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Júri:
Presidente: Prof. Paulo José da Costa Branco
Outubro 2012
Agradecimentos
Este trabalho marca o fim de uma etapa de grande importância na minha vida. Quero destacar
o meu agradecimento a algumas pessoas, que sem dúvida contribuíram e facilitaram este
longo percurso.
Em primeiro lugar agradeço ao Professor José Fernando Alves da Silva, por toda a
disponibilidade que demonstrou, contribuindo sempre para a resolução de problemas que
surgiram durante a realização deste trabalho. A sua ajuda foi determinante.
À minha família, especialmente à minha Mãe, por todo o apoio, interesse e especialmente pelo
grande sacrífio feito para me possibilitar a realização deste curso.
Aos meus colegas e amigos André Gomes e Pedro Pinto pela sua ajuda e companhia. Sem
dúvida que tornaram todo este processo mais fácil. Agradeço também à Ana Rita Guilherme
pelas suas noções de estética e conhecimentos de Excel.
A todos os que contribuíram para a minha formação académica e pessoal. A todos eles deixo
aqui o meu agradecimento. Obrigado!
ii
Resumo
A crescente evolução tecnológica tem sido acompanhada por um crescente uso de cargas não
lineares na rede elétrica. Estas têm um impacto negativo em alguns indicadores na Qualidade
de Energia Elétrica (QEE), sendo de principal importância para este trabalho, o aumento da
taxa de distorção harmónica (THD) da corrente, que por sua vez, reflete-se posteriormente num
aumento do valor eficaz das correntes nos condutores de fase e de neutro. Considera-se que
este fenómeno não se encontra devidamente representado nas normas de dimensionamento
presentes, traduzindo-se num dimensionamento incorreto do condutor de neutro, sendo este
susceptível a sobrecorrentes. Por esta razão, é imperativo encontrar uma relação entre as THD
presentes nas correntes de fase e o valor eficaz do neutro, permitindo desta forma, efetuar um
correto dimensionamento para o condutor de neutro.
Palavras-chave:
Dimensionamento do condutor de Neutro, Microgeração, Taxa de Distorção Harmónica,
Qualidade de Energia Elétrica, Redes de Baixa Tensão.
iii
Abstract
In addition, there has been an increasing use of microgeneration due to a greater environmental
awareness, which seeks alternatives that ensure a sustainable existence. Portugal has been, in
this context, one of the countries that shows a greater commitment to this type of energy
production, intending to lead the energy revolution. However, these new forms of decentralized
production of energy at low voltage (LV) aggravate the situation described above, contributing,
although less, to the degradation of Power Quality, and therefore, causing a slight Harmonic
Distortion increase.
In this work, a model is presented that reverses the traditional Microgeneration contribution, with
respect to Power Quality, making it a part of the solution for some of the existing problems. This
type of solution is called Compensated Microgenerator and it has the aim of compensating the
harmonics present locally in the respective phase. By doing this, it is intended to mitigate the
harmonics, including the homopolars, injecting a sinusoidal current in the grid, which, as a
consequence, causes a decrease in the neutral current.
By analyzing the simulations made, it is possible to confirm the efficiency of the Compensated
Microgeneration, registering significant improvements in Power Quality. In certain cases, the
THD value is nine times lower than those recorded by Traditional Microgeneration, reducing, in
the same proportion, the neutral current.
Keywords:
Dimensioning of the neutral conductor, Microgeneration, Harmonic Distortion, Power Quality,
Low Voltage Grids.
iv
Índice
Lista de Figuras ............................................................................................................................ viii
1 Introdução ............................................................................................................................. 1
1.1 Objetivos ....................................................................................................................... 3
1.2 Estrutura do Relatório ................................................................................................... 4
2 Rede de Baixa Tensão............................................................................................................ 5
2.1 Transformador .............................................................................................................. 5
2.1.1 Ensaio em vazio ..................................................................................................... 7
2.1.2 Ensaio em curto-circuito ....................................................................................... 8
2.2 Modelo dos cabos elétricos da rede de baixa tensão ................................................... 9
2.2.1 Indutância............................................................................................................ 11
2.2.2 Resistência ........................................................................................................... 11
2.2.3 Capacitância ........................................................................................................ 12
2.3 Cargas .......................................................................................................................... 12
2.3.1 Cargas lineares .................................................................................................... 12
2.3.2 Cargas não lineares ............................................................................................. 14
3 Corrente de Neutro e Harmónicas. ..................................................................................... 19
3.1 Exemplo ....................................................................................................................... 24
4 Dimensionamento de filtros e de controladores para sistemas de Microgeração ............. 27
4.1 Inversor Monofásico ................................................................................................... 27
4.1.1 Modelo do Inversor ............................................................................................. 28
4.1.2 Filtro de 1ºOrdem ............................................................................................... 29
4.1.3 Filtro de 3ºOrdem ............................................................................................... 32
5 MicroGerador Compensado ................................................................................................ 39
5.1 Comparações ............................................................................................................... 40
5.1.1 Carga não linear .................................................................................................. 40
5.1.2 MicroGerador Tradicional ................................................................................... 42
5.1.3 MicroGerador Compensado ................................................................................ 44
6 Simulação ............................................................................................................................ 47
6.1 Rede Equilibrada (1º Cenário) ..................................................................................... 49
6.2 Rede Desequilibrada (2º Cenário) ............................................................................... 53
6.3 Microgeradores com Potências diversas(3º Cenário) ................................................. 55
7 Conclusões........................................................................................................................... 57
v
Bibliografia .................................................................................................................................. 59
Anexo A ....................................................................................................................................... 61
Anexo B ....................................................................................................................................... 62
Anexo C ....................................................................................................................................... 63
Anexo D ....................................................................................................................................... 64
vi
Tabelas
Tabela 2.1 - Catálogo do Transformador 10KV/420V [4] .............................................................. 6
Tabela 2.2 - Resumo de valores do catálogo de maior relevância. ............................................... 7
Tabela 2.3 - Resumo de valores do catálogo de maior relevância. ............................................... 8
Tabela 2.4 - Resumo dos parâmetros obtidos para o Transformador. ......................................... 9
Tabela 2.5 - Tipos de cabo e respetivas secções ......................................................................... 10
Tabela 2.6 - Valores fornecidos pelo fabricante para diversas secções [6] ................................ 11
Tabela 3.1 - Variação das contribuições percentuais de cada tipo de carga para a potência Stotal
(sistema equilibrado) .................................................................................................................. 20
Tabela 3.2 - Correntes e THD correspondentes aos casos apresentados na Tabela 3.1 ............ 20
Tabela 3.3 - Variação das contribuições percentuais de cada tipo de carga para a potência Stotal,
