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POETA
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O POETA MARIO PEDERNEIRAS
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O Poeta
Mario Pederneiras
RENASCENÇA EDITORA
RIO DE JANEIRO
1333
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DO AUTOR:
Em preparo:
VELHOS AMIGOS.
A CAUDA DO PAVÃO.
Mario Pederneiras nasceu na cidade do
Rio de Janeiro, no dia 2 de Novembro de %
1868 e nela faleceu, no dia 8 de Fevereiro
de 1915.
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PASSEIO SENTIMENTAL
C o n c o rd a m o s c o m e s ta s p a la v r a s d e
Ronald de Carvalho: M a rio P e d e r n e ira s é
u m p o e ta a in d a m a l ju lg a d o , esp e c ia l-
m e n te se le v a rm o s e m c o n ta a im p re s s ã o
d e ix a d a p o r s u a p o e s ia n a d a s n o v a s g e ra -
12 RODRIGO OTÁVIO FILHO
JÁ
14 RODRIGO OTÁVIO FILHO
• * »1
o PO ETA MARIO PED ERN EIRAS
E u p re fe ria te r nascido
U m pesado b u rg u ês redondo e m anso,
A lim en tad o e ru d e;
D esses que vivem a v en d er saúde,
C uja v ida incolor e sem sentido,
Ê um com odo vale de descanso.
P a ra te r m in a r d iz e n d o :
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SINCERIDADE
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. O homem vive apenas; o poeta inter
preta a vida.
Se por acaso, a.m eio caminho, surge
uma montanha que é preciso galgar, o ho-
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o POETA MARIO PED ERN EIRAS 29
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A ESTRÊA DO POETA
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nasianas da época. Implantou no Brasil o
verso livre, com talento e elegancia. Foi
um renovador.
A sua estréa com o livro Agonia
foi recebida em surdina. Os criticos pro
fissionais não atinaram com o talento ori
ginal do poeta novo. (3).
Nos cochichos literários das portas das
livrarias e das mesas de café, as opiniões
boas ou más eram desencontradas e dis
paratadas. N ão o entenderam.
Houve exceções, é claro.
E entre gente de sua geração, alguns
rapases vibraram diante do poeta estranho
que surgia.
Se percorrermos os velhos jornais da
época, encontraremos o éco desse entu
siasmo.
Felix Bocayuva, em uma pequena nota
sem assinatura, escreveu no O Paiz de 15
de A gosto de 1900: original na forma e
na idéa, o breve mas arrebatante poêma de
Tzæir
o PO ETA MARIO PED ERN EIRAS 35
O m eu p av o r esquece.
E rg u e-se a T i m in h ’alm a em holocausto.
F ecunde a m ág o a o lirio d ’um a prece. Î3
«Toda esta parte do Clamor é belis-
sima, arrancada da caverna d ’um peito do
lorido e d’uma alma crente.
« São, pois, très fases da Luz, senti
das por Job, que o poeta nos oferece,
n ’uma riqueza inecedivel de rimas e frases,
très estados d’alma transmitidos ao leitor
por um modo emocionantemente novo, em
que a maior preocupaçãO' é da arte, na
sua intensidade sugestionadora ».
%
B
38 RODRIGO OTÁVIO FILHO
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MOTIVOS INSPIRADORES
Vão-se as brum as do s u l . . .
A g o ra é o tem po das m an h ãs bizarras,
Bi D e m uito sol, de m uito azul,
E do estridulo canto, das cig a rra s.
Com este céu assim d o irad o e fino
E estas fecundas m a d ru g a d a s louras,
E u im agino
A a le g ria que vae pelas lavouras.
E la é pequena, ela é sã
E da m an sid ão de um a ave,
E tem o nom e suave
D e um a p rin ceza cristã.
A dona d esta locanda
E ’ Sua A lteza Y olanda.
. . . N e s t a v en tu ra ^ em que me concentro.
D ona L enôra,
T udo o que m ag u a e m ales redim e.
T o rn a n d o a vida consoladora.
C abe aqui d entro
Do teu pequeno berço de vime.
48 RODRIGO OTÁVIO FILHO
U m dia
E u te ju lguei da v id a e tern a re a lid a d e ;
:'ll' tíi
É neste livro que se encontra o mais
belo soneto de Mario: Suave caminho:
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A s s im . . . am bos assim , no m esm o passo, li:
Irem os p erco rren d o a m esm a e stra d a ;
Tu — no meu braço trem ulo am p arad a,
E u - am p arad o no teu lindo braço..
