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A REVOLUÇÃO

CONSERVADORA
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Indice

Aspectos e figuras da Revolução Conservadora alemã (1918-1932)

Algumas figuras

Especificidade da KR

Un Amor fati nietzscheano

As três grandes tendências da KR

A Revolução Conservadora e seu legado

Os visionários de um novo Reich

Arthur Moeller van den Bruck

Edgar Julius Jung

Oswald Spengler

Ludwig Klages

Spann e o Estado Unificado

Hans Zehrer

Werner Sombart

Ernst Jünger

Ernst Niekisch

Carl Schmitt

Karl Haushofer

As influências da revolução conservadora

Sobre a Revolução Conservadora

1
Introdução

O movimento revolucionário conservador foi um movimento conservador nacionalista alemão,


proeminente nos anos que se seguiram à Primeira Guerra Mundial. A escola conservadora do
pensamento revolucionário defendeu um novo conservadorismo e nacionalismo que fosse
especificamente alemão, ou prussiano em particular. Como outros movimentos conservadores no
mesmo período, eles procuraram pôr fim à maré crescente do liberalismo e do comunismo.

Os revolucionários conservadores basearam suas idéias em pensamento orgânico e não


materialista, em qualidade em vez de quantidade, e em Volksgemeinschaft (comunidade popular)
em vez de conflito de classe e "domínio da máfia". Esses escritores produziram uma profusão de
literatura nacionalista radical que consistiu em diários de guerra, combate a obras de ficção,
jornalismo político, manifestos e tratados filosóficos, descrevendo suas idéias para a
transformação da vida cultural e política alemã. Indignados pelo liberalismo e igualitarismo, e
rejeitando a cultura comercial da civilização industrial e urbana, defendiam a destruição da ordem
liberal, por meios revolucionários, se necessário, para abrir caminho para o estabelecimento de
uma nova ordem, baseada em princípios conservadores. O movimento teve uma grande influência
entre muitos dos jovens, universidades e classes médias mais talentosos da Alemanha.

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Aspectos e figuras da Revolução Conservadora alemã (1918-1932)

Na esteira de pais espirituais como Friedrich Nietzsche, o movimente revolucionário-conservador


desenvolveu-se, na aurora do século XX, como uma oposição radical aos sistemas ideológicos
nascidos das “Luzes”, da Revolução Francesa e do triunfo progressivo dos “valores” burgueses. A
sua expressão alemã constitui-se no ponto principal e é melhor conhecido desde o trabalho
monumental do historiador das ideias Armin Mohler. Resultante de um sentimento de crise face à
civilização capitalista moderna, esta corrente de ideias complexas esforçou-se por ultrapassar
aquela através de um novo modelo de sociedade civil e política. Malgrado a sua especificidade
alemã, a Konservative Revolution (KR) junta-se a outras tentativas na Europa de responder ao
desgaste causados pelo progresso destruidor de valores e das estruturas tradicionais.

Desejando conciliar libertação nacional e revolução social numa óptica identitária de «Terceira
via», nem de direita nem de esquerda, os representantes da KR formam a terceira família de
opositores à República de Weimar depois dos comunistas e dos nacional-socialistas. Geralmente
hostil ao «jacobinismo castanho» destes últimos, considerando-os como plebeus, totalitários e
massificadores, os autores da KR repartem-se, segundo Mohler, em três grandes famílias: os
jovens-conservadores, os nacional-revolucionários e os volkischen aos quais se juntam duas
cristalizações passageiras: nomeadamente as tendências relativas às Ligas de Juventude
(Bündische Jugend), herdeiras dos velhos Wandervögel, e o Landvolkbewegung (revolta
camponesa do Schleswig-Holstein).

Algumas figuras

Entre as figuras mais conhecidas, encontramos Arthur Moeller van den Bruck, Oswald Spengler e
Carl Schmitt nos jovens-conservadores; os irmãos Jünger, Ernst von Salomon e o nacional-
bolchevique Ernst Niekisch na família nacional-revolucionária; Herman Wirth, Ludwig Ferdinand
Clauss e Hans F.K. Gunther entre os volkischen.

Para o escritor berlinense Arthur Moeller van den Bruck, reunindo as suas forças vivas o povo seria
capaz de por si só inverter o processo de divisão inerente ao grande capital. O seu Das Dritte Reich
(que deveria intitular-se no início O Terceiro Partido) publicado em 1922 queria-se por um lado
“revolucionário”, “socialista”, “proletário” – de acordo com o “direito dos povos jovens”. Ele
afirma que ser conservador, é criar os valores que merecem ser conservados e pretende que o seu
socialismo nacional seja capaz de recriar uma comunidade destruída pela sociedade moderna. A

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dialéctica entre esses dois termos, retomando a antítese cultura/civilização, tem um aspecto
formal (“Devemos ter a força de viver nas contradições” disse ele), mas trata-se, antes de tudo, de
acabar com Weimar em nome de valores superiores. Para ele a nação havia tomado o lugar do
proletariado como sujeito-objecto da história (versão marxista), havia se tornado a última razão
(versão liberal), uma ideologia heróica capaz de aristocratizar as massas, uma terceira frente,
entre o liberalismo humanista (unido pelo conservadorismo modernizado e liberalizado e por uma
social-democracia revisionista) e o socialismo marxista que combate a exploração capitalista mas
permanece animado pelo mesmo projecto de igualdade abstracta.

Oswald Spengler, frequentemente apresentado – e um pouco rapidamente – como um profeta do


declínio, surge como outro grande pensador da KR. Ele não possuía segundo ele próprio sentido
geral da história, a humanidade não sendo senão uma entidade abstracta, sendo as únicas
unidades históricas reais as culturas que um método de morfologia histórica permite identificar e
estudar. A história universal não é mais do que a biografia comparada das culturas movidas por
uma necessidade imanente que é o seu “destino”. Em oposição ao seu método interpretativo, o
tema da cultura ocidental e do seu declínio (a fase do declínio corresponde, no vocabulário de
Spengler, à civilização) tem uma tonalidade trágica. Defendendo uma concepção orgânica das
civilizações, para ele só a Alemanha – como Roma que absorveu e continuou a herança grega –
pode assegurar a sobrevivência do Ocidente, declinação de um tema forte do romantismo. O
Imperium Germanicum impor-se-á se conseguir reconciliar os diversos grupos sociais (Socialismo e
Prussianismo, 1920): a ideia de luta das classes é assim rejeitada, bem como a dos partidos que
não servem senão os seus próprios interesses; os que acicatam os antagonismos são incapazes
dessa grandeza necessária para reunir os alemães.

À constelação KR, pertencem também os irmãos Jünger, sem compromisso com as elites e em que
Ernst dá conta de que a modernização técnica conduz a uma ordem planetária que torna de uma
certa maneira o seu nacionalismo obsoleto, o jurista católico Carl Schmitt, que coloca em equação
a política e o Estado, dando à primeira a prioridade e fazendo do segundo a imagem fútil de uma
acção efémera da história, um instante destinado a desaparecer (em contrapartida a política é,
por oposição natural a todas as contingências, a própria substância, que se manifesta numa
relação, ao mesmo tempo natural e específica, entre os homens: nomeadamente a amizade e a
inimizade. O princípio político e a acção manifestam-se nesta relação. As diversas formas de poder
em que as lutas sociais e económicas manifestam a violência contida nas sociedades), ou o antigo
líder social-democrata Ernst Niekisch que retém da Rússia estalinista uma forma particularmente
eficaz de socialismo nacional. A amplitude da actividade estendida por estes neo-conservadores
mostra bem que esta corrente é proteiforme: mais de 500 publicações, perto de 400
“organizações”, desde as formações paramilitares às ligas, passando por múltiplos círculos
culturais.

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Especificidade da KR

Esta vontade de destino presente na KR deve sobretudo o seu impulso ao choque da I Guerra
Mundial, verdadeiro traumatismo que marca verdadeiramente a mudança de século. Enquanto
que a velha direita monárquica vê a derrota como o resultado de uma conspiração das esquerdas
derrotistas, aqueles a que vamos chamar revolucionários-conservadores consideram-na não como
um azar mas como uma necessidade da qual convém decifrar o sentido: “Tínhamos de perder a
guerra para ganhar a Nação” dirá Franz Schauwecker, figura do movimento nacional-
revolucionário; uma vitória da Alemanha guilhermina, burguesa e esclerótica, teria sido uma
derrocada da “Alemanha secreta”. Essa prova (espécie de Krisis entre a vida e a morte) pode e
deve, por conseguinte, permitir à Alemanha ultrapassar o guilhermismo, recomeçando sobre
novas bases. Estas últimas são simples, apresentando por isso mesmo uma coerência ideológica da
KR:

- Hostilidade à Europa ocidental e à “civilização”, entendida como quinta-essência da razão pura,


das Luzes, da efeminação dos costumes, da decomposição dos valores, do espírito burguês e da
arte clássica. A isto os conservadores-revolucionários vão ôpor a “cultura”, ou seja a
subjectividade expressa pelas artes e em especial o romantismo, expressão da procura do infinito.
À “massa”, opõem o “povo”.

