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Toni M. Fine
Associate Director, Global Law School Program, New York University School of Law,
Acting Director, LL.M CJ Program, New York University School of Law. BA, Harpur College
(1983); JD (Duke University School of Law, 1986).
" É uma regra estabelecida no sentido de agir de acordo com precedentes anteriores,
quando os mesmos pontos aparecem de novo em um litígio; bem como para manter a
escala de justiça equilibrada e constante, e não sujeita a qualquer nova mudança de
opinião do Juiz" (W. Blackstone, Comentários 69).
O sistema do stare decisis, ao mesmo tempo em que restringe o poder dos Juízes,
concede a eles ainda maior controle sobre a interpretação e aplicação das leis. É que,
por um lado, tal princípio restringe a discrição judicial, na medida em que geralmente
estipula que um determinado Tribunal é obrigado a seguir os princípios e regras
estabelecidos em casos anteriores. Todavia, por outro lado, a importante função do
precedente nos casos subseqüentes implica uma responsabilidade especial: a tendência
das Cortes de seguirem as decisões anteriores garante aos Tribunais o poder de confiar
aos futuros Juízes os princípios estabelecidos naquele sentido. Assim sendo, conquanto
em determinadas situações os Juízes podem estar limitados pela operação do stare
decisis, não se pode perder de vista que tal operação também outorga ao Judiciário um
poder enorme de influência sobre o futuro no que se refere aos casos ainda não
decididos.
O item 2 deste artigo discute as regras básicas utilizadas pelo sistema norte-americano
para aplicar a doutrina do precedente, refletindo não só sua efetiva aplicação como
também as limitações impostas pelo sistema. O item 3 discutirá alguns benefícios do
sistema de precedentes judiciais que sugerem que o princípio do stare decisis deveria
ser de alguma forma adaptado para uso em sistemas jurídicos da família continental
européia (mais conhecidos nos EUA como países da civil law).
fatores.
Obviamente, quando não existe precedente direto abrangendo o caso sub judice, o
Tribunal está livre para decidir a questão com base em princípio de
razoabilidade/eqüidade e justiça.
Nem sempre é fácil determinar o escopo ou o impacto pretendido pela regra de direito
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ou princípio anunciado em um caso. Ao interpretarem como se aplicam as decisões
anteriores ao caso sub judice, os Tribunais freqüentemente se deparam com a questão
do escopo pretendido pela decisão anterior. Assim, os Tribunais se reservam uma certa
flexibilidade para interpretar a regra de direito estabelecida, sendo permitido abordar a
questão de uma forma mais restrita ou mais ampla com o intuito de se chegar a um
resultado diferente. Se a decisão é interpretada de forma restrita, é possível que não
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será aplicável ao caso que ora é apresentado ao Juiz. Se a regra anunciada no caso
anterior parece ter uma aplicação mais ampla, então o Juiz poderá aplicar tal regra ao
caso em pauta.
Dicas de como uma regra de direito anteriormente anunciada deva ser aplicada são, com
freqüência, encontradas nas decisões anteriores, e isso pode ser feito de forma explícita
ou implícita (um exemplo são os casos que interferem em questões de política pública,
cujas implicações exigem uma abrangência maior). Ainda o escopo de uma decisão pode
ser decidido por um caso subseqüente. Nessa hipótese, a última interpretação dada pelo
Tribunal ao precedente será a que será aplicada aos casos futuros.
Não se pode perder de vista, porém, que os Tribunais geralmente retêm uma discrição
significante ao decidirem quando a regra de direito expressada no precedente deve ser
aplicada de forma abrangente ou limitada.
Tendo em vista que os Tribunais norte-americanos são obrigados, tanto por uma
questão constitucional quanto de prudência, a basear suas decisões exclusivamente nos
fatos apresentados pelas partes, as decisões judiciais raramente interpretam regras de
direito que, em tese, poderiam ser aplicadas a todos e quaisquer fatos que poderiam se
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originar de uma determinada questão legal. E exatamente porque fatos trazidos a juízo
nunca são os mesmos de um caso anterior envolvendo outras partes, os Tribunais se
reservam uma enorme discrição no que se refere à leitura e interpretação da opinião
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anterior, bem como no que tange à similaridade entre os fatos controvertidos do
precedente e do caso sub judice, a fim de que se possa oferecer o mesmo tratamento.
Essas duas considerações, obviamente, conjugam-se entre si e são, de fato, partes de
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O USO DO PRECEDENTE E O PAPEL DO PRINCÍPIO DO
STARE DECISIS NO SISTEMA LEGAL
NORTE-AMERICANO
uma constante e essencial indagação: A regra anunciada no caso anterior aplica-se aqui?
Há várias justificativas mediante as quais um Tribunal pode rejeitar uma regra de direito
ou um princípio estabelecido em um caso decidido anteriormente. Em razão da força do
princípio do stare decisis, é muito menos provável que um Tribunal rejeite ou revogue
um precedente do que, por exemplo, distinguir os fatos apresentados em ambos os
casos. Não obstante, há inúmeras razões pelas quais tal rejeição pode ocorrer.
