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Educação para redes e reconstrução de parâmetros de realidade: desafios ... http://www.ihu.unisinos.br/585382-educacao-para-redes-e-reconstrucao-...

Por: João Vitor Santos | 11 Dezembro 2018

Para o professor Sérgio Amadeu, doutor em Ciência Política, a estratégia adotada


por Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 não é nova. “Enquanto os

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praticada pelos dutos do WhatsApp”, aponta. Essa tomada dos dutos foi possível,
segundo Amadeu, através da expertise de estrategistas que passaram pela
experiência norte-americana. “Nas eleições de 2016 nos Estados
Unidos havia acontecido um fenômeno semelhante. A diferença está no uso do
WhatsApp e na cultura política dos dois países. No Brasil, infelizmente, não
acertamos contas com nosso passado escravista, com a violência desmedida das
elites econômicas, com os crimes da ditadura militar. Isso permite que a
desinformação encontre um terreno mais propício no Brasil”, analisa. Assim,
considera que, por aqui, se perdeu o que chama de “parâmetros de realidade”, e
notícias falsas assumiram verniz de verdade.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, o professor disseca


toda a estratégia da extrema direita de Bolsonaro para chegar à vitória,
destacando o papel da internet e das redes nesse processo. Estratégia que deve
ser enfrentada com regulação dessas novas tecnologias, mas também com
informação acerca das mesmas. “É preciso mostrar as dinâmicas e as finalidades
dos sistemas algorítmicos. Esses dispositivos são performáticos e cada vez
mais preditivos. Eles alteram os ambientes em que operam. Também se
alimentam de dados pessoais em larga escala”, aponta. Além disso, considera
essencial trabalhar na formação dos usuários, tirando-os de uma posição de
passividade. “É preciso atuar nas redes criando comitês de esclarecimento e de
reconstrução da história”, sugere. “Não podemos achar graça, ter pena ou
simplesmente sentir raiva de tanta ignorância. Isso é o que a direita
alternativa pretende. Precisamos melhorar nosso modo de falar e expor”,
aponta.

Amadeu também destaca que esse processo deve continuar sendo combatido,
pois a estratégia de Bolsonaro e seus aliados não cessa com a vitória nas
urnas. Para o professor, toda a forma de gestão do novo governo vai estar
estruturada nas redes e na circulação de informação nas mesmas. “Para aplicar a
‘pinochetização’ da economia brasileira, Bolsonaro precisará continuar a
destruir os parâmetros da realidade”, exemplifica. E acrescenta: “ele não
conseguirá convencer as pessoas que destruir a Previdência será bom para elas.
Uma pessoa com o mínimo de informação não poderá achar bom ter que
trabalhar mais 10 anos para receber uma aposentadoria ainda menor. Ele só
poderá aplicar a sua agenda criando factoides e acentuando sua estratégia de

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Sérgio Amadeu (Foto: Agência PT)

Sérgio Amadeu é doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo -


USP. Participou da implementação dos Telecentros na América Latina e da
criação do Comitê de Implementação de Software Livre - CISL. Também foi
presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação - ITI da Casa Civil
da Presidência da República. É professor na Universidade Federal do ABC -
UFABC. É autor de, entre outros, Software Livre: a luta pela liberdade do
conhecimento (São Paulo: Perseu Abramo, 2004) e Comunicação Digital e
a Construção dos Commons: redes virais, espectro aberto e as novas
possibilidades de regulação (São Paulo: Perseu Abramo, 2007).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como o senhor analisa a adesão massiva dos


brasileiros ao WhatsApp? E de que forma ele reconfigura as relações

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Sérgio Amadeu – Já em 2016, a pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da


Internet (CGI.br) revelou que 51% dos brasileiros conectados acessavam as
redes digitais exclusivamente pelo celular contra 43% que acessavam apenas pelo
computador e 6% que realizavam o acesso por ambos os dispositivos. A
popularização dos aparelhos móveis multimídia, a queda dos preços para adquiri-
los, a expansão de áreas com wi-fi aberto, em comparação com os altos custos da
banda larga fixa, levaram ao crescente uso da internet pelos aparelhos
celulares. Nas camadas mais pauperizadas, por exemplo, 80% das pessoas
conectadas do segmento D/E, em 2017, efetuavam o acesso à internet
exclusivamente por aparelhos móveis.

