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SELEÇÃO DAS DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO

COMPULSÓRIA: CRITÉRIOS E RECOMENDAÇÕES


PARA AS TRÊS ESFERAS DE GOVERNO
Maria da Glória Teixeira1*, Gerson Oliveira Penna2*, João Batista Risi3**, Maria Lucia Penna4**,
Maria Fernanda Alvim5**, José Cássio de Moraes6**, Expedito Luna6**

Resumo
Apresenta-se neste trabalho uma revisão referente ao Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica,
principalmente, quanto ao processo de revisão e seleção de doenças de Notificação Compulsória. Foi elaborada
uma proposta da Lista Brasileira de Doenças de Notificação Compulsória, fruto de um exercício de seleção
baseado na avaliação de doenças com relação a 13 critérios e de debates com técnicos de áreas específicas do
Ministério da Saúde, das Secretarias Estaduais/Municipais de Saúde, de institições acadêmicas e da
Organização Pan-Americana da Saúde. Várias recomendações são feitas, úteis para as três esferas do
governo no processo de definição das doenças e agravos de notificação compulsória, levando-se em consideração
o principal objetivo desse instrumento - fornecer informação de forma rápida e ágil, servir de base para a
tomada de decisões e implementação de ações de controle e/ou prevenção.
Palavras-Chave: Vigilância Epidemiológica; Doenças de Notificação Compulsória.

Summary
This paper reviews the National Epidemilogical Surveillance System, particularly the process of revision
and selection of obligatory notifiable diseases. A proposal for a Brazilian List of Obligatory Notifiable
Diseases was elaborated, resulting from a selection process based on the assessment of diseases against 13
criteria and on discussions with staff from specific areas of the Ministry of Health, The State and Municipal
Health Secretaries and Pan-American Health Organization. The recommendations made are useful for
the process of establishing the reportable diseases and conditions, taking into account the purpose of this tool
to provide information in a quick and agile manner, and to serve as a basis for decision-making and for the
implementation of control and/or prevention activities.
Key-Words: Epidemiological Surveillance; Reportable Diseases.

1
Instituto de Saúde Coletiva/UFBa; Secretaria de Saúde da Bahia-SESAB; ABRASCO;
2
Hospital Universitário de Brasília/UnB;
3
Organização Pan-Americana de Saúde;
4
Instituto de Medicina Social/UERJ;
5
Centro Nacional de Epidemiologia/FNS/MS;
6
Centro de Vigilância Epidemiológica/SES-SP;
*
Responsáveis pela elaboração do texto.
**
Colaboradores.
Maria da Glória Teixeira e cols

Introdução notificação compulsória incorporando além das


previstas no Regulamento Sanitário Internacional,
A primeira lista de doenças de
aquelas vinculadas ao programa de imunizações,
notificação compulsória talvez remonte ao ano
as coordenadas na época por órgãos específicos
de 1377, em legislação fundamentada na
do Ministério da Saúde (malária, hanseníase e
quarentena, em Veneza. Em 1851, também em
tuberculose) e as meningites em geral. Em 1979,
Veneza, ocorre a primeira Conferência Sanitária
1986 e em 1996, outras doenças foram
Internacional, na qual são estabelecidos os
acrescentadas à lista inicial6, 7, 8, 9.
princípios de máxima proteção contra a
propagação internacional de enfermidades e A diversidade, complexidade e
com mínima restrição, para as viagens e dimensão continental do Brasil, torna pouco
comércio internacional. Estes princípios foram realista a existência de uma única lista de doenças
fundamentais para a formulação do primeiro para todo o seu território, mesmo que se tente
Regulamento Sanitário Internacional, em maio contemplar as diferenças regionais, através da
de 1951, e são, até hoje, observados1,2,3. Àquela delimitação de áreas de obrigatoriedade de
época foram definidas seis enfermidades notificações de acordo com o conhecimento
quarentenáveis: peste, cólera, febre amarela, epidemiológico vigente. No entanto, é
varíola, tifus e febre recorrente 1 . A revisão importante a instituição de uma lista mínima
ocorrida neste código em 1969, retirou o tifus nacional que inclua as doenças cujas informações
e febre recorrente do rol de doenças com sejam de interesse para o país. O objetivo destas
obrigatoriedade de notificação internacional, e, informações mais abrangentes, tendo como
em 1981, a varíola foi excluída após sua princípio a utilização imediata no local onde é
erradicação2. gerada, é o de alimentar os bancos de dados
nacionais de modo a permitir análises mais
No Brasil, as “Normas Gerais Sobre globalizadas que orientem o planejamento e a
Defesa e Proteção da Saúde”, instituídas em adoção de medidas de controle coletivas
1961 através do Decreto N° 49.974 – A 4 , necessárias ao conjunto ou grupos específicos
relacionavam 45 doenças, além de outras viroses da população brasileira, em situações correntes
humanas e os infortúnios do trabalho, como de ou emergenciais.
notificação compulsória. Entretanto, só em
1969, em conseqüência ao entusiasmo dos Paralelamente, tem-se que estimular
resultados da Campanha de Erradicação da Estados e municípios a elaborarem suas listas
Varíola (CEV) e dos seus ensinamentos quanto complementares visando ao fortalecimento dos
ao valor prático da metodologia de Vigilância sistemas locais de vigilância epidemiológica, na
Epidemiológica, foi que se iniciou a notificação direção da autonomia técnico-gerencial dos
sistemática de algumas doenças transmissíveis. municípios, para enfrentamento dos problemas
Sob a responsabilidade da Fundação de Serviços de saúde de acordo com a realidade de cada
de Saúde Pública – FSESP / Ministério da área. Esta heterogeneidade, aliada às iniciativas
Saúde, as informações eram coletadas através de modernização e aperfeiçoamento da
das Secretarias Estaduais de Saúde e outros capacidade técnica e operacional do sistema
órgãos específicos deste Ministério e divulgadas tendo como núcleo comum as doenças de
em um Boletim Epidemiológico com notificação nacional, servirá para imprimir uma
periodicidade quinzenal5. maior agilidade nas respostas necessárias à
resolução dos problemas.
Com a instituição do Sistema Nacional
1. Vigilância Epidemiológica e
de Vigilância Epidemiológica – SNVE,
Informação
formalizado através da Lei n° 6.259, de 1975, e
do Decreto n° 78.2316, que a regulamentou em De acordo com a Lei Orgânica da
1976, foi que se ampliou o leque de doenças de Saúde, Lei nº8.080, de 199010, a Vigilância

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Seleção das doenças de notificação compulsória: critérios e recomendações para as três esferas de governo

Epidemiológica (VE) é definida como “um e da disponibilidade de novos conhecimentos


conjunto de ações que proporcionam o científicos e tecnológicos. As normas de
conhecimento, a detecção ou prevenção de notificação devem adequar-se no tempo e no
qualquer mudança nos fatores determinantes e espaço, quanto às doenças consideradas, áreas
condicionantes de saúde individual ou coletiva, geográficas abrangidas, conteúdo de informação
com a finalidade de recomendar e adotar as requerido, critérios de definição de casos,
medidas de prevenção e controle das doenças e periodicidade de transmissão dos dados,
agravos”. Assim, para atender à sua finalidade, modalidades de notificação e fontes de
a VE tem que ser alimentada com informações informação utilizadas.
sobre as doenças e agravos que estão sob
As doenças que vêm compondo o
vigilância ou que possam ocorrer de modo
SDNC têm sido aquelas que podem colocar em
inusitado.
risco a saúde das coletividades e,
1.1 Sistema de Informação de Doenças tradicionalmente, vem-se restringindo às
de Notificação Compulsória (SDNC) doenças transmissíveis, apesar da 21 a
Notificação é a comunicação da Assembléia Mundial de Saúde (1968) já discutir
ocorrência de determinada doença ou agravo à a abrangência do conceito de VE, e salientar a
saúde, feita à autoridade sanitária por possibilidade da sua aplicação a outros
11
profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para problemas de saúde .
fins de adoção das medidas de intervenção A idéia transmitida ao se falar do
pertinentes. Destina-se, em primeira instância, sistema de notificação compulsória é de que com
ao serviço local de saúde incumbido de controlar este instrumento coletam-se dados “universais”
a ocorrência. Quando reunidas de forma de cada doença, já que compulsória significa
sistematizadas, as notificações passam a compor obrigatória, e a sua inobservância é considerada
sistemas de informações próprios, que infração às normas sanitárias brasileiras,
possibilitam o acompanhamento, de forma mais pressupondo penalidades que vão desde uma
ampla, das características do fenômeno estudado, simples advertência, até multas, previstas no
6
quanto à sua distribuição e tendências. Decreto Lei n° 785, de 1969 . Esta orientação,
A notificação compulsória é feita na legalmente ainda vigente e poucas vezes
situação em que a norma legal obriga aos cumprida, é considerada uma medida autoritária
profissionais de saúde e pessoas da comunidade e que contraria o espírito, concepção e prática
a comunicar a autoridade sanitária a ocorrência da VE, que trabalha na perspectiva do estímulo
de doença ou agravo que estão sob vigilância e persuasão dos profissionais e cidadãos para o
epidemiológica. exercício da notificação como um dever de
cidadania.
Historicamente, o Sistema de
Informações de Doenças de Notificação Na área das doenças do trabalho, cuja
Compulsória (SDNC) tem sido o principal vigilância era da responsabilidade do Ministério
instrumento da Vigilância Epidemiológica. do Trabalho (MT), eram utilizadas com
Assim, é importante que seja preservado e freqüência as penalidades previstas na Lei n°
constantemente aprimorado, incorporando-se os 6.514, de 1977, da Consolidação das Leis
avanços científicos e tecnológicos de cada Trabalhistas (CLT), que determina a notificação
12
período, pois, em parte, dele dependem a compulsória . Esta prática, que é desempenhada
eficiência e a efetividade da VE. Dada a natureza através de profissionais do MT, imbuídos de
específica de cada doença ou agravo à saúde o poder de fiscalização do ambiente de trabalho,
processo da notificação é dinâmico, variável em tem como objetivo pressionar as empresas a criar
função de mudanças no perfil epidemiológico, ambientes mais salubres e que causem o mínimo
dos resultados obtidos com as ações de controle de danos aos seus trabalhadores. As penalidades

