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ESTUDO DE UM CASO DE INCLUSÃO: APRENDIZAGEM FORA DA SALA DE


AULA

FELIPE LUIZ COLTRO.

RESUMO
O seguinte trabalho foi realizado em uma escola da rede pública de Novo Hamburgo, em
que foram observados aspectos do processo de aprendizagem de um caso de inclusão. Também foi
debatida a questão da importância de utilizar o espaço escolar fora da sala de aula, que pode
propiciar conhecimento e merece igual consideração, pois faz a criança explorar novos caminhos
nesta trajetória. Para auxiliar na fundamentação da parte teórica do trabalho, foram utilizadas

referências de trabalhos realizados no espaço da educação .

Palavras-chave: aprendizagem, inclusão, escolar, criança, espaço,


educação.

1 INTRODUÇÃO
Durante dois meses trabalhei como apoio de inclusão em uma escola da
rede de Novo Hamburgo, quatro horas por dia, cuidando de um menino que vive em
um lar de crianças, e é psicótico. Fiz observações dele por algumas manhãs,
registrando apenas duas horas em minhas análises.
O objetivo do trabalho é, a partir destas observações, analisar como
podem ser usadas estratégias diferenciadas para facilitar o procedimento escolar em
casos de inclusão.

2 DESENVOLVIMENTO
Segundo as autoras Teles, Resegue e Puccini(2013), a inclusão é o
movimento da sociedade que visa a produzir a igualdade de oportunidades para
todos. A inclusão supõe que cada um tenha a oportunidade de fazer suas próprias
escolhas, desenvolvendo sua autonomia e identidade pessoal e social. A prática da
inclusão social vem aos poucos substituindo a da integração social, que apenas
admite uma pessoa como parte de um grupo maior, e parte do princípio de que, para
inserir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada de modo a atender às
necessidades de seus membros, proporcionando assim oportunidades que
beneficiem a todos. Uma sociedade inclusiva não admite preconceitos,
discriminações, barreiras sociais, culturais e pessoais. Neste sentido, a inclusão
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social da pessoa com deficiência significa possibilitar a ela, respeitando as


necessidades próprias da sua condição, o acesso aos serviços públicos, aos bens
culturais e aos produtos decorrentes do avanço social, político, econômico e
tecnológico da sociedade.
De acordo com as autoras Souza, Almeida, Garcia, Coelho, Silva e Santana
(2011),
A inclusão possibilita a interação e a integração
dos alunos especiais com aqueles considerados normais, gerando benefício
para todo o grupo, pois a convivência entre eles permite a ampliação de
valores e o reconhecimento de que cada um tem suas particularidades,
desenvolvendo uma percepção de igualdade. O processo inclusivo não é
um fim em si mesmo, é um trabalho coletivo, contínuo, interativo e
cooperativo, abrindo possibilidades de compartilhar experiências, tornando
nossas escolas lugares privilegiados para se aprender sobre a inclusão,
sendo possível discutir e construir saberes na diversidade.