Além disso, quando observamos o uso mais frequente ou quais as práticas mais
comuns na internet, desde 2014, nos deparávamos com a troca de mensagens
instantâneas. Em 2016, a utilização de clientes de comunicação imediata como o
WhatsApp era uma prática cotidiana e comum de 89% dos brasileiros
conectados. Esse número superava o uso das redes sociais, em 2016, que já era
bem alto e atingia 78% das pessoas com acesso à internet.

O uso do WhatsApp era e é extremamente popular por ser muito útil e fácil de
utilizar em aparelhos móveis. Grupos de amigos, de familiares, de estudantes de
uma disciplina, de funcionários de um setor, de prestadores de serviço. A
combinação da ampliação vertiginosa de aparelhos móveis com as facilidades do
uso da comunicação instantânea pelo WhatsApp foi um estrondoso
sucesso. E cada vez era maior quanto mais funcionalidades eram agregadas ao
WhatsApp, tais como o recurso de mensagem de voz e a disseminação de vídeos.
Eleições
Nas eleições de 2014 foi detectada uma distribuição massiva de informações
falsas sobre a então presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, via
WhatsApp. Com o crescimento dessa aplicação, obviamente ela seria a grande
ferramenta comunicacional em 2018. E foi. O WhatsApp é uma aplicação
comunicacional que combina a mensagem ponto a ponto, privada, com a
organização de grupos fechados e com limite de participantes. É diferente de uma
rede social que permite a observação das postagens públicas. O WhatsApp é um
duto encoberto de compartilhamento de mensagens.

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podemos fazer pelo computador, o


WhatsApp possui uma arquitetura muito
limitada. Ele gera um empobrecimento do
uso da internet - Sérgio Amadeu

Tweet

Ao contrário da web e do uso que dela podemos fazer pelo computador, o


WhatsApp possui uma arquitetura muito limitada. Ele gera um
empobrecimento do uso da Internet, mas é uma pobreza de possibilidades
compensada pela velocidade de compartilhamento. Você não pode programar
livremente nada dentro do WhatsApp, mas isso é cada vez menos relevante para
o discurso oficial das grandes corporações que tentam imbecilizar os usuários,
fazendo a tecnologia se parecer com “um passe de mágica”.

IHU On-Line – O WhatsApp pode ser considerado a “grande mídia”


das eleições de 2018? Por quê?

Sérgio Amadeu – Conforme argumentei há pouco, se a maioria das pessoas


estava utilizando intensamente o WhatsApp, a disputa política caminharia
também para lá. Uma disputa invisibilizada pelas características da plataforma.
Uma disputa que beneficia a articulação e a distribuição de memes, de
mensagens curtas e contundentes. Enquanto os partidos e os publicitários
tradicionais estavam apostando ainda a maior parte de suas fichas na TV, a
campanha de “Messias Bolsonaro” há muito tempo já era praticada pelos
dutos do WhatsApp. Isso ajudava Bolsonaro e seu staff a falar atrocidades que
não poderiam ser ditas em um canal aberto, nem em veículos de comunicação
com o mínimo de seriedade. Também permitia que os discursos não tivessem a
mínima coerência.

Se Bolsonaro, no primeiro turno, tivesse 5 minutos de TV, ele provavelmente


seria superado por outro candidato de direita, pois ele não tinha consistência
para discursar em muitos programas. No segundo turno, era diferente. A TV foi
usada para consolidar a desinformação que havia sido construída pelo

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a família e os ditames de Deus. Mas no WhatsApp você pode dirigir uma


mensagem para alguns grupos e não para outros.
Fenômeno da internet
Bolsonaro é um fenômeno da internet. Sem as redes distribuídas e o
WhatsApp, ele teria mais dificuldade para orquestrar a campanha que o levou à
presidência. A violência e agressividade vazia, as ideias obscuras e a ignorância
em assuntos básicos, assumida abertamente por Bolsonaro, o tornavam uma
caricatura do político. Então o que aconteceu? Como pôde vencer as eleições com
os votos de tantos escolarizados?

