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RESUMO
O seguinte trabalho foi realizado em uma escola da rede pública de Novo Hamburgo, em
que foram observados aspectos do processo de aprendizagem de um caso de inclusão. Também foi
debatida a questão da importância de utilizar o espaço escolar fora da sala de aula, que pode
propiciar conhecimento e merece igual consideração, pois faz a criança explorar novos caminhos
nesta trajetória. Para auxiliar na fundamentação da parte teórica do trabalho, foram utilizadas
1 INTRODUÇÃO
Durante dois meses trabalhei como apoio de inclusão em uma escola da
rede de Novo Hamburgo, quatro horas por dia, cuidando de um menino que vive em
um lar de crianças, e é psicótico. Fiz observações dele por algumas manhãs,
registrando apenas duas horas em minhas análises.
O objetivo do trabalho é, a partir destas observações, analisar como
podem ser usadas estratégias diferenciadas para facilitar o procedimento escolar em
casos de inclusão.
2 DESENVOLVIMENTO
Segundo as autoras Teles, Resegue e Puccini(2013), a inclusão é o
movimento da sociedade que visa a produzir a igualdade de oportunidades para
todos. A inclusão supõe que cada um tenha a oportunidade de fazer suas próprias
escolhas, desenvolvendo sua autonomia e identidade pessoal e social. A prática da
inclusão social vem aos poucos substituindo a da integração social, que apenas
admite uma pessoa como parte de um grupo maior, e parte do princípio de que, para
inserir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada de modo a atender às
necessidades de seus membros, proporcionando assim oportunidades que
beneficiem a todos. Uma sociedade inclusiva não admite preconceitos,
discriminações, barreiras sociais, culturais e pessoais. Neste sentido, a inclusão
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mostrando a dificuldade que havia de utilizar algum método que fosse inovador para
resolver o problema em questão.
Nunca tive um tempo dedicado para fazer o planejamento de uma aula feita
especialmente para meu aluno, tudo acontecia no improviso. Tinha algumas tarefas
prontas que eram adequadas em seu nível de aprendizagem, mas não havia
nenhum outro tipo de orientação para que eu pudesse conduzir meu trabalho de
alguma outra forma.
Minha dificuldade iniciou ao verificar que meu aluno tinha uma paciência
muito curta, e precisava de estímulos diferenciados para que tirasse algum proveito
do ambiente escolar, pois sua assimilação de conteúdos também era limitada.
Ele costumava iniciar suas atividades em sala de aula, mas antes mesmo do
término do primeiro período ele saia da sala ou buscava alguma forma de
escapatória para não realizar suas tarefas, como conversar excessivamente com os
colegas, cantar, ir no banheiro, passear, etc. Apesar da falta de concentração e foco,
ele já era alfabetizado quando iniciei meu trabalho com ele, pois tem conhecimento
sobre as regras básicas de português e matemática.
Após sua fuga, ele dificilmente voltava à sala de aula, pois tinha diversas
reclamações sobre o ambiente em geral, como as conversas paralelas, que o
atrapalhavam, o fato de não gostar de passar muito tempo sentado, e principalmente
a maneira como, muitas vezes, tínhamos que controlar ele, pois tinha dificuldade em
aceitar regras e limites e qualquer irritação poderia desencadear surtos psicóticos,
fazendo com que ele agredisse qualquer um em seu caminho, o que prejudicava o
andamento da aula para toda a turma.
Pelo que pude notar, o problema do meu aluno não se reduzia apenas à sala
de aula, e sim ambientes fechados que aglomeravam muitas pessoas. Para
exemplificar essa observação, me recordo do que aconteceu quando o levamos ao
cinema em um passeio da escola. As crianças estavam todas muito animadas, e o
Carlos não, percebi logo de cara que os cuidadores do lar em que ele vive haviam
mandado ele dopado, para não causar maiores problemas. Ele agiu muito bem
durante o caminho até o destino, e teve poucos momentos de descontrole. Porém,
quando o efeito do medicamento começou a passar, ele teve reações explosivas, e
começou a tentar agredir quem estivesse perto. Eu, a diretora e algumas
professoras o contemos e perguntamos se ele não gostaria de voltar ao lar, que é
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próximo ao cinema onde estávamos, e ele respondeu que sim, pois não suportava
mais aquele ambiente agitado. Assim, comecei a reparar que seu comportamento
agressivo ocorre como um gatilho, e que um dos estímulos que dispara é um local
barulhento.
Houve dois dias que não pude ir trabalhar, e ao meu retorno me contaram a
abordagem usada por uma das professoras que ficou com ele na minha ausência.
