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I hT.lhl'l h 11.I\"h'O' Bruxaria, Oráculos e Magia
• ANlIltll'OIOl.lA U RBANA
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• SR AIIIA, ORAl [,lOS I M"L,IA


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• INIJIVlllUt\lI'lMO I CUI TURII
entre os Azande
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• GAROTA\ ')[ (ln RAMA • A UrOPIA U RBANA
1111.1 I )ulu ("ISp.1I ("lhcll<1 \'dlto Edição resumida e introdllção:
• N,) II II lOURE • p[ QUISAS URBANAS Em Gillies
A Ar. 1110POLOc.IA (.ilhcl (o \'dho " 1\:.11 iII .. "I", hllir
• R~(IlVAAlDO o 1'LA
1I1Ullldi, /ll •O MUN I10 f UNK CARIOCA Tradllçtlo:
• O M 1m RIU [lu SAM I'A
Edl/ardo \fil 't' iroS de C,btro
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A bruxaria é Ufn fenômeno


orgânico e hereditário

Os Azande acreditam que certas pessoas são bruxa,; e podem Ih fazer m' J m
virtude de uma qualidade intrínseca. Um bruxo não pratiu nto nau pr r
encantações e não possui drogas mágicas. Um ato de bruxaria e um aí J>\-
quico. Eles crêem ainda que os feiticeiros podem fazé-Ios adoecer por meIO d.t
execução de ritos mágicos que envolvem drogas maleficas. O Azande do. Ín-
guem claramente entre bruxos e feiticeiros. Contra ambo empregam :iI
nhos, oráculos e drogas mágICas. O objeto deste li, ro são a R,a_o~ entr
essas crenças e ritos.
Descrevo a bruxaria em primeiro lugar, por se tratar de uma base ind ~
pensável para a compreensão das demais crenças. Quando o Azande alD.Sill-
tam os oráculos, sua preocupação maior são os bruxos. Quando empreg m
adivinhos, fazem-no com o mesmo objeti,"o. O curandemsmo e a confrana
que o praticam são dirigidos contra o mesmo inimigo:
Não tive dificuldade em descobrir o que pensam os Azande sobre a bru-
xaria, nem em observar o que fazem para combatê-la. Tai - idei~ e prau ..a5 J.l-
7em à superfície de sua vida; elas são acessín'i~ a quem quer que vi, a om d
em suas casas por algumas semanas. Todo zande e uma autoridade em brm .I-
ria. Não ha necessidade de consultJr especiali.~tas. '\em me. mo e preci - ÍD-
terrogâ -Ios sobre esse as~unto, porque as informaçõe~ tluem li\Temen > d
situações recorrentes em sua "ida social, e tudo o que \e tem a faz r ob ~'f\ar
e ouvir. Mangll, "bruxaria", (01 uma das pnmelra~ p.l!Jwa que oun na t rr.
lande, e continuei a OU\ i 1.1 dia após dia no correr do:. me ..
Os Alanue acreditam que.! brux.ni.1 é um.! \Ulh(.'in"i.1 e i tt'nt n . rp<'
d()~ bru\()~ . Fsta t:' uma cren<,.1 encontr.1d.1 entn.: mLito'i p)\" dJ \tOdo Ct.D-
tr.I1 e Ocilknt,11 O território z.lJ1de 0 o limite Ilorde~te d ,ua di tribut,j . E

() Íl'ltOI ,Ie\l' l.UlhUh.lI ti ,\pt'rtd", I, qUl rr ~ Ulll ~Ill ..\ J t nn


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t n I llru ,111,1 hun n I nu ti III 1.11 til'" nt,l \.lllllllUIll.II'CqUUl.1 b.. b.I .. 1I du.ls "lfIl.l , um .• t.orpilr.l uUlra
m hil ao UI II: 1.1 I l lI\ II Ic:ntro d.1 YII.I' li tU1ll,1 \l'r l'llllllltr.HI.1 UIll.1 V.I t.orpor .1 tr.lIl\fOrlll.1 !>C Jlum anunallollál,*o
ri lad dl pt'\lUllIll III, t ) . )u,mdo os A/,lI1dl' dCSl H'\'l'1ll SU.l form.l, cm 1J.1 ~e UIll e~pcllrn e leva uma eXI I "'Ia .m...lpjwd_.CI.....~
~t:ral \'1( nt m I .u. o uh \,dl) do br,l\ u I1l' 1011.1.10. l' lju.lI1do dl'\l H'\'l'm ~U,I d'.Igu.I.r..luit.Isenledl7.4Uea Ima orpóradc
ln 111 .U m I Ir.\llI ,I Jrc.1 10gll .lh,lixo d.1 lartilagl'm xifoide.I,' que. di/l'Jll, toléllllUI do d.1 de seu pai, ao pas50 q~ a aJmaOJl"..... 41IIt1~...
r ohr uh 1.1Ilu.1 hruxarla", l'gllndo eles: "I'~,t.í prc\,1 :1 beir.1 do flg.ldo, IlJ sc II .lnilll.11 loternlLO do I de .ua mJe
)uando .. br 1 h.lrrig.l, h.lsl,1 fur,lr ,I subslalllia-brux.lri,I, ljUl' da l'\plllde A primcir.1 VlstJ, pode parecer tranho aljamlf • •
\m um I: tal I,
)U\ I 0.1 dlzc:rem que doi ,lpresent,1 U)f ,I\'crmclhada l' conlem se-
m nt d ahubora, g rgelim ou quaisquer outras plalllas ljue lenham sido
miss.1\I m.lIrilinear numa ouedade mar ada por
ncar, m.ls a bruxaria, como a aJma corpórea. faz pade
<H,omp.lIlha .1 tran missao de caractensticas m C" U
.f...tt.
d \orada por um bruxo nas roças de \eus vizinhos, <.h Azande conhl'cem a ou d.1 m.lc.
I xahza ão da uh tancia-bruxaria porque, no passado, eI,1 coslumava ser ex- Em nm o modo de ver, seria e Idente que, se um hOIllClul". . . . .1i
tr.uda em autóp ias. 'uspeito que sej.l o inleslino delgado cm cerlas fases di- mente bruxo, entao todos os de seu da ao 'pso facto brux
g t"'a, E te orgão foi-me sugerido pel.1s descriçúes ,lzanJe da\ aut6psias l' UIl1 grupo de pe soas ligada biologicamente entre ,em lintu m.;u,çulÍlna.
por aquilo que me foi apontado como contendo suhsláncia-brux.lria no ven- Az.lllde ~ nlendem perfeitamente o argumento. ma refubm
tr de um bode. ,IS qUJI , c ,H:eitJs, torn.lri.un contradllória toda a noçao de bru J1il

l m bruxo não apresenta sintllma\ exteflHh de sua condiçao, embora o tiLa, ao considerado bruxos apena o parente paterno mal pr'osjftll(K
pO\o diga: "I: pelos olhos vermelhos que se conhece um bruxo." um bruxo rewnheLido. E omente em teoria que des ~tendem u.I imlpcl~;.ão
,I todos os membro do ela do brw'o. Se, para a opinião publica , pa;~DelIIIo
de homicídio por bruxaria marca o parentes do culpado mo bnD~
2 exame post-mortem que não revele a e 1 tência de substincia-bruxuia . . .
homem isenta de suspeita seus parentes paterno. Aqui novamenk ra:iocú...
A bruxana não é apena:. um traço físico, mas também algo herdado. É trans- ríamos que, se o exame post-mortem não descobre a substãncia-b..........
mitida por descendência unilinear. dos genitores a seus filhos. Os filhos de um todo o clã do morto seria imune, ma o Azande não agnn como tIC bllaa
bro o são todos bruxos, mas suas filhas, não; as filhas de uma bruxa são todas desta opinião.
bruxas, mas seus filhos, não. A transmissao biológica da bruxaria - de um Elaborações adicionais da crença libertam o Azande da neo ta+ dr
do gemtore para todos os filhos do mesmo sexo que ele - está em comple- admitirem aquilo que pard nós seriam as consequências Ióp da .....
mentaridade com as opiniões azande sobre a procriação e com suas crenças uma transmissão biológica da brw aria. ficar indubitudmm e Pl'lJQdo
escatologica . COll5idera-se que essa concepção deve-se a uma união das pro- que um homem é bruxo, seus parentes podem, para Rivl..diar _:Jd-=u
priedade p íquicas do homem e da mulher. Quando a alma do homem é para si mesmos, lançar mão do proprio prindpio ~ro qur
mal forte, nascerá um menino; quando a alma da mulher é mais forte. nasce- sob suspeita. Ele admitem que o homem é um bruxo. mas Mpll1
ra uma menina. Assim, uma criança participa das qualidades psíquicas de membro do clã deles. Dizem que era um bastardo, pois mIR Azaack
.Imbos o pai, mas uma menina tem mais da alma da mãe, e um menino. homem é sempre do clã de seu gmitor. e não do u píltn"_ tanm-
mal da alma do pai. No entanto, certos atributos são herdados e c1usiva- bém que ele podem então forçar a mãe ( amda esta
mente de apena um dos genitores, como as características sexuais, a alma era u amante, espancando-a e pergunt ndo; que """Vo
wrporea e a ub tanCla-bruxaria. Há uma crença vaga, que dificilmente se para arranjar bruxaria om adult rio1 . tnquentftDeoIt. POR:" . .;ta-
ram apena que o bru o de e ter ido um bas,tlrIiIo.
na em eu corpo, portanto ele
oI...nJ!,olIk .... rtaJ..yn< w qu I rffillla IIIlrnunll~nle o eikTno (N 1 ) alega 0, CItam a em que memb
Il\n: d~ hrll '.trI.i • .lO t. prcn.l\·ej quI.' oulras peS~(I.h .Ileltem lal .Irgll-
11 nlo mJ' na<' II e, c I'l'dldo que o .ldmital11 Oll releltem. 3
dl utnn.l z.mdc mc.lUl 1,lInbem.1 noç.lo de ljllC.I1ll"mO <file um II< li 11 em A morte é resultado de bruxaria, e deve ser vmpda Tocbs.ck.... pr.ICíICII
t.)a filho de um bruxo e ll'nhJ sllb~tjncl.l-hrux.lrla em ,eu corpo. de pode
ligadas ii hruxaria se acham resumidas na açJo da vinga~. Em no ii L) ce.=s-
nao 11"1 b, Ela permJn~(erj lI1oper,lnte, "fria", corno dl/,cm eh Alande. du-
to de discussão, é suficiente indicar que. na q,oca pré-europér.a. ii "''Fqz
rJllte lod.l J 'UJ \ ida. e um hOl11ul1 dificilmente pode ser cl.1s~ific,ld() LOmo
podia ser perpetrada tanto diretamente-àsvezespel(UMM.IPIfcHtobnao
bru II se sua hruxJrta nunC,i func lon.l. • .1 \'erd.tde. oç A/.Inlk geralmente en-
outras vezes aceitando-se uma compensaçao - como por magJa leal Só
wr.lm ,I brux.lria corno lima c.uaderística JIldi\'idudl. e .lssim d.1 ~ tratad,l. a
muito raramente um bruxo era assassinado; isso acont«la quando um h0-
despl'lto de ~ua .1~S<Ki,l~O com o parcl1tôco. [)e~ e modo. 110 tempo do rei
mem cometia seu segundo ou terceiro homicídio. ou quando matava uma
<..bud\\e. certo:; dãs tJl1ham .1 reputação de hruxo~. MJ~ ningucm pensa mal
pessoa importante. O príncipe então permitia sua exea.ção. Sob o dom-uo
de um homem pelo simples f,lto de ser membro de um dôscs dã~.
britânico. apenas o método mágico é empregado.
Os AlÀndc nao pen,ebem a lont radl\Jo como nós a percebemos. porque
nJO pmsuem um intefl'Sse teúrico no a~sunto, e a'i situaçóe~ em que manifes- A vingança parece ter sido menos o resultado de um sentimento de raiva
t,lm su..... crenÇ<l~ nd hruxaria ndO Ihe~ obrigam a enfrentar o problema. Um ou ódio que o cumprimenro de um dever piedoso e uma fonte de lucro. 'un-
homem nunw pergunta aos oráculo - único poder capaz de detectar a loca- ca ouvi dizer que, ttôjeem dia. os parentes de um homem morto, após realiza-
hzaÇ.1O da 'iul> tanóa brux.trla nos \ i\ entes - se um determinddo indivíduo da sua vingança, tenharri demonstrado qualquer rancor com relação a família
e ou não bruxo. O que de paguntd é se, IKsse momento. 'Il]uele homem lhe do homem cuja magia o abateu, nem que no passado houvesse hostilidade
e tá fd;rendn brux.m.1. O que St; prolllra ~abel e se um indivíduo está fazendo prolongada entre os parentes do morto e os parentes do bruxo que pagaram
bruxdrJa para alguem em ClrcumlallLias determinada\, e não se ele é um bru- indenização por seu crime. Hoje em dia. se um homem mata uma pe oa por
xo de IldSCenç-.l. Se ()~ orállllo~ dI/em que ccrto homem está fazendo mal a bruxaria, o crime é de sua única responsabilidadt', e seus parentes não est.io
"océ no pre<ente. vOlé entao Jhe que ele é um bruxo; mas se os oráculos di- vinculados à culpa. Antigamente eles o ajudavam no pagamento da indeníza-
/em que, naquele momento. ele nao está lhe fazendo mal, você não sabe se ele ção, não em virtude de uma responsabilidade coleti\'a. mas pela ohrigacões
e um bruxo ou nao, e nao tem o menor interesse em aprofundar o assunto. sociais que se devem a um parente. Seus parentes por afinidade e irmãos de
Saber:;e ele é um bruxo rouco lhe importa, desde que você não seja sua víti- sangue também contribuíam para o pagamento. Atualmente, tão logo um
ma. Lm lande se interessa pela bruxaria apena!> enquanto esta é um poder bruxo é abatido pela magia - 011, no passado, quando morria a golpes de Ia.n-
agente em OL1SioC$ definidas. e apenas em relação a seus próprios interesses, e ça ou pagava indenizaçãu - , o a~sunto e (on~iderado t'ncerrJdo. Alem do
nao como uma LOlldiçao perm,\J1ente de alguns indivíduos. Quando adoece, mais. trata-se de uma questão entre a part'ntela do morto e a parentela do bru-
ele normalmente n.to dll: "Bem, vam05 ver quem são os bruxos notórios da xo. e outras peSSOdS nada têm a ver com isso. porque seuç \'In(ulos com ambJ.
\ lIinhan'ra, para culocar seus nomes diante do oráculo de veneno." A questão as partes !><lO os mesmos.
nao é t;onsiderada de !>e ponto de vista; o que ele se pergunta é quem. dentre Hoje em dia é extremamente diflcilllhter informaçóe, ~ohre \'lIim.1 de
us vlllnhu~. tem queixas contra ele. e entao procura saber do oráculo de ve- magia de vingançJ. th próprios A/,1I1de n.lda ~abem a respeito. J. n.lo r que
nrno se algum deles está neste momento lhe fazendo bruxaria. Os Azande in- sejam membro~ do cm:ulo mai., Intimo dm p.lrente, de um homem a 1 í-
teressam-se dpenas pela dinamica da bruxaria em situações particulares. nado. Quando se lIot.l que e"e\ r.lrente~ ce"'.If.Il11 de oh~er\'ar o tabu do
Pequenos infortúnios sao rapidamente esquecidos. Aqueles que os <:au- IlIto. is.,o illdil,i que '>11.1 m.lgi.l 1'1I111prill a mi.,,>.\n, nu, de nad.1 .ldl.lOta pe-r-
\ardm .10 tidm pela vítima e I>ua família como tendo-lhes feito bruxaria na- gllnt.lf Ih~'~ quem foi ,I \,lIil11.l. I'0i, ~Ie~ n,IJ,1 dlr.lO. Trata- t' de um J.; unt
qut:la oca 1.10, e ndO l.omo bruxos comprovado. Somente pe soas que sao LJue UJnUTI1~ apl.'l1.1\ ,I ele .. ,~, .I/cm dISSO. de UJll ,egredo entre ele e u pnn
con tantemente denunciadas pelolO oráculos como responsáveis por doenças lIpe. !-stl' de\ e ser IIlform<ido do l'f~lt() ti I 1ll,lgIJ. poi (: n .lHO qu e'lI
)U ptrda S,IO tIda por bruxm confirmados' e nos velhos tt'mpos, era apen.t\ IIIdudodtvelltlJ(lconfilll1('lI01.icu!o(k,enellotlo p.H~nt' ant q" t,
(jL Jlldo um bruxo matava alguém que se turnava um humem mMl.ado na lO
P()~'.111J ~\I~pt'ndt'r o luto Além do 111.lb tr.II.1 ~ de l!JIl \tr lidl ,t I r
I uJ1ldad .
de \l'11~110, l' 11,10 se d~Vl' Li/.lr de Sll~ re\c1.I~.ll',.1 n peno J ~ km.l

,eoutr.IS pô (l.l · conh~u: , el11 os nomes ll.Jqueles q UI? c.lI rJm \'Jtilll,h d,] gunt ei .10 pnnLlpc (J .lIlgura como ele podia .lceJtJr que a m o rto.: de um
m,l!!',] de \ IIlgJn\J. h1do o proCÔSIl tai,l SU,l pre~-Jnedade exposta C,h O .~e homcm fO S.\L .10 m e~lll(J tempo re~lIlt.ld() da magld de vlIlgança mJgl tJ e de
.;ouhes,e que a morte de um homem \ fOI nngada sobre Ulll bnl\o ) , entao bru\.lI"1a, elc sorriU , ddmilindo que nem tudo era perfeito no ~lstemd J twl.
todo o pnKe .. so e tana redUZIdo ao absurdo, porq ue a m o rte de ) esl<í sendo Algum pnnClpes me dissel.ll11 que não permitiam que um homem fos:;e VIIl-
\ ingada por seus p.Hentes contra um bruxo z. Algu m ind i\ Iduos chegaram g.ldo quando sahiam que morrera por \lIlgança mágica; ma, pemo que esta-
f']e~mo a confidenc 12r-me sua~ dú,idas qlnnt0 à ho nestid ,lde de)'; pnllclpes \ ' .1 m menti ndo. N II1gucm pode saber ao ccrto, pois mesmo se um prínCIpe

que cOntrol.Ull os oráLulo ... e uns POUc()~ eslão cien tes de qu e o ,islema ,1lu.11 é conta,se aos p,lrentes de um morto que ele fora \'Ítlll1a de vingança mágICa -
talaclO~o. De qualquer modo. essa faUcia é encoberta, pOIS (1S enn1hidos c portanto não poderia ser ving,ldo - , cle contaria ISSO em segredo, e o s PJ.-
f!uJrdJIl1 segredo ~ohre a identidade das ntimas de sua vingança magica. No rentes do morto guardariam em 5igilo suas palavras. l·inginam . diante dos \ 1-
pJs~ado as coisa~ eram diferentes; entiío. quando uma pessoa era acusada pe- linhos, que esta\am vingando o parente morto; e assim, depois de alguns
los oráculos do príncipe de ter as ,1ssinJdo alguém por brux,ma, ela pagava meses, em sinal de vi ngança cumprida, guardariam a cinta de entn-:LJ5Ca que
IJ1delllza .ao Imediatamente ou era execut.lda. Em ambos os casos o assunto indicava luto. pois jamais deixariam os \'Ilinhos saberem que seu parente era
e ta\'a encerrado. porque o homem que paga\'a a compensaç,lo não dispunha um bruxo.
de meios para provar que nao era um bruxo, e se fosse executado por ordem Consequentemente. se os parentes de A vingam ~ua morte por meio de
do príncipe, ~ua morte mio podia ..,el vingada. Nao se concedia permissão mágica contra B, e então descobrem que os parentes de B também suspende-
para a autópsia do L.l d:Í\'e r de tom1J.J ~Jber ~e de continha Oll na<1 a substan- ram o luto em sinal de vingança cumprida, eles acreditam que esta segunda
~Ia bruxarIa vingança é uma farsa. Dessa forma. eVita-se .1 contradição,
Quando eu de:.aIJa\'a m A/;Inde a justificarem ~e u ~i stema de \'ingança,
em geral me respondiam que um pnnLlpe <.UIOS o raculos dec.lar,lssem que Y
morreu rela magia dm parentes de X não coloca ria <1 no me de Z diante de seus
oraculo para de~(}bnr se e1l' morreu pela magia dos parenks dl' Y. Quando
Sendo uma parte do corpo, a substúnCla -bruxana cresce com ele. Quanto
os parente~ de y pedi~5ern ao pnnClpe para J presentar o nome de Z diante de
mais velho um bruxo. mais potente e sua bruxaria, e mais lIle~crupulo o seu
seu oráculo dl' \'eneno, ele se re(Usaria a fa7ê- lo , dizendo saber que Y tinha
uso. Esla é uma das razõe~ que fazem com que os Azande freqüentemente de-
mOrrIdo em expiaçao de um cril11~, l que sua m o rte nao podia, portanto, ser
monstrem apreensão diante de pesso,ls idosas. A subst.incia -feitic,. .l na de uma
vlIlgada. Alguns indi\'lduo explic...l\am o slstl'ma atual dizendo que 1.11\'1.'1
criança é 1:\0 pequena que n.10 pode causar grande dano a o u trem. Por i: 'L)
a vlIlganç.1 mágica e a hruxal ia parliCl p m na s cau~a~ das morll's. A parLt~la d<l um,1 criança nunca e acusada de a~S.lSSIl1.lto , e nem m esmo moças t rapau.
magia de vlIlganlrd explÍla o lt:rmlno d o luto dl' uma f.lnllIJa . l' a par(ela uesudos S,1O suspcitO'. de bruxari .1sena, embora possa m C.llI S.lf pequeno_ in-
da hruxaria expliLJ o illlclO da \"lnga nça por outra IJ111IlJa. Isto é, os A:tande fOllunlo~ a pessoas de sua propna 1,1Ixa et,ln.1. Co m o \'cremos adhll1te, a bru-
prol.uram explJ ar umJ l.o ntra hç.ao /la:. uas uen\3S por 1I1elO do Idioma xan.l opera quando eXiste ,lI1immld,!de entre bruxo e vÍllln,l, e n.10llbtullla
místico dessas propn.Js <' l ell Ç-Js. Mas a ~xplic.açao 50 Ille fOI uferecid,1 L0ll10 h,1\"L'f ,lntagoni sm o e ntre l nan ç,lS e ,1dultllS. Apenas os ad ultos pl)lit'm con-
uma po sibi lidade g ral e ll o n c.1 tendo sido susLitada pur millh,1 objl:\(le ~. sultar o or.ü:ulo de veneno, L' eles no rmal me nte n,lO apresentam 11 nome de
Umd vez q ue O~ lIo me d,l s ,ltimas delllg.mç.a são guarJad()s em ~egred() . a c ri,lI1 ~ ,h lju.lI1do ,ao co nsultados sobre brux.ln,l . A ~ cn.lIlÇ".l s !l,h) plhk n L x-
contradiy.jo não • p.lrente, () qUl 50 UCOITt'IIJ se IOd,l ~ dS lIlolleS fu s>cll1 pi imir sua \ Il1lml / ,ldes e peque nos II1 lll rtunllh em termos de re\el.h;óes 01,1-
le 'adas tm (.ollSlder.I ç..lO , e n.lCI dp('nd ~ uma 11)1)) k ellll" rliLlil.lI . 1)esd t que e l ula Irs ~ob l e blll X,ln,] po rq ue eJ,1s n.1O podem co Il ~ul !.l r o ora.:uh1 de' ' L ' L 1l1.
jalll (,lpaZÔ de ,lgn ..,egulldll o L(lsIUIIlL' e J( 111.111 tel a III ,lIl d (alll ili:-u os AI,lIldl:' ( lllltud o, .. 'll1e ~e de l,I"OS raros cm que, d epOI S de , e CllllslIll,lr em \ ,h) o
nao est lO inter s,ldo~ no ,lspeLlos 1I1,1I~ ,1l11plo, d.l \·illgan.,." em gel ,d oh~l Le (l I.í~ ulo ,1 re~p e lt o de todos os ,Idultos suspe lt n~. um IH1111t' de cri.IIl~-a rlli ~'lh­
hiallj obJeç.a' l qu ndo e u a It \dllt ,IV.1, 111.1\ n,l(. \C IIlllll11Ud,l\ .1 11 1 d 'l ll d.1
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to dl.lllle dele, sendo LOllhrm.Hlo C01110 bru'o ~\.h dissl·r.ln1 me qUt', I o
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dobr mento~ de q UJlquer Illort o co rnd a em SIIJ prO\ 1I1L 1.1' <) lI ando pel- \,1 l' ullo(ou-a Jl.I frl'ntt' tk lL' Ulmo eSLlldll p.II.1 pl\ltt~~'r , .'
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D de cedo a Cn.1lh,aS fi':,lm ahendo ~ohre bruxaria. Con\'er~ando com I unea soulw de algum l.ac;o cm que um hom-:m tenh idCJ em ru d
memna c m ninos pequeno, .1te me,mo de :>el~ anos, constatei que com- por lima pJrenta, ou em que uma mulher tenha Ido mi ruUdd ror
preendem o que o mal \"e1hos ('\tao dizendo quando talam dJ~so. Disse- mem aparentado. AdemaiS, '>0 tive notiCIa de um UlllW U J 00 <.j'J.l um
ram-me que, numa briga, uma criança pode vir a mencionar a ma reputação homem foi embruxado por parente .,eu. Cm parente pode prejudicar um h,
do pai de outra cnança. Entretanto, as pessoas não compreendem a verdadei- mem de outros modos, mas não o iria embruxar. 1-. <.Iaro que um dex;nte rLlo
ra naturv.a da bruxaria até que sejam capazes de operar com ~egurança os vai perder tempo inquirindo o oráculo sobre seus irmat)~ e pnmo patem
oraculo ,de agir em .~ituaçõe~ de IOfortúmo conforme as re\'e1açoes oracula- porque, se o oráculo de veneno declarar que um dele<; o embruvou, ec;ta me
res e de praticar a magIa. O conceito se expande junto com a experiéncia so- ma decla ração o tornaria um bruxo, uma vez que a bruxaria é herdadi em J:
cial de wda indivíduo. nha masculina.
Homem e mulheres podem igualmente ser bruxo!>. Os primeiros pod em Os m em bros da classe aristocrática, os Avongara, nao são acusad de
ser vítimas de bruxaria praticada por homens e mulheres, mas estas geral- bru xaria, po is se um homem dissesse que, segundo os oráculos o filho de um
mente são atacadas apenas por membros de seu próprio sexo. Um homem príncipe usou bruxa ria contra ele, estaria afirmando que o rei e os príncipe<;
doente de hábito consulta os oráculO!> sobre seus vizinhos homens, mas se os são bruxos. Por mais que um prín cipe possa detestar os membros de sua lI-
consulta por causa de uma esposa ou parenta doente, normalmente pergunta
nhagem, jamais permitiria que fossem acusados por um plebeu. Assim. em-
sobre outras mulheres. Isso porque a animosidade tende a surgir mais en tre
bora os Azande digam à boca pequena acreditar que alguns nobres s.:
homem e homem, e mulher e mulher, do que entre homem e mul h er.
bruxos, raram en te consultam os oráculos sobre isso, e de~!>C modo 0- n bre
Um homem está em contato regular apenas com sua esposa e parentas, tendo
não são acusados de brux.aria. 1 o passado os oráculos nunca eram con ulta-
portanto pouca oportunidade de despertar o ódio de outras mulheres. Provo-
dos a p rop ósito dos nobres. Há uma ficção estabelecida de que 05 .\\on,:.ara
cana uspeitas se, em seu próprio benefício, consultasse os oráculos sobre a
n ão são b ruxos, e esse consenso é mantido pelo grande poder e presógio dos
esposa de outro homem. O marido ~eria levado a presumir um adultério, per-
pr íncipes governante.
guntando se que contato teria tIdo sua mulher com o acusador que pudesse
Governadores de província, delegados distritais, cortesãos, comand3.ntê
ter levado ao desentendimento. ontudo, um homem freqüentemente con-
sulta 05 oráculos sobre sua~ próprias esposas, pois pode ter certeza de que as de companhias militares e outros plebeus de riqueza e posição não co~tumam
desagradou alguma vez, e é comum elas o detestarem. Nunca soube de casos ser acusados de bnL'<:aria, a não ser por um pnncipe - moyido por Sll:b pro-
em que um homem fosse acusado de ter feito bruxaria para sua esposa. Os prias razões o u pela necessidade de reagir à morte de algum outro plebeu in-
Azande dizem que ninguém faria uma coisa dessas, pois ninguém quer matar fl uente. Em geral pessoas de pouca projeção não ousam consultar o: oracul ,
ou faler adoecer a esposa, Já que o próprio marido seria o prinCIpal prejudica- sobre indivíduos de prestígio, pois suas vidas não valeriam mai- nada Se insul-
do. Kuagbiaru disse-me que ele nunca seJUbe de um homem ter pago indeni- tassem os homens mais importantes da vizinhança. Portmto, podemo: diz",r
zaçao pela morte da esposa. Outro motivo pelo qual nunca se ouve talar em que a incidencia de bruxaria numa comunidade zande di-tribui-seeq~itati ~­
asas de galínha cndo apresentadas a maridos, wmo acusa~ão de bruxaria I li- mente entre os sexos, na classe dos plebeus, enqumto os nobres, mtetr:unen-
gada aos males de suas e!ipo<;a~, e que uma mulher ná() pode consultar direta - te, e os plebeus poderosos, em larga medida, são imunes a acusações. Toda. a
mente o oráculo de velleno, geralmente confiando essa tarefa ao marido . Ela crianças estão normalmente isentas de suspeIta.
pode pedir ao irmao que faça a cOllSulta em ~eu benefício. mas este provavel- As rela ções dos prlllcipes governantes com a brm.:aria .31.. p -u1i.1re::..
mente não apn:sentará o nOllle de seu cunhado diante do oráculo, porque um r..mbora imun es a acusa<,.ões, eles crêem em bru.\.o~ t.lt) t1nndH • lL Y Imt
mando jamais de.'>eja a morte da espo,a. qualquer outra pessoa c consultam constantemente o l)r.h. ulo d ,,,nln para
de~l.obrir quem os está cmbruxando. Tcmem e~pe.:ialm<.:nte ,ua. r: ro~a5.
Além dis~o, o oraculo de um pnncipe é a autoridade fin.ll cm todü' - ,-.l·O~ de
l o u ne 't undo M t. ,peltJ d, l.rUX""d, pedu de r'flno!,,, lo .....! ou fIl.1 f"'ljUe/l'clllCJlIl' ,I ,eu
1 19') lU (/ U II. J J de d\'< JO pr' UI '11 cll·rUK/J " ,11<It,lIIdo <.01"'" 1Il< nle 'lU'- de ,I ~'''I' rc
bruxaria que envolvam honlludio, c no p.h"hl11 er.l LI 110 r r.~ pr t ;er 0"
/'0 o: reJ,' •• Otnn ln lei boa onl,lde(II II11c1J JO"P'-SMlJIr.)UJIJd. Iml rUIu ,>lIdltos contra a bruxaria durante lima gUerra. A 1110rt<. de um III II Id dJ
d d I \J mequhdle l'(jrLallto,auma.lcus~ d,.del.rux.trtd pequena nobrez.1 é imputada.1 um bruxd l \"inf!Jd.1 ~I.lll1e m.1 man 'Ira que 1
, \ II, lI\tlrlll f' lU" lou t"rno l r tHI4.' I rrJ' r

POdl' f.llc-Ins re~pol1dcr por 1,,0, i,\ que eles 11,10 a protegeram COll1 uma COI1- que e genCJ',llllada n,\ linguagem, pOIS se os A/..tnde nao pdrtu;ularll-<lrn m')
\ult .1tl~ ,lr.íl ulo~ \llbre ,eu bcm e,tar. tr,\m, ao (ont l,lrio, uma tendcll(ia a gelleralI/<\r
Qu,l11to m,llS di,tal1k de quai\quer ,ülllhos estl\'t?r ,1 resldênLl,\ de um
homem, maIs a ~\'o ele estar,j de bnI~aria. Qu,mdo os Azande do ~ud,io allglo-
cglpuo tÍ1ram forçados a ,i\'er em aldeamentos à beira das estradas, eles obe- 7
deceram com mUlt,1 apreemao, e mUItos fugiram para o Congo Belga para
e\ itar l.ontato tao estreito com ,eus \'Izinhos. Os Azande afirmam que IlJO U ll1 bruxo nã o destrÓI Imediatamente sua vItima . Pelo contrário; e um h,
go\tam de vi\'cr mUIto prÓXInlO, um dos outros, em parte porque convem ter mem (,11 rápida e gravemente doente, ele pode ter certeza de que fOI vítnn de
uma boa faixa de terra entre ,uas esposas e os possí\'eis amantes, em parte feiti ça ria, não de bruxa ria. O~ efei tos da bruxaria acarretam morte lenta, pot:
porque, quanto mais perto de um bru:\o, maior o perigo. co a pou co, pois é so mente depOIS que um bruxo de\orou toda a alma d.: um
So é o "erbo zande corre~pondente ao "embrlLxar"; em seu único outro órgão vital que a morte sobrevém. Isso demora, porque o bruxo faz Vl>lta
contexto de emprego, traduZlríamo, essa palana por "atirar". Ela é usada constantes, durante um longo penodo de tempo, consumindo apenas Uffi)
para designar o ato de atirar com arco-e-flecha ou com uma arma de fogo. pequena porção da alma do órgão de cada vez; ou, se ele retira uma larga por
Com um movimento brusco da perna, os adi\"inhos atiram (/la) pedaços de ção, esconde-a no teto de sua casa ou num oco de árvore, e vai comendo-a aos
osso nos outros adiyjnho~, de longe. Deve-se notar a analogia entre esses dife- pouquinhos. Uma doença prolongada e debil itante é o tipo da.-; que são ousa-
rentes "atIrar" a partir de um fator comum, a ato de fazer mal a distância. das por bruxaria. Pode-se perguntar se os Azande consideram que o consumir
da alma de um órgão leva necessariamente à sua deterioração física. Certa-
mente algumas vezes parecem ter tal opinião. Os bruxos também disparam
6 objetos - chamados mJll /1/(lIlgu, coisas de bruxana - no corpo daqueles que
querem ferir. Isso causa dores no local em que se alojou o míssil, e um adiVI-
Ao falarJe bruxos e bruxaria, é preci~o esclarecer que os Azande normalmen-
te pensam em bruxaria de uma forma mUIto impe~~oal, sem reterenCla a nho, em sua função de curandeiro, é solicitado a eXlrair os obietos patogêm-
qual~quer bruxo ou bruxos em particular. Quando um homem diz que não
cos, que podem ser coisas inanimadas, vermes ou lan'as.
pode \'l\'er em certo lugar por causa de bruxaria, isso significa que os oráculos Os bruxos costumam congregar-se para suas atividades de truidoras e
alertaram-no contra esse lugJr, declarando que, se ele for morar lá, será ataca- subsequentes festins macabros. Ajudam-se em seus crimes, coordenando
do por bruxos, e ele assim «)ncebe este perigo como um risco geral ligado à seus plan os nefandos. Po suem um tipo especial de unguento que, fricciona-
bruxar~a. Por isso está sempre falando de mangu, bruxaria. Essa força não do na pele, torna-os invi Iveis durante suas expediçõe noturnas. Essa atlrma-
eXIste fora dos indivíduo; ,10 contrário, ela é uma parte orgânica de alguns ção sugere que às veze~ se considera que os bruxos vão em carne e osso atacar
deles. MJS quando indivlduos em particular não são especificados e não se suas vitimas. Eles possuem também pequenos tambores que soam para con-
procura Identifi~á-Ios, a bruxaria l·~tá sendo concebida como uma força gene- vocar J seus congressos, durante o~ quai~ as di,cussõesão pre~ldida~ pelo.;
ralIzada. Bruxana, portanto, SIgnifica alguns bruxos - qu.lÍ~quer um. Quan- ml'mbro~ mais velhos e e:\perientes da irmandade; poi, h.1 status e lideranca:

d? um L.lnde COllll'nta um reves dIZendo "isto é bruxaria", ele est.í querendo entre 0\ bruxO\. P<lr,l que um homem e teja qualificado a matar ,em dzinh'L,
dl7er que ISSO se de\'e a algum bruxo. mas nao sabe eXiltamente qual. No mes- é prel.l~o que tenha at!qulfldo expenrncia sob a supen'i ão do bru:\o~ mal.
mo enlido ele dirá, numa encantal,Jo, "que morra a brux,\ria", refeIindll-se velhos. O g.llIho de e~peri':nci.1 se faz acompanhar por um [flaemento da
a quem quer que tente embrux,l lo. O conceIto de brux,!fi" n,lo é o de uma slIbstanchl-brux,lria. DI/-se t,1mbcm que um bruxo não pode matar um ho
força Impes oal que pode \incular-se a pe5SO,15, ma, Itim I1II1J for\<1 pl'\~o,11 mem por SU,I plOpria e exdusl\ ,1 cont.1, n1>1' que, ao contr.lriú, de\ e Ic'.u . U,)
propo~ta" uma reunlao de (olegas, presldld,1 por um brll~o-hder..\ '1ue.l.io.:
deLithd,1 entre eles.
T ~ Jll11 ii t I'I It'tlt I, pOf •cmbru ..u p.11 I e\' LU o \ ",rtul .. t ntlltlç...lf • "I ln' I Odl flol C,I lI'i.l I l lIlf 1 ( nlo ou tarde um bruxo (.11 \ Itlm,\ dl vingan\,l, ou, sc ti, erillo e. P 'rto
. um "lU I"van l'f1tdlarJd'lllllgllC IlIlIct.lll1fllkrlltT\: 'blux. 'u/tthl1,'4fl.'lt i. Ir,,/', OIU', () h,lst,l11te para escap<lr ,I rl't,llia~,i(), al,1b,1 por ,cr mlHto P{l[ ,lUthl bn o ou
" r pOI um Jeltlcelnl (,\beri,l perguntar a dlStll1'r'\{) l'ntl (' bm\ )', lb, nJ III< _ ' • •
·1' \ f" II)"II( td I~ 11111 I I 110/111 fiO f II r I Wf
"
IU O bru\ l1\, ,11l/(l"llIldll, pl'r ~l ~tl' akm- tul11u lo? 'unca Lon ~cgul ob ter lima lIl e n an tes d o en terro l' \'erifila ~se llJ se t!ra/ll Ju~tlfI<.ada qu cI ai 1 o 1
.lfirma ao l: pont.l11lJ ~l)brc I~~{). Il1J~, l'm re,.,p()~til a qucstões dlri g ld.l~ , o ht l- lo n tra a ho n ra da lin hagem . Pode ria t,ll11bém l'XeLutclrC'i op rJ.Ç.Io nu f
\ uma ou du.1 Y zr'.1 II1form.I\'JO de quc .•10 morrer, L)'; hrll).O~ se tr,l11sfo r- lho f~ll ec id () prem aturamente. Poi s a m ent alidad e l.a nde é lóg.l<.a e mqul ltl
l11JIll em l"l'l!ltl)~ malignos (agm,a). Aforo. O~ e~pí ritos d os mortos C01l1 u n~, de nt ro d <is prem issas de sua p rópria cultura , e Im/ ~ te n a coeren<.ià de ~u pro-
~ão ,erô benc\ okntes, pclo meno~ tanto quan to pode ~er, digamos, u m p.li pri o idi o m a. Se a bruxa ria é uma substân cia orgâ nica, sua presença pode r
de famlli,} ZJndc. e sua partlupação oc,lsiona l no mundo que deixaram é tran - ve rificad a po r um exame p OSI -mortem . Se ela é hereditá ria. pode serdec.t.ober
quil,1 e \ olt.ld.l pMa o bem-estar de seus de~c('lld e ntes. Os agirisfl, ao contrá- ta no ve ntre de um pa ren te próximo em linh a mascuhna de um bruxo tao
rio. demonstram um ódiO mortal pela humamdade. Assombram viajantes n o ce rta m ente qu anto n o ventre do próprio bruxo.
mato e l.lusam estados tramitórios de dissociação mental.
U ma a utó psia é realizada em público, a beira do tú m ulo. Os assistente.
são os parentes do m o rto, seus afin s, amigos, lrmaos de sangue e homeno; Ido-
sos e de prestígio das redo ndezas. q ue geralmente assistem aos funeraIS, \ 1-
8
giando o trabalho dos coveiros e o ut ro~ p reparativos para o enterro. MUltos
A existéncia de substáncia-bruxaria numa pessoa viva é conhecida por m eio desses anciãos já assistiram a situações idênticas, cabendo-lhes decidir sobre a
de \eredictos orawlares. Nos mortos, ela é descob erta pela abertura do ve n - presença ou ausência da substân cia-bruxaria. Eles detectam sua presen~a pela
trc, e é este segundo método de identificação que interessa para a prcsente forma com o os intesti nos saem do ventre.
descrrç.lO da base física da bruxaria. Sugeri an ten o rmente que o órgão em que Dois talh os laterais são feitos no ventre, e uma ponta dos intestino é pre-
~e acha a ~ubst.incia-bruxaria está localizado no intestino delgado. sa na fenda de um ramo, em torno do qual eles são enrolados. Depois que a
São obscuras as condições de realização de uma a utópsia na época o utra po nta é seccionada do corpo, o ut ro homem desenrola 05 mte. tinos
pré-européia. ~egundo um informante, Gbaru, elas eram um antigo costu m e afas ta ndo-se do companheiro qu e segura o ramo fen d ido. O~ velhos cam]-
dos Ambomu, e a~ dificuldades CC'm t~ç,Ha m a aparecer 'l penas no tempo de nham ao lo ngo das entranhas esticadas no ar, examinando-a. em busca de
Gbudwe. E provável que se tratas~e de UIlla prática antiga, que desapareceu substân cia-bruxaria, Terminado o exame, os in testino são repu~to~ no \en-
quando o controle político exerc ido pelos Avongara aumentou, para reapare- tre, afim de que o corpo seja sepultado. D isseram- m e que, quando não "e
cer com todo ~eu vigor depois da conquista curopéia . O rei Gbudwe desenco- e nco nt ra q ualquer substância-bruxa ria no vent re de um homem, seus paren-
raJava sua prática, segundo m I.' disseram tudos os informantes. tes podem ch icotear com os intestinos o rosto do acusadore, ou fazer _ecar
Cont udo, quando um bru xo era executado sem sanção real, por \'e7eS as vísce ra s ao sol, para sere m m a is ta rde levadas à corte, onde os pJrente -
realizavam se. Ocasionalmente o s parente~ de um homem morto agiam con - do m orto se vangloriam da vitó ria. Também OLl\ i dizer que, se for de~coberta
forme o vcredido de seu pró prio oraculo de veneno, vingando -~e de um bru - a su bstün cia -bruxari a, os acusado res podem tomar as entranha, e pendu-
xo sem esperar confi rmação do oráculo de veneno real. Em tai s casos, a açao r<\ las a uma árvo re na be ira dos pri nLi pais ca m inhos que le\'am à corte de um
deste parente era II /Ira VI res, e se o s pa rentes da vÍUma da vin ga n ç..l con se- príncipc.
gUI sem provar que nào ha via substância- bruxari a em seu ve ntre, podiam O co rt e do \ entre e o sepulta m ento devem ser levados.l cabo por um ir-
exigir rompemaçao, na corte do rc i, por pa rte do grupo qu e fi za a jus t iça co m Jl1 J O d c sanguc, pois cs te é u m d(h deveres d a fraternidade de angu (h/oo f-

a propnas mao . Por sua vez, as aut ó psia s destinadas a limpai o 11 0 m e de bro t/J erhoorf ). U mlll fo rm,lIl te ex plI co u-me q ue, se um homem que njo L ta-
uma linhagem que. t i \' es~e um m cmbro aLu~ado dc atos m enurcs d e bru xa n a, b c l eu~ lI o paLI O de sangue co m os parentes do morto re.lhz.lr.1 cenmó ma do
sem lmplic.!r indenll.açao, dcve m ler Sido bem freq Lientes ,1Illes d" L011l) LJ lsta
europeia, tonJO () fo ram com certl'za d epOI S dda.
Um homem que cm vida tl veSSl' Sid o fr eqLicnt t' lIlent e ,1l usado de b rux,l - • " 1, m.l()') dl' ',lngUl:' ,1,.10 1I1J iv 1(.1 110~ IlJu .1p.1I L'lll~Il.111~ li ue ~!'.t.lh\.·kl..C.. lU um.! ah.!n .1
gr.lda por UIll IlftJ lo: 111 q til' .1 IIlgl·... I.IO J t.' UIll pt )UU) ..II..' .... mgul· til ) pJ.h l"1 rn , ~1l11~f.. I t
ria. JII.da que Jam<ii~ de 11llJll ic ldlo , tinha o d irei to de sentir \e 1I1slI II.1do sem
.... 10 podt' C It.' ulil-r ... ,' J l t' ll\ d .l\ dl~ l.ld " HIll .l n dt' . . .ll1g u, 11.1 ~t' 0P0'- l nl Inta \.
r .1ZJU de (onsidt ra r que o nome d L' SU J 1:Il11ílIa fo ra .lrra'l.ldo a 1.II11a. I:111 \'l~ ­ l' I1IH' 1t1l1.1lJ'" " 'l",1I ... " I Vt " r\.II1\ Plltdl .Hd , 'l'.lIh.le BI ~l(ld Brnllh?'rb\.\t.ki ~ lO f \
ta di 'o, dO morrer, poden a Instruir o s fi lhos p.lI a q ue lhe ,"llissem o .tbd(J - ,.o'ogr. I "I>lI & I "bl'r IlJt>l I. (. , I I
I
enterro, ele se torna pl'lo ato seu irmão de sangue. Sendo encontr,lda a subs-
t~ncia-brU\",lria, o operador de\"erá ser regiamente pago por seus serviços.
I ( '\!'II lILO II

