Sei sulla pagina 1di 218

MINISTÉRIO GOEL

‫י ֹום י ְהוָה‬
A. CARLOS G. BENTES
ESCATOLOGIA
O DIA DO SENHOR

‫י ֹום י ְהוָה‬
YOM ADONAI
A VINGANÇA DO
GO’EL
ANTÔNIO CARLOS
GONÇALVES BENTES

2
Copyright © 2012 Antônio Carlos Gonçalves Bentes

Capa:
Rute Guimarães de Andrade Bentes

Revisão e diagramação:
Charles Reuel de Andrade Bentes

1ª edição:
1995

3ª edição:
2012

Bentes, Antônio Carlos Gonçalves


O Dia do Senhor – Belo Horizonte: edição do autor, 2009.
Fundação Biblioteca Nacional – Ministério da Cultura
Número de Registro: 447.125 Livro: 839 Folha 285
O Dia do Senhor
ISBN: 9788578933852

Todos os direitos reservados para:


Antônio Carlos Gonçalves Bentes
(31) 3681-4770 / (31) 9684-9869; 86614070
pastorbentesgoel@gmail.com

3
DEDICATÓRIA

Dedico esta singela obra, fruto dos meus p rimeiro s esfo rços literário s em prol d a causa d o Mestre,
a minha esp osa Ru te (Rutin ha), q ue tão carinho samente tem servid o ao meu lado d urante to dos estes
anos d e trabalho na seara do Sen hor, sempre dispo sta e ded icada a enfrentar qu alquer dificu ld ade e a
sacrificar-se no desejo de ver p ro sperar a ob ra d o Sen hor Jesus Cristo.
Dedico esta obra, tamb ém, as min has n etas Eliza e Ana Clara qu e têm o privilégio de viverem
n os último s dias d a Vin da do Messias, e q uem sabe, particip arem do arrebatamento.

4
AGRADECIMENTOS

Agradeço:
A Deus, que na sua soberania e Graça nos permitiu tal realização.
À minha querida esposa Rute que conquistou profundamente meu coração, e tem sido motivo de
alegria em todos os dias da minha vida, sempre incentivando tudo que eu faço. Viver com ela é uma dádiva
de Deus!
Aos amados filhos: Joelma, Telma e Charles, cujo tempo que deveria ser dedicado a eles, foi
investido nos nossos estudos e publicação desta obra.
Ao amigo Pastor Armando Macedo que acreditou e produziu através de sua editora (A Raiz) esta
obra na sua 1ª edição (1995).
Aos meus alunos das Casas de Profetas: JAMI, SEBEMGE, STEB, UNITHEO, Escola Teológica
Koinonia, Escola Bíblica Central do Brasil e Seminário Teológico Hosana que com suas perguntas e
opiniões aprofundaram nossas pesquisas e ampliaram nossos conhecimentos.

Pr. A. Carlos G. Bentes

5
EPÍGRAFE

“Se o cristianismo não for uma escatologia radical, ele não terá relação com Cristo” (Karl Barth).

“O cristianismo não é um circulo, com um só centro, mas, sim, uma elipse, que tem dois focos – as
doutrinas da Redenção e do Reino de Deus” (Albrecht Ritschl).

“O homem, filho do tempo, reparte com o mesmo a sua ciência, ou a sua ignorância; do presente
sabe pouco, do passado menos, e do futuro nada” (Pe. Antônio Vieira).

6
PREFÁCIO

A concepção original da igreja era o quiliasmo (essa concepção atualmente se denomina Pré-
Milenismo, que é defendida nesta monografia. Quiliasmo vem da palavra grega (χίλια) chilia, “mil”, de
onde se originaram os termos “milênio” e “milenismo”. Hoje em dia, o termo quiliasmo é geralmente
usado em sentido restrito para referir-se à crença de que Cristo voltará antes do Milênio. O quiliasmo
afirmava que o Messias um dia voltará e reinará politicamente na qualidade de Soberano do Reino
Teocrático de Deus na Terra, durante o último período da história desta Terra atual.

Pelo fato de que essa também era a concepção na qual o antigo Israel cria, líderes anti-semitas da
Igreja Gentílica a rejeitaram sob o pretexto de ser “opinião judaica”. Eles a substituíram por um novo
conceito denominado Amilenismo. O ponto de vista amilenista assevera que não haverá um futuro Reino
Teocrático de Deus na Terra governado pelo Messias. Pelo contrário, o Amilenismo afirma que o futuro
Reino de Deus predito na Bíblia vem a ser a Igreja – um reino que, em vez de ser político, é inteiramente
espiritual, estabelecido por Jesus na ocasião de Sua Primeira Vinda.

A Igreja Católica Romana, que adotou a Teologia da substituição e o Amilenismo durante toda a
Idade média, reivindicou ser o Reino de Deus na Terra predito na Bíblia e, por conseguinte, acreditava que
tinha o direito de impor suas crenças e diretrizes políticas sobre todos os povos. Baseada nisso, ela se
tornou uma poderosa máquina religiosa e política que, por muitos séculos, dominou todos os aspectos da
vida na Europa Ocidental, a ponto de tanto entronizar quanto destronar reis e imperadores, além de
perseguir multidões incontáveis de judeus.

Os reformadores que protagonizaram a Reforma Protestante do século XVI romperam com a Igreja
Católica Romana em várias áreas da eclesiologia e da doutrina. Eles enfatizaram as seguintes verdades do
Novo Testamento: a justificação unicamente pela fé; o sacerdócio de cada crente em Cristo; e a Bíblia
como autoridade única de fé e prática. Contudo, no que diz respeito à escatologia, os reformadores
rejeitaram o Quiliasmo (i.e., Pré-Milenismo) considerando-o como “opinião judaica” e sustentaram a
concepção amilenista da Igreja Católica Romana. Porém, com o avivamento Wesleyano do século XVIII,
com O Grande Despertamento nas colônias Americanas, com o Segundo Despertamento, com os
avivamentos liderados por D. L. Moody e outros, com o movimento dos Institutos bíblicos, com a criação
de organizações missionárias de fé, e com as conferências sobre a profecia bíblica, o Pré-Milenismo volta
a ser divulgado.

Este livro não é só nosso. Apenas agrupamos os assuntos extraídos de mais de 100 livros
consultados.

As peças deste quebra-cabeça, o pré-milenismo pré-tribulacionista (Dispensacionalismo), começaram


a ser agrupadas num opúsculo em forma de apostila - originalmente usada em nossas aulas nos seminários
SEBEMGE, STEB e HOSANA e também em conferências pelas igrejas deste nosso torrão brasileiro. Não
havia em nosso coração nenhuma centelha de vontade de escrever um livro de ESCATOLOGIA. O
primeiro a acreditar neste sonho foi o Pastor Armando Macedo que fez a metamorfose, transformando
nossa apostila num livro. Hoje acrescido de mais alguns capítulos chega às mãos dos prezados leitores.

Tentamos alcançar a simplicidade e a clareza na explanação, sabemos que não alcançamos.


Repetições aparecerem, coisas que bom estilo evitaria. Mas como dizem os japoneses: “Repetições nos
levam à memorização e ao aprendizado”. Que isto se torne realidade na grande maioria dos nossos
leitores.
7
A minha oração é que este opúsculo possa fomentar a sede por Deus, anseio e amor pela Vinda do
Messias – Nosso Go’el. Que sejamos como Simeão (Lc 2.25-38) que era um homem justo e piedoso que
esperava a Consolação de Israel e o Espírito Santo estava sobre ele.

‫בּ ָ֣רוְּך ֭ ַהבָּא בּ ֵ ְ֣שׁם יְהוָ ֑ ה‬


Baruch hábah Boshem Adonai.
Bendito o que vem em Nome do Senhor.

8
RESUMO

Este trabalho é uma apologia do Pré-Milenismo Pré-Tribulacionista. Cremos na eleição divina, não
só para a Igreja, mas também para Israel.
Não vemos só a Igreja como povo de Deus (Amilenismo e Pós-milenismo). Não vemos um plano
de Deus só para a Igreja (Teologia da Substituição), nem tão pouco dois planos distintos
(Dispensacionalismo): um para Israel e outro para a Igreja. Vemos um plano (οἰκονοµία - oikonomia)
divino no qual os três povos (Israel, Igreja e Gentios) serão redimidos e inseridos no Estado Eterno
através do Go’el (Redentor).
A Bíblia é uma biblioteca de 66 livros escritos por 40 autores num período de 1500 anos; não
obstante, nela se desenvolve um único tema, que une todas as partes, a redenção holística.
Os três grandes atos da Santa Trindade na recuperação da humanidade perdida são: eleição por
parte do Pai, redenção por parte do Filho, chamada por parte do Espírito Santo - como sendo dirigidos às
mesmas pessoas, garantindo infalivelmente a salvação delas.
A redenção, portanto, foi designada para cumprir o propósito divino da eleição. Esta eleição
envolve os três povos (Judeus, Gentios e Igreja).
Esta Redenção é eterna: Cl 1.14: “Em quem temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados”;
Hb 9.12: “e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas
no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção”.
At 3.21: “Ao qual convém que o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas, das
quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio”.
Mais de três quartas partes da Bíblia correspondem ao Antigo Testamento. Com exceção dos onze
primeiros capítulos do Gênesis, do livro de Jó e de certas partes dos profetas, o Antigo Testamento
dedica-se ao trato de Deus com a raça escolhida. Deus elegeu o povo hebreu com três finalidades: ser
depositário de sua Palavra; ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações; ser o meio pelo
qual viesse o Redentor.
O plano da redenção é o âmago da escatologia. Deus veio para remir: o homem, a terra, Israel e o
Cosmos.
Vemos três tempos probatórios:
1. As Setenta Semanas de Daniel, nas quais Deus trata com Israel para inseri-la no reino eterno,
dando-lhe a terra (Israel) como possessão eterna;
2. O Ano Aceitável do Senhor – o período da Graça, no qual Deus trata com a Igreja para
inseri-la no Reino Eterno, dando-lhe a Nova Jerusalém como morada eterna;
3. O Milênio, período no qual Deus trata com os Gentios para inseri-los no Reino Eterno,
dando-lhes a Nova Terra como possessão eterna.
Ap 21.1,3: “E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe”. E ouvi forte voz do Céu, dizendo: “Eis o tabernáculo de Deus com os
homens! E ele habitará com eles, e eles serão os seus povos. E Deus mesmo estará com eles, o seu Deus!”.
Ap 21.24: “E as nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra”.
A nova terra é o cenário da meta final da redenção. Em Ap 5 vemos o Cordeiro, o Leão da tribo de
Judá, rasgando os selos da Escritura da redenção da terra, em (Ap 21) vemos a concretização da mesma, a
Nova Jerusalém descendo: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá.
Eles serão os seus povos (no grego está no plural - λαοί - laoí); o próprio Deus estará com eles e será o
seu Deus” (Ap 21.3).
“... existe outra Jerusalém, uma Jerusalém que é de cima, da qual o Filho de Deus entronado envia o
seu Espírito. Sem essa Jerusalém, nenhum de nós teria uma mãe para nos levar ao Reino da obra redentora
de Deus, pois ela é a ‘mãe de todos nós’ (Gl 4.26; RC). Somente os que nasceram do alto, pelo Espírito,
podem afirmar ter um lugar no Reino de Deus”.
9
Gl 4.26: “Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é nossa mãe”.
Ap 21.24-26: “As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória. As
suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. E lhe trarão a glória e a honra
das nações”.

10
ÍNDICE

INTRODUÇÃO 12

CORRENTES ESCATOLÓGICAS 14

AVALIAÇÃO DO AMILENISMO 15

O RELÓGIO DE DEUS 29

PROBLEMAS DOS ESTUDANTES DE ESCATOLOGIA 37

O PARENTE REMIDOR - GO’EL - O PARENTE VINGADOR 39

O DIA DO SENHOR — QUAL O SIGNIFICADO NA BÍBLIA? 46

O DIA DO SENHOR AMPLO E RESTRITO 48

REDENÇÃO: O PALCO DA ESCATOLOGIA 54

TRÊS POVOS E UM REINO 71

O REINO DE DEUS 82

OS JUDEUS E SUA HISTÓRIA 110

O LIVRO DE DANIEL 116

A MULHER E O DRAGÃO 132

A IGREJA SERÁ POUPADA DA GRANDE TRIBULAÇÃO 135

A GRANDE TRIBULAÇÃO 145

BABILÔNIA 155

TANATOLOGIA 163

A DOUTRINA DO MILÊNIO 176

A TERRA DE ISRAEL 194

OS MISTÉRIOS DO REINO 200

ESQUENELOGIA 206

EPÍTOME FINAL 211

CONCLUSÃO 212

BIBLIOGRAFIA 213

11
1
INTRODUÇÃO

A Teologia Sistemática vem desenvolvendo-se desde os primórdios e em cada época se prende a


um tópico das doutrinas bíblicas. No século II, a Igreja lidava especialmente com a Apologética e as ideias
fundamentais do cristianismo; nos séculos III e IV, com a doutrina de Deus; no século V, logo no início,
lidava com a Antropologia e a Hamartiologia; do século V até o VII, com a Cristologia, nos séculos XI até
XVI, com a expiação, no século XVI, com a aplicação da Redenção. Agora, o interesse especial da Era
Moderna é a Escatologia, o único tópico da teologia que ainda sobrava para ser desenvolvido. Há mais de
cem anos atrás, James Orr (1844-1913) predisse que o século XX seria a era da escatologia. Estamos no
século XXI e o interesse só aumenta.

Paralelos entre as estruturas da Teologia Sistemática e a História da Igreja


TEOLOGIA HISTÓRIA DA IGREJA SÉCULO
SISTEMÁTICA
I. BIBLIOLOGIA Gnosticismo e Cânon do NT II a IV

II. TEONTOLOGIA Controvérsia Trinitária IV

III. CRISTOLOGIA Controvérsia Cristológica V

IV. PNEUMATOLOGIA
V. ANTROPOLOGIA Controvérsia Pelagiana V

VI. SOTERIOLOGIA Reforma Protestante; XVI


Reformados x Arminianos XVII

VII. ECLESIOLOGIA Reforma; XVI


Luteranos x Anabatistas XVI e XVII

VIII. ESCATOLOGIA Dispensacionalismo, Dispensacionalismo Progressista, XIX, XX e


Adventismo, etc. XXI

Escatologia é o estudo dos eventos que estão para acontecer segundo as Escrituras. O termo
escatologia deriva do grego, eskatos (ἔσχατος), que significa “último”, e logia (λογία), que significa
“tratado” ou “estudo” de um conjunto de ideias.
Para entendermos corretamente a escatologia bíblica, precisamos vê-la como um dos aspectos
integrantes de toda a revelação bíblica. A escatologia não deve ser vista como algo encontrado apenas em
livros tais como Daniel e Apocalipse, mas como dominando e permeando toda a mensagem da Bíblia.
Neste ponto, Jürgen Moltmann está totalmente correto: “Do começo ao fim, e não apenas do epílogo, o
Cristianismo é escatologia, é esperança, olhar e andar para frente e, por causa disso, também, é
revolucionar e transformar o presente. O escatológico não é um dos elementos da Cristandade, mas é o
agente da fé cristã em si, a chave à qual tudo está ajustado... Por isso, escatologia não pode realmente ser
apenas uma parte da doutrina cristã. Antes, a perspectiva escatológica é característica de toda a
proclamação cristã, de cada existência cristã e de toda a Igreja”.1
1
MOLTMANN, Jürgen. Theology of Hope (Teologia da Esperança), trad, da 5ª ed. Por J.W.Leitch, New York: Harper and
Row, 1967, p. 16.
12
O estudo da Escatologia é imprescindível, quer seja abordado no terreno da ciência, da filosofia ou
da religião. O homem vive perenemente a procurar a verdade concernente ao seu destino do Universo no
qual habita. Como ser racional, ele indaga: “Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” (Jó 14.14).
E nos apressamos em acrescentar: “Como podemos estar certos acerca de uma vida futura, relacionada
com a existência presente?”.
Três doutrinas principais destacam-se universalmente como afirmadas por todos os cristãos –
exceto os que com relutância precisam ser considerados hereges – ao longo de dois milênios. A primeira é
que Jesus Cristo retornará à terra. Isso às vezes é conhecido como fé na parousia, que significa
“aparecimento” ou “vinda”. Cristãos de todas as tradições, tribos e denominações aguardam a segunda
vinda de Jesus Cristo. A segunda convicção de todos os cristãos acerca do futuro coletivo é que, quando
Cristo retornar, ele há de estabelecer ou manifestar completamente a ordem e a soberania de Deus – o
reino de Deus – que já está operando na história. A terceira fé cristã unificadora sobre a escatologia
universal é que, no fim, Deus criará um novo céu e uma nova terra que durarão para sempre. A maioria
dos cristãos considera o novo céu e a nova terra uma continuação da criação original – sua redenção pela
renovação. Alguns poucos consideram essa realidade futura uma criação completamente nova depois da
destruição deste mundo. Todos concordam que humanos ressuscitados e redimidos habitarão com Deus, e
Deus habitará com eles em uma utopia que jamais acabará.2
A Escatologia cristã, centralizada na Bíblia, é uma apresentação positiva das promessas baseadas
nas palavras irrevogáveis de um Deus Eterno e imutável. Não existe vida, presente ou futura, à parte de
Deus, a qual se torna possível por intermédio de seu Filho Jesus Cristo. Foi Ele quem disse: “Eu vim para
que tenham vida, e a tenham em abundância”. (Jo 10.10; 11.25,26; 14.1-3).
A segunda vinda de Jesus Cristo à Terra e os acontecimentos pertinentes à mesma criam um
alicerce de esperança, consolo e bendita antecipação, que para sempre mitiga a sede do povo de Deus,
cansado do pecado, do sofrimento e da tristeza associada à peregrinação terrena. “Deus tem um plano
eterno e um propósito, revelado nas Escrituras através de muitas passagens (Ef 3.10,11; Is 46.10; 2 Rs
19.25; Ap 1.6). Baseado no desejo do Seu coração, Deus estabeleceu um propósito (Ef 3.11). O propósito
de Deus foi estabelecido de acordo com Seu bom prazer. Efésios 1.9 diz que Deus propôs Seu bom
prazer. Isso significa que, de acordo com o que Ele desejava, Ele fez um plano. Desde que Deus tinha tal
bom prazer, Ele fez um plano. Em Efésios 3.11 Paulo nos diz novamente que Deus fez um plano em
Cristo, um plano eterno, um propósito eterno”.3 Em Escatologia Bíblica estudamos parte deste propósito.

O PLANO DA REDENÇÃO É O ÂMAGO DA ESCATOLOGIA.


A Doutrina da Redenção abrange:
1. A Doutrina do Parente Remidor - GO’EL (Rute, Lv 25.25-34; Dt 25.5-10 ).
2. A Doutrina da Redenção da Terra - (Rm 8.18-23; Lv 25; Zc 14.4,5,8,10; Is 35.1,2,13; 11.5-9; Jl
2.22-27; Is 65.20 etc.).
3. A Redenção das Nações (Gn 9.12-17; Ap 10; Zc 14.16-19; Ap 21.24; 22.2; Is 60.3).
4. A Redenção de Israel (Am 9.15; J1 3.20,21; Is 60.4-12).
5. A Redenção do Homem (Ef 1.13,14; Rm 8.23,24; l Jo 3.1,2; Fp 3.21; Ap 1.5,6 ).
6. A Redenção do Cosmos (At 3.21).

2
OLSON, Roger E. História das Controvérsias na Teologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2004, p. 480,481.
3
LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida, 1992,
p. 8.
13
O CENTRO DA MENSAGEM ESCATOLÓGICA É A COLOCAÇÃO APROPRIADA DE:
1. O trono de Davi, na profecia (2 Sm 7.12-16; S1 89.34-37; Is 9.6,7; Zc 14.9,16-19 ).
2 Sm 7.12-16: 12. Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei
levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino.
13. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. 14. Eu lhe
serei pai, e ele me será filho. E, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de
filhos de homens; 15. mas não retirarei dele a minha benignidade como a retirei de Saul, a quem tirei de
diante de ti. 16. A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será
estabelecido para sempre.
2. A pessoa que se assentará nesse trono (Lc 1.31-33; Ap 20.6; Jr 23.5; 2 Sm 7.14-17; Mt
19.28;25.31).
Lc 1.31-33: 31. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32. Este
será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; 33. e
reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.

A menos que essas verdades sejam claramente definidas, recebendo alicerce bíblico, a profecia
perderá a sua significação e vitalidade, surgindo assim certa incoerência, que tende a confundir e não a
esclarecer.

CORRENTES ESCATOLÓGICAS

EXISTEM TRÊS LINHAS ESCATOLÓGICAS:


Amilenismo; Pós-Milenismo; Pré-Milenismo.

CORRENTES ESCATOLÓGICAS

ESCATOLOGIA

AMILENISMO PÓS-MILENISMO PRÉ-MILENISMO

14
AMILENISMO
O trono de Davi:
Cristo se assenta para
reinar sobre um reino
espiritual durante a Julgamento
era presente a Geral
p
A.T. 70ª semana de Daniel: 26-33 d.C. o Céu
s
t
a
A era s
presente vai Terra
i
piorando à
medida em a renovada
que se pelo fogo
aproxima
do fim Governo
do Ressurreição Inferno
Anticristo Geral

1. Amilenismo - Embora seja o mais claro e simples dos sistemas, o amilenismo apresenta
dificuldades especiais. Este ponto de vista pode ser declarado de modo breve: não haverá um reino
terrestre de Cristo de mil anos de duração.
O amilenismo não crê em duas ressurreições físicas (Ap 20.4-6). A primeira ressurreição, dizem os
amilenistas, é espiritual, a segunda é física. Vários autores advogam este sistema, entre os quais Floyd, E .
Hamilton e Ray Summers.
A outra doutrina importante do amilenismo é a sua interpretação dos mil anos em Ap 20.2. Neste
texto, fala-se de Satanás sendo preso por mil anos, e em Ap 20.4, daqueles que foram decapitados por
causa de seu testemunho de Jesus, reinando com Ele por mil anos. Para os amilenistas, estes mil anos não
são uma expressão literal, para eles estes mil anos constituem o período da Ressurreição do Senhor até a
Parusia. Acham que Cristo está reinando, de modo espiritual, nos corações dos salvos. Acham que a Igreja
é a Novo Israel de Deus.

Avaliação do Amilenismo4
No sistema amilenista, temos muitas coisas dignas de louvor e válidas, bem como pontos fracos e
até mesmo inconsistências.

Aspectos Positivos

Do lado positivo, o amilenismo reconhece que a profecia e escatologia bíblicas fazem uso de grande
quantidade de simbolismo, e as maneja de acordo. Alguns milenistas têm tratado das expressões figuradas
nas passagens escatológicas de modo por demais literal, embora poucos expositores tenham levado a

4
ERICKSON, Millard J. Um estudo do Milênio. Opções contemporâneas na Escatologia. 2ª ed. São Paulo: Edições Vida
Nova, 1986, p. 71-75.
15
efeito este princípio de modo consistente. Algumas passagens representam bem obviamente alguma coisa
além do seu significado imediato e literal. O amilenista, de modo geral, tem procurado levar a sério a
natureza da literatura bíblica e tem perguntado o que estava sendo transmitido dentro daquele meio
ambiente cultural, reconhecendo que o simbolismo pode estar presente e operante ainda quando não é
óbvio. No seu aspecto melhor, o amilenismo também tem procurado determinar o devido significado dos
símbolos ao estudar a cultura ao invés de atribuir um significado de modo arbitrário.
Em segundo lugar, o amilenismo tem procurado fazer exegese séria da passagem bíblica relevante,
Apocalipse 20. Foi, em parte, uma resposta à pergunta dos pré-milenistas: O que significa a passagem se
não ensinar um milênio terrestre? Do ponto de vista dalguém que acredita que a Bíblia é a autoridade
suprema da fé e da prática cristãs, este escrutínio da Escritura é altamente louvável. A investigação levada
a efeito por Hughes é uma tentativa eficiente de chegar ao significado. Os pormenores e o espírito aberto a
uma variedade de possibilidades estão na melhor tradição da erudição bíblica.
Parece, também, que o amilenismo tem uma filosofia realista da história. Seu conceito daquilo que
há de vir e qual a direção que a história está tomando encaixa-se bem com os desenvolvimentos recentes e
as tendências que se pode discernir. O ponto de vista amilenista leva em conta ou uma deteriorização ou
uma melhoria das condições, nem ensinando que o mundo inteiro será convertido antes da volta de Cristo,
nem que as condições do mundo inevitavelmente piorarão.

Aspectos Negativos

Quando consideramos as doutrinas especificas do amilenismo, bem como os argumentos em prol


dele, porém, achamos algumas dificuldades. Um grupo importante destas diz respeito à exegese de
Apocalipse 20.
A interpretação convencional amilenista é que há dois tipos diferentes de ressurreição, uma
ressurreição espiritual e uma física, respectivamente. Mediante um exame pormenorizado, no entanto,
pergunta-se se isto cria uma distinção onde não existe nenhuma. Até mesmo Hughes reconhece e admite
esta dificuldade, e oferece uma interpretação diferente para esta passagem. O mesmo verbo, ezesan, é
empregado para as duas ressurreições, e não há base contextual aparente para distinguir entre as duas.
V. 5 oferece um problema especial para esta interpretação.
Depois de afirmar que os mártires vivem e reinam com Cristo por mil anos, a passagem diz: “Os
restantes (οἱ λοιποὶ - hoi loipoi) dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. Embora
a passagem certamente possa ser interpretada doutra forma, parece dar a entender que aqueles participam
da primeira ressurreição não participam da segunda, pois o contraste é entre os que foram ressuscitados no
começo do milênio e os que foram ressuscitados no fim. O “reviver” também se descreve de modo
semelhante. Presumivelmente os que estão com vida no começo estão com vida no fim. Se este for o caso,
e se estas devem ser tratadas como dois tipois diferentes de ressurreição, parece seguir-se a conclusão de
que os que “estão espiritualmente ressurretos, ou renascidos, não são fisicamente ressurretos. Mas isto
dificilmente se encaixaria na doutrina do amilenismo! Alguns argumentariam que isto é atribuir um
significado que não está presente. O propósito gramatical de hoi loipoi, no entanto, parece ser fazer
distinção entre os dois grupos. Deve ser notado que a segunda ressurreição não é especificamente
identificada nem nomeada, e que certamente não há sugestão alguma de que os mártires participariam dela
da mesma forma segundo a qual reviveram e reinaram como resultado da primeira ressurreição.
Certamente, o argumento do silêncio não é forte. O silêncio, no entanto é achado justamente onde
deveríamos achar alguma evidência positiva”.
A posição argumentada por Hughes é, conforme notamos, bem diferente daquele de Summers.
Levando em conta a força das objeções tais como aquelas notadas supra, é, de muitos modos, um
tratamento novo e original de dados familiares. Mesmo assim, quando se examina os vários elos
detalhados do argumento, revelam-se dificuldades.
16
Conforme notamos, Hughes reconheceu que as duas ressurreições devem ser da mesma classe,
fazendo com que ambas as ressurreições sejam espirituais. A evidência que aduziu para a asseveração
crucial merece escrutínio especial.
Argumentou que se o primeiro verbo, ezesan (“viveram”), em v. 4 é aoristo ingressivo, então o
segundo verbo, ebasileusan (“reinaram”) também o deve ser. Logo, se traduzirmos o primeiro “vieram a
viver,” devemos traduzir o segundo, “começaram a reinar.” Visto que esta ação abrange mil anos, o
resultado é claramente lúdicro. A alternativa, que pareceria preferível, é não traduzir nenhum dos verbos
como aoristo ingressivo “viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”.
A pergunta, porém, é porque os dois verbos devem ser tratados da mesma maneira. A. T.
Robertson, cuja Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research tem sido
considerada, já há muito tempo, uma autoridade padronizada, escreveu: “Um exemplo bom é ezēsan kai
ebasileusan meta tou christou chilia etē (Ap 20.4). Aqui, ezēsan é provavelmente ingressivo, embora
zēsōman seja constativo em 1 Ts 5.10, mas ebasileusan é claramente constativo. Hughes tinha consciência
desta referência, e até mesmo a citou numa nota de rodapé. Mesmo assim, rejeitou-a, meramente com a
explicação: “Mas isto rompe a conexão entre ezēsan e ebasileusan, e remove ezēsan de qualquer conexão
com a frase chilia etē. “Porque, porém, ezēsan deve ser ligado com a frase chilia etē? Parece que Hughes
pressupôs a posição que estava querendo apoiar mediante o argumento - um caso clássico de petição de
princípio! Hughes deveria oferecer evidência mais substancial do que esta, especialmente diante de uma
autoridade da estatura de Robertson. Hughes afirmou que os conceitos de julgar e de reinar parecem ser
unidos pela expressão “as almas dos decapitados por causa do testemunho”. Estendeu esta expressão para
dizer que estas almas tanto viveram quanto reinaram por mil anos, mas deixou de apoiar esta idéia. É nesta
altura que introduziu a nota de rodapé citando Robertson.
Hughes também argumentou com base no uso contemporâneo. Disse que somente em dois lugares
no Novo Testamento é que o aoristo indicativo de zaō pode ser apropriadamente interpretado como sendo
ingressivo. À parte das fraquezas inerentes dos argumentos baseados no uso comparativo, Hughes deixou
de explicar que o aoristo indicativo de zaō aparece no Novo Testamento apenas oito vezes, ao total.
Reconhece que em duas destas ocasiões é ingressivo; os argumentos a favor dele, portanto, dificilmente
impressionam.
Outro passo crucial no seu argumento é que o termo “ressurreição” no Novo Testamento pode
significar outra coisa além da ressurreição física. Mas nos exemplos que citou, não estabeleceu
inequivocamente que a respectiva “ressurreição” é espiritual mais do que física. Por exemplo, sua alegação
de que em Lucas 20.35 Jesus fez “alcançar a era vindoura” o equivalente de “a ressurreição dentre os
mortos” é muito disputável. Hughes sugere que nada no contexto indica que Jesus estava falando de uma
ressurreição corpórea. Na realidade, porém, foi exatamente este assunto que fora levantado pelos saduceus
(que negavam uma ressurreição do corpo), e a resposta que Jesus lhes deu evidentemente visava refutar a
heresia específica deles. É provável que fosse assim que os ouvintes de Jesus entenderam Suas palavras.
Outro problema para Hughes é a falta de quaisquer critérios claros para determinar quando uma referência
à ressurreição é física e quando é espiritual. Na ausência de tais critérios, é muito possível que todas as
referências à ressurreição na Bíblia sejam espirituais. Se este for o caso, Hughes talvez tenha tirado a base
da doutrina da futura ressurreição do corpo, coisa esta que presumivelmente não quer fazer.
Mais uma dificuldade é a sugestão de Hughes de que “os restantes dos mortos”, que não viveram
até ao fim dos mil anos, não vivem então, tampouco. Acredita que a declaração: “Os restantes dos mortos
não reviveram até que se completassem os mil anos,” é o equivalente de dizer: “a segunda morte teve
poder sobre os restantes dos mortos durantes os mil anos,” ao qual acrescentou: “e aqueles sobre os quais
a segunda morte tem poder nunca são livres do seu poder.” Esta última declaração é, naturalmente,
verdadeira se a segunda morte se refere à morte espiritual. O que seria necessário estabelecer, porém, é
que “não viveram” (v. 5) se refere à segunda morte, e não à primeira. É verdade que se diz que a segunda
morte não tinha poder sobre os que participam da primeira ressurreição, mas é possível que a primeira
17
morte não tivesse semelhante poder, tampouco. Se não o tiver, então poderemos entender que a
declaração: “Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”, tem o
significado mais natural de “os restantes dos mortos reviveram depois dos mil anos”.

2. Pós-Milenismo - Esta interpretação escatológica facilmente se confunde com o amilenismo.


Afirmam seus adeptos que o Reino de Cristo é espiritual, não geográfico, de modo que onde há indivíduos
que recebem Cristo e reconhecem Sua soberania sobre suas vidas, ai está o Reino de Deus. Há também a
esperança da conversão de todas as nações do mundo, não na totalidade, mas a grande maioria da
população de todos os povos da Terra. Assim, será inaugurado um longo período de paz entre os homens
no mundo, que se identifica com o Reino milenar. Os pós-milenistas não interpretam os mil anos
literalmente (Ap 20). Afirmam que haverá um curto lampejo de maldade antes da vinda do Senhor, seguido
da ressurreição de todos, o julgamento e a consignação dos homens ao estado permanente do céu e do
inferno.
As raízes do pós-milenismo são reconhecíveis nas ideias de Ticônio e Agostinho. Jonathan
Edwards, primeiro presidente da Universidade de Princeton no século XVIII, e os Hodges e B.B.
Warfield, os famosos teólogos do seminário de Princeton, representavam este ponto de vista. Hoje, o Pós-
Milenismo tem poucos adeptos em conseqüência dos acontecimentos históricos, nada animadores, mais do
que pelas demonstrações de provas bíblicas.

2ª Vinda

Reino milenar de a
Cristo na terra: p Julgamento
Cristo assentado no o Geral
trono de Davi s
t Céu
Cristo governa a a
terra com justiça s
i Terra
O Evangelho a renovada
melhoramundo cada pelo fogo
vez mais
A.T. Governo
do
70ª semana de Anticristo
Daniel: 26-33 d.C.

Ressurreição
PÓS-MILENISMO Geral Inferno

TEMAS BÁSICOS DO PÓS-MILENISMO


1. O reino de Deus é primariamente uma realidade presente; está aqui de modo terrestre. O reino
não é um império ou domínio sobre o qual o Senhor reina. É mais corretamente, o governo de Cristo nos
corações dos homens. Onde quer que os homens acreditem em Jesus Cristo, dediquem-se a Ele, e O
obedeçam, o reino está presente. Não é algo para ser introduzido de modo cataclísmico nalgum tempo
futuro.
2. O pós-milenista espera uma conversão de todas as nações antes da volta de Cristo. A pregação
do evangelho será eficaz.
18
3. A expectativa de um longo período de paz na terra, chamado o milênio. À medida que cada vez
mais pessoas se submetem ao plano do Senhor e começam a praticar os ensinos e modo de vida que Ele
estabeleceu, a paz será o resultado natural.
4. O crescimento paulatino do reino. O Reino é a contínua propagação do evangelho introduzindo
mais e mais o reino.
5. No fim do milênio haverá um período de apostasia e uma explosão de iniqüidade que ocorrerá
em conexão com a vinda do Anticristo.
6. O milênio terminará com a volta pessoal e física de Cristo.
7. A volta do Senhor será imediatamente seguida pela ressurreição de todos - justos e injustos — e
pelo julgamento de todos, e sua atribuição a um dos dois estados finais e permanentes.
8. No pensamento dalguns dos pós-milenistas, mas não em todos, é que a nação judaica será
convertida. Esta não é a ideia ensinada por alguns pré-milenistas de que a aliança de Deus é basicamente
com os judeus, e que, depois de um interlúdio de tratar com a igreja, Deus restaurará Israel à sua posição
especial e favorecida. Pelo contrário, é uma crença que certas profecias que ainda não foram cumpridas
prometem que grandes números de judeus serão convertidos e entrarão na igreja do mesmo modo que
quaisquer crentes hoje.

O Pré-Milenismo subdivide-se em três correntes: Histórico, Dispensacional e Progressista.

DIVISÃO DO PRÉ-MILENISMO

PRÉ-MILENISMO

DISPENSACIONAL
HISTÓRICO DISPENSACIONAL
PROGRESSISTA

1. O Pré-Milenismo Histórico (Não Dispensacional)


O Pré-Milenismo Histórico sustenta que o retorno de Cristo será precedido de certos sinais, depois
seguidos de um período de paz e justiça no qual Cristo irá reinar em pessoa como Rei. Os Premilenistas
históricos entendem a volta de Cristo e o arrebatamento como um só e o mesmo evento. Eles vêem
unidade. Portanto, eles são distintos dos premilenistas dispensacionais, que os consideram como dois
eventos separados pela Grande Tribulação de sete anos. O pré-milenismo foi a interpretação escatológica
predominante nos três primeiros séculos da igreja cristã. Os antigos pais Papias, Irineu, Justino Mártir,
Tertuliano e outros sustentaram essa concepção.
A principal diferença entre o pré-milenismo histórico e o dispensacionalista é a distinção que os
dispensacionalistas fazem entre Igreja e Israel. O pré-milenismo histórico considera a Igreja como o
verdadeiro Israel espiritual de Deus. O Reino de Deus se concretiza presentemente na Igreja, embora os

19
judeus ainda venham a ter um tempo de participação especial na história da salvação, convertendo-se e
fazendo parte da Igreja.

PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO
2ª Vinda Trono
Branco
1ª Vinda Ap
20.12-15

Terra
renovada
pelo fogo
ANO DOS MEUS
ANO ACEITÁVEL DO SENHOR REDIMIDOS Novos
A.T. GRAÇA (Is 61.1,2; Lc 4.18,19) Is 63.4; 34.8 Céus

MILÊNIO
Nova
REGENERAÇÃO Terra
Mt 19.28; Ap 20

1ª Ressurreição 2ª Ressurreição
Justos Ímpios

2. Pré-Milenismo Dispensacional – A passagem básica do Pré-Milenismo é Ap 20.4-6. Os Pré-


Milenistas observam que aqui estão as provas de um período de mil anos e duas ressurreições, uma no
início e outra no fim. O Pré-Milenismo insiste numa interpretação literal e coerente dessa passagem. Uma
vez que o mesmo verbo – ezesan (ἔζησαν = viveram) é empregado em referência a ambas as
ressurreições, logo devem ser do mesmo tipo. Ambas as ressurreições são físicas, porém não são iguais. A
primeira é chamada de A Primeira Ressurreição, e é destinada somente aos salvos. Estes receberão corpos
glorificados, espirituais; A Segunda apesar de ser física não será gloriosa, pois os que dela participarem
provarão o dano da Segunda Morte.
Α natureza, que “geme e suporta angústias”, aguardando sua redenção, será libertada da maldição
da Queda (Rm 8.19-23). Até os animais viverão em harmonia uns com os outros (Is 11.6,7; 65.25), e as
forças destrutivas da natureza serão acalmadas. Os santos governarão junto com Cristo nesse Milênio.
Os Pré-Milenistas crêem que Jesus voltará antes dos mil anos (Ap 20.2-6) e que reinará sobre o
mundo, o qual sobreviverá à destruição e ao julgamento e que os homens serão visitados por Deus sobre a
terra na Grande Tribulação. Muitos pais da Igreja Primitiva eram milenistas (khiliastas: do grego khilia -
χίλια). Com a posição adotada por Agostinho (século V), o Pré-Milenismo caiu no desprezo geral até a
revitalização ocorrida no século passado. Muitos crêem que o Pré-Milenismo é sinônimo do
“dispensacionalismo” criado e popularizado por John Nelson Darby, destacado líder dos Irmãos Livres de
Plymouth, Inglaterra. Com sua esquematização escatológica, ele obteve grande aceitação entre os
evangélicos (principalmente no norte dos Estados Unidos), no movimento evangelístico que gerou muitos
institutos bíblicos, “missões de fé” e a famosa Bíblia de Scofield. Aqui no Brasil, os batistas regulares, o
Instituto Bíblico Palavra da Vida, a Chamada da Meia-Noite , as Assembléias de Deus e outras missões
estrangeiras e escolas iniciadas por missionários da outra América divulgam esta posição teológica.

20
PRÉ-MILENISMO DISPENSACIONAL
2ª Vinda Trono
Branco
O Dia da Ap 20.12-15
Vingança
1ª Vinda ANO DOS MEUS
Grande REDIMIDOS Novos
Tribulação Is 63.4; 34.8 Céus
A.T.
Ano Aceitável MILÊNIO
70ª Semana Nova
do Senhor
REGENERAÇÃO Terra
Graça De Daniel Mt 19.28; Ap 20
(Is 61.1,2; Lc 4.18,19)

Arrebatamento
1ª Ressurreição 1ª Ressurreição 2ª Ressurreição
Justos Mártires Ímpios

Os pais da Igreja Papias, Irineu, Justino Mártir, Tertuliano e outros sustentaram o Pré-Milenismo.
O mestre cristão Ireneu era claramente milenarista com respeito ao retorno de Cristo e acreditava
na Grande Tribulação. A descrição que ele faz do retorno do Cristo e dos eventos que o cercam é a mais
detalhada dos pais da Igreja. Resumiu o fim do mundo conhecido do seguinte modo:
... Ora, depois que o Anticristo tiver destruído todas as coisas neste mundo, reinado três anos e seis meses e
tiver assentado no templo em Jerusalém, o Senhor virá do alto do céu, sobre as nuvens, na glória do Pai, e o
lançará no lago de fogo com todos os seus seguidores; para os justos trará os tempos do reino, isto é, o
repouso do sétimo dia santificado; e dará a Abraão a herança prometida, aquele reino, diz o Senhor, ao qual
“muitos virão do oriente e do ocidente para se assentar à mesa com Abraão, Isaque e Jacó” [Mt 8.11].5

Diversos teólogos dispensacionalistas de hoje, como Robert Saucy, Charles Ryrie, Craig e Darrell
Bock, chamam-se “dispensacionalistas progressistas” e têm conquistado muitos seguidores. Eles não
vêem a Igreja como um parêntese no plano de Deus. Do ponto de vista do dispensacionalismo
progressista, Deus não tem dois propósitos separados para Israel e para a Igreja, mas sim um único
propósito – o estabelecimento do Reino de Deus – no qual tanto Israel como a Igreja terão parte. O
dispensacionalismo progressista não vê nenhuma distinção entre Israel e a Igreja no estado eterno futuro,
pois todos serão parte de um só povo de Deus. Além disso, eles defendem que a Igreja reinará com Cristo
em corpo glorificado na terra durante o milênio.
No entanto, há ainda uma diferença entre os dispensacionalistas progressistas e o restante do
evangelicalismo em um aspecto: eles afirmam que as promessas do Antigo Testamento referentes a Israel
ainda serão cumpridas no milênio pelo povo judeu, que crerá em Cristo e viverá na terra de Israel como
“nação-modelo” para que todas as nações o vejam e dele aprendam. Portanto, eles não diriam que a Igreja
é o “novo Israel” nem que todas as profecias serão cumpridas no Israel étnico.
O termo “progressivo”, para este novo entendimento do dispensacionalismo, vem de um dos
distintivos desta nova corrente: A relação progressiva entre as dispensações. Uma dispensação avança no
plano divino sobre a anterior.
5
OLSON, Roger E. História das Controvérsias na Teologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2004, p.483,484.
21
Desenho gráfico de Aldery Nelson da Rocha Jr. (Bíblia Revelada de Dr. A. Nelson da Rocha).

A dispensação anterior antecipa e logo presencia o Messias. Depois de Sua ascensão, Cristo
inaugura a presente dispensação. A futura dispensação é a dispensação do seu regresso e da consumação
do seu Reino. As dispensações Presente e Futura são vistas no Novo Testamento como o cumprimento do
Pacto Davídico.
O dispensacionalismo progressivo passa por três dispensações bíblicas:
1ª) Passada. Da Eternidade passada até ao primeiro advento;
2ª) Presente. Do primeiro ao segundo advento;
3ª) Futura. Do segundo advento até à Eternidade futura.
Estas três dispensações sustentadas pelo dispensacionalismo progressivo estão centralizadas em
Cristo. Isto é, elas são cristocêntricas.

O Dr. Aldery Nelson da Rocha também vê três dispensações:


1ª) A Dispensação do Mistério. Da eternidade passada até a Encarnação do Logos (Ef 3.9);
2ª) A Dispensação da Graça. Da Encarnação até a Segunda Vinda (Ef 3.2);
3ª) A Dispensação da Plenitude. Da Segunda Vinda até eternidade futura (Ef 1.10).

Até Agostinho dividia a história em três períodos: 6


1. Antes da lei;
2. Sob a lei;
3. E depois da lei.

6
TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. 3ª Edição. São Paulo: Editora ASTE, 2004, p. 134.
22
Charles Hodge cria que existiam quatro dispensações: 7
1. De Adão até Abraão;
2. De Abraão até Moisés;
3. De Moisés até Cristo;
4. De Cristo até o fim.

O ESQUEMA DISPENSACIONAL DE SCOFIELD:


1. Dispensação da Inocência - Da Criação à Queda.
2. Dispensação da Consciência - Da Queda ao Dilúvio.
3. Dispensação do Governo Humano - Do Dilúvio à chamada de Abraão.
4. Dispensação da Promessa ou Patriarcal - Da chamada de Abraão à saída do Egito.
5. Dispensação da Lei ou Israelita - Do Monte Sinai ao Monte Calvário.
6. Dispensação da Graça ou da Igreja - Do Calvário ao Arrebatamento.
7. Dispensação do Milênio ou Governo Divino - Da Parusia ao Grande Trono Branco.

Oscar Cullmann
• A linha do tempo, tal como se encontra na Bíblia, se divide em 3 partes: o tempo anterior à
criação, o tempo compreendido entre a criação e a Parousia e o tempo posterior à Parousia.
• Do ponto de vista cronológico, o elemento novo trazido por Cristo à fé do cristianismo primitivo
é que, para o crente, depois da Páscoa, o centro não está mais situado no futuro.
• A partir desse centro, a luz ilumina, remontando ao passado, o tempo anterior à criação e a
própria criação.
Ponto Central

Antes da criação A Era Presente A Era Vindoura

Ele distinguiu três aspectos na história da salvação: história de Israel, que, à luz de Cristo, é a história
da preparação; a história de Jesus Cristo, que é o centro; a história posterior a Cristo, o tempo da Igreja, cujo
desdobramento resultará na segunda vinda.

7
RYRIE, Charles C. DISPENSACIONALISMO, Ajuda ou Heresia? 1ª ed. Mogi das Cruzes, São Paulo: ABECAR, 2004
23
AS DISPENSAÇÕES

Nome Texto bíblico Responsabilidade Juízos

Inocência Gn 1.3-3.6 Cultivar o jardim Maldições e morte


Não come um fruto Física e espiritual
Encher, subjugar a terra
Comunhão com Deus

Consciência Gn 3.7-8.14 Fazer o bem Dilúvio

Governo Humano Gn 8.15-11.9 Encher a terra Espalhados forçosamente


Pena capital Pela confusão das línguas

Patriarcal Gn 11.10-Êx 18.27 Permanecer na Jugo egípcio


Terra Prometida Vagar pelo deserto
Obedecer a Deus

Lei Êx 19.1-Jo 14.30 Guardar a Lei Cativeiros


Andar com Deus

Graça At 2.1-Ap 19.21 Crer em Cristo Morte


Andar com Cristo Perda de Galardões

Milênio Ap 20.1-15 Crer e obedecer Morte


Cristo e Seu Governo Julgamento Final
Grande Trono Branco

Quadro do livro: DISPENSACIONALISMO, Ajuda ou Heresias? 8

8
RYRIE, Charles C. DISPENSACIONALISMO Ajuda ou Heresias?. 1ª Edição. São Paulo: ABECAR, 2004, p. 65.
24
QUADRO DAS DISPENSAÇÕES
J. N. Darby J. H. Brookes James M. Gray C. I. Scofield Charles C. Ryrie A. N. da Rocha
1800-1882 1830-1897 1851-1935 1843-1921 1963-1985 1985
Estado Éden Edênico Inocência
paradisíaco P M
(até o dilúvio) Antediluviano Antediluviano Consciência A I
S
Governo S
Noé Humano T
Patriarcal Patriarcal S
Abraão Promessa É
A R
Israel
Sob a lei D I
Sob o Mosaico Mosaico Lei O
sacerdócio A
Sob os reis

Gentios Messiânico
Igreja Graça PRESENTE GRAÇA
Espírito Espírito Santo

Reino
Milênio Milenar Milenar Milênio
FUTURA PLENITUDE
Plenitude do
tempo
Eternidade

PIERRE POIRET JOHN ISAAC WATTS J. N. Darby JAMES H.BROOKS JAMES M. GRAY C. I. SCOFIELD
1646-1719 EDWARDS 1674-1748 1800-1882 1830-1897 1851-1935 1843-1909
1639-1716

Criação até Inocência Inocência Estado Éden Edênico Inocência


Dilúvio Paradisíaco
(Infância) (Até o
Dilúvio)
Adâmica Adâmica Antediluviano Antediluviano Consciência
(após a (após a Queda
Queda)
Dilúvio até Noética Noética Noé Governo
Moisés Patriarcal Patriarcal Humano
(Meninnice)
Abraâmica Abraâmica Abraão
Promessa
Moisés até Israel
Profetas Mosaica Mosaica Sob a Lei Mosaico Mosaico Lei
(Adolescência) Sob o
sacerdócio
Profetas até Sob os reis
Cristo
(Mocidade)
Gentios Messiânico Igreja
Varonilidade Cristã Cristã Graça
e Velhice Espírito Espírito Santo
Renovação de Milênio Milênio Milênio Reino ou
Todas as coisas Milênio
Plenitude dos
Tempos

Estado Eterno

Quadro do livro DISPENSACIONALISMO, Ajuda ou Heresia? 9

9
RYRIE, Charles C. DISPENSACIONALISMO, Ajuda ou Heresia? 1ª ed. Mogi das Cruzes, São Paulo: ABECAR, 2004.
25
Cremos que Deus tem um único propósito - estabelecimento do Reino de Deus - no qual tanto
Israel como a Igreja e os Gentios - as nações justas (o trigo) terão parte no Estado Eterno. E todos serão
chamados Povos de Deus: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá.
Eles serão os seus povos (no grego está no plural, λαοί -laoí); o próprio Deus estará com eles e será o seu
Deus” (Ap 21.3).
Quando usamos a palavra “Propósito” nos referimos a doutrina do “Decreto de Deus”. Há muitas
passagens que ensinam a doutrina dos decretos de Deus. Esta doutrina constitui na realidade umas das
tônicas gerais dos ensinos bíblicos. Leia os seguintes textos: Sl 33.11; Is 14.26,27; 46.9,10; Dn 4.34,35;
Mt 10.29,30; Lc 22.22; At 2.23; 4.27,28; 17.26; 4.18; Rm 8.28-30; 1 Co 2.7; Ef 1.11; 2.10; 2 Tm 1.8,9; 1
Pe 18-20.
Estas passagens e muitas outras que poderiam ser facilmente acrescentadas mostram que o Deus
Todo Poderoso tem um plano ou propósito para o Cosmos que é dele. E neste Plano com certeza estão
incluídos: a Terra, o Universo, os anjos, o homem, a nação de Israel, os Gentios e a Igreja.
Temos falado do propósito de Deus. Os teólogos os chamam Seus decretos. Podemos dizer que os
propósitos de Deus, por infinito que nos pareça seu número, não são mais que um único propósito.
Isto é o que o Catecismo Menor 10 quer dizer quando afirma que os decretos de Deus são “Seu
propósito eterno”. Os inúmeros decretos se constituem em um único propósito ou Plano. Não são
independentes um do outro, mas formam uma unidade íntima igual, como Deus é um.
O projeto com Israel, o projeto com a Igreja e o projeto com os Gentios fazem parte do único
Propósito Eterno.

Witness Lee tem uma excelente ideia sobre o conceito “dispensações”:

A ECONOMIA DE DEUS - SEU ARRANJO ADMINISTRATIVO 11

Economia é uma palavra aportuguesada do grego oikonomia. Ela significa a lei de uma casa, ou
administração familiar. Em 1 Timóteo 1.4 essa palavra é usada para arranjo, plano, administração ou
gerenciamento. No Velho Testamento a casa de Faraó necessitava de alguma administração familiar ou
arranjo, e José foi colocado ali para tomar conta daquela administração. O que ele fazia era principalmente
distribuir o rico alimento aos famintos (Gn 41.33-41, 54-57); e aquela distribuição era um dispensar. A
administração da casa de Faraó foi uma economia levada a cabo para dispensar as riquezas ao povo. No
Novo Testamento essa palavra é principalmente usada por Paulo. Mas a mesma palavra é usada pelo Senhor
Jesus em Lucas 16.2-4, referindo-se ao mordomado de um despenseiro. José podia ser considerado como o
despenseiro de Faraó, e sua responsabilidade, como sua economia. Aquela atribuição, seu mordomado, era
para dispensar a rica comida que Faraó possuía para alimentar os famintos.

Sua Dispensação

Em Efésios, Paulo nos diz que ele foi designado por Deus como um despenseiro, e que, com isso,
Deus deu-lhe a responsabilidade, o dever, o qual é chamado mordomado (3.2). A palavra grega para
mordomado12 é a mesma palavra para dispensação. Quer seja ela traduzida por mordomado quer por
dispensação, isso depende do contexto. Em Efésios 3.2, Paulo diz que Deus deu-lhe o mordomado da Sua
graça. Então, a mesma palavra grega, oikonomia, é encontrada em 1.10 e 3.9, onde parece melhor traduzi-la
por dispensação. Esta palavra “economia” denota principalmente um plano, uma administração, um
gerenciamento, para dispensar as riquezas de uns para outros.
10
O Catecismo Menor foi preparado pelos teólogos da Assembléia de Westminster no ano de 1648 para o ensino da religião
na Escócia, Inglaterra e Irlanda.
11
LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida, 1992,
p. 8-11.
12
Mordomado. De mordomo + -ado2. Substantivo masculino. Mordomia.
26
Paulo considerava que Deus tinha uma grande família para suprir com Suas riquezas. Em Efésios 3.8
ele diz que Deus o designou para pregar, ministrar, distribuir ou dispensar as riquezas insondáveis de Cristo.
Essas riquezas estão na casa de Deus. Existe um depósito das riquezas insondáveis de Cristo, e Deus
designou os apóstolos (Pedro, João, Tiago e Paulo) para serem despenseiros a fim de dispensar essas ri-
quezas a todo o povo escolhido de Deus.
Mordomado é o mesmo que dispensar. José cumpriu seu mordomado dispensando comida. Sua
responsabilidade, seu ofício, seu dever era distribuir a rica comida aos necessitados. Aquela distribuição era
um dispensar.
Alguns mestres da Bíblia têm ensinado que existem sete dispensações na Bíblia. No Velho
Testamento há as dispensações da inocência, consciência, governo humano, promessa e lei. Então, no Novo
Testamento há a dispensação da graça nesta era e a dispensação do reino, ou do Milênio na era vindoura.
Nessas sete dispensações, dizem eles, Deus trata com o homem de sete maneiras diferentes.
Isso pode estar correto, mas não se esqueçam que as dispensações são a administração familiar de
Deus. Deus tem uma grande família, e nesta família Ele necessita de uma administração, um plano, um
gerenciamento, para dispensar a Si mesmo para dentro de Sua família. O pensamento principal de Deus,
desde a eternidade passada, era ter um arranjo ao longo das eras para dispensar-se para dentro de Seu povo
escolhido e predestinado. A esses Ele faria Seus filhos infundindo-se para dentro deles para que pudessem ter
a vida divina pelo novo nascimento.
Nas catorze epístolas de Paulo podemos ver que Deus tinha um bom prazer, de acordo com o qual
Ele fez um plano, um propósito. Ele criou o homem à Sua própria imagem, e na plenitude dos tempos
infundiu-se para dentro de todos aqueles criados e escolhidos para que eles pudessem tornar-se Seus filhos,
expressando-O. Este é o plano de Deus e esta é a dispensação de Deus para o Seu dispensar.
Em português, as palavras dispensação e dispensar são ambas formas do verbo dispensar. Quando
uso a palavra dispensação, quero dizer economia, arranjo ou gerenciamento. Mas, quando uso a palavra
dispensar, quero dizer o distribuir das riquezas divinas para dentro do povo de Deus. Dispensação denota o
arranjo, o gerenciamento, o plano, a economia. Dispensar refere-se ao distribuir do próprio Deus como vida e
suprimento de vida para dentro de Seu povo escolhido em Cristo.

Seu Dispensar

Em Efésios 1.10 e 3.9, a palavra oikonomia é usada para administração familiar, a qual é o plano de
Deus para dispensar-se para dentro de Seu povo escolhido. Em Efésios 3.2, Colossenses 1.25 e 1 Coríntios
9.17 a mesma palavra refere-se ao mordomado de Paulo. A palavra mordomado é usada no sentido de
dispensar. O mordomado de Paulo era o dispensar das riquezas insondáveis de Cristo para dentro do povo
escolhido de Deus. Com Paulo, a palavra mordomado refere-se ao dispensar divino.
A palavra despenseiro é usada em 1 Pedro 4.10, que diz que todos nós precisamos ser bons
despenseiros da multiforme graça de Deus. A multiforme graça do rico Deus necessita de muitos
despenseiros para dispensá-la; este dispensar é o mordomado deles.
O que estou fazendo neste ministério é dispensar as riquezas de Cristo. Se você me disser que sou um
bom mestre da Bíblia, aprecio sua palavra, mas não gosto de ouvi-la. Não me considere um mestre! Sou um
despenseiro! Não estou meramente ensinando a Bíblia; estou dispensando. Certa vez fui tomar uma injeção
contra gripe. Havia uma longa fila de pessoas, e todos tínhamos de oferecer nosso braço de modo que
pudéssemos tomar a injeção. Em meu ministério quero dar às pessoas uma injeção das riquezas de Cristo!
Tenho a plena certeza de que quem quer que venha a este ministério, obterá tal injeção!
Nosso mordomado hoje é o mesmo de Paulo. O mordomado de Paulo era simplesmente aplicar uma
injeção nas pessoas, isto é, distribuir, dispensar as riquezas insondáveis de Cristo para dentro do povo
escolhido de Deus. Esta é a economia de Deus, Seu plano, Sua administração.

A ESCOLHA DE DEUS

Deus tem um bom prazer, e segundo o Seu bom prazer Ele fez um plano. Por conseguinte, Ele
arranjou uma administração universal de Sua casa para dispensar Suas riquezas para dentro de Seu povo
27
escolhido. Então nos selecionou, não somente antes de sermos criados, mas também antes da fundação do
mundo (Ef 1.4; 1 Pe 1.1,2). Nada de Sua criação tinha vindo ainda à existência quando Ele nos selecionou.
E difícil comprar coisas em um shopping center porque existem muitas coisas para escolher. As
pessoas não compram cegamente; elas consideram e escolhem cuidadosamente o que comprarão. Na
eternidade passada, antes de Sua criação, Deus me viu e disse: “Eu gosto deste.” Sem ter sido escolhido, não
creio que me teria tornado um cristão. Mesmo tendo nascido no cristianismo, eu não era um cristão até os
dezenove anos. Fui educado dentro do cristianismo, mas ainda não cria. Entretanto, um dia Deus me tocou e
disse: “Eu quero você.” Naquele dia fui capturado. E quanto a vocês? Atrás do cenário há uma mão poderosa
e eterna dirigindo todas as coisas. Nossa seleção é uma coisa maravilhosa.
Nosso Pai celestial fica alegre quando nos vê. Somos o desejo de Seu coração, Seu bom prazer. O
prazer de Deus não está na lua, no sol, no céu ou na terra. Ele nos diz claramente em Sua Palavra que Ele
não fica satisfeito apenas com a terra e o céu. O que O satisfaz é Seu povo escolhido. Somos Seu bom
prazer, e Seu plano foi feito para nós.

SUA PREDESTINAÇÃO

Seguindo Sua escolha, Deus nos predestinou (Ef 1.5; Rm 8.30). A Nova Tradução Bíblica de Darby*
traduz esta palavra “predestinados” em Efésios 1.5 como “marcados de antemão.” Você já havia percebido
que antes da fundação do mundo fora marcado? Você não pode escapar da mão de Deus. Tentei um bom
número de vezes, mas nunca consegui! Quanto mais tentava, mais forte Ele me agarrava. Aonde você irá
para escapar de Deus? Aonde quer que você vá, ali está Ele (SI 139.7-10). Algumas vezes pode ser que você
tenha se aborrecido por vir às reuniões da igreja e decidiu ir a algum outro lugar. Quando chegou lá, o
Senhor Jesus estava lhe esperando! Isso mostra que você foi marcado.

Cremos na eleição da Igreja, todavia cremos também na eleição de Israel: Dt 4.37; 7.6-8; 10.15; Sl
47.4; Sl 47.4; At 13.17; Rm 9.11; 11.28.
Dt 4.37: E, porquanto amou a teus pais, não somente escolheu a sua descendência depois deles,
mas também te tirou do Egito com a sua presença e com a sua grande força.
Dt 7.6-8: 6 Porque tu és povo santo ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu, a fim de
lhe seres o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a terra. 7 O Senhor não tomou prazer
em vós nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que todos os outros povos, pois éreis menos
em número do que qualquer povo; 8 mas, porque o Senhor vos amou, e porque quis guardar o juramento
que fizera a vossos pais, foi que vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de
Faraó, rei do Egito.
Dt 10.15: Entretanto o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar; e escolheu a sua descendência
depois deles, isto é, a vós, dentre todos os povos, como hoje se vê.
Sl 47.4: Escolheu para nós a nossa herança, a glória de Jacó, a quem amou.
At 13.17: O Deus deste povo de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo, sendo eles
estrangeiros na terra do Egito, de onde os tirou com braço poderoso.
Rm 9.11: pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o
propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que
chama.
Rm 11.28: Quanto ao evangelho, eles na verdade, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à
eleição, amados por causa dos pais.
Israel é a nação eleita de Deus — eleita não para o passado, nem mesmo por todo o milênio apenas,
mas para sempre. Porém, se Israel é a nação eleita, pressupõe-se a existência de outras nações!...
Mas o fato de que essa existência nacional não cessará é demonstrado claramente pelo versículo 20
[de Sofonias 3]: “Naquele tempo, eu vos farei voltar e vos recolherei; certamente, farei de vós um nome e
um louvor entre todos os povos (plural!) da terra”.

28
Ez 37.24-28: 24. Também meu servo Davi reinará sobre eles, e todos eles terão um pastor só;
andarão nos meus juízos, e guardarão os meus estatutos, e os observarão. 25. Ainda habitarão na terra que
dei a meu servo Jacó, na qual habitaram vossos pais; nela habitarão, eles e seus filhos, e os filhos de seus
filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente. 26. Farei com eles um pacto de paz,
que será um pacto perpétuo. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles
para sempre. 27. Meu tabernáculo permanecerá com eles; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
28. E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no
meio deles para sempre.

De acordo com o sistema apresentado pelos dispensacionalistas, há sete épocas da história da


Salvação: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, a Lei, a Graça e o Milênio, que será
o governo divino (o governo da Pedra - Dn. A chave imprescindível para a compreensão do futuro é
Daniel 9.24-27. As 70 semanas se referem a 490 anos (70 x 7) e não a dias. As primeiras 69 semanas de
anos terminaram com a crucificação de Jesus, encerrando a época na qual Deus tratava principalmente
com Israel. Com a rejeição do Messias que Deus ofereceu a Israel no ministério e na pessoa de Jesus, Deus
fez o relógio escatológico parar. No intervalo entre 69ª e 70ª semana, Deus estabeleceu a Igreja, a
realidade não prevista pelos profetas do Antigo Testamento.

O RELÓGIO DE DEUS

O RELÓGIO DE DEUS
O Reino do Filho Início das 70 Semanas
2 0 . o n o ti o s

445 a.C. Ne 2.1-8; Dn 9.24-27


Mt 13.41
A p 6 Tr G e n

Milênio
1 Co 15.24-28
5
1 1 -1

Ap 20.1-6
nco 1 -4 dos

396 a.C.
Regeneração os
to

an
Mt a m e n

Mt 19.28 s 49
an a
B r a 2 5 .3
g

Sem
Jul

nça 7
O Dia da Vinga .8
-4; 34
Is 61.2; 63.1 11-16 62 Semanas 434 anos
da A rm ag edom Ap 19.
2ª Vin Período Interbíblico
s Nações Zc 14
Julgamento da
4 .1 3 n t o

e
t i a d .7
1 T s b a ta m e

a .4
-1 8

s 0 34
gú Jr 3 ebra Ts 2
3,5

n an
A có u
q 7; 2 os
an

a
J r is t 9 .2o Je
su
os

c n
A rre

1 Semana i
t D s
An nça O Ano
O lia
O Dia do
s

A
lsa no

Aceitável do
z
Pa
Fa 5 a

Senhor
Senhor - Graça
3,

Ano 33 d.C.
Is 61.1,2; Lc 4.14-20
Dn 9.27 Aliança do Anticristo

O Dr. Aldery Nelson da Rocha desenhou um relógio escatológico representando estes períodos e
tomamos a liberdade de redesenhar de novo e apresentá-lo aos nossos leitores.

29
Este quadro inclui as 70 Semanas de Daniel, a Graça e o Milênio, ficando fora o Estado Eterno.
Dentro das 69 semanas está o período interbíblico e o ministério de Jesus.
Depois das 69 semanas vem o período da Graça, chamado pelos profetas de O Ano Aceitável do
Senhor. Este período é o intervalo entre as 69 semanas e a última semana de Daniel. Vindo depois deste
período a Grande Tribulação (Dn 12.1; Mt 24.15-22,29) chamado pelos profetas de O Dia da Vingança (Is
61.1,2; 63.1-4; 34.8). A Grande Tribulação é a última semana de Daniel, um período de 7 anos – é a
vingança do Go’el.
Depois do Dia da Vingança vem O Ano dos Redimidos – o Milênio, período este chamado por
Mateus de Regeneração (Mt 19.28).
Seguindo a Regeneração vem o Trono Branco – julgamento final (Ap 20.11-14).
Finalmente após o Milênio vem o Estado Eterno – Novos céus e Nova terra (Ap 21.1-4).

A Igreja, portanto, é o ministério revelado a Paulo e aos escritores do Novo Testamento (Ef.3; Cl
1; Rm 16.25-27). Terminado este período da Graça, no qual os gentios e judeus são convidados a formar a
“Noiva” de Cristo, ocorrerá o Arrebatamento (l Ts 4.13-18). Este maravilhoso evento se realizará sem
aviso prévio. O relógio profético então será reativado, com a atenção de Deus voltada para Israel.

A 70ª semana de Daniel 9 marcará os sete anos da Grande Tribulação. Dentro da última semana de
Daniel haverá o desenvolvimento do seguinte quadro:
1. Israel, a nação judaica, estará no centro do plano divino de Deus para com a humanidade.
Restaurada, Israel reconstruirá o Templo e restabelecerá os sacrifícios exigidos pela lei mosaica.
2. O poder político internacional será exercido pelo Anticristo, a Besta ou o Homem de Iniqüidade
(l Jo 4.3; Ap 13; 2 Ts 2.3).
3. O cristianismo apóstata, unindo o Catolicismo, a Igreja Ortodoxa e o Modernismo protestante,
chamado a Meretriz, se aliará com o Anticristo (Ap 17) e prosperará através da união adúltera durante um
tempo.
4. O pecado aumentará entre os homens e chegará a uma profundidade e intensidade jamais vistas
a não ser na época do Dilúvio.
5. A ira de Deus será derramada sobre a Terra numa série de julgamentos e cataclismos.
6. Quando a Besta (o Anticristo) romper (Dn 9.27) com a nação Israelita, provocará uma crise
internacional que atingirá seu auge na guerra de Armagedom. Tudo culminará no fim dos sete anos da
Grande Tribulação com a vinda de Jesus Cristo com os seus santos. Após a Parusia, o reino do Anticristo
será destruído e Cristo passará a reinar sobre a terra (Zc 14.9,16-19; Mt 25.31-46; 19.28). Assim se
cumprirão literalmente as profecias do Antigo Testamento que prevêem um reino messiânico na Terra.
Passados os mil anos previstos em Ap 20, Satanás será solto da sua prisão, encabeçará uma revolta breve
dos habitantes não regenerados, nações-bodes (Mt 25.31-46), mas que será esmagada . Sucederá então o
último julgamento, do Trono Branco (Ap 20.11-15). Os mortos não convertidos serão julgados segundo
as suas obras. A Igreja depois do Milênio gozará a Nova Jerusalém, e os judeus e as nações justas
(ovelhas) gozarão a Vida Perfeita na Nova Terra, eternamente (Mt 25.31-46; Ez 37.21-28).

30
UMA CONSIDERAÇÃO DOS ARGUMENTOS EM FAVOR DO PRÉ-MILENISMO 13

1. Algumas passagens do A.T. não parecem caber nem na presente era nem no Estado Eterno.
Essas passagens indicam algum estágio futuro na história da redenção, muito mais grandioso que a era
presente da Igreja, mas que ainda não parece remover de sobre a terra todo o pecado, rebelião e morte.
Falando de Jerusalém em algum período no futuro, Isaías diz: “Não haverá mais nela criança de
poucos dias, nem velho que não cumpra os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; porém o
pecador de cem anos será amaldiçoado” (Is 65.20).

Aqui lemos que já não haverá crianças morrendo na infância e já não haverá velhos morrendo
prematuramente, algo bem diferente desta era presente. Mas a morte e o pecado ainda estarão presentes,
pois a criança de cem anos morrerá e o pecador de cem anos “será amaldiçoado”. O contexto mais amplo
dessa passagem pode mesclar elementos do Milênio e do Estado eterno (cf. v. 17,25), mas faz parte da
natureza da profecia do Antigo Testamento não fazer distinção entre eventos futuros, assim como essas
profecias não fazem distinção entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. Assim, no contexto mais
amplo, pode haver elementos misturados, mas permanece o fato de que esse único elemento (as crianças e
os velhos viverem muito, a criança morrendo aos cem anos e o pecador sendo amaldiçoado) indica um
tempo específico no futuro muito diferente da era atual.
Isaías parece predizer em outro trecho um reino milenar quando diz: “E morará o lobo com o
cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão
juntos, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o
leão comerá palha como o boi. E brincará a criança de peito sobre a toca da áspide, e a desmamada
colocará a sua mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte,
porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar” (Is 11.6-9).

Essa passagem fala claramente de uma renovação significativa da natureza que nos leva muito além
desta era presente, uma época em que “a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como águas
cobrem o mar” (v. 9). Mas logo no versículo seguinte Isaías diz: “E acontecerá naquele dia que a raiz de
Jessé, a qual estará posta por estandarte dos povos, será buscada pelos gentios; e o lugar do seu repouso
será glorioso. E há de ser que naquele dia o Senhor tornará a pôr a sua mão para adquirir outra vez o
remanescente do seu povo, que for deixado, da Assíria, e do Egito, e de Patros, e da Etiópia, e de Elã, e de
Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar” (Is 11.10-11).

Aqui alguns ainda buscam o Messias e, ao que parece, chegam à salvação; aqui também o Senhor
ainda reúne o remanescente de seu povo dentre as várias nações da terra. Não parece, portanto, que o
Estado Eterno tenha começado, mas a reversão da natureza excede em muito tudo o que ocorrerá nesta
presente era. Isso não indica um reino milenar futuro?
O Salmo 72 parece ir além de uma descrição do reinado de Salomão, predizendo as glórias do
reinado do Messias:

“Dominará de mar a mar, e desde o rio até às extremidades da terra. Aqueles que habitam no
deserto se inclinarão ante ele, e os seus inimigos lamberão o pó. Os reis de Társis e das ilhas trarão
presentes; os reis de Sabá e de Seba oferecerão dons. E todos os reis se prostrarão perante ele; todas as
nações o servirão. Porque ele livrará ao necessitado quando clamar, como também ao aflito e ao que não
tem quem o ajude. Compadecer-se-á do pobre e do aflito, e salvará as almas dos necessitados. Libertará as
suas almas do engano e da violência, e precioso será o seu sangue aos olhos dele” (Sl 72.8-14).

13
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p. 962-966.
31
Essa passagem com certeza fala de um governo messiânico muito mais amplo que os vividos por
Davi ou Salomão, porque esse reino do Messias estende-se “até às extremidades da terra” e “todas as
nações o servirão” (v. 8,11; observe que o salmo também afirma: “Temer-te-ão enquanto durar o sol e a
lua, de geração em geração” no v. 5). Esse será um reino em retidão e justiça – mas com certeza não será
o Estado Eterno. Ainda haverá “o necessitado” clamando e “o aflito” e “o que não tem quem o ajude”;
ainda haverá pessoas que necessitam serem resgatadas “do engano e da violência” (v. 12-14). Ainda
haverá inimigos que “lamberão o pó” sob o reinado desse Rei justo (v. 9). Tudo isso fala de um período
muito diferente da era atual, mas inferior ao Estado Eterno em que já não haverá pecado nem sofrimento.
Zacarias também profetiza um tempo futuro de grande transformação na terra, em que o Senhor é
Rei sobre toda a terra e em que ainda há rebelião e pecado, sofrimento e morte:
“E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim
como fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então virá o SENHOR meu Deus, e
todos os santos contigo. E acontecerá naquele dia, que não haverá preciosa luz, nem espessa escuridão.
Mas será um dia conhecido do SENHOR; nem dia nem noite será; mas acontecerá que ao cair da tarde
haverá luz. Naquele dia também acontecerá que sairão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar
oriental, e metade delas para o mar ocidental; no verão e no inverno sucederá isto. E o SENHOR será rei
sobre toda a terra; naquele dia um será o SENHOR, e um será o seu nome. Toda a terra em redor se
tornará em planície, desde Geba até Rimom, ao sul de Jerusalém, e ela será exaltada, e habitada no seu
lugar, desde a porta de Benjamim até ao lugar da primeira porta, até à porta da esquina, e desde a torre de
Hananeel até aos lagares do rei. E habitarão nela, e não haverá mais destruição, porque Jerusalém habitará
segura. E esta será a praga com que o SENHOR ferirá a todos os povos que guerrearam contra Jerusalém:
a sua carne apodrecerá, estando eles em pé, e lhes apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e a língua lhes
apodrecerá na sua boca. Naquele dia também acontecerá que haverá da parte do SENHOR uma grande
perturbação entre eles; porque cada um pegará na mão do seu próximo, e cada um levantará a mão contra
o seu próximo. E também Judá pelejará em Jerusalém, e as riquezas de todos os gentios serão ajuntadas ao
redor, ouro e prata e roupas em grande abundância. Assim será também a praga dos cavalos, dos mulos,
dos camelos e dos jumentos e de todos os animais que estiverem naqueles arraiais, como foi esta praga. E
acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em
ano para adorar o Rei, o SENHOR dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos. E
acontecerá que, se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o SENHOR dos
Exércitos, não virá sobre ela a chuva” (Zc 14.5-17).

Aqui, novamente, a descrição não cabe na era presente, pois o Senhor é Rei sobre toda a terra
nessa situação. Mas também não cabe no Estado Eterno, por causa da desobediência e rebelião contra o
Senhor presente de maneira manifesta. Pode-se objetar que se trata de uma profecia típica do Antigo
Testamento em que eventos futuros distintos são misturados, não se distinguindo na visão do profeta,
ainda que possam estar separados por longo período quando de fato ocorrem. Entretanto, é difícil fazer
distinção nessa passagem porque trata especificamente de uma rebelião contra o Senhor que é Rei sobre
toda a terra que será punida por essas pragas e por ausência de chuva.
2. Também há passagens do novo Testamento além de Apocalipse 20 que indicam um futuro
milênio. Quando o Senhor Jesus ressurreto fala à Igreja de tiatira, diz: “E ao que vencer, e guardar até ao
fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá; e serão quebradas
como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai” (Ap 2.26-27). As figuras empregadas (regência
com cetro de ferro; despedaçamento de potes de barro) implicam um governo de força sobre o povo
rebelde. Mas quando os crentes que venceram o mal participarão desse governo? A ideia cabe bem num
reino milenar futuro, quando os santos glorificados governarão com Cristo sobre a terra, mas não cabe em
nenhum período da era presente ou no Estado Eterno. (A ideia de reger as nações “com cetro de ferro”
também se encontra em Ap 12.5,6 e 19.15).
32
Quando Paulo fala da ressurreição, diz que cada um receberá um corpo ressuscitado, segundo a
própria ordem dele: “Cristo as primícias, depois [epeita - ἔπειτα] os que são de Cristo, na sua vinda.
Então [eita - εἶτα] virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado
todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine [por mil anos] até que haja posto a
todos os inimigos debaixo de seus pés” (1 Co 15.23-25). As duas palavras grifadas nessa passagem (epeita
e eita) significam “após”, não “ao mesmo tempo”. Portanto, a passagem dá alguma base para a ideia de
que, assim como há um intervalo entre a ressurreição de Cristo e a segunda vinda, quando recebermos um
corpo ressurreto (v. 23), também há um intervalo entre a segunda vinda de Cristo e “o fim” (v. 24),
quando Cristo entregará o Reino a Deus (Pai) depois de reinar por um tempo [Milênio] e colocar todos os
inimigos sob os seus pés. É a Pedra (Dn 2) esmiuçando os reinos gentios.
3. Convém reexaminar Apocalipse 20 tendo por base algumas outras passagens que insinuam ou
indicam claramente um período futuro muito mais grandioso que a era presente, mas inferior ao Estado
Eterno. Algumas declarações aqui são bem mais entendidas como referencias a um reinado terreno futuro
de Cristo anterior ao julgamento por vir.
a. O fato de Satanás ser preso e lançado no abismo [dentro do Sheol – Hades] (Ap 20.2,3) implica
uma restrição de atividade muito maior que tudo que conhecemos nesta era presente.
É melhor entender a declaração de que os que foram fiéis “viveram” (Ap 20.4) como referência a
uma ressurreição corpórea, pois o versículo seguinte diz: “Esta é a primeira ressurreição”. O verbo ezēsan
- ἔζησαν, “viveu”, é exatamente o mesmo empregado em Apocalipse 2.8, onde Jesus identifica-se como
aquele “que esteve morto e tornou a viver” [ἔζησεν], aqui obviamente em referência à sua ressurreição.
b. Numa interpretação pré-milenista, o reinado com Cristo (em Ap 20.4) é ainda futuro, não algo
que esteja ocorrendo no presente (como alegam os amilenistas). Isso é coerente com o restante do novo
Testamento, onde lemos com freqüência que os crentes reinarão com Cristo e dele receberão autoridade
para reinar sobre a terra (Lc 19.17; 1 Co 6.3; Ap 2.26,27; 3.21). Mas as Escrituras não dizem em parte
alguma que os crentes, em seu estado intermediário (entre a morte deles e a volta de Cristo), estarão
reinando com Cristo ou dividindo o governo com ele. De fato, Apocalipse retrata santos no céu, antes da
volta de Cristo, esperando sob o altar e clamando ao Senhor que comece a julgar os malfeitores sobre a
terra (Ap 6.9,10). Em parte alguma se diz que os cristãos já estariam reinando com Cristo.
Entre os que vivem e reinam com cristo em Apocalipse 20 estão “tantos quantos não adoraram a
besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão” (Ap 20.4). Trata-se de
uma referência aos que não cederam sob a perseguição promovida pela besta e mencionada em Ap 13.1-
18. Mas se a severidade da perseguição descrita em Apocalipse 13 leva-nos a concluir que a besta ainda
não entrou no cenário mundial, estando ainda no futuro, então a perseguição promovida pela besta
também está no futuro. E se essa perseguição está ainda no futuro, então a cena em Apocalipse 20, os
que “não adoraram a besta [...] e não receberam a marca na fronte e na mão” (Ap 20.4), também ainda
estão no futuro. Isso significa que Apocalipse 20.1-6 não descreve a presente era da igreja, sendo melhor
compreendê-lo como referência a um reinado milenar futuro de Cristo.
Essas considerações combinam-se para defender a causa do pré-milenismo. Se estivermos
convencidos dessa posição, na realidade é secundário se o período de mil anos é entendido como mil anos
literais ou simplesmente um longo período de duração indeterminada. E ainda que nem todos os detalhes
quanto à natureza do Milênio estejam muito claros, podemos ter certeza de que haverá um reino futuro de
Cristo na terra que será nitidamente distinto desta era presente.
O Pré-Milenismo era a doutrina de muitos pais da Igreja. Era a doutrina dos primeiros
reformadores.
Thomas Ice citando Schlissel no seu livro A Realidade da Profecia nos diz: 14

14
ICE, Thomas. A Realidade da Profecia. Porto Alegre. Editora Actual, 2002, p. 55-59.
33
Depois da Reforma, a igreja reformada da Europa adotou amplamente a crença de que o plano
futuro de Deus para Israel incluía uma restauração nacional de Israel. Muitos chegaram a ensinar que Israel
um dia reconstruiria seu templo. O fato desses pensadores reformados chegarem a tais conclusões sugere
que eles interpretavam literalmente as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento, pelo menos
algumas delas. Tal abandono da teologia da substituição em favor de um futuro nacional para Israel
resultou num declínio da perseguição aos judeus em muitos países de tradição religiosa reformada, e num
esforço maior na evangelização dos judeus. Schlissel observa:
A mudança da sorte dos judeus na civilização ocidental se deve não ao humanismo, mas à fé
reformada. A redescoberta das Escrituras fez renascer a convicção bíblica de que Deus não tinha, de fato,
rejeitado seu povo de maneira completa ou definitiva.
O Pré-Milenismo dispensacionalista se desenvolveu dentro da tradição reformada à medida que
muitos expositores começaram a interpretar, de maneira coerente, que todas as promessas do Antigo
Testamento ainda não-cumpridas para Israel continuam válidas para uma nação judaica futura.
Todas as classes de intérpretes reformados tinham como certa a futura conversão de Israel como
nação. A posição reformada antiga à qual se refere Schlissel incluía uma mistura de algumas passagens do
Antigo Testamento que eram interpretadas literalmente (i.e., as que ensinavam uma conversão futura de
Israel como nação) e de algumas que não eram assim interpretadas (i.e., detalhes quanto ao papel
dominante de Israel no futuro da História). A interpretação não-literal era vista como a ferramenta com a
qual os liberais negavam os pontos essenciais da fé. Dessa forma, quando chegou a Segunda Guerra
Mundial, o dispensacionalismo chegara potencialmente a dominar entre os evangélicos que viam a
interpretação literal da Bíblia como apoio fundamental à ortodoxia.
O que um indivíduo acredita quanto ao futuro de Israel é da maior importância para a sua
compreensão da Bíblia. As promessas do Antigo Testamento feitas à Israel serão literalmente cumpridas
no futuro. Isso significa que a Bíblia ensina que Deus levará os judeus de volta à sua terra antes que a
Tribulação comece (Is 11.11-12.6; Ez 20.33-44; 22.17-22; Sf 2.1-3). Isso já foi realizado e o palco está
preparado como resultado da existência atual do Estado de Israel. A Bíblia também indica que antes de
entrar em seu tempo de bênção nacional, Israel precisa primeiro passar pelo fogo da Tribulação (Dt 4.30;
Jr 30.7; Dn 12.1; Sf 1.14-18).

DE UM MODO GERAL, HÁ QUATRO MANEIRAS DE INTERPRETAR A


ESCATOLOGIA BÍBLICA:
1. A preterista - vindica a revelação do passado, interpretando a Escatologia em relação aos
judeus e cristãos como em relação ao império Romano e à História. Os preteristas ensinam que a maior
parte, ou até mesmo todas as profecias já se cumpriram. Eles dizem que as principais porções proféticas
das Escrituras (como o Sermão Profético e o livro de Apocalipse) se cumpriram nos eventos relacionados
à destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C.
2. A espiritualista - trata tudo como símbolos, e nada é literal, tudo é figurado.
3. A histórica - tudo vem-se cumprindo através da História.
4. A futurista progressiva - crê que tudo está por acontecer no seu devido tempo e lugar. Crê no
cumprimento profético da Revelação no passado, presente e futuro. Embora muitos escritos proféticos
tenham sido revelados através de simbolismo, todavia terão cumprimento literal.
A cada ano surgem novas visões sobre a “Vinda” de Jesus. Qual corrente está certa? Quais as
conseqüências que cairão sobre aqueles que estiverem errados? Cito como resposta as palavras de João
Wesley: “É possível morrermos sem o conhecimento de muitas verdades e, mesmo assim, sermos levados
ao seio de Abraão. Se, porém, morremos sem amor, de que nos valerá o conhecimento? Exatamente o
mesmo que vale para o diabo e seus anjos!”.

34
“Nos essenciais, a unidade, nos assuntos de dúvida, a liberdade, em todas as coisas, o amor”
(Rupertur Meldenius).
A Escatologia é como um campo minado. É preciso não somente pisar com cuidado, mas também
ser modesto ao criticar as ideias dos outros, acima de tudo é preciso exercitar o amor (ágape). Decisiva é a
ideia fundamental de que todo o futuro, tanto o nosso como o do mundo, está nas mãos de Deus, que tem
mostrado sua misericórdia na encarnação do Verbo e na sua Parusia, e que não abandonará a obra de suas
mãos.

Figura do livro: Profecias da Bíblia. WALVOORD, John F. 1ª ed. São Paulo: Editora Abba Press, 2000, p.
187.

35
Concepções Acerca das Últimas Coisas
CATEGORIAS AMILENISMO PÓS-MILENISMO PRÉ-MILENISMO PRÉ-MILENISMO DISPENSACIONALISMO
HISTÓRICO DISPENSACIONAL PROGRESSISTA
2ª VINDA Um único evento; Um único evento; Arrebatamento e Arrebatamento da Igreja Arrebatamento da Igreja sete
nenhuma distinção nenhuma distinção segunda vinda sete anos antes da Grande anos antes da Grande
entre arrebatamento e entre arrebatamento e simultâneos; Cristo Tribulação. Segunda Tribulação. Segunda vinda
segunda vinda; segunda vinda; Cristo volta para reinar na vinda após a G. após a G. Tribulação.
introduz o estado retorna após o milênio. terra. Tribulação.
eterno.
Ressurreição Ressurreição geral Ressurreição geral dos Ressurreição dos 1ª Ressurreição: 1ª Ressurreição:
dos crentes e crentes e incrédulos na crentes no início do Os santos antes da Os santos antes da Grande
incrédulos na segunda vinda. Milênio. Ressurreição Grande Tribulação. Os Tribulação. Os mártires no fim
segunda vinda. dos incrédulos no final mártires no fim da G. da G. Tribulação.
do Milênio Tribulação. 2ª Ressurreição:
2ª Ressurreição: Incrédulos no final do Milênio.
Incrédulos no final do
Milênio.
Julgamentos Julgamento geral de Julgamento geral de Julgamento na 2ª Bema: o Tribunal de Bema: o Tribunal de Cristo p/
todas as pessoas. todas as pessoas. Vinda. Cristo p/ galardões dos galardões dos crentes.
Julgamento no final do crentes. Armagedom: judeus e gentios
Milênio Armagedom: judeus e no fim da G. Tribulação.
gentios no fim da G. Trono Branco:
Tribulação. Incrédulos no fim do Milênio
Trono Branco:
Incrédulos no fim do
Milênio
Tribulação A tribulação é A tribulação é Conceito Conceito Conceito
experimentada nesta experimentada nesta Pós-tribulacional: Pré-tribulacional: Pré-tribulacional:
era presente. era presente. A Igreja passará pela a Igreja é arrebatada a Igreja é arrebatada antes da
Tribulação que não é a antes da Grande Grande Tribulação.
G. Tribulação. Tribulação.
Milênio Nenhum Milênio A era presente O Milênio é tanto Na segunda vinda Cristo Na segunda vinda Cristo
literal na terra após a transforma-se no presente quanto futuro. inaugura um Milênio inaugura um Milênio literal de
segunda vinda. O milênio por causa do Cristo está reinando no literal de mil anos na mil anos na terra.
Reino está presente evangelho. céu. O Milênio não tem terra.
na era da igreja. necessariamente mil
anos
ISRAEL A Igreja é o novo A Igreja é o novo Alguma distinção entre Completa distinção entre Completa distinção entre Israel,
E Israel. Não há Israel. Não há distinção Israel e a Igreja. Há um Israel e a Igreja. Igreja e Gentios. Um programa
IGREJA distinção entre Israel entre Israel e a igreja. futuro para Israel, mas Programa distinto para divino que engloba os três
e a igreja. a Igreja é o Israel cada um. povos.
espiritual.
Reino A igreja é o reino A Igreja introduz o O reino introduz a O Reino é Eterno. Nele O Reino é Eterno.
reino (o milênio). igreja. serão inseridos a Igreja, o Três tempos probatórios:
Remanescente judaico e As 70 Semanas de Dn: Israel;
os Gentios salvos (trigo, Graça: Igreja;
ovelhas, peixes bons). Milênio: Gentios.
Os 3 povos serão inseridos no
Reino Eterno.
Dispensações UM PLANO UM PLANO UM PLANO 7 DISPENSAÇÕES: 3 DISPENSAÇÕES
1. Inocência. 1ª) Mistério: Ef 3.9
2. Consciência. 2ª) Graça: Ef 3.2;
3. Governo Humano. 3ª) Plenitude: Ef 1.10.
4. Patriarcal. Destino Final:
5. Lei ou Israelita. Igreja – Nova Jerusalém;
6. Graça ou da Igreja. Israel – A terra de Israel
7. Milênio. Gentios – A Nova Terra.
Defensores L. Berkhof; Charles Hodge; G. E. Ladd; L. S. Chafer; Robert Saucy, Craig e Darrell
O. T. Allis; B. B. Warfield; A. Reese; J. D. Pentecost; Bock
G. C. Berkhouwer W. G. T. Shedd; M. J. Erickson.; Charles C. Ryrie;
A. H. Strong Shedd J. F. Wallvoord

36
2
PROBLEMAS DOS ESTUDANTES DE ESCATOLOGIA

1. Conhecimento bíblico desordenado. Há crentes portadores de um admirável saber bíblico,


mas infelizmente, por falta de um estudo sistemático, seu conhecimento é avulso, solto, sem seqüência e
desordenado. O verdadeiro estudante da Bíblia tem experiência profunda com o conteúdo das Escrituras.
Sabe o tema principal dos livros, para quem ou qual povo foi escrito, o tempo e o lugar, o sentido do
texto, até onde termina o assunto num capítulo, a mensagem que contém todo o arcano profético e a
procedência da mensagem profética. Exemplo: Is 61.1,2; Lc 4.18,19.

