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SÃO PAULO
MARÇO DE 2018
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RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4
1.1 Problema da pesquisa....................................................................................... 4
1.2 Objetivo geral .................................................................................................... 5
1.3 Objetivos específicos......................................................................................... 5
1.4 Justificativa do estudo ....................................................................................... 5
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 7
2.1 O mercado financeiro e as mulheres ................................................................ 7
2.2 A bolsa de valores brasileira e as mulheres ...................................................... 9
2.3 O Tesouro Direto e as mulheres........................................................................14
3 MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................... 18
4 ANÁLISE DE RESULTADOS ......................................................................... 20
4.1 Evolução das investidoras mulheres na bolsa brasileira entre 2002 e 2017 ... 20
4.2 Evolução das investidoras mulheres no Tesouro Direto entre 2002 e 2017 ... 23
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 28
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 29
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1 INTRODUÇÃO
desde que o programa Tesouro Direto foi implementado pelo Tesouro Nacional e pela
BM&FBovespa, atual B3.
O que se pretende investigar é se as estratégias utilizadas pela bolsa e pelo
Tesouro Direto para atrair investidoras mulheres geraram resultados. O número de
mulheres investidoras cresceu ao longo do tempo? Quanto e em que contexto?
2 REVISÃO DE LITERATURA
era a única mulher entre 1.365 colegas homens. Segundo Nemy (2013), Mickie, como
era conhecida, “cultivou a mesma atitude impetuosa que caracterizava os homens
mais bem-sucedidos de Wall Street” e, “para sua imensa raiva, ela permaneceu a
única mulher admitida entre os membros por quase uma década”.
Siebert também foi a primeira mulher a presidir uma empresa da NYSE, uma
corretora e seguradora, e doou milhões de dólares para ajudar mulheres a começar
seus negócios. Em 1992, ao receber uma homenagem da Bolsa, ela alertou que ainda
era muito cedo para as mulheres declararem a vitória na batalha pela igualdade em
Wall Street. “As mulheres estão entrando em Wall Street em grande número, mas
ainda não estão entrando nos cargos executivos. Ainda existe uma rede de velhos
garotos. Vocês só têm que continuar lutando”, disse, conforme Nemy (2013).
A primeira brasileira a investir foi a carioca Eufrásia Teixeira Leite, segundo
Ribeiro (2016). Entre 1890 e 1930, ela operava nas três principais bolsas de valores
do mundo: Londres, Paris e Nova Iorque, além da bolsa de valores brasileira, fundada
somente em 1917. Em Paris, na época, as mulheres só tinham permissão para ficar
no segundo andar do prédio da Bolsa e, para fechar um negócio, era necessária a
presença de um intermediário homem. Ribeiro (2016) destaca que “através dos
investimentos, Eufrásia se consolidou financeiramente em um período em que as
mulheres ainda não tinham permissão nem para votar”.
No Brasil, até 1962, as mulheres não podiam ter CPF, nem conta no banco,
como lembra Collini (2018). A pesquisadora destaca que, até hoje, a sociedade não
incentiva as mulheres a falar sobre dinheiro e a desigualdade de salários também se
reflete na distância entre as mulheres e os investimentos pessoais. Segundo Collini
(2018), as mulheres são mais conservadoras que os homens ao investir, mas esse
comportamento é reflexo da falta de confiança, não da biologia. Para a autora, o
mercado financeiro deveria se comunicar de uma forma mais inclusiva, sem reproduzir
estereótipos do feminino para atrair investidoras mulheres.
Para as indianas Kaur e Vohra (2016), embora as mulheres tenham progredido
muito em todas as esferas da vida, sua participação no mercado de investimentos
ainda é limitada por falta de conhecimento. Para as autoras, programas educativos
específicos para mulheres poderiam contribuir para aumentar sua confiança para
tomar decisões financeiras.
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publicada no jornal The New York Times, mostrava o presidente da Bolsa de bermuda
e camisa polo, apresentado como “o revolucionário da Bolsa”.
Nesse contexto, o “Mulheres em ação” foi, sobretudo, um trabalho de educação
financeira, segundo Anselmo (2013). Consultores financeiros perceberam o interesse
do público feminino pelo mercado de ações.
