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CRIATIVIDADE QUÂNTICA

como despertar o nosso potencial criativo

Amit Goswami

Tradução
Cássia Nasser
Marcello Borges

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Copyright © by Amit Goswami, 1999
Copyright © Editora Aleph, 2008
(edição em língua portuguesa para o Brasil)

TÍTULO ORIGINAL: Quantum creativity


CAPA: Thiago Ventura e Luiza Franco
PREPARAÇÃO DE TEXTO: Ana Cristina Teixeira
REVISÃO: Hebe Ester Lucas
PROJETO GRÁFICO: Neide Siqueira
EDITORAÇÃO: Join Bureau
COORDENAÇÃO EDITORIAL: Débora Dutra e Delfin
EDITOR RESPONSÁVEL: Adriano Fromer Piazzi

Todos os direitos reservados.


Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios.

EDITORA ALEPH
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Goswami, Amit
Criatividade quântica : como despertar o nosso potencial criativo / Amit
Goswami ; tradução Cássia Nasser, Marcello Borges. – São Paulo : Aleph, 2008.
– (Série novo pensamento)

Título original : Quantum creativity : waking up to our creative potential


ISBN 978-85-7657-048-6

1. Criatividade 2. Pensamento criativo 3. Teoria quântica I. Título.


II. Série.

08-02436 CDD-153.35

Índices para catálogo sistemático:


1. Criatividade quântica : Psicologia 153.35

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sumário

Prefácio ......................................................................................... 13

Part e 1 – Uma Perspect iva Int egral da Criat ividade ..... 17

1. Esta é a montaria que os criativos cavalgam:


o quantum, o quantum, o quantum ..................................... 25
Criatividade e preparação para o século XXI ...................... 31
2. Criatividade, visões de mundo e integração ...................... 34
A perspectiva material realista e a classe mecanicista
de teorias da criatividade ................................................. 35
A perspectiva organicista e a classe organicista de
teorias da criatividade ...................................................... 36
A metafísica idealista monista e a classe idealista de
teorias da criatividade ...................................................... 37
Um caminho para a integração? ...................................... 39
Os pontos polêmicos: um debate imaginado .................. 39
A física e sua visão de mundo .......................................... 43
Uma perspectiva integrada e uma teoria integral da
criatividade ........................................................................ 46
3. A essência da criatividade ................................................... 49
O que há de novo? ............................................................ 51
Do tijolo ao vestido vermelho: o contexto
da criatividade................................................................... 51

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CRIATIVIDADE QUÂNTICA
Exemplo: o problema dos nove pontos ................................ 54
Exemplos de criatividade fundamental: Guernica, de
Picasso, e o átomo de Bohr ................................................... 56
Exemplos de criatividade situacional .................................. 58
O processo na criatividade ................................................... 60
O processo criativo a longo prazo ........................................ 63
E o método científico? Um diálogo com um aficionado
do método científico .............................................................. 63
4. Criatividade interior ................................................................. 67
Criatividade em crianças ...................................................... 69
Criatividade interior em adultos:
espiritualidade criativa ......................................................... 70
Criatividade interior na interpretação ................................. 71
Criatividade interior no relacionamento ............................. 72
Religião e moralidade: criatividade interior no
nível situacional .................................................................... 73
O esplendor quádruplo da criatividade............................... 73
Polaridade e integração ........................................................ 74

Part e 2 – Criat ividade Quânt ica ....................................... 77

5. Continuidade e descontinuidade............................................. 81
Descontinuidade na criatividade ......................................... 83
A descontinuidade na descoberta da gravidade
de Newton ............................................................................. 84
Entendendo a descontinuidade ........................................... 87
Experimentos com golfinhos ................................................ 89
Dando o salto quântico ......................................................... 90
6. De onde vêm as idéias criativas? ............................................. 93
Criatividade e matemática ................................................... 95
Verdade absoluta e relativa ................................................. 96
Beleza .................................................................................... 97
Transcendência e não-localidade quântica......................... 99
Brainstorming ........................................................................ 104
7. Quem cria?............................................................................. 107
Auto-referência ..................................................................... 112
Como o gato de Schrödinger torna-se o cão de Pavlov...... 115
8. Significado, mente e caos ........................................................ 118
Solucionando o problema do dualismo ............................... 121