sistema desequilibrado ............................................................................................................... 22
Tabela 3.4 - Correntes e THD das respetivas fases para os casos apresentados na Tabela 3.3. 23
Tabela 3.5 - Contribuição percentual de cada tipo de carga, em relação ao Caso 3 .................. 24
Tabela 3.6 - Correntes e THD das respetivas fases para o Caso 3............................................... 24
Tabela 3.7 - Comparação entre a corrente de neutro calculada e a obtida por simulação........ 24
Tabela 3.8- Comparação entre a corrente de neutro calculada e a obtida por simulação, para a
equação (3.10)............................................................................................................................. 25
Tabela 5.1 - THD da corrente numa rede de baixa tensão ......................................................... 46
Tabela 6.1 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 1º Cenário ............ 49
Tabela 6.2 – Valor da corrente de neutro calculada através da equação (3.5), para os casos
apresentados na Tabela 6.1 ........................................................................................................ 50
Tabela 6.3 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 3º Cenário ............ 53
Tabela 6.4 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 4º Cenário ............ 55
Tabela 6.5 - Reduções do valor eficaz da corrente de neutro, quando aplicada a Microgeração
Compensada................................................................................................................................ 56
vii
Lista de Figuras
viii
Figura 4.10 - Diagrama de blocos do controlo de corrente com filtro de 3ºordem e controlo
polinomial.................................................................................................................................... 36
Figura 4.11 - Onda de tensão da rede e evolução da corrente injetada numa rede ideal pelo
inversor, com filtro LCL e controlo Polinomial ............................................................................ 37
Figura 4.12 - Análise FFT da onda de corrente injetada pelo inversor monofásico com Filtro LCL
e controlo Polinomial .................................................................................................................. 37
Figura 5.1 - Esquema de ligação entre Microgerador Compensado e rede elétrica .................. 39
Figura 5.2 - Controlo de Tensão .................................................................................................. 39
Figura 5.3 - Carga não linear alimentada pela rede elétrica ....................................................... 40
Figura 5.4 - Evolução da onda de tensão da rede e da corrente ................................................ 41
Figura 5.5 - Análise FFT da corrente irede ..................................................................................... 41
Figura 5.6 - Esquema de ligação entre UM tradicional com filtro LCL, carga não linear e rede
elétrica......................................................................................................................................... 42
Figura 5.7 - Evolução da onda de tensão da rede e da corrente de saída do Microgerador
Tradicional ................................................................................................................................... 42
Figura 5.8 - Evolução da onda de tensão da rede, da corrente icarga absorvida pela carga não
linear e da corrente irede injetada na rede ................................................................................... 43
Figura 5.9 - Análise FFT da corrente injetada na rede elétrica pelo Microgerador Tradicional . 43
Figura 5.10 - Esquema de ligação entre um Microgerador Compensado com filtro LCL, carga
não linear e rede elétrica ............................................................................................................ 44
Figura 5.11 - Evolução da onda de tensão da rede e da corrente irede injetada na rede pelo
MicroGerador Compensado ........................................................................................................ 44
Figura 5.12 - Evolução da onda de tensão da rede, da corrente iμG de saída do MicroGerador e
a corrente icarga absorvida pela carga não linear ......................................................................... 45
Figura 5.13 - Análise FFT da corrente injetada na rede elétrica pelo Microgerador Compensado
..................................................................................................................................................... 45
Figura 6.1 - Rede elétrica, sem Microgeração............................................................................. 47
Figura 6.2 - Rede elétrica, com Microgeração Tradicional.......................................................... 48
Figura 6.3 - Rede elétrica, com Microgeração Compensada ...................................................... 48
Figura 6.4 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 1 .................................... 50
Figura 6.5 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 2 .................................... 51
Figura 6.6 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 3 .................................... 52
Figura 6.7 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 4 .................................... 52
Figura 6.8 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 5 .................................... 53
Figura 6.9 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 6 .................................... 54
Figura 6.10 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 7 .................................. 55
Figura 6.11 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 8 .................................. 56
ix
Lista de Símbolos
BT Baixa Tensão
C Condensador
f Frequência da rede
FP Fator de potência
ic Corrente no Condensador
x
ir Corrente presente na Fase R
KD Ganho do inversor
Ki Ganho integral
Kp Ganho proporcional
L Indutância
MT Média Tensão
xi
PML Potência ativa da Máquina de Lavar
PT Poste de transformação
P Carga Não Linear Potência Ativa requisitada pela carga não linear
R Resistência
Tc Tempo de Comutação
Tz Zero do controlador PI
xii
Tp Pólo do controlador PI
Xm Reactância de magnetização
z Zero da função
μG Microgerador
ξ Coeficiente de Amortecimento
xiii
xiv
1 Introdução
Com a adesão ao Protocolo de Quioto, Portugal assumiu o compromisso de não exceder as
suas emissões de em 27%, em relação aos níveis registados em 1990, no período entre
2007-2012 [1]. Com o intuito de honrar o seu compromisso, a questão das energias renováveis
adquiriu alguma importância na agenda do Governo Português. Determina-se, segundo o
decreto de Lei nº118-A/2010, que Portugal deve “liderar a revolução energética” através de
diversas metas, entre as quais “assegurar a posição de Portugal entre os cincos líderes
europeus ao nível dos objetivos em matéria de energias renováveis em 2020 e afirmar Portugal
na liderança global na fileira industrial das energias renováveis, de forte capacidade
exportadora” [2]. Para o cumprimento destes objetivos, foram feitos vários incentivos à
Microgeração, ou seja, à produção descentralizada de eletricidade em baixa tensão (BT) por
particulares e empresas, podendo estes fornecer a totalidade da sua produção à rede pública
em condições que podem ser economicamente vantajosas.
Nestes termos, assistiu-se a uma crescente aposta neste tipo de microprodução energética. É
descrito na Direção Geral de Energia e Geologia que a “Nova vaga de desenvolvimento da
política de Energias Renováveis deverá passar pela aposta no Solar” (Figura 1.1), tendo sido
previsto um aumento de 10 vezes na capacidade solar instalada, entre 2010 e 2020 (Figura
1.2) [16].
1
Contudo, a microprodução de energia elétrica a partir da solar pode contribuir para a
degradação da Qualidade de Energia Elétrica (QEE). Uma das principais consequências é um
ligeiro aumento da Taxa de Distorção Harmónica da corrente (THDi) injetada na rede.
Adicionalmente, as modernas cargas não lineares monofásicas absorvem correntes não
sinusoidais com harmónicas de ordem múltipla de três, o que por sua vez, se reflete num
aumento do valor eficaz da corrente de neutro em sistemas trifásicos.
É neste contexto que se insere esta Tese, ou seja, esta é uma contribuição para o
dimensionamento e para a diminuição da corrente em condutores de neutro. Com o aumento
de cargas não lineares e com a contribuição dos Microgeradores para a degradação da QEE,
os condutores de neutro encontram-se constantemente na presença de correntes elétricas com
componentes harmónicas cada vez mais relevantes. Desta forma, é imperativo encontrar uma
relação entre as THD presentes nas correntes de fase e o valor eficaz do neutro. Na Figura 1.3,
representa-se o fator de multiplicação da secção dos condutores, em cabos de 4 condutores,
em função do conteúdo harmónico de ordem múltipla de 3 referente à Norma IEC 30364/60364
[14] (Azul) e em relação ao comportamento térmico do condutor (Vermelho).
Este problema é agravado quando nos referimos ao condutor de neutro. Neste, somam-se as
correntes harmónicas cuja frequência é múltipla de três, podendo obter-se um valor
instantâneo até três vezes superior ao valor da corrente de fase, caso as correntes de fase
sejam constituídas apenas por harmónicas homopolares (múltiplas de três), também
designadas por harmónicas de sequência nula [3].
