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Abstract
Infectious mononucleosis has as its main causer agent Epstein Barr virus, but EBV may
also be associated with a number of benign and malignant lesions including Hodgkin's and non-
Hodgkin's lymphoma, post-transplant lymphoproliferative disorders, nasopharynge a l
carcinoma, and gastric carcinoma. The disorders associated with EBV are related to suppression
of the immune response. The disorders associated with EBV are related to suppression of the
immune response. Thus, like most herpes viruses, EBV establishes an asymptomatic infectio n
when internalized into plasma cells, altering cell-signaling pathways that regulate the
differentiation of antigen-dependent B lymphocytes. In B lymphocytes, the virus invades
immune control and remains silent or expresses a very restricted set of genes and latent proteins.
In the last decade, advances in the pathways EBV-stimulated latency and the function of coded
proteins during infection have helped to design treatment approaches for EBV-related
malignancies. In addition, it has been clearly demonstrated that the quantification of circulating
EBV DNA is a valuable tool in the diagnosis, clinical monitoring and prognosis of some tumors
associated with EBV. The aim of the present review is to demonstrate through the literature the
mechanisms used by EBV during the latency phase of infection that may favor the developme nt
of lymphoproliferative disorders.
INTRODUÇÃO
A Mononucleose Infecciosa (MI) é causada pelo vírus Epstein Barr (EBV), porém a
infecção pelo EBV também pode estar associada a uma série de lesões benignas e malignas
incluindo os linfomas de Hodgkin e não Hodgkin, os transtornos linfoproliferativos pós
transplantes, o carcinoma nasofaríngeo e carcinoma gástrico (SWINNEN, 1999).
Atualmente, considera-se a existência de dois sorotipos do EBV, o EBV1 e o EBV2. O
EBV1 é o mais comum e de ampla distribuição, enquanto o EBV2 tem sua predominância em
áreas endêmicas para malária, linfoma de Burkitt e em pacientes infectados pelo vírus HIV no
continente Africano (HURT; TAMARO, 2007; FIGUEIREDO, 2009).
Estima-se que cerca de 90-95% da população mundial adulta esteja infectada pelo EBV
e embora na maioria dos casos a infecção se estabeleça de maneira assintomática a taxa de
endemicidade para o EBV varia conforme a região geográfica, apresentando-se extremame nte
elevada no norte da África e extremamente baixa no norte da Europa, sendo o Brasil
considerado um país de endemicidade intermediária entre essas duas regiões (CALLAN , 2004;
CRAWFORD, 2001).
A infecção pelo EBV ocorre de forma predominante entre as crianças de três a seis anos
de idade, porém tem sido notado que em alguns países esse processo vem ocorrendo de maneira
tardia, usualmente no período compreendido entre dez e trinta anos de idade (JENSON, 2007;
GROTTO et al, 2003). Nesse domínio a infecção primária ocorre em quase todos os indivíd uos
antes dos dez anos de idade, sendo que o pico de incidência para as mulheres ocorre dois anos
mais cedo do que para os homens. (SCHOOLEY, 2009; GROSS, 2009).
A contaminação de humanos pelo EBV ocorre frequentemente pelo contato com
secreções orais, infectando inicialmente células epiteliais da orofaringe, nasofaringe e glândulas
salivares, por receptores ainda não identificados. Posteriormente, o vírus alcança tecidos
linfoides adjacentes e infectam os linfócitos B através da ligação entre a glicoproteína viral gp
350/220 e o receptor CD21 (CR2) do componente C3d do sistema complemento. Após essa
associação, o vírus penetra nos linfócitos B por fusão do envoltório com a membrana celular e
o capsídeo é então liberado no citoplasma. O genoma antes linear é transportado para o núcleo
tornando-se circular e assim como ocorre com a maioria dos herpes vírus o EBV não é
eliminado do organismo após o controle da infecção, permanecendo no hospedeiro e
internalizado em células B sob a forma de DNA epissomal extra cromossômico em estado
latente. (TSUCHIYA, 2002; HSIEH et al, 1999).
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METODOLOGIA
Este é um estudo de revisão descritiva sem meta análise, desenvolvido com produção
científica indexada nas seguintes bases de dados eletrônicas: PUBMED, LILACS e SCIELO e
revistas Oncohematológicas que enfocam descritores de pesquisas biomédicas como
complementar. Esta revisão responde a uma pergunta específica e utiliza métodos explícitos e
sistemáticos para identificar, selecionar e avaliar os artigos a serem incluídos nesta revisão.
O recorte temporal abrangeu o período compreendido entre janeiro de 2000 a agosto de
2017 levando em consideração artigos pioneiros com temas específicos a fim de garantir a
notificação dos avanços no campo científico. Após o levantamento, procedeu-se a análise dos
dados, que foram caracterizados por área de conhecimento, nos quais foram estabelecidos
critérios para análise dos artigos a partir dos resumos e títulos, sendo incluídos os que continha m
os as combinações booleanas Epstein-Barr virus AND lymphoma e Herpes virus 4 AND cancer
onde foram encontrados 2.786 artigos para análise.