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Maria da Glória Teixeira e cols

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são dirigidas à empresa ou aos seus profissionais determinantes (Constituição de 1988) e que
que não exercem o dever da notificação ou que incorpora a proposta de descentralização na qual
as escondem por razões econômicas. Esta o município é a instância privilegiada para o
legislação tem sido considerada pelos órgãos desenvolvimento das ações de saúde (Lei n°
10
governamentais e não-governamentais que 8.080) , recoloca para os gestores das três
atuam nesta área, particularmente pelos esferas de governo a necessidade cotidiana de
sindicatos, como importante e fundamental no aperfeiçoar o SDNC na perspectiva do
sentido de se conferir maior proteção à saúde desenvolvimento do SUS. Assim, impõe-se o
dos trabalhadores de um modo geral. Observa- estudo de estratégias que melhorem a qualidade
se contudo, que os sub-registros das doenças deste sistema visando à superação da sua
profissionais, na previdência social, são ainda configuração tradicional e estabelecendo
19
mais elevados que os estimados para o SDNC. relações flexíveis de comunicação .
A Lei n° 8.080 transferiu para a rede de serviços
Neste sentido, começou a ser
do SUS a responsabilidade da atenção à Saúde
desenvolvido em 1992 o Sistema de Informação
do Trabalhador, incluindo as notificações das
9 de Agravos Notificáveis (SINAN),
doenças do trabalho ; e tem-se conseguido
considerando-se o progressivo uso dos
melhorar a qualidade e quantidade destas
instrumentos de informática nas secretarias de
informações, em áreas onde se implantaram
saúde estaduais e municipais do país, e que
serviços ligados às Secretarias Estaduais da
deveria ir paulatinamente substituindo os
Saúde. Estes serviços têm solicitado a inclusão
instrumentos manuais de transferência de
das doenças profissionais no SDNC do setor
informações, entre as três esferas do sistema de
saúde, e algumas Secretarias Estaduais vêm 13, 14
saúde . O SINAN foi concebido com o
acatando esta sugestão.
propósito de ser utilizado a partir do nível local,
As subnotificações do SDNC visando à racionalização do processo de coleta
constituem-se em uma das principais e transferência de dados relacionados às doenças
dificuldades para a VE, e têm causas variadas e agravos de notificação compulsória. Embora
que vão desde a pouca sensibilidade e até hoje não esteja implantado em todo o país,
informação dos profissionais de saúde, vem recebendo seguidas adesões dos Estados,
14
particularmente dos médicos da rede privada, e, principalmente, dos municípios .
até mesmo à falta de prioridade da notificação 1.2 Fontes Complementares de Dados
das doenças na rede de serviços enquanto
atividade básica e fundamental da saúde. Por Embora a notificação constitua um
outro lado, o SDNC tem mantido um fluxo instrumento valioso e dos mais utilizados na
extremamente lento e inoperante, mesmo após ter vigilância epidemiológica, não é o único e, em
sido iniciado o esforço para sua informatização determinadas circunstâncias, nem mesmo é o
pelo Centro Nacional de Epidemiologia em mais importante. O conceito de VE pressupõe
1992
13, 14
. As informações geradas (com algumas a análise de todas as informações sobre a
exceções em áreas limitadas e/ou para algumas ocorrência de doenças e de seus fatores
doenças objetos de programas especiais) não são condicionantes, com vistas à orientação de
disponíveis nos diversos níveis do sistema de medidas de prevenção e controle. Muitas dessas
modo ágil e oportuno de maneira a responder informações estão disponíveis em sistemas de
prontamente ao processo informação – registro preexistentes, outras terão que ser
decisão – ação, principal objetivo da coletadas diretamente, de diferentes formas.
Vigilância Epidemiológica
14, 15, 16, 17
. Fundamental é não se perderem de vista os fins
específicos para os quais essas informações se
O debate atual ao reconhecer um destinam: a compreensão do quadro
conceito mais ampliado de saúde e dos seus epidemiológico - suas tendências e fatores que

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Seleção das doenças de notificação compulsória: critérios e recomendações para as três esferas de governo

condicionam ou determinam o comportamento utilizam a epidemiologia como ferramenta de


do fenômeno estudado - para a tomada de trabalho, possibilita a vigilância sobre recém-
decisões oportunas. Caso contrário, corre-se o nascidos de risco, condições de gestação e parto,
risco de que a notificação passe a ser apenas cálculo da mortalidade infantil, dentre outras
13
um registro estatístico, superpondo-se a muitos importantes informações .
outros que existem no sistema de saúde. Este
Estes dois sistemas têm sido
setor tem longa tradição de registrar os eventos
dinamizados e poderão lograr a cobertura
relacionados à saúde, dos fatos vitais à produção
universal dos eventos, se fortalecida a sua base
de serviços, havendo grande profusão de dados
institucional e legal. A maior parte dos dados
e informações armazenadas e eventualmente
está hoje sendo disponibilizada, inclusive em
transmitidas aos diferentes níveis do sistema da
meio eletrônico, e a sua qualidade poderá ser
saúde, porém pouco utilizadas.
significativamente melhorada, na medida em
a) Fontes existentes que os dados sejam mais utilizados na análise
da situação de saúde e na vigilância
Dentre estas, dipõe-se dos sistemas de epidemiológica.
informações que se referem ao atendimento
hospitalar e ambulatorial, à realização de exames Os resultados de exames laboratoriais
complementares, ao registro de nascimentos e são utilizados na rotina da VE como um dado
de óbitos, à visitação domiciliar por que complementa o diagnóstico de confirmação
profissionais e agentes comunitários. Os da investigação epidemiológica, mas o uso do
registros neles contidos são valiosas fontes de laboratório como fonte de detecção de casos tem
informações sobre a ocorrência de doenças, e sido restrito a alguns programas em situações
sua importância já era destacada desde o início especiais. Na realidade não existe ainda um
6, 20
da instituição do SNVE no Brasil . Contudo, sistema integrado e sistemático de todas as
nem sempre estas fontes são sistematicamente doenças que fazem parte do sistema de
utilizadas no trabalho cotidiano da VE, vigilância, com os resultados dos exames que
particularmente em áreas onde apenas ocorre a são processados nos Laboratórios Centrais
simples coleta e transferência de informações (LACEN), nem com os de triagem sorológica
para o nível imediatamente superior do sistema, de doadores de sangue dos hemocentros. A
sem a preocupação da adoção de medidas de Coordenação do Sistema Nacional de
controle, seja por insuficiência técnico- Laboratórios de Saúde Pública (COLAB) e as
administrativa, seja por desinteresse dos Secretarias de Saúde Estaduais estão discutindo
profissionais e gestores. esta articulação o que viabilizará tornar o
laboratório fonte rotineira de informação da
O Sistema de Mortalidade (SIM), cujo vigilância. Por outro lado, os LACEN deverão
formulário (Declaração de Óbito – DO) foi desenvolver junto com a vigilância estudos
padronizado em 1975 como conseqüência da epidemiológicos especiais, não devendo ficar
necessidade do SNVE utilizar estas informações, limitados a simples demanda espontânea.
constituiu um marco no aprimoramento das
20 Existem dois sistemas de informações
estatísticas vitais no país .
gerados no setor saúde que, embora não tenham
O Sistema de Nascidos Vivos sido concebidos sob a lógica epidemiológica,
21
(SINASC) que, à semelhança do SIM, parte de podem enriquecer as análises da VE . Só mais
um documento básico padronizado (Declaração recentemente a rede de serviços começou a
de Nascidos Vivo - DN), instituído em 1989, tomar conhecimento e utilizar estas bases de
vem sendo gradativamente implantado em todo dados, que têm grande potencial de uso pela
o país. Este sistema, considerado peça elevada cobertura da rede assistencial e por sua
fundamental para os serviços de saúde que vinculação ao pagamento dos serviços prestados.

