Resenha do Artigo “A Função das Dúvidas Céticas nas
Meditações de Descartes”, de Flavio Williges, 2007.
Analis Y. Carrizales S.
No presente texto tem como objetivo analisar o artigo “A Função das
Dúvidas Céticas nas Meditações de Descartes” de Flavio Williges, para entender a importância das dúvidas céticas nas Meditações Filosóficas de Descartes e como, através delas, ele tenta estabelecer uma nova metodologia para raciocinar René Descartes, é considerado pai da Filosofia Moderna; ele fez uma revolução no pensamento científico conhecida como Giro Epistemológico, neste o conhecimento não está no objeto instruído, mas dentro do ser que raciocina, um pensamento contrário para essa época; porém a partir dele novas metodologias surgem para estudar o mundo.
Para entender o surgimento das dúvidas em Descartes, é preciso
entender o contexto no qual é desenvolvida a primeira parte da vida dele. Descartes nasceu numa família com primeiro grau de nobreza no ano 1596 e estudou num Colégio Jesuíta, o colégio mais prestigiado da França, tinha como objetivo treinar as melhores mentes, mas ele decepcionou-se com o ensino, porque tudo o que ele aprendia foi feito sem a certeza que ele queria, afirmava que só a matemática demonstrava aquilo que afirma. Em 1641 para ampliar suas afirmações no discurso do Método, ele fez a publicação das Meditações Metafísicas e aqui vamos centrar-nos na primeira meditação.
O artigo de Williges, quer sustentar que as dúvidas céticas, devem ser
entendidas como uma espécie de exercício mental proposto como expediente para desconfiar dos sentidos e preparar o leitor das Meditações para a apreensão de verdades acessíveis à luz da razão. A análise feito está apresentado em quatro seções, na primeira intitulada “As dúvidas céticas e a epistemologia contemporânea”, o autor quer estabelecer as diferenças contextuais das dúvidas céticas no momento no qual Descartes usa, na Primeira Meditação, e como elas são usadas na era contemporânea. Além disso, o autor defende a tese do que “a dúvida tinha a pretensão fragilizar nossa confiança nos sentidos e preparar o leitor para a apreensão de verdades acessíveis à luz da razão” (p.105), e que foi usada por Descartes para propor um “exercício meditativo ”, diante o qual se teria a incerteza do saber se a realidade exterior é verdade ou está na imaginação, concluindo que para chegar ao conhecimento não é possível confiar nos sentidos.
Na seção dois, “A dupla função da dúvida nas Meditações”, estabelece-
se a dúvida sobre as coisas materiais como um recurso para que a nossa mente o espírito que é o encarregado do raciocínio, não seja dissociada dos sentidos. Do igual modo, o método analítico faz uso delas, e tem como “função especial de remover os obstáculos que poderiam atrapalhar o caminho reflexivo seguido pelo investigador em direção às primeiras verdades” (p. 111), e que segundo o autor, Descartes, diz que é mediante o emprego das dúvidas céticas.
Esta seção é um pouco contraditória porque para encontrar as primeiras
verdades é preciso das dúvidas céticas no método analítico, por em quanto nós estaríamos expressando que eles só têm uma função, tirar as não certezas da nossa mente.
Nas “Meditações filosóficas”, seção três, Williges sublinha que
historicamente, as meditações faziam referência ao público que queria fixar um modo de vida diferente o queriam sua salvação, no momento de Descartes escrever seu livro, o público tentava se encontrar com Deus; o autor através de uma citação explica como Descartes, em Segundas Respostas (resposta feita a objeções do livro por parte do intelectuais desse momento), usa as meditações acima de disputas, questões, teoremas ou problemas, como era o hábito de filósofos e geômetras, com a intenção de que o leitor pensara seriamente nas coisas com atenção.
E, por último, na seção “A matéria como extensão, a ciência moderna
e a epistemologia cartesiana”, o autor pega alguns escritos de Descartes diferentes das meditações, em que ele defende sua proposta de Física acima da Aristóteles, nesta o mundo exterior será concebido só através da mente o espírito e isso faz ela “altamente instrumental em destruir os princípios de Aristóteles”, segundo Margareth Wilson. A proposta da Física cartesiana mudaria a concepção da realidade e do conhecimento do mundo exterior, nesta aos mecanismos da ação humana não alteram o mundo físico (res extensa), que “aparece submetido às regras de comportamento impostas pela necessidade natural, ele nada mais é que o conjunto de leis e princípios que a própria ciência geométrica é capaz de extrair dos fenômenos”(p. 112). Não há dúvidas de que Descartes, precursor do realismo, presentou uma novidade durante o tempo, mas a sua proposta, não avançou naquele momento porque tinha muitas contradições e muita proximidade ao ceticismo. Apesar disso, no presente artigo, o autor Flavio Williges, faz uma análise muito interessante usando apenas as dúvidas céticas para criar essa forte diferenciação, bem como pegando cartas e outros textos para fornecer a visão do leitor e que ele poda entender a filosofia do conhecimento de Descartes.