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Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

Além dessas revogações, o novo Código Civil


revogou toda ou partes de outras leis quando dis-
ORGANIZAÇÃO pôs do assunto tratado nessas. Este tipo de revo-
EMPRESARIAL gação, denomina-se “Revogação Tácita”, pois a
lei posterior não dispôs de forma expressa que a
anterior seria retirada do mundo jurídico, mas por
tratarem do mesmo tema, a mais nova prevalece.
DIREITO E LEGISLAÇÃO
Revogar uma lei, portanto, é abolir toda ou
INTRODUÇÃO parte dela que contenha disposições contrárias ao
que foi disposto pela nova. Quando a lei é revo-
A vida do cidadão é regida pela Constituição gada no seu todo ocorre a “AB-ROGAÇÃO”; ape-
Brasileira e por leis que dela decorrem. A Consti- nas em parte ocorre a “DERROGAÇÃO”.
tuição encontra-se no ápice do ordenamento jurí-
dico, é a LEI MAIOR. Todas as normas devem se LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL
adequar a ela, sob pena de serem inconstitucio-
nais e, conseqüentemente, ficarem “fora” do mun- Em 1942, foi promulgado o Decreto-Lei Nº
do jurídico. 4.657, conhecido como Lei de Introdução ao Có-
digo Civil Brasileiro. Essa Lei estabelece dispositi-
Cada Lei decorrente da Constituição trata, em vos importantes que não foram derrogados pelo
regra, da conceituação básica de uma área de novo Código Civil.
interesse e/ou das diretrizes específicas que se
objetiva regular. O tema central da Lei de Introdução do Código
Civil é a própria lei, na medida em que versa a
Essas normas estabelecem os direitos e os respeito:
deveres do cidadão em todos os campos de ativi-
dade - profissionais, socioculturais, políticos e - da sua vigência;
econômicos; além de fundamentar e delimitar a
Atividade Estatal. - da sua revogação;

Legislação é um conjunto de leis que regulam - da impossibilidade de alegar-se o seu desconhe-


um assunto em particular. cimento;

Algumas atividades profissionais possuem um - da aplicação da mesma;


conjunto de leis que a regulam, ou seja, possuem
legislação própria. - de suas lacunas;

A atividade profissional na área de Transação - da sua interpretação; e


Imobiliária, do Corretor de imóveis tem a sua le-
gislação própria. Os profissionais dessa área pos- - sua eficácia no tempo e no espaço.
suem prerrogativas legais que precisam ser co-
nhecidas e vivenciadas. Para eles, são estabele- Toda Lei, depois de aprovada na Câmara dos
cidos deveres e direitos. Deputados e no Senado Federal, e sancionada
pelo Presidente da República, é apresentada ao
Código Civil é o conjunto de disposições e de povo, para que este conheça o seu conteúdo. Es-
regulamentos legais, referentes ao direito civil, à sa apresentação é feita no Diário Oficial da Uni-
vida do cidadão, sendo o grande tratado de Direito ão.
Privado.
A publicação no Diário Oficial é o ato de tornar
O Código Civil é o próprio cotidiano do indiví- a lei pública e, portanto, de conhecimento geral.
duo. Ele trata das situações que são mais afetas
ao dia-a-dia do cidadão. O que está disposto no A lei, para ser imperativa, ou seja, para ser
Código Civil diz respeito à vida da pessoa, de obrigatória a todos, deve estar em vigor. A maioria
seus bens e de sua família, bem como regula as delas costuma indicar a data a partir da qual en-
relações dos indivíduos em sociedade: obrigações trará em vigor. Todavia, se uma lei nada dispuser
contratuais, responsabilidades, entre outros. O a respeito, ela entrará em vigor 45 dias após a
atual Código Civil Brasileiro foi aprovado pela publicação oficial, no território nacional, e em 3
Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 que pas- meses nos países estrangeiros onde se admite a
sou a vigorar 1 ano depois. Esse novo Código legislação pátria. O intervalo de tempo que vai da
revogou o anterior que era de 1916 e, revogou, data da publicação da lei até a data de sua entra-
também, a primeira parte do Código Comercial da em vigor denomina-se vacatio legis. Durante
que tratava, basicamente, das sociedades comer- esse período ela não produz efeito, valendo a lei
ciais. anterior. Tal medida objetiva a concessão de pra-
zo para que todos se adaptem à nova lei.

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O novo Código Civil, por exemplo, passou a Nesse sentido, o nascituro pode herdar, rece-
vigorar após um período de vacatio legis. Esse ber doações e legados, ser adotado, figurar como
período foi de 1(um) ano. Via de regra, a lei vigora sujeito ativo e passivo de diretos e obrigações,
por tempo indeterminado, até que uma outra lei desde que venha a nascer.
posterior a modifique ou revogue.Mas, a lei nova
deve ter hierarquia (grau de poder) igual ou supe- A CAPACIDADE CIVIL é a aptidão da pessoa
rior à da lei modificada ou revogada. para ser titular, ou seja, exercer direitos e assumir
obrigações na ordem civil. Apesar de toda pessoa
Há casos em que a lei é de vigência temporá- ser titular de diretos e deveres, necessariamente,
ria, principalmente para atender situações extre- não significa que ela possa exercê-los plenamen-
mas, mas passageira. Se a lei estiver em vigor, te. Há casos em que a lei protege determinados
ninguém pode escusar-se de cumpri-la, alegando grupos de pessoas,considerando a idade, saúde e
que não a conhece. A lei não é capaz de prever o desenvolvimento mental, impedindo-os de exer-
todas as situações jurídicas e, sendo omissa, de- cer pessoalmente seus direitos. A esse grupo de
ve, então, o juiz decidir o caso de acordo com a pessoas dá-se a denominação de incapazes.
analogia (semelhança entre coisas ou fatos), com
os costumes e com os princípios gerais de direito. Assim, a INCAPACIDADE pode ser entendida
como a vedação imposta pela lei para a prática
A aplicação da lei ao caso concreto deve sem- pessoal de direitos e obrigações, não obstante a
pre atender aos fins sociais a que ela se dirige e pessoa seja titular desses direitos e deveres. A
às exigências do bem comum.Uma vez em vigor, incapacidade pode ser absoluta ou relativa.
a lei tem efeito imediato e geral, mas deve respei-
tar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a São ABSOLUTAMENTE INCAPAZES, para
coisa julgada. exercer, pessoalmente, os atos da sua vida civil,
os menores de dezesseis anos, os que, por en-
Ato jurídico perfeito é o já consumado segun- fermidade ou deficiência mental,não demonstram
do a lei vigente, ao tempo em que se efetuou. Di- o necessário discernimento para a prática desses
reito adquirido é aquele que o seu titular pode atos,e os que,mesmo por causa transitória, não
exercer, pessoalmente ou por terceiros, ou aquele puderem exprimir sua vontade.
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou
condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de A determinação da capacidade da pessoa é de
outrem. Chama-se coisa julgada a decisão judi- suma importância para a validade de um negócio
cial que não cabe mais recurso. jurídico,pois ele é NULO quando celebrado por
pessoa absolutamente incapaz.
Essas informações são de ordem geral para
todas as leis brasileiras. A partir de agora, você E sendo nulo não gera nenhum efeito.
vai conhecer alguns dispositivos do Código Civil,
aqueles que guardam estreita relação com o Téc- No exercício de diretos e deveres, os absolu-
nico em Transação Imobiliária. tamente incapazes são REPRESENTADOS pelo
pai, tutor ou curador, que pratica ato jurídico em
nome ou pela pessoa, absolutamente incapaz.
1. DAS PESSOAS

Pela legislação brasileira todo indivíduo é ca- São RELATIVAMENTE INCAPAZES a certos
paz de direitos e obrigações na ordem civil. O re- atos ou à maneira de os exercer, os maiores de
conhecimento da pessoa como tal é dada por sua dezesseis e menores de dezoito anos; os ébrios
personalidade jurídica. A personalidade civil co- habituais; os viciados em tóxicos e os que, por
meça com o nascimento, mas a lei protege, tam- deficiência mental tenham o discernimento reduzi-
bém, o nascituro desde a sua concepção. do;os excepcionais, sem desenvolvimento mental
completo; os pródigos, ou seja, o dissipador de
1.1 – DAS PESSOAS NATURAIS seus bens.

Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na O negócio jurídico celebrado por pessoa relati-
vida civil, ou seja, tem personalidade que a autori- vamente incapaz é ANULÁVEL. A lei permite aos
za a ser titular de deveres e direitos nas relações relativamente incapazes a prática de atos jurídi-
jurídicas entre os homens.A personalidade civil da cos, mas condiciona essa prática à ASSISTÊNCIA
pessoa começa do nascimento com vida e termina do pai, tutor ou curador, ou seja, de uma pessoa
com a morte. A respiração é considerada como plenamente capaz, que se posta ao lado do relati-
sendo a prova mais eficaz do nascimento com vamente incapaz, auxiliando-o na prática do ato
vida. jurídico e integrando-lhe a capacidade.

Todavia, desde a concepção, a lei põe a salvo A menoridade cessa aos dezoito anos comple-
os direitos do nascituro; ser já concebi- do, mas tos, quando a pessoa fica habilitada à prática de
que está por nascer. todos os atos da vida civil.

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Todavia, a incapacidade pode ser cessada, 1.1.2. Da Ausência


para os menores, pela EMANCIPAÇÃO concedida
pelos pais, pelo casamento, pelo exercício de em- A ausência ocorre quando uma pessoa desa-
prego público efetivo,pela colação de grau em parece do seu domicílio e dela não se tem mais
curso de ensino superior, pelo estabelecimento notícia ou não tenha deixado representante ou
civil ou comercial, ou pela existência de relação de procurador. Ao ausente será nomeado curador,
emprego no qual, o menor, com dezesseis anos que procederá a arrecadação dos bens.
completos tenha economia própria.
Tal fato pode gerar providências a serem ob-
Uma vez ocorrida a emancipação ela se torna servadas pelo corretor durante uma transação
irrevogável e definitiva. Quem se emancipou pelo imobiliária. Os interessados poderão requerer a
exercício do comércio e depois faliu, quem se ca- declaração de ausência e a abertura da sucessão
sou e depois ficou viúvo ou se divorciou não retor- provisória depois de decorrido um ano da arreca-
na à condição de incapaz. dação dos bens do ausente, ou três anos se ele
deixou representante ou procurador.
A existência da pessoa natural termina com a
morte. Pode-se, também presumir a morte e as- São considerados interessados na declaração
sim declará-la, sem decretação de ausência, de- de ausência: o cônjuge não separado judicialmen-
pois de esgotadas as buscas e averiguações, nos te, os herdeiros presumidos, legítimos ou testa-
casos em que é extremamente provável a morte mentários, os que tiverem sobre os bens do au-
de quem estava em perigo de vida, se o desapa- sente direito dependente de sua morte e os credo-
recido em campanha ou feito prisioneiro não for res de obrigações vencidas e não pagas.
encontrado até dois anos após o término da guer-
ra. Dez anos depois da abertura da sucessão pro-
visória poderão os interessados requerer a suces-
A morte presumida tem como conseqüência a são definitiva. Pode-se requerer a sucessão defini-
abertura da sucessão definitiva quanto aos bens e tiva, também, provando-se que o ausente conta
a dissolução da sociedade conjugal. oitenta anos de idade e que as últimas notícias
dele remontam a cinco anos.
A observação de informações como essas são
muito importantes no estabelecimento de uma
transação imobiliária, principalmente no que tange 1.2 – DAS PESSOAS JURÍDICAS
a cobrança de impostos, sucessões de bens e
realização de negócios, lembrando sempre, neste Pessoa jurídica é a entidade constituída de
último caso, de se averiguar a idade e o desenvol- indivíduos ou de bens com vida, direitos, obriga-
vimento mental da pessoa com a qual será reali- ções e patrimônio próprios. As pessoas jurídicas
zado qualquer contrato. são de direito público, interno ou externo, e de
direito privado.
A pessoa natural é, também, conhecida como
pessoa física. São pessoas jurídicas de direito público inter-
no:a União;os Estados; o Distrito federal e os Ter-
1.1.1. Dos Direitos da Personalidade ritórios; os Municípios, as autarquias e as demais
entidades de caráter público criadas por Lei.
Toda pessoa tem direitos relativos à sua per-
sonalidade. Os direitos da personalidade são a São pessoas jurídicas de direito público exter-
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem no: os Estados estrangeiros e todas as pessoas
das pessoas, o nome e o pseudônimo. Eles são que forem regidas pelo direito internacional públi-
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o co.
seu exercício sofrer limitação voluntária. Isto signi-
fica que o titular de direitos de personalidade não São pessoas jurídicas de direito privado: as
pode, exceto em casos específicos previstos em associações, as sociedades, e as fundações.
lei, transmitir esses diretos a outrem, não pode
renunciar ou deles dispor voluntariamente. A existência legal das pessoas jurídicas de
direito privado começa com a inscrição do ato
Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a le- constitutivo no respectivo registro. Aplica-se às
são, e reclamar perdas e danos,sem prejuízo de pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos
outras sanções previstas em lei. Toda pessoa tem direitos da personalidade.
direito ao nome, nele compreendidos o prenome e
o sobrenome. O nome da pessoa não pode ser 1.2.1. Das associações e das sociedades
empregado por outrem em publicações ou repre-
sentações que a exponham ao desprezo público, As associações são constituídas pela união de
ainda quando não haja intenção difamatória, nem pessoas que se organizem para fins não econô-
se pode usar o nome alheio em propaganda co- micos, exercendo via de regra, atividades cultu-
mercial. rais,religiosas ou beneficentes.

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As sociedades são constituídas pela união de RESUMINDO:


pessoas que se organizam visando fins econômi-
cos, ou seja, visando o lucro. São exemplos a
sociedade civil, a sociedade limitada, a sociedade Aprendemos que a Legislação é um conjunto
anônima de economia mista. de leis que regulam um assunto em particular.
Algumas atividades possuem legislação própria e
1.2.2. Das Fundações na área de Transação Imobiliária, do Corretor de
Imóveis, é um exemplo disso.
Fundação é a pessoa jurídica composta pela
organização de um patrimônio, destacado pelo
seu instituidor para fins religiosos, morais, cultu- Código Civil é o conjunto de disposições e
rais ou de assistência. A fundação possui apenas regulamentos legais, referentes ao direito civil. É o
patrimônio gerido por curadores e não tem propri- próprio cotidiano do indivíduo. O atual código Civil
etário, nem titular, nem sócios. Brasileiro foi aprovado pela Lei nº 10.406, de 10
de janeiro de 2002.
As fundações são veladas pelo Ministério Pú-
blico da unidade da federação onde estão situa- Toda lei, depois de aprovada, é necessária a
das. sua apresentação feita no Diário Oficial da União,
tornando a lei pública, de conhecimento geral.

1.3 – O DOMICÍLIO Seguem alguns dispositivos do Código Civil,


em relação ao Técnico de Transação Imobiliária:
Na área jurídica, domicílio é o local onde se
considera que uma pessoa reside ou esteja esta-
belecida, para os efeitos legais; é onde ela se en-
contra para cumprir determinados atos.
Das pessoas naturais: A capacidade civil é a
O domicílio pode ser classificado como voluntá- aptidão da pessoa para ser capaz de direitos e
rio, legal e de eleição. Voluntário é o domicílio deveres na vida civil, que começa no nascimento
estabelecido por critério exclusivo do indivíduo, e termina com a morte. Há casos em que a lei
sem qualquer interferência exceto sua manifesta- protege determinados grupos de pessoas, consi-
ção de vontade. Legal ou necessário é o domicí- derando a idade, saúde e o desenvolvimento men-
lio fixado por lei para determinadas pessoas (e- tal, impedindo-os de exercer pessoalmente seus
xemplo: filhos menores – domicílio dos pais; fun- direitos. A esse grupo dá-se a denominação de
cionário público – local da lotação,). incapazes que são divididos em absolutamente
incapazes e relativamente incapazes. A pessoa
Domicílio de eleição é o especificado, de co- natural é também conhecida como pessoa física.
mum acordo, pelas partes contratantes. Todas pessoas naturais tem direitos relativos à
sua personalidade (vida privada , íntima). Se ocor-
re ausência, ou seja, a pessoa desaparece de seu
1.3.1. Domicílio da pessoa natural domicilio, sem deixar representante ou procura-
dor, será nomeado um curador para arrecadação
O domicílio da pessoa natural ou pessoa dos bens.
física é o lugar onde ela estabelece a sua resi-
dência com ânimo definitivo.Todavia,se a pessoa
tiver diversas residências, vivendo nelas alterna-
damente, qualquer delas poderá ser considerada Das pessoas jurídicas: Entidade constituída de
seu domicílio. indivíduos ou de bens com vida, direitos, obriga-
ções e patrimônios próprios. São de direito público
O domicílio também pode ser o local de traba- interno ou de direito público externo e de direito
lho ou o lugar onde a pessoa mantém o centro de privado. Pode haver associações ou sociedades e
suas ocupações, ou, ainda, o lugar onde for en- também fundações.
contrada, se não tiver residência fixa ou centro de
ocupações habituais.

1.3.2. Domicílio da pessoa jurídica


O domicilio: De pessoa natural ou pessoa física é
O domicílio das pessoas jurídicas é o lugar o lugar onde ela estabelece sua residência, ou o
onde funcionam as respectivas diretorias e admi- local de trabalho onde mantém o centro de suas
nistrações ou onde elegem domicílio especial no ocupações, ou ainda, onde for encontrada, se não
seu estatuto ou atos constitutivos. Tendo a pessoa tiver nenhuma das opções acima. De pessoa jurí-
jurídica diversos estabelecimentos em lugares dica é o lugar onde funcionam as diretorias e ad-
diferentes, cada um deles será considerado domi- ministrações ou domicílio especial eleito no seu
cílio para os atos nele praticados. estatuto ou atos constitutivos.

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EXERCÍCIOS 2. DOS BENS

Bens são as coisas de quantidades limitadas e


1- Fale sobre as pessoas absolutamente incapa- com utilidade, econômica ou jurídica, para a pes-
zes e as relativamente incapazes. soa e que nela provoca o desejo de possuí-las.
________________________________________ Estão, portanto, fora da categoria de bens: terre-
________________________________________ nos em marte, o ar atmosférico, a água do mar,
________________________________________ entre outros.
________________________________________
________________________________________ Conforme as suas características,os bens têm
________________________________________ diversas classificações, a saber:
________________________________________
________________________________________
________________________________________ 2.1 – DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MES-
________________________________________ MOS
________________________________________
________________________________________
________________________________________ 2.1.1. Dos Bens Imóveis
________________________________________
________________________________________ São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe
________________________________________ incorporar natural ou artificialmente. Também são
________________________________________ considerados imóveis, para efeitos legais, os direi-
tos reais sobre imóveis e as ações que os assegu-
ram e o direito à sucessão aberta.

2 - Cite os 3 tipos de pessoas jurídicas: Não perdem o caráter de imóveis as edifica-


________________________________________ ções que, separadas do solo, mas conservando a
________________________________________ sua unidade, forem removidas para outro local, e
________________________________________ os materiais provisoriamente separados de um
________________________________________ prédio, para nele se reempregarem.
________________________________________
_______________________________________
________________________________________ 2.1.2. Dos Bens Móveis
________________________________________
________________________________________ São móveis os bens suscetíveis de movimento
________________________________________ próprio,ou de remoção por força alheia, sem alte-
________________________________________ ração da substância ou da destinação econômico-
________________________________________ social.
________________________________________
________________________________________ Também são considerados móveis, para efei-
________________________________________ tos legais, as energias que tenham valor econômi-
co, os direitos reais sobre objetos móveis e as
ações correspondentes, e os direitos pessoais de
caráter patrimonial e respectivas ações.

3 - Toda lei, após aprovada, é necessária a sua Os materiais destinados a alguma constru-
apresentação: ção,enquanto não forem empregados,conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa quali-
a- No Código Civil Brasileiro dade os provenientes da demolição de algum pré-
b- Na Constituição Federal dio.
c- No Diário Oficial da União
d- No Ministério Público
2.1.3. Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
Marque com X as alternativas corretas:
São fungíveis os móveis que podem substituir-
( ) Caso uma pessoa tenha várias residências, se por outros da mesma espécie, qualidade e
podemos considerar qualquer uma delas seu do- quantidade. Infungíveis são os que não podem
micilio. ser substituídos,valendo pela sua individualidade.

( ) Quando uma pessoa desaparece de seu domi- São consumíveis os bens móveis cujo uso
cílio, ninguém poderá proceder a arrecadação de importa destruição imediata da própria substância,
bens. sendo também considerados tais os destinados à
alienação.Inconsumíveis,são os bens móveis de
( ) As sociedades não visam fins econômicos. natureza durável.

