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compromisso com você
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Editorial
Caros colegas,
A Escola de Veterinária e o Conselho Regional
de Medicina Veterinária de Minas Gerais, frente aos
desafios da mudança do clima, trazem nesta edição
informações sobre a contribuição da agropecuária
na emissão dos gases promotores do efeito estufa e
a sua potencialidade de fixação de carbono.
Discussões dessa natureza vêm sendo aprofun-
dadas na medida em que as consequências da emis-
são dos gases do efeito estufa afetam à sociedade.
Um número expressivo de estudos evidencia
que a mudança do clima é uma realidade e que a so-
ciedade precisa rever os seus padrões de consumo e
dos modelos atuais de desenvolvimento.
Os inventários sobre as emissões dos gases que
promovem o efeito estufa colocam o setor agrope-
cuário como um dos principais emissores desses ga-
ses e que há necessidade de tecnologias para mitigar
os impactos provocados por essas emissões.
Universidade Federal
de Minas Gerais Com este Cadernos Técnicos espera-se que es-
Escola de Veterinária sas informações contribuam com as ações dos pro-
Fundação de Estudo e Pesquisa em
Medicina Veterinária e Zootecnia fissionais das ciências agrárias e produção animal
- FEPMVZ Editora
Conselho Regional de no dia a dia e adotem as tecnologias que reduzam a
Medicina Veterinária do
Estado de Minas Gerais emissão e amplie a fixação do carbono.
- CRMV-MG Prof. Antonio de Pinho Marques Junior
www.vet.ufmg.br/editora Editor-Chefe do Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (ABMVZ) -
CRMV-MG nº 0918
Correspondência:
FEPMVZ Editora
Prof. José Aurélio Garcia Bergmann
Caixa Postal 567 Diretor da Escola de Veterinária da UFMG - CRMV-MG nº 1372
30161-970 - Belo Horizonte - MG Prof. Marcos Bryan Heinemann
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CADERNOS TÉCNICOS DE
VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
Edição da FEPMVZ Editora em convênio com o CRMV-MG
Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária e
Zootecnia - FEPMVZ
Editor da FEPMVZ Editora:
Prof. Antônio de Pinho Marques Junior
Editor do Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia:
Prof. Marcos Bryan Heinemann
Editor convidado para esta edição:
Prof. Adauto Ferreira Barcelos
Revisora autônoma:
Angela Mara Leite Drumond
Tiragem desta edição:
10.100 exemplares
Layout e editoração:
Soluções Criativas em Comunicação Ldta.
Impressão:
O Lutador
Compromisso Potencial de
Processo Tecnológico (aumento de área/ Mitigação
uso) (Tg CO2eq)
2,0 milhões
R. de Pastagens Degradadas* 15,0 milhões de ha 13,3%
de ha
0,26 milhão
I. Lavoura-Pecuária-Floresta** 4,0 milhões ha 6,5%
de ha
0,15 milhão
Fixação Biológica de Nitrogênio4 5,5 milhões ha 2,7%
de ha
0,76 milhão de
Tratamento de Dejetos Animais6 4,4 milhões m3 17,3%
m3
Nota: *Recuperação de Pastagens Degradadas e ** Integração Lavoura-Pecuária–Floresta.
Recursos Número
Estados Financeiros (R$ % de %
milhões) Projetos
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Bactérias metanogênicas
Metbanobacterium ruminanum
Figura 1. Principais rotas de fermentação de carboidratos no rúmen e seus produtos finais. Adaptado
de Valadares Filho e Pina (2006).
Plantas: polissacarídios
Celulose, hemicelulose, pecna, amido
Hidrólise por bactéria, fungo ou protozoário
Açúcar
H₂ Fermentação
Piruvato
Fermentação
H₂
H₂ Succinato H₂ Lactato
H₂ Formiato
CO₂
CO₂ H₂
H₂
metanogênese
Acetato Burato Propionato CH₂
3. Redução da emissão de metano pelos ruminantes: o papel de aditivos, fatores nutricionais e alimentos 53
indesejáveis pela colonização do subs- resposta à suplementação com A. oryzae
trato, produção de nutrientes e outros parece ser maior no início da lactação
fatores de crescimento estimuladores do que no meio ou fim (Wallentine et
de microrganismos desejáveis no trato al., 1986; Kellems et al., 1987; Denigan
digestivo, produção ou estímulo de en- et al., 1992). De acordo com Huber et
zimas, metabolismo ou detoxificação al. (1985), uma maior produção de leite
de compostos indesejáveis, estímulo de ocorreu quando a suplementação com
resposta imune no animal hospedeiro, fungos esteve associada a uma dieta
produção de nutrientes (aminoácidos, com maior quantidade de concentrado
vitaminas) ou outros fatores estimula- na dieta.
dores do crescimento do animal hos- Levedura (Saccharomyce cerevisiae):
pedeiro (Fuller, 1989). O exemplo de As leveduras são fungos unicelulares, es-
maior sucesso de manipulação da fer- pecialmente do gênero Saccharomyces,
mentação ruminal com a inoculação de tradicionalmente utilizados na fermen-
bactérias é a inativação do 3-hidroxi- tação do açúcar para consumo huma-
-4(H)-piridona (DHP) pela bactéria no e ultimamente empregados como
Synergistes jonesii, isoladas de cabras aditivos em suplementos alimentares
do Havaí foram adaptados à forrageira para ruminantes. Na média, os dados
tropical Leucaena leucocephala ( Jones e publicados indicam que os aditivos mi-
Megarrity, 1986). Essa forrageira con- crobianos apresentam efeito positivo
tém um aminoácido não proteico cha- sobre a produção de leite e o ganho de
mado mimosina, que, quando consumi- peso numa magnitude semelhante aos
da por animais não adaptados, o DHP ionóforos (7% de aumento) (Wallace e
liberado no rúmen causa efeitos gastro- Newbold, 1993). Alterações no consu-
gênicos no animal. O organismo S. jone- mo de alimento, na fermentação rumi-
sii responsável pela detoxicação, quando nal e na digestão são as prováveis res-
inoculado e estabelecido no rúmen de ponsáveis pelo aumento na produção.