- Interesse pelo leste de acordo com um certo espírito prussiano e pela análise de que os povos
alemães e russos têm interesses comuns face ao Ocidente. Daqui deriva uma certa benevolência
em relação à Rússia bolchevique, levada ao extremo pela corrente nacional-bolchevique.

- Vontade de transformar a experiência da guerra em origem de um mundo novo de acordo com


uma orientação nietzscheana. De facto, numerosos serão aqueles que se recusarão a adaptar-se à
vida civil e à normalização individual burguesa.

- Concepção cíclica ou “esférica” do tempo, o que explica o uso do termo “revolucionário” no seu
primeiro sentido. Para este movimento político e intelectual, trata-se de fechar um ciclo para abrir
um novo. Mas mais do que ter uma concepção redonda mas linear do tempo – que é o círculo –
encarando este último como uma esfera onde qualquer futuro é possível por pouca que seja a
vontade humana. Em todos os casos, opõe-se de maneira virulenta à concepção linear e limitada
do tempo cristão ou marxista, globalmente similares.

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Se a KR encarna a luta contra a ideologia dominante da época de Weimar (preconizando uma
democracia “formal”, defensora do liberalismo burguês), ela não pode, contudo, ser reduzida a
uma antecipação do nacional-socialismo. Por um lado, as ideias da KR encontram-se, sob formas
especificamente nacionais, em todos os países da Europa desde a segunda metade do século XIX.
Por outro lado, este formidável “laboratório de ideias” portador de um projecto de civilização
(uma germanidade renovada) que é a KR verá parte dos seus temas adoptados pelo Estado-
partido, sobretudo para melhor asfixiar o seu potencial subversivo. Tendo em conta o niilismo
europeu (descristianização a partir do século XVIII, seguido pela atomização social aquando da
segunda Revolução Industrial, são, de resto, mais os sintomas que causas desta lógica niilista), a
tensão constitutiva da KR como “modernismo anti-modernista” não pode ser reduzida a uma
“linguagem totalitária”. Visando um Estado autoritário que teria voltado a dar à Alemanha o seu
estatuto de grande potência, a KR rendeu o lugar ao Estado totalitário que esta tinha, sem dúvida,
a intenção de impedir.

Historicamente, é reconhecido hoje que os meios da oposição real (ou potencial) ao hitlerismo
levaram a marca da KR, mostrando, por conseguinte, uma autonomia em relação aos movimentos
de massificação da época. Renegada por um conservadorismo que a encarava como demasiado
liberal ou por um socialismo proletário que a considerava demasiado revisionista ou materialista, a
KR adopta, no entanto, uma atitude voluntariosa perante a evolução do mundo moderno: visa
tanto a “grande noite” como o “grande momento decisivo”. Os promotores da KR são assim, à sua
maneira, revolucionários, mas permanecem conservadores na sua preocupação de salvaguardar
ou reencontrar os valores essenciais do seu país. Não querem ser simples reaccionários que se
agarram a um passado já terminado, a revolução deve ter por objectivo a restauração de valores
que merecem ser conservados e que o curso do tempo põe em perigo.

Contrariamente ao conservadorismo tradicional e às suas nostalgias passadistas, a KR aprova


resolutamente a modernidade instrumental, rejeitando ao mesmo tempo e de igual forma
resoluta as Grandes Receitas emancipadoras da modernidade substancial. A KR é eminentemente
moderna dado que traduz o desencanto face à modernidade e tende a substituir as religiões
secularizadas por religiosidades novas, nacionais ou seculares (cristianismo nacional, misticismos
pagãos, religiões políticas); é eminentemente modernista dado que aprova aquilo que Jaspers
nomeia como “a ordem técnica de massa”, modernidade técnica e social, vector de uma
mobilização total (daí as diversas triturações de socialismo nacional). Mas permanece anti-
modernista na medida em que rejeita sem concessão o projecto normativo da modernidade
procedente do Aufklärung e prosseguida tanto pelo liberalismo (apesar da sua traição no e pelo
capitalismo) como pelo marxismo (apesar da traição estalinista). Se a revolução se duplica aqui
indissociavelmente e simultaneamente da sua contra-revolução, e que traduz correctamente o
sintagma paradoxal de “revolução conservadora” avançado por Mohler, conclui-se que para
alterar a modernidade não se pode fazê-lo senão assumindo-a plenamente.

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Un Amor fati nietzscheano

A particularidade da KR está naquilo que a levou a aprovar, ou mesmo a glorificar, o mundo como
a modernização o fez e de ter proposto um impulso para uma espécie de hiper-modernidade
desembaraçada dos discursos humanitários que nivelam a diversidade do real. Com o retrocesso,
a sua vontade de superar o niilismo insuflando a energia originária extraída do povo alemão
constituiu não tanto uma fuga para a frente mas antes uma aposta lúcida sobre o futuro, aposta
carregada de gravidade mas também de força de alma.

“Fenómeno político que envolve toda a Europa e que ainda não atingiu o fim do seu curso” (Armin
Mohler), a Revolução Conservadora alemã, que teve um impacto evidente nos movimentos
nacionalistas-revolucionários dos anos 1970, permanece um universo ainda mal conhecido hoje.
No limiar de um terceiro milénio carregado de perigos e de possibilidades, merece ser
redescoberta pelas novas gerações de europeus que poderão extrair do seu realismo heróico uma
lição de coragem, distante dos cobardes receios ou dos discursos de oposição formal que deixam
no final o indivíduo desmobilizado, mas também explorado. Goethe recordava que por natureza a
acção é início. Ela não se escreve sob o ditado das circunstâncias: empresta-lhes a sua matéria,
insufla-lhes o seu espírito. Como o pensamento, a acção não é colectiva: associa, une ou opõe os
indivíduos. Se os mistura, não os confunde. Como em todas as realidades enigmáticas e
fundadoras, atributos contrários são a ela atribuídos: a acção é ao mesmo tempo o vazio e o cheio,
o nada e o cumprimento, a ausência e a realização, o fugitivo e o essencial. Da sua opacidade
criadora, dos seus desafios intermitentes e imperiosos, os homens escolhem à sua vontade a sua
degradação ou a sua elevação.

As três grandes tendências da KR

No seio deste movimento bastante polimorfo, podemos distinguir três grandes tendências: os
nacional-revolucionários, os jovens-conservadores e os völkisch. Elas tinham em comum a rejeição
violenta da República de Weimar que perpetuava sob ornatos republicanos o estilo de vida
burguês, tornando os seus anos iniciais difíceis através dos sobressaltos provocados em grande
parte por aqueles que regressavam das trincheiras e que consideravam a situação inaceitável.
Contudo, estas três tendências divergem igualmente no estilo e na táctica, bem como na visão da
futura Alemanha “regenerada”. Apesar de tudo reencontra-se uma mesma rejeição do Aufklärung.
Note-se, porém, que a nação ou o Estado preocupam muito menos os völkisch que o povo, o qual
tem de reencontrar o sentido da terra, ou seja da vida… Os völkisch recorrem a um recrutamento
mais popular, ainda que esta “prática plebeia” (L. Dupeux) não significasse a adesão ao princípio
democrático. Se eram animados por uma ética racialista, não se pode, todavia, reduzir esta a um
racismo biológico ou a um fanatismo pangermanista.

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Descodifiquemos então essas três tendências:

1) A tendência völkisch é a mais voltada para o passado dado que quer defender o “povo”,
entendido como identidade étnica e espiritual. Sem estar a pretender retornar a uma época
ultrapassada – a origem indo-europeia – ela quer acima de tudo servir de ponte. Esta corrente
exprimiu-se por orientações racialistas, um regresso a uma espiritualidade ocultista ou pagã, uma
preocupação pela ecologia e pela conservação da vida no campo. É sem dúvida a tendência menos
“política”, no sentido que se dá a este termo.

2) A corrente jovem-conservadora de facto difere totalmente deste projecto querendo claramente


agir politicamente sobre o presente, afirmando-se de direita. Coloca-se na linha do
conservadorismo alemão que pretende regenerar de acordo com a fórmula do teórico Albrecht
Eric Günther: “entendemos por princípio conservador não a defesa do que existia ontem, mas uma
vida fundada sobre o que terá sempre valor”. Violentamente hostil ao liberalismo, a corrente
jovem-conservadora adopta uma terceira via económica entre a economia de mercado e a
economia colectivista planificada, a qual se apoia largamente nas “corporações” (ainda que este
termo seja inoportuno). Politicamente, os jovem-conservadores são assombrados pela memória
do Santo Império germânico e o seu federalismo imperial que eles desejavam estender à Europa.