2
1.1 Objetivos
Os objetivos principais desta tese são:
Para atingir estes objetivos, pretende-se encontrar uma relação entre as THD presentes nas
correntes de fase e o valor eficaz do neutro. Consideram-se os regulamentos das instalações
elétricas, neste âmbito, desatualizados, pois não têm em conta o crescente uso de cargas não
lineares que contribuem para uma maior THDi nas respetivas fases. Esta questão agrava-se
com o uso de Microgeração, pois como já referido, a Microgeração contribui, embora de forma
pouco acentuada, para a degradação da QEE, aumentando a THDi. Assim, apresenta-se um
modelo de Microgerador que acrescenta valor à Microgeração, contribuindo para a redução das
correntes harmónicas injetadas pelo consumidor monofásico numa rede de baixa tensão,
aumentando a QEE, passando a Microgeração a ser parte da solução para alguns dos
problemas existentes. Este microgerador é designado de Microgerador Compensado e tem o
objetivo de compensar localmente as harmónicas presentes na respetiva fase, isto é, deve
injetar as correntes harmónicas solicitadas pelas cargas não lineares do consumidor com
Microgeração monofásica. Este procedimento injetará na rede uma corrente sinusoidal, o que
mitigará as harmónicas homopolares, que por sua vez causará como consequência, uma
diminuição da corrente de neutro.
O Microgerador Compensado terá ainda um Filtro LCL, para reduzir as harmónicas de alta
frequência injetadas, e um controlador polinomial com colocação de zeros.
3
1.2 Estrutura do Relatório
Este trabalho encontra-se estruturado em sete capítulos. No primeiro capítulo faz-se uma
introdução ao trabalho realizado, de maneira a clarificar os problemas existentes e quais as
soluções pretendidas.
No terceiro capítulo é obtida uma equação que representa a relação entre as THD presentes
nas correntes de fase e o valor eficaz da corrente de neutro.
4
2 Rede de Baixa Tensão
Com o objetivo de analisar a correlação entre o conteúdo harmónico das correntes de fase e o
dimensionamento do condutor de neutro em baixa tensão foi necessário simular uma rede de
baixa tensão, incluindo um modelo de transformador MT/BT, cabos de ligação utilizados e
cargas lineares e não lineares. Esta simulação é construída através da ferramenta
SimPowerSystems Toolbox do Simulink/Matlab.
Devido ao fato de a complexidade da rede ser elevada, sendo associado a esta complexidade
um tempo de simulação bastante elevado, foi necessário efetuar algumas simplificações,
agrupando as várias cargas de um consumidor numa só carga, tendo esta, naturalmente, uma
potência igual ao total das cargas que representa.
Os valores das cargas, que se utilizam nas simulações, são valores baseados em cenários
típicos, de forma a representar, o melhor possível, uma rede de baixa tensão real. Como já
referido, foram definidos dois tipos de cargas. As cargas lineares, que são repartidas em
cargas do tipo R e do tipo RL, e as cargas não lineares, que se dividem em cargas tipo
retificador monofásico Televisão e cargas tipo retificador monofásico Máquina de lavar.
Nos subcapítulos seguintes é descrito e dimensionado os vários constituintes de uma rede BT,
ou seja, o transformador, as linhas de distribuição e as diversas cargas utilizadas.
2.1 Transformador
A ligação da média à baixa tensão é efetuada por um transformador de 630 kVA. O
transformador recebe no primário três fases da Média Tensão, ligadas em triângulo e, por sua
vez, o secundário é ligado em estrela (Figura 2.1). Os níveis de tensão mais usuais na rede MT
da rede elétrica nacional são 10kV,15kV e 30kV.
5
valores é feito através dos dados disponibilizados pelo fabricante. Considera-se o modelo
equivalente do transformador em T (Figura 2.2).
Através do catálogo disponibilizado pelo fabricante, é possível obter os valores das perdas em
vazio, das perdas em carga, da tensão de curto-circuito e da corrente em vazio. Efetuou-se o
dimensionamento dos parâmetros do modelo do transformador através dos valores fornecidos
no catálogo de transformadores herméticos, imersos em óleo mineral (Tabela 2.1).
6
2.1.1 Ensaio em vazio
Através do ensaio em vazio obtém-se a resistência e a reactância de magnetização. No ensaio
em vazio, o esquema equivalente em T do transformador (Figura 2.2), reduz-se ao esquema da
Figura 2.3.
Esta simplificação ocorre pois apenas existe corrente no primário, devido ao fato de o
secundário estar em vazio, sendo portanto a corrente de magnetização ( ) a única corrente a
percorrer o circuito. A impedância do enrolamento série é bastante menor que a impedância do
ramo de magnetização, portanto, considera-se apenas as perdas no ferro [5].
= (2.1)
= (2.2)
7
Recorrendo ao valor da corrente de magnetização (Tabela 2.2) e da condutância de
magnetização, pode-se determinar o valor da susceptância de magnetização através da
equação (2.3)
= √( ) (2.3)
= (2.4)
A Tabela 2.3 representa os valores mais relevantes para o cálculo da impedância de curto-
circuito e a resistência total dos enrolamentos .
8
A partir dos valores de tensão em vazio , da corrente nominal , verificada quando o
transformador se encontra em plena carga, e das perdas em curto-circuito , calcula-se o
valor da impedância de curto-circuito (2.5) e a resistência total dos enrolamentos (2.6).
= (2.5)
= (2.6)
=√ (2.7)
= = (2.8)
= = (2.9)
Existe uma variada gama de cabos em Portugal, no entanto, são apenas considerado os
modelos de cabo LSVAV e LVAV (Figura 2.5). As características dos cabos cumprem a norma
DMA-C33-200N [6].
9
Figura 2.5 - Cabos utilizados na rede de baixa tensão.
Estes cabos são trifásicos e constituídos por quatro condutores de alumínio, em que três são
condutores das correntes de fase e um condutor para o neutro. O seu isolamento é em PVC e
têm uma secção sectorial. São apresentados na Tabela 2.5 alguns exemplos de modelos e
secções usualmente usados. O modelo usado no decorrer deste trabalho é o LSVAV 4x 95.
O modelo utilizado neste trabalho para a representação das linhas de distribuição é um modelo
equivalente da linha em π,representado na Figura 2.6.
10
2.2.1 Indutância
O coeficiente de auto-indução aparente médio é igual para todos os condutores, caso os
condutores não magnéticos estejam dispostos simetricamente e é dado por (2.10)
=[ ( )] * [H/Km] (2.10)
d = 2* (2.11)
a = d + 2* (2.12)
⁄
= *a (2.13)
= * [H] (2.14)
2.2.2 Resistência
Na Figura 2.6 encontra-se representado as resistências da linha, que corresponde às perdas
por efeito de Joule, nos condutores correspondentes. Estes valores são calculados através de
valores catalogados pelo fabricante, disponibilizados na Tabela 2.6.
Tabela 2.6 - Valores fornecidos pelo fabricante para diversas secções [6]
= * [Ω] (2.15)
11
Existe um fenómeno, designado por efeito pelicular, que é responsável pelo aumento da
resistência aparente de um condutor elétrico. É caraterizado pelo fluir da maior parte da
corrente à superfície do condutor, ou seja, existe uma densidade de corrente mais elevada na
periferia do condutor. O efeito de proximidade também contribui para o aumento da resistência
do condutor, devido a uma distribuição não uniforme de densidade de corrente. Contudo,
nenhum destes fenómenos foi contabilizado neste trabalho, pois podem ser desprezados para
cabos com secção transversal menor que 150 [7].
