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O USO DO PRECEDENTE E O PAPEL DO PRINCÍPIO DO

STARE DECISIS NO SISTEMA LEGAL


NORTE-AMERICANO

O USO DO PRECEDENTE E O PAPEL DO PRINCÍPIO DO STARE DECISIS


NO SISTEMA LEGAL NORTE-AMERICANO
Revista dos Tribunais | vol. 782/2000 | p. 90 - 96 | Dez / 2000
DTR\2000\674

Toni M. Fine
Associate Director, Global Law School Program, New York University School of Law,
Acting Director, LL.M CJ Program, New York University School of Law. BA, Harpur College
(1983); JD (Duke University School of Law, 1986).

Área do Direito: Internacional


Sumário:

" É uma regra estabelecida no sentido de agir de acordo com precedentes anteriores,
quando os mesmos pontos aparecem de novo em um litígio; bem como para manter a
escala de justiça equilibrada e constante, e não sujeita a qualquer nova mudança de
opinião do Juiz" (W. Blackstone, Comentários 69).

<d4>SUMÁRIO: 1. Introdução: a doutrina do precedente e a aplicação do stare decisis -


2. Aplicação e limites do stare decisis: 2.1 Aplicação do stare decisis; 2.2 Os limites do
princípio do stare decisis: 2.2.1 Regra de direito implícita; 2.2.2 O escopo da regra de
direito anunciada no precedente; 2.2.3 Semelhanças entre as questões de fato
controvertidas; 2.2.4 Rejeitando a decisão anterior - 3. Propósitos e benefícios do stare
decisis: 3.1 Justiça da decisão; 3.2 Previsibilidade; 3.3 Processo decisório fortalecido:
3.3.1 Eficiência do processo decisório; 3.3.2 Fortalecimento do processo decisório
enquanto instituto jurídico; 3.4 Estabilidade - 4. Conclusão.</d4>

1. INTRODUÇÃO: A DOUTRINA DO PRECEDENTE E A APLICAÇÃO DO STARE DECISIS

A doutrina do stare decisis é firmemente estabelecida no sistema legal norte-americano.


Tal doutrina, também conhecida como aplicação do precedente, estipula que, uma vez
que um Tribunal tenha decidido uma questão legal, os casos subseqüentes que
apresentem fatos semelhantes devem ser decididos de maneira consentânea com a
decisão anterior. Segundo essa doutrina, uma regra de direito, uma vez proferida por
um Tribunal, normalmente deve ser seguida até que tal regra tenha que, ou deva ser,
modificada. A regra do stare decisis é, pois, a política das Cortes de manter o precedente
e não interferir, nos casos que se sucedem, em questões já decididas em casos
anteriores. Enquanto facilmente definida em abstrato, a doutrina do stare decisis não se
afigura um princípio simples, de fácil definição. Ao contrário, é ela um fenômeno
complexo, cuja aplicação reflete prudência e exercício de discrição judicial.

O sistema do stare decisis, ao mesmo tempo em que restringe o poder dos Juízes,
concede a eles ainda maior controle sobre a interpretação e aplicação das leis. É que,
por um lado, tal princípio restringe a discrição judicial, na medida em que geralmente
estipula que um determinado Tribunal é obrigado a seguir os princípios e regras
estabelecidos em casos anteriores. Todavia, por outro lado, a importante função do
precedente nos casos subseqüentes implica uma responsabilidade especial: a tendência
das Cortes de seguirem as decisões anteriores garante aos Tribunais o poder de confiar
aos futuros Juízes os princípios estabelecidos naquele sentido. Assim sendo, conquanto
em determinadas situações os Juízes podem estar limitados pela operação do stare
decisis, não se pode perder de vista que tal operação também outorga ao Judiciário um
poder enorme de influência sobre o futuro no que se refere aos casos ainda não
decididos.

Enquanto o sistema de precedentes judiciais norte-americano estipula que os Juízes


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devam se sentir vinculados pela jurisprudência ao determinarem o peso a ser dado às


decisões anteriores, as Cortes são livres para exercerem julgamentos independentes
sobre se o caso ou casos anteriores aplicam-se de forma apropriada ao caso atualmente
sob a apreciação do Juiz. Com efeito, há inúmeras situações em que os Juízes devem -
como de fato o fazem - recusar a aplicação das regras estabelecidas em casos
anteriores.

