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Esta obra foi publicada corn o apoio do Ministério da Cultura Francês -
Centro Nacional do Livro
GEORGES VIGARELLO
História da Beleza
- O corpo e a arte de embelezar -
Da renascença até aos nossos dias
Tradução de Paula Reis
© Éditions du Seuil, 2004
Título original: Histoire de la Beauté
Tradução: Paula Reis
Revisão: J. R. Sequeira Costa
Capa: Fernando Mateus
Paginação: Rui Miguens Almeida
Impressão e acabamento: Rainho & Neves, Lda. / Santa Maria da Feira
Este livro foi impresso no mês de Outubro de 2005
ISBN: 972-695-644-7
Depósito legal n.° 232807/05
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EDITORIAL TEOREMA, LDA.
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Introdução
Numa carta a Madame de Maintenon, Luís XIV descreve a princesa de Sabóia
ao chegar a França - a futura Delfina -, que ele tinha ido receber a
Montargis, no dia 4 de Novembro de 1696. A princesa é considerada «bela
como se desejava 1». O rei alarga-se sobre o seu rosto, os olhos «muito
belos», a boca «fortemente vermelha». Sublinha uma *«cinturaI muito bela»,
um «ar nobre e maneiras muito corteses», convencido de que a sua graça é
feita «para encantar». Palavras de conveniência, é claro, também
repetitivas, que revelam já a dificuldade de evocar as características
precisas da beleza, a de lhe citar os atractivos, as formas, os relevos.
Revelam, antes de mais, o privilégio atribuído a certos traços sobre
outros, aqui o rosto, mas também o ar, as maneiras,7 indispensável
encenação da beleza no universo da corte. O corpo da futura Delfina, em
contrapartida, pouco está presente nesta descrição, a não ser quando se
alude à cintura («taille») revelando a elegância do busto, ou quando se
alude à altura global «mais baixa do que alta para a sua idade». Nada
mais do que as expectativas do mundo da nobreza do fim do século xvn.
Essa história não está feita: é a duma beleza dita pelos actores,
observada por eles, suas normas, seus perfis; também é a dos meios de
embelezamento ou da manutenção, aqueles que dão sentido à atenção, os
unguentos, os fards, os segredos. Essa história incide sobre o que agrada
do corpo, ou não, numa cultura e numa época: aparências valorizadas,
contornos sublinhados ou depreciados . Ela incide sobre a deslocação
destas referências duma época para outra. Não se limita às formas,
evidentemente, mesmo que a sua importância domine. Abarca as referências
expressivas: a atenção muito lenta prestada aos indícios vindos do
interior, os sinais da alma, a maneira como se manifestam nas posturas e
nos movimentos . Ela incide sobre os imaginários que afloram à superfície
corporal, os das tonicidades, dos ritmos, das mobilidades. Inclui, mais
largamente, as referências do aspecto e do porte: as que os primeiros
tratados de beleza modernos chamam «o ar», «a majestade», as que os
tratados da França clássica chamam, mais prosaicamente a «a atitude» ou a
«boa admirável, mas pouco pensado, como se o fascínio que provoca fosse
uma explicação suficiente ».
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estufas num outro texto; en meilleur poinct de «dia para dia» estaria a
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«jovem rapariga » alojada e «vestida» por um procurador na narração de
Bonaventure dês Périers; feia, por fim, e em mauvais point é a «mulher já
corn idade» descrita na quinta novela do «Heptameron». Graus hierárquicos
pouco perceptíveis, sem dúvida, que vão do mau ao melhor, do menos ao
mais, sem que exista um indício exacto a partir do qual uns e outros se
possam distribuir.
O TRIUNFO DO «ALTO»
Garse ou garce era o faminino de garçon, rapaz, até cerca do século XVI.
(N. da T.)
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’HISTÓRIA DA BELEZA
soras que ditavam a aparência. O olhar é orientado: submetido a um código
de moralidade. O que limita a beleza a esferas circunscritas do corpo.
Sobretudo, vigora um critério: o do descoberto e do escondido. Não para
sublinhar qualquer mistério do escondido, mas antes para sublinhar a sua
abjecção: a existência de zonas envilecidas e de zonas enobrecidas. Esta
lógica inteiramente virtuosa põe «em evidência os membros hon-
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rosos» e põe «longe do olhar » os membros depreciados. Firenzuole, por
exemplo, nos seus Discours sur Ia beauté dês dames, acentua a inutilidade
das áreas inferiores para designar a beleza, embora tenha descrito
largamente o nu: «A natureza induz as mulheres e os homens a descobrir as
partes altas e esconde as partes baixas, porque as primeiras como sede
própria da beleza se devem ver, e corn as outras não é assim, sendo
apenas o alicerce e o sustentáculo das superiores .» Ou ainda Jean
Liébault, no seu trabalho sobre o embelezamento, pretendendo «não se ater
senão às partes descobertas», após ter explorado, todavia, o corpo no seu
conjunto. O que agudiza este comentário, num diálogo entre mãe e filha,
do fim do século xvi: «Que necessidade há de se preocupar corn as pernas
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visto não ser uma coisa que seja preciso mostrar? »
Este busto andava apertado numa peça que se vestia por baixo do vestido e
também por cima duma camisa fina, altamente enrijecido corn madeira,
metal ou barbas de baleia - quando apareceram na Europa
- e que talvez se tenha chamado «corçw», o que explicaria perfeitamente
que, mais tarde, Madame de Sévignée, Madame de Maintenon e Saint-Simon
ainda lhe chamassem assim - corps - e não corset, que o autor - talvez
para simplificar uma área da linguagem tão difícil como é aquela que se
prende corn o vestuário através dos tempos - diz «ser outro nome para
corset». (N. da T.)
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HISTÓRIA DA BELEZA
tes altas feitas para o olhar e o aparato, entregues só à beleza,
oferecendo o rosto como um fruto », rematando uma expansão vinda da
sombra. O que confirma a lógica do edifício cujas divisões efevadas
seriam de longe as mais apuradas. O que confirma a visão moral: a
anatomia é orientada ,
declinada desde o nobre ao menos nobre, do delicado ao grosseiro. E
impossível, por consequência, evocar a verticalidade sem designar a
ascensão e a queda, a grandeza e a indignidade.
Desse olhar, muito focado, emerge um modelo formal, seja como for. Imagem
tradicional para o rosto, reputado de misturar num oval a cor «da rosa e
do lírio». Imagem mais acentuada para o busto, reputado de manter num
«cesto» linhas fortemente afiladas em direcção à parte de baixo: «O
conjunto do peito tem a forma duma pêra invertida mas um pouco
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GEORGES VIGARELLO
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comprimida^ cujo cone é estreito e redondo na secção inferior ». A
simetria e a leveza vencem. Não que a forma seja nova, como é mais do que
evidente, mas dá nas vistas devido à largura dos ombros, à inflexão das
ilhargas, à esbelteza dos flancos. A estreitura marca a modernidade. A
cintura torna-se tanto mais importante quanto a sua «deselegância» define
instantaneamente a imagem: as «pesadas de cintura» das Cent Nouvelles
nouvelles, no século xv, são as inábeis, as tolas, seja qual for o seu
aspecto físico, o que reforça ainda o sentido da palavra. A mulher do
cavaleiro do Haynau é, aliás, qualificada «de um pouco deselegante na
cintura», muito simplesmente porque não era «a mais sagaz do mundo» .
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tez para melhor «recrear e deleitar o homem fatigado e lasso ». Não que
ele seja privado de beleza em si mesmo: a imagem da majestade
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Terceira figura, a «beleza religiosa», a que «se acha tanto ou mais bela
por dentro como por fora55». Nada mais do que as qualidades morais
esperadas da mulher do século xvi: «Toda humildade, toda modéstia, toda
simplicidade, sageza, santidade, castidade e prudência ». Paule,
promovida a fulcro do tratado de Gabriel de Minuit, em 1587, é o objecto
cabalmente simbólico dum «Templo de Glória», como Joa-
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GEORGES VIGARELLO
na de Aragão o foi na sua época57. Obscura mescla de divino e de humano,
ela pode receber os favores dos homens porque tem «os favores dos céus».
Ela entremeia, até os confundir, os critérios da estética e da virtude:
imagem de excelência física tanto quando de excelência moral,
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senão de submissão. Essa beleza seria «religiosa » no sentido duma
estética moralizada : a impossibilidade de «ver uma pessoa bela que sem
embargo seja viciosa ». Donde a consequência sobre as feições: o rosto
sempre oval e «sereno», a fronte lisa e «alta», a boca «pequena», «cheia
de pérolas », mas raramente entreaberta, o pescoço «delicado, branco como
a neve», a «voz e a fala doces », os gestos, enfim, discretos e medidos.
Um símbolo: a boca, delgada, estreita, fechada, para melhor mascarar tudo
o que pudesse sugerir qualquer «interior», na verdade, qualquer
«impudor».
As cores ainda, para serem belas, devem revelar outra coisa que não elas
mesmas. É preciso um rosado nas faces «no momento em que o pudor aí se
instalar », um encarnado súbito, «véu natural da vergonha inocente ». É
preciso uma brancura intensa, em contrapartida, a duma «palidez frágil »
feita para revelar uma igual brancura de alma. Cores e formas convergem
para magnificar «uma beleza cujo sentido seria ser sujeita à pujança
masculina . Henrique VIII confirma-o, no início do século xvi, na
mensagem aos seus embaixadores que inquirem sobre a beleza da duquesa de
Nápoles em vistas dum possível futuro casamento: «Eles notarão [...] se
ela tem a fisionomia animada e amável, ou se, pelo contrário,
desagradável e melancólica; se é pesada ou ligei-
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GEORGES VIGARELLO
ra; se tem um ar desavergonhado, ou se, pelo contrário, o pudor lhe põe
uma tinta no rosto »A desvergonha, sobretudo, desqualifica a beleza, a
das rameiras, por exemplo, sistematicamente denunciadas por Vecel-
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lio nos seus Costumes anciens et modernes, de 1590 , enquanto a qualidade
das mulheres de Ferrara depende de saberem «cobrir o rosto
dum véu logo que se apercebem que alguém as olha », e a das mugi lheres
inglesas depende da «graça e da modéstia » que sabem mostrar
constantemente.
O SOCIAL E A DESELEGÂNCIA
«gorda rapariga cuzuda, papuda e de boa saúde, corn trinta anos ou cer-
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ca disso, e que dizia ser da Normandia ». O cirurgião parisiense confirma
duplamente a norma: definir a aldeã pelo seu físico, estigmatizá-la pela
sua deselegância. Diferença tornada decisiva num momento em que a
disparidade entre uma cultura popular e uma cultura refinada se cavou em
definitivo . O que confirmariam ainda os antigos provérbios, mesmo que
seja difícil achar a expressão directa do gosto dos mais humildes: «Larga
e grossa me fez Deus, branca e rosa me farei eu91».
A prioridade dada à parte alta do corpo não pode ser dissociada assim
duma outra atenção mais ampla: a prestada ao aspecto do conjunto, à
ligeireza e à deselegância.
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CAPITULO 3
Uma só beleza
É preciso atardar-se sobre essa visão duma beleza única, modelo imposto
ao espectador sem que ele participe no assunto. A cena inicia quase
praticamente a modernidade. Beleza vinda de alhures, ela seria matéria
incandescente, força viva, fonte de fogo, «a qual faz cintilar os olhos
que a vêem reluzir e aquelas que dela são dotadas . Ela desposará os
recursos mais misteriosos dos elementos. Nada mais a não ser o princípio
dos poderes obscuros evocados pelos sábios nos finais da Idade Média: «E
uma atracção, uma virtude latente, uma força mais do que elementar, um
quinto céu, bastião de íman e electro que atrai a si. A beleza existiria,
por consequência, na própria textura do corpo, objecto «tão bem
incorporado em nós em todas as partes ». Ela impor-se-ia àquele que
observa, habitando-o, mesmo que não quisesse: luz «divina agarrando-se às
coisas e atravessando os corpos corn o seu reflexo ». Nada que dependa do
espectador. A beleza existiria como o «verdadeiro», acertando naquele que
«vê» para o captar e o vencer: absoluto que ninguém poderia contestar. A
cena é de sentido único. O juízo não era para ser trabalhado, invalidando
o recurso a qualquer pensamento estético. Espectáculo e encanto
equivalem-se . Nada poderia contestar essa beleza fechada em si mesma,
sempre acabada, revelada como o poderia ser o divino.
Existem tentativas, seja como for, para definir esse absoluto, dirigindo,
entre outras coisas, intermináveis jogos literários centrados nos
indícios físicos do belo. Jogos formais de facto, onde a verdade é
primeiro que tudo absolutamente retórica: nenhuma tentativa de prova
concreta aqui. Trata-se de arcaicos jogos medievais sobre os «pontos de
beleza» que esses textos do século xvi perseguem sistematizando-os. Aos
nove pontos de Jacobo Alighieri , por exemplo, discutidos no século Xiv
(«juventude, pele branca, cabelo loiro, braços e pernas bem
desenhados...») substitui-os Jean Névizain por trinta, revelando de
passagem o crescimento quantitativo da exigência, da qual toda a verdade
residiria na lógica aparente dos números e no equilíbrio aparente das
categorias. São estes os trinta «sitos» retomados por Cholières ou
Brantôme:
estas dez vezes três belezas, três longas, três curtas, três brancas,
Vê-se, pela grafia e pelo tipo de poesia, que se trata dum texto muito
antigo, onde a «cintura» não podia ser «longa» ou «comprida» - ou, então,
seria grossa -, mas sim o «talhe», o «busto», ou seja, a altura do
tronco, que se foi tornando mais alto, mais comprido, de modo que, a
certa altura se faz troça das mulheres que ficam «quase sem saia», tal
era o prolongamento artificial da parte superior do vestido. Brantôme
nasceu cerca de 1538 e morreu em 1614. É o Pierre de Bourdeille que vem
nas notas de fim como «senhor de Brantôme». (N. da T.)
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HISTÓRIA DA BELEZA
«vermelhos», as unhas, os lábios e as faces, «estreitas», a virilha, a
boca e o flanco, ou «pequenos», a testa, o nariz e o mamilo...». Dez
qualidades, para dizer doutro modo, observadas em três locais anatómicos
diferentes para que a dama obedeça ao «molde da perfeição ».
O CÂNONE E O IDEAL
O que não iria levar ao abandono dessa substâncias, longe disso. Jean
Liébault recomenda, quanto muito, «mastigar amêndoas ou ter na boca óleo
de amêndoas ou conservar na boca qualquer moeda de
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ouro ». A cerusa continua omnipresente nas receitas de Lê Fournier, em
1552, «purificada», «veneziana», «muito branca», «doce», de «chumbo
comum», mas também o sublimado ou «prata viva», ou mesmo a «cal viva»21
que faz concorrência a qualquer água perfeita e «angélica». O sublimado
permanece omnipresente nas receitas de Nostradamus, sublimado esse que
tornaria a «cara duma beleza a atirar para
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a cor duma prata fina »: nenhuma barreira se ergue ainda contra estas
substâncias, apesar da consciência do seu perigo.
OS HUMORES E A PELE
Mais tarde, no século xviii, uma senhora inglesa da alta sociedade, Mary
Delaney - embora de apelido Granville --, nascida em 1700, rebela-se
contra as «cinturas de vespa» dizendo que um tal Dr. Pringle teve quatro
doentes que morreram - «quatro mártires desta absurda malvadez.» - e só
depois de «abertas» se descobriu que o motivo fora o espartilho. (N. da
T.)
O rosto ou a figura*?
(N. da T.)
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GEORGES VIGARELLO
muito bonitas ». Frequenta teatros ou vai a bailados para salientar «um
nariz aquilino muito bonito », ou a voz duma espectadora corn
8
a qual se pretende encantado . Mais ainda, confessa atravessar a Broad
Street corn a esposa «nos seus atavios mais belos [...] para ver e ser
visto ». Outras tantas cenas recreando a estética pública, inventando
novos rituais bem para além das entradas solenes que, até então,
promoviam os seus modelos longínquos. E uma beleza mais quotidiana que
aqui se impõe, uma prática de notável, um trabalho sobre o olhar
renovando o próprio conteúdo da urbanidade. l
(N. da T.)
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GEORGES VIGARELLO
liberdade tão grande em toda a sua pessoa que bastava vê-la para se
perceber a sua habilidade a dançar », o que sugere muito pouco os seus|
caracteres próprios. É impossível, todavia, evocar uma personagem semi
acumular longamente referências ao seu físico e ao aspecto de conjunto,
mesmo que as palavras não captem ainda nada dos relevos aparentes, mesmo
que os lugares-comuns pareçam ainda prevalecer . Saint-Simon, por
exemplo, multiplica as alusões a uma figura «bem feita», «bera
apreciada», «bela», «majestosa» ou «desenvolta» ; Madeleine de Scudéry
multiplica as alusões às caras «admiráveis», «majestosas», «doces» ou «as
mais perfeitas»
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GEORGES VIGARELLO
adicionando os adjectivos para designar, consoante os casos, um rosto
«engraçado», «audacioso», «sedutor», «contestante», «imponente»,
interessante», «aberto», «falante», «singular», «tocante». A cara, de
repente, deixou de ser um possível reflexo dos astros, mas a expressão
exclusiva de movimentos internos: traduz os efeitos vindos de dentro. O
corpo que sofre as forças ocultas é substituído por um corpo sujeito às
regras»! da razão. O que evoca Madaleine de Scudéry sublinhando a beleza
de Cléomine: «Vê-se, vendo-a apenas, que todas as suas paixões estão
sujeitas à razão », ou o que evoca, ainda, Mademoiselle de Montpensier,
acentuando a beleza das suas heroínas onde só um «espírito admirável» 48
pode «animar um corpo tão belo». O tema ultrapassa o do «ar» ou da
«graça», evocados também no século xvi, para juntar claramente a saúde ao
da «animação», um efeito do interior do corpo sobre o seu exterior. Os
tratados de beleza do século xvn podem então designar novos-.-í objectos.