TEXTO: Is 61.1,2 – Lc 4. 18,19


1ªVinda - “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas-
novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos
cegos, para pôr em liberdade os cativos, e proclamar o ano aceitável do Senhor”.
2ª .Vinda - “... e o dia da vingança do nosso Deus” (Is 63.1-6; 34.8; J1 3.13-16; 2 Ts 1.7,8).

2. Falta de afinidade com o Espírito Santo (lCo 2.10,14). A Bíblia foi produzida pelo Espírito
Santo, e não é antigüidade na fé, cultura, curso superior, que irá fazer entender as Escrituras. O Espírito
Santo é o verdadeiro intérprete da palavra (lJo 2.20,27).
3. Conhecimento especulativo. Este conhecimento é apenas especulação do intelecto humano
(lCo 2.14; Tg 3.15). Especular é querer saber apenas por saber, mas sem qualquer intenção de glorificar a
Deus, de consagrar a vida a Ele, e muito menos de obedecer à sua vontade. Há muita diferença entre
“amar a sua vinda” (2Tm 4.8) e especular sobre a sua vinda.

Conselhos Práticos Para Quem Quer Conhecer a Escatologia:


Ler a Bíblia e meditar sobre a leitura, buscando conhecer e compreender a Escatologia
dentro destes quatro aspectos:
1. Do Reino (Ef 1.10,11; 3.11; Dn 7.13,14; 2 Sm 7.16; Sl 89.35-37; Ap 1.6).
2. Do Resgate das Coisas.
3. Dos Objetos de Resgate: a) A Terra; b) As Nações; c) A Igreja; d) Israel; e) O Homem.
4. Das Setenta Semanas de Daniel (Dn 9.24-27)
Conhecer as três classes gerais de doutrinas bíblicas:
1. Doutrinas da Salvação
2. Doutrinas da Fé Cristã
3. Doutrinas das Coisas Futuras - Escatologia
Conhecer sistematicamente as doutrinas escatológicas:
1. Doutrina da Morte e do Estado Intermediário;
2. Doutrina do Juízo;
3. Doutrina das Ressurreições;
4. Doutrina da Vida de Jesus;
5. Doutrina do Milênio;
6. Doutrina da Revolta Final de Satanás;
7. Doutrina do Eterno e Perfeito Estado (Ap 21 e 22);
8. Doutrina das Dispensações.
37
Conhecer os três elementos da profecia (l Co 10.32): “Portai-vos de modo que não deis
escândalo nem aos judeus, nem aos gregos (ou gentios), nem à igreja de Deus”.
1. Gentios (Nações) - descritos em Daniel, livro que fala do tempo e da plenitude dos gentios;
2. Os Judeus - o Povo da Promessa. Ezequiel descreve história profética até a sua glória;
3. A Igreja - composta de judeus e gentios salvos.

Conhecer os livros proféticos que ainda vão se cumprir.


Os livros proféticos do Antigo Testamento podem ser divididos em dois grupos:
Primeiro: Os que focalizam o próprio tempo em que foram escritos e o futuro;
Segundo: Os que focalizam apenas o futuro.
Os livros proféticos estão distribuídos da seguinte forma:

Presente e futuro Só futuro


Isaías Joel
Jeremias Obadias
Ezequiel Naum
Daniel Habacuque
Oséias Malaquias
Amós
Miquéias
Sofonias
Ageu
Zacarias

38
3
O PARENTE REMIDOR - GO’EL - O PARENTE VINGADOR

‫גֹאֵל‬
Disse, pois, Jeremias: Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Eis que Hanameel, filho de teu tio
Salum, virá a ti, dizendo: Compra o meu campo que está em Anatote, pois a ti, a quem pertence o direito
de resgate (‫) ְגּ ֻאלָּה‬, compete comprá-lo. Veio, pois, a mim, segundo a palavra do Senhor, Hanameel, filho
de meu tio, ao pátio da guarda, e me disse: Compra agora o meu campo que está em Anatote, na terra de
Benjamim; porque teu é o direito de posse e de resgate; compra-o Então entendi que isto era a palavra do
Senhor.
Comprei, pois, de Hanameel, filho de meu tio, o campo que está em Anatote; e lhe pesei o dinheiro,
dezessete siclos de prata.
Assinei a escritura, fechei-a com selo, chamei testemunhas e pesei-lhe o dinheiro numa balança.
Tomei a escritura da compra, tanto a selada, segundo mandam a lei e os estatutos, como a cópia
aberta; Dei-a a Baruque, filho de Nerias, filho de Maaséias, na presença de Hanameel, filho de meu tio, e
perante as testemunhas, que assinaram a escritura da compra, e na presença de todos os judeus que se
assentavam no pátio da guarda. E dei ordem a Baruque, na presença deles, dizendo: Assim diz o Senhor
dos exércitos, o Deus de Israel: Toma estas escrituras de compra, tanto a selada, como a aberta, e mete-as
num vaso de barro, para que se possam conservar muitos dias; pois assim diz o Senhor dos exércitos, o
Deus de Israel: Ainda se comprarão casas, e campos, e vinhas nesta terra. E depois que dei a escritura da
compra a Baruque, filho de Nerias, orei ao Senhor, dizendo: Ah! Senhor Deus! És tu que fizeste os céus e
a terra com o teu grande poder, e com o teu braço estendido! Nada há que te seja demasiado difícil! (Jr
32.6-17).
A doutrina das Últimas Coisas – ESCATOLOGIA está fundamentada na doutrina da Redenção.
Esta por sua vez está alicerçada na doutrina do Parente Remidor, que em hebraico é GO’EL (‫)גֹאֵל‬.
QUEM É O GO’EL?
Era tanto o Parente Remidor como também o Parente Vingador (Nm 35.12-19).
A Bíblia Vida Nova15 traz o seguinte comentário:
“Era o costume do parente próximo de um injustiçado reivindicar justiça por este: isto era uma
garantia de que sempre haveria alguém interessado em trazer o malfeitor à punição. A lei do refúgio era a
maneira de Deus preservar este costume contra o Vingador (Go’el) injusto e cruel.”.
O Senhor providenciou seis (06) cidades de refúgio nas quais, as pessoas culpadas de homicídio
acidental, podiam buscar proteção com segurança, protegendo-se do Vingador do Sangue até serem
julgadas (Nm 35.11,12).
“Se o Vingador do Sangue (Go’el) achar o homicida fora dos termos da cidade de refúgio e matá-
lo, não será culpado do sangue” (Nm 35.27).
A palavra GO’EL – Vingador do sangue vem do verbo “retribuir” que também significa
“redimir” no sentido de comprar algo de volta pelo preço do resgate. Jesus tanto é o Parente Remidor
como também é o Parente Vingador.

‫גָאַל‬ = ga’al = redimir, vingar, resgatar, livrar, cumprir o papel de resgatador.16

15
SHEDD, Dr. Russel P. A Bíblia Vida Nova. São Paulo: Edições Vida Nova, 1976, p.189.
16
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr., Bruce K. Waltke.
Editora Vida Nova.
39
“Em Levítico 25.25 encontra-se pela primeira vez referência ao parente próximo (em hebraico
Go’el - ‫ )ג ֹאֵל‬como quem podia resgatar a seu irmão ou a propriedade de seu irmão. O Go’el tinha de ser o
parente consangüíneo mais próximo (Rute 2.20; 3.9, 12; 4.1, 3, 6, 8). No período bíblico, também era
vingador do sangue de seu irmão, dando morte ao homicida em caso de assassínio (Números 35.12-29).
Outro dever do parente próximo era casar-se com a viúva de seu falecido irmão se este morria sem deixar
filho varão. O primeiro varãozinho desta união levirata trazia o nome do falecido e recebia a herança do
finado para que seu nome não se extinguisse em Israel (Deuteronômio 25.5-10). A ideia fundamental do
sistema do Go’el é a proteção do pobre ou do desgraçado. Muitas vezes se alude ao Senhor como Go’el
ou remidor de seu povo (Jó 19.25; Salmo 19.14; 49.15; Isaías 41.14; Jeremias 50.34). Jesus Cristo é,
sobretudo, nosso Go’el ou parente próximo; ele não se envergonhou de chamar-nos ‘irmãos’, fez-se carne
e nos redimiu de todo o mal, da escravidão do pecado, da perda de nossa herança e do aguilhão da morte”.
17

Lemos em Lucas 4.16-21 que Jesus entrou na sinagoga, na cidade de Nazaré, e tomando o livro do
profeta Isaías, leu:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me UNGIU para EVANGELIZAR aos pobres;
enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade
os oprimidos, e apregoar O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR” (Is 61.1,2).
Jesus parou de ler exatamente neste ponto e afirmou: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de
ouvir”.
Ele deixou de ler a última parte do versículo 2. Por quê? Porque hoje é o dia da Graça, é o Ano
Aceitável do Senhor, e Ele é o nosso Go’el, o Parente Remidor, o Resgatador. Porém virá o “Dia da
Vingança”, quando o mesmo Parente Remidor virá como Parente Vingador para trazer juízo sobre
Satanás, juízo sobre a terra.
A abertura dos selos em Apocalipse capítulo 5 é a vingança do Parente Vingador – O Go’el.
“Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da
palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamaram com grande voz, dizendo: Até
quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a
terra?”(Ap 6.10).
“Porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia
corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos”(Ap 19.2).
“Pois o Senhor tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião” (Is 34.8).
“Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é chegado” (Is
63.4).
O Ano Aceitável – É o período da Graça;
Um dia para Vingança – É o período da Grande Tribulação;
Um ano para Retribuição dos meus remidos – É o período do Milênio.
GO’EL é o protetor do oprimido e libertador de seu povo.
“Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor (Go’el), o Senhor dos Exércitos: Eu sou o
primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus”(Is 44.6).
“Quanto ao nosso Redentor (Go’el), o Senhor dos Exércitos é o seu nome, o Santo de Israel”.
“Assim diz o Senhor, o teu Redentor (Go’el), o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que
te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar” (Is 48.17).
“Então o Redentor (Go’el) virá a Tzion (Sião), àqueles em Ya’akov (Jacó) que abandonam a
rebelião, assim diz ADONAI (SENHOR)” (Is 59.20). (Bíblia Judaica Completa – David Stern).
“Virá o Redentor (Go’el) a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o Senhor”(Is 59.20).

17
PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995, p. 86.
40
O Parente-Remidor tinha a função de resgatar uma propriedade familiar (Lv 25.23-28).

R. de Vaux no seu livro: “Instituições de Israel no Velho Testamento”, nos diz:


SOLIDARIEDADE FAMILIAR. O GO’EL 18
“Os membros da família em sentido amplo devem uns aos outros ajuda e proteção. A Prática
particular desse dever é regulado por uma instituição da qual se encontram análogas em outros povos, por
exemplo, entre os árabes, mas que, em Israel, toma uma forma particular, com um vocábulo especial. É a
instituição do Go’el, palavra procedente de uma raiz que significa “resgatar”, “reivindicar”, e mais
fundamentalmente, “proteger”.
O Go’el é um redentor, um defensor, um protetor dos interesses do indivíduo e do grupo. Ele
intervém em certo número de casos.
Se um israelita precisou se vender como escravo para pagar uma dívida, deverá ser resgatado por
um de seus parentes próximos, Lv 25.47-49.
Quando um israelita precisa vender seu patrimônio, o Go’el tem direito preferencial na compra,
pois é muito importante evitar a alienação dos bens da família. A lei está codificada em Lv 25.25. É como
Go’el que Jeremias adquire o campo de seu primo Hanameel, Jr 32.6-17.
O costume é ilustrado também na história de Rute, mesmo que aí a compra se complique por um
caso de levirato. Noemi tem uma posse que a pobreza a obriga a vender; sua nora Rute é viúva e sem
filhos. Boaz é um Go’el de Noemi e de Rute, Rt 2.20; mas há um parente mais próximo que pode exercer
o direito de Go’el antes de Boaz, Rt 3.12; 4.4. Esse primeiro Go’el estaria disposto a comprar a terra, mas
não aceita a dupla obrigação de comprar a terra e casar com Rute, pois o filho que nascesse dessa união
levaria o nome do defunto e herdaria a terra, Rt 4.4-6. Boaz adquire então a posse da família e se casa com
Rute, Rt 4.9,10.
O relato mostra que o direito do Go’el era exercido segundo certa ordem de parentesco; esta é
detalhada em Lv 25.49: primeiro o tio paterno, depois o filho deste, finalmente outros parentes. Além
disso, o Go’el pode ser por isto censurado, renunciar a seu direito ou fugir de seu dever: o ato de
descalçar-se, Rt 4.7,8, significa o abandono de um direito, como o gesto análogo na lei do levirato, Dt
25.9. Contudo, nesse último caso, o procedimento tem um caráter infamante. A comparação dessa lei com
a história de Rute parece indicar que a obrigação do levirato era assumida, no início, pelo clã, assim como
o resgate do patrimônio, e que foi mais tarde restrito ao cunhado.
Uma das obrigações mais graves do Go’el era a vingança de sangue, estudada com a organização
tribal por causa de sua relação com os costumes do deserto.
O termo GO’EL passou à linguagem religiosa. Assim, Iavé, vingador dos oprimidos e Salvador de
seu povo, é chamado GO’EL em Jó 19.25; Sl 19.15; 78.35; Jr 50.34, etc., e freqüentemente na segunda
parte de Isaías: 41.14; 43.14; 44.6,24; 49.7; 59.20, etc.

19
O Redentor de Israel (Go’el)
“Resgate”

Textos mais antigos descrevem a libertação do Egito como “fazer subir” ou “fazer sair” ou “salvar”
(Êx 3.8,10; Am 9.7 e outras); os mais recentes interpretam-na como “livrar, remir” (ga’al: Êx 6.6; Sl 74.2;
77.15 e outras). Em retrospectiva, a vinculação à escravidão parece ao povo ter sido tão forte, “que ele
próprio não poderia ter se libertado”.
O “resgate” um costume jurídico sumamente significativo para o Antigo Testamento, que também
foi regulamentado em lei (Lv 25.24ss.). Um israelita tem o direito e também o dever de socorrer um
18
VAUX, R. Instituições de Israel no Velho Testamento. São Paulo: Editora Teológica, 2002, p. 43,44.
19
SCHMIDT, Werner H. A Fé no Antigo Testamento. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2004, Pág. 75-77.

41
membro da família que se encontra em necessidade: se devido sua situação econômica precária alguém
obrigado a alienar sua casa e propriedade, seu parente mais próximo — este então o “resgatador” — tem
a prioridade de compra (Jr 32.7) e, com isso, a incumbência de manter a terra nas mãos da família. Pois
propriedade de terra herdada, por ser meio de sobrevivência, não deve ser alienada (cf. 1 Rs 21). Mas se
um israelita livre estiver tão empobrecido que precisa vender-se como escravo (a um estranho), então um
parente seu tem a obrigação de comprá-lo de volta. O “resgate”, i. e., a reaquisição, pressupõe, portanto,
vínculos familiais. O livrinho de Rute (2.20ss.) e a compra do campo em Anatote por parte de Jeremias (Jr
32.6ss.) atestam que o costume do resgate era realmente praticado.

Sempre “o patrimônio de um clã, em forma de terra e pessoas, deve ser preservado intacto” (J. J.
Stamm, Pág. 28). Caso um membro da família tenha sido assassinado, o parente recebe a incumbência de
“resgatar” ou “vingar” a morte. Nesta situação o parente é chamado Parente Vingador. Quem se tornou
assassino acidentalmente pode encontrar asilo nas cidades de refúgio (Nm 35.10ss.; cf. Êx 21.13; Dt
19.4ss.; 2 Sm 3.27).

Se um membro da família morre sem deixar filhos, seu irmão é obrigado a casar-se com a viúva.
Nesta situação o parente é chamdo Parente Remidor. O primogênito é considerado herdeiro do falecido (é
o chamado dever do levirato ou do cunhado: Dt 25.5ss.; Gn 38.8; Rt 4.5,10).

Por outro lado, padah [‫ ]פדה‬não pressupõe necessariamente relações de parentesco e parece ser
de cunho menos rigoroso: “libertar, resgatar” de escravidão (Ex 21.7-11; Lv 19.20; Jó 6.23), “resgatar” o
primogênito pertencente a Deus por meio de uma indenização (Êx 34.19s.; 13.11s.; Lv 27.26ss.; cf. 1 Sm
14.45 e outras).
Como um parente intervém em favor de um necessitado de ajuda, assim Deus “resgata ou livra” o
ser humano da aflição, seja ela inimizade ou doença (Gn 48.16; 2 Sm 4.9; 1 Rs 1.29; Jr 15.21 e outras).
Cada indivíduo pode pedir para ser libertado da dificuldade (Si 26.11; 69.19; 119.154), bem como
agradecer por um salvamento experimentado: “Tu me remiste/resgataste, Deus fiel” (31.5; 107.1s.; Lm
3.58). Quem não tiver resgatador por causa de sua situação social, encontra-lo-á no próprio Deus. Este
assume a incumbência do parente mais próximo:

Não removas os marcos da “viúva”, nem entres nos campos dos órfãos
Porque seu Redentor (Go’el) é forte, e lhes pleiteará a causa contra ti!
(Pv 23.10,11; cf. 22.23; Jr 50.34)

Por Deus proteger os socialmente fracos e ter libertado Israel, a fé tem conseqüências Éticas (Dt
24. 17s.; 15. 12ss.).

A libertação de Deus se refere tanto ao indivíduo quanto ao povo todo. No exílio, o profeta
Dêutero-Isaías dirige a palavra aos desterrados como se estes fossem um indivíduo, anunciando-lhes a
salvação iminente e inclusive já presente: “Não temas, porque eu te remi!” (Is 43.1). Os que saem do
cativeiro babilônico devem confessar: “Javé remiu/resgatou seu servo Jacó” (48.20; cf. 52.9 - ‫ ;)גָאַל‬mais
ainda: “Redentor” torna-se um cognome fixo de Deus (44.6,24; cf. 63.16; também 1.27 e outras).
Um acréscimo ao Salmo 130 insere a seguinte lamentação de um indivíduo no culto da
comunidade:

Espere Israel em Iavé, pois em Iavé há misericórdia, nele, copiosa redenção.


Por isso ele redimirá/resgatará Israel de todas as suas iniqüidades.
(Sl 130.7s.; cf. 25.22; 34.23).
42
Enquanto que aqui redenção significa - uma única vez no AT – perdão de pecados, por fim ela
significa salvamento da morte (Sl 103.4) ou na morte (49.16; 73.24; cf. Jó 19.25). Com isso, a fé na
“redenção” de Deus transcende o âmbito da história e da experiência humana.20

Jesus é o nosso Go’el, Ele já pagou o resgate com o seu sangue. Ele pagou o resgate da terra e irá
casar-se com sua Igreja. Ele também é o Resgatador de Israel.

“E ELE REDIMIRÁ ISRAEL DE TODOS OS SEUS PECADOS”21


GEULÁ
Dizem nossos sábios [judeus] que a Geulá (Redenção) virá justamente numa geração baixa e
inferior. Pergunta-se, portanto: Como pecadores imperfeitos poderão receber a Luz da Geulá? Há duas
respostas:
a) quando Mashiac (Messias) chegar, incentivará todos para que façam teshuvá, ou seja, para que
retornem a Deus de todo o coração. Obviamente todos estarão no nível de baalê teshuvá (penitentes), que
é um grau mais elevado que o dos tsadikim (justos);
b) “E Ele redimirá Israel de todos os seus pecados”.

Stanley M. Horton diz:22


A Bíblia emprega a metáfora do resgate ou da redenção para descrever a obra salvífica de Cristo. O
tema aparece muito mais freqüentemente no Antigo Testamento que no Novo. O tema aparece muitas
vezes no Antigo Testamento, referindo-se aos ritos da “redenção”! No tocante às pessoas ou bens (cf. Lv
25; Rt 3,4, que empregam a palavra hebraica ga’al). O “Parente redentor” funciona como um go’el (‫)גּ ֹאֵ ל‬.
O próprio YAHWEH é o Redentor (heb. Go’el) do seu povo (Is 41.14; 43.140, e eles são os redimidos
(heb. ge’ulim, Is 35.9; 62.12). O Senhor tomou medidas para redimir (heb. padhah) os primogênitos (Êx
13.13-15). Ele redimiu Israel do Egito (Êx 6.6; Dt 7.8; 13.5) e também os remirá do exílio (Jr 31.11). Às
vezes Deus redime um indivíduo (Sl 49.15; 71.23); ou um indivíduo ora, pedindo a redenção divina (Sl
26.11; 69.18). Mas a obra divina na redenção é primariamente moral no seu escopo. Em alguns textos
bíblicos, a redenção claramente diz respeito aos assuntos morais. Salmos 103.8 diz: “Ele remirá a Israel de
todas as suas iniqüidades”. Isaías diz que somente os “remidos”, os “resgatados”, andarão pelo chamado
“O Caminho Santo” (Is 35.8-10). Diz ainda que a “filha de Sião” será chamada “povo santo, os remidos do
Senhor” (Is 62.11,12).
No Novo Testamento, Jesus é tanto o “Resgatador” quanto o “Resgate”; os pecadores perdidos são
os “resgatados”. Ele declara que veio “para dar a sua vida em resgate (gr. Lutron - λύτρον) de muitos”
(Mt 20.28; Mc 10.45). Era um “livramento [gr. Apolutrōsis - ἀπολύτρωσις] efetivado mediante a morte de
Cristo, que libertou da ira retribuitiva de Deus e da penalidade merecida do pecado”. Paulo liga a nossa
justificação e o perdão dos pecados à redenção que há em Cristo (Rm 3.24; Cl 1.14, apolutrosis nestes
dois textos). Diz que Cristo “para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1
Co 1.30). Diz também que Cristo “se deu a si mesmo em preço de redenção [gr. Antilutron - ἀντίλυτρον]
por todos (1Tm 2.6). O Novo Testamento demonstra claramente que Ele proporcionou a redenção
mediante o seu sangue (Ef 1.7; Hb 9.12; 1 Pe 1.18,19; Ap 5.9), pois era impossível que o sangue dos
touros e dos bodes tirasse os pecados (Hb 10.4). Cristo nos comprou (1 Co 6.20; 7.23, gr. Agorazō -
ἀγοράζω) de volta para Deus, e o preço foi o seu sangue (Ap 5.9).

20
Transcrição do livro: A Fé no Antigo Testamento (Werner H. Schmidt) Pág. 75-77.
21
ROTMAN, Flávio. REDENÇÃO - OS JUDEUS SÃO UM POVO, UMA NAÇÃO. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Editora
Leitura, 2008, p. 215.
22
Stanley M. Horton. Teologia Sistemática. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.356,357.
43
Basta um estudo simples nas Escrituras, da linguagem usada para descrever nossa redenção, para que não
fique qualquer dúvida de que o crente, à semelhança de um escravo exposto à venda na praça, foi
comprado por preço, e que, agora, passa a pertencer totalmente ao seu novo senhor. O antigo patrão não
tem mais qualquer direito sobre ele, como rezava a legislação romana da época. Assim, Paulo diz que
fomos comprados por preço (1 Co 6.20; 7.23; Agorazō - ἀγοράζω, comprar, redimir, pagar um resgate
— termo usado para o ato de comprar um escravo na praça, ou pagar seu resgate para libertá-lo), e que
sendo agora livres, não devemos nos deixar outra vez escravizar (1 Co 7.23). Fomos resgatados
(lutróomai - λυτρόοµαι; ἠγόρασας, ἀγοράζω) pelo precioso sangue de Cristo (1 Pe 1.18; cf. Ap
5.9).23

REDENÇÃO
‫ גְּאֻ לָּה‬Ge’ullâ
“O cristianismo não é um circulo, com um só centro, mas, sim, uma elipse, que tem dois focos – as
doutrinas da Redenção e do Reino de Deus” (Albrecht Ritschl).
A redenção consiste do processo de RESTAURAR, ao proprietário original, algo que ele perdeu ou
vendeu. Apokatástasis.
Em o Novo Testamento, a forma nominal da palavra grega “apokathistemi” (restaurar) é usada
apenas uma vez em Atos 3.21 (ἀποκατάστασις -Apokatástasis). A palavra significa literalmente
estabelecer algo novo em sua ordem original. Esta palavra era usada no mundo secular grego para indicar
a volta do legítimo proprietário à posse de sua casa ou fazenda.
Quando a alma é redimida, é então restaurada a Deus.
O corpo será redimido: “... aguardando a adoção de filhos, a REDENÇÃO do nosso corpo” (Rm
8.23).
A terra será redimida: “... até ao RESGATE da sua propriedade...” (Ef 1.14).
Toda a redenção envolve purificação. A Bíblia reconhece apenas dois agentes purificadores: um é o
sangue, e o outro é o fogo.
Os pecadores arrependidos podem ser redimidos pelo sangue de Cristo, mas a terra terá que ser
redimida pelo fogo: “Mas quem pode suportar o Dia da sua Vinda? E quem pode subsistir quando Ele
aparecer? Porque Ele é como fogo do ourives e como a potassa (sabão) dos lavandeiros” (Ml 3.2).
“Pois eis que vem o Dia, e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem
perversidade serão como o restolho; o Dia que vem os abrasará diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que
não lhes deixará nem raiz nem ramo” (Ml 4.1).
“Ora, os céus que agora existem, e a terra, pela mesma palavra têm sido entesourados para o
FOGO, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios.
“Virá, pois, como ladrão o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os
elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas24 (2 Pe 3.7,10)”.
“O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados
à terra. Foi, então, queimada a Terça parte da terra, e das árvores e também toda erva verde”(Ap 8.7).
Os acontecimentos narrados no livro de Apocalipse do capítulo 6 ao 19 é o juízo de fogo sobre a
terra e a expulsão de Satanás do céu e da terra ( Ap 12.7-9; 20.1-3,7-10).

23
LOPES, Augustus Nicodemus. Batalha Espiritual.
24
O Dia Senhor [Restrito] trará o fogo do julgamento e a convulsão cataclísmica de toda a criação, mas emergirão do crisol
‘novos céus e a nova terra, nos quais habita justiça’ (v. 13), e lá presumivelmente ‘a terra e as obras que nela existem serão
encontradas’ [εὑρεθήσεται - Heurethēsetai], agora purificadas da imundície e da perversão do pecado”. Heurethēsomai
(εὑρεθήσοµαι) pode ser traduzido como ‘achados’ ou ‘encontrados’.

44
“E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido que abrasasse os homens com
fogo. E os homens foram abrasados com grande calor”(Ap 16.8,9).
“E será a luz da lua como a luz do sol, e a luz do sol sete (7) vezes maior, como a luz de sete dias,
no dia em o Senhor atar a ferida do seu povo (Israel), e curar a chaga do golpe que ele deu”(Is 30.26).

Quão terrível é o Dia do Senhor! - ‫ורא‬


ָ ֹ ‫י ְהוָה ְונ‬ ‫י ֹום‬
O Senhor purificará a terra com fogo!

45
4
O DIA DO SENHOR — Qual o Significado na Bíblia?

Essa é uma expressão, muitas vezes no contexto de acontecimentos futuros, que se refere ao
momento em que Deus vai intervir de forma decisiva para o julgamento e/ou salvação. Diversamente
formulado como o “Dia do Senhor” (Amós 5.18), o “Dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 1.8; cf. 2
Co 1.14), o “Dia de Deus” (2 Pedro 3.12; Ap 16.14), ou “os últimos dias,” a expressão destaca o aspecto
inconfundível de Deus. Deus vai tornar visível o Seu governo de justiça, chamando as nações para um
acerto de contas, bem como indivíduos, dispensando a punição para alguns e dando início a salvação para
os outros.
No Antigo Testamento, a expressão “O Dia do Senhor” ocorre dezoito vezes na literatura
profética, na maioria das vezes nos livros de Joel e Sofonias. Não é encontrada em Daniel. Uma expressão
similar que chega mais próximo a ela é “naquele dia”, que ocorre 208 vezes no Antigo Testamento, cuja
metade das ocorrências está nos profetas. No Novo Testamento, as expressões equivalentes, como “Dia de
Jesus Cristo”, são encontrados em 1 Coríntios 1.8; 2 Coríntios 1.14; Filipenses 1.6, 10 e 2 Pedro 3.10, 12.
“Dia do Senhor” aparece em 2 Tessalonicenses 2.2.
Origem da expressão. A origem da expressão está em disputa. Alguns sugerem que ela está
ancorada no vocabulário da criação (por exemplo, o sétimo dia como dia especial de Deus). Outros
apontam para a história de Israel, teologicamente interpretado. Os estudiosos têm sugerido um ritual de
culto, como o dia da entronização de um rei, em fornecer a definição para a expressão. Mais provável,
porém, é a proposta de que as guerras do Senhor na história de Israel servem como pano de fundo, pois as
imagens de batalha abundam (Joel 3.9-10; Ap 16.14) e as questões de competência e autoridade são
centrais para o Dia do Senhor.
A qualidade do dia. Um conjunto de diversos significados pertence a expressão, “Dia do Senhor”.
Sua primeira ocorrência (Amós 5.18), por exemplo, não se refere ao fim do mundo; no Novo Testamento,
no entanto, tal significado emerge.
No pensamento bíblico, o caráter ou qualidade de um dia (período) era de maior importância do
que a data (a quantidade numérica de uma sequência). Desde a primeira menção da expressão por Amós
(embora alguns coloquem Obadias 15 e Joel anterior), a noção de intervenção divina, de um Deus “que
vem” é evidente. Israel prevê que para eles a vinda de Deus iria realizar as perspectivas favoráveis, que
seria um dia de luz. Amós anuncia que, dado o grande mal de Israel, a vinda de Deus vai sinalizar para eles
desilusão e calamidade, um dia de escuridão. Predominante na intervenção divina é a impressionante
presença do Todo-Poderoso. É como se Deus não só entrasse em cena, mas enchesse o cenário de tudo o
que existe. Sua presença domina totalmente. A existência humana empalidece diante dessa realidade
gigante. Naquele dia, “todas as mãos amolecerão, o coração de cada homem derreter-se-á” (Isaías 13.7).
Em uma tempo futuro, as descrições vão além da experiência humana. O cosmos vai entrar em convulsão.
Em linguagem estereotipada é dito que o sol se recusará a dar a sua luz, a lua e as estrelas deixarão de
brilhar (Is 13.10). Joel, preocupado com o assunto, cita maravilhas no céu e na terra, incluindo a lua
transformando-se em sangue (Joel 2.30-31).
No Novo Testamento, a aparição de Deus é mais distintamente a vinda de Cristo, especificamente o
retorno de Cristo, a Sua segunda vinda. A menção de Paulo do dia “do nosso Senhor Jesus Cristo” (1
Coríntios 1.8) é provavelmente o dia da “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e nossa união junto a ele” (2
Tessalonicenses 2.1). Se o dia é a parousia, ou o clímax da história e de todas as coisas, como no “dia de
Deus”, quando a dissolução dos céus ocorre (2 Pedro 3.12), o “dia” será caracterizado pela inquestionável
e inequívoca presença do Deus Todo-Poderoso.
Tal como é descrito por Joel, o Dia do Senhor significa decisão: “Multidões, multidões no vale da
decisão! Pois o Dia do Senhor está perto, no vale da decisão” (3.14). A sentença será proferida. Deus vai
julgar os povos. Sua decisão de algumas nações, como Tiro, Sidon, Moab, Filístia, e Assíria, será castigo
46
(Joel 3.4-13; cf. Sf 2.6-15). O julgamento divino será executado. Nesse dia, será tomada uma decisão
proferida contra todo orgulhoso (Isaías 2.12-18). Deus age com a expedição, como Ele julga as nações no
vale de Josafá (Joel 3.2,12-13). A decisão para os outros terá uma dimensão de salvação, pela promessa de
Deus de bênção que será ativada e percebida (Joel 3.18-21).
A calendarização do dia. O “Dia do Senhor” não é uma ocorrência única. Dias do Senhor, embora
muitas vezes representados na Bíblia como futuro, não se limitam ao futuro. Temos o Dia do Senhor
também no passado. A catástrofe da queda de Jerusalém em 587 a.C, foi descrita como um “dia do
Senhor” (Lm 2.21). Isaías diz que o dia do Senhor irá envolver a queda de Babilônia. Agência de Deus
será reconhecida, pois Ele vai “fazer tremer os céus e a terra, tremerão em seu lugar” (Isaías 13.13). O
Agente imediato de Deus será os Medos, que agitar-se-ão contra a Babilônia, a sua ação será decisiva.
“Babilônia, a jóia dos reinos, a glória e o orgulho da Babilônia, será derrubado por Deus como Sodoma e
Gomorra” (13.19). Historicamente, esse evento é para ser datado em 539 a.C; Joel, por sua vez, descreve
uma praga de gafanhotos que, para ele, representa o Dia do Senhor, como iminente, mesmo imediato. O
dia de Pentecostes, história agora, é descrito como o Dia do Senhor (Atos 2.16-21).
Ainda assim, para os profetas e muitos dos escritores do Novo Testamento, o Dia do Senhor
aponta para o futuro. Esse futuro pode ser séculos distantes, como na profecia de Isaías sobre a Babilônia
(cap. 13), ou a profecia de Joel a respeito do Espírito (2.28-32), ou pode ser no futuro distante. A
linguagem de Isaías sobre a humilhação universal dos altivos e arrogantes indica um grand finale,
possivelmente no final da história (2.12-18). O Novo Testamento, ao falar do evento de Cristo como um
Dia do Senhor (Atos 2.16-21), também fala do Dia de Cristo, como antecipado ao Sua volta (2
Tessalonicenses 2.1-2), que está ainda, depois de quase dois mil anos, no futuro. O fator surpresa (ele virá
“como um ladrão, de noite”) é uma característica marcante do dia, no Novo Testamento (1
Tessalonicenses 5.2, 4; 2 Pedro 3.10). Eventualmente, o Dia do Senhor (Deus) passou a significar o fim do
mundo.
A maioria das pessoas associam “o Dia do Senhor” com um período de tempo ou dia especial que
vai acontecer no fim dos tempos quando a vontade e propósito de Deus para o Seu mundo e para a
humanidade vão ser cumpridos. Alguns estudiosos acreditam que “o Dia do Senhor” vai ser um período de
tempo longo, ao invés de apenas um dia – um período de tempo quando Cristo vai reinar por todo o
mundo antes de purificar o céu e a terra em preparação para o estado eterno de toda a humanidade. No
entanto, outros estudiosos acreditam que o dia do Senhor vai ser um evento instantâneo quando Cristo
retorna à terra para redimir Seus seguidores fiéis e para mandar os incrédulos para condenação eterna.

A frase “o Dia do Senhor” é usada dezenove vezes no Velho Testamento (Isaías 2:12; 13.6, 9;
Ezequiel 13.5, 30.3; Joel 1.15, 2.1,11,31; 3.14; Amós 5.18,20; Obadias 15; Sofonias 1.7,14; Zacarias 14.1;
Malaquias 4.5) e quatro vezes no Novo Testamento (Atos 2.20; 2 Tessalonicenses 2.2; 2 Pedro 3.10). O
Novo Testamento também alude a tal frase em outras passagens (Apocalipse 6.17; 16.14).

As passagens do Velho Testamento que lidam com o Dia do Senhor geralmente transmitem um
sentido de iminência, proximidade e expectativa: “Uivai, pois está perto o Dia do SENHOR” (Isaías 13.6);
“Porque está perto o dia, sim, está perto o Dia do SENHOR” (Ezequiel 30.3); “Ah! Que dia! Porque o Dia
do SENHOR está perto” (Joel 1.15); “Tocai a trombeta em Sião e dai voz de rebate no meu santo monte;
perturbem-se todos os moradores da terra, porque o Dia do SENHOR vem, já está próximo” (Joel 2.1);
“Multidões, multidões no vale da Decisão! Porque o Dia do SENHOR está perto, no vale da Decisão”
(Joel 3.14); “Porque o Dia do SENHOR está prestes a vir sobre todas as nações” (Obadias 15); “Cala-te
diante do SENHOR Deus, porque o Dia do SENHOR está perto” (Sofonias 1.7); “Está perto o grande Dia
do SENHOR; está perto e muito se apressa” (Sofonias 1.14). Isso é porque as passagens do “Dia do
Senhor” no Velho Testamento se referem a um cumprimento próximo e distante, assim como muitas das
profecias do Velho Testamento. Há exemplos no Velho Testamento onde o “Dia do Senhor” é usado para
47
descrever julgamentos históricos que já foram cumpridos em pelo menos uma forma (Isaías 13.6-22;
Ezequiel 30.2-19; Joel 1.15; 3.14; Amós 5.18-20; Sofonias 1.14-18), enquanto outras vezes se refere a
julgamentos divinos que vão acontecer no fim dos tempos (Joel 2.30-32; Zacarias 14.1; Malaquias 4.1,5).

O Novo Testamento chama esse dia de um Dia de “ira”, uma Dia de “batalha,” e o “Grande Dia do
Deus Todo-Poderoso” (Apocalipse 16.14); e se refere a um cumprimento ainda futuro quando a ira de
Deus é derramada sobre incrédula Israel (Isaías 22. Jeremias 30.1-17; Joel 1-2; Amós 5; Sofonias 1) e o
mundo incrédulo (Ezequiel 38–39; Zacarias 14). As Escrituras indicam que o “Dia do Senhor” vai vir
rapidamente, como um ladrão na noite (Sofonias 1.14-15; 2 Tessalonicenses 2.2) e, portanto, nós como
Cristãos devemos estar vigilantes e prontos para a vinda de Cristo a qualquer momento.

Além de ser um tempo de julgamento, também vai ser um tempo de salvação, pois Deus vai livrar o
restante de Israel, cumprindo Sua promessa de que “todo o Israel será salvo” (Romanos 11.26),
perdoando-lhes de seus pecados e restaurando o Seu povo escolhido à terra prometida a Abraão (Isaías
10.27; Jeremias 30.19-31,40; Miquéias 4; Zacarias 13). O resultado final do Dia do Senhor vai ser que “a
arrogância do homem será humilhada, e a sua altivez se abaterá, e só o SENHOR será exaltado naquele
dia” (Isaías 2.17). O cumprimento final das profecias sobre o “Dia do Senhor” vai vir no final da história
quando Deus vai punir o mal com seu poder impressionante e cumprir todas as Suas promessas.

O DIA DO SENHOR AMPLO E RESTRITO 25


‫י ֹום י ְהוָה‬
“Eis que vem o Dia do SENHOR, em que os teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu
ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão
saqueadas, e as mulheres, forçadas; metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não
será expulso da cidade. Então, sairá o SENHOR e pelejará contra essas nações, como pelejou no dia da
batalha. Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para
o oriente; o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale
muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade, para o sul. Fugireis pelo vale
dos meus montes, porque o vale dos montes chegará até Azel; sim, fugireis como fugistes do terremoto
nos dias de Uzias, rei de Judá; então, virá o SENHOR, meu Deus, e todos os santos, com ele. Acontecerá,
naquele dia, que não haverá luz, mas frio e gelo. Mas será um dia singular conhecido do SENHOR; não
será nem dia nem noite, mas haverá luz à tarde” (Zc 14.1-7).
O capítulo 14 de Zacarias inicia com a seguinte afirmação: “Eis que vem o Dia do Senhor”. Para
entendermos a importância dessa declaração, temos de considerar alguns fatos:
Em primeiro lugar, a expressão “o Dia do Senhor” se refere à intervenção de Deus nos eventos
mundiais para julgar os Seus inimigos, cumprir o Seu propósito quanto à história e, assim, demonstrar
quem ele é – o Deus soberano do Universo (Is 2.10-22; Ez 13.5,9,14,21,23; 30.3,8,19,25,26).
Em segundo lugar, já aconteceram vários “Dias do Senhor”, nos quais Deus demonstrou o Seu
domínio soberano ao levantar nações para executarem o Seu julgamento sobre outras nações. Por
exemplo, Ele levantou a Babilônia para julgar o Egito e seus aliados em torno de 500 a.C. (Jr 46.2,10; Ez
30.3-6).

25
VARNER, William C. Jerusalém no Centro do furacão. Porto Alegre: Actual Edições, 2004, p. 31-41.
48
As épocas dentro do dia do Senhor.26
A extensão do Dia do Senhor tem sido uma questão de debate entre os intérpretes das Escrituras.
Alguns situam o Dia do Senhor apenas como os anos de tribulação. Outros o relacionam à segunda vinda
de Cristo e aos julgamentos imediatamente ligados a esse acontecimento. Existem, contudo, duas in-
terpretações principais nessa questão. Uma delas é a posição de Scofield, que diz:
O Dia de Jeová (também chamado “aquele dia” e o “grande dia”) é o período prolongado de
tempo que se inicia com o retorno do Senhor na sua glória e termina com a destruição dos céus e da terra
pelo fogo, preparando novo céu e nova terra (Is 65.17-19; 66.22; 2 Pe 3.13; Ap 21.1). (C. I. SCOFIELD,
Reference Bible, p. 1349).
Dessa maneira o Dia do Senhor abrangeria o período que vai do retorno de Cristo à terra até o
novo céu e a nova terra, depois do milênio. A outra visão é a expressa por Ironside, que diz:
... quando finalmente o Dia de Graça [O Ano Aceitável do Senhor] terminar, o Dia do Senhor o
sucederá [...] O Dia do Senhor segue [o arrebatamento]. Será o tempo em que os juízos de Deus são
derramados sobre a terra. Isso inclui a vinda do Senhor com todos os seus santos para executar julgamento
sobre Seus inimigos e tomar posse do reino... e reinar em justiça por mil anos gloriosos. (Harry A.
IRONSIDE, James and Peter, p. 98-9).

Essa segunda visão coincide com a anterior quanto ao término, mas marca o início do Dia do
Senhor no período tribulacional, de modo que os acontecimentos da tribulação, a segunda vinda e o
milênio estão todos incluídos dentro do espaço do Dia do Senhor.
O termo Dia do Senhor aparece nos seguintes trechos: Isaías 2.12; 13.6,9; Ezequiel 13.5; 30.3;
Joel 1.15; 2.1,11,31; 3.14; Amós 5.18 (duas vezes),20; Obadias 15; Sofonias 1.7,14 (duas vezes); Zacarias
14.1; Malaquias 4.5; Atos 2.20; 1 Tessalonicenses 5.2; 2Tessalonicenses 2.2; 2 Pedro 3.10.
Os acontecimentos do Dia do Senhor.27 “É evidente que os acontecimentos do Dia do Senhor
são certamente momentosos, e um estudo desse período deve abranger a análise de grande parte das
passagens proféticas. Incluirá os acontecimentos profetizados do período tribulacional como: a federação
dos estados num Império Romano (Dn 2 e 7); a ascensão do governador político desse Império, que fará
uma aliança com Israel (Dn 9.27; Ap 13.1-10); a formulação de um falso sistema religioso sob um falso
profeta (Ap 13.11-18); o derramamento dos julgamentos sob os selos (Ap 6); a purificação da terra (2 Pe
3.10-13), a separação das 144 mil testemunhas (Ap 7); os julgamentos das trombetas (Ap 8-11); a
ascensão das testemunhas de Deus (Ap 11); a perseguição de Israel (Ap 12); o julgamento das taças (Ap
16); a destruição da falsa igreja (Ap 17 e 18); os acontecimentos da campanha de Armagedom (Ez 38 e
39; Ap 16.16; 19.17-21); a proclamação do evangelho do reino (Mt 24.14). Incluirá também as profecias
ligadas à segunda vinda, como: o retorno do Senhor (Mt 24.29,30); a ressurreição dos santos da tribulação
(Jo 6.39,40; Ap 7.13,14; 20.4); a destruição da besta, de todos os seus exércitos, do falso profeta e de seus
seguidores na adoração da besta (Ap 19.11-21); o julgamento das nações (Zc 14; Ap 19); o
reagrupamento de Israel (Ez 37.1-14); o julgamento de Israel (Ez 20.33-38); a reintegração de Israel em
sua terra (Am 9.15); a prisão de Satanás (Ap 20.2,3). Mais adiante incluirá todos os acontecimentos da era
milenar, com a revolta final de Satanás (Ap 20.7-10), o julgamento das nações (Mt 25.31-46), o juízo do
grande Trono Branco (Ap 20.11-15). Esses e muitos assuntos relacionados devem ser estudados”.
Discordamos de Dwight Pentecost quanto ao julgamento das nações, pois entendemos que o
julgamento das nações de Mateus 25.31-46 será no fim do Milênio. Haverá um juízo sobre todas as nações
que vierem contra Israel no fim da Grande Tribulação (Zc 14; Ap 19), todavia nesta ocasião não haverá
separação de bodes e ovelhas. Esta separação dar-se-á somente no fim do Milênio.
O capítulo 14 de Zacarias inicia com a seguinte afirmação: “Eis que vem o Dia do Senhor”. Para
entendermos a importância dessa declaração, temos de considerar alguns fatos:
26
PENTECOST, Jr., Dwight. Manual de Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1994, p. 294-295.
27
Ibidem, p. 296.
49
Em primeiro lugar, a expressão “o Dia do Senhor” se refere à intervenção de Deus nos eventos
mundiais para julgar os Seus inimigos, cumprir o Seu propósito quanto à história e, assim, demonstrar
quem ele é – o Deus soberano do Universo (Is 2.10-22; Ez 13.5,9,14,21,23; 30.3,8,19,25,26).

Em segundo lugar, já aconteceram vários “Dias do Senhor”, nos quais Deus demonstrou o Seu
domínio soberano ao levantar nações para executarem o Seu julgamento sobre outras nações. Por
exemplo, Ele levantou a Babilônia para julgar o Egito e seus aliados em torno de 500 a.C. (Jr 46.2,10; Ez
30.3-6).

O futuro Dia do Senhor


A Bíblia, entretanto, também prediz um futuro Dia do Senhor. Por exemplo, Is 2.10-22 descreve
um Dia do senhor que compreenderá o sexto selo da futura septuagésima semana de Daniel 9 (Ap 6.12-
17). O apóstolo Paulo predisse um futuro Dia do Senhor, quando uma destruição repentina e inescapável
sobrevirá a todos aqueles que não creram em Jesus Cristo como seu Salvador pessoal (1 Ts 5.1-11).

Ira e Bênção
A Bíblia também assinala que o futuro Dia do Senhor terá, no mínimo, dupla natureza. Por um
lado, ele será caracterizado pela escuridão e por um terrível derramamento da ira divina sobre o mundo (Sf
1.14,15). Assim será a sua natureza durante a septuagésima semana de Daniel 9 (o período da Grande
Tribulação).
Contudo, o Dia do Senhor também será caracterizado pela luz, por um derramamento da bênção
divina e pela administração do governo de Deus sobre a terra. Após descrever o escurecimento do sol, da
lua e das estrelas, bem como o juízo de Deus sobre os exércitos das nações reunidos em Israel no Dia do
Senhor (Jl 3.9-16), o profeta Joel predisse a grande bênção de Deus “naquele dia” (Jl 3.18-21).

O profeta Zacarias, depois de considerar o futuro Dia do Senhor, quando os exércitos de todas as
nações guerrearão contra Jerusalém e serão surpreendidos pela volta do Messias à Terra para combatê-los
(Zc 14.1-50, indicou que “aquele dia” também será caracterizado por luz (vv. 6,7), por grande bênção
(v.8), e pela administração do governo de Deus sobre toda a Terra (v.9). Essa será a natureza do Dia do
Senhor durante o Milênio.

Amplo e estrito
O futuro Dia do Senhor tem um duplo aspecto: é tanto amplo quanto estrito. O sentido amplo se
refere a um tempo extenso, que cobre pelo menos toda a septuagésima semana de Daniel 9 e o Milênio. O
sentido estrito se refere a um dia específico – o Dia em que Cristo voltará à Terra na Sua Segunda Vinda
com os Seus anjos e a Igreja (Ap 19.11-16; Zc 14.5).

O Dia do Senhor estrito: quando Cristo voltar

Os seguintes fatos indicam que um futuro Dia do Senhor será limitado a um único dia:
Primeiro: o texto de Ap 16.12-16 revela que os exércitos de todas as nações do mundo iniciarão a
sua concentração em Israel para o Armagedom apenas depois do derramamento da sexta taça (a que
antecede ao último juízo da Grande Tribulação). Assim, esses exércitos começarão a se reunir no final
daquele período (após os sete selos, as sete trombetas, e depois que as primeiras cinco taças de
julgamentos do Dia do Senhor amplo tiverem ocorridos).

50
O DIA DO SENHOR (AMPLO)
Período de Falsa Período de 2ª Vinda Regeneração da Terra:
Paz Perseguição Mt 24.30; Dn 7.13 Mt 19.28

3,5 anos 3,5 anos Batalha do Milênio


Armagedom Ap 20.1-7
Ap 19.11-21
At 2.16-21
A Angústia de 2 Pe 3.10,11; Jerusalém
Jacó: Jl 1.15; O Trono do Senhor
Jr 30.7; Jl 2.1,2,11,31; Jr 3.17; 17.12; Ez 43.6,7;
Dn 12.1; Jl 3.14 Mt 19.28; 25.31
Ap 12.13,14.

70ª Semana de Daniel O Dia do Senhor O Ano dos Meus


A Grande Tribulação Estrito Remidos
Mt 24.21,29 Jl 2.2; Is 34.8; 63.4
O Dia Da Vingança Mt 24.21 O Ano de retribuições
Is 34.8; 61.2; 63.4

Segundo: os textos de Jl 3.9-16 e Zc 14.1-5 indicam que, após o ajuntamento dos exércitos da
nações em Israel, “vem o Dia do Senhor” (Zc 14.1) e ele “está perto” (Jl 3.14). Conseqüentemente, esse
Dia do Senhor só acontecerá depois que os exércitos tiverem se concentrado em Israel e uma importante
parte do Dia do Senhor amplo tiver transcorrido.
Esse Dia do Senhor estrito será uma parte do Dia do Senhor amplo, mas também se constitui
num completo Dia do Senhor em si mesmo. O Dia do Senhor amplo abrangerá um extenso período de
tempo. O Dia do Senhor estrito será limitado a “um dia” (Zc 14.7).
Terceiro: os textos de Jl 3 e Zc 14 indicam que o Dia do Senhor a que se referem será o dia em o
Messias guerreará contra os exércitos reunidos em Israel. De acordo com Ap 19.11-21, esse é o dia em
que Cristo voltará do céu para a Terra. Sendo assim, o Dia do Senhor estrito é o dia do retorno de Cristo
na Sua gloriosa Segunda Vinda após a Grande Tribulação (Mt 24.21,29,30).
O texto de Jl 3.14,15 indica que o sol, a lua e as estrelas escurecerão antes que venha o Dia do
Senhor estrito. O texto de Jl 2.31 declara que “o sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes
que venha o grande e terrível Dia do Senhor”. Portanto, o Dia do Senhor estrito de Jl e Zc 14 é o
grande e terrível Dia do Senhor – o dia da gloriosa Segunda Vinda de Cristo.
Dessa maneira, as Escrituras aplicam a expressão – “o grande e terrível Dia do Senhor” – ao Dia
estrito, não ao Dia amplo, implicando que o Dia estrito diferirá do Dia amplo tanto em duração quanto
em importância. Ainda que o período inicial do Dia do Senhor amplo envolva um grande derramamento
da ira de Deus sobre o domínio de Satanás e da humanidade, o Dia estrito será o clímax apoteótico do
julgamento. Tal Dia exporá os inimigos de Deus à autêntica presença de Cristo e à plenitude do Seu divino
poder, glória, julgamento e poderio bélico (Mt 24.29,30; Ap 19.11,12,15). Esse Dia marcará a intervenção
dos exércitos angelicais celeste contra os inimigos de Deus (Mt 24.31; Ap 19.14,17), dará fim ao governo
de Satanás e da humanidade rebelde sobre o sistema mundial, bem como os expulsará da terra (Dn 2.31-
35,37-45; 7.18,25-27; Lc 17.26-37; Ap 19.17-20.3). Por conseguinte, E. W. Bullinger declarou: “Ele é
chamado ‘o grande e terrível Dia do Senhor’ por o clímax de todo o período conhecido como o Dia do
Senhor”.

51
Em virtude do Dia do Senhor estrito ocasionar uma mudança tão decisiva e permanente no
mundo, o profeta Joel chamou de “vale da decisão” ao local onde o clímax do julgamento de Deus será
derramado sobre Satanás e a humanidade rebelde (Jl 3.14). C. F. Keil o denomina de “vale do julgamento
decisivo, a partir do termo hebraico charats [‫ ]חָרוּץ‬que significa decidir, determinar irrevogavelmente”.

Qual a razão do Dia do Senhor estrito?

O texto de Zc 14.2 declara a razão do Dia do Senhor estrito. Antes que chegue aquele dia, os
exércitos de todas as nações concentrar-se-ão para empreenderem guerra contra Jerusalém. Eles
conquistarão pelo menos a metade de Jerusalém, saquearão as casa, violentarão as mulheres e levarão a
metade da população da cidade para o cativeiro. Porém, a outra metade não será removida, provavelmente
porque o Dia do senhor estrito se iniciará antes que os exércitos possam conquistar a outra metade da
cidade.
Outras passagens proféticas revelam que os líderes políticos e os exércitos de todas as nações virão
contra Israel e Jerusalém perto do fim da futura Tribulação (Is 34.1-8; Jl 3.2,9-17; Mq 4.11-13; Sf 3.8; Zc
12.2,3,9; Ap 16.12-16; 19.11-21). [Esta batalha nada tem haver com o julgamento da nações de Mt
25.31-46, pois esta dar-se-á no final do Milênio].

O propósito de Deus

Deus desempenhará um papel fundamental no ajuntamento desses líderes e exércitos (Zc 14.2; Jl
3.2; Mq 4.11-13; Sf 3.8) e terá dois propósitos. O primeiro será o de usar essa força militar como a Sua
vara para quebrantar a rebeldia obstinada de Israel contra Ele e o Messias, de modo que a nação venha a
se arrepender (Dn 9.9.24; 12.1,5-7; Zc 12.10-13.1). Enquanto Israel não se arrepende, Deus não esmagará
Satanás e o seu reino, não os removerá da terra, nem estabelecerá o Seu governo teocrático, Seu Reino
sobre a terra (Zc 12-14; At 3.12-21), porque já determinou que Israel será líder espiritual do mundo
durante o governo milenar de Cristo sobre a terra (Is 2.1-5; 61.6; Zc 8.20-23). E também que Israel será
cabeça das nações por toda a eternidade (Is 61.7-9; 65.17-25; Ez 37.24-28; Dn 7.18,27).

O segundo propósito é que Deus tenciona ter todas as forças políticas e militares do reino de
Satanás reunidas num só local para que, juntas, sejam destruídas por Cristo quando Ele voltar do céu, por
ocasião da sua gloriosa Segunda Vinda no Dia do Senhor estrito (Is 34.1-8; Jl 3.2,9-17; Mq 4.11-13; Sf
3.8; Zc 12.2,3,9; Zc 14.3,4; Ap 16.12-16; 19.11-21).

O propósito de Satanás

Satanás também desempenhará um importante papel no ajuntamento dessas forças políticas e


militares concentradas contra Israel e Jerusalém próximo ao fim da tribulação (Ap 16.12-16). Ele
igualmente tem dois propósitos. O primeiro será o de usar essas forças para tentar aniquilar Israel antes
que o povo judeu possa se arrepender. Já que não se arrepende, Satanás terá em mente que, se Israel for
completamente destruído antes que se arrependa, Deus nunca esmagará a ele e ao seu reino.

Num segundo propósito, uma vez que Zacarias 14.4 revela que, por ocasião do Dia do Senhor
estrito, o Messias voltará do céu para Jerusalém, a intenção de Satanás é que as forças políticas e militares
do mundo gentílico estejam concentradas naquele local para o auxiliarem na tentativa de impedir a segunda
Vinda de Cristo à terra. Elas estarão congregadas “para pelejarem contra aquele que estava montado no
cavalo [o Messias] e contra o seu exército” (Ap 19.19).

52
O livramento divino

Quando o remanescente de Israel na terra for inescapavelmente encurralado, sem dispor de


qualquer recurso terreno para livrar-se do iminente aniquilamento, voltar-se-á para Deus e o invocará para
que envie o Messias – O Go’el (Lc 13.34,35; Rm 11.26; Is 59.20,21). Então o Messias aparecerá vindo
dos céus com Seus poderosos anjos e Sua Igreja (Zc 14.5; Jl 3.11; Ap 19.14). Quando os judeus
contemplarem as feridas da crucificação no corpo ressuscitado de Jesus, perceberão que Aquele a quem
rejeitaram na Primeira Vinda era o seu legítimo Messias – o seu Go’el. Então se arrependerão (mudarão
suas mentes deixando de rejeitá-lo e passarão a confiar nEle como seu Messias e Salvador (Go’el),
conforme Zc 12.10-14). Em resposta ao arrependimento da nação, Deus a purificará de seus pecados (Zc
13.1).
Uma vez que Israel tenha se arrependido, o Messias sairá para lutar contra as forças políticas e
militares da nações (Zc 14.3). Seus pés tocarão no monte das Oliveiras, localizado a leste de Jerusalém. O
monte se dividirá ao meio. Uma metade se moverá para o norte e a outra metade se deslocará para o sul,
formando um novo vale na direção leste-oeste, através do qual o remanescente do povo de Israel escapará
dos seus inimigos (Zc 14.4,5). O messias destruirá os poderes políticos e militares do mundo num
horrendo juízo cheio de ira (Zc 14.12-15; Ap 19.15-21). A Pedra esmiuçará a estátua (Dn 2) e encherá a
terra (Dn 2,35,44,45). O Parente Vingador – Go’el tomará vingança e remirá Israel e sua terra. Para Israel
Jesus é o Parente Remidor, para os seus inimigos Ele é o Parente Vingador.
O texto de Zacarias 14.6,7 indica que o futuro Dia do Senhor estrito não se caracterizará
integralmente por trevas, nem completamente por luz. Pelo contrário, esse “um dia” será tanto de trevas
quanto de luz. “Naquele Dia”, a primeira parte será marcada pela escuridão, enquanto os exércitos
atacarem Jerusalém; mas a segunda e última parte será caracterizada pela luz, quando O Messias voltar
para libertar o remanescente de Israel e destruir seus inimigos. (Renal E. Showers).

O Dia de Cristo 28
O Dia de Cristo. Termo intimamente relacionado, que tem trazido confusão para alguns, é O Dia
de Cristo. Scofield diz:
A expressão “dia de Cristo” ocorre nos seguintes trechos: 1 Co 1.8; 5.5; 2Co 1.14; Fp 1.6,10; 2.16.
Algumas versões apresentam “O Dia de Cristo” [ἡ ἡµέρα τοῦ κυρίου], 2 Ts 2.2, incorretamente, para
“Dia do Senhor” (Is 2.12; Ap 19.11-21). O “Dia de Cristo” está totalmente relacionado à recompensa e à
bênção dos santos na Sua vinda, enquanto o “Dia do Senhor” está ligado ao julgamento. (SCOFIELD, op.
cit., p. 1212).
Salmo 118.26:
‫בּ ָ֣רוְּך ֭ ַהבָּא בּ ֵ ְ֣שׁם י ְהוָ ֑ ה ׃‬
Baruch hábah Boshem Adonai (IAHWEH).
Bendito é o que vem em nome do Senhor
Lc 13.35:
Eis que a casa de vocês (Israel) ficará deserta. Eu lhes digo que vocês não me verão mais até que
digam: “bendito o que vem em nome do Senhor”.

28
PENTECOST, Jr., Dwight. Manual de Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1994, p. 297.
53
5
REDENÇÃO: O PALCO DA ESCATOLOGIA

“Há pessoas que pensam que o Antigo Testamento, em contraste com o Novo, ensina que a
REDENÇÃO foi recebida pela observância da lei. Mas isto não é verdade. Ali também a Graça de Deus
vem primeiro” (Christopher J.H. Whight).29
A redenção é um ato de Deus pelo qual Ele mesmo paga como um resgate o preço do pecado
humano que insultou a santidade e o governo que Deus exige. A redenção oferece a solução ao problema
do pecado, como a reconciliação oferece a solução ao problema do pecador, a propiciação oferece a
solução ao problema de um Deus ofendido.
Esse redentor vindouro, descrito em Gênesis 3.15 apenas como o descendente da mulher, é
designado como descendente de Abraão em Gn 22.18 (cp. 26.4; 28.14). Gn 49.10, mais adiante, especifica
que o redentor deverá ser um descendente da tribo de Judá. Ainda mais tarde, no curso da revelação do
Antigo Testamento, aprendemos que o redentor vindouro será um descendente de Davi (2 Sm 7.12-13; Lc
1.31-33). 30
Mais de três quartas partes da Bíblia correspondem ao Antigo Testamento. Com exceção dos onze
primeiros capítulos do Gênesis, do livro de Jó e de certas partes dos profetas, o Antigo Testamento
dedica-se ao trato de Deus com a raça escolhida. Deus elegeu o povo hebreu com três finalidades: ser
depositário de sua Palavra; ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações; ser o meio pelo
qual viesse o Redentor.
A Bíblia é uma biblioteca de 66 livros escritos por 40 escritores num período de 1500 anos; não
obstante, nela se desenvolve um único tema, que une todas as partes, a redenção. Redenção esta, holística,
católica e cósmica.31
O tema divide-se assim:
1. O Antigo Testamento: a preparação do Redentor.
2. Os Evangelhos: a manifestação do Redentor.
3. Os Atos: a proclamação da mensagem do Redentor.
4. As Epístolas: a explicação da obra do Redentor.
5. O Apocalipse: a consumação da obra do Redentor.

“Antes que se rompa o fio de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace o cântaro junto
à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna” (Ec 12.6).
“O que é o fio de prata”. 32
Dentro do estudo da projeção da consciência, o cordão de prata é uma das partes mais importantes
do estudo da bioenergética.
Segundo a bioenergética o fio de prata liga o corpo à alma e ao espírito. No arrebatamento de
espírito, este sai do corpo e vai aos lugares que Deus quer levá-lo, como fez com o apóstolo Paulo, com o
profeta Ezequiel com tantos outros servos de Yahweh. Fora do arraial evangélico, o homem sai do corpo
numa viagem astral. E o que mantém o homem ligado ao corpo é o famoso fio de prata. Na morte física
acontece o rompimento do fio de prata.
A Bíblia de Estudo NVI nos traz o seguinte comentário de Ec 12.6:
“Fio de Prata. Lamparina pendente de uma corrente de prata. Rompendo-se um único elo, perecerá
essa luz e essa beleza, fato que mostra a grande fragilidade da vida”. 33
29
WRIGHT, Christopher J. H. Povo Terra e Deus. 1ª ed. São Paulo: ABU, 1991, p.23.
30
HOEKEMA, Anthony A. A BÍBLIA E O FUTURO. São Paulo: Casa Ed. Presbiteriana, 1989, p. 9.
31
PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995., p. 4.
32
http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4275&catid=62&Itemid=96.
33
BÍBLIA NVI. SÃO PAULO: EDITORA VIDA, 2003, p. 1119.
54
No estudo da Teologia Sistemática há também um fio de prata. Ele liga todos os módulos da
Sistemática: Bibliologia, Teontologia, Cristologia, Antropologia, Angelologia, Hamartiologia,
Soteriologia, Eclesiologia, Pneumatologia e Escatologia. O fio de prata da Teologia Sistemática é a
doutrina da Redenção, doutrina esta balizada na Pessoa Teantrópica do Redentor – Go’el - ‫ גאל‬- O
Parente Remidor.
Rompendo-se o fio de prata da Teologia da Sistemática esta morre. O fio de prata da teologia é o
plano da Redenção alicerçado na Doutrina do Parente Remidor – O Go’el - Jesus Cristo, o Resgatador
dos Judeus, dos Gentios, da Igreja e do Cosmos.
O estudo da escatologia é o último elo do fio de prata da Redenção.
“A redenção obtida por Jesus Cristo é cósmica no sentido em que restaura toda a criação”.
“Essa confissão fundamental tem duas partes distintas. A primeira é: a redenção significa
restauração – ou seja, o retorno à bondade de uma criação originalmente incólume, e não meramente a
adição de algo supracriacional. A segunda é: essa restauração afeta toda a vida criacional, e não
meramente alguma área limitada dela”.34
“Redenção é, literalmente, “comprar de volta”, e a imagem evocada é a de um seqüestro. Uma
pessoa livre foi capturada e só será devolvida mediante o pagamento de um resgate. Alguém paga o
resgate em favor do cativo e, desse modo, “compra de volta” a sua liberdade original”.35 Aí a doutrina do
Go’el ser importante no estudo da Redenção.
Mais de três quartas partes da Bíblia correspondem ao Antigo Testamento. Com exceção dos onze
primeiros capítulos do Gênesis, do livro de Jó e de certas partes dos profetas, o Antigo Testamento
dedica-se ao trato de Deus com a raça escolhida.
Deus elegeu o povo hebreu com três finalidades:
1. Ser depositário de sua Palavra;
2. Ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações;
3. Ser o meio pelo qual viesse o Redentor.

Os atos redentores de Deus tem um propósito contínuo, que ele cumprirá definitivamente com a
eliminação do mal, a vingança dos justos, o estabelecimento da justiça e da paz e com a Restauração da
harmonia entre Deus, a humanidade e a natureza. Os cristãos vivem à luz da inauguração desse reino no
ministério terreno de Cristo, e também da expectativa do seu estabelecimento final, quando ele vier
novamente.
“Deus poderia ter destruído o homem, após a Queda no Éden. Mas não o fez. Ele preferiu remi-lo e
restaurá-lo. Deus poderia ter destruído a humanidade após a rebelião da torre de Babel, porém não o
fez”.36
“A história da REDENÇÃO começa com a chamada de Abraão e com a promessa de que através
de seus descendentes, a Nação de Israel, Deus abençoaria todas as nações da terra”.37 “A resposta de Deus
para a praga internacional do pecado foi uma nova comunidade, uma nação que seria o padrão e o modelo
da REDENÇÃO, como também o veículo através do qual a bênção da REDENÇÃO finalmente abraçaria
o restante da humanidade”.38 “Essa promessa ao patriarca Abraão tornou-se a base para toda a
compreensão subseqüente do papel da terra no desenvolvimento da história da redenção”.39
“A posse de uma determinada extensão de terra teria importância sob várias perspectivas com
respeito à obra redentora de Deus no mundo. Mas a terra também servia como sombra, exemplo, profecia,

34
WOLTERS. Albert. M. Criação Restaurada. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006, p. 79.
35
Ibidem. p. 80.
36
WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.34.
37
WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.47.
38
WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.35.
39
ROBERTSON, O. Palmer. O Israel de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2005, p.17.
55
antecipando a obra futura de Deus com seu povo”.40 O povo de Deus é constituído da Igreja, de Israel
Remanescente e dos Gentios que aceitarem o Governo do Messias no Milênio.

A redenção envolve a restauração de tudo quanto foi perdido através do pecado, compreendendo a
alma do homem, seu corpo, raça humana e a terra. Cristo o nosso Go’el possui as qualificações como o
Redentor do mundo. Sua paixão e morte, seu poder de julgar e reinar o qualificam como GO’EL –
Redentor.
“Somente numa cristologia cósmica a cristologia se completa. Se Cristo é o Primogênito dentre os
mortos, então ele não pode ser apenas o novo Adão da nova humanidade, mas deve também ser
compreendido como Primogênito [aquele que tem a primazia] de toda a criação (o universo). Todas as
coisas foram criadas com vistas ao Messias, pois o Messias redimirá todas as coisas para sua verdade e as
reunirá para o Reino de Deus e, dessa forma, levar a criação à consumação”.41 O Filho tem todos os
direitos pertencentes ao Primogênito, por causa de Sua posição preeminente sobre toda a criação.

O processo da redenção foi entregue nas mãos da Igreja. A história da Igreja é a história da
redenção no que se aplica à alma dos homens. Ainda não chegou o dia da redenção para a terra física, nem
mesmo para a raça humana.

O Ponto de Vista reformado da Redenção:42


“A cosmovisão reformada se distingue das demais em alguns pontos fundamentais. Primeiro, ela
estabelece a autoridade suprema das Escrituras, entendida como a revelação da mente de Deus ao homem
como único ponto de partida para a construção de uma cosmovisão essencialmente cristã. Em segundo
lugar, ela oferece um escopo integral não-dualista para a formação de uma cosmovisão a partir da união
dos três aspectos fundamentais da revelação bíblica, a tríade criação-queda-redenção. E por último
salientamos a visão reformada plena da soberania de Deus sobre a criação e o escopo integral da queda e a
redenção total de Deus, em Cristo Jesus”.
“Na tradição reformada a graça restaura a natureza, ou seja, o escopo da salvação de Cristo não se
aplica apenas à dimensão espiritual do homem, mas à criação toda” (O planeta Terra e todo o Universo).

A redenção envolve a alma, o corpo e a terra toda:


Rm 8.23: “E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos
em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”.
Ef 4.30: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da
redenção”.
Mt 19.28: “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na
regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze
tronos, para julgar as doze tribos de Israel”.
Lc 22.29,30: “Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio, para que comais e bebais
à minha mesa no meu reino; e vos assentareis em tronos para julgar as doze tribos de Israel”.

As duas grandes palavras proféticas são:


1. Regeneração;
2. Redenção.

40
ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.16.
41
MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 372.
42
CARVALHO, V. R. G. COSMOVISÃO CRISTÃ E TRANSFORMAÇÃO. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2006, p. 53.
56
A história inteira da humanidade pode ser contada com apenas três palavras: Geração,
Degeneração e Regeneração.
Geração: Deus criou;
Degeneração: O diabo estragou;
Regeneração: Jesus o nosso Go’el restaura tudo.
A Regeneração consiste do processo de restaurar, ao seu estado original, algo que sofreu um
processo de Degeneração.
O termo “regeneração” aparece apenas duas vezes no Novo Testamento (Mt 19.28; Tt 3.5). No
evangelho de Mateus, tem um sentido escatológico, referindo-se à restauração de todas as coisas.
Certamente a renovação do indivíduo faz parte da restauração universal. Na epístola de Tito, tem um
sentido individual e fala da renovação de cada pessoa, bem como da transformação da personalidade
humana. Porém, em ambos os casos o agente dessa transformação, é o Espírito Santo.

O Propósito de Deus para com a Terra

1. Qual o propósito de Deus para com a Terra?


1.1. Para ser habitada: “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a
terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos, mas para ser habitada: Eu
sou o Senhor e não há outro” (Is 45.18). [Leia: Gn 1.2; Is 14.12; Ez 28.12-17].
1.2. Para manifestar Sua Glória como nos dias do Milênio (Is 4.1-6).
Is 4.2-6: “Naquele dia o renovo do SENHOR será cheio de beleza e de glória; e o fruto da terra
excelente e formoso para os que escaparem de Israel. E será que aquele que for deixado em Sião, e ficar
em Jerusalém, será chamado santo; todo aquele que estiver inscrito entre os viventes em Jerusalém;
Quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião, e limpar o sangue de Jerusalém, do meio dela, com
o espírito de justiça, e com o espírito de ardor.
E criará o SENHOR sobre todo o lugar do monte de Sião, e sobre as suas assembléias, uma
nuvem de dia e uma fumaça, e um resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a glória
haverá proteção.
E haverá um tabernáculo para sombra contra o calor do dia; e para refúgio e esconderijo contra
a tempestade e a chuva”.

2. O que houve com a Terra?


2.1. Com a queda de Satanás tornou-se um caos.
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que
prostravas as nações!”(Is 14.12).
“Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor
Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim
de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a
safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que
foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo
de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que
foste criado, até que em ti se achou iniqüidade. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu
de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te
expulsou do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para
que te contemplem.”(Ez 28.12-17).
2.2. Com a queda de Adão foi amaldiçoada (Gn 3.11-19; 4.11,12; 8.21; Is 24.1-23).
57
“A quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas
mãos, os quais provêm da terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn 5.29).
2.3. Adão perdeu o direito de dominá-la pelo poder de Deus, para Satanás. (Mt 4.8; Jo 14.30;
16.11; l Jo 5.19).
2.4. Adão não podia, por recursos próprios, saldar a dívida para retomá-la. Somente o Parente
Remidor - GO’EL poderia fazer isto (Lv 25,26; Rt 2.1-3; 3.10-18,4.1-10; Is 59.20; Gl
4.4,5; Hb 2.14,15; Ap 5).

3. O que acontecerá com a Terra? Deus vai redimi-la. Três coisas foram perdidas com o pecado:
a) A Terra; b) A alma; c) O corpo. Cada um desses elementos tem um único meio de Redenção:
Jesus mediante o Seu sangue. No momento nos prenderemos apenas a Redenção da Terra.
No livro de Levítico, encontramos, a partir do capítulo 25, uma seqüência de leis referentes à
terra:
O Ano Sabático (25.1-7);
O Ano do Jubileu (25.8-24);
O Resgate da Herança (25.25-34);
O Irmão Pobre (25.35-46);
O Resgate do Irmão Pobre (25.47-55).
Todas estas leis se fossem obedecidas daria à terra uma boa qualidade e bom aproveitamento.
Com isso a terra produziria o fruto a tempo, proporcionando fartura, prosperidade e bênção ao povo de
Israel. Todavia, se todas essas leis não fossem obedecidas os castigos seriam:
Desgraça (26.16,17);
Seca (26.18-20);
Feras (26.21,22);
Enfermidades (26.23-26);
Fome (26.27-31);
Dispersão (26.32-39).
Os setenta anos do cativeiro babilônico foi o juízo de Deus porque o povo não guardou os sábados
da terra (Lv 25.3-5,8,9; 26.33-35; 2 Cr 36.21).
Lv 25.3-5,8,9: Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus
frutos; Porém ao sétimo ano haverá sábado de descanso para a terra, um sábado ao SENHOR; não
semearás o teu campo nem podarás a tua vinha. O que nascer de si mesmo da tua sega, não colherás, e as
uvas da tua separação não vindimarás; ano de descanso será para a terra. Também contarás sete semanas
de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove
anos. Então no mês sétimo, aos dez do mês, farás passar a trombeta do jubileu; no dia da expiação fareis
passar a trombeta por toda a vossa terra.
Lv 26.33-35: E espalhar-vos-ei entre as nações, e desembainharei a espada atrás de vós; e a vossa
terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas. Então a terra folgará nos seus sábados, todos os
dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; então a terra descansará, e folgará nos
seus sábados. Todos os dias da assolação descansará, porque não descansou nos vossos sábados, quando
habitáveis nela.
2 Cr 36.21: para se cumprir a palavra do Senhor proferida pela boca de Jeremias, até haver a terra
gozado dos seus sábados; pois por todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se
cumpriram.
A história de Israel é a história da redenção e a forma social de Israel fazia parte do propósito e do
padrão da redenção. A restauração do relacionamento entre Deus e o seu povo foi selada pela restauração
do seu povo à terra.

58
A história bíblica da redenção começa com as promessas de Deus a Abraão. Um elemento
fundamental dessa promessa, conforme se encontra revelada e repetida na narrativa patriarcal, é que Deus
daria a Abraão e a seus descendentes uma terra.
3.1. Deus tirará, através de flagelos, o véu de maldição que encobre e domina a atual natureza
terrena (Is 25.7,8; 2 Co 3.15,16).
3.2. A terra será redimida (Rm 8.19-22; Jr 12.4; J1 2.18-27; Zc 14.4,5,8,10; Is 11.5-
9;35.1,2;55.12,13;65.20-25). Este é o tempo que Jesus chama de “regeneração”
“Mateus 19:28: “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na
regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze
tronos, para julgar as doze tribos de Israel”.

“Regeneração, um novo nascimento. O termo era comum no Estoicismo para as restaurações


periódicas do mundo natural. Também era usada em sentido escatológico, especialmente pelos judeus,
para a renovação do mundo na época do Messias. Em Mt 19.28 a palavra é usada em sentido cósmico”.43

É o renascimento da criação. Agora, a criação geme e suporta angústia, mas será redimida do
cativeiro quando Cristo voltar (Rm 8.19-22). Grandes mudanças topográficas ocorrerão (Zc 14.4,5,8,10;
Is 35.1,2; 55.13). A natureza dos animais ferozes será transformada (Jl 2.22-27; Is 35.2,6,7; Ez 34.26,27),
colheitas fracassadas somente ocorrerão para aqueles que deixarem de ir adorar em Jerusalém (Zc 14.16-
19). A vida humana será prolongada, mas haverá mortes durante este período (Is 65.20), pois a morte, o
último inimigo, só será destruída no final dos mil anos (1 Co 15.24-28; Ap 20.7-14; Is 25.7,8). Como
espiritualizar todas essas predições? Certamente serão cumpridas de maneira literal. Não é filosofia
humana, mas, sim, a Revelação Divina, que projeta luz sobre o futuro.
3.3. Antes da Redenção futura, a Terra será assolada, não de todo, mas de parte em parte (Hc
1.12-17; Ap 6.8; 9.4,15,16). Este processo é claramente visto como as pragas derramadas no Egito.
3.4. Em Habacuque, a Terra é a rede do sacrifício (Hc 1.13-17).
3.5. Mas no fim será cheia do conhecimento do Senhor (Hc 2.13,14; Is 11.9). O Senhor
esvaziará a rede da impiedade e a encherá do conhecimento do Senhor. O nosso Deus não habitará nesta
“favela” que o Diabo usurpou durante séculos! Ele implantará o seu Reino em Jerusalém somente depois
que purificá-la (Is 4.1-6).
“A Terra vai continuar aqui (antes da Nova Terra – O Estado Eterno) por 7 mil anos e no sétimo
período de 1.000 anos cada um, ela “Já descansa, já está sossegada toda a terra; rompem cantando”
(Isaías 14.7). Esperamos que esta Terra, que já tem estado durante 6.000 anos em meio a muitas guerras e
derramamento de sangue, possa, finalmente, descansar por um período de mil anos, no seu “shabat” de
repouso” (Dr. James Modlish).

4. A Nova Criação44 - Nova Terra e Novo Céu:

Diversas são as passagens das Escrituras que nos chamam a atenção para eles (Ap 21.1,2; Is 65.17;
66.22; 2 Pe 3.10-13). São chamados novos, mas isto não quer dizer que sejam “novos” no sentido
absoluto da palavra, pois a Terra permanecerá para sempre (Ec 1.4; S1 104.5; 119.90; J1 3.20; Is 60.21;
Am 9.15; Mt 5.5; Gn 9.12-16; Is 45.17,18; 35.1,2,7,10). Nas passagens que falam que a Terra e os céus
passarão (Mt 5.18,24,34,35; Mc 13.30,31; Lc 16.17,21,23; 2 Pe 3.10; Ap 21.1 ἀπῆλθαν - apelthan), a
palavra original nunca é uma que indique o término da existência, mas, sim, parerkhomai - παρέρχοµαι, um
verbo de significado muito amplo e geral, tal como “ir ou vir” a uma pessoa, um lugar, ou a um ponto;
43
ROGER, Cleon e RIENECKER, Fritz. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. 1ª ed. São Paulo: Edições Vida
Nova, 1985, p. 486.
44
THIESSEN, H. C. Palestras em Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1987, p. 373.
59
“passar”, como uma pessoa por um banho, ou um navio pelo mar, passar de um lugar ou condição para
outro, chegar a passar através de, ir para de um a outro de, apresentar-se como quando se quer falar ou
servir. Quanto ao tempo, significa ir até o passado, como um acontecimento, ou um estado de coisas que
já aconteceu antes, dando lugar a outros eventos e a outro estado de coisas. A ideia principal é a de
transição, não de aniquilação.

Nem o céu nem a Terra serão aniquilados. Durante o Milênio, eles serão “regenerados” (Mt 19.28) e
no Estado Eterno - Reino Eterno, serão “santificados” (2 Pe 3.10-13). Por que causaria estranheza a ideia
de a matéria existir para sempre? Se Deus desejar que ela continue, então toda a opinião humana em
contrário nada vale. Observemos que, da mesma forma que a justiça reinará na Terra durante o Milênio,
habitará também na nova Terra (2 Pe 3.13). Alguns dos redimidos, sem dúvida, estarão no lar - na Nova
Jerusalém, mas mesmo os que habitarem na Nova Terra terão contato com o Novo Céu (Ap 21.24).

“Mesmo a grande crise [A Grande Tribulação] que virá sobre o mundo na volta de Cristo não
destruirá a criação de Deus ou o desenvolvimento cultural que operamos nela. O novo céu e a nova terra
que o Senhor prometeu será uma continuação, purificada pelo fogo, da criação que agora conhecemos.
Não há razão para crermos que as dimensões da realidade terrena estarão ausentes da nova e glorificada
terra que está prometida. De fato, as indicações bíblicas apontam para a direção oposta. Ao descrever a
nova terra como a nova Jerusalém, João escreve que ‘os reis da terra lhe trazem a sua glória... E lhe trarão
a glória e a honra das nações’ (Ap 21.24,26)”.45
“Uma passagem que algumas vezes é apresentada contra essa visão é 2 Pedro 3.10, mas, na verdade,
esse texto a apóia. Na Bíblia (versão RA), lê-se: “Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual
os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados, também a terra e s obras
que nela existem serão atingidas”. Contudo, nenhum, exceto um dos mais velhos e mais confiáveis
manuscrito gregos, tem as palavras “se desfarão abrasados”, o que faz uma diferença enorme. (Esse é o
texto grego aceito pelas tradições mais recentes, tais como a BJ e NVI, que interpretam, um tanto
obscuramente, serão desnudados). O texto, então, ensina que a despeito da dissipação dos céus e da
dissolução dos elementos, ‘a terra e as obras que nela existem’ irão sobreviver. E, quanto à dissipação e
dissolução, isso certamente não se refere à aniquilação ou destruição completa. Alguns versículos antes,
Pedro escreveu que o mundo ‘pereceu’ no passado (v. 6), referindo-se à destruição catastrófica operada
pelo dilúvio, e traçou um paralelo entre aquele julgamento e o que está por vir. O Dia Senhor [Restrito]
trará o fogo do julgamento e a convulsão cataclísmica de toda a criação, mas emergirão do crisol ‘novos
céus e a nova terra, nos quais habita justiça’ (v. 13), e lá presumivelmente ‘a terra e as obras que nela
existem serão encontradas’ [εὑρεθήσεται - Heurethēsetai]46, agora purificadas da imundície e da
perversão do pecado”.47 Heurethēsomai (εὑρεθήσοµαι) pode ser traduzido como ‘achados’ ou
‘encontrados’.
2 Pe 3.10: “Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo,
e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas (εὑρεθήσεται -
εὑρεθήσοµαι - εὑρίσκω)”.
εὑρίσκω – heurískō. Descobrir, encontrar por acaso, encontrar-se com... (Dicionário Bíblico
Strong).
No grego o verbo εὑρεθήσεται – Heurethēsetai está no singular concordando com a palavra terra
(γῆ).
Depois do juízo de fogo na Grande Tribulação a terra passará pela regeneração no Milênio.
45
WOLTERS. Albert. M. Criação Restaurada. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006, p. 58.
46
eu(reqh/setai. Heurethēsetai Futuro passivo, modo indicativo, de eu(reqh/somai, 3ª pessoa do singular. Achado.
47
WOLTERS. Albert. M. Op. Cit., p. 59.
60
Redenção é Renovação (anakaínōsis - ἀνακαίνωσις). Paulo usa o prefixo comparativo Ana para
forjar a palavra grega anakaínōsis quando fala da “renovação da vossa mente” em Romanos 12.2.
Literalmente, essa palavra significa “tornado novo novamente”. O que uma vez foi novo, mas se tornou
gasto pelo uso, é agora “renovado”, trazido de volta à sua qualidade antiga.48

Modelos da nova criação. 49

“O modelo da nova criação é tirado de textos bíblicos que falam de um Reino futuro e eterno,
de uma nova terra e da renovação da vida sobre ele, de uma ressurreição corporal (especialmente da
natureza física do corpo ressurreto de Cristo), de um ajuntamento social e político entre os
redimidos. O modelo da nova criação espera que a ordem ontológica e o escopo da vida eterna
sejam essencialmente contínuos ao da presente vida terrena, com exceção do pecado e da morte. A
vida eterna para os seres humanos remidos será uma existência corporal na terra (quer a terra
presente quer uma terra completamente nova), colocada em uma estrutura cósmica como a temos
agora”.
“Segundo a linguagem de Isaías 25, 65 e 66, de apocalipse 21 e de Romanos 8, o modelo da
nova criação defende a ideia de que a terra e a ordem cósmica serão renovadas e eternizadas pelo
mesmo poder criador que concede vida imortal e ressurreição aos santos. O modelo da nova criação
rejeita a dicotomia que é fundamental ao modelo da visão espiritual, assim como vê a vida eterna em
sentido holístico espiritual e material. O modelo da nova criação afirma uma criação futura e
holística abençoada com a perfeição da justiça e da vida eterna”.
A verdadeira escatologia é holística, católica (universal).
A Redenção não atinge somente o homem, atinge o seu habitat, a Terra, e atinge também o Cosmos
– O Universo.
A Queda atingiu o homem, o planeta Terra e todo o Universo.
“Deus, o Pai, reconciliou o seu mundo criado, mas caído, por meio da morte de seu Filho, e o renova
num Reino de Deus pelo seu Espírito” (Herman Bavink).

RECORDANDO: TRÊS ELEMENTOS FORAM PERDIDOS COM O PECADO:50


1) A Alma - “Porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.
2) O Corpo - Não poderia comer da Árvore da Vida.
3) A Terra - Ele perdeu o domínio.
Os três principais eventos da Redenção seguem os três elementos implicados na perda:
1) A Conversão: Redenção da alma (Gl 3.13).
2) A Ressurreição: Redenção do corpo (Rm 8.23).
3) A Segunda Vinda de Cristo: Redenção da Terra (Rm 8.21; At 3.21; Mt 19.28).

A REDENÇÃO DE CRISTO 51
Deus criou o céu e a terra com o homem como o cabeça e o centro. Então o homem caiu. Aos
olhos de Deus, a queda do homem envolveu toda a criação. Para redimir essa criação caída, Deus veio no
Filho.

48
WOLTERS. Albert. M. Op. Cit., p. 80.
49
BOCK, Darrell. O MILÊNIO: 3 PONTOS DE VISTAS. São Paulo: Editora VIDA, 2005, p. 145,146.
50
BLOOMFIELD, Arthur E. Antes da última batalha. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1981, p. 55-57.
51
LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida, 1992,
p. 15.
61
Redenção não foi um pensamento posterior. Ela foi preordenada por Deus. Em 1 Pedro 1.19, 20
nos diz que o Redentor, Cristo, era preconhecido por Deus antes da fundação do mundo. Neste versículo,
“mundo” refere-se a todo o universo. Antes da fundação do universo, Deus sabia que o homem cairia.
Assim, Deus preordenou o Filho, Cristo, para ser o Redentor. Podemos ver nisso que a redenção de Deus
não foi acidental.
Mais adiante, Apocalipse 13.8 diz que o Cordeiro, isto é, o Redentor, Cristo, foi imolado “desde a
fundação do mundo.” Desde o tempo em que a criação veio à existência, aos olhos de Deus, Cristo, como
o Cordeiro ordenado por Deus, foi imolado. Aos nossos olhos, Cristo foi crucificado a menos de dois mil
anos atrás. Mas, à vista de Deus, Ele foi imolado desde o dia em que a criação veio à existência, porque
Deus preconhecia que Sua criação cairia.
Esses versículos mostram que a redenção de Deus não era um pensamento posterior, mas algo
ordenado, planejado, e preparado por Deus na eternidade passada. Como devemos valorizar este fato
acerca da redenção que desfrutamos em Cristo!