A aprendizagem na educação geralmente ocorre de uma maneira


sistemática, padronizada, em que os alunos passam grande parte do tempo
pedagógico dentro da sala de aula, onde são ensinados conteúdos previamente
planejados, como matemática e português, e alguns poucos períodos fora da sala,
em lugares como a biblioteca ou o espaço de educação física.
Desse modo, os alunos ficam completamente limitados e costumam obter
sempre o mesmo tipo de informação e conhecimento durante sua vida escolar,
tornando o processo de aprendizagem muito repetitivo. Essa restrição de novas
possibilidades que poderiam ser utilizadas engessa os alunos, e também os
professores, que devem seguir um plano específico de aulas, comprometendo assim
a criatividade.
Ao observar meu aluno, claro que também pude notar alguns aspectos que
aconteciam ao redor, no ambiente, em relação ao resto da turma. Pude perceber
claramente como funciona este modelo de aulas, em que o professor é um mero
repetidor de informações, que transforma seus alunos para que eles memorizem os
conteúdos passados, ao invés de obter o conhecimento prático. Como cada aluno
tem seu tempo de evolução e compreensão, quando um ou alguns alunos
específicos tinham mais dificuldade em relação aos outros, o professor tinha
dificuldades para fazer adaptações ou auxiliar individualmente, pois era necessário
uma abordagem muito mais distinta, que fugisse daquela rotina previamente feita,
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mostrando a dificuldade que havia de utilizar algum método que fosse inovador para
resolver o problema em questão.
Nunca tive um tempo dedicado para fazer o planejamento de uma aula feita
especialmente para meu aluno, tudo acontecia no improviso. Tinha algumas tarefas
prontas que eram adequadas em seu nível de aprendizagem, mas não havia
nenhum outro tipo de orientação para que eu pudesse conduzir meu trabalho de
alguma outra forma.
Minha dificuldade iniciou ao verificar que meu aluno tinha uma paciência
muito curta, e precisava de estímulos diferenciados para que tirasse algum proveito
do ambiente escolar, pois sua assimilação de conteúdos também era limitada.
Ele costumava iniciar suas atividades em sala de aula, mas antes mesmo do
término do primeiro período ele saia da sala ou buscava alguma forma de
escapatória para não realizar suas tarefas, como conversar excessivamente com os
colegas, cantar, ir no banheiro, passear, etc. Apesar da falta de concentração e foco,
ele já era alfabetizado quando iniciei meu trabalho com ele, pois tem conhecimento
sobre as regras básicas de português e matemática.
Após sua fuga, ele dificilmente voltava à sala de aula, pois tinha diversas
reclamações sobre o ambiente em geral, como as conversas paralelas, que o
atrapalhavam, o fato de não gostar de passar muito tempo sentado, e principalmente
a maneira como, muitas vezes, tínhamos que controlar ele, pois tinha dificuldade em
aceitar regras e limites e qualquer irritação poderia desencadear surtos psicóticos,
fazendo com que ele agredisse qualquer um em seu caminho, o que prejudicava o
andamento da aula para toda a turma.
Pelo que pude notar, o problema do meu aluno não se reduzia apenas à sala
de aula, e sim ambientes fechados que aglomeravam muitas pessoas. Para
exemplificar essa observação, me recordo do que aconteceu quando o levamos ao
cinema em um passeio da escola. As crianças estavam todas muito animadas, e o
Carlos não, percebi logo de cara que os cuidadores do lar em que ele vive haviam
mandado ele dopado, para não causar maiores problemas. Ele agiu muito bem
durante o caminho até o destino, e teve poucos momentos de descontrole. Porém,
quando o efeito do medicamento começou a passar, ele teve reações explosivas, e
começou a tentar agredir quem estivesse perto. Eu, a diretora e algumas
professoras o contemos e perguntamos se ele não gostaria de voltar ao lar, que é
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próximo ao cinema onde estávamos, e ele respondeu que sim, pois não suportava
mais aquele ambiente agitado. Assim, comecei a reparar que seu comportamento
agressivo ocorre como um gatilho, e que um dos estímulos que dispara é um local
barulhento.
Houve dois dias que não pude ir trabalhar, e ao meu retorno me contaram a
abordagem usada por uma das professoras que ficou com ele na minha ausência.
Ela só fez brincadeiras com ele, para evitar maiores problemas, e teve que deixar a
porta trancada para evitar sua fuga. Particularmente, não concordo com o modo
como ela conduziu a situação, pois não trouxe nenhum benefício para o aluno, muito
pelo contrário, o encurralou. Eu costumo usar métodos mais racionais para mantê-lo
focado, mas, apenas por curiosidade, tentei usar essa abordagem uma vez, e
comprovei que não ajudou, pois ele encontrava outros modos de fugir, mentalmente.
Os objetivos buscados eram, naturalmente, diferentes do restante dos
alunos, então eu poderia usufruir de outras ferramentas para alcançar meu
propósito. A meta era desenvolver sua motricidade fina; expressão e fluência verbal;
encorajar expressão corporal; trabalhar noções de tempo e espaço; percepção
visual, memória e compreensão; estimular e cobrar hábitos básicos de higiene e
organização; e respeitar limites e regras. Além disso, também me propus a melhorar
sua autoestima e confiança em seu potencial, pois ele tinha frequentes pensamentos
negativos e destrutivos em relação a si. Um dos fatores importante foi saber lidar e
persuadi-lo a fazer o que deve ser feito. Neste caso, bastava oferecer um estímulo
positivo(conversas, incentivo à inteligência e comportamento, recompensas,
demonstração de afeto, respeito, etc) para que ele mudasse suas crenças e
pensamentos limitadores e se tornasse mais tranquilo e produtivo.
Após o tempo que lhe foi designado para trabalhar em sala de aula, eu
costumava dar o notebook como forma de recompensa, o que costumava funcionar
bem no início. Depois de algum tempo percebi que seu interesse era muito maior ao
usar a tecnologia ou qualquer outra forma de aprendizagem fora do comum,
independente da atividade realizada. Assim, como sua tolerância era baixa em sala
de aula, e seu rendimento era maior em outras partes da escola, comecei a ter
ideias sobre como fazer isto se tornar produtivo.
Oliveira e Gastal(2009) apontam que
Apesar de haver uma delimitação específica e objetiva do principal
espaço onde comumente se processa a educação no ambiente escolar – a
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sala de aula –, no qual se destaca, tradicionalmente, como sujeito de ensino


