u e u m a d a s m 1 n h as m a i ore s d 1f 1 º d 0 de
ri
de s co n sist ia n a a ce i tac ão de q ua lq u e r a uto
,
1 59
i nfa l íve l cen tra l iza da ou n u ma Soc ied ad e, a I g reja,
ou n u m i nd iví d u o, o Pa pa .
_ Co � o n � o fa l ta m l eito res nas mes mas d ispo s i
çoe s ps 1 c� l ?, g 1ca s, isto é, que em bor a o q ue l era m l hes
pa reça 1 0 9 1 � 0 e c l a ro, toda via não o pode m aceit a r,
va m os con s ide ra r esta m até ria sob out ro asp eto.
S e o crist ia n ismo é a supr ema reve l acã o de Deu s
a os hom ens; e se, na Pess oa de Noss o Senho r J esus
Cristo , o p róprio Deus ba ixou à terra para ensi n a r a
Verd a d e aos home ns - então , qua ndo Ele deixo u o
m u nd o, d everia haver a l g uma Socied ade ou Autori
d a d e p a ra transmi tir os seus ensinam entos através
d o s tempos.
N esse caso, se há uma Verdade reve l ada pa ra
ser con hecida de todo o mu ndo, deve haver também
u m a Sociedade na qua l possamos confiar e que nos
e n s i n e essa Verdade sem i ncorrer em nen h u m ê rro.
Ta l Sociedade d eve ser u na, isenta de divergências
no q u e se refere a essa Verdade - pois, qualquer d i
v i s ã o n este ponto é fata l.
Não h á a lternativ a entre ta l guia e a minha pró
p ri a opi n iã o pessoa l ou meu j u ízo privad o. Ou há u ma
revel acã o com u m da Verd ade ou, de outro modo , u m
pâ n ta �o d e opi n iões indi vid uais .
Com o fato h istór ico, no â mag o da trans missão
e p rese rvaç ão da Verd a de s � r � i u uma Soc ! eda de a
p roc l a ma r esta Aut orid ade d 1v1 � a par a e � � t nar essa
Ver da de sob u m a d i reçã o esp ecia l do Esp 1 r1to Sa nto.
E a l g reia Cat ó l ica .
Nã o pod e h ave r d úvi da sér ia d e que a I g reja
Cat ó l ica é h oie uma e ú n i ca Soc ieda de com auto ri-
1 60
rec i a m i r d e e n co ntro a o p a pa d o, d e sv an e ce ra
es m a g a d o r da-
e
o
d
com o a n d a r d o tem po, a nte o pes"
an
to
evid ência d a Escrit u ra toma da co m o um º�te
e n e
t e o fato fu l g u ra nte d e n ã o h a ve r se g u r a m
1 61
d e n a d o ? Q u e d i z e r d o s a n t i - p a p a s ? Tô d a s estas
q u e stõe s p o d e m s e r e tê m s i d o d e b a t i d a s in infini
tum d e a m bos os l a d os. Ma s q u a n d o fi q u e i co nve n
c i d o d o q u e e ra o Pa p a d o , tôd a s e l a s c o i ra m n o � e �
n a d a co m o, p o r a ss i m d ize r, a rg u m e n tos d e ca u s 1 d 1 -
co s, e sà m e n te s e m a n i fe sta ra m c o m o a p a re n tes ex-
Um S e n ho r, 11
1 62
ceções sem pêso a lg u m contra a persistente vita l ida
de d a I g reja.
Todos êstes a rg u mentos, e l a bo rados antes com
monóton a reg u l a ridade, torna ra m-se semelha ntes a
empoei rad os vol u m es de vel h a b i b l ioteca compara
dos com a p u j a nte rea l idade d a I g reja ; perdem tôda
a s u a eficácia d esde q u e a lg uém ava nça no conheci
mento d a I g re j a Cató l ica, como e l a hoje se manifes
ta, a pesa r d e tudo, fu ndada sôb re a rocha de Pedro,
a presen ta ndo tão c l a ra me nte os si nais da sua voca
ção d ivi n a, conservada e m paz m u ltissecu lar e sem
pre a le rta d a e m cada m em bro ; a mais idosa e ain
da a m a is jovem e a m a i s ativa d e tôdas as fôrças
rel i g i osas d os nossos d ias. Só po de ria ha�er uma con
c lusão :
O nd e está Ped ro, a í está a I g reja Ubi Petrus,
ibi Ecclesia.
-
CA P fTU LO XIII
A N G LO-CATO L I C I SMO
Q u e d i re i s ô b re o m ovi m e n to A n g l o - c a tó l i co, a
c a u s a q u e p o r q u i n ze a n os fo i o a bs o rve n te i n te rê s
s e d a m i n h a vi d a ?
P rovàve l m e n te p o u cos fo ra m m a i s f i r m e m e n t e
e m b e b i d os n o A n g l o-cato l i c i s m o, m a i s i n te i ra m e n te
a b s o rv i d o s p o r ê l e o u m a i s com p l eta m e n te s a t i sfe i to s
d o q u e e u o e ra e m 1 924.
D úv i d a s s ô b re o m ovi m e n to j a m a i s m e p a s s a
ra m p e l a c a b eça : p e rs p ectiva s sa l u ta res s e a b r i a m
p a ra ê l e d e todos os l a d os ; em c a d a d i reção s e m a
n i fe s t a va o s e u p rog resso ; pa róq u i a s m o rt a s ress u r
g i a m r à p i d a m e n te p a ra a v i d a e a s a l m a s e m tôd a
a p a rte res po n d i a m a o e n s i n o com u m corres p o n d e n
t e a u m e n to d e p rofu n d a p i ed a d e.
P e s s o a l m e n te e ra e u a be n ço a d o com u m m i n i s
té r i o q u e me ce rcava do a m o r e d evota m e n to de
m u i t a s a l m a s e me t i n h a a be rto a s p o rta s p a ra os
m a i s í n t i m os s e g red o s d e m u i tos l a res i n g l êses e os
c o ra cões de i n ú m e ro s i n g l ês es .
,
Q u e é q u e m e s e p a ro u d a m i n h a fi d e l i d a d e ?
Q u e é q u e m e d es a r r a i g o u d e u m a s i tu a çã o q u e, e s
.
p i ri t u a l e h u m a n a m e n te, me deu q u a nto e u pod i a
11 •
1 64
d es e j a r e q u e p a re c i a c l a ra m e n te trazer sô b re s i 0
si n a l de Deus ?