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Maria da Glória Teixeira e cols

São eles o Sistema de Internações Hospitalares uma metodologia de investigação de


- SIH /SUS que registra as internações doenças, com o clássico trabalho de Snow sobre
hospitalares da rede de serviços do SUS e, dentre a epidemia de cólera em Londres, incorporado
outros itens, contém os dados de identificação à rotina da VE com os aperfeiçoamentos
do paciente e o(s) código(s) das doença(s) (CID) tecnológicos e científicos da era bacteriológica.
diagnosticada(s) e o Sistema de Informações Esta é uma das atividades mais importante da
Ambulatoriais - SIA/SUS, que não registra o vigilância epidemiológica, que parte da simples
CID, o que torna mais difícil sua utilização para suspeita da existência de um evento sanitário
fins epidemiológicos. para determinar sua causa, riscos presentes ou
potenciais para outros indivíduos, visando
Atualmente, consideráveis esforços
orientar as medidas de controle pertinentes.
estão sendo realizados pelo Ministério da Saúde
através do Departamento de Informática do SUS Essas investigações geram para o
(DATASUS), Secretaria de Assistência à Saúde- sistema de vigilância valiosas informações, que
SAS e CENEPI, para fortalecer as grandes bases servem não só para subsidiar a intervenção
de dados nacionais. No âmbito do REFORSUS, naquele evento específico, como também para
vem sendo implantada a Rede Nacional de possíveis situações futuras. Em um sistema de
Informações em Saúde – RNIS, que busca vigilância ativo as investigações podem ser
desenvolver a capacidade informacional, em todos acompanhadas de busca ativa de casos que
os níveis, para operação dos cinco maiores as complementam, determinando, com maior
sistemas: SIH, SIA, SIM, SINASC e SINAN. precisão, a magnitude e a área geográfica de
Complementarmente, há a iniciativa da Rede abrangência do evento.
de Informações para a Saúde – RIPSA, que visa
c) Imprensa e população
articular as principais instituições responsáveis
pela produção de indicadores e dados básicos A VE deve manter permanentes canais
de interesse para a saúde, objetivando a análise de comunicação com as formas organizadas da
da situação da saúde e suas tendências. sociedade e a mídia, visando investigar todas as
informações geradas nas comunidades a respeito
Entre as atividades em curso, busca-se
da suspeita de ocorrência de agravos inusitados
estabelecer padrões para compatibilizar os
ou de doenças que estão sob vigilância, para
diferentes sistemas, possibilitando o uso integrado
que sejam identificadas situações que necessitem
de dados e transformar aqueles que anteriormente
de adoção imediata de medidas de controle.
eram processados de modo centralizado e de
utilização restrita ao âmbito federal, em sistemas 1.3 Fontes especiais de informações
de base municipal, através da alteração de fluxos Ao se definir a relação de doenças que
14
e do uso dos recursos de informática . vão compor o SDNC, devem-se empreender
As informações que são geradas fora do todos os esforços para aumentar a sua
setor saúde (Instituto Brasileiro de Geografia e sensibilidade, particularmente para aquelas
Estatística, Saneamento, Educação), importantes doenças que serão eleitas como prioritárias para
nas análises epidemiológicas específicas da VE e o desencadeamento de investigações
da situação de saúde, vêm sendo utilizadas com epidemiológicas específicas, ou que necessitem
maior freqüência na rede de serviços de saúde, de atenção pronta e oportuna. Ao mesmo
a exemplo da elaboração dos planos municipais tempo, não se deve sobrecarregá-lo com muitas
da saúde, enquanto exigência para habilitação doenças, para não tornar mais difíceis estes
na forma da NOB-SUS/96. esforços, buscando-se sempre privilegiar as
notificações que realmente são necessárias para
b) Investigações epidemiológicas
a adoção de medidas preventivas. Para aquelas
Desde o século passado, foi desenvolvida enfermidades em que não se necessita do

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Seleção das doenças de notificação compulsória: critérios e recomendações para as três esferas de governo

conhecimento de todos os casos para a adoção qualidade às informações produzidas, ainda que
de medidas de controle pode-se lançar mão de não se pretenda conhecer o universo de
outras técnicas de coleta de informações ocorrências.
igualmente efetivas. Para cada situação específica
Esta estratégia de formação de
deve-se estudar qual a melhor estratégia para o
Sistemas de Vigilância Sentinela tem como
alcance dos objetivos de VE.
objetivo monitorar indicadores chaves na
Existem métodos epidemiológicos que população geral ou em grupos especiais, que
permitem com razoável grau de precisão apontar sirvam como alerta precoce para o sistema, não
a freqüência de doenças, estimar riscos e tendo a preocupação com estimativas precisas
recomendar a adoção de medidas adequadas de de incidência ou prevalência da população geral.
controle, sem que seja necessário coletar Apesar de Woodhall observar que vigilância
informações de todos os casos diagnosticados sentinela seria uma tentativa de se conhecerem
na rede de assistência médica. Estes métodos algumas medidas de incidência de doença em
podem ser mais ou menos complexos, muito países que não dispõem de bons sistemas de
ou pouco dispendiosos, de acordo com o vigilância, sem ter que recorrer a levantamentos
22
problema que se quer conhecer, devendo-se dispendiosos , Stroup e colaboradores colocam
então buscar a sua adequação à disponibilidade que esta estratégia não está limitada a países
de recursos dos serviços, para que tenha em desenvolvimento, e vem sendo utilizada
factibilidade operacional. Dentre estes podemos freqüentemente em países da Europa e nos
22
destacar: E.U.A. . Entendemos que Vigilância Sentinela
é um modo de se utilizar modernas técnicas da
a) Estudos epidemiológicos
epidemiologia aliadas a formas de simplificar a
Inquéritos amostrais periódicos podem operacionalidade de coleta de dados.
ser a melhor alternativa para analisar e
Existem várias técnicas de
acompanhar um determinado problema, cujo
monitoramento para esta forma complementar
controle não depende, necessariamente, do
de informações à vigilância tradicional, e uma
monitoramento contínuo de sua ocorrência.
delas está baseada na ocorrência de evento
Mais importante, nesses casos, é o rigor
sentinela. De acordo com Rutstein e
científico na coleta dos dados, de forma a
colaboradores, evento sentinela é a detecção de
permitir a análise e comparabilidade dos
doença prevenível, incapacidade, ou morte
achados. Outros tipos de estudos
inesperada cuja ocorrência serve como um sinal
epidemiológicos como os de caso-controle,
de alerta de que a qualidade da terapêutica ou
ecológicos e séries de casos, que têm indicação 23
prevenção deve ser questionada . Assim, toda
mais restrita como instrumento prático para os
vez que se detecta evento desta natureza o
serviços de saúde, podem ser úteis em
sistema de vigilância deve ser acionado para que
circunstâncias específicas.
as medidas indicadas possam ser rapidamente
b) Sistemas sentinelas acionadas.
Uma importante estratégia de No Brasil, tem-se utilizado com
informação para vigilância seria a organização freqüência a técnica de se eleger unidades de
de redes constituídas de fontes de notificação saúde sentinelas, que na grande maioria são
especializadas, suficientemente motivadas para os hospitais que internam doenças infecciosas e
participar de esforços colaborativos comuns, parasitárias, que informam diariamente aos
voltados ao estudo de problemas de saúde ou de órgãos de vigilância os seus internamentos e
doenças específicas. As chamadas fontes atendimentos ambulatoriais. Desse modo,
sentinelas, quando bem selecionadas, são detecta-se com rapidez as doenças que
capazes de assegurar representatividade e necessitam de atenção hospitalar, e estão sob

