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OU
ARMAZÉM LITERÁRIO.
VOL. XXV.
LONDRES:
1820.
CORREIO BRAZILIENSE
OU
ARMAZÉM LITERÁRIO
OU
ARMAZÉM LITERÁRIO.
VOL. X X V .
LONDRES:
1820.
CORREIO BRAZILIENSE
DE JULHO 1820.
POLÍTICA.
BUENOS-AYRES.
O Governo ao Povo.
Cidadãos!—Nada teríamos adiantado como glorioso
golpe, que se acaba de dar aos traidores assassinos do
paiz e de seus filhos, se o novo Governo marchasse pe-
las mesmas sanguinárias pizadas de sua tyrannia. Longe
de nós esses dias de sangue, e de lucto para tantas famí-
lias beneméritas, em que a vida, a honra e a segurança
dos mais recommendaveis cidadãos, se viram sugeitas á
mais espantosa espionagem de delatores assalariados, e
ao despejo e vingança de traidores e assassinos, que ti-
nham jurado, em seus conselhos secretos, inutilizar o
sangue derramado em dez annos de uma lucta tam glori-
osa á liberdade, sacrificando junctamente com seus de-
fenores todas as mais desgraçadas geraçoens, que tem
Política. U
compromettidas, aos pérfidos proveitos de sua baixa
ambição.
O Governo se vio desgraçadamente obrigado a descar-
regar sobre estes criminosos os primeiros inevitáveis
golpes de seu poder: e ainda que a magnitude e publici-
dade de seus crimes parece que o authorizávam a come-
çar por seu castigo e acabar pelo processo que o justifi-
casse, he necessário que o nosso comportamento para
com elles, se deve causar a amargura de suas infelizes
famílias, de que elles mesmos se esqueceram quando os
comettêram, possa pelo menos inspirar a todos os habi-
tantes uma absoluta segurança e confiança no império
das leys, que foi até agora desconhecido, e suífocado
pelo poder arbitrário destes desnaturalizados.
Para este fim, cidadãos, ordenou o Governo que os
accusados se puzessem ante a ley, para que respondam
por ella aos povos de suas confianças. Naõ se pôde o
mesmo Governo dispensar de prover á sua segurauça,
nem permittir que se illudisse a justiça, com descrédito
da authoridade. Brevemente se apresentará à vossa vista
o tribunal respeitável, que deve conhecer deste delicado
negocio. Mas entretanto está ja aberto o juizo publico,
sobre que deve recair sua decisaõ; e o Governo quer que
seja tam publico e conspicuo, como o foram os delictos,
que condiga com a magnitude dos crimes que se julgam,
com o character dos delinqüentes, com o interesse e dig-
nidade dos povos aggravados e com a justificada impar-
cialidade com que se propoz marcar seus procedimentos.
A justiça naõ necessita reserva alguma; e a sua pu-
blicidade naõ se consulta, publicando uma sentença, que
se desse sobre processos misteriosos einquisitoriaes, com
que tantas vezes se tem sacrificado a innocencia. Os
réos seraõ accusados publicamente, com os documentos
justificativos de seus crimes: estes teraõ toda a authenti-
12 Política.
cidade prescripta pela mais escrupulosa legislação: suas
excepçoens e defezas se copiarão com fidelidade; cada
cidadão será informado diariamente, pela imprensa, de
todos os passos da causa; e cada um, com o processo
na maõ, pronunciará em sua casa, com liberdade e co-
nhecimento, antes que os juizes dem sua sentença. En-
tretanto o Governo, com todos estes documentos, redu-
zirá a sua política a dizer ás naçoens do universo, que
nos observam—Vede e julgai.
Os amigos, os parentes, os subalternos, os honrados
partidistas da liberdade, que tantas vezes ouviram jurar
estes homens por uma honra que naõ tinham, e pelo
mais sagrado da terra, que naõ havia tractado existente
com a Corte do Brazil ^ Como éra fácil penetrar a cap-
ciosidade desta linguagem ? { como creria alguém, que
eram tam impudentes ? <; nem que complicidade se lhes
pôde arguir em tam pérfidos desígnios ? Deseancai, cida-
dãos, nestas justas consideraçoens de um Governo libe-
ral : e estai certos de que o rayo da justiça só ameaça e
só cairá sobre os authores de vossos males. Buenos-
Ayres 14 de Março de 1820.
M A N U E L DE SARHATEA.
Secretíssimo.
Soberano Senhor!—Ha alguns dias que se recebeo a
annexa communicaçaõ do Enviado Extraordinário em
França, D. José Varentin Gomez.
Chegou ao mesmo tempo o Americano D. Mariauo
Gutierrez Moreno, e se annunciou que conduzia offici-
os para o Governo de Chile de seu Duputado naquella
Corte, D José Yrisarri, com as mesmas proposiçoens,
e com especial encargo de manifestar a este Governo o
objecto de sua commissaõ. Suspendi por esta causa o
transmittir a Vossa Soberania a communicaçaõ do En-
viado Gomez, para o fazer com outros conhecimentos,
segundo o que resultasse da entrevista com Gutierrez Mo-
reno. Havida esta aos 23 do corrente, he com effeito
certa a sua commissaõ, e assegura outro sim, que os De-
putados Ribadavia e Gomez o encarregaram, com o maior
encarecimento,fazer presente a este Governo que naõ deixe
escapar occasiaõ tam favorável, e de tam conhecidas van-«
tagens ao paiz. Com estes dados remétto a Vossa Sobe-
rania a Nota, lembrando, para a resolução, o triste estado,
emque se acham as Provincias, e a sorte que se lhes depara,
supplicando ao mesmo tempo se sirva Vossa Soberania
tomar em consideração este assumpto, com preferencia
a qualquer outro; pelo grande interesse que envolve;
porque ha occasiaõ próxima de instruir sobre a maté-
ria o Enviado do Gomez; e, segundo a resolução que se
adoptar, poderá suspender de todo a expedição Hespa-
nhola, projectada contra esta parte da America; e por
que o commissionado Gutierrez Moreno, para continuar
em sua viagem para Chile, só espera a decisaõ de Vossa
Soberania. Deus guarde a V. Soberania muitos annos.
16 Política.
Buenos-Ayres, 26 de Outubrode 1819- Soberano Senhor.
—JOSÉ RONDEAU.—Soberano Congresso Nacional das
Provincias Unidas da America do Sul.
Secretíssimo.
COMMERCIO E ARTES,
Arroz
J Batido
Mascavado . .
Bra /.i 1
49>. a Ms.
318. a 38*. Livre de direitos po r
exportação.
Cacáo Pará 55s. 65s
CaHe Rio 118s. 126t.
Çebn Rio da Prata 3s. 2p. por 1121b.
Chifres. Rio (lande por 123 48*. 52s. 5s. por 1121b,
(A 8ip.
Rio da Preta, pilha < B 7p. 7|P-
'C 5p.
Í BA 10 p. por coaro
i Rio Grande -]
<C
Pernambnco, salgados
Rio Grande de cã vai Io
Ipecacuanha Brazil por lb. 14». Op. à 15s. 6p, 4s.
Óleo de cupaiba I por 1121b.
l s . 2p. a l s . 4p, 2s.
Orucu 4s. Op.
Páo Amarelo. Brazil I20s, a 130s. i direitos pagoa pelo
Páo Brazil . . . . Pernambuco 5 comprador.
Salsa Parrilba. Pará . . . l s . 9p, 2s. , direitos pagos pelo
( em rolo.. > comprador,livre por
Tabaco I em folha. * exportação
Tapioca.......Brazil.. 18p. 6£ porlb.
Espécie Seguros.
Ouro cm barra £ 3 17 10J Brazil. Ilida 25s. Volta 3Us
Peças de 6400 reis Lisboa 15s. 9 . 20a
Dobroens Hespa- Porto 20s
nhoes por Madeira 15s. 9 20s
P e z o s . . . . dictos onça. Açores 20s.
Prata em barra 0 $ Rio da Prata 42». 42»
Bengala tio» 62»
LITERATURA E SCIENCIAS
PORTUGAL.
CAPITULO VII.
Das Colônias.
(Continuado de Vol. XXIV. p. 852)
Desde 1625, epocha da primeira fundação das colônias
nas Antilhas, até 1664, os colonos Francezes foram qua-
si abandonados pela Metrópole; e he talvez em parte a
este abandono, e á absoluta liberdade de commercio,
conseqüência desse abandono, que elles deveram a sua
primeira prosperidade. Os Hollandezes faziam entaõ
quâsi todo o commercio das ilhas Francezas, as cidades
de Flessinguen e de Middlebourg enviavam ali naquella
epocha mais de cem vasos.
Porém o mesmo ciúme, que tem constantemente dic-
tado todos os monopólios, levou Luiz XIV a crear, em
1664, para expulsar os Hollandezes daquellas paiagens,
uma Companhia Real nas índias Occidentaes, á qual
concedeo, em toda propriedade, o Canada; as Antilhas,
a Acadia, as ilhas de Terra Nova, a ilha de Cayenna, a
Terra Firme da America Meredional, desde o Marignon
até o Orinoco; e as costas do Senegal e de Guiné, com
o privilegio exclusivo de negociar em todas estas para-
gens, tanto directamente da Europa para a America,
46 Literatura e Sciencias.
MISCELLANEA.
G U E R R A DO R I O - D A - P K A T A .
AMERICA HESPANHOLA.
ALEMANHA.
ARGEL.
ESTADOS-UNIDOS.
FRANÇA.
HESPANHA,
NÁPOLES.
Proclamaçaõ.
Decreto.
Fernando, &
Temos resolvido decretar e decretamos o seguinte :—
Art. I o . Nomeamos Secretario de Estado Ministro dos Ne-
gócios Estrangeiros, o Duque de Campo Chiaro.
2. Nomeamos Secretario de Estado, Ministro de Graça e Jus-
96 Miscellanea.
Fernando &c.
Nós Francisco, Duque de Calábria Tenente-General do Rey-
no, com Alter Ego.
Em virtude do acto, datado de hontem, por que Sua Majes-
tade, nosso Augusto Pay, nos transmittio com a clausura illimi-
tada de Alter Ego, o exercício de todos os direitos, perogativas,
preeminencias e faculdades, da mesma maneira, que podem ser
exercitadas por Sua Majestade.
Em conseqüência da decisaõ de S. M. de dar uma Constitui-
ção ao Estado, desejando manifestar os nossos sentimentos a
todos os seus subditos, e seguir ao mesmo tempo seus ananimes
Miscellanea. oo
desejos; temos resolvido decretar e decretamos o seguin-
te:—
Art. 1." A constituição do Reyno das Duas Sicilas será a
mesma, que foi adoptada para o Reyno da Hespanha em 1812,
e sanccionada por S. M. Catholica, em Março de 1820, salvas
as modificacoens, que a representação nacional, convocada con-
stitucionalmente, considerar conveniente e próprio propor, a
fim de a adaptar ás circumstancias particulares dos Estados de
S. M.
2. Reser-va-mos para nós adoptar e fazer saber todos os ar-
ranjamentos, que forem necessários, para facilitar e accelerar
a execução do presente decreto.
3. Todos os nossos Ministros Secretários de Estado saõ en-
carregados da execução do presente decreto. Nápoles 7 de Ju-
lho de 1820.
(Assignado) FRANCISCO.
RÚSSIA.
TURQUIA.
SUÉCIA.
CORRESPONDÊNCIA.
Carta de Um Portuguez Velho ao Redactor, sobre os
Negócios de Portugal.
Senhor Redactor do Correio Braziliense!
Naõ ha desgraça maior para um Soberano, e para uma Naçaõ,
do que entregar os seus interesses e destinos a uma roda falta de
senso commum. Apparecêo, como sabe, um certo opusculo,
com o titulo de Piéces Politiques, em que vinha uma carta,
em extracto, datada de Lisboa 20 de Abril passado. Esta carta
continha absurdos, e inconsequencias, que ja mais homem pu-
blico se deveria metter a decifrar; por quanto, ou tinham fun-
damento as asserçoens avançadas ou naõ : Se tinhaõ; seria mais
prudente ao supposto cúmplice naõ mexer em tal, antes comprar
toda a ediçaõ, como ja se diz fizera a outra, para se naõ desen-
volverem mais cousas ; e no segundo caso, seria melhor deixar o
absurdo a si mesmo, e naõ o querer fazer recommendavel. Poi-
quanto havia e ha muita gente, que naõ sabia nem sonhava, que
em Portugal houvesse uma familia tam gigantesca e voraz, que
pudesse engulir e fazer desapparecer os direitos indisputáveis de
unia Familia Real tam numerosa, como he a que hoje reyna em
Portugal.
Porém o que he mais extraordinário he, que éra preciso que
ainda um Braziliano estabelecido ein Londres se naô tivesse
desgrudado do seu estabelicimento, para se metter nesta transac-
çaõ, do modo como sempre custuma fazer em tudo aonde entra,
e sair como sala o cavalleiro da triste figura. Apparecêo a dieta
carta a 16 de Maio; e o Braziliano estabelecido cuidou em des-
perdiçar naõ menos de algumas 30 moedas, com uma carta, que
dirigio ao seu favorito jornal Inglez, Times, em que se mette
logo a dizer ao povo Inglez (que nem de tal sabia, nem tal lhe
importava) que se ia por uma acçaõ em Paris ao author da carta
publicada nas Pieces Politiques. Isto ou porque
ou porque queria ser um campeão obrigado. O certo he que
expedio conselhos ou ordens para a Legaçaõ de Paris. E que
taes se poderão esperar quando estiver senhor do protocóllo:
Conrespondencia. 103
Começando em fazer expor o M. a transacçoens risonhas ; e a
mais algumas cousas. Chegaram as ordens de Londres ; e co-
meçou-se a fazer um espalha lato nos jomaes, dizendo-se que o
Embaixador tinha denunciado o tal opusculo das Pieces Politi-
ques, em conseqüência das calumnias, que continha contra seu
Soberano, e contra elle mesmo Embaixador! No meu ver, naõ
acho calumnias contra o Soberano, acho sim falta de considera-
ção, e delicadeza. O author da carta, quanto a mim, agente
embuçado do Rocio, dá como unia grande noticia, que os legí-
timos e immediatos herdeiros do throno Portuguez, na falta dos
descendentes da Casa de Bragança, saõ a Família do Cadaval;
que o mesmo que dizer, que segundo as Cortes de Lamégo,* o
Duque de Cadaval succederá na falta de successaõ da Família
Reynante, assim como um Senhor Portuguez succederá na falta
de successaõ deste, ou mesmo o Juiz da Vintena,f na falta de
Senhor Portuguez (no caso que se verificasse outra invazaõ.de
Portugal, e que todos os Senhores fossem para a França com o
Exercito, ou na Deputaçaõ) conforme as leys fundameutaes do
Reyno. Vindo a estar assim o Duque de Cadaval hoje na mesma
probabilidade de reynar, em que estaria iToulro tempo á falta de
fidalgos o Juiz da Vintena ! Portanto, depois do que o Author
aqui confessa, o resto saõ inconsequencias e naõ libellos: libel-
lo se poderia sim chamar contra o Secretario do Governo de Por-
tugal, e os suppostos sócios. Porém assim he tudo ! Principi-
am por tirar a carpuça, e querer pólla aonde naõ cabe, nem
para onde foi feita.
