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Ed.

Ano 34 | Estética e Cosmética Especial

2018
CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA

ENTIDADE MANTENEDORA
INSTITUTO FILADÉLFIA DE LONDRINA

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Dr. Eleazar Ferreira.................................................. Reitor

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2018
Revista Terra e Cultura: cadernos de ensino e pesquisa./ Centro
Universitário Filadélfia. – Londrina, PR, v.1, n. 1. jun./dez.
(1985-).
v. 33, nesp. 67, jun. 2018

Semestral.

ISSN 0104-8112
Estética e Cosmética

1. Estética e Cosmetologia. 2. Educação superior - Periódicos.


I. UniFil – Centro Universitário Filadélfia.

CDD 378.05

Bibliotecária Responsável Erminda da Conceição Silva de Carvalho CRB9/1756


CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA
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Direito Prof. Dr. Osmar Vieira
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Enfermagem Prof.a Ms. Thaise Castanho da S. Moreira
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Estética e Cosmética Prof.a Ms. Mylena C. Dornellas da Costa
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Teologia Prof. Dr. Mário Antônio da Silva
REVISTA TERRA E CULTURA
EDIÇÃO ESPECIAL – 2018

GERENTE GERAL DA UNIFIL EAD


Paula Renata Ferreira

COORDENADORA ACADÊMICA
Profa Ms Camila Fernandes de Lima

COORDENADOR DE EXPANSÃO DE POLOS


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Administração, Processos gerenciais e Marketing Cristiano Ferreira


Ciências Contábeis e Gestão Financeira Marlon Athos Marçal
Construção de Edifícios, Eletrotécnica Industrial,
Engenharias, Gestão de Produção Industrial e Adriano Rodrigues Siqueira
Gestão de Qualidade
Gestão Ambiental, Gestão Comercial e Logística Pedro Semprebom
Gestão Pública e Serviços Jurídicos Priscila Vieira
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Licenciatura em Educação Física Rosana Sohaila Teixeira Moreira
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TERRA E CULTURA
Ano XXXIV - EDIÇÃO ESPECIAL

CONSELHO EDITORIAL

PRESIDENTE
Prof. Dr. Mário Antônio da Silva

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Prof.a Dr.a Damares Tomasin Biazin........................ Prof. Ms. Adalberto Brandalize
Prof.a Dr.a Denise Hernandes Tinoco....................... Prof.a Ms. Ana Claudia Cerini Trevisan
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Prof.a Ms. Silvia do Carmo P. Fachineeli................. Prof.a Ms. Patricia Queiroz
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Prof. Dr. João Antonio Zequi
Prof. Dr. Rodrigo Duarte Seabra
Prof. Dr. Tiago Pellini

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

SUMÁRIO

AROMATERAPIA ASSOCIADA À MASSAGEM CLÁSSICA.............................11


SANTOS, V.R.; AMORESE, R.C.P.; BRENE, C.; MORAES, P.A.

REAÇÕES ADVERSAS AO USO DOS COSMÉTICOS EM ALUNOS DO


CAMPUS CANADÁ DO CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA (UNIFIL)
EM LONDRINA ...........................................................................................................21
SANTOS, R.N.; CRUZ, F.; COSTA, M.C.D.

INGESTA DE ÁGUA PARA HIDRATAÇÃO CUTÂNEA......................................34


SILVA, G.C.; MELO, M.F.R.

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DOS TRATAMENTOS


ESTÉTICOS PARA RUGAS DURANTE O INVERNO NAS CLÍNICAS DE
LONDRINA...................................................................................................................49
REIS, A.P.B.; SOUZA, R.C.

TRATAMENTO DE ESTRIA ALBA COM O USO DO


ELETROLIFTING........................................................................................................61
SILVA, T.M.; AMORESE, R.C.P.; SILVA, T.O.; BRENE, C.

AVALIAÇÃO DA CONDUTA DE BIOSSEGURANÇA DE


MAQUIADORES..........................................................................................................73
REZENDE, C.E.S.; FERREIRA, A.M.; OLIVEIRA, L.D.M..

BIOSSEGURANÇA NA ESTÉTICA DO CONHECIMENTO À PRÁTICA DAS


REGRAS ENTRE MANICURES E PEDICURES....................................................82
FESTI, A.C.P.; FERREIRA, A.M.; OLIVEIRA, L.D.M.

DELINEAMENTO DE SOBRANCELHAS E SUA


BIOSSEGURANÇA......................................................................................................92
COLUSSI, I.P.A.; LABS, T.C.; MUNHOZ, L.D.

A FUNÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL NO PÓS OPERATÓRIO


DE LIPOASPIRAÇÃO DE ABDÔMEN...................................................................105
CZELUSNIAK, C.F.; AMORESE, R.C.P.; SILVA, T.O.; MORAES, P.A.

EFICÁCIA DO COLÁGENO UTILIZADO COMO


NUTRICOSMÉTICO.................................................................................................112
TURCO, M.A.L.; MELO, M.F.R.

A MASSAGEM MODELADORA NO TRATAMENTO DE FIBRO EDEMA


GELÓIDE....................................................................................................................126
LU, C.C.B.; AMORESE, R.C.P.; SANTOS, F.C.R.; SILVA, T.O..

O USO DO ULTRA SOM NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA


GELÓIDE...................................................................................................................135
FERREIRA, C.; AMORESE, R.C.P.; SANTOS, F.C.R.; SILVA, T.O..
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ANTIOXIDANTES E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO COMBATE AOS


RADICAIS LIVRES....................................................................................................144
NUNES, B.B.V.; FERREIRA, A.M.; CRUZ, F.; SILVA, T.O.

BENEFÍCIOS DO USO DA VITAMINA A RETINOL NA PREVENÇÃO E


TRATAMENTO DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO
FACIAL........................................................................................................................152
BERIGO, T.G.; PEREIRA,C.B.; SILVA, T.O.

A INFLUÊNCIA DA ACNE VULGAR NA AUTOESTIMA DOS


ADOLESCENTES.......................................................................................................169
TRINDA, B.C.; SILVA, T.O.; PEREIRA, C.B.; AMORESE, R.C.P.

PROCESSOS DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO...........................................183


SILVA, T.O.; FERREIRA, A.M.; AMORESE, R.C.P.; PEREIRA, C.B.

UTILIZAÇÃO DA VITAMINA C NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO


ENVELHECIMENTO CUTÂNEO...........................................................................194
SANTOS, R.P.; SILVA, T.O.; AMORESE, R.C.P.; PEREIRA, C.B.

EFICÁCIA DOS TRATAMENTOS PARA ESTRIAS: REVISÃO DE


LITERATURA.............................................................................................................209
VENTURIN, S.R.; TROSDORF, T.A.L.

O PADRÃO DE BELEZA IMPOSTO PELA SOCIEDADE E SUA INFLUÊNCIA


NA AUTOESTIMA E SAÚDE DE ESTUANTES UNIVERSITÁRIOS: ESTUDO
TRANSVERSAL.........................................................................................................222
RIBEIRO, B.C.; BOZINA, B.M.; LIMA, T.A.

MELANOMA E O USO DE FILTRO SOLAR COMO FORMA DE


PREVENÇÃO..............................................................................................................236
LABS, T.C.; VIVAN, R.H.F.; SILVA, T.O.; COSTA, M.C.D.

O USO DE FOTOPROTETORES NA PREVENÇÃO DO ENVELHECIMENTO


CUTÂNEO.....................................................................................................................241
MARTELLI, P.A.A.; SILVA, T.O.

AÇÃO DOS ÁCIDOS KÓJICO E MANDÉLICO NO TRATAMENTO DO


MELASMA...................................................................................................................252
BARDASSON, A.K.; PEREIRA, C.B.

PROPOSTA DE CONSTRUÇÃO DO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DA


CLÍNICA ESCOLA DE ESTÉTICA DE UM CENTRO
UNIVERSITÁRIO.......................................................................................................266
YAMAMOTO, R.V.T.; GARAVELLO, C.R.G.

A INFLUÊNCIA DOS NUTRIENTES E COMPOSTOS BIOATIVOS NA


DOENÇA DE ALZHEIMER.....................................................................................283
KIKUCHI, G.; KUWAHARA, M.A.N.; FERNANDEZ, F.H.
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ADICIONAIS NO CONTROLE DE


QUALIDADE DE CAPPUCCINO............................................................................302
DOMINGOS, A.S.; FERNANDEZ, F.H.

VERIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS COM DADOS


ANTROPOMÉTRICOS EM PROJETO SOCIAL DE LONDRINA-PR..............313
EDUARDO, B.C.C.; SOUZA, M.F.; KUWAHARA, M.A.N.; FERNANDEZ, F.H.

ÓLEO DE CÔCO E SUA INFLUÊNCIA NO TRATAMENTO DA


OBESIDADE................................................................................................................328
ROCHA, C.R.; FERNANDEZ, F.H.

USO DE SPIRULINA NA PERFORMANCE ESPORTIVA E QUALIDADE DE


VIDA.............................................................................................................................343
MACEDO, D.C.S.; FERNANDEZ, F.H.

ATUALIDADES SOBRE AS POSSÍVEIS PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO


GOJI BERRY (Lyciumbarbarum and L.
chinese).........................................................................................................................359
PACE, P.V.; FERNANDES, F.H.

ATUALIDADES SOBRE TRATAMENTOS NA ALERGIA À LACTOSE EM


CRIANÇAS..................................................................................................................374
JUNIOR, J.C.F.; FERNANDEZ, F.H.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O USO INDISCRIMINDO DE


SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS, ESTIMULANTES E ANABOLIZANTES,
POR PRATICANTES DE
ACADEMIAS...............................................................................................................397
QUINTILHANO, K.P.; NAKAMURA, M.A.; FERNANDEZ, F.H.

OS EFEITOS QUE A ACNE VULGAR CAUSA NA PELE E COMO OS


TRATAMENTOS ESTÉTICOS AJUDAM EM SUA
MELHORA..................................................................................................................407
DUARTE, M.F.; PEREIRA, C.B.; AMORESE, R.C.P.; SILVA, T.O.

DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA PARA


DERMOCOSMÉTICOS EM CREME BASE LANETTE N® E CREME BASE
POLAWAX®...............................................................................................................422
RICARDO, C.A.M.; COSTA, M.C.D.; OLIVEIRA, S.P.L.F.; ARAKAWA, J.A.R
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AROMATERAPIA ASSOCIADA À MASSAGEM CLÁSSICA

AROMATHERAPY ASSOCIATED WITH CLASSICAL MASSAGE

Vitoria Ribeiro dos Santos1


Roberta Chaves Penco Amorese2
Cleiciane Brene3
Perla Almeida de Moraes4

RESUMO

Atualmente o estresse vem afetando cada vez mais as pessoas, em consequência, aumenta o cansaço,
insônia, ansiedade, irritação e dores musculares no nosso corpo. Com tudo isso, podemos perceber como
a massagem clássica vem sendo procurada por diversas classes sociais, não tendo mais distinção de idade.
A massagem clássica pode trazer grandes benéficos para o nosso organismo, e o principal dele é diminuir
as dores musculares. Já a aromaterapia que utiliza substâncias aromáticas naturais, que são os óleos
essenciais, tem como objetivo de ajudar a melhorar as tensões que afetam o nosso dia, provocando um
bem-estar físico e psicológico. Quando esses dois tratamentos são associados, é possível ter um
relaxamento profundo de todo o corpo, pois ele aumenta a oxigenação dos tecidos e consequentemente as
dores, além de ajudar nos problemas respiratórios, ansiedade, depressão e muitos outros. O intuito deste
trabalho é mostrar como a massagem clássica e a aromaterapia podem e devem ser utilizadas no dia-a-dia.

Palavras-chaves: Massagem clássica; Aromaterapia; Óleo essencial; Camomila; Capim-limão; Lavanda.

ABSTRACT

Nowadays stress is affecting people more and more, as a result, it increases fatigue, insomnia, anxiety,
irritation and muscle pains in our body. With all this, we can see how the classic massage has been sought
by various social classes, having no further distinction of age. The classic massage can bring great
benefits to our body, and the main one of them is to decrease the muscular pains. The aromatherapy that
uses natural aromatic substances, which are the essential oils, aims to help improve the tensions that
affect our day, provoking a physical and psychological well-being. When these two treatments are
associated, it is possible to have a deep relaxation of the whole body, as it increases the oxygenation of
the tissues and consequently the pains, besides helping in respiratory problems, anxiety, depression and
many others. The purpose of this paper is to show how classic massage and aromatherapy can and should
be used in daily life.

Keyword: Classical massage; Aromatherapy; Essential oil; Chamomile; Lemongrass; Lavender.

INTRODUÇÃO

1
Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil Londrina PR.
2
Professora Orientadora Fisioterapeuta,Especialista em Dermato Funcional, Docente do Curso Superior de Tecnologia em Estética
e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil Londrina PR
3
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR
4
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Nos dias de hoje, percebemos como as tensões estão aumentando, o


nosso estresse se eleva e com ele vem a insônia, o cansaço, a irritação, a ansiedade e é
claro, as dores musculares. Percebemos que cada vez mais as pessoas se queixam das
dores musculares em diversas partes do corpo.
A massagem clássica vem com o intuito de melhorar essas dores,
ajudar a fortalecer e melhorar a elasticidade dos músculos, eliminar o ácido lático e
outras toxinas, melhorar a oxigenação nos tecidos e o tônus muscular (MOREN, 2009).
E a aromaterapia vem com o objetivo de ajudar também nas tensões
do dia-a-dia, provocando um bem-estar físico e psicológico.
A aromaterapia nada mais é que uma ciência e uma arte da terapia,
que utiliza substâncias aromáticas naturais, que são os óleos essenciais (MALUF,
2008).
Os óleos essenciais agem restaurando as energias e ajudam no
equilíbrio entre o corpo, mente e espírito (MALUF, 2008).
Cada óleo essencial tem suas propriedades e vai ser trabalhado de
forma única para cada cliente. Se uma pessoa quer relaxar, o óleo essencial deve conter
propriedades relaxantes, se uma pessoa quer ficar mais ativa, então o óleo essencial
deve conter propriedades estimulantes e assim por diante.
A massagem clássica se feita corretamente pode trazer grandes
benefícios para o nosso organismo, e quando não estiver recebendo uma massagem, é
possível associar a aromaterapia durante o dia, podendo ser como inalação, compressas,
nos banhos ou aromatizando um ambiente, só precisa escolher um óleo essencial com as
propriedades que se deseja.
Como estamos falando da massagem clássica e seu objetivo principal
que é o relaxamento, vamos também falar de óleos essenciais que também tem essa
mesma propriedade, esses óleos são o de camomila, capim-limão e lavanda.
Quando esses dois tratamentos são associados é possível ter um
relaxamento profundo, e em consequência todos os seus benefícios poderão ser bem
aproveitados.
O intuito desse trabalho é mostrar o que é a massagem clássica e
aromaterapia, para o que podem ser utilizados, os seus efeitos e suas propriedades.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

DESENVOLVIMENTO

Pele

A pele é essencial para o funcionamento adequado do organismo


(TAKANO, 2012).
É formada por tecidos de origem ectodérmica e mesodérmica que se
superpõem, a partir da superfície, em três estruturas distintas: a epiderme, a derme e a
hipoderme (KEDE, 2009).
A epiderme é uma estrutura em contínua renovação (FITZPATRICK,
2011). Trata-se de um epitélio escamoso estratificado e queratinizado e o queratinócito
é o seu principal constituinte celular. Podemos ressaltar a presença de pelo menos
outros três tipos celulares distintos: os melanócitos, as células de Langerhans e as
células de Merkel (TAKANO, 2012). Os queratinócitos se encontram organizados em
quatro camadas, de baixo para cima: a camada basal, a camada espinhosa, a camada
granulosa, a camada lúcida e a camada córnea (VELAZQUEZ, 2011). A epiderme tem
função de proteção, revestimento, absorção, transporte, excreção e percepção.
(BORGES, 2006).
A derme é um dinâmico tecido conjuntivo de suporte, constituído por
uma matriz extracelular que inclui variados tipos de colágeno, fibras do sistema elástico
e uma substancia fundamental, e estão intimamente associados a componentes celulares
representados principalmente por fibroblastos, macrófagos, células dendríticas dérmicas
e mastócitos. Em meio a derme, existem também anexos cutâneos com sua bainha de
tecido conjuntivo, músculos eretores de pelos, vasos sanguíneos e nervos, e seus órgãos
terminais (VELAZQUEZ, 2011). A derme consiste em duas camadas: a derme papilar e
derme reticular (VELAZQUEZ, 2011).
A hipoderme é a camada mais profunda da pele e tendo uma espessura
variável. Formada por células de gordura, tem como funções, proteção mecânica e
regularidade do relevo corporal. A hipoderme apoia e faz a união da pele ao resto do
corpo (BORGES, 2006). É formada por células adiposas e finos septos conjuntivos,
onde se encontram vasos e nervos (KEDE, 2009).
O tegumento tem como função criar uma barreira eficiente contra
agressões exógenas, de natureza biológica ou química, e ajuda a impedir a perda de
água e de proteínas para o exterior e, ainda assim, manter-se maleável (KEDE, 2009).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A pele também age como órgão sensorial, participando do sistema


imunológico e exercendo funções, como regulação da temperatura corpórea, produção
de vitamina D, e a excreção de eletrólitos e outras substâncias. É considerado o maior
órgão humano, pois a sua extensão corresponde a uma área de 2 metros quadrados,
ainda que, represente menos de 15% do peso corporal (KEDE, 2009).
Na pele há também os anexos cutâneos, suas estruturas se originam
por invaginação da epiderme e na derme. São eles: folículo piloso, glândulas sebáceas,
glândulas sudoríparas e unhas (OLIVEIRA, 2008).

Sistema Muscular

O sistema muscular é responsável pelo movimento. Ele é formado por


células responsáveis pela contração e pelo relaxamento do órgão ativo do movimento, o
músculo. O músculo é composto por fibras musculares, e cada fibra muscular é
composta por células musculares (VAZ, 2014).
O tecido muscular é composto por células alongadas, fusiformes,
especializadas para realizar a função de contração e, por consequência, de movimento.
Outras propriedades, além da contratilidade, são a irritabilidade, condutividade,
extensibilidade e elasticidade (DI DIO, 2002).
O tecido corporal tem 4 funções, produzir movimentos do corpo,
como caminhar, correr, escrever, são alguns exemplos; estabilizar posições do corpo;
armazenar e mover substancias dentro do corpo; e produzir calor, quando há contração
de um músculo, ele produz calor (TORTORA, 2012).
Os músculos podem ser classificados como: músculo voluntário,
aquele que é controlado pela vontade do individuo, e músculo involuntário, que não são
controlados pelo individuo, mas pela ação do sistema nervoso central. Há também três
tipos de músculos: músculo não estriado (liso), músculo estriado cardíaco e músculo
estriado esquelético (VAZ, 2014).

Diminuição da Tensão Músculo Esquelética


Doenças nos músculos, tendões, ossos, articulações, fáscias
musculares e ligamentos são as causas mais frequentes de dores e que podem levar a
limitações no dia a dia do paciente. A dor músculo esquelética pode ocorrer e ser

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

agravadas por questões como o sexo, o físico, comportamento e condições de estresse


tanto familiar como por causa do trabalho (TEIXEIRA, 2001).
Fisiologicamente, quando ocorre a contração muscular, ocorrem
também processos químicos que liberam energia para a execução do movimento. Após
a contração e durante o relaxamento do músculo, as reservas de energia são
reconstituídas outra vez. Quando isso não ocorre, pode acontecer uma diminuição na
sua função (CIELO, 2014).
Ocorre um aumento na tensão muscular, pois o corpo quer sinalizar
alguma alteração em determinada parte do mesmo. Isso leva a uma sobrecarga que
proporciona prejuízos na funcionalidade corporal (CIELO, 2014).

Massagem Clássica
De forma geral, a massagem clássica é a mobilização dos tecidos
corporais através da mão ou objetos a fim de promover um relaxamento físico, muscular
e mental (SOUZA, 2014).
Os principais objetivos da massagem são fortalecer e melhorar a
elasticidade dos músculos; ajudar na flexibilidade; promover relaxamento, pois elimina
a congestão; fazer desintoxicação de ácido lático e outras toxinas, melhorar a circulação
e tônus muscular e aliviar dores e tensões musculares (MOREN, 2009).
Tem como principais manobras, o deslizamento superficial e o
profundo, amassamento, fricção, percussão, vibração (MORETTI, 2010).
E as manobras devem ser realizadas na direção do coração, ou seja, no
sentido centrípeto (PEREIRA, 2007).
A massagem desempenha três efeitos básicos: efeito mecânico, efeito
psicológico e efeito fisiológico (DOMENICO, 1998).
Esses efeitos estão ligados uns com os outros e são todos relevantes
(CASSAR, 2001).
O efeito mecânico refere-se às influências que a massagem exerce
sobre os tecidos moles que estão sendo manipulados. Porém, é difícil atribuir uma
técnica de massagem somente com efeito mecânico, pois com um único contato com a
pele, o paciente pode produzir outros efeitos. Entre os seus efeitos estão o alongamento
e relaxamento dos músculos, melhora da circulação sanguínea e linfática e ajuda a
movimentar conteúdos intestinais para frente (CASSAR, 2001).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A massagem tem um efeito muito importante no estado psicológico do


paciente, e consequentemente, em seu comportamento emocional. O efeito do seu
relaxamento, que se dá no músculo, se estende para o corpo como um todo. Tem então
como objetivo primário, substituir sentimentos como tensão por calma. Por isso, até
depressão e raiva podem ser aliviados com a massagem (CASSAR, 2001).
E no efeito fisiológico há uma melhora do sistema cardiovascular,
ocasionando então hiperemia; ajuda a eliminar os metábolitos; a oxigenação nos tecidos
é aumentada; a nutrição nos tecidos é melhorada; e ocorre um melhor funcionamento do
sistema linfático (SOUZA, 2014).
A massagem clássica tem suas contra indicações, são elas, neoplasias,
processos inflamatórios, lesões na pele, alterações vasculares, diabetes descompensado,
hipotensão ou hipertensão descompensada, insuficiência cardíaca, insuficiência renal,
gravidez e período menstrual (VASCONCELOS, 2014).

Aromaterapia
Aromaterapia nada mais é que uma ciência e uma arte da terapia, que
utiliza substâncias aromáticas naturais – óleos essenciais. Ela tem como objetivo
trabalhar com o corpo de forma natural e holística (MALUF, 2008).
Os óleos essenciais agem no corpo restaurando as energias e fornece
um balanceamento entre corpo, mente e espírito (MALUF, 2008).
Óleos essenciais são substâncias naturais, extraídas das plantas, seja
em sua semente, raiz, caule, flor ou fruto (PEREZ, 2014).
Dependendo do seu uso, devem ser diluídos com óleos carreadores
por serem muito potentes (HOARE, 2010).
O óleo essencial traz muitos benéficos, porém, também tem suas
contra indicações como, não utilizar internamente ou na pele sem estar diluído, não
utilizar antes de exposição solar, em caso de gravidez, hipertensão, hipotensão,
epilepsia, doenças sistêmicas como câncer ou diabetes, áreas com infecção, inflamação
ou qualquer ferida aberta. Em caso de qualquer reação alérgica ou erupções cutâneas
interromper o uso do óleo imediatamente (MAREN, 2009).
A aromaterapia é atualmente muito popular por se tratar de uma
terapia relaxante que mostra ter grandes benefícios para melhorar o bem-estar e aliviar
as tensões do dia-a-dia (HOARE, 2010).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Quando há uma exposição ao cheiro, ocorre uma estimulação das


terminações nervosas olfativas, que é onde ocorrem impulsos nervosos, dando origem a
reações psicológicas, intelectuais e fisiológicas (PEREZ, 2014).
Podemos observar que o segredo da aromaterapia está em seu
estímulo, desde a percepção do cheiro até as alterações sensoriais que são provocadas
no organismo (PEREZ, 2014).
Há várias maneiras de usar os óleos essenciais, entre elas estão, a
inalação, massagens, utilizar em vaporizadores, compressas, banhos, escalda-pés e
saunas (SOUZA, 2009).

Óleos Essenciais para Massagem Clássica


Camomila Alemã
Tem uma boa reputação como erva medicinal. É muito conhecido
pelo sua propriedade calmante e reconfortante (HOARE, 2010).
Além dessas propriedades, a camomila alemã também é anti-
inflamatório, cicatrizante, analgésico, fungicida, sudorífero e antitérmico (HOARE,
2010).
Pode ser utilizada na massagem, pois suas propriedades aliviam dores
musculares, ajuda na insônia, dores de cabeça e tensão nervosa (HOARE, 2010).
Esse óleo essencial não é irritante e nem tóxico, porém, deve ser usado
com cautela, pois pode causar dermatite (HOARE, 2010).

Capim-Limão
Tem um odor forte de limão, pode ser usado em perfumarias, como
aromatizador de ambiente e até mesmo como tempero de comida. É muito utilizado na
medicina indiana por tratar doenças infecciosas e febre, e também atua como sedativo
no sistema nervoso central (HOARE, 2010).
O capim-limão tem muitas propriedades, sendo elas, bactericida,
fungicida, inseticida, antidepressivo, analgésico, antioxidante, adstringente,
antimicrobiano, antitérmico, sedativo, e combate a fadiga (HOARE, 2010).
Pode ser utilizado na massagem, pois suas propriedades ajudam nas
dores musculares, nas dores de cabeça, exaustão nervosa ou qualquer problema
relacionado ao estresse, melhora a fadiga e ajuda na concentração (HOARE, 2010).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Esse óleo não é tóxico, porém deve ser usado com cuidado, pois pode
ocorrer sensibilidade e irritação (HOARE, 2010).

Lavanda
O óleo essencial de lavanda é usado em tratamentos de mais de setenta
problemas de saúde (HOARE, 2010).
Era muito utilizado em banhos e considerado o purificador favorito
pelos antigos romanos. E desde o século XVIII, o óleo de lavanda é muito utilizado na
fabricação de perfumes, talcos e sabonetes (MALUF, 2008).
O óleo essencial de lavanda tem muitas propriedades, sendo elas,
antisséptico, analgésico, tônico, cicatrizante, anti-inflamatório, relaxante muscular,
adstringente, antidepressivo, desodorante, sedativo, calmante, ajuda na área emocional,
entre outros (MALUF, 2008). Ele também é antibacteriano, antiviral, antiespasmódico,
descongestionante, promove um equilíbrio e é reconfortante (HOARE, 2010).
É muito utilizado na massagem, pois tem ação anti-inflamatória,
ajudando então nas dores musculares. É muito benéfico para o sistema nervoso pelo seu
efeito calmante, pois ajuda na ansiedade, irritação, frustração e insônia (HOARE, 2010).
Ele não é tóxico ou irritante. Esse óleo essencial pode ser aplicado na
pele puro, ou seja, sem ser diluído (HOARE, 2010).

Aromaterapia associada à Massagem Clássica


Com uma combinação de aromaterapia e massagem clássica, temos
um processo completamente relaxante. Então os movimentos não devem ser severos e
nem repentinos, todo o processo deve ser suave e bem calmo (HOARE, 2010).
Tem como finalidade facilitar a absorção dos óleos essenciais. Tem
também como um dos principais movimentos, o deslizamento ou enffleurage, pois esse
movimento aquece a pele ao aumentar o suprimento de sangue no organismo (HOARE,
2010).
Quando a pele esta aquecida, maior será sua permeabilidade cutânea.
Então o ativo será absorvido com mais eficácia no tecido. O ativo é levado para o
sistema linfático, e em consequência para a corrente sanguínea, ou seja, ele circula por
todo o corpo e pode proporcionar efeitos em todo o organismo (SOUZA, 2009).
A massagem clássica é muito procurada principalmente pelo seu
efeito de relaxamento e a aromaterapia também (HOARE, 2010).

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A junção desses dois ativa as circulações linfáticas e sanguíneas, ajuda


o organismo a liberar as toxinas, auxilia no relaxamento dos músculos contraídos e no
alivio das dores (SOUZA, 2009).
Podemos ver que a aromaterapia junto com a massagem clássica,
trazem efeitos tanto na química quanto na fisiologia do corpo, mas possivelmente os
maiores efeitos estejam nos aspectos emocionais, espirituais e mentais (HOARE, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As tensões do dia-a-dia afetam cada vez mais as pessoas, não
existindo mais distinções de idade ou trabalho. Elas causam insônia, dores musculares,
fadiga mental e física, alterações de humor e várias outras coisas.
A massagem e a aromaterapia então vem para melhorar essas causas
com os seus efeitos da melhor maneira.
É possível com as técnicas de massagem, melhorar a oxigenação do
tecido e consequentemente as dores, além de seus outros efeitos.
Os óleos essenciais, se usado corretamente, também traz grandes
benefícios, além de seus efeitos relaxantes, podem ajudam em problemas respiratórios,
de pele, ansiedade, depressão e muitos outros.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

REAÇÕES ADVERSAS AO USO DOS COSMÉTICOS EM ALUNOS DO CAMPUS


CANADÁ DO CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA (UNIFIL) EM LONDRINA

ADVERSE REACTIONS TO THE USE OF COSMETICS IN STUDENTS FROM THE


CANADA CAMPUS OF THE UNIVERSITY CENTER PHILADELPHIA (UNIFIL) IN
LONDRINA

Rebeca Nigro dos Santos¹


Franciele Cruz²
Mylena C. Dornellas Costa³

RESUMO

As doenças alérgicas são caracterizadas pela ativação das células Th2, e produção exacerbada de IgE, isso
acontece devido aos indivíduos atópicos desenvolverem respostas fortes de Th2 e gerar IgE intensamente. Dentre
as reações de hipersensibilidade, somente as do tipo I e IV estão relacionadas a reações decorrentes de
cosméticos, devido à resposta imune estimulada. Dentre as reações publicadas, as dermatites alérgicas aos
cosméticos apresentam importante papel devido ao fato de que apresentam eminente importância médica.
Independentemente da reação adversa suscitada por cosmético e de qual cosmético, tal produto deve ter um grau
aceitável de segurança, pois as reações estão cada vez mais constantes, justamente porque o uso de cosméticos
vem aumento ao decorrer dos anos. Ainda que a maioria dessas reações não seja tão drástica e ordinariamente
são apresentadas na pele, existem ocorrências críticas publicadas. Desta forma, o presente estudo objetiva
apresentar os fundamentos fisiológicos do tratamento cosméticos, nas reações de hipersensibilidade,
relacionando aspectos técnicos e legais quando da ocorrência de reações de hipersensibilidade relacionada aos
cosméticos para então compreender as reações adversas causadas por cosméticos. Para o alcance do referido
objetivo, foi realizada uma pesquisa exploratória por amostragem em quarenta e quatro pessoas do sexo
feminino e masculino, sem delimitação de idade, que frequentam o curso de Estética e Cosmética no Campus
Canadá do Centro Universitário Filadélfia (UNIFIL), no qual os indivíduos responderam oito perguntas
referentes ao assunto abordado no trabalho. Verificou-se que as respostas já foram as prováveis, confirmando a
existência de reações alérgicas à cosméticos, concluindo que ainda há muitas reações causados por cosméticos e
principalmente que não há o acionamento do sistema de notificação da agencia de vigilância sanitária.
Palavras-chave: Toxicologia, Reações alérgicas, Cosmetovigilância, Hipersensibilidade.

ABSTRACT

Allergic diseases are characterized by activation of Th2 cells and exacerbated production of IgE. It happens
because of the atopic individuals develop strong responses of Th2 and intensely generate the IgE. Among
hypersensitivity reactions, only the type 1 and 4 are associated to cosmetic reactions caused by the immune
stimulate response. Among the published reactions, the allergic dermatitis to cosmetics indicate an important
role because the fact that have present imminent medical importance. Independently of the adverse reactions by
cosmetic and which is the cosmetic the product must have an acceptable level of security, insofar as the reactions
are increasingly constant, even because the use of cosmetics has increased to over the years. Although most of
these reactions is not as drastic and are ordinarily presented in the skin, there are critical events published. Thus,
this study aims to present the physiological fundamentals of cosmetic treatment, in hypersensitivity reactions,
relating technical and legal aspects in the event of hypersensitivity reactions and then understand the adverse
reactions caused by cosmetics. To achieve the aims, an exploratory research was conducted for sampling in
forty-four female and male people, no definition of age, the people attended the course Aesthetics and Cosmetic
at Canada Campus in Philadelphia University Center (UNIFIL), the individuals answered eight questions about
the subject of study. The answers were already probable, confirming the existence of allergic reactions to
cosmetics, concluding that there are still many reactions caused by cosmetics and especially there is not
activation of the notification system of Health Surveillance Agency.
Keywords: Toxicology, Allergic Reactions, Cosmetovigilance, Hypersensitivity.
1
Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil Londrina PR.
² Professora Orientadora, Docente do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil
Londrina PR
3
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO
Conceituada como o maior órgão do corpo humano e imprescindível à vida,
a pele representa uma ligação entre individuo, sociedade e ambiente físico. Representa a vida
de cada pessoa, possui total aptidão para falar por si, e em muitas ocorrências pelos demais
órgãos, propagando resposta inflamatória, infecciosa, poder de vitalidade e saúde
(DOMANSKY; BORGES, 2012).
Considerando a importância da pele em relação à homeostase humana, cabe
destacar que as afecções da pele se constituem em um problema estratégico. Nesse sentido,
qualquer processo lesivo merece especial atenção. Considerando o especial recorte deste
estudo, o qual remete às reações alérgicas causadas por procedimentos estéticos e produtos
cosméticos, há de se destacar que muitos destes processos ocorrem na condição de efeitos
adversos. Os efeitos adversos que certos cosméticos podem causar quando utilizados são
conhecidos e relatados desde séculos. Julga-se que cerca de 20% da população ocidental sofre
algum tipo de alergia (SOUZA et al., 2010)
Dentre os efeitos adversos ocasionados pelos procedimentos estéticos, as
reações alérgicas são uma categoria muito frequente. As reações alérgicas apoderam-se de
mecanismos imunológicos que podem ou não ser mediados pela IgE Imunoglobulina E), que
normalmente é localizada em reações de hipersensibilidade (PEREIRA; MOURA;
CONSTANT, 2008)
Pode-se caracterizar uma alergia pelo aumento da capacidade de os
Linfócitos B de sintetizarem a imunoglobulina do isótopo IgE contra os antígenos que se
introduzem no organismo por via respiratória, ingestão ou permeação da pele. O tema é vasto
e decorrente a isto, é possível ter diversos fatores envolvidos no processo de alergia
desencadeado como resposta anormal a algum componente, o próprio processo imunológico,
herança genética ou por anormalidades metabólicas (MOREIRA, 2006).
Devido ao aumento do uso de cosméticos no Brasil, a preocupação com a
eficácia e principalmente com a segurança desses produtos deve ser reforçada mesmo aqueles
cosméticos que apresentem baixo índice de reações adversas relatadas que causem danos à
saúde. Para avaliar essas prováveis reações que podem ser manifestadas pelos produtos a
Legislação Brasileira exige a comprovação da eficácia e segurança do produto cosmético
(CHIARI et al., 2012).

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Pode-se dizer que o uso de cosméticos em geral é universal, considera-se


que tais produtos possuam um grau admissível de segurança. Apesar da maioria das reações
adversas não serem tão drásticas e normalmente está relacionada à pele, existem episódios de
casos graves relatados na literatura. Sendo assim Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) passou a fortalecer a vigilância, denominando então esse processo de
cosmetovigilância, consequentemente criado o Sistema de Notificação em Vigilância
Sanitária (NOTIVISA) para queixas de eventos adversos e tóxico (HUF et al., 2013).
Este trabalho visa, portanto, apontar a fisiologia do tratamento cosmético de
forma que seja possível compreender as reações de hipersensibilidade subsequentes se assim
causadas para assim ter conhecimento sobre a cosmetovigilância e NOTIVISA.

METODOLOGIA
Este estudo enquadra-se como uma pesquisa exploratória de campo.
Adotou-se para análise a perspectiva quantitativa de caráter exploratório a qual é definida
como uma pesquisa que visa apenas levantar dados sobre um determinado objeto, delimitando
assim uma área de trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto
(SEVERINO, 2007). Tem objetivo de propiciar uma visão geral a respeito de determinado
acontecimento, visando à elaboração de problemas mais precisos para estudos ulteriores
(BIAZIN, 2016).
A presente pesquisa foi realizada com acadêmicos do curso de Estética e
Cosmética do ano de 2016, regularmente matriculados em um Centro Universitário do
município de Londrina, região norte do Estado do Paraná.
Para a seleção de sujeitos do estudo, adotou-se a técnica de amostragem
probabilística de 30%. Desta forma, a amostra foi composta por quarenta e quatro pessoas do
sexo feminino e masculino sem delimitação de idade, que realizam o curso de Estética e
Cosmética no Campus Canadá do Centro Universitário Filadélfia (UNIFIL). Os indivíduos
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual consta o que seria
realizado, e logo após assinar o indivíduo ficou com uma via. O pesquisador se compromete
em garantir que as informações pessoais concedidas para a pesquisa serão preservadas em
confidência e somente o pesquisador e orientador terá acesso.
Para a coleta de dados, adotou-se um questionário de autoria da
pesquisadora, composto de zero pergunta abertas, oito perguntas fechadas e duas perguntas
semiabertas (apêndice B).

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Em relação às normas éticas em pesquisa, o presente estudo adotou o


anonimato dos sujeitos, o termo de consentimento livre e esclarecido e o projeto de pesquisa
foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do Centro Universitário Filadélfia, sob
protocolo número 112068/2015, com número de CAAE 50693715.3.0000.5217

DESENVOLVIMENTO

Anatomia e fisiologia da pele


Conceituada como o maior órgão do corpo humano e imprescindível à vida,
ela representa uma ligação entre indivíduo, sociedade e ambiente físico. A pele é um órgão
externo, que reveste e protege o organismo humano. Seu nome anatômico internacional é
cútis; compõe 10-16% do peso do corpo, 1,5 a 2,0 m² de superfície e espessura variável desde
as pálpebras a planta dos pés (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).
A pele exerce inúmeras funções, como a auto reparação, proteção mecânica,
barreira química, foto proteção, termo regulação, imunidade, produção de vitamina D,
depuração, eliminação de toxinas, entre outras. Considerada praticamente impermeável à
água, ela necessita de nutrição e hidratação, por isso está concentrado 30% do sangue na pele,
com a função de oxigenar, nutrir, entre outras. (RESENDE; BACHION; ARAUJO, 2006). A
pele humana é dividida incialmente em duas camadas: epiderme, sendo a mais externa e
derme, camada interna ou intermediária. Abaixo da derme há um tecido subcutâneo
denominado tecido conjuntivo gorduroso ou hipoderme, sendo essa tecnicamente externa,
porém relacionado funcionalmente (DOMANSKY; BORGES, 2012).

Epiderme
A epiderme é a camada mais externa, não possui vascularização, constituída
de tecido epitelial pavimentoso estratificado e células que se renovam a partir da sua primeira
camada, a basal ou germinativa, diferenciando-se constantemente. (HAHN, 2001; ROSA;
RODRIGUES; SOUZA, 2014).
As principais células que compõem a epiderme são os queratinócitos,
melanócitos e células de Langerhans. Glândulas sudoríparas (écrinas e apócrinas), glândulas
sebáceas e folículo piloso são anexos cutâneos que estão localizados na pele, e juntamente
com a pele fazem parte do sistema tegumentar (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).

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Derme
A derme é rica em material fibrilar de três tipos: fibras elásticas, fibras
colágenas e fibras reticulares, compreendem um verdadeiro gel rico em mucopolissacarídeos.
Subdividida em derme papilar (faz divisão com a epiderme) e reticular (camada abaixo),
sendo a principal diferença a forma em que as fibras se entrelaçam (NORONHA et al., 2004,
SAMPAIO; RIVITTI, 2001).
A derme domicilia as estruturas anexiais da pele, glândulas sudoríparas
écrinas e apócrinas, folículos pilossebáceos e o musculo eretor do pelo. Apresentam-se, ainda,
suas células próprias, fibroblastos, histiócitos, mastócitos, células mesenquimais
indiferenciadas e as células de origem sanguínea, leucócitos e plasmócitos. Em diferentes
quantidades também estão na derme vasos sanguíneos, linfáticos e estruturas nervosas
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).

Mecanismos de Hipersensibilidade
Segundo os imunologistas britânicos Philip Gell e Robin Coombs, reações
de hipersensibilidade podem ser definidas como respostas inflamatórias específicas geradas
pela atuação dos mecanismos de hipersensibilidade; essas reações são habitualmente
categorizadas de acordo com o tipo de reposta imunológica e o mecanismo efetor autor da
lesão celular e tecidual (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2013).
Tipos de hipersensibilidade Imunopatologia dos mecanismos Mecanismos de lesão tecidual e
apresentação clínica

Tipo I (imediata ou anafilática) Anticorpos IgE Mastócitos e seus mediadores


(aminas vasoativas, mediadores
lipídicos, citocinas); urticária,
angioedema, anafilaxia, etc.

Tipo II (citotoxicidade mediada Anticorpos IgM e IgG contra Opsonização e fagocitose das
por anticorpos) micro-organismos da superfície da células. Recrutamento de fagócitos
célula ou da matriz extracelular mediados pelo receptor Fc e
complemento; citopenias,
tireoidite, etc.

Tipo III (citotoxicidade mediada Complexos imunes de antígenos Recrutamento e ativação de


por imunocomplexos) circulantes e imunoglobulinas IgM leucócitos mediados por receptor
e IgG Fc e complemento; vasculites, etc

Tipo IV (citotoxicidade mediada Células T CD4+ (inflamação Inflamação mediada por citocinas,

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por linfócitos T) mediada por citocinas) recrutamento e ativação de


leucócitos, morte celular direta;
Linfócito T citotóxico CD8+
dermatites, etc.
(citólise mediada por célula T)

Tabela 1 - Mecanismos de hipersensibilidade


Fonte: (VOLTARELLI, 2009)

As doenças de hipersensibilidade acontecem em indivíduos que possuem


uma forte predisposição genética para o desenvolvimento de tal atopia. No caso da
hipersensibilidade tipo I esses indivíduos possuem linfócitos B com maior quantidade de IgE
em sua superfície que quando entram em contato com o alérgeno (que é como são chamados
os antígenos na hipersensibilidade imediata), as IgE reconhecem, endocitam, processam e
externalizam tal agressor , logo em seguida os linfócitos T auxiliar (Th2) reconhecem o
mesmo, ligam-se ao TCR em ligação ao CD4+ (linfócito T "helper") que juntos formam um
complexo, ocorrendo assim a sinalização parácrina, que concumina no LT excretando
interleucina IL-4 para sinalizando ao LB inicial (REBORDÃO et al, 2005; ENSINA, 2009).
Os problemas nas doenças de hipersensibilidade relacionam-se à resposta
desencadeada e mantida de forma desapropriada e exacerbada, com lesão tecidual. O
problema é que uma vez que a resposta imunológica é iniciada, é difícil manter o seu controle
ou interrompê-la, portanto as doenças de hipersensibilidade propendem a se tornarem crônicas
(ROITT; RABSON, 2011).
Referente à hipersensibilidade mediada por anticorpos, ou
hipersensibilidade tipo II, pode-se dizer que são produzidas tanto por anticorpos que se ligam
a antígenos em certas células ou em tecidos extracelulares, como por complexos antígeno-
anticorpo que são formados na circulação e são depositados na parede do vaso sanguíneo.
Anticorpos IgG e IgM podem causar traumatismo tecidual devido a ativação do sistema
complemento, recrutando células inflamatórias, interferindo nas funções de células normais
(VOLTARELLI, 2009).
As doenças mediadas por complexos imunes, ou hipersensibilidade do tipo
III, é resultado da deposição de complexos imunes nos tecidos e vasos sanguíneos; os
complexos imunes que causam a doença podem ser tanto de anticorpos ligados a antígenos
próprios como a antígenos estranhos. As características da doença dependem do local da
deposição dos complexos imunes. Consequentemente, esse tipo de doença predispõe a atacar
diversos tecidos e órgãos, sendo alguns deles propensos, como rins e articulação (LUZ, 2009).

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As reações de hipersensibilidade do tipo IV, ou doenças causadas por


linfócitos T são caracterizadas pela citotoxicidade mediada por linfócitos T. Ocorre de
maneira que o linfócito CD4+ secreta citocinas que reúne células de defesa, e em algumas
desordens mediadas pelas células CD8+ que eliminam células que carregam antígenos
adjuntos ao complexo principal de histocompatibilidade de classe I (MHC). Essas células
podem ser ou não específicas para micro-organismos estranhos, sendo que a lesão causada
pode estar entremeada de uma forte resposta imunológica contra antígenos principalmente
intracelulares, que são resistentes à extirpação por fagócitos e imunoglobulinas
(VOLTARELLI, 2009).
Somente as reações de hipersensibilidade tipo I e IV estão associadas a
reações contra cosméticos, devido à resposta imunológica desencadeada. Na
hipersensibilidade do tipo anafilática, a urticária é um exemplo de reação resultante da
resposta imune. No caso da hipersensibilidade mediada por linfócitos T, as dermatites, como a
atópica de contato e alérgica, são as principais manifestações clínicas consequentes da
resposta imunológica (BROOKS et al., 2012).
Podemos dizer que a dermatite atópica, que é desencadeada pela
hipersensibilidade tipo IV, é uma doença complexa onde interage a genética, a estrutura
própria da pele que é uma característica destes doentes devido à alteração da função de
barreira, os distúrbios imunológicos e não imunológicos, sendo vários fatores participantes da
sua patogênese (RODRIGUES et al., 2011).
As dermatites de contato irritativas representam 80% dos casos de
dermatites de contato, enquanto que as dermatites alérgicas totalizam 20%. Dentre as reações
indesejadas, relatadas na literatura, as dermatites alérgicas aos cosméticos apresentam
importante papel por apresentarem destacada importância médica. Essas reações podem
aparecer em sítios distintos e/ou no próprio local de aplicação, podendo se manifestar por
eritema, edema e secreção com formação de crostas, elas podem advir desde substâncias
contidas nos produtos ou pela própria resposta imunológica do paciente (VOLTARELLI,
2009).

Toxicologia
Não é fácil categorizar um efeito como tóxico, ou seja, a partir de que ponto
determinado efeito biológico passa a ser tóxico, porém entende-se por efeito tóxico a entidade
química capaz de provocar danos a um sistema biológico, modificando seriamente uma
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função ou levando-o à morte, por meio de interação físico-química. O efeito toxicante está
relacionado tanto ao prisma qualitativo quanto quantitativo. No ponto de vista quantitativo
considera-se que toda substância, riscosa em certas porções, pode ser desprovida de risco em
porções menores. No prisma qualitativo, pode-se considerar que uma substância nociva para
uma espécie, pode ser carente de perigo para outra espécie (OGA; CAMARGO;
BATISTUZZO, 2008).
Uma vez ocorrido o contato sensibilizante, reações alérgicas podem decorrer
da evidenciação de doses muito baixas desses produtos. Entretanto, reações alérgicas são
dose-dependentes. A maioria desses produtos, assim como seus metabolitos, não são
razoavelmente grande para serem reconhecidos pelo sistema imunológico como uma
substância estranha, assim é necessário que essa molécula se ligue com uma proteína
endógena para formar o antígeno. Essa molécula formada é denominada hapteno e tem
capacidade de induzir a produção de anticorpos. A exposição conseguinte ao mesmo produto
resulta na interação antígeno-anticorpo, podendo provocar então a alergia (KLAASSEN;
WATKINS, 2012).

Cosmetovigilância
O sistema de Cosmetovigilância foi criado para facilitar a comunicação
sobre problemas decorrentes do uso, defeitos de qualidade ou efeitos indesejáveis dos
produtos a que se refere e para melhorar o acesso do consumidor as informações sobre esses
produtos. Através do sistema de Cosmetovigilância, as empresas fabricantes e/ou
importadoras de produtos cosméticos deverão ter registro de todos os relatos feitos pelos
consumidores em relação a problemas causados por cosméticos, e avaliá-los. A partir dessa
avaliação devem ser tomadas medidas com o intuito de garantir a qualidade e segurança do
produto em questão. No caso de situações que impliquem em risco à saúde do usuário, as
empresas deverão notificar à Anvisa sobre o relato (ANVISA).
O NOTIVISA é o sistema informatizado nacional para o registro de
problemas relacionados ao uso de tecnologias e de processos assistenciais, por meio do
monitoramento da ocorrência de queixas técnicas de medicamentos e produtos para a saúde,
incidentes e eventos adversos, com o propósito de fortalecer a vigilância pós-uso das
tecnologias em saúde, e na vigilância dos eventos adversos assistenciais (ANVISA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Dentre os entrevistados, quarenta e três eram do sexo feminino e somente


um do sexo masculino. Com relação à idade, somente trinta e nove dos voluntários
forneceram tal informação para a pesquisa e a idade variou de dezessete a trinta e seis anos,
obtendo a média de vinte e dois anos.
Quando questionado se o voluntário faz uso de algum tipo de cosmético
diariamente, 100,0% afirmaram que sim, no entanto 4,5% não especificaram quais são os que
fazem uso.
Apesar de Silva et al (2004), afirmar que a incidência de doenças alérgicas
vem crescendo nas últimas décadas como decorrência de predisposição familiar e fatores
ambientais, como se apresenta na tabela seguinte (Tabela 2), vinte e três entrevistados
confirmaram já ter apresentado reação alérgica a algum tipo de cosmético, contudo vinte e um
dos voluntários relataram não apresentar qualquer tipo de reação alérgica a algum cosmético.
Determina, portanto a partir das respostas dada, que não há uma diferença relevante sobre as
respostas como era esperado.

Já apresentou algum tipo de reação alérgica a algum cosmético? Frequência % % Válido

Sim 23 52,3 52,3

Não 21 47,7 47,7

Total 44 100,0 100,0

Tabela 2 – Manifestação de algum tipo de reação alérgica a algum cosmético.


Fonte: Autor, 2016.

Quando questionados se alguém na família apresenta ou já apresentou


qualquer reação alérgica a um cosmético, de todos os entrevistados vinte e um afirmaram que
sim, dez pessoas garantiram que não e treze pessoas não souberam responder à pergunta.
Até há pouco tempo, os cosméticos não apresentavam riscos ou danos à
saúde, ou se os apresentavam, facilmente não eram considerados (CHIARI et al, 2012). Com
base na afirmação do autor, pode-se compreender que a dificuldade em considerar uma reação
como alérgica ou não a algum cosmético, devido ao fato que não havia relatos consideráveis
de tal afecção até pouco tempo atrás.
De entre os cosméticos que induzem essa reação adversa, o desodorante e a
maquiagem foram os cosméticos mais relatados, como desencadeadores de reações de
29
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

hipersensibilidade a cosméticos. Graças às informações cedidas, é possível analisar que


50,0% das pessoas notaram que a pele não se apresentava íntegra após a reação alérgica,
sendo as alterações mais presentes, a vermelhidão, o ardor e a coceira. Dos vinte e três
voluntários que afirmaram ter sofrido reação alérgica, apenas uma pessoa não descreveu como
a pele se apresentou após a reação.
Dentre as quarenta e quatro pessoas questionadas, apenas oito indicaram ter
feito o uso de algum tipo de medicamento para a alergia decorrente do uso de cosmético. O
uso de medicamentos tópicos (pomada, géis ou loções antialérgicas) foi a opção mais
assinalada (50,0%), associada em dois casos com o uso de medicamentos via oral
(comprimidos) (25,0%).
Na busca da prevenção de alergia causada por cosméticos não registrados na
ANVISA, a intenção da pergunta seguinte foi evitar a falta de conhecimento sobre tal
informação, primeiramente na hora da compra, ou senão quando o produto for ser utilizado.

Quando você compra algum cosmético, observa se o mesmo


possui registro na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Frequência % % Válido
Sanitária)?

Sim 14 31,8 31,8

Não 30 68,2 68,2

Total 44 100,0 100,0

Tabela 3 – Observação se o produto a ser utilizado possui registro na ANVISA.


Fonte: Autor, 2016.

Graças a essa pergunta é possível constatar que a maioria dos entrevistados


(68,2%), não observa se o produto possui registro na ANVISA, e somente quatorze pessoas
(31,8%) afirmaram fazer esse tipo de informação.
Considerando que as reações adversas a cosméticos são capazes de também
acontecer pelo uso inadequado, por desvios de qualidade, rotulagem e comunicação do
produto, esses pontos devem também ser examinado no exercício da Cosmetovigilância
(ANVISA).

CONSIDERACÕES FINAIS
Dentre as reações indesejadas, descritas na literatura, as alergias aos
cosméticos apresentam importante papel por ostentarem destacada importância médica. O
30
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

estudo das alergias em cosmetologia é significativo para a prevenção e prestação dos


primeiros cuidados ao paciente vítima de efeitos colaterais dos produtos de uso tópico. Não
obrigatoriamente o paciente com reações adversas consumiu o produto incorretamente, pois
cada indivíduo é singular, e as defesas da pele podem não diferenciar determinadas
substâncias como inertes, e começar processos que tendem a eliminá-las. Assim, entende-se a
importância de registrar todo relato de uso de produtos do paciente, a fim de não voltar a
realizar erros de prescrição.
Neste estudo aqui sucedido foi possível comprovar que há muitos casos de
reações adversas aos cosméticos em indivíduos que fazem o uso destes, e que há diversas
maneiras da pele de apresentar perante tal reação, sendo essa reação manifestada localizada
em sua maioria, se apresentando como vermelhidão, coceira e ardor. Graças aos resultados
obtidos das tabelas, conclui-se que os cosméticos mais utilizados diariamente dentre as opções
fornecidas foram o protetor solar, perfume e desodorante e a incidência das reações alérgicas
são presentes principalmente após o uso de cosméticos do tipo perfume, desodorante e
maquiagem.
Embora não seja o foco deste estudo, é importante ressaltar a questão
preocupante da automedicação devido às reações alérgicas, outro fator importante que vale ser
ressaltado é em relação ao número de produtos que não possuem registro na ANVISA, e
graças a NOTIVISA essas informações se torna mais acessível.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

INGESTA DE ÁGUA PARA HIDRATAÇÃO CUTÂNEA

WATER INTAKE FOR SKIN HYDRATION

3
Gabriella Coelho e Silva
4
Mirela Fulgencio Rabito-Melo

RESUMO

O presente estudo tem por objetivo demonstrar o impacto da ingesta de água na manutenção da hidratação
cutânea para um aspecto saudável. Para tanto, foram descritos a fisiologia da pele e a origem e importância da
água na composição do organismo para entendimento dos processos relacionados ao equilíbrio hídrico. A
pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica para levantamento e análise do que já foi publicado
sobre o tema e justificada pela busca do entendimento da relação entre ingesta de água como fator relevante na
manutenção da hidratação cutânea. Os resultados obtidos sugerem que a ingesta de água causa impacto positivo
na hidratação cutânea.

Palavras-chave: Ingesta de água; hidratação cutânea; envelhecimento; organismo.

ABSTRACT

This study aims to demonstrate the impact of water intake in maintaining skin hydration for a healthy
appearance. For that, it was described the physiology of the skin and the origin and importance of water in body
composition for understanding the processes related to water balance. The survey was conducted through
literature review for research and analysis of what has been published on the subject and justified by the pursuit
of understanding of the relationship between water intake as a relevant factor in maintaining skin hydration. The
results suggest that the water intake has a positive impact on skin hydration.

Keywords: Ingestion of water; skin hydration; aging; body.

INTRODUÇÃO
Sabe-se que a maior parte do organismo humano é constituída de água e por esta
razão, o equilíbrio hídrico é essencial para a fisiologia humana. A água presente no organismo
é originada de três fontes: da água presente nos alimentos, a produzida no processo
metabólico e a que o indivíduo ingere (PALMA et al, 2012). A água que entra no organismo
tem que ser o suficiente para compensar as excreções, ou seja, a perda de água pela
transpiração, respiração, urina e fezes (SIZER; WHITNEY, 2003).
A água possui funções indispensáveis para o organismo humano. Em condições
climáticas e dieta normais, uma pessoa adulta necessita, para a queima diária de 2000 calorias,

3
Graduação em Tecnólogo em Estética e Cosmética
4
Farmacêutica, Doutora em Ciências Farmacêuticas – Docente do Programa de Pós-Graduação em Estética
Corporal e Facial, do Programa de Pós-graduação em Cosmetologia Clínica, do Curso de
Graduação de Farmácia, Enfermagem e Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro
Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ingerir entre 2 a 3 litros de água para manter o equilíbrio do organismo (WILLETT, 2002;
SIZER, WHITNEY, 2003). A pele representa cerca de 15% do peso corporal do ser humano e
concentra 20% a 35% do conteúdo total de água do organismo (GIAVAROTTI, 2009).
A quantidade de água ingerida possui um papel importante na hidratação cutânea
impedindo a desidratação do estrato córneo e os sintomas de uma pele ressecada
(LEONARDI, 2008; PUJOL, SUZUKI, 2011).
Frente à importância daágua na hidratação do organismo e sendo a pele um órgão
que concentra uma significativa quantidade de água, estapesquisa buscaráconhecer a
importância da ingesta de água na manutenção da hidratação cutânea para um aspecto
saudável e justifica-se na busca do entendimento da perda e retenção de água na superfície
cutânea.
No decorrer da pesquisa pretende-se alcançar objetivos mais específicos, como
destacar a importância da água na composição do organismo bem como sua necessidade
basal, pesquisar sobre o equilíbrio hídrico do organismo, descrever a fisiologia da pele,
investigar os fatores de hidratação e permeabilidade cutânea, pesquisar sobre a interferência
do envelhecimento na hidratação cutânea e orientar sobre a ingesta adequada de água para o
equilíbrio hídrico do organismo visando amanutenção hídrica da pele para um aspecto
saudável.
A abordagem teórica foi organizada em tópicos iniciando pela estrutura e fisiologia
da pele, seguido tópicos que abordam a importância da água para o organismo humano e seu
papel na hidratação cutânea. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica que abrangeu
estudos já tornados públicos como periódicos, livros, pesquisas, monografias, teses e
dissertações.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica que para Ribeiro e Souza
(2004) “consiste no exame da literatura científica, para levantamento e análise do que já se
produziu sobre determinado tema”.
A opção pela pesquisa bibliográfica deu-se em razão desta propiciar o estudo do
tema sob um enfoque que conduza a considerações inovadoras sobre a importância da ingesta
de água para a hidratação da pele e na manutenção de um aspecto saudável. Esta pesquisa
abrange bibliografia já tornada pública em relação ao tema em estudo como periódicos, livros,
pesquisas, monografias, teses e dissertações disponibilizadas nas Bibliotecas da UniFil
Central (campus JK) e Setorial (campus Canadá) e sites Scielo e Google Acadêmico.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A busca bibliográfica inicial (para definição do assunto-problema) aconteceu nos


meses de junho a agosto do ano de 2015, sendo a mesma realizada por meio físico e por
sistema informatizado de busca, cujo critério adotado para seleção das publicações foi o
período dos últimos 13 anos acerca da discussão sobre a temática.
Os critérios básicos de seleção das publicações foram os que apresentaram o artigo
na íntegra, na língua portuguesa ou inglesa e abordoutemas relacionados à anatomia e
fisiologia da pele, a água no organismo humano, o envelhecimento cutâneo, a hidratação da
pele e a importância da ingesta de água para a manutenção da hidratação utilizando os
seguintes descritores: pele, anexos cutâneos, água, permeabilidade, hidratação cutânea,
envelhecimento cutâneo, desidratação cutânea e organismo, por exemplo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Pele
Todos os grupos de células que possuem estrutura e função semelhantes se definem
como um tecido. O tecido epitelial é um dos tecidos que compõem o organismo humano.
Dentro dele está o sistema tegumentar, constituída pela pele e seus anexos. A pele é um órgão
externo, com capacidade de regeneração em condições normais, que protege o organismo
revestindo-o e delimitando-o. Sua plasticidade é determinada pela sua flexibilidade e
resistência (GIAVAROTTI, 2009; RIZZO, 2012).
Cerca de15% do peso corporal do homem corresponde à pele, sendo 70% do seu
peso (desconsiderando tecido adiposo) composto de água. Além disso, concentra 20% do
conteúdo total de água do organismo (GIAVAROTTI, 2009).
A pele exerce diversos papéis no organismo, dentre eles, a manutenção da
homeostase, a proteção das variações advindas do meio externo funcionando como uma
barreira química, imunológica, microbiana e física contra radiações elétricas e térmicas;
captação de informações sensoriais dolorosas, térmicas e tátil; realização de secreções
glandulares, agindo também como sinalizadora sexual e, ainda, a sintetização da vitamina D
(GIAVAROTTI, 2009;PIAZZA, 2012).
Atualmente, considera-se que a pele é composta por epiderme e derme. A hipoderme,
antes considerada a terceira camada da pele, localizada abaixo da derme, não possui
descontinuidade estrutural com esta, como o que ocorre entre epiderme e derme por meio da

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

lâmina basal que as separam, passando a ser a hipoderme considerada uma camada de gordura
subcutânea (GIAVAROTTI, 2009).

Epiderme
A epiderme está localizada acima da derme, sendo assim, a camada mais externa da
pele. É formada por células epiteliais escamosas, estratificadas e queratinizadas que são
unidas pelos desmossomos. Atua como barreira no organismo contra a entrada de substâncias
estranhas e protegendo-o do ambiente externo, além de evitar a perda de nutrientes, eletrólitos
e água. Sua espessura varia entre 0,06mm e 1,3mm possuindo maior espessura em locais com
mais peso e abrasão. Possui em sua composição quatro principais células: os queratinócitos,
os melanócitos, células deLangerhans e células de Merkel (GIAVAROTTI, 2009; PIAZZA,
2011; RIZZO, 2012).
A epiderme é dividida em subcamadas criadas pelo processo de queratinização,
sendo elas, da mais externa até mais profunda: camada córnea, camada lúcida, camada
granulosa, camada espinhosa e camada basal. Em especial, a camada lúcida é mais expressiva
e abundante em regiões palmoplantares. A epiderme não possui irrigação sanguínea direta
sendo os nutrientes transportados por difusão capilar (GIAVAROTTI, 2009; PIAZZA, 2011;
RIZZO, 2012).

Derme
A Derme é uma camada da pele localizada abaixo da epiderme. Quando comparada à
epiderme, a derme é relativamente pobre em células. É constituída por tecido conjuntivo,
substância fundamental amorfa (SFA), fibras colágenas e elásticas, vasos sanguíneos e
linfáticos, músculo liso, nervos e anexos cutâneos. Sua espessura varia de 0,6 mm e 3 mm
possuindo maior espessura no dorso do corpo e mais grossa nos homens (GIAVAROTTI,
2009; PIAZZA, 2011; RIZZO, 2012).
A derme subdivide-se em camada papilar e camada reticular não possuindo um
limite distinto entre elas. A camada papilar está adjacente à epiderme enquanto a camada
reticular está localizada entre camada papilar e camada de gordura subcutânea. A camada
subcutânea de gordura é responsável pela união da derme à estruturas subjacentes, como
ossos e músculos. A camada papilar se constitui de tecido conjuntivo frouxo, havendo nesta
uma predominância de células e feixes de colágeno finos dispostos perpendicularmente à
superfície. Na camada reticular os feixes de colágeno são mais grossos e ondulados

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

dispostosde modo paralelo à superfície cutânea (GIAVAROTTI, 2009; PIAZZA, 2011;


RIZZO, 2012).

Camada subcutânea de gordura


A camada subcutânea de gordura, localizada abaixo da derme, é formada por tecido
adiposo constituído de células adiposas, ácidos polissacarídeos, que realizam a lubrificação do
tecido e cordões fibrosos, chamados de trabéculas interlobulares, originados da
dermeresponsáveis por sua sustentação. Sua espessura varia de acordo com sua localização e
idade. Esse tecido é ricamente vascularizado e possui como principais funções o
armazenamento de energia, o isolamento térmico, a proteção contra choques mecânicos e o
preenchimento de espaços internos, além de modelar o corpo, participando nas diferenças
entre o corpo feminino e masculino (LEONARDI, MATHEUS, 2008; GOMES, DAMAZIO,
2009).
Estruturas associadas à pele
A pele possui estruturas que promovem um melhor desempenho a ela. Dentre essas
estão as unhas, os pelos, as glândulas sudoríparas, ceruminosas e sebáceas, os vasos e os
nervos. Essas estruturas executam funções vitais para o corpo, como proteção, por exemplo, e
estão dispostas nas camadas cutâneas (GOMES, DAMÁZIO, 2009; PIAZZA, 2011).

Importância da água na composição do organismo


A molécula de água é uma substância composta por dois átomos de hidrogênio e um
de oxigênio que se ligam por covalência e tem característica polar (SERAFIM et al, 2004;
RIZZO, 2012).
Conforme Douglas (1999) apud Serafim et al (2004) o conteúdo total de água é
denominado o solvente aquoso de todos os líquidos do organismo, tanto dentro como fora das
células.
A água é a substância de maior abundância presente nas células vivas, cerca de 60%
a 80%, compondo 60% do peso corporal. Quando refere-se à sobrevivência, sua importância é
menor, apenas, que a presença do oxigênio para manutenção da vida. (SERAFIM et al, 2009).
A água possui funções indispensáveis, são elas: o transporte de nutrientes, a
preservação da temperatura corporal, a limpeza de metabólitos do sangue, a diluição de
vitaminas, minerais e outras moléculas pequenas e a lubrificação nas articulações, olhos,

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espinha dorsal e outros locais que ocorrem choques mecânicos (SIZER, WHITNEY, 2003;
RIZZO, 2012).
Diferentes circunstâncias causam variação na distribuição de água no organismo,
entretanto, o total de água presente no corpo mantém-se relativamente constante (SERAFIM
et al, 2009).
Necessidades basais de água
A água constitui parte integral do organismo. Uma pessoa pode sobreviver por um
período de meses ou anos com a falta de outro nutriente, porém sobrevive poucos dias sem a
água (SIZER, WHITNEY, 2003).
O volume de água varia no organismo, principalmente em mulheres no período
menstrual que apresentam maior retenção de líquido. A retenção hídrica pode acontecer
também em indivíduos com uma dieta rica em sal (sódio). Isso poderá causar mudanças
significativas na balança, pois a quantidade de água pode mudar do dia para a noite, mudando,
consequentemente, o peso corporal do indivíduo (SIZER, WHITNEY, 2003).
Para Willett (2002) “Uma pessoa comum precisa de cerca de um mililitro de líquido
para cada caloria queimada. Isso corresponde cerca de 125 calorias ou oito copos de cerca de
225 ml para uma dieta de 2.000 calorias diárias.” Essa quantidade pode variar de acordo com
a umidade, temperatura, alimentação e prática de atividade física.
Alguns mecanismos como a saciedade e a sede controlam a ingesta de água. Esse
controle é feito através da concentração do sangue, podendo atrair a água das glândulas
salivares ocasionando a sensação de boca seca e o desejo de ingerir água, pode gerar impulsos
pelo hipotálamo ativando o controle do centro da sede ou ainda pelo hipotálamo solicitar dos
rins a liberação de água para a corrente sanguínea. Quando ocorre a maior concentração do
sangue o organismo passa a excretar menos líquido e necessitar de maior quantidade de água
até que seja refeito o equilíbrio hídrico. Para que não haja um desequilíbrio é fundamental
ingerir água ao sentir sede, antes mesmo de senti-la e ingerir o suficiente até que se observe
uma coloração clara na urina (WILLETT, 2002; SIZER, WHITNEY, 2003).
Para evitar uma perda exacerbada de líquido, o organismo possui diferentes
mecanismos que agem através de vários hormônios, das passagens nasais, dos rins e da pele a
fim de manter o balanço hídrico no corpo, todavia, a perda de água ocorre diariamente e exige
uma ingesta correspondente ao que foi perdido para manutenção do equilíbrio (WILLETT,
2002; SIZER, WHITNEY, 2003).

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Permeabilidade cutânea
A permeabilidade cutânea se resume basicamente em sua capacidade de permitir a
passagem de substâncias através de sua superfície atingindo estruturas mais profundas,
podendo chegar até a corrente sanguínea (GOMES, DAMAZIO, 2009; GIAVAROTTI,
2009).
De acordo com Ferreira e Beninatto (1998) apud Serafim (2009) “Com exceção do
tecido ósseo, no qual a água é mantida encapsulada, existe um intercâmbio constante entre os
líquidos intra e extracelulares através das membranas das células”.
A principal barreira de permeabilidade cutânea é o estrato córneo pelo seu elevado
teor de lipídios, pelas suas células queratinizadas e a quantidade de apêndices, tornando-se,
desse modo, a camada menos permeável da epiderme. Apesar disso, o estrato córneo também
é responsável por proteger a epiderme do ambiente externo e impedir a perda excessiva de
água, sendo assim, manter sua hidratação se revela importante condição para determinar sua
aparência saudável, manter sua integridade e conservar sua permeabilidade adequada
(LEONARDI, 2008; GIAVAROTTI, 2009; PUJOL, SUZUKI, 2011).
A penetração de substâncias na pele através da difusão do ativo pode ocorrer por três
vias, são elas: a via transepidérmica (ocorre de forma intercelular ou extracelular); via de
glândula sudorípara (ocorre no ducto da glândula sudorípara); e via transanexiais (ocorre no
folículo piloso e nas glândulas sebáceas) (LEONARDI, 2008; GOMES, DAMAZIO, 2009).
Posto que as características do estrato córneo tenham papel importante na permeação
da pele, o veículo na qual é empregado a substância tem influência considerável. Quando este
contém agentes promotores de absorção, facilitam e aumentam a permeabilidade, por alterar
de modo reversível, a resistência natural do estrato (LEONARDI, 2008).
Alguns fatores podem interferir no nível de permeabilidade cutânea para a passagem
de substâncias pela pele. São eles: fatores biológicos, fisiológicos, cosmetológicos; e físico-
químicos. Fazem parte desses fatores características como a espessura da epiderme, o nível de
hidratação da pele, o fluxo sanguíneo da região, a concentração, solubilidade, veículo, tempo
de exposição e peso molecular do cosmético, capacidade de difusão, pH, entre outros. E
alguns procedimentos estéticos podem auxiliar nessas características como a limpeza de pele,
o peeling, a alteração de pH e hidratação profunda, por exemplo (GOMES, DAMAZIO,
2009).

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Hidratação da pele
O maior órgão do corpo humano, a pele, trata-se de um órgão externo que protege o
meio interno de todos os tipos de agentes agressores e é submetida a fatores que diminuem a
quantidade de água no estrato córneo como o vento, a baixa umidade relativa do ar, o sol, a
temperatura, as substâncias tensoativas desengordurantes em excesso, os solventes orgânicos,
algumas doenças (hipotireoidismo, eczema, psoríase e dermatoses) e loções com elevado teor
alcóolico que comprometem a integridade orgânica e colocam em risco a qualidade do manto
hidrolipídico, causando a desidratação da pele (BORGES, 2006; GOMES, DAMAZIO, 2009;
PUJOL, SUZUKI, 2011).
A hidratação cutânea é definida como a capacidade que a pele tem de reter água
pelas trocas com o meio ambiente e pelo estrato córneo. Essa hidratação depende de vários
fatores, que irão preservar a quantidade de água no estrato córneo (20% a 35%) impedindo
sua desidratação, evitando os sintomas de uma pele ressecada. Tais fatores são: o transporte
de água que ocorre das camadas inferiores para o estrato córneo; a umidade e temperatura do
ambiente; a velocidade do processo de queratinização; a composição e quantidade da emulsão
de hidratação natural da pele (HPN) e a quantidade de água ingerida(LEONARDI, 2008;
GOMES, DAMAZIO, 2009; PUJOL, SUZUKI, 2011).
A água localizada no estrato córneo pode ter sua origem exógena (quando provém da
umidade relativa do ar) e endógena (quando oriunda da água ingerida que através da difusão
celular é levada até a superfície cutânea e derme). É possível concluir através disso que
indivíduos que vivem em regiões de clima seco demonstram maior nível de desidratação na
pele por terem sua hidratação exógena afetada ocasionando, além disso, a aceleração do
processo de envelhecimento (GOMES, DAMAZIO, 2009)
A hidratação natural da pele pode ocorrer essencialmente no organismo de dois
modos sendo eles através dos produtos das glândulas sudoríparas (água e íons de potássio,
sódio, cloreto, ureia, ácido úrico e amônia) e glândulas sebáceas (ésteres de colesterol,
colesterol, triglicerídeos e ácidos graxos livres) que são formadores do manto hidrolipídico e
através da sintetização de substâncias emanadas da decomposição dos ceratinócitos que se
unem ao manto hidrolipídico e formam o HPN que conta com elevado poder de higroscopia
que retém as moléculas de água provenientes da absorção de um cosmético, da transpiração e
perspiração ou, até mesmo, a água captada do ar atmosférico impedindo que elas evaporem
(GOMES, DAMAZIO, 2009; PUJOL, SUZUKI, 2011).

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Segundo Borges (2006) e Fernandes (2008) os mecanismos de hidratação da pele


consistem em conservar sua emulsão natural podendo ser realizada por meio da superfície
cutânea, pelos umectantes e oclusivos e de maneira intracelular, pelos ativos do HPN. São
eles:
 Hidratação por Umectação: A hidratação por umectação ocorre através de
agentes higroscópicos, retendo a água na superfície da pele. Além de hidratarem a pele
também mantém a propriedade hidratante de uma emulsão cosmética. Entre os melhores
agentes umectantes estão o colágeno, por ter sua cadeia molecular rica em radicais
hidroxiprolina e prolina e os polialcoóis como o propilenoglicol e glicerol, principalmente.
Geralmente são associadas matérias-primas umectantes com oclusivas a fim de melhorar a
propriedade hidratante do produto e garantir umidade maior no local.
 Hidratação em Nível Celular (HPN): A formação das substâncias do HPN
acontece durante o processo de queratinização na camada granular onde ocorre a
decomposição de querato-hialina em proteína fibrila que se decompõe em seus aminoácidos:
ureia, Ácido Pirrolidona Carboxílico (PCA), ácido hialurônico, lisina, ácido málico, ácido
lático, pentaglycans, etc. Esses aminoácidos em conjunto formam o HPN. O HPN
solubilizado na parte oleosa e aquosa do epitélio dá origem ao manto hidrolipídico. A
hidratação a nível celular é obtida pela concentração dos princípios ativos do HPN que agem
na estrutura celular. Também possuem propriedade higroscópica, como os alfahidroxiácidos.
Os princípios ativos mais ultilizados nesse mecanismo de hidratação são: PCA, ácido lático,
ácido hialurônico, ureia e sulfato de condroitina e quando associados a agentes oclusivos de
origem animal e vegetal e agentes umectantes recuperam as propriedades naturais e reidratam
a pele.
 Hidratação por Oclusão: A hidratação por oclusão impede que a água presente
na pele evapore por meio de uma película que é formada na pele pelos óleos vegetais, animais
ou modificados. Eles permeiam o epitélio e aprisionam as moléculas de água que estão no
estrato córneo originadas da maturação celular. São indicados porque além de proporcionarem
oclusão leve e reduzir perda de água, também dão textura aveludada e maciez a pele. Os óleos
mais usados em cosmetologia são: óleo de semente de uva, óleo de amêndoas, óleo de jojoba,
óleo de macadâmia, lanolina-etoxilada, ácido mirístico, ácido esteárico, ceras vegetais ou
animais e lanolina.

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Consequências de uma pele desidratada


A desidratação no organismo ocorre quando há um desequilíbrio dos fluidos
corporais e suas causas são, basicamente, a eliminação excessiva de suor e urina e a
diminuição da ingesta hídrica. Quando acontece a nível cutâneo possui como principal
característica o ressecamento (RIBEIRO, 2006; GOMES, DAMAZIO, 2009).
É comum pessoas de pele seca apresentarem a pele desidratada, porém, é importante
diferenciar que na pele seca se observa a falta de umectação e água adequada nas camadas da
epiderme enquanto na pele desidratada nota-se falta de umidade na derme. Portanto, a
desidratação pode se manifestar em todos os tipos de pele em qualquer momento da vida e
pode estar ligada a fatores internos e externos, como, por exemplo: o estresse, sexo, idade,
contato com solventes orgânicos e detergentes e algumas doenças (dermatite, ictiose,
psoríase) (RIBEIRO, 2006; GERSON, 2011; ALVES et al, 2012).
A pele desidratada torna-se descamativa, fina, com aspecto esticado, seca, áspera e
menos elástica. Ingerir bastante água e tratá-la com hidratantes a nível celular (HPN),
umectantes e oclusivos podem minimizar os efeitos negativos e recuperar a umidade
adequada na derme (BORGES, 2006; MILAN, 2007; GOMES, DAMAZIO, 2009).

Interferência do envelhecimento na hidratação da pele


O envelhecimento é um processo de degradação progressiva do organismo onde
ocorre o decréscimo da capacidade de reserva e funcionamento dos órgãos do corpo. O seu
início e gravidade dependerão de várias causas endógenas e exógenas na qual o indivíduo
esteve exposto durante toda a vida. Essas causas classificam o envelhecimento em intrínseco,
referente às causas endógenas e extrínseco que está ligado às causas exógenas (RIBEIRO,
2006; LEONARDI, 2008; PIAZZA, 2011, RODRIGUES 2012).
Para Ribeiro (2006) e Gomes, Damazio (2009) o envelhecimento recebe duas
classificações básicas, são elas:
 Envelhecimento intrínseco: também chamado de cronológico, todos os
indivíduos estão sujeitos. Determinado por fatores genéticos ocorrendo lentamente. Nesse tipo
de envelhecimento a pele apresenta-se seca, sem manchas, suave, frágil, transparente, com
rugas finas, leve atrofia e perda de elasticidade.
 Envelhecimento extrínseco: também chamado de fotoenvelhecimento é
observado em áreas expostas as radiações ultravioletas. Nessa classificação a pele apresenta
manchas escuras (hiperpigmentação) ou claras (hipopigmentação) e rugas mais profundas. No

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início a pele é espessa e, possivelmente, se torna atrófica. A maioria dos danos causados pela
radiação UV ocorre nas duas primeiras décadas de vida sendo cumulativo durante a vida.
O envelhecimento extrínseco se sobrepõe ao intrínseco sendo 85% das rugas uma
consequência da exposição ao sol (RIBEIRO, 2006; GOMES, DAMAZIO, 2009).
Algumas alterações são observadas na pele com o processo de envelhecimento, uma
delas é a deficiência de renovação celular, redução na eficiência da circulação e diminuição na
produção de hormônios. Seus principais sinais são manchas, rugas, perda de luminosidade e
pele seca. Essas mudanças atingem a hidratação da pele por afetarem diretamente o HPN
tornando-a fina, seca, enrugada e menos firme. Somando ao espessamento do estrato córneo a
retenção de água não acontece como antes e sua permeabilidade reduzida dificulta a absorção
da umidade do ambiente e ativo de cosméticos hidratantes (LEONARDI, 2008; GOMES,
DAMAZIO, 2009; PIAZZA, 2011).
Com o avanço da idade a água corporal diminui gradativamente e os idosos podem
chegar a ter de 40% a 50% apenas do seu peso corporal composto por água. Essa diminuição
ligada ao sistema circulatório deficiente e a menor taxa de suor, prejudica a adaptação a
mudanças de temperatura, tornam o idoso mais suscetível ao estresse pelo calor aumentando o
risco de desidratação (SERAFIM et al, 2004; SOUZA et al, 2007; GOMES, DAMAZIO,
2009; RODRIGUES, 2012).

Relação entre ingesta de água e hidratação cutânea


Embora Wolf e colaboradores (2010), através de um estudo de revisão sobre a
relação entre o consumo de água e a hidratação da pele, não tenham encontrado provas
científicas dessa associação, considerando-a mito. Um estudo recente de Palma et al (2012),
quantificouo impacto dietáriode água comprovando alteração significativa na hidratação
profunda e superficial da epiderme.
No estudo realizado por Palma et al (2012), intitulado “Relação entre a ingestão
dietária de água e a hidratação cutânea”, foram selecionadas 11 mulheres saudáveis, com
idade entre 22 e 34 anos, não fumantes, sem medicação tópica ou sistêmica e com interesse e
disponibilidade para participar da pesquisa. As voluntárias foram separadas em dois grupos
baseados no valor médio de água total consumido onde o grupo 1 foi constituído de cinco
voluntárias, com consumo médio de água de 1700,4 mLe o grupo 2, constituído de seis
voluntárias, o consumo médio foi de 3420,4mL.

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Ao longo do estudo as voluntárias concordaram em permanecer com os hábitos de


higiene e cuidados corporaisnas áreas em estudo (mão, antebraço, perna, fronte e zona
zigomática)e manter o padrão de sua alimentação. Também se comprometeram a não aplicar
produtos de higiene ou cuidado corporal nas zonas citadas nos dias das mensurações que eram
feitas a partir da bioimpedância para quantificar a água intra e extracelular (PALMA et al,
2012).
Palma et al (2012), levaram em conta o Valor Dietário de Referência para mulheres
(DietaryReferenceValue – DVR) presente na EuropeanFoodSafetyAuthory (EFSA) de 2L/dia
e acrescentaram esse valor ao conteúdo normal de cada voluntária durante um mês,
incorporando a média do Grupo 1 = 1700,4 + 2000,0 e ao Grupo 2 = 3420,4 + 2000,0.
No fim do estudo foi possível concluir que se tratando de hidratação cutânea
superficial, o grupo 1 obteve aumento significativo em zona de fronte e antebraço, tanto na
metade do estudo (15 dias) quanto no fim (30 dias), e nas outras áreas foi observado aumento
significativo somente ao fim dos 30 dias; enquanto o grupo 2 obteve aumento apenas em zona
frontal no final do estudo. Já na hidratação cutânea profunda o grupo 1 demonstrou aumento
de hidratação em mão, antebraço, zona zigomática e perna, e o grupo 2 demonstrou apenas
em zona frontal e perna (PALMA et al, 2012).
Considerando que o valor adicional de água (2L/dia) não afeta o volume de
distribuição de água no organismo esses resultados revelam que as alterações na fisiologia da
pele podem estar relacionadas diretamente com o aumento da ingesta de água introduzido,
sendo importante frisar que esses resultados foram observados principalmente em áreas
menos hidratadas. Quando se trata de hidratação profunda foi possível analisar que as
alterações obtidas na hidratação superficial repercutem na hidratação profunda sugerindo que
aporte maior de água pode causar melhoria nos processos fisiológicos da pele sendo possível
concluir, através desse estudo, a primeira evidência de uma relação direta entre ingesta de
água e hidratação cutânea (PALMA et al, 2012).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse estudo buscou-se apresentar a fisiologia da pele sendo esta o maior órgão do
corpo humano e responsável pela proteção do organismo, revestindo-o e delimitando-o
(GIAVAROTTI, 2009; RIZZO, 2012). A pele corresponde a 15% do peso corporal e
concentra 20% do conteúdo total de água no organismo (GIAVAROTTI, 2009). A água é a
substância de maior abundância no organismo constituindo 70% do peso corporal e tem

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menos importância, apenas, que o oxigênio para manutenção da vida (GIAVAROTTI, 2009;
SERAFIM et al, 2009). Para evitar sua perda exacerbada o organismo possui mecanismos que
agem através das passagens nasais, rins, pele e hormônios a fim de manter o equilíbrio
hídrico, ainda assim, o corpo perde água diariamente e exige uma ingesta correspondente para
manutenção do equilíbrio (WILLETT, 2002; SIZER, WHITNEY, 2003).
A pele é exposta diariamente a fatores que prejudicam sua hidratação e colocam em
risco a qualidade do manto hidrolipídico, um deles é o envelhecimento que diminui
gradativamente o percentual de água no peso total do indivíduo deixando-o mais suscetível a
desidratação que traz como consequências uma pele descamativa, fina, com aspecto esticado,
seca, áspera e menos elástica (SERAFIM et al, 2004; BORGES, 2006; GOMES, DAMAZIO,
2009; PUJOL, SUZUKI, 2011; RODRIGUES, 2012). Por outro lado, fatores como o
transporte de água, a umidade, a temperatura, o processo de queratinização, a composição e
quantidade da HPN e a quantidade de água ingerida mostram-se importantes coadjuvantes na
manutenção da hidratação cutânea (LEONARDI, 2008; GOMES, DAMAZIO, 2009; PUJOL,
SUZUKI, 2011).
Considerando os resultados do estudo em questão, por meio de revisão bibliográfica,
foi possível concluir que a ingesta de água demonstrou impactos positivos na hidratação
cutânea e revelou a importância do aumento da ingesta hídrica para uma melhora do aspecto
da pele. Em razão da pouca disponibilidade de estudo in vivo específico sobre o assunto dessa
pesquisa aponta-se a necessidade de maior atenção da academia sobre o tema.

REFERÊNCIAS

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Iniciação Científica da Universidade Vale do Rio Verde 1.2, 2012.

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AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DOS TRATAMENTOS


ESTÉTICOS PARA RUGAS DURANTE O INVERNO NAS CLÍNICAS DE
LONDRINA

QUANTITATIVE AND QUALITATIVE EVALUATION OF AESTHETIC


TREATMENTS FOR WRINKLES DURING WINTER IN LONDRINA CLINICS

Ana Paula Bomba dos Reis1


Renata Carolini de Souza2

RESUMO

A pele, o maior órgão externo do nosso corpo, é muito vulnerável ao envelhecimento, levando ao
aparecimento de rugas que, no entanto, podem ser amenizadas com os tratamentos existentes. Neste
estudo, foram avaliados quantitativa e qualitativamente, através de questionários, os tratamentos para
rugas durante o inverno em duas clínicas de estética na cidade de Londrina. Foram observados que
durante o inverno a busca por tratamentos para rugas é grande, principalmente por mulheres na faixa
etária de 31 a 50 anos. A maioria dos pacientes se expõem ao sol muitas vezes ao dia, não usam protetor
solar e são fumantes, no entanto afirmam beber, no mínimo, quatro copos de água por dia. A maioria
estava insatisfeita com as rugas, e para tratar, buscaram o peeling, seguido por radiofrequência,
eletrolifting e microcorrente. Após esses tratamentos, a maioria ficou satisfeita com os resultados e
pretendem mantê-los. Contudo, é notável o grande interesse das pessoas em melhorar a aparência das
rugas buscando tratamentos eficazes, aumentando sua autoestima.

Palavras-chave: Pele, Envelhecimento cutâneo, Rugas.

ABSTRACT

The skin, the largest external organ of our body, is very vulnerable to aging, leading to the appearance of
wrinkles that, however, can be softened with existing treatments. In this study, the treatments for wrinkles
during winter in two aesthetic clinics in the city of Londrina were quantitatively and qualitatively
evaluated through questionnaires. It was observed that during the winter the search for treatments for
wrinkles is great, mainly by women in the age group from 31 to 50 years. Most patients expose
themselves to the sun many times a day, do not wear sunscreen and are smokers, however they claim to
drink at least four glasses of water a day. Most were dissatisfied with wrinkles, and to treat, they sought
peeling, followed by radiofrequency, electrolytic and microcurrent. After these treatments, most were
satisfied with the results and intend to maintain them. However, it is notable that people are keen to
improve the appearance of wrinkles by seeking effective treatments, increasing their self-esteem.

Keywords: Skin, Skin aging, Wrinkles.

1
Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil
Londrina PR.
2
Professora Orientadora, Docente do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário
Filadélfia – Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO
O envelhecimento natural dos indivíduos recebe o nome de senescência,
um processo progressivo e irreversível com alterações em todo organismo (Vieira,
2007; Teixeira e Guariento, 2010), inclusive a pele. A pele é o órgão mais extenso do
corpo humano, que exerce várias funções, tais como proteção contra agentes externos e
agressões, controle de temperatura, metabolismo de vitamina D, funções sensoriais,
entre outros (Vaz, 2014). O envelhecimento cutâneo pode ser intrínseco, relacionado
com a genética de cada indivíduo e extrínseco, causado pela exposição ao sol, poluição,
tabagismo, entre outros (Ribeiro, 2006). As rugas surgem quando o colágeno fica mais
rígido, ocorre uma diminuição de elasticidade, decadência do tecido conjuntivo e
desidratação da pele (Oliveira e Gomes, 2014). As rugas podem ser dinâmicas ou de
expressão que aparecem com o movimento resultante da contração muscular; estáticas
ou profundas que são resultantes da fadiga das estruturas da pele; superficiais que são
finas penetrando a epiderme, e gravitacionais que resultam da flacidez da pele (Guirro e
Guirro, 2004). O aparecimento das rugas é inevitável, no entanto, pode ser amenizado
através de diversos tratamentos não invasivos que existem atualmente, como o peeling
(Bagatin et al., 2009), radiofrequência (Silva et al., 2014), eletrolifting (Barbosa e
Campos, 2013), microcorrente (Macedo e Tenório, 2015) e o uso de cosméticos que
contenham ativos como vitaminas antioxidantes e outros (Ferreira et al., 2016).

METODOLOGIA
Neste trabalho, duas clínicas de estética, após autorização prévia, foram
utilizadas para a coleta de dados, sendo a Clínica de Estética UniFil e a Clínica de
Estética Beleza Real, ambas localizadas na cidade de Londrina, Paraná, Brasil. Para a
análise quantitativa foram realizadas coletas de dados referentes ao número total de
procedimentos realizados para a região facial (voltados para rugas) corporal e capilar no
mês de julho de 2017.
Para a avaliação qualitativa, foram considerados apenas os tratamentos
para rugas. Foram avaliadas um total de 100 pacientes após terem realizado algum
procedimento estético para rugas. Desse total, 50 pacientes foram da clínica de estética
da UniFil e 50 da clínica Beleza Real durante todo o mês de julho de 2017. Para isso, os
pacientes responderam a um questionário incluindo perguntas sobre idade, sexo, hábitos
de vida, satisfação com procedimento, entre outros. Os pacientes responderam ao
questionário de forma voluntária sem a necessidade de identificação após receberam

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uma via do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para ser melhor
informado e dar o seu consentimento na participação da pesquisa, que obteve aprovação
do Comitê de Ética 60706316.1.0000.5217.
Após a coleta, os dados das duas clínicas foram misturados e foram
realizadas as análises e interpretação com a utilização do programa Microsoft Office
Excel para disposição dos dados em gráficos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise quantitativa dos tratamentos estéticos

A área da estética é muito importante para a economia brasileira, visto


que sempre está em constante crescimento e movimenta o mercado nas vendas de
produtos cosméticos, realização de procedimentos, além de ser responsável pelo
emprego de milhares de pessoas. Com o constante crescimento da tecnologia há
também o aumento de inovações na área da estética cada vez mais eficientes, inclusive
aqueles direcionados ao tratamento das rugas (Barros e Oliveira, 2017).
Neste estudo, foram avaliados nas clínicas pesquisadas os tratamentos
estéticos mais procurados e foi observado que a grande maioria da procura (52%) foi
para a região facial para rugas, seguida por corporal (29%) e capilar (19%) (Figura 1).
Esses resultados eram esperados, pois, no inverno a intensidade dos raios ultravioletas
são menores, o que facilita a recuperação da pele após a realização de procedimentos
faciais mais abrasivos. A aplicação de ácidos no rosto, por exemplo, agride a epiderme e
promove sua renovação, deixando-a muito sensível ao sol (Bagatin et al., 2009). Além
disso, sabemos que no inverno muitas pessoas diminuem a preocupação com o corpo e
cabelo, visto que, com o frio há menor exposição do corpo em praias ou piscinas, que
também agridem muito os fios de cabelo.

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Tratamentos procurados

Corporal
29% Facial
52%
Capilar
19%

Figura 1- Porcentagem dos tratamentos estéticos procurados no inverno nas clínicas de estética em
Londrina.

Análise qualitativa dos tratamentos para rugas

A preocupação com a boa aparência é algo natural, porém atualmente


têm se notado um grande aumento nessa preocupação, onde muitas pessoas dedicam
grande parte do seu tempo e dinheiro com ela (Barros e Oliveira, 2017). O passar dos
anos pode se tornar algo traumático para alguns devido o aparecimento das rugas no
rosto, que, por sua vez, acabam se submetendo a cirurgias plásticas que, muitas vezes,
levam a deformação da face. No entanto, sabemos que existem tratamentos que
amenizam muito as rugas e as linhas de expressão (Souza et al., 2007) e, além disso, o
indivíduo permanece com naturalidade e beleza preservados. Essa procura sempre foi
maior no sexo feminino, embora saibamos que isto está mudando atualmente, neste
estudo, através dos questionários aplicados, nós observamos a predominância das
mulheres com 77%.
O aparecimento das rugas geralmente ocorre a partir dos 30 anos de
idade. Isso acontece devido a vários fatores interligados, sendo um deles a menor
atividade dos fibroblastos na produção dos constituintes da matriz extracelular. Isso é
algo natural, no entanto, outros fatores associados como o tabagismo e exposição solar
prolongada podem agravar as rugas na pele (Ribeiro, 2006). Foram observados que a
maioria dos pacientes (61%) que procuraram tratamentos para rugas estão na faixa
etária entre 31 a 50 anos (Figura 2). Esse resultado era esperado já que é nesta faixa
etária que as rugas começam a aparecer e permanecem tendendo a aumentar,
preocupando muito os pacientes deste grupo pois o aparecimento da primeira ruga ou
linha de expressão pode assustar muito. A faixa etária entre 51 a 70 anos apresenta
indivíduos com maior quantidade de rugas e flacidez na pele e, de certa forma, já estão

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

mais habituados com essa nova situação, no entanto procuram os tratamentos para
amenizar e prevenir o aumento, assim, este grupo apresentou grande quantidade de
pacientes (28%). Já a faixa etária entre 18 a 30 anos foi menos abundante (11%) pois os
pacientes deste grupo provavelmente possuem rugas ainda bem suaves ou linhas de
expressão quase imperceptíveis, portanto buscando a prevenção (Figura 2).

Faixa etária
18 a 30
0%
11%
51 a 70
28%

31 a 50
61%

Figura 2.Gráfico demonstrando a faixa etária dos pacientes pesquisados.

Como é sabido, a exposição ao sol apresenta inúmeros benefícios à saúde


dos seres vivos, entretanto é recomendada em determinados horários onde a intensidade
dos raios solares ultravioleta são menores (Rezende et al., 2015). No entanto, a
exposição solar fora desses períodos, prolongada e sem proteção adequada favorece o
envelhecimento, queimaduras, além de ser responsável por doenças da pele, como o
câncer (Araujo e Souza, 2008). Os raios ultravioleta degradam as fibras colágenas e
elásticas da pele, permitindo o aparecimento das rugas (Simis e Simis, 2006). Neste
estudo, foram constatados que 61% dos pacientes se expõem ao sol até 2 vezes ao dia e
27% o dia todo (Figura 3). As pessoas, de alguma forma são expostas ao sol, seja no
horário de trabalho ou nos afazeres do dia-a-dia, e isso é algo natural. No entanto, a
exposição prolongada, como o dia todo, e ainda sem proteção é muito prejudicial a pele.
Apenas 12% dos pacientes relataram não se exporem ao sol, o que também é prejudicial
já que o sol auxilia, por exemplo, na síntese de vitamina D (Rezende et al., 2015). Dessa
maneira, é necessário a conscientização sobre a exposição solar com moderação e
proteção.

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Exposição ao sol Não


12%

Dia inteiro
27%
Até 2X ao
dia
61%

Figura 3.Gráfico demonstrando a frequência de exposição solar pelos pacientes.

A proteção solar com a utilização dos filtros solares é imprescindível


para prevenção de rugas (Araujo e Souza, 2008), principalmente nas pessoas que se
expõem ao sol o dia todo e todos os dias. Foi observado que a maioria dos pacientes
(38%) relataram não usar filtro solar (Figura 4). Esse resultado é preocupante pois,
como dito anteriormente, o sol gera vários malefícios, como o fotoenvelhecimento, e a
melhor forma de prevenção é a utilização de protetor solar. No entanto, muitas vezes,
algumas pessoas não acreditam na importância do seu uso, outras esquecem, ou até
mesmo não tem condição financeira para adquirir o produto. Em contrapartida, 28%
relataram usar apenas 1 vez ao dia e 14% usam mais de 2 vezes ao dia (Figura 4). Isso
seria o ideal, usar o protetor 3 vezes ao dia em situações normais do dia-a-dia. No
entanto, em situações de lazer como praia e piscina seu uso deve ser reforçado sempre
que sair da água. Assim, deve-se reforçar a importância da utilização do protetor solar,
prevenindo o envelhecimento precoce e outras doenças graves da pele.

Mais de 1X Uso de filtro solar


ao dia
14%

1X ao dia
28% Não
58%

Figura 4. Gráfico demonstrando a utilização de filtro solar pelos pacientes.

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Sabemos que o aparecimento das rugas é multifatorial e, além da


exposição solar prolongada e sem fotoproteção, outros fatores como a poluição e o uso
de cigarro são fatores determinantes. O cigarro possui diversas substâncias tóxicas,
como a nicotina e ainda a presença de radicais livres em sua fumaça que agridem
diretamente as células e a matriz extracelular de diversos tipos de tecidos do corpo,
levando ao aparecimento de inúmeras doenças e ainda acelerando o envelhecimento
provocando a formação de rugas na pele (Suehara, Simone e Maia, 2006). Estima-se
que atualmente o número de fumantes no Brasil vem diminuindo gradativamente devido
ao grande acesso à informações para conscientização dos prejuízos causados pelo
cigarro (Silva et al., 2014). No entanto, neste estudo, foi observado que uma pequena
parcela dos pacientes (38%) não fazem uso de cigarro, e a grande maioria (43%)
relataram que fumam até um maço por dia e 19% fumam mais de 1 maço por dia
(Figura 5). Esse resultado é muito preocupante visto que o cigarro causa muitos
prejuízos para os fumantes e para aqueles que inalam a fumaça (Moutinho, 2013). Além
disso, como dito anteriormente, os componentes do cigarro aceleram o envelhecimento.
Por isso, esse resultado torna-se contraditório quanto aos pacientes pesquisados, já que
estão buscando tratamentos para rugas, no entanto, continuam agredindo sua pele com
os efeitos negativos do cigarro.

Mais de 1
masso por Uso de cigarro
dia
19%
Não
38%

Até 1
masso por
dia
43%

Figura 5. Gráfico demonstrando a utilização de cigarro pelos pacientes.

Outra forma saudável e natural de melhorar o aspecto da pele é a ingestão


de água em quantidade razoável durante o dia. A água é essencial ao corpo, auxilia na
eliminação de agentes tóxicos ao corpo e ajuda na hidratação pele, trazendo melhor
aspecto das rugas (Palma et al., 2012). Levando em consideração um copo de água de
200 ml, foram avaliados a quantidade de água ingerida pelos pacientes durante o dia. A

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

maioria dos pacientes (52%) relataram beber mais de 8 copos e os outros 48% bebem
até 4 copos de água por dia (Figura 6). Esses resultados são excelentes, pois a ingestão
de água é fundamental e quando associada aos tratamentos estéticos para rugas traz
ainda mais benefícios visíveis à pele.

Quantidade de água ingerida


0%

Mais de 8 Até 4 copos


copos 48%
52%

Figura 6. Gráfico demonstrando a quantidade de copos de água ingeridos por dia (copo de 200 ml).

Foram pesquisados também os tratamentos estéticos mais procurados


pelos pacientes nas clínicas, cujos são reconhecidos como muito eficazes para as rugas.
A maioria da procura (39%) foi para peeling; 27% para radiofrequência; 21% para
eletrolifting e 13% para microcorrente (Figura 7). Como observado anteriormente neste
estudo, nos períodos de clima frio (inverno) há preferência para tratamentos na área
facial, visto que em dias quentes o sol é mais intenso e, nestes tratamentos, a mínima
exposição solar pode prejudicar os resultados.
No período da pesquisa o clima estava bem frio, o que está diretamente
relacionado com a maior quantidade de pessoas realizando peeling, que é um tratamento
muito eficaz, porém abrasivo e o paciente não deve ser exposto ao sol. Os demais
tratamentos realizados não possuem restrição à exposição solar, no entanto, como
constatado, a maioria das pessoas realiza procedimentos no rosto nessa época fria do
ano.

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Procedimento estético realizado

Radiofrequ
ência
Peeling
27%
39%

Microcorre Eletrolifting
ntes
13% [PORCENTA
GEM]

Figura 7. Gráfico demonstrando a porcentagem dos procedimentos estéticos realizados pelos pacientes.

