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Infothes Informação e Tesauro

5233 Santos, Marcelo


O poder norte-americano e a América Latina no pós-guerra fria. / Marcelo Santos. - São Paulo:
Annablume; Fapesp, 2007.
256p.; 16 x 23 cm

ISBN 978-85-7419-765-4

I. Política Externa. 2. Relações Internacionais. 3. EUA. 4. América Latina. 5. Programas de Ajustes


Estruturais. 6. Integração Econômica. 7. Política de Segurança. I. Título. 11.A política externa dos ÉUA para
a América Latina.

CDU 327
CDD 327

Ficha elaborada por Wanda Lucia Schmidt - CRB-8-1922

O PODER NORTE-AMERICANO E A
AMÉRICA LATINA NO PÓS-GUERRA FRIA

Coordenação editorial
Joaquim Antonio Pereira

Diagramação .
Lívia C. l. Pereira Poro em rr1<'11
Capa
Pelos Mais Belos RozO('\/
Carlos Clémen

CONSELHO EDITORIAL
Eduardo Pefiuela Caiiizal
Norval Baitello Junior
Maria Odila Leite da Silva Dias
Celia Maria Marinho de Azevedo
Gustavo Bernardo Krause
Maria de Lourdes Sekeff
Cecilia de ,AJmeidaSalles
Pedro Roberto Jacobi
Lucrécia D'Alessio Ferrara

I a edição: novembro de 2007

© Marcelo Santos

ANNABLUME EDITORA. COMUNICAÇÃO


Rua Padre Carvalho, 275 . Pinheiros
05427-1 00 . São Paulo . SP . Brasil
Tel. e Fax(0,1 i) 3812-6764 - Televendas 3031-9727
www.annablume.com.br
no passado, quando experiências
essas temáticas, não malograram
sociais e políticas latino-,americanas
apenas pelos seus equivocos,
av nç r, '~
mas, na maio '"
nll'
11\
Capitulo IV
vezes, por golpes desses grupos conservadores.

o projeto norte-americano de integração


econômica das Américas

A
crise econômica nos países centrais, juntamente com a crise hegemônica
do poder norte-americano no início da década de 1970 desencadearam
profundas transformações na economia mundial. Uma delas foi causada
pias iniciativas unilaterais dos EUA para restabelecer sua hegemonia sobre o mundo
(,\ italista, que levaram à destruição do sistema monetário e financeiro criado em
1\1 tton Woods e inauguraram um novo sistema baseado na desregulamentação dos
J1 rcados financeiros e na flexibilização do câmbio, Como já foi analisado, nesse
110VO sistema as elites governantes norte-americanas se apoiaram no capital financeiro
para a restauração de seu poder no mundo e, por conseqüência, esse capital passou
I ocupar novamente uma posição central dentro dos grupos dominantes, tendo uma
lllfiuência decisiva na política interna e externa dos EUA
Uma outra transformação importante está relacionada ao processo de
I estruturação produtiva desencadeado a partir da crise do fordismo que, além de
I oporcionar uma reorganização das indústrias mediante investimentos em setores
I ponta (novos materiais, biotecnologia, telecomunicações, informática) e
modernização de setores dinâmicos (automobilístico, máquinas e equipamentos,
I troquímica), trouxe também um novo paradigma tecnológico e organizacional
m novas tecnologias estruturadas na automação informatizada e nos novos padrões
gestão do trabalho baseados na flexibilização das funções, das jornadas de trabalho,
remunera ão e dos Direitos trabalhistas. Além disso, com as políticas de
I sregulamentação e liberalização dos mercados financeiros mundiais estimuladas
por Washington, tem se verificado um intenso avanço da interpenetração entre finanças

145
44
e indústri , i~pondo a disciplin lógic d s 1111"1 I .I" \Ut. M xic, ti ldo do NAI- A, u s rviu cI mod 10 para as
I

contribuindo decisivamente para a exp nsão d I I li «xi O 5 d ALCA.


produtivos. m d z mbro de 1994, o presidente Bi" Clinton conseguiu reunir, na
_Assim, nesse ambiente de reestruturação produtiva d inL'I P('I H'II 11
1 úpulª da1iAméricas em Miami, 33 chefes de Estados das Américas, com
entre finanças e indústria, a agenda geoeconômica norte-american 111cl'1, 11111111 ,I . Cuba, para firmar o compromisso da região com a construção de uma

décadas, não tem se resumido apenas a um yigoroso empenho pel lib('loIllI,\I , I' I I livr comércio que deveria se estender do '/\lasca à Terra do Fogo" - a ALCA.
. dos mercados financeiros, mas, com a mesma vontade, os EUA tamb 111I 111 I 'I i d Miami seguiram-se as reuniões ministeriais de comércio de Denver (1995),
empenhado pela liberalização comercial e pela institucionalização de UI lI' '1111 I 111011 n (1996), Belo Horizonte (1997), SanJosé (1998), Toronto (1999), Buenos
ç global de desregulamentação dos investimentos que prevê ampla liberdade 8dllllllll " (200 I), Quito (2002), Miami (2003), Puebla (2004) e as reuniões de Cúpula
. de proteção aos seus capitais em detrimento das políticas industriais nacionais, I. I I1 1\ éricas de Santiago (1998), Quebec (200 I), Monterrey (2004) e Mar dei
ficou evidente na Rodada Uruguai em 1994, na criação da Organização Mun li.11ri" 11,11,1 (2005) nas quais foram se estabelecendo a estrutura institucional, as diretrizes,
Comércio e nas últimas rodadas comerciais. É essa estratégia que vamos en 11II\I , I I nograma e as negociações da ALCA. Ao longo desse processo foram criados

quando analisamos a política comercial norte-americana no continente, C 111I IlIIV Grupos Negociadores, envolvendo os seguintes temas: acesso a mercados;
criações do North Americon Free Trode Agreement (NAFTA), do Tratado d I iV11 IIIVI timentos; serviços; compras governamentais; solução de controvérsias;
Comércio com o Chile (TLC Chile-EUA), do Tratado de Livre Comércio 11II1 'I i ultura: Direitos de RrQl2riedaqg..int~ subsíd~ ontidumP.J.Dg e Direitos
América Central e a República Dominicana (CAFTA-DR) e as negociações poli I unp nsatórios' e olítica de concorrência. Essesgrupos passaram a receber apoio
construir a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Lembrando ainda quo 11 \I lministrativo de um secretariado e o a _9io técnico de um Com~ê Trif2artite,formado
proposta de integração econômica dos EUA para a região contempla, em m '1111 pll OEA, pelo BID e pela Cef2LNo Plano de Ação ficou estabelecido que as
grau, aspectos geopolíticos e de segurança e também se insere num contexto cI 'I! ociações para a criação da área de livre comércio hemisférica deveriam estar

disputa intercapitalista entre norte-americanos, asiáticos e europeus. mcluídas até 2005.


O Jlli?jeto de integ@Çãoprevisto pelos EUA não é siml?lesmente alorm~ção
l uma área de livre comércio tradicional com a eliminação dos entraves ao trânsito

I. O projeto norte-americano da ALCA (I< bens, mas, mais do que isso, ele .Qrevê também a institucionalização de reg~
muns para temas como serviços, investimentos, compras governamentais,
O .primeiro passo para a criação do -projeto norte-americano da ALCA rOI
I ropriedade intelectual, ete. Note-se que a liberalização proposta pelos nort~-
dado em 27 de junho de 1990, quando o_governo d George Bush anunciou dl1lericanos possui LImasérie d~ssalvas e exceções que preservam os instrumentos _
oficialmente a "Iniciativa para as Américas" , que previa a fulmação de umaJ.r:e.ade
d defe~ _co.m~r,Çialdos EUA_cOD}O_S~aI~gjslaç~o ontiq..uC02ing e sua política de
livre comércio no continente. Tal projeto concentrava-se em três áreasfundamentais: prote ão à agcicultl!ra..Ao mesmo tempo, as negociações não incluem temas como
comércio, dívida externa e investimento. Na questã0(0mê"rC@Do objetivo era a
I unificação monetária e criaç~o d~m banco central comum, programas de -
\ eliminação das barreiras comerciais entre os países signatários e a adoção de uma
financiamento ara os aísese re iões maisatrasadase a livre circulação e trabalha ores
legislação que envolvia, entre outros aspectos, a garantia total para a livre circulaÇ.ã
(BATISTA Jr., 2002). Paratornar mais evidente o tipo de integração econômica que
de bens, servi os e ca itais e a rote ão da !2[Qpriedade intelectual. Em relação à
os EUA propõem à região, vale a pena, nesse momento, destacar algumas de suas
ívida e , a proposta dos EUA era de um abatimento pequeno da dívida e a
propostas nessasnegociações... __ -----
garantia de novos empréstimos para os países latino-americanos, desde que esses Na questão da<R.fQPriedadeintelec!idiDa diplomacia norte-americana, a
Estados se comprometessem com oS..Q!:Qgramas de ajustes estruturais ditados pelo
serviço de suas grandes corporações do setor farmacêutico e de alta tecnologia, já
EMI e o BaDco..t1u.a..d.iaL..E.oo
que se referem ao~stimen~os EUA propuseram
havia conseguido incluir no documento final da Rodada Uruguai do GATT o acordo
a criação de um fundo de investimentos Qaraa região que deveria ser administrado sobre Iéode Refoted Aspects of/ntellectuof Proeerty Rights - TRIPs (Aspectos Comerciais
pelo BID e pelo Banco Mundial (VIGEVANI & MARIANO, 2003) . .Dois anos d!=p'ois
dos Direitos da Propriedade Intelectual). Nesse acordo foi ampliada significativamente
do lançamento da "Iniciativa para as Américas", o governo Bush assinou juntamente a Qroteção às atentes em âmbito mundial. Através de instrumentos jurídicos