Segundo Pilagallo (2004), para implementar o programa, a Bovespa
encomendou uma pesquisa à empresa Data Popular, que ouviu 1.500 pessoas para
traçar o que a mulher brasileira pensava sobre os investimentos. O trabalho concluiu
que o hábito de poupar e investir era valorizado por 62% das mulheres. No entanto, a
consultoria advertiu que investimentos de maior risco geravam insegurança. Assim,
havia a necessidade de criar um espaço exclusivo para mulheres aprenderem a
gerenciar seu dinheiro. “Parece haver uma falha de comunicação das instituições
financeiras com este público. Os bancos oferecem orientação, mas ela não basta ou
não é suficientemente clara e acessível”, dizia o relatório, segundo Pilagallo (2014).
O “Mulheres em ação” ocorreu ao mesmo tempo que a criação de outros
espaços fora da bolsa, como o “Espaço mulher” na Expo Money, em 2011, e a
publicação de livros de autoajuda financeira, como “Meninas normais vão ao shopping,
meninas iradas investem na Bolsa” e “Mulheres boazinhas não enriquecem”, como
observa Leite (2008). No entanto, o autor destaca que os livros englobavam,
massivamente, temas ligados aos aspectos emocionais da mulher, com pouca
orientação sobre dinheiro, efetivamente.
Para atingir as mulheres, a Bovespa criou um site que disponibilizava
ferramentas como um dicionário de finanças online, uma planilha de orçamento
pessoal e dicas de como investir na Bolsa, como descreve Anselmo (2013). Além do
site, o “Mulheres em ação” também englobava cursos e eventos de educação
financeira para mulheres para, além de ensinar sobre o mercado de ações, dar
orientações sobre como planejar o orçamento doméstico e se livrar das dívidas.
O site do programa “Mulheres em ação” não está mais disponível na internet.
Já o curso “Finanças pessoais: Mulheres em ação” ainda é oferecido pela B3
Educação (INSTITUTO, 2018). O curso tem duração de quatro horas e é realizado em
datas e cidades diferentes, com inscrições online. O programa de conteúdos inclui,
entre outros temas, a importância da educação financeira, elaboração de orçamento
pessoal e familiar, onde é possível investir e como comprar ações.
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Segundo Proite (2009), para o governo, criar o Tesouro Direto foi importante
para aumentar a base e a heterogeneidade de investidores, que colaboram para dar
maior flexibilidade para gerenciar a dívida pública brasileira. Outro objetivo importante
é incentivar a formação de poupança de médio e longo prazo.
Para Proite (2009), a transparência é uma das principais características do
programa, porque o investidor sabe exatamente os papéis que adquire. O Tesouro
Direto tem um caráter democrático, por permitir o acesso fácil do pequeno investidor.
Apesar disso, assim como em outras aplicações financeiras, historicamente os
homens são a maioria dos investidores cadastrados no Tesouro Direto.
No entanto, Proite (2009) observa que, em dezembro de 2008, as mulheres
eram mais ativas que os homens, pois 54,2% delas já tinham efetuado ao menos uma
compra desde seu cadastro, enquanto somente 45,8% deles tinham adquirido títulos.
O autor sugere que os números indicavam a preferência das mulheres por
investimentos mais seguros, como os títulos públicos. Assim, seria possível que os
homens estivessem distribuindo mais seus recursos em renda variável.
Em 2017, por meio de posts na área de notícias do site do Tesouro Direto
chamada “Direto para você” e nas redes sociais do Tesouro Nacional, pela primeira
vez, o Tesouro Direto lançou campanhas para incentivar que mulheres investissem na
plataforma. As iniciativas, porém, ficaram restritas a duas datas comemorativas: Dia
Internacional da Mulher e Dia das Mães.