.� respo sta p a ra m i m , a g o ra é c l a ra . Fo i a I g reja
� a to l 1 c a c o m o a e n con tre i em L i s i e u x . E esta q u e eu
t i n h a v i sto e m L i s i e ux, c o m t u d o o q u e eu t i n h a com
p re e n d i d o n o s Eva n g e l h os, t u d o i sto fo i fata l pa ra a
p o s i ç ã o e m q u e m e e n co n trava, por p rospera e se
g u ra q u e , à p r i m e i ra v i sta, m e pa recess e.
O s d o i s p rob l e m a s fata i s fo ra m os dois p rob le
m a s d a Autoridade e da U n idade.
AUTO R I DA D E
Co m p ree n d i e n tã o q u e D e u s t i n h a fu ndado a
S u a I g re j a pa ra s e r Mestra d i v i n a d o m u n do : q u e Ele
l h e t i n h a p ro m et i d o o d o m d o E s p í r i to Sa n to para
g u i á - l a a tôd a a v e rd a d e e q u e E l e esta r i a com ela
a té a o f i m d o s te m po s .
" I d e e e n s i n a i a s n a ções . . . e e i s q u e estou co n
v o s co a té ao fi m d o m u n d o " .
A S u a I g re j a d eve r i a s e r a voz viva q u e m a n i
fes t a e c o n s e rva a S u a Ve rd a d e - n ã o por i nterv a
l os , m a s s e m p re e e m t o d o s os t e m pos a té ao fi m .
D i z e r q u e e l a j á n ã o t i n h a pod e r d e e n s i n a r eq u i va
.
l e r i a a d i z e r q u e N os s o S e n h o r j á n ã o está com ela
e�
E n tã o a m i n h a p o s i ç ã o c o m o An g l o-Ca tó l i c ?
a ti
t a va tô d a b a s e a d a n a co n v i cçã o d e q u e a l g re 1
r : qu �
n h a r e a l m e n te p e rd i d o o s e u p od e r d e e n s i n a
e O c !-
d es d e a p ri m e i ra g ra n d e d i v i s ã o e n tre O r i e n te
n t i n o p l a e R o m a , a 1 g re 1
• a n u n ca m a i s
d e n te, C o n sta
b s o l u ta a u to r i d a d e : e es t 0
fo i a pta p a ra fa l a r c o m a
1 65
i n ca p acid a.d e m a i s. : e a ce ntuou desde que a comu
n hão Ang l i ca n a re 1 e 1 tou o Pa pad o ci nco sécu los ma is
t arde.
M eu a pê l o, porta nto, d i rige-se para o ensi no da
que eu cha mava I g re j a i nd ivisa. Quer isto d izer que,
embora a I g re j a estivesse exteriormente d ividida em
três difere ntes Comu n h ões sepa radas exteriormente
entre si, j u l gava que era possível fazer uma síntese
de tôdas a s d outri nas ma ntidas e ensinadas em co
mum por tôdas e l as, e q ue estas doutrinas pod iam
ser ensi nadas como verdade i nfa l ível que obriga a
todos os homens.
As três Com u n h ões de que se trata eram a I g re
ja Ortodoxa Ori enta l, a Romana e a Angl ica na - por
serem as três g ra ndes Sociedades Cristãs que pos
suem o E piscopado histórico e por conseg ui nte uma
forma com um de g ovêrno, o Sacerdócio histórico, os
Sacra mentos e os dogmas da fé .
Sendo assim, n e n h u m ensino que não fôsse mi
n istrado em com u m pelas três Comun hões era essen
cia l ; e n esse terreno eu ti n h a até a l i rejeitado o Pa
pado .
Considerava-o como a lgo acrescentado à Fé,
como se pode ver em m i n has " Nota s sôbre a Rel i
g iã o Cató l ica . "
A idéia pa pa l da auto rida de e u a cons idera � a
m uito aca n h ada e tota l ment e desat ua l iz ada. Eu cri a
q ue R om a com p l eta ra a sua u n idad e l i m ita nd.o suas
f ron teiras ao m ín i m o e q u e, por isso, tin ha a l ie n ado
m eta d� do mu ndo crist ão.
1 66
de
sível uma vida so brenatu ra 1 d e f e,, d esc o n he cida
,.
ra a p l i ca, - l a ? F o r a d a Co m u n h ã o A n g l i ca n a , ne n h u m .
D e n t r o d a Co m u n h ã o A n g l i ca n a a a u to r i d a d e n o r
m_a l, a q u e e u s e m p re d e s e j e i s e g u i r, e ra o b i spo d a
d ioces e o u o Co n s e l h o d os B i s pos.
Ea í c o m e ce i , p e l a p r i m e i ra vez, a i n q u ieta r - m e
q u a n to a os b i s p os.
Até a q u i eu t i n h a e s ta d o a b sorv i d o n os m i n i s
té r i o s a q u e 111 e d ed i ca ra d e c o r p o e a i m a .
T o d os, à vo l t a d e m i m , e ra m h o m e n s da m a is
p ro f u n d a s i n ce r i d a d e, h o m e n s q u e estava m faze n d o
g ra n d es s a c r i f í c i os, h o m e n s d e co m p rova d a pi edade ,
tod os a a p o i a r a s m e s m a s o p i n i ões q u e eu n u tri a .
Tod os ê l e s c r i a m fi r m e m e n te q u e, com o correr d o
te m p o, o m ov i m e n to A n g l o- C a tó l i co g a n h a ri a a lg re
ia l n g l ês a ; e q u e os b i s pos, q u e i n d iscutive l m ente e s
tava m e m pos i ç ã o m u i to d i fíci l , c h eg a ri a m aos po u
cos a co m p re e n d ê - l o - t a n to m a i s q u e a l g u n s bi spos
estã o se t o r n a n d o c a d a vez m a i s a cess íveis .
Pessoa l m e n te, m u i p o u ca s vêzes m e te n h o en co n
trad o ofi c i a l m e n te com a l g u m d os b i s pos , e m bo r a 0
te n h a fe i to m u i t a s vêzes d e o u tras m a n e i ra s ; e m os
tra ra m -se, s e m e.xceção, m u i to a t e n c i os os, c o r t es � s ,
cava l h e i ros c r i stãos, esfo rça n d o-se, e m ci rc u ns t â n c .5 d
m u ito d i fíce i s, p o r co m p r ee n d e r e u n i r sob a s u a i
reção três p o n tos de v i sta com p l et a m e n te d iv e r g.e n
o.
tes - o Eva n g é l i c o, o Mod e r n i sta e o A n g l o -C a t ó l i c
1 69
E fo i s e m p re pa ra m i m u m ª
a
v eri f i c a r q ue , co m tod o 0 s e u d es e �1 0 udsae d e tri st ez a
pr ee n s 1vo s, pa rec era m te r tão p o uc o cosne re m co m-
·
h ec im en to
d a a uto ri d a d e Ca tó l i ca .