Grande parte das pessoas não está feliz com sua aparência, apontando
defeitos em regiões onde, muitas vezes, visivelmente não apresenta problemas. Essa
busca constante pela perfeição, que muitas pessoas apresentam, pode não fazer bem
para o indivíduo. Entretanto sabemos que a aparência da pele com relação às rugas pode
ser muito melhorada com os tratamentos estéticos associados a bons hábitos. Esta
pesquisa apontou que a maioria dos pacientes (61%) possui pouca satisfação com a
aparência do rosto quanto as rugas e apenas 1% está completamente satisfeito. 28%
apresenta satisfação moderada e 10% muita satisfação. Este resultado mostra como as
pessoas estão insatisfeitas com a aparência, mantendo a preocupação constante em se
adequarem aos padrões de beleza propostos pela sociedade. Devido ao desejo em se
tornarem mais belos, os pacientes buscaram os tratamentos mencionados na figura 7.
Após a realização dos tratamentos, foi observado que a maioria dos
pacientes (44%) apresentou um grau moderado de satisfação com o resultado, 42%
muito satisfeito, 4% completamente e 10% pouco satisfeito (Figura 8). Quanto à
satisfação dos amigos e familiares com a aparência do rosto quanto às rugas após o
tratamento, foram observados que a maioria (45%) também apresentou-se muito
satisfeito, 36% com grau moderado de satisfação, 6% completamente satisfeito e 13%
pouco satisfeito.
Esses resultados confirmam a eficácia dos tratamentos realizados, e
mostraram como a confiança e a autoestima dos pacientes aumentaram, já que eles
próprios e outras pessoas de sua convivência reconheceram a mudança positiva
conquistada com o procedimento.

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Completam
ente Satisfação após o tratamento Pouco
4% 10%
0%

Muito
42%
Moderado
44%

Figura 8. Gráfico demonstrando a satisfação dos pacientes com a aparência do rosto quanto às rugas após
o tratamento.

Quanto ao desejo do paciente em continuar o tratamento, 99% apresentou


o desejo em continuar e apenas 1% não gostaria (Figura 9). Esse resultado já era
esperado, pois sabemos o quanto as rugas incomodam, deixando uma aparência de pele
envelhecida, e a maioria dos pacientes querem continuar o tratamento para obter ainda
melhores resultados, visto que em apenas uma sessão os resultados aparentes são menos
notáveis do que em várias. Assim, mesmo aqueles pacientes que se disseram
insatisfeitos com a aparência após o tratamento desejam continuar porque reconhecem a
eficácia.

Desejo de continuar o tratamento


Não
1%
estético

Sim
99%

Figura 9. Gráfico demonstrando o desejo dos pacientes em continuarem realizando o procedimento para
as rugas.

Contudo, foi observado que a procura por procedimentos estéticos contra


as rugas é muito grande, principalmente no inverno por pacientes mulheres na faixa

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etária de 31 a 50 anos. A maioria se expõem ao sol mais que duas vezes ao dia, não
usam protetor solar e são fumantes, porém, afirmaram beber, no mínimo, quatro copos
de água por dia. A maioria não estava satisfeita com a aparência do rosto quanto as
rugas, e para tratar, a maioria buscou o peeling, seguido por radiofrequência,
eletrolifting e microcorrente. Após esses procedimentos, a maioria ficou satisfeita e
pretendem manter os tratamentos. Assim, a melhora da aparência da pele quanto às
rugas através de tratamentos eficazes vêm aumentando a autoestima e confiança de
muitas pessoas. Entretanto, também é necessário investir no aumento da informação
para a população de Londrina sobre o envelhecimento precoce que poderia ser evitado
levando em conta algumas medidas simples no dia-a-dia. E, além disso, deve-se
informar aos pacientes insatisfeitos com a aparência sobre os melhores tratamentos para
rugas conforme a época do ano.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

TRATAMENTO DE ESTRIA ALBA COM O USO DO ELETROLIFTING

TREATMENT OF STRIAE ALBA WITH THE USE OF ELETROLIFTING

Tayliane Moraes da Silva¹


Roberta Chaves Penco Amorese²
Talita Oliveira da Silva3
Cleiciane Brene4

RESUMO

As estrias são consideradas um distúrbio estético, onde ocorre um rompimento das fibras elásticas e
colágenas na derme. Há fortes evidências de que sua etiologia seja multifatorial, isto é, além dos fatores
endócrinos e mecânicos, existe uma predisposição genética devido a expressão individual de genes
responsáveis pela formação de colágeno e elastina. Um dos métodos de tratamento realizado nas estrias é
o eletrolifting, cuja finalidade é a reorganização das fibras colágenas e a reparação tecidual. A
estimulação microgalvânica associada à inflamação aguda decorrente do trauma da agulha desencadeia
um processo inflamatório, estimulando a produção de fibroblastos e uma neovascularização nas estrias,
melhorando seu aspecto. Este trabalho tem como finalidade apresentar o eletrolifting como tratamento nas
estrias albas.

Palavras-chave: Corrente galvânica; Eletrolifting; Estrias; Estrias albas.

ABSTRACT

Striae are considered an aesthetic disorder, where a rupture of elastic and collagen fibers occurs in the
dermis. There is strong evidence that its etiology is multifactorial, that is, in addition to the endocrine and
mechanical factors, there is a genetic predisposition due to the individual expression of genes responsible
for the formation of collagen and elastin. One of the treatment methods performed in the striae is
electrolifting, whose purpose is the reorganization of the collagen fibers and tissue repair. Microgalvanic
stimulation associated with acute inflammation due to needle trauma triggers an inflammatory process,
stimulating the production of fibroblasts and a neovascularization in the striae, improving its appearance.
The purpose of this work is to present electrolifting as a treatment in striae alba.

Keywords: Galvanic current; Electrolifting; Striae; Striae alba.

INTRODUÇÃO

O ser humano, em especial as mulheres, se depara com alterações


como a estria, devido ao seu crescimento, mudanças na puberdade, gravidez, entre
outras causas, que podem permanecer mesmo após os acontecimentos citados acima,
possuindo um tratamento ainda mais difícil quando chegam em sua fase final.
____________________
¹ Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia
² Professora Orientadora – fisioterapeuta especialista em dermato funcional; docente do curso de estética
e cosmética Unifil Londrina PR
3
Professora coautora - docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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4
Professora coautora –Fisioterapauta, docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR
As estrias são formadas através dos danos que ocorrem na derme
decorrente de um estiramento contínuo da pele, ultrapassando os limites da capacidade
de elasticidade da mesma. As fibras da derme se rompem, formando a lesão, que varia
de coloração de acordo com seu grau de evolução (OLIVEIRA, 2008; RIBEIRO, 2010).
Acredita-se que há uma combinação de fatores predisponentes que
desencadeiam o aparecimento das estrias. Segundo Guirro e Guirro, 2002, existem três
teorias que justificam seu aparecimento, sendo: teoria mecânica, endocrinológica e
infecciosa.
A teoria mecânica se dá pelo estiramento da pele resultando no
rompimento das fibras elásticas e colágenas da derme, dando origem às estrias. A teoria
endocrinológica está relacionada com o uso terapêutico de hormônios adrenais corticais
para tratamento das mesmas. E a infecciosa é a teoria que menos possui adeptos, já que
a teoria endocrinológica explica o surgimento das estrias devido o tratamento realizado
à base de corticoides, concluindo então, que o tratamento seria o fator desencadeante do
processo de formação das estrias (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
É possível ver como a procura de tratamentos para estrias tem
aumentado, entre os vários tipos de tratamentos, temos o eletrolifting. O aparelho utiliza
a corrente contínua/galvânica, sendo a intensidade constante em valor e sentido. A
técnica é invasiva, porém superficial, reunindo os efeitos do eletrodo em forma de
agulha junto ao efeito da corrente contínua, cujo objetivo é promover um processo
inflamatório, restabelecendo de forma satisfatória a integridade dos tecidos (BORGES,
2006; GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Por ser decorrente de vários fatores, as estrias estão presentes na
maioria das pessoas, independente do sexo. Devido a isso, a procura para amenizar as
mesmas aumenta cada vez mais, pois interferem tanto na estética como na autoestima
do ser humano. Esse trabalho teve como finalidade analisar, através de uma revisão
bibliográfica com utilização de dados em livros para a realização de estudos, a atuação
do eletrolifting no tratamento de estrias albas, explicando a fisiologia das estrias, bem
como suas causas e incidências, conhecer o aparelho de eletrolifting, sua ação e efeitos,
como também suas indicações e contraindicações e apontar os efeitos da corrente
galvânica que busca, através de um processo inflamatório, melhorar o aspecto das
estrias, bem como, sua coloração e espessura, melhorando a autoestima do paciente,
pelos resultados satisfatórios.

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DESENVOLVIMENTO

Pele

Em um indivíduo adulto, a pele pesa cerca de 4 a 5 kg, que cobre uma


área de aproximadamente 2 m². A mesma é levemente úmida, suave, macia e um pouco
ácida, considerando uma pele saudável. É formada por cerca de 50% a 70% de água
(GERSON et al., 2012).
A pele é um órgão essencial para o funcionamento adequado do
organismo. Mantém contato amplo e direto com o meio externo, exercendo inúmeras
funções vitais (TAKANO, 2012).
O sistema tegumentar é composto por três camadas, sendo elas:
epiderme, derme e hipoderme (COSTA, 2009).
Epiderme: camada mais externa, onde atua como barreira protetora
contra o ambiente externo, possui poros dos folículos pilossebáceos e das glândulas
(que se originam na derme, mas são apêndices da epiderme). É composta por cinco
camadas (ou estratos) epiteliais: camada córnea sendo a mais superficial, camada lúcida,
camada granulosa, camada espinhosa e a mais profunda é a camada basal (GARTNER,
2010).
Derme: sistema integrado de tecido conectivo que compõe a maior
parte da pele, determina sua elasticidade, flexibilidade e força de tensão. É subdividida
em derme papilar e derme reticular. A derme papilar faz fronteira com a epiderme, já a
reticular é um tecido conectivo denso e irregular que garante a força e a elasticidade da
pele, e é composta principalmente de colágeno do tipo I (FITZPATRICK, 2011).
A derme possui componentes como: fibroblastos, células dendríticas
dérmicas, macrófagos e mastócitos. Da matriz extracelular incluem: colágeno, elastina e
substância fundamental (HARRIS, 2009).
O colágeno é o principal componente do tecido conjuntivo dérmico,
uma das mais fortes proteínas naturais. Foco de muitas pesquisas antienvelhecimento e
também alvo de muitos produtos e procedimentos na pele (BAUMANN, 2004).
As fibras colágenas são as mais abundantes, são inelásticas,
compostas por fibrilas colágenas, onde estas possuem um arranjo em zigue-zague da
proteína tropocolágeno, composta de três cadeias α (GARTNER, 2010).

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Já as fibras elásticas dérmicas são compostas por quantidades


variáveis de microfibrilas e elastina. Essas fibras estão localizadas na periferia dos
feixes colágenos e fazem com que a pele volte ao normal após serem esticadas ou
deformadas (BAUMANN, 2004).
Hipoderme: constituída pelo tecido adiposo, confere regulação de
temperatura e termo isolamento, provisão de energia, proteção e suporte e também
funciona como depósito nutricional (HARRIS, 2009).

Estrias

Descrita como entidade clínica a centenas de anos, sua primeira


descrição histológica foi encontrada na literatura médica em 1889 (AZULAY et al.,
2009).
Os primeiros sintomas das estrias são: prurido, dor (em alguns casos),
erupção papular plana e levemente rosada. Dispõem-se paralelamente umas às outras e
seguem as linhas de clivagem, também chamada de Langer ou tensão. Demonstram
bilateralidade, ou seja, distribuem-se simetricamente em ambos os lados (GUIRRO e
GUIRRO, 2002).
Elas se formam devido aos danos que ocorrem na derme, consequente
de alguma deformação da pele, há uma distensão contínua da mesma, que ultrapassa os
limites da sua capacidade de contração, ou seja, sua elasticidade. As fibras de colágeno
e elastina da derme desarranjam-se ao redor do local onde ouve o rompimento,
formando uma lesão. A pele então inicia um processo de recuperação (RIBEIRO, 2010).
O processo inflamatório pode ser intenso, mononuclear e
principalmente perivascular. Pode edemaciar a derme, além das alterações se
estenderem por até 3 cm além da borda da estria , ocorre elastólise e desgranulação de
mastócitos, há um afluxo de macrófagos em torno das fibras elásticas fragmentadas. Já
na fase tardia, a epiderme se encontra aplainada, atrófica; na derme, as fibras elásticas
estão muito alteradas, e as colágenas se colocam em feixes paralelos à superfície, na
direção afetada pela força de distensão (AZULAY et al., 2009).
São hipertróficas quando se tornam mais altas que a superfície da pele,
e hipotróficas quando se tornam mais baixas que a superfície da pele. Podem também
variar de cor devido seu grau de evolução, sendo classificadas em rosadas ou iniciais,
atróficas e nacaradas (OLIVEIRA, 2008).

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 Estrias Rosadas: fase inicial, a fibra elástica apresenta-se


estriada, ainda há um processo inflamatório. É observado por transparência a intensa
circulação capilar da derme subpapilar (BRANCO, 2009).
Aparecem discretamente elevadas, pois há um edema ocasionado pelo
processo inflamatório, justificando muitas vezes o prurido no local, nessa fase inicial as
estrias se apresentam eritematosas, violáceas ou rubras, resultante da circulação presente
na mesma, consequente do processo inflamatório (AZULAY et al., 2009).
 Estrias Atróficas: possuem aspecto cicatricial, linha flácida central
e hipocrômica. As fibras elásticas dispõem-se enoveladas e algumas podem estar
rompidas, ocorre uma desorganização no colágeno, e os anexos da pele ainda estão
preservados. (BRANCO, 2009).
A atrofia se dá pela diminuição de espessura da pele, pois ocorre
redução do número e volume de seus elementos, representada por adelgaçamento,
pregueamento, secura, menor elasticidade e rarefação dos pelos, decorrente da ação
hormonal sobre o fibroblasto (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
 Estrias Nacaradas: após alguns meses, as estrias apresentam
tonalidade branco-nacarada, possuem uma flacidez central, são cobertas por epitélio
pregueado, os anexos não se encontram mais presentes, a maior parte das fibras
elásticas se encontram rompidas, ocorre evolução das lesões para fibrose (AZULAY et
al., 2009).
Existem três teorias que tentam justificar o aparecimento das mesmas
(BARROS, 2016).
 Teoria Mecânica: teoria mais aceita. O estiramento da pele resulta
no rompimento das fibras elásticas e colágenas da derme, dando origem às estrias.
Sendo assim, a distensão abdominal consequente da gravidez seria a causa das estrias na
gestante (striae gravidarun), assim como o “estirão de crescimento” em adolescentes, a
deposição de gordura em obesos, e o fattening slimming “efeito sanfona”, por regimes
de emagrecimento repetitivos (RIBEIRO, 2010).
Podem aparecem nas mamas tanto pela lactação, como pela colocação
de próteses mamárias, onde ocorrerá o aumento da mama e consequente estiramento da
pele. Está relacionada também com a prática de exercícios físicos extremos,
fisiculturismo, onde ocorre o aumento da massa muscular (AZULAY et al., 2009).

65
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

 Teoria Endocrinológica: explica que o aparecimento das estrias


em patologias está relacionado com o uso terapêutico de hormônios adrenais corticais
para tratamento da mesma (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
É associada também à comprometimentos hormonais, como por
exemplo na Síndrome de Cushing e Marfan, devido ao aumento de glicocorticoides, e
conticoterapias intensivas. Uso tópico ou sistêmico de corticosteroides, e o uso de
substâncias andrógenas, que são encontradas em anabolizantes (BARROS, 2016).
 Teoria Infecciosa: não possui muitos adeptos, já que a teoria
endocrinológica o surgimento das estrias devido o tratamento realizado à base de
corticoides, concluindo então, que o tratamento seria o fator desencadeante do processo
de formação das estrias (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Além das teorias ainda existe os fatores genéticos, nesse caso, os
genes determinantes para formação do colágeno, elastina e da fibronectina estão
diminuídos em pacientes portadores de atrofia linear cutânea, o que ocasiona alteração
no metabolismo do fibroblasto (BARROS, 2016).
Exposição solar em excesso também causa alterações nas fibras de
colágeno e elastina através da ação dos raios UV, comprometendo suas propriedades
(RIBEIRO, 2010).
As estrias podem ser encontradas tanto no sexo feminino como no
masculino, porém é mais predominante nas mulheres, cerca de 3 a 6 vezes a mais que
nos homens. A maior incidência ocorre na adolescência, pois está associada ao aumento
na excreção do 11-oxisteróide e do 17-cetosteróide (principal andrógeno adrenal)
(AGNE, 2011).
Para prevenir as estrias, adquirir hábitos saudáveis é essencial, como:
manter o corpo em forma; ter uma alimentação balanceada e uma boa ingesta hídrica;
evitar a automedicação também é um cuidado muito importante, pois existem alguns
remédios que interferem no peso, metabolismo e hormônios (PEREIRA, 2007).

Corrente Galvânica

Definida como movimento das cargas de mesmo sinal que se


deslocam no mesmo sentido, com uma intensidade fixa. O termo corrente contínua (CC)
ou corrente direta indica que a intensidade da corrente é constante em valor e em
sentido (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Os tecidos biológicos possuem uma grande quantidade de íons


positivos e negativos dissolvidos nos líquidos corporais, eles são colocados em
movimento ordenado por um campo elétrico polarizado aplicado na superfície da pele.
O movimento dos íons dentro dos tecidos tem como consequências, primeiramente
físicas e consequentemente químicas (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Os efeitos são: produção de calor; eletrólise; eletrotônus;
vasodilatação; aumento da ação de defesa; endosmose (eletrosmose); analgesia;
estimulação nervosa; anti-inflamatório; estimulante circulatório (BORGES, 2010).
A corrente é aplicada por meio de eletrodos, sendo dispostos de
acordo com o efeito que se deseja. É constituída por um polo negativo: vasodilatador,
alcalino, hidrata os tecidos, causa hiperemia e sangramento, menos germicida,
estimulante, não corrói os metais e causa dor na congestão; e um polo positivo sendo:
analgésico, sedativo e vasoconstritor, ácido, desidrata os tecidos, causa isquemia, detém
sangramentos, mais germicida, sedativo, corrói os metais por oxidação e alivia dor na
congestão (COSTA, 2009).

Eletrolifting

Eletrolifting é uma técnica desenvolvida em 1952, que tem por


finalidade produzir um levantamento na pele e estruturas adjacentes, devido a isso
surgiu à expressão lifting. A técnica é invasiva, porém superficial, reunindo os efeitos
do eletrodo em forma de agulha junto ao efeito da corrente contínua. Além de
Eletrolifting, a técnica pode ser chamada de “Galvanopuntura” ou
“Microgalvanopuntura” (BORGES, 2006).
O aparelho utiliza a corrente contínua com intensidade em
microampères. Além da corrente contínua, pode-se utilizar a corrente contínua pulsada
com frequência elevada (BORGES, 2006).
A corrente é distribuída em dois eletrodos de tamanho, forma e
características bem distintas. O eletrodo em forma de placa grande denominado como
eletrodo passivo é ligado ao polo positivo do aparelho (AGNE, 2011).
Há também um eletrodo com uma agulha acoplada em um “porta-
agulhas” em forma de caneta, denominado como eletrodo ativo ligado ao polo negativo
do aparelho. É utilizada uma agulha fina, rígida e pontiaguda para que penetre na pele
com facilidade, medindo no máximo 4 mm (BORGES, 2006).

67
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

O objetivo do procedimento puntural do eletrolifting é provocar uma


lesão tecidual. Juntamente aos efeitos galvânicos da microcorrente contínua, é
produzido um processo inflamatório, responsável pelo efeito de reparo nas estrias
(BORGES, 2006).
Estudos mostram que após sessões de eletrolifting ocorre um aumento
dos fibroblastos jovens, neovascularização e retorno da sensibilidade dolorosa,
consequentemente melhorando o visual da pele, próximo ao aspecto normal (BORGES,
2006).
Além das rugas e estrias, o eletrolifting também pode ser indicado em
tratamentos de hidratação; nutrição e revitalização; seborreia e edema (OLIVEIRA,
2014).
É contraindicado a aplicação do eletrolifting em clientes que
apresentam níveis elevados de glicocorticoides, endógenos ou exógenos, por exemplo,
na síndrome de Cushing, a terapia não deve ser realizada, pois os resultados serão
inferiores para a cliente. No caso das estrias durante a gravidez, o tratamento é realizado
quando os níveis hormonais regridem aos níveis anteriores à gravidez. Na puberdade,
por se tratar de um período de grandes alterações hormonais, alguns autores acreditam
ser a causa das estrias, devido a isso o tratamento não pode ser efetuado (BORGES,
2006).
Não tomar sol com o processo inflamatório ativo, pois pode manchar a
pele. Estimular sobre feridas recentes ou processo inflamatório ativo ocorre
agravamento ou cronificação do processo. Alergia ou irritações a corrente elétrica,
hipersensibilidade dolorosa, são fatores que podem dificultar ou impedir a técnica
(BORGES, 2006).
Também são contraindicações, neoplasias; lesões cutâneas no local,
diabetes descompensados, pois os mesmos possuem uma dificuldade maior de reparo
tecidual; marca-passo cardíaco; hiper/hipotensões descompensadas e epilepsia
(OLIVEIRA, 2014).

A Ação do Eletrolifting nas Estrias Albas

A coloração varia de acordo com seu grau de evolução, no início se


apresentam rosadas, já na fase tardia as estrias possuem coloração branca nacarada
(OLIVEIRA, 2008).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

As estrias brancas/albas não possuem processo inflamatório, tornando


seu tratamento mais lento. Há uma flacidez central, são cobertas por epitélio pregueado,
os anexos não se encontram mais presentes, a maior parte das fibras elásticas se
encontram rompidas, ocorre evolução das lesões para fibrose (AZULAY et al., 2009;
BRANCO 2009).
Os fibroblastos possuem uma capacidade de replicação baixa,
podendo ser modificada em resposta a estímulos controlados. Eles retêm a capacidade
de se dividirem, assim como o tecido epitelial e o tecido conjuntivo. Na estria o
fibroblasto está quiescente, e o estímulo elétrico de baixa intensidade mostrou-se
eficiente para aumentar sua replicação, as fibras e substâncias produzidos pelo mesmo
(BORGES, 2006).
Ocorre um acentuado aumento do número de fibroblastos jovens, uma
neovascularização e retorno da sensibilidade dolorosa após algumas sessões de
estimulação elétrica, consequentemente melhora o aspecto da pele, próximo ao normal
(AGNE, 2011).
O método é invasivo, mas superficial, e o processo de regeneração da
estria está baseado na compilação dos efeitos intrínsecos e extrínsecos da corrente
contínua e dos processos envolvidos na inflamação aguda (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
A técnica consiste na estimulação das estrias, até obter hiperemia e
edema preenchendo todo o trajeto da lesão. Em relação à intensidade da corrente,
utiliza-se cerca de 70 a 100 microampères, porém, os valores variam de acordo com a
sensibilidade do cliente. (BORGES, 2006).
A puntura é realizada de seis a dez pontos por centímetros lineares, de
forma que a introdução da agulha na pele seja paralela. O tempo de estância da agulha
em cada perfuração varia, porém não se deve ultrapassar três segundos (AGNE, 2011).
A agulha é introduzida entre as camadas da epiderme, mais
precisamente no estrato espinhoso, devido a isso não haverá sangramento, pois a agulha
não atinge a derme (BORGES, 2006).
Tendo em vista que o processo inflamatório é absorvido entre 2 a 7
dias, essa técnica deve ser realizada normalmente uma vez por semana, com a finalidade
de facilitar esse processo e evitar o risco de desenvolver uma inflamação crônica
desencadeada pela persistência do estímulo inflamatório agudo (BORGES, 2006).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A inflamação é a resposta imediata à lesão, os primeiros sinais são


vermelhidão, edema, calor e dor. Na fase aguda ou precoce, dura entre 24 e 48 horas,
seguida de uma fase subaguda ou tardia que dura entre 10 e 14 dias (WATSON, 2009).
O momento fundamental da inflamação é a vasodilatação onde ocorre
a hiperemia e calor. Em seguida a região tratada é preenchida por um exsudato
inflamatório composto de leucócitos, eritrócitos, proteínas plasmáticas e fáscias de
fibrina (BORGES, 2006).
O resultado pode variar em diferentes indivíduos, porém o tratamento
pode ser bem eficaz, desde que controlada as variáveis, diferenciando o número de
sessões de acordo com a cor da pele, idade, tamanho das estrias, etc., sempre realizando
uma boa avaliação. Geralmente os resultados positivos aparecem após a primeira
aplicação (AGNE, 2011; GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Alguns aspectos devem ser observados em relação à prática clínica:
quando a resposta inflamatória permanece entre 3 e 4 dias, o resultado tende a ser
melhor; pacientes que possuem dificuldades na cicatrização não obtém o resultado
esperado; em relação a coloração das estrias, no começo interfere nos resultados, pois as
vermelhas respondem melhor ao estímulo do que as brancas; nos pacientes com pele
escura, a regeneração tende a ser mais rápida que nos pacientes de pele clara (BORGES,
2006).
Não é recomendado outro tratamento associado ao eletrolifting, pois
pode haver ação anti-inflamatória, com exceção do uso de protetores solares, devido a
exposição ao sol que pode causar alterações discrômicas na pele (BORGES, 2006).
Pode ser aplicado no pós tratamento imediato, cosméticos específicos,
como vitamina C, fatores de crescimento, que vão estimular a produção do colágeno.
Indicados também no uso home care. No pré-tratamento, mais especificamente três
semanas antes, é indicado realizar um preparo da pele, para que a mesma responda
melhor ao tratamento. O pré-tratamento tem a finalidade de uniformizar a camada
córnea; descompactar os queratinócitos para melhor permeação dos princípios ativos;
reduzir a produção de melanina, evitando a hiperpigmentação das estrias; estimular o
metabolismo, melhorando o ritmo de produção do colágeno (BARROS, 2016).

Considerações Finais

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Atingir o padrão de beleza imposto pela sociedade faz com que as


pessoas não se sintam satisfeitas com o corpo, buscando cada vez mais melhorar a
aparência. As estrias são desagradáveis tanto no ponto de vista do indivíduo que a
possui, como para a sociedade. Sendo assim tratamentos para melhorar as mesmas são
procurados diariamente.
Por serem lesões tegumentares adquiridas, as estrias possuem difícil
tratamento, principalmente quando já estão brancas, pois não há processo inflamatório
como nas estrias rosadas. Várias técnicas são utilizadas atualmente para o tratamento
das estrias, porém não é comprovada a eliminação total das mesmas.
O eletrolifting é uma técnica utilizada no tratamento das estrias, o
estímulo físico da agulha junto com a estimulação da corrente galvânica, promove um
processo de reparação, através do processo inflamatório que foi proporcionado.
Os resultados são satisfatórios, pois há uma melhora comprovada em
todos os aspectos das estrias: cor, tamanho e espessura.

REFERÊNCIAS

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disfunções estéticas. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010. 678 p.

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conceitos e técnicas. 1. Ed. São Paulo: Phorte, 2016.

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Janeiro: Revinter, 2009. 67 p.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

GUIRRO, Elaine Caldeira de Oliveira; GUIRRO, Rinaldo Roberto de J. Fisioterapia


dermato-funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Manole, 2002. 560 p.

HARRIS, Maria Inês Nogueira de Camargo; HOFFMANN, Maria Edwiges; CRUVIEL,


Adriane. Pele: estrutura, propriedades e envelhecimento.3. ed. São Paulo: Senac, 2009.
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PEREIRA, Franklin. Eletroterapia sem mistérios: aplicações em estética facial e


corporal. 3. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2007 240 p.

RIBEIRO, Claúdio de Jesus. Cosmetologia aplicada a dermoestética. São Paulo:


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Janeiro: MedBook, 2012. 414 p.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

AVALIAÇÃO DA CONDUTA DE BIOSSEGURANÇA DE MAQUIADORES


EVALUATION OF THE BIOSECURITY CONDUCT OF MAKEUP ARTISTS

Carla Eloisa Silva Rezende¹


Adrielly Michely Ferreira2
Luana Delgado Munhoz de Oliveira3

RESUMO

O trabalho no setor da beleza cresce a cada dia, com isso surgiram muitos cursos profissionalizantes e
assim como na saúde, a rotina de maquiagem deve seguir normas de biossegurança. Quando seguidas
corretamente conseguimos evitar a contaminação de materiais como também a transmissão de possíveis
doenças entre profissional/cliente ou vice-versa. O objetivo foi avaliar a conduta de biossegurança de
maquiadores. Realizou-se uma pesquisa exploratória comparativa com maquiadores. As informações
foram obtidas por meio de um questionário composto de 18 perguntas. Ao final foi obtida uma amostra de
28 questionários completos coletados por profissionais e feita uma avaliação de frequência e cruzamento
de informações, realizando uma análise descritiva dos dados obtidos. Como resultado 71,4% dos
entrevistados respondeu ter conhecimento sobre biossegurança, porém quando questionados quanto ao
procedimento de limpeza e desinfecção correto apenas 3,6%, correspondente a um indivíduo, respondeu
seguir as técnicas corretamente. Levantou-se também que 53,6% dos indivíduos apresentam formação
superior, 42,9% o ensino médio completo e 3,6% apenas o ensino fundamental. Os resultados se
mostraram relevantes entre o escasso conhecimento de biossegurança empregado no universo da
maquiagem.

Palavras-chaves: saúde; maquiagem; beleza; limpeza; desinfecção.

ABSTRACT

The work in the beauty industry is growing every day, it appeared many professional courses and as well
as in health, makeup routine should follow biosecurity standards. When followed correctly could prevent
contamination of materials but also the transmission of possible diseases among professional / client or
vice versa. The objective was to evaluate the conduct of makeup artists biosecurity. We conducted a
comparative exploratory research with makeup artists. The information was obtained through a
questionnaire composed of 18 questions. At the end it was obtained a sample of 28 completed
questionnaires collected by professionals and made a frequency of evaluation and crossing information,
performing a descriptive analysis of the data obtained. As a result 71.4% of respondents reported having
knowledge about biosecurity, but when asked about the cleaning procedure and proper disinfection only
3.6%, corresponding to an individual, said following the techniques correctly. It also raised that 53.6% of
people have higher education, 42.9% completed secondary education and 3.6% only primary education.
The results were significant between poor knowledge of biosecurity employed in the makeup universe.
Keywords: health; makeup; beauty; cleaning; disinfection.

___________________________
¹Discente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil
²Docente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil.
3
Mestre em Microbiologia- Docente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário
Filadélfia – Unifil.

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INTRODUÇÃO

O profissional maquiador deve adotar condutas de biossegurança, pois


todo o processo de trabalho envolve probabilidade de riscos biológicos, químicos,
físicos e ergômetros.O trabalho como maquiador envolve todos os riscos, mas em
particular o risco biológico se sobre sai. Com esse conhecimento torna-se
imprescindível na aplicação das técnicas na rotina de trabalho, garantindo assim a
segurança.
O contato direto com o cliente se dá por meio das mãos, com isso é
necessária uma higienização e antissepsia das mesmas, para que assim não haja
infecções cruzadas. Como sabemos nossa pele é colonizada por micro-organismos, que
se chama microbiota natural. Com isso temos a microbiota residente, que são bactérias
encontradas normalmente em nossa pele, unhas, folículos pilosos e entre os dedos, elas
podem causar danos em indivíduos imunodeprimidos ou após cirurgias. E também
apresentamos a microbiota transitória que são bactérias adquiridas por contato com o
ambiente, essas são responsáveis por infecções mais sérias (HINRICHSEN, 2004).
Os pincéis são considerados como artigos semicríticos, pois entram
em contato com pele não integra do indivíduo ou com mucosas íntegras. Requerem
limpeza e desinfecção. Sendo assim, Ramos (2009) afirma que os pincéis são de uso
individual e para ser reutilizado necessita de limpeza e desinfecção. Que de acordo com
o autor deve-se: Mergulhar os pincéis sujos em uma cuba, contendo solução de 0,5% de
detergente enzimático ou xampus para cabelos normais (diluição conforme do
fabricante), deixar de molho por 5 minutos. Após, massagear as cerdas a fim de retirar
restos de produtos e sujidades, enxaguar abundantemente com água corrente. Deixar
secar naturalmente, com secador de cabelos ou em estufa para esse fim (no máximo
50ºC), borrifar álcool 70º e secar naturalmente.Produtos como álcool, solventes
limpadores de pincéis, água morna e sabão são necessários para a limpeza e desinfecção
dos pincéis com resíduos.
Para evitar a contaminação direta dos produtos, utiliza-se uma paleta e
espátula para a retirada de produto da embalagem para assim poder ser aplicado na
cliente (SCHNEIDER, 2010). Diante do cenário apresentado, foi avaliada a conduta de
biossegurança de maquiadores de Londrina-PR.

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METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado através de uma pesquisa exploratória
comparativa com maquiadores, na cidade de Londrina-PR, no período de 13 de abril de
2016 a 29 de junho de 2016. As entrevistas foram realizadas por meio de um
questionáriocomposto por 18 perguntas que variam entre questões alternativas e
dissertativas sobre conhecimento e seguimento das normas de biossegurança na prática
da maquiagem. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos da UniFil, identificada pelo número de registro: CAAE-
50693815.0.0000.5217. Obteve-se a autorização de cada profissional, por meio do
termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Os dados obtidos foram
digitalizados para uma planilha do programa Microsoft Excel2010 e realizados
avaliação de frequência e cruzamento de informações, realizado por fim uma análise
descritiva dos dados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre os entrevistados, 96,4% afirmaram ter realizado cursos


profissionalizantes (Tabela 1) e quando perguntados se nos cursos foi ensinado sobre as
normas de biossegurança (Tabela 2), 50% responderam não e 46,4% que “sim, foi
ensinado”.

Tabela 1 – Realização de curso profissionalizante por maquiadores da cidade de Londrina-PR


Você realizou cursos para se profissionalizar
Frequência % % Válido
como maquiador?
Não 1 3,6 3,6
Sim 27 96,4 96,4
Total 28 100,0 100,0

Tabela 2 – Ensinamento sobre biossegurança à maquiadores de Londrina-PR


Se “sim” na questão anterior, foi ensinado sobre
Frequência % % Válido
biossegurança?
Não realizou o curso 1 3,6 3,6
Não foi ensinado 14 50,0 50,0
Sim foi ensinado 13 46,4 46,4
Total 28 100,0 100,0

Tendo em vista esse conhecimento, foi pedido que explicassem do que


se trata a biossegurança, como mostra a Tabela 3, 67,9% dizem que a biossegurança
evita a transmissão e contaminação de clientes e apenas 3,6%, equivalente a um

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

indivíduo acredita que a biossegurança é a segurança em todos os sentidos, do


profissional e cliente.

Tabela 3 – Conhecimento das técnicas de Biossegurança por profissionais maquiadores na cidade de


Londrina-PR
Se sim dê uma breve explicação do que se
Frequência % % Válido
trata?
Evitar transmissão/ contaminação de clientes 19 67,9 95,0
Segurança dos maquiadores e clientes 1 3,6 5,0
Total 20 71,4 100,0
Não tem conhecimento 8 28,6
Total 28 100,0

O que é confirmado por Ramos (2010), que defende que com o


seguimento das normas de biossegurança há uma minimização de riscos químicos,
biológicos, físicos e acidentes ergonômicos para o profissional e cliente.
Sobre o conhecimento das normas de biossegurança na maquiagem
71,4% demonstravam ter conhecimento. Porém quando questionados sobre o processo
que empregam na limpeza dos pincéis de maquiagem (Tabela 4), 50% responderam
utilizar somente limpador para pincéis.
Sendo que a forma mais eficaz seria a limpeza com o limpador
comercial específico, lavagem com água e sabão e álcool 70% sendo esta forma citado
por apenas um entrevistado. Ramos (2010) afirma que a desinfecção dos pincéis pode
ser feita com detergente enzimático ou xampus para cabelos normais, massageando para
retirar as sujidades e detritos de produtos, deixar secar naturalmente, com secador de
cabelos ou estufa (máximo de 50ºC), borrifar álcool 70% e secar naturalmente.

Tabela 4 – Procedimento de limpeza dos pincéis realizados por maquiadores de Londrina-PR


Descreva como você realiza a limpeza dos
Frequência % % Válido
pincéis de maquiagem:
Lavagem 4 14,3 14,3
Lavagem+ alcool 70 1 3,6 3,6
Limpador de pincéis 14 50,0 50,0
Limpador de pincéis + lavagem 2 7,1 7,1
Limpador de pincéis+ alcool 70 1 3,6 3,6
Limpador de pincéis+ lavagem + alcool 70 1 3,6 3,6
Limpador de pincéis+lavagem 5 17,9 17,9
Total 28 100,0 100,0

Analisando o cruzamento de dados dos procedimentos de limpeza


com o ensino sobre biossegurança nos cursos, transpareceu que 50% dos profissionais

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utilizam somente o limpador comercial por sua facilidade de uso e rapidez de remoção
de sujidades superficiais, assim, esse grupo afirmou que lhes foi transmitido
informações sobre biossegurança, mas podemos ver que de modo errôneo, sendo o
procedimento correto citado por apenas 3,6% com a remoção de sujeira superficial com
o limpador comercial, lavagem com sabão para limpeza mais profunda das cerdas e
aplicação de álcool 70% para a diminuição da carga microbiana, com estes
procedimentos os materiais se tornam mais seguros.
Os participantes disseram conhecer as normas, porém apenas 42,9%
alegam aplicar procedimentos de biossegurança na rotina de trabalho, é um percentual
baixo já que é de extrema importância.
Dentre os participantes, 89,3% acha necessário limpar seus materiais,
sendo que para 85,7% é importante desinfetar os pincéis. Visto que a frequência de
higienização é alegada ser feita após o uso por 60,7% e de 1 a 2 vezes na semana com
39,3%.
Avaliando a chance de transmissão de doenças durante a maquiagem
(Tabela 6), 42,9% responderam que acreditam sempre existe chance, 32,1% que as
vezes pode acontecer transmissões e 25 % em que a maioria das vezes pode ocorrer.
Conseguimos avaliar que o conhecimento das normas influencia positivamente nos
profissionais durante seu trabalho, pois dos 42,9%, 83,3% conhecem as normas e as
aplicam corretamente.
Os cruzamentos de dados mostrados nas Tabelas 5 e 6 mostram que os
cursos conseguem transmitir o conhecimento dos perigos de possíveis doenças que
podem ser transmitidas, assim como quando não ensinado os profissionais apresentar
uma conduta incorreta.

Tabela 5–Cruzamento de dados entre o conhecimento de biossegurança e chance de transmissão de


doenças
Você acha que existe chance de
transmissão de doenças durante a
Você tem conhecimento sobre as normas
maquiagem? Total
biossegurança para maquiagem?
Maioria
Às vezes Sempre
da vezes
62,5% 12,5% 25,0% 100,0%
Não
55,6% 14,3% 16,7% 28,6%
20,0% 30,0% 50,0% 100,0%
Sim
44,4% 85,7% 83,3% 71,4%
32,1% 25,0% 42,9% 100,0%
Total
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

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A Tabela 6 mostra que a transmissão de doenças durante a maquiagem


se relaciona com o que é ensinado aos profissionais nos cursos profissionalizantes, 50%
dos entrevistados têm o conhecimento correto de que sempre é possível que haja
transmissões, porém outros 50% tem o mesmo conhecimento, mas não lhes foi ensinado
em cursos, mostrando que eles buscam conhecimento por outros meios.

Tabela 6–Correlação entre o ensinamento de biossegurança e transmissão de doenças


Você acha que existe chance de transmissão de
Se “sim” na questão anterior, foi
doenças durante a maquiagem? Total
ensinado sobre biossegurança?
Às vezes Maioria das vezes Sempre
100,0% 100,0%
Não realizou o curso
14,3% 3,6%
50,0% 7,1% 42,9% 100,0%
Não foi ensinado
77,8% 14,3% 50,0% 50,0%
15,4% 38,5% 46,2% 100,0%
Sim foi ensinado
22,2% 71,4% 50,0% 46,4%
32,1% 25,0% 42,9% 100,0%
Total
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Com isso conseguimos analisar que 78,6% sempre avalia a pele da


cliente para constatar sua integridade, como descrito por Pereira (2009) que a
integridade cutânea pode se apresentar alterada por perda total ou parcial do tecido ou
por modificação da estrutura, a qual comprometa a função de “barreira”.
Sendo assim, a Tabela 7 mostra que ao realizar a maquiagem a pele
deve estar integra e limpa, caso esteja machucada, ao receber os produtos pode gerar
uma irritação e sensibilidade por conta da pele lesada e a deposição de produtos
químicos em seu interior.

Tabela 7–Cruzamento de dados entre o conhecimento de biossegurança e análise de integridade cutânea


Antes de iniciar uma maquiagem você analisa a
Você tem conhecimento sobre as
pele da sua cliente a fim de avaliar se está íntegra
normas biossegurança para Total
(sem machucados)?
maquiagem?
Às vezes Maioria das vezes Sempre
12,5% 87,5% 100,0%
Não
33,3% 31,8% 28,6%
15,0% 10,0% 75,0% 100,0%
Sim
100,0% 66,7% 68,2% 71,4%
10,7% 10,7% 78,6% 100,0%
Total
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

78
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Dos entrevistados, 96,4% responderam que, caso a cliente apresente


os lábios machucados com aparência de herpes labial, utilizariam materiais descartáveis,
e 3,6% realizariam a maquiagem como de costume (Tabela 8). BASTIANI e MELLA
(2008) afirmam que a transmissão do vírus do herpes se dá por via oral ou respiratória,
sendo assim imprescindível o uso do material descartável e EPI.
Isso mostra que os profissionais precisam se atualizar e estudar sobre
doenças e suas transmissões.

Tabela 8 – Cruzamento de dados entre conhecimento de biossegurança e herpes labial de maquiadores de


Londrina-PR
Caso a cliente apresente um machucado nos lábios com
Você tem conhecimento aspecto de herpes, porém a mesma diz que não é como
sobre as normas deve proceder?
Total
biossegurança para Realiza a Realiza a maquiagem, porém com
maquiagem? maquiagem como materiais descartáveis (esponjas e
de costume pincéis descartáveis)
100,0% 100,0%
Não
29,6% 28,6%
5,0% 95,0% 100,0%
Sim
100,0% 70,4% 71,4%
3,6% 96,4% 100,0%
Total
100,0% 100,0% 100,0%

Quando falamos de doenças contagiosas, entra em questão a


conjuntivite, como mostrado na Tabela 9, 64,3% dos participantes responderam que ao
se deparar com uma cliente que apresente ou suspeite da doença, utilizam materiais
descartáveis, 66,7% tem o conhecimento dos perigos da doença, porém executam seu
trabalho, expondo a si próprio e a outros indivíduos. Apenas 33,3% disseram não tem
conhecimento algum de biossegurança e que executam a maquiagem como de costume.
O autor Sammarco (2004) afirma que a alta transmissibilidade da
conjuntivite e se dá por meio do contato direto com secreções oculares de uma pessoa
infectada e de maneira indireta por meio de superfícies, instrumentos ou soluções
contaminadas. Sendo assim a tabela também mostra uma parcela dos indivíduos com
25% que não realizariam a maquiagem por seu alto grau de contágio, e dentre valor,
57,1% tem conhecimento das normas e 42,9% não o tem, porém conhecem os riscos
que a doença traz.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Tabela 9 – Cruzamento de dados entre o conhecimento de biossegurança e conjuntivite de maquiadores


de Londrina-PR
Sua próxima cliente senta em sua cadeira e você percebe que
Você tem seu olho está vermelho e a mesma relata que está com
conhecimento sobre conjuntivite, como deve proceder?
as normas Realizo a Não realizo a Total
Realizo a
biossegurança para maquiagem com maquiagem, pois a
maquiagem, pois não
maquiagem? materiais doença é muito
posso perder cliente
descartáveis contagiosa
12,5% 50,0% 37,5% 100,0%
Não
33,3% 22,2% 42,9% 28,6%
10,0% 70,0% 20,0% 100,0%
Sim
66,7% 77,8% 57,1% 71,4%
10,7% 64,3% 25,0% 100,0%
Total
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Com os dados da Tabela 10 pudemos constatar que dentre os


profissionais (10,7%) que alegam realizar normalmente a maquiagem, 66,7% não
tiveram aulas sobre a biossegurança em seus cursos profissionalizantes, e que 33,3%
tiveram informações, mostrando que essa parcela de profissionais deve realizar uma
reciclagem e buscar conhecimentos.

Tabela 10 - Cruzamento de dados entre conjuntivite e ensinamentos de biossegurança


Sua próxima cliente senta em sua cadeira e você percebe
que seu olho está vermelho e a mesma relata que está com
Se “sim” na questão conjuntivite, como deve proceder?
anterior, foi ensinado Realizo a Realizo a Não realizo a Total
sobre biossegurança? maquiagem, pois maquiagem com maquiagem, pois a
não posso perder materiais doença é muito
cliente descartáveis contagiosa
100,0% 100,0%
Não realizou o curso
5,6% 3,6%
14,3% 57,1% 28,6% 100,0%
Não foi ensinado
66,7% 44,4% 57,1% 50,0%
7,7% 69,2% 23,1% 100,0%
Sim foi ensinado
33,3% 50,0% 42,9% 46,4%
10,7% 64,3% 25,0% 100,0%
Total
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Como resposta a questão relacionada ao descarte do material utilizado,


64,3% respondeu fazê-lo em lixo comum. De acordo com a RDC Nº 306, o
gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde se dá por grupo A, que são substâncias
infectantes, grupo B substâncias químicas, grupo C substâncias com presença de
radiação, grupo E com resíduos perfurocortantes e grupo D que são resíduos com

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

destinação a reciclagem ou reutilização. Dentre a segregação do grupo D, temos papeis,


metais, vidros, plásticos e resíduos orgânicos. Com os dados da pesquisa concluímos
que os profissionais maquiadores apresentam um conhecimento muito escasso em
relação às normas de biossegurança. Não conseguem diferenciar limpeza e desinfecção
dos materiais, utilizando técnicas falhas, já que a maioria dos entrevistados alega utilizar
somente o spray de limpeza comercial que só promove a remoção de sujidade e detritos.
Também podemos concluir que existe a preocupação em realizar
procedimentos seguros, porém vimos que os cursos feitos por eles não abordar
corretamente o tema, deixando os profissionais e clientes expostos à contaminação de
doenças.

REFERÊNCIAS

BASTIANI D. D., MELLA E. A. C.: Avaliação do Nível de Conhecimento dos


Alunos de Uma Instituição de Ensino Superior Sobre o Herpes Simples Disponível
em:<http://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/806> Acesso
em: 29 ago. 2016.

HINRICHSEN, S. L..Biossegurança e controle de infecções: risco sanitário


hospitalar.Medsi, 2004.

PEREIRA, M. M. F. I.: Estudo in vivo do impacto biológico de diferentes materiais


de penso sobre a integridade cutânea. Tese de mestrado. Universidade de Lisboa,
Faculdade de Farmácia, 2009.

RAMOS, J. M. P. Biossegurança em estabelecimentos de beleza e afins. São Paulo:


Atheneu, 2010.

RDC/ANVISA nº 306, de 7 de dezembro de 2004.

Revista Saúde e Pesquisa, v. 1, n. 2, p. 137-143, maio/ago. 2008 – ISSN 1983-1870.

SAMMARCO, G. N. et al. Análise epidemiológica da conjuntivite viral após


estratégias de controle em Pompéia-Sp. SaBios-Revista de Saúde e Biologia, [S.l.],
v. 9, n. 1, p. 6-10, mar. 2014. ISSN 1980-0002. Disponível em:
<http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/sabios2/article/view/1404/569>.
Acesso em: 29 ago. 2016.

SCHNEIDER, E. M.; REIS, M.; THIVES, F..TENDÊNCIA DO MERCADO DA


MAQUIAGEM: Conceito da Arte e da Tecnologia, é livro ou artigo?2010.

81
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

BIOSSEGURANÇA NA ESTÉTICA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA DAS


REGRAS ENTRE MANICURES E PEDICURES
BIOSECURITY IN THE AESTHETIC: OF KNOWLEDGE TO THE PRACTICE OF
THE RULES BETWEEN MANICURES AND PEDICURES
Ana Carolina do Prado Festi¹
Adrielly Michely Ferreira2
Luana Delgado Munhoz de Oliveira3

RESUMO

As preocupações com a beleza e bem-estar levam as pessoas na busca cada vez maior dos centros de
Estética. Dentre os serviços oferecidos nesses locais há o trabalho da manicure e pedicure, que pode
expor cliente e profissional a acidentes com materiais perfuro-cortantes e micro-organismos podendo
ocasionar doenças infectocontagiosas. Esses riscos podem ser prevenidos pelo seguimento correto das
regras de Biossegurança, padronizadas pelos órgãos competentes, o uso de Equipamento de Proteção
Individual é o principal. No intuito de, principalmente, levantar dados sobre o conhecimento e adesão das
normas de biossegurança na cidade de Apucarana/PR, foi realizada uma pesquisa com 16 profissionais,
voluntárias, manicures e pedicures, que responderam a um questionário contendo 46 questões sobre:
higienização das mãos, procedimentos de esterilização, uso de equipamentos de proteção individual e
outros pontos relacionados. Todos os entrevistados alegaram lavar as mãos depois de utilizar o banheiro,
75% sempre lavam entre um atendimento. Alguns entrevistados, mesmo sabendo dos riscos, não fazem o
uso correto e contínuo dos EPI´s. Todas as entrevistadas afirmaram fazer a esterilização dos artigos
críticos (alicate e afastadores de cutículas) e a limpeza do material antes de submetê-lo a esterilização.
Pudemos observar que a maioria dos manicures/pedicures entrevistados não cumprem os procedimentos
corretos de biossegurança, mesmo conhecendo as regras.

Palavras-chaves: EPI, higienização das mãos, salão de beleza, normas de higiene, segurança no trabalho.

ABSTRACT

The concern about beauty and welfare drives people to increasingly search the Aesthetics centers. Among
the services offered in these places, there’s the work of the manicure and pedicure, which can expose the
customer and the Professional to accidents with Sharp materials and micro-organisms and may cuase
infectious diseases. These risks can be prevented by following correctly the biosafety rules, standardized
by the competent organs, the use of Indvividual Protection Equipamentbeeing the main one. In order to,
mainly, collect data about the knowledge and accession of the biosecurity rules on the city of
Apucarana/PR, it was made a research with 16 professionals, volunteers, manicures and pedicures, that
answered a questionary with 46 questions about: hand sanitization, sterilization procedures, use of
individual protection equipaments and other realated topics. All the interviewees claimed to have washed
their hands after using the bathroom, 75% allways wash their hands between one attendance and another.
Some interviewees, even knowing the risks, don’t do the correct and continuous use of the IPE’s. All the
interviewees said that they do the sterilization of the critical items (pliers and cuticles retractors) and the
cleaning of the material before submit it to the sterilization. We could see that most of the
manicures/pedicures interviewed do not meet the correct procedures of biosecurity.

Keywords: IPE, hand sanitization, beautysaloon, hygienerules, safety a twork.

___________________________
¹Discente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil
²Docente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil.
3
Mestre em Microbiologia- Docente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário
Filadélfia – Unifil.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

INTRODUÇÃO
Com o crescimento das áreas de Estética e Cosmética, o mercado de
trabalho exige profissionais que estejam cada vez mais capacitados e informados, não só
para aplicação dos serviços oferecidos, mas também com cuidados às normas de
biossegurança. Apesar disso, esse crescimento não tem sido seguido da qualificação
profissional adequada, o que expõe o trabalhador e a clientela atendida por ele
(GERSON, 2001 apud HALAL, 2011).
Dentre os vários serviços prestados na Estética estão os de manicure e
pedicure. Segundo Moren (2009), manicures cuidam das mãos e das unhas para que elas
fiquem com um aspecto limpo e bem cuidado e pedicures cuidam dos pés e suas unhas
para que sejam saudáveis. O profissional desta área fica exposto a muitos riscos: de
acidentes, ergonômicos, físicos, químicos e os biológicos que mais preocupam os
agentes de saúde (BRASIL, 1995).
Os riscos biológicos estão relacionados com a transmissão de micro-
organismos e de doenças como: hepatite B, hepatite C, HIV (vírus da imunodeficiência
humana) e também as micoses, as quais estão submetidas profissionais e clientes. Essas
patologias são disseminadas por meio de materiais utilizados em diversos
procedimentos que não são devidamente esterilizados.
Esses podem ser evitados seguindo as normas de biossegurança que é
caracterizada por: “Biossegurança é a condição de segurança alcançada por um conjunto
de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às
atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente”
(FIOCRUZ, 2002).
Sendo, assim com o aumento dos riscos de contaminações por micro-
organismos o intuito desse trabalho será foi avaliar o nível de conhecimento e adesão
das normas de biossegurança em salões de beleza e centros de estética que oferecem
esses serviços, através da aplicação de questionários em Apucarana-PR.

METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado através de uma pesquisa exploratória


comparativa com manicures/pedicures que foi conduzida em estabelecimentos de beleza
localizados na cidade de Apucarana-PR. A coleta de dados foi realizada no período de 2
meses, de março a maio de 2016.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres


Humanos da UniFil, com o númerode Registro: CAAE- 50697715.2.0000.5217.
Para seleção dos estabelecimentos buscou-se aqueles com alvará de
funcionamento, com a ajuda da Prefeitura Municipal de Apucarana foram mapeados
todos os salões com o alvará, endereço e número de telefone.
As entrevistas foram realizadas por meio de visita aos
estabelecimentos e somente mediante permissão dos proprietários e concordância do
profissional em responder as perguntas.
O questionário foi composto por 46 perguntas que variam entre
alternativas e dissertativas sobre Biossegurança no ambiente de trabalho. Junto ao
mesmo, havia um termo que foi assinado pelo profissional alegando que ele concorda
com os termos da pesquisa e que suas respostas serão mantidas em sigilo (vistas
somente pela estudante que aplicou o questionário e sua orientadora para a coleta dos
resultados).
Foram coletados resultados dos questionários que estavam completos
(com todas as respostas preenchidas) e legíveis. Os dados obtidos foram digitalizados
para uma planilha do programa Microsoft Excel2010 e analisados estatisticamente com
o software IBM SPSS (versão 23.0) por análise de frequência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na vigilância sanitária do município de Apucarana, em 2015,
totalizava 246 estabelecimentos estéticos cadastrados, destes foram procurados pelo
presente trabalho 111, dos quais 25 não forneciam o serviço de manicure e/ou pedicure,
40 não foram encontrados, 26 não existiam mais e 4 pessoas se negaram a participar da
pesquisa.
Ao final foram obtidos 16 questionário, respondidos em sua totalidade
por pessoas do sexo feminino. A variável de idade foi de 21 a 51 anos gerando uma
média de 35 anos. Quanto à escolaridade, a maioria das entrevistadas possuía ensino
médio completo.
A carga horária de trabalho das participantes variou de 2 a 12 horas
por dia e o tempo de atuação na área foi de menos de 2 a 35 anos. A formação
profissional foi realizada por meio de curso profissionalizante em 62,5% dos casos ou
treinamento informal com amigos ou parentes em 37,5%.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Quando questionadas quanto ao significado das normas de


Biossegurança todas alegaram ter conhecimento das mesmas.
Todas disseram que lavam as mãos depois de utilizar o banheiro, 75%
disseram que sempre lavam as mãos entre um atendimento e outro, enquanto as outras
25% executam essa prática na maioria das vezes. Sobrinho e colaboradores (2014), em
uma avaliação do conhecimento e práticas de biossegurança em uma amostra de
profissionais de beleza de Goiânia-Goiás, demonstraram que 27% de todos os
entrevistados (manicures, cabeleireiros e esteticistas) declararam que não lavam as mãos
antes e/ou após o atendimento de cada cliente, sendo a adesão adequada de 50,4% entre
as manicures.
Na realização de uma pesquisa voltada para a percepção dos
consumidores de serviços de beleza em relação às normas de biossegurança utilizadas
em estabelecimentos da área, houve relatado de que 80% (n=110) dos entrevistados
observam a higienização das mãos dos profissionais antes e depois de cada
procedimento, sendo que 20% (n= 27) não observam, sendo um percentual ainda
elevado de não observância deste procedimento (SOUZA et al., 2007).
A lavagem das mãos é executada por 11 (68,8%) das profissionais
sempre com o uso de sabonetes líquido, porém apenas 8 (50%) delas relataram que
nunca utilizam sabonete em barra, pode-se supor que as outras 3 que não fizeram esse
relato, usariam sabonete em barra ou já usaram alguma vez. Apenas 2 (12,5%)
manicures sempre usam sabonete em barra.
Nos serviços de saúde, recomenda-se o uso de sabão líquido, tipo refil,
devido ao menor risco de contaminação do produto (BRASIL, 2007).
Os agentes anti-sépticos são substâncias aplicadas à pele para reduzir
o número de agentes da microbiota transitória e residente, entre os principais anti-
sépticos estão: alcoóis, clorexidina, compostos de iodo etc. (BRASIL, 2007).
Das 16 entrevistadas, 62,5% responderam sempre utilizar álcool 70%
após a lavagem das mãos, 18,8% na maioria das vezes e 18,8% às vezes.
Apenas 11% das manicures/pedicures relataram usar álcool 10% no
estudo de Oliveira e colabores (2014) que discutem sobre adesão às medidas de
biossegurança relacionadas à hepatite B por manicures.
Ao serem questionadas sobre o uso de luvas descartáveis apenas 6
(37,5%) sempre as utilizam, porém, 5 delas fazem a troca da luva após cada cliente e
apenas 1 faz a troca somente 2 vezes ao dia.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Houve relatos de 3 (18,8%) que as usam as vezes, 2 destas, quando utilizam, fazem a
troca após cada cliente e apenas 1 faz a troca somente uma vez ao dia. E ainda há 3
(18,8%) participantes que raramente fazem o uso das luvas, 2 não responderam a
frequência da troca e 1 relatou, que quando utiliza, faz a troca após cada cliente.
Em estudo realizado no município de São Paulo por Oliveira (2009),
cerca de 80% das profissionais manicures e/ou pedicures não utilizam luvas de
procedimento para atendimento aos clientes. Já no trabalho de Souza e
colaboradores (2007), 76% dos consumidores observaram o uso de luvas pelo
profissional.
A utilização de máscaras é ignorada por mais da metade (56,3%). das
entrevistadas no presente trabalho e apenas 18,8% sempre as utilizam, apenas uma faz a
troca a cada cliente.
A máscara é utilizada em procedimentos e servem para proteger as
mucosas dos olhos, nariz e boca de respingos (OPPERMANN e PIRES, 2003).
Apesar dos óculos de proteção e touca serem de relevância importante
para execução dos serviços das manicures e/ou pedicures, podemos observar que seu
uso não é realizado já que apenas 2 profissionais relataram que sempre fazem o uso de
óculos, sendo eles próprio para correção da visão que necessitam para realização do
serviço, caso contrário não utilizariam. As que responderam maioria das vezes (1) e
raramente (1) também procedem da mesma maneira. Apenas 1 entrevistada utiliza touca
e a mesma faz a troca do utensílio a cada cliente.
O uso de barreiras protetoras como luvas, aventais, máscara, gorros e
óculos irão reduzir as chances de exposição da pele e das mucosas a materiais
infectados (RAMOS, 2009).
Os jalecos/aventais são utilizados com a frequência de sempre por
25% entrevistadas, na maioria das vezes por 6,3% e as vezes por 12,3%. A troca do
utensílio foi a cada cliente (6,3%) e uma vez por dia (31,3%).
Na pesquisa realizada por Eufrásio e colaboradores (2011) sobre o uso
de EPI por profissionais de manicure e pedicure, foi constatado de que 41%, quase
metade dos colaboradores, faziam o uso de avental ou jaleco.
Sapatos fechados, que devem ser aderidos por esses profissionais, são
utilizados sempre por apenas 4 colaboradoras.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Quando perguntados se os clientes levam seus próprios kits de


manicure, houve somente um relato (6,3%) de que há essa pratica sempre, 31,3% na
maioria das vezes, 37,5% as vezes, 12,5% raramente e 12,5% nunca.
Apenas 1,7% dos entrevistados disseram que a maioria dos clientes
possuía seu próprio “kit”, nessas situações, 89,4% consistiam de alicate e
afastador/espátula de eponíquio; 45,5% do palito; 22,6% de esmalte; 8,1% de toalha de
tecido e 7,7% de hemostático, na tese realizada por Garbaccio (2013) sobre
conhecimento e adesão às medidas de biossegurança entre manicures e pedicures.
Algumas entrevistadas, mesmo sabendo dos riscos, não fazem o uso
correto e contínuo dos EPI´s, 6,3% delas pensam em economizar, 12,5% em poupar
tempo e, infelizmente, mais da metade (56,3%) relatam que não é necessário. A
pergunta ficou sem resposta por 18,8% delas (algumas das que sempre utilizam EPI).
Ainda sobre os Equipamentos de Proteção Individuais, o uso deles
causa incômodo ou desconforto em pelo menos 43,8% das profissionais, enquanto 25%
alegaram que não lhe causa nenhum tipo de desconforto e 31,3% não faz o uso.
Garbaccio (2013) ainda encontra outros motivos para a não utilização
de EPI pelas manicures entrevistadas em sua pesquisa, sendo as principais justificativas:
a causa de incômodo e desconforto durante o uso (38,3%), seguido de alergia 25,1%,
julgamento de que a atividade que realizam não as expõem a sangue e ferimentos
(10,6%), por trabalhar no ramo há muito tempo e nunca se acidentar (5,1%).
Quase todas as participantes (81,3%) não fazem a utilização de sapato
fechado e roupa branca durante seu trabalho. O uso de sapatos fechados durante os
procedimentos foi assinalado apenas por uma pessoa (EUFRASIO et al., 2011).
Dos equipamentos utilizados pelas manicures/pedicures o palito, que
se for de madeira deve ser trocado a cada cliente, e se for de metal deve ser utilizado em
apenas um cliente e depois esterilizado antes de ser manuseado novamente, é utilizado
corretamente (apenas em 1 cliente) pela maioria das profissionais (12). Apenas 1 utiliza
em 2 clientes e 3 usam o mesmo palito em inúmeros cliente (5 ou mais).
A lixa de unhas que também deve ser utilizada apenas em um cliente,
tem seu uso correto por 11 das profissionais. Duas profissionais utilizam em 2 clientes e
3 em 5 ou mais clientes.
Na sua pesquisa sobre procedimentos de biossegurança adotados por
profissionais prestadores de serviço de manicure, pedicures e outros profissionais,
Cortelli (2012) relatou que 17 manicures e pedicures, ou seja, 42,5% do total dos

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

pesquisados, afirmaram reutilizar lixa e/ou palito. Além de que, constatou-se por meio
do relato de 03 manicures e pedicures, ou seja, 7,5% dos entrevistados possuem o
costume de colocar palito de madeira no esterilizador. E até o hábito de limpar o palito
de madeira com álcool e reutilizar.
O uso de protetores plásticos para bacia é utilizado por quase todas as
entrevistadas. Apenas uma (6,3%) das que utilizam, alegou que usa o mesmo material
em 2 clientes, onze (68,8%) delas usam em apenas uma cliente e depois descartam.
Quatro (25%) afirmaram que não fazem o uso desse tipo de protetor plástico. Apenas
duas delas contaram esse método já foi substituído por algo que traz a elas economia e
também um impacto menos agressivo ao meio ambiente.
Ao serem questionadas sobre utilização de bacias ou recipientes para
colocar mãos ou pés dos clientes mergulhadas em água, 14 (87,5%) assinalaram que
fazem o uso, enquanto 2 (12,5%) não utilizam. Com base nessas respostas, pode-se
supor que duas das entrevistadas utilizam algum recipiente sem o protetor plástico.
Oliveira (2009), em sua tese da pós graduação, além de ter pesquisado
sobre prevalência de hepatite B e C em manicures e/ou manicures do município de São
Paulo, também procurou saber sobre a adesão dessas profissionais às normas de
biossegurança. Foram 100 entrevistadas, apenas 7 (7%) utilizavam sacos plásticos para
proteção das bacias e cubas.
Em relação ao descarte de resíduos, nove (56,3%) das profissionais
jogam fora os materiais descartáveis em um lixo próprio, sete (43,8%) infelizmente
jogam no lixo comum. Também foram questionadas sobre separação do lixo em:
biológico, reciclável e perfuro-cortantes, sendo que nove (56,3%) fazem a separação
correta do lixo e sete (43,8%) não fazem.
Garcia e colaboradores (2007) disseram que 77% dos locais por eles
entrevistados realizam as etapas de separação, acondicionamento e armazenamento dos
resíduos químicos e orgânicos, os outros 23% não fazem a separação coletando todo o
lixo em um único local, sem identificação e devido armazenamento.
Todas as entrevistadas afirmaram fazer a esterilização dos artigos
críticos (alicate e afastadores de cutículas) e a limpeza do material antes de submetê-lo a
esterilização. Nove das profissionais executam a limpeza com álcool 70%, duas utilizam
germicidas, uma faz o uso de detergente enzimático, uma com sabão comum e álcool e
uma com álcool 70% ou acetona. Duas pessoas não responderam essa questão.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Apesar do processo de descontaminação ser de elevada importância,


Gabaccio e Oliveira (2013), no estudo “Risco oculto no segmento de Estética e beleza:
uma avaliação do conhecimento dos profissionais e das práticas de biossegurança nos
salões de beleza”, relataram que apenas 3,3% de suas entrevistadas aderem ao método
recomendado (detergente enzimático).
Os métodos de esterilização tiveram respostas variadas. Houve relatos
de que somente o álcool 70% já seria eficaz, por isso 18,8% (3) das profissionais não
assinalaram nenhuma resposta para essa questão, já que a mesma não continha a opção
do álcool 70%. A estufa fica em primeiro lugar com 37,5% (6) das participantes
utilizando como o método mais preciso, a autoclave é bem recebido por 18,8% (3)
delas, o forninho por 12,5% (2) e a fervura por apenas 6,3% (1). Uma (6,3%) das
entrevistadas faz o uso de fervura seguido da utilização da autoclave.
Moraes e colaboradores (2012) em “Hepatite B: conhecimento dos
riscos e adoção de medidas de biossegurança por manicures/pedicures de Itaúna/MG”
disseram que dos seus 127 entrevistados, 83% utilizam como método de esterilização a
estufa, 11,3% a autoclave, 2,1% a panela de pressão, 0,9% álcool, 0,9% álcool e água
fervente, 0,9% formol e 0,9% um composto a base de amônio e formol chamado
Germekil.
Grande parte das colaboradoras (10) fazem a frequência de
esterilização do material entre uma cliente e outra, o que seria o modo correto. Seis
delas fazem o procedimento apenas uma vez ao dia. Por isso é ideal que esses materiais
(alicates, afastadores de cutícula) sejam de uso individual ou que cada cliente traga seu
próprio kit (BRASIL, 2012).
Após a esterilização o material deve ser armazenado em local
adequado, para que ele continue estéril até o seu uso. Porém, na prática pudemos
observar que isso não acontece, as respostas para esse quesito foram muito variadas.
Depois de esterilizados, os materiais críticos devem ser
acondicionados em lugar limpo, seco, livre de pó e insetos (BRASIL, 2012).

REFERÊNCIAS

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serviços de saúde, Brasília: ANVISA.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

DELINEAMENTO DE SOBRANCELHAS E SUA BIOSSEGURANÇA

DESIGN OF EYEBROWS AND ITS BIOSAFETY

Iara Palmira Anhaia Colussi 1;


Tania Cristina Labs2;
Luana Delgado Munhoz3

RESUMO

O presente trabalho consiste em explorar e detalhar as técnicas do delineamento de sobrancelhas e a


biossegurança que ocorre neste procedimento, desde a história das sobrancelhas. As técnicas expostas
neste trabalho proporcionarão não somente as profissionais da área, como para os clientes uma noção das
diversas formas de como realizar o trabalho mais adequado para cada cliente ficando ciente de como é
constituído a pele e o pêlo, sua cor a geometria e anatomia da face, o nervo trigêmeo, no qual é localizado
próximo as sobrancelhas. Esse trabalho demonstra a melhor forma de delinear cada formato de
sobrancelha com cada tipo de personalidade utilizando as técnicas de visagismo e fisiognomonia. Em
vista disso, a biossegurança aplicada a essa área se faz importante e necessária, a fim de desenvolver os
procedimentos com maior segurança e eficácia. A pesquisa é de caráter qualitativo, sua metodologia é
baseada em livros, sites, jornais e trabalhos acadêmicos compatíveis com este estudo. Atualmente,
sobrancelhas buscam naturalidade.

Palavras-chave: Design,Embelezamento do Olhar,Higiene.

ABSTRACT

The work present consists in explore and detail the techniques of the eyebrow design and the biosafety
that occurs in this progress, since the story of eyebrows. The technical exposed in the work will provide
not only professionals in the area as for the customers a notion of various forms how to do the job more
suitable for each client as is constituted the skin and the fur, your color is geometry and anatomy of face,
the trigeminal nerve that is localizated next the eyebrow. This work demonstrates in the best form of
outline each format of eyebrow with each face type of personality using the techniques Ofvisagism and
physiognomy. In view this, the biosafety applies to this area if it is important and necessary, in order to
develop the procedures with greater security and efficiency. The search is of qualitative character, your
methodology based on books, site, newspapers and academy work compatible with this study.

Keywords: Design, Beautifying the look, Hygiene.

¹ Graduada do Curso Superior de Tecnologia de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil, Londrina PR
2
Docente do Curso Superior de Tecnologia de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil, Londrina PR
3
Mestre em Microbiologia – Docente do Curso Superior de Tecnologia de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia –
Unifil, Londrina PR

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INTRODUÇÃO
As tendências na área da beleza sofrem progressos constantes com o
passar dos anos tendo a finalidade de despertar ainda mais o interesse dos
consumidores. A técnica de delineamento de sobrancelhas é uma delas que proporciona
uma harmonia com o rosto resguardando o ar de naturalidade, possui várias técnicas que
buscam atender a necessidade de cada pessoa.
As individualidades dos conceitos de beleza devem ser respeitadas,
pois cada indivíduo transmite sua força, dinamismo, autocontrole e harmonia, além da
autoestima (VIGARELLO, 2004).
O profissional dessa área deve estar atento a alguns aspectos básicos, a
fisiologia da pele, do pêlo, como ocorre a formação da sua cor, a geometria e anatomia
da face, ter conhecimento das técnicas de visagismo e a fisiogonimia para realizar o
melhor formato de cada sobrancelha e o modo que se realiza o procedimento de
delineamento utilizando os matérias que mais convém em cada procedimento como
pinça, ceras, hennas, lápis e sombra e em alguns casos a micropigmentação.
O aspecto da biossegurança em cada procedimento também deve ser
levado em consideração, pois consiste em atos voltados a prevenção de doenças no
ambiente de trabalho. E realizar corretamente a higienização das mãos antes e depois de
cada procedimento.
Convém salientar que para Costa e Costa 2002, a biossegurança é uma
ação educativa que através da associação de conhecimentos técnicos harmoniza
segurança da saúde não só do homem mais do meio ambiente em geral.
Sendo assim esse trabalho teve como finalidade exemplificar as
diferentes técnicas que avivam o embelezamento das sobrancelhas, assim como os
materiais e utensílios utilizados evidenciando as corretas técnicas de biossegurança e
seu conceito em cada técnica.

DESENVOLVIMENTO

Fisiologia da pele
A pele é composta por três camadas a epiderme, derme e a hipoderme
para alguns autores a hipoderme não é mais considerada a terceira camada da pele
(GUIRRO e GUIRRO, 2004).

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Segundo Souza (2004) a pele é a estrutura de revestimento de todo o


corpo humano e tem as funções de proteção contra a perda de água, o atrito e a entrada
de micro-organismos.
Para Vaz (2008) uma das funções da pele é a sensibilidade onde se
pode sentir calor, frio, tato e a dor através de receptores especializados: receptores
Krauser: que significa o frio; receptores Ruffini: Calor; Discos de Merkel: tato e
pressão; receptores de Vater-Pacini: pressão; receptores de Meissnwer: tato e as
Terminações Nervosas que é referente a dor.

Fisiologia do pêlo
Os pêlos desenvolvem-se dos folículos pilosos, se originam de uma
invaginação da epiderme e envolve sua base na área da derme conhecida como papila
dérmica (DAWBER,1996).
Vaz, (2008) diz que os pêlos possuem uma estrutura queratinizada que
sofrem diversos processos de renovação constante. No entendimento de Dawber e Neste
(1996) os folículos são inclinados em sentido horizontal da derme.
Estão distribuídos em quase todo o nosso corpo, e apresentam
desenvolvimento diferentes em certas regiões, com isso desempenham importante papel
de proteção especialmente quando anexados às aberturas naturais do corpo (GUIRRO e
GUIRRO, 2004).

Estrutura Óssea Facial


De acordo com Vaz (2008) o sistema esquelético é formado por 206
ossos interligados que formam uma armadura do corpo humano. O conjunto de ossos é
uma estrutura forte, sustenta o corpo, protege órgãos maiores e permite a realização de
movimentos, é formado pelo osso um tecido vivo irrigado e drenado por vasos
sanguíneos e nervos além de proteção os ossos armazenam cálcio e outros minerais e
produzem células de sangue (DI E DIO, 1996).

Estrutura Muscular Facial


Segundo Konrat, (2008) a musculatura do corpo humano se divide em
três categorias; músculos esqueléticos (estriados) são comandados pela vontade,
músculos viscerais (lisos) funcionam independentemente da nossa vontade e uma
categoria a parte é os músculos cutâneos localizados na face (músculos mímicos).

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A face possui, em média, 80 músculos que se contraem de acordo com


o estado emocional e que possuem propriedades como a contratilidade, a elasticidade e
a coordenação. Estes músculos, principalmente os responsáveis pela expressão facial
situam-se logo abaixo da pele, formando uma camada quase única. Desta forma, a
contração destes movimenta a cútis provocando depressões caracterizadas por linhas ou
fossas perpendiculares à direção das fibras musculares (BARBOSA, 2013).

Fisiogonomia
A fisiognomonia é a área do conhecimento que estuda os traços e
expressões do rosto, tentando entender e reproduzir as sensibilidades, decifrando
desejos e paixões, mostrando defeitos e qualidades, forças e fraquezas. (COURTINE;
HAROCHE, 1988).
Se caracterizou por constantes tentativas de revelar e desvendar a
linguagem das expressões faciais, apesar de percebidas como naturais estas expressões
forram aprendidas e transmitidas social, cultural e historicamente (FOUCAULT, 1989).
Cada rosto tem uma expressão facial e pode ser dividido em três
partes a área superior corresponde à testa. A segunda área vai das sobrancelhas à raiz do
nariz, a terceira inicia-se na raiz do nariz e vai até o final do queixo (PELLOZZO, 2008;
MARTINEZ, 1997).
Visagismo
Segundo Hallawell (2006), visagismo é um termo que vem da palavra
visage, que em francês significa rosto, o termo visagismo surgiu em 1936 pelo francês
Fernand Aubry, para mostrar a importância de valorizar a beleza de cada pessoa,
analisar as características físicas como formato do rosto, tons de peles e feições.
Um dos conceitos em visagismo se refere a uma suposta possibilidade
de leitura de uma imagem humana, expressa por meio das linhas da face (JUNG, 2008).
Uns dos recursos de harmonização dessas particularidades são
compostas de face, cabelo, maquiagem e sobrancelhas dos quais o é o trabalho de um
visagista de acordo com Hallawell (2009).
Por sua vez, as sobrancelhas elas podem tanto embelezar como
destruir a harmonia do rosto, Dependera muito da forma que ela sera delineada ou
construída. Para a construção ideal é necessário que se analisem bem as sobrancelhas
observando se o traçado desequilibra o rosto de alguma forma, se altera a expresso da
face, pois sempre o resultado final deve ser de favorecê-las (FEIJÓ, 2009).

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História das sobrancelhas


Da forma anatômica as sobrancelhas são um elemento de proteção
para o globo ocular, formando por um alinhamento de pelos, a tendência é ficarem mais
espessas para a proteção do mesmo e não harmoniosas esteticamente. Santos (2007)
continua dizendo que a retirada de pêlos foi sendo associada a cada década e seguida
por um padrão de moda, a partir do século XX essa técnica foi confirmada com fim de
embelezar a feição do rosto.
Segundo Duarte (2008), em 1910 para se expressar no cinema mudo
os atores utilizavam as sobrancelhas, as atrizes as depilavam-nas totalmente e depois a
pintavam conforme o papel interpretado.
Essa pequena parte do corpo da a expressão ao rosto, realça a beleza
natural e da personalidade para cada indivíduo, as sobrancelhas fornecem um equilíbrio
dos traços (LIZ, 2006).
As sobrancelhas revelam como o ser humano catalisa sua energia para
o mundo exterior (MARTINEZ, 2009).

Formatos de Sobrancelhas e de Rostos


De acordo com Valverde (2002) o que melhor define a beleza e
qualifica sua expressão é a sobrancelha. Sendo assim existem instruções para se atingir
a desejada sobrancelha perfeita. O formato da sobrancelha pode ser levantadas, caídas,
curtas, longas e retas (HALLAWELL, 2006).
De acordo com (HALLAWELL, 2006) os formatos de
rostosexistentes são: o rosto hexagonal lateral reta, rosto hexagonal base reta, rosto
triangular, rosto losango, rosto retangular, o quadrado, rosto redondo e o formato oval.
Como já foi dito, há uma variedade de formatos de rosto, estudar a
morfologia do rosto não é uma novidade em si, segundo Quedi (2008), é uma pratica há
mais de cinco mil anos, originada no Egito como a finalidade de traçar o perfil dos
imperadores.

Delineamento de sobrancelha
Existem várias maneiras para delinear as sobrancelhas, devendo
respeitar os limites sem tirar em excesso, deixando assim o formato natural do rosto e
das sobrancelhas. As sobrancelhas merecem cuidados, pois são elas que dão a expressão
de um rosto (MARTINEZ, 2009).

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Deve se levar em conta o traçado natural e iniciar o procedimento com


a que tenha alguma falha, pois a outra não deverá de tanto cuidado, basta que fique em
harmonia com a primeira (DOURADO, 2007).
De acordo com Molinos (2002), se há diferença de altura nas
sobrancelhas deve-se retirar pêlos inferiores da mais baixa, para suspendê-la e os
superiores da mais alta para abaixá-la.

Materiais Utilizados no Delineamento de Sobrancelhas


Para começar o trabalho, os materiais utilizados são: uma pinça
adequada, paquímetro que serve para medir a sobrancelha, lápis para fazer as
demarcações dos pontos, tesourinha de ponta reta que tem a finalidade de aparar os
pêlos quando grandes, escovinha para pentear a sobrancelha e algodão para sobrepor o
gel de limpeza inicial e ir limpando os pêlos já extraídos (ZANQUIM, 2007).

Henna: Colorações de Sobrancelha


Segundo Montana (2010) henna é extraída de uma planta chamada
Lawsoniainermis, esse corante é muito utilizado na Índia e no Norte da África. Na
Índia, a tatuagem com henna é usada pelas mulheres para épocas de festividades, no dia
do seu casamento entre outras datas.
A Henna própria para sobrancelhas é uma técnica que permite
preencher falhas e dar destaque no olhar, até gestantes podem usar, pois é um produto
natural (COSTA, 2015).
Existe algumas variações de coloração dos pêlos, porem apenas três
pigmentos estão presentes o amarelo, castanho e o preto, a junção destes pigmentos
resultam em variações de cores, cada pessoa possuem uma coloração de acordo com sua
variação genética (GUIRRO, GUIRRO, 2004).
Essa técnica ajuda especialmente as mulheres loiras naturais de pele
clara que possui cílios claros, dando percepção de serem ralos ou melhores de certa
idade que a pigmentação dos fios já estão ficando brancos, é feito com uma tinta própria
para cílios e sobrancelhas (VANDERLINDE, 2016).

Lápis e Sombra
Para definir ou apenas preencher os fios pode–se utilizar lápis ou
sombras, um retoque sutil para equilibrar o traçado, ele ainda ressalta que deve-se usar

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

uma sombra mais clara que o pêlos das sobrancelhas respeitando a cor dos cabelos
Molinos, (2002).
Se a opção for lápis deve ser utilizado com muito cuidado pois pode
deixar um traço muito artificial. Marchi (2014), comenta que usar lápis 6B, ou qualquer
outro lápis que não seja especifico para pele e sobrancelhas, pois pode causar alergias,
irritações na pele e em alguns casos até a queda dos fios.

Micropigmentação
Segundo Costa (2015), na micropigmentação os pigmentos são
neutralizados que com isso evitam a mudança de cor e o risco de esverdear. São
colocados na camada mais superficial da pele, com o auxílio de um demógrafo e
agulhas descartáveis, não é correto chamar de maquiagem definitiva, pois esse termo é
usado para tatuagens que o pigmento atinge a camada da derme.
O procedimento tem duração média de 1 a 2 anos, podendo ser
retocado após esse tempo, os pigmentos mais claros tendem a durar menos que os mais
escuros (QUEIROZ, 2015).
As sobrancelhas compactas usam a técnica de micropigmentação mais
antiga, apenas preenche a sobrancelha de forma uniforme para corrigir as falhas, fica
mais forte e marcada (LOPES, 2014).
As sobrancelhas fio a fio se tornaram para ser uma alternativa mais
natural, antes de iniciar o procedimento, o profissional faz o design da sobrancelha para
definir como será o desenha é feito com vários tons de pigmentos para desenhar os fios
com perspectiva e profundidade, deixando a sobrancelha com uma aparência muito
natural (QUEIROZ, 2015).
Possui no mercado também a técnica esfumada, semelhante a técnica
de maquiagem que utilizada a sombra, essa técnica é indicada para quem quer realçar
um pouco mais a sobrancelhas e buscam definição no formato, cada ano vão surgindo
novas técnicas para agradar a vontade do cliente (AMARAL, 2016).

Biossegurança na área de sobrancelhas


A biossegurança está unida pelo conceito de boas práticas que
constituem o conjunto de ações que permitem um sistema de qualidade de uma
empresa, essas práticas compreendem de um lado o cumprimento das diretrizes e

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normas para o controle dos processos e de outro as condutas por parte de todos
(RAMOS, 2009).
Costa e Costa (2002) completa que a Biossegurança é uma ação
educativa que com a junção de conhecimentos técnicos propicia a segurança da saúde
do homem e do meio ambiente. A visão da Biossegurança é ampla sendo um conjunto
de normas e procedimentos como Normas Regulamentadoras e legislações orientadas
pela ANVISA, o Ministério da Saúde e do Trabalho, Fundação Oswaldo Cruz, entre
outras instituições.

Tipos de Riscos
Segundo (RAMOS, 2009) o risco é uma probabilidade de ocorrer um
evento bem definido no espaço e no tempo, que causa danos à saúde, as unidades
operacionais ou dano econômico.
Portaria do Ministério do Trabalho, (1978) afirma que a cinco tipos de
riscos:
Riscos de Acidente: Qualquer fator que coloque o trabalhador em
situação de perigo, ou que possa afetar sua integridade. Exemplo: maquinas e
equipamentos sem proteção.
Riscos Ergonômicos: Qualquer fator que altere as características
físicas ou mentais do trabalhador, afetando sua saúde. Exemplo: ritmo excessivo de
trabalho, monotonia.
Riscos Físicos: Formas de energia que possam estar expostos os
trabalhadores. Exemplo: radiação, umidade, vibrações.
Riscos Químicos: Produtos que penetrem no organismo pela via
respiratória. Exemplo: Poeira, fumaça, gases.
Riscos Biológicos: Exposição as bactérias, fungos, vírus e outros, na
estética o risco biológico incluem qualquer material contaminado com microrganismos.
Exemplo: sangue, anexos cutâneos pelo cabelo e pele não íntegra (RAMOS, 2009).

Equipamentos de Proteção Individual


Segundo Soares, (2015) o risco de transmissão microbiana torna-se
maior quando se desconhecem e não se adere às medidas de biossegurança que incluem
a utilização adequada dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s).

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Os (EPI´s) agem como barreira protetora, afim de, evitar o contato do


profissional com o material biológico, é um produto ou dispositivo de uso individual do
trabalhador BRASIL (1978).
Todo profissional deve conhecer os riscos aos quais estarão expostos
no ambiente de trabalho. Na área da saúde não é diferente (TEDORO, 2011). Para se
realizar o delineamento corretamente utilizam-se luvas descartáveis promovendo uma
barreira mecânica para as mãos do profissional e para a pele do cliente (RAMOS, 2009).

Higienização das Mãos


A higienização das mãos pode ser nomeada como antissepsia, a qual
através de agentes antimicrobianos elimina-se microrganismo presentes em tecidos
vivos (HIRATA, MANCINI, 2002; TEIXEIRA, VALLE, 1996).
A higienização das mãos do profissional é apenas um dos meios para a
prevenção de doenças na cabine de estética, realizando todas as condutas de
Biossegurança não so garante uma postura profissional, mas tornam os procedimentos
mais seguros (OPPERMANN, 2003).

Biossegurança no Delineamento de Sobrancelhas


Logo após de colocar os EPIs e realizar a higienização das mãos, o
procedimento de esterilização continua na pele da cliente com álcool 70%, posicionar os
materiais já esterilizados, apontar o lápis na frente da cliente, e realizar o procedimento.
Se for preencher com sombra, henna ou coloração, colocar a medida do que for utilizar
em um recipiente descartável ou lavável junto aos pincéis ou espátulas para o uso de
cada cliente. No término do processo deve-se descartar os materiais não reutilizáveis e
colocar os restantes em processo de esterilização (ROMAM, 2016).
Segundo Barros (2012) uma micropigmentação começa realizando os
mesmos procedimentos só com mais proteção nos utensílios que estão dispostos sobre a
bancada colocá-los em cima de uma camada de plástico de PVC, como os borrifadores,
demógrafo, fonte de energia e embalagens das tintas, usar somente para tal finalidade e
de procedência conhecida, durante o procedimento evitar manusear objetos que não
estejam protegidos pelo plástico PVC e sempre trocar as luvas ao retornar ao
procedimento.

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Estetização dos Materiais Utilizados


As pinças, tesouras e outros utensílios de metais, devem ser lavados
escovados com sabão, em água corrente, álcool 70% ou clorexidina e colocados na
autoclave, em seguida o material deve ser guardado em embalagem apropriada
constando a data da esterilização e nome de quem preparou o material, a embalagem
deve ser aberta sempre na frente do cliente (FIORENTINI, 2012).
Recipientes de plásticos, cubas e espátulas que podem ser utilizados
na epilaçao com cera ou na aplicação de henna a higienização desses utensílios é retirar
o excesso de produto com papel, depois descartar no lixo em seguida lavar com agua
detergente comum e esponja, secar com uma toalha limpa, friccionar etanol 70°Gl com
um papel toalha e logo em seguida guardar em local fechado, limpo e seco (RAMOS,
2009).
Na higienização dos pinceis que utilizamos como a escovinha de
sobrancelhas e o pincel que se usa na passagem de sombra nas sobrancelhas ou até
mesmo na passagem da henna, Ramos (2009) completa dizendo que por possuir cerdas
delicadas o produto para sua limpeza é o detergente enzimático mergulhar os matériais
sujos em uma cuba e deixar de molho durante cinco minutos, massagear as cerdas em
seguida enxaguar e deixar secar naturalmente.
E Takeiti (2000) concluiu que artigos como agulha, lâminas de
navalhas e palitos de madeira e os EPI’s, como luvas, toucas e máscaras são de uso
individuais não podendo ser reaproveitado em outros clientes.

CONCLUSÃO
Esse estudo apresenta conceitos que não são somente para as
profissionais da área mais sim para todos utilizam dessa técnica, as sobrancelhas são
mais que um simples detalhe no rosto, marcam o olhar, valorizam maquiagens,
demonstram expressões e sentimentos variados, existem várias formas e medidas que
podem ser utilizadas emseu delineamento, mas o importante é encontrar a harmonia de
cada rosto, pois não somos números exatos e sim seres humanos perfeitos com suas
imperfeições, sempre cuidando para que a biossegurança esteja presente em cada
procedimento.
Por isso o uso de medidas de referência e o passo-a-passo são tão
importantes, o mais importante é educar-se para formar um olhar críticoque não
depende só do uso das técnicas corretas, mas também das vivências que vão

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acontecendo no decorrer do exercício de suas atividades e principalmente da


sensibilidade do profissional.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A FUNÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL NO PÓS- OPERÁTORIO


DE LIPOASPIRAÇÃO DE ABDÔMEN
THE FUNCTION OF MANAUL LYMPHATIC DRAINING IN THE POST-
OPERATIVE LIPOASPIRATION OF ABDOMEN
Cristina Ferraz Czelusniak1
Roberta Chaves Penco Amorese2
Talita Oliveira da Silva3
Perla Almeida de Moraes4

RESUMO

O curso de Tecnologia em Estética e Cosmética vem acabando com o empirismo dos tratamentos
estéticos uma vez que atua na comprovação cientifica dos métodos e técnicas utilizadas para o tratamento
de várias patologias, decorrentes do pós-operatório cirúrgico como a lipoaspiração. O presente trabalho
tem por finalidade identificar a importância da utilização da Drenagem Linfática Manual e seus efeitos
fisiológicos no pós-operatório á cirurgia de lipoaspiração, sendo um recurso terapêutico, que tem como
objetivo promover efeitos sobre a pele, a regulação dos sistemas afetados, diminuição da dor,
desobstrução dos linfonodos, tendo o benefício de diminuir a probabilidade de aderências, fibroses,
queloides, seroses e nódulos adiposos.

Palavras – chaves: Drenagem Linfática manual, lipoaspiração, pós-operatório

ABSTRACT

The course of Technology in Aesthetics and Cosmetics has been ending the empiricism of aesthetic
treatments since it acts in the scientific verification of the methods and techniques used in the treatment of
various pathologies, arising from post-surgery such as liposuction. The aim of this study is to identify the
importance of the use of Lymphatic Drainage Manual and its physiological effects in the postoperative
period to liposuction surgery, being a therapeutic resource that aims to promote effects on the skin,
regulation of affected systems, decrease Pain, and lymph node clearance, with the benefit of decreasing
the likelihood of adherence, fibrosis, keloids, seroses and adipose nodules.

Keywords: Lymphatic Drainage Manual, liposuction, postoperative

INTRODUÇÃO

A mulher ideal é aquela com um corpo impecável e bela, estes requisitos são
influenciados pela mídia e a sociedade, por isso aumentou muito a procura de cirurgias
plásticas como a lipoaspiração, que vai contribuir para a promoção do equilíbrio e da
harmonia dos pacientes em relação à imagem corporal.

1
Cristina Ferraz Czelusniak- Acadêmica do curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filádelfia – Unifil Londrina PR
2
Roberta Chaves Penco Amorese - Fisioterapeuta- Docente do curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filádelfia –
Unifil Londrina PR
3
Talita Oliveira da Silva - Docente do curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filádelfia – Unifil Londrina PR
4
Perla Almeida de Moraes - Docente do curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filádelfia – Unifil Londrina PR

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O sucesso do tratamento de qualquer patologia depende essencialmente do seu


pleno conhecimento, para poder alcançar os objetivos idealizados, sem riscos de
complicações inesperadas.
A cirurgia plástica vem contribuindo para a promoção do equilíbrio e da
harmonia dos pacientes em relação a imagem corporal (Garcia 2010)
Uma cirurgia plástica não depende só de um bom cirurgião, mas também deve
ser considerados todos os cuidados do pré e pós-operatório para se ter um resultado
adequado e sem complicações.
A lipoaspiração proporcionará a remodelagem do contorno corporal e a
satisfação de quem procura este procedimento, não deve ser considerada como um
método de redução de peso ou alternativo á dieta e exercícios, mas como um
procedimento de escultura do corpo, o candidato ideal é o paciente saudável, próximo
do seu peso ideal, que tem depósitos adiposos desproporcionais localizados e resistentes
ao exercício e a dieta para se obter um bom resultado no pós-cirúrgico deve ser incluído
a drenagem linfática manual.
A drenagem linfática manual funciona devido a pressão mecânica que elimina
o excesso de líquido e diminui a probabilidade de aderências, fibroses, queloídes e
seroses.
Este trabalho tem por finalidade elucidar a importância da drenagem linfática
manual e seus efeitos fisiológicos no pós-operatório imediato de lipoaspiração, também
seus efeitos terapêuticos de prevenção e minimização de traumas cirúrgicos, edemas,
dor e hematomas.
Trata-se de um trabalho realizado através de uma revisão bibliográfica que
caracteriza-se na utilização de dados em livros, artigos, e sites científicos, dando base
para realizar os estudos.

DESENVOLVIMENTO

Estrutura da pele

A pele é um órgão que protege o corpo do meio externo, sendo uma barreira
eficiente, possui a função de permeabilidade, proteção contra agentes infecciosos,
termorregulação, sensibilidade, proteção a radiação ultravioleta(UV), cura e

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

regeneração de ferimentos, proporcionando a aparência física externa (FITZPATRICK,


2011)
É o maior e mais pesado órgão do corpo tendo função física, química, e
biológica (GARTNER, 2007)
Constitui o mais extenso órgão sensorial do corpo, seu teor de água é de cerca
de 70% do peso livre de tecido adiposo, contendo perto de 20% do conteúdo total de
água do organismo sua espessura situa-se entre 0,5 a 4 milímetros (GUIRRO, 1996)
A pele é essencial para se ter um funcionamento adequado do organismo,
exerce inúmeras funções vitais é uma complexa interação entre células e tecidos
proporcionando o equilíbrio homeostático (RODRIGUES, 2012)
Possui três camadas a Epiderme sendo a mais visível dando proteção, adesão, a
Derme como maior elemento estrutural e a Hipoderme dando um isolamento térmico e
integridade mecânica (FITZPATRICK, 2011)
A Hipoderme isola o corpo, serve como uma reserva de energia, forra e protege
a pele permitindo a mobilidade em estruturas de suporte, os adipócitos formam a maior
parte dos conteúdos de células na hipoderme estão organizados em lóbulos definidos
por septos de tecido conectivo fibroso lugar que se localiza os nervos, vasos e linfáticos
(FITZPATRICK, 2011)
Tecido Adiposo é um tipo especial de conjuntivo onde observa a
predominância de células adiposas os Adipócitos, este tecido é o maior depósito
corporal de energia, sob a forma de triglicerídeos (JUNQUEIRA, 2008)

SISTEMA LINFÁTICO

Sistema Linfático consiste de um sistema vascular, constituído por um


conjunto particular de capilares, vasos coletores e troncos linfáticos, por linfonodos que
servem como filtros do líquido coletado pelos vasos, e pelos órgãos linfoides, que
incluem as tonsilas, baço e o timo encarregados de recolher, na intimidade dos tecidos o
líquido intersticial e enviar ao sistema vascular sanguíneo (GUIRRO, 1996)
O Sistema Linfático contribui para a homeostasia, pois drena o líquido
intersticial, faz transporte de lipídios da dieta, fornece mecanismos de defesa contra
doenças (TORTORA, 2012)
As artérias e veias do sistema de vasos sanguíneos formam uma circulação
completa ou fechada que é impulsionada pelo coração, já o sistema de vasos linfáticos

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

forma apenas uma meia circulação que se inicia cegamente no tecido conjuntivo e passa
sobre os linfonodos desembocando no sistema nervoso pouco antes do coração, o fluxo
linfático é impelido principalmente pela contração dos linfangions, mas também através
da respiração e atividades musculares (HERPERTZ, 2013)
A formação do sistema linfático está relativamente associada a uma conexão
direta com o sistema circulatório, está entrelaçado em meio aos vasos sanguíneos e
artérias, que em conjunto permitem as trocas gasosas (GARCIA, 2010)
È composto por um líquido chamado linfa, vasos sanguíneos chamados de
vasos linfáticos onde fazem o transporte da linfa a inúmeras estruturas e órgãos
contendo tecido linfático e medula óssea vermelha, na qual as células tronco se
desenvolvem em diversos tipos de células sanguíneas, incluindo os linfócitos
(TORTORA, 2012).

LIPOASPIRAÇÃO

A Lipoaspiração é um método cirúrgico utilizado para retirar tecido adiposo de


regiões do corpo humano, com auxílio de instrumental apropriado são utilizadas cânulas
(KEDE, 2009)
Neste procedimento cirúrgico e realizada a retirada de gordura, por meio de
cânulas introduzidas por incisões em pontos estratégicos na pele (CALVI, 2008)
A lipoaspiração deve ser considerada não como um método de redução de peso
ou alternativo á dieta e exercícios, mas como um procedimento de escultura do corpo, o
candidato ideal é o paciente saudável, próximo do seu peso ideal, que tem depósitos
adiposos desproporcionais localizados e resistentes ao exercício e a dieta
(FITZPATRICK, 2011)
Não é uma cirurgia para emagrecer, é indicada para melhorar a forma e
eliminar certas gorduras localizadas que são difíceis de serem corrigidas apenas com o
exercício físico e dieta (MARTINS, 2005)

Técnicas de Lipoaspiração

O Posicionamento apropriado do paciente é essencial para a segurança e a


eficácia da remoção do tecido adiposo. Manobras e posicionamentos específicos
diferem de acordo com o alvo anatômico e são usados para evitar traumatismo a

108
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

estruturas anatômicas importantes, e otimizar o acesso das cânulas aos depósitos


adiposos (FITZPATRICK, 2011)
Devem ser realizados todos os cuidados de assepsia, antissepsia, colocação de
campos cirúrgicos estéreis e equipamento necessário para monitoração cardiovascular,
oxigênio e medicamentos necessários em caso de intercorrências (KEDE, 2009)
O tratamento pós cirúrgico sugerido é a utilização de cinta e faixas elásticas
por um período de um a dois meses, drenagem linfática manual, atividade física após 15
dias, vestimentas leves e soltas, tendo como objetivo dermato-funcional em diminuir
edema e esquimose, diminuir a dor, evitar ou tratar as fibroses e as aderências existentes
no tecido (GARCIA, 2010)

DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL

A Drenagem linfática manual estimula uma função fisiológica que tem como
objetivo a evacuação de dejetos e o transporte de elementos nutritivos, por intermédio
de canalizações denominadas vasos linfáticos, é uma técnica de massagem utilizada
para favorecer a circulação dita de ‘Retorno’ (LEDUC, 2007)
Este método de massagem acelera o fluxo linfático, sendo que os movimentos
são sempre realizados em direção do fluxo linfático, por meio dos movimentos feitos na
drenagem linfática manual ocorre um aumento de entrada de líquidos do interstício,
também de proteínas intersticiais livres nos linfáticos iniciais, ou seja, a produção da
linfa aumenta, essa mobilização de proteínas intersticiais não organizada é a única
possibilidade de prevenir o progresso de uma fibrose proteica (HERPERTZ, 2013)
Drenagem linfática Manual tem como objetivo no edema linfático de drenar o
excesso de fluído acumulados nos espaços intersticiais, de forma a manter o equilíbrio
de pressões tissulares e hidrostáticas (GUIRRO, 1996)
Efeitos fisiológicos da drenagem linfática são a melhora do metabolismo, da
circulação sanguínea, da oxigenação tecidual, da circulação linfática e auxílio na
eliminação de toxinas (VASCONCELOS, 2008)
Métodos utilizados na drenagem linfática manual o método Leduc, método
Vodder e método Godoy (BORGES, 2010)

EFEITOS DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL NO PÓS-


CIRURGICO DA LIPOASPIRAÇÃO

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A drenagem linfática manual realizada no pós-operatório de lipoaspiração


promove uma grande melhora no desconforto e do quadro álgico, por melhorar a
congestão tecidual, para regeneração dos vasos e nervos lesionados, facilitando a
reabsorção do edema, do hematoma, contribui também para o retorno precoce da
normalização da sensibilidade cutânea local (BORGES, 2010)
A Drenagem linfática é um recurso no processo de cicatrização é feita como
prevenção das cicatrizes hipertróficas e dos queloides que constituem um problema
estético significativo e são de tratamento problemático (GUIRRO, 1996).