O certo he, que se começaram a dar passos bem infelizes, e
em mal calculados. Fez-se dar busca á Casa de um Portuguez,
em todos os seus papeis: estabeleceo o Embaixador ; naõ sei
POLÍTICA.
HESPANHA.
Falia de S. M. ás Cortes.
Senhores Deputados!
Chegou por fim o dia, objecto de meus ardentes dese-
jos, em que me vejo rodeado, pelos representantes da
heróica e generosa naçaõ Hespanhola, e em que um jura-
mento solemne tem completamente identificado os meus
interesses e os de minha familia, com os interesses de
meu povo.
Quando o excesso dos males produzto a clara manifes-
tação da vóz da naçaõ, antes disso obscurecida por la-
mentáveis circumstancias, que devem ser riscadas de
nossa lembrança, determinei immediatamente abraçar o
desejado systema, e prestar o juramento â constituição
política da monarchia. sanccionada pelas Cortes geraes
e extraordinárias no anno de 1812. Entaõ recebeo a
coroa, assim como a naçaõ, seus legítimos direitos,
sendo a minha resolução naõ menos espontânea e livre do
que conforme aos meus interesses e aos do povo Hespa-
nhol, cuja felicidade nunca cessou de ser objecto de
Política. 111
meus sinceros desejos. Unido assim indissoluvelmente
o meu coração, com os coraçoens de meus subditos, que
saõ também meus filhos, o futuro somente me apresenta
imagens agradáveis de confiança, amor e prosperidade.
Com que satisfacçaõ se contemplará o grande especta-
culo, até aqui sem exemplo na historia de uma naçaõ
magnânima, que tem passado de um estado politico para
outro, sem convulsão nem violência, sugeitando seu in-
thusiasmo á guia da razaõ, em circumstancias, que tem
cuberto de lucto, e inundado de lagrimss outros paizes
menos afortunados.
Dirige-se agora a attençaõ geral da Europa para os
procedimentos do Congresso, que representa esta tam
favorecida naçaõ. Delle se espera prudente indulgência
pelo passado, e illuminada firmeza para o futuro, e que
ao momento, que confirma a felicidade da presente gera-
ção e das futuras, sepultarão no esquecimento os erros
da epocha precedente. Espêra-se também, que se ex-
hibiraõ exemplos de justiça, beneficência e generosidade,
virtudes estas, que sempre distinguiram os Hespanhoes,
que a constituição recommenda, e que tendo sido religio-
samente observadas durante a aífervescencia do povo,
devem ser ainda mais estrictamente practicadas no Con-
gresso de seus representantes, revestidos com o carac-
ter circumspecto e tranquillo de Legisladores.
He tempo agora de emprehender o exame do estado
da naçaõ; e de começar aquelles trabalhos, indispensáveis
para a applicaçaõ dos remédios convenientes aos males,
produzidos por antigas causas, e augmentados tanto pela
invasão do inimigo como pelo errôneo systema do perío-
do seguinte
As contas das rendas publicas, que o Secretario de
Estado, a quem pertence esta repartição, vôs ha de apre-
sentar, excitarão o zelo das Cortes, em procurar e esco-
112 Política.
lher, entre os recursos, que a naçaõ ainda possue, os que
forem mais adaptados para occurrer ás obrigaçoens e in-
dispensáveis encargos do Estado. Esta indagação servi-
rá para confirmar cada vez mais a opinião, de que he es-
sencial e urgente estabelecer o credito publico, sobre as
immutaveis bazes da justiça e da bôa fé, e a escrupulosa
observância do preenchimento de todas as obrigaçoens, o
que dará satisfacçaõ e socego aos credores e capitalistas,
nacionaes e estrangeiros, e ao mesmo tempo alivio ao the-
souro. Eu cumpro com um dos mais sagrados deveres,
que me impõem a dignidade Real, e o amor do meu po-
vo, recommendandoencarecidamente este importante ob-
jecto á séria consideração das Cortes.
A administração da justiça, sem o que nenhuma so-
ciedade pôde existir, tem até aqui dependido quasi ex-
clusivamente da honra e probidade dos juizes: porém,
sendo agora sugeita a princípios conhecidos e estabe-
lecidos, presta aos cidadãos novos e mais fortes funda-
mentos de segurança; e he de esperar ainda maiores
melhoramentos, quando nossos códigos, cuidadosamente
corrigidos, obtiverem aquella simplicidade e perfeição,
que os conhecimentos e experiência do século, em que
vivemos, saõ capazes de dar-lhe.
Na administração interior se experimentam difficul-
dades, que procedem de abusos velhos, aggravados du-
rante estes últimos tempos. A constante applicaçaõ do
Governo, e o zelo com que seus agentes, e as authorida-
des provinciaes trabalham, para estabelecer o simples e
benéfico systema adoptado pela Constituição, vam dimi-
nuindo os obstáculos, e com o tempo aperfeiçoarão uma
repartição do Estado, que tem tam essencial influencia no
bem e prosperidade publica.
O exercito e a marinha pedem mais particularmente a
minha attençaõ e solicitude. Será um de meus primeiros
Política. 113
cuidados, promover a sua organização e estabelecêlla da
maneira mais conveniente para a naçaõ, combinando,
quanto possivel for, as vantagens de forças tam impor-
tantes, com aquella economia, que he indispensável, e
descançando no patriotismo c boa vontade do povo, e na
sabedoria de seus representantes, a quem sempre recor-
rerei com inteira confiança.
He de esperar, que o restabelicimento do systema con-
stitucional, e a lisongeira perspectiva, que este aconteci-
mento offerece para o futuro, removendo os pretextos de
que a maligninidade tem podido tirar vantagem nas pro-
vincias ultramarinas, alhane o caminho para a pacifica-
ção daquellas, que estaõ em estado de agitação ou dis-
túrbio, e faça desnecessário o emprego de outros quaes-
quer meios. Os exemplos de moderação, e o amor da
ordem, que mostra a Hespanha Peninsular, o justo orgu-
lho, que pertence a tam digna e generosa naçaõ, e as sa-
bias leys, que se promulgam conforme a Constituição,
contribuirão pera este fim, e para o esquecimento de ma-
les passados, e uniraõ mais todos os Hespanhoes ao re-
dor de meu throno, sacrificando ao amor de sua pátria
commum todas as lembranças, que possam romper ou en-
fraquecer aquelles laços fraternaes, por que devem estar
unidos.
Nas nossas relaçoens com as naçoens estrangeiras pre-
valece, em geral, a mais perfeita harmonia, á excepçaõ
de algumas poucas diíferenças, que, ainda que naõ te-
nham perturbado actualmente a paz, tem dado occasiaõ a
discussoens, que se naõ podem terminar, sem a concur-
rencia e intervenção das Cortes do Reyno. Taes saõ as
difíerenças pendentes com os Estados-Unidos da Ameri-
ca, a respeito das Floridas, e a designação dos limites
da Louisiana. Existem também disputas, occasionadas
V O L . XXV. N« 147. P
114 Política.
pela occupaçaõ de Monte-Vedio, e outras possessoens
Hespanholas. na margem esquerda do Rio-da-Prata;
porém, ainda que uma complicação de varias circum-
stancias tem atê aqui prevenido o ajuste destas differen-
ças, espero que a moderação e justiça dos principios,
que dirigem nossas operaçoens diplomáticas, produzirão
um resultado conveniente á naçaõ, e conforme ao syste-
ma pacifico, cuja conservação he agora a geral e decidida
máxima da política Europea. A Regência de Argel tem
indicado o desejo de renovar seu antigo systema inquieto
de aggressoens. Para evitar as conseqüências, que po-
dem resultar desta falta de respeito ás estipulaçoens ex-
istentes, o tractado defensivo negociado em 1616 com o
Rey dos Paizes Baixos providenciou a uniaõ das respec-
tivas forças marítimas no Mediterrâneo, destinadas a
manter e segurar a liberdade da navegação e commercio.
Portanto, como he do dever das Cortes consolidar a
felicidade geral, por meio de sabias e justas leys, e com
isso proteger a religião, os direitos da coroa, e os dos
cidadãos; assim também pertence a meu officio vigiar
na execução e cumprimento dessas leys, e especialmente
das leys fundamentaes da Monarchia, em que se concen-
tram as esperanças e desejos do povo Hespanhol. Este
será meu mais grato e constante dever. O poder que a
Constituição outorga a authoridade Real, será empregado
no estabelicimento e inviolável preservação dessa Consti-
tuição, e nisso consistirá o meu dever, o meu deleite, e
a minha gloria. Para acabar e aperfeiçoar esta grande e
saudável empreza, depois de implorar humildemente o
auxilio e guia do Author de todo o bem, requeiro a ac-
tiva cooperação das Cortes, cujo zelo, intelligencia, pa-
triotismo e amor à minha Real pessoa, me levam a espe-
rar, que concurreraõ em todas as medidas necessárias,
Política. 115
para alcançar tam importantes fins, justificando assim a
confiança da heróica naçaõ, por quem foram eleitos.
Replica do Presidente.
As Cortes ouviram com singular satísfacçaõ a sabia
falia, em que Vossa Majestade expressou seus nobres e
generosos sentimentos, e descreveo o estado da naçaõ.
As Cortes apresentam a Vossa Majestade seus mais res-
peituosos agradecimentos, pelo ardente zelo com que V.
M. promove a prosperidade geral, e promettem cooperar
com a intelligencia de V. M., e contribuir, por todos os
meios possíveis, para o alcance dos importantes objectos
para que foram convocadas.
BUENOS-AYRES.
Segunda.
NÁPOLES.
RÚSSIA.
COMMERCIO E ARTES,
PORTUGAL.
Qualidade Direitos.
Gêneros.
.Bahia por lb
í Capitania
I ceara . . . . . . 8s. 7p. por 100 l b .
Algodam . . < Maranham . . . em navio Portuguez
1 Minas novas . ou Inglez.
f Para
^" Pernambuco •
Anil.... . . . . R i o 5 por lb.
Redondo . . .
Assucar .
Í Batido
Mascavado . Livre de direitos por
exportação.
Arroz Brazil
Cac&o Pará
Caffe Rio
Cebo Rio da Prata 3s. 2p. por 1121b.
Chifres. Rio Gande por 123 5s. por 1121b.
,A
Rio da Prata, pilha < B
t c
10 p. por couro
9 i Rio Grande ] B
O
O
Pernambuco, salgados
• Rio Grande de cavallo
Ipecacuanba Brazil por lb. 4B.
2s.
I por 1121b.
Óleo de cupaiba
Orucu
P&o Amarelo. Brazil-. } direitos pagos pelo
Pão Brazil . . . . Pernambuco J comprador.
Salsa Parrilha. Pará } direitos pagos pelo
_ (em rolo.... f comprador,livre por
Ta co
l em folha... ' exportação
apioca . . . . . . . B r a z i l . . . . 6* porlb.
LITERATURA E SCÍENCIAS.
PORTUGAL.
Lisboa 2 de Julho.
No dia 24 de Junho celebrou a Academia Real das Sci-
encias uma sessaõ publica, a que assistio um grande e lu-
zido concurso. Abrio a sesssaõ o Illustrissimo e Excel-
lentissimo Marquez de Borba,- Vice-Presidente, com um
breve discurso, a que se seguio outro do Secretario, Sebas-
tião Francisco de Mendo Trigozo, dando conta das trans-
acçoens e trabalhos acadêmicos no anno decorrido. Se-
guiram-se as leituras das seguintes memórias:—" sobre o
encanamento do Rio Vouga e suas utilidades," pelo cor-
respondente Joaquim Baptista;—" sobre a mina de fer-
ro novamente descoberta em Ytaubira do Campo na Ca-
pitania de Minas-Geraes," pelo correspondente Roque
Schuch;—" sobre a resolução das equaçoens de grãos
superiores ao quarto," pelo sócio Francisco Simõens
Margiocho ;—*« sobre a vida e escriptos de Fr. Bernardo
de Britto," pelo correspondente Fr. Fortunato de S. Boa-
ventura: " memórias acerca da vida do Cardeal D. Jorge
da Costa, pelo sócio Francisco Nunes Franklin.—Seguio-
se um discurso histórico, em que o actual Secretario da
Instituição Vaccinica, Jozé Maria Soares, deo conta dos
Literatura e Sciencias. 157
trabalhos da mesma Instituição no anno próximo passa-
do; e rematou a sessaõ com a abertura do bilhete, que
acompanhava a memória premiada, sobre os Apparelhos
distilatorios, que se achou ser do sócio Antônio de Araú-
jo Travassos, e com a leitura e distribuição do novo pro-
gramma para 1822.