animais australianos, conferiu proteção Os mecanismos pelos quais a levedura
à toxicidade do DHP (Allison et al., favorece o aumento da população de
1990). Extratos e culturas vivas dos fun- bactérias ainda não estão bem estabe-
gos Aspergillus oryzae e, principalmente lecidos, podendo ser consequência de
de Saccharomyces cerevisiae, também são um aumento na remoção de O2 do am-
explorados como agentes de manipula- biente ruminal (Newbold et al., 1996),
ção ruminal. A utilização de Aspergillus pois se sabe que as bactérias celulolíticas
oryzae na dieta tem gerado muito inte- são extremamente sensíveis ao oxigênio.
resse, mas existem poucas informações Segundo afirmam Roger et al. (1990), a
sobre o modo de ação de Aspergillus. A remoção do oxigênio adsorvido pelas
54 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 74 - setembro de 2014
partículas de alimento que entram no fornecem vitaminas que favorecem o
rúmen pode contribuir para melhorar crescimento de Neocallimastix frontalis
a colonização do substrato e aumentar (Chaucheyras et al., 1995b) e de proto-
a digestibilidade, uma vez que o oxigê- zoários no rúmen de novilhos alimen-
nio é prejudicial à ligação das bactérias tados com palha (Plata et al., 1994), os
ao substrato, sugerindo que a suplemen- quais contribuem para o aumento na di-
tação com levedura fornece fatores de gestão da fibra. Em adição, a suplemen-
crescimento solúveis, como ácidos or- tação com levedura pode estimular uma
gânicos, vitamina B e aminoácidos, que espécie de bactéria acetogênica “hidro-
são exigidos por certos grupos de mi- geniotrópica” hábil em usar o H2 para
crorganismos (Guerzoni e Succi, 1972). produção de acetato, em condições in
Extratos aquosos de S. cerevisiae estimu- vitro (Chaucheyras et al., 1995c). Essas
laram, em culturas puras, o crescimen- bactérias estão presentes em grande nú-
to e a atividade das bactérias utilizado- mero no rúmen de bezerros recém-nas-
ras de lactato (Nisbet e Martin, 1991; cidos, antes do estabelecimento da me-
Chaucheyras et al., 1995a, Rossi et al., tanogênese (Morvan et al.,1994), e em
1995). A causa desse estímulo parece bovinos alimentados com dietas com
ser o elevado conteúdo de ácido dicar- baixo volumoso (Leedle e Greening,
boxílico, principalmente ácido málico, 1988). Nas condições normais do rú-
nas leveduras (Nisbet e Martin, 1991), men, essas bactérias utilizam ineficien-
que serve de intermediário para a trans- temente o H2.
formação de lactato em propionato. Apesar da observação de que o im-
Dessa forma, o pH mais elevado, pacto do uso de levedura ou monensina
ou mais estável, pode colaborar para o na produtividade e nos parâmetros de
maior número de bactérias celulolíticas fermentação ruminal de vacas leiterias
e aumento na digestão da fibra com a foi pequeno, sugere-se que as leveduras
suplementação com culturas de fungos possam ser uma melhor opção quando
(Arambel e Klent, 1990; Mathieu et al., utilizadas em vacas com maior potencial
1996). Esse fato explica também o in- de consumo de matéria seca e/ou ine-
cremento observado na produção e pro- rente capacidade para produção de pro-
porção de propionato no rúmen (Miller- teína do leite. Já a monensina pode ser
Webster et al., 2002). Pelo efeito no pH mais apropriadamente usada em vacas
ruminal, trabalhos têm sugerido que os com menor potencial de consumo e/ou
efeitos das leveduras têm sido melhores inerente capacidade para produzir pro-
em dietas com alto concentrado em que teína do leite.
o pH é geralmente menor (Williams et β-glucana na dieta: Os efeitos
al.,1991; Mir e Mir, 1994). As leveduras benéficos da ingestão continuada de
3. Redução da emissão de metano pelos ruminantes: o papel de aditivos, fatores nutricionais e alimentos 55
β-glucana podem diminuir os riscos de a produção de saliva e a ruminação,
doenças crônicas em humanos e ani- além de ser fonte de nutrientes, como
mais. Em estudo sobre a atividade bio- proteínas e minerais. Visando potencia-
lógica de polissacarídeos da parede ce- lizar a utilização dos alimentos fibrosos
lular de S. cerevisiae na alimentação de pelos ruminantes, pesquisas têm sido
suínos, Kogan e Kocher (2007) ressal- realizadas com o intuito de aumentar a
taram a importância do efeito protetor digestibilidade da MS. Uma das formas
da β-glucana ao organismo pelo estímu- encontradas para esse fim é aumentar a
lo ao sistema imune comum de muco- quantidade de enzimas fibrolíticas pre-
sas, que são áreas permanentemente sentes dentro do rúmen e do intestino,
expostas a patógenos. A β-glucana tem o que pode ser conseguido por meio da
se destacado entre os ingredientes utili- suplementação com enzimas fibrolíticas
zados para produção de alimentos fun- exógenas. A maioria das preparações
cionais (Tokunaka et al., 2002; Ramesh; comerciais enzimáticas é um produto
Tharanathan, 2003). Fragmentos ob- da fermentação fúngica, predominan-
tidos a partir dessa macromolécula, os temente das espécies Trichoderma e
oligossacarídeos, podem atuar como Aspergillus, e bacteriana, principalmente
prebióticos estimulando seletivamente Bacillus. A celulose e hemicelulose são
o crescimento de bactérias do trato in- os principais alvos das enzimas fibrolí-
testinal, e servindo de fonte energética ticas celulases e hemicelulases, respec-
para a microflora benéfica (Przemyslaw; tivamente. A aplicação de enzimas exó-
Piotr, 2003). genas a rações concentradas para vacas
Desde a descoberta das proprieda- leiteiras aumentou a eficiência alimen-
des benéficas da β-glucana para animais tar em 6 a 12%, dependendo do nível de
e humanos, inúmeros processos de iso- adição.
lamento e purificação desse polissacarí-
deo têm sido desenvolvidos (Freimund 4. Considerações finais
et al., 2003). No ecossistema anaeróbio do rú-
Enzimas fibrolíticas: O papel ele- men, os microrganismos fermentam
mentar dos volumosos é fornecer fi- carboidratos e proteína para obterem
bra, que é fonte de carboidratos usados nutrientes necessários para seu cresci-
como energia pelos microrganismos mento. Muitos dos produtos finais des-
ruminais. Os ácidos graxos voláteis pro- sa fermentação, como os ácidos graxos
duzidos durante o processo de fermen- voláteis e a proteína microbiana, são as
tação ruminal são a principal fonte de principais fontes de nutrientes (energia
energia para o animal. A fibra também e nitrogênio) para o ruminante. Em con-
é essencial para estimular a mastigação, trapartida, outros produtos da fermen-
56 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 74 - setembro de 2014
tação, como calor, metano e amônia, 2. ALLISON, M.; HAMMOND, A.C.; JONES, R.J.