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2.1.4. Dos Bens Divisíveis Os bens públicos dominicais podem ser aliena-
dos desde que observadas as exigências da lei.
Bens divisíveis são os que se podem fracionar
sem alteração na sua substância, diminuição con- Em qualquer hipótese os bens públicos não
siderável de valor, ou prejuízo do uso a que se estão sujeitos a usucapião.
destinam. É exemplo a gleba de lote rural, a barra
de ouro. Indivisíveis são os bens que não admi-
tem divisão. 2.4 – DAS BENFEITORIAS

2.1.5. Dos Bens Singulares e Coletivos Na área jurídica, benfeitoria significa obra, mo-
dificação ou conserto útil, realizado em proprieda-
São singulares os bens que, embora reunidos, de alheia – móvel ou imóvel – e que reverterá em
se consideram de per si, independentemente dos benefício do proprietário.
demais. São coletivos os bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação As benfeitorias podem ser voluntárias,úteis ou
comunitária. necessárias.

São voluptuárias as benfeitorias dispensá-


2.2 – DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSI- veis,que se prestam ao mero deleite ou recreio,
DERADOS que não aumentam o uso habitual do bem, ainda
que o tornem mais agradável ou sejam de elevado
Principal é o bem que existe sobre si, abstrata valor.
ou concretamente. Acessório é o bem cuja exis-
tência supõe a do principal. São úteis as benfeitorias que aumentam ou
facilitam o uso do bem.
São pertenças os bens que, não constituindo
partes integrantes, se destinam, de modo dura- São necessárias as benfeitorias indispensá-
douro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento veis, que têm por fim conservar o bem ou evitar
de outro. que se deteriore.

Os negócios jurídicos que dizem respeito ao Não se consideram benfeitorias os melhora-


bem principal não abrangem as pertenças, salvo mentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a
se o contrário resultar da lei, da manifestação de intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
vontade, ou das circunstâncias do caso. Apesar
de ainda não separados do bem principal, os fru- No processo de transação imobiliária, esses
tos e produtos podem ser objeto de negócio jurídi- conceitos são muito importantes e muito utiliza-
co. dos.

2.3 – DOS BENS PÚBLICOS

São públicos os bens do domínio nacional


pertencentes às pessoas jurídicas de direito públi- RESUMINDO:
co interno. Todos os outros bens são particulares,
seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Bens:São as coisas de quantidade limitadas e
São bens públicos: com utilidade, econômica ou jurídica, para a pes-
soa e que nela provoca o desejo de possuí-la.
I - os de uso comum do povo, tais como rios, ma-
res, estradas, ruas e praças;
Dos Bens considerados em si mesmos: Imó-
II - os de uso especial, tais como edifícios ou ter- veis, Móveis, Fungíveis e Consumíveis, Divisíveis,
renos destinados a serviço ou estabelecimento da Singulares e Coletivos.
administração federal, estadual, territorial ou mu-
nicipal, inclusive os de suas autarquias;
Dos Bens reciprocamente considerados: Prin-
III - e os dominais ou dominicais,que constituem o cipal e Acessórios.
patrimônio das pessoas jurídicas de direito públi-
co, como objeto de direito pessoal, ou real, de
cada uma dessas entidades. Dos Bens públicos: de uso comum, especial,
dominais ou dominicais.

Os bens públicos de uso comum do povo e os


de uso especial são inalienáveis, enquanto con- Das benfeitorias: voluntárias, úteis ou necessá-
servarem a sua qualificação. rias.

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EXERCICIOS 3. FATOS JURÍDICOS

1- Fale sobre a diferença entre os bens fungíveis 3.1 – FATOS, ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS
e infungíveis:
________________________________________ Fato jurídico é o acontecimento que produz
________________________________________ conseqüências jurídicas. O fato jurídico pode de-
________________________________________ correr da natureza, como os efeitos de uma ven-
________________________________________ tania, ou de uma ação humana, crian-
________________________________________ do,transferindo,modificando, ou extinguindo direi-
________________________________________ tos e obrigações. É importante diferenciar ato jurí-
________________________________________ dico de negócio jurídico.
________________________________________
________________________________________ O ato jurídico é o acontecimento que tem seus
________________________________________ limites estabelecidos pela lei, tanto na forma, nos
________________________________________ termos quanto nos efeitos.
________________________________________
________________________________________ O negócio jurídico é o ato lícito que faculta às
________________________________________ partes de estabelecerem a fixação dos termos e
________________________________________ dos efeitos, de acordo com seus interesses parti-
________________________________________ culares.
________________________________________
________________________________________ A validade do negócio jurídico requer agente
________________________________________ capaz; objeto lícito, possível, determinado ou de-
________________________________________ terminável,e forma prescrita ou não defesa (proi-
bida) em lei.

A realização de negócio jurídico tem como


2- Na área jurídica, o que significa benfeitoria? pressuposto uma declaração de vontade. Aquele
________________________________________ que a emite deve ter capacidade, ou seja, estar
________________________________________ consciente da declaração de vontade e das suas
________________________________________ conseqüências. Quando existe incapacidade ab-
________________________________________ soluta ou relativa, o agente deve ser representan-
________________________________________ do ou suprido.
________________________________________
________________________________________ A qualidade e o requisito do que é lícito, ou
________________________________________ seja, a liceidade do objeto visa garantir a obediên-
________________________________________ cia dos negócios ao ordenamento jurídico na me-
________________________________________ dida em que não permite negócios jurídicos que
________________________________________ vão de encontro à lei, a moral ou aos bons costu-
________________________________________ mes.Ressalte-se que a impossibilidade inicial do
________________________________________ objeto não invalida o negócio jurídico se for relati-
________________________________________ va, ou se cessar antes de realizada a condição a
________________________________________ que ele estiver subordinado.
________________________________________
________________________________________ Por fim, na realização do negócio jurídico é
________________________________________ imprescindível a obediência à forma, ou seja, o
meio pelo qual ele se exterioriza. A regra geral é
de que a validade da declaração de vontade de-
penderá de forma especial somente quando a lei
expressamente a exigir, sendo livre a forma nos
3 - Faça a correspondência correta: demais casos. No negócio jurídico celebrado com
a cláusula de não valer sem instrumento público, a
(a) Benfeitorias úteis sua ausência o invalida.

(b) Benfeitorias necessárias A manifestação de vontade, mesmo que o au-


tor haja feito a reserva mental de não querer o que
(c) Benfeitorias voluntárias manifestou, tem validade, exceto se o destinatário
da manifestação tinha conhecimento do desejo do
declarante.
( ) têm por fim conservar o bem.
O silêncio importa anuência, quando as cir-
( ) aumentam o uso do bem. cunstâncias ou os usos o autorizarem e quando
não for necessária a declaração de vontade ex-
( ) não aumentam o uso habitual do bem. pressa.

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Nas declarações de vontade se atenderá mais 3.3.2. Do Termo


à intenção nelas consubstanciada do que ao sen-
tido literal da linguagem. Os negócios jurídicos Termo é a definição do momento, do dia em
devem ser interpretados conforme a boa-fé e os que começam ou terminam os efeitos do negócio
usos do lugar de sua celebração. Os negócios jurídico. O termo inicial suspende o exercício, mas
jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se não a aquisição do direito. Para estabelecimento
estritamente. do termo, salvo disposição legal ou convencional
em contrário, computam-se os prazos, excluído o
dia do começo, e incluído o do vencimento. Se o
3.2 – DA REPRESENTAÇÃO dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á
prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
Os poderes de representação são conferidos
pela lei ou pelo interessado. A manifestação de Meado é considerado, em qualquer mês, o seu
vontade do representante, nos limites de seus décimo quinto dia. Os prazos de meses e anos
poderes, produz efeitos em relação ao represen- expiram no dia de igual número do de início, ou no
tado. imediato, se faltar exata correspondência. Os pra-
zos fixados por hora contar-se-ão minuto a minu-
O representante é obrigado a provar às pesso- to. Estabelecido um negócio jurídico entre vivos,
as, com quem tratar em nome do representado, a sem fixação de prazo, ele é exeqüível desde logo,
sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob exceto se a execução tiver de ser feita em lugar
pena de, não o fazendo, respon- der pelos atos diverso ou depender de tempo.
que a estes excederem.

É anulável o negócio concluído pelo represen- 3.3.3. Do Encargo


tante em conflito de interesses com o representa-
do, se tal fato era ou devia ser do conhecimento O encargo é cláusula acessória que impõe
de quem com aquele tratou. uma obrigação ao beneficiário do ato jurídico. Não
suspende a aquisição nem o exercício do direito,
Realizado o negócio, o prazo de decadência salvo quando expressamente imposto no negócio
para pleitear sua anulação é de cento e oitenta jurídico, pelo disponente, como condição suspen-
dias, a contar da conclusão do negócio ou da ces- siva.
sação da incapacidade.
O encargo ilícito ou impossível será conside-
rado não escrito, liberando o ato negocial de qual-
3.3 – DA CONDIÇÃO, DO TERMO E DO EN- quer restrição. Todavia, se constituir o motivo de-
CARGO terminante da liberalidade será invalidado o negó-
cio jurídico.
3.3.1. Da condição

Considera-se condição a cláusula que subor- 3.4 – DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
dina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto. Deriva exclusivamente da vontade das O negócio jurídico tem como fundamento a
partes. livre e consciente manifestação de vontade com
vistas a atingir os fins pretendidos. Se ela não é
São lícitas todas as condições não contrárias à consciente ou o querer não se manifestou livre-
lei,à ordem pública ou aos bons costumes. São mente o negócio jurídico pode ser anulado porque
proibidas as condições que privarem o negócio defeituoso.
jurídico de todo efeito e o sujeitar ao puro arbítrio
de uma das partes. O negócio jurídico é passível de anulação nos
casos de erro ou ignorância, dolo, coação, estado
Invalidam os negócios jurídicos,que lhes são de perigo e lesão. Há, também, manifestação de
subordinados, as condições impossíveis (quando vontade que o agente quis e estava consciente,
suspensivas);as ilícitas,as de fazer coisa ilícita e mas a expressou em desacordo com as disposi-
as condições incompreensíveis ou contraditórias. ções legais ou da boa-fé, como no caso da fraude
contra credores.
A condição impossível é aquela em que o
acontecimento necessário para a eficácia do ato
jurídico é inatingível, inalcançável ou legalmente 3.4.1.Do Erro ou Ignorância
proibida.
Erro é a falsa noção sobre alguma coisa, en-
Condições suspensivas são aquelas em que quanto a ignorância é o desconhecimento acerca
a aquisição do direito fica na dependência de um de algo. Ambos viciam o consentimento do decla-
evento futuro e incerto. Enquanto este não ocor- rante, que teria se manifestado de outra maneira
rer, não se terá adquirido o direito. se conhecesse a realidade.

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Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

ATENÇÃO: São anuláveis os negócios jurídi- 3.4.4. Do Estado de Perigo


cos,quando as declarações de vontade emanarem
de erro substancial que poderia ser percebido por Ocorre o estado de perigo quando alguém,
pessoa de diligência normal, em face das circuns- premido da necessidade de salvar-se, ou a pes-
tâncias do negócio. soa de sua família, de grave dano conhecido pela
outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa.
Erro substancial ou essencial é aquele que
recai sobre a natureza do negócio, sobre o objeto 3.4.5. Da Lesão
principal da declaração ou sobre alguma das qua-
lidades a ele essenciais. Da mesma forma, erro Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob pre-
substancial é aquele que recai sobre a identidade mente necessidade ou por inexperiência, se obri-
ou sobre a qualidade essencial da pessoa a quem ga a prestação manifestamente desproporcional
se refira a declaração de vontade, desde que te- ao valor da prestação oposta.
nha influído nesta, de modo relevante. Ainda, erro
substancial é aquele que ocorre quando for o mo- 3.4.6. Da Fraude Contra Credores
tivo único ou principal do negócio jurídico, sendo
de direito e não implicando recusa à aplicação da Pratica fraude contra credores o devedor insol-
lei. vente ou na iminência de o ser, que onera ou alie-
na seus bens, desfalcando seu patrimônio em
O ato jurídico somente é anulado por erro subs- detrimento dos credores. Nesse caso, os credores
tancial ou essencial. Não acarreta nulidade o erro poderão anular os negócios de transmissão gratui-
acidental ou secundário. O erro de indicação da ta de bens ou remissão de dívida. Serão igual-
pessoa ou da coisa, denominado erro acidental, a mente anuláveis os contratos onerosos do deve-
que se referir a declaração de vontade, não viciará dor insolvente, quando a insolvência for notória,
o negócio quando, por seu contexto e pelas cir- ou houver motivo para ser conhecida do outro
cunstâncias, se puder identificar a coisa ou pes- contratante.
soa cogitada.
3.5 – DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

3.4.2. Do Dolo A desobediência quanto a forma prescrita em


lei acarreta uma sanção que impede o negócio
Dolo é o artifício ou expediente usado para jurídico de produzir efeitos. Essa sanção é deno-
enganar alguém. Os negócios jurídicos são anulá- minada nulidade, que pode ser absoluta ou relati-
veis quando o dolo for a sua causa. Diferencia o va.
dolo do erro porque a vontade neste é enganada
espontaneamente, enquanto que naquele ela é A nulidade absoluta caracteriza-se pela falta
provocada. de algum elemento substancial do negócio jurídi-
co, como, por exemplo, quando for celebrado por
O dolo é acidental quando, a seu despeito, o pessoa absolutamente incapaz, quando for ilícito,
negócio seria realizado, embora por outro modo. impossível ou indeterminável o seu objeto, quando
Ele só obriga à satisfação das perdas e danos. o motivo determinante das partes for ilícito.

Nos negócios jurídicos bilaterais,o silêncio in- Da mesma forma, nulo é o negócio jurídico
tencional de uma das partes a respeito de fato ou quando não se reveste da forma prescrita em lei,
qualidade que a outra parte haja ignorado, consti- tiver por objetivo fraudar lei imperativa, e quando a
tui omissão dolosa, provando-se que sem ela o lei taxativamente o declarar nulo ou proibir-lhe a
negócio não se teria celebrado. prática, sem cominar sanção.

Se ambas as partes procederem com dolo, Também é nulo o negócio jurídico simulado,
nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio ou mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for
reclamar indenização. na substância e na forma. A simulação ocorre nos
casos de declaração, confissão, condição ou cláu-
sula não verdadeira, ao se antedatar ou pós-datar
3.4.3. Da Coação escritos particulares, ou, ainda, quando aparenta-
rem conferir ou transmitir direitos a pessoas diver-
Coação é a violência física ou moral que impe- sas daquelas às quais realmente se conferem ou
de alguém de dispor livremente de sua vontade. A transmitem.
coação, para viciar a declaração da vontade, há
de ser tal que incuta ao paciente fundado temor A nulidade relativa caracteriza-se pela in-
de dano iminente e considerável à sua pessoa, à capacidade relativa do agente ou por vício resul-
sua família, ou aos seus bens. Não se considera tante de manifestação de vontade. A nulidade
coação a ameaça do exercício normal de um direi- relativa só pode ser levantada pelo interessado
to,nem o simples temor reverencial. direto.

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Pode ser convalidada com a ocorrência da Na área jurídica, Prescrição significa esgota-
prescrição, pela correção do vício, pela revogação mento de prazo concedido por lei; perda de ação
da exigência legal ou pela ratificação. atribuída a um direito que fica desprotegido, em
função do não uso dela durante aquele prazo.
A nulidade absoluta, por ser matéria de ordem
pública, pode ser levantada a qualquer tempo, por O titular de direitos deve,portanto, exercê-los
qualquer pessoa. Não admite convalidação ou no tempo e na forma estabelecida pela lei ou es-
ratificação e não se sujeita a prescrição. O prazo tabelecida particularmente, sob pena de caduci-
decadencial para anulação do negócio jurídico dade, de decadência e, por conseqüência, o pere-
decorrente e vício de vontade é de quatro anos, cimento do direito ou da possibilidade de cobrá-lo.
contados conforme o vício. Quando a lei dispuser
que determinado ato é anulável, sem estabelecer 3.7.1. Da Prescrição
prazo para pleitear-se a anulação, será este de
dois anos, a contar da data da conclusão do ato. A prescrição é a extinção de uma ação ajuizá-
vel em decorrência da inércia do seu titular, duran-
Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as te certo lapso de tempo. A prescrição extingue a
partes ao estado em que antes dele se achavam pretensão e por conseqüência a possibilidade de
e, não sendo possível restituí-las, serão indeniza- se exigir um direito.
das com o equivalente.
A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei
A invalidade do instrumento não induz a invali- não lhe haja fixado prazo menor. Especificamente,
dade do negócio jurídico sempre que este puder afeta o direito imobiliário.
provar-se por outro meio. Respeitada a intenção
das partes, a invalidade parcial de um negócio Prescrevem em três anos:
jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta
for separável. A invalidade da obrigação principal - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urba-
implica a das obrigações acessórias, mas a des- nos ou rústicos;
tas não induz a da obrigação principal.
- a pretensão para receber prestações vencidas
de rendas temporárias ou vitalícias;
3.6 – DOS ATOS ILÍCITOS
- a pretensão para haver juros, dividendos ou
Denomina-se ilícito o ato condenado pela lei quaisquer prestações acessórias;
e/ou pela moral. É um ato, uma causa ou um pro-
cedimento proibido, ilegal. - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento
sem causa, a pretensão de reparação civil;
Em Direito, existe ato ilícito e negócio ilícito.
A distinção entre ato ilícito e negócio ilícito obser- - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e
va-se, sobretudo, quanto aos seus efeitos. O pri- a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de
meiro é punido com a ineficácia, enquanto o se- responsabilidade civil obrigatório.
gundo gera a obrigação de reparar o dano.

A pessoa que, por ação ou omissão voluntária, Prescrevem em cinco anos:


negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas
comete ato ilícito. Também comete ato ilícito, o constantes de instrumento público ou particular;
titular de um direito que, ao exercê-lo, excede os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, - a pretensão dos profissionais liberais, contado o
pela boa-fé ou pelos bons costumes. Não são prazo da conclusão dos serviços,da cessação dos
considerados atos ilícitos aqueles praticados em respectivos contratos ou mandato;
legítima defesa ou no exercício regular de direito
ou a promoção da deterioração ou a destruição da - a pretensão do vencedor para haver do vencido
coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remo- o que despendeu em juízo.
ver perigo iminente, observados as circunstâncias
e o limites.
3.7.2 – Da Decadência

3.7 – DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA Decadência é a extinção do direito em decor-


rência da inércia do seu titular, que deixa escoar o
Em Português, a palavra prescrição tem senti- prazo legal ou convencionado, para o seu exercí-
do diferentes. Ela é entendida como receita médi- cio. Enquanto a prescrição extingue a pretensão,
ca ou como ato de dar ordem antecipada para que na decadência, o titular perde o próprio direito e
se faça algo.Mas,juridicamente, ela tem outro sen- extingue-se não só a pretensão,mas o próprio
tido bem diferente. direito pelo não exercício do mesmo.

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RESUMINDO 4. DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Fato jurídico: produz consequências jurídicas, As pessoas, quase sempre, devem dar, fazer
podem decorrer da natureza ou ação humana. ou não devem fazer alguma coisa de ordem moral
Ato jurídico: tem seus limites estabelecidos pela ou econômica em benefício de outrem.
lei.
Negócio jurídico: ato licito que faculta as partes Esse dar, fazer ou não fazer determinada coi-
fixarem termos e efeitos, de acordo com interes- sa, torna-se obrigação. Mas, algumas obrigações
ses particulares. possuem vínculo de direito. Assim, muitas dessas
Representação: conferidos pela lei ou pelo inte- obrigações são expressas em um escrito, pelo
ressado. qual a pessoa se obriga a satisfazer uma dívida, a
Das condições: lícitas,proibidas;impossível ou cumprir um contrato.
suspensivas.
Do termo: Definição do momento de inicio e ter- Na área de Direito, “Obrigação é a relação
mino dos efeitos do negocio jurídico. jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre
Encargo: impõe uma obrigação ao beneficiário do devedor e credor e cujo objeto consiste numa
ato jurídico. prestação pessoal econômica, positiva ou negati-
Dos efeitos do negócio jurídico: Do Erro ou va, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-
Ignorância, Substancial ou Essencial. Do Dolo. Da lhe o adimplemento através do seu patrimônio”
Coação. Do Estado de Perigo. Da Lesão. Da (Washington de Barros Monteiro).
Fraude Contra Credores.
Da invalidade do negócio jurídico: Nulidade A prestação ou contraprestação pessoal deve
absoluta ou relativa. ser possível, licita, determinada ou determinável, e
Dos Atos Ilícitos: ato ilícito ou negócio ilícito. traduzível em dinheiro.
Da prescrição e da decadência.

EXERCICIOS 4.1 – DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

1- Qual a diferença entre ato ilícito e negócio ilíci- As obrigações dividem-se em obrigações de
to? dar ou restituir, obrigações de fazer, ou de não
________________________________________ fazer.
________________________________________
________________________________________
________________________________________ 4.1.1. Das Obrigações de Dar
________________________________________
________________________________________ Essas obrigações relacionam-se a obrigatorie-
________________________________________ dade de entregar alguma coisa, que poderá ser
________________________________________ certa, determinada e específica ou incerta, inde-
terminada ou genérica.