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SUMÁRIO
A natureza quântica do pensamento ................................... 122
Cognição é recognição ......................................................... 123
Por que os objetos mentais da experiência
são particulares ..................................................................... 125
Caos na criatividade ............................................................. 126
Dinâmica do caos .................................................................. 127
A dança de Shiva .................................................................. 130
As descobertas de Piaget sobre o desenvolvimento
infantil .................................................................................... 133
Os selves quântico/ criativo e clássico/ determinado......... 136
A mente é cérebro? Dados empíricos .................................. 137
9. A importância do processamento inconsciente ...................... 139
A importância do processamento inconsciente .................. 141
Criatividade e o experimento da fenda dupla .................... 143
Processamento inconsciente e o quantum: dados .............. 148
10. Propósito e liberdade na criatividade...................................... 150
A deliberação da criatividade .............................................. 151
Descontinuidade, propósito e liberdade.............................. 152
O cosmo criativo e o propósito cósmico............................... 153
Personalizando o propósito do universo .............................. 155
Criatividade na liberdade e liberdade na criatividade ...... 157
A criatividade quântica até agora........................................ 161

Part e 3 – O Encont ro Criat ivo ......................................... 163

11. O encontro criativo ................................................................... 169


O self quântico e o ego ......................................................... 170
O encontro no estágio preparatório: desestruturando........ 173
Busca e entrega alternadas: transpiração e inspiração ...... 176
O insight ah-ha ..................................................................... 178
Um Big Bang ou muitos pequenos bangs? .......................... 180
O encontro na manifestação................................................. 180
12. Insight e processo na criatividade científica........................... 184
Paradigmas e mudanças de paradigma .............................. 186
O processo criativo na ciência.............................................. 187
Exemplo histórico: Darwin ................................................... 190
Exemplo histórico: Einstein e a relatividade ....................... 192
Conversa com um jovem cientista ....................................... 196

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CRIATIVIDADE QUÂNTICA
13. Criatividade nas artes............................................................... 201
Insight repentino e processamento inconsciente ............... 202
Paradigmas e mudanças de paradigma nas artes .............. 204
Originalidade nas artes ........................................................ 206
A importância do processo ................................................... 209
Exemplo histórico: Guernica, de Picasso............................. 211
14. O processo na criatividade interior ......................................... 215
Preparação inicial.................................................................. 217
Trabalho e incubação alternados: vontade e entrega ........ 218
O encontro na criatividade interior ..................................... 219
Mini-insights e grandes insights .......................................... 222
Manifestação ......................................................................... 225
Será que a criatividade interior termina com o
despertar de buddhi? ............................................................ 227
O processo na criatividade interior: um resumo ................. 228
A criatividade interior conduz à libertação? ....................... 229

Part e 4 – Gênio? Ou Qual quer Um Pode Ser Criat ivo? ... 231

15. Será a criatividade uma questão de traços de


personalidade? .......................................................................... 235
O significado da pesquisa de MacKinnon........................... 236
Pensamento divergente ........................................................ 237
E o que dizer dos genes e do cérebro? ................................ 238
Algumas observações conclusivas sobre teorias dos
traços de personalidade ........................................................ 240
16. Criatividade, condicionamento precoce e
desenvolvimento ....................................................................... 242
Da universalidade ao indivíduo criativo.............................. 243
Criatividade e nuança .......................................................... 245
Transcendendo o conflito e a ambivalência ........................ 247
Por que nem todos são criativos? A perspectiva do
desenvolvimento ................................................................... 249
17. Criatividade e o inconsciente .................................................. 251
Será que a criatividade é um impulso do inconsciente? .... 252
Impulsos psicológicos inconscientes como guias de
nossas ações .......................................................................... 255
18. Acaso e sincronicidade na criatividade................................... 259
Quando Jane conhece Krishna: um encontro criativo ....... 262

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SUMÁRIO
PARTE 5 – PREPARAÇÃO PARA O SÉCULO XXI .............................. 269