3) Por fim, a última tendência é a corrente nacional-revolucionária. Activista e anti-burguesa,


identifica-se com o mundo urbano e industrial, distante da mística völkisch. Se a noção política
central do movimento völkisch é o “povo” e a dos jovens-conservadores “o império”, os nacional-
revolucionários colocam a “nação” como eixo de análise. Encarnado por Ernst Jünger, o
movimento tem uma ala esquerda bem conhecida: o nacional-bolchevismo, animado
designadamente por Ernst Niekisch. É da corrente nacional-revolucionária que provirão a maior
parte das tentativas de desestabilização da República de Weimar nos anos 1920: assassinatos
políticos (os ministros Erzberger e Rathenau), tentativas de putsch…

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A Revolução Conservadora e seu legado
Por Lucian Tudor

Durante os anos entre a Primeira Guerra Mundial e o estabelecimento do Terceiro Reich, as crises
políticas, econômicas e sociais que a Alemanha experimentou de repente como resultado de sua
derrota na Primeira Guerra Mundial deram origem a um movimento conhecido como "Revolução
Conservadora" que também é comumente referido como "Movimento Revolucionário
Conservador", com seus membros às vezes chamados de "Conservadores Revolucionários" ou até
"Neoconservadores".

A frase "Revolução Conservadora" foi popularizada como resultado de um discurso em 1927 pelo
famoso poeta Hugo von Hofmannsthal, que era um católico conservador cultural e monarquista
[1]. Aqui, Hofmannsthal declarou: "O processo do qual falo é nada menos que uma revolução
conservadora a uma escala tal como a história da Europa nunca conheceu. Seu objeto é a forma,
uma nova realidade alemã, na qual toda a nação irá compartilhar". [2]

Embora essas frases dêem a impressão de que a Revolução Conservadora foi composta por
pessoas que compartilhavam a mesma visão de mundo, isso não foi o caso porque os pensadores
e líderes da Revolução Conservadora geralmente tinham desentendimentos. Além disso, apesar
do fato de que as ideias filosóficas produzidas por este "novo conservadorismo" influenciaram o
nacional-socialismo alemão e também tinham vínculos com o fascismo, é incorreto assumir que as
pessoas que o pertencem são fascistas ou "proto-nazistas". Embora alguns conservadores
revolucionários elogiaram o fascismo italiano e alguns, eventualmente, aderiram ao movimento
Nacional Socialista (embora muitos não), em geral suas visões de mundo eram distintas desses
dois grupos políticos.

É difícil resumir adequadamente os pontos de vista dos conservadores revolucionários, devido ao


fato de que muitos deles tinham pontos de vista que contrastavam com certos pontos de vista de
outros no mesmo movimento. O que eles geralmente tinham em comum era a consciência da
importância de Volk (este termo pode ser traduzido como "povo", "nação", "etnia" ou "pessoa") e
a cultura, a ideia de Volksgemeinschaft ("comunidade do povo"), e uma rejeição do marxismo, do
liberalismo e da democracia (particularmente a democracia parlamentar). Ideias que também
eram comuns entre eles era uma rejeição do conceito linear de história a favor do conceito cíclico,
uma forma conservadora e não marxista de socialismo e o estabelecimento de uma elite
autoritária. [3]

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Em suma, o movimento era feito de alemães que tinham tendências conservadoras de algum tipo,
mas que estavam desapontados com o estado em que a Alemanha foi colocada pela perda da
Primeira Guerra Mundial e procurou avançar ideias de natureza conservadora e revolucionária.

A fim de obter uma ideia adequada sobre a natureza da Revolução Conservadora e sua visão, é
melhor examinar os principais intelectuais e seus pensamentos. As seções a seguir fornecerão uma
breve visão geral dos mais importantes intelectuais conservadores revolucionários e suas
principais contribuições filosóficas.

Os visionários de um novo Reich

Os alemães mais notáveis que tiveram uma visão otimista do estabelecimento de um "Terceiro
Reich" foram Stefan George, Arthur Moeller van den Bruck e Edgar Julius Jung. Stefan George, ao
contrário dos outros dois, não era um intelectual típico, mas um poeta. George expressou sua
visão revolucionária conservadora do "novo Reich" em grande parte na poesia, e essa poesia, de
fato, atingiu e afeta muitos jovens nacionalistas alemães e até intelectuais; e para isso ele é
historicamente notável [4]. Mas no nível intelectual, Arthur Moeller van den Bruck (que
popularizou o termo "Terceiro Reich") e Edgar Julius Jung tiveram um impacto filosófico mais
profundo.

Arthur Moeller van den Bruck

Moeller van den Bruck foi um historiador cultural que se tornou politicamente ativo no final da
Primeira Guerra Mundial. Ele foi um membro fundador do conservador "June Club", do qual ele se
tornou o líder ideológico [5]. Em "Der preussische Stil" ("O estilo prussiano"), ele descreveu o que
ele acreditava ser o personagem prussiano, cuja característica fundamental era a "vontade para o
estado", e em Das Recht der jungen Volker ("O Direito das Jovens Nações") ele apresentou a ideia
de "jovens" (incluindo a Alemanha, a Rússia e a América) e os "velhos" (incluindo a Inglaterra e a
França), defendendo uma aliança entre as nações "mais jovens" com mais vitalidade para derrotar
a hegemonia da Grã-Bretanha e da França. [6]

Em 1922, ele contribuiu, juntamente com Heinrich von Gleichen e Max Hildebert Boehm, para o
livro Die Neue Front ("O Novo Front"), um manifesto do Jungkonservativen ("Jovens
Conservadores") [7]. Um ano depois, Moeller van den Bruck produziu seu trabalho mais famoso
que continha uma exposição abrangente de sua visão de mundo, Das Dritte Reich, traduzida como
O Terceiro Império. [8]

10
No Terceiro Império, Moeller fez uma divisão entre quatro posições políticas: revolucionária,
liberal, reacionária e conservadora. Os revolucionários, que incluíam principalmente os
comunistas, não eram irrealistas no sentido de que eles acreditavam que poderiam ignorar todos
os valores e tradições passadas. O liberalismo foi criticado por seu individualismo radical, que
essencialmente equivale a egoísmo e desintegra as nações e as tradições. Os reacionários, por
outro lado, foram criticados por ter a posição irrealista de desejar um completo reavivamento de
formas passadas, acreditando que tudo na sociedade passada era positivo. O conservador,
argumentou Moeller, era superior aos três anteriores porque "o conservadorismo procura
preservar os valores de uma nação, tanto pela conservação dos valores tradicionais, quanto ainda
possuem o poder do crescimento e assimilando todos os valores novos que aumentam a vitalidade
de uma nação "[9] O" conservador "de Moeller era essencialmente um conservador
revolucionário.

Moeller rejeitou o marxismo devido ao seu racionalismo e materialismo, que ele argumentou
eram ideologias defeituosas que não conseguiam entender o lado melhor das sociedades humanas
e da vida. "O socialismo começa onde termina o marxismo", declarou. [10] Moeller defendeu um
socialismo corporativista alemão que reconhecesse a importância da nacionalidade e recusou a
guerra de classes.

Em termos de política, Moeller rejeitou o republicanismo e afirmou que a verdadeira democracia


era sobre a participação das pessoas na determinação do seu destino. Ele rejeitou a monarquia
como desatualizada e antecipou uma nova forma de governo em que um líder forte que estava
ligado ao povo emergiria. "Precisamos de líderes que se sintam um com a nação, que identificam o
destino da nação com os seus próprios". [11] Este líder estabeleceria um "Império terceiro, um
Império novo e final", que resolveria os problemas políticos da Alemanha (especialmente Seu
problema de população).

Edgar Julius Jung

Outra ótima visão de um Terceiro Reich veio de Edgar Julius Jung, um intelectual politicamente
ativo que escreveu o grande livro "Die Herrschaft der Minderwertigen" [12], que algumas vezes foi
chamado de "bíblia do neo-conservadorismo" [13]. Este livro apresentou uma crítica devastadora
do liberalismo e ideias combinadas de Spann, Schmitt, Pareto e outros pensadores.

