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Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
O novo Código Civil, por exemplo, passou a Nesse sentido, o nascituro pode herdar, rece-
vigorar após um período de vacatio legis. Esse ber doações e legados, ser adotado, figurar como
período foi de 1(um) ano. Via de regra, a lei vigora sujeito ativo e passivo de diretos e obrigações,
por tempo indeterminado, até que uma outra lei desde que venha a nascer.
posterior a modifique ou revogue.Mas, a lei nova
deve ter hierarquia (grau de poder) igual ou supe- A CAPACIDADE CIVIL é a aptidão da pessoa
rior à da lei modificada ou revogada. para ser titular, ou seja, exercer direitos e assumir
obrigações na ordem civil. Apesar de toda pessoa
Há casos em que a lei é de vigência temporá- ser titular de diretos e deveres, necessariamente,
ria, principalmente para atender situações extre- não significa que ela possa exercê-los plenamen-
mas, mas passageira. Se a lei estiver em vigor, te. Há casos em que a lei protege determinados
ninguém pode escusar-se de cumpri-la, alegando grupos de pessoas,considerando a idade, saúde e
que não a conhece. A lei não é capaz de prever o desenvolvimento mental, impedindo-os de exer-
todas as situações jurídicas e, sendo omissa, de- cer pessoalmente seus direitos. A esse grupo de
ve, então, o juiz decidir o caso de acordo com a pessoas dá-se a denominação de incapazes.
analogia (semelhança entre coisas ou fatos), com
os costumes e com os princípios gerais de direito. Assim, a INCAPACIDADE pode ser entendida
como a vedação imposta pela lei para a prática
A aplicação da lei ao caso concreto deve sem- pessoal de direitos e obrigações, não obstante a
pre atender aos fins sociais a que ela se dirige e pessoa seja titular desses direitos e deveres. A
às exigências do bem comum.Uma vez em vigor, incapacidade pode ser absoluta ou relativa.
a lei tem efeito imediato e geral, mas deve respei-
tar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a São ABSOLUTAMENTE INCAPAZES, para
coisa julgada. exercer, pessoalmente, os atos da sua vida civil,
os menores de dezesseis anos, os que, por en-
Ato jurídico perfeito é o já consumado segun- fermidade ou deficiência mental,não demonstram
do a lei vigente, ao tempo em que se efetuou. Di- o necessário discernimento para a prática desses
reito adquirido é aquele que o seu titular pode atos,e os que,mesmo por causa transitória, não
exercer, pessoalmente ou por terceiros, ou aquele puderem exprimir sua vontade.
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou
condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de A determinação da capacidade da pessoa é de
outrem. Chama-se coisa julgada a decisão judi- suma importância para a validade de um negócio
cial que não cabe mais recurso. jurídico,pois ele é NULO quando celebrado por
pessoa absolutamente incapaz.
Essas informações são de ordem geral para
todas as leis brasileiras. A partir de agora, você E sendo nulo não gera nenhum efeito.
vai conhecer alguns dispositivos do Código Civil,
aqueles que guardam estreita relação com o Téc- No exercício de diretos e deveres, os absolu-
nico em Transação Imobiliária. tamente incapazes são REPRESENTADOS pelo
pai, tutor ou curador, que pratica ato jurídico em
nome ou pela pessoa, absolutamente incapaz.
1. DAS PESSOAS
Pela legislação brasileira todo indivíduo é ca- São RELATIVAMENTE INCAPAZES a certos
paz de direitos e obrigações na ordem civil. O re- atos ou à maneira de os exercer, os maiores de
conhecimento da pessoa como tal é dada por sua dezesseis e menores de dezoito anos; os ébrios
personalidade jurídica. A personalidade civil co- habituais; os viciados em tóxicos e os que, por
meça com o nascimento, mas a lei protege, tam- deficiência mental tenham o discernimento reduzi-
bém, o nascituro desde a sua concepção. do;os excepcionais, sem desenvolvimento mental
completo; os pródigos, ou seja, o dissipador de
1.1 – DAS PESSOAS NATURAIS seus bens.
Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na O negócio jurídico celebrado por pessoa relati-
vida civil, ou seja, tem personalidade que a autori- vamente incapaz é ANULÁVEL. A lei permite aos
za a ser titular de deveres e direitos nas relações relativamente incapazes a prática de atos jurídi-
jurídicas entre os homens.A personalidade civil da cos, mas condiciona essa prática à ASSISTÊNCIA
pessoa começa do nascimento com vida e termina do pai, tutor ou curador, ou seja, de uma pessoa
com a morte. A respiração é considerada como plenamente capaz, que se posta ao lado do relati-
sendo a prova mais eficaz do nascimento com vamente incapaz, auxiliando-o na prática do ato
vida. jurídico e integrando-lhe a capacidade.
Todavia, desde a concepção, a lei põe a salvo A menoridade cessa aos dezoito anos comple-
os direitos do nascituro; ser já concebi- do, mas tos, quando a pessoa fica habilitada à prática de
que está por nascer. todos os atos da vida civil.
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3 - Toda lei, após aprovada, é necessária a sua Os materiais destinados a alguma constru-
apresentação: ção,enquanto não forem empregados,conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa quali-
a- No Código Civil Brasileiro dade os provenientes da demolição de algum pré-
b- Na Constituição Federal dio.
c- No Diário Oficial da União
d- No Ministério Público
2.1.3. Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
Marque com X as alternativas corretas:
São fungíveis os móveis que podem substituir-
( ) Caso uma pessoa tenha várias residências, se por outros da mesma espécie, qualidade e
podemos considerar qualquer uma delas seu do- quantidade. Infungíveis são os que não podem
micilio. ser substituídos,valendo pela sua individualidade.
( ) Quando uma pessoa desaparece de seu domi- São consumíveis os bens móveis cujo uso
cílio, ninguém poderá proceder a arrecadação de importa destruição imediata da própria substância,
bens. sendo também considerados tais os destinados à
alienação.Inconsumíveis,são os bens móveis de
( ) As sociedades não visam fins econômicos. natureza durável.
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2.1.4. Dos Bens Divisíveis Os bens públicos dominicais podem ser aliena-
dos desde que observadas as exigências da lei.
Bens divisíveis são os que se podem fracionar
sem alteração na sua substância, diminuição con- Em qualquer hipótese os bens públicos não
siderável de valor, ou prejuízo do uso a que se estão sujeitos a usucapião.
destinam. É exemplo a gleba de lote rural, a barra
de ouro. Indivisíveis são os bens que não admi-
tem divisão. 2.4 – DAS BENFEITORIAS
2.1.5. Dos Bens Singulares e Coletivos Na área jurídica, benfeitoria significa obra, mo-
dificação ou conserto útil, realizado em proprieda-
São singulares os bens que, embora reunidos, de alheia – móvel ou imóvel – e que reverterá em
se consideram de per si, independentemente dos benefício do proprietário.
demais. São coletivos os bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação As benfeitorias podem ser voluntárias,úteis ou
comunitária. necessárias.
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1- Fale sobre a diferença entre os bens fungíveis 3.1 – FATOS, ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS
e infungíveis:
________________________________________ Fato jurídico é o acontecimento que produz
________________________________________ conseqüências jurídicas. O fato jurídico pode de-
________________________________________ correr da natureza, como os efeitos de uma ven-
________________________________________ tania, ou de uma ação humana, crian-
________________________________________ do,transferindo,modificando, ou extinguindo direi-
________________________________________ tos e obrigações. É importante diferenciar ato jurí-
________________________________________ dico de negócio jurídico.
________________________________________
________________________________________ O ato jurídico é o acontecimento que tem seus
________________________________________ limites estabelecidos pela lei, tanto na forma, nos
________________________________________ termos quanto nos efeitos.
________________________________________
________________________________________ O negócio jurídico é o ato lícito que faculta às
________________________________________ partes de estabelecerem a fixação dos termos e
________________________________________ dos efeitos, de acordo com seus interesses parti-
________________________________________ culares.
________________________________________
________________________________________ A validade do negócio jurídico requer agente
________________________________________ capaz; objeto lícito, possível, determinado ou de-
________________________________________ terminável,e forma prescrita ou não defesa (proi-
bida) em lei.
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Considera-se condição a cláusula que subor- 3.4 – DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
dina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto. Deriva exclusivamente da vontade das O negócio jurídico tem como fundamento a
partes. livre e consciente manifestação de vontade com
vistas a atingir os fins pretendidos. Se ela não é
São lícitas todas as condições não contrárias à consciente ou o querer não se manifestou livre-
lei,à ordem pública ou aos bons costumes. São mente o negócio jurídico pode ser anulado porque
proibidas as condições que privarem o negócio defeituoso.
jurídico de todo efeito e o sujeitar ao puro arbítrio
de uma das partes. O negócio jurídico é passível de anulação nos
casos de erro ou ignorância, dolo, coação, estado
Invalidam os negócios jurídicos,que lhes são de perigo e lesão. Há, também, manifestação de
subordinados, as condições impossíveis (quando vontade que o agente quis e estava consciente,
suspensivas);as ilícitas,as de fazer coisa ilícita e mas a expressou em desacordo com as disposi-
as condições incompreensíveis ou contraditórias. ções legais ou da boa-fé, como no caso da fraude
contra credores.
A condição impossível é aquela em que o
acontecimento necessário para a eficácia do ato
jurídico é inatingível, inalcançável ou legalmente 3.4.1.Do Erro ou Ignorância
proibida.
Erro é a falsa noção sobre alguma coisa, en-
Condições suspensivas são aquelas em que quanto a ignorância é o desconhecimento acerca
a aquisição do direito fica na dependência de um de algo. Ambos viciam o consentimento do decla-
evento futuro e incerto. Enquanto este não ocor- rante, que teria se manifestado de outra maneira
rer, não se terá adquirido o direito. se conhecesse a realidade.
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Nos negócios jurídicos bilaterais,o silêncio in- Da mesma forma, nulo é o negócio jurídico
tencional de uma das partes a respeito de fato ou quando não se reveste da forma prescrita em lei,
qualidade que a outra parte haja ignorado, consti- tiver por objetivo fraudar lei imperativa, e quando a
tui omissão dolosa, provando-se que sem ela o lei taxativamente o declarar nulo ou proibir-lhe a
negócio não se teria celebrado. prática, sem cominar sanção.
