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TÍTULO
DIFERENÇAS CULTURAIS E DESENHO URBANO: experiência de
transferenciabilidade de princípios entre as cidades de Pelotas e Oxford.
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Coordenador: Eduardo Rocha
e-mail: amigodudu@yahoo.com.br
Área de Conhecimento 1: Ciências Sociais Aplicadas » Arquitetura e
Urbanismo » Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo » Teoria do
Urbanismo
Área de Conhecimento 2: Ciências Sociais Aplicadas » Planejamento Urbano
e Regional » Fundamentos do Planejamento Urbano e Regional » Teoria da
Urbanização
Área de Conhecimento 3: Ciências Sociais Aplicadas » Arquitetura e
Urbanismo » Projeto de Arquitetura e Urbanismo » Planejamento e Projeto
do Espaço Urbano
Duração: 12 meses
RESUMO DA PROPOSTA
A investigação é dedicada a mapear a aplicação de princípios de desenho urbano nas
regiões centrais das cidades de Pelotas (Brasil) e Oxford (Inglaterra). Esses princípios
são vividos no dia a dia pelos usuários das cidades, cada uma culturalmente diversa e
semelhante da outra em suas diferentes especificidades. A partir das obras
Responsive Environments (1985) de Ian Bentley et al. e Cities for People (2010) de
Jan Gehl (entre outras citadas na bibliografia), iremos experimentar os espaços
públicos das cidades para testar os princípios de: [1] encorajar a sustentabilidade
(flexibilidade, elasticidade), [2] trabalhar com características do lugar (identidade,
distintividade), [3] promover conexão e acesso (permeabilidade), [4] criar o fator bem
estar (vitalidade), [5] promover diversidade (variedade) e [6] promover fácil
entendimento do lugar (legibilidade), para tentar descobrir “do que é feito um bom
lugar?”, “quais as diferenças de desenho urbano entre esses lugares?” e; “se esses
princípios são transferíveis de uma cultura para outra?”. A pesquisa volta-se para as
áreas centrais das cidades, lugares onde o desenho urbano é vivido e sentido no dia a
dia por um grande número de usuários. A metodologia está dividida em três fases:
territorialização, desterritorialização e reterritorialização. Na etapa de
territorialização está previsto o reconhecimento dos lugares centrais das cidades e os
princípios de desenho urbano pelos pesquisadores e usuários das cidades, a partir da
produção de fotografias, vídeos, recursos infográficos e pesquisas documentais. A
etapa da desterritorialização pretende dar aos pesquisadores a oportunidade de
experimentar o desenho urbano do outro lugar, ou seja, experimentar em Oxford
(Inglaterra) os princípios de desenho urbano encontrados em Pelotas (Brasil) e vice-
versa, para tanto serão produzidos fotografias, vídeos e material infográfico, a partir de
uma intervenção no desenho urbano do outro pelo outro. A última etapa da pesquisa,
chamada aqui de reterritorialização, pretende dar sentido a novos vínculos e princípios
de desenho urbano, assim como encontrar os existentes já perdidos. Todas as etapas
serão também compostas por teleconferências e divulgação dos resultados em tempo
real por meio de website. Como resultado serão produzidos fotografias, vídeos,
desenhos, simulações (cenários de futuro: otimistas/pessimistas, temporais,
situacionais, etc.) e cruzamento de princípios de desenho urbano. As principais
contribuições esperadas são: avanços na área de desenho urbano de centros de
cidades; a produção local de metodologia e tecnologia, produção de conhecimento
sobre desenho urbano e interculturalidade. Por fim, é preciso ressaltar o intercâmbio
proposto nesse projeto entre o Joint Centre for Urban Design (JCUD/Oxford Brookes
University) referência internacional em metodologias de desenho urbano e o
Laboratório de Urbanismo da FAUrb/UFPel.
PALAVRAS-CHAVE
desenho urbano, planejamento urbano, contemporaneidade.
SÍNTESE DO PROJETO
Estudo da aplicação de princípios e soluções de desenho urbano nas cidades de
Pelotas (Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo -
PROGRAU/FAUrb/UFPel - Brasil) e Oxford (Joint Centre for Urban Design -
JCUD/Oxford Brookes University - Inglaterra), a partir de experimentos coletivos,
audiovisuais e infográficos. Detecção de diferenças culturais – interculturais – no uso
de espaços públicos das áreas centrais das cidades e sua relação com o desenho
urbano vigente a partir de movimentos territoriais contínuos.
