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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

CURSO DE GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM

OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA COMO TRATAMENTO


COADJUVANTE NAS LESÕES DE DIFÍCIL CICATRIZAÇÃO

SÃO PAULO
2017
Ana Luiza de Carvalho Pinto
Ana Paula Orsini Faria
Caroline Santos Sebrian
Nathalia de Cassia Fernandes

OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA COMO TRATAMENTO


COADJUVANTE NAS LESÕES DE DIFÍCIL CICATRIZAÇÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em


enfermagem da Universidade Cruzeiro do Sul, para obtenção do título
de bacharel em enfermagem.
Orientadora Profª. Ms. Isabel Cristina Bueno Palumbo

SÃO PAULO
2017
AGRADECIMENTO

Agradecemos primeiramente a Deus, que nos deu força e saúde para superar todas as
dificuldades durante esses anos.
A todos que nos apoiaram e incentivaram para chegarmos até aqui.
Aos nossos pais, irmãos e familiares pelo incentivo, apoio e amor incondicional, àqueles que
tanto esperavam, acreditaram e torceram pela nossa conquista.
Aos amigos pela paciência e união.
A nossa orientadora Isabel Cristina Bueno Palumbo, pelo suporte no pouco tempo que lhe
coube, pelas suas correções e incentivos.
A todos que participaram de nossa formação, etapa que não foi fácil, mas que superamos com
sucesso.
RESUMO

Introdução: A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) é uma modalidade terapêutica definida pela


inalação de oxigênio à razão de 100%, onde o paciente é submetido à uma pressão atmosférica
superior à pressão ao nível do mar. O tratamento tem como principal objetivo fornecer o maior
aporte de oxigênio possível aos tecidos que estão submetidos à hipóxia em algumas
situações patológicas. Objetivo: Descrever estudos realizados que comprovem a utilização da
OHB como terapia coadjuvante em lesões de difícil cicatrização. Material e Método: Revisão
bibliográfica utilizando as bases de dados: Lilacs e Scielo. A pesquisa foi complementada com
análise de revistas, livros, manual, tese de doutorado, trabalho de conclusão de curso e
monografia relacionados ao tema. Discussão: Dos 9 estudos selecionados, 5 apresentam em
seus resultados que a OHB age na lesão como tratamento coadjuvante e apenas 1 estudo
contradiz o que é apresentado nos anteriores. Em relação à equipe de enfermagem foi
encontrado 1 artigo que nos revela que é fundamental a preparação e o aprimoramento da
equipe para esse cuidado e 1 tese de doutorado revela que os cuidados, na terapia hiperbárica,
são de autonomia da enfermagem. Considerações finais: Concluímos que a maioria dos artigos
levantados obtiveram resultados satisfatórios com a utilização da OHB como tratamento
quando associada à outras terapias. O papel do enfermeiro diante do cuidar e dos cuidados no
ambiente hiperbárico deverá ser o acolhimento adequado, suporte necessário sanando dúvidas,
apoio emocional e avaliação clínica, analisando o paciente como um todo.

Palavras-chave: Oxigenoterapia Hiperbárica; Enfermeiro; Feridas; Cicatrização.


ABSTRACT
Introduction: Hyperbaric oxygenotherapy is a therapeutic treatment defined by administering
O2 at 100% in an environment with the administered pressure above the mean sea level level
pressure. Its main objective is to provide as much oxygen as possible to the tissues that are
under hypoxia on some pathological situations. Objective: To describe by means of
bibliographic reference the role of the Hyperbaric Oxygenotherapy as a secondary treatment
for healing difficult wounds. Material and method: Bibliographic reference using databases:
Lilacs, Scielo. The research was complemented with an analysis of magazines, books, manuals,
doctorate theses, studies and essays related to the theme. Discussion: from nine selected essays,
five show on its results that the Hyperbaric Oxygenotherapy acts on the injuries as a secondary
treatment and only one essay appears to contradict with what is shown on the previous ones. In
relation to the nursing staff one essay was found revealing that the preparation and the
improvement of the staff for this practice and one doctorate thesis revealing that the care in the
Hyperbaric therapy are under the nursing staff’s responsibility. Final considerations: we
concluded that the majority of the analysed studies reached satisfactory results when using
hyperbaric oxygenotherapy associated with other therapies. The nurse’s role when
administering the therapy is adequately performed by providing the patient with the necessary
support in order to clarify any enquiries, giving emotional assistance, and performing ongoing
clinical evaluation throughout the therapy to determine the overall outcome for the patient.

Keywords: hyperbaric oxygenotherapy; nurse; wounds; healing.


SUMÁRIO

1. ABREVIATURAS .............................................................................................................. 8

2. ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................................. 9

3. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10

4. OBJETIVOS...................................................................................................................... 13

4.1 OBJETIVO 1.............................................................................................................. 13


4.2 OBJETIVO 2.............................................................................................................. 13

5. METODOLOGIA ............................................................................................................. 14

5.1 TIPO DE PESQUISA................................................................................................. 14


5.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO .......................................................... 14

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 16

6.1 TRATAMENTO E FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO .......... 20

7. OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA ............................................................................ 22

7.1 INDICAÇÕES ........................................................................................................... 23


7.1.1 FIGURA 1 - PROTOCOLO DA SBMH – INDICAÇÕES DE OHB CONFORME
RESOLUÇÃO CFM 1457/95. ........................................................................................... 24
7.1.2 FIGURA 2 - CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DA UNIVERSIDADE DE SÃO
PAULO - ESCALA “USP” DE GRAVIDADE - AVALIAÇÃO PARA TRATAMENTO COM
OHB. 25
7.2 CONTRAINDICAÇÕES ........................................................................................... 26
7.3 EFEITOS COLATERAIS .......................................................................................... 26
7.4 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NA OHB. ................................. 27

8. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 29

8.1 ESTUDO 1 ................................................................................................................. 29


8.2 ESTUDO 2 ................................................................................................................. 29
8.3 ESTUDO 3 ................................................................................................................. 31
8.4 ESTUDO 4 ................................................................................................................. 32
8.5 ESTUDO 5 ................................................................................................................. 34
8.6 ESTUDO 6 ................................................................................................................. 35
8.7 ESTUDO 7 ................................................................................................................. 36
8.8 ESTUDO 8 ................................................................................................................. 36
8.9 ESTUDO 9 ................................................................................................................. 38

9. CONCLUSÃO E DISCUSSÃO ........................................................................................ 39

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 43

11. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 44


1. ABREVIATURAS

ADP: Difosfato de Adenosina

ATA: Atmosfera absoluta

BNA: Baromedical Nurses Association

CFM: Conselho Federal de Medicina

COFEN: Conselho Federal de Enfermagem

COREN: Conselho Regional de Enfermagem

DPOC: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

O2: Oxigênio

OHB: Oxigenoterapia Hiperbárica

SAD: Serviço de Atenção Domiciliar

SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem

SBMH: Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica

SUS: Sistema Único de Saúde

UHMS: Undersea Hyperbaric Medical Society

8
2. ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

FÍGURA 1 - PROTOCOLO DA SBMH – INDICAÇÕES DE OHB CONFORME


RESOLUÇÃO CFM 1457/95................................................................................................... 24
FÍGURA 2 - CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
- ESCALA “USP” DE GRAVIDADE - AVALIAÇÃO PARA TRATAMENTO COM
OHB..........................................................................................................................................25

9
3. INTRODUÇÃO

O profissional enfermeiro é agente ativo e indispensável no processo saúde/doença, apto


a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde. Partindo do
princípio de que cuidar do indivíduo, em todas as fases dos ciclos vitais exige uma metodologia
e um aprendizado continuo, descobrimos a importância e complexidade dos cuidados com a
lesão tecidual e durante a graduação nos foi apresentado a Câmara Hiperbárica, mola propulsora
para desenvolvimento do presente trabalho de conclusão de curso.

Historicamente a Câmara Hiperbárica foi usada pela primeira vez em 1662, quando o
padre inglês Henshaw, que exercia a medicina, fato ocorrido no século XVII, frente a pouca
quantidade de médicos formados naquela época e a grande demanda da população. Ele
observou que as pessoas que viviam em regiões litorâneas geralmente registravam um melhor
resultado na recuperação das feridas crônicas e até mesmo em seu estado geral, do que aqueles
que viviam em regiões montanhosas. Intuitivamente concluiu que a melhora ocorria através da
mudança da pressão atmosférica existente entre as montanhas e o nível do mar, porém não dava
destaque ao oxigênio. Após a descoberta, ele criou uma câmara metálica chamada “domicilium”
que era uma bomba “forçadora” de ar (“compressor”) para dentro do silo, que oferecia sessões
de ar comprimido, surgindo então a atual medicina hiperbárica. (1)

Em 1775 Priestley complementa a descoberta de Henshaw após observar que a melhora


dos pacientes ocorria através da inalação por via respiratória do oxigênio como fins
terapêuticos, em ambientes hospitalares, fato que não havia sido considerado anteriormente por
Henshaw. Em 1789 Fontaine projetou a primeira câmara móvel pressurizada com ar
comprimido, que foi destinada a sala de cirurgia. Em 1878 Paul Bert descreveu os efeitos
(2)
tóxicos do oxigênio no organismo quando respirado, devido a elevadas pressões . Em 1891
L. Cornning, foi o primeiro anestesista a introduzir a terapia com ar comprimido nos EUA,
quando ambientes pressurizados com pressão atmosférica passou a ser utilizado como um
recurso coadjuvante para tratamento de patologias e cirurgias eletivas. (1)

