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O sexto e último capítulo trata da ocupação colonial do continente

africano que veio a acontecer depois da extinção do tráfico atlântico


num momento em que a importação de mão de obra já não era o que
mais interessava às principais potências européias, mas sim a ocupação
e domínio de um continente quase desconhecido e cheio de riquezas a
oferecer na forma de matéria prima barata ao mundo industrial. A
descolonização do continente, depois da segunda metade do século XX,
abriu espaço para guerras fratricidas de luta pelo poder que deixaram
suas marcas até os dias de hoje. Para completar o quadro, temos o
surgimento do vírus HIV que veio como um flagelo para o continente
que tenta se recompor. Para a autora, “(…) o grande desafio das
sociedades africanas é manter o respeito à pluralidade e à diferença sem
se fechar para as novidades que podem trazer benefícios às pessoas.

Mesmo nesse texto de valor, podemos perceber que a autora não consegue
fugir, em pontos bem específicos, de formulações que já presenciamos de
longa data nos manuais escolares e revelam nossa perspectiva – ainda – mais
européia que africana. A observação e crítica de tais formulações são feitas
por Anderson Ribeiro Oliva no momento em que analisa a produção de
SCHMIDT. Vejamos “(…) o continente é retratado hora como um obstáculo a
ser superado para atingir o lucrativo mercado de especiarias do Oriente, ora
como uma fonte de riquezas naturais, – ouro, marfim – ou de oferta de mão de
obra – escravos”. Acreditamos que no caso da obra aqui resenhada tais
observações também podem ser adotadas guardadas as devidas proporções.

O europeu, primeiramente o português, aparece como sujeito que contornou o


continente que nesse momento aparece descrito como uma barreira. Barreira
essa que vai sendo superada em cada momento histórico que determinado
ponto é alcançado. Assim, o Cabo do Bojador é contornado em 1434, em 1445
é construída a primeira fortaleza que servia de base para o comércio com os
povos locais e em “Bartolomeu Dias chegou ao extremo Sul do continente em
1489, e Vasco da Gama contornou a África e foi até a Índia em 1498”. [8]
Nesse sentido, os fatos históricos e suas datas verificáveis, reforçam a
construção da imagem do continente africano como obstáculo. Mas também é
construída a imagem da África como fonte de riquezas, “Os centros de ação
dos mercadores europeus na costa atlântica da África foram as regiões dos rios
Senegal e Gâmbia, onde compravam escravos; da região do forte da Mina,
onde os acãs comerciavam ouro com os portugueses; do golfo do Benim
(…)”.

Também no que se refere ao domínio colonial do século XIX, Marina de Melo


e Souza, explica esse fenômeno amparada em duas ordens de argumento.
Primeiro o de ordem econômica, contemplado nos benefícios comerciais da
compra de matérias primas a baixos preços para o abastecimento das
indústrias; segundo, o de ordem religiosa e civilizatória, de acordo com o qual
a evangelização cristã e o modelo de vida ocidental eram grandes benefícios
levados aos africanos. Argumentações plausíveis e que também nos são
conhecidas de longa data, porém, não levam em consideração o papel dos
próprios povos africanos nesse processo em que não apenas foram dominados,
mas que seus territórios foram ocupados militarmente. Nesse sentido, um
panorama diferente nos é apresentado por Ana Mónica Lopez e Luiz
Arnaut,[10] noutro livro introdutório sobre História da África, que leva em
consideração a participação dos africanos nesse processo, amparados num viés
interpretativo denominado ‘teoria da dimensão africana’.

O argumento dos dois autores segue na linha de que a conquista e ocupação


militar do continente africano se deu e foi acelerada pela resistência que os
europeus encontraram dos africanos no que se referia às relações comerciais
vantajosas. Assim, o que não era conseguido pela diplomacia ou pelos
comerciantes, o era pela força das armas de fogo e maior efetivo militar. A
manutenção de tal estado de coisas exigiu a ocupação por meio de soldados e
organismos burocráticos que em muitos casos também incorporaram os chefes
locais. Esses, em muitos casos, eram cooptados pela dominação colonial e já
em outros continuavam resistindo ao lado de seu povo, mesmo que de forma
velada.

Acreditamos que África e Brasil africano merece ser lido, utilizado nas salas
de aula e também que os professores estão aptos para incorporar as críticas
acima tanto quanto fazer as suas próprias com o objetivo de melhor aproveitar
o material. Mesmo já se tendo decorrido dois anos da data de sua publicação,
podemos ter a certeza de que esse livro é uma contribuição literária importante
para um país que durante muito tempo tentou mascarar, ocultar ou esquecer
suas origens. Importância que foi reconhecida na versão de número 49 do
Prêmio Jabuti, em 2007, o de maior tradição no meio literário, quando a obra
aqui resenhada foi a primeira colocada na categoria Didático e Paradidático de
Ensino Fundamental ou Médio.

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