A terceira fase da Redenção diz respeito à Terra e àqueles que estiverem nela após o
Arrebatamento. O Diabo descerá à Terra a fim de tomar posse completa dela e reinará na pessoa do
Anticristo: “Ap.12.7-12: Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão.
E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu. E
foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o
mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele. Então, ouvi uma grande voz
no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e o poder, e o reino do nosso Deus, e a autoridade do seu
Cristo; porque já foi lançado fora o acusador de nossos irmãos, o qual diante do nosso Deus os acusava
dia e noite. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as
suas vidas até a morte. Pelo que alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Mas ai da terra e do mar!
porque o Diabo desceu a vós com grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta”.
A palavra Redenção – ‫לּ‬ ָ ֻ‫( ַהגְּא‬Ge’ullâ) origina-se numa lei do Antigo Testamento. Quando os
filhos de Israel possuíram a Terra Prometida, tomaram providências para que ela ficasse sempre distribuída
igualmente entre as famílias. Poderia ser vendida, mas a escritura tinha validade de um arrendamento, que
expirava automaticamente no Ano do Jubileu (que ocorria de 50 em 50 anos) e então a propriedade
voltava ao dono original. Se uma pessoa perdesse suas terras ou as vendesse, desse modo despojando os
filhos de uma herança, um parente poderia comprá-la de volta, a qualquer momento, pagando o valor dela
até o Ano do Jubileu. Assim a terra voltaria ao proprietário original. O homem que fazia isso era chamado
de GO’EL - Resgatador ou parente Remidor, e o processo era conhecido como resgate de uma
propriedade comprada. Era uma propriedade comprada porque fora comprada por pessoa fora da família,
e achava-se sujeita ao resgate, se houvesse um parente que pudesse e quisesse pagar o preço do resgate.
Quando um terreno era vendido nessas condições, lavrava-se uma escritura. Do lado de dentro
eram escritas as especificações da transação e do lado de fora ficavam as assinaturas. Depois, a escritura
era enrolada e selada. Uma escritura selada era a prova de que aquele terreno estava sujeito a resgate. O
Resgatador poderia romper o lacre (os selos), que eram um ato equivalente à queima de uma hipoteca (Jr
32.6-15).
“Vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, bem
selado com sete selos. Vi também um anjo forte, clamando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro
e de romper os seus selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem
olhar para ele. E eu chorava muito, porque não fora achado ninguém digno de abrir o livro nem de olhar
para ele. E disse-me um dentre os anciãos: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi,
venceu para abrir o livro e romper os sete selos. Nisto vi, entre o trono e os quatro seres viventes, no meio
dos anciãos, um Cordeiro em pé, como havendo sido morto, e tinha sete chifres e sete olhos, que são os

62
sete espíritos de Deus, enviados por toda a terra. E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado
sobre o trono” (Ap 5.1-7).
Délcio Meiréles nos diz que este livro é a Escritura do universo e que seu conteúdo determinará o
destino de todo o universo52.
Charles Ryrie diz: “Este pode ser ‘O Livro da Redenção’, por conter a história da queda do homem
pelo pecado, e da sua redenção por Cristo (Hb 2.5-9)” 53.
E Armando Chaves Cohen também afirma: “Não era o Livro da vida, mas a Escritura da Terra
(comp. Jr 32), um livro das pragas de Deus (Zc 5.1-4) a serem derramadas sobre a terra depois do
arrebatamento dos santos” 54.

O Que Falta Para Que a Terra Volte a Ser Posse de Cristo?


1. Falta a Posse (Ap 11.15-17). Mas a Posse não virá enquanto não houver o Juízo contra os
ímpios e os reinos deste mundo.
2. Falta a Vingança do Parente Vingador ou Remidor. Estes dois processos são longos e
complicados. Na Primeira Vinda, Jesus veio para redimir a Terra (Rm 8.19-22) e o homem (1Pe 1.18,19).
E todas as coisas ainda verão a Posse de seu Remidor (Hc 2.8-10; Ef 1.10), mas esse processo de Posse
virá com Juízo, pois seu posseiro, Satanás, não deseja se retirar.
O Diabo insiste em permanecer nos céus (Ap. 12.7-13), mas será expulso.
O Diabo insistirá em permanecer na posse dos reinos ( Mt 4.38 ), mas ele será expulso ou será
deposto: “Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos;
lançou-o no abismo...” (Ap 20.2,3).
O Preço foi pago. A Redenção foi efetuada. Satanás terá que ser expulso de todas as coisas
redimidas; então, todas as coisas serão reconciliadas (Ef 1.10; Dn 7.13,14; Ap 5).
A Redenção foi obra do Pai, para que o Filho tivesse preeminência. Israel é o tipo da Criatura
(Criação) que geme sentindo dores de parto (Mq 4.8-10) . Então Deus providenciou a Redenção (Ex 12.7-
11). A Redenção de Israel foi obra do Pai e equivalia em tirar Israel do Egito e fazê-lo herdar uma terra em
posse dos gigantes (Dt 2.3-10).
A Redenção deveria vir por uma pessoa: Moisés foi a pessoa que Deus escolheu; ele é o tipo de
Jesus. Deus não poderia chamar um egípcio, mas um judeu. Tinha que ser um Parente (Ex 2.8-10).
Moisés foi enviado de Deus (Ex 3.10), como Jesus foi enviado do Pai (Jo 14,16; 3.16). Moisés era
dependente do Pai (Ex 3.12-14). Jesus também dependia plenamente do Pai (Jo 5.19); Ele se despiu de sua
glória, do uso da sua Divindade e veio como homem dependente em tudo do Pai. Jesus dependeu do Poder
do Espírito Santo (Is 11.2; 61.1,2; Jo 1.32; Lc 4.16-21). Ele recebeu do Pai toda a autoridade no Céu e na
Terra (Mt 28.10). Jesus foi a pessoa (Jo 3.16,17) por quem o Pai efetuaria a Redenção.
Quando Deus tirou os filhos de Israel do Egito, lhes prometeu a herança de uma terra onde manava
leite e mel (Ex 3.8), mas o cananeu, o heteu, o amorreu, o Ferezeu, o heveu e o jebuseu moravam lá.
Parece estranha a promessa, mas ela foi feita por Deus. Ele não estava enganando! Deus, evidentemente
sabia que havia estranhos na terra. O que faltava era que o povo tomasse Posse da terra (Js 1.11-15).
Quando Jesus promete a Terra aos seus filhos (Mt 5.5), parece um absurdo, pois sabe-se que o
Diabo é o príncipe deste mundo. Mas a Terra é nossa! Cada palmo dela é do Senhor! (Ex 9.29; 19.5; Dt
10.14; S1 24.1; 1 Co l0.26).
Um Preço foi pago. Jesus morreu pela criatura! O que falta? Falta a Posse.
Em Romanos, a Criação chora e geme pela plenitude da Redenção; Ap 5 diz que a Criatura se
curva ante o Cordeiro porque é chegada a hora da Posse (Ap 5.13).

52
MEIRÉLES, Délcio. A Boa Semente e o Estabelecimento do Reino de Cristo. Edições Parousia.
53
RYRIE, Charles. A Bíblia Anotada. 1ª ed. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1991.
54
COHEN, A. Chaves. Estudo sobre o Apocalipse. 4ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1983, p. 91.
63
Assim como a terra já podia ser contada como de Israel nos dias de Moisés, embora lhe faltasse a
posse, que equivalia à expulsão dos gigantes que minavam aquela terra, também haverá necessidade de que
haja Vingança e Posse da Terra, o que representa uma grande luta por parte do Senhor e seus santos
contra Satanás e seu reino.
A Posse da Terra Requererá Duas Etapas:
1. A Vingança contra o Posseiro - Satanás. O juízo antecedente.
2. Um Dia de Vingança (Is 61.2; 34.8; 63.1-6; J1 3.13-16; 2 Ts 1.7, 8). A Posse virá após esse dia.

A Redenção da Terra Tem Três Opções (Lv 25.23-31; Jr 32.6-15):


1. O Parente Remidor - tipo de Jesus;
2. O Esforço próprio - tipo do esforço próprio de Israel (Lv 25.26,27);
3. O Ano do Jubileu - tipo do Milênio (Lv 25.28,29).

O Parente Remidor, biblicamente, teria que cumprir as seguintes exigências:


1. Ser parente próximo (Lv 25.48,49; Rt 3.12,13; Jr 32.7; Rt 3.9).
2. Capaz de redimir (Mt 4.4-6; Jr 50.34; Jo 10.11,12).
3. Ter posses, para pagar 0 preço completo pedido (Lv 25.27). A Redenção é efetuada somente
pelo sangue (Ex 12. 13,23,27; lPe 1.18; 1 Co 6.20; 7.23; 2 Pe 2.1; Ap 5.9; 14.3,4).

O Parente Remidor tinha também direitos:


1. Direito de remir pessoas ou herdades (Lv 25.25,48; G1 4.5; Ef 1.7).
2. Direito de pagar a dívida exigida (Lv 25.27; G1 3.13; l Pe 1.18,19; Jr 32.7).

O esforço próprio (Lv 25.25-31) equivale ao seguinte processo:


Se a pessoa que vendeu uma herdade não possuísse um Parente Remidor, poderia esforçar-se por
herdar a terra alcançando meios financeiros para tê-la de volta. A terra é vista de dois pontos de vista:
1°) A Terra da Promessa - Israel;
2°) O planeta Terra - as nações.
A Terra da Promessa - Israel. O processo para herdá-la está descrito em Lv 25 e 26. É literal: o
herdeiro é Israel e os posseiros são os árabes.
O planeta Terra - as nações. O processo para herdá-la é o mesmo que está em Lv 25. É espiritual.
O herdeiro são as nações e o Posseiro é Satanás.
Em relação a Israel, ele matou seu Parente Remidor. Poderia confiar Nele, mas o rejeitou (Jo 1.11).
Israel O matou (Mt 27.11-25). Até hoje, Israel quer conseguir a Posse da terra por esforço próprio, mas
não conseguirá jamais por si mesmo! Por algum tempo, esperará no falso Messias que virá, mas nem assim
conseguirá; pois a aliança que o Anticristo fará será quebrada (Dn 9.27) e ele pisará na Terra e a deixará
num estado abominável semelhante ao do Egito e de Sodoma. Tal é a situação de iniqüidade que
prevalecerá em Jerusalém (Ap 11.2,8) na última parte da última semana de Daniel.
Toda a cronologia da história de Israel após a morte de Cristo é resumida numa tentativa frustrada
da conquista da terra por seu próprio esforço.
Em relação às nações, quando Pilatos disse: “Sou inocente do sangue desse homem”, poucos
sabem que ele estava proferindo uma palavra substitutiva de culpabilidade sobre Cristo. Pilatos
representava os gentios, que transferiam a sua culpa a Jesus. Por isso Jesus morreu: por nossa culpa.
Em Dt 2l está o processo de transferência da culpa (Dt 21.1-9; Mt 27.11-26).
O morto é o tipo de nossos delitos e pecados.
Os anciãos representam o povo de Israel.
As cidades mais chegadas tipificam o mundo todo culpado (Rm 3.23).
64
A bezerra, a novilha, é o tipo de Jesus.
O vale áspero é o tipo do Calvário.
O ato de lavar as mãos sobre a bezerra é o tipo da transposição da culpa e aceitação da substituição
efetuada pela novilha.
Pilatos é o tipo dos gentios. Ele lavou as mãos do sangue inocente e transpôs a culpa de todos os
gentios para o Cordeiro de Deus.
O que era para Israel fazer, os gentios fizeram. O que Israel fez foi pedir que o sangue de Jesus
caísse sobre eles, sobre suas cabeças. Por isso, quando Jesus morreu, o sangue dele foi derramado sobre a
Terra (eis o preço da Redenção da Terra e de todo aquele que crê) e ainda continua caindo sobre os judeus
e seus filhos (Mt 27.24,25).
Jesus morreu pelos gentios! Lavou sua culpa! Jesus nos redimiu (1Pe 1.18,19) e também redimiu a
Terra.
Os gentios não têm nada a fazer para alcançarem a Posse da Terra a não ser crer em Jesus e esperar
a ocasião da Posse.
Mas os judeus ainda precisam pagar um preço caro até que a Posse chegue. Seu esforço de nada
adiantará!

A 3ª opção da Redenção da Terra é o Jubileu (Lv 25.25-28).


O Reino de Deus não se restringe apenas aos dias do Milênio, mas é Eterno (Dn 7.13,14, 18, 27; 2
Pe 1.11; Lc 1.31-33; Ex 15.18; Ap 11.15; Dn 2.44; 4.3,34).

Os Documentos da Posse: a Escritura Selada e a Aberta

“Vi na mão direita daquele que estava sentado no trono um livro escrito por dentro e por fora, e
todo selado com sete selos” (Ap 5.1).
Jesus é o herdeiro de todas as coisas e, juntamente com Ele, os santos (Rm 8.17). Após o
Arrebatamento, Satanás irá querer tomar posse definitiva da Terra. Ele já dissera a Jesus: “Tudo isso (as
nações) te darei, se prostrado me adorares.” Se as nações não estivessem nas mãos dele, de forma que
pudesse dá-las ao Senhor, isso não teria sido uma tentação verdadeira.
Adão vendeu a Terra a Satanás, e ela se tornou uma propriedade comprada. Após o
Arrebatamento, ficará parecendo que ele se tornou o único proprietário, pois nós, a Igreja do Senhor, que
temos através de Cristo o direito à Terra, estaremos ausentes.

Mas é Deus quem detêm a escritura da Terra. Em sua mão direita há um documento selado,
evidência legal de que a Terra se acha sujeita à Redenção, se houver Parente Remidor que possa e queira
pagar Preço tão grande.

Mas o Diabo, um desordeiro, não reconhece a Lei. Não apenas se recusa a abandonar a Terra, mas
também está se preparando para resistir ao despejo. Portanto, é necessário que Alguém pegue o Livro
Selado, rompa os selos, e aja pela autoridade do Livro Aberto. O rompimento dos selos é o processo de
Redenção da Terra.

Mas quem vai romper os selos? Quem pode pagar o terrível Preço do Resgate? Quem se habilita a
realizar o despejo de Satanás? Miguel o expulsará para a Terra no meio da Grande tribulação, mas quem
enfrentará esse leviatã? (Jó 41.8-10; Is 27.1; Jó 26.13; Ap 12.3,9,17; Sl 104.26 - ‫ = תַּ נִּין‬tanin).
Na antiga literatura aramaica (ugarítica), o leviatã era um monstro de sete cabeças, inimigo da
ordem criada por Deus.

65
O leviatã com sete cabeças faz referência ao Dragão dos capítulos 12 e 13 do livro de Apocalipse.
É o próprio diabo que tem sete cabeças que dá poder ao anticristo (Ap 13.1) que também tem sete
cabeças. A palavra dragão em Ap 12.3,9,17 no Novo Testamento hebraico é tanin – (‫)תַּ נִּין‬.
João chorou porque ninguém era digno de abrir os selos, mas (Ap 5.5-7) eis aí o Cristo, o Cordeiro
de Deus, o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi. Ele venceu, para poder abrir o Livro e os Sete Selos.
Só Jesus pode resgatar a Propriedade comprada. Só Ele pode despejar Satanás.

Esse acontecimento marcará o momento de uma grande alegria nos céus (Ap 12.12), a primeira
depois daquele dia distante em que as estrelas da manhã cantaram juntas e os filhos de Deus gritaram de
alegria (Jó 38.7).

Cristo Toma Posse: Ap 10.1,2,5,6.


O Livrinho = Livro Aberto

O ato do rompimento dos Selos somente o Resgatador pode efetuar. Mas quando o Resgatador
chega a esse ponto não é mais chamado, na Bíblia, de Resgatador, mas, sim, de Vingador (Is 61.2 refere-
se a este ato).
O Ano Aceitável é o tempo equivalente ao resgate da alma. Vemos este mistério claramente
demonstrado em Lv 25.30 e 1 Pe 1.18, 19.
É o Tempo da Graça - Jesus veio para cumprir este tempo na sua Primeira Vinda (Lc 4.18,19). Por
isso, Ele parou de ler na frase “o ano aceitável do Senhor” (Is 61.1,2; Lc 4.18, 19). Por que não leu o resto
do texto? Porque, na sua Primeira Vinda, Ele não veio para vingar, mas veio para pagar o Preço da
Redenção.
O processo de rompimento dos Selos no Apocalipse é o processo de Posse da Terra.
Em Ap 12, Satanás será derribado à Terra. Quando será esse evento? O tempo em que esse evento
vai acontecer literalmente será o tempo determinado para a última etapa da Grande Tribulação, descrita
como Grande Angústia de Jacó. Mas o Remanescente será livre dela (Sl 91.1-16; Jr 30.7).
Satanás se recusará a deixar a Terra. Então será feito o desafio.

Aquele Que Rompe os Selos é o Mesmo Que Toma Posse!

A Redenção é efetuada pelo poder. A Redenção é consumada pela manifestação do Vingador (Ap
10.1-6). (Leia também: Ef 1.14; Rm 8.19-21).
João comeu o Livrinho (Ap 10.9-11). É o mesmo que acontece com Baruque. Após a lavração de
uma escritura remida por Jeremias, o profeta, a escritura lavrada foi colocada num vaso para que se
esperasse o cumprimento certo. “Tudo está cumprido, esperemos a posse” (Jr 36.15-32).
Ap 6.11-19.21 - Todo o teor desta passagem envolve um processo profético que somente agora
você pode entender claramente. Haverá o despejo de Satanás e a Posse.

A Completa Redenção 55

Após o Milênio haverá algumas mudanças. A Cidade Santa descerá do Céu, até as proximidades da
Terra. Será o lugar de moradia dos santos da Noiva de Cristo, por toda a Eternidade.

55
BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 62.
66
Portanto, haverá pessoas com corpos glorificados (sw=ma pneumatiko/n – corpo espiritual)
vivendo na Nova Jerusalém e haverá pessoas com corpos físicos (sw=ma yuxiko/n – corpo almático)
vivendo na Terra.

As pessoas que estiverem na Terra são as que viveram no Milênio. Na Cidade Santa, a iluminação
provirá da Glória de Deus e do Cordeiro, que é a sua lâmpada. As nações na Nova Terra andarão mediante
a sua Luz e os reis da Terra lhe trarão a sua glória (Ap 21.24).

“As nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória”.
Isso ocorrerá após o Milênio, depois de já haver sido iniciada a Eternidade. Trata-se de uma
condição permanente. Já não haverá mais morte:
“Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem
lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4).

“Então virá o fim quando ele (Jesus) entregar o reino a Deus o Pai (no fim do Milênio), quando
houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é necessário que ele reine (durante
todo o Milênio) até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés (A Pedra esmiuçará a estátua
que representa todos os reinos gentios). Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte. Pois se lê: Todas
as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz: Todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que
se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então
também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em
todos” (1 Co 15.24-28).

A Aliança do Arco-Íris 56

A Aliança do Arco-Íris, que Deus fez com o homem logo após o Dilúvio, tem uma importância
toda especial, pois é a única que diz respeito à Terra e a toda criatura viva. Possui também um traço
comum a todas as alianças: é eterna (Gn 9.12-16).

A aliança é para “gerações perpétuas”. Isto significa que Deus não destruirá a Terra para sempre
nem as coisas da Terra, como fez por ocasião do Dilúvio. O propósito e significado desta aliança são
enunciados em Gn 8.21.

Quando a Bíblia diz que o mundo daquele tempo veio a perecer afogado em água, devemos lembrar
que o planeta não foi destruído, não deixou de existir. Assim também será no Dia do Senhor, haverá juízo
sobre a terra, mas o planeta sobreviverá.

A Terra é Eterna 57

A terra é eterna: Is 45.17,18;60.21; Ec 1.4;S1 104.5; 119.90; Jl 3.20.


“Então todo o seu povo será justo, e possuirá a terra para sempre. Ele é o renovo que plantei, obra
das minhas mãos, para manifestação da minha glória” (Is 60.21).
“Gerações vêm e gerações vão, mas a terra permanece para sempre” (Ec 1.4).

56
BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 63.
57
BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 63.
67
Para que a Terra possa durar para sempre, terá que ser incluída no processo de Redenção (Is
35.1,2,7; Mt 19.28).
“Esta Terra que tem sido consagrada pela ‘presença do Filho de Deus’, onde foi feito o sacrifício
mais custoso que jamais houve, no Calvário, a fim de redimir uma raça perdida, e para a qual Deus tem
reservado um grande futuro, é um lugar por demais sagrado para ser extinta ou deixada de existir,
porquanto é o planeta mais querido na mente de Deus, dentre toda a Sua vastíssima criação” (Clarence H.
Larkin).
O novo céu e a nova terra não resultarão de alguma catástrofe no fim do milênio. Pelo contrário,
são resultantes do processo de redenção e do reinado de Cristo durante mil anos. É inconcebível que a
obra redentora de Cristo, que culminará com o reinado milenar, venha a resultar num fracasso caótico
como a destruição do planeta.
“[...] o resultado final do futuro, prenunciado nas Santas Escrituras, não é a existência meramente
espiritual de almas salvas, mas a restauração do cosmos inteiro, quando Deus será tudo em todos debaixo
dos céus e a terra renovados” (Abraham Kuyper).58

O Povo da Terra Será Remido 59

Haverá pessoas vivendo na Terra por toda a Eternidade, mas pessoas que sofrerão um processo de
aperfeiçoamento durante o Milênio (Is 35.10; Ap 21.3,4).
A Redenção implica em purificação: primeiramente vem a purificação, depois a reconstrução. Ap 6-
16; 2 Pe 3.10 registra a purificação da Terra e de tudo que nela existe (durante a Grande Tribulação).
A reconstrução ou Regeneração (Mt 19.28) se dará no Milênio. No final dele haverá a purificação
final dos povos da terra (Mt 25.31-46), quando somente as ovelhas, isto é, somente as nações justas
entrarão na Eternidade. Assim, a Redenção estará completa, e a voz do Trono de Deus anunciará o
encerramento do processo. “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5).
A mensagem da REDENÇÃO de Deus por intermédio de Israel não foi simplesmente verbal; foi
visível e tangível.
IAHWEH é o Deus Criador e Redentor (Go’el).
O propósito redentor de Deus iniciado através de Israel e sua terra, vai finalmente incluir todas as
nações de toda a terra, em uma nova criação transformada e perfeita.
O Antigo Testamento antecipa não apenas o mundo das nações reconhecendo o Deus de Israel e
vivendo em paz sob seu governo, mas também a própria natureza sendo transformada pelo poder
milagroso de Deus (Mt 19.28). Há uma série de “materialidade” na esperança do Antigo Testamento. Deus
não vai simplesmente abandonar a sua criação, mas vai redimi-la. E a terra de Israel funcionou como um
protótipo desse mundo redimido.
Jesus, o nosso GO’EL, é o Redentor que vai remir Israel, a Igreja, os Gentios, o planeta Terra e
todo o Universo.
Olhando os rituais do Templo verificamos que eles nos fornecem um quadro da Redenção humana
e do universo. Israel é a Terra santa no meio da Terra (Planeta). Jerusalém é a cidade santa em Israel. O
Monte Sião é o lugar santo de Sião. O Santo dos Santos é o lugar mais santo do Templo. Isto é uma
sombra do dia em que toda a terra será uma terra santa, e cada indivíduo será um Templo do Espírito
Santo.
“Abraão é declarado herdeiro, não da ‘terra’, mas do ‘mundo’ (Rm 4.13 – Kosmos). Por essa
linguagem, a imagem da terra como um retrato do Paraíso Restaurado finalmente amadureceu. Não era

58
CARVALHO, V. R. Guilherme. Op. Cit., p. 104.
59
BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 64.
68
mais somente uma porção dessa terra (Israel), mas o Cosmos inteiro que participa da consumação da obra
redentora de Deus em nosso mundo decaído”.60
“Na Nova Aliança os ‘Bem-Aventurados’, independente de sua etnia, herdarão a ‘terra’, onde quer
que vivam neste mundo”.61
Barnabé (130 d.C.) interpreta a instituição do Sábado, em Gn 2.2,3, num sentido escatológico:
“O fim da história virá seis épocas, ou seis mil anos, depois da criação (15.1-4), uma vez que para o
Senhor, mil anos é como um dia (Sl 90.4; 2Pe 3.8).
A Segunda vinda do Filho trará não somente juízo, mas também drásticas mudanças cósmicas e
inaugurará uma sétima época de Descanso (15.5). Depois disso, no amanhecer do oitavo dia o Estado
Eterno”.
“Já a criação no princípio foi entendida como ‘templo de Deus’, como o dizem os salmos da
natureza. Céu e terra são o seu lar, em que Deus quer morar e encontrar descanso”.62
Jesus Cristo, o PRÍNCIPE DA PAZ, poderá estabelecer o seu Reino neste mundo. Quando Cristo
for entronizado pelo Pai no Trono de Davi, como será o Milênio? O erudito britânico, Dr. James Modlish
dá a sua visão:
A Terra vai continuar aqui (antes da Nova Terra – O Estado Eterno) por 7 mil anos e no sétimo
período de 1.000 anos cada um, ela “Já descansa, já está sossegada toda a terra; rompem cantando”
(Isaías 14:7). Esperamos que esta Terra, que já tem estado durante 6.000 anos em meio a muitas guerras e
derramamento de sangue, possa, finalmente, descansar por um período de mil anos, no seu “shabat” de
repouso.
O rabino Abraão Heschel era um rabino norte-americano nascido em Varsóvia, na Polônia, e
considerado um dos mais importantes teólogos judeus do século XX. Certa vez, ele escreveu sobre o
Shabat: “A essência do mundo por vir é um Shabat eterno, e o sétimo dia é um exemplo da eternidade...
um vislumbre do mundo por vir”.63
Alguns acreditavam que o tempo duraria seis mil anos, em correspondência com os seis dias da
criação. Estes homens (Irineu, Hipólito, Lactâncio, e outros, seguindo a Epístola de Barnabé) acreditavam
que a primeira vinda de Cristo ocorrera dentro do sexto período de mil anos, e que Sua segunda vinda
ocorreria no término deste período. O sétimo período de mil anos, o milênio, então corresponderia ao dia
do descanso. Isto significava que a segunda vinda não poderia ser mais distante do que mil anos. Surgiram,
assim, tentativas de calcular a data da segunda vida. Porém não devemos nos precipitar em prever datas, o
certo é que Jesus Virá.

60
ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.35.
61
Ibid., p.36.
62
MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 386.
63
HUCH, Larry.A BÊNÇÃO DA TORÁ. Belo Horizonte: Editora Bello Publicações, 2010, p. 115,116.
69
LIVRO TEMPO HISTÓRICO TEMPO FUTURO
Isaías Exílio de Judá na Babilônia e retorno O retorno de Israel no fim da Grande
depois de 70 anos Tribulação.
33.14-17: profecias sobre nações estrangeiras.
Ezequiel A ressurreição da nação de Israel e o juízo dos
países vizinhos
Oséias A idolatria de Israel nos dias dos reis A união da nação prostituta ao Senhor pelo
arrependimento.
A divisão da terra (Israel)
Daniel Nabucodonosor As nações no Tempo dos Gentios.
Babilônia
Amós A justiça social Tipo do ministério de injustiça que operará nos
dias do Anticristo
Sofonias A destruição de Nínive e Assíria Deus vai atrair as nações para Jerusalém.

Ageu Edificação do Templo por Zorobabel O Templo em sua glória em Jerusalém


nos dias de Esdras. (Ez 40-48).
Zacarias Edificação espiritual da Nação nos dias O Armagedom
de Neemias Angústia de Jacó (Só futuro).

Joel O Dia do Senhor.

Obadias A extensão do reino terreno de Israel após a


oposição de seus vizinhos árabes (Sl 78.4).
Naum A condenação de Nínive.

Habacuque A ascensão e destruição do Anticristo


(Hc 2.8-10).
Malaquias Sacerdócio de Levi consumido. O Dia do Senhor
em relação aos inimigos

70
6
TRÊS POVOS E UM REINO

O MINISTÉRIO DOS PROFETAS ABRANGE O CAMPO DAS PROFECIAS:


1. Messiânicas: 1 Pe 1.11; Lc 24.27,44;
2. Hebraicas: Rm 11.26;
3. Gentílicas: Lc 21.24
4. Eclesiásticas: Ef 3.10

O MINISTÉRIO DOS PROFETAS TEVE E TEM COMO PROPÓSITO:


1. Cristo, o Rei de Israel;
2. Cristo, o Juiz das Nações;
3. Cristo. O Senhor da Igreja.

AS PROFECIAS BÍBLICAS REVELAM:


1. Juízo e bênção sobre Israel: Is 5.5; Ez 34.24-31;
2. Juízo e bênção sobre as nações: Is 14.24-26; 23.8,9; Jr 49; Is 2.2-5.

“Antes de entrarmos no capítulo em que trataremos do Reino de Deus é necessário distinguirmos


que Deus trata com três povos: Israel, Igreja e as Nações (Gentios)”: 64
“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de
Deus”.
Um dos grandes temas da profecia bíblica é o destino de Israel. Desde o nascimento de Israel
enquanto nação até à consumação final do seu destino, cada estágio foi predito pelos seus profetas.
Entretecido na história de Israel encontra-se o destino da Igreja. A mesma teve origem no interior
de Israel, mas ao longo dos séculos os destinos destes divergiram largamente. No entanto, tem havido uma
contínua interação entre ambos.
As profecias sobre estes dois povos têm se cumprido e com certeza aquelas futuras cumprir-se-ão.
Uma função vital da profecia é fornecer ao povo de Deus uma visão clara do seu destino
divinamente traçado. Sem tal visão o povo de Deus perecerá.
“Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem-aventurado”.

Quem é Israel?

Tem havido uma distorção sobre o que é Israel. Muitos dos Pais da Igreja confundiram a nação de
Israel com a Igreja. Eles desenvolveram a doutrina de que a Igreja substituiu Israel nos propósitos de Deus
e que, por isso, a Igreja ficou conhecida como o “novo Israel”. Este tipo de ensino foi promulgado cerca
de 150 D.C. por Justino Mártir e posteriormente adotado por Irineu, Orígenes e Agostinho. O Velho
Testamento foi sendo interpretado de uma forma “alegórica”.
Depois do ano 400 D.C. os teólogos, comentadores e tradutores da Bíblia têm utilizado o termo
Israel como sinônimo de Igreja. Porém após o reconhecimento de Israel como Nação em 24 de maio de
1948, e a tomada da Velha Jerusalém como capital em 1967, a velha interpretação teve de ser reformulada.
A verdade essencial é em geral simples e a verdade é esta: Israel é Israel e a Igreja é a Igreja.
Derek Prince descobriu 77 ocorrências no Novo Testamento em que surgem as palavras Israel ou
Israelitas. E concluiu que os apóstolos nunca utilizaram Israel como sinônimo da Igreja.

64
Derek Prince: “O Destino de Israel e da Igreja”.
71
Nem tão pouco a frase “o novo Israel” surge em algum lugar no Novo testamento.
O termo Israel é freqüentemente utilizado como “tipo” da Igreja (1 Co 10.10). Porém, retratar
Israel como “tipo” da Igreja é completamente diferente de identificar a Igreja como Israel.

Quem é judeu?

A palavra judeu ocorre cerca de 200 vezes no N.T. De todas essas referências, a única passagem
em que judeu é claramente utilizado de uma forma diferente é Rm 2.28,29:
“Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne.
Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor
não provém dos homens, mas de Deus”.
Derek Prince em “O Destino de Israel e da Igreja”, nas 77 referências que contou as palavras Israel
e Israelitas, afirma que em nove casos são uma citação direta das Escrituras do Velho Testamento, em
cada exemplo o significado no N.T. é precisamente o mesmo do V.T. Há mais 66 passagens que não são
citações do V.T. mas em todos estes casos, o uso no N.T. concorda com o V.T. Desse modo permanecem
apenas duas passagens no N.T. em que Israel é utilizado com um sentido especial (Rm 2.28,29; Ap 2.9;
3.9).
“Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem
judeus e não o são, mas são a sinagoga de Satanás”;
“Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás (aos que se dizem judeus e não são, mas mentem), eis
que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo”.
O termo judeu, que é derivado do nome Judá, significa “louvor” ou “ações de graças”. Quando Lia
deu a luz o seu quarto filho, chamou-o Judá (em hebraico Yehudah), ou judeu é louvor. Assim, Paulo diz
que se alguém é um verdadeiro judeu, então o seu louvor deve vir de Deus e não dos homens. Em certo
sentido, ele está dizendo que não basta ser judeu exteriormente. Um verdadeiro judeu deve ter uma
condição íntima de coração que o faz merecer o louvor de Deus. Para ser um verdadeiro judeu não basta
que a pessoa tenha todas as marcas exteriores; ela deve também possuir a condição espiritual íntima que dê
louvores a Deus e dEle obtenha louvor.

A IGREJA NÃO É ISRAEL

Quando o Senhor prometeu fundar a Sua Igreja, Israel já existia há quase dois mil anos. Deus criou
esta nação especial, realizando um milagre biológico em Abraão e Sara. Este povo foi primeiro chamado
de hebreus, depois israelitas e, mais tarde, judeus. Deus deu a eles a promessa simples de que se O
adorassem e lhe obedecessem, Eles os abençoaria. Se desobedecessem e adorassem outros deuses, porém,
Ele os amaldiçoaria.
A história da desobediência de Israel é bem conhecida. Seiscentos anos antes de Cristo vir ao
mundo, Deus permitiu que fossem levados para a Babilônia (70 anos de cativeiro por não terem guardado
os sábados da terra).
O povo não tirou proveito dessa experiência nem das profecias de Daniel, Isaías, Jeremias e outros.
Rejeitaram o Messias, crucificaram-no e por esta razão Israel foi colocado em “suspensão”
profética e a Igreja fundada no Pentecostes tornou-se o centro especial da atenção de Deus.
Deus ainda não terminou sua obra com Israel.
“Naquele dia (O Dia do Senhor), tornarei a levantar o Tabernáculo de Davi, que caiu, e taparei as
suas aberturas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e a edificarei como nos dias da antiguidade; para que
possuam o restante de Edom e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o SENHOR, que faz
estas coisas.

72
Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que o que lavra alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas,
ao que lança a semente; e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão.
E removerei o cativeiro do meu povo Israel, e reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão,
e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto.
E os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o SENHOR,
teu Deus” (Am 9.11-15).
Pedro cita esta passagem dizendo que esta restauração ainda é futura:
“E com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito: Depois disto, voltarei e
reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído; levantá-lo-ei das suas ruínas e tornarei a edificá-lo. Para
que o resto dos homens busque ao Senhor, e também todos os gentios sobre os quais o meu nome é
invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas que são conhecidas desde toda a eternidade”.
As promessas não cumpridas de um Reino de Justiça, como o “Trono de Davi seu pai”, devem ser
ainda cumpridas durante o Reino Milenar, quando Cristo, o herdeiro legal de Davi, governará o mundo
como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Todas as promessas para Israel serão realizadas nessa época.
Reunir Israel e a Igreja, como sendo uma e a mesma coisa, sugerindo que a Igreja é agora herdeira
das promessas feitas a Israel é não discernir a Economia Divina. Os reconstrucionistas, alguns pós-
milenistas, e outros esperam que a Igreja (como Israel de Hoje) antecipe o Reino.
Deus tem um propósito Eterno, Ele quer que os Gentios, a Igreja e Israel entrem no Reino Eterno
do Pai após o Milênio. Até lá Ele tratará com cada um desses povos.
Durante a Graça – O Ano Aceitável do Senhor, Ele está separando um remanescente dentro da
Igreja para no arrebatamento entrar no Reino de Deus. Hoje em dia, muita gente pensa na Igreja como
uma estrutura física de madeira, tijolos ou pedras, mas não é essa a utilização que o Novo Testamento faz
do termo.
No grego do N.T., a palavra geralmente traduzida por igreja é ekklesia (ἐκκλησία). Refere-se a um
grupo de pessoas colocadas para um propósito especial. A palavra portuguesa que mais se aproxima é
“assembléia”. Em Atos 19.32,39,40 é a palavra usada para descrever o corpo de cidadãos de Éfeso que
foram convocados para decidir os assuntos da comunidade.
EKLESIA é uma assembléia de pessoas chamadas da presente ordem mundial para servirem a Jesus
Cristo e serem por Ele preparadas para se tornarem os governantes (reis e sacerdotes – Ap 1.6; 2.26,27;
5.10) do Reino vindouro.
A Igreja é o corpo de Cristo (Ef 1.22,23), não é uma organização, mas um organismo. Cada
membro deste corpo tem uma relação pessoal de fé com Cristo, como sua cabeça, através dEle com todos
os outros membros.
Este conceito tem sido, através dos séculos, corrompido e distorcido. Hoje a Igreja apresenta
pouca ou nenhuma semelhança com o modelo original estabelecido no N.T. Muitos dos que se consideram
membros da Igreja hodierna não possuem nenhuma relação viva e pessoal com Cristo e são
freqüentemente inimigos de outros cristãos professos. Apenas uma pequena minoria dos que são em geral
chamados cristãos são membros da verdadeira Igreja neotestamentária.
No meio de toda esta confusão, porém, a verdadeira Igreja ainda se mantém na terra.
“Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e
qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade” (2 Tm 2.19).
Durante as Setenta Semanas de Daniel Deus tratará de Israel, a fim de separar o remanescente que
no fim da Grande Tribulação será salva.
“E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador (Go’el =
rhuómenos - ῥυόµενος), e desviará de Jacó as impiedades” (Rm 11.26).
“E é dessa forma que todo o Yisra’el será salvo. Como diz o Tanakh: De Tziyon virá o Redentor
(Go’el), ele afastará a impiedade de Ya’akov” (Rm 11.26) - Novo Testamento Judaico de David Stern.

73
“Usou a justiça como couraça, pôs na cabeça o capacete da salvação; vestiu-se de vingança e
envolveu-se no zelo como numa capa. Conforme o que fizeram lhes retribuirá: aos seus inimigos, ira; aos
seus adversários, o que merecem; às ilhas, a devida retribuição. Desde o poente os homens temerão o
nome do Senhor, e desde o nascente, a sua glória. Pois ele virá como uma inundação impelida pelo sopro
do Senhor. O Redentor (Go’el) virá a Sião, aos que em Jacó se arrependerem dos seus pecados”, declara o
Senhor” (Is 59.17-20 - NVI).
“Então o Redentor (Go’el) virá a Tzion (Sião), àqueles em Ya’akov (Jacó) que abandonam a
rebelião, assim diz ADONAI (SENHOR)” (Is 59.20). (Bíblia Judaica Completa – David Stern).
Charles Ryrie na Bíblia Anotada faz o seguinte comentário sobre este último texto:
“Em seu segundo advento Ele (Go’el) julgará Seus inimigos (v.v. 17-19) e trará salvação a Israel
(v.v. 20,21; Rm 11.26,27). A palavra aqui traduzida por (Go’el) Redentor (Is 59.20) significa Parente
Resgatador; i.e., alguém que tem laços de sangue com aqueles que resgata, o que indica a necessidade da
encarnação (Hb 2.14-16)”.
No Antigo Testamento, não existe em lugar nenhum, a situação de duas vindas de Cristo a este
mundo, mas somente uma. O aparecimento de Jesus é um todo: nascimento, morte, e ressurreição e
retorno para o seu reino eterno, “que não terá fim”. Embora a maioria não saiba disso, Israel aceitará o
Mestre. Não só os livros de Salmos e Isaías, mas toda a Bíblia faz referência ao fato de que o Messias virá
como Rei, não só para salvar Israel, mas para estabelecer um Reino milenar para toda a humanidade. Este
é um acontecimento irrevogável que atingirá o nosso povo e que nós judeus, esperamos com muita alegria,
principalmente porque Ele já nos perdoou na cruz: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”.
“Deus colocou uma venda nos olhos de Israel” e só o GO’EL pode retirá-la (Rm 11.8-10).
“... derramarei o espírito de graça e de súplica; olharão para mim, a quem traspassaram; pranteá-lo-
ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele, como se chora amargamente pelo
primogênito” (Zc 12.10).
O REMANESCENTE 65
O mistério do Reino é a vinda do Reino para a história como uma espécie adiantamento de sua
manifestação apocalíptica. Em resumo, ele significa ‘o cumprimento sem consumação’. Esta é a
verdade singular ilustrada pelas várias parábolas de Marcos 4 e Mateus 13. ‘A chamada dos doze
discípulos por Jesus para participarem de sua missão tem sido amplamente reconhecida como um ato
simbólico, no qual se demonstra a continuidade entre os seus discípulos e Israel. Que os doze
representam Israel, pode ser demonstrado pela atuação escatológica que lhes foi atribuída. Eles
devem sentar-se nos doze tronos, ‘a julgar as doze tribos de Israel’ (Mateus 19.28; Lc 22.30).
Quer esta expressão signifique que os doze devem determinar o destino de Israel através do
julgamento ou devem governar sobre eles, os doze estão destinados a encabeçarem o Israel
escatológico.
O número 12 simboliza a transição entre o Israel passado e o Israel escatológico (futuro).
MATEUS 16.18,19 ekklesia passou a ser um termo bíblico que designa Israel como a congregação
ou assembléia de Yahweh. A passagem em Atos 7.38 [...Este é o que esteve na congregação
(ἐκκλησίᾳ) no deserto...] refere-se a Israel como a “ekklēsia” no deserto, não se referindo à igreja com o
mesmo sentido do Novo Testamento.
Apocalipse 12 explica com detalhes qual será o destino de Israel, durante a segunda metade da
Grande Tribulação.
“Identificamos a mulher destes versículos com Israel”. A relação é estabelecida por várias razões,
algumas das quais são:
1. Em muitas ocasiões fala-se de Israel como a filha de Sião e a desposada (Jr 6.2; Os 2.19,20);

65
LADD, G. E. Teologia do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 146,147.
74
2. Isaías fala de Israel como uma mulher que está para dar à luz e concebe um filho (Is 9.6; 66.7;
Mq 5.3);
3. Vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés, uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça,
relaciona-se com os filhos de Israel, os progenitores da raça escolhida (Gn 37.9,10).
4. Em Daniel vemos que Miguel é o príncipe do povo de Israel. Miguel também aparece aqui
neste capítulo vinculado a Israel (Dn 12.1; Ap 12.7)”.66

Israel estará presente no Reino. Cristo surgirá como libertador (Go’el) dos judeus no momento em
que estiverem sofrendo a maior tribulação (Jr 30.7). E então todo o Israel será salvo (Rm 11.26,27; 9.27).
O reino de Davi será restaurado (2 Sm 7.10-13; Lc 1.32,33). Os discípulos julgarão as 12 tribos de Israel
(Mt 19.28; Lc 22.29,30). E, após o Milênio, os judeus entrarão no Reino Eterno (Ez 37.24-28; Is 55.3), na
Nova Terra, e Davi reinará como príncipe eternamente (Ez 34.23,24; 37.25). A Aliança de Deus com
Israel é Eterna (Ez 37.26).

Consideremos as diferenças entre Israel e a Igreja:


1. A origem de Israel é diferente da Igreja.
O Senhor Deus fez surgir Israel de maneira singular, não só na escolha de Abraão e Sara, como
também na escolha da esposa de Isaque para preservar sua identidade étnica.
O próprio Cristo, porém fundou a sua Igreja (Mt 16.13-20) e enviou o Espírito Santo para habitar
nela.
2. Eles têm fundamentos diferentes.
Jesus Cristo é o fundamento vivo da Igreja (1 Co 3.11). O Messias não tinha nascido quando Israel
foi fundada. A Igreja não podia ser estabelecida até que Cristo tivesse morrido, fosse sepultado,
ressuscitasse e subisse ao céu (Ef 2.20-22). Cristo é a Pedra angular.
Israel não foi fundada sobre a obra consumada na cruz, mas nas promessas de Deus para a nação,
que ainda estão vigorando e serão cumpridas.
3. Eles têm propósitos diferentes.
Israel nunca recebeu a grande comissão (Mt 28.18-20). Deus queria que Israel fossem um reino de
sacerdotes e nação santa (Ex 19.6), e que através deles a Sua glória se manifestasse aos gentios, todavia
falharam. Mas como diz Paulo (Rm 11.25): “... veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado
a plenitude dos gentios”.
“Ora, se a transgressão deles redundou em riqueza para o mundo, e o seu abatimento, em riqueza
para os gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Rm 11.12).
A Igreja, o candeeiro de Deus nesta dispensação, goza dos privilégios da Nova Aliança. Tem a
grande missão de divulgar o Reino de Deus, mas um dia Deus há de restaurar o Reino de Israel (At 1.6)
quando os judeus serão os ministrantes do Reino no Milênio.
4. Seus futuros proféticos são diferentes.
As promessas de Deus a Israel giram em torno da Restauração do Reino (At 1.6; Ez 37). Depois da
Reforma, quando o povo começou a ler de novo a Bíblia e aceitá-la literalmente, os cristãos passaram a
esperar a Restauração dos Judeus à terra de Israel. Eles chegaram até a fundar sociedades para missões
aos judeus nos primeiros dias dos reavivamentos pré-milenistas em 1740.
Em contraste, a Igreja não espera um reino terreno (Hb 11.9,10). Enquanto Israel procura
identidade como nação, e tem esse direito, a Igreja está aguardando a Vinda do Senhor para levá-la à casa
do Pai. Israel planeja reconstruir o seu templo em Jerusalém, mas a Igreja anela a Nova Jerusalém (Hb
12.18-24; Ap 21). Como a Noiva de Cristo, ela está à espera das Bodas do Cordeiro. Israel, a esposa de
Deus, foi rejeitada por causa do seu adultério (Is 54.5-8). Irá, porém, residir na Jerusalém terrena e um
novo coração será implantado nela durante o Milênio (Zc 12.6,10; Mq 4.1-7).
66
NIGH, Kepler. Manual de Estudos Proféticos. 2ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2001, p.107.
75
O fato de que Jacó deverá suportar o período da Grande Tribulação (Dn 12.2; Mt 24.21), o
chamado de “tempo da aflição de Jacó” (Jr 30.7), a 70ª Semana de Daniel, nos faz refletir. Esse período de
angústia para Israel terá início após a Igreja ser arrebatada. Após a conversão de Israel os judeus entrarão
no Reino. “Não se pode negar que Jesus ofereceu o Reino a Israel. Quando ele enviou seus discípulos em
missão de pregação, disse-lhe para não ir entre os gentios, mas para se dirigir antes ‘às ovelhas perdidas de
Israel’ (Mt 10.6). Jesus repele uma mulher Cananéia com estas palavras: ‘Eu fui enviado apenas às ovelhas
de Israel’ (Mt 15.24). E mais, nosso Senhor fala dos judeus como ‘filhos do Reino’ (Mt 8.12), mesmo
quando rejeitam o Messias e o reino de Deus. Eles são filhos do Reino, pois Deus escolheu Israel e
prometeu as bênçãos do Reino a Ela. O Reino é deles por direito de eleição, história e herança”. 67
No período da Graça Deus trata com a Igreja para inseri-la no Reino;
As Setenta Semanas de Daniel, nas quais Deus trata com Israel para inseri-la no reino eterno,
dando-lhe a terra (Israel) como possessão eterna. “Ainda habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na
qual habitaram vossos pais; nela habitarão, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre” (Ez
37.25);
E no Milênio Deus tratará com os Gentios separando as ovelhas dos bodes, o joio do trigo, para
inseri-los no Reino.
Dr. Daniel Juster no seu livro: “O Chamado Irrevogável” nos diz:68
“Há um destino para Israel e para a Igreja; ambos estão no limiar do cumprimento deste destino.
Para a Igreja, esse destino é reinar como Noiva-Rainha ao lado do Noivo na Era Vindoura. Para Israel, é
ser a capital das nações, o lugar do aparecimento do Messias”.
Para um maior discernimento sobre o propósito de Deus com estes três povos (1 Co 10.32) leia a
obra de Derek Prince: “O Destino de Israel e da Igreja”.
Apesar das distinções, Israel e a Igreja fazem parte da Oliveira como povo de Deus. Israel é
chamada em Atos de Ekklesia (ἐκκλησία) – At 7.38). A Septuaginta traduz o termo hebraico qāhāl (‫ל‬f‫ה‬f‫)ק‬
por Ekklesia - ἐκκλησία (Dt 5.22; Sl 22.22; 107.32; Jl 2.16; Mq 2.5). “Ekklesia é um termo bíblico que
designa Israel como congregação ou assembléia de YAHWEH, uma tradução da palavra hebraica qāhāl
(‫ל‬f‫ה‬f‫”)ק‬.69
“A metáfora de Paulo, sobre a Oliveira, sugere a unidade do antigo povo de Deus – Israel – e a
Igreja. A Oliveira é o único povo de Deus. Os ramos naturais – os judeus incrédulos – foram quebrados, e
os ramos não naturais – os gentios crentes – foram enxertados na árvore. Isto torna perfeitamente claro
que a Igreja de Jesus Cristo vive da raiz e do tronco do Israel do Antigo Testamento”.70
Na época do Antigo Testamento, a oliveira – o povo de Deus – consistia dos filhos de Israel. Os
gentios entravam nas bênçãos do povo de Deus apenas à medida que compartilhavam os termos da aliança
com Israel. Na dispensação do Novo Testamento, boa parte dos ramos naturais, Israel, foram cortados da
árvore por causa da descrença, e os ramos da oliveira brava, os gentios, foram enxertados pela fé. Mas
existe apenas uma árvore, um povo de Deus.
Remidos e Conectados. 71
Os Gentios que aceitaram o Messias não são mais gentios (Ef 2.11-22):
“Portanto, lembrem-se que vocês, outrora gentios (goyim) na carne, os chamados de Incircuncisão
pelos que são chamados de Circuncisão, feita à mão na carne, Que, nessa época vocês estavam sem Cristo,
alienados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus
no mundo. Agora, porém, em Cristo Jesus, vocês, os que outrora estavam longe, foram aproximados pelo

67
LADD, George Eldon. O EVANGELHO DO REINO. 1ª ed. São Paulo: Shedd Publicações, 2008, p.115.
68
JUSTER, Dr. Daniel. O CHAMADO IRREVOGÁVEL. Editora Ministério Ensinando de Sião, 2001, p.64.
69
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: EDITORA HAGNOS, 2003, p.159.
70
LADD, George Eldon. Op. Cit., p.723.
71
HUCH, Larry.A BÊNÇÃO DA TORÁ. Belo Horizonte: Editora Bello Publicações, 2010, p. 24-26.
76
sangue de Cristo. De sorte que agora vocês já não são mais estrangeiros e forasteiros, mas concidadãos
dos santos e família de Deus” (Ef 2.11-13,19).
Importante. Aqueles que não eram judeus de sangue, mas pediram a Jesus Cristo para entrar em
seus corações e perdoá-los de seus pecados, não são mais gentios! O termo gentio em grego é
representado pela palavra ethnos, definida pela concordância Exaustiva de Strong como “nações
estrangeiras que não adoravam o verdadeiro Deus; pagãos”. A lém da palavra gentio, a Bíblia também usa
as palavras estranhos, estrangeiros, e nações – todas se referindo àqueles que não não adoram o único
Deus verdadeiro, o Deus de Israel, o Deus de Abraão, de Isaque e Jacó; o Deus que enviou Seu Filho,
Jesus, para pagar o preço total pelos nossos pecados (de judeus e gentios), para que pudéssemos chegar
com ousadia diante dEle.
Veja o que diz mais adiante a passagem de Efésios: “De sorte que agora vocês já não são mais
estrangeiros e forasteiros, mas concidadãos dos santos e família de Deus” (Ef 2.19). Paulo se referia aos
gentios convertidos. Eram noutro tempo estrangeiros, mas agora são concidadãos dos santos – Igreja – e
membros da família de Deus com Israel.
Rm 11.17,18: “E se alguns dos ramos [judeus] foram quebrados, e tu [gentio], sendo zambujeiro,
foste enxertado no lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os
ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti”.
Gl 3.7-9: “Saibam, portanto, que os da fé, esses são filhos de Abraão. Prevendo, porém, a Escritura
que Deus justificaria os gentios pela fé, prenunciou a Boa Mensagem a Abraão, dizendo: “Em você serão
abençoados todos os povos”. De sorte que os da fé são abençoados com o fiel Abraão”.
Os gentios que são da fé são abençoados por poderem recorrer a Abraão. Os Gentios que
acreditam em Jesus são o ramo agreste que foi enxertado à Oliveira, que é Israel. A raíz desta Oliveira é o
Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e os gentios que são da fé, agora são chamados filhos de Abraão.
Ef 2.14,15: “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de
separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em
ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz”.
O estado atual da oliveira não é a obra final de Deus (Rm 11.23,25). A forma final da oliveira. Os
ramos naturais cortados por causa da descrença – ainda crerá e será enxertado de novo na oliveira. O
endurecimento de Israel e a rejeição da nação com o povo de Deus é apenas parcial e temporário; durará
até que chegue ao número total de gentios. Deus tem um propósito de salvar os povos gentios e usa a
descrença de Israel para realizar a consumação desse propósito redentor. Contudo, quando seu propósito
com os ramos da oliveira brava for consumado, ele se voltará de novo para os ramos naturais. Eles crerão
e serão enxertados de novo no povo de Deus. Assim, todo o Israel será salvo.
De Adão a Abraão todos os fiéis eram gentios e eram povo de Deus. Depois do Milênio os Gentios,
a Igreja e os judeus convertidos serão todos povos de Deus.
“Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus
povos (no grego está no plural, λαοί -laoí); o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3).
O texto a seguir é do nosso amigo, Rabino Marcelo Guimarães, engenheiro industrial, rabino
messiânico ordenado pelo Instituto Netivyah de Jerusalém – Israel e pela UMJC-EUA. Fundador e
presidente do Ministério Ensinando de Sião e da Congregação Har Tzion em Belo Horizonte-MG.
www.ensinandodesiao.org.br.

Entendendo o enxerto da igreja gentílica na “oliveira” que é Israel (Romanos 11) 72

Há crentes que ainda tem uma grande dificuldade de entender o significado profético de Romanos
capítulo 11, escrito por Paulo. Alguns pontos deveriam ser aqui ressaltados:

72
GUIMARÃES, Marcelo Miranda. A Oliveira de D’us. www.ensinandodesiao.org.br
77
Primeiro, D´us não rejeitou o povo hebreu e a nação de Israel (Rm 11.1-2);
Segundo, existiu, existe e existirá um remanescente segundo a eleição da graça, ou seja, aqueles
judeus que creram em Yeshua (Jesus), como os apóstolos no primeiro século, aqueles judeus que se
converteram ao longo da história até os dias de hoje e, aqueles que, ainda reconhecerão o Messias Yeshua
como o Messias de Israel;
Terceiro, precisamos entender que, excetuando estes judeus messiânicos que hoje estão na graça, o
próprio D´us deu aos judeus um espírito de entorpecimento, olhos para não verem, e ouvidos para não
ouvirem (o Messias), até o dia de hoje (Rm 11:5). Em seguida, Paulo pergunta: “...Por ventura
tropeçaram para que caíssem ? de maneira nenhuma, antes, pelo tropeço veio a salvação dos gentios,
para os incitar à emulação.” (Rm11.11). Vejam, tudo está no controle e no plano de D´us. Fico
imaginando comigo, o que aconteceria se todos os judeus da época de Jesus tivessem o reconhecido como
o Messias de Israel? Imaginem se eles guardassem este segredo na arca a sete chaves e não repassassem
para as nações a bênção da salvação e da vida eterna?Afinal, ter nossos pecados perdoados pela graça,
pela misericórdia e pela obra da cruz seria algo demasiadamente grande e inacreditável para aquela época
em que os mesmos esperavam um Messias que reinassem em glória sobre todas as nações. Mas, D´us
conhecia seus corações. E, Paulo, no versículo seguinte nos dá uma tremenda revelação: “Se o tropeço
deles (não reconhecer Jesus, como o Messias) foi riqueza para o mundo, e a sua diminuição a riqueza
para os gentios, quanto mais a sua plenitude?” (Rm11.12). Ou seja, se eles errando foram bênçãos para
o mundo, imaginem se eles tivessem reconhecido o Messias? No verso 15, o pensamento de Paulo torna-se
mais claro: “ Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual seria a sua admissão, senão a
vida dentre os mortos?”
Ou seja, a humanidade estava no paganismo, na idolatria, separada do D´us de Israel, e agora, eles
(gentios) poderiam receber o Messias Yeshua e tornarem-se participantes da família de D´us. Mas, Paulo
nos dá aqui uma tremenda revelação: Se os judeus admitirem que Jesus seja realmente o Messias, então,
haverá a vida entre os mortos, ou seja, a ressurreição dos mortos. Pela Palavra sabemos que a ressurreição
dos mortos acontecerá quando Jesus retornar (1 Ts 4.16). Eu não creio que este versículo se refere ao
novo nascimento daquela pessoa que aceita Jesus como seu Salvador, como interpretam alguns teólogos.
Para mim, o contexto é muito claro que quando os judeus aceitam Jesus como o Messias esperado, o final
dos tempos está próximo e a redenção universal se aproxima e se consolida nesta terra.
A humanidade, como já dito, estava sem esperança, separada da casa de Israel (Ef.2: 12). Mas,
Yeshua veio para o seu povo e parte dele não o reconheceu como o Messias (Jo 1:12). Que fêz D´us,
então?
Fez com que aqueles galhos (judeus que não reconhecerão Jesus como o Messias) cedessem lugar
aos crentes gentílicos de qualquer outra nação. Assim, a oliveira, o Israel salvo de D´us, é uma “árvore”
que só têm crentes, tanto judeus como gentios.
A raiz da “oliveira” está constituída pelos nossos pais da fé, Abraão, Isaac e Jacó, de quem
descendem as doze tribos, os reis de Israel, os profetas e, finalmente, Yeshua, o Messias. Quando este
morreu na cruz, desceu ao Sheol (lugar dos mortos), ressuscitou, trouxe consigo todos aqueles que Nele
creram e foram salvos. Por isso, eu disse, que nesta “oliveira” agora há muitos ramos que são crentes,
tantos gentios como judeus. No lugar dos galhos quebrados foi enxertado o povo gentio que Paulo o
chama de zambujeiro, ou seja, mato, árvore sem qualidade de fruto. Pois, somente na pessoa do Messias se
produz frutos (do Espírito) claro! (Gálatas 5.22).
Assim, juntos com os judeus crentes, os zambujeiros (gentios), agora enxertados na oliveira,
começam a participar da mesma seiva (nutrientes, bênçãos, promessas), formando assim, o Israel de D´us,
segundo os profetas do Antigo Testamento, segundo os apóstolos e segundo a pedra Angular que é o
próprio Messias Yeshua (Efésios 2.20).

78
É tremendamente profundo entender o significado desta oliveira, não é mesmo? Agora, você crente
entende que mesmo não sendo judeu, ramo natural da oliveira, pode ser beneficiado através de muitas leis
dadas por D´us aos filhos de Israel, como as inúmeras bênçãos da Torá, dentre elas as leis morais, éticas,
de saúde e de qualidade de vida em geral. O dízimo é um estatuto judaico dado para o povo de Israel.
Não encontramos este estatuto no Novo Testamento ordenado à Igreja gentílica. Mas, pode ou não pode a
igreja se beneficiar da bênção do dízimo? A resposta é: - sim, pode. A igreja não judaica (gentílica) só
pode se beneficiar dos dízimos em suas igrejas porque ela em Cristo Jesus foi enxertada na oliveira que é o
Israel de D´us. Então, ela tem direito de participar da mesma seiva que vem da mesma raiz. Imagine agora
quantas bênçãos a Igreja poderia tomar posse seguindo esse princípio? Por que a Igreja se concentrou
tanto na bênção do dízimo e prosperidade (ambas encontradas somente no AT) ignorando centenas de
outras bênçãos dadas ao povo judeu? Em Gálatas 3.29 que diz:...” E. se sois de Cristo, então sois da
descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.” Hermeneuticamente, aqui está referindo a
promessa da fé de Abraão, que por meio de Cristo os gentios se tornam também herdeiros. Mas, será que
aqui só recebemos a fé como herança ou temos direito pelo enxerto as todas as promessas desde Abraão?
Lembremo-nos que Abraão antecedeu a Lei de Moisés. Segundo minha opinião, um gentio crente em
Cristo, enxertado nesta oliveira maravilhosa, tem acesso às promessas, ou seja, as bênçãos ou heranças
constantes no Antigo Testamento, como por exemplo, a bênção da prosperidade, das festas bíblicas, das
leis alimentares aplicadas à saúde, do descanso (o shabat) e muitas outras. Elas são bênçãos e foram dadas
sob a forma de mandamentos, estatutos ou ordenanças para os judeus, mas se um gentio crente que se
encontra enxertado na oliveira, ele está livre para receber todas estas bênçãos da Casa de Israel.
Excetuando as leis específicas para os judeus, como a circuncisão, por exemplo, o gentio está livre para
obedecer as leis da Torá e receber delas as devidas bênçãos. Grande parte dessas leis está relacionada com
a qualidade de vida e não, necessariamente, com a salvação em Yeshua. Oro ao Senhor neste momento
para que os olhos e os ouvidos dos meus irmãos em Yeshua se apropriem destas grandes bênçãos e
revelações advindas pelo simples fato de estarem enxertados na “Oliveira” que é Israel.
Os teólogos afirmam haver mais de 5.000 bênçãos só no Antigo Testamento. E se este número for
verdadeiro, posso afirmar a você que qualquer crente, judeu ou não, que está enxertado através de Cristo
nesta Oliveira, torna-se automaticamente participante da mesma seiva, podendo receber desta toda sorte
(sortimento) de bênçãos que o Eterno quer que esteja disponível para todos os salvos. Aliás, até mesmo os
não salvos podem se beneficiar se guardarem ou observarem alguma destas leis dadas ao povo judeu. Por
exemplo, qualquer pessoa que guardar a lei de honrar pai e mãe, com certeza terá seus dias de vida
prolongados. O que muitos cristãos não entendem é que as leis universais estão disponíveis para todos.
Elas não têm o propósito de salvar, necessariamente, ou de trazer a eternidade, as quais recebemos só
através da graça e da fé em Jesus, mas estas leis nos trazem qualidade de vida, preserva a graça que está
em nós, mostrando nossos limites, além de revelar-nos o caráter do D´us Pai e de seu Filho Yeshua.
A pergunta que faço agora é: - Por que não apropriamos de toda sorte de bênçãos que temos
direito? Sê tu uma bênção disse o Eterno a Abraão. Será que não é a hora da Igreja SER a seiva e não só
TER a seiva (Bênçãos)?

UMA ADVERTÊNCIA DE PAULO AOS CRENTES ENXERTADOS

Paulo exorta aos crentes gentios no versículo 21 dizendo: ...”Não te ensoberbeças, mas teme;
porque Deus não poupou os ramos naturais, não te poupará a ti. Considera, pois a bondade e a
severidade de Deus; para com os caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se
permaneceres nessa bondade; do contrário, também tu serás cortado.”
Em outras palavras, a igreja gentílica de hoje é muito ensoberbecida da graça de D´us. Para ela tudo
é graça! Quase tudo pode se fazer em nome da graça; compra tudo em nome da graça; até se contamina
também com o mundo em nome da graça, mas se esquece que a graça não é de graça. Há um preço a ser

79
pago. O texto acima diz que D´us é bondoso, mas é também severo e justo. Se você permanecer obediente
à Sua Palavra e à Sua lei (muitos acham que pelo fato de terem sido enxertados pela graça, estão
totalmente isentos do compromisso com os princípios das leis do Antigo Testamento), então, a bondade
Dele se manifestará em nós. Mas, se não permanecer nessa bondade e obediência, Ele será severo e cortará
você deste enxerto. Da mesma forma, aquele judeu que crer em Yeshua será enxertado, porque poderoso é
D´us para enxertá-lo novamente. O versículo 24, Paulo continua: ...” pois, se tu foste cortado do natural
zambujeiro, e contra a natureza enxertado em oliveira legítima, quanto mais não serão enxertados na
própria oliveira os ramos naturais! Por que não quero que ignoreis este mistério...que o
endurecimento veio em parte sobre Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios... e assim todo
o Israel será salvo, como está escrito..” Pelo menos, temos que considerar aqui três pontos importantes:
O gentio pode ser cortado da oliveira, da família de D´us, não participando mais da seiva de bênçãos da
oliveira; segundo, D´us não esconde uma predileção (não no sentido de acepção, mas no sentido de
alegria, prazer pelo povo escolhido) por seus ramos naturais; terceiro, trata-se de um mistério, que vamos
entender só mais tarde, pois quando houver entrado a plenitude dos gentios Israel será salvo (Rm 11.26)
O que é plenitude, o sentido aqui é de algo completo, um número, uma quantidade? Creio que não só
quantidade, pois plenitude fala de algo que é completo, pleno, então, fala também de qualidade. A palavra
no grego é “Plerosai” (pleroma) significa aquilo que está equilibrado, balanceado, completo, pleno,
satisfeito. Lembremo-nos que nossa fé e maturidade serão alcançadas por meio da nossa semelhança com
Yeshua, nosso noivo. Lembremo-nos também que o maior propósito de D´us é ter filhos semelhantes a
Jesus, o Messias (Rm 8.29). Eu, pessoalmente, creio que temos que considerar os dois aspectos. Tanto o
quantitativo, pregando este evangelho da salvação a toda a criatura até aos confins da terra, como também
o aspecto qualitativo, ou seja, alcançar a qualidade da fé, a maturidade espiritual, a semelhança com o
varão perfeito, produzindo frutos, pois do contrário poderemos ser cortados desta Oliveira. Neste
propósito de Romanos 11 a Igreja deve estar conectada ao Israel de D´us, não só com os judeus
messiânicos, mas também com o Israel físico, natural, intercedendo por ele, amando-o e profetizando
sobre ele. Mas, como poderá Israel ser salvo? Aqui temos duas importantes interpretações. Alguns rabinos
messiânicos e teólogos acham que este tempo chegará sozinho e será algo mais ou menos simultâneo, a
igreja gentílica alcança a plenitude e Israel é salvo. Outros pensam que a Igreja deve “comprar” esta briga
no campo espiritual e interceder por Israel sem cessar, reconectar-se a ele, estar com ele como nosso
irmão mais velho que ainda não foi salvo, que está nas promessas, mas precisa ser ainda alcançado e salvo.
Eu, pessoalmente, creio que se a igreja de Jesus deixar suas atitudes de soberba e até mesmo anti-semitas,
em alguns casos, e começar a restaurar suas raízes, aproximando de Israel pelo testemunho
verdadeiramente fundamentado na pessoa do Messias, levando a sério sua missão em unidade, vivendo em
amor longe de divisões e contendas denominacionais, então, o mundo e Israel saberão que somos um só
Corpo e ele, Israel, motivado pelos sinais sobrenaturais de D´us será conduzido a ser um com a Igreja,
conforme diz Efésios cap. 2, uma só família de D´us, judeus e gentios na pessoa de Yeshua Há Mashiach.
Assim, podemos concluir que há uma promessa de salvação para todo o Israel de Deus. Não há
uma promessa de salvação para o Brasil, Estados unidos, nem mesmo para algum país da Europa. Mas, há
uma promessa para Israel e para o povo judeu. Por isso, a igreja gentílica de Jesus precisa ajudar Israel e
trabalhar arduamente para a salvação dele.
Creio que o movimento de viagens de turismo a Israel tem aumentado nos últimos vinte anos e
ainda aumentará ainda mais. Imaginem todos os crentes tendo esta consciência do enxerto, profetizando,
orando, gemendo e ajudando Israel a entrar nas “dores de parto”, para dar a luz os filhos de Israel
convertidos ao senhorio de Yeshua? Este é o ministério de misericórdia que a Igreja gentílica precisa ter
pela terra de Israel e pelo seu povo. Os gentios crentes vieram deles, galhos que foram quebrados para que
você gentio na carne fosse enxertado, para que voce judeu fosse re-enxertado, ambos em Cristo, formando
uma só família, a família de D´us Pai (Ef 2.19) pela qual virá o grande Tikkun Olam, a Redenção
Universal.
80
Baruch HaShem!

81
7
O REINO DE DEUS
ISRAEL + IGREJA + GENTIOS

“O cristianismo não é um circulo, com um só centro, mas, sim, uma elipse, que tem dois
focos – as doutrinas da redenção e do reino de Deus” (Albrecht Ritschl).

Existe apenas um Reino e apenas um Evangelho.


A Igreja não é o Reino, tampouco Israel. “O Novo Testamento não iguala os crentes com o Reino.
Os primeiros missionários pregaram o Reino de Deus, não a Igreja (At 8.12; 19.8; 20.25; 28.23,31). É
impossível substituir a palavra Reino por Igreja nessas passagens. As únicas referências ao povo de Deus
com Reino (Basiléia) encontram-se em Ap 1.6 e 5.10; mas as pessoas que recebem tal designação
recebem-na não em virtude de serem as pessoas que se encontram sob o domínio de Deus, mas porque
partilham do reinado de Cristo [ ... e eles reinarão sobre a terra – Ap 5.10]” Ladd.
“O Reino gera a Igreja, a Igreja não é senão o resultado da Vinda do Reino de Deus ao
mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo” (Ladd).
Deus tem um plano eterno, e, dentro deste, os judeus, as nações e a Igreja fazem parte do Reino
Eterno. “Deus não tem dois propósitos separados para Israel e para a Igreja, mas sim um único propósito
– o estabelecimento do Reino de Deus – no qual tanto Israel como a Igreja terão parte” (Wayne Grudem).
A Igreja, sem dúvida, é a parte mais importante do Reino, pois seus integrantes serão governantes eternos.
Grudem 73 na sua Teologia Sistemática resume Ladd 74 (Teologia do Novo Testamento):
“(1) A Igreja não é o Reino, pois Jesus e os primeiros cristãos pregaram que o Reino de Deus
estava próximo e não que a Igreja estava próxima; eles pregaram as boas novas do Reino e não as boas
novas da Igreja (At 8.12; 19.8; 20.25; 28.23,31);
(2) O Reino cria a Igreja, porque quando as pessoas entram no Reino de Deus elas unem-se a uma
comunhão humana da Igreja;
(3) A Igreja testemunha do Reino, pois Jesus disse: ‘E será pregado esse evangelho do Reino por
todo o mundo’ (Mt 24.14);
(4) A Igreja é o instrumento do Reino, porque o Espírito Santo, manifestando o poder do reino,
age por meio dos discípulos para curar os enfermos e expulsar demônios, conforme fez no ministério de
Jesus (Mt 10.8; Lc 10.7);
(5) A Igreja é guardiã do Reino porque à Igreja foram dadas as chaves do Reino dos Céus (Mt
16.19)”.
As 70 semanas é o tempo probatório em que Deus trata com os judeus para inserir a nação israelita
no Reino.
O Ano Aceitável - Graça é o tempo probatório em que Deus trata com a Igreja para inseri-la no
Reino.
O Milênio é o tempo probatório em que Deus trata com os gentios para inseri-los no Reino.
Podemos dizer então que o termo Reino engloba pelo menos quatro aspectos distintos:
1°) O Reino de Deus: abrange o passado, o presente e o futuro;
2°) O Reino dos Céus: o Reino entregue nas mãos dos homens durante a ausência do Rei;
3°) O Reino Milenar: quando o Rei estará presente e governará visivelmente;
4°) O Reino Eterno: quando o Filho entregará o Reino ao Pai, após o Milênio.

73
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p.723,724.
74
LADD, George Eldon. Op. Cit., p.149-158.
82
O Reino ainda é conhecido como: o Reino de Davi (Mc 11.10); o Reino de Israel (At 1.6,7); o
Reino do Pai (Mt 13.43); o Reino de Cristo (2 Pe 1.11; 2 Tm 4.1; C1 1.13; Ef 5.5); o Reino Celestial (2
Tm 4.18).
A Igreja começou no Pentecostes, mas o Reino começou com João Batista (Mt 11.11-14).
A Igreja teve seu início no Pentecostes, há um relacionamento entre a Igreja e a ressurreição e
ascensão de Cristo. Ela é edificada sobre sua ressurreição, porque o Senhor foi feito sua cabeça depois que
“Deus ressuscitou dentre os mortos, e fê-lo sentar à sua direita nos lugares celestiais” (Ef 1.20,22,23).
Além disto, o devido funcionamento do corpo depende de Cristo dar dons a ele, o que por sua vez
depende da ascensão de Cristo (Ef 4.7-12).
O Reino já chegou, mas só é manifesto na Igreja, e para se entrar nele tem que nascer de novo (Jo
3.3-5). À medida que a Igreja proclama as boas novas do Reino, pessoas virão à Igreja e começarão a
experimentar as bênçãos do domínio de Deus em suas vidas. O Reino manifesta-se através da Igreja, e
assim o futuro domínio de Deus irrompe no presente (ele já está aqui: Mt 12.28; Rm 14.17; e não ainda
plenamente aqui: Mt 25.34; 1 Co 6.9,10). Portanto, os que aceitam Cristo começam a experimentar um
pouco de como será o futuro domínio do Reino de Deus: Eles conhecem um pouco da vitória sobre o
pecado (Rm 6.14; 14.17), autoridade sobre os demônios (Lc 10.17) e sobre as enfermidades (Lc 10.9).
Eles viverão no poder do Espírito Santo (Mt 12.28; Rm 8.4-17; 14.17), experimentam o que é o Poder
divino do Reino vindouro. Por fim Jesus voltará, e o domínio do seu Reino se estabelecerá por toda a
criação (1 Co 15.24-28). O Reino hoje é apenas espiritual, mas virá o dia em que ele se manifestará
materialmente. Hoje nós oramos “venha o Teu Reino”, mas um dia esta oração será respondida.
“De acordo com Paulo, portanto, Cristo já reina e, no entanto, precisa estabelecer esse reino
destruindo todo “domínio, autoridade e poder” contrários. Deus, já e sempre, é soberano de jure (por
direito e poder), mas somente será soberano de facto (na realidade, quando todas as coisas forem de
acordo com sua perfeita vontade) no futuro. O reino de Deus, a realidade do mundo natural e histórico
correspondendo à vontade de Deus, é uma esperança e uma promessa”.75
O Reino será a apoteose de todas as profecias relativas aos judeus, às nações e à Igreja. Será feito
na Terra o que já é feito no Céu (Mt 6.10).

A Origem do Reino de Deus

O Reino tem origem em Deus. O Reino é Dele (Mt 6.13). O Reino é Eterno (Dn 2.44; 2.34;
7.14,18,22,27; Mq 4.7; Lc 1.32,33; 2 Pe 1.11; Ap 11.15), existe antes da fundação do mundo (Mt 25.34).
O Reino é universal, incluindo todas as inteligências morais, quer se trate de anjos, da Igreja, dos judeus
ou das nações justas (Lc 13.28,29; Hb 12.22,23; Mt 25.34; Ap 21.24,26; 22.2; Mq 4.1-5; Zc 14.9,16-19).

O Reino dos Céus é o mesmo Reino de Deus:

O REINO DOS CÉUS O REINO DE DEUS


Mt 4.17; Mc 1.14,15,
Mt 5.3; Lc 6.20;
Mt 10.7; Lc 9.2;
Mt 13.31-33; Mc 4.30,31;
Mt 19.14; Mc 10.14;
Mt 19.23 Lc 18.24

75
OLSON, Roger E. História das Controvérsias na Teologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2004, p. 476.
83
O Reino é espiritual sua origem nenhum homem pode dizer ou localizar. O Reino é Eterno como
Deus é Eterno. O próprio Deus deseja que este reino chegue à Terra, mas para que isto aconteça deve
haver um processo redentor, a fim de que a Terra o aceite. Por enquanto continuamos orando: “Venha o
Teu Reino” (Mt 6.10).
O Reino também é terreno, ou melhor, o Reino espiritual se manifestará sobre a Terra (Mt 24.29-
31; 25.31-46; Lc 19.12-19; l Co 15.24-28; Dn 2.34,35,44,45; 7.14,23-27). O Reino de Deus será
estabelecido após a destruição do sistema mundial gentílico, mediante a “Pedra cortada sem auxílio de
mãos”. Trata-se do Reino Prometido no pacto estabelecido com o Descendente de Davi (2 Sm 7.7-10,16),
descrito pelos profetas (Zc 12.8; Is 9.6,7) e confirmado a Jesus Cristo, através do anjo Gabriel (Lc 1.31-
33). Jesus reinará literalmente na terra (2Sm 7; 1Cr 17; Sl 89; Jr 23.5-8).
O propósito de Deus era que o homem dominasse e assim estabelecesse o Reino de Deus na Terra;
por este motivo, iremos começar falando do domínio sobre a terra.

O Domínio Sobre a Terra

1. Domínio sobre a Criação foi dado ao primeiro homem (Gn 1.26-28). Por causa da Queda, este
domínio foi perdido e Satanás tornou-se o “príncipe deste mundo” (Mt 4.8-10; Jo 14.30).
2. Depois do Dilúvio, o princípio do governo humano foi estabelecido sob a Aliança com Noé (Gn
9.12-16); os elementos desta Aliança são:
a. O homem tornou-se responsável pela proteção da santidade da vida humana, através de um
governo ordeiro sobre o homem individual até à pena capital (Gn 9.5,6; Rm 13.1-7).
b. Nenhuma maldição adicional é anunciada sobre a Terra, nem o homem deve temer outro
dilúvio universal (Gn 8.21; 9.11-16).
c. A ordem na natureza é confirmada (Gn 8.22; 9.2).
d. A carne dos animais é acrescentada à dieta do homem (Gn 9.3,4). Presume-se que o homem
fosse vegetariano antes do dilúvio.
e. Uma declaração profética é enunciada sobre os descendentes de Canaã, um dos filhos de
Cão, de que seriam servos de seus irmãos (Gn 9.26,27).
f. Faz-se uma declaração profética de que Sem terá um relacionamento peculiar com o Senhor
(Gn 9.26,27). Toda a Revelação Divina é através dos homens semitas, e Cristo, segundo a carne, descende
de Sem.
g. Uma declaração profética é enunciada de que de Jafé virão os grandes povos (Gn 9.27). O
governo, as artes e as ciências, generalizando, vieram e têm sido jaféticos, de modo que a História é o
registro incontestável do cumprimento exato destas declarações. Uma prova atual é “O Código da Bíblia”
descoberto pelo judeu Dr. Eliyahu Rips, um dos maiores especialistas mundiais em teoria de grupo –
campo da matemática que está subjacente à física quântica.

O Reino Teocrático de Israel

A chamada de Abraão envolveu, entre muitas coisas, a criação de um povo diferente através do
qual Deus operaria poderosamente para com a raça humana (Gn 12.1-3; Rm 11.26). Entre tais propósitos
está o estabelecimento de um Reino mundial - o Reino Teocrático, através do qual Deus propôs abençoar
outras nações (Ex 19.5,6; Gn 12.1-3). O governo Teocrático de Israel foi administrado de modo
intermediário, isto é, através de pessoas divinamente escolhidas que falavam e agiam por Deus em funções
de governo e que eram diretamente responsáveis diante de Deus pelo que faziam. Estes governantes
medianeiros podiam ser grandes líderes, como Moisés e Josué, juízes, militares ou mesmo reis, mas Deus
sempre é o Verdadeiro Soberano até o Final da História. (1Cr 29.25). O símbolo visível da presença de
84
Deus como governante divino era a glória do Shequiná. Quando o tempo dos gentios se completarem, este
reino medianeiro de Deus sobre a Terra será restaurado com a Vinda do Messias de Deus em grande poder
e glória para reinar sobre as nações, como o perfeito Rei medianeiro (Mq 4.1-8).
Este Reino intermediário na Terra não deve ser confundido como o reino original e universal de
Deus, que sempre existe eficazmente e abrange todos os objetos, pessoas e acontecimentos, todos os atos
dos indivíduos e nações, todas as operações e mudanças na natureza e na História, absolutamente sem
exceção (S1 103.19; Dn 4.17). Contudo, o Reino terreno medianeiro pode bem ser considerado como uma
fase do reino universal de Deus (l Co 15.24). A história do governo intermediário divino de Israel é a
seguinte:
1º) Seu estabelecimento sob Moisés (Ex 19.3-7; 3.1-10; 24.12).
2º) Sua administração sob a liderança dos juízes (Jz 1.1-5; 2.16-18).
3º) Sua administração sob os reis (l Sm 10.1,24; 16.1-13; l Rs 9.1-5).
4º) Seu término no cativeiro (Ez 21.25-27; Jr 27.6-8; Dn 2.36-38).

A Futura Restauração do Reino Teocrático

1) A Aliança Davídica (2 Sm 7.8-16; S1 89.3,4,20,21,28-37).


2) A exposição da Aliança Davídica pelos profetas (Is 1.25,26 até Zc 12.6-8).

O Reino descrito pelos profetas é o seguinte:

a. Davídico, a ser estabelecido com um herdeiro de Davi que nasceria de uma virgem, portanto um
verdadeiro homem, mas também “Emanuel”, o Poderoso de Deus, o Pai da Eternidade, o Príncipe da Paz
(Is 7.13,14; 9.6,7; 11.1; Jr 23.5; 33.14-26; Ez 34.23; 37.24; Os 3.4,5).
b. Um reino celestial na origem, nos princípios e na autoridade (Dn 2.34,35,44,45), mas
estabelecido na Terra, com Jerusalém por capital (Is 2.2-4; 4.3-5; 33.20; 62.1-7; Jr 3.17; 23.5; 31.38,40; Jl
3.1,16,17).
c. O Reino estabelecido primeiramente sobre Israel reunido, restaurado e convertido; e, então,
tornando-se universal (S1 2.6-8; 22.1 31; 24.1-10; Is 1.2,3; 11.1,10-13; 60.1-22; Jr 3.17; 23.5-8; 30.7-11;
Jl 3.1.16,17; Ez 20.33-40; 37.21-25; Zc 9.9,10; 14.16-19).
d. As características morais do Reino serão Justiça e Paz. Os mansos, não os soberbos, é que
herdarão a Terra (Mt 5.5; S1 37.11); a longevidade será grandemente aumentada; o conhecimento do
Senhor será universal (Hc 2.14; Is 11.9); a agressividade das feras será removida; igualdade absoluta será
garantida, e o pecado será imediatamente visitado com juízo; enquanto que a maioria dos habitantes da
Terra serão salvos (Is 11.6-9; 26.9; 65.20; Zc 14.16-21).
e. O Reino será estabelecido pelo poder, não pela persuasão, e será depois do Juízo Divino sobre
os poderes mundiais gentios (S1 2.4-9; Is 9.7; Dn 2.35,44,45; 7.26,27; Zc 14.1-19).
f. A maneira e a hora do estabelecimento do Reino. Estando plenamente conscientes de que o
termo “reino” é usado para designar o Reino de Deus nos corações dos homens, encontramos mesmo
assim muitas referências que falam de um Reino Futuro e Terrestre. O primeiro não vem “com visível
aparência” (Lc 17.20); mas o segundo vem (Lc 17.24). Em Dn 2.44,45, lemos que “nos dias destes reis, o
Deus do céu suscitará um reino que jamais será destruído”. Isto é, Ele estabelecerá este Reino quando os
dez reis tiverem cada um governado seus reinos com a Besta “durante uma hora” (Ap 17.12-14). Daniel
7.15-27 mostra que esses dez reis são seguidos pelo reino que “os santos do Altíssimo” receberão (Dn
7.18-27). Em outras palavras, subitamente, nos dias desses reis, esta Pedra (Dn 2.34,35,44,45), Cristo,
ferirá a estátua nos pés e consumirá todos esses reinos (Dn 2.34,44). Demolição não é interpenetração.

85
Isto não é o Evangelho convertendo o mundo, mas, sim, Cristo no julgamento, demolindo os reinos da
Terra.

O reino começou a ser pregado por João Batista. Mas o Reino não se originou nele. Ele começou a
ter forma em Jesus, a semente do Reino. O processo da vinda dessa Semente foi árduo. Para ele tomar
forma, muito fez o Diabo para tal não acontecer. Mas a Semente chegou!
O Reino Espiritual, por Jesus se fazendo carne, tomou forma terrena. Então por quem o Reino
chegava? Por Jesus. Por isso, quando Ele dizia: “É chegado o reino dos céus”, significava que o Reino
Espiritual havia-se feito carne, terreno, e estava ali. João sabia que o Reino estava chegando através de
Jesus.
Quem quer conhecer melhor o ministério do Reino Terreno, que antes era somente espiritual e
prometido pelos profetas, deve inicialmente entender a humanização de Jesus. Ambos os ministérios se
explicam num só (Jo 1.14).
O que é o Reino? O Reino é a unificação dos objetivos em relação a toda a extensão de seu Eterno
Domínio. Esta unificação inclui toda a glória celeste, anjos, arcanjos, querubins, serafins, glória, a Cidade
Santa, a Trindade - e toda a glória terrena -, nações, judeus, a Igreja e mais o próprio planeta Terra. E com
certeza todo o Cosmos.

O Reino no Antigo Testamento

O Reino era visto no futuro (Is 32.1; 60.21,22; 9.1-7; Gn 49.9-11; Ez 21.27; Sl 60.7; 108.8). O
Reino chegaria por duas tribos: Zebulom e Naftali (Is 9.1,2).
Is 9.1,2: “MAS a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos,
a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar,
além do Jordão, na Galiléia das nações”.

O Reino no Novo Testamento - onde começou? Jesus começou o seu ministério exatamente nos
confins de Zebulom e Naftali (Mt 4.12-17). Por que Jesus somente começou a pregar nos confins de
Zebulom e Naftali? Porque aquele era o lugar onde o Rei e o Reino deveriam começar a tomar forma na
Terra.

Mt 4.13-17: “13 E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de
Zebulom e Naftali; 14 Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: 15 A terra de
Zebulom, e a terra de Naftali, Junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galiléia das nações; 16 O
povo, que estava assentado em trevas, Viu uma grande luz; E, aos que estavam assentados na região e
sombra da morte, A luz raiou. 17 Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque
é chegado o reino dos céus”.

João começou a pregar: “O Reino de Deus está próximo”.

Jesus, em suas palavras em relação ao Reino que Ele mesmo representava, começou a pregar: “É
chegado o reino dos céus” (Mt 4.17; Mc 1.14,15).

O Reino é objeto de todas as parábolas de Jesus.

86
Como o Reino Chega e se Manifesta no Novo Testamento
(Mt 11.11, 13, 14)

O Reino de Deus tem várias maneiras de “chegar”. Toda a sua chegada manifesta-se em diversas
etapas. Os textos de Mt 17.1-8; Mc 9.1-9; Lc 9.28-36 referem-se às diversas maneiras como o Reino
chegaria.
Jesus disse que alguns dos discípulos que ali estavam quando proferiu as palavras de Marcos 9.1
não veriam a morte enquanto não vissem o Reino chegar com Poder.
Estas são as formas ou as maneiras pelas quais o Reino chegaria:
1. Pela predecessão, nascimento, ministério e glorificação de Jesus. Todo este processo se cumpriu
cabalmente até a ressurreição e ascensão de Jesus.

2. Pela vinda do Espírito Santo sobre a Igreja (At 1.8; 7.37,38; Mt 16.18; lCo 4.20). A Vinda do
Espírito é uma forma da chegada do Reino de Deus. Naquela ocasião o Reino de Deus chegava com
Poder! Poder para testemunhar. O testemunho da Palavra foi a maneira inicial da expansão do Reino de
Deus. Eis o ministério do Reino: o Poder da Palavra de Deus.

3. Pelo livramento e salvação de Israel, tipificado pelos discípulos no Monte da Transfiguração,


quando o Reino será estabelecido na Terra com Poder de Deus e do seu Cristo (Is 11.10-16). Os três
jovens judeus na fornalha tipificam o que Israel experimentará na tribulação. O resgate dos jovens
representa a libertação de Israel na Grande Tribulação (Dn 3).

4. Pelas Bodas do Reino, quando as nações salvas serão introduzidas no Reino (Mt 22.9-13;
25.31-46).
Em todas as etapas o Reino chegará com Poder!
Atualmente, não podemos compreender o ministério do Reino se não compreendermos o tempo em
que vivemos.
Que tempo é este em que vivemos? Este é o Tempo da Graça; é o Ano Aceitável do Senhor; é o
Ano do Resgate da Alma (Lv 25.29,30; Is 49.8; 2 Co 6.2; Is 61.1,2).

