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Reflexões acerca da pureza cultural indígena

A população indígena brasileira, de acordo com a


FUNAI, soma cerca de 410.000 índios divididos em
220 povos, incluindo aqueles que vivem fora das
aldeias.
A população indígena brasileira, de acordo com a FUNAI, soma cerca de
410.000 índios divididos em 220 povos, incluindo aqueles que vivem fora das
aldeias. Essa população encontra-se em diferentes processos de integração
com a sociedade nacional, apresentando um quadro bastante complexo, onde
temos desde índios recém contactados a índios cujo contato remontam há
séculos, a partir das frentes de expansão. Nesse sentido, temos etnias que
estão reduzidas à massa uniforme do campesinato brasileiro e etnias que
resistiram no processo de integração nacional. Etnias tidas como
desaparecidas e etnias ressurgidas a partir de mecanismos de re-construção
de identidade étnica. Há grupos vivendo em áreas de 800 hectares por índio,
como ocorre na Amazônia, e grupos em que cada índio não ocupa mais do que
0,59 hectare, como ocorre no estado do Mato Grosso do Sul.

Este cenário indígena gera discursos e afirmativas, na maioria das vezes


conflitantes entre índios e outros segmentos da sociedade brasileira, que
disputam com os índios as terras, os recursos naturais e, até mesmo, valores
simbólicos da identidade nacional. A dificuldade em definir se são ou não
índios; se é necessário integrá-los definitivamente ou mantê-los como estão; e
se possuem muitas ou poucas terras, são algumas das questões que dividem
opiniões, além das divulgadas na mídia nacional e internacional, como no caso
das mortes de crianças indígenas vítimas de desnutrição. Em conjunto, todas
essas questões estão interligadas e merecem reflexões.

É de conhecimento amplo que as terras indígenas são fundamentais para a


sobrevivência física e cultural dos índios, por serem tradicionalmente povos
coletores e caçadores e por estabelecerem com elas uma relação simbólica.
Hoje, a maioria das sociedades indígenas enfrenta dificuldades em relação a
sustentabilidade e à gestão de seus territórios. Os que praticam a agricultura
perderam parte de suas técnicas de cultivos, suas sementes tradicionais, e
tornaram-se monocultores dependentes de insumos comerciais e de bens que
não têm como produzir.

As áreas indígenas são ricas em recursos naturais e, em geral, estão


localizadas em regiões de fronteira agrícola e de expansão do capital,
tornando-se, freqüentemente, alvo de conflitos. Estes se dão, entre outros
motivos, por terem sido as terras indígenas vendidas a títulos de propriedade,
em passado recente, pela própria União, que atualmente, numa espécie de
mecanismo compensatório pela expropriação territorial, concede aos índios a
posse permanente das terras, sem que os atuais proprietários, fazendeiros,
produtores, empresários, assentados, entre outros segmentos sociais, sejam
devidamente indenizados. Esses fatos geram novos conflitos e corroboram
para um complexo ideológico presente nos discursos os mais variados, quer
seja do senso comum, quer seja dos representantes das camadas mais
elitizadas e intelectualizadas, que põem em “xeque” a pureza cultural ou
primitividade dos índios quanto à questão de serem ou não índios e, portanto,
merecedores ou não de seus direitos constitucionais.

Nesse aspecto, cabe ressaltar, que não existe pureza cultural, todas as
sociedades são dinâmicas e é dessa forma que as culturas se reproduzem. O
fato de alguns grupos indígenas não usarem cocares, flechas e bordunas e
terem passado por um longo processo de descaracterização cultural não quer
dizer que não sejam mais índios. A incorporação de rituais, crenças e práticas
exógenas pelos índios não significa, necessariamente, que sua cultura deixou
de ser autêntica e que, portanto, tais índios passaram a ser “falsos índios” ou
“ex-índios”. Os estudos desenvolvidos com as sociedades indígenas, em
particular os desenvolvidos por João Pacheco de Oliveira Filho, têm mostrado
que elementos externos são ressemantizados e fundamentais para a
preservação ou adaptação de organizações sociais e de modos de vida. Além
de que, cabe indagar, se seria possível que as coletividades indígenas em
contato com o mundo envolvente fossem totalmente refratárias aos fluxos
culturais globais e as pressões do capitalismo.