2- Na área jurídica , o que significa prescrição? Via de regra as obrigações incertas tratam so-
________________________________________ bre coisas fungíveis,e as obrigações certas so-
________________________________________ bre coisas infungíveis.
________________________________________
________________________________________ 4.1.1.1.Das Obrigações de Dar Coisa Certa
________________________________________
________________________________________ A obrigação de dar coisa certa abrange os
________________________________________ acessórios dela, mesmo que não mencionados,
________________________________________ salvo se o contrário resultar do título ou das cir-
________________________________________ cunstâncias do caso. O credor de coisa certa não
________________________________________ está obrigado a receber outra, ainda que mais
________________________________________ valiosa.

As obrigações de dar e de restituir se resolvem


3 - Coloque V para Verdadeiro e F para Falso: conforme averiguação da existência de culpa do
devedor.
( ) Quando realizado o negócio, o prazo de deca-
dência para pleitear sua anulação é de 120 dias. Nas obrigações de dar coisa certa, se a coisa
( ) Meado é considerado, em qualquer mês, o seu se perder por culpa do devedor, responderá este
décimo quinto dia. pelo equivalente e mais perdas e danos. Se dete-
( ) A nulidade é uma sanção que impede o nego- riorada, poderá o credor exigir o equivalente, ou
cio jurídico de produzir efeitos. aceitar a coisa no estado em que se acha, com
( ) Os negócios jurídicos são anuláveis quando o direito a reclamar indenização das perdas e da-
dolo for a sua causa. nos.

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Nas obrigações de dar coisa certa, se a coisa 4.1.3.Das Obrigações de Não Fazer
se perder, sem culpa do devedor, antes da tradi-
ção, ou pendente a condição suspensiva, fica re- A obrigação de não fazer relaciona-se com o
solvida a obrigação para ambas as partes. Se encargo de abster-se obrigatoriamente de um fato
deteriorada a coisa, poderá o credor resolver a que poderia praticar, de tolerar, consentir ou não
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu pre- impedir. Extingue-se a obrigação de não fazer,
ço o valor que perdeu. desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não
Apenas para ilustrar: tradição é a entrega da praticar.
coisa feita pelo devedor ao credor, e obrigação
resolvida é a obrigação finda, extinta. Se aquele que se obrigou a abster-se de prati-
car o ato o fizer, o credor pode exigir seu desfazi-
Se a obrigação for de restituir coisa certa, e mento, sob pena de o próprio credor o desfazer à
esta, sem culpa do devedor, se perder antes da custa do devedor, que responderá também por
tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação perdas e danos.Em caso de urgência, poderá o
se resolverá, ressalvados os seus direitos até o credor desfazer ou mandar desfazer, sem prejuízo
dia da perda. Se a coisa se perder por culpa do do ressarcimento devido.
devedor, responderá, este, pelo equivalente, mais
perdas e danos. 4.1.4.Das Obrigações Alternativas

Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa Obrigação alternativa é aquela que tem por
do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, objeto duas ou várias prestações que são devidas
sem direito a indenização; se a perda resultar de de tal maneira que o devedor se libere inteiramen-
culpa do devedor, responderá, este, pelo equiva- te executando uma “só dentre elas” (Planiol).
lente e mais perdas e danos.
Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao
Na área de transição imobiliária esta obrigação devedor, se outra coisa não se estipulou, mas ele
é muito comum, sobretudo na definição das carac- não pode obrigar o credor a receber parte em uma
terísticas do imóvel alugado. prestação e parte em outra.

4.1.1.2. Das Obrigações de Dar Coisa Incerta Quando a obrigação for de prestações periódi-
cas, a faculdade de opção poderá ser exercida em
A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo cada período.
gênero e pela quantidade. Nas coisas determina-
das pelo gênero e pela quantidade, a escolha per- Se uma das duas prestações não puder ser
tence ao devedor, se o contrário não resultar do objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível,
título da obrigação; mas não poderá dar a coisa subsistirá o débito quanto à outra.
pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir
Antes da escolha, não poderá o devedor alegar nenhuma das prestações, não competindo ao cre-
perda ou deterioração da coisa, ainda que por dor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o
força maior ou caso fortuito. valor da que por último se impossibilitou, mais as
perdas e danos que o caso determinar.
4.1.2. Das Obrigações de Fazer
Quando a escolha couber ao credor e uma das
A obrigação de fazer relaciona-se com o en- prestações tornar-se impossível por culpa do de-
cargo de prestar um serviço, um ato positivo, ma- vedor, o credor terá direito de exigir a prestação
terial ou imaterial, em benefício do credor ou ter- subsistente ou o valor da outra, com perdas e da-
ceiro. Bem exemplifica a obrigação de fazer o en- nos; se, por culpa do devedor, ambas as presta-
cargo aceito pelo pedreiro para construir um muro. ções se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor
O devedor que recusar a prestação a ele só im- reclamar o valor de qualquer das duas, além da
posta, ou só por ele exeqüível incorrerá na obriga- indenização por perdas e danos. Se todas as
ção de indenizar perdas e danos. prestações se tornarem impossíveis sem culpa do
devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Se a prestação do fato tornar-se impossível
sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação;
se por culpa dele, responderá por perdas e danos. 4.1.5. Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis
Se o fato puder ser executado por terceiro, será
livre ao credor mandá-lo executar as custas do Obrigação divisível é aquela cuja prestação o
devedor, havendo recusa ou mora deste, sem devedor pode cumprir a obrigação por partes. Ha-
prejuízo da indenização cabível. Em caso de ur- vendo mais de um devedor ou mais de um credor
gência, pode o credor, independentemente de em obrigação divisível, esta presume-se dividida
autorização judicial, executar ou mandar executar em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos
o fato, sendo depois ressarcido. os credores ou devedores.

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A obrigação é indivisível quando a prestação Todos os devedores respondem pelos juros da


tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetí- mora, ainda que a ação tenha sido proposta so-
veis de divisão. Se, havendo dois ou mais devedo- mente contra um; mas o culpado responde aos
res, a prestação não for divisível, cada um será outros pela obrigação acrescida.
obrigado pela dívida toda. O devedor, que paga a
dívida, sub-roga-se no direito do credor em rela- O credor pode renunciar à solidariedade em
ção aos outros coobrigados. Perde a qualidade de favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
indivisível a obrigação que se resolver em perdas Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais
e danos. devedores, subsistirá a dos demais.

4.1.6. Das Obrigações Solidárias


4.2 – DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
Há solidariedade quando na mesma obrigação
concorre mais de um credor, ou mais de um de-
vedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida 4.2.1. Da Cessão de Crédito
toda. A solidariedade não se presume, resulta da
lei ou da vontade das partes. Na cessão de crédito, o credor (cedente) pode
transferir a terceiro (cessionário) o direi- to que
A obrigação solidária pode ser pura e simples possui em relação ao devedor (cedido), se a isso
para um dos co-credores ou co-devedores, e con- não se opuser à natureza da obrigação, a lei, ou a
dicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferen- convenção com o devedor. A cláusula proibitiva
te, para o outro. da cessão não poderá ser oposta ao cessionário
de boa-fé, se não constar do instrumento da obri-
4.1.6.1. Da Solidariedade Ativa gação.

Cada um dos credores solidários tem direito a A cessão do crédito não tem eficácia em rela-
exigir do devedor o cumprimento da prestação por ção ao devedor, senão quando a este notificada.
inteiro. Enquanto alguns dos credores solidários Salvo estipulação em contrário,o cedente não res-
não demandarem o devedor comum, a qualquer ponde pela solvência do devedor. O cedente, res-
daqueles poderá este pagar. O pagamento feito a ponsável ao cessionário pela solvência do deve-
um dos credores solidários extingue a dívida até o dor, não responde por mais do que daquele rece-
montante do que foi pago. beu, com os respectivos juros; mas tem de res-
sarcir-lhe as despesas da cessão e as que o ces-
Convertendo-se a prestação em perdas e da- sionário houver feito com a cobrança.
nos, subsiste, para todos os efeitos, a solidarieda-
de. O crédito,uma vez penhorado,não pode mais
ser transferido pelo credor que tiver conhecimento
O credor que tiver remitido a dívida ou recebido da penhora; mas o devedor que o pagar, não ten-
o pagamento responderá aos outros pela parte do notificação dela, fica exonerado, subsistindo
que lhes caiba. somente contra o credor os direitos de terceiro.

4.1.6.2. Da Solidariedade Passiva


4.2.2. Da Assunção de Dívida
O credor tem direito a exigir e receber de um
ou de alguns dos devedores,parcialmente ou to- É facultado a terceiro assumir a obrigação do
talmente, a dívida comum; se o pagamento tiver devedor, com o consentimento expresso do cre-
sido parcial, todos os demais devedores continu- dor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo
am obrigados solidariamente pelo resto. se aquele, ao tempo da assunção,era insolvente e
o credor o ignorava.Qualquer das partes pode
O pagamento parcial feito por um dos devedo- assinar prazo ao credor para que consinta na as-
res e a remissão por ele obtida não aproveitam sunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio
aos outros devedores, senão até à concorrência como recusa.
da quantia paga ou relevada.
Salvo assentimento expresso do devedor primi-
A cláusula, condição ou obrigação adicional, tivo, consideram-se extintas, a partir da assunção
qualquer que seja ela, estipulada entre um dos da dívida, as garantias especiais por ele originari-
devedores solidários e o credor, não poderá agra- amente dadas ao credor.
var a posição dos outros sem consentimento des-
tes.
Se a substituição do devedor vier a ser anula-
Impossibilitando-se a prestação por culpa de da, restaura-se o débito,com todas as suas garan-
um dos devedores solidários,subsiste para todos o tias, salvo as garantias prestadas por terceiros,
encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas exceto se este conhecia o vício que inquinava
e danos só responde o culpado. (corrompia, infamava) a obrigação.

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4.3 – DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS São nulas as convenções de pagamento em


OBRIGAÇÕES ouro ou em moeda estrangeira, bem como para
compensar a diferença entre o valor desta e o da
O ato de cumprir a obrigação é denominado moeda nacional, excetuados os casos previstos
adimplemento. A obrigação pode ser extinta com na legislação especial.
o pagamento, com a dação em pagamento, com a
novação, a compensação, a transação, confusão O devedor que paga tem direito à quitação re-
e a remissão de dívidas. gular e pode reter o pagamento, enquanto não lhe
seja dada. A quitação designará o valor e a espé-
4.3.1. Do Pagamento cie da dívida quitada, o nome do devedor, ou
quem por este pagou, o tempo e o lugar do paga-
O pagamento é o cumprimento dado a uma mento,com a assinatura do credor, ou do seu re-
obrigação, em dinheiro ou coisa. presentante.

4.3.1.1. De quem deve Pagar Quando o pagamento for em quotas periódicas,


a quitação da última estabelece, até prova em
Qualquer interessado na extinção da dívida contrário, a presunção de estarem solvidas as
pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos anteriores. Se o pagamento se houver de fazer
meios conducentes à exoneração do devedor. por medida,ou peso,entender-se-á,no silêncio das
Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o partes, que aceitaram os do lugar da execução.
fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposi-
ção deste. Só terá eficácia o pagamento que im-
portar transmissão da propriedade, quando esse 4.3.1.4. Do Lugar do Pagamento
for feito por quem possa alienar o objeto em que
ele consistiu. Se se der em pagamento coisa fun- Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do de-
gível, não se poderá mais reclamar do credor que, vedor, salvo se as partes convencionarem diver-
de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o samente, ou se o contrário resultar da lei, da natu-
solvente não tivesse o direito de aliená-la. reza da obrigação ou das circunstâncias. Desig-
nados dois ou mais lugares,cabe ao credor esco-
4.3.1.2. Daqueles a quem se deve Pagar lher entre eles.

O pagamento deve ser feito ao credor ou a Dívida querable - que deve ser reclamada,
quem de direito o represente, sob pena de só va- paga no domicílio do devedor. Dívida portable ou
ler depois de por ele ratificado, ou tanto quanto portável, que deve paga no domicílio do credor.
reverter em seu proveito. O pagamento feito de Sendo o contrato omisso prevalecerá o domicílio
boa-fé ao credor putativo (suposto como legítimo) do devedor como lugar do pagamento.
é válido, ainda provado depois que não era cre-
dor. Se o pagamento consistir na tradição de um
imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-
Não tem validade o pagamento, ciente mente, se-á no lugar onde situado o bem.
feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor
não provar que em benefício dele efetivamente Ocorrendo motivo grave para que se não efe-
reverteu. tue o pagamento no lugar determinado, poderá o
devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o
4.3.1.3. Do Objeto do Pagamento e Sua Prova credor.O pagamento reiteradamente feito em ou-
tro local faz presumir renúncia do credor, relativa-
O credor não é obrigado a receber prestação mente ao previsto no contrato.
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valio-
sa. Ainda que a obrigação tenha por objeto pres-
tação divisível, não pode o credor ser obrigado a 4.3.1.5.Do Tempo do Pagamento
receber, nem o devedor a pagar, por partes, se
assim não se ajustou. Salvo disposição legal em contrário, não tendo
sido ajustada época para o pagamento, pode o
As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no credor exigi-lo imediatamente. As obrigações con-
vencimento, em moeda corrente e pelo valor no- dicionais cumprem-se na data do implemento da
minal. É lícito convencionar o aumento progressi- condição, cabendo ao credor a prova de que o
vo de prestações sucessivas. devedor teve ciência deste.

Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida
desproporção manifesta entre o valor da presta- antes de vencido o prazo estipulado no contrato
ção devida e o do momento de sua execução, ou definido no Código Civil, nos seguintes casos:
poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de mo-
do que assegure, quanto possível, o valor real da - desde que no caso de falência do devedor, ou de
prestação. concurso de credores;

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- se os bens hipotecados ou empenhados forem 4.3.3. Do Pagamento com Sub-Rogação


penhorados em execução por outro credor;
Sub-rogar tem o significado de trocar, substitu-
- se cessarem ou se tornarem insuficientes as ir, colocar uma coisa ou pessoa no lugar de outra.
garantias do débito e o devedor se negar a refor- A sub-rogação deve ser declarada expressamente
çá-las. no contrato,não se presumindo.

4.3.2. Pagamento em Consignação Ocorre quando o credor recebe o pagamento


de terceiro e lhe transfere todos os seus direitos.
A palavra consignar tem diversos sentidos.
Dentre esses, consignar significa registro por es- Ela transfere ao novo credor todos os direitos,
crito; assinalar, fazer notar; benzer-se com o sinal ações, privilégios e garantias do primitivo, em re-
da cruz; confiar algo aos cuidados de outrem; en- lação à dívida, contra o devedor principal e os
tregar mercadoria em depósito; entregar algo ao fiadores. Ela pode ser pessoal ou real.
controle de outrem.
Na sub-rogação pessoal a dívida é paga por
Consignação é o ato ou efeito de consignar em um co-devedor ou terceiro interessado. Na sub-
qualquer um dos sentidos. rogação real substitui-se a coisa devida.

Na área jurídica, Consignação significa a en- A sub-rogação também pode ser legal ou con-
trega ou depósito judicial em mãos de um terceiro vencional. A sub-rogação legal resulta de uma
ou num estabelecimento ou caixa pública, que o definição jurídica e se manifesta nos casos em
devedor faz da quantia em dinheiro ou da coisa que o credor paga a dívida do devedor comum;
que constitui o objeto da obrigação, seja porque o em que terceiro efetiva o pagamento para não ser
credor se recusa a receber, seja por outros moti- privado de direito sobre imóvel, em que terceiro
vos determinados em lei. Pode o devedor efetuar interessado paga a dívida pela qual era ou podia
o depósito judicial ou em estabelecimento bancá- ser obrigado, no todo ou em parte.
rio da coisa devida, sendo o ato considerado pa-
gamento, extinguindo-se a obrigação. A sub-rogação convencional decorre de esti-
pulação de vontades entre o credor e terceiro ou
O pagamento pode ser feito em consignação entre o devedor e terceiro.
nos seguintes casos:
4.3.4 – Da imputação do Pagamento
- se o credor não puder ou recusar, sem justa
causa, receber o pagamento dar quitação na de- Imputar o pagamento significa indicar o que
vida forma; se está pagando. Ocorre quando a pessoa obri-
gada por dois ou mais débitos da mesma nature-
- se o credor não for ou não mandar receber a za, a um só credor, indica a qual deles oferece
coisa no lugar, no tempo e condição devidos; pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.

- se o credor for incapaz de receber; for desco- São requisitos a dualidade ou pluralidade de
nhecido,declarado ausente,ou residir em lugar dívidas, a identidade do credor e devedor, débitos
incerto ou de acesso perigoso ou difícil; de natureza igual e suficiência de pagamento para
qualquer das dívidas.
- se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamen-
te receber o objeto do pagamento; 4.3.5. Da dação em Pagamento

- se pender litígio sobre o objeto do pagamento. Dação em pagamento é o ato de pagar com
algum bem uma dívida em dinheiro. É a entrega
pelo mutuário de imóvel hipotecado ao agente
Para que a consignação tenha força de paga- financeiro, ou de devedor a credor, corresponden-
mento é imprescindível a observância dos requisi- te ao que deveria ser pago em moeda.
tos do pagamento, ou seja, feita observando a
identidade do credor, a prestação deve ser inte- O credor de coisa certa não pode ser obrigado
gral e efetuada na época acordada, ou se feita a receber outra coisa, ainda que mais valiosa.
com atraso, acompanhada dos encargos da mora. Mas,o credor pode consentir em receber presta-
Por fim, deve ocorrer no lugar estipulado para o ção diversa da que lhe é devida.
pagamento.
A coisa dada em pagamento,mesmo que diver-
Enquanto o credor não declarar que aceita o sa do estipulado, pode extinguir a obrigação des-
depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor de que o credor concorde com a substituição. De-
requerer o levantamento, pagando as respectivas terminado o preço da coisa dada em pagamento,
despesas,e subsistindo a obrigação para todas as as relações entre as partes regular-se-ão pelas
conseqüências de direito. normas do contrato de compra e venda.

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Se for título de crédito, a coisa dada em paga- A diferença de causa nas dívidas não impede a
mento, a transferência importará em cessão. Se o compensação, exceto se provier de esbulho, furto
credor for evicto da coisa recebida em pagamento, ou roubo, se uma se originar de comodato, depó-
restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sito ou alimentos, ou se uma for de coisa não sus-
sem efeito a quitação dada, ressalvados os direi- cetível de penhora. As partes podem, de comum
tos de terceiros. acordo, estipular a exclusão da compensação, ou,
ainda, no caso de renúncia prévia de uma delas.
Credor evicto é aquele que perdeu um bem,
em conseqüência de reivindicação feita pelo ver- 4.3.8. Da Confusão
dadeiro dono.
Em determinados negócios pode ocorrer o fato
4.3.6. Da Novação de uma mesma pessoa ser identificada como cre-
dor e como devedor. A esse fato, dá-se o nome de
Novação é a renovação de contrato ou obriga- confusão.Ex.Quando o proprietário de um bem
ção judicial. É a substituição de uma obrigação dominante passa a deter a propriedade de um
por outra. É a extinção de uma dívida anterior por bem financiado pelo primeiro.
uma nova que é criada.
Se na mesma pessoa se confundir as qualida-
A novação ocorre pela substituição do sujeito des de credor e devedor a obrigação será extinta.
ativo ou do sujeito passivo ou do objeto da obriga- A confusão pode verificar-se a respeito de toda a
ção, surgindo uma nova relação jurídica, que ex- dívida, ou só de parte dela.
tingue e substitui a anterior.
Cessando a confusão logo se restabelece, com
A novação por substituição do devedor pode todos os seus acessórios, a obrigação anterior.
ser efetuada independentemente de consentimen-
to deste. Se o novo devedor for insolvente, não 4.3.9. Da Remissão das Dívidas
tem o credor direito de ação regressiva contra o
primeiro,salvo se este obteve por má-fé a substitu- Remissão é o ato de remir, de perdoar, de
ição. relaxar, de pôr a caminho de novo.

A novação extingue os acessórios e garantias Juridicamente, remissão é o ato pelo qual o


da dívida, sempre que não houver estipulação em credor dispensa graciosamente o devedor de pa-
contrário.Não aproveitará,contudo,ao credor res- gar a dívida. É um ato de liberalidade do credor, e
salvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bilateral, pois depende da concordância do deve-
bens dados em garantia pertencerem a terceiro dor. A remissão pode ser total ou parcial, e pode
que não foi parte na novação. produzir os mesmos efeitos que a transação.

Anticrese é um tipo de contrato em que o de- A remissão da dívida extingue a obrigação,


vedor entrega um imóvel, transferindo-lhe o direito mas não pode prejudicar terceiro.
de auferir os frutos e rendimentos para compensar
uma dívida. É uma consignação de rendimento. 4.4 – DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGA-
ÇÕES
A novação feita sem o consentimento do fiador
o exonera com o devedor principal. Não podem Inadimplir significa descumprir uma obrigação
ser objeto de novação obrigações nulas ou extin- assumida. Essa inexecução gera uma série de
tas, exceto as obrigações simplesmente anulá- conseqüências jurídicas, conforme a obrigação.
veis. Pelo inadimplemento das obrigações respondem
todos os bens do devedor.