.rida d e,aso a g o ra , ve n � o a vi ta l ne ce ss id ad e da au to-
M
prob l e_m a i m põ e-s e a m º1 m com um a 1ns 1s-· ·
t' enc
' ·1a q u e e � n a o pos so i l ud i r. Co mo é
que os bis-
pos , nos � u a 1s d evo nor m a l me nte ver a aut orid ade ,
ten ha m too peq u e n a com pree nsão do que sign ifica
a utorid _ a d e cató l i ca ?
O q ue a ntiga m ente pa recia u ma a noma l ia tem
porá ria, a g o ra pa recia tornar-se mais profu nda. Co
m ecei a i nterroga r-me a m i m mesmo : Como pode a
Igreja l ng l êsa ser pa rte d a I g reja Católica quando o
prog resso d a fé Catól ica dentro das suas fronteiras
d epende d a conversão d os bispos a esta mesma fé ?
Em o utras pa l avras, e u estava a braços com a q ues
tão d e s a b e r com o e ra possível aos bispos Ang l ica
nos sere m b ispos Cató licos, a i nda em desac ôrdo
com a fé h istó rica d o Orie nte e do Ocid ente em pro
b lem a s vita i s com o o Sac erd ócio e a Gra ça Sac ra
me nt a l ? E a ss i m d a q ues tão da a uto rida de pas sei pa
ra a d a u n id a d e - o utr a g ra nd e qu est ão tra nsc end en
ta l pa ra a po siç ão do An g lo- Ca tól ic o.
U N I DADE
T e n d o vis to a re l ac' ão ess • 1 en t re Au to ri da-
en c1a
d.e e U n i d a d e d o l a d o po s1t1 · ux, e te n do
· · v o em Lº1sie
vis to n a Escrit u ra com o a 1 g r e •1 a t '1 n h ª 5 em pr e 'brda d �
es d e
o s p ri m e i r os d ia s ' co ns id er ad o q u a l q ue r qu �
a to r
U n ·1 d a d e com o o p i· o r d os pec a d os, co m e c ei
1 70
n a r -me m u � t � � a is persuad ido desta verdade , e co m
m a _i s pers p 1 ca c 1 a, do lado negativo.
U m a vez q ue adm itís que a I g reja cessou de fa
l a r com a utoridade , nesse caso cessou també m a
u n idade .
Pude ver então tudo claramente - como, desde
q u e nos sepa ra mos da suprema Autoridade consti
tu ída pelo próprio Cristo, nos tornamos d ivididos
não sàmente como u m corpo senão ta mbém em dou
tri na.
Tornou-se claro para m i m que o resu ltado da
Reforma foi o estabelecimento de u ma série de Igre
jas Nacionais, tôdas i ndependentes umas das outras,
das q u a is u m a é a I g reja da I ng laterra.
Desde a m i nha ordenacão eu ti nha a cred itado
,
a s a1-
to. Qu a n to ma is e u m e p u n h a em con tat o c
1 77
ma s, es pe cia l me nte as q u e esta va m fora do mun do
A n g l o-C ató l i co, em tôda s as class es de vida e de ca
da ti po, mai s me con ven cia de que o mod ern is mo es
ta va sola pa ndo a vida sobre natu ra l entre os ing lês es
cris tãos.
E a I g reja da I ng l ate rra está desamparada . Os
bispos, em seus esforços pa ra reafi rmar a lg uma au
toridade ,estão-se senti ndo a si mesmos, até certo pon
to, contra riados, i mpel idos pel a opi nião públ ica mal
informada a usar da sua recém-recuperada autorida
de pa ra supri m i r o culto do Sa ntíssimo Sacra mento
que é, em suma, u ma das maiores manifestações da
fé na Divi ndade de Cristo.
Ag indo assim, causam imenso pesa r à parte
mais piedosa de seu povo.
Ao mesmo tempo são impel idos a deixar o cam
po l ivre ao ensino modern ista, precisamente por cau
sa da mesma opi n i ão p ú b l ica q ue se ofenderia com
qualquer restrição ao l ivre pensa mento. Dêsse modo
se encontra m os bispos i n capazes de defender a dou
trina da Divindade do seu Senhor.
A q uestão do Livro de Orações (Prayer Book)
nu nca assom o u tão g ra ndemente a meu espírito .
Er a ela apena s u m sintoma de ma l muito, muito mais
p rof und o isto é, a incapacidade da Igreja da l ng l �
-
O RDENS SACRAS
Tud o o q u e vou d izer sô b re êste del ica díssi m o
ass u n to q ue ro d izê- lo com o máxi mo ca ri nho e re v�
rên c i a pa ra com aq uêles q u e a i nda susten ta m a o p i
n ião q u e e u o utror a suste ntei tão estrê nu am en te. _
fo r m a .
1 83
U m a a l te r a ç ã o tã o d rá s t i c a n a re l i g i ã o ofi c i a l
d o p a ís n ã o s e te r i a d a d o s e n ã o t ivesse h av i d o ta l
mu d a nca .
'
o rd en a çõ es a n g l i c a n a s .
1 84
E, q u a n d o co n s u l ta d a , fêz o m a i s cu i d a d o s o es
tud o d o a ss u n to, a ca b a n d o por d ec l a ra r i nvá l i d a s ta is
o rd e n a ções.
Q u a n to m a i s e u co n s i d e rava êste fato, m a i s cla
ra m e n te via co m o e ra p a ra a I g re j a Catól i ca i m pos
sível a g i r de o utro m od o .
Co m o p o d e r i a e l a d i zer q u e o s Ang l i ca n os pos
s u ía m u m Sa cerd óc i o e u m Sacri fíci o, q u a ndo dois
têrços d o c l e ro A n g l i ca n o te r i a m rep u d i a do comp le
ta m e n te ta l s e n te n ca ?
,
RESUMO DA 1 1 PARTE
Chegamos agora ao fim do nosso a rgume nto.
Em Lisi e ux, pela pri meira vez em m i nha vida, achei
me fa ce a face com a I g reja Cató l i ca como uma
re a l id a d e viva.
Rec o nh eci imed iata mente q u e eu estava na pre
s e n ç a d o sob renat u ra l maneira como nun ca
d a nt e s ti n h a estad o . de uma
Es t a vid a sobre n atu ra l q ue vi era o resul tado
d e u m a c erte za a cêrca d a Ver dad e.
1 86
t o r i d a d e n a I g re j a A n g l i c a n a , n ão há n e l a u n i d a d ·
D o u tr .i n a s contra d itó r i a s são e n s i n a d a s no seu red ' �
t a n to n o q u e respeita a o s i g n ifi cado da sucess�
A postó l i ca co mo a o s i g n i f i c a d o d os próprios Sac r a �
m e n tos.