Vivemos no período da Graça. Mas o que representa este período no estudo da Escatologia? O
período da Graça é o período de paralisação entre a penúltima e a última semana de Daniel (Dn 9.24-27).
As 70 semanas de Daniel é um período de tempo em que Deus trata com o povo de Israel na sua
terra. Enquanto Israel está fora da terra, o “ponteiro” do Grande Relógio nem se move! É o tempo
necessário em que ocorrerá todo o processo que trará de volta Israel ao Reino.

AS 70 SEMANAS TÊM TRÊS PERÍODOS DIVISIONÁRIOS:

O primeiro período cobre sete semanas de anos, e parece estar ligado estreitamente ao segundo, de
62 semanas, perfazendo então 69 semanas de anos, ou seja, um total de 483 anos. Segundo Dn 9.25, esse
tempo inicia-se com a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém e vai até o “ungido, o
príncipe”.
Começando a contar esse tempo a partir de 445 a.C., que foi o ano em que saiu a ordem para a
reconstrução de Jerusalém, decreto este baixado por Artaxerxes Longímano, chegaremos ao ano 38 d.C.
Mas quanto à contagem do tempo há um pormenor importante que tem que ser considerado: o ano do
nascimento de Jesus foi estabelecido, por meio de cálculos, só em 525 d.C., pelo abade Dionísio Exíguo, e
passou a valer como o ano 1 da Era Cristã. Estabeleceram-se então os conceitos “antes de Cristo” (a.C.) e

87
“depois de Cristo” (d.C.) na contagem dos anos. Convenhamos que é muito difícil marcar o ano de um
acontecimento 525 anos depois de ele ter ocorrido.
O nosso calendário atual (solar) tem como ponto de partida a fundação de Roma em 754 a.C.
Segundo os anais da história desse império, na hora da coroação de Rômulo, houve um eclipse lunar; os
astrônomos calculam que esse eclipse teria ocorrido no ano de 750 a.C. Há, portanto, uma diferença de
quatro anos não computados; é o que geralmente lemos nas margens e rodapés de nossas Bíblias: quatro
anos antes de Cristo. Hoje geralmente admite-se que o engano foi de quatro a sete anos. Assim, a rigor, o
nascimento de Jesus Cristo em Belém ocorreu de quatro a sete anos antes do ano 1 da Era Cristã; como a
maioria dos astrônomos e teólogos dizem ser quatro anos, faremos nossos cálculos com a diferença de
quatro anos, que corresponde ao citado eclipse lunar.
Observemos: de 445 a.C. a 33 d.C. (33 anos do ministério de Jesus, Lc 3.23) são 478 anos. De 1
a.C. a 1 d.C. é um ano. Este ano, junto aos 478, com mais 4 anos não computados, somam exatamente
483 anos, ou 69 semanas. Assim, as profecias são imortais e se combinam entre si em cada detalhe! A 69ª.
semana terminou no dia 14 de abril (Nisã), numa 2ª feira, quando Jesus entrou em Jerusalém em um
jumentinho e chorou sobre a cidade (Lc 19.41-44). Há apenas uma diferença de 4 dias, em virtude de que
483 anos divididos por séculos teriam 119 anos bissextos, pois os anos proféticos não marcam décadas,
mas séculos.
A duração de um ano solar é de 365 dias e 1/4. Esta fórmula não se acha primariamente nos livros;
está descrita nos céus na mecânica celeste que rege os astros. O dia solar, por exemplo, é o espaço em
horas e minutos em que a Terra faz uma revolução completa em torno do seu eixo: a duração exata do dia
solar é de 23 horas, 56 minutos, 4 segundos e 9/10 de segundo. Os anos hebraicos são de 12 meses, e os
meses são de 30 dias. Notemos que, tanto os acréscimos em dias como a diminuição em horas e minutos
aqui são significativos; além disso, os anos contados em séculos absorvem os anos bissextos. A cada
quatro séculos, temos um verdadeiro ano bissexto (Sir R. Anderson). Com o aumento de dias em anos, a
diminuição de horas em dias no que diz respeito à mecânica celeste e a absorção dos anos bissextos pelos
séculos, temos os 4 dias computados pela mecânica divina (Jr 1.12). Deus vela sobre dias, horas, meses e
anos no cumprimento de suas predições (Ap. 9.15).
Daniel 9.25 parece apoiar esta tese, pois “o ungido (‫ = מָשִׁי ַח‬mashiah), o príncipe” é uma referência
que só cabe ao próprio Senhor Jesus e parece referir-se ao tempo do seu ministério terreno. Compare Is
61.1,2; Lc 4.18, 19; At 10.38; Hb 1.9. “Cristo” é a tradução grega do hebraico “Messias” e significa
“Ungido”. Jesus não era um ungido, mas O Ungido por excelência. Daniel 9.25,26 também não se referem
a um ungido, mas ao Ungido, portanto a Jesus Cristo.
O segundo período, que é o das 62 semanas, está ligado ao primeiro, juntos somando 483 anos,
tempo esse em que “as ruas e as tranqueiras” seriam reedificadas, mas em tempos angustiosos. Esses
tempos sombrios marcam as atrocidades sofridas por Israel debaixo do poder dos monarcas selêucidas e
do domínio romano. Dentro desse período de 69 semanas (483 anos), um fato notável deveria acontecer: o
nascimento do Messias, o Príncipe, e só depois da morte do Messias é que viria a destruição da cidade e
do santuário, como aconteceu no ano 70 d.C. (Dn 9.26). A cidade é Jerusalém, e o santuário, o Templo,
destruído pelo general Tito. Jerusalém é chamada de “santa cidade” também em Dn 9.24 (compare S1
87.3; Is 60.14; Dn 9.18.19; Mt 4.5; Ap 11.2).
A afirmação de Dn 9.26 “destruirá a cidade e o santuário”, merece mais uma observação. A
destruição do Templo é enfatizada, o que aparentemente não seria necessário, pois ele se encontrava
dentro da cidade: se ela estava condenada a ser destruída, o Templo também seria destruído, pois fazia
parte dela. Mas há um detalhe importante: Tito quis a todo custo poupar o Templo da destruição. Seria
um belo ornamento para o Império Romano. Em uma reunião com seus oficiais superiores, que
comandavam as diversas legiões que atacavam a cidade, Tito fez valer a sua opinião e ficou decidida a
conservação do Templo, apesar de os judeus o usarem como fortaleza e dele lançarem violentos ataques
contra os soldados romanos. No desenrolar da batalha, no entanto, um soldado, sem receber ordem para
88
isso e agindo por conta própria, fez-se levantar por um companheiro e atirou, por uma janela, um pedaço
de madeira acesa. A despeito de diversas ordens de que o fogo fosse extinto, na confusão os soldados não
obedeceram e o Templo foi destruído. Cumpriu-se assim a palavra profética: “Destruirá a cidade e o
santuário.”
Quem será o “príncipe” que há de vir? (Dn 9.26). Este mesmo verso nos diz que cidade e o
santuário seriam destruídos pelo povo desse mesmo príncipe. Como documenta a História, o povo foram
os romanos.
Quem será esse “príncipe” que há de vir desse povo? Sabemos que Jesus é o Príncipe (Is 9.6; At
5.3 1; Ap 1.5). Ele é o mesmo do verso 25. Mas em seu ministério terreno Jesus referiu-se a um outro
príncipe, “o príncipe deste mundo” (Jo l2.31; 14.30). Tudo indica que esse outro príncipe é opositor de
Jesus, o Anticristo, que surgirá do quarto e último reino mundial. Ele está em evidência em Dn 9.27. O
Anticristo virá, não para destruir a cidade e o santuário, mas para profaná-lo (2 Ts 2.4; Mt 24,15-22; Jl
1.9,10). Eis a razão porque, no retorno de Cristo à Terra para exterminar o Anticristo e estabelecer o
Reino Milenar, Ele purificará o “Santuário” e “ungirá” o Santo dos Santos, conforme Daniel 9.24.

SETENTA SEMANAS DE DANIEL


70 semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade (Dn 9.24).
Desde a saída da Até o Messias o O Ano Aceitável 70ª Semana de Daniel
ordem para Príncipe do Senhor – 1ª Metade 1260 dias
restaurar e para No fim das 69 Graça
edificar Jerusalém semanas o Messias é Is 61.1,2; 2ª Metade 42 meses
(Dn 9.24). tirado Lc 4.18,19 O Dia da Vingança
sete semanas, e sessenta e duas semanas (Dn O Intervalo Uma semana
9.25) profético (Dn 9.27)

69 X 7 = 483 anos
Dia 14 de abril 33 O Messias
O príncipe
(Nm 14.34; Ez 4.6 d.C. (Lc 19.28-40) volta com
Entrada triunfal Que há de
Ano 20º do Rei de Jesus em Vir poder
Artaxerxes, mês de Jerusalém (Zc 9.9) (Dn 9.26) Ap 19.11
nisan (Ne 2.1-8)
dia 14 de abril 445
Aqui parou o A 70ª A Grande
a.C. grande relógio da semana Tribulação
nação israelita no voltará a Armagedom
fim das 69 reassumir a (Ap 16.16)
semanas sua ordem
cronológica

A Lacuna Profética

Constatamos anteriormente que entre o primeiro e o segundo período das 70 semanas não houve
espaço de tempo. O mesmo, porém, não acontece com o terceiro período. Há um indício claro em Dn 9.26
de que a última semana é separada das 69 semanas que a precederam por um tempo indeterminado. Este
verso 26 começa com as palavras: “E depois de 62...” e só o verso 27 fala dos acontecimentos da última
semana, quando o Templo anteriormente destruído já deverá estar edificado novamente, pois o verso fala
de “cessar o sacrifício e a oblação”, que requerem o Templo para serem feitos. Portanto, há uma lacuna
entre o segundo e o terceiro período. A História comprova esta lacuna, pois não há dúvida que as 62
semanas já findaram, provavelmente, com o ministério público de Jesus. Sabemos também que a última

89
semana de anos ainda não teve início, pois o Templo ainda não foi reedificado e os sacrifícios ainda não
estão sendo oferecidos.
Há na Bíblia outros exemplos de longos intervalos de tempo numa mesma passagem como Is
61.1,2: o Ano Aceitável do Senhor e o Dia da Vingança do nosso Deus. São já decorridos 2.000 anos
entre esses eventos citados num mesmo versículo (Is 34.1-8; 63.1-4; 2 Ts 1.7,8)
Isaías 9.6,7:
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o
seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Do aumento do seu
governo e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o estabelecer e o fortificar em
retidão e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos exércitos fará isso”.
Entre o nascimento do Messias e a época do Deus Forte estão muitos séculos, como bem sabemos
pela História.
Gênesis 1.1,2. Entre esses dois versículos devem ter ocorrido muitos milênios.
Que tempo é este no qual vivemos?Estamos vivendo agora na chamada “lacuna profética”. Ela
representa o tempo da Igreja de Cristo, o tempo da Graça entre a ascensão do Senhor Jesus aos céus e a
sua Segunda Vinda em glória. Este período é o Ano Aceitável do Senhor - o ano do Resgate da Alma (Is
61.1,2; Lv 25.29,30; Is 49.8; 2 Co 6.2). O motivo de Daniel não se referir a ela diretamente é simples: ele
profetizou fatos relacionados com o povo de Israel, e não com os gentios. Os gentios só são mencionados
em conexão com o povo de Israel, mas nunca isoladamente. Todos os acontecimentos mencionados em
Daniel têm, de uma forma ou de outra, relação com o povo judeu. Quanto à profecia das 70 semanas, isto
será claramente expresso: “Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo (Israel) e sobre a tua
cidade” (Jerusalém). Assim sendo, acontecimentos num mundo gentio, em relação com Israel não são
mencionados por Daniel.
A possibilidade de Deus tratar também com outros povos, além do povo judeu, era algo
incompreensível e inexplicável para os judeus do Antigo Testamento. Constituía-se para eles num grande
mistério. Segundo a Bíblia, Deus nunca fez aliança com os gentios. A nova aliança foi feita com a casa de
Israel e com a casa de Judá (Jr 31.3134; Hb 8.10-12) e esta aliança só será concretizada no Milênio e na
Eternidade (Ez 37.24-28; Is 55.3).
Se Deus estabelecerá a Nova Aliança com a casa de Israel em dias futuros, como podemos dizer
que a nossa época é a dispensação da nova Aliança? Isto é, em verdade, muitíssimo maravilhoso e deixa
patente a Graça Divina. Na noite em que foi traído, o Senhor Jesus tomou um cálice e tendo dado graças,
deu aos discípulos, dizendo: “Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança
...”(Mt 26.27, 28) Devido à excelente grandeza da Graça do Senhor, esta Nova Aliança é agora aplicável a
todos os remidos. Embora seja depois daqueles dias que Deus fará uma nova Aliança com a casa de Israel
e com a casa de Judá, não obstante todos os remidos podem desfrutá-la de antemão, visto que o Senhor já
pagou o Preço da Redenção com o seu sangue. Isto é a mesma coisa que sermos justificados pela fé como
o foi Abraão, muito embora Deus tenha feito aliança com ele e não conosco.
Hoje estamos sendo colocados sob a Nova Aliança que Deus prometeu a Israel desfrutar algum dia
porque o Senhor já derramou o seu sangue - o sangue da Nova Aliança. Algumas passagens do Novo
Testamento referem-se diretamente a esse mistério, que só pode ser desvendado e compreendido através
do evangelho de Jesus Cristo. O povo judeu, na sua grande maioria, rejeitou o Ungido de Deus, e por isso
Deus voltou a sua graça e a sua misericórdia salvadora mais para as outras nações, deixando de lado
temporariamente o seu povo escolhido em Abraão. Só no fim dos tempos, quando Deus voltar a tratar
especial e principalmente com o povo judeu, é que a última semana de Daniel se cumprirá. O fato do
ressurgimento de Israel como nação soberana e independente, depois de um período de praticamente 2.500
anos, mostra que estamos próximos do Arrebatamento.

90
Esse Tempo da Graça, entre a 69ª e a 70ª semana, é também o Tempo dos Gentios (Rm 11.25). As
palavras “até que a plenitude dos gentios haja entrado”, indicam que o endurecimento dos corações dos
israelitas não é definitivo. Cessará quando a Plenitude dos Gentios estiver salva (Jo 10.16). Os gentios são
as “outras ovelhas que não são deste aprisco”, que estão sendo salvas e incorporadas ao Rebanho do Bom
Pastor. Atualmente podemos observar que mais e mais portas do mundo gentio se fecham para a pregação
do Evangelho. Países que há poucos anos ainda estavam abertos ao trabalho missionário já não estão mais
e seus povos vão sendo dominados pelas trevas do ateísmo, da superstição e da religiosidade formal e
vazia. Simultaneamente, a mão de Deus vai operando maravilhas em meio ao povo de Israel, recentemente
restabelecido, que certamente já estaria extinto se a poderosa mão do Senhor não o amparasse. O esforço
missionário atualmente em desenvolvimento pode ser comparado com a corrida para recolher a colheita
madura, antes que o temporal, que paira no ar, se abata sobre ela e destrua o que não puder ser apanhado.

Falando da destruição de Jerusalém, Jesus também se referiu aos gentios e ao tempo que Deus lhes
reservou: “E cairão ao fio da espada (os judeus), e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém
será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se completem” (Lc 21.24). Com a retomada de
Jerusalém pelos judeus em junho de 1967, cessou a humilhação da cidade. Mas sabemos, pela palavra
profética, que ela ainda passará, mais uma vez, por uma grande aflição, que Lhe será infligida pelos gentios
(Ap 11.2). Mas o simples fato da sua reconquista pelos judeus nos mostra que o tempo dos gentios está se
completando (Rm 11.25-27). Jesus, referiu-se a essa lacuna profética, ainda que indiretamente, de maneira
muito interessante, logo no início do seu ministério, na sinagoga de Nazaré. Ele leu o começo do capitulo
61 de Isaías, e afirmou: “Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos” (Lc 4.16-21). Mas
comparando essa citação com o texto original de Isaías, podemos constatar que Ele leu apenas uma parte
da profecia em questão, fechou o livro e o devolveu . Os dois primeiros versos de Isaías 61 dizem: “O
Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos,
enviou-me a restaurar os contritos de coração, proclamar libertação aos cativos, e a abertura de prisão aos
presos; apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os
tristes.” Depois o profeta prossegue falando da alegria e da restauração do povo de Israel. Mas na
sinagoga Jesus não leu toda esta profecia. Parou no começo do verso dois: “...e para proclamar o ano
aceitável do Senhor ...”; fez um ponto onde o profeta continua: “(...) e o dia da vingança do nosso Deus
(...)”. Qual a conclusão que podemos tirar disto? A conclusão é: a profecia em questão não se cumpriria de
uma só vez, mas por etapas. Com o início do ministério público de Jesus iniciava-se também no Ano
Aceitável do Senhor, que não é um ano de 365 dias, mas um longo espaço de tempo que já dura quase
2.000 anos, e que é o Tempo de Graça, o Tempo dos Gentios, o Tempo da Igreja, o Ano do Resgate da
Alma (Lv 25.29,30; Is 49.8; 2 Co 6.2; Is 61.1,2), ao qual se segue o Dia da Vingança do Nosso Deus (Is
61.2; 34.8; 63.1-4; J1 3.13-16). É notável que Deus tenha reservado, comparativamente, para a sua graça,
um “ano” inteiro, mas para a sua ira, apenas um “dia”.

Desde o início do ministério de Jesus até a sua morte, Ele tentou anunciar os mistérios de Deus ao
povo; mas o povo estava manipulado por uma falsa doutrina, que era a doutrina dos fariseus, que nada
poderia fazê-lo compreender os mistérios do Reino. Disso Jesus falou em Mt 11.25.
Quando Moisés desceu do monte na ocasião em que trouxera a Lei da parte de Deus ao seu povo,
o seu rosto brilhava. A intenção de Deus era revelar-se ao seu povo através de Moisés (Ex 34.29-35; 2 Co
3.14). O próprio povo escolheu ouvir Moisés (Ex 20.18-21), mas de rosto coberto com o véu. Esse véu
até hoje permanece. Poucos, nos dias do ministério de Jesus, puderam dizer como João Evangelista: “E o
verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de
graça e de verdade” (Jo 1.14). Israel, por livre e de espontânea vontade, aceitou pôr o véu para não ver a
glória de Deus e de seu Reino, revelada através de seu Filho Jesus (2 Co 3.14-16).
91
No segundo período das 70 semanas de Daniel, quando Jesus, o Messias, chegou para pregar à casa
de Israel, somente uma mulher, gentia, pôde fazê-lo parar o relógio do tempo em relação aos judeus (Mt
15.21-28)
O Ano Aceitável não é mais o tempo das migalhas, mas da plenitude dos gentios. É o tempo em
que Deus derrama o seu Espírito sobre os servos gentios, quando os filhos do Reino ficam de fora como o
irmão do filho pródigo. Aquele rapaz não quis entrar na festa e ficou de fora por livre e espontânea
vontade.
É o tempo do Parente Remidor.
Por que Deus paralisou as 70 semanas entre a penúltima e a última? Resposta: Para introduzir a
Igreja no Reino.
O Tempo da Graça é o tempo necessário para que Deus introduza a Igreja no Reino. Este tempo
terminará justamente quando a Igreja for arrebatada para os céus (Jo 14.1-3; l Ts 4.13-18; l Co 15.51-57),
onde as Bodas do Cordeiro estão preparadas.

As Bodas do Reino

As Bodas do Reino são as festividades de recebimento dos elementos do Reino.


Entre os judeus havia três etapas para o casamento total:
1º) O Compromisso, o que equivale ao noivado. Esse compromisso era familiar e sério. Um
contrato de casamento era estabelecido entre os pais dos noivos, ocasião em que o pai do rapaz pagava um
dote ao pai da moça.

2º) A segunda etapa acontecia geralmente um ano depois ou em outra ocasião adequada, era a
vinda do noivo com seus amigos à casa da noiva, à meia noite, num cortejo iluminado por tochas ao longo
das ruas. Ela sabia a hora que ele chegaria, e aguardava com suas damas de companhia, até ajuntar-se ao
cortejo e acompanhá-lo até a casa do noivo. Isto é ilustrado na parábola das dez virgens em Mateus 25.1-
13.

3º) A terceira etapa do casamento era a festa das bodas, que durava sete dias com grande alegria
(Jz 14.12,15,17,18). As Bodas de Jacó duraram sete dias (Gn 29.27,28). Na simbologia profética das
Escrituras Sagradas, isso aponta para as Bodas do Cordeiro durante “sete anos”. Jesus também é judeu e
em termos proféticos um dia equivale a um ano (Jr 4.6-8; Nm 14.34).

Quando o indivíduo crê em Cristo como seu Salvador ele está participando da primeira etapa. O
pecador foi comprado pelo sangue do Cordeiro e agora pertence a Jesus, no sentido de um compromisso
de noivado.

A segunda etapa do casamento do Cordeiro é ilustrado pelo arrebatamento da Igreja, quando Cristo
vier ao encontro de sua noiva para levá-la à casa de seu Pai. As Bodas do Cordeiro então constituem a
terceira e última etapa.
As Bodas do Reino será o recebimento dos elementos que foram redimidos por Jesus no Reino de
Deus.

Como Entrar no Reino

O Reino é de Deus e esse Reino tem Poder e Glória. Ninguém poderá entrar no Reino sem ter
conhecimento do Poder e da Glória do Reino. A palavra conhecimento, aqui, equivale à experiência. O

92
tempo da paralisação das 70 semanas é o período em que Deus introduz a Igreja no Reino. Esse período
vai até as Bodas do Cordeiro, que têm início com o Arrebatamento. Assim como o Tempo da Graça é o
tempo necessário para Deus introduzir a Igreja no Reino, assim também as 70 semanas será o tempo
necessário para Deus introduzir Israel no Reino Espiritual e fazer do seu reino terreno uma glória para
sempre (Is 4.1-6; Ez 37.24-28). Será o tempo em que Deus derramará da sua disciplina no meio do seu
povo (Israel) para que ele reconheça seu erro por ter rejeitado o Parente Remidor (Jo 1.11). O
recebimento de Israel no Reino depende do seu recebimento e reconhecimento do Messias (Zc 12.10;
13.6; Is 66.7,8; Ez 36.24-29; 37; Rm 11.25,26).
Com o recebimento do Messias por Israel, no final da batalha do Armagedom, o Reino será
introduzido no reino terreno de Israel e vice-versa. Então, assim, na última semana, Deus mostrará seu
Poder e Glória a Israel.

Israel estará presente no Reino. Cristo surgirá como libertador (Go’el) dos judeus no momento em
que estiverem sofrendo a maior tribulação (Jr 30.7). E então todo o Israel será salvo (Rm 11.26,27; 9.27).
O reino de Davi será restaurado (2 Sm 7.10-13; Lc 1.32,33). Os discípulos julgarão as 12 tribos de Israel
(Mt 19.28; Lc 22.29,30). E, após o Milênio, os judeus entrarão no Reino Eterno (Ez 37.24-28; Is 55.3), na
Nova Terra, e Davi reinará como príncipe eternamente (Ez 34.23,24; 37.25). A Aliança de Deus com
Israel é Eterna (Ez 37.26).

Atualmente, Deus está tratando com a Igreja de uma maneira muito especial. Ela é um povo de
propriedade exclusiva de Deus e atinge tanto judeus como gentios. Nela não há acepção de pessoas.
Nenhum elemento do Reino pode ser introduzido no Reino sem experimentar a Glória e Poder do Reino.

Deus tem um Reino e esse Reino tem Poder e Glória.

Ele não abriu mão da Glória do seu Reino a nenhum homem isoladamente. Deus não dá a sua
Glória a Homem. Mas Deus deu, através de Jesus, a sua Glória à sua Igreja (Jo 17.20-22): “E eu lhes dei a
glória que a mim me deste, para que sejam um como nós somos um.”
O que significa “para que sejam um, como nós somos um”? Ora, Ele nos deu a sua Glória para que
tivéssemos direito ao Reino. A Igreja tem recebido a Glória de Deus sem véu algum. E o Poder? Somos
um com Cristo, por isso temos direito ao Reino. O Poder é a manifestação do Reino. O Reino consiste em
Poder! No fim, o Reino de Deus virá com Poder. Ele começou a vir com Poder. Agora é hora da Igreja
recebê-lo em plenitude. No Pentecostes foi o início, foram as primícias que ainda poderiam ser contadas a
dedo: três mil, cinco mil. Pentecostes é primícias. Foi naqueles dias que o Reino começou a ser
manifestado espiritualmente.

Por que espiritualmente?

Porque Deus tem prioridade nas coisas espirituais.


Por que Deus não livrou logo o povo de Israel do Império do Egito?
Porque queria tratar primeiro com os deuses do Egito! Quais eram os deuses do Egito? Os deuses
eram demônios! Através da criatura os egípcios adoravam demônios. Antes que tirasse Israel do Egito, Ele
queria deixar bem claro que os deuses do Egito não valiam nada, queria expô-los à vergonha!
Por isso o Reino de Deus chegou com Poder para a Igreja. Por isso veio primeiro espiritualmente.
Para despojar os demônios; mais ainda: triunfar sobre eles!

O Direito ao Governo do Reino de Deus

93
Mateus 1.1-17 é o texto da Bíblia que apresenta Jesus como tendo todos os direitos ao trono do
Reino na Terra e no Céu. O objetivo de Mateus é mostrar Jesus como o Descendente de Abraão (Hb 2.16-
18), pois o autor escreve especialmente para os judeus cristãos. Com este mesmo objetivo, ele mostra
Jesus como o Filho de Davi, o que Lhe dá outros inúmeros direitos. O autor começa com Abraão no verso
2, demonstrando que Jesus veio para moralizar a sua descendência. Eis ai a sua vitória, pois o Nazareno
viveu sem pecado! Entre outros direitos, Mateus mostra que Jesus tinha direito ao cumprimento das
promessas patriarcais (Gn 12.1-3; 15.4,5) por ser o Descendente de Abraão (Mt 1.1-5).
Lucas demonstra que Jesus tinha direito ao trono de Davi (Lc 1.30-33), pois em Mateus 1.6-11 nos
é mostrada a lista dos reis (Jr 23.5; 33,15; Mq 5.1; Dn 2.42,44)

Mateus mostra que Jesus tem direito à moralização do reino de Israel (Mt 1.12-16), apresentando
os membros da família real após o cativeiro babilônico.
Pela sua obediência, Ele alcançou o direito do governo celestial.
Como homem, em sua dependência do Pai, Ele foi cheio do Espírito Santo!
Como homem, por sua morte, morte de cruz, Ele foi cheio de Poder; novamente pôde sentir a
Glória sem véu que antes possuía. Por isso, na sua ascensão, Jesus foi recebido no Céu como o Rei da
Glória!

“Levantai, ó portas as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.
Quem é este Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor na guerra” (S1 24.7-8).

Na visão de todos os profetas, Ele tem direito ao Reino Eterno, tanto na sua extensão terrena como
na sua extensão celeste. Todo o Reino submete-se ao seu domínio, na visão de Daniel:
“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como filho do
Homem, e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio e a honra, e o
reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não
passará, e o seu Reino o único que não será destruído” (Dn 7.13,14).
Daniel estava acostumado com reis que apareciam e sumiam, levantavam-se e caíam pela fraqueza.
Mas, de repente, eis que surge um Reino sem fim.

Os Súditos do Reino

O reino teocrático terreno, instituído pelo Senhor Jesus Cristo na segunda vinda, incluirá todos os
salvos de Israel e também os gentios salvos, que estiverem vivos por ocasião de Seu retorno. As Escrituras
deixam bem claro que todos os pecadores serão eliminados antes da instituição do reino (Is 1.19-31;
65.11-16; 66.15-18; Jr 25.27-33; 30.23,24; Ez 11.21; 20.33-44; Mq 5.9-15; Zc 13.9; Ml 3.2-6; 3.18; 4.3).
O registro do julgamento das nações (Mt 25.35) revela que apenas os salvos entrarão no reino (Após o
Milênio). A parábola do trigo e do joio (Mt 13.30,31) e a parábola da rede (Mt 13.49,50) mostram que
apenas os salvos entrarão no reino (Após o Milênio). Daniel deixa claro que o reino é dado aos santos:
Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em
eternidade.
[...] e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram o reino.
O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos
santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão (Dn
7.18,22,27).
O Reino é eterno, o Milênio é apenas um tempo probatório, um prelúdio do Estado Eterno.

94
Os Súditos do Reino
ISRAEL

Ralph L. Smith nos dá um comentário excelente sobre a restauração da nação de Israel e o reinado
universal de Deus:76
“No Antigo Testamento, boa parte da esperança de Israel para o futuro está ligada à sorte nacional
e política da nação. Israel esperava a restauração da terra e da prosperidade perdidas na guerra com a
Assíria e com a Babilônia. Alguns profetas e pessoas do povo esperavam uma purificação moral e religiosa
e um futuro com felicidade, glória e perfeição. Entre 760 e 700 a.C., os profetas Amós, Oséias, Isaías e
Miquéias anunciaram o castigo de Deus para Israel e Judá. Eles também entenderam que Deus estava
comprometido com seu povo e não o abandonaria. Amós exortou seus ouvintes: “Buscai ao Senhor e
vivei”! (Amós 5.6). Oséias disse: “Volta, ó Israel, para o Senhor, teu Deus” (Os 14.1). Isaías e Miquéias
falaram muitas vezes de um remanescente que seria salvo (Is 4.3; 7.3; 10.20; 11.11,16; 38.5; Mq 2.12; 4.7;
5.7,8; 7.18). Isaías e Miquéias falaram também de um tempo nos últimos dias em que o monte da casa do
Senhor seria colocado como a mais alta das montanhas e que os povos afluiriam a ele (Is 2.2; Mq 4.1).
A esperança de restauração nacional e política de Israel incluía a derrota dos opressores (Is 9.3;
10.27; 14.25; 52.2; Jr 30.8; Ez 34.27), a restauração da dinastia e do reino de Davi (I 9.7; Jr 3.18; Ez
37.15-28; Os 2.20; Am 9.8; Ob 19; Mq 5.1-4; Zc 9.9,10), a unificação dos dois reinos (Is 11.13,14; Jr
3.18; 31.27; 33.7; Ez 37.15-22; Os 1.11; 3.5; Zc 8.13; 10.6-12), o retorno do exílio (Is 11.11-16; 14.1;
27.12,13; 35.10; 43.5; 48.20; 49.17; 52.8; 56.7; 57.13; 60.4; 66.20; Jr 3.18; 23.3; 30.3; 31.7-12; 32.37;
33.7,11; Ez 11.17; 20.34,41; 27.25; 34.11,12; 36.24; 37.12; Os 11.10,11; Mq 2.12,13; 4.6,7; Sf 3.19,20;
Zc 8.7,8; 9.11,12; 10.8-10), purificação religiosa e moral (Is 1.8-20; 2.20; 4.2-6; 17.7; 27.9; 30.22; 31.6,7;
58.6-12; Mq 5.9-13; Sf 1.2-13; 3.11-13; |Zc 13.2-6; Ml 2.10-13; 3.2-5), a reconstrução do templo e um
sacerdócio purificado (Ez 40-48; Ag 1.7; Zc 1.16; 3.4,5; 4.6-9; Ml 3.2,3), fertilidade paradisíaca da terra,
do povo e do gado (Is 7.21,22; 35.1,2; 60.19-22; Ez 36.33-38; Jl 3.18; Am 9.13), transformação dos
animais selvagens (Is 11.6-9; E 34.25; Os 2.18), exaltação de Sião (Sl 46; 48; 76; 84; 87; 122; Is 2.4;
49.14-18; 51.3; 60.4-14; 62.1-4; Mq 4.1-4), um novo céu (Is 7.10-14; 11.1-4; Jr 23.5,6; 30.9,21; 33.17;
Ez 17.22-24; 34.23; 37.22-24; Os 3.5; Am 9.11; Mq 4.8; 5.1-4; Zc 9.9,10), conhecimento universal de
Deus (Is 11.9; Jr 31.34; Jl 2.28,29; Hc 2.14) e paz universal (Sl 46.10; Is 2.4; 9.4-7; Mq 5.9; Zc 10.10)”.

Jerusalém e Israel no Milênio 77

Como as alianças feitas com Israel garantem a posse da terra, algo plenamente cumprido no
milênio, a Palestina e Jerusalém aparecem constantemente nos escritos proféticos.

A. Jerusalém no milênio. Podemos esclarecer uma série de fatos pelo estudo das profecias
concernentes ao papel de Jerusalém naquela era.
1) Jerusalém se tornará o centro do mundo milenar (Is 2.2-4; Jr 31.6; Mq 4.1; Zc 2.10,11).
Pelo fato de o mundo estar sob o domínio do Rei de Israel, o centro da Palestina se tornará o centro de
todo o mundo.

76
SMITH, Ralph. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Editora Vida Nova, 2001, p.386,387.
77
PENTECOST, Jr., Dwight.Manual de Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1994, p. 631-634.
95
2) Jerusalém será o centro do governo do reino (Jr 3.17; 30.16,17; 31.6,23, Ez 43.5,6; Jl 3.17;
Mq 4.7; Zc 8.2,3). A cidade que era o centro do governo de Davi se tornará o centro do governo do
grande Filho de Davi.
3) A cidade será gloriosa, glorificando Iahweh (Is 52.1-12; 60.14-21; 61.3; 62.1-12; 66.10-14;
Jr 30.18; 33.16; Jl 3.17; Zc 2.1-13). O Rei estará tão associado a Jerusalém, que a cidade partilhará a Sua
glória.
4) A cidade será protegida pelo poder do Rei (Is 14.32; 25.4; 26.1-4; 33.20-24), a fim de
jamais precisar temer por sua segurança.
5) A antiga área da cidade será ampliada (Jr 31.38-40; Ez 48.30-35; Zc 14.10).
6) Ela será acessível a todos naqueles dias (Is 35.8,9), de modo que todos os que buscam o Rei
encontrarão acolhida dentro de suas muralhas.
7) Jerusalém será o centro de adoração da era milenar (Jr 30.16-21; 31.6,23; Jl 3.17; Zc
8.8,20-23; 14.16). 8) A cidade durará para sempre (Is 9.7; 33.20,21; 60.15; Jl 3.19-21; Zc 8.4).

B. Israel no milênio. Um conjunto de fatos essenciais a respeito da terra é apresentado nas


profecias.
1) A Palestina se tornará a herança de Israel (Ez 36.8,12; 47.22,23; Zc 8.12). Isso é crucial
para o cumprimento das alianças de Israel.
2) A terra será ampliada em comparação com a área anterior (Is 26.15; 33.17; Ob 17-21; Mq
7.14). Pela primeira vez Israel tomará posse de toda a terra prometida a Abraão (Gn 15.18-21).
3) A topografia da terra será alterada (Is 33.10,11; Ez 47.1-12; Jl 3.18; Zc 4.7; 14.4,8,10). Em
vez do terreno montanhoso que hoje caracteriza a Palestina, existirá uma grande e fértil planície na
segunda vinda do Messias (Zc 14.4), de modo que a Palestina realmente será “bela e sobranceira” (Sl
48.2). Essa nova topografia permite ao rio fluir da cidade de Jerusalém para os dois mares e regar a terra
(Ez 47.1-12).
4) Haverá fertilidade e produtividade renovada na terra (Is 29.17; 32.15; 35.1-7; 51.3; 55.13;
62.8,9; Jr 31.27,28; Ez 34.27; 36.29-35; Jl 3.18; Am 9.13). Assim, o que arar o campo alcançará o ceifeiro
por causa da produtividade da terra.
5) Haverá chuva abundante (Is 30.23-25; 35.6,7; 41.17,18; 49.10; Ez 34.26; Zc 10.1; Jl
2.23,24). Ao longo de todo o Antigo Testamento a chuva era sinal da bênção e da aprovação de Deus, e a
falta de chuva era um sinal do julgamento de Deus. A abundância de chuva na terra será um sinal da
bênção de Deus naquele dia.
6) A terra será reconstruída depois de ter sido devastada durante o período da tribulação (Is
32.16-18; 49.19; 61.4,5; Ez 36.33-38; 39.9; Am 9.14,15). As sobras da destruição serão eliminadas, para
que a terra esteja novamente limpa.
7) A Palestina será redistribuída dentre as doze tribos de Israel. Em Ezequiel 48.1-29 essa
distribuição é esboçada. Nesse capítulo a terra encontra-se dividida em três partes. Os doze discípulos
governarão sobre as doze tribos (Mt 19.28; Lc 22.30). Davi será o Príncipe governando sobre Israel (Ez
34.23,24; 37.25).
Na parte norte, a terra é repartida entre as tribos de Dã, Aser, Naftali, Manassés, Efraim,
Rúben e Judá (Ez 48.1-7). A terra parece ser dividida por uma linha de leste a oeste por toda a dimensão
ampliada da Palestina.
Da mesma forma, a porção meridional será distribuída entre Benjamim, Simeão, Issacar,
Zebulom e Gade (Ez 48.23-27). Entre as divisões norte e sul, existe uma área conhecida como “região
sagrada” (Ez 48.8-20), ou seja, a porção da terra separada para o Senhor.
Essa área terá 25 mil canas* (* A ARA traz “côvados”, uma tradução duvidosa, já que o texto
hebraico não tem a palavra específica para côvado nesta passagem. (N. do T.)) de comprimento e largura
(Ez 48.8,20) será dividida em uma área de 25 por 10 mil canas para os levitas (Ez 45.5; 48.13,14), e a
96
mesma área para o templo e sacerdotes (Ez 45.4; 48.10-12) e 25 por 5 mil canas para a cidade (Ez 45.6;
48.15-19). Unger escreve:
Qual é o comprimento de uma cana em Ezequiel? Essa medida é apresentada como “seis côvados”,
“um côvado e um palmo* cada” (40.5). [* Uma palma, a medida da largura da mão de um homem. (N do
T.)] “Um côvado é um côvado e um palmo” (43.13). Então o verdadeiro problema é: Qual o
comprimento de um côvado especificado em Ezequiel? Pesquisas arqueológicas demonstraram que
três tipos de côvado eram empregados na Babilônia antiga [...] O menor, de 28 cm ou três palmos, era
utilizado em ourivesaria. O segundo, de quatro palmos ou 36 cm, era aplicado em construções, e o
terceiro, de cinco palmos ou 45 cm, era usado para medidas de agrimensura. O côvado mais curto de três
palmos (um palmo tem cerca de 9 cm), equivalente a 28 cm, é a unidade fundamental básica [...].
Como o profeta é bastante específico em relatar a unidade de medida da sua visão em “um côvado
e um palmo” (40.5; 43.13), ele, sem dúvida, quer indicar o menor côvado de três palmos como uma
medida básica, mais um palmo ou o que é equivalente ao côvado do meio, de 36 cm de comprimento. Com
esse cálculo uma cana teria 2,5 m. A região sagrada seria um quadrado espaçoso, de 55 cm de lado, abran-
gendo cerca de 3025 km2. Essa área seria o centro de todos os interesses do governo e da adoração divina
estabelecidos na terra milenar. (Merrill E UNGER, The temple vision of Ezekiel, Bibliotheca Sacra,
105:427-8, Oct. 1948)
Se o côvado maior fosse empregado, isso aumentaria a região sagrada em cerca de 80 km de lado.
Isso só poderia ser possível à luz da área mais ampla contida nas fronteiras palestinas no milênio. (Cf. Arno
C. GAEBELEIN, The prophet Ezekiel, p. 339)

A nação de Israel experimentará uma conversão que preparará o povo para encontrar com o
Messias e habitar no Seu Reino Milenar. Paulo demonstra que essa conversão é realizada na segunda
vinda:
Rm 11.26,27: “E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador
(Go’el) e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus
pecados”. “E é dessa forma que todo o Yisra’el será salvo. Como diz o Tanakh: De Tziyon virá o
Redentor (Go’el), ele afastará a impiedade de Ya’akov” (Rm 11.26) - Novo Testamento Judaico de David
Stern.
Mais de uma vez descobrimos ser esse o tema principal das passagens proféticas:
Is 1.27: “Sião será redimida pelo direito, e os que se arrependem, pela justiça”;
Is 4.34: “Será que os restantes de Sião e os que ficarem em Jerusalém serão chamados santos;
todos os que estão inscritos em Jerusalém, para a vida, quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de
Sião e limpar Jerusalém da culpa do sangue do meio dela, com o Espírito de justiça e com o Espírito
purificado”;
Jr 23.6: “Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que
será chamado: SENHOR, Justiça Nossa”;
Jr 24.7: “Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que eu sou o SENHOR; eles serão o meu
povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração”;
Jr 31.33,34: “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu
Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão,
dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o
SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei”.
Ez 36.25,26: “Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas
imundícies e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós
espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne”.
97
Jl 2.32: “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no
monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR prometeu; e, entre os
sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar”.
Leia ainda: Mq 7.18,19; Sf 3.12,13; Zc 13.1,9.
Nenhum judeu incrédulo entrará no milênio: Zc 13.8,9:
“Em toda a terra, diz o SENHOR, dois terços dela serão eliminados e perecerão; mas a terceira
parte restará nela. Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a
provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela dirá: O
SENHOR é meu Deus”.
Is 11.16: “Haverá caminho plano para o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, como o
houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito”.
Jr 6.9: “Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Diligentemente se rebuscarão os resíduos de Israel
como uma vinha; vai metendo a mão, como o vindimador, por entre os sarmentos”.
Jr 23.3,4: “Eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver
afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; serão fecundas e se multiplicarão. Levantarei sobre elas
pastores que as apascentem, e elas jamais temerão, nem se espantarão; nem uma delas faltará, diz o
SENHOR”.
Jr 31.4: “Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os
teus adufes e sairás com o coro dos que dançam”.
Rm 11.5: “Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a
eleição da graça”.
Israel será súdito do Messias durante o Milênio:
Is 9.6,7: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus
ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz;
para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o
estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos
Exércitos fará isto”.
Is 33.17,22: “Os teus olhos verão o rei na sua formosura, verão a terra que se estende até longe”;
“Porque o SENHOR é o nosso juiz, o SENHOR é o nosso legislador, o SENHOR é o nosso Rei;
ele nos salvará”.
Is 44.6: “Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, seu Redentor (Go’el), o SENHOR dos Exércitos:
Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus”. (Leia ainda Jr 23.5; Mq 2.13; 4.7; Dn
4.3; 7.14,22,27).

Para ser súdito:


1. Israel se converterá e será reintegrado à terra
2. Israel será reunido como nação (Jr 3.18; 33.14; Ez 20.40; 37.15-22; 39.25; Os 1.11).
3. A nação se unirá mais uma vez a IAHWEH por meio do casamento (Is 54.1-17; 62.2-5; Os
2.14-23).
4. Israel será exaltado acima dos gentios (Is 14.12; 49.22,23; 60.14-17; 61.6,7).
5. Israel será justificado (Is 1.25; 2.4; 44.22-24; 45.17-25; 48.17; 55.7; 57.18,19; 63.16; Jr 31.11;
33.8; 50.34; Ez 36.25,26; Os 14.4; Jl 3.21; Mq 7.18,19; Zc 13.9; Ml 3.2,3).
6. A nação será testemunha de Deus durante o Milênio (Is 44.8,21; 61.6; 66.21; Jr 16.19-21; Mq
5.7; Sf 3.20).
AS NAÇÕES

Os aspectos universais da aliança abraâmica, que prometia bênção universal, serão cumpridos no
milênio. Os gentios terão um relacionamento com o Rei.
98
1º) A participação dos gentios no Milênio é prometida nas passagens proféticas (Is 2.4; 11.12;
16.1-5; 18.1-7; 19.16-25; 23.18; 42.1; 45.14; 49.22; 59.16-18; 60.1-14; 61.8,9; 62.2; 66.18,19; Jr 3.17;
16.19-21; 49.6; 49.39; Ez 38.23; Am 9.12; Mq 7.16,17; Sf 2.11; 3.9; Zc 8.20-22; 9.10; 10.11,12; 14.16-
19). Tal admissão é essencial para que o domínio do Messias seja universal.
2º) Os gentios serão servos de Israel durante o Milênio (Is 14.1,2; 49.22,23; 60.10-14; 61.5; Zc
8.22,23; Ez 36.23, 36). As nações que usurparam a autoridade de Israel em épocas passadas
testemunharão aquele povo oprimido ser exaltado e se verão sujeitas a ele no seu reino.
3º) Eles se submeterão ao Messias (Is 42.1; 49.19-21; 60.3-5; Ob 21; Zc 8.22,23; 14.16).

“Então todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em
ano para adorarem o Rei, o Senhor dos exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos” (Zc 14.16).
“Acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor, será estabelecido como o
mais alto dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. Irão muitos
povos, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os
seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a Palavra do
Senhor. E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas
em relhas de arado, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem
aprenderão mais a guerra”(Is 2.2-4). (Leia ainda: Zc 14.16-19; Is 60.4-12; 66.18-23; Mq 4.1-3; Jr 31.1-
11).
As nações gentias passarão pela Grande Tribulação, e as restantes (Ez 36.36) que sobreviverem às
pragas e à guerra do Armagedom entrarão no Milênio e terão que adorar a Cristo (Zc 14.16-19). As
nações serão convidadas a submeterem-se ao domínio de Deus. É o propósito de Deus que isto aconteça
para que mostre a glória de Israel às nações do mundo inteiro e seja notória a realização das promessas
que Ele fez para com Israel.
As nações serão julgadas durante todo o Milênio (Mt 25.31-46) pelo Cristo. Ele as repreenderá por
seus atos de guerra. O Senhor irá governá-las com vara de ferro.
“Mas nos últimos dias acontecerá que o monte da casa do Senhor será estabelecido como o mais
alto dos montes, e se exaltará sobre os outeiros, e a ele concorrerão os povos. E irão muitas nações, e
dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus
caminhos, de sorte que andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a Palavra do
Senhor. E julgará entre muitos povos, e arbitrará entre nações poderosas e longínquas; e converterão as
suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra
outra nação, nem aprenderão mais a guerra”. (Mq 4.1-3)

“Falarei do decreto do Senhor; ele me disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei
as nações por herança, e as extremidades da terra por possessão. Tu os quebrarás com uma vara de ferro;
tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro” (Sl 2.7-9).

“Depois virá o fim [no fim do Milênio], quando Ele (Cristo) entregar o reino a Deus Pai, depois de
ter destruído todo principado, toda autoridade e todo poder. Porque é necessário que Ele reine (durante o
Milênio) até haver posto todos os inimigos debaixo de seus pés. O último inimigo reduzido a nada será a
morte” (1 Co 15.24-26; Is 25.7,8).

A Implantação Literal do Reino

99
O Reino será implantado logo após a batalha do Armagedom. Mas a sua implantação espiritual
começou desde João, através de Jesus. Hoje temos recebido o Reino em nós. No arrebatamento da Igreja,
receberemos as vestimentas do Reino: corpo incorruptível, imortal e glorificado (Fp 3.20,21; l Jo 3.2; l Co
15.50-56). A carne o sangue não podem herdar o Reino de Deus. Hoje é tempo de recebermos o Reino. O
terreno que temos que Lhe ceder para ocupação é apenas o nosso coração. Quando o Reino vier
literalmente, no entanto, as nações cederão inteiramente os seus territórios. O Reino de Deus virá.

Por Que o Reino de Deus Precisa de Mil Anos?

Da mesma forma como Deus precisou de um tempo incalculável para a Graça, assim precisará de
mil anos. Mas por que precisou de um Tempo de Graça? Para introduzir a Igreja no Reino. E precisará de
mil anos para julgar as nações, para então inseri-las no Reino (Mt 25.31-46). Ele saberá quais as nações
que zelaram e nutriram os filhos de Israel, separará as ovelhas dos bodes. Durante a Grande Tribulação, a
Terra sofrerá juízo de fogo (2 Pe 3.10-12), mas durante o Milênio ela será regenerada (Mt 19.28). Em mil
anos o Senhor reconstituirá a Terra e a aperfeiçoará, como durante todo o Tempo da Graça. Ele tem nos
aperfeiçoado, e com isso somos regenerados e santificados.

A segunda razão vem por outra pergunta: Por que Deus precisou de 40 anos para conduzir o povo
a Canaã? (Nm 14.26-34).

Deus não precisava de 40 anos para introduzir o povo de Israel na Terra da Promessa, mas a velha
geração má e rebelde precisava de 40 anos para morrer. Em mil anos as nações serão julgadas e
observadas. No fim do Milênio, haverá uma rebelião de várias nações contra o Senhor (Ap 20.7-9). Por
que essa rebelião? O Juízo contra as nações certamente começará durante a Grande Tribulação, e no final
desta, no chamado Dia do Senhor, haverá ainda um grande Juízo (Jl 3.2,12-14). Todavia, o Senhor
continuará durante todo o Milênio a julgar as nações (Mq 4.1-3; Mt 25.31-46).

O julgamento de Mt 25.31-46 não pode ser o início do Milênio pelas seguintes razões:

1. Por que existirão pessoas más durante o Milênio se o Julgamento foi antes?
2. Que nações rebeldes são aquelas que no final do Milênio farão motim contra o Senhor? Será que
o Juiz dos vivos e dos mortos aplicou um julgamento errado? Será que Ele teria deixado passar, por
ovelhas, bodes?
3. É necessário que Ele mostre a sua Glória entre as nações boas e más que restarem (Ez 36.23,36;
Zc 14.16) para que elas temam e amem ao Senhor e com isso vejam o que perderam ou ganharam. Jesus
fez isso no Hades! Se Ele pregou a sua vitória para os espíritos em prisão, quanto mais para as nações
vivas que o rejeitaram. Nisso consiste o pior Juízo: mostrar a perda ao perdedor e a vitória ao vencedor.

Quando o Milênio começar, algumas pessoas deverão estar vivendo em corpos não ressurretos, de
tal forma que sejam capazes de gerar filhos, a principal população do Reino milenar.
O Milênio não envolve somente o reino de Jesus Cristo com o Seu povo, os quais terão corpos
ressuscitados. Ele também inclui o Seu reinado sobre todos os povos da terra que não terão corpos
ressuscitados. Se houvesse somente santos ressuscitados no reino milenar, então não haveria morte, nem
aumento de população, e nem diferenças de idades entre os cidadãos milenares (coisas estas que estão
indicadas como caracterizando o reino – Is 65.20; Zc 8.5; Ap 20.8). Uma vez que pessoas ressuscitadas
não geram filhos, não haveria então uma maneira de fazer crescer a população milenar, a menos que
algumas pessoas não ressuscitadas entrem no Milênio.

100
Além dos judeus que escaparam no deserto, sobreviverão um punhado de gentios. Esses serão
pessoas que viveram fora do domínio do Anticristo. Como auto-sustentadores, como fazendeiros, eles não
tiveram a necessidade da marca da besta. Como o governo do Anticristo se concentrará na Europa, as
pessoas pobres que vivem em outros continentes, provavelmente pertencerão a esse grupo. Os ricos e os
negociantes terão recebidos a marca da besta, pelo bem de suas empresas, esses serão mortos.
Porém esse punhado de gentios, junto com o remanescente judeus que sobreviverão à Grande
Tribulação, entrarão no reino do Milênio, mas ali também haverá uma distinção de: ovelhas e bodes; joio e
trigo, peixes bons de peixes maus.

O arrebatamento ocorrerá antes da Grande Tribulação, retirando todos os redimidos que estarão
vivendo na terra naquela época. Mas muitas pessoas serão salvas durante a G. Tribulação (Ap 7.9,14),
incluindo um grupo específico de 144.000 judeus (Ap 7.4). Destes salvos durante aquele período horrível a
grande maioria será martirizada (Ap 6.11; 13.15). O grupo inicial que entra no Milênio, entrará com seus
corpos naturais; alguns tementes a Deus e outros rebeldes. Todos gerarão filhos e com certeza uns
aceitarão o Senhorio de Cristo no Milênio e outros rejeitarão. Todos serão obrigados a serem leais ao
governo do Rei ou serão punidos (Zc 14.16-21). Lá pelo fim do Milênio, haverá muitos rebeldes que terão
dado obediência externa e aparente ao Rei, e que, quando tiverem a oportunidade de se rebelarem logo
após a soltura de Satanás, se ajuntarão a ele na revolução contra Cristo (Ap 20.7,9).
Assim, na compreensão Pré-Tribulacionista desses eventos futuros, os pais originais no reino
milenar serão os gentios sobreviventes (bodes e ovelhas) e os fiéis judeus sobreviventes de Ezequiel 20.38
4. Jesus dirá às nações ovelhas: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos
está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34).
5. Estas nações justas possuirão vida eterna: “E irão os justos para a vida eterna” (Mt 25.46). Elas
comerão as folhas da Árvore da Vida (Ap 22.2) e isto acontecerá após o Milênio.
6. As nações bodes irão para o Fogo Eterno e Castigo Eterno (Mt 25.41,46)
7. O Reino Eterno só virá depois do Milênio, e o Fogo Eterno e Castigo Eterno só virão depois do
Milênio. Logo, o julgamento das nações só poderá ocorrer durante o Milênio, e a sentença final, separando
definitivamente ovelhas de bodes, só poderá ocorrer no final do Milênio.

Wayne Grudem na sua Teologia Sistemática também afirma que o julgamento de bodes e ovelhas
acontecerá no fim do Milênio:
“Da perspectiva dispensacionalista, essa passagem (Mt 25.31-46) não se refere ao juízo final (O Grande
Trono Branco mencionado em Ap 20.11-15), mas sim a um julgamento posterior à Tribulação e anterior ao
início do Milênio. Dizem que este será um julgamento das nações em que elas serão julgadas de acordo com
o modo pelo qual tiverem tratado o povo judeu durante a Grande Tribulação. As que tiverem tratado bem os
judeus e estiverem dispostas a se submeterem a Cristo entrarão no Milênio, e as que não tiverem terão
negada a entrada.
Assim, na visão dispensacionalista há diferentes julgamentos: (a) o julgamento das nações (Mt 25.31-46)
para determinar quem entrará no Milênio; (b) o julgamento das obras dos crentes (às vezes chamado
julgamento bēma por causa da palavra grega traduzida por tribunal em 2 Co 5.10), em que os cristãos
receberão galardões em diferentes níceis, e (c) o julgamento do Grande Trono Branco ao final do Milênio
(Ap 20.11-15), para declarar o castigo eterno para os incrédulos.
A posição adotada neste livro (do Grudem) é que todas essas passagens falam do mesmo juízo final, e não de
três julgamentos separados. Com relação a Mateus 25.31-46 em particular, é improvável que a visão
dispensacionalista esteja correta. Não há nenhuma menção de entrada no Milênio nessa passagem. Além
disso, os julgamentos pronunciados tratam não da entrada no Reino Milenar sobre a terra ou da exclusão
deste, mas sim do destino eterno das pessoas: Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo [...] Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus
anjos [...] E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna (v. 34,41,46). Por fim,
Deus seria icoerente com os seus costumes revelados através das Escrituras se Ele lidasse com o destino
101
eterno das pessoas tendo por base a nação a que elas pertencem, pois nações incrédulas têm crfentes no seio
delas, e nações que exibem maior conformidade à vontade revelada do Senhor ainda abrigam muitos ímpios
em seu meio. E para com Deus não há acepção de pessoas (Rm 2.11). Embora de fatoa ‘todas as nações’
sejam reunidas perante o trono de Cristo nesta cena (Mt 25.32), o quadro do juízo é de julgamento de
indivíduos (as ovelhas são separadas dos cabritos, e os indíduos que trataram com bondade os irmãos de
Cristo são acolhidos com alegrai no reino, enquanto aqueles que os rejeitaram são rejeitados, v. 35-
40,42,45).

Todos aqueles que forem achados dignos do Reino o possuirão por herança, pode ele está
preparado desde a fundação do mundo! No Antigo Testamento, é apenas uma sombra e uma promessa.
No Novo Testamento, é uma realidade espiritual em nós; mas logo será uma realidade espiritual e literal na
Terra, da mesma forma como é agora no Céu e em nossos corações.
Mt 19.28: “Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na
REGENERAÇÃO, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também
vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel”.
O Milênio é o período da REGENERAÇÃO (Mt 19.28). É um período de restauração,
reconstrução e governo de Deus. Terá início logo após a última semana de Daniel e a subseqüente batalha
do Armagedom. O Milênio será acima de todos os seus mistérios, um período em que Deus separará pela
última vez o joio do trigo.

Esta separação Ele a fará no meio da sua Igreja, no Arrebatamento.


Esta separação, Ele a fará no meio de Israel na Grande Tribulação.
Esta separação (entre trigo e joio; peixes bons e maus; ovelhas e bodes), Ele a fará no meio das
nações no Milênio (Mt 13.47,48, 24-30, 37-43; 25.31-46).

Deus tem um propósito eterno para com as nações. No estudo acerca do Milênio, haveremos de
compreender melhor este propósito. A Terra será a extensão gloriosa e terrena do Reino de Deus para as
nações e para Israel.
As Bodas do Reino, narradas em Mt 22.1-14, equivalem ao recebimento das nações, após o
período de escolha e justiça que haverá no Milênio.
Com isso, podemos concluir que as Bodas do Reino são para introduzir os elementos redimidos no
Reino. Mas nenhum deles poderá ser introduzido no Reino sem experimentar a Glória e o Poder do Reino.
E o Milênio será o tempo em que as nações experimentarão ou não este Poder do Reino como também a
sua Glória.
O final do Milênio será também a Grande Ceifa (Mt 13.24-30,36-43), será a separação definitiva
das nações trigo e nações joio. As nações trigo serão recolhidas no celeiro de Deus (a Nova Terra), e as
nações joio, serão queimadas no lago de fogo (Ap 21.7-9). Então os justos (nações ovelhas-trigo)
resplandecerão como o Sol, no Reino de seu Pai. O Milênio é o Reino do Filho, depois, virá o Reino do
Pai, que é Eterno.
l Co 15.24-28: “Então virá o fim [no final do Milênio] quando ele entregar o reino a Deus o Pai,
quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é necessário que ele reine até
que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte [Ap
21.1-4]. Pois se lê: Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz: Todas as coisas lhe
estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas
lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou,
para que Deus seja tudo em todos”.
A Igreja faz parte do Reino. O livro de Apocalipse trata da Noiva. Que Noiva? A Noiva do
Cordeiro. O livro termina mostrando os aposentos da Noiva. Este elemento do Reino é o único que goza

102
dos privilégios do Reino antecipadamente (Hb 6.5): “E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes dos
poderes vindouros”.
A Igreja reinará no Milênio (Ap 2.26,27; 5.9,10; 20.4) com Cristo, na Terra, e reinará eternamente
depois do Milênio, lá da Nova Jerusalém (Ap 1.6; 22.5; Dn 7.18,27). As pessoas que fazem e fizerem parte
da Igreja são as únicas que passarão pela ressurreição ou transformação no Arrebatamento e que terão
corpos imortais e incorruptíveis (Fp 3.20,21; 1 Co 15.43-55, l Ts 4.3-l; 1 Jo 3.2). Serão governantes, e não
súditos. A Igreja é o Reino que desce dos Céus e é estabelecido na Terra, sobre as nações (Dn 7.27). Hoje,
neste período da Graça ou Ano Aceitável do Senhor, a Igreja já é o Reino, e a condição para entrar neste
Reino é o Novo Nascimento (Jo 3.3-5). Hoje, o Reino é chamado de Reino do Filho no seio da Igreja. No
Milênio será o reino do Filho em toda a Terra (Zc 14.9; Ap 11.15; l Co 15.24-28; Dn 2.44,45; Mt 6,10,13;
Sl 147). Depois do Milênio, o Reino será chamado de Reino do Pai (Mt 13.43). O Reino do Pai é o Reino
do Filho eternizado. No Milênio, Cristo governará no Trono da Glória na Jerusalém terrestre (Mt 19.28;
25.31; Jr 3.17: “Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do Senhor; e todas as nações se ajuntarão a
ela, em nome do Senhor, a Jerusalém; e não mais andarão obstinadamente segundo o propósito do seu
coração maligno”). Após o Milênio, Ele continuará governando, mas estará na Nova Jerusalém e lá será a
Lâmpada que alumiará as nações justas na Nova Terra (Ap 21.22-26). Os mansos herdarão a Nova Terra
(Mt 5.5; Sl 37.11).

No Milênio, o Reino será chamado de Reino de Davi, porque quem reinará é o Filho de Davi. O
Reino é o Reino de Deus porque é trabalho de Deus. É o Reino dos Céus porque desce dos Céus.

Após o Milênio, existirão pessoas na Nova Terra. Durante todo o Milênio Jesus julgará as nações,
e, no final, separará as nações ovelhas das nações bodes. As nações ovelhas entrarão no Reino do Pai,
preparado desde a fundação do mundo (Mt 25.34), e terão a vida eterna (Mt 25.46b). Estas nações
ovelhas são também o trigo que será recolhido no Celeiro (a Nova Terra - Mt 13.30) e resplandecerão
como o Sol no Reino do Pai (Mt 13.43). São os peixes bons em bons cestos (Mt 13.47,48).
Maior apoio a esta posição é encontrado em Mateus 25.34, em que gentios salvos herdarão um
reino preparado para eles desde a fundação do mundo [a Nova Terra]. Já que eles herdam a vida (Mt
25.46), deve ser a vida eterna [Os Gentios comerão das folhas da árvore da vida – Ap 22.2]. Isso indicaria
que os indivíduos serão salvos, terão vida eterna e ainda serão distintos de Israel [e também distintos da
Igreja].
Os judeus remidos, isto é, os que foram salvos por Cristo, serão reunidos aos santos (Igreja). Na
Nova Jerusalém não haverá judeu nem grego; não haverá homem nem mulher, porque todos somos um em
Cristo Jesus (Gl 3.26-29). At 7.38 refere-se a Israel como a “ekklēsia (ἐκκλησία) no deserto. Veja Dt
5.22; Sl 22.22; 107.32; Jl 2.16; Mq 2.5.

A regeneração de Israel:

A nação de Israel experimentará uma conversão, que preparará o povo para encontrar o Messias e
habitar no Seu reino milenar. Paulo demonstra que essa conversão é realizada na segunda vinda, pois
escreve:
“E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Resgatador (Go’el) e eliminará
as irreverências de Jacó, Porque esta é a minha aliança com eles, quando eu remover os seus pecados”
(Rm 11.26,27).78

78
Tradução: Pastor Fridolin Janzen. Traduzido do grego pelo texto usado por todas as traduções originais da Palavra de
Deus, o Textus Receptus.
103
Mais uma vez descobrimos ser esse o tema principal das passagens proféticas. Algumas referências
serão suficientes.
Sião será redimida pelo direito, e os que se arrependem, pela justiça (Is 1.27).
... os que ficarem em Jerusalém serão chamados santos... quando o SENHOR lavar a imundícia das
filhas de Sião e limpar Jerusalém da culpa do sangue do meio dela... (Is 4.3,4).
Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será
chamado: SENHOR, Justiça Nossa (Jr 23.6).
Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que eu sou o SENHOR; eles serão o meu povo, e eu serei
o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração (Jr 24.7).
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR. Na
mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão
o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece
ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois
perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei (Jr 31.33,34).
Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra
e lhes darei coração de carne (Ez 11.19).
Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de
todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei
de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne (Ez 36.25,26).
E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião e
em Jerusalém, estarão os que forem salvos... (JI 2.32).
Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade e te esqueces da transgressão do
restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia.
Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados
nas profundezas do mar (Mq 7.18,19).
Mas deixarei, no meio de ti, um povo modesto e humilde, que confia em o nome do SENHOR. OS
restantes de Israel não cometerão iniqüidade, nem proferirão mentira, e na sua boca não se achará língua
enganosa, porque serão apascentados, deitar-se-ão, e não haverá quem os espante (Sf 3.12,13).
Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para
remover o pecado e a impureza (Zc 13.1).
Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a provarei como
se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo, e ela dirá: O SENHOR é meu
Deus (Zc 13.9).
Já que nenhum judeu incrédulo entrará no milênio, o que aguarda a Israel é uma conversão que o
preparará para o reino prometido. A segunda vinda testemunhará a conversão da nação, isto é, de toda a
nação de Israel, a fim de que as alianças feitas sejam cumpridas na era do reinado do Messias.

A nação terrena de Israel será salva como nação terrena:

“Também Isaías exclama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a
areia do mar, o remanescente é que será salvo” (Rm 9.27) [No fim da Grande Tribulação].

Rm 11.5-12,25-27: “Assim, pois, também no tempo presente ficou um remanescente segundo a


eleição da graça. Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Pois
quê? O que Israel busca, isso não o alcançou; mas os eleitos alcançaram; e os outros foram endurecidos,
como está escrito: Deus lhes deu um espírito entorpecido, olhos para não verem, e ouvidos para não
104
ouvirem, até o dia de hoje. E Davi diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, e
em retribuição; escureçam-se-lhes os olhos para não verem, e tu encurva-lhes sempre as costas. Logo,
pergunto: Porventura tropeçaram de modo que caíssem? De maneira nenhuma, antes pelo seu tropeço veio
a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. Ora se o tropeço deles é a riqueza do mundo, e a sua
diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude! Porque não quero, irmãos, que ignoreis
este mistério (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel,
até que a plenitude dos gentios haja entrado; e assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de
Sião o Libertador (heb. Go’el), e desviará de Jacó as impiedades; e este será o meu pacto com eles,
quando eu tirar os seus pecados” (Rm 11.5-12,25-27).

“Mas Israel será salvo pelo Senhor, com uma salvação eterna; pelo que não sereis jamais
envergonhados nem confundidos em toda a eternidade” (Is 45.17).

E Davi será príncipe eternamente:

“E suscitarei sobre elas um só pastor para as apascentar, o meu servo Davi. Ele as apascentará, e
lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas;
eu, o Senhor, o disse”. (Ez 34.23,24);

“E suscitarei sobre elas um só pastor para as apascentar, o meu servo Davi. Ele as apascentará, e
lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas;
eu, o Senhor, o disse”. (Ez 37.25).

105
Os doze (12) discípulos – Ministros de Deus ao lado de Davi 79

“A chamada dos doze discípulos por Jesus para compartilharem de sua missão, tem sido
amplamente reconhecida como um ato simbólico, no qual se demonstra a continuidade entre seus
discípulos e Israel. A atuação escatológica que lhes foi atribuída demonstra que os doze representam
Israel. Devem sentar-se nos doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel (Mt 19.28; Lc 22.30). Quer
esta expressão signifique que os doze devam governar sobre eles (os judeus), eles estão destinados a
liderar o Israel escatológico”. Os doze discípulos governarão sobre as doze tribos de Israel. Robert
Charles Sproul no seu comentário (Bíblia Genebra) nos diz que a palavra julgar tem o sentido de governar
e não sentenciar à punição. (κρίνοντες part. κρίνω aqui julgar, promover o julgamento, talvez no sentido
mais amplo de dominar, governar). 80
“Os doze estão destinados a exercer a função de regentes do Israel escatológico; mas já são os
recebedores das bênçãos e dos poderes do Reino escatológico. Por conseguinte, representam não somente
o povo escatológico de Deus, mas também aqueles que aceitam a presente oferta da salvação messiânica”.

O REINO TEM DUAS CAPITAIS:


1. A capital celestial: A nova Jerusalém (Ap 21.9; 22.1-5; Is 65.17; Ap 21.24, 25)
2. A capital terrestre - Jerusalém terrestre (Is 4.1-6; 60.1-12; 66.18-23; Jr 3.17; 31.7; Ez 34.11-13;
36.24-38; J1 3.21; Mq 4.1-3; Zc 8.20-23; Dt 28.13; Ap 21.24, 25; Am 9.15; Zc 14.16-19).

Os Governantes do Reino

Deus queria que onde a Igreja está estivesse Israel (Êx 19.6). Israel poderia ser um sacerdócio
superior. Mas houve rejeição e não pouca iniqüidade e desobediência durante toda a existência de Israel. O
bezerro de ouro que Israel fundiu, para substituir rebeldemente a mão poderosa de Deus que o livrou do
Egito, muito feriu o coração de Deus. Foram necessários 40 anos para que aquela velha geração morresse
(Dt 2) e assim Deus introduzisse a nova geração na Terra Prometida.
A Bíblia fala de três sacerdócios:
1°) O sacerdócio de Melquisedeque - um sacerdócio real e universal.

2°) O sacerdócio opcional, nacional - o de Levi, também chamado arônico. Criado para substituir o
plano original de Deus em relação a Israel, que era fazer daquele povo uma nação de reis e sacerdotes (Ex
19.5,6). Com o pecado, Deus deixou de lado o plano original e, em vez de fazer de uma nação um
sacerdócio, fez um sacerdócio para as nações gentias. O novo plano se desenvolveu como, sendo uma
tribo sacerdotal para uma nação (Nm 3).

3°) O sacerdócio de emergência - o nazireado, constituído, como consta no mesmo livro de


Números, capítulo 6, logo após a constituição de Levi como a tribo sacerdotal. Por muitas vezes a tribo de
Levi falhou, e o nazireado temporário foi ativado em emergência.

Mas Deus nunca ficou sem testemunhas. Deus encontrou na Igreja um povo de Reis e Sacerdotes
(Ap 1.6) A Igreja deu cumprimento e continuação ao sacerdócio que Jesus usou para cumprir o propósito
de Deus. Em Jesus, a Igreja tem realização em um sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque, usado
por Jesus. É este o sacerdócio do qual faz parte a Igreja (l Pe 2.5,9).

79
LADD, George Eldon. Op. Cit., p. 147.
80
HAUBECK, W., SIEBENTHAL, H. Von. Nova Chave Linguística do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Editoras
Targumim e Hagnos, 2009, p.171.
106
ENTÃO, QUAIS SÃO OS GOVERNANTES DO REINO?
1º) O Triunvirato Celestial (Pai, Filho e Espírito Santo);
2º) Jesus, Rei dos reis (Is 9.7; 16.5; Zc 14.9; Lc 1.32,33);
3º) A Igreja, a esposa do Rei, o sacerdócio universal e superior;
4º) Davi, príncipe (Ez 34.23,24; 37.25);
5º) Israel, que terá maiores privilégios sobre todas as nações (Is 54.3; 14.1,2; 2.2-4; 66.18-23;
60.1-22; Ez 37.24-28; Mq 4.1-7; Am 9.15; Jr 23.14-17; J1 3.18-21).
6º) Os doze, que terão primazia sobre as doze tribos (Mt 19.28; Lc 22.29,30).

Chafer resume esse ensino, demonstrando que o reino será: 81


a. Teocrático. O Rei será “Emanuel [...] Deus conosco”, pois Ele é, por nascimento humano,
herdeiro legítimo do trono de Davi, nascido de uma virgem em Belém [...] Isaías 7.14 [...] Mateus 1.22,23
[...] Isaías 11.1-5 [...] Jeremias 23.5 [...] Ezequiel 34.23; 37.24 [...] Oséias 3.4,5 [...] Miquéias 5.2.
b. Celestial em caráter [...] Isaías 2.4 [...] Isaías 11.4,5 [...] Jeremias 33.14-17 [...] Oséias 2.18.
c. Sediado em Jerusalém e de alcance mundial. Em primeiro lugar, o reino de Emanuel será na
terra [...] Salmos 2.8 [...] Isaías 11.9 [...] Isaías 42.4 [...] Jeremias 23.5 [...] Zacarias 14.9. Em segundo
lugar, o reino de Emanuel estará sediado em Jerusalém [...] Isaías 2.1-3 [...] Isaías 62.1-7 [...] Zacarias
8.20-23. Em terceiro lugar, o reino de Emanuel será sobre o Israel reunido e convertido [...]
Deuteronômio 30.3-6 [...] Isaías 11.11,12 [...] Isaías 14.1,2 [...] Jeremias 23.6-8 [...] Jeremias 32.37,38
[...] Jeremias 33.7-9 [...] Ezequiel 37.21-25 [...] Miquéias 4.6-8. Em quarto lugar, o reino de Emanuel se
estenderá às nações na terra [...] Salmos 72.11,17 [...] Salmos 86.9 [...] Isaías 55.5 [...] Daniel 7.13,14 [...]
Miquéias 4.2 [...] Zacarias 8.22 [:,..].
d. Estabelecido pelo rei que virá. Deuteronômio 30.3 [,..] Salmos 50.3-5 [...] Salmos 96.13 [...]
Zacarias 2.10-13 [...] Malaquias 3.1-4.
e. Espiritual. O reino não é incorpóreo nem separado do que é material, mas mesmo assim é
espiritual pelo fato de a vontade de Deus ser diretamente efetiva em todos os assuntos de governo e
conduta. O gozo e a bênção da comunhão com Deus serão experimentados por todos. O reino universal e
temporal será conduzido em perfeita justiça e verdadeira santidade. O reino de Deus estará novamente “no
meio” (Lc 17.21, cf. NVI “entre”) na pessoa do Rei Messias e Ele reinará na graça e no poder da plenitude
do Espírito (Is 11.2-5) [...] (CHAFER, op. cit., v, p. 334-40).
McClain resume assim a previsão profética do reino teocrático:
Em primeiro lugar, quanto à sua literalidade, o reino futuro não será simplesmente um reino ideal
[...] Será tão literal quanto o reino histórico de Israel [...] Toda a profecia, do princípio ao fim, afirma e
implica tal literalidade; em detalhes como local, natureza, rei, cidadãos e nações em jogo; no fato de que
ele destruirá e suplantará reinos literais; em sua conexão direta como uma restauração e continuação do
reino histórico e davídico.
Em segundo lugar, o tempo do seu estabelecimento geralmente parece estar próximo; ele virá “em
breve”. Outras afirmações, porém, indicam que ele está num futuro após “muitos dias” e nos “últimos
dias” [...].
Em terceiro lugar, o Rei desse reino futuro será humano e divino. Ele é chamado “um Homem”,
“um Filho de Homem”, o Filho de Deus, um Ramo da Raiz de Jessé, um Ramo Justo de Davi, Deus, o

81
PENTECOST, Jr., Dwight. Manual de Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1994, p. 570-574.
107
Senhor Jeová, Maravilhoso-Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz [...].
Em quarto lugar, o [...] reino previsto na profecia do Antigo Testamento é monárquico em sua
forma. O rei se assenta no “trono” e o governo está “sobre os seus ombros”. Ele recebe sua autoridade e a
mantém por doação divina. Isaías O vê e O nomeia como “Juiz”, “Legislador” e “Rei” [...].
Em quinto lugar, quanto à sua organização externa, os profetas retratam o reino com o Rei-
Mediador como cabeça; associado a Ele estão “príncipes”; os “santos” possuem o reino; a nação de Israel
recebe o lugar de prioridade; e os súditos incluem todas as tribos e nações [...].
Em sexto lugar, quanto à natureza do reino e seu efeito no mundo, todos os profetas concordam
em que seu estabelecimento completo causará uma mudança tão radical em todos os aspectos da vida
humana que o resultado é descrito como “um novo céu e uma nova terra” [...].
Os profetas do Antigo Testamento descrevem o reino mediador antes de mais nada como um
assunto espiritual. Ele traz perdão do pecado, purificação espiritual, provisão da justiça divina, novo
coração e novo espírito, conhecimento direto de Deus, harmonia interior com as leis de Deus,
derramamento do Espírito sobre toda carne e restauração da alegria à vida humana [Jr 31.34; 23.5,6; Ez
36.24-28; Zc 8.20-23; Jr 31.33; Jl 2.28; Is 35.10].
O reino também será ético em seus efeitos [...] uma estimativa apropriada de valores morais [...]
Um ajuste das desigualdades morais perpassará todos os aspectos das relações humanas [...] [Is 32.5; 40.4;
Jr 31.28-30].
O estabelecimento desse reino também produzirá grandes mudanças sociais e econômicas [...] a
guerra será eliminada [...] as artes e ciências serão voltadas a usos econômicos [...] a paz mundial será
introduzida [...] justiça social para todos [...] [Zc 9.10; Is 2.4; 9.7; 42.3; 65.21,22; Sl 72.1-4,12-14;Sf3.9].
Os aspectos mais inteiramente físicos da vida também sentirão os efeitos desse reino mediador. A
doença será eliminada. A longevidade será restaurada [...] somente morrerão os indivíduos duros e
incorrigíveis que se rebelarem contra as leis do reino. Os perigos comuns da vida física estarão sob
controle sobrenatural [...] A terra estará sob controle direto dAquele a cuja voz até os ventos e as ondas
obedecem [...] mudanças geológicas [...] mudanças climáticas [...] grande aumento na fertilidade e
produtividade do solo [...] [Is 32.14; 35.5,6; 65.20-22; Zc 14.3,4; Am 9.13; Is 11.6-9; 32.15,16].
No que pode ser chamado âmbito político [...] Uma autoridade central é estabelecida para resolver
disputas internacionais [...] “De Sião sairá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém” [...] [Is 2.4; 32.18;
Am 9.14,15; Ez 37.1ss.; Is 60.1-4].
O reino mediador também terá um aspecto eclesiástico. O Rei supremo combina em Sua Pessoa os
cargos de Rei e Sacerdote. Igreja e Estado se tornam um em objetivo e ação [...] [Sl 110.1-7; Ez 37.26-28;
43.1-7; Is 61.6; 66.23; Zc 14.16-19].
Tal é a natureza do [...] reino conforme apresentado na profecia do Antigo Testamento. E eu
gostaria de afirmar aqui que ela satisfaz e concilia todas as posições legítimas. O reino é espiritual, ético,
social, físico, político e eclesiástico. Separar qualquer um desses aspectos e negar os outros é diminuir a
abrangência da visão profética. (MCCLAIN, op. cit., p. 4-6).
Assim, fica evidente que a partida da presença do Deus de Israel e o cativeiro e a dispersão da
nação teocrática não anularam a expectativa do estabelecimento do reino teocrático. Peters observa:
Os profetas, com uma voz, referem-se esse reino, assim restaurado, em termos que expressam as
mais gloriosas adições. Eles prevêem, desde o salmista até Malaquias, a restauração do reino que fora
derrubado, ligada aos mais surpreendentes acontecimentos que produzirão bênção e glória sem paralelo na
história do mundo [...] Desde a queda do reino teocrático-davídico, esses acontecimentos previstos não
108
aconteceram conforme descrito e, portanto, o reino previsto e prometido ainda não apareceu [...] E este
mesmo reino derrubado que recebe tais adições, e não outro reino; assim, nenhum reino professado, não
importa quão altamente proclamado e eruditamente apresentado, deve, sem elas, ser aceito por nós [...].
Essas adições são tão grandes em sua natureza, tão surpreendentes em suas características, tão
expressivas da interferência sobrenatural, que ninguém jamais poderá enganar-se quando esse reino for
restaurado [...] Após a queda do reino davídico, os profetas prevêem esse reino como futuro. (PETERS, op.
cit., i, p. 248).

Dr. Daniel Juster no seu livro, “O Chamado Irrevogável”82, afirma:


“Há um destino para Israel e para a Igreja; ambos estão no limiar do cumprimento deste destino.
Para a Igreja, esse destino é reinar como Noiva-Rainha ao lado do Noivo na Era Vindoura. Para Israel, é
ser a capital das nações, o lugar do aparecimento do Messias”.
“Durante o Milênio, Israel herdará a terra conforme toda descrição de seus limites. Então, os
mansos herdarão a terra e toda a terra se tornará uma terra prometida”.83
“As Escrituras indicam que as nações se contactarão com práticas que até este tempo eram
desfrutadas por judeus (Shabat, Lua Nova e Tabernáculos – Is 66.23 e Zc 14.16-19). Toda vez que um
judeu observa o Shabat, ele proclama a plenitude da redenção que há de vir quando o Messias Yeshua
governar as nações”.84
“A nação judaica será um centro de ensino para todo o mundo. Todas as nações virão à Jerusalém
(Is 2.1-3). Israel servirá o Senhor de uma maneira especial como um Reino de Sacerdotes ao lado da
Rainha ressurreta e trasladada. Grandes celebrações acontecerão ali, espalhando-se por todas as nações do
mundo. As nações serão disciplinadas”.85
“Cremos que todas as nações terão uma glória única que não pode ser substituída por nenhuma
outra. Assim, em Apocalipse 21,22 lemos a descrição da Nova Jerusalém nos Novos Céus e Nova
Terra”.86
“Para que todos conheçam a glória de D’us, a glória da Noiva, a glória de Israel e a glória das
nações. Todos eles estarão entrelaçados na Nova Jerusalém”.87

82
JUSTER, Dr. Daniel. Op. Cit., p. 64.
83
JUSTER, Dr. Daniel. Op. Cit., p. 65.
84
Ibid.
85
Ibid.
86
JUSTER, Dr. Daniel. Op. Cit., p. 65.
87
Ibid.
109
8
OS JUDEUS E SUA HISTÓRIA

Os fatos bíblicos que precedem a história desse povo do Antigo Testamento falam-nos da rebeldia
da raça humana. Não tolerando Deus essa rebeldia, enviou o juízo, em que apenas uma família e vários
tipos de animais foram salvos do Dilúvio que cobriu a face da terra (Gn 6 e 7). Essa família teria
possibilidade, uma chance para a raça humana se reintegrar em nova sociedade capaz de glorificar o Seu
Criador.
Noé foi escolhido, em face do seu caráter e submissão a Deus. Por ordem de Deus, construiu uma
Arca fazendo ele mesmo advertência ao povo que se arrependesse, o que, infelizmente, não se deu. Depois
de construída a Arca, ele e sua família entraram nela e Deus a fechou por fora.
Desceram Noé e seus familiares da Arca, após o Dilúvio. Seus três filhos, Sem, Cão e Jafé, se
espalharam pela face da Terra devastada. Noé habitou a região da Mesopotâmia (meso-entre, pótamos-
rios), entre os rios Tigre e Eufrates, região fértil onde Sem, seus familiares e muitos animais de grande
porte ficaram habitando. Formaram os semitas, o povo de que se originou Abraão.
Abraão habitou a cidade de Ur, na Caldéia, parte do sul da Mesopotâmia. Dali, chamado por Deus,
deixou a sua terra e migrou com seus familiares para além do rio Eufrates. Pelo fato de ter atravessado o
rio Eufrates coube-lhe o nome de “hebreu” - de Heber nome dado ao emigrante que atravessasse o rio
Mais tarde, Jacó, neto de Abraão, em luta que manteve com o Anjo do Senhor quando caminhava
ao encontro de Esaú, seu irmão, com quem se incompatibilizara, nesse encontro com o Anjo recebeu o
nome de Israel, nome este que prevalece através da História até os nossos dias.
O nome de “judeu” era conhecido desde o cativeiro de Babilônia, cerca dos anos 500 a.C. Depois
se generalizou a denominação de judeus, com a dispersão desse povo durante o período histórico do
cristianismo.
Abraão tinha aproximadamente 75 anos quando deixou a Caldéia. Vivia em casa de seu pai, Terá, e
seus irmãos. Abraão era casado com uma prima de beleza invulgar, Sara. Ele viveu cerca de 24 anos no sul
de Canaã, em Hebrom, junto aos carvalhais de Manre. Era um homem de invejável fé, monoteísta, pois
aceitava um único Deus verdadeiro. Teve um encontro notável com o rei e sacerdote de Salém,
Melquisedeque. Abraão pagou o dizimo a Melquisedeque. Este era o retrato de Cristo no tempo de
Abraão, cujo período é conhecido com o nome da Graça Abraâmica, ou Período de Graça no Passado,
antes do Período da Lei. Era a Graça Salvadora de Cristo em sentido universal e escatológico,
independente do tempo. Abraão foi justificado por causa de sua fé (Gl 3.6; Rm 4.1-3; Hb 11.8-12,17).

Israel

Quando Jacó retornava para seu irmão Esaú, decidido a modificar sua vida de aventura, voltando
da condição de homem comum, de pecador, de egoísta, disposto a reparar as suas faltas para com seu
irmão e viver uma vida nova, encontrou-se com Deus no vale de Jaboque. Teve ali uma luta tremenda de
consciência que, arrependido, prevalecia para uma nova vida, recebendo ali um novo nome, Israel (Gn
32.22-32). Este nome passou à sua descendência, estendendo-se na História, através dos séculos, e,
escatologicamente, além dos séculos, na eternidade (Ap 7.4-8; Rm 11.26,27).
Israel teve seus pontos altos: em José no comando desse povo por ocasião da fome e a descida de
Israel para o Egito, tem como a volta, a saída desse mesmo povo para a conquista da Terra Prometida -
Canaã - comandados por Josué em gloriosas arrancadas.
Com Josué veio a conquista da terra. Era o feito heróico onde reluzia a espada na mão do homem e
o poder vindo de Deus.

110
O nome Josué (Yehoshua) tem um significado muito importante, pois Josué vem do hebraico é o
mesmo que Jesus (Iesus - Ἰησοῦ em grego).
O livro de Josué é a página gloriosa da história de um povo e de um chefe obediente ao Senhor,
que havia tirado esse povo do Egito e da casa de servidão, onde seus pais haviam sido subjugados.
A travessia do Jordão, a conquista de Jericó, a Arca da Aliança fazendo parar as correntezas do rio
Jordão - são fatos memoráveis e grandiosos da história de Israel.
A parada do Sol a pedido de Josué, na notável batalha de Gibeão, fala-nos não somente de um
povo, mas é antes de tudo a prova do poder e da vontade soberana de Deus através desse mesmo povo e
nos eternos propósitos do que pretendia fazer o Eterno com relação ao Cosmos e, quiçá, a Eternidade.
Na infância ainda de sua vida nacional, Israel, com a morte de Josué, se tornava uma confederação
de 12 tribos. A forma de governo era a Teocracia, isto é, o governo de Deus. O povo era dirigido por
Deus através de juizes. No livro de Hebreus há uma página em que mencionam alguns desses juizes,
verdadeiros heróis da fé. Foi nesse período que apareceu a família messiânica da pessoa de Rute, avó de
Davi, o segundo rei de Israel, de cujo tronco (a raiz de Jessé) veio Jesus Cristo, o Salvador do mundo. A
história de Rute encanta e inspira-nos nesses dias em que sentimos a desagregação da família, num
desajustamento melancólico e de perspectivas inditosas.
Samuel é a conexão entre o período do governo teocrático e o governo dos reis. No governo dos
reis temos como o primeiro rei, Saul. Depois, Davi, que foi o ponto alto do governo da vida nacional de
Israel no passado. Também porque o governo de Davi simbolizava o reinado do Rei vindouro - o Messias
(Lc 1.30-33). Depois reinou Salomão e nesse período foi construído o primeiro Templo (o segundo
templo foi a reconstrução do primeiro por Zorobabel, sob a direção de Neemias, por autorização de
Xerxes e Ciro; o terceiro foi o Templo de Herodes, reconstruído para angariar popularidade, em 37 a.C.
Com a morte de Salomão, veio a divisão do Reino, por discordância de Jeroboão com as tribos do Norte.
Aquelas com o nome de Judá e estas com o nome de Israel. Daí muitos reis passaram pelo governo de
Israel e Judá, mas foram, em sua maioria, rebeldes e contrários à vontade de Deus.

O Domínio Estrangeiro

IMPÉRIOS MUNDIAIS DA BÍBLIA NA HISTÓRIA DE ISRAEL


EGITO ASSÍRIA BABILÔNIA MEDO GRÉCIA ROMA ROMA
PÉRSIA ANTIGA FUTURA
Gn 46 a Dt 34 722 a 606 a.C. 606 a 536 a.C. 536 a 331 a.C. 321 a 63 a.C. 63 a.C a 70 ANTICRISTO
d.C.
Jacó e sua 10 tribos de Duas tribos de Cativos de Israel sob Israel sob Ressurgimento
família no Israel em Judá em Israel controle do autoridade de de Roma depois
Egito até o cativeiro cativeiro retornam em reino grego Roma do
Êxodo 536 a.C. sediado na Arrebatamento
Síria Jerusalém
destruída

Declínio de
Roma na era da
Igreja

No ano de 722 a.C., vieram os assírios e subjugaram as tribos do Norte, cujo reino durou pouco
mais de 200 anos. Eram reis perversos e sanguinários, como foram Senaqueribe, Sargão, Assur.
No ano de 606 a. C., vieram os babilônicos e levaram os da tribo de Judá, no Sul. Foi nesse
período, sob o governo de Nabucodonosor, que surgiu o profeta Daniel, cujo livro nos relata os
acontecimentos escatológicos do fim dos tempos.

111
O reino do Sul foi levado em 586 a.C. para Babilônia, onde permaneceu até 553 a.C. Os judeus
regressaram a Jerusalém em três levas, sob Zorobabel, sob Esdras e Neemias. Judá esteve sob o domínio
dos persas, dos gregos, dos Ptolomeus, dos selêucidas e, finalmente, sob o poderio romano. O Estado
judaico prossegue até o ano 70 d.C., quando é destruído pelos romanos.