Publicou a Academia no decurso deste anno as obras se-
guintes :—Elementos de Geometria^ por Francisco Ville-
la Barbosa, 2." ediçaõ 1. V. em 8.°—Elementos de Hygi-
ene, por Francisco de Mello Franco; 2." ediçaõ, 1. V. em
4.°—Dissertaçoens Chronologicas e criticas sobre a Histo-
ria e Jurisprudência de Portugal, por Joaõ Pedro Ribeiro,
tomo IV., parte l.a em 4.°—Indece Chronologico remis-
sivo da Legislação Portugueza, pelo mesmo; tomo VI.
parte 1.*, em 4.°—Tractado de Trignometria rectilinea e
esférica, por Mattheus Valente do Couto, em 4.°—Efe-
mérides Náuticas para 1821, calculadas por Antônio Di-
niz do Couto Valente, 1. V. em 4.°—Princípios de Musi-
ca, por Rodrigo Ferreira da Costa; parte 1.*, 1. V. em
4.°—Historia e Memórias da Academia Real das Scien-
cias, Volume 6.", parte 2.*, em folio.
(Continuada de p. 57)
CAPITULO XIII
Dos tractados de commercio.
MISCELLANEA.
Guerra do Rio-da-Prata.
mos, mas sim porque a justiça do caso isso pede. como provam
as consideraçoens apontadas, e que por mais de uma vez lemos
expendido neste Periódico.
Ex-Conde de S. Miguel.
AMERICA HESPANHOLA.
ALEMANHA.
FRANÇA.
HESPANHA.
Déficit . . 466:891.590-
NÁPOLES.
ROMA.
RÚSSIA.
POLÍTICA.
AMERICA HESPANHOLA.
ALIiMANHA.
«ESPANHA.
Memorial a El Rey.
COMMERCIO E ARTES.
Avizo.
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor.—Havendo o
Ministro de Sua Majestade na Corte de Londres partici-
pado, que a Commissaõ Mixta estabelecida naquella ci-
dade, em virtude do artigo nono da Convenção addicio*
nal ao Tractado de 22 de Janeiro de 1815, havia recente-
mente dado uma sentença a favor da galera Dido, de que
fora Capitão Caetano Alberto da Silva, adjudicando
aos proprietários a indemnizaçaõ de Libras esterlinas
11.649-14-2; he o mesmo Senhor servido mandar fazer esta
communicaçaõ à Real Juncta do Commercio, Agricultu-
ra, Fabricas e Navegação, para que lhe dê a conveniente
publicidade, para conhecimento das pessoas a quem pos-
sa interessar. O que participo a Vossa Excellencia, para
o fazer presente no Tribunal, e assim se cumprir. Deus
guarde a Vosa Excellencia Palácio do Governo, em 20
de Julho, da 1820. D. Miguel Pereira Forjaz.—Sflr. Cy
priano Ribeiro Freire.
Commercio c Artes. 267
Estrangeiras.
Entraram. Sahii
AllemaSs 3 3
Americanas 61 70
de guerra 2 2
Cidades Anseaticas
is 4 2
Dinamarquezas 2 2
Hespanhoes 0 1
Francezas 32 27
de guerra 3 2
Hanoverianas 1 0
Hollandezas 14 13
de guerra 2 2
lnglezas 159 175
de guerra 15 16
Paquetes 13 13
Prussianas 2 0
Russas 6 5
de guerra 4 4
Sardas 1 1
Suecas 16 11
340 349
268 Commercio c Artes.
Portuguezas de gnerra.
Fragatas 2 3
Brigues 19 . 20
Escorias 22 . 22
Corvetas 5 6
Charruas 3 5
Total 51 56
Mercantes.
Portos da Europa
Navios 33 . . 21
Bergantins 22 . 16
Escunas 2 . .
Dictos d'Africa
Navios 19 . . 15
Bergantins 30 . . 37
Escunas 2 . 1
Corvetas 3 . 2
Dictos d'Ásia
Navios 7 , 6
Bergantins 2 . I
America do Sul, excepto do Brazil
Navios 3 • 4
Bergantins 19 • . 16
Escunas 4 • 4
Sumacas 27 • . 26
Total 173 149
Rio de Ostras 14 14
Rio de S. Francisco 10 8
Rio de S. Joaõ 87 90
Santa Catharina. 24 26
Santos 64 61
S. Matheus 9 4
Sepitiba 13 12
Tagoahi 35 43
Taipú 3 O
Ubatuba 19 5
Somma 1092 1043
Espécie Seguros.
Ouro em barra £ 3 17 1 0 | Brazil. Hida 30s. Volta 30B
Decai de 6400 reis 3 14 6 Lisboa 25s.
/ por 30s
Pobroeni Hespa- Porto
nhoes \ onça. 30s
Madeira 20i
PPZO» dicloi
Açores 20a,
Prata em barra Rio da Prata 42i. 42»
Bengala 60i «2i
I 272 )
LITERATURA E SCIENCIAS.
N O V A S P U B L I C A Ç O E N S EM INGLATERRA.
PORTUGAL.
ECONOMIA, P O L Í T I C A D E SIMONDE.
CAPITULO VIU.
Dos tractados de Commercio.
(Continuado de p. 167)
O commercio das matérias finas naõ merece, mais do
que os outros, os favores do Governo; por que elle naõ
procura á naçaõ mais vantagens que os outros, nem aug-
menta mais as suas rendas. Pelo contrario, como naõ
he senaõ um commercio de transporte, que consiste em
tirar os metaes d'um paiz, para os reexportar para outro,
sem nunca os applicar ao uso próprio do paiz commerci-
ante, fica na classe daquelles, que contribuem menos â
prosperidade do Estado; porque os dous capitães, que
substitue alternadamente, saõ ambos estrangeiros, e põ-
em em movimento menos industria nacional do que ne-
nhum outro.
O Governo Francez será talvez convidado a negociar
Literatura e Sciencias. 275
(Continuado de p. 174)
O Capitulo quinze desenvolve a matéria importante
do Ministério publico. Os Reys e os Senhores, com-
mettiam a Presidência das Cortes judiciaes a commis-
sarios seus delegados. Quando se instituíram os Par-
lamentos, além do Presidente do Parlamento, havia Pre-
sidentes para as suas differentes secçoens; e outro sim
se nomearam Procuradores d' El Rey, que olhassem por
seus direitos; o que éra tanto mais necessário, quanto os
presidentes eram pela maior parte nobres de alta gradua-
ção, totalmente ignorantes das leys; como se vê ordina-
riamente em Portugal hoje em dia, aonde os fidalgos
que presidem nos tribuuaes, possuem conhecimentos na
razaõ inversa de sua extensa genealogica.
Por esta maneira se instituio o Ministério publico, ou
uma espécie de funeçaõ media entre os juizes e o inte-
resse publico, que éra advogado pelos procuradores d' El
Rey. Estes, além do que se podia propriamente chamar
interesse publico, tinham também o cuidado do que im-
portava individualmente ao Rey ou ao Senhor Suzerano,
e por isso se chamaram Procuradores Fiscaes. Vejamos
as mudanças, que desta circumstancia resultaram á or-
dem judicial; segundo as palavras do A. a p. 265.
MISCELLANEA.
REVOLUÇÃO EM PORTUGAL.
Proclamaçaõ.
Os Governadores do Reyno de Portugal e Algarves, aos
Corpos de Exercito extraviados.
Proclamaçaõ.
Portaria.
Portaria
>
El Rey Nosso Senhor, por puros effeitos da Sua Real
compaixão, he servido perdoar o crime de primeira, e
segunda deserção simples a todos os Indivíduos do seu
exercito, que se acharem sentenciados ou ainda por sen-
tenciar, e aquelles, que, por igual motivo, estiverem
jà cumprindo as suas sentenças: E ordena que postos
em liberdade, sejam logo restituidos aos seus respectivos
corpos ou a qualquer outro em que o tenente General
Commandante Interino do exercito julgar conveniente
empregallos, durante as actuaes circumstancias, a fim
de continuarem no seu Real serviço. O conde da Feira
do Conselho de Sua Majestade, Secretario dos Negócios
Estrangeiros, e da Guerra e Marinha, assim o tenha en-
tendido e faça executar, expedindo as Ordens necessá-
rias. Palácio do Governo, em quatro de Septembro de
mil oitocentos e vinte.
Com as Ruhricas dos Senhores Governadores do
Reyno.
Miscellanea. 307
Proclamaçaõ
Os Governadoves do Reyno ao Leal e Valoroso Exer-
cito Portuguez.
Chefes, Officiaes, e Soldados do heróico Exercito Por-
tnguez, que fostes o assombro da Europa, terror dos ini-
migos, e o firme esteio da Independência da nossa Pátria,
escutai agora a voz dessa mesma Pátria, que vos clama,
que depois de ha verdes salvado pelo vosso valor, na porfio-
sa luta da guerra, a salveis pela vossa lealdade inabalá-
vel dos horrores da guerra civil e da anarchia.
Sim, generosos Soldados Portuguezes, he em nome da
nossa Pátria, em nome do nosso Rey: que os Governado-
res do Reyno hoje vos faliam.—Elles confiam da grande
maioridade do Exercito Portuguez a conservação da
tranquillidade publica, da unidade da Monarchia, e da
obediência ao legitimo Governo; e deplorando a ceguei-
ra momentânea de uma parle desse mesmo Exercito,
que desgraçadamente se deixou hallucinar, lhe offerecem
uma completa amnistia, persuadidos de que o vosso
brioso exemplo lhe abrirá os olhos, e a reunirá ao único
centro legitimo, donde podem emanar a felicidade e a
liberdade da naçaõ Portugueza.
Soldados, os Governadores do Reyno, interpretando
os sentimentos do nossso Augusto Soberano, acabam de
convocar Cortes, e trabalham com a maior actividade em
accelerar o seu ajunctamento: brevemente vereis reuni-
dos os três Estados do Reyno, conforme as Leis Funda-
mentaes da nossa Monarchia; he esse o único meio legal
de consultar os votos da naçaõ, de attenderás suas quei-
xas, e de adoptar as medidas permanentes e necessárias
para restabelecer o antigo edifício da nossa Constituição,
deteriorado pelo decurso do tempo; El Rey, e os Três
308 Miscellanea.
Estados do Reyno, Clero, Nobreza, e Povo, saõ as ma-
gestosas columnas que o devem sustenlar.
Naõ nos deixemos pois illudir pela ambição, que se
disfarça debaixo dos especiosos pretextos: todos quere-
mos os melhoramentos necessários para a prosperidade
da Monarchia; mas queremos uma reforma, e naõ uma
revolução, cujos effeitos seriam a subversão dessa mesma
Monarchia, a dissolução das differentes partes, que a
compõem, e por fim a sua sujeição a um jugo estranho
ficando assim baldados os esforços com que no campo
de batalha defendestes a sua independência.
Soldados, naõ presteis ouvidos às suggestoens dos ma-
lévolos, que por todos os meios procuram inspirar-vos
uma injusta desconfiança do Governo, e excitar o Exer-
cito, a quem só compete defender El Rey, e a naçaõ, a
dictar pela força Leis, que só devem emanar, para serem
providas e permanentes dos deputados dessa mesma na-
çaõ e do throno. Os Governadores do Reyno vos alfian-
çam, e o tempo brevemente vos provará, que elles estaõ
firmemente determinados a effectuar a solemne promessa
que fizeram : naõ acrediteis os que insidiosamente vos in-
sinuam, que o Governo intenta ganhar tempo com o anun-
cio da convocação de Cortes, e chama para impor silen-
cio á voz dos Portuguezes, o auxilio de tropas estran-
geiras : os Governadores do Reyno vos asseguram, que
elles, nem esperam, nem pedirão, nem estaõ dispostos a
receber um tal auxilio: elles detestam a idéa de ver o
sangue dos seus Concidadãos derramado n'uma guerra
civil, e só confiam que os ajudareis a cumprir o seu mais
sagrado dever de manter illesa a unidade do Governo,
que lhes está ligitimamente commettido. Continuai a ser
pela vossa lealdade, como pelo vosso valor, o exemplo, ea
inveja das naçoens Estrangeiras : a maior felicidade vos
espera; oSoberanoea naçaõ vos deverão a sua seguran-
Miscellanea. 309
Portaria.
Manda El Rey Nosso Senhor, que o perdaõ de primei-
ra e segunda deserção simples, que por Portaria expedi-
da em data de quatro do corrente mez, houve por bem
concedera favor dos indivíduos do seu exercito, seja am-
pliado aos da Brigada Real da Marinha em Lisboa, que
se acharem em idênticas circumstancias. O Conde da
Feira, do Conselho de Sua Majestade, Secretario doGo-
Governo encarregado das repartiçoens dos Negócios da
Marinha, Estrangeiros, e da Guerra o tenha assim enten-
tendido, e expessa as ordens necessárias. Palácio do
Governo em 6 de Septembro de 1820.
Com três Rubricas dos Governadores do Reyno.
CONDE DE P A L M E L L A .
316 Miscellanea.
Proclamaçaõ.
1.* Proclamaçaõ
Publicada na revolta da cidade do Porto.
Soldados!—Uma só vontade nos uma: caminhemos á
salvação da pátria. Naõ ha males que Portugal naõ
sotfra; Naõ ha soffrimento, que nos Portuguezes naõ es-
teja apurado. Os Portuguezes, sem segurança em suas
pessoas e bens, pedem o nosso auxilio, elles querem li-
berdade regrada pela ley. Vós mesmos,- victimas dos
males conimuns, tendes perdido a consideração, que o
vosso brio e vossas virtudes tem merecido. He necessá-
ria uma reforma, mas esta reforma deve guiar-se pela
razaõ e pela justiça, naõ pela licenciosidade. Coadjuvai
a ordem, cohibi os tumultos; abafai a anarchia, e crie-
mos um Governo Provisório, em que confiemos; elle
chame as Cortes, que sejam o orgaõ da Naçaõ, e ellas
preparem umaConstituiçaõ, que assegure os nossos di-
reitos. O nosso Rey D. Joaõ VI., como bom, como be-
nigno, ha de abençoar nossas fadigas, como amante de
um povo, que o idolatra. Viva o nosso bom Re).
VOL. XXV. N \ 148.
318 Miscellanea.
Vivam as Cortes, e por ellas a constituição. Porto em
Conselho Militar, 24 de Agosto de 1820.
(Assignados) S E P U L V E D A , Coronel do Reg. N.° 18
C A B R E I R A , Coronel d'Artilheira.