Co m o pode u m a I g re j a q u e perm i te que doutri
n a s c o n tra d i tó r i a s s e j a m e n s i nad as, ser de q u a l q uer
m a n e i ra a tutora da Ve rd a d e ú n i ca ?
Mas, a i n d a p i o r q u e i sso : todo o se u e n s i n a
m e n to é tão i n certo q u e d ei xa seus fi l hos em cruel
i n c e rteza q u a nto à Perso n a l i d a d e de Nosso S e n h o r .
P e r m ite u m e n s i n o q u e dá a seus fi l h os a i m pressão
d e q u e N osso Sen h o r e Sa l va d o r J es u s Cri sto n ã o
é v e rd a d e i ro D e u s . N ã o pode h aver s i tuação m a i s
t re m e n d a.
S e p o i s a I g re j a A n g l i ca n a d e i xa de cu mpri r a s
o r d e n s de N osso Se n ho r, exist i rá a lg u ma I g rej a que
as c u m p re ? Exi ste, s i m . A I g re j a Cató l i ca . 1: ela a
ú n i ca I g re j a q u e va i p e l o m u ndo todo reivi ndican
d o p a ra si o d i re i to d iv i n o d e ensi � a r a t.ôdas �s
gente s. l: e 1 a a única. q u e d 1 z p o ss u 1 r a o r! e n taç a o
.
s o b re n at u ra l d o E s p í r i to Sa n to q u e a mo ntem af ? s
tad a d o ê rro s e m p re que ela e n s i n a q u a l q u er coisa
n ec essá ria à fé e à mora l .
Sóm e n te e l a exig e de seus fi l h o s abs ol u ta o bbee·
d iê n ci a e só a ela se pre sta es p o nt â n e a m e n te o
0 de o
n-
d iê n cia.
Só me nte e l a ens ina um a 1 nde fet 1
, ve l ver d
.
t e e l a c o n s e rv a
tod o.
d e q uer q ue se enc ont re e s om
, en
u m a u n id ad e vis íve l atr av és do mu n do
1 89
A ver d ad e cen tra l q ue e l a ens i na e ª 0 .iv .i n
de J e s u s' Cristo seu Sen h o r. t: a bas e d ª su a Adauto de
,
-
ri'd a d e, e a f o n t e d e to"' d a a sua vida sob re na t ur a 1
N u n ca per m º1 t e d uv1 , º d a s sôb re esta verdad e, ne �
p or u m m o m e nto. E se a lg uém desc rêss e ' ser ·1 ª ex
e 1 u '1 d o d a s u a u n ºi d a d e visíve
_
· l.
Sàm e nte e l a d á u m s i g n ificado efetivo às pro
mes sas feitas por N osso Senhor a S. Ped ro, pela
dou tri n a do Pa pado, q ue é, ao mesmo tem po, a
fonte d a s u a a utori d a d e e o centro da sua unidade.
Nen h u m a o utra I g reja reivi ndica ta l prerroga
tiva p a ra s i . Basta-se a s i m esma tornando- se mani
fiest a a tod o o m u ndo. U ma concl usão se me i mpu
nha. Por m a i s q ue eu a m asse as associ ações que se
havia m reu n id o e m tôrno d a I g reja da I nglat erra ;
por estre itos q ue fôss em os vínc u los de amiz ade
que me p re n d esse m a m u i ta s a l mas do seu reba nho :
a I g reja d a I n g la terr a já não pod i a rete r . a min � a
fide lidade e e u ti n h a d e m e s u bme ter à ún ica l gre 1 a
que afi rm a e m a n ife sta ter Au tor ida ? e d ivi na ! et1?-
única q u e c u m p re os p rec eit os e rea l iza os ob1
vos d o d ivi n o F u n d a dor.
TERCEI RA PARTE
C O N C L U SÃ O
Vi m os n os ca p ítu l os p re ce de nt es o re su lta
. do do
est u d o da E s c r i t u ra , . ao q u a l fu i l eva d o pel a m ·1 n h a
seg u n d a v .1 s .1 t a a L '1 s 1 e ux.
�eve m os a g o ra ret o m a r o fio da h i stó ria ond e
o d e i xa m o s a o e n ce rra r a q u e l a seg u n d a visit a. I s
to é n ecessá r i o p o rq u e n ã o é a pe n a s a a rg u menta
ção q u e n o f .i m se to r n a o fator decisiv o.
E: m u i to d i fe re n te a q u i l o q u e m ove a a l ma a
tom a r a reso l u ç ã o d ec i s iva e sa lva d o ra . E: possível
ver o a rg u m e nto e n ã o a g i r d e n tro da lóg i ca, q u e
co nve n ce a i n te l i g ê n c i a , m a s n e m sem p re ren d e a
vo nta d e .
da s m i n h a s i d é i a s e s p i ritu a i s .
Esp i rit u a l m e nte p a re c i a - n1 e d e tod o i m p o: síve l
q u e N osso S en h o r m e fize sse i n te r ro m p e r ou por d e
l a d o o m i n istér i o q u e E l e h a v i a tão c l a r a m � nte
a b e n ço a d o se m q u a l q u e r m e r e c i m e n to d a m i n ha
U m S e n h o r, 1 3
1 94
nos.
Todos os esfo rços p a reci a m i m potentes contra
o p ê s o e a i nf l u ê n c i a d e u m pa ssad o p l e n a m ente
a s s i m i l a d o d es d e a i nfâ n c i a . Qua l q u e r pa sso nessa
d i re ç ã o m e p a reci a tão cu rto em com p a ração da
e n or m e d i stâ n c i a q ue era forçoso pe rco rrer, a ntes
d e p o d e r c h eg a r a u m p o n to d e vi sta objetivo .
As vêzes e u d es i stia p o r a l g u n s meses, deses pe
rad o d e e n co n tra r u m a s o l u çã o ; mas a penas para
reco m eça r m a is ta rd e. Só posso res u m i r, m u i to por
a lto, o p rocesso p e l o q u a l p reve n ções e ma l enten
d i d os se v i e ra m a d iss i p a r.
A pri m e i ra p a rte fo i d e est u d o a n s i oso . Lembro
m e m u i to b e m q ue me e ntreg u e i a u ma leitura cu i
d a d os a d a s " Re iv i n d i cações da I g re j a Catól i ca " do
b ispo Gore de um l a d o e a resposta d e Dom Ch ap -
m a n d o o u tro.