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vigilância epidemiológica. Outra importante técnica a respeito da VE, destacando-se que a


aplicação desta metodologia é no abrangência do seu conceito permitia a sua
monitoramento e detecção precoce de surtos de aplicação a outros problemas de saúde pública
diarréias. que não as doenças transmissíveis, a exemplo
das malformações congênitas, envenenamentos
A instituição de redes de
na infância, leucemia, abortos, acidentes,
profissionais sentinelas tem sido muito
doenças profissionais, comportamentos como
utilizada no estudo e acompanhamento da
fatores de risco, riscos ambientais, utilização
ocorrência de câncer, pois grande parte dos casos 20
de aditivos, dentre outras . Apesar da Lei n°
buscam atenção médica especializada. O
6.259, que instituiu o Sistema Nacional de
monitoramento de grupos alvos, através
Vigilância Epidemiológica no Brasil, não
de exames clínicos e laboratoriais periódicos, é
restringir sua atuação às doenças transmissíveis,
de grande valor na área de prevenção das doenças
este vem se limitando ao longo das últimas
ocupacionais.
décadas a estas enfermidades.
A delimitação de áreas geográficas Hoje, com as profundas mudanças no
específicas para monitorar a ocorrência de perfil epidemiológico da população, no qual se
doenças específicas ou alterações na situação de observam o declínio das taxas de mortalidade
saúde é uma metodologia que vem sendo por doenças infecciosas e parasitárias e o
desenvolvida e tem sido denominada por Samaja crescente aumento das mortes por causas
24, 25, 26
de vigilância de áreas sentinelas . externas e doenças crônicas degenerativas, tem-
Ainda que no momento atual não se se considerado que muitas enfermidades não
disponha de manuais práticos com orientações transmissíveis são resultantes do processo de
técnicas e operacionais para estas alternativas transformação das sociedades modernas, e que
metodológicas, torna-se importante que sejam colocam em risco importantes grupos
estimuladas e apoiadas, particularmente para populacionais impondo enfrentamentos
27, 28, 29
serem desenvolvidas nos Sistemas Locais de coletivos . Deste modo, tem-se discutido a
Saúde, visando obter informações que atendam imperiosa necessidade da sistemática
ao principal objetivo da VE, que é o pronto incorporação de doenças e agravos não
desencadeamento de ações preventivas. transmissíveis ao escopo de atividades da
Vigilância Epidemiológica, abrindo-se a
Apesar de se considerar importante, e perspectiva de ampliar o leque das doenças de
talvez seja uma tendência natural a prática de 30
notificação . Algumas secretarias municipais e
desenvolver diferentes sistemas de VE - cada
estaduais já vêm tomando iniciativas nesta
um com distintos objetivos e aplicação de
direção como a exemplo, da Bahia e São Paulo.
metodologias diferenciadas, todos buscando
oferecer subsídios técnicos e operacionais para Cabe destacar que, ao estudar a
desencadeamento de ações, planejamento, possibilidade de inclusão de novos agravos no
implementação e avaliação de programa - tem- sistema de VE, infecciosos ou não, deve ser
se que alertar que a proliferação de sistemas verificada qual a melhor estratégia para a coleta
acarreta crescentes dificuldades logísticas aos de dados, a forma de inserção e os objetivos da
serviços, impondo-se a necessidade de certo grau iniciativa e a capacidade operacional da rede de
de racionalização ao processo. serviços de saúde. Os objetivos podem ser
alcançados através de uma ou mais das
2. Vigilância Epidemiológica de Agravos
metodologias apontadas no item anterior.
não Transmissíveis
Entretanto, se houver a necessidade do
Desde 1968, a 21a Assembléia Mundial conhecimento caso a caso do agravo, deve-se
de Saúde promoveu uma ampla discussão incorporá-lo à lista de notificação.

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Seleção das doenças de notificação compulsória: critérios e recomendações para as três esferas de governo

Dependendo do grau de desenvolvimento 3. as discussões sistemáticas com


do sistema local, pode-se ir mais além do atual dirigentes das Secretarias Estaduais de Saúde
escopo da vigilância epidemiológica, sobre os critérios, formas e recursos para o
incorporando-se gradativamente outras financiamento do Sistema Nacional de
informações que contemplem o monitoramento Vigilância, na ótica da descentralização das
e análise da situação de saúde das populações ações;
visando ao enfrentamento mais global dos seus
4. a participação ativa nas decisões da
problemas. O progressivo avanço de
Comissão Intergestora Tripartite (CIT) instância
organização e capacitação dos municípios
definidora dos montantes e formas de
possibilitarão o desenho de novos modelos
financiamento do SUS, visando à alocação de
assistenciais que atendam à proposta de
recursos específicos do orçamento do Ministério
transformação dos atuais sistemas de vigilâncias
da Saúde para a VE, com repasses fundo a fundo,
de doenças na vigilância em saúde.
para o nível municipal e estadual.
3. Desenvolvimento do Sistema Nacional
de Vigilância Epidemiológica 5. a criação da Câmara Técnica de
Epidemiologia do Conselho Nacional dos
Desde o final da década de 80 e início Secretários de Saúde (CONASS), que participa
dos anos 90 que se vem discutindo a importância das reuniões ordinárias deste Conselho, nas quais
do uso mais sistemático da epidemiologia nos são discutidas as propostas de desenvolvimento
serviços de saúde, visando orientar as estratégias da Vigilância Epidemiológica em todos os níveis
da política de saúde como também para do sistema com a participação da Diretoria do
subsidiar as formas de enfrentamento cotidiano CENEPI e representantes das Secretarias
19, 30, 31
dos problemas de saúde . Estaduais;
Neste último caso, iniciativas foram 6. o processo de revisão e
21
adotadas pelo CENEPI (1993) no sentido de desenvolvimento de instrumentos e de alocação
reorganizar o Sistema de Vigilância de recursos para a capacitação em VE, que irão
Epidemiológica com vistas a atender a diretriz ser disponibilizados para Estados e municípios;
de descentralização das ações e adotar a
7. captação de recursos extra-
epidemiologia como ferramenta de trabalho.
orçamentários para a implantação de um novo
Este processo vem sofrendo soluções de
modelo assistencial denominado Vigilância em
continuidade com poucos avanços nesta direção.
Saúde, tendo como principais eixos a vigilância
Atualmente, o CENEPI vem retomando epidemiológica e ambiental (VIGISUS); e
os esforços para o desenvolvimento e
8. elaboração e implantação de projetos
aperfeiçoamento do Sistema Nacional de
para iniciar o processo de vigilância de doenças
Vigilância Epidemiológica e, dentre as iniciativas
crônicas não transmissíveis e outros agravos,
que vêm sendo adotadas, podemos citar:
em articulação com as instituições de pesquisa
1. o criterioso processo que está sendo e da rede de serviços do SUS; entre elas
conduzido para a revisão da lista nacional de destacamos as parcerias já consolidadas:
notificação;
· com o Instituto Nacional do Câncer,
2. a revisão dos instrumentos técnicos para monitoramento das neoplasias;
e do sistema operacional do SINAN e os
· com o Instituto de Saúde Coletiva/
esforços para alocar recursos e estimular a sua
Universidade Federal da Bahia, para
implantação nos municípios, visando à
monitoramento da hipertensão arterial; e
agilização do uso das informações geradas no
SDNC, no nível local do SUS; · com o Centro Latino Americano de

IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998. 15


Maria da Glória Teixeira e cols

Violência e Saúde - CLAVES/Escola Nacional apresentação clínica, diagnóstico laboratorial e


de Saúde Pública (ENSP)/Fundação Oswaldo situação epidemiológica específica para cada
Cruz (FIOCRUZ), para monitoramento de doença.
agravos provocados por causas externas. 32
Nos E.U.A., só em 1990 , foram
Estas iniciativas, que estão sendo padronizadas as definições de casos das doenças
32
tomadas no nível central, são fundamentais para transmissíveis . No Brasil, logo após a
o redirecionamento e funcionamento do Sistema instituição do SNVE, foi iniciado o processo
Nacional de Vigilância Epidemiológica e de definição das normas e instruções de VE,
deverão ser complementadas pela definição e que serviriam como parâmetro técnico para a
6
implantação de estratégias que busquem rede de serviços de saúde . Em 1978, o Manual
estimular a melhoria da qualidade e quantidade de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da
das notificações, utilizando-se modernos e Saúde do Estado de São Paulo destacou como
criativos instrumentos pedagógicos de educação item específico das suas normas a definição de
em saúde e técnicas de comunicação, em caso suspeito e confirmado para cada doença .
33

substituição aos instrumentos legais do regime O Guia de Vigilância Epidemiológica do


autoritário. Ministério da Saúde (1986) padronizou estas
8
Na medida em que as instâncias definições para todo o Brasil . Estas iniciativas
municipais estão sendo incorporadas à gestão e conferiram uma certa homogeneidade de
operação do sistema de saúde, entende-se que critérios, que vêm permitindo a construção de
estas iniciativas devam ser parte integrante do séries históricas, análises de tendências
seu elenco de prioridades, com o permanente temporais, etc.
apoio do CENEPI e Secretarias Estaduais da
A definição de caso de uma doença ou
Saúde, e ainda com discussões e negociações
agravo, do ponto de vista da Vigilância, pode
junto às Comissões Intergestoras, Conselho
se modificar ao longo de um período em
Nacional de Secretarios de Saúde (CONASS) e
conseqüência das alterações na epidemiologia
Conselho Nacional de Secretários Municipais
da doença, da intenção de ampliar ou reduzir
de Saúde (CONASSEMS).
os parâmetros de ingresso de casos no sistema,
4. Definição de Normas Técnicas e aumentando ou diminuindo a sua sensibilidade
Definição de Caso e especificidade, para atender às necessidades
O uso de informações de saúde nas análises de vigilância, etapas e metas de um programa
epidemiológicas requer a observância de alguns especial de intervenção. Exemplo claro deste fato
critérios mínimos, que confiram fidedgnidade encontra-se no Programa de Erradicação do
aos achados e conseqüentes recomendações que Poliovírus Selvagem, que adotou diferentes
apoiarão a proposta de intervenção. Neste critérios nas suas definições de caso suspeito,
sentido, uma importante preocupação diz compatível, provável ou confirmado ao longo
respeito à necessidade de padronização da da sua trajetória. A última edição do Guia de
definição de normas e procedimentos técnicos Vigilância Epidemiológica do Ministério da
34
para cada doença e agravo. Saúde atualizou as normas, procedimentos
técnicos e definições de caso da maioria das
Nesta padronização, especial destaque
doenças que estão sob vigilância no país, e uma
deve ser dado à definição de caso de cada
nova edição está em fase final de revisão para
dano, doença ou agravo, visando tornar
publicação.
comparáveis os critérios diagnósticos que
regulam a entrada dos casos no sistema, seja Estas considerações aqui apresentadas
como suspeito, compatível ou mesmo como apontam para a necessidade de que os níveis
diagnóstico firmado, de acordo com a locais e estaduais do sistema, ao tomarem a

16 IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998.


Seleção das doenças de notificação compulsória: critérios e recomendações para as três esferas de governo

iniciativa de acrescentar novos agravos à lista, das quais as mais importantes são: a severidade
elaborem com antecedência as normas técnicas medida pelas taxas de letalidade, hospitalizações
e operacionais com particular atenção para as e seqüelas; a relevância social que
definições de caso. subjetivamente significa o valor que a sociedade
imputa à ocorrência do evento através da
5. Critérios de Seleção
estigmatização dos doentes, medo, indignação
Dada a natureza específica de cada quando incide em determinadas classes sociais;
doença ou agravo à saúde, o processo da e as que podem afetar o desenvolvimento o que
notificação é dinâmico, variável em função das as caracteriza como de relevância econômica
mudanças no perfil epidemiológico, dos devido a restrições comerciais, perdas de vidas,
resultados obtidos com as ações de controle e absenteísmo ao trabalho, custo de diagnóstico
da disponibilidade de novos conhecimentos e tratamento, etc.
científicos e tecnológicos. As normas de
notificação devem adequar-se no tempo e no · Vulnerabilidade - doenças para as
espaço, quanto às doenças consideradas, áreas quais existem instrumentos específicos de
geográficas abrangidas, conteúdo de informação prevenção e controle permitindo a atuação
requerido, critérios de definição de casos, concreta e efetiva dos serviços de saúde sob
periodicidade da transmissão dos dados, indivíduos ou coletividades.
modalidades de notificação e fontes de · Compromissos internacionais –
informação utilizadas. Neste sentido, a cada o governo brasileiro vem firmando acordos
revisão, faz-se importante a explicitação dos juntamente com os países membros da
critérios utilizados para seleção das listas Organização Panamericana de Saúde /
nacional, regionais, estaduais, municipais e Organização Munidal de Saúde (OPS/OMS),
locais. que visam empreender esforços conjuntos para
As doenças sujeitas ao Regulamento o alcance de metas continentais ou até mesmo
Sanitário Internacional (hoje restrito a três mundiais de controle, eliminação ou erradicação
enfermidades: cólera, peste e febre amarela) de algumas doenças. Exemplo mais expressivo
previsivelmente fazem parte de todas as listas é o do Programa de Erradicação do Poliovírus
dos países membros da OMS. A seleção de outras Selvagem, que alcançou a meta de erradicação
doenças e agravos tem obedecido a uma série proposta para as Américas. Desta forma,
de critérios e os mais utilizados têm sido os teoricamente a poliomielite deveria ser excluída
15, 16, 35, 36
seguintes . da lista, mas, este programa preconiza a sua
manutenção e sugere ainda que se acrescentem
· Magnitude - doenças com elevada as Paralisias Flácidas Agudas, visando à
freqüência que afetam grandes contingentes manutenção da vigilância ativa do vírus, para
populacionais, que se traduzem pela incidência, que se detecte a sua introdução em países
prevalência, mortalidade, anos potenciais de vida indenes, visto que o mesmo continua circulando
perdidos. em áreas fora do continente americano.
· Potencial de disseminação –
Estes critérios devem ser observados e
expressa-se pela transmissibilidade da doença,
analisados em conjunto e, obviamente, não é
possibilidade da sua disseminação através de
necessário para a inclusão de uma doença o
vetores e demais fontes de infecção, colocando
atendimento de todos eles. Por outro lado, nem
sob risco outros indivíduos ou coletividades.
sempre podem ser aplicados de modo linear,
· Transcendência – que se tem desde quando a lista que vai gerar este sistema
definido como um conjunto de características de informação irá subsidiar a VE, e esta tem
apresentadas por doenças e agravos, de acordo que se alicerçar sob bases factíveis e aceitáveis
com sua apresentação clínica e epidemiológica, por quem alimenta o sistema, que são

IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998. 17


Maria da Glória Teixeira e cols

especialmente os profissionais de saúde da rede possibilidade do evento sanitário ultrapassar a


de serviços. Assim, deve-se ter clareza do capacidade de resolutividade da área de
motivo e objetivo da notificação, os seus ocorrência. O planejamento adequado dos
instrumentos e fluxos e as ações que serão trabalhos de investigação e da atenção médica e
colocadas em vigor de acordo com as análises da coleta e transporte de exames para
epidemiológicas realizadas. As informações diagnóstico laboratorial, dentro do rigor técnico
coletadas devem ter utilização prática, para não e científico vigente, mesmo em situações
sobrecarregar os serviços com formulários que emergenciais, é a chave para se chegar ao correto
não geram informações capazes de aperfeiçoar diagnóstico do agravo ou doença bem como da
15
as atividades do sistema de saúde . formulação de hipóteses consistentes e
16
conseqüente controle da situação .
Em algumas situações tem-se
ponderado a necessidade de inclusão de alguns A ocorrência das doenças emergentes e
critérios operacionais que servem ao reemergentes tem permeado os trabalhos de
planejamento do sistema de saúde. Assim, revisão do Código Sanitário Internacional,
advoga-se que aqueles agravos que requerem visando à notificação mais precoce das entidades
uma maior organização para a produção e clínicas suspeitas para uma maior agilidade na
distribuição centralizada de insumos sejam coleta de amostras biológicas para o diagnóstico
objeto de notificação compulsória. Esta inclusão laboratorial. Desta forma, encontra-se em
vem sendo questionada, por se entender que se discussão, ainda não tendo o consenso dos países
deveria criar um sistema alternativo de registro membros da OMS, a suspensão da notificação
para estas situações. internacional por doenças substituindo-a por seis
Também ao se discutir esta relação de síndromes: febres hemorrágicas, respiratórias
doenças, deve-se considerar, de acordo com a agudas, gastrointestinais incluindo as síndromes
apresentação epidemiológica e possibilidades de diarréicas agudas e as síndromes ictéricas
intervenção, a real necessidade de notificação agudas, neurológicas agudas e outras síndromes
caso a caso, a existência de outros sistemas de mal definidas. O Brasil e o México foram os
informações que atendam ao objetivo da países contactados para o desenvolvimento de
notificação e a viabilidade de se instituir projetos pilotos para testar esta modalidade de
estratégia alternativa de coleta de dados, tão notificação.
efetiva quanto a universal e a baixo custo Atualmente, as informações das
operacional. epidemias e agravos inusitados chegam até os
6. Epidemias e Agravos Inusitados diferentes níveis do sistema por telefone, fax,
relatórios, comunicações pessoais, etc. Com o
Todas as suspeitas de epidemias ou de desenvolvimento dos meios informatizados de
ocorrência de agravo inusitado devem ser comunicação, outras modalidades de notificação
investigadas e imediatamente notificadas aos devem ser desenvolvidas e testadas visando
níveis hierárquicos superiores pelo meio mais facilitar a troca de experiência e contribuições
rápido de comunicação disponível. Mecanismos específicas dos “experts” ao processo de
próprios de notificação devem ser instituídos, investigação, o aperfeiçoamento das medidas de
definidos de acordo com a apresentação clínica controle, e a pronta informação à sociedade.
e epidemiológica do evento.
7. Lista Brasileira de Doenças de
É prudente que os técnicos e dirigentes Notificação Compulsória - Exercício de
do nível local do sistema coloquem os outros Seleção
níveis em alerta para que estes também se
organizem operacional e tecnicamente, caso haja Qualquer processo de seleção, opção,
a necessidade de atuação mais especializada ou ou hierarquização, vem revestido de uma análise
mais abrangente, pois sempre existe a subjetiva, sujeitas portanto a juízo de valor dos

