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“Eu sou o Senhor teu Deus…”

Quem é Deus para nós? Como acontece nas nossas vidas? Onde O procuraremos? Com que linguagem
falaremos dele? Qual é a Sua vontade a nosso respeito?

Estas perguntas estão sempre por baixo de todas as experiências de Fé verdadeiras e sinto que nas leituras
deste domingo de maneira muito especial. Quem é o Deus de Israel, o Deus de Jesus que Paulo também
anuncia?

Estamos muito habituados a ver os Dez Mandamentos apenas como leis frias dadas ao povo, e que devem
ser cumpridas porque foi Deus que mandou. Mas é muito mais profundo… Tudo acontece no contexto da
Libertação de Israel da escravidão do Egipto, Libertação operada por Deus por Sua iniciativa gratuita. E ao
dar a Lei ao Povo Deus não está a pô-los sob uma nova escravidão. Pelo contrário: os mandamentos são a
pedagogia de Deus para conduzir permanentemente o Seu povo pelo caminho da Liberdade. Por isso
vincam tanto a questão da Fidelidade ao Deus Libertador e, sobretudo, a Justiça entre as pessoas. A Lei de
Israel aponta critérios fundamentais de Justiça, Verdade e Ordem entre o Povo, de maneira a que possa
continuar a ser Livre. Com efeito, quando entra a violência, a opressão, o furto, a injustiça ou a inveja nas
relações entre as pessoas, criam-se novas situações de escravidão. Uns dominam outros, uns tornam-se
senhores e donos de outros, tratados como servos ou escravos. Esse é o Mandamento fundamental
encerrado em todos os outros: Não voltarás para atrás, não voltarás à situação da escravidão. O pior que
podia acontecer era ter sido liberto da escravidão egípcia e depois reinventar a lógica da escravidão dentro
do próprio Povo.

O Deus de Israel é um Deus Bom, preocupado com a Liberdade dos seus e comprometido com a prática da
Justiça nas relações entre as pessoas. A memória do Deus de Israel é a memória permanente deste desígnio
salvador de Deus que entrou na situação de opressão do Egipto para conduzir até à Liberdade. Um Deus
próximo, presente, gratuito que não cessa de repetir de mil maneiras: Não voltes para trás, não voltes à
condição da escravidão!

Mas esta memória pode ser desvirtuada e transformada em culto vazio… Foi o que muitas vezes
aconteceu com Israel, como acontece connosco, Igreja de Jesus Cristo. Deixar o Memorial, isto é, a
dinâmica celebrativa pela qual se experimenta presente e activa a acção salvadora de Deus, e cair no
cultualismo legalista, que acaba sempre por consistir no cumprimento ritual de normas e liturgias sem
significado nenhum para a vida concreta dos que os praticam. Mas à custa dos quais há sempre uma ou
outra casta que enche a barriga com o prestígio dos grandes e enche os bolsos com o dinheiro dos
pequenos…

É esta lógica do Templo e a imagem de um Deus do Culto que Jesus derruba logo no início do evangelho
de João como hoje escutamos. Só depois da experiência pascal, da intervenção de Deus na morte de Jesus
glorificando-o, confirmando a sua missão e exaltando a sua vida, é que os discípulos entendem
perfeitamente o significado destes gestos de Jesus. O Corpo de Jesus que é o Templo da Nova Aliança não
é o seu corpo individual… Essa é uma noção estranha para o pensamento hebraico, já que nessa cultura o
Corpo é uma linguagem relacional, orgânica. O Corpo de Jesus Re-Suscitado é a multidão daqueles que se
unem a ele e nele como os ramos da videira derivam da cepa. O Corpo de Jesus Re-Suscitado é a
comunhão universal daqueles que se deixam animar e vivificar pelo Sangue de Deus, o Espírito Santo, que
nos chega por ele. Como os ramos são vivificados pela Seiva que vem da cepa…

O Templo da Nova Aliança não é um lugar mas a vivência da Comunhão, com Jesus e com os irmãos nele,
ou seja, ao seu jeito. Deus não habita em lugares feitos por mãos humanas, mas nos gestos concretos da
comunhão entre as pessoas. Não é o Deus milagreiro que pediam os judeus, segundo são Paulo, nem o
Deus das filosofias, das teorias e dos pensamentos elevados dos gregos, acrescenta. É o Deus de Jesus, o
Crucificado, o fracassado segundo o mundo, o Deus que resplandece no que chamamos Escândalo,
Loucura e Fraqueza! São Paulo aponta-nos uma pista exigente… que procuremos Deus onde não
esperávamos poder encontrá-lo, onde não estaríamos à espera que Deus pudesse sujar a alvura das vestes
ou calejar as tão “santas e divinas” mãos que nós às vezes Lhe imaginamos…

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