INTRODUÇÃO
Depois do término da pesquisa: “Arquiteturas do Abandono – ou uma cartografia nas
fronteiras da arquitetura, da filosofia e da arte” – desenvolvida com bolsa CAPES,
junto ao Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura (PROPAR), da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), (2007-2010) – tornou-se
emergente o seguimento da metodologia de pesquisa da cartografia urbana e sua
relação direta com as estratégias de desenho urbano. Ampliando os casos estudados
para outras cidades brasileiras e do exterior, observando-se suas diferenças
econômicas, sociais e culturais; e todas as emergências advindas dos processos
globalizantes contemporâneos.
Contamos com a participação e acompanhamento de outros grupos de pesquisa no
Brasil e exterior, dos quais destacamos: o Grupo GPA – Gris Público Americano,
FADU (Faculdad de Arquitectura, Diseño y Urbanismo), em Buenos Aires (Argentina),
que vem pesquisando na área, realizando workshops por diversas cidades latino-
americanas; e o Grupo Galpões de Reciclagem, coordenado pelo professor Fernando
Freitas Fuão, junto ao PROPAR/UFRGS, formado por pesquisadores (mestrandos e
doutorandos) que na última década tem se dedicado à pesquisa das relações entre a
cidade e a contemporaneidade, realizando diversos eventos nacionais e internacionais
e inúmeras publicações.
A origem dessa proposta se deu em abril/2012, durante o “I Encontro de Desenho
Urbano: Viva o território! Pensar o centro da cidade de Pelotas”, quando o
LabUrb/FAUrb/UFPel recebeu a professora Laura Azevedo (JCUD, Oxford Brookes
University), para uma série de oficinas denominadas Urban Design Experience
(http://www.urbandesignexperience.com/ude/Welcome.html). O objetivo era a
realização e o registro de vivências em espaços urbanos, relacionando a qualidade
ambiental com o desenho urbano a partir da produção de vídeos, a fim de produzir e
compartilhar conhecimentos sobre a cidade e o seu desenho urbano.
É importante destacar que o Laboratório de Urbanismo (LabUrb), da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo (FAUrb), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); da
qual fazem parte os pesquisadores dessa proposta de pesquisa e outros
colaboradores; vem se destacando em atividades e pesquisa no campo do ensino,
pesquisa e extensão, tais como:
a) atividades de ensino: disciplinas de “Planejamento Urbano” (Graduação), “Projeto
de Arquitetura e Urbanismo” (Graduação), “Cidade e Contemporaneidade” (Pós-
Graduação) e “Oficina de Modelagem Urbana” (Pós-graduação);
b) atividades de pesquisa: projeto “Simulação de crescimento urbano como
instrumento para o planejamento urbano e regional” (em andamento), “O Lugar do
Para-formal” (em andamento); demais atividades da Linha de Pesquisa em
“Arquitetura, Patrimônio e Sistemas Urbanos”, do Curso de Mestrado
PROGRAU/FAUrb;
c) atividades de extensão: projetos "Planejamento Urbano em São Lourenço do Sul",
Planejamento Urbano em Santa Vitória do Palmar" e “Planejamento Urbano em Arroio
Grande” (concluídos) e “Desenvolvimento Urbano em Jaguarão: ampliando as
fronteiras do saber” (em andamento).
Paralelamente, este projeto “DIFERENÇAS CULTURAIS E DESENHO URBANO”,
vem fortalecer a parceria entre as universidades e centros de pesquisa:
UFPel/PROGRAU (Pelotas) e Oxford Brookes University/JCUD (Inglaterra), reforçando
os trabalhos desenvolvidos por seus respectivos grupos de pesquisa e permitindo a
produção do conhecimento de modo colaborativo.
OBJETIVO GERAL
O objetivo geral da proposta é compreender e sistematizar os princípios de desenho
urbano experimentados nas cidades de Pelotas (Brasil) e Oxford (Inglaterra).