CONCLUSÃO

A lipoaspiração é muito utilizada para retirada do tecido adiposo


proporcionando a remodelagem do contorno corporal de uma forma menos agressiva ao
tecido conjuntivo, sendo um procedimento que provoca lesões no sistema linfático,
vascular e arterial, no pós cirúrgico é recomendado a drenagem linfática manual por
facilitar a absorção do edema por meio do mecanismo de ação do sistema linfático.
Para se obter resultados desejáveis é indicado o mais cedo possível começar
com está técnica de massagem com movimentos finos, suaves, superficiais, monótonos,
que tem como objetivo promover efeitos sobre a pele, a regulação dos sistemas
afetados, diminuição da dor, desobstrução dos linfonodos, tendo o benefício de diminuir
a probabilidade de aderências, fibroses, quelóides, seroses e nódulos adipócitos.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

EFICÁCIA DO COLÁGENO UTILIZADO COMO NUTRICOSMÉTICO

EFFECTIVENESS OF COLLAGEN USED AS NUTRICOSMETIC

Mariana Alves Lo Turco5


Mirela FulgencioRabito Melo6

RESUMO

Com diferentes formas de apresentação, como cápsulas, sachês e até mesmo balas, o colágeno é um
aliado para o aspecto jovem e saudável da pele. Constituinte de 70% da massa seca da pele é produzido
pelos fibroblastos, células da derme. Tal camada é subjacente à epiderme, e possui colágeno em
quantidades significativas, sendo este conjunto de aminoácidos relevantes para a presente pesquisa. Com
o nom6e derivado das palavras gregas kolla (cola) e gennan (produzir) o colágeno é uma das mais fortes
proteínas naturais, capaz de conferir elasticidade e flexibilidade à pele. Com o passar da idade, em
decorrência do envelhecimento intrínseco e extrínseco, há menor atividade dos fibroblastos e, como
consequência surgem os sinais do envelhecimento cutâneo como rugas, linhas de expressão e flacidez;
sinais indesejáveis para uma parcela significante da população. A fim de buscar formas de barrar ou
retardar o envelhecimento cutâneo foram lançados no mercado os nutricosméticos. O colágeno
hidrolisado ingerido pela via oral estimula a atividade dos fibroblastos, sendo necessário no mínimo 8
gramas diários deste aminoácido que irá contribuir para maior formação do colágeno, gerando efeitos
benéficos para uma pele em homeostase.

Palavras-chave: Derme; Envelhecimento cutâneo; Fibroblastos; Colágeno

ABSTRACT

Found shaped like capsules, powdered and even in candies and beverages, collagen is an important allied
in the health and youthfulness of the skin. Constituent of 70% of the dry mass of the skin, it is produced
by fibroblasts - dermal cells. This layer is the one that underlies the epidermis and presents significant
amounts of collagen fibers, which are relevant to the research. With the name derived from the Greek
words kolla (glue) and Gennan (produce), collagen is one of the strongest natural proteins and it’s capable
of conferring elasticity and flexibility to the skin. As the years go by, due to the intrinsic and extrinsic
aging, there is less activity of fibroblasts and, as a consequence, there starts to appear the signs of skin
aging such as wrinkles, fine lines and sagging; undesirable signals to a significant part of the population.
In order to seek ways to stop or slow the skin aging, Food Industry allied to the Cosmetics launched on
the market nutricosmetics. The collagen ingested orally stimulates the activity of fibroblasts, being
necessary at least 8 grams daily of the protein that will contribute to a greater formation of the collagen,
resulting in the beneficial effects for a skin in homeostasis and harmony.

Keywords: Dermis; Skin aging; Fibroblasts; Collagen.

5
Acadêmica do Curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filaldélfia – UNIFIL
6
Docente do Curso de Farmácia e de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - UNIFIL

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

1 INTRODUÇÃO

Encontrado em forma de cápsulas, pulverizado e até mesmo em balas


e bebidas, o colágeno é um importante aliado para a saúde e jovialidade da pele. Mesmo
não sendo sintetizado na epiderme, é esta a camada que apresentará os efeitos
vantajosos do colágeno. A proteína é produzida pelos fibroblastos, que são células
presentes na derme, camada esta que é subjacente à epiderme, e apresenta quantidades
significantes das fibras colágenas, as quais serão de relevância para esta pesquisa.
Apesar da composição atípica, sendo até mesmo, considerado uma
fonte proteica pobre para as necessidades humanas, o colágeno é responsável por
diversas funções, entre elas, fornecer resistência e ancoragem para o tecido tegumentar.
Com o decorrer dos anos, a atividade dos fibroblastos é diminuída, acarretando na
menor síntese do colágeno. Além disso, a radiação ultravioleta é outro fator contribuinte
para a degradação dessa fibra.
Com a necessidade e a imposição dos padrões de beleza, o
envelhecimento aparente é indesejável para grande parte da população. Rugas, linhas de
expressão e flacidez são ocasionadas, dentre outras razões, pelo déficit de colágeno na
pele. Afim de explorar o desejo de barrar ou retardar o envelhecimento, a Indústria
Alimentícia aliada à Indústria Cosmética lançou no mercado os nutricosméticos, que
fornecem “beleza de dentro para fora”. O colágeno como tal, estimula a atividade dos
fibroblastos, contribuindo para maior formação de fibras, acarretando nos efeitos
benéficos para uma pele em harmonia.
O presente trabalho busca compreender se o colágeno realmente atua
como um eficiente nutricosmético além de esclarecer o papel desta fibra para o
organismo.Além da suplementação do colágeno, também é relevante compreender a
necessidade da ingesta de vitamina C e outras proteínas concomitantemente.Por fim,
será realizada uma pesquisa de mercado em relação aos produtos à base de colágeno,
visto que estes são encontrados em abundância em farmácias, lojas de produtos naturais
e de suplementos. É pertinente que seja compreendida a atuação do colágeno no
organismo, para que no momento da compra a escolha seja coerente e exerça a função
para qual foi destinada: prevenir e/ou melhorar as marcas do envelhecimento.

2 DESENVOLVIMENTO

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Envelhecimento Cutâneo
Uma pele mais fina, seca e com rugas é visualizada quando esta
apresenta sinais de envelhecimento cutâneo. Segundo a Sociedade Brasileira de
Dermatologia (SBD) (2016) o envelhecimento está associado à taxa mais lenta de
renovação celular, à redução da rede vascular e glandular além da perda de tecido
fibroso. Aliadas concepções de Bagatin (2008) e da SBD (2016), foram classificados
dois tipos de envelhecimento: o intrínseco e o extrínseco.
O envelhecimento intrínseco ou também conhecido como cronológico
é natural e inerente ao ser humano (BAGATIN, 2008). Tem como principal
característica a inatividade dos fibroblastos, acarretando na não produção das fibras
estruturais, necessitando obrigatoriamente de estimulação (HIRATA; SATO; SANTOS,
2004). A pele envelhecida intrinsicamente apresente rugas finas e atrofia, pois, ocorre a
elastose da derme reticular (BAGATIN, 2008).
Como envelhecimento extrínseco entendemos aquele que é
relacionado à fatores externos, como alimentação, poluição, álcool, cigarro e
principalmente a exposição aos raios ultravioletas – fotoenvelhecimento - acarretando
em 80% dos sinais visíveis do envelhecimento cutâneo (SCOTTI; VELASCO, 2003;
SBD, 2016). A pele envelhecida extrinsecamente tem a camada córnea espessa com
rugas profundas de aspecto áspero (TOSTI et al, 2009). Tratando-se de
fotoenvelhecimento, todas as teorias e mecanismos tem ligação com este
envelhecimento.

Colágeno
Com o nome derivado das palavras gregas kolla (cola) e gennan
(produzir) (GERSON, 2011) o colágeno é uma das mais fortes proteínas naturais.
Constitui 70% da massa seca da pele e é responsável por conferir elasticidade e
durabilidade à pele (BAUMANN, 2004). Além disso, o colágeno também é encontrado
nos ossos, tendões, veias, cartilagens, dentes, músculos e camada córnea dos olhos.
É sintetizado, preferencialmente, pela principal célula da derme, o
fibroblasto. Contém cadeias peptídicas dos aminoácidos glicina, prolina, alanina, lisina,
hidroxilisina e hidroxiprolina organizadas paralelas a um eixo, formando as fibras de
colágeno. A sequência de aminoácidos, normalmente é uma unidade tripeptídica, como
exemplo glicina-X-hidroxipolina ou glicina-X-prolina, onde X é um dos aminoácidos
padrão encontrados no colágeno, descritos na Tabela 2. A união de três cadeias

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

diferentes presentes na molécula do colágeno, dá origem ao procolágeno (SILVA;


PENNA, 2012).

Tabela 1 – Composição aminoacídico do colágeno (equivalente em 100g)


AMINOÁCIDOS QUANTIDADE NO COLÁGENO (%)

Lisina* 4,3

Histidina 0,9

Arginina 8,8

Ácido aspártico 5,7

Treonina* 1,5

Serina 3,4

Ácido glutâmico 11,7

Prolina 13,0

Glicina 18,0

Alanina 9,1

Valina* 2,6

Metionina* 1,0

Isoleucina* 1,3

Leucina* 3,3

Tirosina 0,5

Fenilalanila* 2,1

Hidroxiprolina 12,0

Hidroxilisina 1,1

* – Aminoácidos essenciais

Fonte: ARTN; BERALDO [2008]

Possui aproximadamente 300 nm de comprimento e 1,5 nm de


largura, e peso molecular de 300.000 Da (SILVA; PENNA, 2012). Suas moléculas têm
facilidade em polimerizar-se e assim dão origem a diferentes tipos de colágeno, os quais
desempenham funções diferentes de acordo com a localização (CHAMPE; HARVEY;
FERRIER , 2009).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Produção de Colágeno
A formação do colágeno ocorre principalmente para a formação de
tecido embrionário ou durante o preparo para regeneração (SILVA; PENNA, 2012).
Segundo David Elder (2011), parte da biossíntese do colágeno ocorre da seguinte
forma:
Começa no interior do fibroblasto através da organização das
três cadeias polipeptídicas pró-alfa, em uma tripla hélice, a
qual constitui a molécula pró-colágeno. Após a secreção para o
meio extracelular, as cadeias polipeptídicas pró-alfa de cada
molécula de pró-colágeno são encurtadas em 30 a 40% através
da remoção dos peptídios terminais nas extremidades carboxi e
amino, realizada pela ação de duas enzimas produzidas pelo
fibroblasto: a peptidase carboxiterminal e a peptidase
aminoterminal.

A estrutura do colágeno é relativamente simples e insolúvel em água,


visto que possui aminoácidos hidrofóbicos. Apesar de ser extremamente fundamental
para a pele como um todo, após os 30 anos há uma diminuição de 1% ao ano do
conteúdo global de colágeno por unidade de área de superfície (BAUMANN, 2004;
OLIVEIRA et al., 2010; RODRIGUES, 2009). Além da diminuição do conteúdo global,
há maior degradação do colágeno já existente no organismo. Outra problemática em
relação com o colágeno são as colagenoses, que possuem ligação com doenças de
características auto-imunes como esclerose sistêmica progressiva, lúpus eritematoso
sistêmico e síndrome de Sjögren (ALMEIDA; SANTANA, 2010; DUARTE, 2011;
FREITAS et al., 2005; WOLWACZ JUNIOR, 2003; SILVA; MULLER, 2008 apud
GONÇALVES et al., 2015)

Estrutura do Colágeno
O colágeno apresenta em sua constituição aproximadamente 30% de
glicina, 12% de prolina, 11% de alanina, 10% de hidroxiprolina e 1% de hidroxilisina e
aminoácidos polares (PRESTES, 2013). É uma tripla hélice alongada que situa
aminoácidos na superfície de sua molécula. Consiste em um rígido bastão, que possui
cerca de 1000 aminoácidos presentes em cada uma das três cadeias alfa. Essas cadeias
estão ligadas entre si por pontes de hidrogênio (CHAMPE; HARVEY; FERRIER ,
2009).
É classificado em não fibroso (formador de rede), fibroso (estriado),
micro fibrilar (filamentoso) e associado às fibrilas (GOLÇALVES et al., 2015). Tem

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como unidade básica o tropocolágeno. Existem 6 tipos principais de colágeno, que


variam na composição, antigenicidade - isto é, capacidade de estimular ou formar um
anticorpo- (ELDER, 2011), diâmetro, comprimento, estrutura molecular, concentração e
localização (DUARTE, 2011).

Proteínas e Vitamina C: coadjuvantes na produção do colágeno


Apesar da produção de colágeno ser natural ao organismo humano,
algumas pesquisas apresentaram a importância de aliar o colágeno com isolados
proteicos (ZIEGLER; SGARBIERI, 2009) e à vitamina C (MANELA-AZULAY et al,
2003; PHILLIPS; COMBS ; PINNELL , 1994).
As proteínas do soro do leite auxiliam na produção de colágeno, pois
este é deficiente em aminoácidos essenciais (ZIEGLER, 2006) precisando do
complemento nutritivo que o isolado proteico é capaz de fornecer. É válido ressaltar que
apenas a suplementação do colágeno hidrolisado é capaz de colaborar para a síntese e a
secreção do colágeno no organismo. Porém, quando aliado as proteínas do soro do leite,
há inúmeros benefícios comprovados. Como exemplo dessas beneficies, há as
propriedades protetoras e reparadoras de tecido conjuntivo e as imunoestimulatórias e
antioxidantes (ZIEGLER; SGARBIERI, 2009).
O Ácido Ascórbico, conhecido como vitamina C, é co-fator da lisil e
prolilhidroxilases, ambas enzimas importantes para a síntese do colágeno pois permitem
a formação e estabilização do colágeno tripla-hélice. O Ácido Ascórbico é capaz de
auxiliar este processo pois tanto lisil quanto prolilhidroxilases são enzimas férricas, e o
papel da vitamina C é prevenir a oxidação do ferro, não deixando as enzimas inativas
(MANELA-AZULAY et al., 2003).
Outro estudo sobre a contribuição da Vitamina C na síntese do
colágeno, apresenta que o ácido ascórbico é capaz de estimular a proliferação celular,
vencendo a capacidade proliferativa inferior dos fibroblastos em idosos (PHILLIPS;
COMBS ; PINNELL , 1994). Manela-Azulay e colaboradores (2003) traz que a dose
recomendada de Vitamina C é de 100mg por dia, sendo maior em casos específicos
como gravidez, amamentação e para fumantes.

Nutricosméticos
Aliadas a indústria cosmética à alimentícia, há a formação dos
nutricosméticos. A união destas áreas pode ser explicada pela redução da distância entre

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estes campos, devido ambas terem como objetivo beneficiar a aparência física
(ANUNCIATO, 2011). A intersecção destas indústrias, os nutricosméticos, são
caracterizados por fornecer “beleza de dentro para fora”. Podem ser comercializados em
forma de pílulas, comprimidos, alimentos, líquidos e até balas (DRAELOS; ABIHPEC,
2010). A ação dos nutricosméticos se dá por meio da suplementação de princípios
ativos (compostos concentrados), como exemplo, aminoácidos, vitaminas, minerais,
ácidos graxos e antioxidantes (FIGUEIREDO, 2012). Os consumidores utilizam-se
desta classe para que além da beleza física, também sejam prevenidas doenças.

Colágeno como nutricosmético


Na década de 90, os primeiros nutricosméticos a serem vendido no
Brasil foram cápsulas a base de colágeno (NICOLATTI, 2012). Atualmente, do
colágeno nativo são extraídos três derivados do colágeno: fibra de colágeno, colágeno
hidrolisado e colágeno parcialmente hidrolisado (gelatina). Diferenciam-se nos
processos de extração, nos quais altera-se o tempo e a temperatura para obtenção destes
derivados (PRESTES, 2013).
Há o interesse no uso da gelatina por esta ter a capacidade de formar
gel estável e reversível. É obtida do tecido conjuntivo de animais, tendo maior
concentração em ligamentos de juntas ósseas e cartilagens (ALMEIDA; SANTANA,
2010; BANDEIRA et al., 2011; VELOSO, 2003). A fibra de colágeno é obtida através
das camadas internas do couro bovino providas dos fibroblastos. Para o colágeno nativo
formar esta fibra, é necessário um tratamento alcalino a base de hidróxido de cálcio
(SANTANA etal. (2012); MÁXIMO; CUNHA, 2010 apud PRESTES, 2013).
O mais utilizado como nutricosmético é o colágeno hidrolisado,
devido a sua capacidade de retenção de água e alto valor protéico. É extraído de ossos
ou da pele de animais utilizando-se enzimas ou água com 50° a 60° (PRESTES, 2013).
O processo de hidrólise, é utilizado para obter da macromolécula, no caso o colágeno,
aminoácidos e peptídeos. Na pesquisa de Rodrigues (2009), células que foram tratadas
com o colágeno hidrolisado, tiveram aumentos significativos em 48 horas na produção
desta proteína. Além disso, independentemente do tamanho da molécula do colágeno,
foi perceptível uma melhora na adesão celular. Então, seja gelatina ou o colágeno
hidrolisado, ambos contribuem para a biossíntese do colágeno. Outra questão levantada
pelo autor, foi que os efeitos causados pela ingestão do colágeno não são apenas pelo
aumento do consumo dos aminoácidos, mas sim pela relação proteína-específico. Como

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conclusão de Rodrigues, a ingesta do colágeno hidrolisado não apresenta citotoxicidade


além de induzir a proliferação celular.
Além de colaborar com a pele, o colágeno hidrolisado é capaz de
auxiliar no crescimento de cabelo e unhas (PEDROSO, 2009). Por fazer parte de 95%
da composição óssea, a suplementação do colágeno hidrolisado contribui para a
conservação, resistência e composição dos ossos (JACKIX, 2009).
A tese de mestrado de Zague (2015) foi capaz de comprovar que,
apesar de não atuar na proliferação de fibroblastos, a suplementação feita com Colágeno
Hidrolisado é capaz de “(...) (a) estimular a biossíntese do precursor e da proteína
colágeno tipo I e (b) inibir a atividade das enzimas MMP-1 e MMP-2”. Estas enzimas
são metaloproteinases da matriz e degradam matriz extracelular e membrana basal.
Além disso, clivam colágeno tipo I, III e VII (um dos mecanismos do envelhecimento).
Tais afirmações foram feitas após pesquisas em modelo de cultura tridimensional (3D)
de equivalente dérmico. Além desta comprovação, também foi possível perceber que até
mesmo concentrações pequenas de colágeno podem estimular o metabolismo de peles
fotoexpostas, tendo até efeitos mais pronunciados nestas células do que em peles
fotoprotegidas. Também foi inferido que a suplementação do colágeno eleva o conteúdo
de colágeno tipo I, fornecendo nutrientes construtores e peptídeos reguladores da
atividade celular.
Segundo Arnt e Beraldo (2008), a apresentação hidrolisada do
colágeno tem o peso molecular semelhante ao da água, sendo assim, é absorvido pelo
duodeno sem alterações. Outra questão levantada é que o turn over do colágeno é de
360 dias, levando este tempo para ser refeita 50% da proteína presente no corpo; com
isso, a melhora da pele com a suplementação do colágeno é feita à longo prazo.
Através da pesquisa realizada por Porfírio e Fanaro (2015) é
conclusivo que, apesar de não haver um consenso sobre a dosagem do colágeno
hidrolisado a ser suplementada, 8 gramas diárias apresentam aumento da concentração
de prolina e glicina. Para casos de osteoartrite e osteoporose, a dosagem de 12 gramas
diárias promove melhora significa nos sintomas destas patologias.
Na área da Estética e Cosmética ainda existem discussões sobre a
efetividade de nutricosméticos contendo colágeno. Um destes produtos é o
nutricosmético em foco nesta pesquisa, o colágeno. Muitos profissionais observam na
prática a eficácia da suplementação do colágeno, porém, ainda há pesquisas divergentes
no meio acadêmico. Apesar disto, os resultados da prática ganham embasamento em

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novas pesquisas que afirmam e comprovam a real efetividade do colágeno hidrolisado


para o combate ao envelhecimento cutâneo.
A pesquisa de mercado a seguir contribuirá para que esses
profissionais compreendam a diversidade nutricosméticos contendo colágeno
disponíveis no mercado. Além deste aspecto, será perceptível a variedade deste
nutricosmético e as dificuldades do cliente em escolher o produto adequado.

Formas de apresentação
A pesquisa de mercado fomentou outra questão: quais são as formas
de apresentação possíveis do colágeno? No mercado há desde águas aromatizadas com
colágeno e até mesmo chocolate com a proteína na composição. Esta pesquisa não
busca explicitar detalhadamente a ação e as diferenças na absorção de tais produtos,
porém é importante salientar que alguns não terão o efeito que o Colágeno Hidrolisado
em pó apresenta, já que este produto possui a quantidade suficiente da proteína em sua
composição. Além da quantidade insuficiente, o excesso de açúcar nestes produtos pode
contribuir para o processo de glicação, co-responsável do envelhecimento cutâneo,
sendo divergente ao efeito desejado do colágeno.

Pesquisa de mercado
Com intuito de checar se as necessidades do cliente são atendidas com
os colágenos comercialmente disponíveis, a tabela abaixo foi elaborada com dados de
uma loja localizada no centro de Londrina, Paraná. Para análise foram escolhidas
diferentes marcas com abordagens cosméticas distintas.

Tabela 2 - Colágenos disponíveis no mercado


Produto Forma de apresentação Ingestão diária recomendada

A Cápsula 4 cápsulas = 1,5g de proteína

B Comprimido 2 a 3 comprimidos = 2,7g de proteína

C Cápsula 4 cápsulas = 1,2g de proteína

D Cápsula 4 cápsulas = 1,3g de proteína

E Cápsula 4 cápsulas = 1,3g de proteína

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F Cápsula 3 cápsulas = 3g de proteína

G Pó 2 medidas = 9g de proteína*

H Pó 1 colher de sopa = 8,1g de proteína*

I Pó 1 colher de sopa = 8,1g de proteína*

J Pó 1 colher de sopa = 8g de proteína*

K Pó 2 medidas = 9g de proteína*

L Pó 1 colher de sopa = 9g de proteína*

M Pó 2 medidas = 9g de proteína*

N Sachê Sachê com 18g = 3,5 de proteína**

*Dissolver em 200ml de água, leite, suco ou iogurte


**Dissolver em 100ml de água fria ou gelada ou em leite desnatado
Fonte: Autor (2017)

Através da pesquisa de mercado, foi constatado a inúmera gama de


produtos contendo colágeno à venda. A problemática desta variedade é que nem todos
suprem as necessidades do organismo, que foram descritas na presente pesquisa. Todos
os colágenos em cápsula e o sachê analisados não possuem a quantidade mínima efetiva
para ação benéfica, pois possuem apenas de 1,2g a 3g de proteína em sua composição;
de acordo com os estudos de Porfírio e Fanaro (2015) a ingestão diária deveria ser
superior à 8g. Já o colágeno hidrolisado em pó (amostras G,H,I,J,K,L,M) apresentam de
8g a 9g de proteína, atingindo a dose mínima diária recomendada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Questionamentos sobre a real eficácia da ingestão do colágeno são
feitas pelos consumidores e até mesmo no meio acadêmico. Falta de estudos
aprofundados sobre o assunto contribuem para o pensamento cético de alguns
estudiosos e leigos, porém atualmente há pesquisas com resultados favoráveis sobre a
utilização do colágeno como nutricosmético.
Esses resultados mostram que é possível retardar o efeito da perda do
conteúdo de colágeno, e consequentemente, atrasar ou tornar mais sutis os sinais de
envelhecimento cutâneo. A suplementação com essa proteína também pode contribuir
para tratamentos de osteoporose.

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A ação do colágeno é possível devido sua composição atípica,


contendo aminoácidos essenciais além dos não essenciais, que tem suas concentrações
diminuídas com o passar dos anos e assim, precisam ser suplementados. Além disso, a
ingestão fornece toda a constituição necessária para a formação do colágeno, o que é um
fator decisivo considerando a rotina acelerada e alimentação inadequada de grande parte
da população.
Mesmo apresentando benefícios clínicos e estudos científicos
apontando para a utilização deste nutricosmético, mais pesquisas acerca do assunto são
necessárias.

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125
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A MASSAGEM MODELADORA NO TRATAMENTO DE FIBRO EDEMA


GELÓIDE
THE MODELING MASSAGE IN THE TREATMENT OF FIBROUS EDEMA
GELOID.

Carina Cristina Borges da Lu¹


Roberta Chaves Penco Amorese²
Franciele Cruz Rocker dos Santos3
Talita Oliveira da Silva4

RESUMO

O Fibro Edema Gelóide é uma afecção estética que atinge muitas mulheres, com maior incidência em
indivíduos de raça branca se comparado com a raça negra. Não é uma desordem estética grave, mas
indesejada pelas mulheres, causando problemas emocionais pela aparência que desencadeia na pele, de
“casca de laranja”. O aparecimento da patologia está relacionado com hábitos rotineiros como dieta
desequilibrada, sedentarismo, obesidade, uso de anticoncepcionais e hábitos sociais como tabagismo e
álcool. A afecção estética é um distúrbio do tecido adiposo, não inflamatório que degenera o tecido que
provoca alterações na matriz intersticial, na circulação sanguínea, e na hipertrofia de adipócitos que
resultam em fibrose cicatricial. Acomete principalmente a região pélvica, membros inferiores e abdômen.
A massagem modeladora tem como objetivo trabalhar regiões localizadas do corpo, com a intenção de
reduzir medidas e melhorar o aspecto do Fibro Edema Gelóide, através de movimentos como:
amassamento, pinçamento, rolamento e deslizamento superficial e profundo permitindo a hiperemia do
local, com o objetivo da melhora na circulação sanguínea, redução de edema e diminuição de fibrose. O
presente estudo tem como objetivo, analisar os graus do Fibro Edema Gelóide e suas formas clínicas e a
melhora da afecção com a massagem modeladora.

Palavras-chaves: Fibro Edema Gelóide; Massagem Modeladora; Tecido Adiposo.

ABSTRACT

Fibroid edema is an aesthetic condition that affects many women with a higher incidence in white
individuals compared to the black race. It is not a serious aesthetic disorder, but undesired by women,
causing emotional problems by the "orange peel" appearance on the skin. The pathology onset is related
to some routine habits such as unbalanced diet, sedentary lifestyle, obesity, use of contraceptives and
social habits such as smoking and alcohol. Aesthetic disease is a non-inflammatory adipose tissue
disorder that degenerates tissue causing changes to the the interstitial matrix, blood circulation, and
hypertrophy of adipocytes resulting in scarring fibrosis. It mainly affects the pelvic region, lower limbs
and abdomen. The modeling massage aims to work on localized regions of the body to reduce measures
and improve the appearance of fibrous geloid edema, through movements such as: kneading, pinching,
rolling superficial and deep slip allowing the hyperemia of the place seeking improvement in blood
circulation, reduction of edema and decreased fibrosis.
The present study aimed to analyze the degree of swelling fibrous gelloid and clinical forms of the
disease, and the improvement of the affection with the molding (modeling) massage.

Key words: fibrous geloid edema; Modeling Massage; Adipose tissue.

_____________________________________________
¹ Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia
² Professora orientadora: Fisioterapeuta; Especialista em dermato funcional e docente do curso de estética e cosmética Unifil
Londrina PR
3
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR
4
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

INTRODUÇÃO

O aparecimento do Fibro Edema Gelóide está vinculado a inúmeros


fatores como dieta desequilibrada, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas e
tabagismo. A patologia tem graus de evolução, quando não visualizamos a olho nu e
temos uma pequena hipertrofia classificamos como Grau I; se as irregularidades
conhecidas como “casca de laranja” forem vistas somente com a contratura muscular
temos o Grau II; já se as mesmas irregularidades forem vistas sem a contratura muscular
somente com o paciente em posição ortostática e com menção de dores na região da
fibrose, diagnosticamos o Grau III; e no Grau IV da disfunção estética encontramos
grandes nódulos, visíveis sem qualquer contração muscular e com relato de fadiga em
membros inferiores e edema.
E ainda diagnosticamos algumas formas clínicas da patologia como a
consistência dura que acomete jovens mesmo praticantes de atividades físicas, porém o
aspecto de “casca de laranja” não é visível. Na forma flácida verificamos em pessoas
que perdem peso bruscamente, onde a pele parece sacudir conforme o movimento e
posição do indivíduo. Quando encontramos jovens utilizando anticoncepcionais
verificamos que a forma de se apresentar seria edematosa. Já na condição de Fibro
Edema Gelóide misto, encontramos quando em uma determinada região temos a forma
flácida e em outra região do corpo temos a afecção mais firme.
Um dos tratamentos utilizados para amenizar ou reverter o problema é
a massagem modeladora, que tem como finalidade trabalhar regiões localizadas do
corpo. Esculpindo o corpo em regiões que concentram gordura reduzindo medidas,
possui ação termogênica, desintoxicante, e vasodilatadora e melhora a nutrição tecidual
podendo ter seus efeitos prorrogados até as próximas 48 horas da execução da
massagem.
Usamos basicamente os movimentos da massagem clássica, porém
com mais vigor e pressão através dos movimentos de amassamento, pinçamento,
rolamento e deslizamento superficial e profundo.
O procedimento deve ser avaliado para cada paciente com cautela,
com algumas contra indicações podem acarretar problemas ao paciente ao invés de
melhora. Devemos ficar atentos a casos de hipertensão e hipotensão descompensadas,

127
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

diabéticos descontrolados, lesões na pele, gravidez, neoplasias, pós-operatório imediato


e alterações vasculares.

DESENVOLVIMENTO

Pele

A pele é um órgão complexo protege o nosso corpo do ambiente em


que vivemos e promove interação com o meio. Ela é muito mais que escudo estático e
impenetrável contra agentes externos, a pele promove a barreira física de
permeabilidade evitando a perda e absorção de água, proteção contra agentes
infecciosos, termorregulação, sensibilidade, proteção a radiação ultravioleta (UV), cura
e regeneração de ferimentos proporcionada pelas células de defesa imunológica contidas
no tecido epitelial, pois ela participa do sistema imunológico, além da aparência
externa. (FITZPATRICK, 2011).
A pele corresponde a menos de 15% do peso do corpo, onde é
considerado o maior órgão do corpo humano, e sua extensão corresponde a dois metros
quadrados. Sendo dividida em três estruturas distintas como a epiderme, a derme e a
hipoderme. (KEDE, 2009).
É uma estrutura em contínua renovação, sendo capazes de gerar os
chamados anexos, derivados da epiderme com unidades pilossebácea, unhas e glândulas
sudoríparas. Varia em espessura de 0,4 a 1,5 mm enquanto a espessura completa da pele
é de 1,5 a 4,0 mm. A epiderme é composta de um epitélio estratificado pavimentoso,
sendo constituída de várias camadas de células que se achatam, sendo elas: camada
basal, camada espinhosa, camada granular, camada lúcida e camada córnea.
(FITZPATRICK, 2011).
A derme é subdividida em uma camada papilar uma camada reticular
mais profunda. Ela contém a maior parte das estruturas vivas da pele sendo responsável
pela elasticidade e resistência. Contendo corpúsculos sensoriais táteis, terminações
nervosas e receptores de frio e calor. Seus vasos sanguíneos são responsáveis pela
nutrição e pela oxigenação das células dérmicas e epidérmicas. A derme é formada por
fibras colágenas, elásticas e substância amorfa, todas produzidas pelos fibroblastos.
(BORGES, 2010)

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A porção papilar tem maior número de fibroblastos e capilares do que


a derme reticular, e as fibras colágenas do tipo III são mais finas e não se agrupam em
feixes, como ocorre na reticular e se encontra logo abaixo da epiderme. Já os feixes de
colágeno da derme reticular são formados por colágeno do tipo I, correm em vários
sentidos, de forma que são cortados na longitudinal, transversal e obliquamente, porém
encontrados em planos paralelos a superfície cutânea, se encontra entre a derme papilar
e o tecido adiposo subcutâneo. (KEDE, 2009)
A hipoderme é a camada mais profunda da pele, se encontra abaixo da
derme, formada por tecido adiposo, ou seja, são inúmeras células de gordura sob a
forma de triglicerídeos e também composta por tecido frouxo (tecido mais flexível e
pouco resistente a tração). (SAMPAIO, 2008)

Tecido adiposo

O tecido adiposo é dividido em duas camadas, sendo a camada mais


superficial chamada de areolar; formada de células globulares, túrgidas e superpostas.
Na camada lamelar encontramos células menores e dispostas em lâminas e reservam em
maior volume a gordura em excesso. Que se encontra dividida por uma lamina chamada
de fáscia superficial. (SILVA, 2010)
Conforme os lóbulos ou células de gordura aumentam este arcabouço
conjuntivo não se altera, o que faz com que o local fique pequeno para manter os
lóbulos e eles repuxam o local como se fizessem relevos na pele e a celulite aparece,
nomenclatura que habitualmente chamamos celulite, porém sendo corretamente
chamado de Fibro Edema Gelóide. (KEDE, 2009)
Em pessoas de peso normal, o tecido adiposo corresponde de 20-25%
do peso corporal em mulheres e 15-20% em homens. (COSTA, 2009)
Existem dois tipos de células adiposas, a mais comum que é amarela
chamada de unilocular e o pardo ou multilocular. A função do tecido adiposo amarelo
ou unilocular é o armazenamento e balanço energético, é o resultado de uma ingesta rica
em carboidratos, energia utilizada em jejuns prolongados por exemplo. (COSTA, 2009)
Encontramos o tecido adiposo pardo no desenvolvimento fetal, A
célula multilocular contém muitas mitocôndrias onde a energia produzida pelas
mitocôndrias é dissipada em forma de calor, em vez de armazenar na forma de

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

adenosina trifosfato (ATP) como na célula unilocular. Sendo importante para a


regulação térmica de humanos e recém nascidos. (BORGES, 2010)

Fibro Edema Geloide

A lipodistrofia ginóide é um distúrbio do tecido adiposo,


principalmente após a adolescência, não é inflamatório, e provoca uma irregularidade da
superfície da pele. (SAMPAIO, 2008)
Pode ser considerada uma patologia multifatorial que degenera o
tecido adiposo em fases, que provoca a alteração da matriz intersticial, estase na
microcirculação (interrupção de vasos) e hipertrofia de adipócitos (crescimento
excessivo das células) onde evolui para fibrose cicatricial. (KEDE, 2009)
O desenvolvimento do Fibro Edema Gelóide tem maior incidência em
indivíduos de raça branca se comparado as raças negras e amarelas. E podemos
encontrar algumas evidências clínicas na apalpação da disfunção estética como:
aumento da espessura do tecido celular subcutâneo; maior consistência tecidual; maior
sensibilidade à dor; diminuição da mobilidade por aderências aos planos mais
profundos. (GUIRRO, 2002)
Atinge cerca de 90% das mulheres, dando um aspecto a pele de “casca
de laranja”, o que trás para a mulher um constrangimento e infelicidade. (STEINER,
2010)
O Fibro Edema Gelóide é uma alteração topográfica, que acomete
principalmente a região pélvica, membros inferiores e abdômen das mulheres.
(BORGES, 2010)
O acúmulo de gordura nestas regiões aumenta após os 18 anos pelo
estímulo estrogênico, com o intuito de armazenar energia para a gravidez, lactação e
também responsável pela silhueta feminina. (BORGES, 2010)

O tratamento surtirá efeito se estiverem associada à dieta do


indivíduo, que deve ser equilibrada e balanceada, e com a prática de atividade física, a
ausência desta associação ao tratamento estético pode permitir o retorno da disfunção
estética. (BORGES, 2010)
Existem alguns outros fatores que também contribuem para o
aparecimento da lipodistrofia ginóide, a gravidez, o uso de anticoncepcionais,

130
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

menopausa, varizes, microvasos, o uso de medicamentos a base de corticóides, pois o


mesmo contribui para a retenção de líquidos. Roupas justas e saltos altíssimos, que
prejudicam a circulação sanguínea. (STEINER, 2010)

Classificação do Fibro Edema Gelóide

Classificamos clinicamente o Fibro Edema Gelóide em quatro graus,


Grau I Não é visível a olho nu sendo fisiologicamente normal, vemos uma hipertrofia
pequena da camada areolar, permeabilidade capilar e pequenas hemorragias. Grau II As
irregularidades na pele são vistas somente com a contratura muscular. Grau III As
irregularidades são visíveis mesmo em repouso, onde já começam a parecer com “casca
de laranja”. Grau IV É mais grave e podemos ver nesta fase nódulos maiores e sinais de
grande aderência como “furos” maiores. (COSTA, 2009)

Formas Clínicas do Fibro Edema Gelóide

Segundo Kede (2009), temos outra classificação da patologia de


acordo com a estrutura da pele. Dura, acomete jovens mesmo com atividade física
regular, a aparência de “casca de laranja” só aparece ao beliscar a pele. Flacida,
Acometem sedentários ou pessoas que perdem rápido o peso, freqüente após os 30 anos.
Edematosa, Aparece em jovens que usam anticoncepcionais, a aparência de “casca de
laranja” é precoce com difícil reversão. Mista, É a evolução de formas antigas do Fibro
Edema Gelóide (FEG). Onde pode ser firme nas coxas e flácido no abdômen.

Massagem Modeladora

A massagem modeladora tem como objetivo trabalhar regiões


localizadas do corpo, buscando a redução de medidas e melhorando o aspecto do Fibro
Edema Gelóide com a mobilização de gordura. (VASCONCELOS, 2009)
A massagem modeladora nos permite esculpir o corpo em pontos onde
a gordura se concentra. Com ação termogênica, desintoxicante, reorganizadora,
vasodilatadora e linfocinética, têm a sua ação agindo por até 48 horas. (FRANÇA,
2016)

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Os movimentos utilizados neste tipo de massagem basicamente são os


mesmos da massagem relaxante, porém efetuados com mais intensidade e pressão.
Utilizamos para realizar as manobras, cosméticos com principio ativo ou não.
(VASCONCELOS, 2009)
Os efeitos fisiológicos provenientes da massagem modeladora são
vasodilatação, melhora da oxigenação, nutrição tecidual, sistema linfático e eliminação
de metabólitos. (VASCONCELOS, 2009)
No tecido adiposo a massagem objetiva aumentar a circulação
sanguínea e provocar o esvaziamento das células, (a lipólise), devido os movimentos
produzimos calor, dando maior mobilidade ao conteúdo da célula permitindo assim que
o mesmo seja eliminado do nosso corpo pelas vias excretoras. Quando aumentamos à
circulação sanguínea a gordura tende a diminuir. (FRANÇA, 2016)

Indicações da Massagem Modeladora

Usamos a massagem com o propósito de modelar o corpo, reduzir


medidas, gordura localizada e Fibro Edema Gelóide. (VASCONCELOS, 2009)

Contra Indicações da Massagem Modeladora

Porém, não devemos efetuar a massagem modeladora em pessoas com


processo inflamatório, processos infecciosos, hipertensão/hipotensão descompensada,
diabetes descontrolada, gestantes (em abdômen), lesões na pele, pós-operatório
imediato, neoplasias e alterações vasculares como (Varizes, flebite, trombose,
telangectasias). (VASCONCELOS, 2009)

Manobras de Massagem Modeladora

Podemos realizar sessões de massagem modeladora de 45 a 60


minutos. As manobras de massagem são basicamente: amassamento, pinçamento,
deslizamento superficial e profundo e rolamento. (BECK, 2009)

Massagem Modeladora Para o Tratamento de Fibro Edema Geloide

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A massagem facilita a circulação de retorno onde se encontrava lenta


e estagnada. (SEUBERT, 2008)
A massagem modeladora trabalha de forma localizada, melhorando
assim a aparência do Fibro Edema Gelóide do local, a massagem ativa a circulação
sanguínea, devido os movimentos rápidos, repetitivos e vigorosos. (FRANÇA, 2016)
O fluxo sanguíneo quando está lento proporciona a lipogênese e
quando o mesmo se encontra rápido ativa a lipólise, ou seja, o gasto energético ou perca
de gordura, importante para amenizar a patologia. (KEDE, 2009)

CONCLUSÃO

Analisamos que a massagem proporciona inúmeros benefícios no


tratamento do Fibro Edema Gelóide com resultados importantes para a solução do
problema. Pois a massagem modeladora melhora o aspecto desagradável da pele da
cliente, trazendo satisfação pessoal e desejo de se olhar novamente no espelho, deixando
a pele mais uniforme diminuindo o aspecto “casca de laranja”.
Conclui-se que a massagem modeladora tem um papel importante e
significativo no tratamento do Fibro Edema Gelóide, proporcionando um tratamento
indolor ao paciente.

REFERENCIAS

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técnicas de massagem sueca, shiatsu e reflexologia. São Paulo: Cengage Learning,
2009. 147 p. ISBN 978-85-221-0583-0.

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Janeiro: Revinter, 2009. 67 p. ISBN 9788537202555.

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GUIRRO, Elaine Caldeira de Oliveira; GUIRRO, Rinaldo Roberto de J. Fisioterapia


dermato-funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo:
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KEDE, Maria Paulina Villarejo; SABATOVICH, Oleg. Dermatologia estética. 2. ed.


São Paulo: Atheneu, 2009. 1015 p. ISBN 9788538800606.

OLIVEIRA, Andrea Lourenço de; PEREZ, Erika; VASCONCELOS, Maria Goreti de;
VASCONCELOS, Maria Goreti de (Org.). Curso didático de estética. 2. ed. São
Caetano do Sul: Yendis, 2014. 2 v. ISBN 978-85-7728-359-0 (obra

SAMPAIO, Sebastião A. P.; RIVITTI, Evandro. Dermatologia. 3. ed. Porto Alegre:


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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

O USO DO ULTRA-SOM NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE


THE USE OF ULTRASOUND IN THE TREATMENT OF FIBRO EDEMA
GELOIDE

Claudinéia Ferreira7
Roberta Chaves Penco Amorese8
Franciele Cruz Rocker dos Santos3
Talita Oliveira da Silva4

RESUMO

O fibro edema gelóide, é uma afecção funcional da derme e hipoderme, onde há alterações topográficas
na pele, deixando-a com aparência desagradável ao ponto de vista estético, podendo afetar a paciente
psicologicamente, acomete a maioria da população feminina, É comumente localizado em regiões de
quadril, glúteo e coxa, e seu início se dá após a puberdade devido dentre outros fatores ao fator hormonal.
Cabe aos profissionais Tecnólogos em Estética e Cosmética, conhecer sobre a etiologia do fibro edema
gelóide, saber fazer a avaliação correta para o tratamento adequado. O ultra-som é uma tecnologia que
através dos seu efeitos fisiológicos consegue uma grande melhora funcional dos tecidos cutâneos e
subcutâneos com isso há um aumento na circulação de fluidos intracelulares e extracelulares
promovendo a retirada de catabólitos e melhorando a nutrição local.

Palavras-chaves: Fibro edema gelóide; Ultra-som; Estética e cosmética.

ABSTRACT

The Fibrosis Edema Geloide is a functional affection of the dermis and hypodermis, which is a
topographic change in the skin, leaving it with a bad appearance, which can affect the patient
psychologically and affect the majority of the female population. Usually located in the hip, gluteal and
thigh regions, and normally began after puberty due to the hormonal factor. It is up to the professional
technologists in Aesthetics and Cosmetics, to know about the etiology of the fibrosis edema geloide, to
make the correct evaluation for the appropriate treatment. Ultrasound is a technology that uses a
physiological effect that is capable to do a great functional improvement of the skin and subcutaneous
tissues, with the increasing in the intracellular circulation and extracellular fluids promoting the
withdrawal of catabolites and improving the local nutrition.

Key words: Ultrasound; Fibrosis Edema Gelóide, Aesthetics and Cosmetcis

INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO
7
Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil Londrina PR.
8
Professora Orientadora Fisioterapeuta,Especialista em Dermato Funcional, Docente do Curso Superior de Tecnologia em Estética
e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil Londrina PR
3
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR
4
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Atualmente padrão cultural de beleza que vem sendo vinculada pela


mídia e sociedade, contribuindo para o descontentamento das mulheres com o próprio
corpo, e segundo BORGES 2016 que beleza também exige pele lisa, uma pele integra
sem imperfeiçoes estéticas sem nenhum identificador de Fibro Edema Gelóide. E o
Fibro Edema Gelóide afeta cerca de 85% a 98% das mulheres de todas as raças após a
puberdade, devido a fatores hormonais modificando o aspecto da pele deixando com
aparência de casca de laranja.
Esta afecção não é somente estética, mas também pode causar dores
intensas dependendo do grau que se encontra, abalando também o psicológico e
qualidade de vida da cliente. Muitos termos já foram empregados para indicar celulite,
mas o Fibro Edema Gelóide é o mais utilizado pela literatura científica, por simular
melhor definição. (BORGES, 2016)
Alterações circulatórias que geram edema local que impede as trocas
metabólicas, onde há modificação dos adipócitos, e compressão da microcirculação, são
as principais características do Fibro Edema Gelóide que, além disso, gera
espessamento não inflamatório atingindo principalmente as regiões de glúteos e coxa.
(PEREZ, 2014)
É um processo gradual, ele piora com o tempo, para que possa ter uma
regressão do Fibro Edema Gelóide, os médicos indicam que seja feito o tratamento nos
primeiros cinco anos do seu surgimento, e se o tratamento iniciar antes dos 40 anos de
idade, melhor será os resultados. (PEREIRA, 2007)
E essa busca pela beleza padronizada, faz com que tenha um aumento
de procura por tratamento, aumentando assim as clinicas de estéticas, obrigando os
profissionais esteticistas a buscar conhecimentos e recursos cada vez mais avançados e
que de resultados satisfatório para seus clientes.
O ultra-som terapêutico tem sido muito habitual nas áreas de
fisioterapia dermatofuncional e profissionais de estética, devido a grande resposta a
algumas afecções. (KAMIZATO, 2014)
Na estética o ultra-som utilizado é de 3MHz pela sua capacidade de
penetrar cerca de 2 a 4 centímetros de profundidade, chegando a camada hipodérmica e
age diretamente nos Fibro Edema Gelóide e na gordura localizada. (PEREIRA, 2007)

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Este estudo foi uma revisão bibliográfica, e foi realizado pesquisas em


livros no período de março de 2016 a junho de 2017, e o objetivo foi compreender os
benefícios do Ultra-som no uso do tratamento do Fibro edema Gelóide.
Com o uso do ultra-som no tratamento de Fibro Edema Gelóide os
resultados são obtidos através do seu efeito fisiológico principalmente ação
tixotropica e a capacidade de conduzir substâncias conhecida como fonoforese.
(COSTA, 2009)

DESENVOLVIMENTO

PELE

A pele é a parte externa do corpo, um órgão de revestimento, que tem


diversas funções importantes para o bom funcionamento do organismo, ele forma uma
barreira para proteger o organismo contra micro-organismo externo, manter a regulação
do organismo em constante equilíbrio, regulação de temperatura corporal, absorver os
raios ultravioletas (UV), capacidade de capturar estímulos e reparar danos e de interagir
com o sistema imunológico. (RODRIGUES 2012)
Constituída por células, divide-se em duas partes (camada epiderme e
derme). Há também uma terceira camada, que é o tecido adiposo onde não faz parte da
pele, mais há uma relação entre elas, pois muito das vezes elas tendem a responder
juntamente em alguns processos. (LEVER, 2011)
A epiderme é a parte visível da pele, um tecido constituído por células
justapostas; epitélio estratificado e cornificado, que estão em constante renovação e tem
a capacidade de gerar os anexos epiteliais. (FITZPATRICK, 2011).
A derme é a maior porção da pele e determina a sua flexibilidade,
elasticidade e força de tensão, tem a função de proteger o corpo de ferimentos
mecânicos, forma uma barreira para a água e auxilia na manutenção da temperatura
corpórea, tem receptores de estímulos sensoriais e interagem no repara e remodelamento
da pele após ferimentos. É um sistema integrado de tecido conjuntivo com elementos
fibrosos filamentosos e células que acomodam redes nervosas e vasculares, os anexos
derivado da epiderme, e contêm tipos de células resistentes e células circulantes do
sistema imune. (FITZPATRICK, 2011)

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O tecido adiposo é um tipo especializado de tecido conjuntivo onde a


maior parte das células são células adiposas. (JUNQUEIRA, 2008), as células adiposas
são reservatórios de gordura sobre forma de triglicerídeos segundo COSTA, 2009, e
estão em contato com a porção profunda da derme, sendo que o seu conjunto forma a
hipoderme, e são encontrada sobre as redes de colágeno. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)

FFIBRO EDEMA GELÓIDE

Para definir o fibro edema gelóide (FEG), deve-se entender bem a


discordância do termo para esta alteração patológica. Conhecida como celulite, palavra
de origem latina; celulite quer dizer inflamação do tecido celular ao qual não define
adequadamente. No inicio o termo subcutâneo era acrescentando ao nome fibro edema
gelóide, onde distinguia a hipoderme como o único tecido envolvido, o que é um erro,
tendo em vista que as alterações acometem em diversos graus o tecido cutâneo e
adiposo ocorrendo nesta disfunção uma série de alterações estruturais na derme, na
microcirculação e nos adipócitos, sendo assim desconectado o termo subcutâneo do
nome. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)
Atualmente há indicativos que o principio das transformações se da
na matriz intersticial, mediante as alterações bioquímica dos mucopolissacarídeos e
proteoglicanos, que sofrem uma hiperpolimeração, onde a matriz tem a sua viscosidade
aumentada havendo prejuízo de suas principais funções. (KEDE, 2009)
O Fibro Edema Gelóide trata-se de um tecido mal oxigenado e
subnutrido, desorganizado e sem elasticidade, resultante de um mal funcionamento do
sistema circulatório e das contínuas transformações do tecido conjuntivo, As alterações
que ocorrem no nível tecidual são divididas em quatro fases. (GUIRRO, GUIRRO,
2002)
Na primeira fase ocorre à estase venosa e permeabilidade capilar
irregular, na segunda fase há uma organização progressiva e colagenização do exsudato
plasmático havendo o aumento da estase, na terceira fase o fibroblasto produz
elementos fibrosos inelásticos que se intercalam, dividindo a hipoderme em
compartimentos com múltiplos alvéolos, havendo a organização dos adipócitos em
micronódulos e na quarta fase é um processo fibrocicatricial com alterações nos
capilares onde os micronódulos comprimem as arteríolas e os nervos, e as fibras
conjuntivas aderem à pele. (COSTA, 2009)

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É difícil garantir a verdadeira causa, pois seria impossível isolar a


influência de cada fator, que provavelmente desencadeia o processo do Fibro Edema
Gelóide, que são os fatores predisponentes, os determinantes e os condicionantes, onde
somados contribuem para o aparecimento destas alterações,.(GUIRRO, GUIRRO,
2002)
Com embasamento nos aspectos clínicos, para avaliar o Fibro Edema
Gelóide, os médicos dividiram as em quatro graus. (KEDE, 2008)
• Grau I: ainda não é visível, sendo percebida somente através da
compressão do tecido entre os dedos. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)
• Grau II: na palpação e contração e visivelmente aumentada.
(COSTA, 2009)
• Grau III: É totalmente visível, e na palpação é possível sentir os
nódulos fibrosos apresenta dor à palpação. (COSTA, 2009)
• Grau IV: Possui uma grande ondulação da camada
dermoepidermica, devido a fibroesclerose das trabéculas do conjuntivo. (COSTA, 2009)
Compreende-se por forma clinica do Fibro Edema Gelóide o aspecto
visível as manifestações aparentes condicionadas pelas texturas das próprias lesões,
(GUIRRO, GUIRRO, 2002), e as formas clinicas apresentadas são: Fibro Edema
Gelóide Consistente, Brando ou Difuso, Edematoso , Misto, Puro e Composto

ULTRA-SOM

O ultra-som são ondas sonoras em que direção de propagação é a


mesma que a direção da vibração, essas onda sonoras não podem ser perceptível ou
ouvido humano. (MACHADO, 2002)
O aparelho de ultra-som terapêutico compõe de um console, onde
existe um circuito apropriado que recebe a corrente elétrica comercial transformando-a
em oscilações elétricas de alta frequência. As oscilações são encaminhadas ao
transdutor (cabeçote) que é composto por um cristal piezelétrico, que podem produzir
ultra-son de forma continua e pulsada. (BORGES, 2006)
Na oscilação contínua, o efeito que prevalece é o térmico e na
oscilação pulsada é o efeito não térmico. (MACHADO, 2002)
Os cristais sofrem alterações quando recebem corrente elétricas,
havendo compressão e dilatação dos cristais. Pressão a qual sobre os cristais provoca a

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emissão de ondas ultra-sônicas com frequência idêntica a corrente recebida ou que


incide sobre o cristal dentro do transdutor. (MACHADO, 2002)
Nos transdutores terapêuticos o material utilizado é a cerâmica de PZT
(titanato zirconato de chumbo), o qual se deforma na presença de um campo elétrico
onde a forma variando de acordo com o pulso. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)
A frequências de oscilação do cristal piezelétrico provocam uma
frequência de 1 MHz ou 3 MHz, onde são utilizados de acordo com a profundidade de
estrutura a ser irradiada. (COSTA, 2009). Segundo GUIRRO, GUIRRO (2002), a
intensidade varia entre 0,1 e 3 Wcm2 (watts por centímetro quadrado), e os aparelhos
mais compatível para pratica clinica varia entra 0,01 a 2,0 Wcm2.
No interior dos aparelho de ultra-som há um circuito que controla a
intensidade das oscilações elétricas, que controla o grau de oscilação do cristal e
consequentemente a amplitude da ondas sonora. (BORGES, 2006)
A Área de Radiação Efetiva (ERA) está relacionada com a dimensão
do cristal piezelétrico, geralmente a área é menor que a área física da face metálica do
transdutor, que pode girar em torno de 3cm2 a 4cm2 podendo variar de acordo com o
tratamento terapêutico. (BORGES, 2010)
São utilizados nas aplicações do ultra-som terapêutico agentes de
acoplamento, evitando que o mesmo se propague pelo ar fazendo com que os meios
envolvidos (metal e pele), pareçam iguais para que a maior quantidade de intensidade
incidente seja transmitida. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)
O ultra-som provoca o efeito mecânico onde há uma micromassagem
celular, e que é responsável por quase todo os efeitos da terapia ultra-sônica, e que
consiste em produzir tanto no modo continuo como no pulsado. Já o efeito tixotrópico
constitui na condição que apresenta certos líquidos onde a viscosidade diminui quando
são agitadas mecanicamente. E o ultra-som tem a capacidade de modificar substancias
em estado de maior consistência transformando em estado gelatinoso. (BORGES, 2006)
O efeito térmico pode ser obtido quando a temperatura do tecido é
elevada para entre 40ºC e 45ºC por no mínimo cinco minutos, causando efeitos
desejáveis como alivio de dor redução da rigidez articular e aumento do fluxo
sanguíneo. (KITCHEN, 2003).

O USO DO ULTRA-SOM NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELOIDE

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A utilização do ultra-som no tratamento de fibro edema gelóide, esta


relacionado aos seus efeitos fisiológicos associado a sua capacidade de veiculação de
substâncias através da pele. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)
Segundo COSTA (2009), o utra-som utilizado no tratamento de fibro
edema gelóide é o de frequência de 3 MHz, e a intensidade varia de 0,8 a 1,2 W/cm2 no
modo pulsado, e quando utiliza a fonoforese a intensidade e de 0,8 W/cm2. Para
BORGES (2006), o ultra-som 3MHz de modo continuo é utilizado para ser realizado
com fonoforese devido a maior ação tixotrópica.
E os efeitos fisiológico do ultra-som no tratamento de fibro edema
gelóide são: ação tixotrópica sobre géis, despolimerização das substancias
fundamentais; deslocamento de íons; aumento da permeabilidade das membranas;
melhor reabsorção de líquidos e aperfeiçoamento da irrigação sanguínea e linfática;
aumenta a produção e melhora a orientação das fibras de colágenas do tecido
conjuntivo. (COSTA, 2009)
A micromassagem causada pelo ultra-som controlam e ajudam o
retorno venoso e linfático, favorecendo a reabsorção do acúmulo de liquido e irritantes
tissulares. (MACHADO, 2002)
O ultra-som tem efeitos fibrolíticos que ameniza a esclerose tecidual
com as ficção moleculares, além disso causa uma despolimerização ou fragmentação
das moléculas grandes de modo a diminuir a viscosidade do meio, que no fibro edema
gelóide encontra-se aumentada.(KUHNEN, 2010)
O efeito tixotrópico do ultra-som, que tem a capacidade de amolecer
estruturas com maiores consistências físicas (nódulos celulítico), permitindo o aumento
da elasticidade tecidual e a diminuição da consistência tecidual fibrótica. (BORGES,
2006)
O efeito térmico produzido pela ultra-som, é capaz de aumentar o
fluxo sanguíneo, e permeabilidade das membranas e a extensibilidade dos tecidos ricos
em fibras de colágenos. (BORGES, 2006)
O Efeito mecânico faz uma micromassagem nos tecidos aumentando a
circulação de fluidos intra e extracelulares, promovendo a toca de nutrientes e
eliminação de catabólitos, havendo também o aumento da permeabilidade da membrana
celular antecipando os processos osmóticos. (COSTA, 2006) O principal beneficio na
terapia ultra-sônica no tratamento de fibro edema gelóide é a neovascularização
melhorando assim o aumento da circulação local, o rearranjo e aumento das fibra de

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colágenos, melhoras da propriedades mecânicas do tecido e ação tixotrópica.


(BORGES, 2006)

CONCLUSÃO

Através desta pesquisa bibliográfica, pode conhecer melhor todo o


sistema tegumentar, o tecido adiposo, o mecanismo de formação do Fibro Edema
Gelóide, sobre o ultra-som e seus mecanismos de ação e o efeitos terapêutico
principalmente no tratamento do Fibro Edema Gelóide. Assim pode-se fazer a
orientação adequada, indicar o melhor tratamento para obter bons resultados.
O ultra-som é uma ferramenta de grande auxilio para os profissionais
da estética usar no tratamento de Fibro Edema Gelóide, e para melhor aproveitamento
de seus benefícios tem que aprofundar melhor no conhecimento sobre os processos que
envolvem este procedimento e utilizar de maneira correta. Os profissionais não podem
somente comprar um aparelho, tem que capacitar-se, pois este quando usado de maneira
inadequada e sem o conhecimento pode não se obter o resultado desejado ou mesmo
colocar os clientes em risco.
O ultra-som tem a habilidade de inserir agentes farmacologicamente
ativo através da pele, auxiliando no tratamento, e para isso tem que conhecer os fármaco
que melhor atua no fibro edema gelóide, e que tenha a ação lipolítica e estimulante da
circulação.

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ANTIOXIDANTES E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO COMBATE AOS


RADICAIS LIVRES.
ANTIOXIDANTS AND THEIR CONTRIBUTIONS TO COMBAT FREE
RADICALS

Bárbara Bruna Viera Nunes¹


Adrielly Michely Ferreira2
Franciele Cruz3
Talita Oliveira da Silva4

RESUMO
A presente pesquisa tem como objetivo demonstrar a função e atuação dos antioxidantes com relação aos
radicais livres, os quais são considerados um dos grandes causadores de envelhecimento cutâneo. Os
radicais livres lesam as células saudáveis ocasionando danos ao funcionamento das mesmas. Os
resultados desse processo podem ser observados através dos primeiros sinais de envelhecimento precoce
até o câncer de pele. Buscando prevenir e remediar tais efeitos deletérios ocasionados pelos radicais livres
é que atualmente muitos dos cosméticos tendem a ter em suas formulações antioxidantes. A vitamina C
que além de ser indispensável na síntese de colágeno é um potente antioxidante que atua no interior das
células protegendo-as do estresse oxidativo, ela vem sendo utilizada cada vez mais nos cosméticos
podendo ser associada a outras substâncias e outros antioxidantes como a vitamina E. Taninos e
flavonóides também entram nesta categoria de antioxidantes e um dos mais conhecidos e utilizados é o
chá verde que pode agir de seis maneiras diferentes, tais quais são: sequestradores direto de radicais
livres, regulação decrescente de radicais livres, eliminação de pioneiros dos radicais, quelante de metais e
aumento dos antioxidantes endógenos. Existem diversas maneiras de se beneficiar dos efeitos dos
antioxidantes bem como através de uma aplicação tópica ou oral, no entanto nenhuma das opções é
dispensável afinal eles previnem o processo de senescência e também futuras patologias.

Palavras – chave: antioxidantes, radicais livres, envelhecimento.

ABSTRACT
The current study has as a goal to demonstrate the function and acting of antioxidants related to free
radicals, which are considered one of the biggest causes of skin aging. Free radicals damage healthy cells
leading to problems on their functioning. The results of this process can be observed through the first
signs of early skin aging to skin cancer. Seeking to prevent and remedy such harmful effects caused by
the radicals, is that nowadays, cosmetics tend to have antioxidants in their formulations. Vitamin C,
besides being essential in the synthesis of collagen is a powerful antioxidant that acts inside of cells
protecting them from oxidative stress, it has been used in large scale in cosmetics, it can also be
associated to some other substances and other antioxidants such as vitamin E. Tannins and
flavonoids are also in this antioxidant category and one of the most known is the green
tea .It can age in six different ways, which are straight captor from free radicals,
decreasing adjustments of free radicals, disposal of groundbreaking radicals, metal
chelating and increasing of endogenous antioxidant. There are several ways to benefit
from the antioxidants effects as well as through a topic or oral application, however,
any of options are dispensable, after all, they prevent the senescence process and
future pathologies.

Key words : antioxidants , free radicals , aging.

________________________
¹Discente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil
²Docente Orienradora, Docente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil.
3
Docente Co-orientadora do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil.
4
Docente Co-orientadora do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil.

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INTRODUÇÃO

A pele é um órgão complexo no qual interações celulares e moleculares


reguladas de modo preciso governam muitas das agressões provindas do meio ambiente.
É constituída por vários tipos de células interdependentes responsáveis pela manutenção
de sua estrutura normal. (ROTTA, 2008).
Envelhecer é uma realidade que todos os indivíduos apresentam em suas vidas.
Não apenas as mulheres mas os homens também querem exibir uma ele bonita e
saudável, e isso tornou-se uma preocupação, onde as pessoas acabam por explorar
diversas maneiras de retardar esse processo que não há como extinguir de nossas vidas.
Existem inúmeras outras como, por exemplo, a teoria do envelhecimento por meio dos
radicais livres que são substâncias extremamente oxidativas onde suas moléculas são
instáveis e altamente reativas a oxigênio onde procuram estabilizar-se lesando células
saudáveis. Não tendo apenas atuação no envelhecimento precoce os radicais livres
também têm atuação em vários tipos de cânceres, porém o combate aos radicais livres é
possível através de substancias antioxidantes que podem ser produzidos em nosso
próprio organismo e até mesmo encontrados em alimentos e produtos cosméticos graças
ao conhecimento já existente e a tecnologias atuais.
Para evitar esse processo de depleção celular, a pele possui seu próprio
mecanismo de defesa tais como: enzimas, vitaminas e agentes quelantes de íons
metálicos. Entretanto a capacidade protetora desse mecanismo diminui com o
envelhecimento, então compostos exógenos como antioxidantes e compostos fenólicos
reforçam a proteção natural pela limitação das reações oxidativas. Os antioxidantes
presentes em extratos de plantas vem atraindo cada vem mais a atenção dos
consumidores e o uso de plantas com propriedades terapêuticas também chama a
atenção dos pesquisadores.
Além dessa tese do tempo há inúmeras outras que favorecem o envelhecimento,
por exemplo, a teoria dos radicais livres que são substâncias extremamente oxidativas
onde suas moléculas são instáveis e altamente reativas a oxigênio onde procuram
estabilizar-se lesando células saudáveis. Não tendo apenas atuação no envelhecimento
precoce os radicais livres também têm atuação em vários tipos de cânceres, porém o
combate aos radicais livres é possível através de substancias antioxidantes que podem
ser produzidos em nosso próprio organismo e até mesmo encontrados em alimentos e

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produtos cosméticos por intermédio das tecnologias atuais que são empregadas nas
formulações.

METODOLOGIA

Trabalho efetuado através de pesquisa bibliográfica que e reine informações e


dados para construção de uma linha de pesquisa a partir da proposta relacionada ao tema
em questão.

REVISÃO GERAL DE LITERATURA

Tipos diferentes de envelhecimento cutâneo:


O envelhecimento pode ser definido por multifatores que envolvem desde
genética, fatores ambientais e comportamentais que provocam um conjunto de
alterações ligadas a morfologia, fisiologia e bioquímica da pele e que consequentemente
são inevitáveis, no entanto podem ser retardados. Assim há uma queda das funções
normais que compõem o organismo, além do aparecimento de indesejáveis
modificações na aparência do tecido cutâneo (RIBEIRO 2010)
Rebello (2010) ressalta que o envelhecimento intrínseco pode ser considerado
como algo natural e com o passar dos anos deixa o organismo com um déficit de suas
funções normais, assim as pessoas ficam mais susceptíveis a patologias. Ainda enfatiza
que esse processo pode ser chamado de envelhecimento cronológico, dado a suas
características interligadas com o tempo vivido por uma pessoa.
O envelhecimento intrínseco nada mais é que o envelhecimento natural de todos
os órgãos inclusive a pele. Os aspectos de uma pele naturalmente envelhecida são mais
notados na parte interna dos braços rente ás axilas, uma pele mais fina, onde
elasticidade quase não é encontrada e a flacidez é ressaltada, de rugas finas, todavia sem
alterações de superfície e manchas (GOMES, 2009).
Viera (2003) diz que o envelhecimento extrínseco do tecido tegumentar é uma
resposta de agressões externas submetidas pelo ser humano, dentre as que mais se
destacam por colaborar de maneira significativa com tal resposta estão os raios
ultravioletas advindos da luz solar, dos quais podem ser responsáveis pelo processo de
envelhecimento

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Teorias relacionadas ao processo de senescência


Genética: essa teoria trabalha com conceitos de Leonard Hayflick, que afirma
que o envelhecimento é ocasionado por intermédio do desgaste das células devido a
produção programada de células que levam a senescência (GOMES,2009).
Erro-catástrofe: também baseada na teoria genética onde a perda das funções
dos genes devido a erros na transcrição do RNA gera versões de proteínas responsáveis
pelo acúmulo de proteínas desfiguradas não viáveis (GOMES, 2009)
Telômeros: o envelhecimento também pode ser acelerado devido a incapacidade
da DNA-polimerase de transcrever a sequência final da base da fita de DNA dos
cromossomos, assim sendo diminuídos a cada mitose o tamanho dos telômeros que são
sequências repetitivas de nucleopeptídios encontradas no final dos cromossomos
disparando o processo genuíno do envelhecimento (GOMES, 2009).
Glicação: é o excesso de glicose circulante no corpo, onde o organismo não dá
conta de metabolizar todo esse açúcar ali presente, assim ocorre a ligação dessa glicose
excessiva com lipídeos e proteínas havendo o enrijecimento de proteínas e fibras e
também alterando a funcionalidade de fibroblastos e queratinócitos (GOMES,2009).
Teoria das Reações Cruzadas de Macrocélulas: baseada na tese da
ortomolecular, afirma-se que trilhões de moléculas definidas formam a estrutura
humana do qual o equilíbrio se dá devido a preservação da normalidade. No entanto se
reações cruzadas ocorrem, há nas moléculas a perca de suas características, gerando
alterações tissulares que pré dispõem o surgimento do envelhecimento (GUIRRO 2004).
Radicais Livres: são átomos desemparelhados, ou seja, incompletos que buscam
por completar-se e isso os torna reativos e agressivos danificando células saudáveis, por
capturar elétrons de outras moléculas, são altamente oxidantes. Na mitocôndria
acontecem combinações de moléculas de oxigênio com outras moléculas que resultam
na energia que nosso organismo necessita para manter o funcionamento, porém a
molécula de oxigênio tem uma espécie reativa em seu metabolismo (ERMO) que
geralmente é neutralizada na mitocôndria devido a entrada de quatro elétrons e a
redução tetravalente que ocorre, toda via a falha dessas reduções que o oxigênio sofre
resultam nos radicais livres por terem que ceder o elétron solitário e ficando impares,
incompletos sem par tornam-se instáveis, oxidativos e na busca de estabilizarem-se, eles
atacam quais quer células, no entanto não são todas as espécies reativas do metabolismo
do oxigênio que são nocivos para o organismo devido à falta de um elétron em sua
última camada. Temos a presença de espécies reativas (ânion superóxido, peróxido e

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oxigênio singlet) que participam de reações que produzem radicais livres assim que
entram em contato com a luz ultravioleta sendo tóxicos para algumas células e proteínas
atuando diretamente no DNA, provocando desde aceleramento no envelhecimento até
patologias. Os radicais livres se ligam a várias estruturas adulterando seu
funcionamento como por exemplo ao se ligarem a fibroblastos geram alteração a sua
produção de fibras, e ao se unirem aos fosfolipídios das membranas alteram a
permeabilidade da mesma, também provocam um aumento na atividade do ativador da
proteína-1 (AP-1) incrementando a geração de metaloproteinase sucedendo em
destruição do colágeno. Draelos (2009) ainda relata que o estresse oxidativo induz o
fator de transição nuclear kapa-B (FN-kB) que produz numerosos mediadores
inflamatórios reforçando o envelhecimento cutâneo, ademais afetando não apenas
colágeno mais assim como fibroblastos da derme atua em RNAm da elastina
evidenciando as alterações de elastose que são encontradas nas peles fotoenvelhecidas.
Sendo produzidos pelo metabolismo celular aeróbico os radicais livres podem ser
resultado também de fatores externos como tabagismo, estresse, álcool, radiação,
poluição, drogas e dietas.
Antioxidantes
O termo antioxidantes se refere a compostos que tem a finalidade de reagir
diretamente com os agentes oxidantes, assim como os radicais livres, esses compostos
possuem a capacidade de doar elétrons, realizando uma inativação dos radicais livres.
(BAUMAN 2004)
Kelly e Gomes(2009) relatam e também confirmam que os antioxidantes atuam
oferecendo elétrons que os radicais livres necessitam para se estabilizarem. De acordo
com Shami et al (2004) os antioxidantes neutralizam a ação dos radicais livres e
revertem os danos por eles ocasionados.
Costa (2009) relata que com a idade avançada a quantidade de antioxidantes
presentes no organismo diminui significativamente, por isso é interessante que haja uma
suplementação e administração dessas substâncias, bem como as vitaminas, minerais e
aminoácidos, o que é considerado um meio de prevenção.

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Substâncias com Caracteristicas Antioxidantes

Vitamina C:
A vitamina C não pode ser produzida pelos seres humanos, pois eles não são
capazes de sintetizar a enzima responsável pela produção da mesma, portanto deve-se
haver a ingestão dessa vitamina. Entretanto é importante salientar que existe um limite
na absorção da vitamina C pelo mecanismo de transporte ativo no intestino, devido a
isso o uso tópico dessa vitamina vem sendo cada vez mais estudado. Está vitamina é
muito instável todavia é indispensável. (DRAELOS 2009).
São utilizadas três formas da vitamina C, a forma ativa o ácido ascórbico que já
não é mais tão utilizado devido ao aspecto amarelado que a formulação ficava após
exposição ao ar (oxidação do ácido deidroascórbico), por este motivo utilizam-se os
derivados dessa vitamina como: ascorbil-6-palmitato e o fosfato de ascorbil magnésio
que são mais estáveis, porém o que se destaca é o fosfato de ascorbil magnésio que é
estável em soluções e em emulsões. Seu desempenho como antioxidante se dá devido a
atuação dessa vitamina no compartimento aquoso da célula, onde protege as estruturas
intracelulares do estresse oxidativo doando sequencialmente elétrons, após a doação do
segundo elétron ela se torna o ácido deidroascórbico, que pode ser reciclado e revertido
novamente a ácido ascórbico devido a enzima ácido deidroascórbico redutase.
Importante também para a biossíntese do colágeno a vitamina C (ascorbato) atua de
maneira de co-fator para a prolil e lisil hidroxilase que são enzimas responsáveis por
estabilizar e fazer a conexão entre as fibras de colágeno (DRAELOS 2009)

Vitamina E:
A vitamina E pode ser encontrada em diversos vegetais, entre eles, estão
sementes, milho, nozes, óleos, farinha de trigo integral, margarina e em algumas carnes
e laticínios. Ela pode ser chamada de tocoferol, ela é um antioxidante solúvel em
lipídeos primários presentes na pele, além de conferir proteção as células no que diz
respeito ao estresse oxidativo. (BAUMANN 2003)
De acordo com Draelos (2009) a utilização conjunta de vitamina E e vitamina C em
aplicações tópicas, revela um melhor desempenho para os mais diversos tratamentos.

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ÁCIDO α-LIPOICO
Conforme Gerson(2012) o ácido α-lipoico é uma molécula hidrossolúvel, porém
também lipossolúvel, além do seu poder como antioxidante ele recupera a função de
outros similares a si. Produzido tanto por plantas como por animais o ácido α-lipoico
tende a fazer ligações covalente com prótons por meio de lisina e com isso apenas uma
pequena porção do α-lipoico cai na circulação. Quando livre é metabolizado
rapidamente pelo fígado tendo por tanto 30 minutos de meia vida no sangue.
Draelos(2009) menciona que sua aplicação tópica é interessante, já que sua molécula é
pequena e invariável, portanto sendo absorvida perduravelmente, pesquisadores
constataram que tanto os queratinócitos quanto os fibroblastos conseguiram metabolizar
o α-lipólico.

Chá verde
O chá verde também conhecido como chá preto ou até mesmo “Green tea”
origina-se da planta Camellia sinensis. De folhas simples, intercaladas, completas, de
margem serreada e com textura coreácea, apresentam flores pequenas, brancas e
geralmente tem de quatro a cinco pétalas. Sobre a composição química da Camellia
sinensis seus principais constituintes são polifenóis entre os quais estão presentes
flavonóides e catequinas. Administrados tanto para o uso tópico quanto para ingestão
oral, devido a sua ação antioxidante obtém-se, portanto, uma ação direta nas desordens
estéticas como por exemplo no envelhecimento intrínseco e extrínseco causada pela
ação dos radicais livres. (DRAELOS 2009)

CONCLUSÃO

Nos dias atuais é indispensável um bom cuidado com a aparência ou com a


saúde, o envelhecimento se tornou algo prioritário a ser tratado, portanto é indispensável
atualizar-se e sempre estar atento as novidades e pesquisas relacionadas ao assunto em
questão, para que haja conhecimento e discernimento do que há de melhor para ser
usado. Sabe-se que não vem sendo fácil conciliar os deveres do dia a dia com os
cuidados pessoais, devido a correria do cotidiano, sem contar que lidamos com diversos
outros fatores externos que contribuem de maneira negativa com o processo de
senescência, bem como os raios ultravioletas que estimulam o processo de oxidação da
pele e sintetizam radicais livres que são moléculas instáveis.

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Consequentemente a busca de elétrons por parte dos radicais livres danifica


algumas células e interage com o DNA das mesmas, gerando mutação celular. No
tecido cutâneo os primeiros sinais de envelhecimento podem ser observados através do
surgimento de manchas hiperpigmentadas ou hipopigmentadas, linhas de expressão,
flacidez tissular, etc. Com isso cada dia mais encontram-se no mercado produtos
cosméticos com propriedades antioxidantes a fim de combater os radicais livres e os
malefícios causados pelos mesmos.
Por intermédio dessa pesquisa notou-se que a aplicação tópica de vitaminas com
poder antioxidante pode prevenir e tratar o processo de envelhecimento cutâneo, pois
quando essas substâncias ativas estão bem concentradas e são aplicadas na pele elas tem
a capacidade de fortalecer o epitélio e permitem uma ação farmacodinâmica através de
seus mecanismos de ação e propriedades terapêuticas conferindo efetividade do
tratamento proposto.

REFERÊNCIAS

BAUMANN, Leslie. Dermatologia cosmética: princípios e prática. Rio de Janeiro:


Revinter, 2004.

COSTA, Eronita de Aquino. Nutrição biomolecular e radicais livres. Petrópolis: Vozes,


2009.

DRAELOS, Zoe Diana; DOVER, Jeffrey S.; ALAM, Murad; Rodrigues, Denise Costa.
Cosmecêuticos. 2 ed Rio de Janeiro: Elsevier, 2009

GERSON, Joel et al. Fundamentos de estética. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

GOMES, Rosaline Kelly. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos. 3. ed.


São Paulo : Livraria Médica Paulista,2009.

REBELO, Tereza. GUIA DE PRODUTOS COSMÉTICOS. 7ª edição, São Paulo


Senac, 2010.

RIBEIRO, Cláudio de Jesus. Cosmetologia Aplicada a Dermoestética. 2ª edião, São


Paulo Pharmabooks, 2010.

VIEIRA, Fabiano Nadson Magacho. Mecanismos moleculares do envelhecimento


cutâneo: dos cromossomos às rugas. São Paulo: Artes Medicas, 2007.

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BENEFÍCIOS DO USO DA VITAMINA A – RETINOL, NA PREVENÇÃO E


TRATAMENTO DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO FACIAL
BENEFITS OF THE USE OF VITAMIN A - RETINOL IN THE PREVENTION AND
TREATMENT OF FACIAL SKIN AGING
Tamirys G. Berigo¹
Cleiciane Brene Pereira2
Talita Oliveira da Silva³

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo, abordar os benefícios da utilização da vitamina A – Retinol, na
prevenção e tratamento do envelhecimento cutâneo facial, onde cada vez mais podemos observar uma
sociedade preocupada em parecer mais jovem, e com o aumento da expectativa de vida, os idivíduos
buscam constantemente por estes cuidados estéticos e dermatológicos. O envelhecimento é um processo
natural, onde ocorrem diversas alterações na pele, onde os principais componentes responsáveis pela
firmeza e elasticidade da pele são comprometidos, as fibras de colágeno e elastina. O colágeno torna-se
aos poucos mais rígido, e a elastina vai perdendo sua elasticidade natural. O número de fibras elásticas e
de outros componentes do tecido conjuntivo cai consideravelmente, formando as tão temíveis rugas e
linhas de expressão. Estas alterações causam os primeiros sinais do envelhecimento, e frente às inovações
e modificações do mercado, com mecanismos e ativos diferenciados que podem prevenir e/ou tratar o
envelhecimento cutâneo facial, cada vez mais os indivíduos buscam meios de optar por tratamentos
menos agressivos, porém com resultados eficazes, de curto prazo. Este estudo teve como objetivo analisar
e abordar o uso da vitamina A –retinol, na prevenção e tratamento do envelhecimento cutâneo facial, com
intuito de apresentar seus benefícios, indicações e contraindicações, e em quais porcentagens pode ser
utilizado na área da Estética com segurança, visando obter melhores resultados, uma vez que menos
invasivos e se trabalhados como forma de prevenção, obtém-se excelentes resultados, uma vez que a
vitamina A é extremamente rejuvenescedora.

Palavras-chaves: Vitamina A, Retinol, Envelhecimento Cutâneo.

ABSTRACT

The objective of this study is to address the benefits of using vitamin A -


Retinol in the prevention and treatment of facial skin aging, where we can increasingly observe a society
concerned with looking younger and with increasing life expectancy, the individuals are constantly
seeking this aesthetic and dermatological care. Aging is a natural process where there are several changes
in the skin where the main components responsible for the firmness and elasticity of the skin are
compromised, collagen and elastin fibers. The collagen gradually becomes stiffer, and the elastin loses its
natural elasticity. The number of elastic fibers and other connective tissue components falls considerably,
forming the fearsome wrinkles and lines of expression. These changes cause the first signs of aging, and
in the face of innovations and changes in the market, with differentiated mechanisms and assets that can
prevent and / or treat facial skin aging, individuals are increasingly seeking ways to opt for less
aggressive treatments, with effective, short-term results. This study aimed to analyze and approach the
use of vitamin A-retinol in the prevention and treatment of facial skin aging in order to present its
benefits, indications and contraindications, and in which percentages can be used in the area of esthetics
with safety, in order to obtain better results, since they are less invasive and if worked as a form of
prevention, excellent results are obtained, since vitamin A is extremely rejuvenating.

Keywords: Vitamin A, Retinol, Skin Aging.


__________________
¹ Esteticista e Cosmetóloga, Pós graduada em Cosmetologia Clínica.
² Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura, docente do Programa de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial e Curso
Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.
³ Esteticista e Cosmetóloga, Especialista em estética Facial e Corporal, docente do Curso de Estética e Cosmética da Unifil,
Londrina-PR.

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INTRODUÇÃO

O envelhecimento ocorre desde os nossos primeiros momentos de


vida. Causas naturais e fatores externos contribuem para que a pele com o passar do
tempo fique desgastada e com suas funções inviabilizadas. Os fatores que contribuem
para esse processo se tornar cada vez mais acelerado são, uso e desgaste, condições
imunitárias, glicação de proteínas, ação dos radicais livres, exposição à radiação solar,
entre outros.
É um processo dinâmico e imutável que atinge a todos os sistemas do
organismo. Rugas e flacidez representam a aparência senil da pele resultando em
alterações a nível molecular. As modificações do colágeno, proteína fundamental do
tecido conjuntivo, são as principais responsáveis pelas evidências anatômicas deste
processo. O estudo da senilidade ajuda a compreender alterações estruturais e funcionais
que ocorrem durante o envelhecimento (FARIA, et al.,1995).
Frente às modificações do mercado, com mecanismos diferenciados
que podem prevenir ou tratar o envelhecimento cutâneo facial, como por exemplo, a
utilização do Retinol, que será discutido neste trabalho, com o intuito de apresentar seus
benefícios, indicações e contraindicações, e em quais porcentagens pode ser utilizado na
área da Estética com segurança, visando obter melhores resultados, uma vez que menos
invasivos, a procura por estes tratamentos se torna cada vez maior. Esse agente
farmacológico, principalmente para a aplicação tópica na pele, é capaz de realizar
diferenciação das células epiteliais, com excelentes resultados no tratamento de acne
vulgar e principalmente no envelhecimento extrínseco (fotoenvelhecimento) por
promover a manutenção das condições normais em uma ampla variedade de tecidos
epiteliais, agindo diretamente na síntese de colágeno, espessamento da epiderme,
diminuição dos grânulos de melanina na camada basal e compactação do extrato córneo
(GUIRRO, GUIRRO, 2002).

DESENVOLVIMENTO

Anatomofisiologia da pele

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Para o funcionamento adequado do organismo a pele é essencial. Ela


mantém contato direto com o meio externo, exercendo inúmeras funções vitais.
Constitui um flexível e ágil revestimento da superfície corpórea, sendo uma barreira
importante em lesões externas iniciais. Além disso, mediante a complexa interação de
células e tecidos, atua no equilíbrio homeostático, na fotoproteção, na reparação, como
órgão sensorial, se relaciona e é integrada com o sistema imunológico de maneira direta
(RODRIGUES, 2012).
O que diferencia a pele dos demais sistemas epiteliais, é que ela fica
inteiramente exposta a um ambiente externo e extremamente agressivo, sendo assim,
pode ser considerada como fronteira que intermedia o organismo com o ambiente, uma
vez que os demais sistemas epiteliais estão protegidos da radiação solar e interpéries
(HARRIS, 2009).
Quando saudável, é ligeiramente úmida, suave, macia e um tanto
ácida. Ela é mais grossa nas palmas das mãos e planta dos pés ao passo que na pálpebra
está sua parte mais fina. Apresenta dois compartimentos, sendo a mais externa
epiderme, que trata se de um epitélio escamoso estratificado e queratinizado, onde o
queratinócito é o seu principal constituinte e, a camada mais interna derme, formada
principalmente, por um colágeno espesso e fibras elásticas. Aparentemente estão
separadas, representando duas camadas funcionalmente interdependentes. Abaixo da
pele encontra-se a hipoderme, ou tecido subcutâneo, que tem sua constituição
predominante por adipócitos (RODRIGUES, 2012; JOEL et al, 2012).

Junção Dermoepidémica
É constituída por uma camada de células basais, que repousam sobre
uma membrana basal, sua função é fornecer adesão da epiderme com a derme,
mantendo a permeabilidade necessária às trocas destes dois componentes (KEDE;
SABATOVICH, 2009). Possui em sua composição elementos epidérmicos, seu polo
basal possui queratinócitos, e elementos membranosos e fibrilares da derme papilar
(RIVITTI; SAMPAIO, 2008). Seus componentes da membrana basal são
macromoléculas colágenas (tipo IV, VII) e não colágenas; laminina, fibronectina,
entactina, heparansulfato, e são sintetizadas pelos queratinócitos basais e pelos
fibroblastos dérmicos (SOUZA; VARGAS, 2009).

 Derme

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De origem mesodérmica é subdividida em dois componentes: Derme


papilar e derme reticular. Está localizada logo abaixo da epiderme e é constituída por
um tecido conjuntivo extremamente vascularizado. Formada por fibras colágenas e
elásticas, e substâncias fundamentais amorfa, que são produzidas pelos fibroblastos
(KEDE; SABATOVICH, 2009). Sua rede de fibras elásticas e colágenas dão força e
sustentação à pele, os vasos sanguíneos e linfáticos, conferem nutrição e irrigação, as
glândulas sudoríparas regulam a temperatura, e as glândulas sebáceas hidratam e
lubrificam; os folículos pilosos atuam como canal, por onde o sebo e o suor atingem a
superfície da pele; já as fibras nervosas, são sensíveis as condições de dor, pressão e
temperatura. A derme e a epiderme estão interligadas através da faixa dermoepidérmica
(PANDOLFO, 2011).

Envelhecimento Cutâneo
É praticamente impossível datar o inicio do envelhecimento por que
sua velocidade e características variam de individuo para indivíduo, porém, a qualidade
com que o individuo envelhece, está ligada com a qualidade de vida, desde a infância,
adolescência e vida adulta. Vários fatores são decisivos neste processo, retardando-o ou
acelerando-o; dentre eles podemos citar: o tabagismo, alimentação, sedentarismo,
estresse, obesidade, poluição, ação direta dos radicais livres, entre outros (VIEIRA,
2007; PIAZZA, 2011; STEINER, 2010).
A teoria dos Radicais livres ainda é a mais aceita. Os radicais são
moléculas reativas e instáveis, sua instabilidade se dá por possuir um número ímpar em
sua órbita mais externa. Sua reatividade se dá por conta da variação de estruturas
químicas, temperatura e concentração de outras moléculas ao seu redor. O átomo com a
quantidade ímpar de elétrons em sua camada procura outro elétron, roubando de outro
átomo vizinho, tentando formar um par em sua órbita, e por meio de reações químicas
danificam o organismo, atacando e destruindo as células. São formados por células que
dependem de oxigênio para sobreviver e sua principal via de reprodução é a respiração
celular. Podem ser classificados como: radical livre redutor (doador de elétrons), radical
livre oxidante (recebe elétrons), e radical livre oxidante redutor (recebe e doa elétrons)
(PIAZZA; et al.;2011). Sua ação se dá através de fontes endógenas e exógenas. Fontes
endógenas: oxigênio que respiramos é o principal produtor de radicais livres, quando
respiramos ele entra em reação com materiais biológicos, originando reações em cadeia,
sendo muito agressivo, degenerando as células saudáveis. Fontes exógenas: associam-se

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a radição (UV- raio x), metais pesados, tabagismo, estresse emocional, alcoolismo,
excesso de atividades físicas, alimentação rica em gordura e embutidos, entre outros
(PANDOLFO, 2011).
Envelhecimento intrínseco, biológico ou cronológico. está ligado ao
tempo vivido por cada individuo. Com o passar dos anos todos nós vamos tendo um
declínio nas funções do organismo, alterações estruturais, e diminuição geral de
vitalidade. Processo este universal e irreversível (REBELLO, 2010). Neste tipo de
envelhecimento um dos fatores determinantes é o fator genético, causando danos
estéticos menores, sendo mais lento, suave e gradual. No cronoenvelhecimento, também
como é chamado, a pele em geral não possui deformidades e é lisa. Apresentando linhas
de expressão, geralmente uma pele que não apresenta manchas, suave, seca, com perda
de elasticidade e apresentando rugas finas, porém preservando os padrões geométricos
normais da pele (BAUMANN et AL.; 2004).
Diferentemente da causa intrínseca, no envelhecimento extrínseco,
fatores externos, principalmente a exposição excessiva ao sol, poluentes, falta de
fotoproteção, fumo, álcool, são alguns fatores que potencializam o déficit da vitalidade.
Fatores esses que levam a um envelhecimento precoce (REBELLO, 2010). A Pele
envelhecida extrínsicamente, apresenta os sinais dos efeitos da exposição total à
radiação ultravioleta ao longo da vida, sendo elas UVA, UVB e UVC, principais fontes
que decorrem o fotoenvelhecimento, pois sua ação é cumulativa, e ocasionam
hiperpigmentações, rugas profundas, flacidez, lesões pigmentares, como efélides,
lentigos, lesões despigmentadas, como hipomelanose gutata, e possivelmente câncer de
pele. Embora outros fatores externos influenciem no fotoenvelhecimento, a exposição
solar inadequada é responsável por 80% do envelhecimento cutâneo precoce. Os
resultados da ação cumulativa do sol aparecem principalmente em áreas expostas como:
face, tórax, braços, antebraços e mãos; o aspecto da pele varia de um indivíduo para o
outro, o que depende muito do tipo de pele, e do tempo de exposição a radiação solar
(BAUMANN, 2004; PIAZZA, 2011; PANDOLFO, 2011).
As alterações cutâneas provocadas pelo envelhecimento intrínseco,
são diferentes das alterações do envelhecimento extrínseco.

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Alterações cutâneas Envelheciemento Intrínseco Envelhecimento Extrínseco

Rugas Finas Profundas

Camada córnea Inalterada Afilada

Células displásicas Poucas Muitas

Fibras de colágeno Pequena alteração no tamanho e Grande alteração no tamanho e


na organização na organização
Fibras elásticas Reorganizadas Diminuição da produção

Aumento da degeneração
Folículo capilar Diminuição do folículo capilar e Diminuição do numero e da
do filamento normal estrutura: perda capilar
Melanócitos Normal Diminuição do numero de
melanócitos e de melanina
Glândulas sebáceas e Diminuição do número de Diminuição do número de
sudoríparas glândulas glândulas: pele seca
Junção dermoepidérmica Leve achatamento Importante achatamento

Microvasculatura Área reduzida Telângectasias

Alterações benignas Ceratose seborreica Ceratose seborreica

Alterações pré-malignas - Ceratose actnínea

Alterações malignas - Carcinoma basocelular


Carcinoma espinocelular
Quadro 1: Alterações causadas pelo envelhecimento intrínseco e extrínseco
FONTE: (Montagner & Costa, 2009)

A estrutura da pele fica comprometida no processo de envelhecimento


cutâneo, pois há um aumento na expressão de proteínas, o que por sua vez promove a
degradação de colágeno da matriz, ocorrem também algumas alterações cutâneas que
atingem diferentes camadas da pele e do tecido adiposo, comprometendo assim suas
propriedades. Estas alterações são provocadas pela diminuição da capacidade de
proliferação das células, e também por sua redução de capacidade biossintética, o que
diminui a síntese da matriz extracelular da derme (HARRIS, 2003).
Contudo há muitas diferenças entre uma pele cronoenvelhecida e uma
pele fotoenvelhecida, principalmente em níveis moleculares. Porém algumas alterações
podem ser observadas nos dois tipos de envelhecimento. Mudanças como redução do
tempo de vida celular, diminuição da resposta a fatores de crescimento, interrupção da
síntese da matriz extracelular e elevação da atividade proteolítica, sendo que estas

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alterações são mais evidentes no fotoenvelhecimento. Por conta de todas essas


modificações a pele torna-se mais fina, menos flexível, menos tensa e menos elástica
(HARRIS, 2003).
Na epiderme há diminuição acentuada na atividade biossintetica dos
queratinócitos, o que compromete o fator natural de hidratação cutânea, por conta da
diminuição dos teores de filalagrina, proteína que compõe os grânulos de queratoialina,
principal fonte de aminoácidos que compõe o fator de hidratação natural (FHN)
(HARRIS, 2003). A epiderme apresenta um afinamento com uma redução da camada
córnea, e descamações em suas extremidades. Ocorre também um comprometimento na
função de barreira da pele, pela diminuição da produção de lipídios, ceramidas, ácidos
graxos e colesterol. Essas modificações podem levar a epiderme a ter uma perda
transepidermal de água, promovendo ressecamento na pele e presença de fissuras
(RIBEIRO, 2010; GOMES; DAMAZIO 2009).
Ocorre a diminuição do numero de queratinócitos e células de
langerhans, assim como o número de melanócitos e a síntese de melanossomos,
gerando menor pigmentação. Em áreas expostas ao sol, os melanócitos se tornam mais
ativos, formando manchas e hiperpigmentações. Os corpúsculos de Meissner e Paccini,
também têm suas funções reduzidas (RIBEIRO, 2010; GOMES; DAMAZIO 2009).
Na derme encontramos diminuição do colágeno VII causa o
achatamento da interface derme-epiderme, com perda das papilas dermais, o colágeno
VII é o responsável pela manutenção das estruturas papilares (HARRIS, 2003). Essa
redução da aderência entre as células causa um alargamento nos espaços intracelulares,
diminuindo o número de melanócitos ativos e células de Langerhans. Também há a
diminuição na produção do colágeno IV, que é responsável pela firmeza do tecido
(HARRIS, 2003; BATISTELA et al.,2007).
Ocorre uma redução na atividade dos fibroblastos, que por sua vez
gera uma diminuição nos teores de colágeno e elastina. O aumento na degradação destas
proteínas, compromete as propriedades mecânicas da pele, ocorre também um
espessamento irregular, fragmentação e desorganização com a condensação das fibras
de eulanina(componente elástico) (HARRIS,2003). As alterações na derme são as
principais responsáveis pelo aparecimento de rugas e flacidez na pele. Os impactos
causados diretamente no turgor da pele provem da redução de ácido hialurônico e
sulfato de dermanato que diminuem o conteúdo de água na derme, há a diminuição

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também na quantidade de material proteíco e polissacarídeospresentes nesse tecido


(RIBEIRO, 2010; BATISTELA et al., 2007).
Com o processo de envelhecimento o colágeno se torna menos solúvel
e compacto, formando ligações cruzadas entre as macromoléculas, com isso há também
uma diminuição significativa do colágeno na derme, sendo acentuadas nas áreas
expostas à radiação solar (RIBEIRO, 2010; HARRIS, 2003).
O tecido conjuntivo da derme é o que mais sofre no processo de
fotoenvelhecimento, em consequência da ação da radiação UV. Por conta desta ação
pode-se observar um aumento da síntese de fibras elásticas anormais, onde a elastina
encontra-se espessa, emaranhada, degradada e, por fim se degenera, dando origem a
massa amorfa, que se acumula na derme (elastose) (GOMES, DAMAZIO, 2009;
RIBEIRO 2010).

Principais mecanismos na prevenção do envelhecimento


Segundo STRUZTZEL, (2007), o índice de radicais livres pode
aumentar, por conta da falta de vitaminas essenciais como a vitamina A, E, C e alguns
oligoelementos como zinco, cobre e selênio, onde observa-se a relação entre o aumento
de radicais livres e o envelhecimento.
Ingestão de vitaminas com propriedades antioxidantes, trazem
benefícios como limitar as reações e lesões induzidas pela ação dos radicais livres,
alguns alimentos que contém vitaminas C, E e A, clorofila, flavonoides, carotenoides,
curcumina e outros, são capazes de contribuir para a inibição da ação dos radicais livres,
protegendo as células destes agentes. Podemos citar como excelentes sequestrantes de
radicais livres as vitaminas C, E e o betacaroteno (BIANCHI, ANTUNES,1999).
De origem orgânica, as vitaminas são essenciais em pequenas
quantidades para realizar reações metabólicas específicas no interior da célula, e
fundamentais para a manutenção da saúde e crescimento normal do indivíduo, são
obtidas basicamente dos alimentos, algumas vitaminas são absorvidas em forma de
provitaminas, sendo convertidas em sua forma ativa dentro do organismo (GUIRRO,
GUIRRO, 2002).
Um dos principais aliados na prevenção e tratamento do
envelhecimento cutâneo, é a utilização de dermocosméticos, com o avanço da
tecnologia atual, há uma grande variedade de ativos dermocosméticos que melhoram o
aspecto da pele, retardando os sinais do envelhecimento. São os maiores responsáveis

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pela prevenção e pelo tratamento de peles envelhecidas, contribuindo para a diminuição


dos radicais livres, promovendo a hidratação da camada córnea, clareando manchas e
melhorando o metabolismo dérmico e epidérmico, por sua vez atenuando rugas e linhas
de expressão (RIBEIRO, 2010).
VITAMINA A - RETINOL
Vitamina A – principal responsável pelo crescimento de células
epiteliais, mantendo sua integridade e estabilizando as membranas. Pode ser encontrada
em ovos, peixes, fígado, vegetais verdes, laranjas e tomates (STRUZTZEL, 2007).
A vitamina A é essencial para o ser humano, e foi a primeira vitamina
a ser reconhecida. Faz parte das vitaminas lipossolúveis e é encontrada na natureza em
alimentos de origem animal, e em alimentos de origem vegetal estão em forma de pro
vitaminas A, denominadas de carotenoides ou betacarotenos. Dentro do grupo de
betacarotenos, os que não são considerados pro vitamina A são as zeaxantinas, a luteína
e o licopeno (PENTEADO,2003).
Amplamente distribuída em tecidos vegetais e também encontrada em
alimentos de origem animal, como manteiga, gema de ovos e fígado, a vitamina A é
conhecida como retinol, e possui em sua fórmula química C20H25O; já seus derivados
são denominados retinóides. Está relacionada com a hiperproliferação da epiderme, na
pele, com o aumento do estrato córneo, espinhoso e granuloso. Desta maneira os efeitos
estimulantes da vitamina A e seus derivados tendem a combater as mudanças que
ocorrem com o envelhecimento. De acordo com estudos, aplicações tópicas de
derivados do retinol, observou-se uma melhora na elasticidade da pele, lembrando que o
palmitato de retinol é um dos mais estáveis ésteres derivados da vitamina A
(LEONARDI, 2008).
Segundo GUIRRO e GUIRRO, (2012), a vitamina A tem duas
funções principais, dependendo da terminação de seu grupo. A manutenção de uma
variedade de tecidos epiteliais, e a manutenção da visão normal, em especial a noturna.
Se houver uma função aldeído no lugar de álcool no grupo polar terminal da molécula
de vitamina A, tem-se o retinal, essencial para a visão noturna. Caso haja um grupo
carboxila, tem-se o ácido retinóico, um metabólito da vitamina A, cuja função
específica está na diferenciação de células epiteliais.
Segundo alguns autores relatam, três gerações de vitamina A são
conhecidas até o momento:
a) - Não Aromáticos : Ésteres de vitamina A, tretinoína, isotretinoína.

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b) - Monoaromáticos : Etretinato, acitretina, motretinida.


c) - Poliaromáticos : Adapaleno, tazarodeno.
Os ésteres de vitamina A tem sido usados como componentes de
formulações cosméticas. Notou-se que o papel dos retinóides na regulação do
desenvolvimento da pele, o que tem maior desempenho é o ácido retinóico(tretinoína),
portanto a a atividade da vitamina A palmitato e da oxidação do retinol em ácido
retinóico (STNEINER 1998).
A tretinoína (forma trans do ácido retinóico) foi o primeiro retinóide a
ser sintetizado e tem sido usado em produtos tópicos, para o tratamento da acne e para o
tratamento do fotoenvelhecimento (ELSON 1997). A isotretinoína (forma cis do ácido
retinóico) tem sido usada por via oral e tem apresentado muita efetividade contra acnes
severas (STEINER 1998)
De acordo com estudos, a vitamina A tem inúmeras funções, tendo
uma grande importância para a visão normal, conservação e desenvolvimento de tecidos
epiteliais, distinção tissular, reprodução, desenvolvimento embrionário, crescimento e
desempenho imune. No que se refere aos carotenoides pode-se mencionar o papel de
atividade pró-vitamina A, a fotoproteção, a relação com radicais livres e a modulação
imunológica. Essa vitamina é compassiva à oxidação na presença de luz, inconstante ao
calor e em meio ácido, e constante em meio alcalino. Igualmente os carotenoides são
estruturas muito instáveis e podem ser transformados ou parcialmente extinguidos pelas
mesmas circunstâncias e também pela presença de oxigênio, esse desgaste traz a perda
da atividade pró-vitamina A. Os carotenoides têm atividade antioxidante, e o
betacaroteno é o mais notório e estudado em benefício de seu potencial antioxidante
(DOLINSKY, 2009; PENTEADO, 2003).
Além dessa propriedade antirradicais livres, a vitamina A compartilha
do processo de desenvolvimento da pele, cabelo e unhas, age na queratinização e incita
a microcirculação cutânea. Recentemente conseguiram-se formas mais estáveis e ativas
desta substância, de modo a acrescer seu potencial de ação (SCOTTI; VELASCO,
2003; STEINER, 2002).
Como já citado anteriormente, radicais livres são moléculas instáveis,
quando não acham qualquer outro radical livre para se conectar na tentativa de
conseguir estabilidade, detêm elétrons de outras moléculas saudáveis. A molécula do
qual o elétron foi subtraído se é modificada então em outro radical livre, dando origem a
uma reação em cadeia, que afetará muitas células, podendo ter caráter indefinido, se não

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existir a interferência dos antioxidantes. Este processo é denominado de oxidação, e


gera morte celular (NEDEL, 2005). Determinadas classes de radicais livres são: radical
superóxido,oxigênio singleto , óxido nítrico, radical hidroxila, peroxinitrito e radical
semiquinona. Dentre esses formatos reativos de oxigênio a que proporciona baixa
capacidade de oxidação é o radical superóxido (DOLINSKY, 2009).
Os carotenoides têm a capacidade de desativar o oxigênio singleto e
neutralizar radicais peroxil, diminuindo a oxidação do DNA e lipídios, que está ligada á
doenças degenerativas, como doenças cardíacas e câncer. A função antioxidante
fundamental dos carotenóides é a desativação do oxigênio singleto. O betacaroteno atua
sobre as células imuno-competentes, aumentando os linfócitos T e as células killers, a
partir dessas propriedades é possível que o beta caroteno tenha uma atividade
antienvelhecimento. (DOLINSKY, 2009; SCOTTI; VELASCO, 2003).
A principal função dos retinóides na pele está relacionada a
hiperproliferação da epiderme com o aumento do estrato espinhoso e granuloso. Alguns
retinóides sistêmicos também produzem estas mudanças, mas precisam de uma maior
quantidade para o mesmo efeito (STEINER,1998).
Os efeitos estimulantes da vitamina A e de seus derivados, na pele,
tendem a se opor às mudanças que ocorrem no envelhecimento. A pele envelhecida
apresenta epiderme mais fina, a camada de queratina também se apresenta de forma fina
e mal formada, e a camada granular é reduzida a uma única camada de células contendo
grânulos de queratina. Todos estes sinais de atividade celular reduzida tendem a ser
revertidos através da aplicação tópica de doses adequadas de vitamina A. Estudos
apontam que a aplicação tópica de 10000 Ul/g de vitamina A palmitato, melhora a
elasticidade da pele. A unidade de medida da vitamina A é Unidade Internacional (UI),
sendo que 1 UI contém 0,5 mg de palmitato de retinol e 0,3 mg de retinol (STEINER,
1998).
De modo geral, a vitamina A aplicada topicamente, será estimuladora
da pele tanto mitoticamente como metabolicamente, portanto ela tem como principal
característica a função de manter a pele com uma aparência mais jovem. Além de ser
essencial e fundamental para o desenvolvimento normal da pele a vitamina A também
contribui para o crescimento e manutenção dos ossos, dentes, glândulas, cabelos e
unhas. Sua contribuição é para que a pele permaneça lisa e com suas propriedades de
barreira de água preservadas. Esta última característica faz com que a vitamina A seja
muito utilizada em problemas sazonais/ ambientais (PENTEADO, 2003).