Bodeau de Somaize insiste, em 1666, sobre dois tipos de leza: uma
«animada», a outra «inanimada», uma limitada às formas, a^ outra
possuindo o «encanto» e a «vivacidade» , esse acréscimo de for-IÉ ca e de
expressão que só a alma estaria em situação de lhe acrescentar,” * A
«radiação» mostra-se e diz-se doutro modo: por muito tempo atribuída a
qualquer clarão oculto do corpo, torna-se na «finura», no «picante», o de
Madame de Montglas, por exemplo, em L’Histoire Amou-1^ reuse dês Gaulês,
dotada dum «espírito vivo e penetrante como aB própria carnação, até ao
excesso »; enquanto a «grande e única belezaH de Clermont», descrita por
Fléchier, em 1666, aquando dos GrandsH
Jours d’Auvergne, parece desprovida desse acrescento indispensável:
«Faltava-lhe não sei que agrado que vem vulgarmente do espírito. ElaB»
tinha o esplendor sem ter o fogo, e era uma daquelas belezas que possuem
doçura, mas não são suficientemente animadas.»
51
72
HISTÓRIA DA BELEZA
Donde aquelas categorias mais subtis, mais escondidas, variando diversas
belezas conforme o carácter de cada uma: a «conquistadora», a «patética»,
a «séria», a «primaveril», a «animadora», a «nascente», a
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«atraente», a «risonha» , evocadas numa vasta galeria onde Saint-Gabriel
pretende citar as beldades mais marcantes do seu tempo. Adjectivos
formais, sem dúvida, num mundo onde o espaço psicológico, corn as suas
mecânicas e as suas lógicas próprias, ainda não se constituiu. corn
certeza que Saint-Gabriel se entrega a um jogo literário ao as propor,
como faz de Puré distinguindo, em 1656, as belezas «severas»,
«quotidianas», «mutantes», «orgulhosas» ou, até mesmo, as «belezas de
esperança» , numa outra galeria dedicada à estética das preciosas. Estes
adjectivos casuais não designam nenhum conteúdo exacto - os matizes são
artificiais, as precisões intuitivas. Todavia, a sua importância é outra:
confirmam a existência de novos princípios da esteticização da aparência.
Confirmam o abandono das distinções morais únicas, o envelhecimento das
categorias de Gabriel de Minuit, por exemplo, as do século xvi, que
hierarquizavam a beleza «sediciosa», a beleza «melindrosa» e a beleza
«religiosa» . Um espaço novo parece definitivamente conquistado, em
contrapartida, mais interiorizado, mais secreto: essa vertente
dissimulada e especial que o corpo poderia expressar e da qual seria
impossível separar a «verdadeira» beleza.
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CAPITULO 2
A alma e as formas
DA RADIAÇÃO À HARMONIA
O ENCANTO DA ACTRIZ
O triunfo duma razão que sujeite as formas torna-se num tema principal. A
alusão sistemática a uma alma vivificando o corpo, uma alusão também,
completamente sistemática, a uma mecânica corporal que se julga mais bem
dominada, intensificam a arte de parecer e de embelezar. E, aliás, uma
atenção nova prestada a si mesmo na sociedade moderna a par dum
aprofundamento do modelo da corte que aceleram então as práticas de
embelezar: uma expectativa cada vez mais exigente para corn a aparência,
uma vontade mais afirmada de lhe designar os pormenores e as apostas.
A cidade, depois da corte, também tem «os seus seres de encanto exemplar
». A sua qualidade repassa sob a simplicidade do andar e
do vestuário. A botiqueira de Furetière pode agradar, não obstante o seu
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«ar um pouco papalvo », tal como a aprendiza de costureira de Donneau de
Vise, apesar do seu «ar muito modesto ». A burguesia do grande século
consegue viver da imitação, aceder ao seu «preciosismo», consumir pomadas
e cosméticos: «Aristocrático por espírito e vocação, o ’preciosismo’
nasce da extensão da vida elegante e fácil, do desejo de ideal e de
distinção que se apodera da burguesia ». Há um reconhecimento das belezas
mais «comuns». O mesmo é dizer, todavia, que ele é limitado: essas
belezas são excluídas do «grande estilo» ou do «belo estilo», acessível
somente às damas de qualidade. A postura dita os critérios do belo num
mundo em que triunfa a corte. A manutenção fabrica a estética: distâncias
impalpáveis, é claro, dependem do
Era um tecido que se usou nos séculos xvu e xvii: uma espécie de sarja,
cujos fios não eram puxados. Chamava-se assim na nossa língua e em
francês chamava-se grisette - não confundir corn grisette no sentido de
costureirinha ou empregadinha burguesa amiga de ser galanteada.
(N. da T.)
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GEORGES VIGARELLO
porte da cabeça, da fixidez das costas, da medida do passo. Ilustram a
gesticulação impotente do Burguês gentil-homem mimando o seu mêstre-de-
dança . Ilustram a irresistível beleza de Agnès, em UÉcole dês femmes,
surdamente ligada à sua ascendência nobre: a paternidade do rico senhor
Enrique . Pelo contrário, tornam contestável a beleza da «Bela
especieira», aquela tal Gabrielle Perreau cujo processo por adultério a
cidade de Paris segue, no fim do século xvn, em que a figura em causa é
condenada à infelicidade por ter querido seduzir, por ter zombado do
marido, mas também por ter adoptado um «grande estilo», um procedimento
que não lhe pertencia. Ainda que as maneiras orquestrem aqui a beleza.
Uma primeira linha de divisão opõe homens e mulheres: pais e maridos, por
exemplo, podem-se sentir «enganados» pelo recurso aosfards. A pintura da
cara poderia sugerir uma maneira de seduzir escapando ao tutor de que a
mulher dependia: a prova dum capricho, a confissão duma liberdade. Essa
certeza de que uma autoridade é frustrada: «Os cuidados de parecer bela
tomam-se pouco para corn os maridos .» A convicção do burguês Gorgibus,
em Lês Précieuses ridicules, contra a sobrinha e a filha: «É pomada a
mais.... Por todo o lado, não vejo senão clara de ovo, leite virginal e
mil outras frandulagens de que nada sei ». Ou o requisitório do «sieur de
La Serre», no seu Réveil matin dês dames, sobre umfard autorizando todas
as «velhacadas » e todas as traições para corn os tutores, os maridos, os
familiares. Bastava a frase pronunciada por um
homem novo, «aquela temfard », para ser um comentário «descortês»,
segundo Lês Mots à Ia mode, de 1693. Transgressão duma ordem, o fará
corresponderia a qualquer desafio feminino.
A descoberta do funcional
A ESTÉTICA E AS FUNÇÕES
O mesmo será dizer que era preciso uma visão mais exigente da técnica
para confirmar essas insistências, a curiosidade mais instruída para corn
as artes e ofícios durante o século xvm: a acuidade da En-
111
GEORGES VIGARELLO
cyclopédie, entre outras, sensível como jamais às actividades doía bor,
esse saber focado sobre cada deslocação física nos artesanatos da mão e
do corpo, o universo do carregador, do pedreiro de telhada do carpinteiro
ou do remador sobre os quais se multiplicam as tabelas e as precisões .
Uma maneira de prolongar aqui a pragmática emes tética, a curiosidade
funcional em curiosidade emotiva. Os conselhos de Diderot então dados a
qualquer aprendiz de desenhador: «Livrai -me do modelo... Sede observador
nas ruas, nos jardins, nos merca dos, nas casas e ganhareis aí as ideias
justas do verdadeiro movimento
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nas acções da vida ».
O objecto estético não se sedia já somente nas partes, sedia-se nas suas
convergências. Hogarth, aliás, inventa uma expressão, a «linha
ondulante», para designar o que até então não era citado como tema
unificado: um perfil ininterrupto de «entrelaçamentos e de flexões53»
especificando uma «linha de beleza » desenvolvida acerca do corpo no
seu conjunto. A predilecção de Diderot dá mais relevo ainda a estas
causalidades integradas, explorando, até na aparência desgraciosa, o que
constitui um conjunto articulado de cima a baixo: «Voltai os vossos
olhares para aquele homem cujas costas e peito ganharam uma forma convexa
». A aparência parece constrangida, o rosto sofredor, o esforço contínuo.
A vista apenas dos seus pés bastaria talvez para indicar o defeito de
postura. A «natureza» não se enganaria nisso, mesmo perante uma figura
coberta até aos tornozelos, diria «sem hesitar: «estes pés são os dura
corcunda» ». As forças integradas e ascendentes são realmente as
primeiras visadas. Emerge uma «totalidade» física, feita de tensões e de
funções: aquele «Todo » do corpo que Watelet, nas suas reflexões sobre
a arte, privilegia como facto mais importante. O mesmo ainda que os
físiognomistas, como Lavater, se põem a procurar sob a dispersão aparente
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HISTÓRIA DA BELEZA
dos traços: «O corpo humano pode ser encarado como uma planta em
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que cada parte conserva o carácter do talo ».
Não, é claro, que Diderot proponha uma análise mecânica e nítida dessas
tensões. O argumento é obscuro, intuitivo, confirma apenas como a
globalidade adquiriu um relevo especial: «Todas as partes do corpo
contribuem para a beleza ». Uma «ciência das formas» está em marcha nessa
tal análise das convergências físicas, ainda que os equilíbrios se
encontrem longe de se encontrar todos recenseados, ainda que a palavra
«morfologia», em si mesma, se encontre longe de ser inventada, ainda que
os trajos femininos, nestes anos de 1760-1770, não deixem sempre aflorar
os contornos do corpo favorecendo a beleza apenas da parte superior. Um
objectivo retorna, insistente, repetido: «estar perpetuamente ocupado
corn um conjunto e corn um todo ». Madame Roland parece ter em conta
essas exigências ao se descrever a si mesma, no fim do século: «Meço
cerca de cinco pés, a minha figura cresceu tudo o que tinha a crescer; a
perna é bem feita, o pé bem posto, as ancas muito marcadas, o peito
soberbamente mobilado, os ombros direitos, a postura firme e graciosa, o
andar rápido e ligeiro, eis o que há para o primeiro golpe de vista ».
Atenta aos «números» da figura, aos apoios, às forças, à implantação das
ancas, Madame Roland rompe corn as descrições antigas até inverter o
percurso tradicional do olhar: já não de cima para baixo, como faziam os
inúmeros retratos literários centrados no rosto, mas de baixo para cima,
para subtilizar melhor uma silhueta ou sublinhar um garbo; corpo evocado
nas próprias forças que
agência das partes entre si, mas a apropriação dum à-vontade, duma
maneira mais solta de ser e de se mover, deixando pressentir, de passagem
e num outro plano, a imagem do futuro do cidadão.
Porém, nada seria mais falso do que ver nessas vontades funcionais o
triunfo dos contornos anatómicos aflorando sob a parte superior dos
trajos. A silhueta de Maria Antonieta, por exemplo, no «Salão» de 1783,
não oferece tal imagem: a parte inferior do corpo perde-se numa vasta
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GEORGES VIGARELLO
amplidão ilustrando o tema tradicional do busto e do pedestal. Os vês-
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tidos «simples », considerados mais livres, perdem-se também numa
infinidade de pregas. O projecto de «devolver a natureza», o de «modelai*
104
a seda pelo corpo », afirma-se, sem dúvida, corn uma nitidez inigua-j
lavei até então, abandonando completamente a parte inferior dos mem-|
bros a uma amplidão indistinta. A visão do «natural» continua aqui es-f,
pecial, datada. A beleza quotidiana não é ainda a das linhas do corpo, f,
Decerto existe uma resistência obscura quando se trata de tornar livre e
direita a parte inferior dos vestidos, como revela, melhor do que outros,
o Journal dês dames et dês modes, no princípio do século xix: «Jamais o
pudor pode exigir que as mulheres se metam numes-l tojo; uma afectação
assim não vem senão em socorro da fealdade e? da deformidade105».
Resistência difusa, também, que o uso do espe-i lho confirma à sua
maneira: aquelas inúmeras imagens da «mulher a f fazer a toalete», por
exemplo, cujo fino vidro emoldurado reflecte i apenas o rosto ou o busto
abandonando a parte inferior dos vestidos f a qualquer perfil
convencional e não personalizado, até às imagens li-; bertinas de
mulheres comparando, ao espelho, o volume dos seios , i como na gravura
de Janinet. Nenhuma referência aqui a qualquer es- f pelho de corpo
inteiro susceptível de reflectir o corpo no seu conjun-1 to. Os espelhos
de toalete continuam de «tamanho médio», não ex-1 cedendo «18 ou 20
polegadas de altura107» (45 ou 50 cm). Os; espelhos altos são raríssimos,
aliás. Philémon Louis, o irmão de Jacques Savary dês Brulons, continuador
do Dictionnaire du commerce, confessa, em 1741, a sua admiração por um
espelho corn 100 polegadas de altura (2,5 m) finamente moldado pelos
artesãos venezianos. O objecto, o mesmo é dizê-lo, continua fora do
alcance das bolsas vulgares: calcula-se em 3000 libras, enquanto um
cirurgião do Hôtel-
122
HISTÓRIA DA BELEZA
108
-Dieu ganha 200 libras ao ano . Donde a extrema raridade duma vista de
corpo inteiro na época das Luzes, confirmando quanto a conquista pessoal
duma linha de beleza, a captação global de contornos funcionais ou
naturais, devem, no século xvm, ser matizadas. É preciso que cheguem os
últimos anos do século, e o sucesso cada vez maior das vidreiras
francesas, para que o psiché, alto e oval, «se imponha nos boudoirs »
permitindo às damas de qualidade «observarse à vontade dos pés à cabeça
».
toda a importância dessa ruptura até fazer dela o «dilema da arte mo-
21
derna », confrontada corn uma beleza cujos modelos já não são
inabalavelmente fixos.
O COMÉRCIO DIFERENCIADOR
O REFORÇO DA FIBRA
«BANHOS DE BELEZA
17
O interesse pelas fibras e pelo sensível prolonga-se ainda no interesse
pelos elementos atmosféricos reputados de as modificar: o clima, o ar, a
água. O corpo embelezado é um corpo «estimulado». O ar frio e o seu
efeito de inteiriçar as fibras, por exemplo, aquele que Madame de Épinay
defronta nas montanhas suíças ao observar o regime de Tronchin, ou o ar
«fresco», mantendo a «tez branca e viva», recomendado por Arbuthnot num
dos primeiros tratados consagrados aos «efeitos do ar no corpo humano». O
que revela, de passagem, um interesse a incidir na pele, no seu estado,
na sua firmeza, bem além do rosto, unicamente - nascimento, ainda
hesitante, duma cosmetologia ampliada ao corpo no seu conjunto.
POSTURAS E CORRECÇÕES
£Q
A beleza romântica
OS OLHOS E O INFINITO
nova, uma alma corn asas matizadas tinha rompido a sua larva ». Félix
redescobre-se. Tal qual como Julien Sorel ao ver Madame de Renal: «Aquela
beleza modesta e tocante e, contudo, cheia de pensamentos que não se
encontra nas classe inferiores, parecia revelar a Julien uma faculdade da
sua alma que ele jamais sentira ». O efeito já não é o de qualquer
desvelamento de Deus, como no século xvi, nem sequer o de qualquer
desvelamento da sensibilidade, como no século xvm, mas sim o dum
desvelamento de si: a consciência duma interioridade bruscamente ampliada
pela beleza17. A velha noção de «sublime», reputada durante tanto tempo
de orientar o belo para qualquer acréscimo de nobreza ou de grandeza,
pode-se tornar aqui descoberta quase psicológica, extensão dum espaço
pessoal, sentimento íntimo exposto como um brusco «engrandecimento» de
si.
O que confirma como a cultura do século xix volta, mais do que nunca, o
indivíduo sobre si mesmo, já próximo do sujeito contemporâneo. O tema
acompanha a renovação dos diários íntimos, o interesse
18 pelas aventuras da consciência, os documentos onde triunfa o «eu».
O ELOGIO DO ARTIFÍCIO
a negro nos grupos distintos: a mulher corn jóias, pintada por Corot em
1865 , na Lecture interrompue, por exemplo, de cara lisa, sobrancelhas
realçadas, pestanas enegrecidas, aprofundando um olhar que ignora ainda
esse negro-carvão do princípio do século xix. Mais distintas ainda: as
sobrancelhas finamente redesenhadas, as pestanas realçadas, o oval dos
olhos prolongado, como os da imperatriz Eugenia fotogra-
159
GEORGES VIGARELLO
56
fada por Lê Gray, em 1856 . Ofard tornou-se realmente «maquilhagem», em
meados do século xix: não incide só sobre as cores e a tez, < incide
também sobre as formas, as feições. Como arquitectura sapiente, | ele
combina camadas e níveis: o branco líquido e leitoso, primeiro, para
«preparar a tela », chamado mais tarde fond de teint, a seguir o pó
cor- l
58
-de-rosa «forçando ou moderando as cores », por fim algumas linhas f
sublinhadas a pincel, «ligeiramente húmido», para aplicar os traços. Ele
r alimenta uma porção de críticas sobre um rosto feminino acusado de
59 «não poder nem empalidecer, nem se animar, nem se ruborizar », mas
confirma as distâncias sociais, aprofunda as hierarquias.
ACAMBRURE E AS PALAVRAS
PERFIS BURGUESES
0 que confere forças, dinâmica, etc. é ”estação”. Mas o autor pode falar
em ”estação”, e não em ”posição”, porque, em francês, siation debout é
”posição erecta”, em português. Nós não lhe chamamos estação, mas
respeitámos o autor da citação e a sua época. (N. da T.)
t
165
GEORGES VIGARELLO
cão» . A cultura gímnica, cuja eficácia se garante, atenta ao trabalho,
sensível às indústrias, distingue, pela primeira vez, músculo após
músculo, as linhas dos movimentos e os seus efeitos. Distingue, também jj
pela primeira vez, músculo após músculo, os exercícios localizados ré-1
putados de corrigir o porte da cabeça, o apoio das pernas, o
desenvolvimento do tronco. O que acrescenta aos critérios estéticos da
silhueta f indícios de força e de tensão. Saber discreto, pouco
praticado, que se aventurou em alguns pensionatos para raparigas, cerca
de 1840 , essa t ginástica a que Clias chama também «calistenia » -
para lhe acentuar a referência estética - continua presente, todavia, nas
gravuras e tratados de beleza do início do século. Saber discreto, faz
também imaginar as premissas duma ginástica para o rosto: Charlemagne
Defontenay inventa, na década de 1840, um laborioso dispositivo
permitindo mobilizar diferentes partes da cara graças a fios aderentes
corn «tafetá aglutinador». Essas partes são depois estiradas para impor à
carne e aos
102
músculos as formas desejadas. Uma «caliplastia » seria assim possível,
em paralelo corn a calistenia.