18 IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998.


Seleção das doenças de notificação compulsória: critérios e recomendações para as três esferas de governo

atores envolvidos. Com o objetivo de reduzir a Brasileira e “cinco” a maior possibilidade de


influência da subjetividade, decidiu-se pela incluí-la (Tabela 1).
realização de um exercício de seleção, tomando-
se como base 13 critérios, sendo dez deles Trabalhou-se, inicialmente, com uma
pontuados em uma escala contínua, de zero a lista de 32 doenças. A peste, o cólera e a febre
cinco, onde “zero”, significa a menor amarela foram incluídas utilizando-se como
possibilidade da doença ser incluída na Lista critério único de inclusão o fato de serem as

Tabela 1 - Critérios utilizados no exercício da seleção das doenças de notificação


compulsória

Critérios utilizados no exercício de seleção das doenças de notificação compulsória


Magnitude
Potencial de disseminação
Transcedência
Severidade
Relevância social
Relevância econômica
Vulnerabilidade
Valor da notificação
Necessidade de conhecer caso a caso*
Existência de outros sistemas*
Estratégias alternativas*
Valor da notificação
Inclusão na política de saúde
Compromisso internacional
Notificação internacional
* Critérios avaliados de forma dicotômica como sim ou não.

Tabela 2 - Lista de doenças avaliadas


Doenças avaliadas

AIDS Hanseníase Poliomielite


Cólera Hepatites virais Raiva humana
Coqueluche Leishmaniose tegumentar Rubéola
Dengue Leishmaniose visceral Rubéola congênita
Difteria Leptospirose Sarampo
Doença de Chagas aguda Malária - área endêmica Sífilis congênita
Doença meningocócica Malária - área não endêmica Teníase/cisticercose
Esquistossomose - área endêmica Meningite tuberculosa Tétano
Esquistossomose - área não endêmica Oncocercose Tétano neonatal
Febre amarela Outras meningites Tuberculose
Febre tifóide Peste

IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998. 19


Maria da Glória Teixeira e cols

três de notificação compulsória internacional documento com antecedência. Houve


(Tabela 2). concordância em 75% da lista inicial
apresentada no exercício de seleção feito pela
A pontuação máxima que uma doença
Comissão e reabriu-se a discussão dos critérios
poderia alcançar neste exercício era de 50,
de pontuação propostos manifestando-se pela
tendo-se optado, em uma primeira abordagem,
por definir 25 como o ponto de corte. Assim, inclusão de seis agravos - Hepatite B,
os agravos com pontuação igual ou superior a Hantavírus, Doenças do Trabalho, Intoxicações
25 foram incluídos nesta lista inicial. Não houve por Agrotóxicos, Paralisias Flácidas Agudas e
dissenso, no grupo, em relação a que todas essas Eventos Adversos às Vacinas - e a exclusão da
doenças deveriam constar na Lista Brasileira de Coqueluche, do Tétano Acidental, da
Doenças de Notificação Compulsória - Esquistossomose em áreas indenes, da
LBDNC. Todas as demais doenças, com Leishmaniose Tegumentar Americana, da
pontuação igual ou inferior a 24 pontos, Oncocercose e Filariose.
mereceram uma segunda análise quanto à Para cada um dos agravos listados no
pertinência de sua inclusão ou exclusão na lista. parágrafo anterior, argumentos favoráveis e
Como exemplo, a peste, mesmo com 19 pontos, desfavoráveis à inclusão ou exclusão foram
pelo uso do critério absoluto mencionado, teria explicitados, o que provocou um rico debate.
que ser incluída. Assim, a lista preliminar obtida Neste processo, decidiu-se que, na
foi composta de 16 doenças (Tabela 3). inexistência do consenso quanto à exclusão de
Nas demais 16 doenças, em três, não uma doença, já contida na lista da última
houve consenso de inclusão ou exclusão, entre Portaria Ministerial (1996), recomendava-se
o grupo formulador deste documento, nem entre sua permanência. E as proposições de inclusão
os coordenadores de áreas específicas do de outros agravos só seria incorporada à Lista
Ministério da Saúde, reunidos em 18/05/98, em Brasileira de Doenças de Notificação
Brasília/DF. Compulsória quando houvesse consenso. A
opção por esta metodologia de trabalho foi
8. Avaliação da lista preliminar de orientada pelo entendimento de que tal lista
doenças de notificação compulsória - deve ser alterada de acordo com a dinâmica
Fórum de Salvador, Bahia. de evolução do Sistema de Vigilância
Os autores optaram por levar a Epidemiológica e que o processo de discussão,
discussão dos dissensos para um fórum realizado inclusão e exclusão não se conclui após sua
em Salvador, Bahia, em 2 de junho de 1998. Os publicação no Diário Oficial da União. Na
participantes desse fórum tiveram acesso a este Tabela 4 descrevem-se os argumentos que

Tabela 3 - Lista preliminar de doenças de notificação compulsória

Lista preliminar de doenças de notificação compulsória


Febre amarela Tétano neonatal
Poliomielite Doença meningocócica
Dengue Hanseníase
Sarampo AIDS
Cólera Tuberculose
Difteria Malária - área não endêmica
Meningite tuberculosa Raiva humana
Doença de Chagas aguda Peste

20 IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998.


Seleção das doenças de notificação compulsória: critérios e recomendações para as três esferas de governo

Tabela 4 - Reavaliação das doenças que obtiveram pontuação igual ou inferior a 24 pontos

