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INTRODUÇÃO
A proteção a vítimas e testemunhas é algo de fundamental importância
para o desenvolvimento das investigações policiais, para a instrução
processual e para a diminuição da impunidade.
BREVE HISTÓRICO
Em 1995 nasceu a idéia do Provita, quando o Gabinete de Assessoria Jurídica a Organizações Populares
(Gajop) , buscando contribuir com a redução dos altíssimos índices de impunidade em Pernambuco,
tendo por base sua experiência de assessoria jurídica em diversos casos concretos de envolvimento de
grupos de extermínio no Estado, apresentou ao governo pernambucano uma proposta para a criação do
“programa de apoio e proteção a vítimas, testemunhas e familiares de vítimas da violência”.
Em 1996, o Programa Nacional de Direitos Humanos estabeleceu como meta o apoio à criação em nível
estadual de programas de proteção a vítimas e testemunhas de crimes, que estivessem expostas a grave
e atual perigo em virtude de colaboração ou declarações prestadas em investigação ou processo
criminal. Em 1998, a então Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça
(SEDH/MJ) e o Governo de Pernambuco assinaram um acordo para implantação do programa. Esse
ajuste apoiava a iniciativa inédita que acontecia naquele Estado sob a coordenação da organização não-
governamental Gabinete de Assessoria Jurídica a Organizações Populares (Gajop): o Provita.
Cada Estado que possui um programa de Proteção a Testemunhas instalado tem uma legislação
específica. O Provita surge então como uma esperança no controle da criminalidade, num quadro social
e político marcado pelo medo e pela banalização da violência.
A Lei 9.807/99
A Lei 9.807 de 13 de julho de 1999 possui 21 artigos distribuídos em três capítulos, o primeiro tratando
da proteção `a vítimas e testemunhas ameaçadas. A lei em escopo tem por finalidade estabelecer
normas para a organização e a manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e a
testemunhas ameaçadas, instituir o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas
Ameaçadas e dispor sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente
prestado efetiva colaboração à investigação policial e ao processo criminal.
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As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por testemunhas de crimes que estejam coagidas ou
expostas a grave ameaça em razão de colaborarem com a investigação ou processo criminal serão
prestadas pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal, no âmbito das respectivas competências.
A Lei 9.807 (art. 1º) exclui o Município como ente federativo capaz de ajudar na realização da proteção
às vítimas e testemunhas. Nada mais lógico. Apesar da referência às guardas municipais no art. 144, § 8º
da CF), sua missão refere-se à proteção de bens, serviços e instalações do Município. Além do mais,
nem todos os Municípios mantêm guardas municipais estruturadas que poderiam auxiliar na execução
do programa protetivo. Nesses termos:
Percebam que a Lei deu preferência à colaboração entre os entes federativos, mas não excluiu que haja
participação de entidades não-governamentais, até mesmo porque já existia, em alguns Estados, antes
da vigência da Lei 9.807, entidades não-governamentais mais adiantadas, com bom nível organizacional
para proteger as testemunhas de crimes.
Assim, a Lei, implicitamente, proibiu a existência de programas sem a participação do Poder Público,
mas, como não poderia ser diferente, vislumbrou a ajuda da comunidade na execução do programa.
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De acordo com o artigo 2o, a proteção concedida pelos programas e as medidas dela decorrentes levarão
em conta:
1) A gravidade da coação ou da ameaça à integridade física ou psicológica,
2) A dificuldade de preveni-las ou reprimi-las pelos meios convencionais;
3) Importância para a produção da prova.
Como se verifica, tais CRITÉRIOS DETERMINARAM UMA INEXISTÊNCIA DE TAXAÇÃO DE CRIME. Nesse
sentido, exerceu muito bem o legislador a sua missão, vez que ao não estipular quais os crimes que
seriam necessários existir para que houvesse a proteção. Qualquer crime poderá dar ensejo à proteção.
Portanto, em provas, não tenha dúvidas:
Não precisaria dizer que os crimes de menor potencial ofensivo, e até mesmo os de médio potencial
ofensivo ficam, em princípio, de fora do programa.
a) Situação de risco. A pessoa deve estar "coagida ou exposta a grave ameaça" (art. 1º, caput).
