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(https://homoliteratus.com/)
(http://homoliteratus.com/wp-content/uploads/2014/07/ud.jpg)Origem
da palavra «distopia» e uma definição de romance distópico
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A palavra distopia e suas derivadas, no sentido aqui utilizado para definir um conjunto
diverso de romances, não se encontra na maioria dos dicionários, tanto da língua inglesa
(onde foi utilizada primeiramente) como das línguas latinas. Em português distopia é um
substantivo feminino, da área da medicina, que significa localização anómala de um
órgão. O prefixo dis- quando derivado do latim dis é um elemento de composição que
exprime a ideia de separação, dispersão etc. (por exemplo, dissolver, distribuir). Pode
também exprimir a ideia de dois (dissílabo, dístico). Quando derivado do grego antigo
dys, o prefixo dis- é um elemento de composição que exprime a ideia de dificuldade
(dispneia) ou de falta, privação, mau estado (dissimetria, disenteria).
Muitos autores continuam a recusar o uso desta palavra que, entretanto, se generalizou.
Ela é simultaneamente sinônima e antônima de outra palavra: utopia, sendo portanto uma
espécie de palavra anômala. Para entendermos o verdadeiro significado, atentemos no
significado de utopia, palavra fabricada com recurso ao grego antigo que literalmente que
dizer «não lugar» (ou, não + tópos, lugar): lugar ideal em que tudo estaria organizado da
melhor forma para felicidade completa do povo, sendo portanto um sonho, uma quimera,
uma fantasia, uma concepção irrealizável. A palavra distopia, ganhando o sentido de anti-
utopia, contra-utopia, utopia negativa, ou utopia negra, está para a utopia como o sonho
está para o pesadelo, e só através desta última acepção se entende a disseminação da
palavra distopia, e a aceitação do seu sentido íntimo.
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(http://homoliteratus.com/wp-
content/uploads/2014/07/hgw.jpg)A Máquina do Tempo
é um livro mais conhecido enquanto obra de ficção
científica, mas é também aquilo a que se convencionou
chamar romance distópico. Publicado em 1895, reflete o
pensamento de uma época dominada por profundas
transformações científicas, políticas, econômicas e
sociais que entre si se potencializavam. Era uma época
em que as grandes descobertas científicas faziam com
que Homem sonhar com uma nova sociedade, mais
justa, mais igual, mais fraterna, mais confortável. Tudo
se cria possível, e grandes sonhos nunca concretizados
tomaram conta do pensamento daqueles tempos. Na
literatura e na arte, apareceu depois o movimento
denominado Modernismo (pai de todos os -ismos, período fecundo de grandes obras,
mas também de imensas catástrofes, pai entre outros de um -ismo que tanta crueldade e
mortandade trouxe ao mundo, o fascismo, e outros -ismos não menos mortais). Eram
tempos em que se anteviam todas as possibilidades e todos os perigos.
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Em Nós não existem indivíduos (Eu), existe apenas a comunidade (Nós); não existem
pessoas, não existem cidadãos, existem números. D-503, o protagonista e narrador (os
capítulos do romance são as entradas do seu diário) é um engenheiro responsável pela
construção de uma nave que levará aos habitantes de outros planetas a mensagem da
«felicidade matemática e exacta». Estamos no século XXX, mil anos passaram desde
que os «heroicos antepassados submeteram todo o globo terrestre ao domínio do Estado
Único». Se os hipotéticos habitantes de outros planetas ainda viverem «no estado
selvagem de liberdade», e não aceitarem a mensagem, o Estado Único, governado pelo
Benfeitor, terá que recorrer às armas, pois considera que «é nosso dever forçá-los a ser
felizes.»
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Quem tenha lido Admirável Mundo Novo e Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, não
deixará de notar certas semelhanças com Nós, motivo porque se crê que tanto uma obra
como a outra terão sofrido a influência desta. Embora ambos fossem anglófonos, crê-se
que tanto Aldous Huxley como George Orwell terão tido conhecimento da obra Nós
através da tradução francesa, a primeira edição do livro publicada na Europa. Eram
ambos conhecedores da língua francesa, como lerão a seguir.
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Entre 1919, ano em que casa com a belga Maria Nys, e 1931, ano em que publica
Admirável Mundo Novo, vai publicando diversas obras menores, pelo menos em termos
de sucesso, tem um filho, o único, Matthew Huxley, viaja por França e Itália, na
companhia de D. H. Lawrence, dedica-se à escrita de contos, ensaios, poemas, e peças
de teatro. Em 1937 muda-se para os Estados Unidos, onde passa a década seguinte
vivendo da escrita de roteiros para cinema – adaptou, entre outros, a obra Orgulho e
Preconceito, de Jane Austen, em 1940. No final dos anos 40 e anos 50 inicia um novo
período da sua vida, em que experimenta diversas drogas da moda naqueles anos, como
LSD e mescalina; sob influência destas escreve três livros: As Portas da Percepção
(1954, romance a que a banda The Doors deve o seu nome – o título do livro foi retirado
de um verso de William Blake: Se as portas da percepção fossem purificadas, tudo
surgiria aos olhos do homem tal como é, infinito.), Céu e Inferno (1956), e Ilha (1962).
Abandona as drogas e dedica os últimos anos da sua vida ao pacifismo e misticismo,
vindo a morrer a 22 de Novembro de 1963, em Los Angeles, Estados Unidos.
dividido em cinco castas: alfas, betas, gamas, deltas, e ipsilões. O Homem é produzido
numa escala que vai daqueles destinados aos mais importantes cargos e trabalhos de
índole intelectual (alfas) até àqueles destinados a trabalhos estritamente braçais
(ipsilões). Nesta produção industrial em massa do novo ser humano, este é selecionado e
condicionado de maneira a «fazer amar às pessoas o destino social a que não podem
escapar.»
Em 1984, a sua última obra, publicada em 1949, um ano antes da sua morte precoce,
vítima de tuberculose, vive-se num estado totalitário, onipresente e onipotente, controlado
pelos princípios do Socing (socialismo inglês) pelos quais se rege o Partido; ninguém
nem nenhuma atividade escapa ao controlo do Grande Irmão (Big Brother): O Grande
Irmão está a ver-te, através de um aparelho semelhante a um televisão, que permite
fazer a propaganda do partido e controlar as atividades dos cidadãos. O mundo encontra-
se dividido em três blocos, ou super-estados: a Oceânia (cuja capital é Londres, onde
decorre a ação), Eurásia, e Lestásia. A Oceânia está sempre em guerra, ora com a
Lestásia, ora com a Eurásia; se está em guerra com um, está aliada a outro.
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(http://homoliteratus.com/wp-content/uploads/2014/07/nineteen-eighty-four-1984.gif)Toda
a sociedade é regida pelos três slogans, ou lemas, do Partido: Guerra é Paz; Liberdade é
Escravidão; Ignorância é Força. As atividades de todos os cidadãos são controladas
pelos mecanismos de vigilância do Grande Irmão, pelos próprios cidadãos, que se
controlam uns aos outros, individualmente ou organizados em patrulhas; porém, a mais
importante das forças de vigilância é a Polícia do Pensamento. Controlando o
pensamento, controla-se quase tudo. Além destas divisões, a sociedade encontra-se
ainda dividida entre aqueles que pertencem ao Partido e os Proles. Dentro do Partido há
ainda aqueles que pertencem ao Partido Interno (os que têm funções de maiores poderes
e responsabilidades).
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As suas obras mais conhecidas, além de Farenheit 451, são, entre outras, As Crónicas
Marcianas, Uma Sombra Passou Por Aqui, O Homem Ilustrado, ou A Cidade Inteira
Dorme. Na sua actividade de escritor, Bradbury escreveu romances, contos, peças de
teatro, peças para rádio e televisão, poesia, literatura infantil e também roteiros para
cinema, actividade que lhe valeu o Óscar em 1956, pela adaptação da obra Moby Dick,
de Hermann Melville. Tentou também, embora sem grande sucesso, tanto junto da crítica,
como dos seus habituais leitores e dos leitores do género, o romance policial, com A
Morte é Um Negócio Solitário.
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Fahrenheit 451 apresenta-nos uma sociedade futura em que todos os livros serão
queimados, atividade pela qual são responsáveis os “bombeiros” que não são mais
chamados para apagar fogos mas para os atear. Guy Montag, o personagem principal, é
um desses bombeiros; ao longo do tempo vai guardando exemplares para si, mas nunca
ganha coragem para os ler, o que o poderia denunciar. Escrito nos primeiros anos da
Guerra Fria, a obra é uma crítica à sociedade americana, que Ray Bradbury entendia que
estava cada vez mais disfuncional. Nesta sociedade onde os livros são proibidos, as
opiniões próprias são consideradas anti-sociais e hedonistas. Acabar com os livros é uma
forma de suprimir o pensamento crítico. O título, Fahrenheit 451, refere-se à temperatura
a que o papel (os livros) incendeiam.
(http://homoliteratus.com/wp-content/uploads/2014/07/F451-004.jpg)
Como todas as obras do gênero, Fahrenheit 451 foi submetido a diversas interpretações
ao longo dos anos, porém focadas na ideia que a queima (proibição) de livros conduz à
supressão de ideias dissidentes. Esta foi, aliás, ao longo da história da humanidade uma
das formas pela qual as classes dominantes tentaram submeter as dominadas aos seus
valores. Pense-se, por exemplo, no Santo Ofício (Inquisição) que além de queimar
pessoas!, queimava livros (e os proibia, através do Index Librorum Prohibitorum), nas
queimas de livros levadas a público por Hitler e os seus seguidores durante o período do
Nazismo, na Alemanha e nos territórios ocupados, na censura que existe e existiu ao
longo da história em diversos locais, e sob diversos regimes, ou na proibição da
impressão de livros, por parte de Portugal, no Brasil, ou por parte de Inglaterra, nas
colônias americanas. Sobre a obra, Bradbury declarou que foi escrita como uma
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declaração de amor aos livros e às bibliotecas, e que não era sua intenção tratar da
censura, mas da forma como a televisão destruía o interesse na leitura. Não sendo um
livro extenso, não direi mais sobre o enredo em si, pois incorria no risco de dizer tudo.
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