Com o pode ria e u , q u e co n h ecia tão ma l todo s
os f a t o s, d isti n g u i r q u a l d ê l es e ra o certo e q u a l 0
errado ?
No fim ' e ntre ta nto , o seg u i nte fato par e cia 5 01:
b ress a i r com p lena c l a reza . A .1 nter p re t aça.... o A n g i -
d
ca n a d as pro me ssa s feit as a S. Ped ro , s e gu ntr a°z .i 0a
_
te n d o
b ispo Go re ' er a p u ra m e nte de str uti va e n ao
.. a ra o m u n d o '
nen h u ma m ensa gem pos1t 1va p
1 95
na r � a l idade � red uzido u m cáos d e opin iões em
co nfl ito entre s 1 mesmas, ao passo q ue a interpre
tação Rom a n a d estas promessas, conforme a expl i
cação d e Dom C h apman, ti n h a a sua verdade i ra
expressão n a real idade d u m a I g reja de âmbito m u n
d ial, m u n i d a d e Autoridade e persisti ndo indestrutí
vel .
Tod os o s outros l ivros, que l i, me leva ra m à
mesma conclusão, isto é, q ue a ún ica interpretação
com efeitos rea is, das promessas a S. Pedro, é a
i nterpretação Catól ica, concretizada no Papado.
Esta fase de leitura e estudo constitu i natura l
mente u m dever pa ra todos aq uêles que têm tem
po e capacidade para a empreender; mas desde o
pri ncípio n u nca pude senti r que fôsse necessá rio b us
ca r na História a verdade sôbre a Igreja Cató l ica ;
sem pre me pareceu que deveria estar noutro l ugar.
Mais tarde verifiquei quanto isto era absolutamen
te verdadeiro.
Estou certo de q ue é importa nte frisar êste pon
to : que o estudo da história por si só não é o ú n i
co, e n u nca poderia ser o pri ncipal método pa ra
se chega r à verdade . Deve haver a lgum meio co
mu m e acessív el a tôdas as menta l idades e a tôdas
a s condicões da sociedad e.
,
d e rá j a m a i s se r p u ra me nt e na cio na l.
1 97
Eu b e n1 p od i a ve r q ue e ra o n a c i o na l i s mo q
ue
es ta va a m ea ça n d o t o" d a a est rut u r a d a civ i l iz ac ão
Oc i d ent ? l e m a ss u nto s m ? ter ia is, o que exi g ia c � d a
vez m a i s a l g u ma b ase i nter na c i o n a l p a ra a vida
h u m a n a ; e se n d o êste o caso e m assu ntos m era men
te h u ma n os, é c l a ro q ue se torn a d e rn u ito m a ior
i m p o rtâ nc i a q u a n d o se trata d a rel ig i ão .
A l i á s, n u merosa s d e no m i naçõ es prote sta ntes
dão si n a i s paten tes d esta m e n ta l idade e estão l uta n
do para conseg u i r a l g u m a u n i ã o i nternac ion a l. Mas
fu ndada sô b re q u ê ? E: d ifíci l vê-los confiar em ou
tra coi sa q ue n ã o seja a b oa vontade das pessoas
i nteressada s n o m ovi m en to, o q ue seria i nsuficien
te para d. e be l a r q u a l q u e r g ra nde crise i nternacion a l
que su rg i sse .
O i ntern a c i on a l is m o cató l i co, por outro l ado,
fu nd a-se, n ão n a boa vontade h u ma na, mas nas
pro m essas d ivi na s de N osso Sen h or à Sua I g reja,
que n u n ca pod e m fa l h a r.
E 1 com o rea l id ad e h i stóri ca, é a I g reja Cató li
ca a ú n ica q ue sobr eviv eu, tri u nfa ndo repe tidam en
te d os m a i s d evas ta d o res cata clism os que com ta n
ta freq uência têm a ba la d o a face da Europa .
Dizer, poré m, q u e a I g reja Cató l ica é . i nter n_a
ci o n a l e porta nto e m g ra nd e pa rte estr a nge i ra, n ao
si g n i fi � a q ue por isso e l a não po derá gan har 0
p ov o i n g lês. Po is, q ua nto m a is eu pe rsc ru...ta:v a ª
q u e stã o, ma is c l a ro s e m e torn a va que 0 9d" 'º d , 0
qu ez a -
lan ça m a o
e ce r ta m e nte co ns tit u i u m sin al de fr a
, , dê le
o l i c1 s
. .
d e qu em .
t
d e fô rca n a po sic ão
os do c a -
a m i g os.
Tudo i sto rep u g n a i m enso àq ueles pa ra q u e m a
I ng l aterra e tudo o q ue a I ng laterra sign ifica foi
sem pre o centro d e sua vida.
Pa ra q uem exerceu seus m i n istérios por a lg uns
a nos n a I g reja Ang l ica n a, êste duplo obst � � u lo cres
ce de m a neira especia l . Ao torna r-se catol 1 co entra
para u m a I g reja m u nd i a l q ue possu i a experiência
dos tempos e o conhecimento d e · tôdas as nações;
mas ao mesmo tempo e ntra nas fi leiras dos q u e n a
200
I ng l at e r r a s ã o a tu a l m e n te u m a m i n o r i a ; e d aq u e l e
m o m e n to e m d i_ a n te é o l h a d o como u m estra n g e i ro.
Tod o s o s ca m i n h os p a ra se cheg a r à vida púb l i
c� n a I n g l ate rra , a be rtos p e l a I g re j a A n g l i ca n a, i m e
d i ata m e n t e se fech a m pa ra ê l e . D u ra nte os meus ú l ti
mos d i a s como A n g l i ca n o, vi m u i to da vida típ i ca de
a l d e _i a d a I n g l aterra ; e cada vez m a i s se me torn ava
evi d e n te q u e e u m e i a afa sta n d o d o q u e era por cer
to u m a d a s m a i ores g l ó r i a s da I n g l aterra, suas a l
d e i a s c a m pestres com s u a s i g re j a s p a roq u 1 a 1s, e
q u e, d esvi a n d o- m e p a ra Roma, re n u n ci ava à mi nha
a n ti g a e s p e ra n ça d e reco n q u i stá - l a p a ra a fé, com
o a ux í l i o e boa vontade d o seu c l ero, m e i o i n a pre
c i áve l d e e fetiva r essa espera n ça .
A l é n1 d i sso, eu s a b i a q u e tod os os m e u s l a ços
pesso a i s c o m a s U n ivers i d ades e Co l ég i os, com tô
d a e s s a j uve n t u d e, n o b a i rro pobre de Lo n d res e
n o s g ra n d es c e nt ros i n d u stri a i s d e tod o o pa ís, que
me t i n h a m teste m u n h a d o t a n ta confi a n ça e cujas d i
f icu l d a d es até ce rto p o n to me ti n h a sido perm itido
so l u c io n a r, todos êsses v í n c u l os se rom periam auto-
m à t i ca m e n i-e.