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PENTEADO (2003), cita que para obter mais efeitos superiores à


administração oral das mesma, ela deve ser aplicada topicamente, pois ocasionam maior
concentração da respectiva substância ativa na pele, fortalecendo o epitélio e permitindo
a ação farmacodinâmica mais efetiva.
Em 1962, STTUTGEN, fez a primeira avaliação clínica da vitamina A
associada à doença hiperqueratolítica (PERSONELE et al 1998). Em 1968,
KLIGMAN,fez a primeira avaliação da vitamina A em alterações da pele,
principalmente no envelhecimento precoce da pele causado pela radiação
solar(PERSONELE et al 1998). Recentemente Elis, em 1990, relatou em estudo clínico
e microscópico, que o uso tópico da tretinoína( vitamina A ácida) melhora o aspecto da
pele envelhecida. Notou-se que houve uma melhora relacionada à compactação do
estrato córneo, aumento da camada granular com maior espessura da epiderme, aumento
no número da mitose dos queratinócitos, e presença de glicosaminoglicanas.
Através destes estudos, foi possível observar clinicamente uma
diminuição acentuada das rugas e vincos, e uma melhora na textura e elasticidadea pele
(PERSONELLE 1998).
Porém, para que seus benefícios sejam mais eficazes, é necessário que
as vitaminas e seus derivados realizem a permeação cutânea destas substâncias ativas
(LEONARDI & MAIA CAMPOS 1997).
O efeito dos retinóides é amplamente conhecido. O ácido retinóico é a
substância mais utilizada para este fim, na concentração de 0,01% a 0,1%, em diversos
tipos de veículos, resultando na melhora da camada espinhosa assim como clareamento
das manchas e também neoformação de colágeno (STEINER 1998).
Alguns autores citam diversos tratamentos associados a vitamina A e
seus derivados. RACHEL & JAMORA 2003, relatam que a combinação da tretinoína
com outras substâncias ativas é bastante eficaz para o tratamento do envelhecimento
cutâneo, citam que a aassociação de peeling com ácido tricloroacético, creme emoliente
com 0,05% de tretinoína e loção de ácido ascórbico foi benéfica no tratamento da pele
fotoenvelhecida, a tretinoína também tem sido utilizada nas formulações anti acne, por
possuir ação comedolítica. Sua aplicação tópica pode aumentar a sensibilidade à luz, por
isso recomenda-se a utilização de filtro solar durante o tratamento. A aplicação diária de
creme a base de tretinoína a 0,1% apresenta uma melhora significativa em rugas finas e
hiperpgmentação em aproximadamente 16 semanas ORFANOS et al (1997 apud Souza,
2015)

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No Brasil fazem parte da lista C2 da portaria 344 (sujeitas à


notificação de receita especial), os seguintes retinóides: acitretina, adapaleno,
isotretinoína, tretinoína. (Portaria 344/ MS)
ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015) relatam que os retinóides
possuem diferentes aplicabilidades. O palmitato de vitamina A, tretinoína, isotretinoína,
motretinida, adapaleno e tazarotene são retinóides usados topicamente enquanto que
tretinoína, isotretinoína, etretinato e acitretina são retinóides usados por via sistêmica.
No plasma humano O grau correspondente à vitamina A pode variar
de 0,35 a 0,75 mg/l . O ácido retinóico é o maior metabólito proveniente da oxidação da
vitamina A. Os estereoisômeros tretinoína e isotretinoína são componentes encontrados
naturalmente no soro humano ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015). Ao contrário
dos ésteres de vitamina A que são estocados no fígado, o ácido retinóico não é estocado
sendo rapidamente excretado. O nível normal no plasma humano varia de 0,5 a 1,2 mg/l
para a tretinoína e de 0,8 a 2,4 mg/l para a isotretinoína ORFANOS et al (1997 apud
Souza, 2015).
Os retinóides endógenos não estão envolvidos em doenças comuns da
pele, como acne e psoríase. Porém a hipervitaminose A prejudica a pele. Em humanos,
0,8 a 1 mg (ou 2400 a 3000 UI) de vitamina A é necessária por dia (1UI=0,3mg).
Contudo a intoxicação de vitamina A pode ocorrer quando a dieta diária de vitamina A
excede 18000 a 60000 UI/dia, no caso de crianças e 50000 a 100000 UI/dia, no caso de
adultos, por alguns meses ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015).
Mulheres grávidas e mulheres com idade para engravidar não devem
usar vitamina A oralmente na concentração superior a 10000 UI/dia (VAHLQUIST &
ROLLMAN 1990, ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015).
A aplicação tópica dos retinóides evita seus efeitos tóxicos, sendo
assim, eles têm sido extremamente empregados em formulações dermatológicas;
principalmente a tretinoína, como exemplo no caso de acne, queratose actínica, etc
ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015).
Ratos com uma dieta deficiente em vitamina A apresentam tecidos
que secretam muco queratinizado, ocorrendo outras mudanças na maioria dos tecidos
epiteliais do corpo dos animais. Alguns tecidos são mais sensíveis à deficiência de
vitamina A que são, traquéia, glândulas salivares, córnea, testículos e a pele.
ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Envelhecer é um processo natural pelo qual todas as pessoas passam


na vida e não tem como evitar, além das funções fisiológicas, a pele exerce papel na
autoestima do ser humano. Todos querem viver muito e manter uma aparência jovial,
por isso devemos ter bons hábitos alimentares e um estilo de vida saudável, esses
fatores amenizam as marcas do tempo, e são hábitos fundamentais para a prevenção do
envelhecimento cutâneo, além de aumentar as chances de viver mais e sentir-se melhor
e mais jovem. Por isso, a utilização da tópica da vitamina A na associação da prevenção,
controle e tratamento ao envelhecimento cutâneo, além de uma alimentação rica em
antioxidantes como a vitaminas A, entre outras vitaminas, é a melhor forma de
prevenção aos efeitos nocivos dos radicais livres em excesso, pois as vitaminas atuam
inibindo a ação destes radicais, além de atuarem efetivamente no processo de renovação
celular, das fibras de colágeno e elastina, sendo extremamente rejuvenescedora e eficaz.
Também faz parte da prevenção do envelhecimento cutâneo e formação de radicais
livres evitar exposições excessivas ao sol, mas apenas uso tópico de dermocosméticos,
ácidos e produtos a base de vitamina A, e a reposição de vitaminas não trará a finalidade
desejada se não forem integradas a uma alimentação balanceada, exercícios físicos
moderados e horas adequadas de sono. Pelo contrário, determinados antioxidantes em
demasia podem até mesmo produzir mais radicais livres (STRUTZEL et al., 2007).

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A INFLUÊNCIA DA ACNE VULGAR NA AUTOESTIMA DOS


ADOLESCENTES
THE INFLUENCE OF ACNE VULGARIS IN SELF-ESTEEM OF.

Bruna Camila Trinda¹


Talita Oliveira da Silva²
Cleiciane Brene Pereira3
Roberta Chaves Penco Amorese4

RESUMO

A acne vulgarmente conhecida como “espinha”, é uma doença inflamatória crônica que se desenvolve no
folículo pilossebáceo, podendo ser encontrada em todas as raças e sexos. É causada por múltiplos fatores
e se divide em quatro graus diferentes de lesões. Geralmente seu surgimento ocorre na puberdade,
podendo ter uma variação de pessoa para pessoa. A explicação do aparecimento na puberdade se dá
devido à presença de hormônios sexuais, pois é nesta fase que estes hormônios começam a ser
produzidos. A acne tem tratamento podendo ser na forma de tratamento tópico ou medicações orais, tendo
sempre como principal finalidade reduzir a produção de sebo. O estudo deste trabalho teve por finalidade
estudar a influência que a acne vulgar apresenta na autoestima dos adolescentes. Este trabalho foi
realizado através de uma revisão bibliográfica qualitativa exploratória descritiva com a utilização de
livros, artigos relacionados ao assunto. No período da adolescência ocorrem mudanças nas quais os
jovens começam a se descobrir, despertando então uma necessidade de agradar um ao outro, ocorrendo,
portanto efeitos psicológicos com uma maior facilidade decorrente da acne, pois a imagem é
extremamente importante nesta etapa da vida. A acne pode ser uma perturbação na vida dos adolescentes,
fazendo com que ocorram problemas emocionais tendo como consequência agravamentos como
tendência suicida e depressão.

Palavras-chaves: Acne Vulgar, Adolescentes, Autoestima.

ABSTRACT

Acne, commonly known also as "pimple" is a chronic inflammatory disease that develops in the
pilosebaceous follicle, which can be found in all races and sexes, being caused by multiple factors, it is
divided into four degrees of different injuries. Its appearance is usually at puberty, and may have a
variation from person to person. The explanation of the emergence at puberty occurs due to the presence
of sex hormones, because puberty is that these hormones begin to be produced. Acne and treatment can
be in the form of topical treatment or oral medications, always having as main purpose to reduce sebum
production. The study of this work had intended to study the influence that acne vulgaris displays on self-
esteem of adolescents. This work was conducted through a literature review descriptive exploratory
qualitative with the use of books, articles related to the subject. In the period of adolescence occur
changes in which young people begin to find out, so one need to be pleasing each other, occurring so
psychological effects with greater ease as a result of acne, because the image is extremely important at
this stage of life. Acne can be a disruption in the lives of teenagers, causing emotional problems occur
resulting in worsening as suicidal and depressed.

Keywords: Acne Vulgaris, Teenagers, Self-esteem.

_____________________________________________
¹ Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia
² Professora orientadora: Estetacosmetóloga; Especialista em estética facial e corporal e docente do curso de estética e cosmética
Unifil Londrina PR
3
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR
4
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO

A acne vulgar é uma dermatose crônica podendo caracterizar-se como


sendo uma doença do folículo pilossebáceo, sendo comum na puberdade, ocorrendo
prioritariamente no sexo masculino, e também ocorrendo no sexo feminino. A acne
vulgar afeta algumas áreas específicas do corpo como face e tronco, sendo mais comuns
em adolescentes (WOLFF e JOHNSON, 2011).
A causa da acne pode ser multifatorial, porém quatro fatores são
fundamentais para o aparecimento da mesma como a inflamação dérmica, a supressão
da propagação do Propionibacterium acnes, a hiperprodução da glândula sebácea e por
fim a hiperqueratinização folicular (COSTA, et al., 2008).
Fontana, et al., (2010) destaca que a acne está diretamente relacionada
com a autoestima e representa uma enorme preocupação na vida dos adolescentes, sabe-
se que é nesta fase da vida que ela se dá início. Para uma grande parte dos adolescentes
isso vem se tornando um agravante problema.
A adolescência é tomada por grandes transformações decorrentes das
atividades hormonais que se tornam comum nesta fase. Estas transformações ganham
influências na mudança de comportamento na vida destes jovens, favorecendo então o
aparecimento da acne, fazendo com que o caso se torne mais agravante a ponto de
comprometer psicologicamente este indivíduo, tendo uma grande interferência em sua
qualidade de vida (FONTANA et al., 2010).
Para Harris, (2009) podemos levar em conta que a “saúde
psicossocial” de cada pessoa é muito dependente da aparência e aceitação de sua pele
pelos outros integrantes do grupo social a qual pertence.
Saber lidar com esse caso se torna um desafio para os profissionais da
saúde, pois tratamos não só a beleza externa como também cuidamos do estado
psicológico de cada cliente/paciente, nos momentos futuros de sua vida onde quer que
se apresente (GERSON, et al., 2011).

DESENVOLVIMENTO

Pele
A pele ou sistema tegumentar é considerado o maior órgão do corpo
humano. De acordo com Leonardi (2008) ela ocupa uma área de 2m², constituindo

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aproximadamente 10 a 15% do peso total do nosso corpo, já Gerson, et al. (2011) cita
que em um adulto comum pode ter o peso de 4 a 5 kg.
Este órgão tem várias funções, porém de acordo com Gerson, et al.,
(2011) a pele possui seis principais funções, sendo elas absorção, secreção, proteção,
sensação, excreção e regulação do calor.
Segundo Ribeiro (2010) existem outras funções que podemos
destacar deste órgão como: absorção da radiação ultravioleta (UV), síntese da vitamina
D, absorção e eliminação de substâncias químicas, além da estética.
Dentre todas as funções citadas a que mais ganha destaque é a proteção
física, pois toda a superfície externa do nosso corpo é revestida por este órgão. Harris
(2009) cita que a pele também tem como função fazer uma manutenção de sua própria
integridade e também da integridade do organismo, além de diferenciar a pele dos
demais sistemas epiteliais.

Acne
Quando a puberdade surge, ela vem acompanhada pela patologia que
vulgarmente é conhecida por “espinha”, porém trata-se da acne. A acne, no grego Akhne
tem como significado eflorescência, ou ponto de elevação, isto é, uma erupção causada
sobre a pele (RIBEIRO, 2010; DAL GOBBO, 2010).
Trata-se de uma doença inflamatória crônica, que desenvolve no
folículo pilossebáceo, ocasionando em diversas pessoas, sendo causada por múltiplos
fatores. Geralmente seu surgimento é na puberdade, em ambos os sexos (KEDE e
SABATOVICH, 2009).
De acordo com Pimentel (2011) a acne vulgar atinge uma variedade
de pessoas entre 11 a 23 anos, estando relacionada à presença de hormônios sexuais.
portanto explica-se o caso do aparecimento na puberdade, pois é nesta fase que iniciam
a produção de hormônios.
Esta patologia chega a atingir aproximadamente 95% da população
jovem. O ápice de desenvolvimento da acne acontece na idade entre 14 e 17 anos para
as meninas e 16 a 19 para os meninos, nos rapazes isto é mais comum e age com mais
rigor. Ao decorrer dos anos ela tende a desaparecer, porem ainda se manifesta de
alguma forma em 12% das mulheres e 3% dos homens adultos (RIBEIRO, 2010).

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Dal Gobbo (2010) cita que por mais que a acne não seja uma doença
que podemos relacionar com a morte ela pode muitas vezes provocar alterações na pele
podendo resultar em lesões ou perda de tecido.
A acne vulgar é uma patologia dermatológica não contagiosa e
benigna, atingindo principalmente o rosto, a região do tórax tanto posterior, quanto
anterior por se tratarem de regiões mais ricas em glândulas sebáceas (PIMENTEL,
2011; DAL GOBBO, 2010).
Ela pode se manifestar por dois tipos de lesões, lesões inflamatórias e
comedões, tendo a base folicular ambos. Os comedões podem ser abertos, denominados
cravos pretos e podem ser fechados sendo denominados como cravo branco. As lesões
classificadas inflamatórias evoluem do comedão (ELDER, 2011).
“Existe uma tendência hereditária à acne, transmitida por genes
autossômicos dominantes. O tamanho da glândula sebácea, sua atividade na puberdade
e a queratinização anômala folicular podem ter influência genética” (PIMENTEL, 2011,
p. 280).
Existem alguns fatores que juntos causam a doença da acne, como a
produção de sebo pelas glândulas sebáceas, a hiperqueratinização folicular, a
colonização bacteriana do folículo, a liberação de mediadores da inflamação no folículo
e derme adjacente (CORREA et al., 2010).

Manifestações clínicas da acne vulgar


A acne é mais propicia a ocorrer no rosto, tendo uma menor
incidência em região superior das costas, ombros e peito. O quadro clínico da acne pode
ser de diversas lesões, tendo uma resposta individual aos fatores etiopatogênicos,
portanto a gravidade, as lesões e o número apresentados serão variados (BONETTO, et
al, 2004; ROTTA, 2008).
As lesões da acne vulgar podem ser divididas em não inflamatória
que podem ser os comedões tanto o aberto como o fechado, além das pápulas e pústulas
e como uma forma mais grave sendo considerada inflamatória podendo ocorrer a
formação de nódulos e cistos (papulopustulosa, pústula e nódulo-cística) (KEDE e
SABATOVICH, 2009; RODRIGUES, 2012; BONETTO, 2004).
Nas fases iniciais pode-se observar o microcomedão, estes produzem
uma dilatação folicular, não inflamatória (BAUMANN, 2004).

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Os comedões podem ser caracterizados como abertos ou fechados, os


fechados também conhecidos como cravo branco apresentam uma lesão esbranquiçada
podendo ser semelhante ao milium em algumas situações, geralmente com 1 a 3 mm, já
o comedão aberto apresenta o acúmulo de células queratinizadas, a cor é escura devido
à presença de melanina proveniente dos melanócitos concentrando-se então somente na
extremidade do folículo sebáceo, as lesões são planas e ligeiramente elevadas, sendo
visível à superfície da pele, sendo capaz de alcançar um diâmetro de 5 mm (DAL
GOBBO, 2010; KEDE e SABATOVICH, 2009; VAZ, 2003; BONETTO, et al., 2004;
BRENNER, et al., 2006).
“Embora haja uma longa lista de possíveis causas para os comedões, o
mecanismo da formação espontânea do comedão é desconhecido” (BAUMANN, 2004,
p. 58).
As pústulas contêm lesões purulentas inflamadas tendo uma cor rosa,
sendo dolorosa quando apalpadas. Muito comum que haja cicatriz e formação de crostas
quando rompidas, o ato de romperem pode ocorrer espontaneamente (KEDE e
SABATOVICH, 2009; DAL GOBBO, 2010).
As pápulas podem ocorrer dependendo da amplitude da inflamação,
podendo ter um aspecto rosado ou avermelhado tendo presença de seborreia geralmente
intensa. Essas lesões podem chegar até 55 mm (KEDE e SABATOVICH, 2009;
ROTTA, 2008).
Quando a reação inflamatória é alta atingindo a profundidade do
folículo pilossebáceo e rompendo a parede folicular ocorre a formação de nódulos
(BONETTO, et al., 2004; BRENNER, et al., 2006; KEDE e SABATOVICH, 2009).
Os cistos são lesões mais profundas que não são pustulosas, porém são
extremamente dolorosas apresentando uma cor rósea. Podem deixar cicatrizes e
espontaneamente drenam a secreção purulenta (DAL GOBBO, 2010).

Classificação da acne
A acne pode ser classificada em dois tipos: a acne não inflamatória, quando
há somente a presença de comedões sem apresentar sinais inflamatórios e acne
inflamatória dependendo das características das lesões apresentadas, compreendendo
formas clínicas e os graus (PIMENTEL, 2011).
 Grau I : O grau I representa uma forma mais leve da acne, conhecida como acne
comedogênica, é caracterizada pela existência dos comedões abertos ou

173
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

fechados, além do microcomedão, no entanto pústula inusitadas e alguma


pápulas são consideradas como grau I. Não há presença de processo inflamatório
nesta fase (RIBAS, et al., 2008; GERSON et al., 2011; PIMENTEL, 2011).
 Grau II: Acne inflamatória ou pápulo-pustulosa, onde os comedões abertos vão
se associar as pápulas com a presença ou não de eritema inflamatório e as
pústulas de conteúdo purulento, o quadro pode ser variado contendo poucas ou
muitas lesões (ZUCHETO, et al.,2011; RIBAS, et al., 2008; PIMENTEL, 2011).
 Grau III: Este grau tem a acne chamada de nódulo-cística, há presença de
comedões abertos, pústula e pápulas e de seborreia, além de cistos e nódulos
podendo ocorrer formação de pus em seu interior. Nesta fase apresenta-se uma
intensa reação inflamatória devido à ruptura da parede folicular (DAL GOBBO,
2010; ZUCHETO, et al., 2011; RIBAS, et al., 2008; PIMENTEL, 2011;
ROTTA, 2008).
 Grau IV: Acne conglobata, na qual há uma formação de fístulas e abscessos que
drenam pus, nunca é de forma leve, este grau é difícil tratamento e há presença
de comedões, pápulas, pústulas e grandes e numerosos nódulos purulentos,
podendo evoluir para cicatrizes e queloides, sendo mais comuns em homens do
que mulheres (GERSON, et al., 2011; PIMENTEL 2011; ROTTA, 2008)
(Figura 12).
 Grau V: Conhecida como acne fulminans ou fuminante, trata-se da forma mais
grave da acne. As lesões são predominantes em peito e costas podendo
rapidamente se tornar ulcerativas e quando curam formam cicatrizes. Além dos
sintomas e sinais que encontramos na acne conglobata a acne fulminante pode
ocasionar sintomas como emagrecimento, febre, eritema inflamatório ou necrose
das lesões. Atinge mais pessoas do sexo masculino sendo rara em nosso meio
(FITZPATRICK, 2011; ROTTA, 2008; PIMENTEL, 2011).

Tratamentos para acne vulgar


O tratamento deve ser adequado à extensão do problema, como por
exemplo, nos casos que apresentam uma situação mais severa, são necessários a
associação de medicamentos (sob orientação médica). Mesmo após a melhora do
quadro, é importante lembrar que acne é um problema crônico, portanto necessita-se

174
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

sempre de um acompanhamento, sendo uma forma de prevenção e para que os


resultados possam se manter (PIMENTEL, 2011).
“O tratamento realizado pelo profissional de estética é local e não
medicamentoso” (DAL GOBBO, 2010, pg.120).
Para que se inicie o tratamento da acne vulgar, é necessário que se
inicie a extração dos comedões, fechados e abertos com objetivo de prevenir uma
inflamação, obtendo-se o sucesso para o tratamento, ao término do processo
inflamatório faz-se necessário a prevenção contra a formação dos mesmos sendo feita
com o uso de peelings que irão produzir uma descamação evitando que se formam
tampões córneos (DAL GOBBO, 2010).
A limpeza de pele é um dos principais tratamentos realizados em
cabine para o combate e melhora da acne, pois este procedimento irá retirar as
impurezas, e controlar a secreção sebácea, além de promover uma renovação celular da
camada córnea (GERSON, et al., 2011).
Higienização, esfoliação, tonificação, emoliência, extração, utilização
da eletroterapia (alta frequência) e loção calmante são os passos básicos indispensáveis
na realização deste procedimento, respeitando a necessidade de cada pele, utilizando-se
sempre de todas as técnicas de higiene, para que consiga obter um resultado satisfatório
(DAL GOBBO, 2010).

Tratamento da Acne Vulgar


Pimentel, 2011 cita uma grande variedade de ácidos que podem
auxiliar no tratamento da acne, são eles:
 Peróxido de benzoíla: Este ácido diminui bactérias, sendo comedolítico.
Podendo ser usado em concentrações de 2,5%, 5% e 10%.
 Ácido Retinóico: Este ácido é derivado da vitamina A, sendo ceratolítico,
desfazendo os comedões, pois ele aumenta o turn-over e as mitoses das células
basilares, além de produzir neoformação de vasos na papila dérmica.
Porém este ácido é utilizado apenas por médicos (LACRIMANTI,
2009).
 Enxofre de ácido salicílico e resorcina: Estes ácidos são usados como esfoliantes
tendo uma ação queratolítica.
 Ácido azelaico a 20 %: Este ácido possui ação comedolítica e antibacteriana.

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De acordo com (WIPPEL, et al., 2009), o ácido glicólico também é um


ácido eficiente no tratamento da acne vulgar, pois ele apresenta uma ação queratolítica.
Ele ainda ressalta que o ácido glicólico diminui a oleosidade e a população do
Propionibacterium acnes.
Segundo Lacrimanti, 2009, o ácido glicólico tem mais utilidade em
pessoas de fototipo I e II, além de possuir uma rápida penetração e tem a finalidade de
hidratar a pele.
De acordo com Borges, 2006 o desincruste é muito utilizado para peles
seborreicas, pois tem como função retirar o excesso de sebo além de possuir uma ação
eletroquímica. Os efeitos polares da corrente galvânica nos proporciona a limpeza de
substâncias gordurosas encontradas em nossa pele.
O método de desincrustação tem como por objetivo auxiliar no
processo de limpeza de pele, ajudando na remoção de comedões. Este método acontece
por meio da transformação do sebo existente sobre a pele em sabão pela reação de
saponificação. O desinscrusti utiliza-se de corrente do tipo galvânico e esta
característica permite que o aparelho atinja o sebo da pele (PEREIRA, et al., 2011).

Construção da identidade do adolescente


De acordo com Ferreira, et al., 2003, a adolescência inicia-se na
puberdade, e é marcado com pelo acontecimento de mudanças físicas, já o final da
adolescência por mudanças sociais, isto é, quando o indivíduo conclui as funções
desenvolvimentos do período.
A passagem da infância para a vida adulta é marcado por um período
muito importante, o da adolescência, este período é fundamental e o mais importante na
construção da identidade do ser humano. É na adolescência que o jovem faz uma
observação de si mesmo analisando e julgando sua própria identidade á respeito do que
pensa e de que outros pensam (LUCIENE, 2011).
A tarefa mais importante na adolescência é a construção da identidade,
pois é um passo fundamental da transição da vida jovem para a vida adulta. Com a
construção da identidade é possível distinguir quais são realmente os verdadeiros
valores do indivíduo e qual o caminho que ele deseja seguir (FERREIRA, et al., 2003).
No momento em que a adolescência chega, o indivíduo desperta
questionamentos sobre as ideações realizadas nos momentos sucedidos na infância,
neste período ocorrem diversas modificações fisiológicas específicas da puberdade, o

176
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adolescente deve discernir qual a escolha a ser tomada em virtude das novas situações
encontradas na vida aproximadamente adulta. Ocorre uma confusão na identidade
provocada por uma série de perturbações psicológicas, que o adolescente em uma busca
de encontrar uma identidade neste caminho de busca ocorrem muitas incógnitas á
respeito do que ser na vida, como agir, para onde ir e escolhas, junto á isso uma série de
fatores externos influenciam para essas decisões sejam tomadas, como outras pessoas, a
mídia e desenvolvimento como um todo no espaço em que o adolescente está inserido
(LUCIENE, 2011).
A identidade do adolescente é organizada através de identificações
onde sua família é a base para que o adolescente apresente uma melhor formação
psicológica possível, sendo seguida de influências fora da família como professores,
amigos e ídolos (LUCIENE, 2011 apud OUTEIRAL, 2003; DEBORTOLI, 2002).
A identidade se apresenta de forma continua, pois o adolescente se
reconhece como sendo um sujeito inacabado. O adolescente faz uma percepção de si
demonstrando um caráter flexível e transitório da identidade (LUCIENE, 2011).

Autoestima
De acordo com Branden, 2001 a autoestima é a junção do auto-
respeito com a autoconfiança, tornando-se o pensamento que temos de nós, um auto
conceito formado por valores e potências que influem diretamente em nossa capacidade
de vivenciar da melhor forma possível as situações adversos na vida. A autoestima é a
chave para o sucesso, ou para o fracasso e também é essencial para que possamos nos
compreender, e analisar o potencial máximo e mínimo dos pontos positivos e negativos
de nossa personalidade.
A autoestima é várias atitudes, decorrente de pensamentos que cada
pessoa possui sobre si mesmo, um grande fator que influencia essas atitudes é o mundo
ao seu redor e a criação de cada um. Isso irá gerar as atitudes que são tomadas em nosso
dia a dia e os pensamentos de autoestima no decorrer de nossas vidas de forma positiva
ou negativa (MOSQUERA e STOBÃUS, 2006).
O sentimento autoestima está ligada com a autoimagem, além de ter
relação com a autoconfiança, a pessoa que apresenta uma melhor autoestima estabelece
uma maior confiança em decisões e atitudes a serem tomadas (ILHA, et al., 2009).
Branden, 2001 separa a autoestima em três estágios, citando que ela
pode ser elevada, baixa e média, conceituando então a seguinte forma, a pessoa que

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apresenta uma autoestima baixa sente-se “inadequado à vida, como pessoa”, quando o
indivíduo apresenta uma média autoestima a pessoa sente-se inadequado ou adequado
como pessoa, tendo então uma oscilação de comportamento e por fim a autoestima
elevada que assim como ILHA, et al., 2009, ele cita que ao ter uma autoestima elevada
o indivíduo sente-se “adequado a vida”, tendo assim uma confiança sentindo- se
competente à vida.
No desenvolvimento humano a adolescência é um período essencial,
pois nesta fase as identidades psíquicas e físicas passarão por transformações, podendo
ser por muitas vezes se tornar influenciadoras no comportamento na fase adulta
(MENESES; BOUZAS, 2009).
De acordo com Teixeira et al., 2012 no período da adolescência
ocorrem mudanças e nessas mudanças os jovens começam a se descobrir, despertando
então uma necessidade de estar agradando-se um ao outro, ocorrendo portanto efeitos
psicológicos com uma maior facilidade decorrente da acne, pois a imagem é
extremamente importante nesta etapa da vida. “Uma das consequências mais importante
da acne vulgar é o impacto expressivo na qualidade de vida dos adolescentes”
(FONTANA et al., 2010, pg.11).
Uma patologia como a acne, sendo tão agressiva à pele podendo deixar
cicatrizes, pode resultar da vida dos adolescentes sentimentos autodepreciadores sendo
reforçados por experiência de rejeição e maledicência de outras pessoas (TEIXEIRA et
al., 2012).
A acne pode atrapalhar o padrão da vida dos adolescentes sendo um
agravante, ocasionando problemas emocionais se tornando extremamente agravante a
ponto do adolescente entrar em depressão (SAMPAIO e RIVITTI, 2007).
A acne pode ser uma perturbação na vida dos adolescentes, fazendo
com que ocorra problemas emocionais tendo como consequência agravamentos como
tendência suicida e depressão (FONTANA et al., 2010).
O adolescente no modo em geral, está sujeito aos efeitos psicossociais
negativos da acne, mesmo que as lesões sejam mais leves (MENESES e BOUZAS,
2009; TEIXEIRA et al., 2012).
Coelho, 2006 também destaca que a rigidez da doença não tem relação
com as alterações psicológicas apresentadas, pois a acne causa uma baixa autoestima
não somente em graus elevados, mas também em adolescentes que apresentam acne

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grau II e até o grau I, que são uma, manifestação de acne menos severa. Essas alterações
psicológicas que são apresentadas pode-se destacar sintomas como depressão ansiedade.
Segundo um estudo citado por Ribas, et al., 2008 alguns sentimentos
foram mencionados em relação à acne como a ansiedade, desgosto por ter a presença da
acne, temor de que a acne não cesse e frustação em relação a aparência. Pode-se
considerar então que os sentimentos que são transmitidos por pessoas acometidas por
esta patologia devem ser de suma importância.
Hoje em dia a imagem vem sendo explorada pela mídia mostrando e
escravizando pessoas em busca de um ideal de beleza, deixando de fora as pessoas com
qualquer índice de acne, esta não é bela, causando então um problema neurológico nos
que as tem (TEIXEIRA et al., 2012; FONTANA et al., 2010).
Se preocupar com a aparência se torna comum, e está empregado em todas
as classes e idades, por isso que ao serem acometidos pela acne em casos maiores
podem levar o adolescente ao um isolamento social, e, além disso, indivíduos que
apresentam a acne evitam uma exposição, além de manipular continuamente as lesões,
chegando até à uma piora do quadro. “Todos esses fatores, somados a ansiedade e
depressão podem por sua vez agravar a acne fechando um circulo vicioso de causa e
efeitos” (FONTANA et al., 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este estudo apresentado, podemos concluir que a aparência física tem
uma grande influência na vida dos adolescentes. No mundo de hoje, a aparência física
pode interferir em vários fatores, como por exemplo, na hora de procurar um emprego,
ou se relacionar com as pessoas.
Mesmo a acne sendo tão comum em nosso meio, afetando a maioria dos
adolescentes da população, é uma patologia que deve ser tratada com muita cautela, o
tratamento passa a ser delicado, pois além de cuidar das lesões e da aparência, o
profissional da estética deve também cuidar do emocional, trabalhando, portanto sempre
em conjunto com outros profissionais.
Pode-se constatar que os recursos estéticos para acne vulgar promovem de
forma significativa à melhora na qualidade de vida de indivíduos que buscam melhor
autoaceitação, inserção no mercado de trabalho, e também na melhora da autoestima.

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Conclui-se, portanto, que os procedimentos estéticos podem ter grande influência no


processo de melhora da autoestima dos adolescentes com acne vulgar.

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182
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

PROCESSOS DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

CUTANEOS AGING PROCESS


Talita Oliveira da Silva ¹
Adrielly Michely ]ferreira²
Roberta Chaves Penco Amorese3
Cleiciane Brene Pereira4

RESUMO

O envelhecimento cutâneo é uma alteração natural a todo ser humano, podendo ocorrer de forma natural
ou ainda devido a agentes externos que estamos expostos, como a radiação solar. O envelhecimento age
nas camadas da pele de forma que suas camadas e estruturas fiquem prejudicadas, a prevenção e o
tratamento atenuam o agravamento da mesma. O objetivo desse estudo foi compreender a etiologia do
envelhecimento cutâneo a partir de referenciais teóricos que o embasam. Este é um fenômeno em que o
aparecimento varia de pessoa para pessoa e ocorre de forma gradativa. Para tanto, a pesquisa pautou-se na
compreensão da anatomia e fisiologia da pele até o envelhecimento cutâneo propriamente dito, sua
etiologia, sintomatologia e diagnóstico. O envelhecimento da pele é atualmente uma grande preocupação
das pessoas. A busca por métodos que previnem tal processo ou ainda atenue os sinais do envelhecimento
tem sido tema de vários estudos e interesse de muitas pessoas. Assim, entende-se que o envelhecimento
cutâneo se caracteriza como um processo multifatorial, onde diversos aspectos contribuem para seu
desenvolvimento, sendo ele precoce ou não, é importante na área da estética que se analise todos estes
fatores, pois são através deles que os protocolos podem ser elaborados de forma que se alcance um
resultado satisfatório e eficaz, contribuindo assim não só para a melhoria da pele, como também para a
autoestima do cliente.

Palavras-chave: Envelhecimento; Estética; Prevenção.

ABSTRACT

The aging skin is a natural alteration, and is common to all population. It can be by natural form or caused
by external agent that we are exposed, like solar radiation. The ageing acts in layers skin transforming the
structure and de layers, important part against ageing. The study objective the comprehension of etiology
of skin aging by theory bibliographic. This phenomenon occurs in the different cases, being personal and
stepwise. For this propose, this study is based by comprehension of skin anatomy and physiologic state
until de aging in facts, and your etiology, symptomology and diagnose. This phenomenon is causing so
much preoccupation in population. For those, the search for preventive or mitigating methods is rising, so
there are a lot studies being conducted. Therefore, the skin aging is a multifactorial process, so many
aspects are involved in development. It could be development earlier or not. For esthetic area is important
analyze all factors involved, as the protocols will be develop by them. By this way, the result can be
better, more satisfactory and effective, bringing back the self-esteem by the improvement of the skin.

Keywords: Aging; Esthetic; Preservation.


_____________________________________________
¹ Professora: Estetacosmetóloga; Especialista em Estética Facial e Corporal e docente do curso de estética e cosmética Unifil
Londrina PR
² Professora Coautora docente do curso de Estética e Cosmética Unifil Londrina PR
3
Professora Coautora docente do curso de Estética e Cosmética Unifil Londrina PR
4
Professora Coautora docente do curso de Estética e Cosmética Unifil Londrina PR

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

INTRODUÇÃO

O envelhecimento cutâneo se caracteriza pelas alterações fisiológicas


adquiridas no decorrer do processo evolutivo. As oscilações de hormônios durante o
ciclo da vida predispõem a nossa pele ao envelhecimento (RIBEIRO, 2010).
Atualmente a preocupação com a pele e a saúde tem aumentado
significativamente, com isso a busca por novas técnicas e tecnologias de cuidados e
prevenção ao envelhecimento são temas de estudos para muitos profissionais na área da
saúde. A área da estética atualmente não lida somente com o supérfluo e com
necessidades estéticas de embelezamento, mas anda lado a lado com a medicina e muito
próximo à dermatologia. Cabe a esteticista uma boa avaliação para detectar as
necessidades do paciente para com o tratamento escolhido.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2016) o
envelhecimento é um processo de degradação da pele, o qual também depende da
passagem do tempo. Este processo é uma das causas mais frequentes na população, pela
falta de precaução, exposição à radiação ultravioleta, os quais auxiliam o
desenvolvimento precoce. Como o envelhecimento cutâneo é uma das maiores
preocupações da sociedade com relação à estética, há uma procura constante de
tratamentos com o objetivo de combater e minimizar as rugas adquiridas com o tempo.
Dessa forma, este trabalho tem como objetivo compreender a etiologia
do envelhecimento cutâneo a partir de referenciais teóricos que o embasam. Para tanto,
analisou-se a a anatomia e fisiologia da pele até o envelhecimento cutâneo propriamente
dito, sua etiologia, sintomatologia e diagnóstico.

DESENVOLVIMENTO

ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE


Considerada o maior órgão do corpo humano, a pele exerce diversas
funções, Sampaio e Rivitti (2014, p.01) destacam que ela é “o manto de revestimento do
organismo, indispensável à vida e que isola os componentes orgânicos do meio
exterior”. Sua composição se dá a partir de inúmeras funções, variando desde a proteção
mecânica e contra a luz, imunovigilância e metabolismo de nutrientes para reparo
(ELDER, et al., 2011).

184
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Uma porcentagem de 15% referente ao valor total do peso do


indivíduo corresponde a este órgão, que sofre constantemente alterações em sua
composição ao passar do tempo, mas que representa um grande papel na regulação do
organismo, devido sua recepção sensorial e de barreira (BORGES e SCORZA, 2016).
O sistema tegumentar é composto de pele, glândulas, pelos e unhas,
essas estruturas irão contribuir para manter a pele protegida do meio externo, e estes
trabalhando em conjunto constituem o tegumento (TORTORA e DERRICKSON,
2016).
Segundo Vanputte, Regan e Russo (2016, p.140) a “epiderme é a
camada superficial da pele, consiste em tecido epitelial, e resiste à abrasão na superfície
e reduz a perda de água pela pele e assim repousa sobre a derme, uma camada de tecido
conjuntivo”. Abaixo destas se encontra a hipoderme ou tela subcutânea, formada por
tecidos conectivos: adiposo e areolar, e se caracteriza como um local de armazenamento
de gordura (TORTORA e DERRICKSON, 2016). Essa camada não é verdadeiramente
uma parte da pele, mas, devido à sua íntima relação anatômica e sua tendência a
responder juntamente com a pele a processos patológicos ela é também discutida
(ELDER, et al., 2011).
A epiderme é composta por vários tipos celulares, sendo eles os
queranócitos, melanócitos, células de Langerhans e de Merkel (ELDER, et al., 2011).
Borges e Scorza (2016) destaca que a epiderme é composta de 80% de queratinócito
este também chamado de corneócito, seu importante papel nesta camada se dá pela
responsabilidade constante de renovação da pele, já as células de Langerhans compõem
cerca de 2% a 8% esta estrutura, e pertencem ao sistema imunológico, o restante da
porcentagem é de 3% das células de Merkel onde atuam na identificação de tato,
estiramento da pele e pressão (receptor), e o restante é composto pelos melanócitos onde
cerca de 5% a 10% são responsáveis por produzir pigmento.
Segundo Vanputte, Regan e Russo (2016, p.140) esta camada “é um
epitélio escamoso estratificado e está separada da camada dérmica subjacente por uma
membrana basal, ela não é grossa como a derme e não apresenta vasos sanguíneos”.
Os autores Borges e Scorza (2016) destacam em seu livro que esta
camada “pode ser subdividida em cinco componentes, a camada basal, espinhosa,
granulosa, lúcida e a córnea, onde cada uma desempenha importantes funções
anatômicas e fisiológicas”, estas citadas da camada mais profunda até a superficial
formam a estrutura da epiderme.

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O estrato basal é considerada a camada mais profunda da epiderme,


ela consiste em um epitélio cuboide localizado acima da membrana basal
(ANDERSON, 2014). A membrana basal é uma estrutura que proporciona a união entre
a camada epidérmica e a derme subjacente (ELDER, et al., 2011). É essencialmente
germinativa e origina as demais camadas que compõem a epiderme, a partir da
diferenciação celular que ocorre de maneira progressiva, é possível observar então que
ela sempre estará exercendo uma intensa atividade mitótica (SAMPAIO e RIVITTI,
2014).
É nesta camada que as células dão início à diferenciação celular, e
passam por alterações morfológicas e bioquímicas, produzindo células novas que irão se
deslocar para as sucessivas camadas. Elas se distanciando passam pelo processo da
morte o que acarreta a queratiniação que mantém a impermeabilização e manutenção da
camada (BORGES e SCORZA, 2016).
Estrato espinhoso é formado por células escamosas ou espinhosas,
com características poliédricas, que vão se achatando de maneira progressiva em
direção à superfície (SAMPAIO e RIVITTI, 2014), representa a camada mais espessa
da epiderme, localizada acima da basal, apresentando fileiras de queratinócitos, este
nome se dá devido às células possuírem aspecto de espinhos (BORGES e SCORZA,
2016). É também chamada de Malpighi, nela as células de Langerhans estão
disseminadas (GOMES E DAMAZIO, 2009). Os prolongamentos dessas células
apresentam semelhança aos espinhosos, devido a isso seu nome, os espinhos das células
adjacentes se interdigitam entre si e através de desmossomos elas se aderem umas às
outras, com as células do estrato basal e germinativo (GARTNER e HIATT, 2012).
Já o estrato granuloso é formado por três a cinco camadas de
queratinócitos achatados que estão passando pelo processo de apoptose, os núcleos e
outras organelas dos queratinócitos começam a sofrer um processo de degeneração
(TORTORA e DERRICKSON, 2016). Constituída por fileiras de células achatadas e
nucleadas carregadas por grânulos de querato-hialina, onde conforme aumentam seu
tamanho o núcleo irá se desintegrando e acarretando assim à morte celular (BORGES e
SCORZA, 2016). Recebe este nome por possuir grânulos protéicos de querato-hialina,
constituída por células poligonais achatadas com longos eixos e são orientadas de
maneira paralela (VANPUTTE, REGAN, RUSSO, 2016).
A camada lúcida ou estrato lúcido segundo Anderson (2014) aparece
apenas em regiões como a palma da mão e planta dos pés. É composta por ceratinócitos

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escamosos firmemente aglomerados. Segundo Borges e Scorza (2016) é considerada


suplementar, presente apenas em regiões com mais espessuras. O estrato lúcido
“consiste em 3 a 5 camadas de queratinócitos mortos claros achatados, contendo
grandes quantidades de queratina” (TORTORA e DERRICKSON, 2016, p.101).
Por fim, o estrato córneo segundo Elder et al. (2011) ao contrário das
células nucleadas das outras camadas epidérmicas, os remanescentes celulares do
estrato córneo normal são anucleados e achatados. A espessura dessa camada muda de
região para região, e é onde os queratinócitos concluem o processo de maturação
celular, apresentando uma descamação e desidratação da capa córnea (BORGES, 2016).
De acordo com Applegate (2012) a queratina que se encontra neste estrato é resistente e
impermeável à água, devido a isto proporciona ao mesmo tempo uma proteção evitando
a passagem de água e de substâncias insolúveis do meio externo para o interno do
organismo.
A camada córnea é composta por vinte e cinco ou mais camadas de
células mortas escamosas, elas se sobrepõem e são unidas por desmossomos, por fim
estes se partem e assim ocorre a descamação (VANPUTTE, REGA e RUSSO, 2016).
As células então são descartadas de maneira contínua e passam a ser substituídas pelas
células dos estratos mais profundos, como já citados (TORTORA e DERRICKSON,
2016).
Já a derme é formada por tecido conjuntivo denso. Em relação à
epiderme tem característica mais espessa e sua composição se dá por fibras de colágeno
e elastina, responsáveis tanto pela resistência quanto pela elasticidade da pele. Esta
camada diferente da epiderme possui vascularização (APPLEGATE, 2014).
Denominada como camada de sustentação intermediária, onde a
epiderme é fixada através do tecido conjuntivo, formada por células chamadas de
fibroblastos, encarregados por produzir fibras de colágeno e elastina, e a matriz
extracelular compõe também esta estrutura. Encontra-se na derme macrófagos,
mastócitos e linfócitos, onde estes possuem papeis referentes às defesas imunológicas
(BORGES e SCORZA, 2016).
A presença de matriz extracelular atua na regeneração do tecido,
interação de colágeno e no processo de cicatrização, através da constituição de colágeno
e elastina imersos em gel hidrofílico. Os fibroblastos que fazem parte dos componentes
da derme se destacam como a célula principal, onde é responsável por produzir fibras de
colágeno, elastina, proteoglicano e ácido hialurônico, além destes possui forte

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participação no processo de reparação tecidual, tendo esta tamanha importância existem


fatores como a poluição, tempo de exposição ao sol, alimentação e uso de tabaco que
podem diminuir estas ações, fazendo com que estes fibroblastos percam de forma
significativa suas funções (BORGES e SCORZA, 2016; GOMES e DAMAZIO, 2009).
A derme abriga também os anexos cutâneos, estes responsáveis por
diversas funções e muitas vezes responsáveis por alterações estéticas, dentre eles se
encontram a glândula sebácea e sudorípara, folículos pilosos, músculo eretor do pelo e
nervos (SAMPAIO e RIVITTI, 2014).
A derme papilar possui abundância de matriz extracelular e vasos
sanguíneos, porém menor quantidade de colágeno e elastina, e estas fibras se encontram
dispersas, já os vasos sanguíneos apresentam pequeno calibre. Está localizada abaixo da
camada basal sendo separada por uma estrutura chamada lâmina basal (BORGES e
SCORZA, 2016; GOMES e DAMAZIO, 2009). As fibras presentes nesta camada
proporcionam formação de papilas dérmicas, que se moldam em cones epiteliais da
epiderme. Já a derme reticular apresenta fibras de colágeno densas, e as de elastina são
espessas e longas, estas dispostas de maneira paralela (FILHO e BARROS, 2016).
A hipoderme é localizada abaixo da derme reticular, composta por
células adiposas responsáveis pelo armazenamento de gordura, separadas por septos
conjuntivos. Assim como a epiderme e derme, esta estrutura possui também
especificações, esta camada apresenta ois tipos de tecido adiposo, o unilocular e o
multilocular (BORGES e SCORZA, 2016).
Esta região é muito irrigada devido à grande quantidade de vasos
sanguíneos, é responsável também pela metabolização de hormônios. Proporciona ação
de isolamento térmico, proteção contra choques mecânicos, e modelagem da estrutura
corporal (FILHO e BARROS, 2016).
Ainda, segundo Rodrigues (2012) a epiderme dá origem aos anexos
cutâneos, estes abrigados na derme, sendo eles as glândulas sebáceas, sudoríparas,
folículo piloso e unhas.

ENVELHECIMENTO CUTÂNEO
O envelhecimento é definido como um processo dinâmico e
progressivo, no qual há modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas,
psicológicas, e funcionais, que colaboram para a perda gradual da capacidade de
adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e,

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consequentemente, maior incidência aos processos patológicos, considerando também


como sendo perda da capacidade funcional e de reservas do organismo, com mudanças
da resposta celular aos estímulos, a perda da capacidade de reparação e a predisposição
a doenças, com desencadeamento considerado de forma multifatorial (BORGES, 2016).
Caracterizado como um fenômeno gradativo e difícil de ser definido,
seu aparecimento varia de uma pessoa para outra, sendo assim conforme o decorrer do
tempo ocorre uma deficiência na capacidade funcional da pele, e também na reserva de
órgãos do corpo humano, tornando-o assim vulnerável a doenças. O envelhecimento
esta ligado com hábitos de vida de cada indivíduo e também nos cuidados que são
submetidos à pele, estes que podem retardar o processo de envelhecimento cutâneo
(GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Quando a pele já esta passando pelo processo de envelhecimento
ocorre a diminuição da síntese de proteínas, estas que acarretam dificuldades na
formação e degradação do colágeno, acarretando a perda de elasticidade ocasionado
pela degradação do colágeno como já dito, o que gera um aspecto de pele enrugada e
flácida. As glândulas sudoríparas e sebáceas diminuem suas funções, e
consequentemente ocorre a diminuição da lubrificação da pele resultando então em uma
pele seca, com presença de manchas, e com capacidade de reparação comprometida
(GUIRRO e GUIRRO, 2002; GOMES e DAMAZIO, 2009).
O envelhecimento cutâneo é um processo biológico e cronológico, há
a presença de radicais livres, os quais são espécies químicas constituídas de um átomo
ou associação dos mesmos, possuindo um elétron desemparelhado em sua órbita mais
externa e resultam no estresse oxidativo o que acarreta a aceleração do processo de
envelhecimento cutâneo (HIRATA; SATO; SANTOS, 2004).
Por ser um fenômeno multifatorial pode ser dividido de duas
maneiras, envelhecimento intrínseco e extrínseco. O envelhecimento intrínseco ocorre
devido ao desgaste natural do organismo, ou seja, é o envelhecimento causado pela
idade, ele é cronológico. Não pode ser evitado, é algo que já se espera, pois suas
alterações são ligadas ao tempo de vida, devido a isso é possível notar a pele sem
manchas, seca, suave, com leve atrofia, frágil, com perda da elasticidade e com rugas
finas (GOMES, DAMAZIO, 2009; RIBEIRO, 2010). Fatores como gravidade,
alterações hormonais, estresse, alterações do ambiente e até a perda de peso podem
interferir nesse processo (KEDE, SABATOVICH, 2009).

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O envelhecimento intrínseco ou também conhecido como cronológico


é natural e inerente ao ser humano (BAGATIN, 2008). Tem como principal
característica a diminuição da atividade de fibroblastos, acarretando na não produção
das fibras estruturais, necessitando obrigatoriamente de estimulação (HIRATA, SATO e
SANTOS, 2004). A pele envelhecida intrinsecamente apresenta rugas finas e atrofia,
pois ocorre a elastose da derme reticular (BAGATIN, 2008).
As células envelhecidas têm menor capacidade de captação de
nutriente, de replicação e de reparo de lesões, a pele intrinsecamente envelhecida é lisa
sem deformações, com linhas de expressão acentuadas, mas com preservação de
padrões geométricos normais (BORGES, 2016).
Hirata, Sato e Santos (2004) explica que o envelhecimento
cronológico cutâneo, ocorre a modificação do material genético por meio de enzimas,
alterações protéicas e a proliferação celular decresce, como consequência o tecido perde
elasticidade e capacidade de trocas aquosas e a replicação do tecido fica menos
eficiente; ocorre também a oxidação química e enzimáticas envolvendo a formação de
radicais livres que aceleram o fenômeno de envelhecimento.
O envelhecimento extrínseco ou fotoenvelhecimento surge em áreas
que ficam expostas ao sol, devido à ação de raios ultravioletas, estas modificações são
notadas a longo prazo, causado pela exposição solar sem proteção, onde na pele nota-se
rugas profundas e manchas escuras conhecidas como lentigo actínico ou
hiperpigmentação. No início a pele é espessa, mas em alguns casos a pele pode se tornar
atrófica, apresentando telangectasias (KEDE, SABATOVICH, 2009; RIBEIRO, 2010).
É conhecido como o principal responsável pelo envelhecimento precoce pois surge a
partir dos 25 anos, é cumulativo ao longo da vida, onde através dos danos causados
quando criança ou no período de adolescência se acumulam e se manifestam em idades
mais avançadas. Lembrando que fatores como poluição e tabaco podem acelerar
também este processo (RIBEIRO, 2010).
Ele é relacionado a fatores externos, como alimentação, poluição,
álcool, cigarro e principalmente a exposição aos raios ultravioletas –
fotoenvelhecimento – acarretando em 80% dos sinais visíveis do envelhecimento
cutâneo (SCOTTI; VELASCO, 2003; SBD, 2016). Tratando-se de fotoenvelhecimento,
todas as teorias e mecanismos tem ligação com este envelhecimento.
A radiação UV é a região do espectro eletromagnético emitido pelo
sol que compreende os comprimentos de ondas de 100nm a 400nm; a radiação UVA

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

tem como comprimento de onda 320nm a 400nm com penetração mais profunda,
atingindo tecidos dérmicos, danificando queratinócitos da epiderme e fibroblastos da
derme, age diretamente na geração de radicais livres e dependendo da pele e da
intensidade da radiação o eritema a ser causado é mínimo, responsável por dois fatores
do envelhecimento a indução de melanoproteinases da matriz que reduzem o colágeno,
e mutação genética que induz ao câncer; a radiação UVB possui comprimento de onda
de 280nm a 320nm com alta energia e penetração superficial, ocasiona queimaduras
solares e é responsável pelo envelhecimento precoce, a exposição à essa radiação causa
lesões no DNA e aumenta o risco de mutações que se manifestam em forma de câncer
(BORGES, 2016).
Suehara, Simone e Maia (2006) afirma que as características do
envelhecimento facial causado em tabagistas são bastante intensas e determinadas por
alterações nas fibras de colágeno na derme profunda, afirmando o motivo das rugas
serem mais profundas; além disso o cigarro é responsável pela vasoconstrição que
ocasiona a diminuição do fluxo sanguíneo; ocorre também uma hipóxia tissular
significativa onde um único cigarro desencadeia uma vasoconstrição cutânea por mais
de 90 minutos; ocorre a isquemia crônica dos tecidos gerando lesão das fibras elásticas e
diminuição da síntese do colágeno.
Com o envelhecimento a epiderme tem sua renovação comprometida,
os queratinócitos ficam menos ativos, há uma diminuição na produção do cimento
celular, o que acarreta prejuízo na barreira de proteção e alteração na penetração de
ativos. Ocorre também uma diminuição da atividade de alguns melanócitos e os que
continuam ativos produzem melanina em excesso, o que leva à formação de manchas. A
derme também sofre alterações, o fibroblasto tem sua atividade diminuída causando
prejuízo as fibras levando a perda de flexibilidade, elasticidade e resistência (COSTA,
2016).

Considerações Finais
Envelhecer é um processo inevitável e natural, mas que é possível
envelhecer de uma forma saudável e manter uma pele bonita, prevenindo-se de fatores
externos que aceleram esse processo e através de cuidados com a pele.
Verificou-se que a pele é constituída de três camadas, a epiderme, a
derme e a hipoderme, e conhecê-la é essencial para a compreensão do processo de
envelhecimento, porque através dela que o corpo em suas funções fisiológicas se

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expressa e também é a partir dela que o corpo tem seu contato com o mundo exterior.
Ela é afetada de modo multifatorial, por elementos internos, inclusive as emoções, e por
elementos externos, o que se inclui a poluição, raios solares, cigarro, dentre outros.
Atualmente tem-se um crescimento da população idosa no Brasil e no
mundo, e isto implica não só na busca por um envelhecimento saudável, como também
a busca por procedimentos estéticos a fim de minimizar os efeitos do tempo. Conhecer
os processos de envelhecimento nesse sentido é essencial para o profissional da estética,
porque além de realizar a prevenção desse envelhecimento pode atenuar as linhas de
expressões e rugas adquiridas no tempo, permitindo que as pessoas aumentem sua
autoestima e tenham uma vida com mais qualidade.
Com isso, é necessário que se entenda a fisiologia que envolve o
processo do envelhecimento, onde assim será possível realizar uma análise de cada caso
e poder identificar que tipo de princípio ativo melhor se adequa a disfunção.

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UTILIZAÇÃO DA VITAMINA C NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO


ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

USE OF VITAMIN C IN THE PREVENTION AND TREATMENT OF SKIN AGING


Roany Pereira Dos Santos ¹
Talita Oliveira da Silva²
Roberta Chaves Penco Amorese3
Cleiciane Brene Pereira4

RESUMO

A pele é uma importante capa de proteção contra agressões exógenas que reveste toda estrutura corporal e
exerce diversas funções fisiológicas importantes, suas características marcantes torna o envelhecimento
mais visível, mesmo em indivíduos jovens. Entretanto, a preocupação com a beleza faz com que os
profissionais na área da saúde busquem alternativas para retardar os sinais da idade, então, o presente
trabalho tem por finalidade apresentar, por meio da revisão bibliográfica, a utilização da vitamina C na
prevenção e tratamento do envelhecimento cutâneo. O envelhecimento da pele é um processo biológico
natural que todos estão submetidos, sendo dividido em processos distintos, um chamado envelhecimento
intrínseco, e o outro envelhecimento extrínseco ou foto-envelhecimento, caracterizado por danos
decorrentes da radiação ultravioleta. A excessiva exposição a esta radiação resulta na produção de
radicais livres, que são moléculas reativas que em excesso no organismo promove várias alterações
levando ao envelhecimento precoce, porém são neutralizados por substâncias denominadas de
antioxidante. A vitamina C possui grande ação antioxidante combatendo o excesso de radicais livres,
ajudando na manutenção da integridade das células fornecida ao organismo de forma oral e de forma
tópica, sendo empregada a vários tratamentos com finalidade de atrasar os sinais da idade auxiliando a
prevenção do envelhecimento cutâneo.

Palavras-chave: Envelhecimento; Radicais Livres; Ácido Ascóbico.

ABSTRACT

The skin is an important guard against exogenous assaults that covers the whole body structure and has
several important physiological functions, their striking features becomes the most visible aging even in
young individuals. However the concern with beauty, causes the health professionals seek alternatives to
slow the signs of age, the present work aims at presenting through the use of bibliográfia review vitamin
C in the prevention and treatment of skin aging. So the aging skin, is a natural biological process that
everyone is subjected, being divided by different processes, one called intrinsic aging, and the other
called extrinsic aging or photo-aging, characterized by damage caused by ultraviolet radiation. That
Mr.ershon is the exposure to this radiation, results in the production of free radicals which are reactive
molecules that when in excess in the body promotes several changes leading to premature aging, but are
neutralized by antioxidant named substances. Vitamin C has great action antioxidade fighting excess free
radicals, helping to maintain the integrity of the cells, provided the body of orally and topically, being
employed to several treatments in order to delay the signs of age in which AIDS in preventing skin aging.

Keywords: Aging; free radicals; ascóbico acid.


_____________________________________________
¹ Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia
² Professora orientadora: Estetacosmetóloga; Especialista em Estética Facial e Corporal e docente do curso de estética e cosmética
Unifil Londrina PR
3
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR
4
Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO

Atualmente, os cuidados com a pele estão crescendo constantemente.


Tanto homens quanto mulheres se preocupam cada vez mais com sua beleza e
juventude. Com isso, o mercado tem investido em produtos novos contendo princípios
ativos que retardam o envelhecimento por inibir à ação dos radicais livres (CAYE;
RODRIGUES; SILVA, 2008).
As consequências do envelhecimento cutâneo são visíveis, já que a
pele apresenta características bem marcantes e evidentes, sendo possível perceber
mesmo em indivíduos jovens. Sinais do envelhecimento que podem ser demonstrado
por meio da aparência pálida e desvitalizada, seguida de rugas, flacidez, inelasticidade,
além do ressecamento e da diminuição da sua espessura (SOUZA; JUNIOR, 2011).
A vitamina C tem sido grande referencial nos tratamentos estéticos
por ser uma substância essencial no metabolismo celular, além de ser um potente
antioxidante natural que age contra os efeitos dos radicais livres formados pela
exposição solar. Ela é uma vitamina hidrossolúvel e termolábel, que os seres humanos
são incapazes de sintetizar, sendo fornecida ao organismo de duas formas: por via oral,
com a ingestão de alimentos e medicamentos que contenham a vitamina; ou por forma
tópica com a utilização de cremes e assemelhados (BARROS; BOCK, 2012).
Consequentemente, pelo grande interesse de uma aparência mais
jovem, os profissionais da estética têm investido ainda mais em produtos que retardam
os sinais da idade. A vitamina C, por apresentar vários efeitos fisiológicos, está cada vez
mais presente na dieta adequada de cada indivíduo e empregada em diversos
tratamentos com o objetivo de tratar e prevenir o envelhecimento cutâneo (ARANHA;
BARROS; MOURA, 2000).

DESENVOLVIMENTO

ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE

A pele é o maior órgão do corpo humano, que corresponde


aproximadamente a 15% do peso corporal. Um órgão de revestimento complexo,
constituída por vários tipos celulares responsáveis pela manutenção de sua estrutura,

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também como o único órgão que apresenta sistema imunológico próprio


(RODRIGUES, 2012).
O Tecido tegumentar é um sistema que envolve todo o corpo humano,
com função de mediação do ambiente interno e externo, estando suscetível a receber
todas as influências de dentro e de fora do corpo. Portanto, a pele pode ser considerada
uma capa de proteção que reveste toda estrutura corporal, assim, se algo não vai bem no
organismo pode ser manifestado por meio de mudanças na aparência no órgão. A pele é
composta de três camadas principais: a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo, cada
camada possui características e funções específicas (ARAUJO; MEJIA, 2012).

ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

O conhecimento da anatomia e fisiologia da pele é fundamental para a


compreensão dos processos patológicos, para melhor indicação de métodos diagnósticos
e terapêuticos. O corpo humano sofre desgastes e alterações fisiológicas naturais
produzindo várias condições, que podem ser consideradas os primeiros sinais do
envelhecimento, mas também podem ser causadas por fatores externos (GOMES,
2009).
O envelhecimento é um processo biológico natural, envolvendo
alterações neurobiológicas estruturais, funcionais e químicas, que incidem também
sobre o organismo fatores ambientais e socioculturais, como qualidade de vida, dieta,
sedentarismo e exercício físico, que estão ligados ao envelhecimento sadio ou
patológico (SANTOS, 2009).
Com frequência, classifica-se o envelhecimento como um estado de
terceira idade, contudo envelhecer não é um estado e sim um processo de degradação
progressiva e diferencial que decorre do tempo, ou seja, um processo natural que todos
nós estamos submetidos, sendo um processo de morte do organismo (PUJOL, 2011).
As alterações do envelhecimento vão depender da qualidade de vida
de cada indivíduo e também dos fatores intrínsecos e extrínsecos (SCOTTI; VELASCO,
2003 apud OLIVEIRA, 2011).

Envelhecimento Intrínseco

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Para Baumann (2004), o envelhecimento intrínseco reflete a


constituição genética de um indivíduo que resulta da passagem do tempo. É inevitável e
caracterizada por uma pele envelhecida lisa sem deformidades, com linhas de expressão
exageradas, mas preservação dos padrões geométricos normais da pele.
Como qualquer outro órgão do corpo, a pele começa a envelhecer a
partir dos vinte anos, devido a algumas mudanças, muitas delas programadas
geneticamente. O envelhecimento intrínseco é decorrente do desgaste natural do
organismo, causado pelo passar dos anos sem a interferência do meio externo. A
aparência é a da pele idosa encontrada na parte interna dos braços próximo a axila,
sendo uma pele fina com pouca elasticidade apresentando rugas finas, porém sem
manchas ou alterações na sua superfície (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
Segundo Santos (2013), o envelhecimento intrínseco é um processo de
envelhecimento natural, caracterizada pela diminuição das funções vitais do corpo,
reduzindo o poder de renovação celular, respostas imunológicas ineficientes e demais
comprometimentos do funcionamento normal do corpo, em decorrência a essas
alterações em toda estrutura celular, o organismo torna-se mais vulnerável, inclusive
mudando a transcrição genética de diversas proteínas, enzimas e moléculas de DNA,
que ficam deficientes em suas funções, sendo um envelhecimento lento, suave e
gradual.

Envelhecimento Extrínseco

Baumann (2004) relata que o envelhecimento extrínseco é causado


por fatores externos como fumo, álcool, alimentação inadequada e exposição ao sol que
designa o envelhecimento prematuro da pele. A pele envelhecida extrinsecamente
aparece em áreas mais expostas como face, tórax e braços, resultado de uma excessiva
exposição à radiação ultravioleta. Uma pele foto-envelhecida inclui rugas, lesões
pigmentadas, como sardas, lentigos e áreas de hiperpigmentação.
O foto-envelhecimento surge a partir dos 25 anos de idade é o
principal responsável pelo envelhecimento precoce, pois sua ação a longo prazo faz
surgir os sinais de pele envelhecida. Essas alterações caracterizam-se por uma aparência
de pele espessa, áspera e pálida que, aos poucos vai se tornando sulcada (GOMES,
2009).

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De acordo com Draelos (2009), o foto-envelhecimento ocorre


predominantemente dentro da epiderme e derme superior (Papilar). Estudos histológicos
demonstram que a exposição aos raios ultravioletas rompe as estruturas normais do
tecido conjuntivo da derme. A derme é composta principalmente de colágeno tipo I,
portanto, a exposição aos raios UV diminui o colágeno e a elastina, alterando a estrutura
de ligações cruzadas do colágeno e elastina na matriz dérmica, as Glicosaminoglicanas
(GAGs), que compõe a matriz extracelular, são moléculas de polissacarídeo que se
ligam a água formando um polímero hidratado preenchidos no espaço entre as fibras
proteicas que auxilia na sustentação do tecido cutâneo. Na pele envelhecida, as GAGs
são depositadas de forma errada no tecido, causando o surgimento de rugas,
hiperpigmentação e frouxidão na pele. Embora no envelhecimento cronológico também
ocorra essas alterações, a pele foto-envelhecida se diferencia pela presença de elastose
solar.
As alterações histológicas provocadas pelo foto-envelhecimento são
inúmeras, em que se nota na epiderme o adelgaçamento da camada espinhosa e um
achatamento da junção dermoepidérmica, os queratinócitos tornam-se resistentes a
apoptose, ficando suscetíveis as mutações do DNA, o número de melanócitos também
se reduz alterando a densidade melanocítica, com isso favorece o surgimento de
efélides, nevos e hipomelanose gotada (MONTAGNER; COSTA, 2009).
Os fatores que influenciam no processo de envelhecimento são a idade
e a exposição a radiação ultravioleta, também pode-se citar o tabagismo, a ação
excessiva dos radicais livres, e nas mulheres o hipoestrogenismo, principalmente no
período da menopausa tem uma participação evidenciada no envelhecimento
(ARAUJO; MEJIA, 2012).
O excesso de exposição solar pode comprometer a saúde cutânea,
danificando algumas células, e muitas vezes causando danos irreversíveis como no caso
dos tumores de pele. O sol emite vários tipos de radiações, sendo a ultravioleta (UV) a
mais danosa, ela se divide em ultravioleta A, B e C, esta última fica retida na camada de
ozônio. As radiações UVB atingem a epiderme e provocam o eritema, ou seja, causam
vermelhidão na pele, as radiações UVA atinge a derme, ocasionando o bronzeamento da
pele e alterações nas fibras de colágeno e elastina (LEONARDI, 2009).
Com o avanço da idade, pode ocorrer o aumento das espécies reativas
de oxigênio, de maneira que há diminuição das defesas antioxidantes, levando a
sobrecarga de ROS. Consequentemente, quantidades excessivas destes compostos

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podem reagir com várias estruturas celulares e proteínas, contribuindo para o


surgimento de certas alterações cutâneas (RIBEIRO, 2010).
Na pele, em especial a face e o dorso das mãos, que mais se expõem
ao sol, os melanócitos podem sofrer alterações, formando manchas com bordas
irregulares e cor variável de marrom claro a escuro. Em consequência, a pele fica mais
sensível, exposta a inflamações e escoriações associadas às mudanças fisiológicas da
epiderme e derme (RIBEIRO; ALVES; MEIRA, 2009).
Kede e Sabotovich (2009) relatam que o envelhecimento é um
processo contínuo que não só afeta a aparência, mas também as funções cutâneas. No
entanto, nem todas as pessoas envelhecem na mesma velocidade, destacando que fatores
intrínsecos, extrínsecos, hábitos de vida e exposição crônica ao sol aceleram o processo
de envelhecimento.

Rugas

As rugas podem ser classificadas como: superficiais e profundas. As


superficias são aquelas que desaparecem após o estiramento da pele, já as rugas
profundas não sofrem alteração quando a pele é estirada (KED; SABATOVICH, 2004
apud SOUZA; BRAGANHOLO, 2007).
Segundo Pereira e Mejia S.M (apud Guirro;Guirro, 2004), as rugas
são classificadas como estáticas, dinâmicas e gravitacionais. As estáticas são
consequência da fadiga de algumas estruturas da pele, causadas pelas repetições de
movimentos ou a ausência deles; as dinâmicas são as linhas de expressão decorrente de
movimentos repetitivos e mimica facial; e as gravitacionais são causadas pela flacidez
de pele, ou seja, afrouxamento das estruturas da pele.
Esses sinais são consequências do processo fisiológico de decadência
das funções do tecido conjuntivo, em que o colágeno vai tornando-se mais rígido, com
uma porcentagem perdida anualmente e uma diminuição no número de ancoragem de
fibrilas, as fibras elásticas perdem sua força de elasticidade, há uma diminuição das
glicosaminoglicanas associada a redução de água, que consequentemente diminui a
adesão, migração, desenvolvimento e diferenciação celular (SADICK, 2002 apud
ARAUJO; MEJIA, 2012).

Teorias do Envelhecimento Cutâneo

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Para Scotti e Velasco 2003 apud Santos, 2013 existem várias teorias
para compreender o processo do envelhecimento que abordam pontos em comum, as
quais devem causar e acelerar os danos resultantes do avanço da idade, mas a teoria
mais conhecida é a dos radicais livres, eles são uma das principais causas do
envelhecimento.
Durante o envelhecimento ocorre a modificação do material genético
por enzimas, alterações protéicas e a proliferação celular aumenta. Consequentemente, o
tecido perde elasticidade e a capacidade de regular as trocas aquosas e a replicação do
tecido se torna menos eficaz. As oxidações químicas envolvendo a formação de radicais
livres aceleram o processo de envelhecimento. Os radicais livres são moléculas
constituída de um átomo que possui um elétron desemparelhado na sua órbita mais
externa, e para se manterem estáveis precisam doar ou retirar um elétron de outra
molécula (HIRATA et al., 2004).
As reações de glicosilação nas alterações de proteínas são também
consideradas um dos principais mecanismos causadores do envelhecimento celular. Esta
teoria sugere que as alterações da proteína pela glicose levam a formação de ligações
cruzadas do colágeno, que são características nos indivíduos idosos (MOTA;
FIGUEIREDO; DUARTE, 2004).
Alguns estudos demonstram que os produtos resultantes das reações
de glicosilação, conhecidos como AGEs, são fatores importantes no envelhecimento
cutâneo, pois possuem capacidade de inativar as proteínas existentes na pele, como
colágeno e elastina. Essas reações vão aumentando com a idade, pois há uma perda de
sensibilização a insulina, consequentemente conduz ao aumento da glicemia, levando
maior reação de glicosilação (RUIVO, 2014).
Segundo Agostinho (2004), na teoria imunológica do envelhecimento
o declínio dos bio-marcadores de imunidade marca a destruição activa, deixando o
organismo sujeito ao seu próprio sistema imunitário, que chega a reagir contra si mesmo
como se o próprio organismo fosse um agente estranho.
Esta teoria do envelhecimento está relacionada aos fatores genéticos,
ou seja, a velocidade que um indivíduo envelhece é predeterminada pelos seus genes, ou
então os genes determinam quanto tempo as células viverão. Alguns defendem que as
células do nosso organismo, após certo número de divisão celular (mitose), está
geneticamente programadas para morrer. Portanto, a medida que essas células morrem,

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

os órgãos começam a apresentar mau funcionamento e não conseguem preservar as


funções biológicas necessárias para a manutenção da vida (CANCELA, 2007).
Teoria do uso e desgaste baseia-se na ideia de que o envelhecimento é
o resultado do acúmulo de agressões ambientais do dia a dia, as quais ocasionam a
diminuição da capacidade do organismo em recuperar-se totalmente em que os
ferimentos, as infecções entre outras agressões se somariam ao longo dos anos do
indivíduo, essas lesões provocam alterações nas células, tecidos e órgãos,
desencadeando o envelhecimento. Atualmente, pode-se considerar Uso e Desgaste não
como uma teoria, mas um aspecto relevante para auxiliar outras teorias no que diz
respeito ao desgaste de um órgão relacionado com a idade, sem se transformar em um
fato causal do envelhecimento (FRIES; PEREIRA, 2011).

VITAMINA C

A Vitamina C foi descoberta nos estudos realizados para detectar a


substância existente nas frutas e verduras, que impediam a proliferação do escorbuto
entre os marinheiros. Durante as longas viagens, os homens do mar se alimentavam de
carne bovina e não incluíam frutas e verduras na dieta, originando o escorbuto que
comprometia as articulações e provocava inflamações nas gengivas, perda dos dentes e
hemorragias causada pelo rompimento das paredes dos vasos sanguíneos, o sistema
imunológico deteriorava-se até que o indivíduo morresse. Em 1938, o ácido ascórbico
foi aceito como nome químico da Vitamina C para referir-se a sua função na prevenção
do escorbuto (ARANHA; BARROS; MOURA, 2000).
Os radicais livres gerados pela irradiação solar e outros agentes
externos causam vários malefícios para a pele, resultando em fotoenvelhecimento e
fotocarcinogênese. O organismo humano protege-se de forma natural utilizando de
antioxidantes que neutralizam os efeitos desses radicais livres. Com isso, a Vitamina C
é o antioxidante mais abundante no organismo, principalmente na pele, conhecida como
um potente neutralizador de radicais livres (AZULAY et al., 2003).
Durante muitos anos tentou-se isolar a vitamina C na sua forma pura.
O médico Albert Szentgyorgyi conseguiu isolar esta vitamina em 1928 e descobriu que
sua fórmula era C6H8O6. A vitamina C ocorre naturalmente em alimentos sob duas
formas: a forma reduzida (ácido L-ascórbico) e a forma oxidada ou ácido

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desidroascórbico, as duas formas são fisiologicamente ativas e são encontradas nos


tecidos orgânicos (ARANHA; BARROS; MOURA, 2000).
O ácido ascórbico participa dos processos de respiração celular,
produção de colágeno, é extremamente importante na cicatrização dos tecidos
orgânicos, favorece a circulação sanguínea prevenindo coágulos, aumenta as defesas
imunológicas, auxilia na prevenção das doenças degenerativas como o câncer, e reduz
os efeitos de algumas substâncias alergênicas, além de possuir um grande efeito
clareador (GOMES, 2009).
O ácido ascórbico é uma vitamina hidrossolúvel, que age como um
antioxidante, detoxificando os radicais livres das células e combatendo os processos
oxidativos, é um grande aliado na prevenção do envelhecimento da pele. Esta substância
pode ser fornecida ao organismo de duas maneiras: via oral, ingerido por meio de
alimentos ou medicamentos que contenham a vitamina, ou de forma tópica, sendo
aplicado em cremes ou produtos semelhantes (BARROS; BOCK, 2012).
A aplicação tópica da vitamina C pode melhorar a elasticidade e
firmeza da pele, a sua aplicação regular pode reduzir os sinais da idade, linhas de
expressão e flacidez cutânea, elevando a tonicidade da pele, deixando-a mais brilhante e
macia e não é fotossensibilizante. Com isso, essa vitamina é bem aceita pelo sistema
imunológico e suas reações alérgicas são raras, e logo nas primeiras semanas de uso
pode-se sentir uma temporária sensação de formigamento no local aplicado
(LEONARDI, 2008).
A vitamina C é necessária para a síntese de colágeno, porque atua
como cofator nas reações de hidroxilação de prolina e lisina, importantes aminoácidos
do tecido conjuntivo que promovem uma melhor sustentação a pele. Porém, além da
função antioxidante e do seu importante papel na síntese de colágeno, outro benefício
atribuído para a vitamina C é a redução da produção de pigmentos melânicos, inibindo a
ação da tirosinase, principal enzima reguladora das reações de formação desses
pigmentos. Portanto, o uso da vitamina C tem sido sugerido como agente
despigmentante, quando aplicado de forma regular (GOLÇALVES; CAMPOS, 2006).
Sua ação despigmentante atua por mecanismo redutor, estimulando a
inversão das reações de oxidação, que convertem a dopa em melanina e dopa em
dopaquinona, reduzindo a síntese de melanina (RIBEIRO, 2010 apud CASAVECHI;
SEVERINO, 2015).

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Tem-se utilizado a Vitamina C e seus derivados em nanosfera,


talasferas com o objetivo de diminuir a oxidação e melhorar a sua eficácia. As
nanosferas de vitamina C são cápsulas mais microscópicas que as talasferas, e são
capazes de conservar e liberar gradativamente a vitamina C. As embalagens que
contenham a vitamina devem ser muito bem escolhidas a fim de prolongar a vida útil do
ativo, ou seja, quanto menor o contato do oxigênio com a vitamina C, maior será a sua
durabilidade (LEONARDI, 2008).
Barros e Bock (2012) postulam que o uso tópico da vitamina C pode
ter importantes efeitos no antienvelhecimento, corrigindo perdas estruturais e funcionais
da pele, sendo demonstrado em uma pesquisa realizada com algumas voluntárias, que
aplicaram um creme contendo 3% de vitamina C no seu antebraço, por quatro meses no
inverno. O resultado foi que a região tratada com o creme contendo a vitamina sofreu
aumento da atividade proliferativa da epiderme e do número de vasos sanguíneos novos,
com isso, a vitamina C pode estar relacionada à regeneração da epiderme, tendo um
efeito foto protetor na pele. No entanto, na França foi comprovado que a aplicação
tópica de creme contendo 5% da vitamina melhorou a aparência da pele foto danificada,
por ativar a síntese de fibras elásticas dérmicas, aumentando a densidade e diminuindo
assim a profundidade de sulcos dérmicos.
De acordo com Draelos (2009), além da vitamina C tópica, a
suplementação oral da vitamina pode ser útil para a foto proteção e prevenção do câncer
de pele. Mas pacientes tomando suplementos de vitamina C demonstraram um aumento
significativo da vitamina no plasma e na pele, contudo as vitaminas não proporcionaram
nenhum efeito protetor contra queimadura solar, ao contrário, dois estudos relataram
proteção contra eritema induzido por radiação UV após a suplementação com vitamina
C e E. Portanto, os benefícios da suplementação oral podem ser aumentados em uma
terapia combinatória.

Considerações Finais

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou a análise de como


a vitamina C e de seus derivados contribui para a prevenção e tratamento do
envelhecimento cutâneo.
De modo geral, o envelhecimento é um processo biológico natural e
normal que todos estão submetidos. Suas alterações vão depender da qualidade de vida

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de cada indivíduo, de alguns fatores intrínsecos decorrente do desgaste natural do


organismo, e ser acelerado por fatores extrínsecos, como exposição excessiva ao sol,
tabagismo, sedentarismo e uma alimentação inadequada que irá desencadear rugas,
hiperpigmentações, flacidez e uma pele espessa e seca. Entretanto, a vitamina C tem
sido utilizada em vários produtos cosméticos por apresentar importantes efeitos
fisiológicos à pele, como a inibição da melanogênese proporcionando um efeito
clareador, síntese de colágeno promovendo maior sustentação e elasticidade para a pele,
bem como seu efeito antioxidante neutralizando a ação dos radicais livres (ROS)
gerados pela radiação ultravioleta.
Portanto, os resultados foram satisfatórios e os efeitos da vitamina C e
de seus derivados tem sido comprovado. Contudo, evitar exposições excessivas ao sol,
ter uma alimentação balanceada, horas adequadas de sono e praticar exercícios físicos
moderados ainda é importante para prevenir e retardar os sinais do envelhecimento
cutâneo.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

EFICÁCIA DOS TRATAMENTOS PARA ESTRIAS: REVISÃO DE LITERATURA

EFFICACY OF TREATMENTS FOR STRETCHES: LITERATURE REVIEW

Stephanye Rentz Venturini1


Talitha Allegretti de Lima Trosdorf2

RESUMO:

Conhecida como atrofia tegumentar adquirida, popularmente chamada de estria, acomete em grande parte as
mulheres, podendo ser encontradas também em homens, porém, com menos incidência. A pele com essa
aferição apresenta modificações nas fibras de colágeno, na substancia fundamental amorfa e nos fibroblastos.
Podemos denominá-las de estrias rubra ou alba conforme as suas características. Os primeiros estudos
alegavam que o problema era meramente do estriamento cutâneo, porém, com o aprofundamento dos
estudos, verificaram-se controvérsias, onde fortes fatores indicaram evidências que o aparecimento é
multifatorial, além de fatores endocrinológicos, mecânicos, infecciosos e até mesmo de predisposição
genética. O objetivo foi apresentar os tratamentos para estrias mais eficazes, para o qual foi realizada revisão
de literatura com buscas em bases de dados científicas e acervos físicos. A pesquisa foi realizada de
julho/2016 a agosto/2017, foram utilizados 13 livros, 1 Trabalho de Conclusão de Curso e 13 artigos
científicos que foram selecionados para esta revisão. Todas as técnicas apresentadas são vastamente
utilizadas na área de estética, contudo para um resultado satisfatório é necessário que exista uma escolha
ideal do protocolo, verificando sempre a resposta ao tratamento que está diretamente ligada com as
características da pele estriada e as características do próprio cliente/paciente.

PALAVRAS CHAVE: Estrias, Tratamento, Estética.

ABSTRACT:

Known as acquired tegumentary atrophy, medically as striae atrophicae, popularly known as stretch marks or
striae, assault mainly women, but it is also found in men, with fewer incidences though. The dermis with it
presents modification in the collagen fibers, in the amorphous base substance and in the fibroblasts. It can be
denominated as reddish or bluish streaks according to they’re characteristics. The first researches claimed
that the problem was merely a scarring of the skin, however with deepen studies there are some controversy
where strong factors give evidences that it is multifactorial, beyond endocrinological, mechanical, infectious
and even genetic predisposition. The objectives to present more effective treatments to striae, into realize a
review of the literature with research on the scientific databases and physical collections. The research was
developed from July 2016 to August 2017, based on 13 books, 1 research paper and 13 scientific articles. All
the technic presented is vastly used in the esthetic area, however for a satisfactory result it is demanding to
have the proper protocol choice, always verifying the results to it, that is directly connected to the
characteristic of scarring of the skin to the patients/clients’s as well.

KEYWORDS: Striae, Treatment, Esthetic.

¹ Discnete do Curso Superior em Estética e Cosmética - Unifil Londrina PR


² Orientadora e docente do Curso de Estética e Cosmética Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO

Dias (2013), estrias são lesões atróficas da pele, em geral bilaterais, formadas
devido ao rompimento das fibras elásticas presentes na derme em virtude da ocorrência de
uma força tensão. Acomete homens e mulheres, nestas com maior incidência a partir da
puberdade. Localizam-se principalmente em seios, glúteos e abdômen.
Para Guirro e Guirro (2004) A pele estriada apresenta modificações nas fibras
colágenas, na substancia fundamental amorfa e nos fibroblastos. As formas dos
fibroblastos também variam nas diferentes lesões, sendo a formula globular predominante
na estria e a forma estrelada predominante na lesão senil e na cicatriz. As estrias são
classificadas como atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear a princípio avermelhada,
depois esbranquiças e abrilhantada, raras ou numerosas, paralelamente umas às outras,
indicando um desequilíbrio elástico localizado, ou seja, uma diminuição de espessura da
pele, portanto, uma lesão da pele.
Agnes (2013), define a estria como sendo uma atrofia tegumentar adquirida,
apresentando menor elasticidade quando comparada a pele normal e desprovida de pelos e
glândulas sudoríparas. A sua coloração das estrias tem relação com o tempo de
aparecimento. No início são avermelhadas ou rosadas, devido a resposta inflamatório
associada a vasodilatação, sendo denominadas de estrias rubra sem depressão cutânea
significativa. Com o tempo ocorre a redução da microcirculação, diminuindo
acentuadamente a formação de colágeno e fibras elásticas assim promovendo um aspecto
rugoso e de coloração esbranquiçada. Também, existem estrias que se desenvolvem desde
o início com coloração esbranquiçadas.
Este estudo teve por objetivo descrever a fisiopatologia das estrias e apresentar os
tratamentos estéticos maisutilizados para as estrias.

METODOLOGIA

Realizou-se uma revisão de literatura, com buscas em bases de dados científicos, sites e
acervos físicos. Incluiu-se na pesquisa artigos, Trabalhos de Conclusão de Curso e livros
condizentes ao tema e de boa qualidade e confiabilidade, a fim de levantar material que
apontava para os tratamentos estéticos das estrias.

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RESULTADO E DISCUSSÃO

As buscas foram realizadas nas bases de dados livros, artigos, trabalho de


conclusão de curso e acervos físicos das Bibliotecas. Foram encontrados 15 livros, 3
Trabalhos de Conclusão de Curso e 20 artigos científicos sobre o tema. Destes, 13 livros, 1
Trabalho de Conclusão de Curso e 13 artigos científicos foram selecionados para esta
revisão. Os materiais excluídos foram devido à baixa qualidade ou por não serem
pertinentes aos objetivos da pesquisa. As buscas foram realizadas de julho/2016 a
agosto/2017.
Estrutura da Pele
Elder (2011) mostra que a pele é dividida em duas camadas, que são
aparentemente separadas: a camada epiderme e a camada derme; porém, o seu
funcionamento é em conjunto.
Rodrigues (2012) afirma que a epiderme é formada por quatro camadas, basal,
espinhosa, granulosa e córnea, que representam etapas diferentes do processo de
ceratinização. A camada basal é formada por uma linha de ceratinócitos cúbicos/colunares
de escasso citoplasma, que mostram citoceratinas de 5 e 14 e exibem atividades
proliferativa/mitótica. Já a camada espinhosa é formada por um mosaico de ceratinócitos,
que apresentam citoceratinas de 1 a 10 no citoplasma. Na camada granulosa sua formação
é por ceratinócitos achatados, contendo grânulos irregulares de cerato-hialino, onde sua
espessura é diferente, proporcional à camada córnea. Os grânulos de cerato-hialino dão
origem a matriz interfibrilar e à banda marginal. A ação desses elementos dá o resultado de
uma ceratina “macia”, que descama mediante uma reação enzimática. A camada córnea é
formada por uma rede de ceratinócitos anucleados (“escamas”), que contêm grandes
espaços claros intracelulares, que fornecem uma barreira de permeabilidade de grande
importância para a manutenção do fluído corpóreo e o equilíbrio homeostático. A
dificuldade de difusão de moléculas pela camada córnea ajuda impedir a entrada de
ocasionais antígenos que provavelmente acarretariam em reações inflamatórias, mas com
tudo, diminui a eficácia de medicamentos aplicados topicamente. O ciclo celular do
ceratinócito dura por volta de 30 dias, sendo 13 dias aproximadamente para a diferenciação
da camada basal a córnea e mais 13 dias para a descamação. Pode-se encontrar na região
palmoplantar, uma fina e homogenia camada que é chamada de Lúcida.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Rotta (2008) relata que a camada derme de origem mesodérmica, apresenta


espessura de 15 a 40 vezes maior que a epiderme. É dividida em duas porções: a derme
papilar ou perianexia (fina) e a derme reticular (grossa). A derme papilar é composta por
colágeno fino, fibras elásticas delicadas e capilares imersos em abundantes substâncias
fundamentais. A substância fundamental é composta basicamente de ácido hialurônico,
condroetina e dermatan-sulfato. Já a derme reticular é formada por espessas fibras de
colágeno paralelas à superfície e fibras elásticas mais grossas que as da derme papilar.
Segundo Kede e Sabatovich (2009), a vascularização da pele acontece por meio
de dois plexos, sendo eles: o plexo superficial e o plexo profundo. Os plexos são paralelos
à superfície cutânea e são ligados por vasos comunicantes colocados perpendiculares. O
plexo superficial está na porção superficial à derme reticular, com arteríolas pequenas, de
camada muscular descontinua, e delas partem alças capilares, com sangue arterial, que vão
a sentido de decida até o topo de cada papila dérmica e voltam como capilares venosos. Já
o plexo profundo está na base da derme reticular, que é formado por arteríolas e vênulas de
parede muscular contínua. Os plexos são ligados, pois das arteríolas do plexo profundo
sobem os vasos comunicantes que novamente se arborizam no plexo superficial.
De acordo Kede e Sabatovich (2009), no tecido adiposo subcutâneo sua formação
é de células adiposas e finos septos conjuntivos, onde estão localizados também vasos e
nervos. Os septos são contínuos com feixes colágenos da derme reticular, onde estão
ligados entre si e assim, formam uma rede que separa grupos de adipócitos em camada
superpostas de lóbulos e se ligam na fáscia muscular subjacente.
Na definição de Kede e Sabatovich (2009), a pele pode sofrer diversas alterações
comprometendo sua integridade e aparência, e dentre elas estão: cicatrizes que podem ser
atróficas e hipertróficas (trauma ou inflamação persistente e recorrente acarretando em um
atraso na reparação tecidual), acne vulgar (doença crônica, multifatorial e inflamação da
unidade pilossebácea), melasma (máculas acastanhadas variando do claro ao negro, de
bordas irregulares, reticuladas e simétricas), lipodistrofia ginoide (conhecida como celulite
é uma patologia multifatorial, que resulta na degradação do tecido adiposo) e a estrias
(rompimento das fibras elásticas da derme).
Segundo Oliveira (2014), o rompimento do colágeno e elastina da fibra da pele
acarreta a formação de estrias. As estrias podem variar de cor de acordo com o estágio de
evolução que se encontraram. Quando ocorre o rompimento da pele, a estria tem a cor
avermelhada e após algum tempo ficam esbranquiçadas ou com uma coloração mais clara

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

que a de início (geralmente tende a ficar com a coloração mais clara de que a pele do
indivíduo). Existem dois tipos de estrias: as hipertróficas, que são as que se tornam mais
altas do que a superfície da pele; e as hipotróficas, que são as que se tornam mais baixas
que a superfície da pele, formando assim uma depressão.
O seu tratamento tem o objetivo de melhorar a circulação do local, a hidratação e
a estimulação dos fibroblastos. Alguns tratamentos indicados são: esfoliação física,
mecânica ou química, ionização, microcorrentes, alta frequência, vaculterapia, eletrolifting
e microdermoabrasão (OLIVEIRA, 2014). Dessa forma, devido à grande incidência de
estrias e busca por seu tratamento, o presente estudo irá abordar os principais tratamentos
bem como sua eficácia.
Estrias
Segundo Vazin (2011) o termo estria foi dito a primeira vez em 1898, sendo as
estrias atróficas, striae distensae ou popularmente conhecidas como estrias, onde podem
ser definidas como um processo degenerativo cutâneo, sendo este benigno e que variam a
cor conforme a fase evolutiva (Maia 2011).
De acordo com Guirro e Guirro (2004), a estria é classificada como uma atrófica
tegumentar adquirida, de aspecto linear, sinuoso, com um ou mais milímetros de largura,
no início são avermelhadas ou rosadas, pois possui aspecto inflamatório, enquanto a
coloração rosada se dá pela superdilatação das fibras elásticas e rompimento de alguns
capilares sanguíneos, que podem ter sinais clínicos como pruridos e dor, onde erupção é
plana e levemente edematosa. Logo após, vão se esbranquiçando e nacarando, e nesta fase
possuem flacidez centrar, recoberta por epitélio pregueado, sendo desprovidas de anexos
cutâneas, com fibras elásticas rompidas, onde as lesões evoluem-se para fibrose. Únicas ou
várias, localizadas paralelamente umas às outras ou perpendiculares às linhas de fenda da
pele, indicam um desequilíbrio elástico, ou seja, uma diminuição de espessura da pele,
assim caracterizando uma lesão da pele. A pele estriada exibe alterações nas fibras
colágenas, na substância fundamental amorfa e nos fibroblastos.
Segundo Agne (2013), qualifica a estria sendo uma atrofia tegumentar adquirida,
com menor elasticidade quando comparado à pele normal, que não possui pelos e
glândulas sudoríparas. Sua coloração tem total relação com o tempo de surgimento. No
início são avermelhadas ou rosadas, provavelmente devido à resposta inflamatória
associada à vasodilatação, sendo denominadas de estria rubra (estria rubrae). Sem
depressão cutânea significativa, com o tempo ocorre a diminuição da microcirculação,

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redução acentuada do colágeno e de fibras elásticas apresentando um aspecto rugoso e de


coloração esbranquiçada.
Kede e Sabatovicha (2004) afirmam que uma tendência das estrias se distribuírem
simetricamente em ambos os lados que se foram, aparecem cerca de três a seis vezes a
mais no gênero feminino, se sobressaindo na faixa etária dos 14 aos 20 anos e durante a
gravidez; sendo 55% a 65% em mulher e 15% a 20% em homes, recentemente se tem
observado o surgimento das estrias em mulheres que fazem a reposição hormonal
(menopausa). Nas mulheres, as localizações mais predominantes são os glúteos, abdômen,
mamas, e face lateral dos quadris, enquanto em homens, predominam no dorso, região
lombo sacra e parte externa das coxas. Sua evolução clínica tem estágios bem semelhantes
aos de formação de uma cicatriz, com lesões ativas, eritema e nenhuma depressão aparente,
originada por diversos fatores, porém, existem algumas teorias que tentam esclarecer a sua
etiologia.
Para Guirro e Guirro (2004), os primeiros indícios apontavam que o surgimento
era um problema decorrente meramente do estriamento cutâneo. Contudo, com o passar
dos anos e com os novos estudos, levam os pesquisadores a controvérsia, pois a evidências
que mostram o aparecimento de estrias é multifatorial, além de fatores endócrinos,
mecânicos, infecciosos e também uma predisposição genética e familiar. Ainda assim, a
causa exata ainda é desconhecida e incerta, entretanto, existem algumas teorias que
justificam o seu aparecimento, sendo elas a Teoria mecânica, endócrina, infecciosa e
predisposição genética:
Teoria mecânica: Os indícios que a excessiva deposição de gordura no tecido
adiposo repentinamente, ocorre danos às fibras elásticas e colágenas da pele. Com base
nestes fatos, a distensão abdominal promovida pelo crescimento do feto causa estria na
gestante, assim como o “estirão de crescimento” na puberdade, deposição de gordura no
obeso e atividade física vigorosa. Não existem evidências de que a hidratação da pele por
meio de cosméticos pode prevenir o aparecimento de estrias. Guirro e Guirro (2004).
Teoria endócrina: Demonstra que o estriamento da pele e deposição de gordura é muito
simplista. Vários autores postulam uma relação entre os esteroides tópicos ou sistêmicos.
Na adolescência, período mais representativo de uma estimulação “andrenocorticoidal”,
“Sindrome de Cushing Fisiológica”, com sinais evidentes de alterações no nível de
hormônios corticoides, esses distúrbios acontecem pela hiperatividade do córtex da adrenal
assim determinam as manifestações clinicas da mesma. Guirro e Guirro (2004). Teoria

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infecciosa: Encontram-se relatos onde processos infecciosos podem provocar danos as


fibras elásticas, que podem originar estrias. O aparecimento de estrias em jovem após febre
tifoide, reumática e outras infecções hepatopatias crônicas, hepatite crônica, síndrome de
Marfan, pdeuxantoma elástico e síndrome de buscheke-Ollendorf. (Kede e Sabatovich
2004) Predisposição genética: Os fatores genéticos estão ligados na etiologia da estria,
assim, indicando que as gêneses determinantes para a formação do colágeno e elastina
sejam menores em pacientes portadores da atrofia linear cutânea, causando então uma
alentação no metabolismo do fibroblasto (MAIA, 2009).
A estria é descrita na maior parte da literatura como uma lesão irreversível, na
qual, essa informação é embasada em exames histológicos, que mostram diminuição no
número e volume dos elementos da pele, rompimento de fibras elásticas, pele delgada,
redução da espessura da derme, com fibras colágenas separadas entre si. No centro da lesão
há poucas fibras elásticas, enquanto na periferia, estas se encontram onduladas e agrupadas
(LIMA, PRESSI, 2005).
Quando pensado em tratamentos para estrias, deve-se levar em consideração
algumas informações que são extremamente importantes para um melhor resultado como a
idade, tamanho, localização, tempo de aparecimento da lesão e capacidade reacional do
paciente com a etiologia da lesão. Os principais objetivos do tratamento devem ser o
aumento da microcirculação e a espessura da derme, além de acelerar o crescimento e a
espessura da epiderme, estimular a produção sebácea e restaurar o manto lipídico, para um
maior grau de hidratação cutânea e estimulação dos fibroblastos (BORGES, SCORZA,
2016).
Na área da estética, existem diversas técnicas disponíveis, que podem amenizar o
aspecto ou até torná-las quase imperceptíveis. As técnicas podem ser realizadas
isoladamente ou em conjunto umas com as outras, potencializando o resultado.
Entretanto, antes de iniciar qualquer tratamento estético, é de extrema importância
a avaliação do paciente/cliente. Para o tratamento das estrias é necessário levar em
consideração localização, profundidade (hipertrófica ou atrófica), tamanho, largura,
coloração, tempo (quando apareceu), teoria do surgimento, tratamentos anteriores, etnia,
gravidez, sobrepeso, alimentação, ingesta hídrica, afecção associada, uso de
medicamentos, hidratação da pele, cicatrização, diabetes, queloides, alergia, exercícios, se
tem exposição ao sol e se faz uso de protetor solar. (TOSCHI, 2004).

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Tratamentos
Segundo Souza (2005), sugere-se que antes de inicializar qualquer tratamento
tanto para estrias atróficas ou não, deve realizar um preparo da pele, que deve inicializar
três semanas antes do tratamento em questão, a fim de uniformizar a camada córnea. Sua
sugestão é que se aplique sobre as estrias uma emulsão com ácido retinoico 0,09% a 0,1%
ou ácido glicólico 10%; utilizando durante a noite retirando totalmente com agua pela
manhã em casos de exposição ao sol ou fototipos de pele 4 a 6 devemos substituir por
ácido mandélico 10%.
A vitamina C ou também conhecida como ácido ascórbico é um recurso
terapêutico que podemos utilizar no tratamento para estrias. Isso, graças ao poder vital que
a vitamina C tem sobre o funcionamento das células, onde o ácido ascórbico é capaz de
estimular a proliferação celular, e também a síntese do colágeno pelos fibroblastos
dérmicos.A aplicação pode ser potencializada com o uso da iontoforese ou associadas a
técnicas, por exemplo, a microgalvanopuntura (eletrolifting) (PINNELL, 2001).
Para Lober (1987) e Song (2004), o peeling é um recurso terapêutico que faz
descamação que podemos utilizar no tratamento para estrias, essa técnica promove uma
esfoliação da pele a ser tratada com o uso de agentes químicos e/ou físicos, que são
classificados de acordo com a profundidade atingida.
Muito superficial: chamado também de esfoliação, sua função é remover parte ou
a totalidade da camada córnea, não produzindo lesão na camada granulosa. Superficial: faz
uma “destruição” somente na epiderme, podendo atingir somente a camada granulosa,
como também a espinhosa e basal, nunca alcançando o plano dérmico. Médico: a lesão que
ocorre estende-se por toda a epiderme e também na derme superficial ou papilar. Profundo:
atinge com totalidade da epiderme, derma papilar, estendendo-se até a derme reticular.
Segundo Borges e Scorza (2016), cada classificação tem sua indicação e cuidado
específico, para as estrias usamos o chamado peeling superficial, que são os epidérmicos e
não apresentam riscos de complicação ao cliente, porém, podem ocorrer algumas reações
transitórias como ardência, queimação, eritema e edema. No uso para estrias podemos
fazer a função tanto do peeling físico e químico como o uso separadamente. Para um
melhor resultado devemos iniciar o procedimento com um peeling físico, que irá atuar
como esfoliante da epiderme.