Detection of rumen bacteria that degrade toxic
representam perdas de energia e prote- dihydroxypridine compounds produced from
ína do alimento para o ambiente. Vários mimosine. Appl. Exp. Microbiol., v.56, p.590-594,
1990.
aditivos apresentam potencial para ma-
3. ARAMBEL, M. J., KENT, B. Effect of yeast culture
nipular o ambiente ruminal, diminuin- on nutrient digestibility and milk yield response in
do a excreção de compostos nitrogena- early- to midlactation dairy cows. J. Dairy Sci., v.73,
p.1560- 1563, 1990.
dos e a emissão de metano, que, além de 4. CHAUCHEYRAS, F. et al. Effects of a strain of
representarem ineficiência do processo Saccharomyces cerevisiae (Levucell SC), a micro-
bial additive for ruminants, on lactate metabolism
fermentativo do rúmen, se constituem in vitro. Canad. J. Microbiol., v.42, p.927-933, 1995a.
em importantes fontes de poluição am- 5. CHAUCHEYRAS, F. et al. Effects of live
biental. Dentre os aditivos, com exceção Saccharomyces cerevisiae cells on zoospore ger-
mination, growth, and cellulolytic activity of the
dos ionóforos, já se conhece o mecanis- rumen anaerobic fungus. Neocallimastix frontalis
mo de ação, mas ainda existe a necessi- MCH3. Current Microbiology, v.31, p.201-205,
1995b.
dade de mais estudos para estabelecer
6. CHAUCHEYRAS, F. et al. In vitro H2 utilization
níveis adequados de suplementação, in- by a ruminal acetogenic bacterium cultivated alone
terações aditivo:microbiologia com os or in association with an Archaea Methanogen is
stimulated by a probiotic strain of Saccharomyces
demais componentes da dieta, tipo de cerevisiae. Appl. Environ. Microbiol., v.61, p.3466-
dieta, tipo de animal e, principalmente, 3467, 1995c.
ação em longo prazo. Porém, a maioria 7. DENIGAN, M.E.; HUBER, J.T.; ALDHADRAMI,
G.; AL-DEHNEH, A. Influence of feeding varying
dos efeitos e mecanismos de ação foi es- levels of Amaferm on performance of lactating
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tabelecida in vitro, e a confirmação dos
8. DESWYSEN, A.G. Effect of monensin on volun-
resultados deve ser feita in vivo, determi- tary intake, eating and ruminating behavior and ru-
nando a resposta na produção animal e men motility of heifers fed corn silage. J. Anim. Sci.,
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estabelecendo a relação custo:benefício
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3. Redução da emissão de metano pelos ruminantes: o papel de aditivos, fatores nutricionais e alimentos 59
4. Melhoria da
eficiência ruminal:
Inoculação de
bactérias
Heloisa Carneiro1,*, PhD - CRMV-MG ZO512
Marcio Roberto Silva1, Dr. - CRMV-MG 5558
Ernesto Vega Canizares2, Dr. Veterinário
Letícia Scafutto de Faria3
Gabrielle Dantas Sampedro3
* Email para contato: heloisa.carneiro@embrapa.br
1
Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite
2
Pesquisador do Centro Nacional de Sanidad Agropecuaria, Mayabeque, CUBA
3
Estagiária da Embrapa Gado de Leite
Plantas: polissacarídios
Celulose, hemicelulose, pecna, amido
Hidrólise por bactéria, fungo ou protozoário
Açúcar
H₂ Fermentação
Piruvato
Fermentação
H₂
H₂ Succinato H₂ Lactato
H₂ Formiato
CO₂
CO₂ H₂
H₂
metanogênese
Acetato Burato Propionato CH₂
nal18,19, porém os métodos moleculares res, tais como a espécie animal e a dieta,
têm frequentemente encontrado den- afetam a quantidade e a diversidade das
sidades metanogênicas de 109 ou supe- archaea do rúmen, além de outros fato-
res, tais como o meio ambiente, estágio
rior20. Cerca de 0,3 a 3,3% de sequências
fisiológico e idade do animal.
recuperadas de rDNA (16S e 18S), a
partir do rúmen, pertenciam ao domí-
nio Archaea21,22, e a maioria era Archaea
4. Como inicia o processo
metanogênicas23, com baixa densidade
de colonização do rúmen
e diversidade. As técnicas moleculares, de recém-nascidos?
tais como impressões digitais DGGE, Ao nascer, o trato digestivo do
mostraram um número limitado de ban- recém-nascido é estéril, mas é rapida-
das (<15) para cada animal, para rúmen mente colonizado por uma microbiota
de bovinos e ovinos24,25,26,27,28. Além dis- complexa, e essa colonização segue vá-
so, apenas sete espécies foram isoladas rias sucessões de ecologia microbiana. A
pela cultura. colonização do rúmen tem sido estuda-
4. Melhoria da eficiência ruminal: Inoculação de bactérias 65
da principalmente através de técnicas de hidrogênio é eficaz nas primeiras horas
culturas31, e as abordagens moleculares de vida. No entanto, o seu número dimi-
só recentemente foram aplicadas32,33. Por nuiu enquanto aumentavam as Archaea
conseguinte, a diversidade taxonômica metanogênicas, o que indica que eles
e funcional da microbiota ruminal dos não podem autocompetir por H2 com
pré-ruminantes, bem como os fatores as metanogênicas H2 para limpesa34.
que controlam a sua criação ecológica, Observou-se o aparecimento de fungos
não são bem conhecidos. Bactérias celu- no rúmen durante a primeira semana
lolíticas cultiváveis aparecem durante os de vida em cordeiros35. Os protozoários
primeiros dias de vida e atingem 107-108 são os últimos a colonizar o rúmen, pois
células/mL no sétimo dia31, estando, as- requerem de antemão que a microbiota
sim, presentes em níveis populacionais bacteriana já esteja bem estabelecida36.
