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Volume 4
ISBN 978-85-7193-274-6 Paleontologia: Cenários de Vida
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Instituto de Geociências. Museu da Geodiversidade (MGeo), Av. Athos da Silveira Ramos,
274, CCMN, 21941-916, Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, Brasil
E-mails: alinecastro@ufrj.br, museugeodiversidade@geologia.ufrj.br, ismar@geologia.ufrj.br
RESUMO
Hoje um museu tem que competir com uma cultura de massa muito bem equipada com as
maiores tecnologias do entretenimento, por isso, pretende-se refletir e contextualizar o Museu
da Geodiversidade (IGEO– UFRJ) nos desafios contemporâneos, conjugando educação,
ciência e lazer a serviço da sociedade. O Museu da Geodiversidade (MGeo) foi criado em
2007 e, desde então, procura possibilitar não só o acesso a museus e à memória, mas ao uso
da universidade como um local de partilha de conhecimento. Para isso, o MGeo desenvolve
atividades educativas que visam complementar suas exposições, ampliando a experiência do
visitante no museu. Esse trabalho é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar que já
produziu diversos materiais sobre geodiversidade. Sob o ponto de vista museográfico, o MGeo
busca desmitificar as Geociências utilizando uma linguagem acessível, mas sem perder o foco
do contexto científico. Através da união entre ciência, educação e lazer o MGeo procura fazer
seu papel na preservação do Patrimônio Geológico.
Palavras-chave: Museu da Geodiversidade, Patrimônio Geológico, Educação em Museus
ABSTRACT
Nowadays, a museum has to compete with a mass culture very well equipped with the highest
technologies of entertainment. Thus, the purpose of this article is to reflect and contextualize
the Museum of Geodiversity (IGEO - UFRJ) with the contemporary challenges, combining
education, science and leisure in order to serve the society. The Museum of Geodiversity
(MGeo) was founded in 2007 and, since then, seeks not only to allow access to museums and
memory, but to use the University as an instrument for sharing knowledge. For this reason, the
MGeo develops educational in order to complement its exhibitions, expanding the experience
of the visitor at the museum. This work is developed by a multidisciplinary team that has
already produced various materials on geodiversity. Under the museographic point of view, the
MGeo seeks to dismystify the Geosciences using an accessible language, but without losing
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the focus on the scientific context. Through the union of science, education and leisure, the
MGeo intends to do its part on preservation of the Geological Heritage.
Keywords: Geodiversity’s Museum, Geological Heritage, Museum’s education
1. INTRODUÇÃO
Os museus são fontes perenes de atualização ao longo do tempo e configuram-se como
excelentes ferramentas para o embasamento das informações a serem transferidas em todas as áreas
do conhecimento. O papel do museu continua o de acondicionar, conservar, documentar, pesquisar
e divulgar seus acervos e o conhecimento que deles provêm. Contudo, na sociedade contemporânea,
em especial na América Latina, o caráter social do museu é muito mais acentuado, aumentando a sua
responsabilidade social.
Nos museus científicos, as ciências e as tecnologias são apresentadas, refletidas e desmitificadas,
tornando a informação acessível à sociedade. Todo museu atua também como um instrumento
formativo no processo educacional, sem ter a pretensão de substituir o ensino formal, mas sim de
complementá-lo e aprofundá-lo, cada qual de acordo com as suas temáticas e características.
As instituições de ensino podem e devem utilizar os museus como seus aliados no processo
de aprendizagem, pois, no âmbito do processo educativo, ampliam as possibilidades de aprendizado,
quer pelo uso dos acervos, quer pelo estímulo à criatividade e ao desenvolvimento do senso crítico aos
conceitos ministrados e à sedimentação do conhecimento, através das exposições.
Os museus hoje em dia têm que competir com uma cultura de massa muito bem equipada com
as maiores tecnologias do entretenimento, como se pode observar nos mais modernos parques, cinemas,
casas de jogos eletrônicos, entre muitos outros. Contudo, o trabalho realizado nestas instituições não
é o mesmo, nem pode se confundir com o dessas indústrias, já que os museus trabalham, sobretudo,
com a educação, no intuito de promover e ajudar o desenvolvimento cultural e social dos cidadãos
(Studart, 2004).
O grande desafio do Museu está em conjugar educação e lazer (Studart, 2004). Para isso,
ferramentas como os projetos educacionais, associados à museografia criativa, são de vital importância,
assim como clareza sobre os objetivos do museu. O incentivo e capacitação de todos os funcionários
também são fundamentais, pois é essencial que todos saibam do papel de inclusão social e de educação
do museu.