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O tratamento baseado no uso de peeling tem como objetivo o desencadeamento


de um processo inflamatório, por meio da lesão física ou química, fazendo assim, uma
estimulação na neoformação vascular e em toda a produção de colágeno e elastina.
Peeling físico: chamado de peeling de cristal ou microdermoabrasão é utilizado
nas estrias e apresentam ótimos resultados. Nada mais é do que uma esfoliação sobre pele
com microcristais de óxido de alumínio, com o auxílio de um equipamento que possibilita
a regulação dos níveis de esfoliação sob a pressão assistida. Temos como objetivo desse
recurso à remoção rapidamente de células envelhecidas e a estimulação de geração de
células novas e novo colágeno, fazendo assim com que a pele tenha um aspecto mais suave
e saudável.. É indispensável o uso de filtro solar e evitar ao máximo a exposição ao sol.
(BORGES, SCORZA, 2016).
Peeling de diamante: a objetividade dessa terapia é a revitalização da pele. O
aparelho utilizado é o de vacuoteparia acoplado com uma ponteira “diamantada”, assim
fazendo uma esfoliação controlada das subcamadas da epiderme, pode ocorrer também
uma hiperemia no local após a aplicação da terapia. (BORGES, SCORZA, 2016).
Peeling químico: é consiste na utilização de uma ou mais substancias químicas
isoladas ou combinadas, a fim de uma “destruição” controlada da epiderme assim
posteriormente obtendo uma revitalização. Os ácidos mais indicados para essa terapia são
ácido glicólico, mandélico e retinoico. O tempo de permanência do ácido na pele depende
do cliente mais em medica de 5 a 8 minutos e devemos neutralizar com uma solução a base
de bicarbonato de sódio, para obter bons resultados em média são realizadas 10 sessões
com um intervalo de 7 dias entre uma sessão e outra. Devemos realizar alguns cuidados
pós peeling que são uso de filtro solar a cada 3 horas, evitar puxar, cocar ou retirar crostas
do local. Em geral no dia seguinte do peeling a pele pode apresentar uma leve
vermelhidão, dois dias uma fina descamação que pode durar em média 3 a 5 dias (o cliente
deve aguardar todo o processo descamativo que dura em média 5 dias, para realizar a
próxima sessão) (SONG, 2004).
A Microgalvanopuntura (Eletrolifting) é um método minimamente invasivo, com
um estimulo mecânico de uma agulha juntamente com o efeito da microcorrente
polarizada, produz um desencadeamento do processo de reparação, assim fazendo uma
estimulo na produção de colágeno na área afetada e restabelece a integridade dos tecidos
(SANTOS, 2003). Neste tratamento existe um aparelho especifico que tem um eletrodo
ativo em forma de agulha, acoplado no polo negativo da microcorrente, e um eletrodo

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dispersivo (placa metálica ou borracha de silicone), acoplado no polo positivo e que deve
ficar próximo a área de tratamento. Para realização da terapia a pele deve estar totalmente
limpa com álcool 70%, as agulhas são introduzidas de forma individual sobre as estrias e
seu objetivo e causar hiperemia/edeme em todo o seu trajeto. Só se realiza outra sessão
após o cessar do processo inflamatório, normalmente um intervalo de 7 dias, evitando um
processo inflamatório crônico. (BORGES, 2010).
Já a Carboxiterapia é uma técnica que faz uso do gás carbônico através de
administração subcutânea conforme (LOPEZ, 2005).
Tem eficácia comprovada sobre a melhora da elasticidade cutânea, assim, o
aumento e reorganização das fibras elásticas e colágenas da pele. Em poucas sessões pode
se observar a melhoria de qualidade na textura e firmeza da pele, bem como
homogeneidade de coloração e relevo das estrias (WORTHINGTON, 2006).
Apresenta diminuição na dimensão e na coloração, independentemente do tempo
de existência ou da coloração (LOPEZ, 2005).
O Microagulhamento (Terapia de Indução de Colágeno) faz uso de rollers ou
canetas contendo microagulhas. Essa terapia provoca uma lesão uniforme por meio de
micro perfurações, que fazem a estimulação da regeneração e cicatrização da pele
rapidamente a partir do seu interior, com isso fazendo uma resposta de recuperação
tecidual, que estimula o fibroblasto a sintetizar novas fibras de colágeno e elástico, com
isso melhorando o aspecto das estrias. A lesão que é causada por essa terapia ocorre de
modo uniforme, preservando a integridade da epiderme, com isso evitando hipercromias
comuns com outros tratamentos para a estria em pelas negras. Além disso, podemos obter
uma melhora também na densidade da epiderme através da liberação do fator de
crescimento epidérmico (SETTERFIELD, 2010).
Pode ser utilizada em conjunto com a vitamina A, C, E e fatores de crescimento
pois essa técnica faz com que os ativos tenha mais facilidade de permeação, assim
potencializando o seu resultado (SETTERFIELD, 2010).
A Striort® é uma técnica patenteada onde se tem associação de procedimentos
realizados pelo profissional e em home care, seu objetivo é o aumento da microcirculação
dérmica, acelerando o crescimento epidérmico, estimulando a produção sebácea,
restaurando o manto hidrolipidico, atingindo um maior grau de hidratação cutânea,
aumentando a espessura da epiderme e da derme, estimulando os fibroblastos e
reconstituindo a fibra elástica.

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O método Striort® é a junção da vacuoteparia e produtos ortomoleculares


específicos. O produto ortomolecular tem as seguintes propriedades terapêuticas:
termogênico, enzimático, vasodilatador, lipolítico, ortomolecular, desintoxicante,
emulsificante, reorganizador, linfocinêtico. No home care, a cliente faz uso de um sabonete
hidratante especifico, o sabonete é usado duas vezes ao dia durante o banho, sua finalidade
é ajudar na cicatrização e estimulação dos fibroblastos para regeneração da fibra de
colágeno. Já os hidratantes irão ajudar no processo de cicatrização das estrias, deve-se usar
de três a cinco vezes ao dia. Recomenda-se não expor ao sol durante 15 dias. O tratamento
deve ser repetido a cada 21 dias, respeitando assim o ciclo fisiológico do colágeno.
Número de sessões pode variar de acordo com a resposta da pele, porém três sessões já são
suficientes para um resultado (BORGES, SCORZA, 2016).
O método Striort® é uma marca registrada, isso significa que é um protocolo (não
pode ser alterado). Porém, o uso da técnica de vacuoteparia com junção de ativos tem
resultados significativos para esse tratamento, graças ao poder de hipervascularização,
estimulação dos fibroblastos, auxilia na melhora da penetração de ativos e a melhora do
aspecto das estrias. (YAMAGUCHI, 2005).

CONCLUSÃO

Todas as técnicas apresentadas são amplamente utilizadas, sendo que as escolhas


por cada técnica pelo profissional da área juntamente com o cliente levam em consideração
fatores como: quantidade de estrias, características das estrias, tempo de aplicações,
número de sessões necessárias, dor e investimento necessário.
Cabe lembrar ainda, que apesar dos protocolos existentes e recomendações de uso
para cada técnica, deve ser montado plano de tratamento coerente para cada cliente a fim
de buscar maiores resultados. Também, é muito importante salientar que como se trata de
um processo inflamatório “provocado” e “controlado”, este controle possui limitações
quanto a recuperação do paciente/cliente e o número de sessões necessárias pode variar
bastante de pessoa para pessoa.
Quando as estrias são tratadas logo de início do aparecimento com a coloração
avermelhada os planos de tratamento e/ou protocolos podem apresentar uma grande
melhora na espessura/largura e coloração, as técnicas informadas nesse trabalho podem ser
usadas isoladamente ou em conjunto a fim de obter um melhor resultado.

219
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Para que se tenha um bom resultado, é necessário que exista uma interação dos
métodos utilizados para esse fim para que a escolha do protocolo seja o ideal, verificando
sempre a resposta ao tratamento que está diretamente ligada com as características da pele
estriada e as características do próprio cliente/paciente.
Mesmo sem protocolos definidos, é certo afirmar que a lesão causada na pele
estriada pelo tratamento traz evidencias de melhora no aspecto da mesma. Logo, com essa
revisão bibliográfica, podemos concluir que as eletroterapias, uso de ácidos possuem uma
importante atuação na restauração da pele, porem necessitamos de mais estudos científicos
nessa área tão vasta.

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221
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

O PADRÃO DE BELEZA IMPOSTO PELA SOCIEDADE E SUA INFLUÊNCIA


NA AUTO-ESTIMA E SAÚDE DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS:
ESTUDO TRANSVERSAL
THE STANDARD OF BEAUTY IMPOSED BY THE SOCIETY AND ITS
INFLUENCE IN THE
SELF ESTEEM AND HEALTH OF UNIVERSITY STUDENTS: CROSS-
SECTIONAL STUDY

Bruna Caroline Ribeiro9


Bianca Marques Bozina10
Talitha Allegretti de Lima11

RESUMO:

Nos dias atuais a mídia tem influenciado muito em uma idealização de corpos perfeitos, causando assim
uma insatisfação das pessoas com sua própria aparência (BOHM, 2004, SCHNEIDER, 2011). Devido a
pressa, muitas optam por fazerem uma cirurgia plástica estética ao invés de realizarem exercícios físicos
associados a uma alimentação balanceada. Mas até aonde vai o limite da praticidade para a saúde? (ALVES,
2009, BRAGA, 2007, REVISTA VEJA, 2013). O objetivo desta pesquisa foi verificar quais as
preocupações de estudantes universitários com a própria aparência e saúde, e conhecer o que está em
primeiro lugar, beleza ou a saúde. Esta pesquisa transversal foi desenvolvida em setembro de 2015, com
aplicação de questionário a estudantes universitários. Observou-se preocupação com a saúde e aparência,
onde esta última está em evidência pela população estudada, com insatisfações e desejos de mudança.
Também foi notada a tendência em seguir os padrões impostos pela mídia.

PALAVRAS-CHAVE: Estética, Saúde, Beleza, Mídia.

ABSTRACT:

Nowadays the media has influenced much in an idealization of perfect bodies, thus causing dissatisfaction
of the people with their own appearance (Bohm, 2004 SCHNEIDER, 2011). Because of the rush, many
choose to make a plastic surgery instead of performing physical exercises associated with a balanced diet.
But how far will the limit of practicality for health? (ALVES, 2009 BRAGA, 2007 REVIEW SEE, 2013).
The objective of this research was to verify the concerns of university students with their appearance and
health, and to know what is first, beauty or health. This cross-sectional study was conducted in September
2015, with a questionnaire to university students. There was concern with the health and appearance,
where the latter is highlighted by the study population, with dissatisfactions and desires for change. It was
also noted the tendency to follow the standards imposed by the media.

KEYWORDS: Esthetics, Health, Beauty, Media.

9
Graduada em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia – UniFil. E-mail: bruub.s_@hotmail.com.
10
Graduada em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia – UniFil. E-mail: biama08@outlook.com.
11
Docente Especialista dos cursos de Estética e Cosmética e Fisioterapia – Centro Universitário Filadélfia – UniFil. E-mail:
talithadelima@hotmail.com.

222
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

INTRODUÇÃO

O padrão estético de beleza vem desde a idade média. Com o passar dos anos ele
vem se alterando de acordo com a cultura de cada povo. Na idade média o corpo
feminino era virginal e delicado, rosto liso, traços regulares, quadris arrebitados, boca
vermelha e cabelos lisos. No século XIII, o padrão de beleza estava relacionado a santas
medievais, as mulheres eram bem magras. No renascimento mudou novamente o
padrão, as mulheres era mais gordinhas, assim representavam a fertilidade. No
romantismo a mulher considerada bela era pura, pálida, com cabelos longos e escuros.
Em 1980 aparecem as mulheres que eram “bem cuidadas”, onde o padrão era de
mulheres altas, seios elevados e pernas compridas. Nos anos 1990 os corpos magros,
quase irreais viraram ideal de beleza (ANDRADE, 2011).
Ao longo dos anos a mulher vem adquirindo direitos e mudando sua postura e
atuação na sociedade. Elas estão se especializando, através de estudos e qualificações
profissionais, promovendo, assim, um melhor planejamento familiar e conquistando
maior respeito e admiração, pois estão conquistando uma posição atuante e fora de casa
(SILVA, 2014).
Os padrões de beleza que existem atualmente não estão direcionados apenas para
mulheres, homens também estão apresentando uma insatisfação com sua imagem
pessoal. Eles apresentam uma preocupação em ficarem fortes, mesmo já apresentando
corpos fortes. Com essa preocupação eles acabam fazendo o uso de anabolizantes, que
são prejudicais a saúde. Além de musculação também procuram clínicas de estética
para fazerem limpeza de pele, botox, massagens, depilação a laser, entre outros
tratamentos (ALVES, 2009).
A visão que as pessoas têm sobre a própria imagem pessoal, geralmente, é
distorcida e cheia de insatisfações. Isto pode colocar a saúde em risco devido às atitudes
que essas pessoas poderiam tomar para encaixar seu corpo ao padrão de beleza que ela
acha bom (VIEIRA, 2010).
As pessoas acreditam que sendo magras todos os seus objetivos serão
alcançados, buscando assim dietas e tratamentos que as vezes não representa saúde,
apenas realização pessoal, auto estima e satisfação (BOHM, 2004, SCHNEIDER,
2011).
Em prol da saúde, vemos que, a pratica de atividade física está completamente
ligada em se ter uma boa qualidade de vida. A atividade física tem se mostrado um dos
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

componentes mais importantes para se ter uma vida saudável, praticando com
regularidade ela previne e melhora algumas doenças, como, melhora do estresse e
depressão; ansiedade; melhora do humor; bem-estar físico e psicológico; tem-se um
melhor funcionamento do organismo geral; disposição física e mental aumentam; entre
outros benefícios. Se a pratica começar na adolescência a atividade física traz benefícios
à saúde esquelética, ao controle de pressão e obesidade, benefícios esses preventivos e
dando uma melhor qualidade de vida (SABA, 1998, SAMULSKI, 2003, TASSITANO,
2007).
Mesmo sabendo desses benefícios há muitas pessoas que não praticam nenhum
tipo de atividade física, causando assim o sedentarismo, aumentando o risco de
apresentar problemas circulatórios, problemas cardiovasculares, aumento da massa de
gordura corporal entre outros (SABA, 1998, SAMULSKI, 2003, TASSITANO, 2007).
Além da realização de atividades físicas, todos nós precisamos de orientações
medicas para se ter uma boa qualidade de vida. Eles nos auxiliam a ter uma vida mais
saudável, ter hábitos corretos no dia a dia, nos ajudam a prevenir doenças, entre outros.
Antes mesmo de começar a praticar atividade física é necessária uma consulta medica
para saber se estamos ou não aptos à prática de exercícios.
Porém, com a correria do dia a dia algumas pessoas buscam o médico apenas
para conseguir uma prescrição de receita para que uma certa dor passe logo. Mas
correto seria se procurássemos uma clínica médica com maior frequência, para fazer
exames periódicos, por exemplo. Esses exames são de extrema importância, pois os
fazendo com frequência conseguimos descobrir qualquer doença que surja logo no
início, conseguindo assim tratar rapidamente com maiores chances de sucesso.
Percebe-se que um grande número de homens e de mulheres coloca a beleza a
frente da saúde. Mais de 1.700 pacientes fazem cirurgia plástica no Brasil a cada dia e
estimasse que foram realizadas mais de 640 mil cirurgias plásticas no Brasil no ano de 2010.
Quase todas as pessoas acham que existe algum lugar no corpo para melhorar, mas ao invés
de procurarem soluções mais saudáveis, como por exemplo, a prática de exercícios físicos e
uma alimentação balanceada, optam por fazerem cirurgias de reparação.
Em pesquisa feita em 2013 comprovou que o Brasil já ocupa o segundo lugar em
número de cirurgias plásticas estéticas no mundo, sendo a lipoaspiração a cirurgia mais
comum no país. De forma simplificada, a lipoaspiração é uma cirurgia que visa a redução da
gordura localizada podendo ser realizada em várias partes do corpo. Existem outros métodos
que também visam a redução da gordura localizada, como por exemplo, os exercícios
224
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

físicos. É claro que a lipoaspiração é um método de perda de gordura localizada muito mais
rápida que a prática de exercícios físicos, mas qual das duas seria a mais saudável? Qual das
duas traria mais benefícios a saúde da pessoa?
Atualmente as pessoas andam com pressa e tudo o que procuram é a praticidade. Por
isso muitas optam por fazerem uma cirurgia plástica estética ao invés de ficarem meses
fazendo exercícios físicos associados a uma alimentação balanceada. Mas até aonde vai o
limite da praticidade para a saúde? (ALVES, 2009, BRAGA, 2007).
O objetivo de um esteticista é ressaltar os pontos fortes, reduzir os pontos fracos
e saber orientar os clientes sobre qual é o melhor tratamento para a sua queixa; diferente
de um profissional que não sabe quais são os seus limites com o cliente e age de forma
irresponsável sem se preocupar com a saúde do mesmo (PUELKER, 2011).
Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi verificar quais as preocupações de
estudantes universitários com a própria aparência e saúde, e assim, conhecer o que esta
população coloca em primeiro lugar: a beleza ou a saúde.

METODOLOGIA

Esta pesquisa transversal foi desenvolvida em setembro de 2015, com aplicação


de questionário a estudantes universitários do Centro Universitário Filadélfia – Unifil,
Londrina-Paraná.
Para a composição da amostra foi realizado cálculo amostral baseando-se no
número total de estudantes da instituição chegando a distribuição apontada na Tabela 1.
Após, foi feita a distribuição por curso, anos de formação e períodos, bem como alunos
dos sexos masculino e feminino. Dessa forma, a amostra foi composta por estudantes
com idade superior a 18 anos, de todas as áreas de conhecimento, do primeiro ao último
ano de cursos, dos períodos matutino, integral e noturno.

Tabela 1: Distribuição amostral.


MARGEM DE ERRO: 3%
ÁREA POPULAÇÃO
NÍVEL DE CONFIANÇA: 95%
Agrárias 780 107
Engenharia 449 61
Exatas 157 21
Humanas 600 82

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Saúde 1879 257


Sociais aplicadas 2196 300
Tecnologia 678 93
TOTAL 6739 922

Os participantes foram informados e esclarecidos sobre os objetivos do estudo


e os que concordaram em participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
Os estudantes responderam a questionário auto-aplicável especifico,
estruturado, montado pelas pesquisadoras com características sócio-demográficas,
antecedentes pessoais e questões pertinentes aos objetivos da pesquisa.
O projeto de pesquisa foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos do Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL, conforme a
Resolução n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto foi aprovado com o
número do comprovante 065311/2015.
Todos os participantes tiveram suas identidades preservadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa foram analisados estatisticamente e foi utilizado teste


de Qui-quadrado e o de Correlação de Spearman, onde o p-valor dos testes são menores
que 0,05, podemos dizer que uma variável depende da outra e elas estão
correlacionadas. Primeiramente foram observadas as distribuições em relação a sexo,
faixa etária e renda familiar (TABELAS 2, 3 e 4).

Tabela 2: Distribuição por sexo.


Sexo Frequência % % Válido
Masculino 367 39,8 39,8
Feminino 555 60,2 60,2
Total 922 100,0 100,0

Tabela 3: Faixa etária.


Faixa etária Frequência % % Válido
Até 20 anos 339 36,8 37,0
de 21 a 25 anos 444 48,2 48,4

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

de 26 a 30 anos 117 12,7 12,8


de 31 a 40 anos 14 1,5 1,5
de 41 a 50 anos 2 0,2 0,2
Acima de 50 anos 1 0,1 0,1
Total 917 99,5 100,0
Sem resposta 5 0,5
Total 922 100,0

Tabela 4: Renda.
Renda Frequência % % Válido
Até R$ 961,50 26 2,8 2,8
De R$ 962,50 a R$ 1.416,00 37 4,0 4,0
De R$ 1.417,00 a R$ 2.169,50 164 17,8 17,8
De R$ 2.170,50 a R$ 3.947,50 215 23,3 23,3
De R$ 3.948,50 a R$ 7.252,00 426 46,2 46,2
Acima de R$ 7.252,00 54 5,9 5,9
Total 922 100,0 100,0

Com relação ao perfil dos estudantes, verificou-se que a maior frequência da


população é mulher (60,2%), com faixa etária entre 21 a 25 anos (48,4%), com renda de
R$ 3.948,50 a R$ 7.252,00 (46,2%). Verificou também que a maior parte da população
não é bolsista (54,4%). Isso indica que é uma população jovem com uma renda familiar
relativamente alta.
Com relação aos cursos e turnos da universidade, observou-se que a área com
maior número de alunos é sociais aplicadas (32,5%) e o curso de direito (13,0%). O
turno com maior frequência de alunos é o noturno (58,4%), onde pode se dizer que é um
turno com alunos que não apenas estudam, e sim fazem algo a mais, como por exemplo,
trabalhar.
Na análise sobre o nível de importância que a população universitária tem com a
aparência e saúde observou-se que 41% consideram a beleza bastante importante e 40%
se preocupa bastante com a própria aparência. Ainda, 64% consideram a saúde muito
importante, mas 40% se preocupa bastante com ela.
O sexo feminino ainda encontrasse com uma preocupação maior com a
aparência, sendo que 65,7% das mulheres consideram a beleza bastante importante e
65,2% das mesmas se preocupam bastante com a aparência. Porém, no teste de
correlação não houve diferença significativa (TABELA 5).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Tabela 5: Correlação entre os sexos.


Sexo Chi-Square
Sperman
Total Tests
Masculino Feminino P ( > 0,05)
P ( > 0,05)
O quanto você
considera sua beleza Bastante 34,3% 65,7% 40,8% 0,000 0,000
importante?
O quanto você se
preocupa mais com sua Bastante 34,8% 65,2% 40,2% 0,000 0,000
beleza (aparência)?
O quanto você
considera sua saúde Muito 36,2% 63,8% 64,4% 0,016 0,002
importante?
O quanto você se
preocupa mais com sua Bastante 37,7% 62,3% 40,2% 0,154 0,162
saúde?

Foi observado que 60,5% dos homens entrevistados nunca frequentaram uma
clínica de estética, e 51,2% nunca realizaram um tratamento estético. Com relação a
alguma intervenção cirúrgica estética em seu corpo o sexo masculino aparece com um
percentual menor que o sexo feminino, sendo 43,6% comparado com 86,3% para as
mulheres. Isso nos mostra que os homens estão mais satisfeitos com o próprio corpo do
que as mulheres.

Tabela 6: Tratamentos estéticos.


Sexo Chi-Square
Sperman
Total Tests
Masculino Feminino P ( > 0,05)
P ( > 0,05)
Você já realizou Não 51,2% 48,8% 61,4%
0,000 0,000
tratamento estético? Sim 21,6% 78,4% 38,6%
Já fez alguma Não 43,6% 56,4% 87,3%
intervenção cirúrgica 0,000 0,000
Sim 13,7% 86,3% 12,7%
estética em seu corpo?

Faria alguma alteração Não 59,0% 41,0% 57,9%


0,000 0,000
estética em seu corpo? Sim 13,4% 86,6% 42,1%

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De acordo com a pesquisa, os tratamentos estéticos que a população


universitária mais realizou foram limpeza da pele com 38% e peeling com 10%
aproximadamente. Entre os procedimentos cirúrgicos mais realizados estão a prótese
mamária com e rinoplastia, com 4% e 1% respectivamente. Porém, quando
questionados se fariam alguma alteração estética estes valores subiram drasticamente,
apontando a prótese mamária com 41%, rinoplastia com 11% e, agora com a
lipoaspiração presente com 14%. Aqui, entre os 58% da população que faria alguma
mudança no corpo, as mulheres representaram 87%. Isso nos mostra que não só a
preocupação com a beleza está presente como também a insatisfação com o próprio
corpo, principalmente entre o público feminino.
Corroborando com a insatisfação percebida no sentimento da necessidade de
procedimentos estéticos cirúrgicos, podemos notar mais áreas corporais que estes jovens
não gostam quando comparadas as áreas corporais que gostam (TABELAS 7 e 8). Uma
das partes que eles mais gostam (3,4%) e menos gostam (3,9%) são as mamas, parte
esta que também apareceu como a área em que as universitárias mais fizeram (4,2%) e
mais querem fazer (40,8%) procedimento estético (colocação de silicone). Outra parte
do corpo que apareceu bastante foi a barriga, onde 19,8% da população não gosta, e
também apontou ser uma região na qual os voluntários querem fazer procedimentos
para melhorar a aparência.
Tabela 7: Áreas de maior satisfação.
Indique a parte do corpo que mais gosta: Frequência % % Válido
Pernas 160 17,4 18,0
Rosto 128 13,9 14,4
Olhos 94 10,2 10,6
Braços 64 6,9 7,2
Glúteos 47 5,1 5,3
Boca 54 5,9 6,1
Seios 30 3,3 3,4

Tabela 8: Áreas de menor satisfação.


Indique a parte do corpo que menos gosta: Frequência % % Válido
Barriga 174 18,9 19,8
Pés 143 15,5 16,3
Pernas 84 9,1 9,5
Nariz 76 8,2 8,6

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Mãos 47 5,1 5,3


Glúteos 45 4,9 5,1
Seios 34 3,7 3,9

Apesar de os estudantes entrevistados dizerem que a saúde é muito importante, a


maioria (37,9%) respondeu que vai ao médico as vezes e apenas quando estão doentes
(67%). Isso nos faz pensar que estes estudantes tem saúde e não adoecem com
frequência. Porém, quando comparadas estas mesmas respostas para homens e
mulheres, estas tem maior preocupação com a estética e também saúde, sendo que 67%
afirmou ir ao médico as vezes enquanto mais de 70% dos homens disseram nunca vai ao
médico.
Além do acompanhamento médico, outros fatores nos mostram como os
indivíduos cuidam da sua saúde. Alimentação adequada e dietas alimentares, e prática
de atividade física são de suma importância para a saúde e afeta também a estética.
Já que além dos cuidados estéticos, a satisfação com o próprio corpo também foi
abordada, os estudantes foram questionados sobre qual a maior dificuldade para
conseguir a satisfação estética (TABELA 9). É muito provável que esses estudantes, por
desempenharem outras atividades, relatem sentir maior dificuldade em manter uma
alimentação saudável e a falta de tempo como principais fatores.

Tabela 9: Dificuldades para alcançar a satisfação com o próprio corpo.


Qual seria o maior obstáculo para alcançar um corpo
Frequência % Válido
satisfatório?
Manter uma alimentação saudável/ dieta 177 19,4
Dieta e exercícios físicos 34 3,7
Preguiça e comodismo 81 8,9
Falta de força de vontade 41 4,5
Praticar atividade fisica 34 3,7
Dedicação/ foco/conscientização 25 2,7
Determinação e disciplina 36 3,9
Falta de dinheiro 97 10,6
Falta de tempo 230 25,2

Apesar disso, justamente os cuidados com a alimentação e a prática de


exercícios físicos foram apontados como necessários para conseguir um corpo
satisfatório por 35,5% dos estudantes.

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Como os valores para a variável nível de satisfação com seu corpo foi
significativo (TABELA 10), foi utilizado o Mann-Whitney Test, onde a média das
pontuações entre homens e mulheres não eram iguais. Como a média dos homens foi de
7,11 e das mulheres 6,69, pode-se dizer que os homens estão significativamente mais
satisfeitos com seu corpo do que as mulheres.

Tabela 10: Satisfação com o próprio corpo.


Significância. P (> 0,05)
Qual o nível de satisfação com seu corpo? 0,001
Qual o nível de satisfação com sua aparência? 0,450
Qual o nível de satisfação com seu corpo? 0,079

O Kruskal-Wallis Test, que é utilizado para testar mais de duas variáveis, foi
realizado o teste para ver o nível de significância da faixa etária da população
universitária. Foi possível observar que o nível se significância foi maior que 0,05,
sendo assim possível ver que a faixa etária da população não teve diferença
significativa.

Tabela 11: Significância por faixa etária.


Chi- df Significância
Square P ( > 0,05)
Qual o nível de satisfação com seu corpo? 5,679 5 0,339
Qual o nível de satisfação com sua
4,493 5 0,481
aparência?
Qual o nível de satisfação com a sua saúde? 3,020 5 0,697

Para saber a significância entre as áreas da universidade manteve-se o Kruskal-


Wallis Test, no qual se resultou que as medias de pontuação de pelo menos um dos 7
grupos não eram iguais, realizando assim uma análise de pares (2 em 2) das áreas para
saber onde houve diferença significativa:
 Nas áreas de agrárias e humanas, foi visível uma variável no nível de satisfação
com a saúde de p-valor 0,047, onde podemos afirmar que os alunos de agrárias
(7,64) estão mais satisfeitos que os de humanas (7,16).
 Na área de engenharia e humanas, foi possível ver que o nível de satisfação com
a aparência foi de p-valor 0,047, e de p-valor 0,026 com relação a nível de

231
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

satisfação com saúde. Portanto as médias de pontuação entre os dois não são
iguais. Este dado indica que os alunos de humanas estão mais satisfeitos com a
aparência, já que a média foi de 7,27 contra 6,92, em contra partida os alunos de
engenharia (7,63) estão mais satisfeitos com a saúde do que os alunos de
humanas (7,16).
 Na variável nível de satisfação com saúde nas áreas de humanas e saúde, o p-
valor foi 0,010. Os alunos da área da saúde estão mais satisfeitos do que os
alunos de humanas. Onde a área da saúde está com média de 7,62 e os de
humanas está com 7,16.
 Variável entre as áreas de sociais aplicadas e humanas, o p-valor foi 0,000, onde
sócias aplicadas (7,81) estão mais satisfeitas que a área de humanas (7,16).
 A correlação entre humanas e tecnologia, a significância com relação a
satisfação com a saúde foi p-valor 0,030, onde a área de tecnologia (7,61) se
encontra mais satisfeitos que a área de humanas (716).
 Nas áreas de saúde e tecnologia, o nível de satisfação com a aparência é de p-
valor 0,026, portanto os alunos de tecnologia (7,51) estão mais satisfeitos do que
os alunos da área da saúde (7,12).
Com relação a nota que os alunos atribuíram para o nível de satisfação com o
corpo e aparência, observamos na tabela a seguir a nota mínima e a nota máxima,
concluindo assim que muitos alunos não estão satisfeitos consigo e também que muitos
estão muitas satisfeitos (TABELA 12).

Tabela 12: Pontuação para satisfação pessoal.


ÁREA N Mínimo Máximo Média
Qual o nível de satisfação
Agrárias 107 4 10 7,04
com seu corpo?
Qual o nível de satisfação
107 5 10 7,36
com sua aparência?
Qual o nível de satisfação
Engenharia 60 2 10 6,83
com seu corpo?
Qual o nível de satisfação
60 1 10 6,92
com sua aparência?
Qual o nível de satisfação
Exatas 21 2 10 7,29
com seu corpo?
Qual o nível de satisfação 21 3 10 7,05

232
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

com sua aparência?


Qual o nível de satisfação
Humanas 82 0 10 6,48
com seu corpo?
Qual o nível de satisfação
82 0 10 7,27
com sua aparência?
Qual o nível de satisfação
Saúde 257 0 10 6,77
com seu corpo?
Qual o nível de satisfação
257 1 10 7,12
com sua aparência?
Sociais Qual o nível de satisfação
300 0 10 6,90
aplicadas com seu corpo?
Qual o nível de satisfação
300 0 10 7,37
com sua aparência?
Qual o nível de satisfação
Tecnologia 94 0 10 6,97
com seu corpo?
Qual o nível de satisfação
94 0 10 7,51
com sua aparência?

Na tabela 13, observa-se a correlação entre o sexo da população nas notas


atribuídas. Podemos observar que para ambos os sexos há grandes variações.

Tabela 13: Correlação entre satisfação pessoal e sexo.


ÁREA N Mínimo Máximo Média
Qual o nível de satisfação
Masculino 366 0 10 7,11
com seu corpo?
Qual o nível de satisfação
366 0 10 7,37
com sua aparência?
Qual o nível de satisfação
Feminino 555 0 10 6,69
com seu corpo?
Qual o nível de satisfação
555 0 10 7,20
com sua aparência?

Com relação aos padrões de beleza que a mídia impõe na sociedade os


resultados obtidos foram interessantes. Observamos as seguintes informações: 212
alunos são de alguma forma a favor e 710 alunos não são a favor desses padrões.
Quando analisamos as respostas observamos que essa maioria que diz não seguir
a mídia relata que acham exagerados, preconceituosos, desnecessários, inalcançáveis,
agressivos e nocivos à saúde. Se pararmos para pensar nos padrões que nos sãos

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

impostos, vemos que há certo exagero e falta de preocupação com a saúde, onde é
sempre necessário ser magra não pela saúde e sim pela aparência. Nos mostram sempre
tratamentos cirúrgicos para modificarmos nossos corpos, no qual na maioria das vezes
não é necessária esta alteração. As pessoas acabam sendo induzidas por esses padrões,
seja um simples batom, uma aplicação de botox ou até cirurgias de alto risco a saúde.
Porém, também tivemos como respostas dos estudantes que estes não seguem os
padrões por falta de tempo e dinheiro, observando então que eles querem sim seguir
estes modelos.
Existem padrões que são mostrados pela mídia que podemos seguir
tranquilamente, como por exemplo uma alimentação saudável, uma roupa que está na
moda, gostos musicais, coisas simples que não prejudicam a nossa saúde.
Com relação aos alunos que dizem seguir os padrões, uma boa parte deles
respondeu que seguem para não serem excluídos da sociedade. Com esta afirmação,
vemos que há uma preocupação com relação ao que as pessoas pensam umas das outras.
Outra parte diz seguir estes padrões impostos pela mídia pois melhora a auto-estima, se
sentem bem, e que funciona como incentivo para ter uma vida melhor. Os mesmos
participantes que pensam assim, afirmaram também que, os padrões são exagerados e
abusivos.
Nenhuma das respostas obtidas com relação aos que seguem os padrões
disseram que seguem à “risca” o que os é imposto, apenas seguem a parte saudável
desses padrões, como prática de atividades físicas, alimentação e modas.

CONCLUSÃO

Após a análise dos dados coletados concluiu-se que, a preocupação da população


em análise é de fato maior com a saúde, porém mostrou dar mais importância em seu
dia-a-dia com a aparência. As mulheres se preocupam mais tanto com sua saúde como
estética. Os homens estão mais satisfeitos com o próprio corpo.
A maior preocupação da população em analise com relação ao corpo está
relacionada basicamente em cirurgias plásticas estéticas, aonde a prótese mamária vem
com maior frequência, corroborando com o apresentado pela mídia como padrão
estético.
De uma forma geral os resultados obtidos na amostra toda foram de resultados
significativos e importantes para saber o que a população jovem pensa e como está
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

agindo com relação às alterações estéticas e padrões de beleza impostos pela mídia. A
maioria dos estudantes não segue os padrões de beleza exagerados que a mídia nos
impõe, mas se preocupam se estão “encaixados” na sociedade com relação à beleza.

REFERÊNCIAS

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1, jan. 2009.

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alimentares. Psicologia.pt - O Portal dos Psicólogos.Disponível em:
http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0804.pdf. Acesso em 27/10/2014. 2011.

BOHM, Camila Camacho. Um peso, uma medida. O padrão de beleza feminina


apresentado por três revistas brasileiras. São Paulo: Uniban, 2004. 100p.

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a mudanças do perfil nutricional. Rev.Ciência e Saúde Coletiva. 12(5), p.1221-1228,
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Saúde Coletiva. 15(1), p. 67-76, 2010.

PUELKER, SMC.Ícones da estética: um apanhado histórico. Rev. Personalité. Ano


XIV. Nº 73. 2011.

SABA, Fabio. A importância da atividade física para a sociedade e o surgimento


das academias de ginástica. Rev. Brasileira de Atividade Física e Saúde. Vol. 3, nº 2.
1998.

SAMULSKI, DM, NOCE, F. A importância da atividade física para a manutenção


da saúde e os principais fatores que motivam professores, alunos e funcionários de
duas universidades brasileiras a praticarem exercícios. Rev. Brasileira de Atividade
Física e Saúde. Vol. 8, nº 1. 2003.

TASSITANO, RM, BEZERRA, J, TENORIO, MCM, COLARES, V, BARROS, MVG,


HALLAL, PC. Atividade física em adolescentes brasileiros: uma revisão sistemática.
Rev. Bras. Cineantropom Desempenho Hum. 2007; 9:60-5.

VIEIRA, Isabela. Adolescentes com peso normal acham-se gordas. Diário da saúde,
2010.

WITT, JSGZ, SCHNEIDER, AP. Nutrição Estética: valorização do corpo e da beleza


através do cuidado nutricional. Rev. Ciência e Saúde Coletiva. 16(9), p.3909-3916,
2011.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

MELANOMA E O USO DE FILTRO SOLAR COMO FORMA DE


PREVENÇÃO
MELANOMA AND THE USE OF SOLAR FILTER AS A FORM OF PREVENTION

Tânia Cristina Labs12


Rosália Hernandes Fernandes Vivan13
Talita Oliveira da Silva14
Mylena Cristina Dornellas da Costa4

RESUMO

A incidência de melanoma tem aumentado na população branca. Vemos como prevalência a íntima
relação com a patogênese desencadeada entre outros fatores por riscos ambientais como a exposição de
raios solares desde a infância, de forma acumulativa de doses elevadas de radiação ultravioleta, que
podem causar um dano maior a pele como o câncer. Sendo, portanto responsáveis pelo envelhecimento
precoce e manchas na pele. A prevenção bem como o diagnóstico precoce tem proporcionado uma
diminuição do número de óbitos promovidos pela doença. Perante a relevância que é prevenção
objetivamos este trabalho, visando fomentar a utilização do filtro solar como forma de prevenção. Para
tanto buscamos conceituar a discussão mediante busca de material bibliográfico para fundamentar a
discussão sobre o tema.

Palavras-chave: Filtro solar. Radiação ultravioleta. Prevenção. Raios solares. Câncer de pele.

ABSTRACT

The incidence of melanoma has increased in the white population. We see as prevalence the intimate
relationship with the pathogenesis triggered among other factors by environmental risks such as the
exposure of solar rays from childhood, in a cumulative form of high doses of ultraviolet radiation that can
cause a greater damage to the skin like cancer. Being therefore responsible for the premature aging and
blemishes on the skin. Prevention as well as early diagnosis has provided a decrease in the number of
deaths promoted by the disease. Given the importance of prevention, we aim to promote the use of
sunscreen as a prevention method. For this, we seek to conceptualize the discussion by searching for
bibliographical material to substantiate the discussion about the theme.

Keywords: Solar filter. Ultraviolet radiation. Prevention. Sun rays. Skin cancer.

12
Mestre em Educação e Saúde - Faculdade Medicina de Marília, Docente do Programa de Pós-Graduação Estética Corporal e
Facial do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.
13
Mestre em Patologia Experimental - Universidade Estadual de Londrina, Docente do Programa de Pós-Graduação Estética
Corporal e Facial e Farmacologia do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.
14
Especialista em Estética Facial e Corporal - Universidade Paranaense Unipar e Docente do Curso de Estética e Cosmética do
Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.
4
Mestre em Biotecnologia, Docente do Curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.,
Docente do Programa de Pós-Graduação Estética Corporal e Facial do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR,
Docente do Programa de Pós-Graduação Cosmetologia Clínica do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.

236
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento deste trabalho teve como disparador de estudos sobre a ligação entre
a utilização do protetor solar como forma de prevenção do melanoma. O melanoma faz
parte do grupo de tumores malignos dos melanócitos que pode apresentar metástases
linfogênicas e hematogênicas. A prevenção através de filtro solar tem se mostrado
eficaz principalmente na utilização precoce, ou seja, desde a infância.
Compreender a patogênese facilita o entendimento em relação à utilização do filtro
solar, sendo esta uma forma de diminuir o número de casos da doença.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada através da revisão bibliográfica tendo como fonte


artigos científicos e livros e uma limitação temporal de edição do ano de 2005 a 2016,
tumores de pele não melanomas foram excluídos do referencial teórico deste trabalho.

DESENVOLVIMENTO

O câncer de pele melanoma é responsável por 4% das neoplasias


malignas. Este tipo de neoplasia tem origem nos melanócitos.
 Melanócitos: Os melanócitos provêm da crista neural e migram
para a epiderme durante o desenvolvimento embrionário. Cerca de 10% das células da
camada basal são melanócitos. Nos melanócitos é produzida a melanina, pigmento mais
importante da pele, mas que também é encontrado na retina, cóclea e na substância
cinzenta cerebral (OLIVEIRA FILHO, 2001).
 Melanogênese: A síntese do melanócito denominada
melanogênese, inicia-se com a tirosina, que por meio da ação da enzima tirosinase é
dissociada em dopa e dopaquinona. Passando por outros produtos intermediários, são

237
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

produzidas duas formas de melanina: a eumelanina e a feomelanina (RÖCKEN et al.,


2014).
No complexo de golgi, a melanina é armazenada em melanossomos e
após, via de expansões celulares longas é cedida aos queratinócitos. Um melanócito
pode abastecer de melanina, cerca de 30 a 40 queratinócitos (CHORILLI, 2006).
Disposição dos melanossomos nos queratinócitos é variável em
relação a pessoa de pele clara e escura.
As distintas cores da pele se devem diferenças sutis na melanogênese.
Elas dependem da estrutura bioquímica da melanina e dos melanossomos, mas não da
quantidade de melanócitos.
Os cabelos castanhos ou pretos contêm eumelanina, ao passo que a
coloração loura e avermelhada do cabelo deve-se a presença da feomelamina. Nos
cabelos ruivos, ocorre adicionamento tricominas (RÖCKEN et al., 2014).
A eumelanina fornece proteção contra radiação ultravioleta (UV),
promove o que denomina um “efeito guarda-sol” mecânico, protegendo as células
melanócitos de lesão em seu ácido desoxirribonucleico (DNA) dos efeitos nocivos da
radiação ultravioleta (CALLEGARI, 2006).
 Filtro solar: Décadas atrás, as nações egípcias, gregas e romanas
tinham como padrão de beleza a pele clara, sendo esta considerada como marca de
nobreza, pois a classe social inferior a nobreza, não tinham tal alvura já que os trabalhos
manuais eram realizados em exposição à radiação solar (NASCIMENTO, 2008).
Entretanto com a modernização e a revolução Industrial aconteceu
uma grande transformação no comportamento das pessoas, introduzindo um novo
padrão de beleza onde a pele bronzeada representava a saúde. Na década de 1930, este
padrão de beleza se tornou mais evidente através da estilista Coco Chanel que propagou
o bronzeamento da pele em seus trabalhos (NASCIMENTO, 2008). Desde então teve
início em paralelo a preocupação com os efeitos oriundos da exposição à radiação solar,
desta forma ocorreu um aumento de pesquisas sobre o assunto, originando na produção
do primeiro protetor solar, uma emulsão composta por cinamato de benzila e salicinato
(CALLEGARI, 2006).
E assim outras substâncias foram sendo manipuladas com o objetivo
de absorver a radiação ultravioleta e transformá-la em uma forma que não seja
prejudicial à pele ou mesmo a radiação ultravioleta.

238
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Os filtros solares podem ser classificados em: filtros solares físicos e


filtros solares químicos.
Em relação aos filtros solares físicos, são produzidos com substância
de origem mineral, como o óxido de zinco (ZnO ) ou dióxido de titânio (TiO2), sendo o
efeito deste filtro a absorção ou refração da radiação ultravioleta (FLOR et al., 2007). A
composição dos filtros solares químicos se difere dos físicos, pois são compostos por
substâncias formadas por moléculas orgânicas que tem capacidade de absorver a
radiação ultravioleta e transformá-la em radiação inofensiva ao ser humano
(CALLEGARI, 2006).
A utilização de filtro solar promove se utilizada sistematicamente e
principalmente precocemente em relação à idade cronológica do indivíduo, uma
atenuação dos efeitos nocivos da radiação como: envelhecimento precoce de pele, mas
principalmente do surgimento de células cancerígenas promovida de mutações no DNA
celular dos melanócitos.
A relação intensiva de exposição à radiação e a cor da pele favorece
ao surgimento de mutações no genoma celular, ou seja, no DNA celular.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vemos a evidência através desse trabalho que o protetor solar atua na


patogênese, atenuando fatores de riscos ambientais dentre eles a radiação ultravioleta,
que tem efeito nocivo se o indivíduo se expuser a ela por um período cronológico
sistemático e sem proteção. Doses elevadas e intermitentes de radiação ultravioleta
desde a infância podem promover principalmente em pessoas de pele clara e ruiva,
alterações no DNA celular, desencadeando a formação de células cancerígenas, como
tumores dos melanócitos, tendo como exemplo o melanoma.
Pessoas de pele clara possuem em menor quantidade a eumelanina,
tornando-as mais propensas a lesão celular no DNA. Portanto a utilização de protetor
solar deve ser indicado a todas as pessoas como forma de prevenção a danos da pele
dentre eles ao dano no genoma celular e, portanto na promoção do câncer de pele como
o melanoma. Ressaltamos que este trabalho apenas salientou a patogênese do tumor dos
melanócitos o melanoma, relacionando-o ao fator de risco ambiental ligado à radiação
239
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ultravioleta, não menos importante outros fatores da patogênese devem ser


considerados.
O filtro solar é uma das principais formas fotoprotetoras que deve ser
utilizada sistematicamente. Tornando-se, portanto o seu uso de grande relevância nos
cuidados com a pele. Não só como forma de prevenção ao câncer de pele, mas também
de outras lesões oriundas da radiação solar.

REFERÊNCIAS

CALLEGARI, I.C. Fotoprotetores II. In: GARCIA, B.G.B.C.; STALKED, E.V.R.S;


VIEIRA, IR; CALLEGARI, I.C.; CALDAS, L.S.C.; MENDES, P.H.O.; TAVARES,
R.F.C.; XAVIER, Z.N. Cosmiatria: Manual Dermatológico Farmacêutico. 1ª edição.
Guarapuava: Grafael, 2006, cap. 9, p.235-289.

CHORILLI, M.; UDO, M.S.; CAVALLINI, M.E.; LEONARDI, G.R. Desenvolvimento


e estudos preliminares de estabilidade de formulações fotoprotetoras contendo Granulux
GAI-45 TS®. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 27, n. 3, p. 237-246, 2006.

FLOR, J.; DAVOLOS, M. R.; CORREA, M. A. Protetores Solares. Quim.Nova,


Araraquara, v.30, n.1, p.153-158, 2007.

NASCIMENTO, M.S. Proteção solar: mercado quente. Revista de Negócios da


indústria da Beleza – Edição temática: Proteção Solar, n. 7, p.7-8, 2008.

OLIVEIRA FILHO, J. Estrutura e função da pele. In: CUCÉ, L.C.; NETO, C.F.
Manual de dermatologia. 2 a edição. São Paulo: Atheneu, 2001, cap. 1, p. 1-11.

RÖCKEN, Martin et al. DERMATOLOGIA: Texto e Atlas. Porto Alegre: Artmed,


2014. 406 p.

240
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

O USO DE FOTOPROTETORES NA PREVENÇÃO DO ENVELHECIMENTO


CUTÂNEO

THE USE OF PHOTOPROTECTORS IN THE PREVENTION OF CUTANEOUS


AGING

Pryscilla Ayhumi Aymori Martelli1


Talita Oliveira da Silva2

RESUMO

O envelhecimento é um processo dependente do tempo, deteriorativo, progressivo e irreversível,


influenciado por fatores intrínsecos e principalmente extrínsecos como o fotoenvelhecimento. Ocorre
simultaneamente por todo o corpo, mas é clinicamente evidenciado pela pele. A pele envelhecida tem
sinais como rugas, rugosidade, palidez, manchas e perda de elasticidade. Embora dependamos da luz do
Sol para regular nosso ritmo circadiano, sintetizar vitamina D e estabelecer rotinas sociais, o Sol emite
radiação ultravioleta capaz de desequilibrar a homeostase e destruir a arquitetura histológica da pele,
causando fotoenvelhecimento que tem efeito cumulativo responsável por cerca de 85% do
envelhecimento clínico observado. O Brasil é um dos países com as mais altas incidências de radiação
solar, onde torna-se quase impossível não se expor ao Sol. Portanto, a maneira preventiva mais eficaz de
evitar o fotoenvelhecimento é usar filtros solares orgânicos e inorgânicos, disponíveis nos fotoprotetores
de cosméticos.

Palavras-chaves: Pele, Fotoenvelhecimento, Prevenção, Filtro Solar.

ABSTRACT

Aging is a time-dependent, deteriorating, progressive and irreversible process, influenced by intrinsic and
mainly extrinsic factors such as photoaging. It occurs simultaneously throughout the body, but is
clinically evidenced by the skin. Aged skin has signs like wrinkles, roughness, pallor, blemishes and loss
of elasticity. Although we rely on sunlight to regulate our circadian rhythm, synthesize vitamin D, and
establish social routines, the sun emits ultraviolet radiation capable of unbalancing homeostasis and
destroying the histological architecture of the skin, causing photoaging that has a cumulative effect
accounting for about 85% of observed clinical aging. Brazil is one of the countries with the highest
incidence of solar radiation, where it is almost impossible not to expose to the Sun. Therefore, the most
effective preventive way to avoid photoaging is to use organic and inorganic sunscreens, available from
photoprotectors of cosmetics.

Keywords: Skin, Photoaging, Prevention, Solar Filter.

____________________________________________

¹ Professora Especialista em Docência no Ensino Superior, docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR
² Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

INTRODUÇÃO

O atual aumento da expectativa de vida dos brasileiros faz com que os mesmos
se preocupem em manter uma aparência jovem por mais tempo. Envelhecer é um
processo tempo dependente que ocorre naturalmente em todos os seres humanos e é
percebido principalmente na pele. A pele é maior e mais pesado órgão do corpo humano
sendo responsável pela aparência externa de todos os indivíduos. Seu aspecto influencia
diretamente nosso comportamento físico e relacionamento psicossocial.
O processo de envelhecimento é influenciado por fatores intrínsecos que
podem ser chamados de cronológicos, sendo inevitável, e já esperado biologicamente.
Já os fatores extrínsecos do envelhecimento são causados principalmente pelo
fotoenvelhecimento ou exposição solar em função da radiação ultravioleta que possui
efeito cumulativo responsável por cerca de 80 a 90% do envelhecimento clínico
observado.
Os danos solares podem ser prevenidos através do uso correto de filtros
solares. Os filtros solares são ativos farmacêuticos fotoprotetores de caráter orgânicos e
inorgânicos encontrados em cosméticos fotoprotetores disponíveis no mercado
brasileiro em diversas apresentações cosméticas.

DESENVOLVIMENTO

Pele
A pele possui uma função estética e sensorial responsável pela atração física e
social dos indivíduos. Suas características influem diretamente na vida (HARRIS,
2003), além disso, seu aspecto está associado diretamente à saúde (VIEIRA, 2007). Ela
proporciona uma cobertura para o corpo e é contínuo com as membranas mucosas ao
nível do ânus, orifícios externos do sistema urogenital, mucosas do sistema respiratório
e gástrico ao nível do nariz e lábios, bordas e região interna das pálpebras, meato
auditivo externo além de recobrir a superfície externa da membrana timpânica
(GARTNER; HIATT, 2007).
O tegumento é o maior e mais pesado órgão do corpo humano, composto por
duas camadas, a epiderme, que é externa, composta por epitélio estratificado
242
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

pavimentoso queratinizado derivado do ectoderma, e a derme, situada logo abaixo da


epiderme, composta de tecido conjuntivo denso não modelado derivado do mesoderma.
Logo abaixo da pele temos a hipoderme que é formada por tecido conjuntivo frouxo e
que não faz parte da pele, mas constitui a mesma em seu conceito anatômico cobrindo
todo o copo em diferentes quantidades (GARTNER; HIATT, 2007).
Os folículos pilosos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas e unhas são
anexos e derivados da pele e provêm funções especializadas de proteção e sensibilidade
(FITZPATRICK, 2011). A pele contém ainda receptores de estímulos de dor, pressão,
toque e temperatura sendo o maior órgão sensitivo do corpo humano (ZHANG, 2001).
Dentre as diversas funções da pele a mais importante é a de formar barreira de
proteção entre o meio interno e o meio externo do organismo, protegendo o corpo de
agressões físicas, químicas e biológicas do ambiente (FITZPATRICK, 2011). Além da
proteção ela é responsável pela percepção sensorial, excreção de suor, absorção da
radiação ultravioleta, regulação da temperatura corporal, síntese de vitamina D, defesa
imunológica do organismo e forma uma barreira impermeável à água e outros
compostos (GARTNER; HIATT, 2010), possui capacidade de regeneração e cura
ferimentos além de ser a principal aparência física externa dos indivíduos
(FITZPATRICK, 2011).
Podemos classificar a pele em espessa ou delgada de acordo com a espessura
da epiderme. A epiderme espessa reveste as palmas das mãos e as plantas dos pés. Essas
regiões recebem o nome de pele glabra e apresentam cinco camadas: estrato córneo,
estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato basal. Enquanto a pele
delgada e as demais regiões do corpo apresentam apenas três ou quatro dessas camadas
(GARTNER; HIATT, 2010). A epiderme é composta por quatro tipos de células: os
queratinócitos, os melanócitos, as células de Langerhans e as células de Merkel
(GARTNER; HIATT, 2010). A pele espessa é desprovida de folículos pilosos e
glândulas sebáceas, em contrapartida a pele delgada não apresenta estrato lúcido e o
estrato granuloso também não é encontrado em todas as regiões da pele delgada
(GARTNER; HIATT, 2007).
A derme está localizada entre a epiderme e a hipoderme e se divide em duas
camadas, uma superficial denominada papilar e outra profunda chamada de reticular.
Diferentemente da epiderme a derme apresenta um sistema de rede de vasos sanguíneos,
vasos linfáticos e nervos (FITZPATRICK, 2011). Possui também uma malha fibrosa

243
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

tridimensional que tem por função promover resistência de tensão e tração de todas as
direções, composta por fibras colágenas (ZHANG, 2001).
Residem na derme as células: fibroblastos, macrófagos e mastócitos
(FTIZPATRICK, 2011). Possui ainda nervos receptores tais como as inúmeras
terminações nervosas livres que são receptores de estímulos sensoriais além de
Corpúsculos de Meissner, Vater-Pacini, Krause e Ruffini (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2008).

Envelhecimento
O homem, como todos os organismos multicelulares, possui um tempo limitado
de vida que pode ser divido em três fases de acordo com as mudanças fisiológicas que
decorrem com o tempo. A primeira fase á a de crescimento e constitui no
desenvolvimento dos órgãos e aquisição de habilidades funcionais. A segunda é a fase
de reprodução caracterizada pela capacidade do indivíduo se reproduzir garantindo a
evolução e perpetuação da espécie. E por último temos a fase do envelhecimento onde
ocorre um declínio da capacidade funcional do organismo, porém tais perdas aparecem
ainda antes da fase adulta, pois não há uma separação rígida entre essas três fases
(HARRIS, 2003).
O envelhecimento trata-se de uma deterioração tempo dependente progressiva
do organismo e decorrente de alterações moleculares e celulares que desencadeiam
alterações orgânicas levando a diminuição funcional da capacidade dos órgãos do corpo,
incluindo a pele, em executarem suas funções normais e de respostas adaptativas às
mudanças ambientais, resultando possivelmente em doenças e morte (MONTAGNER;
COSTA, 2009).
O envelhecimento cutâneo se manifesta geralmente a partir dos 30 anos de
idade, que é o período que a pele começa a perder sua capacidade de homeostase e
aumenta sua vulnerabilidade resultando em alterações estéticas (RIBEIRO, 2010). Entre
os 20 e 30 anos ocorre um aumento na perda de água pela pele, o que altera o nível de
hidratação. A diminuição de colágeno e elastina provoca a diminuição de firmeza e
resistência sendo a fase onde as primeiras rugas e manchas podem aparecer. A partir dos
30 e 40 anos os primeiros sinais da ação da gravidade se revelam e a pele se torna mais
seca, sensível e ocorre o aparecimento de linhas suaves na área dos olhos. Acima dos 40
anos de idade a pele se afina e diminui a secreção de sebo (KEDE; SABATOVICH,
2009).
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No processo de envelhecimento cutâneo ocorre um declínio lento progressivo do


funcionamento, respostas adaptativas, sistema de defesa e arquitetura estrutural da pele
que muitas vezes é agravado por lesões ambientais, tais como a exposição solar. A
genética, o tipo de pele, a senescência celular, o dano ao DNA, o dano oxidativo, os
hábitos alimentares, os vícios, enfim, diversos fatores intrínsecos e extrínsecos estão
envolvidos no processo de envelhecimento da pele (FITZPATRICK, 2011).
O envelhecimento intrínseco também conhecido como envelhecimento
cronológico, genético ou biológico esta atribuído à passagem do tempo e se manifesta
por alterações fisiológicas que causam declínio funcional do organismo,
consequentemente maior vulnerabilidade às doenças e danos (FITZPATRICK, 2011) e
atinge igualmente todos os órgãos incluindo a pele (VIEIRA, 2007).
Existe uma relação inversamente proporcional entre a taxa metabólica e a vida
de um organismo. Todos os indivíduos estão susceptíveis a esse envelhecimento tempo
dependente, porém de maneira individual, uma vez que a genética, o fototipo, as
respostas imunes entre outros interferem intimamente neste processo (RIBEIRO, 2010).
O envelhecimento extrínseco esta atribuído a hábitos individuais que podem
retardar ou acelerar a mortalidade (RIBEIRO, 2010). A alimentação, a prática regular de
atividades físicas, o consumo moderado de bebidas alcoólicas como o vinho tinto, pode
ser capaz de postergar o envelhecimento e contribuem diretamente no aumento da
qualidade de vida do indivíduo (Sociedade Brasileira de Dermatologia, 2012),
aumentando expectativa de vida em até 14 anos (RIBEIRO, 2010).
Além de todas as mudanças clínica resultantes do processo do envelhecimento
cronológico, no processo de envelhecimento extrínseco outras alterações como manchas
escuras ou hipocromicas, rugas profundas e telangiectasias contribuem para o aspecto
envelhecido da pele (RIBEIRO, 2010).

Radiação Solar e interação cutânea


De acordo com Fitzpatrick (2011), as radiações visíveis e ultravioleta (UV) se
incidem na superfície da pele onde parte destas radiações é refletida e se espalham, seja
de maneira direta, em nível epidérmico ou em nível dérmico. Outra parte é absorvida
pelos cromóforos da pele em várias camadas e uma terceira parte se transmite para
camadas profundas até que a energia do feixe incidente tenha se dissipada. Uma
pequena fração de radiação é absorvida e reemitida em comprimentos de onda longos
com florescência.
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A radiação visível e UV são capazes de produzir alterações bioquímicas e


celulares levando a uma resposta clínica agudas: bronzeamento e queimaduras que
acontecem em curto prazo e crônicas: fotoenvelhecimento e câncer que ocorrem em
longo prazo. O DNA, as proteínas e outros componentes epidérmicos absorvem ondas
com comprimento menor que 320 nm. A radiação UVA chega até a derme papilar e é
mais penetrante que a UVB. Apenas 15% da radiação UVB é capaz de atingir a camada
basal (FITZPATRICK, 2011).
As radiações UVB e UVA interagem de diferente maneira no nosso organismo
sendo capazes de induzir eritema e pigmentação. A pigmentação ou bronzeamento pode
ser classificado como bronzeamento imediato (BI) também chamado fenômeno de
Meirowsky, que é produzido minutos após a exposição solar e persiste até 24 horas, ou
bronzeamento tardio (BT) que se iniciam após 2-3 dias de exposição e tem duração
média em semanas a meses, neste caso ocorre a melanogênese e a transferência da
melanina aos queratinóticos. A radiação UVB tem uma capacidade 1.000 vezes maior
de induzir eritema se compararmos com a radiação UVA (KEDE; SABATOVICH,
2009).
A exposição à radiação UV é capaz de induzir a diminuição da concentração de
antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos como alfa tocoferol, ubiquinol, glutationa,
ácido ascórbico e catalase. Além de estimular a perda de água transpidermal, alterar as
funções morfológicas e imunes da pele local, diminuir o número de células de
Langerhans, deprimir a atividade celular natural killer, alterar a microcirculação
cutânea, induzir eritema, agravar as hipercromias e promover a hiperqueratinização
(RIBEIRO, 2010).

Exposição solar e o fotoenvelhecimento


A exposição solar é a principal causa do envelhecimento extrínseco,
responsável por cerca de 80 a 90% total do envelhecimento observado na pele
(STEINER, 2007). O fotoenvelhecimento se dá em função da radiação
ultravioleta (FITZPATRICK, 2011) e é notável principalmente nas áreas que ficam mais
expostas como face, mão e braços (RIBEIRO, 2010). A exposição à radiação solar
provoca um processo cumulativo progressivo de deterioração (MONTAGNER;
COSTA, 2009). Os danos solares referentes a duas primeiras décadas de vida se
manifestarão e serão observados clinicamente no futuro ao longo da vida. Não é

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impossível reverter o envelhecimento, uma vez instalado, o que podemos fazer é


melhorar a aparência minimizando o aspecto típico desta fase da vida (RIBEIRO, 2010).
A maioria da absorção da radiação ultravioleta A (UVA) resulta no dano
oxidativo levando à geração de espécies reativas de oxigênio e radicais livres. E a
radiação ultravioleta B (UVB) é diretamente absorvida pelo ácido desoxirribonucleico
(DNA) celular (FITZPATRICK, 2011).
O fotoenvelhecimento ou dermatoheliose é caracterizado por aspereza, rugas
profundas, púrpuras, atrofia epidérmica, áreas fibróticas despigmentadas, alteração na
matriz extracelular (VIEIRA, 2007), irregularidade na pigmentação, sardas, lentigos,
endurecimento, telangiectasias, ressecamento e perda da elasticidade. Histologicamente
a pele apresenta uma derme com fibras de colágenos degradadas e desorganizadas,
acúmulo de material elástico alterado e proteoglicanos, além de anormalidades
qualitativas e quantitativas (FITZPATRICK, 2011). Estudos demonstraram que a
incidência de radiação solar sobre a pele causa efeitos negativos e o envelhecimento
prematuro, contudo o uso de fotoprotetor é primordial para a manutenção e prevenção
do fotoenvelhecimento (ANVISA, 2010).

Protetor Solar
De acordo com Kede e Sabatovich (2009), o primeiro protetor solar
comercialmente disponível surgiu em 1936 na França, desenvolvido por Eugene
Schueller fundador da L’Oreal. Em 1940, a FDA (Food and Drug Administration, USA)
passou a regulamentar os produtos com substâncias fotoprotetoras. Logo depois, em
1941, o PABA (ácido para-aminobenzóico) foi patenteado, tornando-se a substância
mais encontrada nos protetores solares. Entretanto na década de 1970, os produtos
PABA-free ganharam grande projeção tendo em vista a grande incidência de reações
alérgicas ao mesmo.
Filtros solares são substâncias capazes de absorver, refletir e dissipar a radiação
no espectro UV. Mundialmente existem três nomenclaturas utilizadas nos ativos UV
presente nos protetores, sendo que no Brasil vigora a INCI (International Nomenclature
of Cosmetics Ingredients), a mesma utilizada na União Europeia, enquanto que nos
Estados Unidos se utiliza a FDA (Food and Drug Administration) (KEDE;
SABATOVICH, 2009).
Podemos classificar os protetores solares de acordo com seus mecanismos de
ação. Seguindo essa linha de raciocínio podemos dividi-los em duas categorias
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principais, os filtros orgânicos ou filtros químicos e inorgânicos ou físicos. Outra


classificação pode ser a despeito do espectro de absorção em que divide os filtros em
absorvedores e refletores/refratores de radiação UVA e/ou UVB (RIBEIRO, 2010).
Tendo em vista essa última forma de classificação, pode se dizer que os filtros
orgânicos são os absorvedores de radiação e dos filtros inorgânicos são refletores de
radiação (FLOR et al., 2007).

Fator de Proteção UVB e UVA


O FPS (Fator de Proteção Solar) foi desenvolvido pelo austríaco Franz Greiter
em 1962 e adotado nos Estados Unidos em 1978 (FITZPATRICK, 2011). Consiste na
única medida atualmente padronizada no mundo (DRAELOS et al., 2009), se refere
primordialmente a proteção contra radiação UVB tendo como ponto de aferição o
eritema, definido pela razão entre a dose de eritema mínima de uma pele protegida e a
dose de eritema mínima de uma pele desprotegida.
O fator de proteção UVA ou PPD (Persistente Pigment Darkening) é definido
como a razão entre a dose de pigmentação mínima na pele protegida e a dose de
pigmentação mínima na pele sem proteção sendo avaliado após 3 a 24 horas.
Diferentemente do método de avaliação para radiação UVB, ainda não existe um
método aceito mundialmente como padrão de avaliação de proteção contra radiação
UVA afirma (FITZPATRICK, 2011). Segundo Kede e Sabatovich (2009), como a UVA
quase não provoca eritema, os efeitos mais visíveis e mensuráveis da UVA é a
pigmentação cutânea imediata ou fenômeno de Meirowsky.

Classificação de filtros solares


De acordo com Ribeiro (2010), filtros físicos ou inorgânicos são aqueles
compostos por pós inertes e opacos. Os mais importantes e mais utilizados são o oxido
de zinco e dióxido de titânio. Também são utilizados com menor frequência o cério,
talco, caulim e zircônio entre outros. Tais substâncias protegem através de sua
deposição sobre a pele e agem refletindo ou dissipando a radiação que incide sobre a
mesma. Contudo há o inconveniente inestético, pois confere um visual branco difícil de
ser disfarçado (RANGEL; CORREA, 2002).
CABRAL et al. (2011) apud SALGADO et al. (2004) afirma que, tanto os
óxidos brancos quanto os óxidos coloridos absorvem determinados comprimentos de
onda e refletem radiação. Todavia, os óxidos coloridos amarelo, vermelho e preto
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absorvem algumas bandas de região visível, mas possui baixa absorção da região UV,
tornando-se menos eficientes como filtro físico.
Para FLOR et al. (2007), por apresentarem o menor potencial de irritação, os
filtros físicos representam a forma mais segura de se proteger, sendo recomendado para
crianças e pessoas sensíveis. Nas palavras de Kede e Sabatovich (2009), isso se dá, pois,
além de fotoestáveis, os bloqueadores inorgânicos são atóxicos, não penetrando no
extrato córneo da epiderme e, por conseguinte, não são absorvidos de forma sistêmica.
Draelos et al. (2009) conclui que os filtros químicos são aqueles capazes de
absorver, refletir e dissipar a radiação no espectro UV em comprimento de onda entre
290-900nm. Cabral et al. (2011) apud Draelos et al. (1999), ainda complementa que,
95% da radiação UV de comprimento entre 290-320nm são absorvidas pelos filtros
orgânicos. Essas substâncias trabalham absorvendo a radiação UV como fótons de
energia luminosa e as transformando em radiação inofensiva de comprimento longo
inofensiva ao ser humano que são reemitidos em forma de calor.
Segundo Ribeiro (2010), os filtros orgânicos são compostos aromáticos,
conjugados com um grupo carbonila. Na maioria dos casos possui um grupo doador de
elétrons (amina ou metoxila) na posição orto ou para do anel aromático. Os filtros
químicos, diferentemente dos filtros físicos tem a vantagem de formar filme totalmente
transparente após a aplicação.

CONCLUSÃO
Este trabalho buscou esclarecer e reforçar pontos que atualmente estão em
evidência sobre o fotoenvelhecimento através de pesquisas e revisões de literatura. Por
meio dele, foi possível estabelecer a importância do uso de filtro solares na prevenção
do fotoenvelhecimento. A evidência levantada sobre o processo de envelhecimento da
pele, do dano causado pela exposição à radiação solar e a importância do uso do filtro
solar como forma de proteção ao envelhecimento precoce, serve de base para
profissionais que atuam na área de estética e cosmética revejam suas práticas quanto à
indicação do uso de fotoprotetores.
O envelhecimento é um fato inevitável que atinge todos os indivíduos. Porém
sua apresentação clínica na pele é agravada prioritariamente pela fotoexposição.
Existem no mercado brasileiro apresentações cosméticas, designados protetores solares,
destinadas para proteção à radiação ultravioleta A e B que quando aplicado

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corretamente são capazes de dissipar e absorver a radiação solar ultravioleta de formar


efetiva e prevenir disfunções estéticas causadas pelo fotoenvelhecimento.
Espera-se com este trabalho estimular a realização de novos estudos que
possam ser definitivos que o uso do fotoprotetores como o melhor método preventivo
para o envelhecimento cutâneo.

REFERENCIAS

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RIBEIRO, Claudio de Jesus. Cosmetologia aplicada a dermoestética. São Paulo:


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STEINAR, Denise. Envelhecimento Cutâneo e Filtros Solares. Cosmetics &


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cutâneo: dos cromossomos às rugas. São Paulo: Artes Médicas, 2007.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

AÇÃO DOS ÁCIDOS KÓJICO E MANDÉLICO NO TRATAMENTO DO


MELASMA

REACTION OF KOJIC AND MANDELIC ACID ON MELASM TREATMENT

Alana Karina Bardasson¹


Cleicane Brene Pereira²

RESUMO

A procura por procedimentos estéticos está crescendo de forma constante, pois os padrões de beleza
influenciam de forma intensa as relações interpessoais, tendo a discriminação estética como um dos seus
principais problemas, ainda que pouco discutida, mas que pode gerar problemas pessoais e sociais. O
melasma é uma dermatose frequente, adquirida que surge em áreas expostas a radiação ultravioleta,
atinge principalmente mulheres e na maioria dos casos afeta a vida do indivíduo de forma negativa. São
poucos procedimentos com resultados satisfatórios e duradouros, tendo o peeling químico como uma das
formas de tratamento mais antigas, que se trata da aplicação de um ou mais ácidos na pele a fim de gerar
destruição seletiva das camadas de pele e em seguida regeneração do tecido,O objetivo do presente
trabalho foi verificar por meio de levantamento bibliográfico o efeito da ação dos ácidos Kójico e
Mandélico no tratamento do melasma, por meio de artigos científicos, TCC, sites e revistas científicas,
ambos de fontes confiáveis. Os alfahidroxiácidos Kójico e Mandélico possuem características
despigmentantes e diferentes mecanismos de ação, podendo ser utilizados no tratamento desta dermatose.
Seus efeitos no tratamento são significativos e se mostram duradouros quando se realiza a manutenção
correta.

Palavras-chaves: Melasma. Ácido Kójico. Ácido Mandélico. Peeling Químico.

ABSTRACT

The looking for esthetic procedures is constantly growing up, as the beauty patterns influence intensely
the interpersonal relations, having the esthetic discrimination one of its main problems, not discussed yet,
but able to create personal e social issues. The melasm is a frequent dermatosis, acquired and comes up in
areas exposed to UV radiation, strikes mostly women and usually it affects negatively in the individual
life. There are few procedures with satisfying and enduring results, the chemical peeling is one of the
most ancient procedures, which is the application of one or more acids on the skin in order to generate a
selected destruction of skin layer following with a regeneration of the tissue. The objective of the present
work was to verify by means of a bibliographical survey the effect of the action of Kojic and Mandelic
acids in the treatment of melasm, through scientific articles, TCC, websites and scientific journals, both
from reliable sources. The alpha-hydroxi-acids Kojic and Mandelic have depigmentantion characteristics
and differents action mechanism, it can be used for the treatment of this dermatosis. Its effects on the
treatment of melasm are significant and are long lasting when performed correctly.

Keywords: Melasm, Kojic Acid, Mandelic Acid, Chemical Peeling.

_____________________
¹ Esteticista e Cosmetóloga, e-mail: alanabardasson@outlook.com
² Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura, docente do Programa de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial e Curso
Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.

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INTRODUÇÃO

O profissional da estética lida com a saúde e o bem-estar do indivíduo,


sendo estas questões delicadas que exigem dedicação e disciplina, ética, estudo e
responsabilidade. A estética pode ser conceituada atualmente como a ciência que busca
harmonia exterior tendo em mente que este é o reflexo do interior (GOMES, 2009).
Estudar, conhecer e definir os melhores recursos para tratamento de uma disfunção
confere ao profissional um leque de possibilidades e caminhos que levem a um melhor
resultado.
Em um mundo extremamente competitivo quanto à beleza física, a
aparência tornou-se algo de grande importância na sociedade atual, portanto, as
alterações inestéticas, principalmente faciais como o melasma, causam transtornos ao
bem-estar dos indivíduos, muitas vezes privando-o do convívio social.
O melasma, trata-se de uma hipercromia causada pela ação metabólica
dos melanócitos aumentada, atinge grande parte da população acarretando problemas de
auto-estima e insatisfação com a própria aparência.
Um dos recursos utilizados para melhorar a aparência e qualidade da
pele são os peelings químicos, estes que estão entre as mais antigas formas de
rejuvenescimento e são capazes de melhorar e/ou corrigir discromias pigmentares,
rugas, textura da pele, cicatrizes superficiais, bem como outras alterações da pele
provenientes do envelhecimento ou não. Os ácidos, considerados peeling químico, são
substâncias que possuem pH inferior ao da pele proporcionando esfoliação. Devem ser
utilizados de forma adequada para não acarretar problemas e/ou sequelas graves como
cicatrizes, infecções e discromias irreversíveis.
O ácido Kójico é considerado um excelente despigmentante por sua
ação antitirosinase, sendo muito utilizado para tratamento de hipercromias, assim como
o ácido Mandélico que também age na inibição da síntese de melanina, como também
na mancha já formada.
Os peelings químicos com ativos despigmentantes são uma excelente
proposta para tratamento de hipercromias em geral, são procedimentos que apresentam
bom resultado na melhora do aspecto das máculas, amenizando as irregularidades na
tonalidade da pele.

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DESENVOLVIMENTO

Anatomofisiologia da pele

A pele é considerada um dos maiores órgãos do corpo humano,


recobre toda a superfície corporal (BORGES, 2006), sua histologia é complexa
(ELDER, LEVER; 2011). Atua funcionalmente semelhante a um envoltório de proteção
ao meio externo, age como uma barreira evitando a penetração de substâncias estranhas
e nocivas ao organismo, como também controla a perda de fluidos corporais (ARAUJO;
MEJIA. 2014), faz a proteção do organismo contra os efeitos nocivos da radiação
ultravioleta, e atua na síntese de vitamina D (HARRIS, 2009).
É dividida em duas camadas que são funcionalmente
interdependentes, epiderme e derme. Composta por inúmeras células que possuem
diversas funções como: imunovigilância, metabolismo de nutrientes para reparo
(ELDER, LEVER; 2011), como também proteção contra perda de água excessiva,
contra atrito, atua na termorregulação e recebe estímulos do ambiente (BORGES, 2006).
Existe uma terceira camada, o tecido adiposo subcutâneo, não é
considerado parte da pele, mas além de ter relação anatômica, possui tendência a
responder juntamente com a pele a inúmeros processos (ELDER, LEVER; 2011).
Para HARRIS (2009), a pele exerce funções estéticas e sensoriais, tais
como a sensibilidade, maciez, coloração, aparência e odores, sendo tais funções as
responsáveis pela atração social e física de cada indivíduo.
A pele é o órgão mais evidente do corpo humano, atua como marcador
real da idade cronológica e tais alterações cutâneas adquiridas com o passar do tempo
atingem maiores dimensões do que a coloração e textura, é importante também para o
psiquismo do indivíduo, pois a pele está profundamente associada à atitude social,
sendo considerada parte fundamental da imagem pessoal passada aos outros indivíduos
(GOMES, 2009).
A epiderme, classificada como epitélio estratificado pavimentoso
queratinizado, é composta de células sobrepostas. A espessura da pele varia de acordo
com as regiões do corpo (BORGES, 2006) e está num constante processo de renovação,
que ocorre ao longo de vinte e oito dias (AUGUSTO, et al. 2009).
A epiderme contém cinco tipos de células que são histologicamente
distintas umas das outras, estas estão organizadas de forma a serem (ARAUJO; MEJIA.
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2014) divididas em cinco camadas, sendo estas: basal, espinhosa, granulosa, lúcida e
córnea (AUGUSTO, et al. 2009).
Possui como seus principais componentes os queratinócitos, que são
células especializadas na produção de queratina, porém, existem outras células
presentes, como os melanócitos, células de Langerhans e as células de Merkel. Não
apresenta rede vascular direta, portanto, é nutrida pela permeação de nutrientes
provenientes da derme através de capilaridade (HARRIS, 2009).
A derme é um tecido conjuntivo que serve de apoio à epiderme
(BORGES, 2006). Contém anexos cutâneos glandulares (glândulas sebáceas e
sudoríparas) e córneos (pelos e unhas), abriga nervos e terminações nervosas, vasos
sanguíneos e linfáticos (ARAUJO; MEJIA. 2014), é composta por substância
fundamental amorfa e fibroblastos que produzem colágeno e elastina, proteínas que dão
sustentação ao tecido (AUGUSTO, et al. 2009).

Melanócito

Os melanócitos são células dendríticas, sua função é a produção de


melanina, pigmento que dá a cor a pele e aos pelos (HARRIS, 2009). Não estão fixos na
epiderme como os queratinócitos pelos desmossomos, e quando há um pequeno
desnível na posição dos melanócitos em relação à camada basal, estes se projetam
ligeiramente em direção à derme (MIOT et al, 2009).

Figura 1 Disposição dos melanócitos na epiderme e sua leve projeção para a derme.
Fonte: MIOT et al, 2009.

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A melanina é constituída por um polímero nitrogenado insolúvel de


alto peso molecular, é extremamente densa e forma o pigmento que dá a cor a pele e
possui função protetora, de forma a filtrar e absorver as radiações ultravioletas. Em seu
processo de síntese o elemento inicial é a tirosina, considerada um aminoácido
essencial. Esta sofre atuação da enzima tirosinase (complexo enzimático cúprico-
proteico sintetizado nos ribossomos e armazenado nos melanossomas), na presença de
oxigênio molecular a tirosinase oxida a tirosina em dopa (dioxifenilalanina) e a mesma
em dopaquinona (MIOT et al, 2009).
A tirosinase é a principal enzima envolvida no processo de formação
da melanina, utiliza o cobre como co-fator e atua como responsável pela conversão de
tirosina em dopa e depois em dopaquinona (PONZIO, 2005).
A eumelanina é um pigmento marrom, polímero, alcalino e insolúvel,
a feomelanina é um pigmento amarelado, alcalino e solúvel, a síntese de ambas é
determinada pela presença ou ausência de cisteína (glutationa). Em sua ausência, a
dopaquinona é convertida em ciclodopa (leucodopacromo) e depois em dopacromo, este
é degradado em duas vias, a que forma DHI (dopa,5,6 diidroxiindol), encontrada em
maior proporção e outra que forma DHICA (5,6 diidroxiindol-2-ácido carboxílico) em
menor quantidade, sendo que este processo é catalisado pela dopacromo tautomerase
(enzima) e por fim os diidroxiindois são oxidados em eumelanina. Na presença de
cisteína ocorre reação da mesma com dopaquinona e gera 5-S-cisteinildopa, que é
oxidada e produz feomelanina (MIOT et al, 2009).

Melasma

Trata-se de uma hipermelanose comum, adquirida que surge em áreas


fotoexpostas (RITTER, 2011). O nome melasma tem origem derivada do grego
“melas”, cuja definição é negro (RIBEIRO, 2010), um outro termo menos utilizado é
cloasma, derivado de “cloazen”, também do grego, que tem como significado “ser
verde” (PONZIO, 2005).
A pele que apresenta melasma pode exibir um aumento de expressão
de receptores de estrógenos, portanto, essa discromia ocorre principalmente na classe
feminina, sendo mais rara nos homens (RIBEIRO, 2010), é comum o acometimento de
mulheres por essa dermatose em idade fértil, entre 30 aos 55 anos de idade (PONTES;

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

MEJIA. 2015) A gravidade do melasma é determinado pela intensidade na coloração da


mancha, homogeneidade e extensão da mesma (RITTER, 2011).
Suas manifestações mais comuns acometem áreas como: região
frontal, malar, queixo e lábios superiores (RIBEIRO, 2010), sendo raramente
encontrada no nariz e pálpebras (PONTES; MEJIA. 2015). A área dos olhos é
raramente acometida por melasmas (HARRIS, 2009).
É caracterizado por máculas de coloração acastanhadas, claras ou
escuras, acomete principalmente a face e, ocasionalmente nos braços e colo. Possui
limites imprecisos e apresentam-se apenas em áreas expostas ao sol, com característica
simétrica (RIBEIRO, 2010), podem ser de intensidade variada desde o quase
imperceptível até muito acentuada (PONTES; MEJIA. 2015).
A hipercromia consiste na atividade metabólica dos melanócitos
aumentada, tais células apresentam mais prolongamentos e melanossomas, mas o
aumento mais significativo se dá na quantidade de melanina presente na epiderme e
derme. Na epiderme há maior acúmulo de melanina principalmente na camada basal e,
na derme, pode ser encontrada nos macrófagos presentes nas regiões médias e
superficiais da derme (RIBEIRO, 2010). Para Ikino (2013), na pele acometida pelo
melasma ocorre aumento da expressão do hormônio estimulador de melanócito-α (α-
MSH).
O hormônio α-MSH também é chamado de α-melanocortina,
composta por um neuropeptídeo de treze aminoácidos, é encontrado nos melanócitos,
macrófagos, neutrófilos, queratinócitos, células B e T, células natural killer e demais
células epiteliais. Ele possui alta afinidade com o receptor MC-1 (melanocortin
receptors ou receptor de melanocortina) que se encontra expresso na superfície de
células como os melanócitos, queratinócitos e fibroblastos, e desempenha um papel
importante na regulação da melanogênese e pigmentação da pele (TEMP, 2013).
Segundo Souza (2013), na pele o hormônio citado anteriormente atua
na síntese de eumelanina e regulação da proliferação e diferenciação dos melanócitos e
queratinócitos.
A radiação ultravioleta B, também chamada de UVB, atua
estimulando a síntese do hormônio estimulador de melanócito-α que ao se ligar ao
receptor MC-1 leva a proliferação dos melanócitos e ao aumento da síntese de melanina,
sendo que alguns achados imunohistoquímicos apresentam de forma sugestiva uma
intensa imunorreatividade deste hormônio na pele com melasma, considerando um dos
257
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

maiores fatores relacionados a origem da doença. Há evidências de expressão do


hormônio α-MSH na pele que possui melasma e que este é uma peça chave na
hiperpigmentação da mesma (LOZER; DAVID; 2013).
Segundo Ritter (2011), o surgimento do melasma está associado aos
níveis aumentados do hormônio estrogênio, devido a seu surgimento ou piora durante a
gestação, uso do anticoncepcional oral, terapia de reposição hormonal e período de
menopausa.
Estudos in vitro mostram que os melanócitos possuem receptores de
estrogênio e o hormônio estradiol aumenta os níveis de enzimas relacionadas a
melanogênese (RITTER, 2011). Supõe-se que o melasma pode ser induzido pelo
estrogênio e a presença de receptores para o mesmo na superfície dos melanócitos
estimula as células a sintetizarem melanina em maior quantidade (LOZER; DAVID;
2013).
São descritos na literatura três tipos de melasma de acordo com o local
de depósito do pigmento melânico, sendo eles: epidérmico, dérmico e misto, na maioria
dos casos o padrão é o misto (PONTES; MEJIA. 2015).
No melasma epidérmico ocorre uma concentração maior de melanina
na camada basal, dentro dos melanócitos e queratinócitos da epiderme, proporcionando
uma coloração acastanhada. No melasma dérmico os pigmentos melânicos são
encontrados na derme dentro do melanófagos, ou seja, macrófagos repletos de melanina
e o pigmento presente varia do castanho, azulado e até acinzentado (PONTES; MEJIA.
2015).
Segundo a distribuição das manchas existem três padrões clínicos do
melasma reconhecidos: centrofacial, malar e mandibular. O padrão centrofacial é o mais
comum, as áreas acometidas são a testa, as bochechas, lábio superior e mento, já o
padrão malar acomete as regiões malares e nariz, o padrão mandibular acomete o ramo
mandibular (PONTES; MEJIA. 2015).

As causas do melasma ainda são muito discutidas e dentre os fatores


potenciais existem: radiação ultravioleta, predisposição genética, gravidez, tratamentos
hormonais, cosméticos com efeitos hiperpigmentadores, estrógenos e possivelmente
progéstogenos também podem atuar no desencadeamento do melasma (ARAUJO;
MEJIA. 2014).

258
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

TRATAMENTO

Em alguns casos os quadros de melasma afetam negativamente a vida


do indivíduo de forma a abalar sua autoestima e comprometer sua vida social e
profissional (ANTUNES, DUARTE; 2010).
O tratamento de hiperpigmentações e demais desordens pigmentares é
feito à base de substâncias com funções despigmentantes e/ou clareadoras da pele
(ARAUJO; MEJIA. 2014), deve visar o clareamento das máculas sem efeitos adversos,
tais como: hiperpigmentação pós-inflamatória, hipopigmentação e cicatrizes
(ANTUNES, DUARTE; 2010).

Peeling
A palavra peeling é originada do verbo “to peel” do inglês, que tem
como significado pelar, esfolar, desprender, descamar (GOMES, 2009). Este
procedimento compreende o estímulo a renovação celular na camada basal seguido por
reação inflamatória no tecido fazendo com que haja ativação dos mediadores
inflamatórios, estes provocam a síntese de colágeno e consequente reparação do tecido
afim de melhorar o aspecto da pele (PIMENTEL, 2008).
Para Borges (2006), o peeling químico, quimioesfoliação ou
dermopeeling como é chamado, é a aplicação de um ou mais produtos de ação
esfoliante na pele, causando destruição epidérmica e/ou dérmica, para em seguida
ocorrer a regeneração dos tecidos.
A aplicação do peeling resulta em variáveis graus de lesão na pele,
atingindo epiderme e derme, dependem da intensidade e do tipo do produto químico
utilizado. A descamação produzida é resultado de uma esfoliação parcial da pele de
forma controlada, a regeneração da epiderme e derme que foram lesadas segue pela
migração do epitélio de anexos cutâneos (ARAUJO; MEJIA. 2014).
Para Borges (2006), a utilização inadequada de ácidos pode acarretar
sequelas graves como hipercromias, cicatrizes, infecções e discromias irreversíveis. O
percentual do produto a ser utilizado no procedimento dependerá do quadro clínico e do
tipo de ácido, pois quanto menor seu pH, maior a irritabilidade provocada a pele e
quanto maior seu percentual, maior será sua concentração.
Segundo Pimentel (2008), a classificação do peeling se dá por
Superficial, Médio e Profundo. O superficial age nas lesões mais superficiais da

259
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

epiderme provocando leve descamação, não apresenta riscos de complicações ao


paciente, podendo ser utilizado em qualquer área corporal.
O peeling médio tem atuação em queratose actínia, manchas e rugas
de média profundidade, provocam descamação intensa removendo parcial ou totalmente
a epiderme (PIMENTEL, 2008).
O peeling profundo é indicado para rejuvenescer a pele, obtendo um
aspecto tonificado e livre de manchas e rugas. Atinge as camadas mais profundas da
pele e destruição total da epiderme, leva a formação de crostas que se desprendem em
até 21 dias (PIMENTEL, 2008).
Dentre as indicações para o peeling químico estão: melasma, rugas e
rejuvenescimento, melanoses, acne e suas sequelas, hiperpigmentação pós-inflamatória,
queratoses actíneas, cicatrizes atróficas, queratose, estrias e clareamento geral da pele
(GUERRA et al, 2013).
É contraindicado em peles com feridas abertas, infecções ativas
(exemplo: herpes), escoriações, gravidez, histórico de queloides e/ou cicatrizações
anormais, rosácea, cirurgias faciais recentes, dermatites de contato atópica e seborreica
(ARAUJO; MEJIA. 2014), casos de estresse com escoriações neuróticas, fotoproteção
inadequada, históricos de hiperpigmentação pós-inflamatória permanete, uso de
isotretinoína a menos de seis meses e dificuldade em seguir e compreender as
orientações ditadas pelo profissional (GUERRA et al, 2013).
O indivíduo em tratamento não deve se expor ao sol para prevenir
efeitos indesejados como o agravamento e/ou surgimento de hiperpigmentações e
também o envelhecimento precoce da pele. Portanto é obrigatória a utilização do
fotoprotetor ao menos três vezes ao dia, independente da época do ano (ARAUJO;
MEJIA. 2014).

Ácido Kójico

O ácido Kójico, é um excelente agente despigmentante, possui ação


antioxidante, antitirosinase e potencializa a fagocitose leucocitária, não possui efeito
irritativo, citotóxico (DEPREZ, 2007) e fotossensibilizante, obtido pela fermentação de
carboidratos por Aspergillus ssp (RIBEIRO, 2010)
Seu mecanismo de ação ocorre pela inibição da enzima tirosinase (que
está associada à formação da melanina) (DEPREZ, 2007), pela quelação de íons de
260
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

cobre no sítio ativo da tirosinase, ou seja, é uma inibição não-competitiva, que inibe sua
ação (RIBEIRO, 2010); também induz a redução de melanina e seu monômero
precursor chave (BORGES, 2006).
O ácido Kójico possui grande destaque entre as demais substâncias
clareadoras e, ao lado de sua ação tópica, não há estudos que demonstrem efeitos
colaterais e sistêmicos de sua absorção (SATO, 2007), porém percebe-se maior
sensibilidade em indivíduos que já utilizaram despigmentantes por mais de um ano
(MARTINS; OLIVEIRA, 2014).

Ácido Mandélico

O ácido Mandélico é um alfa-hidroxiácido extraído de amêndoas


amargas, é considerado de maior peso molecular. A pele o absorve lentamente, levando
a minimização dos transtornos comuns com a aplicação dos ácidos e favorecendo um
efeito uniforme (PIMENTEL, 2008), possui semelhança com a ácido salicílico por
proporcionar ação anti-séptica (BORGES, 2006).
Quando comparado aos outros ácidos, este provoca menor grau de
descamação, possui uso seguro em todos os tipos de pele e provoca menos irritação à
pele (PIMENTEL, 2008), pode ser utilizado com segurança em todos os fototipos de
pele num intervalo com cerca de quinze a vinte dias respeitando a tolerância do paciente
(BORGES, 2006).
Nas hiperpigmentações, o ácido em questão age na inibição da síntese
de melanina na formação da mancha, bem como na mancha já formada, cuja melanina
já está depositada atuando na remoção de pigmentos hipercrômicos (PIMENTEL,
2008).
Segundo Caetano; Oliveira (2015), o ácido mandélico utilizado para
tratamento de melasma apresentou resultados satisfatórios, melhora na textura da pele,
irregularidades e clareamento, porém o autor ressalta que é necessário mais estudo a
respeito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

261
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Os padrões de beleza sempre existiram e influenciam intensamente as


relações interpessoais. A discriminação estética ainda é pouco discutida, porém pode
gerar problemas pessoais e sociais.
As causas do aparecimento do melasma ainda são discutidas, mas os
principais fatores são a exposição solar, predisposição genética, além de ser associada a
níveis aumentados do hormônio estrogênio pois pode aparecer ou piorar durante a
gravidez, tratamentos hormonais, uso de anticoncepcional oral e período de menopausa.
Os ativos estudados possuem ação depigmentante, tratando-se dos
alfahidróxiacidos Kójico e Mandélico. Sendo o primeiro um excelente agente
despigmentante, obtido pela fermentação de carboidratos por Aspergillus ssp, não
possui efeito irritativo, citotóxico e fotossensibilizante, seu mecanismo de ação ocorre
pela inibição da enzima tirosinase pela quelação de íons de cobre no sítio ativo da
mesma, sendo uma inibição não-competitiva.
Não há estudos que demonstrem efeitos colaterais e sistêmicos de sua
absorção, e seu efeito é possível ser notado entre duas a quatro semanas de uso contínuo
ou em aplicações repetidas sob forma de peeling em cabine. Muitas vezes é utilizado
como produto home care para manutenção dos resultados.
O ácido Mandélico é considerado o ácido de maior peso molecular, ou
seja, a pele o absorve lentamente favorecendo um efeito uniforme na pele, provoca
menor grau de descamação, possui uso seguro em todos os fototipos de pele e provoca
menos irritação. Atua na inibição da síntese de melanina e na mancha já formada
atuando na remoção de pigmentos hipercrômicos por esfoliação da pele.
Atua no clareamento da mancha e melhora da textura da pele de forma
lenta e eficaz, diminuindo os riscos de efeitos adversos e agravamento da dermatose.
Ambos os ácidos estudados promovem ação despigmentante com
mecanismos de ação diferentes, com a vantagem de não possuírem ação citotóxica e se
apresentarem menos irritativos para a pele. Podem ser utilizados juntos (por se tratarem
de alfahidróxiacidos) ou separadamente em todos os tipos de pele como agente de
peeling ou como produto de uso home care para sustentar os resultados e realizar sua
manuntenção.

A quantidade de sessões utilizadas de peeling em cabine para obter


efeitos satisfatórios irá variar de um indivíduo para outro, pois cada caso deverá ser
avaliado corretamente e os resultados devem ser observados no decorrer do tratamento.

262
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

É interessante utilizar produtos que possuem efeito despigmentante sem agredir


profundamente a pele, sua ação deve ser gradativa, pois produtos agressivos podem
causar efeitos indesejados como o aparecimento e agravamento de hiperpigmentações.
No melasma a célula melanócito encontra-se sensibilizada e caso o
estímulo a mesma se apresente intensificado por agressões externas pode haver o “efeito
rebote”, que se trata de uma hiperpigmentação aumentada, de forma a dificultar o
tratamento.
Porém, ainda se faz necessário mais estudos a respeito dos resultados
obtidos com esses ativos na pele acometida por melasma.

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265
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

PROPOSTA DE CONSTRUÇÃO DO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DA


CLÍNICA ESCOLA DE ESTÉTICA DE UM CENTRO UNIVERSITÁRIO

PROPOSAL OF CONSTRUCTION OF THE MANUAL OF GOOD PRACTICES OF


THE CLINICAL SCHOOL OF AESTHETICS OF A UNIVERSITY CENTER

Rosimeire Veiga Teixeira Yamamoto1


Célia Regina Goes Garavello2

RESUMO

O objetivo deste estudo foi contribuir para a construção de um Manual de Boas Práticas para Clinica
Escola de Estética de um Centro Universitário, de acordo com a Normativa Brasileira NBR 16383/2015.
O instrumento de coleta de dados foi uma lista de avaliação em boas práticas higiênico-sanitárias,
elaborada a partir da ABNT NBR 16383/2015, para serviços de beleza. Os resultados demonstraram que
58,14% dos itens avaliados, encontravam-se em conformidade ao considerar que não há um manual de
rotinas e condutas estabelecidas de acordo com as normas recentemente recomendadas para área da
beleza e estética. Todas as não conformidades levantadas por meio do checklist foram colocadas em um
plano de ação que propôs medidas corretivas para as devidas adequações. A Lista de verificação
(checklist), também orientou na construção do Manual de Rotinas e Procedimentos (Manual de Boas
Práticas), o qual descreve as rotinas e os procedimentos operacionais padronizados (POPs) em que estão
envolvidos os discentes, professores e funcionários. A implantação do manual de rotinas e procedimentos,
bem como dos POPs e documentação visam à educação em Biossegurança e também tem a intenção de
servir como um modelo de orientação aos futuros tecnólogos em Estética e Cosmética, no exercício
profissional, dentro das normas e regulamentos sanitários que devem ser seguidos e conhecidos.

Palavras-chave: Manual de Boas Práticas. Checklist. Procedimento Operacional Padronizado (POP).


Biossegurança.

ABSTRACT

The objective of this study was contribute with the construction of a Good Practice Manual for the School
Clinic of Aesthetic from University Center, in accordance with Brazilian Regulation NBR 16383/2015.
The data collection instrument was a list of evaluation for hygienic-sanitary practices, elaborated from
ABNT NBR 168383/2015, for aesthetic issues. The results showed that 58,14% of the evaluated items
were in conformity, when considering that there is no routine and conducts manual established according
to the recently recommended norms for the area of beauty and aesthetic. All for aesthetic issues. The
results showed that 58,14% of the evaluated items were in conformity, when considering that there is no
routine and conducts manual established according to the recently recommended norms for the area of
beauty and aesthetic. All nonconformities raised through the checklist were placed in an action plan that
proposed targets for appropriate adjustments. The checklist also guided the construction of Routine and
Procedures manual (Good Practice Manual), which describes routines and Standard Operating Procedures
(SOPs) involving students, teachers and staff. The implementation of the routine and practices manual, as
well as the SOPs and documentation aim at Biosecurity education and also intends to serve as a guidance
model for future technologists in Aesthetic and Cosmetics, at professional practice, within sanitary norms
and regulations which should be known and followed.

Keywords: Good Practice Manual. Checklist. Standard Operating Procedure (SOP), Biosecurity.

______________
1
Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.
2
Orientadora: Mestre em Microbiologia - Docente do Curso Superior de Tecnologia em Estética e
Cosmética e Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.