Bolsonaro é um fenômeno da internet. Sem


as redes distribuídas e o WhatsApp, ele teria
mais dificuldade para orquestrar a
campanha que o levou à presidência - Sérgio
Amadeu

Tweet

A estratégia
O processo eleitoral não pode ser entendido olhando apenas os meses de
campanha. A mídia, em especial a Rede Globo, grupos do Ministério
Público e do Judiciário partidarizados e algumas lideranças muito influentes
das elites econômicas decidiram promover um processo de exageros e de
releitura histórica sem limites, sem respeito aos fatos, para conseguir
reconquistar a máquina de Estado para suas velhas elites, embaladas pelo sonho
neoliberal. Assim, criaram narrativas inaceitáveis no Estado de Direito para
condenar petistas e poupar aliados, mas a cada exagero era a democracia e as
instituições que estavam sendo corroídas. Transformaram um partido que havia
se tornado palatável às elites no partido “mais corrupto” do país. Aproveitaram a
acomodação do PT e sua ilusão com as elites patrimonialistas do Brasil para
mostrá-lo como semelhante a políticos como Sarney [1] e Eduardo Cunha [2].

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Esse processo era para destruir a esquerda e levar ao governo as elites


políticas de sempre, em especial o grupo do PSDB. Não contavam com o que
Foucault [3] chama de acontecimento. Não esperavam que nos Estados Unidos
a direita alt-right crescesse tanto e que um Donald Trump, um Robert Mercer
[4] e um Steve Bannon [5] pudessem ter interesse direto no Brasil. No processo
eleitoral, o WhatsApp disseminou mensagens que acentuaram o processo de
destruição dos parâmetros de realidade.

Essa é a estratégia da direita alt-right. O embate é de dogmas. É o “nós” contra


“eles”. A síntese disso é a entrevista que Bolsonaro deu à TV Aparecida a
poucos dias da campanha. O candidato afirmou que “política não se discute”.
Essa aberração sintetizava uma eleição em que não ocorreu debates. Os
estrategistas de Bolsonaro lançavam nos dutos do WhatsApp um conjunto
assustador de desinformação e promessas contraditórias do seu candidato.
Empresários engajados na campanha bolsonarista pagaram pessoas para atuar
fora do comitê de campanha e distribuir tais mensagens em milhares de grupos
de WhatsApp.

Quando alguém queria discutir com um apoiador de Bolsonaro, o antídoto


estava pronto desde antes da campanha e se limitava a três tipos de resposta:
primeiro, isso não é verdade, é fake news contra nosso candidato; segundo, isso
é coisa do PT, ou a variante, “não importa nada disso, pois nada é pior que o PT”;
terceiro, isso é apenas um discurso de campanha, Bolsonaro no governo “não fará
nada disso”.

Antes de o candidato eleito ser esfaqueado, muitas pessoas que buscavam debater
as eleições diziam que haviam abandonado os seus grupos de família e de velhos
amigos, pois ali não adiantava conversar. Foi exatamente nesses grupos de
WhatsApp que foi realizada a destruição de parâmetros da realidade e a
transformação da política em embate de dogmas. Anular o debate racional era a
única chance de Bolsonaro vencer as eleições. O duto oculto do WhatsApp era o
dispositivo perfeito para isso.

IHU On-Line – No Brasil, depois de denúncias de disseminação de


notícias falsas, o WhatsApp informou que limitou o número de

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Sérgio Amadeu – O WhatsApp, o Facebook e o Google recentemente


divulgaram que Bolsonaro havia gasto poucos reais na sua campanha oficial. A
informação das plataformas não está correta, pois se limitou ao comitê do
candidato. As principais operações de campanha de Bolsonaro foram realizadas
fora do comitê formal de campanha. Não é verdade que o WhatsApp evitou o
disparo massivo na campanha. Empresários pagaram disparos massivos que
eram realizados a partir da compra de cadastro de empresas aqui no Brasil e no
exterior. Várias mensagens enviadas para grupos e pessoas no Brasil vinham de
números dos Estados Unidos e da Europa. A Folha de S. Paulo demonstrou
claramente o pagamento ilegal efetuado para algumas empresas que usam o
WhatsApp para distribuir mensagens massivas [6]. Esses pagamentos foram
realizados por empresários bolsonaristas para distribuir desinformação
contra o candidato Fernando Haddad.