É uma capa, como a dos bispos e arcebispos; sem mangas e presa à frente.
(N. da T.)
167
GEORGES VIGARELLO
acréscimo de fluidez a um espaço urbano julgado mais movimentado
transpondo o seu passo num acto de ascendência: sinal dum estilo glo- r
bal, maneira buliçosa e industriosa de exibir a beleza. <•
Ao que se junta uma curiosidade por uma outra variedade, então, a das
pertenças e dos estatutos: a tentativa de ultrapassar a «fusão dos níveis
», o «nivelamento das desigualdades », essas interferências sociais que
uma Revolução provedora de anonimato teria trazido. Inquietação
derrisória, sem dúvida, se não revelasse um esforço inigualado, até aí,
para reavaliar as fronteiras sociais, reformular as disparidades. Uma
nova maneira de olhar, essa de perseguir o oculto para melhor o penetrar:
o alcance de distâncias redefinidas, reconstruídas, já inscritas no
corpo, apesar do «repique a defuntos da alta socieda-
125
de ».
1
de Paris, em 1842 . Os tipos humanos multiplicam-se, emergindo, desses
textos literários como emergem as espécies animais das análises l dos
novos naturalistas, ou as tribos longínquas das narrativas dos novos l
viajantes. O observador faz-se explorador, o escritor faz-se classifica-1
dor, mimando até à linguagem os novos descobridores. «Esta belaesJ pécie
[’a mulher como deve ser’] ama as latitudes mais quentes, as lonlj
gitudes mais adequadas de Paris. Encontrá-la-eis entre a arcada décima l
e a centésima décima da rue de Rivoli: na linha dos Boulevards, depois I
127
do Equateur dês Panoramas até ao Cap de Ia Madeleine ». Enquanto l
128
a «griseta galante » seria mais «comum», mesmo que o seu ar «airoso» a
identifique como «flor indígena não crescendo senão em Pa-
90
ris ». Claro que nessa interminável recensão não existe qualquer
princípio de classificação, a não ser o de evocar riqueza e pobreza, do
mesmo modo que Janin diferenciava, segundo o estatuto das suas amantes,
as qualidades das criadas que iam buscar o leite às ruas de Paris: a sua
tez, o seu «pé miúdo», a sua «frescura» . A vontade de multiplicar os
esboços sociais impõe-se, como se impõe uma brusca diversidade de perfis
diferentes nos desenhos dos gravadores: «burguesas», «proprietárias»,
«mulheres de vida equívoca», «actrizes», «sílfides», «meninas»,
«boémias», «desgraçadas», «gentes do mercado» . Às quais se acrescenta a
camponesa, da qual os viajantes não podem cornpreender, de modo algum, os
critérios estéticos. Na baixa Bretanha, por exemplo: «É uma beleza ter a
pele vermelha e animada. Em certas lo-
132
calidades, as raparigas coquetes engorduram a testa para que luza ».
170
HISTORIA DA BELEZA
Raríssimas, em contrapartida, são as vozes rurais susceptíveis de
comentar essas características.
Não que tenham recuado os sinais da força. Marsay, por exemplo, «o rapaz
mais bonito de Paris», em «A rapariga dos olhos de ouro»,
172
HISTÓRIA DA BELEZA
alia «uma destreza de macaco a uma coragem de leão », sabe , apesar do
seu «ar doce e modesto», usar «a terrível arma do chinelo e da bengala »;
e Rodolphe, o «vingador», nos Mystères de Paris, exibe uma «força
incrível», possui «nervos de aço », apesar da sua «figura esbelta» e
feições subtis. Byron leva ao extremo essa mistura de graça e de vigor: a
procura dum traje «delicado» associada a um interminável empreendimento
de tornar o corpo firme através do pugilismo, da na-
14
tacão, mesmo até de alguma «violência de animal feroz ». Adquire uma
magreza elegante, uma silhueta grácil, viajando por Itália acompanhado
por um médico que lhe prescreve exercícios e refeições. Faz da dieta um
empreendimento estético, um trabalho de aparência que as suas cartas
testemunham, relatando-lhe o ardor e o progresso: «Pediste-me notícias da
minha saúde. Estou duma magreza tolerável que con-
149
sigo por meio de exercício e de abstinência ». Finura e vigor vencem,
aqui.
A conquista anatómica
Uma mudança ainda mais patente - por tocar ao próprio símbolo da beleza -
é constituída pela lenta exibição dos contornos físicos femininos: as
linhas «imediatas» do corpo triunfam corn o século, muito gradualmente,
modelando um trajo que até aí as mascarava. As formas femininas animam-
se, afloram os tecidos, ditam, no fim de contas, ainda que tardiamente, o
seu desenhos aos tecidos. A «roupa interior» vence, por fases, os
artifícios da roupa exterior. O que inflecte os critérios da beleza
física no fim do século, acentuando a presença das ancas, o recorte mais
marcante dos movimentos. Não que a transformação seja somente a da roupa
interior e das modas, ela é também, e mais ainda, a da estética corporal:
silhueta mais grácil, linha mais «anatómica», gestualidade mais
espontânea.
175
GEORGES VIGARELLO
O FRÉMITO DAS PREGAS
Uma expectativa muito especial, seja como for, procura, nessa década de
1840, o «frémito » ou o «estremecimento» do vestido, mesmo antes que a
forma do vestuário tenha mudado: o vestido deve ir «da
Claro que há críticas, feitas por vozes femininas, contra estes trajos
bojantes: «As saias duma amplidão moderada eram desejadas por algumas
mulheres realmente bem feitas, mas a maioria das figuras defeituosas
levou a melhor ». As caricaturas de Cham, de Bertall, de Daumier
transformam os trajos «demasiado» largos em outros tantos fardos:
vestidos magoando transeuntes, ardendo ao contacto das lareiras ,
escorregando para debaixo das rodas das carruagens . O artifício
«constrangedor» mantém-se todavia na década de 1860 ainda, favorecendo um
perfil decorativo e rígido, quando a aposta é tanto sobre as formas como
sobre a liberdade.
As formas casam-se cada vez mais corn o tecido, a meio da década de 1870:
o vestido torna-se «aderente», as ancas afirmam-se brusca-
32
mente em estojos tornados em «bainhas». «Lenta eliminação» das
sobrecargas, pretende Mallarmé, escritor da moda e no seu auge. Essa mu-
*
dança visaria os acessórios deformantes: «A tornu vai-se, o pouf
33
desaparece », velhos instrumentos rígidos, por muito tempo metidos sob os
tecidos dos vestidos para os afastar mais, «andaimes», «coisas
terríveis», assimilados, em alguns diários íntimos, a vagas recordações
43 «deinquisição ».
Ainda é preciso sublinhar que essas curvas e essas delgadezas não são as
de hoje. O ar «colante» dos vestidos, a redondeza das ancas im-
Para o leitor desprevenido que poderá julgar esta palavra corno só usada
no Brasil, informamos que os nossos grandes escritores - Eça, por exemplo
- a usaram constatemente. Depois, o Brasil conservou-a, e nós
prescindimos dela. Nesta época, porém, designava uma espécie de fraque,
enquanto os Brasileiros usam a palavra na acepção de «casaco». (N. da T.)
180
HISTÓRIA DA BELEZA
põem-se, nos fins do século xix, mas continuam sempre a pedir o controlo
do espartilho . O que renova a forma deste, tornado mais revestidor,
reputado de comprimir as linhas duma bacia bruscamente visível: «Hoje em
dia não se pode pôr um vestido que não seja bem ajustado, colante, numa
palavra. Ora, esse resultado não se obtém a não ser que o espartilho
tenha bastantes barbas de baleia e venha muito abaixo ». Os contornos
mais expostos à vista pedem tutores revistos, a firmeza anatómica
feminina supõe sempre assistência e apoio. Donde esses espartilhos de
curvas alongadas difundidos a partir da década de 1890: «É preciso
espartilhos compridos, mais envolventes do que nunca, corn as barbas de
baleia a descerem muito abaixo, nas ancas ». Se Madame Granjean, a
soprano da ópera em 1900, tem «linhas soberbas», é porque os espartilhos
de Madame Legrain, a sua costureira, «a transformaram assim »; se, pelo
contrário, uma correspondente do Méssager dês Modes, em 1905, se queixa
das suas próprias formas, é porque «está mal
espartilhada ».
Aqui o autor usa corsage e não corset. Mas, desta vez, é realmente àquilo
que nós designamos vulgarmente por espartilho que ele se está a referir.
As fotografias deste mesmo livro mostram-no.
(N. da T.)
181
GEORGES VIGARELLO
reduzir, sobretudo, uma largura de ancas que o drapeado tornou visível. O
invólucro esculpe contornos anatómicos bruscamente expostos ao olhar.
A OBSCURIDADE DO DESEJO
fim do século xix: os romances dos Goncourts onde «os fluxos de ca-
81
belo » invadem o pescoço, as telas de Toulouse-Lautrec onde se pen-
185
GEORGES VIGARELLO
teiam bailarinas e modelos, os cartazes de Alfons Mucha, de Paul Berthon,
de Eugène Grasset onde as madeixas exibidas flutuam até às mar-
82
gens dos quadros . O que confirmam as revistas de 1900: «Sem a abundância
e o excesso da cabeleira, seria impossível haver beleza a sério ».
UMA «NORMALIZAÇÃO» DO NU
OS DESVELAMENTOS DO VERÃO
porque mais bem adaptada à posição erecta, o rádio mais longo igual-
113 mente porque mais bem adaptado ao manuseamento de utensílios
110
blema mais importante da ginástica do desenvolvimento ». Tanto mais que
se juntam outros efeitos morfológicos ao «relaxamento» do tipo abdominal:
o arqueamento excessivo das costas por deficiência exagerada
119
do «ventre», a «seladura lombar », expressão nova dos anatomistas do fim
do século Xix, aqueles rins abusivamente arqueados, sinais mais de
fraqueza do que de beleza.
191
GEORGES VIGARELLO
Donde essa denúncia feita pela ginástica do fim do século xix de «o ideal
actual da beleza feminina infelizmente inteiramente contor-
120
nado », essa insistência na necessidade duma postura casando-se
121
corn o «plano normal vertical do corpo ». Não apenas o peito avançado,
mas também os rins direitos. Donde então aqueles exercícios destinados a
combater os arqueamentos impostos pelo espartilho: «encostar as raparigas
a urna parede, uma árvore ou um móvel» e apli-
122
car «contra essa superfície vertical os rins, as costas, o ocípute .
Calixte Pagès não hesita, aliás, uns anos mais tarde, em falar de
«exercícios de beleza», todos eles constituídos por aumentos,
alongamentos, na verdade, sugestão extrema, por «eliminação das
123
curvaturas vertebrais ».
O mercado do embelezamento
O ADELGAÇAMENTO DO «BAIXO»
Nada que não se pareça aos alertas de hoje, sem dúvida. As preci- t soes
incidem pouco sobre as medidas do corpo. As balanças, «metros J murais»
ou fitas métricas, insensivelmente utilizados na escola ou no :
»
196
HISTÓRIA DA BELEZA
exército, em finais do século xix, para mostrar indícios de fraqueza ou
rusticidade, não são ainda usados no universo da estética quotidiana . Os
perímetros de cintura raramente são evocados em centímetros, as
redondezas raramente evocadas em quilos. A romancista André-Valdes
apresenta, corn a maior das banalidades, um caso exacto em que uma mulher
é transformada de «corpulenta» em «esbelta» e de «pesada» em «elegante»
por um regime seguido corn regularidade, mas a romancista diz que não se
pode quantificar o resultado: aquela mulher «não se pesou ». A «balança
pessoal», aliás, está ausente do mobiliário dos quartos ou das casas de
banho, no fim do século xix . A evocação feita por Yvette Guilbert do seu
perímetro de cintura, «cinquenta e três centímetros », continua rara,
como continua rara a regra, todavia marcante, assinalada pelo Carnet
féminin, em 1903: «Admite-se que o indivíduo entre os 20 e os 50 anos
deva pesar tanto quantos aqueles
12
centímetros em que a sua altura exceder o metro ». Nova precisão em
1910: os anúncios do método gímnico Meutzer garantiam uma perda dum quilo
de peso por semana até ao peso «relativo à sua altura ».
Uma cena é recorrente, aliás, nos romances como nas revistas de modas dos
fins do século xix: a vigilância atenta do corpo perante o «espelho
total». Nana examina os seus contornos no espelho do quarto, «detendo-se
no perfil do pescoço, nas redondezas fugidias das coxas32»; a «mulher
inquieta», de Jules Bois, verifica do seu leito, ao espelho, as «pernas
delgadas» ou as ancas tornadas «menos agudas ». As heroínas de La Vie
parisienne fecham-se no seu quarto de vestir para estudar, ao espelho, «o
desenvolvimento das ancas ou o espessamento da nuca ». Cena inédita, sem
dúvida nenhuma. O espelho alto
era raro até ali, limitado, quanto muito, ao espaço do salão . Os manuais
de beleza e de arranjo pessoal da primeira metade do século cingiam-se,
aliás, muito simplesmente, ao psiché alto, o espelho posto sobre a sua
consola, o tal feito para o busto e o rosto . Ora, «como viver
37
num corpo que não se viu » nos mínimos pormenores, pergunta-se Veronique
Nahoum-Grappe? Essa observação de si mesma é decisiva,
200
HISTÓRIA DA BELEZA
aguçando a exigência, orientando para a «estética da delgadeza »,
sugerindo a medida, afinando práticas e olhares.
Delgados, porque são feitos duma chapa de vidro fina. (N. da T.)
201
GEORGES VIGARELLO
formada, aliás notavelmente arqueada, se calhar demais, comparo-me a
todas as estátuas e não encontro nada tão arqueado e tão largo de ancas
como eu. É um defeito? ».
AS «Sílfides modernas1»
Proust usa esta palavra que quer dizer «banco corn dobradiças», na época,
a que nós agora chamamos talvez mais «banco rebatível». Porém, há um
dicionário que nos diz ser «uma almofadinha que as mulheres amarravam à
cintura, na parte de trás, e que fazia tufar o vestido» - nesta acepção
encontrámos pouf. A verdade é que, apesar disto, há tradutores que não
acreditaram no que diz o dicionário - e nem mesmo em dicionários antigos
achámos a expressão. Acreditamos que Proust estava a dizer que a tournu -
ou toumure - parecia exactamente um banco desse género. Acreditamos que é
um artifício literário - nem sequer isolado na obra deste escritor. (N.
da T.) Aqui tratava-se da parte superior do vestido, não de nenhum
espartilho. (N. da T.) Isto chamava-se assim, em alta-costura. Usou-se
sempre o nome francês. (N. da T.)
216
HISTÓRIA DA BELEZA
onda, e conferia à percalina uma expressão humana, agora que ele se tinha
libertado, como forma organizada e vivente, do longo caos e do invólucro
das modas destronadas ». Juntam-se a isso uma maquilhagem e um penteado
afilados, orientados para o «estirado» e o elevado: sobrancelhas
depiladas, maçãs-do-rosto realçadas, cabelos apertados. A revista da
década de 1920 é formal: «Reduzindo o tamanho da cabeça, ela parecerá
mais jovem e mais delgada ».
GARÇONNES
O OLHAR QUANTIFICADO
Ano
Peso em quilos
Junho 1929
60
Abril 193254
Agosto 1932
53-52
Maio 1939
51,5
104
Altura * Peso
Perímetro da cintura
1,68 cm
60 kg
88 cm
90 cm
70 cm
27 cm
52 cm
34 cm
34 cm
Perímetro de cintura
1933
1938
1939
Voíre beauté
Marie Claire
Votre beauté
83
85
81
87
85
75
65
60
58
112
Causas de morte
Apoplexia
Doenças do coração
Doenças do fígado
Doenças de rins
Diabetes
Total
Magros
Normais
Gordos
112
212
397
128
199 t, -
384
12
33 ,*.«*:
67
i;
57
179
374
28
136
315
651
1358
229
GEORGES VIGARELLO
séria, declarada. Todas as funções seriam afectadas: da «bomba cheia de
gordura» do coração à «drenagem obstruída » do fígado. Donde ainda a
apresentação gradual do mal, a vigilância mais apertada dos limiares.
Oito categorias, por exemplo, são tomadas em conta pelas cornpanhias de
seguros de vida americanas, desde a década de 1910, calculando as suas
tarifas sobre o desvio dos seus clientes relativamente
CÓDIGOS E CONCURSOS
Abeirar as «estrelas»
Os conselhos das stars sobre a beleza não são senão ainda mais preciosos,
espalhados pelas revistas cinéfilas. Nenhuma surpresa todavia, todos
confirmam a decisão psicológica, já tomada à partida, das classes médias
na época entre as duas guerras: a determinação e a vontade . Todos
glorificam a tenacidade: Cécile Sorel explica o seu emagrecimento pela
«vontade de se impor uma disciplina séria », Bebe Daniels insiste nas
fadigas repetidas seguidas por «exercícios de flexibilidade »; Joan
Crawford multiplica os exemplos de exercícios «constantes », dizendo
até ter sofrido «um verdadeiro martírio para adquirir a sua linha ».
Três
241
GEORGES VIGARELLO
palavras vêm constantemente à baila, sempre regressadas: «disciplina,
ginástica, dieta . O que impõe uma constatação: «Lembrem-se de que o seu
encanto actual não é inato, mas adquirido ».