O item 2 deste artigo discute as regras básicas utilizadas pelo sistema norte-americano
para aplicar a doutrina do precedente, refletindo não só sua efetiva aplicação como
também as limitações impostas pelo sistema. O item 3 discutirá alguns benefícios do
sistema de precedentes judiciais que sugerem que o princípio do stare decisis deveria
ser de alguma forma adaptado para uso em sistemas jurídicos da família continental
européia (mais conhecidos nos EUA como países da civil law).

2. APLICAÇÃO E LIMITES DO STARE DECISIS

2.1 Aplicação do stare decisis

O sistema judicial federal norte-americano é composto de três níveis hierárquicos - as


chamadas "US District Courts" (juízos de primeira instância), as "US Courts of Appeal"
(Tribunais intermediários de apelação) e a "US Supreme Court" (Supremo Tribunal
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Federal). Os juízos de primeira instância se compõem ao todo de 54 distritos
(equivalentes às seções judiciárias da Justiça Federal brasileira); os Tribunais
intermediários de apelação estão divididos nos chamados thirteen circuits (semelhante
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às regiões da Justiça Federal brasileira), e, finalmente, há a Suprema Corte. O princípio
do stare decisis requer que um juízo ou Tribunal siga a regra estabelecida por um
Tribunal de nível superior. Destarte, o juízo de primeira instância é obrigado a seguir a
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orientação dos Tribunais de apelação e, bem assim, da Suprema Corte. Os Tribunais de
apelação, por sua vez, são obrigados a seguir as regras estabelecidas pela Suprema
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Corte. A Suprema Corte adere aos seus próprios precedentes por uma questão de
política. A despeito dessa tendência largamente estabelecida, a Suprema Corte - e
somente ela - pode derrogar seu próprio precedente.

O efeito do stare decisis em um caso é mais forte quando vários precedentes


representam um mesmo princípio legal. Embora a regra de direito anunciada ou aplicada
sobre apenas um único precedente preencha o escopo da política por trás do stare
decisis, seu efeito, contudo, se apresenta mais fraco. Isso faz sentido sob uma
perspectiva tanto teórica quanto prática: uma regra de direito bem estabelecida
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provavelmente deve ser aplicada em várias situações de fato. Por outro lado, uma regra
de direito mais recentemente anunciada e aplicada sobre uma ou apenas algumas
situações de fato pode ser mais facilmente manipulada, ou ainda interpretada pelas
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Cortes de forma tanto restrita quanto ampla em casos subseqüentes.

2.2 Os limites do princípio do stare decisis

A doutrina do precedente e sua aplicação, conquanto central para o sistema legal


norte-americano, não se afigura uma regra inflexível. Ao contrário, há inúmeros
mecanismos mediante os quais os Tribunais deixam de aplicar as regras estabelecidas
em casos anteriores. O fato de a regra do stare decisis não se apresentar tão rígida dá
aos Tribunais um nível de discrição ao aplicar princípios que possam divergir de regras
previamente estabelecidas. Em suma, os Tribunais podem-se recusar a aplicar uma
decisão anterior se: 1) o caso anteriormente decidido envolver uma questão de direito
distinta; 2) o escopo do caso anteriormente decidido for tão limitado que não se aplica
ao caso em pauta; 3) os fatos do caso anteriormente decidido forem distintos daqueles a
que se refere o caso atual; ou 4) rejeitarem a decisão anterior porque o princípio nela
inserido: a) deve ser revogado; ou b) tal decisão reflete dicta, isto é, pronunciamentos e
opiniões do Juiz encontrados no bojo da motivação da decisão judicial (sentença ou
acórdão) e que, pois, não se constituem no seu dispositivo. Freqüentemente, Tribunais
deixam de aplicar princípios de casos anteriormente decididos pela conjugação desses
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fatores.

Obviamente, quando não existe precedente direto abrangendo o caso sub judice, o
Tribunal está livre para decidir a questão com base em princípio de
razoabilidade/eqüidade e justiça.