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1. INTRODUÇÃO

Este estudo foi realizado com o objetivo de disponibilizar ferramentas para


contribuir com o processo de construção de um manual de orientações e procedimentos,
ou seja, Manual de Boas Práticas, direcionado exclusivamente para a área da estética e
beleza, visando garantir a qualidade e segurança dos procedimentos realizados por toda
a equipe de docentes, funcionários e alunos da Clinica escola de Estética de um Centro
Universitário.
Nos ambientes de ensino onde são realizadas às aulas práticas e também nos
estágios profissionalizantes os estudantes, docentes e funcionários, convivem com os
equipamentos, produtos de natureza química, amostras biológicas, além dos resíduos
gerados nessas atividades, sendo assim imprescindível o conhecimento em
biossegurança e em boas práticas higiênico sanitárias, bem como a sua aplicação para
evitar os riscos inerentes às atividades práticas.
A busca pela Qualidade e Biossegurança se tornou um tema fundamental em
todos os setores da economia, principalmente na área social, onde instituições de saúde
e ensino se esforçam na busca da excelência no atendimento a seus clientes e alunos. Os
avanços tecnológicos, rigor nas legislações e progresso científico, têm contribuído para
o aumento da qualidade e diminuição dos riscos de acidentes, porém, os riscos de
acidentes ainda existem e para minimizá-los é necessário desenvolver no ambiente de
trabalho a cultura da Biossegurança, avaliar a biossegurança no contexto global da
instituição, como ocorre com os processos de qualidade, aplicar, de forma planejada, as
ferramentas da qualidade para avaliação e correção do sistema de biossegurança
(COSTA, 2000, p. 20).
Entre os elementos causadores de acidentes podemos citar os riscos físicos,
químicos, ergonômicos e biológicos. O reconhecimento e identificação desses riscos
possibilitam à comunidade acadêmica tomar medidas no sentido de minimizar ou
mesmo eliminar esses riscos. A elaboração de um Manual de Boas Práticas tem por
objetivo orientar funcionários e alunos na identificação e eliminação dos riscos (SILVA
et al., 2015).
As atividades desenvolvidas em um estabelecimento de beleza podem gerar
riscos, que podem ser classificados como riscos biológicos, químicos, físicos,
ergonômicos e de acidentes (RAMOS, 2009). Os estabelecimentos de beleza podem
oferecer riscos de contaminação e propagação de doenças infectocontagiosas para seus
267
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usuários se não seguirem as normas de biossegurança. Os riscos de contaminações


podem ser variados e cumulativos tanto para os profissionais como para os clientes
(ROCHA SOBRINHO et al., 2014, p.349).
As orientações para a construção de Manual de Boas Práticas já estão bem
estabelecidas para a área da saúde que contemplam, mais especificamente, os ambientes
de laboratórios clínicos com as boas práticas de laboratório, os serviços em saúde como
os hospitais com suas precauções universais e o setor de produção de alimentos com as
boas práticas de fabricação de alimentos.
A legislação existente é muito voltada á área da saúde e biotecnologia, sendo
ainda deficiente na área da Cosmetologia e Estética e até recentemente não existiam
diretrizes específicas para a área da beleza e estética.
Em 2015 a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em parceria
com o Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE),
elaboraram um guia de implementação de normas técnicas de salão de beleza (ABNT,
2015a).
Este Guia surgiu da necessidade de organizar e estruturar os negócios do
segmento da beleza e estética (ABNT, 2015a, p. 2) por meio da aplicação de normas
técnicas, entre elas a NBR 16383 (ABNT, 2015b), que especifica os requisitos de Boas
Práticas que visa estruturar os processos e procedimentos dos serviços de acordo com as
boas práticas de atendimento aos clientes e com as boas práticas higiênico-sanitárias
aplicáveis ao setor.
De acordo com a ABNT deve-se implantar no ramo da estética o programa de
boas práticas no qual se inclui a adoção do Manual de Boas Práticas. Este manual é um
documento que descreve as operações realizadas pelo estabelecimento, incluindo, no
mínimo, os requisitos sanitários dos edifícios, a manutenção e higienização das
instalações, dos equipamentos e dos utensílios, o controle da água de abastecimento, o
controle integrado de vetores e pragas urbanas, a capacitação profissional, o controle da
higiene e saúde dos colaboradores e parceiros, o manejo de resíduos e o controle e
garantia da qualidade do atendimento (ABNT, 2015a).
Boas práticas são normas de procedimento que visam alcançar um determinado
padrão de qualidade em serviços ou produtos, e sua eficácia e efetividade dever ser
avaliadas por intermédio de inspeção ou investigação (SILVA JR, 2014, p. 177).
O Manual de Boas Práticas determina a criação dos POPs (ABNT, 2015a).
POP é um documento que orienta de forma clara os passos de como executar as tarefas
268
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

de forma padronizada. O POP registra as etapas da tarefa, quem é o responsável, os


materiais necessários para a execução e também a periodicidade em que devem ser
realizadas essas tarefas. Todos os funcionários, docentes e alunos devem seguir as
orientações registradas no POP, pois é um documento aprovado pelo estabelecimento,
por meio de um profissional responsável. O Manual de Boas Práticas e os POPs devem
ficar acessíveis para consulta a todos os funcionários, docentes e alunos (BRASIL,
2004).
Por meio da implementação da NBR 16383 (ABNT, 2015b) será possível
adequar-se à ação da Vigilância Sanitária, e intensificar o acompanhamento de possíveis
práticas higiênico-sanitárias inadequadas durante os atendimentos.
A Vigilância Sanitária exige que os estabelecimentos garantam aos clientes
segurança nos atendimentos e faz exigências específicas quanto a infraestrutura do
estabelecimento, procedimentos realizados, esterilização dos materiais, biossegurança e
outros itens. Sendo assim para que seja liberado o funcionamento do estabelecimento é
necessário o Alvará Sanitário ou Licença Sanitária que é um documento expedido pelo
órgão sanitário Municipal, Estadual ou do Distrito Federal que libera o funcionamento
dos estabelecimentos que exerçam atividades sob o regime da Vigilância Sanitária
(PIATTI, 2013, p. 31).
Não foi encontrado na literatura trabalhos que descrevessem a implantação do
manual de boas práticas em clínicas de estética de acordo com a ABNT (2015a), sendo,
portanto, esta uma questão pouco difundida e que precisa ser discutida e vivenciada nas
IES que oferecem cursos de graduação em Estética e Cosmética.
Dessa forma, o desenvolvimento do Manual de Boas Práticas, adequado à
realidade de um ambiente de ensino, poderá servir como modelo de gestão, a partir de
sua implantação, a ser seguido pelos futuros profissionais em seu ambiente de trabalho,
além de contribuir para a adesão as práticas de biossegurança, as quais são de extrema
importância, no sentido de levar a adoção de uma postura diferenciada e proativa em
relação á prática dos procedimentos operacionais padronizados (POPs), visando à
segurança individual e coletiva e o respeito com o meio ambiente.

2. METODOLOGIA

Para a elaboração das etapas que levaram a proposta de construção do manual


de boas práticas da clinica escola de estética, foram seguidas ás diretrizes da NBR
269
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

16383 (ABNT, 2015b (ABNT/CB-057), pela Comissão de Estudos de Salão de Beleza


(CE-057:0) que foi elaborada no Comitê Brasileiro de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos 05.001).

2.1 Local de Estudo


Esta pesquisa foi conduzida no período de Novembro de 2016 a Setembro de
2017 na Clinica Escola de Estética de um Centro universitário.
A Clínica escola está instalada na cidade de Londrina/PR, em local de fácil
acesso, o que favorece a logística na utilização deste espaço tanto pelos discentes quanto
docentes e a comunidade da IES.
2.2 ETAPAS PARA A CONSTRUÇÃO DO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

2.2.1 Diagnóstico Situacional da Clinica Escola de Estética


Inicialmente, para a elaboração do manual foi realizado um diagnóstico
situacional, através da aplicação de um Cheklist (Figura 1), o qual consistiu de uma lista
de itens usados para avaliar as boas práticas, que verificou as condições higiênico-
sanitárias do edifício onde está instalada a clínica, a manutenção e higienização das
instalações, equipamentos, mobiliários e utensílios, higiene, saúde e capacitação dos
funcionários e equipe, além do manejo dos resíduos gerados durante as rotinas. Este
instrumento foi elaborado exclusivamente para a clínica de estética baseado na NBR
16383 (ABNT, 2015b) e a lista de verificação foi composta de 129 itens que incluíram
todos os requisitos adotados para avaliar se as normas sanitárias estavam sendo
atendidas e praticadas.
Os itens submetidos à avaliação foram pontuados como Sim, quando o
requisito estava em conformidade com as normas da ABNT e Não, quando indica uma
não conformidade, isto é, o requisito avaliado não estava de acordo as normas e Não
Aplicável, quando o item foi considerado não pertinente ao local pesquisado.

270
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Figura 1 – Modelo de lista de Verificação - Checklist


Fonte: A Autora, 2017.

2.2.2 Elaboração do Plano de Ação


Após a aplicação do checklist e da identificação das não conformidades foi
desenvolvido um plano de ação, o qual foi inserido no checklist (Figura 1). No plano de
ação foram descrito as propostas para adequação de cada item avaliado e que apresentou
alguma não conformidade, levando em consideração as normas de biossegurança.

2.2.3 Elaboração dos Procedimentos Operacionais Padronizados


Os POPs foram descritos com o objetivo de estabelecer as instruções para a
realização de operações rotineiras e específicas realizados na clínica.
Os procedimentos operacionais padronizados (POP) devem conter no mínimo
as instruções sequenciais das operações e a frequência de execução, especificando o

271
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

nome, o cargo e/ ou função dos colaboradores responsáveis pelas atividades (ABNT,


2015a, p.14).
Os procedimentos operacionais padronizados (POP) elaborados seguindo a
ABNT (2015a) foram: POP Higienização de instalações, equipamentos e mobiliários,
POP Higienização dos utensílios, POP Produtos cosméticos, POP Manejo de resíduos.
Além dos POPs citados acima, outros foram elaborados para atender as
especificidades da clínica escola. Ao final da elaboração, os POPs são aprovados,
datados e assinados pelo responsável do estabelecimento (RAMOS, 2019, p. 161).

3.2.5 Proposta de construção do Manual de Boas Práticas


O Manual de Boas Práticas foi construído de acordo com as seguintes
características da clinica escola de estética: sua localização, área física, recursos
humano, controle higiênico-sanitário, seus equipamentos, utensílios e os procedimentos
realizados na clínica. Por meio dos resultados do checklist e do plano de ação (Figura 1)
é que foi possível desenvolver o manual para clínica escola. Este consistiu da descrição
detalhada da clínica escola e de seus processos, enfatizando especialmente os aspectos
higiênico-sanitários e seus relativos Procedimentos Operacionais Padronizados (POP).
Durante toda a pesquisa acompanhou-se toda a rotina da clínica escola e os
procedimentos realizados nas aulas práticas, para a elaboração do manual de Boas
Práticas e os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CHECKLIST
Após a aplicação do checklist, de acordo com os resultados obtidos foi possível
verificar quais requisitos estavam em conformidade e não conformidade com as normas
da NBR 16383 (ABNT, 2015b). Dos itens analisados 58,14% encontravam-se em
conformidade e 34,11% não conforme, os restantes dos itens não se aplicavam ao local
de estudo (Gráfico 1). Estes dados orientaram a elaboração do plano de ação que
também consta do roteiro de checklist na Figura 1.

272
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Gráfico 1 – Porcentagem de itens da lista de Avaliação de Boas Práticas que


apresentaram em Conformidades e não Conformidades.
Fonte: A autora, 2017.

Estes resultados indicam que a execução das rotinas da clínica escola e as


orientações dadas por meio da coordenação da clínica e equipe docente encontram-se
dentro de um padrão regular ao considerar que 58,14% dos itens avaliados estão sendo
cumpridos (Gráfico 1) e que não há um manual de rotinas e condutas estabelecidas de
acordo com as normas recentemente recomendadas para área da beleza e estética. Esta
classificação foi baseada em Sacool et al., (2006), devido a inexistência de uma
classificação específica para a área da beleza.
Saccol et al. (2006) desenvolveu e validou a Lista de Avaliação para Boas
Práticas em Serviços de Alimentação baseada na RDC 216/04/ANVISA e considera
como Grupo 1: Bom – os estabelecimentos que atendem entre 76 e 100% dos itens
avaliados; Grupo 2: Regular – entre 51 e 75%; e Grupo 3: Deficiente – entre 0 e 50%
dos itens avaliados para validar a adequação as Boas Práticas. Esta lista é composta por
182 itens divididos em 12 blocos: 1) Edificações, instalações, equipamentos, móveis e
utensílios; 2) Higienização de instalações, equipamentos, móveis e utensílios; 3)
Controle integrado de vetores e pragas urbanas; 4) Abastecimento de água; 5) Manejo
de resíduos; 6) Manipuladores; 7) Matérias primas, ingredientes e embalagens; 8)
Preparação do alimento; 9) Armazenamento e transporte do alimento preparado; 10)

273
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Exposição ao consumo do alimento preparado; 11) Documentação e registro; e 12)


Responsabilidade.
Para a clínica escola de Estética foi elaborada uma lista de Avaliação de Boas
Práticas (checklist), de acordo com NBR 16383 (ABNT, 2015b), com 129 itens
divididos em 10 requisitos. A Tabela 1 apresenta os itens avaliados por meio do
checklist e os resultados que foram obtidos após sua aplicação.
Tabela 1 – Itens Avaliados no checklist.

Itens Avaliados Nº de Nº Itens Não % de Itens


Itens Conformes Não
Conformes

1) Edificação, leiaute e 49 14 29%


instalações físicas

2) Controle integrado de 3 2 67%


vetores e pragas

3) Suprimento e uso de água 6 1 17%

4) Manejo de resíduos 6 4 67%

5) Equipamentos, mobiliários e 16 4 25%


utensílios

6) Higienização de instalações, 6 1 17%


equipamentos, mobiliários e
utensílios

7) Hábitos higiênicos e saúde 14 8 57%


dos docentes, alunos e
equipes

8) Equipamentos de proteção 9 1 11%


individual (EPIs) e coletivos
(EPCs)

9) Produtos cosméticos 11 1 9%

10) Documentação 9 8 89%

TOTAL 129 44

Fonte: A autora, 2017.

274
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Os resultados da Tabela 1 demostram que edificação, leiaute e instalações


físicas apresentaram, dos 49 itens avaliados, 29%, de não conformidades, é importante
ressaltar que nestes quesitos as ações corretivas estão vinculadas a investimentos
financeiros que dependem, portanto da IES para serem realizados. Ao se analisar as não
conformidades verificou-se que as principais foram: avarias no imóvel devido ao
desgaste como infiltrações, umidade, bolores; ralo sem mecanismo de vedação.
Foi observado que a Clínica escola está localizada em área central, sem focos
de contaminação, sem objetos em desuso, sem acúmulo de lixos. Vagas de
estacionamento, vaga para deficiente físico. Tem acesso direto e independente e entrada
para cadeirantes. O piso é liso, lavável, de fácil higienização. As paredes e divisórias e
portas são de cor branca, com pintura lavável. Janelas e escadas em adequado estado de
conservação e higiene.
As instalações sanitárias todas possuem papel toalha, não reciclável, sabonete
líquido, álcool 70% em gel. Há coleta frequente de lixo e presença de avisos com os
procedimentos para lavagem das mãos. Estas são independentes da área de
aula/treinamento. Também existem lavatórios exclusivos para lavagem das mãos nas
áreas de aula/treinamento com presença de avisos com os procedimentos para lavagem
das mãos.
A Clínica escola conta com boa iluminação natural e direta. Luminárias com
proteção adequada contra quebras e em adequado estado de conservação. Para melhor
conforto térmico são disponibilizados ventiladores e sistema de ar condicionado. O
Esgoto sanitário é público e de responsabilidade da Sanepar.
O Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas apresentou-se 67% de não
conformidade. Este é executado por empresa especializada e legalizada para aplicação
de tratamento químico das áreas internas. A empresa especializada deve emitir
certificado de garantia do serviço, o qual precisa ser renovado periodicamente,
comprovando a execução do serviço. Embora haja as rotinas que garantem este controle,
os registros não são arquivados na clínica escola, sendo assim, o certificado da
realização deste controle deve permanecer na clínica escola e arquivado em local
adequado e de fácil acesso. Os registros são uma das principais formas de demonstrar a
conformidade com os requisitos da ABNT NBR 16383. Também não há descrito e
implantado o POP para está rotina.
Quanto ao Suprimento e uso de água, esta é de natureza pública e é fornecida
pela Sanepar. Devido à água utilizada nos processos do estabelecimento ser proveniente
275
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

de rede pública, não há necessidade de realizar controle interno de potabilidade da água.


Entretanto este item apresentou 17 % desconforme, porque os registros de higienização
do reservatório não são arquivados na clínica escola. A higienização do reservatório de
água é feita a cada seis meses, por empresa especializada.
O item Manejo de Resíduos apresentou 67% de não conformidades. Embora a
clínica-escola possua recipientes de coleta de resíduos de fácil higienização e transporte,
realizam-se retiradas frequentes dos resíduos da área de processamento, estes não são
devidamente identificados, possui recipientes sem tampas e os resíduos são separados
apenas nas categorias de lixo comum, reciclável e perfurocortante, havendo ausência de
um plano de gerenciamento de resíduos, portanto da separação correta do lixo em
contaminado, químico, perfurocortante, reciclável e comum.
Os produtos químicos utilizados nas rotinas da clínica escola, não são
considerados lixo químico tóxico, podendo suas embalagens, após serem lavadas em
água corrente, descartadas no lixo reciclável e as sobras no esgoto sanitário.
A clínica escola, também atende a comunidade da IES (docentes e
funcionários) em todas as suas especialidades, incluindo as técnicas de tingimento
capilar (colorimetria), sendo assim é gerado lixo químico proveniente dos frascos
contendo tinturas. Este material não é armazenado na clínica, mas o funcionário é o
responsável por fornecer os produtos necessários ao atendimento e a clínica a
responsável pelo descarte do produto, ressaltando a necessidade da implantação do
sistema de separação e descarte deste resíduo químico.
Outro resíduo gerado no decorrer das atividades de ensino na clínica escola,
são os resíduos perfurocortantes, os quais são devidamente descartados em recipientes
rígidos do tipo descarpak.
Em estabelecimentos de saúde assim como na área da estética, há a geração de
lixos que necessitam de acondicionamento adequado como forma de minimizar os
riscos de contaminação de toda a equipe e do meio ambiente. Para que haja um correto
gerenciamento de resíduos e para que os lixos não sejam dispostos em locais
inadequados, é necessária a identificação das lixeiras, e que as mesmas possuam tampa
e pedal. Os resíduos infectantes devem ser acondicionados em sacos brancos, além das
lixeiras serem identificadas como lixo infectante e com uma relação de resíduo a serem
descartados nas mesmas (OPPERMANN; PIRES, 2003). Na estética facial, alguns
exemplos deste grupo são as luvas, toucas, algodão, gaze e lençóis descartáveis
contaminados com material biológico (RAMOS, 2009).
276
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Quanto aos equipamentos, mobiliários e utensílios dos 16 itens avaliados, 4


(25%) foram avaliados como não conformes, a clínica-escola possui equipamentos e
mobiliários em número adequado, dispostos de forma a permitir acesso e higienização
adequados. Os equipamentos se encontram em adequado estado de conservação e
possuem registro nos órgãos competentes (ANVISA), porém não passam por
manutenção/calibração preventiva.
No item higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios,
somente um item estava em não conformidade (17%). A clínica-escola possui
responsáveis pela operação de higienização, comprovadamente capacitados, realizam a
higienização com frequência adequada e uso de produtos de higienização regularizados
pelo Ministério da Saúde em quantidade suficiente e diluídos de acordo com as
instruções recomendadas pelo fabricante, porém não possuem registros da higienização.
Hábitos higiênicos e saúde de docentes, alunos e equipe, 57% encontravam-se
não conformes. Os docentes, colaboradores e alunos se apresentam em condições de
saúde e higiene adequadas, com vestimentas compatíveis à atividade exercida,
conservadas e limpas e em conformidade com as normas vigente. Docentes e
funcionários realizam exames de saúde periodicamente e apresentam-se com as
vacinações em dia devidamente comprovados através de carteira de vacinação
Docentes, colaboradores e a grande maioria dos alunos se apresentam com
unhas curtas e sem esmaltes coloridos e sem adornos que prejudiquem a realização dos
procedimentos, porém às vezes alguns discentes apresentam-se com unhas compridas e
coloridas, calças jeans ripped (calças rasgadas) e uso de adornos como pulseiras, anéis e
relógios.
A clínica-escola possui cartazes de orientação de lavagem das mãos próximos
aos lavatórios. Docentes, colaboradores e alunos recebem instruções adequadas sobre
matéria higiênico-sanitária, contudo alguns alunos entram nos laboratórios e se
posicionam para as aulas e procedimentos sem antes lavar as mãos nas salas de apoio.
Evidenciando a importância de estabelecer rotinas e controles por meio da implantação
do Manual de Boas Práticas higiênico-sanitárias.
Quanto aos Equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletivos (EPCs)
este item apresentou 11% de não conformidade. Quanto ao uso de EPIs, o corpo
docente e técnico tem se mostrado atento a esse respeito, orientando os alunos a fazerem
uso de jaleco, sapato fechado, touca, luvas e máscaras. O uso de óculos de proteção não
é um item exigido, porém seria importante incorporar este item aos EPIs visto que
277
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

existe o risco de contaminação ocular por fluidos contaminados como sangue,


exsudatos, secreções e substâncias químicas atingirem diretamente os olhos. A mucosa
ocular é mais sensível e apresenta menor barreira que a pele (RAMOS, 2009, p. 120).
A clínica-escola se apresenta em conformidade com as normas, fazendo uso
dos EPCs necessários, que são extintores de incêndio devidamente identificados e
dentro do prazo de validade e placas de sinalização.
Para o item Produtos cosméticos dos 11 itens avaliados apenas um (9%)
apresentou-se não conforme. Os produtos cosméticos utilizados na clínica-escola são
armazenados em local adequado, dentro do prazo de validade, regularizados pela
ANVISA, porém não existe uma planilha de controle desses itens. Os cosméticos são
utilizados de acordo com diagnóstico prévio realizado junto a cada aluno/modelo. Não
se realiza fracionamento ou diluição de produtos e as ceras para depilação são derretidas
nas termoceras e divididas em porções colocadas nas cubetas maleáveis para a
realização das aulas, descartando as sobras ao término do procedimento.
Com a aplicação da lista de verificação pode-se verificar que os itens que mais
comprometeram o bom desempenho da Clínica escola em boas práticas com 89% de
não conformidade foram à falta de Documentação e Registro e a falta do Manual de
Boas Práticas descrito e implantado.
Todas estas ocorrências podem ser facilmente corrigidas por meio da descrição
dos POPs e sua implantação, além de treinamentos periódicos em biossegurança. Para
todas as não conformidades foram sugeridas as medidas corretivas no plano de ação
(Figura 2).

278
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Figura 2 – Modelo de Plano de Ação Apresentando as não conformidades e medidas


corretivas.

3.2 PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO


Os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) encontram-se descritos
no manual de Boas Práticas, bem como toda a documentação. A Figura 3 apresenta o
POP de Lavagem das mãos.

279
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Figura 3 – POP de Lavagem das Mãos.

3.3 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS


Após analise dos dados obtidos foi possível elaborar uma proposta de
construção do Manual de Rotinas e Procedimentos para a clínica escola (Figura 4) e em
conjunto com o plano de ação, este será a ferramenta que auxiliará no processo de
implantação do manual pela coordenação da clínica escola.

280
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Figura 4 – Manual de Boas Práticas para Clínica Escola de Estética

Para o processo de implantação deve-se determinar um responsável por


executar a implantação do Manual de Boas Práticas e para a execução das medidas
corretivas apresentadas no plano de ação. Após a implantação do manual, este deve ser
apresentado aos alunos e professores por meio de treinamento em Biossegurança.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento e a implantação de um Manual de Boas Práticas poderá ser


uma referencia para os docentes, alunos, funcionários na orientação de práticas seguras
nas aulas e estágio supervisionado, aplicando a biossegurança para evitar especialmente
os riscos biológicos inerentes as atividades desenvolvidas na clínica escola. Além de ser
um diferencial em qualidade a partir da implantação dos POPs de higiene ambiental,
Manejo de resíduos e a documentação o qual pretende auxiliar na direção e coordenação
da clínica escola.

281
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

REFERÊNCIAS

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de normas técnicas salão de beleza. Rio de Janeiro: ABNT;SEBRAE, 2015. 56 p.
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12 ago. 2016.

______. NBR 16383: Salão de beleza – requisitos de boas práticas na prestação de


serviços. Rio de Janeiro. 2015. 15 p.

BRASIL. Anvisa. Cartilha sobre Boas Práticas para serviços de alimentação, 2004.
Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/389979/Cartilha+Boas+Pr%C3%A1ticas
+para+Servi%C3%A7os+de+Alimenta%C3%A7%C3%A3o/d8671f20-2dfc-4071-
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COSTA, Marco Antonio da. Qualidade em biossegurança. Rio de Janeiro:


Qualitymark, 2000. 100p.

OPPERMANN, C.M.; PIRES, L.C. Manual de biossegurança para serviços de


saúde. Porto Alegre: PMPA/SMS/CGVS, 2003.

PIATTI, Isabel Luiza. Biossegurança estética e imagem pessoal Formalização do


estabelecimento: Exigências da Vigilância Sanitária em Biossegurança. Curitiba: Edição
do Autor, 2013.

RAMOS, Janine Maria Pereira. Biossegurança em estabelecimentos de beleza e afins.


São Paulo: Atheneu, 2009. 185p.

ROCHA SOBRINHO, Hermínio Maurício da et al.. Avaliação do conhecimento e


práticas de biossegurança em uma amostra de profissionais da beleza de Goiânia-Goiás.
J. Health Sci Inst, v. 32, n. 4. 2014.

SACCOL, A. L. F. et al. Lista de Avaliação de Boas Práticas Para Serviços de


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universidade brasileira. Revista Extendere, Rio Grande do Norte, v. 3, n. 1, jan-jun.
2015. Disponível em: <http://www.periodicos.uern.br/index.php/extendere>. Acesso
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SILVA JR., Eneo Alves da. Manual de Controle Higiênico-Sanitário em Serviços de


Alimentação. 7 ed. São Paulo: Ed. Varela, 2014.

282
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A INFLUÊNCIA DOS NUTRIENTES E COMPOSTOS BIOATIVOS NA


DOENÇA DE ALZHEIMER

THE INFLUENCE OF NUTRIENTS AND BIOACTIVE COMPOUNDS IN


ALZHEIMER'S DISEASE

Greice Kikuch1
Mirtz Ayumi Nakamura Kuwahara2
3
Flavia Hernandez Fernandez

RESUMO

A doença de Alzheimer (DA), principal causa de demência no mundo e sobretudo entre os idosos, é uma
doença neurodegenerativa progressiva e irreversível, que se manifesta por um crescente agravamento das
funções cognitivas, motoras e das atividades da vida diária (AVD). Os principais fatores de risco são a
idade e os fatores genéticos, e na falta de um tratamento farmacológico capaz de reverter este distúrbio, a
investigação tem procurado avaliar o papel da nutrição ao nível da sua prevenção, bem como no atraso da
sua progressão. Inúmeras investigações sugerem que a ingestão de determinadas vitaminas, antioxidantes
e ácidos graxos polinsaturados (AGPI´s) ômega-3 podem influenciar o risco de desenvolver a doença.
Porém, uma vez que nada foi comprovado com absoluta certeza, recomendações específicas para prevenir
a DA não poderão ser efetuadas. Ainda assim, a promoção de hábitos alimentares que beneficiam o
estado de saúde geral dos indivíduos e previnem outras doenças poderá, também, ser benéfica na redução
do risco de desenvolver esta doença. Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica realizada sobre os
nutrientes e compostos como os flavonoides, ômega 3, resveratrol presentes em alimentos, com objetivo
de associá-los com a prevenção e ao tratamento da patologia buscando assim, um melhor entendimento
sobre os benefícios de uma ingestão adequada destes alimentos ricos em antioxidantes. Portanto, cabe ao
nutricionista, dentro de equipas interdisciplinares, avaliar o estado ponderal e nutricional dos doentes,
bem como a presença de co-morbilidades, determinando medidas que promovam uma nutrição adequada
e auxilie na promoção da qualidade de vida.

Palavras-Chave: Alzheimer. Envelhecimento. Tratamento nutricional, Antioxidantes

ABSTRACT

Alzheimer's disease (ad), the main cause of dementia in the world and particularly among the elderly, is a
progressive and irreversible neurodegenerative disease, which manifests itself by a growing deterioration
of cognitive functions, and motor activities of daily living (ADLS). The main risk factors are age and
genetic factors, and in the absence of a pharmacological treatment able to reverse this disorder, research
has sought to assess the role of nutrition in terms of prevention, as well as delay its progression.
Numerous investigations suggest that the intake of certain vitamins, antioxidants and polyunsaturated
fatty acids (PUFA ´ s) – omega-3 can influence the risk of developing the disease. However, since
nothing was proven with absolute certainty, specific recommendations for the prevention of cannot be
made. Still, the promotion of eating habits that benefit the overall health status of individuals and prevent
other diseases may also be beneficial in reducing the risk of developing this disease. This study this is a
literature review carried out on the nutrients and compounds such as flavonoids, Omega 3, resveratrol
present in foods, in order to associate them with the prevention and treatment of Pathology seeking thus a
better understanding of the benefits of an adequate intake of these foods rich in antioxidants. Therefore,
the nutritionist, within interdisciplinary teams, assess the weight and nutritional status of patients, as well
as the presence of co-morbidities, determining measures to promote adequate nutrition and assist in
promoting the quality of life

Keywords: Alzheimer's. Aging. Nutritional treatment, Antioxidants

1
Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: greicekikuchi@hotmail.com)
2
Docente do Departamento de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: mirtznakamura@yahoo.com)
3 Docente do Departamento de Farmácia e Estética do Centro Universitário Filadélfia – UniFil (e-mail: flavia.fernandez@unifil.br)

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o aumento significativo de idosos tem sido considerado um
fenômeno global. O envelhecimento é considerado um processo natural, irreversível que
ocorre durante toda vida desde o nascimento até a morte, muitas modificações ocorrem
no organismo do indivíduo acompanhado de declínios das funções biológicas,
psicológicas, mentais, cognitivas e motoras, sendo um processo multifatorial (AVERSI;
RODRIGUES; PAIVA, 2009).
O envelhecimento acelerado e acentuado da população está associado ao
aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tornando um grande
problema de saúde pública (ESCOTT-STUMP, 2011). Atualmente, um dos grandes
desafios para geriatria é a doença de Alzheimer (DA) considerado a mais comum nessa
fase da vida, pois está associada à idade, deixando de ser uma doença rara (INOUYE;
PEDRAZZANI; PAVARINI, 2010). Mas já se sabe que existem indivíduos com 30
anos ou mais que apresentam a patologia, porém a maior prevalência continua sendo
em indivíduos acima de 65 anos de idade (ARRUDA; ALVAREZ; GONÇALVES,
2008).
A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, irreversível, os
primeiros sintomas é a perda de memória e a evolução da doença é dividida em três
estágios como a inicial, leve e moderado (TAVARES; CARVALHO, 2012). A
patologia está relacionada com o envelhecimento cerebral onde há perda da conexão
sináptica dos neurônios, devido o acúmulo da proteína beta amilóide e o depósito de
placas senis (SERENIKI; VITAL, 2008). Há o desequilíbrio entre os radicais livres e as
enzimas que defendem o organismo, esse equilíbrio é fundamental para um bom
funcionamento do cérebro (COSTA, 2011).
O estresse oxidativo ocasionado pela DA pode afetar o estado nutricional do
indivíduo com a demência (PEREIRA, 2012), a nutrição exerce um papel fundamental
na prevenção e no controle das doenças não transmissíveis (DCNT), sendo essencial o
consumo dos alimentos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatório para o
controle do estresse oxidativos, ocasionados pelos radicais livres no organismo
(VARGAS et al., 2013).
De acordo com a evolução da doença, o estado nutricional piora gradativamente
por dificuldade em se alimentar, por piora na mastigação, deglutição dos alimentos
necessitando de cuidados nutricionais (STÜRMER, 2013).

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O presente estudo buscou identificar através de uma revisão literária os


diferentes alimentos que possuem propriedades antioxidantes e que possam influenciar
positivamente no controle e prevenção da doença de Alzheimer.

METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica é fundamental para definir a linha que deseja seguir
sendo o primeiro passo para iniciar qualquer tipo de pesquisa científica, é necessário
definir palavras chaves, autores, periódicos, autores e anos a ser trabalhado
(CONFORTO; AMARAL; SILVA, 2011). É realizada a partir do levantamento de
referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como
livros, artigos científico e páginas de web sites.
O estudo trata-se de um trabalho de conclusão de curso (TCC) com o título
relacionado a influência dos alimentos na Doença de Alzheimer, com tópicos
explicativos sobre a patologia. A pesquisa realizada é uma revisão bibliográfica com
coletas de informações através de livros de nutrição, artigos científicos nacionais e
internacionais nas bases de dados do Scielo, Medline e Bireme e Pubmed e Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) no período de 2007 a 2014, utilizando-se
os descritores demência, Alzheimer, idosos, antioxidantes, compostos bioativos e
alimentação.

DOENÇA DE ALZHEIMER (DA)


A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, onde há presença de
uma demência, com déficits em mais de duas áreas cognitivas (SERENIKI;
VITAL,2008). Resultam em deficiência progressiva e incapacitação das atividades, e os
primeiros sintomas clínicos é a perda de memória (HOLANDA et al.,2012).
Foi descrita pela primeira vez em 1907 por um médico psiquiatra alemão
chamado Alois Alzheimer que veio a falecer em 1915 com uma endocardite reumática e
insuficiência renal (MIRANDA et al., 2014), ele relatou o caso da paciente August D.
de 51 anos de idade, que foi levado à atenção médica devido a um quadro de delírio, aos
poucos obteve perda de memória e pouco tempo depois apresentou paralisia, ataxia e
desorientação espacial, e outros sintomas típico da DA. Após quatro anos e meio a
paciente faleceu e após a autópsia em seu cérebro confirmou a presença de lesões,
placas estranhas e fibras retorcidas (VARGAS et al., 2013).

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A Doença de Alzheimer é considerada multifatorial, seu diagnóstico específico


depende da análise das diferentes manifestações clínicas e de exames complementares
(SHIMODA; LIRA, 2007).
A taxa de incidência de novos casos da DA é parecido para ambos os sexos, mas
percebe-se que a taxa de prevalência em mulheres é maior por viverem mais tempo do
que os homens, sendo a idade um dos fatores que mais levam a desenvolver a doença
(ESCOTT-STUMP, 2011).
A Doença de Alzheimer é a principal causa de dependência funcional. Estudos
revelam um aumento anual constante da taxa de mortalidade em idosos com mais de 60
anos, no Brasil está associada também a vários fatores de risco, como as doenças não
transmissíveis (TEIXEIRA et al., 2015).
Projeções de prevalência e incidência indicam que ocorrerá um crescimento
elevado do número de pessoas com demência em países em desenvolvimento que estão
em transição demográfica, esses estudos epidemiológicos possuem grande importância
para orientar políticas de saúde pública (GUTIERREZ et al., 2014).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil há uma proporção
de 32 milhões de idosos, assim considerado o sexto país no mundo com maior número
de pessoas com faixa etária em torno de 60 anos, estima-se que até o ano de 2025 esse
número aumente chegando aproximadamente a 2 bilhões de idosos em todo mundo
(AVERSI; RODRIGUES; PAIVA 2009).
No Brasil a taxa estimada de idoso com a DA é de 7,7 por 1000 pessoas ao ano
(SCHMIDT, 2013), ainda não se tem um número concreto, mas estima-se que 500 mil
pessoas sejam acometidas pela doença, aumentando assim os custos que podem chegar
a 200 bilhões de reais (ILHA et al., 2014).
Quanto mais idoso o indivíduo se apresenta no momento do diagnóstico, menor
será sua sobrevivência, aumentando assim a alta mortalidade; ao contrário de um
diagnóstico precoce e uma faixa etária menor que apresentam uma sobrevida duas vezes
maior do que o grupo mais idoso (CAIXETA., 2012). A prevalência aumenta de 0,6%
no sexo masculino e 0,8% no sexo feminino aos 65 anos de idade, até atingir o valor de
36% no sexo masculino e 41% no feminino aos 95 anos de idade (GONÇALVES;
CARMO, 2012).
Os estudos realizados e descritos pelo médico alemão Alois Alzheimer no
cérebro de doentes, têm sido a base da investigação para conseguir identificar a causa da
doença de Alzheimer nos pacientes (ESCOTT-STUMP, 2011).
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Embora a patologia seja multifatorial sua etiologia ainda é desconhecida, mas


vários mecanismos já foram descritos como sendo envolvidos na causa da demência,
como fatores genéticos, metabólicos, reações inflamatórias, estresse oxidativo, proteínas
plasmáticas e cerebrais (CERA et al.,2014). Há um aumento da incidência da doença em
idosos a partir dos 65 anos de idade, duplicando a cada cinco anos, outros fatores
relacionados são a baixa escolaridade, o estilo de vida sedentário, algumas situações
patológicas como traumatismo craniano, diabetes mellitus e a depressão (PINTO et al.,
2009).
Outro fator de risco para o desenvolvimento da DA segundo os estudos e a
exposição a metais pesados, como o alumínio (Al). É um metal abundante no meio
ambiente, responsável por processos neurofisiológicos que afeta o tecido nervoso. O
contato com o Al é inevitável pois está presente na alimentação, no solo , no ar e
principalmente na água (FERREIRA et al., 2008).
Para o desenvolvimento da doença de Alzheimer cada fator citado pode
contribuir para o seu surgimento, mas ainda não se sabe como cada causa leva ao
comprometimento das funções neuronais (BUSNELLO, 2007).
Sua fase inicial é confundida com os problemas da idade, porém é fundamental o
diagnóstico precoce para o retardo do processo e para fornecer um auxilio ao paciente e
sua família (SILVA, 2007).
A doença de Alzheimer não tem cura é caracterizada por uma forma de
demência que compromete sua integridade física, mental e social, e atinge o sistema
nervoso central. Há presença elevada de marcadores biológicos como a proteína beta-
amiloide (Aβ) no cérebro e diversos tipos de placas senis, acúmulo de filamentos
anormais da proteína tau e consequente formação de novelos neurofibrilares (NFT), há
redução dos números de neurônios e da conexão sináptica, ativação da glia e a partir da
inflamação vão surgindo os sinais clínicos da doença (SERENIKI,2008).
Segundo Caixeta (2012) as fibras retorcidadas encontradas é consequência de
uma alteração química na proteína fosfo-tau, quando esta proteína é modificada
quimicamente promove o mau funcionamento dos micros túbulos ocasionando a morte
das células cerebrais e o acúmulo de beta-amiloide que ocasiona vários eventos
deletérios para os neurônios, levando a disfunção mitocondrial e aumento do estresse
oxidativo anormal e de reposta inflamatória.
Quando há formação das placas senis, a Aβ encontra-se em altas concentrações e
vão se acumulando e provocando lesões no córtex cerebral, as fibras amiloidais
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insolúveis são formadas no cérebro, as quais podem agregar-se ao zinco e ao cobre,


agravando assim, a toxicidade neuronal. (SERENIKI, 2008). Os sintomas de depressão
são muito comuns na DA e pode estar relacionado com a disfunção colinérgica e dos
componentes vascular (SILVA, 2007).
Em nível celular, a DA está associada à redução das taxas de acetilcolina (ACh)
no processo sináptico, diminuindo a neurotransmissão colinérgica cortical, além de
outros neurotransmissores como noradrenalina, dopamina, serotonina, glutamato e
substância P em menor extensão (NITZSCHE; MORAES; TAVARES, 2015).
A progressão da doença ocasiona graves consequências ao cérebro, há perda dos
prolongamentos neuronais, atrofia cerebral, diminuindo assim seu peso e volume.
Ocorre também o comprometimento da conectividade, diminuição do metabolismo e da
capacidade de recuperação neuronal (SÁ; ENGELHARDT, 2012). Alguns estudos
apontam que pessoas com poucas funções físicas apresentam um risco maior de
desenvolver a doença (ESCOTT-STUMP, 2011).
A perda da conexão sináptica citada pode ser responsável pelas manifestações
clínicas existentes nos pacientes com dificuldade de encontrar palavras, principalmente
nomes próprios, que pode preceder o aparecimento do declínio da capacidade de
memorização por anos (SILVA, 2007).
A neurodegeneração causada pela DA pode estar associada com o DNA
mitocondrial, quando encontradas em disfunção contribui para o declínio do estado
neurodegerativo do cérebro (FELDHAUS,2010). O estresse oxidativo leva a mutações
no DNA mitocondrial responsáveis pelas alterações na senescência, são produzidas
pelos radicais livres que se apresentam estáveis e reativos, sendo o oxigênio (O2) no
estado fundamental e o óxido nítrico (NO) que colaboram para sua produção
(CARDOSO; CAZOLLINO, 2009).
É importante o entendimento da fisiopatologia da doença para obter um
diagnóstico precoce para novas terapias que visem à origem da doença (ESCOTT-
STUMP, 2011).
É uma doença neurodegenerativa que causam incapacidade física e cognitiva
parcial ou total do portador de Alzheimer, os sintomas não são iguais para todas as
pessoas, é influenciado pela personalidade, estado físico e estilo de vida (COSTA,
2011).
Na maioria dos casos, os primeiros sinais da doença são a perda de memória por
afetar principalmente a parte frontal do cérebro, ocorrendo também diminuição no
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estado de orientação, atenção, raciocínio, fala e dificuldade nas atividades diária, falta
de apetite, além de causar alterações no temperamento e afetar o emocional
(LUZARDO, 2006). Outros sintomas da DA são os sintomas neuropsiquiátricos não
cognitivos, que incluem ansiedade, agressão, delírio, excitação ou apatia, desinibição ou
depressão (TORRAO et al.,2012).
Os pacientes com a DA associada com a depressão possuem maior dependência
na execução das atividades do cotidiano e maiores episódios de agitação (VITAL et al.,
2012). Os sintomas comportamentais e psicológicos do idoso com a doença de
Alzheimer são bastante comuns ao longo da evolução do quadro, e estão entre as
principais causas de sobrecarga do cuidador do paciente com a demência, relacionando-
se a maiores níveis de estresse nestes cuidadores (FONSECA et al.,2008).
A evolução da doença é gradativa e irreversível, é classificado em três estágios
como inicial, intermediário e avançado. No estágio inicial apresenta diminuição do
desempenho das tarefas e uma leve perda de memória, mas ainda se encontra
independente (TAVARES; CARVALHO, 2012).
Nos estágios moderados o comprometimento mental é maior com dificuldade
em reconhecer as pessoas, lembrar-se de fatos recentes, apresentam quadros de
agressividade e problemas fisiológicos como continência urinária e fecal, necessitando
de assistência de uma cuidadora ou familiar para realizar as tarefas da vida diária
(INOUYE; PEDRAZZANI; PAVARINI 2010).
Nos estágios terminais, as funções cerebrais já estão deterioradas em
aproximadamente oito a dozes anos, comprometendo todas as funções, podendo levar o
indivíduo a complicações como riscos de quedas, úlceras por pressão, entre outras
(XIMENES, 2014). Nesta fase pode necessitar de assistência integral por se tornarem
dependente, pois há um grave comprometimento das funções cognitivas prejudicando
sua qualidade de vida (POLTRONIERE; CECCHETTO; SOUZA, 2011).
Os idosos com demência apresentam grande risco nutricional, gerando uma série
de mudanças nos hábitos por apresentarem perda de autonomia que o tornam distraídos
e lentos durante a refeição, com dificuldades na mastigação, deglutição e de
deslocamentos para o preparo das refeições e desordens, isso leva a uma baixa ingestão
alimentar e hídrica levando a maiores taxas de mortalidade nesta faixa etária
(STURMER et al., 2013). A deglutição prejudicada conhecida como disfagia, é comum
em pacientes com a doença de Alzheimer, afetando de 28 a 32% desses pacientes, os

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estudos apontam que quanto maior a gravidade da doença maior o risco de disfagia
(GONÇALVES; CARMO, 2012).
Outro fator associado ao envelhecimento e a demência é a sarcopenia, definida
como a perda da massa e força na musculatura esquelética, o indivÍduo se encontra
vulnerável a risco, como quedas, fraturas, incapacidade e em alguns casos dependência
total prejudicando ainda mais o indivíduo com a patologia (SILVEIRA, 2012).
O diagnóstico da DA é feito através da análise dos sintomas juntamente com a
exclusão de possíveis causas relacionadas a outras patologias, através de exames
clínicos, laboratoriais (APRAHAMIAN; MARTINELLI; YASSUDA, 2009). Pode ser
realizado também através de exames de sangue, Tomografia Computorizada (TC),
Tomografia Computadorizada de Perfusão por Emissão de Fóton (SPECT), Tomografia
por Emissão de Positrão (PET) e Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
(RODRIGUES, 2011).
Porém, o diagnóstico final só se deve após a biópsia cerebral que analisa se há
alterações histológicas da doença como inúmeras placas neuríticas e fibras retorcidas no
hipocampo e neo córtex do encéfalo do possível ou portador da doença de Alzheimer
(GONÇALVES; CARMO, 2012).
O tratamento da doença de Alzheimer não tem como objetivo buscar a cura, mas
sim melhorar a qualidade de vida e a progressão dos sinais e sintomas da patologia
(SILVA, 2007).
O tratamento pode ser realizado por meio de medicamentos específicos e o uso
de tranquilizantes suaves nos casos de ansiedade ou agitação, porém não existe ainda
nenhum tratamento que tenha efeitos de reverter ou parar a progressão da DA, assim
alguns estudos trazem os inibidores das colinesterases como um fármaco que tem
demonstrado efeitos benéficos no atraso da progressão das manifestações clínicas da
doença (COSTA, 2009). Porém, nos estágios avançados não há um fármaco ou
tratamento eficaz para seu controle total. São necessários tratamentos não
farmacológicos, com acompanhamento de uma equipe multiprofissional e a assistência
de forma integral de uma cuidadora, pois com o agravamento dos sintomas no decorrer
dos anos, o paciente se encontra totalmente dependente (SILVA et al., 2010).
Nos diversos estágios da doença é fundamental o acompanhamento dos
profissionais da saúde, necessitando de uma integração com médicos, nutricionistas,
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistente social e
enfermeiros (OLIVEIRA; DELLAROZA, 2010). Os cuidados de enfermagem são
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importantes no auxílio do uso correto dos medicamentos, cuidados com a pele,


hidratação, e no manejo das intercorrências clínicas (XIMENES al et ., 2014).
O tratamento também contribui para melhorar o estado físico e mental do
portador de Alzheimer, sendo essencial trabalhar com a estimulação mental e física,
com a presença da família e do cuidador nos processos terapêuticos.O paciente deve ser
estimulado a realizar tarefas do dia a dia, ter uma vida social, realizar exercícios físicos
e de memória, com objetivo de retardar a evolução da doença (INOUYE; OLIVEIRA,
2013).
O tratamento voltado para a melhora nutricional do portador da DA baseia-se em
melhorar a cognição motora e o comportamento alimentar, implementando alguns
hábitos dietéticos como servir as refeições em locais agradáveis, realizar as refeições
junto com a família, fracionar e incentivar a ingestão de alimentos. Algumas mudanças
podem ser essenciais para melhorar a qualidade de vida e o estado de ânimo do idoso,
influenciando positivamente no seu tratamento (STÜRMER et al., 2013).
Em todas as fases da vida é fundamental uma boa nutrição, mas há uma
preocupação voltada para o envelhecimento saudável quando associado a estados
patológicos, pois o envelhecimento é considerado complexo, com a presença de estresse
oxidativo, onde há alterações degenerativas. As alterações ocorrem em todas as partes
do corpo com alterações funcionais no organismo do idoso (AVERSI; RODRIGUES;
PAIVA, 2009).
O paciente com a demência tem seu estado nutricional afetado de forma drástica,
seja por risco de baixo peso ou sobrepeso, devido a perda de apetite ou a recusa em se
alimentar, compulsão por determinados alimentos ou alterações na capacidade de
mastigar, digerir e absorver os alimentos, ficando mais vulneráveis a desnutrição,
desidratação e aspiração. As doenças degenerativas prejudicam as necessidades
orgânicas de proteínas e de calorias, podendo estar associadas à inapetência, causada
pela própria doença, por determinados medicamentos e por dificuldades na alimentação,
levando a um comprometimento da nutrição dos idosos (TAVARES; CARVALHO,
2012).
De acordo com Busnello (2007) os estudos demonstraram que, quando
comparados a um grupo de pessoas sem a patologia, os que possuem a demência
apresentaram diferenças no estado nutricional com quadro de perda de peso e uma
ingestão calórica inadequada.

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Principalmente nos casos de riscos que os idosos possuem dificuldade em se


alimentar, desta forma é necessário um suporte nutricional para promover hábitos
alimentares saudáveis, melhorando assim seu estado nutricional (ESCOTT-STUMP,
2011). Deve-se evitar a ingestão de alimentos que contribuam para a progressão da
doença como os alimentos ricos em açúcares, ácidos graxos saturados, álcool e
carboidratos simples (GOES, 2012). A dieta do paciente com a DA deve ser variada
com propriedades antioxidantes, branda ou semi branda para proporcionar a facilidade
na deglutição e com alta densidade calórica e ricas em fibras para melhorar o hábito
intestinal, pois nessa fase da vida se encontra lenta (FRAGA; PEDROTI; BICAS,
2011).
Os antioxidantes são considerados substâncias capazes de retardar ou inibir a
oxidação de substratos, envolve o sistema enzimático exógeno e endógeno, sua ingestão
está relacionada a casos de diminuição da doença de Alzheimer (MORAES et al., 2009).
A vitamina E possui efeito protetor nas membranas celulares, na sua ausência os
radicais livres catalisam a peroxidação dos ácidos graxos polinsaturados (AGPI)
ocasionando danos tanto as membranas quanto ao DNA, as melhores fontes são óleos
vegetais, sementes, cereais integrais, abacate, frutas vermelhas, legumes e vegetais de
folhas escuras (SILVA; 2007). A vitamina C (ácido ascórbico) atua como proteção do
cérebro, tem como função a neuromodulação e envolvimento na angiogênese
prevenindo problemas neuropsicológicos. Recomenda-se a ingestão diária deste
micronutriente através de uma dieta rica em frutas principalmente as cítricas, e o
consumo de legumes e vegetais (OLIVEIRA, 2015).
O selênio se destaca pela sua função de antioxidante contra ação nociva de
metais e aumento da resistência pelo sistema imunológico. Estudos realizados com
idosos com demência verificaram níveis reduzidos desse mineral. As fontes alimentares
são frutos do mar, peixes,carnes e a castanha do Brasil, considerada a melhor fonte de
selênio, contendo grandes quantidades de compostos fenólicos que promovem a
neutralização dos radicais livres (CARDOSO, 2014).
O ômega 3, ácido eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenóico (DHA) é uma
ácido graxo poli-insaturado, considerado um alimento funcional essencial ao nosso
organismo (ZANARDO; SPEXOTO; COUTINHO, 2014). Auxiliam na manutenção de
níveis saudáveis de triglicerídeos, na diminuição do risco de depressão, nos processos
inflamatórios, na proteção de doenças vascular, alergias, artrite e principalmente na
degeneração neurológica do envelhecimento (BARBALHO, 2011).
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Os estudos apontam que os portadores da DA apresentam baixas concentração


de DHA no cérebro, essa deficiência é devido o estresse oxidativo que a doença causa
através dos radicais livres, o baixo consumo está associado a maiores riscos de
desenvolvimento da patologia. O consumo regular de ômega 3 auxilia na regulação do
organismo evitando a produção da beta amiloide, modificando reações inflamatórias e
imunes e possuindo efeito neuroprotetor, diminuindo assim os sintomas da doença
como melhora do raciocínio e aprendizagem (ZANARDO; SPEXOTO; COUTINHO,
2014).
Para alcançar os benefícios esperados, deve-se ingerir regularmente os alimentos
ricos em ômega 3, encontrados em óleos vegetais, oleaginosas, como a amêndoa e a
castanha, verduras, frutas e vegetais de folhas verdes, cereais, linhaça, e principalmente
em peixes como, atum, anchova, carpa, arenque, salmão e sardinha (VIDAL, 2012).
Recomenda-se duas refeições a base de peixe por semana para obter uma
alimentação saudável ou optar por suplementos alimentares de óleo de peixe
diariamente, para atingir a ingestão recomendado através de 1 a 3 cápsulas ao dia
(SANTOS, 2013; MORAES; LUNA, 2014).
Apesar de todos os benefícios do ômega 3 não é recomendado uma ingestão
maior que 3000 mg/dia, deve se limitar-se a 10% do valor calórico total podendo
ocorrer reações adversas relacionado ao controle glicêmico e a riscos de sangramento.
Os efeitos colaterais da alta dosagem de suplementação de Ômega-3 estão relacionados
com o trato gastrointestinal, podendo ocorrer sintomas como diarreia leve, indigestão e
náuseas, que podem ocorrer em 4% em dosagens < 3 g/dia e em até 20% em dosagens
de 4g/dia (COSTA, 2009).
Os flavonoides são substâncias naturais que possuem atividades biológicas como
ação anti-inflamatória e antioxidante, possuindo inúmeros compostos e se diferem pela
sua estrutura química e características particulares, são obtidas diariamente pela
alimentação (SILVA, 2007).
A quercetina é considerada o flavonoide mais abundante da natureza e o que
possui mais propriedades farmacológicas, por apresentar um grande efeito antioxidante
e anti-inflamatório devido ainibição da ciclo-oxigenase (COX2) e do óxido nítrico
(BARROS, 2012). Estão presentes em vegetais e frutas como brócolis, cebola roxa,
couve, frutas vermelhas, tomate e na maçã, com alta concentração na casca
(MACHADO, 2012). Em um estudo realizado para analisar a concentração de
quercetina nos alimentos foi demonstrado que os chás comercializados como o preto,
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verde e a erva mate possuem alto teor de quercetina, assim como na acerola, pitanga
(HUBER; AMAYA, 2008).
O resveratrol tem sido alvo de inúmeras pesquisas, por apresentarem diferentes
ações biológicas, como ação anticoagulante, anti-inflamatória, antitumoral e atua como
antioxidantes como forma direta, inibindo os radicais hidroxila (HO*) e peróxido de
hidrogênio (H2O2) bloqueando as suas atividades ou de forma indireta através da
modulação de sistemas pró ou antioxidante. O resveratrol pode reduzir os níveis das
placas de β-amilóide e impedir a formação dos agregados de fibrilas e assim auxiliar na
prevenção da doença de Alzheimer (MACHADO, 2012).
Esse flavonoide é presente principalmente na uva, alguns estudos mostram os
benefícios do seu consumo e derivados além de possuir outros flavonoides como a
quercetina presente em sua casca. As que mais possuem propriedades de resveratrol são
as uvas Vitisvinifera, V. labrusca, V. muscadine, porém a concentração maior está na
película que contém 50 a 100 ug/g (COMACHIO; TOLEDO, 2011). Recomenda-se o
consumo de até duas taças de vinho ou 125 a 480 ml de suco de uva por dia, associado a
uma dieta balanceada para que seu consumo traga benefícios a saúde (MARCON,
2014).
Estudos realizados com o chocolate amargo que possui alta concentração de
cacau e pouca de açúcar, foi visto que possuem benefícios por apresentarem
flavonoides, mas se consumidos adequadamente sem excesso, ajudam na memorização
de idosos com DA (NOGUEIRA; KIHARA; PASCHON, 2015) e possuem outros
benefícios para o cérebro como afastar o sono, dar disposição e previne a depressão,
gera sensação de bem-estar e melhora o humor (SILVA, 2007).
Outro fruto que possui flavonoide é o açaí, rico em antocianinas presentes nas
frutas coloridas da natureza, segundo os estudos o consumo desse alimento traz
benefícios para saúde, combate o envelhecimento celular, os danos oxidativos, melhora
a função cerebral e auxilia no tratamento de desordens neurológicas, sendo um potente
antioxidante (KOLEVSKI, 2012). Também apresenta um importante papel como
inibidor das enzimas mediadoras de processos inflamatórios (BERNARD; FUNCHAL,
2011).
A coenzima Q10 (CoQ10) um composto lipossolúvel com absorção lenta, faz
parte da cadeia transportadora de elétrons e apresenta grande quantidade na
mitocôndria, principalmente nos órgãos que necessitam de muita energia como o
coração e o cérebro, no envelhecimento há diminuição dos níveis de coenzima Q10. É
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possível aumentar esse composto através da alimentação, porém não é o suficiente para
conseguir suprir as necessidades, por que somente 10% é absorvida no trato
gastrointestinal (OLIVEIRA, 2012). Possui algumas funções como proteger o cérebro
do envelhecimento natural e ao ingerir a coenzima Q10 auxilia para que as células
cerebrais rejuvenesçam contribuindo para prevenção da DA. São fontes alimentares
espinafre, sardinha, carnes, peixes gordos e soja (ESCOTT-STUMP, 2012).
A colina é essencial para preservar a integridade estrutural, possui efeito sobre
os neurotransmissores sendo a maior fonte metil da dieta. Sua baixa concentração
plasmática tem sido associadas a elevadas concetrações de amino transferase e esteatose
hepática. É encontrada nos alimentos nas formas livre esterificada como fosfocolina,
glicerofosfocolina e esfingomielina (COZZOLINO, 2012).
Para controlar o estresse oxidativo é fundamental o sistema de defesa
antioxidante, envolve dois tipos, enzimáticos (superóxido dismutase, catalases,
glutationaperoxidase e sistemas tioredox) e não enzimáticos (glutationa, melanina,
melatonina,-tocoferol e o ácido lipóico) que possuem a função de proteger o
organismo aumentando a imunidade (BRITO, 2012).
Os antioxidantes enzimáticos tem como função principal eliminar as espécies
reativas e pequenos desvios fisiológicas, o não enzimático é essencial para fortalecer a
imunidade fornecendo ao organismo resistência ao estresse oxidativo e proteção de
macromoléculas (BRITO, 2012) e estão distribuídos ptincipalmente nos alimentos
vegetais (SANTOS et al., 2014).
A glutationa é o principal antioxidante no citoplasma, possui papel determinante
na resposta imune, é uma enzima fundamental para a regeneração da glutationa reduzida
e atua na proteção contra o estresse oxidativo (CARREIRA, 2009; RESCHKE et al.,
2015).
A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal existente no
cérebro (TALBOTT, 2008), possui propriedades lipossolúveis e sua produção é obtida
por ambientes escuros. Com o envelhecimento os niveis de melatonina diminuem e
quando associado a distúrbios neurológicos se encontram bem mais diminuídos
(PACHECO et al., 2013). É considerada um antioxidante, protege as células contra o
estresse oxidativo e evita lesão oxidativo no DNA, uma fonte alimentar desse hormônio
é o leite de cabra produzido a partir da ordenha noturna (ESPESCHIT et al., 2014).

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A α-tocoferol é a forma ativa da vitamia E, com aproximadamente oito


estereoisômeros, possui efeito antioxidantes sobre as células protegendo as membranas
celulares dos danos ocasionados pelos radicais livres e inibi a peroxidação lipídica
sendo uma das principais consequências do estresse oxidativo (CALIMAN;
OLIVEIRA, 2007; VARGAS, 2013). Encontrados em plantas, sementes e
principalmente em óleos vegetais, gérmen ou farelo de glúten, porém a sua forma mais
utilizada e através da suplementação (FOGAÇA; SANTANA, 2009).
O ácido lipóico é um composto normalmente sintetizado pelo fígado, é um
antioxidante que possui a capacidade de inibir os radicais livres prevenindo a
degeneração nervosa como a DA, pode ser obtida pela dieta ou pela síntese mitocondrial
(ANDRADE et al, 2010). É encontrado na mitocôndria que participa do ciclo de krebs e
nos alimentos como espinafre, tomate e brócolis, obtendo uma rápida absorção e uma
melhora intelectual e neuropsicomotora (MORAES et al., 2009).
Atualmente há muitos tratamentos para DA utilizando o consumo de
antioxidantes naturais, como os compostos fenólicos existentes nas plantas. Os chás
naturais são ricos em catequinas, flavonoídes e possuem propriedades antioxidantes e
sequestrantes dos radicais livre (MORAES et al., 2009).
O ginkgo biloba é uma planta medicinal que tem sido considerado um produto
fitoterápico no tratamento de pacientes com a doenca de Alzheimer (NETO et al.,
2014). Seu uso está relacionado com a melhora do desempenho da memória, na
capacidade de aprendizagem e possui efeito protetor nos neurônios (CHAVES;
FERREIRA,2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que está comumente presente na
vida dos idosos com aumento progressivo na incidência. A qualidade do
envelhecimento é resultado do estilo de vida que o indivíduo leva, desta forma a terapia
nutricional tem como objetivo prevenir e auxiliar no controle da doença de Alzheimer.
Cabe ao nutricionista, dentro de equipes interdisciplinares, avaliar o estado ponderal e
nutricional dos doentes, bem como a presença de co-morbilidades, determinando
medidas que promovam uma adequada nutrição do doente, previnam a perda ou o
aumento de peso, desidratação, combatam a disfagia e deficiências nutricionais
inerentes à doença que conduzem, por sua vez, à diminuição da qualidade de vida dos
mesmos. Para tal, através do contato próximo com o doente e cuidador, a monitorização
296
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da ingestão alimentar e, se necessária, a prescrição de suplementos calórico-proteicos


e/ou de vitaminas e ômega 3, deverá fazer parte do tratamento da DA.
O consumo de nutrientes e compostos com função antioxidantes são de suma
importância quando ingeridos habitualmente para obtenção do efeito na prevenção
contra o estresse oxidativo. São propostas, também, algumas recomendações
nutricionais, pois por apresentarem uma ingestão diminuída, pacientes com Alzheimer,
necessitam uma dieta balanceada, incluindo quantidade adequada de proteínas, fibras,
vitaminas e minerais, principalmente o cálcio, ácido fólico, vitaminas C e E, e vitaminas
do complexo B. Com o estudo realizado, foi possível observar a variedade de alimentos
que são benéficos e o quanto é importante para saúde humana ter uma alimentação
saúdavel no decorrer da vida, auxiliando o organismo a ter uma boa imunidade para
prevenir de possíveis doenças.
Porém, sugere-se novos estudos com aplicação prática com portadores de
Alzheimer para avaliar o consumo diário dos compostos bioativos a longo prazo,
mostrando assim, seus reais benefícios e mudanças na qualidade de vida.

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301
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ADICIONAIS NO CONTROLE DE


QUALIDADE DE CAPPUCCINO

ADDITIONAL MICROBIOLOGICAL ANALYZES IN THE QUALITY CONTROL


OF CAPPUCCINO
Anderson da Silva Domingos1
Flávia Hernandez Fernandez2

RESUMO

A importância do controle de qualidade nas empresas de alimentos vem se destacando ao longo dos anos,
muitas organizações têm procurado profissionais experientes para essa função com o objetivo único de
aumentar a segurança de seus produtos e a credibilidade juntos aos seus clientes. Através de selos de
qualidade os produtos podem destacar-se no mercado, sendo pré requisito para a importação destes, a
paises como Oriente médio ou países de primeiro mundo que prezam por produtos comprovadamente de
alta qualidade. Baseado nessas informações surgiu o interesse por pesquisar um produto que tem crescido
no mercado nacional, o cappuccino, esse contém vários componentes que necessitam um cuidado
específico na produção, como por exemplo a escolha do leite. Estudando tal componente observa-se que
sua produção tem muitos fatores de risco, por se tratar de um produto animal o cuidado deve ser
redobrado, desde a escolha do animal, do qual o leite será extraído, até o consumo final. Foi devido á essa
fragilidade do cappuccino e seus componentes que o interesse por este estudo foi despertado, pois muitos
ingredientes desta bebida podem ser facilmente contaminados afetando a saúde dos consumidores. A
pesquisa busca compartilhar os resultados encontrados em análises de amostras da bebida, realizadas com
o objetivo de identificar crescimento de microorganismos, com alto grau de patogeniscidade, visto que
este fato pode causar risco à saúde do ser humano. Para realização do referido experimento utilizou-se
metodologia padrão para análises em alimentos, baseada nos procedimentos utilizados em empresa de
grande porte na região norte do Paraná. Os testes executados durante a realização desta pesquisa foram:
Bolores e leveduras, Contagem Total de Bactérias Aeróbias Mesófilas, Coliformes Totais e Estafilococos.
Foram encontrados resultados satisfatórios, pois se enquadram dentro das especificações da ANVISA.

Palavras-chave: Análises em Alimentos; Análise Microbiológica; Cappuccino; Patogenese;

ABSTRACT

The importance of quality control in food companies has been highlighting over the years, many
organizations have been searching for experienced professionals for this function with the purpose
of increasing the safety of their products and the credibility with their customers. Through quality
certification schemes that grants a stamp on the product so it stands out in the market, or else they are
condition to be able to work in restricted places like countries of the Middle East or developed
countries that prize for proven high-quality product. Based on this information came the interest to
research a product that has grown in the current market, cappuccino, it contains several components that
requires specific care in production, such as one of its ingredients milk. Moreover by reviewing this
component, it is observed that its production has many risk factors, as a product from animal source it
must be used with extra care, from the choice of the animal, from which the milk will be extracted, until
the final consumption. The interest of this study was due to the high risk of the ingredients that
compose the cappuccino, since many ingredients of this beverage can be easily contaminated
affecting the health of consumers. The importance of quality control in food companies has been
highlighting over the years, many organizations have been searching for experienced professionals for
this function with the purpose of increasing the safety of their products and the credibility with their
customers. Through quality certification schemes that grants a stamp on the product so it stands out in the
market, or else they are condition to be able to work in restricted places like countries of the Middle East

1
Aluno de graduação do quinto ano do curso de Farmácia do Centro Universitário Filadelfia – Unifil – andrinhofd@yahoo.com.br
2
Docente de graduação do curso de Farmácia do Centro Universitário Filadelfia – Unifil – flavia.fernandez@unifil.br

302
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

or developed countries that prize for proven high-quality product. Based on this information came the
interest to research a product that has grown in the current market, cappuccino, it contains several
components that requires specific care in production, such as one of its ingredients milk. Moreover by
reviewing this component, it is observed that its production has many risk factors, as a product from
animal source it must be used with extra care, from the choice of the animal, from which the milk will be
extracted, until the final consumption. The interest of this study was due to the high risk of the ingredients
that compose the cappuccino, since many ingredients of this beverage can be easily contaminated
affecting the health of consumers. The research aims to identify the growth of microorganisms from
analyzes of cappuccino samples, with a high degree of pathogenicity, since it has a direct impact on
human health. For the accomplishment of this experiment, a standard methodology was used for food
analysis, based on the procedures used in a large company in the northern region of Paraná. The tests
were performed for: Molds and yeasts, Total Count of Mesophyll Aerobic Bacteria, Total Coliforms and
Staphylococci. All results are specifically exposed at the end of this work, beforehand it is reported that
they were satisfactory, since they fit within the specifications of ANVISA.

Keywords: Analyses in Food; Microbiological analysis; Cappuccino; Pathogenesis;

INTRODUÇÃO
As bactérias, bolores e leveduras são microrganismos de maior
destaque em deteriozação e como eventuais patógeno ao homem, por isso a importância
de um bom controle de qualidade, avaliando as boas práticas de fabricação.
O interesse em realizar uma pesquisa com foco principal no
cappuccino veio da observação do aumento da popularidade, e consumo desta bebida no
Brasil. Assim buscou-se evidenciar os resultados dos testes realizados em cinco
amostras de cappuccino. O objetivo em realizar estas análises é a investigação de
presença de microorganismos que possam afetar a saúde dos indivíduos consumidores
deste produto.
Para alcançar o referido objetivo determinou-se o teste Bolores e
Leveduras para compor a bateria de análises. Segue descrição sobre a estrutura do bolor,
que pode ser encontrado neste tipo de pesquisa, de acordo com FRANCO e
LANDGRAF (2003):
A estrutura básica dos bolores é formada por filamentos denominados hifas,
que, em conjunto, formam o micélio. Hifas podem ser septadas, isto é,
divididas em células que intercomunicam-se através de poros, e não septadas
(ou cenocíticas), com os núcleos celulares dispersos ao longo de toda a hifa.
O micélio pode ter duas funções distintas: promover a fixação do bolor ao
substrato (micélio vegetativo) e promover a reprodução, através da produção
de esporos (micélio reprodutivo). Os bolores podem reproduzir-se
sexualmente (fungos perfeitos) ou assexualmente (fungos imperfeitos), ou
ainda pelos dois processos, simultaneamente. O micélio dos bolores é
responsável pelo aspecto característico das colônias que formam. Estas
colônias podem ter um aspecto cotonoso, ser secas, úmidas, compactas,
aveludadas, gelatinosas, com variadas colorações. Normalmente, uma análise
macroscópica da colônia formada é suficiente para a identificação de, pelo
menos, o gênero ao qual o bolor pertence (p.3 e 4).

303
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Outros fatores importantes de análise são as leveduras, que avaliam-se


em conjuto com os bolores, e os demais testes escolhidos, que serão especificados no
decorrer desta pesquisa.
Observando as contribuições acadêmicas dos últimos anos tem-se
percebido que falar sobre a qualidade dos alimentos é algo que está ganhando
importância e lugar nas mais diversas discussões, porém chegar à uma definição ainda é
um trabalho em construção. Dentro desta temática encontram-se os orgãos
fiscalizadores e de registros que reconhecem um produto como adequado de acordo com
determinações especificas. Neste caso temos a ANVISA, por exemplo, a qual realiza
registro de diversos produtos:
O registro é o ato legal que reconhece a adequação de um produto à
legislação sanitária, e sua concessão é dada pela Anvisa. É um controle feito
antes da comercialização, sendo utilizado no caso de produtos que possam
apresentar eventuais riscos à saúde. Para que os produtos sujeitos à vigilância
sanitária sejam registrados, é necessário atender aos critérios estabelecidos
em leis e à regulamentação específica estabelecida pela Agência. Tais
critérios visam minimizar eventuais riscos associados ao produto. Cabe à
empresa fabricante ou importadora a responsabilidade pela qualidade e
segurança dos produtos registrados junto à Anvisa (ANVISA, 2016).

O objetivo deste trabalho não consiste em aprofundar-se no quesito


dos registros, porém esta informação é de grande valia para que o consumidor possa ter
maior confiabilidade na qualidade do produto adquirido e fazer compreender os
resultados dos testes análiticos aplicados as amostras, com intuito de levar informações
a população, de forma geral, sobre a qualidade dos produtos consumidos no dia a dia do
indivíduo brasileiro.
METODOLOGIA
O produto utilizado foram 5g de mistura de cappuccino tradicional,
em cinco amostras distintas, estas eram compostas pelos seguintes ingredientes: açucar,
leite em pó desnatado, composto lácteo com gordura vegetal sabor de leite (soro de
leite, gordura vegetal, xarope de glucose, leite, concentrado proteico de soro, regulador
de acidez bicarbonato de sódio, emulsificante, mono e diglicerídeos de ácidos graxos e
aromatizantes), café solúvel, soro de leite, cacau, espessantes carragena,

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carboximetilcelulose sódico, antiumectante, fosfato tricálcico e regulador acidez


dipotássico.
A metodologia descrita a seguir refere-se aos testes utilizados durante
o processo de pesquisa, sem ordem cronológica específica de realização: Teste de Bolor
e Leveduras, como mencionado na introdução o bolor refere-se a um microorganismo
passível de ser identificado no produto utilizado na pesquisa; as leveduras podem ser
definidas “[...] como fungos cuja forma predominante é unicelular. Podem ser esféricas,
ovóides, cilíndricas ou triangulares. Algumas são bastante alongadas formando
filamentos semelhantes às hifas dos bolores” FRANCO e LANDGRAF (2003).
A preparação das Placas para a identificação dos bolores e leveduras
se deu utilizando o meio de cultura rosa bengala, este foi diluído em água destilada e
autoclavado até sua esterilização, após ser retirado da autoclave foi repousado em banho
maria até o resfriamento, em seguida adicionado em Placas de Petri, aguardou-se a
solidificação, e ao atingir este ponto estava à disposição para ser inoculado (SILVA,
JUNQUEIRA, SILVEIRA, 2010).
Meios de cultura utilizados:
 Solução de Diluição - Solução Tampão Fosfato (PBS):
 Agar Dichloran Rosa de Bengala Cloranfenicol – DR:
Utilizou-se método para Contagem de Bolores e Leveduras em
amostras sólidas e líquidas. O resultado foi expresso em UFC/mL para amostras
líquidas e UFC/g para amostras sólidas. Cada colônia obtida na placa inoculada 0,1mL
na diluição 1:10 representou 100UFC/g ou mL, para se obter contagem menor que 100
UFC, foram utilizadas três placas com 0,3mL e uma placa com 0,1mL, o resultado
obtido formando as colônias encontradas em todas as placas considerando a diluição.
Outro teste utilizado no processo foi Coliformes Totais, este tem por
objetivo identificar determinadas bactérias, de acordo com FRANCO e LANDGRAF
(2003), compreende-se o teste como “bactérias da família Enterobacteriaceae, capazes
de fermentar a lactose com produção de gás, quando incubados a 35-37°C, por 48 horas.
São bacilos gram-negativos e não formadores de esporos.” (p. 28, 2003).
Reagentes e Diluentes:
 Água destilada;
 Solução Tampão Fosfato – PBS ;


Informações retiradas das embalagens dos produtos analisados.

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 Meio de Cultura – Rapid E.coli 2 Agar / Chromocult Agar;


 Álcool Etílico 70%.
Os equipamentos necessários para o teste de Coliformes Totais são os
mesmos utilizados para o teste de Bolores e Leveduras. Na sequência segue a descrição
do preparo dos materiais, meios e reagentes:
 A água utilizada para o preparo de meios e reagentes deve ser destilada/Milli-Q
ou de qualidade equivalente;
 Seu transporte até o laboratório de microbiologia deve ser feita em recipiente
inerte, vidro neutro ou polietileno e deve ser coletada no momento do uso não
podendo ficar estocada;
Quanto as diluições Seriadas (Amostras sólidas e líquidas),o número
de diluições necessárias, depende do nível de contaminação esperado e deve ser tal que
permita na contagem total em placas, elas devem apresentar um número de colônias
entre 25 e 250 para contagem total ou 15 e 150 na contagem de bolores e leveduras.Para
a obtenção da diluição 1:100 (10-2), utilizou-se 1mL da primeira diluição (10-1) para
9mL do diluente PBS. Para a obtenção da diluição 1:1000 (10-3) foram utilizados os
mesmos procedimentos..
Foram realizados testes de Contagem Total de Bactérias Aeróbicas
Mesófilas, este referem-se à qualidade sanitária dos alimentos. Os equipamentos e
materiais se assemelham aos utilizados nas avaliações anteriores.
Ainda seguindo as orientações baseadas em SILVA, JUNQUEIRA e
SILVEIRA (2010), o processo de preparação dos meios de cultura os reagentes e
diluentes foram:
 Água destilada;
 Solução Tampão Fosfato ;
 Meio de Cultura Plate Count Agar, PCA
 Cloreto 2,3,5 Trifeniltetrazolium.

Por fim realizou-se a contagem de Estafilococos, de acordo com


SILVA JUNQUEIRA e SILVEIRA (2010), estes “são bactérias esféricas, que formam
colônias de células aderidas umas às outras, ora encadeadas, aos pares ou formando
correntes, ora agrupadas em forma de cachos, o que deu origem a seu nome”. Neste
processo os materiais e equipamentos também correspondem aos utilizados nos testes
anteriores. Os Reagentes e Diluentes:
306
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

 Água destilada;
 Solução Tampão Fosfato (PBS);
 Meio de Cultura – Baird Parker;
 Emulsão de Gema de Ovo Telurito;
 STAPHCLIN LÁTEX - Teste de aglutinação em látex;

Método para Contagem de Estafilococos aureus em Amostras de


alimentos sólidos e líquidos. Contou-se apenas as colônias típicas de Estafilococos
aureus que são circulares, pretas ou cinza escuras, lisas, convexas, com bordas perfeitas,
massa de células esbranquiçada nas bordas, rodeadas por uma zona opaca e/ou um halo
transparente se estendendo para além da zona opaca. Os resultados foram expressos em
UFC/mL para amostras líquidas e UFC/g para amostras sólidas. Realizou-se a
confirmação da colônias típicas através do teste de coagulase (aglutinação em látex). Os
termos “Negativo”, “Ausente/0,1g” e < 10UFC/g são equivalentes para as placas que
não foram observadas crescimento de colônia. Posteriormente foi aplicado o teste de
confirmação das colônias típicas - Teste de coagulase. Sob fonte de luz branca
incidente, a leitura e interpretação dos resultados foram conduzidas da seguinte forma:
TESTE NEGATIVO: Suspensão homogênea opaca, Ausência de Aglutinação
(Igual observado no controle Negativo);
TESTE POSITIVO: Suspensão límpida com grumos grandes e bem visíveis
(Igual observado no controle Positivo);
Mediante as informações acima descritas foi possível compreender a
rotina de realização dos testes escolhidos para compor este estudo. A escolha dos teste
e a metodologia podem variar de acordo com a linha de pesquisa/pesquisador.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Qualidade é um termo bastante utilizado na atualidade e tem se
tornado muito abrangente tanto para o ponto de vista dos consumidores quanto para a
indústria de alimentos em compreender as exigências dos mesmos. Os consumidores
referem-se à qualidade como aquilo que o satisfaz e também que o produto oferecido
esteja dentro de suas especificações. Já para a indústria esse termo refere-se como as
propriedades de um produto que lhe conferem condições de satisfazer as necessidades
do consumidor, sem causar agravos a sua saúde (HEGEDUS, 2000).

307
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A segurança é, portanto, uma característica da qualidade dos


alimentos, para Machado et al. (2009) alimento seguro é aquele que além de apresentar
as propriedades nutricionais esperadas pelo consumidor, não lhes causa danos à saúde,
não lhe tira o prazer que o alimento deve lhe oferecer, não lhe rouba a alegria de
alimentar-se correta e seguramente.
Para a indústria alimentar, em todas as etapas da cadeia de
abastecimento, a principal prioridade é evitar a contaminação dos seus produtos, para
isso as empresas presam fortemente pelas boas práticas de fabricação (BPF) e sistemas
de análises de perigos e pontos críticos de controle (APPCC). Com a utilização desses
controles de qualidade dos produtos fabricado, é possível garantir a qualidade e
segurança durante o processamento, através de análises microbiológicas.(SENAI,2017)
A preocupação com a segurança dos alimentos é um desafio em
função de problemas que podem comprometer a saúde do consumidor. A segurança dos
alimentos está relacionada com a presença de perigos físicos, químicos e biológicos,
com níveis cabíveis no alimento, sem causar um efeito adverso a saúde humana (DIAS
et al.2010).
A qualidade microbiológica dos alimentos está condicionada,
primeiro, à quantidade e ao tipo de microrganismos inicialmente presentes
(contaminação inicial) e depois à multiplicação destes germes no alimento. A qualidade
das matérias - primas e a higiene (de ambientes, manipuladores e superfícies)
representam a contaminação inicial.
O tipo de alimento e as condições ambientais regulam a multiplicação.
Os fatores inerentes ao alimento são denominados parâmetros intrínsecos, como por
exemplo, o pH e a atividade de água (Aa) e os fatores inerentes ao ambiente são
denominados parâmetros extrínsecos, como a temperatura, a umidade relativa(UR ) e a
presença de gases. Tais fatores podem ser ótimos ou limitantes, interferindo
sobremaneira na multiplicação de microrganismos, inclusive os patogênicos
transmitidos por alimentos (PERETTI, ARAUJO et al., 2010).
Na presente pesquisa foram avaliados Coliformes Totais, Bolores e
Leveduras e Estafilococos. As bactérias são um dos grupos mais conhecidos e
numerosos. Podem ser deteriorantes, quando causam alterações nas propriedades
sensoriais (cor, cheiro, sabor, textura, viscosidade etc.) ou patogênicas, que causam
doenças. Os fungos, divididos em fungos filamentosos (bolores) e leveduras. Sua
ocorrência é mais comum em alimentos com baixo percentual de água e/ou elevada
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

porção de lipídios. Os fungos são os principais perigos biológicos destes alimentos. Seu
risco está na produção de micotoxinas por algumas espécies. Estes compostos ao serem
ingeridos, acumulam-se no organismo, causando uma série de transtornos, desde
ataques ao fígado a alguns tipos de câncer. Em sua maior parte, o grupo de
microrganismo mais associados aos perigos biológicos são as bactérias e os fungos
(FORSYTHE, 2013).
Os Coliformes totais são bactérias do grupo coliformes, sendo a
maioria pertencente ao gênero Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter,
apesar disso vários outros gêneros e espécies pertencem ao grupo. Além disso, são
bacilos Gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de
esporos, capazes de crescerem na presença de sais biliares ou agentes tensoativos e que
fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35 ± 0,5°C em 24-48 horas.
Além de serem encontradas em fezes, elas podem ocorrer no meio ambiente, em águas
com altos teores de material orgânico, solo ou vegetação em decomposição
(SANCHEZ, 2015).
A presença de bolores e leveduras viáveis e em índice elevados nos
alimentos pode fornecer várias informações tais como, condições higiênicas deficientes
de equipamentos, multiplicação no produto em decorrência de falhas no processamento
e/ou estocagem e matéria–prima com contaminação excessiva. A Contagem de bolores
e leveduras é aplicável principalmente, na análise de alimentos ácidos, com pH menos
que 4,5, alimentos parcialemente desidratados e farinhas.
Já o Staphylococcus aureus é uma bactéria que apresenta a forma de
cocos aparecendo aos pares no exame microscópico. É um gram positivo, sendo que
algumas cepas produzem uma toxina protéica altamente termo-estável que causa a
doença em humanos. A multiplicação da bactéria em alimentos armazenados em
temperaturas inadequadas produz a toxina mencionada anteriormente A variedade
nutricional e a possibilidade de se desenvolverem em diferentes condições ambientais
fazem com que a S. aureus cresçam com facilidade em vários alimentos, sendo dos
principais veículos causadores de toxinfecção alimentar, pois sua presença está
associada a práticas de higiene e manipulação inadequadas, além de lesões na
pele(FRANCO, 2003; SANCHEZ, 2015). .
A tabela1 abaixo refere-se aos valores encontrados nos testes
realizados nos blends de Cappuccino avaliados.

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DATA PRODUÇÃO LOTES QUALIDADE EMBALAGENS CONTAGEM COLIFORMES BOLOR E STAPHYLOCOCCUS


TOTAL TOTAIS LEVEDURA

20/08/16 Cappuccino A - Tradicional Pouch 100g 1.200 <10 <10 <10

20/08/16 Cappuccino B - Tradicional Pouch 100g 2.500 <10 <10 <10

24/08/16 Cappuccino C - Tradicional Pouch 100g 1.800 <10 <10 <10

24/08/16 Cappuccino D - Tradicional Pouch 100g 1.600 <10 <10 <10

24/08/16 Cappuccino E - Tradicional Pouch 100g 2.400 <10 <10 <10

Tabela 1 – Resultado de análise de cappuccino

Mediante as informações expostas pode-se considerar que a pesquisa


alcançou resultado satisfatório, considerando informações da legislação. , baseando-se
na Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001, a qual sinaliza que o número de
Staphylococcus deve estar abaixo de 10², e nos produtos avaliados todos apresentam
estes microorganismos abaixo de 10² (ANVISA, 2001).
Os resultados de Contagem total ficou em um valor considerado
baixo em relação a outros produtos que contém ingredientes parecidos com que foram
analisados, sendo assim dentro do esperado.
Nas análises de bolor e levedura, Coliformes totais e Estafilococos
obtivemos um valor compatível com a segurança do produto que é <10, ou seja, dentro
do especificado pela ANVISA ,qualquer valor acima de <10 seria motivo de suspensão
do lote.Lembrando que a ANVISA só exige analises de Estafilococos para o cappuccino
a demais analises foram feitas para investigar e colaborar,a qualidade da produção e as
boas práticas na sua fabricação. As análises foram conduzidas dentro de padrões rígidos
de qualidade.Para todas as amostras testadas foram utilizados meios de culturas com
correto procedimento de esterilização,utilizando um branco para garantia do
processo.Foram testadas duplicação de todas as amostras, as vidrarias como

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

erlenmeyer,ponteiras dos pipetadores automáticos,placas de petri de procedência


comprovada e autoclave com seus controles diários de funcionamentos atualizados.

CONCLUSÃO

Na produção de alimentos, é essencial que medidas apropriadas sejam


tomadas para garantir a segurança e a estabilidade do produto durante toda a sua vida de
prateleira. Para tanto, novas técnicas de processamento foram introduzidas com o
objetivo de aumentar a qualidade dos produtos, tais como processamentos térmicos
mais brandos, aquecimentos em microondas e técnicas de processamento que envolve
altas pressões. A prática de analisar microbiologicamente produtos finais tem sido
realizada durante décadas. É importante salientar que os testes microbiológicos devem
ser realizados como parte do sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de
Controle (APPCC), mais precisamente, na etapa de verificação.
A realização desta pesquisa permitiu observar que os procedimentos
de Boas Práticas de fabricação (BPF) para fabricação do cappuccino adotadas pelas
empresas são adequadas e eficientes uma vez que em nenhuma amostra foi verificada
existência de contaminação e os microorganismo encontrados estavam em números
muito abaixo do considerado seguro. Destaca-se como dito anteriormente,que neste
estudo foram feitas análises (teste) adicionais áqueles exigido pela Anvisa,certificando
assim,a qualidade do produto.
Existem outras possibilidades de estudo que podem ser exploradas
por indivíduos com sede de conhecimento, e apreço pelo bem estar da população. No
entanto os resultados aqui encontrados são de grande valia, e por este mortivo serão
apresentados em eventos acadêmicos pertinentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agência Nacional de Vigilância Sanitária no uso da atribuição que lhe confere o art. 11,
inciso IV, do Regulamento da ANVISA aprovado pelo Decreto 3029, de 16 de abril de
1999, em reunião realizada em 20 de dezembro de 2000. Resolução - RDC nº 12, p. 29
de 2 de janeiro de 2001.

ANVISA. O que é o registro de produtos sujeitos a vigilância sanitária?. Disponível em:


<http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-utorizacoes/alimentos/produtos/registro>.
Acesso em: 08 11 2016.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

DIAS, J.; HEREDIA,L.;UBARANA,F.;LOPES E. Implementação de sistemas de


qualidade e segurança dos alimentos. 1. ed. Londrina, 2010.

FRANCO, Bernadette D. Gombossy de Melo. LANDGRAF, Mariza. Microbiologia dos


Alimentos. São Paulo: Atheneu. 2003.

FORSYTHE,STEPHEN J.. Microbiologia da Segurança Dos Alimentos. Artmed: 2ª Ed.


2013. 424p.

HEGEDUS C.E.N. A Compreensão da percepção da qualidade pelo consumidor como


base para a definição de estratégias pelas empresas e suas cadeias de fornecimento:
dissertação de mestrado, catálogo USP, março 2000.183 p pág 2

MACHADO, A. D.; STRAPAZON, M. A.; MASSING, L. T.; MOREIRA, D. G.;


POSSAMAI, G. A.; GABRIEL, C. M.; NOVAIS, R. L. B. Condições higiênico-
sanitárias nos serviços de alimentação de Organizações Não Governamentais de
Toledo/PR. Nutrire:rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São
Paulo, SP, v. 34, n. 3, p. 141-151, dez. 2009.

PERETTI, A. P. R., ARAUJO, W. M. C. Abrangencia do requisito segurança em


certificados de qualidade de cadeia produtiva de alimentos no Brasil. Gestão e
Produção, v. 17, n. 1, p. 35-49, 2010

SANCHEZ, P. S. Atualização em Análises Microbiológicas em Águas Minerais. São


Paulo, Apostila. 2015. 62p

SENAI. Serviço nacional de aprendizagem industrial. A importância das Boas práticas


de Fabricação e do sistema APPCC. Disponível em www.alimentos.senai.br. Acessado
em abril de 2017.

SILVA, Neusely; JUNQUEIRA, Valeria C.A. SILVEIRA, Neliane F.A. et al. Manual
de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos e Água. 4 Ed. São Paulo: Varela.
2010.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

VERIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS COM DADOS


ANTROPOMÉTRICOS EM UM PROJETO SOCIAL DE LONDRINA-PR

NUTRITIONAL STATUS VERIFICATION OF CHILDREN WITH


ANTHROPOMETRIC DATA IN A SOCIAL PROJECT LONDRINA -PR

Bruna Carolina Costa Eduardo*


Maiara Fernanda de Souza**
Mirtz Ayumi Nakamura Kuwahara***
Flávia Hernandez Fernandez****

RESUMO

Este estudo tem como objetivo verificar o estado nutricional em crianças com dados antropométricos em um
projeto social de Londrina-PR. Foram avaliadas 48 crianças, sendo 60,40% do sexo feminino e 39,60% do sexo
masculino, dos períodos matutino e vespertino, com a faixa etária de 6 a 12 anos de idade que frequentaram o
Projeto social na cidade de londrina-PR, foram submetidos a análise das medidas antropométricas, utilizando o
critério nacional da Organização Mundial da Saúde (OMS), com os indicadores IMC/Idade, estatura/idade,
peso/idade e a porcentagem de gordura de acordo com Frisancho. Verifica-se em relação ao peso, tendo como
dados mais relevantes no sexo masculino na faixa etária de 9 a 10 anos com 28,60% (n=2) classificados em
sobrepeso, já o IMC apresentou maiores valores de percentual 28,60% (n=2) em crianças com a faixa etaria de 9
a 10 anos que encontram-se na faixa da obesidade. A prevalencia de %GC foi na faixa etária de 9 a 10 anos no
sexo masculino com 28,60% (n=2) classificados em obesidade. Observa-se um elevado nível de crianças que
apresentam percentual de gordura acima dos padrões recomendados, em relação a faixa etária e sexo.Tendo
assim estes índices de obesidade aumentados, é importante o monitoramento dos indicadores do estado
nutricional e da composição corporal e que a família seja orientada sobre uma alimentação saudável pois os
hábitos da família são o principal fator determinante da alimentação da criança.

Palavras-Chave: Antropometria. Estado Nutricional. Crianças. IMC. %GC

ABSTRACT

This study aims to determine the nutritional status of children with anthropometric data in a social project of
Londrina. 48 children were assessed, 60.40% female and 39.60% male, the morning and afternoon, with the age
group 6-12 years old who attended the social project in the city of London-PR were subjected to analysis of
anthropometric measurements using the national criteria of the World Health Organization (WHO), with BMI
indicators / Age, height / age, weight / age and the percentage of fat according to Frisancho There is relative to
weight , with the most relevant data in males aged 9- 10 years, with 28.60% ( n = 2) classified as overweight
because the BMI had higher percentage values of 28.60% ( n = 2) in children with the age range 9-10 years are
in the obesity range. The prevalence of % BF was in the age group 9-10 years in males with 28.60% ( n = 2)
classified as obese. There has been a high level of children with fat percentage above the recommended
standards with respect to age group and so sexo.Tendo these increased rates of obesity , the monitoring of
indicators of nutritional status and body composition is important and that the family is oriented on a healthy diet
because the family habits are the main factor determining child's diet.

Keywords: Anthropometry. Nutritional status. Children. BMI. % BF

*
Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: brucostah@hotmail.com.)
**
Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: maiara_souza239@hotmail.com.)
***
Docente do Departamento de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: mirtznakamura@yahoo.com)
****
Docente do Departamento de Estética e Farmácia do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: flavia.fernandez@unifil.br)

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos a população brasileira está passando por uma transição
nutricional, a desnutrição é considerado um problema preocupante, porém teve sua ocorrência
diminuída e houve um aumento significativo no sobrepeso e obesidade infantil, sendo de
extrema importância a elaboração de estratégias para o combate com uma intervenção
precoce, pois reduziria mais a gravidade de doenças relacionadas a esta desordem nutricional
(FLORES et al., 2013).
Segundo Kac (2003) a transição nutricional pode ser entendida como a passagem da
desnutrição para a obesidade, sendo o fenômeno no qual ocorre uma inversão nos padrões de
distribuição dos problemas nutricionais de uma dada população. A obesidade hoje não se
restringe somente em um problema presente nos países ditos desenvolvido, pois atinge cada
vez maiores parcelas dos estratos populacionais menos beneficiados.
A antropometria é altamente utilizada, mas é importante que exista uma garantia da
qualidade na coleta das medidas por meio de técnicas e instrumentos adequados para que os
dados coletados sejam fidedignos (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009). Envolve a
obtenção de medidas físicas de um indivíduo para relacioná-las com um padrão que reflita o
seu crescimento e desenvolvimento. Diagnostica tanto a má nutrição por déficit quanto por
excesso (ROSSI, 2008).
O peso é o indicador mais sensível do estado nutricional utilizado para a avaliação do
estado nutricional de crianças, devendo ser usado em conjunto com outros parâmetros, pois o
aumento de peso pode significar o aumento de tecido adiposo, crescimento dos ossos e dos
músculos ou aumento do conteúdo de água corporal (edema), desta forma, esta medida é
passível de erro em sua interpretação (ROSSI, 2008).
A altura é considerada indicadora das condições de vida de uma população, sendo
que seu déficit pode indicar inadequações nutricionais de longa duração. Pode ser usada em
associação com peso corporal, compondo o índice de massa corporal na avaliação do estado
nutricional (DUARTE, 2007).
O índice de massa corporal (IMC) é o índice de grande eficácia, pois possui grande
utilidade para o rastreamento do sobrepeso e baixo peso, além de apresentação boa correlação
com a gordura corporal, este índice é útil tanto para avaliações transversais como
longitudinais (TIRAPEGUI, 2011).
Em relação à porcentagem de gordura corporal (%GC), a maior proporção é
localizada no tecido subcutâneo. A medida de pregas cutâneas tem sido muito utilizada
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

devido a sua fácil utilização, elevada precisão e custo relativamente baixo em comparação às
outras técnicas. Sua exatidão e precisão dependem do tipo de compasso utilizado, da
familiarização dos avaliadores com as técnicas de medida e da perfeita identificação do ponto
anatômico a ser medido (SANTANNA, PRIORE, FRANCESCHINI, 2009).
O estado nutricional das crianças vem se modificando com o aumento da prevalência
de sobrepeso, sendo que muitas vezes os hábitos que levam a esta prevalência são decorrentes
das influências alimentares de seus pais e do ambiente escolar. Contudo, a avaliação
antropométrica é primordial para obtenção do diagnóstico e posterior intervenção com
educação nutricional, sendo também importante uma adequada classificação para que os
indicadores do estado nutricional não sejam superestimados ou subestimados.
Desta forma, este estudo tem como objetivo verificar o estado nutricional em
crianças com dados antropométricos em um projeto Social na cidade de Londrina- PR.

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado através de uma pesquisa de campo, trata-se de um


estudo transversal.
O planejamento de uma pesquisa de campo é uma atividade de busca e coleta de
dados que diagnostica e faz previsões do cenário futuro, esse planejamento pode prever os
passos ou etapas de uma atividade que se pretende desenvolver. Os projetos de pesquisa de
acadêmica têm especificidades, porque buscam respostas para problemas que necessitam de
solução em longo prazo, um bom planejamento do projeto pode contribuir para o
desenvolvimento e qualidade de vida brasileira (SILVEIRA, 2010).
O estudo transversal são estudos em que a exposição ao fator ou causa está presente
ao efeito no mesmo momento ou intervalo de tempo analisado, pode ser usado como um
estudo analítico, ou seja, para avaliar hipóteses de associações entre exposição ou
características e evento. Como os estudos transversais descrevem uma situação ou fenômeno
em um momento não definido, eles são importantes guias para tomadas de decisões no setor
de planejamento de saúde (HOCHMAN, 2005).
A amostra foi integrada por 48 crianças, sendo 29 do sexo feminino e 19 do sexo
masculino, dos períodos matutino e vespertino, com a faixa etária de 6 a 12 anos de idade que
frequentaram o Projeto no ano de 2014, na região leste, da cidade de Londrina/PR. A
avaliação antropométrica dos alunos foi realizada pelas pesquisadoras de nutrição

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participantes do projeto de extensão com foco social, multiprofissional na instituição com a


avaliação do peso, estatura, e dobras cutâneas tricipital e subescapular.
De acordo com a padronização das técnicas, o peso foi mensurado em balança
Mecânica TEC-05- Techline, as crianças foram pesadas pela manhã, vestindo roupas leves e
descalças. Para a aferição da estatura, foi utilizada fita métrica inextensível de 150 cm, fixada
em uma parede lisa sem rodapé, onde as crianças foram avaliadas em pé, descalças, com os
braços estendidos ao longo do corpo e cabeça mantida em plano. O IMC foi determinado pela
razão entre o peso e a estatura: IMC = peso (kg) /estatura (m²). Na avaliação da %GC foi
utilizado adipômetro da marca Lange para aferir as pregas cutâneas, tricipital e subescapular.
O estado nutricional foi avaliado de acordo com o critério nacional da Organização
Mundial da Saúde (OMS) do ano de 2012 utilizando os indicadores IMC/Idade,
estatura/idade, peso/idade e a porcentagem de gordura de acordo com Frisancho (1990).
O projeto de extensão foi aprovado pelo Comitê de Ética para Seres Humanos sob o
número 372.696. As crianças que foram avaliadas apresentavam o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido – TCLE devidamente assinado pelo responsável.
Os dados foram tabulados no Microsoft Office Excel 2007 e transferidos para o
programa SPSS na versão 23.0. for Windows e adotado p < 0,05. Para a análise dos dados foi
aplicado o Chi-Square Tests para verificação da associação e o Test Spearman Correlation
para verificar a correlação entre o IMC e %GC; e o Peso e %GC.

RESULTADO E DISCUSSÃO

A amostra foi integrada por 48 alunos do sexo feminino (n=29) e masculino (n=19),
dos períodos matutino e vespertino, com a faixa etária de 6 a 12 anos de idade que frequentam
e participam de um projeto de Extensão no Meprovi Pequeninos na região leste, da cidade de
Londrina/PR no ano de 2014. Foram utilizados os dados de peso, altura, IMC, %GC (prega
cutânea tricipital e subescapular), coletados pelas pesquisadoras do curso de nutrição e
classificados de acordo com o critério nacional (OMS, 2012).
No gráfico 1 abaixo, verifica-se que do total de 48 alunos houve uma predominância
do sexo feminino de 60,40% (n=29), e em relação ao sexo masculino correspondeu a 39,6%
(n=19).

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SEXO

39,60%

MASCULINO
60,40%
FEMININO

Gráfico 1- Porcentagem de alunos de acordo com o sexo masculino e feminino em um projeto Social de
Londrina-PR, 2015.

Conforme o gráfico 2 no que diz respeito a faixa etária, do total de 48 alunos,


observa-se que a maioria 39,60% (n= 19) possui idade entre 9 a 10 anos, 35,40% (n=17) estão
acima de 10 anos e 25,00% (n= 12) correspondem a faixa etária de até 8 anos de idade.

45,00%
39,60%
40,00%
35,40%
35,00%

30,00%
25,00%
até 8 anos
25,00%
9 a 10 anos
20,00%
acima 10 anos
15,00%
10,00%

5,00%

0,00%
até 8 anos 9 a 10 anos acima 10 anos

Gráfico 2- Porcentagem de alunos segundo faixa etária em um projeto Social de Londrina-PR, 2015.

De acordo com o gráfico 3 em relação a estatura, na faixa etária de até 8 anos para o
sexo feminino, a predominância é de 62,50% (n=5) na faixa de normalidade para estatura,
porém 12,50% (n=1) está na faixa de muito baixo para a idade, 25,00% (n=2) encontram se
com a estatura acima da normalidade para a idade. Para o sexo masculino 50,00% (n=2) se

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encontram na faixa de normalidade, enquanto 25,00% (n=1) está baixo para a idade, e 25,00%
(n=1) alto para a idade.
Na faixa etária de 9 a 10 anos para o sexo feminino 83,30% (n=10) correspondem à
faixa de normalidade, 8,30% (n=1) está baixo para idade, e 8,30% (n=1) muito baixo para a
idade. Já no sexo masculino 71,40% (n=5) também se encontram nesta faixa, porém 28,60%
(n=2) estão classificados alto para a idade.
Observa-se que nesta faixa etária apresensam-se os maiores índices para as crianças
acima de 10 anos para o sexo feminino estão em sua maioria 44,40% (n=4) na faixa de
estatura classificados como alto para a idade, e no sexo masculino a predominância também
nesta faixa é de 37,50% (n=3).

ESTATURA
90,00%

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00% De 9 a 10 Acima de 10 De 9 a 10 Acima de 10


Até 8 anos Até 8 anos
anos anos anos anos
20,00%
Feminino
Muito Baixo 12,50% Masculino 25,00%
10,00% 8,30%
Baixo 22,20% 25,00%
0,00% 62,50% 8,30% 71,40% 12,50%
Normal 22,20% 50,00%
Alto 28,60% 37,50%
83,30% 44,40% 25,00%
12,50%
Muito Alto 25,00%
11,10%
Grafico 3- Porcentagem de classificação da estatura dos alunos do sexo masculino e feminino segundo faixa
etária em um projeto Social de Londrina-PR, 2015.

Em um estudo do tipo transversal realizado em escolas de ensino fundamental do


município de Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, no ano de 2009, foram avaliadas 897
crianças (445 meninos e 452 meninas) matriculadas em 38 escolas, 6 urbanas e 32 rurais. A
prevalência de baixa estatura encontrada na amostra foi de 1,60%, das 14 crianças, 11 eram
pertencentes a escolas da área rural, além disso, 8 eram do sexo masculino. Neste estudo,
correlaciona-se a ausência do pai à baixa estatura, pois a presença de mais de uma figura
ofereça proteção e recursos para subsidiar uma boa nutrição e consequente bom crescimento
das crianças (SANTOS 2012).

318
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Da mesma forma em nosso estudo foram encontrados percentuais de crianças


classificadas com baixa e muito baixa estatura, que podem estar relacionados com fator de
deficiência nutricionais a longo prazo.
No gráfico 4 em relação ao peso, observa-se que na faixa etária até 8 anos para o
sexo feminino, 25,00% (n=2) estão eutróficas, já a prevalência para risco de sobrepeso é de
37,50% (n=3), e com 12,50% (n=1) classificados como sobrepeso, já em relação às
classificações de risco de baixo peso e baixo peso houve uma mesma prevalência de 12,50%
(n=1). Para o sexo masculino 100% encontram-se eutróficos. Na faixa etária de 9 a 10 para o
sexo feminino 66,70% (n=8) estão eutróficas, porém 25,00% (n=3) apresentam sobrepeso. No
sexo masculino 71,40% (n=5) estão eutróficos, enquanto 28,60% (n=2) encontram-se com
sobrepeso.
Tendo como dados mais relevantes faixa etária de 9 a 10 para o sexo masculino
28,60% (n=2) encontram-se com sobrepeso.
Em relação ao critério nacional da OMS do ano de 2012, não classifica indicadores
de peso para crianças na faixa etária acima de 10 anos de idade.

PESO
120,00%

100,00%

80,00%

60,00%

40,00%

20,00% De9 a 10 Acima de De 9 a 10 Acima de


Até 8 anos
anos Até 8 anos anos 10anos
0,00% 10 anos
Baixo Peso 12,50% 8,30%
Feminino 0,00% Masculino 0,00%
Risco de Baixo Peso 12,50%
Normal 25,00% 66,70% 100,00% 71,40%
Risco de Sobrepeso 37,50%
Sobrepeso 12,50% 25,00% 28,60%

Grafico 4- Porcentagem de classificação de peso dos alunos do sexo masculino e feminino segundo faixa
etária em um projeto Social de Londrina - PR, 2015.