Mesmo hoje você consegue encontrar, em uma simples busca no Google,


inúmeras empresas que vendem ferramentas de disparo massivo no WhatsApp
e outras que vendem cadastros de telefone por segmento, cidade e estado. Mas
muitas agências possuem banco de dados que permitiam atuar com as técnicas de
microtargeting, ou seja, com uma estratégia de marketing que usa dados do
consumidor e dados demográficos para identificar o perfil de indivíduos
específicos ou de grupos muito pequenos com ideias semelhantes com a
finalidade de influenciá-los. Por isso, sua tia só recebia mensagens diferentes
falando do “kit gay”. Ela reproduzia, pois temia muito que sua família tivesse um
governo que obrigasse suas crianças a se tornarem gays. Outras pessoas recebiam
mensagens com a linha “kit vagabundo”, ou seja, pessoas incomodadas com o
Bolsa Família, com as cotas étnico-raciais nas universidades. Havia uma
segmentação que permitia distribuir com eficácia exageros, opiniões
transformadas em fatos, descontextualizações e simplesmente mentiras.

O WhatsApp não pode ser responsabilizado pela existência de grupos que


disseminam o discurso de ódio, mas uma vez informado sobre os fluxos de
desinformação criminosa, ele deveria agir. Mas não agiu. E não foi para proteger
a liberdade de expressão. Devemos impedir a censura, mas não considero
possível construir uma democracia com base em valores não democráticos. O
discurso de ódio é como um ácido para a democracia. O racismo, a homofobia,

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da diversidade.
Estratégias de desinformação
Repare que se em 2016 um candidato a prefeito dissesse que “não entende nada
de orçamento” como uma vantagem, que iria “matar seus opositores” e que “uma
mulher poderia até ser competente”, certamente ele teria muita dificuldade de se
eleger. Em dois anos ocorreu uma contaminação da esfera pública. Em 2018,
para ser eleito, a campanha de Bolsonaro teve que destruir parâmetros de
realidade. E para governar, Bolsonaro deverá continuar com estratégia de
desinformação criada pelos teóricos da alt-right. Não é por menos que um dos
principais memes que circulam nos grupos de WhatsApp pós-eleições diz
que “Bolsonaro irá demorar para consertar o país, pois o comunismo destruiu
nossa nação, dominando várias instituições”. Brasil comunista? Sim, a Globo e o
conservador The Economist são chamados de comunistas também.

O Brasil não tem nem um Estado de bem-


estar social e é qualificado como comunista.
Isso não cabe no conceito de fake news, isso
é desinformação - Sérgio Amadeu

Tweet

O Brasil não tem nem um Estado de bem-estar social e é qualificado como


comunista. Isso não cabe no conceito de fake news, isso é desinformação. Isso
precisa ser desmontado com a reconstrução dos parâmetros da realidade. Não
podemos ouvir o futuro ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro falar que a
“Europa é um vazio cultural” e ficar calados. É preciso mostrar os fatos, separá-
los de opiniões, de preferências e de vontades.

IHU On-Line – O que a campanha de Jair Bolsonaro via redes sociais


nos incita a pensar acerca da necessidade de regulação dessas novas
mídias, especialmente o WhatsApp? E como trabalhar para que essa

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Sérgio Amadeu – As redes sociais on-line e aplicações como


WhatsApp precisam ser regulamentadas. Precisamos garantir as liberdades
fundamentais, a liberdade de expressão, de opinião, de navegação anônima, de
proteção da privacidade. Quem está quebrando essas liberdades atualmente são
as plataformas. Elas praticam a censura privada. Não podemos mais aceitar que
uma plataforma como o Facebook, que se coloca como universal e como neutra
diante dos discursos, que se apresenta como um importante espaço da esfera
pública, possa definir regras de debates, bloqueio e remoção de conteúdos, acima
da nossa Constituição.