2.2.1 Regra de direito implícita

O princípio do stare decisis não se aplica a casos (mesmo naqueles oriundos de


circunstâncias essencialmente idênticas) em que são apresentadas questões de direito
completamente diferentes. Por exemplo, em um dado caso envolvendo responsabilidade
civil aquiliana, um princípio de direito anteriormente anunciado em um caso de
responsabilidade contratual, na maioria das vezes será totalmente diferente, não tendo
portanto aplicação. Há situações, todavia, em que a regra de direito implícita pode não
ser precisamente a mesma, mas pode ser parte de uma estrutura legal semelhante ou
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ainda de provisões legais que devem ser lidas in pari materia. Se, no entanto, uma
estrutura legal (corpo de leis) distinta é envolvida, o Juiz está livre para desconsiderar a
regra de direito estabelecida nos casos precedentes.

2.2.2 O escopo da regra de direito anunciada no precedente

Nem sempre é fácil determinar o escopo ou o impacto pretendido pela regra de direito
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ou princípio anunciado em um caso. Ao interpretarem como se aplicam as decisões
anteriores ao caso sub judice, os Tribunais freqüentemente se deparam com a questão
do escopo pretendido pela decisão anterior. Assim, os Tribunais se reservam uma certa
flexibilidade para interpretar a regra de direito estabelecida, sendo permitido abordar a
questão de uma forma mais restrita ou mais ampla com o intuito de se chegar a um
resultado diferente. Se a decisão é interpretada de forma restrita, é possível que não
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será aplicável ao caso que ora é apresentado ao Juiz. Se a regra anunciada no caso
anterior parece ter uma aplicação mais ampla, então o Juiz poderá aplicar tal regra ao
caso em pauta.

Dicas de como uma regra de direito anteriormente anunciada deva ser aplicada são, com
freqüência, encontradas nas decisões anteriores, e isso pode ser feito de forma explícita
ou implícita (um exemplo são os casos que interferem em questões de política pública,
cujas implicações exigem uma abrangência maior). Ainda o escopo de uma decisão pode
ser decidido por um caso subseqüente. Nessa hipótese, a última interpretação dada pelo
Tribunal ao precedente será a que será aplicada aos casos futuros.

Não se pode perder de vista, porém, que os Tribunais geralmente retêm uma discrição
significante ao decidirem quando a regra de direito expressada no precedente deve ser
aplicada de forma abrangente ou limitada.

2.2.3 Semelhanças entre as questões de fato controvertidas

A doutrina do stare decisis é baseada fundamentalmente na similaridade entre os casos.


Porquanto dois casos nunca apresentam precisamente os mesmos fatos, advogados e
Juízes "distinguem" precedentes desfavoráveis a suas linhas de argumentação,
precedentes estes que, ao contrário, poderiam influenciar a decisão ora posta em juízo.

Tendo em vista que os Tribunais norte-americanos são obrigados, tanto por uma
questão constitucional quanto de prudência, a basear suas decisões exclusivamente nos
fatos apresentados pelas partes, as decisões judiciais raramente interpretam regras de
direito que, em tese, poderiam ser aplicadas a todos e quaisquer fatos que poderiam se
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originar de uma determinada questão legal. E exatamente porque fatos trazidos a juízo
nunca são os mesmos de um caso anterior envolvendo outras partes, os Tribunais se
reservam uma enorme discrição no que se refere à leitura e interpretação da opinião
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anterior, bem como no que tange à similaridade entre os fatos controvertidos do
precedente e do caso sub judice, a fim de que se possa oferecer o mesmo tratamento.
Essas duas considerações, obviamente, conjugam-se entre si e são, de fato, partes de
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uma constante e essencial indagação: A regra anunciada no caso anterior aplica-se aqui?

2.2.4 Rejeitando a decisão anterior

Há várias justificativas mediante as quais um Tribunal pode rejeitar uma regra de direito
ou um princípio estabelecido em um caso decidido anteriormente. Em razão da força do
princípio do stare decisis, é muito menos provável que um Tribunal rejeite ou revogue
um precedente do que, por exemplo, distinguir os fatos apresentados em ambos os
casos. Não obstante, há inúmeras razões pelas quais tal rejeição pode ocorrer.

2.2.4.1 Dicta - Um princípio fundamental da jurisprudência norte-americana é o de que


os Tribunais devem limitar suas decisões aos fatos apresentados no caso em particular a
eles submetidos. Isso é relevante ao princípio do stare decisis porque inicialmente se
concede respeito ao precedente somente se ele for resultado de uma fundamentada e
cuidadosa análise judicial baseada em um intenso contraditório exercido pelas partes.