11
A democracia liberal foi rejeitada por Jung como a regra das massas que foram manipuladas por
demagogos e também a regra do dinheiro porque tinha tendências inerentes à plutocracia. As
ideias revolucionárias francesas de "liberdade, igualdade, fraternidade" foram rejeitadas como
influências corrosivas prejudiciais para a sociedade e fontes de individualismo, que Jung
considerava uma causa chave da decadência. Jung também rejeitou o marxismo como um produto
corrupto da Revolução Francesa. [14] A Revolução Conservadora para Jung foi, em suas palavras, a

Restauração de todas as leis e valores elementares sem os quais o homem perde seus laços com a
natureza e Deus e sem o qual ele é incapaz de construir uma verdadeira ordem. No lugar da
igualdade, haverá padrões inerentes, no lugar da consciência social, uma integração justa na
sociedade hierárquica, no lugar da eleição mecânica, uma elite orgânica, no lugar do nivelamento
burocrático da responsabilidade interna do autônomo autêntico, No lugar da prosperidade em
massa os direitos de um povo orgulhoso. [15]

No lugar das formas liberais e marxistas, Jung imaginou o estabelecimento de um Novo Reich que
usaria economia corporativista (relacionado ao sistema da guilda medieval), seria organizado em
uma base federalista, seria animado pela espiritualidade cristã e pelo poder da Igreja, e seria
liderada por uma monarquia autoritária e uma elite composta por membros qualificados
selecionados. Nas palavras de Jung: "O Estado como a mais alta ordem da comunidade orgânica
deve ser uma aristocracia; No último e mais alto senso: a regra do melhor. Mesmo a democracia
foi fundada com essa afirmação ". [16]

Ele também criticou o conceito materialista da raça como "materialismo biológico" e afirmou, em
vez disso, o primado da entidade cultural-espiritual (foi sobre essa base, e não sobre a biologia,
que o problema judaico fosse tratado). Além disso, ele rejeitou o nacionalismo no sentido normal
do termo, apoiando o conceito de um império federalista, supra-nacional e pan-europeu,
enquanto ainda reconhece a realidade e a importância do Volk e a separação dos grupos étnicos.
Na verdade, Jung acreditava que o novo Reich deveria ser formado em "um fundamento volksisch
indestrutível a partir do qual a luta volkisch pode assumir forma". [17]

Edgar Jung, no entanto, não se contentava em escrever apenas sobre suas idéias; Ele teve grandes
ambições políticas e trabalhou ativamente com festas e conservadores que concordaram com ele
na década de 1920 até 1934. [18] A necessidade da batalha já fazia parte da filosofia de Jung: "Se o
povo alemão vê isso, entre eles, os combatentes ainda vivem, então eles se tornam conscientes
também do combate como a mais alta forma de existência. O destino alemão exige que os
homens dominem. Pois, a história mundial faz o homem. "[19]

12
Durante sua atividade política, ele não gostava do movimento nacional-socialista devido a uma
aversão pessoal para Hitler, bem como a sua visão de que o nacional-socialismo era um produto
da modernidade e estava ideologicamente ligado ao marxismo e ao liberalismo. Jung foi altamente
ativo em sua oposição ao NSDAP e eventualmente foi responsável por escrever o endereço de
Papen em Marburg, que criticou o governo de Hitler em 1934, o que resultou na morte de Jung na
Noite das Long Knives. [20]

Oswald Spengler

O mais famoso teórico do declínio é Oswald Spengler, o "profeta" que previu a queda da Alta
Cultura Ocidental em sua magnum opus, "O declínio do ocidente". De acordo com Spengler, toda
Alta Cultura tem sua própria "alma" (isto refere-se ao caráter essencial de uma Cultura) e passa
por ciclos previsíveis de nascimento, crescimento, realização, declínio e desaparecimento que se
assemelham à vida de uma planta [21]. Para citar Spengler:

"Uma Cultura nasce no momento em que uma grande alma desperta da proto-espiritualidade da
sempre infantil humanidade, e se aparta, uma forma a partir do informe, uma coisa limitada e
mortal a partir do ilimitado e duradouro. Ela floresce sobre o solo de uma paisagem precisamente
definível, à qual, tal qual planta, ela permanece atada. Ela morre quando a alma atualizou a soma
plena de suas possibilidades na forma de povos, línguas, dogmas, artes, Estados, ciências, e
reverte à proto-alma". [22]

Há uma distinção importante nessa teoria entre Kultur ("Cultura") e Zivilisation ("Civilização").
Cultura concerne a fase inicial de uma Alta Cultura que é marcada pela vida rural, religiosidade,
vitalidade, vontade de poder, e instintos ascendentes, enquanto Civilização concerne a fase
posterior que é marcada pela urbanização, irreligião, intelecto puramente racional, vida
mecanizada, e decadência. Ainda que ele reconhecesse a existência de outras Altas Culturas,
Spengler focou particularmente em três Altas Culturas as quais ele distinguiu e teceu comparações
entre: a Magiana, a Clássica (greco-romana), e a atual Alta Cultura Ocidental. Ele mantinha a visão
de que o Ocidente, que estava em sua fase tardia de Civilização, logo entraria em uma fase final
imperialista e 'cesarista' – uma fase que, segundo Spengler, marca o lampejo final antes do fim de
uma Alta Cultura. [23]

Talvez a contribuição mais importante de Spengler para a Revolução Conservadora, no entanto, é


a sua teoria do "socialismo prussiano" que ele expressou no "Prussianismo e Socialismo" e que

13
constituiu a base de sua visão de que os conservadores e os socialistas deveriam se unir. Neste
breve libro, ele argumentou que o caráter prussiano, que era o caráter alemão por excelência, era
essencialmente socialista. Para Spengler, o verdadeiro socialismo era principalmente uma questão
de ética e não de economia. [24]

Este socialismo ético e prussiano significou o desenvolvimento e a prática de éticas de trabalho,


disciplina, obediência, um senso de dever para o bem maior e para o Estado, o autosacrifício e a
possibilidade de alcançar qualquer classificação pelo talento. O socialismo prussiano era
diferenciado do marxismo e do liberalismo. O marxismo não era o verdadeiro socialismo porque
era materialista e baseado no conflito de classes, que contrastava com a ética prussiana do Estado.
Também em contraste com o socialismo prussiano, o liberalismo e o capitalismo, que negavam a
ideia do dever, praticavam um "princípio de pirataria" e criavam o governo do dinheiro. [25]

Ludwig Klages

Ludwig Klages foi menos influente, embora ainda digno de nota, teórico do declínio que não se
concentrasse em Altas Culturas, mas no declínio da vida (o que contrasta com a mera existência).
A teoria de Klages, chamada "Biocentrismo", postulou uma dicotomia entre Seele ("Alma") e Geist
("Espírito"); duas forças na vida humana que estavam em uma batalha psicológica entre si. A alma
pode ser entendida como impulso vital, sentimento e Vida, enquanto o Espírito pode ser
entendido como intelecto abstrato, pensamento mecânico e conceitual, razão e Vontade. [26]

De acordo com a teoria biocêntrica, nos tempos pré-históricos primordiais, a alma e o corpo do
homem estavam unidos e, assim, os seres humanos viveram em êxtase de acordo com o princípio
da vida. Ao longo do tempo, a Vida humana foi interferida pelo Espírito, o que fez com que os
seres humanos usassem o pensamento conceitual (ao contrário do simbólico) e o intelecto
racional, começando assim a separação do corpo e da Alma. Nessa teoria, quanto mais a história
humana progride, mais a vida é limitada e arruinada pelo Espírito em um processo longo, mas
impossível de parar, que acaba em pessoas completamente mecanizadas, excessivamente
civilizadas e sem almas. "Já, a máquina se libertou do controle do homem", escreveu Klages, "não
é mais a serva do homem: na realidade, o próprio homem agora está sendo escravizado pela
máquina". [27]

Este estágio final é marcado por coisas como uma desconexão completa da natureza, a destruição
do ambiente natural, a mistura massiva de raças e a falta de vida verdadeira, que se prevê que
acabe finalmente na morte da humanidade devido ao dano ao mundo natural. Klages declarou, "A
destruição final de todos parece ser uma conclusão inevitável". [28]

14
Spann e o Estado Unificado

Othmar Spann foi, de 1919 a 1938, professor da Universidade de Viena na Áustria, que era
influente, mas que, apesar do seu entusiasmo apoio ao nacional-socialismo, foi removido pelo
governo do Terceiro Reich devido a alguns desentendimentos ideológicos [29]. Ele era o
exponente de uma teoria conhecida como "Universalismo" (que é completamente diferente do
universalismo no sentido normal do termo). Sua visão universalista da economia, da política, da
sociedade e da ciência foi exposta em numerosos livros, o mais importante dos quais foi seu
trabalho mais memorável, "Der wahre staat" (O verdadeiro Estado). [30]

O universalismo de Spann foi uma teoria corporativa que rejeitou o individualismo. Para entender
a rejeição do individualismo por parte de Spann, é necessário entender o que "individualismo" é,
porque definições diferentes e até contraditórias são dadas a esse termo; o individualismo aqui
refere-se ao conceito de que o indivíduo é absoluto e não existe uma realidade supra-individual (e,
portanto, a sociedade não é mais do que uma coleção de átomos). O leitor deve estar ciente de
que Spann não fez uma completa negação do indivíduo, mas sim uma negação completa da
ideologia individualista. [31]

De acordo com a teoria universalista, o indivíduo existe apenas dentro de uma comunidade ou
sociedade particular; o todo (a totalidade da sociedade) precede as partes (indivíduos) porque as
partes não existem verdadeiramente independentes do todo [32]. Spann escreveu: "É a verdade
fundamental de todas as ciências sociais (...) Que não são os indivíduos que são verdadeiramente
reais, mas o todo, e que os indivíduos têm realidade e existência apenas na medida em que são
membros do todo". [33]