Se ambas as partes procederem com dolo, Também é nulo o negócio jurídico simulado,
nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio ou mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for
reclamar indenização. na substância e na forma. A simulação ocorre nos
casos de declaração, confissão, condição ou cláu-
sula não verdadeira, ao se antedatar ou pós-datar
3.4.3. Da Coação escritos particulares, ou, ainda, quando aparenta-
rem conferir ou transmitir direitos a pessoas diver-
Coação é a violência física ou moral que impe- sas daquelas às quais realmente se conferem ou
de alguém de dispor livremente de sua vontade. A transmitem.
coação, para viciar a declaração da vontade, há
de ser tal que incuta ao paciente fundado temor A nulidade relativa caracteriza-se pela in-
de dano iminente e considerável à sua pessoa, à capacidade relativa do agente ou por vício resul-
sua família, ou aos seus bens. Não se considera tante de manifestação de vontade. A nulidade
coação a ameaça do exercício normal de um direi- relativa só pode ser levantada pelo interessado
to,nem o simples temor reverencial. direto.
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Pode ser convalidada com a ocorrência da Na área jurídica, Prescrição significa esgota-
prescrição, pela correção do vício, pela revogação mento de prazo concedido por lei; perda de ação
da exigência legal ou pela ratificação. atribuída a um direito que fica desprotegido, em
função do não uso dela durante aquele prazo.
A nulidade absoluta, por ser matéria de ordem
pública, pode ser levantada a qualquer tempo, por O titular de direitos deve,portanto, exercê-los
qualquer pessoa. Não admite convalidação ou no tempo e na forma estabelecida pela lei ou es-
ratificação e não se sujeita a prescrição. O prazo tabelecida particularmente, sob pena de caduci-
decadencial para anulação do negócio jurídico dade, de decadência e, por conseqüência, o pere-
decorrente e vício de vontade é de quatro anos, cimento do direito ou da possibilidade de cobrá-lo.
contados conforme o vício. Quando a lei dispuser
que determinado ato é anulável, sem estabelecer 3.7.1. Da Prescrição
prazo para pleitear-se a anulação, será este de
dois anos, a contar da data da conclusão do ato. A prescrição é a extinção de uma ação ajuizá-
vel em decorrência da inércia do seu titular, duran-
Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as te certo lapso de tempo. A prescrição extingue a
partes ao estado em que antes dele se achavam pretensão e por conseqüência a possibilidade de
e, não sendo possível restituí-las, serão indeniza- se exigir um direito.
das com o equivalente.
A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei
A invalidade do instrumento não induz a invali- não lhe haja fixado prazo menor. Especificamente,
dade do negócio jurídico sempre que este puder afeta o direito imobiliário.
provar-se por outro meio. Respeitada a intenção
das partes, a invalidade parcial de um negócio Prescrevem em três anos:
jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta
for separável. A invalidade da obrigação principal - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urba-
implica a das obrigações acessórias, mas a des- nos ou rústicos;
tas não induz a da obrigação principal.
- a pretensão para receber prestações vencidas
de rendas temporárias ou vitalícias;
3.6 – DOS ATOS ILÍCITOS
- a pretensão para haver juros, dividendos ou
Denomina-se ilícito o ato condenado pela lei quaisquer prestações acessórias;
e/ou pela moral. É um ato, uma causa ou um pro-
cedimento proibido, ilegal. - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento
sem causa, a pretensão de reparação civil;
Em Direito, existe ato ilícito e negócio ilícito.
A distinção entre ato ilícito e negócio ilícito obser- - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e
va-se, sobretudo, quanto aos seus efeitos. O pri- a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de
meiro é punido com a ineficácia, enquanto o se- responsabilidade civil obrigatório.
gundo gera a obrigação de reparar o dano.
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Fato jurídico: produz consequências jurídicas, As pessoas, quase sempre, devem dar, fazer
podem decorrer da natureza ou ação humana. ou não devem fazer alguma coisa de ordem moral
Ato jurídico: tem seus limites estabelecidos pela ou econômica em benefício de outrem.
lei.
Negócio jurídico: ato licito que faculta as partes Esse dar, fazer ou não fazer determinada coi-
fixarem termos e efeitos, de acordo com interes- sa, torna-se obrigação. Mas, algumas obrigações
ses particulares. possuem vínculo de direito. Assim, muitas dessas
Representação: conferidos pela lei ou pelo inte- obrigações são expressas em um escrito, pelo
ressado. qual a pessoa se obriga a satisfazer uma dívida, a
Das condições: lícitas,proibidas;impossível ou cumprir um contrato.
suspensivas.
Do termo: Definição do momento de inicio e ter- Na área de Direito, “Obrigação é a relação
mino dos efeitos do negocio jurídico. jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre
Encargo: impõe uma obrigação ao beneficiário do devedor e credor e cujo objeto consiste numa
ato jurídico. prestação pessoal econômica, positiva ou negati-
Dos efeitos do negócio jurídico: Do Erro ou va, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-
Ignorância, Substancial ou Essencial. Do Dolo. Da lhe o adimplemento através do seu patrimônio”
Coação. Do Estado de Perigo. Da Lesão. Da (Washington de Barros Monteiro).
Fraude Contra Credores.
Da invalidade do negócio jurídico: Nulidade A prestação ou contraprestação pessoal deve
absoluta ou relativa. ser possível, licita, determinada ou determinável, e
Dos Atos Ilícitos: ato ilícito ou negócio ilícito. traduzível em dinheiro.
Da prescrição e da decadência.
1- Qual a diferença entre ato ilícito e negócio ilíci- As obrigações dividem-se em obrigações de
to? dar ou restituir, obrigações de fazer, ou de não
________________________________________ fazer.
________________________________________
________________________________________
________________________________________ 4.1.1. Das Obrigações de Dar
________________________________________
________________________________________ Essas obrigações relacionam-se a obrigatorie-
________________________________________ dade de entregar alguma coisa, que poderá ser
________________________________________ certa, determinada e específica ou incerta, inde-
terminada ou genérica.
2- Na área jurídica , o que significa prescrição? Via de regra as obrigações incertas tratam so-
________________________________________ bre coisas fungíveis,e as obrigações certas so-
________________________________________ bre coisas infungíveis.
________________________________________
________________________________________ 4.1.1.1.Das Obrigações de Dar Coisa Certa
________________________________________
________________________________________ A obrigação de dar coisa certa abrange os
________________________________________ acessórios dela, mesmo que não mencionados,
________________________________________ salvo se o contrário resultar do título ou das cir-
________________________________________ cunstâncias do caso. O credor de coisa certa não
________________________________________ está obrigado a receber outra, ainda que mais
________________________________________ valiosa.
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Nas obrigações de dar coisa certa, se a coisa 4.1.3.Das Obrigações de Não Fazer
se perder, sem culpa do devedor, antes da tradi-
ção, ou pendente a condição suspensiva, fica re- A obrigação de não fazer relaciona-se com o
solvida a obrigação para ambas as partes. Se encargo de abster-se obrigatoriamente de um fato
deteriorada a coisa, poderá o credor resolver a que poderia praticar, de tolerar, consentir ou não
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu pre- impedir. Extingue-se a obrigação de não fazer,
ço o valor que perdeu. desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não
Apenas para ilustrar: tradição é a entrega da praticar.
coisa feita pelo devedor ao credor, e obrigação
resolvida é a obrigação finda, extinta. Se aquele que se obrigou a abster-se de prati-
car o ato o fizer, o credor pode exigir seu desfazi-
Se a obrigação for de restituir coisa certa, e mento, sob pena de o próprio credor o desfazer à
esta, sem culpa do devedor, se perder antes da custa do devedor, que responderá também por
tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação perdas e danos.Em caso de urgência, poderá o
se resolverá, ressalvados os seus direitos até o credor desfazer ou mandar desfazer, sem prejuízo
dia da perda. Se a coisa se perder por culpa do do ressarcimento devido.
devedor, responderá, este, pelo equivalente, mais
perdas e danos. 4.1.4.Das Obrigações Alternativas
Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa Obrigação alternativa é aquela que tem por
do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, objeto duas ou várias prestações que são devidas
sem direito a indenização; se a perda resultar de de tal maneira que o devedor se libere inteiramen-
culpa do devedor, responderá, este, pelo equiva- te executando uma “só dentre elas” (Planiol).
lente e mais perdas e danos.
Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao
Na área de transição imobiliária esta obrigação devedor, se outra coisa não se estipulou, mas ele
é muito comum, sobretudo na definição das carac- não pode obrigar o credor a receber parte em uma
terísticas do imóvel alugado. prestação e parte em outra.
4.1.1.2. Das Obrigações de Dar Coisa Incerta Quando a obrigação for de prestações periódi-
cas, a faculdade de opção poderá ser exercida em
A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo cada período.
gênero e pela quantidade. Nas coisas determina-
das pelo gênero e pela quantidade, a escolha per- Se uma das duas prestações não puder ser
tence ao devedor, se o contrário não resultar do objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível,
título da obrigação; mas não poderá dar a coisa subsistirá o débito quanto à outra.
pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir
Antes da escolha, não poderá o devedor alegar nenhuma das prestações, não competindo ao cre-
perda ou deterioração da coisa, ainda que por dor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o
força maior ou caso fortuito. valor da que por último se impossibilitou, mais as
perdas e danos que o caso determinar.