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internacionais garantiram-se às corQoraçó. s tr nsn cion is prot ç 1(' ,I I I Ir 111 11111'
icJ P 10 i v sLidor 5 xt rnos; a obrigação dos Estados-membros a \
tecnologias privadas, suas invenções, suas posições monopolistas e a extr ç o r 1III II 1111 li 11I1\I m o inv idor s strangeiros em situações nas quais as decisões soberanas
de royalties (SHIVA, 200 I), O TRIPs incluído no GATT-OMC linlil(III II IlJl rid d s nacionais sejam consideradas "equivalentes a uma expropriação"; ete.
. significativamente o acesso à tecnologia, ao conhecimento e ao ro resso 1 1111
II Nas negociações do setor de~novamente os EUA retomaram a
para os países periféricos, Não plenamente satisfeitos com o TRIPs, as r ' "" JI I , 11II qu tem enfrentado resistências na OMC e demais fóruns econômicos
norte-americanas na ALCA nessa área vão além dos compromissos assumid •.•1101 1111
IIIII.\t r is, para tentar impô-Ia aos países da região, Os EUA que são os maiores
OMe, ,amp-liando ainda mais a prnteção sobre o copvright, os segredos com r i.ti' I I I t dores de serviços do planeta, pretendem incluir na ALCA a liberalização
_-ªª-ºatentes, as marcas comerciais e as indicações geográficas, De acordo com Rubt 1\ , 1"1 de todos os tiROS de serviços, tais como financeiros, telecomunicações,
Ricupero, dentre os aspectos em que os EUA querem avançar mais do que no llitll I 'I vid ncia, seguros, turismo, indústria editorial, postais, transportes, água, energia,
acordo do TRIPs, incluem-se: -I, I ncia médica, ete. Também estão incluídas na proposta norte-americana todas
\.u· ntias previstas aos investidores externos que estão colocadas no capítulo sobre
[,..] a possibilidade de patentear organismos vivos, com implicações negativa 11IV( tirnentos. Além disso, pretende-se J:2lbl!:. os Estados de oferecerem serviços
dispendiosas para a agropecuária; e a limitação ao máximo do recurso à "Iicen 11( su'eitos a uma ri orosa lógica econômica, a menos ue se'am ratuitos e não
compulsória", no caso de medicamentos. Direito reconhecido por todas (\ I n itam com os do setor privado, O processo de negociação do Acordo Geral
convenções sobre propriedade intelectual e pelo Acordo TRIPs, a lícençi ( l re Comércio de Serviços (GATS) criado em 1994 durante a conclusão da Rodada
compulsória é a possibilidade de romper a patente, quando existe abuso d I J, uguai do GATT já havia deixado claro que a pretensão dos países centrais era a
titular, que se recusa a manufaturar o medicamento no país ou cobra por ele preço
I mpleta liberalização do setor de serviços e a restrição à atuação dos governos
abusivo. O país-vítima pode também utilizar a "importação paralela", isto é, em
f1I saárea, porém, a resistência dos países periféricos levou a um acordo que optou
caso de necessidade, importar de fabricante não-autorizado. Foi graças,
I Ia liberalização gradual do setor, Ficou acordado que a liberalização dos serviços
possibilidade de recorrer a tais mecanismos que o Ministério da Saúde conseguiu
ocorreria mediante "listas positivas", nas quais os países destacavam as áreas que
no Brasil que os laboratórios reduzissem em até 70% o preço dos remédios do
III riam liberalizar, embora o acordo já tivesse garantido a abertura das áreas de
coquetel anti-Aids. Se estivesse em vigor o capítulo proposto pela ALCA,o governo
brasileiro não teria obtido tal vitória (2003: 56). rviços financeiros e serviços básicos de telecomunicação, Pois bem, na ALCA os
I UA retomam a agenda da liberalização ampla dos serviços, com poucas exceções,
Nas propostas sobreêiIívestim~s pretensões dos EUA no âmbito da ( mo já acontece no NAFTA
ALCA são as mesmas do Acordo Multilateral de Investimentos (AM/), Esse acordo, No que se refere às compras overnamentais u ~rato~y65ffi~~de
que os norte-americanos e alguns aliados não conseguiram ap..I:QY.aLnasnegociações governo, a proposta norte-americana para a ALCA é evitar que os governos âêem
da Organização para a Cooperação e [)esenvolvimento Econômico (OCDE) devido Ir tamentQ p~Érencial às emp-resas nacionais devendo oferecer o mesmo tratamento
à resistência da França e dos movimentos sociais,_pretendia liberalizar os investimentos p ra as em resas fornecedoras de bens e servi os de todos os países pertencentes a área,
I mundiais, oferecendo inúmeros Dir_eitos e nulas obrigações às_cor ..2r'!ções Sob esses aspectos, pode-se dizer que o projeto norte-americano daALCA
_ trans@jonais e aQ..m~?J'XlQt~mQo, irl)por duríssimas r~strições aos Estados nacionais pretende institucionalizar normas que garantam a liberalização comercial, financeirQ.
..-I-~l..J..>,,'Ó.ular:r©lllic..llJi im. mente.,.9 movimento dos investidores e seus capitais, Estava dos investimentos de acordo com os interesses de seus caRitalistas, impedindo os
previsto inclusive o direito dos investidores estrangeiros acionarem a arbitragem demais países da região de modificarem suas políticas econômicas nacionais, Nesse
internacional contra os Estados nacionais para serem ressarcidos de prejuízos sentido, o projeto ALCA pode ser visto como a complementação e a consolidação
supostamente ocorridos devido a medidas tomadas pelos poderes públicos, Ao jurídica do processo de reformas liberalizantes promovidas na região nas últimas
r tomar a legislação do fracassado Acordo Multilateral de Investimentos, o projeto décadas sob monitoramento de Washington, Em con'unto, a maior parte das políticas,
j 1 AI CA pretendido pelos EUA prevê: a proibição dos governos praticarem políticas das reformas e das instituições recomendadas pelos EUA significam negar aos países
I1I r vor çam os investidores nacionais em detrimento dos investidores externos; a da região a possibilidade de utilizarem instrumentos de política econômica que os
'''10111i I d livr transferência de capitais de um país ao outro a uma taxa de câmbio ró rios norte-americanos e os demais aíses centrais usaram durante seus res ectivos
(I< 111 I ,\ I , impedindo os governos de controlarem os fluxos de capitais; a p-rocessos de desenvolvimento,
1111/1
II ,il illl \ I 105 governos estabelecerem metas ou requisitos de desempenho a

149
I,

+-~\9J)

as pr t nsõ nort m tlt,111I , I I n v ori ntaç o econômica decorreu de um quadro de crise


, ~ da ALCA de or d o co m , 1111111\1
10 mod 10 d substituição de importações que, com a majoração das taxas
As negoClaçoes ,'" onvergências, conjuntur 5, 111'11'''
'.
'nvolvem aliados, opositores, dlvergenClas, c di 1111 nos países centrais, com o enxugamento do mercado mundial de capitais e
~stratégias que poderemos verificar em seguida, , I 1I1t qu da dos preços das exportações de produtos primários, acabou se traduzindo
\ r nde dívida externa pública e, por conseqüência,
1111111 na falência fiscal do Estado,
Ii conômica e social proveniente do endividamento externo, bem como o
2. O México como aliad~ ~os EUA no projeto III I rdfcio, a ineficiência e a corrupção presente nos aparelhos estatais também
1IIIIll ufram p~a essa mudançà..9~~ratégi.a_ecooÔrnica,. Além, claro, do fato de
de integração das Amencas . "
t do rojeto "Iniciativa das Amén ,\, IIII mercado dos EUA respondia por cerca de 65% do comércio exterior mexicano,
Para os EUA, o México constitui um país estratégico por uma série de
, ~ode-:e dizer que desd:~ I~~~~~~;over~os mexicano.5..vêm c~m~ il 1<)
pela admlnlstraçao George Bush os EUA no processo de integração economlCa cl I 1.\ O 5 que estão relacionadas às suas questões de segurança, devido à imensa fronteira
li! os dois países, aos seu) interesses geoeconômicos, ligados aos recursos naturais
um importante J:!ap~1 de ali,a?o d modelo de integração previsto pelo NAFTA (
Américas, A adesão Incondicional ~o d C dor Biológico Mesoamericano, d '11 xicanos e às suas estratégias geoRolíticas Rara a América Latina, Sob vários aspectos
'd
empenho para conso II ar os
projetos o orre
bl P má são exemplos desse process
I'l -se dizer que as pretensões dos EUA com a adesão do México ao NAFTA
TLC México-Centroamérica e do Plano Pue a- ana nvolverarn todas essas dimensões citadas. Com o acordo, os EUA esperavam
111'
titucionalizar as reformas orientadas para o mercado; assegurar condições mais
ib rtas e se. uras ara seus investidores e sua Rro -.rledade intelectual' arantir o seu
o NAFTA como modelo de integração subordinada , b stecimento energético a bons Rreç~ obter --ª...9illJ.Rlicidade do México nas suas
~ 'ica do México, via FMI e Banco Mundial, no p Ifticas de combate à imig@.Ção ile.al e ao tráfico de drQ as' e ter o México como
A reestruturaçao econo~ d d 1980 levou as elites governantes e xemplo e aliado para avançar no processo de integração do continente (ALCA) ,
, d di id na déca a e , , '
contexto da crise a IVI a I rocesso de liberalização economlca di nte de um contexto de intensa rivalidade intercapitalista com os asiáticos e os
, iniciarem um ampo p ~
dominantes desse pais a InlCl iment conômico baseada nas exportaçoes, europeus (MARGÁIN, 1995; CORONADO, 2000),
st t' gia de cresClmen o e , (1988
como parte de uma e rae M d 'd (1982-1988) e de Carlos Salinas ,- Para tanto, a diplomacia norte-americana não poupou esforços internos e
Nas administrações de Mlguel de Ia a n a política de redução de tanfas ( xternos para a aprovação do acordo, Nos EUA, a aprovação do tratado - que para
, GATI e avançou num
1994), o MéXICO entrou no d tal forma que quando começaram
r ' vice-presidente Albert Gore "era tão importante quanto a compra da Louisiana e
r ' d de livre comerciO e ' ,
alfandeganas e de acor os 89 o aís iá possuía uma economia bastante do Alaska" - ocorreu numa votação apertada no Congresso onde acabaram
as negociações do NAFTA, em 1,9,'
PntraJda em vigor do NAFTA, em I de revalecendo as duras pressões do Poder Exeçu~vQ, das cQrporações e dos financistas,
id a e a o Mexlco , "
despeito da oposição P-QPula~ dos sindicatos e da pc..ópria agência de pesquisa do
aberta, Nesse senti o, par ' d f mas para o mercado que o pais Ja
• rt do processo e re or , ' on resso (Office e b.ool,Qgy.h5e5.srru:;nt),-.q.u.e c 9JD.aY.ar:D a ate.oç.ãQ para os
J'aneiro de 1994, tez pa e 'd de com os organls, mos financeiros internaCionais
e o
vinha adotando em cump ICI a"
r , ' d
ted ista e de certa independenCla a termcs.do.acordo e os seus...PQS5.blcisjmpadQ~gatiy.Q$~E...Qs trªbalhadores e o
O I d naCionalista, pro eClonl I' d r '
meia.amhiente. No México, além de contar com o importante papel cumprido
tesouro dos EUA. ega o ~ EUA foi substituído por uma' estrategla de a Ia o
diplomacia mexicana em relação aos as uestões econômicas, que foi g.i:ill1gada como pelo FMI e pelq Banco Mundial no processo de reformas para o mercado no país, a
preferencial dos norte-amen,canos nM q d C mo nas palavras do próprio Carlos di lomacia dos EUA também utilizou os serviços de sua agência de informação (USIA)
' ' Primeiro un o, o , r '
na campanha pró-NAFTA. Essa agência oficial de propaganda do governo norte-
a entrada do M eXlco no ~ d ' "Com o tratado de livre comerciO
,~ d 'nauguraçao do acor o, , americano - que após o fim da Guerra Fria foi integrada ao Departamento de Estado
Salinas, na ocasiao e I, I b lizando e isto é a chave para o Ingresso
~roCOlJ o discursQ antiCQmunista pela nova ofensiva do governo Clinton de promover
com os EUA e o ~anada estare~o~;~~~ :pud SAXE-FERNÁNDEZ, 2002: 124),
do México no Primeiro Mundo ( do pudesse facilitar a entrada de
a ex ansão dos intere5ses fina . as,e comerciais dos EUA no exterior - cumpriu
, iranas era de que o acor , um importante papel no processo de garantir a adesão de determinados segmentos
 sp r nç das elites mexl,~ana aís como base tecnológica e produtiva para
da sociedade mexicana ao tratado, Um fragmento do relatório interno da USIA
'"til iL i tr ngeiros que ~Iliza:sem °dP f a o modelo econômico exportador,
,\, XI I \ 6 5 os EUA, dinamizando, essa orm ,

\
151
denominado USIA ond NAFTA: Building o Foundotion ror ucc
111 [u i 5 decisões soberanas das autoridades nacionais sejam consideradas
papel do órgão no processo de implementação do NAFTA:
" '1l1iv I ntes a uma expropriação". O artigo I I 06, do ru~?To capítulo, por sua vez,
11 1 I 5 stados nacionais o direito de im or "determinad()f; re uisitos ou exi ências