Doença Inclusão/ Argumentos


Exclusão
Rubéola Incluída Devido à sua alta vunerabilidade, pois possui vacina capaz de deter seu elevado
potencial de disseminação. Hoje a imunização da população na faixa etária de 1 a
11 anos de idade é parte do elenco de atividades do Programa Nacional de
Imunizações. A vacinação com a tríplice viral está sendo ampliada para todas as
unidades federadas com vistas ao controle desta doença em todo o território nacional.
Malária - área Excluída A elevada freqüência da malária nas áreas endêmicas dificulta a notificação de todos
endêmica os casos. O Sistema de Registro que vem sendo adotado é feito através do número
de lâminas positivas para plasmódio.
Coqueluche Excluída Apesar de ser uma doença prevenível por imunização, o seu diagnóstico laboratorial
é difícil. Grande parte das notificações e investigações é da Síndrome Coqueluxóide
ocasionada por diferentes agentes etiológicos, não se tendo condições de confirmar
ou descartar os casos. O uso da notificação não serve para acompanhar a efetividade
da vacina, pois se melhorarmos a qualidade da vigilância epidemiológica, o que
geralmente é acompanhado pelo aumento da cobertura vacinal, estaremos
aumentando relativamente a incidência da Síndrome, não significando falha destas
coberturas.
Tétano Incluída Doença com alta vulnerabilidade, e a vacina faz parte da rotina de imunização do
Programa Nacional de Imunizações, além de que a notificação de um caso de
tétano constitui-se em importante indicador na falha da vacinação, e vigilância
epidemiológica. Recomenda-se um estudo piloto usando como fonte de informações
o SIH/SUS, para monitoramento do tétano.
Rubéola Incluída Tendo em vista a perspectiva de controle da rubéola através da vacinação em massa
congênita e na rotina, com possibilidade de deslocamento de faixa etária desta doença o que
impõe a necessidade de monitoramento da ocorrência de casos congênitos.
Sífilis Incluída Até 1993, o Sistema de Investigação e Notificação da Sífilis Congênita no país
congênita detectava apenas os casos de sífilis congênita sintomáticos ao nascimento ou mais
tardiamente, já com seqüelas na sua maioria irreversível, com grande subnotificação
dos casos existentes. A partir de 1993, o Ministério da Saúde passou a ser signatário
do acordo de eliminação da sífilis congênita como problema de saúde pública nas
Américas, adotando a estratégia de detecção ativa e precoce dos casos de sífilis
congênita, seu tratamento adequado das mães e crianças, e detecção e correção das
causas da ocorrência do evento. A estratégia inicial adotada foi a sensibilização e
treinamento dos principais serviços de pré-natal e maternidades do país, onde o
evento e suas causas seriam mais precocemente detectados. O aumento da notificação
de casos na localidade onde os profissionais desses serviços foram treinados demonstra
a adequação da estratégia. A Coordenação Nacional de DST/AIDS tem como meta
o treinamento de cerca de 500 serviços por ano distribuídos em todo o país,
atingindo até o ano 2000 cerca de 4000 serviços de investigação ativa dos casos de
sífilis congênita. A partir do segundo semestre deste ano, a coordenação dessas
atividades deverá ser desenvolvida de maneira descentralizada. Esforços também
estão sendo desprendidos no sentido de utilização do SINAN enquanto instrumento
Outras Incluída de notificação de casos detectados de sífilis congênita em todo o país. A notificação
meningites universal dos casos para instituir tratamento e adoção das medidas de controle é
importante para consecução da meta de eliminação proposta.
A notificação de todos os casos de meningite, independentemente de sua etiologia
aumenta a sensibilidade do sistema evitando a perda de casos de Meningite
Meningocócica, por Haemophilus e por Tuberculose, que são importantes para a
vigilância epidemiológica.
(cont...)

IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998. 21


Maria da Glória Teixeira e cols

Tabela 4 - Reavaliação das doenças que obtiveram pontuação igual ou inferior a 24 pontos
(cont.)

Doença Inclusão/ Argumentos


Exclusão
Meningite por Incluída Em virtude dos atuais avanços nos instrumentos de controle específicos para este
H. influenzae agente etiológico (quimioprofilaxia e vacina).
Peste Incluída Doença de Notificação Internacional, prevista no regulamento Sanitário
Internacional
Hepatites virais Excluída A exigência da notificação universal das hepatites virais, lato sensu, tal como consta
na atual lista de notificação compulsória, tem pouco a contribuir para a vigilância
epidemiológica da doença, tendo em vista os distintos significados dos tipos
específicos de hepatites virais, do ponto de vista epidemiológico e das ações de
controle.
Hepatite B Incluída Em virtude da severidade da doença e atualmente já existem medidas de controle
eficazes já em uso no país.
Febre Tifóide Incluída É uma doença de veiculação hídrica sendo a magnitude de sua ocorrência uma
medida indireta das condições sanitárias, principalmente no que diz respeito ao
suprimento e qualidade da água utilizada. A investigação precoce dos casos,
fundamentalmente dos casos índices, poderá interferir na cadeia de transmissão
diminuindo a magnitude dos surtos, o que justifica o conhecimento caso a caso.
Recomenda-se também seu monitoramento através do SIH/SUS.
Leishmaniose Incluída Doença emergente em franca expansão territorial com magnitude ascendente,
visceral estando distribuída em várias regiões, inclusive atingindo populações periurbanas.
É uma doença grave com elevada taxa de letalidade particularmente em crianças
(chegando alcançar 20% quando não são precoce e devidamente tratadas). A
notificação faz-se necessária desde quando os casos humanos são marcadores do
foco possibilitando a investigação oportuna com diagnóstico de novos casos e a
pronta atuação podem controlar a ocorrência de novas infecções.
Esquistossomose Excluída Pela elevada frequência e possibilidades de reinfecções após tratamento a notificação
área endêmica caso a caso não se coloca como instrumento adequado para desencadeamento ou
avaliação das ações de controle.
Leishmaniose Excluída Mesmo sendo hoje questionável a afirmação que a LTA seja uma doença focal em
tegumentar virtude de sua expansão em grandes áreas do território nacional, a notificação caso
americana a caso da doença não se justifica. Isto porque suas apresentações clínicas são
confundidas com muitas outras lesões de mucosa e pele o que torna as notificações
da LTA de baixa fidedignidade e o sistema de vigilância dessa doença não investiga
os casos para confirmação diagnóstica. Além disso, é uma doença de pouca gravidade
e que não dispõe de técnicas imediatas de controle.
Oncocercose - área Excluída Problema focal (Amazonas e Roraima), cuja a notificação para o nível nacional não
endêmica interfere nas ações de controle. Devido a iniciativa internacional (OMS) para sua
eliminação recomenda-se especial atenção a seu monitoramento nas duas unidades
federadas acometidas, através de instrumentos definidos segundo as estratégias de
controle.
Oncocercose - área Excluída Por se tratar de doença focal e com baixo potencial de disseminação.
não endêmica
Esquistossomose - Excluída O controle da esquistossomose em áreas endêmicas ou não baseia-se
área não endêmica fundamentalmente em ações sobre o meio ambiente, não havendo necessidade do
conhecimento de cada caso para o desencadeamento de ações. O controle de
medicamentos constitui-se em mecanismo suficiente para manutenção do Sistema
de Informações.
Teníase e Excluídas Seu monitoramento poderá ser feito em estreita articulação com os governos estaduais
Cisticercose através de áreas sentinelas, além da investigação de surtos.
Leptospirose Excluída Pela característica focal da doença cujas medidas específicas de controle estão
ligadas ao saneamento básico das grandes cidades recomendando-se a notificação
nas áreas de ocorrência.

22 IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998.


Seleção das doenças de notificação compulsória: critérios e recomendações para as três esferas de governo

nortearam a inclusão ou exclusão desses relevância nacional e de efetiva utilização das


agravos. informações coletadas. Esse último aspecto
vincula-se, por sua vez, ao pressuposto de que
As doenças que compõem a proposta
os órgãos encarregados da vigilância
final da Lista Brasileira de Doenças de
epidemiológica - no caso do nível central do
Notificação Compulsória encontram-se
Ministério da Saúde - esteja capacitado para
relacionadas a seguir:
responder adequadamente às notificações
· Cólera recebidas e de promover os ajustes no sistema,
segundo necessidades oportunamente
· Dengue
identificadas. As seguintes recomendações
· Difteria devem ser levadas em consideração:
· Doença de Chagas (casos agudos) · Os Estados e Municípios devem
· Doença Meningocócica e Outras Meningites discutir a inclusão de outras doenças e agravos
à lista nacional, visando ao fortalecimento dos
· Febre Amarela sistemas locais de vigilância epidemiológica para
· Febre Tifóide o enfrentamento dos problemas de saúde, de
acordo com o quadro epidemiológico em cada
· Hanseníase uma dessas esferas de governo.
· Hepatite B · A notificação e investigação de
· Leishmanioses Visceral qualquer caso e/ou surto deve, obrigatoriamente,
obedecer a definição de caso de cada agravo
· Malária em área não endêmica
publicado no Guia de Vigilância
· Meningite por Haemophilus influenzae Epidemiológica do CENEPI/FNS/MS, ou das
atualizações emanadas das coordenações de
· Meningite por tuberculose
áreas específicas do Ministério da Saúde.
· Peste
· Todo e qualquer surto de doença ou
· Poliomielite / Paralisia Flácida Aguda ocorrência de agravo inusitado,
· Raiva Humana independentemente de constar na lista de doença
de notificação compulsória, deve
· Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita obrigatoriamente ser notificado ao Ministério
· Sarampo da Saúde e investigado.

