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Resenha de “Formação Econômica do Brasil” de Celso Furtado¹

Na primeira parte da obra, o autor traça as linhas gerais que fundamentaram


a colonização e seu perfil econômico.

Inicia descrevendo o contexto de Portugal e de toda a Europa, na época em


situação de expansão comercial. Com a descoberta das terras americanas, sendo uma
parcela pertencente a Portugal e outra a Espanha, no cenário internacional surge
constante pressão para que se ocupe efetivamente esses territórios americanos, sob pena
de perda de seu domínio. A coroa espanhola se concentra em torno das regiões onde
havia possível exploração de ouro e outros metais, bem como para explorar a mão de
obra nativa; Portugal, a seu turno, busca a exploração agrícola na parte que lhe cabia nas
Américas, e tendo sido a primeira nação a explorar o comércio fora da Europa.

E o êxito na empreitada agrícola se dá pelo fato de que Portugal quebrou o


monopólio do açúcar que havia até então, enquanto os holandeses teriam estruturados o
comércio do açúcar. Por outro lado, Portugal era grande conhecedor do mercado de
escravos africanos, o que facilitou o empreendimento com relação à mão de obra, uma
vez que Portugal não disponibilizava de população suficiente para colonizar e trabalhar
nas colônias. Inicialmente se instalou a empresa açucareira se explorando a mão de obra
indígena; posteriormente, se implanta a mão de obra escrava africana, que vem a
potencializar a eficiência do referido sistema.

O crescimento da indústria foi governado pela possibilidade de absorção dos


mercados compradores. Sugere o autor que boa parte do lucro açucareiro ficaria em
mãos dos comerciantes – permanecendo fora da colônia. O capital se formava com a
atuação em grande escala de capitais importados (equipamentos e mão de obra européia
especializada). Depois de instalada a indústria, o engenho tratava de se auto-abastecer.

Se o mercado externo absorvesse quantidades crescentes de açúcar num


nível adequado de preços, o sistema poderia crescer até ocupar todas as terras
disponíveis. Dada a relativa abundância delas, é de admitir que a possibilidade de
expansão fosse ilimitada. O crescimento foi considerável e persistiu durante um século.

¹FURTADO, Celso; “Formação Econômica do Brasil”. 34. Ed. – São Paulo : Companhia das Letras,
2007.
A economia escravista do período dependia, praticamente, da demanda externa do
produto.

Nas regiões que não se dedicavam ao açúcar, buscou-se explorar o trabalho


indígena constituindo a atividade numa exploração militarizada que instigou a ocupação
das regiões centrais do continente sul americano. O único artigo de relevância que
poderia ser produzido internamente era a carne, cuja demanda cresceu na medida em
que se expandiu a economia açucareira. Ante a incompatibilidade da criação de gado
simultânea à produção do açúcar, surgiu paralelamente a criação de gado para suprir as
necessidades internas, inicialmente no nordeste e posteriormente no sul.

A criação de gado foi fator fundamental para a penetração e ocupação do


interior brasileiro, apesar de ser, inicialmente, uma economia de baixa rentabilidade.
Sua perspectiva de crescimento era a expansão territorial, e na medida em que a criação
ia se distanciando ia ficando mais onerosa. Por outro lado, a pecuária era uma economia
de pequenas dimensões se comparada à economia principal e que produzia certa parte
para sua própria subsistência.

Enquanto a coroa portuguesa obtinha relativa expansão comercial na


colônia, a coroa espanhola se via em crise e em decadência política. E justamente o que
teria desarticulado o sistema da hegemonia do açúcar português produzido em terras
americanas foi a implantação, por parte da Holanda, de novas colônias açucareiras nas
Antilhas, o que quebrou o monopólio e baixou o preço do produto, conduzindo a
economia açucareira à estagnação.

Ao se reduzir o estímulo externo, a economia açúcar entra em relativa


prostração. Com a decadência da empresa do açúcar, a pecuária, não regredindo, passou
a ser um setor de subsistência, fornecendo artigos que outrora eram importados. Ante a
decadência do açúcar e a elevação do preço dos escravos, na região sul os couros
passaram a ter maior importância.

Portugal tornou à idéia de buscar metais na colônia. Com o conhecimento


dos interiores pelos homens que ali residiam e com novos fluxos migratórios advindos
da Metrópole, começava, então, a busca pelo ouro. Não se exploravam grandes minas e
sim o metal de aluvião que se encontrava no fundo de grandes rios.

¹FURTADO, Celso; “Formação Econômica do Brasil”. 34. Ed. – São Paulo : Companhia das Letras,
2007.
A mineração era um empreendimento incerto no qual qualquer um podia se
arriscar, com menos ou mais recursos. Ainda que a renda média da economia mineira
haja sido mais baixa do que a do açúcar, seu mercado apresentava potencialidade muito
maiores – tinha dimensões superiores porque a importação representava proporção
menor do dispêndio total, além de a renda estar muito menos concentrada, dado que a
proporção da população livre era maior.

Era natural que, com o declínio da era do ouro, viesse uma rápida e geral
decadência. O sistema ia se atrofiando até se desagregar-se novamente em uma
economia de subsistência. O trabalho escravo impediu que a crise criasse fricções
sociais de maior vulto. Em poucas décadas o sistema mineiro se desarticulou
completamente.

Ocupado o reino português pelas tropas francesas, desapareceu o entreposto


que representava Lisboa para o comércio da colônia. A abertura dos portos de 1808
segue pelos tratados de 1810 que transformavam a Inglaterra em potência privilegiada
(que limitam a autonomia do governo brasileiro). A separação definitiva de Portugal em
1822 consolida a posição da Inglaterra, fazendo que o Brasil assuma a posição passiva
que antes assumia Portugal. A única elite presente era a agrícola.

O governo agrícola brasileiro começou a se embater com a Inglaterra que,


apesar de pregar uma economia política liberalista, exigia muitos privilégios de seus
produtos no mercado brasileiro sem, contudo, dar contraprestação na mesma medida.
Ante a resistência brasileira nesse sistema, e com a necessidade antilhana de superar o
Brasil na produção de açúcar, a Inglaterra tentou vedar a importação de escravos
africanos, vedação esta que em muito fora frustrada.

Com a estagnação econômica generalizada no cenário mundial, o governo


central se enfraquece e cresce a insatisfação por todo o país. A primeira metade do
século XIX fora caracterizada por um crescimento vegetativo lento e estagnação
econômica, e no meio do mesmo século começa o ciclo do café. O produto atendia às
necessidades locais, porque introduzia ao mercado mundial um produto necessariamente
agrícola, cultivado por mão de obra e escrava e adaptável ao sistema local. Com o café
surge uma nova classe empresária, formada principalmente por homens com
experiência comercial.

¹FURTADO, Celso; “Formação Econômica do Brasil”. 34. Ed. – São Paulo : Companhia das Letras,
2007.
Com as dificuldades impostas pela Inglaterra no comércio de escravos
africanos, começou a haver procura interna, drenando escravos de regiões relativamente
estabilizadas para regiões de economia crescente, como o fluxo do Maranhão para o
Sul. Enquanto isso, países mais desenvolvidos tinham processos de industrialização que
aumentavam a população urbana com mão de obra qualificada excedente, que propôs
uma alternativa à escassez de mão de obra, com a imigração européia. A necessidade de
mão de obra se tornou urgente de tal modo que se passou a adotar o sistema assalariado
ao trabalhador europeu, para quem era cedido um pedaço de terra onde ele poderia
cultivar gêneros primários para a subsistência sua e de sua família. Esse conjunto,
assomado à instabilidade política pela qual passava a Itália em decorrência do excedente
de população agrícola, deu impulso a um intenso fluxo de imigração européia ao Brasil.

Dado que houve um aumento súbito na procura pela borracha, produto


oriundo de plantas da região amazônica, estimulou-se a migração da região nordeste
para a região da Amazônia, o que foi possível graças ao excedente criado pela
imigração européia para a economia cafeeira.

Na região das minas, por outro lado, a baixa qualidade de terras faz com que
as populações empreendam em longos deslocamentos, direcionando boa parte da
população para a região de São Paulo e do Mato Grosso.

A escravidão envolvia questões econômicas e sociais amplas muito


entrelaçadas, surgindo necessidade de sua abolição visando eliminar uma das vigas do
colonialismo que entorpecia o desenvolvimento econômico do país.

A nova expansão tem lugar no setor que se baseia no trabalho assalariado.


Dentro da economia cafeeira, se destacam-se os assalariados, que revertem sua renda
em gastos de consumo, e os proprietários, cujo nível de consumo é muito superior,
retém parte de sua renda para aumentar seu capital. Com o trabalho assalariado surgiu
um mercado interno.

No novo sistema econômico, o governo se vê impossibilitado de adaptar-se


às regras do padrão-ouro, base da economia internacional que radicava que cada país
devia valer-se de uma reserva metálica suficientemente grande para cobrir os déficits
ocasionais de sua balança de pagamentos. As exportações representavam grande parte
da economia nacional, sendo que as oscilações no mercado mundial podiam traumatizar
o sistema interno. No momento em que se deflagrava a crise nas economias industriais,
¹FURTADO, Celso; “Formação Econômica do Brasil”. 34. Ed. – São Paulo : Companhia das Letras,
2007.
os preços dos produtos primários caiam bruscamente, reduzindo-se de imediato a
entrada de divisas nos países de economia dependente.

O desequilíbrio externo decorria de uma série de fatores ligados à própria


natureza do sistema econômico. A contração do sistema exportador traduzia-se em
redução da margem de lucro. Para corrigir o desequilíbrio externo recorria-se ao
encarecimento de produtos importados, já que os produtos nacionais tinham baixa nos
preços e consequentemente a moeda sofria desvalorização no exterior, e tributava-se a
inversão de capitais ao exterior.

Quando havia alta cíclica nos lucros, a renda tendia a concentrar-se nas
mãos dos empresários, uma vez que os lucros aumentavam e os salários permaneciam
estáveis; na depressão os prejuízos da baixa de preços tendiam a concentrar-se nos
lucros do empresário do setor exportador.

Os núcleos mais prejudicados no processo de depreciação cambial eram as


populações urbanas. Para defender o câmbio o governo contraía empréstimos externos,
cujo exercício acarretava uma sobrecarga fiscal. O fato de que se reduzisse a carga
fiscal ao depreciar-se a moeda operava evidentemente como fator compensatório da
pressão deflacionária externa. A redução da carga fiscal se fazia principalmente em
benefício dos grupos sociais de renda elevada. Por outro lado, a cobertura dos déficits
com emissões de papel-moeda criava uma pressão inflacionária cujos efeitos imediatos
se sentiam mais fortemente nas zonas urbanas. Assim, a depressão externa
transformava-se internamente em um processo inflacionário.

Com a proclamação da república, sobrevém outros grupos de interesses na


sociedade, com a maior burocratização do Estado e com a criação dos governos de
estado (descentralização administrativa).

Quando vem a tona a superprodução do café, ante a baixa constante nos


preços e a desvalorização da moeda, foram definidas bases para a revalorização do
produto, com a compra do excedente de produção por parte do governo, com
financiamento de empréstimos estrangeiros, que seriam cobertos com um novo imposto
(em ouro) sobre a saca exportada, e, em longo prazo, os governos estaduais deveriam
desencorajar as expansões das plantações.

¹FURTADO, Celso; “Formação Econômica do Brasil”. 34. Ed. – São Paulo : Companhia das Letras,
2007.
A compra dos excedentes da produção com capital estrangeiro foi executada
por governos regionais, o que garantiu a hegemonia da economia cafeeira até 1930. A
defesa dos preços proporcionava à cultura do café uma situação privilegiada entre os
produtos primários que entravam no comércio internacional; essa vantagem relativa
tendia a aumentar.

A produção de café, em razão de estímulos artificiais recebidos, cresceu


fortemente na segunda metade do terceiro decênio do século XX. O equilíbrio entre
oferta e procura dos produtos coloniais obtinha-se, do lado da procura, quando se
atingia a saturação do mercado, e do lado da oferta quando se ocupavam todos os
fatores de produção disponíveis para produzir o artigo em questão. Em tais condições
era inevitável que os produtos coloniais apresentassem uma tendência à baixa de seus
preços. A política de acumulação de estoques de café criara uma pressão inflacionária.
Com a crise de 1929, se evadiram todas as reservas resultantes de conversibilidades
feitas pelo governo.

(Concluir com um resumo do capítulo final).

¹FURTADO, Celso; “Formação Econômica do Brasil”. 34. Ed. – São Paulo : Companhia das Letras,
2007.

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