Ainda nesse sentido, cabe esclarecer que os direitos indígenas não decorrem
de uma condição de primitividade ou de pureza cultural a ser comprovada nos
índios atuais. Eles decorrem, como bem pontua o antropólogo supracitado,
pelo fato de serem reconhecidos pelo Estado brasileiro e pela sociedade
nacional como descendentes da população autóctone. A tentativa de diferenciar
os índios quanto aos seus direitos e de classificá-los pelo grau de primitividade
não possui fundamentação científica. Fundamenta-se sim, no preconceito e no
desconhecimento da dinâmica cultural das sociedades humanas.

A situação indígena atual, assim como a questão que envolve as relações


interétnicas, é complexa e exige análise sob vários pontos de vista. A auto-
sustentação tem sido um tema cada vez mais presente na agenda de
discussões sobre direitos indígenas, uma vez que afeta a própria existência
dessas sociedades, suas interações econômicas com a sociedade envolvente
e, em particular, suas relações com o governo brasileiro. As soluções para as
problemáticas indígenas impõem desafios aos diversos segmentos da
sociedade, quer seja por órgãos políticos–administrativos, quer seja por
instituições de pesquisa e desenvolvimento que atuam no país, como a
Embrapa, por exemplo.

Atualmente os órgãos públicos federais, estaduais e municipais estão sendo


chamados pelo governo brasileiro para atuarem interinstitucionalmente na
articulação de ações conjuntas para enfrentar o problema da desnutrição na
área indígena Guarani-kaiowá no MS. Cabe lembrar, que essas ações devem
buscar como resultado o fortalecimento da produção de alimentos, bem como o
da infra-estrutura de produção capazes de gerar rendas na economia de
mercado e que, sobretudo, levem em consideração os conhecimentos
indígenas e o respeito à sua diversidade, onde a participação dos índios é
fundamental na formulação das políticas e na execução das ações, pois as
demandas, como bem sabem os índios, não são mais aquelas ditadas por suas
culturas tradicionais e sim as decorrentes do seu relacionamento com a
sociedade envolvente.

Gercilene Teixeira (gerci@cpap.embrapa.br) é pesquisadora da Embrapa


Pantanal, Corumbá-MS, mestre em Antropologia Cultural.

Por Gercilene Teixeira

Fonte:
www.ambientes.ambientesbrasil.com.br/indios

Saiba mais sobre os índios Guarani

No tempo em que os europeus chegaram à América do


Sul, no século XVI, os guarani deviam ser mais de
um milhão de pessoas e ocupavam um território de
dezenas de milhões de hectares, desde o litoral de
São Paulo, quase toda a região Sul, até parte da
Argentina e uma larga parcela do Paraguai
No tempo em que os europeus chegaram à América do Sul, no século XVI, os
guarani deviam ser mais de um milhão de pessoas e ocupavam um território de
dezenas de milhões de hectares, desde o litoral de São Paulo, quase toda a
região Sul, até parte da Argentina e uma larga parcela do Paraguai - onde, até
hoje, o guarani é língua oficial, falada por muito mais gente do que o espanhol,
principalmente entre os camponeses do país.

Apesar das similaridades culturais, os guarani nunca constituíram uma unidade


sócio-política, mas, como acontecia no caso dos tupi, no litoral entre São Paulo
e o Maranhão, quem aprendia a língua em um determinado local conseguia se
comunicar com gente de quase todas as outras regiões.

Ao longo da história, as diferentes comunidades guarani tiveram variadas


denominações. Atualmente, no Brasil, existem três grupos: os guarani mbya, no
litoral do Sudeste e no Rio Grande do Sul, principalmente; os guarani
nhandeva, ou simplesmente guarani, como eles se auto-denominam, no sul de
Mato Grosso do Sul, interior do Paraná e de São Paulo; e os guarani kaiowá,
que, em território brasileiro, são encontrados apenas no sul de Mato Grosso do
Sul. No Paraguai, os kaiowá são conhecidos como pai tavyterã, e os nhandeva,
por chiripá, ou ava katu eté. Em outros países, há mais grupos guarani, como
os chiriguanos, na Bolívia.