As metas a serem alcançadas são criar e enunciar princípios de desenho urbano
específicos para as cidades latino-americanas, baseados nos princípios europeus e
reconhecidos em bibliografias, relacionando-os às necessidades e possibilidades de
aplicação na cidade de Pelotas/RS. Organizar uma publicação com o material
sistematizado da pesquisa. Metodologizar as etapas de desenvolvimento da
pesquisa, para serem utilizadas em projetos futuros.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Os objetivos específicos do trabalho são: analisar diferentes princípios de desenho
urbano, ponderados a partir das obras Responsive Environments (1985) de Ian
Bentley1 et al. e Cities for People (2010) de Jan Gehl2 (entre outras citadas na
bibliografia), que são: [1] encorajar sustentabilidade (flexibilidade, elasticidade), [2]
trabalhar com características do lugar (identidade, distintividade), [3] promover
conexão e acesso (permeabilidade), [4] criar o fator bem estar (vitalidade), [5]
promover diversidade (variedade) e [6] promover fácil entendimento do lugar
(legibilidade); confeccionar plataformas interativas (através de website), que
suportem as fotografias (aprimorando a utilização da fotografia expandida como
ferramenta de análise da paisagem urbana), vídeos e mapas produzidos pelas
experiências realizadas no centro das cidades; elaborar e publicar um livro com o
material sistematizado pela pesquisa; perceber os usos dos espaços públicos como
um dos aspectos fundamentais para a sustentabilidade urbana; assim como estimular
a experiência corporal na cidade a partir de eventos que estimulem o pensar-cidade;
conhecer por meio da relação direta com o desenho urbano vivido nas cidades, seu
potencial cultural (intercultural) e pedagógico, entendendo mesmo que a cidade, como
poder ser, ensina; além de promover a integração entre centros de pesquisa que
estudam a cidade e a contemporaneidade, fortalecendo os estudos já realizados e
fomentando novas pesquisas na área para a qualidade do espaço urbano. Por fim,
avançar nas pesquisas individuais dos (mestrandos, doutorandos e pesquisadores)
envolvidos nesse projeto de internacionalização e a consolidação do conhecimento.
1
Ian Bentley é membro do emérito do Joint Centre for Urban Design/Oxford Brookes University.
2
Jan Gehl (nascido em 17 de setembro de 1936) é um arquiteto dinamarquês e consultor de design
urbano baseado em Copenhague, e cuja carreira tem se centrado na melhoria da qualidade de vida
urbana, reorientando o design da cidade para o pedestre e o ciclista. É sócio fundador do Architects Gehl.
RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se, através desse projeto, alcançar os objetivos gerais e específicos: criar e
enunciar princípios de desenho urbano específicos para as cidades latino-americanas,
baseados nos princípios europeus e reconhecidos em bibliografias; elaborar e publicar
um livro com o material sistematizado da pesquisa; metodologizar as etapas de
desenvolvimento da pesquisa, para ser utilizada em projetos futuros.
Além de, obter avanços na área de projeto de desenho urbano: com os resultados
obtidos nessa pesquisa será possível aproximar e levar em consideração nas
pesquisas tradicionais do campo do desenho urbano, as diferenças/igualdades
culturais e interculturais. Produção de metodologia e tecnologia local: que será
sistematizada durante o processo de pesquisa uma ação metodológica “nova”, que
aliada a outras que já fazem parte do repertório dos estudos; de desenho urbano e
planejamento urbano e regional; possibilitará sua reprodução por órgãos públicos e
outros centros de pesquisa, além de conjuntamente desenvolver “novos” recursos
infográficos/videográficos para a mesma. Produção de conhecimento sobre
metodologia de cartografia urbana: sistematização de metodologia emergente na
contemporaneidade, dando visibilidade a sensibilidades que afloram na cidade, a partir
de interdisciplinaridades.
Também são resultados esperados desse projeto, o fortalecimento do intercâmbio
entre PROGRAU (Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo -
PROGRAU/FAUrb/UFPel – Brasil) e Joint Centre for Urban Design (JCUD/Oxford
Brookes University – Inglaterra) e a consolidação do convênio entre UFPel e Oxford
Brookes University (Inglaterra) que se encontra nas últimas instâncias do processo de
aprovação (Anexo: Acordo.Brookes-UFPel). A linha de pesquisa Sistemas
Configuracionais Urbanos avançará nos estudos sobre a cidade contemporânea,
especialmente no que diz respeito ao desenho urbano de espaços públicos localizados
em áreas centrais das cidades. Espera-se também, um avanço nas pesquisas
individuais dos envolvidos (mestrandos, doutorandos e pesquisadores) nesse projeto
de internacionalização e a consolidação do conhecimento obtido, que poderá ser
compartilhado com a comunidade acadêmica em geral.
