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Resenha

Manual de
psicofarmacologia clínica
Irismar Reis de Oliveira e Eduardo Pondé de Sena
Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2006, 2ª edição

Maria da Graça Cantarelli


Psiquiatra e internista. Coordenadora, Ambulatório de Transtornos do Humor e Neuropsicofarmacologia, Instituto Abuchaim, Porto Alegre, RS.

O Manual de psicofarmacologia clínica constitui- psicofármacos, introduzindo conhecimentos sobre


se na reunião de oitenta e três pesquisadores de diversas genética e neuroimagem com suas aplicações na
partes do país, muitos deles gaúchos, todos com vasto moderna psicofarmacologia. Nesta seção, os capítulos
currículo, sob a organização dos professores Irismar Reis buscam trazer sucintamente as indicações e contra-
de Oliveira e Eduardo Pondé de Sena, ambos pertencentes indicações, farmacocinética, farmacodinâmica, modo de
à Universidade Federal da Bahia. Seus 37 capítulos foram uso, interações e principais efeitos adversos de cada
divididos em duas grandes seções: “Aspectos gerais da fármaco ou grupo de medicações. Na segunda seção,
psicofarmacologia: principais grupos de psicofármacos” são abordadas as principais entidades nosológicas, com
e “Psicofarmacoterapia”. Desta forma, o leitor aprende um espaço reservado para algumas situações especiais
ou relembra informações básicas sobre a farmacologia como infância e adolescência, gravidez e lactação,
das diferentes substâncias existentes tanto no mercado paciente idoso e clinicamente doente.
brasileiro quanto no exterior, com suas aplicações nas No capítulo 1, “Introdução à psicofarmacologia”,
diferentes patologias, sem esquecer as reações adversas os autores realizam um rápido passeio por noções básicas
e possíveis interações farmacológicas. de farmacologia, com o intuito de contribuir para a
Sua linguagem é coloquial na quase totalidade da compreensão dos capítulos seguintes. O item ‘Fatores
obra, diversa de outros manuais que guardam um que interferem no efeito das drogas’, chama a atenção
discurso esquematizado. Esta estratégia proporciona para aspectos nem sempre mencionados em manuais
uma sensação de interação com os autores, auxiliando como este.
na aquisição das informações. É prático, sem deter-se No capítulo 2, “Ética em pesquisas em
em especulações demasiadas, e apresenta uma divisão psicofarmacologia clínica”, o Dr. Valentim Gentil centra
didática, o que possibilita também seu uso como mate- sua abordagem em questões relativas às pesquisas em
rial de ensino. humanos. Realiza uma bela revisão comentada de pro-
Na primeira seção, na qual são desenvolvidos 15 duções centrais na questão da ética em pesquisa clínica.
capítulos, ocorre uma revisão dos principais grupos de Não foge da discussão ao firmar posição com idéias