Na semana do Dia Internacional da Mulher em 2017, o Tesouro Direto lançou
uma campanha no site e nas redes sociais para atrair mulheres investidoras, com a
hashtag #semanadamulher. O programa publicou um post na área de notícias “Direto
para você” com o título “Segurança: um aspecto comum entre as mulheres e o
Tesouro Direto”. O texto dizia (BRASIL, 2017):
início do programa, em 2002, este número era de apenas 7,76%. A cada ano,
mais investidoras percebem que nossos títulos são uma confiável alternativa
para seus investimentos, garantindo um futuro próspero para as suas
economias. E nós desejamos que este número continue aumentando!
com a segurança, autonomia e rentabilidade, tudo o que o Tesouro Direto entrega aos
seus investidores”, diz (BRASIL, 2017). O post também diz que o Tesouro Direto
fornece produtos alinhados às necessidades das mães e ajuda a realizar sonhos,
como uma viagem de férias com a família, a compra de uma casa ou de um carro e a
faculdade dos filhos.
As campanhas do Dia da Mulher e do Dia das Mães em 2017 foram as únicas
iniciativas do Tesouro Direto para incentivar a participação de investidoras mulheres
até a conclusão desta monografia, em março de 2018. No Dia Internacional da Mulher
de 2018, o Tesouro Direto não realizou nenhuma campanha.
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3 MÉTODO DE PESQUISA
4 ANÁLISE DE RESULTADOS
4.1 Evolução das mulheres investidoras na bolsa brasileira entre 2002 e 2017
Tabela I – Evolução de mulheres com conta ativa na Bolsa entre 2002 e 2017
Ano Proporção de mulheres Mulheres com conta Total de investidores
com conta ativa ativa com conta ativa
2002 17,63% 15.030 85.249
2003 18,40% 15.725 85.478
2004 19,23% 22.480 116.914
2005 21,24% 32.963 155.183
2006 21,82% 47.917 219.634
Tabela II – Variação ao ano da proporção de investidoras mulheres na Bolsa entre 2002 e 2017
Período Variação da proporção de investidoras mulheres
2002 a 2003 0,77 pontos percentuais
2003 a 2004 0,83 pontos percentuais
2004 a 2005 2,01 pontos percentuais
2005 a 2006 0,58 pontos percentuais
2006 a 2007 2,80 pontos percentuais
4.2 Evolução das mulheres investidoras no Tesouro Direto entre 2002 e 2017
Tabela IV – Evolução de mulheres com conta ativa no Tesouro Direto entre 2002 e 2017
trabalho da instituição para atrair o público feminino, pois, o crescimento foi constante
desde 2002 e, no período total, também houve aumento de chefes de lares brasileiros
mulheres.
Verifica-se que, apesar do Tesouro Direto se mostrar empenhado para incluir
investidoras mulheres, as estratégias da instituição são insuficientes para promover a
igualdade de gênero entre os investidores.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLLINI, Itali Pedroni. Sapato não é isca para atrair mulher investidora, diz
economista. LEWGOY, Júlia. Exame. São Paulo, 8 de março de 2018. Disponível
em: <https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/sapato-nao-e-isca-para-atrair-mulher-
investidora-diz-economista/>. Acesso em: março de 2018.
IGUALDADE entre homem e mulher pode agregar US$ 28 trilhões ao PIB até 2025.
Agência Brasil. Brasília, 17 de outubro de 2017. Disponível em: <
http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2017-10/igualdade-entre-
homem-e-mulher-pode-agregar-us-28-tri-ao-pib-ate> Acesso em: fevereiro de 2018.
NEMY, Enid. Muriel Siebert, a determined trailblazer for women on Wall Street,
dies at 84. New York Times. Nova York, 25 de agosto de 2013. Disponível em: <
http://www.nytimes.com/2013/08/26/business/muriel-siebert-first-woman-to-own-a-
seat-on-wall-st-dies-at-80.html>. Acesso em: março de 2018.
PROITE, André. Venda de títulos públicos pela internet: Programa Tesouro Direto. In:
CARVALHO, Lena de Oliveira et al. (Org.). Dívida pública: A experiência brasileira.
Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional e Banco Mundial, 2009.
RIBEIRO, Mariana. Você sabe quem foi a primeira brasileira a investir na Bolsa
de Valores? Finanças Femininas. São Paulo, 22 de junho de 2016. Disponível em:
<https://financasfemininas.uol.com.br/voce-sabe-quem-foi-a-primeira-brasileira-a-
investir-na-bolsa-de-valores/>. Acesso em: março de 2018.