4.3.7. Da Compensação O inadimplemento pode ser relativo ou absolu-


to. Relativo, também denominado mora, ocorre
Compensar significa estabelecer ou restabele- quando a obrigação não foi cumprida no tempo,
cer o equilíbrio; conter algo opondo-lhe efeitos lugar e formas estipuladas, mas sua execução
contrários; contrabalançar um mal, um prejuízo. ainda pode ser aproveitada pelo credor.

Compensação é o ato de compensar. Juridica- A inadimplência é considerada absoluta quan-


mente, a compensação é uma modalidade de ex- do a obrigação não foi cumprida e sua execução
tinção de obrigação recíproca. Se duas pessoas fora do tempo, lugar e formas estipuladas não
forem, ao mesmo tempo, credores e devedores mais se aproveita ao credor. Nesse casso ocorre
uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, o inadimplemento. Não cumprida a obrigação,
até onde se compensarem. responde o devedor por perdas e danos, mais
juros e atualização monetária segundo índices
A compensação efetua-se entre dívidas líqui- oficiais regularmente estabelecidos, e honorários
das, vencidas e de coisas fungíveis. de advogado.

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Nas obrigações negativas, de não fazer, o de- O devedor em mora responde pela impossibili-
vedor é havido por inadimplente desde o dia em dade da prestação, mesmo sendo essa impossibi-
que executou o ato de que se devia abster. lidade resultante de caso fortuito ou de força mai-
or, se estes ocorrerem durante o atraso,salvo se
Nos contratos benéficos, responde por simples provar isenção de culpa,ou que o dano sobreviria
culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, ainda quando a obrigação fosse oportunamente
e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos con- desempenhada.
tratos onerosos, responde cada uma das partes
por culpa, salvo as exceções previstas em lei. A mora do credor faz cessar para o devedor a
responsabilidade de conservação da coisa, obriga
O devedor não responde pelos prejuízos resul- o credor a ressarcir as despesas empregadas em
tantes de caso fortuito ou força maior, se expres- conservá-la,e sujeita-o a recebê-la pela estimação
samente não se houver por eles responsabilizado. mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar
O caso fortuito ou de força maior se caracteriza entre o dia estabelecido para o pagamento e o da
pela inevitabilidade do acontecimento,do fato,e sua efetivação.
pela ausência de culpa na produção do evento.
Purga-se a mora, por parte do devedor, ofere-
4.4.1. Da Mora cendo este a prestação mais a importância dos
prejuízos decorrentes do dia da oferta, e por parte
Mora é uma delonga, uma demora do tem- do credor, oferecendo-se este a receber o paga-
po.Em Economia,mora significa a quantia que se mento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a
paga a mais em uma dívida pelo não cumpri- mesma data. Esses conceitos são muito utilizados
mento do prazo estipulado. em transação imobiliária.

No campo jurídico,mora é retardamento do 4.4.2. Das Perdas e Danos


devedor ou do credor no cumprimento de uma
ação judicial. Aquele que causar prejuízo a alguém, pelo
descumprimento culposo de um contrato ou pela
A mora consiste na inexecução total ou parcial prática de ato ilícito deve reparar as perdas e da-
de uma obrigação, mas sua execução, ainda que nos. Salvo as exceções expressamente previstas
tardia ou deficiente pode ser aproveitada pelo cre- em lei, as perdas e danos devidos ao credor a-
dor. brangem, além do que ele efetivamente perdeu, o
que razoavelmente deixou de lucrar.
Considera-se em mora o devedor que não efe-
tuar o pagamento e o credor que não quiser rece-
bê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a con- 4.4.3. Dos Juros Legais
venção estabelecer.
Juro é a quantia que remunera um credor pelo
O devedor responde pelos prejuízos a que sua uso de seu dinheiro durante determinado tempo;
mora der causa,mais juros,atualização dos valores uma porcentagem sobre o qual foi emprestado.
monetários segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos,e honorários de advogado. Se a É a soma cobrada por quem empresta o seu
prestação, devido à mora, se tornar inútil ao cre- dinheiro a outrem. Juro significa, também, a renda
dor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação ou rendimento de um capital, de uma importância
das perdas e danos. investida. No dizer de Sílvio Rodrigues, “juro é o
preço do uso do capital”, ou seja, juro significa
Não havendo fato ou omissão imputável ao rendimento de capital.
devedor, não incorre este em mora.
Distinguem-se os juros em compensatório e
No prazo estipulado, o inadimplemento da obri- moratório.
gação positiva e líquida, constitui de pleno direito
em mora o devedor. Não havendo prazo estipula- Juro compensatório é a remuneração do ca-
do, a mora se constitui mediante interpelação judi- pital empregado.
cial ou extrajudicial.
Juro moratório é a indenização pelo prejuízo
Nas obrigações provenientes de ato ilícito, con- resultante da mora culposa na execução de uma
sidera-se o devedor em mora, desde que o prati- obrigação.
cou.Nas obrigações negativas,considera-se o de-
vedor em mora a partir do dia em que se executou Quando os juros moratórios não forem conven-
o ato, se dele havia a obrigação de se abster. cionados ou o forem sem taxa estipulada ou
quando provierem de determinação da lei, serão
Nos contratos que versam sobre imóveis a in- fixados segundo a taxa que estiver em vigor para
terpelação cartorária ou judicial, constitui o deve- a mora do pagamento de impostos devidos à Fa-
dor em mora. zenda Nacional.

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Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma
devedor aos juros da mora que se contarão assim parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou
às dívidas em dinheiro, como às prestações de outro bem móvel, deverão as arras, em caso de
outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o execução, ser restituídas ou computadas na pres-
valor pecuniário por sentença judicial, arbitramen- tação devida, se do mesmo gênero da principal.
to, ou acordo entre as partes.
Se a parte que deu as arras não executar o
contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, reten-
4.4.4. Da Cláusula Penal do-as.

A cláusula penal, ou multa convencional, é Se inexecução for de quem recebeu as arras,


uma convenção estipulada pelas partes na qual poderá quem as deu haver o contrato por desfeito,
estas se obrigam a pagar uma determinada multa e exigir sua devolução mais o equivalente, com
no caso de violação de algum dispositivo contra- atualização monetária segundo índices oficiais
tual. Trata-se de uma obrigação acessória, que regularmente estabelecidos, juros e honorários de
tem por objetivo garantir o cumprimento da obri- advogado.
gação principal e também fixar previamente o va-
lor das perdas e danos em caso de descumpri- A parte inocente pode pedir indenização su-
mento do pactuado.Por ser obrigação acessória, plementar, se provar maior prejuízo, valendo as
sendo nula ou anulada a obrigação principal, tam- arras como taxa mínima. Pode, também, a parte
bém o são as disposições contidas na cláusula inocente exigir a execução do contrato, com as
penal. perdas e danos, valendo as arras como o mínimo
da indenização.
Incorre de pleno direito o devedor na cláusula
penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir Se no contrato for estipulado o direito de arre-
a obrigação ou se constitua em mora. pendimento para qualquer das partes, as arras ou
sinal terão função unicamente indenizatória.
A cláusula penal pode ser estipulada conjunta-
mente com a obrigação,ou em ato posterior. Tam- Neste caso, quem as deu perdê-las-á em bene-
bém pode referir-se à inexecução completa da fício da outra parte; e quem as recebeu terá que
obrigação, à de alguma cláusula especial ou sim- devolvê-las em dobro. Em ambos os casos não
plesmente à mora. haverá direito a indenização suplementar.

O valor da cominação imposta na cláusula pe-


nal não pode exceder o da obrigação principal, 4.5 – DOS CONTRATOS EM GERAL
sendo a penalidade reduzida eqüitativamente se a
obrigação principal tiver sido cumprida em parte, Contrato é a uma convenção estabelecida en-
ou se o montante da penalidade for manifesta- tre duas ou mais pessoas, com o objetivo de ad-
mente excessivo, tendo-se em vista a natureza e quirir, resguardar, modificar ou extinguir entre elas
a finalidade do negócio. uma relação jurídica patrimonial.

Para exigir a pena convencional, não é neces- A validade do contrato depende da capacidade
sário que o credor alegue prejuízo. Ainda que o jurídica das partes, do objeto lícito, possí-
prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não vel,determinado ou determinável, bem como de
pode o credor exigir indenização suplementar se forma prescrita ou não proibida pela lei.
assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a
pena vale como mínimo da indeniza- São princípios básicos que informam os contra-
ção,competindo ao credor provar o prejuízo exce- tos:
dente.
- a autonomia de vontades;

4.4.5. Das Arras ou Sinal - a supremacia da ordem pública;


(arts. 417 a 420 do novo CC)
- a força vinculante do contrato.
Arras são os recursos pagos por um dos con-
tratantes para garantir o cumpri- mento de um A autonomia de vontades faculta às partes a
contrato, comumente, conhecido por sinal. É um liberdade para estipular ou não estipular o que
termo muito comum na área de transação imobili- lhes convenha ou de escolher com quem contra-
ária. Por sua importância, o Código Civil trata do tar.
assunto no Capítulo VI.
A supremacia da ordem pública torna a auto-
Um contrato preliminar pode ser garantido pe- nomia da vontade relativa, uma vez que ela está
las arras ou sinal, que torna presumido o acordo sujeita às normas legais imperativas e aos princí-
final e obrigatório o contrato. pios da moral e dos bons costumes.

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Nesse sentido, a liberdade de contratar será Se a aceitação, por circunstância imprevista,


exercida em razão e nos limites da função social chegar tarde ao conhecimento do proponente,
do contrato, além de que é obrigatório aos contra- este deverá comunicar imediatamente ao aceitan-
tantes guardar, tanto na execução quanto a con- te, sob pena de responder por perdas e danos. A
clusão do contrato, os princípios de probidade e aceitação fora do prazo, com adições, restrições,
boa-fé. ou modificações, importará nova proposta.

A força vinculante do contrato, também deno- Se o negócio for daqueles em que não seja
minada “pacta sunt servanda”, significa que o con- costume a aceitação expressa, ou o proponente a
trato faz lei entre as partes. tiver dispensado, o contrato será considerado
concluído caso não chegue à recusa. Considera-
Uma vez estipuladas as condições,observada a se inexistente a aceitação, se antes dela ou com
livre e consciente manifestação de vontade e a ela chegar ao proponente a retratação do aceitan-
supremacia da ordem pública, as disposições ex- te.
pressas no contrato são de cumprimento obrigató-
rio pelas partes. Os contratos entre ausentes tornam-se perfei-
tos desde que a aceitação seja expedida.Todavia,
As cláusulas ambíguas ou contraditórias, even- são exceções a essa regra os casos em aceitação
tualmente, constantes do contrato de adesão de- é considerada inexistente, se o proponente se
vem ser interpretadas de modo mais favorável ao houver comprometido a esperar resposta, ou se a
aderente. aceitação não chegar no prazo convencionado.
Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em
Da mesma forma, nos contratos de adesão, que foi proposto.
são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da 4.5.2.Da Estipulação em Favor de Terceiro
natureza do negócio.
Estipular significa, contratar, estabelecer con-
As partes podem estipular contratos atípicos, dições, cláusulas e obrigações recíprocas.
desde que observe as normas fixadas pela lei. A
lei veda a contratação de herança de pessoa viva. A estipulação pode ser feita em favor de tercei-
ro, que não participa do estipulado. O seguro de
4.5.1 – Da Formação dos Contratos vida é um clássico exemplo de estipulação em
favor de terceiro, na medida em que o segurado
A proposta de contrato obriga o proponente, estabelece com a seguradora algum benefício em
se o contrário não resultar dos termos dela, da favor de do beneficiário, que não participa direta-
natureza do negócio, ou das circunstâncias do mente do contrato.
caso.
O beneficiário pode exigir o cumprimento do
Deixa de ser obrigatória a proposta feita para estipulado,observado as condições e normas do
pessoa presente, sem estabelecimento de prazo, contrato, mas também pode ser substituído pelo
e não aceita imediatamente. A pessoa que contra- estipulante, independente de anuência.
ta por telefone ou por meio de comunicação se-
melhante é considerada presente. Também, deixa 4.5.3.Da Promessa de Fato de Terceiro
de ser obrigatória a proposta feita para pessoa
ausente, sem o estabelecimento de prazo, se tiver Pode alguém firmar compromisso para que
decorrido tempo suficiente para chegar a resposta terceiro pratique determinado ato.Aquele que tiver
ao conhecimento do proponente. prometido fato de terceiro responderá por perdas
e danos,quando este o não executar.
Da mesma forma, deixa de ser obrigatória a
proposta feita para pessoa ausente, com estabe- 4.5.4. Dos Vícios Redibitórios
lecimento de prazo, se não tiver sido expedida a
resposta dentro do prazo estipulado. Redibir significa devolver (uma mercadoria
com defeito), enjeitar; anular a venda de algo que
Por fim, deixa de ser obrigatória a proposta se, possui defeitos ocultos descobertos pelo adquiren-
antes dela, ou simultaneamente, chegar ao co- te. Redibitório é o que pode motivar a anulação de
nhecimento da outra parte a retratação do propo- uma venda.
nente.
Vícios Redibitórios são os defeitos ocultos
A oferta ao público equivale à proposta quando presente na coisa, de tal modo grave que a tor-
encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo nam imprópria ao uso a que se destina ou lhe di-
se o contrário resultar das circunstâncias ou dos minuam o valor. Verificado o vício redibitório, pode
usos. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de o adquirente optar pelo abatimento no preço ou
sua divulgação, desde que ressalvada esta facul- por rejeitar a coisa.
dade na oferta realizada.

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Se o alienante conhecia o vício ou defeito da Não pode o adquirente demandar pela evicção,
coisa, restituirá o que recebeu com perdas e da- se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
nos. Se o não conhecia, tão-somente restituirá o
valor recebido, mais as despesas do contrato. A 4.5.6. Dos Contratos Aleatórios
responsabilidade do alienante subsiste ainda que
a coisa pereça em poder do alienatário, desde que Aleatório é o que depende de circunstâncias,
o perecimento se dê por vício oculto já existente de eventos futuros, do acaso, do fortuito; que de-
ao tempo da tradição. pende de ocorrências imprevisíveis.

O prazo de decadência do direito de obter a O contrato aleatório é aquele em que há de-


redibição ou abatimento no preço é de trinta dias pendência direta a eventos futuros ou incertos,
para móveis, contados da entrega efetiva,e de um sendo que as partes assumem o risco de uma
ano para imóveis.Na impossibilidade de ser o de- contra prestação desproporcional ou mesmo de
feito oculto conhecido no prazo legal, a decadên- nada receber.
cia correrá a partir do momento em que dele tiver
ciência até o máximo de cento e oitenta dias se Quem vendeu coisa pendente de fato futuro
móveis,e um ano se imóveis. sem se responsabilizar pelos resultados recebe o
preço integral, desde que de sua parte não tenha
Os prazos não correm na constância de cláusu- havido dolo ou culpa.
la de garantia, mas o adquirente deve denunciar o
defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao Quem prometeu a entrega de coisa futura de
seu descobrimento, sob pena de decadência. quantidade indeterminada,sem se responsabilizar
pelos resultados recebe o preço integral ainda que
4.5.5. Da Evicção a coisa venha a existir em quantidade inferior à
esperada, desde que alguma quantidade venha a
Evicção é o ato de destituir, de desapossar, existir e que de sua parte não tiver concorrido cul-
judicialmente, alguém de uma propriedade. É a pa. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação
perda de um bem pelo adquirente, em conse- não haverá, e o alienante restituirá o preço rece-
qüência de reivindicação feita pelo verdadeiro bido.
dono.
O mesmo entendimento é aplicado às coisas
A evicção é fato que causa ao adquirente a existentes, mas expostas a risco.
perda total ou parcial da coisa adquirida, por deci-
são judicial, em favor de terceiro, este reconheci-
do como verdadeiro dono. 4.5.7. Do Contrato Preliminar

Nos contratos onerosos, o alienante responde O contrato preliminar é a declaração de von-


pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a tade de ambas as partes, ou de uma delas, no
aquisição se tenha realizado em hasta pública. sentido de prometerem firmar posteriormente um
Contrato oneroso é aquele em que ambas as par- contrato definitivo.
tes têm obrigações patrimoniais, com vantagens
recíprocas. Esta modalidade de contrato, exceto quanto à
forma, deve conter todos os requisitos essenciais
As partes podem, por cláusula expressa, refor- ao contrato a ser celebrado. Deverá ser levado ao
çar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela registro competente.
evicção. Todavia, não obstante a cláusula que
exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, Uma vez concluído o contrato preliminar, e nele
tem direito o evicto a receber o preço que pagou não constando cláusula de arrependimento, qual-
pela coisa evicta, se não soube do risco da evic- quer das partes terá o direito de exigir a celebra-
ção,ou,dele informado,não o assumiu. ção do definitivo, fixando prazo à outra para que o
efetive.
O evicto,salvo estipulação em contrário, tem
direito à restituição integral do preço ou das quan- Esgotado o prazo ao contrato preliminar é con-
tias que pagou, à indenização dos frutos que tiver ferido caráter definitivo, salvo se a isto se opuser a
sido obrigado a restituir; à indenização pelas des- natureza da obrigação.
pesas dos contratos e pelos prejuízos que direta-
mente resultarem da evicção, e às custas judiciais Se o estipulante não der execução ao contrato
e aos honorários do advogado por ele constituído. preliminar, poderá a outra parte considerá-lo des-
Se parcial, mas considerável, for a evicção, pode- feito,e pedir perdas e danos.Se a promessa de
rá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar
restituição da parte do preço correspondente ao a mesma sem efeito,deverá manifestar-se no pra-
desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá zo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe
somente direito a indenização. for razoavelmente assinado pelo devedor.

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4.5.8. Do Contrato com Pessoa a Declarar A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir
a resolução do contrato,se não preferir exigir-lhe o
Ao concluir um contrato, pode uma das partes cumprimento,cabendo,em qualquer dos ca-
reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que sos,indenização por perdas e danos.
deve adquirir os direitos e assumir as obrigações
dele decorrentes. Essa indicação deve ser comu- 4.5.9.3. Da Exceção de Contrato não Cumprido
nicada à outra parte no prazo de cinco dias da
conclusão do contrato, se outro prazo não tiver A exceção de contrato não cumprido, ou
sido estipulado. exceptio non adimpleti contractus,ocorre nos con-
tratos bilaterais e consiste na proibição aos con-
A pessoa adquire os direitos e assume as obri- tratantes,antes de cumprida a sua obrigação,exigir
gações decorrentes do contrato, a partir do mo- o implemento da obrigação do outro.
mento em que este foi celebrado.
Da mesma forma,se sobrevier a uma das par-
4.5.9. Da Extinção do Contrato tes contratantes a diminuição em seu patrimônio,
capaz de comprometer ou tornar duvidosa a pres-
São modalidades de extinção do contrato o tação pela qual se obrigou, pode a outra se recu-
seu cumprimento e a rescisão, termo este enten- sar à prestação que lhe incumbe, até que aquela
dido em sentido amplo. satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bas-
tante de satisfazê-la.
A rescisão pode ocorrer pelo distrato, pela de-
núncia unilateral, por força de cláusula resolutiva 4.5.9.4. Da Resolução por Onerosidade Exces-
expressa ou tácita, ou pelo inadimplemento. siva

4.5.9.1. Do Distrato Se a prestação de uma das partes se tornar


excessivamente onerosa, com extrema vantagem
Distrato é o ato ou efeito de desfazer, de dis- para a outra, em virtude de acontecimentos extra-
tratar, de anular um acordo. ordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir
a resolução do contrato de execução continuada
Juridicamente, trata-se de outro acordo, entre ou diferida. A resolução poderá ser evitada, ofere-
as partes,para rescindir, extinguir o vínculo esta- cendo-se o réu a modificar eqüitativamente as
belecido no contrato,em acordo anterior. condições do contrato.

O distrato faz-se pela mesma forma exigida Se no contrato as obrigações couberem a ape-
para o contrato. nas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua
prestação seja reduzida ou alterada no modo de
A rescisão (ou em sentido estrito a resilição) executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessi-
unilateral pode ocorrer mediante denúncia notifi- va.
cada à outra parte, desde que a lei expressa ou
implicitamente o permita.
4.6 – DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO
Se,porém,dada a natureza do contrato,uma das
partes houver feito investimentos consideráveis 4.6.1.Da Compra e Venda
para a sua execução, a denúncia unilateral só
produzirá efeito depois de transcorrido prazo É o contrato pelo qual um dos contratantes se
compatível com a natureza e o vulto dos investi- obriga a transferir o domínio de certa coisa e o
mentos. outro se obriga a pagar-lhe certo preço em dinhei-
ro. O contrato de compra e venda possui três ele-
4.5.9.2. Da Cláusula Resolutiva mentos essenciais:acordo de vontades,a coisa e o
preço (consensus, res et pretium).
Cláusula resolutiva é a disposição expressa
ou tácita que implica na revogação do negócio - A declaração de vontade vem a ser o consenti-
jurídico pelo inadimplemento da obrigação por mento que vem a recair sobre a coisa e o preço.
uma das partes. A cláusula é expressa quando
está registrada, consignada, manifestada de modo - A coisa é o objeto da compra e venda, podendo
a não admitir objeção. ser qualquer coisa comercializável.

