Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
INPE
São José dos Campos
2008
DESASTRES NATURAIS e
DESASTRES NATURAIS e
GEOTECNOLOGIAS
GEOTECNOLOGIAS
Conceitos Básicos
Conceitos Básicos
Conceitos Básicos
CRS/INPE
Santa Maria
2008
2
SUMÁRIO
Pág.
1. INTRODUÇÃO.................................................................... 05
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................... 36
3
PREFÁCIO
A Região Sul do Brasil e os países do MERCOSUL, bem como a América do Sul têm
sido severamente impactados por desastres naturais, principalmente a partir da
década de 70, que resultou em grandes prejuízos sócio-econômicos, assim como
num elevado número de vítimas fatais. A maioria dos desastres está associada às
instabilidades severas que causam entre outros, inundações, escorregamentos,
vendavais, tornados e aos períodos de déficit hídrico, caracterizados pelas
estiagens. Além dos fatores sócio-econômicos, acredita-se que este aumento no
registro do número de desastres naturais, também pode estar diretamente
vinculado às alterações do clima por decorrência das mudanças globais.
4
DESASTRES NATURAIS E GEOTECNOLOGIAS
CONCEITOS BÁSICOS
I. INTRODUÇÃO
5
Figura 1 – Irrigação no platô próximo ao vulcão Hasan Dag, Turquia, e, na imagem
menor, a cidade primitiva de Çatalhöyük, construída por volta de 7.000
a.C. nas proximidades do vulcão.
Fonte: www.wikipedia.org / www.catalhoyuk.com
6
pessoas. Em 1755, ocorreu o famoso terremoto de Lisboa, Portugal, que
atingiu 8,6 graus na escala Richter, vitimando mais de 30.000 pessoas, por
decorrência dos tremores de terra, do tsunami e dos incêndios que
devastaram a cidade. Na erupção do vulcão Tambora na Indonésia em
1815, aproximadamente 56.000 pessoas também vieram a falecer (MUNICH
RE GROUP, 1999). Por fim, ainda bem presente na memória coletiva, a
catástrofe ocasionada pelo tsunami ocorrido no dia 26 de dezembro de
2004 (Figura 3), que atingiu severamente diversos países asiáticos, com
destaque para a Indonésia, a Índia e o Sri Lanka. Esse tsunami deixou mais
de 170.000 mortos, 50.000 desaparecidos, 1.723.000 desalojados e
500.000 desabrigados (KOHL et al., 2005).
7
Figura 3 – Destruição provocada pelo tsunami de 2004 em Sumatra, Indonésia.
Fonte: www.wikipedia.org
Apesar das controvérsias, fato é que diversas áreas do globo já estão sendo
seriamente impactadas pelos desastres naturais, principalmente aqueles
desencadeados por fenômenos atmosféricos extremos, causados em sua
maioria pelas tempestades severas (Figura 4).
8
Figura 4 – Tempestade severa ocorrida em fev. de 2002, próximo a Joinville (SC).
Fonte: Prefeitura Municipal de Joinville, 2002.
9
Os esforços humanos devem ser direcionados para a elaboração e
adoção de medidas preventivas e mitigadoras que possam amenizar o
impacto causado pelos desastres naturais.
10
Nessa mesma situação estão as inundações, assim como os demais tipos de
desastres naturais. No caso das inundações, se for desencadeada pela
chuva, pelo avanço do mar ou a junção dessas (como as inundações
costeiras), trata-se de um desastre natural, independente da
vulnerabilidade da área afetada. Quem produziu as chuvas? O homem ou
uma instabilidade atmosférica? Já no caso do rompimento de uma barragem
(Figura 5), a inundação produzida tem como causa direta a má qualidade da
estrutura, resultando num típico caso de desastre humano. Na fase de
projetos e simulação esta possibilidade deveria ter sido levada em
consideração. O que resultaria num dimensionamento estrutural capaz de
suportar até mesmo as intempéries locais, como os abalos sísmicos.
11
agravado o problema da falta d’água, as condições semi-áridas têm como
gênese a dinâmica climática regional que foi moldada a milhares de anos.
Talvez um exemplo mais apropriado de desastre misto seja o processo de
arenização que está ocorrendo na região sudoeste do Rio Grande do Sul. As
causas estão associadas principalmente ao tipo de solo, ao regime de chuva
e a atividades agropastoris.