I
Trabalhamos para mostrar aos segmentos mais influentes da sociedade mexi. 1111
,I mportamento" aos investidores, como aceitar uma determinada porcentagem
que os interesses dos Estados Unidos no México eram muito mais profundo I I
Ir onteúdo local ou nacional na QrodllÇão ou na contratação de empregados. O
que meras margens de lucro. Alimentando o interesse e respeito americano p 1(1
valores e cometimentos intelectuais e culturais mexicanos, pudemos construir 1111 o I 102 obriga os Estados nacionais a oferecerem "o mesmo tratamento aos
uma base social para a cooperação econômica e política ao mesmo tempo 111 "'V tidores externos provenientes do NAFTA que o dado aos investidores nacionais
que desarmávamos a maior oposição potencial do México ao NAFTA (Apu I ".I mesmas circunstâncias". O artigo I I09 assinalaque todos os ganhos e dividendos
SNOW, 2004: 66). ,I, I iv dos de investimentos de alguma das partes, gozarão de liberdade irrestrita para
lill transferência. Além disso, o mecanismo de solução de controvérsias do capítulo
Para a ex-pesquisadora da agência, Nancy Snow (2004: 66): I I marginaliza as normas jurídicas dos países ao introduzir a arbitragem de leis
1111 rnacionais de comércio p~ivado.9sIsto significaque, quando uma empresa move
A edifrcação dessa base social foi facilitada pelo fato de que o então President urna ação contra qualquer governo membro do tratado sob a alegação de uma
Salinas, seis de seus ministros e seus três principais negociadores na questão d VI lação de seus direitos de investidor, a solução fica submetida à arbitragem de leis
NAFTA haviam recebido treinamento e educação nos Estados Unidos, muitos. lI1t rnacionais, que, muitas vezes, estão completamente desvinculadas da legislação
sombra do programa da Fulbright patrocinado pela USIA. ( das necessidades locais."
Um QOs êfeitos práticos dessa legi~ão tem sido o desencadeamento de
Sem a pretensão de fazer uma análise detalhada do tratado e de todos o v, rios processos de emRr§as e.~traDgeirascontra p<2lfticasestataisnos tribunais criados
seus efeitos, que certamente demandariam novos trabalhos, procuraremos apenas p 10 Centro Internacional de Aj~ste d~_Disl2ut~ em Mat~iª- d~~vestimentos (ClADI)
constata~pontos importantes que se referem aos grandes objetivos da política externs ( pela Regrasde Arbitragem da_Cºmissã? da~N.9:çõ~sld...~ida~ sobre Direito mercantil
dos EUA para o México, conforme já enunciado. Um desses aspectos centrais está Internacional (UNClTR6L). No México, em 1997, a empresa norte-americana
relacionado ao empenho da diplomacia norte-americana no sentido de garantir O Metalclad Corpo entrou com um pedido de indenização de US$ 90 milhões contra
acesso de seu grande capital aos recursos naturais, à força de trabalho e ao capital d Estado mexicano, após o governo municipal de Guadalcázar cancelar a instalação
outras ~ações e. ao mesmo tempo, protegê-Io do controle político e democrático I um depósito de resíduos tóxicos que comprovadamente vinha contaminando a
das SOCiedades.Quando observamos alguns capítulos e artigos do NAFTA, parece , gua da região e o Estadode SanLuis Potosíter declarado o local como zona ecológica.
eVidenteque o tratado pretendeu inst~ucionalizarreformasque garantissemessasdiretrizes. A empresa alegou que as leis de zoneamento prejudicaram seus negócios. Em agosto
. ,. Os capí~ulos.XI, XlV, XIX e XX do NAFTA contêm uma série de disposições de 2000, um tribunal do CIADI obrigou o governo mexicano a pagar uma indenização
llundlcas supranaclonals que protegem a mobilidade do capital e do comércio na de US$ 16,5 milhões à empresa por prejudicar as possibilidades de lucro da mesma \
América d~ Norte . ..Qi:a.pítulo I I, cujo conhecimento público só ocorreu depois (FAZIO, 200 I; WALLACH, 2003; GUTIÉRREZ-HACES, 2004). Ainda nesse país,
da ratlficaçao do tratad9, estabeleceu normas sobre os investimentos externos dos em abril de 1999, Marvin Roy Feldman, cidadão dos EUA, encaminhou um pedido
três países,que conferiram direitos, garantias e vantagens importantes para o trânsito de indenização de US$ 50 milhões contra o Estado mexicano, depois que o governo
desses investidores dentro da área de livre comércio. Um leitor menos atento poderia do México negou à empresa CEMSA (uma companhia estrangeira exportadora de
afirmar que o estabelecimento de regras comerciais que protejam investidores é cigarros) os benefícios de uma lei que reembolsava certos impostos aos exportadores.
Igo peculiar a qualquer tratado de livre comércio. Porém, as disposições do capítulo Em 16 de dezembro de 2002, um tribunal do ClADI ordenou ao governo mexicano
I I vão além dessa questão, na medida em que~~rILaos invJ~.stidores
tr.m ir~s determinados privllégi2§..guesobrepõem e anulam as legislaçõesnacionais:
I I V ncJ Inclusive punições a qualquer tipo de interven ão 'urídica ou olítica nacional 95. NAFTA, 1994.
ILI I ti livl" ç- o desses investidores. O artigo I I 10, do capítulo I I, por exemplo, 96. Cabe lembrar que o NAFTA é um acordo de caráter mercantil, exclusivamente centrado no intercâmbio de
11 11'01 ,I I' I -rn mbros a indenizarem os investidores estrangeiros em situações bens e mercadorias. Nesse sentido, não foram criadas instituições supranacionais que pudessem regular a
aplicação desses capítulos.

I ~
153
pag raC-M Aum ind niz d US$ I,J rnilhõ ( 11(11 IIIA ,) ()~), o I d d liplom ci dos UA, O emp nho sem concessões para a
Nos processos movidos pela empresa W ste M n g m nt m 19 8 000, xi il I 1 d ss SlC pttulos ertigos do NAFTA, teve o intuito de não somente
uma indenização de US$ 60 milhões do governo mexic no p 10 c nc I m nto dll II1III m nt r ag nda de suas corps:>raçõesem I'!latéria de liber~!ização comercial e
concessão de serviços públicos no setor de limpeza, os tribunais do ClAOI fora 1"r1 ,I 1I I ulamentação dos investimentos, mas também cumprir uma diretriz de longa
favor do Estado mexicano nas decisões de 2000 e 2004 (GUTIÉRREZ-HA I., 1IIItt d sua política externa que é impor acordos, políticas e regulamentos comerciais
2004).97 No Canadá, em abril de 1997, o parlamento canadense proibiu o uso do !llI impeçam os demais p_aíses de promover RoIíticasde desenvolvimento sob bases
aditivo Mmt na gasolina,sob a alegaçãode que o manganêsque se emite na combustão 111\' ais.nue.possarn, o__fuíur.9.,_J:riar_poderosos -ªc:lv~r~áril?s_!la.s:.()Q1.2~~~ç~o
do motor dos automóveis pode afetar a coordenação motora e a memória da', II1I rcapitalista e interestatal. Essesartigos e capítulos do NAFTA pouco levaram em
pessoas.A empresa dos EUA, Ethyl Corpo de Richmond, que vendia a gasolina com nsideração os graus I erentes de desenvolvimento econômico dos países
Mmt no país, apoiando-se no capítulo I I do NAFTA, entrou com um pedido c.I(1 In mbros." Por exemplo, EUA e Canadá já possuíam um Acordo de Livre Comércio
indenização de US$ 250 milhões contra o governo canadense, alegando que t1 (I\LCCEU), que previa disposições em torno da proteção dos investidores e da
proibição constituía um grave dano para seus interesses financeiros e sua reputação lib ralização dos investimentos. Para o México, país subdesenvolvido, que acabou
comercial. Punido, o governo canadense teve que negociar um acordo no qual ficava I1 endo várias modificações nas suas leis para adequar-se ao NAFTA, incorporar essa
livre do pagamento de indenização a empresa no valor de US$ 13 milhões e, em I gislação significou .diminuir a cqpacidade do Estado de planejar o desenvolvimento
compensação, assumia publicamente que o Mmt não representava perigo para onômico nacioJJ.al(SAXE-FERNÁNOEZ, 2002).99 Aqui, cabe uma pergunta: Qual
saúde da população (FAZIO, 200 I). , ria a posição dos EUA no sistema mundial hoje se, ao longo de sua história de
Em conjunto, e ses a[l:i os acabaram conferindo aos investidores desses desenvolvimento, tivesse adotado legislação semelhante?
J?~s~~atrLbuiç.õesde sujeito do Direito internacional, gue-, antes do tratado, estavam Talvez seja por isso que, passada mais de uma década do nascimento do
,reservadas exclusivamente aos Estados. Com isso, as empresas transnacionais NAFTA e duas décadas de reformas para o mercado, não há nenhum indício de que
conquistaram, no âmbito regional da América do Norte, determinadas prerrogativas o país possa ingressar no chamado Primeiro Mundo, ou mais especificamente no
que não conseguiram impor na esfera mundial, apesar de todos os esforços do núcleo central do sistema mundial de Estados. A estratégia de abertura econômica -
governo Clinton no sentido de aprovar o Acordo Multilateral de Investimentos, que que priorizou a atração de investimentos externos diretos que pudessem dinamizar
fracassou devido às resistências nacionais e sociais pelo mundo todo. as exportações e, por conseqüência, promover o desenvolvimento econômico do
Pode-se dizer que o interesse maior das grandes corporações nesse tipo país - tem se demonstrado um fracasso, sobretudo quando observamos as taxas de
de legislação não é a questão da indenização, tanto que a maior parte dos processos crescimento e os indicadores sociais do país. Dito de outra forma pode-se dizer que
contra os Estadostêm sido feitos por empresas médias, que, muitas vezes, investem o incremento dos níveis de exportações, de investimentos externos diretos ede
em regiões envolvidas com questões ambientais, trabalhistas e sociais, esperando especializações ocorridos depois do tratado não têm significado para o México uma
que, em algum momento, os poderes públicos se oponham às suas operações para melhor inserção no mundo e muito menos o almejado desenvolvimento.
então aproveitar as cláusulas do capitulo XI e buscar indenizações. Para as grandes No que se refere às exportações mexicanas, embora o período 1994-
corporações, a questão que está posta é estabelecer normas que possam protegê-Ias 2003 tenha apresentado índices de crescimento, eles foram menores que os
de medidas protecionistas, populares e nacionalistas tomadas por determinados
governos, deixando as atividades econômicas dos países ao sabor de seus
investimentos. 98. Cabe ressaltar que o capítulo XI prevê algumas exceções que estabelecern as áreas onde os investimentos
estrangeiros não podern operar livremente. No caso rnexicano, no início do tratado, foram os setores de
petroqurnca, energia e transporte. No Canadá, a indústria cultural e nos EUA, as linhas aéreas e comunicações
via rádio.
97. Em interessante pesquisa sobre o assunto, Teresa Gutiérrez-Haces (2004) demonstra que além dos casos 99. Ao modificar sua legislação sobre investimentos externos, o México rompeu com várias diretrizes que
citados existe uma série de demandas pendentes de investidores externos que pedem indenização do haviam norteado a conduta do país ern relação a esse tema. Dentre elas, a Cláusula Calvo de 1896, que
governo Mexicano nos tribunais do CIADi e da UNClTRAL. Até 2004, eram os seguintes: as empresas dos determinava que a legislação do país era a única a ser utilizada em qualquer questão ocorrida dentro do seu
FUA: Adams, Calmarc, firernan "s Fund, Gami Investments, RobertJ. Frank, Corn Products International. E território, impossibilitando aos investidores estrangeiros recorrer ao apoio de outras legislações extra-
t: c n d nse Thunderbird Gaming. Tal processo também ocorre no Canadá e, em menor grau, nos EUA. nacionais (TAMBURINI, 2002).