A cláusula é tácita quando não está formal- - O preço deve ser em dinheiro ou em coisas re-
mente expressa, não está traduzida por pala- presentativas de dinheiro.
vras,mas pode estar implícita ou subentendida em
um acordo. A compra e venda pode ter por objeto coisa
atual ou futura.Neste caso,ficará sem efeito o con-
A cláusula resolutiva expressa opera de pleno trato se esta não vier a existir, salvo se a intenção
direito; a tácita depende de interpelação judicial. das partes era de concluir contrato aleatório.

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Se a venda se realizar à vista de amostras, A lei veda em alguns casos, sob pena de nuli-
protótipos ou modelos, entender-se-á que o ven- dade, a realização do contrato de compra e ven-
dedor assegurará ter na coisa as qualidades que a da, mesmo que a venda se dê em hasta pública.
elas correspondem. Prevalece a amostra, o protó- Nesse sentido não podem ser comprados:
tipo ou o modelo, se houver contradição ou dife-
rença com a maneira pela qual se descreveu a - pelos tutores,curadores,testamenteiros e admi-
coisa no contrato. nistradores, os bens confiados à sua guarda ou
administração;
O preço pode ser fixado ao arbítrio de terceiro,
à taxa do mercado ou bolsa, em certo e determi- - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou
nado dia e lugar, ou em função de índices ou pa- direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que
râmetros,desde que suscetíveis de objetiva de- estejam sob sua administração direta ou indireta;
terminação.
- pelos juízes e outros serventuários ou auxiliares
Convencionada a venda sem fixação de preço da justiça, os bens ou direitos em litigância no
ou de critérios para a sua determinação, se não juízo onde servirem ou que se estender a sua au-
houver tabelamento oficial, entende-se que as toridade;
partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas
habituais do vendedor. Na falta de acordo, por ter - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de
havido diversidade de preço, cuja venda estejam encarregados.
prevalecerá o termo médio.
Se, na venda de um imóvel, se estipular o pre-
A fixação do preço não pode ser deixada ao ço por medida de extensão, ou se determinar a
arbítrio exclusivo de uma das partes componentes respectiva área, ocorrerá a venda ad mensuram.
do contrato de compra e venda, sob pena de tor- Se a extensão não corresponder às dimensões
nar-se nulo o contrato. dadas, o comprador terá o direito de exigir o com-
plemento da área, e, não sendo isso possível, o
As despesas de escritura e registro ficam a de reclamar a resolução do contrato ou abatimen-
cargo do comprador, assim como as despesas da to proporcional ao preço.
tradição,exceto se as partes estipularem em con-
trário. Decai do direito de propor as ações em relação
à venda ad mensuram o vendedor ou o comprador
O vendedor não é obrigado a entregar a coisa que não o fizer no prazo de um ano, a contar do
antes de receber o preço, exceto no caso de ven- registro do título.
da a crédito. Na área de transação comercial,
Tradição é o ato de entregar, de transferir algo a A venda ad corpus é aquela em que o imóvel
outra pessoa. é vendido como coisa certa e discriminada, tendo
sido apenas enunciativa, a referência, às suas
É o meio pelo qual se transfere a propriedade dimensões. Nesse caso não haverá complemento
da coisa móvel ao adquirente, em decorrência do de área, nem devolução de excesso, ainda que
cumprimento a um contrato. Via de regra a trans- não conste, de modo expresso, ter sido a venda
ferência do bem é efetiva ou real, mas também ad corpus.
poderá ser simbólica ou fictícia. Até o momento da
tradição, os riscos da coisa correm por conta do O vendedor, salvo convenção em contrário,
vendedor, e os do preço por conta do comprador. responde por todos os débitos que gravem a coisa
até o momento da tradição. Nas coisas vendidas
A tradição da coisa vendida, na falta de estipu- conjuntamente, o defeito oculto de uma não auto-
lação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se riza a rejeição de todas.
encontrava, ao tempo da venda. Não obstante o
prazo ajustado para o pagamento, se antes da O condômino em coisa indivisível não pode
tradição o comprador cair em insolvência, poderá vender a sua parte a estranhos,se outro condômi-
o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até que no a quiser. Nesse caso,o condômino não infor-
o comprador lhe dê caução de pagar no tempo mado da venda poderá haver para si a parte ven-
ajustado. dida a estranhos,desde que deposite o preço pago
e requeira a coisa vendida no prazo máximo de
É anulável a venda de ascendente a descen- cento e oitenta dias,sob pena de decadência.
dente, salvo se os outros descendentes e o cônju-
ge do alienante expressamente houverem consen- Os Contratos de Compra e Venda podem ser
tido. Em ambos os casos dispensa-se o consen- gravados com cláusulas especiais, estabelecendo
timento do cônjuge se o regime de bens for o da direitos e deveres específicos, tais como cláusula
separação obrigatória. Os cônjuges podem contra- de retrovenda, de venda a contento e da sujeita à
tar a compra e venda com relação a bens excluí- prova, da preempção ou preferência, da venda
dos da comunhão. com reserva de domínio, e da venda sobre docu-
mentos.

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4.6.1.1. Da Retrovenda O prazo para exercer o direito de preferência


não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a
A expressão “retro”, colocada junto de outra coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
palavra, como prefixo, significa o que retrocede;
voltar atrás no tempo; não levar adiante um inten- Aquele que exerce a preferência está, sob pe-
to, um acordo. na de a perder, obrigado a pagar, em condições
iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
Retrovenda é um pacto feito entre as partes,
pelo qual o vendedor se assegura o direito de res- O vendedor pode também exercer o seu direito
gatar ou recobrar a coisa vendida, dentro do prazo de prelação (de escolha, de preferência), intiman-
estipulado, pagando o que recebeu ou outro que do o comprador, quando lhe constar que este vai
se tenha acertado. No caso, o vendedor não pre- vender a coisa.
cisa levar adiante o compromisso de venda, pela
falta de cumpri- mento das obrigações do com- Salvo estipulação das partes fixando prazo
prador. diverso, o direito de preempção caducará em três
dias se não exercida em relação à coisa móvel, e
O Código Civil (Subseção de Retrovenda) es- em sessenta dias subseqüentes à data em que o
tabelece que o vendedor de coisa imóvel pode comprador tiver notificado o vendedor, se imóvel.
reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máxi-
mo de decadência de três anos, restituindo o pre- Se o comprador alienar a coisa sem ter comu-
ço recebido e reembolsando as despesas do nicado previamente ao vendedor o preço e as
comprador, inclusive as que, durante o período de vantagens que por ela lhe oferecem responderá
resgate, se efetuaram com a sua autorização es- por perdas e danos. O adquirente se tiver proce-
crita, ou para a realização de benfeitorias neces- dido de má-fé, responderá solidariamente.
sárias.
4.6.1.4. Da Venda com Reserva de Domínio
4.6.1.2.Da Venda a Contento e da Sujeita a
Prova Quando uma pessoa vende uma coisa móvel,
pode reservar para si a propriedade, até que o
A venda a contento é a cláusula que determi- preço esteja integralmente pago. Tal decisão deve
na que a venda somente se aperfeiçoa após o ser uma cláusula inserta (introduzida) no contrato
adquirente manifestar seu agrado. de compra e venda. A cláusula de reserva de do-
mínio será estipulada por escrito e depende de
Assim, entende-se que a venda é feita sob registro no domicílio do comprador para valer con-
condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha tra terceiros.
sido entregue.Da mesma forma,a venda sujeita a
prova presume-se feita sob a condição suspensiva Não pode ser objeto de venda com reserva de
de que a coisa tenha as qualidades asseguradas domínio a coisa que não pode ser caracterizada
pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se perfeitamente, de modo a diferenciá-la de outras
destina. Em ambos os casos, as obrigações do congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do ter-
comprador, que recebeu, sob condição suspensi- ceiro adquirente de boa-fé.
va, a coisa comprada, são as de mero como datá-
rio, enquanto não manifeste aceitá-la. Segundo o entendimento doutrinário, é consi-
derada cláusula suspensiva, na medida em que
Não havendo prazo estipulado para a declara- suspende a transferência da propriedade da coisa
ção do comprador, o vendedor terá direito de inti- alienada. A transferência de propriedade ao com-
má-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o prador dá-se no momento em que o preço esteja
faça em prazo improrrogável. integralmente pago.

4.6.1.3. Da Preempção ou Preferência O vendedor somente poderá executar a cláusu-


la de reserva de domínio após constituir o com-
Preempção significa precedência na compra. prador em mora, mediante protesto do título ou
Juridicamente, significa que existe uma cláusula interpelação judicial. Verificada a mora do com-
contratual que garante ao primitivo vendedor a prador, poderá o vendedor mover contra ele a
preferência para readquirir o objeto vendido, caso competente ação de cobrança das prestações
este seja posto à venda. É uma preferência de vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido;
compra garantida ao antigo proprietário. ou poderá recuperar a posse da coisa vendida.

A Cláusula impõe ao comprador a obrigação de 4.6.1.5.Da Venda Sobre Documentos


oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai ven-
der, ou dar em pagamento, para que este use de Na venda sobre documentos, a tradição da
seu direito de prelação (preferência) na compra. O coisa é substituída pela entrega do seu título re-
direito de preferência não se pode ceder nem presentativo e dos outros documentos exigidos
passa aos herdeiros. pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.

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Estando a documentação em ordem, não pode Locador é uma pessoa física ou jurídica que
o comprador recusar o pagamento, a pretexto de cede a outrem (o locatário) o uso e gozo de bem
defeito de qualidade ou do estado da coisa vendi- móvel ou imóvel, mediante um contrato de loca-
da, salvo se o defeito já houver sido comprovado. ção. O locador é detentor da legitimidade para
ceder a alguém (ao locatário), a título oneroso, um
Salvo estipulação em contrário, o pagamento bem de sua propriedade ou sob sua proteção e/ou
deve ser efetuado na data e no lugar da entrega administração patrimonial.
dos documentos.
Podem, assim, ser locadores:
4.6.2.Da Troca ou Permuta
- proprietário, propriamente dito;
“Troca é o contrato pelo qual as partes se obri-
gam a dar uma coisa por outra, que não seja di- - tutor;
nheiro” (Clovis Beviláqua).
- usufrutuário;
Aplicam-se à troca as disposições referentes à
compra e venda, com exceção de que cada um - espólio, etc.
dos contratantes pagará por metade as despesas
com o instrumento da troca,salvo se estipularem Em todas essas condições, o locador deve,
ao contrário.Da mesma forma, é anulável a troca necessariamente, ter a legitimidade para figurar
de valores desiguais entre ascendentes e descen- no polo ativo da locação.
dentes,sem consentimento dos outros descenden-
tes e do cônjuge do alienante. Por locatário entende-se a pessoa que recebe
do locador um bem ou um serviço, mediante um
4.6.3. Do Contrato Estimatório contrato de locação, obrigando-se a pagar por
isso o preço ajustado. O locatário é também cha-
Contrato Estimatório é uma modalidade de mado de inquilino, de arrendatário.
acordo em que o proprietário, denominado con-
signante, entrega bens móveis a outrem, denomi- Como o locador, o locatário deve, igualmente,
nado consignatário, que fica autorizado a vendê- ser capaz para assumir compromissos e respon-
los, pagando àquele o preço ajustado,salvo se der pelo seu cumprimento ou pelas conseqüên-
preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa cias pela inadimplência.
consignada.
4.6.5. Da Doação
Se o consignatário não puder restituir a coisa
em sua integridade, ou a restituição tornar-se im- A doação é uma modalidade de contrato em
possível, ainda que por fato a ele não imputável, que uma pessoa, por liberalidade, transfere bens
mesmo assim não se exonera da obrigação de ou vantagens do seu patrimônio para o patrimônio
pagar o preço ao consignante. de outra pessoa, que os aceita.

A coisa consignada não pode ser objeto de Aquele que doa é denominado doador, e quem
penhora ou seqüestro pelos credores do consig- aceita donatário.
natário,enquanto não pago integralmen- te o pre-
ço. O consignante não pode dispor da coisa antes A manifestação da aceitação pelo donatário é
de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a condição indispensável ao aperfeiçoamento do
restituição. Pode, também, a revogação ser auto- negócio.
mática, no caso de doação resolúvel.
A doação é pura quando traduz simples libera-
A doação onerosa pode ser revogada por ine- lidade, mero benefício movido pelo altruísmo do
xecução do encargo, se o donatário incorrer em doador. Remuneratória, quando objetiva retribuir
mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o serviços ou favores prestados por qualquer motivo
doador poderá notificar judicialmente o donatá- não cobrados pelo donatário. Com encargo, ou
rio,assinando-lhe prazo razoável para que cumpra modal quando se impõe ao donatário uma contra-
a obrigação assumida. prestação que ele deve cumprir e que resulta em
vantagem ao doador ou a outrem. Condicional,
quando sua eficácia depende de acontecimento
4.6.4. Da Locação de Coisas futuro e incerto. A doação de ascendentes a des-
cendentes, ou de um cônjuge a outro, importa
Locação é o ato de locar, de alugar uma coisa. adiantamento do que lhes cabe por herança.
Juridicamente, é um contrato pelo qual uma das
partes cede à outra o uso e gozo de bem móvel O doador pode estipular que os bens doados
ou imóvel ou se compromete a lhe fornecer servi- voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao dona-
ço, por prazo certo ou indeterminado, mediante tário. Não prevalece cláusula de reversão em fa-
pagamento de certa quantia. vor de terceiro.

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São restrições à liberdade de doar a disposição 4.6.6.1. Do Comodato


torna nula a doação de todos os bens do doador,
sem reserva ou renda suficiente para a sua sub- O comodato é o empréstimo gratuito de coisas
sistência, e o excesso da doação que atingir o não fungíveis e que deve ser restituído no tempo
quinhão da legítima dos herdeiros. A doação do convencionado pelas partes. Perfaz-se com a tra-
cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anula- dição do objeto.
da pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros ne-
cessários, até dois anos depois de dissolvida a Comodante é a pessoa que dá algo em como-
sociedade conjugal. dato. Comodatário é a pessoa que recebe algo
em comodato.
Salvo declaração em contrário, a doação em
comum a mais de uma pessoa entende-se distri- O comodatário é obrigado a conservar, como
buída entre elas por igual. Se os donatários,em tal se sua própria fora, a coisa emprestada, não po-
caso, forem marido e mulher,subsistirá na totali- dendo usá-la senão de acordo com o contrato ou
dade a doação para o cônjuge sobrevivo. a natureza dela, sob pena de responder por per-
das e danos. O comodatário constituído em mora,
O locador é obrigado a entregar ao locatário a além de por ela responder, pagará, até restituí-la,
coisa alugada em condições de servir ao uso a o aluguel da coisa que for arbitrado pelo como-
que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo dante.
tempo do contrato, salvo cláusula expressa em
contrário. Da mesma forma, garantir ao locatário, O comodatário não poderá jamais recobrar do
durante o tempo do contrato, o uso pacífico da comodante as despesas feitas com o uso e gozo
coisa. da coisa emprestada.

O locatário é obrigado a servir-se da coisa alu-


gada conforme estipulado ou presumido; dispen- 4.6.6.2. Do Mútuo
sar a ela o mesmo cuidado como se sua fosse; a
pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajusta- O mútuo é um contrato em que uma das par-
dos, e, em falta de ajuste, segundo o costume do tes empresta coisas fungíveis à outra parte.
lugar; e restituir a coisa, finda a locação, no esta-
do em que a recebeu, salvas as deteriorações Mutuário é o recebedor do empréstimo no con-
naturais ao uso regular. trato mútuo.

Havendo prazo estipulado à duração do contra- Mutuador ou mutuante é o que ou quem mu-
to, antes do vencimento não poderá o locador tua, que ou quem empresta algo no contrato de
reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao lo- mútuo.
catário as perdas e danos resultantes, nem o loca-
tário devolvê-la ao locador, senão pagan- No empréstimo mútuo, há transferência do do-
do,proporcionalmente,a multa prevista no contra- mínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja
to. O locatário gozará do direito de retenção, en- conta correm todos os riscos dela, desde a tradi-
quanto não for ressarcido. ção.

O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o


4.6.6 . Do Empréstimo que dele recebeu em coisa do mesmo gêne-
ro,qualidade e quantidade.Esse tipo de emprésti-
Juridicamente, empréstimo é o ato de se colo- mo pode ser oneroso ou gratuito.
car, temporariamente, coisas fungíveis ou não
fungíveis à disposição de alguém, sob determina- O empréstimo é oneroso quando envolve ou
das condições. está sujeito a ônus, a encargos. Ele produz reci-
procidade e vantagens e de obrigações para as
Uma coisa é considerada fungível quando ela partes envolvidas.
se gasta,quando se consome com o uso.
O empréstimo mútuo,usualmente, refere-se a
Ela é passível de ser substituída por outra coi- empréstimo de dinheiro.
sa da mesma espécie, qualidade, quantidade ou
valor. Ex. dinheiro, combustível. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, pre-
sumem-se devidos juros, observados que, se eles
Uma coisa é não fungível ou infungível quando não forem convencionados, ou o forem sem taxa
com o uso conserva-se ela mesma. Ex. casa, car- estipulada, ou quando provierem de determinação
ro, terreno. da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver
em vigor para a mora do pagamento de impostos
O empréstimo ocorre nas seguintes condições; devidos à Fazenda Nacional, permitida a capitali-
em comodato e mútuo. zação anual.

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4.6.7. Da Prestação de Serviço Não se extingue o contrato de empreitada pela


morte de qualquer das partes, salvo se ajustado
A palavra prestação tem diversos sentidos. em consideração às qualidades pessoais do em-
Quase todos utilizados pelo corretor de imóveis. preiteiro.

No presente trabalho, prestação significa o ato


de prestar algo a alguém, de propiciar algo a 4.6.8. Do Depósito
quem precisa. É realizar uma ação, um serviço
para alguém. A palavra depósito tem diversos significados -
estabelecimento comercial, local de despejos;
Existem muitas modalidades de prestação de conjunto de resíduos material acumulado; o objeto
serviço, todas elas regulamentadas, por diferentes ou a quantia entregue a um depositante. Significa,
leis. também, o ato ou efeito de depositar. Esses dois
últimos tipos de depósito pode ser objeto de con-
Algumas modalidades de prestação de serviço trato e, nesse caso, é previsto no Código Civil que
estão sujeitas às leis trabalhistas ou à determina- estabelece a forma como deve ser conduzido.
da lei especial. Mas, existe uma modalidade de
prestação de serviço que se refere, exclusivamen- Denomina-se depositante ou depositador
te, às empresas prestadoras de serviços e aos aquele que deposita e depositário aquele que
trabalhadores autônomos. recebe a guarda de um depósito.

Nesses casos não existe a caracterização de O contrato de depósito pode ser voluntário ou
relação sujeita às leis trabalhistas. Da mesma necessário. Qualquer que seja a modalidade, o
forma, não se aplica às categorias profissionais depositário que não o restituir quando exigido será
com regulamentação própria, como os corretores compelido a fazê-lo mediante prisão não exceden-
de imóveis, quando autônomos. te a um ano, e ressarcir os prejuízos.

Esses casos são regidos pelo Código Civil Bra-


sileiro, Capítulo VII, de grande importância para os 4.6.8.1. Do Depósito Voluntário
profissionais da área de transação imobiliária.
Contrato em que uma parte, o depositário, re-
Pelo Código Civil, toda espécie de serviço ou cebe um objeto móvel, para guardar, até que o
trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser con- depositante o reclame.
tratada mediante retribuição. O pagamento ocorre-
rá depois de prestado o ser- viço, salvo se, por O contrato de depósito é gratuito, exceto se
convenção ou costume, não houver de ser adian- houver convenção em contrário, se resultante de
tada. atividade negocial ou se o depositário o praticar
por profissão. O depósito voluntário provar-se-á
A obrigação de fornecer os materiais não se por escrito.
presume, mas resulta da lei ou da vontade das
partes. O contrato para elaboração de um projeto O depositário é obrigado a guardar e conservar
não implica a obrigação de executá-lo ou de fisca- a coisa depositada como se sua fosse, bem como
lizar-lhe a execução. devolvê-la quando o exigir o depositante.