2.2.3 Capacitância
As capacitâncias dos condutores obtêm-se através do catálogo dos fabricantes. A capacidade
de cada condutor é então dada por (2.16)
= [F] (2.16)
2.3 Cargas
Nesta secção são abordadas dois tipos de carga: cargas lineares e cargas não lineares. As
cargas lineares definem-se pelo fato de absorverem uma corrente proporcional à tensão de
alimentação, enquanto as cargas não lineares absorvem uma corrente não proporcional à
tensão de alimentação.
12
Como forma de exemplificar melhor o comportamento desta carga, é realizada uma simulação
na plataforma Simulink/Matlab para R=100Ω, alimentada por um gerador ideal que produz uma
tensão alternada sinusoidal, com um valor eficaz igual ao valor nominal da tensão na rede (230
Vr.m.s) e com uma frequência de 50Hz.O resultado é apresentado na Figura 2.8.
Figura 2.8 - Onda de tensão aplicada e corrente absorvida, para carga Tipo R
Pode-se então verificar que, para uma carga puramente resistiva, a forma de onda da corrente
absorvida pela carga é também alternada sinusoidal e encontra-se em fase com a tensão,
tendo por isso um fator de potência unitário, ou seja, a potência reativa é nula. Como se trata
de uma carga linear, a taxa de distorção harmónica (THD) é também nula.
Como forma de exemplificar melhor o comportamento desta carga, é realizada uma simulação
na plataforma Simulink/Matlab para uma potência aparente SRL (2.17) com um fator de potência
FP (2.18). A carga é alimentada nas mesmas condições que a carga tipo R.
= 150 VA (2.17)
FP = 0.6 (2.18)
Com base nas equações (2.17) e (2.18), calcula-se o valor da potência ativa e da potência
reativa através de (2.19) e (2.20) respetivamente.
13
= * FP (2.19)
=√ (2.20)
Figura 2.10 - Onda de tensão aplicada e corrente absorvida, para carga Tipo RL
Verifica-se que a forma de onda da corrente absorvida pela carga mantém-se alternada
sinusoidal, no entanto, está desfasada em relação à tensão de alimentação. Tratando-se de
uma carga linear, a taxa de distorção harmónica (THD) é nula.
14
Figura 2.11 - Modelo Retificador Monofásico Televisão
Neste tipo de topologia, o condensador carrega-se com uma tensão próxima do valor de pico
da tensão de entrada. Quando a tensão de entrada é menor do que a tensão no condensador,
os díodos estão ao corte e a corrente de saída é fornecida exclusivamente pelo condensador.
Este vai descarregando, até que novamente os díodos se encontrem em condução, ou seja,
estejam diretamente polarizados.
= 200W (2.21)
= (2.22)
(2.23)
= . (2.24)
15
Admitindo que a tensão aos terminais do condensador varia de uma forma aproximadamente
linear, a corrente no condensador é dada por (2.25).
= . (2.25)
Quando os díodos estão inversamente polarizados, ou seja, estão ao corte, a corrente de carga
é fornecida exclusivamente pelo condensador. Portanto, nestas condições, substituindo (2.23)
em (2.25) e resolvendo em ordem a C obtém-se (2.26)
= (2.26)
Admite-se que o valor médio da tensão aos terminais do condensador é de 300V e que o seu
valor de pico é 325V, portanto, a variação máxima da tensão aos seus terminais é = 50V.
Considera-se que o tempo máximo de descarga do condensador é igual a metade do período
da rede, ou seja, = 10ms.
Por norma, a bobina de entrada é calculada a partir de uma percentagem α do valor da carga
R. Para este tipo de carga é usual considerar-se α = 3%. O valor da bobina é então calculado
através da equação (2.27).
= (2.27)
16
Figura 2.13 - Análise FFT da onda de corrente absorvida pela carga tipo Retificador
Monofásico Televisão
É de salientar ainda que existe uma desfasagem da corrente em relação à tensão. Isto deve-se
ao atraso na condução dos díodos de entrada e é responsável pela diminuição do fator de
potência (FP).
= 2000W (2.28)
17
Figura 2.14 - Evolução da tensão e da corrente aos terminais da carga tipo Retificador
Monofásico Máquina de Lavar
Figura 2.15 - Análise FFT da onda de corrente absorvida pela carga tipo Retificador
Monofásico Máquina de Lavar.
É de destacar que, neste caso, o valor da THD da corrente é menor quando comparado com o
obtido no caso da carga tipo Retificador Monofásico Televisão. Isto sucede porque as correntes
das máquinas são maiores, com maior peso relativo, o que obriga ao uso de uma bobina de
filtragem maior.
18
3 Corrente de Neutro e Harmónicas.
Pretende-se evidenciar, neste capítulo, os efeitos provocados pelo aumento da taxa de
distorção harmónica das correntes de fase na corrente de neutro. Para tal, é simulada uma
rede elétrica trifásica com três tipos de cargas (Figura 3.1): Cargas não lineares, Cargas do tipo
R e Cargas do tipo RL. Como já referido, as cargas não lineares contribuem para uma
degradação da QEE, provocando um aumento na THDi.
Variando a potência consumida pelas cargas não lineares, o que por sua vez corresponde a
uma variação na THDi, é possível medir a corrente de neutro e obter, por interpolação, uma
relação entre as correntes de fase, e sua THDi, e a corrente de neutro. Existem mais efeitos
provocados pelo aumento da THD, no entanto, o objetivo desta Tese é abordar o efeito no
condutor de neutro. As restantes consequências encontram-se amplamente estudadas e
apresentadas em diversas Teses [18][19][20].
Num 1º cenário é considerado que a potência aparente total fornecida é dada por (3.1), sendo
esta igual para todas as fases, ou seja, é um sistema equilibrado.
(3.1)
{ (3.2)
19
Na Tabela 3.1 é representada a contribuição percentual de cada tipo de carga para vários
cenários possíveis. É considerado um FP = 0.6 (fator de potência) para a carga Tipo RL.
Tabela 3.1 - Variação das contribuições percentuais de cada tipo de carga para a
potência Stotal (sistema equilibrado)
Tabela 3.2 - Correntes e THD correspondentes aos casos apresentados na Tabela 3.1
Através da Tabela 3.2 pode-se verificar a relação entre o valor eficaz da corrente de neutro e
da THDi. Quanto maior é a potência consumida por parte das cargas não lineares, em relação
à potência consumida pelas cargas lineares, maior é o valor da THD da corrente de fase,
confirmando a sua contribuição para a degradação da QEE. Sendo um sistema equilibrado, o
valor eficaz da corrente de neutro deveria ser zero, no entanto, devido à THD presente nas
correntes de fase, este chega a ser superior às correntes de fase. É apresentado na Figura 3.2
as correntes de fase e de neutro, correspondente ao caso 4, de maneira a evidenciar a
importância da 3ªharmónica e o peso que esta tem no valor eficaz do condutor de neutro.
20
É feita uma análise FFT à corrente de neutro, sendo esta apresentada na Figura 3.3.
A partir da Figura 3.3, pode-se verificar que a corrente de neutro é apenas composta por
correntes harmónicas cuja frequência é múltipla de 3, ignorando as harmónicas pares pois
estas anulam-se devido à simetria de meia-onda do sinal. Desta forma confirma-se a relevância
da 3º harmónica, tendo sido esta a que mais contribuiu para o aumento no valor eficaz da
corrente de neutro. A Figura 3.4 é idêntica à Figura 3.3, no entanto, é considerado que a
frequência fundamental é de 150 Hz, considerando a 3º harmónica como componente
fundamental.