Donde o raciocínio totalmente novo transformando a divindade inacessível
em objecto acessível: «As stars não são feitas duma massa diferente das
outras », insiste Votre beauté, em 1935, numa separata que a revista
intitula «A fábrica das stars ». Elas têm apenas uma tenacidade especial,
acrescenta Marie Claire, retomando o percurso de muitas dentre elas até à
caricatura: «Como duma mulher apanhada na multidão se fez Marlene
Dietrich», «Como uma mulher quase feia se tornou em Joan Crawford», «Como
Greta Garbo soube conquistar a beleza ». Só cuidados esclarecidos e uma
atenção contínua as transformaram. Sternberg não pretende ter
metamorfoseado Marlene Dietrich? Faces cavadas, sobrancelhas depiladas,
rosto finamente anguloso, corpo quase subtil, perda de 15 quilos de peso
ao fim dum trabalho intenso : a Marlene de Hollywood faz esquecer aquela
outra de Berlim, mais «primitiva». Tem uma cara mais misteriosa, um corpo
mais leve, aviltando a antiga actriz de feições desenxabidas e atiladas.
Porque não se inspiram nela? O argumento é extremo, sem dúvida: mantém o
culto, mas transforma as consciências.
Vê-se que esse tal modelo voluntarista complica o das férias, promovendo
a certeza de se poder dominar o corpo como nunca, nesse início do século
XX, Cava-se um espaço psicológico onde o indivíduo das
DERIVAS TOTALITÁRIAS
DO QUÍMICO AO CIRURGIÃO
A STAR «LIBERTADA»
A BELEZA CONSUMIDA
Brigitte Bardot fez tantos mais émulos quanto um consumismo, que não
olhava a meios para alcançar os fins, intensificou as paixões pela
imitação como as paixões pela afirmação. Primeiro as revistas, que se
multiplicam nos anos 60, generalizaram, sem se dar conta, a cultura da
estética e dos cuidados: a publicidade ocupa 60% a 70% das páginas de
Elle, Vogue ou Jardin dês modes, em 1960, quase o dobro do que ocupava na
década de 193021. O peso do visual impôs-se: caras e corpos fotografados
em página inteira, grãos de pele ampliados até aos limites do
enquadramento, corpos-liana corn curvas sobredimensionadas, ancas e
nádegas especificamente «enquadradas», interminavelmente reproduzidas e
sublinhadas. Objectos e práticas sistematicamente associadas aos
22
corpos sempre mais flexíveis e alijados: o fine body da Kellog’s, em
1950, o «permalift da Panty, em 1957, o afinamento em «tule elástico
» da cinta Audace, em 1960 .
O mesmo é dizer que uma subversão na estética das formas acompanha essa
mudança na antropologia dos géneros. Aí a beleza pôde ser revista,
renovando aspectos e contornos. Os exemplos acumulam-se de velhos modelos
do masculino tornando-se, nos anos 60, novos modelos do feminino
exaltando uma recusa de todo e qualquer «apartheid no vestuário »: blue-
jeans e unisexo, blusas e tee-shirts, camisolas e pólos «confundindo as
representações existentes na divisão social e sexual do vestuário ».
«Amazonas do terceiro milénio » que Lê Monde evoca então, em 2003, ou
essa «moda mista », que lembra a revista
261
GEORGES VIGARELLO
Elle, também, ao mesmo tempo. O tema do andrógino agradou no seguimento
desses anos até à «incarnação do masculino-feminino chique » feita por
Inès de Fressange, na década de 1980. As descrições do corpo feminino
puderam «passar a ferro» as formas demasiado «sexuadas» no último terço
do século, acentuar o apagamento das ancas, cultivar a discrição do peito
e, sobretudo, o que é mais original, exibir uma evidente densidade
muscular . A imagem de Jane Fonda, por exemplo, na capa do Paris Match, a
12 de Novembro de 1982: linha afuselada, bicípite estendido, exibido,
sorriso quase parado. Ou a descrição da Nouveau F., em 1983: «Coxas
longas e ombros largos, ela adianta-se, na areia quente, de cabeça
erguida, a grandes passadas, corn a expressão impassível da conquistadora
».
* Ainda falta medir até onde vão essas dispersões. A explosão brutal do
embelezamento, as suas variedades, o seu desenvolvimento, não seriam
capazes, para dizer a verdade, de se explicar só pelas práticas do
consumo ou até mesmo pelo imaginário da igualdade. Uma mudança tão
profunda como elas acompanha-a, uma ruptura que atinge a identidade: um
investimento especial na imagem individual e seu sentido. Mais do que
nunca essa identidade se reduz hoje ao indivíduo em si, à sua presença,
ao seu corpo. A «grande sociedade »já não diz a cada um o que deve fazer.
As instituições não governam já o aspecto e o trajo, como fizeram tanto
tempo as profissões, as geografias, as comuni-
2
dades. Já não obrigam aos sinais de pertença . Vertiginoso distanciamento
de velhos tratados de trajos onde se categorizavam as cidades, as ordens,
as profissões . O indivíduo, e só ele, é responsável hoje pelas suas
maneiras de ser, pelas suas «imagens». Ele «é o seu aspecto », diz corn
toda a razão Alain Ehrenberg, e é-o mesmo exclusivamente, sem-
268
HISTÓRIA DA BELEZA
pré mais identificado corn o que manifesta quase fisicamente, como corn
aquilo que diz. Donde essa engrenagem de «mostrar» levada ao extremo dos
extremos: a ambição acrescida de promover o visível, esse trabalho sobre
a beleza como remate do sujeito.
NO CORAÇÃO DA IDENTIDADE
Esse cirurgião faz até mais. Diz que se põe ao serviço do sujeito, que
lhe escuta o discurso, lhe acompanha o desejo: o «fantasma interior, que,
22
no sonho de cada um, corresponde à sua imagem ideal ». A beleza existiria
então nos traços mais subjectivamente desejados: esse efeito estético
vindo do sonho íntimo tanto quanto do à-vontade postulado. O estratagema
sobriamente desenhado já pelas revistas do último terço do século:
23
«O corpo corn que sonha é forçosamente o seu ». Aspecto tanto mais
«perfeito» ainda quanto corresponderia àquilo que o seu autor espera
271
GEORGES VIGARELLO
dele: alicerçado numa coerência interior, numa pacificação entre o eu e o
eu. O projecto exaltaria mesmo um princípio de coesão assimilando a
«beleza» a um «corpo que fala, um corpo que se expressa na língua que
24
é a sua, a saber, a do seu desejo singular ». E à busca dessa verdade
interior que se dedicaria a diligência estética: fazer existir um corpo
materializando a parte mais profunda de si, trabalhar sobre ele para
melhor trabalhar sobre si.
A ESTÉTICA DO BEM-ESTAR
Peso 60 kg 48 kg
Peito 88 cm 90 cm
cintura 70 cm 58 cm
Ancas 90 cm 88 cm
Peso
60 kg
Peito
88 cm
Cintura
70 cm
Ancas
90 cm
.”»
Marylin Monroe, pelo menos algumas vezes, usava vestidos que lhe eram
cosidos no próprio corpo. O ar «colante» - que dava que pensar - era
obtido assim. Mais do que nunca uma beleza adquirida, conquistada. (N. da
T.)
279
GEORGES VIGARELLO
tudo parece feito para que a escolha individual possa estar em primeiro
lugar até ao fim; tudo parece feito para que a responsabilidade de cada
um, a sua sensação de malogro, até, vença no caso dum embelezamento
«limitado».
ESCOLHER «TUDO»
Esse fascínio pela escolha é tão forte, é preciso dizê-lo, que se impõe
mesmo quando a norma parece a mais premente e a mais colectiva. O que dá
uma coloração bem precisa à cultura estética de hoje.
para 77% das mulheres, «muito difícil» para 35%, «combate perma-
98
nente » para mais de metade delas. A promessa de «8 a 15 kg a menos
99
continuando a comprazer-se »joga então corn o bem-estar, mascarando por
completo o inevitável constrangimento das diligências da transformação da
própria pessoa. Nenhuma originalidade decerto, a dificuldade reflecte as
contradições aparentes das nossas sociedades: abandonar-se, relaxar-se,
para melhor consumir, mas também obrigar-se, dominar-se, para melhor se
afirmar, comportamentos «opostos» e,
100 contudo, consubstanciais ao aprofundamento de si
Uma presença sempre mais ampliada, em primeiro lugar, das partes que
concorrem para a beleza: o privilégio mais importante e durável
conferido, primeiro, ao «alto» do corpo, aos matizes da tez, à
intensidade do olhar, à regularidade das feições; o insensível assumir do
«baixo», a seguir, a linha dos flancos, o impulso dos esteios. São aí
perceptíveis várias fases, até: pernas e ancas, por exemplo, por muito
tempo discretamente sublinhadas pela dinâmica dos vestidos e dos
movimentos, antes que apareçam as formas em si, no fim do século xix,
sobretudo, abandonando o seu papel de simples «pedestal» do rosto, ou do
busto, para conferir ao conjunto uma nova fluidez. O corpo vem
286
HISTÓRIA DA BELEZA
aflorar as margens do trajo, acentuando como nunca o aperto das cinturas
ou o oval dos rins, fazendo oscilar a estética física dos contornos
ignorados por tanto tempo. Não a simples moda do vestuário, decerto, mas
uma nova maneira de promover a postura total: a verticalidade, o porte do
busto, o alinhamento das costas. O que desloca também as práticas de
embelezamento, orientadas, cada vez mais, para o conjunto do corpo,
fascinadas, desde o fim do século XIX, pelo adelgaçamento das ancas, o
alongamento das pernas, enquanto se limitavam, até aí, aos fards para o
rosto, ao espartilho para o tronco, às dietas episódicas para o
obesidade. O que supõe também novas relações entre o masculino e o
feminino: o corpo da mulher tornou-se mais «livre», por exemplo, corn o
fim do século xix, existindo doutro modo no espaço público, o do trabalho
ou do lazer, julgado como «competindo» algumas vezes corn o masculino,
afastando-se das belezas decorativas em troca das belezas mais autónomas,
jogando entre trabalho e liberdade. O que é ainda acentuado pelas
estâncias de férias, as praias, as «fugidas» revolucionando, por si sós,
a maneira como o corpo é valorizado e exibido. A actividade,
precisamente, o assumir progressivo do movimento na estética física, é o
segundo tema confirmando a exploração crescente do corpo. A passagem de
belezas formais a belezas mais dinâmicas, sugerindo estas, cada vez mais,
flexibilidade e desprendimento: um mundo se altera ao passar das figuras
confinadas à imobilidade das gravuras clássicas, para as caminhantes
finamente desenhadas das gravuras de modas do fim do século xvin; um
mundo se altera ainda mais ao saltar da passante da Paris romântica para
os manequins de hoje, indefinidamente difundidos, deixando adivinhar o
passo de dança, a música sob a sua tonicidade esboçada, transpondo o tema
da liberdade para o da mobilidade, essa força sempre la-
287
GEORGES VIGARELLO
tente, essa intensidade quase ritmada surgindo à superfície dos perfis e
dos contornos.
Essa beleza muda, é preciso repeti-lo, bem para lá dos únicos efeitos da
moda: ela desposa as grandes dinâmicas sociais, as rupturas culturais, os
conflitos de género ou de geração. São estes dois universos, por exemplo,
cada um fortemente afastado do outro, que separam as bocas delicadas,
sempre delgadas, dos retratos renascentistas, lábios tão finos quanto
cerrados, de cor pálida, linhas fechadas, aqueles onde qualquer sorriso
deve ser retido, senão apagado, e as bocas mais abertas dos retratos de
hoje, mais coloridas, móveis, de lábios corn formas amplas, generosas ou
polpudas: num dos casos, o pudor, fortemente codificado, no outro, a
afirmação, claramente exibida, a presença do movimento,
288
HISTORIA DA BELEZA
o lugar mais consentido aberto ao erótico ou à sedução. São estes dois
universos, ainda, que separam as silhuetas aristocráticas das silhuetas
pós-revolucionárias. As posturas do cortesão clássico, por exemplo,
ombros puxados para trás, ventre avançado, cabeça recuada, honra
fortemente investida numa arcatura exibindo o orgulho, revelam bem um
outro mundo que não é o das posturas do burguês «moderno», de ombros e
cabeça avançados, tronco exposto, cintura apertada, aprumos assinalando a
vontade de ser eficaz, o empenho do fazer, a força da linha exterior,
senão a densidade. Duas maneiras de ver se opõem aqui, fortemente
contrastadas, que os perfis físicos parecem incarnar de parte a parte.
^-/\?
PRIMEIRA PARTE
293
GEORGES VIGARELLO
A. Firenzuole, Discours de Ia beauté dês dames, Paris, 1578 (l.a ed.
italiana, 1552), «A vossa beleza é uma marca das coisas celestes e uma
semelhança aos bens do paraíso», p. 17.
M. Bandello, «Un homme exemplaire», Nouvelles (1554), in Conteurs
italiens de Ia Renaissance, Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1993, p.
508.
H. C. Agrippa, De Ia supériorité dês femmes, Paris, 1509, p. 42.
1. CORPO DESCRITO, CORPO HIERARQUIZADO
Simone Martini, Lê Christ portant sã croix, circa 1340, Museu do Louvre,
Paris.
Andrea Mantegna, La Crucifixion, 1456, Museu do Louvre, Paris.
Ver o livro de N. Laneyrie-Dagen, L’invention du corps. La représentation
de /’ homme, du Moyen Age à lafin du xix* siècle, Paris, Flammarion,
1997.
Masaccio, La Sainte Trinité avec Saint Jean, Ia Sainte Vierge et deux
donateurs, circa 1425, Igreja de Santa Maria Novella, Florença.
Ver P. Francastel, La Figure et lê Lieu. L’ordre visuel du Quattrocento,
Paris, Gallimard, 1967, p. 25.
Tiziano, La Bella, circa 1530, Palácio Pitti, Florença.
Ver E. Cropper, «The beauty of woman. Problems of the rhetoric of
Renaissance portraiture», M. W. Ferguson, M. Quilligan, N. J. Vickers,
Rewriting the Discourses of Sexual Difference in Early Modern Europe,
Chicago, University Chicago Press, 1986, p. 179.
8 Idem.
9 Ver F. Haskel, L’Historíen et sés images, Paris, Gallimard, 1995 (l.a
ed. americana, 1993), p. 74.
J. Houdoy, La Beauté dês femmes dans Ia littérature et dans Vart du Xlf
au XVf» siècle. Analyse du livre de Niphus: «Du beau et de 1’amour»,
Paris, 1876, p. 27.
1’ Citado por J. Houdoy, ibid., p. 22.
Idem. Ver também R. Kelso, Doctrinefor the Lady ofthe Renaissance,
Chicago, Illinois Press,
1957, «Love and beauty», p. 136.
H. C. Agrippa, De Ia supériorité dês femmes. Paris, 1509, «cada um dos
membros está pleno de seiva», citado por J. Houdoy, op. cit., p. 79.
P. Fortini, «António Angelini et Ia Flamande», Nouvelles (século xvi),
Conteurs italiens de Ia Renaissance, Paris, Gallimard, col. «La Plêiade»,
1993, p. 846.
P. Ronsard, Lê Second Livre dês Amours (1560), in Oeuvres completes,
Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1993, t. i, p. 232.
L. lê Jars, ver Précis de littérature française du xvf siècle: Ia
Renaissance, dir. R. Aulotte, Paris, PUF, 1991, p. 98.
P. Fortini, op. cit., p. 846.
P. Ronsard, Lê Premier Livre dês sonnets pour Hélène (1578), Oeuvres...,
op. cit. 1.1, p. 153.
i n ^
Lês Cent Nouvelles nouvelles (1462), Conteurs /rançais du XVr siècle,
Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1956, p. 328.
20 Ibid., p. 258.
Bonaventure dês Périers, Récréations et joyeux devis (1558), Conteurs
/rançais..., op. cit., p. 389.
294
HISTÓRIA DA BELEZA
22
23
M. de Navarre, L’Heptaméron (1559), Conteurs français..., op. cit., p.
819.
P. Bouaystuau, Bref Discours sur l’ excellence et dignité de homme.
Genebra, Droz, 1982 (l.a
ed., 1558), p. 14.
24
25
A. Firenzuole, Discours de Ia beauté dês dames, Paris, 1578 (l.1 ed.
italiana, 1552), p. 27.
M. de Romieu, Instructions pour lês jeunes filies par Ia mère et filie
d’alliance (1597), Paris, Nizet, 1992, p. 71.
Voir C. Saint-Laurent, Histoire imprévue dês dessous féminins. Paris,
Herscher, 1986, «a loucura das verdugadas», p. 66.
27 J. Boucher, Deux Épouses et reines à lafin du xvf siède, Saint-
Étienne, PUSE, 1995, p. 236.
28
29
Ibid., p. 232.
Ver S. M. Newton, «The body and high fashion during the Renaissance», «O
corpo na Renascença» dir. J. Céard, M.-M. Fontaine, J.-C. Margolin,
colóquio de Tours (1987), Paris, Aux amateurs de livres, 1990.
R. Baillet, «Lê corps féminin dans Ia littérature italienne de Ia
Renaissance: du cours magistral aux travaux pratiques», Lê Corps de
lafemme: du blason à Ia dissection mentale, actas do colóquio,
18 de Novembro de 1989, Universidade de Lião-III, «O desenho dos vasos»,
p. 17.
A. Romei, La Sepmaine ou sept journées..., Paris, 1595 (1. ed. italiana.
1552), p. 12.
A. Lê Fournier, La Décoration d’humaine nature avec plusieurs souveraines
receites.... Paris,
1582, p. 2. Ver também, J. Hale, La Civilisation de 1’Europe à Ia
Renaissance, Paris, Perrin, 2003 (l.a ed., 1993), p. 566.
3 A. Firenzuole, op. cit., p. 10.
4 E. Chirelstein, «Lady Elisabeth Pope: The Haraldic Body», Renaissance
Bodies. The Human Figure in English Culture, 1540-1660, dir. L. Grent e
N. Llewellyn, Londres, Reakton Books, 1990, p. 38.
35
36
D. de Flurance Rivault, L’Art d’embellir, Paris, 1608, p. 27.
L. Van Delft, Littérature et Anthropologie. Nature humaine et caractere à
l’age classique.
Paris, PUF, 1993, «L’anatomie moralisée», p. 183.