T t . Cor. do Reg. N, p 6
Major das Milícias de Maia
Major das Milícias do Porto
2.3 Proclamaçuõ
Acabou-se o soffrimento! A Pátria em feros: a vossa
consideração perdida: nossos sacrifícios baldados; um
soldado Portnguez próximo a mendigar uma esmola!—
Soldados o momento he este: viemos à salvação da
Pátria: voemos á nossa salvação própria.—Camaradas,
vinde comigo; vamos com nossos irmaõs organizar um
Governo Provisional, que chame as Cortes, a fazer uma
Constituição, cuja falta he a origem dos nossos males.
He necessário desenvoivêllo; porque cada qual de vôs
o sente. He em nome, e conservando o nosso Augusto
Soberano, o Senhor D. Joaõ VI., que ha de governar-se.
A nossa sancta líeligiaõ será guardada! Assim como
nossos esforços saõ puros, assim Deus ha deabençoàllos.
Os soldados, que compõem o bravo exercito Portuguez,
haõ de correr a abraçar a nossa; porque he a sua causa.
Soldados a força he nossa ; naõ devemos, portanto, con-
sentir tumultos : a cada um de nós deve a Naçaõ sua segu-
rança e tranquillidade. Tende confiança n'um Chefe,
que nunca soube ensinar-nos senaõ o caminho da honra
toldados! naõ deveis medir a grandeza da causa, pela
singeleza dos meus discursos: os homens sábios desenvol-
verão um dia este feito, maior que mil victorias. Santi-
fiquemos este dia ; seja de hoje em diante o grito do
nosso coração; Viva El Rey, o Senhor D. Joaõ VI:
Viva o Exercito Portuguez: Vivam as Cortes, e por ellas
a Constituição Nacional.
(Assignado J
Miscellanea. 319
Auto da Câmara Geral.
Elogo, estando reunidos todos os abaixo
assignados pelos Illustrissimos membros do Conselho Mi-
litar acima mencionados, foi representado, que, sendo
evidentes os soffrimentos de todas as classes, e tendo de
esperar-se a cada momento um rompimento anarchico,
que levasse a naçaõ a todos as males, que este monstro
semêa na sociedade; elles animados do mais vivo desejo
de prestar serviços á Naçaõ, de salválla, de fazêlla re-
ganharosseus verdadeiros direitos; e caminhando outro
sim sobre a baze firme, e inabalável de manter fidelidade
e vassalagem ao nosso Grande e Muito Poderoso Mo-
narcha, o Senhor D. Joaõ VI., se deliberaram a propor,
como tem proposto, o seguinte:—
Que se formará uma Juncta Provisória, depositaria do
Supremo Governo do Reyno, composta das seguintes
pessoas, e do Vice-presidente, que essa mesma Juncta ele-
ger; a saber:—
Juncta Provisional do Governo Supremo do Reyno.
Presidente.—Antônio da Silveira Pinto.
Vogaes. Pelo Clero. O Deaõ Luiz Pedro de Andrade
Brederode.
Pela Nobreza.—Pedro Leite Pereira Mello.
Francisco de Souza Cirne de Madureira.
Pela Magistratura.— O Desembargador Manuel Fer-
nandez Thomas.
Pela Universidade.— O Dr. Fr. Francisco de S. Luiz-
Pela Provincia do Minho.—O Desembargador, Joaõ da
Cunha Soutomaior. Jozé Maria Xavier de Araújo.
Pela Provincia da Beira.—Jozé de Mello Castro e Ab-
reo. Roque Ribeiro de Abranches Castello Branco.
Pela Provincia de Traz-os-montes.—José Joaquim de
Moura. Jozê Manuel de Souza Ferreira e Castro.
Pelo Commercio Francisco Jozé de Barros Lima.
Secretários com voto.—Jozé Ferreira Borges. Jozé da
Silva Carvalho. Francisco Gomes da Silva.
320 Miscellanea.
Proclamaçaõ.
AMERICA HESPANHOLA.
(Assignado) BRION
Revolução do Porto.
za, senaõ da concessão dos Reys ? E que mais direito tem ne-
nhum membro dessas famílias, desfiguradas por vergonhosas
bastardlas, de que tiram sua origem, a serem titulares, do que
Pedro, Paulo, Sancho, ou Martinho, a quem El Rey por sua
affeiçaõ particular, ou por serviços feitos á sua pessoa ou ásua
familia, faz entrar na classe da Nobreza ?
Daqui fica manifesto, que o partido que nos tem quebrado os
ouvidos com a necessidade de mudar as bazes do edifício social,
com a prostituição dos títulos a guarda roupas e pessoas insig-
nificantes, com os empregos diplomáticos em pessoas de classes
differentes desses fidalgos, naõ aspira amais do que a metter-nos
pelos olhos essa aristocracia rançosa, que de nada serve, e que
nas oceasioens dos apertos, ou tem tomado o partido dos inimi-
gos, porque lhe parecèo o mais forte, ou se tem mettido no es-
curo fugindo ás difficuldades.
Se esses que assim faltam, tem realmente em vista o desappro-
var, que pessoas naõ nobres sêjain elevadas a empregos impor-
tantes, principalmente na diplomacia ; para que estaõ tam car-
iados a respeito de pessoas taes como um Guerreiro, a quem dam
o tractamento de Excellencia ? < Que serviços, que estudos,
que talentos saõ os desse diplomático nascido das ervas, senaõ
o de ser um humilde instrumento do partido Roevidico ? Entre-
tanto, note-se, os mesmos que lhe dam Excellencia, saõ os que
nos ímpurram a necessidade de mudar as bazes do edifício so-
cial em Portugal; os que louvam os traidores da pátria, e os que
acham culpa em El Rey por elevar pessoas, que naõ saõ da
classe da grandeza.
He assim que, correndo em Londres a noticia, de que o Ab-
bade Corrêa éra ehamado ao Rio-de-Janeiro, para Ministro de
Estado, tiveram alguns biltres addictos á Embaixada Portugue-
za a iinpiickncia de d:/.«-r, que o Abbade sóiiía para dizer missa
a EI Rey. Porque se levantou esta antiphona, seguiram logo
outros a psalmodia, insinuando que o Abbade só sabia de sua
botânica.
Comparando, pois, todos estes factos, naõ nos resta a menor
duvida, de q»ie o? principaes motores da revolução, se devem
Miscelluttf* 34^
Segundo Exercito.
Commandante em chefe, Gaspar Teixeira
D.° em Segundo, Lacerda.
Infanteria, N . o s 3 : 9 ; 1 2 ; 21 ; 23 ; 24
Cavallaria, parte de 2 ; 6 ; e 12.
Caçadores, 7 : 8 ; 12.
Artilheria, parte de N." 4.
Milícias da Beira.
Salinas de Setúbal.
caõ dos direitos; pois ali confessam, que foi necessário a ex-
periência dos factos, para se desenganarem do mais obvio prin-
cipio nesta parte da legislação ; naõ souberam, que um pezado
imposto na exportação do sal fazia com que este producto do
território de Portugal naõ pudesse competir nos mercados
estrangeiros com o sal de outros paizes, senaõ quando
viram que ninguém ia a Setúbal comprar o sal, que se
podia ter mais barato em outros portos. Parece que só
quando a verdade he palpável estes cegos a conhecem ; as
luzes do entendimento, se as tivessem, lhes fariam conhecer
taes verdades, antes que se tocassem com os dedos da expe-
riência. Mas assim vai tudo, com qi?em naõ tem os princípios
tlieoreticos necessários, sendo a desgraça muitas vezes tal, que
quando a liçaõ da experiência chega, ja naõ ha lugar para o re-
médio, restando somente, um arrependimento infruetifero. Nós
até nos envergonhamos de referir o Leitor par o lugar do Correio
Braziliense, em que tam estrenuamente reprovamos aquella im-
politica imposição sobre o sal; porque he matéria tam sabida,
que nenhnm merecimento tem o politico, que tal absurdo aponta.
Diremos porém aqui, que apontando certo sugeito a D. Miguel
Forjaz (hoje por esses e outros que taes serviços Conde da
Feira) o que o Correio Braziliense dizia a respeito do sal; a res-
posta, que deo, foi esta: esse tolo e perverso do Correio Brazi-
liense naõ sabe o que diz: o Estado precisa rendas, para oceurrer
ás despezas necessárias, e essas rendas naõ se obtém sem tri-
butos."
Muito bem, Senhor Conde da Feira; saõ necessários os impos-
tos, mas o Ministro, que entende do seu ofticio, naõ os lança de
maneira, que destrua o mesmo artigo sobre que recáe a imposi-
ção ; porque com isso annihila aquelle ramo de industria na na-
çaõ, e torna de nenhum proveito a imposição.
Mas, se o Correio Braziliense éra o tolo ; para que se abolio
agora a imposição na exportação do sal ?
Quanto ao epitheto perverso, naõ he tempo agora de ajustar-
mos contas.
348 Miscellanea.
Exportação da casca de Sobreiro.
Como appendice i imposição de um tributo no sal, que ope-
rava como prohibiçaõ para sua exportação ; achamos a seguinte
prohibiçaõ, para que se naõ exporte a casca do sobreiro, no se-
guinte :—
AMERICA HESPANHOLA.
"O estado politico deste paiz parece catarem tanta duvida co-
mo o de Hespanha. Alvear e Carrera estaõ juncto a Sancta Fé,
mas naõ se sabe exactamente as forças que tem com sigo, prova-
velmente naõ excedem 1.000 ou 1.200 homens. Se elles forem
auxiliados, como se diz, pelo chefe Ilamirez, Governador de
Entre-Rios ; e Lopez, Governodor de Sancta Fé, sem duvida te-
raõ ja começado a sua tentativa contra esta cidade, para pór
Alvear á testa do Governo ; porque Carrera deve ter neste lugar
pessoa, que lhe seja completamente fiel, antes que tente realizar
suas vistas em Chili. Mas todos estes planos saõ presentemente
frustrados por Aitigas, que atacou e derrotou uma partida de
400 homens das tropas de Ramirez, em Entre-Rios, e apossou-
se do Arroio de Ia China ; depois marchou para a jurisdicçaõ de
Comentes, para onde se diz que partira também Ramirez com
um corpo de tropas. Suppoem-se que se for bem suecedido
annihilará Artigas. Estas duas provincias estaõ no estado de
aoarchia e confusão. O porto de Baxada de Sancta Fé está fe-
chado, e naõ se permitte a nenhum vaso passar o rio dali para
baixo."
" Aqui estamos ainda quietos, mas todos esperam mudança.
Eu inclino-me a crer que Alvear virá a ser o Governador neste
lugar; porque tem grande partido a seu favor."
Aos 20 de Junho morreo o General D. Manuel Belgrano em
Buenos-Ayres. Aos 23 entrou o General Sole nas funcçoens de
Governador e Capitão Ceueral daquella provincia ; havendo sido
previamente proclamado ein Luxan, pelas tropas, que ali com-
mandava, e algumas milícias. Naõ houve nisto distúrbios.
Alvear, q ue he o seu competidor estava com suas tropas no inte-
rior.
Sentimos naõ poder dar a integra da convenção entre a Corte
Ri-de-Janeiro, e o Governo de Buenos-Ayres; deixamos
Porem copiados a p. 228 os artigos mais importantes, e na ordem
352 Miscellanea.
ALEMANHA.
FRANÇA.
HLSPAMIA.
V o i . X X V . N - . 148. ir.
358 Miscellanea.
de que o Governo seui demora pudesse ordenar o castigo daque-
les, que tomaram parte directa na destruição do Código Nacional.
2 a Que as Cortes fizessem arranjamentos, a fim de que o Com-
mitté encarregado dos procedimentos contra 69 Deputados, cha-
mados Persas, e que assignâram a representação ao Rey em
em 1814, apresente o seu relatório, dentro de um período espe-
cificado. 3 . a Que os Secretários do Governo apresentem sema-
nalmente ao Congresso uni relatório sobre os negócios de Cadiz.
C,aiagoça Burgos e Galliza.
Na sessaõ de 9 de Septembro, o Ministro de Justiça entregou
ás Cortes, três petiçoens, que achara nos archivos de suaSecre-
taria, e tinham sido apresentadas a El Rey por três dos Depu-
tados chamados Persas (os que apresentaram a El Rey o protes-
to contra as Cortes cm 1814) e nestas petiçoens cada um dos
taes Persas solicitava, como prêmio de seu zelo, um beneficio
ecciesiastico: observou-se, que os requerentes preferiam os
Cabidos de Toledo e outros mais pingues. Os documentos fo-
ram remettidos á commissaõ relativa aos Persas.
Naõ temos lugar de mencionar o grande numero de providen-
cias, que as Cortes tem adoptado; porém lembraremos as se-
guintes como as mais notáveis.
Expedio-se um decreto, restabelecendo varias providencias
das antigas Cortes, pelas quaes varias prebendas, e outros bene-
fícios simples ecclesiasticos se applicarara ás necessidades do
Estado; assim como a abolição da tortura, e outros muitos re-
gulamentos importantes.
Também se mandou uma circular a todos os Governadores das
Provincias Ultramarinas, ordenando-lhes, que remettessem im-
mediatamente relatórios das suas respectivas provincias, especi-
ficando o estado de cada uma, para que o Governo possa formar
idea exactadas opinioens, que ali existem.
A fira de abolir mais efficazmente a Inquisição, mandou-se
venderem hasta publica a propriedade daquelle estabelicimento,
começando pelo sumptuoso palauo do Inquisidor Geral em Ma-
drid ; e do outro em que se faziam as sessoens do Tribunal, «
Miscellanea. aoy
INGI.ATKRRA.
NÁPOLES.
RÚSSIA.
TURQUIA.
POLÍTICA.
Voi.xxv.flo < M 9 . 3B
372 Política.
Lisboa 15 de Septembro.
Viva El Rey D. Joaõ VI. ! Viva a Dynastia da Real
Casa de Bragança I Viva a nossa Sancta Religião !
Vivam as Cortes, que haõ de fazer a nossa nova Con-
stituição.
Lisboa 18 de Septembro.