Grosso modo, os mbya foram os guarani que formaram as missões jesuíticas,


no século XVII. Os kaiowá, por sua vez, habitavam uma região muito erma, as
densas florestas da serra do Amambai, onde hoje se localiza a fronteira entre o
Mato Grosso do Sul e o Paraguai, entre os rios Apa e Miranda - era a chamada
província do Itatim. Por causa das dificuldades de acesso, eles permaneceram
praticamente isolados até meados do século XIX.

Depois da Guerra do Paraguai (1864-1870), que, em parte, teve como palco o


território kaiowá, esses índios passaram a ter cada vez mais o contato com os
brancos. Nos anos 1880, o governo brasileiro concedeu ao gaúcho Thomas
Larangeiras o direito de explorar a erva-mate nativa numa vasta região entre o
sul de Mato Grosso, o oeste do Paraná e o leste do Paraguai, com mais de
cinco milhões de hectares de extensão.

Progressivamente, até os anos 1940, quando entrou em decadência, essa


atividade incorporou os kaiowá e nhandeva da região à economia nacional, a
partir da contratação de sua mão-de-obra no extrativismo, em troca de bens de
consumo como o charque e o sal. Em seguida, entre os anos 50 e 70, os índios
continuaram trabalhando na "limpeza" das fazendas de colonos vindos de
todas as partes do país que se instalavam na região depois que Getúlio Vargas
instituiu, em 1943, a Colônia Agrícola Nacional, em Dourados (MS).

As fazendas da região experimentaram grande impulso, principalmente a partir


dos anos 70, quando a economia local se integrou ao mercado internacional,
sobretudo com a soja e o gado de corte. Com a mecanização e a
especialização em torno dessas atividades, a presença indígena nos fundos de
fazenda passou a ser, na maioria dos casos, dispensável e indesejável.

A forma tradicional de organização social kaiowá e guarani se dá em famílias


extensas (para entender o que é isso, imagine aquelas fotos de família que
nós, brancos, conseguimos tirar poucas vezes na vida, quando se reúnem
todos os tios, primos, netos, bisnetos...). Até cem pessoas moravam numa
mesma casa, geralmente perto de um córrego ou rio, em uma região de
floresta que oferecesse boa terra para plantio, caça e pesca. As famílias eram
lideradas pelo casal mais idoso, experiente e que demonstrasse boas
habilidades xamanísticas - para curar e manter a saúde das pessoas, além de
boas lavouras e boa caça, todos sinais de uma boa relação com os deuses.

Cerca de três a quatro dessas famílias extensas habitavam a poucos


quilômetros umas das outras, formando um tekoha, o que equivale a nossa
idéia de comunidade. Embora não haja um pátio central ou casas próximas,
essas famílias eram ligadas por casamentos entre seus membros e festas
periódicas em que trocavam presentes e realizavam refeições conjuntas - o
que mantinha seus laços de solidariedade, cooperação e amizade.

Nos anos 70, dezenas dessas famílias extensas, cada vez mais espremidas
nos fundos de fazenda, foram levadas aleatoriamente para oito reservas
indígenas que haviam sido demarcadas pelo Serviço de Proteção ao Índio,
entre as décadas de 10 e 40. Essas reservas ficam propositalmente próximas
das cidades da região, como Caarapó, Amambaí e Dourados.
O objetivo dessa demarcação era o de promover a progressiva "civilização" dos
índios. No início do século XX, imperava entre nossa elite intelectual o
pensamento evolucionista, segundo o qual esses povos "selvagens" estavam
apenas num estágio "menos avançado" de cultura. Em contato com os
brancos, eles naturalmente se tornariam como nós.

Com as famílias trazidas aleatoriamente para as oito áreas, os problemas


nessas reservas foram se acumulando. A falta de espaço para plantar e a
demanda cada vez mais intensa dos mais jovens por bens produzidos pelos
brancos levou à intensificação da changa, o trabalho por contrato nas fazendas
e nas plantações das usinas de cana que se instalaram na região.