39
P. Ronsard, Lê Second Livre dês amours (1557), Oeuvres completes, op.
cit., t. I, p. 272. Ibid., p. 232.
P. Ronsard, «Elégie à Janet peintre du roy», Lê Premier Livre dês amours
(1552), Oeuvres completes, op. cit., t. I, p. 152.
40 M. Scève, Délie, object de plus haulte vertu (1544), Poetes du xvf
siècle. Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1985, p. 216.
A. Niphus, Du beau et de l ’amour (século xvi), citado por J. Houdoy, op.
cit., p. 97. Lês Cent Nouvelles..., op. cit., p. 178. Brantôme (Pierre
Bourdeille, senhor de), Trois Viés illustres, Marie Stuart, Catherine de
Medíeis, lê Duc de Guise (manuscrito do século xvi), Paris, Gallimard,
1930, p. 74.
A. Niphus, Du beau et de l ’amour (século xvi), citado por J. Houdoy, op.
cit., p. 97. Lês Cent Nouvelles..., op. cit., p. 178.
Ibid.. p. 34.
«Instructions données par Henri VIII rói d’Angleterre à sés serviteurs de
confiance...», 1504, A. Cabanès, Lês Cabinets secrets de 1’histoire,
Paris, 1900, t. IV, p. 156.
G. Straparole, «Isota et Travaglino», Lês Facétieuses nuits (1560), in
Conteurs italiens..., op.
46
Cit., D
47
«
48 C
49 c
392.
«Instructions données par Henri VIII...», op. cit., 158.
G. de Minut, De Ia beauté, discours divers..., Lião, 1587, p. 261.
Sobre esta «beleza arquitectónica» e suas metáforas, ver J. Castarède,
Lês Femmes galantes
du xvf siècle, Paris, France-Empire, 2000, p. 19.
295
GEORGES VIGARELLO
Anónimo, «Lê ventre», Blasons du corps féminin, in Poetes du xvf siècle,
Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1953, p. 334.
Brantôme (Pierre Bourdeille, senhor de). Lês Dames galantes (século xvi),
Gallimard, col. «Folio», 1981, p. 290.
52 S. Guazzo, La Civile Conversation, Paris, 1582 (l.a ed. italiana,
1574), p. 391.
A. Pare, Oeuvres diverses en 28 livres..., Paris, 1585, p. 233.
4 Para um estudo sistemático do olhar na Renascença ver C. Havelange, De
Voeil et du monde, une histoire du regard au senil de Ia modernité.
Paris, Fayard, 1998.
55 M. Scève, op. cit., p. 110.
Plínio segundo, Histoire naturelle, livro XI, cap. XXXVII.
Dictionnaire d’histoire dês sciences, dir. D. Lecourt, Paris, PUF, 1999,
art. «Kepler», p. 596.
58
Lê Delphyen, Défense en faveur dês dames de Lyon, Lião, 1596, p. 12.
B. Castiglione, Lê Livre du courtisan, Paris, Garnier-Flammarion, 1991
(l.a ed. italiana, 1528),
52
53
54
p. 395.
60 M. Blay, R. Halleux, «Attraction/Affinité», La Science classique, dir.
M. Blay, R. Halleux, Paris, Flammarion 1998, p. 449.
H. de Mondeville, citado por Y. Knibiehler e C. Fouquet, La Femme et lês
Médecins, Paris, Hachette, 1983, p. 57.
62
63
64
65
66
67
68
A. du Laurent, Oeuvres anatomiques, in Lês Oeuvres, Paris, 1639, p. 566.
Brantôme (Pierre Bourdeille, senhor de), Trois Viés illustres..., op.
cit., p. 30.
P. Ronsard, Lê Premier Livre dês sonnets pour Hélène, op. cit., p. 342.
J. Liébault, Trois Livres de 1’embellissement dês femmes, Paris, 1582, p.
10.
M. Scève, op. cit., p. 165.
P. Chastel, Lê Mythe de Ia Renaissance, 1420-1520, Paris, Skira, 1969, p.
148.
J. Liébault, op. cit., p. 8.
2. O «SEXO» DA BELEZA
J. Lemaire, Lês Illustrations de Caules et Singularités de Troye (século
XVI), citado por J. Houdoy, La Beauté dês femmes dans Ia littérature et
dans l’ art du xif au xvf siècle. Analyse du livre de Niphus: «Du beau et
de l’amour». Paris, 1876, p. 82.
Pietro Bacci, o Aretino «La belle et lê vieux comte», Raisonnements
(1534), in Conteurs italiens de Ia Renaissance, Paris, Gallimard, col.
«La Plêiade», 1993, p. 797.
P. Ronsard, Lê Second Livre dês amours (1560), Oeuvres completes, Paris,
Gallimard, col. «La Plêiade», 1993, p. 214.
4 M. Bandello, «La Courtisane fouettée», Nouvelles (1554), in Conteurs
italiens..., op. cit., p. 725.
5 C. H. Agrippa, De Ia supériorité dês femmes, Paris, 1509, p. 42.
6 Ibid.. p. 73.
P. Francastel, La Figure et lê Lieu. L’ordre visuel du Quattrocento,
Paris, Gallimard, 1967, p. 280. P. Bayle, Dictionnaire historique et
critique, Roterdão, 1715, art. «Jeanne d’Aragon», 1.1, p. 302.
9 Ibid.
A insistência de Bayle no princípio do século xvm mostra a força do tema
duma «beleza única» no mundo clássico. ->„> • ,-.
296
HISTÓRIA DA BELEZA
A. Niphus, Du beau et de Vamour (século XVI), citado por J. Houdoy, op.
cit., p. 95.
G. Lipovetsky, La Troisième Femme. Permanence et révolution du féminin,
Paris, Gallimard,
1997, p. 114.
É. de La Boétie, La Mesnagerie de Xénophon, Lês Règles de mariage de
Plutarque, Lettre de consolation à safemme..., Paris, 1571 .
Ver Marie de Gournay et Védition de 1595 dês «Essais» de Montaigne, Actas
do colóquio organizado na Sorbonne a 9 e 10 de Junho de 1995, Paris,
Champion, 1996.
B. Castiglione, Lê Livre du courtisan, Paris, Garnier-Flammarion, 1991
(l.a ed. italiana, 1528), p. 233.
16 Ibid., p. 234.
J. Liébault, Trois Livres de /’ embellissement dês femmes. Paris, 1582,
p. 15.
18
Ver também A. Croix, «De Ia différence à 1’intolérance», Histoire
culturelle de La France, t. II, De Ia Renaissance à 1’aube dês Lumières,
dir. J.-P. Rioux e J.-F. Sirinelli, Paris, Seuil, 1997, p. 139.
Ibid., p. 234.
J. Liébault, Trois Livres de V embellissement dês femmes. Paris, 1582, p.
15.
J. Liébault, op. cit., p. 15.
Ibid.
A. Pare, Oeuvres diverses en 28 livres..., Paris, 1585, p. 82.
Ibid., p. 80.
A. Du Verdier, Lês Diverses Leçons, Lião, 1592, p. 472.
Ibid.
A. Romei, La Sepmaine ou sept journées..., Paris, 1595 (l.a ed. italiana,
1552), p. 13.
Ibid., p. 12.
J. Liébault, op. cit., p. 5.
Brantome (Pierre Bourdeille, senhor de), Grands Capitaines, Oeuvres
completes, Paris, 1866,
t. II, p
29 c
14.
S. Froissart, Lês Chroniques (século XV), in Historiens et chroniqueurs
du Moyen Age, Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1952, p. 530.
Guy de Bourgogne, L. Gautier, La Chevalerie, Paris, 1895, p. 205, nota
11.
31 R. Burton, Anatomie de Ia mélancolie (l.a ed. inglesa, 1621), Paris,
José Corti, 2000, p. 1303.
32 J. Liébault, op. cit., p. 15.
A. du Laurens, Oeuvres anatomiques, in Oeuvres, Paris, 1639, p. 369.
34 Ibid., p. 370.
Ver P. Gerbod, Histoire de Ia coiffure et dês coiffeurs, Paris,
Larrousse, 1995, p. 69.
37 C. G. Galien, De l’usage dês parties du corps humain (século II),
Lião, 1566, livro xiv, cap. vi, n. 833.
J. Huarte, Examen dês esprits propres et naiz aux sciences. Paris, 1631
(l.a ed., 1580), p. 484.
L. Lemne, Lês Occultes Merveilles et secrets de nature avec plusieurs
enseignements dês choses diverses, Paris, 1574, p. 154.
M. de Romieu, Instructions pour lês jeunes filies par Ia mère et filie
d’alliance (1597), Paris, Nizet, 1992, p. 65.
F. de Billon, Lê Fort Inexpugnable de l’Honneur du sexe féminin, Paris,
Mouton, 1970 (l.a ed.,
1555), p. 133.
37
39
42
C. H. Agrippa, op. cit., p. 42.
La Primaudaye, Suite de l ’Académie française en laquelle est traictée en
quatre livres de Ia philosophie de l ’homme et comme par une histoire
naturelle du corps et de V ame. Paris, 1580, p. 16. Ver cap. li, «De Ia
création de Ia femme».
297
GEORGES VIGARELLO
É. Berriot-Salvadore, Un corps, un destin. La femme dans Ia médecine de
Ia Renaissance, Paris, Honoré Champion, 1993, p. 33.
J. Liébault, Thrésor dês remedes secrets pour lês maladies dês femmes.
Paris, 1585, pp. 2-3.
46 D. Godineau, Lês Femmes dans Ia société française, xvf-xviif siècle.
Paris, Armand Colin,
2003. Ver «La hiérarchie demeure entre eux», p. 12.
Ver G. Lipovetsky, op. cit., p. 127, Ver também: «Sem dúvida que esta
promoção da mulher é mais literária do que social».
48
49
B. Castiglione, op. cit., p. 386.
A. Chastel, Art et humanisme à Florence au temps de Laurent lê
Magnifique, Paris, PUF,
1961, ver: «L’hellénisme», p. 184.
Citado por J. Delumeau, La Civilisation de Ia Renaissance, Paris,
Arthaud, 1967, p. 508.
51 Saint Mathieu, 14,1-11.
G. de Minut, De Ia beauté, discours divers..., Lião, 1587, p. 173.
53 Ibid., p. 159.
54 Ibid, p. 178.
55 Ibid., p. 205.
56 Ibid., pp. 204-205. Ver mais atrás, p. 28.
CO
Ver, num outro registo, o do amor, a constatação de J.-L. Flandrin, Lê
Sexe et l’Occident. Évolution dês altitudes et dês comportements, Paris,
Seuil, 1981, «É evidente que o amor profano era considerado - pelo menos
por uma parte da sociedade nos fins da Idade Média - como uma conduta
insensata em relação ao amor celeste», p. 52.
59 Ver também M. Lazard, Lês Avenues de Féminye, lês femmes à Ia
Renaissance, Paris, Fayard,
2001, p. 309, «La religion omnipresente».
G. de Minut, De Ia beauté, discours divers..., Lião, 1587, p. 173.
Ibid., p. 159.
Ibid, p. 178.
Ibid., p. 205.
Ibid., pp. 204-205.
Ver mais atrás, p. 28.
60
61
0 G. de Minut, op. cit., pp. 206-207.
61 Ibid., p. 245.
J.-Liébault, Trois Livres..., op. cit., p. In
3 H. C. Agrippa, op. cit., p. 43.
64 F. de Billon, op. cit., p. 139.
65 J. Liébault, Trois Livres..., op. cit., p. IV.
66 F. de Billon, op. cit., p. 138.
67 A. Firenzuole, Discours de Ia beauté dês dames. Paris, 1578 (l.a ed.
italiana, 1552), p. 24.
68 Leonardo da Vinci, Traité de Ia peinture (século xvi), Paris, 1796,
pp. 45-46.
Um testemunho citado por J. Boucher, Deux Épouses et reines à Ia fm du
xvf siècle, SaintÉtienne, PUSE, 1995, p. 88.
62
63
66
67
68
70
71
A. Romei, op. cit., p. 13.
Ver D. Arasse, «L’atelier de Ia grâce», Raphaêl, grâce et beauté, Paris,
Skira, catálogo de exposição, dir. P. Nitti, M. Restellini, C. Strinati,
2001, p. 57.
G. Vasari, Viés dês meilleurs peintres, sculpteurs et architectes
italiens (l.a ed., 1568), citado por D. Arasse, op. cit., p. 58.
73
74
75
76
77
G. Vasari, citado por A. Dayot, L’Image de Ia femme, Paris, 1899, p. 73.
H. C. Agrippa, op. cit., p. 42.
F. de Billon, op. cit., p. 139.
H. C. Agrippa, op. cit., p. 42.
Ver J. Sole, Être femme en 1500, Ia vie quotidienne dans lê diocese de
Troyes, Paris, Perrin,
298
HISTÓRIA DA BELEZA
•nt. ino ma
2000, p. 34. As «mulheres vítimas, menores ou humilhadas», têm também
reacções e defesas que as podem fazer afastar dos modelos absolutamente
teóricos dos tratados, cf. mais à frente p. 53. fs Md.
79 C. Vecellio, Costumes anciens et modernes, Paris, 1891 (l.a ed.
italiana, 1590), t. I, p. 218.
80 Ibid., p. 213.
81 Ibid., p. 282. -<-* •’”•*•
82 G. Simmel, Philosophie de Ia modernité. Paris, PUF, 1989 (l.a ed.,
1923), p. 147.
o-l
Ibid. Ver sobretudo «Beauté et féminité», p. 146 sq.
84 M. Bandello, «Vision celeste», Nouvelles (1554), in Conteurs italiens
op. cif., p. 592.
oe
G. Cinzio «Oronte et Orbecche», Lês Cents Récits (1565), in Conteurs
italiens..., op. cit., p.
1012.
8 A. Diirer, Lês Quatre Livres, de Ia proportion dês parties et pour
traicts du corps humain, Paris, 1613 (l.a ed., 1523), pp. 21 e 35. Ver E.
Panofsky, «L’histoire de Ia théorie dês proportions du corps humain
envisagée comme un miroir de l’histoire dês styles», L’Oeuvre d’art et
sés significations. Essai sur lês arts visuels, Paris, Gallimard, 1969
(l.a ed. inglesa, 1955), gravuras.
87
Ver P. Brueghel, La Danse dês paysans, 1568, Viena, Kunst-historisches
Museum, ou La Fenaison, 1565, Praga, Galerie nationale.
88
Ver P. Brueghel, Jesus et Ia Femme adultere, circa 1560, Londres, col. do
conde A. Seilern.
78 ;
83
84
85
89
90
91
A. Pare, op. cit., pp. 1001, 1002 e 1005.
Ver A. Croix, op. cit., p. 135.
Citado por J.-L. Flandrin, op. cit., p. 132.
ard.
24. iaint-
go de citado
Perrin,
3. UMA ÚNICA BELEZA
I F. de Billon, Lê Fort Inexpugnable de l’Honneur du sexe féminin, Paris,
Mouton, 1970 (l.a ed., 1555), p. 138.
J. Liébault, Trois Livres dês maladies et infirmités dês femmes, Ruão,
1549, p. In.
G. de Minut, De Ia beauté, discours divers..., Lião, 1587, p. 269.
H. C. Agrippa, De Ia supériorité dês femmes, Paris, 1509, p. 42.
Ver M. Massin, Lês Figures du ravissement, enjeux philosophiques et
esthétiques, Paris, Grasset-Le Monde, 2001.
Ver E. Rodocanachi, La Femme italienne à Vépoque de Ia Renaissance,
Paris, Hachette, 1907, p. 91.
N. de Cholières, «Dês laides et belles femmes. S’il faut mieux prendre à
femme une laide qu’une belle», Lês Matinées (1585), in Oeuvres, Paris,
1889, t. i, p. 182.
8 M.-C. Phan, «La belle Nani, Ia belle dans Italie du xvie siècle»,
Autrement, Fatale beauté, une evidence, une enigme, dir. V. Nahoum-
Grappe, N. Czechowski, 1987, p. 76.
9 Brantôme (Pierre Bourdeille, senhor de), Recueil dês dames (século
xvi), Oeuvres completes, Paris, 1873, p. 404.
L. Pacioli, Divina Proportione, Milão, 1497.
II Piero delia Francesca, De corporis regularibus, Veneza, 1509. Ver A.
Chastel, Renaissance méridionale, Italie 1460-1500, Paris, Gallimard,
col. «L’Univers dês formes», 1965; ver: a exposição de Piero «permite
fazer o ponto acerca dos conhecimentos teóricos neste domínio», p. 46.
299
GEORGES VIGARELLO
12 Ver E. Panofsky, Lê Codex Huygens et Ia théorie de l’art de Léonard de
Vinci, Paris, Flammarion, 1996 (l.a ed. inglesa, 1940), p. 19.
13 Ibid., fig. 91.
14 Ver L. Ferry, Lê Sens du beau. Aux origines de Ia culture
contemporaine. Paris, Éditions Cercle d’art. 1998 (l.a ed., 1990), p. 28.
15 C. F. Biaggi, «L’anatomie artistique de Léonard», Léonard de Vinci,
Paris, Cercle du Bibliophile, 1958, t. II, p. 447. Ver também D. Arasse,
Léonard de Vinci, Paris, Hazan, 1997, «La culture de Léonard», p. 35.
16 A. Diirer, Lês Quatre Livres, de Ia proportion dês parties et
pourtraicts du corps humain, Paris, 1613 (l.a ed., 1523), pp. 4-20.
17 Ibid., p. 22.
18 Ver D. Arasse, «La beauté de Ia chair», Histoire du corps, dir. A.
Corbin, J.-J. Courtine, G. Vigarello, Paris, Seuil (a publicar em 2005).
19 A. Durer, op. cit., p. 191.
20 Ibid., p. 195.
21 E. Panofsky, Oeuvre d’art et sés significations. Essai sur lês arts
visuels. Paris, Gallimard,
1969 (l.a ed. inglesa, 1955), p. 86.
22 V. Danti, Trattato delle perfette proporzioni, Florença, 1567, citado
por D. Arasse, «Présentation», E. Panofsky, Lê Codex Huygens..., op.
cit., p. 8.