Nos contratos de empreitada de edifícios ou Se o depósito se entregou fechado, colado,


outras construções consideráveis, o empreiteiro selado, ou lacrado, nesse mesmo estado se man-
de materiais e execução responderá, durante o terá.
prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e se-
gurança do trabalho, assim em razão dos materi- Salvo disposição em contrário, a restituição da
ais, como do solo. Decairá desse direito o dono da coisa deve dar-se no lugar em que tiver de ser
obra que não propuser a ação contra o empreitei- guardada. As despesas de restituição correm por
ro, nos cento e oitenta dias seguintes ao apareci- conta do depositante.
mento do vício ou defeito.
O depositário não poderá, sem licença expres-
Sem anuência de seu autor, não pode o propri- sa do depositante, servir-se da coisa depositada,
etário da obra introduzir modificações no projeto nem a dar em depósito a outrem, sob pena de
por ele aprovado, ainda que a execução seja con- responder por perdas e danos.
fiada a terceiros, a não ser que, por motivos su-
pervenientes ou razões de ordem técnica, fique O depositante é obrigado a reembolsar as des-
comprovada a inconveniência ou a excessiva one- pesas feitas pelo depositário, na guarda da coisa,
rosidade de execução do projeto em sua forma a indenizar os prejuízos que do depósito provie-
originária. Essa proibição não abrange alterações rem e pagar a gratificação eventualmente estipu-
de pouca monta, ressalvada sempre a unidade lada no contrato.
estética da obra projetada.

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4.6.8.2. Do Depósito Necessário Para os atos que exijam escritura pública,como


a compra e venda de imóveis,o mandato deve ser
Depósito necessário é aquele que independe outorgado por intermédio de escritura pública.
da vontade das partes, mas por obrigação legal ou Portanto, a outorga do mandato está sujeita à
por ocasião de alguma calamidade, como o in- forma exigida por lei para o ato a ser praticado.
cêndio,a inundação,o naufrágio ou o saque. Não se admite mandato verbal quando o ato deva
ser celebrado por escrito.
As bagagens dos viajantes ou hóspedes nas
hospedarias onde estiverem são equiparadas ao A aceitação do mandato pode ser tácita, e re-
depósito necessário. sulta do começo de execução.O mandato pode
ser especial a um ou mais negócios determinada-
Nesse caso,os hospedeiros responderão como mente, ou geral a todos os do mandante.
depositários, assim como pelos furtos e roubos
que perpetrarem as pessoas empregadas ou ad- O mandato pode ser para negócios (ad negoti-
mitidas nos seus estabelecimentos. a), ou com finalidade judicial (ad judicia).

4.6.9. Do Mandato Via de regra só confere poderes de administra-


ção.Para alienar,hipotecar,transigir,ou praticar
Mandato significa aquilo de que se está encar- outros quaisquer atos que exorbitem da adminis-
regado de fazer; incumbência dada por outrem; tração ordinária, depende a procuração de pode-
missão; delegação de poder conferida a alguém res especiais e expressos. O poder de transigir
para representação oficial, para pra- ticar atos ou não importa o de firmar compromisso.
administrar interesses.
4.6.9.1. Das Obrigações do Mandatário
Mandatário é aquele que recebe mandato ou
procuração para agir em nome de outro. É tam- O mandatário é obrigado a aplicar toda sua
bém o executor de atos autorizados pelo mandan- diligência habitual na execução do mandato, e a
te. indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua
ou daquele a quem substabelecer, sem autoriza-
Mandante é aquele que tem autoridade para ção, poderes que devia exercer pessoalmente.
mandar, a pessoa que confere poderes a outrem
para praticar atos em seu nome. 4.6.9.2. Das Obrigações do Mandante

O mandatário é também conhecido como ou- O mandante é obrigado a satisfazer todas as


torgado e o mandante como outorgante ou outor- obrigações contraídas pelo mandatário, na con-
gador. formidade do mandato conferido, e adiantar a im-
portância das despesas necessárias à execução
Em alguns casos o mandato é objeto de contra- dele, quando o mandatário lho pedir.
to, por meio do qual alguém recebe de outrem
poderes para, em seu nome, praticar atos ou ad- É obrigado ao mandante a pagar ao mandatá-
ministrar interesses. A procuração é o instrumento rio a remuneração ajustada e as despesas da e-
do mandato. xecução do mandato, ainda que o negócio não
surta o esperado sem culpa do mandatário. Da
O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal mesma forma é obrigado o mandante a ressarcir
ou escrito. ao mandatário as perdas que este sofrer com a
execução do mandato,sempre que não resultem
Todas as pessoas capazes são aptas para dar de culpa sua ou de excesso de poderes.
procuração mediante instrumento particular, que
valerá desde indicado o lugar onde foi passada, a
qualificação do outorgante e do outorgado, a data 4.6.9.3. Da Extinção do Mandato
e o objetivo da outorga com a designação e a ex-
tensão dos poderes conferidos, bem como a assi- São modalidades de extinção do mandato a
natura do outorgante. revogação ou a renúncia; a morte ou interdição de
uma das partes; sobrevindo estado que inabilite o
O terceiro com quem o mandatário tratar pode- mandante a conferir os poderes, ou o mandatário
rá exigir que a procuração traga a firma reconhe- para os exercer; e pelo término do prazo ou pela
cida. Mesmo que o mandato seja outorgado atra- conclusão do negócio.
vés de mandato por instrumento público, o subs-
tabelecimento pode ser feito mediante instrumento Quando o mandato contiver a cláusula de irre-
particular. vogabilidade e o mandante o revogar, pagará per-
das e danos. Se a cláusula de irrevogabilidade for
Substabelecimento é o ato pelo qual o man- condição de um negócio bilateral, ou tiver sido
datário transfere a outrem, o substabelecido, os estipulada no exclusivo interesse do mandatário, a
poderes que lhe foram conferidos pelo mandante. revogação do mandato será ineficaz.

– 27 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

O mandato com a cláusula “em causa própria”, No desempenho das suas incumbências o co-
não poderá ser revogado e nem se extinguirá pela missário é obrigado a agir com cuidado e diligên-
morte de qualquer das partes, ficando o mandatá- cia, não só para evitar qualquer prejuízo ao comi-
rio dispensado de prestar contas, e podendo tente, mas ainda para lhe proporcionar o lucro que
transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto razoavelmente se podia esperar do negó-
do mandato, obedecidas as formalidades legais. cio,respondendo por qualquer prejuízo que, por
ação ou omissão, ocasionar ao comitente, salvo
Para revogar o mandato deve o mandante noti- motivo de força maior. O comissário não responde
ficar da revogação o mandatário ou procurador e pela insolvência das pessoas com quem tratar,
ainda comunicar o fato a todos os eventuais inte- exceto em caso de culpa e se ele assumir o ônus
ressados,seja por meio de notificações diretas ou através da cláusula del credere. Nesse caso res-
publicação em jornal. Não tomadas essas provi- ponderá o comissário solidariamente com as pes-
dências continuarão válidos os atos ajustados soas com que houver tratado em nome do comi-
entre o procurador demitido e terceiros de boa-fé, tente.
que não sabiam da revogação.
Cláusula del credere é aquela em que “o co-
É irrevogável o mandato que contenha poderes missário assume a responsabilidade pela solvên-
de cumprimento ou confirmação de negócios en- cia daqueles com quem vier a contratar no inte-
cetados, aos quais se ache vinculado. A nomea- resse e por conta do comitente” (Maria Helena
ção comunicada de um outro mandatário para o Diniz).
mesmo negócio revoga o mandato anterior.
4.6.11.Da Corretagem
A renúncia do mandato será comunicada ao (Arts. 722 a 729 do novo Código Civil)
mandante, que, se for prejudicado pela sua ino-
portunidade, ou pela falta de tempo, a fim de pro- Corretagem é o oficio, a função do Corretor.
ver à substituição do procurador, será indenizado
pelo mandatário, salvo se este provar que não Corretor é aquele que age como intermediário
podia continuar no mandato sem prejuízo conside- em negócios particulares, que se envolve na com-
rável, e que não lhe era dado substabelecer. pra e venda de bens ou ações na bolsa de valo-
res.
4.6.10. Da Comissão
O exercício de corretagem é objeto de um con-
A palavra comissão tem diversos significados, trato específico. Pelo contrato de corretagem, uma
popularmente conhecidos. Comissão pode signi- pessoa se obriga a obter para a segunda um ou
ficar: - a gratificação que se dá ao comissionado mais negócios, conforme as instruções recebidas.
por serviço prestado; - percentagem ou prêmios A atividade do corretor é voltada para o público,
que representantes comerciais, corretores, ven- não para pessoas determinadas.
dedores cobram sobre o valor do negócio realiza-
do ou serviço prestado; - gratificação por cargo ou Define-se o contrato de corretagem pelo liame
emprego; - conjunto de pessoas incumbidas de obrigacional: não pode haver ligação decorrente
realizar uma tarefa; - ato de cometer, de entregar, de mandato, de prestação de serviços ou por
de dar ou delegar algo a alguém, de incumbir al- qualquer relação de dependência.
guém de realizar algo.
O corretor é obrigado a executar a mediação
Comitente é a pessoa que incumbe alguém de com a diligência e prudência que o negócio re-
executar determinado ato, mediante pagamento. quer, prestando ao cliente, espontaneamente,
todas as informações sobre o andamento dos ne-
Comissário ou comissionado é a pessoa que gócios. Deve,também, sob pena de responder por
exerce uma comissão, delegado. perdas e danos, prestar ao cliente todos os escla-
recimentos que estiverem ao seu alcance, acerca
No presente trabalho, recebe o nome de Co- da segurança ou risco do negócio, das alterações
missão, a modalidade de contrato em que o co- de valores e do mais que possa influir nos resulta-
missário passa a comprar ou vender bens,em seu dos da incumbência. (Ver art. 723 do Código Civil)
próprio nome, mas por conta de um comitente, e
de acordo com as instruções deste. O comissário A remuneração do corretor, se não estiver fixa-
fica diretamente obrigado para com as pessoas da em lei, nem ajustada entre as partes, será arbi-
com quem contratar, sem que estas tenham ação trada segundo a natureza do negócio e os usos
contra o comitente, nem este contra elas,salvo se locais. O contrato de corretagem tem como objeti-
o comissário ceder seus direitos a qualquer das vo a disponibilização dos meios necessários para
partes. realização do negócio.Nesse sentido, a remunera-
ção é devida ao corretor uma vez que tenha ele
O leiloeiro é um exemplo típico de ocorrência conseguido o resultado previsto no contrato de
de comissão, desde que ausente o proprietário da mediação, mesmo que este não se efetive em
coisa leiloada. virtude de arrependimento das partes.

– 28 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

Iniciado e concluído o negócio diretamente en- Portanto, transação significa um ajuste no qual
tre as partes, nenhuma remuneração será devida as pessoas realizam um negociação ou contrato;
ao corretor. Todavia, se for ajustada a corretagem acordo, um convenção. É um negócio ou ato co-
com exclusividade, através de documento escrito, mercial, uma operação de compra e venda.
terá o corretor direito à remuneração integral, ain-
da que realizado o negócio sem a sua media- É lícito aos interessados prevenirem ou termi-
ção,salvo se comprovada sua inércia ou ociosida- narem o litígio mediante concessões mútuas. Po-
de. dem ser objeto de transação os direitos patrimoni-
ais de caráter privado.
Se, por não haver prazo determinado, o dono
do negócio dispensar o corretor, e o negócio se Quando a lei exigir, ou quando recair sobre
realizar posteriormente, como fruto da sua media- direitos contestados em juízo, a transação deverá
ção, a corretagem lhe será devida. Da mesma ser feita por escritura pública, permitido o instru-
forma se procederá se o negócio se realizar após mento particular nos demais casos. A transação
a decorrência do prazo contratual, mas por efeito deve ser interpretada restritivamente e por ela não
dos trabalhos do corretor. Para resguardar seus se transmitem, apenas se declaram ou reconhe-
direitos é recomendável ao Corretor notificar o cem direitos. Sendo nula qualquer das cláusulas
dono do negócio, discriminado as pessoas com da transação, nula será esta. Só se anula a tran-
quem tratou com vistas à intermediação. Se o sação nos casos de dolo, coação, ou erro essen-
negócio se concluir com a intermediação de mais cial quanto à pessoa ou coisa controversa.
de um corretor, a remuneração será paga a todos
em partes iguais, salvo ajuste em contrário. 4.6.14. Do Compromisso ou Arbitragem

4.6.12. Da Fiança É admitido compromisso, judicial ou extrajudi-


cial, para resolver litígios entre pessoas que po-
A fiança é o contrato por meio do qual uma dem contratar, exceto para solução de questões
pessoa garante satisfazer ao credor uma obriga- de estado, de direito pessoal de família e de ou-
ção assumida pelo devedor, caso este não a tras que não tenham caráter estritamente patrimo-
cumpra. nial. Admite-se nos contratos a cláusula compro-
missória, para resolver divergências mediante
A fiança é uma modalidade de contrato que só juízo arbitral,na forma estabelecida na Lei
tem validade, se escrito. Seu estabelecimento 9.307/1996, que regula a arbitragem.
independe da vontade do devedor e não vale além
da obrigação afiançada A fiança prestada pelo A Cláusula é compromissória quando expressa
cônjuge sem o consentimento do outro tornará compromisso assumido.
anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge
pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de 4.7 – DOS ATOS UNILATERAIS
terminada a sociedade conjugal.
Um ato é unilateral quando só uma das partes
O credor não pode ser obrigado a aceitar fiador se obriga para com a outra.
indicado se este não for pessoa idônea, domicilia-
da no município onde tenha de prestar a fiança, e 4.7.1. Da Promessa de Recompensa
não possua bens suficientes para cumprir a obri-
gação. Sobrevindo a insolvência ou incapacidade Aquele que, por anúncios públicos, se com-
do fiador poderá o credor exigir que seja substituí- prometer a recompensar, ou gratificar, a quem
do. preencha certa condição, ou desempenhe certo
serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido.
O fiador que pagar integralmente a dívida fica Aquele que fizer o serviço, ou satisfizer a condição
sub-rogado nos direitos do credor, respondendo estabelecida poderá exigir a recompensa estipu-
este também por todas as perdas e danos que o lada. A promessa de recompensa pode ser revo-
fiador pagar, e pelos que sofrer em razão da fian- gada utilizando-se da mesma publicidade, desde
ça. Na fiança por tempo indeterminado pode o que seja feita antes de prestado o serviço ou pre-
fiador exonerar-se da fiança que tiver assina- enchida a condição.
do,sempre que lhe convier,ficando obrigado por
todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias 4.7.2. Do Pagamento Indevido
após a notificação do credor.
O pagamento indevido é aquele efetuado sem
4.6.13. Da Transação qualquer vínculo obrigacional que o justifique. A-
quele que recebeu o que lhe não era devido ou
“TRANSAÇÃO é um acordo em que duas ou recebeu dívida condicional antes de cumprida a
mais pessoas ajustam cláusulas e condições, me- condição fica obrigado a restituir. Quem voluntari-
diante concessões recíprocas para evitar litígio ou amente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo
por fim a litígio, em curso”. feito por erro.

– 29 –
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4.7.3. Do Enriquecimento Sem Causa EXERCICIOS

O enriquecimento sem causa é o acréscimo 1 - Fale sobre as Obrigações de Dar Coisa Certa?
patrimonial de alguém, em prejuízo de outrem,
sem justa razão, ou de modo ilícito. É o locuple- ________________________________________
tamento à custa alheia. Aquele que, sem justa ________________________________________
causa, se enriquecer à custa de outrem, será o- ________________________________________
brigado a restituir o indevidamente auferido, feita a ________________________________________
atualização dos valores monetários.
________________________________________
RESUMINDO ________________________________________
Das modalidades das obrigações: Obrigações ________________________________________
De dar (coisa certa ou coisa incerta), Obrigações ________________________________________
de fazer, Obrigações de não fazer, Obrigações ________________________________________
Alternativas, Obrigações Divisíveis e Indivisíveis, ________________________________________
Obrigações Solidárias (solidariedade ativa e pas-
siva). ________________________________________
________________________________________
Da transmissão das obrigações: Da cessão de ________________________________________
crédito; da assunção da dívida. ________________________________________
Do Adimplemento e extinção das obrigações: ________________________________________
Do pagamento (quem deve pagar, daqueles a ________________________________________
quem se deve pagar, do objeto do pagamento e ________________________________________
sua prova, do lugar do pagamento (dívida quéra-
ble, (dívida portable), do tempo do pagamento. Do ________________________________________
Pagamento em Consignação; Do Pagamento com ________________________________________
Sub-Rogação (pessoal, real e convencional); Da ________________________________________
imputação de pagamento;da dação em Pagamen- ________________________________________
to; Da Novação; da Compensação; Da Confusão;
Da remissão das Dividas. ________________________________________
________________________________________
Do Inadimplemento das obrigações: Da mo-
ra;Das Perdas e Danos; Dos Juros Legais; Da
2 - Cite todos os tipos do Pagamento?
Cláusula Penal; Das Arras ou Sinal.
________________________________________
Dos contratos em Geral: Da formação de Con- ________________________________________
tratos; Da Estipulação em Favor de Terceiro; Da ________________________________________
Promessa de Fato de Terceiro; Dos Vícios Redibi-
tórios; Da Evicção; Dos Contratos Aleatórios, Do ________________________________________
Contrato Preliminar; Do Contrato com Pessoa a ________________________________________
Declarar; Da Extinção de Contrato (distrato, cláu- ________________________________________
sula resolutiva, exceção de contrato não cumpri- ________________________________________
do, resolução por onerosidade excessiva).
________________________________________
________________________________________
Das várias espécies de contrato: Da Compra e ________________________________________
Venda (retrovenda venda a contento e da sujeita
a prova, da preempção ou preferência, da venda ________________________________________
com reserva de domínio, da venda sobre docu- ________________________________________
mentos; Da Troca ou Permuta; Do Contrato Esti- ________________________________________
matório; Da Locação de Coisas; Da Doação; do ________________________________________
Empréstimo( comodato, mútuo); Da Prestação de
Serviço; do Depósito (voluntario e necessário); Do ________________________________________
Mandato (obrigações do mandatário, obrigações ________________________________________
do mandante e da extinção do mandato; Da Co- ________________________________________
missão; Da Corretagem;Da Fiança; Da Transação;
________________________________________
Do compromisso ou arbitragem.
________________________________________
________________________________________
Dos atos unilaterais: Da Promessa de Recom- _______________________________________
pensa, do Pagamento Indevido, do Enriquecimen-
to Sem Causa.

– 30 –
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3 - O que é divida querable e dívida portable? 5. DIREITO DAS COISAS


________________________________________
“COISA”, no presente trabalho, significa tudo
________________________________________ aquilo que é suscetível de apropriação ou aliena-
________________________________________ ção, ou seja que pode ser adquirido ou vendido
________________________________________ em uma transação comercial. O Código Civil, no
________________________________________ seu Livro III, trata, especificamente do Direito das
Coisas. Essa é uma área que sempre oferece
________________________________________ demandas, por parte de vendedores e comprado-
________________________________________ res.
________________________________________
O direito das coisas apresenta-se como um
________________________________________ vínculo entre a pessoa e a coisa. É um direito ab-
soluto e oponível erga omnes (contra todos), ou
4 - O que é inadimplir? seja, o titular do direito real tem o poder de reivin-
________________________________________ dicar a coisa onde quer que se encontre ou de
quem quer a detenha.
________________________________________
________________________________________ De acordo com entendimento teórico-
________________________________________ doutrinário tradicional, os direitos reais são aque-
les,estabelecidos em lei,não se admitindo interpre-
________________________________________ tação extensiva.
________________________________________
________________________________________ Nesse sentido são diretos reais a propriedade,a
________________________________________ superfície,as servidões,o usufruto,o uso, a habita-
ção, o direito do promitente comprador do imóvel,
________________________________________ o penhor, a hipoteca e a anticrese.

5 - O que é transação? Não se deve confundir direito real com direito


________________________________________ sobre a coisa, pois este é bem mais amplo que o
primeiro, pois além de englobar os diretos reais,
________________________________________ abrange a posse e as obrigações mistas ou prop-
________________________________________ ter rem.
________________________________________
Enquanto no direito das coisas existe um víncu-
________________________________________ lo direto entre uma pessoa e uma coisa que deve
________________________________________ ser respeitado por todos, no direito das obrigações
________________________________________ o vínculo é estabelecido entre pessoas determi-
________________________________________ nadas, excluindo terceiros estranhos à relação.
________________________________________ 5.1 – DA POSSE
________________________________________
Posse é o ato de se apossar de alguma coisa.
6 - Marque X nas alternativas corretas: Ter posse é ter domínio de fato sobre alguma coi-
sa. É o estado de quem possui alguma coisa”.
Troca é o contrato pelo qual as partes se obrigam
a dar uma coisa por outra, com exceção: Posse é o exercício de fato,pleno ou não, de
algum dos poderes inerentes à propriedade, em
( ) de bens móveis; nome próprio e com autonomia.
( ) de bens imóveis;
( ) de dinheiro; 5.1.1. Da Posse e sua Classificação

Podem ser locadores: Interessa informar a classificação da posse


quanto à extensão da garantia possessória, quan-
( ) proprietários, tutores, fiadores. to aos vícios objetivos,quanto à subjetividade,
( ) espólios, usufrutuários e tutores. quanto aos efeitos, ou quanto à idade.
( ) locatários, fiadores, proprietários.
( ) proprietários, espólios, fiadores. Quanto à extensão da garantia possessória a
posse pode ser direta ou indireta. Direta quando
Faça a relação: exercida diretamente pelo possuidor sobre a coi-
sa; indireta quando o proprietário a conserva por
( ) mandato ( ) tem autoridade para mandar. ficção legal, mas o exercício da posse direta é
( ) mandante ( ) recebe o mandato. conferido a outrem, em virtude de contrato ou di-
( ) mandatário ( ) incumbência dada por alguém.
reito real limitado.