4.1.2. Das Obrigações de Fazer
Quando a escolha couber ao credor e uma das
A obrigação de fazer relaciona-se com o en- prestações tornar-se impossível por culpa do de-
cargo de prestar um serviço, um ato positivo, ma- vedor, o credor terá direito de exigir a prestação
terial ou imaterial, em benefício do credor ou ter- subsistente ou o valor da outra, com perdas e da-
ceiro. Bem exemplifica a obrigação de fazer o en- nos; se, por culpa do devedor, ambas as presta-
cargo aceito pelo pedreiro para construir um muro. ções se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor
O devedor que recusar a prestação a ele só im- reclamar o valor de qualquer das duas, além da
posta, ou só por ele exeqüível incorrerá na obriga- indenização por perdas e danos. Se todas as
ção de indenizar perdas e danos. prestações se tornarem impossíveis sem culpa do
devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Se a prestação do fato tornar-se impossível
sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação;
se por culpa dele, responderá por perdas e danos. 4.1.5. Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis
Se o fato puder ser executado por terceiro, será
livre ao credor mandá-lo executar as custas do Obrigação divisível é aquela cuja prestação o
devedor, havendo recusa ou mora deste, sem devedor pode cumprir a obrigação por partes. Ha-
prejuízo da indenização cabível. Em caso de ur- vendo mais de um devedor ou mais de um credor
gência, pode o credor, independentemente de em obrigação divisível, esta presume-se dividida
autorização judicial, executar ou mandar executar em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos
o fato, sendo depois ressarcido. os credores ou devedores.
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Cada um dos credores solidários tem direito a A cessão do crédito não tem eficácia em rela-
exigir do devedor o cumprimento da prestação por ção ao devedor, senão quando a este notificada.
inteiro. Enquanto alguns dos credores solidários Salvo estipulação em contrário,o cedente não res-
não demandarem o devedor comum, a qualquer ponde pela solvência do devedor. O cedente, res-
daqueles poderá este pagar. O pagamento feito a ponsável ao cessionário pela solvência do deve-
um dos credores solidários extingue a dívida até o dor, não responde por mais do que daquele rece-
montante do que foi pago. beu, com os respectivos juros; mas tem de res-
sarcir-lhe as despesas da cessão e as que o ces-
Convertendo-se a prestação em perdas e da- sionário houver feito com a cobrança.
nos, subsiste, para todos os efeitos, a solidarieda-
de. O crédito,uma vez penhorado,não pode mais
ser transferido pelo credor que tiver conhecimento
O credor que tiver remitido a dívida ou recebido da penhora; mas o devedor que o pagar, não ten-
o pagamento responderá aos outros pela parte do notificação dela, fica exonerado, subsistindo
que lhes caiba. somente contra o credor os direitos de terceiro.
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O pagamento deve ser feito ao credor ou a Dívida querable - que deve ser reclamada,
quem de direito o represente, sob pena de só va- paga no domicílio do devedor. Dívida portable ou
ler depois de por ele ratificado, ou tanto quanto portável, que deve paga no domicílio do credor.
reverter em seu proveito. O pagamento feito de Sendo o contrato omisso prevalecerá o domicílio
boa-fé ao credor putativo (suposto como legítimo) do devedor como lugar do pagamento.
é válido, ainda provado depois que não era cre-
dor. Se o pagamento consistir na tradição de um
imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-
Não tem validade o pagamento, ciente mente, se-á no lugar onde situado o bem.
feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor
não provar que em benefício dele efetivamente Ocorrendo motivo grave para que se não efe-
reverteu. tue o pagamento no lugar determinado, poderá o
devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o
4.3.1.3. Do Objeto do Pagamento e Sua Prova credor.O pagamento reiteradamente feito em ou-
tro local faz presumir renúncia do credor, relativa-
O credor não é obrigado a receber prestação mente ao previsto no contrato.
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valio-
sa. Ainda que a obrigação tenha por objeto pres-
tação divisível, não pode o credor ser obrigado a 4.3.1.5.Do Tempo do Pagamento
receber, nem o devedor a pagar, por partes, se
assim não se ajustou. Salvo disposição legal em contrário, não tendo
sido ajustada época para o pagamento, pode o
As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no credor exigi-lo imediatamente. As obrigações con-
vencimento, em moeda corrente e pelo valor no- dicionais cumprem-se na data do implemento da
minal. É lícito convencionar o aumento progressi- condição, cabendo ao credor a prova de que o
vo de prestações sucessivas. devedor teve ciência deste.
Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida
desproporção manifesta entre o valor da presta- antes de vencido o prazo estipulado no contrato
ção devida e o do momento de sua execução, ou definido no Código Civil, nos seguintes casos:
poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de mo-
do que assegure, quanto possível, o valor real da - desde que no caso de falência do devedor, ou de
prestação. concurso de credores;
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Na área jurídica, Consignação significa a en- A sub-rogação também pode ser legal ou con-
trega ou depósito judicial em mãos de um terceiro vencional. A sub-rogação legal resulta de uma
ou num estabelecimento ou caixa pública, que o definição jurídica e se manifesta nos casos em
devedor faz da quantia em dinheiro ou da coisa que o credor paga a dívida do devedor comum;
que constitui o objeto da obrigação, seja porque o em que terceiro efetiva o pagamento para não ser
credor se recusa a receber, seja por outros moti- privado de direito sobre imóvel, em que terceiro
vos determinados em lei. Pode o devedor efetuar interessado paga a dívida pela qual era ou podia
o depósito judicial ou em estabelecimento bancá- ser obrigado, no todo ou em parte.
rio da coisa devida, sendo o ato considerado pa-
gamento, extinguindo-se a obrigação. A sub-rogação convencional decorre de esti-
pulação de vontades entre o credor e terceiro ou
O pagamento pode ser feito em consignação entre o devedor e terceiro.
nos seguintes casos:
4.3.4 – Da imputação do Pagamento
- se o credor não puder ou recusar, sem justa
causa, receber o pagamento dar quitação na de- Imputar o pagamento significa indicar o que
vida forma; se está pagando. Ocorre quando a pessoa obri-
gada por dois ou mais débitos da mesma nature-
- se o credor não for ou não mandar receber a za, a um só credor, indica a qual deles oferece
coisa no lugar, no tempo e condição devidos; pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
- se o credor for incapaz de receber; for desco- São requisitos a dualidade ou pluralidade de
nhecido,declarado ausente,ou residir em lugar dívidas, a identidade do credor e devedor, débitos
incerto ou de acesso perigoso ou difícil; de natureza igual e suficiência de pagamento para
qualquer das dívidas.
- se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamen-
te receber o objeto do pagamento; 4.3.5. Da dação em Pagamento
- se pender litígio sobre o objeto do pagamento. Dação em pagamento é o ato de pagar com
algum bem uma dívida em dinheiro. É a entrega
pelo mutuário de imóvel hipotecado ao agente
Para que a consignação tenha força de paga- financeiro, ou de devedor a credor, corresponden-
mento é imprescindível a observância dos requisi- te ao que deveria ser pago em moeda.
tos do pagamento, ou seja, feita observando a
identidade do credor, a prestação deve ser inte- O credor de coisa certa não pode ser obrigado
gral e efetuada na época acordada, ou se feita a receber outra coisa, ainda que mais valiosa.
com atraso, acompanhada dos encargos da mora. Mas,o credor pode consentir em receber presta-
Por fim, deve ocorrer no lugar estipulado para o ção diversa da que lhe é devida.
pagamento.
A coisa dada em pagamento,mesmo que diver-
Enquanto o credor não declarar que aceita o sa do estipulado, pode extinguir a obrigação des-
depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor de que o credor concorde com a substituição. De-
requerer o levantamento, pagando as respectivas terminado o preço da coisa dada em pagamento,
despesas,e subsistindo a obrigação para todas as as relações entre as partes regular-se-ão pelas
conseqüências de direito. normas do contrato de compra e venda.
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Se for título de crédito, a coisa dada em paga- A diferença de causa nas dívidas não impede a
mento, a transferência importará em cessão. Se o compensação, exceto se provier de esbulho, furto
credor for evicto da coisa recebida em pagamento, ou roubo, se uma se originar de comodato, depó-
restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sito ou alimentos, ou se uma for de coisa não sus-
sem efeito a quitação dada, ressalvados os direi- cetível de penhora. As partes podem, de comum
tos de terceiros. acordo, estipular a exclusão da compensação, ou,
ainda, no caso de renúncia prévia de uma delas.
Credor evicto é aquele que perdeu um bem,
em conseqüência de reivindicação feita pelo ver- 4.3.8. Da Confusão
dadeiro dono.
Em determinados negócios pode ocorrer o fato
4.3.6. Da Novação de uma mesma pessoa ser identificada como cre-
dor e como devedor. A esse fato, dá-se o nome de
Novação é a renovação de contrato ou obriga- confusão.Ex.Quando o proprietário de um bem
ção judicial. É a substituição de uma obrigação dominante passa a deter a propriedade de um
por outra. É a extinção de uma dívida anterior por bem financiado pelo primeiro.
uma nova que é criada.
Se na mesma pessoa se confundir as qualida-
A novação ocorre pela substituição do sujeito des de credor e devedor a obrigação será extinta.
ativo ou do sujeito passivo ou do objeto da obriga- A confusão pode verificar-se a respeito de toda a
ção, surgindo uma nova relação jurídica, que ex- dívida, ou só de parte dela.
tingue e substitui a anterior.
Cessando a confusão logo se restabelece, com
A novação por substituição do devedor pode todos os seus acessórios, a obrigação anterior.
ser efetuada independentemente de consentimen-
to deste. Se o novo devedor for insolvente, não 4.3.9. Da Remissão das Dívidas
tem o credor direito de ação regressiva contra o
primeiro,salvo se este obteve por má-fé a substitu- Remissão é o ato de remir, de perdoar, de
ição. relaxar, de pôr a caminho de novo.
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Nas obrigações negativas, de não fazer, o de- O devedor em mora responde pela impossibili-
vedor é havido por inadimplente desde o dia em dade da prestação, mesmo sendo essa impossibi-
que executou o ato de que se devia abster. lidade resultante de caso fortuito ou de força mai-
or, se estes ocorrerem durante o atraso,salvo se
Nos contratos benéficos, responde por simples provar isenção de culpa,ou que o dano sobreviria
culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, ainda quando a obrigação fosse oportunamente
e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos con- desempenhada.
tratos onerosos, responde cada uma das partes
por culpa, salvo as exceções previstas em lei. A mora do credor faz cessar para o devedor a
responsabilidade de conservação da coisa, obriga
O devedor não responde pelos prejuízos resul- o credor a ressarcir as despesas empregadas em
tantes de caso fortuito ou força maior, se expres- conservá-la,e sujeita-o a recebê-la pela estimação
samente não se houver por eles responsabilizado. mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar
O caso fortuito ou de força maior se caracteriza entre o dia estabelecido para o pagamento e o da
pela inevitabilidade do acontecimento,do fato,e sua efetivação.
pela ausência de culpa na produção do evento.