Os Profetas

Sempre houve profetas em Israel, mas houve um período em que Deus procurou falar mais de perto
a Israel. Foi o período entre a divisão do reino e o domínio estrangeiro. Cada profeta tinha uma mensagem
especial para o povo, mas este, geralmente, se mantinha rebelde à vontade de Deus.
O profeta Isaías , chamado Profeta Messiânico , era de elevada cultura e inspiração. Viveu no
tempo do rei Uzias. A sua mensagem era: Deus tem um remanescente para o qual existe um futuro
glorioso.
Jeremias tinha outra mensagem, que se caracterizava na condenação do pecado e a glória de
Jerusalém.
Ezequiel foi o portador da mensagem apocalíptica no Antigo Testamento. Sua mensagem previa a
queda e a restauração de Jerusalém.
Daniel tinha fundamentalmente uma mensagem escatológica, profetizou de reinos terrenos e do
Reino Eterno.
Joel fala da lavoura de Deus entre as nações.
Amós traz uma mensagem de esperança e de restauração do mundo, em visão escatológica.
Oséias também se mostra inclinado a apresentar um governo universal e escatológico de Deus no
Mundo.
Miquéias também não era menos messiânico com relação ao reinado escatológico da Salvação do
povo de Deus.
Ageu fala da significação do Templo Futuro.
Zacarias foi sobremodo escatológico nas suas profecias sobre o Reino Vindouro do Rei e Senhor
no seu glorioso reinado.
Malaquias teve uma mensagem especial para uma nação messiânica, embora desobediente.

Linha Messiânica

Não somente os profetas mas todos os escritores do A.T. falam-nos de certa linha messiânica
preestabelecida, para criar a expectação da vinda de Cristo, desde Abel, cujo sangue simbolizava a
instituição de sacrifícios e a expiação de Cristo, já estabelecida por Ele desde a fundação do mundo (Ap
13.8). Abraão em Moriá, o mesmo monte onde Jesus foi crucificado, levava Isaque para o sacrifício como
um símbolo de Cristo. A serpente levantada é também símbolo de Cristo (Nm 21.6-9; Jo 3.14-16). Os
sofrimentos de Jesus Cristo foram previstos (Is 2.2-4; 7.13,14,53). Em todos os livros do A.T. há um
painel, um lustre aceso, um farol indicando e apontando para um só ponto: o Messias Salvador do Mundo.

Israel esperava o Messias (Is 7.14; 11.1-5).

O profeta Jeremias, por vezes, menciona a vinda do Messias, com Deus falando do concerto que
prometera fazer com a casa de Israel (Jr 31.31 -33; Is 55.3). Zacarias fala sobre a entrada triunfal de Jesus
em Jerusalém (Zc 9.9; Mt 21.1-11; Lc 19.26-44).

112
Mas Israel parecia, mesmo assim, tardio de crer em tudo que os profetas diziam (Lc 24.25). Jesus
veio para os seus e os seus não o receberam (Jo 1.11). Rejeitaram o Parente Remidor.
Muitas são as profecias que relacionam a vida de Jesus com os fatos do A.T. e os fatos cumpridos
no N.T., fortalecendo, assim, a verdade do Advento do Salvador na pessoa do Filho de Maria e seus
ascendentes segundo a carne. São as seguintes:
a. Haveria de vir - Gn 3.15: Dt 18.15-18: Is 9.6: Sl. 2 7: Dn 9.23-25
Cumpriu-se - Lc 2.11; Jo 1.14; G1 4.4; l Jo 3.8.
b. Em que tempo viria - Gn 49.10; Dn 9.23; M1 3.1; Mq 5.2.
Cumpriu-se - Jo 19.10-15, Mt 2.4-6.
c. Descenderia - Gn 3.15; 12.3; 18.18; 49.10; Is 7.14; 9.6,7; 11.1.10.
Foram cumpridas - Mt 1.1 -23; Lc 1.31 -33; Jo 7.42; G1 4.4: At 3.25-28; 13.32-37; Rm 15.8-
12.
d. Nasceria de uma virgem - Is 7.14.
Cumpriu-se - Lc 2.4-7; Mt 1.1-25.
e. O Deus-Homem teria um precursor - M1 3.1; Mq 4.5; Is 40.3.
Foram cumpridas - Mt 3.1-3; Lc 1.13-17.
f. Outras previsões com relação à vinda do Messias - Is 9.1.2; Zc 9.9; Is 35.5,6.
Foram cumpridas - Mt 4.12- 17, 21.4-6, 11.5
g. Profecias com relação à sua morte - Is 53.3,5-8; Zc 11.12-15; S1 22.18; 69.21.
Foram cumpridas - Mt 27.28-34; l Pe 23.24; Jo 19.24; Mt 26.15; Mc 15.36.

Profecias Que Ainda Serão Cumpridas

Antigo Testamento:
a. Virá dos céus com poder e glória - Is 9.6,7; Dn 7.13,14;
b. O Messias se assentará num trono terreno - Is 9.6,7; Mt 19.28; 25.31;
c. O Messias reinará sobre toda a Terra - S1 72.8; Zc 14.9; Dn 2.34,35,44,45; Jr 23.5,6; Mq 4.7;
Zc 14.9

Novo Testamento:
a. Mt 24.30; 25.31; 26.64; Mc 14.61,62; At 1.9-11; Ap 1.7.
b. Lc 1.32,33; Mt 19.28; 25.31.
c. Fp 2.9-11; Hb 1.8; Ap 11.15; 19.11-16.

Falando da ordem dos profetas no sentido de uma corporação, constituíam eles uma classe de
homens que Deus chamava para se dirigirem ao povo, dando-lhes palavras e conferindo-lhes autoridade
para falar em seu nome (Dt 18.18-22).
No Antigo Testamento, há uma perspectiva, uma ansiedade, baseadas em promessas de Deus para
um futuro onde a felicidade e esperança nos aguardam. Em todo ou quase todo o A.T., a profecia
prefigurava um acontecimento de alta significação para aqueles que esperavam em Deus e nas coisas
futuras: o Dia do Senhor, o Reino de Deus. Essas profecias não significam apenas uma predição, mas uma
mensagem, uma proclamação (κήρυγµα).
Os profetas surgiram entre os séculos nono e quarto antes de Cristo, O grupo maciço dos profetas
predominou aproximadamente 500 anos, depois foram-se distanciando e rareando, somente surgindo
especialmente quando o Senhor determinasse o seu aparecimento. Foram assim distribuídos:
113
Antes do cativeiro de Babilônia: Isaías, Amós, Oséias, Miquéias, Joel e Jonas.
Durante o cativeiro: Jeremias, Ezequiel, Daniel, Obadias, Habacuque, Naum e Sofonias.
Depois do cativeiro: Ageu, Zacarias e Malaquias.
Em termos gerais as mensagens dos profetas eram as seguintes: prediziam sobre o cativeiro e a
dispersão do povo de Israel.
Depois, falaram sobre a esperança do Messias de Deus e, finalmente, sobre a restauração do Povo
de Deus e de Jerusalém.
Focalizamos no capítulo seguinte as profecias de Daniel e usando os demais profetas e suas
profecias como referência.

Daniel

Por volta do ano 606 A.C., Nabucodonosor invadiu Jerusalém e levou cativo o povo judeu. Daniel
estava com o povo que foi levado. Ele era ainda bem jovem. Era parente do rei Zedequias e estavam com
ele mais três jovens parentes do rei, Hananias, Misael e Azarias, cujos nomes foram mudados para
Sadraque, Mesaque e Abednego, e que também seguiram cativos para Babilônia. Por serem de sangue real,
Daniel e estes outros jovens ficaram no palácio do rei Nabucodonosor.

Daniel conhecia a ciência dos caldeus e nela se aperfeiçoou com os seus companheiros.

A contribuição de Israel, no cômputo histórico do mundo, se abre num painel profético, que se
estende desde o cativeiro de Babilônia até o estabelecimento do Reino no Milênio. Os fatos históricos
relacionados com os povos e governos da Assíria, Babilônia, Média, Pérsia, Grécia, Egito, Síria e Roma se
entrelaçam com as profecias de Daniel. Deus havia estabelecido os acontecimentos da vida de Israel até os
fins do tempo, em conjunção com outros povos vizinhos.

Israel era uma nação messiânica. Deus vinha procurando preparar seu povo para uma vida nacional
monoteísta e santificada no propósito de salvar o mundo através da família messiânica. Dela veio o
Messias, do trono de Jessé. No entanto, o povo se desviara, estabelecendo ligações com outros povos de
costumes e crenças pagãs e inimigos do Criador do Universo, aceitando deles a idolatria e o culto pagão.

Israel e Judá foram subjugados por uma nação sanguinária e pagã, Babilônia. Foi um tempo difícil
de tristeza e de dor, da separação da terra e dos parentes, do Templo e também de Deus.

Mas Deus não deixou o seu povo nem o plano salvífico. Serviu-se dos próprios reis e governos
pagãos para serem instrumentos de reparação e reestruturação, em seu eterno plano de salvar o mundo.
“A história, para os judeus, se dividia em duas partes, o olam hazé, a era presente, em que Israel
estava sofrendo debaixo do domínio de seus inimigos, e o olam habá, a era vindoura, o mundo por vir,
quando Israel seria libertado pelo Messias de seus inimigos, se tornaria o centro do mundo, e Deus seria
adorado e reconhecido por todas as nações pagãs. Esta nova era seria introduzida pelo Messias, quando
viesse em glória e poder, para destruir os opressores do povo de Deus”. 88
Segundo o Novo Testamento, vivemos hoje no período em que as duas eras se sobrepõem. A
coexistência das duas eras traz tensões que o Novo Testamento expõe de forma clara: Cristo já reina, mas
ainda não liquidou literalmente todos os seus inimigos, como Satanás e a morte (1 Co 15.20-28; Hb 2.8).
O Reino de Deus já está entre nós, mas ainda temos de orar “venha o Teu Reino”. Já estamos salvos da
condenação do pecado, mas ainda não da sua presença e da morte que ele acarreta. Já temos as primícias
88
LOPES, Augustus Nicodemus. Batalha Espiritual, p.13. http://www.docstoc.com/docs/1045735/Augustus-Nicodemus-
Lopes - Batalha-Espiritual.
114
do Espírito, já experimentamos os poderes do mundo vindouro, mas ainda não em sua plenitude (1 Co
13.9-13). Já estamos ressuscitados com Cristo, mas ainda não fisicamente. É à luz desta tensão que
podemos entender que o diabo já foi vencido, despojado, limitado, e amarrado, mas ainda não aniquilado
(cf. 1 Co 15.24).89

89
Ibidem. LOPES, Augustus Nicodemus. Batalha Espiritual.
115
9
O LIVRO DE DANIEL

O sonho de Nabucodonosor em Daniel, capítulo 2, salienta o aspecto histórico da profecia até os


fins dos tempos.
Nos capítulos 7, 8 e 12 aparece de forma profética a vontade de Deus, em sentido escatológico,
numa arrancada grandiosa e avançada intenção de seus eternos propósitos. Daniel mostra, em duas fases, o
tempo e os governos do mundo até o final dos tempos. Primeiramente a figura da estátua de cabeça de
ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris de bronze, as pernas de ferro e os pés de ferro e
barro.
1. Babilônia - a cabeça de ouro: Dn 2.32,37,38;
2. Média e Pérsia - o peito e os braços de prata: Dn 2.32,39;
3. Grécia - o ventre e os quadris de bronze: Dn 2.32,39;
4. Roma - as pernas de ferro, e os pés de ferro e barro: Dn 2,33,40-43.

No capítulo 2, por meio de Nabucodonosor, Deus revela o lado político desses impérios mundiais.
Falando ao rei Nabucodonosor, Daniel disse: “Tu és a cabeça de ouro”. Aqui não está declarado
que o Império Babilônico é simbolizado pela cabeça de ouro, mas sim o seu imperador. Em outras
palavras: Nabucodonosor representa o império que governava. Isso porque O império Babilônico atingiu o
auge do seu poder e do seu esplendor sob a liderança deste notável monarca, decaindo rapidamente após a
sua morte. Dos 70 anos em que existiu o Império Babilônico, Nabucodonosor governou-o durante 42
anos, tendo antes governado junto com seu pai, Nabopolossar, durante 3 anos. Portanto, esteve à frente
do governo por 45 anos. Nabopolossar, que governou a Babilônia durante 21 anos, de 626-604 a.C.,
preparou o terreno sobre o qual o seu filho construiria um império mundial.
Em Daniel 4, o profeta judeu nos mostra, através de um sonho de Nabucodonosor, que o império
babilônico de então era uma figura do último império mundial, “BABILÔNIA, A GRANDE”. Lemos
sobre o sonho do rei em Daniel 4.10-12: “Eram assim as visões da minha cabeça, estando eu na minha
cama: eu olhava, e eis uma árvore no meio da terra, e grande era a sua altura; crescia a árvore, e se fazia
forte, de maneira que a sua altura chegava até o céu, e era vista até os confins da terra. A sua folhagem era
formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo
achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e dela se mantinha toda a carne”. Que
essa árvore simboliza o império mundial babilônico é mostrado claramente pelas palavras de Daniel a
Nabucodonosor: “A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava até o céu, e que era
vista por toda a terra; cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para todos havia
sustento, debaixo da qual os animais do campo achavam sombra, e em cujos ramos habitavam as aves do
céu; és ,tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; pois a tua grandeza cresceu, e chegou até o céu, e o teu
domínio até a extremidade da terra” (vv. 20-22).
Os impérios gentios, começando por Babilônia e seguindo por outros impérios descritos por Daniel
nesta porção que estamos estudando, têm substituído temporalmente o reinado que deveria Ter sido
exercido pelos judeus.

O PEITO E OS BRAÇOS DE PRATA:

O peito e os braços de prata simbolizavam o Império Medo-Persa. Como os outros dois, o Império
Grego e o Império Romano, ele ainda não existia nos dias de Nabucodonosor. Como o nome já indica, e
como os dois braços ligados pelo peito representam, trata-se de um império que ia ser formado pela união
de dois povos: os medos, habitantes da Média, e os persas, oriundos da Pérsia. Este império é também

116
conhecido simplesmente pelo nome de Pérsia, pois os persas eram a parte mais predominante. Este império
era de menor valor e de menor autoridade que o da Babilônia, assim como a prata é menor que o ouro.

O VENTRE E OS QUADRIS DE BRONZE:

O terceiro império mundial, representado pelo ventre e pelos quadris de bronze, foi a Grécia, que
foi estabelecido por Alexandre “O Grande” no ano de 331 a.C., depois de sua vitória sobre Dario III. O
capítulo 8 contém detalhadas predições sobre o Império Persa e o Império Grego.

AS PERNAS DE FERRO E OS PÉS DE FERRO E BARRO


Este último Império é na realidade a fusão de dois, um passado e outro futuro. As pernas de ferro
simbolizavam o antigo Império Romano e os pés de ferro e barro simbolizam o futuro Império Romano
Redivivo que será governado pelo o Anticristo. As pernas de ferro trata-se deveras do Império Romano,
pois quando o Cristo Salvador nasceu em Belém, os romanos dominavam o mundo (Lc 2.1). Era o mais
forte dos quatro, assim como o ferro ultrapassa o ouro, a prata e o bronze em dureza. Mas internamente o
seu valor, a sua qualidade, era inferior aos seus predecessores, como o ferro é inferior aos metais que
representavam aqueles. Mais tarde o imperador Teodórico dividiu em 395 d.C. o Império Romano em
dois: O Império Ocidental que caiu em 476 d.C. e o Império Oriental que caiu em 1453 d.C.
Mais de dois mil e quinhentos anos têm-se passado e agora os dedos dos pés da estátua estão
prestes a Ter o seu cumprimento. A União Européia (antes o Mercado Comum Europeu) integrada por um
grupo de nações, unidas por motivos econômicos e comerciais, pode representar os dedos da estátua vista
por Nabucodonosor em Dn 2.41. Mesmo que o número de membros possa variar até a manifestação do
Anticristo, serão dez os da aliança quando a besta se manifestar.
A unificação da Europa em torno de uma só economia através de uma unidade monetária única (o
Euro) é a prioridade para estabelecer um “Novo Império Romano do Ocidente”. Atualmente a União
Européia é composta de 27 estados membros (países) com uma só bandeira e um só hino e em breve uma
só moeda (apenas 16 países aderiram ao Euro). Bélgica, Alemanha, Irlanda, Grécia, Espanha, França,
Itália, Chipre, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Áustria, Portugal, Eslovênia, Eslováquia, Finlândia.
(2010). As nações da União Européia já têm formado o seu parlamento e têm como sede Bruxelas, capital
da Bélgica. Agora, nos nossos dias já existe a moeda deste Império.
As dez nações formarão uma aliança de ferro e de barro. A mistura do ferro e do barro representa a
mistura de várias formas de governo, unidas através de alianças.
Quais são as duas substâncias que não se misturarão? O mestre William Kelly sugere que a forma
final de poder do antigo império romano será uma confederação composta de autocracias e democracias,
representadas pelo ferro e pelo barro. Em sua opinião, o ferro representa as nações governadas por um
monarca; o barro representa as nações que aderem a uma forma de governo democrático ou
representativa.
Esses dez dedos, ou impérios, serão algum tipo de federação européia.
Arno Froese afirma:
“É errado tentar identificar dez nações européias ou dizer, como fazemos frequentemente, que o
Império Romano vai ser restabelecido. Do ponro de vista estritamente bíblico, isso é incorreto, porque o
Império Romano nunca deixou de existir. No capítulo 2, vemos que todo o mundo está envolvido quando
Jesus destrói a hierarquia de poder gentio: ‘Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a
prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se podia
achar nenhum vestígio deles; a pedra, porém, que feriu a estátua se tornou uma grande montanha, e encheu
toda a terra’ (Dn 2.35)”. 90

90
FROESE, Arno. Descomplicando as Profecias de Daniel. Porto Alegre: Actual Edições, 2005, p. 112
117
O Anticristo poderá saltar de qualquer um desses membros do concílio da Europa.
A Bíblia revela que esta confederação de dez nações existirá nos últimos dias. Algumas com
governadas por reis, algumas com governos democráticos. Porém a Pedra cortada sem mãos, aniquilará o
poderio gentio e implantará o Seu Reino Milenar.
A estátua é destruída por uma PEDRA cortada sem auxílio de mãos (o Rei Jesus, em sua Segunda
Vinda) e a PEDRA se expande em forma de monte que encherá toda a terra. A destruição do sistema
mundial dos gentios não ocorreu na primeira Vinda de Cristo. A ação descrita pela PEDRA, Cristo, em
sua destruição da estátua (símbolo do sistema mundial dos gentios), terá seu fiel cumprimento na Segunda
Vinda.
Como podemos ter certeza de que as quatro divisões da estátua representam estes quatro Impérios:
o Babilônico, o Medo-Persa, o Grego e o Romano? Que base temos para afirmar isto? Há duas bases: A
bíblica e a histórica. Já vimos em Daniel 2.38, que se referindo a Nabucodonosor, o profeta disse: “Tu és a
cabeça de ouro”. Temos então aí uma referência clara ao primeiro império. Como veremos mais tarde, no
capítulo 8, o segundo e o terceiro impérios também são chamados pelos nomes (8.20,21). Além de
chamados pelos nomes, eles são tão bem caracterizados que é difícil um engano. O quarto império, o
romano não é mencionado por nome. Mas, como a história confirmou plenamente a profecia bíblica
quanto aos três primeiros reinos, tanto ao que se refere aos nomes quanto à seqüência em que surgiram, e
o Império Romano foi o quarto, é evidente que foi a ele que Deus se referiu na visão dada a
Nabucodonosor.
No capitulo 7, esses mesmos impérios representam-se por um Leão, um Urso, um Leopardo, e um
animal anônimo e terrivelmente espantoso. Por fim, vem o Filho do Homem, a Pedra, exercendo o juízo e
estabelecendo o Reino Eterno do Altíssimo (Dn 7.13,14,26,27). O capítulo 2 apresenta os acontecimentos
vistos a partir da perspectiva humana, e o capítulo 7, os mesmos eventos a partir da perspectiva divina.
O primeiro império mundial do Tempo dos Gentios é Babilônia (606-536 a.C.), simbolizada pelo
leão (Dn 7.4), rei dos animais. Isso fala da primazia do império babilônico sobre os demais que se
seguiram. Corresponde à cabeça de ouro da estátua (Dn 2.32,37,38). As asas de águia falam de suas
rápidas conquistas.
O segundo império mundial do Tempo dos Gentios é o Medo-Persa, correspondente ao peito e aos
braços de prata (Dn 2.32,39). No capítulo 8, verso 20, volta a ser representado por um Carneiro, e
corresponde ao Urso do capítulo 7, verso 5. O lado que se elevou foi a Pérsia, que passou a ter
ascendência sobre a Média. As três costelas na boca aludem à conquista, pela Pérsia, de Babilônia (539
a.C.), Lídia (546 a.C.) e Egito (525 a.C.). O seu período como Império da Pérsia é 536-331 a.C.
O terceiro império mundial dos Tempos dos Gentios é a Grécia. Período: 331-146 a.C.
Corresponde ao ventre e quadris de bronze (Dn 2.32,39). É simbolizada por um Leopardo (Dn 7.6), tendo
quatro asas e quatro cabeças. No capítulo 8, versos 5, e 21, a Grécia volta a aparecer sob a figura de um
Bode Peludo. As quatro asas indicam mais rapidez nas conquistas do que Babilônia. As quatro cabeças
falam da quádrupla divisão do império grego após a morte de Alexandre, a saber: Egito, Macedônia, Síria
e Ásia Menor. Em 12 anos, Alexandre dominou o mundo civilizado do seu tempo. Seu exército era
altamente treinado e utilizava o princípio da guerra-relâmpago, isto é, surpresa e rapidez nos ataques.
O quarto império mundial do Tempo dos Gentios é Roma. Seu período: 146 a.C. - 476 d.C.
Corresponde às pernas da estátua (Dn 2.33,41,42). No capítulo 7, versos 7,8,11,19-24, corresponde ao
quarto animal. Ele tinha dez chifres. Entre esses dez, surge um pequeno. Três dos outros são derrubados
pelo Pequeno Chifre (v. 8 e 24), que é o Anticristo.
O quarto animal seria um reino como os demais animais. Esse animal tinha dentes de ferro (Dn
7.7). Seria o reino da força, da ferocidade, do esmagamento, como foi o antigo Império Romano,
representado especificamente apenas pelas pernas, pois o futuro Império do Anticristo, representado pelos
dez dedos dos pés, ainda virá. Os dez chifres (Dn 7.7) correspondem a dez futuros reis (Dn 7.24).

118
Correspondem ainda aos dez chifres da Besta do Apocalipse (Ap 13.1-3;17.3,12), o Anticristo e
suas nações confederadas durante a Grande Tribulação. O mestre de profecia Dwight Pentecost diz: “Os
dez reinos existirão ao mesmo tempo, não ao longo de um período de vários séculos, e todos formarão
uma confederação. Não há nada na história do passado dos reinos da Europa que se enquadre nisso”
O Chifre Pequeno (Dn 7.8) representa o futuro Anticristo. Ele, ao emergir entre os dez reinos,
abaterá três reis. Essa expressão do Império Romano em dez reinos não ocorreu, pois quando esse Império
deixou de existir tinha apenas duas formas, correspondente às duas pernas (Dn 2), isto é, o Império
Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente. O primeiro caiu em 476 d.C., e o segundo em 1453
d.C. A divisão do Império em dois deu-se em 395 d.C. Portanto, os fatos proféticos de Daniel 7.8 são
ainda futuros, como bem mostra o livro de Apocalipse. Daniel 7.8 revela também que o Anticristo será
muito inteligente (“olhos” - v. 8,20), e também um orador inflamado e magnetizador de massas (“boca que
fala com insolência” - v. 8.20). Com isso concorda Ap 13.5,6.

AS SEMELHANÇAS ENTRE A BESTA E OS QUATRO REINOS MUNDIAIS:


O Anticristo tem dez chifres – como o quarto animal.
O Anticristo é semelhante a um leopardo – como o terceiro animal.
Os pés do Anticristo são como os pés de urso – como o segundo animal.
A boca do Anticristo é como boca de leão – como o primeiro animal.

ANIMAIS (Dn 7.4-8) CABEÇAS CHIFRES


LEÃO 1
URSO 1
LEOPARDO 4
4o ANIMAL 1 10
A BESTA (Ap 13.1,2) 7 10

A seguir, apresentamos um estudo paralelo entre a quarta besta de Daniel e a primeira besta de
Apocalipse realizado por Sale Kirban:

DANIEL APOCALIPSE
1. Subia do mar (7.3) 1. Eu vi subir do mar (13.1)
2. Dez chifres – dez reis (7.7,24) 2. Dez chifres – dez reis (13.1; 17.12)
3. Outro chifre (o anticristo) torna-se um líder 3. A besta como pessoa torna-se um líder
dominante (7.24-26) dominante (17.12,13)
4. Pisoteava com seus pés (7.7) 4. Como leopardo (13.2)
5. Dentes grandes de ferro (7.7) 5. Pés como de urso (13.2)
6. Blasfemo (7.25) 6. Boca de leão (13.2)
7. Persegue os santos (7.21) 7. Cor vermelha (17.3)
8. Tem poder por um tempo, tempos e meio 8. Blasfemo (13.5)
tempo (3 ½ anos) (7.25) 9. O dragão lhe dá poder (13.2)
9. Derrotado por Deus, que estabelece o seu 10. Persegue os santos (13.7; 11.7)
reino (7.21,22,26,27) 11. Tem poder por 42 meses (3 ½ anos) (13.5)
12. Derrotado por Deus, que estabelece o seu reino
(19.11-20.6)

119
No capitulo 8 temos o Bode Peludo, que, como já vimos, corresponde à Grécia. O chifre notável
foi Alexandre, o Grande (v. 5 e 21), um dos generais mais brilhantes dos tempos amigos. Rei da
Macedônia, fundador do helenismo, gênio militar e propagador da cultura grega. Em poucos anos,
Alexandre tinha o mundo aos seus pés. Morreu em 323 a.C., em Babilônia, aos 32/33 anos de idade.
Em Daniel 8.8 vemos, na profecia, a divisão do Império de Alexandre entre seus quatro generais:
Ptolomeu, Selêucio, Cassandro e Lisímaco. No Norte, Lisímaco governou a Trácia e a Bitínia. A
Cassandro couberam a Macedônia e a Grécia, no Ocidente. A Síria e a Babilônia, no Oriente, foram
governadas por Selêuco. No Sul, Ptolomeu governou a Palestina, a Arábia e o Egito.

120
121
Daniel 11.2 - Os reis na Pérsia:
1) Ciro (538-529 a.C.)
2) Cambises II, filho de Ciro (529-521 a.C.)
3) Dario II - Histaspes (521-485 a.C.)
4) Xerxes (485-468 a.C.) - o mais rico de todos. Conhecido na Bíblia como Assuero, marido da
rainha Ester (Et 1.1). Xerxes invadiu a Grécia, mas foi derrotado em Salamina em 480 a.C.
Daniel 11.3 - um rei poderoso (Alexandre). O seu reino será quebrado para os quatro ventos do céu
(Dn 7.6; 8.8,22).
Daniel 11.4 - Mas não para os seus descendentes - os dois filhos: Alexandre, filho legítimo, nascido
após a morte do pai, filho do Roxana; e Heracles, filho mais velho ilegítimo, filho de Barsine. Ambos
assassinados por Cassandro, 13 anos após a morte do pai.
Em Daniel 8.8,9 temos um Chifre Pequeno que saiu de um dos quatro chifres do Bode Peludo. Este
Chifre Pequeno foi o rei Antíoco Epifânio, que, por volta dos anos de 171 a 165 a.C., procurou extinguir o
povo judeu e acabar com a religião judaica. Ele é o tipo do Anticristo que profanará também o Templo do
Fim.
Antes que seja revelado o Iníquo, o homem perfeitamente mau, aquele que atingirá o mais alto grau
na escala da rebelião contra Deus e da pecaminosidade, seus precursores, pequenos Anticristos,
desempenharão seu papel no mundo. Alguns imperadores romanos identificaram-se com o Anticristo, por
exigirem adoração. Hitler, pela sua feroz perseguição aos judeus. Outros governantes antigos e
contemporâneos, por perseguirem os cristãos. Mas até hoje ninguém tem-se identificado com o Anticristo
tão perfeitamente como Antíoco IV, que tinha o cognome de Epifânio. Este fato, aliado ao de ter sido rei
da Síria, um dos quatro reinos que resultaram da divisão do Império de Alexandre, o Grande, simbolizados
pelos quatro chifres (Dn 8.8), permite identificá-lo como o Chifre Pequeno de Dn 8.9.
Servimo-nos de duas fontes principais para estudar a vida e os feitos de Antíoco Epifânio: História
dos Hebreus, escrita por Josefo, e o livro apócrifo IMacabeus.

SEMELHANÇAS ENTRE ANTÍOCO EPIFÂNIO E O ANTICRISTO:

1. Satanás é o usurpador (Is 14.13,14). O Anticristo quererá usurpar a glória e o poder de Cristo.
Antíoco Epifânio também foi um usurpador. No seu tempo a Palestina pertencia ao Egito. Mas ele,
astuciosamente (Dn 8.23-25), aproveitou-se da divergência existente entre os judeus, que estavam
divididos em dois partidos, e levou-os a se aliarem a ele, rompendo com o Egito. Quando, depois, os
judeus estavam sob seu poder, ele os explorou e os perseguiu cruelmente. Encontramos aqui mais
paralelos entre o tempo de Antíoco, o precursor do Anticristo, e o tempo do Anticristo final e verdadeiro:
assim como a desunião existente entre judeus, causada pelo afastamento de Deus, possibilitou e favoreceu
a entrada de Antíoco em Jerusalém e o seu domínio sobre Israel, assim também a apostasia dos tempos
finais abrirá as portas ao Anticristo (2 Ts 2.3). Naquele tempo, muitos judeus haviam-se afastado da lei de
Deus e adotado os costumes gentios. O sentido de Daniel 8.23 é: “quando os transgressores tiverem
enchido ou completado a medida”. É uma referência ao pecado que se acumula e à paciência de Deus que
se esgota. Daniel 8.12 também indica claramente que o castigo sobreveio a Israel por causa do pecado.
Quando no fim dos tempos a humanidade estiver suficientemente corrompida, ela estará pronta pare
receber o Anticristo.
2. A padronização da Religião. O Anticristo imporá uma única religião e perseguirá e matará os
que não se conformarem com ela (Ap 13.12,15). Antíoco tentou o mesmo, decretando a unificação da
religião em seu reino. A posse do Livro Sagrado e a observância da Lei de Deus eram punidas com a
morte. Muitos judeus fiéis preferiram sofrer o martírio a negar a fé dos seus antepassados. Flávio Josefo
cite casos específicos.

122
3. Antíoco Epifânio foi um feroz perseguidor dos judeus. “Destruirás os poderosos e o povo
santo”, predisse Daniel (8.24). Esta profecia cumpriu-se literalmente. Pelo fato de os judeus fiéis não terem
se curvado e servido aos ídolos, como Antíoco ordenara, ele os oprimiu cruelmente. Calcula-se que cem
mil foram mortos. Nos tempos finais essa opressão será estendida a todos aqueles que não adorarem a
Besta, mas parece que atingirá particularmente o povo judeu (Jr 30.7; Jl 2.11,31; Am 5.18; Sf 1.14).
4. O precursor do Anticristo declarou-se ser deus. Mandou cunhar moedas que de um lado tinham
a sue efígie, e do outro, as palavras: “Do rei Antíoco, o deus tornado visível, que traz a vitória”. O
Anticristo fará o mesmo: “Se assentará no santuário de Deus, apresentando-se como Deus” (2 Ts 2.4).
5. A proibição dos sacrifícios e a profanação do templo. “E ele me disse: Até duas mil e trezentas
tardes e manhãs, e o santuário será purificado” (Dn 8.14). O presente versículo tem seu paralelo no
versículo 26 do mesmo capitulo. Ali o anjo Gabriel esclarece a Daniel que aquela “visão da tarde e da
manhã, que foi dita, é verdadeira”. Podemos salientar que o primeiro período, ou seja, a participação das
“duas mil e trezentas tardes e manhãs” dentro da profecia, descreve o período das atrocidades de Antíoco
Epifânio. Em sua aplicação profética escatológica, elas serão desenvolvidas durante o período sombrio da
Grande Tribulação. Sobre as “duas mil e trezentas tardes e manhãs” existe uma infinidade de opiniões, mas
podemos emendar o sentido dentro daquilo que se pode depreender dos próprios contextos bíblicos: 2.300
tardes e manhãs não significam apenas 1.150 dias, mas, literalmente, 2.300 dias completos (Gn 1.5). As
2.300 tardes e manhãs cobrem os dias em que o monarca Antíoco Epifânio implantou suas abominações na
Cidade Santa e no templo (em seu primeiro estágio, teve inicio em 171 a 165 a.C.). Isso, porém, não foi o
seu cumprimento em sentido pleno; sua consolidação só terá lugar no final da Grande Tribulação, quando
o Senhor vier à Terra como o libertador esperado (Dn 8.14, 9.24; Rm 11.26). Então, o “Santuário será
purificado”.
Por ordem de Antíoco Epifânio, o templo foi profanado da maneira mais indecente e imoral que se
pode imaginar. O santuário de Jerusalém foi chamado de Templo de Júpiter. A desonestidade e a
prostituição campeavam nele livremente.
“Não satisfeito com seus crimes e suas atrocidades, entra no Templo de Jerusalém, profana-o.
Manda matar sobre o altar um porco. A carne do animal é assada e os judeus, sob as lanças e espadas, são
obrigados a comer. Os excrementos do suíno, com seu sangue, numa espécie de caldo, são borrifados por
todo o templo.”
“Outrossim mandou que se edificassem altares, e templos, e que se levantassem ídolos e que se
sacrificassem carnes de porcos , e reses imundas.”
Isso acabou provocando uma revolta armada dos judeus. Liderados pelo sacerdote Matatias, e
depois pelos filhos deste, teve inicio o período dos Macabeus, que se estendeu de 165 a 64 a.C. Após
longas lutas, Jerusalém foi libertada e o templo restaurado, purificado e reedificado ao Senhor, e a ele se
refere João 10.22.
Se Antíoco, com todas as suas atrocidades, foi apenas uma sombra da realidade do Anticristo final,
podemos imaginar como este será cruel em sua obstinada luta contra Deus e seu povo. Ele profanará o
Templo com a sue própria presença e também fará cessar os sacrifícios por três anos e meio (Dn 9.27; Jl
1.9,10; Ap 13.5; Mt 24.15; Ap 12.6-12).
6. Antíoco era soberbo e arrogante. Isso não é de estranhar, por si só, pois muitas outras pessoas,
governantes ou não, antes e depois dele, foram assim. Mas geralmente a religião e os templos dos povos
vencidos eram respeitados. Alguns imperadores romanos que exigiram adoração nem por isso proibiram a
religião tradicional dos seus súditos. Quem oferecia incenso ao imperador não era impedido de oferecer
incenso também a outros deuses e ídolos. Mas Antíoco dirigiu toda a sua arrogância e a sua soberba contra
Iaweh, procurando por todos os meios impedir que se lhe prestasse culto.
“E entrou cheio de soberba no santuário, e tomou o altar de ouro, e o candeeiro dos fumes, e todos
os seus vasos, e a mesa da propiciação, e as bacias, e os graus de ouro, e o véu e as coroas, e o ornamento

123
de ouro, que estava na fachada do templo. E quebrou tudo (...) e fez grande matança de homens, e falou
com grande soberba” ( 1 Macabeus 1.23,25).
O Anticristo final também não tolerará religião ao lado da sua. Quem não lhe prestar culto será
exterminado (Ap 13.15). Assim também, nesse pormenor, que não é de pouca importância, o Anticristo e
o seu mais perfeito precursor, Antíoco Epifânio, mostram o seu objetivo principal: fazer oposição ao único
Deus Vivo e Verdadeiro.
7. O fim de Antíoco e do Anticristo. O Arcanjo Gabriel disse a Daniel que o fim do precursor do
Anticristo não seria provocado por mãos humanas: “Mas será quebrado sem intervir mão de homem” (Dn
8.25). Assim aconteceu. Antíoco havia partido para a cidade de Elimaida, na Pérsia, a fim de saquear o
templo consagrado a Diana. Teve, porém, que bater em retirada, pois os habitantes desta cidade não só se
defenderam e rechaçaram o ataque, mas perseguiram o exército de Antíoco. À sua derrota ante Elimaida
ainda foi acrescentada a notícia da derrota do seu exército na Palestina. Profundamente magoado, em
Babilônia foi ele acometido por terrível enfermidade, vindo a falecer.
O segundo livro de Macabeus afirma que sua morte foi das mais horrorosas. A queda do Anticristo
também não será provocada por mãos humanas (2 Ts 2.8).
Cremos que estas sete semelhanças provam que Antíoco Epifânio foi o Anticristo do Antigo
Testamento, o homem que até hoje mais se identificou com o Anticristo final e verdadeiro. Antíoco estará
novamente em foco em Daniel 11.21-35.
Todas estas revelações foram dadas a Daniel por Deus quando do cativeiro babilônico do povo de
Israel.
Setenta anos se passaram e o cativeiro chegou ao fim. O império babilônico havia chegado também
ao fim, vencido pelos medos e persas (Dn 9.1,2). Em épocas de grandes mudanças e transformações, como
sem dúvida foi aquela, surgem diante dos homens muitos pontos de interrogação, muitas questões que
almejam respostas satisfatórias. Essas perguntas também afloraram ao coração e à mente dos judeus que
viviam no cativeiro babilônico. Daniel, um dos grandes líderes judeus do seu tempo, o maior talvez, não
pôde deixar de inquirir a respeito do seu povo atribulado. A mudança de governo, agora liderado pelos
medo-persas, com Dario governando o derrotado reino dos caldeus, traria algum benefício ou traria mais
opressão? (Primeiro ano de governo de Dario - 538 a.C.).
Daniel, preocupado com a morte do seu povo, orou a Deus. Ainda não terminara a sua oração, veio
o Arcanjo Gabriel e fez conhecer que havia ainda 70 semanas até a (segunda) vinda do Messias. A
predição havia sido de que o cativeiro duraria 70 anos (Jr 29.10). Mas as 70 semanas da mensagem de
Gabriel eram semanas de dias-anos (Lv 25.1-4,8-13; Ez 4.6-8; Nm 14.34). Pelo desagrado do relatório dos
espias na vistoria da Terra Prometida, os dias que levaram se multiplicaram em 40 anos pelo deserto em
peregrinação. Assim também a quebra do ano sabático. Agora os dias eram anos para serem cumpridos na
semana de Dn 9. Setenta semanas seriam 490 anos (70 x 7). Tempo esse que desde a saída do povo do
cativeiro babilônico para a reconstrução de Jerusalém até a vinda de Cristo seriam 69 semanas, ou 483
anos. Desde a saída da ordem até ao Ungido, ao Príncipe (Dn 9.25; Zc 9.9; Lc 19.28-44). Saída da ordem
(Ne 2.1-8), ano 20 do reinado de Artaxerxes, mês de Nisã (14 de abril de 445 a.C.) até o Messias, o
Príncipe (dia 10 de abril de 33 d.C. entrada triunfal de Jesus em Jerusalém). De 445 a.C. até 33 d.C. são
478 anos, mais um ano (de 1 a.C. a 1 d.C. - 1 ano), mais quatro anos não computados, teríamos 483 anos
ou 69 semanas de 7 anos. Assim, as profecias são imortais e se combinam entre si em cada detalhe. A 69ª
semana terminou no dia 10 de Nisã (abril), segunda-feira, quando Jesus entrou em Jerusalém montando em
um jumentinho e chorou sobre a cidade (Lc 19.41). Há apenas uma diferença de 4 dias, a que
anteriormente nos referimos. Contando mais esses 4 dias chegaríamos à sexta-feira, dia 14 de Nisã (abril),
quando Cristo foi crucificado; em Êxodo 12.3-6, no dia 10 de Nisã o cordeiro era escolhido, e no dia 14
do mesmo mês o cordeiro era morto à tardinha (entre 2 ou 3 horas da tarde). Cristo morreu às 15 horas do
dia 14 de Nisã. No dia 9 de Nisã foi ungido por Maria, irmã de Marta (Jo 12.1-8); no dia 10 do mesmo
mês entrou em Jerusalém, sendo louvado pela multidão (Jo 12.12- 15). Eram as 69 semanas de Daniel se
124
cumprindo, era o Cristo sendo apresentado. E na sexta-feira, dia 14 de Nisã, Páscoa, o Cordeiro foi
imolado, Aleluia! A celebração da Páscoa consiste de atividades intercessórias que movem o mundo para
os eventos redentores dos últimos dias que ela representa. Para os judeus messiânicos, Yeshua é o nosso
cordeiro pascal que morreu para fazer expiação por nossos pecados. Ele é o Profeta Verdadeiro,
prefigurado por Moisés, que nos conduz e nos leva à Terra Prometida. Ele é o Rei de Israel e nosso Sumo
Sacerdote! Ele é o Rei de toda terra! (Leia: Jo 12.1-8,12-15, Mt 21.1-11; Lc 19.21-44; 23.44-46; Mt
27.15; Jo 18.39; 19.14-16,31; Mt 27.45,46,50,51; Am 8.9,10; Mc 15.33-37).
Essas 70 semanas seriam divididas em três períodos: desde a saída da ordem até a construção do
Templo por Zorobabel (em que Neemias e Esdras também atuaram), sete semanas, ou 49 anos; desde aí
até a entrada triunfal de Cristo na cidade de Jerusalém (Lc 19.28-44) - “Bendito o Rei que vem em nome
do Senhor” -, à chegada oficial do Príncipe, se completariam as 69 semanas. Depois desse tempo, Deus
abre um parêntese na história do povo judeu para constituir outro povo - a Igreja, povo este constituído de
judeus e gentios. Este tempo é chamado Tempo dos Gentios (Lc 21.24). É o Ano Aceitável. É o Ano do
Resgate da Alma. Enfim, é a Plenitude dos Gentios. Com o Arrebatamento da Igreja termina o Tempo dos
Gentios e começa a última semana de Daniel, quando Deus volta a tratar com o povo israelita, pois “Deus
não trata com eles fora da terra”. Aí vem a Grande Tribulação e, em seguida, a volta de Cristo em Glória e
a Implantação do seu Reino na Terra.

DESDE O ÊXODO ATÉ A FUNDAÇÃO DO TEMPLO91 (l Rs 6.1 e At 13.18-22);

No deserto Atos 13.18 40 ANOS


Sob os juízes Atos 13.20 450 ANOS
O cativeiro sob Cusã Juízes 3.8 -8 ANOS
O cativeiro sob Eglom Juízes 3.14 -18 ANOS
O cativeiro sob Jobim Juízes 4.3 -20 ANOS
O cativeiro sob os midianitas Juízes 6.1 -7 ANOS
O cativeiro sob os filisteus Juízes 13.1 -40 ANOS
Saul Atos 13.21 40 ANOS
Davi 2Samuel 5.4 40 ANOS
Salomão 1 Reis 6.1 3 ANOS
Total 480 ANOS
(Deus não trata com Israel fora da Terra). Total Geral +93ANOS = 573ANOS

Durante 93 anos o povo de Israel ficou fora da terra por causa do pecado. Por isso, 1 Rs fala de
480 anos e At 13.18-22 de 573 anos.

Por Que o Cativeiro e as 70 Semanas

A Lei havia determinado (Lv 25.3,4), mas o povo de Israel quebrou a Lei Sabática de descanso da
terra (Lv 25.8). Ora, durante os quase 500 anos que vão da monarquia de Israel até o seu cativeiro, eles
não cumpriram o preceito do Senhor. Resultado: Deus mesmo fez a terra repousar, mantendo seus maus
“inquilinos” fora da terra por 70 anos. Ora, 70 anos é o total de anos sabáticos ocorridos no espaço de 490
anos.
No hebraico, a palavra “sete”, shabua (‫)שָׁבוּע‬, tem a tradução literal de “setenta setes (‫שׁ ֻב ִ֨עי‬
ָ
‫ )שִׁ ְב ִ֜עים‬estão determinados”. Para o judeu era a grande e valiosa “semana de anos” (Lv 25.3-5,8,9; 26.33-

91
CHEN, Christian. Os Números na Bíblia. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1986, p.139.
125
35; 2 Cr 36.21). Em Nm 14.34, “cada dia representava um ano”, e em Ez 4.6, “cada dia por um ano”. A
violação da terra, pois o ano-sabático foi violado, foi de 490 anos (70 x 7) ou “setenta setes” de anos.
Assim, em face da violação, o Arcanjo foi enviado (Dn 9.21) para revelar o início de uma nova era de
entendimento entre Deus e Israel de que, através dos séculos, haveria um ciclo de 490 anos ou “setenta
setes” de anos (Dn 9.24). Se fossem de dias, no versículo 24 do capítulo 9 seriam desenrolados e contidos.
O argumento fundamental, conforme colhemos entre os judeus, somente é empregado ou foi empregado
na Bíblia quando se referia a semanas de anos (1 dia = 1 ano; 1 semana = 7 dias = 7 anos; 70 semanas =
490 anos). Como poderemos compreender melhor o assunto?
Comparando-se Ap 12.6 com 13.5, vê-se que o ano bíblico ou profético é de 360 dias, pois 1.260
dias dá 42 meses de 30 dias. Também em Gn 7.11 e 8.4 temos a expressão “cinco meses” e em Gn 7.24 e
8.3 vemos que esses cinco meses equivalem a 150 dias, ou seja, cinco meses de trinta dias, o que significa
anos de 360 dias na Bíblia. O calendário religioso de Israel era lunar. A lua nova marcava o início dos
meses, sendo ocasião festiva. Esse ano era de 354 dias, mas nos fatos gerais e nas profecias era
arredondado para 360. O calendário solar é posterior, e é relacionado com as estações do ano.
Outro argumento se nos oferece através de conclusões obtidas na própria profecia. É a que se
refere à perseguição dos judeus no período da Grande Tribulação (Dn 9.27). É a perseguição dos judeus
pelo “príncipe que há de vir” que fará uma aliança com eles, mas no meio da 70ª semana fará cessar o
sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o Assolador; até que a destruição, que
está determinada, se derrame sobre o Anticristo (Dn 7.24,25; Ap 11.3; 12.4,6,12,14). E “um tempo, e
tempos e metade de um tempo” ou seja: 1260 dias, ou 3 anos e meio, ou ainda 42 meses. É a metade da
70ª semana de Daniel.

A Divisão das 70 Semanas em Três Grupos

a. Primeiro grupo de semanas - 7 semanas ou 49 anos (Dn 9.25). Esse período começaria com a
expedição do decreto de Artaxerxes Longímano , de acordo com as maiores autoridades no assunto . O
capítulo 2 de Neemias (Ne 2.1-8) descreve a ocasião desse decreto (Neemias foi comissionado pelo rei
para dar cumprimento ao que ele determinava nesse ato). De acordo com a profecia em estudo, ao fim dos
49 anos a cidade de Jerusalém estaria reconstruída (396 A.C.).
Houve dois decretos ligados à reconstrução de Jerusalém e do Templo, que muitos estudiosos da
Bíblia confundem. Um, em 457 A.C., de embelezamento do Templo e restauração do culto, a cargo de
Esdras (Ed 7). 0 outro, o da reconstrução do muro e, portanto, da cidade, a cargo de Neemias.
b. Segundo grupo de semanas, ou 434 anos (Dn 9.25,26). Nesse período surge o Messias e é
morto. A cidade de Jerusalém é destruída e há guerras até o fim. Os 434 anos vão de 396 a.C. até os dias
da morte de Cristo. Logo depois ocorria a destruição de Jerusalém pelos romanos, em 70 D.C.
Confirmando Dn 9.26, após a morte de Jesus seguiu-se a destruição de Jerusalém. De acordo com a
profecia, o Messias morreria antes da destruição da cidade, o que de fato ocorreu.
c. Terceiro grupo de semanas - de uma semana, ou seja, 7 anos (Dn 9.27). Esta semana é futura.
Para constatá-lo, basta comparar Dn 9.27 com as palavras de Jesus em Mt 24.15, que ainda não se
cumpriram. Esta última semana não começará enquanto todo o Israel não estiver em sua terra (Ez 39.28),
mantendo-se disperso, o que pode ser visto em Dn 9.26. Nos meados do século XX (1948), Israel iniciou
a volta à terra e continua ainda o retorno enquanto escrevemos estas linhas.

No final das 70 semanas de anos seis ações deverão estar realizadas:

1. Fazer cessar a transgressão; O tipo de transgressão do povo judeu que Daniel acabava de
confessar em oração (Dn 9.1-19; 2 Co 36.21).

126
2. Dar fim aos pecados. O sentido original é reter, restringir O mesmo vocabulário original é
traduzido como “tornar inativo” (Jó 37.7, Almeida, Revista e Atualizada).
3. Expiar a iniqüidade. A obra realizada por Cristo no Calvário operará então em favor de Israel.
4. Trazer a Justiça Eternal Isto terá lugar em Israel pela transformação interior, conforme está
escrito em Jr 31.33,34.
5. Selar a visão e a profecia. Quando o povo andar em retidão, abandonando as suas
transgressões, a visão e a profecia podem ser seladas (Jr 31.34).
6. Ungir o Santo dos Santos. Certamente isto tem a ver com a purificação do Templo de
Jerusalém que foi (e será) profanado pela “abominação desoladora” mencionada em Dn 11.31 e à qual se
referiu Jesus em Mt 24.15.
Essas seis coisas, para terem lugar, necessário se faz que Cristo venha e que Israel seja restaurado e
convertido.
Antes do Império Romano e depois de Alexandre, o Grande, vieram os generais egípcios e sírios -
os Ptolomeus e os Antíocos (Dn 11.4,5), em cujo final de domínio lutaram contra os irmãos Macabeus,
defensores dos judeus, sem todavia alcançarem resultados favoráveis. O capitulo 11 de Daniel traz-nos um
repositório com um resumo de fatos históricos referentes a essa época e onde aparecem os reis da Pérsia,
Ciro, Cambises (Assuero), Dario e Xerxes. Este último invadiu a Grécia, mas foi derrotado na batalha de
Salamina pela esquadra grega, em 480 a.C. (a Bíblia Vida Nova: tem outra seqüência, Cambises, Dario e
Smerdis, que recebeu o titulo de Artaxerxes, sendo o quarto Xerxes, derrotado na grande invasão da
Grécia).
Em Dn 11.3, aparece Alexandre, o Grande, que no verso 4 é “quebrado em quatro ventos do céu”.
São os quatro generais seus sucessores, governantes de quatro domínios: Grécia, Ásia, Síria e Egito.
Dn 11.5: Um rei do Sul (...) - Ptolomeu I, do Egito (323 - 285 a. C.) - e um dos seus príncipes -
Selêuco Nicátor tornaram-se reis da Síria e quase mais poderosos do que Alexandre, o Grande. Nicátor
governou a partir de 312 a. C.
Dn 11.6: “A filha do rei do sul (...)”, Berenice, filha de Ptolomeu II Filadelfo (285 - 246 a.C.), foi
dada em casamento a Antíoco II, mas não prevalecerá”. Foi assassinada.
Dn 11.7: “Um renovo da linhagem dela (...)”, Ptolomeu III Evergetes, irmão de Berenice, em
represália, invadiu a Síria, obtendo grandes vitórias, levando os seus despojos para o Egito com os seus
deuses e imagens fundidas (Dn 11.8). Ptolomeu III governou de 246 a 222 a. C.
Dn 11.10; 11.12: “Os seus filhos farão guerra”. Estes filhos são Selêuco III Soter (226 - 223 a.C.) e
Antíoco III, o Grande (223 - 187 a.C.). Eles lutaram contra Ptolomeu Epifanes, ou Ptolomeu V, mas
Antíoco III foi derrotado na batalha de Ráfia, nas proximidades das fronteiras egípcias, por volta de 217
a.C. A luta prosseguiu e 14 anos depois Antíoco II voltou a atacar o Egito, mas foi derrotado. Por esse
tempo, Antíoco III deu a sua filha Cleópatra em casamento a Ptolomeu V, mas, mesmo assim, foram
frustradas as suas intenções, uma vez que a moça se afeiçoou demais ao seu marido e não intercedeu pela
aliança pretendida (Dn 11.17). Assim continuou Antíoco III com as suas conquistas pela Ásia e pela
Grécia, sendo porem derrotado na Batalha de Magnésia, em 190 a.C. Foi feito tributário dos romanos por
12 anos. Exigiram ainda os romanos um filho de Antíoco III como refém.
Morrendo Antíoco III, o Trono da Síria foi ocupado por seu filho, Selêuco IV. Este tratou logo de
trazer de Roma seu irmão, Antíoco IV, mais conhecido como Antíoco Epifânio. Permutou-o com seu
próprio filho Demétrio.
Antíoco Epifânio estava em Atenas, a caminho da Síria, quando Heliodoro assassinou Selêuco IV.
Antíoco pediu soldados e recursos ao rei de Pérgamo e apossou-se do reino da Síria. Começou a reinar em
175 a. C. Atacou Jerusalém e matou ali cerca de 100 mil judeus, capturando mais de 40 mil e vendendo-os
como escravos. Foi uma calamidade (Dn 11.21-35: “Um homem vil”). Antíoco Epifânio é considerado o
símbolo do Anticristo da Grande Tribulação no fim dos tempos. Foi derrotado pela esquadra romana por
volta de 165 A. C. O Império Romano duraria até o fim dos tempos.
127
A PEDRA (Dn 2.34, 35, 44, 45)

Qual o significado da Pedra? Representa, sem dúvida, o Reino de Cristo, que não tem nada em
comum como os reinos deste mundo, e por isto aparece separado e desligado deles. No Novo Testamento
Cristo é várias vezes comparado a uma pedra (Mt 21.42-44; Lc 19.14; Rm 9.32,33; 1Pe 2.4; Is
8.14,28.16) “Uma pedra (...) os esmiuçou (...) “. Não encontramos aí em Daniel, Capitulo 2, detalhes
sobre a pedra. Ela não é descrita como pedra preciosa, mas como pedra poderosa.
Antes dos quatro impérios mundiais mencionados anteriormente, já haviam existido dois outros
impérios que chegaram a exercer o predomínio no mundo daqueles tempos: o Egito e a Assíria. Daniel não
se refere a eles, porque em seus dias já pertenciam ao passado. Ele estava transmitindo profecia, e não
história. Por isso olhava só para frente, para o futuro. Já João nas revelações do Apocalipse (13 e 17) nos
fala de sete reinos, incluindo assim o Egito e a Assíria. Mas como sabemos que esses dois impérios
existiram antes de Daniel e do Império Babilônico, concluímos que os assim chamados “impérios
mundiais”, ou seja, os impérios que dominaram o mundo, são seis em sua totalidade [EGITO, ASSÍRIA,
BABILÔNIA, MEDO-PERSA, GRÉCIA, ROMA (A ANTIGA E A FUTURA)]. Mas o último reino, o
sétimo, será de Cristo. Na Bíblia, o número sete é “símbolo de perfeição ou estado completo”. Podemos
comparar os reinos do mundo com os dias da semana: Seis dias de trabalho, e após eles o dia de descanso.
Seis reinos humanos com trabalhos, fadigas, intranqüilidades, inseguranças e sofrimentos. E Após eles o
grande reino sabático – com paz, justiça e tranqüilidade

CRISTO COMO PEDRA ESTÁ REVELADO DE TRÊS MODOS:

1. Para Israel, o Cristo, vindo não na glória messiânica, mas na forma de um servo, é uma Pedra
de Tropeço e Rocha de Ofensa (Is 8.14,15; Rm 9.32,33; l Co 1.23; l Pe 2.8).
2. Para a Igreja, Cristo é a Pedra Fundamental e a Pedra Angular (lCo 3.11; Ef 2.20-22; 1Pe 2.4-
8).
3. Para os Gentios, Cristo será a Pedra de Destruição (Dn 2.34,35,44,45; Zc 4,7; Dn 7.14).

A pedra que feriu a estátua se tornou grande montanha, que encheu toda a Terra (Hc 2.14; Is 11.9;
Dn 2.35). É o domínio de Cristo. Encherá toda a Terra, e o seu domínio não terá fim. Um Reino que
jamais será destruído (Dn 2.44, 45; 7,14; l Co 15.24-28; Ap 5.1 14; 11.15, Mq 4.7; Dn 7.27; Lc 1.32,33;
Fp 2.9-11).
Esse novo Reino que Daniel viu não será aperfeiçoado de um instante para outro. A pedra destrói a
imagem e depois começa a crescer, por fim ocupando toda a Terra. Mas isto leva tempo. O Reino não
pode tornar-se perfeito de um momento para outro. É o Tempo de Regeneração (Mt 19.28). O trabalho
completo será realizado no decorrer de 1000 anos (Mt 4.1-5; Is 11.9; Zc 14.9).
Com a rejeição de Jesus pelos judeus, já no fim do seu ministério (Os 1.9; Mt 23.30-39), o Senhor
Jesus passou a tratar com os gentios (Lc 21.24). Abre-se um parêntese na história, fecha-se a antiga
dispensação da Lei e abre-se a Dispensação da Graça, o Tempo dos Gentios, o Ano Aceitável do Senhor
(Is 61.2; 49.8; Lc 4.19; Lv 25.29,30).
Oséias 9.17 diz: “Porque não o ouvem; andarão errantes entre as nações e serão rejeitados”. E o
Senhor Jesus mesmo declara “(...) que desde agora já não me vereis até que venhais a dizer: Bendito o que
vem em nome do Senhor” (Mt 23.39). Essa rejeição, porém, não é eterna. Será até o fim da aliança que o
Anticristo fará com o povo judeu, já no tempo da Grande Tribulação (Dn 9.27).
O povo judeu, errante durante milênios, está voltando agora para sua terra, embora ainda na
incredulidade. Em 1948 foi declarada sua Constituição e atualmente é considerada importante nação. Em
14 de maio daquele ano era proclamada sua independência. Wim Malgo destacou na ocasião algo muito
128
interessante: “Israel começou a existir em 1948 a.C. e agora passa a ser de novo uma nação em 1948
d.C.”.
Está previsto que Israel fará aliança com o Anticristo, no período da Grande Tribulação, por “uma
semana” (7 anos), mas no meio da “semana” (3,5 anos), ou seja, um tempo, dois tempos e a metade de um
tempo, o Anticristo fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares (quebrará o acordo) e sobre a asa das
abominações virá o Assolador, até a destruição que está determinada sobre ele.
Então o Senhor Jesus esmagará a cabeça da serpente, o Dragão, e esmiuçará a Grande Estátua. O
senhor virá para estabelecer o seu domínio: o Milênio (Ap 19). É o Reino de Cristo na Terra.
No período em que estamos, o Ano Aceitável, o Tempo dos Gentios, a Dispensação da Graça, a
Igreja militante aguarda o arrebatamento (l Ts 4.13-18; l Co 15.51-57). Finda esta Dispensação, virá a
Grande Tribulação. Depois, Cristo virá visivelmente e estabelecerá o seu Reino, de governo espiritual, na
Terra (Zc 14.9,1619; Mt 6.10; Dn 2.44.45; 7.13,14,27; Lc 1.31,33; Ap 11.15). Não podemos definir datas
e muito menos estabelecer o tempo desse acontecimento, mas os acontecimentos ora observados
demonstram que não está longe o dia em que o Senhor virá buscar a Sua Igreja. Vigiemos.
O povo de Israel é um símbolo histórico, e a sua sobrevivência vem desde as promessas de Deus a
Abraão, no passado. Israel tem a sua história na Bíblia que é a Palavra de Deus. Certa vez o Imperador
Frederico, o Grande, pediu ao seu capelão: “Dá-me uma prova da veracidade da Bíblia”. Imediatamente o
capelão respondeu: “Israel, majestade...”.
Cristo está vindo para confrontar e destruir o Anticristo. Ele vem para destruir o Anticristo e para
instalar Seu próprio reino milenar. Onde ficará Seu Trono? Seu Trono não estará em Nova Iorque, nem
em Washington, nem em Londres, nem em Paris, nem tão pouco em Berlim. O Seu Trono estará em
Jerusalém, onde Ele reinará no trono de Seu pai Davi sobre o povo de Israel. Daí a necessidade da
sobrevivência étnica de Israel. Ela precisa estar reunida na terra prometida quando o Messias voltar (Jr
3.17; Mt 19.28; 25.31).
A sobrevivência dos judeus como um grupo nacional e étnico trazido de volta à sua terra nos
“últimos dias” é absolutamente essencial para a Segunda Vinda de Cristo.

CRONOLOGIA DO POVO JUDEU E DE JERUSALÉM


ANO EVENTO
2000 a C. Melquisedeque, rei de Salém. Chegada de Abraão; oferecimento de Isaque
1000 Davi captura Jerusalém.
961-922 Salomão amplia Jerusalém e constrói o Templo.
700 Uzias e Ezequias.
641-610 Josias.
586/587 Jerusalém é destruída por nabucodonosor.
536 Ocupação persa.
520-516 Templo de Zorobabel.
445 Neemias constrói os muros de Jerusalém.
165 Macabeus.
63 Os romanos capturam Jerusalém.
37 Herodes embeleza o Templo.
70 d.C. Destruição de Jerusalém.
115 Expulsão dos judeus da ilha de Chipre.
131 Adriano reconstrói Jerusalém e a denomina Aólia Capitalina.
330-337 Constantino, imperador Cristão, restaura o nome de Jerusalém.
636 Jerusalém passa para o poderio dos árabes quando completa 500 anos.
640, 721, 873. Os judeus do Império Bizantino são forçados a converterem-se ao cristianismo.

129
641 Os persas conquistam Jerusalém e destroem as igrejas.
969 Os turcos invadem a cidade.
1096-1099 Os cruzados alemães exterminam comunidades judaicas.
1187 Saladino toma a cidade.
1517-1917 Império Romano
1146-1391 Os judeus espanhóis são forçados a converterem se ao cristianismo
1290 Expulsão dos judeus da Inglaterra.
1306 Expulsão dos judeus da França.
1355 Populacho massacre 12 mil judeus em Toledo, Espanha.
1349-1360 Os judeus são expulsos da Hungria.
1420 Aniquilada a comunidade judia da Tolosa
1421 Os judeus são expulsos da Áustria
1492 Expulsão de 180 mil judeus da Espanha
1495 Expulsão dos judeus da Lituânia
1497 Expulsão dos judeus da Silícia e Sardenha.
1502 Todos os judeus de Rodes são forçados à conversão ao catolicismo, ou expulsos ou
mesmo escravizados.
1516 Massacre de milhares de judeus em Lisboa, Portugal.
1541 Os judeus são expulsos do Reino de Nápoles.
1648-1656 200 mil judeus são assassinados nas matanças de Chamielnicki, na Polônia.
1727-1747 Os judeus são expulsos da Rússia
1838 A comunidade judaica de Meshed, Pérsia, é forçada a converter-se ao islamismo.
1882-1890 750 mil judeus na Rússia são obrigados a uma zona de resistência limitada, dando origem
aos famosos “guetos”.
1891 Os judeus são expulsos de Moscou e de São Petersburgo.
1871-1921 “Pogroms” antijudeus na Rússia
1939-1945 Seis milhões de judeus são mortos pelos nazistas.
1941 A comunidade de Bagdá é atacada pelo populacho turbulento: 180 mil judeus perdem a
vida.
1945 A 2ª Guerra Mundial convence os judeus de que a única esperança de sobrevivência estava
na criação de um Estado de Israel.
1948 O Estado de Israel é constituído. Após o Holocausto, muitos judeus voltam às suas terras.
São rejeitados. A Grã-Bretanha recusou-se a recebê-los. Muitos são exilados para Chipre.
Mas a Grã-Bretanha perde o mandato da terra; os judeus entram no país à força (Ez
34.11-13). A terra não estava preparada para a entrada em massa. O solo só produz se
preparado. Os judeus retornam à sua terra, mas não retornam a Deus. Retornam ao uso da
língua, mas não louvam a Deus. Renasce o amor pela pátria, mas não o amor por Iaweh.

130
1967 A Guerra de Seis Dias. Jerusalém, finalmente é ocupada pelos judeus, à oposição árabe. O
Oriente Médio prospera por causa do petróleo. Logo Israel tomará as rédeas da economia
do Oriente Médio Deus amaldiçoará seus amaldiçoadores (Gn 27.41 36.8; Ez 35.5-9),
cuja inimizade (árabe) é perpétua. O cerco aumentará a crise. O Egito, os outros árabes e
o Anticristo se levantarão contra Israel (Ez 35.10-15). Mas o Senhor está com os judeus.
A Aliança volta a prosperar, a terra volta a dar Ramos. O sinal da figueira são os seus
ramos tenros. Os árabes cada vez mais vão se opor a Deus. A promessa de Deus é o
domínio completo da terra. Não tem meio termo. Israel voltará a terra. O tempo de
prosperidade chegará. O mundo ficará inflacionado quando os judeus deixarem suas terras
de adoção. Logo virão Gogue e Magogue para tomar o despojo da terra. Mas serão
destruídos. O Anticristo vai se manifestar como o Messias. Os judeus vão crer. Virá a
Grande Tribulação. Virá o Armagedom, porque o Anticristo vai quebrar o pacto (aliança)
que fará com Israel. O Reino será estabelecido.

131
10
A Mulher e o Dragão

Apocalipse 12 explica com detalhes qual será o destino de Israel, durante a segunda metade da
Grande Tribulação.
“A primeira vez que aparece a figura feminina no Apocalipse é no capítulo 2, versículo 20. Ao todo
temos quatro mulheres representativas neste livro, cada uma delas sendo a expressão de uma reunião de
pessoas em um sistema.
1. Jezabel (2.20) – a Igreja passada e corrupta.
2. A Mulher investida com a inteireza de autoridade governamental (12.10) – Israel (Gn 37.9,10;
Jr 31.35,36).
3. A grande prostituta (17.1) – A Igreja corrupta futura.
4. A Noiva, a esposa do Cordeiro (19.7) – a Igreja glorificada no céu”.92

“Identificamos a mulher destes versículos com Israel. A relação é estabelecida por várias razões,
algumas das quais são:
5. Em muitas ocasiões fala-se de Israel como a filha de Sião e a desposada (Jr 6.2; Os 2.19,20);
6. Isaías fala de Israel como uma mulher que está para dar à luz e concebe um filho (Is 9.6; 66.7;
Mq 5.3);
7. Vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés, uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça,
relaciona-se com os filhos de Israel, os progenitores da raça escolhida (Gn 37.9,10).
8. Em Daniel vemos que Miguel é o príncipe do povo de Israel. Miguel também aparece aqui neste
capítulo vinculado a Israel (Dn 12.1; Ap 12.7)”.93

Há diferentes identificações da “mulher vestida de sol”. Alguns dizem ser ela a Virgem Maria.
Outros identificam-na como a Igreja, mãe de todos nós.
A Bíblia nunca usa a imagem de uma mulher para simbolizar a Igreja. A Igreja é a virgem noiva de
Cristo, não uma mulher que está para dar à luz. Porém, não podemos nos esquecer que a Igreja foi
formada após o nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo. Ele é Quem deu origem à Igreja, Ele é a
Pedra Fundamental, e não o contrário.
Esta passagem não se refere a Maria pessoalmente, pois esta não será perseguida durante a metade
da Grande Tribulação, como o texto diz que a mulher será (Ap 12.13-17).
A mulher de Ap 12 é certamente Israel. Rejeitamos o fato de que esta mulher seja Maria, a mãe de
Jesus.
Seguindo a história, vemos que Satanás tentou destruir, desde o início, a descendência real da qual
Cristo teria de nascer. Desde Caim (que assassinou Abel) até a matança das crianças por Herodes, Satanás
tem perseguido em seu propósito. Então, a figura de uma mulher grávida que gritava com dores de parto
é perfeita.
Israel é muitas vezes citada como a mulher casada (Is 54.1-6; Jr 3.1-11; Os 2.14-23). Jesus
procedeu da tribo de Judá. Foi Israel que se tornou a mãe do Messias (Is 9.6; Mq 5.2; Rm 9.5).
“Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta com alegre canto e exclama, tu que não
tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária do que os filhos da casada, diz o
SENHOR”. Isaías 54 é um texto expressivo. Afirmar que a mulher de Ap 12 representa a Igreja
significaria ter ela dado à luz a Cristo. Mas foi a angústia dele que produziu a Igreja.

92
LOCKYER, Herbert. Apocalipse: O Drama dos Séculos. 3ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1988, p. 121.
93
NIGH, Kepler. Manual de Estudos Proféticos. 2ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2001, p.107.
132
Foi Israel que deu o berço a Cristo e à Igreja, e todos os povos, línguas e nações, receberam a
promessa, através do concerto feito a Israel (Jo 10.16; Rm 11.17,18; Ef 2.11,12,17,18).
O simbolismo do sol, lua e estrelas sugere um resumo da história de Israel, como apresentado em
Gn 37.9,10, onde a família inteira é representada da maneira semelhante. Nos luminares celestes temos a
apresentação de um sistema completo de governo. Estes luminares, pois, simbolizam as doze tribos do
Israel Nacional.
O Filho varão é o Go’el – o Redentor de Israel que virá para salvar Israel perseguida na última
metade da Grande Tribulação. A Mulher será transladada pára o deserto:
“A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a
sustentem durante mil duzentos e sessenta dias” (Ap 12.6).
“Seguindo a linha de interpretação escatológica que observa o cumprimento das profecias a curto,
médio e longo prazos, temos aqui uma ilustração da prpteção especial que Deus concedeu so seu povo ao
sair do Egito em peregrinação pelo deserto até a terra da promessa; mas, ao mesmo tempo, temos também
uma referência à proteção de Deus para com José, Maria e o menino Jesus, ao peregrinarem pelo deserto
rumo a Belém e depois até o Egito (Lc 2.1-7; Mt 2.13-15). Essa profecia é ainda aplicada à terrível
destruição de Jerusalém (69-70 d.C.), qunado muitos crentes foram alertados e escaparam daquele
genocídio, e se refugiaram na cidade de Pela, no deserto além do Jordão. E a profecia continua valendo
para o futuro, quando os crentes sinceros e obedientes ao Senhor receberão poder e sabedoria para fugir
das artimanhas e perseguições do Diabo e seus demônios. Os mil duzentos e sessenta dias é um símbolo do
período especial de proteção divina ncorrespondente à duração das perseguições mais severas (Ap 11.2;
13.5). Nesse sentido, o deserto não se refere simplesmente a uma grande área coberta de areia, mas a um
lugar de refúgio, proteção e isolamento (Os 2.14)”. 94
Nos últimos três anos e meio de seu reinado, o Anticristo, com o poder de Satanás perseguirá
Israel como nunca antes esta nação foi perseguida; este tempo é também chamado “A Angústia de Jacó”
(Jr 30.7; Dn 12.1). Mateus 24.13-22 descreve esta perseguição e esta fuga profetizada aqui em apocalipse
12.14-16.
Israel, aprenderá que não pode “resgatar” a terra com “seu esforço próprio”. Terá que aceitar o
seu Parente Remidor – Go’el. Só Ele pode resgatar a Israel.
“E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador (Go’el) e ele
apartará de Jacó as impiedades” (Rm 11.26).
“E é dessa forma que todo o Yisra’el será salvo. Como diz o Tanakh: De Tziyon virá o Redentor
(Go’el), ele afastará a impiedade de Ya’akov” (Rm 11.26).95
“Virá o Redentor (Go’el) a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o SENHOR” (Is 59.20).
Redentor significa, neste texto, Parente Remidor – Go’el, isto é, alguém que tem laços de sangue
com aqueles que resgata.
Na sua Segunda Vinda (Ap 19) o Go’el destruirá todos os exércitos da Besta que vierem contra
Israel (Zc 14.2).

O grande dragão é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo.
Ap 12.9: O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que
engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra (na metade da Grande Tribulação).
O leviatã com sete cabeças faz referência ao Dragão dos capítulos 12 e 13 do livro de Apocalipse. É
o próprio diabo que tem sete cabeças que dá poder ao anticristo (Ap 13.1) que também tem sete cabeças.
A palavra dragão em Ap 12.3,9,17 no Novo Testamento hebraico é tanin – (‫) ַתּנִּין‬.

94
Novo Testamento King James. São Paulo: Editoras SRG, SBIA e Abba, 2007, p. 612.
95
Novo Testamento Judaico de David Stern. São Paulo: Editora Vida, 2007.
133
O dragão terá o seu fim: Então o Senhor Jesus esmagará a cabeça da serpente, o Dragão, e
esmiuçará a Grande Estátua (Ap 19; Dn 2).
“Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele
segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no
abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil
anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo” (Ap 20.1-3).
“O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram
não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos
séculos” (Ap 20.10).

134
11
A IGREJA SERÁ POUPADA DA GRANDE TRIBULAÇÃO

Esta é a opinião da maioria dos Pré-Milenistas e são estes denominados de Pré-Tribulacionistas.


A maioria das denominações evangélicas (80%) acha que o Arrebatamento da Igreja ocorrerá antes
da Grande Tribulação e que haverá um interregno de tempo de sete (7) anos entre o Arrebatamento e a
Manifestação de Cristo. Esse intervalo é identificado como a 70ª (SEPTUAGÉSIMA) Semana de Daniel
(Dn 9.24-27). É o tempo de “Angústia”, qual nunca houve, desde que existe a nação de Israel (Dn 12.1);
Jr 30.7). Será uma Tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo, até agora, nem
jamais haverá:
“Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu
povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas
naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro” (Dn 12.1).
“Porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo
até agora, nem jamais haverá” (Mt 24.21).
Um grupo menor de denominações evangélicas (18%) acha que o Arrebatamento ocorrerá no final
da Grande Tribulação e que não haverá intervalo algum de tempo entre o Arrebatamento da Igreja e a
manifestação de Cristo. Para esse grupo a Igreja terá que enfrentar esse período. Essa linha é conhecida
como Pós-Tribulacionista.
Hoje, surge uma nova teoria dentro do Pré-Milenismo. É a Midi-Tribulacionista. É um grupo
menor ainda (2%) de denominações evangélicas que crê que o Arrebatamento deverá ocorrer no meio da
Grande Tribulação (Ap 12). Um dos defensores desta teoria (John Walker) afirma: “A mulher é a Igreja
apostólica que precisa ser levantada agora para interceder e produzir o ministério profético (o filho varão)
que agirá nos últimos três anos e meio, desafiando o sistema do mundo e introduzindo o Reino de
Deus...”.
A argumentação a seguir pretende mostrar que o ponto de vista Pré-Tribulacionista é o ensino das
Escrituras.

A. O VOCABULÁRIO DA SEGUNDA VINDA.


1. Opsomai (aparecer) ὄψοµαι 96
Hb 9.28: “Assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos,
aparecerá (ofthēsetai - ὀφθήσεται)97 segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação”.

2. Ercomai (vir) ἔρχοµαι


Jo 14.3: E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei (ἔρχοµαι) e vos receberei para mim mesmo, para
que, onde eu estou, estejais vós também.
At 1.11: e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre
vós foi assunto ao céu virá (ἐλεύσεται) do modo como o vistes subir.
2 Ts 1.10: Quando vier (ἔλθῃ) para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que
creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho).
Jd 14: Quanto a estes foi que também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que veio
(ἦλθεν) o Senhor entre suas santas miríades,
Ap 1.7: Eis que vem (ἔρχεται) com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as
tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!
3. Epifanō (aparecer) ἐπιφαίνω; Epifaneia (manifestação) ἐπιφάνεια

96
o)/yomai. Futuro médio de o(ra/w.
97
Ofthēsetai - o)fqh/setai. 3ª Pessoa do singular, Modo Indicativo, Voz Passiva, Futuro do verbo o(ra/w (aparecer).
135
1Tm 6.14: que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação (ἐπιφάνειας) de nosso
Senhor Jesus Cristo.
2Tm 1.10: e manifestada, agora, pelo aparecimento (ἐπιφάνειαν) de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual
não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho.
2Tm 4.1: Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação
(ἐπιφάνειαν) e pelo seu reino.
2Tm 4.8: Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e
não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda (ἐπιφάνειαν).
Tt 2.13: aguardando a bendita esperança e a manifestação (ἐπιφάνειαν) da glória do nosso grande Deus
e Salvador Cristo Jesus.

4. Apocalypsis (desvendamento, revelação, aparecimento, vinda) ἀποκάλυψις


1Pe 1.13: Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos
está sendo trazida na revelação (ἀποκαλύψει) de Jesus Cristo.
1Pe 1.7: para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível,
mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação (ἀποκαλύψει) de Jesus Cristo.
1 Co 1.7: e maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação (ἀποκάλυψιν) de nosso
Senhor Jesus Cristo.

5. Parousia (presença ou vinda) παρουσία


1 Co 15.23: Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na
sua vinda (παρουσία).
1 Ts 2.19: Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso
Senhor Jesus em sua vinda (παρουσία)? Não sois vós?
1 Ts 3.13: a fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de
nosso Deus e Pai, na vinda (παρουσία) de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.
1 Ts 4.15: Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à
vinda (παρουσία) do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.
1 Ts 5.23: O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda (παρουσία) de nosso Senhor Jesus Cristo.
2 Ts 2.1: Irmãos, no que diz respeito à vinda (παρουσία) de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião
com ele, nós vos exortamos
2 Ts 2.8: então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e
o destruirá pela manifestação (ἐπιφανεία) de sua vinda (παρουσία).
Tg 5.7,8: Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda (παρουσία) do Senhor. Eis que o lavrador aguarda
com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também
pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda (παρουσία) do Senhor está próxima.
2Pe 1.16: Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda (παρουσία) de nosso Senhor Jesus Cristo
seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua
majestade,
1 Jo 2.28: Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança
e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda (παρουσία).

136
I. PARUSIA (παρουσία))
Quando a Bíblia se refere à volta de Jesus, emprega sempre a palavra “Vinda” que em grego é
“Parusia” - παρουσία. Segundo Souter, Tognini e outros, o termo designa a vinda de um rei para uma
cidade ou parte de seus domínios e abrange dois fatos diferentes: HARPAZŌ (ἁρπάζω) e FANEROÇIS
(φανέρωσις).

HARPAZŌ quer dizer “arrebatar” e se refere à saída de uma comissão de pessoas proeminentes da
cidade a ser visitada pelo rei a fim de se encontrar com ele a caminho e depois encaminhá-lo em direção a
cidade.
FANEROÇIS (φανέρωσις)) quer dizer manifestação” e se refere à apresentação visível desse rei
na cidade a ser visitada e acompanhada pela comissão de seus cidadãos que foi encontrá-lo no caminho.
Em grego há muitas palavras para “vinda”, mas quando se refere a “Vinda de Cristo”, os escritores
bíblicos sempre empregam o termo Parusia que abrange essas duas fases (Mt 24.3,37,39; 1 Co 15.23; 1 Ts
2.19; 3.13; 4.15; 5.23; 2 Ts 2.1,8; Tg 5.7,8; 2 Pe 1.16; 3.4,12; 1 Jo 2.28).
“E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular,
dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda (parousi/a) e do fim do
mundo” (Mt 24.3).
No texto acima, os discípulos fizeram uma pergunta dupla ao Senhor: “Declara-nos quando serão
estas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo”.
O sinal da sua Vinda (Parusia) se refere ao período que vai do princípio das dores até ao
Arrebatamento (Mt 4-13).
O sinal do Fim do mundo se refere ao período da Grande Tribulação até à Manifestação de Cristo
(Mt 24.14-31). O termo “fim do Mundo” não quer dizer fim do mundo físico, mas, fim da presente ordem
estabelecida no mundo (a palavra mundo nesta passagem é aionos - αἰῶνος que quer dizer tempo muito
longo, século presente, até antes da PARUSIA).
“Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém
falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo (αἰῶνος), nem no vindouro”.
“E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo
(αἰῶνος) e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera” (Mt 12.32; 13.22).

II. APOCALYPSIS (ἀποκάλυψις)


Uma segunda palavra usada para a vinda do Senhor é apocalupsis - ἀποκάλυψις , que significa
“revelação”. Ela ocorre referindo-se ao Arrebatamento em passagens como 1 Co 1.7 “De maneira que
nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” e 1 Pe 1.7; 4.13: “para
que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em
louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo”, “mas alegrai-vos no fato de serdes participantes
das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis”. Porque ,
quando Cristo vem para a Sua Igreja, Ele se revelará a Si Mesmo para ela. Na Sua vinda, a Igreja O verá
como Ele é. O termo também aparece em passagens que descrevem Sua vinda à terra, no final da G.
Tribulação (2 Ts 1.7: e a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu, com os anjos do seu poder), porque naquele evento Cristo também se revelará ao
mundo.
Tanto o Arrebatamento quanto a Segunda vinda revelarão a Cristo, mas não ao mesmo tempo, nem
sob as mesmas circunstâncias. Assim, o Arrebatamento e a Segunda Vinda podem estar separados, como o
ponto de vista Pré-Tribulacionista ensina.
ΙΙΙ.
ΙΙΙ . EPIFANEIA (ἐπιφανεία)

137
A terceira palavra principal para a Segunda Vinda é EPIFANEIA, a qual significa “manifestação”.
Na Segunda Vinda, Cristo destruirá o Anticristo pela simples manifestação de Sua vinda (2 Ts 2.8). A
palavra também é usada em referência à esperança do cristão quando ele contemplar o Senhor (2 Tm 4.8;
Tt 2.13). Devemos concluir que este termo está classificando a ambos eventos ou não? A resposta pode
ser qualquer uma das duas, mas não ambas!
Quando empregada em referência ao retorno do Senhor, em dois casos ele se refere ao
arrebatamento da igreja, e em dois casos parece referir-se à segunda vinda de Cristo. Parece sã exegese
classificar 1 Tm 6.14 e 2 Tm 4.8 como referências ao arrebatamento. No entanto, 2 Tm 4.1 e Tt 2.13
parece referir-se à Sua segunda vinda.
A ênfase dada à verdade no uso de epifaneia (ἐπιφανεία) serve para assegurar que Cristo
realmente aparecerá, será reconhecido e manifesto de maneira visível.
Essas palavras, então, ressaltam três grandes fatos em relação ao segundo advento: Cristo estará
visivelmente presente, Sua glória, por conseguinte, será de todo revelada, e Ele mesmo será totalmente
manifesto.

B. A PRESENÇA DA IGREJA NO MUNDO NÃO CONVÉM COM A NATUREZA E O


PROPÓSITO DA GRANDE TRIBULAÇÃO.
1. A presença da Igreja não convém com o propósito da G.Tribulação.
O duplo propósito da G.Tribulação é punir o mundo gentílico por seu pecado, através dos
séculos passados (Dn 2 e 7), e trazer a nação de Israel ao arrependimento e aceitar a Cristo como o
Messias – Redentor (Go’el).
2. A presença da Igreja não convém com o caráter judaico da G. Tribulação.
Comparando-se Daniel 9.27 com Mt 24.15,21 vemos que a Grande Tribulação corresponde a
Septuagésima Semana da profecia do arcanjo Gabriel ao profeta Daniel. Por outro lado em Daniel 9.24, o
arcanjo diz que as 70 semanas estão destinadas ao povo de Daniel (Israel) e à sua santa cidade (Jerusalém).
Durante a G.Tribulação, vários fatores mostram que os judeus serão um grupo distinto e
separado de qualquer grupo gentílico:
1°) Uma das razões da G.Tribulação é preparar os judeus para a revelação do Messias.
2°) A identificação da Grande Tribulação com a Septuagésima Semana de Daniel. As 69
Semanas anteriores estavam relacionadas com Israel, logo a última também estará.
3°) A distinção de judeus salvos (Ap 7.2-8) dos gentios salvos (Ap 7.9-17) durante a
G.Tribulação, já que hoje os salvos é um grupo só, formado de judeus e gentios (Gl 3.28). Embora a Igreja
seja chamada de Israel de Deus (Gl 6.16), literalmente a Igreja não é Israel e, portanto, a G.Tribulação não
é destinada à Igreja. Não nos esqueçamos que Deus trata com três povos distintos (1 Co 10.32): Judeus,
Igreja e Gentios.
3. Ap 3.10: “Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da
hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra”. A
hora da Provação refere-se a Grande Tribulação.
a) A preposição “de” (do grego EK), na frase “da hora da provação”, favorece a visão Pré-
Tribulacionista. O significado desta preposição, utilizada mais de 800 vezes no Novo Testamento, é “para
longe de, para fora de, de”. Seu uso aqui dá o significado que a Igreja será tirada “para fora de” – da hora
da Provação.
b) Santos da Grande Tribulação não são poupados do sofrimento (Ap 7.1-17; 6.11; 20.4; Mt
24.21,22,29-31).
“A igreja de filadélfia recebeu uma promessa – Eu te guardarei da hora da provação que há de vir
sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra – porém a mensagem de Cristo à
igreja de ‘porta aberta’ isto é, a igreja evangelística, voltada para a obra missionária, que se iniciou em
1750 e permanecerá até o tempo em que Cristo vier para arrebatar a sua igreja. Esta promessa não se
138
cumpriu na vida da igreja de Filadélfia, pois esta foi destruída pela invasão turca em 1382 muito antes da
hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro. Todavia se cumprirá na vida da igreja arrebatada”.98
Em Ap 13.7 diz: “Também lhe foi permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe
autoridade sobre toda tribo, e povo, e língua e nação”. Mais adiante (Ap 13.15) diz que o Anticristo
causaria a morte de “quantos não adorassem a imagem da Besta”.
“E vi que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos e com o sangue dos mártires de
Jesus. Quando a vi, maravilhei-me com grande admiração” (Ap 17.6);
“E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra”
(Ap 18.24).

C. ARREBATAMENTO NÃO PODE SER CALCULADO COM PRECISÃO QUANDO


OCORRERÁ (Lc 12.40).
O que é o Arrebatamento? É a bendita esperança dos crentes. Após sua ocorrência, os que ficarem
para trás irão enfrentar um estado de tremenda confusão e sofrimento, ansiosos por respostas. Alguns
chamarão o evento de “desaparecimentos”; outros de “súbito desaparecimento”; e outros até vão dar
nomes ao acontecimento, pois ficará evidente que milhares de pessoas desapareceram, “num piscar de
olhos”. Alguns vão inventar estórias sobre o acontecimento, como abdução por alienígenas, acidente
nuclear e até que Deus removeu os “maus” deste mundo. Que as pessoas fiquem atentas, pois nada disso
será verdade e o que de fato terá acontecido foi o Arrebatamento, conforme a 1 Ts 4.13-18, Jo 14.3 e 1
Co 15.51-58. Ele vai acontecer, quando Senhor vier buscar os Seus, antes da tragédia mundial. A palavra
“Arrebatamento” vem da tradução na Vulgata Latina da palavra grega “harpazo”, a qual aparece na 1 Ts
4.17. Ela foi aceita por muitos eruditos como sendo a melhor palavra para expressar o que o evento
descreve...

Basicamente, O Senhor vai retornar ao som de uma trombeta e todos os que morreram em Cristo
como os que ainda vivem, serão levados, num piscar de olhos, ou seja, num milésimo de segundo, para
encontrar o Senhor nos ares.
Iminência (O evento pode estar se aproximando). O Arrebatamento é apresentado no Novo
Testamento como um evento que, do ponto de vista humano, pode acontecer a qualquer momento; e os
crentes devem aguardá-lo o tempo inteiro (1 Coríntios 1.7; 16.22; Filipenses 3.20; 4:5; 1 Tessalonicenses
1.9-10; Tito 2.13; Hebreus 9.28; Judas 1.21). Somente a posição pré-tribulacional permite entender esta
vinda iminente, num piscar de olhos, sem aviso algum do Senhor para os Seus santos.
O Arrebatamento é iminente, não pode ser determinado quando ocorrerá, pois Jesus virá como
ladrão da noite, portanto só pode ser Pré-Tribulacionista:
“Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor; sabei, porém, isto: se o dono da
casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso
ficai também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem” (Mt 24.42-
44);
“Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente
meu Pai” (Mt 24.36).
“Lembra-te, portanto, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. Pois se não
vigiares, virei como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei” (Ap 3.3);
“Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas vestes, para que
não ande nu, e não se veja a sua nudez” (Ap 16.15).