19. Polarizações culturais ............................................................... 273


Criatividade no Oriente e no Ocidente ............................... 276
Integração .............................................................................. 277
20. Criatividade e você ................................................................... 280
O ato de equilíbrio ................................................................ 283
Quão aberto é o seu ego? ..................................................... 285
Discussão sobre o questionário ............................................ 288
21. Despertando para o nosso potencial criativo:
o que podemos fazer? ............................................................... 294
Como você pode praticar a criatividade? ............................ 295
A prática de uma mente aberta,
percepção e sensibilidade .................................................... 299
A prática da concentração .................................................... 302
A prática da imaginação e do sonho ................................... 305
Trabalhando com arquétipos................................................ 308
Criatividade e loucura: trabalhando com o
arquétipo da sombra ............................................................. 311
Crise pessoal, ética criativa e a oportunidade de
transformação ........................................................................ 313
A prática da ética .................................................................. 314
A visão mutável da vida ....................................................... 316
22. Rumo a uma sociedade criativa ........................................... 318
Ensinando criatividade nas escolas ..................................... 320
Intuição, imaginação e inspiração ....................................... 323
O papel dos professores........................................................ 326
A barreira social contra a criatividade ................................ 327
O propósito das ciências sociais ........................................... 328
Criatividade na economia e nos negócios ........................... 331
A sociedade ética .................................................................. 332
Criatividade harmônica ........................................................ 333
Para concluir .......................................................................... 335
Apêndice .......................................................................................... 337
Notas ................................................................................................ 347
Bibliografia ....................................................................................... 351
Índice remissivo ............................................................................... 363

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prefácio

Minha primeira experiência adulta com a criatividade ocorreu um


ano depois de eu vir da Índia para a Western Reserve University,
em Cleveland, Ohio, como instrutor e pesquisador pós-doutorado
em física nuclear teórica. Trabalhava com afinco na pesquisa de um
novo tipo de fenômeno interativo referente aos núcleos atômicos,
mas sem nenhum êxito. Naquele dia, comentei com meu orientador
minha enésima idéia sobre o assunto, mas ele simplesmente apon-
tou brechas tão grandes que a vi se desmoronar, mesmo diante de
meus olhos preconceituosos. Depois da conversa, fui para o “Hos-
pício”, como chamávamos a lanchonete no porão. Estava a ponto
de desistir quando a solução surgiu subitamente, com tanta clareza
que não tive nenhuma dúvida de que estava certo. Corri para en-
contrar meu orientador que, imediatamente, viu o potencial de
minha idéia. Ainda me lembro da confusão alegre em que passamos
aquela tarde.
Continuei minhas pesquisas em física nuclear por mais dez
anos depois desse incidente, resolvi muitos problemas e escrevi
alguns trabalhos científicos, mas a alegria daquele dia dava a im-
pressão de fugir à minha compreensão. Aos poucos, tornei-me cé-
tico. Como a maioria dos meus colegas, supus que toda pesquisa
científica é criativa, mas que a criatividade não é necessariamente
agradável e que aqueles que descreviam tal alegria sem dúvida
estavam exagerando. A minha experiência memorável foi, talvez,
conseqüência da exuberância ingênua de um iniciante. Supus que
o trabalho criativo trazia apenas a satisfação madura que sentia cada

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CRIATIVIDADE QUÂNTICA
vez que alcançava êxito em solucionar um problema flexível ou quan-
do escrevia outro trabalho para aprimorar minha carreira.
Então, uma grande mudança de vida foi precipitada por um di-
vórcio e a perda de uma bolsa de pesquisa, acompanhada por um novo
casamento e o abandono da física nuclear. Escrevi um livro didático
sobre física básica e, depois, outro, sobre a física da ficção científica.
Em determinado momento, mudei meu campo de pesquisa para a
interpretação da mecânica quântica. A mecânica quântica, o novo
paradigma da física deste século, é usada principalmente para calcu-
lar o movimento de objetos submicroscópicos, como átomos, núcleos
e partículas elementares, mas, na verdade, aplica-se a todos os obje-
tos materiais.
A mecânica quântica despontou no horizonte na década de 1920
e, desde então, essa nova física ameaça destronar a visão de mundo
predominante da ciência que se baseia na idéia de que tudo que é real
é feito de matéria – qualquer fenômeno que pareça imaterial é ilusório.
Contudo, somos confrontados com paradoxos ao tentarmos explicar
fenômenos quânticos enquanto nos baseamos no materialismo estrito.
São esses paradoxos que me propus resolver.
Depois de anos de incerteza e tentativas malogradas, uma noite,
enquanto conversava com um amigo, percebi que a resolução dos
paradoxos quânticos dependia do rompimento completo com o atual
paradigma materialista, cujos alicerces a mecânica quântica danificou
irremediavelmente. Um novo fundamento, composto pela idéia de que
a consciência, e não a matéria, é a base do ser deu origem a uma ci-
ência revigorada, capaz de explorar territórios novos e interessantes,
muito além de suas antigas fronteiras. Também notei que essa desco-
berta iluminou-me com a mesma intensa alegria, talvez até mais in-
tensa, que senti no “Hospício”.
Conforme detalhava esse novo paradigma da ciência com base
na consciência, percebi que elaborar uma abordagem integrada para
a criatividade, uma abordagem que inspirasse e admitisse o empenho
criativo de todos, teria fundamental importância para o novo paradig-
ma. A criatividade é um fenômeno visto com suspeita pelos materia-
listas, já que, de acordo com eles, tudo que acontece neste momento
tem relação causal com o passado e nada novo é verdadeiramente
possível. Minhas experiências pessoais já tinham me mostrado o con-
trário. Portanto, acolhi o desafio de expor os limites do materialismo e
transcendê-los.
Logo depois conheci Leonora Cohen, cujo interesse especial de
pesquisa era a criatividade. Nora e eu fundamos um grupo de pesqui-