Ha\'t'ndl) substáncia-bru"\ana ou não, ele precisa submeter-se a uma purifica - A noção de bruxaria
ção ritual após a operação. Carregado nos ombros de um parente do morto, é
saudado com gritos cerimoniais e bombardeado com torrões de terra e com como explicação de infortúnios
o~ frutos vermelhos de l1011ga (Amo1nU/1I korarima), "para que a friagem o
abandone". É ievado em seguida a um curso de água, onde os parentes do
morto lavam-lhe as mãos e lhe dão de beber uma infusão feita de raízes, cascas
ou folhas de várias árvores. Antes da punficação, esse homem não pode co- I
mer ou beber, pois está contaminado, como uma mulher cujo marido mor-
reu. Finalmente, se não foi encontrada a substância-b ruxaria, prepara-se uma Da forma como os Azande os concebem, bruxos não podem evidentemente
festa na qual o homem que fez os cortes e um parente do morto partem ao existir. N o entanto, o conceito de bruxaria fornece a eles uma filosofia natural
meio uma cabaça de cerveja. A seguir os parentes do morto e os do operador por meio da qual explicam para si mesmos as relações entre os homens e o in-
trocam presentes: um homem de cada grupo a\'ança até o outro e atira seu fortúnio, e um meio rápido e estereotipado de reação aos eventos funestos. Ao;
presente ao chão, e assim sucessivamente. crenças sobre bruxaria compreendem, além disso, um sistema de valores que
regula a conduta humana.
A bruxaria é onipresente. Ela desempenha um papel em todas as ati\ ida-
des da vida zande: na agricultura, pesca e caça; na "ida cotidiana dos grupo~
domésticos tanto quanto na vida comunal do distrito e da corte. É um topico
importante da vida mental, desenhando o horizonte de um ,"as to panorama
de oráculos e magia; sua influência está claramente estampada na lei e na mo-
ral, na etiqueta e na religião ; ela sobressai na tecnologia e na linguagem .• '50
existe nicho ou recanto da cultura zande em que não se insinue. Se uma praga
ataca a colheita de amendoim, foi bruxaria; se o mato é batido em "ão em blb-
ca de caça, foi bruxaria; se as mulheres esvaziam laboriosamente a água de
uma lagoa e conseguem apenas uns míseros peixinhos, foi bnn:aria; se as t~r­
mitas não aparecem quando era hora de sua revoada, e uma noite fria é perdi-
da à espera de se u vôo, foi bruxaria; se uma esposa está mal-humorada e trara
se u marido co m indiferença, foi bruxaria; se um príncipe e~tá frio e dist..lme
co m seu súdi to, foi bruxaria; se um rito mágico fracassa em eu proposito, roi
bruxaria; na verdade, qualq uer insucesso ou infortúnio que se ab.u.1 :obre
qualquer pessoa, a qualquer hora e em relação a qualquer das múltiplas atiú-
elades da vida, ele pode ser atrib uído à brm::aria. O l.1nde atribui todo- e "'e
infortúnios à bruxaria, a menos que haja forte e\'idenCla, e sub~equente con-
firmação oracular, de que a feitIçaria ou um outro agente 111.1ligno 't3\am
envolvidos, ou a menos que tai ~ J esveIltur,l~ possam ser cbramenre .ltribUl-
da~ à incompelência, quebra de um tabu, ou ao não-cumpruuelltü de uma r'-
gra moral.
Dizer que a bruxaria estragou ,\ colheIta d,' amend'Hll1, que esp.lIlhlU ,\
caça, que fez fulano (il.lr doente eljlll\,llc.l dIzei, em tal1h), ti" I1th ... a propri,l
\". t til I ("" III

Lultura, quc .1 Ú 1Ih'1t.\ de .\llle.'llduim fl.K.I\'I'lI por CJusa tI.IS pr.lg.IS, que .1 L IJ ue 11,10 for.l bru X.11 i.l que \.olol.lr.1 () to\.,) na tnlt.J l'( I) fI ( f t Á fll n .. t
c.1 .1 CC l,bS.ll1C' .1 '-'P\k.1 e qUI tul.mo peg,lllullla gripe. t\ brU'\.ln.1 partlcip,1 r,llmenlc 1.11' UJlllOrdol1 que ,I fJfu .ln,l 1l,ld I tinha a .er \.om o (r)lf, tM Il
de todo o Il1fllrtUIll ., e é \I Idwl11.! 10'111 quc' m Az.lnde.' fllJI11 ,obre ele, I.' tnlh,l, mas llbsernlu que tInha tiL,l\lodculho~Jb(fto'i par.J toco , \ . ' ) 0 ) rea
por meio d qu.ll de, ,ao cxpliLJdm. PJr.1 nos, bru'\Jria é .llgo que p rmocav.! ment e todo Z.Jndl' laz, e quc, portanto, SI: nao 1I\'e~.,e sldo embru ado, te I ) I
pa\or ( rC'pugnancia em nos,>os crédulO'> antepJssado". I\las o zande espera \l stO. Co mo argulllento defin it ivo, a ~eu ver, lembrou que oe; cones nau It>vam
ruzar COI11 a bruxaria a qu,IJqucr hora do dia ou da noite. hcari,1 tJO surpreso d l,ls pMa licatri zar - ao contrario, fechJI11 logo, pOIS est,! e ,I r..lturez<I do
, 11.10.1 enlontr.\"e.' diarialllente quanto no\ o Jlcanamos se.' IOr,1\se1110S CO Il1 c() rt c~. Por que en t,lO !>U,I ferid,llllfeccionara c LOntinuJva aberll, e nJ J t .1\ J
da. P.lra d ,nada lü de milagroso a ,eu fl'spCiln. E de se esperar que Ulll,1 ca- bru x.lria po r trá!> dela? Como não t.Jrdel .1 de~Lobrir, es~a pode SEr <:.on idera
ç.1da ,eja pn:judicad.! por bruxos, e () zande dispi)e de llll'ios p,lra l'nfre.'n- da a expli cação za nde básica para as docn<,as.
ta los. Quando ocorrl'm infortunios, de nJO tica paralisado de.' lllcdo di ante Pouco depoi s de minha cheg,\da ao país zande, ao pa'sar por um aldea
da a ao dc força~ <,obrenatllraIS; não "e.' püe aterrorizado pela prese nça de lllento do governo, vimos uma cabana que tinha sido de!>truída pelo fo~o na
llll1 inimigo oculto. O que ek fica é extrem.unente aborrecido. Alguém po r noite anterior. O proprietário estava JCJbrunhado, poi!> ela abriga\a a len eld
maldade arruinou ~eU5 amendoins, ou e.'stragoll a caçada, ou deu um susto que estava preparando para uma fes ta mortuária. Ele nos contou que na noite
em sua mulher, l' isso certamente é pJra sl' ficar com raiva! Ele n unca fez lllal do acidente fora até lá exa minar a cerveja. Acendeu um punhado ue palha e
.1 ningueJll, então que direito tem alguem de se meter nos ~eus negócios? É Ievantoll -o sobre a cabeça para iluminar os potes, e com isso incendIOU o te-
uma Impertinência, um JJl~llllo, UIll.! manobra ~uia e insultuosa, f a agressi- lhado de palha, Ele - assim como meus companheiro~ - e~ta\'3 clllwen.:id
\ Idade, e nan a estranhe/a sobrenatural des,as .Içôes, que os A/a nde subli - de qu e () desastre fora causado por brux.!na.
nham quando falam delas, e.' e raiv,I, e n.lo temor, o que se observa cm sua Um de meus principais informantes, ki anga, era hábil entJlhauor, um
resposta a elas. dos melhores em todo o reino de Gbudwe. De \·ez em quando, como bem ~e
A bruxaria nau e menos esper,ldJ que O adlllt~no. Está tão entrelaçada ao pode imaginar naq uele clima, a~ gamelas l' bancos que e~.:ulpia rachavam du-
curso do~ acontecI JlJl'ntm LotidlJnos que é parte do mundo ordmário de um rante a o peração, Embora se escolham as madeiras mais duras, elJ~ a, "ezes
zande. Nad,1 ha de extraordinaflo num bmxo - você mesmo pode ser um, e racham dura nte o enta lhe ou no processo de acabamento, mesmo qu.mdo o
com certeza muit()', de seus vizinhos mai~ próximm, Tampouco existe algo de arlesão é cuidadoso e esta bem familiarizado com as regras tecnica deua
atemmizante na bruxaria, NO'. nao ficamos pSIcologicamente transtornados arte, Qua ndo isso ocorria com as gamelas e bancos desse artesão em particu-
quando ouvi1lJ(I~ dJll'r que alguém está dOt:nte é de se esperJr que pessoas lar, el e atribU la o acidente J bruxaria, e ostumava reclamar comIgo sobre u
fiqul.'l1l doentes ,e da-se o JlleSJllO L0111 m A/ande. Eles l'speram que ,IS PCS- despeito e \.iúme de seus vizinh()~. Quando eu re'plllldla que '1I.havJ e,tar ek
oas fiquem doentes, isto e, sepm elllbru: ada~, e ISSO n,10 é .lIgo que cause sur- engdnado, que as pesso.ls go,t,l\ ,nll dele, br,lndi,\ o b.lJlco ou gamel.l ra had .
presa ou ,\ ~ol11br\). em millh,1 dlleçao, como pnw,1 conLreta de SU.IS condu~óe,. "e n.'iü ti\e.
AcheI a prinupio estranho 'I\'el entle O) Azande e ouvir explic.l'roe.'s Jll- genle embruxando seu tl,lb,\lho, llHllO eu Iria e'\phcar aquilo~ -\S~I:"l tJmbem
genllJS ~obre mfortúnios que, ,\ nosso vel, tlllham \.ausas e\ ideHks. 1\1.15 em um oll'lrtl ,lInblllra ,I quebr,1 de ~e.'us poles dur,lIlte ,lloLedur.l ii bru .ln.l. Um
pouco tempo aprendi () idioJll,\ de seu pl'nsall1ento e passeI a '\Jllic.lI a~ llO'r0l'S oleIro expl'nenll' n,lt) preu~" LUllel que O~ pote\ raLhem pllr cm,.\ lle ~rr '.
debruxana tao espont.JlJ(°aJllentl' qUJnto des, H.IS c,ltuaç(ll's t'm qUl' o LUJl\.ei· I Il' sl'Il'Clon,1 a argrl,! 'ldequ,ld.1, <1111<1"s<1-,l bem ak que.' tenh,l <"\tr.lldo tod.1 .1'
to era rdevante. ( crIa ve/ UIll r'ljl,ll deli UIll,I top,lda num peqUl'no toco de pL'dnnh<1~ e ImpUrl'/,IS L' mold.1 .1Ient.1e LUlliadoS.lllll'ntl'. Un1.llhllte Jnk de
arvort no meHl de um,1 tnlhJ IlO lluto ,lcolltec.lllll'nto fiequl'nll n.\ À/I iL,1 ir hUSL.lI .\ argrl,\, ele .,e .lbste.'J11 de leI,IÇlll" se.'\U.lIS l'urt.lIlto de I\.lU ,I '\ 'r~.
c 'CIO a sentIr dores e de UlJ1/0rto ell1 COJl~l'quen(JJ dl~~U, hJJ ill1p(ls~lvd, ICI 1l,ld,1 a tel11el, I no e.'1l1,mto ,tlgUIlS pOlc's 1.llh,II11, Ille,mo ll.\~ m.\ll~ til (l!t'I-
pela SUJ IU\..1liu\-<l0 no artelhlJ, Jl1,lllter () Lmll limpo, e de c.()l1le~ou iI J11ll'L ros c'XIJ11I0", e ISSO ~Ú pode Sl'1 e.'xphc,ILlo POI blu,\.ln.1. "QUl'br'IlI-'" .lI tem

(. (( J1Jr. O r.IpM dl~I.lrou que' J bl ti .11 i.lo fill'l.! dllll,1I II tOLO 1 u 1'llIpre dl~­
bnlJo"lJ ia", dil slJnpll'smlnlc' o olulO I\lul!." SI(U.h,lll· llllil.Hl" .1', 'll1

lU la \.om () Az.tndc l' .. ntIL,I\J ~lI.l' .l/Jrlll.l<.O('), l: assIm fil JIt'SS.l (lLdM,III, que .1 blU \,ui.l L llt,ld,1 <':Olll\l UIll ,\gc nll', 'I r,IU Il'knd.h n tl c f Itul ) ln)
[J1 ,t dO I"I' Jl.ljut' ele h.lter.1 ((1m o pt no LOlO fll)J(IUI' tmll.! ~Idll de~luld,ldlJ sl'guiJltl",
"
, .I té .hIll.ldei ra ~ Jl1,1 i~ re~i ~!(~Il t L'<; .11 li ,d rl'u.'1J1 aJ.>os aJlOS de li o • 1.1, o celeuo t' ..
IT\idél1L1.1 de vcrao dc um grupo d(Jl1ll;~tll.O land!!; as pes oa~ c;entam J '>u
Ao (,OI1\"l.:r'.lI·(ol11 II Az.ll1,k sohrL' hrux,ni.l, e llbscr".lIldn SlI.IS rCd(11CS em si ~()lllhra Ila~ hora s qU(;lltc~ do dia p,lra (/)l1\er'>,lr, Jogar (lU faler algum tr ba
tU.1Úh? dI.: infortúnio, tllrIlOU-SC úb\ io par.1mim que eles não pretendi.lIl1 e. lho manual. Portanto, pode acontccl'r que haja pc,>soas senwda, d banco do
plJC~1 a existênCl.l de fenômenos, nu mcsmo a ação de fenómcnm, por uma celeiro quando ele deslllorona; e ela~ ~e madlLlC.1m. pOIS trJta-5e de uma eo;
<.aUS,1\.10 mbtila cxdusl\·a. O que exphc.wam com a noção de bru:-..ana eram tru tu ra pes,lcla, fei ta dc grossa\ viga\ e de harro. que pode alem di w e.,tar ur-
as (ondlç'ol'S parti(lllare~, num,l l.ldeia c.lusal, que ligaram de tal (onn,l um regada de eleusina.l\las por que estariam essa~ pe~ oa') em pJrtiwldr sentadJ
IIldl\>íduo a acontecimentos n.ltur.lis que de sofreu dano. O rapa7 que deu debaixo des5e celeiro cm particular, no exato momento em que ele desabou'
uma (0p.lda no toco de ár\'nre não justificou o toco por referenLl<1 a bru:-",Iria, E facilmente inteligível que ele tenha desmoronado - mas por que ele unh
e tampnuLo >ugeriu que scmpre que alguém dá uma topada num toco I~SO que desabar exatamente naquele momento, quando aquelas pessoas em p rtl-
acontcce necessariamente por bru:-",lfia; também não explIcou o corte como cular estavam sentadas ali em baixo? Ele já poderia ter caído há anos - por
:. tl\'esse :,ido causado por bruxaria, pois ~abia perfeitamente que fora causa- que, então, tinha que cair justamente quando certas pessoas bu cavam seu
do pelo tOLO O que de atribuiu à feitiçaria foi que, nessa ocaS IJO em parti- abrigo acolhedor? Diríamos que o celeiro desmoronou porque os esteio fo-
cular, enquanto exercia sua cautela costumeira, ele bateu com o pé num toco ram devorados pelas térmitas: essa é a causa que explica o desabamento do ce-
de árvore, ao pa~so quI.' em centenas de outras ocasiões isso nao acontecera; e leiro. Também diríamos que havia gente ali sentada àquela hora porque era o
que m':,".1 ocasiao em particular, o corte, que ele esperava resultar natural- período mais quente do dia, e acharam que ali seria um bom lugar para com'er-
ml'nte da topada, infeccionou. ao passo que já <,ofrera antes dúzias de cortes sar e trabalhar. Essa é a causa de haver gente ~ob o celeiro quando ele desabou.
que IMO h.l\iam infl'<.cionado. Certamente t:ssas condiçües peculiares exigem Em nosso modo de ver, a única relação entre esses dOIS fato) independente-
uma exp!Jca\.lCJ. Ou ainda: todos os anos centenas de Azande inspecionam mente causados é sua coincidência e paço-temporal. 1\ão somos capazc de
!>ua cerveja à noite. e eles empre levam um punhado de palha para iluminar a explicar por que duas cadeias causais interceptaram-se em determinado mo-
cabana de fCflJ1entaçao. Por que e se homc'll em particular. nessa única oca- mento e determinado ponto do e paço, já que elas não são interdependente-.
iao, II1cendiou () tcto de sua cabana? Ou ainda: meu amigo entalhador fizera A filosofia za nde pode acrescent.u o elo que f.l!ta. O zande sabe que o~ e-
uma quantidade de gamebs e bancos sem alidentes, e ele sabia tudo o que é teios foram minados pelas térmitas e que as pessoas estavam ~entada~ debai.~o
preci~o sobre a madeira apropriad:r, o uso das ferramentas e as condiçoes de do celeiro para escapar ao calor e à luz ofuscante do sol. ~1as também sabe por
entalhe, Ud,> gamelas e b.1I1cos nao racham como os produtos de artesãos iná- que esses dois even tos ocorreram precisamente no mesmo momento e no
beIS; portanto, por que em certas rara~ oCJsioes as gamelas e hancos racham, mes mo lu gar: pela ação da bruxari.1. Se náo tivcs,e havido bm:-..aria,.lS pe 'oO.E
se usualmente i,so não dcontele e .se ele tinha exerl. ido todo seu cuidado e co- es tariam ali se ntadas sem que o celeiro lhes C<llsse em Clm.l, l)U ele teria de-..l-
nheClfllento usuais? <'ahia multo bem a rL'sposta, como também sabiam mui- bado num momento em que as pessoas não csti\'cs,em alI debai:-..o. A. bnn.:ari.l
to bem, em su:r opini,lO, s~us imejosos e traiçoeiros vllinhos Do mesmo expli la a coincidência dessc, dOIS acontecimentos.
modo um oleiJO fal ljuestao dL' ~,Iber por que seus potes quelllar.lm Illlm,1
ocaSlaO parliudar, vi~to que ele usou o, 1lll'5mOS materiaiS e klnic.l~ que d.l~
outra ezes; ou melhor. ele j,1 s.lb pur LI ue - a rc,pmta e lllmo que sabIda de
.mtemao, Se os potes se quehrM.lI11, 1m por (au,.1 d\.' hruxal 1.1.
htanamos dando Ull1d in1.lgl'll1 LI).,.! LI.I lilo~()fi,1 lallllL' SI.' di sé5~ell1m Fspero 11,1O,cr lll'leSSann ~,lltl'nt,1I que o I,1I1dc 11,\0 ... (',lp.IZ de ,1I1.1li ,lr ~llJ.s
que ele~ acredlt,lm que" brux.lri.1 L' a uniLa <..Iusa dos knÚlllelltls. h,,1 pi opo- doutnl1,lS tI,1 forma llll110 eu fi l por ele. N.JO .Idl.lnt.l dIzeI p.Ha um Z.II1Je':
'1\.10 na() esta contida 110S L·squeIl1.l~ .II,\Ilde dL' pel1~,IIIlL'nto, 0\ quais afinlldl11 "Agora me lltg.1 o que voc6 A/.lllde pel1S,ll1l d.1 brll:-...lna". pt)rque 0(\:111.1 ('
apena que a brllxalla pllL' um hOI111'm em rel.\f;.\O (1I1ll (IS eventos de UIll.IIIl.I- demasi.ldo gera l e IIldetelJl1ln,ldo, ,I um só tcmpo \,.lgt) l' inll'11 t) dLnl.lls p,lr.1
/lClra qUl o f.II sofrer ,llgUIll d,1l1o. sl' I Lo n lisa mCIl te tkSlf i t () 1\ 1.1' L' pOSSI\ d l \.t r.llr os pri Ildl ilh do I' 11 .Iment
o paI zande, ,IS eles um \ e1ho ll'lell o de~\I1()nln,1. N,1dd h:1 dL' notavcl 1,lIlde a pa rt i r dl' dl' IL'I1.1s dL' ~i t U,IÇIll''' t'm q ue ,I bru \..UI,l i 11\' ca L1 L OJll ) e
111 o ] odo I.Indt .,abt LJue d telllllt,l" dc\'or.lI11 os lstt'ln,> LUl!1 () 1('IIIPO, L' qUL'
pliL,H,,\O, L de detell,IS de outras L'1ll que l) tl,lê,hsl\ l' .l!n!lIIdl).1 ,llgU!l1.1 outr.l
, I /"I '\t1 111 (\t l til, ( rtlilCUI

.HlsJ, • U.\ íilt) 1111.\ ~ LXi'hL il.\, 11I.\s n.1I1 Il1l'11I.\111l('nle .llirll1.\d.\ lIlIlHl Ull1,1 tCl ml l,IS l'Oe ndo o,c u, l' .. ILi()~. N,IO \'l' lima 1.Ibared.l p í/lUI(J IIktndldndo , t
dllutrm.\. l'mz.mde n,1O dlri,\: "A'lnlll\l H.I L.ws.\\.ll) ll.lIm.ll, 111." n.lI) .Idw Ih,ldo , lll ,lS'\pl'll,l\ lI mfc lxt'dcp,) lh.I.l(l'O .... uapcr<.cp JOdtlOmun n,
qu d.\ t' pli'lul mltir.lIlwntc .I~ lOlllutlCIlLi.b, C mc p.lICLC quc .1 teoli.1 d,1 OlO ITelll e t,1O d.lra l]u,l nt () il nOS",I.
brllx.ma lorntL UIlU C:-..phL.I\'.IO ,,11 i,C.\llll" ia ~obre d.ls", Fll1 \1.'1 di\\ol'\pn
nll' 'lU pCI1 ,lIncnto cm tcrnllh dc. itu,IÇ(lCS rL\lI, c partllld.1rc,. fie dl/: "um
bufa ln .\t,k.t ", "um.l .In OIC L.li", ",I' tcrmit,ls \l.lo C,t~lO I:llendo scu \ (111,.1/0
4
n,11 lju,\Ildo (k\'l.'rJ.lll1", l .\s,im pm di,l11ll', I·s!.\ sc prnnunLi.1l1do sobrc f.l to,
emplrllamente atc~t.lJ()s. M,I' t,lInbém dll' "L m bul.llo at.ILOlle t\:riulul.1l1o". A cren ça la nd e na bru \,lria nao contradi!. .1bsolul,lmente o cunhec.lmento
"um,\ .lrH)(l L.tiU n,1 ubcc,.a dl' ,IG,lIlO e o Jl1,lIou ", "minh.l' tL'nnil,ls H:'LlI -
e mpíri co d e GllI",1 ( efeito. O mundo do .. SLl1tido~ é tao re-al para ele<> com
an1- . \O,lr l'm ljuJ\ltid,lde sulillcntl" 111,1\ outra, pesso,b I:'st,lO Lolet,l11do.IS
pal .1 nó s. Nao \l OS d eve m os d eixar enganar por seu modo decxprimlc a causa-
110rm.llmentl''', e .1S,im por di,lI1te. I:k \.lI dizeI' que e,S,IS loi"IS deleJl1 se .1
lidad e e im agin a r q ue, por d ll.e rem que um homem foi morto por bruxana,
bruxaria, cO/llent,lI1do, para cada l'\'l'nto: ·'Ful.lno foi cmbnr\ado". Os 1:lt os
neglige ncie m Illte m\me nte a~ ca us,ls ~ecundárias que, em no 50 modo de ler,
n,1O" e placam a SI mesmos, ou fazem no apl'n.l' parei.11mel1tL', Eles so po-
S,10 as razôes reais daquelJ m o rte. O q ue eles estão fJzendo aqUI e abreVIando
dem ser integralmente expIaLad()\ Ie\ando· se el11 comider,l.;,j() .1 bru \clfi.\.
a cadeia de eventos e seleciondndo a ca u sa socialmente rele\'ante numa Sltua-
Podemo, (,lpt,lr.1 e temão total d,1S idéicls dl' uI111,1l1dl' sobrl Lausalida -
çao social particular, d eixando o restante de lado. Se um homem e morto por
de apena se () delxnrmm pr l'n,her ao, 1,ILUI1.lS sozinho; (aso cont rúio nos
uma lança na guerra, uma fe ra num a caçada, ou uma mordIda de cobra, ou
perdell,unos l'/Il (om en~ol', Illlgli"ta';h II diz: "I'ulano Illl embru xado e ~e
de uma doença, a bruxaria é a l.lUsa ~oclalmente rele\'ante, pois é a úmca que
matou" Ou, n\.lÍ~ ,imple!>lllente: "lul,uIO fOI morto por bruxan,I," t-. !J~ d e
permite inlerve nção, d etermina ndo o comportamenlo social.
('stá ai ndo d,1 cau .1 ultlllla d.1 mortl dl' fulano , nao d,l, e,lm,l~ "cLun d.ui"s,
\'OCl- pode perguntar: "Como cI e matou?' ,e seu II1tCrlocutor did q ue ful.! - A crença na m o rte po r ca usas naturais e a crença na morte por bruxana
no wml'lcu uic idlO enfürcand, , niJm g.llho d árnlft.:'. Você pode t,lm b ém não sao mutuam ente exclu~i\'as, Pelo contrário, elas 'e suplementam, cada
inquinr: "Por que ele e matou? ,e de dlra que foi porqul.' fulano esta\',1 za n - uma justificando o q ue a ou tra nao ex.plica. Alem disso a morte nau é ~m nte
gado lom o~ IfIllJO . A cau~a da mort l' fOI enforcamento numa <Í r\'orc, e a UI11 fato n.1tllral - é também um fato ~ocial. Não se trata implesmente de um
cau a do t:nIOIc.II11 nto foi a ral\,1 do irrllao. Se cntão \océ perguntar a u m cora ção te r p a rado d e b,lter, e dos plllmães não mais bombearem ar para o in-
zande por que de disse que () homem csla\'a embruxado, ~l' (omell'u SUICídIO te n or de um orga nism o; trata-se também da destruição de um membro de
em razao d~ uma bnga LOIJl o mnam, ele lhe uir.í que SOl11en te m lou(os LO- uma (amal ia e gru po de p,Hl'nt esco, de uma comullId,lde e uma tribo, A mort
metem SUIcídio, l' quc se Inuo mundo que se zangasse LOI11 ~eu, II mao~ Lome leva J co ns ul ta d e or.ícu los, J realila",lo de rito~ mágICOS e" \'ingança. Dentre
k se I>UiCldlO, em hr~\'t' \l.\ll ha\ en.1 mal~ gente no mundo; ,e ,Iquelc homelll lo d ,lS a~ causas de morte, ,I bruxaria e a unlC,1 que po~sui alguma rele\ in(ia
nao ti\e se ido ernbnlxado, n,1O lalia n que It/. ~e llce persislir l' p~rgunt,lr par,1 II LOl11pOrl,lmen to soei,ll. -\ atribuiçao do II1fortulllo a bru..\Jn.1 não te '-
por que a hrUX.HI,llc\i(HI o hOlllllll ,I ~e m.llal, o l.lIlde lhe dlLI qu~ ,Iclla que LllIl o que nós chamamos de '\aus,ls re.lls", mas superpôe .. se.1 e t,I., dan,i
algu m ()dJ.lva aqude homem; e ~e \Ou p 'guntar pOI qUl algu élll o odi,\lI,I, .lOs l'\'enlo~ SOO,IIS () \'.1101 mor,11 que lhes é própno.
cu mfOlm,mtt "ai dizer que as 1m e a 1..\lurl/.1 hUll1ana O pcm.lmenlo /,Inde c e.!p,lI de e\pnmir com muit,1 c/.lrt'l,\.h r'1.1~ -
os Az,mde 11M) )lOdllTl (IllInC i ,11 UIIl.! t ora.1 d,1 l.llIs,l!Jd,lde elll t('11l10 ~ I.'l1tn' ,IS noçôe .. de L,lll''Hllrd,lde I11l\tl, .l e L,lU,.llid,lde n,ttUf,11 pt)r meio d um.l
a It.1\lis polI..! 1\0 ,elc de"ul'\cll1, elltll't,IIl((I, os .lulIltelill!t' nl(l lIum idio- IIll'l,llora venatona. Os \ /,1I1de sempre di /em d ,1 blll\:.ui,\ que el,1 ,111mb". /1
ma q ue e e r IJna torio. 1st.ío lil'lllt: de que '>,10 li rl.Ull t .llIll,h p.IIIJ ( ul.1I L'~ ue \\lI ''segund,1 1.1I1~a ". Qu.lIIdo o, r\1,1I1de nl.lt,ull ,}l.,I';,l, h,1 Ull1<1 di\"i..lo d.l car-
t nto~ cm U.I Id"Ir.IO lom li 1t0JIIl'lll, ~lhIIHlLl\ id.lde p,II.1 1I11l.l Pl'~S(J.I l'lll m' l'lI t re () h 01111.' 111 q Ul' PIImC1 ro ,It 111 glU II ,1\1 i 111.11 e o q ue lhe (r,1\cHI ,1 ,gul1,b
P rtllular, qU( unstllUt m ,I \'lduIlld d,llllll ,II i.1. A I)) lIX.III,Il'Xplil.1 /lUI I/II" 1,11I ~"1. Esses dOI .. ":iu lllnSltlel,ldos os 11\,1\,ldorL" do ,lnim.ll. l' t) Li mo da ,-
o anlllt J1nento~ .10 1I01l\OS, lll.IO{o/lIocle'i.ILlI\lltLCIll 1'1l1/dlllll' ptrll gUlld,ll.lII~.ll' dl.Ul1,lt!u l) /ll/lllcl~/I. J\"illl, ... l' lIm hom,m,' morto l r t m d ...
COInO le .11lmtU. l'm d.1 mI: m,J fol'lll.l que no' .lO H UIll bru o ..!1.IL..Ill 1.1111<.', ()<, A/,lI1dt' dlzelll que () ekl:lI1tl' e .1 PI i llh'ir,1 1,lIh.\, 'lU, ,I bru ,In,\
do u 110111 111 IllJ um dctJIIll. '.lO \C llllll>ru ,\ dl'l rubJr UIlI LLlcllO, IlId~ segund.\ 1,ln"I, l que, jUllt,I'>, d.\'> o 1Il,lt.ILlIl1. "l 11m hl)lIlL'!l\ III (,1 )Ut o, m
unt.llun\Jd.1 11.1 guerra, o hOlllllld.1 t'.1 pnmllr,1 1.11\\.1. .1 hruxa li.! l'.1 'C1~Ullll.1; pi i,1 sOLied,lde, Ull1.! leon,llll'nllllL.1 da ldu,>.lhdilde é, embora nJO exc1U1d 1
Iunl,~, a~ dUJ' o !TI Ilal ,1111. lllll\lder.ld.1 !lrde\ ,mle cm quc,>loc, de resp(Jn~ah"ldJdc moral e l!!gJI aJslrn
<. omo ,l~ Al~lI1de ret.{Inhetem a plllrJhd.lde da, l.\lI'.1 ,e e.1 '1Iu.I~".11l '0 l,unhelll 11,1 sOLlcd.lde 'dlllk .1 doutrin.1 d.1 bruxari,I, embora Ino eXdUldJ, e
tI.11 que II1dK.1 qual ,ll.IlI~.1 rdl'\.lIlle, rOdllJ1(l~ enlcndl'1 por qlle.1 doullln.1 tid,l por ii relcv.lIlte n.ls me'111.1S 'lIua~()es. Nó, acellamO\ cXl'hCJ'rllCS cientlfi-
d.1 br li ".lIl.1 11.10 r lhada p.lI a ex p" (.11 li tI.11 q IIt'l fI.ll.1 ,~n o II i nl o rt ti nr o. Pn r \e L.I\ d,l' l,IUS.!' d.l~ docn".ls c ll1c,mo d.l~ C.lUsas d,lloucurJ, mas nL'gamoseo; a,
le a '1Iu.1 .\(1 ~olial eXIge UIll /ldc.lIllento l.lU,.11 d, ,ell'O COlllum, n.\() 1111' l'\plil'll:ôe, 110S La,>o'> de lflllle l' pecado, porque ,lqUI CI.IS cnlr.lnl em confhto
IllO. AS\IIIl. \e \Olt· tonl.1 um. lllUlllra. lomtle ,ldultlrlO, n,uh.1 ou Ir.1I ,eu lOll1 ,I lei e ,I moral, que S.IO .1.\I0ll1aticas.l) lande .ILell.IUl11a (XphC3\-JO mbt;-
pnllclp e e de!)lOherlo, lIao pode l' (.lpar.l punh••H) dlll'fldo que t01emhru- ca d,l' (,llI~.!S de inforlunlO\, docnç.ls c mortes, m.15 reCU'.1l:,sa cxpli ... açao t
.Ido. A doUlnna 1.lI1dedld.lraenf.lli menlequl "bruxaria II.HI fú IIm.1 pc,· cl.1 'L' Lh<lL.1 lOll1 a~ exigên(i.l' '\Kiais C\.pre\s.1' na lei c na moral
,oa dller rnentlla~", "llIu .Ifld 11.10 I,tl um.1 pe""d ("meter .Idulterio". "A
Port.lllto, a bruxaria n.lo é ulllsiderad.1 como UIll.! CJusa do fral.lSSO de
hruxaria 11.\0 tolo a o .Idulteuo delllro d UI11 h. rnel11; e".1 hrll\.lri.I' e,tü em
algo, ~e Ulll tabu foi quebrado. Se uma cri.lIl'ra .ldoe(c, e e sabido quc ,eus pJi
\(lU: me~rno (VOU! o rcspon .lHO, i~to e, !>cu J1eni, fila Ul'to; ~k \ê 0' ca
liveram rel.lç()e~ sexuais antes que da fmse dcsmamada, a ~ausa da morte ja
helo, da ('~pO~ d um hornl'lJ1 L' fiL.t l reIO, porque a UllIt.1 ·brlL'"lrl.I' l' ele Illes-
eSlá contida na ruptur.l de um interdito ritual, e a que'lâo da bruxaria não e
1110" ('bruxal la' JlJUI esla sendo u~Jd.l metdfof!(JIllCnl ) "BIlI"ana n.lo l~lZ
coloca. Se um homem contrai lepra, c existe, no seu (a,o, uma historia de in-
Ullla pe,so.1 wuh.lr"; "bru).,ana nao 101 na urna pe"oa .ksleal". Apen.l' ull1a \'0
oU\'i Ulll l~/Idt legar quc nl.I\J cmbfllx.ldo quando h.1\ iJ (Olllelido uma
°
cesto, então inc!!sto é a C.lUS.1 da lepra, não a bruxaria. Nesses C<bO~, por~m,
dá-se uma situa~.lo (UnOS,I, porque se.l Ln.lIlça ou ti lepro'io morrerem, fa7-
ofem,I,l I~SO 101 qUJlldo 'TI nliu para mim, me~l1\o nL~~,1 (K.l~I.IO,lodll' m pre-
sente ruam dde e lhe dl~ lr.lm qu~ hruxauJ n.Hl taz Illllguclll dl/cr Illenlira~. ne(ess.írio ving.lr su.lmorle, e ti Jande lião \'lo ,I menor ditlLlddade eln explicar
o que para nós p,lrc(e ser um Clllllport.1mento extremamente ilogi(o. E faz 'e-
':li' um homem J S.I ~1I1.1 outro membro d~ tribo 0111 hn\.1 ou faLa. ele e
llll,ldo. 'UIIl <..I!>O dlmo t, nao e pre,iso prOtur,lr um hruxo, poi, ia se
l).,
gundtl m mesmos prinClplos aplrc.ldos quando Ulll homem e morto por um
tem o ah \I (OIhr .. o qual ,I \ ing.ln\-a pode ser dlrlgld.1 )C, por Olll ru latiu, t! um anim.ll fcroz, e cle inVllLa .1 mcsma lllet.lfor.l d.1 '\egunda lJnça". I TO\ Gl.(l~
membro de uma outrJ tnbo qUl I.II1CloU um hor'lem, seus parcnte~ ou 'cu .Icima mencion.ldos, h,1 re.llmente três L<lUS.b da morte de uma peSSII.l. EXL te
pnn':l)le tOl11arao medld.l~ rar d c.ohrir () bruxo respomj\ el pelo fato. a docn~.1 de que el.J morreu lepr,I, no L.ISO do hllmcm, e '1lguma f!!bre, t.lI-
\'C/, no L,I~O da cri<ln\a f~S,l, docnç.l\ n,IO s.IO em '>1 produto~ de bruxaria,
firm...r que um homem exec utado por ordem dc ~eu rci,
'ol r1,1 tr.llçJo
por orem.1 a .lUtoridadc rL.I fOI mono por bruxari.l. Se um homl"lll (OI1sul- 11IlIS exi,tem nelas mesnl.l', ex,lt.lmente C0l110 UI11 buf"alo ou UI11 (eleiro exis-
tils!>e o~ or J ulo p.lr.l deSlolmr. I urux. I respoma \'c1 pela 1110 rt e dl um p.1 rCII- tem elll SI mesmos. 11,1 aind,I, l'lll segllld,l, ,I quebra liL UIll tabu, no L',hO do
te 'lU 101 eXtllJt.IJo I ()/' orJem do reI, l'SI,InJ l rrendo o n,c() de Sl'r ele deSlllallll' c no L.ISO do lIllesto, A lrIJn~.1 l' o homem lI\'eral11 febre c lepra
propno xuulJdo. POI .Iqlll ,I '>ltUdÇJO sOllallxdUl .1 IWÇJll d~ brux,ui,l, pmque um t,lbu 101 quebradll. ,\ quebla do t,lbu tOI a Lam.1 d.\'> dllenç.ls, m.b
tomo em outr.1 Ol,1 I. l' Iltghgclllla o agente~ Ilatur.li t.' 10(.1117.01 .lpcn,IS ,I ,IS doell\.1'i n.lo os tl'1'l,1l111110rtO ~l'.1 brU\.JrI.1 n,IO l'.,tl\l"Sl' agindo t,lmbcm.
11rux• na J)o me mo lIIodo, l um hll/lH m for morto ror \'lI1gall~J pDI qUl os "t' ,I brU".lfI,11I.10 estl\e'i'l' prl'\L1ltt' lOlllO "sl'gullda I,lll\a ,de., tl'ri,lm tido le-
orá(ulm dls t ralllljlll: era um hru IJ l" ,I~sa mara outro hOJlwl11 com ~lld Inu bre l'lepr.1 do lllc,>nlll lllndo, 111.ls 11.\0 nlllrren,llll por 1,.,0. ~l'"e~ e"l'mplo
.Iria, enlao 'lU ll.lrUIIt: n.lo poder,1O dlll r qUl til' Illll\lorto por hlu .If1J A h.1 du.l,> L.IU~,IS SOLl,llml'lIlL' signifil.lnks: qUl'br.1 de labu l' bru".lfl.I, ,1I11hJ
doutrlll 1~1I1dt' d~ Idl <jut' eI morrlll 1\,1 01.10' J.. \ lI,g.ldOl \ porque er.l rL'1.lIi\',h .1 lillL'rcntl'S Prull""ll\ '>llêiú" l' l,ld.1 lima ~ sublinh.ld.l por ~~"ll,h
um hOlllltida. l' UIlI dt 'til p.Htlllt lIl'I~1I se qUl, 1\,1 'tfd.ld ,alJlI le hll di fe rl' n te"
mcm morrer.1 porlllU JfI.I, t It'\ .I,sr o LJ (I Jd"lIllt' ,li CUIl\lIlr.1r (101 alulo de l\1.1' qu,lndo h,í qucbr,1 dl' Ul1ll,!lHl L ,I 11llHIl' n,llll)Lllne, ,I blllx.ln.1 n.h'
\ e!H'no, poderlJ \ d pUIlH!\' pOI rJllll UI,1II1JI o <lr at ulo, 1:.11 plm fOI a () 01 d Sl'r.l JIll'l1lion.ld,lull1111l,llIS.1 d,' inl\ll tUI1I\l. Sl' UIll hOI11l'lllltlllll' Ulll,llimcn·
Lulo de \ IlUIO rt:.11 que ,-lIl1flrlll,lf.1 llfiCl,lhn ntl.l ulpJ do bru o. c flllL (J tu pllllhldll t1l'plll,> de tl'l Il"dl/,Id,) Ulll'! podt'rll.,.1 m.l~i,1 punitlv,I, el~ Pllde
propuo III Ut' permlllr.I.1 H' ..Ill.I ao dJ \lllg.IIl'r,1 /1IOITt'r t lIe~,l' l.l'O .1 1.1/.1<) dl' 'U.I morte L' (onhúid.1 de .lIlt m,IO, P' I l.I
e 01 lIua~Ot .I hru .lrl.1 e Irrele \ anil {, ln Oe lPlll'I.IIT ent e dUI t: t.ll,)lItld,1 Il.I~ (Ondl\lll, d,1 .,ilu.I\.1O ell! ljUl' l'le l1llHreU, me,mo 'lU '.1 bru
d () l I ldl ,Id. (on1l, II I,nllllpall lor L,lU .11 A~~lm l flllll), un nos,.1 pi o
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MI I t .1111 bc III e'>t I\ t'S~l' opu ,Illdo. ~ I.I~ IS'" ll.\lll) uer ,hlt r ct Ul' ti l110er r.1 '-)
qUt' me\ 11.1\ el1111'nte ~uLeder<i ~ qUl' ,I dll)g,1 m,lgica que de prep,lnH1 dei",ara d 'agua , 01l1l11l l1111lIll O eSlju ece de fedl.H a porta do g.lhnhlro a rWllt:, ele;,
de iUJlllO\ur Lontr,) ii pt "0,1 ,1 qUl' ~l' de~t in;l\ ,I, L de, e ~er dest ru Id,) ,oh pen,1 rJO seVe r,\lll enll' rl' p reelldid m p e l {)~ pal~ por ,>ua l."tuplde/. (), t rro dei
dc 'L ,oh,H LOlltr,ll) Ill.lgo qUL J emiou. O tra(,I~~O da drog.1 em ,1linglr ~l:U LlIJll Ç,I~ ~ ao .l tribllíd() ~ ,\(1 desc ui do ou ,llgllllranlla, c <linda pequ<.'n, ti )
ob,t.'t" l) dc,"l'-' ,I quehr J de um t,lbu L' Jl,10 a bruxana. ~e um ho m em ten : re- ell~ ll1 ,\da s ,1 eVitá- lo, . O s A/ande llao d i/ cm que esses erros \30 (.du,ado,> por
I.I\ôe, "exllal' u1111 a e'posa e no dl,1 \egull1te consu lta o orando d e vene no , bruxa ria, ou , mesmo que d i ~ p m to 'i a Jceit ar ,\ possibilidade da bruxa na, \.on
c~te não re\ dará a verdadl', e \UJ elldClJ oracular l'stara perm a nent em e nte sideram a estupid e/ ,\ G 1U!>J prinCipal. Ade m ais, o zande n.w e ingcnuo cl pon
preludILad,l. Se Ulll tabu llJO ti\l'~,e sido quebr.ldo, dir-~e- IJ q ue a bru",ariJ lo de culpJr a bruxana pela quebra d e um pO le durante a cozedura se me
fez o nraculo mentir, ma, o e,tado d,1 peS,OJ que assistiu a se<,s,\o da uma posterio res revelam que um seixo fOI d elxdd o na a rgila; ou pel.l fuga de um
raldO para ~eu malogro em ouvir a \erdade, ,em que seja preCiso in vocai a n o- ,111 i m al de ~ U .l armadi lha se alguém o e~ pa ntou com um movimento ou baru
çau dL bruxana ltlmo agente caus,11. Kl!1guém vai admitir que tenha quebra - lh o. As pessoas não culpam a bruxaria se um a mulher queima () mingau, ou se
do um tabu ante, de comultar o or,Í(ulo de \ eneno, mas qua ndo um oráculo o serve cru ao marido. E quando um artesão i nab i lido~o faz um banLO ~ro5
mente todo~ estão pronto~ a admitir que algum tabu deve ter sido q uebrado seiro, o u q ue racha, isso é atribuíd o à sua inexperiência.
por alguém. Em to d os esses casos, o homem que sofre o infortúnio possnelmente
Do mômo modo, quando o trabalho de um ceramista se q uebra na coze- dirá que ele se deve à bruxaria , l11a ~ os o u tros não farão o mesmo. Devemo
dura, a bruxaria não é a única (ausa pO~~l\el da calamidade. Inex periência e lembrar co ntudo que um info rtúni o séno, especialmente se re~ulta em morte,
fàlta de habilidade artesanal podem ser outras razões do fracasso, ou o cera- é no rmalmente atribuído por todos a ação da bruxaria - e e~pecialmente
mIsta pode ter tido relaçôe~ ~e. uais na nOite anterior. O próprio artesão a tri- pela ví ti ma e seus pdrentes, por m ais q ue tal desgraça tenha ~ido causada pda
buira seu frac<\s<,o à bruxaria, mas outra., pessoas podem não ~e r da m e~ma in com pe téncia o u falta d e autoco n trole. Se um homem cai no fogo e se qUet-
. .-
opwlao.
m a seriamente, o u cai num fOlo e quebra o pescoço ou a perna, isso será auto-
• 'em me~mo toda~ as mort~, sao im·ariável e unanimemente atribuídas à m aticamente atribu íd o à bruxaria. Assim, quando seis ou sete filho\ do
bruxaria 0U à quebra de um tabu. As 11í()I"te~ de bebés ca usadas po r certas príncipe Rikita fi car,lm encu rralados num anel de fogo ao caçar rato~ do bre-
doenças :.ão vagamente atribuídas ao Ser ~upremo. A~s im ta mbém , se um ho- jo , morrendo queimad os, s uas mortes foram indubitavelmente cau~ada por
mem c.ai repentina e violentamente doente, morrendo logo a seguir, seus pa - bruxaria .
rentes podem ter (ertela d~ que Ulll feIticeiro fel magia co ntra ele, e não qu e Desse m o do, ve m os q ue ,I bruxana tem sua propria lógica, . uas próprias
um bruxo o matou. Uma quebra da~ obn gações entre irm aos d e sa ngue pod e regras de pensamen to, e qu e estas nJO excluem a causalidade natural. A cren-
extermlllar grupos inteiros de parentes; assi m , q uando irm ão s e primos vão
ça na bruxaria é baSla nte consistente com a rc pon abilidade humana e com
morrendo um apos 0' outros, é ao sangue, e não a bruxaria qu e as o utras pes
um,\ a prec iação rac iona l da 1l,llurelJ. Ante de mais nada, um homem de\e
~oas atrilllurao a~ mortes, embor,1 (IS IJ.lrenll's dos mortm procurem vingá -los
d e\el11 pe ll h,lr qua lquer .1lividade conforme as regras técnicas tradicionai ,
nos hruxos. Quando morre um hOll1emllluito IOUSO, os nao-aparentados di'
q ue consi~lem no con heLllllento teslado por ensaio e erro a c.ld,1 geração. E
leln que ele morreu de velhice, Illas nilU () lazem em pre~elll.,1 de parenlL's,
,1penas q Uclll d o ele fraGISS,I, ,lpeS,\f de sua ,ldesdo a ÔS,h regras, que \'JIIIl1pU-
pUl~ estl declaram que a hl UXaflJ fOI r~~pomá\e1 pela morte
lar a ~ u a falt,1 de Sllce~so ii bnr\.Il"IJ.
Acredlta- e tambem que o adu ltcrio possa cau~ar II1fOltúnio, embor,1
seJd dpenas um I,Hor um Urrl'n tL', ,á que .1 IHuxana lamhem est.i presentl'.
DIl-seque um homllll pode sei m urto n,) guel ra OllnUIll ,IL idenlL' de L,\\,I Plll s
lJU a da~ IJ)fidelidades de SU,\l'SPOS,I. 1'<H 1,lnto, .IlHes de Ir ,I gUl'II,1 ou JlMlil
pard uma glaJHit e ·pedh,ao dL C,\\,I, IIIll hOlllelll Jlode' pedll ,I espos.! qUl' di- h eqlll'l1telllenll' ind,lg,l-se Sl' os pO\lh primiti\'os disungu 1\1 <?ntrL. l) n.ltur.11
\ ul!:,ul II r.01l1e de seus .1l11.inlL',. l' () \obren,ltul,ll F\S,I l]llest.1O pode ~er respondllb dL' Illfll1.1 prdllllm r n

