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HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

Odete Nombora
Porto, 2018
O que é Psiquiatria?
Psiquiatria é a especialidade
médica que se dedica à
prevenção, diagnóstico e
tratamento de doenças mentais,
assim como à reabilitação dos
indivíduos com doença mental.
Tem como objetivo o alívio do
sofrimento e a promoção de
bem-estar psíquico.
Antes da psiquiatria
As sociedades humanas pré-históricas atribuiam causas sobrenaturais
às doenças mentais. Havia uma forte ligação com o misticismo e teor
religioso.
A antiguidade grega e latina teve forte influencia nos estudos da
mente assim como na gestão de doentes mentais.
Vários filósofos gregos dedicaram-se ao estudo da mente. O controlo
das emoções esteve na base de várias escolas filosóficas gregas,
incluíndo a estóica, cética e epicurista. O Método Socrático é usado
até hoje em psicoterapias como a Cognitivo-Comportamental.
Hipócrates dedicou-se ao estudo do humor. A teoria hipocrática
preconizava que o desequilíbrio dos humores seria a causa das
perturbações mentais, assim como da existência de temperamentos.
Já Roma teve o seu papel ao implementar a avaliação da insanidade
por juízes e não por médicos. Entretanto, também fomentou o
isolamento e contenção destes doentes em casa.
A Idade Média
Na idade média o pensamento baseado nas crenças em forças sobrenaturais
era dominante. Daí que a maior parte dos doentes mentais continuava junto
das suas famílias ou fechados em algum estábulo ou jaula, negligenciados e
sujeitos a tratamentos cruéis.
Na religião católica a doença mental na maioria era atribuída às influencias
demoníacas e por causa disso havia muita hostilidade envolvida. Em poucos
casos era vista como benção divina, o que obrigava a um cuidado face ao
louco.
Para o Islão, a sociedade deveria ser gentil com os loucos. Tanto que os
árabes foram os pioneiros no desenvolvimento de departamentos
psiquiátricos nos hospitais. Destaque para o médico Avicena, originário da
Pérsia, que reconhecia que perturbações emocionais podiam provocar
doenças físicas.
Avicena foi assim um impulsionador para que outras regiões do mundo
também aderissem à criação de hospitais psiquiátricos. A partir do século
XIV os primeiros hospitais exclusivamente para doentes mentais na Europa
Cristã surgiram na pensínsula ibérica, como o do Valência em 1409, por
iniciativa de Frei Juan Gilberto Jofré. Segue-se São João de Deus a
contribuir para a fundação de inúmeros hospitais, principalmente em
Espanha.
O Renascimento
Época de investigação e inovações teóricas.
O médico mais famoso desta época foi Paracelso, sueco
nascido em 1493. As suas teorias eram influenciadas
pela filosofia medieval e incomporavam aspectos ligados
à Astrologia, à magia e aos mitos. É tido como o
primeiro a investigar as relações Psicossomáticas.
No final do séc XVI Rudolf Goekel usa o termo
Psicologia pela primeria vez. Juan Huarte e Navarro
fazem uma tese em torno da Fisiognomia, que procurava
estabelecer relações entre as formas da cabeça ou do
crâneo e determinados tipos de personalidade.
O Século XVII
Aprofundaram-se os estudos sobre a mente. Criação de teorias que
influenciaram a Psiquiatria Moderna.
René Descartes (dualismo), Thomas Hobbes (materialismo), John Locke,
Bento Spinoza deram contributos fundamentais para a Psiquiatria
Moderna. A teoria da Mente de Locke é frequentemente citada como a
origem das modernas conceções de identidade, self e consciência.
Os médicos ingleses Thomas Willis, Thomas Sydenham e Robert Burton,
assim como o italiano Paolo Zaccia, deram contributos notáveis para o
desenvolvimento da Medicina e das conceções acerca das doenças
mentais.
Willis separou as doenças que afetavam macroscopicamente do cérebro
daquelas que não afetavam. Referiu-se ao estudo da alma como
Psicologia e introduziu o termo Neurologia, implicou os nervos nas
perturbações mentais. Zaccia defendeu que fossem os médicos, e não os
juízes, a averiguar o estado mental de uma pessoa.
A Psiquiatria Moderna
O século XVIII assitiu ao início da Era da Moderna da
Psiquiatria. Retoma o interesse pelo cérebro, sua
estrutura e as funções das diversas áreas cerebrais.
Surge o Mesmerismo, criado por Franz Mesmer (1734-
1815),a teoria do fluído magnético universal, uma
energia que poderia curar doenças de todo o tipo.
A apartir de 1750 a loucura voltou a ser vista como uma
condição eminentimente psicológica.
Um dos acontecimentos marcantes foi a vaga de
suicídios depois do lançamento do romance de Goethe
“A paixão do jovem Werther”, em 1774. Foi um
impacto bastante significativo que até hoje se designa
de “efeito Wherther” ao aumento dos suicídios como
consequência da mediatização de um caso concreto,
geralmente realizado por alguém famoso.
A Psiquiatria Moderna
Já o século XIX foi o século das influências
científicas e filosóficas, do estabelecimento da
Psiquiatria como especialidade médica e da
criação das escolas psiquiátricas nacionais.
De referir Comte e Durkheim, pais da
sociologia e importantes filósofos. Comte
fundou o Positivismo, a Lei dos Três Estados
(teológico, metafísico e positivo) necessários na
evolução da humanidade. De Durkheim é
importante realçar a sua obra “Suicídio” de 1897,
ainda hoje amplamente referida e que foi
inovadora por fazer referência a fatores sociais e
não só a características individuais.
A Psiquiatria Moderna
Ao longo do século XIX a Psiquiatria assumiu
definitivamente as características que a destinguem na
atualidade. Dividida entre duas visões antagónicas das
doenças mentais, a biológica, associada as
Neurociências e outra que revela o lado Psicossocial
da vida dos doentes.
A visão Biológica acentua as neurociências, o estudo
da anatomia e química cerebrais e aposta em
tratamentos físicos, medicamentosos ou outro tipo de
intervenções. A Psicossocial atribui os sintomas à
problemas ou conflitos sociais, presentes ou passados,
aos quais as pessoas não se conseguiam adaptar
adequadamente, dando maior ênfase a abordagens
Psicoterapêuticas.
Freud e o Movimento
Psicanalítico