No Brasil, somente em 1930, século XX, dois séculos após a descoberta do oxigênio
para fins terapêuticos, o professor Álvaro Ozório de Almeida foi o primeiro a instalar a Câmara
Hiperbárica e desenvolver o uso da oxigenoterapia hiperbárica no Brasil, realizando o
tratamento de doenças como gangrena gasosa e lepra lepromatosa. (3) Por outro lado, a Marinha

10
do Brasil utilizou a câmara hiperbárica para o tratamento de vítimas em acidentes de mergulho
que apresentaram doenças descompressivas e embolia traumática pelo ar. (2) A partir daí a
Medicina Hiperbárica Brasileira passou a desenvolver-se progressivamente, sendo que em 1957
deu início a regulamentação da OHB, que só foi aprovada em 1995 pelo Conselho Federal de
Medicina, sendo reconhecida no Brasil através da Resolução 1457/95 o que corresponde a
história da medicina hiperbárica no nosso país. (3)

Atualmente existem duas principais áreas de atuação da medicina hiperbárica, a


primeira associada a ambientes hiperbáricos (práticas de mergulho, construção de pontes e
túneis), sendo que o médico hiperbarista é responsável por avaliar e diagnosticar patologias
ligadas ao disbarismos, e a segunda relacionada à Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB),
modalidade terapêutica que consiste na inalação de oxigênio a 100%, estando o indivíduo
submetido a uma pressão atmosférica entre 2 e 3 ATA (Atmosfera Absoluta) no interior de uma
câmara hiperbárica rígida, beneficiando pacientes com diversas patologias (4) , sendo esse tipo
de indicação o objeto deste presente trabalho.

Em determinadas situações clinicas, onde a presença de comorbidades, tais como


diabetes mellitus, obesidade, tabagismo, doenças autoimunes e arterial ou insuficiência venosa
a regeneração de lesões se torna um processo árduo, e o uso de Oxigenoterapia Hiperbárica
(OHB) tem sido proposto como uma terapêutica coadjuvante em pacientes com estas
complicações ou com dificuldade de cicatrização. (5)

A OHB é indicada como um dos pilares no tratamento de complicações e ou doenças


como por exemplo : embolias gasosas; doença descompressiva; embolia traumática pelo ar;
envenenamento por monóxido de carbono ou inalação de fumaça; envenenamento por cianeto
ou derivados cianídricos; gangrena gasosa; síndrome de fournier; infecções de tecidos moles,
tais como: celulites, fasceítes e miosítes; isquemias agudas traumáticas: lesão por
esmagamento, síndrome compartimental, reimplante de extremidades amputadas e outras;
vasculites agudas de etiologias alérgicas, medicamentosas ou por toxinas biológicas causadas
por aracnídeos, ofídios e insetos; queimaduras térmicas e elétricas; lesões refratárias ao
tratamento convencional: úlceras de pele, pés diabéticos; lesão por pressão, úlceras por
vasculites auto imunes, deiscência de suturas; lesões por radiação: radiodermite,
osteorradionecrose e lesões actínicas de mucosas; retalhos ou enxertos comprometidos ou de

11
risco; osteomielites refratárias ao tratamento convencional e anemia aguda, nos casos de
impossibilidade de transfusão sanguínea. (6)

A OHB é um método terapêutico capaz de combater algumas condições adversas ao


processo de cicatrização. Como vantagens desse tratamento podemos citar a diminuição de:
tempo de internação, emprego de antibioticoterapia, número de amputações, além de reduzir
custos e oferecer melhores condições de qualidade para os procedimentos cirúrgicos. (7)

O tratamento de lesões solicita uma abordagem interdisciplinar, sendo que o enfermeiro


exerce papel fundamental na limpeza, eliminação do tecido necrótico-fibrinoso, manutenção do
equilíbrio hídrico, gestão do exsudato, controle da infecção bacteriana da dor, favorecimento a
epitelização, regeneração celular e cicatrização. (6)

A enfermagem hiperbárica foi reconhecida formalmente com a fundação e incorporação


da Baromedical Nurses Association (BNA), nos Estados Unidos, em 1985, sendo apresentada
exclusivamente para os enfermeiros que realizavam estes cuidados específicos. Cabe salientar
que no Brasil já existem mais de 90 centros hospitalares de OHB cadastrados e cerca de 2.500
espalhados pelo mundo, indicando que essa atuação do profissional enfermeiro requer uma
regulamentação e uma formação específica contribuindo para o desenvolvimento de novas
perspectivas para a profissão e incorporação desse saber em cursos de pós-graduação lato e
stricto sensu pelas Escolas de Enfermagem, gerando reflexos nos cursos de graduação. (7)

Diante dessa breve introdução notamos a relevância de conhecer o papel da


Oxigenoterapia Hiperbárica como tratamento coadjuvante para cicatrização de lesões de difícil
cicatrização e as intervenções de enfermagem ao paciente submetido ao tratamento em OHB.

12
4. OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO 1

Desvelar por meio de uma revisão bibliográfica o papel da oxigenoterapia hiperbárica


como tratamento coadjuvante de lesões de difícil cicatrização.

4.2 OBJETIVO 2

Descrever estudos realizados que comprovem a utilização da OHB como terapia


coadjuvante em lesões de difícil cicatrização.

13
5. METODOLOGIA

5.1 TIPO DE PESQUISA

O estudo consiste em pesquisa bibliográfica descritiva, que irá possibilitar desvelar o


objetivo desse trabalho de conclusão de curso. A pesquisa bibliográfica é feita a partir do
levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos,
como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com
uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o
assunto. Porém, existem pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa
bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher
informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a
resposta. (7)

5.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

A pesquisa bibliográfica foi elaborada com base em material já publicado. Esta


modalidade de pesquisa inclui livro, revistas, periódicos, monografias, teses de doutorado,
manuais, legislações, protocolos, trabalho de conclusão de curso, sites de fontes fidedignas e
banco de dados disponibilizados na internet com finalidade de fornecer fundamentação teórica
ao trabalho.

Como critérios de inclusão, primeiramente realizamos a escolha do material seguindo o


seguinte critério: o periódico deveria ser indexado em base de dados Literatura Latino –
Americana e do Caribe (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e pertinente
ao tema deste estudo. Foram considerados como critérios de exclusão, artigos de língua
estrangeira ou com mais de 12 anos de publicação.

Após a busca pelas bases de dados, considerando os critérios de inclusão e exclusão,


selecionamos 53 artigos separados por títulos, lidos a princípio por resumo e em seguida na
íntegra buscando esclarecer nosso estudo, que nos direcionou ao problema de pesquisa. Após a
leitura dos mesmos e sua relevância para pesquisa, os artigos foram previamente selecionados,
totalizando 32 artigos para realização do trabalho. Após a leitura criteriosa profunda de cada
artigo, elegemos os que tinham pertinência concreta ao problema de pesquisa, totalizando 9

14
estudos que foram direcionados para realizar a discussão que abordaram a temática sobre a
Oxigenoterapia Hiperbárica como tratamento coadjuvante em lesões de difícil cicatrização.

Palavras-chave: Oxigenoterapia Hiperbárica; Enfermeiro; Feridas; Cicatrização.

15
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Iniciaremos a fundamentação teórica realizando uma revisão da literatura sobre a pele e


as classificações de lesões de difícil cicatrização para elucidar melhor o leitor sobre a
necessidade e a indicação da Câmara Hiperbárica que é o objeto deste estudo. Iremos iniciar
esclarecendo o que é a pele, sua função, quais são os fatores que podem causar o rompimento
da sua estrutura e o que interfere no processo de cicatrização.

Segundo o Manual de Prevenção e Tratamento de Lesões de Pele, (8) a pele é o maior


órgão que reveste todo corpo humano, representa 16% do nosso peso, além de, principal
barreira de proteção do organismo e tem como funções básicas impedir a perda excessiva de
líquidos, proteger da ação de agressões externas (inclusive fungos, bactérias, produtos químicos
e mesmo fatores ambientais como exposição ao sol), manter a temperatura corpórea, sintetizar
vitamina D com a exposição aos raios solares, agir como órgão do sentido e participar da
termorregulação. (8) É formada por três camadas, epiderme, derme e hipoderme, da mais externa
para a mais profunda respectivamente.