12
2.1 Tipologia e Características dos Desastres Naturais
13
ocorrem na Região Sul do Brasil, pode-se notar na Figura 6, que as
inundações apresentam características bem distintas das estiagens, assim
como o tornado do Furacão. Com respeito à freqüência, as inundações
ocorrem praticamente em todos os meses do ano, enquanto que as
estiagens estão vinculadas à determinada estação ou período do ano. A
duração e a extensão das estiagens são bem maiores do que as inundações,
em compensação a formação e a dissipação é bem mais lenta. Além disso,
enquanto as estiagens cobrem grandes áreas de forma difusa, as
inundações estão limitadas às terras planas que margeiam os rios.
14
3. DESASTRES NATURAIS NO MUNDO
15
Além disso, convém citar que a grande maioria dos desastres (mais de
70%) ocorreu em países em desenvolvimento. Estes dados refletem as
próprias condições sócio-econômicas desses países, como o adensamento
populacional em áreas de risco, a falta de planejamento urbano, os baixos
investimentos na saúde e educação, entre outros fatores, que aumentam
consideravelmente a vulnerabilidade das comunidades expostas aos perigos
naturais (ALEXANDER, 1997; ALCÁNTARA-AYALA, 2002).
E são estes fatores que tem contribuído para elevar o número de vítimas
fatais nos países em desenvolvimento. Tanto que, do total de mortes por
decorrência dos desastres naturais, mais de 95% ocorreram nos países
considerados mais pobres (ALEXANDER, 1995; DEGG, 1992; TOBIN e
MONTZ, 1997).
16
Figura 8 – Tipos de desastres naturais ocorridos no Brasil (1900-2006).
Legenda: IN – Inundação, ES – Escorregamento, TE –
Tempestades, SE – Seca, TX – Temperatura Extrema, IF –
Incêndio Florestal e TR – Terremoto.
Com relação à distribuição espacial, mais de 60% dos casos ocorreram nas
regiões Sudeste e Sul (Figura 9). No Brasil, essa distribuição está mais
associada às características geoambientais do que as sócio-econômicas.
Uma vez que, as áreas de favela, os bolsões de pobreza e a falta de
planejamento urbano estão presentes na maioria das cidades
brasileiras. Nessas regiões, as instabilidades atmosféricas são freqüentes
devido à passagem de frentes frias no inverno, da ocorrência de complexos
convectivos de mesoescala na primavera e da formação dos sistemas
convectivos no verão, que desencadeiam as chuvas intensas e concentradas
para essa estação (MONTEIRO e FURTADO, 1995; SANT’ANNA NETO, 1995;
SILVA DIAS, 1996; MARCELINO, 2003; NASCIMENTO, 2005).
17
Figura 9 – Distribuição dos desastres naturais no Brasil (1900-2006).
Legenda: N – Norte, CO – Centro Oeste, NE – Nordeste,
SE – Sudeste, S – Sul.
18
5. DESASTRES NATURAIS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS
19
continuar aumentando, com destaque para as tempestades e os eventos de
precipitações intensas sobre as regiões Sul e Sudeste do Brasil e o
agravamento da seca no nordeste e avanço sobre as regiões norte e centro-
oeste (Figura 11).
20
O aumento da precipitação nas regiões Sul e Sudeste não aponta
necessariamente para uma boa distribuição anual das chuvas. Pelo
contrário, a tendência é que as precipitações ficarão ainda mais
intensas e concentradas, ou seja, chuvas muito fortes e em poucos
dias, como já vendo sendo observado (LIEBMANN et al., 2004;
BOULANGER et al., 2005; GROISMAN et al, 2005; MARENGO, 2006).
21
6. PREVENÇÃO DE DESASTRES NATURAIS
22
Com respeito às relações existentes entre perigo e desastre, Tobin e Montz
(1997) definem perigo como uma situação potencialmente prejudicial,
enquanto que, desastre é a materialização do perigo (Figura 12).
23
áreas consideradas de alto risco. Atingindo estas áreas, casas são alagadas
e destruídas, pessoas morrem e outras tantas são obrigadas a procurar
locais seguros, como os abrigos temporários. Dependendo da magnitude ou
intensidade, os danos podem acarretar num desequilíbrio dos serviços
essenciais vinculados ao fornecimento de água, luz, comunicação e
transporte, caracterizando num cenário típico de desastre. Entretanto, na
continuação da trajetória, quando atinge áreas não-ocupadas (campos e
matas), a tempestade volta a ser considerada como um evento natural.
24
Figura 14 – Relação entre perigo e risco.
Fonte: adaptada de Tobin e Montz (1997).
25
6.2 Tipos de Medidas Preventivas
26
Toda ocorrência de desastres envolve basicamente três fases distintas:
Antes, Durante e Depois (TOBIN e MONTZ, 1997):
Fases de um desastre
27
.
Figura 15 – Ciclo de gerenciamento de um desastre.
