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Negativo
do Capital
G i o v a nn i A l v e s
O Duplo
Negativo
do Capital
Ensaio sobre a Crise do Capitalismo Global
1ª edição 2018
Bauru, SP
5
Copyright© Projeto Editorial Praxis, 2018
Conselho Editorial
Prof. Dr. Giovanni Alves (UNESP) Prof. Dr. Ricardo Antunes (UNICAMP)
Prof. Dr. José Meneleu Neto (UECE) Prof. Dr. André Vizzaccaro-Amaral (UEL)
Profa. Dra. Vera Navarro (USP) Prof. Dr. Edilson Graciolli (UFU)
Capa
Giovanni Alves
ISBN 978-85-7917-479-7
CDD 331
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Incongruências da Valorização do Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Capítulo 1
A Grande Crise do Capitalismo Tardio (1973-1975). . . . . . . . . . . . . . . 31
A reestruturação capitalista rumo ao capitalismo global. . . . . . . . . . . . . . . 35
A natureza da crise de 1973-1975. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
A “acumulação primitiva” do capitalismo global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Contradições do capitalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Capitulo 2
Neoliberalismo e Capitalismo Global (1980-1991). . . . . . . . . . . . . . . . 59
O capitalismo global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Década de 1980: A longa transição para o capitalismo global . . . . . . . . . . . 66
O marco histórico do capitalismo global (1989-1991). . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
O fim do delírio pós-moderno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
A China e o mercado mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
O Projeto do Euro e a “Quarta Revolução Industrial”. . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
A geopolítica da periferia integrada (América Latina e Leste Europeu) . . 76
O capitalismo das bolhas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Capitulo 3
Ascensão e Crise do Capitalismo Global (1991-2007) . . . . . . . . . . . . 81
O boom e a bolha (2001-2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Crise de hegemonia financeira ou afirmação hegemonica
do capital financeiro?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
A crise estrutural de lucratividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
A particularidade da crise de 2007/2008. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
2009-2018: A longa depressão da economia mundial. . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Perspectivas (da crise) do capitalismo global. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Capítulo 4
A Crise Estrutural do Capital - A Contribuição de
István Mészáros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
O começo da nova fase histórica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
A crise estrutural do capital em Mészáros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
A crise estrutural do capital e as grandes confrontações sociais. . . . . . . . 121
A reestruturação capitalista e a nova etapa histórica do capital. . . . . . . . . 122
Uma nova produtividade do capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
Complexo industrial militar e a taxa de utilização
decrescente do valor de uso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
A nova geopolítica do capitalismo global. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
Capitalismo global e Beyond Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Capital e capitalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Crises cíclicas do capitalismo e crise estrutural do capital . . . . . . . . . . . . 148
Capitulo 5
O Duplo Negativo do Capital. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
Capital como contradição viva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
Capitalismo global e a disputa pelo fundo público. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Capitalismo do Estado de Bem-Estar Social e Fundo Público . . . . . . . . . . 164
Valor e Anti-Valor: o falso dilema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
Capitalismo do Estado neoliberal e fundo público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
A desmedida do valor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
A “negação” do capitalismo no interior do próprio capitalismo . . . . . . . . 189
Desmedida do Valor, Trabalho “Imaterial” e Trabalho Abstrato . . . . . . . 192
O fardo do capital. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
Formas derivadas de valor e barbárie social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
Grundrisse (1857-1858)
Karl Marx
Apresentaç ão
Apresentação 13
“Globalização como Mundialização do Capital”. A idéia de lógica do
capital era suficiente para interpretar o capital e suas contradições. O
livro indicava uma interpretação dialética da globalização como ideolo-
gia, mundialização do capital e processo civilizatório humano-genérico.
Antes, no livro lançado em 2000, pela Boitempo editorial - “O Novo (e
Precário) Mundo do Trabalho”, não havia nenhum tratamento teórico
dos fundamentos estruturais do complexo da restruturação produtiva
cujo momento predominante era o toyotismo. Identificávamos apenas
o toyotismo com a acumulação flexível e a flexibilidade como-ser-
-precisamente-assim do capital. De modo breve, fazíamos referencia ao
toyotismo e capitalismo manipulatório na era da superprodução, sem
discutir o movimento essencial, da ofensiva do capital na produção.