98
LAHAYE, Tim & JEKINS, J. B. Estamos Vivendo os Últimos Dias? Campinas – SP: Editora United Press, 2001,
p.115,116..
139
Se o Arrebatamento fosse Pós-Tribulacionista ou Midi-Tribulacionista poderia facilmente ser
determinado quando ocorreria, pois em Dn 9.27 vemos que a Grande Tribulação tem a duração fixa de 7
anos e que começará com o tratado de Paz entre a Besta e Israel, portanto quando esse tratado ocorrer os
Pós-Tribulacionista e os Midi-Tribulacionistas já saberiam então quando ocorreria o Arrebatamento.
Daniel, que deu a data precisa da entrada de Jesus em Jerusalém e de Sua saudação como Messias,
dá informação semelhante para calcular o dia exato do retorno triunfante de Cristo à Cidade de Davi. Ele
nos diz que o Anticristo quebrará sua aliança com Israel “na metade da semana e fará cessar o
sacrifício e a oferta de manjares” (Dn 9.27). Só preciso, então, contar três anos e meio (1260 dias)
desde esse evento para saber o próprio dia da Segunda Vinda no final da septuagésima semanas de anos de
Daniel.
O livro de Apocalipse dá informações adicionais confirmando essa cronologia. As duas
testemunhas são assassinadas 1260 dias após o começo da última semana de anos (Ap 11.3,7) – na
metade da 70ª semana de Daniel. Novamente, só é preciso contar, a partir desse evento, 1260 dias para
chegar à data da Segunda Vinda. A mulher de Ap 12, que é Israel, é perseguida por 1260 dias e protegida
por Deus também por 1260 dias.
Ap 12.6: “ a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse
alimentada durante mil duzentos e sessenta dias”;
Ap 12.14: “E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao
seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente”.
“Uma vez que as Escrituras ensinam que o arrebatamento ocorrerá antes da tribulação, é razoável
perguntar: Quanto tempo antes da Tribulação? A resposta é simples: Ninguém sabe! Uma das maiores
concepções errôneas sobre o arrebatamento pré-tribulação é que ele inicia a Tribulação. Não é verdade.
Daniel 9.27 é claro: A assinatura do pacto entre o anticristo e Israel inicia os sete anos da Tribulação, não
o arrebatamento. O arrebatamento pode acontecer um dia, uma semana, ou vários anos antes da assinatura
do pacto”.99Alguns colocam o Arrebatamento e o início da Grande Tribulação como simultâneos
deduzindo que as Bodas do Cordeiro duram sete anos que é o mesmo tempo da duração da Grande
Tribulação.
1. AS PASSAGENS DE VIGILÂNCIA: Rm 13.11,12; 1 Ts 5.6-9; Lc 12.3-5; 1 Ts 5.2;
“Rm 13.11,12: E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono;
porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e
o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz”.
“1 Ts 5.6-9: Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios. Porque
os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam, embebedam-se de noite. Mas nós, que somos
do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e da caridade e tendo por capacete a esperança da
salvação. Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor
Jesus Cristo”.
2. AS PASSAGENS DE ESPERANÇA: Tt 2.13; Tg 5.7,8.
Tt 2.13: “aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e
nosso Senhor Jesus Cristo”.
Tg 5.7,8: “Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso
fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também
pacientes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima”.
Bendita Esperança. - Crer no Arrebatamento é um conforto e bênção para o povo de Deus. É a
nossa “bendita esperança”, conforme Tito 2.13. Esta “bendita esperança” nos ensina que Jesus virá buscar
os Seus fieis, antes de começar a devastação mundial.

99
LAHAYE, Tim & JEKINS, J. B. Op. Cit., p.123.

140
Colocar a G. Tribulação antes do Arrebatamento destrói a expectativa da volta de Cristo a
qualquer momento.

D. JESUS EXORTA A IGREJA A FIM DE ESCAPAR DA GRANDE TRIBULAÇÃO.


Todas as referências bíblicas que falam da G. Tribulação sempre se referem a Israel impenitente, ou
então aos gentios ímpios, em nenhuma dessas referências há menção da Igreja, vejamos, por exemplo, em:
Dt 4.29-31; Is 13.9-13; Jr 25.29-33; 30.4-11; Ez 20.33-39; Dn 9.24-27;12.1,2; Mt 24.15-31; 1 Ts 1.9,10;
2 Ts 3-11.

É curioso observar que no interregno de Ap 6.1-18.24 temos o período que corresponde a


G.Tribulação e neste trecho a Igreja não é mencionada nenhuma vez. Nos capítulos de 1 a 3 que tratam do
período da Igreja na terra a mesma é mencionada 19 vezes. Nos capítulos 4 e 5 vemos a Igreja no céu
(tipificada por João). Nos capítulos de 6 a 18 a Igreja está ausente, sendo mencionada somente de maneira
indireta em Ap 19.7,8 por ocasião da Manifestação de Cristo com seus santos. Depois a palavra Igreja só é
citada em Ap 22.16.

Obviamente que anterior a Grande Tribulação haverá o “Princípio das Dores” o qual a Igreja terá
que enfrentar (Mt 24.3-13). Quando as dores começarem, isso servirá de sinal para a Igreja que a sua
Redenção está próxima (Lc 21.28-31) e Jesus exorta a Igreja a vigiar para ser digna de estar em pé e poder
se livrar de todas as dores que estiverem por virem (Lc 21.34-36).

E. É NECESSÁRIO QUE HAJA A RETIRADA DA IGREJA PARA QUE TENHA INÍCIO


A GRANDE TRIBULAÇÃO
Uma personagem marcante do período da G.Tribulação será a Besta mencionada em Ap
6.1,2;13.1-10; 2 Ts 2.3-12. No entanto antes é necessário que o Espírito Santo seja retirado para que seja
manifestado esse homem do pecado (2Ts 2.6-8).
A Igreja é o Templo do Espírito Santo (1 Co 3.16,17;6.19,20; 1 Pe 2.4,5). Com a saída do E.
Santo sai também o seu templo que é a Igreja (Gn 6.3; Jó 1.10; Is 59.19; 63.10,11; Jo 16.8).
Em 2 Ts 2.3: “Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha
primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição”, vemos que é necessário a
apostasia (a partida) para que haja a manifestação do homem do pecado. A palavra grega para “apostasia -
παρουσία”, do verbo AFISTEMI (ἀφίστηµι), significa “ir embora, sair”. O significado comum é “se
afastar da fé”, mas não se tem certeza que o sentido aqui seja este. Logo, Paulo está dizendo que o Dia do
Senhor (2Ts 2.2) não acontecerá sem que primeiro venha a PARTIDA (da Igreja no Arrebatamento).
A Remoção do Espírito Santo da Terra. Embora seja difícil de acreditar, a era em que vivemos é
descrita como a era da restrição do mal (2 Tessalonicenses 2.6-7). Alguém está detendo a total expansão
do mal, o qual vai ser deslanchado, quando o Anticristo chegar ao poder. Esse Alguém é o Espírito Santo
agindo através da igreja. Quando a igreja for removida, o Espírito irá com ela, de modo que o mal
prevalecerá. Estamos quase chegando ao término deste tempo, no qual o Espírito está agindo na igreja e
também batendo à porta dos corações dos homens.

F. SE O ARREBATAMENTO FOSSE APÓS A GRANDE TRIBULAÇÃO NÃO


HAVERIA SERES HUMANOS PARA INGRESSAR NO MILÊNIO.
No milênio haverá pessoas normais que nascerão, viverão, casarão, gerarão filhos, etc. (Is 65.17-
25). Se o Arrebatamento ocorresse no Fim da Tribulação não sobraria ninguém para entrar no milênio,
uma vez que os santos serão retirados com o arrebatamento e os ímpios não entrariam no Milênio, pois
serão mortos por ocasião da Manifestação de Cristo antes da instalação do seu Reino Milenial (Mt 25.31-
46).
141
A separação das ovelhas dos bodes não acontecerá de uma só vez no fim da G.Tribulação, pois as
nações ovelhas (os justos) só terão vida eterna após o milênio (Mt 25.46) e as nações bodes (os injustos)
só irão para o Fogo Eterno e “Castigo Eterno” no fim do Milênio e início do Estado Eterno. Antes, só
estrearão o “Lago de Fogo” o Anticristo e o Falso Profeta (Ap 19.20). Até o próprio Diabo só irá para o
Lago de Fogo no fim do Milênio (Ap 20.1-3,7-10).
O Evangelho do Reino será pregado durante todo o Milênio pelos judeus então virá o Fim.
G. AS TIPOLOGIAS DO VELHO TESTAMENTO NOS MOSTRAM QUE A IGREJA
NÃO PASSARÁ PELA GRANDE TRIBULAÇÃO.
1. ENOQUE – Representa a igreja arrebatada, o qual antes andou com Deus e foi arrebatado
para não ver a morte (Gn 5.24; Hb 11.5; Jd 14-16).
2. NOÉ – Entrou na Arca antes do dilúvio, sendo poupado do juízo vindouro e só voltou a
pousar na terra após o mesmo ter passado. Do mesmo modo a Igreja entrou em Cristo,
será poupada do juízo da Grande Tribulação destinado aos judeus e gentios impenitentes e
só voltará com Cristo após o fim da Grande Tribulação.
3. LÓ – Foi retirado de Sodoma antes do juízo que destruiu essa cidade. A Igreja será retirada
antes que venha O Terrível Dia do Senhor (Lc 17.29,30).
4. ELIAS – Foi arrebatado para não ver a morte (2 Rs 2.11). Assim também os que estiverem
vivos no dia do Arrebatamento serão trasladados (1 Co 15.51-58; 1 Ts 4.17).
5. MOISÉS – Representa aqueles que morreram em Cristo e que ressuscitarão no dia do
Arrebatamento (1 Ts 4.13-18).
6. Dossel, a Chupah (‫) ֻח ָפה‬. A segunda parte da cerimônia de casamento na Israel antiga era
chamada de Nisuin ou Chupah. A Noiva (a Igreja) estará nas Bodas do Cordeiro e não na
Grande Tribulação. Israel, sim, estará debaixo da Ira, a última semana das Setenta Semanas
de Daniel. O livramento dos três jovens na fornalha representa a Nação de Israel que será
salva na Grande Tribulação (Daniel 3).

Chupah (‫ ) ֻח ָפה‬100

“A chupah, ou pálio nupcial, simboliza a casa. O noivo santifica a noiva com o anel para simbolizar
que daquele momento em diante ela governará em seu lar, e tudo o que ele possui será também dela, que
poderá administrar seus bens conforme entender, à semelhança do rei que entrega o anel á pessoa que
designa para administrar o Estado”. A noiva – a Igreja do Senhor Jesus governará junto com o noivo o
Messias de Israel.

100
ROTMAN, Flávio. Op. Cit., p. 242.
142
A CHUPAH / A CONDUÇÃO PARA CASA 101
Dossel, Chupah em hebraico, designa tanto a cerimônia de casamento, como também o baldaquim
nupcial de onde se podia ver por sobre a noiva. O significado original de chupah é recinto ou cobertura.
Em tempos antigos, o chupah era um quarto especial, construído na casa do pai do noivo (Sl 19.6; Jl
2.16). Nisuin vem do verbo nasah que significa levantar ou carregar. A noiva era levantada para dentro da
liteira e conduzida assim para o noivo que já estava esperando. O noivo chegava sempre antes no chupah,
para poder dar boas-vindas a ela naquele lugar (Jo 14.1-3) que ele tinha preparado para ela. Os convidados
festejariam durante uma semana. O período de sete dias era chamado também de a “Semana da Noiva”.
Esta semana é mencionada na história de Jacó, Lea e Raquel em Gn 29.26,27: 26 Respondeu Labão: “Não
se faz assim em nossa terra; não se dá a menor antes da primogênita. 27 cumpre a semana desta; então te
daremos também a outra, pelo trabalho de outros sete anos que ainda me servirás”.

A Chupah, Dossel (Is 4.5) era normalmente um pano quadrado de seda ou cetim, suportado por
quatro estacas carregadas por quatro homens. Ele simbolizava o novo lar, apara o qual o noivo a sua
noiva. Como casa simbólica, aberta nos quatro lados, a chupah representava o lar judeu, pleno de hesed,102
de obras de amor, incluídos a hospitalidade diante de estranhos. Por isso estava toda aberta.

O paralelo espiritual para o chupah começa para a Noiva do Messias, quando seremos elevados
(arrebatamento) da terra e trazidos ao nosso quarto nupcial celeste. Passaremos uma semana (sete anos)
com o nosso Noivo/Rei e seremos um (echad) com Ele. Naquele dia seremos como o Noivo: “Amados,
agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele
se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos”.

No seu livro “Aqui vem a Noiva”, Richard Booker sugeriu o pensamento, que a Nova Jerusalém é
o quarto nupcial que o nosso Noivo prepara para nós. É um chupah eterno, que um dia virá dos céus junto
conosco (Ap 21.9,10). Que pensamento sublime! Imagine um quarto nupcial que é uma cidade de 2.500
Km de comprimento, largura e altura.

A Noiva de Yeshua reinará com Ele durante o assim chamado reinado de Mil anos. No fim da
Grande Tribulação, na batalha do Armagedom, Jesus e a Igreja descem da Chupah, depois da Bodas do
Cordeiro, para a implantação do reino Milenar. Após o Milênio a Igreja e o Cordeiro sobem para a Nova
Jerusalém e esta desce para a terra ficando sobre a Jerusalém terrestre. A Noiva estará junto com o
Messias debaixo de uma coberta simbólica semelhante a uma chupah que será na realidade uma cabana
(sukah) ou tabernáculo.103

Is 4.5,6: 5 E criará o Senhor sobre toda a extensão do monte Sião, e sobre as assembléias dela,
uma nuvem de dia, e uma fumaça, e um resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a glória

101
LASH, Jamie. As Núpcias Judaicas. 1ª ed. Goiás, Goiânia: Wordwidewings, 2003, p. 32-33.
102
Hesed. Não se pode traduzir nitidamente a palavra hesed. A tradução comum das versões em português é misericórdia,
bondade, benignidade, mas estas palavras todas são inadequadas para dar o pleno sentido do termo. A palavra relaciona-se
intimamente com o fator de Deus nas suas atividades providenciais na história de Israel. A Palavra significa o amor firme,
persistente, imutável, no cumprimento das promessas do seu concerto com Israel, mesmo quando o povo falhava e se
mostrava indigno. A palavra sempre acentua a: fidelidade de Deus para com o seu concerto com Israel. Os hasidim são os
piedosos, os fiéis, os santos que responderam com confiança ao amor fiel do Senhor. O hesed divino sempre buscava a
comunhão espiritual com Israel para criar nele o amor fiel a Deus. Assim se vê que é quase o equivalente da graça divina.
103
LASH, Jamie. As Núpcias Judaicas. 1ª ed. Goiás, Goiânia: Wordwidewings, 2003, p. 32-37.
143
se estenderá um dossel (‫ = ֻח ָפה‬chupah).104 6 E haverá um tabernáculo (‫סכָּה‬ ֻ = sukah = cabana) 105
para
sombra contra o calor do dia; e para refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva.

Quando a Noiva do Messias se encontrar com Yeshua nesse quarto nupcial, o resto do mundo
estará entregue às tribulações (A Grande Tribulação). Isaías 26.20,21 fala sobre este tempo: “Vem, povo
meu, entra nas tuas câmaras, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe
a indignação. Pois eis que o Senhor está saindo do seu lugar para castigar os moradores da terra por causa
da sua iniqüidade; e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seus mortos”. As Escrituras
parecem indicar que a Noiva do Messias ficará reclusa com seu Noivo, enquanto a ira [no Dia do Senhor]
de Deus será derramada sobre a terra.106

104
Dossel. ‫ח פָה‬
ֻ chupah. Dossel era normalmente um pano quadrado de seda ou cetim, suportado por quatro estacas
carregadas por quatro homens. Simbolizava o novo lar, para o qual o noivo trazia a sua noiva. Este chupah é a Nova
Jerusalém que receberá a Noiva (a Igreja) e depois este chupah descerá sobre a Jerusalém terrestre.
105
Tabernáculo. Ez 37.26,27; Ap 21.3. A Nova Jerusalém é este tabernáculo, que estará sobre a Jerusalém terrena e servirá
de guarda-chuva e guarda-sol para Israel. Nova Jerusalém é uma chupah de 2.500 Km de comprimento, largura e altura.
106
LASH, Jamie. Op. Cit., 36.
144
12
A GRANDE TRIBULAÇÃO
A VINGANÇA DO PARENTE REMIDOR - GO’EL

Os mestres cristãos do final do século II e início do século III, Ireneu, Tertuliano e Orígenes eram
claramente milenaristas com respeito ao retorno de Cristo. A descrição que Ireneu faz do retorno do
Cristo e dos eventos que o cercam é a mais detalhada e ilustrada das feitas pelos três. No livro cinco de
Contra as heresias, o influente bispo e pai da igreja escreveu vários capítulos sobre o fim dos tempos, nos
quais cita intensamente o livro do Apocalipse e resumiu o fim do mundo conhecido do seguinte modo:
Com efeito, João nos deu a conhecer o número do nome dele [do anticristo] para que estejamos
atentos à sua vinda, sabendo quem é, mas passou sob silêncio o nome, porque não era
conveniente que fosse anunciado pelo Espírito Santo. Se o tivesse anunciado talvez tivesse que
durar por muito tempo, mas visto que foi e “já não é, e que sobe do abismo para ir à perdição”
[Ap 17.8] como se nunca tivesse vindo, assim o nome dele não foi anunciado; com efeito, mas
se anuncia o nome de quem não existe. Ora, depois que o Anticristo tiver destruído todas as
coisas neste mundo, reinado três anos e seis meses e tiver assentado no templo em Jerusalém, o
Senhor virá do alto do céu, sobre as nuvens, na glória do Pai, e o lançará no lago de fogo com
todos os seus seguidores; para os justos trará os tempos do reino, isto é, o repouso do sétimo
dia santificado; e dará a Abraão a herança prometida, aquele reino, diz o Senhor, ao qual
“muitos virão do oriente e do ocidente para se assentar à mesa com Abraão, Isaque e Jacó” [Mt
8.11].107

A Grande Tribulação é o período no fim dos tempos quando Deus finalmente vai sentenciar o
mundo por seus pecados. É um período de sete anos compreendido entre o Arrebatamento da Igreja e a
Segunda Vinda de Cristo, quando Ele tratará com Israel para restaurá-lo completamente e derramará os
seus juízos terríveis sobre a humanidade rebelde. É a Septuagésima Semana de Daniel.
A palavra tribulação é derivada do latim “tribulum” que quer dizer siscador, rastilho, rastelo, clivo.
É derivada também do grego thlíbō (θλίβω ) que significa apertar, pressionar, estreitar, oprimir, afligir e
ainda thlípsis (θλῖψις) que significa opressão, aflição, tribulação.
Na maior parte das vezes quando a palavra tribulação aparece na Bíblia ela não se refere ao período
da “Grande Tribulação” nas profecias, mas simplesmente as inquietações que enfrentamos em nosso viver
diário.
A Bíblia diz que a Igreja irá atravessar grandes perseguições e tribulações, mas isto não é a mesma
coisa que o período da Grande Tribulação. O sofrimento caracteriza a vida da Igreja durante os últimos
dias, os quais começaram no Pentecostes e terminarão na Parusia. Há pregações atuais extremamente
superficiais que dizem que, se os seguidores de Jesus ao menos vivessem corretamente, freqüentando
regularmente os cultos e pagando os seus dízimos, Deus os faria prosperar materialmente, chegando
mesmo a resguardá-los das aflições e dos males físicos. De fato, dizem que, se nossa pátria ao menos
retornasse a Deus, não haveria mais entre nós pobreza, crimes e insegurança geral. Todos os apóstolos que
deixaram alguma coisa escrita, por toda parte dão a entender que a Igreja foi chamada para sofrer.
Os estudiosos da Bíblia, entretanto, ligam o nome TRIBULAÇÃO ao período imediatamente
depois do arrebatamento. Em geral se pode distinguir o uso da palavra porque o período de tempo
designado pela palavra TRIBULAÇÃO vem com letra maiúscula.

107
OLSON, Roger E. História das Controvérsias na Teologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2004, p.483,484.
145
A Segunda parte da 70ª Semana de Daniel é na realidade o período conhecido como a Grande
Tribulação.

SEPTUAGÉSIMA SEMANA DE DANIEL

O FALSO PERÍODO DE PAZ A GRANDE TRIBULAÇÃO


3,5 ANOS / 42 MESES 1260 DIAS / 42 MESES

“Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu
povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas
naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro” (Dn 12.1).
“Porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do
mundo até agora, nem jamais haverá” (Mt 24.21).
“Estes são os que vêm da GRANDE TRIBULAÇÃO, e lavaram as suas vestes e as branquearam
no sangue do Cordeiro” (Ap 7.14).

A Grande Tribulação é um período de grande sofrimento para os que ficarem depois do


Arrebatamento da Igreja. Nesse tempo o mundo todo estará sob o poder do maligno. Todos terão de
prestar culto e adorar o Anticristo, a Besta, senão serão passados a fio da espada. O Espírito Santo, nesse
tempo, não estará mais neste mundo, seguiu com a Igreja no Arrebatamento. Mas, Deus, mesmo nesse
tempo, não abandonará totalmente os homens; mas enviará sempre meios e oportunidades para salvar
aqueles que se voltarem para Ele. No tempo pré-diluviano, Noé, enquanto fazia a Arca, durante 120 anos
que durou a sua fabricação, foi pregoeiro da Justiça (2 Pe 2.5). Nesse tempo da Grande Tribulação a
Igreja não estará mais na terra; já foi arrebatada. E conforme falamos, o Espírito Santo, por sua vez,
também se afastará, não estará mais na atual missão de convencer o mundo do pecado, da Justiça e do
juízo, detendo Satanás de atuar contra os homens conforme no atual período da Graça (2 Ts 2.3-6; Gn
6.3), mas de forma passiva ajudará aqueles que se mostrarem desejosos de se voltarem para Deus e não
adorarem a Besta. Por esse tempo Deus enviará à Terra duas testemunhas (Ap 11.3-6; Zc 4.2-6) que
pregarão a todos os homens, Não sabemos bem como ou quem sejam essas testemunhas, sabemos porém
que não serão nem Moisés, nem Enoque, nem Elias, veja as nossas razões no capítulo que trata sobre o
SHEOL – HADES (TANATOLOGIA). Sabemos também que tais homens terão poder e forças suficientes
bem como autoridade para realizar a sua missão (Ap 11.6). As duas testemunhas virão na unção de Moisés
e Elias.
Sabemos, ainda, que serão dominados, temporariamente, pelo poder do mal (Ap 11.7,8) mas que
depois ressuscitarão e subirão aos céus (Ap 11.11,12). A grande verdade é que nesse período negro e
triste do mundo, o Evangelho ainda será pregado [E vi outro anjo voando pelo meio do céu, e tinha um
EVANGELHO ETERNO para proclamar aos que habitam sobre a terra e a toda nação, e tribo, e língua,
e povo dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é chegada a hora do seu juízo; e
adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas – Ap 14.6]. Aqueles que se
converterem nesse período serão, porém, mortos a fio da espada, decapitados, e farão parte dos mártires e
serão salvos (Ap 6.9-11: Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido
mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamaram com grande voz,
dizendo: Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam
146
sobre a terra?. E foram dadas a cada um deles compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem
ainda por um pouco de tempo, até que se completasse o número de seus conservos, que haviam de ser
mortos, como também eles o foram). Não farão parte da Igreja, nas Bodas do Cordeiro, essa já foi
arrebatada, antes da Grande Tribulação (Ap 3.10). Segundo se tem conhecido em estudos feitos, há três
grupos de salvos na Eternidade: A Igreja que será composta de todos os salvos na fé em Jesus Cristo,
mesmo os que, no Antigo Testamento aceitaram a “fé abraâmica” (Gn 15.6; Hb 11.8-16; Gl 3.16,29), bem
como os que forem arrebatados e ressuscitados no dia do Arrebatamento da Igreja (1 Ts 4.16,17). Os
mártires (Ap 6.9-11; 7.9-17; 20.4-6) e Israel como nação (Rm 9.25; 11.25,26). A Igreja será a esposa de
Cristo; os mártires, os amigos do noivo (Jo 3.29); Israel – os súditos do Reino dos Céus, bem como os
homens das nações que ficarem da Grande Tribulação. A Igreja reinará com Cristo (Ap 1.4-6; 2.26,27;
5.10) no Milênio, na terra, e depois por toda a Eternidade, na Nova Jerusalém. O Milênio será estabelecido
logo após a Grande Tribulação.

O PROPÓSITO DA TRIBULAÇÃO 108


1. O primeiro grande propósito da tribulação é preparar a nação de Israel para o Messias. A
profecia de Jeremias (30.7) esclarece que essa hora, que está por vir, refere-se particularmente a Israel,
pois ela é “a hora da angústia de Jacó”. Stanton mostra o caráter judeu desse período dizendo:
A tribulação é principalmente judia. O fato é demonstrado por trechos do Antigo Testamento (Dt
4.30, Jr 30.7; Ez 20.37; Dn 12.1; Zc 13.8,9), pelo sermão profético de Cristo (Mt 24.9-26) e pelo próprio
livro do Apocalipse (Ap 7.4-8; 12.1,2,17 etc). Ela diz respeito ao “povo de Daniel”, à vinda do “falso
Messias”, à pregação das “boas novas do reino”, ao vôo no “sábado”, ao templo e ao “lugar santo”, à terra
da Judéia, à cidade de Jerusalém, às doze “tribos dos filhos de Israel”, ao “cântico de Moisés”, aos “sinais”
nos céus, à “aliança” com a besta, ao “santuário”, aos “sacrifícios” rituais do templo —todos esses falam
de Israel e provam que a tribulação é em grande parte a hora em que Deus lida com Seu povo antigo antes
da entrada dele no reino prometido. As muitas profecias do Antigo Testamento a ser cumpridas a favor de
Israel mostram um tempo futuro em que Deus lidará com essa nação (Dt 30.1-6; Jr 30.8-10 etc.). (Gerald
STANTON, Kept from the hour, p. 30-1).
O propósito de Deus para Israel na tribulação é promover a conversão de uma multidão de judeus
que entrarão nas bênçãos do reino e experimentarão o cumprimento de todas as alianças de Israel. As boas
novas de que o Rei está prestes a retornar serão pregadas (Mt 24.14) para que Israel possa voltar-se para
o seu libertador. Assim como João Batista pregou tal mensagem a fim de preparar Israel para a primeira
vinda, Elias pregará a fim de preparar Israel para o segundo advento.
Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele
converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a
terra com maldição (Ml 4.5,6).
Esse testemunho parece eficaz uma vez que multidões de judeus serão convertidos durante o
período de tribulação e aguardarão o Messias (Ap 7.1-8 e as virgens sábias de Mt 25.1-13). O propósito
de Deus também é povoar o milênio com grande multidão de gentios convertidos, que serão redimidos
pela pregação do remanescente fiel. Esse objetivo será alcançado na multidão de “todas as nações, tribos,
povos e línguas” (Ap 7.9) e nas “ovelhas” (Mt 25.31-46) que entrarão na era milenar. O propósito de
Deus, então, é povoar o reino milenar trazendo a Si mesmo vasta multidão dentre Israel e as nações
gentílicas.

108
PENTECOST, Jr., Dwight. Manual de Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1994, p. 314-316.

147
2. O segundo grande propósito da tribulação é derramar juízo sobre homens e nações descrentes.
Apocalipse 3.10 declara: “Eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para
experimentar os que habitam sobre a terra”. Esse trecho já foi analisado anteriormente. E um ensino
evidente de outros versículos que esse período alcançará todas as nações:
Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis que o mal passa de nação para nação, e grande tormenta se
levanta dos confins da terra. Os que o SENHOR entregar à morte naquele dia se estenderão de uma a outra
extremidade da terra; não serão pranteados, nem recolhidos, nem sepultados; serão como esterco sobre a
face da terra (Jr 25.32,33).
Pois eis que o SENHOR sai do seu lugar, para castigar a iniqüidade dos moradores da terra... (Is
26.21).
A fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário,
deleitaram-se com a injustiça (2 Ts 2.12).

Com base nessas passagens, podemos ver que Deus está julgando as nações da terra por causa de
sua infidelidade. As nações da terra foram enganadas por um falso ensinamento do sistema religioso
prostituído (Ap 14.8) e têm partilhado do “vinho da fúria da sua prostituição”. Elas seguiram o falso
profeta na adoração da besta (Ap 13.11-18). Por essa impiedade, têm de ser julgadas. Esse julgamento
recai sobre “os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo
livre... “ (Ap 6.15), todos os que “blasfemaram o nome de Deus [...] nem se arrependeram para lhe darem
glória” (Ap 16.9). Visto que o reino a seguir é um reino de justiça, esse julgamento deve ser visto como
outro passo no desenvolvimento do plano de Deus para lidar com o pecado de modo que o Messias possa
reinar. Esse plano de julgamento contra os pecadores constitui o segundo grande propósito do período de
tribulação.

As Escrituras usam diversos termos ao se referirem a Grande Tribulação:


1°) O DIA DO SENHOR: “Uivai, porque o DIA DO SENHOR está perto; virá do Todo-
Poderoso como assolação” (Is 13.6).
“Eis que o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente; para pôr a terra em assolação e
para destruir do meio dela os seus pecadores” (Is 13.9).
“Vem, povo meu, entra nas tuas câmaras, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um
momento, até que passe a indignação (Grande Tribulação). Pois eis que o Senhor está saindo do seu lugar
para castigar os moradores da terra por causa da sua iniqüidade; e a terra descobrirá o seu sangue, e não
encobrirá mais os seus mortos” (Is 26.20,21).
“Tocai a trombeta em Sião, e dai o alarme no meu santo monte. Tremam todos os moradores da
terra, porque vem vindo O DIA DO SENHOR; já está perto; dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e
de negrume! Como a alva, está espalhado sobre os montes um povo grande e poderoso, qual nunca houve,
nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração” (Jl 2.1,2).

GRAÇA O DIA DO SENHOR MILÊNIO


O ANO ACEITÁVEL DO A 70ª SEMANA DE DANIEL O ANO DOS MEUS
SENHOR A GRANDE TRIBULAÇÃO REDIMIDOS

Leia as referências sobre o Dia do Senhor: Is 2.12;34.1,2; Ez 36.2,3; Jl 1.15;3.12-16,18; Am 5.18-


20; Ob 13; Sf 1.14,15,17; Zc 12.2,9,10;14.1-5,8,9,20; Ml 4.1-3;1 Ts 5.23;2 Pe 3.7-10.

148
O Dia do Senhor será o dia da tribulação de Jacó: “Ah! Porque aquele dia é tão grande, que não
houve outro semelhante! É tempo de angústia para Jacó; todavia, há de ser livre dela” (Jr 30.7). Os
pecadores de Jerusalém serão destruídos na terra. Será um dia de purificação, antes de vir o Filho do
Homem nas nuvens do céu. As descrições dos eventos do Dia do Senhor no Velho Testamento são
cumpridas com os juízos trazidos no Apocalipse. Este dia é chamado de “O Dia do Senhor” porque é a
época em que Deus se levanta para julgar a terra. É a Vingança do Parente Remidor. É o nosso Go’el
abrindo os selos da Escritura da redenção (Ap 5).

OS PROPÓSITOS DO DIA DO SENHOR SÃO:


a) A destruição dos resultados do pecado;
b) A preparação para a vinda do Reino – no tocante aos judeus.

O Dia do Senhor encerra-se com a volta de Cristo.


2°) Um tempo de Angústia: “... e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que
existiu nação até aquele tempo” (Dn 12.1). “Porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca
houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá” (Mt 24.21).
3°) Dia de Indignação, Ira: “Vem, povo meu, entra nas tuas câmaras, e fecha as tuas portas sobre
ti; esconde-te só por um momento, até que passe a indignação” (Is 26.20). “E diziam aos montes e aos
rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do
Cordeiro; porque é vindo o grande dia da ira deles; e quem poderá subsistir?” (Ap 6.16,17). “Jesus, que
nos livra da Ira Vindoura” (1 Ts 1.10).
4°) O Dia da Vingança – A Vingança do Parente Remidor – Go’el: “Pois o Senhor tem um dia de
vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião” (Is 34.6). “...a apregoar o ano aceitável do Senhor e
o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes” (Is 61.2).
5°) Dia de trevas: “Não será, pois, o dia do Senhor trevas e não luz? Não será completa
escuridade, sem nenhum resplendor?” (Am 5.20). “Aquele dia é dia de indignação, dia de tribulação e de
angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas”
(Sf 1.15).

6°) A GRANDE TRIBULAÇÃO é também chamada:


a) “um tempo, dois tempos, e metade de um tempo” (Dn 12.7; Ap 12.14).
b) “quarenta e dois meses” (Ap 11.2; 13.5).
c) “mil duzentos e sessenta dias” (Ap 11.3; 12.6).

SERÁ UM PERÍODO DE GRANDE SOFRIMENTO:

• Para os judeus, preparando-os para a sua restauração: “Senhor, é nesse tempo que restauras o
reino a Israel?” (At 1.6); “Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade,
para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça
eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos. E ele fará um pacto firme com muitos
por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações
virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será derramada sobre o assolador” (Dn 9.24,27).
(Leia ainda: Jr 30.4-11; Dt 4.29-31; Ez 20.33-38).

149
No capítulo três de Daniel temos a história dos três jovens lançados na fornalha ardente. A
fornalha do poder gentílico tem queimado os filhos de Israel durante mais de dois milênios, porém a
fornalha será aquecida sete vezes mais do que se acostumava (Dn 3.19). A Tribulação será de sete anos.
Nabucodonosor é um símbolo do anticristo. E Babilônia o símbolo do sistema político-religioso
que será estabelecido nos últimos dias. Os jovens judeus na fornalha tipificam o que Israel experimentará
na Grande Tribulação. O resgate dos jovens representa a libertação de Israel através do GO’EL – O
Parente Remidor, no dia da vingança do nosso Deus (Is 61.2).
“Virá o Redentor (GO’EL) a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz Iahweh” (Is 59.20).
“Porque não quero, irmãos que ignoreis este mistério para que não sejais presunçosos: o
endurecimento veio em parte a Israel, até que chegue a plenitude dos gentios, e assim, todo Israel será
salvo, como está escrito: De Sião virá o libertador (GO’EL), e ele afastará de Jacó as impiedades” (Rm
11.25,26).

• Para os Gentios que recusarem a Graça salvadora: “E os reis da terra, e os grandes, e os chefes
militares, e os ricos, e os poderosos, e todo escravo, e todo livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas
das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que
está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da ira deles; e quem
poderá subsistir?” (Ap 6.15-17).
O período de tempo denominado pelo Senhor “tempos dos gentios” em Lucas 21.24, em que Ele
diz “Até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles”, é um dos mais
importantes períodos das passagens proféticas.
Quando Jerusalém começou a “ser pisada” pelos gentios? Na verdade, isso tem acontecido há
séculos, começando com a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor (2 Rs 24.10,11), datada de 587-
586 a.C.
O julgamento das nações gentílicas [...] Esse acontecimento estupendo [...] é plenamente previsto
no Antigo Testamento (cf. Sl 2.1-10; Is 63.1-6; Jl 3.2-16; Sf 3.8; Zc 14.1-3). Este julgamento das nações
não tem nada a ver com o julgamento dos gentios no fim do Milênio. Este se dará com a soltura do diabo,
que comandará a última rebelião antes do julgamento do Trono Branco.
A duração dos “tempos dos gentios”. Os “tempos dos gentios” foram definidos pelo Senhor como
o período no qual Jerusalém estaria sob o domínio de autoridades gentílicas (Lc 21.24). Esse período
começou com o cativeiro babilônico, quando Jerusalém caiu nas mãos dos gentios. Continua até hoje e
prosseguirá durante a tribulação, era na qual os poderes gentílicos serão julgados. O domínio gentílico
termina na segunda vinda do Messias à terra.
Os tempos dos gentios são aquele longo período que se inicia no cativeiro babilônico de Judá, sob
Nabucodonosor, e termina com a destruição do poder gentílico mundial pela “pedra cortada sem auxílio de
mãos” (Dn 2.34,35,44), i.e., a vinda do Senhor em glória (Ap 19.11,21), até quando Jerusalém estará
politicamente sujeita ao governo gentílico (Lc 21.24).
Na 1ª metade da Grande Tribulação o Anticristo assumirá o poder e será líder mundial,
imensamente popular e eficiente. Ele aparecerá de maneira diplomática como o Pacificador Mundial, e
governará em grande estilo nestes primeiros três anos e meio.
Este mundo frustrado acolherá o advento de um líder mundial atraente, alguém com carisma para
arrebatar a opinião pública e arrastar os corações e as mentes do mundo todo. Ele vai parecer a solução
perfeita para milhares de problemas que um planeta cansado e infeliz está enfrentando.
Ele será chamado de a Besta no Apocalipse (Ap 13,17).
150
Ele não estará só. Ele terá um Falso Profeta e dez soberanos títeres chamados os dez chifres (Ap
12.3; 13.1; 17.3,7,12,16; Dn 7.7,20,24).
É o cavaleiro do cavalo branco (Ap 6.2): “Olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava montado
nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vencendo, e para vencer”.
É o príncipe do povo (romano) que destruiu a cidade e o santuário no ano 70 d.C. Ele fará uma
aliança com os judeus por semana (Dn 9.27), mas romperá esta aliança e profanará o Santuário.
“Aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de
sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus” (2 Ts 2.4).
Na primeira metade da Grande Tribulação 144.000 judeus crerão em Cristo e serão selados e
tornar-se-ão poderosas testemunhas neste período (Ap 7.3-8).
Duas testemunhas também aparecerão durante a Grande Tribulação. Os seus ministérios serão na
mesma unção de Moisés e Elias.

“E concederei às minhas duas testemunhas que, vestidas de saco, profetizem por mil duzentos e
sessenta dias. Estas são as duas oliveiras e os dois candeeiros que estão diante do Senhor da terra. E, se
alguém lhes quiser fazer mal, das suas bocas sairá fogo e devorará os seus inimigos; pois se alguém lhes
quiser fazer mal, importa que assim seja morto. Elas têm poder para fechar o céu, para que não chova
durante os dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a
terra com toda sorte de pragas, quantas vezes quiserem. E, quando acabarem o seu testemunho, a besta
que sobe do abismo lhes fará guerra e as vencerá e matará. E jazerão os seus corpos na praça da grande
cidade, que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado. Homens
de vários povos, e tribos e línguas, e nações verão os seus corpos por três dias e meio, e não permitirão
que sejam sepultados. E os que habitam sobre a terra se regozijarão sobre eles, e se alegrarão; e mandarão
presentes uns aos outros, porquanto estes dois profetas atormentaram os que habitam sobre a terra” (Ap
11.3-10).

Muitas pessoas aceitarão o Evangelho pregado pelas duas testemunhas, pelos 144.000 e até mesmo
pregado por um anjo voando no espaço:

“E vi outro anjo voando pelo meio do céu, e tinha um evangelho eterno para proclamar aos que
habitam sobre a terra e a toda nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus, e
dai-lhe glória; porque é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as
fontes das águas” (Ap 14.6,7).

O ADVENTO DO PARENTE REMIDOR

“E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele chama-se Fiel e
Verdadeiro; e julga a peleja com justiça. Os seus olhos eram como chama de fogo; sobre a sua cabeça
havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. Estava vestido de
um manto salpicado de sangue; e o nome pelo qual se chama é o Verbo de Deus. Seguiam-no os exércitos
que estão no céu, em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. Da sua boca saía uma
espada afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o
lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. No manto, sobre a sua coxa tem escrito o nome:
Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19.11-16).
151
No final da Grande Tribulação o nosso GO’EL virá para tomar posse da terra. No início da G.T.
Ele rasgou os selos, mas agora é a posse. A Igreja é o poderoso exército que desce com Ele. O Messias
assumirá o Reino terrestre literalmente e regerá as nações com cetro de ferro. É o último governante
mundial, a Pedra, que destruirá a estátua, isto é, os poderes gentios, e encherá a terra.

Ele pisará pessoalmente o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo Poderoso.

“E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a
foice afiada, dizendo: Lança a tua foice afiada, e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas
uvas estão maduras. E o anjo meteu a sua foice à terra, e vindimou as uvas da vinha da terra, e lançou-as
no grande lagar da ira de Deus. E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até os freios dos
cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios.
Da sua boca saía uma espada afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com vara de ferro; e
ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso” (Ap 14.18-20; 19.15).

O ARMAGEDOM

“Vi um anjo em pé no sol; e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo
meio do céu: Vinde, ajuntai-vos para a grande ceia de Deus, para comerdes carnes de reis, carnes de
comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e dos que neles montavam, sim, carnes de todos os
homens, livres e escravos, pequenos e grandes. E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos
para fazerem guerra àquele que estava montado no cavalo, e ao seu exército. E a besta foi presa, e com ela
o falso profeta que fizera diante dela os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e os que
adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre. E os
demais foram mortos pela espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo; e todas as aves
se fartaram das carnes deles” (Ap 19.17-21).

O Significado de Armagedom 109

A palavra “Armagedom” aparece no último livro da Bíblia (Apocalipse 16.16). O termo hebraico
significa “monte ou montanha de Megido”, onde já aconteceram diversas batalhas decisivas na história de
Israel.
O capítulo 16 do Apocalipse trata dos últimos juízos de Deus, que virão sobre a terra antes da volta
de Jesus Cristo. O apóstolo João escreve: “Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete
anjos: Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus... Derramou o sexto a sua taça sobre o
grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do
nascimento do sol... porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do
mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso... Então, os
ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom” (Apocalipse 16.1,12,14,16).
Portanto, o termo bíblico “Armagedom” simboliza o lugar em que os reis da terra se reunirão para
a luta insensata contra Deus. Aí acontecerá um juízo de Deus. O texto bíblico a seguir chama a atenção:
“Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar, e saiu grande voz do santuário, do lado do trono,
dizendo: Feito está! E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca

109
www.chamada.com.br/mensagens/armagedom.html.
152
houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande. E a grande cidade se
dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe
o cálice do vinho do furor da sua ira. Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados; também
desabou do céu sobre os homens grande saraivada, como pedras que pesavam cerca de um talento; e, por
causa do flagelo da chuva de pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era
sobremodo grande” (Apocalipse 16.17-21).
Os “reis da terra e de todo o mundo” serão reunidos pela atuação da trindade do inferno para a
chamada “peleja do grande dia do Deus Todo-poderoso” (Ap 16.14). Esse ajuntamento das nações da
terra acontecerá num lugar chamado Armagedom (Ap 16.16). Lá Deus julgará as nações por haverem
perseguido Israel (Jl 3.2), por causa de sua iniqüidade (Ap 19.15) e por causa da sua impiedade (Ap 16.9).
Defende-se, comumente, que a batalha de Armagedom também é um acontecimento isolado que
ocorrerá logo antes da segunda vinda de Cristo à terra. A extensão desse grande movimento no qual Deus
lida com “os reis do mundo inteiro” (Ap 16.14) não será percebida a menos que se compreenda que a
“peleja do grande dia do Deus Todo-poderoso” (Ap 16.14) não é uma batalha isolada, mas uma campanha
que se estende pela última metade do período tribulacional.
A localização da campanha. O monte Megido, situado a oeste do rio Jordão no centro-norte da
Palestina, a cerca de quinze quilômetros de Nazaré e a vinte e cinco quilômetros da costa do
Mediterrâneo, encontra-se numa planície onde ocorreram muitas das batalhas de Israel. Lá, Débora e
Baraque derrotaram os cananeus (Jz 4 e 5). Gideão triunfou sobre os midianitas (Jz 7). Lá, Saul foi morto
na batalha com os filisteus (1 Sm 31.8). Acazias foi morto por Jeú (2 Rs 9.27). E, lá, Josias foi morto na
invasão pelos egípcios (2 Rs 23.29,30; 2 Cr 35.22).

Esta será a grande batalha no final da Grande Tribulação. A Besta, o Anticristo, juntamente com os
dez chifres lutará contra Israel, porém o Parente Remidor virá em socorro do seu povo (Is 59.20; Rm
11.26).
A Besta e o Anticristo serão os primeiros a estrearem o inferno definitivo, o Geena, o lago de fogo,
os demais seres perdidos só irão para lá no final do Milênio.
Uma distinção cuidadosa deve ser estabelecida entre o Lago de Fogo e o Hades (Sheol). Os ímpios
que morreram antes da segunda Vinda de Cristo vão para o Hades, conforme nos é mostrado no texto de
Lucas 16. Até a volta de Jesus, ninguém será lançado no Lago de Fogo. O próprio Diabo ficará preso no
Abismo por mil anos e somente após o Milênio é que será lançado no Lago de Fogo, acompanhado dos
condenados por Deus diante do Trono Branco. O fato do Falso Profeta e do Anticristo ainda estarem no
Lago de Fogo, depois de concluído o Milênio, deixa claro que este lugar não significa aniquilamento e
também não oferece oportunidade de santificação, pois os que ali permanecem continuam em seu estado
de impiedade, em seus corpos apropriados para sofrer o castigo eterno.
A Batalha do Armagedom fará entrar em cena o sofrimento mais terrível que a humanidade já
conheceu. A Bíblia nos diz que a terra será devastada por crises políticas, econômicas e ecológicas que
ficam além do alcance da nossa imaginação. Se não fosse pela misericordiosa intervenção de Deus, reza a
Bíblia, o mundo inteiro seria destruído.
No meio de toda aquela terrível, pavorosa carnificina, Cristo retornará como Rei dos reis e Senhor
dos senhores. O Parente Remidor, ou melhor dizendo, o Parente Vingador derrotará o Anticristo e será
vitorioso na Batalha do Armagedom. No clímax desse momento, o nosso GO’EL instalará O Seu Reino.
Uma utopia vem vindo. Oramos em nossos templos: “Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a
Vossa vontade, assim na terra como no céu.” (Mt 6.10). Quando da volta de Cristo, essa prece será
integralmente realizada.
A Bíblia promete: “Eis que reinará um rei com justiça, e com retidão governarão príncipes.” (Is
32.1)

153
“O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos
dos séculos.” (Ap 11.15).

Após a Grande Tribulação, precisamente após a última metade, setenta e cinco dias separarão
Grande Tribulação do Milênio.
Dn 12.11,12: “E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação
desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias”. “Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos
e trinta e cinco dias”.
“Na metade da Tribulação o anticristo abolirá os sacrifícios judaicos (Dn 9.27; Mt 24.15; 2 Ts 2.4).
A partir daquela data até o fim haverá 1290 dias. Normalmente três anos e meio (num calendário lunar)
teriam 1260 dias. Os trinta dias a mais aqui mencionados fornecem o tempo necessário para a realização de
todos os julgamentos que acontecerão depois da segunda Vinda”.110

A GRAÇA O DIA DO SENHOR O MILÊNIO


O ANO ACEITÁVEL A 70ª SEMANA DE DANIEL 75 O ANO DOS MEUS
DO A GRANDE TRIBULAÇÃO DIAS REDIMIDOS
SENHOR
O FALSO PERÍODO A GRANDE
DE PAZ TRIBULAÇÃO
3,5 ANOS 3,5 ANOS
42 MESES 42 MESES

110
RYRIE, Charles C. A Bíblia Anotada. Editora Mundo Cristão, 1645, p. 1095.
154
13
BABILÔNIA
A FALSA IGREJA APÓSTATA

A Falsa Igreja Mundial (Ap 17.1-8; Is 13.1-22) será um sistema religioso-político. Será um
reavivamento do sistema babilônico que em todo o seu tempo, desde Babel até Belsazar foi uma mistura
dupla de governo religioso e político. Esse sistema tem nomes: “Meretriz”, “Babilônia”, “Babel”,
“Confusão” e dominará por algum tempo as decisões religiosas e políticas do Anticristo. Este
desencadeará contra ela uma perseguição através de uma confederação de nações, que provavelmente
terão resquício dos quatro impérios passados (Babilônia, Medo-Pérsia, Roma Antiga – Ap 13.2; Dn
7.21,22). O império da Roma Rediviva e a Grande Babilônia serão destruídos durante a Grande
Tribulação.
A grande Babilônia é vista como uma mulher no livro de Apocalipse (17):
“Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto, e vi uma Mulher montada numa Besta
(Anticristo), repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.
Achava-se a Mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de
pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com imundícies da sua
prostituição”

A figura é a cédula de 5 ECUs (European Currency Unit – Unidade Monetária Européia. Veja que
a mulher está montada sobre uma besta.111
Através da Falsa Igreja, o Anticristo perseguirá os santos, as testemunhas de Jesus. (Ap 17.6).
O Anticristo permitirá que a Babilônia domine religiosamente sobre os povos, nações, multidões e
línguas (Ap 17.1,15).
Inicialmente, permitirá sua influência política (Ap 17.3). Ela aparece sentada sobre a Besta.
Causará inveja entre os reis (Is 13.1-22); Será destruída (Ap 18.2-8). A Besta receberá os seus poderes
(Ap 17.13).
Provavelmente a sede de seu domínio será Babilônia rediviva (Zc 5.5,10; Jr 51.7).
111
LIETH, Norbert. Parábolas Proféticas. Porto Alegre: Obra Missionária Chamada da Meia Noite, p.84.
155
A Mulher é a GRANDE BABILÔNIA, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES
DA TERRA. Muitos têm assegurado que a MULHER é a Igreja Católica Romana. Mas o mistério desta
Babilônia parece mais amplo. Ela será a igreja apóstata dos últimos dias: Laodicéia, a igreja desventurada,
miserável, pobre, cega, nua. A ela se unirão as mais diferentes igrejas, sejam católicos, evangélicos,
anglicanos, luteranos e outros. Embora estando presentes membros de todas as denominações religiosas, é
válido considerar que o sistema romano (político) e o papado (religioso) serão os que permitirão tal união.
A expressão sobre sete montes assinala que será Roma a identificar-se com a MULHER.
A posição geográfica da sede da mundial potência, Roma, é bem definida pelas “SETE
CABEÇAS” (Ap 13.1) que são “SETE MONTES” (Ap 17.9).
“Se hoje por haver muito se expandido, Roma conta com doze colinas, naqueles tempos do seu
predomínio mundial, erguia-se sobre sete. É a Urbs Septicollis, de Horácio. Plínio, o Velho reconhece-a
Complexa septem montes (Hist. Nat.,3,9). Os sete montes, pelos quais se lhe atribuíram o cognome de a
cidade das sete colinas (Urbs Septemontium) são: Aventino, Palatino, Célio, Esquilino, Vidimal, Quirinal
e Capitólio”. “Só uma cidade com mais de 2000 tem sido conhecida como a cidade dos sete montes. Essa
cidade é Roma. A Catholic Enciclopedia [Enciclopédia Católica] declara: É dentro da cidade de Roma,
chamada de cidade dos sete montes, que se localiza todo o território do vaticano”.112
“Até mesmo o apologista católico Karl Keating há muito tempo admite que Roma tem sido
identificada como a Babilônia. Ele afirma que a declaração de Pedro: Aquela que se encontra em
Babilônia... vos saúda... (1Pe 5.13), prova que Pedro estava escrevendo de Roma”.113
Algo de muita pertinência nos descreve Boyd:114
“Em Ap 21.9,10 a Igreja é simbolizada também por uma cidade. A noiva, a esposa do Cordeiro,
deve ser uma “virgem casta”, a Igreja. A virgem casta, desposada e apresentada assim, converte-se em
esposa; portanto a cidade santa, a noiva, a Esposa do Cordeiro constitui um símbolo da Igreja”.
Assim como a cidade santa e a Igreja são uma só, assim também BABILÔNIA é uma com a Igreja
apóstata que tem sua sede na cidade de BABILÔNIA, a qual para os crentes da Igreja primitiva, era
ROMA: “Aquela que está em Babilônia, também eleita, envia-lhes saudações, e também Marcos, meu
filho” (1 Pe 5.13).
Roma é a única cidade que preenche os requisitos que terá de cumprir a MULHER descrita aqui.
Ela é a sede principal do cristianismo apóstata de hoje, e o será durante a Grande Tribulação. Não há sobre
a face da terra um governo que possa manter uma representação tão grande como a que o Vaticano
(Roma) mantém através de sua Igreja; certamente ela está sentada sobre povos, multidões, nações e
línguas como nenhuma outra.
Roma embriagou-se com o sangue dos mártires: “E vi que a mulher estava embriagada com o
sangue dos santos e com o sangue dos mártires de Jesus” (Ap 17.6).
A Igreja apóstata composta por pessoas de todas as denominações, cuja sede está em Roma, com
seu poder concentrado em torno do papado é chamada de prostituta. Ela se apresenta no cenário mundial e
é exaltada sobre a Besta seus impérios:
“Veio um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a
condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas; com a qual se prostituíram os reis
da terra; e os que habitam sobre a terra se embriagaram com o vinho da sua prostituição. Então ele me
levou em espírito a um deserto; e vi uma mulher montada numa besta cor de escarlata, que estava cheia de
112
HUNT, Dave. A Mulher Montada na Besta. Porto Alegre: Actual Edições, 2001, p.71,72.
113
HUNT, Dave. Op. Cit., p.72.
114
NIGH, Kepler. Op. Cit., p. 124.
156
nomes de blasfêmia, e que tinha sete cabeças e dez chifres. A mulher estava vestida de púrpura e de
escarlata, e adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas; e tinha na mão um cálice de ouro, cheio das
abominações, e da imundícia da prostituição; e na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande
Babilônia, a mãe das prostituições e das abominações da terra. E vi que a mulher estava embriagada com o
sangue dos santos e com o sangue dos mártires de Jesus. Quando a vi, maravilhei-me com grande
admiração. Ao que o anjo me disse: Por que te admiraste? Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que
a leva, a qual tem sete cabeças e dez chifres. A besta que viste era e já não é; todavia está para subir do
abismo, e vai-se para a perdição; e os que habitam sobre a terra e cujos nomes não estão escritos no livro
da vida desde a fundação do mundo se admirarão, quando virem a besta que era e já não é, e que tornará a
vir. Aqui está a mente que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está
assentada” (Ap 17.1-9).

A MULHER é a Igreja apóstata e também é a cidade de Roma, que por sua vez é BABILÔNIA...
A MÃE DAS MERETRIZES. É também o centro comercial que se vê no capítulo 18 de Apocalipse.
A Igreja apóstata será destruída pelos dez reis da besta, além disso, a cidade comercial será
devastada, devido aos efeitos produzidos na terra pela sétima trombeta na vingança do Parente Remidor –
Go’el.
Assim como a destruição da grande cidade da Babilônia antiga foi permanente, assim também será
a destruição da Babilônia (Roma) dos últimos dias.
O Império Babilônico de Nabucodonosor (Dn 4) aponta para a Babilônia dos tempos finais. Ele é
apresentado no livro de Daniel como uma “arvore” sob e em cujos ramos se reúnem os animais e aves dos
céus. Sobre a “Babilônia” dos tempos finais lemos em Apocalipse 18.2: “E ele clamou com voz forte,
dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e guarida de todo espírito
imundo, e guarida de toda ave imunda e detestável”.
Nabucodonosor disse: “Não é esta a grande Babilônia?” sob essa grande árvore babilônica muitos
se reuniram e ficaram ricos: “cuja folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e em que para todos
havia sustento”. O mesmo é dito da Babilônia dos tempos finais: “Também os frutos que a tua alma
cobiçava foram-se de ti; e todas as coisas delicadas e suntuosas se foram de ti, e nunca mais se acharão. Os
mercadores destas coisas, que por ela se enriqueceram, ficarão de longe por medo do tormento dela,
chorando e lamentando” (Ap 18.14,15). Por um lado, portanto, o reino de Nabucodonosor consistia de
mistura religiosa, e por outro lado, ele era um gigantesco bloco econômico. E o mesmo acontecerá
também com a Babilônia dos tempos finais: mistura religiosa (Ap 17) e um gigantesco império econômico
(Ap 18). O orgulho sem limites de Nabucodonosor foi duramente castigado por ordem divina. Como
antigamente, a Babilônia de Nabucodonosor foi destruída, também a Babilônia dos tempos finais será
completamente aniquilada.
O período em que Nabucodonosor viveu como um animal no campo indica a duração da Grande
Tribulação. Lemos a respeito em Daniel 4.16: “Seja mudada a sua mente, para que não seja mais a de
homem, e lhe seja dada mente de animal; e passem sobre ele sete tempos (sete anos).” Sabemos que o
desabrochar final do poder da grande ÁRVORE, do sistema mundial babilônico, que se tornará um reino
animalesco, durará sete anos (Dn 7.27). Virá o momento no qual a mistura de religiões que hoje cresce
cada vez mais e que chegará a ser uma igreja universal unificada, juntamente com a gigantesca
concentração de poder político e econômico, se transformará no reino da Besta, o império anticristão de
Apocalipse 13. No final desse período de sete anos, todo o mundo reconhecerá que Deus, o Senhor, tem
poder sobre todos os reinos e que Seu Reino permanecerá para sempre.
157
A CONEXÃO ENTRE BABILÔNIA E A IGREJA ROMANA (FRANK BOYD)115
Ninrode, o poderoso caçador, foi o fundador da Babilônia. Ele organizou a primeira rebelião contra
Deus (Gn 10.9,10;11.1-9). Eles queriam fazer para si mesmos um nome poderoso. Este nome seria para
eles um orgulho, seria um sinal de grandeza.
Em Babilônia se produziu a primeira apostasia. Com a rebelião que Ninrode iniciou, instalou-se o
culto babilônico. Os que foram iniciados nesta seita deixaram de ser da nacionalidade babilônica, assíria,
egípcio, ou de qualquer outra, passando a ser membros de uma irmandade mística. Esta crença continua
em sociedade secretas até hoje. Os iniciados supostamente possuíam sabedoria e podiam descobrir os
segredos divinos escondidos. O líder desse grupo era conhecido como o pontífice e agia como sumo
sacerdote, sendo sua palavra a lei sagrada.
Adoravam o “pai supremo”, “a rainha do céu” (o ser feminino encarnado) e seu “filho”. Do “pai
supremo” diziam que não exercia influência nos assuntos dos mortais, elevando a “rainha do céu” ao
cúmulo da deusa máxima nos assuntos humanos.
Este sistema foi originado por demônios, que tiveram o objetivo de governar o mundo. Satanás
continua o mesmo plano ainda hoje (1 Tm 4.1,2), e Babilônia é a fonte de todo falso ensinamento e de
toda idolatria:
“Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando
ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras
e têm a sua própria consciência cauterizada” (1 Tm 4.1,2).
“Porque todas as nações têm bebido do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se
prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias” (Ap
18.3).
No ano 487 a.C., a cidade da Babilônia foi capturada por Jerjes, e seus habitantes foram
aniquilados. O sacerdócio babilônico teve de fugir e de Babilônia nasceram três correntes. Eram parecidas,
e cada uma teve seu próprio “sumo pontífice”. Radicaram-se no Tibete, Pérgamo e Mênfis. Continuam no
Tibete até o nosso tempo. Os que fugiram para Pérgamo permaneceram ali por longo tempo. Com a morte
de Atalo I, em 133 a.C. – que era pontífice e rei de Pérgamo. A chefia do sacerdócio babilônico foi
trasladado para Roma.
Os etruscos chegaram à Itália vindo da Lídia (região de Pérgamo) e trouxeram consigo a religião e
rito babilônicos. Estabeleceram um pontífice, que exerceu poder de vida e morte sobre o povo. O pontífice
foi aceito pelos romanos como chefe dos assuntos civis. Júlio César se levou a esta categoria no ano 74
a.C. Foi eleito pontífice supremo da ordem de babilônia, tornando-se herdeiro dos direitos e títulos de
Atalo.
No ano 218 d.C. o exército romano esteve aquartelado na Síria por causa da rebelião contra
Macrino. Heliogábalo, que havia sido sacerdote do ramo egípcio da religião babilônica, foi escolhido
imperador. Pouco depois foi eleito pontífice supremo pelos romanos. Com isto, os dois ramos ocidentais
da apostasia babilônica se centralizaram no imperador romano.
Os imperadores romanos agiram como “sumos pontífices” até o ano 376 d.C. Foi então que
Graciano se negou a ataviar-se com as vestiduras do sumo pontífice. Milner, na história da igreja, diz que
Graciano: Desde sua mais tenra infância apareceram sinais inegáveis de verdadeira piedade em Graciano,
num grau superior às que se haviam observado em qualquer outro imperador romano. Um dos seus

115
NIGH, kepler. Op. Cit., p. 128-130.
158
primeiros atos o demonstra. O título de sumo sacerdote pertenceu sempre aos príncipes romanos. Ele
observou, e com justiça, que este título era por sua mesma natureza idólatra, e não correspondia a um
cristão assumi-lo. Portanto, Graciano recusou vestir-se do hábito, embora os pagãos lhe ortogassem o
título.
Mas os assuntos religiosos ficaram tão desorganizados que se tornou necessário escolher alguém
para ocupar o posto. Seguindo a citação anterior, lemos: Aconteceu que Dámaso, bispo da igreja cristã de
Roma, foi eleito para ocupar este cargo. Dámaso havia sido constituído bispo da Igreja no ano 366 d.C.
pela influência dos monges do monte Carmelo, um colégio de culto babilônica, originalmente fundado
pelos sacerdotes de Jezabel (muito antes de Cristo) e que continua hoje relacionado com Roma. De
maneira que, no ano 378 d.C., o chefe da ordem babilônica passou a ser o chefe da Igreja cristã.
Este homem, Dámaso, uniu em si mesmo o cargo de bispo cristão e todos os títulos e poderes do sumo
sacerdócio da antiga apostasia babilônica.
Pouco tempo depois que Dámaso foi nomeado o pontífice supremo eleito, os ritos da Babilônia
começaram a destacar-se. O culto da virgem Maria se estabeleceu no ano 381 d.C. Maria era adorada por
todas as partes como a “mãe de Deus”, a rainha do céu. No começo do século quarto este culto estava
generalizado. O culto à rainha do céu havia substituído o culto a Cristo – Gibbon.
No Antigo Testamento, Babilônia era inimiga de JEOVÁ, o verdadeiro Deus, e de Jerusalém, seu
santo lugar.
Deus concedeu a Babilônia poder civil, e com este poder ela levou cativo o povo de Deus. Quando
a Babilônia literal deixou de existir, Roma se elevou ao poder e continuou seu antagonismo contra Deus.
Foi Roma que crucificou Jesus Cristo, pôs fogo em Jerusalém e levou os vasos sagrados do templo.
Além disso, desde então Roma tem corrompido a verdade e se tem oposto à piedade vital.
Com relação à obra de Deus, Roma é Babilônia. Mas é “Babilônia fora de seu lugar”. É a Babilônia
do mistério, e não a Babilônia literal. As características morais são as mesmas, mas o lugar mudou. –
Mistério e História de Babilônia.
Não somente os comentaristas evangélicos destacam a conexão entre Babilônia e Roma, mas
também sacerdotes e escritores católicos romanos reconhecem esta verdade. O Cardeal Bellarmino
escreveu:
“São João em Apocalipse chama Babilônia de Roma, posto que nenhuma outra cidade fora de
Roma reinou em sua época sobre os reis da terra. E é uma verdade bem conhecida que Roma se assentava
sobre sete colinas...”

Além disso, o famoso prelado francês, Bossuet, em seu comentário de Apocalipse, diz: “Os sinais
são claros que é fácil decifrar Roma sob a figura de Babilônia”.
O anjo identifica a prostituta como “a grande cidade que reina sobre os reis da terra”. Nos dias de
Daniel, esta cidade era Babilônia. Nos tempos de João, Roma. Na Idade Média, era a Igreja Católica
Romana quem coroava os reis. Contudo, nenhuma destas cidades teve domínio completo sobre os reis ou
reinos da terra. Apesar de ser chamada cidade, a Mulher é também um completo sistema religioso anti-
Deus que começou na torre de Babel, e vem dominando os reinos deste mundo através de todas eras, e
culminará na Igreja Babilônica, ou na religião do Anticristo e do seu falso profeta, na primeira parte da
tribulação. Porém, O Parente Vingador destruirá este sistema babilônico no Dia da Vingança, no Dia de
IAHWEH.

Não temos dúvida que Deus tem ovelhas dentro da Igreja romana, porém a elas rogamos:
159
“Ouvi outra voz do céu dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus
pecados, e para que não incorras nas suas pragas. Porque os seus pecados se acumularam até o céu, e
Deus se lembrou das iniqüidades dela” (Ap 18.4,5).

SUMÁRIO DAS CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO BABILÔNICO 116


KEPLER NIGH

• Foi fundada em rebelião.


• Os iniciados afirmavam ter conhecimento “oculto” (sabedoria superior e segredos divinos).
• Era uma religião universal. Deixavam de ser babilônicos, assírios, egípcios etc. e passavam a ser
membros de uma irmandade mística.
• Praticavam adoração à “rainha do céu” ou o ser feminino encarnado”.

O historiador grego Heródoto (cuja obra foi escrita aproximadamente 450 anos antes de Cristo)
tratou acerca de Ninrode e sua rebelião. Ele indicou que Ninrode se casou com uma meretriz sensual que,
além de ser uma prostituta, jactava-se desta perversão. Ninrode foi responsável por unificar a rebelião do
homem contra Deus na torre de Babel. O espírito do humanismo egoísta e sedução audaz contra o Criador
era o que mais representava a torre que levantaram como produto da sublevação na planície de Sinear.
Com a morte de seu esposo Ninrode, Semiramis (a meretriz) ficou abandonada e desamparada.
Sem força de caráter para sustentar-se, e como produto de sua vida pecaminosa, ela ficou grávida. Para
encobrir sua vergonha, começou a difundir a notícia de que a gravidez foi “ordenada pelos deuses”. Disse
levar em seu ventre a reencarnação daquele que havia sido seu esposo: Ninrode. Mudou seu nome de
Ninrode para Zaratustra e fundou uma religião: o Zoroastrismo. A mãe e seu “bebê-esposo” foram
deificados.
Com a dispersão do homem, resultado da confusão das línguas (Gn 11), a religião do mistério de
Babel foi levada por toda a terra. Evidências disto se encontram nos muitos símbolos da religião
babilônica, espalhados desde as pirâmides da América Central até as do Egito. Literalmente, em todo o
mundo estão os rastros da primeira religião apóstata. Citamos Ironside:
“Desde Babilônia, esta religião de mistérios se espalhou por todas as nações circunvizinhas...Onde
quer que fosse, os símbolos eram os mesmos, e também, onde quer que fosse, o culto da mãe e do menino
tornou-se o sistema popular. Seus cultos se celebravam com práticas mais repugnantes e imorais. A
imagem da rainha dos céus, com o menino em seus braços, se via por toda a parte, mesmo que os nomes
pudessem diferir tanto como diferem as línguas. Tornou-se uma religião dos mistérios da Fenícia, sendo
levada pelos fenícios aos confins da terra. Astarote e Tammuz, a mãe e o menino destes endurecidos
aventureiros, se converteram em Ísis e Hórus no Egito, Afrodite e Eros na Grécia, Vênus e Cupido na
Itália, e tiveram muitos outros nomes em lugares mais longínquos”

O DESTINO DA MULHER
“E os dez chifres que viste, e a besta, estes odiarão a prostituta e a tornarão desolada e nua, e
comerão as suas carnes, e a queimarão no fogo. Porque Deus lhes pôs nos corações executarem o intento
dele, chegarem a um acordo, e entregarem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus. E
a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra”.

116
NIGH, kepler. Op. Cit., p. 131,132.
160
Durante o reino do Anticristo, as dez nações que o apóiam passarão a “odiar a prostituta”,
Provavelmente as dez nações decidirão se deve ser dado, ou não, ao Anticristo, o voto de fidelidade e
devoção, não deixando espaço algum para qualquer outra religião. Elas destruirão a Meretriz
completamente, bem como as suas instituições.
Tudo isto acontecerá no meio da Grande Tribulação, quando o Anticristo declara ser deus, e exige
que todo o mundo o adore:
“E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o
sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador; e até a destruição determinada, a
qual será derramada sobre o assolador” (Dn 9.27).
“E o rei fará conforme lhe aprouver; exaltar-se-á, e se engrandecerá sobre todo deus, e contra o
Deus dos deuses falará coisas espantosas; e será próspero, até que se cumpra a indignação: pois aquilo que
está determinado será feito. E não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a
qualquer outro deus; pois sobre tudo se engrandecerá. Mas em seu lugar honrará ao deus das fortalezas; e
a um deus a quem seus pais não conheceram, ele o honrará com ouro e com prata, com pedras preciosas e
com coisas agradáveis” (Dn 11.36-38).
“Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo profeta Daniel
(quem lê, entenda)”(Mt 24.15).
“E adorá-lo-ão todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro do
Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em
cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a
perseverança e a fé dos santos. E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um
cordeiro; e falava como dragão. Também exercia toda a autoridade da primeira besta na sua presença; e
fazia que a terra e os que nela habitavam adorassem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada. E
operava grandes sinais, de maneira que fazia até descer fogo do céu à terra, à vista dos homens; e, por
meio dos sinais que lhe foi permitido fazer na presença da besta, enganava os que habitavam sobre a terra e
lhes dizia que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. Foi-lhe concedido
também dar fôlego à imagem da besta, para que a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos
todos os que não adorassem a imagem da besta”.
Com suas ações, os dez reis, ou nações, destruirão a Meretriz, e trarão os juízos do julgamento de
Deus conforme o pronunciado pelo anjo: “Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está
assentada sobre muitas águas”(Ap 17.1). Deus é capaz de usar a ira do homem para trazer glória a si
próprio (Sl 76.10). Até mesmo quando os assírios pensavam ser os conquistadores, levando as riquezas e o
poder das nações ao seu reino, era Deus quem, na verdade, os estava usando como vara para punir Israel
(Is 10.5-12). Ele usou Babilônia do mesmo modo, mesmo sabendo quão perversa era essa cidade (Hc 1.5-
11). Estes dez chifres, ou nações, também o ajudarão a preparar o seu próprio julgamento, pois serão
reunidos na adoração da Besta, e a seguirão na batalha final quando todas as nações se reunirem contra
Israel. Nesta hora, Jesus virá como chama ardente, tomando Vingança contra aqueles que não conhecem a
Deus (Jl 3.2; Zc 14.2; 2 Ts 1.7,8). É a Vingança do Parente Remidor: “Pois o Senhor tem um dia de
vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião”(Is 34.8). Um dia de vingança = Grande Tribulação;
um ano de retribuições = ao Milênio.
“A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os
tristes”(Is 61.2).
“Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é chegado”(Is
63.4).
161
O Ano Aceitável = Graça;
O Dia da Vingança = Grande Tribulação.
O Ano dos meus Redimidos = Milênio.
“Se de fato é justo diante de Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam, a vós, que
sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do
seu poder em chama de fogo, e tomar vingança e dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem
ao evangelho de nosso Senhor Jesus; os quais sofrerão, como castigo, a perdição eterna, banidos da face
do senhor e da glória do seu poder, quando naquele dia ele vier para ser glorificado nos seus santos e para
ser admirado em todos os que tiverem crido (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós)” (2 Ts
1.6-10).

162
14
TANATOLOGIA
“S H E O L O G I A”

A ciência, por crer na indestrutibilidade da matéria e na conservação da energia, não pode dizer que
a crença cristã é irracional, e a filosofia, com seu reconhecimento das desigualdades da vida, não pode
muito bem evitar postular uma vida depois da morte. Esta possibilidade e necessidade são convertidos em
certeza na Bíblia. O Velho Testamento ensina que há uma vida depois da morte. Mostra que todos os
homens vão(iam) ao SHEOL (HADES no N.T.). Os ímpios, é claro, vão para lá (Sl 9.17; 31.17; 49.14; Is
5.14). Lemos que Coré e Abirão desceram vivos ao SHEOL (Nm 16.33). Mas os justos também vão para
lá (Jó 3.11-19; 14.13; 17.16; Sl 6.5; 16.10; 88.3). Jacó esperava descer a seu filho José no Sheol (Gn
37.35; 42.38; 44.29-31). A ideia de ir para o Sheol está presente também na frase que ouvimos sempre” e
foi reunido ao seu povo” (Gn 25.8, 17; 35.29; 49.33; Nm 20.24; 27.13; Dt 32.50; Jz 2.10).
Também o Novo Testamento mostra que tanto os maus como os justos desciam ao HADES
(ᾅδης) antes da Ressurreição de Cristo. Lemos que o rico desceu ao Hades, e ele e Lázaro estavam tão
próximos que dava para conversarem um com o outro naquela região (Lc 16.19-31). O próprio Jesus
desceu ao Hades (At 2.27-31).Cristo tem agora as chaves da Morte e do Hades (Ap 1.18); e algum dia,
esses dois devolverão os mortos que neles há (Ap 20.13, 14).
Se, portanto, as Escrituras ensinam que há uma existência depois da morte, é uma existência
consciente? O Velho Testamento não é explícito quanto a este ponto. Ser reunido a seu povo, ir ter com o
filho de alguém, etc., dão entender esse tipo de existência, apesar de não declararem isso especificamente.
O texto Ec 9.5,6,10 parece negar que seja uma existência consciente, pois declara que “não há obra, nem
projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma”. Mas precisamos nos lembrar que este livro é escrito
do ponto de vista do homem natural (psiquikos). Somente a Revelação Divina pode nos falar da verdadeira
natureza da vida após morte. Isaías 14.9-11, 15-17 ensina definitivamente que é uma existência consciente.
E o que é sugerido no V. T., é ensinado claramente no Novo Testamento. Jesus o ensinou em Mt 22.31,
32. O rico e Lázaro estavam conscientes no HADES. Podiam pensar, conversar, lembrar, sentir e ter
cuidados (Lc 16.19-31).Jesus dá entender a mesma coisa quando fala ao ladrão arrependido, dizendo que
naquele mesmo dia ele estaria com Cristo no Paraíso (Lc 23.40-43). Incidentemente, o Novo Testamento
indica que havia dois compartimentos no HADES-SHEOL: um para os maus e um para os bons. O que era
reservado aos justos era chamado de PARAÍSO. Não é mencionado o nome do que era reservado aos
maus, mas é descrito como sendo um LUGAR DE TORMENTO. Assim, fica claro que o termo dormir,
quando usado a respeito da morte, se aplica somente ao corpo (Mt 27.52; Jo 11.11-31: 1 Co 15.30, 51; 1
Ts 4.14; 5.10; Al 7.59, 60). Não existe o sono da alma, como é ensinado pelos Adventistas do Sétimo Dia.
Depois da ressurreição de Cristo, parece ter tido uma mudança. Daquela época em diante, mostra-
se que os crentes vão à presença de Cristo quando morrem. Assim Paulo deixa a entender: 2 Co 5.6-9; Fp
1.23; 2 Co 12.2-4. Vemos também as almas do que tinham sido (irão) mortos debaixo do altar e
conscientes (Ap 6.9-11). Elas vão para o PARAÍSO, mas agora o PARAÍSO é lá em cima (2 Co 12.2-4).
Quando Cristo ressurgiu, levou com Ele não apenas as primícias (Mt 27.52.53), mas também as almas de
todos os justos que estavam no HADES (Ef 4.8; Sl 68.18). Daí em diante, todos os crentes vão à presença
de Cristo quando morrem, enquanto os não crentes continuam a ir para o Hades, como nos tempos do
Velho Testamento.

163
O QUE É O INFERNO.

1º) O inferno é um lugar preparado para o Diabo e seus anjos (Mt 25.41; 2 Pe 2.4; Ap 20.1-3, 10,
14).
2º) O inferno é, também lugar de castigo eterno para os ímpios (Mt 5.22, 29, 30; 10.28; 18.8, 9;
23.15, 33 (geena); Mt 25.41, 46; 2 Ts 1.9; Ap 19.20; 20.14, 15; Dn 12.2).

I. SHEOL-HADES: O LUGAR DOS MORTOS


O Sheol, no Velho Testamento, é o lugar para onde vão os mortos.
1. Geralmente, entretanto, ele é citado como equivalente à sepultura, onde cessam todas as
atividades humanas; o fim para o qual toda a vida humana se dirige (Gn 42.38; Jó 14.13; Sl 88.3; 1 Rs 2.6,
9).
2. Ao homem “debaixo do sol”, ao homem natural, que necessariamente julga pelas aparências, o
Sheol parece nada mais que a sepultura - o fim e a cessação total, não só das atividades da vida, mas
também da própria vida (Ec 9.5, 10). Mas as Escrituras revelam o SHEOL como um lugar de tristeza (2
Sm 22.6; Sl 18.5; 116.3), para o qual os perversos vão (Sl 9.17), e onde eles ficam totalmente conscientes
(Is 14.9-16; Ez 32.21). Compare Jn 2.2; o que o ventre do grande peixe foi para Jonas, o Sheol é para
aqueles que se encontram lá.
A palavra grega HADES (ᾅδης) como o seu equivalente hebraico, SHEOL (‫ )שְׁ א ֹול‬é usada de duas
maneiras.

1ª) Para indicar a condição dos que não são salvos entre a morte e o julgamento final diante do
Trono Branco (Ap 20.11-15). Lucas 16.23, 24 mostra que os perdidos no Hades estão conscientes,
possuem pleno poder de suas faculdades, memória, etc., e estão em tormentos. Isto continuará até o
julgamento final dos perdidos (2 Pe 2.9), quando todos os que não são salvos, e o próprio Hades, serão
lançados no LAGO DE FOGO (Ap 20.13-15).
2ª) Para indicar, de um modo geral, a condição de todas as almas que partiram, no período
compreendido entre a morte e a ressurreição. Este uso se encontra ocasionalmente no Velho Testamento,
mas raramente no Novo Testamento (Gn 37.35; 42.38; 44.29, 31). Não há possibilidade de mudança de
um estado para outro depois da morte, pois Lc 16.23 mostra que, quando o homem perdido viu no Hades
Abraão e Lázaro, eles estavam ao “longe”, e o versículo 26 declara que entre os dois lugares há um
Grande Abismo, de modo que nenhum pode passar de um para o outro.
Alguns intérpretes pensam que Efésios 4.8-10 indica que a mudança de lugar dos crentes que
morreram ocorreu na Ressurreição de Cristo. É sabido que todos os salvos vão imediatamente à presença
de Cristo (2 Co 5.8; Fp 1.23). Jesus disse ao ladrão penitente: Hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23.43).
Paulo foi arrebatado ao Paraíso “(2 Co 12.2-4). O Paraíso é um lugar de grande alegria e bem-
aventurança, mas esta bem-aventurança não será completa até que o espírito e a alma sejam reunidos ao
corpo glorificado na ressurreição dos justos (1 Co 15.51-54; 1 Ts 4.16, 17). Embora ambos, Hades e
Sheol sejam as vezes traduzidos para sepultura ou morte (Gn 37.35; 1 Co 15.55), jamais indicam um lugar
de sepultamento, mas antes, o estado da alma depois da morte.

II. SHEOL NO VELHO TESTAMENTO E A SUA LOCALIZAÇÃO

1ª ) A sua localização: Nm 16.30-33; Gn 37.35; 44.29-31; Jó 17.16; 21.13; Salmo 30.3; 55.15; Pv
15.24; Is 5.14; 7.11; 14.15; Ez 31.15-17; 32.17-21; Mt 11.23; Lc 10.15; 16.23. Em todos estes textos se
diz que os mortos desciam ao Sheol, logo a localização desta região é o interior da terra, em Números
16.30-33 vemos claramente que a terra se abriu e que aqueles elementos desceram ao Sheol. O Evangelista
Mateus (Mt 12.40) cita as palavras de Jesus dizendo: “Como Jonas esteve três dias e três noites no ventre
164
do grande peixe, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra (no grego: Kardia
tes ges - καρδίᾳ τῆς γῆς (que literalmente quer dizer: no coração da terra) Devemos lembrar também que
em At 2.27-31 afirma que Jesus esteve no Hades.
2ª ) SHEOL-HADES: O Lugar dos mortos. A palavra Sheol, em hebraico, é usada no V.T. mais
de 60 vezes, na LXX (o V.T. em grego) a palavra hades ocorre mais de 100 vezes, na maioria das vezes
para traduzir o termo hebraico Sheol. Para benefício dos estudantes, apresentamos uma lista de algumas
das passagens em que o vocábulo “SHEOL” é empregado, segundo a sua tradução na Edição Revista e
Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil. Geralmente, na margem, encontra-se a nota esclarecendo que,
em hebraico, a palavra é Sheol ou Seol. O estudante deve comparar estas referências com outras versões.
A Bíblia de Jerusalém (Edições Paulinas) e a Edição Versão Revisada da Tradução de João Ferreira de
Almeida traduzem os vocábulos Sheol e Hades de acordo com os originais.
O vocábulo Sheol é traduzido como inferno na edição Revista e Atualizada no Brasil, nas seguintes
passagens; Dt 32.22; Sl 9.17; 116.3; Pv 5.5; 9.18; 15.24; 23.14; 27.20. Nas seguintes é traduzido como
“sepultura”: Gn 37.35; Sl 49.14; Pv 7.27; 30.16; Is 57.9; Ez 32.27. Eis aqui outras traduções: “Abismo”-
Nm 16.30; Jó 11.8; 26.6; Sl 139.8; Pv 15.11; Is 14.15; Am 9.2; Jn 2.2; “Cova” - Is 5.14; Sl 55.15; Ez
31.14; “Sepulcro” - Hc 2.5; “A Morte” - Jó 17.16; Sl 16.10; 86.13; Is 28.15, 18; “Além” - Pv 15.11; Ec
9.10; “Infernais” - 2 Sm 22.6; e “As profundezas da Terra” - Ez 32.18. Estes exemplos bastam para que se
veja que não é fácil determinar o que quer dizer a palavra hebraica SHEOL. Como outras palavras desta
espécie, é possível usá-la em sentido figurado ou literal. Vê-se também que pode referir-se ao corpo, à
alma, ou simplesmente à própria pessoa ou ser. Uma definição que abranda todas as acepções da palavra,
precisa ser feita em termos genéricos, e a mais comum é: “LUGAR OU REGIÃO DOS MORTOS”. Os
tradutores da Bíblia fizeram um esforço para dar-lhe o significado que, em cada caso, se enquadrava com o
contexto.
Não há dúvida de que muitas vezes “Sheol” significa o lugar de castigo ou de sofrimento dos maus,
e fica bem traduzir como INFERNO (Dt 32.22; Sl 9.17; Pv 15.24; 23.14). Por isso algumas destas
passagens advertem os justos, para que evitem ir para lá.
Em diversos casos é verdade que “Sheol” foi traduzido para “Inferno” quando deveria ter sido
traduzido para “sepultura”( 1 Rs 2.6,9; Jó 7.9; 17.16). Entretanto, noutros casos o contexto e a maneira
com que a palavra Sheol foi usada na sentença, indica claramente que se refere à um lugar de castigo e não
simplesmente à sepultura. Vamos examinar algumas dessas passagens: Salomão adverte contra as mulheres
adúlteras, dizendo: “Sua casa é o caminho para o inferno” (Sheol) - (Pv 7.27) e “Os seus convidados estão
nas profundezas do inferno” - Sheol (Pv 9.18). Quando usou a palavra SHEOL evidentemente falava de
algum lugar diferente da sepultura, porque todos os homens, bons e maus, têm de descer à sepultura. Ele
estava admoestando homens imorais, dizendo que seriam punidos no Inferno por causa dos seus pecados e
não que morreriam e seriam sepultados.
Salomão nos adverte: “Tu a fustigará (a criança) com a vara e livrarás a sua alma do Inferno -
Sheol” (Pv 23.14). Está muito claro que Salomão aqui se referia a algo além da sepultura, porque por mais
que um filho rebelde seja fustigado, morrerá e descerá a sepultura, e por mais que se fustigue uma pessoa,
ela não poderá ser retirada da sepultura, mas o castigo sábio de um pai amoroso pode ser o meio usado
por Deus para manter o filho cabeçudo afastado do Inferno. Evidente que antes da Ressurreição de Cristo
tanto justos como injustos iam ao Sheol, mas os fiéis desciam ao Seio de Abraão (Paraíso) e os perdidos
ao Lugar dos Tormentos, os justos foram traslados para o 3º Céu (Ef 4.8.10) onde está hoje o Paraíso (2
Co 12.2-4).
O vocábulo equivalente na língua grega é a palavra “Hades”. Na Versão dos Setenta, que é o
Velho Testamento em grego, traduz-se “Sheol” com a palavra “Hades” (mais de 100 vezes na
Septuaginta). Também em At 2.27 emprega-se o vocábulo Hades para traduzir o Salmo 16.10, onde a
palavra usada em hebraico é Sheol. Várias versões usam a mesma palavra grega “Hades” ao invés de
traduzi-la.
165
A palavra Hades encontra-se 10 vezes no Novo Testamento: Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15; 16.23; At
2.27, 31; Ap 1.18; 6.8; 20.13, 14. O N.T. localiza também o Hades (a semelhança do V.T.) como estando
dentro da terra (numa outra dimensão), de tal forma que há uma descida para chegar a ele (Mt 11.23; Lc
10.15; confira Mt 12.40 Kardia tes ges = καρδίᾳ τῆς γῆς = o Coração da Terra). Paulo em Ef 4.9 nos diz:
“Ora, isto, Ele subiu, que é, senão que também desceu à partes mais baixas da terra? “(τὸ δὲ Ἀνέβη τί ἐστιν
εἰ µὴ ὅτι καὶ κατέβη εἰς τὰ κατώτερα [µέρη] τῆς γῆς;) = também desceu até as inferiores regiões da terra?

O Hades também é visto como uma prisão (1 Pe 3.19; Ap 20.1-3, 7). Como uma cidade, tem
portões (Mt 16.18; Jó 17.16: “Acaso descerá comigo até os ferrolhos do Sheol? Descansaremos juntos no
pó?”), e está trancada com uma CHAVE que Cristo tem na sua mão (Ap 1.18). Na ocasião da
ressurreição, o HADES devolverá os seus mortos (Ap 20.13). Desta forma, não é um lugar ou estado
eterno, mas, sim apenas temporário.
A Versão Revisada traduz quase que 100% o vocábulo Hades, já a Edição Revista é Atualizada no
Brasil traduz a palavra grega Hades 7 vezes por inferno, 2 vezes por morte e uma vez por além. Será que a
palavra Hades deveria ter sido traduzida para sepultura em todos os casos? Achamos que não. Quando
Jesus advertiu a cidade de Cafarnaum dizendo que desceria ao Inferno (Hades) e que seria mais castigada
do que a cidade de Sodoma (Mt 11.23, 24), Ele estava falando de um lugar que não era a SEPULTURA,
porque o apóstolo Judas disse que as cidades de Sodoma e Gomorra sofriam punição no Fogo Eterno (Jd
7).
Quando Jesus disse que um certo homem rico morreu e foi sepultado e foi ao Hades e que levantou
os olhos estando em tormentos, evidentemente Ele falava de um lugar além da SEPULTURA, porque na
sepultura não há tormentos (Lc 16.19-31). Pessoas que estão na sepultura não podem levantar os olhos,
nem se lembrar das coisas que aconteceram antes delas morrerem. Os homens tentam contornar esta
história dizendo que foi uma parábola, mas a Bíblia não diz que foi uma parábola. Em Lucas como sempre,
“Jesus propôs uma parábola...”, ele escreveu: “Disse Jesus: Ora, havia certo homem rico...”, mostrando
que Jesus tinha em mente certo homem rico.

Cosmologia Hebraica 117


O gráfico apresentado a seguir ajuda na compreensão da perspectiva “científica” dos hebreus
referente ao formato do universo, refletido especialmente em passagens como Gênesis 1-11 e de Jó 38-41,
na qual Deus faz perguntas a respeito da criação do universo que Jó não consegue responder.
Os elementos comuns entre os hebreus e os outros povos são diferenciados em seus termos
representativos e especialmente na sua explicação religiosa. É importante lembrar que mesmo quando o
conceito hebraico reflete certas noções tidas em comum com os outros povos, a ênfase das narrativas
hebraicas é a de oferecer uma crítica nos pontos em que divergem deles pela revelação de Deus.
Este gráfico do conceito hebraico da estrutura do universo limita-se a uma fração mínima da
cosmologia científica atual. Pode-se ver como a Bíblia utiliza certa terminologia que se refere ao conceito
cosmológico de seus autores118. Pode-se ver no gráfico o título de “firmamento” (ou “expansão”) para o
círculo dos céus que separa as águas acima do firmamento da zona que se denomina hoje por atmosfera.
Estes termos ajudavam o povo a falar do mundo ao seu redor, mesmo que o seu conceito específico tenha
sérios problemas em face da ciência atual.