Por isso, este trabalho tem por objetivo refletir e contextualizar o Museu da Geodiversidade
(Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ) nos desafios contemporâneos,
conjugando educação, ciência e lazer a serviço da sociedade.
Figura 1. Painel interpretativo do projeto Caminhos Geológicos sobre a formação da Ilha do Fundão, integrando a
musealização externa ao museu.
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Tomando partido nesse plano, o MGeo passou não só a tratar da compreensão do passado
geológico da Terra e da valorização do patrimônio geológico que nos foi legado, mas também do
passado geológico e histórico da formação da Ilha do Fundão, através de uma parceria com o projeto
“Caminhos Geológicos”, que mapeia os pontos de interesse geológico do estado do Rio de Janeiro
(Figura 1).
Outra forma de valorização do espaço público em que está inserido foi a aprovação do projeto
“O Jardim do Tempo Profundo”, que busca musealizar a parte externa do museu para projeção de
mais um espaço dedicado à compreensão da importância das Geociências para uma transformação
socioambiental, assim como a revitalização de uma área pouco aproveitada pela comunidade (Figura
2).
Figura 2. Imagem do projeto do “Jardim do Tempo Profundo” que busca musealizar a parte externa do museu para
projeção de mais um espaço dedicado à compreensão da importância das Geociências.
A última ação nesse sentido foi o planejamento de um espaço multiuso denominado “Núcleo
GeoEducAtivo”, que se adapta a diferentes atividades educativas e plurais, variando entre exposições,
cursos para professores, cineclubes, oficinas etc. Por essa flexibilidade, o espaço serve ao atendimento
do público tanto interno quanto externo. Além disso, o Núcleo GeoEducAtivo foi pensado como um
projeto arquitetônico único e inovador, cuja estrutura de cobertura une natureza e tecnologia de ponta,
questões fundamentais para o Homem no mundo contemporâneo.
Em suma, o Museu da Geodiversidade, por meio de ações que não perderam de vista o seu
contexto espacial, a UFRJ, vem possibilitando parte da revitalização do espaço físico da Cidade
Universitária, permitindo assim não só o direito a museus e à memória, mas ao uso da universidade
como um local de partilha de conhecimento, para projeção de um futuro mais consciente.
Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro, Patrícia Danza Greco, Eveline Milani Romeiro,
Márcia Cezar Diogo & Ismar de Souza Carvalho 833
3. ATIVIDADES EDUCATIVAS
Além das ações no âmbito do Plano Diretor UFRJ 2020, o MGeo desenvolve atividades
educativas que visam complementar a exposição e os conhecimentos adquiridos, ampliando, de acordo
com as características de cada grupo, a sua experiência no museu.
O MGeo conta com educadores que coordenam um grupo de bolsistas nas diferentes áreas
do conhecimento, tais como Geografia, Gravura, Pintura, Escultura, Comunicação Social, Letras e
Desenho Industrial. Uma equipe multidisciplinar que tem desenvolvido um trabalho educacional
intenso e rico.
Figura 3. Projeto desenvolvido pelo setor educativo. Marcador de livro do Museu da Geodiversidade ilustrado com a
diversidade geológica no anverso e com tabela do tempo geológico resumida no verso.
Essas atividades lúdicas permitem que o processo de aprendizagem se torne mais alegre e
prazeroso, estimulando a criatividade e enriquecendo o desenvolvimento intelectual da criança/
adolescente. Com a união entre brincadeira, educação e conhecimento foram elaborados diversos jogos
como o “jogo dos sete erros”, “quebra-cabeças” e um xadrez temático. Esses jogos foram inspirados na
fauna fossilífera brasileira contextualizada em seu habitat, com o intuito de aguçar a curiosidade do
jogador e possibilitar a geração de questões mais profundas sobre os organismos, ambientes, hábitos
de vida, etc (Figuras 4, 5 e 6).
Figura 4. Jogo dos 7 erros desenvolvido pelo setor educativo para as atividades mediadas no museu com o intuito de
divertir e, ao mesmo, suscitar perguntas sobre a paleobiodiversidade, paleoambientes, paleoecologia, entre outros.
Figura 5. Projeto desenvolvido pelo setor educativo. Jogo de xadrez cujas peças tradicionais foram substituídas por
organismos fósseis brasileiros.
estes: Água; Geodiversidade; Combustíveis fósseis e Combustíveis fósseis: usos e problemas (Câmara,
Silva e Greco et al., 2010).
Figura 6. Projeto desenvolvido pelo setor educativo. Jogo da Memória abordando como tema a geodiversidade e
paleobiodiversidade (fósseis, icnofósses, paleoambientes, etc).