o professor e como de aprendizagem, o aluno, concebemos que o espaço
formal de educação envolve todo o ambiente da escola, não se reduzindo à
sala de aula.

Oliveira e Gastal(2009) afirmam também que


Para que se alcance resultados significativos, em termos de
aprendizagem, é necessário uma boa compreensão das funções, do
funcionamento e das potencialidades, dos diferentes espaços não-formais
para a educação formal.

Minha primeira atitude foi separar as partes do tempo para uso de


determinadas atividades, como: Horário de usar o notebook, horário de ir para a sala
de educação física, horário de ir para a sala reservada para o programa Mais
Educação, horário para ir no pátio e horário de lanche. Assim, ele também
aprenderia a respeitar um cronograma.
No tempo designado para utilizar o computador, costumávamos fazer três
atividades: jogos educativos (com conteúdos de matemática, português e ciências),
ouvir músicas e produzir um filme. Ao jogar, meu aluno desenvolvia habilidades
motoras, de raciocínio rápido e memória e também a autonomia de pesquisar e
procurar por conta própria os assuntos discutidos em aula. Ao escutar músicas de
seu gosto, notei um padrão, em que ele tinha uma lista que gostava de escutar
repetitivamente. O filme que estávamos desenvolvendo era sobre o super herói da
escola. Muitas vezes, ele misturava fantasia e realidade, assumindo papéis de
super-heróis, sem saber diferenciar o real do imaginário. Como ele costuma ficar
confuso entre a realidade e suas alucinações, principalmente em suas crenças em
que ele pensa ser um super-herói, iniciamos o projeto do super herói da escola,
através da montagem de um filme, para mostrar a ele que esse tipo de animação é
feito através de uma edição tecnológica. Isso foi importante para que ele substituísse
sentimentos ruins que poderiam vir à tona em suas brincadeiras agressivas para dar
lugar a outros de amizade, compaixão, solidariedade e respeito. Creio que um fator
que influenciava este comportamento eram algumas coisas que ele assistia na
televisão do lar, que não era vigiada, reforçando essa atitude.
Já na hora de ir ao pátio, na sala de educação física e do programa Mais
Educação, que só usávamos quando estavam desocupadas, costumávamos fazer
jogos mais lúdicos, que envolvessem o uso da imaginação, expressão corporal e
criatividade. Ao fazer jogos com teatro e montagens, ele começava a assimilar
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questões de responsabilidade, como, ao preparar um pequeno carro, ele ficava