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o CANTO DO CISNE
Um lago,
Sem ritmos agitados
De agua de brilho de aço,
Clara, fresca, parada.
Sob a sêda de um Céo, á noite em pleno Outono;
Um recanto da terra esteril, isolada,
Cheia de sugestões, de socêgo e de sono,
De distancia e de espaço,
Não tem a penugem do afago
Deste afago aromai dos teus olhos dourados.
Só me fica na boca
A m a c ia im p r e s s ã o de q u e b e ijo azas b r a n c a s . . .
I
i:
com o avanço da idade, o espirito aristo-
cratisou o pensamento, selecionou as emo
ções, simplificou o frasear. E por todas
essas razões, reparai ainda uma®vez como
ai
são lindos esses versos do poeta:
ALEGRIA EM SURDINA
A bro a janela,
A sau d o sa jan ela do m eu q u a r to . , .
P o r ela
'I É que ine vem a v id a lá de fóra
i E m anso e fa rto
E n tra , de M aio, o sol que não abraza.
N os olhos trag o
U ns sonâm bulos restos de cansaço,
E de exigências fisicas de sono.
58 RODRIGO OTÁVIO FILHO
Lá fóra
Todo um sol que mais abraza
Do que este que encontrei no meio da decida.
E só agora.
Torno de novo á minha Casa,
Torno a viver a minha Vida!
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O PO ETA MARIO PEDERNEIRAS 59
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() CANTOR DA CIDADE
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o PO ETA MARIO PEDERNEIRAS 63
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i6 de Novembro de 1912.
o PO ETA MARIO PEDERNEIRAS 65
41' C
a nos mostrar o amor do poeta pela sua
te rra /o encanto que tinha pela sua paisa
gem, pela sua cor, pela sua vida:
Eu precisava agora,
Sahir um pouco desta vida agreste
E comercial e morna da cidade':
Ir para fóra,
Para o ar silvestre
Retemperar um pouco a minha mocidade.
Entretanto,
Embora a infinda
E ampla saudade que teu céo me evoca
E que os meus dias amargura tanto,
‘ ' If Como eu te acho linda
Oh! minha linda Terra Carioca.
4
O POETA MARIO PEDERNEIRAS 67
Do Sul ao Norte
Em que outras lindas terras brasileiras,
Cujo sertão tanto comove e assombra,
Têm as mangueiras mais serena sombra.
Têm as palmeiras
Mais altivo porte ^
Eu considero a Rua
O melhor livro de Filosofia...
Na sua vida que palpita e atua,
Ha todo um método de ensinarnento,
Desde o que prega risos e alegria, f!í
Ao que doutrina magua e sofrimento.
Para o cansaço
Que anula e desconforta,
Do que na Vida, em vôo, luta e moureja,
Ela tem sempre o pequenino espaço
Da soleira da porta
Ou do degráo da Igreja.
T
O garoto é pobre,
Nada tem de seu.
Senão o Céu que a Terra encobre
E a Vida que Deus lhe deu.
A arvore da cidade
Não nasceu para lutas
Contra o rude rigor da rude natureza...
o POETA MARIO PEDERNEIRAS 71
*
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7
0 ritmo da agua
Parece relembrar a dolente lamúria
Dos antigos amores da cidade.
APENDICE
MARIO PEDERNEIRAS
Por este oitavario de sua morte
para Deus.
Lima Campos.
MARIO PEDERNEIRAS
1*!
Mario Pederneiras morreu com um
sorriso triste, um sorriso ingênuo, que mais
perguntava do que sorria. Não conheceu
a morte, talvez, quando a Morte chegou.
Pia oito anos, está dormindo sob a
terra carioca, tão arraigada na sua alma,
ao amparo das arvores de São João B a
tista, arvores da cidade ainda, as santas
arvores de que ele fôra o poeta devoto. -;Í4‘
Aquele puro artista, aquele homem
bom, meigo de sonho, coração e nervos,
de uma sensibilidade quasi infantil, de uma
inteligência sempre nova, sempre origi
nal, que tanto sofreu e não desesperou
nunca, — era a graça cheia de ternura, a
ironia comovida, o humorismo otimista.
Acolhia na mesma afeição os sêres e as
cousas, poisava um carinho em tudo, tudo
tocava de uma suavidade consoladora.
O tempo ia seguindo. Mario não en
velhecia. Conservava intacto, sereno, o
82 RODRIGO OTÁVIO FILHO
— Lia e Luzia,
Duas lindas cigarras
Que vivem a cantar no meu Outono,
Do carin h o e do afago
D a luz seren a do final do dia;
É um velho ja rd im dolente e triste
Como um velho local de silencio e de sono^
‘I
Já sem luz de V erão que o doire e tisne,
M as onde ain d a existe
O o rg u lh o de um cisne
E a ag u a triste de um lago ».