Purga-se a mora, por parte do devedor, ofere-
4.4.1. Da Mora cendo este a prestação mais a importância dos
prejuízos decorrentes do dia da oferta, e por parte
Mora é uma delonga, uma demora do tem- do credor, oferecendo-se este a receber o paga-
po.Em Economia,mora significa a quantia que se mento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a
paga a mais em uma dívida pelo não cumpri- mesma data. Esses conceitos são muito utilizados
mento do prazo estipulado. em transação imobiliária.
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Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma
devedor aos juros da mora que se contarão assim parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou
às dívidas em dinheiro, como às prestações de outro bem móvel, deverão as arras, em caso de
outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o execução, ser restituídas ou computadas na pres-
valor pecuniário por sentença judicial, arbitramen- tação devida, se do mesmo gênero da principal.
to, ou acordo entre as partes.
Se a parte que deu as arras não executar o
contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, reten-
4.4.4. Da Cláusula Penal do-as.
Para exigir a pena convencional, não é neces- A validade do contrato depende da capacidade
sário que o credor alegue prejuízo. Ainda que o jurídica das partes, do objeto lícito, possí-
prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não vel,determinado ou determinável, bem como de
pode o credor exigir indenização suplementar se forma prescrita ou não proibida pela lei.
assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a
pena vale como mínimo da indeniza- São princípios básicos que informam os contra-
ção,competindo ao credor provar o prejuízo exce- tos:
dente.
- a autonomia de vontades;
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Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
A força vinculante do contrato, também deno- Se o negócio for daqueles em que não seja
minada “pacta sunt servanda”, significa que o con- costume a aceitação expressa, ou o proponente a
trato faz lei entre as partes. tiver dispensado, o contrato será considerado
concluído caso não chegue à recusa. Considera-
Uma vez estipuladas as condições,observada a se inexistente a aceitação, se antes dela ou com
livre e consciente manifestação de vontade e a ela chegar ao proponente a retratação do aceitan-
supremacia da ordem pública, as disposições ex- te.
pressas no contrato são de cumprimento obrigató-
rio pelas partes. Os contratos entre ausentes tornam-se perfei-
tos desde que a aceitação seja expedida.Todavia,
As cláusulas ambíguas ou contraditórias, even- são exceções a essa regra os casos em aceitação
tualmente, constantes do contrato de adesão de- é considerada inexistente, se o proponente se
vem ser interpretadas de modo mais favorável ao houver comprometido a esperar resposta, ou se a
aderente. aceitação não chegar no prazo convencionado.
Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em
Da mesma forma, nos contratos de adesão, que foi proposto.
são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da 4.5.2.Da Estipulação em Favor de Terceiro
natureza do negócio.
Estipular significa, contratar, estabelecer con-
As partes podem estipular contratos atípicos, dições, cláusulas e obrigações recíprocas.
desde que observe as normas fixadas pela lei. A
lei veda a contratação de herança de pessoa viva. A estipulação pode ser feita em favor de tercei-
ro, que não participa do estipulado. O seguro de
4.5.1 – Da Formação dos Contratos vida é um clássico exemplo de estipulação em
favor de terceiro, na medida em que o segurado
A proposta de contrato obriga o proponente, estabelece com a seguradora algum benefício em
se o contrário não resultar dos termos dela, da favor de do beneficiário, que não participa direta-
natureza do negócio, ou das circunstâncias do mente do contrato.
caso.
O beneficiário pode exigir o cumprimento do
Deixa de ser obrigatória a proposta feita para estipulado,observado as condições e normas do
pessoa presente, sem estabelecimento de prazo, contrato, mas também pode ser substituído pelo
e não aceita imediatamente. A pessoa que contra- estipulante, independente de anuência.
ta por telefone ou por meio de comunicação se-
melhante é considerada presente. Também, deixa 4.5.3.Da Promessa de Fato de Terceiro
de ser obrigatória a proposta feita para pessoa
ausente, sem o estabelecimento de prazo, se tiver Pode alguém firmar compromisso para que
decorrido tempo suficiente para chegar a resposta terceiro pratique determinado ato.Aquele que tiver
ao conhecimento do proponente. prometido fato de terceiro responderá por perdas
e danos,quando este o não executar.
Da mesma forma, deixa de ser obrigatória a
proposta feita para pessoa ausente, com estabe- 4.5.4. Dos Vícios Redibitórios
lecimento de prazo, se não tiver sido expedida a
resposta dentro do prazo estipulado. Redibir significa devolver (uma mercadoria
com defeito), enjeitar; anular a venda de algo que
Por fim, deixa de ser obrigatória a proposta se, possui defeitos ocultos descobertos pelo adquiren-
antes dela, ou simultaneamente, chegar ao co- te. Redibitório é o que pode motivar a anulação de
nhecimento da outra parte a retratação do propo- uma venda.
nente.
Vícios Redibitórios são os defeitos ocultos
A oferta ao público equivale à proposta quando presente na coisa, de tal modo grave que a tor-
encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo nam imprópria ao uso a que se destina ou lhe di-
se o contrário resultar das circunstâncias ou dos minuam o valor. Verificado o vício redibitório, pode
usos. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de o adquirente optar pelo abatimento no preço ou
sua divulgação, desde que ressalvada esta facul- por rejeitar a coisa.
dade na oferta realizada.
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Se o alienante conhecia o vício ou defeito da Não pode o adquirente demandar pela evicção,
coisa, restituirá o que recebeu com perdas e da- se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
nos. Se o não conhecia, tão-somente restituirá o
valor recebido, mais as despesas do contrato. A 4.5.6. Dos Contratos Aleatórios
responsabilidade do alienante subsiste ainda que
a coisa pereça em poder do alienatário, desde que Aleatório é o que depende de circunstâncias,
o perecimento se dê por vício oculto já existente de eventos futuros, do acaso, do fortuito; que de-
ao tempo da tradição. pende de ocorrências imprevisíveis.
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Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
4.5.8. Do Contrato com Pessoa a Declarar A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir
a resolução do contrato,se não preferir exigir-lhe o
Ao concluir um contrato, pode uma das partes cumprimento,cabendo,em qualquer dos ca-
reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que sos,indenização por perdas e danos.
deve adquirir os direitos e assumir as obrigações
dele decorrentes. Essa indicação deve ser comu- 4.5.9.3. Da Exceção de Contrato não Cumprido
nicada à outra parte no prazo de cinco dias da
conclusão do contrato, se outro prazo não tiver A exceção de contrato não cumprido, ou
sido estipulado. exceptio non adimpleti contractus,ocorre nos con-
tratos bilaterais e consiste na proibição aos con-
A pessoa adquire os direitos e assume as obri- tratantes,antes de cumprida a sua obrigação,exigir
gações decorrentes do contrato, a partir do mo- o implemento da obrigação do outro.
mento em que este foi celebrado.
Da mesma forma,se sobrevier a uma das par-
4.5.9. Da Extinção do Contrato tes contratantes a diminuição em seu patrimônio,
capaz de comprometer ou tornar duvidosa a pres-
São modalidades de extinção do contrato o tação pela qual se obrigou, pode a outra se recu-
seu cumprimento e a rescisão, termo este enten- sar à prestação que lhe incumbe, até que aquela
dido em sentido amplo. satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bas-
tante de satisfazê-la.
A rescisão pode ocorrer pelo distrato, pela de-
núncia unilateral, por força de cláusula resolutiva 4.5.9.4. Da Resolução por Onerosidade Exces-
expressa ou tácita, ou pelo inadimplemento. siva
O distrato faz-se pela mesma forma exigida Se no contrato as obrigações couberem a ape-
para o contrato. nas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua
prestação seja reduzida ou alterada no modo de
A rescisão (ou em sentido estrito a resilição) executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessi-
unilateral pode ocorrer mediante denúncia notifi- va.
cada à outra parte, desde que a lei expressa ou
implicitamente o permita.
4.6 – DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO
Se,porém,dada a natureza do contrato,uma das
partes houver feito investimentos consideráveis 4.6.1.Da Compra e Venda
para a sua execução, a denúncia unilateral só
produzirá efeito depois de transcorrido prazo É o contrato pelo qual um dos contratantes se
compatível com a natureza e o vulto dos investi- obriga a transferir o domínio de certa coisa e o
mentos. outro se obriga a pagar-lhe certo preço em dinhei-
ro. O contrato de compra e venda possui três ele-
4.5.9.2. Da Cláusula Resolutiva mentos essenciais:acordo de vontades,a coisa e o
preço (consensus, res et pretium).
Cláusula resolutiva é a disposição expressa
ou tácita que implica na revogação do negócio - A declaração de vontade vem a ser o consenti-
jurídico pelo inadimplemento da obrigação por mento que vem a recair sobre a coisa e o preço.
uma das partes. A cláusula é expressa quando
está registrada, consignada, manifestada de modo - A coisa é o objeto da compra e venda, podendo
a não admitir objeção. ser qualquer coisa comercializável.
A cláusula é tácita quando não está formal- - O preço deve ser em dinheiro ou em coisas re-
mente expressa, não está traduzida por pala- presentativas de dinheiro.
vras,mas pode estar implícita ou subentendida em
um acordo. A compra e venda pode ter por objeto coisa
atual ou futura.Neste caso,ficará sem efeito o con-
A cláusula resolutiva expressa opera de pleno trato se esta não vier a existir, salvo se a intenção
direito; a tácita depende de interpelação judicial. das partes era de concluir contrato aleatório.