A epiderme, é camada mais externa da pele visível a olho nu, não possui vasos
sanguíneos, e é formada por um epitélio estratificado pavimentoso, com células escamosas
dispostas em várias camadas, constituída por células epiteliais (queratinócitos), estas células
são produzidas na camada mais inferior da epiderme (camada basal ou germinativa). Em sua
evolução em direção à superfície sofrem processo de queratinização ou corneificação, que dá
origem a queratina / córnea, uma resistente proteína responsável pela proteção e
impermeabilização da pele. (9)

A renovação celular constante da epiderme faz com que as células da camada córnea
sejam gradativamente eliminadas e substituídas por outras, processo que acontece de forma
contínua. É na epiderme que encontramos os melanócitos, que produzem a melanina, pigmento
que dá cor à pele. Nessa primeira camada estão também as células de Langherans, responsáveis
pela defesa imunológica. (9)

A epiderme dá origem aos anexos cutâneos: unhas, pêlos, glândulas sudoríparas e


glândulas sebáceas. A abertura dos folículos pilossebáceos (pêlo + glândula sebácea) e das
glândulas sudoríparas na pele formam os orifícios conhecidos como poros. As unhas são

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formadas por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida.
Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e pés. (9)

A derme, camada localizada entre a epiderme e a hipoderme, é responsável pela


resistência e elasticidade da pele. É constituída por tecido conjuntivo (fibras colágenas e
elásticas envoltas por substância fundamental), vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e
terminações nervosas. (9)

A hipoderme, também chamada de tecido celular subcutâneo, é a porção mais profunda


da pele. É composta por feixes de tecido conjuntivo que envolvem células gordurosas
(adipócitos) e formam lobos de gordura. Sua estrutura fornece proteção contra traumas físicos,
além de ser um depósito de calorias. A barreira de proteção vem das células da epiderme e
derme que produzem sebo e suor, formando uma capa especial, como um manto protetor. (5)

Mas, mesmo com toda esta proteção, a pele é permeável e pode sofrer danos,
ocasionando interrupção da continuidade do tecido corpóreo, gerando a lesão de pele, que pode
ser causada por algum tipo de trauma, em maior ou menor extensão, sendo ele físico, químico,
mecânico ou desencadeado por uma afecção clínica que aciona as frentes de defesa do
organismo para o contra-ataque. (8)

As lesões podem ser classificadas de acordo com o tempo de reparação tissular em


agudas e crônicas. As lesões agudas são originadas de cirurgias ou traumas e a reparação ocorre
em tempo adequado, sem complicações. As feridas crônicas são aquelas onde a cicatrização é
lenta, longa duração, que apresentaram complicações no processo e sequência ordenada da
reparação tecidual, podendo ser recorrentes. (8)

As lesões de pele podem ser classificadas quanto à causa, conteúdo microbiano, tipo de
cicatrização, grau de abertura e tempo de duração. (10)

Quanto a causa, as feridas podem ser por cirurgias, produzidas por um instrumento
cortante, limpas, com bordas ajustáveis e passíveis de reconstrução, provocadas
intencionalmente mediante incisão (quando não há perda de tecido e as bordas são geralmente
fechadas por sutura), ou mediante excisão (quando há remoção de uma área de pele, por
exemplo área doadora de enxerto), punção (quando resulta de procedimentos terapêuticos
diagnósticos, por exemplo, cateterismo cardíaco, punção de subclávia, biópsia, entre outros).
(10)

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As lesões causadas por trauma são aquelas, que são provocadas acidentalmente por:
Agentes mecânicos (contensão, perfuração ou corte); Agente químicos (iodo, cosméticos, ácido
sulfúrico, etc.); Agente físicos (frio, calor, radiação).

As lesões causadas úlceras (Escavadas, circunscritas na pele, formadas pela morte e


expulsão do tecido), são resultantes de traumatismo ou doenças relacionadas com o
impedimento do suprimento sanguíneo, podendo ser decorrentes de pressão, alterações
vasculares e complicações do Diabetes Mellitus. (10)

Quanto ao grau de contaminação as feridas podem ser limpas, limpas-contaminadas,


contaminadas e infectadas (são aquelas que apresentam sinais nítidos de infecção como edema,
calor, rubor e dor). (10)

Quanto ao tipo de cicatrização, as feridas podem ser, de cicatrização por primeira


intenção (feridas fechadas cirurgicamente com requisitos de assepsia e sutura de bordas, onde
não há perda de tecido e bordas da pele e seus componentes ficam justapostos); cicatrização
por segunda intenção (feridas em que há perda de tecidos e as bordas da pele ficam distantes;
nelas a cicatrização é mais lenta do que na de primeira intenção); cicatrização por terceira
intenção (feridas corrigidas cirurgicamente após a formação de tecido de granulação, ou para
controle de infecção, a fim de que apresentem melhores resultados funcionais e estéticos). (10)

A pele quando lesionada inicia imediatamente uma série de fases, denominada


cicatrização. A cicatrização é comum em todas as feridas independente do agente que a causou,
é dinâmico e está diretamente relacionado com as condições gerais do organismo e ocorre por
meio de um processo coordenado e uma cascata de eventos celulares, moleculares e
bioquímicos que interagem para que ocorra a restauração do tecido lesionado. Este processo é
composto pelas fases: inflamatória, proliferativa e de maturação. (10)

A fase inflamatória representa uma tentativa para eliminar o dano e se inicia


imediatamente após a lesão parando o sangramento, fechando a superfície da ferida e
removendo qualquer tecido necrótico, fragmentos estranhos ou bactérias presentes.

Sendo que após essa fase inicia se a fase proliferativa constituída por quatro etapas
fundamentais: epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de
colágeno. Esta fase tem início ao redor do 4º dia após a lesão e se estende aproximadamente até
o término da segunda semana. A epitelização ocorre precocemente. Se a membrana basal estiver

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intacta, as células epiteliais migram em direção superior, e as camadas normais da epiderme
são restauradas em três dias. Se a membrana basal for lesada, as células epiteliais das bordas da
ferida começam a proliferar na tentativa de restabelecer a barreira protetora. A angiogênese é
estimulada pelo fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), e é caracterizada pela migração de
células endoteliais e formação de capilares, essencial para a cicatrização adequada. (11)

A parte final da fase proliferativa é a formação de tecido de granulação. Os fibroblastos


e as células endoteliais são as principais células da fase proliferativa. (11)

Na fase de maturação ou remodelamento ocorre a deposição de colágeno de maneira


organizada, por isso é a mais importante clinicamente. O colágeno produzido inicialmente é
mais fino do que o colágeno presente na pele normal. Com o tempo, o colágeno inicial é
reabsorvido e um colágeno mais espesso é produzido e organizado ao longo das linhas de
tensão. (11)

Estas mudanças se refletem em aumento da força tênsil da ferida. A reorganização da


nova matriz é um processo importante da cicatrização. Fibroblastos e leucócitos secretam
colagenases que promovem a lise da matriz antiga. A cicatrização tem sucesso quando há
equilíbrio entre a síntese da nova matriz e a lise da matriz antiga, havendo sucesso quando a
deposição é maior. Mesmo após um ano a ferida apresentará um colágeno menos organizado
do que o da pele sã, e a força tênsil jamais retornará a 100%, atingindo em torno de 80% após
três meses. (11)

O leito de uma lesão e o tipo de tecido presente, são geralmente indicativos da fase da
cicatrização, bem como evolução e eficácia do tratamento quando já instituído. Tecido viável é
o tecido formado no processo de cicatrização, com objetivo de reconstituição da área lesada,
apresentando tecido vermelho vivo (tecido de granulação) característico de tecido conjuntivo
altamente vascularizado. Enquanto o tecido inviável é aquele que está desvitalizado, geralmente
composto por necrose ou esfacelo, relacionado aos diferentes níveis de morte tecidual. (8)

Os principais tecidos que podem ser encontrados no leito das lesões são: Necrose
(geralmente de coloração enegrecida e que pode ter consistência dura, sendo considerada
necrose seca/ escara, ou mole, considerada úmida); Esfacelo (tecido necrosado de consistência
delgada, de coloração amarela ou acastanhada, podendo estar aderida ao leito e margens da
ferida ou frouxamente ligada ao leito); Granulação: (tecido avermelhado umedecido e firme,

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indicativo de boa evolução do processo cicatricial); Epitelização (tecido de cor rosada,
indicativo de encerramento da ferida, geralmente surge a partir das margens); Hipergranulação
(excesso de tecido de granulação, que se forma para além do nível do leito da ferida, gerando
tensão nos bordos. Impede a migração das células epiteliais basais e consequentemente a
cicatrização). (8)

6.1 TRATAMENTO E FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO

Segundo o Manual de Avaliação e Tratamento de Feridas do Hospital das Clínicas de


Porto Alegre realizado pelos enfermeiros do hospital e professores da Escola de Enfermagem e
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, “O tratamento
envolve a avaliação das condições clínicas do paciente, o uso de analgésicos, o cuidado com o
curativo, e o desbridamento do tecido inviável. Também é necessário a avaliação diária da
evolução da ferida no sentido de continuar ou modificar as condutas até então estabelecidas”.
(10)

A avaliação da ferida, depende de diversos fatores que devem ser considerados para que
o processo de cicatrização seja eficaz. A idade avançada interfere do funcionamento de todos
os sistemas fisiológicos e corporais, com a pele não é diferente, há uma diminuição progressiva
da quantidade de colágeno, diminuindo a elasticidade, se tornando um fator de risco para o
surgimento de lesões. (10)

O estado nutricional deficiente pode dificultar a cicatrização, pois deprime o sistema


imune e diminui a qualidade da síntese de tecido de reparação. As proteínas são fundamentais
para o processo cicatricial, desde a síntese do colágeno, proliferação epidérmica, até a
neurovascularização. Outros nutrientes também são de extrema importância, como por
exemplo, vitamina C, importante para a produção de fibroblastos e integridade capilar,
vitaminas do complexo B, importante para função linfocitária e produção de anticorpos, os
oligoelementos: ferro, cobre e manganês que contribuem para formação de colágeno e a água,
sendo o mais importante nutriente que compõe todas as atividades celulares e funções
fisiológicas. (10), (12)

A imobilidade limita e reduz a cicatrização da ferida, por diminuir o aporte sanguíneo e


aumentar o risco de isquemia tecidual. A falta de vascularização diminui a perfusão tissular, a
alteração do fluxo sanguíneo normal pode alterar a distribuição dos nutrientes nas células, assim