117
Escatologia e o Apocalipse Pr. Chrístopher B. Harbin Edição: 12-09-2002 ©Copyright 2002 Página 6.
http://www.rocksbc.org
118
Gênesis 1.2,6-8,16-17, 7.11; Êxodo 20.4.
166
Entender a cosmologia hebraica é de ajuda para compreender as implicações das narrativas que
utilizam a terminologia do mesmo conceito. Quando o autor bíblico refere-se às janelas do céu, é bom
saber que faz referência ao seu conceito de como a água acima do firmamento chega até a terra em forma
de chuva.
A cosmologia é uma área da ciência que influi muito em vários aspectos da comunicação humana,
pois muitos dos seus conceitos alteram a forma de conceber o que acontece em volta do indivíduo e a sua
sociedade. A cosmologia hebraica aparece até no livro de Apocalipse, onde o “‘abismo sem fundo’ está
vinculado a ideias concernentes à forma do mundo. A terra era concebida como um disco plano que
flutuava em cima da água. O abismo refere-se às profundezas imensuráveis debaixo da terra, para os quais
pensava-se existir uma fenda capaz de ser selada”. Até o Novo Testamento, portanto, sente a influência
desta cosmologia.

III. DEPOIS DO SHEOL-HADES SEGUE-SE O GEENA


Mt 5.22, 29, 30; 10.28; 18.9; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5; Tg 3.6 (γέεννα).

Os Testemunhas de Jeová (TJ) dizem que todas as passagens onde a palavra “Inferno” foi
traduzida da palavra grega GEENA (γέεννα), significa destruição ou extinção eterna. Mas a verdade é que
qualquer professor respeitável de grego pode dizer, que não há absolutamente nenhuma evidência no N.T.
de que GEENA significa aniquilamento, mas antes, há muitos lugares onde está claramente indicado que
significa miséria eterna.
Qualquer pessoa que leia as referências indicadas junto à palavra “Geena” verá que não existe a
ideia de ANIQUILAÇÃO. Nos 12 versículos anteriores a palavra em português é uma tradução da palavra
grega “Geena” = γέεννα; Em 2 Pe 2.4 nossa palavra “inferno” é uma tradução da palavra grega “tártaro”
(ταρταρώσας) . Todas as demais referências do Novo Testamento com a tradução de “inferno “são
oriundas da palavra grega “hades”.

167
O meu querido amigo Pr. Aldery Nelson cita Is 34.8-10 para afirmar que o GEENA estará nos
ribeiros de EDOM que se transformará em PEZ, cujo solo também será transformado em ENXOFRE, e
cuja a terra transformar-se-á em PEZ ARDENTE. O versículo 10 afirma que nem de dia nem de noite SE
APAGARÁ este FOGO; para sempre (isto é, eternamente) a sua fumaça subirá; de geração em geração
(eternamente) será assolada. Será que também o Geena será localizado no Planeta Terra (em outra
dimensão)?
Os TJ declaram que GEENA não se refere ao Inferno, mas ao Vale de Hinom. Esse fica ao Sul e
Oeste dos muros de Jerusalém. Era usado como CREMATÓRIO ou INCENERADOR, onde os israelitas
descarregavam o lixo e também os corpos de animais mortos e criminosos para serem destruídos pelo
fogo. Entretanto, nenhuma criatura viva era jogada ali, pois era contra a lei judia. O fogo era sempre
mantido acesso para aumentar a sua intensidade os judeus acrescentavam enxofre. Acontece que o
GEENA ou Vale de Hinom, tornou-se um símbolo, não do tormento eterno, mas da condição da
condenação eterna. Suas chamas simbolizam a DESTRUIÇÃO completa e eterna, para a qual estão
destinados todos os inimigos declarados de Deus e do seu reino e no qual não haverá reconstituição ou
Ressurreição” (Seja Deus verdadeiro - edição de 1º de abril de 1952).
Vamos estudar algumas destas referências para vermos se esta interpretação dos TJ é o que Jesus
pretendia dizer quando usou a palavra Geena. Jesus disse que se chamarmos nosso irmão de “tolo”,
estaremos sujeitos ao fogo do Inferno-Geena (Mt 5.22). Seria tolice dizer que Ele advertia os homens de
que seriam queimados no monte de lixo fora da cidade, pois não há nenhum registro de alguém que tenha
sido queimado assim.
O Senhor Jesus Cristo ensinou que devemos temer mais a Deus do que aos homens, porque os
homens podem matar o nosso corpo, mas só Deus pode lançar ao Inferno (Geena). Se Jesus se referia ao
lugar crematório fora da cidade de Jerusalém em Mt 10.28 e em Lc 12.5. Ele não estaria nos ensinando a
temer a Deus, porque os homens têm o poder de jogar uma pessoa no incinerador, mas só Deus pode
lançar ao “Inferno” (Geena), não só o corpo, mas também a alma.
Para enfatizar o terror do Inferno, Jesus ensinou que se o olho no faz tropeçar, devemos arrancá-lo
para não sermos lançados no Inferno-Geena (Mt 18.9), que se uma mão ou pé nos faz tropeçar, devemos
cortá-los para não sermos lançados no Inferno-Geena (Mc 9.45-48).
Jesus repreendeu os fariseus chamando-os de serpentes e raças de víboras e perguntou-lhes como
escapariam da condenação do Inferno = Geena (Mt 23.33). Se o Geena não é nada mais do que um lugar
de incinerar o lixo fora da cidade, como pode estar ligado à condenação?
Para sermos coerentes em nosso pensamento, se cremos que o céu é um lugar literal, temos
também de crer que o inferno é um lugar literal (Cf. Dt 32.33; Sl 86.13; 139.8; Is 14.15; Ez 31.16, 17).
Repetidas vezes na Bíblia, o inferno relaciona-se com o fogo. Jesus o chamou de ou “Fogo do
Inferno” = geenan tou pyros [τὴν γέενναν τοῦ πυρός] (Mt 5.22; 18.9). Ele falou dele chamando-o de
“Fornalha de Fogo” = Kaminon tou pyros = (κάµινον τοῦ πυρός) (Mt 13.42, 50). O inferno (Hades) será
lançado no Lago de Fogo (limene tou pyros = (λίµνην τοῦ πυρὸς) que é a condenação eterna e final (Ap
19.20; 20.10, 14, 15); Ap 21.8 = (ἐν τῇ λίµνῃ τῇ καιοµένῃ πυρὶ καὶ θείῳ) en te limene te Kaiomene pyri
kai theio = no lago ardente de fogo e enxofre). Friso: Ap 20.10; Is 34.8-10.
A palavra empregada para a morada dos mortos é Geena, usada doze vezes no Novo Testamento
(Mt 5.22,29,30; 10.28; 18.9; 23.15,33; Mc 9.43,45,47; Lc 12.5; Tg 3.6). Em cada caso, ela é usada como
termo geográfico e tem em vista o estado final dos incrédulos. O julgamento é sugerido e esse é o lugar e
o estado resultante. Vos escreve:
No Novo Testamento [...] ela designa o lugar de punição eterna dos incrédulos, geralmente ligada
ao julgamento final. É associada ao fogo como a fonte da tormenta. Corpo e alma são lançados ali. Isso
não deve ser explicado com base no princípio de que o Novo Testamento fala metaforicamente do estado
após a morte em termos corporais; ela sugere a ressurreição.
Em várias versões Geena é traduzida por “inferno” [...] O fato de “o vale de Hinom” ter-se tornado
168
a designação técnica para o lugar da punição final ocorreu por dois motivos. Em primeiro lugar, o vale foi
o local da adoração idólatra a Moloque, a quem crianças eram imoladas pelo fogo (2Cr 28.3; 33.6). Em
segundo lugar, por causa dessas práticas, o local foi profanado pelo rei Josias (2Rs 23.10), e por isso ficou
associado na profecia ao julgamento que viria sobre o povo (Jr 7.32). Também o fato de que o lixo da
cidade era deixado ali pode ter ajudado a criar o nome que era sinônimo da máxima impureza. (Geerhardus
Vos, Gehenna, International standard Bible encyclopedia, n, p. 1183).
Assim, Geena teria em vista a retribuição no lago do fogo como destino dos incrédulos.
Em Mateus 25.41 o Senhor disse aos incrédulos: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo
eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. A palavra “preparado” literalmente é “tendo sido
preparado”, sugerindo que o lago de fogo já existia e espera seus residentes. Essa é a tese de C. T.
Schwarze, então da Universidade de Nova Iorque, de que um lugar tal como um lago de fogo é conhecido
pela ciência hoje. Ele escreve:
A palavra lago deve conotar certa quantidade de matéria em forma líquida. Logo, se a Escritura é
verdadeira, esse fogo eterno está no estado líquido.
[...] uma prova simples das partes das Escrituras que temos discutido está na existência do
fenômeno singular dos céus conhecido como estrelas anãs brancas! [...] a anã é estrela que, por causa de
alguns fatores que aconteceram com ela (não claramente definidos no momento), deveria ser
aproximadamente maior cinco mil vezes ou mais do que realmente é! A título de ilustração, se
aplicássemos essa idéia a um planeta como a Terra, você deveria imaginá-la encolhida até atingir um
diâmetro de seiscentos quilômetros [...] em vez dos onze mil quilômetros de diâmetro que ela realmente
tem.
Essa enorme densidade... tem muito que ver com nosso assunto [...]
A maioria das pessoas sabe que o sol, nossa estrela mais próxima, é bem quente [..,] há um
consenso de que a temperatura dentro ou perto do centro das estrelas está entre vinte e cinco milhões e
trinta milhões de graus! [...] nessas temperaturas, muito pode acontecer, como a explosão de átomos, o
que ajuda a explicar o fenômeno da anã branca [...]
[...] uma temperatura de trinta milhões de graus poderia explodir átomos [...]
Isso levaria os átomos a perder seus elétrons a despeito de a atração entre núcleos e elétrons ser um
octilhão [...] de vezes maior que a atração da gravidade. As partes separadas poderiam então ser
compactadas, especialmente sob tamanha pressão [...] Com a atividade constante de raios x, as paredes
dos átomos não poderiam ser reformadas; logo, densidades enormes, tais como as encontradas nas anãs,
podem ser alcançadas. Agora, observe, por favor, a temperaturas tão altas, toda a matéria estaria sob a
forma de gás [...] numa anã branca a pressão é tão grande que os gases ficam comprimidos até atingir a
consistência de um líquido, apesar de ainda reagirem às características de gás [...]
... Antes de tal estrela poder resfriar-se e gradualmente escurecer, ela teria de expandir-se às
proporções normais. Isto é, teria de atingir mais de cinco mil vezes seu tamanho atual. Aqui está a
dificuldade. Tal expansão causaria enorme calor, que, por sua vez, manteria a estrela totalmente
comprimida, e então, pelo que astrônomos e físicos sabem, as estrelas anãs não podem resfriar-se! [...] A
anã branca, em todo caso, jamais se extingue.
[...] permita-me fazer um resumo para demonstrar que a Bíblia, a Palavra de Deus, é cientificamente
precisa. Vemos, primeiro, um fogo eterno que não se pode extinguir. Por ser de consistência líquida, ele é,
em segundo lugar, um lago de fogo. Em terceiro lugar, ele não pode ser extinguido, pois qualquer material
que se extinguisse, tal como a água, teria seus átomos imediatamente despidos de elétrons e seria
compactado com o resto. Em quarto lugar, já que os astrônomos têm estudado, e ainda estão estudando,
esse estranho fenômeno, é evidente que o lago de fogo já foi preparado e agora está pronto. Apesar de
169
não podermos dizer que Deus realmente usará esses lagos de fogo para cumprir Sua Palavra, a resposta
aos céticos está nos céus, onde existem lagos de fogo...(C. T. SCHWARZE, The Bible and science on the
everlasting fire, Bíbliotheca Sacra, 95:105-12, Jan. 1938)
O corpo ressurrecto dos incrédulos, evidentemente, será de tal caráter que se revelará indestrutível
mesmo em meio a tal lago de fogo.

A história do homem no Hades mostra que este é um lugar de consciência (Lc 16.23, 24). É um
lugar de sofrimento (Jd 7). Um lugar de dor (Sl 116.3). É um lugar de tormentos (Lc 16.24, 25, 28).
O Hades-Sheol é um lugar de lembranças. Abraão disse ao homem rico que se lembrasse das boas
coisas que desfrutou enquanto vivia na terra. O homem rico lembrou-se de seus irmãos que estavam na
terra. O pecador se lembrará das orações e rogos de seus pais piedosos. Ele se lembrará de ter ouvido
sermões evangelísticos. Ele lembrará de todas as vezes que rejeitou a Cristo.
Além de ser um lugar de recordações. O Hades é um lugar de remorso. A alma do pecador ficará
cheia do mais profundo remorso por cada pecado cometido. No Hades ele tomará consciência da tolice
que fez em vender a sua alma por “guisado de lentilhas”. Ele se encherá de remorso por ter desdenhado do
Amor de Deus e por ter rejeitado o Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Hades-Sheol e o Geena não são um lugar de aniquilamento. Para provar que o Hades será
destruído, os TJ citam que “A Morte e o Hades foram lançados para dentro do Lago de Fogo”. Esta é a 2ª
Morte (Ap 20.14). Mas eles têm de prever o claro ensinamento de muitas outras passagens para chegarem
a esta conclusão. Se tenho não mão uma pedaço de pau queimando e eu o lanço em uma fogueira, ambos
continuarão queimando juntos. A Bíblia ensina claramente que o Fogo do Inferno (Geena) é eterno (Ap
19.20; 20.10; Mt 25.41, 46; Mc 9.44, 46, 48). Em Ap 19.20 vemos a Besta (o Anticristo) e o falso Profeta
serem lançados vivos no LAGO DE FOGO. Após 1000 anos, o Diabo também será lançado no LAGO DE
FOGO, e diz a Bíblia: “onde estão a Besta e o falso Profeta”. A Palavra de Deus não diz que o Anticristo e
o Falso Profeta foram aniquilados, mas que após 1.000 anos ainda estão no LAGO DE FOGO. E finaliza a
Palavra de Deus afirmando: “e de dia e de noite serão ATORMENTADOS pelos séculos dos séculos (isto
é eternamente)”.
As seguintes provas são apresentadas por Karl Sabiers, como evidências de que nem SHEOL nem
HADES jamais se referem a sepulcro:
1) Tanto o hebraico como o grego têm outras palavras que significa “sepulcro” ou “túmulo”:
“QUEBER” (‫)קֶ בֶר‬, SHAHAT (‫ )שָׁ חַת‬e “MNEMEION” (µνηµεῖον). Leia: Mt 23.29; 27.52; Mc 5.2;
6.29; 15.45,46; 16.2, 3, 5, 8; Lc 11.44; 24.2, 9, 12; Jo 11.17, 31, 38; 20.1-4, 6, 8, 11: At 13.29.
2) A palavra Sheol nunca é usada no plural, enquanto que Queber é muitas vezes: Ex. 14.11; 2 Rs
23.6; 2 Sm 3.32; 21.14; 2 Cr 16.14; e Mnemeion: Mt 27.52, 53; Lc 11.44.
3) Nunca lemos que uma pessoa tivesse um Sheol, mas sim que tinha um sepulcro: Gn 50.5; I Rs
13.30.
4) Nuca se diz que o corpo está no Sheol, nem que o espírito ou a alma estão no sepulcro.
5) Nunca se fala de fazer um Sheol para um morto, nem de preparar um Sheol, como um sepulcro:
Is 53.9.
6) No Juízo Final, as duas coisas: a Morte ou sepulcro, e o Hades, entregarão os seus mortos; isto
é, o lugar dos cadáveres e o lugar onde (estão) as almas estiverem morando.
7) A mesma distinção entre Hades e a Morte ou Sepulcro se faz em Ap 1.18, onde se diz que
Cristo tem as chaves de ambos.
8) Em At 2.27 (Sl 16.10 = ‫ )שְׁ א ֹול‬está escrito que alma de Cristo não foi deixada no Hades (ᾅδης),
nem o Seu corpo viu a corrupção (no túmulo, subtende-se).
9) Quando os filhos de Jacó venderam José para ser escravo no Egito, enganaram ao seu pai,
trazendo-lhe a sua túnica manchada de sangue de uma fera. Expressou o seu lamento com estas palavras:
170
“Chorando, descerei ao meu filho até ao SHEOL. Sendo que cria que seu filho fora devorado por uma
fera, como é possível que se encontraria com ele na sepultura? Isto prova que o SHEOL é o lugar das
almas, e Jacó com razão esperava encontrar ali a alma de seu filho (Gn 37.31-35).
10) Em Gn 49.33 está escrito que Jacó expirou e foi reunido ao seu povo. Morreu no Egito;
durante 40 dias o seu corpo foi embalsamado, e durante outros 30 dias, foi chorado no país. Então, José
obteve permissão de Faraó; fizeram uma peregrinação a Canaã; lamentaram-no outra vez por sete dias,
para depois sepultá-lo na Caverna Macpela, que era a sepultura dos seus pais. A conclusão é, por certo
que SHEOL ou HADES quer dizer lugar das almas desencarnadas, e não outra coisa.
Quanto ao PARAÍSO ou SEIO DE ABRAÃO, ou compartimento de paz no SHEOL ou HADES
há passagens que nos dão razão para crer que Jesus foi até lá quando foi crucificado (At 2.27-31). Ele
prometeu ao ladrão penitente crucificado que o encontraria ali naquele mesmo dia (Lc 23.43). Mas a Alma
de Cristo não permaneceu ali (At 2.27). Cremos que, segundo Ef 4.8-10, o Senhor não só ressuscitou, mas
também levou consigo as almas redimidas que antes estavam naquela parte do Sheol-Hades, que se chama
o PARAÍSO ou SEIO DE ABRAÃO. Por isso é que o apóstolo Paulo, quando foi arrebatado até o
TERCEIRO CÉU, verificou que este correspondia ao PARAÍSO (2 Co 12.2-4). E nos revela que o
Paraíso não está mais embaixo, para que alguém desça até lá, mas acima, de forma que é necessário
SUBIR até ele. Uma tradução de Ef 4.8 diz: “Ele levou a multidão de cativos”. No grego: διὸ λέγει,
Ἀναβὰς εἰς ὕψος ᾐχµαλώτευσεν αἰχµαλωσίαν = dio legei, Anabas eis hupsos ekmaloteuçen
aikmaloçian. “Por isso diz: tendo subido às alturas levou cativo o cativeiro”. Também Paulo fala da morte
como “partir” e estar com Cristo (Fp 1.23), e “estar ausentes do corpo e presentes com o Senhor” (2 Co
5.8, 9). Como Cristo SUBIU e está ao lado do Pai “Acima de todos os céus” (Ef 4.10; Cl 3.1), e aqueles
que dormem no Senhor estão com Ele no Paraíso também, então necessariamente o Paraíso está no Céu
(3º), onde está Jesus Cristo. Os santos do Antigo Testamento foram guardados no Sheol-Hades até a
Ressurreição do Senhor, porque os seus pecados foram cobertos (Sl 32.1); contudo, uma vez sacrificado o
REDENTOR, os pecados foram removidos (Hb 10.4; 9.26) e eles logo puderam entrar na presença de
Deus. Por isto o cristão hoje também entra logo em seguida à sua morte, na sua morada, onde viverá com
seu Salvador.
O outro compartimento (Lugar de Tormentos), ou região do Sheol-Hades não sofreu modificação
alguma, nem sofrerá, até o juízo final (Ap 20). As almas dos perdidos continuam indo para lá, onde ficam
até o juízo final que também é o chamado O JUÍZO DO TRONO BRANCO. Nesse juízo não há menor
índice de uma 2ª oportunidade para crer e ser salvo. Até o Juízo Final as almas perdidas estarão sofrendo
no Lugar de Tormentos no Hades (Sheol), e até a 2ª Vinda de Cristo, os salvos estarão no Paraíso.

IV. A DIVISÃO DO SHEOL HADES


1. O LUGAR DE TORMENTOS (Lc 16.19-23). É o lugar onde os perdidos estão no Sheol
aguardando o juízo final, no final do Milênio, é um lugar de sofrimento antecipado, pois o definitivo será o
LAGO DE FOGO (GEENA) ETERNO (Ap 20.13-15).
2. ABISMO: ABYSSOS (ἄβυσσος); Abadon (‫)אֲ ב ַֽדּ ֹון‬: Lc 8.31; 16.26; Ap 9.1,2, 11; Jd 6; Jó
26.6; Pv 15.11; 27.20; Is 14.15; Ap 20-1.3; Rm 10.7. Este lugar que divide o SHEOL é morada prisão de
demônios (Jd 6) e os que estão fora não desejam ir para lá (Lc 8.31). Existe um anjo que tem as chaves do
abismo, ele abrirá o Poço do Abismo e dali subirá uma fumaça e desta sairão, gafanhotos, isto é,
demônios, que agirão durante a grande Tribulação (Ap 9.1-11;20.1-3). Ali o Diabo ficará preso por mil
anos e depois sairá para logo ser lançado no Lago de Fogo (Ap 20.10).
Is 14.12-15: Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à
terra, você, que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração: “Subirei aos céus; erguerei o meu
trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do
monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo”. 15 Mas às profundezas
do Sheol você será levado, irá ao fundo do abismo!.
171
O grande dragão é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo.
Ap 12.9: O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que
engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra (na metade da Grande Tribulação).

Ap 20.1-3: lançou-o no Abismo (no final da Grande Tribulação), fechou-o e pôs um selo sobre
ele, para assim impedi-lo de enganar as nações, até que terminassem os mil anos. Depois disso, é
necessário que ele seja solto por um pouco de tempo.

Ap 20.7-10: Quando terminarem os mil anos (no fim do Milênio), Satanás será solto da sua prisão
e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las
para a batalha. Seu número é como a areia do mar. As nações marcharam por toda a superfície da terra e
cercaram o acampamento dos santos, a cidade amada; mas um fogo desceu do céu e as devorou. O Diabo,
que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a besta
e o falso profeta. Eles serão atormentados dia e noite, para todo o sempre.

Ez 31.15-18: “Assim diz o Soberano, o SENHOR: No dia em que ele foi baixado ao Sheol, fiz o abismo
encher-se de pranto por ele; estanquei os seus riachos, e a sua fartura de água foi retida. Por causa dele
vesti o Líbano de trevas, e todas as árvores do campo secaram-se completamente. 16 Fiz as nações
tremerem ao som da sua queda, quando o fiz descer ao Sheol (‫שׁא ֹול‬ ְ ) junto com os que descem à cova
(‫ בּ ֹור‬- bor). Então todas as árvores do Éden, as mais belas e melhores do Líbano, todas as árvores bem
regadas, consolavam-se embaixo da terra. 17 Todos os que viviam à sombra dele, seus aliados entre as
nações, também haviam descido com ele ao Sheol, juntando-se aos que foram mortos à espada. 18 “Qual
das árvores do Éden pode comparar-se com você em esplendor e majestade? No entanto, você também
será derrubado e irá para baixo da terra, junto com as árvores do Éden; você jazerá entre os incircuncisos,
com os que foram mortos à espada. “Eis aí o faraó e todo o seu grande povo. Palavra do Soberano, o
SENHOR”.

Lúcifer na sua queda segue a seguinte trajetória:


1º) É lançado do Éden de Deus para as Regiões Celestes (Ez 31.8-18;28.11-19; Ef 6.12)
2º) Hoje ainda está nas Regiões celestes.
3º) Depois será lançado na Terra na metade da Grande Tribulação (Ap 12.7-12; Ez 32.1-10; 29.1-
8; O Dragão será vencido (Jó 41).
4º) No final da Grande Tribulação será preso no ABISMO dentro do Sheol por mil anos;
5º) Será solto após o milênio e sairá a enganar as nações rebeldes, e fogo do céu descerá sobre
estas nações (Ap 20.7-9).
6º) E finalmente o Diabo será lança do no Lago de Fogo (Ap 20.10).
Evidentemente há mistérios que só a eternidade esclarecerá, pois apesar do Diabo ocupar um lugar
de cada vez na trajetória de sua queda, a Bíblia diz que Satanás pode se apresentar diante de Deus
juntamente com os anjos do Senhor (Jó 1.6-12) e que no momento ele nos acusa diante do Senhor (Ap
12.10-12). O Pr. Aldery Nelson diz que aquela reunião onde o Diabo compareceu não era o 3º Céu, mas
sim o 2º Céu, isto é, nas Regiões Celestes.
Jesus na sua morte física esteve no Hades-Sheol (At 2.24-31) e Paulo em Rm 10.7 dá entender que
Ele (Jesus) esteve no Abismo (cf. Jn 2.2,5, 6; Mt 12.40; 1 Pe 1.10, 11; Ef 4.9)
3. PARAÍSO OU SEIO DE ABRAÃO. (παράδεισος = paradeiços). Aparece 47 vezes na
Septuaginta e somente três vezes no Novo Testamento (Lc 16.26; 2 Co 12.2-4; Ef 4.8-10; 2 Co 5.8; Fp
1.23; Ap 7.9, 15, Sl 49.15). Antes da Ressurreição de Cristo todos os mortos desciam no Sheol-Hades (Lc
16.26; 23.43). Depois da Ressurreição do Senhor o Paraíso foi trasladado para o 3º Céu (Ef 4.8-10: 2 Co
12.2-4); Paulo quando foi arrebatado até o 3º Céu esteve no Paraíso. Qualquer crente que morre passa a se
172
reunir com Cristo (Fp 1.23; 2 Co 5.8) - ainda que despido, isto é, sem o corpo (2 Co 5.1-4) - ou está na
Jerusalém Celestial (Hb 12.22), ou debaixo do altar no Céu (Ap 6.9) como os mártires, ou diante do trono
de Deus (Ap 7.9; 14.3).
4. Tártaro.119 Tartarōsas [ταρταρώσας] é usada apenas em 2 Pedro 2.4 em relação ao
julgamento dos anjos caídos. Ela parece referir-se especificamente à morada eterna dos anjos caídos.
Tartaros [...] não é Sheol nem Hades [...] aonde todos os homens vão quando morrem. Nem é
onde os ímpios são consumidos e destruídos, que é Geena [...] Não é a morada dos homens em nenhuma
condição. E usada apenas aqui em relação aos “anjos, os que não guardaram o seu estado original” (v. Jd
6). Ela denota o limite ou a margem desse mundo material.
A extremidade desse “ar” inferior — do qual Satanás é “o príncipe” (Ef 2.2) e que as Escrituras
descrevem como o habitat dos “principados das trevas desse mundo” e “espíritos malignos nas regiões
celestiais”. “Tartaros não é apenas o limite dessa criação material, mas é chamado assim por sua frieza.”
(BULLINGER, Op. cit., p. 370.)

V. AS CIDADES DE REFÚGIO - TIPO DO HADES (SHEOL) Nm 35.9-25

1. Os culpados de homicídio involuntário iam para as cidades de refúgio;


2. O Vingador de Sangue não poderia tocar nos culpados escondidos nas cidades de refúgio;
3. Os culpados não poderiam sair das cidades de refúgio até a morte do Sumo Sacerdote, que foi
ungido com óleo sagrado.
4. Assim também os morto iam para o Sheol e Satanás tinha as chaves da Morte (Hb 2.14,
15;7.15-28) e do Sheol (Hades).
5. Os culpados escondidos nas cidades de refúgio só poderiam sair de lá quando morresse o Sumo
Sacerdote; assim também as almas dos justos só poderiam sair do Sheol-Hades quando morresse o Sumo
Sacerdote Jesus Cristo e isto aconteceu lá no Calvário. E quando Cristo desceu até o Sheol (At 2.27-31)
arrancou das mãos do Diabo as chaves da morte e do Hades (Hb 2.14, 15; Mt 28.18; Ap 1.18). Agora os
justos não precisam ficar no cativeiro no Sheol (Sl 49.15; 30.3; 86.13). Cristo na sua Ressurreição levou
cativo o cativeiro (Ef 4.8; Sl 68.18). Por isto AS PORTAS DO HADES NÃO PREVALECERÃO
CONTRA A IGREJA (Mt 16.18).

VI. PERSONAGENS QUE ESCAPARAM DO SHEOL-HADES

1. Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5). Este como tipo da Igreja composta de salvos vivos, foi arrebatado,
transformado e não desceu ao Sheol.
2. Elias (2 Rs 2.1-11). Também não morreu, foi arrebatado ao Céu.
3. Moisés (Dt 34.1-6; Jd 9). Moisés apareceu no Monte da Transfiguração foi reconhecido pelos
discípulos. Isto se deu antes da ressurreição de Cristo, quando ninguém poderia ter saído do Sheol-Hades.
Moisés apareceu com o corpo glorificado, todavia a Bíblia nos diz que morreu e foi sepultado. Creio que o
nosso irmão Moisés, passou pouco tempo morto, e logo ressuscitou, pois não deu tempo dele chegar ao
Sheol. Mas mesmo que ele tivesse estado lá, Deus é poderoso para tirá-lo de lá. O Diabo foi procurar o
corpo de Moisés, porque (Jd 9) ele não havia chegado lá. É certo que Moisés não é as primícias dos que
dormem, mas ele era a semelhança de Cristo (Dt 18.15), o Profeta que havia de vir. Seu aparecimento na
Transfiguração deixa-nos duas opções: 1ª Ele morreu e ressuscitou; 2ª Ele foi trasladado. Fica o mistério,
todavia podemos afirmar que ele não esteve no Sheol, ou se esteve, demorou pouco tempo. Moisés

119
PENTECOST, Jr., Dwight. Manual de Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1994, p. 690.
173
durante a sua vida já gozava de algumas características especiais no seu corpo físico: “Não se lhe
escureceu a vista” e “Nem lhe fugiu o vigor” (Dt 34.7).
Na Bíblia TEB temos o seguinte comentário sobre o livro de Judas: “O ambiente de Judas se
manifesta em estreita conexão com os círculos que, a partir do século II A.C., virou a elaboração da
literatura apocalíptica e transmitiu obras como o livro de Enoque, a Assunção de Moisés, os testamentos
dos Doze Patriarcas. O Autor cita textualmente uma passagem do livro de Enoque (V.V. 14,15) e utiliza
tanto a própria Assunção de Moisés, como um documento parecido(v.9)”.
O escriba de Moisés relatou que Deus o sepultou na terra de Moabe, mas que nunca se soube onde!
Depois vemos o Diabo e o Arcanjo Miguel disputando o seu corpo. O Diabo não tinha diante de si um
corpo, mas tinha um problema sério. O Diabo queria saber onde Moisés estava sepultado! O Arcanjo lhe
repreendeu. O Diabo queria saber do corpo, pois ele era detentor das chaves da Morte e do Hades-Sheol,
percebeu que Moisés havia morrido mas que ele não havia aparecido lá, alguma coisa havia acontecido.
Deus o tomou para si. Depois o Diabo ficou sabendo do seu destino, pois ficou sabendo da
Transfiguração.
Como citamos anteriormente: Enoque, Elias e Moisés não podem fazer dupla para serem as duas
testemunhas durante a Grande Tribulação, pois Enoque e Elias não provaram a morte e foram
transformados para entrarem no terceiro céu. Eles teriam que ser retransformados em corpos humanos
para morrerem. E nosso irmão Moisés morreu e teria que morrer novamente. Caso tenha ressuscitado
como está escrito no livro de Enoque teria também que ser retransformado para morrer. Todas estas
opções nos parecem absurdas.

VII. ALGUNS PERSONAGENS QUE PASSARAM POUCO TEMPO NO SHEOL-HADES

1. SIMEÃO: Lc 2.25-30:
“Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a
Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E lhe fora revelado pelo
Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. Assim pelo Espírito foi ao templo; e
quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei, Simeão o
tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a
tua palavra; pois os meus olhos já viram a tua salvação, a qual tu preparaste ante a face de todos os povos;
luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel”.
2. JOÃO BATISTA: Mc 6.14-19:
3. LADRÃO DA CRUZ: Lc 23.42,43.
4. JESUS: At 2.27-31: Sl 16.10 - Jesus tinha o Selo de Deus (Jo 6.27; Lc 3.22; 4.14-19) e a
morte e o Hades não poderiam contê-lo, assim como aconteceu com Jonas que foi vomitado pelo peixe. O
Hades teve de vomitar Jesus (Jn 2.1-10). a Igreja tem o selo de Deus e o Hades não pode contê-la (Ef
1.13, 14; 2 Co 1.21, 22; Ef 4.30).
Alguém fez a seguinte encenação: “Simeão, após ter pegado o infante Jesus no colo morreu em
seguida. Chegou então no Hades, no Paraíso, e cumprimentou os salvos dizendo: Eu peguei O Messias no
colo, Ele está para vir nos libertar do Sheol e nos levar para o terceiro Céu. Mas, enquanto ele falava,
apareceu João Batista e disse: Cala-te, Simeão, pois eu já vi o Homem adulto, eu batizei nas águas do rio
Jordão. Enquanto João falava, surge um personagem novo no cenário. Dimas, o ladrão da cruz. Este diz:
Simeão, João Batista, calem a boca, pois Ele está vindo atrás de mim. Com certeza, o ladrão da Cruz foi
aquele que menos tempo passou no Hades – Sheol!
“A Igreja não descerá ao SHEOL-HADES” (Mt 16.18; Nm 35.9-35; 2 Co 5.8; Fp 1.23; Ap 7.9,
15).
Não podemos explicar satisfatoriamente a severidade do castigo eterno de Deus, nem tão pouco
podemos sondar as profundezas de Seu Grande Amor e Misericórdia, demonstrado para com os
174
pescadores perdidos que não merecem outra coisa que o castigo, e, contudo, pela graça de Nosso Senhor
Jesus Cristo, são levados para sentar-se com Ele nos lugares celestiais (Rm 11.22; Ef 2.6).
Compreendemos, pela magnitude dos sofrimentos de Cristo, que o castigo que receberá o homem
impenitente será tão terrível que ninguém poderá sequer imaginar. Nenhum homem é obrigado a ir para o
Inferno, mas a todos se roga que tenham misericórdia de suas próprias almas e voltem-se para Cristo em
busca de refúgio. O homem não vai para o Inferno porque é pecador, mas porque não quer ser salvo. João
3.36 diz: “Quem crê no Filho tem a Vida Eterna; o que todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá
a Vida (ζωή), mas sobre ele permanece a irá de Deus”.
“Portanto, conhecendo o temor do Senhor, procuramos persuadir os homens”(2 Co 5.11). “De
sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. Rogamo-vos, pois, por
Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2 Co 5.20).

REFERÊNCIAS BÍBLICAS

SHEOL: Gn 37.35; 42.38; 44.29, 31; Nm 16.30, 33; Dt 32.22; 1 Sm 2.6; 2 Sm 22.6; 1 Rs 2.6, 9; Jó 7.9;
11.8; 14.13; 17.13, 16; 21. 13; 24.19; 26.6; Sl 6.5; 9.17; 16.10; 18.5; 30.3; 31.17; 49.14, 15; 55.15; 86.13;
88.3; 89.48; 116.3; 139.8; 141.7; Pv 1.12; Pv 5.5; 7.27; 9.18; 15.11, 24; 23.14; 27.20; 30.16; Ec 9.10; Ct
8.6; Is 5.14; 7.11; 14.9, 11, 15; 28.15, 18; 38.10, 18; 57.9; Ez 31.15-17; 32.21, 27; Os 13.14; Am 9.2; Jn
2.2; Hc 2.5
HADES: Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15; 16.26; At 2.27, 31; Ap 1.18; 6.8; 20.13, 14.
GEENA: Mt 5.22; 29, 30; 10.28; 18.9; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5; Tg 3.6; Mt 3.12; 25.46; 2 Ts
1.9; Ap 21.8
ABISMO: (ABYSSOS): Lc 8.31; Rm 10.7; Ap 9.1, 2, 11; 11.7; 17.8; 20.1, 3; 2 Pe 2.4; Mt 12.40 (cf. Jn
2.2); Ef 4.8-10; Lc 23.43; 1 Pe 3.19; Is 42.7; 49.9; 61.1
TÁRTARO: 2 Pe 2.4.

175
15

A DOUTRINA DO MILÊNIO

Estudando as profecias sobre a Grande Tribulação, poderia parecer que esta terra vai ser destruída;
todavia, o propósito de Deus para este período não é destruição, e sim julgamento. Os flagelos, os
terremotos, a saraivada e o fogo terão destruídos as obras do homens. A Terra se encontra em ruínas.
Após a batalha do Armagedom, só para sepultar os mortos serão precisos sete meses (Ez 39.12). Depois,
então, terá início a obra de REGENERAÇÃO ou RECONSTRUÇÃO (Mt 19.28), sob a supervisão
pessoal de Cristo – O nosso GO’EL, o Parente Remidor.
O milênio tem uma parte terrena e uma parte celestial. A parte terrena é o reino do Messias (2 Sm
7.13), o tabernáculo de Davi (At 15.16), o reino do Filho do homem (Mt 13.41; Ap 11.15). O reino do
Filho é o período do milênio. O reino do Filho do homem é a parte terrena do milênio. No milênio, os
vencedores na parte celestial reinam com Cristo sobre a parte terrena. Na parte terrena está o reino
restaurado de Davi, onde Cristo como o Filho do homem, o descendente real de Davi, será o Rei sobre os
filhos de Israel. “E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu
nome”; “Então todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em
ano para adorarem o Rei, o Senhor dos exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos”. (Zc
14.9,16).
Durante este tempo os filhos de Israel serão sacerdotes (Zc 8.20-23; Is 2.2,3). Os santos
vencedores serão reis na parte celestial, e a nação restaurada de Israel será os sacerdotes na parte terrena,
ensinando as nações a conhecer a Deus e a servi-Lo. As nações gentias serão o povo na parte terrena do
milênio (Mt 2.32-34). As ovelhas e os bodes em Mateus 25 serão as nações súditas do reino de Deus.
No milênio, então, haverá três tipos de povos: os santos vencedores como reis na parte celestial, os
judeus restaurados como os sacerdotes na parte terrena, e as ovelhas e os bodes, as nações, como o povo
gentio. Os santos vencedores terão as nações para governar e os judeus terão as nações para ensinar. As
nações gentias serão o povo governado por nós e ensinado pelos judeus.
O reino do Filho terminará no milênio (Ap 20.7). O reino de Deus Pai, entretanto, continuará pela
eternidade. “E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15.28).
O Milênio será uma época gloriosa da retirada da maldição da Terra. Será o tempo de RESGATE
total da Terra; será um tempo de aperfeiçoamento dos santos daqueles dias; será um tempo de
cumprimento das promessas de Deus.
O período de RECONSTRUÇÃO será de mil anos. O Reino é Eterno. Não se limita a mil anos
apenas; este é apenas o tempo em que Satanás fica acorrentado: “E vi descer do céu um anjo, que tinha a
chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo
e Satanás, e o amarrou por mil anos. Lançou-o no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não
enganasse mais as nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele seja solto
por um pouco de tempo.” (Ap 20.1-3).
Não existe nenhum registro ou sugestão de que a Terra deverá ser destruída após o Milênio. O
propósito de Deus é redimir a Terra e não destruí-la. O reinado de Cristo por mil anos não terminará com
um fracasso tal que seus domínios tenham que ser destruídos por fogo. Pelo contrário, a Bíblia diz que Ele
(Jesus) entregará o seu Reino ao Pai como obra perfeita (1 Co 15.24-28):
“Então, na culminação [no fim do Milênio], quando ele (o Filho) entregar o Reino a Deus Pai,
depois de ter dado fim a todo governo [Dn 2.32-45; 7.1-18: ele é a Pedra], sim a toda autoridade e poder.
Porque ele deve governar [durante o Milênio] até colocar todos os seus inimigos debaixo de seus pés. O
último a ser vencido será a morte [Ap 21.4], pois ele porá todas as coisas em sujeição debaixo de seus pés.
Mas ao dizer que todas as coisas lhe foram sujeitas, é óbvio que a palavra não inclui Deus (Pai), pois é ele

176
quem sujeita todas as coisas ao Messias. Quando todas as coisas tiverem sido sujeitas ao Filho, ele mesmo
se sujeitará a Deus [Pai], que tudo lhe sujeitou, para que Deus [Pai] seja tudo em todos”.120
O Milênio será um tempo semelhante a GRAÇA no seguinte propósito: tempo de aperfeiçoamento
dos santos (Ef 4.12). Assim como a Igreja é aperfeiçoada para viver o milênio e a eternidade ao lado de
Jesus, as nações viverão esse tempo de aperfeiçoamento no Milênio para viverem por toda a eternidade no
“Celeiro do Pai” – a Nova Terra. Todavia, só as ovelhas, o trigo, os peixes bons, isto é, as nações justas
que optarem por Cristo poderão herdar a Nova Terra. Os bodes, o joio, os peixes ruins, isto é, as nações
injustas que rejeitaram o Parente Remidor serão lançadas no Lago de Fogo que é a Segunda morte.
O Milênio será, acima de tudo, o tempo probatório para a introdução das nações justas no Reino.
O Milênio é um dos três tempos necessários para que haja escolha de um povo digno para entrar no
Reino. Cada elemento que entrará no Reino deverá experimentar o seu gozo antecipado; cada elemento
deverá passar por um “crivo” até entrar no Reino.
• O “crivo” do elemento Igreja será o Arrebatamento;
• O “crivo” do elemento Israel será a Grande Tribulação;
• O “crivo” do elemento Gentios será o Milênio.

O Milênio não será simplesmente um reinado de mil anos, sem fundamento.


O Milênio é o Reino do Filho: “Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos
debaixo de seus pés” (1 Co 15.25). E este serviço de Reconstrução (REGENERAÇÃO) será efetuado até
que se chegue à perfeição. Nesses dias, a vida longa será devolvida ao homem; mas a morte é o último
inimigo, e ainda permanecerá até o fim do Milênio (Is 65.20; 1 Co 15.26; Ap 21.4):
“Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias;
porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado”.
“Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte”.
“Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem
lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”.
Nesses mil anos o mundo será restaurado para ser como o Éden.
“O deserto e a terra sedenta se regozijarão; e o ermo exultará e florescerá; como o narciso
florescerá abundantemente, e também exultará de júbilo e romperá em cânticos; dar-se-lhe-á a glória do
Líbano, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus.
Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes. Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não
temais; eis o vosso Deus! com vingança virá, sim com a recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará. Então
os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se desimpedirão. Então o coxo saltará como o
cervo, e a língua do mudo cantará de alegria; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. E a
miragem tornar-se-á em lago, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os
chacais haverá erva com canas e juncos. E ali haverá uma estrada, um caminho que se chamará o caminho
santo; o imundo não passará por ele, mas será para os remidos. Os caminhantes, até mesmo os loucos, nele
não errarão. Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá por ele, nem se achará nele; mas os redimidos
andarão por ele. E os resgatados do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá
sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido” (Is 35).

REGENERAÇÃO é a restauração de algo ao seu estado original.


Alguns supõem que o Milênio será a última dispensação, e que depois dele tudo será queimado e
destruído; mas o período do reinado de Cristo com os santos não terminará num fracasso tão
decepcionante. O fogo do juízo no fim do Milênio destruirá somente aquilo que não puder ser redimido.
O reinado de Jesus será eterno, mas o milênio terminará. Por que Deus precisará de mil anos?

120
Novo Testamento Judaico de David Stern. São Paulo: Editora Vida, 2007.
177
Ele precisará de mil anos, da mesma forma como precisou de 40 anos para:
• Guiar Israel;
• Matar a velha geração. Dela tiraria a nova.
• Sustentar Israel até introduzi-la na terra santa.
Ele precisará de mil anos, da mesma maneira como atualmente precisa de um tempo indeterminado
de Graça a fim de introduzir a Igreja no Reino.
É devido a importância da sua natureza que esse tempo é chamado de MILÊNIO. Não é correto
dizer que “a dispensação do Reino será o Milênio”, porque o Reino não terá fim. Uma dispensação acaba,
o Reino é Eterno.
Este é o período chamado: DISPENSAÇÃO DA PLENITUDE DOS TEMPOS.
Este é o tempo determinado por Deus para que tudo chegue a sua plenitude proeminentemente em
Jesus (Ef 1.10-14). Ë a época do principado (Is 9.6,7); da consolação de Israel (Lc 2.35,38); da
Restauração de Israel (At 1.6); da congregação de todas as coisas em Cristo pela Redenção (Mt 19.28; At
3.21).

UMA IDEIA ERRADA A RESPEITO DO MILÊNIO

Muitos escritores pintam somente o lado positivo do Milênio; mostram somente as suas flores, o
reflorescimento; mas o Milênio será um período de conflitos. A velha geração entrará nele, da mesma
forma como passou pelo deserto a velha geração idólatra do Egito. Será um período de Reconstrução, de
aperfeiçoamento:
“Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se
assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de
Israel” (Mt 19.28).
Zc 14.16,17: E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra
Jerusalém [na batalha do armagedom], subirão de ano em ano [no Milênio] para adorar o Rei [Jesus], o
SENHOR dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos. E acontecerá que, se alguma das
famílias da terra não subir [os rebeldes] a Jerusalém, para adorar o Rei, o SENHOR dos Exércitos, não
virá sobre ela a chuva.
“Ao qual convém que o céu receba até os tempos da RESTAURAÇÃO de todas as coisas, das
quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio” (At 3.21).
O príncipe Zorobabel é um tipo de Cristo nesse tempo. Zorobabel, após ter recebido a ordem para
voltar a Jerusalém, tinha uma missão: reconstruir o templo. O templo é o maior sinal da plenitude dos
tempos:
“Pois assim diz o Senhor dos exércitos; Ainda uma vez, daqui a pouco, e abalarei os céus e a terra,
o mar e a terra seca. Abalarei todas as nações; e as coisas preciosas de todas as nações virão, e encherei de
glória esta casa, diz o Senhor dos exércitos. Minha é a prata, e meu é o ouro, diz o Senhor dos exércitos.
A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos exércitos; e neste lugar darei
a paz, diz o Senhor dos exércitos (Ag 2.6-9)”.
“Os rituais do Templo fornecem-nos um quadro da redenção humana, da natureza e do universo.
Israel é a terra santa no meio da Terra. Jerusalém é a cidade santa em Israel. O Monte Sião é o lugar santo
de Sião. O Santo dos Santos é o lugar mais santo do Templo. Isto é uma sombra do dia em que toda a
terra será uma terra santa, e cada indivíduo será um Templo do Espírito Santo (Dr. Daniel Juster)”.121
Jesus há de reinar sobre todas as nações nesse tempo. Seu Reino não é nacional, mas universal. Ele
terá um objetivo, ainda no Milênio, singular: PÔR TODOS OS INIMIGOS DEBAIXO DE SEUS PÉS:
“Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés”. Embora o

121
JUSTER, Dr. Daniel. Op. Cit., p. 29.
178
Milênio seja um tempo de descanso para a Terra, o próprio Deus há de trabalhar para que seu Reino seja
frutífero e próspero.

OS TIPOS DO MILÊNIO

1. O ANO DO JUBILEU: Neste ano todos os escravos, servos e a terra ficavam livres. O ano
chegava sempre após 49 anos corridos. O qüinquagésimo ano (50°) era chamado “ANO DO JUBILEU”.
A palavra jubileu tem um significado relacionado a “tocar a trombeta e conduzir o povo a liberdade”. Este
toque era tão esperado pelos servos e escravos, propriedades cativas, empossados, endividados, como nós
aguardamos a Vinda de Jesus atualmente e a trombeta de Deus.
Resumindo: O Ano do Jubileu era a retomada da posição original.
Nos dias do Ano do Jubileu, o que a terra produzisse não era por esforço humano. Esse era o
propósito original de Deus em relação a produção de alimento da terra.:
“Mas a terra a que estais passando para a possuirdes é terra de montes e de vales; da chuva do céu
bebe as águas; terra de que o Senhor teu Deus toma cuidado; os olhos do Senhor teu Deus estão sobre ela
continuamente, desde o princípio até o fim do ano.” (Dt 11.11,12).
“Ela dará o seu fruto, e comereis a fartar; e nela habitareis seguros”. (Lv 25.19).
Deus trabalhava na terra com a sua bênção. Tudo que ele produzia era de esforço divino e não
humano.
Características gerais:
a) Chegava depois do toque da trombeta (Lv 25.9). O Milênio será estabelecido após o toque da
última trombeta, quando Jesus – o nosso GO’EL, O PARENTE REMIDOR, tomará posse
da terra: “E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: O
reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos
séculos” (Ap 11.15).
b) Vinha no dia da expiação (Lv 25.9). O Dia da Vinda de Jesus será um dia de expiação para
Israel. Nessa ocasião purificará os filhos de Levi e implantará o seu Reino:
“Mas quem suportará o dia da sua vinda? e quem subsistirá, quando ele aparecer? Pois ele será
como o fogo de fundidor e como o sabão de lavandeiros; assentar-se-á como fundidor e
purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata, até
que tragam ao Senhor ofertas em justiça. Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável
ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos.” (Ml 3.2-4).
c) Era santificado como o Dia de Sábado (Lv 25.10). O Shabat é uma prefiguração da Era
Vindoura e a Terra prometida universal, onde todos viverão em paz e no descanso de Deus.
A capital Jerusalém será santificada e purificada com fogo:
“Sete mulheres naquele dia lançarão mão dum só homem, dizendo: Nós comeremos do nosso
pão, e nos vestiremos de nossos vestidos; tão somente queremos ser chamadas pelo teu nome;
tira o nosso opróbrio. Naquele dia o renovo do Senhor será cheio de beleza e de glória, e o
fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel. E será que aquele que ficar
em Sião e permanecer em Jerusalém, será chamado santo, isto é, todo aquele que estiver
inscrito entre os vivos em Jerusalém; Quando o Senhor tiver lavado a imundícia das filhas de
Sião, e tiver limpado o sangue de Jerusalém do meio dela com o espírito de justiça, e com o
espírito de ardor.” (Is 4.1-6). (Leia ainda Ap 6.1-9.3; 11). O monte de Jerusalém será santo (Is
35.8).
d) Era a liberdade exclusiva para:
1. A TERRA (Lv 25.10). O Milênio será um tempo de liberdade para a Terra; não somente
para a Terra da Promessa, mas para o planeta Terra em geral

179
2. OS MORADORES DA TERRA (Lv 25.9). O propósito inicial de Deus em relação aos
moradores da Terra era o domínio (Gn 1.28), e não de escravidão. No Milênio, os
moradores da Terra verão esse propósito cumprido através do domínio de Cristo no seu
Reino.
3. OS HERDEIROS (Lv 25.10). Os herdeiros voltavam a sua possessão. As nações possuirão
a Terra; não haverá peregrino na terra sem possessão. Israel viverá em paz na sua possessão
promissora!
4. A FAMÍLIA (Lv 25.10,41). Deus dará o verdadeiro sentido a família. Os familiares
voltarão ao verdadeiro sentido da instituição criada por Deus no princípio:
“E santificareis o ano qüinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus
habitantes; ano de jubileu será para vós; pois tornareis, cada um à sua possessão, e cada um
à sua família” (Lv 25.10);
“então sairá do teu serviço, e com ele seus filhos, e tornará à sua família, à possessão de
seus pais” (Lv 25.41).
5. OS ENDIVIDADOS (Lv 25.14) Serão perdoados. Poderemos ver a oração do Pai Nosso
cumprida:
“Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada
dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado
aos nossos devedores; e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal. [Porque
teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.]” (Mt 6.9-13)
e) Nada era semeado para a colheita, não se segava; nada na lavoura era feito por esforços
humanos. Tudo era uma providência de Deus!
1. A novidade do campo se comia (Lv 25.11);
2. A terra dava o seu fruto (Lv 25.19).
3. Deus se responsabilizava pelo fruto da terra (Lv 25.19-21).
No Milênio haverá as mesmas características. A Terra se encherá da bênção do Senhor. A maldição
de sobre a Terra será tirada (Is 24.1-23) através do juízo de Deus (Is 25.7,8; Rm 8.21-23). A Terra será
libertada da escravidão definitivamente. Os corrompedores da Terra serão destruídos (Is 24.17-22; Ap
20.7,22). Essa purificação da Terra será vista a partir da Grande Tribulação, será abrangente até ao
Armagedom. Então, como diz o último versículo de Isaías 24, O Reino do Senhor será estabelecido. A
Glória do Senhor encherá a Terra, após a retirada da maldição:
“Então a lua se confundirá, e o sol se envergonhará, pois o Senhor dos exércitos reinará no monte
Sião e em Jerusalém; e perante os seus anciãos manifestará a sua glória” Is 24.23)

A NATUREZA SENTIRÁ A DIFERENÇA E FRUTIFICARÁ COMO NO JUBILEU:

Is 32.2: “um varão servirá de abrigo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como
ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra duma grande penha em terra sedenta”.
Is 35.7: “E a miragem tornar-se-á em lago, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas
habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos”.
Is 55.12: “Pois com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em
cânticos diante de vós, e todas as árvores de campo baterão palmas”.
Is 16: As nações terão em fartura;
Is 61.7; 62.4: A terra da promessa dará o dobro das outras terras;
Is 61.11: A terra produzirá de si mesma;
Is 65.26: Não se trabalhará debalde nesse tempo;
Ez 36.8: A terra da promessa dará o seu fruto.
180
Ez 44.28-30: As primícias serão dadas a Deus.
Ez 47.12: As árvores serão saudosas, nem sua folha cairá.
Jl 2.18-27: A fartura será grande na capital terrena do Milênio.

f) No ano do jubileu se resgatava:


1. A TERRA. Se a terra não fosse resgatada pelo Parente Remidor, nem por esforços
próprios, segundo Levítico 25.25-31, então no Jubileu ela seria redimida. Quando fala-se em terra, sempre
devemos Ter em mente a terra de Israel e o planeta Terra, que é a criação. A criatura espera ardentemente
a libertação da corrupção da maldição. Jesus, o Go’el, já pagou o seu preço como Parente Remidor, mas o
posseiro (o Diabo) não quer sair, então O Messias virá como O Parente Vingador. Mas a Terra de Israel
ainda precisa reconhecer o LIBERTADOR DO JUBILEU para que sua herdade seja devolvida.
A TERRA A TERRA DE ISRAEL
MEIOS DE REDENÇÃO MEIOS DE REDENÇÃO
1. PARENTE REMIDOR 1. PARENTE REMIDOR
2. ESFORÇO PRÓPRIO 2. ESFORÇO PRÓPRIO
3. ANO DO JUBILEU 3. ANO DO JUBILEU
PARENTE REMIDOR: Reconhecido PARENTE REMIDOR: Não reconhecido
PREÇO PAGO: Sangue PREÇO PAGO: sangue sobre a sua cabeça, juízo
sobre si mesma.
HAVERÁ POSSE? Sim. breve HAVERÁ POSSE? Não. Enquanto Israel não
reconhecer que não pode conseguir a terra por si
mesma
O QUE SE ESPERA PARA A POSSE? O QUE SE ESPERA PARA A POSSE?
A purificação da Terra pela Grande A purificação dos filhos de Levi. O reconhecimento e
Tribulação. pranteamento de Israel em relação ao Remidor que
matou.
2. A CASA SEM MURO: É um tipo muito profundo do corpo. A “casa sem muros” deveria
ser resgatada nas três formas de resgate. A morte não terá domínio sobre o corpo humano durante o
Milênio. O pecador morrerá com cem anos (Is 65.20). A vinda do Milênio será uma bênção nesse sentido.
O corpo desprovido de segurança atualmente será livre da atuação da maldição. A morte não terá domínio
sobre os corpos humanos sem a permissão de Deus. Todavia, a morte só será vencida no final do Milênio:
“Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte.” (1 Co 15.26).
“Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto,
nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4).

3. A CASA EM CIDADE MURADA NÃO SERÁ LIVRE PELO ANO DO JUBILEU.


Creio que o Ano da Graça terminará com a plenitude dos Gentios. Todos aqueles que não
passaram a crer em Deus através das manifestações que acontecerem no período da Grande Tribulação,
com a pregação dos anjos (Ap 14.6,7), das duas testemunhas que reviverão o ministério de Jesus (Ap 11);
a escolha para sim ou não do sinal da Besta, etc., de maneira nenhuma terão oportunidade de salvação
durante o Milênio. Os Gentios, as nações que optarem por Cristo no Milênio, serão salvos como nações,
isto é, não receberão corpos glorificados, não irão morar na Nova Jerusalém, não reinarão com Cristo no
Milênio e Eternidade; serão súditos no Reino do Filho (Milênio) e no Reino do Pai (Eternidade). Habitarão
na Nova Terra, comerão das folhas da árvore da vida, mas não farão parte da Noiva. Viverão como Adão
viveria se não tivesse comido da árvore da ciência do bem e do mal, e tivesse comido da árvore da vida.
Então surge uma pergunta:

181
Deus vai permitir que ímpios entrem no Milênio? Se vai por quê?

O Milênio servirá de rebaixamento e humilhação aos povos que não creram em Deus (Mq 4.5).
Deus vai mostrar a Sua Glória manifestada na nação eleita “Israel”:
“Pois eu conheço as suas obras e os seus pensamentos; vem o dia em que ajuntarei todas as nações
e línguas; e elas virão, e verão a minha glória” (Is 66.18).
“Levanta-te, resplandece, porque é chegada a tua luz, e é nascida sobre ti a glória do Senhor. Pois
eis que as trevas cobrirão a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua
glória se verá sobre ti. E nações caminharão para a tua luz, e reis para o resplendor da tua aurora. Levanta
em redor os teus olhos, e vê; todos estes se ajuntam, e vêm ter contigo; teus filhos vêm de longe, e tuas
filhas se criarão a teu lado. Então o verás, e estarás radiante, e o teu coração estremecerá e se alegrará;
porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas das nações a ti virão. A multidão de camelos te
cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá; todos os de Sabá, virão; trarão ouro e incenso, e publicarão os
louvores do Senhor. Todos os rebanhos de Quedar se congregarão em ti, os carneiros de Nebaoite te
servirão; com aceitação subirão ao meu altar, e eu glorificarei a casa da minha glória. Quem são estes que
vêm voando como nuvens e como pombas para as suas janelas? Certamente as ilhas me aguardarão, e vêm
primeiro os navios de Társis, para trazerem teus filhos de longe, e com eles a sua prata e o seu ouro, para
o nome do Senhor teu Deus, e para o Santo de Israel, porquanto ele te glorificou. E estrangeiros edificarão
os teus muros, e os seus reis te servirão; porque na minha ira [Grande Tribulação] te feri, mas na minha
benignidade [no Milênio] tive misericórdia de ti” (Is 60.1-10)
“Mas nos últimos dias acontecerá que o monte da casa do Senhor será estabelecido como o mais
alto dos montes, e se exaltará sobre os outeiros, e a ele concorrerão os povos. E irão muitas nações, e
dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus
caminhos, de sorte que andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do
Senhor. E julgará entre muitos povos, e arbitrará entre nações poderosas e longínquas; e converterão as
suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra
outra nação, nem aprenderão mais a guerra” (Mq 4.1-3).
Isso humilhará a muitos. Seu governo no Milênio será de vara de ferro! Significa que muitos não
quererão se submeter aos domínios de Cristo; muitas nações não vão querer subir ao Monte de Sião
(Jerusalém) para adorar ao Senhor e serão castigadas (Zc 14.16-21); o último convite das Bodas do Reino
foi para bons e maus (Mt 22.9-14). A rede é lançada (no Milênio) e trás peixes bons e maus (Mt 13.47-
50). A Bíblia diz que o pecador morre aos cem anos. Assim podemos compreender bem melhor que não
haverá livramento para a “casa em cidade murada” durante o Milênio. As Nações têm que aceitar ou não o
Reino de Jesus no Milênio, não adianta arrepender-se, arrependimento só no período da Graça. Por quê?
(Lv 25.30,31).
Porque houve um tempo único e determinado: O Ano de Resgate.
O Ano de Resgate é o tipo da Graça, do Ano Aceitável do Senhor, do Ano da Redenção efetuada
por Cristo a favor todos os homens: “No tempo aceitável te escutei e no dia da salvação te socorri; eis
aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação” 2 Co 6.2).
“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas
aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura
de prisão aos presos; a apregoar o Ano Aceitável do Senhor e o Dia da Vingança do nosso Deus; a
consolar todos os tristes” (Is 61.1,2).
O Dia da Vingança é uma coisa, o Ano Aceitável do Senhor é outra. Até Jesus distinguiu estes
tempos em Lucas 4.18,19. Ele tinha consciência que havia vindo ao mundo para apregoar o Ano Aceitável
e não o Dia da Vingança. Por isso Ele parou no início do versículo 2 de Isaías 61.
Por isso, devemos ser enfáticos: Toda VELHA GERAÇÃO que não receber a Cristo, e nem se
submeter aos domínios do GO’EL no Milênio, morrerá. Se não morrer durante o Milênio, rebelar-se-á
182
contra o Senhor quando Satanás for solto no fim do Milênio, e então será lançado definitivamente no
“Lago de Fogo” que é a Segunda morte. Velha geração não entra no Reino Eterno (Dt 2.14; 1.35). Os
bodes, o joio, os peixes ruins, isto é, as nações rebeldes não entrarão no Reino Eterno do Pai.
g) No Jubileu, o povo estrangeiro e peregrino era bem tratado (Lv 25.35). No Milênio, a capital
do Reino, Jerusalém, será cheia de estrangeiros de todas as nações, pois muitos povos virão à
Jerusalém para adorarem o Rei (Zc 14.16-18; Is 43.6-13)
h) Os escravos deveriam ser das nações estrangeiras (Lv 25.44-46). No Milênio, os estrangeiros
construirão os muros de Jerusalém, os reis serão servos de Israel: “E estrangeiros edificarão os
teus muros, e os seus reis te servirão; porque na minha ira te feri, mas na minha benignidade
tive misericórdia de ti” (Is 60.10).

2. O POVO DE ISRAEL NO DESERTO.


a) O povo saiu do deserto para apossar-se de Canaã. As nações sairão da Grande Tribulação e
passarão pelo Milênio e penetrarão no Reino Eterno.
b) No deserto, Deus guiava o povo. A Glória de Deus estava no meio do povo. O deserto é o
tipo do MILÊNIO, pois Jesus estará no meio do povo em Jerusalém (Is 4.1-6).
c) O deserto era a transição entre o Egito e Canaã. O Egito é o tipo do mundo. Canaã é o tipo do
Reino Eterno. O Milênio é a pequena prova do governo de Deus. No deserto foram dadas leis; no deserto
houve concerto, no deserto o tabernáculo foi construído, no deserto morreu a velha geração (Dt 2.14).
No Milênio, novas leis serão dadas a Israel e às nações. Os capítulos 40 a 48 de Ezequiel narram as
leis cerimoniais que serão vividas no Milênio. Todos os detalhes do sacrifício, do novo templo, da Glória
de Deus no meio do povo, etc. Tudo ali estará sendo posto em prática no Milênio.
No Milênio, a velha geração morrerá. Uma geração má não poderia estar vivendo o governo de
Deus no deserto; por que Deus permitiu que ela continuasse sob o comando de Moisés? Porque Deus
queria tirar deles a semente! Foi a sua semente que entrou na terra prometida, a velha geração morreu.
“E vossos pequeninos, dos quais dissestes que seriam por presa, e vossos filhos que hoje não
conhecem nem o bem nem o mal, esses lá entrarão, a eles a darei e eles a possuirão” (Dt 1.39).
Poucos homens restarão da Batalha do Armagedom. Hoje, como resultado único das guerras que
foram travadas em todas as gerações, os homens são poucos em relação ao grande número de mulheres
existentes na face da Terra. Após a batalha do Armagedom, que será travada em torno de Jerusalém, onde
estarão reunidos representantes de todas as nações, haverá um resquício de homens. A mortandade será
grande! O furor da ira de Deus será terrível.
“Então todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em
ano para adorarem o Rei, o Senhor dos exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos” (Zc 14.16).
Por isso haverá mais mulheres do que homens.
“Sete mulheres naquele dia lançarão mão dum só homem, dizendo: Nós comeremos do nosso pão,
e nos vestiremos de nossos vestidos; tão somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso
opróbrio” (Is 4.1).
“Farei que os homens sejam mais raros do que o ouro puro, sim mais raros do que o ouro fino de
Ofir” (Is 13.12).
No deserto, toda a velha geração ficou de fora, com exceção de Josué e Calebe. Aqueles que forem
capazes de contemplar o Reino em sua glória, durante o Milênio, e passarem a rebelião sem mudar um
passo ao lado de Jesus, poderão Ter o privilégio de Josué e Calebe. Entrarão na Nova Terra.
d) No deserto, o povo não plantou nem semeou. A provisão vinha de Deus. No Milênio, a
provisão será por conta do Reino. Os súditos do Reino terão para oferecer. A terra dará o seu fruto (Jo
6.30-34).
e) As vestimentas do povo no deserto era durável. No Milênio, as vestimentas terão durabilidade:

183
“E será consagrado ao Senhor o seu comércio e a sua ganância de prostituta; não se entesourará,
nem se guardará; mas o seu comércio será para os que habitam perante o Senhor, para que comam
suficientemente; e tenham vestimenta durável” (Is 23.18).
f) No deserto, o povo estava sendo aperfeiçoado. As nações, no Milênio, terão mil anos para
serem aperfeiçoadas e se submeterem ao governo teocrático do Reino. Quarenta anos foi o tempo
necessário até que todo o povo estivesse aperfeiçoado. Mil anos é o tempo que Deus designou para que
todas as nações sejam aperfeiçoadas.

Israel e a Igreja terão que passar por um período de preparação para o ministério que Deus deseja
executar através deles.
Atualmente, a Igreja está sendo aperfeiçoada (Ef 4.11,12). A Igreja vive hoje os poderes do século
vindouro. “e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro” (Hb 6.5). O objetivo
principal de Deus hoje em relação a Igreja é aperfeiçoar um povo para governar no Milênio. Por isso Deus
usa os ministros hoje para aperfeiçoar os santos:
“E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros
como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para
edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho
de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.11-13).
Amanhã, no Milênio, Ele aperfeiçoará um povo: Israel. Deus usará de mil anos para aperfeiçoar
Israel, como usou do tempo da Graça para aperfeiçoar a Igreja. Para que ministério Israel estará sendo
aperfeiçoado? Para ministrar o sacerdócio do Reino terreno.
Antes Deus tinha dois tabernáculos: O tabernáculo que Moisés construiu era semelhante ao modelo
celestial existente no Céu (Hb 8.5). Por que Deus queria dois tabernáculos? Para que houvesse ministração
na terra e no Céu. No Milênio haverá um novo tabernáculo, onde o próprio Cristo estará presente.
Todavia, após o Milênio a Nova Jerusalém descerá dos Céus, será o tabernáculo de Deus com os homens:
“E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma
noiva ataviada para o seu noivo. E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o
tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo
estará com eles” (Ap 21.2,3).
Deus promete também o Tabernáculo para os judeus:
“Também meu servo Davi reinará sobre eles, e todos eles terão um pastor só; andarão nos meus
juízos, e guardarão os meus estatutos, e os observarão. Ainda habitarão na terra que dei a meu servo Jacó,
na qual habitaram vossos pais; nela habitarão, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre; e
Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente. Farei com eles um pacto de paz, que será um pacto
perpétuo. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu SANTUÁRIO no meio deles para
sempre. MEU TABERNÁCULO permanecerá com eles; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu
povo. E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no
meio deles para sempre” (Ez 37.24-28).
Deus tem um plano bem maior do aquele que visualizamos. Três povos entrarão no Reino Eterno
de Deus: A Igreja, Israel e os Gentios.
g) No deserto, a nuvem de fogo acompanhava, guiava, orientava, protegia e iluminava o povo.
Durante o Milênio o Senhor Jesus será Glória na terra, haverá o SHEQUINÁ que ficará sobre Jerusalém
terrestre:
“E criará o Senhor sobre toda a extensão do monte Sião, e sobre as assembléias dela, uma nuvem
de dia, e uma fumaça, e um resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a glória se estenderá
um dossel (chupah). Também haverá de dia um tabernáculo para sombra contra o calor, e para refúgio e
esconderijo contra a tempestade e a chuva” (Is 4.5,6).

184
No monte da transfiguração os discípulos viram a Glória do Senhor. Assim será no Milênio, Ele
resplandecerá em toda a sua Glória, Ele estará reinando em Jerusalém, o trono da Glória:
“Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na REGENERAÇÃO (Milênio), quando o
Filho do homem se assentar no TRONO da sua Glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos,
para julgar as doze tribos de Israel” (Mt 19.28).
“Quando, pois vier o Filho do homem na sua Glória, e todos os anjos com ele, então se assentará
no TRONO da sua Glória” (Mt 25.31).
“Naquele tempo chamarão a Jerusalém o TRONO do Senhor; e todas as nações se ajuntarão a
ela, em nome do Senhor, a Jerusalém; e não mais andarão obstinadamente segundo o propósito do seu
coração maligno” (Jr 3.17).
A Glória do Senhor iluminará Israel e as Nações:
“Levanta-te, resplandece, porque é chegada a tua luz, e é nascida sobre ti a glória do Senhor. Pois
eis que as trevas cobrirão a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua
glória se verá sobre ti. E nações caminharão para a tua luz, e reis para o resplendor da tua aurora” (Is
60.1-3).
Os santos (a Igreja) com corpos glorificados resplandecerão também.
h) No deserto, o povo era julgado (Dt 1.12-17). No Milênio, a Igreja será o juízo e por Jesus virá
o julgamento. O justo juiz estará presente pessoalmente na terra:
“Mas nos últimos dias acontecerá que o monte da casa do Senhor será estabelecido como o mais
alto dos montes, e se exaltará sobre os outeiros, e a ele concorrerão os povos. E irão muitas nações, e
dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus
caminhos, de sorte que andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do
Senhor. E julgará entre muitos povos, e arbitrará entre nações poderosas e longínquas; e converterão as
suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra
outra nação, nem aprenderão mais a guerra” (Mq 4.1-3).
i) Na ocasião em que o povo caminhou para tomar a terra que Deus lhes deu através de Josué,
houve inimizade e intrigas de posseiros. Mas eles foram logo vencidos! O Diabo será solto no final do
Milênio e usará os bodes, o joio, os peixes ruins, isto é, as nações rebeldes que não se submeteram ao
governo teocrático de Jesus, mas eles serão derrotados, o Diabo será vencido, lançado definitivamente no
Lago de Fogo (Ap 20.7-10).

3. O ÉDEN E A COMUNHÃO COM DEUS. Após o Ano do Jubileu, o deserto, o Éden é o


terceiro tipo do Milênio. Por que razão o Éden é tipo do Milênio?
a) Por causa da comunhão que havia entre o homem e Deus. Durante o Milênio, a comunhão
novamente será restabelecida. Deus habitará na terra como habitava no Éden antes da Queda. Na viração
do dia, Ele vinha estar com Adão (Gn 3.8).
b) Por causa da manifestação do domínio dado por Deus a Adão sobre a natureza. Jesus
manifestou esse domínio sobre o mar e os discípulos se escandalizaram. Mas Ele não fez nada de anormal.
Ele apenas disse para o vento aquietar-se! Esse domínio Ele deu a Adão, mas pelo pecado este perdeu (Gn
1.28,29). Hoje, em relação as coisas naturais há mistério e medo envolvendo o ser humano. O pecado fez
isso! Mas no Milênio a natureza em si mesma terá sido livre da maldição e o homem a dominará.
“O lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida
da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor” (Is 65.25).
c) Por causa da justiça ao pecado. O que pecar no Milênio será amaldiçoado (Is 65.20) aos
cem anos! Isto é, o máximo que viverá é cem anos, como um garoto, ainda de pouca idade!
d) Pela proteção incessante da Glória de Deus que estava presente no Éden (Gn 3,23,24).
Sobre a terra haverá a Glória:

185
“E criará o Senhor sobre toda a extensão do monte Sião, e sobre as assembléias dela, uma
nuvem de dia, e uma fumaça, e um resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a
glória se estenderá um dossel. Também haverá de dia um pavilhão para sombra contra o calor,
e para refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva”.
e) Pela frutificação que havia na terra (Gn 1.29). A natureza dará o seu fruto abundantemente
(Is 66.10-14).
f) Não havia espinhos no Éden. Os espinhos passaram existir após o pecado. Cada vez que o
homem pecava, a terra era amaldiçoada (Gn 3.11-19; 4.11-15; 8.22). No Milênio não haverá espinhos (Is
55.13).
g) Por causa da opção da vida produzida. As folhas das árvores que darão frutos durante o
Milênio serão para saúde (Ez 47.12).
h) Por causa do teste que houve após o estabelecimento do homem no Éden. No Milênio,
Deus novamente porá o homem à prova: Aceita ou não o governo do Rei Jesus. Dependendo da escolha,
entrarão no Reino Eterno de Deus, adentrando à Nova Terra, ou serão lançadas no Lago de Fogo que é a
2ª Morte. Os mansos herdarão a Terra.
i) Por causa da beleza do Éden. A beleza daquele jardim será vista novamente na terra no
Milênio ((Ez 36.35; Is 51.3).
j) No Éden não havia maldição. No Milênio também não haverá maldição.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MILÊNIO
A. A LOCALIZAÇÃO CRONOLÓGICA DO MILÊNIO. Será um tempo de
aperfeiçoamento que acontecerá logo após o Arrebatamento da Igreja, a guerra Gogue –
Magogue, a Grande Tribulação e o Armagedom.

ARREBATAMENTO G. TRIBULAÇÃO MILÊNIO ETERNIDADE


B. O OBJETIVO DO MILÊNIO: o Resgate completo de todas as coisas: Ef 1.10,14:
“Para a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas,
tanto as que estão nos céus como as que estão na terra”;
“O qual é o penhor da nossa herança até ao RESGATE da sua propriedade, em louvor da
sua glória”.
No Velho Testamento, havia três opções de Resgate: O homem, as herdades e as dívidas.
Todas estas coisas podiam ser resgatadas; nas opções estavam incluídos escravos, servos, endividados,
terras e casas.
Os resgates poderiam ser efetuados através de três dolorosos modos:
1°) PELO PARENTE REMIDOR. Ele deveria ser indicado para redimir. A remissão incluía
pessoas, herdades e dívidas. Deveria ser parente próximo (Rt 3.12,13; Gl 4.4; Hb 2.14,15). Deveria Ter
condições para remir (Rm 4.4-6; Jr 32.7-14; Jo 10.11). Deveria pagar exatamente o preço exigido (Lv
25.27; 1 Pe 1.18; Gl 3.13; Pv 23.11).
2°) POR ESFORÇOS PRÓPRIOS: Lv 25.28,30,33.
3°) O ANO DO JUBILEU. O Jubileu seria o Resgate final. A posse. O milênio será o Resgate
Final.

C. O MILÊNIO SERÁ O RESGATE FINAL PORQUE:


1. O Resgate da terra se completará no jubileu do Milênio. A terra em Levítico está
intimamente ligada à promessa de Deus feita a Abraão em Gênesis 12.1-4: [e em ti serão benditas todas as
famílias da terra], concernente a Terra da Promessa e às Nações, mas ao mesmo tempo ela abrange toda a
Terra, porque Deus tem este propósito (Is 54). Paulo em Romanos 8.21-23 nos diz que a terra espera a
sua REDENÇÃO: [na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da
corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação,
186
conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora; e não só ela, mas até nós, que temos as
primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando adoção de filhos, a saber, a
redenção do nosso corpo].
Adão perdeu o domínio da Terra quando pecou, e Satanás passou a Ter este domínio:
“Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares” (Mt 4.9). Com a Queda perdemos a alma, o corpo e ainda
a Terra. Porém a Terra é perpétua (Gn 9.12-16), bendita, e o próprio Deus a fez para ser habitada (Is
45.17,18) e sendo assim está incluída no processo da Redenção (Is 35.1,2). O processo de Resgate e
livramento é certo; mas podemos resumi-lo nas palavras do profeta Isaías:
“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas
aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura
de prisão aos presos; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar
todos os tristes”. Ainda os textos: Fp 2.6-8; Hb 2; 1 Pe 1.18,19.
Israel rejeitou o Parente Remidor (Jo 1.11; Lv 25.25). Israel é o irmão empobrecido de Lv 25.25.
O irmão resgatador é o tipo de Cristo (Is 9; 611,2). Ele também é o Vingador.
Israel encontra-se numa situação dilemática. Rejeitou o Parente Remidor e não consegue por si
mesmo tomar posse da terra da Promessa (Lv 25.28). Isso somente acontecerá após uma experiência
profunda com Deus.
Logo após a Grande Tribulação e a Batalha do Armagedom (Ap 11.2; 19.11-21), Deus
estabelecerá o Milênio. Este grande evento é esperado pela Terra (Rm 8.22,23), pelas Nações e Israel. A
Aliança que envolveu a terra da promessa ainda está de pé com Israel, a herança da terra ainda é uma
esperança, mas a terra será redimida.
2. Os selos do Apocalipse. Os selos rompidos em Apocalipse capítulo 6 é sinal do despejo
de Satanás da terra. O rompimento dos selos significa que o posseiro não quer sair da propriedade, dando
direito ao Vingador a despojá-lo (Ap 5.1-13). Então, em Apocalipse 10 vemos a Terra sendo resgatada. E
estará sendo purificada e transformada até o fim do Milênio. Após o resgate da Terra virá o Milênio, o
jubileu para toda a criatura. No jubileu milenar a Terra será reconstruída (Lv 25.28). Não há referências na
Bíblia de que a Terra será aniquilada após o Milênio. Depois do processo de REGENERAÇÃO do
homem, as coisas velhas já passaram, nos diz a Bíblia. Mas Deus não faz o homem de novo, mas o faz
novo; dá-lhe nova vida. Tudo o que foi resgatado e redimido será feito novo e purificado.
3. Os outros objetos de resgate: O Resgate da alma se completará até o Ano Aceitável da
Graça, ao tempo da plenitude dos gentios (Lc 25.29,30). Nos referimos a alma, porque a “cidade murada”
é tipo da alma. O tipo do tabernáculo que põe a alma no centro, como sendo o lugar santo nos ajuda na
explicação de 1 Ts 5.23. O prazo de Resgate da cidade muralha (Lv 25.2,30) equivale ao tempo da Graça
e a plenitude dos gentios.
O resgate do corpo se completará na ressurreição dos santos (1 Co 15.35-50). Assim como a
natureza espera a Redenção, os corpos dos santos também esperam.

D. ANTECEDENTES DO MILÊNIO:
1. GRANDE TRIBULAÇÃO. Haverá um período de sete anos de Grande Tribulação; este nome
é dado à última Semana de Daniel que ainda se cumprirá, conhecido também como a Angústia de Jacó (Dn
9.27; Jr 30.7). Neste tempo, Deus derramará do seu cálice sobre a Terra e sobre os ímpios (Ap 6-19).
2. ARMAGEDOM. Esta batalha é descrita por quase todos os profetas. As nações influenciadas
pelo Anticristo e espíritos de demônios vão invadir Jerusalém e abominá-la, da mesma forma como fez
Antíoco Epifânio; esse ato levará Israel a clamar ao Senhor, quando então o céu se abrirá como um livro e
o Senhor aparecerá no Céu e todo olho o verá. O nosso GO’EL vencerá o Anticristo com o sopro de sua
boca e Israel reconhecerá o Parente Remidor – Jesus como o Messias. Mas antes que todo Israel seja salvo
da Destruição, já haverá um remanescente aperfeiçoado.

187
E. AS MUDANÇAS DO MILÊNIO:
1. AS MUDANÇAS NO CULTO E OS CONFLITOS INICIAIS. Haverá um só Deus, o
humanismo será destruído (Zc 14.9; Hc 2.14). Embora no início haja um governo duro com vara de ferro
da parte de Jesus a fim de abater a idolatria (Mq 4.1-5), ainda assim haverá um governo teocrático, isto é,
um governo divino. O culto ao Senhor será estabelecido entre todas as nações (Is 35.10); Ap 21.3,4; Zc
14.16,21).
Haverá um novo templo, haverá um novo sacerdócio. De quem será o sacerdócio? O
sacerdócio será um ofício de Israel (Zc 14.18-21); O Senhor purificará os filhos de Levi, isto é, os
sacerdotes por direito (Ml 3.2,3). Os sacerdotes oficiarão segundo a nova lei e o novo concerto que lhes
será dado. Ezequiel 40 a 48 é o texto do novo sacerdócio e do novo culto.
2. AS MUDANÇAS FÍSICAS. Haverá mudanças na topografia da terra (Ap 6.17-21; Is
35.1,2,7). Topograficamente, a Terra será:
a) Restaurada (Is 58.12);
b) Reconstruída (Is 60.10);
c) Livre da maldição do pecado: Gn 3.18,19; Is 55.13;
d) Purificada: Is 62.10-12);
e) Fértil: Is 65.23.

A DIFERENÇA NA TERRA EM TRÊS TEMPOS:

1°) NO ÉDEN – GERAÇÃO (COM O PRIMEIRO ADÃO):


a) Construída (Gn 1.2,7,10);
b) Produzia por si mesma (Gn 1.11,12);
c) Iluminada (Gn 1.14-18);
d) Águas produzindo alimento (Gn 1.19,22,29,30);
e) Animais submissos a autoridade do homem (Gn 1.24,25,28; 2.19,20);
f) Boa (Gn 1.12).

2°) NA TERRA ATUALMENTE (DEGENERAÇÃO):


a) Destruída, profanada e amaldiçoada (Gn 3.17,19);
b) Trabalho com fatiga (Gn 3.19);
c) Animais mortos para outros fins (Gn 3.21);
d) A natureza cada vez mais desregrada (Is 25);
e) Águas transmitindo doenças, poluídas.
f) Dividida (Gn 10.25).

3°) NO MILÊNIO – REGENERAÇÃO (COM O SEGUNDO ADÃO):


a) Reconstruída: Is 58.12; 60.10. Livre da maldição pela Redenção;
b) Produzirá por si mesma: Is 65.17;
c) Será iluminada pela presença de Jesus. Será iluminada pela nuvem de dia e pelo fogo
chamejante de noite (Is 4.2-6);
d) Águas produzirão alimentação, fertilizarão a terra (Is 60.5);
e) Animais não ferozes (Is 65.25);
f) Resgatada e alegre (Ap 5.11-13).

188
F. A FONTE DE VIDA NO MILÊNIO (Ez 47.12):
“E junto do rio, à sua margem, de uma e de outra banda, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto
para se comer. Não murchará a sua folha, nem faltará o seu fruto. Nos seus meses produzirá novos frutos,
porque as suas águas saem do santuário. O seu fruto servirá de alimento e a sua folha de remédio”.
As nações terão vida longa durante o milênio. Porém, nesse tempo, somente os santos que foram
arrebatados e transformados, e os que ressuscitaram antes do milênio terão corpos glorificados e imortais.
As pessoas das nações gentias e Israel terão corpos mais sadios, demorarão a morrer se não pecarem,
porém a Morte só será vencida no fim do Milênio.

G. O GOVERNO NO MILÊNIO

A capital do governo teocrático será Jerusalém (Is 60.1-22; 4.1-6; 62). Ali se assentará o Rei no
trono da sua Glória (Jr 3.17; Mt 19.28; 25.31). Cristo será o Rei no Milênio e na Eternidade.
O arcanjo Gabriel disse a Maria:
“Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu
pai; e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” (Lc 1.32,33).

“Eu tenho estabelecido o meu Rei sobre Sião, meu santo monte.” (Sl 2.6).

O nosso GO’EL será um Soberano Perfeito. Seu governo será autocrático (Sl 2.9; 72.9-11; Is
11.4). Hoje, no nosso mundo de homens pecadores, a forma de governo que melhor contribui para o bem
estar do povo é a democracia. Porém, a democracia não é a forma perfeita de governo, como a própria
história claramente testifica. Uma autocracia é a mais econômica e eficiente. Será a única ditadura
teocrática e perfeita que já se imaginou. Porque este ditador apesar de governar com vara de ferro será
justo e perfeito, e acima de tudo perfeito amor.

No Milênio Cristo reinará sobre Israel e sobre os Gentios. Terá como co-regente sobre a casa de
Israel – Davi Ressurreto (Jr 30.9; Ez 37.25; 34.23,24; Os 3.5). E evidentemente, a Igreja reinará com
Cristo, não só no Milênio, mas, para todo sempre (Ap 1.6;2.26,27;22.5).

H. O CULTO MILENAR

Somente os seguidores verdadeiros de Deus terão permissão para entrar no Templo milenar e o
Espírito Santo será derramado literalmente sobre toda a carne, sobre toda a humanidade (Jl 2.28,29). A
adoração será um fator importante na vida humana durante o Milênio:
“sim, a esses os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus
holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de
oração para todos os povos.” (Is 56.7).
“a voz de gozo e a voz de alegria, a voz de noivo e a voz de noiva, e a voz dos que dizem: Dai
graças ao Senhor dos exércitos, porque bom é o Senhor, porque a sua benignidade dura para sempre;
também se ouvirá a voz dos que trazem à casa do Senhor sacrifícios de ação de graças. Pois farei voltar a
esta terra os seus exilados como no princípio, diz o Senhor.” (Jr 33.11).
“Pois no meu santo monte, no monte alto de Israel, diz o Senhor Deus, ali me servirá toda a casa
de Israel, toda ela, na terra; ali vos aceitarei, e ali requererei as vossas ofertas, e as primícias das vossas
oblações, com todas as vossas coisas santas. Como cheiro suave vos aceitarei, quando eu vos tirar dentre
os povos e vos congregar dos países em que fostes espalhados; e serei santificado em vós à vista das
nações.” (Ez 20.40,41). Leia ainda: Ez 40.1-46.24; Zc 6.12-15; 8.20-23;14.16.21.

189
Cristo é nosso Sumo-Sacerdote (Sl 110): “Tu és sacerdote para sempre”. Zacarias nos diz: “Eis
aqui o homem cujo nome é Renovo”: Ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do Senhor, e será
revestido de Glória; assentar-se-á no seu trono (Mt 19.28; 25.31) e dominará e será Sacerdote no seu
trono e reinará perfeita união em ambos os ofícios (Rei e Sacerdote)”(Zc 6.12,13).
Enquanto a Igreja é um sacerdócio celestial, Israel será um sacerdócio terreno.
“Mas vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso Deus;
comereis as riquezas das nações, e na sua glória vos gloriareis.” (Is 61.6).
Israel será líder no culto a Deus, com Jerusalém sendo o centro religioso do mundo, os gentios
subirão de ano em ano para adorar o Rei Jesus, o Senhor dos Exércitos, e para celebrar a Festa dos
Tabernáculos (Zc 14.6).
“Acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor, será estabelecido como o
mais alto dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. Irão muitos
povos, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os
seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.
E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em relhas
de arado, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão
mais a guerra.” (Is 2.2-4).
“Mas nos últimos dias acontecerá que o monte da casa do Senhor será estabelecido como o mais
alto dos montes, e se exaltará sobre os outeiros, e a ele concorrerão os povos. E irão muitas ações, e
dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus
caminhos, de sorte que andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do
Senhor. E julgará entre muitos povos, e arbitrará entre nações poderosas e longínquas; e converterão as
suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra
outra nação, nem aprenderão mais a guerra.” (Mq 4.1-3).
Mesmo nas suas próprias pátrias, os gentios terão obrigação de prestar culto.
O Anticristo ajudará a construir o templo da Grande Tribulação, mas ele mesmo profanará, talvez
até o destrua. O templo da Grande Tribulação será construído no local dos templos do Antigo Testamento,
mas, conforme Ezequiel 40-46.
Haverá um novo Templo para o Milênio e a Glória do Senhor o encherá (Ag 2.9). Segundo o
profeta Ezequiel este templo é o lugar do trono do Messias. Onde Ele habitará no meio dos filhos de
Israel para sempre (43.7). O seu átrio será usado como antes, para sacrifícios. Os sacrifícios serão
oferecidos pelas nações. A nação de Israel será o sacerdócio (Zc 14.17-21). O Templo é chamado, em
Ezequiel, de Santuário (Ez 37.26-28). No mesmo texto há duas referências ao Templo:
1ª) Santuário;
2ª) Tabernáculo.
Após o Milênio, quando a Nova Jerusalém descer do Céu, será chamada de O Tabernáculo de
Deus com os homens (Ap 21.3). A própria Palavra de Deus nos explica esse mistério. A Nova Jerusalém
será conhecida como “O Templo de Deus com os homens”, mas ela mesma terá um santuário: Jesus (Ap
21.22). É como houvesse um Templo imaginário, onde a Nova Jerusalém fosse o Santo dos Santos,
Jerusalém terrestre com o Templo milenar o Lugar Santo e a própria Terra o grande Átrio.
Creio que mesmo que o Senhor se assente no Trono Celestial na Nova Jerusalém, nada o impede
de possuir dois tronos após o Milênio.
Um trono na Terra – O templo milenar na Jerusalém terrestre. Ele continuará existindo após o
Milênio.
Um trono na Nova Jerusalém (Ap 22.3).
Ezequiel nos fala que o trono de Deus é móvel, sendo carregado pelos querubins (Ez 1).