Correspondência:
Maria da Graça Cantarelli, Av. Carlos Gomes, 281/503, CEP 90480-003, Porto Alegre, RS. E-mail: mariacantarelli@terra.com.br
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destoantes das usualmente defendidas pelo CONEP, em tos fundamentais sobre Sistema Citocromo P450 e P-
especial na questão do placebo. Glicoproteína, relacionados com o processo das
O capítulo 3 fala sobre “Interações medicamentosas interações medicamentosas. Esquizofrenia e Doença de
em psicofármacos”. O Dr. Douglas Sucar, um antigo Alzheimer recebem atenção especial neste texto.
companheiro de percurso e pesquisador dedicado, faz O capítulo 15, “Neuroimagem e psicofarmacologia”,
um leve e agradável sobrevôo em interações atuais. utiliza a prática estratégia de discutir as aplicações dos
O capítulo 4, “Antidepressivos heterocíclicos e modernos exames de imagem a partir de três necessidades
inibidores da monoamina oxidase”, é competente em básicas: a avaliação de aspectos anatômicos, bioquímicos
manter presentes as indicações destes fármacos há tan- e da atividade cerebral.
to prescritos. Excelentes tabelas resumem aspectos A segunda seção tem início no capítulo 16,
farmacológicos centrais. “Tratamento da depressão maior”. Revisa conceitos
O capítulo 5, “Antidepressivos inibidores seletivos diagnósticos e possibilidades terapêuticas, baseando-se
de recaptação da serotonina”, aborda a classe de no nível de evidência disponível. Discute ainda outras
medicações que vem sendo a mais utilizada em nosso estratégias orgânicas não-medicamentosas, como ECT
meio. Revisa muito bem questões farmacocinéticas e e estimulação vagal.
farmacodinâmicas, mas é econômico em demasia quando O capítulo 17, “Tratamento da depressão resistente
trata de efeitos colaterais. Utiliza a nomenclatura antiga a tratamentos”, consegue definir claramente seu objeto
das enzimas do Sistema Citocromo P450. de trabalho e sugerir medidas objetivas de
O capítulo 6, “Antidepressivos de ação dual e enfrentamento. Utiliza o estagiamento da depressão
bupropiona”, realiza um levantamento isento da resistente, possibilitando um encadeamento racional para
literatura sobre estas medicações. as opções terapêuticas.
No capítulo 7, “Antipsicóticos típicos”, os autores O capítulo 18, “Tratamento das fases agudas no
trabalham em cima de uma versão sintética da transtorno bipolar”, enfoca a depressão bipolar, a mania
classificação de Delay e Deniker, descrevendo suas e os estados mistos. De forma clara, expõe e discute a
potencialidades e limitações. literatura sobre a abordagem destas situações.
O capítulo 8, “Antipsicóticos atípicos”, comenta O capítulo 19, “Tratamento do transtorno bipolar:
com objetividade as medicações disponíveis no fase de manutenção”, resume individualmente as
mercado. medicações utilizadas na fase de manutenção da doença
“Antiparkinsonianos” é o título do capítulo 9. bipolar. Apresenta um item denominado ‘Princípios para
Revisa conceitos em relação à síndrome parkinsoniana o Tratamento’, que poderia ser mais desenvolvido pelos
e aspectos das diversas medicações possíveis de se autores.
utilizar, com o mérito de não se ater apenas naquelas de O capítulo 20, “Tratamento de transtornos de
uso mais difundido. ansiedade”, aborda o transtorno de ansiedade
O capítulo 10, “Lítio”, traz um consistente apanhado generalizada, o transtorno de pânico e a fobia social.
da utilização clínica e dos cuidados a se tomar com o Discute com clareza possibilidades terapêuticas nestas
uso do lítio. situações.
No capítulo 11, “Anticonvulsivantes em O capítulo 21, “Tratamento farmacológico do
neuropsiquiatria”, temos um excelente texto sobre a transtorno do estresse pós-traumático”, nos possibilita
utilização de anticonvulsivantes na psiquiatria. inicialmente uma discussão dos recursos terapêuticos
Indicações, aspectos farmacológicos e modo de uso estão no TEPT a partir do estudo de sistemas neuroquímicos
muito bem relatados. envolvidos no estresse. Em um segundo momento, revê
O capítulo 12, “Ansiolíticos benzodiazepínicos”, as classes de medicações que podem ser indicadas nesta
realiza um apanhado demasiadamente enxuto de uma patologia.
classe medicamentosa tão utilizada na prática médica. O capítulo 22, “Tratamento farmacológico dos
Deixa de relatar mais extensamente efeitos adversos e transtornos do espectro obsessivo-compulsivo”, trata do
interações possíveis. Não comenta indicações. TOC, dos transtornos de tiques, do transtorno dismórfico
No capítulo 13, “Genética e psicofarmacologia”, corporal e da tricotilomania. Busca, em pequena
os autores desenvolvem um texto ao mesmo tempo claro extensão, realizar um eficaz levantamento da literatura,
e abrangente. Ultrapassam a proposta de um manual e apresentando uma lista de referências significativa.
permitem ao leitor um olhar sobre aquilo que pode ser o Discute o tratamento farmacológico de forma menos
futuro da prática psiquiátrica. esquematizada e mais compreensiva.
O capítulo 14, “Perspectivas do estudo do genoma O capítulo 23, “Estratégias no tratamento do trans-
humano para a psiquiatria e a psicofarmacologia”, resu- torno obsessivo-compulsivo resistente”, conceitualiza
me conhecimentos da neuropsiquiatria mais atuais. Den- muito bem o TOC resistente e as origens desta resistên-
tro deste capítulo, também é possível encontrar concei- cia. Versa não apenas sobre estratégias medicamentosas,

