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Introdução
Esta obra está sob licença Creative No outono de 2012, a revista feminista norte-americana
Commons. Signs Journal of Women in Culture and Society publicou um
dossiê – “Comparative Perspective Symposium: Romani
Feminisms” – editado pela acadêmica e militante cigana norte-
americana Ethel Brooks. O dossiê apresenta o desenvolvimento
de uma nova corrente interseccional do feminismo com caráter
transnacional, e junta contribuições de mulheres ciganas e
feministas que pautam direitos e discutem sobre estratégias
de empoderamento, comunidades, estado, exclusão social
etc. O feminismo cigano faz, assim, sua aparição oficial na
cena teórico-política dos feminismos subalternos, impondo
uma redefinição das fronteiras tradicionais do pós-colonial e
das lutas contra a opressão e a discriminação, conjuntamente
marcadas pelas relações sociais de raça, classe e gênero.
Escreve, a este propósito, Ethel BROOKS (2012):
Conclusão
Até aqui, apresentamos o surgimento de um feminismo
cigano como movimento social e de pensamento profun-
damente inspirado na experiência de outros movimentos
feministas de mulheres subalternas e oriundas de contextos
coloniais. A partir das experiências e das reflexões de várias
mulheres romanis, intelectuais e militantes, argumentamos que
este feminismo impõe uma redefinição das fronteiras do pós-
colonial, incluindo contextos e territórios geográficos, políticos
e simbólicos que não costumávamos considerar, anterior-
mente, como associados a esta realidade. É o caso da Europa
Central e do Leste, atravessadas por políticas neoliberais,
racistas e anticiganas, mas onde também se desperta a
consciência e a luta de muitas ativistas e intelectuais de
origem cigana que colocam sua produção no marco do
feminismo romani. Neste sentido, o pós-colonial evoca a
dupla dimensão de uma trama feita de “sítios de dominação
e de sítios potenciais de resistência” (KOZCE, 2008, p. 187).
Na análise destas autoras ciganas, a dupla genea-
logia de raça e gênero e a inseparabilidade das diferentes e
conjuntas formas de opressão constituem um elemento central
para situar a condição das mulheres ciganas. A noção de
interseccionalidade encontra-se valorizada em toda sua força
prático-teórica, rejeitando qualquer versão simplista que a
reduziria ao modelo aditivo, que pensa as diferentes
Referências
ANZALDÚA, Gloria. “La conciencia de la mestiza / rumo a
uma nova consciência”. Revista Estudos Feministas,
Florianópolis, v. 13, n. 3, p. 704-719, 2005.
BERNÁ, David. “De muros y grietas. Análisis desde la raza,
clase y género de la homosexualidad entre los gitanos”.
The Scientific Journal of Humanistic Studies, v. 3, n. 4, p.
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BIDASECA, Karina. “Mujeres blancas buscando salvar a las
mujeres color café de los hombres color café. Reflexiones
sobre desigualdad y colonialismo jurídico desde el
feminismo poscolonial”. In: BIDASECA Karina; LABA,
Vanesa Vazquez. Feminismos y poscolonialidad.
Descolonizando el feminismo desde y en América Latina.
Buenos Aires: Ediciones Godot, 2011. p. 95-118.
BITU, Nicoleta. Romani women and feminism, 2013. Tese
(Doutorado), Departamento de Ciência Política,
Universidade de Bucareste, Bucareste.
[Recebido em 06/07/2015,
reapresentado em 09/04/2016
e aceito para publicação em 25/05/2016]
Redefining the frontiers of the Post-colonial. The Romani Feminism in the XXIst
Century
Abstract: this text tries to introduce the recent phenomenon of Romani Feminism that, from the
beginning of the XXIst century, is spreading in many European countries and in America aiming at
empowering Romani women in their communities and in the majority society. Using an intersectional
perspective articulating gender, race and class, gypsy feminists, activists and academics, discuss
with the most important post-colonial feminist currents, and in particular, with American Black
Feminism and Chicano Feminism. In this view, Romani Feminism invites us to redefine post-
colonial borders, thus emphasizing new spaces of subalternity and of struggles, and crossing
geographic and symbolic lands which we usually think as central and hegemonic.
Key words: Gender; Intersectionality; Post-colonial; Race; Romani Feminism