Por exemplo, na reserva de Dourados, a maior cidade da região, no final dos


anos 50, a população era de menos de mil pessoas. Hoje é de quase dez mil.
Problemas como os altos índices de suicídios, violência e desestruturação de
famílias nucleares podem estar relacionados a essa superpopulação, segundo
avaliam antropólogos e historiadores.

Hoje, os cerca de 30 mil guarani e kaiowá do Mato Grosso do Sul ocupam


cerca de 40 mil hectares. Dá pouco mais de um hectare por pessoa, ou cinco
hectares para uma família nuclear. Os especialistas estimam que seriam
necessários pelo menos 40 hectares por família para garantir o modo de
produção tradicional, com uma agricultura de coivara com rotação dos terrenos.
(Agência Brasil).

Agência Brasil

Reivindicações dos povos indígenas

Na América Latina o conceito de sociedade


multicultural pode aludir a realidades
verdadeiramente díspares. Não é a mesma coisa
pensar no pluralismo cultural de uma cidade como
Buenos Aires, e no de Quito, Lima, Quetzaltenango,
Oaxaca ou La Paz.
Na América Latina o conceito de sociedade multicultural pode aludir a
realidades verdadeiramente díspares. Não é a mesma coisa pensar no
pluralismo cultural de uma cidade como Buenos Aires, e no de Quito, Lima,
Quetzaltenango, Oaxaca ou La Paz.

No primeiro caso, as culturas que ali se desenvolveram têm uma origem e uma
marca predominantemente européia, e engrandeceram uma identidade crioula
para a qual contribuíram as identidades dos imigrantes italianos, espanhóis,
franceses, ingleses e outros, em termos de um alto grau de respeito recíproco.
Pode-se notar que esta identidade foi forjada à custa do sacrifício das
populações originárias, de cujas identidades não ficaram nem sequer vestígios,
e da segregação de outras populações migrantes tão importantes como a
boliviana ou a paraguaia.

Por outro lado, o mosaico sócio-cultural das outras cidades que mencionei está
fortemente impregnado da presença das diferentes coletividades indígenas
originais, e o diálogo intercultural - se é que se pode falar de algo assim - se
deu entre elas e a porção mestiça e/ou crioula que deteve as principais
situações do poder local.

De qualquer maneira, em ambos os casos é possível falar de sociedades


multiculturais, pois se pode verificar o fato de que coletividades pertencentes a
diferentes padrões culturais coexistem em seus respectivos âmbitos territoriais,
sejam quais relações ocorram entre elas. Independentemente de quão remotos
ou recentes sejam suas origens, no contexto das relações interculturais
cotidianas, em nossas sociedades são reproduzidas as imposições, traumas e
complexos herdados da história.

No melhor dos casos, a reivindicação de traços culturais indígenas por parte da


coletividade mestiça ou do calendário oficial de eventos não vai além de se
assumir aspectos meramente folclóricos e formais, reproduzindo as relações de
poder e o etnocentrismo com o qual as nações latino-americanas projetaram o
regime colonial ao se tornarem independentes da metrópole.

Por isso, o conceito de interculturalidade, diferentemente do de


multiculturalidade, traz uma carga irrefutável de valores, relações e ideologias.
Este conceito refere-se ao grau de verticalidade ou horizontalidade do diálogo e
das relações entre os povos e suas culturas na difícil estruturação de nossas
sociedades como sociedades plurais, nas quais se reconhece o direito de todos
os seus componentes a defender e cultivar suas visões cosmológicas
particulares e suas próprias tradições sem menosprezo e com total respeito
pelas demais.

As condições nas quais se dão as relações interculturais têm se traduzido, em


geral, na violência contra os povos indígenas em suas diversas expressões:
desde os massacres genocidas, o desapreço, a marginalização, a limitação de
oportunidades, as agressões físicas e morais, a exploração econômica, o
trabalho infantil, a escravidão sexual, até a compaixão e o paternalismo que
negam a dignidade humana e revelam a profunda ignorância sobre o muito que
se tem para aprender das culturas indígenas. De fato, as tradições
comunitárias dos povos indígenas têm demonstrado um vigor e uma coerência
muito superiores não apenas para organizar a convivência social de maneira
mais eqüitativa e solidária, mas também para garantir a harmonia entre o
homem, sua comunidade e a natureza de uma maneira mais respeitosa e
sustentável.