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PREFÁCIO
sa sobre criatividade na Universidade de Oregon, onde trabalho, e
começamos a fazer reuniões regulares. Pouco depois, um psicólogo
comportamental, Shawn Boles, e um antropólogo, Richard Chaney,
juntaram-se ao grupo que, maior, desfez-se um ou dois anos mais
tarde, mas Nora, Shawn, Richard e eu formamos um vínculo que foi
fortalecido quando assinamos um contrato para escrever um livro
conjunto sobre criatividade. Embora o livro nunca tenha sido conclu-
ído, já que nossas diferenças de abordagem eram enormes para che-
garmos a um consenso, essa colaboração ensinou-me muito sobre as
teorias e dados existentes referentes ao fenômeno da criatividade.
Shawn e eu estávamos de acordo quanto a um aspecto importan-
te de lidar e classificar os diversos dados sobre criatividade: ambos
achávamos que o trabalho criativo precisa ser classificado em duas
categorias básicas: uma, mais próxima à solução de problemas, seme-
lhante à invenção tecnológica, e outra, uma descoberta de verdades
mais profundas. Muitas das diferenças de concepção na pesquisa sobre
criatividade surgem porque as questões são abordadas por apenas uma
das duas categorias de criatividade.
Em determinado momento, também reconheci que o crescimen-
to espiritual é uma criatividade “interna”, ao contrário da criatividade
nas artes e nas ciências, que é “externa”.
Enquanto isso, Nora organizou dois congressos de pesquisa
sobre as teorias de criatividade e conheci muitos expoentes da área,
além de presenciar a profunda divisão que há entre eles. Contudo, a
elaboração de uma síntese completa das idéias divergentes sobre
criatividade teve de esperar até que se criasse o novo paradigma, com
base na consciência, e se escrevesse e publicasse o livro definitivo.
Quando esse livro, O universo autoconsciente, foi para a gráfica,
senti que finalmente estava livre para trabalhar na integração das
diversas maneiras de pensar sobre criatividade e como a abordamos,
tanto pessoal quanto socialmente. O presente livro é o resultado des-
se trabalho.
Comecei esta obra com a visão nítida da necessidade de uma
classificação adequada de todos os diversos fenômenos que são uni-
formemente rotulados de criatividade. Conforme o escrevia, também
constatei a necessidade de enfatizar uma abordagem integrada para
todos esses tipos de criatividade. Quando reconhecemos a consciência
como o tema central do universo, fica claro que toda criatividade é
subjetiva. De fato, ela é a tábua de salvação para a consciência. Dessa
forma, começamos a ver que cada um dos tipos de criatividade tem
um papel a desempenhar para que adotemos nosso potencial total. E,