154 155
verificados no início do processo de abertura da economi no d nio 1984 11)\ I, iv pa do 5 to xp l do do sto da conomi . Se for certo
quando o tratado ainda não estava em vigor. O conjunto das exportaçõ 5 total t h I 1111111, I qu s. xport çõ 5 mexican s cresceram com a política de abertura e com o
México (envolvendo não somente as destinadas aos sócios do NAFTA) , exduind« II I j I 11\, um ntando inclusive a participação do país nas exportações mundiais de
petróleo, cresceu I 1,9% entre 1994 e 2003 enquanto que no período 191H 11, ')(, I ar 2,2% na década de 1990, o mesmo não pode ser afirmado em relação
1993 o aumento foi de 15, I %. Sendo que as exportações para os EUA, que ',I I \11 I rticipação na formação do valor agregado manufatureiro global que decresceu
multiplicaram por 3.4 após o acordo, foram responsáveis por grande part e1("," ,I, I, % para 1,2% exprimindo a desarticulação das cadeias produtivas depois do
índice no período 1994-2003. Aliás, ainda que depois da entrada em vigor do traldlh I 11,11,,<10 a falta de uma política industrial ativa. Sem esquecer que, segundo dados
tenha ocorrido uma multiplicação por 2,3 nas importações provenientes dos EUA, 1 111 li" centes, o México tem descido no ranking de competitividade mundial.
expansão das exportações mexicanas para esse país promoveu uma inversã 11( I Além disso, com as corporações comandando boa parte das exportações
saldo comercial bilateral em favor do México, gerando um superávit de US$ II I I,\( 1\ g rante que o México continue obtendo grandes saldos positivos na sua balança

bilhões em 2003 (SÁNCHEZ, 2004). I I li n r~ial com os EUA, pois basta essas corporações modificarem suas estratégias

Uma breve análise desses números pode revelar em parte a dinâmica qll 111\ dutivas para que ocorra uma diminuição dessasexportações e, por conseqüência,
está posta neste modelo de integração. A julgar pelo simples incremento 1,\ '11 I I. Iteração nos fluxos de comércio, investimentos e emprego. A concorrência
11,1' xportações asiáticasaos EUA e a própria transferência de empresas maquiladoras
exportações aos EUA, alguns analistas são levados a deduzir que o acordo foi UIIl
Ilt I México para a China são bons exemplos dessaquestão. Segundo Rolando Cordera
sucesso para o México. Porém, existem algumas constatações importantes a ser ItI
( .impos e Leonardo Lomelí Vanegas:
mencionadas nessa questão. Uma delas é o fato de que o NAFTA consolidou ,\
tendência pré-existente na economia mexicana de concentração setorial e region \1
As tendências atuais apontam para uma queda nas exportações mexicanas para
das exportações aos EUA De acordo com Antonio Gazol Sánchez (2004), 80% di',
os Estados Unidos em alguns dos setores que tradicionalmente tinham sido os
exportações mexicanas aos EUA estão compostas por petróleo, vendas da indústi i I
mais dinâmicos, mas que nos últimos quatro anos se ressentiram da concorrência
maquiladora, automóveis e auto peças e alguns produtos de origem agropecuária das exportações asiáticas de manufaturas e componentes. Entre os setores mais
pesqueira. Todos esses produtos já compunham a pauta de exportação mexicana ao afetados, destacam-se os de automóveis, roupas, têxteis de algodão, televisões e
EUA muito antes do tratado, sendo que o consumo de petróleo obedece à demand I equipamento de vídeo, transformadores e geradores, aparelhos elétricos e partes,
do mercado norte-americano; as empresas maquiladoras dos EUA já possuíam acessórios para computadores e partes e equipamentos de telecomunicações.
tratamento alfandegário especial para exportar ao seu país; e o setor automobilístico Apesar da recuperação da economia norte-americana, as exportações mexicanas
já tinha acordo com o governo mexicano para dinamizar as suas exportações. Ness para os Estados Unidos cresceram 1,9% frente a um aumento de 8,5% na demanda
sentido, à exceção da indústria têxtil que se dinamizou com o tratado, não ocorr U de importações desse país. Se se exclui o petróleo, as compras de produtos
uma diversificação da pauta exportadora mexicana para os EUA mexicanos pelos Estados Unidos, em 2003, foram 2,6 bilhões de dólares menores
do que as registradas no ano 2000 [...] Tudo parece indicar que o que se apresenta
Certamente isso não ocorreu pelo fato de o México ter mergulhado num
é um esgotamento prematuro da estratégia de crescimento baseado na
política de reformas para o mercado, estimuladas por Washington, que retirou boa
exportação. Além de não ter podido funcionar como locomotiva da economia
parte da capacidade do Estado de praticar uma política industrial ativa, que pudess por sua desarticulação com o sistema produtivo, o setor exportador da economia
desenvolver outros setores para exportações que compreendessem produtos com mexicana baseou sua estratégia em uma combinação que não resiste à competição
maior valor agregado e que exigissem outro perfil da mão-de-obra e outro tipo d com os países asiáticos: baixos salários e baixos aumentos de produtividade
assimilação e inovação tecnológicas. Segundo as diretrizes de Washington, bastavao associados também a baixos níveis de qualificação da força de trabalho e ao
México promover as reformas que os capitais cumpririam o restante. Talvez por baixo componente tecnológico das atividades maquiladoras. Aqueles setores que
isso, aselites dominantes e governantes mexicanas imaginaram que o Primeiro Mundo estão em melhores condições de resistir ao embate exportador asiático são aqueles
ivesse tão perto com a assinatura do tratado. Na prática, o que houve foi um que contam com maior qualificação e um componente tecnológico maior e mais
sofisticado (2005: 58-9).
n ntração das atividades exportadoras nas mãos das corporações transnacionais,
I I tudo d base norte-americana, que implicou o incremento das importações d
Em relação aos investimentos externos diretos no México, à exceção dos
I' P \I ti mpor seus produtos, gerando uma desarticulação de cadeias produtivas
procedentes dos EUA, pode-se dizer que o tratado também não representou um

I,
157
aumento vigoroso como se imagin u. O inv Um nl m 1 i nos 11 d t b,lh dor mlgr t6rlos na bal nça de pagamentos constitui uma contundente
período 1994-2.002 foram de US$ 35,40 I bilhó qu m mos ocorrid " r po ta à antiga previsão de 1992-1994 no sentido de que, com o tratado, o
entre 1984 e 1993 que foram de US$ 35,343. Dos UA, d sd entrada m vig 1 México não exportaria pessoas, porque exportaria mercadorias. Setem exportado
do tratado até 2002, vieram anualmente em média US$ 7 bilhões, muito mais de mercadorias, tem também exportado pessoas, e muito mais que em 1994 (2004:
que o verificado no período 1984-1993 que ficou em US$ 1,9 bilhão (SÁNCH -I, 29).
2004). Nessa questão, cabe novamente fazer algumasconsiderações que extrapol til
os números. Primeiro que, no contexto das políticas de liberalização e privatização Para não esquecer, a taxa média anual de crescimento do PIB mexicano
praticadas no México desde a década de 1980, os investimentos estrangeiros Il 6s o tratado foi de apenas 2,5%, nada além dos 2,3% do período 1984-2003 e
produtivos no país foram, em boa parte, feitos na aquisição de empresas estatais muito distante dos índices das décadas de 1960 e 1970. Para Weisbrot, Rosnick e
privadas do país. Desse modo, na maioria dos casos, esses investimentos não I ker (2004), o impacto do NAFTA para o crescimento do PIB foi muito pequeno,
representaram novas bases produtivas e tecnológicas, além de serem responsáveis .lIgo em torno de 0,5% ao ano. Enquanto que o salário mínimo do paísficou 21 ,34%
pela desarticulação de cadeias produtivas nacionais e por aumentarem as remessas inferior ao vigente em 1994.
de lucros para o exterior. Uma outra consideração a ser feita está relacionada ao fato
de que os investimentos estrangeiros desenvolvidos após o tratado contribuíram
para aprofundar as diferenças regionais existentes no paísentre os pobres ~stados do o Plano Puebla-Panamá e o
sudeste e os demais onde se concentraram os investimentos (SOLlS, 2004;
Corredor Biológico Mesoamericano
SÁNCHEZ, 2004; CAMPOS & VANEGAS, 2005). Os investimentos das
maquiladoras no norte transformaram a região numa extensão do espaço econômico No Qro'eto de integração das Américas, a fronteira sul do México e a
dos EUA, contribuindo para a fragmentação econômica do território mexicano, além América Central cq,n~tituem regLões de rande importância Qara a geoeconomia
de aumentar o grau de dependência da economia do país em relação à economia norte-a~rica.I@, deyjdo -ª-Iocaliz~ão estratégica e à abundância de recursos, tais
dos EUA. Ainda a respeito dos investimentos externos, sobretudo de base norte- como: dois oceanos, extensas costas, uma grande variedade de solos, vastasflorestas,
americana, cabe ressaltarque o México vem perdendo atratividade para outras regiões uma rica biodiversidade, enorme quantidade de água, jazidas de minérios e
como a China e Hong Kong, por exemplo. Com o avanço de novos tratados dos hidrocarbonetos. Além disso, essAregião é motivo d~preocupaç~o Rarª,a Rolíticade
EUA com os paísesda região, talvez essa tendência possa acentuar-se ainda mais. se urança norte-am~IicalJa R.0r2~ um jerritó!"io que vivencia o ,cQnflito neoza atista,
Pode-se dizer que o modelo de integração previsto pelo NAFTA foi mais tráfico de drogas.ede armas e o grande fluxo de migra.Qte2il~g"ªiscom destino aos
um elemento do processo de reformas estruturais para o mercado adotado no EUA. Por.essasrazões, o sul-sudeste do México e a América central têm despertado,
México nas duas últimas décadas, que contribuiu para consolidar as tendências de recentemente, um grande interesse por parte não só do governo norte-americano e
diminuição da renda dos trabalhadores, de desestruturação de cadeias produtivas suas corporações, mas também do Estado mexicano, do Banco Mundial, do BID e
nacionais, de inviabilização de políticas industriais ativas, de destruição de pequenas e de ONGs dos países centrais, como fica evidente nas seguintes iniciativas: os
médias empresas, de destruição da produção nacional voltada ao mercado interno, investimentos do Banco Mundial no projeto denominado Corredor Biológico
de garantia do livre trânsito de corpo rações transnacionais e de redução da soberania Mesoamencano CBM); os tratados de livre comércio corno o TLC México-América
econômica nacional. Seguramente, esperar que o mercado, controlado pelasgrandes Central e o CAFTA-DR; e o lançamento pelo governo mexicano do Plano Puebla-
corporações transnacionais, produza os meios necessários para uma integração Panamá (EPP).
regional que fortaleça e desenvolva os espaços nacionaisde paísesperiféricos constitui Em 21 de março de 200 I , o presidente mexicano Vicente Fox anunciou o
um grande equívoco. Antonio Gazol Sánchez ressalta que: Plano Puebla-Panamá, que, segundo o documento oficial constitui um projeto de
desenvolvimento sustentável com o objetivo de melhorar o padrão de vida das
Passados dez anos e o que fica claro é que nem a consolidação do impulso populações das regiões dos Estadosdo sul e sudeste mexicano (Campeche, Chiapas,
exportador iniciado antes, nem o aumento dos investimentos externos, nem a
Guerrero, Oaxaca, Puebla, Quintana Roo, Tabasco, Veracruz e Yucatán) e de sete
pecialização têm implicado em maiores taxas de crescimento e melhores
países da América central (Belize, Costa Rica, EI Salvador, Guatemala, Honduras,
ondlções de vida para os mexicanos. A importância que têm adquirido as remessas
Nicarágua e Panamá). De acordo com o texto oficial do PPP:

I'
159
P r r gl o ul- ud enôrnlee mlll r. rru pr nt. como um plano
em um conjunto d aç gov rn m nt I I clon d tr t I '/I, 111 I' I 10 no, d nvolvlm nto cri ç O d mpr go . É uma manifestação
atacar de forma direta algumas das causas estruturais do atre o d. I I 11,1 nuln do caplt IIsmo contemporâneo. Forma parte de um projeto de alcance
particular das áreas de desenvolvimento humano, mfra-estrurum, mu I 11 , o tr t glco continental e imperial dos EUA, no qual participam setores do
institucionais e regulamentos, e políticas de Estado que promovam, 1M 1111'1 III c: pltal financeiro, consórcios multinacionais e oligarquias do México e da América
facilitem os investimentos produtivos privados [...] Os benefícios par.i : II I, C ntral. O overno de Vicente Fox artici a de maneira subordinada aos interesses
sul-sudeste do México e América Central são substanciais e os permlt 111 '111 I I d Çasa Branca, Wall Street e às transnacionais com matriz nos EUA [...] O
o atraso existente, melhorando a qualidade de vida de seus habitant • ti IV I propósito dos EUA com o PPP é intervir no conflito político e social do México
uma maior e melhor educação, um crescimento econômico sustentáv I" H I , para impor e favorecer as transnacionais do petróleo; facilitar a privatização dos
de empregos bem remunerados, a harmonização do desenvolvimento II I .nais aéreos e ortuários a ener ia elétrica, a á ua, o ás e a Pemex; proteger
humano da população com um aproveitamento eficiente dos recurso III I os proprietários de terras empenhados no desenvolvimento agroindustrial e,
expansão e integração comercial (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DO M XI I principalmente, apoderar-se sem restrições das enormes riquezas da
2001:4-37). biodiversidade da selva da Lacandona, os Chimalapas em Oaxaca e o Corredor
biológico Mesoamericano que chega até o Panamá (FAZia apud DELGADO-
o plano se concentra em algumasáreas que, segundo os seus idealiz dOI t , RAMOS, 2004: 94 -5).
dariam um grande impulso econômico à região: agroindústria, biotecnol )~:Il,
autopeças, turismo sustentável, petroquímica, têxteis e componentes eletrôni (t Visto assim, o PPP é um projeto que visa complementar a integração
Para tanto, o PPP prevê a realização de grandes projetos de infra-estrutura n,,!! , I nôrnica da região de acordo com os parâmetros estabelecidos pelos EUA e
.envoJvendo a construção de rodovias, portos marítimos, redes de transmissão el I1 i 11 I rofundar a inserção subordinada das economias da região na economia mundial
e de comunicações, termoelétricas, hidrelétricas, oIeodutos, gasodutos, ferrovi I , ( locando à disposição do capital transnacional suasvantagens comparativas que são:
aeroportos, etc. Espera-se que o seu financiamento seja feito principalmente p I, 10 lização geográfica, recursos energéticos, mão-de-obra barata e biodiversidade
iniciativa privada de cada nação, os governos federais e estaduais d~ região, ) « HANONA, 2003; PÉREZ, 2003; BELLO, 2002; SOLís, 2004; DELGADO-
Jn.\Le~Li_ ados.s;xtern02 •...9 BIDc o Banco Mundial, o Bancomext, o Ban ) I\AMOS, 2004) .
.s..entro-amer:is:-ªf22.....d~t~gração~conômica, entre outros. Desde o i~ício, o PI I' Talvez seja por essas razões que o projeto anunciado por Vicente Fox
tem contado com a simpatia dos países da América Central e do governo nort I nha ganhado uma infinidade de inimigos justamente entre agueles setores sociais
americano, que chegou a prometer ajuda econômica, porém, tem sido alvo constant Ilue supostamente o PPPespera beneficiar, como os trabalhadores, os indígenase os
de críticas de vários setores das sociedades envolvidas, tais como acadêmicos, ,awpones~~nal, ninguém tem dúvida de que falta infra-estrutura na região, de
camponeses, sindicatos e pequenos empresários centro-americanos. que as populações dessasregiões possuem níveis de pobreza e exclusão maiores que
Os analistasdo assunto se dividem em duas posições que coincidem em os demais Estadosdo centro e do norte do México, de que os índices de analfabetismo
reconhecer que o PPP é parte do projeto de integração econômica das Américas desistência escolar são altos, de que os níveis de qualificação da mão-de-obra são
dirigido pelos EUA, projeto em que o México cumpre um papel de important íntimos e de que algo precisa ser feito. Porém, cabem algumas perguntas sobre a
aliado. Para os seus defensores, o plano pode trazer várias contribuições para a forma como o PPP pretende de fato contribuir para a resolução desses problemas.
região, tais como: a estabilização econômica e política, a integração ao mundo Será que desregulamentar o acesso das grandes corporações transnacionais aos
desenvolvido e a contenção do fluxo migratório para os EUA (PORTALES, 2003). recursos naturais e à biodiversidade constitui um caminho ara o desenvolvimento,
Enquanto os críticos consideram o Rrojeto uma agressão contra os recursos naturais sobretudo num contextQ em que as legislaçõesdos acordos comerciais com os EUA
os povos da região.
procuram gefender os Direitos de proQriedade intelectual e controle de 12atentes?
Sob vários aspectos, o plano contempla os interesses geoeconômicos e Será que para o México aprofundar um modelo exportador ligado principalmente às
J opollticos dos EUA, como chama a atenção Carlos Fazio:
maquilas, que já se mostrou problemático para o seu desenvolvimento, como
procuramos apontar no NAFTA, significa inserir o país no mundo de uma forma que
o PPP não é um projeto novo e sua autoria intelectual não está no México, e sim
possa resolver seus graves problemas sociais ou, ao contrário, implica reproduzir o
m W shlngton [...] forma parte de um programa integral que combina o
subdesenvolvimento? Mesmo a questão do meio ambiente e o desenvoivimento

160 161
sustentável. Será que é possível pr s rv r I) I I 11 'Ltl )11\ II P< trlrnl ulCllI\ I d r I promov r um nov 1m g m da Am rica Central
dinâmica de um projeto que prevê a construção de um infr - truíur qu fr rY1 1\111 no mundo (Apud seus, 2004: 40).
o espaço das reservas mais importantes do Corredor Biológico M 50 m ri dfKl,
como a biosfera Maya, por exemplo? Essassão questões importantes p r t nl.u t difícil acreditar que, numa conjuntura na qual os paísescentrais defendem
entender para onde essasreformas e projetos podem levar a região. Será que (" vi rosamente os Direitos de propriedade intelectual e as garantias de patentes de
o caminho do desenvolvimento em tempos de globalização? U 5 corporações, esse tipo de projeto dirigido pelo Banco Mundial possa ter como
Após cinco anos do seu lançamento, o PPP caminha de forma lenta, p i" bjetivos fundamentais apenas as justas causasda conservação do meio ambiente e
poucas obras do plano conseguiram financiamento. Isso se deve a uma séri 1(, I redução da pobreza. ParaJaime Ornelas Delgado:
questões que devem ser mencionadas. Primeiro que o Estado mexicano perd 'li
significativamente sua capacidade de financiamento de grandes projetos. Segun 10 Esse programa promovido, financiado e dirigido pelo Banco Mundial compreende
que o governo norte-americano; envolvido em outros problemas e prioridades, n- ) conhecer e uantificar os recursos natura~2<istent~gião ara ermitir ao
tem fornecido a ajuda econômica prometida. E terceiro que a resistência de um.! 3Qital Rr~o exp-Iorá-Ios em seu exclusivo benefício (2003: 44).
heterogeneidade de atores sociais, incluindo a ameaça de retomada do conflito pOI
parte do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), tem dificultado a captaçã Concordando com essa análise, John Saxe-Fernández e Gian Carlo
de recursos e a implantação dos projetos. Tanto que nas últimas obras de infr Delgado-Ramos afirmam:
estrutura, aeroportos e rodovias inauguradas no Estado do Chiapas, os governant
não têm mencionado as realizações como pertencentes ao PPP. O Banco Mundial e outros organismos, mediante projetos tipo Corredor Biológico
Mesoamericano, estão dando os primeiros passos para construir um sistema de
Um outro ~ em curso nas regiões sul-sudeste do México e América
];>ÍQj2irataria continental subordinado aos interesses emeresarias dos Estado~
Central é o dorCorredor BiolQgk.o Ijesoamericano (CBM), que, para muitos
Unidos e seus aliados europ~ (2005: 76).
estudiosos, constitui juntamente com o Plano Puebla-Panamá e o TLC México
Centroamérica, mais uma iniciativa que complementa a tentativa norte-american
A favor dessas afirmações podemos citar, por exemplo, o fato de que o
de construir a ALCA. Nesse caso trata-se de um QJ-ªJ2eamentoda biodiversidade d
Banco Mundial também foi o principal administrador do projeto "Revolução Verde"
E.g@o soQ..o olhar atento das corgorações transnacionais.
para o Terceiro Mundo, nos anos 1960, e que teve conseqüências desastrosas para
A iniciativa do CBM foi formalmente lançada na XIX Cúpula Presidencial
o meio ambiente, além de ampliar a dependência dos países em relação às
Centro-americana, realizada no Panamá, em 12 de junho de 1997, porém teve
corporações transnacionais da agroindústria.'?' Pode-se dizer que, o gerenciamento
início somente a partir do ano 2000, quando passou a ser administrado pelo Banco
do ro'eto CBM elo Banco Mundial e demais instituições internacionais cria u,,!-
Mllodjal'OO Segundo o Banco. o projeto do CBM, que envolve os Estadosmexicanos
espaço para ue essas agências ir.).terfiramnas I?0líticasinternas dos aíses fazendo
de Campeche, Yucatán, Quintana Roo e Chiapas e os países centro-americanos,
revalecer as suas visões de -.Q1jticaambiental, que muitas vezes podem estar
dirige se à conservação da biodiversidade e seu uso com fios econômicos de forma
sintonizadas com os interesses dos países centrais e de suas corpnrações e, por
sustentável. Um documento do Banco Mundial sobre o projeto diz que:
conseqüência, distantes dos anseios dos povos e da sustentabilidade ecológica.

A área representa apenas 0,5% da superfície terrestre total do mundo, porém


estima-se que contenha 7% da biodiversidade conhecida do planeta. O programa
utiliza a conservação ambiental como um catalizador para reduzir a pobreza e 101. A "Revolução Verde" nos anos 1960 foi oficialmente justificada como um projeto para aumentar a produção
melhorar a qualidade de vida, fomentar a cooperação regional, preservar o rico agrícola dos países do sul e, por conseqüência, resolver as necessidades das populações locais. Porém, seus
efeitos foram outros, como demonstra Vandana Shiva: ''A Revolução Verde é um exemplo cabal do
paradigma do desenvolvimento. Eladestruiu sistemas agrícolas diversos adaptados aos diferentes ecossistemas
100. Este projeto conta com o apoio da Secretaria de Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat). da Comissão do planeta, globalizando a cultura e a economia de uma agricultura industrial. Ela eliminou milhares de
Centro-americana de Ambiente e Desenvolvimento (CCDA), da UNDP (United Nations Developmenl culturas e variedades de culturas, substituindo-as por monoculturas de arroz, trigo e milho através do
Programme) e de outras instituições internacion~s, com financiamento do GEF (Global Enviromments Terceiro Mundo. Ela substituiu os insumos internos por insumos intensivos de capital e produtos químicos,
, cility) dministrado pelo Banco Mundial (SOLlS, 2004). gerando dívidas para os agricultores e a morte para os ecossistemas" (200 I; 134).