METODOLOGIA
A pesquisa vai acontecer simultaneamente em dois lócus, as cidades de
Pelotas3/RS/Brasil (Fig. 1) e em Oxford4/UK/Inglaterra (Fig.2). Serão alvo do
3
Pelotas é um município brasileiro da região sul do estado do Rio Grande do Sul. Considerado uma das
capitais regionais do Brasil, possui uma população de 327.778 habitantes e é a terceira cidade mais
populosa do estado. Está localizado às margens do Canal São Gonçalo que liga
as Lagoas dos Patos e Mirim, as maiores do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do
Brasil, ocupando uma área de 1.609 km² e com cerca de 92% da população total residindo na zona
urbana do município. Pelotas está localizada a 250 quilômetros de Porto Alegre, a capital do estado. A
cidade teve forte influência da estética portuguesa, com seus edifícios sem recuos e traçado reticulado.
Suas edificações históricas são conhecidas por seu estilo eclético historicista, edificadas em Pelotas entre
as datas de 1870 e 1931, coincidindo com um rico período econômico devido à produção de charque
(SANTOS, 2007).
4 2
Oxford, situada a 50 minutos de Londres, com 45,59km é uma cidade inglesa com origem no século 12,
quando o rei Henrique II resolveu trazer de volta à pátria os jovens britânicos que estudavam em Paris.
Hoje, Oxford tem aproximadamente 115.000 habitantes e tornou-se sinônimo de universidade. Possui
diversos edifícios de arquitetura medieval e gótica. Caminhar por suas ruas é quase uma volta aos
séculos XVIII e XIX. Em Oxford encontra-se o Joint Centre for Urban Design da Oxford Brookes
experimento as áreas centrais das cidades e seus desenhos urbanos vividos e
experimentados pelos usuários e pesquisadores de ambos os países participantes. A
escolha dessas duas cidades se deu em função de serem cidades de porte médio,
por sediarem os núcleos de pesquisas envolvidos e, principalmente, porque há uma
emergência na necessidade de estudos sobre cidades de pequeno e médio porte.
A metodologia está pautada pelos princípios dos experimentos coletivos e das
cartografias urbanas5, com a estratégia de ação dividida em 3 etapas: territorialização,
desterritorialização e reterritorialização (GUATTARI, 1993; HAESBAERT, 2006). Esses
conceitos (territorialização, desterritorialização e reterritorialização) serão abordados e
experimentados através das atividades propostas no projeto (oficinas, palestras, mesa
redonda, seminário e exposições).
1ª etapa - Territorialização: etapa que prevê o reconhecimento dos lugares centrais
das cidades (delimitação de áreas e trajetos) e os princípios de desenho urbano pelos
usuários e pesquisadores locais, tudo a partir da produção de vídeos6, recursos
infográficos, levantamento fotográfico e pesquisas documentais. Também será
realizada ampla revisão bibliográfica e confecção de instrumentos de coleta e
organização de dados.
(1) (2)
Figura 1: imagem aérea da cidade de Pelotas (Brasil)/Figura 2: imagem aérea da cidade de Oxford
(Inglaterra). Fonte: Google Earth, 2012.
University, criado em 1972, para promover uma melhor concepção de espaço urbano, tratando o desenho
urbano como uma atividade de natureza interdisciplinar.
5
As Cartografias Urbanas têm origem e se referem às seguintes “linhas de pensamento: a filosofia da
diferença e o pós-estruturalismo, em especial proposto por Gilles Deleuze, Félix Guattari, Michel Foucault,
Jacques Derrida e Michel de Certau; as análises situacionistas propostas por Guy Debord e os
Situacionistas; a análise polemológica das práticas proposta por Michel de Certau; os processos levados
a cabo por artistas visuais, imersos no chamado giro etnográfico das artes e diversos campos das artes
visuais, a etnografia e os estudos culturais; e nas ferramentas visuais a partir da fotografia e das imagens
fílmicas”. In: (ROCHA, 2008, pp. 166-167).
6
Ver mais em: OLIVIERI, Silvana. Quando o cinema vira urbanismo: o documentário como ferramenta de
abordagem da cidade. Salvador: UFBA, 2011.
Todas as etapas serão também compostas por teleconferências e divulgação dos
resultados em tempo real por meio de website.
7
Não podemos deixar de citar outros importantes pesquisadores como: Kevin Lynch, Vicente del Rio,
Gordon Cullen, Carlos Nelson F. dos Santos, entre outros.
Responsive Environments (1985) vem apostando no desenho urbano como
instrumento essencial para a melhoria na qualidade da vida urbana, no bem estar.