Obviamente não é necessário que a coação ou ameaça tenha já se tenham consumado, sendo bastante
a existência de elementos que demonstrem a probabilidade de que tal possa vir a ocorrer. A situação de
risco, entretanto, deve ser atual.
c) Personalidade e conduta compatíveis. As pessoas a serem incluídas nos programas devem ter
personalidade e conduta compatíveis com as restrições de comportamento a eles inerentes (art. 2º, §
2º), sob pena de por em risco as demais pessoas protegidas, as equipes técnicas e a rede de proteção
como um todo. Daí porque a decisão de ingresso só é tomada após a realização de uma entrevista
conduzida por uma equipe multidisciplinar, incluindo um psicólogo, e os protegidos podem ser excluídos
quando revelarem conduta incompatível (art. 10, II, "b").
d) Inexistência de limitações à liberdade. É necessário que a pessoa esteja no gozo de sua liberdade,
razão pela qual estão excluídos os "condenados que estejam cumprindo pena e os indiciados ou
acusados sob prisão cautelar em qualquer de suas modalidades" (art. 2º, § 2º), cidadãos que já se
encontram sob custódia do Estado.
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EXCLUSÃO DO PROGRAMA
Conforme já mencionado, o art. 2º, § 2º da Lei determina que estão excluídos da proteção os (1)
indivíduos cuja personalidade ou conduta seja incompatível com as restrições de comportamento
exigidas pelo programa, (2) os condenados que estejam cumprindo pena e (3) os indiciados ou acusados
sob prisão cautelar em qualquer de suas modalidades.
Como a pessoa que entra no programa é obrigada a se submeter às restrições óbvias e a um cuidado
especial por parte do programa (§ 4º do mesmo art. 2º) como, por exemplo, interceptação telefônica
consentida, segurança na residência, escolta, preservação da intimidade, imagem e dados pessoais,
inclusive com mudança do nome completos em casos excepcionais, transferência de residência e outros
(incisos do art. 7º), evidente que indivíduos que têm conduta incompatível com tais restrições não
poderão ser beneficiadas pelo programa.
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Assim, nos termos do Art. 10, a exclusão da pessoa protegida de programa de proteção a vítimas e a
testemunhas poderá ocorrer a qualquer tempo nas seguintes situações:
I - por solicitação do próprio interessado;
II - por decisão do conselho deliberativo, em conseqüência de:
a) cessação dos motivos que ensejaram a proteção;
b) b) conduta incompatível do protegido.
A personalidade da pessoa que quer ser protegida, muitas das vezes poderá ser óbice na efetivação do
Programa. Pessoas com inclinação à exposição às intempéries das ameaças, pode ser tornar um risco
para si próprias e para a própria rede de proteção. Pessoas que se sentem fortemente ligadas aos
antigos hábitos e amizades, que não conseguem se desvencilhar do antigo local de moradia, pode ser
um risco constante para si e para seus familiares protegidos pelo Programa.
Outra dificuldade são as pessoas com um nível financeiro elevado que não se adaptam ao padrão
econômico oferecido pelo Programa, nos mais das vezes são pessoas que teoricamente deixaram o
Programa após pouco tempo de inseridas no mesmo. È preciso pois que seja claramente exposto à
pessoa a real situação em que a mesma vai viver e as limitações financeiras pelo qual terá que passar.
Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão
judicial e a conseqüente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo
primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o
processo criminal, desde que dessa colaboração tenha como resultado:
I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;
II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada;
III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Artigo 11 - A proteção oferecida pelo programa terá a duração máxima de dois anos.
É preciso levar em consideração que a Lei não desejou a prorrogação do prazo, e mesmo que ainda
existam os motivos, somente em casos excepcionais é que deverá ser prorrogado.
Parágrafo único. Qualquer que seja o rito processual criminal, o juiz, após a citação,
tomará antecipadamente o depoimento das pessoas incluídas nos programas de
proteção previstos nesta Lei, devendo justificar a eventual impossibilidade de fazê-lo no
caso concreto ou o possível prejuízo que a oitiva antecipada traria para a instrução
criminal.(Incluído pela Lei nº 12.483, de 2011)
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