E, m a i s q u e tu d o, u ma p e rd a de o portu n id � d e
a i nd a m a io r s e m e a nto l h ava ao p e n s a r nas n:i u 1� as
a l mas e m q u e me fôra dad o p en e t ra r nas m 1s soo es� �
d as g ra nde s cida des. i ndu stria is em todo s os rec
tos d a I ng late rra , m issõ es que o ze o. e a com ! l�
__
gen e r
o i
dad e dos An g lo-C ató licos, ta nto cl e rig os
go s I m e hav i am pos sib i lita d o em pre end er. d ºI Q
Q
cla reza via a p r ox i m a r � s e o
x1 l a d
•
•
.
i r 0 pro
g res so c1v 1 I .
Ac hav a - m e poi s tod o ao l ado d e u m a exp
s ã o d e a uto rida de sac erd ota l men os pod erosa res
e
f e n d i a o s i stem a A n g l i ca n o n o q u a l hav ia com pde
ro
.
Vi afi n a.l q u e a l g re .1 a e a t ,
0 r! . ve 1 m e n t e e n -
ca , 1 u s t a m e
ser a g u a rd 1 a . d o so b ren a t u ra 1 1 n ev1 tam u n d o e s era,
'
,
- /
ue
p a d ra o sob re n atu ra l s e m u ma Auto rida de d ivi n r
a 0
n o s a m pa ra r p a ra d a r- l he fôrça e s i g n i f icad o.
Torn o u -se avass a l adora m e n te c l a ro q ue em to
d os o s p ro b l e m a s d e ca sa m ento ou de sexo nada se
n ã o u m a A u to ri d a d e d ivi n a poder ia l eva nt ar ba rre i
r a à o n d a q u e i m pe l e a socied ade para u m n íve l pu
ra m e n te p a g ã o .
E a ú n i ca soci edad e q u e pos s u i u m a Auto rida
d e d iv i n a ca p a z d e sa lva r a n ossa civi l izacã o é a ,
I g re j a Catól i ca .
O utra co i sa q u e co m eçou a d e i xa r- m e perple
xo n o trato co m as a l m as foi a necessidade de qual
q u e r co i sa q ue p u d esse refre a r aquela escravidão
d a m od a m o d e r n a q u e l eva ta n tos ao prurido de
c h a ma r a a te n çã o p a ra o seu meio . A vida de hoj e
e m d i a é teci d a n ão raro d e u m a série de moda s
e d e fa n ta s i a s d e pouc a d u ra . Todo s c e d e m víti mas
d es s a ú l ti m a l o u cu ra . 1: pre ciso ser ori g i n a l . Sua s
e bus
v i d a s con ve rte m -s e e m pe rpé tua afe taç ão
e s er
�
ca n d o s e m p re a ú lti m a n ov ida de dei xam e u m ª
st as
ho i·e o qu e fo ra m - on te m. U m a vid a de p ar a a ref l e -
vo o . N a-o h a , t e m po
xa- o tu d o é mo vim en to s up 1 c 1 a 1 a 1 es t a, - s e p e rd e n
co rre ri a sem tro . . co m n o m e d e p r o -
er f
g re sso . A ve rd a d e i ra v i d a pe ss?
' •
-
o� f
d o . I sto se vê cla ra me nte n a � d a Ç ª a r e a f i na l
1 s s _ d o lar in-
d �o mu� e a sua
d e c ontas o l a r co m . ª su a vird a er ra vi d a e d o c a ·
d�
d i scip l i n a é a g a ra nt ia da v e
205
ró te r. T u d o i sto se ref l ete, .n a I g re ja Ang l ica na . � e,
em e 1 e� a d o � ra_u , u m a v 1 t 1 m a d a épo ca e m qua l-
q u e r cir cu n sta nc i a q ue s e a p re sente . Em seu e m pe
n h o de e nfre nta r a s d ific u l d ad es da men ta l ida de
m oder na está d em a s i a d o i nc l i n ad a a abra ca ' r e a
p res tig i a r as i d é i a s e teori as mom entâ nea me nte cor
re ntes e a d a r- l h es u m a i mportâ ncia q ue rea lmente
não se j u stifi ca .
O ú ltimo p l a n o pa ra a mel horia socia l, as ú lti
mas teorias em psi co l og i a , os ú lti m os resultados da
c rítica Bíb l i ca são p rega dos d os seus p ú l pitos, es
creve-se sôbre êles e são d ebatidos em reu n iões de
uma manei ra q u e obscu rece a s verdades da rel i
g i ão cri stã .
O resu ltad o é q u e a I g reja Ang l ica na apresenta
o aspecto de u m a socieda d e d e debates a d iscuti r
questões abertas, em vez d e se apresenta r como
mestr a das verd a d es eternas reve ladas por Deus pa
ra a orienta ção d a vida espi ritua l do m u ndo.
Vi como a I g re ja Catól i ca, conserva ndo sua
id e ntid ade através d os tem pos, era, entreta nto ,
e ter nam ente a pta pa ra e n ca ra r cada nova fase do
p en sa m ento e da vida, a bsorven do o que fôsse ver
d a de e rejeita n d o o q ue fôsse erra do.
E as sim , te ndo-a visto p reserva r cónsta n t ��_: n
t e o s s eu s fi l ho s de u m i rriq u ieto tu m u lto de op1 n 1 � es
p a s � a g eira s, comecei a cap acita r- me, com m a i or
a c u i d ad e q ue a n tes, d o q ue sig n ifica va ? fa lta d �
t a l t u tel a . To rnei-m e ca d a vez mais côns cio do efei
to_ m o r t al d essa vag a i n ce rteza d e q u e a I g re
ja An
g l i c a n a c er c a os seus fi l h os, a té q u e fi na l m ent e me
20 6
c o n ve n e c i d e q u e e l a estav a e m p l e n a contr a d i cã
' o
c o m a vo n ta d e exp ressa d e Nosso Sen ho r.
N ã o l eva à verd a d e, m a s si m a u m a terrív e l in
c e rteza e a u m a ve rd a d e i ra pa ra l i s i a d a fé.
A p o b re n a t u reza h u m a n a p recisa m a is q u e tu
d o de u m a o r i e n ta çã o q u e a e l eve a c i m a das he
s i t a ções d a m e nta l i d a d e h u m a n a e d o d i l úvio das
p a i xões h o d i e r n a s . E s à m e n te a I g re j a Ca tó l ica 0
p o d e rea l i za r.