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Se a venda se realizar à vista de amostras, A lei veda em alguns casos, sob pena de nuli-
protótipos ou modelos, entender-se-á que o ven- dade, a realização do contrato de compra e ven-
dedor assegurará ter na coisa as qualidades que a da, mesmo que a venda se dê em hasta pública.
elas correspondem. Prevalece a amostra, o protó- Nesse sentido não podem ser comprados:
tipo ou o modelo, se houver contradição ou dife-
rença com a maneira pela qual se descreveu a - pelos tutores,curadores,testamenteiros e admi-
coisa no contrato. nistradores, os bens confiados à sua guarda ou
administração;
O preço pode ser fixado ao arbítrio de terceiro,
à taxa do mercado ou bolsa, em certo e determi- - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou
nado dia e lugar, ou em função de índices ou pa- direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que
râmetros,desde que suscetíveis de objetiva de- estejam sob sua administração direta ou indireta;
terminação.
- pelos juízes e outros serventuários ou auxiliares
Convencionada a venda sem fixação de preço da justiça, os bens ou direitos em litigância no
ou de critérios para a sua determinação, se não juízo onde servirem ou que se estender a sua au-
houver tabelamento oficial, entende-se que as toridade;
partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas
habituais do vendedor. Na falta de acordo, por ter - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de
havido diversidade de preço, cuja venda estejam encarregados.
prevalecerá o termo médio.
Se, na venda de um imóvel, se estipular o pre-
A fixação do preço não pode ser deixada ao ço por medida de extensão, ou se determinar a
arbítrio exclusivo de uma das partes componentes respectiva área, ocorrerá a venda ad mensuram.
do contrato de compra e venda, sob pena de tor- Se a extensão não corresponder às dimensões
nar-se nulo o contrato. dadas, o comprador terá o direito de exigir o com-
plemento da área, e, não sendo isso possível, o
As despesas de escritura e registro ficam a de reclamar a resolução do contrato ou abatimen-
cargo do comprador, assim como as despesas da to proporcional ao preço.
tradição,exceto se as partes estipularem em con-
trário. Decai do direito de propor as ações em relação
à venda ad mensuram o vendedor ou o comprador
O vendedor não é obrigado a entregar a coisa que não o fizer no prazo de um ano, a contar do
antes de receber o preço, exceto no caso de ven- registro do título.
da a crédito. Na área de transação comercial,
Tradição é o ato de entregar, de transferir algo a A venda ad corpus é aquela em que o imóvel
outra pessoa. é vendido como coisa certa e discriminada, tendo
sido apenas enunciativa, a referência, às suas
É o meio pelo qual se transfere a propriedade dimensões. Nesse caso não haverá complemento
da coisa móvel ao adquirente, em decorrência do de área, nem devolução de excesso, ainda que
cumprimento a um contrato. Via de regra a trans- não conste, de modo expresso, ter sido a venda
ferência do bem é efetiva ou real, mas também ad corpus.
poderá ser simbólica ou fictícia. Até o momento da
tradição, os riscos da coisa correm por conta do O vendedor, salvo convenção em contrário,
vendedor, e os do preço por conta do comprador. responde por todos os débitos que gravem a coisa
até o momento da tradição. Nas coisas vendidas
A tradição da coisa vendida, na falta de estipu- conjuntamente, o defeito oculto de uma não auto-
lação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se riza a rejeição de todas.
encontrava, ao tempo da venda. Não obstante o
prazo ajustado para o pagamento, se antes da O condômino em coisa indivisível não pode
tradição o comprador cair em insolvência, poderá vender a sua parte a estranhos,se outro condômi-
o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até que no a quiser. Nesse caso,o condômino não infor-
o comprador lhe dê caução de pagar no tempo mado da venda poderá haver para si a parte ven-
ajustado. dida a estranhos,desde que deposite o preço pago
e requeira a coisa vendida no prazo máximo de
É anulável a venda de ascendente a descen- cento e oitenta dias,sob pena de decadência.
dente, salvo se os outros descendentes e o cônju-
ge do alienante expressamente houverem consen- Os Contratos de Compra e Venda podem ser
tido. Em ambos os casos dispensa-se o consen- gravados com cláusulas especiais, estabelecendo
timento do cônjuge se o regime de bens for o da direitos e deveres específicos, tais como cláusula
separação obrigatória. Os cônjuges podem contra- de retrovenda, de venda a contento e da sujeita à
tar a compra e venda com relação a bens excluí- prova, da preempção ou preferência, da venda
dos da comunhão. com reserva de domínio, e da venda sobre docu-
mentos.
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Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
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Estando a documentação em ordem, não pode Locador é uma pessoa física ou jurídica que
o comprador recusar o pagamento, a pretexto de cede a outrem (o locatário) o uso e gozo de bem
defeito de qualidade ou do estado da coisa vendi- móvel ou imóvel, mediante um contrato de loca-
da, salvo se o defeito já houver sido comprovado. ção. O locador é detentor da legitimidade para
ceder a alguém (ao locatário), a título oneroso, um
Salvo estipulação em contrário, o pagamento bem de sua propriedade ou sob sua proteção e/ou
deve ser efetuado na data e no lugar da entrega administração patrimonial.
dos documentos.
Podem, assim, ser locadores:
4.6.2.Da Troca ou Permuta
- proprietário, propriamente dito;
“Troca é o contrato pelo qual as partes se obri-
gam a dar uma coisa por outra, que não seja di- - tutor;
nheiro” (Clovis Beviláqua).
- usufrutuário;
Aplicam-se à troca as disposições referentes à
compra e venda, com exceção de que cada um - espólio, etc.
dos contratantes pagará por metade as despesas
com o instrumento da troca,salvo se estipularem Em todas essas condições, o locador deve,
ao contrário.Da mesma forma, é anulável a troca necessariamente, ter a legitimidade para figurar
de valores desiguais entre ascendentes e descen- no polo ativo da locação.
dentes,sem consentimento dos outros descenden-
tes e do cônjuge do alienante. Por locatário entende-se a pessoa que recebe
do locador um bem ou um serviço, mediante um
4.6.3. Do Contrato Estimatório contrato de locação, obrigando-se a pagar por
isso o preço ajustado. O locatário é também cha-
Contrato Estimatório é uma modalidade de mado de inquilino, de arrendatário.
acordo em que o proprietário, denominado con-
signante, entrega bens móveis a outrem, denomi- Como o locador, o locatário deve, igualmente,
nado consignatário, que fica autorizado a vendê- ser capaz para assumir compromissos e respon-
los, pagando àquele o preço ajustado,salvo se der pelo seu cumprimento ou pelas conseqüên-
preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa cias pela inadimplência.
consignada.
4.6.5. Da Doação
Se o consignatário não puder restituir a coisa
em sua integridade, ou a restituição tornar-se im- A doação é uma modalidade de contrato em
possível, ainda que por fato a ele não imputável, que uma pessoa, por liberalidade, transfere bens
mesmo assim não se exonera da obrigação de ou vantagens do seu patrimônio para o patrimônio
pagar o preço ao consignante. de outra pessoa, que os aceita.
A coisa consignada não pode ser objeto de Aquele que doa é denominado doador, e quem
penhora ou seqüestro pelos credores do consig- aceita donatário.
natário,enquanto não pago integralmen- te o pre-
ço. O consignante não pode dispor da coisa antes A manifestação da aceitação pelo donatário é
de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a condição indispensável ao aperfeiçoamento do
restituição. Pode, também, a revogação ser auto- negócio.
mática, no caso de doação resolúvel.
A doação é pura quando traduz simples libera-
A doação onerosa pode ser revogada por ine- lidade, mero benefício movido pelo altruísmo do
xecução do encargo, se o donatário incorrer em doador. Remuneratória, quando objetiva retribuir
mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o serviços ou favores prestados por qualquer motivo
doador poderá notificar judicialmente o donatá- não cobrados pelo donatário. Com encargo, ou
rio,assinando-lhe prazo razoável para que cumpra modal quando se impõe ao donatário uma contra-
a obrigação assumida. prestação que ele deve cumprir e que resulta em
vantagem ao doador ou a outrem. Condicional,
quando sua eficácia depende de acontecimento
4.6.4. Da Locação de Coisas futuro e incerto. A doação de ascendentes a des-
cendentes, ou de um cônjuge a outro, importa
Locação é o ato de locar, de alugar uma coisa. adiantamento do que lhes cabe por herança.
Juridicamente, é um contrato pelo qual uma das
partes cede à outra o uso e gozo de bem móvel O doador pode estipular que os bens doados
ou imóvel ou se compromete a lhe fornecer servi- voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao dona-
ço, por prazo certo ou indeterminado, mediante tário. Não prevalece cláusula de reversão em fa-
pagamento de certa quantia. vor de terceiro.
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Havendo prazo estipulado à duração do contra- Mutuador ou mutuante é o que ou quem mu-
to, antes do vencimento não poderá o locador tua, que ou quem empresta algo no contrato de
reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao lo- mútuo.
catário as perdas e danos resultantes, nem o loca-
tário devolvê-la ao locador, senão pagan- No empréstimo mútuo, há transferência do do-
do,proporcionalmente,a multa prevista no contra- mínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja
to. O locatário gozará do direito de retenção, en- conta correm todos os riscos dela, desde a tradi-
quanto não for ressarcido. ção.
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Nesses casos não existe a caracterização de O contrato de depósito pode ser voluntário ou
relação sujeita às leis trabalhistas. Da mesma necessário. Qualquer que seja a modalidade, o
forma, não se aplica às categorias profissionais depositário que não o restituir quando exigido será
com regulamentação própria, como os corretores compelido a fazê-lo mediante prisão não exceden-
de imóveis, quando autônomos. te a um ano, e ressarcir os prejuízos.
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O mandato com a cláusula “em causa própria”, No desempenho das suas incumbências o co-
não poderá ser revogado e nem se extinguirá pela missário é obrigado a agir com cuidado e diligên-
morte de qualquer das partes, ficando o mandatá- cia, não só para evitar qualquer prejuízo ao comi-
rio dispensado de prestar contas, e podendo tente, mas ainda para lhe proporcionar o lucro que
transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto razoavelmente se podia esperar do negó-
do mandato, obedecidas as formalidades legais. cio,respondendo por qualquer prejuízo que, por
ação ou omissão, ocasionar ao comitente, salvo
Para revogar o mandato deve o mandante noti- motivo de força maior. O comissário não responde
ficar da revogação o mandatário ou procurador e pela insolvência das pessoas com quem tratar,
ainda comunicar o fato a todos os eventuais inte- exceto em caso de culpa e se ele assumir o ônus
ressados,seja por meio de notificações diretas ou através da cláusula del credere. Nesse caso res-
publicação em jornal. Não tomadas essas provi- ponderá o comissário solidariamente com as pes-
dências continuarão válidos os atos ajustados soas com que houver tratado em nome do comi-
entre o procurador demitido e terceiros de boa-fé, tente.
que não sabiam da revogação.