Embora já referido, é de salientar que, num sistema trifásico linear e equilibrado a corrente de
neutro deve ser igual a zero. Contudo, quando a corrente está distorcida (carga não linear), os
harmónicos de corrente múltiplos de 3 somam-se no neutro, em vez de se cancelarem,
provocando neste caso, um valor de neutro superior aos verificados nas fases.
21
A Figura 3.5 representa a interpolação (linha de tendência), feita através de ferramentas
presentes no Excel. Esta tem o objetivo de relacionar a corrente de neutro com as correntes
de fase e as respetivas THD.
(3.3)
(3.4)
Figura 3.5 - Linha de Tendência que relaciona in com ifase e a respetiva THDifase para um
sistema equilibrado
( ) (3.5)
Esta equação é aplicável num sistema trifásico equilibrado cujas cargas não lineares sejam do
tipo retificador onda completa com valores de α próximos de 10%, pois parte do pressuposto
que todas as correntes de fase contribuem de igual maneira para a corrente de neutro.
Tabela 3.3 - Variação das contribuições percentuais de cada tipo de carga para a
potência Stotal, sistema desequilibrado
É de salientar que as potências são distintas entre fases, ou seja, a equação (3.6) é cumprida.
(3.6)
22
Não é necessário a existência de uma diferença entre todas as fases, sendo considerado um
sistema desequilibrado quando apenas uma das fases tem uma potência consumida diferente
das restantes.
A Tabela 3.4 contém as respetivas correntes de fase e THD dos casos apresentados na Tabela
3.3.
Tabela 3.4 - Correntes e THD das respetivas fases para os casos apresentados na Tabela
3.3.
Na Legislação atual, este problema não é considerado. Nesta afirma-se que “Quando a secção
do condutor neutro não for inferior (ou for equivalente) à dos condutores de fase, não é
necessário prever deteção de sobreintensidades nem dispositivo de corte no condutor neutro”
[15].
23
3.1 Exemplo
Na Tabela 3.5 é representada a contribuição percentual de cada tipo de carga e na Tabela 3.6
os respetivos valores das correntes de fase e as respetivas THDs (Taxas de distorção
harmónica).
( ) = 13.18 A (3.7)
Através deste método, verifica-se qual a pior condição de funcionamento, ou seja, qual a
corrente máxima que poderá percorrer o condutor neutro, sendo neste caso a apresentada
em (3.7). A partir desta informação, é possível concluir qual o dimensionamento que deverá ser
efetuado, em relação ao condutor neutro.
É apresentada a Tabela 3.7, cujo objetivo é, comparando os valores obtidos por simulação e os
calculados pela equação (3.5), demonstrar a fiabilidade da equação deduzida.
Tabela 3.7 - Comparação entre a corrente de neutro calculada e a obtida por simulação
24
Em suma, pode-se concluir a veracidade da Equação (3.5). Esta apresenta valores
correspondentes à corrente de neutro com um erro máximo de 5%, sendo importante referir
que este erro nunca é superior a 1 A.
É apresentada uma equação alternativa mais exata em (3.8). Na Tabela 3.8 encontram-se os
valores calculados, usando esta equação, para os casos já estudados e apresentados na
Tabela 3.7.
(3.8)
Tabela 3.8- Comparação entre a corrente de neutro calculada e a obtida por simulação,
para a equação (3.10)
A equação (3.8) apresenta um erro inferior, em relação à equação (3.5), calculando valores
correspondentes à corrente de neutro com um erro máximo de 0.24 %, para os casos
apresentados. Porém, esta é menos percetível e de utilização mais complexa. Assim, não foi
considerada neste trabalho.
Através da equação (3.5) pode-se concluir a partir de que valor de THDi da fase é a corrente
de neutro superior à corrente de fase. Igualando a corrente de neutro à corrente de fase (3.9),
pode-se obter o valor da THDi correspondente a este caso (3.11).
(3.9)
( ) (3.10)
(3.11)
Através da fórmula obtida, conclui-se que para sistemas equilibrados, a corrente de neutro será
superior à corrente de fase quando a THDifase > 38.2 %, justificando uma maior secção de
condutor.
25
26
4 Dimensionamento de filtros e de controladores
para sistemas de Microgeração
Com o intuito de analisar o impacto das unidades de Microgeração na QEE da rede de baixa
tensão, e de minimizar o valor eficaz da corrente de neutro, é necessário criar um modelo
representativo deste tipo de equipamentos. Independentemente do tipo de unidade de
Microgeração (fotovoltaica ou eólica), a ligação à rede de baixa tensão é quase sempre
efetuada através de um inversor monofásico, que por sua vez, é responsável pela definição da
forma de onda da corrente injetada na rede de baixa tensão. Neste capítulo é portanto
apresentado o modelo do inversor monofásico de tensão. São também dimensionados dois
tipos de filtro de ligação à rede elétrica BT: um de 1º ordem (L) e outro de 3ºordem (LCL),
sendo depois comparadas as respetivas taxas de distorção harmónica da corrente.
>√ (4.1)
27
4.1.1 Modelo do Inversor
Neste inversor de ponte completa é utilizado o comando por modulação de largura de impulso
(PWM) de 3 níveis. É necessário garantir que os semicondutores de potência são comutados a
uma frequência bastante superior à frequência fundamental da rede (50Hz).Portanto, é
estipulado que a frequência de comutação é igual a 10kHz. Neste tipo de modulação, a
tensão de saída é positiva se a modulante for maior que as duas portadoras, nula se estiver
compreendida entre as duas portadoras e negativa se for menor que as duas portadoras [9]. As
portadoras são definidas como ondas triangulares com 1V de amplitude com uma frequência
igual à frequência de comutação (Figura 4.2).
Através da Figura 4.1, verifica-se que a tensão de do inversor é dada por (4.2)
={ (4.2)
A partir de (4.2) podemos então definir os estados de condução dos semicondutores, sendo
estes definidos pela variável γ (4.3).
γ ={ (4.3)
=γ (4.4)
Na próxima secção são descritos os dois tipos de filtro (filtro L e filtro LCL) e respetivos
dimensionamentos.
28
4.1.2 Filtro de 1ºOrdem
O filtro indutivo de ligação do inversor à rede é calculado através de (4.5) [8].
= (4.5)
= 10% . (4.6)
Admitindo que a bobina tem perdas reduzidas (cerca de 1%), considera-se que a sua
resistência interna é (4.7).
= 0.1 Ω (4.7)
O processo de conversão de energia do painel para a tensão UDC e a dinâmica associada não
são relevantes para o âmbito deste trabalho, portanto, consideraram-se correntes de referência
, calculadas com base nas potências de referência dos microgeradores.
Em que:
29
É possível representar a associação Modulador+Conversor como uma função de 1ºordem com
um ganho e um atraso .Essa função de transferência é designada por (4.8).
)= (4.8)
O valor do ganho [8] é dado por (4.9), onde é a amplitude máxima da modulante.
= (4.9)
Em regime de pequenas perturbações pode considerar-se que o atraso é dado por (4.10)
onde é o período de comutação [8].
= (4.10)
C(s) = (4.11)
= (4.12)
Onde representa a resistência equivalente que o inversor vê aos seus terminais e é dada
por (4.13).
