Sei sulla pagina 1di 5

COMPORTAMENTO

Eles fazem a cabeça dos jovens


Professores universitários de formação e intelectuais com respeitável
currículo, Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal e Mário Sérgio
Cortella se tornaram os maiores pensadores contemporâneos do
Brasil, com uma legião de seguidores nas redes sociais e milhões de
livros vendidos
Fabíola Perez
30/09/16 - 18h00 - Atualizado em 07/10/16 - 19h36
303K
* Confira vídeos com os três pensadores no final da matéria
Eles têm um desafio complexo: transformar as ideias de Sócrates,
Friedrich Nietzsche e William Shakespeare em pílulas de
conhecimento para milhões. Essa é a missão que o professor Clóvis
de Barros Filho, o historiador Leandro Karnal e o filósofo Mario Sergio
Cortella têm cumprido com bom humor e ironia, despertando o
interesse de pessoas em todo o País. Em projetos conjuntos, ou
separados, eles lançam livros e lotam auditórios com palestras sobre
ética, religiosidade, felicidade e morte. Atualmente, são os mais
requisitados pensadores para democratizar o conhecimento filosófico,
antes restrito a uma parcela da população e agora abordado com
graça e ousadia até mesmo nas redes sociais. Cortella publicou mais
de 30 livros e vendeu mais de um milhão de exemplares. Karnal é
conhecido como “o pensador pop” e se reveza entre as aulas na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entrevistas a
programas de televisão e conversas com seus mais de 500 mil
seguidores na internet. Barros Filho decidiu levar o conteúdo de ética
que ministrava na Universidade de São Paulo a diferentes públicos
em empresas de todo o País e do exterior. “Queremos abalar um
pouco nossas certezas cristalizadas, balançar nossas estruturas para
pensar sobre a vida”, diz Cortella. “As pessoas estão desejosas de
compreenderem as coisas sem necessariamente serem adestradas
em uma só direção.”
Mas o que os três pensadores têm em comum? Clóvis, Karnal e
Cortella saíram das salas de aula das universidades para falar para
públicos cada vez maiores sem a ajuda de grandes aparatos
tecnológicos. A habilidade com a palavra e com os gestos os ajuda a
traduzir a filosofia clássica para milhões de brasileiros e ainda passear
por temas atuais como intolerância, corrupção, gestão do
conhecimento e preconceito. Para se ter ideia do alcance desses
escritores, Barros Filho e Karnal lançaram, em junho, o livro
“Felicidade ou Morte” e três meses depois já ocupam o terceiro lugar
entre os mais vendidos, com 6,8 mil exemplares. No Youtube, trechos
em que os autores comentam a obra já alcançaram quase 300 mil
visualizações. Há algumas semanas, Cortella, Karnal e outros
filósofos lançaram o “Verdades e Mentiras: Ética e democracia no
Brasil”, com o objetivo de debater a política e o papel do cidadão na
sociedade. Com temas diversificados, os três filósofos percorrem o
Brasil – e, às vezes, até em outros países – para dar conta de uma
agenda de em média 20 a 30 palestras ao mês, centenas de
entrevistas e participações em programas de televisão e a divulgação
de lançamentos editoriais. Na esteira de tantas produções, o objetivo
desses pensadores é estimular o público a pensar sobre questões da
atualidade com independência.
“A iniciativa privada e o setor público também
descobriram o poder de comunicação do trio”
As palestras, os vídeos e as obras de Clóvis, Karnal e Cortella vêm
encontrando cada vez mais eco na sociedade. O público não se
restringe somente aos universitários. Hoje, os três são convidados
para falar a empresários de diversos setores. Clóvis, por exemplo,
passou 11 anos se dividindo entre salas de aulas e conferências.
Agora, há mais de seis meses, começou a se dedicar somente às
palestras, que chama de inspiracionais. “Talvez esteja faltando a
busca pela compreensão da vida como ela é, no trabalho, no
cotidiano e na esfera familiar”, diz ele que rejeita a alcunha de
pensador e prefere se definir como alguém que faz e incita reflexões
sobre o mundo do trabalho. Não raro, Clóvis, Karnal e Cortella veem
alguns de seus livros serem chamados de literatura de autoajuda.
Isso ocorre porque, entre os temas que abordam, estão assuntos
relacionados ao indivíduo, como felicidade, medos, morte, religião,
trabalho e liderança. Os três autores concordam que o nicho de
autoajuda no Brasil pode ser renovado e é a isso que se propõem.
Para os filósofos, as pessoas precisam ser incentivadas a pensar
sobre o mundo em que vivem. E é nesse gargalo editorial que o trio
ganha força.
“Cada um faz, em média, mais de 300 palestras por ano”
ROTINAS ESPARTANAS
Leandro Karnal, 53 anos, é o mais pop entre os três. Mas está longe
de manter uma rotina de celebridade. Ele tem por hábito acordar às
4h30 para ir à academia. Na sequência, já começa a se dedicar às
aulas de história na Unicamp. Gaúcho nascido em 1963, na cidade de
São Leopoldo, ele se mudou para a capital paulista aos 24 anos e
concluiu o curso de doutorado em História Social pela Universidade
de São Paulo (USP). Apesar de ter se tornado um especialista em
religiões, ele transita bem por diferentes áreas do conhecimento e se
define apenas como um professor que ganhou mais alunos. “Não
quero discípulos, quero ter gente que se inquiete comigo e pessoas
pensem, formulem seus próprios conceitos e busquem embasamento
para eles.” São pensamentos como este que transformaram a
admiração pelo pensador em uma espécie de “Karnalmania” e fazem
mais de 500 mil pessoas pararem alguns instantes para lerem seus
textos nas redes sociais.