Mr. mo qu,mdo nall Oe () fi e 111 1I1 t I a~oes .'1 Il i Oll "mnr,JI .I [,," XMi,1
n,ltll' .! qUl UlnClTl1l' ,lOS A/ande t .OIllO 1,11 .I que~t.hl pode qULrL'r diler o l"l\ ,
unI{ IaLao a <!Ut; ~ atribUI UllI ti ,1t.IS~() IT!(.OlllP tellL 1,1, preglllç,I, IglHJl "IlU,1 pril1\itivos dlstinguclll entre o 1I,ltULII L' o "lbrcl1.11ur.ll III t rnll ab trahl ?
prJdtn!' H!l1ILadJ~ Lfll1l11 L.1It~<l5 ()uallt!o Ul1\,1 1l1l'llin.1 ljllLhr,1 .1 hilll,1 Nú\ Pll\SllllllOS a 11tH;,\() de' Ul1\ 111l111lIl) III dL'lI.lei,) dl' .h oreil) " m o qu eh.1
1 ]C I I pHu" 1Il1 .1 11ll" I ' ll.htIllIlOS .1Olll'd,ldl'illlnIU,1J11l11l(' Idel.I ~1 !!Obre bru na,
rt I lOI I 11'1 ttllO .I~ 'lUl n.1O I'"delll ~('I C\l'lIl.I<I.1 I'"I elc~ ~.Ihem lna oq fuerqua
m i l n tur.1I l lI Ut' I tlrt II I ( " '~ ,(lI' ,IS 11.111 U ' I1lkIll SIII'0\I.I - A rc\ptllta • nIo a _Uíle.
m h,\l11JI111" l ' l ' ' \ cllI o de 'llbr~I1,\1 ur.li,. P.II.1 111 '\S, :.obre- Nao te uma reJ1traent.çi"ellIbI.......~ _ _. . . . .t_....
I n fi • qUJ't' o I1Il~mo qUl .1I1Ilr111Jl ou txlr.wrdin.írill. (h A7ande con t.1detalhadamente de seu IUltlCÍGrnAllIIII_~CIIl_ . . . . ._ . . .. .
o r ~Ul'l11 1.11 n 'Ç''' l' ' .1 le:<l'eiln d,1 fe did.ldc. Ele, 11.\0 têm scntaçao elaborada e conàlteate da naturaa
com seq~ias e anta' relações ÍWlcIOlWL O z..-.fIe _ _~ e_ai....
11ll li 1.1 dl) "n.1lur.11' '.11 C0l110 /ll) ' \l cnl,'lldeI11os, l'.por cOl1sl'guinle,
mp u, d) ~ brenatllrJI 1.11 , 01110 I1l)' n ellkndenlO\. A bruxaria repre- ma is que as antelectualiza. e eq_"_ ...'.......
prindpãos do
nl r r o. ndl um,'\ ento 'lUl', l'l11ho ra 1,lh l'7 IIlfreqüenle, é ordinário, porta men socialmente controladas que em .......
nJ tr.1 rdm.lno. E um a,oll lcLÍ mcnlo normal , l' n,'lo anormal. Mas em- cm se bruxaria cem Az ..,Il'0l• • _~ídleit. _._
.Itnbuam a natural e , ohren.ltllr.lllh ,ignitIcadns que os europeus peito
luh - n ld<:m a l' -a, nocôe ,di,tinguem , 0' dois domínios. Assim, nossa
pe!J!.unta pode 'r formulada, e de\ e ser formulada, de outra maneira. O que
d en.lmo perg.untar é se m ponJs rrimit i\"O . n~em alg.uma diferença entre
ont amento, qUl' nO -- os observadores - classificamos como na-
ur.lJ- o atonte Imentos qUl' ,1a" ifl c.ll11m como místicos. Os Azande per-
, m mdublta\'elml'nle uma dife rença entre aquilo que consideramos como
a õe da natureza, por um L1do, e a a oe da magia, dos espíritos e da bru-
'\.ana, por outro, embora, na au~ênc i a de uma doutrina formulável sobre a le-
:; hdade natural. não po" am exprimir a diferença tal como nós o fazemo.
~ no ão zande de bruxana é incompati\'el com nossos modos de pensar.
ia! me<;mo para o, Azande exi te algo de peculiar na ação da bruxaria. Ela só
pod er percebida normalmente em onhos. Não se trata de uma noção evi-
d nu:; ela tran cende a experiência sensorial. Os Azande não afirmam
que wmp reendem perfeitamente a bruxaria_ Sabem que ela existe e age male-
fi mente, mas podem apenas conjeturar sobre a maneira pela qual age. E
r lmente, sempre que eu discutia sobre bruxaria com os Azande, surpreen -
di -me pela atitude dubitativa e hesitante que assumiam frente ao assunto,
I apena no que diziam, mas sobretudo em sua maneira de dizi'-III, em
01 tra te com o conhecimento desembaraçado e fluente que dcmonstr.l1n ,\

r I CIto do~ C\en tos sociais e das técnicas económicas. Eles se sentiam perdi -
d I ao h:ntar explicar de que forma a bruxaria alcança seus objetivos. 0uc d ,1
II t pe a é ob 'io, mas Lomo as mata, não se sabe exatamcllt e. ~u g('
r m e que tal ez fosse melhor consultar um homem mai s velho , 011 11111
dI mI J, par.! maIOres informaçoes. Mas os homens mais \e1ho, l ' m .tdivi
fi "apazes de dizer pouco mais que os jovem e os leigos, Hes ~.lhe Il\

e todo sabem: q ue a alma da bru ari,1 \ag.l a noi te (' que dt'\Ola.1
IlIma Só () proprio bruxo entend em de (~.1 ~unto l'1ll
,lu d iA L-rdade o Azande experimenta m ~c nIIIll t'n l m, Ill.m l ]lI t
\ t ll/NUI iiI.. , I, ti "J, bu tl IIr

( \!'lllllllll 'ie cri,l um,l ~llu ,IÇ,IO perigo ,I, I'lJI~ hom cm p re JudJ(..tdo
li

l,lm lunm()~ lom Ulll" .Itronl.l .J ~ u a dlgll ldJde tum .11 u ,I(} r
pOI p.1 rtl dL UIIl \'l/lI1ho -< lIlgUCIII ,lCClla Iran~ujlamente qu o
As vÍti11las de i/~fo rtlÍllios guelll ~U<l L<I<,<lda ou prejudlqucm ~u.! 'i.lúde por de pe ito e Invqa, n Iv. n
lJll5Cl1 11l os bruxos elltre os inimigos co m ce rt eza ag rcdiriam pc~soalmcnle o s bru xos que lht) preJudlL~m, r
eX I ., ll s~e m (,lna l, trad IUOnal'i, ,lpolaJos II.! autu ridade pohu... a de ... Q tro d,
1"\:,Se l1 ti m en to.
Devo IHlvJmentc Icmbrar quc 11.10 e ~ tJmo s trata ndo de eflm ) pa
de serem levados a tribunais c punidos, nem d e delitos UV'S par o qw. ..
I
P()s~.1 ex igir uma II1denizJçao legal. A nao ser que um bruxo n:..Jment~
u m ho m em, é im possível processá -lo no tribunal de um príncipe; e lidO r
D<.:\emos agora abordar a bruxaria de uma for m a m ais o bJeti\'a, pois ela é um
tre i qu alque r Laso de bruxos punidos por terem ca usado o utro dano. Al-
modo de comportamento, tanto quanto u m m o do d e pen s,lmento. O leitor
gu m a nciãos, po rém , d isseram-me qUL antigamente um fa\'onto da corte
tem o dIreIto de perguntar o q ue faz um zande q ua nd o é embruxado, C0l110
podia pe rsuadir um príncipe a conceder-lhe indenizaçao pela perda tOl F r
des(obre quem o está embruxando, como m a n ifesta se u ressentimento, q u e
fogo o u praga, de s ua colhei ta de eleusina.
medidas toma para ,e proteger e que sistema de con trol e inibe uma reta liação
O processo d escrito neste capítulo é portanto o ,-o stumelro, no qual a
VIOlenta.
qu es tão d a reta li ação não ,e coloca. De~de que a parte o fendida e o brux ,
Somente se pode exigir \'ingança oUllldenização po r d .1I1m causados pela
se rvem as fo rm as corretas de comportamento, o incident e e.tar.l encerrad
bruxa na quando o IIlfortúnio sofrido é a mo rte de algué m . Nas perdas me no-
se m qu alqu e r t roca de pala\T.ls asperas e muito menos golpe~; na \'erda-
res, tudo o que se pode fazer é apontar o bru\.o e p e r~ uadi-Io a interromper
d e, ~e m que nem mesmo as relações entre as partes fiqu em estremeCIda. "o ê
,ua IIlfluéllcia nefasta. Quando um homem sofre uma pe rda irreparável, po r -
tem o dire ito de pedir a um bruxo que lhe deixe em paz e pode inclusiw a\l.-
tanto, e inutil le\'ar a questao adiante, Já que não pod e obter compensação, e
sá-lo de qu e, caso seu parente morra , ele ~erá acusado de assa~sinato; mas não
que um bruxo não pode desfa7er o que já foi feito. Em tais circunstâncias, um
deve insul tá- lo ou fazer-lhe mal. Pois um bruxo e ta m bém um companheuo
zande lamenta sua de~\'entura e culpa a bruxari a em geral; mas é improYável
d e tri bo qu e, enquanto não estiver matando as p e~soas , tem o direito de ;\('r
que ~e esforce por Identificar um bruxo d eterminado, pois o acusado nega rá
se m ser mo lestado. O bruxo, por seu lado, deve seguir o co~tume e de fazer
~ua re~ponsabilidade ou dirá que n ão tem con sciência de ter feito mal a .11-
ua b ruxaria quando assim solicitado por aqueles a quem ela e~tj pr iudican-
guém~ e que, ~e o fez, fOI invo lunta riam ent e, o qu e ele lamenta muito; de qua l-
quer forma, a vítima fica na m esm a.
do. Se U I11 h Ol11em agredisse um bruxo, pe rd e ria p restígio, poderia ser proct' -
s.ldo por danos no tribunal e aind,l po r Ci m a estaria despertando mal- ran or
Mas quando o II1fo rtún io é ainda IIlcipi ente, há boas razões para uma
por parte do bruxo; o obj eti\'o de todo o p rocedimento (()~tumelro, ao con-
Identifica~.1(J IIned lJ ta do bruxo , poi s cste pode 'ler per~uadido a interromper
tI Mio, e ,1c.llm,H resse ntlm e nt o ~ e fa ler com que o bm~l.l) rdire ~ua blUl an.!
sua bruxaria antes q ue as coi~as ~e agravem. Se a caça esc.a~seia no final da es -
pOI meio de UI11 pedido cortês p ,l ra q ue cesse de mole,tar . ua vitima 3 partir
taçao, {> inuttl de~co br ir O!i bruxos quc a espantaram; Illa, no auge da estaçáo ,
d,lquL'l e mome nto . Por ou tro lad o, ~e Ulll bru \.o recu\ar-,e a atendt'r a um.!
a IdentJficJ~ao do~ bru xos pode assegur.!r Ulll bom resultado. Se Ulll homem {-
sollcltaç .lll fell ,1 nos te rmo \ tr,ld icionais, ele perdera pre_ tigil), e t ra admItIn-
mordIdo por um a (ohra \'enenosa, ele fica bom logo ou morre. Qu,lJ1do se
Lura, de nada adlJn ta ( omultar os or.1culo$ par.! saber () nome do bru xo re,
do ,1he rtal11l ntt' sua CulP,l L LlHrer,í gran' fiSCO, rOi .
e ....lU, Ir a mort u
ponsá\(~1 peja m ordld.l M as se UIIl homt'1l1 Lli doente, e a doenç,1 promete SL'I
\ Itll11 ,lS ~ofre r,1 In e\ It,nel let.l l i,l~ao.
ena edemorad.l, então se us parentes hU\lJm o bruxo re~pom.I\'l'1 P,H,I que.l
balançil pese ma Is do 1,ldo d.1 LUTa que d.l morll'.
i.lÍs ad 1.111 t e e phC.lI"CIl)( " .Imallura pd a tlllJ I OPU,lI1l li o r.1Cldos. Aq ui
*alaremu ,IP nas do, vCTedi ctos como p.H\c do m eLan lS II10 SOL 131de L o n t ro le N,\O >l' d eve il11,lgin,H que os Az.lJ1dt' dll1\ultem Ll ora :l.lJ li

d b uxarl. I eViden te q ue, qu ando um bruxo l (it'nulhlddo pelo> ol .llul'h, mo or,lodos 111,IIS b,lr,llll~ t' ,1u'''I\'tl\ p,n l]li ,1 Ic]lItr ,iu 1 i II t 11m
, ",

\ Id.le < url,1 delll,lI' p,lra e,t,lr , clllprt' ,I n)ll~l d tJr o r,\< Ul(h, e ,Ikm dISSO, par.I plJl)J e Jl O~ ,II1 OS de (o l1 vivéllli J . NeslL' C.hO , <I vcredld<> ad\cr ) do ur-i ulo
ljue? H.I el11l're bru",ln.ll"lr .11, t' Impm'l \ d t'IT'ldil,I· I,1 da \ id.l L1m hnlllL'1l1 eu \"(l lVl' LI J1l p rn u: ....o 111 ,11 \ tO Ill plexo, p<ll\ 11111.1 J( N e ll1 nao <. 11m.! roçJ de d LI
, empre t.llll1JJlllgO .. e n:wl'nde esl .lr II lem po lodo ,I d enuIlLi,i 1m por bru " J SIll ,1 Olllll11 \ itl O d e 111 0 1 ad ia; e 11 ,10 '>l' pode interrogar o\orac ulo, wbr um
n •. [. prL'd' o aprender ,1 (on\ i\ er COI11 o ri 'L O. Po r is, o, ljualluo um 7dlld e dl l . . élie de l11ul he res como é poss ívt:\ fM e r .J re'> pelto d( lugare'ó no ma o O /.ande
que detennin.lda pt'rd,lljul' sofreu , e deve à blU"all,l, de c,>la sim pl e~ m c n te de\e ,lq u i de.,> co hrir quais bruxo \, cm part icu lar estao amedçando seu futuro
n Jl1If...,tantlo SC'I desapontamen to p(' r meIO das nl,llllfes t.lçôes ll\ ua is que (;"1'>,I I11 (,l1 tO. pa ra então persuadI lo,> a Lessarem sua animOSIdade contra
tal ' , itua\() ...s e\ OC31l1; não se de\ e supor qu e d e estei,1 ... nHKlo ll .l ll11cnte ,Ibal.l - DepO IS d e ter (o ll ve rs,ldo com 05 bru xo s, deixa a\ loisas e~fnarcm um poJeo
do, ou que vai correr para de.,cobri r q uem .. ao os bru"o, respom,ive l'" por ~ L' U e en t,10 vo lt a a consu ltar 0 5 o r.ícu los pa ra sa berse ainda há perigo a vi ta, ou se
mfortúnio.l:m nO\l'llla por (en to d m casos, nada fa l. !:.1e é u m filó so fo c sabe () ca minh o est.l limpo para o casam e nto. POIS é inú til caSdr-se com umAjo\em
ljue, na \Ida, o Illal de\'e ~cr a((~lto Junt o lo m o bem . q ue, sabe-se de antemao, vai morrer se desposá- lo
O lande sÓ comulta orác ulm e ad ivinhos sobre a brm.aria quando sua Cabe observar qu e, quand o um za nde afir ma que um empreendimento
'>aude é afetada e em seus empreend im entos 50uais e económicos mais sé rios. es tá e mbruxad o, e le pode estar mentindo . Co m o não se L'spcra que alguem
bn geral de Os comulta a respei to de pOSSI\eIS infórtún ios vind o uros, pois cumpra uma o brigação se isso acarretar d esastre, o jeito mal fácil de fugIr
...... tá preoLupado sobretudo cm q ber se determinadas emp re~ as po dem ser dela é di zer que o s oráculos in formaram que você m o rre rá se insi tir na em-
lI1iciadas (om ~egurança, ou se já eXIste alguma bnl\arid ameaçando -as mes- presa. Ninguém po d e espera r que vocé corra o ri sco. Em vI,ta disso, as vezes
mo ante:: . . de come~adds. Por exe mpl o: um homem de~ejd elwiar se u filho pdra abusa-se da boa- fé a lhe ia. Se você não quer m a ndar seu fi lho pa ra ,er pajem
ser ed uLado como pajem na co rt e do rei , ou deseja fuer um,1 viagem até os na corte real, aco mpa nha r um amigo até os Bo ngo, dar sua filha em casamen-
Bongo, ao norte do reino de (,budwe, pa ra conseguir carne o u ó leo da árvorc- to ao homem a que m você a prometeu, ou d eixar sua esposa \'i~itar os pJren-
ma nteIga; Os projetos podem tl! rm inar em desastre se a bru xa n ,l os ameaça. tes, b asta- lhe alegar q ue os oráculos pressagiam a morte como resultado
Caso o oraculo d iga q ue ta Is pro)etos não são auspiciosos. ele os abandon a. desses empreendimentos. Esses circ unlóqu ios, porém, permitem-lhe adi ar,
Ninguém o censurará por ta l desi~t ência, uma vez que se ria sui cídio prosse- m as n ão fu gir definitivamente d e suas o brigações; as pessoas com quem VOL e
gUir quando o oráculo de \'eneno pronunciou um veredICto adve rso. Nos está co mp ro m etido - o rei, o a mi go, o futuro genro, os sogros - , todas ela ,
exemplos citados, ele tan to pode desistir de seus proJetos q uant o esperar um irão con sultar os próprios orâculos para venficar a a legadas declaraçãe do
ou dois meses, e en tão cons ultar nova mente os oracu l o~; aí talvez eles forne- se u o rác ulo . E m esmo que as d eclarações dos oráculo delas concordem com
çam um ve redicto d iferente, pois a bruxaria pode não mais estaI a meaçando o qu e você mentirosamente afirm o u se rem as declarações do seu oráculo, is,o
seus pla nos. LJm ho mem pode all1da , digamos, desejar mudar sua resid ê nCIa , o liberará de su as obrigações ap en as por algum tempo. As pes~oas em oh"idas
semea r sua prinCIpal roç,l de e1eusina , ou cavar um foju para caça, e co nsulta logo tomarão providê nc ias para descobri r o bruxo que ameaça seu futuro, e
os o rác ul os , o bre os locais mais mdicados. Ele pergun ta: devo wns trulr mi - quando tiverem co nve ncido esse bru ma retirar a influência, você \ai te r q ue
nha casa neste lugar? Devo preparaI este pedaço de terra para I11 l1llu pl .1I1t a- in ve ntar o utra d esc ul pa. Assi m , Y~ m os que os oráculos são m eios de lmpor
çao de ele usina? De\'o cavar um tojo neste pun to' ~e o o rác ul o ue ve ne no se compo rtame ntos, mas ~ u a aut ondade pode ser impropriamente u~"3da pJ.rJ.
Sl' fu gir ao d ever. Não o bstan te, ne n hum ,ande afirman.l que um oráculo
pronu lI Lia contra uml(llJI, ele pode pl'rguntar ~obrl' ou tro,>, até surgn o vere ·
dicto de que um dcles e ,1lIspiuo., ,, e lJao ha\ l'fá pL'rigo p.1I a ,1 ,.lúdl' dL' W.J 1:1 di sse al go difere nte do q ue rea lme nt L' d Isse. Se um ind" iduo qu er J11tntir,
Imlia ou para II sucesso d,l empre~.I. I>C nada .Idianta t'sfal far se em comtruil prete nd e te r o bt id o u ma ded araçüo orJCU I,lr sem ter dL' fato \. o mult.ld t) ora-
uma nm a rL'sldl'IlClJ , derrub.lr ma to pM.I .Ibr ir dS flI\<lS, ou C.1\.t 1 um fOJo \;11 n do .llg um .
go e fundo p.lra elefantes se ,I pesso.l s.thL' que a emprÔJ l"s t,1 ulIIdt'II,ld,1 ,1I1tes
mesmo de começaI . t,e a hruXima ,I',~t.'gu ra de JntLln,lO o fral,lsso IHlI qlll'
n, II es,-olll cr o ut ro ~ ItI O, IJO <tu,11 o Lslor~() ~(llhLlá ~cu justo prUlllot Lili ho
3
mf m que r L< S.H CO IllUIIl.! Jovem e (ollsulta o or,ILulo de \'enello p.lr,1 <"tlll'r se Em geral o lande comulta m orautlo s ,1 res peito d e 'lU prnpna SJlId 'entr,l
o (.d~al11e llto , era um ~U(L'l>So, ou ,>e.1 C~pO'i,1 IlllllTt.'r.í ll11 '>U,I L.I,a logo IlOS el1l Cllllt,tto lom os bru\os segundo Lcrt,ls etap,lS l os tulll ... ira , ) I Jrlnt u
\ l' /IIf IlO 1ft lu lurll/;1 t. hUSl.fU"
"
a famtli,1 de um Lh)cntL' dL"Lohnl,Jl) qucm (l est,1 embru\,mdo e \OIILlt,H,io do h,i outro\, ek\ develTl efltdo descob ri lo,> ate qUl o orá, o dI" n ,h r
bru o que (e"l' '"·U I'llKl'dimcnto . l\ la, mUitos Aza llde quc est,jo em pu telt,1 111,11\ nl:u.'\ \ ld,lde de pergunta" pOI S el es l tdOdl Pl l se do nom d t
',JULie co tumam llltl\ult,lr um do, or,lllllos no inICIO de cada me, p.1I ,I ~,I bcr b ru xo.\ q ue CdU\M<lO a doenç,1 do l!JIIsul en tt. f vldenten 'nt I
LIHl1,le,t,lr,1 '>ua \,Iude n'lqude período; pude notar que, em cada lomu lta,Jo uma sén e d e c()nsu lt a~ cm v,íri()~ dias CO!l e,ut l\'O ,on um1Jldo hor
or:Jculo de atrito, um homem q ll'\~e im anJ \'elmente pergunt,1 \e mor rer,l preparati vo~ e na exeuu;ao. ~I a~ um zande não con\ldcra e<>1e um tem per
cm futuro próximo "e o 1l1,iculo d l\\e r q ue alguém esta ame.lç,llllio , lI ,1s,J ud e dido, pOI S est,í proc ur,1J1 do ev itJr male:. e desventura, ulvez ate d mort qu
e quc ele morrer,i em breve, o home m \o har,l para ca~a ab,ltldo, poi~ m A7.1 n- seriam in evit áveIs em quaisquer ()utra~ circuns táll Clas.
dc n.1O dissimulam ,ua ansiedade em t al~ circunstâncias. O maib alegre de Um ho m em q ue está realmente doente, e não apena apT n, o com
mcu\ amigos lande fiL'ilfia depfJJl1ido até que tivesse anulado o veredi cto do Cuturo, muit as veles se recolhe a uma cabana de palha no ma o onde pode
oráculo, t~zendo com que o bruxo que o ameaçava se aqulet,lsse. D uvid o, esco nd er da bruxari a. E a parti r desse abrigo secreto q ue organtza ua de
contudo, que jamais algum zande tenha mo rrido ou fic,ldo séria e demo rada - Pede a um parente prÓXImo, a um gen ro, ou a alguma o ulra pessoa em quem
mente perturbddo pelo conhecimento de q ue esta\a embruxado; nun ca depa - confie que consulte o orác ulo de veneno em seu nome. Essa pes a rua ao
reI com um caso de morte por sugestâo desse tipo. oráculo as mesmas perguntas que ind iquei acima, ~al\'o q ue, .agora, o que ~
Um zande que está doente ou fo i informado pelos oráculo\ de que esta pergunta é quem está realmente prejudicando o d oente, e nao quem Ira fa-
prestes a (air doente \empre dispôe de meios para enfrentar a situaçâo. Consi - zê-lo no futu ro.
dcremc):, a atitude de um homem que est,) perfeItamente bem de saúde, mas
Eu disse que os Aza nde co nsultam o oráculo de veneno, mas o prO\j\d é
qu(' ,\ abe de antemão quc irá adoece r, a menos que reap à bru \ ana . Ele n<io
que as pesquisas se iniCIem com uma consulta ao oráculo de atrito, o qual
(OI1\'o(a um curandeiro nem toma remédiO" mas todo o res to de seu co m-
apontará, d entre um grande numero de nomes, \ ário, bruxo.,; que podem ser
portamento ritual é o mesmo que seguiria (aso estivesse rea lmen te doente.
responsáveis pela doença. Se o homem é pobre, ele vai então colo.:ar os nomes
Ek proLura um parente ou amigo que poss ua algum oráLulo de ve neno e pe-
~elecio n ad os pelo oráculo de atrito diante dos o rác ulos das termita, . mas. se
de-lhe que o consulte cm seu nome. Apó~ conseguir algumas galinhas, ele e
conseguir o bter veneno oracular e galmhas, utilizará o orá.:ulo de \'em'no.
beu amigo esgueIram-se para um lugar sossegado no mato, onde realiza m
uma se~são oracular. O hom~ m cup sa úde está ameaçada trouxe consigo uma Não quero entrar aqui nos complicados d etalhe técmco~ do ora ... 1
asa da ave que morreu como prognostico nefa sto para o mês entra n te. Coloca m as su po nham os que o or,lc ulo do atrito tenha escolhido o nome do brw o
a asa no chão, diante do oráculo de " eneno, para mostrar concretamente a res po nsável. q ue o o raCldo de \ eneno tenha contlrmado e 'se \'eredi.:to e que
e.,te a natureza das qucstôéS que lh e i>erão colocadas. Os dois am igos d Izem ambos tenham declarado que apenas .Iquele homem está causando .1 d en a
então .lO o rácul o de "enen o que desejam um prognóstico mais de talhado do sobre a qual se b usca Il1formaç<io . E:\lstem entJO dua~ linha, de a ~JO a na:
que uiá di\pnnível, q ue vieram apre.,entar certos nomes thantl' dde e quere m ,10 d oe nte e seus parentes. Desu everei p ri meiro ,I meno, U\ual. D em
saber qual dessas pe "OJ S pretende prejudIcar a saúd~ do consulente. Tomam lembrar que o~ Az,lI1de precisam e\'ltar uma brIga aberta .:om ti oro:
ti , poi

de uma ga linha, em nO l11e de uma pe'osoa , de .. pejam o veneno em sua goela e ISSO ~Ó o irnt.lria mais, e [<lh el tl zesse com que ele le\"a ~ e o doente j m ne; d,
pcrguntam ao oraculo d e v en~ no se é e~ ..e homem () bruxo ou n,Hl , Se o Orál LI · qu,tlquer forma , isso en\'o lve na os a g res~orô em 'éria~ difi.:uldad , _ d.US L
lo dl7 que aq uclJ pessoa ('JJ1 partÍLul.u nada tem a \'l'r rom a s,lüd e do COl1\U · ,1Ié legai s
lente, ent.lo tOIllJJ11 de UJJ1a ,>cgunda g.llinha , em no III l' de UJJ1,1 s('~und ,1 ~ e ndo ,1~ S lm , l'le\ podcm til' Áll htl , proferir UIll,1 ora -jo publka, Lm
pe ~()a, e repetem (J testL'. l)ualldoo ol<1culo J11dt.l uma .IW hg,ld,1,10 nome d e deLl,lram \,Iber o no me do bru\ o que est,1 preludi.:ando o p.lf~'nle dei _ m
um homem, ou ,>eja, deLlJr,1 que t' este u homelll que "ai l,llI S,H ,I doeJl \ ,1 do que n,1O qu ercm d e~ m ,l \l,lf,I - lo e, lll lll I S~O, emergonl1.l-lo; pllrt.lllt , ,- m
consulente no me q lll' ((1111('\,1, eles cntau pt:Jgunt,ul1 \l' e .. 1l' e o únl l O bl U \ O c~ t ,1O I l'spclt andll, cspera m qu c ele re tribu,1 ,I gcntill'7.1 Jti .llldo u 1'. r:'lll
J .lme.lçdr ~eu hL'1Il estar, ou se h.l outros no hOJIIOllte. "e () or,Ít ulo dil qU l'
l'm P,1I hsl' prOLl'dlll1 Cnt o c l's pcuall11entc aJcqu.ldo qU31hio n bru n um
pes\(),1 liL> pllsi~,lll sol ial qUl' clt', Ilan desL·J.IJ11 .1lmntJr, ou .Ikuem LJ
d,ILo nsl dcl .l\,1l) l cs tlm,1 dl SL'U, llllllp.l1lht'Ifl), , de 11.10 li. j.lm hlUn Ih r.
U bl U\O lom prú·ndcJ.I pl.'l,1 OJ.I\.1l1 qUL ,<' Ir,II.1 ,id , L'nqu III,) 111,11
h l'lt",,,1S .II IIIfp"IiIIIO hflullm () I rUl "Cre ,,"" (

continual.1O ignorJnJo ~\I.I idcntid.lde. () dbCur~(l e pronunciado cm cslilo con hecer o vcredlcto do or.KI!lo de atrito, <...ISO contráriO (.olocam o, nome
dr,1Il1.ltlco, logn JLl'oi, do pór-dl1 '010\1 ao Jlvorecer. O orador ,oh\.' num ni - ,deLionado.., por esse or,iLl!lo diante do orJ{lllo de veneno pOIS C'>te e on j
n11l) de t\.'nnitJs e 1.1Il\-a um gnto agudo: "J ia i! H.li! Hail", P,H,) atr,1II ,I alenl,-'lO dcrado o n1.1l ' (hgno de con fiança, e cm ger,II a denúnc.la de brux(J~ o e feita a
do~ \ lI111ho,. ToJo~ acorrem il11cdialamente, pOIS e~,c grito é O mcsmo que se pall1r de suas declaraçôes. O orác.ulo de veneno pode apontar um ou ano
d.1 qu.lJ1du dlgul11 anim.11 é a\"l!>tado, nu quando um homcm .1rm.ldo é desco - bruxos como respon sáve i ~ pel.1 doença, ma~ o procedimento e o me mo, <>eJa
berto dL' L'mhn'Lad.1 no matagal O orador repete seu gn lo v,lrias veles e en!<'io qual for o número de acu,ados. Corta-se a a~a da ave que morreu qu,lOdo e
dila ,l'lI\ OU\ 1I1tl'S ljue não 0 por GIU,a de um .1111111.11qUL' os esla chamando, enunciou o nome de um bruxo e esprta-~e ela num grdveto pontudo, arru
m,IS ,im porque lhe~ qul.'r fal.lr de bru:-..lIia. () textll .I'egull· é um exemplo do mando as pena~ em forma de um leque, que os consulentes levam para Cd>J.
qllt: ,I.' Il a".I ; ,IPÓ\ a sessão. Um dos p3rent e~ do doente Ir\'3 a a\a entao ao delegado de um
príncipe - nem sempre um pnncipe e tã ace!>sível; alias, ele não go taria de
H<1I! l!ai! Hal' Não e um ilnilllJI, Oh! Nao e um ammal, Oh! I:u hoje Lon sultei () ser importunado com qualquer pequeno caso desse tipo. Um delegad nào o;e
nf.!Lulo de ,unto, e ele me di"e que a4ude~ hOIll\!ns que eslao mal.mdo meu pJ - importa de ser de vez em quando assediado com tais pedido\. Embora OJ.O re-
rente nJO ,',t.lO longe, de~ and.llll por perto, e que ,.lo ôses meus VIZlIlho, que ceba honorários por esse trabalho, as solicitações são um tributo à ~ua impor-
eslao mJlando Illeu p.lrente. Agora eu quero honrá-los, dizendo .1 todo~ \'oLês tância, e assim ele tem prazer em atendê-Ias.
que n.lo Ien:IJrei s('u nOllle lo nome do brm.o I. ]\;,10 ° denunciarei. Se ele tem
O mensageiro deposita a asa aos pés do delegado e agacha-se para mfi r-
Oli\ Idos, ouvira o que l·,tou dizendo. Se Illt::U pJn:nte morrer, eu (,IreI magia, c
m<Í-lo do significado del.1. No est ilo zande, ele começa bem do prinCipIO, LOn-
lnljoalguclll nWlfCrJ, L'IllL'U n<1I11C !icar.l IllJIKh,ldo porque guardei silencio. E
tando .10 delegado C01110 o parente ficou doente, quais foram as declara"ões
plll I."" que l'stou Ihc, dlll'ndo qur, se I11~U 1'.llcnll.' 1I111ttnuar dornl~ até mor-
do oráculo de .Itrito e finalmente qual o \t'fedicto do oráculo de \'eneno. P de
fl'r , LLIl.lIlJCnte Ie\'dàrd OIl"Illl' de"e homem, p.lra que todos o s.lÍbam. Desde
então ao delegado que emie alguem com a asa para notificar <.> brmo dequeo
qUL' ~ou \ IIlnho de \"ll«:~, IIUII(.1 senli loblça pdo qUL' lêm em SU.I" (a'oa~; nunca
oráculo de veneno o denunLiou e pedir-lhe para de\i ttr de péf eguiro p.ueo
nIuslleJ ma \ OIlIJOl"(ontr,1 honll"lI1 nenhum; IÜO Lom':ll adultério Lom a e~posa
te em qu estão. E pOSSI\'eI que os interessados entrem diretamente em contato
dr ninguém, lidO mJtel o filho de ningu~lll; n:io !<Iubei m bens de oulros ho-
LOI1l o bruxo, sem o intermedlO do delegado do prinLlpL, ma~ . e a.jm fize-
IIIlns; não fiz nenhulllJ des~.ls (OIS.1S que de'pert.HIaIll o rancor de um homem
rem , pedirão ante ao orüculo de atrito que escolha um men-.ageiro adequado
Ullllra mll11. (lh, súdltos dl' Chudw ,VOles sao llle~1I10 hOllwn'o d~ m,i vontade!
para tr,ltar COI11 o bnl"\.o. E mais avisado que eles atuem com a intemledla.:ào
Por 'Iue esl.lO malJndo II\< u parl"IlIL" Se dI: la .llgo de mal, de\'I,11ll ler "indo a
do del egado do [lrlllLipc, LUj,1 posição oficial d.1 peso J ,Içáo ddes O dei ~.ldo.,
mllll, di/L ndo: '<;l u p.lrellle I'IOVOCOU \'ing,l1lç3 ulnlra ~I mL'mlO'. N,lO .1."assi
11':111 IIllU p,lIelllL' I !li a~~lIIl qUl' f.tll i. I'.tll'i ale dl·lll.l1~. !'.n.1 o hOll1em que t~111
pOI ~u a \ ez, mand,1 um homem entregar a a,,1 de g.llinha .10 bru"\o; o m n~­
0\1\ IdllS, h.l\la lfU se dlg,lIl1 UIlJ.I~ poucas p.lla\ r,I\, L' de .IS <,slul,l. I Jepui, do que
gl.'1I0 deYt' em 'oeguida leI.lt,lr o comportamento do Dnl"\o .10 rect:b2-1a. l.b
IJlcII'JI.1 \OlC"lJJO \'OllIIlJI sohre'c,1I1" g.lIl11l11h.1 hOL.1 111,1 .. daqui 1'01 Lh,lIltr ,Int es de envi,lr ,I ,h.1 ,10 aLm,ldo, o deleg.llk) pro\'.l\elmenlL' ~Llt1UIt.1 o r.h 1-
iiI' HllalL'1 quel1J ~ SSl ""I1Il"1I1 l l').POltl _eu loSlo. lodo, VOlL'S OU\'il.lIl1 belll
lo de ,1Irito par,1 "Iher quem ~ ,I pessoa m.lIs II1diL,lll.l p.lr.1 .1 mi, 50. f: b m
Inll1h.IS p.1IJ\'1.1'. I sl,\ 11l1ll1ll.I<lo. l1.m tomar deLi,,)o algum,1 nesse~ .!s~untlh sem .1ntD Llhtll lImJ dt'Cl.1ra .io
01 ,IL ul .1I sobre ~L'U SULe\SO 12U.lI1dll o ddeg.ldo ,e .Iswgu m, pelo <lr:kulo d'
SL' o hruxo Il<lO IIL.II Ul[J\ efludo por 1I1lld ora~.1O dL's,a, dL' que dl'vL'le., atlllo, de qUL' dL'tl'll1l11l.ldo hOI11L'11l ~ um mL'I1~.lgello .1l1,PKILI l). c!L- o :ie, (1.1
sal 'iu.l.,.H I\ id.lLk~, 11' pa Il'll te .. do doen Il' IL'UlI Ir !II ,I UIll P!()Ll'S~O q ue é gCI ..11 d1.l Lom ,I ,ls.1 de g.dlllh.1 p.lr,1 .1 I L'SldenLl.I do hlll\.O, \Ll ,h<:g.lr. llmen • l"elr:'l
mente em[lll'gddo logo dL·lll)i., qur () III ,IL ulo dl' \ L'llel\O o ident lIiulll, ~em ser deposl t ,I ,I ,I S,I 110 L h,h), lkm t L' do b ru \.0, t' di ,1111 plcSI11l'n It' 'luC () ctd<"t,.h o
prcudido por li II \.1 UJ,I~.I0 PllbhL,l.l'oi., 111\1.1 O!,I\;\II só L' fell,l,e jl,\!l'Ll'r tlI,li, l'l1\ 10U pO I L,llIS,1 d,l duel1\.1 dL' lul.lI1o dL' 1.11 l'k tra!.lll brU"\ll úHl1 rI.: I ,\to
(oJlH'nientL' L' tl"L'! ~Id(l prL\'I,1I11entl' .lll!llllz,ld,1 pe!Olll.lllllo de .1\1110. () 11Im L'~IL' L' o LoslumL, L' .11111.11 n.ld.1 d.lquilllL· da 'u.! ,,)l1t,1. QlI,l l' im.ln.nd
IHoLcdimellto 1I0rm.ill llllo ,\I \I~ 1I01l1l'~ dl' t()d(l~ () SlI jleito di 1I1tl do (lI ,í IIlcllle o bru\.o rL'pIiL.ILorte~IllL·lltL' que n.iL) tem úHl LI II< i,1 de t 'f I'rll Idl • -
ulo dt atrito l' dtlx.1! qlll l·k ScllllOlll os llilp, do\ li 1c1l'lIll,IU Ido.1 t!Ol' ll - do Ilinguem, L qUL', 'l L' \l.'rd.ldL' que kl 111.11.1<) hlllll< lU l m lU" t.lll " nt
,I '-" Un. ht) !li l i 11 L.,1.1 gl.1\ l IIIL III<." L'lIll r I1Il1, 0\ p.Ill'1I tes Il1Iull.l t.lIIlL'11 te d.1U .1 mUltI); e que ~l 101 \llllll'llIe dl' qUl l"I.II'c'tlurb.\Ilcl,) <. 'hOI\1'III, l lU t .1
~< l/I""" d,' ",r"rlllll/OS busca",,, bruxo mtre m""