Além disso, a sociedade e o Estado não eram inteiramente separáveis, porque do Estado vem os
direitos do indivíduo, da família e de outros grupos. O liberalismo, o capitalismo, a democracia e o
socialismo marxista foram todos rejeitados por Spann como produtos individualistas ou
materialistas e corruptos das ideias revolucionárias francesas. Enquanto que nas sociedades
passadas o indivíduo estava integrado na comunidade, a vida moderna, com o seu liberalismo,
atomizara a sociedade. De acordo com Spann, "a humanidade pode conciliar-se com a pobreza
porque será e permanecerá pobre para sempre. Mas para a perda de propriedade, insegurança
existencial, desarraigo e nada, as massas de pessoas afetadas nunca podem reconciliar-se" [34].
Como solução para a decadência moderna, Spann vislumbrou a formação de um Estado cristão,
corporativista, hierárquico e autoritário semelhante ao Primeiro Reich (o Sacro Império Romano).
[35]

15
Um historiador conservador revolucionário menos conhecido, Hans Freyer, também teve visões
semelhantes a Spann e desafiou as ideias e os resultados do "Iluminismo", particularmente o
secularismo, a ideia da razão universal, o conceito de humanidade universal, urbanização e
democratização. Contra a sociedade moderna corrompida por essas coisas, Freyer postulou a ideia
de uma "sociedade totalmente integrada" que seria completada por um poderoso e não
democrático Estado. Cultura, Volk, raça e religião formariam a base da sociedade e do Estado para
restaurar um senso de comunidade e valores comuns. Freyer também se juntou aos nacional-
socialistas acreditando que o movimento realizaria seus objetivos, mas depois se decepcionou
com isso por causa do que viu como sua natureza repressiva durante o Terceiro Reich. [36]

Hans Zehrer

Hans Zehrer foi um colaborador notável e editor da revista "Neoconservador", Die Tat, e,
portanto, também é um membro fundador de um grupo de intelectuais conhecido como Tat-Kreis.
Zehrer considerava que "todos os movimentos começaram como movimentos intelectuais de
minorias inteligentes e bem qualificadas que, devido à discrepância entre o que é e o que deveria
ser, aproveitaram a iniciativa" [37]. Sua teoria era algo relacionada com o conceito de Vilfredo
Pareto de uma "circulação de elites" na medida em que acreditava que os intelectuais, na maioria
dos casos, homens talentosos e inteligentes emergentes de qualquer classe social, eram cruciais
para determinar a ordem social e suas ideias.

Na Alemanha daquela época, a classe média, que constituía um grande segmento da sociedade e
de que Zehrer era membro, enfrentava uma série de problemas econômicos. Era o sonho de
Zehrer que uma nova ordem política poderia ser estabelecida por jovens intelectuais da classe
média que ele tentou alcançar. Esta nova ordem resultaria na abolição da insegura república de
Weimar e no estabelecimento de uma elite autoritária constituída em grande parte de tais
intelectuais. Esta elite não seria sujeita ao controle das massas e escolheria seus próprios
membros com base no critério de qualidade e habilidade pessoal, sem considerar a classe social
ou a riqueza. [38]

A visão de Zehrer não foi cumprida devido a uma série de falhas para estabelecer um novo Estado
por uma "revolução de cima" também por causa do surgimento do NSDAP, que ele tentou
influenciar no início dos anos 1930, apesar do seu desdém pelas leis do partido e, depois de não
ter conseguido, recuou da atividade política. No entanto, embora a maioria dos pensadores
conservadores revolucionários não visse uma elite composta quase que exclusivamente de
intelectuais, é notável que eles compartilhavam com Zehrer a visão de que uma elite autoritária
deveria ter sua adesão aberta para indivíduos qualificados de todas as classes e classes. [39]

16
Werner Sombart

Os socialistas com tendências nacionalistas e conservadoras como Paul Lensch, Johann Plenge,
Werner Sombart, Arthur Moeller van den Bruck e Oswald Spengler ao surgimento de um novo
socialismo conservador e nacional. Claro, deve-se lembrar que o socialismo não marxista já tinha
uma longa história na Alemanha, incluindo pessoas como Kathedersozialisten ("socialistas
catedráticos"), Adolf Stöcker e Ferdinand Tönnies [40]. O próprio Werner Sombart começou como
um marxista, mas depois se desiludiu com a teoria marxista, que ele percebeu era destrutiva do
espírito humano e da comunidade orgânica, do mesmo modo que o capitalismo era.

Sombart é, em sua maior parte, lembrado por seu trabalho sobre a natureza do capitalismo,
especialmente suas obras ligando o caráter materialista dos judeus ao capitalismo. A obsessão
com o lucro, as práticas comerciais implacáveis, a indiferença com a qualidade e as "características
meramente racionalizadoras e absurdas do comerciante" que eram produtos-chave do
capitalismo, destruíram qualquer "comunidade de trabalho" e desintegram laços entre pessoas
que eram mais comuns na sociedade medieval [41]. Sombart escreveu: "Antes que o capitalismo
pudesse se desenvolver, o homem natural precisava ser alterado de todo o reconhecimento, e
mecanismo racionalista mental introduzido em seu lugar. Devia que haver uma transvalorização
de todos os valores econômicos". [42]

As maiores objeções de Sombart ao marxismo consistiram no fato de que o marxismo visava


suprimir todos os sentimentos religiosos, bem como os sentimentos nacionais e os valores da
cultura indígena enraizada; o marxismo não visava uma humanidade superior, mas uma mera base
de "felicidade". Em contraste com o marxismo e o capitalismo, Sombart defendeu um socialismo
alemão em que as políticas econômicas seriam "direcionadas de forma corporativa", a exploração
seria encerrada e a hierarquia e o bem-estar de todo o estado seria confirmado [43].

Ernst Jünger

Ernst Jünger é bem conhecido por seu trabalho sobre o que viu como os efeitos positivos da
guerra e da batalha, com ele mesmo experimentando estes na Primeira Guerra Mundial. Jünger
rejeitava a civilização burguesa de conforto e segurança, que ele via como fraca e moribunda, em
favor da experiência de ação duradoura e "magnífica" e de aventura na guerra, que transformaria
um homem do mundo burguês em um "guerreiro". O tipo guerreiro lutava contra a "eterna utopia
da paz, a busca da felicidade e Perfeição" [44]. Jünger acreditava que a crise e a inquietação dos
alemães após a Guerra Mundial eram essencialmente uma coisa boa.

17
Em seu livro "Der Arbeiter", o "guerreiro" era seguido pelo "trabalhador", um novo tipo que se
tornaria dominante após o fim da ordem burguesa. Jünger percebeu que a tecnologia moderna
estava mudando o mundo; o homem individual estava perdendo sua individualidade e liberdade
em um mundo mecanizado. Assim, antecipou uma sociedade em que as pessoas aceitariam o
anonimato nas massas e o serviço obediente ao Estado; a população passaria por "mobilização
total" [45]. Para citar Jünger:

"A mobilização total é muito menos consumada do que consuma; na guerra e na paz, expressa a
afirmação secreta e inexorável de que nossa vida na era das massas e das máquinas nos sujeita.
Assim, resulta que cada vida individual se torna cada vez mais inequívoca a vida de um
trabalhador; e que, seguindo as guerras de cavaleiros, reis e cidadãos, agora temos guerras de
trabalhadores. O primeiro grande conflito do século XX nos ofereceu um pressentimento de sua
estrutura racional e sua implacabilidade". [46]

A aceitação da tecnologia por Ernst Jünger no estágio "trabalhador" está em contraste com a
posição de seu irmão, Friedrich Georg Jünger, que escreveu críticas à civilização tecnológica
moderna (embora Ernst mais tarde concordasse com essa visão) [47]. Ernst Jünger mudou mais
tarde em suas atitudes durante a Segunda Guerra Mundial, e depois quase inverteu toda a sua
cosmovisão, louvando a paz e o individualismo; uma mudança que não veio sem críticas da Direita
[48].

Ernst Niekisch

Outro nacionalista radical notável na Revolução Conservadora foi Ernst Niekisch, que começou
como comunista, mas acabou se dirigindo para uma mistura aparentemente paradoxal de
nacionalismo alemão e comunismo russo: o nacional bolchevismo. De acordo com esta nova
doutrina, Niekisch defendia uma aliança entre a Rússia soviética e a Alemanha, a fim de superar o
Tratado de Versalhes, bem como contrariar o poder das nações ocidentais capitalistas e
antinacionalistas. No entanto, essa facção desviante, em concorrência com comunistas e
nacionalistas anticomunistas, continuou sendo uma minoria mal sucedida. [49]

18
Carl Schmitt

Carl Schmitt foi um filósofo católico notável de política e jurista que foi uma grande influência
sobre o pensamento político e que também apoiava o governo do Terceiro Reich após sua
formação. Seu livro mais famoso foi "O conceito do político", embora ele também seja autor de
inúmeras outras obras, incluindo a "Teologia política" e "A crise da democracia parlamentar".