bem antes do desmame. Archaea me- Os protozoários Entodinium foram os
tanogênicas também foram detectados primeiros a colonizar e permaneceram
por métodos de cultura durante os três como gênero dominante na maioria dos
primeiros dias de vida em cordeiros, e animais36.
o seu estabelecimento, seguido das B.
celulolíticas34. Trabalhos recentes mos- 5. Como funcionam
traram que Archaea já estavam presen- as interações entre as
tes nos cordeiros nas primeiras 15 horas metanogênicas e outras
de vida, mas não puderam ser cultivadas populações microbianas
nas condições testadas32. Da mesma for-
ma que os adultos, M. ruminantium foi a
no rúmen?
espécie dominante nas primeiras horas O metano, no rúmen, é formado
de vida . Assim, os autores sugeriram
19,32 principalmente pelas Archaea hidroge-
que as metanogênicas adquiridas após o notróficas que ainda reduzem o CO2,
nascimento são mantidas durante todo utilizando H2 e, em certa medida, como
o desenvolvimento do rúmen e da vida. formiato de doadores de elétrons.37
Bactérias hidrogenotróficas são ca- Hungate demonstrou que cerca de 18%
pazes de utilizar o hidrogênio como um de metano no rúmen é formado a partir
agente redutor, ou seja, de formiato, e a maior
homoacetogênicas e parte do restante é for-
O metano, no rúmen, é
sulfato-redutoras são mado a partir de H2. As
formado principalmente
rapidamente coloniza- outras duas vias meta-
pelas Archaea
das no rúmen do re- nogênicas (acetoclásti-
hidrogenotróficas que
cém-nascido, sugerin- ca e metilotrófica) po-
ainda reduzem o CO2,
do que a produção de dem ocorrer no rúmen,
utilizando H2.
66 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 74 - setembro de 2014
mas a sua contribuição para a produção tanto os metanogênicos como os proto-
de metano é menor38. Metanogênese zoários42. A remoção de hidrogênio per-
é, portanto, dependente da disponi- mite a fermentação de matéria orgânica,
bilidade de CO2 e H2 no rúmen. Uma principalmente, para formar o acetato e
interação positiva foi observada entre o CO2 à custa da produção de butirato e
os microrganismos produtores de H2 e lactato, resultando na produção de ATP
Archaea metanogênicas. mais eficiente pelo protozoário hospe-
deiro. Segundo Tokura et al. (1997)43,
6. Como funciona os protozoários também produzem uma
a transferência de quantidade considerável de formiato
hidrogênio entre as que também pode ser utilizado, em par-
Archaea metanogênicas, te, como um substrato para a produção
de metano. Os fungos ruminais também
protozoários e fungos? possuem hidrogenossomas específicos
As Archaea metanogênicas associa- para a produção de H2, e co-cultura de
das com protozoários podem represen- fungos e os metanogenos levaram a uma
tar até 25% do metano produzido no mudança nos produtos finais da fermen-
rúmen39. Diversos mecanismos podem tação, bem como no aumento na degra-
explicar a contribuição de protozoários dação da celulose pelos fungos. Isso in-
e a metanogênese: eles são altos pro- dica uma transferência eficaz benéfica
dutores de hidrogênio e servem como de H2 para ambos os microrganismos44.
hospedeiros das Archaea metanogênicas Os protozoários do rúmen não são
e as protegem da toxicidade do oxigê- essenciais para o animal, pois animais
nio. O hidrogênio é um defaunados (remoção
subproduto da fermen- As Archaea de protozoários do rú-
tação, que é produzida metanogênicas associadas men) usam uma gran-
em grandes quantida- com protozoários podem de variedade de técni-
des pelos protozoários representar até 25% do cas químicas e físicas,
em uma equivalente metano produzido no e têm sido amplamente
organela especializada rúmen. utilizados para estudar
para a mitocôndria dos o papel de protozoá-
eucariotas aeróbios: rios ciliados ruminais
o hidrogenossoma. Esse hidrogênio é e suas funções, e em particular o seu
utilizado pelos metanógenos endo e envolvimento na produção de metano.
ecto simbiótico40,41. Essa interação é Uma diminuição média de 10% de me-
um exemplo típico de transferência de tano é observada após defaunação, mas
hidrogênio inter-espécies, que favorece esse valor pode variar dependendo da
34. MORVAN, B.; DORE, J.; RIEU-LESME, F., 44. BAUCHOP, T.; MOUNTFORT, D.O. Cellulose
et al. Establishment of hydrogen-utilizing bac- fermentation by a rumen anaerobic fungus in
teria in the rumen of the newborn lamb. FEMS both the absence and the presence of rumen-
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1103-1110, 1981.
35. FONTY, G.; GOUET, P.; JOUANY, J.P., et al.
Establishment of the microflora and anaerobic 45. MORGAVI, D.P.; FORANO, E.; MARTIN, C., et
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Microbiology, v. 133, p. 1835-1843, 1987. ruminants. Animal, v. 4, p. 1024-1036, 2010.
50. WOLIN, M.; MILLER, T.; STEWART, C., 1997. 60. FIEMS, L.O; COTTYN, B.G; DUSSERT, L;
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Ecosystem, Chapman & Hall, London, pp. fed different types of diets. Reprod Nutr Dev, v.33,
467-491. p.43-49, 1993
51. CHAUCHEYRAS-DURAND, F.; MASSEGLIA, 61. FIEMS, L.O; COTTYN, B.G; BOUCQUÉ, CH.V.
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tion of the cellulolytic flora on the development formance and rumen fermentation in beef bulls.
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The effect of Saccharomyces cerevisiae on ruminal
52. MARTIN, C.; MORGAVI, D.P.; DOREAU, M. fermentation in dairy cows. Czech J. Anim. Sci, v.50,
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63. DOBICKI, A.; PREŚ, J.; ZACHWIEJA, A. et al.
53. ATTWOOD, G.T.; ALTERMANN, E.; KELLY, Influence of yeast preparations on chosen bio-
W.J., et al. Exploring rumen methanogen geno- chemical blood parameters and the composition
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166-167, 65-75,2011.