Cláusula del credere é aquela em que “o co-
É irrevogável o mandato que contenha poderes missário assume a responsabilidade pela solvên-
de cumprimento ou confirmação de negócios en- cia daqueles com quem vier a contratar no inte-
cetados, aos quais se ache vinculado. A nomea- resse e por conta do comitente” (Maria Helena
ção comunicada de um outro mandatário para o Diniz).
mesmo negócio revoga o mandato anterior.
4.6.11.Da Corretagem
A renúncia do mandato será comunicada ao (Arts. 722 a 729 do novo Código Civil)
mandante, que, se for prejudicado pela sua ino-
portunidade, ou pela falta de tempo, a fim de pro- Corretagem é o oficio, a função do Corretor.
ver à substituição do procurador, será indenizado
pelo mandatário, salvo se este provar que não Corretor é aquele que age como intermediário
podia continuar no mandato sem prejuízo conside- em negócios particulares, que se envolve na com-
rável, e que não lhe era dado substabelecer. pra e venda de bens ou ações na bolsa de valo-
res.
4.6.10. Da Comissão
O exercício de corretagem é objeto de um con-
A palavra comissão tem diversos significados, trato específico. Pelo contrato de corretagem, uma
popularmente conhecidos. Comissão pode signi- pessoa se obriga a obter para a segunda um ou
ficar: - a gratificação que se dá ao comissionado mais negócios, conforme as instruções recebidas.
por serviço prestado; - percentagem ou prêmios A atividade do corretor é voltada para o público,
que representantes comerciais, corretores, ven- não para pessoas determinadas.
dedores cobram sobre o valor do negócio realiza-
do ou serviço prestado; - gratificação por cargo ou Define-se o contrato de corretagem pelo liame
emprego; - conjunto de pessoas incumbidas de obrigacional: não pode haver ligação decorrente
realizar uma tarefa; - ato de cometer, de entregar, de mandato, de prestação de serviços ou por
de dar ou delegar algo a alguém, de incumbir al- qualquer relação de dependência.
guém de realizar algo.
O corretor é obrigado a executar a mediação
Comitente é a pessoa que incumbe alguém de com a diligência e prudência que o negócio re-
executar determinado ato, mediante pagamento. quer, prestando ao cliente, espontaneamente,
todas as informações sobre o andamento dos ne-
Comissário ou comissionado é a pessoa que gócios. Deve,também, sob pena de responder por
exerce uma comissão, delegado. perdas e danos, prestar ao cliente todos os escla-
recimentos que estiverem ao seu alcance, acerca
No presente trabalho, recebe o nome de Co- da segurança ou risco do negócio, das alterações
missão, a modalidade de contrato em que o co- de valores e do mais que possa influir nos resulta-
missário passa a comprar ou vender bens,em seu dos da incumbência. (Ver art. 723 do Código Civil)
próprio nome, mas por conta de um comitente, e
de acordo com as instruções deste. O comissário A remuneração do corretor, se não estiver fixa-
fica diretamente obrigado para com as pessoas da em lei, nem ajustada entre as partes, será arbi-
com quem contratar, sem que estas tenham ação trada segundo a natureza do negócio e os usos
contra o comitente, nem este contra elas,salvo se locais. O contrato de corretagem tem como objeti-
o comissário ceder seus direitos a qualquer das vo a disponibilização dos meios necessários para
partes. realização do negócio.Nesse sentido, a remunera-
ção é devida ao corretor uma vez que tenha ele
O leiloeiro é um exemplo típico de ocorrência conseguido o resultado previsto no contrato de
de comissão, desde que ausente o proprietário da mediação, mesmo que este não se efetive em
coisa leiloada. virtude de arrependimento das partes.
– 28 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
Iniciado e concluído o negócio diretamente en- Portanto, transação significa um ajuste no qual
tre as partes, nenhuma remuneração será devida as pessoas realizam um negociação ou contrato;
ao corretor. Todavia, se for ajustada a corretagem acordo, um convenção. É um negócio ou ato co-
com exclusividade, através de documento escrito, mercial, uma operação de compra e venda.
terá o corretor direito à remuneração integral, ain-
da que realizado o negócio sem a sua media- É lícito aos interessados prevenirem ou termi-
ção,salvo se comprovada sua inércia ou ociosida- narem o litígio mediante concessões mútuas. Po-
de. dem ser objeto de transação os direitos patrimoni-
ais de caráter privado.
Se, por não haver prazo determinado, o dono
do negócio dispensar o corretor, e o negócio se Quando a lei exigir, ou quando recair sobre
realizar posteriormente, como fruto da sua media- direitos contestados em juízo, a transação deverá
ção, a corretagem lhe será devida. Da mesma ser feita por escritura pública, permitido o instru-
forma se procederá se o negócio se realizar após mento particular nos demais casos. A transação
a decorrência do prazo contratual, mas por efeito deve ser interpretada restritivamente e por ela não
dos trabalhos do corretor. Para resguardar seus se transmitem, apenas se declaram ou reconhe-
direitos é recomendável ao Corretor notificar o cem direitos. Sendo nula qualquer das cláusulas
dono do negócio, discriminado as pessoas com da transação, nula será esta. Só se anula a tran-
quem tratou com vistas à intermediação. Se o sação nos casos de dolo, coação, ou erro essen-
negócio se concluir com a intermediação de mais cial quanto à pessoa ou coisa controversa.
de um corretor, a remuneração será paga a todos
em partes iguais, salvo ajuste em contrário. 4.6.14. Do Compromisso ou Arbitragem
– 29 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
O enriquecimento sem causa é o acréscimo 1 - Fale sobre as Obrigações de Dar Coisa Certa?
patrimonial de alguém, em prejuízo de outrem,
sem justa razão, ou de modo ilícito. É o locuple- ________________________________________
tamento à custa alheia. Aquele que, sem justa ________________________________________
causa, se enriquecer à custa de outrem, será o- ________________________________________
brigado a restituir o indevidamente auferido, feita a ________________________________________
atualização dos valores monetários.
________________________________________
RESUMINDO ________________________________________
Das modalidades das obrigações: Obrigações ________________________________________
De dar (coisa certa ou coisa incerta), Obrigações ________________________________________
de fazer, Obrigações de não fazer, Obrigações ________________________________________
Alternativas, Obrigações Divisíveis e Indivisíveis, ________________________________________
Obrigações Solidárias (solidariedade ativa e pas-
siva). ________________________________________
________________________________________
Da transmissão das obrigações: Da cessão de ________________________________________
crédito; da assunção da dívida. ________________________________________
Do Adimplemento e extinção das obrigações: ________________________________________
Do pagamento (quem deve pagar, daqueles a ________________________________________
quem se deve pagar, do objeto do pagamento e ________________________________________
sua prova, do lugar do pagamento (dívida quéra-
ble, (dívida portable), do tempo do pagamento. Do ________________________________________
Pagamento em Consignação; Do Pagamento com ________________________________________
Sub-Rogação (pessoal, real e convencional); Da ________________________________________
imputação de pagamento;da dação em Pagamen- ________________________________________
to; Da Novação; da Compensação; Da Confusão;
Da remissão das Dividas. ________________________________________
________________________________________
Do Inadimplemento das obrigações: Da mo-
ra;Das Perdas e Danos; Dos Juros Legais; Da
2 - Cite todos os tipos do Pagamento?
Cláusula Penal; Das Arras ou Sinal.
________________________________________
Dos contratos em Geral: Da formação de Con- ________________________________________
tratos; Da Estipulação em Favor de Terceiro; Da ________________________________________
Promessa de Fato de Terceiro; Dos Vícios Redibi-
tórios; Da Evicção; Dos Contratos Aleatórios, Do ________________________________________
Contrato Preliminar; Do Contrato com Pessoa a ________________________________________
Declarar; Da Extinção de Contrato (distrato, cláu- ________________________________________
sula resolutiva, exceção de contrato não cumpri- ________________________________________
do, resolução por onerosidade excessiva).
________________________________________
________________________________________
Das várias espécies de contrato: Da Compra e ________________________________________
Venda (retrovenda venda a contento e da sujeita
a prova, da preempção ou preferência, da venda ________________________________________
com reserva de domínio, da venda sobre docu- ________________________________________
mentos; Da Troca ou Permuta; Do Contrato Esti- ________________________________________
matório; Da Locação de Coisas; Da Doação; do ________________________________________
Empréstimo( comodato, mútuo); Da Prestação de
Serviço; do Depósito (voluntario e necessário); Do ________________________________________
Mandato (obrigações do mandatário, obrigações ________________________________________
do mandante e da extinção do mandato; Da Co- ________________________________________
missão; Da Corretagem;Da Fiança; Da Transação;
________________________________________
Do compromisso ou arbitragem.
________________________________________
________________________________________
Dos atos unilaterais: Da Promessa de Recom- _______________________________________
pensa, do Pagamento Indevido, do Enriquecimen-
to Sem Causa.
– 30 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
– 31 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
Quanto aos vícios objetivos a posse pode ser O sucessor universal continua de direito a pos-
justa ou injusta. se do seu antecessor; e ao sucessor singular é
facultado unir sua posse à do antecessor, para os
Justa é a posse que não for violenta, clandes- efeitos legais.
tina ou precária. Injusta é a que for violenta, clan-
destina ou precária. São atos que não induzem e nem autorizam a
aquisição da posse os de mera permissão ou tole-
Posse violenta é aquela adquirida com o uso rância, os violentos, ou clandestinos, senão de-
da força física ou violência moral. pois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Quanto à idade a posse pode ser nova ou ve- 5.1.4. Da Perda da Posse
lha. Nova é aquela que data de menos de ano e
dia; velha a que data de mais de ano e dia. Perde-se a posse quando o possuidor deixa,
embora contra a própria vontade, de ter de fato o
A posse nova admite a concessão de liminar exercício,pleno ou não,de algum dos poderes ine-
nas ações possessórias, a velha não. rentes à propriedade.