Foi no livro “A Condição de Proletariedade: A Precariedade do Tra-
balho no Capitalismo Global”, de 2009, que começou a esboçar-se ele-
mentos de uma interpretação da crise do capital. Afirmamos que a etapa
do capitalismo global é marcada pela crise estrutural do capital. Deste
modo, desenvolvíamos a explicação do conceito de “crise estrutural do
capital” de István Mészáros e expúnhamos a nova temporalidade histó-
rica aberta pelo acúmulo de contradições capitalistas a partir de meados
da década de 1970. Não discutíamos a natureza da crise do capital, mas
indicávamos que o complexo de acumulação do capitalismo global era
constituído pela acumulação predominantemente financeirizada, acu-
mulação flexível e acumulação por espoliação. Era nítida a influência
teórica de David Harvey com o livro “A condição pós-moderna” e o “O
novo imperialismo”.
Em 2011, o livro “Trabalho e Subjetividade: O Espírito do Toyo-
tismo na Era do Capitalismo Manipulatório”, lançado pela Boitempo
Editorial, começamos fazendo referencia a crise do capital que atingiu
os países capitalistas centrais em meados da década de 1970, mas não
discute a natureza da crise e seus desdobramentos posteriores. Nova-
mente, adota-se os conceitos de acumulação flexível e acumulação por
espoliação, utilizados para explicar o espírito do toyotismo na era do
capitalismo manipulatório. A utilização acritica de conceitos de Fran-
çois Chesnais, David Harvey, István Meszaros, e inclusive Ernst Man-
del, Michel Aglietta e Georg Lukács, expunha o problema comum na
Apresentação 15
do capital na produção, instaurando a era de precarização estrutural
do trabalho e (3) financeirização da riqueza capitalista com a hegemo-
nia do capital financeiro. Esta profunda reestruturação capitalista que
caracterizou os “trinta anos perversos”, contribuiu no final da década
de 1980, para a recuperação relativa da taxa média de lucratividade das
corporações globais. “
Em 2013 procurávamos, pela primeira vez, expor o conceito de ca-
pitalismo global, considerado por nós como a nova temporalidade do
capital no interior da qual o ciclo de crises capitalistas assumiria nova
feição. Falávamos de “crise de valorização do capital” e não de “crise
estrutural de lucratividade”. Procurávamos explicar o conceito de “crise
estrutural do capital”, sem distingui-la do conceito de “crise de valori-
zação do capital”. Pela primeira vez, utilizávamos a explicação do au-
mento da composição orgânica do capital para explicar os movimentos
contratendenciais que compunham o capitalismo global – iniciado, de
acordo com a periodização histórica adotada, em 1980 (e não em 1989-
1991, como expomos neste livro). Desenvolvíamos uma dialética entre
“trabalho morto e trabalho vivo; e uma longa reflexão sobre as meta-
morfoses sobre o trabalho vivo.
No livro “Dimensões da Precarização do Trabalho: Ensaios de So-
ciologia do Trabalho”, apresentamos uma tese sobre a natureza da “crise
de valorização do capital”, que transcrevemos na íntegra, para ressaltar
sua originalidade no plano de desenvolvimento das ideias do autor so-
bre a crise do capital:
“Podemos dizer que, nos últimos trinta anos de capitalismo global
(1980-2010), cresceu indiscutivelmente o contingente de trabalhadores
assalariados em escala global. É o que salientamos como sendo a presen-
ça da condição de proletariedade universal e global. Entretanto, apesar
do crescimento da ‘classe’ do proletariado, ocorreu a redução relativa,
embora não absoluta, do contingente de trabalhadores assalariados pro-
dutivos empregados na produção de valor. Isto é, no conjunto da ‘classe’
dos trabalhadores assalariados em escala global, reduziu-se, em termos
relativos, a participação de operários e empregados inseridos na produ-
ção de valor, isto é, trabalhadores assalariados produtivos. Isto pode ser
explicado pela intensificação da concorrência capitalista no mercado
Apresentação 17
geométrica, o que explica a vigência do “lucro fictício” como catego-
ria capaz de explicar a necessidade sistêmica irrealizada. Deste modo,
constituiu-se uma ‘fenda’ de instabilidade financeira de onde surgem
recorrentes ‘bolhas especulativas’ que marcam a dinâmica de acumula-
ção de valor fictício no capitalismo global”.
