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INTRODUÇÃO

D aisaku Ikeda: O dr. René Simard, que até recentemente foi reitor
da Universidade de Montreal, tornou-se uma autoridade mundial nas
áreas da Fisiologia e Citobiologia em sua pesquisa sobre o câncer e principal-
mente como pioneiro em pesquisas sobre agentes antimetabólicos e antican-
cerígenos. O dr. Bourgeault é professor de Bioética e Pedagogia. O campo de
pesquisas de ambos serão áreas de grande importância no século XXI. Eles
calorosamente concordaram em compartilhar conosco seus conhecimentos e
experiências, para aprofundarmos nossa compreensão dos quatro sofrimen-
tos universais do nascimento, envelhecimento, doença e da morte e aprender-
mos a viver uma vida saudável.

René Simard: Sinto que este diálogo é uma oportunidade grandiosa de


incentivar os pacientes com aids e câncer, assim como as pessoas preocupa-
das com o impacto das descobertas tecnológicas em sua vida. Tive várias
oportunidades de conhecer e de discutir pontos de vista com o senhor, sr.
Ikeda, e devo dizer que achei nossos diálogos muito estimulantes.

Ikeda: A Universidade de Montreal e a Universidade Soka iniciaram o


programa de intercâmbios educacionais e acadêmicos em 1994. Desde en-
tão, para minha grande alegria como fundador da Universidade Soka, as re-
lações dessas duas instituições tornaram-se mais fortes e profundas.
Em abril de 1994, o Centre d’Études de l’Asie de l’Est (Centro de Estudos
do Sudeste Asiático), em sua universidade, e o Instituto de Filosofia Orien-
tal, do qual sou fundador, concluíram um acordo de intercâmbio acadêmico.
Dr. Simard, o senhor nos honrou com sua participação e seu discurso na

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cerimônia de abertura. Naquela ocasião, o senhor disse: “A harmonia da ver-


dade e da ciência é a verdadeira contribuição para a humanidade.” Essas
palavras expressam claramente o espírito e o significado de nosso diálogo.

Guy Bourgeault: As relações do Canadá com o Japão foram gravemente


afetadas no período da guerra de 1939 a 1945, quando nossos países foram
classificados como inimigos. Felizmente, as coisas mudaram. Sinto-me mui-
to contente com o fato de que o programa de intercâmbio da Universidade
Soka com a Universidade de Montreal seja testemunha disso, especialmente
porque nosso diálogo será parte desse trabalho.

Simard: Jamais esquecerei minha primeira visita à Universidade Soka,


em 1990. Uma aluna do coral me recebeu com uma canção. Todos já devem
ter se formado, mas ainda me lembro vividamente daquele dia.
Aquela visita deu-me idéia das suas grandes conquistas. A Universidade
Soka inspira uma atmosfera de amplitude ao mundo, de harmonia e benevo-
lência contagiantes. Pude sentir que ela instila mais do que conhecimento:
cria indivíduos plenos. E que ambiente cultural maravilhoso ela propicia aos
estudantes, que sempre têm acesso a riquezas tais como o Museu de Arte
Fuji de Tóquio e seu magnífico acervo!

Ikeda: Muito obrigado por suas gentis palavras. Mas a Universidade de


Montreal também é uma instituição de nível mundial.

Simard: Com 50 mil alunos e 13 faculdades, incluindo a de pós-gradua-


ção, ela é a maior universidade na América em que se fala o francês. Uma das
características de destaque em nossa universidade é o esforço que dedicamos
ao intercâmbio educacional. Com o movimento da economia global exer-
cendo uma influência decisiva, as universidades também são convidadas a
corresponder às necessidades para o internacionalismo e a diversificação tan-
to nas pesquisas como no ensino. Realizamos o melhor que podemos para
atender a essa demanda. Já concluímos acordos internacionais de intercâm-
bio de alunos com mais de noventa instituições em todo o mundo, incluindo,
é claro, a Universidade Soka.

Ikeda: Também estimo muito as lembranças de minha visita a sua uni-


versidade no outono de 1993. A Soka Gakkai Internacional (SGI) realizava
sua primeira exposição fora do Japão, “Em Direção ao Século da Humanida-

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de: Uma Visão dos Direitos Humanos no Mundo Atual”, e participei da ce-
rimônia de abertura. Os senhores deram grande ajuda ao tornar possível essa
exposição.

Simard: Ficamos contentes de poder fornecer o espaço para essa esplên-


dida exposição, que causou tamanha agitação na Universidade de Montreal.
Os direitos humanos são uma das principais questões no mundo ocidental
atualmente e o movimento da SGI tem como meta proteger os direitos hu-
manos. A ninguém deve ser permitido privar as pessoas de seus direitos.

Ikeda: A exposição sobre direitos humanos da SGI foi exibida em 24


cidades e oito países até agora e foi bem recebida em todos os lugares.

Bourgeault: A grande quantidade de atividades da SGI — geralmente


dedicadas ao estudo de soluções de problemas críticos — é impressionante.
O senhor e seus colegas estão claramente determinados por um forte senso
de missão, e o senhor parece não temer as discussões nem a ação.