A partir dos 2.786 documentos encontrados inicialmente, foram selecionados todos os
artigos originais e revisões de estudos realizados em humanos, sendo excluídos um total de 532
artigos de estudos realizados com animais e a partir dos artigos restantes foram avaliados os
seguintes desfechos: a correlação entre os mecanismos de infecção viral e o surgimento das
desordens linfoproliferativas; interação do vírus com o organismo e a fase de latência da
infecção.
A partir da análise dos títulos e resumos dos artigos restantes foram excluídos 740
documentos que fugiram ao tema de interesse proposto pela pesquisa, 626 documentos com
tempo de publicação superior a 17 anos, 241 documentos com idiomas divergentes de inglês e
português, 212 documentos que não apresentaram o conteúdo total disponível e 397
documentos em duplicata. Assim, dos 2.786 artigos encontrados, foram selecionados 38 para
análise de dados e discussão dos resultados.
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Os antígenos nucleares são importantes proteínas que podem atuar na oncogênese. Estes
antígenos influenciam a transcrição de genes virais, a regulação da transcrição de proteínas
nucleares e latentes que estão presentes na membrana celular e a transformação dos linfóc itos
B. Quando presentes, os antígenos nucleares bloqueiam a apoptose das células infectadas e
contribuem para a permanência da infecção latente pelo EBV (SHERIF et al, 2007).
O EBNA-1 é uma fosfoproteína que é expressa em todos os estados de latência da
infecção pelo EBV e em todas as neoplasias malignas associadas, indicando claramente que as
propriedades biológicas desta proteína são cruciais para a persistência da infecção viral. O
EBNA-1 é um importante regulador transcricional de vários genes. Na forma endógena, o
EBNA-1 geralmente não é reconhecido por linfócitos T citotóxicos, esta falta de
reconhecimento, permite que as células infectadas escapem da resposta imune celular. Isto
ocorre devido a presença de glicina-alanina no domínio interno, que dificulta o processamento
de peptídeos que possam se ligar a moléculas HLA de classe I (LEIGHT; SUGDEN, 2000).
A proteína EBNA-2 fica localizada no núcleo e é uma das primeiras proteínas virais
expressas em linfócitos B infectados pelo EBV. O EBNA-2 é um regulador chave de alguns
genes ou proteínas codificadas pelo vírus (LMP-1 e LMP-2). Além disso, modula a atividade
transcricional de vários genes celulares, incluindo o marcador de ativação CD23, e os
protooncogenes c-fgr e c-myc. As funções do EBNA 2 são principalmente mediadas pela
interação com o fator de transcrição RBP-Jk, um componente importante da via de sinalização
Notch que regula o desenvolvimento linfoide e a homeostase. Assim, o EBNA-2 pode ser
considerado como um homólogo funcional de um receptor Notch constitutivamente ativado
(ZIMBER-STROBL; STROBL, 2001).
A família EBNA-3 parece ter importante papel na transformação das células B, podendo
induzir a expressão de proteínas virais (LMP-1) e genes celulares (CD21) e se combinar com a
proteína Rb, favorecendo a transformação celular. Os EBNA-3 também se associam à proteína
RBP-Jκ, mas ao contrário da EBNA2 regulam negativamente sua atividade (SHAH; YOUNG,
2009).
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dos quais Y74 e Y85 formam um motivo de ativação baseado no imunoreceptor de tirosina
(TAM) (CALDWELL et al, 2000).
Quando fosforilada, a TAM presente no receptor de células B (BCR) desempenha um
papel central na mediação da proliferação e diferenciação de linfócitos pelo recrutamento e
ativação da família de proteínas tirosina cinases (PTKs) e a Syk PTK. LMP2A também pode
interagir com estas PTKs através da sua TAM fosforilada e esta associação parece regular a
atividade de PTK de forma negativa. Assim, o LMP2A TAM mostrou ser responsável pelo
bloqueio da mobilização de cálcio estimulada por BCR, fosforilação de tirosina e ativação do
ciclo lítico de EBV em células B (SWART et al, 2000).
Mononucleose Infecciosa
Linfoma de Burkitt
controverso. Por outro lado, a medida que acredita-se que os EBERs possuem atividades
antiapoptóticas, bem como a capacidade de induzir a expressão de IL-10, que pode promover o
crescimento celular e a sobrevivência, postulou-se que eles podem desempenhar um papel
essencial na oncogênese do linfoma de Burkitt (GRIFFIN; ROCHFORD, 2005).