162 163
() 1'0111
I! NOIIII AMIIIIIANOI A AMr IIII AI AIINA NOI'Ó', I,IIIIIIIA IIIIA

Paravários analistas,o Corredor Biológico Mesoamcricano tem uma relaçã hcgarn a mais de US$ J.S bili10es.anuais.Ao mesmo tempo, não abriram mão de
íntima com o Plano Puebla-Panamá, sobretudo no que se refere às questões d tcmáticas como a garantia da propriedade intelectual, compras governamentais,
aproveitamento da biodiversidade pelas corpo rações transnacionais, principalmente bertura do mercado de serviços e a liberalização e proteção dos investimentos
de base norte-americana. Como nas palavras de Gian Carlo Delga.d.o.::.B.a.rnos.:
"Sem xternos (CLAUDE, 2003), Isso levou o Chile a aceitar a legislação de defesa da
dúvida alguma, o CBM não é outra coisa que a "versão verde" do Plano Puebl propriedade intelectual; reduzir ainda mais seus regulamentos sobre investimentos
,Panamá que busca coJocar os recur~os_mesoarrJericanos nas mãos dos atores externos; e na área de compras governamentais, o governo ficou impossibilitado de
estrangeiros" (2004: 187). beneficiar os fornecedores nacionais, Cabe ressaltar,que no que se refere à restrição
Com as iniciativas do PPp,do CBM e do TLC México-América Central, ao capital externo, desde a crise de 1998, o Chile já havia reduzido o encoje
pode-se dizer que, ainda que de forma lenta, vem ocorrendo uma tentativa de (mecanismo de controle sobre a entrada e os movimentos do capital) de 30% para
reconfiguração das regiões sul-sudeste do México e América Central em plena sintonia 0%, Com o tratado, o Chile conseguiu manter apenas a restrição de um ano para a
com os objetivos centrais do projeto norte-americano de integração econômica das repatriação de capitaisfinanceiros externos, Note-se ainda que ao negociar um capítulo
Américas. Nesse processo, como tentamos demonstrar, os caminhos econômicos sobre investimentos externos semelhante ao capítulo II do NAFTA, os chilenos
adotados pelas elites governantes do México, nas últimas duas décadas, têm sido conseguiram incluir uma cláusula que estabelece que um investidor somente pode
decisivos. apresentar uma ação contra um Estado depois de estar operando há dois anos no
país.,o2 No que se refere à propriedade intelectual, não foi difícil para os chilenos
aceitarem os interesses dos norte-americanos, pois para um país que optou pela
3. O Tratado de Livre Comércio Chile-EUA substituição da produção nacional pelas importações, o patrimônio intelectual é muito
pequeno e não existem políticas estratégicas que procurem reverter essa situação,
Em janeiro de 2QO.i entrou em vigor o .tratado de livre comér:cio Sob esse aspecto o tratado contribui para aprofundar a inserção do país na economia
envolvendo o Chile e os EUA. Do lado chileno, esse acordo consagra a Qolítica
internacional como um exportador de recursos naturais,
LE?.f9nÔmiCaliberal adotada durante a era Pinochet e continuada nos governos da loseph Stiglitz numa entrevista em Buenos Aires afirmou logo depois da
Concertoción1 que se baseiana~WIJ~ª-o de mercª-dºs pa@§uase~po~ções primárias assinaturado tratado que :n.ctllie.ba~áapffCljdQSobffaoi;L(STIGLlTZ apud PIZARRO,
através de acordos comerciais liberalizantes e da diminuição das tarifas alfandegárias. 2003: 12). E de fato foi isso que ocorreu. Não se trata aqui de negar a importância
Um acordo com os EUA sempre foi um dos sonhos da Concertoción, tanto que, nas de acordos comerciais, porém, como estamos vendo, nesses acordos assinados
suas administrações, o Chile foi entusiasta da "Iniciativa das Américas" lançada por com os EUA estão previstas uma série de cláusulasque impedem a flexibilização das
George Bush em 199!; tentou sem sucesso entrar no NAFTA; abandonou a políticas públicas para alterar em algum momento a estratégia de desenvolvimento.
perspectiva de negociar a ALCA com os EUA num bloco latino-americano, tomando É preciso deixar claro novamente que esses acordos não prevêem simplesmente o
o caminho bilateral; etc (RAMOS & URRUTIA, 2003). livre comércio, mas estabelecem toda uma legislaçãoque restringe, por exemplo, a
Para os EUA, o acordo foi mais um passo na tentativa de integração das possibilidade de um manejo da política tributária e comercial em prol de uma política
Américas conforme os seus interesses geoeconômicos e geopolíticos. Nas industrial eficaz (CANO, 2000; PIZARRO, 2003), Para Hugo Fazio:
negociações com o Chile, a exemplo do que ocorreu com os demais países da
região, prevaleceu o modelo de integração econômica pregado pelos EUA, no qual o acordo realizado entre EUA e Chile chamado de "Tratado de Livre Comércio"
os norte-americanos oferecem o acesso ao seu mercado de acordo com suas regras - embora a temática envolvida seja extraordinariamente mais ampla e a
e, em troca, exigem a institucionalização de reformas que garantam a liberdade "liberdade" seja assimétrica - amarra o Chile aos preceitos do Consenso de
completa para seus capitais e anulem a possibilidade de estratégias nacionais de Washington significando uma perda colossal de autonomia para decidir políticas
desenvolvimento aos demais países. não somente no presente quanto no futuro . ..Quovernantes comprometem as
Nesse acordo, os EUA não aceitaram negociar temas que envolvessem, geraç.Qes-p.Qsterjore.s....af.elaID....<l§9bec;ania.Dacional,
tratam de impedir o surgimento
por exemplo, o seu sistema ontidumping, que é considerado pelo mundo todo como sle projetos.alternativos_e_ne.gÇLm......expcessõesbásicas deAgl1l.o.f!acia (2003: 6).
um forte instrumento de proteção comercial e os seus subsídios à agricultura que
102, Tratado de Livre Comércio Chile-El.A, 2003.

164 165
01'011111
NOIIIIAMIIII(
ANOI AAMI'lllrAI
AIINA
N 11()lil11I11I11A
IIIIA

Â.e2reffiplo dos demais acordos.propostos p losEUb, oJ:rânsito d P SSO 'I or nl mo fln n Iro Int rn clore I .D rur I, Am6rlca C ntral transformou-
,e trabalhadores ficou de fora das negociações. Como lembra Paul Wald r: em "m qui dor ". C rca d 350 mil funcionários, três quartos deles mulheres,
trabalham atualmente nessas fábricas da América Central. Essesetor representa,
em relação ao total de exportações de cada país: 58,7% para EI Salvador; 47,2%
Só as mercadorias podem entrar nos EUA livre de tarifas. As pessoas, o
para Honduras; 58% para a Nicarágua; 18% para a Guatemala - e os governos
trabalhadores, que também são mercados e sujeitos econômicos não entram na
negociação. Ficam fora da fronteira, como um produto defeituoso, como um bem locais o apresentam como um motor de desenvolvimento da região. No entantO'1
seu aporte à economia nacional deve ser relativizado: as matérias-primas são
biológico que não cumpre com as normas fitosanitárias. O TLC é um novo estatut
importadas e as maquiadoras, que não pagam impostos, não contribuem em nada
nacional elaborado em conjunto por agentes financeiros de Wall Street, os falcõ
para a arrecadação do Estado. Quanto aos empregos que geram, eles são instáveis,
de Washington, alguns produtores de bens tangíveis e intangíveis, o setor privado
pouco qualificados e mal rernunerados.l'"
chileno e seus divulgadores oficiais (2004: 15).

As facilidades para exportar ao mercado norte-americano foram ampliada São sob essas condições de grande dependência das empresas maquiladoras
com o tratado, fato muito comemorado por alguns setores sociais chilenos, porém, ! de crise nas suas exportações agrícolas tradicionais que os governos centro-
as concessões de soberania econômica podem trazer custos ao país no futuro. .unericanos passaram a solicitar ao governo norte-americano um tratado de livre
comércio. Para os EUA, desde a administração Clinton, a iniciativa de realizar um
acordo comercial com a América Central faz parte do processo de construção da
I\LCA. Como nas palavras do enviado especial da Casa Branca para a América Latina
4. O CAFTA-DR
no governo Clinton, Thomas Mclarty, em 3 de maio de 1997: ''A América Central
Um dos aspectos da reestruturação capitalista ocorrida nas últimas décadas, junto com o Caribeé uma região chave no caminho para a Área de Livre Comércio
a partir dos países centrais, foi o de promover a abertura das economias periféricas elas Américas no ano de 2005".104 Ou ainda nas declarações de George W Bush,
direcionando seus modelos econômicos para a exportação. As reformas para o m 16 de janeiro de 2002: ''Agora estou anunciando que os Estados Unidos buscarão
mercado, disseminadas principalmente pelo FMI e pelo Banco Mundial no mundo um acordo de livre comércio com a América Central. Meu governo trabalhará junto
periférico, foram decisivas para adequar esses países às novas diretrizes do mercado ao Congresso com esse objetivo. Nosso propósito é fortalecer os laços econômicos
mundial controlado pelas grandes corporações transnacionais . .E9c.a as elites que já temos com essas nações, reforçar seu caminho até a reforma econômica,
governant~?~_~país~s_~<2.n.2<:2_g.;;_da!-mér.icaCe~tr~I:_9ue_yi~~m ~~ereç_os de ~a~ política e social, e dar outro passo até a Área de Livre Comércio das Américas [...] O
Jr-ª2Lc_~D2!.?_~122 r_t,9S2eUg ríc Q.I-ª-Lº e s p.e nca r~ m co Ql.._a_li.Qe r'!l iz ª-ç3-0 e xito na economia mundial chega aos países que mantêm uma disciplina fiscal, abrem
i~..regu!am.e~t~.ç~S?".9g2_r:!}~r:..ca~02..~os~.9.2..J190~ saíga tem sido o eml2enho suas fronteiras ao comércio, privatizam as empresas estatais eficientes, e investem
de~32.erado ara ~~~~2r_~.?~s estrangeiras transfiram parte~.~~~~y~~d.ustrial m saúde e educação de seus povos. Aqueles que prometem protecionismo ou
produtiva '-para seus territórios. Para atraírem esses investimentos, dentro de uma segurança através de estatismo asseguram um futuro sombrio e estagnado". 105 Além
conjuntu-;a econômiéà;)undialmã'rcadà pelã intensa flnánceiri;ãção e por uma imensa da dimensão geoeconômica, um acordo com a América central pode representar
competição por investimentos entre os países periféricos, esses Estados têm para os EUA uma cumplicidade maior da região com sua política de segurança,
promovido uma abertura de suas economias, que tem colocado à disposição dos sobretudo nos temas ligados à migração ilegal e ao narcotráfico.
capitais externos ~~ãssT;:;'chamadas Y..é!ntaçenscomparativas, ue são mãg-de- A partir de 2003, a administração Bush deu início a uma intensa agenda de
\ obra barata, recursos naturais, isenção fiscal, garantia de livre rel2atriamento de cal2i!ais negociações com a Costa Rica, EI Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e
~e proximidade geográfica com o mercado dos EUA. Não é por outra razão que a República Dominicana visando à construção do Tratado deJ..ivre Comércio com a
América Central transformou-se num dos paraísos das maquiladoras do setor têxtil
I sd a década de 1990. Como destaca Phillipe Revelli (2005):
103. Le Monde Diplomatique. edição brasileira, ano 6, n067. agosto de 2005, Ver: <http://
www.diplo.uol.com.br>
Af tada pela queda do preço do café e outros produtos de exportação, a agricultura
104. Entrevista dada ao jornal mexicano fI Financiero, em 3 de maio de 1997,
,r I o paga as contas das medidas de ajuste estrutural impostas pelos 105. Declaração publicada no jornal salvadorenho fi Diario de Hoy, em 17 de janeiro de 2002,