A posse de boa-fé só perde este caráter no São exemplos o abandono, a tradição, a perda
caso e desde o momento em que as circunstân- ou destruição da coisa.
cias façam presumir que o possuidor não ignora
que possui indevidamente. Salvo prova em contrá- 5.2 – DOS DIREITOS REAIS
rio, entende-se manter a posse o mesmo caráter
com que foi adquirida. São diretos reais sobre as coisas:
– 32 –
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Os direitos reais sobre coisas móveis, quando - pela transcrição do título de transferência no
constituídos,ou transmitidos por atos entre vivos, registro de imóvel;
só se adquirem com a tradição, ou seja, conforme
o costume. - pela acessão;
– 33 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
Reduz-se o prazo a cinco anos se o imóvel Nesse caso, o dono do imóvel acrescido adqui-
houver sido adquirido, onerosamente, com base rirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o
no registro constante do respectivo cartório, can- dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um
celada posteriormente,desde que os possuidores ano, ninguém houver reclamado.
nele tiverem estabelecido a sua moradia ou reali-
zado investimentos de interesse social e econômi-
co. 5.3.1.3.4. Do Álveo Abandonado
O possuidor pode, para o fim de contagem de Álveo é o leito do rio. O álveo abandonado de
prazo,acrescentar à sua posse a dos seus ante- corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das
cessores, desde que todas sejam contínuas, pací- duas margens,sem que tenham indenização os
ficas. O justo título e a boa-fé são exigidos nos donos dos terrenos por onde as águas abrirem
casos de usucapião após dez anos da posse. novo curso, entendendo-se que os prédios margi-
nais se estendem até o meio do álveo.
5.3.1.2. Da aquisição pelo Registro do Título
– 34 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
5.3.3.6. Dos Limites entre Prédios e do Direito O proprietário que tiver direito a estremar um
de Tapagem imóvel com paredes, cercas, muros, valas ou va-
lados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na
O proprietário tem direito a cercar, murar, valar parede, muro, valado ou cerca do vizinho, embol-
ou tapar o seu prédio, urbano ou rural, e pode sando-lhe metade do que atualmente valer a obra
constranger o seu confinante a proceder com ele e o terreno por ela ocupado.
à demarcação entre os dois prédios, a aviventar
rumos apagados e a renovar marcos destruídos
ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente as 5.5 – DO CONDOMÍNIO EDILÍCIO
despesas.
O Condomínio edilício é instituído em edifica-
5.3.3.7.Do Direito de Construir ções e tem como características partes que são
propriedade exclusiva, e partes que são proprie-
O proprietário pode levantar em seu terreno as dade comum dos condôminos.
construções que lhe aprouver, salvo o direito dos
vizinhos e os regulamentos civis e administrativos. As partes suscetíveis de utilização independen-
O proprietário construirá de maneira que o seu te, tais como apartamentos, escritórios, salas,
prédio não despeje águas, diretamente, sobre o lojas, sobrelojas ou abrigos para veícu-
prédio vizinho e não poderá abrir janelas,ou fazer los,sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo
terraço ou varanda,a menos de metro e meio do ser alienadas e gravadas livremente por seus pro-
terreno vizinho. prietários.
– 35 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
São de utilização em comum pelos condômi- 5.7 – DIREITOS REAIS DE GOZO OU FRUIÇÃO
nos, e não podem ser alienados separadamente, SOBRE COISAS ALHEIAS
ou divididos, o solo, a estrutura do prédio, o telha-
do, a rede geral de distribuição de água, esgoto, Os direitos reais são previstos e limitados por
gás e eletricidade, a calefação e refrigeração cen- lei, e não se admitem a criação de novas espécies
trais,e as demais partes comuns, inclusive o aces- por ato de vontade das partes. Essa modalidade
so ao logradouro público. de direito transfere o domínio do imóvel ao adqui-
rente, para que este possa gozar e fruir do bem,
Os condôminos têm o direito de usar, fruir e conforme o tipo de direito real pactuado.
livremente dispor das suas unidades,usar das
partes comuns,conforme a sua destinação, sem Os direitos reais sobre coisas alheias comenta-
excluir a utilização pelos demais compossuidores, dos serão os que tratam da superfície, das servi-
e votar nas deliberações da assembleia e delas dões, do usufruto, do uso, da habitação, do direito
participar, estando quite. do promitente comprador, do penhor, da hipoteca
e da anticrese.
São deveres do condômino contribuir para as
despesas do condomínio, na proporção de suas 5.8 – DA SUPERFÍCIE
frações ideais, abster-se de realizar obras que
comprometam a segurança da edificação ou a O proprietário pode conceder a outrem o direito
forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias de construir ou de plantar em seu terreno, por
externas,não utilizar a sua par- te de maneira pre- tempo determinado, mediante escritura pública
judicial ao sossego, salubridade e segurança dos devidamente registrada no Cartório de Registro de
possuidores,ou aos bons costumes. Imóveis. O direito de superfície não autoriza obra
no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da
O condômino que não pagar a sua contribuição concessão.
ficará sujeito aos juros moratórios convencionados
ou, não sendo previstos, os de um por cento ao O direito de superfície pode transferir-se a
mês e multa de até dois por cento sobre o débito. terceiros e,por morte do superficiário, aos seus
herdeiros. Extinta a concessão, o proprietário pas-
O adquirente de unidade responde pelos débi- sará a ter a propriedade plena sobre o terreno,
tos do alienante, em relação ao condomínio, inclu- construção ou plantação, independentemente de
sive multas e juros moratórios. indenização,se as partes não houverem estipula-
do o contrário.
A administração do condomínio cabe ao síndi-
co,que poderá não ser condômino,eleito em as- 5.9 – DAS SERVIDÕES
sembleia para mandato não superior a dois anos,
o qual poderá renovar-se. A servidão é o proveito ou facilidade prestada
por um prédio - o serviente - em favor de outro – o
Compete ao síndico, dentre outros, represen- dominante.
tar, ativa e passivamente, o condomínio, cumprir e
fazer cumprir a convenção, o regimento interno e A servidão proporciona utilidade para o prédio
as determinações da assembleia, zelar pela con- dominante e grava o prédio serviente, que perten-
servação e a guarda das partes comuns,cobrar ce a outro dono. É constituída mediante declara-
dos condôminos as suas contribuições, bem como ção expressa dos proprietários, ou por testamen-
impor e cobrar as multas devidas, prestar contas à to, e subseqüente registro no Cartório de Registro
assembleia, anualmente e quando exigi- de Imóveis.
das,realizar o seguro da edificação etc.
O exercício da servidão é restrito às necessi-
dades do prédio dominante, de modo a evitar a-
5.6 – DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL gravar o encargo ao prédio serviente.
– 36 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
O usufruto pode recair em um ou mais bens, São aplicáveis à habitação,no que não for con-
em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abran- trário à sua natureza, as disposições relativas ao
gendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utili- usufruto.
dades. O usufruto de imóveis será constituído
mediante registro no Cartório de Registro de Imó- 5.13 – DO DIREITO DO PROMITENTE COM-
veis. PRADOR (CC, ART. 1417)
Não se pode transferir o usufruto por alienação; Mediante promessa de compra e venda, em
mas o seu exercício pode ceder-se por título gra- que se não pactuou arrependimento, celebrada
tuito ou oneroso. por instrumento público ou particular e registrada
no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o
O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou promitente comprador direito real à aquisição do
mediante arrendamento, o prédio, mas não lhe imóvel.
mudar a destinação econômica, sem expressa
autorização do proprietário. O promitente comprador, titular de direito real,
pode exigir do promitente vendedor ou de tercei-
O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, ros, a quem os direitos deste forem cedidos, a
inventariará, à sua custa, os bens que receber, outorga da escritura definitiva de compra e venda,
determinando o estado em que se acham, e dará conforme o disposto no instrumento preliminar; e,
caução, fidejussória ou real, se lha exigir o dono, se houver recusa, requerer a adjudicação do imó-
de velar-lhes pela conservação, e entregá-los fin- vel.
do o usufruto. Todavia o usufrutuário não é obri-
gado a pagar as deteriorações resultantes do e- 5.14 – DIREITOS REAIS DE GARANTIA SOBRE
xercício regular do usufruto. COISAS ALHEIAS
É atribuição do usufrutuário pagar as despesas “Direito real de garantia é aquele que confere
ordinárias de conservação dos bens no estado em ao seu titular a prerrogativa de obter o pagamento
que os recebeu, bem como as prestações e os de uma dívida com o valor ou a renda de um bem
tributos devidos pela posse ou rendimento da coi- aplicado exclusivamente à sua satisfação” (Sílvio
sa usufruída. Rodrigues). São eles o penhor,a hipoteca e a anti-
crese.
Extingue-se o usufruto pela morte do usufrutuá-
rio, pelo termo de sua duração, pela cessação da 5.14.1. Disposições gerais sobre o penhor, hi-
causa que o originou, pela destruição da coisa, poteca e a anticrese
pela consolidação (quando a mesma pessoa pas-
sa a ser o usufrutuário e o proprietário), pelo usu- Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese
capião, por culpa do usufrutuário, quando aliena, ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito,
deteriora, ou deixa arruinar os bens, pela renún- por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.
cia, pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que
o usufruto recai etc. Só aquele que pode alienar poderá empenhar,
hipotecar ou dar em anticrese. Só os bens que se
Os demais casos de extinção do usufruto estão podem alienar serão dados em penhor, anticrese
presentes no art. 1410 do Código Civil. ou hipoteca.
5.11 – DO USO (CC, ART. 1417) A coisa comum a dois ou mais proprietários
não pode ser dada em garantia real, na sua totali-
O uso é uma espécie de usufruto restrito, que dade, sem o consentimento de todos; mas cada
atribui ao seu titular apenas o uso de coisa alheia, um pode individualmente dar em garantia real a
sem direito à administração e aos frutos,salvo parte que tiver.
daquilo que seja necessário ao consumo pessoal
e da família, compreendidas a de seu cônjuge, O pagamento de uma ou mais prestações da
dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço dívida não importa exoneração correspondente da
doméstico. garantia, ainda que esta compreenda vários bens,
salvo disposição expressa no título ou na quita-
São aplicáveis ao uso,no que não for contrário ção.