4. O FOGO DO ROSTO E OS HUMORES
C. Vecellio, Costumes anciens et modernes, Paris, 1891 (l.a ed. italiana,
1590), 1.1, p. 118. Ver também, G. Calvi, «Lê recueil dês habits de
Cesare Vecellio», Colloque International à Ia mémoire de Jean-Louis
Flandrin, Paris, Universidade de Paris-VIII, 2003 (a publicar).
2 B. Jonson, The Silent Woman (1609), citado por C. Bernard-Cheyre, La
Femme au temps de Shakespeare, Paris, Stock, 1988, p. 103.
3 Tertuliano, citado por G. Bechtel, Lês Quatres Femmes de Dieu, Paris,
Plon, 2000, p. 220.
4 P. F. I. Benedicti, Somme dês péchés, Paris, 1602 (l.a ed., 1584), p.
246. J. Liébault, Trois Livres de 1’embellissement dês femmes, Paris,
1582, p. v.
P. Alogana, Abrégé du docteur Martin Azpilcueta, Navarrois..., Paris,
1602(l.aed., 1590),cap. xvi, n.os 14 e 15, citado por J.-L. Flandrin, Lês
Amours paysannes, Paris, Gallimard-Juliard, col. «Archives», 1975, p. 81.
7 O. de Serres, Lê Théâtre d’agriculture et lê mesnage dês champs, Aries,
Actes Sud, 1996 (1.” ed.,
1600), p. 1368.
8 Ibid., p. 1369.
H. de Monteux, Conservation de Ia santé et prolongation de Ia vie. Paris,
1572, p. 279.
10 J.-L. Flandrin, «Soins de beauté et recueil de secrets», Lês Soins de
beauté, actas do m colóquio internacional, Grasse, 26-28 de Abril de
1985, p. 21.
11 Ver «Inventaire après décès dês biens meubles, demeurés du décès de
haulte et puissante dame Madame Anne de Lavai, estant au chasteau de
Craon» (1553), A. Jaubert, Histoire de Ia baronnie de Craon de 1382 à
1626, Paris, 1888, p. 470.
12
Ibid., p. 472
300
HISTÓRIA DA BELEZA
l : - ! V ’
13
Ver Brantôme (Pierre Bourdeille, senhor de), Recueil dês dames (século
xvi), Oeuvres cornpletes, Paris, 1873, p. 402.
A. Piccolomini, Dialogo delia creanza delle donne (século xv), citado por
M.-C. Phan, «Pratiques cosmétiques et ideal féminin dans 1’Italie dês xve
et xvie séculos», Lês Soins de beauté, op. cit., p. 119.
G. Nelli, «Giulio et Isabella», Nouvelles (século xvi), in Conteurs
italiens de Ia Renaissance, Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1993, p.
788.
Ver, para esta crítica, a tese de C. Lanoê, Lês Jeux de l’artificiei.
Culture, production et consommation dês cosmétiques à Paris sous 1’Ancien
Regime, xvf-xvilf Siècle, Paris-I, 2003, pp.
27-30.
J. Liébault, Trois Livres de l ’embellissement..., op. cit., citado por
C. Lanoe, op. cit., p. 28.
Citado por M.-C. Phan, «Pratiques cosmétiques...», op. cit., p. 120.
Citado por J. Boucher, Deux Épouses et reines à Ia fin du XVI” Siècle,
Saint-Étienne, PUSE,
1995, p. 90.
2021
Citado por C. Lanoe, op. cit., p. 30.
A. Lê Foumier, La Décoration d’humaine nature avec plusieurs souveraines
receites..., Paris,
1582, p. 18.
M. Nostradamus, Lê Vraye et Parfaict Embellissement de Ia face et
conservation du corps en son entier, Anvers, 1557, p. 37.
Ver, entre outros, Alberto Magno. Lê Secret dês secrets de nature,
extraits tant du Petit et du Grand Albert, que d’outres philosophes...,
Épinal, s.d.
26
27
3435
J. Liébault, Trois Livres de V embellissement..., op. cit., pp. 63-64.
Ibid.
J. Liébault, Trois Livres de l’embellissement..., op. cit., pp. 75-185.
M. Nostradamus, op. cit., p. 39.
Ibid, p 26.
J. Liébault, Trois Livres de l ’embellissement..., op. cit., p. 39. ;
Ibid., p. 78. :
M. Nostradamus, op. cit., p. 43.
A. Lê Fournier, op. cit., p. 18.
Ver S. Melchior-Bonnet, L’Art de vivre au temps de Diane de Poitiers,
Paris, Nil, 1998, p. 45.
Ver Brantôme (Pierre Bourdeille, senhor de), Recueil dês dames, op. cit.,
p. 36.
F. de Malherbe, carta a Peiresc, 10 de Junho de 1614, Oeuvres, Paris,
Gallimard, col. «La
Plêiade», 1971, p. 647.
36
Brantôme (Pierre Bourdeille, senhor de), Lês Dames galantes (século xvi),
Gallimard, col.
«Folio», 1981, p. 224.
43
Ibid., p. 232.
P. Erlanger, Diane de Poitiers, déesse de Ia Renaissance, Paris, Perrin,
1976, p. 335.
A. Lê Fournier, op. cit., p. 3.
J. Liébault, Trois Livres de l’embellissement..., op. cit., p. 77.
A. Lê Fournier, op. cit., p. 3.
R. du Mont Vert, S’ensuyt lês Fleurs et Secrets de medecine, Paris, 1538,
s.p.
Citado por E. Rodocanachi, La Femme italienne à Vépoque de Ia
Renaissance, Paris, 1907,
pp. 110-111.
44 J. Liébault, Trois Livres de l’embellissement..., op. cit., pp. 25-26.
301
GEORGES VIGARELLO
45
46
47
48
Md., p. 22.
C. Vecellio, op. cit., t. i, p. 246.
Ibid., p. 266.
A. de Beaujeu, Lês Enseignements d’Anne de France à sã filie Suzanne de
Bourbon (1505), Marselha, Laffitte reprints, 1978, pp. 40-41.
4950
* M. de Montaigne, Essais (1580), Paris, Gallimard, col. «La Plêiade»,
1958, p. 81.
50 C. Vecellio, op. cit., t. i, p. 213.
51 Ibid., p. 185.
52 Ver C. Vecellio e o trajo «sem cintura» das damas francesas de luto,
op. cit., t. l, p. 242.
53 C. Marot, Dialogue dês amoureux (1514), citado por F. Libron e H.
Clouzot, Lê Corset dans l’art et lês moeurs du xuf au xx* siècle, Paris,
1933, p. 9.
54 G. Tallemant dês Réaux, Historiettes (século xvn), Paris, Gallimard,
col. «La Plêiade», 1967. t. i, p. 60.
B. Castiglione, Lê Livre du courtisan. Paris, Garnier-Flammarion, 1991
(l.a ed. italiana, 1528), p. xxix.
Brantôme (Pierre Bourdeille, senhor de), Lês Dames galantes, op. cit.,
pp. 290-291.
A.-M. Schmidt, «Lês blasons du corps féminin», Poetes du XVf Siècle,
Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1953, p. 294.
53
58
Brantôme (Pierre Bourdeille, senhor de), Lês Dames galantes, op. cit., p.
304.
Ver a tese de T. Moubayed, La Danse conscience du vivant. Danse et
éducation. Paris, Universidade de Paris-VIII, 1988; em particular «La
danse ou 1’histoire d’un corps qui emerge», p. 69.
M. de Romieu, Instructions pour lês jeunes filies par Ia mère et filie
d’alliance (1597), Paris, Nizet, 1992, p. 71.
61
62
J. Liébault, Trois Livres de Vembeilissemenl..., op. cit., p. 25.
Brantôme (Pierre Bourdeille, senhor de), Lês Dames galantes, op. cit., p.
290.
SEGUNDA PARTE
A beleza expressiva (Século XVII)
1. O ROSTO OU A FIGURA?
Ver gravura anónima, La Mode triomphante en Ia place du Change, 1650,
Paris, Museu do Louvre, col. Rotschild.
2
Correspondance générale de Madame de Maintenon, publicada por T.
Lavallée, Paris, 1866, carta de 22 de Dezembro de 1700, t. IV, p. 361.
3 Ver O. de Serres, Lê Théâtre d’agriculture et lê mesnage dês champs,
Aries, Actes Sud, 1996 (l.a ed., 1600), texto tipicamente feito para o
gentil-homem campesino da França antiga.
R. Chartier et H. Neveux, «La ville dominante et soumise», Histoire de Ia
France urbaine, dir. G. Duby, Paris, Seuil, 1981, t. iv, p. 163.
5 H. Sauval, citado por M. Poete, La Promenade à Paris au xvif siècle,
Paris, Armand Colin,
1913, p. 112.
1 J. de La Bruyère, Lês Caracteres (1688), Paris, Garnier frères, 1954,
p. 181.
302
HISTÓRIA DA BELEZA
7 S. de Hanovre, Mémoires et lettres de voyage (1650-1678), Paris,
Fayard, 1990, pp.
8 Ibid., p. 90.
10
11
12
13
14 15
16
17
18
19
20
Ibid., p. 224.
1U Ibid., p. 89.
11 Ibid., p. 138. ”.••:---<«VV.a;’í**
12 S. Pepys, Journal (1660-1669), Paris, Laffont, col. «Bouquins», 1994,
t. II, p. 564.
13 Ibid. t. i, p. 401.
14 Ibid., p. 603. : ..í*Mfe ,- ’
15 Ibid., t. li, p. 827. *
16 Ibid.
17 Ibid., p. 656 l* Ibid., p. 991.
19 Ibid., t. i, p. 346.
Ver F. Furetière, Dlctionnaire universel contenant généralement tous lês
mots /rançais tant vieux que modernes..., Paris, 1690, art. «Taille»:
«Diz-se que uma rapariga deixou estragar a figura quando deixou que lhe
enchessem o ventre.»
21 Saint-Simon (L. de Rouvroy, duque de), Mémoires (séculos XVII e xvni).
Paris, ed. Boislisle,
1913, t. 22, p. 281. Ver também D. Van der Cruysse, Lê Portrait dans lês
«Mémoires» du duc de Saint-Simon, Paris, Nizet, 1971, p. 177.
22
23 ,
Saint-Simon (L. de Rouvroy, duque de), op. cit., t. 38, p. 346.
E. de Barthélemy, La Galerie dês portraits de Mlle de Montpensier (1657-
1658), Paris, 1860, p. 292.
Sévignée (M. de Rabutin-Chantal, marquesa de), Correspondance, carta de
18 de Dezembro de 1689, Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», t. m, p.
781, «um talhe livre e direito».
25 Anónimo, «Histoire», Mercure galant, Novembro de 1681, in Nouvelles du
xvif siècle. Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1997, p. 486.
26
27
A. Furetière, op. cit., art. «Taille».
Correspondance générale de Madame de Maintenon, op. cit., carta de 9 de
Novembro de
1701, t. IV, p. 461.
28
29
Saint-Simon (L. de Rouvroy, duque de), op. cit., t. 26, p. 300. S. de
Hanovre, op. cit., p. 152.
Sévignée (M. de Rabutin-Chantal, marquesa de), op. cit., t. II. p. 351.
S. de Hanovre, op. cit., p. 54.
C. de Marguetel de Saint-Évremont, Idée de lafemme qui ne se trouve point
et ne se trouvera jamais (circa 1680), Oeuvres publiées sur lês
manuscrits de l’auteur, Paris, 1714, t. i, p. 175.
31 Sévignée (M. de Rabutin-Chantal, marquesa de), op. cit., t. II. p.
351.
S. de Hanovre, op. cit., p. 54.
Nisard (cavaleiro de), Satyre sur lês cerceaux, paniers criardes,
manteaux, volants desfemmes et sur lês autres ajustements (1712), P.
Lacroix, Histoire de Ia vie dês Français. Recueil curieux de pièces
originales. Paris, s.d., p. 391.
Anónimo, «Lettre d’une dame qui écrit lês aventures de son amie», Mercure
galant, Novembro de 1680, in Nouvelles du xvif siècle, op. cit., p. 478.
Ver os comentários de J. Duchêne sobre as descrições acerca de Henriette
de Inglaterra por volta de 1660, Henriette d’Angleterre duchesse
d’Orléans, Paris, Fayard, 1995, p. 104.
36
37
Ver D. Van der Cruysse, op. cit., p. 178.
Ver A. Niderst, «Madeleine de Scudéry, construction et dépassement du
portrait romanesque», in K. Kupisz, G.-A. Pérouse, J.-Y. Debreuille, Lê
Portrait littéraire, Lião, PUL, 1988.
303
GEORGES VIGARELLO
38
Ver J. Plantié, La Mode du portrait littéraire en France (1641-1681),
Paris, Honoré Champion,
1994.
39
E. de Barthélemy, op. cif., «Em 1659, Monsieur de Segrais, secretário e
gentil-homem efectivo de Mademoiselle, reuniu todos os seus retratos,
juntou-lhes mais una quantos e publicou-os», p. 1.
J. Duchêne, Henriette d’Angleterre duchesse d’Orléans, op. cit. Os
retratos literários de Henriette de Inglaterra misturam «lugares-comuns e
exactidão», p. 104.
R. Duchêne, Lês Précieuses ou comment 1’esprít vint aux femmes, Paris,
Fayard, 2001, «Os louvores observados nas gazetas às maiores damas da
Corte devem ser lidos como lisonjas onde as palavras utilizadas não
interessam nada», p. 131.
42 Ver J. Rohou, Lê XVlf siècle, une révolution de Ia condition humaine,
Paris, Seuil, 2002, «Un nouveau paradigme: lê mécanisme», p. 207
4 Ver A. Deneys-Tunney, Écriture du corps, de Descartes à Lados, Paris,
PUF, 1992: «O cartesianismo assinala o momento histórico dum
’desencantamento do corpo’», p. 35. Ver também J.-J. Courtine, «Lê corps
désenchanté», Lê Corps au xvn siècle, dir. R. W. Tobin, Seattle, Papers
on French Seventeenth Century Literature, 1995.
R. de Piles, Cours de peinture par príncipes, Paris, Gallimard, 1989
(l.aed., 1708), p. 69.
Mercure galant, 1684, in Nouvelles du xvif siècle, op. cit., p. 327.
46 Ver D. Van der Cruysse, op. cit., pp. 183-184.
47 M. de Scudéry, Clélie, histoire romaine, Paris, 1654-1660, t. vil, p.
148.
48 E. de Barthélemy, op. cit., p. 294.
A. Bodeau de Somaize, Lê Secret d’être toujours belle, Paris, 1666, pp. 9
e 11.
R. de Bussy-Rabutin, Histoire amoureuse dês Gaulês (1662), Paris,
Garnier-Flammarion,
1967, p. 158
E. Fléchier, Mémoires sur lês Grands Jours tenus à Clermont-Ferrand en
1665-1666, Paris,
1844, p. 301.
A. de Saint-Gabriel, Lê Mérite dês dames, Paris, 1640, Ver o «Ciei dês
Beautez héroínes», p. 280 sq.
M. de Puré, La Précieuse ou lê Mystère dês ruelles dédié à cellles qui n
’y pensent pás. Paris,
1656, pp. 180-190.
54
Cf. mais atrás, p. 34.
2. A ALMA E AS FORMAS
F. de La Rochefoucaud, Réflexions diverses (século XVII), in Oeuvres
completes, Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1957, p. 513.
R. Descartes, Discours de Ia méthode pour bien conduire sã raison (1637),
in Oeuvres et Lettres, Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1955, p. 166.
Ver também, sobre este tema do «espírito», R. Duchêne, Ninon de Lenclos
ou Ia manière jolie defaire 1’amour, Paris, Fayard, 2000 (1.” ed., 1984),
p. 65.
F. de La Rochefoucaud, Maximes (ed. de 1678), in Oeuvres completes, op.
cit., p. 440.
A. de Courtin, Nouveau Traité de Ia civilité qui se pratique en France
parmi lês honnêtes gens, Saint-Étienne, PUSE, 1998 (1.” ed., 1671), p.
207.
N. Boileau, Dissertation sur Ia Joconde (1669), in Oeuvres completes,
Paris, Gallimard, col.
304
HISTÓRIA DA BELEZA
«La Plêiade», 1966, p. 316. ;i
7 M. de Scudéry, Lê Grand Cyrus, Paris, 1649-1653.
E. Fléchier, Mémoires sur lês Granas Jours tenus à Clermont Ferrand en
1665-1666, Paris,
1844, p. 301.
9 N. Faret, L’Honnête Homme, ou 1’art de plaire à Ia cour. Paris, 1630,
citado por G. HarocheBoujinac, «Harmonie», Dictionnaire raisonné de Ia
politesse et du savoir-vivre du Moyen Age à nos jours, dir. A. Montandon,
Paris, Seuil, 1995, p. 474.
Anónimo, «Histoire», Mercure galant, in Nouvelles du xvif siècle, Paris,
Gallimard, col. «La Plêiade», 1997, p. 486.
12 ,
13
J.-L. Jam, «Um não-sei-quê», Dictionnaire raisonné de Ia politesse...,
op. cit., p. 522. T. Renaudot, Gazette de France, 15 de Janeiro de 1641.
A. Félibien, Entretiens sur lês viés et lês ouvrages dês plus excellents
peintres... Paris, 1685, pp. 406-407.
M. Fumaroli, UÉcole du silence, lê sentiment dês images au xvif siècle.
Paris, Flammarion, col. «Champ», 1998 (l.a ed., 1994), p. 229.
A. Bodeau de Somaize, Lê Secret d’être toujours belle, Paris, 1666, p.
20.
S. Koster, Racine, une pássion française, Paris, PUF, 1998, p. 115.
17 F. Senault, De 1’usage dês passions, Paris, 1649 (1.” ed., 1640), p.
95.
1 E. Auerbach, Lê Culte dês passions. Essai sur lê xvif siècle
/rançais, Paris, Macula, 1998 a ed., 1926), Ver «Racine et lês
passions» , p. 41.
Ver, a propósito disto, G. Simon, Kepler astronome astrologue, Paris,
Gallimard, 1979. ,r A. du Laurent, (Oeuvres anatomiques, in Lês
Oeuvres, Paris, 1639, p. 565.