Dicta são pronunciamentos judiciais encontrados no bojo da decisão judicial que vão
além dos fatos e das questões legais trazidas a juízo pelas partes. Dicta não são
considerados como parte do dispositivo da decisão, porquanto tais questões podem não
ter sido submetidas (devolvidas), de forma integral, à consideração do Tribunal.
Portanto, as partes da decisão judicial que são meros dicta ordinariamente não possuem
valor ou efeito de precedente.

Não obstante, nem sempre é fácil determinar o que é ou não um dictum. É comum as
partes apresentarem argumentos díspares sobre o que constitui um dictum e o que se
afigura propriamente parte da opinião judicial que deve receber efeito de stare decisis.

2.2.4.2 Quando o precedente deve ser revogado - Um Tribunal pode revogar seu próprio
precedente ou precedente estabelecido por um Tribunal inferior quando a política por
trás daquele precedente não merece mais aplicação. Ademais, se o precedente for
decidido de forma não fundamentada, então tal decisão não deve ser seguida.

3. PROPÓSITOS E BENEFÍCIOS DO STARE DECISIS

A doutrina do stare decisis repousa no princípio de que um Tribunal é uma instituição


requisitada a aplicar um corpo de leis, e não um mero grupo de Juízes proferindo
decisões isoladas nos casos a eles submetidos. Assim sendo, as regras de direito não
devem mudar caso a caso ou de Juiz a Juiz. Tal doutrina também manifesta o
reconhecimento de que aqueles que se encontram engajados em transações baseadas
nas regras de direito que estão prevalecendo podem confiar em tal estabilidade. Em
suma, o stare decisis promove um imparcial, previsível e consistente desenvolvimento
dos princípios legais; fomenta confiança nas decisões judiciais; e contribui para a real
integridade do processo judicial.

3.1 Justiça da decisão

Uma das premissas básicas da doutrina é a justiça que resulta quando casos
semelhantes são decididos de uma forma similar. Esse princípio é essencial para o
sistema de justiça norte-americano, sendo fundamental para preceitos básicos como o
do devido processo legal. Em resumo, um sistema de precedentes dá uma aparência de
justiça e de prevenção a processos decisórios de cunho arbitrário, à medida que
proporciona que a autoridade seja exercida de forma neutra, mediante a qual os Juízes
baseiam suas decisões.

3.2 Previsibilidade

Também um tema bastante relacionado diz respeito à circunstância de que, ao seguir


precedentes, os indivíduos e entidades podem se permitir melhor ordenar suas questões
e negócios. Porque a regra do stare decisis dá pelo menos uma medida de previsibilidade
na maneira pela qual uma dada controvérsia pode ser resolvida, o precedente oferece
um senso de como o caso em pauta será resolvido.
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3.3 Processo decisório fortalecido

A doutrina do precedente geralmente conduz a um aprimoramento do processo decisório


judicial e um fortalecimento institucional do Judiciário.

Existem pelo menos três explicações para tanto:

3.3.1 Eficiência do processo decisório

Quando um Tribunal decide uma questão com base em regras e princípios articulados
em casos anteriores, esse Tribunal está na verdade preservando uma reserva preciosa e
escassa. Em vez de ter que reconsiderar cada questão como que se a mesma nunca
tivesse sido considerada antes, o Juiz poderia usar sua energia para se concentrar em
questões de direito de maior magnitude e importância, sobre as quais pairam
controvérsias mais agudas.

3.3.2 Fortalecimento do processo decisório enquanto instituto jurídico

Quando cidadão e entidades dentro de um Estado de Direito vêem que os Tribunais


tratam partes em situações semelhantes da mesma forma, um nível de confiança tal se
desenvolve no sistema jurídico que, caso contrário, poderia não se encontrar presente.
De maneira que, quando os Tribunais demonstram uma vontade de aplicar a lei de
maneira consistente e equânime, os cidadãos desenvolvem um elevado senso de fé e
confiança no Judiciário, que, por seu turno, reverte em um fortalecimento no sentimento
de Justiça.

Também porque a doutrina do stare decisis significa que a decisão judicial de hoje será o
precedente de amanhã, os Juízes precisam ter um incentivo para tomar o maior cuidado
ao formular suas opiniões e ao desenvolver uma linha de raciocínio adequada a tal
opinião.