“Eis, portanto, um traço estrutural que irá marcar o capitalismo
mundial no século XXI, apesar das tentativas de regulação política por
meio das intervenções estatais cada vez mais incisivas (a explosão da
dívida pública nos países capitalistas centrais, depois da crise de 2008,
mostra que a crise de valorização tende, cada vez mais, a devorar como
o velho Moloch, o ‘fundo público’, parcela da massa de mais-valia social
capturada pelo Estado político, mas agora, re-apropriada pelo capital
privado para sanar sua crônica insensatez financeira.”
Apresentação 19
a crítica da economia política, e por conseguinte, para a elaboração,
numa perspectiva dialético-histórico e materialista, da teoria da crise
capitalista.
Ficou claro que nosso longo percurso critico-intelectual buscando
o entendimento da crise do capital (em construção neste pequeno li-
vro, que alertamos ser apenas a 1ª. edição!), procuramos elaborar, num
patamar superior, a perspectiva totalizante do movimento concreto da
crise do capitalismo global. Colocamos como exigência metodológica
fundamental, uma exposição explicativa capaz de resgatar a lógica dia-
lética, histórico e materialista do movimento concreto do capitalismo
tardio, apreendendo-o, numa forma ainda inacabada, as contradições
essenciais e os movimentos da aparência e da contingencia histórica que
compõem o capitalismo global. Esta perspectiva teórico-analítica que
prima pelo rigor metodológico, deve nos permitir discutir mais adiante,
aquilo que efetivamente nos interessa como estudiosos do novo (e pre-
cário) mundo do trabalho: a nova precariedade do trabalho e as pers-
pectivas do processo civilizatório do capital no século XXI.
Introdução 23
entre capital e modo de produção capitalista, impulsionando o desen-
volvimento das forças produtivas e a formação do mercado mundial.
Enfim, capital como modo estranhado de controle sociometabólico e
capitalismo como modo de produção da vida, passaram a identificar-
-se, embora a relação-capital fizesse parte de outros modos de produ-
ção pré-capitalista; e possa também fazer parte de modos de produção
pós-capitalistas.
O “acoplamento estrutural” entre a relação-capital e o novo modo
de produção capitalista alterou a dinâmica da acumulação de riqueza,
promovendo mudanças radicais no ecossistema humano. Fez com que a
abolição do capitalismo e o desenvolvimento do socialismo, só pudesse
ocorrer, na medida em que se negasse, não apenas o modo de produção,
em si e para si, mas também o sistema de metabolismo social baseado
na relação-capital (o que não ocorreu, por exemplo, com a experiência
soviética)..
O “duplo negativo do capital” expõe a necessidade histórica de ir
além do modo de produção e seu sistema de metabolismo social tendo
em vista as contradições fundamentais entre valor econômico (miséria
do presente) e valor humano (riqueza do possível) – parafraseando um
título de livro de André Gorz (“Misère du presente. Richesse du possi-
ble”, de 1997). Na verdade, trata-se de afirmar o processo civilizatório
enquanto afastamento das barreiras naturais sob pena da extinção da
Humanidade, (entendendo-se o capital como “segunda natureza” estra-
nhada). Na medida em que o capital se tornou sistema, impulsionado
pelo “acoplamento estrutural” entre a relação-capital e o modo capita-
lista de produção, o desenvolvimento do capitalismo enquanto capita-
lismo propriamente dito (o capitalismo industrial) desenvolveu de for-
ma historicamente inédita, a partir de meados do século XIX, as forças
produtivas do trabalho social. Ao desenvolver-se, o capital como modo
de acumulação de riqueza abstrata tornou-se “afetado de negação”, não
Introdução 25
com imaginação dialética, a validade heurística da crítica da economia
política de Karl Marx.
Por outro lado, a apreensão dos limites heurísticos das notáveis con-
tribuições de ilustres pensadores marxistas – alguns com ampla recep-
ção editorial no Brasil, tais como David Harvey e István Mészáros. O
caso de David Harvey é exemplar. É primoroso seu trabalho de divul-
gação da crítica da economia política de Karl Marx (foram publicados
no Brasil os livros “Limites do Capital”, de 2006; e “Para entender o Ca-
pital” em dois volumes (2010 e 2013). No entanto, em seu entendimento
de Marx, Harvey desprezou a importância da lei da queda da taxa de
lucro na explicação causal das crises capitalistas. Parece um detalhe,
mas não é. Para o velho Marx, a lei da queda tendencial da taxa de lucro
é a mais importante lei de crítica da economia política. Harvey adotou
uma teoria multicausal das crises.
Embora a lógica dialética afirme que o concreto é a síntese de múlti-
plas determinações, isso não quer dizer que as múltiplas determinações
representem múltiplas causas. Nas “múltiplas causas” é importante dis-
tinguir, por um lado, o “todo” das aparências e contingencias históricas
e, por outro lado, a processualidade essencial. Existe uma hierarquia
ontológica nas determinações que constituem o real processual. Na crí-
tica da economia política, a lei da queda da taxa de lucro é a determi-
nação essencial para explicar as crises capitalistas, embora não se possa
desprezar o todo das aparências e das contingencias históricas (a lógica
dialética ressalta que a aparência é a forma de ser da essência). Des-
te modo, uma teoria multicausal não é a mesma coisa que uma teoria
dialética da crise capitalista. Portanto, o erro metodológico de David
Harvey se deveu à sua incapacidade em elaborar uma reconstrução da
lógica dialética em Marx, capaz de dar conta das relações entre essência,
aparência e contingencia histórica. O ecletismo metodológico decorrente
da desconsideração pela lógica dialética prejudicou muito o desenvol-
vimento da teoria marxista no século XX, principalmente a tradição
marxista na França e EUA (é curioso que, mesmo um marxista orto-
doxo como Ernest Mandel, tenha adotado uma explicação multicausal
das crises capitalistas, explicitando a fragilidade da lógica dialética num
economista de formação marxista-leninista).
Introdução 27
histórico-dialético e materialista da crise estrutural do capital no sentido
de crise senil das mediações de segunda ordem por conta do seu “aco-
plamento estrutural” com a produção capitalista (modo capitalista de
produção de mercadorias). Uma notável exceção – embora muito proble-
mática no campo da crítica da economia política – foi a contribuição de
Paul Baran e Paul Sweezy quando, por exemplo, ao discutirem o capital
monopolista, discorrem sobre o “sistema irracional” do capital.
Finalmente, seria interessante, pelo menos nesta Introdução, uma
referência à linha de crítica do capital de Robert Kurz, filosofo radical
alemão que, de modo criativo e perspicaz, nas décadas de 1990 e 2000
salientou, como importante elemento conceitual do colapso da moder-
nização, a crise do valor e a crise do trabalho abstrato. Entretanto, o viés
de Kurz é não elaborar a reflexão da crise do trabalho abstrato na pers-
pectiva da crise estrutural do capital como metabolismo social radical-
mente contraditório. Eis o problema da necessidade de reconstrução da
lógica dialética na perspectiva do entendimento da afirmação marxiana
de que o capital é uma “contradição viva”. Na medida em que ocorreu
o “acoplamento estrutural” da relação-capital com o modo de produ-
ção capitalista, a senilidade da dinâmica histórica e social do capitalis-
mo como modo de produção, levou consigo a própria relação-capital
na qual se baseia. O capitalismo como modo histórico de produção,
dinâmico e voraz por natureza, expressa em si e para si, por meio das
mediações da forma-dinheiro e do mercado, a materialidade do valor
em movimento. Entretanto, o fetichismo do valor em movimento, que
se expressou na dinâmica do modo de produção capitalista senil (como
refletiu Robert Kurz), oculta em si e para si, o processo civilizatório, onde
a dialética do trabalho como categoria ontológica da espécie humana
tornou-se deveras relevante mesmo que apareça como civilização “ne-
gada”. Robert Kurz perdeu de vista a dialética histórico-materialista do
processo civilizatório do capital expressa, por exemplo, na dialética en-
tre valor de troca e valor de uso.
O processo civilizatório do capital ocorre no seio do modo de produ-
ção capitalista, conduzido pelas “mediações de segunda ordem” (dinhei-
ro, mercado mundial, concorrência e divisão hierárquica do trabalho).
Com o capitalismo como modo de produção, de forma radicalmente
Introdução 29
Capítulo 1
Estado neoliberal
[captura do fundo público]
■■ 3. O Estado neoliberal
O Estado neoliberal é produto da luta de classes que se desenvolveu
na conjuntura de transição para o capitalismo global. Na disputa políti-
ca da decada de 1970, as forças politicas e sociais comprometidas com o
projeto fordista-keynesiano, perderam para as forças politicas e sociais
sob a direção da alta finanças, comprometidas com o projeto neoliberal.
Incapazes de operarem a dinâmica de acumulação do capital no pata-
mar do Estado-nação, cada vez mais objetivamente integrado com o
mercado global (mundialização produtiva e mundialização financeira),
as forças sociais-democratas se renderam ao receituário ortodoxo, per-
dendo a batalha no campo eleitoral (e ideológico) para a plataforma ne-
oliberal com destaque para a vitória dos programas neoconservadores,
comandado pelos interesses das altas finanças no centro mais dinâmico
do capitalismo mundial - por exemplo, Margaret Thatcher na Inglaterra
(1979); e Ronald Reagan nos EUA (1980).
A politica neoliberal adotada a partir de 1980, inclusive por gover-
nos social-democratas como Felipe Gonzales, na Espanha (1982-1996)
e François Mitterrand (1981-1995), na França, visou desmontar efeti-
vamente o compromisso fordista-keynesiano instaurado no bojo do
território do Estado-nação e instaurar um novo compromisso neocon-
servador baseado no aprofundamento da mundialização produtiva e
principalmente, da mundialização financeira.
Ao aplicarem a politica neoliberal (desregulamentação financeira,
liberalização comercial e precarização do mercado de trabalho pelo au-
mento do desemprego visando destruir o poder sindical, que enrijecia
o valor do capital variável), a oligarquia politica, financeira e industrial
objetivou, primeiro, resgatar a lucratividade dos oligipolios industriais
Contradições do capitalismo
Concorrencia/Produtividade do Trabalho
Aumento da Composição Orgânica do Capital/Taxa de lucro
O capitalismo global
Por capitalismo global entendemos a nova forma histórica de ser do
capitalismo tardio, caracterizado por um complexo de determinações
conceituais, salientadas por vários autores que adjetivaram de modo uni-
lateral, o novo tempo histórico de crise do capital. Por exemplo, o capi-
talismo global é o capitalismo neoliberal (Gerard Duménil e Dominique
Lévy); o capitalismo flexível (Richard Sennet), o capitalismo cognitivo
(Maurizio Lazzarato e Antonio Negri), o capitalismo senil (Jorge Bein-
stein), o capitalismo zombie (Chris Harman), a sociedade em rede (Ma-
nuel Castells), a modernidade liquida (Zygmunt Bauman), etc.
Como determinações de fundo da nova forma histórica de ser do ca-
pitalismo tardio (Ernest Mandel), a partir da crise estrutural do capital
(István Mészáros), temos seu caráter radicalmente manipulatório (Ge-
org Lukács), predominantemente financeirizado (François Chesnais)
e lastreado em duas revoluções tecnológicas: a revolução informática
(Adam Schaff) e a revolução informacional (Jean Lojkine) - elementos
que compõem, dentre outros, a ante-sala da Quarta Revolução Indus-
trial (Klaus Schwab) que deve percorrer o século XXI.
Na sua caracterização sociológica propriamente dita, o capitalismo
global foi apreendido por Gilles Lipovetsky, um dos mais prolíficos
Transição e Formação
(1975-1989)
Ascensão e Desenvolvimento
(1989-2007)
Crise
(2008-...)
3 Em março de 1989, foi anunciado pelo secretário de tesouro dos EUA, Nicholas F. Brady,
um plano que pretendia renovar a dívida externa de países em desenvolvimento, mediante
a troca por bônus novos. Estes bônus contemplavam o abatimento dos encargos da dívida,
através da redução do seu principal ou pela redução nos juros. Além de emitir os bônus, os
países deveriam promover reformas liberais em seus mercados. Os bônus do plano Brady
ficaram conhecidos como bradies. O plano Brady levou ao fim a crise da dívida. A securi-
tização da dívida dos países devedores levou à flexibilização dessa dívida e permitiu que o
mercado pudesse conviver com o risco envolvido. Esse risco foi compartilhado por todos
os agentes que detinham os bradies. Além disso, o preço da dívida foi determinado pelas
condições econômicas e políticas dos países devedores. Dessa forma, nenhuma instituição
credora ficava exposta a um risco excessivo. Na ótica do capital, apesar da maioria dos
países beneficiados ainda serem grandes devedores, esta dívida hoje é gerenciável.
4 Consenso de Washington foi uma conjugação histórica das grandes medidas - que se
compõe de dez regras básicas - formulado em novembro de 1989 por economistas de ins-
tituições financeiras situadas em Washington D.C., como o FMI, o Banco Mundial e o
Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, fundamentadas num texto do economista
John Williamson, do International Institute for Economy, e que se tornou a política oficial
do Fundo Monetário Internacional em 1990, quando passou a ser “receitado” para pro-
mover o “ajustamento macroeconômico” dos países em desenvolvimento que passavam
por dificuldades. As dez regras básicas do Consenso de Washington são disciplina fiscal,
redução dos gastos públicos, reforma tributária, juros de mercado, câmbio de mercado,
Consenso de Washington
Fim da URSS
5 Para Gramsci, bloco histórico é o conceito que define a unidade entre estrutura e superes-
trutura, entre teoria e prática, entre forças materiais e ideologia. Trata-se de uma fórmula
teórica inovadora e sofisticada, que significou a superação do economicismo reducionista
no âmbito do marxismo. Gramsci rejeitou toda visão determinista e mecanicista entre es-
trutura e superestrutura: não existe uma estrutura que mova de modo unilateral o mundo
superestrutural das idéias, não há uma simples conexão de causa e efeito, mas um conjunto
de relações e reações recíprocas, que devem ser estudadas em seu concreto desenvolvi-
mento histórico. O marxista italiano considerou abstrata a distinção entre estrutura (as
relações sociais de produção) e superestrutura (as idéias, os costumes, os comportamentos
morais, a vontade humana) (Gramsci, 1984).
6 Não nos interessa tratar aqui da controvérsia marxista sobre a teoria da “lei” tendencial
de queda da taxa média de lucro proposta por Marx. Indicamos alguns importantes –
a maioria de lingua inglesa - para discutir esta candente questão: Michael A. Lebowitz
(“Marx´s falling rate of profit: a dialetical view”, The Canadian Journal of Economics.
9, 1976, p.248-9); Anwar Shaik (Valor, Acumulación y crisis – Ensayos de economia po-
lítica, Buenos Aires: ediciones ryr, 2006); Manuel Castells (A teoria marxista das crises
econômicas e as transformações do capitalismo, Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979);
Chris Harman (Zombie Capitalism – Global crisis and the relevance of Marx, Chicago:
Bookmarks publication, 2009), Guglielmo Carchedi (Behind the Crisis - Marx’s Dialectics
of Value and Knowledge, Brill, 2011); Michael Roberts (The Long Depression: How it
Happened Why It Happened, And What Happens Next, Haymarkets book, 2016); Stephen
Cullenber, The Falling Rate of Profit: Recasting the Marxian Debate, Pluto Press, 1994).
7 Para os iniciantes que tem interesse numa boa leitura comentada de “O Capital” de Karl
Marx, recomendamos os livros publicados pela Boitempo editorial de David Harvey (em-
bora o próprio Harvey não concorde com a eficácia explicativa da lei da queda da taxa
de lucros para as crises capitalistas). Os livros de introdução à obra-prima de Karl Marx
seriam “Os limites do capital” e os livros “Para entender O capital, livro I” e Para entender
“O capital, livros II e III”. A magistral obra inacabada “O capital: crítica da economia polí-
tica”, de Karl Marx tornou-se, mais do que nunca, no século XXI, o ponto de partida para
desvelarmos o sentido do nosso tempo histórico.
8 Martin Nicolaus, o tradutor da Primeira Edição dos “Grundrisse”, de Karl Marx, pu-
blicado nos EUA em 1973, no ensaio “Proletariado y Clase Media en Marx: Coreografia
hegeliana y dialectica capitalista”” expos a “revolução teórica” da descoberta marxiana do
conceito de mais-valia relativa, capaz de explicar como o capitalismo desenvolvido seria
capaz de manter (e incrementar) a acumulação de capital, mesmo elevando o salário real
da classe trabalhadora – isto é, a capacidade de consumo das massas trabalhadoras,. apri-
sionando-as, deste modo, com “grilhões dourados” ao fetichismo da mercadoria. Marx
rompe com a teoria de pauperização absoluta do rpoletariado. Nos Grundrisse, Marx nega
a pauperização absoluta do proletariado quando afirma que “A ordem capitalista não esta-
rá madura para a revolução até que a classe trabalhadora não tenha conseguido aumentar
seu nível de consumo acima do nível de mera subsistência física e incluir o desfrute do
trabalho excedente como uma necessidade geral”; ou ainda, quando na “Teoria da Mais-
Valia” ele diz, na frente de Malthus que “É uma ideia ridícula que o excedente tem que ser
consumido apenas pelos empregados e não pode ser consumido pelos próprios trabalha-
dores produtivos”. A nova teoria dos salários em Marx faz com que ele reconheça o valor
e limites do sindicalismo (Alves, 2003), acreditando que os sindicatos ou organizações
de trabalhadores tinham a capacidade de se opor à “lei do bronze”, mas estava ciente de
sua limitação em face dos meios de capital (maquinário, crise, desemprego, exército de
reserva). Os sindicatos podem servir como um freio ocasional e temporário, mas não um
impedimento real, porque, afinal de contas, a pauperização relativa prosseguia, o que
signifucava que o rpoletariado não deveria se esforçar muito ou dar demasiada impor-
12 Como observou Polese (2016), pode-se dizer que Karl Marx nos “Grundrisse” tinha ciên-
cia da existência desse “equivalente funcional” – que à época certamente ainda não era o
“preferido” – pois afirmou: “Uma condição da produção baseada no capital é a produção
de um círculo sempre ampliado da circulação, seja o círculo diretamente ampliado ou
sejam criados nele mais pontos como pontos de produção.” (Marx, 2011) Entretanto, sa-
lientou Polese que, parece haver uma diferença qualitativa entre ‘mais pontos de produção’
e ‘maior velocidade de circulação’, já que não há uma correspondência direta entre esses
dois movimentos: ‘mais pontos de produção’ está mais relacionado ao capital em ascen-
são histórica e ampliação do domínio geográfico do planeta, novos mercados a criar e
expansão territorial do sistema. ‘Maior velocidade de circulação’, por sua vez, traz em si a
possibilidade de ocorrer com o capital já tendo saturado seu domínio geográfico planetário,
pois remete a um mesmo mercado de produção/consumo dotado de maior velocidade de
giro do capital. Além disso, diferentemente do que ocorre na segunda, da primeira não
podemos desdobrar - como necessidade - o aumento e predomínio da taxa de utilização
decrescente e suas consequências benéficas para o aumento da velocidade de giro do capi-
tal” [o grifo é nosso] (Polese, 2016).
Capital e capitalismo
Uma característica fundamental (e fundante) do capital é a sua in-
controlabilidade. Desde 1848, Marx e Engels no “Manifesto Comuni-
sta”, caracterizaram como ineditismo histórico da produção do capital
na era moderna, a sua capacidade de revolucionar constantemente as
condições da existência social. Nenhum outro
Trabalho
(Modo de Produção da Vida Material)
A relação-capital
(Capital, Trabalho e Estado)
(mediações de segunda ordem entre o Homem e a Natureza)
Alienação
A Separação entre os Trabalhador e os Meios de Produção
Personas do Capital
Personas do Trabalho
(Trabalhadores Assalariados como Força de Trabalho)
Universalidade
Globalidade
temporalidade extensa
modo rastejante
movimentos contratendenciais
aumento da taxa de exploração
(mais-valia relativa + mais-valia absoluta)
novos mercados
desvalorização do capital constante
(novo imperialismo)
(complexo industrial-militar)
Estado neoliberal
Fundo Público
deslocamentos de contradições
financeirização do capital
acumulação por espoliação
barbarie social
capital constante
C= ____________________ (em termos de valor)
capital variável
A desmedida do valor
Enquanto Marx expõe pela ótica de “O Capital - Crítica da Economia
Política” (1867), o movimento contraditório da lei tendencial de queda
da taxa média de lucro, por outro lado, nos Grundrisse der Kritik der
politischen Ökonomie (em português: “Elementos fundamentais para a
crítica da economia política”, conhecido simplesmente como Grundris-
se) (1858), Marx salientou outra dimensão da maior presença do traba-
lho morto (capital fixo) sobre o trabalho vivo: a desmedida do valor. Ire-
mos considerar como movimento do dupla negativo da relação-capital,
por um lado, a tendência estrutural de queda da lucratividade, que ca-
racteriza o capitalismo global, tendo em vista o aumento da composição
orgânica do capital, que pressiona a taxa média de lucro das corporações
industriais; e por outro lado, o fenômeno da “desmedida de valor”, que
iremos descrever – de modo introdutório - logo abaixo.
Desmedida do valor
(“negação” do capital no interior do capitalismo)
[Autocentramento Exótico]
Financeirização da riqueza capitalista
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