\.erteza e\te \ aI reLUperJl-~c, pOHluC' do fundo de ,eu cora.;,\() ele deseja toda
su!to a seu mensageiro é um insulto ao própno prlnclpe;eas IlnolCllÇlÇ.,ee",.z_~.·
.Illdc e feh(ld.lde para o doC'nte; c (.(lmo ,inal de ~ua bOa-\Ol1l.ldc ~()prará
agua. Pede.1 e~po'J um.1 lah,l~a de agua, tOll1a um gole, enxagua a boca com
eI.1 e dcpoi\ ~opra-a em cl1U\ ciro fino ,obre a ,I'a de galinha a seu~ pés. Em se-
bruxaria, que tornam o procedimento vantajoso para ambas as pai"
Mas, se o veredicto do oráculo de veneno é sufiCiente para dia ••
antemão qualquer negativa ou oposição. é precIso ser capaz de pro+m......
r.
guida declara em \'oz alta, para que <) men ageiro ou\-a e comunique suas pa-
lanas, que se ele e um bruxo. ignora\J tal condição, e que não está fazendo declaração oracular válida. Se um homem acusasse outro de bruxaria
sear sua denúncia num veredicto do oráculo de veneno, ou pelo metJ05 110
scat"
mJI ao doente pur querer. Di, qut' esta interpelando .1 bruxaria em seu pró-
pno ventre, ~uplila11do-lhe que 'e lornL' fria (inativJ), num apelo que parte de oráculo das térmitas, todos zombariam da tentativa. e talvez ele até sal. . ma-
seu cura~.j(l. e 11.10 .Ipcna de SUIS lablus. chucado da história. Por isso, os parentes de um enfermo em geral conmam
alguém que nao seja da família para estar presente quando consultam o ora-
O men~geiro uJl.1O retorna ao delegado, conta-lhe o que foi feito e o que
culo de veneno. Essa pessoa poderá. assim, atestar que o oráculo foi rca1mcnte
t~temunhou, e o delegado informa .10 parentes do doente que a tarefa de
consultado da maneira correta.
que o incumbiram foi de empenhada. O mensageiro não recebe pagamento;
seu sen'iço é (011 iderado um ato de cortesia com o delegado e os parentes do ~;lmll)as as partes nãocriar animosidade recíproca
doente. A \ Itima e seus .lJlllgll~ esperam .111 iosamente alguns dias até saberem &Ol=Ui4~ ~:YerKiojuntas., como vizinhas,
"efcitoda entrega da a .1 de galinha ao bruxo. Seo doente mostra sinais de re- .~nc de mteresse mútuo que eYÍ-
Lupera'rao, eks enaltecem () orac ulo de veneno por sua presteza em revelar o _epltiB'lenl:O por uma razão mais imediata e direta..
II 0111 e do bruxu . assun, ter pemlilldo o restabelecimento do doente. Mas sea )IQj~io é colocar o bruxo em boa disposição de ânimo
doença per!oiste, ele illlClam urna no\ a rodada de con ultas ao oráculo. Agora tMJ:.~unen1to cortês. O bruxo. por sua vez, deve sentir-se agra-
desejam s.lber ~e o hruxu estava apena simulando arrependimento e conti- ~'Id~,o às pessoas que o preveniram tão educadamente do perigo
nua tdO hostil (omo ant • ou M!, ne~se meio tempo. outro bruxo entrou QJ1 .ât4l~UTendQ. Devemos lembrar que, como a bruxaria não tem existência
.. ena pdrJ uKo11.udar eu parente e agravar-lhe a doença. Em ambos O'~f9l~
a aprcsc11tafrdO formal de asas de galinha continua sendo fCltacomamtJd'.~
do delegado de um prmLip . '
_da
~~11QIh4Jmlem não sabe que embruxou outrem, mesmo quando tem cons-
de que lhe quer mal. Ao mesmo tempo, acredita firmemente na exi -
tência da bruxaria e na precisão do oráculo de veneno, de forma que, quando
. Embora 110 pa sado os pnncipes por vezes tenham toIQadomrdidN II)8IS o oráculo diz que ele está matando um homem por bruxaria, ficará pro-
dra tlcaS para garantir ~ua própria segurança.osprPCe!d,"leatOladmiJ~- vavelmente agradecido por ter sido avisado ii tempo. Se o deixassem matar o
tos ao de uso rotineiro em cada seçao da soa. . . , . , . MltaçOe$ de homem, ignorando o que fazia, ele inevitavelmente seria vítima de uma
doenÇ<l ..Al>. chances de uma açlo vioJenr. do e.ofenno vingança fatal. Pela polida indicação de um veredicto oracular, feito pelos
~ao oulllml7.ada pela rotina
dos de agir e tabelecido e de valor
mUIto raramente, em atuar de outlQ • •,.
_u.... __ _
FeRdo cues mo-
r_··,N1VO
parentes do enfermo ao bruxo que o fez ficar doente, salva-se d \ida tanto
do enfermo quanto do bruxo. Daí o afllrismo lande: "Aquele que sopra agua
não morre."
Essa máxima refere-se a açao de um bruxo qUdndo sopra um jorro d'agua
de sua b()~a sobre a a~a de g,llinh.1 coloc.lda .1 scus pés pelo mensageiro de um
delegado. Quando o bruxo sopra .ígua, ele "esfria" sua brux.uia. Em razão
desse rito simples, garante que o enfermo ~e recobrará t' que ele me mo e -a-
Além do comportamento cor"" umetra, tendo p.mí d.1 ving,I1I\.l. Porém os A/.l1Ide ~ustent.lIl1 firmL'lI1ente que a merd. \-3 )
portanto a natureza compulillhiule ".ldehabilu.t. exiStem outro fato- de sopr,lr água n.\o tem v,llllr ClIl si, (aso () bruxo 11.10 deseje si 11cerd mente que
res que contnbuem para ........... • srandt autoridade do orálUlo o doente SL' reLupere. (,OJl1 I'SO ,ISse\'L'r,lIl1 () l.u.íter l1Ior.11 e volitho 1I.1 bruxa-
de veneno mútil P declarações; o mprego de inter
I ia. I )i/l'llI: "Llu) homem de\'l' \oprar .ígll.) ~OI1l II lora ao. nao .Ipt: 11.1 lO11l o
medaanos entre ,..... de encontrarem nu decorr r de láhios", e que "slJl'r.1r .lgll.l d.1 hOL.I 11.\0 eIlLL'rr.lll,lssunto; 111.1 se ,\ agu.1 \ m
todaaq deumpnn Ipe, ~toqUt UIJIIll- d,1 barrig.l. eI.) esfri.1 o (Or.I,.ltl, (' L·,te e o \'cld.ldciro soprM .Iglld."
'1"

1.11 proLe"o de umlr.! .11 qu~ a bruxaria que de.;cre\l e Illlrm.llmenle l' m brU'l.ll.ll.lL.l Ulll hOlllem qll,llldo 1Jl()1J\,ldo por udt I , IIl\{JJ (!Um'
ulllllado em -illia oe de doen~a. ou qu.mdo (l or.1ullo prcdll docn J p.lr.1 lOh l\.I. hn gCI.ll. se ele n.io ~enl e mlllll/ade por uma pt. II.I n30 a ,ll .. ura
um homem qUI: no momcnto Iode c,lar em perfeila , aude. l le 1.lmhC'm e I'nrl.lIlto, um 1.1I1de que ",fr,' UIll IIltortunto imc(hal,lmtnle t"pCLulJ obr
u'),ldo para o in,uce"o na La\a ou cm oulr.1 aliyidade clOnÚ m lcJ, e,lela ,' ,tol quem lem probJbllld,lde, de Odl.1 lo, l-II' ~,lbe mUllo b~m qu~' outro ">t:ntem
em c ur'o ou ,eia planeladd quando O~ or,l( lll(l~ rredl7cm ..eu f r.lca~so ,lI1le(i- ,alis!a\·.lO Lom \eu\ proh\c lll a~ \? \oln m en tos, 1I1\eJando mJ boa o,()rte. FIe
rad.l1nenle. ....em dU\'lda .1 grandt' m.liona de as,l~ de g,llinha .11'1 e,cnl.ld.h .10s ,.lhe que, ,e ficJr riCO, 0\ pobres ir.lO odi.I -lo; que 'e ublr de po i~a , ')oLlal
bruxo~ \.ln por moll\ o de L.\,O de docll\a. Enqualllo (l doc nle (llnlll1u,1 , '1\ o,
seus IIlfe n ores lerao 111 \'('1.1 dc 'U.I ,1lI tond.ldc; ' e é bOIllIO, que o~ menos fa o
sem parente, ratem todo~ os t:,forç(1~ polido, par,l per<;u,ldlr 0' bru ... o~ re, - reL ldo\ te r.lo ci um e d e ,UJ .lp.HcnllJ; , e c um ca~.ld()r, OlU kO . IUlador ou
llr.ld nr t,l!en lo,o, q ue saa ob}l: tn da m.l \ onladc dI)' menos dotado e 'ie tem
rons,h'els a de\lstlrcm dl ,ua preda(Qes nolUrn.l', té .ll ncnhumJ inir.l\,io
01' bnas grJ ça' d t' seu pnnL i p~ e d e scu, \ Izinhu" que serJ delt' udo por '>Cu
legJlmente rcconheuda fOI comeltda. 10rrendo o docnle, porem, a 'ltu.I".io
pre\tl gHl e po puIJrid .lde.
muda ,-ompletamenle. pOI ent o ,eu~ parente, , e " êem Lompelido, a se \ in-
Nas tarefJs rolineir,ls d ,1 \'Id.1 h,l m uil.l oportunidJde pJr.1 atritos. Dentro
gar Interrompem 'e lod.\ .1 negona oe, com o ' b ruxo- e tomam -se pnn i-
do grupo doméstico. '.10 frcqu ent es .1' po so;l h iltd.ldt'<o de IllJI-estJr entre
denLias imediata~ par a a exeL u ao dl 'lIlg.lIlça.
marido e mulher e enlre co-esposa\, em fun ..·.io d a dl\'IS.IO do trabalho c d o
ciümes sexuais, Denlre seus "i7i nho 'i, um ho mem r\lde e,tar u~rto de ter im-
migo, IJnto secreto, quanlo d ecl ar.u]os; tal\'ez tenha hJ\ Ido d"puta .. , ob re
5 .irt'J' de fllça ou d e L.lça; 1.lh'o tenh,l m ,urgido , uspeilas ,obre JS mtençoe'i de
uma espo,a , lalyez al guma ri\'.! lid.ldt' n,l'> d.lIlça" 1.11\'0 st' tenh.lm pronu n" ia-
1\llIlha wmprel'mao do nlimenlos do Aun d e 'lu.mdo ~mbruxadn s fo i
do pahl\TJS irrefletidas qu e dt'poi, foram rt'pelld.l' .1 llulrüs. Um home m
ludada por umJ partiL.pa'r.!o, .10 menos relatIva. cm e xperiências semeI h,m - pode pensar que certa CJ nçaO 'c reteria a ele. Ou t.l"ez lenh,l 'Ido lIl,>ult.ldo
!t . Tentei .ldaptar me J ~U,I Lultura, levJndo a \ ld,1 de meu,> .1nfitni'ies tJ nl n
ou espancado nJ co rte. O u pode ter um rival dispuI.\nd o o, ti.l"Ü[t'S de u m
quanto (os e Lom enient • Ilarhlhando suas e~peran ~ as e alegrlJs, desâni m os e prlncipe. Qualque r p,lla" r.! n1.lIdos,l, alo pena,o ou immUaLJO SJO gu,lrda -
,o(rim nto,>, Sob multo J peLto , mmha \'Ida era Igual a deles: Lontral suas dm na mem ó ria p.Hol p oslerior retali.1\Jo. B.lst.l que um pnnLlpe demo nstre
doen".l usei de ua fonl d Jlimento e adotei ao nJáxlmo pmsíwl seus favoriti smo p o r um d e selb (ortesaos, um marido por uma ti.h e'pl),J~ , p.\ra
prtlpnos padro s de comportamento, 0111 as resultanles anllzade e in im ilJ- que 0' d esprezad os d eteslem n escolhido. lnuml' r.l' \elt' , ~onst.ltei .que b.ht.l-
de. Mas foi na e~ferJ da bruxan.l que ti ve mais ucesso em "pt'mar como ne- V,l CU ~c r ~eneroso o u apenas multo amig.l\'el (om um dc meu, \'I711lhos p.l ra
gro", ou melhor dll.endo, .. enllr Gomo n egro : Eu tambem me Jcos tumei .1 qu~' ~Ie fj ca'ise imedl.lt.1men IC .lpret'nsinl qu.1nlo ,I bru"',Hi,l ~ e qUJIl.}uer 1m
I eagir ao II1l0rtUnto~ no IdIOma da bruxan. t' trequentemlnle preei,t'1 mI: t'S pre\,\,to q u C' o atlllglsse er.l ,lInbllldo.lll Llllmc qUl mmh.l aml l .llit' dt'sl'crt.lfJ
forç.a l pJIJ Lontrolar meu !ln)\ no apeio ii d r .lLJO. no (Ora~,Hl do.' ,elh \'Il1n ho,
VImo ntellorrn nl e Lomo a bluxJna p'Hltlipa de todo os intortúlllOS. FIl1 gl'l.ll , no ('nt,mlO, um homem que ,lcre:dit.1 que: os \Hltrtls sentem .: iu
Info[\ ulllo e IHu ana ao b,m ment J mesma Loisd para um l..tnde, pois l' me, dl'le n,ío faz n,ld.!. t ontinu.l a ' l' I pnlidnlllll1 todlb e pfllLlIf.l m .lI1td- <
apena em Slt UdÇO ~ d II1f .,rtUI\l f) ou em dntellpalrJO a eI que a noçao de .lmi,tllsO. H.1st.l, porem , que ,urra um infllrtul1lo p.lr.1 ,ILrl'Lht.1 r que Ulll d a
bruxanJ (' e\'owdn. Lm Le rt o nudo, pode se dller que bruxJrJJ é infol tu - quek, homens li embrll'l.oll . l' .Iprt', .. nu ra 'cu s nlHlle, dl.lIlll' d o \~r.kul() d e
nio. que l: melOd o de (.o n~ l1lt.l o ralulard l apre entJçJo de ii J de .I\es é o \elll' IHl poHJ ,.lha qll.ll <' o rt'splln.,.I\ d As llm.,IIIt.I' tlr.llul.lre" :h'l~n .l' 'l.l' n
un J sou,llmenl e pr~ CC lto doi rc I o la .10 IIIfortunlo t' que a nO\JU de lImJ Illl'lll hl,tOrl.l' do.' rl'l ,lllllll;lllllntl" Pl'SSll.li" Plll' cm gCI .llllm IIldl\lduo ' o
.. 11\ idade bruxarid e o ub~tr.lt() Id ologlLl' nele%arlO I ara ddr Loer nua lo ,010L .1 ,h.lIl te do nr,l,ulo os nllme, d,lq lIl'lcs que II pOlkn.lI11 1,'1 prl') 11.1 h. ad o
glw 3 tal re~po 1.1 elll r. ll. HI do.' .t1gul11 .lulllh'CIIl1l'IlI\) t1l'terll1in.ldo que, em \11.1 Opll1."lll. 1110 11
\ "II .1 III i n I iI ,Ide d e t.1I s peS'n. I,. I Il'q Ul' n tl' Ill Cn te e po,s l\ ti 1 o r Ill C\l1 d a . 1 t' .
gUIlI .IS l()ll e l ,l ~ t.1Il'r rl'lllont.1I .1 .II"esc'nt,I\.lll d e IIIll nOlll l dl.lllt e do o r.h u lo
uClg t • • 111 bli. #... c 'j "' ! la ~ I .1 alg um IlIllcll'nt, p.l\s,ldll .

I
4 \ lillllltl de I nlo1 JÚflW I,u iCltn 11< "rll J II(r-- I ."

6 Já foi observ,ldo que os bru xo s so falerr mal a pe,:"oa, da redonda.}, e


q lIe, q ua n to ma is perto e ~tã() de sua" ítlm a >, nJ,li, serio, <;,10 :;eu,; atdque,> l' )
Uma \el que ,1 ,lLu~.lç0e!> de bruxaria 5:10 sw,litad,l s por inimizades pcs~oais,
demos sugerir que a ra7âo dessa cren ça se d eve ao fato de que pe;<;<....h que
e eViUl'l1tl a ra7dO pela qual certas pessoa" nem chegam a ~er u)nsidcrada;"
vivem longe uma!> da~ outras não têm conta tos so uais suficientt"i para de-,prr
quando um doente p,lssa em re\ ista os l1om e~ daqueles que lhe poderi,lJll es-
tar ódio mútuo, ao passo que há amplas possi bilidad es de at rito entre pes;'O.b
lar fatendo mal de forma a apre;,entá-Ios ao o ráculo. Não se acu~al11 os nobres
que têm .suas casas e rf\ças em contigüidade. Os Aza nde ten dem a en tía r em
de bnL\,lria, e r ar3t11t?nte se ac u ~a m pkbell" intluente~; não apenas porque
disputa com aqueles que estão mai5 próximos quand o essa proximidade naoe
não ~eria acomelhá\'elll1~ulta- l os, com o t,lll1bém p o rque o cantata social das
atenuada por sentimentos de parentesco ou tornada irrele\'ante por di<;tm
pessoas comum com gente d eS$a~ catego rias limita -se a situações em que o
ções de idade, sexo ou classe.
comportamento recíproco esta deter minado por noções de stalus. Um ho-
N um estudo da bruxaria zande, o que se deve ter em mente é, em p rimei-
mem briga com seus iguaIS e deles sente iIweja. Um nobre está socialmente
ro lugar, que essa noção é função de situações de infortúnio; e em segundo~u­
t.lO separado dos plebeus que, se um d esk s fosse brigar com ele, o caso seria
gar que ela é função de relações pessoais.
antes de traição. Plebeus detestam pl ebeus, pnncipes odeiam pnJ1cipes. Da
mesma forma, um plebeu rico fun cio n a como patrão de um plebeu pobre; di-
ficilmente surgirão o incentivo e as opo rtunidades para haver suspeita entre
7
eles. Um plebeu rico inveja rá o utro pl ebeu rico, um pobre terá ciúmes de ou-
tro pobre. f muito mai~ fácil Jlgu ém sentir-..,e ofendido por palanas ou atos A nocão de brux aria n ão é apenas uma fun ção do infortúnio ou das relaçóes
de um igual que de um superior ou inferior. Do mesmo modo, as mulheres pesso'ais; envolve também juízos mora is. Com efeito, a moralidade za~de ola
entram em con tato com outras mulheres, e não C0111 homens, salvo seus ma- tão intimamente relacionada à n oções de brlL';:aria que podemos dIZer que
ridos e parentes, de forma que é a respeito de outras mulheres que elas pedem ela as determina. A frase zande " isso é bruxaria" pode quase sempre ser tradu -
que se co nsultem os oráculos; desde quI.' não há intercursll social entre ho- zida simplesmente po r " isso é mau". Pois, como vimos, a bruxaria não age
mem e mulheres não-aparentadas, é diflcil surgir inimizade entre eles. Igual- aleatoriamente ou sem propósito, mas é um ataque calculado de um homem
mente, como já vimos, crianças não embruxam adultos. Isso significa que sobre outro homem, a quem o primeiro odeia. Os Azande dizem que ódio,
uma crian ça não costuma ter relações com outros adultos, além de seus pai s e ciúme, inveja, traição e calúnia vão à frente, e qu e a bruxana segue atraso l'm
parentes, capazes de despertar rancor em seu coração. Quando um adulto homem deve primeiro odiar seu inimigo, e depoi o em bru.xará; e a menos
emb ruxa uma criança, é geralmente por ódio ao pai dela. A maior oportuni -
dade de surgirem conflitos da-se entre líderes de grupos domé~ticos que
que o bruxo seja sincero quando sopra água , a ação n ão t~m efe~to. como 0:a'
os Aza nde não se in teressam pelos brm::os em S1 - quer d Izer, nao ha Il1tere:s~i'
mantêm contatu cotidiano, e são essas pessoas as que maIs freqüentemente pela condição estática de ser um possuidor de bru~anJ - , n:a~ ~penJ.~ pd.l
aprl!sentam os nomes umas das outra~ diank do~ oráculos, quando um deles atividade-bruxaria, e1al decorrem duas consequêncl.ls Em pnmelro lugJI a
ou um membro da família está doente. bruxaria tende a tornar-se sinónimo dos <;entlmentos que SUplYtamente .1
<. ollludo, as noçoes de bruxaria são evocadas fundamentalmente por despert,ml, de forma que lh Azande pensam em ódIO, inyei.l e cobiÇ"3 em ter-
Clma dl~ infortúnios, e não dependem inteiramente de ll1imizadl!s, Quando IllOS de brux.uia, e igualmente pensam em bruxari.l em temlO, do, 'ennmen-
u m homem sofre um infortúnio, ele sabe que foi embruxado, e é so aI que lisa tos que ela revela. Em ~cgundo lugar, uma pes~o.l qut: embruxou um hO~lem
a memória para descobrir quais bruxos lhe delicjam mal e poderi,lm té-Io e111 - nüo é considerad,l por e,te como UIll brm.o par.! \t'mpre, m~, .Ir 'n,\. 110 \. 0 11 -
bruXddo. Se ele não consegue lembrar-se de nenhum incidente que tivesse le - texto do infortúnio que l'1I1Wll. Ndn e'\i,h? UIll.l po,tur.1 tD.•1 .l . 'r adOl.ld,1
... .Ido alguém a udiá-Io, e se nao tem nenhum inimigo em espelÍdl, ainda as~im di,lIlte dos bruxo" ,Is,im como há par.l o C.bO dI)', Iwbrc" l:~lr e~t>l1lrlo l ~n
deve LOmuJtar o oráculo para encontrar um bruxo. Por isso, até um prl1Jcípe nobre é sempre um nobre, t' LOlll0 t,lll' tratado ('111 hlt!J, .1' ,I1lhlÇ"nc ; nu" n,hl
lrJ por vezes acusar plebeus de bruxaria, pois seus infortúnios devem ser e:>.. ha semelhante nitidel ou lon,t,illlla qu.llltt) .1 l'd,~ ) n.lh,l.ld ' 'lld,ll k tlm
plil.adm e evitados, mesmo quando .Iqudes que ele acusa de bruxari<lll<lo SJO bruxo, poi, t',te só t' Lllllsílkr.ldo bw\o ell~ LCrI,l' 'llll,IL ll .' .\~ n l\' le, .lz,md<..
f.eu 101111lg0l>. de bruxaria exprimem rel.l\"úe, diu.imlt.l' II1ll' q'e,'(\,1I ,111 'IUM lI.: n lO .IU -
I IdO eu I~míicddo depende em t.11 medldJ de contexto P,IS 3gelro~ que hruxo, 111.15 ~U.l ~lIb~t.lnlla· brUXJn,l permanecer fn; . ) lan-
um homtm dlllulmente e enc.dr,ldo como bruxo qUdndo d itudção que pro· de, i\sll signlflc.J que, embora e .. e mdividulJ" '1.1 um br o Ir I de um
\ ou umJ .leu leão ontra ele i.1 de apJre<.eu. sujeito decente. que não gU.Jfda rancor de <;(.us villnho r. m em oúme<; da
O.. nnde não aceitam a Ideia de que qualquer pe ~oa que odeia outrem felicidade alheia. f um bom cidadão, e isso par o.., A/..ande ,>ií;l1!fica dewm-
Ja um bruxo, ou que bruxana eodlo \epm sinónimo~. Todl1~ o hnmen, são penhar ,llegremente suas ohrigaçóes e viver cm boa pa? e cnoperaçao c.om r
c.apaze de ter entlmento' ho~tl' contra "ell úzinhos, m,IS, a n.lo ~er ljue te- vi7inhos. Um homem bom é bem-humoradn e generoso bom filho marido
nhJm realmente na ...-ido com bruxana na harn~a, nao podem (amar d.mo!) e pai, é leal com seu principe. justo no tr.lto c<lm seus igual';, hon em
a II1lml&o ' implesmente por detesta-lo. seus negócios, respeitador da lei e amante da paz, não comete adul éno [; b
[ \ rdade que um \ elho pode dizer, por exemplo, que um rapaz está ar- bem dos vizinhos, é sereno e cortês. ,'.io e espera que ele .lme seu immi o
n ado a ficar doenle de ;ma abakumba, a con,eqüénóa da ira de um ancião. nem que seja condescendente com os que prejudicarem sua família e paren-
ta o Az.ande não crêem que a irrita~o de um velho po ~a em si fazer muito tes, ou cometerem adultério com suas espo'>as. Ma se um homem não so-
mal um homem ido o fala de. e modo, o Azande dizem que está insi- freu agressão alguma, então não deve mostrar hostilidade para com o
nuando que o embruxara e o perturbarem. POJ. , a meno que o velho seja outros. Igualmente o ciúme e a inveja são males, a menos que seJam cuI u·
bruxo ou feiu eiro, nada de mal pode acontecer a alguem que o irritou. Seu ralmente aceitos, como no ea,o da rivalidade entre príncipes, ddn-mhos ou
mau humor laheL pudes~e dusar dlguma pequena perturba.,ão, e pode ser cantores.
que o ora<.ulo ficassem mdeci~o entre os diagno ·tico~ de raiva e posse de Todo comportamenro que se choca com a IdéIas azande sobre o que e
bruxana, wso nao fo em J\lsad para o lC\arem eonU que~tõe~ de bruxa- direito e próprio, embora não seia por si ~o bruxaria, é o Impulso que esW por
ria real trás dela, e as pessoas que infringem as regras de conduta ~ao as mal frequen-
ímpl mente sentir r.11\ a e dizer palavras asperas contra alguém não temente acw,adas. Se examinarmo~ as situações que e\·ocam no. ões de bru.n-
pode UU! ar qualquer mdleficlO eno, a menos que haja algum laço social defi- ria e o método de identificação de bruxos. fica claro que ele. irnplteam
nido entre as partes em di puta. A maldi -óes de um homem não-aparentado caráter \'oliti\"O e moral da bruxaria. A condenação moral e prt:determuu a,
njl) podem fazer mal, ma. nada e mal a ustador que a maldições (motíwa) pois quando um homem sofre um infortúnio, ele medna "obre ')ua ma~ a e
lanç.lda por pai e mae, lio e tias. Me mo sem proferir ritualmente uma mal- comidera quem, dentre seus \'izinhos, lhe demomtrou ho tilid d imerectda
diç."lo, um pJI pode causar de ventura a seu filho apenas por raiva e res enti- ou ressentimento injustificado. Es .. as pessoas o prejudiCaram e lhe querem
mento. DIZ-se tambem que, se um príncipe está irado e triste com a ausência mal, e portanto ele deduz que e1a~ o embruxaram - poi~ um homem não ma
de um udlto,ascolSJ não irao bem para e te. Um informante di se-me tam- embruxá-lo e não o dete~tas~e.
bem que, uma mulher vld;a Lontra a \ontade de seu marido, e esle fic.a .lU- As IHH,OeS morais aLande, em "ua di\·i~;ao da onduta em boa e m nâ
doso etnste, .IS wisas podem sair mal pard ela durante a \iagem. são muito diferentes das no,~as, mas, como elas não '>e exprimem em tcrm
Se u est.l em dU\ida ~ um homem que não go tade \oee c;implesmen lei tielh, sua semelhança com os ~odigo Ja rehgioes mal> \.onheoru nao e
tt: o esta odl.lndo ou realmente o embruxando. pode Ilrar e d dU\')da por aparente de IIllt:JiJto. O, ópmto do, morto n30 podem er on do
meIO d umJ con ulta ao orol ulo de \em'nu ou .I algum do or.llulo meno como árbitros da Illoral e annonadores da conduta, I rqu I
r o t ad\erteooraLUlo para que não pre teatençao a maldJde, masquese bro de grupos de parente,co e so ~xer em autondade d ntro d
c nLentre unicamente na que tão da bruxaria. \' oce diL a ele que n,1O quer 5J obre.1 me nu pe soas que lhe, e tJ\am submetida· quand ram,
r ~ o homem lhe odeIa. ma se ele esta lhe embruxando. Por exemplo, \,Ole ~er 'lupremo ê Ullld IIItluent..l.l mUIto "aga, n.lO . endo nado rei z:ande
diZ .l or.lculo de atnto: Observe a calunia e deixe-a de lado. ob~ef\ e u odlO {' .01110 gu,lrdl.lo de um.1 lei moral que de\'a ser ob decida Olpl m nt r-
de o de lado, observe o ciume e deixe-o de lado. Bruxaria de enfade - U)fi . que Ile t: o eu autor. l~. no Idioll1.l da hruxana que o 7.and :pnm m d re-
rt pena ela Se ela vai me matar orác.ulo dt atrito. pare r ponda' im' J. grJ morai que e'>L.lpam J t:sfera da lei <.1 11 e Lnmll1,ll" 10 r
A re e que, seguodo ldí-ias UIftde. ..... bruxo não prejudIca nece _ lauSd da bru aria; um homem 1m eio o pode matar algu m d
r am nlt" (lfiSOa' 10 porque ... 1Iomem pode ter nascIdo 1m falam também de outro nUmento dnli- 1.11
h l'fl''''11 de ",/(lrIJlIIII I,:., (I
"" "

l're nda UIll.1 rt'l.lh.I\.io.!'llr ,.1Il.li~ prl'\Lnt(l~. cnnt l.1 O" re~pon~.1\ l i .. , \)oen - \ III Ilho,>. <.,t;um ve lho bl uxe, llal) Icu:ber rnL, unped rol qu U( ÇJ Jr II
~J. OU Ira,.I' II Cllll'llll're,.h lll)JWJl1IC.l' n.ío ,.10 (on'lder.uln, lllnHl d.lJlo,.1 (julIO" .1 n 1111 .11., se d e tIver suo! 1'01\<111, porl'm deslpra q J no o .ln m
no~ 1I1t1lpdo~ por nutr." jll'''O.I,. ~l' um hOJl1elll lai l'nfamo ou SU.l ell1pre~.1 1,1111 11101 to" e a,SllI1 ~c o!b~ter,1 dc IJlterferlr. /Jo mc,mo modo um I ü ;r

\.11 .1 f.11.:110.1, de nan pode m.lr de rctJhaç.1o contra nl11guem. C0\l10 poderia tom,1 cuidado de nao IrntJr gratuItamente SlI..IS e'ip() a pOl ')(' um.! de
'l ~l U relógIO tl\"C, .. e ~Id() roubado ou se ele fos~e agredido. t-.las no p.lb I.1 Jlde hruxa , ele pode es tar Lhamando d e'>grat,-a para <;1 num atc '>O de mau humor.

h,do, lb Il1f()rtúnIO~ 'c devem à bruxana. permitll1dn que a pe~so.1 que \nfreu Um homem deve dl~tribuir a carne eqüitati\JJtlen e entre aó e<:pos.i5 ou urr J
t) d.mo empreenda rt'l.1ltJçao por Lanai., costumetnh, porquc o d.lno é .1tri- dela .. , ofendida por ter n:cebldo pOr\dO menor, poderá Caler com qu I n..1
btlldo ii uma pe"oa. Em .,ituaçoe\ (01110 roubo, .Kiultc::rio, nu homiLldlO com consiga l11al~ caçar.
\ iolência já eXI.,te uma pessoa el1\ oh Ida, que collvid,1 à ret,lliaçáo; se ,ua iden - A crença na bru xaria é um valioso corretinJ (.(mtra Imruho n.lO "an ~
tidade é conhecida, o culpado e le\'ado am tribunais; ca~o contrario, ele e pcr- ~o~, porque uma demomtrac,<Í{) de mJU humor, mesquinharia ou ho,t Idade
\L'gUldo por magia puniti\'a. Quando essa pes.,oa e~t,i ausellte, porém, as pode acarretar séria~ conseqüências. Como os Azande não sabem quem e uU
no\oes de bruxaria oferecem um al\"o alternativo. Todo infortunio supôe não bruxo, partem do prinCipio de que todos os sem vizinhos podem se-lo, e
bruxarIa, e toda inmllzade ~ugere um autor. assim cuidam de não os ofender a toa. A noção funciona em duas di!';: Oõ.
Considerando a questáo por este lado, fica mais facil entender C01110 os Um homem invejoso, por exemplo, será suspeito de bruxaria ao olhos da-
Alande deixam de observar e explicitar o fato de que não só qualquer pessoa queles a quem inveja e procurará evitar suspeitas controlando ua mvelJ.. P r
pode ,er UI11 bruxo - o que eks admitem facilmente - , I11as que a maioria outro lado, aqueles de quem ele tem inveja podem ser bruxos e tent .. r feri·l)
dos plebeus é comtituída de bruxos. Se \'ocê disser que a I11aior parte das pes- em retaltação à sua inimIzade, de forma que () homem \'dI controlar UJ imc:i
~oas e formada por bruxos, lh Azande negam imedia tamente tal afirmação. para não ser embruxado.
Porem, na minha experiência, todos, exceto o~ nobre~ e o~ plebeus influentes Os Azande falam que nunca pode haver certeza sobre se alguém é inocen-
d,1 corte.:, foram uma \'1.'1 ou outra acusados pelos oráculos de terem embruxa- te de bruxaria. Assim, dizem: "Q uando se consultam os oráculo~, não se deixa
do ~l.b VIzinhos - e portanto sao bruxos. Isso tem necessariamente de ser as- ninguém de fora ", querend o dizer que é melhor perguntar aos oráculos sobre
Slm,).í que todos os homens sofrem infortúnios, e que todo mundo é sempre todo mundo, sem exceção. D,lI o aforismo: ":--Jão se pode ver dentro de um
mllTIlgo de alguem. Mas. em geral, apena~ aqueles que se fazem detestados homem como dentro de um cesto de malha larga" - e IlnFOs~íYel enxergar a
pela maioria dos vizinhos são acusados com frequência de bruxaria, adquirin- bruxaria dentro de um homem. O melhor, portanto, é não conqui~tar a ffil-
do reputação de bruxo~. mizade de ninguém, poi o ód io é o motivo por trás de todo ato de bruxaria.
Se fi armm atentos ao iglllticado dinámico da bruxaria, reconhecendo
portanto sua uni"ersalidade. cntl'ndl'remos mdhor por que os bruxos não
~ao per~l'guld(h nem sofrcm ostr,ILlsmo: pois o que é uma fu nção de estados
passagellos e é LOl11Um ,I multO', n,IO pude ser tratado com sC\'Crtdade. A pml -
çao de um bruxo nada tem de ,lllalogo a do Lrtl11mOSO cm nossa sociedadc; ele
c.ertalllCllte não e um pari,1 ,Illngido pela desgr,lça e cvitado pelo, vi,inhm.
Pelo contráno, bruxos relonheudus, fal11(hus como lal por n:giül's Inteira"
\ Ivem C0l110 C1dadaos col11uns. Podem ser pais c m.llidos respelt,ldos, visi-
tantes blffi· nndos as reside J)C!,ls, convidado, a,> fest,ls e ,IS Wles melllbros in
fluent do comclho informal da Lmle de um príllupe. ,\lgullS de llleu,
lOllh( Lidos eram bruxu,> lIot,'JlJ( IS

l 'm bruxo pode g()l.lr de lerto prl'stlgio em ralao de seus poderes, pOIS
'oti J ~lId,lln de nao oknJt lo
- ningucll1 prolur,1 ddiberadallll'lItl' o de
~ trL. I pur 1 so qUt (I hdn de um grupo domestico que C,H,.I UllI ,Inlllhd
malld.\ um pUUlO da .Ime L01110 pn.. sl'nte p.tra os velhos qu\:' vi\l'1I1 1l0S ,ítl<)~
(J I r ll ,. til n J UI J u a"

\1'. Il l ) 1\
t,lÇlW'" d e .IS,I'" d e g.lhnh .I .l o ~ alousado pelo ora<.ulo de ' n l n IIlla ( u
.1 ,ugc ... t,l<l d e qu e UIll hO/llem plldC'i~ Ignorar que fm u-n bru o ~ J II
l1 '11 \05 tt'1ll cOlcciéllcia n :ssc m ,ldo . . eu, poderes inCOIl\C lt lltcClIelltc I~so porqoJec}S \LJ dt. _h ffi4
m bruxos têm uma ,id.l secrd d em comum, troundo (<-nlid n la olre I,
tit' :CUS lltOS?
rindo juntos de "'U.IS Illdlkltori,l\ e \'anglonando se d '>CU. dta~ ue (mtra
quelll odeiam.
l\.las neste assunto m AZJnde não são mUlto con i,ttnlcs f mbora aflr
mem a culpa moral d os o ut ros, p ro t c~ta m inocênCIa quando ao MOS tU ~
I
dos, se não do ato - po is não podem faze-lo em público , pelo mt.n da
l"ma da ~ aract 'ri t l ~""'J ll1.li. n t.1\ \?I' da bruxaria eurl'pei,1 l'fa .I t:1Cilidade intenção. Para um estrangeiro, pa rece ha\ er conflito entre a neglç.!o 'oh
~om que o bruxo. as \ el e ~onk, a\"am ,ua -:UlP,l ~el11 uso de tort ur.] e torne- .
ção no próprio caso e a insi~t ê n c i a numa volicão no (a o do outro. tas a
uam longa. de criçõe dc eu crime e de ~ ua llrganila,Jtl. Tudo indi-:a que, ,itu.lção em que um zande se acha que vai dderminar quai eren .a entram
em algum gra u pelo meno ,a~ pe. oa. que \wem n um.l comunidade onde o em iogo, e o fato de detenmnada crença co n tradizer ~U.b ideias usuai nao o
fato da bnLuna nun~a e po,to cm dúvida , ão (ap.lle, de ~e ({lll\"t:n(er de que perturbam. Ele pre\supõe que os bruxos sao responsáwi..; por eu ato exata-
po uem o po der que o outro lhe .ltribucl11 "e,a ( omo for. eria interessante mente como pressupom os que um criminoso e re~pon á\cl por seu; cnme<.
abcrmo e o \z,mde lamal . cOllfe' 'am qllL ~,lO h ruxo ,. Quando e ele pró pri o o acmado d e bnL\:aria, aí trata-se de um ca o peculIar e
Par.I o ALlndt: . a que~tdo da LUlp.l nao , e colo-:a da Illoma forma que muito especial.
rara no . Como ja expliquei. eu II1tere"~e pda b rux.lria só é dôpertado em De\'em o. ter em mente que um zande 50 tem com,l gUIJ Ua expenênoJ
caso~ e~pedfico de infortunio e .lpena perdura enquanto perdurar o infor- individual, pois não se discu te ese tipo de assunto com 0 ' aml~o:. A o pmIão
t iO. <.) unlCo brux m qll pre tan1 at\?/lção e aquele qUL lhe, esta no mo- pública admite q ue u m bruxo é um agente comciente; ma . n uma oca ião par-
mento lau; ando infortumo. Quando o d i. ~abor termina . e1e~ d eixam d e ticular, quando o oraculo de wneno denuncia um certfl indiYld uo co m o res-
narar o re<;pon a\el como bru.·o, pOI • com o vimos. q ualquer pessoa pod e po n sáwl por u m ato de bnLxaria, esse homem ,e dá LontJ d e ,ua pr pria
er bru a, mas um zande ~o e ta inten.·" ad o no b ruxo cuja bruxan a lh e di z n ão-i nten cionalidade. Tanto quanto ele possa ,aber, nunca üitou .I , asa d
respeito. Assim, a bruxana e algo .l que reagem quando atingldo~ por ela - e d oente a quem supostamente fa mal; ,1551111, e obrigado a concluir qu hou e
t t e o Igmficado pnnlip.1l que tem para d es. Ela é uma re'po.,ta a certas SI- um engano, ou q ue agiu incollbcientemente. l\las de pen ... ,] que . eu (.1- ) e t' -
tuaç-t>S. nao um intriLado lon.:elto m teIL'ctual. Por i 'so, quando um lande c cepclOna l e que os outro, s.lo respoma\'eis por ~em pnipri,), .lto . . T d o mun-
a u')J.do de bruxaria. fi.:a perple o. fie nunLa linha comiderado a bruxaria do ,empre <lcreditou que os bruxos pl.lI1el.lm seus ,Iraquc' , e o !:lto de qu d
de te ponto dL \ IstJ. Para um 1.lI1de. ela tmha 5ido scmpre UI1l.l rL"II...ío contra propno tenha .lgldo sem JIltel1\<ltl n,lO e mollnl p.lr.] ' I P,1[ lJue o. o ut[ , n.:!
(I outro quando o inlon umo o atingia, d forma que lhe e peno (I aprcendel .lj.lIl1 Llll1~lientemente. Re,]lmt:nte, um homem ne",!'. ir 'un, t,lI1.:ü d
e<; n II quando e de prol'no o ah o \ I~ d o, a cau~a do infortunlo .llhelO. ~en t ir q ue, , e t: \ erd.ld e q ue d t' e um bruxo, 11âl) é Ulll bruxo comum pOl '
O problema e ext remamente Lomplc o . Algun pO\ os ,II riLano5 p.lrelCIll b ru xos se re(on h elt~111 mut u,lmente e cOllper.lIl1 em ,U,b mpr
rt.'>Ol\ r d dificuldad e sU<'Litdda por .!to <.omprO\ados de br uxari ,l, ,I LO l1lp ~l qu e nin guclll o tCIll o.'m úlI1 fidc nLÍ,I. nClll p rtlLurou ,l'u aUXIlio.
nhado de uma confe ada ignorancia de~ e~ atm por pari do blll XO, ill1pli - Pudc ob~e n'ar (Olll fr cqu cn.:i,l que a .lli tud e de m IIs .1m.", a .ln .~ -
ado. po tulando que as a\(lC de um bru 'o podem ~Lf indepelldelllL ' d e SU,I 1ll.1I11t"est.lda 111.11, por "'t' UlOIllPUl t,lIlIent o qu e po r sua.•liirnlJ l rI I J
\ontade. Ma .IS no oe ... azande nao f.h:ltltam cst,] te~e . .... e pe rguntarfllu s dlre qu,lIldo "'t' tr.lt,I'''llk ,llgllL' m "'c'ndll .Illh,ldl) d, I' r" ud l, a Il) ~ r bru x.lfl.l,l u
t mente d q ualquer Zàndt: um homem .lhe 4ue e bruxo c c Us.1 ~ U.l Inu .1 de um.1 ,IlUS,I"IO Llll1tr.l l'k . . d l' preludi~.ll llut r,m. , l ' te ult1l11O .1- ,a r~
r a ~om plelJd ( 0 0 â l'nCla a r~' po t,l t: qUt l' Ilnpo 1\ cl J um bru I) igno l.lI p O ... t.l que me tI,11 .llll.l quc ~t,lll de UIlI nrux,l ulIlh l d a. rr pn (n" I I t
ndl ..... l ' (: ua!. agre .... contra o outro . Em rt'\I)()~t.l .1 C,SJ perguntd l er 1ll,11 .ll)~ outr,IS por ~1I.11l\ [l' l' ""pl) nt ,\I1 ' .1 \ ont.1 lt' I l li \ ~ ... 111
nel Ild m Ult~ o<.a~lO( cm qUl' a!>slsll J LClIlsuhJ\ or aL1Udrc ~ e .l ~ .Ifll C'ien Upllll.IO .1(eItJ) l'r.1 dikrentc d ,l IIlfl)fIl l.I\ .Ii.\ lju \ll tl.lO n Itl m II, ti a
(J J,ruxo 'l'''' 011 f't:'1I dr I alo