Devemos seguir os princípios do Decálogo do Comitê Gestor da Internet


para uma governança democrática da rede. Facebook, Google e demais
plataformas precisam ser reguladas publicamente e não privadamente. Devemos
ter princípios e mecanismos para bloquear processos de desinformação.
Quando vejo uma startup do ódio disseminando um post que afirma que as
escolas infantis distribuíram um kit para ensinar as crianças a se tornarem gays,
isso não é opinião. Isso é um fato que nunca existiu. Isso é um desvirtuamento
da realidade com a finalidade de criar uma adesão política a determinadas
posições. Uma vez que o Judiciário determine a retirada desses conteúdos, os
algoritmos das plataformas devem ser capazes de removê-los e informar aqueles
que compartilharam os motivos da remoção e da desinformação. É preciso
realizar um processo democrático de definição da regulação das plataformas.

IHU On-Line – Hoje há empresas especializadas em seguir pessoas


nas redes sociais para tentar mapear seus comportamentos. Como
funcionam esses sistemas e quais seus efeitos sobre a formação de
opinião? Como a legislação brasileira regula esses serviços?

Sérgio Amadeu – As plataformas de relacionamento on-line vivem de dados


pessoais. Tudo que fazemos, observamos, escrevemos, apagamos, toda nossa
navegação é armazenada, processada e analisada. O objetivo é criar um perfil de
nosso comportamento, compreender nossos interesses e vontades para ser o mais
preditivo sobre os nossos próximos passos. As plataformas possuem sistemas
algorítmicos baseados em aprendizagem de máquina que visam aprender com
nosso comportamento para oferecer o que nos agrada e até antecipar os nossos
gostos.

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vendidas para empresas e agências que querem modular o comportamento da


amostra adquirida. A noção de modulação aqui é fundamental. As plataformas
buscam modular o nosso comportamento e para isso precisam nos conhecer cada
vez mais. Essa modulação encurta, reduz nossa visão, nossa percepção às
alternativas que os sistemas algorítmicos nos oferecem e que foram negociados
por brokers de dados.

A voracidade de coleta de dados é tamanha que empresas como Google e


Facebook, além dos milhões de gigabytes que possuem de seus usuários,
também possuem empresas de rastreamento da navegação dos usuários fora das
suas plataformas. Empresas que usam cookies e scripts que são inseridos nas
máquinas das pessoas que navegam pela internet.
Proteção de dados
No Brasil, tivemos um grande avanço ao aprovarmos a Lei de Proteção de
Dados, inspirada na legislação europeia. Ela é um avanço, pois exige o
consentimento para que nossos dados sejam manipulados. Todavia, o presidente
Michel Temer vetou a autoridade que deveria fiscalizar a aplicação da lei. Isso a
enfraquece, pois devido à complexidade dos aparatos que utilizam dados, a
autoridade especializada na proteção dos dados é fundamental. Todavia, a lei
aprovada tem absurdos como a exclusão da necessidade de consentimento para
quem coleta dados para a proteção do crédito, ou seja, o sistema financeiro
ficaria fora do alcance da lei.

Precisamos regulamentar as plataformas


on-line seguindo o princípio da
transparência, da responsabilidade e da
clareza necessária aos seus sistemas
algorítmicos - Sérgio Amadeu

Tweet

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desinformação. Por isso, precisamos regulamentar as plataformas on-line


seguindo o princípio da transparência, da responsabilidade e da clareza
necessária aos seus sistemas algorítmicos.

IHU On-Line – Ao longo da campanha eleitoral de 2018, constatou-se


que os grupos de WhatsApp que mais põem em circulação notícias
falsas são os grupos familiares. Como compreender esse processo?

Sérgio Amadeu – Conforme relatei antes, os grupos de WhatsApp são dutos


fechados. Somente a empresa que controla a plataforma possui o mapa dos fluxos
das mensagens. Ela possui os metadados das mensagens enviadas. Os grupos de
família eram infectados com desinformação a partir de um ou mais de seus
membros. Esses familiares eram atingidos diretamente pelos disparos
controlados por agências de microssegmentação ou porque integrava um grupo
de apoiadores de Bolsonaro. Diversos grupos de criadores foram pagos para criar
os memes, vídeos e mensagens com uma estética específica para parecer que
foram produzidas pela minha tia.