20
como a dos componentes do sistema imune do corpo. Essas condições afetam a capacidade do
organismo de transportar células de defesa e antibióticos, dificultando o processo de
cicatrização. Um dos fatores que ocasiona a falta de vascularização são as doenças crônicas
como diabetes mellitus, que reduz a resposta inflamatória aumenta o risco de infecção, a
insuficiência renal que interfere na manutenção da pressão arterial, no equilíbrio
hidroeletrolítico e no processo de coagulação, causando a falta de vascularização tissular
retardando o processo de reparação tecidual. (13)

Obesidade também interfere na cicatrização pois o tecido adiposo necessita de


suprimento e sangue adequado para resistir a uma infecção bacteriana e liberar os nutrientes e
elementos celulares para a cicatrização. (14)

O tabagismo causa deficiência de vitaminas pois o fumo age como inibidor do apetite,
levando ao risco de desnutrição, também ocorre a deficiência das vitaminas B1, B6, B12,
vitamina C, e de minerais pelo consumo de substâncias tóxicas. Além desses, estão relacionados
ao tabagismo a redução de hemoglobina funcional, levando a disfunção pulmonar reduzindo o
aporte de oxigênio para as células dificultando a cura da ferida. Portanto o tabagismo oferece
riscos a cicatrização. (14)

Infecção é a causa mais comum no retardo da cicatrização, a presença de infecção


prolonga a fase inflamatória do processo cicatricial, provoca destruição tecidual, retarda a
síntese do colágeno e impede a epitelização. (14)

Os medicamentos corticosteroides, quimioterápicos, radioterápicos, drogas anti-


inflamatórias e imunosupressores podem reduzir a cicatrização de feridas pois interfere na
resposta imunológica normal à lesão. Eles interferem na síntese proteica ou divisão celular,
agindo diretamente na produção de colágenos. Além do mais, aumentam a atividade da
colagenase, tonando a cicatriz mais frágil. (12)

Diante do que foi descrito a cima sobre a fisiologia da pele, classificação de feridas e
fatores que interferem na cicatrização, correlacionaremos o uso de Oxigenoterapia Hiperbárica
com sua ação terapêutica sobre a cicatrização de lesões.

21
7. OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA

A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) é uma modalidade terapêutica definida pela


inalação de 100% de oxigênio com a maior pureza possível sendo que o paciente
necessariamente precisa está submetido a uma pressão maior que a atmosférica – 1 atmosfera
absoluta (ATA), estando este em uma câmara hiperbárica. (15)

As Câmaras hiperbáricas são equipamentos resistentes a pressão e podem ser de dois


tipos: monopaciente (que permite apenas acomodação do próprio paciente, pressurizada, em
geral, diretamente com 02) e multipacientes (de maior porte, pressurizadas com ar comprimido
e com capacidade para várias pessoas simultaneamente). (16)

O objetivo principal da OHB é fornecer o maior aporte de oxigênio possível aos tecidos
que estão submetidos à hipóxia em algumas situações patológicas, gerando um estado de
hiperóxia no indivíduo. Este gás em excesso no organismo além de saturar completamente a
hemoglobina (a via mais importante de transporte de oxigênio), será também direcionado aos
tecidos dissolvido no plasma que, nas condições ambientais de ventilação espontânea ao nível
do mar, não possui relevância quanto ao fornecimento de oxigênio às células, porém nas
condições hiperbárica passa a se constituir em um meio de oferta de grande importância. (15)

As pressões usadas na aplicação da oxigenação hiperbárica variam de 2 a 3 ATA as


quais possibilitam que o oxigênio se dissolva cerca de 17 vezes mais no plasma do que nas
condições ambientais e promova aumento da pressão parcial arterial de oxigênio em até 22
vezes, o que proporciona que este gás se difunda para tecidos mais profundos. Há documentação
de que o volume de oxigênio dissolvido no plasma passa a suprir quase que totalmente as
necessidades dos tecidos em repouso sem auxílio do gás transportado pela hemoglobina. (15)

Além de promover a melhor distribuição de oxigênio pelas estruturas orgânicas, foi


evidenciado que a OHB gera diversos efeitos funcionais interessantes. São estes a redução de
bolhas gasosas nos vasos e nos tecidos favorecendo a reabsorção ou eliminação destes,
vasoconstricção de arteríolas e vênulas que contribui para proteção endotelial contra espécies
reativas de oxigênio e redução de edemas – não interfere de forma significativa na oferta de
oxigênio; imunomodulação propiciando modulação negativa da resposta inflamatória (promove
a diminuição da adesão neutrofílica aos tecidos e redução da síntese de citocinas inflamatórias
– IL-1, IL-6 e TNF-α – assim como melhor expressão de IL-10 e redução de apoptose) e

22
aumento da neovascularização pela estimulação dos macrófagos e dos fibroblastos (liberação
de fatores de crescimento e aumento da síntese de matriz colágena). Há também atuação nas
infecções exercendo papel bactericida e/ou bacteriostático conveniente por fomentar a
produção de especiais reativas de oxigênio o que otimiza a função das células fagocitárias –
especialmente os neutrófilos – combaterem diretamente às bactérias anaeróbias, bloquear a
produção de algumas toxinas bacterianas e agir de forma sinérgica com alguns antibióticos
melhorando o seu papel. (15)

7.1 INDICAÇÕES

As indicações para a utilização da Câmara Hiperbárica no Brasil, foram regulamentadas


pelo Conselho Federal de Medicina, de acordo com a resolução CFM 1457/95. O paciente
deverá ser avaliado e encaminhado para o tratamento com Oxigenoterapia Hiperbárica por um
médico. Para uma melhor assistência e acompanhamento do caso, é necessário realizar registros
fotográficos da lesão, informando também ao paciente, o número de sessões necessárias, que
varia de acordo com a patologia (protocolo de OHB) (16), podendo ser realizada pelos
profissionais médico ou enfermeiro.

A utilização da OHB é reservada para Lesões em áreas nobres: face, mãos, pés, períneo,
genitália, mamas; Lesões refratárias; recidivas frequentes; Recuperação de tecidos em
sofrimento; Condições clínicas em que seja o único tratamento; Lesões graves e/ou complexas;
Falha de resposta aos tratamentos habituais; Lesões com necessidade de desbridamento
cirúrgico; Piora rápida com risco de óbito. (16)

A Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica preconiza que para realização de


Oxigenoterapia Hiperbárica é necessário a utilização do protocolo de indicação de OHB
conforme RESOLUÇÃO CFM 1457 /95 e a utilização da Escala USP de gravidade
representados na figura 1 e 2 respectivamente. (17)

23
7.1.1 FIGURA 1 - PROTOCOLO DA SBMH – INDICAÇÕES DE OHB CONFORME
RESOLUÇÃO CFM 1457/95.

Fígura 1 (17)

24
7.1.2 FIGURA 2 - CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DA UNIVERSIDADE DE
SÃO PAULO - ESCALA “USP” DE GRAVIDADE - AVALIAÇÃO PARA
TRATAMENTO COM OHB.

Fígura 2 (17)

25
7.2 CONTRAINDICAÇÕES

A OHB não é indicada como tratamento para lesões com resposta satisfatória ao
tratamento habitual (17) e apresenta como contraindicações absolutas o uso das seguintes drogas:
doxorrubicin, dissulfiram, cis-platinum. A gravidez também se apresenta como contraindicação
absoluta. Contraindicações Relativas citamos as infecções das vias aéreas superiores, DPOC
com retenção de CO2, hipertermia, história de pneumotórax espontâneo e as infecções virais
na fase aguda. (17)

Também são contraindicados vestimentas compostas de fibras sintéticas (nylon), lentes de


contato, próteses auditivas e portadores de marca-passos externos. (18)

Deverá ser evitado o contato com graxa, óleo, gordura ou álcool antes das sessões, uso de
celulares, relógios, equipamentos elétricos em geral, tais como equipamentos sonoros,
isqueiros, fósforos, cigarros e afins (cachimbo, charutos, cigarrilhas etc). (18)

Curativos: curativos à base de Povidine Tópico ou Degermante não deverão ser usados no
período mínimo de 6-8 horas antes do horário da sessão; aqueles à base de gaze vaselinada ou
furacinada, óleos minerais ou vegetais (e/ou outros produtos similares) não são permitidos e
deverão ser removidos antes da sessão. (18)

7.3 EFEITOS COLATERAIS

Os efeitos colaterais da OHB estão relacionados à variação da pressão e/ou toxicidade


do oxigênio. A toxicidade do oxigênio está relacionada à dose oferecida e ao tempo de
exposição ao tratamento hiperbárico. As toxicidades pulmonar (inexistente com doses clínicas
de OHB) e neurológica são as mais importantes. (5)

Os efeitos colaterais da OHB são os seguintes: Toxicidade pulmonar: tosse seca, dor
retrosternal, hemoptóicos e edema pulmonar; hemorragia em vias aéreas superiores. Os efeitos
adversos pulmonares aparecem com pouca frequência na prática clínica, pois estão ligados a
exposição prolongadas ao ambiente hiperóxido. Toxicidade neurológica: parestesias e
convulsão (1:10.000 tratamentos); Desconforto e barotrauma auditivos; Desconforto em seios
da face, alterações visuais transitórias e excitabilidade. (5)

26
7.4 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NA OHB.