O "político", para Schmitt, era um conceito distinto da política no sentido normal do termo, e se
baseava na distinção entre "amigo" e "inimigo". O político existe sempre que existe um inimigo,
um grupo que é diferente e tem interesses diferentes, e com quem existe uma possibilidade de
conflito. Esse critério inclui tanto grupos fora do Estado quanto dentro do Estado e, portanto,
tanto a guerra interestatal quanto a guerra civil são levadas em consideração. Uma população
pode ser unificada e mobilizada através do ato político, no qual um inimigo é identificado e
batalhado. [50]

Schmitt também defendeu a prática da ditadura, que ele distinguiu da "tirania". A ditadura é uma
forma de governo que é estabelecida quando existe um "estado de exceção" ou emergência em
que é necessário ignorar processos parlamentares lentos para defender a lei. De acordo com
Schmitt, o poder ditatorial está presente em qualquer caso em que um Estado ou líder exerça o
poder independentemente da aprovação das maiorias, independentemente de esse estado ser ou
não "democrático". A soberania é o poder de decidir o Estado de exceção e assim, "soberano é ele
quem decide a exceção". [51]

Schmitt criticou ainda mais a democracia parlamentar ou liberal argumentando que a base original
do parlamentarismo — que considerava que a separação de poderes e o diálogo aberto e racional
entre os partidos resultaria em um Estado em bom estado — foi de fato negado pela realidade da
política partidária, em que os líderes do partido, as coalizões e os grupos de interesse tomam
decisões sobre políticas sem discussão. Outro argumento notável feito por Schmitt foi que a
verdadeira democracia não é uma democracia liberal, na qual uma pluralidade de grupos são
tratados igualmente sob um único Estado, mas um Estado unificado e homogêneo em que as
decisões dos líderes expressam a vontade do povo unificado. Nas palavras de Schmitt, "Toda
democracia real se baseia no princípio de que não só iguais são iguais, mas as desigualdades não
serão tratadas de forma igual. A democracia exige, portanto, a primeira homogeneidade e a
segunda — se for necessária a eliminação ou a erradicação da heterogeneidade". [52]

19
Karl Haushofer

Karl Haushofer foi outro filósofo da política que é conhecido por seu trabalho teórico sobre a
"geopolítica", que visava avançar a compreensão da Alemanha sobre política internacional e
geografia. Haushofer afirmou que as nações não só tinham o direito de defender suas terras, mas
também expandir e colonizar novas terras, especialmente quando viviam em excesso de
população. A Alemanha era uma nação em tal posição e, portanto, tinha direito a Lebensraum
("espaço vital") pelo excesso de população. Para superar a dominação da estrutura de poder
anglo-americana, Haushofer defendeu um novo sistema de alianças que envolvia particularmente
uma aliança germano-russa (assim Haushofer pode ser visto como um "eurasiático"). Haushofer se
juntou aos nacional-socialistas, mas suas ideias foram eventualmente rejeitadas pelos geopolíticos
do Terceiro Reich por causa de sua hostilidade à Rússia. [53]

20
As influências da revolução conservadora
Os pensadores da Revolução Conservadora não tiveram apenas uma influência imediata na
Alemanha no início do século XX, mas também um impacto profundo e duradouro na Direita (e,
em alguns casos, mesmo na Esquerda) até o presente. Além da influência óbvia sobre o nacional-
socialismo, e se assumirmos que Otto Strasser não pode ser incluído como parte da Revolução
conservadora, o Strasserismo ainda estava claramente influenciado por Arthur Moeller van den
Bruck e Oswald Spengler. [54]

Francis Parker Yockey, o autor de "Imperium", também revelou influência de Spengler, Schmitt,
Sombart e Haushofer [55]. Julius Evola, o famoso tradicionalista italiano, é mais um escritor que foi
afetado por intelectuais conservadores revolucionários, como é claro em obras tão importantes
como "Homens e as ruínas" [56] e "O caminho do cinábrio". [57]

Mais recentemente, a Nova Direito Europeia mostra uma grande inspiração dos conservadores
revolucionários. Armin Mohler, que pode ser considerado uma parte da Revolução Conservadora
da Alemanha, bem como o Novo Direito, é conhecido por seu trabalho seminal Die Konservative
Revolution in Deutschland 1918-1932. [58] Além disso, Tomislav Sunic também desenha muitos
conceitos intelectuais dos conservadores revolucionários em seu importante livro, "Against
Democracy and Equality", incluindo Schmitt, Spengler e, em menor medida, Spann e Sombart. [59]

Mais um intelectual em liga com a Nova Direita, Alexander Jacob, é o tradutor de alguns livros de
Jung e também é responsável por múltiplos trabalhos em vários conservadores revolucionários.
[60] Quando se considera esses fatos, torna-se evidente que muito pode ser aprendido ao estudar
a história e as ideias da Revolução Conservadora alemã. É uma fonte de riqueza filosófica que
pode avançar na posição conservadora e que deixa sua marca no pensamento da direita, mesmo
hoje.

NOTAS

[1] On Hofmannsthal’s political views, see Paul Gottfried, “Hugo von Hofmannsthal and the
Interwar European Right.” Modern Age, Vol. 49, No. 4 (Fall 2007), pp. 508–19.

[2] Hugo von Hofmannsthal, Das Schrifttum als geistiger Raum der Nation (Munich, 1927). Quoted
in Klemens von Klemperer, Germany’s New Conservatism; Its History And Dilemma In The
Twentieth Century (Princeton: Princeton University Press, 1968), p. 9.

21
[3] Armin Mohler, Die Konservative Revolution in Deutschland 1918–1932 (Stuttgart: Friedrich
Vorwerk Verlag, 1950).

[4] Robert Edward Norton, Secret Germany: Stefan George and his Circle (Ithaca, NY: Cornell
University Press, 2002).

[5] Klemperer, Germany’s New Conservatism, pp. 102–111.

[6] Klemperer, Germany’s New Conservatism, pp. 156–159.

[7] Mohler, Die Konservative Revolution in Deutschland, p. 329.

[8] Arthur Moeller van den Bruck, Germany’s Third Empire (New York: Howard Fertig, 1971).

[9] Ibid. p. 76.

[10] Ibid. p. 245.

[11] Ibid. p. 227.

[12] Edgar Julius Jung, The Rule of the Inferiour, trans. Alexander Jacob (Lewiston, New York:
Edwin Mellon Press, 1995).

[13] Larry Eugene Jones, “Edgar Julius Jung: The Conservative Revolution in Theory and Practice,”
Conference Group for Central European History of the American Historical Association, vol. 21,
Issue 02 (June 1988), p. 142.

[14] Ibid.

[15] Edgar J. Jung, Deutsche uber Deutschland (Munich, 1932), p. 380. Quoted in Klemperer,
Germany’s New Conservatism, pp. 121–22.

[16] Jung, The Rule of the Inferiour, p. 138.

[17] Jung, “Sinndeutung der konservativen Revolution in Deutschland.” Quoted inJones, “Edgar
Julius Jung,” p. 167. For an overview of Jung’s philosophy, see: Jones, “Edgar Julius Jung,” pp. 144–
47, 149; Walter Struve, Elites Against Democracy; Leadership Ideals in Bourgeois Political Thought
in Germany, 1890-1933 (Princeton, N.J.: Princeton University, 1973), pp. 317–52; Alexander
Jacob’s introduction to Europa: German Conservative Foreign Policy 1870–1940 (Lanham, MD,
USA: University Press of America, 2002), pp. 10–16.

[18] Jones, “Edgar Julius Jung,” pp. 145–48.

[19] Jung, The Rule of the Inferiour, p. 368.

[20] Jones, “Edgar Julius Jung,” pp. 147–73.

22
[21] Oswald Spengler, The Decline of the West Vol. 1: Form and Actuality (New York: Alfred A.
Knopf, 1926).

[22] Ibid. p. 106.

[23] Ibid. For a good overview of Spengler’s theory, see Tomislav Sunic, Against Democracy and
Equality: The European New Right (Third Edition. London: Arktos, 2010), pp. 91–98.

[24] Oswald Spengler, Selected Essays (Chicago: Gateway/Henry Regnery, 1967).

[25] Ibid.

[26] See: Joe Pryce, “On The Biocentric Metaphysics of Ludwig Klages,” Revilo-Oliver.com, 2001,
http://www.revilo-oliver.com/Writers/Klages/Ludwig_Klages.html, and Lydia Baer, “The Literary
Criticism of Ludwig Klages and the Klages School: An Introduction to Biocentric Thought.” The
Journal of English and Germanic Philology, Vol. 40, No. 1 (Jan., 1941), pp. 91–138.

[27] Ludwig Klages, Cosmogonic Reflections, trans. Joe Pryce, 14 May 2001, http://www.revilo-
oliver.com/Writers/Klages/515.html, 453.