O Governo Interino querendo desde a sua instalação
mostrar a franqueza com que procede, expõem ao conhe-
cimento do publico o estado da receita e despeza do Erá-
rio regio, de que resulta infelizmente uma differença
(ainda quando fosse exactamente cobravel a receita se-
gundo o orçamento) de 48:687.472 réis, que naõ pode ser
preenchida senaõ por meios extraordinários, os quaes
necessariamente se devem buscar no patriotismo da Na-
ção, a que o Governo ha de recorrer pelos modos que
parecerem mais conducentes ao fim mais sagrado da ad-
ministração publica, qual he o de satisfazer à risca as
despezas correntes do Estado.
Décimas de
Lisboa e Ter-
mo
5:000.000 5.000.000 10:000.000
Alfândega Gran-
de do Tabaco
e Casa da ín-
dia pelos pri-
meiros 15 di-
as deste mez 6:500.000 10.-000.000 10:000.000 26-500.000
Dieta e ditta
por anticipu-
i.uô dos te-
Kundr» dicto, ttooooM ft0flO.0OOI2.HMO.O0O
384 Política.
Casas de arre-
cadação pelos
primeiros 15
dias deste
mez 7:500.000 7:500.000 15:000.000
Dietas por
anticipaçaõ
dos segun-
dos dictos 4:000.000 4:000.000 8:000.000
Próprios da
Coroa 1:000.000 1:000.000 2:000.000
Anno de Mor-
to 500.000 500.000 1:000.000
Commendas 1:500.000 1:500.000 3:000.000
(1) Contrac-
to do Ta-
baco 55:000.000 30:000. 000 85:000.00
Da Casa da
Moeda 3:000.000 3:000.000
Contracto da
Fruta 4:000.000 4:000.000 8:000.000
Diversos e
pequenos
rendimen-
tos avulsos 4:000.000 4:000.000 8:000.000
Do Cofre de
Malta pedi-
dos ultima-
mente 10=000.000 10000.000 20:000.000
Do dicto d*
Água livre
pedidos ulti-
mamente 2=500,000 2500.000 5=000.000
Saldo existeate
e desponivel
no dia 15 8:404.986 7:086.600 6:120.942 21:612.526
(2) Para um
mez de Soldos
á officialidade
em Lisboa 19:000.000 19:000.000 38:000.000
Para o Pret do
Centro dos
últimos 15 di-
as do mez 15:000.000 15:000.000
(3) Para a Re-
partição do
Commissaria-
do
D 40:000.000 20:000.000 60:000.000
rara o Arsenal
do Exercito 10:000.000 5:000.000 15:000.000
Para Obras
MÍ1ÍtarM
n 4.O00.000 2:000.000 6:000.000
Para a Mari-
nha com o
titulo de con-
'WaÕ 10:400.000 5:600.000 16:000.000
rara um mez
de Feria á
dieta
Pam o H o s . 10:000.000 10:000.000 20:000.000
tal
6 0MO 600 000
P«ramnmez ° - 1:200.000
de Soldoa á
Brigada, e
Preu
1:300.000 1:700.000 3:000.000
386
Política.
Para Jornaes
da Obra do
Palácio d'
Ajuda nas 2
semanas 3.200.000 3:600.000 6:800.000
Para Particu-
lares do servi-
ço entregues
a Joaõ Lou-
renço de An-
drade 1:000.000 1:000.000 2:000.000
(4) Para os
Criados das
Cavalhariças
Reaes 1:400.000 1:600.000 3:000.000
Para Manti-
mento das
Reaes Cava-
lhariças por
conta 2:500.000 250.000 250.000 3:000.00
Para continuar
o 4.° Quartel
de Ordenados 12:000.000 700.000 300.000 13:000.000
Para Jornaes
das Obras Pu-
blicas 2 se-
manas 1:500.000 1:500.000 3:000,000
(4) Para Jor-
naes da illu-
minaçaõ da
cidade 800.000 800.000 1:600.000
Para a Juncta
dos Provi-
mentos 2.000.000 2:000.000 4:000.000
387
Política.
pagameno de
um Quartel
ao Baraõ de
Teixeira, por
conta do Em-
préstimo de
800:000.000 17:500.000 17:500.000 35:000.000
réis
(5) Para a letra
de Argel que
se acha em
poder do dicto
Baraõ de Te- 19:200.000 19:200.000
ixeira
Paia continua-
ção de paga-
mentos pela
Pagadoria do
Erário, que
consisto em
pequenos Or-
denados, e
Pensoens 4:000.000 2:000.000 6:000.000
Para pagamen-
tos pela Me-
za do Erário
que se possam
mandar fazer,
como saõ
Despezas de
Legaçoens.de
Secretarias de
Estado, e ou-
tras muito di-
versas 4.000.000 2:000.000 6:000.000
V01.XXV. N \ 149. 3 n
388 Política.
Observoçoens.
e s t l ^ 0 a S 8 Í g n a d °' S e C r e t a r Í 0 d o G o v e r n o f e r i n o
"abelecdoem Lisboa, tem a honra de communicar ao
390 Política.
Avizo.
Portaria,
Presidente.
O Principal Decano.
Vice Presidente.
Antônio da Silveira Pinto da Fonesca.
Política. 403
Deputados.
O Conde de Penafiel.
Herrnano José Braancamp do Sobral.
O Desembargador Manoel Fernandes Thomaz.
O Doutor Fr. Francisco de S. Luiz.
O Bacharel José Joaquim Ferreira de Moura.
Proclamaçaõ
Portaria.
Portaria.
Avisos.
Para Joaquim Annes de Carvalho.
A Juncta Provisional do Governo Supremo do Reyno
tem nomeado a V. m. de commum accordo com a Juncta
Preparatória das Cortes, para deputado pela Provincia
de Alemtéjo, e com exercício na mesma juncta: e ordena
que V* m. venha logo a esta cidade, e se apresente ao
Presidente da sobredicta Juncta Preparatória para as
Cortes.
Deos guarde a V. m. Palácio do Governo em 6 de
Outubro de 1820.
MANOEL FERNANDES THOMAZ.
ALEMANHA.
RÚSSIA.
Pernambuco, salgados
i
] 1*
C
6p. a 6JP.
Sp. a 6jp.
Rio Grande de cavalto
pecacuanha Brazil por lb. J4 8 . op à 15s. 6 P 4s.
Óleo de cupaiba .1 i s . 2p. a l i . 4p 2«.
|porlUlb.
Orucu I 4s. Op
Pão Amarelo. Brazil 120B, 130s. ) direitos pagos pelo
Pao Brazil . . . . Pernambuco j comprador,
Salsa Parrilha. Pará ' 1». g p , a 2s, 2 direitos pagos pelo
_ . Cem rolo., > comprador,livrc por
Tapioco ^e m fo,ha ' exportação
Tapioca Brazil., 18p, <i4 porlb.
Espécie Seguros.
Ouro cm barra £3 17 10 Brazil. Ilida 30». Volta .ini
Deças de 6400 reis 3 14 6 Lisboa 25s. 30i
Pobrocns Hespa- por Porto 30i
nhoes - 4 10 .onça. Madeira 20i
P e z o s . . . .dictos 4 11 Açores 20».
Prata em barra Rio da Prata 42*. « i
Bengala GO» 62i
( 425 )
LITERATURA E SCIENCIAS.
CAPITULO VIII.
Dos tractados de Commercio.
(Continuado de p. 282)
Mr. Pitt, expondo as vantagens comparativas do trac-
tado de commercio, para a Inglaterra e para a Prança,
tinha feito estudo em alçar as primeiras e abater as se-
gundas: naõ via de uma parte senaõ oito milhoens de
consumidores, e da outra vinte e quatro milhoens. De
facto a França obtinba um mercado tam vantajoso como
a Gram Bretanha; além de que naõ se percebe de masia-
do a razaõ porque elle naõ fazia entrar em seu calculo
9
VOL. XXV. N. 49. 3I
428 Literatura e Sciencias.
que a Inglaterra só, d'entre os três reynos unidos, abria
um mercado muito mais rico â França, do que esta lhe
offer^cia. Os consumidores ricos tem necessidades mui-
to mais extensas do que os consumidores pobres, e fa-
zem compras muito mais consideráveis. A demais, os
subditos da Gram Bretanha, em um e outro hemispherio,
vera a ser indirectamente consumidores da França; por-
que todos os productos de nosa industria, que podem
convir à índia ou ás colônias lnglezas, teriam sido com-
pradas para ellas pelos Inglezes, desde o momento em que
naõ fossem sobrecarregadas de direitos.
A França pôde produzir uma quantidade prodigiosa de
vinho, alem do seu consumo: muitas vezes produz além
do que o commercio pôde dispor, ao ponto de fazer aba-
ter o preço relativo desta mercadoria abaixo de seu pre-
ço intrínseco, e isto he o que tem freqüentemente redu-
zido ã miséria os fabricantes de vinhos, e os proprietá-
rios das vinhas; porém, se o vasto e rico paiz, que avi-
zinha com a França, e que poderia com tanta vantagem
aproveitar-se de seus vinhos, lhe fosse aberto, o seu pre-
ço relativo se manteria sempre, e a cultura da vinha,
que he,entre todas as outras, aquella, cujo producto bru-
to he mais considerável, proporcionalmente â extençaõ
do terreno, a que põem em movimento mais maõd'obra,
que faz viver a mais numerosa população, seria anima-
da; porque daria um producto liquido ao menos igual ao
de qualquer outra cultura: todas as encostas, que hoje
em dia sô estaõ cubertas de ervas inúteis, poderiam ser
convertidas em vinhas, e povoadas de habitaçoens;
maior necessidade de trigos, para nutrir tantos homens
empregados nas vinhas, animaria também a cultura desta
mercadoria, e nem os maninbos nem os baldios fariam
vergonha ao nosso systema de agricultura. A popula-
ção da França cresceria, mas somente na razaõ do aug-
Literatura e Sciencias. 4t9
mentode suas rendas, e por conseqüência de uma manei-
ra, que naõ seria pezada. Taes saõ as esperanças, que
se poderiam fundar na libbertaçaõ de nosso commercio
com a Inglaterra, assim como também o augmento de
nossa exportação de vinhos para a America, até que este
vasto continente seja assas povoado, para que o preço
excessivo da maõ d'obra naõ obste ali a cultura da
vinha: tal éra o beneficio, que poderíamos receber do
tractado de commercio de 1786. Mas os Governos tem
sempre prestado menos attençaõ ás reclamaçoens dos
camponezes e proprietários de terras, do que ás dos ne-
gociantes: seja porque os primeiros naõ eram animados
pelo espirito de corporação, e por isso mais diffícilmente
formavam idéa de seus próprios interesses; seja por que
se empenhavam com menos calor em proseguiilos; e se
distingutam por maior desinteresse, do qual davam dia-
riamente provas, sacrificando suas vantagens, ao que
suppunham ser vantagem do commercio.
Os emprezarios de muitas manufacturas se queixavam
amargamente, de que abrindo-se a entrada das manufac-
turas lnglezas na França, se faziam decair os lucros, que
elles deviam ao monopólio. Todas as fabricas, cuja exis-
tência éra artificial, que trabalhavam caro, e cujo valor
intrínseco éra mais subido, que o preço relativo livre,
foram, com effeito, fechadas, ou pelo menos diminuídas
em seu trafico. Ainda que essas fabricas naõ fossem nu-
merosas, e que os seus producto fossem cousa de pouca
monta, comparados ao producto total da industria Fran-
ceza; os seus clamores se fizeram ouvir de um cabo do
Império ao outro. Se se tivesse comparado a industria,
em tempo que padecia, com a industria, cuja prosperi-
dade se t inha augmentado, se acharia, qua os fabrican-
tes, que clamavam, naõ produziam no anno quinze mi-
lhoens de mercadorias; ao mesmo tempo que a França
430 Literatura e Sciencias.
produzia, em anno tommum, pelo calculo mais mode-
rado ao menos trezentos milhoens de vinho* ; e que esta
(Continuada de p. 287.)
(Continuar-se-ha.)
( 443 )
MISCELLANEA.
Ordem do Dia.
Revolução de Portugal.
Portaria.
Avizo.
usa he, que só por arte do diabo se podia fazer uma revolução
tam geral, sem que houvesse nem motivo justo de queixa, nem
combinaçoens previas.
O Padre Jozé Agostinho, com outros sandeos de sua laia, tem
accusado os Sebastianistas, que na inocência de suas opinioens
só poderiam ser assaltados pela mordaz disposição de tal energú-
meno.
Outros em fim, como o Conde da Feira, naõ tem duvida era
jurar, que a revolução he obra dos Pedreiros Livres e de mais
ninguém. Nem nos devemos admirar, que haja cm Portugal
quem assim pense, quando agora mesmo está o Imperador
d'Alemanha pregando uma Cruzada, contra os Framaçons, Car-
bonari, Místicos, &c. e queixando-se mui peculiarmente dos
jornaes e outras obras literárias, a quem as actuaes revoluçoens
se attribuem.
Mas i aonde estavam os pedreiros livres e os jornaes na Hes-
panha ? i Aonde os de Portugal ? t' Aonde nos mostrarão,
quer em Hespanha, quer em Portugal, essas pretensas sociedades
de Carbonari, ou outras de tendência política? No entanto,
ue todos os jornaes eram rigorosamente prohibidos, excepto os
que o Governo mantinha para nelles publicar só o quesuppunha
ser-lhe favorável, no entanto que o tracto social dos homens éra
pesquizado e esquadrinhado ao mais intolerável ponto, a fim de
que nem sombras restassem de associaçoens políticas ; arrebenta
a revolução, e apparece logo geral, tanto em Hespanha, como
em Portugal.
Agora, que naõ foram os jornaes que tal effeito produziram, he
evidente; porque taes jornaes naõ havia. Seriamos Pedreiros
livres. Mas estes haviam de apparecer depois de declarada a
revolução, quando ja naõ tinham que temer a perseguição do
extincto Governo: mas naõ apparece o menor symptooia disso.
Se se ajunctam em suas loges ainda, a practicar seus ritos e suas
ceremonias, de certo os seus calumniadores os naõ mostraram na
Hespanha ou em Portugal, tomando parte alguma nos negócios
políticos depois da revolução. Ora < he crivei, que se os effeitos
revolucionários fossem filhos dessas associaçoens dos Framaçons,
Miscellanea. 455
Eis aqui pois uma causa geral, que devia pôr toda a naçaõ
em directa opposiçaõ com seu Governo.