167
() l'01111tNOIOI AMIItIl ANOI A AMl'lm AI AIINA Nlll'Ó',lIIIlllltA 11liA

Al1J..éric:~entral e a Rel2ública~ominicana CAFTA-DR. 106 N S 5 n goci IlIll o, I mo mo mp nho p sso I do pr sid nt Bush. No 5 nado,
era de se esperar, predominaram os interesses das grandes corporaçõ n III m O d junho d 2005, foram 54 votos afavor e 45 contra, e, no Congresso, em
americanas, com o governo Bush pressionando os demais paísespara que c it I / d julho de 2005, foram 217 votos a favor e 215 contra.
a inclusão de determinados artigos no tratado que, em geral, os EUA nã O CAFTA-DR entrou em vigor em março 2006, sem a presença.da.Costa
conseguido aprovar nas cúpulas da OMe. Dentre os principais termos d <,',,1. 'i ,que devido às resistências sociais ainda não ratificou o acordo, apesar de todos
negociações destacaram-se: o respeito às normas de origem; o Direito de propri dddr esforços do presidente Oscar Arias em defesa do tratado. Com apenas um ano de
intelectual, com a garantia de patentes de remédios e agroquímicos por exempl : ,I Ir plementação, o CAETA-DRjá sofre duras críticasnassociedades centro-americanas.
liberalização dos serviços, como educação e saúde; o tratamento nacional para ()', I m EI Salvador, os pequenos e médios agricultores dizem que o tratado traz ganhos
investidores externos; a proteção ao livre trânsito de capitaisexternos nos países: 'I( omente aos grandes exportadores e está colocando em risco a agricultura nacional.
Todos essesassuntostêm implicado mudanças naslegislaçõesdos fragiliz I I. 5 estudantes e os movimentos sociaisdo l2aísjáa[lresentaram a Corte Su rema de
países centro-americanos. Ao lon _o dos últimos anos ocorreram intensos emb l(", jllstiça um recurso de incoQg~uºoQalidad.e-ºQtcªtado alegand(),en.!~_<20rasguestões,
internos entre os residentes centro-ameriçi1nos e as oposições _aotratado_agrup 1,1 " simetrias ~~onômicas entre os países signatários, transgressões constitucionais e
nos Congressos nacionais e nos movimentos sociais. Na Costa Rica, por exemplo, limina ão de direitos sociais. ~a Guatemala, os movimentos sociaistêm denunciado
as pressões norte-americanas para a abertura dos setores de telecomunicações d capítulo IOdo tratado, que confere aos investidores estrangeiros determinados
eletricidade como pressuposto para a entrada do país no CAFTA-DR geraram uni" direitos que sobrepõem e anulam as legislaçõesnacionais, possibilitando, por exemplo,
grande oposição de congressistas costarriquenhos ao acordo, tanto que o paísain 1,\ mpresas estrangeiras moverem ações contra o governo, que serão julgadas por
não ratificou o acordo. Nos demais paísesda região ocorreram intensas manifestaçõ " tribunais internacionais de comércio privado. Note-se que já tem empresa estrangeira
dos movimentos sociais denunciando os supostos impactos negativos do tratado l xigindo indenização do governo guatemalteco, como no caso da companhia ferroviária

sobre a renda dos trabalhadores, os Direitos trabalhistas, o meio ambiente, ti norte-americana Railroad Development Corp ..
comercialização de medicamentos genéricos, os serviços controlados pelos Estad
e a segurança alimentar na América Central. Porém, a fragilidade e a dependên i,l
econômica desses países, a adesão de parcelas de suas populações ao acordo e o 5. ALCA: impasses e resistências
grande poderio norte-americano nas negociações dificultaram significativamente 1
As negociações ara a constituição da ALCA, a despeito das divergências
resistências sociaistanto às reformas fundamentais exigidas pelo tratado quanto a sua
nvolvendo alguns países, cumpriram até novembro de 2002 todo o cronograma
ratificação nos respectivos Congressos. As pressões dos EUA levaram, por exempl ,
stabelecido na Quarta Reunião Ministerial de SanJosé em março de 1998, sobretudo
Guatemala e Costa Rica a abandonar-em o G-n, grupo de países que exige ,I
no que diz respeito à questão processual como a montagem da estrutura institucional.
eliminação dos subsídios agrícolas dos paísesdesenvolvidos.
Nos EUA, as negociações do CAFTA-DR colocaram de um lado a A artir da Sétima Reunião Mini~ed91~~~'ª&ta em Quito, ~rn.l}Qvembro de 2002,
na qual a presidência das negociações foi transferida do Equador para 'LÇQ:Qresidência
corpo rações e de outro os movimentos sociais preocupados com as questõ "
de Brasil e EUA, aALCA entrou n_a.fa.s..e_d_e_definiçãodas regra..s.
de seu fu cio amento
trabalhistas e ambientais e o fo,:!e lobby agriçola, sobr:etUdO_à_ligado ~ defesa do
açúcar.107 Tanto que o acordo foi ratificado com dificuldades nas votações no Senad m que o embate passou a ser em torno das propostas para o acesso ao mercado
nasáreas de agricultura, indústria, investimentos, serviços e compras governamentais.
Foi nesse momento que a ALCA entrou nUrYLrittylSU}l.il-l?lento marcado _[leia
106. Para divulgar os supostos benefícios do acordo e, por conseqüência, ajudar os governos da região di~cordância de 12!:.QJ20_stas
entre osEU,=,~-º-~_e;:r:s:osul,o q':!e I~yaria a um im asse
ganharem cada vez mais adeptos ao tratado nos seus países, os EUA utilizaram os serviços da Agência do
EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Segundo o OakJand Institute, em novembro de 200~,
USAI D doou 700 mil dólares para a criação da Aliança para a Ação no Acordo de Livre Comércio COI,I
I Am rica Central e a República Dominicana (Cafta-DR) (jornal Brasil de Fato, 29/10/2005).
I () /, Nol que apesar de alguns setores oposicionistas norte-americanos considerarem que o acordo tr,IH'! trabalhistas e ambientais. Em relação aos lobistas do açúcar, foi incluído no CAFrA-DR um mecanismo de
ti, "11l1 O que seus capítulos e artigos sobre Direitos trabalhistas e arnbientais são fracos demai , rI compensação que permite aos EUA limitar as importações de açúcar da América Central em um teto de
AI IA I H 11' v sanções nacionais se as empresas instaladas na América Central não cumprirem lei 100 mil toneladas.

I I 169
n 1'011111 NIIIIII AMIIIII ANO I A AMIIIII A I AlINA NO I o IIIIIIIIIA IIIIA

nasfuturas negociações de tal forma que a previsão oficial d in u ura r I r a d livr 11 rf 01 s, pois d I1t U1t do comércio xt rior dos UA (USTR), Rob rt
comércio até dezembro de 2005 não se cumpriu. 1.0 Iliek r spons biliz r B sil p 10fr casso das negociações em Cancún, os norte-
O Brasil, respaldado principalmente pela Argentina no Mercosul, passou a m rieanos acabaram concordando a contragosto em formular um acordo mais
defender aquilo que ficou conhecido como ':ALCA light", na qual temas de mai r r'l xfvel para a ALCA, na Oitava Reunião Ministerial de Comércio em Miami, em
importância seriam discutidos no esquema "4+ I" e os temas sensíveis como novembro de 2003. Na declaração de Miami ficou decidido que os paísespoderiam
propriedade intelectual, serviços, investimentos e compras governamentais deveriam umir níveisde corllp-romissos distintos na8.1C6.p-reverrçjodois níveisde negociação.
ser tratados na OMCl08 Ao contrário, a posição norte-americana foi a de defesa cI fnqJ.J-ªnto.D-º-p-rimeiro nível ficaria estabelecido um coniunto comum e equilibrado
'f\LCA abrangente" que deveria envolver todos os assuntos, inclusive os relacionados
a investimentos, propriedade intelectual e compras governamentais, porém, assuntos
como política ontidumping e apoio interno aos produtores agrícolassão considerados
de direitC2~~_2Qrigê:Ções!....~l2licáveis
paíslS?definirem_ob~iga <2.e~ek!25:f~'!.dicionais no ª~
-ª--t.2do~C2.~.I2.'?-i.~~?t!l0
segunç[,?,era facultativo aos
da ALCA por meio de
ne ociações_p!L!ilat~ais."o Evitando os temas mais polêmicos, que poderiam ser
pelos EUA como temas sistêmicos que devem ser tratados na OMC e não na ALCA. negociados com o tempo, a declaração de Miami procurava impedir um novo choque
Em fevereiro de 2003, novamente Mercosul e EUA entraram em rota de colisão ntre as posições do Mercosul e as dos EUA na medida em que tornava facultativa a
quando os norte-americanos apresentaram suas propostas de redução de tarifas em participação dos paísesem áreas consideradas por eles problemáticas.
produtos industriais e agrícolassob a forma de quatro listasdiferentes dividindo os 34 É importante destacar que os EUA, o Canadá, o México, o Chile e outros
paísesdo hemisfério ocidental em Caribe, América Central, Grupo Andino, Mercosul. países não se contentaram com o acordo "Iight" estabelecido em Miami. Dessa
Em tese, todos os produtos foram incluídos nas quatro listas, mas os itens e os forma, as divergências não demoram em reaparecer nas negociações, como ocorreu
prazos para a liberalização total, isto é, para eliminar a totalidade das tarifas até chegar na Reunião do Comitê de Negociação Comercial, principal órgão técnico da ALCA,
a zero, variaram de acordo com os interesses de grupos internos norte-americanos. em Puebla, fevereiro de 20Q.i Nas negociações, para se chegar a um formato final
Por exemplo, para os paísesdo Mercosul, os EUA propuseram a supressão total das para a constituição da ALCA, ocorreram novas divergências e a reunião fracassou nos
barreiras para 58% das manufaturas e 50% dos bens agrícolas, não contemplando seus propósitos. Novamente as gU~~!?E;sJ~~~llbsídios _norte~ricanos,".à
itens agrícolas de interesse do bloco, principalmente do Brasil.109 agricultural. ao? temas dª-J2ro riedade intelectual, olíticas de concorrência,
Uma outra divergência envolvendo brasileiros e norte-americanos Qntidu!!lJ2inK~Alc.e.it22SQ!lll2ensatórios e Q debate entre ALCA "Iight" o abra ~
aconteceu durante a Quinta Conferência Ministerial da .9J::gª-.rJizaçãoMundial do levaram a reunião "a.J2!ILiO:lI2ª-âse.cJ:)Jote-seque, nessa reunião, os EUA, Canadá,
Comércio, realizada em Cancún ~m. setemQ[Q. de2.Q03 ,_..ÇJuafldoa_dip-J.omacia Chile e México articularam o G 14, grupo de países sintonizados com as propostas
prasileira liderou um b!9.f0 d~l?§;íse.~.(G- 21tgue l,Qyiabilizoua rodada de negociações norte-americanas da ALCA .
. deyido ~ agenda do enÇ2ntro contem .kê;[?~as os interesses dos EUA e da União Um mês depois do fracasso da reunião de Puebla, em 4 de março de
~uroRéia.,.glliUeçus~-ª-r::D. discutir os _sut>~L~gr:is:o.@soferecidos aos seus I2rodutores 2004, o USTr,em documento enviado ao Congresso dos EUA, deixou clara a intenção
de insistir nas negociações da ALCA abrangente. Como relata o documento:

Algumas delegações que negociam a ALCA vêm questionando esses princípios e


108. A estratégia de negociação "4+ I" nasceu no Acordo do Jardim das Rosas, em 1991. no âmbito da objetivos, propondo que a ALCA fique concentrada apenas no acesso a mercados
"Iniciativa das Américas" do presidente George Bush. Diante do poderio econômico norte-americano nas [...] A ALCA deve ser abrangente e incluir um conjunto comum de direitos e

I negociações com os países da região, a estratégia do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) tem
sido a negociação em bloco com os EUA, como forma de tentar equilibrar essas relações assimétricas.
109. Nas áreas agrícolas em que o Brasil apresenta vantagens competitivas, tais como açúcar, soja, algodão,
obrigações a ser aplicado para todos os países em todas as áreas que estão sendo
negociadas. I I I
milho, suco de laranja e etanol, existe um poderoso lobby de produtores agrícolas norte-americanos que
dificulta a diminuição das barreiras nessas áreas. Em maio de 2004, depois de sucessivos fracassos nas Com a interruQção das negociações da ALCA em Puebla devido às
negociações devido, entre outra razões, a insistência do Brasil em abrir o mercado agrícola dos EUA, o
\ negociador norte-americano Peter Allgeier afirmou aos negociadores brasileiros em Washington que vários
divergênciascom o Mercosul o overno Bushl.v.iendo-se do TrosLe ProlJ1Q!ill!:J.f.uthotjJY..
dos produtos agrícolas brasileiros correm o risco de jamais terem tarifa zero no mercado americano. Não
(j v esquecer ainda que em 2002, os EUA aprovaram a Form Sill, concedendo US$ I 80 bilhões em 110. Ver Declaração Ministerial de Miami, 18 de novembro de 2003. Em: <http//www.ftaa-alca.org>.
Ilul) kllo O produtores agrícolas norte-americanos. I I I. Fragmento publicado no Jornal Folha de São Paulo, em 5 de março de 2004.