Por isso, quando pensamos na gestão pública que deveria corresponder às


sociedades multiculturais, nossas idéias são referentes, primeiramente, à
necessidade de reconstruí-las em termos de um equilíbrio de poder mais
horizontal e respeitoso; em segundo lugar, ao reconhecimento do importante
aporte que nossas culturas, até hoje subjugadas, podem dar para o
estabelecimento de melhores condições de convívio para todos.

Com respeito ao primeiro aspecto, é evidente que não serão as condições do


mercado nem a inércia das circunstâncias atuais que gerarão
espontaneamente os equilíbrios desejados. Portanto é preciso projetar políticas
públicas expressas e consensuais que identifiquem as mudanças necessárias
a curto, médio e longo prazo, identificando as tarefas, as responsabilidades, os
atores e os recursos que as tornem possíveis. Quanto ao segundo, não é
suficiente só uma abertura por parte das instituições para reconhecer,
compreender e aplicar de maneira criativa os múltiplos ensinamentos que
derivam da visão cosmológica de nossos povos. Em ambos os casos, estamos
falando de sistemas de valores que devem ser descobertos e compreendidos
positivamente e sem preconceitos.

Nenhum esforço institucional, por mais importante que seja, será suficiente se
o conjunto da sociedade não assumir este desafio e o tornar realidade. Não
basta que nos convoquem de tempos em tempos para votar, nem que nos
convidem a fazer parte de instâncias ou organismos onde nossa voz se dilui no
mar da burocracia. O que faz falta é a ampliação e a qualificação dos espaços
de participação e dos mecanismos das democracias latino-americanas. Trata-
se de requisitos que hoje são tão importantes como a reforma do sistema
educacional ou a regulamentação dos meios de comunicação. O denominador
comum destas tarefas é o conceito de responsabilidade pública, em suas
dimensões institucional e social.

Fonte: Revista Eco 21, ano XV, Nº 98, janeiro/2005.

Por Rigoberta Menchú - Líder indigenista, Prêmio Nobel da Paz (1992)

Arqueologia no Brasil

A arqueologia no Brasil teve início em 1834, com o


dinamarquês Peter Lund, que escavou as grutas de
Lagoa Santa (MG), onde foram encontrados ossos
humanos misturados com restos animais com
datação de 20 mil anos.
A arqueologia no Brasil teve início em 1834, com o dinamarquês Peter Lund,
que escavou as grutas de Lagoa Santa (MG), onde foram encontrados ossos
humanos misturados com restos animais com datação de 20 mil anos.
No segundo reinado, Dom Pedro II implantou as primeiras entidades de
pesquisa, como o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em 1922, surgiram
outras organizações como o Museu Paulista e o Museu Paraense.

Alguns estrangeiros começaram a vir para o País em 1950, e passaram a


explorar sítios arqueológicos na Amazônia, no Pará, no Piauí, no Mato Grosso
e na faixa litorânea. Em 1961, todos os sítios arqueológicos foram
transformados por lei em patrimônio da União, a fim de evitar sua destruição
pela exploração econômica.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) registrou 8.562


sítios arqueológicos. Entre eles, destaca-se o da Pedra Furada (PI), onde a
brasileira Niède Guidon localizou, no ano de 1971, restos de alimento e carvão
com datação de 48 mil anos. Estas observações vêm a contrariar a tese aceita
de que o homem teria chegado à América há cerca de 12 mil anos, pelo
Estreito de Bering, entre a Sibéria e o Alasca.

Em 1991, a norte-americana Anna Roosevelt, arqueóloga, descobriu pinturas


rupestres na caverna da Pedra Pintada (PA) com mais de 11 mil anos, e, em
1995, revelou sítios cerâmicos na Amazônia com datação de 9 mil anos.

Centros Arqueológicos do Brasil

Os centros arqueológicos incluem os sambaquis, as estearias, os mounds e


também hipogeus, cavernas, etc.

1. Sambaquis: palavra de origem indígena que deriva de tambá (concha) e ki


(depósito). Possuem formações de pequena elevação formadas por restos de
alimentos de origem animal, esqueletos humanos, artefatos de pedra, conchas
e cerâmica, vestigíos de fogueira e outras evidências primitivas.