Ressalta-se que a profissão de enfermagem na OHB está regulamentada pela Lei


7.498/1986 e pelo decreto 94.406/1987, que determina como atividades privativas do
enfermeiro, planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação da assistência de
enfermagem; consulta de enfermagem e prescrição da assistência de enfermagem. (19)

A atuação da enfermagem na medicina hiperbárica, está descrito no capítulo 13 do


Manual da Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica e compreende que os serviços de
Medicina Hiperbárica registrados na SBMH devem ter o profissional enfermeiro (a)
responsável pelo serviço, de acordo com a Legislação do COREN (Conselho Regional de
Enfermagem). (16)

O Enfermeiro (a) deverá ter formação na área de Medicina Hiperbárica em algum dos
cursos reconhecidos ou oferecidos pela SBMH, sendo responsável pela seleção e treinamento
da equipe de enfermagem, sendo que todo profissional que exerce função na câmara hiperbárica
deverá estar sob supervisão direta do enfermeiro, que tem como atribuições no serviço de OHB:
responder tecnicamente pela equipe de enfermagem, conforme leis vigentes; elaborar escalas
de serviço e dimensionamento do quadro de enfermagem (COFEN 293/2004); participar nas
avaliações dos pacientes; elaborar Manual de Normas e Rotinas da enfermagem; supervisionar
o serviço da equipe de enfermagem; verificar anualmente junto ao COREN a regularização dos
profissionais de enfermagem, elaborar instrumento para implementação da Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE); realizar treinamentos periódicos da equipe de enfermagem;
realizar avaliação de desempenho da equipe com periodicidade semestral ou anual; medir e
registrar os indicadores de qualidade do serviço; liderar e coordenar as atividades da equipe de
enfermagem; prestar atendimento aos pacientes e acompanhantes; e outras atividades
assistências , gerenciais e educação permanente pertinentes a profissão. (20)

Também, as atividades desenvolvidas em OHB requerem conhecimentos sobre normas


de segurança de pessoas e equipamentos, de protocolos de tratamento, dos efeitos terapêuticos
e adversos, das leis da física de mergulho que fundamenta o tratamento, além das complicações
das atividades hiperbáricas. (20)

Diante do que foi apresentado, entende-se que a equipe de enfermagem pode atuar no
tratamento de Câmara de Oxigenoterapia Hiperbárica desde que suas ações sejam respaldadas

27
e registradas através da elaboração do processo de enfermagem, previsto na Resolução COFEN
358/2009. (20)

28
8. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo temos como objetivo apresentar 9 artigos em ordem retrospectiva que
abordam trabalhos realizados com Câmara Hiperbárica utilizada como tratamento coadjuvante
para Síndrome de Fournier, Doença vascular periférica, Lesões em extremidades de Membros
Inferiores, Úlceras Venosas, Pés Diabéticos, Lesões traumáticas e Queimaduras e o papel do
enfermeiro no tratamento de OHB.

8.1 ESTUDO 1

Iniciaremos com um estudo realizado em 2017 intitulado “Cicatrização De Lesões


Tissulares Na Perspectiva Da Oxigenoterapia Hiperbárica”, utilizando como método a revisão
bibliográfica, em bases de dados como BIREME e SCIELO, revistas e livros da área da saúde
encontrados no acervo do Centro Universitário UNIRG e do SENAC de Gurupi- TO, no período
de 1985 a 2010, sendo encontrado artigos na língua portuguesa. (21)

Obteve como resultado que a oxigenoterapia hiperbárica tem como efeito no processo
cicatricial a correção da hipóxia tecidual, normatização da atividade leucocitária, intensificação
da atividade fibroblástica, estimulação da formação de novos vasos em lesões hipoxias,
normatização das concentrações de oxigênio nos ossos, ação de sinérgia com os antibióticos,
modificação do ambiente bioquímico das bactérias, potencialização de alguns antibióticos, ação
bactericida e bacteriostática, diminuição da concentração de radicais livres e vasoconstrição
com ação antiedematogênica especifica. (21)

Dessa forma, a autora também observou em sua revisão da literatura que a associação
do tratamento tópico e convencional de feridas juntamente com o emprego da oxigenoterapia
hiperbárica auxilia na intensificação das etapas do processo cicatricial, assim, reduzindo o
tempo de cicatrização das lesões tissulares. (21)

8.2 ESTUDO 2

Já no ano de 2016 foi publicado o artigo “Oxigenoterapia hiperbárica para tratamento


de feridas”, da Revista Gaúcha de Enfermagem, que utilizaram como método, um estudo
transversal, onde foi conduzido em um Centro Hiperbárico Norte Nordeste localizado na cidade
do Salvador, Bahia, referência no Estado em terapia hiperbárica. O Serviço possui uma câmera

29
hiperbárica multiplace (câmera capaz de tratar vários pacientes ao mesmo tempo) de última
geração, com capacidade de até 10 pacientes por sessão. A amostra do estudo foi constituída
por todos os pacientes com feridas que foram submetidos à terapia hiperbárica no período de
janeiro a dezembro de 2012. A coleta de dados foi realizada por meio de consulta aos
prontuários arquivados no serviço de prontuários da instituição, no período de janeiro a
novembro de 2013. (22)

No estudo foram analisados 200 prontuários dos pacientes com feridas que realizaram
tratamento com OHB no período considerado para o estudo. Os resultados foram apresentados,
em tabelas de distribuição de frequências de variáveis da pessoa, clínicas, tipo de ferida, além
de associação entre indicação para OHB, número de sessões realizadas e cicatrização/redução
da ferida ao final do tratamento. Observa-se maiores frequências para: faixa etária de 50 a 92
anos (média de 54, mediana de 57 e desvio-padrão de 18), do sexo masculino, procedentes da
Capital e não tabagistas. Considerando a profissão, verifica-se maior frequência para as
ocupações mal especificadas, na qual estão incluídos “inativos” e “desempregados”, e quanto
às doenças associadas o diabetes mellitus e as cardiovasculares apresentaram maior frequência.
Dentre os pacientes com feridas com indicação de OHB, verificou-se que as mais frequentes
foram: úlcera venosa (21%) e lesão traumática (21%), seguidas por pé diabético (17%). O
número de sessões variou de 04 a 90 (média de 29,7, mediana de 30 e desvio-padrão de 14,6).
Uma maior frequência de pacientes com feridas crônicas (88) realizaram um menor número de
sessões e tiveram suas feridas cicatrizadas ou reduzidas (119) quando comparados com aqueles
que apresentavam feridas agudas. Quanto à cicatrização ou redução da ferida ao final do
tratamento, observou-se diferença estatística significante. (22)

Os resultados encontrados quanto à indicação da OHB, segundo número de sessões por


tipo de ferida, demonstraram que a maior frequência de pacientes, tanto com feridas crônicas
como agudas realizaram até 30 sessões de tratamento. O presente estudo demonstra que o
número de sessões e a consequente cicatrização contribuem para a prática de enfermeiros, tanto
especialistas (estomaterapeutas ou dermatoterapeutas), como daqueles que integram a equipe
interdisciplinar nos hospitais. (22)

Os resultados aqui encontrados quanto à indicação da OHB, segundo número de sessões


por tipo de ferida, demonstrou que a maior frequência de pacientes, tanto com feridas crônicas
como agudas realizaram até 30 sessões de tratamento, este número de sessões corresponde à

30
recomendação da literatura, segundo a qual o recomendado para o tratamento de feridas
crônicas é de 30 a 40 sessões de tratamento, em 2,4 Atmosferas de oxigênio, durante 90 minutos
por sessão, com um limite máximo de até 60 sessões para feridas que respondem lentamente.
(22)

Quanto ao resultado ao final do tratamento, conforme registrado em prontuário,


observou-se que a maior frequência dos pacientes com feridas crônicas submetidos à OHB
conseguiu a cicatrização de suas feridas, com diferença estatisticamente significativa em
relação ao grupo que apresentava feridas agudas. (22)

Estes resultados fornecem informações relevantes quanto aos principais tipos de feridas
com indicação para OHB e demostram que esta terapia pode ser um adjuvante importante para
tratamento convencional de pacientes com feridas crônicas, auxiliando os enfermeiros a prestar
uma assistência de melhor qualidade. Consideraram também que a razão usual para um paciente
com uma ferida complexa ser encaminhado para a OHB é porque todas as outras terapias
falharam após quatro a cinco semanas. O enfermeiro deve considerar a opção de OHB em casos
de feridas hipóxicas (devido a isquemia) que demonstram reversibilidade em condições
oferecidas pela terapia. (22)

8.3 ESTUDO 3

O artigo publicado em 2014, “Análise dos custos de pacientes internados na Santa Casa
Misericórdia de Campo Grande, tratados com e sem auxílio de oxigenoterapia hiperbárica”,
apresenta um estudo realizado com o objetivo de comparar os dois grupos de pacientes
queimados com e sem tratamento coadjuvante com Oxigenoterapia Hiperbárica, assim como,
realizar uma análise dos custos dos mesmos. (23)

Utilizaram como métodos, um estudo retrospectivo, período de 2011 a 2013,


selecionando, 20 pacientes com queimaduras moderadas e graves, tratados com auxílio de OHB
(grupo I) e 22 pacientes sem auxílio de OHB (grupo II). Obtiveram como resultado que a
maioria dos pacientes pertencia ao sexo masculino, 24 pacientes (57,1%). O agente etiológico
mais frequente nos dois grupos foi produtos inflamáveis com 56,6% dos casos. A idade média
do grupo I foi de 26,6 e a do grupo II 23,3, predominando a faixa etária entre 13 e 35 anos
50,4% dos pacientes. Custo médio final por paciente do Grupo I foi R$17.292,00, e grupo II
R$25.360. (23)

