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Luzes da Torá
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Volume 1: Gênesis
Sobre vida, amor e família
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VaiGÁsh
Gênesis 44:18-47:27
LUZES DA TORÁ – GÊNESIS
As lágrimas de
José e benjamim
Uma reunião de
fidelidade e lágrimas
V
A De todos os personagens do Gênesis, Jacob é aquele que
I tem sua vida mais bem descrita, suas experiências emocionais
G
Á abrangendo desde as alturas do êxtase às dolorosas descidas às
S profundezas da dor. De todos estes sofrimentos, o momento mais
h
doloroso é aquele em que os irmãos trazem a túnica listrada de
José manchada de sangue e lhe perguntam se, de fato, pertencia
a José. O que lhe aconteceu até aí – a fuga de Esaú, a descoberta
300 de que havia sido enganado por Labão, o enterro de sua amada
Rachel à beira da estrada após uma década de vida matrimonial
– nada pode ser comparado ao momento em que é levado a
acreditar que seu filho querido foi devorado por uma fera. O
texto é explícito em relação ao sofrimento de Jacob. Inconsolável,
ele permanece de luto por muitos anos e aceita o fato de que irá
ao túmulo num luto contínuo.
De certa forma, a vida de Jacob está acabada, porque todas
as suas esperanças para o futuro estavam depositadas em seu
amado José. Abrahão quase perdeu seu futuro com a Akedá, mas
Jacob efetivamente perdeu seu futuro nos 22 anos em que viveu
pensando que seu querido filho e herdeiro havia sido devorado
por um animal selvagem. E se sua confrontação com a túnica
ensanguentada marca o maior sofrimento de sua vida, então o
encontro entre ele, o pai idoso, e seu filho que está vivo, José,
deveria ser o momento mais significativo de sua vida.
LUZES DA TORÁ – GÊNESIS
“Já posso morrer agora, depois de ver teu rosto, pois ainda vives!”
Gênesis 46:30
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Ana e Nabal estão em extremos opostos do espectro. Ana fala
a seu coração e faz seu coração ouvir, enquanto o coração de
Nabal lhe ordena fazer o que ele quer e não o que Deus queria
que ele fizesse.
A recitação do Shemá por Jacob neste momento tão intenso é
uma suprema lição para ensinar a José a importância de Deus
sobre as emoções, e isso está contido na continuação do Shemá:
“E amarás ao Eterno, teu Deus, com todo o teu coração, com
toda a tua alma e com todas as tuas posses” (Deuteronômio 6:5).
Até com messirut néfesh, a prontidão para entregar tua alma, tua
própria vida, pelo Eterno. Ter descoberto que José ainda estava
vivo foi, para ele, como se tivessem dado à sua vida um novo
sentido e significado. Em vez de perder o controle, ele recita o
Shemá, reconhecendo que o judeu deve estar pronto a dar sua
vida por Deus, não somente quando não tem nada a perder, mas
mesmo agora quando a vida se tornou extremamente preciosa.
LUZES DA TORÁ – GÊNESIS
A verdadeira arte
da negociação
“E tu, ó filho do homem, toma uma vara e escreve sobre ela: ‘Para
Judá e para os filhos de Israel, seus companheiros’, e logo toma outra
vara e escreve sobre ela: ‘Para José, o ramo de Efráim, e para toda a
Casa de Israel, seus companheiros’. E junta-as uma à outra como
uma só vara, para que se unam na tua mão.”
Ezequiel 37:16-17
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RAbINO ShLOmO RISkIN
V
A
I Um dos momentos mais pungentes na Bíblia é o do encontro
G
Á entre o velho pai Jacob e seu amado filho José, de quem ele esteve
S afastado por 22 anos. Jacob-Israel deixa a terra de sua herança e
h parte para a estranha e desconhecida terra gentia do Egito, a fim
de se reunir com o filho, que supunha para sempre perdido há
muito tempo. A Bíblia nos conta que quando Jacob viu os carros
318 que José mandara para transportá-lo, seu espírito “reviveu”
(Gênesis 45:27). O que havia de especial nestes carros para fazer
reviver o espírito de Jacob? Seria o custo da viagem tão proibitivo
para o patriarca, que somente por seu filho estar querendo lhe
fornecer o transporte ele já estava pronto para fazer uma jornada
difícil?
O Rashi comenta que os “carros” (agalá) são, na verdade, uma
sutil alusão ao trecho da Torá que fala sobre a eglá arufá (o novilho
cujo pescoço é quebrado pelos anciãos como expiação por um
assassinato cujo perpetrador é desconhecido) e que era a porção
que pai e filho estavam estudando juntos imediatamente antes
do desaparecimento de José. Talvez a citação do Midrash feita
pelo Rashi não vise somente explicar o jogo de palavras feito com
eglá arufá, a recordação de sua última seção de estudos conjunta.
Lembremos que os anciões da cidade tinham de ir até um riacho,
trazer o novilho do sacrifício em expiação pelo crime de autor
LUZES DA TORÁ – GÊNESIS
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LUZES DA TORÁ – GÊNESIS
A distância torna o
coração mais afetuoso
ou mais distante?
V
A
José enviou carros para transportar seu pai para o Egito e “o I
G
espírito de Jacob... reviveu” (Gênesis 45:27). Mas quão perto dele Á
realmente Jacob desejava que seu pai e irmãos ficassem? Afinal, o S
h
convite de Jacob não é propriamente para a capital do Egito, sede
do poder onde José governa como segundo em comando após
o Faraó, mas para uma área mais remota, Góshen. “E habitarás
na terra de Góshen e estarás perto de mim – tu, teus filhos e teus 321
netos...” (Gênesis 45:10). “Perto de mim”, mas não na porta ao
lado da minha. Por que a esta distância? Por que assentar sua
família numa cidade diferente?