– 31 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

Quanto aos vícios objetivos a posse pode ser O sucessor universal continua de direito a pos-
justa ou injusta. se do seu antecessor; e ao sucessor singular é
facultado unir sua posse à do antecessor, para os
Justa é a posse que não for violenta, clandes- efeitos legais.
tina ou precária. Injusta é a que for violenta, clan-
destina ou precária. São atos que não induzem e nem autorizam a
aquisição da posse os de mera permissão ou tole-
Posse violenta é aquela adquirida com o uso rância, os violentos, ou clandestinos, senão de-
da força física ou violência moral. pois de cessar a violência ou a clandestinidade.

Posse clandestina é aquela adquirida às es-


condidas daquele que tem interesse em conhecê- 5.1.3. Dos Efeitos da Posse
la.
A posse pode ser perturbada pela turbação,
Posse precária é aquela cedida em caráter pelo esbulho ou pela ameaça de agressão iminen-
provisório e adquirida com abuso de confiança por te. O esbulho é a perda da posse, injustamente,
parte de quem recebeu a coisa com o dever de por emprego de violência, clandestinidade ou a-
restituí-la. buso de confiança.

Quanto à subjetividade a posse pode ser de A turbação é a tentativa de esbulho, embara-


boa-fé ou de má-fé. De boa-fé é aquela em que o çando o exercício da posse, sem, contudo, acarre-
possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que im- tar sua perda.
pede a aquisição da coisa; de má-fé é aquela em
que o possuidor conhece o vício, ou o obstáculo O possuidor turbado,ou esbulhado,poderá
que impede a aquisição da coisa. manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa não
Quanto aos efeitos a posse pode ser ad inter- podem ir além do indispensável à manutenção,ou
dicta ou ad usocapionem: restituição da posse.Da mesma forma,o turbado
pode utilizar-se da ação de manutenção de posse,
- ad interdicta é aquela que pode ser amparada e o esbulhado a ação de reintegração de posse.
pelos interditos possessória, nos casos de esbu-
lho, turbação ou ameaça; Quando mais de uma pessoa se disser possui-
dora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a
- ad usocapionem é aquela capaz de dar origem à coisa, se não estiver manifesto que a obteve de
usucapião da coisa. alguma das outras por modo vicioso.

Quanto à idade a posse pode ser nova ou ve- 5.1.4. Da Perda da Posse
lha. Nova é aquela que data de menos de ano e
dia; velha a que data de mais de ano e dia. Perde-se a posse quando o possuidor deixa,
embora contra a própria vontade, de ter de fato o
A posse nova admite a concessão de liminar exercício,pleno ou não,de algum dos poderes ine-
nas ações possessórias, a velha não. rentes à propriedade.

A posse de boa-fé só perde este caráter no São exemplos o abandono, a tradição, a perda
caso e desde o momento em que as circunstân- ou destruição da coisa.
cias façam presumir que o possuidor não ignora
que possui indevidamente. Salvo prova em contrá- 5.2 – DOS DIREITOS REAIS
rio, entende-se manter a posse o mesmo caráter
com que foi adquirida. São diretos reais sobre as coisas:

- a propriedade - direito de usar, gozar e dispor de


5.1.2. Da Aquisição da Posse um bem,

Adquire-se a posse desde o momento em que - a superfície


se torna possível o exercício,em nome próprio, de
qualquer dos poderes inerentes à propriedade. A - as servidões,
posse pode ser adquirida pela própria pessoa que
a pretende ou por seu representante,por terceiro - o usufruto,
sem mandato,dependendo neste caso de ratifica-
ção. A posse do imóvel faz presumir, até prova - o uso,
contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
- a habitação,
A posse transmite-se aos herdeiros ou legatá-
rios do possuidor com os mesmos caracteres. - o direito do promitente comprador do imóvel,

– 32 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

- o penhor, 5.3.1. Da Aquisição da Propriedade Imóvel

- a hipoteca Adquire-se a propriedade imóvel:

- a anticrese. - pelo usucapião;

Os direitos reais sobre coisas móveis, quando - pela transcrição do título de transferência no
constituídos,ou transmitidos por atos entre vivos, registro de imóvel;
só se adquirem com a tradição, ou seja, conforme
o costume. - pela acessão;

Os direitos reais sobre imóveis constituídos - pelo direito hereditário.


ou transmitidos por atos entre vivos, só se adqui-
rem com o registro no Cartório de Registro de A aquisição pode ser originária ou derivada.
Imóveis dos referidos títulos. Originária quando o indivíduo faz seu o bem sem
que alguém tenha lhe transmitido; derivada quan-
do houver transmissão de domínio, por ato causa
5.3 – DA PROPRIEDADE mortis ou inter vivos.

O proprietário tem a faculdade de usar, gozar


e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder 5.3.1.1. Da aquisição pelo Usucapião
de quem quer que injustamente a possua ou de-
tenha. A aquisição da propriedade por Usucapião é
decorrente do exercício de posse mansa e pacífi-
O direito de propriedade deve ser exercido em ca,com ânimo de dono,por determinado tempo
consonância com as suas finalidades econômicas fixado pela lei. A aquisição por usucapião é decla-
e sociais e de modo que sejam preservados a rada por sentença, a qual servirá de título para o
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio registro no Cartório de Registro de Imóveis.
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem
como evitada a poluição do ar e das águas. Não podem ser usucapidos os bens públicos e
as coisas fora do comércio.
São proibidos os atos que não trazem ao pro-
prietário qualquer comodidade ou utilidade, e se- São várias as possibilidades de se adquirir a
jam animados pela intenção de prejudicar outrem. usucapião conforme as características do imóvel e
O proprietário pode ser privado da coisa, nos ca- da posse.
sos de desapropriação, por necessidade ou utili-
dade pública ou interesse social, bem como no de Adquire a propriedade, independentemente de
requisição, em caso de perigo público iminente. título e boa-fé, aquele que, sem oposição ou inter-
rupção, possuir como seu um imóvel por quinze
A propriedade do solo abrange a do espaço anos.
aéreo e subsolo correspondentes, em altura e
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo Se o morador houver estabelecido no imóvel
o proprietário opor-se a atividades que sejam rea- sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou
lizadas, por terceiros, a uma altura ou profundida- serviços de caráter produtivo, o prazo é reduzido a
de tais,que não tenha ele interesse legítimo em dez anos.
impedi-las.
Adquire a propriedade aquele que, não sendo
proprietário de imóvel rural ou urbano, possuir
As jazidas, minas e demais recursos minerais, como sua, por cinco anos ininterruptos, sem opo-
os potenciais de energia hidráulica, os monumen- sição, área de terra em zona rural não superior a
tos arqueológicos e outros bens referidos por leis cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu
especiais pertencem à União, constituindo propri- trabalho ou de sua família e fazendo dela sua mo-
edade distinta da do solo. radia.

Adquire a propriedade aquele que, não sendo


A propriedade presume-se plena e exclusiva proprietário de imóvel rural ou urbano, possuir
até prova em contrário. Plena é a propriedade em como sua, por cinco anos ininterruptamente e sem
que todos os direitos elementares (usar, gozar, oposição, área urbana de até duzentos e cinqüen-
dispor e reaver) estão reunidos no proprietário. ta metros quadrados, utilizando-a para sua mora-
Limitada quando um desses elementos é entregue dia ou de sua família.
a um outro titular. Os frutos e mais produtos da
coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu Adquire também a propriedade do imóvel aque-
proprietário, salvo se, por preceito jurídico especi- le que,contínua e sem contestação,com justo título
al, couberem a outrem. e boa-fé, o possuir por dez anos.

– 33 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

Reduz-se o prazo a cinco anos se o imóvel Nesse caso, o dono do imóvel acrescido adqui-
houver sido adquirido, onerosamente, com base rirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o
no registro constante do respectivo cartório, can- dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um
celada posteriormente,desde que os possuidores ano, ninguém houver reclamado.
nele tiverem estabelecido a sua moradia ou reali-
zado investimentos de interesse social e econômi-
co. 5.3.1.3.4. Do Álveo Abandonado

O possuidor pode, para o fim de contagem de Álveo é o leito do rio. O álveo abandonado de
prazo,acrescentar à sua posse a dos seus ante- corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das
cessores, desde que todas sejam contínuas, pací- duas margens,sem que tenham indenização os
ficas. O justo título e a boa-fé são exigidos nos donos dos terrenos por onde as águas abrirem
casos de usucapião após dez anos da posse. novo curso, entendendo-se que os prédios margi-
nais se estendem até o meio do álveo.
5.3.1.2. Da aquisição pelo Registro do Título

Somente se transfere a propriedade por ato 5.3.1.3.5.Das Construções e Plantações


entre vivos mediante o registro do título translativo
no Registro de Imóveis; enquanto não se registrar Toda construção ou plantação existente em
o título translativo, o alienante continua a ser havi- um terreno presume-se feita pelo proprietário e à
do como dono do imóvel. Até a decretação da sua custa, até que se prove o contrário.
invalidade do registro e o respectivo cancelamen-
to, o adquirente continua a ser havido como dono
do imóvel. O registro é eficaz desde o momento Ocorrendo plantação ou construção em terreno
em que se apresentar o título ao oficial do registro próprio,mas com sementes,plantas ou materiais
e este o prenotar no protocolo. alheios, o dono do terreno adquire a propriedade
destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor,
5.3.1.3. Da Aquisição por Acessão além de responder por perdas e danos, se agiu de
má-fé.
A acessão é o acréscimo a um imóvel, seja
decorrente da atividade humana ou por causas Ocorrendo plantação ou construção em terreno
naturais. Ocorre de forma natural por formação de alheio, mas com sementes, plantas e construções
ilhas, por aluvião, por avulsão (deslocamento vio- próprias, estas são perdidas em proveito do pro-
lento de certa porção de terra que se destaca de prietário do térreo, mas se o plantador ou constru-
uma propriedade para se juntar ou acrescer a ou- tor agiu de boa-fé terá direto à indenização.Se a
tra) ou por abandono de álveo (leito de rio cuja construção ou a plantação exceder consideravel-
corrente foi desviada); e por causas artificiais por mente o valor do terreno, aquele que, de boa-
plantações ou construções. fé,plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do
solo, mediante pagamento da indenização fixada
5.3.1.3.1. Das ilhas judicialmente, se não houver acordo.

As ilhas que se formarem em correntes co-


muns ou particulares pertencem aos proprietários 5.3.2. Da Perda da Propriedade
ribeirinhos fronteiros. A denominação rios particu-
lares significa rios não navegáveis.Sendo o rio Perde-se a propriedade imóvel por alienação
navegável as ilhas formadas são da pessoa de (venda), pela renúncia, por abandono, por pereci-
direto público em que tais correntes pertencem. mento da coisa, e pela desapropriação. Outras
causas também consideradas pela lei causam a
perda da propriedade, tais como o usucapião, a
5.3.1.3.2. Da Aluvião acessão etc.

Aluvião é a denominação dos acréscimos for-


mados,sucessiva e imperceptivelmente, por depó- 5.3.3. Dos Direitos de Vizinhança
sitos e aterros naturais ao longo das margens das
correntes, ou pelo desvio das águas destas. O 5.3.3.1.Do Uso Anormal da Propriedade
acréscimo por aluvião pertence aos donos dos
terrenos marginais, sem indenização. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem
o direito de fazer cessar as interferências prejudi-
ciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que
5.3.1.3.3. Da Avulsão o habitam, provocadas pela utilização de proprie-
dade vizinha, podendo exigir do dono do prédio
Avulsão e a denominação que se dá ao fato de vizinho a demolição, ou a reparação deste,quando
uma porção de terra se destacar de um prédio e ameace ruína,bem como que lhe preste caução
se juntar a outro, por força natural violenta. pelo dano iminente.

– 34 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

5.3.3.2.Das Árvores Limítrofes São proibidas construções capazes de poluir


ou inutilizar a água do poço ou nascente alheia.
A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, Não é permitido fazer escavações ou quaisquer
presume-se pertencer em comum aos donos dos obras que tirem ao poço ou à nascente de outrem
prédios confinantes. a água indispensável às suas necessidades nor-
mais.
As raízes e os ramos de árvore, que ultrapas-
sarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, 5.4 – DO CONDOMÍNIO GERAL
até a divisa, pelo proprietário do terreno invadido.
Há condomínio quando a mesma coisa perten-
Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho ce a mais de uma pessoa, cada qual com sua
pertencem ao dono do solo onde caíram, se este parte ideal. Via de regra o novo Código Civil revo-
for de propriedade particular. gou as disposições da Lei 4.591 em referência ao
condomínio.
5.3.3.3. Da Passagem Forçada
5.4.1.Do Condomínio Voluntário
O dono do prédio que não tiver acesso a via
pública, nascente ou porto,pode,mediante paga- Cada condômino pode usar da coisa conforme
mento de indenização cabal, constranger o vizinho sua destinação, sobre ela exercer todos os direi-
a lhe dar passagem. tos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de
terceiro, defender a sua posse e alhear a respecti-
5.3.3.4. Da Passagem de Cabos e Tubulações va parte ideal, ou gravá-la, mas nenhum condômi-
no pode alterar a destinação da coisa comum,
O proprietário é obrigado a tolerar a passagem, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos,
através de seu imóvel, de cabos, tubulações e sem o consenso dos outros.
outros condutos subterrâneos de serviços de utili-
dade pública, desde que receba indenização sufi- O condômino é obrigado, na proporção de sua
ciente para atender, tam- bém, à desvalorização parte, a concorrer para as despesas de conserva-
da área remanescente. ção ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a
que estiver sujeita.
5.3.3.5. Das Águas
A todo tempo será lícito ao condômino exigir a
O dono ou o possuidor do prédio inferior é obri- divisão da coisa comum.Podem os condôminos
gado a receber as águas que correm naturalmente estipular que fique indivisa a coisa comum por
do superior, não podendo realizar obras que em- prazo não maior de cinco anos, suscetível de pror-
baracem o seu fluxo. rogação ulterior.

O proprietário de nascente, ou do solo onde


caem águas pluviais,satisfeitas as necessidades 5.4.2. Do Condomínio Necessário
de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o
curso natural das águas remanescentes pelos Ocorre essa modalidade de condomínio quan-
prédios inferiores. do há meação de paredes, cercas, muros e valas.

5.3.3.6. Dos Limites entre Prédios e do Direito O proprietário que tiver direito a estremar um
de Tapagem imóvel com paredes, cercas, muros, valas ou va-
lados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na
O proprietário tem direito a cercar, murar, valar parede, muro, valado ou cerca do vizinho, embol-
ou tapar o seu prédio, urbano ou rural, e pode sando-lhe metade do que atualmente valer a obra
constranger o seu confinante a proceder com ele e o terreno por ela ocupado.
à demarcação entre os dois prédios, a aviventar
rumos apagados e a renovar marcos destruídos
ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente as 5.5 – DO CONDOMÍNIO EDILÍCIO
despesas.
O Condomínio edilício é instituído em edifica-
5.3.3.7.Do Direito de Construir ções e tem como características partes que são
propriedade exclusiva, e partes que são proprie-
O proprietário pode levantar em seu terreno as dade comum dos condôminos.
construções que lhe aprouver, salvo o direito dos
vizinhos e os regulamentos civis e administrativos. As partes suscetíveis de utilização independen-
O proprietário construirá de maneira que o seu te, tais como apartamentos, escritórios, salas,
prédio não despeje águas, diretamente, sobre o lojas, sobrelojas ou abrigos para veícu-
prédio vizinho e não poderá abrir janelas,ou fazer los,sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo
terraço ou varanda,a menos de metro e meio do ser alienadas e gravadas livremente por seus pro-
terreno vizinho. prietários.

– 35 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

São de utilização em comum pelos condômi- 5.7 – DIREITOS REAIS DE GOZO OU FRUIÇÃO
nos, e não podem ser alienados separadamente, SOBRE COISAS ALHEIAS
ou divididos, o solo, a estrutura do prédio, o telha-
do, a rede geral de distribuição de água, esgoto, Os direitos reais são previstos e limitados por
gás e eletricidade, a calefação e refrigeração cen- lei, e não se admitem a criação de novas espécies
trais,e as demais partes comuns, inclusive o aces- por ato de vontade das partes. Essa modalidade
so ao logradouro público. de direito transfere o domínio do imóvel ao adqui-
rente, para que este possa gozar e fruir do bem,
Os condôminos têm o direito de usar, fruir e conforme o tipo de direito real pactuado.
livremente dispor das suas unidades,usar das
partes comuns,conforme a sua destinação, sem Os direitos reais sobre coisas alheias comenta-
excluir a utilização pelos demais compossuidores, dos serão os que tratam da superfície, das servi-
e votar nas deliberações da assembleia e delas dões, do usufruto, do uso, da habitação, do direito
participar, estando quite. do promitente comprador, do penhor, da hipoteca
e da anticrese.
São deveres do condômino contribuir para as
despesas do condomínio, na proporção de suas 5.8 – DA SUPERFÍCIE
frações ideais, abster-se de realizar obras que
comprometam a segurança da edificação ou a O proprietário pode conceder a outrem o direito
forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias de construir ou de plantar em seu terreno, por
externas,não utilizar a sua par- te de maneira pre- tempo determinado, mediante escritura pública
judicial ao sossego, salubridade e segurança dos devidamente registrada no Cartório de Registro de
possuidores,ou aos bons costumes. Imóveis. O direito de superfície não autoriza obra
no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da
O condômino que não pagar a sua contribuição concessão.
ficará sujeito aos juros moratórios convencionados
ou, não sendo previstos, os de um por cento ao O direito de superfície pode transferir-se a
mês e multa de até dois por cento sobre o débito. terceiros e,por morte do superficiário, aos seus
herdeiros. Extinta a concessão, o proprietário pas-
O adquirente de unidade responde pelos débi- sará a ter a propriedade plena sobre o terreno,
tos do alienante, em relação ao condomínio, inclu- construção ou plantação, independentemente de
sive multas e juros moratórios. indenização,se as partes não houverem estipula-
do o contrário.
A administração do condomínio cabe ao síndi-
co,que poderá não ser condômino,eleito em as- 5.9 – DAS SERVIDÕES
sembleia para mandato não superior a dois anos,
o qual poderá renovar-se. A servidão é o proveito ou facilidade prestada
por um prédio - o serviente - em favor de outro – o
Compete ao síndico, dentre outros, represen- dominante.
tar, ativa e passivamente, o condomínio, cumprir e
fazer cumprir a convenção, o regimento interno e A servidão proporciona utilidade para o prédio
as determinações da assembleia, zelar pela con- dominante e grava o prédio serviente, que perten-
servação e a guarda das partes comuns,cobrar ce a outro dono. É constituída mediante declara-
dos condôminos as suas contribuições, bem como ção expressa dos proprietários, ou por testamen-
impor e cobrar as multas devidas, prestar contas à to, e subseqüente registro no Cartório de Registro
assembleia, anualmente e quando exigi- de Imóveis.
das,realizar o seguro da edificação etc.
O exercício da servidão é restrito às necessi-
dades do prédio dominante, de modo a evitar a-
5.6 – DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL gravar o encargo ao prédio serviente.

Constituída para certo fim, a servidão não se


Propriedade resolúvel é aquela de caráter pode ampliar a outro.
transitório, não permanente, que pode ser cance-
lada sobrevindo determinada condição legal ou
convencional, a condição resolutiva ou termo final. 5.10 – DO USUFRUTO
Ocorrendo a condição ou advindo o termo diz que
a propriedade foi resolvida. Nesse caso, são tam- O usufruto é um direito conferido a uma pes-
bém resolvidos os direitos reais concedidos na soa que o autoriza a usar coisa alheia, móvel ou
sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se imóvel, e auferir para si os frutos por ela produzi-
opera a resolução, pode reivindicar a coisa do dos. Cabe ao usufrutuário a posse, o uso, a admi-
poder de quem a possua ou detenha. São exem- nistração e os frutos da coisa; e ao proprietário
plos o pacto de retrovenda, a venda a contento, a (conhecido como nu-proprietário) o direito abstrato
propriedade fiduciária etc. à propriedade.