190
I. O ENSINO NO MILÊNIO

“E irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó,
para que nos ensine os seus caminhos, de sorte que andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e
de Jerusalém a palavra do Senhor.” (Mq 4.2).
O próprio Cristo ensinará, mas não será o único mestre no Milênio. Ele nomeará mestres, e eles
terão suas classes:
“E vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com
inteligência.” (Jr 3.15).
Haverá um programa ativo de ensino para as crianças:
“E todos os teus filhos serão ensinados do Senhor; e a paz de teus filhos será abundante.” (Is
54.13).
J. O PROGRAMA DE SAÚDE NO MILÊNIO

Cristo restaurará a saúde aos que entrarem no Milênio:


“Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se desimpedirão. Então o coxo
saltará como o cervo, e a língua do mudo cantará de alegria; porque águas arrebentarão no deserto e
ribeiros no ermo.” (Is 35.5,6).
Haverá longevidade para os habitantes da terra:
“Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias;
porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado” (Is 65.20).
Com a longevidade e a capacidade de reproduzir, a população da terra durante o Milênio será
restaurada:
“Eu lhes assobiarei, e os ajuntarei, porque os tenho remido; e multiplicar-se-ão como dantes se
multiplicavam.” (Zc 10.8).
“Assim como não se pode contar o exército dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim
multiplicarei a descendência de Davi, meu servo, e os levitas, que ministram diante de mim.” (Jr 33.22).

K. OS HABITANTES DO MILÊNIO

Temos quatro classes de participantes da era do Milênio (Hb 12.23):


1ª) A IGREJA DOS PRIMOGÊNITOS (Hb 12.22,23). Aquela constituída por aqueles que
receberam Jesus Cristo como Salvador pessoal, os crentes comprados pelo seu sangue. Os santos
Ressurretos antes da Grande Tribulação e os mártires ressurretos no fim da Grande Tribulação.
“Ou não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo?” (1 Co 6.2).
“Se perseveramos, com ele também reinaremos” (2 Tm 2.12).
“E nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele seja glória e domínio pelos séculos dos
séculos. Amém” (Ap 1.6).
“Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as
nações, e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro,
assim como eu recebi autoridade de meu Pai” (Ap 2.26,27).
“E para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” (Ap 5.10).
Aos discípulos lhes foi dito que:
“Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na REGENERAÇÃO, quando o Filho do
homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as
doze tribos de Israel” (Mt 19.28).

191
2ª) AS INCONTÁVEIS HOSTES DE ANJOS. Que são os seres angelicais que foram criados
por Deus para adorá-lo. Os anjos descerão à Terra com Jesus (Jd 14) e com certeza, pelo menos
parcialmente, ficarão aqui.
3ª) OS GENTIOS. As nações gentias que sobrarem dos juízos de Deus aplicados na Grande
Tribulação, os que sobrarem da Guerra do Armagedom, entrarão no Milênio. Serão julgados pelo nosso
GO’EL durante todo esse período e os que optarem pelo Messias adentrarão à Nova Terra, o Celeiro do
Pai.
4ª) A NAÇÃO DE ISRAEL. Que será o centro do governo milenar.

L. A MORADA DOS GLORIFICADOS:

Durante a Grande Tribulação a Igreja estará no Céu, nas Bodas do Cordeiro. Durante o Milênio
Ela descerá à Terra com Cristo (Zc 14.5; Jd 14; Ap 1.7).
Os santos ressurretos e os seres mortais poderiam morar juntos?
Cristo, no seu corpo Glorificado, habitou na terra durante os 40 dias entre a sua Ressurreição e a
sua Assunção. Comeu com os discípulos (Lc 24.30; Jo 21.12-15) e conversou com muitas pessoas.
É pouco provável que os santos glorificados morem em casas, pelo menos em situações de família.
Mas Deus poderia providenciar o tipo de moradia que seria cabível às suas necessidades.
Segundo a cronologia do Apocalipse a Nova Jerusalém só descerá após o Milênio. No capítulo 21,
os primeiros nove versículos se referem claramente à Eternidade, após o Milênio, e não existe lógica para
entender os versículos seguintes de uma maneira diferente.
Fica então o mistério:
Mesmo que a Nova Jerusalém ainda não tenha descido no início do Milênio, mesmo que ainda não
seja vista pelos que estão na Terra, os santos glorificados poderão ter acesso a ela, porque terão facilidade
de locomoção. Todavia, a Bíblia relata os santos glorificados em ação na Terra, como também o próprio
Cristo no seu trono na Jerusalém terrestre. Só após o Milênio a Nova Jerusalém desce, só após o Milênio é
que veremos o Cordeiro no seu Trono na Jerusalém Celestial.
“Aquele que vencer herdará estas coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho” (Ap 21.7).
“Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão” (Ap 22.3).

O SUMÁRIO DO MILÊNIO

1. COM RELAÇÃO A CRISTO. Cristo estará presente na Terra em pessoas e se assentará


sobre o trono de seu pai Davi. Reinará sobre toda a terra (Jr 25.5,6; Zc 14.9,16,17; Sl 72.6-11).
O Seu Reino terá: Paz universal (Is 2.2-4; Sl 72.7), e Justiça universal (Is 11.4,5; Jr 23.5,6).
Reinará com um cetro de ferro (Sl 2.8,9; Ap 2.27; 19.15).
2. COM RELAÇÃO À IGREJA. A Igreja reinará com Cristo sobre o mundo gentio (1 Co 6.2;
Lc 19.16-19; Ap 20.4-6; 5.9,10; 2 Tm 2.12).
3. COM RELAÇÃO A ISRAEL. Israel deverá ser reunido (Ez 37.1-4; Is 11.10-13; Jr 16.14,15;
23.5-8; 30.6-11). Israel vai arrepender-se e ser convertido (Zc 12.10-13; Is 66.8; Jr 31.31-37;
Ez 36.24-29; 37.1-14; Rm 11.25,26). Receberá o Messias (Rm 11.15). Efraim e Judá vão ser
reunidos (Ez 37.16-22; Os 1.11; Jr 3.18; Is 11.13). Será construído o Templo Milenar e
restabelecido o culto (memorial). A Terra de Israel será dividida entre as tribos (Ez 47,48), e
Israel ficará de posse dessa terra para sempre (Ez 34.28; 37.25). Israel irá evangelizar os
gentios (Is 66.19; Zc 8.13,20-23).
4. COM RELAÇÃO ÀS NAÇÕES. As que restarem da Guerra do Armagedom (Zc 14.16; Ez
36.36) e dos juízos do Dia do Senhor na Grande Tribulação entrarão no Milênio e serão
julgadas pelo Senhor durante todo esse período. Muitas pessoas nascerão durante o Milênio
192
(Zc 8.4-6; Jr 30.20; Is 65.20; Mq 4.1-5), e terão que ser evangelizadas pelos judeus (At
15.16,17; Is 69.19; Zc 8.13,20-23).
5. COM RELAÇÃO A SATANÁS. Logo no início do Milênio Satanás será amarrado e lançado
no abismo (dentro do Sheol) por mil anos (Ap 20.1-3: Is 14.15). Será solto no final do Milênio
para a última revolta contra o Cordeiro e finalmente será lançado no Lago de Fogo para sempre
(Ap 20.7-10).
6. COM RELAÇÃO À NATUREZA. Este é o tempo que Jesus chama de
“REGENERAÇÃO” (Mt 19.28). É o renascimento da criação. É a Redenção do planeta Terra
(Rm 8.19-22). Grandes mudanças topográficas ocorrerão (Zc 14.5,8,10; Is 35; 55.13). A
natureza dos animais ferozes será transformada (Is 11.5-9; 65.25; Ez 34.25; Is 35.9). A chuva e
a fertilidade do solo serão restauradas (Jl 2.22-27; Is 35.2,6,7; Ez 34.26,27); colheitas
fracassadas ocorrerão somente para aqueles que deixarem de ir adorar em Jerusalém (Zc 14.17-
19). A vida humana será prolongada, mas haverá morte durante este período (Is 65.20). Haverá
poucas doenças com a diminuição do pecado. As folhas das árvores que nascerão por causa do
rio que sai do limiar do Templo Milenar servirão para a cura das nações.
7. A TERRA SE ENCHERÁ DO CONHECIMENTO DO SENHOR (Is 11.9; Hc 2.14).
8. NO FIM DO MILÊNIO. Jesus entregará o seu Reino ao Pai (1 Co 15.28).
9. CONCLUSÃO. O Milênio será encerrado com a rebelião de Satanás e o triunfo de Deus sobre
ele; acolhida das ovelhas ao Reino do Pai (A Nova Terra). Logo após o Milênio, a ressurreição
dos mortos ímpios e o Grande Julgamento do Trono Branco e a posterior passagem ao Estado
Eterno do Reino; o lançamento de Satanás e dos ímpios no Lago de Fogo (GEENA).

193
16
A TERRA DE ISRAEL

A terra de Israel, ou Terra da Promessa, tem muito a ver com as profecias. Quando Jesus se referia à
Figueira se dirigia a Israel como Nação e como terra. Estes são os dois sentidos da ilustração.
A nação de Israel é tipificada por um patriarca: Jacó. Ele é o maior tipo de Israel como nação.
Vejamos alguns detalhes:
1. Jacó nasceu após Esaú (Gn 25.26). Isaque nasceu após Ismael e é a semente dos judeus, como Ismael
é o Pai dos árabes (Gn 16.10-16). Esaú era perito como Ismael (Gn 21.20) e Jacó era urbano (Gn
25.27). A nação de Israel sempre foi de espírito urbano em relação à terra. Os árabes sempre foram de
espírito aventureiro e guerreiro.
2. Jacó era enganador. A nação de Israel sempre foi avarenta e suplantadora. Jacó foi o segundo filho de
Isaque e recebeu o direito à primogenitura, que equivalia à herança dobrada, continuação da
posteridade e poderes à promessa relacionada a Abraão e ao controle de Esaú (Gn 25.28-34), porque
amou o ministério. Esaú sempre foi leviano em relação às coisas espirituais, como os árabes são (Gn
28.9), mas chegou o tempo em que quis reivindicar o direito perdido por sua leviandade, como os
árabes o querem fazer hoje, pelo islamismo (Gn 27.6-29). Este mesmo espírito suplantador ainda opera
nos judeus até o dia em que eles terão uma audiência especial com Deus. Nenhuma nação jamais será
como os judeus. A História está repleta de táticas, jamais pensadas e imaginadas, dos judeus. É
impressionante o que os judeus foram capazes de realizar em matéria de diplomacia, guerras e invasões
(Gn 27.26). Deles os árabes serão servos até a sua libertação (Gn 27.40). Esta parece ser uma verdade
absurda, mas é a pura profecia.
3. Jacó foi perseguido por Esaú e este o oprimiu quando voltava à terra. Todos sabemos que os árabes
sempre perseguiram os judeus. Até o dia em que os árabes encherem o cálice de Deus, os árabes não
deixarão de perseguir Israel. Esta perseguição, no entanto, é para o bem. Quando Esaú perseguiu Jacó,
ele se foi para longe de sua terra para se multiplicar e enriquecer. Isto aconteceu com Jacó. E tem
acontecido com Israel. Mas trouxe solidão para Jacó. E esses momentos foram também os mais
terríveis na vida da nação. Pois como sorrir longe da Terra da Promessa? (Gn 28.10-22). Todavia...
a) Deus se revelou para eles (Gn 28.12);
b) Deus se comprometeu com eles e lhes fez promessas (Gn 28.13-15);
c) Jacó reconheceu Deus como o Deus de seus pais. Mas não reconheceu o Senhor como seu
Deus, até experimentar uma luta com Deus, quando aquele homem carnal ficou prostrado no Vau
do Jaboque e um novo homem ressurgiu: Israel. Então o Senhor passou a ser o seu Deus: o Deus
de Jacó.
4. O crescimento de Jacó sempre foi fora da terra (Gn 29.20-32). É muito grande o esforço que fazem os
judeus para conquistarem toda a terra. Embora a Bíblia sempre nos revele que eles não conseguirão a
terra por seu próprio esforço, muitos deles tudo farão para que isso ocorra É incrível como a Bíblia
nos dá detalhes a respeito desse tempo:

a. Lv 25.28-30. Há três meios de resgate de uma propriedade em terras:


• Parente Remidor;
• Esforço próprio;
• Ano do Jubileu.
O primeiro é um homem que vem de longe, o seguinte é o próprio herdeiro que age e se esforça, e o
terceiro é um determinado tempo. Lendo 25.25-30, vemos uma profecia que se tem cumprido ao longo
dos anos em relação a Israel. Israel matou o Parente Remidor, por isso foi expulso da terra (Ez 36.1,2) por
Tito; os árabes e os gentios tomaram posse da terra. Depois de muito tempo os judeus estão voltando, mas
194
não estão voltando para Iaweh. Estão lutando sozinhos e esta foi uma característica de Jacó (Gn 28.21;
31.5,42; 32.9). Durante todos estes anos, esta nação tem-se limitado a um testemunho irreal. “O Deus de
meus pais” - Ela ainda não teve certamente uma experiência como Jacó, mas terá (Gn 32.22-31), E ai não
dirá mais “O Deus de meus pais”, mas, sim, “o Deus de Israel” (Gn 33.20). Antes, porém, passará pelo
Vale da Grande Tribulação (Jr 30.7).
b. Jacó trabalhou em vão (Gn 29.18-27). As duas mulheres que Jacó possuiu é outro grande mistério
escatológico. Léia é o tipo das terras de adoção dos judeus que estão espalhadas por entre as nações
estrangeiras. Jacó amava Raquel e não Léia. Não trabalhou por Léia, mas por Raquel, a quem
verdadeiramente amava. Léia é o resultado do seu esforço próprio durante sete anos de trabalho em vão.
Voltando nossas atenções para Lv 25.28, vemos que é grande o tempo que Israel tem gastado trabalhando
em vão para conquistar a Terra da Promessa, mas de certo modo tem sido em vão, pois ainda não a
conquistou plenamente. Raquel é o tipo da Terra da Promessa. Até 1948, Israel lutou só. Mas uma grande
surpresa o esperava. Quando Jacó trabalhou para conseguir o pagamento pelo seu trabalho, que era
Raquel, o resultado pôde ser dividido em duas partes:
1) O tempo de trabalho vão e incerto, os dias dos frutos de Léia; mas os frutos de Raquel ainda estão por
vir. Léia, mulher fértil, deu muitos filhos a Jacó, embora ele amasse Raquel. As terras de adoção dos
judeus os têm deixado ricos. Têm dado frutos. Mas Jacó ama Raquel.
2) O tempo do trabalho certo e consciente. (Gn 29.27-31). O dia da terra conquistada; o preço para esta
conquista. Mas Raquel era estéril. Quando Israel tomou posse da terra, em 1948, a terra era
completamente estéril. Quando Jacó conquistou Raquel encontrou beleza, mas ela não podia dar-lhe filhos.
Então Raquel usou as suas servas. As servas passaram a dar à luz por Raquel. Mas isso não era tudo. Hoje
a terra tem dado frutos através de muito esforço, e os frutos do deserto são apenas beleza; gasta-se mais
para produzir do que se tem retorno. Os meios artificiais são as servas dando frutos. É a Figueira dando
tenros ramos. A Figueira não dá somente ramos, ela dá frutos. Este é o outro mistério. Jesus falou de
ramos. O dia em que Raquel der frutos, então será uma bênção! Muito se tem ouvido falar das mudanças
na terra de Israel em relação à produção agrícola, mas é apenas o fruto das servas e não da própria Raquel.
Deuteronômio 11.l0-l2 nos diz que é a própria terra que dá o seu fruto. Mas chegará o tempo de Raquel. E
ai muita coisa vai mudar. As nações vão invejá-la, mas ninguém poderá impedi-la de dar frutos (Ez 36.8)
c. Os dois tempos da Figueira:
1) O Tempo dos Ramos Tenros (Mt 24.32). O tempo das nações conquistando a terra e vendo brotar os
ramos. Jesus não falou dos frutos, mas de ramos, de beleza, de prazer.
2) O Tempo da Fertilidade, dos Frutos (Gn 30.22; Ez 36.8). Em Ezequiel, lemos dos dois tempos
juntos, um após outro. Nesse tempo Israel verá cumprida a promessa que Deus fez a Abraão e Isaque,
mas para esse tempo chegar é preciso acontecerem algumas coisas.
A opressão de Labão (Gn 29.21-27; 31.5). Labão é tipo das nações. O sofrimento de Israel fora da
terra foi grande durante 1914 anos aproximadamente. As duas grandes guerras fizeram os judeus saberem
que precisavam voltar para a sua terra. Isso foi real, principalmente quando Hitler se levantou contra eles.
O Sinal de Fertilidade (Gn 30.22). Muitos judeus ainda estarão fora da sua terra quando ouvirem
falar do “primeiro filho de Raquel”. A Bíblia diz que quando Raquel deu à luz seu primogênito, então Jacó
iniciou a sua jornada para a terra (Gn 30.25,26). Somente depois que Jacó voltou a Betel é que Benjamim
nasceu (Gn 35.1-19), mas Raquel morreu. Este fato tipifica a estabilidade da Promessa e o fim da
perseguição. A passagem da terra ao Reino de Deus. A fertilidade da terra viverá sem precedentes no
milênio, mas muita coisa irá acontecer.
A volta se dará após o enriquecimento de Israel. Quando Israel saiu do Egito, despojou-o
completamente (Ex 3.21,22; 12.35,36). A economia do mundo está nas mãos dos judeus, que estão nos
países de adoção; por isso Israel tem inflação bem grande. Quando os judeus voltarem à terra, despojarão
as nações (Gn 30.27-43).

195
Antes que Israel volte à terra, a oposição árabe deve findar (Ez 35.36; Gn 32 1-11). As nações
ainda se voltarão contra Israel, mas Deus vai resolver este problema de alguma forma, pois as profecias
dizem que até a vinda da Rússia, Israel estará habitando sem muros, mas em paz (Ez 38.13) A forma como
isso se dará deve ser por acordos, presentes etc. (Gn 32.3,11).
Até que a Figueira dê o seu fruto, os judeus em sua terra experimentarão:
A vinda do rei do norte (Ez 38, J1 2.20). Essa invasão será finalizada pela derrota desse reino, e
assim o Anticristo terá oportunidade de se revelar como tal vencedor e o “Messias” que Israel esperava...
Israel fará uma aliança com ele. Mas no meio dessa aliança, haverá uma grande decepção. O Anticristo a
romperá e então virá a abominação sobre Jerusalém (Mt 24.15). Isso acontecerá para que Israel reconheça
o verdadeiro Messias, a quem matou. O período de frutificação da Figueira somente virá no milênio (Ex
36.815). O período mais glorioso de toda a história de Israel.
A Batalha do Armagedom, quando as nações gentílicas vierem contra Israel (Ap 11.2,8; Mt 24.15-
28). Nesse tempo, Israel reconhecerá Jesus como Senhor (Zc 12.10), após oração de arrependimento por
tê-lo morto (Jr 3.21-25). Esse período de grande Tribulação terá algumas finalidades:
1º) O julgamento do gado gordo e do gado magro de Israel (Jr 34.22; Dt 30.1-10; Lv 25.28; Dt
28.63-68; M1 3.2-4).
2º) Eliminar a ideia de que Israel, “Jacó”, pode tudo sem Jesus, por esforço próprio (Jr 34.22; Lv
25.28-30).
3º) Tirar Israel do tempo de esterilidade de Raquel, dos frutos das servas (esforço próprio), tempo
esse que equivale ao retorno do povo à terra, mas ainda sem retorno a Iaweh; do renascimento
do amor patriótico, mas sem renascer o amor a Deus, do restabelecimento da língua, sem o
louvor a Deus. Tempo do esforço próprio. Por isso Deus enviará a oposição árabe; foi a
oposição de Esaú que levou Jacó a se humilhar perante o Senhor (Gn 32.9-13). A oposição
será benéfica para os judeus. Ela é vista de forma clara em Ez 26.2. A mesquita de Omar é uma
das grandes provas dessa oposição. Mas, por algum momento, Israel se humilhará ao Senhor
(S1 78) e então os árabes verão que “as moradas eternas” não são de propriedade sua.
Os judeus, porém, precisam de atuação divina nesse negócio.
Antes que Israel volte à terra, precisa mudar seu caráter. Precisa reconhecer o próprio Deus de
seus pais como seu Deus. Mas, para isso, somente uma experiência profunda com Deus poderia marcá-lo.
Na ocasião da visão em que Jacó recebeu as promessas de Deus, ele também fez uma aliança com Deus,
mas toda a aliança estava condicionada ao “se tu me abençoares”, “se tu fores comigo” (Gn 28.20.21),
então “o Senhor será o meu Deus” (Gn 31,5,42). Três vezes podemos notar isso nos textos que relatam a
história de Jacó.
Então, depois que a parte de Deus estava cumprida - ele estava rico, muito rico, tinha família e
muitos servos - Deus veio para cobrá-lo (“...será o meu Deus”). Chegou a hora em que Deus veio lutar
com ele.
Deus enviou Esaú ao seu encontro. Jacó se humilhou e temeu. Fez de tudo, mas viu que o
livramento das garras de seu irmão somente Deus poderia dar. Ele precisava dessa experiência marcante.
Chegou o dia da batalha (Gn 32.23,24). Deus deixou Jacó sozinho. Todos passaram o rio, mas ele ficou
só, numa noite escura. Não podia tomar posse da terra nem enfrentar Esaú com aquele caráter egoísta e
com suas manobras suplantadoras. Quando pensou que tudo estivesse ganho, chegou Esaú. Ele queria dar-
lhe alguma coisa, mas Deus, primeiro, queria tratar com ele.
“Tu não podes entrar na terra enquanto fores um velho homem, enquanto não carregares no teu
corpo as marcas de nosso Senhor Jesus” (G1 6.17).
A experiência chegou no Gabinete de Deus numa noite fria e solitária no Vale de Jaboque! Ele
prevaleceu, mas saiu manquejando... Deus muitas vezes cumpre os nossos desejos, mas definha nossas
almas (Sl 106.15).
“E ele lhes deu o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma.”
196
Jacó saiu manquejando. E a experiência foi tão profunda que o seu nome foi trocado para Israel (Ap
2.17).
“O que foi isso, meu senhor Jacó?” Foi o preço da experiência. O preço da vitória do novo homem e
da morte do velho homem. Um dia alguém vai escrever: “A propósito, não me chame mais Jacó, meu
nome é Israel”.
Acontecera uma mudança com Jacó. Assim também a Bíblia nos diz que na Grande Tribulação
haverá uma mudança na nação de Israel. Malaquias 3.2-5 nos diz que o Senhor virá primeiro para purificar
os filhos de Levi; as tribos de Israel o lamentarão (Zc 12.10-13). Quando as nações cercarem Israel (Zc
14.2), Israel estará só. Haverá somente uma alternativa: fazer como Jacó fez. Humilhar-se .
Na Grande Tribulação, além da nação, um grupo especial já terá tido uma experiência com Deus
quando Ele voltar - o Remanescente. Um grupo fiel de judeus de todas as tribos. Este grupo não crerá no
Anticristo, prevalecerá na Grande Tribulação.
Então a nação reconhecerá Jesus como seu Deus. A Bíblia diz que após Jacó ter uma experiência
com Deus, seu nome foi mudado; depois disso, ele ergueu um altar e chamou Iaweh de “o Deus de Jacó”.
Porque Deus não é Deus de homem carnal; Deus é Deus de homens espirituais. Ele já não era mais o Deus
de seus pais. Jacó não viverá a experiência do passado e nem a de outros. Ele tinha a sua própria
experiência! Antes que Gogue e Magogue venham aos montes de Israel, Deus levantará um grupo de
liderança espiritual que será parte do Remanescente de Israel. Deus fará com os líderes de Israel o que
promete em Ez 34.1-12. Ele tratará com os líderes que apascentam a si mesmos; Ele mesmo vai procurar
as ovelhas de Israel. Como o Pastor busca o seu rebanho e as traz de volta, assim o Senhor fará. Trará de
volta de todos os lugares por onde andam espalhadas... Mas ao mesmo tempo em que fará isso julgará as
ovelhas gordas (Ez 34.16,17). 0 que isto significa? Significa separação, purificação. O joio será queimado.
As virgens loucas recusadas . Os peixes maus da rede lançados fora! Haverá um Israel Santo e purificado!
Mas, devemos acentuar, tudo isso começará com o remanescente e as duas testemunhas.

Textos Para Meditação da História de Israel

1. Ez 34-1-10: Deus tratando com os líderes de Israel.


2. Ez 34.11-13: O início do retorno à terra. O dia de nuvens e de escuridão” (Ez 34.12) é o inicio do
desabrochar dos ramos. Os judeus não tinham intenção nenhuma de voltar à terra até 1914, pois havia
um império conhecido com o Otomano (que ia da Turquia ao Egito) que dominava a sua terra. Com a
Primeira Guerra Mundial, Israel ganhou um pedaço de terra para viver, mas que não era um Estado,
uma nação. Muitos judeus viviam felizes nos seus países de adoção. Muitos eram poderosos e
riquíssimos. O movimento sionista não pôde trazê-los de volta. A terra não lhes causava interesse;
opuseram-se à volta. Veio a 2ª Guerra Mundial e Hitler lhes infligiu terrível morte. Constataram que
não estavam seguros fora de sua terra. Assim, veio o Holocausto. Os judeus sentiram que precisavam
de um Estado, uma nação. Começou, então, cumprimento do texto sagrado, e em 1948, tudo levou a
Figueira a dar os primeiros ramos tenros. Mas ainda falta o Espírito nesse corpo, nessa nação. O tempo
dos ramos (Mt 24.32) começou e o principal motivo foi a maldade de Hitler; passamos assim a
entender o “dia da nuvem e da escuridão”.
3. Ez 34.14-22: O Tempo de Escuridão da 70ª Semana de Daniel (Dt 28.63-68; 30.1-10) nos fornece
mais detalhes a respeito destes dias (Am 9.9-15; 15.14-17; Is 11.11,12, Jr 23.3-8).
4. Ez 34.21 -31: O Tempo do Fruto da Figueira (Ez 36.8). É o tempo do Milênio. Quando Jesus disse
que a Figueira daria ramos, nada falou sobre os frutos porque os dias dos frutos ainda estariam por vir.
A Figueira terá um tempo de ramos, o tempo atual, e o tempo de frutos (Ez 36.8), que se cumprirá nos
dias do Milênio.
197
5. Ez 36.1-7: Como o problema da oposição em relação à terra e os árabes será resolvido.
6. Ez 35-1-15: O porquê do castigo de Ez 36.1-6.
7. Ez 36.8-15: O Tempo de Frutos da Figueira. Entre os versos 7 e 8 haverá outros cumprimentos
proféticos. Lembremo-nos de que a Figueira dará ramos, depois frutos. A referência principal do
profeta é a terra e a nação em geral.
8. Ez 37.1-6: A Promessa de Restauração da nação de Israel (Is 11.11,12; Jr 23.3-8; Ez 37.21-25).
9. Ez 37.7-10: Como será feita a Restauração; os períodos da Restauração.
10. Ez 37.11-14: O fim da Restauração (Is 11.12; Lv 25.25-28; Is 62.10; 60.1-22; Os 2.14-16; Rm
11.26,27).
11. Ez 38.1-23: A vinda da nação do norte e seus confederados (Zc 12.1-4; 14.1-9; Mt 24.14-30; Ap
14.14-20).
12. Ez 37.15-28: O período glorioso da União Nacional, o Milênio e a Glória desse período sobre as
nações.

O Brotar da Figueira
24 de maio de 1948; 7 de junho de 1967

Os resultados do brotar da Figueira: parte da terra terá sua produtividade restabelecida, os povos
voltarão a sua atenção para Israel, mas até que todo o Israel volte o seu coração para Deus, este o
conduzirá ao acontecimento da verdade de Lv 25.25-28. Não pode conquistar a terra e ficar eternamente
nela em paz por esforço próprio sem se converter ao seu Deus. A posse total e a frutificação da terra
requer um tempo de liberdade, de um Ano de Jubileu; a posse requer um poder sobrenatural, um ato
divino e um Remidor Vingador para expulsar os posseiros da terra (Ez 36.8), e isso Israel por si mesmo
não fará. A posse requer um ato miraculoso como aconteceu no Egito, requer uma concentração maior ao
seu redor, requer um conhecimento da incapacidade pessoal e nacional e uma verdadeira conscientização
de dependência divina, pois a profecia requer que voltem à terra.

A Morte de Raquel

A morte de Raquel somente se dará após a chegada à terra; ela dará o seu fruto na terra. Isto
significa a estabilidade e o fim da peregrinação e da perseguição de Israel, mas isso somente virá quando
Israel reconhecer a Jesus como Senhor. Até lá:
1. Virão Gogue e Magogue (Ez 38.11-13).
2. Haverá uma falsa paz, conseqüência de uma aliança que Israel fará com o Anticristo. Essa falsa paz
durará três anos e meio (Dt 9.25-27).
3. Depois, haverá mais três anos e meio de Grande Tribulação para Jacó (Jr 30.7; Ap 11.2; S1 2.3; Zc
14.2). Esse tempo culminará com a Batalha do Armagedom.
4. No fim desses sete anos, o Senhor derramará sobre os habitantes de Jerusalém o Espírito de Graça e de
Súplicas (Gn 32.7- 11; Zc 12.10), e olharão para Ele, a quem traspassaram; e o prantearão como quem
pranteia por um Unigênito... Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os
habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza (Zc 13.1).

O Brotar dos Ramos e o Brotar dos Frutos


Mt 24.32 e Ez 36.8 - a diferença entre os dois textos.

198
Há diferença entre o brotar dos frutos e o dos ramos. Em Mateus, Jesus fala do Brotar dos Ramos,
mas Ezequiel fala do Brotar dos Frutos. Primeiro, os ramos, depois a produção dos frutos. Jesus disse:
“Aprendei, pois, a parábola da figueira: Quando os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis
que está próximo o verão” (Mt 24.32).
Ezequiel 36.8 nos diz: “Mas vós, ó montes de Israel, vós produzireis os vossos ramos, e dareis o
vosso fruto para o meu povo de Israel; porque estão prestes a vir” (os judeus que ainda estão fora).

O Brotar dos Ramos

1. Retorno parcial com oposição (desde 1914 até hoje) (Ez 36.1-7).
2. Pântanos drenados, arborização, estradas abertas - fruto das concubinas de Jacó.
3. Árabes induzidos a se oporem contra Israel. Os judeus se estabeleceram em regiões
pedregosas, pois os árabes tinham as melhores partes, até 1967. Mas a mesquita de Omar ainda é um
espinho na garganta de todo judeu.
Esaú indo ao encontro de Jacó (Ez 36.1,2).
Os árabes serão punidos (Ez 36.1-6). A causa desse castigo está narrado em Ez 35.1-15. Os árabes
têm a ver com Esaú e Ismael (Gn 28.9; Dt 4.6). São descendentes de Ismael.
O Brotar dos Ramos também significa ressurreição do Corpo sem o Espírito (Ez 37.8,12). É o
resultado do amor dos judeus em relação à terra.
Os principais eventos pelo Brotar dos Ramos foram as duas grandes guerras mundiais. Mas o
principal elemento instigador do Brotar dos Ramos foi Hitler. Pela sua terrível perseguição, Israel se
conscientizou de que o único lugar seguro era sua própria terra .

O Brotar dos Frutos

1. Ressurreição de Israel, cheio do Espírito do Senhor (Ez 37.7-10)


2. A terra dando o seu fruto sem auxilio de artifícios, sem “concubinas”. Raquel dará os seus
próprios frutos. Raquel é tipo da terra.
As concubinas de Jacó são o tipo dos artifícios para a produção da agricultura atual. Mas a terra que
Deus deu a Israel não necessitará verdadeiramente de artifícios nem de esforço próprio, mas ela por si
mesma manará. Manancial não é torneira. Manancial não é caixa d'água. Do manancial, quanto mais se tira
mais tem. O que a terra será quando der frutos está descrito em Dt 11.11-12.
Cantares 2.10-13 nos diz: “Pois eis que já passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; aparecem as
flores na terra; já chegou o tempo de cantarem as aves, e voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira
[Israel] começa a dar os seus primeiros figos [1948 e 1967], as vides estão em flor e exalam o seu aroma.
Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem [a amada é a Igreja que será arrebatada]”. Depois do
Arrebatamento da Amada, depois dos primeiros figos, é então que Israel dará frutos em abundância.

199
17
OS MISTÉRIOS DO REINO

O Reino é misterioso. Ele chega à maneira mais simples para confundir os abastados. Os entendidos
e sábios o esperavam com a Lei aberta. Sabiam o lugar onde nasceria o Messias! Poderiam discutir sobre
as profecias claramente! Mas Deus ocultou o Reino e os seus mistérios aos sábios e entendidos. Eles
sabiam tanto a Lei que se confundiram com João Batista (Jo 1.19-21). Eles conheciam o lugar de onde
viria o Messias, mas não sabiam o tempo! De que lhes adiantava saber o lugar sem conhecer o tempo? (Mt
2.4,5). Deus os fez desprezíveis (Mt 2.9) diante de todo o povo! Ocultou-lhes os mistérios do Reino.
O tempo da sua vinda ele o revelou aos gentios do Oriente (Mt 2.1-12). A maternidade onde nasceu
o Rei ele a revelou aos ignorantes pastores do campo. Por quê? Porque ela era tão “luxuosa” que somente
os malcheirosos pastores poderiam entrar lá sem sentir que estavam entrando numa estrebaria!
Imagine-se um fariseu lá dentro... Nem dá para imaginar. Creio que procurariam em vão um lugar
limpo para poder pisar...
Mateus 11.5,8,25;13.11. Os mistérios do Reino dos Céus são dados a conhecer aos pequeninos, aos
pobres, aos humildes. Aquele que tem poder de si mesmo, conhecendo de si mesmo, em lugar de
dependência à Sabedoria divina, não pode conhecer os mistérios deste Reino. A velha geração que havia
saído do Egito não pôde entrar na Terra da Promessa porque menosprezou os seus pequeninos, que eram
seus próprios filhos, mas foi a eles que Deus revelou a terra, e estes a possuíram (Dt 1.13,39).

Quais São os Mistérios do Reino

Primeiro Mistério: Mt 13.1-23 - O reino ganhará espaço, pessoas e reinos pela Arma da
Palavra.
Nenhum reino terreno conseguiu triunfar pelo poder da sua palavra, da sua demagogia e da sua
diplomacia. Mas o Reino de Deus vencerá pelo Poder da Palavra Viva de Deus!
A Palavra é a Verdade (Jo l7. 17).
A Palavra é Poder (l Co 2.1-16).
A Palavra é a Palavra do Reino (Mt 13.19). É o Evangelho Eterno (Ap 14.6). O Evangelho é um
só, todavia tem vários nomes (Lc 8. 11; At 20.24; Rm 1. 1; 1Tm 1. 11; 2 Co 10.14; G1 2.7 etc.).
Esta é a arma espiritual que Deus usa contra o inferno. A tática de guerra que Deus usa é diferente
da que os homens costumam usar.
Deus usa Luz contra trevas; Água contra fogo; Ovelhas contra lobos. Algum homem pode
compreender isso? Por que Deus fez assim?
Porque primeiro ele ganhará espaço com a Palavra Viva; pois ela é a Espada do Espírito. A
armadura de Deus sem ela é nula (Ef 6. 10-19).
A Palavra de Deus é a semente que cai! Que semeia! Se ela cair em boa terra, produzirá frutos. Se
alguém comer indignamente, come para a sua própria condenação (l Co 11.29). A Palavra é Vida, é Poder,
é Juízo!
A semente fala de Novo Nascimento. Ninguém entra no Reino de Deus em carne e sangue; não se
entra no Reino de Deus usando dos hábitos do velho homem nem com a própria vida. Uma das exigências
para se entrar no Reino é o Novo Nascimento. Para nascer de novo deve-se morrer. A semente ilustra esse
processo (Jo 12.24).
Antes se entrava no Reino por esforço próprio; isso veio acontecendo até João Batista (Mt 11.12),
ou, melhor dizendo, até Cristo morrer por nós, pois agora é pelo Novo Nascimento (Jo 3.3,5; Mt
18.3).Este Reino é pregado desde João(Jo 1.35-51).Nesse texto vemos os seus primeiros frutos.

200
Segundo Mistério: Mt 13.24-30, 36-43 - Os filhos do Reino serão identificados finalmente em
glória.

24 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: 36 Então Jesus, deixando as multidões, entrou em


O reino dos céus é semelhante ao homem que casa. E chegaram-se a ele os seus discípulos,
semeou boa semente no seu campo; dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo.

25 mas, enquanto os homens dormiam, veio o 37 E ele, respondendo, disse: O que semeia a boa
inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e semente é o Filho do homem;
retirou-se.

26 Quando, porém, a erva cresceu e começou 38 o campo é o mundo; a boa semente são os filhos
a espigar, então apareceu também o joio. do reino; o joio são os filhos do maligno;

27 Chegaram, pois, os servos do proprietário, 39 o inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é o fim
e disseram-lhe: Senhor, não semeaste no teu do mundo, e os celeiros são os anjos.
campo boa semente? Donde, pois, vem o joio?

28 Respondeu-lhes: Algum inimigo é quem fez 40 Pois assim como o joio é colhido e queimado no
isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, fogo, assim será no fim do mundo.
que vamos arrancá-lo?
41 Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles
29 Ele, porém, disse: Não; para que, ao colher ajuntarão do seu reino todos os que servem de
o joio, não arranqueis com ele também o trigo. tropeço, e os que praticam a iniqüidade,

30 Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, 42 e lança-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá
por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: choro e ranger de dentes.
Ajuntai primeiro o joio, e atai-o em molhos
para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no 43 Então os justos resplandecerão como o sol, no
meu celeiro. reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.

a. O Reino (Milênio) teria um problema: a mistura dos filhos do Maligno no Reino, sem
aparência. Mas no futuro os filhos do Reino serão identificados e passarão à glória, e os filhos do Maligno
enfrentarão o Juízo.
b. A posição atual e a posição futura dos filhos do Reino: Dn 12.3; Mt 13.36- 43.
O ensino e a vida (Mt 5.19) determinam a sua dignidade no Reino. O fato de ensinar, de fazer, em
nada coopera, mas o viver é tudo e o mais importante.
c. Os maus serão julgados. O servo impiedoso é uma ilustração bem clara neste mistério. O
serviço e o perdão são duas coisas importantíssimas no Reino (Mt 18.23-35).
d. O problema da aparência exterior (Lc 17.20) - o Reino não viria com esta aparência. Mas,
devido não conter aparência exterior, o Reino há de enfrentar um problema: o problema da mistura.
Embora a falta de experiência denote a vinda de um reino espiritual , devemos fazer a seguinte pergunta:
por que Deus permite que os filhos do Maligno se alojem entre os filhos do Reino? Para que Deus
201
promova com Justiça a vinda do Reino em sua aparência total, a fim de despojar os filhos do Maligno do
“campo”.
Mateus 13.24-30, 36-43 tanto tem a ver com o tempo presente como com o tempo futuro.
Relacionando este texto com Mt 25.31-46, vemos que ambos os textos têm mais a ver com as nações
durante o Milênio do que com a Igreja, pois hoje pode haver disciplina na Igreja quando alguém está em
pecado. Paulo manda lançar fora aquele que está em falta. Apesar de o excluirmos da comunhão da Igreja,
não podemos tirá-lo do Reino, pois isso só acontecerá se ele morrer ou no Arrebatamento. Não podemos
esquecer, por exemplo, que os judeus são filhos naturais do Reino (Mt 8.11,12) e que na atual
Dispensação os gentios se tornam filhos do Reino através do Novo Nascimento. Durante o Milênio, as
nações gentílicas terão nova oportunidade. Ali, o Senhor, fará a separação entre ovelhas e bodes. Ali, Ele
fará separação entre o joio e o trigo, entre a palha e o trigo (Mt 3.12). A prova disto é que somente no fim
do Milênio é que as nações justas entrarão no Reino Eterno, preparado desde a fundação do mundo; e que
as nações bodes (palhas, joio) só enfrentarão o Juízo definitivo também no fim do Milênio, pois o Fogo
Inextinguível (Mt 3.12), a Fornalha de Fogo (Mt 13.42), o Fogo Eterno, o Castigo Eterno (Mt 25.41,46)
só poderá vir no fim do Milênio (Ap 20.10, 14).
Nessa parábola do joio no meio do trigo nos chama a atenção o seguinte:
1. Praticamente não há referência à Igreja de Jesus. Ela é citada somente à margem.
2. A “boa semente” são os “filhos do reino” (v.38) e não a Igreja de Jesus, que já terá sido
arrebatada.
3. Essa parábola trata da entrada no “reino do Pai”. Esse reino que segue logo após o Milênio.
No final do Milênio, o bem será separado do mal.
A Igreja de Jesus jamais passará por esse julgamento, no qual se decidirá quem poderá entrar e
quem não poderá no reino Eterno do Pai. Pois, para todos que lhe pertencem, isso já foi decidido na cruz
do Gólgota.
4. Nessa parábola, o Senhor trata especialmente da noite do Plano da Salvação, em que o inimigo
(o Diabo) se lançará sobre a terra e semeará o joio no meio do trigo. No Milênio nós teremos trigo e joio.
Há um paralelo com a passagem de Mateus 25, onde o Senhor fala da Sua volta e do julgamento da
Nações:
“E diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as
ovelhas dos cabritos; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda. Então dirá o Rei aos que
estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado
desde a fundação do mundo...
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai- vos de mim, malditos, para o fogo eterno,
preparado para o Diabo e seus anjos” (vv. 32-34,41).

Quando acontecerá isso? A resposta é: No fim do Milênio.


“O inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os anjos.
Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo. (Mt 13.39,40).
Essa passagem não trata de um julgamento no final da Grande Tribulação, pois, o joio é recolhido
para ser lançado no fogo. Evidentemente fogo aqui é fogo eterno e este só virá no fim do Milênio. A Bíblia
não fala de anjos recolhendo ímpios no fim da Grande Tribulação, mas fala de santos sendo arrebatados.
Os “filhos do reino” serão recolhidos pelos anjos para o Reino Eterno no celeiro do Pai – A Nova Terra,
após o Milênio.
Délcio Meiréles nos chama atenção dizendo que existem duas palavras gregas para semente no
Novo Testamento: Sporos (σπόρος) e Sperma (σπέρµα). Sporos é usada para indicar a semente vegetal
e Sperma para indicar a semente humana.
Meiréles continua dizendo:

202
O Campo Pertence ao Senhor:122
O Semeador é o Senhor Jesus, a boa semente são os filhos do reino e o campo pertence a ele. O
Livro (Ap 5.6-9) só poderia ser tomado por alguém que fosse digno e este Alguém é o Senhor Jesus. A
Escritura sempre esteve nas mãos de Deus, porque se algo acontecesse, como de fato aconteceu, Ele
continuaria sendo o Dono da Terra.
Devemos Arrancar o joio?
Os servos perguntaram: “Queres, pois, que vamos arrancá-lo”? Ao que o Senhor respondeu: “Não;
para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele o trigo.” Infelizmente, alguns crentes interpretam estas
palavras como sendo uma referência aos incrédulos que “pertencem” à Igreja. Porém, tal não é possível.
Na Igreja não existe joio! A parábola nos ensina que o trigo e o joio foram semeados no “campo” e o
campo é o “mundo”. Se dissermos que existe joio no “rol de membros” e na reunião dos santos está certo,
mas na Igreja não. A Igreja é o corpo de Cristo e neste só existe trigo.

Na Igreja não existe joio, logo o trigo não pode ser a Igreja, pois, na parábola o joio cresce com o
trigo. Todavia no Milênio haverá nações (bodes e ovelhas; joio e trigo) vivendo na terra e no fim deste
Milênio haverá a separação final: “Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos
ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu
celeiro. Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo. Mandará o
Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que
praticam a iniqüidade, e lança-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os
justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça” (Mt 13.30, 40-43).
Não vemos anjos recolhendo joio no fim da Grande Tribulação e lançando-os no fogo eterno, isto
só acontece fim do Milênio. E o trigo é recolhido ao celeiro do Pai (fato que acontece simultaneamente ao
recolhimento do joio) também no fim do Milênio. A Igreja já terá sido arrebatada antes da Grande
Tribulação.

Terceiro Mistério: Mt 13. 31,32.

“Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que
um homem tomou, e semeou no seu campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois
de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham
nos seus ramos.”
a. O Reino passaria por uma fase de crescimento desproporcional e tomaria caminhos não
planejados.
b. Aqueles que não forem como crianças não poderão entrar no Reino: Mt 19.14; Mc 10.13-16;
Lc 18.15-17.
c. É difícil os ricos entrarem no Reino: Mt 19.23; Mc 10.23; Lc 18.24,25.

Quarto Mistério do Reino: Mt 13.33-35.

A falsa igreja que contaminará a farinha: Mc 8.15; l Co 5.6-8; G1 5.9. Pode ser também: A mulher
sendo o Reino; as três medidas de farinha = os três elementos do Reino (l Co 10.32): os judeus, a Igreja e
os gentios.

122
MEIRÉLES, Délcio. A Boa Semente e o Estabelecimento do Reino de Cristo. Edições Parousia.
203
O fermento no pensamento hebreu e judaico, nem sempre foi considerado um símbolo do mal. A
parábola do fermento ensina que o Reino um dia prevalecerá, a ponto de não existir nenhum dos três
elementos (Judeus, Igreja e Gentios) fora do Reino Eterno. Não existirá nenhum reino soberano que possa
ser seu rival. Toda a massa de farinha ficará fermentada (Ap 21.1-3; 21.4; 22.2).

Quinto Mistério do Reino: Mt 13.44.

Um povo que para ser seu deveria ser adquirido, com o campo (tipo da terra). O quinto mistério
consiste nisso: o Reino tem um Tesouro, mas para tomar posse do Tesouro, é necessário, primeiro,
comprar a terra; é o papel do Parente Remidor.
O Mistério do Reino dá importância à terra, ao campo. Significa que devemos buscar o Reino em
primeiro lugar e as outras coisas serão acrescentadas (Mt 6.33; Lc 12.31).
O Reino será dado à nações justas (Mt 25.32-34,46; 5.5).

Sexto Mistério: Mt 13.45,46 - O Reino tem uma Pérola. A Pérola vai se formando em
mistério.

Fala de preciosidade da Igreja no Reino.


a. Por uma Pérola o Rei pode deixar tudo (Mt 8.11).
b. Os que estão no Reino serão maiores do que João (Mt 11.11; Lc 7.28).
c. Deve-se deixar a parentela por Ele (Lc 9.61,62). Os mortos enterrarão os seus mortos. Não há
tempo para deixar os parentes morrerem e depois vir ao Reino e se filiar a ele.
d. O Reino está dentro de nós, como uma pérola está dentro de uma ostra morta (Lc 17.21).
e. Sacrifício de bens pessoais pelo Reino (Mt 19.11.12; Lc 18.29).
f. Uma parábola pode ser aplicada com vários significados, mas o Reino está sempre em primeiro
lugar.

Sétimo Mistério: Mt 13.48 - A extensão do Reino no Fim.


A Rede é o mistério.
a. Fala do julgamento do Reino. Será implantado com Juízo (Lc 17. 20-37).
b. Há peixes (homens) bons e maus, e no final haverá um julgamento. A Rede é a Terra no
Milênio (Mt 9-14). Habacuque refere-se a uma rede; a rede, ali, é a Terra, que será sacrificada pelo Juízo
por causa dos pecados dos homens. Aqui, é a rede recebendo toda espécie de nações para serem julgadas,
com o fim de separar um grupo de nações justas em relação à sua vontade de glorificar a Deus (Zc 14. 16-
21).
“Esta parábola é semelhante à do trigo e do joio, mas acrescenta um outro elemento. Ambas as
parábolas devem ser interpretadas em termos do contexto do ministério de Jesus, no sentido de que o
Reino já havia sido inaugurado no mundo sem a efetivação desta separação escatológica e deve atuar em
uma sociedade mista. A parábola da rede acrescenta o fato de que, no mundo, até mesmo a comunidade
resultante da geração do Reino não será uma comunidade pura até que aconteça a separação
escatológica”123.

E esta separação escatológica só acontecerá no fim do Milênio.

O Reino Milenar será a última separação das que já houve até aqui e o arrebatamento.
Separação de:
123
LADD, George Eldon. Op. Cit., p.136.
204
• Trigo, da palha (Mt 3.12);
• Os bons, dos maus (Mt 13.48);
• Trigo, do joio (Mt 13.24-3O,36-43);
• As ovelhas, dos bodes (Mt 25.31-46).

Oitavo Mistério: Mt 13.52 - No Reino há coisas novas e velhas.

O Reino tem elementos que creram no Senhor desde os tempos anteriores à Graça e,
especialmente, frutos que foram colhidos na Graça. Ambos os grupos participam dele. O Reino é
abrangente, universal e nele não há acepção de pessoas!

Nono Mistério: Mt 20.1-16 - Os últimos trabalham mais do que os primeiros!

A parábola da vinha fala da Ceifa do Reino. O Pentecostes foi a Festa das Primícias. Mas o Reino
introduzirá o seu último elemento, assim como os outros foram introduzidos. A última festa de que se tem
notícia em relação ao Milênio é a Festa dos Tabernáculos (Zc 14.19).
De que fala a Festa dos Tabernáculos? Fala da última Ceifa. Fala da colheita abundante e final. Para
cada elemento a ser introduzido no Reino haverá uma colheita final:
1. Para Israel (Ez 34.14-22). Ele trará as ovelhas perdidas à terra.
2. Para a Igreja (Jo 4.36,37; Lc 5.1-11). Estamos prestes a vivermos essa grande festa da colheita
final! Vamos precisar de outros barcos! Vamos precisar de ajuda! Basta descobrirmos que não é somente à
noite fria que pescamos! Mas, à Palavra de Cristo, podemos lançar a rede! É tempo quente. Mas é a hora,
é a undécima hora! Vamos viver a Festa dos Tabernáculos! A colheita é grande.
3. Para as nações a colheita final do Milênio (Mt 25.31-46). O dono do Reino dá a quem quer o
galardão segundo a sue vontade, mas os derradeiros trabalharão mais do que os primeiros! Vamos lançar a
rede!

205
18
ESQUENELOGIA
OS TABERNÁCULOS DE DEUS

O PROPÓSITO DO TABERNÁCULO:
“E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Ex 25.8).
O propósito de Deus sempre foi e sempre será, habitar no meio do seu povo:
“Este será o holocausto contínuo por vossas gerações, à porta da tenda da congregação, perante o
SENHOR, onde vos encontrarei para falar contigo ali. E ali virei aos filhos de Israel para que por minha
glória sejam santificados” (Ex 29.42,43);
“E, quando Moisés entrava na tenda da congregação para falar com o SENHOR, então, ouvia a voz
que lhe falava de cima do propiciatório, que está sobre a arca do Testemunho entre os dois querubins;
assim com ele falava” (Nm 7.89);
“E, quando Moisés entrava na tenda da congregação para falar com o SENHOR, então, ouvia a voz
que lhe falava de cima do propiciatório, que está sobre a arca do Testemunho entre os dois querubins;
assim com ele falava” (Hb 8.2);
“Ouvi a grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles
habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3).
É evidente que não existe e jamais existirá um lugar ou santuário que seja a morada completa do
Deus Todo Poderoso, Ele é Onipresente, mas a manifestação da sua presença é destinada somente aos
seus filhos, no inferno Deus também está, todavia os ímpios não podem usufruir as benesses dos filhos.
O primeiro tabernáculo (o de Moisés) foi construído tendo como planta (arquétipo) o celestial:
“Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus
móveis, assim mesmo o fareis” Ex 25.9);
“Atenta, pois, que o faças conforme o seu modelo, que te foi mostrado no monte” (Ex 25.40);
“Os quais servem de exemplar e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado,
estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que, no monte,
se te mostrou” (Hb 8.5).
Quando o tabernáculo de Moisés foi inaugurado a glória do Senhor encheu o santuário:
“Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo, de
maneira que Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre ela, e a
glória do SENHOR enchia o tabernáculo”.
Quando, pois, a nuvem se levantava de sobre o tabernáculo, então, os filhos de Israel caminhavam
em todas as suas jornadas. Se a nuvem, porém, não se levantava, não caminhavam até ao dia em que ela se
levantava; porquanto a nuvem do SENHOR estava de dia sobre o tabernáculo, e o fogo estava de noite
sobre ele, perante os olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas” (Ex 40.34-38). Agora a
Presença do Deus Todo Poderoso estava ali. Deus sempre quer habitar no meio do seu povo.
Mais tarde quando Salomão edificou um templo a IAHWEH, também a glória do Senhor encheu
todo o lugar:
“Tendo os sacerdotes saído do santuário, uma nuvem encheu a Casa do SENHOR, de tal sorte que
os sacerdotes não puderam permanecer ali, para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do
SENHOR enchera a Casa do SENHOR” (1 Rs 8.10);
“Tendo Salomão acabado de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a
glória do SENHOR encheu a casa. Os sacerdotes não podiam entrar na Casa do SENHOR, porque a
glória do SENHOR tinha enchido a Casa do SENHOR” (2 Cr 7.1,2).
O templo foi destruído pelo general Tito no ano 70 da nossa era e até hoje Israel não pode oferecer
holocaustos ao Seu Deus, mas há uma promessa nas Escrituras que terá de se cumprir:

206
“Farei com eles aliança de paz; será aliança perpétua. Estabelecê-los-ei, e os multiplicarei, e
porei o meu santuário no meio deles, para sempre. O meu tabernáculo estará com eles; eu serei o
seu Deus, e eles serão o meu povo. As nações saberão que eu sou o SENHOR que santifico a Israel,
quando o meu santuário estiver para sempre no meio deles” (Ez 37.26-28).
O verbo habitar em grego é SKENOO (σκηνόω) que tradicionalmente traduzimos por tabernacular
ou habitar, tabernáculo é SKENE - σκηνή e vem do mesmo verbo habitar.
Após o segundo advento do Messias, Cristo reedificará o tabernáculo de Davi:
“Depois disto, voltarei e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído; levantá-lo-ei das suas ruínas e
tornarei a edificá-lo. Para que o resto dos homens busque ao Senhor, e também todos os gentios sobre os
quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas que são conhecidas desde toda a
eternidade” (At 15.16,17; Am 9.11-15).
Durante todo o livro de Apocalipse observamos que João vê um tabernáculo celestial e um santuário
no seu interior (Ap 3.12; 7.15; 11.19; 14.15,17; 15.5-8; 16.1,17).
Onde está o tabernáculo Celestial?
“Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós” (Gl 4.26);
“Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares
de anjos” (Hb 12.22);
“Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus” (Hb 11.19).
Quando a Nova Jerusalém descer do céu da parte de Deus ouvir-se-á uma grande voz vinda do trono
dizendo:
“Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus
habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21.3).
A existência das nações na eternidade. Ao defender a posição de que toda essa passagem
descreve a eternidade, Newell escreve amplamente sobre a interpretação das “nações” em Apocalipse
21.24-26. Ele afirma:
No capítulo 21.3, em que lemos que o tabernáculo de Deus finalmente está entre os homens,
também lemos que “eles serão povos de Deus” (grego: λαοί - laoi). É incrível ver homens esclarecidos
traduzindo o plural laoi, quase deliberadamente, como se fosse laos [...] A Versão Revista [em inglês] [...]
traduz verdadeira e claramente “Eles serão povos de Deus”, e assim nos prepara para evitar a suposição
impossível de que 21.9 a 22.5 seja uma passagem que reverte a cenários milenares.
Sabemos com certeza que pelo menos uma nação e uma descendência, ISRAEL, terá o direito de
estar na terra [...] Isaías 66.22 [...] Deus diz que “a descendência e o nome” de Israel permanecerão nos
céus e na terra, isto é, nessa nova ordem que começa em Apocalipse 21.1 [...].

A Nova Jerusalém é o próprio Tabernáculo Celestial e o Cordeiro e o Pai são o Santuário.


Ela flutuará sobre a Jerusalém terrestre e servirá de sombra:
“Criará o SENHOR sobre toda a habitação do monte de Sião e sobre as suas congregações uma
nuvem de dia, e uma fumaça, e um resplendor de fogo chamejante de noite; porque sobre toda a glória
haverá proteção”.
E haverá um tabernáculo para sombra contra o calor do dia, e para refúgio e esconderijo contra a
tempestade e contra a chuva”(Is 4.5,6 ERC).
A posição da cidade em Apocalipse 21.10. Em Apocalipse 21.10 a Nova Jerusalém está suspensa
acima da terra. Com base nisso argumenta-se que não poderia tratar-se de um cenário milenar, pois no
milênio o Senhor retornará à terra e Seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras (Zc 14.4). O Senhor,
afirma-se, reinará da Jerusalém terrena [no Milênio], não da Jerusalém celestial. Como essa cidade não está
na terra, não pode ser milenar, pois obviamente é o centro da habitação do Cordeiro.

207
As características da cidade são eternas, não milenares. Defensores da idéia de que essa passagem
se refere ao estado eterno indicam várias descrições que atribuem a ela caráter eterno. A cidade contém a
“glória de Deus”. Os incrédulos não poderiam suportar essa glória, mas seriam derrubados, como
aconteceu com Paulo (At 9.3). Ela não possui templo (v. 22), e é claramente previsto em Ezequiel 40-48
que haverá um templo na terra milenar. Não há noite ali (v. 25), e haverá dia e noite no milênio (Is 30.26;
60.19,20). O trono de Deus está ali (22.3). Lá não existe maldição (22.3), o que significa que os efeitos da
queda terão sido eliminados. Todos os que estão ali são salvos (21.27) e então devem estar na eternidade,
já que nascerão incrédulos durante o milênio. Não há mais morte (21.4) e, já que indivíduos morrerão
durante o milênio (Is 65.20), ela deve referir-se ao estado eterno.
Israel é a nação eleita de Deus — eleita não para o passado, nem mesmo por todo o milênio, mas
para sempre. Porém, se Israel é a nação eleita, pressupõe-se a existência de outras nações!...
Mas o fato de que essa existência nacional não cessará é demonstrado claramente pelo versículo 20
[de Sofonias 3]: “Naquele tempo, eu vos farei voltar e vos recolherei; certamente, farei de vós um nome e
um louvor entre todos os povos (plural!) da terra”.
Sobre esse argumento da existência eterna de Israel como nação e a continuidade de outras nações,
Kelly escreve:
... Em Isaías 65 um novo céu e uma nova terra foram anunciados: mas de maneira muito diferente!
Ali a linguagem deve ser considerada num sentido muito restrito [...] é dito sobre o Senhor: “Ele reinará
sobre a casa de Jacó para sempre, e o reino não terá fim”. Essa é uma esperança do Antigo Testamento,
apesar de mencionada no Novo Testamento, e significa, logicamente, que Ele reinará sobre a casa de Jacó
enquanto ela existir como tal na terra. Israel sempre será vista como nação, os israelitas serão abençoados,
sem dúvida, de maneira diferente e melhor; haverá reinado de Cristo sobre eles como um povo terreno no
milênio; todavia, Cristo continuará reinando sobre eles por toda a eternidade.
Maior apoio à posição de Newell seria encontrado em Mateus 25.34, em que gentios salvos
herdarão um reino preparado para eles desde a fundação do mundo [a Nova Terra]. Já que eles herdam a
vida (Mt 25.46), deve ser a vida eterna [Os Gentios comerão das folhas da árvore da vida – Ap 22.2, isto
após o Milênio]. Isso indicaria que os indivíduos serão salvos, terão vida eterna e ainda serão distintos de
Israel [e também distintos da Igreja].
Tais são os principais argumentos usados por aqueles que procuram apoiar a opinião de que essa
passagem representa eras eternas, e não a era milenar. Observamos que homens de respeito apresentaram
fortes argumentos que, por sua vez, foram contestados por homens igualmente respeitáveis de diferente
opinião. A luz desses argumentos e contraposições, existe solução para o problema? O exame de algumas
das afirmações relativas à nova Jerusalém nos ajudará a chegar a uma conclusão.

A nova terra é o cenário da meta final da redenção. Em Ap 5 vimos o Cordeiro, o Leão da tribo de
Judá, rasgando os selos da Escritura da redenção da terra, agora (Ap 21) vemos a concretização da
mesma, a Nova Jerusalém descendo: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele
viverá. Eles serão os seus povos (no grego está no plural - λαοί - laoí); o próprio Deus estará com eles e
será o seu Deus” (Ap 21.3).
“Paulo estabelece uma regra para identificar o povo de Deus: não é a circuncisão ou incircuncisão
que importa, mas uma nova criação (Gl 6.15). A circuncisão agora não significa absolutamente nada em
termos da identidade do povo de Deus. A não circuncisão também não significa mais nada em relação a
essa identidade. A única coisa que pode provar que uma pessoa faz parte do povo de Deus é a experiência
de uma nova criação por meio de sua graça”.124

124
ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.47.
208
O propósito eterno de Deus se cumprirá, Ele colocará o seu tabernáculo no meio dos homens, isto é,
Ele habitará no meio deles.
O Reverendo Aldery Nelson da Rocha visualiza um Tabernáculo gigante, onde a Nova Jerusalém é o
Santo dos Santos, a Jerusalém terrestre é o Lugar Santo e a Terra é o Pátio.
“... existe outra Jerusalém, uma Jerusalém que é de cima, da qual o Filho de Deus entronado envia o
seu Espírito. Sem essa Jerusalém, nenhum de nós teria uma mãe para nos levar ao Reino da obra redentora
de Deus, pois ela é a ‘mãe de todos nós’ (Gl 4.26; ARC). Somente os que nasceram do alto, pelo Espírito,
podem afirmar ter um lugar no Reino de Deus”.125
O Dr. Daniel Juster afirma: “Os rituais do Templo fornecem-nos um quadro da redenção humana, da
natureza e do universo. Israel é a terra santa no meio da Terra. Jerusalém é a cidade santa em Israel. O
Monte Sião é o lugar santo de Sião. O Santo dos Santos é o lugar mais santo do Templo. Isto é uma
sombra do dia em que toda a terra será uma terra santa, e cada indivíduo será um Templo do Espírito
Santo”.126
Deus sempre quis habitar com os homens, antes que o seu propósito final se realize Ele pode hoje
habitar no seu espírito humano, no seu coração, basta tão somente recebê-lo como Salvador pessoal em
sua vida.
“Já a criação no princípio foi entendida como ‘templo de Deus’, como o dizem os salmos da
natureza. Céu e terra são o seu lar, em que Deus quer morar e encontrar descanso. Depois da origem e da
base, fica expresso com isso também o alvo da criação: é o eterno sábado de Deus. Este é descrito nos
livros apocalípticos como aquela nova criação em cujo centro se encontra a ‘Jerusalém Celestial’ como o
templo cósmico capaz de acolher a glória de Deus de forma desvelada, de modo que o Criador pode morar
em sua criação e encontrar descanso nela e todas as criaturas encontram sua felicidade em sua imensa
plenitude”.127
A Redenção de Adonai colocará todos os elementos do Reino [Israel, Igreja e gentios] no Reino
Eterno.
A Igreja habitará e reinará lá da Nova Jerusalém, sobre os judeus e gentios.
Israel terá a primazia sobre os Gentios, serão súditos de Cristo e da Igreja, porém terão autoridade
sobre as nações.
Os gentios serão súditos de Israel e da Igreja.
O Pai será tudo sobre todos e em todos. O Messias será Rei sobre toda a Terra.
Davi ressurreto será Príncipe de Jesus, governará sobre Israel.
Os doze discípulos serão príncipes de Davi governando sobre Israel (as doze tribos) – Mt 19.28.

Witness Lee faz uma distinção interessante entre os povos de Deus (os súditos) e os governantes (a
trindade e a Igreja):

Os Povos de Deus 128

No Novo Céu e Nova Terra existem duas categorias de pessoas. Uma são os muitos filhos e a outra são os
povos. Quando estivermos na Nova Jerusalém, seremos os filhos de Deus, não os povos de Deus.
Na Inglaterra há uma família real. Eles não são “o povo”, mas os que reinam. Santos, vocês já consideraram
que não estão entre o povo comum? Vocês são da família real. João nos diz em Apocalipse 1.6 que Cristo
tem-nos feito “um reino, sacerdotes para seu Deus e Pai”. Somos os filhos do Deus Todo-poderoso, que é o

125
ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.39.
126
JUSTER, Dr. Daniel. Op. Cit., p.29.
127
MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 386.
128
LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida,
1992, p. 100,101.
209
Rei dos reis. Isso nos faz membros, familiares da família real. Não somos somente filhos de Deus mas
também membros da família real.
Quando a Nova Jerusalém descer do céu os filhos de Deus (a Igreja) adentrarão para sua morada definitiva,
a Chupah Celestial, no entanto uma voz é ouvida do céu: “E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia:
Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus
mesmo estará com eles”. Os homens aqui na terra são as nações, são os súditos.
Em Apocalipse 21.3 se diz: “Eles serão povos de Deus.” Então em 21.7 se diz: “O vencedor... me será filho”.
Em 21.24 estão “as nações”. As nações andarão mediante a luz da cidade santa. Nós, os filhos, a família
real, somos a cidade santa. Para Deus, então, Seus Filhos são uma categoria e Seus povos é outra.
No Nvo Céu e Nova Terra não seremos os povos, as nações, mas os filhos. Os filhos de Deus em Apocalipse
21.6,7 são aqueles que nasceram de Deus por meio da regeneração (Jo 1.12, 13; 1 Pe 1.3, 4, 23; Tg 1.18).
Eles estão edificados juntos por meio da transformação (1 Co 3.9-12a; Ef 2.20-22; 1 Pe 2.4-6; 2 Co 3.18;
Rm 12.2; Ef 4.23, 24). Eles serão glorificados em plena conformação para serem uma expressão coletiva do
Deus Triúno (Rm 8.29, 30; Hb 2.10; Ap 21.1). As nações do lado de fora da Nova Jerusalém não são de
nascidos de novo, transformados ou glorificados. Somos diferentes das nações.
Os povos de Deus em Apocalipse 21 são as ovelhas, o trigo, descritos em Mateus 13.24-30,36-43; 25.31-46.
O Senhor Jesus se sentará em Seu trono de glória em Jerusalém e reunirá todos os diversos povos vivos das
nações para Ele. Eles serão classificados como ovelhas e bodes e Ele os julgará. Os bodes, que estão à Sua
esquerda, irão diretamente para o lago de fogo [no fim do Milênio]. As ovelhas, à Sua direita, herdarão a
Nova Terra, que Deus preparou para eles desde a fundação do mundo. Fomos predestinados para a filiação
antes da fundação do mundo, mas a Nova Terra foi preparada por Deus para essas ovelhas desde a
fundação. Ele separará os bodes das ovelhas. Muitos seguirão o diabo na guerra Gogue e Magogue [no fim
do Milênio]. Cristo fará o Seu julgamento adequadamente, Ele separará os bodes das ovelhas; o joio do trigo.
As ovelhas serão transferidas para a Nova Terra para serem os povos de Deus, e os santos vencedores (a
Igreja) serão os reis sobre eles. As ovelhas serão restauradas ao estado original do homem quando criado por
Deus e serão os cidadãos do reino eterno, desfrutando a bênção da restauração (At 3.21). A Restauração
segue a Regeneração [Mt 19.28 – Milênio]. Ser regenerado é ser nascido de novo com uma outra vida, a vida
de Deus, mas ser restaurado é ser trazido de volta ao estado original da criação de Deus.
No final do reino milenar, Satanás, depois de ser libertado, instigará a última rebelião contra Deus (Ap 20.7-
9). Os bodes, o joio, se unirão à rebelião de Satanás e serão queimados com o fogo do céu. As ovelhas serão
transferidas para a Nova Terra para serem as nações justas (Ap 21.24). Deus “tabernaculará” com eles, os
povos (Ap 21.3). Eles serão governados pelos filhos de Deus como reis (22.5). Para eles não haverá mais
morte, mágoas, choro, dor ou maldição (21.4; 22.3a). Eles serão sustentados eternamente pelas folhas da
árvore da vida (22.2). Nós comeremos do fruto, mas as nações desfrutarão das folhas. Eles andarão através
da luz da cidade santa (21.24a). Com os seus reis trarão a glória e honra deles para a cidade. Eles respeitarão
a cidade e a considerarão como superior.
Os santos de todas as dispensações que foram redimidos serão os renascidos, os filhos de Deus, pertencendo
à família real. Eles serão reis na eternidade (1 Pe 2.9; Ap 2.26; 5.10). O remanescente gentio [as ovelhas, o
trigo] restaurado dos incrédulos serão os povos, andando na luz da cidade e governados pelos santos [No
Estado Eterno]. Outra categoria de pessoas são os que pereceram [os bodes, o joio, os peixes ruins]. Os
incrédulos que pereceram estarão no lago de fogo (21.8). Isso nos dá uma visão geral do Novo Céu e Nova
Terra.

210
Epítome Final:
Quais as Características do Reino?

1ª) O Triunvirato Divino.


2ª) Iahweh, o Senhor, é o Rei Eterno (S1 10.16; 29.10; 74.12; Jr 10.10; Lm 5.19).
3ª) O Reino é Universal (l Cr 29.1 1,12; S1 103.19; Dn 2.21; 4.17,25,32,34; 5.21; Mt 17.1-21; Mc 9.2-
13; Lc 19.28-36). A cena da transfiguração contém, em miniatura, todos os elementos do futuro
Reino em manifestação:
a) Moisés, na Glória, representa os remidos que passaram pela morte para o Reino (1 Co 15.52; l
Ts 4.14-16)
b) Elias, na Glória, representa os remidos que estarão no Reino pelo Arrebatamento (l Co 15.50-
53; l Ts 4.13-17).
c) Pedro, Tiago e João, não glorificados, representam Israel na carne no futuro Reino (Ez 37.21-
27).
d) A multidão ao pé da montanha (Mt 17.14) representa as nações gentias que serão introduzidas
no Reino Milenial, depois que for restabelecido o Reino de Israel (Is 11.10-12; 60.4-12; 66.18-
23; 2.24; Zc 14.9,16-19; Mq 4.1-3; Mt 25.31-46).
4ª) O que se manifestou no Reino?
a) Virtudes aceitáveis.
b) Oportunidades de herança eterna. A posse dessas virtudes do Reino devem ser aceitas
imediatamente neste Tempo da Graça. A herança dele depende de nosso interesse por ele agora,
por isso ele é anunciado antes com o fim espiritual par a sua subseqüente Posse literal.
5ª) A Eternidade do Reino. O Reino permanece para sempre. Ele é desde os tempos passados (Mt
25.34). Isaías diz-nos que o Reino é sem fim (Is 9.7). Segundo Daniel, o Reino não passará (Dn
4.3,34; 6.26; 7.13,14; Lc 1.32,33; 2Pe l.11; Ap 11.15; Mq 4.7).
6ª) As Capitais do Reino (Ap 11.15; Is 4.2-6; Ap 21.22-25; Is 65.17; 66.22; 2Pe 3.10-13).
a) Nova Jerusalém, a capital celestial (Ap 21.9-21; 22.1-5; Is 65.17; Ap 21.24,25).
b) Jerusalém terrestre a capital terrena. (Is 4.1-6; 60.1-12; 66.18-23; Jr 3.17; 33; Ez 34.11-13;
36.24-38; Jl 3.21; Mq 4.1-3; Zc 8.20-23; Dt 28.13; Am 9.15; Zc 14.16-19).

Baruch Há Shem!
Bendito seja o Nome!

211
CONCLUSÃO

Cremos que o Dispensacionalismo é um sistema de teologia que se desenvolveu a partir da Bíblia.


O Dispensacionalismo é crucial para que se entenda corretamente a Bíblia, em especial a Profecia Bíblica.
O Pré-milenismo era a doutrina da Igreja primitiva e do período patrístico. A Bíblia se explica
melhor através deste sistema teológico.
O Pré-milenismo Dispensacionalista se ajusta perfeitamente ao incremento da pregação expositiva
da Bíblia versículo por versículo.
O Pré-milenismo harmoniza a Bíblia inteira.
O Pré-milenismo é a única posição que propõe uma conclusão satisfatória para a história.
A teologia dispensacionalista proporciona uma explicação plausível para a questão da soberania de
Deus sobre um mundo cuja maldade parece aumentar a cada dia.
O Dispensacionalismo responde aos ataques do liberalismo que está eivado dentro das igrejas.
O nosso Dispensacionalismo talvez seja o chamado Dispensacionalismo Progressista. Cremos na
Eleição Divina, tanto de judeus como de gentios; cremos numa eleição específica dos eleitos, a Igreja, que
governarão com Cristo no Milênio e Eternidade. Cremos numa única economia divina, na qual Judeus,
Gentios e Igreja adentrarão no Estado Eterno.
O Calvinista John Piper comentando a Tulip (Os cinco pontos do Calvinismo) nos fala do seu
(próprio) sétimo ponto:
O “sétimo ponto”, o melhor de todos os mundos possíveis, significa que Deus governa o curso da história de
forma que, no final das contas, sua glória será mais plenamente mostrada e seu povo mais completamente
satisfeito do que tivesse sido esse o caso em qualquer outro mundo. Se olharmos apenas como elas são agora
nesta presente era deste mundo caído, esse não é o melhor de todos os mundos possíveis. Mas se olharmos
para o curso completo da história – da criação até a Redenção, a eternidade e além – e ver o plano de Deus
como um todo, ele é o melhor de todos os planos possíveis e leva à melhor de todas as eternidades possíveis.
E, portanto, este universo (e eventos que ocorrem desde a criação até a eternidade, tomados como um todo) é
o melhor de todos os mundos possíveis.

Todo cristão tem direito a suas convicções sobre a verdade da Bíblia, mas enquanto estivermos no
corpo terreno, nenhum de nós pode ser infalível. Ninguém, em época alguma, é dono de toda verdade –
não era na época apostólica, nem dos reformadores ou dos dispensacionalistas ou dos não
dispensacionalistas. Contudo devemos manter com convicção a verdade conforme cremos que Deus nos
deu o entendimento.
“Nos essenciais, a unidade, nos assuntos de dúvida, a liberdade, em todas as coisas, o amor”
(Rupertur Meldenius).

212
BIBLIOGRAFIA
1. ALEXANDER, David e ALEXANDER, Pat. O Mundo da Bíblia. São Paulo: Edições Paulinas,
1985.
2. ALEXANDER, H.E. Apocalipse. 2ª ed. São Paulo: Ação Bíblica do Brasil, 1987.
3. ALLISON, H. B. A Doutrina das Últimas Coisas. 3ª ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1985.
4. ALMEIDA, Abraão. Israel, Gogue e o Anticristo. 6ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1984.
5. BAKKER, Jim. A DOUTRINA DA PROSPERIDADE E O APOCALIPSE. 1ª ed. São Paulo:
Bompastor Editora Ltda.
6. BEN-CHORIN, Schalom. A Eleição de Israel. 1ª ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1997.
7. BERKHOF, L. Teologia Sistemática. 2ª ed. Campinas: Luz Para o Caminho, 1992.
8. BLOOMFIELD, Arthur E. Antes da última batalha. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1981.
9. ______. O futuro Glorioso do Planeta Terra. 6ª ed. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1974.
10. BOCK, Darrell. O MILÊNIO: 3 PONTOS DE VISTAS. 1ª ed. São Paulo: Editora VIDA, 2005.
11. BOYER, Orlando. Daniel fala hoje. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Emprevan, 1972.
12. BREENNAM, Robert J. & CORRÊA, David R.D. Profecias Messiânicas. 1ª ed. São Paulo:
Associação Religiosa Imprensa da Fé, 1989.
13. BUHLER, F. A SEGUNDA VINDA DE CRISTO. Barreiro, Portugal: Espada do Senhor, 1983.
14. CALVINO, João. Daniel. 1ª ed. São Bernardo do Campo, SP.: Edições Parakletos, 2002
15. CARVALHO, V. R. Guilherme. COSMOVISÃO CRISTÃ E TRANSFORMAÇÃO. 1ª ed. Viçosa,
MG: Editora Ultimato, 2006.
16. CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. 1ª ed. Vol. 1. São Paulo: Imprensa Batista Regular,
1986.
17. CHEN, Christian. Os Números na Bíblia. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1986.
18. CHO, Paul Yonggi. O Apocalipse. 1ª ed. Mogi das Cruzes: Editora Unilit, 1996.
19. COHEN, A. Chaves. Estudo sobre o Apocalipse. 4ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1983.
20. CORSINI, Eugênio. O APOCALIPSE DE SÃO JOÃO. São Paulo: Edições Paulinas, 1984.
21. DALEI, E Brian. Origens da Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Paulus, 1994.
22. HARRIS, R. Laird, ARCHER, Gleason L., Jr., Bruce K. Waltke. DICIONÁRIO
INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO. Editora Vida Nova.
23. ERICKSON, M.J. Introdução à Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1997.
24. ______. Um estudo do Milênio. Opções contemporâneas na Escatologia. 2ª ed. São Paulo: Edições
Vida Nova, 1986.
25. EWERT, David. Então Virá o Fim. 1ª ed. São Paulo: Editora Cristã Unida, 1994.
26. FEINBERG, Charles L. Os Profetas Menores. Miami: Editora Vida, 1988.
27. FELLER, Mário. Jerusalém cidade do Grande Rei. 1ª ed. Recife: Instituto da Herança Judaica, 1989.
28. FROESE, Arno. Descomplicando as Profecias de Daniel. Porto Alegre: Actual Edições, 2005
29. GILBERTO, Antônio. Daniel e o Apocalipse. 2ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1985.
30. ______. O Calendário da Profecia. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1985.
31. GOETZ, Williams R. Apocalipse Já. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1983.
32. GRAHAM, Billy. A segunda vinda de Cristo. Rio de Janeiro: Editora Record, 1981.
33. GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento. 1ª ed. Campinas: Luz
Para o Caminho, 1995.
34. GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999.
35. HOEKEMA, Anthony. A Bíblia e o Futuro. 2ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001.
36. HAGEE, John. O Começo do Fim. 1ª ed. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1997.
37. HODGE, Charles. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Hagnos, 2001.
38. HORTON, Stanley M. A VITÓRIA FINAL. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
213
39. ______. Nosso Destino. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
40. ______. Teologia Sistemática. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
41. HOUSE, H. Wayne. Teologia Cristã em Quadro. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1999.
42. HUCH, Larry. A BÊNÇÃO DA TORÁ. Belo Horizonte: Editora Bello Publicações, 2010.
43. HUNT, Dave. Quanto Tempo Nos Resta? 1ª ed. Porto Alegre: Obra Missionária Chamada da Meia
Noite, 1996.
44. ______. A Mulher Montada na Besta. Vol. 1. Porto Alegre: Actual Edições, 2001.
45. ______. Jerusalém: Um cálice de Tontear. Porto Alegre: Actual Edições, 1999.
46. ICE, Thomas & DEMY, Timothy. Profecias de A a Z. 1ª ed. Porto Alegre: Actual Edições, 2003.
47. ICE, Thomas. A Realidade da Profecia. Porto Alegre. Editora Actual, 2002.
48. JAFFIN, David. Israel no Fim dos Tempos. 1ª ed. São Paulo: Editora e Distribuidora Candeia, 1994.
49. JOHNSON, Paul. História dos Judeus. 1ª ed. Rio de Janeiro: Imago Editora LTDA, 1989.
50. JUSTER, Dr. Daniel. O CHAMADO IRREVOGÁVEL. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Ministério
Ensinando de Sião, 2001.
51. LADD, G. Eldon. Teologia do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Editora Hagnos, 2003.
52. ______. O EVANGELHO DO REINO. São Paulo: Shedd Publicações, 2008.
53. LAN, Dong Yu. DANIEL. O DESTINO DO GOVERNO HUMANO NA ECONOMIA DE DEUS.
2ª ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida, 1993.
54. LARSSON, Göran. “Os Judeus, Vossa Majestade!”. 2ª ed. Jerusalém: AMI – Jerusalém Center For
Biblical Studies And Research, 1996.
55. LEAL, Manoel Ferreira. O sentido escatológico da Bíblia. Rio das Ostras: Imprensa Metodista,
1977.
56. LAHAYE, Tim. Sem Medo da Tempestade. 1ª ed. São Paulo: Editora e Publicadora Quadrangular,
1997.
57. LAHAYE, Tim & JEKINS, J. B. Estamos Vivendo os Últimos Dias? 1ª ed. Campinas – SP: Editora
United Press, 2001.
58. LAHAYE, Tim & ICE, Thomas. Glorioso Retorno. 1ª ed. São Paulo: Abba Press Editora Ltda,
2004.
59. LASH, Jamie. As Núpcias Judaicas. 1ª ed. Goiás, Goiânia: Wordwidewings, 2003.
60. LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora
Árvore da Vida, 1992.
61. LEHMAN, H.I. A Revelação de Jesus Cristo. 2ª ed. São Paulo: Edições SHOPHAR, 1991.
62. LIETH, Norbert. Parábolas Proféticas. Porto Alegre: Obra Missionária Chamada da Meia Noite.
63. ______. A Esperança do Arrebatamento. Porto Alegre: Obra Missionária Chamada da Meia Noite,
2000.
64. ______. As Profecias de DANIEL. Porto Alegre: Actual Edições, 2004.
65. LINDSEY, Hal. A Agonia do Grande Planeta Terra. 8ª ed. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
1989.
66. LITZ, Osvaldo. A Estátua e a Pedra. 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1985.
67. LOCKYER, Sr., HERBERT. Apocalipse o drama dos séculos. 3ª ed. Miami: Editora Vida, 1988.
68. MALGO, Wim. 50 respostas tiradas da palavra profética. 3ª ed. Porto Alegre: Obra Missionária
Chamada da Meia Noite, 1989.
69. ______. Apocalipse de Jesus Cristo. Porto Alegre: Obra Missionária Chamada da Meia Noite.
70. McCLAIN, Alva J. As Setenta Semanas de Daniel. 4ª ed. São Paulo: Editora Batista Regular, 1983.
71. MEIRÉLES, Délcio. A Boa Semente e o Estabelecimento do Reino de Cristo. Edições Parousia.
72. METZGER, Martin. História de Israel. 4ª ed. Porto Alegre: Editora Sinodal, 1984.
73. MESQUITA, Antônio Neves de. Estudo no livro de Daniel. Rio de Janeiro: JUERP, 1978.
74. MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes.
214
75. MOLTMANN, Jürgen. Theology of Hope (Teologia da Esperança), trad, da 5ª ed. Por J.W.Leitch,
New York: Harper and Row, 1967.
76. LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora
Árvore da Vida, 1992.
77. LINDSEY, Hal. A Agonia do Grande Planeta Terra. 8ª ed. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
1989.
78. NELSON, Aldery. Apostilas de Escatologia.
79. NIGH, kepler. Manual de Estudos Proféticos. 2ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2001.
80. OLSON, N. Lawrence. O Plano Divino Através dos Séculos. 14ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1994.
81. OLSON, Roger E. História das Controvérsias na Teologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2004.
82. PAGANÉLLI, Magno. E Então Virá o Fim. São Paulo: Editora Bompastor.
83. PATE, C. Marvin. As Interpretações do Apocalipse. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2003.
84. PENTECOST, Jr., Dwight. Manual de Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1994.
85. PIERATT, Alan & SHEDD, Russel P. Imortalidade. 1ª ed. São Paulo: Edições Vida Nova, 1992.
86. PINHO, Gilson de Almeida. Apostila de Escatologia.
87. PRINCE, Derek. O destino de Israel e da igreja.
88. PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6.ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995.
89. REIS, Anibal Pereira. As Visões de Daniel. São Paulo: Edições Caminhos de Damasco, 1981.
90. RYRIE, Charles Caldwell. Vem depressa Senhor Jesus. Obra Missionária Chamada da Meia Noite,
1997.
91. ______. DISPENSACIONALISMO Ajuda ou Heresias?. 1ª Edição. São Paulo: ABECAR, 2004.
92. ______. A Bíblia Anotada. 1ª ed. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1991.
93. ROBERTSON, O. Palmer. O Israel de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2005.
94. ROCHA, Denilson. Apocalipse Fácil. 1ª ed. São Paulo: Associação Religiosa Imprensa da Fé, 1997.
95. ROTMAN, Flávio. REDENÇÃO - OS JUDEUS SÃO UM POVO, UMA NAÇÃO. 1ª ed. Belo
Horizonte, MG: Editora Leitura, 2008.
96. SANTOS, Maury de Paula. Apocalipse de Volta ao Gênesis. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Betânia,
1988.
97. SCHALY, H. O Pré-Milenismo dispensacionalista à luz do amilenismo. Rio de Janeiro: JUERP,
1984.
98. SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Edições Vida
Nova, 1977.
99. SCOFIELD, Dr. C. L. A Bíblia Sagrada. 2ª ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986.
100. SHEDD, Dr. Russel P. A Escatologia do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Edições Vida Nova,
1985.
101. ______. A Bíblia Vida Nova. São Paulo: Edições Vida Nova, 1976.
102. SILVA Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 10ª ed. São Paulo: CPAD, 1986.
103. ______. Daniel versículo por versículo. 2ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1986.
104. ______. Escatologia - Doutrina das Ultimas Coisas. 3ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1989.
105. ______. O Milênio e a Consumação do século. 1ª ed. São Paulo, 1998.
106. SMITH, Ralph. Teologia do Antigo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 2001.
107. SPROUL, R. C. OS ÚLTIMOS DIAS SEGUNDO JESUS. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã,
2002.
108. SWINDOLL, Charles R. A Estrada Para o Armagedom. 1ª ed. Rio de Janeiro: Danprewan, 2001.
109. STERN, Davi. Bíblia Judaica Completa. São Paulo: Editora VIDA, 2010.
110. STERN, Davi. Novo testamento Judaico. São Paulo: Editora VIDA, 2007.
111. THIESSEN, H. C. Palestras em Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular,
1987.
215
112. TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. 3ª Edição. São Paulo: Editora ASTE, 2004.
113. TOGNINI, Enéas. O Plano de Deus e o Arrebatamento. 1ª ed. São Paulo: Editora Candeia, 1996.
114. ______. O Período Interbíblico. 4ª ed. São Paulo: Edições Louvores do coração Ltda, 1974.
115. TURNER, Dr. Donaldo D. Doutrina das Ultimas Coisas. São Paulo: Imprensa Batista Regular,
1988.
116. VARNER, William C. Jerusalém no Centro do Furacão. Porto Alegre: Actual Edições, 2004.
117. VAUX, R. Instituições de Israel no Velho Testamento. São Paulo: Editora Teológica, 2002.
118. WALVOORD, John F. Todas as Profecias da Bíblia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2000.
119. ______. Profecias da Bíblia. 1ª ed. São Paulo: Editora Abba Press, 2000.
120. WILCOCK, Michael & STOTT, John R. W. A mensagem do Apocalipse. 1ª ed. São Paulo: ABU,
1986.
121. WOLTERS. Albert. M. Criação Restaurada. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006.
122. WOOD, Dr. Leon J. A Bíblia e os Eventos Futuros. 1ª ed. São Paulo: Editora e Distribuidora
Candeia, 1993.
123. ______. A profecia de Daniel.
124. WRIGHT, Chistopher J. Povo, Terra e Deus. 1ª ed. São Paulo: ABU, 1991.

216
Biografia do autor
O pastor Antônio Carlos Gonçalves Bentes é capitão do Comando da Aeronáutica,
Doutor em Teologia, conferencista, filiado à ORMIBAN – Ordem dos Ministros Batistas
Nacionais, cuja matrícula é 745, professor dos seminários batistas: STEB, SEBEMGE e
Escola Teológica Koinonia e também das instituições: Seminário Teológico Hosana,
UNITHEO, Escola Bíblica Central do Brasil e JAMI (Junta Administrativa de Missões da
CBN) atuando nas áreas de Teologia Sistemática, Teologia Contemporânea, Apologética,
Escatologia, Pneumatologia, Teologia Bíblica do Velho e Novo Testamento, Hermenêutica,
e Homilética. Reside atualmente em Lagoa Santa, Minas Gerais. Exerce o ministério
pastoral na Igreja Batista Getsêmani em Belo Horizonte - Minas Gerais. É casado com a
pastora Rute Guimarães de Andrade Bentes, tem três filhos: Joelma, Telma e Charles
Reuel, e duas netas: Eliza Bentes Zier e Ana Clara Bentes Rodrigues.

Pedidos ao Pr. A. Carlos G. Bentes


Tel. (031) 3681.4770; Cel. (031) 8661.4070; 9684.9869
E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com

217
This document was created with Win2PDF available at http://www.win2pdf.com.
The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.
This page will not be added after purchasing Win2PDF.

Potrebbero piacerti anche