2. Estearias: jazidas de qualquer natureza que representam testemunhos da


cultura dos povos primitivos brasileiros.

3. Mounds: monumentos em forma de colinas, que serviam de túmulos,


templos e locais para moradia.

4. Hipogeus: ambientes subterrâneos, às vezes com pequenas galerias, nas


quais eram sepultados os mortos.

Os principais Centros Arqueológicos do Brasil são:

Centros Arqueológicos
Bacia Cunani, Maracá, Pacoval, Camutins, Sambaqui de Cachoeira,
Amazônica Sambaquis da Foz do Tocantins e de Cametá, Santa Izabel,
Tesos e Mondongos de Marajó, Caviana, Santarém, Taperinha,
Miracanguera, Rio Tefé, Irapurá, Cerro do Carmo, Rio Içana,
Anuiá Luitera, Apicuns, Tijolo, São João e Pinheiro.
Zona Marobinha, Pindaí, Ilha de Cueira, Florante, Lago Jenipapo,
Maranhense Armindo, Lago Cajari e Encantado.
Zona Costeira
Cunhaú, Valença, Guaratiba, Macaé, Parati, Saquarema, Feital,
do Norte e
Cabo Frio, Cosmos.
Centro
Santos e São Vicente, Conceição de Itanhaém, Iguape,
Cananéia, Sabaúna, Guaraqueçaba, Paranapaguá, São
Francisco, Imbituba, Laguna, Joinvile, Sanhaçu, Armação da
Piedade, Porto Belo, Rio Tavares, Rio Cachoeiro, Canasvieiras,
Zona Costeira
Rio Baía, Ponta do Guaíva, Vila Nova, Itabirubá, Penha, Rio
do Sul
Una, Magalhães, Porto do Rei, Laje, Sambaqui das Cabras,
Sambaqui ao sul de Tramandaí, Sambaquis do Arroio do Sal,
Luiz Alves, Carniça, Cabeçuda, Caputera, Perchil, Ponta Rasa,
Sambaquis nas proximidades de Torres.
Zona Central Lagoa Santa

Cunani: descoberto por Coudreau (naturalista) em 1883, explorado e descrito


por Emílio Goeldi (1895); urnas antropomorfas guardadas em hipogeus. Hartt
descreve as urnas, dizendo que eram empregadas durante as idades da pedra
e do bronze, na Europa, e posteriormente por tribos, na América. Informações
apontam que os povos etruscos e egípcios também as usavam, assim como
também os povos do México e Peru.

Maracá: localizados na Guiana e conhecidas desde 1879, são urnas funerárias


em pequenas grutas naturais; nelas aparecem as primeiras formas de corpo
humano e animais.

Pacoval: primeiro Mound-builder explorado em Marajó. O material extraído da


peça que primeiro aflorou foi um cachimbo. O artefato mais abundante e
precioso, por não ser encontrado em outras paragens, é a tanga. Hartt foi quem
primeiro estudou seu material, reconhecendo na louçaria linhas clássicas
ornamentais, como as gregas e as aspirais e também preferência pelas figuras
humana e de animais. Foi observada a ausência de motivos ornamentais
inspirados nas plantas; na cerâmica ainda distinguiu grande número de ídolos.

Camutins: mounds situados em Marajó, pouco distantes do Pacoval, contendo


louça de igual qualidade no gênero das peças.

Caviana: cerâmica diferente da de Marajó; esse material marca a existência da


estação lítica (formação do cerâmio).

Santarém: rico e desenvolvido território, onde os resquícios do homem são


encontrados em lugares que lembram as estações e fornecem a melhor
cerâmica recolhida de Marajó e Cunani, toda ela trabalhada em estilo
semelhante ao das peças chinesas antigas, sem pintura, mas de relevo
aperfeiçoado.

Miracanguera: une inúmeros túmulos, verdadeiros vestígios de estações.


Barbosa Rodrigues, em 1870, descobriu várias urnas funerárias com formas de
seres humanos. Nesta mesma região, entre os Rio Madeira e Santarém,
Nimuendaju encontrou peças trabalhadas.