= (4.13)
= (4.14)
30
Figura 4.4 - Onda de tensão da rede e evolução da corrente injetada numa rede ideal pelo
inversor, com filtro L e controlador PI
Por fim a Figura 4.5 representa o espetro harmónico da corrente, em que se verifica que a taxa
de distorção harmónica da corrente é de 2,06%.
Figura 4.5 - Análise FFT da onda de corrente injetada pelo inversor monofásico
31
4.1.3 Filtro de 3ºOrdem
Neste subcapítulo é considerado um filtro de 3ºordem. Através deste tipo de filtro é possível
obter uma maior atenuação das harmónicas de alta frequência. No entanto, quanto maior for a
ordem, mais complexo será o filtro, sendo este mais suscetível a interferências causadas pelas
distorção da tensão da rede [12]. O controlo é feito de duas maneiras: Controlador PI e
Controlo polinomial.
Figura 4.6 - Esquema de ligação entre um inversor com Filtro LCL e a rede elétrica
( )
γ = sinh ( ) (4.15)
= sin [ ], com k=1,2,3
=ϒ ( ), com k=1,2,3
Onde é a variação (ripple) em dB na banda passante. Considera-se que este tem o valor
de 0,3 dB.
= (4.16)
ϒ
= (4.17)
= (4.18)
= (4.19)
32
C = (4.20)
É necessário que a frequência de corte do filtro seja pelos menos uma década acima da
frequência da rede e pelo menos uma década abaixo da frequência de comutação dos
semicondutores, de maneira a garantir a atenuação das harmónicas a frequências elevadas
sem afetar a harmónica fundamental.
C(s) = (4.21)
= (4.22)
Onde representa a resistência equivalente que o inversor vê aos seus terminais e é dada
por (4.23).
= (4.23)
33
Por fim, o valor é calculado através de (4.24)
= (4.24)
Figura 4.8 - Onda de tensão da rede e evolução da corrente injetada numa rede ideal pelo
inversor, com filtro LCL e controlador linear PI
Por fim a Figura 4.9 representa o espetro harmónico da corrente, em que se verifica que a taxa
de distorção harmónica da corrente é de 0,25%.
34
Figura 4.9 - Análise FFT da onda de corrente injetada pelo inversor monofásico com
Filtro LCL e Controlador linear PI
Aplicando a lei das malhas e dos nós ao circuito da Figura 3.6 obtêm-se as seguintes
equações (4.25).
(4.25)
( )
= (4.26)
= (4.27)
35
O diagrama de blocos do controlador de corrente do inversor é representado na Figura 4.10.
Com o intuito de compensar o efeito introduzido pelo filtro LCL é assumido que o compensador
(4.28) é do tipo polinomial, com três zeros ( , e ), cancelando portanto os pólos
introduzidos pelo filtro, e com um pólo ( ) cancelando de igual forma o zero do filtro. De
maneira a garantir erro estático nulo na resposta ao escalão é considerado um pólo na origem.
= (4.28)
( )
= (4.29)
( )
= (4.30)
√
Utiliza-se o critério ITAE, o que implica ξ = e representa geralmente o melhor compromisso
entre velocidade de resposta e sobreelevação [8].
36
A Figura 4.11 representa as formas de onda da tensão da rede e a corrente injetada numa rede
ideal pelo inversor, com filtro LCL e com controlo Polinomial.
Figura 4.11 - Onda de tensão da rede e evolução da corrente injetada numa rede ideal
pelo inversor, com filtro LCL e controlo Polinomial
Verifica-se, a partir da Figura 4.12, que a taxa de distorção harmónica da corrente é de 0,12%,
sendo portanto a menor verificada.
Figura 4.12 - Análise FFT da onda de corrente injetada pelo inversor monofásico com
Filtro LCL e controlo Polinomial
37
38
5 MicroGerador Compensado
Através dos resultados apresentados no capítulo anterior, pode-se concluir que a Microgeração
tradicional contribui ligeiramente para a degradação da QEE, contribuindo para um aumento do
valor eficaz das correntes nos condutores de fase e de neutro. É proposto, neste capítulo, um
modelo de Microgerador que acrescenta valor à Microgeração, contribuindo para a redução das
correntes harmónicas injetadas pelo consumidor numa rede de baixa tensão, aumentando a
QEE, passando a ser parte da solução para alguns problemas existentes.
Desta forma, o objetivo é injetar a máxima potência ativa fornecida pelo Painel Fotovoltaico e
ainda garantir que a corrente injetada pelo inversor do microgerador cancele as harmónicas
criadas por cargas não lineares do consumidor onde a Microgeração está instalada.
39
Opta-se por um controlador do tipo PI (5.1), onde representa o ganho proporcional e
o ganho integral [8].
= + (5.1)
= (5.2)
= (5.3)
(5.4)
5.1 Comparações
Numa primeira abordagem simula-se apenas uma carga não linear a ser alimentada pela rede
elétrica (Figura 5.3). Após efetuada a simulação, é inserida uma unidade de Microgeração
Tradicional, com Filtro LCL, em paralelo com a carga não linear e a rede elétrica (Figura 5.6).
Pretende-se representar, desta maneira, a contribuição da Microgeração Tradicional na taxa de
distorção harmónica da corrente injetada na rede. Em seguida, é efetuada uma simulação nas
mesmas condições mas para um Microgerador Compensado (Figura 5.10), de forma a
evidenciar de maneira mais clara as diferenças entre um Microgerador Tradicional e um
Microgerador Compensado. Em ambos os casos é usado um controlo polinomial.
40
A simulação é efetuada para uma carga não linear que consome uma potência igual a 1450W.
É representado na Figura 5.4 a corrente fornecida pela rede elétrica e a sua respetiva
onda de tensão.
Na Figura 5.5 é feita uma análise FFT à corrente . Verifica-se então que a carga não linear
é responsável por uma taxa de distorção harmónica da corrente de 49,10%.
41
5.1.2 MicroGerador Tradicional
No caso do Microgerador Tradicional (Figura 5.6) o objetivo é, como já referido, controlar a
corrente . Esta encontra-se representada na Figura 5.7, juntamente com a tensão da rede
elétrica.
Figura 5.6 - Esquema de ligação entre UM tradicional com filtro LCL, carga não linear e
rede elétrica
42
Figura 5.8 - Evolução da onda de tensão da rede, da corrente icarga absorvida pela carga
não linear e da corrente irede injetada na rede
Por fim temos a análise FFT da corrente injetada na rede elétrica na Figura 5.9, onde se
pode verificar que a taxa de distorção harmónica da corrente é de 57,45%.
Figura 5.9 - Análise FFT da corrente injetada na rede elétrica pelo Microgerador
Tradicional
43
5.1.3 MicroGerador Compensado
No caso do MicroGerador Compensado (Figura 5.10), a corrente a controlar é a corrente
injetada na rede elétrica. Esta encontra-se representada na Figura 5.11, juntamente com a
tensão da rede elétrica.
Figura 5.10 - Esquema de ligação entre um Microgerador Compensado com filtro LCL,
carga não linear e rede elétrica
Figura 5.11 - Evolução da onda de tensão da rede e da corrente irede injetada na rede pelo
MicroGerador Compensado
44
Figura 5.12 - Evolução da onda de tensão da rede, da corrente iμG de saída do
MicroGerador e a corrente icarga absorvida pela carga não linear
Por fim temos a análise FFT da corrente injetada na rede elétrica na Figura 5.13, onde se
pode verificar que a taxa de distorção harmónica da corrente é de 2,97%.