Fonte: Tobin e Montz (1997).
28
principais causas está na falta de um corpo técnico ”A etapa de
prevenção deveria
civil, de caráter permanente, com formação
representar 75%
superior adequada (geociências, engenharias e de tempo e
investimentos, em
áreas biomédicas) para a elaboração e gestão de
um ciclo ótimo de
longo prazo. Dessa forma, será possível atingir um gestão de risco.”
dos objetivos propostos pela Política Nacional de Defesa Civil, que é ”...
promover a defesa permanente contra desastres naturais ou provocados
pelo homem” (MIN, 2007, p.5). Para tanto, é necessário considerar alguns
pressupostos indispensáveis numa gestão de risco, como:
29
6.3.1 Avaliação de risco
30
Dados usados numa avaliação de risco
Estudos têm demonstrado que as reações das pessoas que vivem em áreas
de risco podem ser super ou subdimensionada em virtude da idade, sexo,
ocupação, educação, renda, experiências passadas, entre outros. São esses
pressupostos presentes na história do individuo que condicionarão sua
habilidade de entender e prever o risco em eventos futuros, e aceitar as
diretrizes estabelecidas numa gestão de risco.
31
Motivos de permanência em áreas de risco
32
Com relação ao uso das geotecnologias na Prevenção, como já
mencionado no item 6.3.1, concentra-se basicamente nas avaliações de
risco. Os dados geoambientais, que podem ser obtidos com o auxílio das
imagens de satélite e GPS, são transformados em planos de informações no
SIG. Dependendo do software utilizado, são escolhidos modelos
matemáticos que são aplicados no cruzamento das informações, para
obtenção dos planos resultantes, como os mapas de perigo, vulnerabilidade
e risco (ver Figura 16).
33
Nas ações de Resposta, com um SIG é possível gerenciar de maneira
eficiente e rápida, as situações mais problemáticas, como as ações de
combate a sinistros (conter efeitos adversos) e de socorro às populações
afetadas (busca e salvamento). No SIG, um banco de dados associados a
um mapa da área urbana, poderá fornecer informações completas sobre
abrigos, hospitais, polícia, bombeiro, entre outros. Já o GPS é
extremamente útil nas operações de busca e salvamento em áreas que
foram devastadas. Essas áreas ficam muitas vezes descaracterizadas
dificultando a orientação e a localização de ruas e edificações.
34
Ressalta-se que os exemplos citados não limitam o uso das geotecnologias.
Pelo contrário, novas aplicações, métodos e ferramentas surgem a cada dia.
A flexibilidade é a uma das grandes vantagens das geotecnologias. Tudo
pode ser adaptado em função dos projetos de prevenção, do fenômeno a
ser analisado, da escala de trabalho e do orçamento disponível.
35
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
36
FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 1838 p.
GROISMAN, P. Y.; KNIGHT, R.; EASTERLING, D. R.; KARL, T. R.; HEGERL,
G. C.; RAZUVAEV, V. N. Trends in intense precipitation in the climate
record. Journal of Climate, v.18, p. 1326-1350, 2005.
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate Change
2007: The Physical Science Basis. Summary for Policymakers.
Disponível em: <http://www.ipcc.ch /SPM2feb07.pdf> Acesso em: 26
fev. 2007.
ISDR – International Strategy for Disaster Reduction. Living with risk: a
global review of disaster reduction initiatives. Geneva: UN/ISDR, 2004.
KNABB, R. D.; RHOME, J. R.; BROWN, D. P. Tropical Cyclone Report:
Hurricane Katrina. Miami: NHC, 2005. 43p. Disponível em: <
www.nhc.noaa.gov/pdf/TCR-AL122005_Katrina.pdf > Acesso em: 16
jan. 2008.
KOHL, P. A.; O’ROURKE, A. P.; SCHMIDMAN, D. L.; DOPKIN, W. A.;
BIRNBAUM, M. L. The Sumatra-Andaman earthquake and tsunami of
2004: the hazards, events, and damage. Prehospital and Disaster
Medicine, v. 20, n. 6, p. 356-363, 2005
LAVEL, A. La gestión local del riesgo: nociones y precisiones en torno al
concepto y la práctica. Guatemala: CEPREDENAC/PNUD, 2003. 101 p.
LIEBMANN, B.; VERA, C. S.; CARVALHO, L. M. V.; CAMILLONI, I. A.;
HOERLING, M. P.; ALLURED, D.; BARROS, V. R.; BAEZ, J.; BIDEGAIN,
M. An observed trend in Central South American precipitation. Journal
of Climate, v. 17, p.4357-4367, 2004.