Podemos examinar a escolha de Góshen sob duas perspectivas
diferentes. Por um lado, ela reflete a mais sábia decisão que José
poderia ter tomado para proteger a moral e a identidade religiosa
de sua família. Ele compreende como é crucial é para a família
de Jacob viver numa área judaica, dedicada a manter seu próprio
sistema de valores. De fato, quando Jacob envia Judá a sua frente
“para preparar-lhes lugar em Góshen” (Gênesis 46:28), a palavra
usada para “preparar” é lehorot, que, geralmente, significa
“ensinar” ou “ministrar ensinamentos religiosos”. O Midrash
(Bereshit Rabá 95:3) afirma que Jacob enviou Judá na frente para
que ele estabelecesse uma casa de estudos, uma ieshivá, que é
uma instituição central necessária para uma comunidade judaica
RAbINO ShLOmO RISkIN
O mau-olhado não
te controlará
“E agora, não vos entristeçais nem vos irriteis contra vós por
haverdes me vendido para cá, porque para preservar vossa vida Deus
me mandou adiante de vós.”
Genêsis 45:5
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VAYIGÁSH
Gênesis 44:18 – 47:27
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JAcoB não chorou
Mas Jacob realmente temia. Ele tinha a consciência que sua ida ao
Egito representava o início do êxodo que havia sido anunciado por
Deus a Abrahão no “Pacto entre as Partes Cortadas”. Ele sabia que a
72 l REFLEXÕES SOBRE A TORÁ
“Sou Eu que te digo para que não temas descer ao Egito, pois de ti farei lá
uma grande nação. Se teus filhos permanecessem aqui, na terra de Canaã,
casariam-se com os canaanitas e a eles se assimilariam. Mas no Egito isto não
ocorrerá, pois os egípcios não poderão comer pão com os hebreus.”
Rabi Ovadia Seforno
Torá Hoje
Um encontro renovado com a Escritura Sagrada
Torá Hoje
Vaigásh
Gênesis 44:18-47:27
E José não pôde conter-se diante de todos os que estavam de pé perto dele e exclamou: 63
“Fazei a todos sair de perto de mim! E não ficou ninguém com ele, quando José se
revelou a seus irmãos. E levantou sua voz em choro.” (Gênesis 45:1-2)
Gênesis
Semelhante peculiaridade seria notada mais tarde, na vida de outra figura
bíblica destinada a ser líder de seu povo. É quando Moisés, bebê, é colocado
em uma cesta de junco de papiro, que é posta a flutuar no rio. A filha do
Faraó encontra a cesta dentro do carriçal, sobre a beira do Nilo, nos baixios
do Mar de Juncos (não Mar Vermelho, como se tornou erroneamente
conhecido), “E ela a abriu e viu o menino, e eis que parecia chorar, e teve
compaixão dele, e disse: Dos meninos dos hebreus é este!” (Êxodo 2:2-6).
Se o menino encontrado estava chorando, pergunta um dos rabinos, por que
nos contam que ela “viu” o bebê chorando e não, como seria o certo “ouviu”
o bebê chorando?
Além do mais, o que a levou a dizer de pronto que o menino encontrado era
uma criança dos hebreus?
A resposta é esta: Quando a filha do Faraó “viu” o menino chorar com
tamanho autocontrole, que não dava para ouvir, ela, imediatamente, deduziu
que “Dos meninos dos hebreus é este!” Somente uma dessas crianças saberia
64 chorar “internamente”, para que ninguém pudesse ouvi-la. Somente uma
criança dos hebreus saberia, como soube José, que só deve chorar no meio dos
seus, fingindo estar tudo bem para os estranhos.
Torá Hoje
Embora seus irmãos não conhecessem a sua verdadeira identidade, naquele
momento, José sabia quem eles eram e que, em nenhuma circunstância,
matariam um homem desarmado. Confiava na integridade básica dos irmãos,
a despeito da amarga experiência a que eles o submeteram.
Após o encontro cheio de emoção, José dá adeus aos seus irmãos, que
voltam a Canaã para levar a boa-nova a Jacob e trazê-lo com eles, quando
retornassem ao Egito. Ele adverte os irmãos: “Não tenhais desavenças no
caminho” (Gênesis 45:24).
Compreendemos essa advertência e a oportunidade de seu contexto,
significando que José receava que eles pudessem começar a censurar-se,
reciprocamente, pelo que acontecera e os aconselhava a não tomar essa
atitude. Mas alguns comentaristas da Torá consideram de modo diverso
essa advertência: os irmãos não deviam discutir com outras pessoas que
encontrassem pelo caminho.
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Agora, regressando a Canaã como irmãos do poderoso governante do
Egito, José teme que eles possam se sentir superiores e que isso influa em
seu comportamento com os que encontrassem pelo caminho. Portanto, ele
achou conveniente recomendar que não se envolvessem em dificuldades por
causa de uma incontrolável sensação do poder recém-adquirido.
Gênesis
praticada ao vendê-lo e extraíssem as conclusões morais justas. Sofrimento
e humilhação nem sempre podem ser justificados com o argumento de
“mas, isto é a Halachá!”
Os rabinos sempre souberam do perigo da lei formal, ou que a justificativa
em nome da Halachá poderia se tornar um “paraíso para os malandros”.
Insistem conosco que devemos ir além da letra da lei e lembrar que ela
não é um objetivo em si, mas um meio de alcançar o objetivo maior:
“Sereis santos” (Levítico 19:1).
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Torá Hoje