I' er~unt,\ n,h1 era tt.'lt,\ üpli~it.\l1lel1k .. \ \Ituaç,lo e,>peLi,llem qUe ~e ach,lv,\1l1 que ordenou .1 ,Iprc,entcl~.i() dd .1 a. He sera obJeto de 10mb na I °0 om I
Illo(h fi C,l\ ,1 \ua~ ,liirll1a\i)e~ e colon.! \U,h opllllúes. UIll prm InuallO Ignora nte dcl s manei ras da sl)uedadc t'.duc.sda e pode d I
, ' o decorrer de dls(u~soe.' .\ obre outros ass unto\, comt.lkl que ,IS \ 'C7e~ rir a reputaç..io de bruxo empedernido que admite sua bruxana ,u amen e
o. mlornl.lntes admitiam que alguns bru:>.o~, em certas Llrcun~t<lnLi,ls, po- pela raiva que demonstra ao ser denunciado. O que ele devena fazer era )
diam Ignor,u' ~ua condição. Essa ignorância era geralmente aceita nm ~,Ism de prar ngua e dizer: "Se possuo bruxaria em meu ventre, dis o nao tenho \.0"1
LrJ,ln\,ls -bruxas e de ,1dultm ,ILusados apenas uma ou duas \'e7e .. na \ ida . ciê ncia; quI' ela c~frie, Por ISSO, ~opro água."
Quando a bruxaria de um homem L; "fna ", como dizem os Azande, Isto é, t. difícil perceber os sentimentos reais de um homem partIr de .ua rei!
qu,lI1do ela nao é operatl\a, ele pode mUIto bem ignorar sua LOndiç,'io. ção pública quando reLebe a asa, pois mesmo que ele e~teja certo.de rua II!
Penso que, na \ erdade, não seria demais descre\er as idél,l~ z,lIlde sobre cência, realilará a cerimonia, ja que i~so é o que um cavalheiro deve fazer.
osa questão da seguinte forma: um homem não pode entar ser um bruxo; O costume não apenas prescreve que se sopre água, mas a!i frases com que
nao é por sua culpa que nasccu com oru:>.aria na barriga, Ele pode ser perfeita- acusado deve exprimir sua contrição são mais ou menos estereotipadas; e o
mente ignorante dc que e bruxo c inocente de atos de bruxaria. Nesse estado tom mesmo, desculposo e sincero, em que ele as profere é determinado pela
de mocênCla, pode fazer mal a .lIguem sem querer; ma~ quando já foi várias .
tradicão .
\'e7es e>..posto pelo oráculo de \eneno, entao está conscien te de seus poderes e Quanto eu tinha oportunidade, falava com um acusado o mais rapida-
começa a usá los com malícia. mente possível depois da apre entação da asa, para ter suas impressocs. Mm-
Quando um homem fica doente, ou alguém de sua família ou parentela, tas vezes era um de meus criados, info rmantes ou amigos pessoal~, de forma
ele fica profundamente Irritado. Para quc entendamos seus sentimentos a res- que podia conversar com ele privada e livremente. Constatei que ou dcda-
pello da responsabilidadc moral do hOlllem II1dicado pelo oráculo como ge- ravam ser a acusação tola, talve7 até maldosa, ou então a aceitavam re-
rador dd doença, é preLlso Icmbrarmos que o consulente apresentou ao signadamente. Os que a rejeitavam diziam que os acusadore~ não rinham
oráculo o nome da~ pe~so,h que mais detesta, de forma que o bruxo será pro- absolutamente consultado os oráculos, mas somente morto galinhas e enfia-
,'a\'dmentL .lIguem com quem ja linha pé~~ima~ reiaçôes, A velha animosida- do as asas num pau; ou que, se consultaram o oraculo de veneno, este dC'\ia
de é reforçada por um no\'o re"entimento. E portanto inútil wgerir ao ter-se enganado, por uma bruxaria que influenciara o veredicto, ou a al~m
Il1tere5~ado que o bruxo não tem cnnsClencia da bruxana, pois ele não está in- tabu que fora quebrado. emelhante~ sugestões não 'eriam feita~ em publico.
clinado a considerar tal possibilidade, uma vez que sabe há muito tempo do Um homem pode acre centar entre amigos que nunca foi acusJdo de bru....a-
ódio do acusado e de seu de,elo de j~17cr-IhL' mal. Numa situação como esta, a ria ante, e que portanto não faz sentido que começas~e a embruxar pe oa
re ponsabilidade moral dos bruxo~ é pressuposta incondicionalmente; está agora. Aquele que puder demonstrar que "lrio~ de ~eus parentó pró\.im
~ontlda nos pro.:esws de sc!el,.Hl e Jcus,l\ào, não prcusa ser explicitada foram autopsiados e n,lo revelaram subst,incia-bruxaria no ventre, recorrera
M,IS a mesmas pe,>so.ls ljUL', quando preJudiLadas, afirmar,lm \'ecmente- a tais exemp los para cond uir que é absolutamente impo,sl"t'\ que elt' ].I um
menk a I1lallL1J delibérada dos outros, bIJm de outra form a quando ,.10 elas bruxo . t-..lesl11o assim, porem, wprar.i sobre a ,1~a par.l eneerr.lr o 3.' unto e
a rn,dler as aS.ls de galinha, Pude mUIt.ls veles obStrv.lr as me mas pessoas e\ Itar mal-estar. Ele m e dtrla, depOIS: "Se sou um bruxo, n.lo ei. Por que u
em amh.l as situaçoe~. Tendo des( nto ,IS (Ipinioes usuais dos A/ande sobre a d e~eJ<l fla tem alguém? t-la, J.l que eles me deram a ,1'hl, 'llprl1 ,obre !J par.t
responsabilidade dos bruxos, e conll) sua rea.,.ao ao IIlfortunio 1,11\(;,\ 111,10 da mmtrar que n,lll quero m.II.1 I1Inguém '
nO\JO de re ponsabiliJ.lde ell1 sua forma m;m intranSigente, devemo'i agol'tl A. p,lrtll de~sa~ con\'er<;,ls pri\'ad.l~ com 0\ Az.lIlde que r~~eb~'Tam.l.1 Je
oh en.lr Lomo o bruxo re ponde.1 ulIla .lcu açao. g,tlll1h.l,eu dl/l,l que () que decide a re..1\,lo enllki'll1,ll.l um.l.leu 3 -.1 de oru
')e elt for uma pessoa Lllm pOULO autocontrole, Pllde 1,l/el uma Lena "m.1 t' 'Ohl etudo .J ditelen~.1 til' tt'mper.ll1lt'nto. I'm publico, tl do mund)
quando d .Isa de g,Jlinha c (010 dda a seus pés. Pode dizer .10 lllens.lgeiro qUl' a reage de n1.lneircl Igu.II, poi" 1'01 l11.lÍ\ que um hl1tl1Ull ll'nh.1 d, 1I1 ultJd ,
lt'\e emhora, dmaldH,oilndo 'Iljueles que a enviaram, dell.lrando ljue IjUtlell1 dt'\'l' Ulmpllrtar ·,e tom ,I humild.1lle t"per,ld.1
Jpula hUITIllhà lo por ITIdldaut'. rals tenas são raras, 1ll.IS .IS 1St I ou soul.e dt Cert,1 vez ouvi Ulll homem tI,H UIll ,.1\110 .on dh) a ,LI lilh br ...
afias, t sabe se de gente que atacou o mensageiro. Um homem que ~c (UIII questJIl () r,lp.II. \inh.llelcl1l'ntlo Lt'Jll ,llgum.1 frL'qu~nLl,1 a d ' IltnhJ n
porta d ~ modo esta IOdo contri! o lostume, ao insultar o delegado do Lhcfe \'lad.l~ poc UIll vilinho, e protl'~t,I\.1 \ IgOfll,.lIl1 nt' "ontra o qu~ ton'Ü:I ra .J
( , (J r,ru I III

,<'I II1'>Ult ) Pllllll' \Il1ll'k\, .... eu )'.11 111l' di",,, ent.io, que .1'> aul .... I<,oes l'r,ll11 oh- 11'plil,l: "AI1, doutor, ~e II I bruxJrla em mlllha !>arrl' u r
\,/,lllllntl ab'>urd.1'>: \ nlo~ dl' 'l'lI'l'.lrentl's h.l\Í.lm ,ido .1lItoPSI.ldos l' nao Sl' hruxo, porl)lH' .I~ p('~~oa ~ n.lo Vlr.1I11 bru"4!fla na b rr '
.Ilhar,\ llenh lIm.l '>\ bst.IIlLl.I brm..1rt.1. A )1l'S.1 r d I~SO, 1'0 rl'm, IUO 1.1/1,1 m.11 ,11 1\ klHh J~ n~\p()q.l~ que eu rnelll.l. porem, e mUIto m 15 rJ t
gUI11 ,>opr.lr .1gt..l, 11.11) ,1)'el1.l\ ela eJuc.1do f,ller 15,0 qu,lndo sn!tu!.ldo, IlldS l()rll1ul,j - la~ é qUL 1111: d.l\am a illlpre~~.1() dedúvu.ia."' 1\ U
'llhfl'tu,kl JL'nlOnstr.wa ,I .lll\en~id de r,1I1cor que di~tll1guL' todo bom (id.1 eram 1,ldmes, o tom da f'~post.t ~eri I deCIdido e Irado
d.lO. I mi lIwr Pdr.l lIIll il10cente Jccitar dL' bn'n grado a acu,aç,lo. Num d()~ textos que Lolhi, um velho fM 'ua or3ÇJo d
1\1.1'>, el11bor.l mUIto, dedarem cm ,egredo que nJO "lo bnL\os, e que m n, de m,ld rug.rda, a n t es da ~ .rbluçoe~ mat IlIais; de dl/ que n ro
dr\ ~ kr h,1\ ido um eng.mo, mll1h.leXpertenCIJ C0111 os A7,lnde que releberam priedade de nInguém, Il,ln cometeu adulteri() com a mulher de nin
,h.h de galinh.l con\"enleU-llle de que alguns pensam- por algum tempo .10
nao desep o mal a homem <llgum e que deseja vi\'er em paL (.om <:.eL li
111,'no. - que afinal !:>.lo me. mo brm.os. A tr.ldição sobre a bru\..1ria, que e t,10 I- acrescenta: "Mesmo que eu possua bruxaria em mll1ha b rrjga
~lefinrda sobre o que não pode normalmente ser \'erificado - por exemplo, a
n,\o fazer mal as roças de ninguem. Que a boca de minha bruXdna t"l t
nature7a da ,ubstância-bruxaria - , é Yaga e indeterminad,l a respeito daquilo
peje ela antes seu rancor sobre os al1lmais do mato que danç.dm d fi t.T.
que podena ,er confirmado ou mfirmado, a saber, a operação da brm.aria. A
sobre os túmulos de meus parentes."
maneira pela qual o~ bruxos reJlizam seus feitos é um mistério para os Azan-
É costumeiro - e conSIderado polido e amigjn~1 - que, quando uma
de, e como eles não podem derivar das ati\'idades normais da vigdiJ nenhum
pessoa va \isltar um amigo enfermo, pare à porta da cabana deste e peç w
matenal sobre o qual basear uma teoria da ação da bruxaria, terminam
esposa que traga água numa cabaça. O \'isitante toma um gole, bo h ha e
.11'ol.1I1do-.,e na noção transcendental de almJ. Os sonhos são sobretudo pcr-
sopra a água em jorro ,obre o ~olo, diLendo: "('), l',[bori, este homem e
le1'ções de bruxanas; em .'>onho" um homem pode ver e falar com bruxos.
Ma, para um zande a \ ida onlrica e um mundo de nebulosa, interrogações. doente, se sou eu que o está matando com minha bruxaria, que ele ~
Por isso ,e pode entendcr por que um homem acusadu de embruxar Jlguém recupere." Deve-se observar, contudo, que tal discurso é mera formahd de, e
heSita cm"11egar a acusação, Lhegando até a se convencer por algum tempo embora ele sugIra o reconhecimento cultural da po,,~ibilidade de um ho
dô,a endente ill\erdade. 1:le sJhe que muitas \'ezes os bruxos estão dormin- mem prejudicar outrem II1conscientemente, sena erradl) deduzir que o
do quando a alma de sua substánlia-bruxana parte em sua empresa macabra; homem que disse aquelas palanas tenha alguma dÚ\lda ,obre ~ua prõpru
tahez quando ele estaya dormllldo, inconsciente, algo desse tipo tenha acon- inocência no caso. Segundo as noções azande, é quase certo que um bruxo
tecido, e sua bruxaria funcionara independentemente de sua consciênclJ. Fm não iria visitar um homem que ele proprio embruxou.
tais circunstâncias, um homem pode perfeitamente ser um bruxo e não saber Ao comultar o oráculo de atrito a respeIto de um parente ou c -po;;a
disso. Contudo, nunca soube dc um zande que admitisse sua bruxarta . doente, um homem pode perguntar ,obre seu,> \1l1nhos, para ,aber quem ta
Um homem tem muIta sorte, porém, se sempre conseguIu esc,lp.u- de elllbnL\ando o enfermo. ,\s \'ezes, ante, de apresentar os nome, d
cusaçóes eventu.lis. E se o oráculo de veneno declarou por várias VCICS que soa, diante do oraCldo, pode-se OU\ I-lo dizer: "Sou eu () culpado? , .1-
leembruxou outras pes~()as, pode chegar 3 dUVidar da pnípria inOLência. "O mente .1 questJo sugere um reconhe(Imento dJ po~,ibihdade de b ".-,, " ,
oraculo de veneno não erra" ·e\te e o credo de todo zande. Sua .1lIturid.1de IIlLonSLlente, m.1S náo h.i r.l/Jo p.lr.l se ,>upor que o homem <.jue .I Ic .1m u
e~ta apolad.J no poder POlIIIlll do~ prínCIpes l' na tradlçao. I- no final das lhegue" pemar ser ele PI opno respom.1\ e!. <'ua pergunta é pura torm.tl t d •
conta. o {dto de um homl'm ter dl' cnccnar publIcamente UIll.I (onli\S.io de é de bom -tom mostrar-se de'Lompwmetido, e ele pl)de f.lZê lo m mt :l d
culpa oprando .!gua ~obre uma asa dc g.t1inha, de\e.1O lllellO, dei xa- lo e~pe Ot.1LltlO de .Itl ito .llm.I-ll), pOI' de ou um .1lllign ótJo l)per.lnd, o rJ,uI ,_
ul,mdo sobre a l'XiSIl~nClJ de brux,IrI.\ na prúpri.1 barng.l.
Note se que ninguem LolOlal la t.tI qUt',>t.\ o dl.mte do or,h:ull) d,' n n
I )IL - ,>e que, l)uandu Ulll hOlllem \.11 .1 guerr.l, ,U.b OPl , _ J
2 .\()<, I'e~ dl! ,>.lI1tU.lltO dos espírtl<h qUl' '>c ergue 11<) 1'.1l1L1 til' sUJ. I leI. 1.1 tJ
1.lndo, "(Juc !l.lda .lllllltl'\a.1 ele lJUl Illlnha brux,1fIJ., Hll
(oqumava pcrgunl,jf J um homem, quando li conlIell.1 belll: "Vole
,(IC\ AlIllg.IS UI npos.IS, Ljue n.ld.1 .IUlntl\,1 Lom IH .. " 111.1rt i
( um bruxo" hper.1ndo uma Ilegatlva rápida e ofendida, rl'lchia ,1 humilde ",m t' It'. "
(J /t, Lil. I , •• (01r '" ta ,1 aI

[)e\ e e kmbr,lf tJmbl'lll quc, .lllte~ de lazer J autóp~IJ de um p.uente de hruxaria e tentarao p"r su,\ \el \ Illgarse de outro nru r, I h>Je t'Tll dia I
morto, ()~ oper,llh)r~, primeiro dlrigl'lll-'l'.lO orauilo ~k \ enl'nOl'lll bU'C.l d.\ nhuI1l homem ou mulher tem de enfrentar urr.a a u d u d ii :.a in t(J f r
certl'l.a dl: que o \l'ntrc ~hl morto n,\O (onlt:m 'Ubq:lllCi.l-blll:\.\rI.l. bruxan.l, ou ~e l a, lima ilcu.,açjo felt.! pelo oráculo de um pnn Ipe, d mod,
que es~e Cator na criação de lima aulocol1S(IénCla da bruyna nao m.!1 eXL te
Atua lme nle não há meios de revelar um bruxo por melO de um to pu~h
3 LO de vlIlgança. Tudo é névoa e confusão. Cada pequeno grupo de parenk
age de modo pnvado, matando magicamente os bruxo>, sem o (onhellmen1:l
~{'ri.l bóto \upor que, ~e a bru>.aria é hereditárIa, entao um homem certamen- do resto do mundo. Somente o príncipe sabe o que esta ocorrendo, e e'le li.tGa
te lem um.l boa idéia ~(lhre ~e é ou náo um bruxo lembr.mdo -se dos antece- d ilo A mesma morte é considerada pelo~ vizinhos como uma morte e '>O I )'
dente':> de ~eu p.lI, tiOS e avó paterno. Ele deve saber ~e alguma vez eles pelos parentes do morto, como um ato de bruxa ria ; e pelos parente'> de outros
p.\garam indenização por a~sa~~inato, receberam asas de gallI1ha e se foram ho m ens m o rtos, como o resultado de sua vingança mágica, Em asosquer..Jo
'>ubmetidos, com ou ,em re\ullado positivo, a um exame posl-lIIorlc/Il. l\las, sejam de m o rte, é possível para um grupo de pessoas dizer que seu oráculo de-
embora um homem recorde çasm em que os cada\"Cres de seus paren tes fo- nuncio u um ho m em por embruxar seus parentes, enquanto os amigos e pa
ram examinados e se verificou nada conterem, o fato de que seus an cestra is rentes d o ac usado podem facilmente negar a imputação e dizer que elesopro!l
eram bruxos náo será realçado. Tah'ez nem seia conhecido, pois não tem im- ág ua por simples formalidade, porque não há certeza de que o oráculo ter.ha
portáncia para os descendentes nem para outras pessoas, já que ninguém está fa lado a verdade, ou mesmo que tenha sido consultado - pois não é o oracu-
II1tere~sado em saber se um homem é um bruxo ou não em termos abst ratos. lo de um príncipe. Talvez por isso não seja extraordinário que eu .iamai tenha
Para um zande, essa é uma quest.1O totalmente teónca, e ele não é capaz de ouvido uma confissão de bruxaria.
responder a ela. O que ele quer saber é se determinado homem lhe está fazen-
do mal numa situação partICular, numa oca ,ião especifica. Assim, a doutrina
da bl uxaria hereditárü provavelmente não influi muito num autodiagnóstico
de bruxana.
Essa falta de preci,ao na identificação da bruxaria fica ainda maIs eviden-
te com a presença da lei britânica, que não permite vingança direta contra um
bruxo, f.' tampouco aceita a legalidade de se pagar indenizaçao por um crime
imaginário. Nm vdho~ tempos , quando a bruxaria se convertia em acusação
crimll1al- isto é, quando um assassinato havia sido cometido - , nao havia
dm Id,lS sohre quem eram os bruxos, Se um homem fosse executado ou pa-
gasse II1denizal,.30, era um bruxo; ele ~l' senttria certo da própria culpa, e seus
parentes Jl.el tariam o estigma criado - pelo menos por algum tempo - por
(sse proc(.'sso Judicial. Ma ... hoje em dia U/Il bruxo nunca e acusado de crime.
'o maXlmo pode ser informado de que sua bruxaria e~tá prl'judilando ,II
guem,mas nao lhe dlrao que mdtllu alglll;m; e nao há l1lotivm para supor que
(J homem ,lCu~ado peltlllráculo de veneno de ter Glu$ddo a dOC/II,.,1 de outro

homem !>eia o mesmo que realmente o matou - aind.1 qUl' a rnorll' tenha ~Ido
provoc<lda por Jquda doença. Assim, um bruxo e seu~ part'nte~ perm.lIlele-
rao em cl)lllplrta ignorancia quanto ao as~assinato cometido. (>s parcnte~ de
1m humem morto poderao eventualmente mdtar dlguém por Villg,\I1'r.1 Illagi
la md~ (I público em geral e os parentes do bruxo a~sassillo nao saher.1O J C.IU-
d de ua lIIol1e. (>s parente:; desse bruxo imaginarao yue ell.' tdmbém mont'U
() ,,/ "'''

1\l'lllll)\ de\cre \'1: <1 d,ln \ .1 do ,> ,1(jl \ inho ~ e, IIUIll sentido mal> amplo,,, towhd d d.l
~L'\\,lO em que a dall~a tel11 lugar. Q u,lIldo I) "dl~lIlh() .lgc (..,mo (ur do·, . . )-
nheudo COmObll1ZlI , l11a~ e~t e termo c tro tJI'urr sal) IIlltTl.dmblav una d I
Os adi1'inhos na\ão de ~uas funçoe,> dlvlI1atorias, enq uantu apenas blllzu t usado se
referir J ,>ua funçao de curador. Em am h o ~ o,> papéis, sua fun~ao é a mt: mel
combater a bruxana. Corno adivlIlho, el e descob re onde e<JW bru ,;.\,
C0 l11 0 curador, repara os dano~ c.lU sat!o5 por da.

r Os A/ande concebem os adivinhos como um de seu> mU/tm oral.ulos,


embora não se refiram a eles desta form a. Consideram q ue suas profeLias re·
faha tenha ocorrido ao leitor que ha ulll a ana logia entre o conceito zandc de velações são de valor igual as respostas do oráculo de atri to, mas menos dIgnas
bruxari,l e no~~o conceito de azar. Quando, apesar do seu conhecimento, pre- d e co nfiança que o orácu lo de veneno ou o oráculo das térmitas. Ja dt"iCre\ i
\' id~ ncia e diuéncla téc.l1Ica, um homem ~o fre um revés, dllelllo~ que isso se como um en fe rm o (ou parentes agindo em seu no me) con ulta su<.essl,a-
de\' à má sorte, enquanto os Azande dizem que ele foi embruxado. As situa- m ente vá rios o rác ulos, culminando no oráculo de \"eneno, para determmar
çôes que evocam essas duas categona~ são similares. Quando o mfortu nio já quem d entre seus inimigos o está embruxando. Mas, em vez de <;e InICIarem a
aconteteu, e,tá encerrado, e m Azande con tentam-se em atribui-lo à b ruxa- o perações terapêu ticas pelo oráculo d e atrito, um ou vários adivinhos podem
ria e).,llamente como nós nm contentamos com a idéia de que nosso fracasso ser convocados para consultas sobre o enfeml o, ou sob re algum fracasso eco-
se dew à pouLa sorte. Nessas situ,l<,ôes, não há grande diferença entre as nO$- n ó mi co. Embora se preste muita atenção as re\elações dos adi\'inhos, sem
.»as reaçües L' as deles. Ma, quando um llltê.lrtúnlO está em processo - co mo pro nun ciamentos não têm valor legal, e não é aconselhável abordar um bruxo
na doen,a ou e comiderado anteci padamente, nossa resposta é dife rente da fo rma costumeira baseado nas afirmações de um adivinho que não tenham
da deles. Ellcmm todo esforço pmsl\d pa ra nos linar ou e~capar do infortú- si do corroboradas por um veredi cto do oráculo de veneno.
n;o pt1r mcio de no~s() L<Hlheu ment o das condições objetivas que o causam.
O zande age de modo ~e mclhant e, mas, como em seu modo de ver a causa
primipal de todo mfortúnio é a bruxaria , ele concentra sua atenção nesse fa-
tor de uprema importáncia . ( ' omo nm, ele usa meios racionais de controle
da .. condições qu e produ/em o infortúniO, mas nó~ con cebemos tais condi - A corpora ção zand e de adi\'inhos co ngrega profissionaiS especializado!>, com
çües de ou tra forma. o monopólio d o co nhecimento de d rogas mágicas, de fornla que muita, de
Como créem que os hruxo5 podl:lll a qualquer momento tra7er-Ihes suas ati vidad es não são fa cilm ente obse rvavei . Assi m, minha descrição do'
doelJl,a e morte, o s Azande nell:Ssitalll manter contato co m esses poderes m a- .ldi vinh os deve ~e r prefaciada po r uma anali se da for ma pela qual colhI 3.' m-
hgnos pa ra, co ntra ata cando -o s, control ar seu próprio d estin o b n bo ra a lonna s,ôes.
bruxana possa feri - Io ~ ineSpn,ldJlllen1e, eles nã o desesperam. Lo nge d e ~e­ Ao estudar a corporação de adi\' lllhos, foi necess,lrio di\"idlr o , amp de
rem meb ncoltcos, os Azant!l'. COIJl O tudo,> os ohserva dores os desc rl'veram, in vesli g,lç.lO em dua s p,utes e empreg,!r m etodos di fere ntes em C,d,l unu, e-
áo um povo alegre, M/rnd ent e e hnn c:llhao . Não precisam Vl\'l'r no tem o r las. Um a parte co mpreendi,1 as ,1li\lt!ades dess,l corporaç,lo un re!J \ Jo .10 r ,-
c.onstel nte da bru xa ria , lá que pod elll entrar elll cont.llo (om el a e con trolá- la to d,1 soc iedade f ,lllde, seu papel na vlLh l o mullltan,l, , eu lugar na tradl ',lo
por lllelO do~ oráculos l ' da Ill.tgia. (om m (lr,lculos podem prl'\'l'1 as fUtUr.1S naoon,ll, sem cont,ltos co m os pnnupes e ,IS cren\ ,l' l' hi,tnria rré'nt li-
Itu.l~oes de bru xa ria l' mudá 1.1 ~ ,\11 te, q ue "e de\em ul v,1111 Cu III ,I 111:1 gJa, po - g,ld", a ei.J entre ,I npII1I,10 pubhL,1. h li j,lulllbter inlo rlll.lç,ll) ,obre' ,p.lrt<'
dem r rotegel se da bruxaria c' dc'strui· !J. dc' ~1I,1 vld,l , pois n,IO haVia problem,1 t'lll .l,si,tir JS dt' lllt)J1, trat: ú,-' pubh, a"
,lbert,l\ ,! todos. r.lmbém fOi j,lulobter COIlll'nt,lrllh ,nbrt' n que a,l l h.,curo
() .Idi vinho zande é também UI11 m,ígico . N.I condis"l\llk ,Ilininho, imli
III) ntll,d , [lllneLldos por lIltllrlll.ll1k, regul.nt" ou Pllr .h' l, tUI! , ':.1 u
LI o bru xm : UJIll(l magilo, impede ·os de fazer m,d. l\I.h d e c' b,l\ll,llll entc'
Nl'st,1 \l,\,II), dl' !.lto. er.l pm\lwlt'llIprl'g.n 11\ meto,l'l" li 1M h J~ tr,lb.tlht d ..
um adl\ mho. 'esta condiçao, e l(mhecido cu mo mi ílI'/ln, pmsuldor dt' ti 1' 11
l,lIl1PIl -- llb,erV,I\,lIl dlll'\,1 e It'Pl'lI'!.1 dtl U)mpllrt,\1l1 I\to. l ntr'\ I t,1 ~ om
(C;.1 pala rol m "urc surge lambem na expressao d(l m'l/r!', "d,1I1\J/ 111'11,.\,", qUl'
(J adll .,ho

o l1.1tI\O \, tanto 11,1 \ltlhl ,10 do ritu,11, qUJndo ~U,I aten~án e\t,]\ ,l d irigidd !-stc po d e náo ser UJJ1 do,> melhorc') método d e p ;qUI • e li d.! i " d
r lrJ () dl.'~mp~nho d~l ,1dl\ inho~, ljuJnto cm LllnYcr"I\ mai, t ran qud,l' em dL' sU.l efic.!ua qua ndo C()IllL'lCI .1 elllprcgd h , ma , ele acabou por r I r
mlllh,1 tenda \lU Clll ua~ Lah,lIl as; ü lletJ de tc.\los; e ate U.'IÜ p.ut ilip,lI"lo do frutíf e ro. A m edid a qu c l\..\I11.1nga id sendo lentamenle 1Il1(J.1do por um C I
etnografo n,l, allnd,ldes dl)~ nati\'()s. Jl 110, e u utilitava sua , i n f() rl1l a«y{)e~ p,l ra fater falar adivinhos riVal , espluÇ..ln
j la, corp0rat,ãn p o \ ~ ui também uma \ida esolé rica que e\clUl os
,1 do .,ua in veja e vaidad e. Pod ia confi ar em que Kamanga wntaria tudo que lé1
não Il1ICladn~; i"o tnl ma a ~eg und,l parte de meu estudo. ()~ estranho~ ,i COI - aprend e ndo cm seu curso, m as tmha certel a de que, embora ele tl Ve-;se a o
r ora\ão não apena\ \ .10 e.\d uíd o \ d o conhecimento das d rogas e dos tlllques a muito mai s do que eu m esmo poderia obter, parte de ~u treinamento 01
do off(io, mas tambem Ignoram muito de ccrt,lS crenç,ls e d a Ild,1 social inter- omiuda pelo profe,> sor, pOIS nós dis,>emos sinceramente a este que <;eU al u no
na da confraria. Os método, u\uals de pesquIsa são aqu i in efi cazes, .1\,1111 ina Iral15mitir as informa çõe~ para mim. Era difícil ao profe or mentIr para
como o ,istema comum de conlrole e teste da lIlformação o btIda . A unica for- Kamanga, pois estava ciente d e que ~e u ~ en sinamentos seriam tesudos Junto
ma de realizar observações d ireta, era tornando-me eu me, mo um adivinho; adivinhos rivais das vizinhan ças e d e o utros d istritos; mas ele p od ia fa~tl ­
embora entre os Azand e isso não fo \,e impossll'el, ten ho m inha s dúvidas so- mente sonegar inform.1ções, e fo i o q ue fe z. i 'o final das contas, po rém, o et-
bre se sena \·alltajoso. Experiências prénas de participação em allvidades des- nógrafo tende a triunfar. Di sp o ndo de con hecimentos preliminar~, nada
se tipo !t~\'aram- m e à concl usao de que um antropólogo pouco lucra em pode impedi-lo de enfia r sua cunh a cada vez mais fundo , se é in teressado e
II1tromeler-se com o ator em certa, cerimónias, pois Ulll e uropeu jamais é
persistente.
considerado seriamente membro de um grupo esotér ico, tendo assim poucas
Esse tipo de pesquisa eX Ige uma abordagem paciente, u m a longa e pera
oportunidade, de ve nfic.l r a te que ponto um desempe n ho fo i m o dificado em
até que .. urjam co ndi ções f.l\'or.íwi'ó. Nunca me intro meti nas com'eLa pn-
~eu benefkio. del iberad am ent e ou (omo reat,.i.o p~lCol ogica d os participantes
I'adas entre Kam a nga e seu profe ~or Badobo, por m ais d ilató r io que ~ . eu
do ntos, que se ~en te m afetado por sua presen«ya. Além disso, é difícil usar os
comportam ento . Teria ficado mais surpreso com a astúcia d o profe Dr se
metodo~ o rd má ri os de in l'e~tlgaçao crítica quando es t a m o ~ realm ente enl'ol-
n ão esti vesse bem fa m iliarizado com a extrema credulid ad e de seu pupd
\ Idos nú leii monial e no~ lorllamos um membro ati\"o d e uma in stituição . As
cuja pro fund a fé nos mágicos nunca deixou de me m araYilhar, emb ra eu a
inumeras dificuldades prátilas que se colocana m para um europeu que qui -
teste munhasse di aria m ente. As utis tecnica de procrastinação do primeiro
~e l' en volver ~e ,ill\'amellte no ofíuo de adivinh o também pesaram n a d eci-
quase m e fi ze ram abandonar a pesquisa sobre o saber d o, m ágicos em ra\or
sao d e e \'itar esle modo de pesquisa, especia lm en te po rqu c os m emb ros da
nolm:/Al (AvolIgara) não se tornJm adivin hos. d e o ulros tó picos an lropológicos, n:io tivesse ocorndo a l.hegad a de um fa -
m oso ad ivinh o no distrito, em viagem profission,ll. S~e hom em , chamado
A alternatll'a que se colol.Jv.l lmedia lamen te era tent ar ga n har a con fian-
Bügwü7 u, era arrogan le com o~ pratlcos locais, a quem tratal'a com u m mi to
«ya de um ou dois pratiwntes e persuad I los a di\u lgar seus segredos confíden -
.. ial m entc. r cntellSSI) e tl\e UllJ pequeno pf(Jgres~o em Illl n ha .. inve~tigaçôe\, d e d es p relO e co ndescendénCla . 8.ldobn suportou ó'.l pre,unção c mm nor
ate q ue ficou e\ldellle que eu lIao lhegaria mlllto lunge. Meus infofl n,mles es - L1L ilid,lde q ue os o ut ro, adi, IJlho~, plm est.l\.1 aco~tum.l,l o a d et~r('nci
tava m dlsposlos ,\ dar as II1f(Jrl11a,,(Je~ que dblam puderem sel obtid,IS sem era agora p restad.l .1 seu ! lIal.
grande dlfi(.Uldades dl'l)utr,l~ fontes, m as eram reticentes quanlo aos pnnc I- AI es l.l\ a lima opor! uI1lJ.ltie.1 ser agarrada de pront~), púlS pod rI ,l nJ
paIs segredos, ti ponto de se rec us.nem J d isc uti lus. Crl'Ío que Icri.! SIdo pos re pl' l" r sIIJ11u lu o orgulho de Bog\\"o/u, sugenndo que ek se ~"l CJ rTL .. a • da
lin d , por meIO de vario arti ficios, d ese n wvar todo, os segred lJ~, Illas I ~\() edlll .1t"w d e K.lm,lJ1ga, L lhe ,1Lenel com u m pag,lJ11~'nll\ li sI1J1d,\1 n i-
Illlplrwn.1 uma press.lO injustifil ,lvel ~llbr(' as pe,so.ls P,lI,l fÚ l' !.IS di n dg.1l Jl,I ~"l'.1 .,l' lI aluno tud o o qUL ,>,!ln.l. I )I"e lhe q Ul'C\t.l1 ,1 c,m . d d,\ lUanh.1
aqUIlo qUt deSl:jdVam ()(.U ltar, dc furma lIue abandunei a ~ ill\e, ti g.l .. oe~ , ourl' ex tOl s OL'S de Badobo e qUe' L'\ per,ll .1 qlle 1111l1h,l gel1C:W iJaddo'~l' rl ~omp"n­
(."~Ja partt da ~ Ida l.ande por \ ,triO S meses. blllullsequêllu.l, ,Idoll'i .I lrlll l ,ltJ- , ada pelo .1parelh,lIl1ento de Kam.lI1g,1 LO!l1 ,llg,) m,lh do qu UIll (onh Cl-
IlLd altemall\'a. US.1 r U lll sub, tituto no aprendIzado d.1 télJlic,1 do,> tldjl illlj() \. Illt' nlo l'xolerico li.1 léuliL.1 dll'> .ldi vinIH\\ . 1li,m tl' d l' n.hioho, d ~ Ulp~l m
, u lfl.ldo pe, 0.11, Kalllangd, fui iniciJdo na corpora\Jo ~ tOfll O ll ~l' 11111 dl/l'lldo que o nO\o espl'l i,llr st,l l'l.IUIIl .l lllUn 'nLl,1 ,I~ ll.1l'r)h .h), t n I
dI II1h~1 prJtlldnte. I·le furn eceu · m e relatório lompl(."to~ d e todo, os pa s ~\) ~ dlsllllguido 1,lnlo l'Jltrl' o, A/ ,lIldl qu,lIlto l lltn l H,lk,\ I lllh .ln1)
dt J (Int Ir .1, Je,d~ o I/IIClO por '1I,1 magia, e que assim de poJni,1 l' n In,H ,1 " ,nH,1n a a dr to,1 ma I J.
o .WIVIII/IO

d amba J \.ultura Propu J nll. /1l I lempo qu H dllb onl111 u.\ ~ 1 bli~()s s.lll Jwntel.ím nto~ de certa importAn ia local. ~ aqu~lesqueYlvtm nos
tuno 10 r \.0010 prof or (: .1 r J go ror u cn I , . .lfrcdore~ \.on ídemm-nos e~peta\.ulo interessantes, que bem valem urna
Quando o mfonn nl d nlende /1l, o .lI1tropologo ".11 g.mhando. Lllr!a l.arninhdd.l. Podemos me mo supor, de falo, que a familiaridade com
malldadeenlr e dOI pr II 1 tTan\lllrmOU numa dmarga e mal dI e sas se oe tem important influência formativa no desenvolvlln~nto ele
tanrJdJ h 1111Jade Bo '\\ )lU d u me IIlfonn \1 <; obre drogd magiat e ri- renç.\s obre bru aria na mente da. crianças; poi esta fazem questão de as-
to d.. modo .1 pro .H '1" li rl\ I I!!n r primeira c rol ,"competente i ti-Ias e nela. tomar parte, como e peltadora e como membros do coro.
no d rnpcnho d( und (1111 o B doho a ordou, mo trando e nao Essa é a primeir.1 oca iao em que demon tram ua crença, mais dramáttca e
meno .ln 10 o em dem n Ir r li nh ·Im nlo de magIa para Kamanga e publi amente afirmada em tai es õe que em qualquer outra ituação.
p.lrolmlm.( di .1l11\1Ilho dl l ut \ n akmdl o,paraganharascend~- sessõc e reahzam numa ariedade de ocasiõe ,ma em geral são fci-
I I r o pr II (I II J lu k man a I rO\eltam ao má imo a bnga apedido de um Ifder de grupo doméstico que esteja ofrendo de um infor-
todo • n 10 so do pro~ fiO J rol om ta I md também d outro adivinhos da OU t lo. Talvez ele ou ua mulher estejam doentes, ou temam
\ IlInh 11 I d( 1 J I ii adoeça. Tal ez uas caçadas estejam fracassando siste-
(OIl1udo, P f d u fI\ hd.ld dI' nllnha per I t&1 la, os do· adM- iJAlatic:anaente. ou talvez ele queira aber em que lugar do m.lto se escondem os
Ilho men IOIlJd ndO Ir.\! 1l1lliJ rn a J\.amanga o metodo de extraçio de bicho. Talvez a pc te tenha começado ii assol.lr Slhl pl.1Ilt.lção de amendoins,
oh) o d( IOq o di r I III um 0 1 la ao I.Irurgica r altzada por CUraD- ou talvez esteja apenas incerto lj U.1Il to .10 ~Itio l'm lllll dc\"\.' SCIllC,Ir ~l"l elcusi-
d 110' m todJ Jbl l1l muito bem que Kamanga era uma na. Talvez sua mulher nau lhe tenh.1 d.ldll um filho, ou t.II\"\.'L de ,\Ch~ ljue al -
r II) d I lUlU tod I u o da IIltorma\ que eles ali guém vai difamá-lo per.mte o ~Ogfll .
d pt m tJIl r' rqu ,emhora uo tenhacolocadoem i- Ê possível depilr.1r COIll o, adivinho, qll,lIldllCk~ l'\I.IO se dirigllldll, \uzi-
I lI.1 lo a rc lar o truque to. pareoe que meus
nhos ou ~m dupl.ls, p.tr.1 um,1 residênci,1 .llingid.1 pelo illforlunio. PllrlanJ{l
m( rm II ti n n It ll III li unhe Imento Integral pua mim. mesmo
seus ch.lpéus emplumados.l.lrrl'g,lIl1 grJlldl'" .,alO\ de lOUro contendI) pd~~,
r pO Ibilidade ck ha oultoi departamento
chilres, .Ipilos rnagilm, l intos, j.lfrctt' tr.l~ e br,lldl't Cs kilo, de fruhl .. e se-
J m fr.mqu ramo mevrtá elquecedo utardeeu
menle .. silvcslres. No\ \Tlhos Il'mpm, .\llte, d,I .lllmini,lr.I\Jll curopéi.l, Sl)-
a r mo Ido do corpo enfermos, poi sabia
mentl' dni~ ou três .Idi\'inhm i.IIll .1 lIm,1 ml',nl.l reunI.\(}, 1\1,1' hllie a mJiori,1
d anlcma( o qu u ed u mas po el que, em
do, .lldc.lIllCnl(lS do gO\"l'I no d1l'g,I .t lllngll'g,Ir ml'i,1 dÚ7. i.l, ;" ve]l', ,lIl' l\l1U
ouln ~ unto eu alo cAM'''''' de um ba&e pre ia - , ~e
o d i lIIh qUI~oem
. . lIlI/i.l , cSpcli.llml'llte n.I\ ,e"ocs m,Ii, pllpul,Irl" - 1'1lIcAl'mpl\l, I.jU.lIldllUIl1
mm com m lor u ~ sOo
nO\ \l l11.lgico C,t,1 'l'ndo illlll.ldll 11,1 (Orpllr.I\.IU .
.,aK:açiock manga pcrmitlrdm -me
l )u,IlIdolJ ,Idl\ ",hm \l' Cllllllltr.IIll 11l) 111(,11 d.1 ,C,sJU, tWl.\lll (lImpri-
naa elQlM!'I~nu num bom numer de t lo ndti\ o ,
l\I~nh) e disülll Il1CIll \ \lI h,li . •1 lh .IS .. \llltu, d.I rl'uni.lo cllqualllo prcp.lram o
manalmm por muitclfi n~~., ~ que nunh con lante a ~o íd\-30
l.um I mou po;sshrel uma dÍliCll!ssjio informai tranquil d t.lI matt'nd . te, fciro par.I.I d.m.,:.I. Nl's~.l s lOIlVd .IS l' prcp.lr.lli\'os .•1 ildcl.lIl\i1 l\ .b~urniJ.I
l m um mft rm n qur nh antunament ostuma er uma fonte por Ulll mágil.o expcfIIllenl.ldll. ger.llmcllll' .llgul1l qlll' 'C;,I .Idi\ inho hJ mais
dI:' Ulform o mal que um o d afirm.l Ot: j 11.1 por tempo que 0\ oulro l' 'I"l I.II\'l'zll'nh.I IIlÍli,lllllllllllfllill ,I v.lrio.. do demais
mUito mformant partlllpJllles. ~UJ dulond.IJc, ullltudo. 11.10 c: gr.lIlde.
Os membro~ da classe governante, que eu saiba. jamais se tornam adi i-
nho . Um nobre perderia Imediatamente prestígio I.: 50 se associasse a ple-
bela na ingestão <.:oktiv de drogas e na danças publi hegttel m mo a
OUVll comauário5 . lavo brc um hefe pi beu qu toma parte
hom .
. ..
II IlJI