Em um estudo transversal, realizado no Estado de Pernambuco, Região Nordeste do


Brasil, realizou-se a antopometria para avaliar os determinantes do excesso de peso conforme
319
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

os procedimentos técnicos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A


amostra final totalizou 1.484 indivíduos, na estratificação por sexo, 611 (42,6%) eram do sexo
masculino e 824 (57,4%), do feminino, a prevalência de excesso ponderal foi de 13,3% (n =
191), sendo 9,5% de sobrepeso e 3,8% de obesidade, entretanto os percentuais foram
ligeiramente superiores nas meninas e entre os adolescentes (10-19 anos) (MOREIRA et al,
2012).
Ao contrario do estudo de Moreira (2012), nesta pesquisa foram encontrados
percentuais ligeiramente superiores no sexo masculino em relação ao excesso de peso .
Segundo POF (2008-2009), a prevalência de excesso de peso em meninos era
moderada em 1974-1975 (10,9%), aumenta para 15,0% em 1989 e chegando 34,8% em 2008-
2009. Padrão semelhante de aumento do excesso de peso é observado em meninas: 8,6%,
11,9% e 32,0%, respectivamente. A evolução da prevalência de obesidade nos dois sexos se
repete, analisando a evolução do excesso de peso e da obesidade verifica-se um aumento
explosivo de 1989 a 2008- 2009.
No gráfico 5 segundo IMC, na faixa etária até 8 anos para o sexo feminino, observa-se
que 75,00% (n=6) estão eutróficas, já os que estão classificados como sobrepeso e obesidade
apresenta a mesma prevalência de 12,50% (n=1). Para o sexo masculino 100%se encontram
eutróficos.
Na faixa etária de 9 a 10 anos para o sexo feminino, 83,30% (n=10) encontram-se
eutroficas, e 16,70% (n=2) com obesidade. No sexo masculino 71,40% (n=5), estão
eutróficos, e 28,60% (n=2) encontram-se na faixa da obesidade.
Para as crianças acima de 10 anos no sexo feminino 77,80% (n=7) apresentam-se
eutróficas e 22,20% (n=2) com sobrepeso. No sexo masculino 62,50% (n=5) estão eutróficos,
e 25,00% (n=2) sobrepeso, e 12,50% (n=1) obesidade.
Segundo os dados aperesenta predominância o IMC em crianças acima de 10 anos
no sexo feminino em 22,20% (n=2) com sobrepeso e no o sexo masculino na faixa etária de 9
a 10 anos 28,60% (n=2) encontram-se na faixa da obesidade.

320
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

IMC
1,2

0,8

0,6

0,4
De 9 a 10 Acima de 10 De 9 a 10 Acima de 10
0,2 Até8anos
anos Até8anos anos anos
anos
0
Risco de Desnutrição Feminino Masculino
75,00% 83,30% 77,80% 100,00% 71,40% 62,50%
Normal Sobrepeso
12,50% 22,20% 25,00%
Risco de Obesidade
12,50% 16,70% 28,60% 12,50%
Obesidade
Grafico 5- Porcentagem de classificação de indice de massa corporal por faixa etária dos alunos do sexo
masculino e feminino segundo faixa etária em um projeto Social de Londrina-PR, 2015

Em um estudo realizado em escolas da rede pública da cidade de Juiz de Fora - MG,


a amostra foi integrada por 241 meninas (50,2%) e 239 meninos (49,8%), através de avaliação
do IMC, segundo sexo e idade e de acordo com os parâmetros da OMS, 18% dos escolares
foram considerados obesos, sendo 10,4% entre meninas e 7,6% entre meninos. Para o
sobrepeso identificou-se um total de 7,5% e 13,1% para o sexo feminino e masculino,
respectivamente (RODRIGUES et al., 2011).
Neste estudo houve predominância de obesidade nas meninas e sobrepeso nos
meninos, ocorrendo o inverso em nosso estudo.
Em outro estudo realizado em 2005, com 6156 escolares sendo 3.268 (53,1%) do
sexo masculino e 2.888 (46,9%) do sexo feminino, com idade de 6 a 16 anos, de 15 escolas da
rede municipal de ensino da cidade de Maringá-PR. O estado nutricional dos escolares foi
avaliado por meio do índice de massa corporal (IMC). A maioria (62,2%) dos escolares foram
classificados eutróficos, já excesso de peso e obesidade foi verificado em 24,1% semelhante
nos dois gêneros, e com prevalência maior no grupo etário dos 6 aos 8 anos de idade.
Desnutrição e risco para desnutrição foi encontrado em 13,6% dos escolares, sendo mais
prevalente no grupo etário de nove a 11 anos e 12 a 16 anos (FANHANI; BENNEMANN,
2011).

321
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Em relação ao IMC em nosso estudo não houve nenhuma criança classificada com
risco de desnutrição e desnutrição, porém a maioria também se encontram na faixa da
normalidade, mas devemos nos atentar aos índices de excesso de peso.
Em pesquisa recente divulgada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), destaca que na faixa etária de 5 a 9 anos no sexo masculino a prevalência
de excesso de peso no IMC (sobrepeso + obesidade) foi de 34,8%, enquanto nas meninas foi
de 32%. Na faixa etária de 10 a 19 anos, o excesso de peso em meninos correspondeu a 21,7%
e nas meninas 19,4%. Esses valores foram parecidos dos que os observados no presente
estudo, indicando o sexo masculino com maior prevalência de excesso de peso, exceto na
faixa etária até os 8 anos de idade em que na sua totalidade se encontram eutróficos.
Assim como no nosso estudo, observa-se que houve predominância de excesso de
peso nos meninos.
Analisando o gráfico 6, referente a %GC verificou-se que na faixa etária de até 8
anos no sexo feminino, 50,00% (n=4) da população avaliada estão eutróficos, porém observa-
se que as 3 classificações de sobrepeso, em risco de obesidade, obesidade e desnutrição
apresentam a mesma prevalência com 12,50% (n=1). Observa-se que aqueles que estão acima
do peso ideal totalizam 37,5%. Na mesma faixa etária no sexo masculino 25,00% (n=1) se
encontra em risco de desnutrição.
Na faixa etária de 9 a 10 anos no sexo feminino 75,00% (n=9) encontram-se
eutróficas, enquanto 16,70% (n=2) estão classificados em obesidade e 8,30% (n=1) em
sobrepeso. Em relação ao sexo masculino 71,40% (n=5) estão eutróficos, sendo que 28,60%
(n=2) estão na faixa da obesidade.
As crianças acima de 10 anos do sexo feminino 66,70% (n=6) encontram-se
eutroficas, enquanto 33,30% (n=3) apresentam risco de obesidade. No sexo masculino
75,00% (n=6) estão eutróficos, porém as duas classificações obesidade e risco de obesidade
apresentam a mesma prevalência de 12,50% (n=1).
Neste estudo observa-se que em relação a prevalencia de %GC na faixa etária de 9 a
10 anos no masculino 28,60% (n=2) estão na faixa da obesidade as crianças acima de 10 anos
do sexo feminino 33,30% (n=3) apresentam risco de obesidade.

322
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

%GC
80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%
De 9 a 10 Acima de De 9 a 10 Acima de
20,00% Até 8 anos
anos Até 8 anos anos 10 anos
10 anos
10,00%
Risco de Desnutrição 12,50% Feminino 25,00% Masculino
0,00% 75,00% 66,70% 71,40% 75,00%
Normal 50,00% 75,00%
Sobrepeso 8,30% 12,50%
12,50% 33,30%
Risco de Obesidade 16,70% 28,60% 12,50%
12,50%
Obesidade
12,50% da gordura corporal dos alunos do sexo masculino e feminino segundo faixa
Grafico 6- Porcentagem de classificação
etária em um projeto Social de Londrina- PR, 2015.

Quanto a verificação da gordura corporal excessiva na infância, um ponto relevante


refere-se a precocidade com que podem surgir os efeitos danosos a saúde, associados á
obesidade, além das relações existentes entre a obesidade infantil e seu prolongamento até a
vida adulta (PEREIRA, 2010).
No estudo realizado em Irati- Paraná, no ano de 2009 com 87 escolares entre 11 e 13
anos de idade, sendo 43 (49,4%) do sexo masculino e 44 (50,6%) do sexo feminino, para
determinar o estado nutricional foram realizadas as medidas antropométricas peso, estatura e
dobras cutâneas (tricipital e subescapular). Entretanto, 32,5% dos meninos e 41% das meninas
apresentam índices de gordura corporal acima dos valores recomendados, ainda 16,3% dos
meninos apresentaram baixos índices de gordura corporal podendo estar associados à
desnutrição (PEREIRA, 2010).
Assim como no nosso estudo houve predominância de GC acima do recomendado
nas meninas, porém GC abaixo do recomendado ocorreu em ambos os sexos na faixa etária
até 8 anos de idade.

Verificou-se que acordo com o quadro 1, de um total de 48 alunos avaliados,


verifica-se que em relação ao IMC, 10,40% estão classificadas como sobrepeso, sendo que
323
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

destes em relação a %GC, 80,00% encontra-se com risco de obesidade e 20,00% com a %GC
na faixa da normalidade. De 12,50% classificados em obesidade para o IMC,
100%apresentam %GC de obesidade. Contudo, deve se atentar para este grupo composto por
77,10% de alunos considerados como eutróficos segundo o IMC, sendo que destes em relação
a %GC apresentou níveis acima da normalidade com 5,40% classificados como sobrepeso e
2,70% com risco de obesidade.
Neste caso foi identificada associação (ˣ2p=,000) e correlação (r=,816; p=,000)
entre as variáveis IMC e %GC.

Classificaç Total Classific ão %GC Fisancho


ão IMC aç
(OMS) Risco de Magre Norm Sobrepe Risco Obesidad
Desnutriçã za al so de e
o Obesida
de
Normal 77,10 2,70% 2,70% 86,50 5,40% 2,70%
% %
Sobrepe 10,40 20,00 80,00%
so % %
Obesida 12,50 100,00%
de %
Total 100%
Quadro 1- Correlação entre IMC e porcentagem de gordura dos em um projeto Social de Londrina-PR,
2015.

De acordo com Teixeira et al. (2012), com intuito de verificar a prevalência de


excesso de peso através do IMC e %GC (prega tricipital e subescapular), realizou a avaliação
antropométrica de 526 crianças e adolescentes (292 meninos e 234 meninas) com idade entre
5 e 17 anos, da cidade de Santos - SP. O estudo permitiu a observação de pontos falhos no
IMC, pois 15,1% da amostra considerada normal apresentou gordura corporal além dos níveis
de normalidade, podendo estar associada com alta prevalência de alterações
cardiometabólicas, síndrome metabólica e outros fatores de risco cardiovasculares.
Os indicadores antropométricos IMC e %GC através das dobras cutâneas, são de
grande importância para a classificação do estado nutricional em crianças, apresentam como
característica básica a facilidade de coleta dos dados e simplicidade na interpretação de seus
resultados, além de que sua utilização possui relação direta com a incidência de doenças
crônico-degenerativas, uma vez que, estão cada vez mais presentes nas faixas etárias mais
precoces (JANUÁRIO, 2008).
324
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

CONCLUSÃO
No presente estudo, verificou-se em relação ao peso, tendo como dados mais
relevantes no sexo masculino na faixa etária de 9 a 10 anos com 28,60% (n=2) classificados
em sobrepeso, já o IMC apresentou maiores valores de percentual 28,60% (n=2) em crianças
com a faixa etaria de 9 a 10 anos que encontram-se na faixa da obesidade. A prevalencia de
%GC foi na faixa etária de 9 a 10 anos no sexo masculino com 28,60% (n=2) classificados
em obesidade. Observa-se um elevado nível de crianças que apresentam percentual de gordura
acima dos padrões recomendados, em relação a faixa etária e sexo.
Apesar da predominância da eutrofia, existem fatores de risco para o
desenvolvimento do sobrepeso e obesidade que são preocupantes nas crianças e merecem
maior atenção, ressalta-se a importância do monitoramento dos indicadores do estado
nutricional e da composição corporal da população em questão, para assim, permitir
direcionar intervenções preventivas com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento
nutricional infantil.
Estes índices elevados de excesso de peso possivelmente podem estar relacionados
aos indicadores de problemas sociais, a falta de participação da família, provavelmente, a
baixa escolaridade dos pais podem influir em diversos aspectos da vida da criança, tais como
maior exposição a alimentação de baixa qualidade e ao sedentarismo, seja por menor acesso a
alimentos saudáveis, informações adequadas ou pela menor capacidade de discernir entre o
que é considerado saudável.
Importante que toda a família seja orientada para uma alimentação saudável, através
de palestras para pais e alunos nas escolas, panfletos educativos, pois isto pode ajudar a
criança a crescer com bons hábitos, pois o primeiro e principal fator alimentar da criança são
os hábitos da família.
Os resultados deste estudo apontam a necessidade de uma pesquisa para a
investigação dos fatores familiares e socioeconômicos, e de que forma podem interferir na
alimentação e no estado nutricional da criança.

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327
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ÓLEO DE CÔCO E SUA INFLUÊNCIA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

COCONUT OIL AND ITS INFLUENCE IN THE TREATMENT OF OBESITY

Cesar Rodrigues da Rocha *


Flávia Hernandez Fernandez **

RESUMO

Há um aumento significativo da prevalência da obesidade em diversas populações do mundo, incluindo o


Brasil. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente,
estilos de vida e fatores emocionais. O uso de auxiliares no emagrecimento como fitoterápicos,
nutracêuticos e medicamentos alopátipos é crescente. A utilização do óleo de coco como redutor de
gorduras, tem sido estudada ao longo dos anos. O presente estudo de revisao, tem por objetivo, a real
influencia do óleo de coco no emagrecimento. Fica claro que, apesar das diversas teorias positivas sobre o
óleo de coco, os estudos ainda são escassos e controversos, tanto para o perfil lipídico quanto para o
emagrecimento.

PALAVRAS CHAVE: óleo de coco, coconut oil, obesidade, termogênese. Lipídios, obesidade.

ABSTRACT

There is a significant increase in the prevalence of obesity in various populations of the world, including
Brazil. The etiology of obesity is multifactorial and complex, resulting from the interaction of genes,
environment, lifestyle, and emotional factors. The use of aids in weight loss and herbal medicines,
nutraceuticals and alopátipos drugs is growing. The use of coconut oil and fats reducer, has been studied
over the years. This study revision, aims, the real influence of coconut oil in weight loss. It is clear that,
despite several positive theories about coconut oil, studies are still scarce and controversial, both for lipid
profile and for weight loss.

KEYWORDS: coconut oil, coconut oil, obesity, thermogenesis. Lipids, obesity.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde aponta a obesidade como um dos maiores


problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões
de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. O número de
crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderia chegar a 75 milhões, caso nada
seja feito.

*Discente do Curso de Farmácia do Centro Universitário Filadélfia – UniFil.


** Docente do Departamento de Farmácia e Estética do Centro Universitário Filadélfia – UniFil (e-mail: flavia.fernandez@unifil.br)

328
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Nas últimas décadas a população brasileira experimentou intensas


transformações nas suas condições de vida, saúde e nutrição. Dentre as principais
mudanças destaca-se a ascensão do excesso de peso e obesidade que avançam em todas
as faixas etárias e classes sociais, com impacto significativo nas mulheres inseridas nos
estratos de menor renda. A Pesquisa de orçamentos Familiares (POF) 2008-2009,
realizada em parceria entre IBGE e Ministério da Saúde (MS), analisando dados de 188
mil brasileiros em todas as idades Nota-se, ainda a difusão da obesidade em todas as
regiões geográficas, especialmente, no meio urbano. Neste levantamento 50% dos
homens e 48% das mulheres se encontram com excesso de peso, sendo que 12,5% dos
homens e 16,9% das mulheres apresentam obesidade (ABESO 76 – Outubro 2010 –
Edição Especial).
Há uma semelhança entre países latino-americanos. Todas essas transformações
tem imposto ao campo da saúde no que se refere ao aumento de indivíduos com
sobrepeso e obesidade nas últimas décadas. O assunto tem gerado grande importância
para estudiosos de nutrição, em busca de uma solução.
A obesidade pode ser definida de forma resumida, como o armazenamento de
gordura no organismo associado a riscos para a saúde devido a sua relação com várias
complicações metabólicas (WORD HEALTH ORGANIZATION, 1995). A base da
doença é o processo indesejável do balanço energético positivo, resultando em ganho de
peso. No entanto, a obesidade é definida em termos de excesso de peso. O índice de
massa corporal (IMC) é o índice recomendado para a medida da obesidade em nível
populacional e na prática clínica. Este índice é estimado pela relação entre o peso e a
estatura, e expresso em kg/m2 (MENDONÇA, ANJOS, 2004).
Há indícios de que ácidos graxos de cadeia média possam aumentar o gasto
celular de energia e desta forma contribuir para a manutenção do peso corporal
(PAPAMANDJARIS, ET AL., 1998). Os lipídios, quando consumidos em excesso,
promovem o aumento da concentração plasmática de ácidos graxos livres, modificam o
metabolismo lipídico e estimulam a expressão gênica de proteínas presentes nas
mitocôndrias que produzem energia sob a forma de calor, processo conhecido como
termogênese. As Unclouped Protein (UCP) ou proteínas desacopladoras, são as
principais responsáveis pela termogênese do organismo, contribuindo fortemente para o
aumento do gasto energético diário, que por sua vez, contribui para o emagrecimento e
mudanças na composição corporal (BOSCHINI GARCIA, 2005).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Sabe-se que os lipídeos apresentam elevado valor calórico e o seu consumo


excessivo contribui expressivamente para o desenvolvimento de excesso de peso e
acúmulo de gordura corporal. Ademais, a íntima relação entre este acúmulo de gordura
no tecido adiposo, principalmente depositado na região abdominal, e complicações
cardiovasculares, dislipidemias, resistência à ação da insulina e o diabetes mellitus tipo
2 tem sido apontada por diversos autores (LERARIO et al., 2002; RIBEIRO FILHO et
al., 2006).
Entretanto, estudos recentes têm chamado atenção ao perfil de ácidos graxos na
gordura da dieta, uma vez que ácidos graxos monoinsaturados ω-9, bem como
poliinsaturados ω-6 e ω-3 podem apresentar vários efeitos benéficos no tratamento ou
prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis e suas comorbidades,
particularmente, a adequada proporção na dieta – em torno de 2:1 a 4:1 de ω-6 e ω-3,
respectivamente (MARTIN et al., 2006; HIRATSUKA et al., 2008). Desta maneira,
alimentos e suplementos nutricionais utilizando ácidos graxos têm sido os alvos da
indústria e da mídia não especializada, incentivando o consumo de produtos os quais,
possivelmente, modificariam o balanço entre a lipogênese e a oxidação lipídica e, assim,
poderiam reduzir ou reverter os efeitos negativos ocasionados pela adiposidade
abdominal. Dentre os produtos do gênero disponíveis à comercialização, podemos citar
como exemplo o óleo de coco.
Em um estudo realizado por WATKINS, et al. (1996), mostra a importância do óleo de
coco denominado como extra virgem pelo fato de possuir um índice de acidez inferior a
0,5%. Além disso, o teor de gordura saturada do óleo de coco é semelhante ao do leite
humano, o que significa que ela é de fácil digestão, gerando energia rapidamente .
É um óleo de origem vegetal rico em vitamina E, e ácidos graxos essenciais
como o ômega 9, ácido láurico e cáprico, de fácil digestão, gera muita energia
ajudando o Sistema Imunológico. É também de grande importância saber usá-lo na dose
correta, do contrário sua ação torna-se negativa por ser um óleo e quando consumido em
excesso, torna-se prejudicial à saúde. Dentre os diversos benefícios apresentados a
termogênese é a mais comentada, no entanto não se pode deixar de lado o restante (Vaz
et al, 2014).
Estudos apontam que o óleo de coco, tem a capacidade de reduzir os níveis de
LDL, balancear os níveis do bom colesterol no sangue (HDL) por apresentar fácil
metabolização e baixa capacidade de oxidação. (SANTOS, 2013). O óleo de coco tem
classificação de gordura saturada ou seja uma gordura dura, com esta classificação
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

deveria ser sólido em temperatura ambiente, porém, é líquido pois predominam os


ácidos graxos de cadeia média (AGCM) sendo maioria em sua composição
(RODRIGUES, 2012).
Os triglicerídeos de cadeia média (TCM), são tipos de lipídios saturados,
constituídos por três ácidos graxos de cadeia média ligados a uma molécula de glicerol,
numa cadeia de seis a doze átomos de carbono (Leser e Alves, 2010). O triglicerídeos
de cadeia média possui uma velocidade de absorção mais rápida do que os triglicerídeos
de cadeia longa, já que utiliza o sistema porta-hepático para chegar ao fígado, não
necessitando da reesterificação no sistema linfático. Além disso, a entrada dos ácidos
graxos de cadeia média na mitocôndria não depende do sistema de transporte ligado à
carnitina. Quando suplementado, o triglicerídeo de cadeia média aumenta a taxa de
oxidação de lipídios, e, uma vez consumido, 90% é oxidado em 24 horas (Boschini e
Garcia, 2005).
Em função do crescente percentual de indivíduos obesos no Brasil e no
mundo, viu-se a necessidade de realização de um estudo atualizado sobre real eficácia
da utilização do óleo de coco, como coadjuvante no tratamento dessa doença.

OBESIDADE X ÓLEO DE COCO


A obesidade é considerada atualmente uma patologia com fatores de maior
risco das doenças com agravos não transmissíveis, considerada uma doença crônica,
multifatorial pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo, fator de risco
para diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, distúrbios reprodutivos em
mulheres, relacionada também com alguns tipos de câncer e problemas respiratórios.
Prevenir e diagnosticar ainda precoce a obesidade é importante para redução de
morbimortalidade, principalmente por ser um fator de risco para outras doenças, é
necessário buscar promoção da saúde para melhorar a qualidade de vida, pessoas obesas
sofrem por serem excluídas da estética promovida pela sociedade atual, isto resulta em
depressão e solidão.
O consumismo, a vida agitada, falta de tempo para fazer uma alimentação
adequada são fatores que também contribuem para o aparecimento da obesidade, assim
como transformações econômicas, tecnológicas e genéticos tornando assim uma questão
social e ao mesmo tempo complexa entre corpo, saúde, alimento e atividade física.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Os dados são alarmantes e não batem com as informações divulgadas pelo


Vigitel 2014 no início do ano, quando o governo anunciava uma estabilização nos
índices de sobrepeso e obesidade na casa dos 52,5%. No levantamento realizado pelo
IBGE, o índice beira os 60%. Cerca de 82 milhões de pessoas apresentaram o IMC igual
ou maior do que 25 (sobrepeso ou obesidade). Isso indica uma prevalência maior de
excesso de peso no sexo feminino (58,2 %), que no sexo masculino (55,6%). O dados
anunciados pelo IBGE traduzem a urgência de se pensar políticas públicas adequadas à
prevenção e tratamento do sobrepeso e obesidade.
De acordo com o estudo, o excesso de peso aumenta com a idade, de modo mais
rápido para os homens, que na faixa de 25 a 29 anos chega a 50,4%. Contudo, nas
mulheres, a partir da faixa etária de 35 a 44 anos a prevalência do excesso de peso
(63,6%) ultrapassa a dos homens (62,3%), chegando a mais de 70,0% na faixa de 55 a
64 anos. A partir dos 65 anos de idade, observa-se um declínio da prevalência do
excesso de peso, tanto no sexo masculino quanto no feminino, sendo mais acentuada
nos homens, que na faixa etária de 75 anos e mais corresponde a 45,4% contra 58,3%
do sexo feminino.
Os dados mostraram ainda que a obesidade acomete um em cada cinco
brasileiros de 18 anos ou mais em 2013 (20,8%), sendo que o percentual é mais alto
entre as mulheres (24,4% contra 16,8% dos homens). Em dez anos, a obesidade entre
mulheres de 20 anos ou mais passou de 14,0% em 2003, segundo a Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF), para 25,2% em 2013, de acordo com a PNS. Entre os
homens, o crescimento foi menor, de 9,3% para 17,5%. O acúmulo de gordura
abdominal também foi mais frequente no sexo feminino, atingindo 52,1% das mulheres
e 21,8% dos homens. O oposto ocorre em relação à pressão arterial, cuja elevação foi
mais comum entre os homens (25,3%) que entre as mulheres (19,5%), atingindo 22,3%
da população no momento da entrevista.
Uma em cada quatro mulheres de 18 anos ou mais de idade (24,4%) era obesa
em 2013, enquanto, entre os homens, o percentual era de 16,8%. Isso significa que essas
pessoas tinham índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30, obtido através da
divisão do peso pelo quadrado da altura. A obesidade chegou a 32,2% nas mulheres
com idade de 55 a 64 anos, contra 23,0% nos homens.
Já o déficit de peso em adultos com 18 ou mais anos foi de 2,5 % (2,1% para homens e
2,8% para mulheres), ficando abaixo do limite de 5,0% esperado em qualquer
população para indivíduos constitucionalmente magros. A estratificação da população
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adulta por grupos de idade indica que a prevalência de déficit de peso só ultrapassa os
5,0% apenas para mulheres com idade entres 18 e 24 anos (6,8%), sendo que para os
homens desta faixa etária a prevalência de déficit de peso (4,6 %) é a maior dos grupos
de idade, porém não chega a 5,0%. Indicando com isso a não exposição à desnutrição da
população adulta, como um todo.
Enquanto 52,1% das mulheres tinham uma circunferência da cintura maior ou
igual a 88 cm, o que caracteriza obesidade abdominal, 21,8% dos homens media 102 cm
ou mais nessa parte do corpo. O excesso de gordura abdominal está associado ao risco
de doenças cardiometabólicas, como obesidade, diabetes e hipertensão arterial. Com
relação à circunferência da cintura aumentada por grupos de idade, observa-se que
conforme aumenta a idade ela tende a ficar mais elevada, tanto no sexo feminino quanto
no masculino, ultrapassando 70,0% das mulheres acima de 55 anos de idade e a 35,0%
no caso dos homens.
Entre 2003 e 2013, a obesidade entre mulheres de 20 anos ou mais de idade
passou de 14,0% (de acordo com a POF 2002-2003) para 25,2% (segundo a PNS), um
aumento de 11,2 pontos percentuais (p.p.). Entre os homens, houve um menor
crescimento, de 9,3% para 17,5%, uma diferença de 8,2 p.p. Em relação ao excesso de
peso, também houve um aumento contínuo tanto para os homens (de 42,4% para
57,3%) quanto para as mulheres (de 42,1% para 59,8%). Por outro lado, houve declínio
contínuo do déficit de peso, tanto para homens (de 2,8% para 1,9%) quanto para
mulheres (de 4,9% para 2,5%).
São muito as variáveis no processo de ganho de peso, a obesidade exógena é
responsável por 95 a 98% dos casos e apenas um percentual muito baixo (2 a 5%) tem
como causas as síndromes genéticas que evoluem com obesidade (Prader-Willi,2013).
Através da biologia molecular vem sendo feito algumas elucidações desta patologia,
fisiológico-bioquímica são estudadas as variações do balanço energético . É considerado
um distúrbio do metabolismo energético em que ocorre acúmulo excessivo de energia,
sob forma de trIglicerídeos no tecido adiposo. Os estoques de energia no organismo são
regulados pela ingestão e pelo gasto energético, quando há equilíbrio entre a ingestão e
o gasto energético, o peso corporal é mantido, um pequeno balanço positivo acarreta
baixo incremento de peso, mas o desequilíbrio crônico entre a ingestão e o gasto levará
à obesidade ao longo do tempo.
Os fatores causais da obesidade estão ligados à excessiva ingestão de energia, ao
reduzido gasto ou a alterações na regulação deste balanço energético . Os avanços no
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campo da biologia molecular começaram a ocorrer a partir da observação de mutações


em genes de camundongos obesos e, com isso, novas vias de regulação do peso corporal
foram descobertas. Existem numerosos componentes já identificados que participam da
regulação do peso corporal, mas os papéis precisos de cada um ainda não foram
determinados.
É considerada uma patologia para ser tratada pela atenção básica do Sistema
Único de Saúde (SUS), onde a proposta de intervenção na reversão do quadro de
excesso de peso à nível populacional e também individual, envolve programa sobre
alimentação, atividade física, corpo e saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) previne quanto ao aumento de
consumo de produtos industrializados e de consumo de alimentos in natura ou
minimamente processados. É recomendado buscar o balanço energético e o peso
saudável, limitar o consumo de gorduras, aumentar o consumo de frutas, legumes e
verduras, cereais integrais e oleaginosas (amêndoas, castanha), limitar o consumo de
açúcares livres, limitar o consumo de sal (sódio) de todas as fontes e assegurar que o sal
seja iodado. Lembra também que as pessoas possam realizar seu direito à escolha, é
necessário garantir a disponibilidade de alimentação adequada ou seja deve ser
oferecido refeições saudáveis, saborosas, em ambiente agradáveis, em restaurantes
comerciais ou institucionais, creches, escolas, hospitais para que seja adequado em
qualquer espaço público que ofereça refeições. Com estas medidas de promoção de
alimentação saudável devem se adequar aos diferentes espaços públicos como as redes
de ensino e saúde, meios de comunicação em massa, indústrias, locais de
comercialização de alimentos, organizações sociais e governamentais. A obesidade
pode ser considerada de caráter multifuncional abrangendo questões biológicas às
históricas, ecológicas, econômicas, sociais, culturais e porlíticas ( Cadernos de Atenção
Básica, 2006)
A floração do coqueiro acontece com cinco anos após plantado, na sequência
após a fertilização, o fruto amadurece no prazo de 12 meses e surge a polpa sólida,
também chamada copro que possui uma consistência de 60-70% de óleo (KUMAR,
2011).
No coco é encontrado em cada 100 gramas íons inorgânicos, sódio 42 mg,
potássio 290 mg, cálcio 44 mg, magnésio 10 mg e fósforo 9,2 mg (WFFIONG et al.,
2010). A água de coco é rica em vitaminas do complexo B, a cada ml encontramos:
ácido nicotínico B3 0,64 ug, ácido pantotênico B5 0,52 ug, biotina 0,02 ug, riboflavina
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menos que 0,01 ug, ácido fólico 0,003 ug, quantidade pequenas de tiamina B1 e
piridoxina B6 (CHAN et al., 2006). É também encontrado açúcares, vitamina C,
aminoácidos livres, fitoesteróis (auxina, 1-3-difeniluréia, citocina) enzimas (fosfatase
ácida, catalase, desidrogenase, diástase, peroxidase, RNA polimerases) e fatores
promotores de crescimento (YOUNG et al., 2009).
Fazem parte os ácidos graxos saturados, capróico, caprílico, láurico, mirístico,
palmítico, esteárico, e araquídico. Ácidos graxos insaturados encontrados são: oléico,
palmioléico, e linolênico (ASSUNÇÃO et al., 2009).
O coco e o óleo de coco (Coco nucifera) são importantes fontes naturais de
gorduras saturadas, especialmente de ácido láurico (C12:0). Em respeito à dislipidemia,
sabe-se que gorduras sólidas saturadas ricas em ácido láurico resultam em perfil lipídico
mais favorável do que uma gordura sólida rica em ácidos graxos trans(MENSINK et al.,
2003; ROOS & KATAN, 2001). Em relação aos demais tipos de gorduras saturadas,
especialmente ácido mirístico e palmítico, o ácido láurico apresenta maior poder em
elevar LDL-C, bem como HDL-C62. Entretanto, esse efeito parece não ser a causa do
aumento da prevalência de DCV de acordo com estudos realizados na Ásia, onde o óleo
de coco representa até 80% da gordura consumida em algumas regiões(Lipoeto et al.,
2004; LIPOETO,1997).
No Brasil, um ensaio clínico mostrou redução da relação LDL:HDL, aumento do
HDL-C e redução da circunferência abdominal no grupo que utilizou óleo de coco
(ASSUNÇAO et al., 2009) . Apesar dos potenciais benefícios do óleo de coco no HDL,
os estudos experimentais comprovam o efeito hipercolesterolêmico do coco e seus
subprodutos, como o recente estudo com cobaias que comparou óleo de coco com azeite
de oliva e óleo de girassol. O grupo tratado com óleo de coco apresentou aumento
significativo da fração não HDL e triglicérides(LECKER et al., 2010).
De acordo com a característica da polpa e a técnica utilizada para a extração da
gordura pode-se obter óleos com diferentes qualidades. A polpa do fruto pode ser
submetida ao processo de secagem (sob exposição à luz solar ou em equipamentos
específicos) e prensada de forma mecânica, até a obtenção do óleo. Após, o produto
sofre os processos de refinamento, descoloração e desodorização (refining, bleaching,
and deodorizing - RBD), durante os quais o óleo é submetido a elevadas temperaturas e
purificação com solventes químicos. Como produto final tem-se o óleo de coco
refinado, ou copra. Em virtude do aquecimento, alguns compostos benéficos, como
tocoferóis, tocotrienóis, polifenóis e outros antioxidantes podem se encontrar em
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quantidades significativamente reduzidas, se comparado ao óleo de coco virgem


(NEVIN; RAJAMOHAN, 2004; O’BRIEN, 2009; MARINA et al., 2009).
O óleo de coco virgem, de acordo com as normas estabelecidas no manual
Philippine National Standards (PNO), é feito a partir da polpa fresca e madura, por
métodos naturais ou mecânicos, com ou sem aquecimento, porém sem o uso de
solventes químicos para refinamento.
Com a prensagem da polpa madura e fresca, obtém-se uma emulsão leitosa, a
qual precisa ser separada para a obtenção do óleo. Esta separação pode ser realizada por
centrifugação, ação enzimática, fermentativa ou por resfriamento, congelamento e
posterior descongelamento em banho-maria. Em virtude do uso de técnicas que não
requerem elevadas temperaturas e agentes químicos para refinamento, este tipo de óleo
conserva os compostos antioxidantes presentes no fruto e suas características naturais
(MANSOR et al., 2012; PHILIPPINES, 2004; APCC, 2009).
Embora apresente um importante conteúdo de antioxidantes, busca-se a
utilização do óleo de coco em virtude do tipo de lipídeo que o compõe: o ácido graxo de
cadeia média (AGCM). Classificados como saturados, estes ácidos possuem entre seis e
12 carbonos em sua cadeia (FIGUEIREDO-SILVA et al., 2012). O ácido láurico, um
AGCM, corresponde a 50% da composição de ácidos graxos do óleo de coco, seguido
por quantidades consideráveis de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como os
ácidos cáprico, capróico e caprílico (ZAKARIA et al., 2011), o que torna o óleo de coco
um alimento com baixas quantidades de ácidos graxos essenciais, como os ácidos
linoléico e linolênico (IPPAGUNTA et al., 2011). Os AGCM apresentam algumas
peculiaridades no que se refere ao metabolismo hepático e seus mecanismos de ação, e
tais peculiaridades seriam responsáveis pelo efeito benéfico na adiposidade abdominal e
perfil lipídico.
Diferentemente dos ácidos graxos de cadeia longa, AGCM não requerem a ação
transportadora dos quilomícrons via sistema linfático para alcançarem os tecidos-alvo,
ou seja, os ácidos graxos de cadeia média percorrem a circulação diretamente pelo
sistema portal, o que facilita a metabolização hepática e oxidação mitocondrial
(FIGUEIREDO-SILVA et al., 2012). Ademais, em se tratando da oxidação
mitocondrial, estes ácidos graxos seriam favorecidos por não dependerem de carnitina
palmitoiltransferase-1 (CPT-1), enzima-chave que facilita a entrada do ácido graxo na
mitocôndria para sua posterior oxidação, ao converter o acil-CoA à acilcarnitina (GAO
et al., 2013).
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Em virtude da sua composição predominantemente de ácidos graxos saturados,


há uma preocupação em relação a alterações no perfil bioquímico que este óleo poderia
promover, potencialmente elevando o risco de doença cardiovascular. Os achados
obtidos em estudos iniciais com o óleo de coco corroboravam esta ideia. Entretanto,
críticas surgiram em relação à metodologia adotada, dentre elas o uso de gordura
hidrogenada de coco – a qual apresenta maior estabilidade para o uso culinário, porém
contém elevadas quantidades de ácidos graxos trans que favorecem o desenvolvimento
de dislipidemias e doenças cardiovasculares – e a adoção de dietas controle fonte de
ácidos graxos poliinsaturados – amplamente descritos na literatura como eficazes
agentes redutores de colesterol sanguíneo ( FERANIL et al., 2011).
O óleo de coco é muito utilizado na indústria de cosmético, é um óleo base
para muitos produtos farmacêuticos e também para a produção de biocombustível
através da utilização de ésteres metílicos (KUMAR, 2011).
O uso do óleo de coco no tratamento da obesidade deve-se em virtude de seu
alto teor de ácidos graxos de cadeia média, pois estes lipídios são facilmente oxidados
ao invés de armazenarem no tecido adiposo, diminuindo a taxa do metabolismo basal
(LIAU et al., 2011).
Estudo sobre o óleo de coco feito na Faculdade Federal de Alagoas para verificar
os perfis bioquímicos e antropométricos de mulheres com circunferência de cintura
menor que 88 cm (apresentando gordura abdominal ) foi realizado um estudo
randomizado duplo-cego, o ensaio clínico envolveu 40 mulheres com idade entre 20-40
anos. Foram alimentadas com suplimentos diários (uma colher com 30 ml) de óleo de
feijão de soja (grupo S) e óleo de coco (grupo C) por um período de 12 semanas e
mantiveram dieta hipocalórica equilibrada com caminhada de 50 minutos por dia.
Coletado os dados da primeira semana (T1) e na segunda semana (T2). Diminuido o
consumo energético e a quantidade de carboidratoos ingeridos para os dois grupos,
aumentando o consumo de proteína e fibra e ingestão de lipídios ficando inalterado. O
T1 não apresentou alteração nas características bioquímicas e antropométricas.Já no T2
C pode ser constatado um nível mais alto de HDL (48,7 ± 2,4 vs 45,00 ± 5,6; P = 0,01)
e menor LDL: HDL (2,41 ± 0,8 vs. 3,1 ± 0,8; P = 0,04). Foram observados também
reduções no IMC de ambos os grupos em T2 (P <0,05) e no grupo C apresentaram
uma redução no WC (P = 0,005). Observado no grupo S um aumento (P <0,05) no
colesterol total, colesterol LDL e LDL: HDL, enquanto que o HDL diminuído (P =
0,03).
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No estudo realizado por Cunningham (2011), observou que quando consumido


moderadamente o ácido láurico, principal componente do óleo de coco, associado a uma
dieta equilibrada, favorece o aumento nas concentrações de HDL-c e,
consequentemente, promove um acréscimo sobre os valores de colesterol total – efeito
observado no estudo atual e em coelhos (Soni et al., 2010)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados com o uso do óleo de coco são satisfatórios, desde que sejam
realizado em conjunto com pratica de exercícios físicos e controle alimentar
acompanhados de um profissional da área de nutrição e/ou médica, como observou-se
na analise de alguns estudos realizados. Portanto, conclui-se que suplementação
dietética com óleo de coco pode auxiliar na redução na obesidade abdominal Porém
não fica claro o beneficio do uso de óleo de coco para melhora consistente do perfil
lipídico e glicêmico, sendo os resultados encontrados em diferentes pesquisa, ainda
contraditórios. Faz-se necessário a realização de estudos clinicos randomizados, com
tamanho e tempo adequados para que se possa avaliar o real efeito do óleo de coco,
permitindo assim conclusões mais precisas.
É importante ter em mente que a gordura saturada do óleo de coco, mesmo que com
melhor composição que outras fontes de gordura saturada, deve ter seu consumo
restrito. Ainda é válida a recomendação de que uma dieta de alta qualidade para saúde
deve limitar a ingestão de gordura saturada (7% do valor calórico total da dieta),
substituir gordura saturada por monoinsaturada e poliinsaturada, aumentar o consumo
de ômega 3, fibras solúveis, vegetais e frutas.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

USO DE SPIRULINA NA PERFORMANCE ESPORTIVA E QUALIDADE DE


VIDA
USE OF SPIRULINA IN SPORTIVE PERFORMANCE AND QUALITY OF LIFE
Débora Costelini Simões de Macedo*
Flavia Hernandez Fernandez**

RESUMO:

A Spirulina está sendo cada vez mais usada na alimentação humana e animal. Esta cianobactéria é uma
rica fonte de proteínas, vitaminas e minerais, ácidos graxos poli-insaturados, entre outros nutrientes,
sendo seu principal uso como suplemento alimentar. Dentre as ações da Spirulina, são comprovadas sua
efetividade na inibição de alguns tipos de vírus, sua ação no tratamento do câncer, diminuição dos
lipídios, glicose e pressão sanguínea, redução de peso em obesos, melhora da flora intestinal e resposta
imunológica, proteção renal contra metais pesados e fármacos, além de efeito rádio protetor e eficiência
no combate à desnutrição. Em vista disso, o objetivo deste trabalho foi estudar e relatar os efeitos da
Spirulina na saúde como um todo e também na melhora da performance esportiva e qualidade de vida.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, realizada em bases de dados como SciELO, Medline e Lilacs,
datados entre 1981 e 2017, no período de janeiro a novembro de 2017. Concluiu-se a partir dos dados
analisados que a Spirulina pode ser usada no tratamento de várias patologias, assim como para a melhora
da performance esportiva e qualidade de vida.

Palavras-chave: Spirulina; Performance esportiva; Estratégias nutricionais; Suplementos alimentares;


Microalga Spirulina.

ABSTRACT:

Spirulina is being increasingly used in food and feed. This cyanobacterium is a rich source of proteins,
vitamins and minerals, polyunsaturated fatty acids, among other nutrients, being its main use as a food
supplement. Among Spirulina's actions, its effectiveness in the inhibition of some types of virus, its action
in the treatment of cancer, decrease of lipids, glucose and blood pressure, weight reduction in obese,
improvement of intestinal flora and immune response, renal protection against heavy metals and drugs, as
well as a protective radio effect and efficiency in the fight against malnutrition. In view of this, the
objective of this study was to study and report the effects of spirulina on health as a whole and also on the
improvement of sports performance and quality of life. It is a bibliographical research, carried out in
databases such as SciELO, Medline and Lilacs, dating between 1981 and 2017, from January to
November 2017. It was concluded from the data analyzed that Spirulina can be used in the treatment of
several pathologies, as well as for the improvement of sports performance and quality of life.

Keywords: Spirulina; Sports performance; Nutritional strategies; Food suplements; Cyanobacteria.

*
Discente do curso de Nutrição da Unifil, Londrina - Paraná
**
Orientador, Docente do Curso de Estática e Cosmética e Farmácia da Unifil, Londrina - Paraná
.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

1. INTRODUÇÃO
Recentemente, um dos organismos aquáticos que tem recebido
destaque, devido as suas diversas atividades biológicas é a Spirulina platensis, também
conhecida como Arthrospira platensis, uma alga verde azulada de forma helicoidal,
com comprimento de 0,2 a 0,5mm. A Spirulina apresenta alto teor de proteínas (65 a
70% do seu peso seco), contém todos os aminoácidos essenciais, é uma fonte rica em
vitamina B12, minerais, ácidos graxos essenciais, 15% de carboidratos complexos além
dos pigmentos fotossintéticos que apresentam uma variedade de propriedades
farmacológicas (RAPOSO et al., 2013; MARLES et al., 2011; KU et al., 2013).
A Spirulina tem sido utilizada mundialmente na alimentação humana
e animal, assim como na obtenção de aditivos utilizados em formas farmacêuticas e
alimentos. Esta microalga é uma fonte rica em proteínas, carboidratos, lipídios, minerais
(Ca, Mg, Fe, P, K e I), betacaroteno, vitamina E e vitaminas do complexo B
(AMBROSI et al., 2008).
A cianobactéria Spirulina possui elevado teor de proteínas em sua
biomassa e é facilmente cultivada devido à sua alta produtividade. O elevado número de
ribossomos em sua estrutura celular permite maior síntese de proteínas do que a de
células vegetais ou animais (BOROWITZKA, 1995). Sua biomassa pode ser utilizada
em alimentos por possuir certificado GRAS (Generally Recognized As Safe) do FDA
(Food and Drug Administration) (FDA, 2003).
As proteínas da microalga Spirulina contêm todos os aminoácidos
essenciais e seu valor nutritivo é comparável em relação à proteínas convencionais
utilizadas na suplementação alimentar, o que as fazem uma potencial alternativa para
nutrição humana (BECKER, 2007; CHRONAKIS; MADSEN, 2011).
Além do elevado valor nutritivo e propriedades funcionais que a
biomassa de Spirulina possui, é possível obter peptídeos a partir da mesma. O processo
de hidrólise das microalgas pode gerar peptídeos com atividade biológica, como ação
anti-inflamatória, antioxidante e hipocolesterolêmica. As propriedades nutricionais da
Spirulina tem sido relacionadas com possíveis atividades terapêuticas, caracterizando-a
no âmbito dos alimentos funcionais e nutracêuticos (PAN et al., 2015; VO et al., 2013;
LISBOA, 2013).
As proteínas da microalga Spirulina Podem ser utilizadas em
alimentos e suplementos alimentares, destinados aos indivíduos que necessitem de uma
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

dieta rica em proteínas. Além disso, a hidrólise enzimática dessas proteínas pode
proporcionar melhorias na qualidade functional e nutricional, além da liberação de
peptídeos que podem ser benéficos à saúde (KARKOS et al. 2011).
A Spirulina pode ser indicada como suplemento nutricional em
regimes para obesidade, alcoolismo, fadiga, carência de vitaminas e minerais e durante
a convalescença de processos patológicos ou cirúrgicos. Utilizada na suplementação de
atletas, para melhor desempenho físico e dieta alimentar. As indústrias PET também
utilizam a Spirulina para suplementação de animais. Como suplemento alimentar e
auxiliar nos regimes de emagrecimento recomenda-se usar de 500mg a 2g três vezes ao
dia, antes das refeições. Como suplemento alimentar para atletas, as doses podem
aumentar até 5g ao dia (KALAFATI et al., 2010).
A biomassa microbiana usada como alimento fonte de proteínas vai ao
encontro da atual preocupação mundial pela implementação de estratégias agrícolas
mais produtivas e menos impactantes (MARCHESAN et al., 2007).
Essa é a cianobactéria mais estudada em todo o mundo. No Brasil,
pesquisas estão sendo conduzidas para sua utilização como aditivo alimentar em
diferentes produtos e também na merenda escolar (MORAIS et al., 2009).

O objetivo desta revisão foi estudar o uso de Spirulina na performance esportiva e


qualidade de vida; elucidar as propriedades funcionais e o valor nutritivo e relatar o
efeito do treinamento de força e da suplementação com Spirulina platensis

PROPRIEDADES NUTRICIONAIS DA SPIRULINA

Atribui-se grande importância nutricional à Spirulina devido à


variedade de macro e micronutrientes que contém. Pode-se dizer que a Spirulina é um
alimento com maior variedade de nutrientes por unidade de peso, sendo que 20g desta
microalga são suficientes para satisfazer as necessidades nutricionais do organismo
humano. Estudos demonstraram que esta cianobactéria apresenta teor proteico em torno
de 60% de proteína bruta além de vitaminas, minerais e diversas substâncias bioativas
(PHANG, 2000).
A utilização da Spirulina na alimentação deve-se à sua composição
química, que por sua vez, proporciona efeitos nutricionais e potencialmente funcionais
ao consumidor (MORAIS, 2008). Conforme a FDA (2003) esta microalga apresenta em
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

sua constituição 53-62% de proteínas; 17-25% de carboidratos; 4-6% de lipídios; 8-13%


de minerais e 3-6% de umidade.
Quanto à digestibilidade, o fato de as cianobactérias não possuírem
celulose em sua parede celular como as microalgas eucarióticas favorece o
aproveitamento de nutrientes, o que pode melhorar a qualidade proteica. Com relação à
composição de carboidratos, a parede celular da Spirulina é constituída por 86% de
polissacarídeos digeríveis (HABIB, 2008).
A Spirulina apresenta elevado conteúdo proteico e é considerada uma
das fontes mais ricas de pró- vitamina A (betacaroteno) e de ferro absorvível, além de
apresentar altos níveis de vitaminas e outros minerais, compostos fenólicos, ficocianina,
ácido gama-linolênico e outros ácidos graxos essenciais (VON DER WEID et al.,
2000).
Entre os constituintes da Spirulina, destacam-se as vitaminas do
complexo B, minerais, proteínas de alta qualidade, antioxidantes β-caroteno e vitamina
E. Há também presença de ácidos graxos poli insaturados, especialmente o ácido gama
linolênico. A presença destes compostos permite que a microalga seja utilizada também
para fins terapêuticos (COLLA et al. 2004).
O gênero Spirulina está classificado como alimento complementar e
como sendo uma fonte rica de nutrientes, tais como vitaminas B, ficocianina, clorofila,
vitamina E, ómega-6 e muitos minerais, tais como potássio, cálcio, crómio, cobre, ferro,
magnésio, manganésio, fósforo, selénio, sódio e zinco. A Spirulina possui dez vezes
mais β-caroteno quando comparado com qualquer outro alimento, e mais vitamina B12
do que alguma planta fresca ou alimento de origem animal. No que diz respeito aos
carboidratos, a Spirulina é principalmente composta por glucose, ramnose, manose,
xilose, e galactose, sendo utilizada como suplemento na perda de peso, controle da
diabetes e hipertensão (KIM, 2015).
O conteúdo proteico da Spirulina atinge 60-70% do seu peso seco.
Estas proteínas apresentam excelente qualidade com um índice balanceado de
aminoácidos essenciais. As proteínas presentes possuem alto poder de digestibilidade,
em torno de 70%. Entre os aminoácidos não essenciais presentes na Spirulina estão:
alanina, arginina, ácido aspártico, cistina, ácido glutâmico, glicina, histidina, prolina,
serina e tirosina. Entre os aminoácidos essenciais, estão a isoleucina, a leucina, a lisina,
a metionina, a fenilalanina, a treonina e a valina (BELAY et al., 1993; HENRIKSON,
1995).
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

De acordo com Deman (1981) e Carvajal (2009) as proteínas da


Spirulina contêm todos os aminoácidos essenciais. Relativamente a estes aminoácidos,
contudo, apresentam maior valor quando comparadas a cereais. O perfil de aminoácidos
da Spirulina encontrado por Morais et al. (2008) é satisfatório, pois os percentuais de
aminoácidos presentes na cianobactéria estão próximos aos padrões estabelecidos pela
FAO, além disso mostram-se muito superiores a outros alimentos, como soja e feijão.
Os ácidos graxos reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde
como essenciais são o ácido linoléico, o alfa-linolênico, o gama-linolênico e o
araquidônico. O ácido gama-linolênico se destaca entre os ácidos graxos que compõe a
Spirulina, pois representa de 20 a 25% dos lipídios presentes na mesma (HENRIKSON,
1995; ALONSO & MAROTO, 2000).
Dentre os ácidos graxos presentes na Spirulina encontram-se em
maior proporção o ácido palmítico, o linoléico e o oléico (BECKER, 2004). Pesquisas
realizadas por Colla (2002), Sánchez et al. (2003) e Bertolin et al. (2009) relatam a
expressiva presença do ácido gama-linolênico (GLA). Este ácido graxo essencial está
relacionado ao tratamento e prevenção de várias doenças. O ácido linoléico contribui na
redução de colesterol no sangue, podendo auxiliar na redução do risco da ocorrência de
doenças cardiovasculares.
As vitaminas que estão presentes na Spirulina são a biotina, o ácido
fólico, o inositol, as vitaminas B12, B6 , B3 , B2 , B1 e E, além do ácido pantotênico. A
quantidade de vitamina E presente é de aproximadamente 190 mg/Kg de Spirulina.
(HENRIKSON, 1995). Segundo Becker (2004) a Spirulina apresenta vitaminas A e C,
importantes antioxidantes naturais, e ácido fólico (B9), o qual é necessário para a
formação de células e bom funcionamento de alguns órgãos. Esta cianobactéria destaca-
se, sobretudo, pelo seu conteúdo de vitamina B12, difícil de encontrar em dietas
vegetarianas. De acordo com Jassby (1988), apenas 1,8g de Spirulina alcançaria o valor
de RDA (Recommend Dietary Allowances) para a vitamina B12, importante fator para
a formação das células vermelhas do sangue.
Os carotenoides são hidrocarbonetos de natureza terpênica, portanto
formam um grupo de substâncias com estrutura insaturada. São um grupo de pigmentos
naturais responsáveis pelas cores amarela, laranja e vermelha, solúveis em solventes
orgânicos. O β-caroteno é um carotenoide encontrado na Spirulina e em outras algas,
estando em maior concentração nas algas verdes. Este pigmento é conhecido como
provitamina A, já que é convertido em retinol (vitamina A). Possui atividade
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

antioxidante, sendo um dos principais carotenoides que neutralizam os radicais livres


(RAMÍREZ, 2006).
No que diz respeito ao teor vitamínico, o β-caroteno compreende 80%
do conteúdo de carotenoides da Spirulina. Um estudo com cinco mil crianças indianas
que receberam uma dose diária de um grama de Spirulina demonstrou diminuição da
deficiência crônica de vitamina A de 80% para 10%, após cinco meses de tratamento.
Este carotenoide extraído de microalgas já vem sendo aplicado comercialmente como
corante natural, antioxidante, provitamina A, e em ensaios clínicos contra doenças
degenerativas, visando o tratamento de morbidades de grande impacto social e
econômico, como as neoplasias (SESHADRI, 1993).
Os minerais presentes na Spirulina são: cálcio, fósforo, magnésio,
ferro, zinco, cobre, cromo, manganês, selênio, sódio e potássio, sendo que os principais
são o cálcio (1,3 a 1,4 g/Kg de Spirulina), o fósforo (6,7 a 9,0 g/ Kg de Spirulina) e o
potássio (6,4 a 15,4 g/Kg de Spirulina) (HENRIKSON, 1995). Segundo Jassby (1988) a
quantidade de ferro destaca-se em relação aos demais. O mesmo autor relata que 12g de
Spirulina seriam suficientes para suprir as necessidades do mineral no organismo.
Conforme dados dispostos por FDA (2003) cada 3g de Spirulina contém 1,3mg de ferro.
A Spirulina é um produto totalmente de origem biológica. Consiste na
biomassa seca da cianobactéria Arthrospira platensis, considerada com GRAS, podendo
ser adicionada em alimentos preparados na quantidade de 0,5-3g/porção (FDA, 2003).
As espécies S. platensis e S. maxima são as mais estudadas para
consumo humano por apresentarem perfil nutricional que as torna ideal como
suplemento alimentar, pois substituem satisfatoriamente as fontes artificiais de
nutrientes, por combinar diversos constituintes de maneira equilibrada (RICHMOND,
1990; VONSHAK, 1997).
Em trabalho de revisão publicado por Belay et al. (1993), são citados
vários estudos cujos resultados indicam um grande potencial para o uso farmacológico
desta cianobactéria. São citados efeitos contra tumor bucal, hipertensão, efeitos tóxicos
de radiações e obesidade, atribuindo a esta cianobactéria um conjunto de propriedades
que dificilmente podem ser encontradas simultaneamente em um único produto natural.
Em virtude disso, a biomassa de Spirulina foi apontada como sendo de grande interesse
para a pesquisa de moléculas bioativas.
Um fato muito interessante é que Spirulina já foi inclusive utilizada
como fonte de alimento e suplemento primordial em programas espaciais da NASA
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(National Aeronautics and Space Administration), agência do Governo americano


encarregada de pesquisa e desenvolvimento da exploração ESPACIAL (THAAKUR &
JYOTH, 2007).
Em relação aos benefícios para a saúde humana, a Spirulina apresenta
benefícios cardiovasculares que são essencialmente resultado da sua atividade
antioxidante, anti-inflamatória e hiperlipidêmica. De acordo com um estudo
(CHAMORRO et al, 2002), já foi provado in vivo e in vitro que a Spirulina é eficaz no
tratamento de certas alergias, anemia, cancro, hepatotoxicidade, doenças virais e
cardiovasculares, hiperglicemia, hiperlipidemia, imunodeficiência e processos
inflamatórios.
A Spirulina tem sido estudada como parte do tratamento de pacientes
com câncer, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, e também na inibição da
replicação do vírus HIV, gordura hepática, baixos níveis de hemoglobina, lipídios
séricos elevados e melhora da microbiota intestinal e do sistema imune (HAYASHI et
al., 1994).
Um estudo conduzido por Becker et al. (1986) com pacientes
ambulatoriais obesos, constatou que uma dieta suplementada com 2,8 g de Spirulina,
três vezes ao dia, num período de quatro semanas, resultou em discreta redução do peso
corporal. Tal efeito está relacionado com o aumento da atividade da lipase lipoprotéica
(LPL), já que esta hidrolisa os triacilgliceróis retirando os ácidos graxos dos
quilomícrons, e também atua sobre o VLDL (NELSON, 2002).
A LPL é a principal enzima no processo de hidrólise dos
triacilgliceróis circulantes e atua na modulação das reservas de gordura. Outro
mecanismo pode estar associado à redução de peso proporcionada pela Spirulina é o
efeito da proteína na saciedade. Segundo alguns autores, a elevação do nível de
aminoácidos plasmáticos, observada após a ingestão de proteínas, estimula a liberação
de hormônios anorexígenos e insulina, os quais irão atuar sobre o centro da saciedade,
resultando na redução do apetite (Lang et al., 1998; Paiva et al., 2007; Dâmaso &
Nascimento, 1998).
Grinstead et al. (2000) conduziram um experimento com as mesmas
condições utilizadas por Becker et al. (1986), uma dieta suplementada com 2,8 gramas
de Spirulina três vezes ao dia, ao longo de quatro semanas, e verificaram significativa
redução do peso corporal de porcos obesos. Tais efeitos foram vinculados ao aumento
da atividade da lipase lipoproteica, mas poderiam também estar associados ao efeito da
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

proteína na saciedade, já que a Spirulina contém alto conteúdo proteico, e segundo


algumas fontes, o acréscimo do nível de aminoácidos plasmáticos estimula a liberação
de hormônios anorexígenos e de insulina, os quais possuem importantes papéis no
controle da saciedade (PAIVA et al., 2007).
O seu principal emprego é na alimentação, principalmente na forma
de pílulas ou tabletes de Spirulina prensada. E por ser um alimento rico e por se
expandir ao contato com a água do corpo, o consumo desta bactéria confere uma
sensação de saciedade que inibe a fome (DERNER et al., 2006).
Ravi et al. (2010), em seu trabalho de revisão sobre as propriedades
imunomoduladoras e antioxidantes de Spirulina, ressaltaram, entre outros efeitos, a
estimulação da produção de citocinas e anticorpos, a promoção da atividade de
macrófagos, linfócitos T e B, incluindo principalmente as células Natural killers (NK).
Dados expostos pelo mesmo trabalho relataram que o pigmento ficocianina exerceu
atividade modulatória do sistema imune por meio de um efeito inibitório sobre a
liberação de histamina pelos mastócitos durante a resposta alérgica. Além disso, esse
pigmento também suprimiu o crescimento de células tumorais, promovendo a atividade
das células NK e induzindo linfócitos do baço a produzirem o fator de necrose tumoral
TNF-α. Essas evidências justificam as pesquisas para investigar benefícios da Spirulina
como coadjuvante em enfermidades que cursam com imunodepressão ou
hipersensibilidade.
Efeitos positivos da administração de Spirulina sobre o sistema
imunológico foram citados por Pérez et al. (2002) em experimento in vitro com sangue
humano. A administração experimental de ficocianina (pigmento extraído da Spirulina)
por via oral em camundongos ocasionou aumento na atividade dos linfócitos do grupo
tratado em relação ao grupo controle, o que sugere uma forma de estimulação do
sistema imunológico. Além disso, a ingestão diária de ficocianina manteve ou acelerou
as funções celulares normais, o que pode vir a prevenir malignidades como o câncer ou
inibir seu crescimento (DAINIPPON, 1983).
Os pigmentos carotenoides estão presentes em quantidades superiores
a outras fontes conhecidas na natureza e as ficobilinas podem fortalecer o sistema
imunológico, aumentando a resistência do organismo humano contra doenças
(SRIVASTAVA, 2008)

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A Spirulina pode apresentar efeito positivo no aumento da viabilidade


de microrganismos como Bifidobacterium e Lactobacillus, presentes na flora intestinal
(BELAY et al., 1993; PELCZAR et al., 2005).
Tsuchihashi et al. (1987) demonstraram que a ingestão de Spirulina
com a dieta na dose de 5% durante 100 dias, elevou a população de Lactobacillus no
ceco de ratos, três vezes mais do que no grupo controle, o qual não foi alimentado com
a cianobactéria. Comparando-se o grupo tratado com o grupo controle os autores
concluíram que a importância do ceco na absorção de nutrientes foi aumentada em 13%,
que a população de Lactobacillus aumentou 327% e que a quantidade de vitamina B1
absorvida no ceco foi ampliada em 43%. Salientou-se que a microalga não fornece a
vitamina, e sim aumenta sua absorção. Sendo assim, este estudo sugere que ingerir
Spirulina aumenta a quantidade de Lactobacillus no intestino e pode tornar a absorção
de vitamina B1 e de outras vitaminas provenientes da alimentação, muito mais eficiente
(TSUCHIHASHI et al., 1987; BELAY et al., 1993).
A Spirulina apresenta propriedades antioxidantes, devido a presença
de compostos fenólicos, favorecendo o seu uso como alimento funcional (TANTAWY,
2011).
A indústria de alimentos está buscando o uso de agentes naturais
antimicrobianos e antioxidantes, isolados de plantas, fungos e algas marinhas, para
substituir os aditivos sintéticos em alimentos, uma vez que estes trazem efeitos
prejudiciais à saúde. Dentre as fontes naturais que vêm sendo citadas pelo efeito
funcional, associadas à capacidade de prevenir processos oxidativos, encontra-se a
Spirulina (KAY, 1991; MIRANDA et al., 1998; BERMEJO et al., 2008).
Estudos têm avaliado a atividade antioxidante de microalgas frente a
diferentes modelos toxicológicos, incluindo as cianobactérias Spirulina. Os compostos
responsáveis por essa atividade antioxidante são os carotenoides, tocoferóis, compostos
fenólicos e, mais recentemente, as ficobiliproteínas aloficocianina, ficocianina e
ficoeritrina que são os principais pigmentos acessórios das cianobactérias.
(MADHYASTHA et al., 2009; COLLA et al., 2008; GE et al., 2006)
A despeito dos conhecidos mecanismos antioxidantes exercidos por
carotenoides, tocoferóis e compostos fenólicos, há três hipóteses principais para que as
ficobiliproteínas exerçam seu efeito protetor. A primeira seria devido à própria estrutura
química de tetrapirrólicos lineares que atuariam como nucleófilos, neutralizando as
espécies reativas de oxigênio e nitrogênio; essa hipótese tem sido demonstrada tanto in
351
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

vitro, quanto in vivo. A segunda seria devida às propriedades quelantes de minerais, e a


terceira envolveria o incremento do sistema enzimático antioxidante, detectado pelo
aumento da atividade detoxificadora da catalase (GALLARDO, 2010).
Muitos estudos que investigam os benefícios da Spirulina o fazem
através da análise da biomassa integral, mas somente alguns têm como foco os extratos
ou compostos isolados, sendo que estes se concentram prioritariamente sob os extratos
do pigmento ficocianina. Mais estudos devem ser conduzidos nesse sentido, para que
sejam mais bem compreendidas as propriedades antioxidantes dos demais compostos
bioativos presentes na biomassa de Spirulina.
Um estudo recente demonstrou que ratos alimentados com Spirulina
absorveram 60% mais ferro do que os que utilizaram o suplemento sulfato ferroso
(HABIB, 2008). Já para humanos, o trabalho de Selmi et al. (2011), conduzido com
quarenta voluntários de ambos os sexos, de cinquenta anos ou mais, que não possuíam
histórico de doenças crônicas, evidenciou um aumento constante dos valores médios de
hemoglobina corpuscular média em indivíduos de ambos os sexos.
A terapia medicamentosa da anemia por via oral frequentemente
apresenta efeitos colaterais, principalmente gastrointestinais, como náuseas, vômitos,
epigastralgia, diarreia e constipação; em aproximadamente 10% a 40% dos pacientes, a
intolerância é tão intensa que inviabiliza o tratamento 30. Sendo assim, a suplementação
com Spirulina para prevenção e como coadjuvante no tratamento de indivíduos
anêmicos deve ser considerada, pois esta morbidade se configura como um dos
principais problemas de saúde pública do Brasil e do mundo, afetando de acordo com a
OMS (Organização Mundial da Saúde) 1/3 da população do planeta (OMS, 2001).
Oropeza et al. (2009), revisando o efeito dietético da Spirulina na
reatividade vascular, em anéis de aortas extirpadas de ratos Wistar magros e obesos,
relataram que a cianobactéria modula a síntese e a liberação de compostos bioativos
pelo endotélio, promovendo vasodilatação pela síntese e liberação de óxido nítrico e do
eicosanoide vasodilatador prostaciclina, sobrepondo-se à síntese de eicosanoides
vasoconstritores, como prostaglandina H2 e tromboxano.
No âmbito esportivo os estudos são escassos. As evidências
encontradas até o momento apontam para redução de lesão muscular induzida por
exercício físico em ratos (HUANG et al., 2000) e em humanos (LU et al., 2006) e o
retardo da fadiga durante exercício de endurance, ambos investigando o efeito crônico
da alga.
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

O exercício intenso pode induzir a peroxidação lipídica conduzindo a


problemas como a inativação de enzimas de membrana celular, necrose das fibras
musculares, liberação de enzimas celulares para o sangue, diminuição da efetividade do
sistema imune e progressão de doença crônico-degenerativa. Um aumento da atividade
sérica de enzimas como creatina quinase (CK), lactato desidrogenase (LDH) e aspartato
aminotransferases (AST) tem sido usada como marcador de lesão tecidual (FINAUD et
al., 2006). O alto teor de antioxidantes presentes na Spirulina pode oferecer proteção
contra as consequências da ação dos radicais livres, minimizando assim, o processo de
peroxidação lipídica (ESTRADA, 2001).
No entanto, o papel da Spirulina como fonte nutricional diante das
altas cargas de treino dos atletas modernos, particularmente na prevenção da proteólise
ainda não tem sido investigado até o presente momento. Apesar disso, já tem sido
observado atualmente uma grande comercialização da Spirulina como suplemento
nutricional para atletas, mesmo diante da escassez de dados científicos sobre o seu papel
no esporte.
Para atletas e praticantes de atividade física que adotam uma dieta
vegetariana e/ou vegana, a Spirulina é uma fonte alternativa de proteína de alto valor
biológico, podendo ser utilizada para complementar o aporte proteico.

Para Belay et al. (1993), o consumo diário de Spirulina necessário


para suprir as recomendações de aminoácidos essenciais em um adulto seria de 25 g/dia.
Já foi sugerido que a ingestão diária de Spirulina de 6 g/dia para um adulto seria
caracterizado como alto consumo; 3 g/dia, consumo médio e 3 - 12 g/mês, baixo
consumo sendo a ingestão contemporânea de 1 – 5 g/dia 23. Estudos clínicos recentes
indicam que uma ingestão de cerca de 10 g/dia por seis meses não induziu efeitos
adversos (YAMANI, 2010).
Em maio de 2009 a Spirulina passou a fazer parte da Lista de Novos
Ingredientes (enquadrada nos Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais
e/ou de Saúde, Novos Alimentos/Ingredientes, Substâncias Bioativas e Probióticos)
aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a qual limita a sua ingestão
diária em 1,6g por indivíduo (BRASIL, 2009).

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Os trabalhos analisados apontam resultados favoráveis quanto ao


potencial nutricional da biomassa de Spirulina. Os estudos sobre a Spirulina disponíveis
na literatura versam principalmente sobre seus componentes, que possuem uma
diversidade de atividades, tornando-a um excelente suplemento alimentar e uma fonte
potencial na prevenção e no tratamento de várias enfermidades.
Os dados encontrados em estudos mostram que a Spirulina se
apresenta como uma substância que merece ser investigada no âmbito esportivo, pois o
seu uso mostra-se benéfico na microbiota intestinal, no efeito antioxidante, no aumento
de hemoglobinas, melhora na performance esportiva e coadjuvante no emagrecimento.
Apesar desses dados, é importante destacar que uma dieta equilibrada
é precedente e essencial ao estabelecimento do estado nutricional adequado. Nenhum
alimento pode ser considerado como solução isolada para o tratamento e a redução de
riscos associados a qualquer doença crônica não transmissível.

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358
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ATUALIDADES SOBRE AS POSSÍVEIS PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO GOJI


BERRY (Lyciumbarbarum and L. chinense)

UPDATES ON THE POSSIBLE FUNCTIONAL PROPERTIES OF GOJI BERRY


(Lyciumbarbarum and L. chinense)

Paulo Vinicius Pace *


Flávia Hernandez Fernandez**

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo relacionar os possíveis benefícios do Goji Berry com sua ação
antioxidante, assim como procurar relações da fruta com a perca de medidas. A metodologia aplicada
envolveu pesquisas em artigos relacionados com as propriedades da fruta, sua composição e sua relação
com o organismo. Dos estudos avaliados, muitos indicaram o Goji como uma fruta de alta concentração
de polissacarídeos, betacarotenos e vitaminas, tendo a vitamina C em maior destaque. Suas ações
antioxidantes foram bem relacionadas com a prevenção de patologias cardíacas assim como a prevenção e
tratamento de acometimentos oculares. Contudo, ainda não é possível afirmar de que o Goji Berry possui
ações capazes de reduzir medidas já que não existem estudos significativos comprovando tal ação.

Palavras-chaves: Antioxidantes;Lyciumbarbarum; Lyciumchinense.

ABSTRACT

This research aimed to relate the possible benefits of the Goji Berry with its antioxidant action as well as
look for fruit relations with weight reduction. The methodology involved in research articles related to
fruit properties, its composition and its relation to the organism. Of the assessed studies, many indicated
the Goji Fruit as a high concentration of polysaccharides, beta-carotene and vitamins, and vitamin C in
the spotlight. Its antioxidant actions were well related to the prevention of heart diseases as well as the
prevention and treatment of eye affections. However, it is not possible to state that the Goji Berry has
actions that reduce weight as there are no significant studies proving such action.

Keywords: Antioxidants; Lyciumbarbarum; Lyciumchinense.

1. INTRODUÇÃO

Mundialmente conhecido como “super fruta”, o Goji Berry


(Lyciumbarbarum) é considerado um dos alimentos funcionais, se não o maior, com
melhor função antioxidante segundo a tabela ORAC (Oxigen Radical
AbsorbanceCapacity), desenvolvida pela TuftsUniversity, Boston, USA, onde
determina a capacidade oxidante dos alimentos a cada 100 g (GOIA
INTERNATIONAL, 2011).

*Discente do curso de Farmácia da Unifil, Londrina - Paraná


**Orientador, Docente do Curso de Estática e Cosmética e Farmácia da Unifil, Londrina - Paraná
.

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Apesar dos poucos estudos desse alimento, seu conhecimento vem


sendo difundido no Oriente a mais de 2500 anos onde acreditava-se que poderia
fornecer longevidade para aqueles que se alimentassem da fruta. Originária do leste
asiático, o Lyciumbarbarum é pertencente à família das Solanaceae, assim como a
pimenta, a batata, o tomate, dentre outros alimentos indispensáveis para a
alimentação. Sua fruta possui uma coloração vermelha escura e formato oblongo
podendo medir até 2 cm e acompanha um sabor levemente adocicado (POTTERAT,
2010).
Os estudos mais recentes mostraram que o Goji Berry é rico em
aminoácidos, fibras, vitaminas, minerais, ácidos graxos insaturados, antioxidantes e,
principalmente, em polissacarídeos (LUO et al., 2006).Tais componentes são
responsáveis pelas ações de antienvelhecimento, anti-inflamatória, anti-hipertensiva,
anti-glicêmica, anticancerígena, por reduzir o colesterol ruim (LDL) e ainda
combater a impotência sexual. Estudando sua composição mais afundo, foi notado
substâncias de grande importância onde é possível citar as vitaminas antioxidantes
A, C e E; zeaxantina; luteína; beta-caroteno; riboflavina (vitamina B2) e compostos
fenólicos.
Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de relacionar as
propriedades funcionais do Goji Berry, bem como seus compostos bioativos, com a
redução de peso em pessoas obesas e com sobrepeso por meio de revisões
bibliográficas e discussões comparativas dentre os artigos e livros pesquisados, bem
como inúmeros efeitos benéficos ao organismo, descritos por diversos autores. O
Objetivo deste estudo, foi estudar as possíveis propriedades funcionais do Goji
Berry e relacionar a composição química do Goji Berry com as possíveis
propriedades funcionais.
2. METODOLOGIA

A pesquisa bibliográfica engloba toda e qualquer bibliografia tornada


pública em relação ao tema em estudo. Colocando o pesquisador em contato direto com
toda a informação disponível sobre o tema escolhido. Consiste no levantamento de
dados de variadas fontes oferecendo meios para definir e resolver, não somente
problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas. Sendo assim a pesquisa
bibliográfica não é considerada uma repetição do que já foi pesquisado, pois propicia o

360
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

exame de um tema sob uma nova abordagem, chegando a conclusões inovadoras


(MARCONI; LAKATOS, 2003).
A revisão da literatura é uma parte vital do processo de investigação.
Aquela envolve localizar, analisar, sintetizar e interpretar a investigação prévia (revistas
cientificas, livros, atas de congressos, resumos, etc.) relacionada com a sua área de
estudo; é, então, uma análise bibliográfica pormenorizada, referente aos trabalhos já
publicados sobre o tema. A revisão da literatura é indispensável não somente para
definir bem o problema, mas também para obter uma ideia precisa sobre o estado atual
dos conhecimentos sobre um dado tema, as suas lacunas e a contribuição da
investigação para o desenvolvimento do conhecimento.Como nos informam Cardoso et
al (p. 7, 2010) “cada investigador analisa minuciosamente os trabalhos dos
investigadores que o precederam e, só então, compreendido o testemunho que lhe foi
confiado, parte equipado para a sua própria aventura” Devido á constante evolução dos
conhecimentos, deve-se começar por rever os trabalhos mais recentes primeiro e recuar
no tempo.
A pesquisa foi realizada através de revisão bibliográfica feita com
artigos nacionais e internacionais obtidos das bases de dados SciELO, MEDLINE,
EBSCO, Google acadêmico, revistas e livros com o intuito de realizar uma analise
critica sobre as propriedades funcionais do Goji Berry e tendo como palavras-chave
utilizadas: Goji Berry, antioxidantes,Lyciumbarbarum eLyciumchinense.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O estudo da composição química do Goji Berry foi focado nas
propriedades antioxidantes e imunomodulatórias no contexto de doenças relacionadas à
idade incluindo aterosclerose, neurodegeneração e diabetes.
Segundo Potterat (2009) as frutas do Goji Berry, em sua maior parte,
são constituídas de polissacarídeos ou LBP (Lyciumbarbarumpolysaccharides), estes
por sua vez são constituídos de uma complexa mistura de polissacarídeos e
proteoglicanas. Sua porção glicosídica é constituída pela arabinose, glicose, galactose,
manose, ramnose, xilose, e/ou ácido galacturônico.
Os carotenoides encontrados nas frutas são o segundo maior grupo de
metabólitos encontrados, depois dos polissacarídeos, tendo como representante
principal o dipalmitato de zeaxantina, constituindo cerca de 56% de todos os
carotenoides encontrados(PIAOet al., 2005). Em menor escala foram identificados a β-
361
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criptoxantina, β-caroteno, monopalmitato de zeaxantina e zeaxantina livre. Nas


sementes foram identificados os mesmos compostos, tendo a zeaxantina como o
carotenoide mais abundante, constituindo cerca de 83% de sua totalidade.
Nas frutas também foram identificados vitaminas, principalmente a
riboflavina, tiamina e ácido ascórbico. Dentre os flavonoides encontrados se destacam a
miricetina, quercetina e o kaempferol. No óleo essencial doGoji Berryforam
identificados o ácido hexadecanoico, o ácido linoleico, β-elemene, o ácido miristico e
etilhexadecanoato(LE; CHIU; NG,2007).Os aminoácidos livres encontrados constituem
de 1% a 2,7% da fruta, tendo a prolina como o mais abundante. A taurina, o ácido γ-
aminobutírico e a betaina identificados constituem a menor porção de
aminoácidos(CAOet al., 2003; CHEN et al., 1991). A atropina, considerada um
constituinte tóxico, também foi identificada na composição do Goji Berry, contudo a
concentração encontrada – de 19 ppb – foi dada como irrelevante para que haja algum
efeito tóxico significativo(POTTERAT, 2009).
Na raiz foram identificados compostos fenólicos como os flavonoides
apigenina, acacetina, luteolina, kampferol e quercertina. A vitamina C e a betaína foram
identificadas em menor quantidade que nas frutas, mas ainda sim de forma
significativa(YAHARA et al., 1993). A atropina também foi identificada, contudo numa
concentração que se aproxima à aquela encontrada na fruta do Goji Berry e, assim, não
oferecendo riscos de toxicidade.
Pouco se sabe da composição das folhas e flores do L. barbarum. Para
tanto foram estudadas as que pertenciam à espécie L. chinense, por esta ser a qual mais
se aproxima da composição química da Lyciumbarbarum.Em sua folhas foram
identificados dois compostos chamados de withanolideos A e B. Ambos possuem ação
anti-inflamatória e são mais comumente encontrados na espécie Withaniasomnifera.
(IMAI et. al., 1963).
Outro grupo de interesse e que compõe a maior parte das folhas são os
flavonoides. As agliconasapigenina, quercertina, acacetina, luteolina e a 5,7,3′-
trihydroxy-6,4′,5′trimethoxyflavone constituem a maioria dos flavonoides. Também
foram identificados os carotenoides luteína e β-caroteno(ZOU, 2002).
Contudo, segundo as pesquisas realizadas, ainda há controvérsias em
relação à composição do Goji Berry. Em algumas revisões foram encontrados relatos de
determinados compostos pertencentes à fruta, enquanto em outras esses mesmos
compostos não são relacionados e muito menos citados.
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A fruta, sensação da indústria de alimentos saudáveis no Brasil e de


outros países, é um dos ingredientes mais conhecidos da tradicional medicina chinesa,
onde é apreciada por ser a fruta da longevidade, sendo indicada para a visão, para o
fígado, para estimular o sistema imunológico, o sistema vaso circulatório, o
desempenho sexual, além de inúmeras outras indicações.O Goji Berry é utilizado como
um alimento funcional e algumas pesquisas chinesas mostraram que dentre as funções
da fruta estão a proteção da visão, melhoria da libido e prevenção do reumatismo. Foi
verificado ainda que a planta age de forma significativa no sistema imunológico, possui
ainda ação protetora contra a radiação solar, atua também como potente antioxidante,
sendo eficaz no antienvelhecimento, possui propriedades imunomoduladoras inibindo o
crescimento tumoral e finalmente atua de forma importante na proteção da retina de
indivíduos diabéticos que são acometidos pela retinopatia (MING et. al., 2009;
ABDULLAH, 2012).
Submetida a inúmeras pesquisas para analisar suas propriedades, os
cientistas se surpreenderam ao constatar que a Goji Berry é um dos alimentos mais
nutritivos que se tem conhecimento em todo o planeta, com um grande número de
aminoácidos, vitaminas,ácidos graxos insaturados, antioxidantes e sendo especialmente
rica em polissacarídeos. Com tantas substâncias importantes, as pesquisas se
intensificaram e a lista dos benefícios da fruta para a saúde do corpo humano é extensa.
Contudo, não é só para a saúde que as propriedades da Goji Berry podem auxiliar, elas
também são comprovadamente eficientes para a beleza do corpo e da face.
As vitaminas são componentes indispensáveis para a manutenção do
organismo. Possuem diversos benefícios por onde é possível citar as ações antioxidante,
anticolesterolêmica, imunomodulatória, dentre outros benefícios. O Goji pode ser
considerado uma das frutas mais ricas em vitaminas já estudadas, podendo ser citados a
riboflavina, tiamina e, principalmente, o ácido ascórbico sendo este encontrado em
maior concentração do que nas laranjas.
Os antioxidantes presentes na fruta têm uma importância fundamental
no combate ao envelhecimento da pele, estimulando a renovação das células. As bagas
de Goji também são responsáveis pelo emagrecimento de seus usuários, e os resultados
podem ser percebidos em poucos meses, sem a necessidade de dietas ou outros métodos
associados, pois entre as suas propriedades também está a aceleração do metabolismo
do corpo humano (NIU et.al., 2008).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Os alimentos antioxidantes são muito importantes para a saúde


humana. Estudos realizados recentemente apontam que o Goji Berry possui
componentes antioxidantes como: zeaxantina e luteína; vitaminas A, C e E.; riboflavina
(vitamina B2); beta-caroteno e taurina( SONG et.al., 2012).
O Goji Berry possui inúmeros efeitos benéficos para a saúde. Dentre
eles é possível citar os efeitos protetores para a retina por meio dos carotenoides
encontrados na fruta, raiz e folhas.
A zeaxantina é o carotenoide mais abundante no Goji Berry, ela é
responsável pela manutenção de diversas regiões do organismo. É capaz de proteger a
mácula ocular contra os efeitos do envelhecimento, possui ações antioxidantes e
imunomodulatórias onde são capazes de causar ação protetora contra o câncer por meio
de mecanismos de sequestro de radicais livres, inibição da proliferação celular, aumento
da diferenciação celular via retinoides, estimulação da comunicação entre as células e
aumento da resposta imune (ZAINEet al., 2014).
A zeaxantina e a luteína são dois carotenoides, com estrutura química
parecida, são seletivamente absorvidos do sangue pela retina, estão amplamente
relacionados com a proteção contra a degeneração macular e catarata, eles possuem uma
capacidade de filtração de luz, tem sido proposto como protetor da mácula lútea contra
problemas foto-oxidativos. A vitamina A atua na diferenciação celular e exerce uma
função protetora no olho(OLIVEIRA, 2006;STAHL; SIES, 2013; MARTINS et.al.,
1999).
O Beta-caroteno é precursor da produção de vitamina A; é uma fonte
ótima de antioxidante que se armazena em camadas de gordura. Isso significa que ele
protege os olhos, pois, os elementos neurais da retina são envolvidos por bainhas de
gordura onde são necessárias a proteção com antioxidantes. A taurina contribui para
funções fisiológicas importantes no organismo servindo como antiarrítmicos,
propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e tem função na retina (SARNI etal.,
2010).
O β-caroteno é um carotenoide com atividade pró-vitamina A de suma
importância para a proteção da retina além de agir como um excelente antioxidante
eliminador de oxigênio siglete, uma forma energizada, mas sem carga do oxigêno,
sendo tóxica para o organismo. Devido a esse fator, o beta-caroteno é capaz de
combater o estresse oxidativo principalmente em regiões como o coração e fígado
demonstrando um aumento significativo na relação GSH/GSSG. Quando o miocárdio
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sofre alguma agressão os radicais livres acabam por participar da remodelação


ventricular, causando a conhecida fibrose intersticial. Estudos mostram que o estresse
oxidativo induz à síntese de colágeno, produzindo, consequentemente, fibrose no tecido
cardíaco (NOVOetal., 2013). Nesse sentido, o carotenoide é capaz de atenuar a
produção de colágeno causando, assim, uma redução na formação da fibrose intersticial.
A proteção imunitária não pode ser atribuída a um ou outro dos
excipientes menores no suco de Goji Berry, pera e suco de maçã, nem o teor de
vitamina C, nem o conservante e parecia ser uma propriedade da Goji Berry. Atividade
antioxidante na pele foi demonstrada pela proteção significativa em 5% do suco de Goji
Berry contra a peroxidação lipídica induzida por radiação UVA. Além disso, os dois
indutíveis conhecidos endógenos pelos antioxidantes, heme oxigenase-1 e de
metalotioneina, foram encontrados por serem envolvidos na proteção foto imune. Os
resultados sugerem que o consumo do sumo poderia proporcionar fotoproteção
adicional para os seres humanos susceptíveis(REEVE et.al., 2010).
Outra vitamnina de grande importância encontrada é avitamina E, que
atua diminuindo os estragos feitos pelos radicais livres e estão associadas à prevenção
de doenças como; artrite, câncer, envelhecimento e catarata. A ausência de Riboflavina
(vitamina B2) no organismo pode originar lesões nos olhos, na pele, boca, queda de
cabelo(ARANHA et al., 2000; ANICETO et al., 2000).
O ácido ascórbico (vitamina C) participa de vários processos do
metabolismo, formação de colágeno , e também de processos de oxido-redução,
inativando radicais livres. Sua ação antioxidante está relacionada com o aprisionamento
de peróxidos tóxicos e com a estabilização de radicais livres, protegendo lipídios,
proteínas e outros biocomponentes do dano oxidativo.
No organismo humano, a Vitamina C é absorvida pelo intestino pela
ação dotransporte dependente de sódio, sendo que também pode ocorrer, mas em menor
proporção,na boca e no estômago. A taxa de absorção da Vitamina C proveniente de
suprimentos émaior que 80% em adultos e, após a absorção, é transportada para os
tecidos e o excesso éexcretado na urina. Embora seja distribuída por todo o corpo, sua
concentração se dá nasglândulas adrenais e hipófise, no cérebro, nos olhos, neutrófilos e
linfócitos (OLIVEIRA, 2010).
Quanto aos benefícios ao organismo, o ácido ascórbico atua
prevenindo danos e doenças, como as cardiovasculares, certas complicações pré-natais,
tumores malignos, inflamações, catarata, mal de Parkinson e Alzheimer, bem como
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aceleração do processo de envelhecimento celular. Atua ainda junto à formação de


tecido conjuntivo e transporte de íons (OLIVEIRA, 2010).
A riboflavina, mais conhecida como vitamina B2, é encontrada
naturalmente na forma de coenzimas flavina adenina dinucleotídeo (FAD) e
flavinamononucleotídeo (FMN) ligadas à proteínas. Essas coenzimas são liberadas no
estômago através do meio ácido. No intestino delgado, por meio da ação das
pirofosfatases e fosfatases, ocorre a liberação da riboflavina(SOUZAet al., 2005).
A vitamina B2 é precursora das coenzimas FAD e FMN, onde estas
são consideradas importantes participantes da cadeia transportadora de elétrons. Fora as
coenzimas, a riboflavina também é capaz de originar flavinas, substâncias que se
mantêm ligadas às enzimas, as quais atuam na catálise de importantes reações como as
relacionadas ao reparo do DNA.
A riboflavina possui uma ligação importante no metabolismo de
lipídios, assim como na degradação de drogas e xenobióticos via
hidroxilaçãomicrossomal. Seus cofatores são de extrema importância para sua ação
antioxidante, por serem utilizados pela glutationaredutase, uma enzima importante
pertencente ao sistema de proteção contra espécies reativas de oxigênio (ROS) geradas
pelas células (SOUZA et al., 2005).
Atualmente, a riboflavina vem sendo utilizada em muitos
procedimentos oftálmicos como o chamado “cross-linking” do colágeno corneanocom a
vitamina B2. Essa técnica consiste em enrijecer o tecido corneano através da luz UVA
onde esta, associada a riboflavina, cria novas ligações entre as moléculas de colágeno
adjacentes, produzindo aumento na espessura da córnea bem como sua maleabilidade. A
riboflavina é utilizada como um fotomediador onde cria radicais livres que induzem
novas ligações entre fibrilas de colágeno. Tal restruturação ocasiona o aumento da força
biomecânica da córnea. O método de “cross-linking” é comumente recomendado para
casos degeneração marginal pelúcida, ceratocone e ectasias iatrogênicas após cirurgias
refrativas com laser (GADELHAet al., 2009).
A tiamina (vitamina B1) é uma vitamina essencial para o
desenvolvimento do organismo, pois a mesma é responsável por vias metabólicas
importantes sendo utilizada como co-fator para três enzimas, sendo elas a transcetolase,
α-cetoglutaratodesidrogenase e a piruvatodesidrogenase (OLIVEIRA, F. 2006). Tais
enzimas são fundamentais para a geração de energia celular, além de atuarem
indiretamente na síntese de lipídeos e nucleotídeos (AZEVEDO, 2010).
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

A transcetolase é uma importante enzima na via das pentoses e


essencial na síntese de ácidos nucleicos e de NADPH, onde o mesmo participa
produção de esteróides, ácidos graxos, aminoácidos, certos neurotransmissores, bem
como a glutationa; α-cetoglutaratodesidrogenase e piruvatodesidrogenase regulam o
nível de piruvato e lactato nas células e auxiliam na geração de ATP através do ciclo do
ácido cítrico com a produção de NADH (OLIVEIRA, 2006).
Pelo fato da tiamina ser uma vitamina essencial para o organismo,
uma vez que não pode ser produzida pelo mesmo, sua baixa ingestão implica em sérias
deficiências neurodegenerativas. A escassezde vitamina B1 poderá resultar na doença
conhecida como Encefalopatia de Wernicke, cujos principais sintomas são:
oftalmoplegia, ataxia, perda de memória, confusão mental e hipoatividade da marcha e
da postura(AZEVEDO, 2010).
Os flavonoides são outras substâncias de grande importância
encontradas no Goji Berry. Seus inúmeros benefícios os fizeram ser estudados mais a
fundo nos últimos 10 anos até os dias atuais.
Dos benefícios mais conhecidos podemos citar suas
atividadesbioquímicas, fisiológicas e farmacêuticas, incluindo, além das atividades
antioxidantes, as ações vasodilatadoras, antiinflamatórias, antibactericidas, imuno-
estimulantes, e efeitos antialérgicos e antivirais.
As enzimas proteinaquinase C, fosfodiesterase, fosfolipase,
lipoxigenase e ciclooxigenase são capazes de exercer atividade anti-inflamatória por
controlarem a formação de mediadores biológicos responsáveis pela ativação de células
endoteliais e células especializadas envolvidas na inflamação. Quanto à atividade
antimicrobiana, estudos já comprovaram que a quercetina e hesperidina inibem a
infecção e a replicação do herpes, polioviros, vírus da parainfluenza, ente outros
(OLIVEIRA, 2010;TRIPOLIet al., 2007).
Os flavonoides também possuem uma significativa ação contra o
câncer. Sua capacidade de proteger o DNA contra a luz UV, neutralizar radicais livres
capazes de gerar mutações na célula, podem também, ainda, afetar a atividade
enzimática envolvida na transdução da mitogênese regulando a proliferação das enzimas
quinase, fosfatase e fosfodiesterase (OLIVEIRA,
2010;HASSIMOTTO;GENOVESE;LAJOLO, 2005)
Sua capacidade antioxidante está relacionada com a habilidade de
sequestrar espécies oxidativas como o ânion peróxido, radicais hidroxilas e radicais
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peroxilas, além de quelar metais. Em testes In vitro, são capazes de prevenir a oxidação
das LDL (OLIVEIRA, 2010/ HASSIMOTTO; GENOVESE; LAJOLO, 2005).
Portanto, as aplicações do Goji Berry são extensas em virtude do seu
incomparável potencial antioxidante e do seu efeito imunoestimulante adicional.
Numerosos estudos sugerem o Goji Berry como adjuvante nos tratamentos do câncer e
nas doenças do fígado e dos testículos. Goji Berry também pode ser um forte aliado na
prevenção do envelhecimento e auxilia no emagrecimento. Não é a toa que Goji Berry é
a primeira da lista secular de ervas medicinais da China(YU,etal., 2006).
O Goji Berry é uma fruta rica em diversos micronutrientes
essenciais para a manutenção e bom funcionamento do organismo. Na tabela a
seguir estão separados os nutrientes com maior abundância encontrados na fruta,
sementes, raízes e folhas do Goji por autor.

Autor (ano) Micronutriente Função

Anticancerigena e protetora da mácula


Zaine, L. et al. (2014) Zeaxantina ocular por.

Pró vitamina A, protetora da retina e

Novo R. et al.(2013) β-caroteno proteção do coração e fígado contra


radicais livres

Precursora de coenzimas e flavinas,


Souza, A. C. S. et al. degradação de drogas e xenobióticos,
(2005) antioxidante.
Riboflavina (Vit. B2)

Gadelha, D. N. B.et al. Utilização em cross-linking como

(2009) adjuvante.

Co-fator para enzimas importantes do


Oliveira, F., (2006) Tiamina (Vit. B1) metabolismo.

Sequestrante de radicais livres,

Ácido Ascórbico proteção cardiovascular,


Oliveira, R. (2010) anticancerígena, neuroprotetora, anti-
(Vit. C)
inflamatória e protetora ocular.

Oliveira, R. (2010) Flavonoides atividades antioxidantes,ações

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

vasodilatadoras, anti-inflamatórias,
antibactericidas, imunoestimulantes,
efeitos antialérgicos e antivirais.

De acordo com os estudos realizados, não foi possível encontrar


comprovação cientifica quanto a ação antiglicêmica ou de melhora no quadro de
impotência sexual. Somente citaçõesno artigo de Luo et al. (2006), porém sem
explicação do possível mecanismo de ação ou relação com compostos bioativos
presentes no Goji Berry.
Estudos realizados apontaram que o Goji Berry é uma fruta com altas
concentrações de polissacarídeos, vitaminas, flavonoides e carotenoides. Foi encontrada
uma grande relação entre os carotenoides com doenças oculares, proteção contra o
câncer, e ainda agem contra os radicais livres gerados pelo metabolismo do organismo.
As vitaminas são outro grupo de grande importância quando se trata de ação
antioxidante e manutenção do organismo. As vitaminas B2 e B1 são fundamentais para
o metabolismo, ambas também são capazes de combater radicais livres, além de serem
importantes para a geração de enzimas responsáveis tanto pela geração de energia
quanto pela degradação de substâncias tóxicas externas.
A vitamina C é o composto mais abundante encontrado na fruta do
Goji Berry, sendo sua concentração até 500 vezes maior do que a de uma laranja
comum. Suas funções benéficas para o organismo são quase ilimitadas. É capaz de
combater radicais livres, previne o escorbuto, possui ação anti-inflamatória, protetora
ocular, protetora cardiovascular dentre outros benefícios, sendo que todos eles estão
relacionados à sua capacidade de sequestrar radicais livres.
Os flavonoides em geral, possuem uma ótima ação antioxidante,
sendo estes capazes de sequestrar o ânion óxido gerado pelo metabolismo e tendo como
consequência a proteção do organismo contra ações mutagênicas advindas da luz UVA
que a longo prazo poderão causar carcinomas. Em questão às ações antioxidantes, o que
difere cada um dos flavonoides seria a concentração em que estes precisam ter para
gerar a ação antioxidante e sua estrutura molecular. Formas glicosiladas em geral
possuem menor atividade do que agliconas e, por exemplo, o kampferol só terá
atividade antioxidante quando sua concetração estiver entre 60 e 100 μmol L-1.

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Ao se falar de perda de peso, não há estudos que apontam essa


capacidade de redução de medidas. O que se sabe é pela possível presença de fibras
capazes de causar o emagrecimento, contudo não há comprovações desse efeito.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos realizados verificou-se que o Goji Berry é uma


planta com uma grande variedade de funções. Ela é considerada um alimento funcional,
com alto valor nutritivo e possui propriedades antioxidantes de grande relevância. Foi
verificada a existência de diversos componentes com função antioxidante na fruta, e
esta propriedade de acordo com os estudos proporciona melhora na integridade da
retina, está relacionada com a prevenção e auxilia no tratamento de alguns tipos de
câncer, além de estar relacionada com a prevenção do envelhecimento celular. No
entanto, seu mecanismo de ação ainda não foi amplamente elucidado. Outro relato que
chamou atenção foi com relação a interação medicamentosa pela potencialização do
efeito anticoagulante da varfarina. Sugere-se então que mais estudos sejam feitos nesta
planta de forma sistemática e prática para que com base em dados comprobatórios suas
indicações possam ser mais efetivas, pontuais e ela possa realmente ser utilizada de
forma racional e difundida.
No que se refere a ação antiglicêmica possivelmente deve-se ao fato,
de que esta fruta, sendo rica em fibras, auxilie na redução da absorção de açúcar e
gordura, porém não se pode afirmar com segurança, pois faltam estudos aprofundados
que comprovem este efeito.
Na questão do combate à impotência, seu efeito foi constatado em
ratos onde foi notável o aumento do libido e da qualidade e quantidade de esperma dos
mesmos. Contudo, não há estudo que indique uma relação concisa entre os
componentes do Goji Berry com a melhora da impotência.
Popularmente tem-se dito que o Goji Berry é capaz de reduzir a
gordura corporal devido a sua ação “termogênica”, no entanto muitos estudos não
constataram e, muito menos, citaram a possibilidade desse efeito. Por esse fato e muitos
outros que é recomendado sua ingestão mediante consulta médica.

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373
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ATUALIDADES SOBRE TRATAMENTOS NA ALERGIA À LACTOSE EM


CRIANÇAS

UPDATES ON TREATMENTS IN LACTOSE ALLERGY IN CHILDREN

José Carlos Fulgêncio Junior*


Flávia Hernandez Fernandez**

RESUMO
Alergias alimentares ainda constituem um problema significativo para muitas famílias, com sérias
consequências físicas, social e financeiras. A intolerância à lactose é um fenômeno diferente da alergia ao
leite. Os sintomas da intolerância são apenas digestivos, enquanto os da alergia podem afetar o sistema
respiratório e a pele. Dentre as intolerâncias alimentares as mais comuns são as provocadas
principalmente pela lactose. A intolerância à lactose é uma síndrome onde o paciente apresenta após
ingestão da lactose sintomas gastrointestinais como diarréia, dor abdominal, flatulência e naúseas..
PALAVRAS-CHAVE: Alergias alimentares. Intolerância alimentar.Lactose

ABSTRACT

Food allergies remain a significant problem for many families, with serious physical consequences, and
financial partners. Lactose intolerance is a different phenomenon of milk allergy. The symptoms of
digestive intolerance are just as allergy may affect the respiratory system and the skin, for example.
Among the most common food intolerances are caused mainly by lactose. Lactose intolerance is a
syndrome where the patient presented after ingestion of lactose gastrointestinal symptoms such as
diarrhea, abdominal pain, flatulence and nausea. It is important to remember that lactose intolerance
should not be called lactose allergy.

Keywords: Food allergies , lactose, food intolerance.

INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Alergias (OMA), as alergias alimentaressão
definidas como reações de hipersensibilidade que se iniciam por
mecanismosimunológicos específicos, como por exemplo, a ativação que ocorre
mediada por anticorpos da classe Imunoglobulinas-E (IgE) (THOMAS, 2003).
Apenas oito tipos de alimentos são responsáveis por aproximadamente 90% das
reações alérgicas: leite, ovo, amendoim, frutos do mar, peixe, castanhas, soja e trigo.
Cerca de 75% da população mundial apresentam um distúrbio na digestão, denominado
de intolerância a lactose (IL). Mais de 50% dos adultos no mundo são intolerantes à
lactose. (TÉO, 2002; BERNE, 2004; DELGADO, 2010)

*Discente do curso de Farmácia da Unifil, Londrina - Paraná


**Orientador, Docente do Curso de Estática e Cosmética e Farmácia da Unifil, Londrina - Paraná

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Na Europa a prevalência de alergia à proteína do leite de vaca (APLV) no


primeiro ano de vida é de 2% a 3%, e, aos 6 anos de vida, cai para 1% (KOLETZKO et
al., 2012). Em estudo realizado no Brasil, concluiu que a incidência de APLV é de 2,2%
e a prevalência é de 5,7% (SPOLIDORO et al., 2005). No tocante à intolerância à
lactose, a incidência no Brasil é de 44,11%, sendo que o maior número de casos novos
foi encontrado em crianças de zero a dez anos com 23,71% de incidência, ocorrendo em
menor frequência em indivíduos à partir dos 40 anos, expressando o menor percentual
depois dos 60 anos com 6,71% (PEREIRA FILHO; FURLAN, 2004). Portanto, viu-se a
necessidade de esclarecer as principais diferenças entre a IL e a APLV, bem como seu
tratamento.
Segundo Mattar (2012), a lactase é uma enzima responsável pela digestão da
lactose, já se encontra presente nos fetos durante a gestação e está localizada na
extremidade das vilosidades da mucosa do intestino delgado. Na maioria da população
mundial após o desmame, há um declínio gradual na atividade da lactase.
(AURICCHIO, 2000).
A lactose é um dissacarídeo formado por dois monossacarídeos, galactose e
glicose, que se encontram presentes no leite dos mamíferos, sendo o principal
carboidrato; importante fonte de energia do ser humano durante o primeiro ano de vida,
fornecendo quase metade das necessidades energéticas totais da criança (TROELSEN,
2005).
Segundo Tsabouri(2014)a IL é um fenômeno diferente da alergia ao leite. Os
sintomas da intolerância são apenas digestivos, onde após a ingestão de alimentos
contendo lactose, os indivíduos começam apresentar sintomas gastrointestinais, como
por exemplo,diarreia, dor abdominal, flatulência e náuseas. Já os sintomas da alergia ao
leite, desencadeiam uma reação que ativa o sistema imunológico podendo afetar o
sistema respiratório e a pele. Dentre as intolerâncias alimentares, as mais comuns são as
provocadas pelos dissacarídeos, representadas principalmente pela lactose. É importante
lembrar que intolerância à lactose não deve ser chamada de alergia à lactose.
O objetivo desta revisão foi realizar revisão bibliográfica sobre as mais
variedades formas de tratamento do paciente com alergia à lactose (IL).