Nascido em Ribeirão Preto, em São Paulo, o professor Clóvis de


Barros Filho, 50 anos, vem falando sobre felicidade, confiança,
motivação, ética e amor pelo trabalho a milhões de brasileiros. Em
apenas alguns meses de dedicação exclusiva às palestras, o professor
e jornalista já é ouvido em países da América Latina e da Europa. Em
um de seus livros mais vendidos, “A vida que vale a pena ser vivida”,
que alcançou a marca de 200 mil exemplares e mais de 300 mil
visualizações no YouTube, Barros Filho reúne pensamentos sobre o
sentido da existência. “A vida acontece de segunda a sexta, com
angústias e alegrias. É preciso ocupar espaços em que nos
alegremos”, afirma. Cada palestra de Barros Filho reúne, em média,
500 pessoas, mas quando ocorrem em espaços abertos ao público
esse número já chegou a três mil.

Paranaense de Londrina, Mario Sergio Cortella, 62 anos, divide seu


tempo de um jeito metódico. Acorda todos os dias às 4h30 para
escrever. Professor e educador há mais de 30 anos, ele leva no bolso
do paletó a agenda de compromissos do dia e da semana. Além das
mais de 300 palestras anuais, gosta de fazer churrasco para a família
nas horas livres. Quem conversa com ele por alguns instantes, logo
percebe o prazer que sente em ajudar a formar opiniões. “Preciso
fazer uma reflexão sobre a filosofia, sem banalizá-la. Isso exige de
mim um esforço que muito me agrada.” Com 19 anos, Cortella viveu
a experiência de viver em um convento. Na Ordem dos Carmelitas
Descalços, desenvolveu a disciplina que o rege até os dias de hoje.
Aos 22 anos se tornou professor da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo. Hoje, mais distante das salas de aula, revela que os
dois temas mais procurados em suas palestras são referentes à ética,
no âmbito privado e na política. “As pessoas têm a necessidade de
estar sempre de prontidão para uma formação e, especialmente,
descobrir como lidar com cenários turbulentos”, diz ele. Um de seus
recordes de audiência em público ocorreu neste ano, em Belo
Horizonte, em Minas Gerais, quando uma palestra sobre felicidade
reuniu cinco mil pessoas em um espaço para 1,5 mil participantes.
Com esse talento único, Cortella, Clóvis e Karnal estão reinventando
a filosofia e levando uma legião de brasileiros a outro patamar de
conhecimento.

Potrebbero piacerti anche