n.1' um cspuJadol dl' I.lis .1\1\ id.ldc~, plll~


.1 p.lrtiLlp'lI,.lO Ilela, dimillLlla ,I que elltr.lI11 1l,1 COIll!lr/Sl'r,IO das droga qu ,lI1gCCl:Li J
di,I,lIh i.1 ,od:tl quc li 'Cp.H.l\'.1 d,lquck~ que lhe de\ 1,Im kald .llk UllllO rl'Jlre- a hrUX,lri.l ((1J1l seus pJ(°)jlnosolho .'>db 'rundl: t r
,<,nl.mll dI) pnnllpl' POrt'lIhegllinlc,.1 e,trulllr.1 pOIlIIL.I da "ida ,ou,11 ,7all - lIl11a ,. () adlvlllllo / ,lIlde excrü. poder S oLrenat r I
dI' n.lo m.trcou a ImtltllÍção dos adi"lI1hos, pOI' se os pnllClpes fi/esselll parle quc conhccl' a ~ drog,l 't lcrt.IS c port(ue a., 1117 riU dJ .ln Hd r

d.1 lorl'0r.I~Jo ,eriam nece\,ari,lmcnle lideres. proIcCl.t\ den\'J m d ,1 magÍLJ quc traz dentru d· I
É muito raro qlll: mulheres ,e lornem adl\ IIlhas. Algulll.ls ,ao ,lUtOIJZ1- do '-lcr Suprcmo nem do\ c\pínt(J~ dos lI1orto~.
d.ls a atuar como Luradoras, e OL,lslonallllente um.l mulher adqUlre Lonslde- O., paramentos pr()fis ~i {)nai s lOJ1lljue!)\ ddl\'.n o~ rc
r,l\ d reputaçJo entre seus paCientes - geralmen te pessoa\ do l11e,I11O sexo tn () terreiro de dan~a estJ sendo prcp.lrado Lono tem em du
- , sendo ent,lo deSignada para praticar 110 harem de um príncipe. Alguns ho- encimados por grandes feixe~ de penas de ganSú p pag.:' ,e o r
mens também procuram curadora, para tratar-se, E muito raro, contudo, pántano c do J1Iato, Fieiras de apitos máglCo~, feitos de madeiras ~
que uma mulher tome parte na dança dos adivi nhos; elas nJO participam das pas~ada~ à bandoleira no peito e atadas nos braços. Pele<; de u et.a. ",-",LV
refeições comunais, nem são iniciadas no ofício por meio do sepultamento ri- mato, gato almiscaradn e senal, além de outros urnl\oros, roed r
tual.l\lulheres que atuam como adi\'lI1has e curadoras em geral são velhas, em LOS (especialmente Colobus), ~ao enfiadas no cinto, fonnando uma
sua maioria "iúvas. cobre inteiramente a tanga de entrecasca usada por todos o homensdLl
Sohre essas peles atam -~e cordões com os frutos da palmeira d letb Bo
j1nucllifer). Um badalo de madeira JI1serido na ca\ldade de fru os
4 7ell1-nOS soar como chocalhos ao menor Jl1!wimento da cintura. as ~
0, preparativos para umd dan~a consIstem na demarcaçJo de uma .üea de tornozelos e as ve7es nos bracos , amarram-se molhos\\' de '>emente
operação e, em !teguida, na paramentação cerimonial. Começando nos tam- das. Nas mão trazem chocalho~, sinos de ferro com cabo de madeira, q el;,l
bores, um grande círculo e desenhado no chão, sendo ressaltado por cinza codem para cima e para baixo duranlt: a dança. A \Im, quando d.m,ça .. <lu.>
branca espalhada em cima. , Tenhum leigo pode entrar no círculo reservado adivinho é uma orquestra completa que chacoalha, retine e estrepita ritm
para a dança dos adivinhos, sob o risco de ter o corpo penetrado por um be- dos tambores.
:touro ou pedaço de 05S0 atirado por um mágico enfurecido. Cada adivinho,
tirando do ombro seu saco de couro, dele extrai uma variedade de chifres de
vári~s esp~cies de antílopes c de outros animais, fincando-os no chão ao longo
da hn~a Circular de cInzas. Sobre um desses chifres costull1a ficar UIll pote Alem dos adl\ inh os, há mUltas outras pesoas presente· a cada li.. UID-
com agua, para dentro do qual olham os adivinhos que descjam ver a pnndo as [unções de espectad ores, tamhorileiro~ e, no ca o do memllO.
bruxana. Entre os chifres no Lhão erguell1-!>e pedaços retorcidos de madeira coro. Os homem e menJllO, ,entam-se debaixo de uma an reou
n:ágica, do~ quai~, LOIllO dos ch ifres , pendem os apitos mJgicos. Cada adi - '(Imo aos tambores. As mulheres .,entam-~e longe do homen, po
\Jnho considera o espaço diante dos chifres que cra vo u no LhJO como seu sexo, J.lJn al~ sen t,lm junto., cm pubheo. A \'izinh.m01 gt:ralm nte c
pró~rio campo de opcraçoes, que não pode ser II1vadido por Ilcllhum outro m.lSsa .IS se,.,ões, com pesso.\s qut' \ '&111 tà7er con,ulta, al .ldl\'lIlh
partiCIpante.
que "el11 OU\ Ir 0' e,ul1t1.1hh IOl.lJ~ ou ~ill1pk,m~l1t > .lpr~ IJr .. dJ
Os dll,fres, primeiramente endireitados por aqullimento, sao rntao rc - mulhere." e~peci.llml'ntt" e ullla fugJ tI.1 Il1tllllltt)niJ ,la \lda iam I r
curvados amda quentes no chao e enchidus com uma pasta feita das cilllas e rotlJl.\ dOl11é,tlla ,I que l', t.lll ,11l1.1rrad.h ['tll" .. U,b tard.l' ~ cl ntln
sumo de várias ervas e arbustos misturados lom óleo. Eles voltam a srr rnchi - mc dll~ maridll., . O líder tln grupo dtllllesliúl qUl patrt ma.l .m
dos cada vel que se es.\'a;iam ou .quando seca () conteúdo. 'I ais drog.ls sau L,I,a .1 qucm qlllscr (OJl1P.lIl'Lt'r, ptH" unl.l gr,lI1d' .1udl Ikl.l
mUltu Il11po~ta,ntes, pOIS o conheumento sobre elas significa o lonheLÍmento l' ao .lJlfitri.\O.
d..a arte da ddIVlllha~J(), A il1\liaçao na wrporação de adivinhos IIJO estJ foe.1 Aquele .. que de'l'j,IJIl "111 ult,l[ tl. Jdl\ ính trJ c;m f'<o'tJ,ucn('><;
IJzada em palavras mágiLas ou sequências rituais, mas em árvores e ervas. Um qUL' loloL.l1lt diantc do hOIllc.'1lI dc .. uill' podnc \' r,llulu
ddlvmho lande e essellcialmente um humem que conhece as plantas e árvores
r.,~e., prc,ellk, pudun ~er pequena 1.lla an I pu tr
111.1' ()lhl~tel11 mai~ frequentel11ente em pequt'na, medid.1~ de deu,ína, tel'\C~ e .. ,Icode ,IS G1lllpalllh.l\ que tr<ll à mao par.! que parem. ()uando estes Lt:'iSclm,
dl e plg.l" de milllLl l' pratos de b,llata-doce. ele ,Idllloesla o' t.llllborik'lro .. , dl/endo que dtVl'm tocar melhor do CjUC vi
O anfitl 1.10 de\<e fornecer o gongl) t' O~ tamborc .. ; (01110 ,Irellas algum,ls nhalll r,l/endo. Recollleçam. T.II11hores c gongos re,~J,lm, as (amp.llnha, fa
residenuas pos,uem tais Instrumentos, ele quase certamente ter.i de perder {elll "wnlll lI'rlln", replcalll m SIIIOS de madeira pendentes da untura dos
parte d,1 manhã pedindo-m emprestado aos ,izinhos e tran,porl,lI1dll-O~ até d.1 nt,.ari nos, reli nem as torno/elei ra\, 11 u ma c011fu~ão de ()n~ que no entanto
slIa lasa. Deve tamhém ~upeni,ionar as dl\er,a, provid~l1Li,ls exigIdas pela obedece a um padrao nt1l11CO, pOIS os dançarino\ movem \U.lS mao<;, pernas e
\lsIta dos adinnh'h. '>eVl:m apenas um ou dOIS adi\'inhos, uIll.II1f1tri.lO gene- torsm segundo a batida de gongo e lamb{)re~. Um dos adlvmhos vai até os
roso ofáece-Ihe~ UIlla refeiçáo, convidando talvez UIll ou outro espectador tamborileiros e ordena-lhes que parem. Vira-se para a multIdão e faz uma
maIs influente. Deve também arranjar algum presente~ para m ddlvinhm arenga. dirigida especialmente para o coro de meninos: "Por que voce nau
como pagamento por seu .. ~en'iços apó~ o trabalho da tarde. r le pass,1 ,ll1laior
e~tão acompanhando minhas canções dIreito? Todos devem cantar em coro;
parte da tarde con\'er:.ando l.0111 sem hóspedes. se eu vir alguém relaxando, vou atacá-lo com minha magIa: vou agarrá-lo
o~ tamborileiros nall sao espeóalmente Lon\"ocados, mas apenas recru-
como a um bruxo. Entáo. lodo mundo e~tá ouvindo o que estou dIzendo?"
tados na hora dentre jovem e meninos. 5ao e colhidos (quando o são) por sua Essas manifestações preliminares ~empre ocorrem antes que os adivinhos co-
habilidade na arle, m.1 el11 geral ndo ha ..deçáo de tamborileiros, e toca aquele mecem a revelar as coisas ocultas.
que primeIro se aposs.l dnt,lIl1bor. ( mt uma ha\ er muita competição entre os
Recomeca , o canto e a dança. Enquanto um mágico de cada vez dança na
rapMes p.lla \er quem bate () t.ll11hor, () que á~ \<eles redunda em discussões e
frente dos tambores, pulando e girando (om todo \ Igor, os demai., ficam em
hrig.13. lT m (,lmhorileiro so e \Ulhtitllldo quando se l.,lI1~.I ou ~e mostra inep-
fila atrás dele, dançando com menos IInpeto e Jcompanhando a~ cançõc <do
to, .1 mcnos que, como ,IS \ l'Ies ,lconlL'ce, ele estabeleça um revelamento com
solista. Por vezes dois ou tres <lVanç.1m juntos até os tambores, dançando em
um amIgo. Em troC.l dos sen'lço~ do~ t<lmhorileirns, os adivinhos lhes fazem
grupo. Quando um membro da audiência deseja fazer uma pergunta. ele ou
um.1 ou du,ls revd.tçocs inspiradas, de gra«,a.
ela se dirige a um adi, inho em particular, que responde dançando sozmho
Antes de Ulllle ar .1 d.lI1çJr e cantar, os adivinhos ~eparam da multidão
diante dos tambores, num solo garbmo. Quando esta sem fôlego a ponto de
de espectadores todos os mcnInOS pequenos e os alinham ~entados, perto dos
não conseguir mais dançar, sacode sua c1mpainha para que os tamboril ir~,
tamborcs, para a~ol11pal1har as CJn\oc,. 'Ioda a multidão .Icompanha mais ou
parel11 as batidas, curva-se para recuperar o fólego, ou tropeça e Lambalela
menos a~ L.lI1C,OCS dos parti(lpante~, mas esses meninos deycm ser considera-
C0l110 se estivesse intoxicado. Es~e é o momento para dar a respost,l oracular a
dos um coro especial, p()i~ são (.(JJ{)(ados num lugar onde possam ser facil-
questào colocada. O adivinho geralmente começa a f~/ê-lo LOm un~J \"oz lo~­
mcnte vistos pelos .Idivinhos e repreendidos, se nao cant,lrem com brio
g\l1qU,l e incerta; C0l110 se as p.1lavras lhe viessem de tora, como !'te tl\'óse liIfi-
sufiCIente. Quando um l11agl(o ~e nnga com des, atira um ossu ou besouro
cll ld,lde em 011\ i-Ias e retransmItI I,IS. A medid,1 que pro\segue em sU.b
num dos menll10s l depois o e 'traI, par.l dcmllllstrar do que e lap.lI se fll.Ir
revelações, o ,1divinho \aI perdendo scu ar de SCmlltlnsll~nL~a e paSS,l a pro-
re,lllllellll' 1.lI1gado COIll sua negligenuJ
nunu.lf-sC com viv.lud.lde. e C\ entll,lllllenlt? (om lru~ulenC\.l. Quando tcr-
mlllOll o que tinh.1 .l liller, dan~a no\amente par,1 obter Lonht'~imento
6 .ldllio\1,llsobre o .15S\llltO.\ re,pello do qual e .. ta ,end,) lOlhUlt,ldo, pl)I~.e Pt),-
SIVe! que uma inforl1l.I~.1O .;omplet.l n,1O tenha ~IJllllbtid,1 durante.1 pnmclr.l
Uma "('~Sdl) Lon Iste de um .Idl\ IIlho ou ,Idl\ illhllS a dall~,ll t .!lOIl1P,I-
t' (,111 ,11 , dall~,l. ()u entao, se lll\1S1der,1 que tl.llou ,.ltlsf.llllrI.lIl11'nlt· d,1 pergunt,l, pü,le
nhado por tdl11bor('s~ gongo, enl)u,lllto rl,.,p{JlHlc.1 pcrgullt.IS Il'it.h pel"., e:. P"'S<11 " d,ll1~ar p.lr.1 .1 qucst.1ll Sl'gUllllL. .
p dadol r\. I eV.l algum tempo ate 'lue lJ'i parllClp,lJIlrs 5t .1Ili1l1C11l l ()llIl'~.lIn pO! veles, Ill'SS.I' reUIlIllC<S, os p.lllIup,lntô d,lll~.11ll ,lte ,ltIngllt'1ll um "'-
aos rOLIlO." dando pulInhos dlSclctm,l' \.1(1 g.lI1h.llldollllpeto, LUIIII.\.llIdo a t,ldo liL' IÚII.l, lalcr,lIldo .1 líllgll.1 e Il pCltl) UHl1 1.1L'I\. 'lcsll'lllUnhel ,('na, ljUl'
'>ilhar e rodopIar COIll ullla forc,:a l Jglhdade not.l\'Lis. ~UI()l,ldo!' P()! UIIl l 1l'L Ol cI.! \"1I n lJ<~ S,tl ndlJtl'" de 11.1.11 ... q ue d.1I n,1 "1ll1 l' ~c lllll,1 .\lU ,1 ,u~ m,,,,n <I
c(',so de vesHs t: expostos dlrl!tJmcntt' ao (.dor do sol, l.!llne".lI11 J lr,lII"plr,\1 r.1 l.0111 I.ll., I ~ l ,IIII'l'l
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IS ll'~ que tl ,>,II1"IIC 0\ ll)bll\~t' .10\ hl\fbotll - \ I hll
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abund.lIlt, mentc. lkpois de uma curtJ dall'rJ, UIIl deles (.('11 e .1Ic os t.lll1boll '; IlIC!nS nUll1 es t alio J d'l e.,
"llta." 10 sc!va,'clll
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ulIll d mtl1\.K,lJ1tc
mUSIl.1 orque'itral dm gongo c do~ tJmbor .." ,ino~ c Lhocalho<;, log,lndo 'lI.l' ,I' diflnlldade, 4LH: enfrcnt.l , ,lléll1 da e.,III11.1 c d.1 publiud,Hle granJeadas. por
Lab .I, para tra, e golpeando o peito (0111 fac.1s. Jte que o ,lJIgue lOf(.1\',1 CI11 .Ihril .,U.I rc.,idenci,1 .Im VIIIIIII<)., c pelo emprego de .!tores
torrente, !>obre eu corpo, Outro corta\ am ,I hngu.I, e o ~.l/lglle l11i,lur,ldn j A de.,ui".io de uma Sl'SS.IO a .. eguir. e.,cflta quando eu \011.1\'<1 p;trJ ea~.1
&11i\'a e!>puma\'a 110 canto de suas bO(d ,esLorrendo pelo queixo .1I~ (unthr , .. UIll,1 noile, .lpÚ~ tê 1.1 ,I.,.,i .. tido, pen11ltlrá um.! ilu.,trJc"io adiCIonaI do que
cOI11 o suor. Os que lac:cram a hngua dJn~am ClII\ dJ pllldlll.ld.1 p.lr.1 for.l, prcccde. cont.lndo o que aconleccu dc um ponto de VI\I.I europeu.
rara mostr,u sua arte, Adotam .Irc \ fLroze • moslram (1 br,llIl0 do, olho, l fJ- L' 1ll dos .Idivinhm d.lul11 passo.l frente depoi., de UIl1.1 dan\J r.lpida. pe.
zem esgarC'i tom a uoe.l. corno e as Lontorçoes CJus,llb, pel.1 grJllde Icn,.1O dindo ,ilenLlo, (Trila (l nome de um dos prc',entc~ -- "Zinghllndll) Zmgbon-
fi i(d e a ex.:lUstJo la n 10 fos tln repul 1\ a~ o bJ 0;(,111 te. do, c,sa morte dc .,eu .. ogro, OUçJ, essa morte de seu sogro, i\tugadi, Mu~adi
Qual o Mgnlfleado de t da es .I (urj,1 c expres .10 grotL'se..as? ~o UIll.I dis,c- cstá morto, é vcrdade que i\lug.ldi e~t.í morto, vOLé e.,t.í olJ\'lIldo í " Ele fah
edçdO an h~e cuidados.! d tod s a uas partcs no~ pCnl1l1lra de,(Obrir. como sc estivesse em trame, i,to e, (om dlficuldJdc e dc forma incoerente.
"~Iug.tdi está morto, ,I filha dele (.,U.l mulher) está em SUOl casa, J mãe deIJ
veio viver com ,'océ." OUÇ,I, el.ls n<Ío dC\'cm ir chordr junto.lo túmulo de [u-
gadi. Se continuarem a falcr ISSO, um de \'()(ês morrerá, cstão ouvindo?"
Zingbondo replica. humildemente: "Sim, mestre, eu ouço, e é Lomo VOLé fa-
,se-so s <,,10 re,t117.ld.IS quando uma I'esso.! ~ofrl um IIlfortllllio, F () caso de
lou , \oce falou a verdade," (Lingbondo fica muito ~atl~felto COIl1 e~sa re\ da-
pergunturmo s por qu II( ti Uft un~lanll.I\, ela lIao consulta um d(h or.Í(u-
~áo, poi~ não goc,ta\'a que ~ua mulher tive~se uma de~lulp,l inque,tlon,Í\'d
lo de forma pn\ .Idd cm el de ddl ao trdhdlho de (Oll\oL.lr, .!flm at()re~
p.lra au~entar-,e frequentemente de casa.)
10 ,Idl\ IIlhml para Ul11,l rl.:pl tScnt.l.,.ao pubhla mais wrJ. hpec i.lllllcnlL por-
Outro adi\'lIlho se adlanta, .. orrindo de modo confiJnte - trJta-se de
qu • UJIll' eremo. o outro or.ILulo 'iJO em gerallolmder.ldos mai, dig
um profission,11 traqueJado - e, voltando-se p,lr.1 o chefe 10c,II, Bel1\Ufu, di-
no d <.on(lan" (omq fonlt~ de: rl·\{:I.l,.aO do que os adivlIlhm; e, de
rige-lhe a pala\ra: "Chefe, scu, companhclrm e,t,io-Ihe Laluni,mdo. e,t:lO f.1-
'1 U•1,QUlf forma, ele tua o Jt r (OU ult.ldo parJ Lou1Írrn.lr ,h dcd.lraçúes
do .Idl\ mito JUI<:S que qualquer .11,.10 p(})~a ltt'r lnle iada COIl1 C%l fundamen- I<lndo mal de \'oce e querem fen-Io; trate de consultJr II or,iculo de atrito J
til, [,lha o 1I10tl o ejJ porljU • se 't,e., publild~ Jumentam II pre\tígio d.1 respeito deles com fre4üenu<! " O Lhefe n lO repltL.1, mas .lIguem, que dc: ..ep
que! qu a palnxlIla ~ pllrqu~ J~ rtvdJc,oe dm .1dl\"inhos )lo\suem lIm <Igrad.í-Io e mO'ilrJr que n<Íll é d.lqut:le~ qUt o trJun, gnt,l "Dig,l:nll'. o nome
\ alor ~OUJI pt Uh,Ui lmhoT.1 (omldl r<ld.1 mai expo<tJs dO erro que m dc- de .... e .. homem." (I .. 'io e m.lI' dillul, porque o .Idl\ II1ho prefere (,\'It.lr ta7cr 1111-
Illal or.H ulo ,tcm J \anla '01 peo.11 de que. (111 .1~'lInto~ dcltcadm c pe.,- migo" acusando ,liguem pes,oalmcnte.) () adl\lnhll recua, lli/endo que Ira
~OJI , Ull,a IIlVl~.,llga ... lo .1hertJ e e. pu de fornecer, <;'obrl'lud .. , o .Idivinho d.II1~.lr a 4"(''ot<10. I·at um slI1.11 p.lr,l que m t,lmhonlclros rL'Ull11elem ii tllL.lr;
.lO ,0111 do., tambores, tI,1I1~'a L S,l ll,1 frenl'lIL.ll1lrntl'; ,eu .. .,inll'o t.llCIll "\I',11a
flol1 lOna ne' ,I s~ '" n.11) .1))r/1 LIlIllP um agt /1lc nrae.ul.u, 111.1'> 1.1lilbem
11'1/111 lI'tlltI', ()', fi uto., tI.1 p,lImllr,1 tlolei/, el1tredlOl.lI1l· .. e em .,U.ll'lIltur.l; '>C_LI
lomo 11m gu Ht'lro lontrJ brUXJlI,1 I k IIJO apena,> mdl"l ii p SSIl.1 CIII que
dlfl o Itll~e.a 1.ll quC' nlcdld. tomaI p. r J .mulJ 1.1 LOIllO t,llllhelll, por lIlelll ulrpo porel.1 de .,um elL l' .,cu., uJlnp.lnhcllo., d,1O grilns .. eh .lge.n." Arljll "a
d,l dan'rJ d{daTJ gUlrrJ lI11edlOlt .lO hruxo f,odendll ter )ue. o CIIl ,If.ls- ex.lu,t.), t lope~a c:111 dll C\.1tl .10' t,lInbllre~, LJUt' um toqUl' de , .. u "1I1~') ,dl'lkIJ.
lJ lo do pJclcnh • .lO mo I r .Ir ..10\ bl li " que (',1..1 ULll!C d u .. Idelltid.ld • (I 1111 .,uhito .,ikl1lio, CSI,ll.lth.1I11l' dlllhete. :--J.ld.lt.d.l Dc rcpente l,lIl'nr tl'rr,1
d !tI IIlho 1.1 rj tom qu de Jhandollt III dtlll1lll\ aml nlt .1 n .,id nl i,l do lllfll Lllmo .,e II\l· .... e dc,m,li,ltlll , ,di til.lndo por \.trios 1l111111tlh, ,I LlllllllrU'r ,e
JlIO. 1.1 Lnu, qUI; o pllfllUfl) Illllll\ o o dc,>eJo d .Iument.lr .11 mpna r [lU lllnlll ~l' sol! l',Sl' gr,lI1dl''> dllle .. , tlIm ,I l.ll.1 110' h,lO . Iklll[ll'I.I-,>" cl1t,io dr.l-
tJ .10 I elo [latroLlnio de um espet.ltu!" pubhco· t· () 111.\1', Jlnport.lI1ll' !'.IIa m.1I IL.llIlll1te, d.lIldolllll S.lltll, l' j11111t:1 e UIll.! Il'\' cI.I~,\(1: "t l., hllml'll'> 'llIl' o e,

o c pl:d.:ldore • uma ses~ao c algo dlvertidn de \ r," \(?e~ c (lI,lIlle e sem 1.10 tClll1do ltlln hrux.III.I, '1uc li "'01.\0 ,.llulli.lI1dll, ~.I(1 tubllo (ll1l'IILlon.1 II
pn fornecc d suuto pard (0111 ntano e fof(lLJ~ por mUIto te rnpo 1'.lr,l. I d,)"o 1I01llC d" Lhek que .lntc(l'dl'lI o ,llu,1I mup.lIlll' do l,lIg0) l' ,ia,lI1o ld.1 II
dJ J .1, l um I11CIO dt dt: obnr quem t:.,ta perturb.mdo 'l'lI b '111 t 1M, UIll \lUllle dI: um hlll11CIl1.llIlIlllI (I elide IClelltl'l1lCnte rCLlI~,lr,1 ,I filh.l. p.lrJ d.1 1.1
t I11l,l~Jl1lellto a um outro)" O adivinho he,itJ; .lrllcul,l: ,. ' .. ", l' p,lr,l, 01h,1I1-
mI dl> de ad, rtlr o bru o (pro a dmenlt' um do e Pld,ldoft· ) d· tl Ut ~l'
( t .. na pi ta dde um melO de obkr o apoICH: reconhl' illlento pubh 0\ pâfd doI! 31llel1k para o lhao, como ~e bu la~se algut'IllIllJis, enqu.lIlto IUd,) e~·
I '
I, m/ fI/h

pc JIll por um,l 1I!)\,,1 ,1Lll';a\,lO_ ()utro ,ldinnho ,ldi,lIlt,1 ~c L dll, COI11 f' mbllla tel1h,1 reulJ1~truído l'~S.l ~essao a partir de not qUt' lo 1 flI.
egur.lIl ,I: "I' bcltranll, de t,1I1l1ll'm () ('~t,l preJudlC,lIldo, h,l trê~ dele,. l\1en- ,I\t lr a Ull1d delas, 11.10 proLurei tI ,111~ut'\'cr tod~ as pergunta feltol r (
UOIIJ ,]\ dUJ~ pe"oJ' i,1 ,kll',ld,l\ e e,ta que ,Iere'lelltou a li,ta ()utro ,Idl- da, dur,l11te uma !.lrdc. 11,1, ,JO IlUIJ1L'rOS<1 , c nau e pu I d tomar n d
,'inho o IIlterrompe. ", "10", dll, '\'Ies ,ao quatro, ful,lIlo t,lmbeIll o está tod.as <IS ~kclaraçóes dm adl\'inhos nessas reuniões, pOIS e c.omum qu' do" o 1
embru:\ando" (menciona o nome de um de seus lIlimigo, pe"oals, que quer m,1I\ esteJam dando consultas a um só tempo, E, mesmo qU<lndO se trdU d pc
depreciar juntt' ,10 lhefe l'm henefkill própno. Os outro~ ,Idi\ inhos com n.J s um , e difícil entender de que fala quando nao se .,ahe e'l:atamente qut: per
prLendefl1 \uallltenção, m,l~ 0\ adl\'inhos jamais se contr,ldllel11 em uma ses- gunta fOI (elta; suas respostas não S,IO concisib e dlreta , ma,> dl,cur tortuo
Sàll públIca, apresentando lima falhada unicJ dl,lnte dos nâo-lJ1lC1ados.) ws, longos e entrecortadm. Os adIvinhos também costumam fazer re ela
O chefe, por seu lado,esluta n que lhe rói dito mas não f.lla uma ~Ó pala- sobre membros da audIência ~em tl'rem sido explicitamente soh(ltado.11 .-
\Ta. MaIS tarde ele irá apresentar esses quatro nomes dIante do orúculo de ve- costumam ainda fornecer informaçoes gratuitas sobre inforlumo pendentes.
neno e descobnr a \-erdade. Fie pensa - di,sc-me um zande - que os Uma represent<lção na corte é um pouco diferente de uma essao na resi-
adi\-inhos de\em, afinal, estar com a ra7ão, pois são hru:\os também e conhe- dência de um plebeu. O prínCipe em geral senta-se sozinho, talvez com algun
(em m de SUJ laia. filhos pequenos e pajens no chão a seu lado, enquanto os homens de boa;o 1-
Após terem .,ido feItos os pronunciamentos oraculares em benefício da ção social que se encontram na corte sentam-se no lado oposto, J uma boa
pnncipal pessoJ presente, J dJn\-a é n:tomada, contlJ1uando por horJs a fio. distância. As mulheres não podem estar presente. r\ão há um coro e peeial
Cm \'elho chama um dos ad"'lnhos e lhe da algumas espigas de milho. Ele de men inos, e embora os espectadores - com exeeção do príncipe - po sam
quer sabL'r se sua safia de dL'u,ina v,li .,er boa l'ste ano. O adivinho corre até o acompanl1<lr as canções em voz baixa, geralmente o adi, inho cant,l em lo.
pote (o~l drogds, paI a olh,lr. Obse[\'<l por um instante a água mágica e então Nunca vi mais de um adi\ inho de cada \'ez apre\entando-se num,1 ,-one_ l'm
pula adlal~te, d.ln~ando. Dan~a porque e na dança que as droga~ dos adivi- príncipe tem um ou dois profi si()J1.1is entre seus súdlto" e o~ rl'qui~it.l quan-
nho~ funCIOnam, talendo-m \l'f J~ lOi~"lS ocultJ~. A dança mistura e atlva as do precisa de seu serviços. A sessão e uma representação de gala, ~ o compor-
droga~ que dl's trazem dentw de SI, dl' formJ que, quando OUW01 umd per- tamento de todos os presentes se caracteriza pela quietude e compostura
gunta, sempre danç.am, elll 'l'I dl' retletir em busca da resposta, O adivinho exigidas na corte. O adivinho dança apenas a re~peito do assunto do pnncipe,
condui sua dança, silencia m tambores e ~e dirige para onde seu interlocutor e qU<lndo descobre o nome do bruxo ou traidor, caminha ate o pnncipe e su -
está sentado. "Voce me I,ergunta ~obre sua eleusina, se ela vai dai certo este surra este nome em seu ou\'ido. A fanfarronadas e demonstraçõe que d -
ano;onde \'ocê a plantou?" "Doutor", replica o outro, "plantei-a acolá do ria- crevi nas sessões transcorrida em casas de plebeu não têm lugar aqui, e o
(~1O Bagomoro," O adivinho fala como que para ~I: "Você a plantou além do adivinho jamais usa o tom arrogante com que se dinge aos plebeus. Tanto
nacho Bagon~()ro, hum! hum! Qu,lJ1la, eSJ1{Jsa~ você tem?" "'I rês." "Vejo bru - quanto pude observar, os cortes,lOS não fazem c:onsult.h .10 adi\;nho obre
dfld, bruxaria, bruxana ,\ fn.'nte: tome cuilbdo, porque ~ua, mulheres vão seus próprios negócios, embora po.,~am encoraja-ll" e\.lginJo em \ 0Z alu,
embruxar Ui! ~afra de eleuSIIlJ. A L'Spmd prinCIpal, nao é ela, eh, eh! Não, náo para I11thtrar leald,lde ao pnnupe, que ü,ponh.1 o~ nome, d,l~ pe ~ 3, qu'
t' ela, \'oce est,lll1e ouYindo? N~I() e ~ua e,posa prinôpal. Po~~() ver is~o el11 mi-
,ll11e'](,,1111 o bCI11-estar do pnncipe. ~er 'oollLitado a ,1di\ inhJr n3 cort" l um
nh.l barriga, porqUL' mlllhas drogas $,10 fortes. Não é a e P()~,I principal, a gr,lIldl' hOllra, e th adi\'lnhos queJ,l o fizer,lm s,10 Lon,idl'raJo, pllr tOd..l .l
prm lllLl,1 pes,o,1'o el11 LU),1\ re\-cl,l.,oc, se podl' lontlJI.
e posa prInCIpal, a espo',1 principal. bt.i JlJe ou\'indo( N:!o t.' a esposa prinu -
polI." () Jdl"inho esta agora ~ntr,lJ1do num.1 L'specie dL' transe, COJ1l ddlculdade l.lllltudn, as tleSLI"I\OL'S lt'lt.l'o neo,te (,Ipltulo S,lll Je l'''lI . rL,thz.hb_ ~m
de f"lar mais do que pala\'felS 1~()l.llbs L frases entrl'Lurt,lda,. 'A e'I)(Js,1 princi- L,IS,I\ de pleheU'>, c ,I ,lJ1,llI,e que se segue refere-se ,10 lOmpL)f(,11l1('Jltl) d .ldJ
p.ll, n.lO e ela, t>.l.tlthde, t>.l,lldade. t-.-laldade. As oulJas dlJ.IS espos.ls t0m Liú unhos e de 'U,I ,luLlIeIlLl,1 longe tI,h lOrll'., .
mes dela. ,".laldade. Maldade ~. \OLé me ouve? \'OLt- deve gu,ml.lr se wntrd
tla~, LI,ls de\em soprar ág~.1 sohre sua eleusina. VOlC ouviu? ()l1e ela., ~()prel1J
,lgUJ, para (sfnar a bruxarl,l. \ oc.é me OU\ iu? U CIume e llllhl coi.,,1 fuillJ. t) l i
um"L WI~.l ruim, é fome. ~ua eleu!>ina 'ai fracassar. VOLe Sl'I,1 ,lss,tlt,ldo pela ()ml,1I i,1 de fi)l,IIII,lr ,I ,llenç.1O snhre ,I 1!1fll1.le l) ,onkudl Li
filme \ o(e t'~tj OUVJJldo o que digo - tome?" UIlJ adIvinho. I )e\'l'-"" tOIll.!r IIlHa <">PÚ 1,llllll'lltl' tlll mo Il' I ,lo <Iual t,1 a
~U,IS dn:l r,lçÚt'" Pl1l' \ 'OU r~knr-l1le a qu,mdo analis.n todo n lOl11ple:\l)
1"0
111.11'oportunidades dl" brig.ll que .\~ peSSOJS apartadJ5 entre .; tntre (')po "
dt: trcn"I~ rel,ldon,Hla, ulIll ,U,IS ,1IIvid,lde .. , O~ adivinho, utili;,\m du,\ .. fil!
pOft] ue, 11m Al<lnde () ,\I nto el1t re l11emhro~ de fam!.ha pohgmiu e (,!to ,-or
Illas de enUl1U,l\,jLl, Jmb,I, diferentes d,b formas ulIldian,l" A pnmelra e ,\
nqueiro; e el1trL cortes,lOS, cUI,IS ,11lJ!)I\;Oes po!JUC<l tendl:m 3 entrar t.m lon
cnun ... ia\,!o truculent.\. Ele .. sublugam suas audiellLia" tomando liberdades
fllto. Um adi\ inho pergunt,1 ao comulente o nome de eus vllinhos, ~pm.J\
qUt' em contc:\to ordin,nin pro\'t)L.lriam reação. Afirmalll-Sc de um modo
oucompanhe!ros de corte, conforme o laso. Ao dançaf, tem em mente o no,
presuncoso e e:\.lgerado, IIItlmld,lIldo os tamborileiros, o coro de meninos e
l11e~ de,sas pessoas e revl'la UIll deles - 'ie pmsível por imphcaçao e nao dlre
os cspedadores, orden,lIldo-lhes que p,lrem de falar, que se sentem, que pres-
tamente - como sendo () do bru:\(). A.. sim, é errado SUpOf que um adlnnho
tem at~nção e assim ror diante. Ninguém se ofende com t,lis ,ltos, que em ou-
procure ao acaso o nome do bruxo; isso seria ab~urdo do ponto de \lsta lJll-
tras o ... asiões ,eflam comideradm de uma rudeza imperdoá\'el. A mesma
de, visto que algum tIpo de rancor é sempre o motivo e" cneia! de um ato de
auto..:onfiança espalhafatosa envoh'(' os pronunciamentos or,lculares, que são
bruxaria, Assim, o adivinho toma os nome!> daqueles que desejam ma! a :;eu
acompanhadm de todo~ os tipos de gestos dramáticos e poses e:\travagantes,
consulente, ou tem motivos para fazê-lo, e deCIde magicamente qual deles
marcados pelo abandono da fala ordinária em famr de um tom fanfarrão de
tem o poder de preludicá-Io, e o está fazendo -Isto é, qual deles po ui subs-
.llguelll imbuído de poderes mágicos e de cujas pala \Tas não se deve duvidar.
1:les impüem suas re\'claçôes sobre os ouvintes com muita veemência e re- tãncia-bruxaria na barriga. Os adivinhos não estão simplesmente sendo es-
dundáncla. pertos ao descobrir quem está em más relações com ~eu~ clientes e re\el~r
esses nomes como sendo dos bruxos, de modo a agradar aos clIentes que nao
Quando abandonam o tom arrogante, adotam atitudes ainda mais anor-
se dariam conta do que se passa. A.o contráno, todo mundo está perfei-
mais. Depoi\ de uma danç.l Impir.lda, re\ elam ,egredos e profcLias na voz de
tamente ciente da maneira pela qual eles descobrem os bru:\os, e .,eu procedl-
um ml?dium qUl enxerga e oll\e algo que vem do Além. Transmitem tais
men to é uma decorrência necessária das Idéias sobre bruxaria pre\'alect'nte5
mensagem psíquicas por melO de sentenças dt:sconexas - em geral, seqüên-
Clas de palavra, não-articul.lda\ gramaticalmllltc - pronunciadas com uma nessa cultura.
\01 sonhadora e longínqua. ralam (f)m dificuldade, como homens em transe É importante observar como um adi\'inho produz suas revelaçõe . Em
ou adormecidos. '{ udo is,o, como veremos, é apenas em parte uma repre- primeiro lugar, ele sabatina seu cliente, procura?do saber, por ex.e.~Flo,
~entação, pois se deve também a exau,tão fíSica e a fé que depo~itam em suas os nomes de seus vizinhos, e posas, ou companheiros de alguma a~l~ Idade.
drogas. Note-se que estes nomes são apresentado pelo ~lie~te, não pelo adnlnho, e
De que forma ôsa maneira de comumcaçao afeta o conteúdo das mensa- que portanto existe uma seleção por parte do pnmelro. .
gens? Suas rnela\-ões c profecias baseiam-se num conhecimento dos escânda- O adivinho, além disso, por um recurso abl1ndant~~10 dognutl,mo pr;-
los l!lL,\i\. DevcllHh lembrar que, na Lrença zande, a posse de bruxaria dá a um fi , sional , dispõe o cliente favoravelmente as suas re\'ela'roes. Tendo obtido o
hO/1lem () poder de ferir ~eu\ 'l"melhante~, mas nao é o motIvo do crime. Já vi- co nwl en te os l1omes, diZ que vai dançar sobre ele ... DepOIS das .duJS ou tre
mos como o impulso por tra\ de lodos os atm de bru:\aria deve ser buscado primeiras dançJs, repete a questJo colocada, ,lS~egurJnd,) ,10 .Lltentt' que l~
nas emo~ôes e \l'ntilllentm COIJlUIlS ans homens - lllJldade, inveja, ciúme, l i esco b nr · t u d)
l en1 bl"'\'"
~~.. P'lvoneia-se diante da audlên ... i.l, dIzendo _que eJ a
calúm,l, traiçao, rancor dc. Ora, o escândalo, ne~sa sociedade, é como uma ouvlr,j a verdade hoje, porque ele pOSSUI um,\ m.lglLa pl:dero,.l, qu: na P'-l e
propriedaJl' \.olJlul1,\I, e os adl\ inlws, rCl rutados nas vi/inhanç,ls, sl.'mpre es- falhar, c \embr.lfa as profeLl,ls ,1Iltenorl''> que ,e CUll1pnf,lIl~. Derl)h dL u:a
tão bem ln! rmados subre .15 inillli;ades e nxas IOL,lIS Um adivll1ho cm visita d.lI1ça, fornece um,] respo .. t,l p,uL!,ll, de torm,]l1eg,ltl\ ,1. ":"\Il1, ~u.ln~o ~ t -
a um,1 provínCia di tank se acoll$elhará sobre esses assuntO'> com m profis- t.l de uma lomult,] sobre doen'r,1 de UI1l.1 CI"I.1nç.l, l'k diZ .10 1',\1 qu~ du.l J,
~IOnJIS I(}cais, antes c durante a SCSS.lO. Assilll, quandu um homem o Lonsultar ,U.1' espos,!,> n,IO <"lO le'pom,wc!'" t' que d.1Il~,u.1 .\gor,1 \l,brc .1, lHltr h. Quan
sohre ,dgulll.l dOl'nça ou in!ortllnio qll o .tlmglu, !o[J)t'lcrá o nomc de aI do se ti ,lia d,1 safl a nllm de ,dgum,! lultura, g,u·.lIltlr.l .lll lllllW d,1 plJ.ntJ ao
f:Uélll que deseja mal ao cOJlsulente, real ou imaglllalldfllellte. UIll .ldivlIlho que m ,Iclivlnho, que vIvem em terta dire\Jo n.\Il s.l\l rC'l'l)11 ,IH'!', n.lJ.' que
t ln suce~~{) porque diz o que !>eu ou\'illte quel ouvir e porque' ,\ge (11m tato dL',lgOl,\ v,ti d,\I1."l! S()hIL'Olltl,\ dll'e'r,Hl . ( hq~lIll de''',1 formJ.! \cr.1 il\lOho
bso e !ácil para o adivinho, pOIS ha inúnH:ra~ il\lI1lÍ;ades pddmlll/JdJ~ /l,1 iur \I1tl' Illl'tldl' dt' UIll tli.! ~llbl(, 1I1lI.1 LIlnsu!ta .1 Il'P Itll de ... a a
l I,1ll,.!It'llI l , , f rro
(ultura /.lnde: entre vizinhos, porque mantem mUHo lontdto l: p(Jlt.lnto km IIltrutJkra. Depois de d,II1'r.trcm por IIIll 111Il~11 tempo, III Orlll,lr.lm .10
1/ • I

illl~lr,,,,.í()L' impk\, 111.1~ ~ufILlent. lal fr li J 111


pn 'I, nll d.! .lIT.llk t,h. (eu me'II111) qUt' tinh.11ll de'Ulhcrtn qlle' Il.IO l'\,II11
\Il5il1u."ol'sJ().ldl\il1h()e.ISll1terprctJ~o .. dodJ nt rru ( ,
n m mulht'r" nt'lllll'> I,n el1' ll\ tldp.ldo" \11.1' qul' in.l1ll dt',u)hl i-lo, .1llIe,
L

li Pl'l-d,)-,ol.l ),m(,Il.II11 111\\ .1I11ente, e p,)r fim dl.,sef.lm qul' lI, rL"pll\1'..lveIS J\~,IIll, \'emo, como () loO\ultnte LolJbora (.om o adi 1/
t'ram e r!t) hllll1en, l.l,ad,l" 111.11' t.lrdt·, ~lfirmar,lm que ,I mc'm.l bru'\,ll i,1 d.1 (omull ... ele alL' certo ponlil scltX.lon os nomc.-s d.I
qu ~,trog.lf.l.1 l.lç'ano alw 1'.I"ado ,linda ronda\ ,10 ICITl'nO, de {"(lima que os adivinho \"11 d,In\;!r; no tin,tI, LllIllribUl parLlalmen c(.om
hOIl1{, "L,I ado, quI;' \"it'r.11ll para n dl~trito depcI~ di~\() podt'ri.lIl' ser excllll- do, pr(lnun(i.lmento~ do segundo, a partir de ~ua') propn
do .. De!,lll, Ut nui, d.llka" p,lr,lram o .. tamborc~ é ,1I111nCi,lr,lm que tinham ~ociai~ e conhecimento. lle~confio tamhem que, <.OInO um adl\
d< -oh rw ,ro húmen,- njo deram o: nomes - re~pons,l\ci, pel.l" mas C,I- rl?\ el,lçôes .1m bocados. qua\e como ~ugest()es (ou mesmo ( ec 'ur.'
ada,. D.lnC.lram de nO\ o e anunLiaram ,1 ,lUdiéncia ,I de,coberta de um qu,lr- ~erv'\ cuid.ldo\amenle o interloculor para saber se sua rI.' po a
to e ulpado tendo certa.1 de quI;' não ha\"ia ()utros alem desse~ qU,ltro. Ja de ,uspella~ do (omulentc. Quando adquire tal certeza, tomJ em

nOltc di\'ulgaram a atlrnu\-jo de que o motivo que fez com que c .. ses quatro Um adivinho raramente acu~ará um ari\tocrata de bru
hOl11en, u. as\em bruxaria para e. tragar as caçadas era que, no ,1110 anterior, 111,IS razões que fazem com que um plebeu não con ulte or3cu!
de nao ha\iam Sido comidado .. a tomar parte nessa ati\·idade. Fora isso quc ari~tocratas. Ele pode d.lr informaçoc, a um pnncipe Importante a r pet
lhe causara 1I1\"cja. Embora a pergunta tiwsse .. Ido feita pela manhã, só dc- certa, tentati\"'\s de mar feitiçaria wntra ele, por parte de membro de
pois do por-do-sol os nomc .. dos responsa\'eis foram ~u~surrado~ ao cliente (o propna famllia ou clã. ma, sem lamalS sugerir que 'Clam bru c . p J

proces'o normal na corte). pe~, por mais \O\'e10505 que se)<lm uns em rdação a()~ outro. pcs u m