21 Ibid. ;;
22 Md., p. 566
23 wid. •;,
A. Bodeau de Somaize, op. cit., p. 32.
25 J. Rohou, Lê xvif Siècle, une révolution de Ia condition humaine,
Paris, Seuil, 2002, Ver «Consolidation de rintériorité», p. 379.
26 A. de Saint-Gabriel, Lê Méríte dês dames, Paris, 1640, p. 20.
Ver, a propósito disto, G. Simon, Kepler astronome astrologue, Paris,
Gallimard, 1979.
A. du Laurent, (Oeuvres anatomiques, in Lês Oeuvres, Paris, 1639, p. 565.
Md.
Md., p. 566
Ibid.
A. de Saint-Gabriel, Lê Méríte dês dames, Paris, 1640, p. 20.
y
Ch.-E.y
de Bavière (princesa Palatina), Correspondance de Madame (século xvn),
Paris, 1880, t. i, p. 127.
28
Vermeer de Delft, Dama corn chapéu vermelho, circa 1664, Colecção Mellon,
National Gallerv of Art, Washington.
305
GEORGES VIGARELLO
in
39
40
41 l
42
43
Ibid.
538.
531.
t. xiii, p. 538.
49
50
52
53
N. Boileau, citado por L. Ferry, ibid., p. 41. Ver mais atrás, p. 39.
57
58
59
60
61
306
HISTÓRIA DA BELEZA
62
34.
582.
627.
t. n, p. 34.
13 Ibid., p. 582.
14 Ibid., p. 627.
1655.
23 j
24 J
25 ,
26
t. n, p. 164.
A. Bosse, Lês Cinq Sens, «L’ou’ie» (circa 1640), BnF, Cabinet dês
estampes.
1 J. Emelina, «La beauté physique dans lê théâtre de Molière: fragments
de discours amoureux sur lê corps», Lê Corps au xvif siècle, colóquio de
Santa Barbara, dir. R. W. Tobin, Biblio 17, Papers on French Seventeenth
Century Litterature, Paris-Seattle-Tubingen, 1995, p. 193.
J. Donneau de Visée, «Tel paie lês violons qui ne danse pás toujours»,
Lês Nouvelles galantes comiques et tragiques (1669), in Nouvelles du XVlf
siècle, op. cit., p. 425.
34
Ver o que diz Monsieur Jourdain: «Esta canção parece-me um pouco lúgubre,
dá sono...», Molière (J.-B. Poquelin, dito), Lê Bourgeois gentilhomme,
Paris, 1670, in Théâtre complet, Paris, Garnier frères, s.d., p. 1315.
39
40
47 l
48
49
308
HISTÓRIA DA BELEZA
50
51
52
53
56
70 Ibid., t. n, p. 1090.
71 Ibid.,p. 991.
63
73
75
76
77
78 ’’
80
81 Ibid., p. 38.
82
78
79
80
81
82
83
84
309
GEORGES VIGARELLO
87 Ibid., p. 655.
88 Ibid., p. 656.
TERCEIRA PARTE
2 Ibid., p. 15.
3 Ibid., p. 61.
4 Ibid., p. 90.
5 Ibid, p. 15. Ver também A. Farge, «Jeu dês esprits et dês corps au xvme
siècle», Séduction et sociétés, approches historiques, dir. C. Dauphin e
A. Farge, Paris, Seuil, 2001, «O século das Luzes, em cada classe social,
tem inscrito o corpo na busca da felicidade», p. 88.
1. A DESCOBERTA DO FUNCIONAL
7 Ibid.
310
HISTÓRIA DA BELEZA
et :s,
cê,
67,
U.” om-
age,
10
C.-N. Cochin, Lê Tailleur pour femme (1737), BnF, Cabinet dês estampes.
13 A. Watteau, Lê Faux Pás (1718), Paris, Museu do Louvre.
Sobre Tilly, ver O. Blanc, L’Amour à Paris au temps de Louis XVI, Paris,
Perrin, 2002, «Tilly lê Roué», p. 244.
16
17
19
20
Ibid.
23 Ibid., p. 343.
24 Ibid., t. n, p. 292.
311
GEORGES VIGARELLO
50
51
54 Md., p. 79.
56 Md.
54
55
58
59
60
61
64
312
HISTÓRIA DA BELEZA
65
66
67
78
79
82
Md., p. 573.
83
85
86
G. Lavater, citado por S. Steinberg, op. cit., p. 201. Ver mais atrás p.
21.
87
cg
91 Md.
89
90
93
94
313
GEORGES VIGARELLO
95
97
98
99
100
Ibid.
259.
102
102 E. Vigée-Lebrun, Souvenirs, Paris, Éd. dês Femmes, 1984 (l.a ed.,
1869), t. i, p. 66.
105
106
107
108
l flft
Ver J.-F. Janinet, La Comparaison (arca 1770), BnF, Cabinet dês estampes.
109
110
2. A BELEZA DO INDIVÍDUO
10
16
Md.
18
Ibid. p. 435.
22 Ibid. p. 435.
29
30
31
32
33
34
JJ Ibid., p. 5.
34 Ibid.
35
36
37
38
39
315
GEORGES VIGARELLO
43
44
45
1117.
46 J
47 r
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
Barbe, Parfumeur royal ou traité dês parfums, Paris, 1761 (l.a ed.,
1699).
60
61
Ver P.-J. Buc’hoz, Toilette de Flore, à l’usage dês dames ou essai sur
lês plantes et lesfleurs qui peuvent servir d’ornements aux dames...,
Paris, 1771.
62 A. Hornot (pseudo Dejean), Traité dês odeurs, Paris, 1777, pp. 280-
282.
65
66
Ver C. Lanoè’, op. cit., pp. 400-402. O estudo conduzido por Catherine
Lanoe sobre o consumo de cosméticos no século xvni é o primeiro do
género. Neste aspecto, ela é decisiva.
69
70
71
316
HISTÓRIA DA BELEZA
72
73
Q ,
12 ,
Ibid., p. 114.
P.-H. Buc’hoz, Toilette de Flore à 1’usage dês dames. Paris, 1771, p. 64.
16 Ibid., p. 114.
Md.
Md., p. 229.
317
GEORGES VIGARELLO
26 Md., p. 162.
27 Ibid., p. 129.
28
Ver H. Maret, Mémoire sur Ia manière d’agir dês bains d’eau douce et
d’eau de mer, Paris,
1769, e L. C. Macquart, Manuel sur lês propriétés de l’eau. Paris, 1783.
34
35
36
37
38
39
40
42
Ibid.
Ibid., p. 136.
Ibid.
43
44
45
46
Ibid., t. H, p. 27.
47
48
52
53
Ibid., p. 100.
Ibid., p. 620.
•” Ibid., p. 105.
55 Buffon (G.-L. Leclerc, conde de), «Discours sur Ia nature dês animaux»
(1753), Oeuvres philosophiques, Paris, PUF, 1954.
59
60
61
62
318
HISTÓRIA DA BELEZA
68
69
Ibid., p. 309.
QUARTA PARTE
1. A BELEZA ROMÂNTICA
319
GEORGES VIGARELLO
10
12
13
18
Ver Victor Hugo, 1’homme océan, dir. M.-L. Prévost, Paris, Bibliothèque
nationale de France e Éd. du Seuil, 2002, p. 61.
19 ’
d’art, 1998 (l.a ed., 1990), «É então o mundo interior que deve
constituir o conteúdo do mundo romântico», p. 78.
23 /l ; J „ lio
Ibid.. t. i, p. 455.
24 Ibid.. t. i, p. 455.
25 Ibid., p. 456.
28
30
31
32
320
Tez luminosa e branca para uma,
em relação ao homem.
EM CIMA
EM BAIXO
»1m
© Archivi
O acesso ao mundo interior: a beleza clássica amplia, no século XVII,
aquilo que os olhos têm fama de traduzir da alma. A dama do chapéu
vermelho, de Vermeer, deixa que se adiante o seu olhar surpreendido e
marejado. Os rostos de Lê Brun denunciam as suas várias paixões pelas
pregas em torno dos olhos.
© Archives Sei
A beleza individualizada: «cada rosto é diferente», insiste Lavater no
século XVIII. As regras da beleza aceitam a subjectividade. i •..
. •
© The Bridgeman Art Library
„ MODES
Os vestidos passam a ser «aderentes», as formas casam-se corn o tecido,
em 1900, embora se mantenha uma cambrure que beneficia fraqueza e
fragilidade.
Na década de 1910, em contrapartida, o «fim» do espartilho fluidifica
forma e trajo. Além da moda para o vestuário, é realmente o corpo e as
formas que estão em jogo, neste lento arrojar da silhueta feminina, entre
1850 e 1920. O adelgaçamento revela-se obrigatório, mais do que
anteriormente.
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NOUVELLE CRÊATÍON
MMtOB, 151,
^^SSI:
tó.Sisffiwstów»»:
© Kharbine-Tapabor
s MON PARFUM
[• FARDS PASTELS
BOURJOIS
PÁGINA DA ESQUERDA
37
40
Ibid., p. 160-163.
45
46
*?”;
48
49
Lola Montes citada por I. Bricard, ibid.
10
«Lês modes de Paris jugées par Mistress Trollope», Lê Journal dês dames
et dês modes, 10 de Fevereiro de 1836.
p. 349.
55 r, r
56
Ibid., p. 247.
321
GEORGES VIGARELLO
65
66
67
68 •
G. Houbre, op. cit., «La danse, trait d’union entre lês deux sexes», p.
210.
Ver L. Bland, Banishing the Beast, Feminism, Sex and Morality, Londres-
Nova Iorque, Tauris Park Paperbacks, 2001, «The afflictions of
Reproduction», p. 63.
69
70
74
75
77
78
81
81
82
83
86
Ibid.
Lês Plus Belles Femmes de Paris, Paris, 1839, citado por Lê Petit
Messager dês modes, de Abril de 1880.
16
oq
Ver Dictionnaire de médecine, op. cit., art. «Station», t. 19, pp. 484-
503; ver também Abrégé
92
322
HISTÓRIA DA BELEZA
94
p. 5.
95
QO ,
Ver L. de Savigny, Lê Livre dês jeunes filies, Paris, 1846, p. 104. Ver
também «Éducation physique, gymnastique dês jeunes personnes», Journal
dês jeunes personnes, 1833, p. 220, e A. Dubourg, op. cit., art.
«Gymnastique».
102
103
104
108 Ver K. Stierle, La Capitale dês signes. Paris et son discours. Paris,
EHESS, 2001 (1.” ed.,
H. de Balzac, «La Femme comme il faut», in Lês Français peints par eux-
mêmes, op. cit., t. i, p. 26.
M3
E. Guinot, «La lionne», in Lês Français peints par eux-mêmes op. cit.,
t. 2, p. 10.
116/W<t
117 Md.
\ 18
323
GEORGES VIGARELLO
122
123
124
H. de Balzac, Autre Étude de femme, op. cit., t. Ill, pp. 227-228. Ver
também Lês Français peints par eux-mêmes: panorama social du xix* siècle,
exposição. Paris, Museu d’Orsay, 23 de Março-13 de Junho de 1993.
128
Ver Gavarni, Oeuvres choisies..., op. cit. Ver também Gavarni, Masques et
visages. Paris,
Ver Gavarni, Oeuvres choisies..., op. cit. Ver também Gavarni, Masques et
visages, Paris,
1857.
137
138
139
142
143
144
145
146
147
Md.
324
i
HISTÓRIA DA BELEZA
148 J. Roy, «Byron», Lês Écrivains célebres, Paris, Éditions d’Art, 1953,
t. m, p. 22.
150
151
156 Revue britannique, citada por J.-P. Saidah, op. cit., p. 139.
2. A CONQUISTA ANATÓMICA
3 Stendhal (H. Beyle, dito), Armance (1.” ed., 1827), Paris, Gallimard,
col. «Folio», 1975, p. 67. Ver também S. Melchior-Bonnet, Histoire du
miroir. Paris, Imago, 1994, p. 97.
4 H. de Balzac, «La Femme comme il faut», in Lês Français peints par eux-
mêmes, t. i. Paris,
1840-1842, p. 26.
5 La Silhouette, 1829, p. 70.
10
Ver Bertall (C. A. d’Arnoux, dito), «Essai sur Ia beauté dês crinoline»,
L’Illustration, 24 de Setembro de 1864, p. 26.
12 Cham, Douze Années comiques, Paris, 1880, «Année 1869», p. 47, Ver
também, H. Daumier, «Effet dês tourniquets sur lês jupons crinolines».
Charivari, 1855.
325
GEORGES VIGARELLO
H. Daumier, «C’est unique! J’ai pris quatre tailles, jusque comme celle-
là dans ma vie; Fifine ma première! Cocotte, cette gueuse de Cocotte! La
grande Mimi et mon épouse là-haut dans lê coin» (circa 1840), Paris. BnF,
Cabinet dês estampes.
1 Q
19
20
28
23
24
1 «Hoje em dia um vestido não pode cair bem a não se que seja bem
ajustado, colente, numa palavra», Lê Caprice, Julho de 1876, p. 9.
35 Bertall (C. A. d’Arnoux, dito), La Vie hors de chez sói, Paris, 1876,
p. 340.
37 É. Zola, Nana, Paris, Gallimard, col. «Folio», 1977 (1.” ed., 1879),
p. 348.
326
HISTÓRIA DA BELEZA
48
49
49
52
53
55
56
57
58
59 ’•
60
61
62
63
64
65
66
67
62 Ibid., p. 47.
63 Ibid., p. 48.
64 Ibid., p. 104. -
65 Ibid., p. 36. K
66 Ibid., p. 47.
Cuide dês plaisirs à Paris, Paris, 1889, «O odor a mulher arrasta-se por
todo o lado e invade-vos», p. 51.
74 É. Zola, op. cit., p. 159.
75
76
81
82
Ibid., p. 363.
Ibid., p. 226.
Ibid., p. 346.
J.-K. Huysmans, Lê Drageoir aux épices (1874), Paris, UGE, col. «10/18»,
1975, p. 375.
83
84
89
90
87
89
90
91
92
93
Ibid.
94
95
97
98
Ibid., p. 51.
100
101
101 Ver O. Sailhard, Lês Maillots de bain. Paris, Éd. du Chêne, 1998, Ver
bilhete-postal de 1905, p. 46.
Bertall (C. A. D’Arnoux, dito), La Vie hors de chez sói, op. cit., p.
544. M. Proust, À 1’ombre dês jeunes filies enfleur(l9l&), À Ia Recherche
du Temps Perdu, t. II, Paris, Gallimard, col. «La Plêiade», 1962, p. 791.
104 H. Rebel, Lês Nuits chaudes du cap f rançais. Paris, UGE, col.
«10/18», 1985 (l.a ed., 1903), p. 420.
105
106
107
108
109
110 Ver, entre outros, P. Arnaud (sob a dir. de), Lês Athlètes de Ia
Republique, Toulouse, Privai,
1987, J. Defrance, L’Excellence corporelle. Laformation dês activités
physiques et sportives modernes, 1770-1914, Rennes, PUR, 1987, e R.
Sassatelli, Anatomia delia Palestra, Bolonha, II Mulino, 2000.
111 E. Buret, De Ia misère dês classes laborieuses en France et en
Angleterre, Bruxelas, 1842
328
HISTORIA DA BELEZA
J.-P. Muller, Mon système de méthode de culture physique pour lês femmes,
Paris, 1910, p. 65.
122
123
124
125
Ibid.
129
130
131
132
133
134
135
136
18
329
GEORGES VIGARELLO
3. O MERCADO DO EMBELEZAMENTO
18
19
20
23
24
25
26
27
28
Md.
Ibid., p. 51.
30
31
35
36
330
HISTÓRIA DA BELEZA
«um psiché corn consola onde se colocará tudo aquilo de que se possa ter
necessidade», p. 160.
43
44
45
46
L. Franck, Lês Femmes dans lês emplois publics, Bruxelas, 1893, p. 58.
49 Ibid. i
50
51
54,
Ibid., p. 14.
59
Jy Ibid., p. 437.
331
GEORGES VIGARELLO
67
68 i
J. Bouvier, Histoire dês dames employées dans lês postes. Paris, PUF,
1930, p. 264.
69
70
71
72
75
76
78
79
82
1916.
83 ,
t. In, p. 254.
84 Ibid., p. 258.
258.
QUINTA PARTE
1. AS «SILFIDES MODERNAS»
332
H HISTÓRIA DA BELEZA
«Hoje, para se ser bela, é preciso assemelhar-se não a uma flor mas sim a
um caule», Femina,
1937.
14
19
20
25
26
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28
29
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333
GEORGES VIGARELLO
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54
55
56
57
58
59
60
P. Sartin, Souvenirs d’une jeune filie mal rangée, Paris, Pierre Horay,
1982.
63 Ibid.
66
67
68
69
70
71
72
75
76
77
1935.
78 j
79 /
80 ,
81 A
82 „
80
83
Ver também, para além do tema das férias o do week-end e sua importância
na década de
1930: W. Rybczynski, Histoire du week-end, Paris, Liana Levi, 1992 (l.a
ed., 1991), «Lês pionniers du week-end», p. 123.
88
89
no
93
86
87 ’•
88
89
90
91
92,
93
94,
no
335
GEORGES VIGARELLO
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
108
Ver P. N. Stearns, Fat History. Bodies and beauty in the Modern West,
Nova Iorque Unversity Press, 1997. Sobretudo «Fat as a Turn-of-the-
century Target: Why?», p. 48.
126 Ibid.
129
\ 19
10
14
2. ABEIRAR AS ESTRELAS
3 E. Morin, Lês Stars, Paris, Seuil, col. «Points», 1972 (l.aed., 1957),
p. 39.
5 Ibíd., p. 139.
Max Factor Hollywood, para «uma beleza natural», Vogue, Maio de 1939.
11 Cinémonde, 1936.
21 Cinémonde, 1933.
23 Ciné-Miroir, 1936.
27 Cinémonde, 1933.
28 Ibid., 1936. C,
337
GEORGES VIGARELLO
Votre beauté, Dezembro de 1935: «O encanto, mas hoje em dia diz-se o sex
appeal...».