Porem desçamos a um exemplo na Administração. As ren-
das do Erário naõ eram adequadas ás despezas do Governo ;
nem se podiam augmentar; porque a pobreza da Naçaõ naõ
admittia a imposição de novos tributos. Logo, naõ havia outro
remédio, senaõ cortar por todos os estabelecimentos públicos,
que naõ fossem da primeira necessidade.
Mas o Governo naõ pensou jamais em tal medida de economia;
continuaram os gastos da mesma forma, com um déficit, que
por força augmentava todos annos. Por conseqüência todo o
Reyno se resentia desta penúria do Governo, que naõ podia dei-
xar de acabar em uma banca rota. Eis aqui um motivo mais
que bastante, para excitar o descontentamento geral contra o
Governo, porque este mal éra geralmente sentido por todos, di-
recta ou indirectamente.
Ajunctem a isto os abusos na Administração da justiça; a
existenria de um exercito, em tempo de paz, que nem a popu-
lação nem as rendas do Erário podiam manter, sem vexame ge-
ral ; e outros muitos erros de igual tendência, e digam-nos i se
estas causas geraes naõ explicam melhor a revolução, do que os
jornaes, que naõ havia, ou meia duzía de Framaçons, que nem
tinham, nem podiam ter, porsua pequenhez, alguma influencia
na opinião publica, senaõ em quanto, por ser uma classe per-
seguida, érain mais um motivo de queixa, contra as oppressoens
injustas do Governo ?
Nem he matéria indifferente, antes sim mui importante, ex-
aminar quaes saõ as verdadeiras causas do descontentamento
publico; porque, dando-se ouvidos a exposiçoens factícias e im-
pertinentes, se perde de vista a verdadeira origem do mal; e,
sendo esta desconhecida, naõ he possivel atinar com o remédio ;
e por fim chega a crise, quando j a nenhum remédio aproveita.
Agora duas palavras sobre as
Conseqüências da Revolução.
AMERICA HESPANHOLA.
ÁUSTRIA.
FRANÇA.
HESPANHA.
INGLATERRA.
NÁPOLES.
RÚSSIA.
CONRESPONDENCIA.
Sou, &c.
H. J.de A . C .
Paris, 23 d'Outubro de 1820.
POLÍTICA,
F E L I P P E F E R R E I R A DE A R A Ú J O E CASTRO.
FRANÇA.
HESPANHA.
NÁPOLES.
Espécie Seguros.
Ouro em barra £ 3 17 10 Brazil. Hlda 30s. Volta 30
Peçns de 6400 reis 3 14 6 Lisboa 25a. 30
Dobroens Hespa- Porto 30
nhoes 4 lfJ Madeira
jezos....dictos 4 \\ 20,
Açores 20s.
"rata em barra
Rio da Prata 42* 42s
Bengala 60s
VOL. XXV. N \ 150. 3 T
( 508 )
LITERATURA E SCIENCIAS.
N O V A S PUBLTCAÇOENB EM INGLATERRA.
PORTUGAL.
E X P E D I Ç Ã O P A R A A D E S C U B E R T A DO MAR ÁRTICO.
(Continuada de p. 435)
CAPITULO IX.
Dos Portos Francos.
He tempo de chegar em fim a algum expediente, em-
pregado pelos Governos da Europa, para favorecer o
Commercio, que naõ tem obrado em fim contrario ao que
os Governos se propunham. Temollos visto combater no
interior e no exterior a favor dos monopólios; pensaram
elles também algumas vezes em chamar a liberdade a seu
soccorro, e he isto no estabelecimento dos Portos Fran-
cos, que os Legisladores do commercio fizeram uso de
seu auxilio.
Literatura e Sciencias. 513
Um porto franco he um porto, em que he livre a todos
os mercadores, de qualquer naçaõ que sejam, descarregar
suas mercadorias, e retirallas, quando as naõ podem ven-
der, sem pagar nenhum direito de entrada ou de saída.
Deve-se attribuir o estabelicimento destes portos fran-
cos, ao desejo de favorecer o commercio de transporte,
o qual, como temos visto, he considerado, pelos sectários
do systema mercantil, como o mais vantajoso de todos;
tendo estes tomado o effeito da opulencia de uma naçaõ
por sua causa.
Quando, como temos dicto, muitas vezes, os primeiros
cannaes da circulação estaõ repletos de capitães, a agri-
cultura, as manufacturas e o commercio nacional j a naõ
offerecem emprego proveitoso a sommas mais conside-
ráveis, os capitalistas, antes do que deixar ociosos seus
fundos, os destinam a fazer as trocas de outras naçoens:
levam ao Norte os vinhos, as frutas e os azeites do Meio-
dia; e ao Meio-dia as madeiras, os canhamos e os
ferros do Norte: sem que a sua naçaõ tire outra van-
tagem desse commercio que o lucro que elles mesmos
fazem nisso; naõ substituindo nunca os seus capi-
tães senaõ capitães estrangeiros, e naõ pondo em movi-
mento senaõ industria estrangeira. Entretanto, logo que
uma naçaõ he assas rica, para que este commercio seja
para ella o mais lucrativo de todos, convém que ella o
faça, sob pena de ver ociosos seus capitães, e de perder
uma parte de suas rendas.
O Commercio de transporte pôde muito bem fazer-se
em direitura, pelos Hollandezes, por exemplo dos por-
tos do mar Beltico para os da Itália, sem descarregar as
mercadorias em parte alguma, durante a viagem, entre-
tanto o mercador, que o emprehende se acharia assim na
impossibilidade de nunca ver a mercadoria em que trafi-
ca. Naõ poderia fazer as compras senaõ com grande
514 Literatura e Sciencsas.
bem, que naõ chora nenhum sacrifício para o obter a seu povo,
sobre a rotina a que se entrega; e aproveite-se das liçoeni mu-
das, mas enérgicas da experiência.
* DePinfluence qui peuvent avoir les douanes, &c. p. 30.
Literatura e Sciencias. 523
ao contrabando, fazendo-o necessário ao consumidor, e
lucrativo ao negociante, e que naõ apresentar outro esti-
rnulo ao commercio senaõ um monopólio igualmente
ruinoso ao consumidor e ao productor. Se se suprimirem
todas as prohibiçoens, se procurar-mos elevar nosso
commercio, naõ a abater o de nossos rivaes, se nao houver
direito algum de entrada assas exorbitante para determi-
nar a evitállo a todo o risco, por meio do contrabando;
naõ se verá que a abertura de um porto franco diminue
as rendas nacionaes. Pelo contrario, a administração
das alfândegas, sabendo melhor de que parte devem espe-
rar os ataques dos contrabandistas, e em que pontos se
deve prevenir, oppor-se-ha com melhor successo a suas
fraudes. As duas cidades de Bayonna e de Dunkerque
reclamam ardentemente o restabelicimento de suas fran-
quias, e o Administrador das alfândegas as somma antes de
pretender refutar os factos e princípios, que serviram de
baze à opinião dosCommittes de Marinha e de Commer-
cio, conforme â qual se passou o decreto de 11 de Nivose,
anno III. Tendo provado, ao que me parece, que a im-
portação das mercadorias estrangeiras, que uma falsa
política tem feito prohibir, éra em beneficio para o con-
sumidor, e naõ fazia prejuízo ao commercio, creio ter
suficientemente respondido a somma de C. Magniem.
Com effeito ha poucos paizes a que convenha, hoje em
dia, mais do que à França, o multiplicar seus portos
francos: tem ella necedidade, naõ de fazer por si mesmo
o commercio de transporte, mas de que se faça para ella,
que se approximem seus productores aos armazéns, aonde
possam desfazer-se de suas mercadorias, que se appro-
xime igualmente de seus consumidores o mercado, aonde
possam prover-se do que recessitam, a fim de que o capi-
to!» que lhes resta, seja supprido pela rapidez de sua cir*
VOL. XXV N°. 150 3x
24 [524] Literatura e Sciencias.
culaçaÕ, no valor, que lhe falta, a fim de que o fabricante
Flamengo naõ tenha necessidade de enviar seus panos
mais longe doqueDunkerque, para os trocar por fundos,
que o ponham em estado de começar de novo o seu tra-
balho, e que o negociante, que fornece os nossos mercados,
naõ seja obrigado a ir buscar, para nós, os assucares,
os estofos, &c. mais longe do que a mesma cidade; de
sorte que, com a mesma somma possa, em certo tempo
dado, fornecer-nos a maior quantidade*. He do nosso
interesse, também, attrahir os capitalistas estrangeiros
nos nossos portos, e facilitar-lhes os meios de ali se fi-
xarem, naõ para augmentarem a nossa população com al-
guns centos de indivíduos, mas para fazer crescer o capi-
tal, que põem em movimento a nossa industria, com todos
os capitães, que elles possuem, ou que o seu credito lhes
ministrará em seu paiz. Bem de pressa os mercadores,
que se domiciliariam nos nossos portos, comparariam os
lucros de seu commercio, com os que se poderiam espe-
rar do apeifeiçoamento de nossas manufacturas, ou de
nossa agricultura, e se estes dous empregos apresentas-
sem maiores vantagens, os capitães dos Inglezes seriam
logo destinados apor em movimento uma industria Fran-
ceza; porque, naõ devemos esquecer-nos de que os ne-
gociantes naõ pertencem a paiz algum, saõ sempre cida-
(Continuada de p. 442.)
" Quanto mais garantias se queria dar aos que tinham obtido
chartas de communidade, tanto menos se devia fugir das ideas
geralmente adoptadas. A epocha em que se concederam estas
chartas de encorporaçaõ, éra a do regimen feodal, que naõ co-
nhecia outra relação senaõ a de vassalloe suzerano: éra logo pre-
ciso imaginar uma espécie de ligação, que unisse as communi-
dades aos senhores; foram pois infeodadas ; isto he, conside-
rou-se a commum como um ente moral e abstracto, composto de
todos os associados, e olhou-se para este ente como vassallo do
senhor, capaz dos mesmos direitos, e restricto aos mesmos de-
veres, idea esta que deo lugar a todas as singularidades da nova
instituição. A Commum, como tal, exercitava todos os direitos
feodaes, prestava fé e homenagem ao suzerano, ao tempo de
sua inauguração, fazia o serviço militar, tinha assento nos Es-
VOL X X V . N°. 150. 3 Y
532 Literatura e Sciencias.
MISCELLANEA.
Roubados.
1818 Junho. Raynha dos Anjos, apenas saio de
Lisboa para Bengala foi-lhe rou-
bado 22.000 patacas, e mais cou-
sas de valor
Miscellanea 537
A M E R 1 C A - H E S P A N H O L A.
Revolução de Portugal.
Este acontecimento he de tal magnitude e importância, para
os interesses de todos os Portuguezes, que naõ da lugar a occn-
par-nos quasi de algum outro, que lhe naõ diga respeito ; nem
quando o pudéssemos fazer éra de esperar, que nossos Leitores
prestassem devida attençaõ, senaõ a matérias immediatamente
connexas com os recentes suecessos daquelle paiz.
Na parte Política e no principio deste N.° trasladamos os do-
cumentos, que nos tem chegado á maõ, pelos quaes se vê os
progressos da revolução; mas começamos pela patente do Mare-
chal General Lord Beresford, por ser o de data mais antiga; e
assim começaremos também por ella as nossas observaçoens.
Quanto ao Marechal General; vinha elle do Rio-de-Janeiro,
munido com os exuberantes poderes, conferidos por esta extra-
ordinária patente, e a bordo da fragata Ingleza, em que fazia a
viagem para Lisboa, vinham também naõ pequenos fundos d'El
Rey, destinados ao pagamento das tropas de Portugal. Soube,
no mar, do acontecimento da Revolução : mas naõ obstante isso
entrou no porto de Lisboa, na fragata em que vinha, e trazia o
dinheiro, e tentou desembarcar, e exercitar os poderes, que sua
nova patente lhe concedia.
544 Miscellanea.
Partido Roevidico.
ro, naõ entenda esses termos, com tudo, pelo que respeita o
publico, declararemos qual rem sido, e he, a nossa opinião,
sobre essas causas remotas da revolução, que se fez pelo des-
contentamento do povo.
Era causado descontentamento do povo a mà administração :
éra causa desses homens continuarem em sua mà conducta, a
falta de responsabilidade publica nos empregados. Eis aqui
a série de causas e effeitos, que produziram a revolução ; e co-
mo o Correio Braziliense, nunca desejou esta, clamou sempre
por uma reforma, que trouxesse com sigoessa responsabilidade;
mas como isto nunca se fez, chegou a revolução, como necessa-
riamente havia de chegar, fossem quaes fossem os desejos do
Correio Braziliense; continuando a existir a tal falta de respon-
sabilidade.
Como naõ havia esta, se o Thesoureiro cominettia furtos, se
o Governador éra despotico, pouco importava mudar as pessoas;
pois o Thesoureiro feito Covernador obraria despotismos, e o
Governador feito thesoureiro commetteria os furtos; e se em algu-
mas dessas pessoas havia excepçaõ, isso naõ tirara a necessi-
dade da regra geral, em dever existir uma responsabilidade pu-
blica efficaz, que tranquillizasse as suspeitas do povo, a respei-
to de todos os empregados.
Entremos agora no objecto principal do Manifesto.
Começaremos pelo Senhor Guerreiro, deserapachando primeiro
o monturo, por ser elle o que se raetteo a ser o escriptor do ma-
nifesto, a favor desse partido Roevidico, intitulando-se agora o
Commendador Guerreiro, talvez porque lhe tenham dado algu-
ma commenda, como se tal commenda a tal indivíduo produ-
zisse mais effeito, em o recommendar ao respeito publico, do
que o habito de Christo ao Gallego Juliaõ da Neve, em Lisboa,
elevou aquelle botiquineiro a maior respeitibalidade, do que po-
dia aspirar, seivindo ao publico com boa neve: e como se o
mundo ainda naõ soubesse distinguir entre o favor da Corte, e o
prêmio do merecimento.
Diz este manifesto, que falíamos no Guerreiro, só porque
rima com Carneiro, Pelo que respeita a Carneiro, elle que se
558 Miscellanea.
Gazetas em Lisboa.