Dicta são pronunciamentos judiciais encontrados no bojo da decisão judicial que vão
além dos fatos e das questões legais trazidas a juízo pelas partes. Dicta não são
considerados como parte do dispositivo da decisão, porquanto tais questões podem não
ter sido submetidas (devolvidas), de forma integral, à consideração do Tribunal.
Portanto, as partes da decisão judicial que são meros dicta ordinariamente não possuem
valor ou efeito de precedente.
Não obstante, nem sempre é fácil determinar o que é ou não um dictum. É comum as
partes apresentarem argumentos díspares sobre o que constitui um dictum e o que se
afigura propriamente parte da opinião judicial que deve receber efeito de stare decisis.
2.2.4.2 Quando o precedente deve ser revogado - Um Tribunal pode revogar seu próprio
precedente ou precedente estabelecido por um Tribunal inferior quando a política por
trás daquele precedente não merece mais aplicação. Ademais, se o precedente for
decidido de forma não fundamentada, então tal decisão não deve ser seguida.
Uma das premissas básicas da doutrina é a justiça que resulta quando casos
semelhantes são decididos de uma forma similar. Esse princípio é essencial para o
sistema de justiça norte-americano, sendo fundamental para preceitos básicos como o
do devido processo legal. Em resumo, um sistema de precedentes dá uma aparência de
justiça e de prevenção a processos decisórios de cunho arbitrário, à medida que
proporciona que a autoridade seja exercida de forma neutra, mediante a qual os Juízes
baseiam suas decisões.
3.2 Previsibilidade
Quando um Tribunal decide uma questão com base em regras e princípios articulados
em casos anteriores, esse Tribunal está na verdade preservando uma reserva preciosa e
escassa. Em vez de ter que reconsiderar cada questão como que se a mesma nunca
tivesse sido considerada antes, o Juiz poderia usar sua energia para se concentrar em
questões de direito de maior magnitude e importância, sobre as quais pairam
controvérsias mais agudas.
Também porque a doutrina do stare decisis significa que a decisão judicial de hoje será o
precedente de amanhã, os Juízes precisam ter um incentivo para tomar o maior cuidado
ao formular suas opiniões e ao desenvolver uma linha de raciocínio adequada a tal
opinião.
3.4 Estabilidade
4. CONCLUSÃO
(2) Tais regiões são numeradas de número 1 a 11, acrescendo-se ainda o chamado "the
United States Court of Appeals for the District of Columbia Circuit" (que abrange a
capital Washington) e, finalmente, o "Federal Circuit", que tem competência limitada a
matérias específicas. As onzes regiões e o D.C. "Circuit" possuem competência recursal
sobre apelações oriundas dos respectivos distritos que compõem aquela determinada
região e, ainda, sobre várias agências administrativas do governo federal.
(3) Também aqui a questão é um pouco mais complexa do que se sugere. Uma dada
seção judiciária ( district) é obrigada a seguir somente as decisões do Tribunal de
apelação em cuja região tal seção judiciária está geograficamente (territorialmente)
situada (e, claro, da Suprema Corte). Essa discussão até certo ponto simplificada sobre o
tema será, todavia, adequada para explicar a importância da hierarquia dos Tribunais ao
aplicar o princípio do staredecisis.
(4) Além dessas regras gerais, um Tribunal federal está vinculado a precedentes de sua
própria região. Tais Tribunais seguem regras/decisões de Câmaras/Turmas do próprio
Tribunal, que se comprometem entre si no sentido de que uma Câmara/Turma não
revogue um precedente estabelecido por outra Câmara/Turma do mesmo Tribunal;
somente o plenário do Tribunal tem o poder de revogar um precedente estabelecido por
uma determinada Câmara/Turma. Conquanto uma opinião de um Tribunal de outra
região seja merecedora do maior respeito, possuindo ainda todos os requisitos para ser
seguida, não é ela vinculante, sendo certo que se houver conflito, o Tribunal federal está
vinculado apenas e tão-somente a seu próprio precedente, não necessitando seguir a
orientação de uma outra região.
(7) Leis inparimateria são aquelas que se referem a uma mesma matéria e, destarte,
devem ser interpretadas com referência a cada uma delas.
(8) Opiniões judiciais nos Estados Unidos devem ser redigidas de forma restrita visando
à aplicação apenas aos fatos subjudice. Isso é fundamental para o sistema constitucional
norte-americano, que proíbe opiniões judiciais que visem a aconselhar as partes; o
requisito é que haja realmente interesse e necessidade na solução da controvérsia.
(10) De fato, à medida que um Tribunal profere um princípio legal além do escopo dos
fatos específicos a ele devolvidos para apreciação, muito do que for dito a respeito
desses fatos provavelmente será considerado dicta e, via de conseqüência, não lhe será
dado o peso normal de um precedente judicial.
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