– 36 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

O usufruto pode recair em um ou mais bens, São aplicáveis à habitação,no que não for con-
em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abran- trário à sua natureza, as disposições relativas ao
gendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utili- usufruto.
dades. O usufruto de imóveis será constituído
mediante registro no Cartório de Registro de Imó- 5.13 – DO DIREITO DO PROMITENTE COM-
veis. PRADOR (CC, ART. 1417)

Não se pode transferir o usufruto por alienação; Mediante promessa de compra e venda, em
mas o seu exercício pode ceder-se por título gra- que se não pactuou arrependimento, celebrada
tuito ou oneroso. por instrumento público ou particular e registrada
no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o
O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou promitente comprador direito real à aquisição do
mediante arrendamento, o prédio, mas não lhe imóvel.
mudar a destinação econômica, sem expressa
autorização do proprietário. O promitente comprador, titular de direito real,
pode exigir do promitente vendedor ou de tercei-
O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, ros, a quem os direitos deste forem cedidos, a
inventariará, à sua custa, os bens que receber, outorga da escritura definitiva de compra e venda,
determinando o estado em que se acham, e dará conforme o disposto no instrumento preliminar; e,
caução, fidejussória ou real, se lha exigir o dono, se houver recusa, requerer a adjudicação do imó-
de velar-lhes pela conservação, e entregá-los fin- vel.
do o usufruto. Todavia o usufrutuário não é obri-
gado a pagar as deteriorações resultantes do e- 5.14 – DIREITOS REAIS DE GARANTIA SOBRE
xercício regular do usufruto. COISAS ALHEIAS

É atribuição do usufrutuário pagar as despesas “Direito real de garantia é aquele que confere
ordinárias de conservação dos bens no estado em ao seu titular a prerrogativa de obter o pagamento
que os recebeu, bem como as prestações e os de uma dívida com o valor ou a renda de um bem
tributos devidos pela posse ou rendimento da coi- aplicado exclusivamente à sua satisfação” (Sílvio
sa usufruída. Rodrigues). São eles o penhor,a hipoteca e a anti-
crese.
Extingue-se o usufruto pela morte do usufrutuá-
rio, pelo termo de sua duração, pela cessação da 5.14.1. Disposições gerais sobre o penhor, hi-
causa que o originou, pela destruição da coisa, poteca e a anticrese
pela consolidação (quando a mesma pessoa pas-
sa a ser o usufrutuário e o proprietário), pelo usu- Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese
capião, por culpa do usufrutuário, quando aliena, ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito,
deteriora, ou deixa arruinar os bens, pela renún- por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.
cia, pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que
o usufruto recai etc. Só aquele que pode alienar poderá empenhar,
hipotecar ou dar em anticrese. Só os bens que se
Os demais casos de extinção do usufruto estão podem alienar serão dados em penhor, anticrese
presentes no art. 1410 do Código Civil. ou hipoteca.

5.11 – DO USO (CC, ART. 1417) A coisa comum a dois ou mais proprietários
não pode ser dada em garantia real, na sua totali-
O uso é uma espécie de usufruto restrito, que dade, sem o consentimento de todos; mas cada
atribui ao seu titular apenas o uso de coisa alheia, um pode individualmente dar em garantia real a
sem direito à administração e aos frutos,salvo parte que tiver.
daquilo que seja necessário ao consumo pessoal
e da família, compreendidas a de seu cônjuge, O pagamento de uma ou mais prestações da
dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço dívida não importa exoneração correspondente da
doméstico. garantia, ainda que esta compreenda vários bens,
salvo disposição expressa no título ou na quita-
São aplicáveis ao uso,no que não for contrário ção.
à sua natureza, as disposições relativas ao usufru-
to. O credor hipotecário e o pignoratício têm o
direito de excutir (executar judicialmente) a coisa
5.12 – DA HABITAÇÃO (CC, ART. 1414) hipotecada ou empenhada e preferir, no paga-
mento, a outros credores, observada, quanto à
O direito real temporário de habitar gratuita- hipoteca, a prioridade no registro. Excetuam-se
mente casa alheia. O titular deste direito não a dessa regra as dívidas trabalhistas, previdenciá-
pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente rias, fiscais, que têm preferência.
ocupá-la com sua família.

– 37 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

O credor anticrético tem direito a reter em seu O credor pignoratício é obrigado à custódia da
poder o bem, enquanto a dívida não for paga; ex- coisa, na qualidade de depositário, a ressarcir ao
tingue-se esse direito decorridos quinze anos da dono a perda ou deterioração de que for culpado,
data de sua constituição. à defesa da posse da coisa empenhada e a co-
municação ao dono dela, das circunstâncias que
tornarem necessário o exercício de ação posses-
A dívida será considerada vencida se o bem sória, a restituí-la, com os respectivos frutos e
dado em garantia se perecer, deteriorar ou depre- acessões, uma vez paga a dívida.
ciar e o devedor, intimado, não o reforçar ou subs-
tituir, se o devedor cair em insolvência ou falir, se Extingue-se o penhor com a extinção da obri-
as prestações não forem pontualmente pagas, se gação; com o perecimento da coisa; renunciando
desapropriar o bem dado em garantia. o credor; confundindo-se na mesma pessoa as
qualidades de credor e de dono da coisa; dando-
se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda
É nula a cláusula que autoriza o credor pigno- da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele
ratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o autorizada.
objeto da garantia, se a dívida não for paga no
vencimento, mas vencida a dívida, poderá o de-
vedor dar a coisa em pagamento da dívida. 5.14.1.2. Da Hipoteca (CC, art. 1473 e ss)

Hipoteca é o ato ou efeito de hipotecar, de


Quando, excutido o penhor, ou executada a oferecer um bem, geralmente um imóvel, como
hipoteca, o produto não bastar para pagamento da garantia na tomada de um empréstimo pecuniário
dívida e despesas judiciais,continuará o devedor (relativo a dinheiro).
obrigado pessoalmente pelo restante.
“Hipoteca é o direto real que o devedor confere
ao credor, sobre um bem imóvel de sua proprie-
5.14.1.1. Do Penhor (CC, art 1431 e ss) dade ou a outrem, para que o mesmo responda,
preferentemente ao credor, pelo resgate da dívi-
Penhor significa a entrega,o empenho de coisa da” (Sílvio Rodrigues).
móvel ou imóvel como garantia de obrigação as-
sumida. Podem ser objeto de hipoteca os imóveis e os
acessórios dos imóveis conjuntamente com eles,
Constitui-se o penhor pela transferência efetiva o domínio direto, o domínio útil, as estradas de
da posse que, em garantia do débito ao credor ou ferro,os recursos naturais a que se refere o art.
a quem o represente, faz o devedor, ou alguém 1.230 do Código Civil, independentemente do solo
por ele, de uma coisa móvel, suscetível de aliena- onde se acham, os navios, e as aeronaves.Em
ção. nosso caso discorremos somente sobre a hipote-
ca que grava bens imóveis. É nula a cláusula que
proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado,
O credor pignoratício tem direito: mas poderá convencionar-se que vencerá o crédi-
to hipotecário, se o imóvel for alienado.
- à posse da coisa empenhada; à retenção dela
em caso de indenização de despesas justificadas; O dono do imóvel hipotecado pode constituir
outra hipoteca sobre ele, mediante novo título, em
- ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido favor do mesmo ou de outro credor. Salvo o caso
por vício da coisa empenhada; de insolvência do devedor, o credor da segunda
hipoteca, embora vencida, não poderá executar o
- a promover a execução judicial, ou a venda ami- imóvel antes de vencida a primeira.
gável, se autorizado expressamente pelo contrato
ou pelo devedor;
As hipotecas serão registradas no cartório do
- a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada lugar do imóvel,ou no de cada um deles, se o títu-
que se encontra em seu poder; lo se referir a mais de um. Compete aos interes-
sados, exibido o título, requerer o registro da hipo-
- a promover a venda antecipada sempre que haja teca.
receio fundado de que a coisa empenhada se per-
ca ou deteriore, mas o dono da coisa empenhada
pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, Os registros e averbações seguirão a ordem
ou oferecendo outra garantia real idônea. em que forem requeridas,sendo que o número de
ordem determina a prioridade,e esta a preferência
O credor não pode ser constrangido a devolver entre as hipotecas. Ambas as partes podem pror-
a coisa empenhada, ou uma parte dela, antes de rogar a hipoteca,até perfazer vinte anos,da data
ser integralmente pago. do contrato.

– 38 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

A lei confere hipoteca, chamada nesse caso de RESUMINDO


hipoteca legal:
Direito das Coisas: apresenta-se como um vín-
culo entre a pessoa e a coisa. É um direito absolu-
- às pessoas de direito público interno sobre os to, ou seja, o titular do direito real tem o poder de
imóveis pertencentes aos encarregados da co- reivindicar a coisa onde quer que se encontre ou
brança, sua guarda ou administração; de quem quer a detenha.

- aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe Da posse: Posse e sua classificação (justa, vio-
que passar a outras núpcias,antes de fazer o in- lenta, clandestina, precária); Aquisição da Posse,
ventário do casal anterior; dos Efeitos da Posse;da Perda da Posse.

- ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os Dos Direitos Reais (propriedade, superfície, usu-
imóveis do delinqüente, para satisfação do dano fruto, uso, habitação,direito do promitente com-
causado pelo delito e pagamento das despesas prador do imóvel, penhor, hipoteca, anticrese). Os
judiciais; direitos reais sobre imóveis constituídos ou trans-
mitidos por atos entre vivos , só se adquirem com
o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos
- ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou referidos títulos.
torna da partilha, sobre o imóvel adjudicado (sub-
metido a ato judicial que dá a alguém a posse de
determinado bem) ao herdeiro reponente (o que Da propriedade: Da aquisição da Propriedade do
repõe); Imóvel (aquisição pelo Usucapião, das ilhas, da
aluvião, da avulsão,do álveo abandonado, das
construções e plantações); da Perda da Proprie-
- ao credor sobre o imóvel arrematado, para ga- dade; Dos Direitos da Vizinhança (uso anormal da
rantia do pagamento do restante do preço da ar- propriedade, das árvores limítrofes, da passagem
rematação. forçada, da passagem de cabos e tubulações, das
águas, dos limites entre prédios e do direito de
tapagem, do direito de construir).
A hipoteca extingue-se pela extinção da obri-
gação principal, pelo perecimento da coisa, pela Do Condomínio Geral; Do Condomínio Volun-
resolução da propriedade, pela renúncia do cre- tário, Do Condomínio Necessário.
dor, pela remição, e pela arrematação ou adjudi-
cação. Do Condomínio Edilício: instituído em edifica-
ções e tem como características partes que são
propriedade exclusiva, e partes que são proprie-
dade comum dos condôminos.

5.15 – DA ANTICRESE (CC, ART. 1506) Da Propriedade Resolúvel: aquela de caráter


transitório, não permanente, que pode vir a ser
Na anticrese, o devedor entrega ao credor a cancelada.
posse do imóvel, cedendo-lhe o direito de auferir
os frutos e rendimentos desse imóvel, até o mon- Dos Direitos Reais de Gozo ou Fruição Sobre
tante da dívida a ser paga. Coisas Alheias.

Da Superfície.
O imóvel hipotecado pode ser dado em anticre-
se, sendo a recíproca verdadeira. Das Servidões.

Do Usufruto.
O credor anticrético pode administrar os bens
dados em anticrese e fruir seus frutos e utilidades, Do Uso.
mas deverá apresentar anualmente balanço, exa-
to e fiel, de sua administração. Da habitação.

Do Direito do Promitente Comprador.


O adquirente dos bens dados em anticrese
poderá remi-los, antes do vencimento da dívida, Direitos Reais de Garantia Sobre Coisas Alhei-
pagando a sua totalidade à data do pedido de as; Disposições gerais sobre o penhor, hipoteca e
remição e imitir-se-á, se for o caso, na sua posse. anticrese .

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EXERCICIOS
TEXTO ADICIONAL
1 - Fale sobre o que é posse e cite os tipos que
existem:
________________________________________ A PROPRIEDADE – BREVE HISTÓRICO
________________________________________
________________________________________ A propriedade privada da concepção moderna,
________________________________________ desde a antiguidade, sofreu influência da história
dos povos, e é decorrente da organização política.
________________________________________ Nas sociedades primitivas, a propriedade somente
________________________________________ existia para as "coisas" móveis, como vestimen-
________________________________________ tas, utensílios de caça e de pesca, etc., já o solo
pertencia a toda coletividade (VENOSA, 2004).
________________________________________
________________________________________ A primeira forma de propriedade imobiliária
________________________________________ individual teve início com a Lei das XII Tábuas.
________________________________________ Nesse período, o indivíduo recebia uma porção de
terras para cultivar, mas terminada a colheita a
________________________________________ terra voltava a ser coletiva. Com isso, surgiu o
________________________________________ costume de conceder, ano a ano, a mesma por-
________________________________________ ção de terra às mesmas pessoas, sendo que ali o
pater familias construía sua moradia, instalando-
se e vivendo com sua família e escravos.
2 - Cite os direitos reais sobre as coisas:
________________________________________ Assim, a concepção romana de propriedade
________________________________________ individual e perpétua é transmitida para a cultura
jurídica da Europa continental. Nesse cenário, o
________________________________________ Direito Romano passa a admitir o uso abusivo do
________________________________________ direito de propriedade (VENOSA, 2004).
________________________________________
________________________________________
No curso da História, após a expansão do Im-
________________________________________ pério Romano, a isenção de impostos em favor
________________________________________ dos nobres e da Igreja, também contribuiu para a
________________________________________ formação de grandes propriedades privadas. Já
na Idade Média, com o regime feudal, a concen-
________________________________________ tração dos bens se formou nas mãos de poucas
________________________________________ pessoas, e os demais cultivavam as terras apenas
________________________________________ em troca de alimentos.
________________________________________
Os conceitos jurídicos são modificados com a
3 - Relacione:
cultura bárbara, que passa a ser sinônimo de po-
der. Na Revolução Francesa, a propriedade pas-
( ) Penhor
sou a ser vista como sagrada e inviolável, o que,
( ) Hipoteca
não muito tempo depois, ficou incorporado no Có-
( ) Anticrese
digo de Napoleão. Esse Código serviu de modelo
( ) ato ou efeito de oferecer um bem, geralmente
a todo um modelo codificador do século XIX, res-
saltando o prestígio pela propriedade imóvel como
um imóvel.
( ) entrega, empenho de coisa móvel ou imóvel fonte de riqueza e símbolo de estabilidade. Além
disso, recepcionou a idéia romana e traçou a con-
como garantia.
( ) devedor entrega ao credor a posse do imóvel. cepção individualista do instituto da propriedade,
aduzindo em seu art. 544: “a propriedade é o direi-
to de gozar e dispor das coisas de modo mais
absoluto, desde que não se faça uso proibido pe-
( ) Mandato las leis ou regulamentos”.
( ) Mandante
( ) Mandatário
No Brasil, o Código Civil de 1916, no art. 524,
( ) aquele que tem autoridade para mandar. trazia a seguinte idéia conceitual: “a lei assegura
( ) aquilo que se está encarregado de fazer. ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de
( ) aquele que recebe mandato ou procuração. seus bens, e de reavê-los do poder de quem quer
que injustamente os possua”.

– 40 –
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

A ideia conceitual, no entanto, é repetida no art. Portanto, o direito de propriedade está condi-
122 8 do Código Civil vigente: "o proprietário tem cionado a dois fatores independentes: um fator
a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o aquisitivo, em que a pessoa adquire a propriedade
direito de reavê-la do poder de quem quer que de forma legítima e legal, e um fator de caráter
injustamente a possua ou detenha”, mas a função contínuo, em que o proprietário usa a propriedade
social da propriedade é protagonizada mais cla- de forma condizente com os fins sociais e ambien-
ramente no seu art. 1128, § 1º, que ordena que “o tais (GOMES, 2000).
direito de propriedade deve ser exercido em con-
sonância com as suas finalidades econômicas e A previsão do artigo 182, § 2º, da Constituição
sociais e de modo que sejam preservados, de Federal também aduz que a propriedade urbana
conformidade com o estabelecido em lei especial, atende a sua função social quando realiza as exi-
a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio gências fundamentais de ordenação da cidade
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem expressas no Plano Diretor. Assim, a definição de
como evitada a poluição do ar e das águas. propriedade não pode ser concebida no absolu-
tismo do Código Civil, uma vez que o direito de
Percebe-se, então, que a propriedade individu- usar, gozar e dispor dos bens tem limite e não
al vigente não conserva conteúdo idêntico ao de pode ofender a função social da propriedade.
sua origem histórica, posto que o direito de propri-
edade deixa de ser privatista e “passa a ser con- Assim, segundo Guimarães Júnior (2003,
siderado pela doutrina e tratado pelo ordenamento p.125), a função social da propriedade emerge
jurídico como um direito privado que se submete a como o “dever do proprietário de atender a finali-
interesses de outros sujeitos, que não apenas o dades relacionadas a interesses protegidos por
proprietário”, ou seja, “a propriedade pode estar lei”. O proprietário, ao usar, gozar e dispor da pro-
vinculada a interesses outros que podem não cor- priedade tem o dever de respeitar os interesses
responder exatamente aos interesses imediatos coletivos que, por sua relevância social, sobrepõe-
do proprietário” (BORGES, 1999, p. 45). se sobre os individuais.

No mais, a partir da Constituição Federal de


ASPECTOS DA FINALIDADE SOCIAL 1988 o meio ambiente também tem proteção e
E AMBIENTAL DA PROPRIEDADE consequentemente a legislação ambiental passa a
determinar que o direito de propriedade seja exer-
cido atendendo aos requisitos de proteção ao
O uso adequado da terra e a moradia passam meio ambiente, e que a atividade do proprietário
a ser uma questão relevante no final do século XX imobiliário seja exercida como direito-dever em
e início do XXI, pelo crescimento populacional, favor da sociedade, titular do direito difuso do
industrialização, êxodo rural, empobrecimento meio ambiente. Neste diapasão é que surge a
geral das nações, causando um novo enfoque na função ambiental da propriedade.
concepção de direito de propriedade.
Na atual ordem jurídica, as funções social e
ambiental da propriedade além de permitir ao pro-
Assim, o direito de propriedade deve ser exer- prietário, no exercício do seu direito, fazer tudo
cido de acordo com sua função social, em benefí- que não prejudique a coletividade, também impõe
cio de toda coletividade, e não apenas em provei- comportamentos positivos para que a propriedade
to do seu titular. Consequentemente, a justa apli- Seja adequada à preservação do meio ambiente.
cação do direito de propriedade depende do ponto
de equilíbrio entre interesse coletivo e individual. http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n
_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8601

Borges (1999) comenta que existem dois tipos


de normas constitucionais que dispõe sobre pro-
priedade, uma é a garantia do direito de proprie- SAIBA MAIS
dade como direito individual, aludida no artigo 5º
da Constituição Federal, em seu caput e no inciso
XXII. Par entender melhor o ponto estudado, consul-
te o Código Civil e as Leis e Resoluções listadas
abaixo:
Outro tipo de norma são aquelas que vinculam
a propriedade à função social e que representam
o regime jurídico constitucional deste instituto, LEI Nº 4.591/64 - Lei do Condomínio em edifica-
apresentando-se ainda no artigo 5º e concentra- ções e das incorporações imobiliárias
das no Título VII – Da ordem econômica e finan-
ceira.
LEI Nº 6.766/79 - Lei do parcelamento do solo
urbano

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Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I

LEI Nº 8.078/90 – Lei de proteção do consumidor ANOTAÇÕES

LEI Nº 8.245/91 – Lei de locações dos imóveis ............................................


urbanos ............................................
LEI Nº 6.015/73 – Lei dos Registros Públicos ............................................
LEI Nº 6.530/78 E SEU INSTRUMENTO REGU-
............................................
LAMENTADOR, O DECRETO 81.871/78 ............................................
RESOLUÇÃO-COFECI Nº 146/82 – Institui o Có-
digo de Processo Disciplinar ............................................
............................................
RESOLUÇÃO-COFECI Nº 326/92 – Institui o có- ............................................
digo de Ética Profissional..96
............................................
............................................
Material de apoio:
............................................
Estatuto da Cidade – Reforma Urbana: novas
perspectivas para as cidades brasileiras ............................................
Letícia Marques Osório (Org.), Sergio Antonio
Fabris Editor - Porto Alegre/São Paulo, 2002.
............................................
............................................
Direito à Moradia: instrumentos e experiências
de regularização fundiária nas cidades brasi-
............................................
leiras ............................................
Betânia de Moraes Alfonsin – Rio de janeiro: Ob-
servatório de Políticas Públicas Urbanas: IPPUR: ............................................
FASE, 1997.
............................................
Registro de Imóveis
............................................
Afrânio de carvalho – 4. ed. Rio de Janeiro: Fo-
rense, 2001.
............................................
............................................
Dos Contratos Nominados no Direito Civil Bra- ............................................
sileiro
Eduardo Espíndola – Campinas: Bookseller, 2002. ............................................
............................................
Revisão dos Contratos: do Código Civil ao Có-
digo de Defesa do Consumidor
............................................
Luís Renato Ferreira da Silva – Rio de janeiro:
Forense, 1999.
............................................
............................................
Direito Administrativo Brasileiro ............................................
Hely Lopes Meirelles – 21. ed. São Paulo: Malhei-
ros, 1996. ............................................
............................................
Manual Prático da Compra e Venda de Imóveis
Segadas Vianna e Aguiar Gorini – Rio de Janeiro:
............................................
Freitas Bastos, 1976. ............................................
............................................

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