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Vários são os sintomas dos adolescentes contemporâneos que podemos ler como efeitos
da mudança no simbólico. Eles estão desorientados quanto ao saber, quanto à sua
sexualidade, quanto à sua relação com o outro e com seu corpo. O ponto central é que
eles buscam saídas que não passam pelo Outro, mas pelo apoio em seus semelhantes,
em identificações recíprocas que fundam modos de vida.
Podemos pensar, a partir do texto de Miller que orienta nossa discussão, que essa
multiplicidade de sintomas é também fruto de um trabalho psíquico. Assim, a
adolescência é o tempo de construção de uma nova resposta diante do furo que a
sexualidade faz no real, tal como formula Lacan. Ela é o tempo de despertar dos sonhos,
do pensamento do Outro corpo, e não nos é suficiente dizer que isso é uma
consequência de uma mudança biológica. Trata-se do momento de atualização da
fantasia e de maturação do objeto a – tempo em que o sujeito se defronta com a
impossibilidade de conjunção entre os sexos, com a inexistência da relação sexual. É o
tempo de sintomatização do sexual.
Lacan formulou em seu Seminário 6 que a criança está inteiramente capturada entre os
dois andares do grafo do desejo, no jogo entre o eu do enunciado e o eu da enunciação.
Há um tempo em que o sujeito se conta, mas não se conta como um sozinho. Portanto,
essa operação que diz respeito à enunciação e sua relação com aquele que fala e se conta
é o passo lógico que diz respeito à construção feita na adolescência. Se essa operação
implica no conceito, tal como Lacan formula no Seminário 10, dizendo da maturação do
objeto a na puberdade, algo do que escapa ao saber vai ter que se alojar em outro
campo, para além do inconsciente. Esse passo lógico é o que podemos chamar de
esforço de enunciação, esforço do adolescente de dar lugar e de dizer, das múltiplas e
criativas maneiras que lhe são próprias, algo sobre o indizível.