Figura 5.13 - Análise FFT da corrente injetada na rede elétrica pelo Microgerador
Compensado
45
A partir da Tabela 5.1 podemos verificar os efeitos da Microgeração Tradicional e
Compensada. É possível concluir que a Microgeração Tradicional é responsável pela
degradação da QEE, pois como se pode verificar, a taxa de distorção harmónica da corrente da
rede elétrica sofre um aumento, quando comparada com o caso sem Microgeração. No
entanto, inserindo a Microgeração Compensada, verifica-se uma diminuição bastante
acentuada, confirmando portanto o seu positivo contributo em relação à QEE. Comprova-se, no
próximo capítulo, que a diminuição da THDi traduz-se numa diminuição bastante acentuada no
valor eficaz da corrente de neutro.
THDi
Sem Microgeração 49.10%
Com Microgeração Tradicional 60.22%
Com Microgeração Compensada 2.97%
46
6 Simulação
Neste capítulo é apresentada a configuração de três tipos de rede: sem Microgeração (Figura
6.1), com Microgeração Tradicional (Figura 6.2) e com Microgeração Compensada (Figura 6.3).
São efetuadas simulações para diversos cenários de carga, sendo o objetivo a análise
pormenorizada do condutor de neutro, verificando o seu valor eficaz para os vários tipos de
rede. Os valores de potência produzidos pelos dois tipos de Microgerador serão apresentados.
É assumido, para os dois primeiros cenários, que as potências fornecidas pelos
Microgeradores mantêm-se idênticas, no entanto, é apresentado um subcapítulo cujo objetivo
é, variando as potências produzidas pelos respetivos Microgeradores, clarificar a sua influência
na THDi e portanto, na corrente de neutro. São considerados três tipos de cenários:
1º Cenário: Considera-se uma rede equilibrada, cujas contribuições de cada tipo de carga são
idênticas em todas as fases. A análise incidirá nos valores eficazes das correntes de cada fase,
sendo estes idênticos, pois trata-se de uma rede equilibrada, e naturalmente no valor eficaz da
corrente de neutro. Também será apresentado a THDi, respetivamente a cada fase, e a
potência fornecida pelos dois tipos de Microgerador.
3º Cenário: Por fim, varia-se a potência fornecida pelos dois tipos de Microgeração, verificando
as diferenças em relação aos cenários estudados anteriormente.
47
Figura 6.2 - Rede elétrica, com Microgeração Tradicional
48
6.1 Rede Equilibrada (1º Cenário)
Na Tabela 6.1 é apresentado as potências exigidas por cada tipo de carga, em relação à
respetiva fase. Sendo um sistema equilibrado, estas serão idênticas. A simulação é feita nas
mesmas condições apresentadas no Capítulo 3, ou seja, considera-se as perdas na linha,
assumindo que o PT encontra-se a 100m das respetivas cargas.
As potências ativas exigidas pelas respetivas cargas são dadas por (6.1)
{ (6.1)
Em que é dado por (6.2). É considerado um FP = 0.6 (fator de potência) para a carga tipo
RL.
(6.2)
Tabela 6.1 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 1º Cenário
(6.3)
(6.4)
É aplicada a fórmula (3.5), obtida no capítulo 3, nos casos apresentados na Tabela 6.1, de
maneira a confirmar os valores eficazes das correntes de neutro. Os respetivos resultados
encontram-se na Tabela 6.2.
49
Tabela 6.2 – Valor da corrente de neutro calculada através da equação (3.5), para os
casos apresentados na Tabela 6.1
Para potências maiores existe um erro maior em termos de amplitude, no entanto, em termos
percentuais, continua a ser inferior a 5 %, confirmando a sua fiabilidade.
As Figuras 6.4 e 6.5 representam os valores das THDi e os valores eficazes das correntes nos
condutores de fase e de neutro, correspondente ao Caso 1 e Caso 2, respetivamente.
50
Figura 6.5 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 2
As Figuras 6.4 e 6.5 confirmam as observações já efetuadas. Pode-se verificar que existe uma
diferença significativa entre os valores eficazes da corrente de neutro. Como a contribuição por
parte das cargas não lineares é bastante superior no Caso 2, irá inevitavelmente haver uma
maior THDi, contribuindo então para uma corrente de neutro superior.
51
Figura 6.6 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 3
No Caso 3, a potência exigida pelas cargas é superior à fornecida pelo Microgerador (em
ambos os tipos de Microgeração), havendo necessidade de fornecimento por parte da rede
elétrica. No entanto, pode-se verificar que a corrente exigida, no caso da Microgeração
Compensada, é bastante inferior. Isto deve-se ao fato de esta ser capaz de fornecer uma
potência superior, em relação à Microgeração Tradicional.
52
Em relação ao Caso 4, representado na Figura 6.7, pode-se verificar que a potência exigida
pelas cargas é bastante superior às fornecidas por ambos os Microgeradores. No entanto, a
Microgeração Compensada mantém a sua eficiência compensando as harmónicas criadas por
cargas não lineares, mantendo uma corrente de neutro praticamente nula.
Tabela 6.3 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 3º Cenário
Numa rede desequilibrada, a corrente de neutro nunca poderá ser superior à maior corrente de
fase, sendo, no limite, igual a esta. Neste caso não é necessário dimensionar o condutor neutro
com uma secção superior.
53
É possível verificar, através da Figura 6.8, que a potência exigida pelas cargas monofásicas na
fase S é menor quando comparada com as restantes fases. Desta maneira, a potência injetada
na rede elétrica por ambos os Microgeradores é superior. Verifica-se, no caso da Microgeração
Compensada, que a corrente de neutro é superior às observadas nos cenários anteriores. Isto
sucede pois existe uma diferença de potências exigidas pelas respetivas fases, ou seja, os
valores eficazes das correntes de fase são diferentes, contribuindo portanto para uma maior
corrente de neutro. No entanto, esta mantém-se sempre menor que no caso Sem Microgeração
e no caso com Microgeração Tradicional.
(6.5)
Como se encontra praticamente sem carga, toda a restante potência produzida pelos
Microgeradores é injetada na rede elétrica.
54
Figura 6.10 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 7
O caso apresentado na Figura 6.10 representa uma rede rural típica, em que as cargas
encontram-se maioritariamente ligadas na mesma fase. Neste caso, de desequilíbrio “total”
entre fases, a corrente de neutro é bastante elevada, devendo-se principalmente à diferença de
potências entre fases. Os dois tipos de Microgeração injetam a máxima potência na rede
elétrica, relativamente à Fase S e T, pois neste caso, a potência exigida pelas cargas na fase S
e T é praticamente nula.
Tabela 6.4 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga, 4º Cenário
É representado o Caso 8 na Figura 6.11. Com a exceção da variação de potência, este caso é
idêntico ao Caso 1, já analisado. No caso sem Microgeração, naturalmente, nada se alterou,
mantendo os mesmos níveis de THDi e de correntes de fase e de neutro. No caso da
Microgeração Tradicional, em vez de se injetar corrente na rede elétrica, passou a ser
necessário absorver da rede, pois a potência fornecida pelo Microgerador Tradicional não é
suficiente para alimentar as cargas, no entanto, a corrente de neutro mantém-se constante. No
caso da Microgeração Compensada, a potência produzida é praticamente suficiente para
alimentar as cargas, sendo necessário um contributo mínimo por parte da rede elétrica. Os
níveis da THDi são elevados, pois para correntes de fase reduzidas, o sistema de controlo
presente perde eficácia.