Nas eleições de 2016 nos Estados Unidos havia acontecido um fenômeno


semelhante. A diferença está no uso do WhatsApp e na cultura política dos
dois países. No Brasil, infelizmente, não acertamos contas com nosso passado
escravista, com a violência desmedida das elites econômicas, com os crimes da
ditadura militar. Isso permite que a desinformação encontre um terreno mais
propício no Brasil. Nos Estados Unidos, Trump jamais defenderia uma
ditadura militar como solução para a sua nação. Jamais bateria continência
para outra bandeira. Isso seria combatido até mesmo por setores da extrema
direita norte-americana. Para eles, o modelo autoritário deve ser aplicado na
terra dos outros. No Brasil, Bolsonaro cultuava a destruição da democracia,
a violência “na ponta da praia” (jargão militar para o fuzilamento de opositores
do regime militar) e o entreguismo mais grotesco.

IHU On-Line – Qual a sua avaliação quanto à Lei Eleitoral brasileira,


especialmente no diz respeito aos usos e financiamentos do chamado
marketing digital?

Sérgio Amadeu – A lei eleitoral brasileira é completamente equivocada e

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plataformas estrangeiras cujo funcionamento é operado por algoritmos opacos e


inacessíveis, favoreceu o poder econômico. A campanha paga na Internet não
deveria ser permitida. Isso facilitaria a detecção de irregularidades. A compra de
dispositivos e de distribuidores de conteúdos estaria proibida não somente para
os candidatos, mas para todos que quisessem interferir nas eleições.

Mais grave que a lei eleitoral é a postura do Tribunal Superior Eleitoral - TSE.
Diante de tantas evidências de violações da legislação em vigor, a Justiça
Eleitoral manteve a dinâmica de seletividade. O “combate às fake news”
proposto pelo próprio TSE não foi feito porque descontentaria setores do
Exército. Afinal, o Brasil está já há algum tempo sob tutela militar. Quem
praticou a desinformação em massa foi a campanha de um candidato que
tem como vice um general da reserva e que é apoiada por militares de alta
patente. Isso não apaga o fato de que a campanha de Bolsonaro violou o
artigo 57-B, que em seu parágrafo terceiro dizia “é vedada a utilização de
impulsionamento de conteúdos e ferramentas digitais não disponibilizadas pelo
provedor da aplicação de internet, ainda que gratuitas, para alterar o teor ou a
repercussão de propaganda eleitoral, tanto próprios quanto de terceiros”.

IHU On-Line – O senhor tem dito que o debate racional foi suprimido
nas eleições de 2018 no Brasil. Por quê? E quais os desafios para
restabelecer esse debate?

Sérgio Amadeu – A estratégia de Bolsonaro não é brasileira. Ela vem de


fora. Ela segue a estratégia maior da direita alternativa norte-americana, a
alt-right. Seus gurus são Richard Bertrand Spencer, líder da supremacia branca,
Steve Bannon (ex-diretor da Cambridge Analytica e do Breitbart News),
Robert Mercer (megainvestidor financiador da extrema direita e dos
neofacistas em todo o planeta), entre outros. Eles pregam a destruição do
pensamento crítico, do debate racional com base em fatos e pregam a afirmação
de dogmas. Querem anular a história porque defendem que ela só serve aos
interesses dos marxistas. Na realidade, defendem a anulação do debate e sua
substituição pelas crenças e convicções do homem conservador comum.

No Brasil, conseguiram interditar o debate. Nos Estados Unidos conseguiram


parcialmente, em algumas regiões. O candidato vitorioso fugiu de todos os

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econômica, pois não tinha e não tem conhecimentos básicos de economia. Tem
apenas crenças. Ele seria uma tragédia discutindo qualquer política pública, até
mesmo a política de segurança. Com tão pouco repertório e conhecimento, só
restava a Bolsonaro deformar a realidade, lançar ondas de desinformação até
desvirtuar completamente o cenário da disputa. Desse modo, destruiu os
parâmetros da realidade e, assim, a única coisa que deveria valer seria a crença de
cada um. Dessa forma, caberia a ele reforçar os preconceitos e os temores mais
profundos.