AMERICA HESPANHOLA.
ESTAUOS-UNIDOS
FRANÇA.
HESPANHA.
Total—reales 702:802.304
Rendas 530.394.271
INGLATERRA.
NÁPOLES.
PAIZES-BAIXOS.
POTÊNCIAS ALLIADAS.
ROMA.
Entre os extraordinários rumores, que tem corrido, sobre a
estado actual da Europa, he o que se contém em uma carta de
Vienna de 5 de Novembro. Diz esta noticia, que o Gabinete de
Áustria recebera do Papa uma communicaçaõ, pela qual S.
Sanctidade responde á ofTerta do Imperador, de mandar tropas
para o Estado Ecclesiastico, a fim de reprimir o ardente desejo
do povo por uma Constituição livre. Diz a noticia, que a
Carta do Papa exprime a gratidão de Sua Sanctidade, pela offer-
*a da Áustria ; porém declara, que he tam sensível ao espirito
do povo, e a seu unanime desejo nesta matéria, que se acha
VOL. X X V N". 150 4r
5S8 ^ss**Miscelianea.
RÚSSIA.
CONRESPONDENCIA.
De Vossa Excellencia
O COMMENDADOR SODRE.
Conrespondcncia. 593
Sabemos que se está imprimindo uma obra, com o titulo de
Documentos Históricos, & c , em grande parte relativa aos pro-
cedimentos do Marquez de Marialva em Paris. Entre outras
cousas contém as memórias, impressas em França, mas que
foram supprimidas, publicadas por uma Madame de La Sagne,
a qual diz que o Marquez de Marialva lhe promettera cazamento,
mas ao depois, combinando-se o mesmo Marquez com a Policia,
de Bonaparte, fez a essa Senhora a mais inaudita perseguição,
denunciando-a como Agente da Rússia e dos Bourbons.
Quando isso sair á luz terá a naçaõ Portugueza, nestes docu-
mentos, mais uma prova do character e procedimento politico
de certas personagens, que a tem governado ; e do porque aquel-
le paiz tem chegado aos extremos, que todos conhecem.
POLITICA.
aezias.
ttados.
rincias
e p u t ;idos
•ovincias
CS
Fie guez
COMARCAS. Fogos Habitantes
o> P
Eleitores.
FREGUEZIAS. Fogos. Indivíduos.
Portaria.
Portaria.
Sendo da maior importância cuidar em restabelecera
organização, e disciplina do Exercito: a Juncta Provisio-
nal do Governo Supremo do Reyno ha por bem crear uma
Commissaõ Militar, para desde logo se oecupar em pro-
por todas as providencias, que julgar convenientes á con-
stituição, serviço, e manutenção dos Corpos de que se
compõem as differentes armas; a fim de que, sendo ap-
provados pelo Governo os projectos, e medidas, que a
mesma Commissaõ lhe apresentar, se mandem logo expe-
dir pela Secretaria do Negócios da Guerra, as ordens
tendenles á sua execução. Os Membros de que será
cemposta esta Commissaõ saõ os seguintes: O Marechal
de Campo Gaspar Teixeira de Magalhaens e Lacerda,
como Presidente: como Vogaes, osMarechaes ileCampo
Jozé de Vasconcellos e Sà, e Álvaro Xavier da Fonseca
Coutiiiho e Povoas, os Brigadeiros Francisco de Pauladc
Política. 647
Azeredo, e Jozé Maria úc Moura, o Coronel Bernardo
Corrêa de Castro Sepulveda, e o Major do Real Corpo
de Engenheiros, Francisco Simões Margiochi; e como
Secretario o Capitão Agostinho .Tozó Freire. A Commis-
saõ assim estabelecida entrará logo no exercício das suas
funcçoens, e proporá os planos e melhoramentos, que a
bem do fim, para que he creada, julgar convenientes.
O Tenente General Mathias Jozé Dias Azedo, Conselhei-
ro de Guerra, e Secretario dos Negócios da Guerra e
Marinha assim o faça executar com os despachos neces-
sários. Palácio do Governo em 20 de Novembro de
1820.
Com as Rubricas dos Membros da Juncta Provisional
do Governo Supremo do Reyno.
Capitulo I.
Capitulo II.
Da nomeação dos Deputados das Cortes.
Capitulo I I I .
Das Junctas Electoraes de Freguezias.
35. As Junctas Electoraes de Freguezias, seraõ com-
postas de todos os cidadãos domiciliados c residentes no
Política. 651
território da respectiva Freguezia, em cujo numero seraõ
comprehendidos os Ecclesiasticos seculares.
36. Estas Junctas seraõ sempre celebradas na Península,
ilhas e dominios adjacentes, no primeiro domingo do mez
de Outubro do anno anterior ao da celebração das Cortes.
CAPITULO IV.
Capitulo V.
Das Junctas Electoraes de Provincia.
78. As Junctas Electoraes de Provincia constarão dos
eleitores de todas as Comarcas delia, os quaes se congrega-
rão na Capital, para ali nomearem 09 Deputados, que
devem assistir ás Cortes, como representantes da Naçaõ.
79. Estas Junctas deverão celebrar-se sempre, na Penín-
sula e ilhas adjacentes, 110 primeiro domingo do mez de
Dezembro do anno anterior ás Cortes.
; Deputa os.
Eleito es.
u. •a
Províncias Comarcas. Capitães.
:
Faro 3
Algarve. Lagos 3 3 Faro
Tavira 3
Aviz 3
Beja 6
Crato 3
Elvas 3
Alemtejo Évora 6 10 Évora.
Ourique 3
Portalegre 3
Vilia Viçosa. 3
Lisboa e Termo 24
Riba Tejo 3
Alcobaça 3
Alemquer 3
Leiria 6
Etremadura Ourem 3 24 Lisboa.
Santarém 3
Torres Vedras. 6
Thomar 9
Setúbal 6
Política. 667
oí
Eleito es.
o
b. T3
ca
; Deput
Províncias. Camarcas. Capitães.
;
Arganíl 3
Castello brauco 6
Guarda 12
Laraego G
Linhares 3
Beira. Pinhel 3 29 Viseu
Trancoso 6
Viseu 15
Feira G
Aveiro 9
Coimbra. 10
Porto 18
Barcellos. 15
Braga 6
Minho. Guimaraens 15 5 Porto
Penafiel 6
Valença 3
Vianna 12
Bragança 9
Trás os Miranda 3 9 Villa Real
Montes. Moucorvo 6
Villa Real 9
HESPANHA.
(Assignado) FERNANDO.
NÁPOLES.
RÚSSIA.
Ao Ministro de Finanças.
Tendo, na conformidade da secçaõ 71 dos regulamentos
da Commissaõ Imperial, para a liquidiçaõ da Divida Im-
perial, determinado abrir um empréstimo de 40:000.000
de rubles; e tendo confirmado as condiçoens concluídas
com Baring irmaõs e Companhia, e Hope e Companhia
de Londres e Amsterdam, para a execução deste emprés-
timo, com o pagamento de um juro annual perpetuo de 5
por cento, ordeno-vos portanto :—
l.o Inscrever a somma de 40:000.000 de rubles de pra-
ta no livro da Divida Imperial, debaixo do titulo de
" Dividas perpétuas,"
2. A somma entrada por conta deste empréstimo, com
Política. [681] 683
as condiçoens estipuladas, será segundo os pagamentos
convertida em assignados do Banco, em ordem a que se
possa cancellar ou queimar uma proporcionada quantida-
de desses assignados.
3.° A somma requerida para o pagamento dos juros
perpétuos, ou dividendo, assim como os 2 por cento,
para a extincçaõ do capital deste empréstimo, deve ser
tirada annualmente dos 30:000.000 de rubles, que se des-
tinaram geralmente das rendas das terras da Coroa, para
a annihiliçaõ dos assignados.
Arroz
J Batido . . . .
Mascarado
• Bia zit . . . .
49$. a
31s. a Livre de direitos po r
expoitaçaõ.
Cacáo Para 5õs. a
Caffe Rio , 122s. a
Cebo Rio da Prata 3s. 2p. por 1121b.
Chifres. Rio Grande por 123 50s. a 5s. por 1121b.
í A »i\>. a
Rio da Prata, pilha < B
i f c
10 p. por couro
.Rio Grande, 6p. a
ãp. a
Pernambnco, saldados
Rio Grande de cavallo
lpecacuanlia Brazil por lb. 14s. Op. ã
Óleo de cupaiba
Orucu
l s . 2p. a
4s. Op. .
£l por 1131b.
LITERATURA E SCIENCIAS.
NOVAS P U B L 1 C A Ç O E N S EM INGLATERRA.
PORTUGAL.
Política Popular.
GALVANISMO.
ECONOMIA POLÍTICA DE S I M O S D E
(Concluída de p. 526)
Conclusão.
Terminamos aqui as nossas indagaçoens, sobre a ap-
plicaçaõ dos princípios de economia política à legislação
commercial. He este o momento de fazer notar ao Lei-
tor, que em nenhuma parte lhe temos apresentado esta
doutrina machiavellica, que faz hoje cm dia o fundamen-
to do systema mercantil de quasi toda a Europa; dou-
trina que o bom La Fontaine exprimia tam felizmente
em um verso, ein que naõ cria dar um preceito de políti-
ca. Tem-se procurado no commercio.
Son bien premierement,et puis le mal d'autrui.
Os homens naõ tem querido reconhecer, que as regras
da moral eram também as da política: tem suffocado a
vóz de suas consciências, que lhes gritava, que naõ fun-
dassem o seu poder sobre o mal de seus similhantes; e
regeitando esta advertência saudável, desconheceram a
voz da razaõ, que também o repetia; porque esta lhes
gritava com naõ menos força, que nunca arruinariam
a riqueza, naõ impediriam a industria, nao arriscariam a
tranquillidade, naõ destruiriam a liberdade de seus irmaõs,
sem experimentar, no mesmo instante, que uma justa reac-
çaõ vinha atacar sua própria riqueza, sua industria, seu
descanço, e sua liberdade ; sem se convencer que o peior
politico éra o que fazia aos outros mais mal.
Literatura e Sciencias. 689
LIVRO PRIMEIRO.
643
Literatura e Sciencias. 691
Vol. XIX. p. 40
8. Da rapidez comparativa da circulação da
riqueza movei . . —— 175
9. Da direcçaõ natural dos capitães 394
(Continuar-se-ha.
699 )
MISCELLANEA.
Receita.
Alfândegas e Casas de Aruecadaçaõ . 163:459.509
Décimae contribuição de defeza . 25:995.544
Sizas . . . . 18:304.149
Terças . 10:463.011
Real d ' Á g u a . . 4 716.693
Chancellarias e Sêllo . 10:370.460
Donativos dos 4 por cento . 16:409.774
Subsidio Literário . . 6:007.487
Anno de morto nos Benefícios Ecclesiasticos 3:241.013
Commendas vagas . . 8:948.056
Próprios da Coroa e Almoxarifados . 4:506.404
Cunho da Casa da Moeda . 5:288.223
Mina da Adissa . 291.273
Tabaco, Resto do 3 o quartel deste anno . 25:000.000
. . . . Mezadade Septembro passado 100.000.000
Casa de Bragança . . 20:679.531
Coffre do Terreiro publico . . j .«JOO 000
V O L , X X V . N<\ 151. 4 u
7OÜ Miscellanea.
Dicto, Bulla da Cruzada * • 2:000.000
Dicto de Malta . . • 94:737.735
Remessa do Rio-de-Janeiro pela náo Veugeur 85:561.600
Sobras do pagamento ao Marechal Pamplona para os
soldos dos Caçadores N°. 10 . 885.990
Vários rendimentos pequenos . 1:402.220
Casa da Raynha . . 1:605.749
Rendas da Patriarchal . • 28:354.445
Bazilica de Sancta Maria . . 6:900.000
646:328.866
Saldo do dia 30 de Septembro . 215:678.528
862:007.394
Despeza.
581:947.180
Saldo em 31 d'Outubro . , . 280:060.214
862.007.394
702 Miscellanea.
Revolução de Portugal.
Findamos com este N.° o segundo volume do nosso Periódico
neste anno, deixando nelle registradas três revolaçoens impor-
tantes, que obraram todas no mesmo sentido; a saber a da
Hespanha, a de Napoies e a de Portugal; argumento irrespon-
dível de que as formas de governo, até aqui existentes na Euro-
pa, naõ concorda.n j a com as ideas do século, e que o accom-
inodar-se a ellas he o mais prudente partido, que podem adop-
lar os Governos, se desejarem evitar as concussoens de revolu-
çueus, operadas pela força do povo, de cujo êxito ninguém pôde
responder.
Mal pensávamos nós, quando no nosso N.° passado refleclia-
nios sobre os perigos e difTículdades, que cercavam o Governo
Provisório de Portugal, que teríamos logo no fim delle e neste
N.° de mencionar um exemplo das vicissitudes das revoluçoens,
que entaõ tínhamos em contemplação.
Um dos primeiros, que figurou na Juncta do Porto, ja lá vai;
e um tal como o primeiro Presidente da Juncta, regeneradora da
Pátria!
Porém, he daqui em diante escusado dizer cousn alguma,
sobre os perigos das revoluçoens, que estas sempTe se devem
evitar, e que para as prevenir deveriam os Ministros d'El Rey
ter anticipado por si as mudanças, qne o povo extorquiria pela
força. He escusado dizer mais uma só palavra sobre o que a
prudente precaução devia ter prevenido: nunca fomos ouvidos
quando era tempo ; e agora ja naõ ha lugar de fallar euiprecau-
çóens ; somos eutrados na revolução, e portanto naõ ha que trac-
tar senaõ sobre o modo como havemos rolar a diante com o rede-
moinho em que andamos, com o menor inconveniente publico
possivel; a prudência humana ja naõ tem que attentai a outra
cousa.
VOL. X X V . N°. l ò l . 4 x
708 Miseellanea.
Partido Aristocrata.
Tocamos acima a circumstancia de que no novo plano para a
convocação das Cortes de Portugal, se naõ fez mençaõ das Pro-
vincias Ultramarinas : essa mençaõ, he verdade, naõ traria,
talvez, com sigo resultados practicos; mas a omissão indica,
que ha, entre as pessoas influentes na revolução, quem calcule
sobre a separação do Brazil.
