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Arbovírus são vírus transmitidos por artrópodes em geral e possuem uma variação
muito grande de hospedeiros21. Para serem classificados dessa forma precisam ter
a capacidade de infectar vertebrados e invertebrados, promover uma viremia em
um hospedeiro vertebrado por tempo suficiente para permitir infecção do vetor
invertebrado e iniciar uma infecção produtiva, presente na glândula salivar do
invertebrado tendo a capacidade de fornecer vírus para a infecção de outros
hospedeiros vertebrados (CASSEB et. al. 2013) 22.
As Arboviroses vêm causando surtos epidêmicos em humanos durante séculos,
porém devido a crescente expansão populacional do ser humano nas últimas
décadas o problema se agravou.
O vírus do Dengue, da família flavivírus, é transmitido pelos mosquitos Aedes
Aegypti e Aedes Albopctus e atualmente infecta aproximadamente 50 milhões de
pessoas por ano na região dos trópicos e subtrópicos do planeta 21. Nessas regiões,
os vetores coexistem com os hospedeiros vertebrados em todas as estações do
ano, facilitando o processo de transmissão, ao contrário do que ocorre nas regiões
de clima temperado, onde o ciclo de transmissão é interrompido durante o inverno,
e voltando a acontecer na primavera ou verão (CASSEB et. al. 2013). 22
No Brasil além da presença do Dengue, a recente emergência das arboviroses Zika
e chikungunya tem se revelado um grave problema de saúde pública que impõem
grandes desafios para o sistema de vigilância, sobretudo, em razão da alta
endemicidade para o Dengue no país, que inclui um amplo histórico de circulação
dos quatro sorotipos do vírus (REISEN 2010; HONÓRIO et al. 2015; FAUCI and
MORENS 2016). No Brasil, o Dengue, é considerada a mais importante arbovirose,
tendo-se em conta tanto a sua morbidade quanto à mortalidade, e é transmitida
exclusivamente pelo mosquito Aedes aegypti. A transmissão vem ocorrendo de
forma continuada desde 1986, tendo o maior surto registrado no período entre 2002
a 2011, apresentando o maior número de casos e internações. A forma como a
circulação viral desse período aconteceu se caracterizou pela circulação simultânea
e com predomínio dos sorotipos virais DENV1, DENV2 e DENV3. No segundo
semestre de 2010, houve a introdução do DENV4 a partir da região norte.
Atualmente a circulação simultânea dos diversos sorotipos explica o cenário de
altos níveis de transmissão atual da doença (Ministério da Saúde 2018).
Os centros urbanos normalmente são regiões que apresentam condições
favoráveis à difusão do vírus da Dengue. Com seu grande contingente populacional
somado à complexidade dos problemas sociais e políticos que interferem na
qualidade ambiental e de vida, são locais de grande importância estratégica no
combate à doença. (COSTA et al 1998)17
Por outro lado, o vírus chikungunya (CHIKV) é um vírus de origem africana
reemergente, também transmitido no Brasil pelo mosquito Ae. Aegypti e que nos
últimos anos tem provado ter grande capacidade de propagação, representando
uma ameaça recente para todas as áreas do mundo já infestadas ou em vias de
infestação pelos mosquitos vetores. A transmissão do vírus chikungnha no Brasil foi
identificada a primeira vez em 2014 no Amapá (HONÓRIO et al.2015).
Anteriormente esse vírus havia sido encontrado no Caribe em 2013, e há relatos da
ocorrência do mesmo em regiões do continente africano e asiático (WEAVER;
LECUIT, 2015). A viremia persiste por até dez dias após o surgimento das
manifestações clínicas. Na região das Américas, até o momento, a letalidade por
chikungunya é menor do que a observada por dengue. Os casos graves e óbitos
ocorrem com maior frequência em pacientes com comorbidades e em extremos de
idade. Em 2017, foram registrados 185.550 casos prováveis de febre de
chikungunya no país, com 169 óbitos confirmados (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2017).
O vírus Zika também é transmitido pela picada do Ae. aegypti mas pode ser
transmitido por outras espécies de mosquitos como o Culex quinquefasciatus
(Guedes et al 2017). Segundo o boletim epidemiológico mais recente
disponibilizado pelo ministério da saúde em 2016, foram registrados 216.207 casos
prováveis de febre pelo vírus Zika no país, sendo dois óbitos.