ALERGIA À PROTEINA DO LEITE DE VACA E INTOLERÂNCIA A LACTOSE

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Segundo Heyman (2006) as intolerâncias alimentares (IA) são muito mais


comuns do que alergias alimentares. Clinicamente, é importante distinguir as diferenças
que existe entre elas. A intolerância ao dissacarídeo lactose é a reação adversa a
alimentos mais comum; a maioria dos casos resulta de uma redução na lactase intestinal
de causa genética. Essa intolerância é causada por um transtorno que ocorre na mucosa
intestinal que incapacita a digestão da lactose e absorção deste carboidrato devido a
baixa atividade da enzima lactase ou pela sua baixa produção. Essa enzima hidrolisa a
lactose liberando dois monossacarídeos; galactose e glicose, se isso não ocorrer no
intestino delgado, a lactose que não foi hidrolisada atrai água e eritrócitos, que
promovem uma fermentação na parede do intestino, podendo levar a um desconforto
abdominal e diarreia.
A prevalência da alergia alimentar é maior nos primeiros anos de vida. Na
infância, as taxas de prevalência situam-se entre 2,5 e 8%. Entre os lactentes, o principal
alimento desencadeante de alergia é a proteína do leite de vaca. Cerca de 60% das
crianças com alergia à proteína do leite de vaca apresentam reações alérgicas mediadas
por IgE, 25% delas mantêm essa sensibilidade até a segunda década de vida e, em 35%
dos casos, esses pacientes também irão manifestar alergia a outros alimentos. Nos
adultos, essa prevalência atinge 5% da população(ZANIN, 2002).
Spolidoroet al. (2005) realizou um inquérito epidemiológico em consultórios de
30 gastroenterologistas pediátricos de 20 cidades de 11 estados nas 5 regiões brasileiras,
e mostrou a suspeita de alergia alimentar em 7,3% das 9.478 crianças consultadas
durante quarenta dias (período do estudo), o leite de vaca estava envolvido em
aproximadamente 540 crianças, ou seja, em 77% das suspeitas de alergia. Sendo assim,
a incidência e a prevalência da suspeita de APLV foram 2,2% e 5,7% respectivamente.
Uma meta-análise realizada como parte do programa EuroPrevall, mostrou uma
prevalência de 2% a 3% no primeiro ano de vida, e a partir dos seis anos esta
prevalência cai para menos de 1% (KOLETZKO et al., 2012).
O risco da alergia aumenta em 40%, quando um familiar de primeiro grau (pais
ou irmãos) é alérgico. Apesar de sua alta prevalência, o prognóstico da alergia é
positivo, com chances de recuperação total e desaparecimento dos sintomas entre os 3 e
4 anos de idade (ANTUNES; PACHECO, 2009).
Estudos epidemiológicos demonstram uma menor prevalência de IL em
populações predominantemente pecuárias, em relação aqueles que dependem mais da
agricultura, conforme apresentado no Quadro 1.
376
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Quadro1: Prevalência de hipolactasia primária do adulto em diferentes populações

Fonte: Mattar; Mazo, 2010

A complexidade da ocorrência de hipolactasia vem sendo investigada em


populações multiétnicas, visando descrever a prevalência desta característica em países
onde possivelmente existe miscigenação, o que dificulta a extrapolação de estimativas
de populações etnicamente mais “puras” (no sentido de haver menor miscigenação) para
populações com alto grau de intra-variabilidade étnica.(DELGADO et al., 2010)
No caso do Brasil, a conhecida miscigenação e variabilidade geográfica existente
na população evidencia tanto a necessidade de se estudar a distribuição de perfis
genéticos associados ahipolactasia quanto o potencial de pesquisa no sentido de
identificar perfis genéticos complexos, pois o estudo destes quanto a sua relação com
algum fenótipo representa uma contribuição importante na elucidação da relação entre
genética e doença, ou outras condições (DELGADO et al., 2010).

377
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ALERGIA À PROTEINA DO LEITE DE VACA

Atualmente, na maioria dos países vem sendo observado um aumento na


prevalência de alergias alimentares (AA) e mudança importante nos padrões de sua
apresentação. Verifica-se um maior reconhecimento de reações tardias aos antígenos
alimentares, alergia a proteínas presentes no leite materno e associação com distúrbios
da motilidade, como refluxo gastroesofágico e constipação (BENHAMOU, 2009).
Embora as alergias tenham uma base genética, o desenvolvimento de doenças
alérgicas depende de uma interação complexa entre fatores genéticos e ambientais, e a
nutrição do lactente, pode ser considerada um fator essencial.(MARTIN, 2010)
A Academia Européia de Alergia e Imunologia (EAACI) publicou uma revisão
da nomenclatura de alergia alimentar. A reação adversa a alimentos inclui qualquer
reação anormal após a ingestão de alimentos e pode ser o resultado de intolerância
alimentar (hipersensibilidade alimentar não-alérgica) ou hipersensibilidade alimentar
(alergia alimentar) (JOHANSSON, 2001).
De uma maneira geral, a AA é observada com maior frequência em populações
de risco, como as que possuem algum tipo de desnutrição, em estados de
imunodeficiências. Pacientes desnutridos apresentam anormalidades do sistema imune
(SI) e sua função alterada, propiciando a instalação e o agravamento de infecções e
doenças(CHANDRA, 2000).
A denominação intolerância alimentar se aplica quando a patogênese não
envolve uma resposta imunológica; é uma resposta adversa do organismo ao alimento,
como no caso de alterações metabólicas (por exemplo, deficiência da falta de produção
de enzima lactase no indivíduo) (JOHANSSON, 2001).
A prevalência de deficiência a lactase é a mais elevada (85 a 100%) em
asiáticos, negros e nativos americanos. Na maioria dos indivíduos que sofrem com a
falta de lactase, queixam-se de gases e diarreia logo após a ingestão de leite ou laticínios
(GIONCHETTI, 2000).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Tolerância Oral x Alergia Alimentar

Tecido Linfóide
Intestinal

Antígenos RESPOSTA Antígenos


IMUNOLÓGICA

Predisposição familiar
Maturidade imunológica
Permeabilidade de mucosa
Tipo de alimento/leite materno
Microbiota, ambiente

FISIOLÓGICA PATOLÓGICA
TOLERÂNCIA ORAL ALERGIA ALIMENTAR

Figura 1 Alergia Alimentar


Fonte: VANDENPLAS, 2007

O sistema imunológico é formado por células que podem atuar de maneiras


diferentes:
- podem agir diretamente sobre os agentes nocivos, configurando a chamada
imunidade celular; e
- podem produzir substâncias que inativam, à distância, os invasores,
denominada imunidade humoral.
A função do SI no organismo é a defesa contra microorganismos infecciosos,
mas, em uma percepção mais abrangente, configura reações contra substâncias
estranhas, além de microorganismos nocivos. A atividade do SI é classificada em
natural e adaptativa (SICHERER, 2000).
Sabe-se que a imunidade natural já se encontra desde o nascimento.
(AURICCHIO, 2000). É basicamente celular e bioquímica e combate qualquer agente
“estranho” que invada o organismo, seja ele vírus, uma bactéria, um protozoário,
produtos químicos, tóxicos ou qualquer outra substância estranha. Participam na
imunidade natural: superfícies epiteliais, secreções antimicrobianas, células fagocitárias,

379
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

linfócitos natural-killer, proteínas componentes do sistema complemento, mediadores


de reações inflamatórias e citocinas (WILSON, 2002).
A imunidade adquirida desenvolve-se gradualmente ao longo da vida, conforme
entramos em contato com os vários antígenos do ambiente à nossa volta, incluindo-se os
agentes infecciosos e substânciasnão-microbianas.
Scrimshaw (2000) descreve sobre algumas alterações da defesa imune em
pessoas com deficiência nutricionais.
 Menor eficiência da defesa “mecânica” em pele e mucosas
 Menor capacidade bactericida
 Menor produção de febre
 Menor número de linfócitos B
 Imunoglobulinas séricas: normais ou aumentadas
 Menores níveis locais de IgA
 Menor produção de muco
 Menor eficiência da função depurativa de células ciliares
 Síntese insuficiente e deficiência de complemento
 Menor capacidade microbicida, especialmente para Gram –
 Comprometimento da resposta celular a parasitas intracelulares
 Menores níveis circulantes de linfócitos T
 Menor produção de interleucinas
 Menor capacidade de cicatrização
 Maior susceptibilidade às infecções por parasitas
intracelular.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Quadro 2 - Classificação das manifestações clínicas das doenças alérgicas classificadas pelo
mecanismo imunológico

Fonte: Sicherer; Sampson, 2010.

A hipersensibilidade imediata (tipo I) envolvendo anticorpos IgE são as mais


bem caracterizadas. Os anticorpos IgE ligam-se a receptores de alta afinidade nos
mastócitos e nos basófilos. Os mastócitos estão presentes em todas as superfícies de
contato com o meio ambiente, como a pele, o trato respiratório e o trato gastrointestinal.
Quando os alérgenos reagem com os anticorpos IgE ligados aos mastócitos, são
liberados mediadores químicos como histamina, as prostaglandinas, os leucotrienos e
outros. Esses mediadores causam vasodilatação, contração dos músculos lisos e
secreção de muco e prurido, configurando os sintomas clássicos de alergia alimentar
imediata(KOVALENKO, 2001).
As alergias alimentares mediadas pela IgE, em comparação às não mediadas, são
de mais fácil diagnóstico e o seu mecanismo imunológico é melhor correspondido
(FIOCCHI, 2010).

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Em indivíduos geneticamente predispostos, a exposição à alérgenos alimentares


(geralmente glicoproteínas), por via inalatória, cutânea ou parenteral, ocasiona a
produção de anticorpos IgE-específicos. Após a sensibilização, os anticorpos circulantes
se ligam aos receptores de alta afinidade nas superfícies dos mastócitos e basófilos e a
receptores de baixa afinidade nos mastócitos, linfócitos, eosinófilos e plaquetas.
Contatos posteriores com o alérgeno alimentar induzem a ligação com as moléculas de
IgE específicas deflagrando uma cascata de eventos intracelulares, que culminam com a
liberação de mediadores pré-formados e neoformados, responsáveis pelas diferentes
manifestações alérgicas (SICHERER, 2006).
As reações não mediadas por IgE envolvem a participação de outros isotipos,
IgG, IgA e IgM, e geralmente a apresentação clínica é retardada, prevalecendo em
lactentes e em pacientes e em pacientes com doenças inflamatórias do tubo digestivo.
Reações imunológicas por imunocomplexos dependem da quantidade de alérgeno
consumida e iniciam-se poucas horas depois da ingestão.
Geralmente se manifestam com sintomas tardios envolvendo preferencialmente
o trato gastrintestinal. Os mecanismos imunológicos envolvidos ainda permanecem
obscuros. Evidências sugerem que sejam mediadas por células T (reação de
hipersensibilidade tipo IV). Fazem parte deste grupo: coloproctite, proctite ou
proctocoliteeosinofílica ou alérgica, enterocolite induzida por proteína e a
hemossiderose pulmonar (HUSBY, 2008).

4.2.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO-LABORATORIAL

O diagnóstico da APLV é fundamentado em quatro pilares:


– anamnese e exame físico;
– dieta de restrição;
– testes para detecção de IgE específica (in vivo e in vitro);
– teste de provocação oral (TPO)
Na anamnese e exame físico, o diagnóstico da APLV se inicia com a suspeita e
termina com o teste de provocação oral Frente ao relato de reações adversas
relacionadas ao leite, uma detalhada história clínica pode facilitar muito o diagnóstico.
Neste sentido, o médico deve estar ciente que existe grande chance de distorção dos
sintomas por parte do paciente e seus cuidadores.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Há evidências de que 50% a 90% das presumidas alergias alimentares não são
realmente alergias quando corretamente investigadas por TPO2. Sintomas subjetivos
devem ser ainda maior foco de suspeitas, uma vez que, conforme discutido nos
capítulos anteriores, as manifestações clássicas são objetivas e de origem cutânea,
respiratória e/ou do trato gastrintestinal. Alguns dados da anamnese são de particular
importância:
– idade de início;
– natureza, frequência e reprodutibilidade dos sintomas;
– tempo entre ingestão e aparecimento das reações;
– quantidade de leite necessária para deflagrar sintomas;
– forma de preparação do leite/alimento contendo leite (in natura?, processado?);
O paciente já havia ingerido leite (sob diferentes formas) antes desta reação? O alimento
já havia sido ingerido outras vezes sem ocasionar sintomas? Os sintomas referidos já se
manifestaram outras vezes, sem a ingestão do alimento?
– época da última reação;
– influência de fatores externos (exercícios, uso de medicamentos);
– recordatório alimentar;
– dados antropométricos;
– histórico da alimentação (duração do aleitamento materno, fórmulas infantis
recebidas, idade de introdução de alimentos sólidos);
– efeito de dietas de restrição (soja, fórmulas hidrolisadas, dieta materna durante
o período de lactação);
– intervenções terapêuticas;
Após a administração de medicamentos para controle, por quanto tempo ainda
persistiram os sintomas? Diferentes fenótipos clínicos são descritos na APLV: alguns
pacientes apresentam sintomas apenas quando ingerem leite cru, e outros apresentam
manifestações também com o alimento processado, configurando um quadro clínico
mais grave. A investigação clínica detalhada e exame físico são excelentes fontes de
informação sobre a natureza das reações adversas a alimentos. No entanto, a anamnese
isolada não estabelece o diagnóstico de APLV2. Da mesma forma, o exame físico deve
ser criterioso na busca de sinais consistentes com reações alérgicas ou comorbidades
relacionadas à APLV (outros sinais de atopias, prejuízo nutricional), mas também não
institui o diagnóstico per se(BLOOM, 2008 a/ BLOOM, 2012 b) .

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Fluxograma de tratamento da alergia ao leite de vaca IgE mediada em lactentes


(Adaptado de Fiocchi A. et al. e Koletzko S. et al.)

Figura 2 Fluxograma de tratamento da alergia ao leite de vaca IgE mediada em lactentes


Fonte: Adaptado de Fiocchi A. et al. e Koletzko S. et al., s/d

4.2.2 Tratamento

Uma vez estabelecido o diagnóstico da AA, a forma racional de terapia é a


eliminação total do alimento causador. Essa ação necessita de considerável tempo e
esforço para educar o indivíduo. É preciso ensinar os pais ou a própria pessoa a ler os

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

rótulos dos alimentos para garantir a exclusão das muitas formas ocultas de alimentos
comuns(KOERNER, 2004).
O objetivo global do tratamento com a dieta de exclusão é evitar o aparecimento
de sintomas e proporcionar à criança melhor qualidade de vida e crescimento e
desenvolvimento adequados.
Existe também uma alternativa que pode ajudar no tratamento dessas pessoas,
essa alternativa é conhecida como a “dieta da eliminação”. Na dieta de eliminação, os
alimentos suspeitos são eliminados por duas semanas ou até que os sintomas
desapareçam. Os alimentos a serem eliminados são aqueles que apresentam maior
incidência de reações. A tabela abaixo apresenta um exemplo desta dieta.

Quadro 3: Dieta de eliminação


Grupo de alimentos Permitidos Evitados
Leite e derivados Substitutos do leite, como Todos os lacticínios
extrato de soja, de arroz derivados de vaca,
e amêndoas cabra e ovelha

Principais fontes Arroz, batata-doce, batata- Trigo

De carboidratos inglesa, polvilho, aipim

Carnes e leguminosas Peixes do mar, ovos, feijões, Carne bovina,


ervilha, lentilhas, grão-de-bico, suína, caprina e
soja ovina

Verduras Todas, exceto tomate Tomate

Frutas Todas, exceto cítricas Cítricas (laranja,


limão, lima, toranja
e morango

Sementes oleaginosas Amêndoas, castanha-de-caju, Amendoim,


linhaça, noz pecã, semente de pistache e
abóbora, semente de girassol, castanha-do-pará
noz comum

Gorduras e óleos Óleos refinados: canola, soja, Margarina,


arroz. Óleos não refinados: manteiga, molhos
oliva, gergelim, linhaça prontos, óleo de
girassol e óleo de

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

milho

Açúcares Stévia e frutose Açúcar refinado ou


mascavo, mel,
xarope de milho e
adoçantes artificiais

Bebidas Água, sucos de frutas e chás Café, chá preto,


chá mate,
chá-da-índia,
álcool, refrigerante,
e cacau
Fonte: CARVALHO. GP. Anuário de nutrição clínica e funcional. (2005) pág. 11

É importante salientar que muitas vezes, embora com mecanismos


fisiopatológicos diferentes, ambas as reações podem apresentar sintomas semelhantes.
Um exemplo desta situação é a alergia às proteínas do leite de vaca (APLV), assim
denominada por envolver mecanismos imunológicos, e a intolerância à lactose. Nesta
última ocorre a falta da lactase, enzima do epitélio
intestinal que degrada a lactose em monossacarídeos para absorção. Na ausência desta
enzima pode ocorrer a fermentação da lactose nãoabsorvida, causando diarreia,
distensão e dores abdominais, caracterizando a intolerância à lactose, doença esta sem
envolvimento do sistema imunológico (MATTAR, 2012).
Segundo Meyer et al. (2012), as etapas do tratamento da APLV, após o correto
diagnóstico, estão descritas abaixo:
 avaliação da condição nutricional;
 dieta de exclusão do LV e derivados com substituição apropriada;
 educação continuada para família e cuidadores;
 Leitura e interpretação da rotulagem,
 Cuidado com ambientes de alto risco (p. ex. escolas, praças de
alimentação, festas, entre outros),
 Orientação quanto a reações graves,
 Promoção da qualidade de vida,
 Orientação nutricional individualizada
Não menos importantes estãoos probióticos, prebióticos e simbióticos utilizados
no tratamento e prevenção da alergia às proteínas do leite de vaca. Milhares de espécies
colonizam o trato gastrintestinal (TGI) humano e é fácil inferir que existe importante

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

correlação entre flora e desenvolvimento do TGI, incluindo a maturação do sistema


imunológico desta região (VYAS; RANGANATHAN, 2012).
A microbiota intestinal, entre outras ações, auxilia na manutenção do equilíbrio
entre tolerância e inflamação em um conceito definido como eubiose. A disbiose, ou
seja, o desbalanço da interação entre flora e indivíduo pode ser a base ou o adjuvante a
uma série de doenças do mundo moderno destacando-se: doença inflamatória intestinal,
obesidade, hipertensão e maior risco de doenças alérgicas (HAPFELMEIER et
al.,2010).
A presença de um microbioma adequado resulta em proteção imunológica, sem
gerar um intenso processo inflamatório. Sabe-se hoje que pacientes alérgicos
apresentam diferenças na composição do microbioma em número e diversidade de
espécies e, diante de todos estes novos conhecimentos, a possibilidade de modulação
desta flora parece interessante no controle das doenças alérgicas.
A intolerância à lactose congênita é herdada e autossômica recessiva, sendo uma
condição extremamente grave. Caso não seja diagnosticada precocemente pode levar ao
óbito. O recém-nascido apresenta diarreia líquida ao ser amamentado ou receber
fórmulas contendo lactose. Com dieta restritiva de lactose os sintomas desaparecem e
esses recém-nascidos têm crescimento normal. Bebês que apresenta este distúrbio
devem ser alimentados por fórmulas que contenham sacarose ou frutose em vez de
lactase. A diferença entre a hipolactasia primária do adulto e a intolerância à lactose
congênita é molecular: na hipolactasia, a enzima lactase é normal, mas diminui a
expressão ao longo da vida; na intolerância a enzima lactase está ausente(ROBAYO,
2007).
Já a Intolerância à lactose primáriaé uma deficiência na enzima lactase, também
conhecida como β-glicosidade e β-galactosidade, que é responsável pela digestão da
lactose de laticínios e outras fontes disponíveis. Esse distúrbio pode se manifestar logo
depois da ingestão de leite, raramente aparece em recém-nascidos e crianças pré-
maturas e desaparece quando o leite é eliminado da dieta(ROBAYO, 2007).
Enquanto que a Intolerância à lactose secundária é uma complicação de doenças
intestinais associadas com pequenos danos na mucosa que leva a uma diminuição na
atividade da enzima lactase. (ROBAYO, 2007)
Os principais sintomas da intolerância à lactose e os sintomas característicos da
alergia a proteína do leite de vaca serão listados na tabela a seguir.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Tabela 1: Características diferenciais entre intolerância a lactose e alergia à proteína do leite de vaca.
Fonte: GIONCHETTI et al, 2000.

Estes sintomas surgem sempre que o paciente ingere alimentos com leite ou
derivados, incluindo sorvetes, iogurtes e queijos. Diante de um quadro clínico que leve
a suspeita de intolerância à lactose, deve-se iniciar a investigação diagnóstica por uma
anamnese dirigida, seguida de exame físico detalhado e testes que avaliem a digestão e
absorção desse carboidrato. Os exames complementares mais comuns são; teste de
tolerância com sobrecarga oral de lactose, o teste de hidrogênio (TEVES, 2001).
Alguns alimentos podem provocar diarreia em pessoas sensíveis. Entre eles:
leite, doces em grande quantidade, feijão, comidas gordurosas, como frituras ou
gorduras de origem animal. Procurar investigar se algum alimento está relacionado à
diarreia apresentada. Orientar o consumo de alimentos cozidos, evitando os crus e as
fibras. Frutas e hortaliças devem estar cozidas. Evitar o consumo de doces e gorduras.
 Indicar pequenas refeições, aumentando a frequência gradativamente.
 Indicar o consumo de alimentos ricos em potássio, como banana, batata e
carnes brancas. Há perda de potássio em grandes proporções nos casos de
diarreia. Em diarreias crônicas, é necessário fazer o monitoramento
laboratorial.
 Indicar soro caseiro, soro de reidratação oral ou bebidas isotônicas para
manter o equilíbrio hidroeletrolítico do organismo. A água de coco pode ser
usada e é bastante eficaz.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

 Contraindicar o consumo de leite até o desaparecimento dos sintomas.


Coalhadas, iogurtes e queijos podem ser consumidos em pequenas
quantidades.
 Aumentar a ingestão de líquidos, evitando, assim, a desidratação.
 Alimentos probióticos, especialmente os leites fermentados com
lactobacilos, auxiliam na recuperação da flora intestinal.
 Tomar sempre que possível as medicações após as refeições.

Os testes de tolerância à lactose são realizados com desafio, o paciente ingere de


25g a 50g de lactose e se avalia os sintomas por duas a três horas. A técnica mais
difundida nos laboratórios de análises clínicas é a por curva glicêmica. Nesta técnica, é
coletada a glicemia em jejum e depois é feita uma curva. Se o paciente absorver a
lactose, a glicemia deve se elevar de 1,4 mmol/l ou mais (RIDEFELT, 2005).
O teste respiratório do hidrogênio expirado é considerado padrão-ouro para o
diagnóstico de intolerância à lactose. O paciente tem que fazer o preparo na véspera, só
podendo ingerir dieta não fermentativa com restrição total de lactose, sem fumar (o
cigarro aumenta o hidrogênio expirado). Deve também evitar antibióticos por um mês
antes do exame (a presença da flora bacteriana é essencial para a produção do
hidrogênio), não pode fazer exercícios físicos (aumentam o hidrogênio expirado) e tem
que se apresentar para o exame com jejum de 10 a 12 horas, podendo ingerir água. A
sensibilidade do exame é de 80% a 92,3% e a especificidade 100% com 25g de lactose,
desde que o preparo esteja correto (MATTAR, 2012).A flora bacteriana fica com
atividade diminuída em pH ácido (é esse o pH das fezes quando se dá a fermentação da
lactose), podendo neste pH o exame ser falso-negativo. O exame se baseia na produção
de hidrogênio pela fermentação da lactose não absorvida: o hidrogênio entra na corrente
sanguínea e é expirado pelo pulmão. O paciente sopra o basal, ingere a lactose, e depois
sopra novamente após 60, 90, 120, 150 e 180 minutos, sendo considerado o exame
positivo quando ocorre aumento de hidrogênio expirado em 20 ppm (partes por milhão)
em relação ao valor basal (HUSBY, 2008).
O paciente intolerante relata sintomas durante o exame, geralmente coincidindo
com aumento do hidrogênio expirado. A leitura é feita em cromatógrafo gasoso
específico para o hidrogênio. Em aproximadamente 15% dos pacientes predomina flora

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produtora de metano: Methanobrevibactersmithii, o hidrogênio não se eleva. Os


pacientes com flora produtora de metano têm sintomas mais leves. (OLDS, 2003)
O tratamento da intolerância à lactose consiste basicamente na retirada ou
diminuição desse açúcar da dieta, o que leva ao desaparecimento progressivo dos
sintomas. Uma das grandes preocupações com a redução da lactose da alimentação é a
garantia do fornecimento de quantidade apropriada de proteínas, cálcio, riboflavina e
vitamina D, cuja maior fonte é o leite e seus derivados (UGGIONI, 2006).
Para evitar os prejuízos nutricionais decorrentes da exclusão total e definitiva da
lactose da dieta, após exclusão inicial de lactose, geralmente é recomendada a sua
reintrodução gradual de acordo com o limiar sintomático de cada indivíduo.Nesta fase,
algumas medidas não farmacológicas podem auxiliar na elevação deste limiar e
contribuir para adaptação à lactose, como por exemplo, a sua ingestão junto com outros
alimentos, o seu fracionamento ao longo do dia e o consumo de produtos lácteos
fermentados e maturados. (MONTALTO, 2006).Caso estas medidas não funcionem
para reduzir os sintomas de intolerância à lactose, medidas farmacológicas podem ser
adotadas. A terapia de reposição enzimática com lactase exógena (+β-galactosidase),
obtida de leveduras ou fungos, constitui uma possível estratégia para a deficiência
primária de lactose. Estes preparados comerciais de “lactase”, quando adicionados a
alimentos que contenham lactose ou ingeridos com refeições com lactose, são capazes
de reduzir os sintomas e os valores de hidrogênio expirado em muitos indivíduos
intolerantes à lactose. Entretanto, estes produtos não são capazes de hidrolisar
completamente toda a lactose da dieta com resultados variáveis em cada paciente.
As “lactases” exógenas estão disponíveis comercialmente na forma líquida e em
cápsulas e tabletes, e possivelmente as diferentes preparações não são equivalentes. A
enzima solúvel pode ser adicionada ao leite que é então refrigerado de um dia para o
outro antes do uso (porém pouco prático para uso frequente). Existem também leites
comerciais com baixo teor de lactose (pré-incubado com lactose já hidrolisada), porém
não estão amplamente disponíveis em muitos restaurantes e lanchonetes.
Apesar dos trabalhos enfatizarem a eficácia das formulações líquidas de
“lactase” na melhora dos sintomas e na redução do hidrogênio expirado, a taxa real de
eficácia apresenta resultados discrepantes, que decorrem do tipo de microorganismo
utilizado, da contribuição da atividade residual da lactase da mucosa intestinal, e da
dose de reposição utilizada (ROSADO, 2014).

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CONSIDERAÇOES FINAIS

Os mecanismos relacionados à prevenção e desenvolvimento das doenças


alérgicas são multifatoriais. São estratégias com algum impacto na prevenção de alergia
alimentar: o estímulo ao parto normal; contraindicar o tabagismo; estimular o
aleitamento materno; orientar uma alimentação complementar variada, equilibrada e
saudável, a partir do sexto mês (evitar a introdução precoce, antes do quatro meses, ou
tardia, a partir dos sete meses de novos alimentos); incentivar o consumo regular de
alimentos fonte de ômega 3 e de frutas, verduras e legumes em todas as idades e evitar o
uso indiscriminado de antibióticos e de antiácidos.
A alergia às proteínas do leite de vaca é uma reação de hipersensibilidade às
PLV, onde intervêm mecanismos imunológicos e que pode incluir reações mediadas ou
não mediadas por IgE. Os principais alergênicos presentes no leite de vaca são a β-Lg,
α-Lac e as caseínas.
Os sintomas podem ocorrer minutos, horas ou dias após a exposição às PLV e os
mais frequentes são os cutâneos (50 a 70%), seguidos dos gastrointestinais (50 a 60%)
e, por último, os respiratórios (20 a 30%). O correto diagnóstico de APLV é de especial
importância, uma vez que evita restrições alimentares desnecessárias, prevenindo
consequências ao nível do desenvolvimento da criança. O diagnóstico pode ser feito
através de vários testes, como história clínica e exame físico, testes laboratoriais, dieta
de eliminação e prova de provocação oral. Apesar da variedade de meios de
diagnóstico, a confirmação do diagnóstico apenas pode ser conseguida através da prova
de provocação oral, antecedida por uma dieta de eliminação de 2 a 4 semanas. O
algoritmo de diagnóstico varia entre os lactentes amamentados e os lactentes
alimentados com fórmulas e também com a severidade dos sintomas.
Atualmente não existe cura para a APLV, no entanto, vários são os tratamentos
existentes, como dieta de eliminação, fórmulas hipoalergênicas, indução de tolerância
oral e tratamento de emergência. Um conhecimento aprofundado desta patologia e a
intervenção precoce de todos os profissionais de saúde é essencial para o sucesso na sua
prevenção, demonstrando ser a melhor forma de tratamento. Será ainda pertinente
abordar a dúvida que tem vindo a ser levantada recentemente: será que o aumento da
poluição poderá estar relacionado com o aumento da sensibilização aos alérgenos
alimentares, sendo responsável pelo aumento da incidência de alergias alimentares. Esta

391
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

é uma questão que permanece por esclarecer e mais estudos são necessários para que se
possam obter conclusões sustentadas.
A intolerância a lactose é uma afecção comum em crianças e adultos, sendo
essencial um diagnóstico precoce e a instituição de tratamento. Os testes usados no
diagnóstico para a má absorção de lactose incluem o teste de hidrogênio expirado
(padrão ouro), teste de tolerância oral à lactose, dentre outros. O tratamento consiste na
retirada de leite e produtos lácteos da dieta para se obter remissão dos sintomas.
A exclusão total e definitiva da lactose da dieta deve ser evitada, pois pode
acarretar prejuízo nutricional de cálcio, fósforo e vitaminas, podendo estar associada
com diminuição da densidade mineral óssea e fraturas. A terapia de reposição
enzimática com lactase exógena obtida de leveduras ou fungos, constitui uma possível
estratégia para a deficiência primária de lactose.
Pelo exposto, podemos concluir que a intolerância à lactose é uma doença que
afeta aproximadamente 50% da população e o tratamento é principalmente nutricional.
Portanto o desenvolvimento de novos produtos sem lactose ou a utilização de enzimas
exógenas é campo fértil para novas pesquisas.

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REVISÃO BIBLIOGRAFICA SOBRE O USO INDISCRIMINADO DE


SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS, ESTIMULANTES E ANABOLIZANTES,
POR PRATICANTES DE ACADEMIAS

BIBLIOGRAPHICAL REVIEW ON THE INDISCRIMINATED USE OF


NUTRITIONAL, STIMULATING AND ANABOLIZING SUPPLEMENTS BY
ACADEMIC PRACTICE

Kamila Pinto Quintilhano*


Mirtz Ayumi Nakamura*
Flavia Hernandez Fernandez**

RESUMO

Este trabalho é uma revisão bibliográfica sobre estudos e legislações que tratam sobre o crescente
consumo de suplementos alimentares, estimulantes e anabolizantes no Brasil. A portaria nº. 222 de 24 de
março de 1998 refere-se a suplementos como alimentos formulados e elaborados para praticantes de
atividades físicas, desde que não apresentem ação terapêutica ou tóxica. (BRASIL, MINISTERIO DA
SAÚDE, 1998). Atualmente os suplementos alimentares tem tido uma procura muito grande por alunos
de academias, com finalidades estéticas e ergogênicas buscando uma melhoria no seu rendimento durante
a execução do exercício. (GOMES GS ET AL , 2008). Os suplementos são utilizados por atletas e
frequentadores de academia de ginástica com o objetivo de alcançar resultados rápidos. A falta de
informação e a utilização sem orientação podem representar riscos à saúde dos indivíduos, por isso é
importante o consumo com prescrição de um especialista. Os suplementos nutricionais são indicados às
pessoas que não conseguem suprir suas necessidades nutricionais apenas através de alimentação
balanceada, não devendo ser utilizados como a principal fonte de nutrientes de uma dieta. Esse estudo
apresenta, portanto, as leis que regulamentam a fabricação e consumo de suplementos, bem como as
ações fiscalizadoras e os produtos proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no
Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Suplementos Alimentares; Academias, esteroides, anabolizantes

ABSTRACT

This work is a literature review on studies and legislation that deal with the increasing consumption of
dietary supplements, stimulants and anabolics in Brazil. The ordinance no. 222 of March 24, 1998 refers
to supplements as foods formulated and prepared for practitioners of physical activities, provided they do
not present therapeutic or toxic action. (BRASIL, MINISTRY OF HEALTH, 1998). Currently, dietary
supplements have had a great demand by students of academies, with aesthetic and ergogenic purposes
seeking an improvement in their performance during the execution of the exercise. (GOMES GS ET AL,
2008). Supplements are used by athletes and gymgoers to achieve quick results. Lack of information and
unguided use can pose a risk to the health of individuals, so it is important to use prescription with a
specialist. Nutritional supplements are indicated to people who can not meet their nutritional needs only
through balanced diet and should not be used as the main source of nutrients in a diet. This study
therefore presents the laws that regulate the manufacture and consumption of supplements, as well as the
enforcement actions and products banned by the National Sanitary Surveillance Agency (ANVISA) in
Brazil.

KEYWORDS: Food Supplements; Academies, steroids, anabolics

*Acadêmicas do curso de Nutrição da Unifil, Londrina – Paraná.


**Orientadora e docentes dos cursos de Nutrição, Estética e Cosmética e Farmácia da Unifil , Londrina - Paraná

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INTRODUÇÃO

Desde os primórdios do esporte, esportistas, os competidores, treinadores


médicos, procuram inexoravelmente determinadas substâncias “milagrosas” que
melhorem a performance de atletas. Hoje, denota-se a importância da nutrição para a
melhoria do desempenho no esporte. Os atletas gregos, em 580 A.C. já adotavam dietas
mais voltadas para o esporte em questão, referencia Grandjean (1997), e no século XIX
preconizava-se a dietoterapia para o tratamento e prevenção de doenças.
A dieta dos atletas Gregos e Romanos se constituía em vegetais, contendo
legumes, frutas, cereais e vinho diluído em água. Milo de Cróton, renomado e vitorioso
lutador grego, consumiu até 9kg de carne, 9kg de pão e 8,5L de vinho por dia, nos Jogos
Olímpicos da Antiguidade. Um verdadeiro festival para honrar os Deuses. Ele foi um
dos primeiros atletas a dar atenção à alimentação e a ter sua rotina de treinamentos
catalogados (GOSTON, 2009).
O crescente uso de suplementos alimentares e anabolizantes se alastra a cada dia
devido à pressão da sociedade e da alienação provocada pela mídia em seu
merchandising. As academias são os locais que facilitam a propagação desses padrões
estéticos estereotipados, como o corpo magro, com baixo percentual de gordura ou com
alto volume e músculo tonificados. Os jovens fisicamente ativos estão mais
preocupados com a aparência física e com o peso ao invés do desempenho físico, sendo
estes os usuários mais frequentes de suplementos alimentares. Entretanto, o uso de
suplementos pelos jovens dá-se pelo apelo do marketing e à pressão da mídia, sendo em
grande maioria orientados por colegas e treinadores, em geral sem nenhum grau de
conhecimento científico (HIRSCHBRUCH et al. 2008).
A necessidade de atingir resultados rápidos tem exacerbado o uso de tais
substâncias que prendem a atenção, estando hoje, facilmente comercializadas em todo o
mundo. Por conseguinte, a grande quantidade de produtos disponíveis e o fácil acesso
aos mesmos é um fator que pede discussões e atitudes a serem tomadas (GOSTON,
2009).
Os frequentadores de academias rotineiramente costumam associar o aumento de
sua massa muscular e corporal, ao consumo estupendo de proteínas, porém não há
diferenciação das necessidades protéicas entre praticantes de atividade física e pessoas
sedentárias. (DAMILANO, 2006). Alves e Lima (2009), demonstram que o uso de
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

suplementos, na maioria das vezes, ocorre sem a devida orientação, sendo produtos de
indicações de colegas, treinadores, revistas, sites na internet e de ouvir dizer nas
academias de ginástica.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) – que é o órgão
responsável pela Regulamentação desses produtos no Brasil – vem, nos últimos anos,
aumentando a Regulamentação da Suplementação Nutricional no Brasil 84 Acta de
Ciências e Saúde Número 02 Volume 01 2013 e a sua atuação através de determinações
legais e controle de todo o processo de fabricação e venda de suplementos alimentares.
Ela tem por finalidade criar um sistema que permita que os produtos cheguem ao
consumidor com qualidade e segurança. (CARVALHO et al., 2007).
Atualmente, no Brasil, os suplementos esportivos são agrupados em diversas
categorias, tais como: repositores eletrolíticos, alimentos protéicos, alimentos
compensadores, entre outros. Porém, esse agrupamento não define o que se entende por
suplemento esportivo, ou seja, quais são as suas particularidades (BACARAU, 2001).
“Nos EUA, o senado aprovou em 1994, o chamado Dietary Supplemts Health na
Education Act que um produto pode ser considerado como suplemento, quando: for um
produto (que não o tabaco) utilizado com o intuito de suplementar a dieta e que
contenha um ou mais dos seguintes ingredientes: uma vitamina, um mineral, uma erva
ou outro tipo de planta, um aminoácido, alguma substância dietética capaz de
aumentar o conteúdo calórico total da dieta, ou um concentrado, metabólico,
constituinte, extrato, ou combinação desses nutrientes; for produzido para ser ingerido
na forma de pílulas, cápsulas, tablete ou como líquido; não for produzido para uso
convencional como alimento ou como único item de uma refeição ou dieta; for um
produto em cujo rotulo apareça a denominação de suplemento dietético; incluir
substâncias como drogas novas aprovadas, antibióticos ou produto biológico
licenciado, comercializado como suplemento dietético ou alimento antes da aprovação,
certificação ou licença para ser utilizada como medicamento” (BACURAU, 2001)
Os praticantes de atividades se preocupam apenas com a beleza externa e com o
formato do corpo, esquecendo-se da saúde. Usam todos os artifícios para deixar o corpo
lindo, afinal é isto que a grande maioria das pessoas quer. Quando se tem um corpo bem
definido e com massa muscular, a pessoa é notada em qualquer lugar, o que aumenta a
autoconfiança e autoestima. Existem pessoas que se sacrificam para ter um corpo
bonito, com horas de academia, dietas e regimes nutricionais.

399
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Já outros, realizam o sonho do corpo perfeito, fazendo uso de métodos nada


saudáveis, como o uso esteroides anabolizantes, que são prejudiciais à saúde, causando
vários efeitos adversos como algumas características femininas nos homens e vice
versa, levando a afinação da voz em homens e engrossamento da voz nas mulheres e
muitas vezes atrapalhando o desenvolvimento sexual. O uso abusivo de anabolizantes
também pode causar aumento de pressão sanguínea, acne devido à estimulação das
glândulas sebáceas, crescimento excessivo do coração, níveis elevados de colesterol
ruim, arritmia cardíaca, cãibras, câncer, cansaço, comportamento agressivo, crescimento
anormal dos cabelos, esterilidade irreversível, náuseas e vômitos frequentes, insônia.
Os esteroides androgênicos anabólicos (EAA) são substâncias quimicamente
semelhantes à testosterona e que teriam a propriedade de aumentar a força e a massa
muscular. Apesar do uso terapêutico, os EAA estão associados a uma série de efeitos
nocivos, e não obstante, são alvos de abuso pelos competidores e mais recentemente
difundido em ambiente de prática de exercícios físicos, em geral.
No passado, esteroides anabolizantes foram utilizados como recursos
ergogênicos sem qualquer preocupação por parte de muitos atletas. Isto foi copiado
pelos esportistas que tiveram como exemplo esses grandes atletas (GOSTON, 2009).

JUSTIFICATIVA
O projeto em questão justifica-se pelo fato que normalmente não existe a
necessidade da suplementação alimentar por parte dos praticantes de exercícios físicos
que buscam a performance e o corpo perfeito. Somente a prática regular de exercícios
físicos aliados à uma alimentação adequada e um bom descanso podem otimizar os
resultados esperados sem a utilização de suplementos alimentares.
A suplementação alimentar sem a devida orientação nutricional e médica pode
trazer alguns efeitos maléficos, como por exemplo: as proteínas quando ingeridas em
quantidade superior a que o organismo necessita, podem sobrecarregar o fígado e os
rins, e também se transformarem em gorduras que posteriormente serão armazenadas
nos adipócitos.
O consumo de suplemento alimentar pode variar entre os tipos de exercícios
físicos, aspectos culturais, faixas etárias e sexo. Poucos estudos se referem ao tipo,
tempo e quantidade de suplementos usados, mas parece ser comum que as doses
recomendadas sejam excedidas.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

PROBLEMA
Na década de 50 descobriu-se que o exercício físico trazia benefício ao coração;
isso aumentou significativamente a procura pela atividade física, chegando ao seu ápice
nos anos 80, provocando uma invasão nas academias, também pelo modismo e a busca
do corpo perfeito imposto pela mídia; forma-se um importante componente terapêutico
para o controle e tratamento de doenças cardiovasculares, obesidade, distúrbios
musculoesqueléticos, doenças respiratórias, depressão e ansiedade. Todavia, para que o
exercício físico seja coerente e enriquecedor, são necessários que instrutores e
praticantes tenham conhecimentos relativos à sua prática (INTERNATIONAL
FEDERATION OF SPORTS MEDICINE - IFSM, 1989).
Também tem se disseminado a utilização de suplementos, compostos à base de
carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais, e principalmente aminoácidos,
comercializados e consumidos indiscriminadamente, sem orientação competente, sem
que se conheçam seus efeitos, muitos dos quais ainda estão sob investigação
(HOFFMAN et al., 2008; CARVALHO et al, 2008).
Na atualidade, evidências médicas denotam que a suplementação alimentar pode
ser benéfica para um pequeno grupo de pessoas, que são os atletas competitivos, cuja
dieta não atende as necessidades nutricionais. Nesses casos, comprovada a deficiência
de um nutriente, é indicado o aumento da sua ingestão, através da alimentação habitual
e da utilização de suplementos. Porém, tem-se constatado que adolescentes envolvidos
em atividade física ou atlética estão usando cada vez mais suplementos (ALVES &
LIMA, 2009).

OBJETIVO
Este trabalho tem por objetivo demonstrar o crescimento do mercado de
suplementos nutricionais e a importância do consumo consciente de suplementos,
esteroides e anabolizantes que sejam regulamentados e registrados de acordo com as
legislações estabelecidas, considerando o aumento no consumo de tais produtos, os
possíveis riscos da ingestão indiscriminada e as ações fiscalizadoras. Discutir alguns
aspectos de forma a favorecer a divulgação de informações seguras sobre a utilização e
a atuação de profissionais de saúde nesta área, objetivando os principais pontos
relevantes para uma melhor adequação nutricional é o foco do presente artigo.

METODOLOGIA
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

Para a construção deste trabalho de revisão bibliográfica, foram selecionados


livros, artigos e leis e utilizados os seguintes termos como descritor de busca:
suplemento nutricional, suplemento dietético, ergogênicos, atletas, legislação,
Vigilância Sanitária. A revisão foi realizada com artigos publicados a partir do ano de
1999 ao ano de 2012, pesquisados na base de dados da Birene, por meio dos serviços da
MEDLINE, SCIELO, LILACS, e também para completar a legislação vigente no Brasil,
foram utilizadas as determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Foram
consultados artigos científicos, livros acadêmicos, Leis, Decretos e sites.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo a sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, a ingestão elementar de
suplementos proteicos acima das necessidades diárias recomendadas para um atleta, da
qual devem ser gerenciadas por uma alimentação balanceada, não determina o aumento
de massa muscular extra nem aumento do desempenho, isso acarreta em uma
discordância de opiniões que se é construída com base nesta “necessidade extrema” de
alto consumo de proteínas, sendo colocado á margem o restante de macro e
micronutrientes.
Baseado nas pesquisas de HIRSCHBRUCH et al 2008, os homens consomem
mais suplementos do que as mulheres, e os adolescentes tendem a usar mais
suplementos do que os adultos jovens, visto que adolescentes inevitavelmente acaba
tendo uma alta influência pelo fato que estão em processo de crescimento, podendo ter
consequências posteriormente, caso se utilizado de maneira incorreta.
É destacado em sua pesquisa que a maior parte dos usuários de suplementos são
praticantes de exercícios há mais de um ano, em um índice de 60%, onde de maioria dos
indivíduos pesquisados se exercitam por estética e saúde, porém existe a associação
entre o uso de suplementos e a disputa como finalidade de exercício.
Segundo o que foi catalogado por ARAÚJO et al, 2008, pesquisando 150
praticantes de atividades físicas, deste total numérico, 42 fazem o uso de suplementos,
entre os 42 indivíduos que utilizam suplementos, 20 (13,33%) consomem pelo menos
um suplemento, sendo 14 (70%) do gênero masculino e 6 (30%) do gênero feminino. A
suplementação de aminoácidos tem sido avaliada com o objetivo de melhorar a função
muscular. Existem evidências de que o aumento dos aminoácidos de cadeia ramificada
deve diminuir a relação e retardar o início da fadiga. Porém outras linhas de pesquisas

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

discutem o efeito da suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada para


aprimorar o desempenho de resistência.
Alguns estudos propõem que aminoácidos específicos aumentam a liberação do
hormônio do crescimento no sangue pela hipófise anterior, podendo resultar em um
aumento da massa isenta de gordura e da força, porém, o efeito da suplementação de
aminoácidos essenciais no desempenho físico é discordante, e de maioria não mostra
benefícios na performance (ARAÚJO et al, 2008)
A utilização de suplementos alimentares está frequentemente ligada aos
benefícios que eles proporcionam, de fato aos objetivos que os indivíduos pretendem
atingir com o uso do mesmo. Em um estudo das pessoas que utilizavam suplementos,
73,80% objetivava o ganho de massa muscular, 16,66% a melhora do condicionamento
físico e 9,52% utilizavam com outra finalidade, os frequentadores de academia, 59,60%
tinha como finalidade a hipertrofia muscular, enfatizando o foco que se era esperado, no
controle do aumento de tônus muscular (LOLLO e TAVARES in put, 2009)
Atualmente, a maioria dos praticantes (especialmente as mulheres) se exercita
para controlar o peso e não para melhorar o condicionamento físico, isso ocorre em
detrimento da supervalorização da magreza e da forma física, ressaltando o número de
indivíduos que consomem suplementos sem conhecer a finalidade do produto,
especialmente frisados os proteicos e de vitaminas e minerais (HIRSCHBRUCH et al
2008).
Os amigos e leigos por consequência acabam sendo fonte importante de
indicação de suplementos. Médicos e nutricionistas são os únicos profissionais
legalmente habilitados para a prescrição de suplementos. O médico indica mais
suplementos que o nutricionista, porém, a maioria desses são vitaminas e minerais. Em
outros estudos, a indicação de suplementos pode ser feita pelo médico e nutricionista na
mesma proporção, mais pelo nutricionista ou pelo médico, de fato, a questão que se
deve procurar o profissional da saúde para que seja feito o acompanhamento do
praticante para que ocorra tudo em homeostase.
Conforme o que se é recomendado pela American Dietetic Association, qualquer
recomendação para atletas e esportistas deve ser baseada em dados científicos atuais e
em suas necessidades individuais. Os suplementos devem ser utilizados com cautela e
somente após revisão cuidadosa de sua legitimidade e da literatura corrente sobre os
ingredientes que constam no rótulo do produto; eles não devem ser recomendados até
que se faça uma avaliação da saúde, da dieta, das necessidades nutricionais, do uso atual
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

de suplementos e drogas e das necessidades energéticas do indivíduo. O profissional


capacitado para fazer essas avaliações é o nutricionista.
A popularidade dos suplementos alimentares vem proliferando espantosamente
tanto no meio esportivo como nas academias de musculação, isso se é detectado ao
crescente estímulo na prática de exercícios físicos desde a adolescência ao adulto, onde
o levantamento de peso foi apontado como a atividade que se mais é vinculada ao uso
de suplementos proteicos, tanto para homens (96,96%), como para mulheres (88,89%)
(ARAÚJO E SOARES in put, 2009).

CONCLUSÃO
A suplementação alimentar sem a devida orientação nutricional e médica pode
trazer alguns efeitos maléficos, como por exemplo: as proteínas quando ingeridas em
quantidade superior a que o organismo necessita, podem sobrecarregar o fígado e os
rins, e também se transformarem em gorduras que posteriormente serão armazenadas
nos adipócitos. O consumo de suplemento alimentar pode variar entre os tipos de
exercícios físicos, aspectos culturais, faixas etárias e sexo. Poucos estudos se referem ao
tipo, tempo e quantidade de suplementos usados, mas parece ser comum que as doses
recomendadas sejam excedidas. Portanto, o projeto em questão justifica-se pelo fato que
normalmente não existe a necessidade da suplementação alimentar por parte dos
praticantes de exercícios físicos que buscam a performance e o corpo perfeito. Somente
a prática regular de exercícios físicos aliados à uma alimentação adequada e um bom
descanso podem otimizar os resultados esperados sem a utilização de suplementos
alimentares.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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406
TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

OS EFEITOS QUE A ACNE VULGAR CAUSA NA PELE E COMO OS


TRATAMENTOS ESTÉTICOS AJUDAM EM SUA MELHORA

THE EFFECTS THAT ACNE VULGAR CAUSES ON THE SKIN AND HOW THE
AESTHETIC TREATMENTS HELP IN ITS IMPROVEMENT.

Manoela Ferrarini Duarte1


Cleiciane Brene Pereira2
Roberta Chaves Penco Amorese³
Talita Oliveira da Silva³

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo a revisão de literatura sobre acne vulgar abordando os efeitos que
a mesma causa na pele e como os tratamentos estéticos podem auxiliar em sua melhoria, através do
entendimento de sua formação, estágios e evolução. Caracteriza-se como uma doença inflamatória
crônica que acomete a unidade pilossebácea, variando conforme duração e intensidade. Fatores genéticos,
hormonais e emocionais podem interferir no desenvolvimento das lesões, estas que ocorrem por quatro
etapas, sendo elas a hiperqueratinização do folículo, hipersecreção sebácea, proliferação de
microrganismo e presença de mediadores inflamatórios. Esta patologia não acomete apenas mudanças na
fisiologia da pele, mas também na autoestima do paciente, com isso este trabalho tem como finalidade
compreender a composição da pele, aprofundando nos conceitos, fisiopatologia e classificação da acne
vulgar, uma afecção comum principalmente em adolescentes, mas que pode persistir ou se desenvolver na
fase adulta. Para amenizar as lesões causadas é possível hoje encontrar no mercado estético tratamentos
que auxiliam na sua melhoria de acordo com cada grau apresentado e suas características.
Palavra chave: Acne Vulgar, Lesões, Autoestima.

ABSTRACT

The present work aims to review the literature about acne vulgaris addressing the effects that the same
causes in the skin and how the aesthetics treatments can assist in its improvement, through the
understanding of its formation, stages and evolution. It is characterized as a chronic inflammatory disease
that affects the pilosebaceous unit, varying according to duration and intensity. Genetic factors, hormonal
and emotional may interfere in the development of lesions, these occurring in four stages, such as
hyperkeratinization of the follicle, sebaceous hypersecretion, proliferation of microorganism and presence
of inflammatory mediators. This patology not only affects changes in the physiology of the skin, but also
in the patient's self-esteem, with this, this work aims to understand the composition of the skin, deepening
the concepts, pathophysiology and classification of acne vulgaris, a common condition mainly in
adolescents, but which may persist or develop in adulthood. To soften the lesions,it is possible today to
find in the aesthetic market treatments that help in its improvement according to each degree presented
and its characteristics.
Keyword: Acne Vulgaris, Lesion, Self-esteem.

_______________________________
1
Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia.
2
Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura, docente do Programa de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial e Curso
Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.
³ Fisioterapeuta Especialista em Dermato Funcional, docente do curso de Estética e Cosmética da Unifil, Londrina-PR.
³ Esteticista e Cosmetóloga, Especialista em estética Facial e Corporal, docente do Curso de Estética e Cosmética da Unifil,
Londrina-PR.

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INTRODUÇÃO

A acne vulgar é caracterizada como uma patologia que se desenvolve através


de uma inflamação na unidade pilossebácea, é muito comum em adolescentes, pois sua
maior incidência se dá no período da puberdade devido a estímulos hormonais, estes
que se destacam como um dos principais fatores desencadeantes da acne vulgar, onde
conforme sua produção sendo esta intensa ou não, os graus são distinguidos
(RODRIGUES, 2012).
As lesões acneiformes podem surgir em qualquer fase da vida acometendo
adolescentes e adultos, é destacado um desequilíbrio hormonal, onde este estimula de
maneira excessiva a glândula sebácea a produzir seu conteúdo, acarretando na formação
de um tampão folicular, fazendo com que o ambiente se torne propício para a
colonização de microrganismos presente na microbiota natural do corpo, estando em
destaque a Propionibacterium acnes. A presença desta bactéria acaba gerando uma
irritação no canal folicular, e posteriormente uma inflamação, é a partir da intensidade
inflamatória que as lesões mais graves são evidenciadas (BORGES e SCORZA, 2016;
SAMPAIO e RIVITTI, 2014).
A acne vulgar pode ser desencadeada por fatores genéticos e emocionais, onde
quanto maior for a porcentagem de acometimento familiar, mais grave o grau da acne se
torna, e quanto mais elevado o nível de estresse, maior o número de lesões
desenvolvidas (SOUTH-PAUL, MATHENY e LEWIS, 2014). A esta patologia elenca-
se cinco graus, sendo eles a acne não inflamatória, papulopustulosa, nodulocística,
conglobata e fulminante, conforme vão evoluindo eleva-se o número e características
das lesões, sendo estas os microcomedões, comedões abertos e fechados, pápulas,
pústulas, nódulos e abcessos podendo ser desenvolvido em casos mais graves cicatrizes
desconfigurantes, que atuam com forte influência na autoestima do indivíduo acometido
(SAMPAIO e RIVITTI, 2014).
As lesões atingem principalmente a região facial, devido a grande quantidade
de glândulas sebáceas, e é assim que os problemas emocionais vão se desenvolvendo,
por se tratar de uma região tão exposta as lesões fazem com que adolescentes muitas
vezes se isolem do convívio social criando um sentimento de inferioridade e limitando
sua aceitação.
Os tratamentos da acne vulgar variam conforme as lesões apresentadas, tendo
como principal objetivo o controle dos fatores etiopatogênicos, sendo eles a
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hiperqueratinização do folículo, hipersecreção sebácea, proliferação de microrganismos


e inflamação, controlando estes elementos a evolução dos quadros, e a prevenção de
possíveis cicatrizes profundas e inestéticas são evitadas. Em casos acima do grau
nodulocístico é necessário um trabalho em conjunto com dermatologista devido às
lesões apresentarem um grande processo inflamatório, com presença de edema, dor,
coceira e em quadros graves a leucocitose.

DESENVOLVIMENTO

Considerada o maior órgão do corpo humano, a pele exerce diversas funções,


sendo caracterizada como manto de revestimento do organismo que atua isolando os
componentes orgânicos do meio externo (SAMPAIO e RIVITTI, 2014, online). Sua
composição se dá a partir de inúmeras funções, variando desde a proteção mecânica e
contra a luz, imunovigilância e metabolismo de nutrientes para reparo (ELDER, et al.,
2011). Uma porcentagem de 15% referente ao valor total do peso do indivíduo
corresponde a este órgão, que sofre constantemente alterações em sua composição ao
passar do tempo, mas que representa um grande papel na regulação do organismo,
devido sua recepção sensorial e de barreira. Pode-se chamar a pele de órgão
imunológico, devido aos seus elementos celulares, sendo eles mastócitos, células
dendríticas, e queratinócitos onde estes agem como proteção a agentes agressores
externos e internos (BORGES e SCORZA, 2016).
A pele consiste em duas camadas de tecido, sendo elas a camada externa
epiderme e a interna a derme, estas apoiadas em estruturas subjacentes através de uma
terceira camada, a hipoderme. A epiderme se caracteriza como a camada superficial da
pele que consiste em tecido epitelial resistente à abrasão e responsável por reduzir a
perda de água pela pele, ela dá origem aos anexos cutâneos, estes abrigados na derme,
sendo eles as glândulas sebáceas, sudoríparas, folículo piloso e unhas (VANPUTTE;
REGAN; RUSSO, 2016). Esta camada pode ser subdividida em cinco componentes,
caracterizada como camada basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea, sendo estas
citadas da mais profunda até a superficial (BORGES e SCORZA, 2016). A derme é
formada por tecido conjuntivo denso, e em relação a epiderme apresenta característica
mais espessa, e sua composição se dá por fibras de colágeno e elastina, responsáveis
tanto pela resistência quanto pela elasticidade da pele, esta camada diferente da
epiderme possui vascularização (APPLEGATE, 2014).
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A hipoderme é composta por células adiposas responsáveis pelo


armazenamento de gordura, trata-se de uma região muito irrigada devido à grande
quantidade de vasos sanguíneos, atua como isolante térmico, proporciona modelagem
para a estrutura corporal e protege contra choques mecânicos (FILHO e BARROS,
2016).
A acne vulgar caracteriza-se como um distúrbio da unidade pilossebácea
ocasionada por diversos fatores, ou seja, sua patogenia é considerada multifatorial,
possui variações apresentadas em graus, e a partir das lesões desenvolvidas, ocorre
presença de comedões, pápulas, pústulas, cistos e como consequência formação de
cicatrizes (BOLOGNIA, SCHAFFER e JORIZZO, 2015).
É considerada uma doença inflamatória, que acarreta lesões principalmente em
região de face, pescoço e tronco, ou seja, áreas em que apresentam grande quantidade
de glândula sebácea, onde esta se encontra hipertrofiada. Estas lesões podem surgir na
puberdade ou fase adulta, sendo desenvolvidas em ambos os sexos podendo variar sua
intensidade, apresentando desde pústula à lesões intercomunicantes, estas que muitas
vezes interferem na autoestima, podendo permanecer por um determinado tempo e
reincidir, mas também evoluir e persistir por um longo período (BORGES e SCORZA,
2016; SAMPAIO e RIVITTI, 2014).
Fatores hormonais possuem forte influência no aparecimento dessas lesões,
sendo muitas vezes conhecida como doença da puberdade devido o seu auge no período
da adolescência, onde 85% de jovens entre 12 e 24 anos apresentam algum quadro de
acne vulgar, mas como já dito esta doença pode persistir, 35% das mulheres e 20% dos
homens na faixa etária dos 30 anos, e cerca de 26% das mulheres e 12% dos homens as
mesmas persistem até os 40 anos (BORGES e SZORZA, 2016; BOLOGNIA,
SCHAFFER e JORIZZO, 2015). Em homens esta doença quando comparado com o
sexo feminino é considerada mais intensa devido a influência de andrógenos, onde na
faixa etária de 16 a 19 anos é comum o aparecimento destas lesões, e no sexo feminino
as idades de 14 a 17 anos são as que a doença atinge seu auge (BORGES e SCORZA,
2016; COSTA, et al. 2007).
A doença tem implicação psicossocial importante, principalmente os casos de
acne moderada a grave, cujos pacientes podem apresentar ansiedade, insegurança,
depressão, sofrimento psíquico e isolamento social. Para os indivíduos acometidos que
acabam manipulando as lesões a grande resposta inflamatória à bactéria envolvida na
formação da acne pode desencadear cicatrizes permanentes e desconfigurantes,
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aumentando ainda mais o desconforto e incômodo dos mesmos (BORGES e SCORZA,


2016; RODRIGUES, 2012).
A causa da acne vulgar se da por diversos fatores, dentre eles se destacam os
genéticos, influências androgênicas, estresse emocional, estados hiperandrogênicos este
conhecido como síndrome do ovário policístico (SOUTH-PAUL, MATHENY e
LEWIS, 2014). Diversos estudos comprovaram que o tamanho, número e atividade das
glândulas sebáceas são hereditários, e os adolescentes que apresentam esta afecção
trazem consigo influências familiares, desde acne moderada aos casos mais intensos
(BOLOGNIA, SCHAFFER e JORIZZO, 2015).
O desenvolvimento das lesões acneiformes ocorre devido a uma
hiperqueratinização no canal folicular, que resulta na obstrução desta região, assim são
desenvolvidos os comedões, onde os fechados apresentam coloração esbranquiçada, e
os abertos coloração enegrecida. O folículo piloso possui característica alargada, com
um tampão de queratina obstruindo seu infundíbulo, devido a essa obstrução ocorre o
processo inflamatório, criando assim lesões irregulares como pápulas, as lesões são
reflexo do rompimento dos folículos (HAMMER, MCPHEE, 2015; SAMPAIO e
RIVITTI, 2014).
Devido ao sebo alojado no canal pilossebáceo, ocorre a proliferação da
Propionibacterium acnes, esta que se trata de uma bactéria presente na microbiota
normal, mas que devido ao ambiente propício a mesma é encontrada em excesso. A
bactéria então libera seus elementos para células de defesa, as enzimas que foram
liberadas proporcionam um enfraquecimento da parede folicular promovendo seu
rompimento, e através da liberação de reagentes inflamatórios são desenvolvidas as
pústulas. Quando a inflamação se torna intensa resulta em cicatrizes profundas
(HAMMER e MCPHEE, 2015). Nota-se que devido a todos estes processos, a
etiopatogenia da acne vulgar se dá por quatro fatores, sendo eles a hiperqueratinização
folicular, hipersecreção sebácea, colonização de microrganismos e mediadores
inflamatórios.
Esta afecção é então dividida em inflamatória e não inflamatória, e através
desta classificação que os graus são distinguidos, os sintomas apresentados por esta
doença variam de acordo com o tipo de pele e organismo do indivíduo, os mais comuns
são dor, coceira, irritação local, e inflamações com prurido, podendo causar sintomas
mais graves, como febre e em quadro mais altos dores nas articulações (SAMPAIO e
RIVITTI, 2014; RODRIGUES, 2012).
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A classificação da acne vulgar se dá em cinco graus, onde estes apresentam


variações, o I apresenta comedões abertos ou fechados, com mínimas lesões
inflamatórias, o grau II já apresenta lesões inflamatórias como pápulas e pústulas,
comedões abertos e fechados e presença de seborreia, grau III, traz consigo além das
alterações do grau dois presença de nódulos e abcessos, o grau IV além de todas as
lesões do grau três, apresenta ainda fístulas, cicatrizes atróficas e/ou queloideanas, já o
grau V é uma forma rara, com um elevado processo inflamatório, onde há presença de
febre, edema, dor, e leucocitose (BORGES e SCORZA, 2016).
Pápulas, pústulas e nódulos são exemplos de lesões inflamatórias, podendo
haver progressão de um tipo de lesão para outro, e quando agravada ocorre a formação
cicatricial. Através do extravasamento do conteúdo presente no canal folicular, ocorre
liberação de mediadores inflamatórios que irão combater tal inflamação e quanto maior
for esta, maior é o grau da acne e consequentemente mais grave se torna as lesões
cicatriciais (MONTAGNER e COSTA, 2010).
Devido a tamanha inflamação em casos mais avançados ocorre a formação de
cicatrizes inestéticas, como as hipertróficas, queloideanas, atróficas e a ice pick.
Cicatrizes hipertróficas e queloideanas se caracterizam pela proliferação excessiva de
fibroblastos e colágeno como resposta para a lesão tecidual, mas a principal diferença
entre elas é que a hipertrófica não ultrapassa a borda da lesão, já a queloidena sim
(BOLOGNIA, SCHAFFER e JORIZZO, 2015).
O tratamento desta afecção é realizado a partir das características das lesões
que variam entre comedões abertos e fechados, pápulas, pústulas, nódulos e abcessos,
estas são desenvolvidas devido as alterações como à hiperqueratinização folicular,
hipersecreção sebácea, presença de microrganismos e inflamação. Quanto antes as
alterações forem tratadas e controladas cicatrizes inestéticas são evitadas, e fatores
psicológicos não se agravaram (KADUNC et al. 2012). O tipo de ativo utilizado e o
tratamento variam de um caso para o outro, Rodrigues (2012), ressalta que o tratamento
depende da intensidade das lesões, mas que o objetivo se dá pela redução significativa
da produção de sebo, de modo que previna a formação de microcomedões e comedões,
evitando que assim estes evoluam para um processo inflamatório.
A limpeza de pele é um procedimento realizado com aplicação de cosméticos
através de etapas específicas, com a pretensão de diminuir a oleosidade, remover as
células mortas e sujidades que levam a obstrução do folículo, este processo responsável
pela formação de comedões. É o processo inicial para o início de qualquer tratamento,
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pois é ela quem proporciona uma higienização profunda do tecido. (BORGES e


SCORZA, 2016).
As etapas para esta limpeza se dá primeiramente pela higienização, esfoliação,
emoliência, extração, desinfecção, máscara, tonificação e finalização, em cada uma
destas os cosméticos devem ser específicos para esta doença, levando em consideração
que se a oleosidade for retirada de maneira exagerada um efeito rebote poderá surgir,
agravando ainda mais o caso, e as glândulas sebáceas secretaram ainda mais seu
conteúdo (BORGES e SCORZA, 2016; RODRIGUES, 2012). Os ativos utilizados na
limpeza de pele acneica possuem muitas vezes ação anti-inflamatória, antisséptica e
calmante. O agente deve ser não irritante, não alergênico e também não comedogênico,
sendo assim cuidados especiais sempre devem ser tomados em peles acneicas
(OLIVEIRA, 2017; RODRIGUES, 2012).
A higienização se caracteriza como o primeiro passo, onde todo o excesso de
sujidade e oleosidade são removidos, quanto mais alto for o pH do cosmético utilizado
mais dilatados os poros irão ficar, e quando mais baixo menos dilatados, destacando que
quanto mais dilatados estiverem mais eficaz se torna a higienização, deve ser dada
preferência para sabonetes à base de ácido salicílico e enxofre, ambos atuam na
remoção de crostas, excesso de suor e gordura, sem proporcionar irritação para a pele
(BORGES e SCORZA, 2016; RODRIGUES, 2012). A esfoliação promove uma
descamação da camada córnea, proporcionando uma melhor penetração de sucessivos
cosméticos que aceleram o processo da renovação celular, e proporcionam também a
desobstrução do canal folicular, com redução da hiperqueratinização, esta etapa previne
o desenvolvimento de comedões, e assim consequentemente evita a formação de
pápulas e pústulas. Em acne grau I, pode-se fazer uso de esfoliantes à base de
polietileno, já em grau II o mesmo não é recomendado. Para pele que apresenta uma
grande quantidade de pápula e pústula recomenda-se esfoliantes enzimáticos, onde seus
ativos são à base de abacaxi (bromelina) e mamão (papaína) (BORGES e SCORZA,
2016). A emoliência proporciona uma higienização através do uso de uma substância
emoliente conhecida como trietanolamina, nesta etapa ocorre o amolecimento de
comedões e dilatação dos poros, o que facilita a retirada dos mesmos, e previne a
formação de lesões acneicas (HOCHHEIM, DALCIN e PIAZZA, 2011).
A extração é a etapa da limpeza de pele, onde todo o sebo que está obstruindo
o folículo será retirado, assim estes sendo desobstruídos ativos permeiam com
facilidade e também ocorre uma diminuição da produção de sebo auxiliando muito no
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tratamento, pois consequentemente ocorre também a diminuição de microrganismos na


região. Em casos de pústulas é aconselhado exercer uma leve pressão sobre o local,
drenando o conteúdo purulento, o que facilita o esvaziamento da lesão. As lesões
internas como a pápula, nódulo e o cisto não devem ser manipuladas (BORGES e
SCORZA, 2016; HOCHHEIM; DALCIN; PIAZZA, 2011). A desinfecção pode ser
realizada através da utilização do aparelho de altafrequência, com funções bactericida,
bacteriostático, fungicida e antisséptico, mas também pode-se fazer o uso de cosméticos
que apresentam ativos com ação anti-inflamatória e antisséptica como os tônicos e
adstringentes a base de hamamélis e melaleuca (BORGES e SCORZA, 2016).
As máscaras com base em gel são mais indicadas para clientes com acne por
serem livres de óleo, mas as que são mais utilizadas após a limpeza são aquelas ricas em
ativos cicatrizantes, anti-inflamatório, antisséptico, antisseborréico e descongestionante
são as mais utilizadas em peles acneicas, estas trazem em sua formulação muitas vezes a
aloe vera, camomila, calêndula, hortelã, hamamélis e argila (HOCHHEIM, DALCIN e
PIAZZA, 2011). A tonificação atua corrigindo o pH da pele, e proporcionando uma
normalização no diâmetro dos óstios, ou seja, sua contração. Como a pele fica sensível
devido as anteriores etapas é recomendado tônicos calmantes a base de camomila e
calêndula, e ativos adistringentes, antissépticos e anti-inflamatório destacando a
hamamélis. A finalização é feita com a utilização de filtro solar com fator de
fotoproteção de no mínimo 15, sendo o recomendado para pele acneícas soluções “oil
free”, ou seja, livre e óleo. É orientado sempre ao cliente reaplicar o cosmético entre
duas e duas horas, pois devido às lesões presentes pode haver o desenvolvimento de
hipercromias agravando o aspecto da pele (BORGES e SCORZA, 2016). Existem
diversos produtos destinados para a finalização da limpeza de pele, como cosméticos
secativos e cicatrizantes, onde estes complementarão o tratamento, mas mesmo após seu
uso é indispensável a utilização do fotoprotetor (HOCHHEIN, DALCIN e PIAZZA,
2011).
O desincruste para pele acneicas é muito indicado pois possui como objetivo
estético a retirada de maneira suave dos incrustados na superfície epidérmica, que, em
linguagem estética, reproduz e ou/ significa limpar. Esta terapia utiliza de uma solução
desincrustante à base de sódio, tendo como exemplo o lauril sulfato de sódio, que atua
realizando uma saponificação dos óstios emulsionando a secreção sebácea, e quando
este cosmético é associado à corrente galvânica o mesmo consegue retirar o sebo que se
encontra acumulado. A corrente elétrica deste aparelho possui uma passagem contínua
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de elétrons, ou seja, a presença de correte é constante e possui polaridade determinada:


o polo positivo e negativo. Para evitar o efeito rebote, esta terapia deve respeitar um
intervalo de quinze dias, e a duração de aplicação gira em torno de 5 à 10 minutos. Em
peles oleosas e seborreicas é interessante a associação desta terapia antes da limpeza de
pele, pois facilita a extração de comedões, e atua no controle da secreção sebácea.
Através de seus benefícios como o destamponamento do folículo, eliminação de
encrustados e aumento da permeação de ativos esta terapia resulta em um tratamento
satisfatório em peles acneícas (BORGES e SCORZA, 2016; BORGES, 2010).
O termo peeling se distingue do verbo inglês “to peel” que traz o significado
de descamar, pelar, desprender e esfolar, e devido a estas definições nota-se que o termo
peeling promove uma ação de esfoliação e descamação com o intuito de proporcionar à
pele uma renovação celular através do uso de substâncias químicas que apresentam
agentes que podem apresentar em suas fórmulas ácidos com o pH <5, sendo este
inferior ao da pele, e isso faz com que ocorra uma esfoliação química com o propósito
de melhorar o aspecto da pele, atuando diretamente em sua viscosidade, elasticidade,
textura e coloração, estimulando novas células para reparar o tecido lesado (KEDE e
SABATOVICH, 2003; PIMENTEL, 2008).
A lesão é ocasionada com a solução ácida de maneira controlada e programada,
e isto se dá através do tempo que o produto ficará em contato com a pele, resultando na
amenização da afecção tratada, destacando as alterações actínicas e cicatrizes mais
superficiais ocasionadas pela acne vulgar. O desejo quando se faz uso de ácidos é
ocasionar um afinamento do estrato córneo, diminuição da oleosidade e aumento da
espessura da epiderme (BORGES e SCORZA, 2016).
Os profissionais de estética podem atuar apenas com peelings superficiais, ou
seja, apenas na camada da epiderme, mas em relação aos médios e profundos, podem
auxiliar em conjunto com médico preparando a pele para peelings mais fortes. Fatores
como concentração do ácido, forma e tempo de aplicação, tipo de pele, pH da solução,
estrutura molecular e preparo da pele determinam a profundidade da lesão, o tipo de
pele é um dos fatores que interferem também na penetração do ácido, onde uma pele
oleosa apresenta maior resistência ao esfoliante e uma pele seca já não possui tanta. As
regiões de aplicação são de grande importância, pois existem áreas que são mais
sensíveis como, por exemplo, cantos da boca e nariz, sulco nasogeniano e pálpebras
inferiores, ao contrário de áreas com dobras, onde nestas regiões não há tanta
sensibilidade, nas regiões com maior sensibilidade a penetração é mais alta o que pode
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ocasionar uma lesão não desejada. É necessário sempre antes de um peeling uma
preparação para a pele receber o ácido, pois uma pele íntegra responde melhor ao
processo de regeneração (BORGES e SCORZA, 2016).
O ácido quando passado sob a pele promove uma estimulação da epiderme
causando efeito no estrato córneo proporcionando sua remoção, isso permite uma
melhor penetração do ativo, e conforme o mesmo for infiltrando nas sucessivas camadas
ocorre o processo inflamatório, ou seja, mediadores são acionados para reparam tal
região sintetizando as fibras de colágeno, e por fim resultando na reparação tecidual.
Exemplos de ácidos utilizados no peeling químico são destacados o glicólico,
mandélico, salicílico, retinóico e hidroquinona. Peeling químico possui forte indicação
em manchas pós inflamatórios de acne e em acne ativa grau II, onde casos como este
podem ser tratados ou indicados para a prevenção. Lesões como ferimentos e herpes
ativa são contraindicações do peeling químico, assim como alergia ao produto, regiões
de mucosa e peles bronzeadas (BORGES e SCORZA, 2016; PIMENTEL, 2008).
Ácido glicólico é considerado um AHA, se origina da extração da cana-de-
açúcar, indicado para acnes comedogênica, peelings, rugas finas e fotoenvelhecimento,
utilizado em uma concentração de até 10% atua na redução da espessura da epiderme,
acarretando uma renovação celular e melhorando a hidratação (GOMES e DAMAZIO,
2009). Recomendado para qualquer tipo de pele devido a sua alta segurança, utilizado
em acne, sequelas de acne, manchas senis e ceratoses actínicas. Sua ação ao ser
utilizado em peelings superficiais se confirma quando o cliente relata sensação de
prurido, ardor apresentando um eritema leve (BORGES e SCORZA, 2016). A utilização
do ácido glicólico proporciona um espessamento da epiderme, compactação do extrato
córneo, depósito de colágeno, e para que um bom resultado seja alcançado é necessário
repetições de sessões com intervalos que variam conforme a concentração do ativo,
podendo ser semanal, quinzenal ou mensal (PIMENTEL, 2008).
O ácido mandélico apresenta ação de renovação celular, é considerado um
AHA, sua origem se dá a partir da hidrólise do extrato da amêndoa amarga. Apresenta
um peso molecular maior quando comparado ao glicólico, e devido a isso sua
permeação é mais lenta e regular, com incômodo de ardências e prurido minimizados.
Devido a sua característica não irritante a descamação é menor em relação aos outros
alfahidroxiácidos, e assim a restauração do tecido epitelial se torna mais rápida
(JAHARA, 2010). Apresenta funções como antisséptica, regenerador da epiderme, ação
ceratolítica, esfoliante e anti-inflamatória indicado para acne inflamatória não cística, ou
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seja, para grau II. Nos processos infecciosos de acne o ácido mandélico atua barrando
bactérias evitando que assim novas lesões sejam formadas, e que as já presentes não
entrem em um quadro evolutivo, possui também um grande papel no tratamento de
sequelas de acne devido atuar diretamente no processo de cicatrização (BORGES e
SCORZA, 2016).
Já o ácido salicílico pertence à família beta-hidroxiácido (BHA), podendo este
ser encontrado em várias essências naturais em forma de ésteres, originado das cascas
do salgueiro traz consigo ações queratolítica, queratoplástica, antisséptica, anti-
inflamatória e bacteriostática (BORGES e SCORZA, 2016; GOMES e DAMAZIO,
2009; WARREN, 2015). Através de suas propriedades queratolíticas ocorre um
afinamento da pele, e isto impede a contaminação de bactérias devido o controle de
oleosidade, o mesmo age ainda como hidratante, sendo assim proporciona uma melhor
penetração do ativo (FONSECA e MEJIA, 2014).
A solução de Jessner se trata de uma sinergia de ácido salicílico à 14%, de
ácido lático (85%) à 14% e de resorcinol à 14%, estes vinculados à etanol 95%, devido
todos estes proporcionarem efeito esfoliante atuam de forma significativa em acne
comedogênica (BORGES e SCORZA 2016). Ela age rompendo a barreira da pele, e
assim as substâncias presentes na solução são absorvidas com mais facilidade. É muito
indicada para cicatrizes de acne, pois proporciona o efeito queratolítico, ou seja, atua
desobstruindo os infundíbulos glandulares sebáceos (ALMEIDA DE SÁ, 2006 apud.
GOMES, 2009).
Devido as lesões ocasionadas pela acne vulgar, as mesmas desenvolvem
problemas psíquicos, e acabam interferindo no convívio social dos indivíduos que
apresentam tais lesões, onde a baixa autoestima é uma consequência ocasionada e deve
ser levada em consideração, pois, tal patologia pode tornar a vida social limitada,
podendo gerar distúrbios psicossociais. A autoimagem é um fator estético com suma
importância, pois lesões da acne acabam limitando indivíduos em sua própria aceitação,
podendo acarretar mudança de humor, complexo de inferioridade e ansiedade
(LOUZADA, et. al., 2009). Impactos como depressão, e ansiedade em adolescentes com
acne vulgar são aspectos que interferem muito na qualidade de vida destes indivíduos, e
que não há relação dos sintomas mentais com a gravidade dos graus, ou seja, impactos
como estes podem ocorrer tanto em lesões presentes na acne grau I quanto na acne grau
V (SOUTOR e HORDINDKY, online, 2015).

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Segundo Figueiredo (2011) a região com maior desenvolvimento de acne é a


face, onde esta se destaca como a área mais exposta quando se diz respeito a
comunicação social, e isso pode ocasionar uma revolta nos adolescentes. O autor relata
que em torno de 70% dos adolescentes que apresentam as lesões da acne vulgar
confirmam que sofrem rejeição em relação ao convívio social, e isso destaca o motivo
da baixa autoestima e também da depressão (apud. CASTANHA e SANTIS, 2015).
É possível notar que além do problema cutâneo a acne vulgar pode acarretar
ainda mais complicações do que as lesões, exemplo disto é a fobia social, e sabendo que
as lesões podem residir ou se agravar em relação ao quesito agravamento a acne vulgar
quando manipulada ou quando em estágio avançado pode vir a desenvolver cicatrizes
desconfigurantes, estas que possuem também uma enorme implicação social (KALIL,
2011). Nota-se que em casos mais graves ela deve ser tratada não só apenas por
dermatologistas. É necessário um acompanhamento em conjunto com psicólogo, pois
ambos auxiliarão em um tratamento mais eficaz, amenizando não só as lesões estéticas,
mas também as mentais e psicológicas.

CONCLUSÃO
A afecção da acne vulgar causa diversas alterações na pele e traz consigo um
desconforto ao indivíduo em que as lesões acneiformes se desenvolvem, além dos danos
teciduais ela interfere profundamente na autoaceitação, e na autoestima do mesmo,
devido acometer a maioria das vezes a região facial, uma superfície totalmente exposta
que sofre forte influência no convívio social, exemplo desta tamanha interferência é o
isolamento de adolescentes, e enfraquecimento de sua relação interpessoal. A acne
vulgar não distingue sexo ou idade, acomete uma grande parte da população em
qualquer fase da vida, desde a adolescência até a fase adulta, possuindo diferentes graus
de acometimento desde leve a intensos dependendo da intensidade inflamatória, fatores
como os genéticos, hormonais e estresse interferem no desenvolvimento das lesões, é
preciso que fatores como este sejam tratados, pois são através deles que a acne se
intensifica ou não.
Devido à sociedade nos dias de hoje se encontrar cada vez mais preocupada
com a aparência física, nota-se quanto é importante um bom tratamento para garantir a
autoestima das pessoas acometidas por esta patologia, e quanto antes tratada a afecção é
retardada e cicatriz inestéticas são evitadas. Sendo assim, este trabalho destaca o quanto
a acne vulgar interfere no tecido tegumentar, e na aceitação do indivíduo, e também
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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

relata a importância dos tratamentos estéticos, onde estes auxiliam na melhora das
lesões.

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DERMOCOSMÉTICOS EM CREME BASE LANETTE N® E CREME BASE
POLAWAX®
DEVELOPMENT AND ACCELERATED STABILITY STUDY FOR
DERMOCOSMETICS IN LANETTE N® BASE CREAM AND POLAWAX® BASE
CREAM

Camila Andrezza Marcucci Ricardo*


Mylena Cristina Dornellas Costa**
Sandra Prestes Lessa Fernandes Oliveira***
Janice Aparecida Rafael Arakawa*****

RESUMO:

Há atualmente um aumento da exigência em relação à qualidade dos cosméticos e sua eficácia o que
levou ao desenvolvimento de múltiplas formulações. Dessa forma necessita se de estudos que ampliem o
conhecimento sobre a estabilidade de diferentes bases das formulações. Nesse estudo foram
desenvolvidas formulações para tratamento de celulite e avaliou-se a estabilidade físico química em um
período de 90 dias tendo como Creme Base as formulações Lanette e Polawax. Foram realizados testes
como avaliação das características organolépticas, pH, e o teste de centrífuga, as amostras foram
monitoradas no período de até 90 dias em diferentes temperaturas. Evidenciou suaves alterações no
aspecto, na coloração e no odor das formulações que permaneceram em temperatura elevada a partir de
T7 e T15 mas não sofreram separação de fases. Dessa forma, concluiu-se que ambas as amostras são
estáveis.

PALAVRAS CHAVE: Biodegradável. Cosmético. Esfoliante. Pele.

ABSTRACT:

There is currently an increase in the requirement regarding the quality of cosmetics and its effectiveness
which has led to the development of multiple formulation. In this way, we need studies that increase the
knowledge about the stability of different bases of formulations. In this study, formulations were
developed for the treatment of cellulite and the physical chemical stability was evaluated over a period of
90 days having as base cream the formulations Lanette and Polawax. Tests were performed such as
evaluation of the organoleptic characteristics, pH, and the centrifuge test, the samples were monitored in
the period of up to 90 days at different temperatures. It showed mild changes in appearance, color and
odor of the formulations that remained at elevated temperature from T7 and T15 but did not undergo
phase separation. Thus, it was concluded that both samples are stable.

Key-words: Stability, quality control, Lanette® N, Polawax.

______________________________________
*Farmacêutico Generalista pela UNOPAR, Londrina PR
**Mestre em Biotecnologia – Docente do Programa de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial, do curso de Graduação de
Farmácia e Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.
***Mestre em Ciência e Tecnologia do Leite - Docente do curso de Farmácia da UNOPAR, Londrina PR.
****Doutora em Fármaco e Medicamentos– Docente do curso de Farmácia do Centro Universitário Filadélfia – UniFil, Londrina
PR e UNOPAR, Londrina PR.

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1. INTRODUÇÃO
Nos últimos tempos houve um grande aumento na preocupação com a
boa aparência física em toda a população, desse modo, houve também um aumento da
procura por diferentes recursos cosméticos para as mais variadas disfunções
dermatológicas. Entre as disfunções mais comuns está a Hidrolipodistrofia Ginóide
HLDG, conhecida popularmente como celulite (CUNHA, COSTA, ROSADO, 2006). A
HLDG está presente entre 80-90% das mulheres, causando alteração no relevo cutâneo,
com alterações morfológicas, histoquímicas, bioquímicas e estruturais no adipócito
como é possível visualizar na figura 1 (REIS DOS SANTOS, et al., 2011).
Figura 1 – Lipodistrofia Ginóide.

Fonte: Dermatologia Estética, Revista e Ampliada, 2009.

As alterações decorrentes dessa disfunção dermatológica ocorrem


na camada mais profunda e mais interna da pele, a hipoderme também conhecida como
a camada do tecido adiposo subcutâneo (REIS DOS SANTOS, et al., 2011; CUNHA,
COSTA, ROSADO, 2006).
A hipoderme é composta por tecido conjuntivo, localizado abaixo
da derme onde é possível encontrar uma grande massa de adipócitos. As células
adiposas possuem vacúolos preenchidos por lipídios (triglicerídeos) que constituem
assim, grandes reservas energéticas para o organismo. O tecido conjuntivo, constituído
por fibras de colágeno e poucas fibras elásticas, como continuação da derme, agrupa
essas células adiposas em lóbulos (CUNHA, COSTA, ROSADO, 2006).

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Em breve síntese, a HLDG irá modificar a estrutura histológica


do tecido, por estímulo hormonal, que promove a polimerização excessiva dos
glicosaminaclicanos causando edema pericapilar e interadipocitário, aumento da
pressão intersticial, compressão de veias, vasos linfáticos e nervos, dificultando as
trocas metabólicas e drenagem linfática. Como consequência do estimulo hormonal os
fibroblastos aumentam a síntese de colágeno e elastina aumentando o conteúdo
protéico do nódulo de celulite resultando na estrutura histológica irregular (REIS DOS
SANTOS, et al., 2011; CUNHA, COSTA, ROSADO, 2006).
Os autores Rawling (2006) e Reis dos Santos et al. (2011)
descrevem que existem atualmente diversas formas empregadas ao tratamento da
HLDG e que entre elas a mais usada envolve os produtos cosméticos com substâncias
ativas (com ação vaso protetora, antiinflamatória, estimuladora de micro circulação
periférica e agentes lipolíticos). Adicionalmente o tratamento pode ser com massagem
que reduz o edema melhorando a condição histológica.
As primeiras fórmulas desenvolvidas eram compostas essencialmente por extratos de
plantas e substâncias venotônicas, porém, com eficácia reduzida. Dessa forma, cresceu
o incentivo à indústria ao desenvolvimento de novas fórmulas cosméticas e com
diferentes substâncias cosmetológicas ativas. Através do setor industrial, com pesquisa
e desenvolvimento, foi possível a criação de produtos mais sofisticados e com melhores
resultados (CUNHA, COSTA, ROSADO, 2006; RAWLINGS, 2006).
Segundo aquosa ou oleosa. As emulsões são dispersões
compostas por duas fases imiscíveis entre si, podem ser água ou óleo, as fases são
estabilizadas com a presença de emulsificantes que atuam na interface óleo e água
(FRANGE e GARCIA, 2010).
Os tensoativos possuem grupos lipofílicos e hidrofílicos o que
confere a esse grupo uma característica anfifílica, são classificados de acordo com sua
carga: não iônicos, aniônicos que em solução aquosa se dissociam liberando íons
carregados negativamente e catiônicos onde em solução aquosa se dissocia liberando
cátions positivos (ANSEL, 2000; AULTON, 2008).
A legislação brasileira estabeleceu altos padrões de qualidade
para os produtos cosméticos que são firmados nas Boas Práticas de Fabricação. Em
virtude destas normas, o controle de qualidade se dedica a assegurar a qualidade dos
produtos através da execução de todos os ensaios que são imprescindíveis para
disponibilizar o produto no mercado (BRASIL, 2008).
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Cada componente adicionado às formulações pode interferir na


estabilidade dos produtos manipulados. Os três tipos de instabilidade mais comuns que
podem ser detectados em emulsões são o creaming, floculação e quebra ou
desestruturação da emulsão.
Precedente a execução de todos os ensaios para liberação do
produto ao mercado, já assegurados pelo controle de qualidade, existe a necessidade de
comprovação da estabilidade da fórmula a ser liberada. Nesse sentido o estudo de
estabilidade desenvolvido para produtos cosméticos tem a finalidade de indicar o grau
de sua estabilidade nas mais variadas condições a que ele esteja sujeito (BRASIL, 2004;
BRASIL, 2008).
O objetivo geral desse estudo foi realizar o Estudo de
Estabilidade Acelerado. Como os testes estão na fase de desenvolvimento do produto
auxiliam na determinação da estabilidade e avaliar a compatibilidade da formulação
com o material de acondicionamento.

2. METODOLOGIA

Os ensaios foram realizados no laboratório de Tecnologia


Farmacêutica da UNOPAR unidade Piza, para realização do teste de estabilidade foram
utilizadas duas formulações, uma Emulsão Aniônica, o Creme Base Lanette® N e uma
Emulsão não iônica, o Creme Base Polawax, sendo ambas as formulações
desenvolvidas e preparadas por uma farmácia magistral, escolhida aleatoriamente,
situada em Londrina/ Paraná. Todas as matérias primas utilizadas para fabricação das
emulsões foram grau farmacêutico empregando-se substâncias e proporções conforme
indicado nas tabelas 1 e 2.
O acondicionamento das amostras ocorreram em suas
embalagens originais, as amostras A1 (Creme Base Lanette® N) e B1 (Creme Base
Polawax) foram acondicionadas em estufa Gehaka 400/3 MDE a 40ºC ±2, equanto as
amostras A2 (Creme Base Lanette® N) e B2 (Creme Base Polawax) foram
acondicionadas em temperatura ambiente devendo ser monitorada, aceitando variação:
30ºC ±2 sob abrigo da luz, calor e umidade para padrão de comparação (ISAAC et al.,
2008; BRASIL, 2004).
Prista (1990) as emulsões podem ser caracterizadas como fórmulas
semi sólidas que possuem substâncias medicamentosas incorporadas em sua fase

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Tabela 1 – Composição das Amostras Creme Base Lanette® N


Substância Concentração (preparo para 60G)

Extrato de Castanha da Índia 5%

Extrato de Centella Asiática 5%

Nicotina de Metila 0,2%

Adipol 1%

Lanette® N q.s.p. 60g

Fonte: Da autora.

Tabela 2 – Composição das Amostras Creme Base Polawax


Substância Concentração (preparo para 60G)

Extrato de Castanha da Índia 5%

Extrato de Centella Asiática 5%

Nicotina de Metila 0,2%

Adipol 1%

Polawax q.s.p. 60g

Fonte: Da autora.

O Creme Base Lanette® N é uma cera auto emulsionante


aniônica, pode ser descrita como uma emulsão O/A estável. Confere emoliência e
hidratação para a pele sendo largamente usado em farmácias de manipulação e
indústrias, pois, possui grande aceitação pelos consumidores assim como pelos
prescritores das formulações. O Lanette® N forma emulsões de carga negativa, dessa
forma é incompatível com ativos e adjuvantes que possuem carga positiva o que pode
acarretar quebra da formulação (MAPRIC, 2007).
O Creme Base Polawax difere em notáveis características
quando comparados às ceras auto emulsionantes mais antigas. É uma emulsão O/A com
característica não iônica, assim possui grande progresso sobre os produtos anteriores.
Designada como cera auto emulsionante suave, não é afetada pela presença de
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eletrólitos de outras substâncias, assim é um sistema estável para incorporação de


diversos ativos. É tolerante a eletrólitos e promove a hidratação da pele (FARMACAM,
2014; FERREIRA, 2010).
Para o Estudo de Estabilidade Acelerado, as amostras (A1, A2,
B1 e B2) foram analisadas em triplicata nos tempos descritos como T0, T1, T7 dias,
T15 dias, foi ainda executado nos tempos descritos como T30 dias, T45 dias, T60 dias e
T90 dias como apresenta na tabela 3 (MONTEIRO e SILVA, VALARINI,
LEONARDI, 2013; BRASIL, 2004; FRANGE, GARCIA, 2010).

Tabela 3– Período de Avaliação das Amostras em Triplicata


Amostras Tempo de Análise das Amostras

A1 T0 T1 T7 T15 T30 T45 T60 T90

A2 T0 T1 T7 T15 T30 T45 T60 T90

B1 T0 T1 T7 T15 T30 T45 T60 T90

B2 T0 T1 T7 T15 T30 T45 T60 T90

Fonte: Da Autora.

Os parâmetros analisados para cada amostra foram:


características organolépticas, características físico-químicas como pH e o teste de
centrifuga. Os valores finais foram apresentados como média aritimética dos testes
realizados em triplicata (ISAAC et al., 2008).

2.1. Características Organolépticas

Para a caracterização organoléptica as principais características


das amostras foram classificadas de acordo com aspecto, coloração, odor e sensação ao
tato (LEONARDI, GASPAR, MAIA CAMPOS, 2002).

2.2. Características Físico Químicas

2.2.1. Determinação do pH

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As formulações foram analisadas quanto aos valores de pH


utilizando o equipamento pHmetro, Analisador de Solução Ácida e Básica (pH) Tecnal
TEC2. Para a análise, diluiu-se 1,0 g da emulsão em 9,0 g de água destilada a
temperatuda de 25⁰c ±2⁰c (diluição 1:10). As amostras foram homogeneizadas
manualmente e a seguir, o pH foi determinado pela inserção do eletrodo (MONTEIRO e
SILVA, VALARINI, LEONARDI, 2013; BRASIL, 2004).

2.2.2. Teste de Centrífuga (Separação e Sedimentação)

No teste de centrífuga, 4,0 g do Creme Base Aniônico Lanette®


N (amostras A1 e A2) e Creme Base Não Iônico Polawax (amostras B1 e B2) foram
centrifugadas a 3000 rpm, a 25ºC por 30 minutos, utilizando centrífuga Evlab Macro
EV 04 . Em seguida avaliou-se visualmente a amostra, a estabilidade do sistema foi
verificada com a manutenção da homogeneidade da formulação (MONTEIRO e
SILVA, VALARINI, LEONARDI, 2013; BRASIL, 2004).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos foram organizados em tabelas, sendo o
estudo de estabilidade avaliados durante o período de armazenamento de T0,T1, T7,
T15, T30, T45, T60 e T90 dias.
Para avaliação dos parâmentros analisados , utilliza-se das siglas
IM (para intensamente modificado), M (para modificado), LM (para levemente
modificado) e N para normal (BRASIL, 2004). As tabelas a seguir apresentam os
resultados relativos a característica organoléptica (aspecto, coloração, odor e tato)

Tabela 4 – Características Organolépticas Apresentadas Pelas Emulsões Estudadas de Acordo


com o Aspecto
Tempo (Dias) Amostras

A1 A2 B1 B2

T0 N N N N

T1 N N N N

T7 N N LM N

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T15 LM N LM N

T30 LM N LM N

T45 LM N LM N

T60 LM N LM N

T90 M N M N

Fonte: Da Autora.

As amostras que apresentaram estabilidade foram as amostras


A2 e B2. As alterações na amostra A1 e B1 se caracterizaram por leve endurecimento
da superfície do creme a partir do T15 para A1 e a partir de T7 para B1. É sugerido que
essas alterações sejam resultantes da perda de água por evaporação devido ao período
na estufa, que ocorre de modo mais intenso na superfície da formulação. Como existe
perda de água ocorre um proporcional aumento na concentração das substâncias menos
voláteis e geralmente mais consistentes (SOUZA, FERREIRA, 2010 apud BIANCO &
LIMA, 2007; FERREIRA, 2002). Porém a amostra A1 resistiu aproximadamente 7 dias
a mais que a amostra B1 na perda de água na presença de calor.
Tabela 5 – Características Organolépticas Apresentadas Pelas Emulsões Estudas de Acordo com
Coloração
Tempo (Dias) Amostras

A1 A2 B1 B2

T0 N N N N

T1 N N N N

T7 N N LM N

T15 LM N LM N

T30 LM N LM N

T45 LM N LM N

T60 LM N LM N

T90 M N M N

Fonte: Da Autora.

Alterações de coloração foram observadas nas amostras que


permaneceram em estufa. A amostra A1 a partir do tempo T15 e B1 a partir do tempo

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T7, as amostras A1 e B1 apresentaram endurecimento da superfície e coloração amarela


escuro perdendo a coloração característica bege clara. Sugere-se que essa mudança
ocorreu devido a temperatura de armazenamento que desencadeou a reação de oxidação
levando a alteração da cor (FERREIRA, 2002). Novamente percebe se alteração da
amostra B1 mais precoce que a A1.

Tabela 6 – Características Organolépticas Apresentadas Pelas Emulsões Estudadas de Acordo com Odor

Tempo (Dias) Amostras

A1 A2 B1 B2

T0 N N N N

T1 N N N N

T7 LM N LM N

T15 LM N LM N

T30 LM N LM N

T45 LM N LM N

T60 LM N LM N

T90 LM N LM N

Fonte: Da Autora.

Verificou-se alteração de odor na amostra A1 e B1 a partir do


tempo T7 de acordo com a tabela 6. Sugere-se que essa alteração pode ser decorrente da
presença da substância ativa Nicotinato de Metila, um éster do álcool metílico e do
ácido nicotínico. Essa substância é solúvel em água e álcool etílico e possui grande
capacidade de evaporação, sendo mais elevada em casos de armazenamento em altas
temperaturas (BRASIL, 2005). Esta alteração deve se provavelmente ao ativo e não à
base.

Tabela 7 – Características Organolépticas Apresentadas Pelas Emulsões Estudadas de Acordo com


Sensação ao Tato
Tempo (Dias) Amostras

A1 A2 B2 B2

T0 N N N N

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T1 N N N N

T7 N N N N

T15 N N N N

T30 N N N N

T45 N N N N

T60 N N N N

T90 N N N N

Fonte: Da Autora.

De acordo com a tabela 7 não houve alteração em relação ao


teste de Sensação ao Tato em nenhuma das amostras, o leve endurecimento da
superfície e a alteração de coloração não influenciaram na Sensação ao Tato das
amostras.

Tabela 8 – Resultados Apresentados no Teste de Centríguga

Tempo (Dias) Amostras

A1 A2 B2 B2

T0 N N N N

T1 N N N N

T7 N N N N

T15 N N N N

T30 N N N N

T45 N N N N

T60 N N N N

T90 N N N N

Fonte: Da Autora.

O teste de centrífuga simula o aumento da força de gravidade


fazendo com que as partículas se movam em seu interior com a finalidade de visualizar

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a precipitação ou separação de fases, esses dois casos são denominados quebra da


emulsão o que é considerado fator grave de instabilidade. De acordo com a tabela 8, nos
testes realizados com as amostras as mesmas não apresentaram separação de fase
(coalescência, cremeação ou floculação) após a centrifugação, durante todo o tempo de
estudo. Logo, ambas apresentaram-se aptas para o prosseguimento do estudo (BRASIL,
2004; AULTON, 2008).

Gráfico 1 – Relação de pH e Tempo de Realização do Estudo de Estabilidade Acelerado

Fonte: Da Autora.

O equilíbrio de pH para estabilidade das formulações é


imprescindível, uma vez que o fármaco se encontra disperso em meio que contém água
onde este interfere diretamente na degradação dos fármacos, através de reações de
hidrólise e oxidação. Conforme evidenciado no gráfico 1 não houve variações
significativas de pH (FERREIRA, 2002), pois as mesmas permaneceram estáveis em
todo o tempo de análise, exceto quando armazenado em estufa pois de modo geral
houve uma pequena diminuição no pH.

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Após a análise dos resultados dos testes realizados, é possível


afirmar que a temperatura elevada influência diretamente a estabilidade da formulação.
As referidas alterações ocorreram a partir do tempo T15 para a amostra A1 e a partir de
T7 para amostra B1, onde se pode observar endurecimento da superfície, formação de
película, alteração na coloração e odor perceptível.

4. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos evidenciaram que as características
químicas dos emulsionantes utilizados na preparação das duas emulsões testadas, visam
sucesso na obtenção de sistemas cineticamente estáveis inclusive na presença dos ativos
incorporados na formulação.

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