170 171
OI'OI)! Ii NOIIII AMII\I( ANOI MMrlUrWllNA NrJPÓi, (1\111\lIAI IIIA

ou fost trock J~assou-ª-Q!:ivilegj~acordos bilaterais e plurilaterais com os dernais abe reafirmar que a estratéga de acordos bilaterais e plurilaterais adotada pelos
_.
países do continente nos mesmos termos da...ALCA abrangente._. -.. Pode-se dizer que,
_.
I·UA não significa que esse pais tenha desistido da ALCA. Tanto que na Quarta Reunião
com essa ofensiva, os EUA pretendem minar a resistência do Mercosul ~ ALCA e, ao íe Cúpula das Américas, realizada em novembro de 2005 em Mar dei Plata, os
__cjsdnteg[aç~º..r.~gional latino-americana fora c/li
mesmo tempo, blogY~ill:.-ª..\f.i'lnç9..? l:UA queriam incluir no documento final o compromisso dos demais países para
5ua lideranÇLNos últimos anos, os EUA fecharam o acordo do CAFTA-DR, iniciaram tomar as discussões da ALCA a partir de abril de 2006. O Mercosul e a Venezuela
as negociações de um acordo bilateral com o Panamá, tentaram iniciar uma discuss opuseram à inclusão de qualquer menção que implicasse prazos para negociar a
com o Paraguai e o Uruguai e, de certa forma, conseguiram desestruturar ti ALCA. Diante do impasse para retomar as negociações, a Colômbia chegou a cogitar
Comunidade Andina de Nações (CAN) com as negociações do Tratado de Livn· uma proposta, que foi logo apoiada pelo México, de criar a ALCA para os 29 países
Comércio Andino com a Colômbia, o Equador e o Peru (a Bolívia chegou a participa I que não se opõem ao acordo. Essas contradições também demonstram a divisão
como observadora). 1 12 Desses países andinos, o Peru com o presidente AJejandro dos países latino-americanos em_relação ao r2roje~o.~CA. Qeve-se notar ainda que,
Toledo e a Colômbia com o presidente Álvaro Uribe, apesar das resistências sociais mbora muitos governos estejam negociando com os EUA, isso não implica que em
internas, já assinaram o TLC com os EUA, faltando apenas a ratificação dos Congressos suas sociedades não existam resistências, como vem ocorrendo em quase toda a
nacionais. Por outro lado, as negociações com o Equador foram interrompidas o região andina.
não deverão ser retomadas pelo novo presidente Rafael Correa, e a Bolívia de Evo Quando se observam as razões que levaram a um impasse naALCA, torna-
Morales passou a se opor ao TLC Andino, embora os dois países pretendam renová! se necessário recuar no tempo e refletir sobre a seguinte questão. AALCA foi lançada
com os EUA a Lei de Promoção Comercial Andina e Erradicação das Drogas durante um período de euforia das elites dominantes e governantes latino-americanas
(ATPDEA). com as reformas disseminadas pelos EUA, acreditando que liberalizando, privatizando
Em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, em 8 de janeiro de 2006, e estabilizando esses países teriam uma melhor inserção num mundo em que se
subsecretário de Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado norte-americano, anunciava como "um novo século americano" com uma nova ordem mundial pós-
Thomas Shannon fez uma avaliação dessa estratégia: Guerra Fria, baseada nos princípios e valores norte-americanos da democracia de
mercado e na força convergente da globalização. Ocorre que as crises econômicas e
Enquanto a ALCA vem nesse caminho mais longo, temos pressionado fortement os resultados extremamente desiguais da globalização foram deixando mais claro
essa agenda que resultou em acordos com o Chile, a Cafta-DR (Área de Livr para os movimentos sociais e alguns governantes da região os verdadeiros significados
Comércio da América Central e República Dominicana), o Peru e, esperamos, da adesão incondicional às diretrizes dos EUA. Mais do que isso, nessas negociações
num futuro próximo, com Equador, países andinos, Colômbia e Panamá. Quando
da ALCA ficou evidente a histórica visão Pan-americanista dos EUA, na qual a soberania
se combinam todos os países com os quais já firmamos acordo mais os qu
dos países latino-americanos é duramente violentada. Baseado na idéia de unidade
estamos negociando seriamente, isso cobre cerca de dois terços do PIB do
das Américas e buscando receptividade aos seus projetos, os EUA mais uma vez
hemisfério, o que é significativo.
partiram do pressuposto da existência de uma comunidade e unidade de objetivos e
interesses econômicos, políticos, culturais e militares de todos os países do hemisfério
Vale lembrar mais uma vez que, nesses acordos, os EUA utilizam a sedução
ocidental. Porém, paradoxalmente, divulgando os princípios de igualdade, cooperação,
da oferta de acesso a seu mercado, a fragilidade econômica e a dependência dos
solidariedade e parceria, os EUA foram deixando claro durante as negociações que o
demais países para impor somente as cláusulas de seu I2róQrio intecesse. Também
acordo deveria ocorrer fundamentalmente em conformidade com os seus interesses
geoeconômicos, o que para a América Latina significaria restringir ainda mais sua
I 12. Em relação aos países andinos, os EUA já haviam lançado a Lei de Preferências Comerciais Andina (AW) capacidade de traçar políticas autônomas de desenvolvimento, como, por exemplo,
para a Bolívia, Colombia, Equador e Peru, que reduzia as barreiras comerciais dos EUA para esses países,
praticar políticas industriais ativas.
No contexto da Iniciativa Regional Andina, o govemo Bush conseguiu aprovar no Senado dos EUA elil
agostode 2002, a Lei de Preferências Alfandegárias Andinas e de Erradicação da Droga, que reduz as tarifa,. Tudo isso acabou gerando resistências de determinados governos e
ollfimdegárias norte-americanas a outros produtos andinos como confecções e calçados e, exige em troc movimentos sociais à ALCA, que, em alguns casos, passaram a exigir uma reformulação
1 compromisso desses países no combate ao tráfico de drogas (Departamento de Estado dos EUA, das propostas dos EUA, e, em outros, iniciaram campanhas pelo fim das negociações
"~,I'l11l1dl") dos FUA aprova renovação e ampliação ATPDEA:', 2 de agosto de 2002. Disponível em http://
I mil 1ft ),~llllfl.llOv/espanol/aril).

173
U 1'0111liNOIIII AMI III( ANil I A AM(IIII A I AIINA NO 1'0', I,IIIIU(AIIIIA

do acordo. 113 Daí decorrem algumas inieiativ s tais como


Mercosul; a criação da Comunidade Sul-Americana d Naçõ s (CA A) 111 1
Capitulo V
aproximação dos países sul-americanos com alguns países da Comunid d I\n<lillll,
as negociações em torno da entrada da Venezuela no Mercosul; a adoção d p 'iç li'
conjuntas dos países do Mercosul em processos de negociações interna ion,li',; I1
Campanha Continental contra a ALCA, envolvendo vários movimento soei i" d,
diversos países, inclusive dos EUA; e o projeto da Alternativa Bolivariana p rtl (I
Povos da Nossa América - Tratado de Comércio dos Povos (ALBA - TCP), I n tld( I A política de segurança dos EUA para a
por Hugo Chávez da Venezuela e Fidel Castro de Cuba em dezembro de 2004, qu
propõe uma integração regional alternativa à ALCA. América Latina no pós-Guerra Fria
Ao mesmo tempo em que essas iniciativas têm procurado dernonsu 011
que a ALCA não é inevitável, nem é a opção para a América Latina e que exist I
vontade de uma outra integração , por outro lado, padecem ainda das d.ifk.uidad
que estiveram presentes em todas as tentativas de integração regionallatino-americall,l,
que estão relacionadas não somente ao modelo, aos instrumentos, à forma â,
._.l!lobilizE!..-º.~l2ovos e às qssibilidades de colocarem o desenvolvimento econômi )
~ serviço de ~us po~ como também as rivalidadê;,"d'esconfi-;;:nças e retensôe-
he.emônicas e!ltr:~os Qaíses da reg@o. .- --

o s primeiros anos posteriores ao final da Guerra Fria foram marcados P..<2.':'...


uma redefini ão..9-ª.política de se uré!D a nor:t~!icªrJ..a
América Latina. Com o desaparecimento
no2undo ~_D_ª-
de um inimigo sistemático
extracontinental, em torno do qual se articulava todo o sistema de segurança
h misférica, os EUA voltaram as suas atenções para os novos atores e as novas
I máticas que pudessem representar problemas à sua segurança e à manutenção da
ua condição de única superpotência mundial, Em relação a América Latina, durante
a década de 1990 ao mesmo tempo em ue tentaram difundir as reformas neoliberais
os acordos de liberalizaçãosomercial, procuraram também estabelecer as novas
amea as hemisféricas. Nessa reformulação, dependendo de cada sub-região ou país,
urgiram preocupações relacionadas a temas como a d..e..biiLd.ad.e.....das.jo.s.tituiç.6.e2..
democráticas, a produção de armamentos de destrui~ão em massa, o papel das
aniza ões re ionais de se u@[lça, as insurgências armadas, o tráfico de drogas, a
fillJig@.çãoclandestina e o terrorismo. Note-se que depois dos atentados de I I de
setembro e o lançamento posterior do Documento de Se urança Nacional de 2002 li'
(Doutrina Bush), a luta contra o terrorismo passou a orientar toda a política de
segurança dos EUA, subordinando os demais temas a essa nova cruzada.
Nos órgãos e encontros de cooperação multilateral, como a OEA, ajunta
de Defesa Inter-Americana, a Cúpula das Américas, as Reuniões de Ministros de
Ill. No EUA, vem crescendo a pressão dos sindicatos sobre o Partido Democrata para que sejam incluída,
IIU acordos de livre comércio, cláusulas trabalhistas que protejam os trabalhadores norte-americanos da
Defesa das Américas, os EUA têm se empenhado em envolver os países latino-
((!lU 11 nci da mão-de-obra barata dos latino-arrericanos. Com o NAFTA, ficou evidente para os americanos tanto em suas prioridades de segurança quanto em suas formas de tratar
11,111"",Idor norte-americanos que o acordo foi feito para beneficiar às corporações dos EUA. os problemas. Nesse processo, ao mesmo tempo em que os EUA têm conseguido

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