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A frase acima é uma das mais cortantes, proferida por Jesus aos chefes
religiosos. Os cobradores de impostos e as prostitutas constituíam as duas
classes de pessoas mais odiadas e que sofriam maior pre-conceito na sociedade
religiosa de seu tempo.
Com sua presença e ternura Jesus quebra as atitudes preconceituosas que
delimitam friamente os espaços e alimentam proibições que impedem a
manifestação da vida.
Jesus provoca um grande escândalo nos seus ouvintes, sobretudo entre os fariseus, sacerdotes e anciãos
do povo, que se consideravam superiores aos outros, perfeitos cumpridores da lei, e portanto, merecedo-
res da atenção de Deus.
Eles apresentavam-se como modelos para o povo, porque viviam atraídos por um Deus que somente eles
encontravam. É duro viver ao lado de um fundamentalista, porque igualmente duro é seu “deus”.
Jesus, pelo seu modo de ser e pela sua pregação, toca as profundezas da vida.
Ele convive, a maior parte de seu tempo, com aqueles que não tinham lugar
dentro do sistema social-religioso existente. Ele se coloca ao lado dos excluídos
e dos últimos da história: acolhe os “imorais” (prostitutas e pecadores), os
“marginalizados” (leprosos e doentes), os “hereges” (samaritanos e pagãos),
os “colaboradores” (pu-blicanos e soldados), os “fracos e os pobres” (que não
tem poder nem saber); os que não tem lugar passam a ser incluídos.
Jesus se revela “excêntrico” com relação aos sistemas, poderes e costumes de
seu tempo, e isto numa dupla dimensão: - o centro, para Jesus, está nas margens,
- os marginalizados e excluídos são trazidos por Ele para o centro.
No seu “exceder-se”, Jesus abraçou diferenças e novos horizontes. O Seu ministério ultrapassou as
fronteiras. Convidou-nos a tomar consciência da ação de Deus em lugares e pessoas que estamos
inclinados a evitar: cobradores de impostos, doentes, prostitutas, pecadores e pessoas de todos os tipos,
que eram marginalizadas e excluídas. Jesus “deslocou” Deus do Templo para as periferias.
Como água que dá vida a todo aquele que tem sede, Jesus mostrou-se interessado por todas as zonas
áridas do Seu mundo. O Reino de Deus, que pregava constantemente, tornou-se uma visão de um mundo
onde todas as relações são reconciliadas em Deus.
E foi nas “fendas da humanidade” que o próprio Jesus revelou o novo rosto do Pai e entrou em
comunhão com Ele. Jesus nos aponta o Deus presente e atuante nos meandros de nossa história, de nossas
feridas, de nossos fracassos...; Aquele que não tem vergonha de se aproximar e de se misturar com a
pobreza e a fragilidade dos seus filhos; é o Deus santo que mergulha e santifica toda nossa existência.
Ele se revela como um “Deus errante”, que corre ao encontro daqueles que estão perdidos.