LUCHESSE, A.; BIANCHI, P. B.; CÔRREA, V. Um deserto no quintal: a
verdadeira história da arenização do sudoeste gaúcho. Revista
Eletrônica de Jornalismo Investigativo, n.3, 2007. Disponível em: <
http://www6.ufrgs.br/ensinodareportagem/meiob/deserto.html> Acesso
em: 20 dez. 2007.
MARCELINO, E. V.; GOERL, R. F.; RUDORFF, F. M. Distribuição espaço-
temporal de inundações bruscas em Santa Catarina (Período 1980-
2003). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS, 1., 2004.
Florianópolis. Anais... Florianópolis: GEDN/UFSC, 2004. p. 554-564.
(CD-ROM)
MARCELINO, E. V.; RUDORFF, F. M.; MARCELINO, I. P. V. O.; GOERL, R. F.;
KOBIYAMA, M. Impacto do Furacão Catarina sobre a região sul
catarinense: monitoramento e avaliação pós-desastre. Geografia, v.30,
n.3, p.559-582, 2005.
MARCELINO, E. V.; NUNES, L. H.; KOBIYAMA, M. Banco de dados de
desastres naturais: análise de dados globais e regionais. Caminhos de
Geografia, v.6, n.19, p. 130-149, 2006.
MARCELINO, I. P. O. Análise de episódios de tornados em Santa
Catarina: caracterização sinótica e mineração de dados. São José dos
Campos: INPE, 2003. 223p. (INPE-12145-TDI/969).
37
MARENGO, J. A. Mudanças climáticas globais e seus efeitos sobre a
biodiversidade: caracterização do clima atual e definição das
alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do século XXI.
Brasília: MMA, 2006. 212p.
MIN – Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Defesa Civil.
Política Nacional de Defesa Civil. Brasília: MIN, 2007. 81p.
MONTEIRO, M. A; FURTADO, S. O clima do trecho Florianópolis – Porto
Alegre: uma abordagem dinâmica. Geosul, v. 10, n. 19/20, p.117-133,
1995.
MUNICH RE GROUP. Topics 2000: natural catastrophes – the current
position. München: MUNICH RE GROUP, 1999. 127p.
NASCIMENTO, E. L. Previsão de tempestades severas utilizando-se
parâmetros convectivos e modelos de mesoescala: uma estratégia
operacional adotável no Brasil? Revista Brasileira de Meteorologia,
20, p. 121-140, 2005.
NCEM – North Carolina Division of Emergency Management. Local hazard
mitigation planning manual. Raleigh: NCEM/UC, 1998. 90p.
OXFORD. Oxford Advanced Learner’s Dictionary. Oxford: Oxford
University Press, 1990. 1579p.
PARANÁ. Sistema de controle da Defesa Civil: desastres agrupados por
município. Disponível em: <http://www4.pr.gov.br/sdc/restrito/report/
Rpt1_1173712548460.pdf> Acesso em: 23 jan. 2007.
PARK, C. C. Environmental hazards. London: MACMILLAN, 1991. 62p.
PEARSON, E; WADGE, G; WISCOSKI, A. P. An integrated expert system/GIS
approach to modeling and mapping natural hazards. In: European
conference on GIS (EGIS’91), 1991, Brussels. Proceedings... Brussels,
Belgium: EGIS foundation, 1991. Session 26, p. 763-771.
SANT’ANNA NETO, J. L. As chuvas no Estado de São Paulo: contribuição
ao estudo da variabilidade e tendência da pluviosidade na perspectiva
da análise geográfica. São Paulo: USP/FFLCH, 1995.
SILVA DIAS, M. A. F. Complexos convectivos de mesoescala. Climanálise.
Cachoeira Paulista: MCT/INPE/CPTEC, edição especial, p.173-182, 1996.
SILVA, M. E. S.; GUETTER, A. K. Mudanças climáticas regionais observadas
no estado do Paraná. Terra Livre, ano 19, v. 1, n. 20, p. 111-126,
2003.
SMITH, K. Environmental hazards: assessing risk and reducing disaster.
Florence: Routledge Publisher, 2000.
TOBIN, G. A; MONTZ, B. E. Natural hazards: explanation and integration.
New York: The Guilford Press, 1997. 388p.
UNDP – United Nations Development Programme. Reducing disaster risk:
a challenge for development. New York, USA: UNDP, 2004. 129p.
VICENTE, A. K.; NUNES, L. H. Extreme precipitation events in Campinas,
Brazil. TERRÆ, v.1, n.1, p.60-62, 2004.
38
PUBLICAÇÕES TÉCNICO-CIENTÍFICAS EDITADAS PELO INPE
Pré-publicações (PRE)