O grito pela Constituição Hespanhola dá a entender os desejos
do partido Hespanhol; e uma gazeta de Lisboa asseverou, que
os mesmos Membros do Governo gritaram das janellas do palá-
cio " Viva a Constituição Hespanhola." Isto foi negado pelo
Diário do Governo ; mas o outro tornou a asseverar o que tinha
escripto.
Estas e outras abei raçoens, que, se possam observar na revo-
lução, attribuimos nós aos máos conselhos do Partido Aristocrá-
tico, que naõ cuidou em atalhar as conseqüências funestas de
uma rebelliaõ aberta, o que se poderia fazer, cedendo a tempo á
toriente da opinião do nosso século.
O grito em Lisboa pela Constituição Hespanhola, formou seu
écho em outras partes, que nos parece alguma ccusa mais do
que mero accaso ; e uma carta «le Madrid de 23 de Novembro,
inserta no Constitucionnel, de 3 de Dezembro, contém o seguinte;
" Depois da chegada de um correio de Lisboa circularam aqui
rumores de singular natureza ' nada menos que a importante me-
712 [720] Miscellanea.
no nosso N.° passado, que " logo que o Conde de Palmella an-
nuucinu a sua partida, lançaram (o Corr. Braz., &c.) maõ
de todos os meios delles conhecidos, para ver se o podiam intri-
gar e indispor com El Rey e na opinião publica, a fim de qne
elle ficasse impossibilitado de propor cousa alguma, para con-
seguir o que éra da mais urgente necessidade adoptar, para
arquietar as fermentaçoens que existiam em Portugal."
Quando o Conde blazonava, e fazia fallar seus trombeteiros,
de que éra preciso por o edifício social sobre novas bazes, ti-
nha era vista o querer passar por homem de ideas liberaes, e
rapaz de conformar-se, em matérias de governo com as opinioens,
<K> nosso século; mas quem o conhecia de perto, e quem sabia
do qne se passava, naõ podia deixar de lamentar, que tal homem
e á frente de tal partido, pudesse chegar a ter decidida influencia
nos conselhos do Soberano, e nos negócios nacionaes.
Para chegarmos a esta conclusão basta considerarmos o que
elje fez em Lisboa; nas medidas que ali aconselhou, quando
tomou parte nas deliberaçoens dos ex-Governadores.
Naõ queremos noticiar factos particulares, que por isso mes-
mo nos podiam ser disputados, posto que mui verídicos: mas
notando o que he publico, a medida, que o Conde aconselhou em
Lisboa aos ex-Governadores, foi a convocação das Cortes; da-
qui temos razaõ de concluir, que essa medida éra a que elle ti-
nha biazonado, como as necessárias novas bazes do edifício so-
cial.
i Mas que Cortes eram essas do Conde de Palmella ? As an-
tigas Côrt s ; as Cortes, em que os Nobres, com o Conde de
Palmella á sua frente, fizessem tudo. Bellasbazes novas seriam
essas para o edifício da ambição dos Grandes; porém péssimas
para o Rey, e péssimas para a Naçaõ.
0 Conde, recomrnendando a El Rey a medida da convocação
dessas Cortes, usaria do argumento de que isso éra necessário
para aquietar o Povo ; e com o mesmo argumento recommenda-
ria qne El Rey adoptasse, tudo quanto taes Cortes determi-
nassem. Ora essas Cortes antigas nunca foram representação do
VOL X X V . N ° . 151 **
716 [724] Miscellanea.
Colonização no Brazil.
Nas gazetas lnglezas se publicou o seguinte extracto de uma
Carta do Rio-de Janeiro em data de 3 de Outubro, sobre o inte-
ressante objecto das colônias Europeas, que passam ao Bra-
zil:—
" Os colonistas Suissos, que o Governo para aqui trouxe,
com grande despeza, e que foram collocados em Cantagallo, pa-
rece que naõ florecem. A justiça d'El Rey he mui bem conhe-
cida, para que seja permittido attribuir a falha à falta das pro-
messas, que elle originariamente fizera; deve, portanto, recahir
a culpa totalmente nos agentes subordinados. O superintenden-
te dos Suissos, que formaram esta colônia, completou o seu nu-
mero, ajustando vagabundos Francezes e Alemaens, em vez dos
virtuosos e pacíficos habitantes dos Cantoens. Estes bandidos,
habituados a uma vida de vadios, recusaram ajudar nos trabalhos,
e se abandonaram a toda a espécie de excessos, o que se fez mui
practicavel, pela ausência do Agente, cujo dever éra residir
entre elles, de maneira que naõ ficou, de facto, nenhuma espé-
cie de Governo interior. Outra causa, que impedia a prosperi-
dade desta colônia, foi o rigor do clima, aonde foram postos, e
que naõ permitte o crescimento dos fructos e outros artigos,
cuja cultura tentaram. Estaõ cercados por guardas, que lhes
impedem sair de seu estreito valle."
" Ascolonias Suissas, projectadas por indivíduos particulares,
e que também existem nos distristos montanhosos, naõ se devem
Miscellanea. [727] 719
confundir com as acima mencionadas. Estas prosperam muito.
" Também colonistas Francezes se aj une taram em grande
numero, nas vizinhanças de Ubatuba, e parece terem escolhido
uma posição favorável. Alguns dos primitivos colonistas vindos
da ilha de S. Domingos se acham entre estes. Alguns colonistas
Inglezes, ainda que poucos em numero, se fitaram nas vizinhan-
ças de Mangará."
Em outra gazeta Ingleza, achamos a seguinte carta, dirigida
ao Edictor:—
" Senhor !—Em resposta a uma breve carta, que apparecêo,
no vosso Jornal, ha alguns dias, permitti-me que vos informe,
que outra colônia de Suissos está a ponto de ir estabelecer-se no
Brazil, sob a direcçaõ de um Baraõ Alemão, e de homens sci-
entificos de Genebra, e que intentam estabelecer-se no extenso
districto do Cantagallo, provincia que Mr. Mawe visitou, ha
cousa de dez annos, em busca de uma supposta mina de prata.
Este viajante achou que o Cantagallo éra de um excellente cli-
ma, o terreno extremamente fértil, e produzindo immensa co-
lheita de graõs, milho, feijaõ de todas as qualidades, mandioca,
vegetaes curinares e também café; mas he demasiado frio para
o assacar : ha naquelle districto muitos ribeiros, aonde se acha
ouro ; mas pela maior parte he cuberto de matos, e algumas ar-
vores de grandes dimensoens. O que faz este districto mais
apetecivel he o ficar a dous ou três dias de jornada do Ric-de-
Janeiro, aonde o gado, aves, graõs, &c. tem prompta venda.
Inquirindo de Mr. Mawe, a respeito daquelle paiz, elle polida-
mente me deo a informação acima, e me mostrou alguns graõs
de ouro puro, e bellas toui malinas, que ultimamente recebeo de
uma mina recentemente aberta naquelle paiz ; mas accrescentou,
que, em geral, os mineiros naô viviam tam azados como os
agricultores. Sou, &c. Assignado—S. Jones."
720 [728] Miscellanea.
AMERICA HESPANHOLA.
ESTADOS-UNIDOS.
TRANCA
HESPANHA.
Infanteria 48.358
Cavallaria 12.475
Artilheria 5.000
Sapadores 1.000
Total 66.828
NÁPOLES.
PA1Z11&-BA1X03
Interessa agóia muito c publico, UOÒ Paizes-Baixos, o novo
( 720 ) [737]
CON R ESPONDENCIA
Carta ao Redactor sobre os partidos políticos em Portu-
gal.
Sou, &c.
A-
[741]
INDEX
DO VOLUME XXV.
No. 146.
POLÍTICA.
COMMERCIO E ARTES.
L I T E R A T U R A E SCIENCIAS.
MISCELLANEA.
CONREPONDENCIA.
Carta de Um Portuguez Velho sobre Portugal 102
No. 147
POLÍTICA.
Reyno U.udo de Portugal Brazil c Algarves.
Ke
soluçaõ sobre os processos contra os Contrabandistas 105
sobre as franquias dos navios em Lisboa 106
Hespanha. Falia do Presidente das Cortes a El Rey 197
Falia de S. M. as Cortes . H°
Replica rio Presidente . . H6
Indcv. [743] 73»
COMMERCIO E ARTES.
L I T E R A T U R A E SCIENCIAS.
MISCELLANEA.
Alemanha . • 192
Fiança . • 194
Hespanha . • 198
Napoies 205
Roma 207
Rússia . . 209
No. 148.
POLÍTICA.
Reyno Unido de Portugal Brazilc Algarves,
COMMERCIO E ARTES.
Edictal em Lisboa, sobre indemnizaçoens lnglezas, pela
galera Dido . . 2G0
Mappa dos navios entrados no Rio-de-Jaueiro, em 1819 267
Preços correntes em Londres . 271
LITERATURA E SCIENCIAS.
Novas publicaçoens em Inglaterra . 272
Portugal . . 274
Economia Política de Simonde , 274
Esprit des Institutions Judiciaires por Meyer 283
MISCELLANEA.
Revolução em Portugal. Declaração das authoridades em
Elvas . . 28S
Officio do Corregedor de Villa Real ao Intendente da Poli-
cia . . 200
Documentos annexos . 291
Proclamaçaõ dos Governadores do Reyno, promettcndo
chamar Cortes . 292
Officios do Cinde de Amarante . 293
Proclamaçaõ dos Governadores do Reyno ás tropas 397
Nomeação da Commissaõ preparatória das Cortes 300
Officio do Juiz Ordinário de Punhcte 300
do Juiz de Fora de Abrantes . 301
— — do Govsrnadoi de FJvas . 302
Proclamaçaõ dos Govu nadores do R< "no ao povo 304
Portaria alleviando da Commissaõ Preparatória das Cortes
o Conde de Barbacena . 305
OfHcio de Juiz Ordinário do Sardoal . 305
Portaria, de perdaõ aos desertores , 306
Proclamaçaõ dos Governadores do Reyno ao Exercito 307
Ordem do dia, em Lisboa, ao Exercito . 301>
Officio du Governador do Aleniteju 309
738 [746] Index.
No. 149.
POLÍTICA.
Reyno Unido de Portugal Brazil e Algarves.
Carta dos Governadores do Reyno á Juecta Suprema do
Porto . . . 363
Resposta da Juncta Provisória do Porto 367
Carta da Juncta Provisional aos Governadores do Reyno 372
Resposta da Juncta ao Governo Provisional em Lisboa 376
Gazeta de Lisboa, revolução em 15 de Septembro 378
Proclamaçaõ do Governo Interino de Lisboa 381
Orçamento da receita e despeza do Erário em Lisboa 383
Gfficio do Governo Interino de Lisboa á Juncta Provisional
do Porto . . 388
• Ao Cônsul de Hespanha . 389
Avizo levantando o embargo nos navios . 391
• •• Levantando bloqueio do Porto . 391
——— Ordenando um Comboy . 891
Authorizaçaõ ao Marechal Povoas, para tractar com a
Jnncta do Porto . . . 392
Êxito desta negociação . . 393
Portaria, em Lisboa, sobre a im prensa . 395
Avizo á Commissaõ de Censura 397
Portaria, sobre a recepção das contribuiçoens voluntárias 398
Relação dos donativos . . 399
Offiicio da Juncta Suprema ao Goveruo Provisório de Lis-
boa . . 400
Portaria da Juncta Suprema nomeando os Membros do Go-
401
verno . * .
Officio do Governo, em Lisboa, á Juncta Suprema 405
406
Proclamaçaõ do Governo em Lisboa .
. do Governo Supremo Provisional em Lisboa 408
VOL. XXV. No. 151. 5 c
740 [748] Index.
COMMERCIO E A R T E S
L I T E R A T U R A E SCIENCIAS.
MISCELLANEA.
Inglaterra . . 475
Napoies . . . 476
Rússia . . . 478
CONRESPONDENCIA.
Carta ao Redactor, por H. J. de A. C. . 480
Inconsequenciasdo Conselheiro Palmella . 481
No. 150.
POLITCA.
Reyno Unido de Portugal Brazil e Algarves.
COMMERCIO E A R T E S ,
LITERATURA E SCIENCIAS
Novas publicaçoens em Inglaterra 508
Portugal . 510
Expedição para a descuberta do mar Ártico 510
Economia Política de Simonde . . 512
Espiritdes Institutions Judiciaires, por Meyer . 527
MISCELLANNEA.
CONR ESPONDENCIA.
Carta do Commendador Sodré ao Marques de Marialva 588
Carta ao Redactor, sobre o Padre Amaro . 593
No. 151.
POLÍTICA.
Reyno Unido de Portugal Brazil e Algarves.
Decreto alliviando de direitos no Brazil as ferragens de Por-
tugal . 595
Portaria, sobre a regularidade dos pagamentos no Erário 596
Sobre o assento do Juiz do Povo, na Câmara 597
Creando uma Commissaõ para liquidar a divida
Publica . . 597
Contra a introducçaõ de estofos de seda estrange-
iros . . 602
Resolução pelo Conselho da Fazenda sobre os terrenos bal-
dios . . 603
Sobre os pescadores do Algarve . 604
Portaria, sobre a Iutendencia das obras militares 606
Sobre a Thesouraria Geral do Exercito 607
Circular para os magistrados Presidentes das eleiçoens para
as Cortes . • 608
Proclamaçaõ do Governo sobre a convocação das Cortes 610
Instrucçoens para as eleiçoens dos Deputados 620
Mappa dos Deputados das Provincias e Comarcas 626
da povoaçaõ e Deputados de Lisboa 628
Officio do Juiz do Povo de Lisboa, ao General Teixeira 629
Resultado da conferência militar em conseqüência delle 60
744 [752] Index.
COMMERCIO E ARTES.
L I T E R A T U R A E SCIENCIAS.
MISCELLANEA.
Receita e Despeza do Erário em Lisboa no mez de Outubro
de 1820 . . 6 9 9
Carta ao Marechal de Campo Teixeira no Astro da Luzita-
nia . 702
CONRESPONDENCIA.
Carta ao Redactor sobre os partidos políticos em Portugal 729 [737]