Esta postulação, embora aprovada por muitos pesquisadores, ainda é discutível. Até a
presente data, o papel do EBV na patogênese do linfoma de Burkitt permanece hipotético. Outra
questão controversa é a possibilidade de o linfoma de Burkitt ser um tumor de células B de
memória infectadas latentemente. Esta teoria é baseada no padrão altamente restrito de
proteínas latentes expressas pelo EBV, semelhante ao observado nas células B de memória em
portadores saudáveis . No entanto, esta teoria é fortemente negada pelo fenótipo das células do
linfoma de Burkitt, que é mais consistente com a origem do centro germinativo (GC) (CIBAS;
DUCATMAN, 2009).
Carcinoma Gástrico
Existe uma forte associação entre o HL e a infecção pelo EBV e embora o seu papel na
patogênese desta doença não seja totalmente esclarecido, o vírus foi encontrado em cerca de
40% dos casos de HL (SPACEK, et al, 2011). Os casos em crianças e idosos geralmente estão
associados ao vírus, enquanto os adultos com HL são mais frequentemente EBV negativos. O
diagnóstico histológico difere de outros linfomas porque apresenta células mononucleares e
suas variantes multinucleares conhecidas como células de Reed Sternberg (YOUNG et al,
2008).
A carga viral plasmática pode ser quantificada em praticamente todos os pacientes com
HL positivo para EBV antes do tratamento e a resposta a terapia está associada à redução da
carga viral. Esses dados sugerem que a análise do DNA plasmático através de PCR em tempo
real é uma excelente ferramenta para o prognóstico e monitoramento de pacientes com HL
(SPACEK et al, 2011).
Existe uma incidência bimodal de linfoma de Hodgkin que afeta tanto os jovens na
adolescência quanto indivíduos no início da idade adulta, bem como idosos com cerca de 70
anos, havendo uma incidência aumentada em pacientes HIV positivos e transplantados. A
apresentação do linfoma de Hodgkin inclui sintomas de febre, suores noturnos e perda de peso,
linfadenopatia cervical, mediastinal e axilar e hepatoesplenomegalia. O EBV é mais
comumente associado ao linfoma de Hodgkin clássico, especialmente o subtipo celular misto
(MICHELOW et al, 2012).
O linfoma de Hodgkin clássico é caracterizado pela presença de uma minoria de células
neoplásicas de Reed-Sternberg e suas variantes em um quadro inflamatório. As células
inflamatórias de fundo consistem em vários números de linfócitos pequenos, células
plasmáticas, neutrófilos, eosinófilos e macrófagos, incluindo histiocitos epitelióides. Em casos
associados a EBV, os histiocitos podem apresentar características epitelióides proeminentes e
podem formar granulomas (SIDAWY; SYED, 2007).
As células de Reed-Sternberg expressam LMP (LMP-1), EBNA (EBNA-1) e EBER
(EBER-1). A citometria de fluxo e os estudos moleculares geralmente não são úteis. O
diagnóstico diferencial inclui linfadenopatia reativa benigna de várias etiologias, incluindo
mononucleose infecciosa, linfomas de células grandes, linfoma de células grandes anaplásicas,
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Carcinoma Nasofaríngeo
O EBV tem sido associado a maioria dos DLPT’s, com uma associação de quase 100%
nos casos iniciais dentro de um ano. Os DLPT’s EBV-negativos constituem aproximadame nte
20% de todos os casos e tendem a ocorrência tardia 5 anos após o transplante e têm uma
etiologia desconhecida. A latência III é exibida pelas células B EBV-positivas em DLPT’s,
embora alguns estudos tenham relatado um padrão de latência mais restrito. A ampla expressão
das proteínas latentes sugere que o EBV pode desempenhar um papel fundamental no processo
oncogênico. (SHERIF et al, 2007).
O mecanismo pelo qual o EBV contribui com a patogênese dos DLPT’S é semelhante
ao seu papel presumido no linfoma de Hodgkin. Como cerca de 50% dos casos de DLPT’s são
derivados de células B sem um BCR funcional, por causa de certas mutações incapacitantes, e
porque essas células conseguem escapar do processo de apoptose, apesar da falta de afinidade
do antígeno, acredita-se que o EBV auxilia no resgate dessas células de uma iminente morte
celular programada. Como nos casos de HL a LMP1 e LMP2A podem substituir os sinais de
sobrevivência induzidos por receptores BCR e CD40 ativados e também ativar a via de
sinalização NF-kB, induzindo a proliferação de células neoplásicas (CAPELLO et al, 2005).
A diminuição da vigilância citotóxica de células T em decorrência da imunossupres são
em pacientes com DLPT’s facilita gradativamente as ações do EBV. O papel que o vírus
desempenha na indução da sobrevivência e da transformação neoplásica de células infectadas
tanto nas DLPT’s como no HL, levou alguns pesquisadores a especular uma conexão entre as
2 doenças e a possibilidade de que a infecção pelo EBV e seus efeitos possam ser o fator
iniciador na patogênese de ambas as entidades (TIMMS et al, 2003).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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