64. LOMAS, E.; PUPIALES, M.L. Efectos de cuatro
54. BUDDLE, B.M.; DENIS, M.; ATTWOOD, niveles de Saccharomyces cerevisiae como aditivo
G.T., et al. Strategies to reduce methane emis- alimentício en vacas del tropico para mejorar la
sions from farmed ruminants grazing on pasture. produccion lechera en la Provincia de Imbabura,
The Veterinary Journal, v. 188, p. 11-17, 2011. Canton Cotacachi, sector San Jose de Magdalena.
Informe Final de Tesis, Previo a la obtención del
55. WRIGHT, A.-D.G.; KLIEVE, A.V. Does the com- Título de Ingeniería Agropecuaria, 2007. 177p.
plexity of the rumen microbial ecology preclu-
MANEJO AMBIENTAL
Uso codiano de conhecimentos, prácas e tecnologias que sustentem o eficiente uso de
nutrientes e insumos, conservem os recursos naturais e propiciem a adequação legal da avidade.
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Clima
Condições sanitárias
do rebanho
Custo de produção
da criação
Paisagem
Figura 2. Potenciais impactos que as produções animais podem causar nas dimensões ambientais, so-
ciais e econômicas.
Caracteríscas de
Ferlidade do Solo
(Análise de Ferlidade
do Solo)
TEMPO CERTO LOCAL CERTO
(Condições Climácas) (Aspectos Agronômicos e Legais)
Erva-Mate 2,5
SUÍNOS
kg de N ano-1 2.897,40 1.448,70 - 1.406,30 1.448,70
kg de P2O5 ano-1 2.368,50 1.421,10 - 78,90 947,40
AVES
kg de N ano-1 735 367,50 - 2.487,50 367,50
kg de P2O5 ano -1
798 478,80 - 1.021,20 319,20
BOVINOS DE LEITE
Balanço da Propriedade
Hidrólise
Acidogênese
Acetogênese
Metanogênese
Metano + CO₂
Tratamento de
626 635 635 623 619 611 608
Efluentes
Compostagem 15 75 80 75 73 75 76
N2O 12 20 21 21 21 22 22
Tratamento de
águas residuais 11 14 15 16 16 16 16
domésticas
Compostagem 1 6 6 6 5 6 6
7. Emissão de gases de efeito estufa pela pecuária e ação mitigadora da integração lavoura pecuária 113
de 30 milhões de hectares de pastagens imobilizada 2/3 do tempo com lavoura
serão ocupados pela agricultura, espe- e 1/3 com pecuária e silvipastoril, em
cialmente soja, milho, cana-de-açúcar e que a população de árvores é reduzida,
eucalipto. as projeções elevam a área necessária
Strassburg et al.4 realizaram um estu- para atender à demanda, mas os dois se-
do prospectivo para investigar se a me- tores, pecuária e lavouras, são atendidos
lhoria na produtividade das pastagens (Tab. 1). Vale lembrar que a capacidade
cultivadas (115 milhões ha) liberaria de suporte atual das pastagens no Brasil
terra suficiente para atender à produção ainda é muito baixa e um aumento de
de carne, lavouras, madeira e biocom- 50% nessa capacidade pode ser obtido
bustíveis, respeitando as limitações eda- somente com melhorias no manejo das
foclimáticas de cada região e incluindo pastagens. Tomando-se como base um
os impactos previstos das mudanças rebanho de 200 milhões de cabeças e
climáticas. Tomando como base as pro- a área de pastagens de 170 milhões de
dutividades atuais, eles concluíram que hectares, tem-se uma taxa de lotação de
um aumento de 49 a 52% na capacidade 1,18 animais/ha, considerando-se todas
de suporte das pastagens, mantendo-se as faixas etárias do rebanho. Em unida-
as taxas atuais de crescimento de pro- des animais (UA=450 kg de peso vivo)
dutividade do rebanho, haveria terras por hectare, essa taxa de lotação é mais
suficientes para atender à demanda de baixa.
lavoura e produtos florestais sem neces-
sidade de conversão de nenhum ecos- Pecuária bovina brasileira
sistema natural. Adotando-se sistemas O rebanho bovino brasileiro pro-
integrados de produção, como sistema porciona o desenvolvimento de dois
lavoura-pecuária, em que a terra fica segmentos lucrativos: as cadeias produ-
7. Emissão de gases de efeito estufa pela pecuária e ação mitigadora da integração lavoura pecuária 115
um faturamento de US$ 3,404 bilhões Emissão de gases de
e volume negociado de 762 mil tonela- efeito estufa (GEE) pela
das. É o maior faturamento da história pecuária
já registrado em um primeiro semestre.
Os números são 13,3% (faturamento) Recentemente o IPCC publicou
o relatório com o total de emissão dos
e 12,7% (volume) superiores aos re-
GEE decorrentes das ações antropogê-
gistrados no mesmo período do ano
nicas no período de 1970 a 2010 (Fig.
passado – faturamento de US$ 3,004
1). O total emitido no mundo em 2010
bilhões e volume exportado de 675,7 alcançou 49 Gt CO eq./ano7. Apesar do
2
mil toneladas6. investimento nas políticas de mitigação
Apesar dos avanços que o Brasil das mudanças climáticas, as emissões
vem apresentando na pecuária, a pro- continuaram a crescer. O IPCC alerta
dutividade ainda é muito baixa. A que o ritmo de crescimento anual na dé-
criação de bovinos é feita em bases cada 2000-2010 (2,2%) foi maior que
empíricas, caracteri- nas décadas anteriores
zando a atividade, na A criação de bovinos é de 1970-2000 (1,3%). O
maioria das proprie- feita em bases empíricas, total de CO2 relacionado
dades, como extrati- caracterizando a aos combustíveis fós-
vista, particularmente atividade, na maioria seis representou a maior
em relação ao uso do
das propriedades, contribuição e, do pon-
como extrativista, to de vista percentual,
pasto. Nesse aspecto,
particularmente em cresceu nos últimos 40
os pecuaristas não se relação ao uso do pasto. anos de 55% para 65%.
apropriaram das tec- Com origem no metano,
nologias disponíveis, a contribuição é de 16%
como tem ocorrido na agricultura. E do CO equivalente, mas a contribuição
2
não é por falta de tecnologia que isso percentual reduziu de 19% para 16% en-
ocorre, pois o Brasil dispõe de bom tre 1970 e 2010, indicando que essa fon-
número de pesquisadores nos diversos te de gases cresceu menos que as outras
biomas brasileiros e de bom volume fontes. A mesma tendência seguem os
de pesquisas em produção de bovinos. gases oriundos de queima de florestas,
Prova disso é que se encontram nichos turfas e outros usos do solo (FOLU),
de criação, tanto de gado de corte quan- com forte declínio no percentual de
to de leite, que aplicam altíssimos níveis contribuição, de 17% para 11%. Isso
se deve grandemente ao decréscimo
de tecnologia, com produtividade equi-
nas taxas de desmatamento e aumento
valente à de países desenvolvidos.