31
Concluíram que no serviço, o grupo de pacientes com queimaduras moderadas e graves
tratados com auxílio da Oxigenoterapia Hiperbárica teve um menor número de procedimentos
cirúrgicos, como enxertos e desbridamento, e menor tempo de internação. E que a OHB também
restaura os níveis diminuídos de ADP, reduz os níveis elevados de lactatos e das fosforilases,
mantém a integridade da microcirculação e fornece os substratos essenciais para manter a
vitalidade dos tecidos vizinhos à área queimada, bloqueando a progressão da lesão. Esses
efeitos reduzem a necessidade de enxertos, o tempo de hospitalização, o índice de infecção, a
mortalidade levando a uma economia importante dos gastos hospitalares. (23)

8.4 ESTUDO 4

O artigo “Oxigenoterapia Hiperbárica para Tratamento de Feridas Crônicas: Análise


Retrospectiva do Desfecho de Solicitações Judiciais”, publicado pela revista da Associação
Brasileira de Estomaterapia em 2012. Utilizaram como método um estudo descritivo,
retrospectivo, do tipo documental, baseado em análise de registro em prontuários de usuários
adultos e idosos com feridas crônicas, cadastrados na SMS-RP (Secretaría Municipal de Saúde
de Ribeirão Preto), com solicitação médica para tratamento com câmara hiperbárica pelo SUS
e que constavam na Planilha de Processos Judiciais do SAD (Serviço de Atenção Domiciliar).
Os critérios de exclusão foram: prontuários de usuários que não foram avaliados pela equipe do
SAD após a abertura do processo judicial (por óbito ou por não concordarem com o
acompanhamento) e prontuários de usuários que tiveram alta do serviço até dezembro de 2010.
(24)

No período do estudo, 152 usuários foram cadastrados na planilha de processos judiciais


do SAD. Atendendo aos critérios propostos, foram analisados 86 prontuários, sendo que 75
usuários eram provenientes de serviços privados ou convênios e 11 de serviços públicos. Na
avaliação inicial pela equipe do SAD, identificou-se que os 86 (oitenta e seis) usuários
apresentavam entre 1 a 12 (uma e doze feridas), com um total de 168 (cento e setenta e oito).
Os membros inferiores constituíram o local mais frequente de localização das feridas, já que a
maioria era úlcera venosa. As úlceras venosas representam a maior parte das úlceras de perna,
seguidas de úlceras neuropáticas associadas às áreas de pressão e sujeitas aos traumas como os
pés. (24)

32
No presente estudo, identificou-se que os usuários tinham a úlcera venosa por longos
períodos de tempo. As recomendações para o tratamento tópico de úlcera venosa embasado em
evidências destacam que o cuidado requer, além da terapia tópica, a realização de tratamento
básico da hipertensão venosa, utilizando o repouso e a terapia compressiva, cuja falta de
controle contribui para as altas taxas de recorrência. (24)

Ao investigar os registros realizados pela equipe de enfermagem nos prontuários


utilizando os componentes da escala PUSH observou-se que os usuários apresentaram a ferida
sem obter resultado significativo na cicatrização, o que pode explicar as ações do indivíduo em
buscar obter judicialmente uma terapia inovadora e divulgada na mídia da cidade como capaz
de dar resultados positivos no tratamento de feridas crônicas. (24)

A OHB adicionada ao tratamento padronizado das lesões resultou em melhoria


significativa na cicatrização da ferida, porém esse benefício não permaneceu em longo prazo.
Em termos de amputação, a OHB não parece reduzir significativamente a taxa de pequenas
amputações, porém há redução significativa de amputação acima do tornozelo. Além disso, a
revisão identificou um estudo com dezesseis participantes com úlceras venosas que obtiveram
benefícios significativos na redução da área de ferida após seis semanas de OHB porém, sem
cicatrização total. Esses achados mostram que nem todas as feridas se beneficiam com a terapia
com OHB e, portanto, nem todas são candidatas para receber esse tipo de tratamento. (24)

Porém, sua eficácia parece maior quando a OHB é usada como terapia coadjuvante no
tratamento das feridas de difícil cicatrização, notavelmente naquelas que se apresentam
cronicamente hipóxicas como, por exemplo, as feridas de extremidades inferiores em diabéticos
que podem levar a amputações, e as úlceras isquêmicas que demonstram resposta positiva ao
estímulo de aumento da pressão de O2. (24)

O estudo também afirma que, a literatura evidencia que em algumas situações a OHB
contribui efetivamente no tratamento das feridas crônicas, ao reduzir o tempo no processo de
reparação, impedir amputações, aumentar a vitalidade de enxertos e retalhos comprometidos,
diminuir o custo da doença e aumentar a qualidade de vida dos pacientes. (24)

Por fim, os resultados encontrados neste estudo demonstraram que, apesar do uso da
OHB em conjunto com a terapia tópica, grande parte dos pacientes não apresentou cicatrização
das feridas e continuou em acompanhamento pela equipe, após as sessões de OHB. Em

33
contrapartida, os pacientes que não realizaram a OHB, mas que também tiveram seguimento
pela equipe do SAD e utilizaram as terapias disponibilizadas de acordo com o protocolo da
SMS–RP, apresentaram maior frequência de cicatrização. Portanto, sabe-se que a terapia com
OHB tem um elevado custo e que deve ser utilizada como co-adjuvante, de maneira que
desfechos positivos sejam obtidos. Assim, torna-se necessária a realização de outros estudos
prospectivos, randomizados e de intervenções para a proposição de protocolos de condutas que
considerem a realidade dos serviços de saúde no país. (24)

8.5 ESTUDO 5

O trabalho realizado em um Hospital de referência no sul catarinense no ano de 2012


que apresenta “Uma experiência inicial da terapia hiperbárica na Síndrome de Fournier”,
publicado em 2012. Utilizaram como método uma coleta e análise de dados dos prontuários de
11 pacientes que tinham o diagnóstico de Gangrena de Fournier entre o período de março de
2010 a abril de 2011 no Hospital São José na cidade de Criciúma- SC. Como critério de inclusão
no estudo, o paciente deveria ter sido submetido ao tratamento de oxigenoterapia hiperbárica.
Dentre os 11 pacientes, três foram excluídos do estudo, pois não tinham condições clínicas e
fazer o deslocamento até a máquina de OHB. Dos casos selecionados obtiveram-se informações
registradas nos prontuários, onde incluíam-se os dados de idade, sexo, localização da lesão,
tempo de internação hospitalar, agente etiológico, procedimentos cirúrgicos, número de sessões
com oxigênio hiperbárico, complicações importantes ocorridas durante o tratamento e
mortalidade. Foi utilizada a escala “USP” de gravidade. (25)

Segundo o autor, obtiveram como resultado do estudo que, a Síndrome de Fournier,


ainda é responsável por elevado índice de morbi-mortalidade e não mais se considera que ela
seja de origem idiopática. A terapêutica com oxigênio hiperbárico deve ser considerada como
uma medida adjuvante ao tratamento clássico, uma vez que até o presente momento nenhum
tratamento foi estabelecido como padrão para a cura desta doença e taxas de morbi-mortalidade
ainda são altas. O estudo é uma experiência inicial, com número pequeno de pacientes, porém
com excelentes resultados nos casos realizados. Grandes partes dos estudos demonstram uma
menor taxa de mortalidade quando a OHB é utilizada e novos trabalhos são necessários para
comprovar esta real eficácia deste método. (25)

34
8.6 ESTUDO 6

A seguir apresentaremos um trabalho sobre as “Características De Usuários Submetidos


À Oxigenoterapia Hiperbárica Num Serviço Especializado” realizado em 2012 desenvolvido
em um hospital de pequeno porte localizado na cidade de Ribeirão Preto - SP, cuja capacidade
era de 26 leitos, com setor específico para tratamento com OHB. Incluíram-se todos os
prontuários de clientes que iniciaram o tratamento de OHB a partir de agosto/2006, e cuja
conclusão do tratamento ocorreu até dezembro/2009. (26)

Utilizaram como método um estudo descritivo, retrospectivo por abordagem


quantitativa. Os resultados possibilitaram caracterizar a população e identificar as
características das lesões, classificadas por agrupamento em diversos tipos, assim como a forma
da alta hospitalar e os convênios utilizados, dentre outros aspectos. Analisadas e classificadas
a cada dez anos, a faixa etária teve uma variação predominante entre as pessoas do sexo
masculino, de 31 a 40 anos correspondendo a 21,4%, para a feminina, 23,7% com idade a partir
de 70 anos. A média de sessões demonstrou que 39% dos clientes necessitaram até 10 sessões
e a maioria dos sujeitos recebeu alta médica (78%) demonstrando a eficácia do tratamento.
Quanto ao tipo de lesões tratadas por OHB, a predominância ocorreu no grupo das lesões
traumáticas, na população masculina, com 33,9% do total de sujeitos. (26)