IUita, \'ezes os ati 1\ 1I1ho .. e\'J(am ,1Ie me,mo .. w>surrar o., nomes, e trans- .. olid.lfiedade de clas~e que não permite a qualquer plebeu afr n :- um
mitem a. intormaçóes por msinuJ\,lo - por sanztl, como dizem os Azande. ,eus parentes., ão creio que no passado um adiúnhtl tenha laffi.l r.lI J .I
Para num, era multo difíCI! ~egll1r e .. sa comunicação do significado por meio baila o nome de U1ll nobre como bruxo; hojr: em dia, ob~cf\'el em rar.
de pi tas e alusões, 13 que eu era até certo ponto um estranho a "ida íntima da iões nobres acusados de bruxaria, mas e,tes não eram aparentado de mu.
(o.~ul1ldJde. I\leu ,onheomento do .. usos linguísticos ordinários só me per- perto com os pnncipes gO\ ernantes,
mItia entender parLla/menll: es ..e lipo de discurso. Mesmo os oU\'intes natl\'OS A di,crição também se f.1z recomend,hel ao se [c\'e!arem o n m d:-
à \'eze não captam o slgl1lficado integral das palavras de um adiúnho, que só plebeus, pois os Azande nem ~empre aceitam calmamente uma acu a-i \1
e realmente a(e~"I\d ao homem que o consultou sobre m próprios proble- um homem "tltar de seu lugar n,1 audiênCIa e ameaçar esfaquear um adi\ID
mas. Pala\ rJS que para II etnologo não têm ,entidLI, e para Os demais assisten- que fora temerario o ba tante p,Ha ,1cusa-Io dr: brlLxaria; ,eu prot to f 11-
te o tem apena, em partc, s;io faLilmente interpretadas pelo consulente, o convincente que o adi\'inho dançou de novo e admitiu eu erro. i 1 t rdr:
unkO que pOSSUI \"isão completa da s!\uaç,'io. As~im, por exemplo, um ho- estc confidencIOU que não tinha realmente e enganado, ma, arena r lU
mem pergunta ao ad" inho quem e~tá Colmando a praga de seus al11endo\l1s, e para evitar uma cena. O homem I:'ra mesmo um brm.o e dcmon tr
e mformadll de que nao é ninguemL'stranho ao ~eu grupo dOl11é~tiLu, nem é a pa pelo comportamento nolento,
e po a pnncipal, mas uma das outra e"posas, que quer m.l1 a e~posa princi- E comUlll que o, adl\ II1hos tr,1I1,mltam coniidl:'Ilcialmcnt
paiO 3d" mho pode nau dar ~lIa opllllao .. ubrc qual des,as olltra~ C\PllS.1S é a bruxos a ,I:'US clientes depoi, que a ,ô,jo It'n11inou I:' l e pcd
rc pon .hel, mas o maridu naturalmente terá suas plOpnas idel,!' .. obre o as. para L.Isa. Em publIco, ele, prolur,lm t'ntar Jfirma.;-t"x ,im:u .
unto. conhecend~ bem os SCnl1l11ento~ de ada membro de seu grupo do nOllles. "Llmcnte.lll dcnuncl.lr Pl"V'L).I' ti:.lla" ou mulh rte ,~ l 1

mestl~o, a hlstóna complel.t tI,h rela~oes ali estabelecida, l' os l'velllm I11Clllh e'Clupulo'o,. DI:'\" c' .,1:' ta em mente que, .ldeul.1i da l
n t.nles que perturbam a Lalma de sua Vida dom':st!eJ. Qll,lI1do e illfOlmado um,1 re,lç,ll) Imcdi.lla, um adl\ inhLl e um L1dad:w (llnHUll q I i
de que IIJO e um estranho quc lhe l";t.í preludicando, 1ll.1~ ~Im lIm,1 de '1I.1\ lI1tlll111 c (lltldl,1I10 cum ~ew, \;,inhos, e n.ll) lel11l) n1L1l1 rde
rrul'1erL. /ogc, desconfia de quem ~e Irata, podendo eU!.lc) \critllar su,,, SlIS- Ilh Ill'>ult.lIldo os puhlil,lInenll'. r.1l11b~m n.'l<) ,I:' 1 od li

P 11 por mclO de uma consulta ao oráculo de \'eneno. Ia JS pe, oas estranha .. nho., .\(redltam CI11 hru),lh l.mll) qu.l\1to o lei, o . Eml>or
o CJSu, t'm o mesmo conhe imellto de~~as condl\oes, filam no esc LHO. ht.1 :>1:' .... ,\0, ,inl,II11-'l' \eguHh. pn\legllh) ,01110 l t.lO 1 -1.1 Ir;~. .1
'1 l1 I~u I • t 'lll • ~llI.l\ldll h,1I .\lll SlI.1 gll.lr.!,l no (Iltidianll \.orrt'l1l alto riSCO um a dan ( amoR
d (lll 111111 I~ UlIl blu II \lIlg,ltl\\I, ('tll O\ltro I.\tlo, s su surraram O t.III\.,t. a qunda
n n dllllll l l\lIlHI\ldo do dll'ntl',.I ,OiS,I ( n1.li~ s{'gura. pOIS o con ulcm dual. orgamzado Ipc..... pãlJf 11_ _ __
I 11,1) I .1" 1I1~1l11 IIlIl dlat,lJll IIt ,slIhmetendo-o antes ao orá ulo de vcnc~- uma perfonnance cold vadacIt
11 ) I .U.\ on bor,1 ,1o. d~ lorlll,1 liUl' {' por meio do veredicto do or ulo. e me mo tl!mpo. e qut quando o ("'1m ........ 1_ _. . . . . . . _ __

n, I do Id" II\hll. qu II [\{IIlII' ,<' torn,lpllhli\.o, Mesmo quando o nome de ai- mantendo se em fila e .,umando
gll m l\I III. illl1.ld" l'1Il pllhlilll por 11m adivinho. dificilmente este afirma Ma n l:a50 eln se organaum nWll COI'O prol_ _1I

t I I. r I, um bru n. I It· di, .Ipl·na~ que o homem desc;a mal a outrem, ou apóIa um solista ormalmmte apma6 um.
t.ll,\ 1ll.l1 I· .tlgUl·l\1. I odo\ \,1\11.'111 qm' de está acusando o homem de bruxana, mamo kmpo QwlIW IC....~ - - te. .
m I propnn 11.10 <\firma isso,
.'.10 l' dlfiul \ I.'r que ,\~ re\'l'I,lçôes de um adivinho se baseiam amplamen
I • n (.ind,llo~ I'Il.tis; e que ele calcula as respo ta a dar à on ui •
~io-'
quanto dança t' se ex.ibl.'. eh Azande e tão perfeitamente dent do
'onludo, ,ou da opinião de que se deve atribuir ao adivinho zande
do\e de inlui\·âo. sem reduzir seus pronunciamentos apenas a um dI.::a
em q1ie um o ftmiruno
em squndo plano e e ceuta uma <bnça Imt q
7
part" mm&..
.. ional. O .Idi\·inho e seu cliente sdecionam con cientemente pe• •'4tIi" curar Imitar a dança VIolenta do homen o
pro\',I\·e1ml.'nle cau aram a doença ou os pre;Ulzos; o primetro com mOo portammto totalmente inadequ d I
a dançar (om o nome des as pessoa na mente. até decidir qual delu estf pre_ ~ Importante ob rvJr que l adi mh o
,udiL,mdo o consulente; creio que este segundo processo de seleçIo ~ mUito btm fazem ua propria mu [~,I com ~olmp mh.1 e lhCK..:tlb1C5
pOULO inflJenciado pela lógica. Quando se pergunta I um zande, leigo ou e Ito di o, omado au do gongo e d lambores e (ntOAJI~.scULr
profi ional, 'Subre isso, ele diz que o adivinho começa I dançar com o nome os participantes, ma para d própna dudien u. e es IOlu-'oJ........-.
de tr ou quatro pes oas na cabeça. e dança a~ que as drogas ingeridas antes dit;ão apropriada para a adivinhaÇ.1o. , tu m t nUll.1UJ"" U:'Il!J.'!
da sessao revelem qual delas está associada à bruxaria. ~ realmente quase im- çoes faciai • roupas grot ca - tudo coo orre na (na -
po í eI ser mai explícito, mas estou convencido de que a sdeção dos nomes própria a mamfe tação de poderes len - A udlen
faz por uma atividade mental basicamente inronsciente. Em primeiro lu- -ia ticamenle a reprt"'ienIJçao. mO\endo a cabeyl ~ n!p~U
gar, o. adivinhos dançam ~ atingirem uma condição próxima à dissociação; \·oz baixa, mais .:omo fomu d auto-entretenimento e
lDtoX1cam-se com I música criada por outros e por eles mesmos, e atingem Seria um erro supor qu hJ}-\umJ .ltmo fera de /'e')-pe1 e':OiIltr~.,
um ~ ~ grande prostração ftsica. Tanto quanto posso aber, a partir do (erimonia; pelo contrc1rio. Iodo edin'rt m ebnn .un .1D:1ID.a.J;j-

que os adirinhos me contaram, e1es guardam os nomes na memória e ficam a mente. 1e~mo .. ~im. n.lo r~ 1,1 du\ Ida de 'lu o SUI.:ess.o
repeti-los enquaotD dançam; mas fora isso procuram deixar a mente inteira- nho de\ e· e ao falO dl qUe el n.lO lontiam em J
mente livre_ ubltamente, uma das peuoas sobre quem ele e tá dançando im- ~eduzindlhl t: e limuland ua -r n .1 pc r m d
põe- à c:onsc:ilnaa do adivinho, às vezes como uma imagem visual, ma em l>e\elllO lembr,u, llelH d[ l.l, qu a .lud1Cl1-1
geral pela anonaçio de seu nome a algum distúrbio fisiológico, principal- islmdo a uma perfnrnl.lnLe IHU K.lI, Illas d um m~ruLlei~;~'-'
RICllk por uma repentina aceleração do ritmo cardíaco. gia. Tr,tl.l- e de algo mai .. 'lu umJ dolO a - tr t
diTela, t:m parte imboh(J, \.ontr.l pod •t
~e.s .lo (UIHO demonstra.,ao .lnllbru uia r ülllllJ't«!m-hdu ..u.AoJü
dan\.1 i: levada em unIa. Um ob rvador q tr~ns.cn::W"i>.'<.In~1Ii
las fei 1.1 ao ad 1\ i nho ua r llh ru ne:gll!~''''-..1Ihl1ú loL)dl(t u 1Q(-..M1Iao·
mo de produção da r pust
disse. o adi iMo peq.-'.
"
\n!t:~ d~) i11 II.: ill de um,1 ,e~~,\l), O~ p,lrticip,\I1lL'~ ingerem ,dgul11,IS d,l~ dro-
( Pllll'
g,l ~ que Ihc~ ti,io n poder de' er () il1\'isín:l, permitindo que reSlst.llll ,\o Call5,l
Igun, adi"i ho~ dis~eram-l11e que não senam caj1.l1es de ,lguent ,lI tant o
'Il.

~'~rorco \ t nao tl\'es~em antes Jl)gerido as drogas, que lhes co nfe rem o poder o treinamento de um noviço
de resl,tir a brux.lria. bte poder \'.11 para o eSlomdgo jun to CO I11 ,IS drogas; é na arte da adivinhação
,lgltado pela dança, que o trammite ao corpo todo, ati\a nd o ass im o d o m d,1
protecJ.L 'esse estado ati\'o, as drogas re\'elam quem SJO os b ruxos e chegal11
ate a faze-los ver as emanaçóes espirituais d,l bnLxana flu tu,1I1do no ar, como
luzinhas. Contra tais poderes malignos, os adivinhos em pree nd em uma lula
ternvel. Correm de um lado para outro, estacando bruscam ente à espreita de I
algum som, de alguma luz; de repente um deles \'ê bnLxaria numa roça próxi -
ma - embora ela seja invisi\'el ao não-iniciado - e corre até lá com gestos ao Pelo que pude observa r, é comum que um jovem manifeste o de ejo de 'õe tor'
mesmo tempo de resolução e repugnância. Retorna rapidamente para pegar nar adivinho para um membro mais velho da corporação em seu dlStntO. e
alguma droga guardada em seu chifre, aplican do -a sobre a planta ou árvore solicite que este seja seu patro no. As 'im, ao falar do modo pelo qual os 1100i-
em que ,'iu pousar a bruxaria. Essas corridas ao m ato são muito freqüentes ços são instruídos, tenho em men te a transmissão normal de magta de um
quando os adivinhos buscam amiosamente a bruxaria ao longo de picadas no adivinho para seu jovem aprendiz. Cheguei a "er, contudo, rapaze~ de meno
(apin?al ou no alto de uma termiteira, de 16 anos, e até mesmo crianças de quatro ou cinco ano,. receberem drogas
Cada movimento da dança tem tanto significado quanto a fala, Todos es- para ingerir. Em tais ca os, trata-se em geral de um pai ou tio materno que de-
~e~ salto~ e pirueta~ en\'ohem um mundo de insinuações. Se um adivinho seja ver seu filh o ou sobrinho seguir a profissão, e que começa a treina-lo de:-
dança el11 frente a um espectador, ou olha fixa m ente para um outro, logo as de a infância, além de buscar fortalecer seu esplrito com as droga. Vi FaToto
pessoa ~it:mam que ele adiOu um bruxo, ou o indivídu o foca liLad o sente-se pequenos dançarem a dança dos adi\'inhos e ingerirem suas drogas, copiand
mal. Os espet.tadores nunca podem ôta r certos do significad o do comporta- os m ovimen tos d os mais \'elhos nas sessões e nas refeições mágicas coleti .1.> .
mento do adivinho, mas podem interpretá-lo a partir de was ações e d edu zir Os adivinhos encorajavam-nos de modo jovial, e os garotos trata, -am aquilo
o que ele sente e vê. Cada movimento, gesto, o u esga r exprime a luta que está tud o com o se fosse uma brincadeira. Esses garotos vão- e ac ~tumando b ra -
sendo travada contra a bruxaria, e é preciso que o significado de um a dan ça dativa men te a representar, e quando chegam aos 15 anos seu~ pai~ o!> lC'\"Jll1
~eja explicado pelos adivin hos e pelos leigos para que se possa aprec iá-Ia em q uando vão visitar alguma casa para dançar, permitindo que parti -irem da
todo o seu rico ~imbolismo. cerimónia, embora nuo possam us,lr os paramentos do OfidO De:ta fonna,o
conhecimento das droga, e do ritual e trammitido pouco a P~)uCO, ao I 11"
dos anos, de pai para filho,
Quando um r,lpJI se inscreve como aprendiz dL um adl\'inho, a tran,-
miss,\o é muito mais ulrta, fic.lI1do JlI1d,1 ao ~,lbnr do~ pa",amento. feitL e J
formação de atitude~ pessoal" que devem ,er cnnstnlldJ~ for.1 d.l úmt11J d
glLl po doméstico, O jovem e IIlterrogado por ,eu futUfn prllic ~ r, 'lu> P
1',1 ~,Iber se ele e,t,l (crto de que de,ep ser iniciado, e'\lHt.lIldo· t) J " n I erJr
os pe llgos que ,1I11e.l~,1I11 SU,I "lI,1 e tUllih,1 ~e tent,lr ,ldquirir J m. ~ J k'\ iallJ-
mente. ~er.í também ,Hh er lldl) de que ,\ m.lf,l,ll' .1Is" 1m ~ ~.lf) t: li, U
pi nfcssor eJ>dglra presen tes comt,lIllc, e sUb,t,llIl j.l .., "L 1 npJl in. 1,1 m, li
lle'l'jO de torn,ll 'c Ulll plllfi"wn II (l!WJ.ILIll111a, \L n ntu,mLh
,ill.1I ,I arte. Seus parL'ntes n,ll) flr,ll) nble\,\() - ,e () l [ ul, !e ... n n n.1 1
prc' ir ~llll ,eq u ê nll ,l' nel:l\t ,ls p.\I ,I ,) 1,1\ CIllIlll p.H,\ k,
"
L'O] nO\l o l.onllc,,1 mgerl! .IS droga~ junlo COI11 oulrm .Idi\'inhm par.! 111<'11 lJIorr,1 dll ,k IlJlnhJ\ drtJg.I. I)u ouohJ mui er n O'J' r r
oII,tr
f rlaleu'r a alm ~ ganh.u o poder de I'roft:l17,lr Illill,I -~ l' 1I,llllf(l()r.lI,ao pOI r
rcnlcs ~,]() .1IlITll,II", 1I1('U l',m:lllt c ,I eI II ,moi quI." Olln .• d I I • fr Itl ~
um pultamenlo puhhlO; rel~be IlIlJ(O de hrux,ITI.1 par,1 ellgolir; (' ~ Il'I',ldo ,I '''ollll' "'11 pupilo) (jll.lmJ) .....,,1." dançolr, d3 .1 dO' ti.1 j ~
na ente de um no e tn\tTllído nas \',ína~ er\'.!~ e arhU"los dl' qUl' ~,\() (l'I 1,1\ a~ nao morrer. (JUl' ~ 1I,ll.I ~,1 prospere, l' que a hru:Urlj n....!) f rOl II .um " {) n
drogas las nao ha lIl11J ~equcnCJ.1 fix,1 para l's~c\ rJl()~. nhullI dI.' ,>('U' par('nl('~ IllOrr,1. Seus (lMenlC'i \,lO aOlmJ, <;eu foi) urr drn.I!7I o
IfIn<!o m,m \elho de \l'll poli é um porco v(;'mlclho. SUol, r~ .lO ui do.
'011.1 m,ll' l' 11111 ,1I11l1op", 'ol'll"lios matcmIJS SJI} dluker' II 01 o um rrnCJ(.tT)
2
[~ohrl' SI 111(,,111<11 ~e a brllxan.1 vIer a mmha ca\,l qil volte plor ond
tUJlas \en's ,IS~ISII a ItUIliJO de três ou 'lu,lIra <ldII'Íllho .. , moli .. raramcnlc Sl' UI11 homel11 fin:r fclllÇolrí.1 , .. nlr,1 mll11, que ele morrA c;e;.m h mero
sele ou 0110, CJIl (asa de um (olega expe nenll' - conhccedor doiS er\'a~ c plan- mJI a mrnha casol, 4ll(: fique J dl~ldn(Ja, e que todus aqudes que vierem d
las med 1l.lI1a is com qUt se fal a ~IJl'a lllJgicl p.lr,1 pJrtilholr de um,l rdcu;;lO \eu rancor sobre flllnha (;l~J recebam uma surpr .J de5<lgrdd eJ Q
(omunal O adiVinho mais ,'dho, ge ralmenle o dono da caSolClll quc lem lu - l.a~a prospere,
gar a ceflmóilla, d~cnterrou para lal fim ("erla~ raí/es no maio, r,lspou a~ e [Sobre \l'U pupilol (~ut: () mal pas~e purJ la, para 1.1, que droga t H
lavou-as para cO/inhá las, EJ.ls liilO colOlad,ls num porle com água, e os con\'i- co ... a~ prCJ~perJrcm par.1 VOle "e Jlguem recusar-se a pagar ror seus senl~,
dado reunem se a volta do fogo r.lr.1 \'ê-b~ (o/er, enqu,lIllo (()Il\'er\am e que nJO se recupere d,] doença, Quando \'ol..ê for dan çar com (l Jdl\ IIlho (' elo
hrillcam sohre assunlm prof.lOos, em hora por "l'/{'s sejam dl'CUlldo, os ne- olhar~m \l'U rCJ\to, que n,JO .. c languem com \OCC, ma, liquem alegres para
gO'-losda rrofis'>do, lIao 'iI,; demonslra explicit.lillenle nl'nhllJll respeilo ou re- .I, outr.l" pt:~'O"S lhe dêem pre,cnteo,. QUJndo \ Olé (ur a uma se~ ,nao

verénuJ.lJcpuis qUt J .lgUJ ferveu por 'llgulll tcm!,o, lingindo ~c do ~uco da~ loca lll,lçilo da hruxan,1. (~u ,lnd(J \,0(1." soprar \.:u .Ipito conlr o gal <;('1 r
planld\, o adlvlI1ho que ,IS (ollleut as está cOIelldo ~ que doravanle de~igna ­ gem, I 4 ut: voci.' nJO Jllorra , Qu.llldo \ ou: ,oprJr seu apuu zmga, que dai
rei corno ... cu propm.'lano IlrJ o polc do (ligo l' JC~pl'ji1 (J líquido cm oulra um homel11 retorne J ele p,l ra qu e ele nau morrJ.
\a~llhJ, {olol,(ldJ no fogo !"Ira um segundo {o/Jlllenlo. A~ raÍ/c~ ,-ujo suco foi
cxtraído 'idO levada, para um,l (abana prúxima, (Hldl' ~.J() guardada, para ou -
o adJ\'Jnho mais ,·clho pa ssa agora a (lllher para \cu aluno, que profere
algumols palavras ~obre a b..:herag..:m, enquanto ol mexe:
tra ola~i.lO,
A partIr d~sl lIlomento, os adivUJllos cOIllcçaill 01 se lO/llelllrar ~obre (J Droga qu e collnhu, tLllde ,>c mprc de Jlle r.. I.lr a \ erdadt', 'ao permlla qu nm
,I ~ullt(llIn pauta, IJ1ltrr(Jillp":Jldo as C()III'('r~olS profanJs l' d(',>clJvÍllvcndo um gllém me ii r.. com hru x.trI.], m.l\ dci\e-mt' n:conheccr lodos tlS bru os. a per-
nolh I grau de ,lten~i'1O .lO'i "u{()51lll'(iic.inai~ que leI Vl'1lI110 (og(), 1..,1(' é () pri tu rhe I11l'U!o p,lrcn les, porq ue \1 ,]0 m len ho, 1\ lrus pMen".''> \ 1\ em no m I e ~
melro lJ1al de que t"l"olr,lt.lIIdo (,('111 ((Irça" m:ígi",ls, A~ v.íri,l~ law,> do lO/I - l'k.f.1I11 Co, c OIl1ll1opc .. ; Ill ClI'> ,lVÓ" ...\0 buLtlos l' tlldllo,l1S r.\ .HOS. Quando eu d
IlIl'nll1 ,,10 agor,1 .lu'JJljl,l/Ih. das por eIlWlltJ<,t)C" .Itl ÍI fllll doi ccrill1{llIi,1. ... 11 lUI11 os ,ldl \' lnhn .. rn .lI " velho .. , n.lo (lo, del\e ft:nr me com u dard
r nqual,lo (J pr 'pra:l.irio dl "peja ~eLJ~ '>1I(m lIledILIII,II'> II.! .,Cglllld'l v,l~iJha, l'lI o,Cj,1o pulo 110 o nuo dl' ,Idi\ inho, PJr,1 qUl'.] .. Pl' soa ml."d~ mo ulla Lm
dmgt '>e ,10 me 1110', UII pOlllJ<; p,daVTas, pedllldo pelo hl'111 e~lar dos .Idlvi-
ilho ceJlllO um lodo ('pelo hum (Xllo dI' ~eus Illlea'\Ses PlofJ",IOIl.lis, I ill.\()
dlvldc LJllld boli! de P,I'.td Illolgild feil.1 de ,elll t'lIle, ole.lgJfj(I~,ls IJJISIIJI.J(I.I ~ ( lu I ro ,\lI II' III ho lom,1 .1 lol hl I dl' 'U,l' 1lI.1O .. l' l i lI11t\a .1 me ~'r <: Orl.lr
com uma r IlITl.ígic..I , cm peyllcnas holola,>, uma ('M,I L,ldrl .lIlil'ilJl .. , PIC'>l'll - dlog,l s'
h () propn tari" <.",10(,1 ,1\ (1lJ voh.1 do I'(}\l' l', PI J/1lt'lro dt', deplll'o l,1<1.1 ,\lI I
(lIll' 11.10 1,li,1I11 tUIII'" ~ oIHl' 1111111. (lue lI ellhum d< 111
1111111 li
Vlllh(J elllOldl'1TI de ,lJlllgulJdde, allr.1 sua holol,1 dClIlrll do pnt ', I ) jlllllH 1111
1111'(1 .. ",111111,\ ~.I" I"dn , 01111111,11 1.1\,111, ,Intil0l'c I 1.1'1t t
toma ell l.!(. de Uni I (I)I her de (lilU l' III i I II r .. () (',Il'fl ( III II IIS SI I1I1\, d iI 1j.\IJIlJ .. 'ot'
J drog,' ,C III ,cu IHlJI1l l ~m rrllllll' dI) ,"VCIIJ que (",1,1 ~l'lJd() lIIiUoId"

() 1 It'"hum Inal l I... , .. hrt' nUJIl', 'jll~ ell fIque (111 1',17 1'(',s.1 U n lo IlIlIrltl. Jt qUt Jhl .11111 1.,» ... II.h... lnil ti' II III (f'l"hl/"r hl '
1\ <, '1'111011" III
'1 U( fI. ( f rH/U .. fI" I "nllllh" h.lllJlidold ... prol I' 1011 I. QIIC 1H"IIItUIJII'.IHIlIL \/11/"1141", llll llllll l pu Il ..tt lil1llh;pt I I)
11 h ... , '\C,
unme,uc.l' "jn perdlze" 'ie .llguem ,'ler krll-me ':0 111 bru"<In,l , que terL'\se do dono l'L'lL'ht:r t,11 pag,t111l'llto, pOI S l',te<> formam partt mt gIdi do
1110 • t ",<!Ul'l'l 'ler u)11l1ll\'ci,1 111.111(1,1.1 mll1h,1 (,1\.1, pll" il m ,III1\TJ,I e ,1111,1- ntuall11agl((); o: ~OhrL'1 udo, n,l tt:rra 1<lI1d c, I. ( ms l der~- e c n\..I.1I qu ,'} andu
h,l.. 'l~ ~ 'l'U d.lno, Que tU \i, .1 mullo Lom .1' d rogJ ' dn, adi, 111 h,,,, p,trJ podere~ 111,lglcm s,io transmitido, dL' uma p e~s()a para outrd, o I.ndcd r fi
dantar LII1Ü) an'h, dez amh, vinte .1I1(h, pnr ano~, ,1Il0 ~ e .ln (" , Que ('u 1'0",1 cn ~ que ~,Itlsfeito com o negócio; ca~o contrario, as d n.gas perdem !)eU poder n
,dheu'r dançando a d.1I1.;a da adl\ IIlhaçáo, Qu(' os o ulro, ,Idl\ 11111(\' n,1(' me I r,lIlsfcrencia . A hoa-vontade do proprietário e uma con d í ~ao relevante para.l
odel m nem me firal11 Lom 'u.!, drng.!" PCI"em quc lod" , o, hOl11ens venham \'cnda de magia, e essa boa-vontade pode ~er ( ()J1 ~egUl d d po r meIo de um pe
Oll\ ii minha, profeClJ", Quando cu d,1J)c.lr (om a droga d cn tlll de mim, pO\S,lI11 queno pagamento .
de, chegar u)mlJn -J e fJ(as , anei, e riJ,tra" co m d cu"na, milho c amendOim Assim que 0\ pre\entes lhe forem oferec idos, () do no remove o pote d
rarJ eu comer, e L('[\ ela r.lra eu beber Que eu rO ~,.1 d.1n';J r no leste, no rell10 de fogo e deCanlJ o óleo que exsudou da pa ~t<l durante a segunda fervura colo-
t.1ng'" e no oe~te, no reino de I l'mbur J , Que meu no me ,tJ.! oU\ldo no rell10 cando o pote de lado para esfriar o resíduo. Se há um no\ iço presente, e~ CUJO
de Renzi ao >ul, t no dl,l.!nte norte, entre os e~ t range i ros em \,'.!u , I Der>;J a benefício especial estão sendo cozinhadas as droga s, o pote e apresentado a
colher bater no lado do role \oltado rara a d1ft~ÇãO me ncionadJ -leste, oeste, ele, que deve aproximar a face do vapor, cuidando de m anter os olhos abertos
,uI c norte.)
para que as drogas penetrem. Outros adivinhos fazem o me mo, e algun. de-
les pronunciam determinadas palavras para a m agia enq uanto mantêm seu
Cada adi\ IOho qUL' de~eja mexo:r t' exortar a, d rogas n o fogo pode f.lzê-Io rostos na boca do pote.
enquanto o proprietário poe sal na nmtura, [)epoi,s de algum tempo, o óleo
Quando a pasta esfriou , seu dono a serve, em primeiro lugar ao novico,
ferw c ,nbe ato: a borda do pOl<?, que e então re m o\Jd o do fogo. O óleo é de-
depois aos demais. A forma de sen'ir é uma característica recorrente da refei-
cantJdo dentro de uma l..ah.J~a, e n pote L' repo\to no fogo, pOI~ ainda contém
ções mágicas entre os Azande. O que sen 'e ra pa um pouco da droga do fundo
ullla p.lsta e~pc~ -a c olclha. A mistura e m exida e exortada pelos adivinhos
do pote com um gra\'eto e o aproxim a da boca de um homem; mas quando
~ue .. qui~erem fazer. Quandl) ~o e~tjo pre~e nlL'S do;' ou três adivinhos quali-
este está para comer, o bocado é-lh e bruscamente retirado e colocado na boca
Ileado., e nenhum novi 0, cada um mexe c e},.o na as droga~, ~em ter necessa-
de outro homem . O que serve ali menta o participantes dessa maneira, e
riamente que fazer um pagamento pré\ io ao prop;ietário para poder
quando todo foram sen ·ido , reú nem-se a volta do pote e comem a, sobra:
ome-Ia ; ma quando há um numero maior de adivinhus e muitos noviços
da pasta m ágica com as mãos, como se faz com qualquer comida.
pre~cntcs, e c~stume que o dono das droga ~ eXlJa uma taxa de cada um que
qUIser profL'rlr as L'nLan ta\Oe ~ e partilhar da refei t,. ão comunal. Ele avi sa Quando se aca bo u de com er, o dono traz o oleo que tinha decantado e
que 11.i~ \ai tirar o pote do fogo até que tod os IL'nh am pago al guma COIsa, Aí acrescenta -lhe um po uco de CIl1 Z.1 de 11gb i III i .::ml'll queimada (um para, ita de
cada ad" mho apre ent,l ll1el<l !,l.1stra , uma faquinha uu um anel , que deposita l ophirn o/ata), p ro du zindo um flU ido negro. O oleo que sobrou é dado de be-
no duo dlJllle do pote ou d entro d ele. 1 ai s pagamentos d L'\'em ser fe itos à ber aos adJ\ inhos, O do no toma então de um,l faca e faz inci,õe~ no peito,
VI tJ das drogJ ,lUJa potcn<.ld depe nde de terem SIdo compradas;.1 compra é
o mo pl.1 t,ls, pubo e [,ICe dos ,1dl\ln hos, esfregando um pou.:o do tluid o n.gro
parte: do ntu.ll que labn ca o pod er d a magIa C heguei até J ve r um adi \ ính o nos cort e~ , Enq uan to e,,frega o pubo de um homem com i~"o, dIZ:
que, tr.lIdndo grdtUltdll1ente de um dlt;J1l ,cololou uma pi.l~tr,1 de SUJ pro-
rned,ld no ch.1o; quando perguntei o que fa7 lJ, d is~l me qUt cria ru im se a Que e,te hllm.:m I r.H.: de 'cu,> p,1Llenle" lom ,U(.:"o. e n.ío 'l' deLXe < Il.=-anar pe r
droga naO testemu nhasse o pagamento de uma laxa, !,<li poderi,1 perder SU.l ob)clOS de bru '\.,ln,1
potenuJ ~e .lIguem (.Ilha em (ontflbulr COIl1 UlJl I're ente, °
dono pode
am,açJr deIXar.1 drogas quellllarem, ou podt' remm e LIs do fogo e 11,10 dei, Fnlju,lIltl) esfreg,1 II pei to de um hOJl1t'm, diz.
urnenhumdese u lo legaslomcl .J te q uf' tlldo tenhalll ~),Jgo()!>ufll.ilnte , As
drogas sao dele' Lolh( u ,l~ 11 0 J11,ltO, PI ep.mlu as l' dl71 nhou a~ (om Sl'lb
ultn lhu~, t ~u prupnetdrio, cid de\1'1ll StJ L()Ill Jl rad.t~ d...! (,lhe rCLuldal
que Lomo a magia nao obtl d,1 des .l forma tem potenLlJ dlJ\ Ido .1, é do ilHe,
rl e dJ<.j }f'1t 'lut' \all.Olm la paga r 1I1llâ peljlJt' na lJXJ, il"SlIn lIIJ1l() e do in
"
• .lU J~I l qu~ nlllf,UCI1l.llIrL d.l!d'h 1l1.lgll<h pd." (O'l.1 de,lL' hOI11L'Il1; L' 'L'.tI
~.I() ex t 1.l1d,I\. J odo n()\'lI,o c~pl'ra q uc cedo ou l.lrde (hegue a a. mlr um
gUlIn lcn lo pd.1 LO l.l~. qUL'" a ,.tlt.lllh' 11l0Ir.!.
po\i~' ao 11,1 c.orporaçaCJ. qllando poderá lOiLÍar :;eu, pfllpno nuvlço.... o,{)
. qucll quc daram.1I () ,.mguc deslL' homl'111 1ll0l ra 1\l1L'llt.llaI11L·l1 lc. ~L' UIll
pod c adqUirir e~~c ~t.ltll~ dq)ols de ter aprendido !)obn.·.I erva, e pI n\.l
hnl o \Il'l fen lo a 1l00h.\ 1Ill"11I0 qll~ 'L' .ll'rtl'\ime pel." (o,l~" 1'0".1 l',lc' ho a pl' ()pn.ld J~.
mcm \c I.. ; 11.10 pcrml1a que () bnl\o oLlllte J I,KC
N.lo é posslvel rcconhecer es~as planta., pela simplL<; obser... a~o de ua.
ra í/e~ duran tc a refeiçao LOITI unal. e por i~ so nao se fdl obJec,.ao a que leigo t"';-
I o.:los h~hemt"lIllhem de~se fluido ncgro, c "e sobra ainda a lgulll, de .. pc-
tela m p re~e nl es cm tais oca~lÔes. Era comum vcr amigo dos magico sent.!
,am-no nos chilres. onde guard.ull um estoque permancnte de drogas.
d os a ~e u lado enquanto estes Lomiam a pasta; mas nunw VI o,> pnmclro
j)epms que um adivinho mal., ,'dho tratou de ,eu .. colegas dc~sa m,lOe l-
compa rtilh a ndo a refeíçao.
ra. f.u \ er a estes a necessidade de lhe fJ/erem pagamcntm frequente~, .Idve r-
Di/ -sc qu e os adlVlnhos devem ser muito cuidado50s para que mnguem
tll1do-os para não brincarcm COIll a Illagia que trazcm dentro de si. ou ela n.1o
d esc ubra as pla ntas qu e colh em para uso mágiCO. Removem os wuJes e fonu
ficará firme dentro do corpo. pcrdcndo I>CU poder.
c escond em -nos no m ato, longe dc onde os arranc.aram , para que ninguem
siga sua pi sta o u conheça suas drogas. Uma planta é identificada pelo Laulee
folha s, n ão pelas raízes.
3
III no, iço lOll1Cça a tomar parte Ilc~sas releições comunai~ - gera lm ente
n.ali7..adas na manhã de umJ se~\.lo desde <) JI1lCio de scu apr~ndi/ad(), , isto 4
que () ohjetivo b;bico de sua c.llTeirJ .: clJlbebt:I-~e de droga, que o capacitem A m agia deve ser comprada como qualquer outro bem, e a parte realmente
a Identific.u a bruxari.l. í· bOll1lclllbrar nO\'alllente quc se trata de um sim p les signifi cativa na iniciação é a lenta transmissão de conhecimento ~obre a
procc!>so mágllo. A pL'S~OJ ingere Lcrl.15 drogas c se torna fisicamente for te, de p lan tas do professor ao aluno, em troca de uma longa ~érie de paga?lento . O
(orllla a poder resistir ao (ama~o de uma ~essào. c espiritualmente fone, pa ra professor pode mostrá -Ias casualmente. quando passeia pelo mJto Junto com
resistIr a~ arreml'lldas dos brux()~. As drugas cm si produZCJ11 resultados mes- o alun o - por exemplo, numa caçada - , ou pode sair com ele 6peClal~ente
mo que o wDSuJ11idor nâo tenha sido lompletamentc lDiciado. e mesmo quc para isso. A menos qu e as drogas sejam de\'id.lmente pagas, h.,i ~ p~r~go de
le Ignore sua composiçao. Quando um l1leninote as come. por excmp lo, perderem ~eu poder no processo de transmissão. pois o propndano lJC'a de
JLrcdi ta -sc que d,lS o fazem saral<)(car Lomo um adivlI1ho; e um adulto que m,) vontade com o comprador. Igualmente é sempre posslvel para um profe,-
km tais drogas no corpo as \'e/CS treme. ,alta e arrula violentamente. J,í vi ~or, se acha que não rece beu pagamento suficiente por ~uas ~r?gas, fazer ~ma
Jdivlllhos se contoru:rem t ~pa~lI1odicallll'Jltc c arrotarcm dc~~c jcito. mas ll1.ígica quc as inutiliza dcntro do corpo do comprador O adl\'l~ho pode razer
n,lO duvido de 'lue lJ façam parJ Impl cssioJlar (JS leigo,. embora p() s~a !t.lvel' i~so . ~ej.1 pelo (07 im ento d e droga~ c mo de encanta~õe~ que ~n\'a,m o 110\ l-O
umJ perturba'rao PSlcofj"ca genuína. indu/id.1 por ~ugt'~tao c pela a~a(J da~ do poder d,IS drogas que consumiu. se;.l por um fito especial. Ele toma de
drogas I ~Ias drog,l~ sao CXJt,ll11eJlIl' as Ille'illl;l~ que se usalll par,1 tral.lr do s uma trepacleil a d.1 Oore, ta cham,ld.l tlg/ltltlza. amarra um.1 de ~UJ' extrenu~­
docntls
d c~ n.1 p0l1t ,1 de uma \,11.1 OL''\ l\'eI L r,l\.l ti a no chão e rre~dl a o~tr.1 e'\:trem~­
o eJltan to, um hlJllle/ll tjllC tenh,1 lJl{'.LI alo droga s ,IPCI"lS algulll.ls ve/cs d .ld e no so lo. fmm ,\I1do .l lgo como a cord,1 de um .lreo,l r.lZ cnt,lo um p U~O
naG e~ta ljudllfll<Jdo pala ,ISSLJllli, li 111 papel importante lias ,ltl\'id,ldL'~ de UIll,1 dc magia do tnl V;lO c pll1g.hl na extremidade inf:nor d,1 lfep.ltieira. rJ~.1 qu'
'>C~ ao ou IMrJ profell/.lr. OC,I i(IIl.t1lllclIlL' (J S aJivJldj()~ l·lI\.IÍ.lIl1 a d.lll~.1 11.1 ,I tcm pc\t.ld e desa he c diVida ,I trc p~ltlel r,1 cm dOl".1 p,ntt' d~ lImJ prnl tJll~
lJ~a dl um del('~. a fl111 de trclll.u lllll 1I0VII,O l'lIl 511il .Irte. d o se p.u.1 o léu. a parte d e b.ll\C1 fll,llldo prc,.1 .1 t~rr.1 A"lm ,-om .l p n~
I ogo depoi~ que 1llgL'flU .I S d"'gJ 'I pd.l pi illlCil,1 \'t'/, o r.lp.1I l()Jlle~.1 a supe rtor VO.I, voar<i " di og,1 p.lra for,1 d o homem que ,I l.lllll. ~l .
dall<,.ar. de l/H/do que vall,l~ VC/L'S ,i LIlIl ou dOI S nO"lç() dall,and() II III 11,1 \l'S- No L.1SO de Kall1anga. () p.lg.lllll·nt o d.1S .ud,,, n.Hl hl1 nuulO n )mul. p "
,\O (mbor.J JlJf) 11HS5l111 tent,ldo adi, lJLh,u. N.lO 1l() "~Ul.l1ll l'Xp~lll'lIli,1 .,ufi cu IIllS1ll0 pll'Sl'ntecl seu plll k,sol' lIllll lall\.h. l'mbora h.am,ll1g.1 tenh.1 u-
It'nte: pOIS h,I\'IJI\1 illgerldo ,IPU"l" li 111.1 ptIJU{'II.1 l'0r'r,lo de dHlg,l. 11,10 pk nlLlltado l~S() com bens dl' SU.I pmpnúl.Hle. () prof\: lJ r ti·\ r~ Ix'r
lia ' ndo alndJ 'I do lJlIlI.ldo 1I~ Jll ,I pr U Id 1,111 SO!JIl' à., l.ll/l'S dL' ollde .1., d I\Ig.l~ llw.tIlllL'ntL' ,illte !JI/SO. !ll/.'" e .1 p,d,l\ 1.1 /.llldl ,.lr.1 1.\11 .1, ma l.lhtl nu cr
u.,ld,l, l1e\\r conte:\tn, P,ILI tju,llqut'r lIpll de bem. ,1 PI,llIC,l, UI11 ,l luno, ge- denso m'ltagal. Algumas veles a ermao cava pequeno'i tunt. n t rra que
r,11lllelltr um rap,11 quclt'm pnuc,1 ~()i',1 de 'cu, p,lga ,I pre,tJ\Jl1 no ulrrerdm, saem da (,IVern,1 principal, de p.Jredes es(Or.1(1a5 por rall. gIg:.tnt t f)
aI1O', enqu,lIltl) elr r o prt)fr"l1r \ ,10 regi~tr,lndo na memOrI,1 o que ),1 fOI loberto da folhagem de arbustos c trepadeiras. () A/..Jnde temem (.d cr