A associação desses arbovírus com aumento de casos de síndrome de Guillan-
Barré e outras manifestações neurológicas e o aumento expressivo de casos de
microencefalia em recém-nascidos têm causado preocupação entre os cidadãos e
as autoridades de saúde pública e colocado o sistema de saúde em alerta.
Neto (1998) discute a utilização de alguns recursos para promover a divulgação das
informações sobre dengue são percebidos pela população e mostra como a
veiculação de mensagens pela mídia, atividades com multiplicadores, reuniões em
sociedades de amigos de bairros, igrejas e creches; uso de outdoors, faixas,
painéis, cartazes, etc., buscam definir um nível de conhecimento satisfatório e a
tentativa de passá-lo para a população, supondo que, uma vez adquirido, causará
mudanças de hábitos, levando a uma diminuição na população de vetores e
consequentemente dos casos registrados da doença. O problema dessas ações, é
que essas tentativas de conscientização não levam em consideração o
conhecimento e percepção anterior da população sobre o problema, nem
incentivam a sua participação na elaboração das atividades educativas ou
promovem qualquer discussão com a comunidade sobre suas prioridades.
Rangel enfatiza que nessa perspectiva de comunicação em saúde, esta não é mais
transmitida de forma unidirecional, sendo somente transmissão de conhecimentos,
mas como circulação e significação de signos4.
Para Albagli, divulgação científica significa traduzir de uma linguagem especializada
para uma leiga, visando a atingir um público mais amplo e segundo a autora além
de divulgação científica, existem mais dois conceitos importantes em torno dessa
temática: difusão científica e comunicação científica. A difusão científica sugere que
a mesma pode ser orientada tanto para especialistas quanto para o público leigo
em geral e comunicação científica seria algo direcionado a especialistas somente.
Para a autora umas das maiores problemáticas na popularização da ciência e
tecnologia é fazer existir um equilíbrio entre o entusiasmo pelos conteúdos
científicos transmitidos pelos profissionais da área e a necessidade de se evitar
transmitir uma visão exagerada das possibilidades da ciência moderna. Na visão da
autora a divulgação em ciência pode ser uma importante ferramenta de maior
consciência social sobre a atividade científica, e sua importância na sociedade, mas
também pode ser instrumento para a mistificação da ciência e que é necessário
cuidado por parte da comunidade científica para não usar critérios de seleção
questionáveis, simplificar excessivamente, distorcer ou deturpar conteúdos e que é
importante ressaltar que o direcionamento que essas atividades apresentarão,
estarão intimamente ligadas as intenções das pessoas que irão desenvolver, das
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informações que irão privilegiar ou dos métodos que irão utilizar.
Alfabetização científica e contribuição da escola no controle da Dengue
O projeto Finlay desenvolvido pelo NAP, Escola do Futuro da USP, foi um projeto de
ensino de ciências, elaborado no ano de 1998 e implementado em algumas escolas
brasileiras a partir do ano de 1999. O projeto, posteriormente analisado por GOUW
2009 foi considerado bem-sucedido por ter promovido a participação ativa da
comunidade, onde os próprios membros se tornam promotores de saúde local,
procurando locais que acumulam água e propondo alternativas para o problema em
seus domicílios, dessa forma não só apontando o problema, mas gerando
discussões de forma conjunta acerca de soluções viáveis. Dessa forma o trabalho
se estendeu até os domicílios ultrapassando os limites escolares. A autora destaca
ainda que mudar atitudes requer uma nova atuação. E esta nova forma de
elaboração de projetos pode ser alcançada através de programas e estratégias que
buscam valorizar e desenvolver o espaço escolar.20
Para Regis et al. (1995) a escola pode ser um espaço essencial para o controle de
doenças transmitidas por vetores devido a diversos motivos como: o envolvimento
da população por ter representatividade de famílias locais; muitos aspectos da
doença como a biologia e ecologia do vetor, oferecem excelente material didático
para trabalhos, até mesmo, interdisciplinares; aproximação do problema com a
comunidade e a escola e maior probabilidade de mudanças de atitude de um modo
geral5.
BIBLIOGRAFIA