3.4 Estabilidade

Um sistema legal baseado no precedente judicial tende a influenciar profundamente os


cidadãos por meio de um senso de estabilidade e confiança no regime legal. Se as regras
de direito são constantemente reformuladas e aplicadas de maneira inconsistente, o
sistema como um todo dá a impressão de instabilidade. A aplicação de princípios bem
fundamentados inspira confiança nas regras de direito e nas instituições que as
promovem.

4. CONCLUSÃO

Conquanto a doutrina do stare decisis se apresenta firmemente estabelecida no sistema


legal norte-americano, a aplicação de tal princípio de forma alguma remove a discrição
judicial no que se refere ao seu respectivo processo decisório. Ao contrário, é ele
altamente flexível, permitindo às partes se submeterem a regras propriamente decididas
em casos anteriores, bem como permitindo aos Tribunais gastar seus valiosos e
limitados recursos em questões legais mais modernas e interessantes.

(1) O sistema judicial norte-americano é, na verdade, bem mais complexo que a


formulação ora sugerida, haja vista que cada um dos 50 estados da federação possui
sua própria legislação bem como um sistema judicial particular. Ademais, questões de
direito estadual podem ser levantadas perante Tribunais federais e, bem assim, questões
de direito federal podem ser trazidas junto a juízos estaduais. Tendo em vista que o
Brasil possui um sistema uno de jurisdição, não se afigura necessário abordar essa
dualidade jurisdicional entre o sistema estadual e federal, típica do sistema
norte-americano. Ao contrário, uma analogia profícua pode ser feita considerando
apenas a operação do sistema de precedente judicial oriundo dos Tribunais federais.
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(2) Tais regiões são numeradas de número 1 a 11, acrescendo-se ainda o chamado "the
United States Court of Appeals for the District of Columbia Circuit" (que abrange a
capital Washington) e, finalmente, o "Federal Circuit", que tem competência limitada a
matérias específicas. As onzes regiões e o D.C. "Circuit" possuem competência recursal
sobre apelações oriundas dos respectivos distritos que compõem aquela determinada
região e, ainda, sobre várias agências administrativas do governo federal.

(3) Também aqui a questão é um pouco mais complexa do que se sugere. Uma dada
seção judiciária ( district) é obrigada a seguir somente as decisões do Tribunal de
apelação em cuja região tal seção judiciária está geograficamente (territorialmente)
situada (e, claro, da Suprema Corte). Essa discussão até certo ponto simplificada sobre o
tema será, todavia, adequada para explicar a importância da hierarquia dos Tribunais ao
aplicar o princípio do staredecisis.

(4) Além dessas regras gerais, um Tribunal federal está vinculado a precedentes de sua
própria região. Tais Tribunais seguem regras/decisões de Câmaras/Turmas do próprio
Tribunal, que se comprometem entre si no sentido de que uma Câmara/Turma não
revogue um precedente estabelecido por outra Câmara/Turma do mesmo Tribunal;
somente o plenário do Tribunal tem o poder de revogar um precedente estabelecido por
uma determinada Câmara/Turma. Conquanto uma opinião de um Tribunal de outra
região seja merecedora do maior respeito, possuindo ainda todos os requisitos para ser
seguida, não é ela vinculante, sendo certo que se houver conflito, o Tribunal federal está
vinculado apenas e tão-somente a seu próprio precedente, não necessitando seguir a
orientação de uma outra região.

(5) Veja Part II. C. 3.

(6) Veja Part II. C. 3 .

(7) Leis inparimateria são aquelas que se referem a uma mesma matéria e, destarte,
devem ser interpretadas com referência a cada uma delas.

(8) Opiniões judiciais nos Estados Unidos devem ser redigidas de forma restrita visando
à aplicação apenas aos fatos subjudice. Isso é fundamental para o sistema constitucional
norte-americano, que proíbe opiniões judiciais que visem a aconselhar as partes; o
requisito é que haja realmente interesse e necessidade na solução da controvérsia.

(9) A análise é relacionada ao que se segue.

(10) De fato, à medida que um Tribunal profere um princípio legal além do escopo dos
fatos específicos a ele devolvidos para apreciação, muito do que for dito a respeito
desses fatos provavelmente será considerado dicta e, via de conseqüência, não lhe será
dado o peso normal de um precedente judicial.

(11) Se adiante os Tribunais interpretarem a opinião anterior, aquelas decisões deverão


ser com certeza relevantes para os Tribunais que depois considerarem tal questão.

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