[28] Ibid., http://www.revilo-oliver.com/Writers/Klages/100.html, 2.

[29] Klemperer, Germany’s New Conservatism, pp. 204–5.

[30] Othmar Spann, Der Wahre Staat (Leipzig: Verlag von Quelle und Meyer, 1921).

[31] Barth Landheer, “Othmar Spann’s Social Theories.” Journal of Political Economy, Vol. 39, No. 2
(Apr., 1931), pp. 239–48.

[32] Ibid.

[33] Spann, quoted in Ernest Mort, “Christian Corporatism.” Modern Age, Vol. 3, No. 3 (Summer
1959), p. 249. http://www.mmisi.org/ma/03_03/mort.pdf.

[34] Spann, Der wahre Staat, p. 120. Quoted in Sunic, Against Democracy and Equality, pp. 163–64.

[35] Janek Wasserman, Black Vienna, Red Vienna: The Struggle for Intellectual and Political
Hegemony in Interwar Vienna, 1918–1938 (Saint Louis, Missouri: Washington University, 2010),
pp. 73–85.

[36] Jerry Z. Muller, The Other God that Failed: Hans Freyer and the Deradicalization of German
Conservatism (Princeton: Princeton University Press, 1988). The single book by Hans Freyer to be
translated into English is Theory of Objective Mind, trans. Steven Grosby (Athens, OH: Ohio
University Press, 1998).

23
[37] Hans Zehrer, “Die Revolution der Intelligenz,” Tat, XXI (Oct. I929), 488. Quoted in Walter
Struve, “Hans Zehrer as a Neoconservative Elite Theorist,” The American Historical Review, Vol. 70,
No. 4 (Jul., 1965), p. 1035.

[38] Struve, “Hans Zehrer as a Neoconservative Elite Theorist.”

[39] Ibid.

[40] Klemperer, Germany’s New Conservatism, pp. 57–58. On Tönnies, see Christopher Adair-
Toteff, “Ferdinand Tonnies: Utopian Visionary,” Sociological Theory, Vol. 13, No. 1 (Mar., 1995),
pp. 58-65.

[41] Alexander Jacob, “German Socialism as an Alternative to Marxism,” The Scorpion, Issue 21.
http://thescorp.multics.org/21spengler.html.

[42] Werner Sombart, Economic Life in the Modern Age (New Brunswick, NJ, and London:
Transaction Publishers, 2001), p. 129.

[43] Jacob, “German Socialism as an Alternative to Marxism.”

[44] Ernst Jünger, ed., Krieg und Krieger (Berlin, 1930), 59. Quoted in Klemperer, Germany’s New
Conservatism, p. 183. See also Ernst Jünger’s Storm of Steel, trans. Basil Greighton (London:
Chatto & Windus, 1929) and Copse 125 (London: Chatto & Windus, 1930).

[45] Klemperer, Germany’s New Conservatism, pp. 185–88.

[46] Ernst Jünger, “Total Mobilization,” trans. Joel Golb, in The Heidegger Controversy(Boston: MIT
Press, 1992), p. 129.http://anarchistwithoutcontent.files.wordpress.com/2010/12/junger-total-
mobilization-booklet.pdf.

[47] Alain de Benoist, “Soldier Worker, Rebel, Anarch: An Introduction to Ernst Jünger,” trans. Greg
Johnson, The Occidental Quarterly, vol. 8, no. 3 (Fall 2008), p. 52.

[48] Julius Evola, The Path of Cinnabar (London: Integral Tradition Publishing, 2009), pp. 216–21.

[49] Klemens von Klemperer, “Towards a Fourth Reich? The History of National Bolshevism in
Germany,” The Review of Politics, Vol. 13, No. 2 (Apr., 1951), pp. 191–210.

[50] Carl Schmitt, The Concept of the Political, expanded edition, trans. G. Schwab (Chicago:
University of Chicago Press, 2007).

[51] Carl Schmitt, Political Theology: Four Chapters on the Concept of Sovereignty, trans. G.
Schwab (Chicago: University of Chicago Press, 2005), p. 1.

[52] Carl Schmitt, The Crisis of Parliamentary Democracy, trans. E. Kennedy, (Cambridge, Mass.:
MIT Press, 1985), p. 9.

24
[53] Andrew Gyorgy, “The Geopolitics of War: Total War and Geostrategy.” The Journal of Politics,
Vol. 5, No. 4 (Nov., 1943), pp. 347–62. See also Mohler, Die Konservative Revolution in
Deutschland, p. 474.

[54] Otto Strasser, Hitler and I (Boston: Houghton Mifflin Co., 1940), pp. 38–39.

[55] Francis Parker Yockey, Imperium: The Philosophy of History and Politics(Sausalito, Cal.:
Noontide Press, 1962).

[56] Julius Evola, Men Among the Ruins (Rochester, Vt.: Inner Traditions, 2002).

[57] Evola, The Path of Cinnabar, pp. 150–55.

[58] See note #3.

[59] See Sunic, Against Democracy and Equality, pp. 75–98, 159–64.

[60] See Jacob, Europa; “German Socialism as an Alternative to Marxism”; Introduction to Political
Ideals by Houston Stewart Chamberlain (Lanham, Md.: University Press of America, 2005).

25
Sobre a Revolução Conservadora
Por Robert Steuckers

Quando o termo Revolução Conservadora é usado na Europa é sobretudo no sentido que lhe deu
Armin Mohler no seu famoso livro Die Konservative Revolution in Deutschland 1918-1932. Mohler
apresentou uma longa lista de autores que rejeitaram os pseudo-valores de 1789 (desprezados
por Edmund Burke como meros blue prints), exaltaram o papel do «germanismo» na evolução do
pensamento europeu e recolheram a influência de Nietzsche. Mohler evitou, por exemplo,
conservadores puramente religiosos, fossem católicos ou protestantes. Para Mohler a marca
essencial da «Revolução Conservadora» era uma visão não linear da História. Mas ele não toma
simplesmente a visão cíclica do tradicionalismo. Depois de Nietzsche, Mohler acredita numa
concepção esférica da História. O que significa isto? Isto significa que a História não é
simplesmente uma repetição dos mesmos padrões com intervalos regulares nem um caminho reto
que conduza à bem-aventurança, ao fim da História, ao paraíso na terra, à felicidade, etc., mas que
se assemelha a uma esfera que pode girar (ou ser empurrada) em todas as direções, de acordo
com os impulsos que receba de fortes personalidades carismáticas. Tais personalidades
carismáticas dirigem o curso da História através de algumas vias muito particulares, vias que não
estão previamente fixadas pela mão da providência. Neste sentido, Mohler nunca acreditou em
doutrinas políticas universalistas mas sempre em tendências particulares e pessoais. Tal como
Jünger, queria lutar contra tudo o que fosse «geral» e apoiar tudo o que fosse particular. Mais,
Mohler expressou a sua visão das dinâmicas particulares usando o algo invulgar termo
nominalismo. Para ele, nominalismo era a expressão que melhor indicaria como as personalidades
fortes seriam capazes de abrir novas e originais vias para si e seus seguidores na floresta da
existência.

As principais figuras do movimento foram Spengler, Moeller van den Bruck e Ernst Jünger (e o seu
irmão, Friedrich-Georg). Podemos acrescentar a este triunvirato os nomes de Ludwig Klages e
Ernst Niekisch. Carl Schmitt, como advogado católico e constitucionalista, representa outro
aspecto importante da chamada Revolução conservadora.

Spengler ficará como o autor de um brilhante fresco das civilizações mundiais que inspirou o
filósofo britânico Arnold Toynbee. Spengler falou da Europa como civilização fáustica, melhor
representada nas catedrais góticas, a intersecção da luz e das cores dos vidrais, as tormentas de
neve com nuvens brancas e cinzentas de muitas pinturas holandesas, inglesas e alemãs. Esta
civilização é uma aspiração da alma humana face à luz e ao autocompromisso. Outra importante
ideia de Spengler é o conceito de pseudo-morfose: Uma civilização nunca desaparece

26
completamente depois de uma decadência ou uma conquista violenta. Os seus elementos passam
à nova civilização que lhe sucede e formatam-na em direção a caminhos originais.