Alguns princípios norteadores da proposta do desenho urbano para as pessoas
são:
[1] encorajar a sustentabilidade (flexibilidade, elasticidade, adaptabilidade) – é um
principio de desenho urbano que permeia todos os outros, englobando a
sustentabilidade em suas nuances econômicas, sociais, culturais e ecológicas.
[2] trabalhar com características do lugar (identidade, distintividade): conhecer o
lugar é requisito para criar riqueza e originalidade.
[3] promover conexão e acesso (permeabilidade) – desenho que evita segregação,
misturando e integrando áreas para produzir espaços de boa qualidade.
[4] criar o fator bem estar (vitalidade) – a partir de fachadas ativas e espaços
públicos observados. A vitalidade não diz respeito somente a aspectos visuais, mas
também a outras sensações tais como: segurança, interação de fatores psicológicos,
econômicos, etc.
[5] promover diversidade (variedade) - existência de diversos usos/equipamentos
necessários à população local. Aplicação de usos mistos em edificações, quarteirões e
ruas, assim como variedade de usuários.
[6] promover fácil entendimento do lugar (legibilidade) – os prédios e o tecido
urbano devem ser de fácil compreensão ao usuário e as localizações de atividades
devem estar em posições estratégicas.
Por fim, o desenvolvimento de um instrumental de desenho urbano é de
fundamental importância na elaboração de projetos urbanos contemporâneos e uma
estética urbana atual, preocupando-se com a identidade, a legibilidade e a
orientabilidade no desenho das cidades contemporâneas, marcadas por uma nova
espacialidade e temporalidade.
Interculturalidade
O conceito de interculturalidade, usado para indicar um conjunto de propostas de
convivência democrática entre diferentes culturas, buscando a integração entre elas
sem anular sua diversidade, ao contrário, “fomentando o potencial criativo e vital
resultante das relações entre diferentes agentes e seus respectivos contextos”
(FLEURI, 2005), norteia a troca entre as duas cidades (Pelotas e Oxford) propostas
para análise nesse projeto.
O termo interculturalidade tem origem e vem sendo utilizado com frequência nas
teorias e ações pedagógicas, mas saiu do contexto educacional e ganhou maior
amplitude passando a referir-se também a praticas culturais e políticas públicas.
Este termo diferencia-se de outro bastante usado no estudo da diversidade cultural
que é o da multiculturalidade que indica apenas a coexistência de diversos grupos
culturais na mesma sociedade sem apontar para uma política de convivência (FLEURI,
2005).
A questão da interculturalidade ultrapassou os limites dos países hegemônicos a
partir do final do séc. XX com o crescimento dos processos globalizadores mercantis
operados por instituições transnacionais e a diminuição do poder dos estados-nações.
A criação de um mercado mundial, onde são efetuadas trocas de bens materiais,
mensagens e imigrantes proporcionou um aumento de fluxos e interações e diminuiu
as fronteiras. O desenvolvimento das tecnologias de comunicações e as facilidades de
deslocamento que permitem um aumento dos contatos de pessoas, ideias, bens e
significados provocaram também um maior contato entre as diversas culturas.
Canclini aponta as características ambivalentes do atual panorama cultural
mundial, de um lado o processo de globalização, com tendências de integração
reveladas em práticas mercadológicas e ideologias homogeneizantes, de outro, a
conscientização da fragmentação do planeta em uma miríade de diversidades
culturais.
A globalização, quando definida em termos políticos e econômicos, aponta para
uma submissão da civilização mundial às práticas do mercado com a prevalência do
modelo centro-periferia. Mas, ao considerarmos a cultura como fator subjacente às
práticas econômicas, ou o cultural definido por Canclini8, como o conjunto de
processos através dos quais grupos expressam imaginariamente o social e estruturam
as relações com outros grupos, marcando suas diferenças, verificamos que o
fenômeno da globalização tem o efeito de evidenciar a diversidade cultural do mundo
e apontar para a necessidade de diálogo entre estas diferentes civilizações. Ou seja, a
globalização também pode ser considerada como uma complexa rede de projetos de
sociedade e de diversidade de interesses traduzidos nas disputas das representações
ideológicas, políticas e culturais que estão em curso atualmente (CANCLINI, 2004).