Rio Tefé: perto da embocadura desse rio, o padre Tastevin recolheu inúmeros
vasos estudados por Métraux. Apesar de certas particularidades, eles
demonstram semelhanças com o material de Santarém e são úteis para estudo
da influência que essa região possa ter exercido na louçaria indígena. Na
margem do Irapurá, Tastevin deparou-se com uma urna representando o rosto
da figura humana, contendo ossos em mau estado de conservação. Urnas
funerárias simples foram também descobertas por Nimuendaju em Cerro do
Carmo, Rio Içana e Anuiá Iuitera (região do Rio Uapés).

Sambaquis: o exame da louça dos sambaquis, com especialidades do sul,


coloca em relevo a inferioridade do material. Nos sambaquis do norte, as
cerâmicas são de má qualidade e escassas.

Apicuns: localizada ao pé de pequeno igarapé deste nome, à margem direita


do Arapipó.

Tijolo: situada na pequena ilha Furo, na confluência do Rio Inajá com o


Pirabas.

São João: localizada em terra firme à margem direita do igarapé Avindeua,


próximo à junção com o Rio Pirabas.

Hartt encontrou sambaquis no Amazonas (interior) e em Taperinha, pouco


abaixo de Santarém. Deixando a Amazônia, os sambaquis da ilha do Maranhão
vêm em primeiro lugar. Na várzea aluvial do Pindaré, no seu afluente Maracu,
no lago e Rio Cajari, aparecem nas estearias e sambaquis peças de cerâmica
quebrada em abundância, sendo observadas semelhanças com a cerâmica de
Cunani.

Os sambaquis do Rio de Janeiro e do Distrito Federal contém ossos e pequena


quantidade de barro fino. Já os sambaquis da zona compreendida entre
Nordeste e a Bahia tendem a desaparecer.

Nos sambaquis do Paraná, Santa Catarina e litoral de São Paulo são


encontrados machados polidos, mãos de pilão, poucos utilitários de cerâmicas,
morteiros zoomorfos, etc. Ainda se incluem aqui os sambaquis explorados pelo
diretor do Museu Nacional, Roquette Pinto, no Rio Grande do Sul, dos quais
foram retirados alguns materiais.

Em Cidreira e Vila das Torres, estão: o Sambaqui das Cabras, próximo à Lagoa
D. Antonia, a cerca de 17km ao sul de Tramandaí; outro a cerca de 1km para o
sul; outro junto ao Capão do Quirino 16 km perto do Arroio do Sal. Ainda há os
quatro sambaquis de Torres, todos de grandes dimensões, sendo um ao
chegar à Vila de São Domingos e outros três próximos de Mampituba.

A zona Nordeste, toda faixa litorânea subtropical que se estende do norte da


Bahia até a embocadura do Paraíba, nas proximidades do Maranhão, é pobre
de centros arqueológicos, apesar de ter sido habitada por antigas e variadas
nações indígenas.

Em pedras, os melhores achados da Amazônia são as nefrites trabalhadas


(muiraquitãs), gravadas em forma de animal ou de homem. A outra
reminiscência que a pedra deixou entre os índios da planície, revelada
recentemente por Vernau e Paul Rivet, é a clava, extraída da rocha, que,
devido à escassez da pedra na vasta imensidão por onde o Amazonas e os
seus grandes tributários derramam suas águas, constituiu ativo comércio de
trocas entre os povos da bacia.

As idéias e invenções, do domínio da cerâmica, propagavam–se pelas


migrações e pelas trocas. No território que se estende entre os Andes e os
vales vizinhos da planície, a economia naturalista possibilitou a penetração das
civilizações. As tribos que residiam nas proximidades da montanha recolheram
variados elementos dos povos do planalto.

Na Amazônia, acentua-se a evolução da cerâmica na passagem para modelo


de homens e animais. Essa modificação pode ser atribuída à influência andina.
Em Santarém, é difícil demonstrar a mesma influência, registrando fortes
analogias entre a cerâmica de Santarém e a dos povos istmos da América
Central.

Nordenskiöld pensa na influência centro-americana, que deve ser


contemporânea da que irradiou do Peru e dela emana a idéia dos vasos de três
pés e de outros tipos de potes encontrados em Santarém e Maracá

Ambiente Brasil

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