Moeller van den Bruck foi o primeiro tradutor alemão de Dostoievski. Deixou-se influenciar
profundamente pelo diário de Dostoievski, que continha severas críticas ao Ocidente. No contexto
alemão, depois de 1918, Moeller van den Bruck advogava, com base nos argumentos de
Dostoievski, uma aliança russo-germânica contra o Ocidente. Como podiam os respeitáveis
cavalheiros alemães, com uma imensa cultura artística, mostrar-se a favor de uma aliança com os
bolcheviques? Os seus argumentos foram os seguintes: durante toda a tradição diplomática do
século XIX a Rússia foi considerada o escudo da reação contra todas as repercussões da Revolução
Francesa e contra a mentalidade e modos revolucionários. Dostoievski, enquanto antigo
revolucionário russo que mais tarde admitiria que a sua opção revolucionária fora um erro,
considerava mais ou menos que a missão da Rússia no mundo era apagar na Europa o rasto das
ideias de 1789.Para Moeller van den Bruck a revolução de Outubro de 1917 foi apenas um câmbio
de vestes ideológicas: A Rússia continuava a ser, apesar do discurso bolchevique, o antídoto à
mentalidade liberal do Ocidente. Derrotada, a Alemanha deveria aliar-se a esta força
antirevolucionária para se opor ao Ocidente, que aos olhos de van den Bruck, é a encarnação do
liberalismo. O liberalismo, expressa Moeller van den Bruck, é sempre a doença terminal dos
povos. Após algumas décadas de liberalismo um povo entrará inexoravelmente numa fase de
decadência final.

O caminho seguido por Ernst Jünger é sobejamente conhecido. Começou como um ardente e
galante jovem soldado na primeira guerra mundial, saindo das trincheiras sem qualquer pistola,
apenas com uma granada de mão, manejada com a mesma elegância com que um típico oficial
britânico usava a chibata. Para Jünger, a primeira guerra mundial foi o fim do pequeno mundo
burguês do século XIX e da «Belle Époque», onde toda a gente era como devia ser, isto é,
comportando-se de acordo com normas estabelecidas por professores ou sacerdotes, exatamente
como hoje temos de nos comportar de acordo com as autoproclamadas regras da correção
política. Debaixo das tempestades de aço o soldado podia afirmar a sua insignificância, o seu mero
ser biológico, mas esta afirmação não podia, a seu ver, levar a um pessimismo inepto, ao medo e
desespero. Havendo experimentado o mais cruel dos destinos nas trincheiras, debaixo do
bombardeamento de milhares de armas de artilharia que sacudiam a terra, vendo tudo reduzido
ao elementar, o soldado de infantaria conheceu melhor que outros o atroz destino humano sobre
a face da terra. Toda a artificialidade da vida civilizada urbana surgiu de repente como pura
impostura. No pós guerra, Ernst Jünger e o seu irmão Friedrich-Georg, tornam-se os melhores
escritores e jornalistas nacional-revolucionários. Ernst evoluiu para uma espécie de cínico, irónico
e sereno observador da humanidade e dos factos da vida. Durante um bombardeamento sobre
um subúrbio parisiense, onde as fábricas estavam a produzir material de guerra para o exército
alemão, na segunda guerra mundial, Jünger ficou aterrorizado com a anormal rota aérea, reta,

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tomada pelas forças norte-americanas. A linearidade das rotas aéreas sobre Paris era a negação de
todas as curvas e sinuosidades da vida orgânica. A guerra moderna implicou a destruição dos
ondulantes e serpenteantes traços do orgânico. Ernst Jünger começou a sua carreira como escritor
fazendo a apologia da guerra. Depois de haver observado os irresistíveis assaltos dos B-17
americanos ficou totalmente enojado pela falta de nobreza da forma puramente técnica de
conduzir uma guerra. Depois da segunda guerra mundial, o seu irmão, Friedrich-Georg, escreveu o
primeiro trabalho teórico que levaria ao desenvolvimento do novo pensamento alemão crítico e
ecologista, «Die Perfektion der Technik» (A Perfeição da Técnica). A ideia principal deste livro, em
meu entender, é a crítica da conexão. O mundo moderno é um processo de intenções de conexão
das comunidades humanas e dos indivíduos a grandes estruturas. Este processo de conexão
destrói o princípio da liberdade. És um pobre operário acorrentado se estás conectado a uma
grande estrutura, ainda que ganhes 3000 libras por mês, ou mais. És um homem livre quando
estás completamente desconectado desses enormes tacões de aço. Em certo sentido Friedrich-
Georg escreveu a teoria que Kerouac experimentou de forma não teórica escolhendo largar tudo e
viajar, convertendo-se num cantante vagabundo.

Ludwig Klages foi outro filósofo da vida orgânica contra o pensamento abstrato. Para ele a
principal dicotomia era entre Vida e Espírito (Leben und Geist). A vida é esmagada pelo espírito
abstrato. Klages nasceu no norte alemão mas migrou enquanto estudante para Munique, onde
passou o seu tempo livre nos pubs de Schwabing, local onde artistas e poetas se encontravam
(ainda hoje). Tornou-se amigo do poeta Stefan Georg e um estudante da figura mais original de
Schwabing, o filósofo Alfred Schuler, que acreditava ser a reencarnação de um antigo colono
romano nas terras do Reno. Schuler tinha um genuíno sentido teatral. Disfarçava-se com a toga de
um imperador romano, admirava Nero e montava peças evocativas do antigo mundo grego ou
romano. Mas para além da sua faceta fantasiosa, Schuler adquiriu uma importância cardinal na
filosofia desenvolvendo, por exemplo, a ideia de «Entlichtung», ou seja, o gradual
desaparecimento da Luz desde o tempo das antigas cidades-estados da Grécia ou Roma. Não há
progresso na História: Pelo contrário, a Luz está a desaparecer como a liberdade do cidadão para
definir o seu próprio destino. Hanna Arendt e Walter Benjamin, na esquerda e no campo
conservador-liberal, foram inspirados por esta ideia e adaptaram-na para audiências diferentes. O
mundo moderno é o mundo da completa escuridão, com pouca esperança de encontrar períodos
«iluminados» novamente, exceto se personalidades carismáticas, como Nero para Schuler,
dedicadas à arte e a um estilo de vida dionisíaco, marcassem uma nova era de esplendor que
duraria apenas o tempo abençoado de uma primavera. Klages desenvolveu as ideias de Schuler,
que nunca escreveu um livro completo, depois da morte deste em 1923 devido a uma cirurgia mal
conduzida. Klages, pouco antes da primeira guerra mundial, pronunciou um famoso discurso na
colina Horer Meissner, na Alemanha Central, para os movimentos da juventude (Wandervogel).
Este discurso teve o título de «Homem e Terra» e pode ser visto como o primeiro manifesto
orgânico de ecologia, com uma clara e compreensível, mas sólida, base filosófica.

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Carl Schmitt começou a sua carreira como professor de direito em 1912 e viveu até à respeitosa
idade de 97 anos. Escreveu o seu último ensaio aos 91.Não posso enumerar todos os pontos
importantes do trabalho de Carl Schmitt neste espaço. Resumamos dizendo que Schmitt
desenvolveu duas ideias principais, a de decisão na vida política e a de «Grande Espaço». A arte de
moldar a política em geral ou uma boa política em particular está na decisão, não na discussão. O
líder tem de decidir para liderar, proteger e desenvolver a comunidade política de que está à
frente. A decisão não é ditadura como diriam hoje em dia muitos liberais na nossa era do
«politicamente correcto». Pelo contrário, uma personalização do poder é mais democrática, no
sentido que um rei, um imperador ou um líder carismático é sempre um mortal. O sistema que ele
eventualmente imponha não é eterno, já que ele está condenado a morrer como qualquer ser
humano. Um sistema monocrático, ao invés, procura eternizar-se, mesmo se os acontecimentos
correntes e inovações contradizem as suas normas ou princípios. O segundo grande tópico no
trabalho de Schmitt é a ideia de Grande Espaço Europeu (Grossraum). As forças externas devem
ser impedidas de interferir nesse Grande Espaço.Schmitt queria aplicar à Europa o mesmo
princípio simples que animava o presidente norte-americano Monroe. A América aos americanos.
Ok, dizia Schmitt, mas apliquemos a ideia de Europa aos europeus. Schmitt pode ser comparado
aos «continentalistas» americanos, que criticaram a intervenção de Roosevelt na Europa e na Ásia.
Os latino-americanos também desenvolveram similares ideias continentalistas, tal como os
imperialistas japoneses. Schmitt deu a esta ideia de Grossraum uma forte base jurídica.

Niekisch é uma figura fascinante no sentido em que começou a sua carreira como líder comunista
no «Conselho da República da Baviera» de 1918-19, que foi destruído pelos Freikorps de von Epp,
von Lettow-Vorbeck, etc. Obviamente Niekisch ficou desapontado pela ausência de uma visão
histórica entre o trio bolchevique na Munique revolucionária (Lewin, Leviné, Axelrod). Niekisch
desenvolveu uma visão euroasiática, baseada na aliança entre a União Soviética, a Alemanha, a
China e a Índia. A figura ideal que deveria ser o motor humano desta aliança seria o camponês,
adversário da burguesia ocidental. Um certo paralelo com Mao Tse-Tung surge aqui evidente. Nos
jornais que Niekisch editou descobrimos todas as tentativas alemãs de apoiar movimentos anti-
britânicos ou anti-franceses nos impérios coloniais ou na Europa (Irlanda contra a Inglaterra,
Flandres contra uma Bélgica francófona, nacionalistas hindus contra o Reino Unido, etc.).

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