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CRIATIVIDADE QUÂNTICA
sim, vemos perfeitamente que a criatividade não se limita aos gênios;
todos nós temos o potencial de ser criativos, em qualquer idade.
Tradicionalmente, o Ocidente favorece a criatividade externa em
relação à interna, e o Oriente, a interna em relação à externa. As an-
tigas sociedades ignoravam a invenção como modo de atingir a mu-
dança social; as sociedades atuais enfatizam a invenção até demais
por causa de sua orientação consumista. Mas essa polarização nos
impede de atingir nosso potencial total. Essas formas polarizadas de
colher a criatividade não serão suficientes para cumprirmos as tarefas
do próximo milênio.
Por isso, o tema deste livro é a canção criativa, com todas as di-
versas harmonias enfatizadas. Quando entoamos a música da criativi-
dade, usando a harmonia mais apropriada para as demandas de um
determinado momento criativo, nossos versos individuais e simples
passam a fazer parte do multiverso cósmico abrangente – o verso uni-
do que denominamos universo.
Além das pessoas já citadas que desempenharam um papel im-
portante em minhas pesquisas, sou grato a Paul Ray, Howard Gruber,
Kathy Juline, Robert Tompkins, Shawn Boles, Jean Burns e Ligia Dan-
tes pela leitura criteriosa do manuscrito. Agradeço também a Ann
Sterling, Michael Fox e Anna St. Clair pelos comentários produtivos.
A ajuda de Don Ambrose, Joe Giove e Nan Robertson com as gravuras
é incomensurável. Também quero agradecer aos amigos pelo apoio
durante o árduo processo de redação: Geraldine e Ed Black, Mike
Croan, Phil Gill, Suart Over, Joanne Crandall, Henry e Hope Swift,
Tera St. Johyn, Larry e Janie Brown, Hugh e Ruth Harrison, para citar
apenas alguns. Agradeço a todos vocês.

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PARTE 1

UMA PERSPECTIVA INTEGRAL DA


CRIATIVIDADE

“Bem-vindo à feira anual de ensino de criatividade”, diz o jovem


no portão quando você entra. Lá dentro, há muitos prédios de di-
versos tamanhos. Será que cada um deles é uma escola para ensinar
criatividade? Por que tantas escolas? Você pensa consigo mesmo:
por que não dar uma olhada e ver se descobre alguma coisa? Sem-
pre podemos aprender mais sobre criatividade.
O primeiro prédio que desperta seu interesse parece uma
igreja. Lá dentro, há uma pessoa sentada, um sacerdote, em serena
contemplação. Quando ele abre os olhos, você lhe pergunta o que
ele tem a ensinar sobre criatividade. Ele responde: “Não leciono
criatividade. Como é possível lecionar algo novo, uma criação ex
nihilo? Criatividade é como apanhar uma flor do paraíso, o jardim
de Deus. É um dom divino concedido a alguns escolhidos. Ela vem
da inspiração divina”.
Você respeita a sinceridade dele e talvez ele tenha razão, mas
a inspiração divina parece algo um pouco vago e ultrapassado como
motivo para a criatividade nesta era científica em que vivemos. Você
prossegue.
O segundo prédio parece um parque de jogos computadoriza-
dos. Há muita gente jogando. Ora, você pensa, talvez eles tenham

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CRIATIVIDADE QUÂNTICA
a idéia correta. Supõe-se que criatividade seja um jogo. Em resposta
ao seu questionamento, alguém explica: “Criatividade é resolver pro-
blemas por meio da combinação de idéias antigas para criar algo novo
e brilhante. Os computadores podem fazê-lo. Ao estudar como eles
solucionam problemas de modo criativo, você aprende a melhor solu-
cionar problemas e, assim, encontra a sua criatividade”.
– Mas não sou um computador. Não sou feito de silício – você
protesta.
– Não importa. Nunca ouviu falar da máquina de Turing? Um com-
putador é um dispositivo que processa vários algoritmos para obter um
resultado final. O hardware não faz nenhuma diferença. O seu hardwa-
re é orgânico e chama-se cérebro. E daí? Você continua sendo uma
máquina de Turing. Já escreveu algum poema na vida?
– Sim, mas nenhum bom – você admite com alguma relutância.
– Na verdade, isso é um dos motivos pelo qual estou aqui para apren-
der sobre criatividade. Talvez possa criar poemas melhores que rece-
berão a merecida atenção, pelo menos da minha amada.
– Bom, isto aqui é um poema criado por computador.
O homem lhe entrega um poema escrito por Arthur (“Arthur
significa tabulador automático de registros, mas pensador heuristica-
mente não confiável”, explica o professor). Você percebe que alguns
dos primeiros versos originaram-se na mente de poetas famosos, mas
os últimos parecem vagos e, conseqüentemente, marcantes:

Houve uma época de galinhas-d’angola no Ocidente


Houve uma época de luz do dia no topo da montanha
Houve uma época em que Deus não era uma pergunta
Houve uma época de poetas
E eu surgi.* (Boden, 1990, p. 1)

– Não entendo os últimos versos, por isso devem ter um signifi-


cado sutil. Presume-se que a poesia seja ambígua, então acho que
isso está correto. Eu não sabia que os computadores podiam escrever
poesia.
Você está curioso.
– Não só poesia – responde o professor, entusiasmado. – Os com-
putadores podem desenhar como artistas humanos, resolver problemas

* No original: There was a time shen moorhens in the west / There was a time when
daylight on the top / There was a time when God was not a question / There was a time
when poets / Then I came. [N. do E.]