Isso não acabou com as eleições. Ele continuará mantendo suas equipes de
desinformação, principalmente no WhatsApp. Um exemplo importante
aconteceu recentemente com sua ofensiva contra os médicos cubanos. Como sabe
que o programa atende a população mais carente e que pode ser acusado pelo
abandono de 1.600 municípios, Bolsonaro é orientado a falar que libertou os
médicos da escravidão de Cuba. Curiosamente, esse mesmo Bolsonaro tentou
revogar a emenda constitucional 81/2014, que prevê o confisco de
propriedades que tenham mão de obra escrava.
Desafios para reconstituir parâmetros da realidade
Precisamos gradativamente reconstruir os parâmetros da realidade. É preciso
atuar nas redes criando comitês de esclarecimento e de reconstrução da história.
Não podemos achar graça, ter pena ou simplesmente sentir raiva de tanta
ignorância. Isso é o que a direita alternativa pretende. Precisamos melhorar
nosso modo de falar e expor. Não podemos ver um primo, uma irmã ou tio
falando que a Klu-Klux-Klan (KKK) é de esquerda sem mostrar que isso não é
real. Precisamos fazer pacientemente o esclarecimento necessário, pois trata-se
de desconstruir um processo de esquizofrenia coletiva. Se você pegar os vídeos do
próprio Richard Bertrand Spencer, líder da supremacia branca, aliada da
KKK, você verá que eles se chamam de forças de direita. É preciso calma para
desmontar o desvirtuamento da realidade. Será preciso mostrar a fonte
original e outras que sejam contundentes. Lembrem-se de que mesmo que o líder
da KKK participe de eventos da extrema direita norte-americana, seu
familiar não irá aceitar facilmente que ele foi enganado. Mesmo que ele não
reconheça, confrontá-lo com a realidade é decisivo.

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economia brasileira, Bolsonaro precisará


continuar a destruir os parâmetros da
realidade - Sérgio Amadeu

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Para aplicar a “pinochetização” da economia brasileira, Bolsonaro precisará


continuar a destruir os parâmetros da realidade. Ele não conseguirá convencer as
pessoas que destruir a Previdência será bom para elas. Uma pessoa com o
mínimo de informação não poderá achar bom ter que trabalhar mais 10 anos
para receber uma aposentadoria ainda menor. Ele só poderá aplicar a sua agenda
criando factoides e acentuando sua estratégia de desvirtuamento e
desinformação.

IHU on-Line – Quais os desafios para a formação cidadã do usuário


de internet, especialmente de redes sociais, para que não se torne
refém de mecanismos que o condicionem e limitem sua visão de
mundo?

Sérgio Amadeu – É preciso mostrar as dinâmicas e as finalidades dos sistemas


algorítmicos. Esses dispositivos são performáticos e cada vez mais preditivos.
Eles alteram os ambientes em que operam. Também se alimentam de dados
pessoais em larga escala. Grande parte deles quer prever nossos próximos passos,
nossos gostos, nossos afetos. Muitas pessoas subestimam essas tecnologias de
modulação de comportamento. Precisamos mostrar suas implicações. Acredito
em processos de formação e aprendizado que tornem as pessoas mais críticas e
menos ingênuas diante das plataformas e seus mecanismos.

Também considero fundamental iniciarmos um amplo processo de regulação


dessas plataformas. Devemos envolver todos os segmentos da sociedade neste
debate que deve ser democrático e muito além da técnica. Por fim, cada vez mais
será fundamental discutirmos a ética. Sistemas sociotécnicos incorporam a ética
de seus formuladores. Algoritmos que se alteram e aprendem com os novos
dados captados devem ter limites éticos em suas operações. A ética é que

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Notas:

[1] José Sarney [José Sarney de Araújo Costa] (1930): político nascido no
Maranhão, 31º presidente do Brasil (1985-1990). Foi governador do Maranhão e
presidente do Senado Federal por quatro vezes. No dia 15 de janeiro de 1985, o
Colégio Eleitoral elegeu a chapa Tancredo Neves/José Sarney para a presidência
da República, encerrando o ciclo militar instaurado com o golpe de 1964. Na
semana da posse, Tancredo apresentou quadro inflamatório com dores
abdominais, diagnosticado como apendicite. Ele descartou qualquer internação
ou intervenção cirúrgica antes da posse. Na noite de 14 de março de 1985, o
agravamento do quadro clínico exigiu uma cirurgia de urgência. Sarney tomou
posse como vice-presidente, assumindo a presidência da República
interinamente em 15 de março de 1985. Tancredo morreu em 21 de abril, e
Sarney assumiu oficialmente o cargo. (Nota da IHU On-Line)

