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Resumo:
É objetivo desta pesquisa identificar os principais fatores que motivam os alunos a escolher
alguns de seus professores como referência a ser seguida por eles e, por efeito, a influenciar
positivamente a sua formação de educador. É o problema: quais os fatores que integram a
vida existencial e profissional do professor imprimindo peculiaridades no seu processo
pedagógico, o qual influencia positivamente à formação profissional de seus alunos? O
universo pesquisado foi os alunos concluintes do Curso Normal de um Instituto Estadual de
Educação e os respectivos professores. A coleta de dados foi feita através de dois
questionários, um, aplicado aos alunos, e o outro, aos professores escolhidos por esses alunos.
A análise dos resultados permitiu traçar um esboço do perfil do “bom professor”. As
manifestações dos alunos indicaram um profissional que busca relacionar-se com seus alunos,
dando a eles incentivo e criando um ambiente de amizade, amor, carinho; que usa o diálogo
para motivar e equacionar os possíveis conflitos; que é competente em termos de domínio dos
conteúdos e na forma pedagógica com que eles são trabalhados em aula. Os professores por
sua vez pontuaram que são realizados em sua profissão e em sua vida pessoal; que primam
pelos valores como o respeito, a amizade, a honestidade, a solidariedade; que dão significado
à família e à profissão; e que atribuem à escolha de seus nomes, pelos seus alunos, em razão
do amor, da amizade e do carinho demonstrados a eles, do respeito mútuo, da contribuição
acadêmica e da tentativa de compreender, de forma abrangente, a realidade vivenciada de
forma singular por seus alunos. Em síntese, o fator afetivo é indicado como de fundamental
relevância pelos educandos e pelos educadores. Contudo, é necessário o professor ter domínio
sobre o fator conteúdo e o apresente de maneira pedagógica; e mais, que ele seja
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- Prof. Centro de Educação – UFSM, RS.
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- Acadêmica do Curso de Pedagogia – UFSM, RS.
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- Acadêmica do Curso de Pedagogia – UFSM, RS.
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- Acadêmica do Curso de Pedagogia – UFSM, RS.
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conhecedor de fatores pessoais do aluno, a saber, seu interesse e sua capacidade e assim
formar um ambiente pedagógico com características adequadas ao ensino e à aprendizagem.
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- Para viabilizar a análise, optou-se por dividir em itens, os quais estão relacionados aos conteúdos de cada uma
das seis perguntas do questionário aplicado aos alunos.
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f) enfim, em virtude de esse professor ser lembrado pela forma carinhosa com que
conduzia as suas aulas e pela relevância da sua fala, em termos dos conteúdos acadêmicos e
em relação à totalidade do ser humano.
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- Embora a coleta de dados referentes aos professores escolhidos foi realizada através de um questionário com
perguntas, para a análise desses dados optou-se pela forma de texto.
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Os motivos que levaram essa professora a ser escolhida pelos seus alunos foram:
a) porque incentiva o aluno a permanecer no curso, dando apoio nos momentos de
maior necessidade, contribuindo didaticamente no sentido de proporcionar a construção de
atividades pedagógicas em sala de aula. Segundo Cunha “a relação professor-aluno passa pelo
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trato do conteúdo de ensino. A forma como o professor se relaciona com a sua própria área de
conhecimento é fundamental, assim como sua percepção de ciência e de produção do
conhecimento” (Ibid., p. 71);
b) em razão de apresentar características pessoais que denotam ser pessoa amiga e ter
perseverança no que faz, primando o ser humano em suas atividades de educadora;
c) pelo fato de demonstrar que “está de bem com a vida” e, por efeito, manifestar alegria
no processo de ensinar, não permitindo, inclusive, que possíveis problemas pessoais se
sobreponham à alegria de ser educadora;
d) porque é uma constante em sua vida criar condições com as quais os alunos sintam-se
amados por ela, demonstrando seu bom humor, sua alegria e seu amor pelos alunos;
e) pelo fato de equacionar os possíveis conflitos de forma agradável e democrática,
através do envolvimento de todos no debate, para que estes sejam amenizados;
f) por fim, porque ela será sempre lembrada pela sua alegria, pelo seu modo agradável
de ensinar, pela sua disposição de ajudar os alunos, principalmente pelo amor demonstrado a
eles, e que a aprendizagem e o afeto devem caminhar lado a lado.
Para essa professora toda situação de desafio lhe desperta interesse e atenção; e a sala de
aula é uma dessas realidades. Considera-se realizada na sua profissão porque a vê como uma
vocação. “Tudo o que faço deve ser bem feito”, afirma. A sua percepção sobre os fatores que
mais contribuem para que ela esteja de “bem com a vida” estão relacionados à vontade de
vencer, à escolha da profissão, ao fato de estar de bem com as pessoas com quem convive e
de fazer boas leituras. Deseja que seus alunos tenham conhecimentos que proporcionem o
desenvolvimento do raciocínio de maneira autônoma e que construam valores fundamentais
que efetivamente sejam praticados na sociedade. Os motivos de ter sido uma das professoras
escolhidas ela atribui aos elementos relacionados à amizade, ao carinho e à compreensão que
se estabelecem em sala de aula. Em situações de conflito ela procura ler muito e orar. No caso
dos conflitos pedagógicos, segundo essa professora, os mesmos sempre são solucionados
através do diálogo, pois este é o mecanismo através qual se obtém a devida compressão das
dificuldades individuais dos alunos. Nesse sentido, Cunha afirma que “A linguagem nasce e
encontra sua referência na vida cotidiana, referindo-se em especial à realidade que se
experimenta e que se partilha com os outros. É através dela que manifestamos a nós mesmos”
(Ibid., p. 37). Essa professora tem convicção de que cria ambiente próprio para que o aluno se
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sinta amado, sendo este fato uma constante em sala de aula, pois o professor deve ser aquele
que “contamina o aluno no seu ser”. Corrobora esse entendimento a manifestação de Cunha
ao sentenciar que “de qualquer forma, a projeção que os BONS PROFESSORES fizeram de
seu cotidiano mostra o quanto esta realidade é multifacetada, resultante de muitas interações,
de histórias e projetos de vida particulares que foram construídos num determinado
contexto” (Ibid., p. 164).
Segundo os alunos, os motivos pelos quais esta professora foi escolhida vinculam-se:
a) a sua postura pedagógica no sentido de incentivar e fazer com que os alunos criem
perspectivas positivas de vida, mostrando-se bastante crítica para fins de auxiliar os alunos
nas suas dificuldades. Ela adota posturas caracterizadas de “pulso firme” perante os alunos,
porém simultaneamente é muito compreensiva, tornando-se uma professora que serve de
exemplo a ser seguindo pelos alunos, em qualquer profissão;
b) às características pessoais, pois possui capacidade de discernimento para se tornar “a
verdadeira mãe puxando a orelha quando há necessidade e pegando no colo quando mais
precisamos”; e também transmite solidariedade e segurança naquilo que realizada. Nessa
perspectiva, Cunha afirma que “...os alunos não apontam como melhores professores os
chamados ‘bonzinhos’. Ao contrário. O aluno valoriza o professor que é exigente, que cobra
participação e tarefas” (Ibid., p. 71);
c) ao fato de essa professora manifestar que “está de bem com a vida”, tanto por razões
pessoais como profissionais, pois expressa alegria no exercício de suas atividades de
educadora e na vida cotidiana;
d) ao sentimento dos alunos de sentir-se amados por ela de forma permanente e, em
conseqüência, de demonstrar muito amor à vida e a sua profissão;
e) à tarefa de essa professora equacionar os possíveis conflitos, dialogando com seus
alunos de forma serena para chegar a bom termo.
f) enfim, ao fato de ela ser sempre lembrada “pela sua forma de trabalhar e ver o
mundo, encarando sempre de cabeça erguida”; pela sua autoconfiança e amizade por seus
alunos; por levar “a exercitar as relações pessoais na convivência, na competência profissional
e humana”. Cunha aponta que
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Para esta professora, as coisas que lhe despertam maior atenção e interesse estão
relacionadas à família e ao trabalho. Ela manifesta sua convicção de que se realiza na
atividade profissional, em conseqüência da escolha profissional que fez. Pretende sempre
mais se aperfeiçoar, teórica e pedagogicamente, tornando o ambiente de sala de aula um lugar
de prazer e satisfação. Ela atribui o motivo da sua satisfação profissional e pessoal a fatores
relacionados à estrutura familiar, à capacidade de saber ouvir, porque são formas eficientes e
eficazes para a obtenção de conhecimento do que é a pessoa humana. Prioriza os valores
relacionados ao conhecimento e à ética; e as possíveis dificuldades que ocorrem são
enfrentadas de maneira a não envolver as questões particulares com as questões profissionais.
As dificuldades pedagógicas são equacionadas através de leituras, troca de experiências entre
os profissionais. Para fazer com que o aluno sinta-se amado é preciso que o professor seja o
referencial, ou seja, “...o interventor seguro, capaz de auxiliar seus alunos a exercitar sua
imaginação, a desafiar seu raciocínio, a levantar hipóteses, a investigar resultados, a trabalhar
suas emoções e sua liberdade, oportunizando o saber, os valores e as atitudes necessárias à
sobrevivência da sociedade.”. Conforme Cunha, “A produção do conhecimento é entendida
aqui como a atividade do professor que leva à ação, à reflexão crítica, à curiosidade, ao
questionamento exigente, à inquietação e à incerteza. É o oposto da transmissão do
conhecimento pronto, acabado. É a perspectiva de que ele possa ser criado e recriado pelos
estudantes e pelos professores na sala de aula” (p.111).
A análise apresentada indica que há uma expressiva coerência entre as respostas dos
alunos e as dos professores. Isto ocorre pelo fato de os professores escolhidos como “bons
professores” desempenharem uma função que realmente os satisfazem pessoal e
profissionalmente. Os motivos citados pelos alunos, para embasar as suas escolhas relativas
ao que é para eles o “bom professor”, estão relacionados prioritariamente aos aspectos
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... Não sei até que ponto há percepção do diálogo como pressuposto de
uma proposta pedagógica. Mas, sem dúvida, os nossos interlocutores
compreenderam que o ambiente verbal da sala de aula é a chave para
uma aula participativa e até criativa. Ainda que a grande iniciativa de
agilização verbal esteja localizada no professor, percebe-se uma
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Enfim, observa-se que o fator afetivo se sobrepõe aos demais na escolha dos “bons
professores”. Os educadores aqui escolhidos pelos seus alunos serão sempre lembrados em
virtude da forma carinhosa com que conduzem suas aulas, as quais denotam ser
circunstanciadas pelo amor, respeito, diálogo, vontade de aprender e incentivos profissionais.
Segundo CUNHA “Essas expressões evidenciam que a idéia de BOM PROFESSOR presente
hoje nos alunos de 2° e 3° graus passa, sem dúvida, pela capacidade que o professor tem de se
mostrar próximo, do ponto de vista afetivo” (Ibid., p. 70-71). Estas palavras descritas acima
nos remetem diretamente àquelas manifestas pelos alunos entrevistados, pois a afetividade
mostra-se como algo de fundamental relevância tanto para educandos como para educadores.
Dessa forma, pode-se dizer que o “bom professor” é aquele que consegue estabelecer este
vínculo de amizade com seu aluno. Contudo, é necessário o professor ter domínio sobre o
fator conteúdo e o apresente de maneira pedagógica; e mais, que ele seja conhecedor de
fatores pessoais do aluno, como seu interesse e sua capacidade e assim formar um
ambiente pedagógico com características adequadas ao ensino e à aprendizagem. A
determinação e perseverança de tais professores também não passam despercebidas diante dos
olhos e corações de seus alunos, como também a alegria e a maneira agradável de ensinar,
tornando o ambiente escolar um local de sentir-se bem e descobrir-se a cada dia. Conforme
Cunha,
... a escolha que o aluno faz do bom professor é permeada por sua
prática social, isto é, o resultado da apropriação que ele faz da prática
e dos saberes histórico-sociais. Só que elas são diferentes no sujeito,
ou seja, eles fazem apropriações diferentes em funções de seus
interesses, valores, crenças, experiências etc...” e “a história de cada
professor é própria e única, não havendo dados que permitam
generalização, a não ser de que a experiência de vida é fundamental
no encaminhamento das pessoas (Ibid., p. 67).
Referências bibliográficas