Figura 7. Pedro Rocha: mascote do museu. Uma rocha simpática e versátil que ajudará as crianças a desmistificar as
Geociências.
promovida pelo Museu do Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, em 2009; a exposição Pré-história no Brasil: dinos e outros fósseis, realizada em conjunto com
o Museu da Vida da Fiocruz em 2010 e a exposição Pretérito perfeito dos Crocidilianos, realizada pela
Unidade de Macaé da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Figura 8. Montagem da réplica do Uberabatitan riberoi para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, 2009.
Figura 9. Estudantes participando das atividades educativas promovidas pelo Museu da Geodiversidade em eventos de
divulgação científica. Superior: Oficina Quebra-Cabeça 3D: a vida ganhando forma – montagem de um quebra-cabeça
3D de um crocodilo do Cretáceo Superior (cerca de 70 milhões de anos), chamado Baurusuchus salgadoensis. Inferior:
confecção de réplicas de organismos fósseis. Ambas na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, 2009.
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A realização de atividades educativas para o Museu é uma rica experiência, pois une diversas
disciplinas, conceitos e conhecimentos em prol da divulgação da importância da diversidade geológica.
4. MUSEOGRAFIA E A GEODIVERSIDADE
Entre a geodiversidade e as exposições existe uma relação desde o tempo dos famosos Gabinetes
de Curiosidades dos séculos XV e XVI, que costumavam expor uma diversidade de objetos exóticos
encontrados no mundo. Neste período as exposições estavam ligadas diretamente ao status social,
assim como as bibliotecas pessoais e, portanto, o acesso a este acervo era restrito a uma parcela ínfima
da população (Melo, Souza e Pinto, 2005).
Posteriormente, com a consolidação das ciências, estas coleções passaram a ter uma função
também científica, representando recortes do mundo em um espaço confinado, e, desde então, as
exposições começaram a ganhar um papel mais educativo. Atualmente as exposições museológicas
têm a função de divulgar a produção científica, tornando o conhecimento acessível à sociedade, física
(através da acessibilidade do espaço) e intelectualmente (utilizando uma linguagem adequada) (Melo,
Souza e Pinto, 2005).
Fazer exposições é algo extremamente complexo, pois as mesmas possuem um compromisso
com a academia científica e com a população. Por isso, as exposições realizadas pelo MGeo têm os
seus objetivos claramente delineados, destacando o que ela pretende passar e a quem ela se destina.
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Esses objetivos são os pontos que norteiam todo o restante da exposição. Nunca é demais lembrar que
a exposição é um instrumento de comunicação poderoso capaz de realizar a ponte entre as ciências e
o público-leigo, devendo estar condizente com a sua instituição e com seu objetivo.
As exposições do Museu da Geodiversidade objetivam mostrar a importância da diversidade
geológica ao longo do tempo e, principalmente, a sua relevância no cotidiano das pessoas. Procura
ensinar em um contexto geral, pois não se limita ao público universitário, mas se volta para fora dos
limites da Cidade Universitária onde existe um público extremamente amplo e diversificado.
Figura 11. Trecho da exposição de longa duração do Museu da Geodiversidade trabalhando a relação entre natureza e
cultura sob o viés da geodiversidade.
Hoje, dentro da política museográfica do MGeo, busca-se através da relação entre o objeto
contextualizado e a linguagem adequada desmitificar as Geociências (Figuras 11 e 12). Visando
uma melhor assimilação pelo público, procura-se evitar exposições que são apenas vitrines de fósseis
descontextualizadas, ou então exposições grandiosas, com tecnologia de última geração, mas que se
perdem em seu objetivo ou até mesmo não possuem um. A utilização dos aparatos tecnológicos apenas
com o intuito de atrair o público acaba por restringir os resultados educacionais da exposição. Por isso, a
cada nova exposição procura-se ter em mente o compromisso selado com a sociedade, onde os atrativos
são utilizados para seduzir, mas como isca, de modo a envolver e cativar o público, possibilitando o
contato com o objeto (seja ele rocha, mineral, fóssil ou outro) e uma melhor compreensão de todo o
contexto expositivo e das Geociências.
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Figura 12. Estudantes em visita ao Museu da Geodiversidade participando de atividade mediada, possibilitando o
envolvimento e contato com as réplicas e com os fósseis (quando possível).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da união entre ciência, educação e lazer o MGeo procura preservar o patrimônio
geológico através da conservação de suas coleções científicas e demonstrar a importância das geociências
para as atividades econômicas e melhoria das condições de vida da população. Para isso, atua de forma
intensa na revitalização do espaço da Cidade Universitária, elabora projetos educacionais e exposições
criativas para auxiliar o desenvolvimento cultural e social dos cidadãos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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