[2] Eduardo Cunha (1958): economista, radialista e político brasileiro. É


evangélico neopentecostal. Exerceu o cargo de deputado federal entre fevereiro
de 2003 e setembro de 2016, quando foi cassado pelo plenário da Câmara dos
Deputados. Está sendo investigado pela Operação Lava Jato e foi denunciado
pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal. Acusado de
mentir na CPI da Petrobras, teve contra si aberto processo de cassação por
quebra de decoro parlamentar. Em 3 de março de 2016, o STF acolheu por dez
votos a zero, em unanimidade, a denúncia do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, contra Eduardo Cunha por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, tornando-o réu neste tribunal. Em 5 de maio de 2016, o plenário do STF
unanimemente manteve a decisão do então ministro Teori Zavascki, que
determinou o afastamento de Cunha de seu mandato de deputado federal e
consequentemente do cargo de presidente da Câmara dos Deputados. Está preso
desde outubro de 2016. (Nota da IHU On-Line)

[3] Michel Foucault (1926-1984): filósofo francês. Suas obras, desde a História
da Loucura até a História da sexualidade (a qual não pôde completar devido a sua
morte), situam-se dentro de uma filosofia do conhecimento. Foucault trata
principalmente do tema do poder, rompendo com as concepções clássicas do
termo. Em várias edições, a IHU On-Line dedicou matéria de capa a

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343, O (des)governo biopolítico da vida humana, de 13-9-2010, e edição


344, Biopolítica, estado de exceção e vida nua. Um debate. Confira ainda a edição
nº 13 dos Cadernos IHU em formação, Michel Foucault – Sua Contribuição para
a Educação, a Política e a Ética. (Nota da IHU On-Line)

[4] Robert Mercer (1946): é um cientista da computação nos Estados Unidos


que trabalha com inteligência artificial a partir de análises de bancos de dados. A
empresa Cambridge Analytica é de propriedade de sua família. (Nota da IHU
On-Line)

[5] Steve Bannon (1953): é um assessor político estadunidense que serviu como
assistente do presidente e estrategista-chefe da Casa Branca no governo Trump.
Como tal, participou regularmente do Comitê de Diretores do Conselho de
Segurança Nacional dos Estados Unidos, entre 28 de janeiro e 5 de abril de 2017,
quando foi demitido. Antes de assumir tal posição da Casa Branca, Bannon foi
diretor executivo da campanha presidencial de Donald Trump, em 2016. (Nota da
IHU On-Line)

[6] O IHU, na seção Notícias do Dia em seu sítio, publicou detalhes do caso.
Acesse aqui. (Nota da IHU On-Line)

[7] Eli Pariser (1980): é o cofundador e chefe executivo da Upworthy,


presidente da MoveOn.org, cofundador da Avaaz.org e autor do best-seller The
Filter Bubble. Ele é um ativista político e da internet, e seu último trabalho
mostra como a informação é personalizada na internet por filtragens de
conteúdo. (Nota da IHU On-Line)

Fake news – Ambiência digital e os novos modos de ser. Revista IHU On-Line, Nº.
520
O fim da neutralidade e a transformação da internet numa rede de supermercado.
Entrevista especial com Sérgio Amadeu
Iniciativa de Trump retoma ataque de lobby mundial contra internet livre.
Entrevista com Sérgio Amadeu
"Uma internet mais cara para quem é mais pobre". Empresas de telecomunicações
atualizam as desigualdades no Brasil. Entrevista especial com Sérgio Amadeu da

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WhatsApp. Entrevista especial com Carmen de Oliveira


A “caixa-preta” do WhatsApp. "Um novo direito para uma sociedade que não é mais
centrada em organizações, mas em redes". Entrevista especial com Ricardo Campos
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política
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grupos de família
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