Ikeda: No livro Escolha a Vida,1 em meu diálogo com Arnold J. Toynbee


(1889–1975), ele disse que o século XX seria lembrado não como um período
de discordância política ou uma época de descobertas tecnológicas, mas como
uma era em que a comunidade humana começou a considerar a boa saúde de
todos os seus membros um objetivo possível.
A sociedade de hoje preocupa-se seriamente com a saúde. Isso se deve
quase totalmente ao fato de a paz estar se tornando uma realidade para um
número cada vez maior de pessoas. Mas o aumento nos níveis de estresse
pode contribuir para elevar a ansiedade pessoal com relação à saúde. Em tal
ambiente, a saúde tornou-se tópico prioritário em debates e discussões. Al-
guns grupos empresariais, confiando em teorias não científicas, estão até mes-
mo explorando as possibilidades comerciais desse boom na saúde.
Parece-me que necessitamos ajustar o curso em direção a uma concepção
clara da saúde, fundamentada não no interesse próprio, mas em bases filosó-
ficas e científicas válidas, e então propagar essa visão amplamente e de forma
fácil para que todos a compreendam.

1. Diálogo de Toynbee com Ikeda: Choose Life. Londres: Oxford University Press.
1976. Escolha a Vida: Um diálogo para o futuro, Rio de Janeiro: Editora Record, 1995.

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Bourgeault: Questões sobre a vida e a morte são de grande importância.


Sempre me surpreendo com o fato de os bioeticistas na América do Norte e
na Europa parecerem tentar contorná-las e lidarem apenas com questões mais
específicas e assuntos técnicos.

Ikeda: Para tornar o século XXI um “Século da Saúde”, as pessoas sim-


ples devem se tornar mais alertas e mais bem-informadas. Estou pronto para
qualquer coisa que possa fazer no sentido de que isso aconteça. As pessoas
em geral quase nunca lêem artigos e monografias. Por esse motivo é que pre-
firo trazer à tona questões sérias em forma de diálogo e por isso sugeri nosso
intercâmbio dessa maneira, pois torna as idéias transparentes e acessíveis. O
diálogo era o instrumento de Sócrates (469–399 a.C.). Tanto Sakyamuni2
como Nitiren3 (1222–1282), de quem sigo os ensinos, expressaram-se por meio
do diálogo. Seguindo essa tradição, tenho dialogado sobre temas contempo-
râneos com várias pessoas influentes e extraordinárias.

Bourgeault: No início de seu artigo sobre morte encefálica,4 o senhor


expressa o desejo de que um público bem-informado participe de debates
sobre saúde, tema que preocupa a todos. As questões que discutiremos —
sobre a vida e a saúde, a doença e a morte — seguramente interessam a todos
os seres humanos. Penso que a forma de diálogo sugerida pelo senhor é o
veículo perfeito para debates de interesse geral.

Ikeda: Espero que nosso diálogo também destaque os interesses das mu-
lheres. No século XXI, as mulheres indubitavelmente estarão na linha de frente.
Espero sinceramente que as leitoras considerem nosso diálogo interessante e
importante.

Bourgeault: O senhor tocou num assunto delicado e que é ainda mais


pertinente, pois nosso diálogo será entre três homens, sem participação femi-
nina. Infelizmente, grandes problemas são em geral debatidos somente por

2. Fundador do budismo, o Buda histórico.


3. Fundador do Budismo de Nitiren Daishonin, o Buda dos Últimos Dias da Lei.
N.E.: Últimos Dias da Lei corresponde à época atual.
4. Daisaku Ikeda, Thoughts on the Problem of Death from the Viewpoint of the Buddhism
of Nichiren Daishonin (Pensamentos sobre o problema da morte do ponto de vista do
Budismo de Nitiren Daishonin). Tóquio: The Institute of Oriental Philosophy.

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Introdução

homens. Sem cair na moda antiga dos estereótipos simplistas, penso que as
idéias masculinas são freqüentemente fundamentadas no conceito de força e
experimentadas como dominação e controle. Talvez as mulheres sejam, em
geral, menos obcecadas pelos interesses econômicos e políticos. São mais
voltadas para análises e ações que não estejam diretamente ligadas ao papel
de força. Elas parecem pensar em termos de contribuir e melhorar a quali-
dade de vida.

Ikeda: Essa é uma idéia que merece séria atenção. Durante anos, o
senhor estudou maneiras de valer-se da “força feminina” para melhorar a
qualidade de vida humana. O senhor sugere que a força feminina está arrai-
gada muito mais em compartilhar, dialogar e compreender do que em con-
trolar. Compartilho da sua confiança nesse potencial, que o senhor clara-
mente expressa quando diz que temos grandes expectativas nos movimentos
femininos, não só para as mulheres, mas para os homens também.

Simard: A maioria dos alunos que concluíram os estudos em nossa Fa-


culdade de Medicina é formada por mulheres. Uma alta porcentagem de
mulheres concluiu o curso e recebeu o diploma. E uma alta porcentagem
dessas mulheres, mais do que seus colegas homens de sala de aula, consegue
empregos exigentes e difíceis. O número de médicas está aumentando rapi-
damente. No Canadá, se a tendência atual continuar, brevemente 65% dos
médicos serão mulheres. Mulheres médicas são melhores comunicadoras do
que seus parceiros masculinos. Com esse crescimento numérico, imagino que
o relacionamento paciente–médico melhorará.

Ikeda: Devemos voltar a esse ponto importante. Mas, para começar nos-
so diálogo, primeiramente gostaria de fazer a cada um dos senhores algumas
perguntas pessoais. Dr. Simard, o senhor poderia nos contar um pouco da
sua infância?

Simard: Nasci e cresci em Montreal, Canadá, como o mais novo de uma


grande família. Tanto meu pai como minha mãe acreditavam profundamen-
te na importância da educação e se esforçaram para que todos nós comple-
tássemos o ensino médio e superior. Desde a minha juventude, tive muita
sorte de conviver num ambiente cultural envolvido nas tradições dos estudos
de latim e de grego.

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