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mas também sobre terapia cognitivo-comportamental, mência vascular, demência com corpúsculos de Lewy e
ECT, estimulação magnética transcraniana e tratamento demência frontotemporal. Em cada situação, uma exce-
cirúrgico. lente discussão das possibilidades terapêuticas.
O capítulo 24, “Tratamento farmacológico dos O capítulo 32, “A insônia e seu tratamento”, após
transtornos alimentares”, revê a anorexia nervosa, a bulimia breve revisão sobre as insônias, centra seu foco na
nervosa e a compulsão alimentar. Tem como virtude não discussão do uso de hipnóticos benzodiazepínicos e não-
apenas descrever medicações eventualmente utilizáveis benzodiazepínicos.
nestes transtornos, mas também realizar uma discussão sobre O capítulo 33, “Psicofarmacologia durante a
a prática de sua aplicação, no subitem ‘Princípios Gerais’. gravidez e a lactação”, apresenta um texto muito bom
No capítulo 25, “Tratamento farmacológico da sobre o tema. Sintético, mas repassando questões
esquizofrenia”, os autores abordam o tratamento do fundamentais, este texto pode servir de base para demais
episódio agudo, a manutenção e o primeiro surto aprofundamentos. O item ‘Recomendações Gerais’ é de
psicótico. Centram o texto exclusivamente na utilização especial bom senso.
de antipsicóticos e no manejo de seus efeitos colaterais, No capítulo 34, “Psicofarmacologia em pacientes
deixando de revisar outras estratégias farmacológicas com doenças clínicas”, a autora realiza um abrangente
complementares. O item sobre Primeiro Episódio panorama do tratamento do portador de patologia clínica.
Psicótico poderia ser mais desenvolvido. As tabelas que revisam as características dos
No capítulo 26, “Esquizofrenia refratária”, ocorre psicotrópicos em pacientes renais são robustas.
a revisão efetiva de critérios operacionais de O capítulo 35, “Tratamento farmacológico do
esquizofrenia refratária e uma boa exposição de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade”,
possibilidades terapêuticas. cuida das possibilidades farmacológicas em ADHD de
O capítulo 27, “Psicofarmacoterapia na infância e forma breve, mas satisfatória.
adolescência”, é fiel ao seu objetivo de mostrar “algumas O capítulo 36, “Eletroconvulsoterapia”, expõe os
peculiaridades da psicofarmacoterapia na infância e conhecimentos mínimos para a utilização desta
adolescência”. Com uma revisão pequena, os autores significativa opção terapêutica.
conseguem particularizar o uso de psicofármacos nesta No capítulo 37, “Estimulação magnética
etapa do desenvolvimento humano. transcraniana”, um excelente grupo de pesquisadores
O capítulo 28, “Farmacoterapia do alcoolismo e dos escreve extensamente sobre este método que vem sendo
transtornos relacionados ao uso de substâncias objeto de muitas pesquisas. O texto é claro e abrangente.
psicoativas”, apresenta desde o título o cuidado do autor O Índice Alfabético é interessante, mas não
com os conceitos em questão. É suficientemente completo, dificultando pesquisas mais específicas.
abrangente e apresenta uma iniciativa meritória que é o Por tudo, conclui-se que o livro é de constituição não
item ‘Estratégias Futuras’. homogênea. Alguns capítulos destoam pela modéstia de
O capítulo 29, “Emergências psiquiátricas”, conteúdo. A forma coloquial, proposta desde a construção,
debruça-se sobre a agitação psicomotora, a depressão e mantém-se em praticamente toda a obra, o que torna a
o suicídio, a abordagem de síndromes psiquiátricas leitura agradável e vívida, mas não totalmente adequada
variadas em sala de emergência e sobre os efeitos para uma consulta relâmpago. Por sua pluralidade, pode
adversos por medicações psicotrópicas. Especialmente se constituir em útil instrumento de ensino.
neste último item, realiza extensa e prática revisão,
complementar ao estudo dos capítulos da Seção 01.
O capítulo 30, “Uso de psicofármacos em idosos”, Bibliografia consultada
trata da depressão, da agitação e da psicose no adulto
tardio. Com conhecimento de causa, os autores resumem 1. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL, eds. Goodman & Gilman’s the
pharmacological basis of therapeutics. 11th. ed.. New York:
as práticas medicamentosas atuais nestas situações. McGrawn Hill; 2006.
No capítulo 31, “Tratamento das demências”, 2. Schatzberg AF, Nemeroff CB, eds. Textbook of
encontra-se um competente apanhado dos principais psychopharmacology. 3rd. ed. Washington, DC: American
Psychiatric; 2004.
quadros neurodegenerativos: doença de Alzheimer, de-

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