Por ocasião da coleta dos dados não foram encontradas informações relativas ao grau
de instrução e à renda salarial em alguns dos prontuários analisados, prejudicando a
apresentação dos dados do estudo. O grau de instrução pode facilitar ou dificultar o
entendimento e o tratamento, assim como a renda salarial pode influenciar direta ou
indiretamente a evolução do tratamento pela OHB, pois, por sua característica adjuvante, requer
cuidados complementares por meio de curativos para as lesões, com soluções, pomadas, cremes
específicos, muitas vezes de alto custo. É fundamental a preparação e o aprimoramento da
equipe de enfermagem para esse tipo de cuidado, tendo em vista contribuir para a melhoria da
assistência de enfermagem a pessoas que necessitem desse tipo de terapia, independentemente
da instituição prestadora do serviço, pois auxilia no direcionamento e adequação das
ações/intervenções, especialmente em melhores resultados. (26)

35
8.7 ESTUDO 7

O artigo: “Benefícios da aplicação da oxigenoterapia hiperbárica na cicatrização de


feridas das extremidades inferiores”, realizado em 2012 publicado no Journal of Aging &
Inovation das autoras Cláudia Gomes e Cristiana de Jesus, teve como finalidade identificar os
benefícios da aplicação da OHB na cicatrização das feridas complexas, nomeadamente, ao nível
das extremidades inferiores. Utilizaram como método a formulação de uma pergunta: “Em
relação às pessoas adultas e idosas com feridas das extremidades inferiores, quais os benefícios
na cicatrização da aplicação da OHB?”. Foi realizada uma pesquisa em várias fases, tendo sido
consultados o motor de busca EBSCO, com acesso a várias bases de dados e selecionados os
artigos com as palavras-chave definidas. Os artigos selecionados identificam vários efeitos
benéficos da OHB na cicatrização de feridas das extremidades inferiores, principalmente, nas
úlceras de pé diabético. (27)

Concluíram com o trabalho que a OHB é um elemento importante para a cicatrização


da ferida complexa, quando usada como terapia adjuvante aos tratamentos habituais, acelerando
este processo. “O oxigênio atua como substrato para as enzimas envolvidas no processo
cicatricial, desempenhando importante papel: na epitelização; na síntese e depósito de
colágeno; na angiogênese; na resistência e combate à infecção” Assim, as recomendações para
o uso da OHB passam pela sua utilização sempre como terapia complementar aos tratamentos
tradicionais, onde a preparação do leito da ferida, o uso de apócitos adequadas às características
da ferida e o desbridamento devem ser a primeira linha de atuação. Contudo concluíram que
são necessários mais estudos, mais investigação científica para determinar os mecanismos
fisiológicos, bioquímicos e celulares da OHB na cicatrização de modo a fazer parte integrante
no tratamento de feridas. (27)

8.8 ESTUDO 8

O artigo “Perfil epidemiológico dos pacientes tratados com auxílio da Oxigenoterapia


hiperbárica no estado de mato grosso do sul de maio de 2007 a outubro de 2012”, publicado no
ano de 2013. Utilizou como método, um estudo retrospectivo dos pacientes que utilizaram
Oxigenoterapia Hiperbárica, de maio de 2007 a outubro de 2012, e que foram admitidos na
Santa Casa em Campo Grande. (28)

36
No estudo, todos os pacientes submetidos à OHB tinham o propósito de realizar o
número mínimo de sessões de câmara hiperbárica, ou seja, dez sessões, com o acréscimo de
mais sessões a critério do médico assistente. Os pacientes só não realizavam a OHB caso
houvesse algum comprometimento hemodinâmico. Dos 600 pacientes que utilizaram a
oxigenoterapia hiperbárica, 71% (425 pacientes) eram do sexo masculino. A cirurgia plástica
foi a especialidade que mais solicitou OHB associada ao tratamento convencional de seus
pacientes (71% do total de pacientes), sendo destes a maioria devido à lesão por queimadura
(82%). O intervalo de idade de maior prevalência foi dos 31 aos 60 anos. A média do número
de sessões de hiperbárica, dentre os pacientes com queimadura, foi entre 6 e 10 (66,19% do
total de queimados). (28)

Os autores concluíram que a maioria dos pacientes que necessitavam de oxigenoterapia


hiperbárica eram do sexo masculino devido as queimaduras moderadas a graves, sendo a
Cirurgia Plástica a especialidade que mais utilizou esta ferramenta como tratamento adjuvante.
E que quando bem indicada, a terapia coadjuvante de OHB gera benefícios. Também
concluíram que quando a OHB não é utilizada em fases iniciais do tratamento das queimaduras,
poderá haver indicação para seu emprego mais tardio em pacientes que estejam evoluindo
desfavoravelmente. Nesses casos, a indicação mais frequente é para tratamento de infecções
secundárias, tanto de áreas queimadas quanto de áreas doadoras, ou já enxertadas. O efeito
desejado é o controle da infecção e a restauração tecidual, como se obtém em infecções de outra
natureza. (28)

Ainda assim, o uso da OHB deve ser reservado àqueles casos nos quais algum benefício
possa ser efetivamente esperado; além disso, não deve ser encarado como um modo de
substituir algum ou todos os cuidados que a boa técnica do tratamento de queimaduras
preconiza. Alguns conceitos já estão estabelecidos como: Os tecidos normais e com oxigenação
adequada não ficarão “mais normais” com OHB; A OHB não promove reversão de lesões
definitivas (necrose, degeneração); A OHB pode e deve ser associada aos tratamentos
convencionais; Os tratamentos convencionais aplicados em associação com OHB necessitarão
sofrer modificações em quantidade e intensidade. (28)

37
8.9 ESTUDO 9

A tese de doutorado “O Cuidar e os Cuidados De Enfermagem Na Terapia Hiperbárica”


da publicada em 2006, foi a primeira tese de doutorado brasileira e da América Latina voltada
para essa temática. Assim, o presente estudo é entendido como ponto de partida para a
construção de um conhecimento científico, destinado à consolidação da enfermagem
hiperbárica no Brasil. Trata-se de um estudo descritivo de natureza quanti qualitativa, tendo
como tema o cuidar e os cuidados de enfermagem, realizados durante a terapia hiperbárica em
uma câmara do tipo multipaciente, localizada em Serviço de Medicina Hiperbárica na cidade
de Salvador-Ba entre os anos de 2004-2005. (29)

No trabalho, eles tiveram como objetivos: analisar as especificidades do cuidar e dos


cuidados de enfermagem dispensados aos pacientes durante a terapia hiperbárica, a partir das
suas manifestações e complicações e discutir as interferências do cuidar e dos cuidados de
enfermagem nas manifestações e complicações apresentadas pelos pacientes durante a terapia
hiperbárica. Foi realizado uma análise deu-se a partir das fontes de dados: observação das
imagens videogravadas, dos cuidados e das manifestações e/ou complicações apresentadas,
depoimentos coletados nas entrevistas estruturadas de 100 pacientes, além da consulta em
prontuário e livro de ordem e ocorrências. Os dados quantitativos foram submetidos a
tratamento estatístico e os qualitativos à análise de conteúdo. (29)

Os resultados revelaram que o ambiente hiperbárico é o principal elemento da


especificidade para o cuidar e os cuidados de enfermagem na terapia hiperbárica, pois é a partir
dele que irão ocorrer as manifestações e complicações decorrentes dessa terapia. Esses cuidados
visam prevenir as manifestações ou intervir diretamente nas complicações apresentadas e foram
categorizados em o cuidar e os cuidados em pré terapia contínuos, envolvendo os cuidados
admissionais; cuidado na trans-terapia, compreendendo os contínuos referentes ao ambiente,
expressivos e os cuidados de alerta. O cuidar expressivo e do ambiente na terapia hiperbárica
são de autonomia da enfermagem enquanto que os demais perpassam por cuidados
multiprofissionais. Assim, a intervenção do cuidar e dos cuidados na terapia resulta na
adaptação dos pacientes ao ambiente, contribuindo na dimensão da cura. (29)

38
9. CONCLUSÃO E DISCUSSÃO

Nesta revisão da literatura buscou-se descrever estudos realizados que comprovem a


utilização da OHB como terapia coadjuvante em lesões de difícil cicatrização. Os artigos
apresentam que a câmara hiperbárica tem ação efetiva no tratamento de regeneração e
cicatrização de lesões de diferentes causas e apresentações.

Dos 9 estudo incluídos (21) - (29) em 5 estão descritos que a terapia hiperbárica age no leito
da lesão como tratamento coadjuvante pois, para eficácia do tratamento é necessário a utilização
de outras terapias em conjunto com a OHB. Os estudos também nos revelam e evidenciam que
em lesões onde o índice de infecção é elevado o tratamento convencional é potencializado com
o uso da Oxigenoterapia Hiperbárica.