encarregado de cuidar de seu objeto, como lavar, concertar, dirigir, fazer reparos,
entre outros.
Como não tinha muita adoração pelas atividades de educação física, as
substitui pela montagem de histórias teatrais, construindo cenários imaginários, com
objetos como colchonetes, redes, cadeiras e tatames. Nestas cenas, brincávamos
fazendo casas, carros, cabanas e pequenas cidades, sempre buscando se apropriar
de algum conhecimento prático, como administração do dinheiro, exploração, reforço
de habilidades sociais, entre outros. Algo que também é de grande valor neste tipo
de atividade é a estimulação de hábitos mais saudáveis em sua vida, pois ele cria
um cenário muito mais feliz em sua mente, e isso pode ser aplicado em sua vivência
após a brincadeira. Ele costuma, por exemplo, pedir que eu fosse seu irmão ou
melhor amigo durante alguma ação teatral, e eu sempre agia mostrando a ele que
não era necessário ter medo das relações humanas, e que as pessoas seriam boas
com ele se ele também as tratasse bem.
Também usávamos muito alguns jogos que pudessem auxiliar no seu
aprendizado através do lúdico, como quebra-cabeça, jogos de memória, montagem
de figuras, raciocínio lógico, etc. Dessa forma, ele não se sentia preso a um sistema
rígido de estudo, que era copiar do quadro, e poderia assimilar conteúdo de forma
divertida.
Outra técnica que costumava usar tem origem no Psicodrama, de Moreno,
para tentar fazê-lo ver os conteúdos de um modo agradável. O convidava para
efetuar uma troca de papéis, onde ele seria meu professor e eu seria o aluno, assim,
ele me instruiria. Essa técnica de trocar de lugar funcionou muito bem, pois deu
permitiu que o aluno se colocasse em uma posição de possuir o saber, elevando sua
confiança e permitindo assim uma facilidade na finalização de seus afazeres.
Uma técnica diferente que utilizei também, para focar a atenção dele, foi
usar um dinheiro falso, que utilizávamos muito em brincadeiras. Toda vez que ele
acertava e concluia uma tarefa, ganhava um pouco de dinheiro. Esse tipo de
estratégia, de usar uma recompensa ou distração positiva secundária é, muitas
vezes, imprescindível para que ele se concentre. Percebi que, para a realização das
tarefas, tenho que mostrar a ele que os resultados e conhecimentos obtidos podem,
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de alguma forma, despertar seu interesse. Se ele fizer apenas por obrigação, o
processo não acontece.
Os autores Oliveira e Gastal(2009) salientam que outras estratégias
didáticas desenvolvidas em espaços não-formais também são capazes de propiciar
a aquisição de novos conhecimentos e também possibilitam a inserção da vivência
lúdica em atividades de extensão à sala de aula.

3 CONCLUSÃO
Este trabalho foi produzido para mostrar um pouco sobre o processo de
inclusão e apresentar a ideia de que não são apenas os métodos utilizados dentro
da sala de aula que podem trazer aprendizagem para o aluno, mas também as
abordagens propostas externamente. Esse ponto de vista busca enfatizar a
relevância de diversos aspectos que devem ser estimulados para um
desenvolvimento mais diversificado e sadio.
Acredito que pude fazer uma grande diferença na qualidade de vida do meu
aluno, pois lhe proporcionei muitas experiências variadas que geraram nele um
conhecimento tanto intelectual quanto afetivo.
Esse período vivenciado também agregou em mim mais sabedoria, pois
obtive um entendimento de como ocorre o procedimento no meio escolar, como lidar
em situações inesperadas, que exigem uma resposta criativa e inovadora, e como
atuar como um professor que inspira o aluno, diferentemente de ser um simples
reprodutor de conteúdos.
Finalizo o artigo sabendo que amadureci muito neste processo, pois as
práticas que ocorrem na área da inclusão trazem ao indivíduo que ali atua a
oportunidade de presenciar grande parte das teorias estudadas durante a graduação
na faculdade, e compreender questões que podem ser levadas, independentemente
de estarem ou não no âmbito da educação, para os campos da psicologia.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TELES, Fernanda Moreira; RESEGUE, Rosa; PUCCINI, Rosana Fiorini.
Habilidades funcionais de crianças com deficiências em inclusão escolar:
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barreiras para uma inclusão efetiva. Rio de Janeiro, Outubro de 2013. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232013001000027&lng=en&nrm=iso>. Acessos em: Junho de 2014.

SOUZA, Angela Cristina de; ALMEIDA, Elaine Cristina Siqueira de; GARCIA,
Eliana Cristina
Rodrigues; COELHO, Maria Ferreira Milan; SILVA, Marly de Lourdes Souza
da; SANTANA, Rose Meire Batista Barbara. Educação Inclusiva: Entre O Ideal E A
Realidade. Janeiro de 2011. Disponível em:
<http://reuni.unijales.edu.br/unijales/arquivos/28022012094822_242.pdf>. Acessos
em: Junho de 2014.

OLIVEIRA, Roni Ivan Rocha de;


GASTAL, Maria Luíza de Araújo. Educação formal fora da sala de aula –
olhares
Sobre o ensino de ciências utilizando espaços não-formais. Brasília,
Novembro de 2009. Disponível em:
<http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/1674.pdf>. Acessos em: Junho de
2014.

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