· Sífilis Congênita · A substituição da notificação


compulsória por outro sistema de informações
· Síndrome da Imunodeficiência Adquirida considerado mais sensível para a vigilância
(AIDS) epidemiológica nacional não deve ser feita
abruptamente. É indispensável que os dois
· Tétano sistemas sejam mantidos em funcionamento,
· Tuberculose simultaneamente, durante o período de tempo
necessário a se estabelecer parâmetros de
9. Conclusões e Recomendações Finais
correlação entre ambos, para fins de
Todos os aspectos apontados neste comparabilidade. Neste sentido, as séries
documento indicam que a elaboração de uma históricas das doenças excluídas da atual lista
lista nacional de doenças notificáveis deve ser de notificação compulsória devem ser
bastante cuidadosa e restritiva, em obediência publicadas no Informe Epidemiológico do SUS,
aos critérios estritos e definidos como de destacando-se este procedimento e quais as

IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998. 23


Maria da Glória Teixeira e cols

formas de registro que serão adotados, visando · A articulação mencionada no item


evitar falsas interpretações dos dados. anterior pode também discutir a possibilidade
de estipular Índices de Valorização de
· Nas situações em que o
Resultados-IVR, durante o processo de
conhecimento da ocorrência de casos destina-
habilitação dos municípios na NOB-96,
se, primordialmente, ao planejamento do
contemplando os municípios com melhores
suprimento de insumos (medicamentos,
sistemas de vigilância epidemiológica, indo-se
diagnóstico, etc.) as informações devem ser além da obrigatoriedade de apresentação dos
obtidas mediante a consolidação de dados de sistemas de informações epidemiológicas,
registro da produção de serviços. visando ao estímulo ao desenvolvimento da VE.
· O estabelecimento de uma lista de Outra alternativa é que o próprio CENEPI
doenças de notificação pressupõe a utilização avalie, dentro da disponibilidade orçamentária,
sistemática dos dados para orientar medidas a possibilidade de privilegiar esses municípios
de intervenção. Nesse sentido, é requerida a na sua programação.
capacitação técnico-operacional dos órgãos · De acordo com as normas de
responsáveis pela vigilância epidemiológica, procedimentos de vigilância epidemiológica,
em todos os níveis, para o processamento, todos os casos suspeitos das doenças de
análise e disseminação de informações notificação compulsória devem ser
decorrentes da notificação. investigados.
· Para que as recomendações feitas · O Sistema Nacional de Vigilância
possam ser implementadas, é necessário que Epidemiológica compreende, além da lista das
os dirigentes da área de epidemiologia, das doenças de notificação compulsória, numerosos
três esferas de governo, envidem esforços no outros sistemas de informação que podem e
sentido de alocar recursos financeiros e devem ser trabalhados no sentido de melhorar a
habilitar recursos humanos para o qualidade das atividades de VE em nosso país.
desencadeamento das ações de vigilância Entre outros destacamos: o sistema do
epidemiológica, seja através da notificação Programa Nacional de Imunizações; os sistemas
compulsória, seja através dos demais métodos dos programas de controle de endemias; o
propostos. sistema de monitoramento de doenças ou
agravos selecionados; o sistema sentinela para
· É importante reiterar que o fato de
doenças emergentes; e o acompanhamento da
não estar na LBDNC não pressupõe a
situação de saúde em áreas sentinelas.
desativação dos outros métodos
epidemiológicos de monitoramento e Anexo
investigação das doenças porventura Reunião com os coordenadores de áreas
excluídas. específicas do Ministério da Saúde para
· É fundamental o estreitamento da a 1ª revisão deste documento - OPAS,
articulação entre as instâncias de 18 de maio de 1998.
epidemiologia e as instâncias de assistência à Participantes:
saúde, nas três esferas de governo, com vistas
· Jarbas Barbosa da Silva Júnior – CENEPI/
a obter sinalização do SIH/SUS, de qualquer Ministério da Saúde
ocorrência das doenças de notificação
compulsória, assim como de qualquer doença · João Batista Risi Júnior – OPAS
de investigação epidemiológica. Pode-se · Gerson Oliveira Penna – UNB/HUB
iniciar a discussão do processo de sinalização · Maria da Glória Teixeira – ISC/UFBa-
com as 32 doenças apresentadas na Tabela 2. ABRASCO - SESAB

24 IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998.


Seleção das doenças de notificação compulsória: critérios e recomendações para as três esferas de governo

· Albertino Alexandre Maciel – CCDTV- · Expedito Luna – CVE/SES/SP


DEOPE/FNS · François Figueiroa – SES/PE
· Romeo Rodrigues Fialho – GT-Malária/ · Gerson Oliveira Penna – UNB/HUB
CCDTV/DEOPE/FNS
· Gilberto Tanós Natalini – CONASEMS
· Giovanini Coelho – GT-Endemias Focais-
· Guilherme Rodrigues da Silva – USP/SP
CCDTV/DEOPE/FNS
· Ivone Perez de Castro – SES/DF
· Márcio Costa Vinhaes – GT-Chagas/CCDTV/
DEOPE/FNS · Jarbas Barbosa da Silva Júnior – CENEPI/
FNS/MS
· Maria Goretti P. Fonseca Medeiros – CN-DST/
AIDS · João Batista Risi Júnior – OPAS
· Ana Rosa dos Santos – COLAB/CENEPI/ · José Cássio de Moraes – CVE/SES/SP
FNS · José Tavares Neto – UDAI/UFBa
· Edwin Antonio Solorzano Castilho – CNDI/ · Josué Laguardia – SINAN/CENEPI/FNS
CENEPI/FNS · Julio Muller Neto* - CONASS
· Denise Maria Moraes – CNDE/CENEPI/FNS · Letícia Nobre – Comitê Técnico-Científico
· Maria Leide Oliveira – CNDS/CENEPI/FNS de Saúde do Trabalhador/MS
· Maria Fernanda Sardella Alvim – SINAN/ · Luís Jacinto* - USP/SP
CENEPI/FNS · Luiza de Marilac – SES/CE
· Carla Magda Domingues – SINAN/CENEPI/ · Maria Angélica Curia Ceveira – SES/PR
FNS
· Maria da Glória Teixeira – ISC/UFBa-SESAB
· Josué Laguardia – SINAN/CENEPI/FNS
· Maria Fernanda Sardella Alvim – SINAN/FNS
· José Cássio de Moraes – CVE/SES/SP
· Maria Lúcia Penna – IMS/UERJ
· Francisco Anilton Araújo – CCZAP/CENEPI/
· Marlene Tavares Barros de Carvalho – DVE/
FNS
SES/BA
· Expedito Luna – CVE/SES/SP
· Maurício Lima Barreto – ISC/UFBa
· Maria Lúcia Penna – IMS/UERJ
· Naomar de Almeida Filho – ISC/UFBa
· Antônio Rufino Netto – CNPS/CENEPI/
· Paulo Buss* – ENSP/FIOCRUZ
FNS*
· Paulo Sabroza – ENSP/FIOCRUZ
Reunião com membros de instituições
· Rita de Cássia Barradas Barata – ABRASCO
acadêmicas e representantes de
Secretarias Estaduais de Saúde, · Ruy Laurenti* – USP/SP
CONASS, CONASEMS e OPAS para · Susan Pereira Martins – ISC/UFBa
conclusão da revisão deste documento - · Vanize Macedo* - NMT/UNB
Salvador, Bahia – 01 e 02 de junho de
· Wilson Alecrim – IMT/AM
1998.
Participantes: Agradecimentos
· Ana Lúcia Fontes Eppinghaus - CONASEMS Os autores da Revisão da Lista
· Ana Rosa dos Santos – COLAB/CENEPI/FNS Brasileira de Doenças de Notificação
Compulsória e os participantes das três reuniões
· Carla Magda Domingues – SINAN/CENEPI/
que envolveram o processo de revisão fazem
FNS
questão de registrar os agradecimentos pelo
· Elizabeth Santos* – IEC/FNS/PA reconhecimento dos trabalhos de digitação,
* Justficou ausência

IESUS, VII(1), Jan/Mar, 1998. 25


Maria da Glória Teixeira e cols

editoração e diagramação dos documentos, a Brasília, 1986.


Edite Damásio da Silva. À Profa. Maria Lúcia
9. BRASIL, Departamento de Imprensa
Penna, ao Dr. João Batista Risi Júnior e à Dina
Nacional / Diário Oficial da União, Portaria
Carvalho pela organização e operacionalização
GM 1.100. Seção I, de 24 de maio de 1996.
das reuniões do ISC, UERJ/RJ, OPAS/DF e
ISC/UFBa/BA, respectivamente. Agradecem 10.LEI N° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
ainda, à Maria Solange Faustino, ao Erivaldo Dispõe sobre as condições para a promoção
Oliveira Nascimento e à Ivonete da Silva e recuperação da saúde, a organização e o
Nascimento pelo apoio durante todo o trabalho. funcionamento dos serviços correspondentes
e dá outra providências. DOU 20/9/90.
9. Bibliografia
Seção I p.18055-18059.
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