Ela só fez brincadeiras com ele, para evitar maiores problemas, e teve que deixar a
porta trancada para evitar sua fuga. Particularmente, não concordo com o modo
como ela conduziu a situação, pois não trouxe nenhum benefício para o aluno, muito
pelo contrário, o encurralou. Eu costumo usar métodos mais racionais para mantê-lo
focado, mas, apenas por curiosidade, tentei usar essa abordagem uma vez, e
comprovei que não ajudou, pois ele encontrava outros modos de fugir, mentalmente.
Os objetivos buscados eram, naturalmente, diferentes do restante dos
alunos, então eu poderia usufruir de outras ferramentas para alcançar meu
propósito. A meta era desenvolver sua motricidade fina; expressão e fluência verbal;
encorajar expressão corporal; trabalhar noções de tempo e espaço; percepção
visual, memória e compreensão; estimular e cobrar hábitos básicos de higiene e
organização; e respeitar limites e regras. Além disso, também me propus a melhorar
sua autoestima e confiança em seu potencial, pois ele tinha frequentes pensamentos
negativos e destrutivos em relação a si. Um dos fatores importante foi saber lidar e
persuadi-lo a fazer o que deve ser feito. Neste caso, bastava oferecer um estímulo
positivo(conversas, incentivo à inteligência e comportamento, recompensas,
demonstração de afeto, respeito, etc) para que ele mudasse suas crenças e
pensamentos limitadores e se tornasse mais tranquilo e produtivo.
Após o tempo que lhe foi designado para trabalhar em sala de aula, eu
costumava dar o notebook como forma de recompensa, o que costumava funcionar
bem no início. Depois de algum tempo percebi que seu interesse era muito maior ao
usar a tecnologia ou qualquer outra forma de aprendizagem fora do comum,
independente da atividade realizada. Assim, como sua tolerância era baixa em sala
de aula, e seu rendimento era maior em outras partes da escola, comecei a ter
ideias sobre como fazer isto se tornar produtivo.
Oliveira e Gastal(2009) apontam que
Apesar de haver uma delimitação específica e objetiva do principal
espaço onde comumente se processa a educação no ambiente escolar – a
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de alguma forma, despertar seu interesse. Se ele fizer apenas por obrigação, o
processo não acontece.
Os autores Oliveira e Gastal(2009) salientam que outras estratégias
didáticas desenvolvidas em espaços não-formais também são capazes de propiciar
a aquisição de novos conhecimentos e também possibilitam a inserção da vivência
lúdica em atividades de extensão à sala de aula.
3 CONCLUSÃO
Este trabalho foi produzido para mostrar um pouco sobre o processo de
inclusão e apresentar a ideia de que não são apenas os métodos utilizados dentro
da sala de aula que podem trazer aprendizagem para o aluno, mas também as
abordagens propostas externamente. Esse ponto de vista busca enfatizar a
relevância de diversos aspectos que devem ser estimulados para um
desenvolvimento mais diversificado e sadio.
Acredito que pude fazer uma grande diferença na qualidade de vida do meu
aluno, pois lhe proporcionei muitas experiências variadas que geraram nele um
conhecimento tanto intelectual quanto afetivo.
Esse período vivenciado também agregou em mim mais sabedoria, pois
obtive um entendimento de como ocorre o procedimento no meio escolar, como lidar
em situações inesperadas, que exigem uma resposta criativa e inovadora, e como
atuar como um professor que inspira o aluno, diferentemente de ser um simples
reprodutor de conteúdos.
Finalizo o artigo sabendo que amadureci muito neste processo, pois as
práticas que ocorrem na área da inclusão trazem ao indivíduo que ali atua a
oportunidade de presenciar grande parte das teorias estudadas durante a graduação
na faculdade, e compreender questões que podem ser levadas, independentemente
de estarem ou não no âmbito da educação, para os campos da psicologia.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TELES, Fernanda Moreira; RESEGUE, Rosa; PUCCINI, Rosana Fiorini.
Habilidades funcionais de crianças com deficiências em inclusão escolar:
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barreiras para uma inclusão efetiva. Rio de Janeiro, Outubro de 2013. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232013001000027&lng=en&nrm=iso>. Acessos em: Junho de 2014.
SOUZA, Angela Cristina de; ALMEIDA, Elaine Cristina Siqueira de; GARCIA,
Eliana Cristina
Rodrigues; COELHO, Maria Ferreira Milan; SILVA, Marly de Lourdes Souza
da; SANTANA, Rose Meire Batista Barbara. Educação Inclusiva: Entre O Ideal E A
Realidade. Janeiro de 2011. Disponível em:
<http://reuni.unijales.edu.br/unijales/arquivos/28022012094822_242.pdf>. Acessos
em: Junho de 2014.