l'ago.I\lde Lheg,H ,lle\<ll1t,lr uma ou dUJ' lanças, mas a maioria de ,eu:, blbO nas, que abrigam serpente, c são a re,idênCla de espírito<; e do ~r 'mpremo.
~on,i~te em anéis, faca" plastras, pote~ de cervejJ, ce,to .. de C0l11ld,l, larne e Antes de partir, Kamanga disse-me que ifla com Badobo e Al nvo He e
llutros obJetm de pequeno ulor.-\Iguma, de~sas cois,l, Lhegaram J\ ~uas Barloho iriam arrastar-,e de quatro pelo chão, e os espíritos \"lfl.lm mos-
111.10\ por troca ritual ou pre,ente em OGI~IÓe~ cerimonial'>, ou tras foram pe- trar-lhes as plantas que buscam. Disse que teriam que entrar em mUito da
dida, ,lOS parentes, outra,>, JlIld,l, adqUirida, ao trabalh,lr para (J governo, em queles túnei s escuros para achá-Ias, mas que os espírito~ os guiariam. Ambo
,en'lço,> como o de carregador. A maior parte desses bens é en tregue ao pro- deveriam então arrancar as planta~ do solo e retirar-~e andando de c.osta, c.om
fó~or quando da 1I11C1aç,10 do no\'iço. elas. Badobo iria mostrá-Ias a Kamanga, para que este, por sua vez. pooe:c;..e
~e um nO\iço é hjbil e sagaz, pode rapidamente começar a praticar por um dia mostrá-Ias a seus próprios alunos. Alenvo ficaria do lado de- fora da.:a
conta própria, mas espera- .. e que ele dê o .. primeiro, pagamentos recebidos a vema, tocando suas sinetas para orientar os dois no escuro; ~em o som des~
,eu professor, e de\e continuar a dar lhe prôentes ocasiol1ai~. sinos eles se perderiam.
Um homem nao aprende de ..eu mestre wbre todas JS drogas que é possí- Dou aqui a descrição de Kamanga sobre o que ocorreu:
vel conhecer, pois ninguém ~onhece todas elas. Pessoa, diferentes sabem de
droga, diferentes, e quando um homem encontra alguém que conhece uma Andamos um bocado dté a na cente de um regato , por um atalho estrc=tlo. Fo-
,
planta que ele Ignorav.l , pode tentar lomprar e"e conhecimento. Se conhe- ° mos até aque la ánore lá , então eleç p.Haram e Ut seram que tam ~ntrJr na lerra
(edor da planta for um amigo, e 3 planta não for muito importante, ele pode comigo, no lugar onde \Oivem os esptritos das drogas e o Ser Supremo, e pergun-
mostr,l-Ia de graça, ma:, cm outra, órcunstânclas espera um pequeno paga- taram que tal se eu desse a eles um pre'iente. Eles não iam entrar la corru;;o de
mento. A medida que manos pa',3m, l' um adivinho vai ampliando seU5 con- mãos vazias. Parei e pensei um pouco. então det-Ihes uma pta,tra. BJdobo enlao
tato, ~oclai .. (om outro~ membros da profissão, \'ai aumentando seu estoque disse que ele:, iam continuar e me mostrar as drogas. Andamo, mal' um pouco
de droga~. hso tudo permite-no, entender até que ponto os dois adivinhos ri- até chegar à boca de uma caverna, umJ caverna enorme, e então el dL,erarn'
vais, Badnbo e BÓg\\ÔZlI, e.. ta\'.Im amiosos para conhecer as drogas um do "Vamos entrar. "
outro, e por que cada um pedia a K31l1anga para mostrar as plantas que o ou- Badobo disse-me para montar em ~uas costas enquanto ele ia de qualro, en-
tro lhe ensmara. As planta~ mencionadas nas páginas que se seguem são as tão montei e agarrei -me nele com as m.ios. Ele me disse que tJ me Ie\ ar e que eu
maIs conhecidJ~, e a maioria delas é mostrada ao noviço poum ante .. ou de- não precisa\ a ter medo. Entramos nessa caverna. Então ele pó, a cabe.à no (hão,
pois de sua miciaçâo. apOIada nas mãos. Esse tempo todo eu esta\ a nas suas cmtas. Fomo mal' I nge
Badobll e Kamanga costuma\'am mo .. trar-me as plantas madas pelos e Badobo apoiou de novo ,ua cabeça nas m;]os. Todo o chão da C3\erna ',00 :1"
adlvmhO'> quando eu ca.;.a"a com ell'S na lloresta, mas nJo as (oh:tu para "II, II, 11, ii, li". Contll1uamo~ e Lhegamos a um.l outr.1 entr.ld.l d,l • .l\ern.l, onde
Identificação. Apena, uma \'l'/ l'sti\<' COIl1 Badobo quando este mostra\'a a ele se agachou ue novo. Ent,1O me lh"e: "Quando eu der um I'ulu de repent
Kamanga algumas dessas plant.ls, e ne~~a Ol,ISião ele deu, em pOllLJS pal,lVras, pegar uma pl.mta, f,l~a o mesmo." ·\qmescl .
seus nomes e fmalidades. '1 ('rei, port,mto, que me basear quase IIlteiramente ,°lr \e .lba t'l.llU ,l'i,lm, de repente deu um ,alto, corn.·u " ag,ur u uma pUnlil
na de criç.ao de Kamanga de um,1 expediç,lo feita a nascente de Ulll riacho no meIo tI,t L.ll'ernJ, e eu J ag,lrtei t.1l1lb~m Ele me dt,,;c: "r,ta e planta q , u
para aprender sobre as drog.l' dm adivinho,. 1.1lh e mostrar." UI"e l11e que ,e I"os"" p.Ira outr.l pe",)a, de ú'rtam nl r ln
UI11 p,tgamento, .1Inda m.tlS porque l1\ e'ptritll' nJl) nlh linh, m ii?"ll mal e m

110 ~h,lO d.1l.l\'ern.1. e não llll\ unos lll'nhul11 choro cnqUJnlll dt' e la a m, m
'i
tl\tndn .1 dlllg.l , e .l'Slm tudo Indll,I\'.1 que minh.llllkl.l\.lo la ler 'u 'l,rol
() paI' zdllde e <.oh ... rl II por um,1 red ... de (ursm d' agu.1 q ue L( lrrCIll p,lI.t .lInbO'.
o lados do divisor Nilo-( ongo. I s\.I~ ,lgU,IS 11.1 Lt'lIl em fontes que ,lhrel\1 no
()!o gr.lOde~ dq,lrl"sslIt's l"lUlas, s<llllhlead.ls por ,tll.t~ .1[\ ores l'lohertas por
() 1"'/II'"/11"'(U d,' "'1/ ",1>",,, tlil tinI! dtl a,lrl'lllha~" t •J

l'I,\ não h.1~se d,lf «'rIo, <,nl:\o O~ e'>pmto'o tcriam ficado l.lnp:,ldo5, e eu os te ria drog.l~ eu dcven,1 r<:colher o re\íduo (" madelf.t que fl'rvlda para l"Xtralr li
101

0\1\ Ido 1.1ment,lr- e' "HIl::(IP.,I/,' 11<'00."\ r ,CI11 duvida eutambC'm teri,1 vi .. to um,1 SUCO) e entt:rra- Io n,\ cntrJdJ de minha (a[,ana e no lugar em queestJ meu to~o

lohra na ca\'erna 1\1.1, como ele me linha acompanhado, me tinha Iev,1d o com domé>t lco. Disse C!lI ,1O que eu devcna comer a pdst" mcdKJ/lal t: lJnldr mmhJ,
ele ao lug,lr do Ser Supremo, eu não tinha ouvido nenhul11 lamen to, não tinha mulh eres e fi lh os COIll ela. Disse que, quando eu fo\se ddnÇ3r a d.ln\-<l doi. ddl\1
ou\ Ido a fala dos e'opíritos. ;-':enhumJ grande cobra nos tinha atacado. Entao el e n hação, nen hu III Ill al deveria ocorrer, a mim e a minha mulher, por «lusa de rr I
me dl'o~e: ''Esta ~)lantd que eu e.. tou lllL mostrando e uma drog,1 muit o po derosa nha ati vidade pro fissiona l, é que é para ISSO que ~e uJllllha a zlga, ou I) azar d.L
dCh adivinho,." Ele então mandou-me curvar a cabeça e olha r para o chão, para d rogas se abale sobre a esposa do adIVinho. I:le terminou ma aula sobre dS dro
ga~ com o que disse ~ob re a zlga,
um poço fundo que lá havia.
Perguntei a ele: "Qual o nome dessa droga que \'oee arrancou?" Ele res pon -
Não transcrevi os even tos da i n iciação de Kamanga na ordem em que se
deu: "Ela se chama bagll porque não dorme quieta, suas fol has murmuram a
deram, pois el e foi se pultad o ri tualmente antes de engolir o muco da bnL"Y-
noite inteira: 'guuuuuu'." Dis,e-me que há outra droga poderosa chamada mie-
ria, e o engoliu antes d e fazer sua visita as nascentes do regato; ma a ordem
roko na beIra dos regatos, que eu irIa \er suas raízes tentaculares se es palhando
em que apresen te i os fatos é mais adequada à textura de minha narrativa. e a
na entrada da caverna, e ele pedIU a Alem'o que cortasse uma dessas raízes com
cronologi a exata n ão é im portante. Cada rito é um processo autocontido de
sua faca Alen\'o cortou e gritou: "Lanças, lanças, lanças!" Sem p re que colhemos
investim e nto d e p o d e res mágicos, os quais compõem o equipamento com-
uma planta ne"e regato eles dl7.iam, enquanto a arranca\'a m : "Lanças, lanças,
pleto d e u m adivinho.
lança\I,,4 D('s~(' jeito, ele5 falar,lm de todas as drogas dos adiú nhos.

l1adobo mostra a Kamanga outras drogas.] 6


Então f()mo~ e ficamo\ no meio do riacho, onde Badobo me disse: "Quero A fo rm ação d e Kamanga avançou gradualmente. Ele aprendia sobre uma
ql,<' você m<: mostre, enquanto c~tamos .lqui junto~, quais as ? Iantas, destas que droga h oje, sobre o u tra daqu i a um mês ou dois; e como Badobo em geral
estão Jqui, que Bogwozu lhe <:minou, que os adiyinhos baka usam." Eu contei a con seguia extrair um pequeno pagamento a cada porção de saber tran. miti-
el<: os nomes das planta, que Bogwbzu m<: eminou, e aI Badobo me dls,e: "Sim. d o, o en sino caminhava o mais lentamente possível. Podem se passar anos até
fie lhe emlJlOU muito, Tod3~ as nm,as droga, ,ão as mesma,. Essas drogas que o professor ten h a esgotado toda a sua informação sobre ervas e aryore • e
que ele lhe ensinou também são minhas drogas, ma5 existem all1da três outras pa rte d ela só é tra n smitida muito depois da iniciação pública; no caso de Ka-
drogas dl' que ele não lhe falou." Badobo entâo começou a me ensinar ma i, dro- m an ga, po rém, fiz pressão para que seu curso durasse apenas cerca de dois
ga~: a ziga dos adivinhos, que é a zClcngbondo. 5 Ele me dIsse que estava me mos- anos, caso contrário eu não poderia vê-lo terminar. Alem de emmar sobre a..;
trando J Zlgll dos adivinhm para qUl, quando eu começasse a cozinhar drogas e drogas, Ulll adivinho deve dar a seu aluno algumas peles e chocalhos rar,l co-
me tornasse UIll adi\'lnho Importante, re(unhecesse e\sa folha dentre as outras meçar seu equipamento profission al.
pLl/1tas. I )I~~c·mc para n.10 r,l'pal sua CJsca voltada p.lra leste, só para oeste. Acredito que os ensinamentos de Badobo e B6gwi.'izu sobre droga er.lID
()uJndo eu a lozinhassl.', devl'ri.1 dlz!!1 d scgullltc enlanta\ão: "Que ninguém me perfeitamente genuínos, e em geral me foi pOSSIVel conferir iunto .1 o JtrJ.~
JIlatl pUI l.lUSa de minha, atlvid:lLks pllI!issionais. l.!ue minh"s mulht'fes nao fontes a informação dada ,\ Kamanga. Ademai~, o própno h..l11unga e,>I.l\,\
abandoilem minlu caSd. Que IJIlnha mulher nau mort i1 pOI CllI,,1 de meu ofí ansioso para verificar as Informações com outros adIvinho", r(,1i~ su~p<:'it,\­
(iO,~ I.I~ me disse que eu dneria Il'/JI dÔSl' jeito, e que quando lO/inh" . . se a~ va q ue seus professores lhe estavam sonegando emin.lmçnll)~. Ele (t'\'C opor-
tunidade de trocar il11pressõe~ CO I11 outros profis~ioJ1,lIS Illclependentt'"
l
que passou a co nhecer após ter cO l1l eç,ldo d p,lrtllip,1[ d,b rdei -Oe.., e 'oe:,>,>,)e,
LlIllelltaç"" fUlldl[(: ,14s rnullll'fCS.
Ijl~kr<n(l",)o 1',1!\,lIl1enlOs ft'll0 pd,) alullo tio prnk .. 01. mágicas.
.tu,!.1 dlo~.l' ldlldt !elIl umJ Zlg,I, ou ,lIllldolo Nrs\< L •• >O, (l.lntlllolU t III~Clld" IMrJ t"\It.1I qll~ Nm~.l pe~q llj~a) contud o, deteVt~ se num plHltO.l\:'Cl1l KJlltlbo nem Küg-
I ,um IIlforl UIllO dhata 'óobr .. dl,lJl1IlIJ do nm IÇO.I'0'S' <I,m"IJ eXl'li'llle".tLl edil,'" 'lu, ",I'lU"" WÜ/U es tavam di spostu~ a lhe CJ1 SlI1a r conHl ICJ111l\l'r o~i to~ de bnn:.lfla do
nla~1J p(,dt:ro~ L.JU~i11 .ll~tr
"'. C) Ot "-11111 pO!l\Ol d IlHlrh- de UIIl I'Jltntc.: I 'pCIJ "L llllt li Jhll d,) 't"
cor po d o s pac ie ntes. Falavam -lh e J,IS d rog,l, que pcrmítllulll rc.III Jr I.u~
h, J lf ' J~ um p IHI1I< di~lantt',
( J l u I1l a lll ,'''( j Jt' "11' III 't "d ar', tL I

llper.l\()l'S, ti.mJo .1 illl p ress.lO d e que a 1l1gest:1O tk .....I\ d rog.lS C.lp.lul.l\ J o


() Cle lto des\.Is revcl,lço es , oh re KJ m a llga fOldc\.l .ldor Q J ndo \ It '"
.lluno.l f.ll er lllllJ illl·I \.i ll nll lorpo do p.lc lenle, (ololJr 1lIll l .1l .lpl.lsma sobre ,1 ' I d o c"pan lo, p.lSSIIU ,\ dllvldar sen amente d cun rOI nu'! d r
ela e m .lSs.lgea-l.1-
, e ent.lO 'I libidO da bnl'\,lri.1 ,Ip.trecefl ,l. .,LI a i nl ci,lçao. No começo nao podia aL redIta r n o lJue \ I r.l e uu ,r I num
.. t,i fo r-a d e d ll\ ida que os ,ldl\'inho~ Ir i.! m co mplelar o I re in,lmcnto d e ti i,l o u d o is recobrou sua serellldade e d eseIl vo lveu uma auto<.onf an'j.4 q ~
K.lmang.l depoi .. que cu dei".! .. , c o pal\, poi~ é ó bvio qu e, se algo nao Imsc rei - SJl vo engan o, não m os trava antes do Illudente. 'o fu tu ro, ele, como w. ')
tn, dE' in.l sorrer um a ~,aie de tracas~os refum ba nte~ .ln tent.l r retirar objctos legcls, d esculparia sua p re~ tI dlgi ta çao di/endo qu e I) que cu ra\ a '>Cu I n ra
dos corpo s d e ,eus paCientes. l\IJ~ eu la est.! \ a cansa d o d;!, lhi c,lniccs dc Ba - nao e ra a fin gida ex tr,lçJo de ossos, pedaço d e ca r . ao, a ranha. J)C;oUr
dobo t: d o s blefes de BOgWi'i7U. lá t1l1ha pa rad o de d a r presenles ao primeiro, o ulros obje tos d e br uxa n ,l, mas sim a droga mbrro que e ra ad m lfll tra por
ma llll ha uma divida à parte com Bogwozu, a que m p ro metera o principesco via interna e externa. ')1.' sua Ci r urgia é falsa , sua clílllca é hon~.
dom d e d ez lança~ se ele treinasse Kamanga in tegralm ente. Bogwozu queria
volta r p ara sua ca~ , a um dia I.' meIO de viagem , e cob ro u seu presente. Quan-
do argum entei que Kamanga nao estava ad equadamente treinado, infor- 7
mo u-me que seu aluno sabia tudo que ha\'i a para saber. Depois desse episódIO Bogwozu nos deix ou e yoltamos a recorrer a Badobo.
Como um menll10 de mll1ha casa estivesse um pouco adoentado naquele Como n ão fo sse m a is necessário esco nd e r seus t ruques, acedeu faç.ilmente
momento, \ugeri que Kamanga o operasse, di zendo a B6gwüzu que, se seu e m en siná-los a Ka m anga. Tran sc revo se us ensinamentos nas pala\.as deste
.ll u no f() s~e c.lpaz de realI7ar com suc('~~o a o pe ra ção, eu de bom grado lhe d,l- ú ltimo:
ri.l a~ de/lanças e deo,ana que vol tassc para ca sa na manba ,eguinte. Bogw()zu
Badobo disse-me que, antes de começar a tratar de um pacit'nle, Je\o COTUI um
preparou um cataplasma com a ~ ast.a d e !...po)'o, e, enquanto Ka man ga tàz i;!
pedaço de togara muga e entalha-lo co m a faca até que pareça um obJe1o d bru-
uma incisão no ahdômen do :11enin o, imeriu n o ca taplasma u m p ed acinho d e
xaria. Devo esco nd ê-lo entre os dedos ou debai..... o da unha. Ele dL.,.,e que de\ fi-
carvao Fu esta\a ~entadn entre Kama n ga e Bogwozu. Q uando o pro fesso r
car entad o qUieto e não fazer nada, dei..... ando quc um leigo prepare
pa~sou o cataplasma para seu alu n o, peguei-o para passá-lo a Kama n ga, e ao
cataplasma. Quando ele pa sa- Io para mi m, de\O pegá-lo rapldament e o1're-
fazê-lo procurei o ohjeto que LOntinha e o removi, fingindo examinar o tipo
mê-Io entre os dedos par,1 enfiar nele o pequeno objeto qut' lenho deb.:m dI
de material de q ue era fei to o cataplasma. Não tenho certeza se Bogw·ozu viu o
unha. Devo cUidar para que esteja bem enfi ado no catapla~ma, e então aplko
que eu tinha feito, mas acho qut' suspeitou de minhas intenções ao pegar o ca -
este na parte afetada do pa ciente.
taplasma, pob ele certamente pareceu desconfiado. Kamanga teve uma desa-
PIimeiro devo esfregar um pouco de /Ilbir,' na boca do paciente, derol en-
gradàwl surpresa q uando, depois de massagear o abdômen de seu pac ien te
cho a boca com agua, garg,lrelo e lllSpO. De\'o en tao m.D'JgC.lr o paciente, re-
por ~ill1a do cataplasma, dOll1odo usual, não encon t rou ali nenhum obje to de
mover o cataplasma e, ,> egur.ll1do -o na nüo, ímpccion.llü JI.! J copnr o b t
bruxaria. Enquanto Kamanga pro~ura\·a Identificar qualquer pedaunho d e
de bru'\ana. Qu.llldo .Ilh.lr um objeto, de\·o mo,trj-Io .lO, a" htt'nt p foi _ e
maléna vegetal no Gl lapla .. ma ~OIl1() um obJeto de bruxana , \'1 co m o canto
\'cpm c di gam: "Oh I Qut'm dIrla l [ntall t' JI"ll qu e ele otJ\,! morrendo'
do olho Bogwozu movendo a palma da mao no solo, pro~ufand o outro peda -
De\·e-se utlh z.lr o mt" Ill O ob,eto p.lfJ lada tn: , ,lp<.'raçõc, . Qu mi eI~ ft)f
rr o de canao pa ra S,ll1Jr ,j defluênlla . ALllei que erd chegado o momento d e rcmo\ Ido du L.H.lpla,m.I, de\l' ser le\·Jd o ao OlO dt' u m.1 .inore pr Uffi..l, 01\1·
parar com a operação, e pedi .1 Kamanga e a ~eu profl:~SOf qu e \' Iessem a mi -
'.I se.1 tod'h que n.lO o toqut'm, porqul' e,ta lig.ldo.1 hrUX.HI.I, Em.l de U k
nha ....lbanJ, onde lhes disse que t inh .l felllovido o carvao do lat.lpI.ISlll.L e pedi
de 110\ 0 , e,,:ondendn o m.ll' um.1 vcz 11.1 unh.l , rc.lh z.lndo um. un ia ::>ef.1
a Bogwozu que ex p lilasse LCI/lJ() ele tmbd ido P,\l ai ali. POI ,I1gUll'> iml ,lIlIL'S
~.Hlllru l gIL.1 (om ele Um.1 pe"n.1que e b'l.1 n,) truqul'l ode \ .Ir o m
fingIU tJl(.redulida de e ped iU pdfa ver o obJetll, dize n do que t,Ii LOis,1 Cl,1 illl - lo .He II e, \ 'Cle,
possi\el; mas e la es perto d em a is p.lra um ti nuar ti ng indo e, lOl1l0 e\ l i\'(?s~l' 1 nl.ln d,', IllC dk .. l'r.l lll: "t h .ld l\ lllh", tI a!.un tI um ti n ..n\
rno~ a sos, aC.lbou ad m itind o \ 1I.1 Ilnp{j~t ur,l . !{ccehl'lI dll.!s lan\.ls pdo \l' U
dl /u ldo qU t' tn J IJ IlI UIll llbjdo dr hnl\J.rl>l .I, \C I I " rp,I, q I
trahalho, \olt a ndo pa ra casa fi O d i,1 scgu lIlte ~em a\ o ul r.l' oi to, que perde u n.I<1.1 disso ; m.I,", por nu! rn 1,1.10, .lplI,.lrJm rt·m~...II,l nJ h< :I
por nao ter c um p rido ~ UJ pa rt e n o umtral o. ram 'LI.! pelt' olldl' Ihl' d OI c l'\/ reg.lI.1111 r,'llll'llhl 1111 "Ir!
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tiL' hom, .1' 1'<.'\" ,I~ .II' 111 '1Ul' (1\ ,1.11\ IIlho~ S.\II h.li1Ch lIlI.ldO IC." 111.1' 11.1 "'1.1.1 nho l"eph,.1 .. J't.lrl'l lodo, ", prl''<'1111 , para '{'U:, (' Vdmo di Idl 'o r •
d l' (' .1 dr(\~a '1IIl' Ic.1lnll'11 Ie ." II ,I. <.' " por., .111'.1 dela q II" .1' I'L'''''." Ir.1I .ld.l' I'clo., ,I Unll1llJ r ln in h,l rq' 11\'1\,111 ('II Ire" pu, q ... e f''1r I "lU I'1l
di' II1h05 1I1o11l1 I",.I~ """"O.IS 1','11,,1111 'l"~ ,ILUI.I se 1.III'LI.IL·\I r.l\ .10 d,' obl~ \'on~ m~ l,l~ ,1 l,.,1 (' 1.1 vor, l' '1u(' depo i, '1ue lU Ir d Id r d<J d()~n • ri
III' e ~o ,I~ adl\ Il1ho~ ~.lh{ll1 que l' ,I drog.1 qlle L111.1 .h I'l'"".", II.I' 11,111 ',lhel11 d.1 IITr'
Illl'nlc cur,ldo.
, .: rd.l,k 1'0 rq ", .ll'el1,l" I" .HII \' 111 h'h .1 delel11. " gll.1 rd.1111 .,cgrl'do N.1O fi (.1111 l',,,
() bruxo loncord,l COIll a proposlJ do ddlVl11hc tele \ I mi ~"rr. u,
p.llh,II11lo "ClI, \lnhC'lil11"III", 11',1', ('OI1I.1nl no Jpell.l' p,II.1 .1'l IlCk , qu e .111 Ie., (O
ohlL'lo" f.l l.,os .11(- o d()~nlL', eng.ln,1 () l' \'"lld para cd '.l O dOFott fi Ix,rr, e
rn,'rJI11 d.h dlog.IS,I"lr'llll· "'UII.II.lI11l'olll L' fi O);Il)."
(1I.1l alllcnlc po rque (J hruxo II I.lrgou, () .ldl\lllho ou,e duer qu o doente r
<;l'nllUll1 POUlO de I'cn.1 de K.lIn.lI1g.1 nL's.,,1 (ll.lsiJO, H L' sCl11prc 1110, trar<1 pl' roll ~l' r mJndJ UI1I Illcm,lgclr<> receber ()~ pre'>C!ntC'i de\ ,do<;, O ra'er::" do
UI11J Il' \uhlIl11l' no~ ,Hli, Illhll'o; n,\O h,l\i,1 argul11ento., qu t' () imprcssionassem,
enf erm o lião \'<lO ,e rlU!'>,lr.I d.lr·lhe um pre<icnle porque pensam <t~ fOi ele
pOIS .,cl11pre rl'lorqui,1 que ,I \ugL'SI.H1 dL' frJulk era \'(' lh .I ,' cobri.! apenas uma
qu em sa lvo u seu p,Irenk D.lo l) que ele quist'r, até me~mo dlllS' Jl\.<I Os dlVl
parle do Il'nÍllllcno" AIL III disso.l'Ie I1UllL,1 se U)I1\'eI1CC U dc qu e os adivinhos nh m sem pre ~e manC0l11Un3m com o~ bruxm para ganhar presente<; do ('0'0,
I r,lp.1lea.,Selll, Jtt' que ~L' lornou ele ll1esmo Ulll ,Idl\'in ho, Então soube qu e to - Ma, um adil'lnho que não c de me\I11O um bruxo não ~I-,ede n3d.! e as pes
\cmprc o chamar.io dL Irapaceiro,
dos ilqlll'les que l i IlIhCll,1 eng,m,l\',lm m pa(icntes, m as ainda assim remJya
eXI~llrCl11 ,Idi\'inhm quc POS'lIJ.IIll uma mágica suficient em enle fo rt e para
Esta explIcação foi-me dada por um homem de inteligenl.la incomum.
de"Lohnr e exII,Il/, Obll'los de hluxari,1.
m dS representa J opil1lão popular. Dois pontos filam claro,. O primeiro eque
I le'Vl' Sl' consideraI, porelll, que ha grande~ dikren~a\ de men tali dade as pessoas não apenas ',Ibem qUI? os adi\lnhos podt:m extrJir fraudulenLl-
entn' dl\er,m leigos; e n.1 \'l'rdadl' dIfl'renças de ,ltitlld~ da l11e~I1lJ pe~\oa em l11en te objetos do corpo de seus pJcien tes, mas e tão Llentl?~ do tipo do truque
dlvcrs.ls ~itu.l\ol'S, ( 01110 illl.,tl,lI,.ao, cito a fala dl' outro Infolmante, Kj~anga: empregado, O segundo ponto é que esse conhecimento não entra em contra-
dição com uma grande fe nos adl\inhos, porque ,e acredIta que um grand~
QU.lIldo um hOIlll'1fl lí<.J dOCI1 II.", h'''La 'oe um adi, IIIh .. , Anil''' Je \ cr o doe n tt!, o
número deles realiza curas notá,·els por meIo de um entendim~nto com os
,lIlivmhn raspa c martelJ um '1'SO de ,BIIIIUI alL' IlLar pequeno, e cnlJO o mlslura
bruxos, A habilidade de um adl\ 1I1ho depende da qualidade das Jro~a., que
.IS Jrog,IS de seu .,Jlllre, l)epol chega nJ L.l'>J d" docllIe, loma um bocado
comeu e de sua posse de tnrll/gll, '>e ele não é ele proprio UJll "bru.o", nem in-
d JglI.I, lava slIa bol.d ~ .1 C lalll,][J p~ra qUl' lodos \t:jollll '1Ul' nao h.i nad,l nela,
geriu drogas eficientemente poderosas, e adIvinho arena, doi bOloa paralofJ.
Abre ,h ma", 1"lllbLm I',ua que lodos \'ej,IIH, l' fal,!. "( >fllcl11 bt:1ll para 1111111,
Portall to, se você critlLar os adl\'lnhos, os Azande concordarão inkirarnt"nte_
na!) sou UIll Ir.lI'JL<'lro. porque 11.1" quno tirar n,ldJ dl' IIl11guém por meIO dr
~~ Ill1pOrt.llltl? not.u que o Leticismo quanto aos adl\ inho., não e, cial-
fr.lUdc,"
men te reprimido, A .Iusência dt: doutrinas formaIS e coercltnas pt:rmite que
IIL' ~L'Il'\,lntJ e plf\d SU.I drog.h no dllfrl' l"I"L;IlIdo o ,I wu I,ldo; enfi,l
Ü'> A/ande afirmem que I11UltOS, t,llvel a m.llona, dos ,ldi, 1I1h"., ,.lu 'rapacel-
IIclt- um grJ\L lo, 1.11lI1l<' L'pUL "os~IIII111Il.1 hOl.1. (_01, I(a ,I hOL.ln.! P,IIIC ollel,ld.1
\()., COlllO 1lc10 h,1 llposi~,\o a tais ,11'irmati\as, .l Lrenç.l h.lsiLa no .. ~', dere te-
do dncnlt-, ~ugJ p"r um bOIll ILlllp" ( enl.l" C"'PL' o o,slnho nJ p,IIIllJ doI lll.1O l'
rapeutllo'o (' profetlUl., do., ,Idl\ II1ho, perlllJnCCl' II1llllunk aJaei , o
m"'llill"O I'JI,! 10.10\, lhlt'ndu "I, I lo qlle lsla .... lusJndo ,I dOell\,1 ndL' " V.1I
lellllSn1l1 é p.lrte (omponenle' do .,htcm.1 d.llren~.l cm .ldi\'1l1ho,_Tanto a t
fJZ 'ndo, "~11l1 ate '1m d ,I"elel t"d", ,,, (JS 11111(1' qUL' po lI,l bOl.I
qU.ll1tO o Letic"mo sao tradlCIOn,ll\, O lt:tlusmo e'XpItL.l \lo, Ir.1C3 'l)~ ,io adl-
M,h .Iylldes ,HllIlIlhllS quc 1.llnl'{"1I1 ~,'" IlIuxo sa"L'11I 4l1ClllL',I,I I.llcnJo linhos c, dlll)\ldn (ontra .11)\1111\ delcs ludl\ Idu.1lmcnte, rdor,.1 a f em outro .
l11al.lo dorllle Anil' d, II Vl'1 o doelll ,o .ldIVIII"" \,11 .lIl' (l III liXO L' ~OI1I'l'r~.l Os A/,1l1de' lL'm dL' l'Xprtl11Ir ,,",1, dll\ Id.I\ ,obrc ll' pl)der nU,lhO J
1I11ll de, dll(,lIdll:l.I~.1 10(' (l Inol d, delx.1I ,IL III'IIILII1 "1111'.11.".11.1 'lu,' dL'
,1<11\'111110' el11 1l'rl11m ll11,tllll'>, UllI ,ldl\'ll1ho l' um tr.lp. um lorqllt" lia
"que 110111 d.l dOl'II\J e 1',11.1 <JII' lod" nllll1d" 1,11, " 111 d, lIllIlI L dlg.1 'III" Soll di og.l\ "lO fl.ILa." I 1I111 lllenlllll'>O pnrquc n,IO po"ui "bruun.\ JlgUlI1,l E,t
re.lll11entc UITI veld.ld"IICl .1l11l1l"1O •
Idlom.ll ,\ t,tI P,11110 dL' ordclll 1III,liL.I que ,I cntIL.\ d,'um.1 Lrl',h.l II I de 'r
O "ru o f.II. pJI.! til' 1\1.1 "un, "~ILI li, IKIO''',''L ",,\L'
'l1l.II'llltl olll,o Ic,tllI,lda CJIl telmm de OUII.1 Lllll~,I, qUL' l.\rl'LC igll.llmLllt k UIll,! tund.
Jd II j 11 Iw, lU n l li ,ln.I o I'l'd Ido M.I., q 11.11111" \ "lL" volt.1I ,k 'U,I \ I ~ i 1.1 .H) d""lIlc, IIIl'I1I,I\,1O f.\LfU.tI. A"illl, Ki."lng.ll'\l'h"l I'" lexl,).1 im Ill11l0 '.Idl mhll
IUlIhlL' e dr Ir.!ln lodn, fl' I'Il ,('lItn 1'.11,1 qu, 1''' S.1I1 II " dllldl I,,, I I ,1'/11 i II.lp.ILei.II11; 11,I!l so ex pliL,! pl'LLi,.II11l'lIIC uI111l1 Irap.k,·lalll lT1 h,"a .I1t' .I
t'\pli'olr é'omn ().- dOl ntc, ',l(l Ic\ ,Ido, ,1lTer (l'relll 'Ido cUI,ldo.' por UIll (11,11'- procurado . [)o memw lIlodo, 0\ AL<tllde de {jUefll trateI de um <;em numero
1,11.\0 \ 1J dl' ("te\ L' dt ll'n te, fOI t r,H,ldo e ("1.1 bl'lll ; e ,I( red i ta q ue o (I a (a l11en de doenC; ,I" fr cq iJenll'llll'n((: ab.1Jldonav,UTJ meu tratamento e VI Ita .1m u,
to o lUr1ll. ~oi LIlIJdo. n,jo pel,1 tl'1.lpeutlc.) do ,Idi\'inho, 111,1~ por ullla pr{)[1nm profl\SIOnill." em c UJa, droga~ depo,ita\'am mal .. fe. I-m \ar as <xa
b"rgJnhJ entre este e ti bnl\o.
siôl''> tratei de paCJen(e~ COIll dor de (;~tômago, sem conseguir dlmmulr seu
desconforto; \'i -o~ cm 'l'gllldJ viSitarem ~eus proprio~ curadorec; e voltarem
grandemente aI i\ i,ldm, ~e nilO curado~. Portanto, devemos ter em mente que. a
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despel(o dd charlatanice dos adivinhos, seus métodos tem um suc.esso reuII o.
\'Imo, que lh Al<lIlde tém dll1,ClenLlJ d(l~ truques praticJdos por seus adivi- MJS essa fé é sustentada (ambém de outrJ~ maneiras. O ritmo, ii forma
nho, na função de curadores e dl' SUJ inetici~nciJ nJ lunç,ío de adivinhos. de enunciação, o conteudo das profeC Ia s, tudo 1.'>50 aluda a cflar a fe nosadJ 1-
Como em muitos outro, de st'U, co~tullles, encontramos aqui uma mescla de nhos; mas não explica inteiramente a crença. Apenas o peso da tradiçao pode
fa7ê-lo. Os adiYinhos sempre fizeram parte da cultura zande. Eles figuram na~
\elhO Lomum e pemamen(o místiCO. Podemo~ então perguntar por que o sen-
'o comum não \ entC a superQi\.1o. mais antigas tradições nac ionais. As sessões que promO\'em são um dos pou-
cos tipos de reunião social mais ampla que a vida em família, e de~de peque-
lima t'xpliLação parcial, ,em dul'ida. de\"(> ~er buscada no treinamento
nas as crianças tomam parte nelas, como espectadoras, coro, tamborileua .
de,crito por Kamanga. Esse Irc inamento é cssencial por dois motivos. O pri-
O s Azand e não con cebem se u mundo sem os adivinhos, assim como nós não
meiro c que' o 7ande mostra uma ampla dosl' de ceticismo em sua atitude para
conseguimos co n ceber o nosso sem médicos. Ja que existe bruxaria, natural-
(om {l\ III rado! l's; estes, portanto, dewlIl ~er cuidadosos t'm sua, prest idigita-
mente ex istem ,ldivinhos. Não ~e incentiva o agnostici mo; toda:. as crença e
çol' . [:m ,egundo lug,lr, para o trJtaml'nto ser eficaz é preClm que ,ela realiza-
reforça m mutuamen te, e se um zande ti\'esse que desacreditar dos adl"inho-.
do a lllanl'lra tr,ldicional, que se acrcdlta eliminar qualquer possibilidade de
teria igualmente que abandonar sua fé na bruxana e nos oráculos. L'ma o;e são
charlatamce, uença que estllllula a te do paCIente no médico. \'imos que o
de adivinhação é uma afirmação pública da existência da bruxaria; é uma das
l.lnde n.lo aLredita no poder terapêulico dos adIvinhos simplesmente porque
forma s pelas quais se inculca e exprime a crença na bruxaria. Igualmente o
(ena uma ~ ropensao e peClal a crer cm coisas sobrenaturai~; pelo con trário,
adivinhos são parte do sistema oracular. Tunto com o or,lCLJlo de atrito, ele-
ele cmpre remek qualquer ceI 11I~mu ao leste da experiência. Se o tratamen to
forn ecem questões para o orác ulo de veneno, que corrobora ~UJ5 re\ elaçõe-;.
e reallz.ado de umJ certa maneIra por exemplo, quando o capim bmgba é
Ne~sa teia de cren ças, cada fio depende dos outros, e o zande não rode ,.ur do
u ado COJllO catapla~ma - , ele lic.lTá francamente desconfiado. Mas ~e o adi-
e maranhad o porque esse é o un ico mundo que conhece. A teia não é uma e.--
vinho sen ta se Ilum banco e requI~lt.1 uma outra pessoa p,lra cortar casca de
(rutura e}.. tern a em qu e ele l's tej.l encerrado; é a te\.rur,l mesm,l de ,eu ren J-
kpoyo e fazer um c.llapldsma, e cnxágua J boca cum água e e~palmtl as mãos
men(o - l' ele não pode pensar que ~eu pensamento está errado. Contudo,
r JrJ inspe"ao, lodàs as ~w,pell,l~ ~t'I.I" al~htadas. O zandl' replila o~ JUílOS ré
suas lIen~,l'i n,]o e,t,lo dad,ls abso lut amen te. mas são Van,l\els l' t1utllJm para
lILOS de umJ forma expertll1l'ntal l' ralional, filTnecendo um.! h.,ta de casos
que conhete em que as cllras 1I\'er,lI11 ~uces~(j. aJust,lr-se a difert'nte, o,ltu .lçôes, permitindo a obsen a\-ão emplne,l e ate 111 ,-
mo a duvida
Se Jlguem 3(ompanh,lr um .ldl\'1llho IlUllld de SlJ.IS \ i5it,ls, fkMa tom'en-
odo, Sl nao dà validade de suas LlHLI'>, .10 Illenos de SU,1 h,lbilldade. 'J anto
quantu se pode observar, tud o o que ele 1M p,lrele ser as claras, c nad.1 se /lota
que pOS~J permlllJ ,I desLohert.l de Ir,ludt J)t'polS que 'llgullll "I\'('U ,llgul11
tempo no pal~ lJnde, lera ,Ilunllll.ldo prO\'dS dll 'alol tl'I.lp':utiu) do (lat.l - A ult ima p.trle doi 1111L1,I\,Ít) de UJ1\ adl\ IIIho l.jUt' dL'\ n til ,([L'\ <'r e cu '111, rra
mento emprl'gadu pdm adivinhos { .id.l llallVO e upal de extl ,til' til' '>L1,1 prc'l 1IIl'lIto "'(U,II. J c,tel11Ullhcl l'",llClllllonia cm dua, llC.hllll ,,\ L't,und.1
, d,1
pna experiel1CJa v,lnm relato COm intentes de tOJllO de nlJ l'U, p.lIentes l' qu,li, qllalldu h,lIll.lIlg,1 fOI IniCiado.
tlmlgus foram Lur,ldo pel,1 ex(I'.1\,1O de os 'o l' mJJlho[.)~ do ... orp" ::'c UIII ddi
/),1 pflJlll'ir,1 \ l'I que VI um.1 inl(i,I\.IlI, no, adl\ inllll ,apo d,\I1 .Ir 11 P r
~ mho nao con egue lurar Ulll 1.lIlel ,es le hu .....1 OUI ro, ex.ILIIIIC ntc (lIIIlO LI/l' hOI .IS, ~.I\"lr,1111 lima lOV.1 no u'nlro d,1 roidClh i.1 cm que 'c r '.111 I J a fi
mo quando nao e tamos ~atjsfeJl(J~ U)l1I () Iral.J1lIt'1110 do pllllleiJO médiu)
IIIÓnla. () donu do ~itio apro '11llOU-se do hur.llll ullll 'lI.h po_ J ~ ~om (1

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