Sigmund Freud (1856-1939) foi o fundador da psicanálise. Desenvolve a teoria
da sedução com Josef Breurer, na qual afirma que os sintomas histéricos se
devem ao ressurgir de memórias reprimidas de experiências sexuais traumáticas,
ocorridas durante a infância. Cunha o conceito de complexo de Édipo. Na
passagem para o séc XX Freud publica “A interpretação dos sonhos”, onde
articula os conceitos fundamentais da psicanálise, como o papel do inconsciente,
a repressão dos desejos e as suas consequências neuróticas, a sexualidade infantil
e as suas expressões simbólicas, expondo tbm os métodos de interpretação dos
sonhos e da sua associação livre, como formas de ultrapassar as resistências da
consciência.

Carl Jung (1875-1961), discípulo de Freud, contestou a origem sexual das
neuroses, introduziu a Psicologia analítica, na qual dá destaque aos tipos de
personalidade e à necessidade de atingir um equilíbrio entre tendências opostas.
Realçou tbm o conceito de Inconsciente coletivo, através do qual todos teríamos
memórias latentes desde os primórdios da humanidade, que eram expressas nos
arquétipos e mitos universais.

Alfred Adler (1870-1937) foi o criador do conceito de Complexo de
Inferioridade, através do qual o indivíduo manifesta agressividade, na tentativa
de compensar um defeito próprio.
Século XX- A transição

Desde meados do sec XIX constituiram-se as primeiras
sociedades científicas, nos principais países e
começaram as publicações nas primeiras revistas
científicas sobre psiquiatria, a Asylum journal (atual
British Journal of Psychiatry) e a American journal of
Insanity (atual American journal of Psychiatry).

Até finais do séc. XIX mais hospitais psiquiátricos
foram abertos e o número de doentes também aumentou
bastante desde então. A Psiquiatria promovia uma
reclusão de indivíduos, que eram afastados das suas
famílias e comunidades, muitas vezes permanentemente.
Formou-se assim a “Era do Asilo”, assim designada pelo
escritor Edward Shorter. Face a esta situação, voltou a
ser importante a dimensão social da Psiquiatria.
Século XX- A transição

Foi criado o primeiro serviço de internamento livre em
França, em 1922, formaram-se estruturas como a Liga
Internacional da Higiene mental em 1930, a Federação
Mundial de Saúde Mental (após a 2ª guerra mundial, em
1947).

Foi também a altura em que surgiram os primeiros grupos
Psicoterapêuticos e comunidades terapêuticas. Criaram-se
os Hospitais de Dia de Psiquiatria, o primeiro inaugurado
em 1933 na União Soviética, tudo na tentativa de
colaborar para a desinstitucionalização dos doentes com
doença mental e na crianção de um Psiquiatria
Comunitária.

A partir da década de 70 dá-se a grande revolução da
Psiquiatria Biológica, ligada às modernas neurociências,
contributos da genética, neuroquímica e Imagiologia.
Século XX- A transição

Ainda durante o século XX a Psicologia afirma-se como
disciplina autónoma, forma as suas instituições , sociedades
científicas, centros clínicos e de investigação.