116 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 74 - setembro de 2014
do plantio de florestas processos industriais se
O setor pecuário mundial
cultivadas. A atividade devem à cadeia de su-
apresenta emissões
agropecuária, ao lado primentos e produção
estimadas em 7,1 Gt CO2
da atividade florestal, de concentrados e vo-
eq./ano, representando
pode exercer importan- lumosos para alimentar
14,5% das emissões de
te papel nas políticas de os animais, parte para
GEE induzidas pelo
mitigação dos GEE, ao o processamento e dis-
homem.
reduzir o desmatamen- tribuição dos produtos
to, implantar áreas flo- oriundos da cadeia. Até
restais e melhorar o manejo dos cultivos mesmo parte dos gases relacionados à
e áreas de pastagem e na restauração de derrubada e queima da floresta e do uso
solos orgânicos. do solo se deve à expansão da atividade
Das emissões apresentadas na pecuária, mas as pressões da sociedade
Figura 1, pode-se atribuir parte dos ga- e da fiscalização pelo poder público vêm
ses gerados na forma de N2O e CH4 à reduzindo essas contribuições.
atividade pecuária, associadas ao ma- Segundo a FAO2, o setor pecuário
nejo de dejetos e ao metano entérico. mundial apresenta emissões estimadas
Se incluirmos toda a cadeia de produ- em 7,1 Gt CO2 eq./ano, representando
ção, parte dos combustíveis fósseis e 14,5% das emissões de GEE induzidas
60
2,0%
50 F-Gases
Emissões de GEE (GtCO2 eq/ano)
6,2%
1,3% 16%
40 0,81% N₂O
7,4% 6,9%
0,44% 11%
18% 16%
7,9%
30 CH₄
0,67% 19% 13%
7,9% 16%
18% 17%
20 FOLU
15%
65%
62%
10 59% combusveis
55% fósseis e
58%
processos
0 industriais
1970 1980 1990 2000 2010
Figura 1. Total anual de emissões antropogênicas de GEE entre 1970 a 2010 (Gt CO2 eq./ano), no ano
de completar a década, e o percentual de contribuição de cada grupo de gases no interior das barras
(F-Gases = gases fluorados, FOLU = CO2 oriundo de florestas e outros usos do solo). (Adaptado.)7
7. Emissão de gases de efeito estufa pela pecuária e ação mitigadora da integração lavoura pecuária 117
pelo homem. A produ- eq./ano ou 5,65% do
No Brasil, houve emissão
ção e o processamento total das emissões.
de 1,25 Gt CO2 eq.8, o
de alimentos para os No Brasil, tomando
que representa 2,5% do
animais respondem por como base os dados de
total mundial.
41% das emissões do se- 2010, houve emissão
tor pecuário, o metano de 1,25 Gt CO2 eq.8, o
entérico, por 39%, estocagem e manejo que representa 2,5% do total mundial
de dejetos, por 10%, sendo o restante relativamente aos dados mundiais de
devido ao processamento e transpor- 49 Gt CO2 eq./ano, apresentados pelo
te de produtos animais. A produção de IPCC7. Observa-se forte oscilação nas
carne bovina contribui com 41% des- emissões brasileiras, associadas prin-
se total, enquanto a produção de leite cipalmente ao uso da terra e florestas
de vaca contribui com 20% das emis- (Fig. 2). Esse efeito decorre das ações
sões do setor. A produção de carne su- de controle de desmatamentos e quei-
ína contribui com 9%, e a produção de madas conduzidos na região Norte
carne de aves e de ovos contribui com do Brasil. Sinaliza que o Brasil pode
8%. Considerando-se apenas o meta- exercer intenso controle no fluxo de
no entérico, colocado pela mídia como emissões de GEE apenas com ações
o vilão da pecuária bovina, observa-se de combate ao desmatamento, con-
que a contribuição não é tão alarmante, forme sinalizado na Figura 2. Somente
estimada em 39% das emissões do setor nos últimos cinco anos a redução de
pecuário, o que equivale a 2,77 Gt CO2 emissões nesse setor foi de 76,0%. Os
1.500
Tratamento
1.000 de resíduos
Energia
500
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Tg = milhões de toneladas
Figura 2. Emissões brasileiras de gases de efeito estufa no período de 1990 a 2010 em eq. CO28.
da ordenha, fica mais fácil, ou para ani- tações de vacas mestiças meio-sangue
mais de corte em confinamento, mas holandês/gir na Fazenda Experimental
essa prática ainda é pequena no Brasil de Felixlândia, da EPAMIG, durante
e somente em parte da vida o animal 10 anos, obtiveram uma média de pro-
é mantido preso. Vale lembrar que os dução de 3.587 kg de leite/lactação. A
bovinos de corte representam 75% do alimentação das vacas consistia em pas-
metano entérico emitido pela pecuária to de capim braquiária no verão e sila-
bovina. gem de milho ou cana-de-açúcar+ureia
Segundo o documento da FAO2, no período seco. Além da alimentação
tecnologias e práticas que podem ajudar volumosa, as vacas eram suplementadas
a reduzir as emissões existem, mas não com concentrado numa relação média
são amplamente usadas. A intensidade de 0,33 kg /kg de leite produzido. Nesse
120 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 74 - setembro de 2014
patamar de produção, as emissões de PN+sal proteinado+energia (Tab. 2).