E: q u a se i m poss íve l d escrever o processo pelo
q u a l s e c h e g a à certeza em q uestões da a l ma. Só
p osso l e m b ra r m u i to p o r a lto a evo l ução das coisas,
c o m o e l a s se m e a p rese nta m h o j e .
D u ra nt e os a n os q u e s e seg u i ra m à m i n h a visi
ta a L i s i e ux, d u a s co rre ntes tra b a l h ava m lado a la
d o e m m i m . De um l ad o o estu d o da Escritu ra e tô
d a l e i tu ra q u e e u conseg u i a l ev a r ava nte, e de outro
l a d o u m a g ra d u a l e crescente confi rmação de que
tudo o q ue eu h av i a e n co n tr a d o na Escritu ra cada
vez se c o r ro b o rava m a is p e l a m i n h a experiência das
a l m as n u m m i n i sté r i o m u i to va r i a d o q u e a bra ngia
q uase tod os os t i pos da v i d a i n g l êsa.
E m u ito d if íc i l dete rm i n a r a g o ra com exat id ão
u
o pon to em q ue n ovos fato s exer ce ra m m a i or i nfler
xo psic o l óg ico, e os pas sa d os o com eça ra m a pto u
d e r ou a i n da em q ue pon to a co nvi cç ão sup lan
,
a i ncerteza.
Na p r i m e i r a fase a qu es tã o tô da se res ad uz t ª
ia
u m a va g a d úv ida n o fu nd o d o me u p en.i n ar�t0" :�
t ão va g a q ue só pe ra nte a lg u m fat o d et erm
2 07
as s oc iaç ã o d e i d é i a. s e .l a vi n h a à ton a : por exe m p 1 o,
ca to 1 .� c � síl} O o u o o uvi r f a I a r d e a lg u m a con ver são ao
0 p as sa r por u m a 1 g re 1 a cat ó I ica ; o ler a lgo sôb
. . re o
ca to l 1c1 smo.
Tôdas esta s cois as com eça ra m a i nfl u i r em 111 i m
pois �� � s p od i a . � elac iona r com a m i n ha próp ri �
experienc1a e m L 1 s 1 eux. Repe tida ment e lemb rava m
me que e ra ao cato l icism o, como eu o havia visto
lá, que e u d evi a a m a is profu nda experi ência so
brenatu ra l d a m i n h a vida .
A seg u nd a fase deu-se qua ndo vagas dúvidas
se torna ra m i nce rtezas d efi n idas, ao passo q ue não
havia q u a l q ue r certeza do outro lado para as neu
tra l iza r. No pri ncípio h avia m u ito m a ior pêso para
o l ado d o Ang l o-Cato l icismo e d a I g reja Ang l ica na .
Eu p rocu rava todo o tem po um apoio pa ra a
m i n ha p rópria opi n ião e sentia-me incl inado a ver
a ntes a s fa l has do outro lado : temendo sempre que
os a rg u me n tos cató l icos se mostrassem irrespondí-
.
veis.
D u ra n te esta fase era nece ssá rio gra nde esfôr
ço p a ra tom a r u m l ivro q u e favo rece sse à outr a par
te ; e ra ta mbé m m i ster eno rme esfô rço de von.t ade
p a ra l e r q u a lq u e r cois a q ue me leva sse a ma 1or � s
d ú vid as, coi sa q ue eu tem ia ma is � o que tu do, _ poi s
ti n h a mu ita esp era n ça de desco bri r que as m i nha s
opi n iõe s e ra m certas.
De ve z em q ua nd o eu co ns eg u ·i a po r tnuao " do de
q ue s t oe
- s q u e _ h a-
lad o po r u m tem po , po is e ra m
via m ch eg a d o a i n d a a a bso rve r-m e d e tod o .
208
os e n a co n f us ...
ao e m s o u tros
o
n . c a � ter u ma co nv i cçã o ce r-
tís s i m a , seri. a u m a tem e ri d ad e tre me nda .
Se ª a lg. u é m p a re.ce r q ue pr ot ele i de ma siad o
m e u m 1 n 1 sterio d e e ns i n a r e p regar , pe ço que re fli
. . _ 0
m a ·i s ·1 n fl uên ªt ol
, �
-
cia d o q u e n a 1 g r e •1 a C a 1 c a ' o n d e
U m S e n h o r,
14
21 0
tori d a d e e u n i d a d e to rn a m o i n d ivíd uo m a i s d ep e n
de nte.
E ra j u sta m e n te êste a s p eto te rrive l m e nte i nd ivi
d u a l d o m e u m i n i sté r i o u m a d a s ca usas q u e me l e
va ra m a ve r tão c l a ra m e nte a fa l ta d e autoridade
e d e u n i d a d e n a I g re j a A n g l i ca n a .
N e l a a p e rso n a l i d a d e dese m pe n h a u m papel d e
d e m a s i a d a i m po rtâ n c i a . As verd a d e i ras re l a ções d a
perso n a l i d a d e i nd ivi d u a l pa ra c o m a I g reja consi d e
rad a c o m o u m tod o, n ã o são com pree n d i d as pel os
Ang l i ca n os. Por i sso criticam ê l es severa mente a ne
cess i d a d e de s u b o rd i n a r o i nd i víd uo à vida da l g re
ia Cató l i ca . Mas ta l s u bo rd i nação é i nd ispensável
em tôd a Sociedade q u e p ossua q u a l q u e r sombra de
a u to r i d a d e e u n i d ade.
" Se fu l a n o se co nverter p a ra Ro ma, será o seu
fi m " Q u a n ta s vêzes ouvi esta frase, qu ando rea l
.
dificu l da d e s.
pe r-
Com o p od e r i a e u res pon d er a q uem m e
,. d ife re nt e s
gu nta sse p o r q u e ca d a b"1 s po ens ·i n a va .
. q ue m d e v iam
doutri ri a s ? Co m o po d e r i a eu .1 n d "1 c a r a
21 1
c i e a l g u m a e m f a v o r d o A n g l o - C a to l i c i s m o e
q e,
n ã o o bsta n t e t o d o o b e m f
q u e n ê l e h avi a ' est a va o
-
ra d a I g re j a C a tó l i ca .
N e � te p o n to d a m i n h a ca m i n h a d a , t u d o 0 q u e
e u s e n t i a e ra u m a ce rteza i n te l ectu a l q u e a p r i ncí
p i o n ã o i n f l u i u e m q u a l q u e r o u tra p a rte da m i n h a
perso n a 1 i d a d e .
M e u c o ra ç ã o e m i n h a vo n t a d e estav a m a i n d a
p resos a tôd a s a s a ss o c i a çõ e s d a m i n h a v i d a p a s s a d a .