55
Figura 6.11 - THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 8
As reduções mais elevadas verificam-se nos sistemas trifásicos equilibrados (primeiros quatro
casos), compostos principalmente por cargas não lineares. Quanto maior for a potência
absorvida por cargas não lineares, maior será a redução da corrente de neutro (Caso 3 e 4).
Para sistemas desequilibrados, a redução do valor eficaz da corrente de neutro será maior
quanto mais o sistema se aproxime de um sistema equilibrado composto principalmente por
cargas não lineares.
56
7 Conclusões
A secção do condutor de neutro pode ser reduzida usando Microgeradores capazes de mitigar
as harmónicas injetadas pelo consumidor, contribuindo assim para uma menor corrente de
neutro.
Para testar estas propostas, construiu-se um modelo equivalente de uma rede elétrica de baixa
tensão recorrendo à ferramenta SimPowersystems presente no Simulink/MATLAB, incluindo:
57
caso sem Microgeração. Este representa o melhor caso estudado (caso 4), no entanto, a
redução será tanto maior quanto maior é a potência consumida por cargas não lineares.
Relativamente à rede desequilibrada, a mitigação de harmónicas não é suficiente para obter
uma corrente de neutro nula, pois neste caso, a diferença de impedâncias entre fases
contribuirá para uma maior corrente de neutro, verificando-se para este tipo de rede, uma
menor diminuição, relativamente à corrente de neutro.
58
Bibliografia
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de Outubro de 2005.
[3] Chicco, Gianfranco; Postolache, Petru; Toader, Cornel, “Analysis of Three-Phase Systems
With neutral UnderDistorted and Unbalanced Conditions in the Symmetrical Component-Based
Framework”, IEEE TRANSACTIONS ON POWER DELIVERY, VOL 22, NO. 1, JANUARY 2007
[6] Norma DMA-C33-200/N, Ligação de clientes de Baixa Tensão, E.D.P. distribuição, Maio
2007.
[8] Silva, José Fernando Alves, Sistemas de Energia em Telecomunicações: Texto de apoio,
Instituto Superior Técnico, 2008, Lisboa.
[9] Silva, José Fernando Alves, Projeto de Conversores Comutados, Instituto Superior Técnico,
2007, Lisboa.
[12] Shen, G; Xu, D.; Cao, L.; Zhu, X., “An Improved Control Strategy for Grid-Connected
Voltage Source Inverters With an LCL Filter”, IEEE Trans. Power Electronics, vol. 23, no.4,
pp.1899-1906, 2008.
[13] SMA Solar Technology AG, “SUNNY BOY 3300 / 3800 - O generalista”,
<http://download.sma.de/smaprosa/dateien/5691/SB33_38_38V-DPT104442W.pdf>
[14] Silva, José Fernando Alves, Sistemas de Alimentação Autónomos: Qualidade de Energia
Elétrica, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 2007.
[17] Silva, José Fernando Alves, Sistemas de Alimentação Autónomos: Textos de Apoio,
Instituto Superior Técnico, Lisboa.
59
[18] Silva, Filipe Miguel Marques, Impacto da Microgeração na forma de onda da tensão da
rede de Distribuição, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 2009.
[20] Martins, Miguel Ângelo Nobre Martins, Harmónicas e Desequilíbrios provocados pelos
sistemas de Microgeração, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 2011.
60
Anexo A
61
Anexo B
“Um novo sistema de computação foi instalado num prédio pertencente a uma companhia de
seguros. Uma vez ligada a alimentação o disjuntor principal disparou, cortando a alimentação
de todo o sistema. Após várias verificações, os engenheiros descobriram que a interrupção
tinha sido provocada pelo valor excessivo da corrente no neutro do sistema trifásico. Apesar do
sistema estar equilibrado a corrente no neutro tinha um valor igual a 65% do valor das
correntes na fase, o que levava ao desarme do disjuntor, já que o relé da corrente no neutro
estava ajustado para 50% do valor das correntes na fase. Cabe aqui ressaltar que, num
sistema trifásico equilibrado a corrente de neutro deve ser igual a zero. Contudo, quando a
corrente está distorcida, contrariamente ao que normalmente ocorre, os harmónicos de
corrente múltiplos de 3 somam-se no neutro, em vez de se cancelarem. Estudos demonstram
que as correntes no neutro têm aumentando nos edifícios comerciais. Isto se deve à utilização
crescente de equipamentos eletrónicos, tais como, computadores, impressoras,
fotocopiadoras, aparelhos de fax, etc. Esses equipamentos utilizam retificadores monofásicos à
entrada, que produzem harmónicos de corrente de 3º ordem, tais como o 3º, o 9º e o 15º
harmónico. Para que se evitem problemas de sobreaquecimento dos condutores de neutro,
estes devem ser sobredimensionados, ou, melhor ainda, os harmónicos de 3ª ordem devem
ser compensados. Noutro caso documentado, uma companhia de distribuição de energia
elétrica reportou a avaria de um transformador de 300 kVA cuja carga não excedia o seu valor
nominal de potência aparente. O transformador foi substituído por outro idêntico, e este
apresentou os mesmos problemas pouco tempo depois. A carga desses transformadores
consistia sobretudo em sistemas de acionamento eletrónico de velocidade variável para
motores elétricos, cujas correntes possuem elevado conteúdo harmónico.
Atualmente, de forma a evitar que os transformadores avariem, ou tenham o seu tempo de vida
útil reduzido, é importante que se conheça a distorção harmónica das correntes que estes
fornecem às cargas, de forma que, em função desse valor, seja aplicado ao transformador um
fator de desclassificação de potência (fator K – derating factor). Ou seja, em função da
distorção harmónica, é reduzido o valor da potência nominal do transformador.”
62
Anexo C
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Anexo D
Tabela D.1 - Representação das potências exigidas por cada tipo de carga para vários
casos
Fase R Fase S Fase T
NL R X NL R X NL R X
Caso 9 70 % 15 % 15 % 70 % 15 % 15 % 70 % 15 % 15 %
Caso 10 80 % 10 % 10 % 80 % 10 % 10 % 80 % 10 % 10 %
Caso 11 60 % 20 % 20 % 60 % 20 % 20 % 60 % 20 % 20 %
Caso 12 1% 20 % 20 % 1 % 20 % 20 % 1 % 20 % 20 %
Caso 13 1% 40 % 40 % 1 % 40 % 40 % 1 % 40 % 40 %
Caso 14 90 % 5% 5% 1% 1% 1% 1% 1% 1%
Caso 15 80 % 10 % 10 % 10 % 10 % 10 % 10 % 10 % 10 %
Caso 16 50 % 5% 5 % 30 % 10 % 10 % 60 % 10 % 10 %
Caso 17 70 % 10 % 10 % 20 % 30 % 30 % 10% 30% 30 %
Caso 18 150 % 20 % 20 % 1 % 1% 1% 1% 1% 1%
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Figura D.2 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 10
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Figura D.4 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 12
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Figura D.6 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 14
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Figura D.8 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 16
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Figura D.10 – THDi e valor eficaz da corrente, correspondente ao Caso 18
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