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UMA PERSPECTIVA INTEGRAL DA CRIATIVIDADE
científicos, provar teoremas de geometria. Se isso não é criatividade,
então o que é?
Você está pronto para experimentar uma das máquinas, mas
outro pensamento o detém:
– A criatividade vem com ansiedade e êxtase, até eu sei disso.
Nas poucas vezes em que fui criativo, havia muita ansiedade que
culminou em um grande êxtase quando surgiu a idéia. Minhas expe-
riências subjetivas foram cruciais para moldar o produto final. Mas se
um computador é capaz de escrever um poema, ele sente essas emo-
ções? Ele tem experiências subjetivas que orientarão o seu trabalho?
E a intuição?
– Lá vem você outra vez com o antigo argumento sobre emoções,
sentimentos, intuição e tudo o mais. Esqueça a subjetividade! Uma
teoria científica da criatividade tem de ser objetiva. Além disso, você
já entrou dentro de um computador para saber se ele não sente ou
não intui?
Porém, essa resposta apenas o confunde emocionalmente, e você
decide não fazer o treinamento desse professor. Pelo jeito, ele é ocu-
pado demais para se preocupar.
No próximo prédio, você fica surpreso com a falta de publicidade.
Há um homem sentado à mesa. Se há outras pessoas por ali, elas não
estão se fazendo notar. Depois de ouvir a sua experiência com o cien-
tista de computadores, o homem diz:
– Eu tenho uma perspectiva bem diferente. Não discordo de que
exista um tipo de criatividade mecânica, mais objetiva, que denomino
criatividade secundária. Mas a criatividade máxima, a primária, é
subjetiva. Ela abrange o nosso self ou “eu” transpessoal (ver Maslow,
1968).
Você o interrompe: – O que é self transpessoal?
– É o self além do ego – responde o homem.
– Como faço para encontrá-lo?
Você está curioso.
– Empreenda a jornada da auto-realização. Como posso explicar
de um modo melhor? Fique aqui mais um pouco.
Mas você lhe diz que não tem tempo: – Lamento, cara.
Você chega, então, em um prédio cujo interior parece a tenda de
um mágico. Cartas estranhas, que vagamente lembram as cartas do
tarô, estão à mostra.
– Posso ajudá-lo? – uma mulher pergunta.
– Sim. Ouvi dizer que vocês lecionam criatividade – você res-
ponde.

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CRIATIVIDADE QUÂNTICA
– Criatividade é mistério, é magia. Quem pode ensinar criativida-
de? Mas talvez a magia esteja dentro de você. Posso ajudá-lo a aprender
a explorá-la. Na verdade, se você ficar aqui por algum tempo, garanto
que aprenderá a magia de criar vibrações mentais que podem materia-
lizar qualquer coisa: um poema, uma escultura ou uma canção.
Você pensa que já ouviu algo parecido antes.
– Não foi Bishop Berkeley que disse algo mais ou menos assim?
O som de uma árvore que cai na floresta permanece em potentia até
que um observador se depara com a cena e tem a vibração mental,
ouve o som da árvore caindo. A criatividade é assim?
Em resposta à sua pergunta, a mulher demonstra impaciência.
– Não é nada disso. Não fique filosofando, nem tente escapar
usando chavões moderninhos. Não há explicação racional para a cria-
tividade. É um mistério. Você torna-se parte do mistério e simplesmen-
te o coloca em prática.
Infelizmente, mistério demais sempre o mistifica e, assim, você
cai fora. Mas não vai muito longe. Logo, um homem o detém.
– O que está procurando, amigo? – ele pergunta.
– Criatividade – você responde.
– Essa busca é em vão, não vê? Você já é criativo, todas as suas
ações são criativas. Tudo no mundo é um ato criativo.
– Talvez. Mas pensar assim não é muito útil. Não me faz feliz.
Alguns atos me fazem muito feliz, alegre e são esses que gosto de
chamar de criativos. Quero aprender o truque de como praticá-los o
tempo todo.
– Você está sofrendo de uma grande ilusão. Está discriminando
entre os atos ilusórios do mundo: isto é bom, isto é ruim; isto é criativo,
isto não é. Se você não discriminar, encontrará a felicidade eterna.
Pode ser, mas essa felicidade indiscriminada e perpétua não lhe
interessa. Você se afasta e entra no próximo prédio. Logo uma mulher
vem ao seu encontro e sorri.
– Do que está fugindo? – ela pergunta.
Você lhe conta sobre o último encontro que teve.
– Há uma certa verdade nas alegações daquele homem. A cria-
tividade é ilusória, tem de ser.
– Por quê? – você a desafia.
– Por quê? Por causa das leis de Newton, só por isso. Tudo é de-
terminado pelas leis físicas que Newton descobriu. Não negamos que
há uma aparência de criatividade no mundo, mas isso é porque alguns
sistemas físicos são imprevisíveis. Eles reagem a pequenos gatilhos
impossíveis de acompanhar. Nós os chamamos sistemas caóticos.