GEE por kg de leite produzido ficariam O tempo necessário do nascimento ao
abaixo de 2 kg CO2 eq/kg de leite, se- peso de abate variou de 840 dias (pas-
gundo a análise de Gerber et al.9, valor to natural) a 485 dias (PNM+sorgo). A
muito próximo daquele obtido com va- capacidade de suporte variou de 930 kg
cas de alta produção, em torno de 7.000 PV/ha (azevém+sorgo) a 397 kg PV/ha
a 9.000 kg/ano (Fig. 3). (PN). Esses ganhos de produtividade
No caso da pecuária de corte, os refletiram fortemente nas emissões mé-
efeitos da produtividade sobre as emis- dias calculadas, que variaram de 20 kg
sões de GEE também são muito re- CO2 eq./kg de ganho de peso vivo no
levantes. Ruiviaro et al.12 conduziram pasto cultivado de azevém+sorgo a 42,6
um estudo no sul do Brasil com sete kg CO2 eq./kg de ganho de peso vivo
sistemas de criação de bovinos aber- no PN, uma redução de mais de 50%
deen angus de corte, do nascimento ao nas emissões com a redução no tempo
peso de abate (430 kg de peso vivo): necessário para atingir o peso de abate.
pastagem natural (PN), pastagem na- Vislumbrando os efeitos da me-
tural melhorada (PNM), PN+azevém, lhoria da produtividade agropecuária
PNM+sorgo, pasto cultivado de na emissão dos GEE, o Brasil assumiu,
azevém+sorgo, PN+sal proteinado e em 2009, na 15ª Conferência das Partes
12
10
kg CO₂-eq/kg leite*
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
Figura 3 - Relação entre emissão de gases (kg de COa equivalente) por kg de leite de vaca de acordo com
o nível de produção (*corrigido para teor de proteína - 3,3% e gordura - 4,0%) (média de 178 países
analisados)9.
7. Emissão de gases de efeito estufa pela pecuária e ação mitigadora da integração lavoura pecuária 121
Tabela 2. Resumo das emissões calculadas em equivalente CO2 do nascimento
ao peso de abate, durante as várias fases de crescimento dos animais em cada
sistema de criação12
CO2 equivalente, kg CO2 eq./kg de ganho de peso vivo
Sistemas
Mínimo Média Máximo Desvio padrão Período (dias)
Pasto natural (PN) 39,3 42,6 46,5 1,79 840
PN melhorado (PNM) 18,7 20,2 22,0 0,85 510
PN+azevém 27,2 29,6 32,6 1,42 669
PNM+sorgo 21,1 23,4 25,4 1,04 485
Azevém+sorgo 18,3 20,0 21,8 0,91 502
PN+suplementação 1
30,6 33,3 36,6 1,56 660
PN+suplementação 2
21,1 23,4 26,1 1,26 510
Pasto de Panicum maximum cv. Tanzânia (média dos anos com pasto) e 2pasto de U. brizantha cv
1
desse sistema é uma alternativa das mais eucalipto, como é praticado por em-
promissoras e sustentáveis para recupe- presas da área florestal, existem muitos
ração de áreas degradadas tanto de pas- estudos e a tecnologia já está bem con-
to quanto de culturas, considerando seu solidada. Normalmente o arroz é planta-
reduzido custo ambiental, além de ser do por ocasião do plantio do eucalipto,
economicamente viável em várias regi- e a soja, no ano agrícola seguinte, com
ões do Brasil. a formação do pasto nas entrelinhas do
Esse sistema difere daquele que vem eucalipto com dois anos de idade e de
sendo aplicado e difundido por algumas porte suficiente para conviver com o
empresas da área florestal, em que o pas- pastejo .
19
40
20
0
5 10 15 20
7. Emissão de gases de efeito estufa pela pecuária e ação mitigadora da integração lavoura pecuária 127
mais de 80% da forragem disponível ao um sistema de integração com soja no
saírem dos piquetes para o descanso verão e pasto de azevém+aveia preta
do pasto. Grande parte das folhas não no inverno, durante 10 anos, no Rio
consumidas morrerá e não será mais Grande do Sul. Durante o período de
pastejada no ciclo seguinte, retornan- pastejo, no inverno, o pasto era subme-
do ao solo para decomposição. O ciclo tido a pastejo com lotação contínua e
de renovação dos perfilhos faz com que mantido nas alturas de 10, 20, 30 e 40
os colmos não consumidos morram e cm. O balanço de carbono foi negativo
também retornem ao solo para decom- com o pastejo a 10 cm e positivo e cres-
posição. Pode-se avaliar por aí o po- cente nas alturas de 20 a 40 cm (Tab.
tencial de incorporação de carbono ao 4). Nesse caso do pastejo a 10 cm, a
solo em pastagens produtivas. sobra de forragem não consumida pelo
Esse não é o caso de pastagens de- gado não foi suficiente para manter o
gradadas, normalmente superpasteja- balanço de carbono positivo. Deve-se
das, em que pouca biomassa retorna levar em conta que o trabalho foi con-
ao solo. Nesse caso a incorporação de duzido com forrageiras temperadas
carbono ao solo pode ser menor que de alto valor nutritivo, cuja perda de
as perdas, resultando em balanço nega- forragem é bem menor que quando se
tivo, com liberação de carbono para a usa forrageiras tropicais, de maior po-
atmosfera. Mesmo com o uso de siste- tencial de produção e mais baixo valor
mas integrados, dependendo da inten- nutritivo.