Janet (1859-1947) é visto como um dos fundadores da escola
francesa de Psicologia clínica, criou o conceito de
“Psicoastenia”, que via como a segunda grande neurose, para
além da histeria.

Começaram a desenvolver-se as modernas escalas de avaliação
psicológica para diversos fins.

Jacob Moreno desenvolveu a Sociometria—método para o
estudo das relações entre os indivíduos e é considerado pioneiro
nas psicoterapias de grupo. Suas propostas terapêuticas são
usadas ainda hoje no Psicodrama e Sociodrama.

Binswanger (1881-1966) desenvolveu a análise existencial, de
modo a compreender a forma como o indivíduo percebe e vive
o mundo.
Século XX- A transição em
Portugal

A inauguração do Hospital Júlio de Matos em 1942
abre um novo período na história da Psiquiatria
portuguesa, uma vez que foi pela primeira vez criado
um regime de internamento aberto, com regime
terapêutico novo que envolvia terapias físicas,
psicoterapias e uma terapia ocupacional. Na década de
1960 expande-se a Psiquiatria para os Hospitais
Gerais Universitários e são criados os Centros de
Saúde mental.

A apartir da década de 1970 ocorre a integração da
saúde mental nos CSP.

Em 1992 os Centros de Saúde Mental são integrados
nos Hospitais Gerais e Pediátricos. Ainda nesta época
surge a leia de Saúde Mental 36/98, que define os
direitos básicos dos doentes e regula o internamento
compulsivo.
A Psicofarmacologia

A época europeia inicia-se em meados do século XIX.

Em 1832- Hidrato de cloral para insónia e depressão

Em 1920- Barbitúricos inovador para as psicoses

Em 1930- Anfetaminas inicialmente para tratar Asma dos soldados da guerra e
posteriormente usada para a “perturbação de comportamento” em crianças e mais tarde
(1980) Metilfenidato para este efeito.

Em 1949- Lítio como estabilizador do humor e a partir dos anos 1980 uso de antiepiléticos
para o mesmo efeito (Carbamazepina, Valproato de sódio, Lamotrigina).

Em 1950- Clorpromazina, por Paul Charpentier

Em 1958- Imipramina testada por Kuhn em doentes deprimidos (1º antidepressivo-
tricíclico). Nos EUA Nathanial Klime descobre o efeito dos inibidores da monoamina-
oxidase no tratamento das depressões.

Nos anos 50 surgem os ansiolíticos Meprobamato e Clordiazepóxido (1ª benzodiazepina)

Em 1970 surge a Clozapina

Em 1984 a Risperidona

Em 1987 surge a Fluxetina (SSRI).

Em 1996 a Olanzapina

A Antipsiquiatria

O início do movimento Antipsiquiatria é marcado pela
publicação de três livros em 1961: “A história da loucura” de
Foucault; “Asilos” de Goffman e “O Mito da Doença Mental”
de Thomas Szasz.

Thomas Szasz (1920-2012) negava radicalmente a existência
de doenças mentais, afirmando que todo o comportamento
humano é racional e que, devido a isto, mesmo os sintomas
mais bizarros têm um objetivo e significado.

Franco Besaglia (1924-1980) considerava as doenças mentais
reais, embora visse a institucionalização como desumana.
Conseguiu, com o movimento da Psiquiatria democrática, a
aprovação da famosa Lei 180/1978, que visava o
encarcerramento de todos os hospitais psiquiátricos, a criação
de um conjunto de serviços da comunidade e a limitação dos
tratamentos compulsivos.
Considerações Finais

A psiquiatria conta com uma extensa história. Passou por diversas
fazes até se consolidar como está hoje.

Ainda existe a dualidade corpo/alma, biológica/psicológica.

Hoje há uma tendência para uma psiquiatria mista, com base
biológica e atuação comunitária. Os internamentos de psiquiatria
servem apenas para estabilização de doentes agudos, contando assim
com menor tempo de internamento. Há uma aposta bastante grande
nas redes de serviço comunitário, consolidação dos hospitais de dia,
seguimento em ambulatório através de consultas externas tbm,
maior e melhor abordagem da saúde mental a nível dos CSP.

Entretanto ainda há muito a ser debatido e muito por evoluir.
BIBLIOGRAFIA
1.Apontamentos Dr. Nuno Trovão (interno de psiquiatria)
2.Manual de Psicopatologia, 2ª Ed, Diogo Telles-Correia
(2014)
3.Psiquiatria Fundamental, 1ª Ed, Carlos Braz Saraiva,
Joaquim Cerejeira (2014)

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