39
40
46
47
48
49
50
51
co
62 Cinémonde, 1933.
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
64
65
66
67
Cinémonde, 1934.
«La fabrique dês stars» é o título que vem na capa do número de Março de
1935 de Votre beauté.
68 tf-• ^/ • OT j™ AI :i j~ ir»T7
69
70
73
Marie Claire, 23 de Abril de 1937.
Vogue, Janeiro de 1933, «E eis que o ecrã lhes entrega esse retraio
impossível».
Ibid. , ; : -
HISTÓRIA DA BELEZA
S. Roudès, Pour faire son chemin dans Ia vie, Paris, Bibliothèque dês
ouvrages pratiques,
1902.
80
o i
81
82
83
Ver ibid.
84
85
86
87
102
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104
105
106
107
108
Ver A. Taschen, Leni Riefenstahl, cinq viés, Nova Iorque, Taschen, 2000,
e o filme de Leni
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10Q
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||O
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136
Ibid., p. 545.
1932, p. 15.
340
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143
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145
146
147
Ver, entre outros, «La chirurgie esthétique dês rides du visage», Presse
médicale, 12 de Maio de 1919.
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157
158
«Os cauchus de Clarks usam-se uma meia hora por dia», Chiffons, Julho de
1932.
t S9
160
2 Md.
3 E. Morin, Lês Stars, Paris, Seuil, col. «Points», 1972 (l.a ed., 1957),
p. 30.
9 E. Morin, op. cit., p. 31. Ver também F. Sagan e G. Dussart, op. cit.,
«Ela era resolutamente anárquica», s. p.
341
GEORGES VIGARELLO
19
20
Ver P. Laisné, La Femme et sés images, Paris, Stock, 1974, pp. 52-60. Ver
os anúncios publicitários da década de 1950 em J. Keimann, 50’s Ali
American Ads, Nova Iorque, Taschen, 2002, p. 549.
18
19
20
21 ’
22 ,
25 .
Ibid., p. 620.
27
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30
31
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36
37
38
Ver «La chirurgie esthétique dans tous sés états», Doctorisimo.fr, 2004.
35 Ibid.
40
42
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HISTÓRIA DA BELEZA
r
43
44
C. Fouquet, Y. Kniebiehler, op. cit., p. 152.
G. Erner, Victimes de Ia mode? Comment ou Ia crée, pourquoi on Ia suit,
Paris, La Découverte,
2004: «Os objectos de luxo estão submetidos aos princípios gerais da
economia. Se se quiser aumentar a sua difusão terão de baixar de preço»,
p. 180.
Lês Nouvelles Tendances de Ia beauté, estudo Eurostaf, Paris, 2000, p. 7.
46 Parfums, Cosmétiques, Junho-Julho de 2002.
«Rester jeune, Ia révolution anti-âge», Lê Nouvel Observateur, 9-15 de
Novembro de 2000.
«La fureur de vivre, enquête sur lês cobayes anti-âge», Lê Monde 2, Abril
de 2001.
49
Conditions de vie et aspirations dês Français, Paris, CREDOC, 1978.
N. Chasseriau-Barras, 60 Conseils adaptes, dês réponses sur mesure anti-
âge. Paris, Hachette,
2001, p. 5.
D. Haddon, La Beauté n’a pás d’age, un guide de bien-être et de séduction
pour Ia vie. Paris, Michel Lafon, 2000 (1.” ed. americana, 1998).
Ver «Sénior, un statut en or», Lê Monde 2, Junho de 2003.
«Lês rides rajeunissent Ia cosmétique», Lê Journal du dimanche, 30 de
Novembro de 2003.
54 Ver mais atrás, p. 229.
É. Pisier, «L’ombre de ton ombre», Lê Débat, Maio-Agosto de 1998, pp.
166-167.
56 S. Chaperon, op. cit., p. 198.
F. de Singly, «Lês habits neufs de Ia domination masculine», Esprit,
Novembro de 1993, p. 61.
CO
F. Héritier, «Modele dominant et usage du corps dês femmes», Lê Monde, 11
de Fevereiro de 2003.
59 F. Dubet, D. Martucelli, Dans quelle société vivons-nous?, Paris,
Seuil, 1998, p. 204.
G. Lipovetsky, «La femme reinventes». Lê Débat, Maio-Agosto de 1998, p.
180.
O. Burgelin e M.-T. Basse, «L’unisexe», Communication, n.° 46, «Parure,
pudeur, étiquette»,
1987, p. 283.
66
D. Friedmann, Une histoire du blue jean. Paris, Orban, 1987, p. 97.
«L’hiver dês amazones», Lê Monde, 15 de Março de 2003.
«Mode mixte, un placard pour deux», Elle, 17 de Novembro de 2003.
«Inès de La Fressange, modele malgré elle», Mods Marie Claire, Março-
Abril de 2004.
Ver C. Louveau, «La forme, pás lês formes», in Sport et Société, dir. C.
Pociello, Paris, Vigot,
1983.
67 l
68 j
69 ,
O/ TI . l
Ibid.
É. Sullerot, Demain lês femmes, inventaire de 1’avenir, Paris, Laffont-
Gonthier, 1965, p. 101.
9 Matrix, realização de A. e L. Wachowski, 1999.
I. Théry, «Lês impasses de l’éternel féminin», Lê Débat, Maio-Agosto de
1998, p. 174.
S. Agacinski, «L’universel masculin ou Ia femme effacée». Lê Débat, Maio-
Agosto de 1998,
152.
72
73
74
É. Badinter, Fausse Route, Paris, Odile Jacob, 2003, p. 68.
Ver «o esquema do género», G. Lê Mener-Idrissi, Uldentité sexuée, Paris,
Dunod, 1997, p. 101.
Chanel, campanha de publicidade de 2003.
É. Favre, Un bien pour un mâle. La beauté et lê bien-être au masculin,
Paris, Jacques-Marie Laffont, 2003.
76 «Lá ou ca fait mâle», Liberation, 21 de Agosto de 2003.
«Métrosexuels, lês hommes d’apprêt», Liberation, 5 de Setembro de 2003.
78 Inquérito Euro RSCG citado por Elle, 17 de Novembro de 2003.
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84
85
86
87
«Sois beau et tais-toi», Lê Nouvel Observateur, 4-10 de Dezembro de 2003.
80 Ibid.
81 Ver Fédération dês industries de Ia parfumerie, Statistiques 2000-
2001-2002, Paris, 2003.
82
S. H. Abraham, La Chirurgie esthétique au masculin, Paris, Mazarine,
1999.
o-j
«Chirurgie esthétique: lês hommes aussi», Lê Monde, 12 de Janeiro de
2001.
84 Ver Fédération dês industries de Ia parfumerie, op. cit.
85
«L’homme, une école de patience», Cosmética, Setembro de 1999.
86 D. Walzer-Lang, citado por Lê Monde, 19 de Novembro de 2003. F. Évin,
«L’esprit sportswear». Lê Monde, 17 de Marco de 2004.
oo
Ver «Lês gays ont créé une masculinité désinhibée», Liberation, 27 de
Fevereiro de 2004.
Ou f
Têtu, Agosto de 1995. Acerca da revista Têtu, ver E. Coin, Têtu, une
représentation du corps masculin dans Ia presse homosexuelle, Paris,
memória de DEA, EHESS, 2003.
90
Ver P. Lascoumes, «L’homosexualité entre crime à Ia loi naturelle et
expression de Ia liberte», in D. Borrillo, Homosexualité et Droit. Paris,
PUF, 1998.
91 Ver G. Bach-Ignasse, Homosexualité, Ia reconnaissance?, Paris, Espace
Nuit, 1988, p. 4.
Ver E. A. Armtrong, Forging Gay ídentity. Organizing Sexuality in San
Francisco, 1950-1994, Chicago, University of Chicago Press, 2002. O
coming-out é aí apresentado como tendo um lugar «sagrado no coração da
identidade gay», p. 137.
Ver as campanhas da Amnistia Internacional a partir dos fins da década de
1970 contra as «perseguições dos homossexuais», Plus fort nous
chanterons. Paris, Amnesty International, 2000.
94 A. Messíah, E. Mouret-Fourne, «Homosexualité, bisexualité, éléments de
socio-biographie sexuelle», Population, Setembro-Outubro de 1993.
95 .
96 (
97 l
98,
99 l
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103
104
105
Têtu, Março de 2001.
Ver Têtu, Fevereiro de 2000: «Tolérance, un mot que je deteste».
Ibid.
Banda publicitária para a revista Préférences mag. Março de 2004.
Préférences mag, Março de 2004.
1 Têtu, Agosto de 1995.
Ver Homophonies, n.° 3, 1986, «do viril ao anjo louro».
1 Editorial, Préférences mag, Março de 2004. ’ G. Bach-Ignasse, op. cit.,
p. 71.
Lê Journal du Dimanche, supplément Femina, 16-22 de Fevereiro de 2004. ’
G. Lipovetsky, La Troisième Femme, op. cit., p. 130.
4. BELEZA «EXPERIMENTADA», BELEZA CONTEMPORÂNEA
«L’individu se détache de Ia ’grande société’», F. Dubet, D. Martucelli,
Dans quelle société vivons-nous?, Paris, Seuil, 1998, p. 175.
O que torna ainda mais «deslocado», nas nossas sociedades, o problema do
uso do véu islâmico. Sendo uma reivindicação «comunitária», às vezes
individual, contrariando as referências dominantes, o fenómeno joga corn
a distância cultural e seria impossível tratá-lo no âmbito desta obra.
3 Ver mais atrás, p. 52.
344
HISTÓRIA DA BELEZA
A. Ehrenberg, Lê Culte de Ia performance, Paris, Calmann-Lévy, 1991, p.
281.
R. Castel, C. Haroche, Propriété privée, propriété sociale, propriété de
sói, Paris, Fayard, 2001, p. 128.
M. Gauchei, «Essai de psychologie contemporaine. Un nouvel age de Ia
personnalité», Lê Dêbat, Março-Abril 1998, p. 177.
J.-C. Kaufmann, «L’expression de sói», Lê Débat, Março-Abril 2002, Ver
«indivíduo produz como novo centro de fabricação da coerência», p. 121.
«Cada actor evolui por força em muitos ’círculos’ da vida social», M.
Gauchei, «Lês deux sources du processus d’individualisation», Lê Débat,
Março-Abril de 2002, p. 135.
J.-F. Lyotard, La Condition postmoderne, Paris, Minuit, 1979, p. 63.
F. Furet, Lê Passe d’une illusion. Essai sur 1’idée communiste au x>f
siècle. Paris, Robert Laffont-Calmann-Lévy, 1995, p. 572.
L’Encyclopedie beauté et bien-être, dir. A.-M. Seigner, Paris, Culture,
Arts, Loisirs, 1964, p. 23.
12 Votre beauté. Dezembro de 1960.
13 Md., Fevereiro de 1970.
14 Md., Maio de 1970.
15 Md., Janeiro de 1965. ’
1 «Entretien avec Virginie Ledoyen», Mods Mari Claíre, Março-Abril de
2004.
17 Réponses psy, Março de 2004.
Ver «Pelils pratiques» Hachelte. O tema «beleza e forma» comportava dez
lítulos em 2002, publicados desde a década de 1990.
12
13
14
15
16
17
18 ’
22
C. Mayer, La Médecine au service de Ia beauté. Paris, Amiot, 1955, p.
127. M. Mimoun, L’Jmpossible Limite, carnets d’un chirurgien. Paris,
Albin Michel, 1996, p. 132.
21 Md., p. 133.
J.-C. Dardour, Lês Tabous du corps, Ia chirurgie au secours de
1’esthétique, Paris, Grancher,
1999, pp. 55-56.
23 Votre beauté, Janeiro de 1970.
Jacques Crestinu, Du bout du nez aux bouts dês lèvres. Réalités de Ia
chirurgie esthétique, Paris, Édilions Résidence, 2000, p. 23.
27
28
Ver J.-P. Pianta, La Révolution du mieux-être, Paris, Ramsay, 1998.
Ver S. Bertin, Forme santé beauté, Paris, Aubanel, 2003.
Ver «Mon corps, adversaire ou partenaire?», Psychologies magazine.
Novembro de 2000.
Ver também as experiências literárias, Lê Corps qui parle, colectânea,
Paris, Lês Cahiers de
1’égaré, 2001.
D. Pomey-Rey, La Peau et sés états d’ame, Paris, Hachette, 1999.
R. Evelyn, À corps parfait. Tensions, douleurs raideurs... Notre corps
revele nos secrets, Paris, Robert Laffonl, 2003.
31
32
33
34
Votre beauté, Junho de 2003.
Top Santé, Março de 2003.
«L’avis du psy», Votre beauté. Março de 2004.
Ver D. Yosifon e P. N. Slearns, «The rise and fali of American poslure»,
American Historical Review, Oulubro de 1998.
Ver mais alrás, a parte i, «Lê modele revele».
«Sans regime, sans chirurgie, sans complexe, aimer son corps», Elle, 20
de Oulubro de 2003.
37 Top Santé, Março de 2003.
35
36
37
345
GEORGES VIGARELLO
38 G. Harrus-Révidi, «II faut renouer avec notre sensorialité»,
Psychologies magazine. Novembro de 2000.
42
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45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
Lês Nouvelles Tendances de Ia beauté, estudo Eurostaf, Paris, 2000, p. 9.
1 Ibid., p. 10.
Larousse de Ia santé auféminin, Paris, 2003, p. 162. Votre beauté.
Setembro de 1975. Ibid., Janeiro de 1980. Top Santé, Março de 2003.
Marie-France, Fevereiro de 2004. Elle, 19 de Janeiro de 2004. Ibid.
Votre beauté, Fevereiro de 1970. Ibid., Fevereiro de 1995. Top Santé.
Março de 2002. Santé magazine, Março de 2002. Ibid.
Votre beauté, Março de 2003. Elle, 19 de Janeiro de 2004.
Os modelos dos livros de beleza passaram a ser sistematicamente
sorridentes, um sorriso generalizado como no livro de S. Bertin, Forme,
santé, beauté. Paris, Aubanel, 2002.
56 Votre beauté, Julho-Agosto de 2003.
57 Ibid., Abril de 2003.
«Cês stars qui changent de look comme de chemise», Questions de femmes,
Agosto de 2003.«La chirurgie dês stars», Aufeminin.com, 2004.
«J’ai trouvé mon nouveau look», Bien dans sã vie. Outubro de 2003.
57
58 ’
59
60
61
62^
Santé magazine, Novembro de 2003.
Ver M. Gauchei, «Essai de psychologie contemporaine», op. cit.; «E neste
tempo de mudança, corn o poder que ele procura na sua presença, que
testemunho por excelência a personalidade ultracontemporânea», p. 178.
63
64
«Un mode d’emploi dês relations humaines», Liberation, 6 de Julho de
2001.
D. Mehl, «Entretien» em «La ruée vers 1’intime, vécu à Ia télévision»,
Télérama, 26 de Novembro de 2003. Ver também D. Mehl, Télévision et
intimité. Paris, Seuil, 1996.
«La ruée vers l’intime, vécu à Ia télévision», op. cit.
J.-C. Kaufmann, «A emissão revelou a necessidade de expressão pública do
eu íntimo». Lê Monde, 5 de Julho de 2001. Ver também, J.-C. Kaufmann,
Ego. Pour une sociologie de l’individu, Paris, Nathan, 2001.
65
66
67
68
69
Ver o site loanacroft.free.fr.
68 Ver Votre beauté. Outubro de 1933 e Novembro de 1946.
69 Ver Corps de femmes sous influence, simpósio OCHA de 4 de Novembro de
2003, Lês Cahiers de L’OCHA, n.°10, 2004.
70 Elle, 3 de Novembro de 2003.
71 Ibid.
«L’hiver dês amazones», Lê Monde, 15 de Março de 2003. «Moins de kilos,
plus de pêche», Biba, Abril de 2004.
74 D. Elia, G. Doucet, Lês 1000 Réponses sur lafemme et son corps, Paris,
Hachette, 1989, p. 509.
346
HISTORIA DA BELEZA
Ver F. Amadieu, Lê Poids dês appárences. Paris, Odile Jacob, 2002, t o
«factor de exclusão» possível provocado pelo peso.
76
77
78
79
Ver mais atrás, pp. 67-68. Ver mais atrás, pp. 156-157. Ver mais atrás,
p. 193.
F. Ferrarotti, Homo sapiens, giovani e musica. Ia rinascita dallo spirito
delia nuova musica, Nápoles, Liguori, 1995, p. 1.
80 •
81 ,
82
Et Dieu créa lafemme, realização de R. Vadim, 1956.
Ver Os homens preferem as loiras, realização de H. Hawks, 1953.
B. Amengual, «37-22-35, ou 1’impossible nombre d’or», Cinema
d’aujourd’hui, n.° l, 1975, p. 74, 37-22-35, que tem as medidas ideais de
Marilyn em polegadas.
83
84
87
«Lê bal dês parures», Lê Monde, 28 de Dezembro de 2002.
Lê Monde, 15 de Março de 2003. \
Md., 10 de Março de 2004.
Ver, entre outros, «Huit méthodes pour gommer Ia cellulite», Santé
magazine. Março de 2004.
As obras sobre técnicas de emagrecimento banalizaram-se, indo as suas
referências das mais orgânicas às mais psicológicas. Ver, entre muitos
outros, C. Flament-Hennebique, SOS Silhouette, Paris, Frison-Roche, 1995.
88
«Enfin votre regime perso», Maríe Claire, Março de 2004.
«Fabriquer son soin corps perso», Marie-France, Março de 2004. •
«Spécial maigrir, Ia fin dês frustrations», Votre beauté. Março de 2004.
’
«Maigrir autrement, Comment se réconcilier avec son corps», Marie-France,
Abril de 2004. Larousse de Ia santé au féminin, dir. M.-P. Levallois,
Paris, Larousse, 2003, p. 162.
93 Votre beauté. Junho de 2003.
«Maigrir autrement, Comment se réconcilier avec son corps», op. cit.
95 Ver ibíd.
96 J.-C. Rufin, Globalia, Paris, Gallimard, 2004, pp. 205-206. ,
•