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UMA PERSPECTIVA INTEGRAL DA CRIATIVIDADE
– Você está dizendo que os meus pensamentos criativos, minha
ansiedade e meu êxtase são aparências, por que há um sistema caóti-
co em meu cérebro que reage a pequenas nuances de modo suposta-
mente imprevisível? E que, na verdade, todo o meu comportamento é
determinado?
– Sim – reponde a mulher com simplicidade e firmeza.
Você sente-se um pouco desmoralizado. Se a criatividade é ape-
nas aparência, por que se preocupar em continuar investigando-a?
Bingo! A resposta surge em um prédio com uma faixa enorme: Quí-
mica para melhorar a criatividade. Venha nos conhecer.
– Nós lhe damos um comprimidinho, a pílula da criatividade. É a
única contribuição otimista da ciência para as pesquisas sobre criati-
vidade – proclama a pessoa no prédio.
Mas você faz objeções: – Não posso crer que o objetivo da pes-
quisa científica sobre criatividade seja criar uma pílula que nos dê
criatividade instantânea. Todos sabem que tem de haver certa agonia
antes do êxtase criativo.
– Bobagem. Isso está ultrapassado. Nada tem de ser doloroso para
ser prazeroso. Você pode ter tudo e merecê-lo. Diga a si mesmo: eu
mereço, e tome a pílula. Você verá.
– Não gosto da idéia de tomar remédio – você responde, na ten-
tativa de superar a tentação.
– Você não passa de uma dança de átomos, meu amigo. Por que
não acrescentar mais alguns para que a dança fique mais exótica? É
isso que chamamos criatividade – o homem insiste.
Mas você se recusa a tomar a pílula. Ao prosseguir, um cartaz
chama sua atenção: Descubra se você é criativo: faça nosso teste. Do
que se trata?
As pessoas no estande mal podem esperar para que você faça o
teste.
– De todos os testes elaborados para diagnosticar criatividade, o
nosso é o melhor – dizem, orgulhosos.
– Não sei – você hesita. – Para mim, a criatividade não é uma
doença que possa ser diagnosticada.
– Não é isso. O que acontece é que você tem ou não os traços
certos para a criatividade. Se você tiver os traços certos, poderá ser
criativo. Caso contrário, azar seu. Por isso, faça o teste e fique livre da
agonia.
– E também ficarei livre do êxtase se o teste não for válido. Não,
obrigado.

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CRIATIVIDADE QUÂNTICA
No fundo, você tem medo de fazer o teste. Talvez mais tarde,
quando ninguém estiver olhando, sorrateiramente você pegará um dos
testes e o fará sozinho.
No prédio seguinte, uma mulher mostra-se solidária:
– Pobre alma, precisando ouvir todos esses mecanicistas e místicos!
De uma forma ou de outra, os mecanicistas dizem que a criatividade
não existe, porque todos nós somos máquinas mecânicas e determinadas.
Quanto aos místicos, ou mistificam a criatividade ou a tratam e a tudo
mais no mundo como preocupações ilusórias, resultantes da ignorância.
Felizmente, há um meio melhor.
Agora você está atento para escutar. Talvez tenha encontrado o
seu destino, o fim da sua busca, o oásis no deserto.
A mulher continua a explicar:
– A resposta é o holismo. Sem dúvida, os místicos têm alguma
razão quando dizem que a criatividade é um mistério. É impossível
dissecá-la em programas de computador que nos mostrem o como.
Entretanto, dizer que o mistério está além de nosso controle e predição
material é igualmente falso. A criatividade é um fenômeno holístico.
– O que isso quer dizer? – você pergunta, intrigado com as pa-
lavras dela.
– Estamos procurando um princípio organizador responsável por
todo o comportamento criativo na natureza, inclusive o nosso. Como
pode ver, este prédio está vazio, com exceção de alguns papéis de
posição preliminar. Ainda não estamos lecionando. Quando encontrar-
mos o princípio organizador, começaremos a ensinar em grande estilo
– promete, com um sorriso largo.
É fácil falar sobre princípios organizadores, mas encontrá-los é
outra história, você queixa-se a si mesmo e expressa a sua preocu-
pação:
– Não entendo esse princípio organizador. Vocês são vagos de-
mais! Apenas o pessoal dos computadores e, talvez, os teóricos do caos
parecem ter algo concreto a me dizer. O resto é só papo, sem nenhum
embasamento.
A mulher o encara e recita:

Dizem que você é uma máquina clássica,


seu self, uma miragem;
você não tem liberdade, nenhum objetivo de ser,
nenhuma transcendência.
A sua criatividade é comportamental –
simples condicionamento pavloviano.

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UMA PERSPECTIVA INTEGRAL DA CRIATIVIDADE
Você não tem circuitos cerebrais especiais?
Sem eles, está perdido.
Não acredita? Então a criatividade deve ser acaso
ou, talvez, caos. Você é uma máquina caótica criativa.
E aí, isso lhe parece melhor?

De repente, ela se conecta com você, que sorri timidamente:


– Entendo a sua idéia. Não estou dizendo que sou uma máquina
computadorizada, nem caótica. Mas seria melhor se tivesse algo con-
creto a oferecer – você murmura, desculpando-se.
– Paciência – diz a mulher, desejando-lhe boa sorte.
De repente, diante de você, surgem dois cavalheiros teutônicos.
Provavelmente, você estava absorto em pensamentos e, sem perceber,
entrou em outro prédio. Por que não?
– Qual é a sua idéia de criatividade? – você pergunta aos dois
homens.
– Criatividade é um transbordamento do inconsciente. Da Vinci
reprime a memória da mãe e de seu sorriso. Então, do seu pincel,
surge a Mona Lisa com o famoso sorriso – responde um dos homens.
– Não é nada disso – refuta o outro. A criatividade é o dom do
inconsciente coletivo que transcende nosso inconsciente pessoal de
memórias reprimidas.1
– Mas o que é inconsciente? Como sabemos que temos um in-
consciente? – você pergunta, sem um pingo de escárnio.
– É difícil explicar aqui. Talvez o seu psiquiatra lhe dê uma ex-
plicação.
– E me cobrará uma fortuna! Não, obrigado – você diz entre den-
tes e afasta-se.
Eu o detenho na saída:
– Você parece decepcionado – comento.
– E como poderia não estar? – você pergunta. – A maioria das
pessoas ali que tocou meu coração dava a impressão de ser tão vaga
sobre o que é criatividade – dom de Deus, princípio organizador, in-
consciente. Não tenho certeza se alguém sabe o que essas coisas
significam. Claro, confesso que tive medo de fazer o teste, mas não
creio que a minha criatividade depende de como respondo a um ques-
tionário! Só as pessoas do computador deram a entender que tinham
algo concreto sobre criatividade. Mostraram-me coisas sedutoras para
o cérebro, mas crer que a arte computadorizada é criativa e, por con-
seguinte, que somos computadores é demais! E as experiências sub-
jetivas? Se nada significam, como é que algo que alguém diz pode me

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CRIATIVIDADE QUÂNTICA
ajudar a ser criativo? Pelo jeito, ninguém tinha uma perspectiva inte-
gral da criatividade. Um outro disse que não passamos de uma dança
de átomos.
– Quem quer dançar com os lobos não é uma mera dança de
átomos – comento. A sua intuição está certa. Não temos de sucumbir
aos computadores apenas porque os cientistas de informática são os
únicos que até agora criaram modelos concretos de criatividade. A
criatividade de que eles falam é apenas uma pálida versão da verda-
deira. Usam uma lente muito estreita para ver o esplendor da criativi-
dade. É preciso olhar por uma abertura maior, por uma nova visão de
mundo que a física quântica nos dá, para encontrar a criatividade
integral.
– Como sabe? – você pergunta, esperançoso.
– Leia meu livro e descubra – respondo.

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