E u p o d i a ve r a ve rd a d e d o q u e d i z i a a I g re j a
Cató l i c a , e , e ntreta nto, i ss o co m o q u e p a reci a fo ra
da m i n h a v i d a p esso a l d e m o d o m u i to cu ri oso.
E, e n t ã o , d e u m a m a n e i ra m i ste ri osa, ta m b é m
i sso co m e ç o u a m u d a r, e ca d a p a rte d a m i n h a p e r
so n a l i d a d e e d a m i n h a v i d a e r a i nvad i d a p o r pe
q u e n a s e i n cessa n te s co n f i r m a ções da verd a d e i n
te l ectu a l q u e a té e n t ã o ti n h a esta d o fora d e m i m .
Peq u e n os i n c i d e n tes, c i rcu n stâ n c i a s e m q u e m e
ach a va , c o i s a s q u e d i z i a m, pessoas q u e e u e n co n
trava , c a rtas q u e e u rece b i a , t u d o co meçou a a po n
ta r d e ce rto m od o a c u m u l a tivo, p a ra u m a mesma
d i re cã o .
,
Livros q u e e u to m av a o u m e e r a m d a dos p a ra
ler a fi m d e seg u ra r- m e t i n h a rn u m efei t o i ntei r a m e n
t e con trá ri o. E, a esta a l tu ra, sern q u a l quer esfôrço
d a minh a pa rte, por u m p roces so clara me nte i nde
.
p e n d en te d e m i m cad a coisa come ca va a ca i r. em
' ,
_ E n q u � n to posso j u l g a r, n u n ca tive q u a l q u er a t ro
ço o e m o c i o n a l p a ra com a I g re j a Ca tó l i c a . T i n h a s i
d o t u d o u m a co n s c i ê n c i a g ra d u a l m e n te cresce n te do
res u l ta d o i n ev i táv e l de me ve r fa ce a fa ce co m o
q u e, c o n t r a tôd a s a s m i n h a s i n c l i n a ções n a tu ra i s '
d es co b ri a s e r a ver d a d e .
A l g u n s m e d i z i a m q u e eu estava fa sci n a do pe l o
" fe i t i ço " d a v i d a re l i g iosa Cató l i ca e pe l a " m a g i a
de Roma " .
Mas, p a ra m i m , ta i s fra ses n a d a s i g n i f i cava m -
e ra u m a l i n g u a g e m q u e eu n ã o co m p ree n d i a . A
ú n i ca a tração pa ra m i m era q u e a I g re j a Cató l i ca
e ra o s o l a r d a Ve rd a d e . Pou co te mpo d e po i s d e i o
p r i m e i ro p a sso n a i nte nção de sepa ra r- me d e tôd a s
a s a s s o c i a ções d o passa d o ; e de ixei a Co m u n i d a
d e, a f i m d e p a ssa r u n s tem pos n u m v i ca ri ato fora
da c i d a d e p a ra u m pouco d e re pouso e q u i etu d e .
N o m o m e n to e m q u e d e i êsse passo d efi n i tivo
s u ce d e ra m d u a s co i s a s . Pri m e i ra m e n te tôd a a c l a
rez a d a v i s ã o, tô d a a vív i d a con sci ê n c i a d a ve rd ade
q u e e u t i n h a me d esa m p a ra ra m . E u s a b i a tão só
m e n te q u e ti n ha p a rt i d o p a ra u m a j o r n a d a i n evitá
vel e q u e h avia a pe n a s u m a coi sa q u e faze r : mas
tod os os m otivo s p a ra a fazer p a reci a m ter d esa-
p a recido.
A seg u n d a cois a foi que todo s os q u e est ? va m
en
m a is l ig a d os a m i m ver ifi ca ra m q u e o s a co n tec1 meles
tos se i a m tor n a ndo ma is def i nid os : e to d os ..
Tôd as as m i n h as af e1 co
.
es h um an a s se
e l h as
d ian te d esta h o rrí ve l co nti ng e nc ia : t0 d a s a s v
.
"'
,. ·
'
21 7
a ssoc i aç õ es c l a m av a. m a o me u co rac ão m · n h a
. 1
" e e m p e r i g o d e ce d er a nte a · to rm en v en -
,
ta d e es t ev ta .
Ma s h o u ve q u a l q u er co isa q u e ve io em me u so
co rro . D u ra nte os ú lti mo s a no s eu ti n ha vis to ou
tros _ a b ra ços co n1 a me sm a situ açã o ; ent re êst es
havi a q u atr o a l ma s m u ito d e l i cad a me nte afi nad as
que h avi a m s i d o forç ad a s, cad a u ma, a faze r face
ao . m e s � o. co n j u n to d e ci rcu nstâ ncia s que pare ciam
ma i s t _1 ra n 1 ca s e d o l orosa s em seus caso s parti cu la-
res.
Fiq u e i com o q ue fora de m i m ao ver os sacri
fícios q u e tivera m q ue enfrenta r e fazer, e à med i
da q u e a s via passa r d a l uta e da obscu ridade à
certeza e à l uz, convenci-me d e q ue aqui a l guma
coisa d e i negàve l m ente so b renatura l suced ia ante
meus o l h os. N a d a menos q u e isso me pod eria ter
m i n i strad o fôrças pa ra a g uenta r o combate, nenhu
m a outra coi sa pod eria ter d ado a persevera nça até
ao fi m .
A cora g e m d essas a l mas deixava-me envergo
nhad o d a m i n h a fraq ueza. Outros sem conta estão
c erta mente p a ssa n d o pel a mesma agonia, mas não
d is põe m d e m eios p a ra dá- l a a con hecer ao próxi
m o e a ss i m p a ssa d esperce bida a sua l uta . E , ! á
q ue me ped i ra m q u e fizesse u m a decl a ração, dese 1 0
l an ça r mão d êste exped i ente a fi m d e a j uda r h_?
me ns e m u l h e res a com p reender q ue esta que stao
é u m a voz d e N osso Se n h o r às a l mas. De qua l que r
m a n ei ra sig n ifica n ã o pe q ueno sofr i m ento e qu er o
sup l i ca r q u e q u a n d o s o b revier u m c h a m a men to co
m o ês te, os a m i g os e p a re n tes q ue o con hece r em fa -
21 8
ça m d ev e ra s t u d o o q u e p u d e rem pa ra se cer
tif ica
re m . d a s u a v e rd a d.e, e n u n ca o ten h a m por
mer o
c a p � 1 c h o o u fa n ta s i a n e m te n tem v i o l e nta r 0 s a
n
t u á r i o d a s consc i ê n c i as e m o u tras pesso as .
_