sidade de pastejo, o sistema pode agir Diversos estudos na literatura com-
como fonte ou sumidouro de carbono param os estoques de carbono no solo
atmosférico. Silva et al.21 estudaram de áreas de pastagem em relação a áreas
Estoque de carbono ao início do experimento, exceto na área de vegetação nativa e 2Urochloa decumbens = Brachiaria decumbens
1
7. Emissão de gases de efeito estufa pela pecuária e ação mitigadora da integração lavoura pecuária 129
a produção de biocombustíveis. Nessa tas podem aumentar. Mas há outra con-
linha, já existem estudos com macaú- tribuição decorrente da baixa produti-
ba (Acrocomia aculeata), pinhão man- vidade, pois grandes extensões de terra
so (Jatropha curcas L.), além de outras podem ser disponibilizadas para reflo-
palmáceas oleaginosas, como o babaçu restamento artificial ou regeneração na-
(Orrbignya oleifera), o dendê (Elaeis gui- tural com o aumento da produtividade,
neensis) e o coco (Cocos nucifera). contribuindo para o balanço positivo
das emissões no Brasil. Aí entra a ILP, a
Considerações finais ILPF e os sistemas silvipastoris. A recu-
A demanda crescente por alimentos, peração de pastagens com o emprego de
produtos florestais e energia para aten- sistemas integrados impacta na produti-
der às necessidades humanas continua- vidade do pasto e, consequentemente,
rá a pressionar o uso da terra. Dentro da na produtividade dos animais, além de
nova ordem imposta pelo aquecimento contribuir na mitigação dos GEE emi-
global, esse crescimento deverá incluir tidos pela pecuária. Os sinergismos que
uma nova pauta: redução ou paralisação podem ser obtidos nesses sistemas são
da expansão de novas áreas em ecossis- incontestáveis: aumento da biodiver-
temas naturais e miti- sidade, incremento do
gação da emissão dos Dentro da nova ciclo orgânico e de nu-
GEE, seja pela redução ordem imposta pelo trientes, principalmen-
das emissões ou com- aquecimento global, esse te quando se utilizam
pensação das emissões crescimento deverá incluir espécies fixadoras de
pela fixação de carbono uma nova pauta: redução nitrogênio, fornecimen-
dos sistemas atuais de ou paralisação da to de madeira, lenha,
produção. Isso exigirá expansão de novas áreas postes, mourões, que
o aumento da eficiên- em ecossistemas naturais podem ser utilizados
cia desses sistemas. No e mitigação da emissão na propriedade rural
Brasil, cuja produtivi- dos GEE. e/ou produtos de base
dade média do setor florestal com agregação
agropecuário ainda é de valor econômico,
muito baixa, há um longo caminho a melhoria das propriedades físicas, quí-
percorrer. A baixa produtividade, em- micas e biológicas do solo, controle da
bora seja um problema, passa a ser uma erosão, fixação de carbono no solo, ofer-
aliada, pois permite grande expansão ta de pasto de melhor qualidade para os
na produção ao mesmo tempo em que animais, quebra dos ciclos de doenças e
reduz as emissões por quilo de produto insetos-praga nas lavouras, redução dos
obtido. Entretanto, as emissões absolu- riscos econômicos pela diversificação
130 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 74 - setembro de 2014
da produção, recuperação e manuten- um importante instrumento de fomen-
ção das pastagens com baixo custo. to, sendo que, ao valor de U$ 25,00 por
Apesar dos benefícios incontestá- Certificado de Redução de Emissões (1
veis que os sistemas de integração po- tonelada de CO2 equivalente), o produ-
dem proporcionar, existem algumas ne- tor obteria ganhos econômicos expres-
cessidades que precisam ser atendidas. sivos, devido à implantação de sistemas
Embora a mídia, o setor acadêmico e de ILP. São políticas que o poder públi-
o setor técnico promo- co e a sociedade devem avaliar.
vam a disseminação de Ao mesmo tem-
informações acerca des-
Embora a mídia, o po há necessidade de
setor acadêmico e o aprofundar os estudos
ses sistemas, dos seus
setor técnico promovam de balanço de carbono
benefícios, das técnicas
a disseminação de e de ciclo de vida de
de implantação e de seu
informações acerca produtos oriundos de
manejo, os produtores
desses sistemas, dos seus sistemas de integração,
não irão adotar práticas
benefícios, das técnicas considerando que esses
que lhe tragam perdas fi-
de implantação e de seu efeitos somente se con-
nanceiras, a não ser que manejo, os produtores
recebam algum subsí- solidam após muitos
não irão adotar práticas anos de implantação.
dio. Fernandes e Finco23 que lhe tragam perdas
realizaram um estudo Concomitantemente
financeiras. aos benefícios da fixa-
na região Centro-Norte
do Mato Grosso em ção de carbono, outros
que avaliaram o potencial de sistemas aspectos, como os efeitos benéficos na
de integração como alternativa de baixa conservação e uso do solo e da água,
emissão de carbono em relação aos sis- devem ser estabelecidos. Para isso, ex-
perimentos de longa duração devem ser
temas tradicionais de cultivo praticados
conduzidos e estimulados pelos agentes
na região. Os autores concluíram que
de financiamento de pesquisa nos vários
os sistemas de ILP não se apresentam
ecossistemas do país para que resultados
como alternativa atraente para os pro-
consistentes sejam obtidos e possam ser
dutores da região, existindo estratégias
transferidos aos produtores sem deixar
de produção que geram ganhos econô-
margens de dúvidas quanto às vantagens
micos superiores. Da mesma forma, as
econômicas e ecológicas que o sistema
ferramentas implantadas pelo Programa
proporciona. Sistemas integrados de la-
ABC não se mostraram suficientes para
voura e pecuária podem ser a chave para
o fomento da produção agropecuária
a intensificação ecológica dos sistemas
em sistemas de ILP. Sugerem que o sis-
de produção, com potencial para pro-
tema de crédito de carbono pode ser
7. Emissão de gases de efeito estufa pela pecuária e ação mitigadora da integração lavoura pecuária 131
vocar um grande impacto na produção Madruga, R.; Sokona, Y.; et al. (eds)]. Cambridge
University Press, Cambridge, United Kingdom
pecuária bovina do Brasil e transformar and New York, NY, USA, 2014, 31 p.
o país numa alternativa para a segurança
8. MINISTERIO DA CIENCIA, TECNOLOGIA
alimentar mundial com sustentabilida- E INOVAÇÃO, Estimativas anuais de emissões
de ambiental. de gases de efeito estufa no Brasil, Brasília, 2013,
76 p.
7. Emissão de gases de efeito estufa pela pecuária e ação mitigadora da integração lavoura pecuária 133
8. Pastagens
degradadas e
recuperadas: emissão
ou resgate de gás
carbônico
Domingos Sávio Campos Paciullo1,*
Carlos Renato Tavares de Castro1
Luiz Gustavo Ribeiro Pereira1
Carlos Augusto de Miranda Gomide1
Marcelo Dias Müller1
1
Embrapa Gado de Leite – Rua Eugênio do Nascimento, 610, Dom Bosco, Juiz de Fora, MG
* Email para contato: domingos.paciullo@embrapa.br
Irrigação 0,11
19. IPCC - