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ONCOLOGIA 2016
Arlindo Ugulino Netto.
OSTEOSSARCOMA
INCIDÊNCIA
O osteossarcoma ou sarcoma osteogênico é o segundo tumor ósseo maligno mais comum, vindo atrás do
mieloma múltiplo e corresponde a 21% entre as neoplasias malignas do esqueleto. É um tumor raro para adultos e, para
crianças, acomete apenas 5% destas. Conclui-se que a maior incidência do osteossarcoma ocorre durante a
adolescência (entre 12 e 15 anos).
Os tumores ósseos maduros têm incidência anual de, aproximadamente, 8,7 casos por milhão de crianças e
adolescentes com menos de 20 anos. O osteossarcoma é o mais frequente dentre os tumores, representando 56% deles
nas primeiras duas décadas de vida, seguido pelo tumor de Ewing. Estima-se que haja cerca de 350 novos casos de
osteossarcoma no Brasil por ano.
Com relação aos tumores infantis, o osteossarcoma ocupa a 6ª posição de incidência, seguindo a seguinte
ordem: (1) leucemias; (2) tumor cerebral (consiste no tumor sólido mais frequente); (3) linfoma; (4) neuroblastoma (que
acomete, principalmente, a glândula suprarrenal); tumor de Wilms (tumor renal); (6) tumor ósseo.
SÍTIO DE LOCALIZAÇÃO
Seu local de origem primária é habitualmente a zona medular da região metafisária dos ossos longos. O tumor
acomete principalmente a região do joelho, mais especificamente, o fêmur distal e a tíbia proximal, acometendo, em
segundo plano estatístico, o úmero. Ossos chatos, tais como os da pélvis, tórax e ossos do crânio podem estar
envolvidos. O sarcoma osteogênico que adquire uma forma esclerosante, tem um prognóstico pior de sobrevivência.
Na maioria das vezes, o surgimento do tumor ósseo é acompanhado por um histórico de queda ou trauma direto
no local de origem da lesão, devendo sempre o médico saber diferenciar este quadro oncológico de uma fratura.
Contudo, na maioria das vezes, o trauma não apresenta relação com a carcinogênese, mas por instinto, o indivíduo
tende a relatar a dor a um trauma.
Em virtude de sua enorme facilidade em disseminar para os pulmões e ossos, a cura é raramente obtida apenas
com tratamento cirúrgico. Esse tumor metastatiza, preferencialmente, por via hematogênica para os pulmões. Cerca de
80% dos pacientes já têm doença micrometastática distante por ocasião do diagnóstico. A propagação via linfática é
extremamente rara.
OBS: Geralmente, o osteossarcoma está relacionado a quadros de fraturas patológicas, isto é, lesões ósseas que não
estão diretamente ligadas ao trauma, mas como consequência de uma doença previamente instalada, em que ocorre
afecção óssea e superprodução de células ósseas sem capacidade de adesão. Portanto, por estar mais vulnerável a
lesões, a região acometida pelo osteossarcoma, na grande parte das vezes, está associada a fraturas traumáticas.
OBS²: No advento da presença de uma fratura patológica, dificilmente o oncologista é capaz de manter a estrutura
anatômica do osso intacta. Isso porque, devido à fratura e à riqueza de vasos sanguíneos neoformados na região,
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facilmente as células tumorais dispersas pela fratura ganham a circulação. Por esta razão, a primeira indicação em
casos de fratura patológica é a amputação por dois motivos: (1) o primeiro, já explicado, seria a facilidade de
disseminação do tumor devido à vasta presença de vasos na região da lesão (causando metástase) e; (2) em segundo
plano, o fato de a medula amarela óssea ser rica em células adiposas que, facilmente, podem causar embolia pulmonar
gordurosa. Depois da amputação, o paciente pode ser encaminhado para a quimioterapia. Em poucos casos, a
amputação pode ser substituída por um tratamento conservador, que consiste na substituição do osso por uma prótese.
Este tratamento, contudo, é muito pouco utilizado devido aos seus inconvenientes.
OBS³: O tumor, quando localizado no esqueleto axial (crânio ou ossos do tronco), oferece um maior risco de progressão
e levar a óbito. Um dos fatores é a dificuldade de sua detecção precoce por não haver sinais de inchaço ou edema
comuns dos tumores de epífises ósseas apendiculares. Geralmente, cursa apenas com dor.
DIAGNÓSTICO E EXAMES
Semiologicamente, as queixas mais frequentes são dor local (por distensão do periósteo e seus nervos álgicos),
aumento de volume, calor (devido à angiogênese), dilatação das veias subcutâneas e limitação da movimentação, uma
vez que o osterossarcoma tem como local primário preferencial os ossos das extremidades (fêmur, tíbia, úmero e pelve).
Esses sinais forçam o paciente a claudicar (mancar) na maioria das vezes.
Diagnóstico diferencial com trauma, osteomielite e artrose, é muitas
vezes causa do retardo na indicação da biópsia. A confusão que se faz entre o
osteossarcoma e essas demais entidades patológicas é decorrente do edema,
do hematoma e do calor que acontece nessa região.
Portanto, à radiografia simples, lesões líticas ou blásticas na região
metafisária, rompimento cortical com invasão de partes moles, intensa
neoformação óssea subperiosteal, elevação de espículas do periósteo formando
o triângulo de Codman, são as características radiológicas mais frequentes.
Seguindo estes parâmetros, faz-se a biópsia que, em caso positivo, sugere o
tratamento imediato dessa neoplasia.
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OBS : A reação periosteal está frequentemente presente e tem uma aparência
de "raios de sol" no exame radiológico. Pode haver também o conhecido
"triângulo de Codman", achado radiológico do osteossarcoma bastante
importante, que representa o levantamento do periósteo, ocasionado pelo
crescimento do tumor. O triângulo de Codman, constituído por espículas ósseas
neoformadas a partir do periósteo levantado e dispostas perpendicularmente à
superfície óssea, embora não patognomônico, é um dos sinais radiológicos
característicos da doença.
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OBS : A metástase salteada (skip metastasis) é outro achado radiológico importante para detectar o acometimento do
osso nesta doença. Consiste na presença de outros focos tumorais espalhados ao longo do mesmo osso (e não de um
osso à distância), sendo facilmente detectada por meio da tomografia axial computadorizada.
EXAMES LABORATORIAIS
Há um interesse relativo nos exames laboratoriais no diagnóstico e prognóstico dos pacientes com
osteossarcoma central. O nível sérico da fosfatase alcalina, que indica a atividade osteoblástica, é de relativo valor e
pode estar grandemente elevado. No entanto, valores normais não afastam o osteossarcoma central, nem tampouco, na
evolução, significam cura do processo. Atualmente estão sendo realizados estudos prospectivos para se estudar a
dosagem da fosfatase alcalina diretamente no tecido neoplásico.
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Cintilografia óssea: a cintilografia do esqueleto com tecnécio é de valia no diagnóstico da extensão do tumor no
osso comprometido, além de auxiliar no diagnóstico das metástases salteadas (skip metastasis) e das
metástases em outras regiões do esqueleto (em caso de tumores poliostóticos).
Ressonância nuclear magnética: é o padrão ouro para diagnóstico do osteossarcoma. A ressonância nuclear
magnética é de grande valor no diagnóstico da invasão extra-óssea dos tecidos circundantes do tumor e é de
extrema valia no estadiamento pré-operatório. Além disso, este exame é importante por permitir a visualização e
a eventual comparação entre os feixes vasculares e nervosos subjacentes à lesão, favorecendo uma melhor
margem cirúrgica durante o tratamento e diminuindo os casos de recidiva do tumor após a cirurgia.
Tomografia axial computadorizada: a TAC é de grande valor na avaliação da destruição e produção óssea. O
grau de extensão extra-óssea e a relação com os planos fasciais vizinhos são demonstrados com precisão por
este exame. Metástases salteadas maiores do que 2 mm podem ser diagnosticadas pela TAC, informação
imprescindível no planejamento cirúrgico. A tomografia é, conhecidamente, padrão ouro para avaliação de
metástases pulmonares, fornecendo informações bastante relevantes quanto ao prognóstico e estadiamento do
tumor ósseo. Avalia ainda o estado da cortical do osso.
BIÓPSIA
A biópsia deve ser feita para obter-se o diagnóstico anatomopatológico. De preferência, deve ser feita pelo
mesmo ortopedista que vai operar o tumor. A biópsia deve ser realizada por meio de agulha fina para evitar perdas de
massa das estruturas subjacentes à lesão e, assim, perder qualidade de margem cirúrgica.
Frequentemente, biópsia mal realizada provoca uma extensão extracompartimental de uma lesão a princípio
intracompartimental, formação de hematoma e complicações na cicatrização da ferida da biópsia.
Neste diagnóstico, há uma grande variedade de padrões histológicos relacionada ao fato de que o
osteossarcoma origina-se de células tronco-mesenquimais. A presença do tecido osteoide é essencial para o
diagnóstico: histologicamente, o tumor se caracteriza pela proliferação de tecido osteoide, imaturo a partir de
osteoblastos. Assim, os tipos histológicos mais encontrados e sua aproximada proporção estão assim distribuídos: (1) o
osteossarcoma convencional de alto grau se inicia na medula óssea, no entanto, mais raramente, o osteossarcoma pode
se apresentar nas variedades (2) para-osteal e (3) periosteal (superfície do osso), e nessas localizações, muitas vezes,
apresenta-se como de baixo grau de malignidade.
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OBS : Sabe-se que o osteossarcoma tem origem nas células tronco-mesenquimais capazes de se diferenciar em tecido
fibroso, cartilaginoso ou ósseo. Por isso, dependendo do tecido para o qual a célula-tronco mesenquimal iria se
diferenciar, o osteossarcoma poderá apresentar variedades histológicas. Por esta razão, quanto a sua histologia, o
osteossarcoma convencional apresenta as seguintes variedades: osteoblástico (50%), condroblástico (25%),
fibroblástico (15%), telangectásico (3%) e osteossarcoma de pequenas células (mais raro).
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
O diagnóstico clínico e radiográfico do osteossarcoma central deve ser confirmado, enfim, pela biópsia, se
possível percutânea com trefinas, antes do tratamento definitivo.
Calo ósseo, osteomielite sub-aguda, miosite ossificante ativa, cisto ósseo aneurismático e granuloma eosinófilo
são algumas das condições benignas que podem facilmente ser confundidas com o osteossarcoma central. Entre as
lesões malignas, o tumor de Ewing, o fibrossarcoma e o carcinoma metastático são lesões que devem ser consideradas
no diagnóstico diferencial.
OBS7: Sarcoma de Ewing. O sarcoma de Ewing é o segundo tumor ósseo maligno mais comum na infância e na
adolescência. Na maioria dos pacientes, o sintoma de apresentação é a dor. Dois terços apresentam massa palpável e febre, o
que inicialmente induz ao diangóstico errônio de osteomielite. Mais comumente, o tumor primário origina-se na diáfise dos
ossos longos e 40% originam-se no esqueleto axial incluindo a pélvis, as vértebras e a parede torácica. Ao raio X, a lesão pode
ser lítica, blástica ou mista, com a presença ou não do triangulo de Codman. Na tomografia, observa-se uma lesão diafisária
em aspecto de “casca de cebola” (diferentemente do aspecto de raios de Sol do osteossarcoma). O sarcoma de Ewing é
tratado usando-se quimioterapia pré-operatória com posterior cirurgia ou radioterapia e quimioterapia pós-operatória. As drogas
usadas são adriamincina, vincristina e ciclofosfamida. As cirurgias, na maioria das vezes, são: ressecção segmentar e
reparação com placa e enxerto de osso esponjoso ou endoprótese não convencional. A radioterapia é indicada para
acometimento de ossos não dispensáveis (esqueleto axial, osso ilíaco), não passíveis de ressecção com margem oncológica.
Em casos de suspeita de sarcoma de Ewing, é aconselhável iniciar um tratamento com antibiótico (caso seja, na realidade,
osteomielite), mas não se deve dispensar uma radioimagem do local da lesão acompanhada, de preferência, com biópsia.
Diferentemente dos osteossarcomas, a radioterapia é eficaz contra o sarcoma de Ewing.
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CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
O osteossarcoma clássico ou central costuma ocorrer em adolescentes e adultos jovens. Aproximadamente
metade dos osteossarcomas centrais ocorre na região do joelho, sendo a extremidade distal do fêmur a localização mais
frequente.
O osteossarcoma central costuma acometer a região metafisária de um osso longo; o tumor costuma
permanecer na metáfise, sem atravessar a placa de crescimento e sem acometer a epífise. Há, no entanto, exceções e
às vezes podemos encontrar osteossarcomas epifisários. Além disso, as lesões diafisárias e as dos ossos chatos não
são incomuns. Assim como em outros tumores ósseos, os sintomas não são específicos. A presença de dor e de uma
massa é frequente. Pode haver aumento de temperatura e a presença de veias do subcutâneo dilatadas pelo
crescimento do tumor.
Os sintomas costumam estar presentes vários meses antes do diagnóstico definitivo. Raramente a criança
apresenta comprometimento do estado geral, mesmo nos osteossarcomas de grande tamanho.
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OBS : Algumas considerações gerais devem ser feitas sobre o osteossarcoma, uma vez que elas podem interferir no
diagnóstico do ponto de vista clínico:
O osteossarcoma pode surgir como uma segunda neoplasia, isto é, surgir de forma associada a um tumor
primário (que classicamente, com relação ao osteossarcoma, é o retinoblastoma) que já teria sido previamente
tratado por radioterapia. Esses dois tumores muito se assemelham quanto a sua origem cromossômica, podendo
ser essa a explicação de relação entre ambos. Além disso, o tratamento radioterápico para o retinoblastoma e
sua área de sombra serve ainda como explicações, ainda não claras, para esta relação.
Mesmo depois de tratado, o osteossarcoma pode sofrer recidivas depois de um período que varia entre anos ou
mesmo meses.
FORMAS DE OSTEOSSARCOMAS
Existem várias formas de osteossarcoma:
Osteossarcoma clássico ou central: desenvolve-se no interior do osso;
Osteossarcoma justacortical: desenvolve-se junto ao periósteo, relacionado ao tecido conetivo periosteal;
Osteossarcoma endosteal: é uma forma recém-descrita de osteossarcoma que tem origem no endósteo,
dentro do osso; é uma forma maligna de baixo grau que cresce lentamente e metastatiza tardiamente;
Osteossarcoma telangiectásico: é uma forma maligna de alto grau que mostra pouca ou nenhuma evidência
de ossificação, sofrendo necrose, degeneração cística e fraturas patológicas devido a seu rápido crescimento;
Osteossarcoma secundário à irradiação: é uma forma maligna de alto grau que se desenvolve alguns anos
depois de radioterapia, geralmente nas áreas de "sombra" da aplicação;
Osteossarcoma secundário à doença de Paget: não é encontrado em crianças, sendo responsável por um
pico de incidência nas faixas etárias mais avançadas.
Estadio II: depois da retirada do tumor, apresenta restos microscópicos na região acometida, mas sem metástase
e sem linfonodos acometidos.
o IIa)T2N0N0
o IIb)T2N0M0
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Estadio III: depois da retirada do tumor, apresenta restos macroscópicos na região acometida, mas sem
metástase. Quando o tumor ultrapassa os 12 cm de diâmetro.
De forma diversa de outras neoplasias, o planejamento terapêutico e a classificação dos pacientes portadores de
osteossarcoma baseiam-se principalmente na identificação de fatores prognósticos. Destes, os principais e os que mais
interferem no desfecho dos pacientes portadores de osteossarcoma ao diagnóstico são:
Ressecabilidade: quanto mais ressecado o tumor (com margens menos comprometidas), melhor será o
prognóstico. A ressecção completa oferece taxas de 70% de sobrevida em cinco anos, enquanto que os
pacientes que permanecerem com margens com resíduo macroscópico apenas 15% sobreviverão.
Presença de metástase: para estadiamento inicial, são necessários
tomografia de tórax (padrão ouro para avaliação pulmonar), mapeamento
ósseo com tecnécio, tomografia ou preferencialmente ressonância
nuclear magnética do tumor primário. Quando o paciente tem metástase
pulmonar, ele ainda vai operar o tumor, faz quimioterapia e pode ainda
retirar os nódulos do pulmão desde que não seja mais que 5 nódulos. A
sobrevida é de 5 anos após o termino do tratamento. O osteossarcoma
tem maior afinidade pelo parênquima pulmonar, sendo assim deve-se
analisar a extremidade do pulmão por que o tumor vai por via
hematogênica e então ele vai ficar preso nos locais mais finos dos vasos
e lá ele vai crescer. Para verificar se tem metástase no pulmão deve-se
fazer uma tomografia computadorizada.
Extensão do tumor: comprometimento de estruturas adjacentes (invasão de feixes vasculonervosos, ou
articulações), o que piora o prognóstico.
Grau de necrose: o grau de necrose corresponde à resposta histológica do tumor ao tratamento e, portanto, é
desejável. Podemos graduá-lo em: grau I e II (menos de 90% de necrose) e graus III e IV (mais de 90%, o que
significa que o tumor respondeu bem ao tratamento e só resta cerca de 10% da massa a ser tratada).
Tamanho do tumor: quando maior que 12 cm de diâmetro ou maior que um terço do osso, o prognóstico é
péssimo;
Localização do tumor nas extremidades oferece prognóstico mais favorável.
Idade: abaixo de 10 anos de idade o prognóstico com relação à qualidade de vida piora.
Surgimento de tumor para-osteal, isto é, que cresce do lado de fora do osso (não causa tanta dor). Piora o
prognóstico.
Aumento de fosfatase alcalina que, quanto maior suas concentrações no sangue, maior seria o tumor, piorando
o prognóstico.
TRATAMENTO
O tratamento do osteossarcoma de alto grau, sempre depende de quimioterapia e cirurgia com remoção total
do tumor com margens livres de doença. De um modo geral, este tipo de tumor não responde à radioterapia pois as
doses que o tornaria radiossensível são altíssimas e maléficas ao paciente (podendo lesar e necrosar as estruturas
subjacentes, como músculos e feixes vasculonervosos). Contudo, o sarcoma de Ewing é sensível à radioterapia (em
doses com cerca 5000 a 6000 cGy a menos que o necessário para tratar osteossarcomas convencionais).
A ressecção incompleta praticamente inviabiliza o resultado favorável, resultando em recorrência. Desta forma,
no planejamento a equipe cirúrgica pode optar por amputação ou desarticulação se as condições locais não permitem a
ressecção com preservação do membro (invasão de feixe vasculonervoso, grande extensão para partes moles,
comprometimento articular importante), o que pode ocorrer nos tumores volumosos tardiamente diagnosticados.
Contudo, vale salientar que em 50% dos casos que foram submetidos à ressecção cirúrgica completa, o tumor recidiva.
Portanto, é necessário manter uma quimioterapia para alcançar a cura e evitar recidivas.
Com a associação de quimioterapia pré-operatória, que promove muitas vezes uma diminuição importante nas
dimensões dos tumores oferece tempo para a confecção das endopróteses não convencionais, foi possível utilizar as
cirurgias de conservação do membro (endopróteses, enxertos autólogos, enxertos de banco de ossos). Deve-se, no
entanto, ressaltar que neste grupo o número de recidivas locais para esses pacientes foi elevada. A quimioterapia prévia
diminui as chances de metástase e aumenta as chances de conservação do membro.
A poliquimioterapia, que inclui os períodos pré o pós-operatório, embasada principalmente na combinação de
metotrexato (em alta dose), cisplatina, doxorrubicina e ciclofosfamida, oferece um enorme impacto favorável na evolução
dos pacientes com osteossarcoma.
Importante esforço tem sido feito para o desenvolvimento de alternativas de tratamento biológico. Assim,
diferentes linhas de pesquisa buscam encontrar agentes que possam atuar sobre a expressão de genes controladores
do ciclo celular (erb2), mecanismos de resistência a drogas, agentes inibidores de metotrexato, bons ativadores de
ifosfamida (p450), ativadores de apoptose, que serão provavelmente mecanismos utilizados de forma mais intensa no
futuro, associados à quimioterapia e à cirurgia.
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PLANEJAMENTO DE TRATAMENTO
Em resumo, temos que o plano de tratamento para o osteossarcoma central consiste em:
Estadiamento e biópsia para se ter o diagnóstico definitivo;
Quimioterapia neo-adjuvante pré-operatória, com metotrexate em altas doses endovenoso ou epirrubicina,
carboplatina, ifosfamida endovenosas, num total de 4 ciclos, o que leva aproximadamente 12 semanas. As
principais vantagens da quimioterapia pré-operatória são: a redução do edema, a diminuição do tamanho do
tumor e o efeito sobre as micro-metástases;
Cirurgia, que pode ser ablativa (amputação) ou de preservação do membro (ressecções, endo-próteses, homo-
enxertos), dependendo da resposta do tumor ao tratamento pré-operatório, da localização da lesão, da idade do
paciente e da perspectiva de crescimento da extremidade;
Quimioterapia pós-operatória: 6 ciclos, aplicados em um período de aproximadamente 15 semanas após a
cirurgia. A manutenção ou não do esquema de quimioterapia ou o acréscimo de novas drogas depende da
resposta histológica do tumor à quimioterapia pré-operatória.
Considerando a resposta do tumor ao tratamento, segundo Huvos, temos os seguintes graus de necrose:
Grau I: aquela na qual houve mínimo ou nenhum efeito da quimioterapia pré-operatória no tumor;
Grau II: a resposta foi parcial com 50 a 90% de necrose;
Grau III: houve mais do que 90% de necrose, mas focos de tumor viável são vistos em algumas lâminas;
Grau IV: onde não se encontrou nenhuma área de tumor viável.
Nos Graus I e II de resposta à quimioterapia pré-operatória, os agentes quimioterápicos são trocados, enquanto que
nos graus III e IV, o esquema é mantido. Esta individualização efetivamente melhorou a compreensão do prognóstico e
das diferenças de sobrevida nos pacientes.
Apesar do tratamento quimioterápico neo-adjuvante ser realizado em todos os pacientes elegíveis, nem sempre é
possível a realização de uma cirurgia de preservação do membro ("limb salvage").
TRATAMENTO ORTOPÉDICO
Amputação: Cirurgia indicada nos pacientes com osteossarcomas de grande tamanho (maior que 12 cm de
diâmetro); quando o tumor compromete o osso em grande extensão; nos casos de localização inadequada ou
nos de lesões com importante comprometimento vasculonervoso; em pacientes de baixa idade (menor que 10
anos, mesmo com boa resposta ao tratamento oncogênico); para aqueles tumores que alcançaram as junções
articulares; para aqueles que se complicaram por infecção. A amputação deve ser realizada com margens de
segurança em tecido ósseo e nos tecidos moles. Muitas vezes o tumor no nível do osso permite a amputação
transmedular, mas o comprometimento das partes moles junto à articulação obriga a realização da
desarticulação. O ideal é deixar nas extremidades uma margem óssea de segurança de aproximadamente 5 cm
e margens de no mínimo 5 cm para os tecidos moles.
Cirurgia de preservação do membro (cirurgia conservadora): A decisão de manter o membro, obriga a
ressecção de todo o tumor, a preservação da função sempre que possível, e também manter as mesmas
margens de segurança antes referidas, quando não for possível deve ser feita a amputação. As ressecções em
bloco são possíveis em ossos considerados dispensáveis, como: clavícula, costelas, um dos ossos do
antebraço, a fíbula, ossos da mão ou do pé. Na região das raízes dos membros, na cintura escapular, a
manutenção é mais difícil.
Auto-enxerto: é utilizado nas ressecções de osteossarcomas pequenos. Em vários pacientes de pouca idade
utiliza-se a reconstrução do defeito criado após a ressecção do osteossarcoma, com o auto-enxerto da fíbula
ipso ou contralateral, vascularizada ou não. Geralmente, aplica-se uma placa de titânio para auxiliar a fixação do
enxerto.
Homoenxerto: é uma técnica útil, principalmente quando se trata de crianças, que têm nas endopróteses
indicação restrita. Principalmente para os tumores metadiafisários, é a técnica que se tem mostrado de grande
valia.
Endopróteses: desenvolvidas com o aparecimento da possibilidade de preservação dos membros,
preencheram lacuna importante no tratamento desses pacientes. Não são indicadas em pacientes com tumores
grandes, ou aqueles que acometem extensamente o canal medular, e nos casos de invasão dos tecidos moles
ou nos tumores que comprometem o feixe vasculonervoso, mesmo nos casos com boa resposta ao tratamento
quimioterápico pré-operatório.
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OBS : A sobrevida do portador de osteossarcoma varia dependendo de alguns fatores dos quais a metástase é o
principal: 60 a 70% de sobrevida para aqueles pacientes que não apresentam metástase; e 30 a 50% de sobrevida (ao
longo de 5 anos) para aqueles que apresenta metástase.