à sua natureza, as disposições relativas ao usufru-
to. O credor hipotecário e o pignoratício têm o
direito de excutir (executar judicialmente) a coisa
5.12 – DA HABITAÇÃO (CC, ART. 1414) hipotecada ou empenhada e preferir, no paga-
mento, a outros credores, observada, quanto à
O direito real temporário de habitar gratuita- hipoteca, a prioridade no registro. Excetuam-se
mente casa alheia. O titular deste direito não a dessa regra as dívidas trabalhistas, previdenciá-
pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente rias, fiscais, que têm preferência.
ocupá-la com sua família.
– 37 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
O credor anticrético tem direito a reter em seu O credor pignoratício é obrigado à custódia da
poder o bem, enquanto a dívida não for paga; ex- coisa, na qualidade de depositário, a ressarcir ao
tingue-se esse direito decorridos quinze anos da dono a perda ou deterioração de que for culpado,
data de sua constituição. à defesa da posse da coisa empenhada e a co-
municação ao dono dela, das circunstâncias que
tornarem necessário o exercício de ação posses-
A dívida será considerada vencida se o bem sória, a restituí-la, com os respectivos frutos e
dado em garantia se perecer, deteriorar ou depre- acessões, uma vez paga a dívida.
ciar e o devedor, intimado, não o reforçar ou subs-
tituir, se o devedor cair em insolvência ou falir, se Extingue-se o penhor com a extinção da obri-
as prestações não forem pontualmente pagas, se gação; com o perecimento da coisa; renunciando
desapropriar o bem dado em garantia. o credor; confundindo-se na mesma pessoa as
qualidades de credor e de dono da coisa; dando-
se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda
É nula a cláusula que autoriza o credor pigno- da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele
ratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o autorizada.
objeto da garantia, se a dívida não for paga no
vencimento, mas vencida a dívida, poderá o de-
vedor dar a coisa em pagamento da dívida. 5.14.1.2. Da Hipoteca (CC, art. 1473 e ss)
– 38 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
- aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe Da posse: Posse e sua classificação (justa, vio-
que passar a outras núpcias,antes de fazer o in- lenta, clandestina, precária); Aquisição da Posse,
ventário do casal anterior; dos Efeitos da Posse;da Perda da Posse.
- ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os Dos Direitos Reais (propriedade, superfície, usu-
imóveis do delinqüente, para satisfação do dano fruto, uso, habitação,direito do promitente com-
causado pelo delito e pagamento das despesas prador do imóvel, penhor, hipoteca, anticrese). Os
judiciais; direitos reais sobre imóveis constituídos ou trans-
mitidos por atos entre vivos , só se adquirem com
o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos
- ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou referidos títulos.
torna da partilha, sobre o imóvel adjudicado (sub-
metido a ato judicial que dá a alguém a posse de
determinado bem) ao herdeiro reponente (o que Da propriedade: Da aquisição da Propriedade do
repõe); Imóvel (aquisição pelo Usucapião, das ilhas, da
aluvião, da avulsão,do álveo abandonado, das
construções e plantações); da Perda da Proprie-
- ao credor sobre o imóvel arrematado, para ga- dade; Dos Direitos da Vizinhança (uso anormal da
rantia do pagamento do restante do preço da ar- propriedade, das árvores limítrofes, da passagem
rematação. forçada, da passagem de cabos e tubulações, das
águas, dos limites entre prédios e do direito de
tapagem, do direito de construir).
A hipoteca extingue-se pela extinção da obri-
gação principal, pelo perecimento da coisa, pela Do Condomínio Geral; Do Condomínio Volun-
resolução da propriedade, pela renúncia do cre- tário, Do Condomínio Necessário.
dor, pela remição, e pela arrematação ou adjudi-
cação. Do Condomínio Edilício: instituído em edifica-
ções e tem como características partes que são
propriedade exclusiva, e partes que são proprie-
dade comum dos condôminos.
Da Superfície.
O imóvel hipotecado pode ser dado em anticre-
se, sendo a recíproca verdadeira. Das Servidões.
Do Usufruto.
O credor anticrético pode administrar os bens
dados em anticrese e fruir seus frutos e utilidades, Do Uso.
mas deverá apresentar anualmente balanço, exa-
to e fiel, de sua administração. Da habitação.
– 39 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
EXERCICIOS
TEXTO ADICIONAL
1 - Fale sobre o que é posse e cite os tipos que
existem:
________________________________________ A PROPRIEDADE – BREVE HISTÓRICO
________________________________________
________________________________________ A propriedade privada da concepção moderna,
________________________________________ desde a antiguidade, sofreu influência da história
dos povos, e é decorrente da organização política.
________________________________________ Nas sociedades primitivas, a propriedade somente
________________________________________ existia para as "coisas" móveis, como vestimen-
________________________________________ tas, utensílios de caça e de pesca, etc., já o solo
pertencia a toda coletividade (VENOSA, 2004).
________________________________________
________________________________________ A primeira forma de propriedade imobiliária
________________________________________ individual teve início com a Lei das XII Tábuas.
________________________________________ Nesse período, o indivíduo recebia uma porção de
terras para cultivar, mas terminada a colheita a
________________________________________ terra voltava a ser coletiva. Com isso, surgiu o
________________________________________ costume de conceder, ano a ano, a mesma por-
________________________________________ ção de terra às mesmas pessoas, sendo que ali o
pater familias construía sua moradia, instalando-
se e vivendo com sua família e escravos.
2 - Cite os direitos reais sobre as coisas:
________________________________________ Assim, a concepção romana de propriedade
________________________________________ individual e perpétua é transmitida para a cultura
jurídica da Europa continental. Nesse cenário, o
________________________________________ Direito Romano passa a admitir o uso abusivo do
________________________________________ direito de propriedade (VENOSA, 2004).
________________________________________
________________________________________
No curso da História, após a expansão do Im-
________________________________________ pério Romano, a isenção de impostos em favor
________________________________________ dos nobres e da Igreja, também contribuiu para a
________________________________________ formação de grandes propriedades privadas. Já
na Idade Média, com o regime feudal, a concen-
________________________________________ tração dos bens se formou nas mãos de poucas
________________________________________ pessoas, e os demais cultivavam as terras apenas
________________________________________ em troca de alimentos.
________________________________________
Os conceitos jurídicos são modificados com a
3 - Relacione:
cultura bárbara, que passa a ser sinônimo de po-
der. Na Revolução Francesa, a propriedade pas-
( ) Penhor
sou a ser vista como sagrada e inviolável, o que,
( ) Hipoteca
não muito tempo depois, ficou incorporado no Có-
( ) Anticrese
digo de Napoleão. Esse Código serviu de modelo
( ) ato ou efeito de oferecer um bem, geralmente
a todo um modelo codificador do século XIX, res-
saltando o prestígio pela propriedade imóvel como
um imóvel.
( ) entrega, empenho de coisa móvel ou imóvel fonte de riqueza e símbolo de estabilidade. Além
disso, recepcionou a idéia romana e traçou a con-
como garantia.
( ) devedor entrega ao credor a posse do imóvel. cepção individualista do instituto da propriedade,
aduzindo em seu art. 544: “a propriedade é o direi-
to de gozar e dispor das coisas de modo mais
absoluto, desde que não se faça uso proibido pe-
( ) Mandato las leis ou regulamentos”.
( ) Mandante
( ) Mandatário
No Brasil, o Código Civil de 1916, no art. 524,
( ) aquele que tem autoridade para mandar. trazia a seguinte idéia conceitual: “a lei assegura
( ) aquilo que se está encarregado de fazer. ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de
( ) aquele que recebe mandato ou procuração. seus bens, e de reavê-los do poder de quem quer
que injustamente os possua”.
– 40 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
A ideia conceitual, no entanto, é repetida no art. Portanto, o direito de propriedade está condi-
122 8 do Código Civil vigente: "o proprietário tem cionado a dois fatores independentes: um fator
a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o aquisitivo, em que a pessoa adquire a propriedade
direito de reavê-la do poder de quem quer que de forma legítima e legal, e um fator de caráter
injustamente a possua ou detenha”, mas a função contínuo, em que o proprietário usa a propriedade
social da propriedade é protagonizada mais cla- de forma condizente com os fins sociais e ambien-
ramente no seu art. 1128, § 1º, que ordena que “o tais (GOMES, 2000).
direito de propriedade deve ser exercido em con-
sonância com as suas finalidades econômicas e A previsão do artigo 182, § 2º, da Constituição
sociais e de modo que sejam preservados, de Federal também aduz que a propriedade urbana
conformidade com o estabelecido em lei especial, atende a sua função social quando realiza as exi-
a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio gências fundamentais de ordenação da cidade
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem expressas no Plano Diretor. Assim, a definição de
como evitada a poluição do ar e das águas. propriedade não pode ser concebida no absolu-
tismo do Código Civil, uma vez que o direito de
Percebe-se, então, que a propriedade individu- usar, gozar e dispor dos bens tem limite e não
al vigente não conserva conteúdo idêntico ao de pode ofender a função social da propriedade.
sua origem histórica, posto que o direito de propri-
edade deixa de ser privatista e “passa a ser con- Assim, segundo Guimarães Júnior (2003,
siderado pela doutrina e tratado pelo ordenamento p.125), a função social da propriedade emerge
jurídico como um direito privado que se submete a como o “dever do proprietário de atender a finali-
interesses de outros sujeitos, que não apenas o dades relacionadas a interesses protegidos por
proprietário”, ou seja, “a propriedade pode estar lei”. O proprietário, ao usar, gozar e dispor da pro-
vinculada a interesses outros que podem não cor- priedade tem o dever de respeitar os interesses
responder exatamente aos interesses imediatos coletivos que, por sua relevância social, sobrepõe-
do proprietário” (BORGES, 1999, p. 45). se sobre os individuais.
– 41 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I
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