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Quedou, um longo instante, calado
Ni
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cismarento. E murmurou depois:
— « D evia chamar-se O Canto do Cisne
este meu l i vro. . . »
E m prosa, restam de Mario Pedernei
rasCrônicas, Bilhetes á Cora, Notas de
Bom H um or, Diário das Ruas, trabalhos
esparsos, de impressão sentimental, riso
nha, especies de jornaes da sua alma e da
À
alma da Cidade, imprevistos e espirituais.
A gente moça quer bem a esse poeta.
Nem outra gloria ambicionou ele.
Alvaro Moreyra.
i II (Do livro: Cidade Mulher)
VIDA SIMPLES
AGonzaga Duque
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Vâo-se as b rum as do S u l . . . a
A g o ra é o tem po das m an h ãs bizarras,
D e m uito Sol, de m uito azul,
E do estridulo canto d as cig arras.
M4
ÍA '
E refazendo a A lm a —
L ivre esquecer dores e m ales —
N a co n so lad o ra calm a
D os m ontes e dos valles.
C ria r m eus filhos n esta V ida rude
— D onos do la r e das cam pinas donos
Sem luxos e atavios;
Vel-os c o rre r ao Sol e aos frios,
Léstos, aleg res a v en d er saude
E livres com o dous colonos.
E como um g ra n d e bem silencioso,
i P a ra anim ar-m e p a ra nova lida,
O lindo aféto que o viver m e entona.
D essa am ig a leal, dessa que é d o n a
D a m in h a vida
E do m eu pouso.
Ii
iTl
87
♦
o PO ETA MARIO PED ERN EIRAS
II
N ós m oram os aqui neste recanto
Silencioso d ’e n s e a d a . . .
N e sta v elha m o rad a,
Q ue tem p ’ra nós o doce encanto
D e ser um velho e carinhoso ab rig o
D e q u asi to d a g eração dos nossos.
( P a r a a n o b re fe iç ã o d e u m fe u d o a n tig o
F a lta m -lh e apenas
As alm en áras, os brazões e os fossos).
E aqui, nestas aleg res e gozadas cenas
De um a fam ilia pequenina e unida.
P asso o tem po m elhor da m inha vida.
(.•
^**
Vem conhecer, am igo, esta locanda, lí
T o d a aro m ad a de ja rd in s e h o r t a . . .
U m jasm ineiro em flo r sobre^ a v aran d a
E can tig as do m ar chorando á porta.
88 RODRIGO OTÁVIO FILHO
T em um a vista linda . . .
Fica-lhe em fren te
— N um a saudosa, sugestão infinda —
A paysagem m ais am pla e m ais bizarra,
Pois que dá p a ra a b a rra
E p ara o Sol nascente.
M as, afinal,
T u não conheces os m eus lindos filhos;
? P ois vem vel-os que a g o ra este C asal
T em m ais encantos e tem novos brilhos.
E seguindo
As velhas no rm as da g a la n te ria
Q ue a poesia
D a v id a m eig a da m ulher dem anda,
A’ m in h a filh a eu dei o lindo,
O doce nom e im p erial d ’Y olanda.
i M ! ^ ! i
E ste é o C asal que a v id a m e refaz
E que em suma,
E s ta m o rad a n a v en tu ra ab rig a ,
D ela banindo todo o hum ano m a l . , .
« ' Assim , é n atu ral,
Que a m in h a vida a g o ra se resum a
N este rapaz,
E n esta ra p arig a.
D o n a F o rm ig a
P erten c e á classe das sen h o ras sérias,
T em cuidado d a casa e do alim ento;
N ão fa la m uito, m uito pouco briga,
T u d o o que faz é com discernim ento
E , emfim, n ão g o sta de p a ssa r m isérias..
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Passeio sentim ental ...........................................
Um conto de f a d a s . . . ....................................
Sinceridade .............................................................
A estréa do P oeta ...........................................
M otivos inspiradores . ......................................
O Canto do Cisne ...........................................
O cantor da cidade ........................................ r r c
Apendice . . . .......................................................
M ario Pederneiras .............................................
Mario Pederneiras .............................................
V id a simples .............. ..........................................
A C igarra e a F o r m i g a ................................. 91
L ia e Luzia ...........................................................
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Este livro que contem loo paginas,
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