Segundo o estudo publicado em 2017 (21), onde buscou-se uma revisão de trabalhos entre
os anos de 1985 a 2010 em bases de dados científicas, concluiu-se que o uso da OHB é
intensificado com o uso dos tratamentos convencionais, favorecendo dessa forma o processo
de cicatrização. O autor afirma que a associação do tratamento tópico e convencional de feridas
juntamente com o emprego da oxigenoterapia hiperbárica auxilia na intensificação das etapas
do processo cicatricial, assim, reduzindo o tempo de cicatrização das lesões tissulares. (21)

O que coincide com o resultado encontrado por outro autor em um estudo (23) publicado
em 2014 onde conclui que no serviço, em que realizou uma coleta de dados de 200 prontuários
como todos pacientes com feridas que foram submetidos à terapia hiperbárica no período de
janeiro a dezembro de 2012, os tipos de feridas mais frequentes foram: úlcera venosa (21%) e
lesão traumática (21%), seguidas por pé diabético (17%). O grupo de pacientes com
queimaduras moderadas e graves tratados com auxílio da Oxigenoterapia Hiperbárica teve um
menor número de procedimentos cirúrgicos, como enxertos e desbridamento, e menor tempo
de internação. (23)

A OHB também restaura os níveis diminuídos de ADP, reduz os níveis elevados de


lactatos e das fosforilases, mantém a integridade da microcirculação e fornece os substratos
essenciais para manter a vitalidade dos tecidos vizinhos à área queimada, bloqueando a
progressão da lesão. Esses efeitos reduzem a necessidade de enxertos, o tempo de
hospitalização, o índice de infecção, a mortalidade, ocasionando menor tempo de internação
dos pacientes e consequentemente diminuição dos gastos hospitalares. (22)

39
Outro artigo (22) publicado em 2016, realizado entre os anos de 2012 e 2013 afirma que
a maior frequência dos pacientes com feridas crônicas submetidos à OHB conseguiu a
cicatrização de suas feridas, com diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo
que apresentava feridas agudas e demostram que esta terapia pode ser um adjuvante importante
para tratamento convencional de pacientes com feridas crônicas (22). Conclui também que estes
pacientes, geralmente buscam a oxigenoterapia hiperbárica quando todas as outras terapias
falharam, porém que a maior frequência dos pacientes com feridas crônicas submetidos à OHB
conseguiram a cicatrização de suas feridas. (22)

Foram realizados outros dois estudos (27), (28) no ano de 2012, onde ambos concordam
com a utilização da OHB como terapia coadjuvante. O primeiro realizou a formulação de uma
pergunta: “Em relação às pessoas adultas e idosas com feridas das extremidades inferiores,
quais os benefícios na cicatrização da aplicação da OHB?” e a partir daí concluiu que a OHB é
um elemento importante para a cicatrização da ferida complexa, quando usada como terapia
adjuvante aos tratamentos habituais, acelerando este processo. E que as recomendações para o
seu uso passam pela sua utilização sempre como terapia complementar aos tratamentos
tradicionais, e que a preparação do leito da ferida, e o desbridamento devem ser a primeira linha
de atuação. (27)

Enquanto, o outro estudo realizado no Mato Grosso do Sul (28), no mesmo ano, concluiu
que quando bem indicada, a terapia com a OHB gera benefícios e que quando a OHB não é
utilizada em fases iniciais do tratamento das queimaduras, poderá haver indicação para seu
emprego mais tardio em pacientes que estejam evoluindo desfavoravelmente. A cirurgia
plástica foi a especialidade que mais solicitou OHB associada ao tratamento convencional de
seus pacientes (71% do total de pacientes), sendo destes a maioria devido à lesão por
queimadura (82%). O intervalo de idade de maior prevalência foi dos 31 aos 60 anos. A média
do número de sessões de hiperbárica, dentre os pacientes com queimadura, foi entre 6 e 10
(66,19% do total de queimados). Nesses casos, a indicação mais frequente é para tratamento de
infecções secundárias, tanto de áreas queimadas quanto de áreas doadoras, ou já enxertadas. O
efeito desejado é o controle da infecção e a restauração tecidual, como se obtém em infecções
de outra natureza. (28)

Resultado semelhante foi encontrado em um terceiro estudo (25) realizado no ano de


2012, com Síndrome de Fournier, onde a câmara hiperbárica também foi indicada com o

40
objetivo de diminuir as taxas de morbi-mortalidade, visto que nesta patologia não existe um
tratamento padrão-ouro. Onde observa-se empiricamente uma melhora expressiva à utilização
da oxigenoterapia hiperbárica como terapêutica na Síndrome de Fournier e afirmam que deve
ser considerada como uma medida adjuvante ao tratamento clássico (25). Esse resultado dá-se
pela capacidade terapêutica que a OHB tem de diminuir o índice de infecção na lesão tecidual.
Afirmam também que, grande parte dos estudos demonstram uma menor taxa de mortalidade
quando a OHB é utilizada e novos trabalhos são necessários para comprovar esta real eficácia
deste método. (25)

Portanto os artigos anteriores (21) - (23), (25), (27)- (28) comprovam que o tratamento utilizando
OHB não deve ser encarado como um modo de substituir os outros cuidados e deve sempre ser
associado aos tratamentos convencionais como desbridamento da lesão tecidual e curativos
diários. E nos mostra que tem grande eficácia em lesões altamente infectadas e de difícil
cicatrização.

Durante a revisão da literatura encontramos somente um estudo que contradiz o que é


apresentado nos anteriores. Em 2012 (24), foi realizado um estudo com dezesseis participantes
com úlceras venosas que obtiveram benefícios significativos na redução da área de ferida após
seis semanas de OHB porém, sem cicatrização total. Os autores consideram que esses achados
mostram que nem todas as feridas se beneficiam com a terapia com OHB e, portanto, nem todas
são candidatas para receber esse tipo de tratamento e que apesar do uso da OHB em conjunto
com a terapia tópica, grande parte dos pacientes com úlceras venosas não apresentou
cicatrização das feridas e continuou em acompanhamento pela equipe, após as sessões de OHB.
(24)
Em contrapartida, os pacientes que não realizaram a OHB, mas que também tiveram
seguimento pela equipe utilizaram as terapias disponibilizadas de acordo com o protocolo,
apresentaram maior frequência de cicatrização. (24)

Em relação ao preparo da equipe de enfermagem foi encontrado somente 1 artigo (26) de


pesquisa publicado em 2012, que nos revela que é fundamental a preparação e o aprimoramento
da equipe de enfermagem para esse tipo de cuidado, tendo em vista contribuir para a melhoria
da assistência de enfermagem a pessoas que necessitem desse tipo de terapia,
independentemente da instituição prestadora do serviço, pois auxilia no direcionamento e
adequação das ações/intervenções, especialmente em melhores resultados. (26)

41
O que coincide com uma tese de doutorado (29) que revela que cuidar expressivo e do
ambiente na terapia hiperbárica são de autonomia da enfermagem enquanto que os demais
perpassam por cuidados multiprofissionais. Assim, a intervenção do cuidar e dos cuidados na
terapia resulta na adaptação dos pacientes ao ambiente, contribuindo na dimensão da cura. (29)

Finalizando a discussão, concluímos que a maioria dos artigos estudados, obtiveram


resultados satisfatórios com a utilização da Oxigenoterapia Hiperbárica como tratamento,
quando associada a outras terapias e que seu uso reduz o tempo de restauração de lesões de
difícil cicatrização. A câmara hiperbárica funciona como um pilar no tratamento de lesões
teciduais, os estudos nos mostram que a OHB é fundamental no controle de infecção e que seu
uso reduz o tempo de cicatrização ocasionando redução da mortalidade dos pacientes. Enquanto
os outros estudos associam também o papel da enfermagem, sendo que, durante a terapia o
paciente vivencia incertezas, medos e vulnerabilidade da vida, passando por fragilidade física,
clínica e emocional. É papel do enfermeiro acolher o paciente e favorecer que a terapia com a
Câmara Hiperbárica seja um momento em que ele se sinta o melhor possível. O enfermeiro
deve prestar o acolhimento adequado, dar todo o suporte necessário sanando dúvidas, dando
apoio emocional e realizando a avaliação clínica desde o momento que ele inicia a terapia
analisando o paciente como um todo, desde os sinais vitais, sistematização da assistência de
enfermagem, até análise de exames laboratoriais.

42
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos com o presente trabalho que a OHB é um elemento importante para a


cicatrização da ferida complexa, quando usada como terapia adjuvante aos tratamentos
habituais, acelerando este processo. Selecionamos então, 9 artigos (21) - (29) que nos direcionou
para nosso problema de pesquisa, comprovando a eficácia da Câmara Hiperbárica associada a
terapias complementares, fazendo com que o custo com internações, cirurgias e tratamentos
secundários se tornem superior quando comparados ao custo/benefício ocasionado pela OHB.

Lamentavelmente o seu uso é um método terapêutico pouco divulgado e acessível aos


clientes que necessitam de um método adjuvante e eficaz, pois seu custo é elevado e sua
disponibilidade ainda é limitada. Os seus mecanismos, efeitos fisiológicos e indicações
terapêuticas estão em constante estudos, investigação científica e desenvolvimento no sentido
de compreender melhor essa terapia, de modo a fazer parte no tratamento de feridas.

Os cuidados do enfermeiro frente a Oxigenoterapia hiperbárica exige ser um


profissional qualificado, treinado e capacitado a prestar o tratamento hiperbárico. Conhecer a
patologia do paciente, oferecer conforto, monitorar a sessão, prevenir complicações, e assegurar
estabilidade de todo o ambiente onde se presta o serviço, conhecer as políticas públicas e
normas oficiais relacionadas à segurança do paciente, ou seja, os cuidados de enfermagem
implicam em cuidados pré, trans e pós a oxigenoterapia hiperbárica, além de saber definir e
elaborar procedimentos operacionais e normas de conduta, visando à segurança de todos no
ambiente de trabalho. Durante o estudo observamos o quanto é pequena a literatura que sustenta
a atuação do enfermeiro frente a Oxigenoterapia Hiperbárica, portanto, sugerimos mais estudos
para nortear a assistência de enfermagem durante o tratamento.

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11. REFERÊNCIAS

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