Canclini prefere chamar estes produtos resultantes da interface entre grupos
culturais distintos de hibridação, termo escolhido para “designar as misturas
interculturais propriamente modernas, entre outras, aquelas geradas pelas integrações
dos Estados nacionais, os populismos políticos e as indústrias culturais” (CANCLINI,
2003, p. XXVII). A hibridação seria o termo adequado para traduzir os processos
derivados da interculturalidade, não só as fusões raciais comumente denominadas de
mestiçagem ou o sincretismo religioso, mas também as misturas modernas do
artesanal com o industrial, do culto com o popular e do escrito com o visual, ou seja,
trata-se de um conceito de maior amplitude e atualidade que explicaria melhor os
complexos processos combinatórios contemporâneos “não só as combinações de
elementos étnicos ou religiosos, mas também a de produtos de tecnologia avançadas
e processos sociais modernos ou pós-modernos” (CANCLINI, 2003, p. XXIX).
Nesse sentido, a relevância do tema dessa proposta de internacionalização está
na transferenciabilidade dos princípios de desenho urbano a partir da ideia do cross-
cultural9, na intenção de que esse cruzamento possa criar novas diretrizes de leitura e
qualificação do espaço público e da vida urbana na cidade contemporânea.
IMPACTOS ESPERADOS
Os principais impactos esperados com a realização desse projeto são: a consolidação
e o fortalecimento do convênio (em andamento) entre UFPel e Oxford Brookes
University (Anexo: Acordo.Brookes-UFPel) nos próximos anos; e a descoberta de
como se dá a aplicação dos princípios de desenho urbano criados por teóricos
europeus, há muito tempo estudados pelos urbanistas brasileiros, no Brasil e,
especialmente, em uma cidade de porte médio como Pelotas/RS; trazendo respostas
da Europa para a América Latina. Outro importante impacto esperado é a qualificação
dos projetos de pesquisa que vêm sendo desenvolvidos por acadêmicos do
PROGRAU/FAUrb/UFPel acerca do desenho urbano e da cidade contemporânea,
através do intercâmbio com a pesquisadora visitante estrangeira e demais atividades
propostas nesse projeto.
8
Conceito desenvolvido no livro “Diferente, desiguales y desconectados” (2004) de Nestor Garcia
Canclini.
9
Cross-cultural refere-se aos estudos interculturais, uma tendência comparativa em vários campos da
análise cultural; à comunicação intercultural - campo de estudo que analisa a forma como as pessoas de
diferentes culturas se comunicam; às várias formas de interatividade entre membros de grupos culturais
distintos. (TRIMMER;WARNOCK, 1992).
RISCOS E ATIVIDADES
O principal risco ao bom andamento das atividades propostas nesse projeto diz
respeito às intempéries climáticas (chuva e/ou vento em excesso) que poderão
comprometer as ações previstas para realização em espaços abertos (levantamento
fotográfico, percursos e atividades de observações). No entanto, a duração prevista
para as missões e a época do ano em que estas serão realizadas minimizam tais
riscos, ou seja, o período proposto para as missões permite que as atividades sejam
adiadas ou antecipadas para dias com clima adequado. Outro risco diz respeito à
possível dificuldade de comunicação entre os participantes do projeto, devido às
diferentes línguas que estarão sendo utilizadas conjuntamente nas atividades
(português e inglês). Para diminuir esse risco e facilitar a comunicação entre os
pesquisadores e os demais participantes do projeto os integrantes da equipe
proponente possuem proficiência em língua inglesa e estão constantemente se
atualizando, contamos também com o auxílio da pesquisadora visitante estrangeira
que possui fluência em ambas as línguas.
Meses
ATIVIDADES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar
14 14 14 14 14 14 14 14 14 15 15 15
[01] Revisão da bibliografia
(Pelotas e Oxford)
[02] Reuniões por
Teleconferência (entre Pelotas e
Oxford)
[03] Reuniões de preparação das
missões de trabalho (Pelotas)
[04] Elaboração de website
(Pelotas)
[05] Atualização de website
(Pelotas e Oxford)
[06] Oficina Espiando o Desenho
Urbano (Pelotas e Oxford)
[07] Oficina de Fotografia
Expandida (Pelotas e Oxford)
[08] Mesa Redonda (Oxford)
1 REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA
4 ELABORAÇÃO DE WEBSITE
5 ATUALIZAÇÃO DE WEBSITE
8 MESA REDONDA
12 EXPOSIÇÕES FOTOGRÁFICAS
13 SEMINÁRIO DE RETERRITORIALIZAÇÃO
ORÇAMENTO
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