Por que essas galinhas atravessaram a rua?

(por Elise Haas de Abreu)

A galinha na confluência:

- “Não sei, tava todo mundo atravessando, aí atravessei também, né?”

A galinha na introjeção:

- O sinal abriu, logo, quando o sinal abre, o correto é atravessar. Fiz o que tinha que ser feito, e
atravessei!

A galinha na projeção:

- Eu não atravessei nada! A rua é que me atravessou. Onde já se viu, que perigo, não se pode
confiar mais nessas ruas de hoje em dia.

A galinha na retroflexão:

- Atravesso ou não atravesso? Será? Acho que vou? Alguém me ajuda? Não, não, melhor não
pedir ajuda nenhuma. Agora vou atravess..., ai que taquicardia... não, não, melhor ficar aqui
desse lado mesmo. (E ciscando pra lá e pra cá, acaba não atravessando)

A galinha no egotismo:

- Veja bem, rua, que vem do latim rugas, significa calha, caminho, e, na era da antiguidade das
galinhas, foi criada para permitir o ir e vir. Então, eram antigamente apenas caminhos, hoje
são ruas, avenidas, e quem quer pode atravessá-la, mas eu, analisando a situação atual, vou
atravessar a outra rua, e não essa aqui, pois lá ninguém atravessa, só eu.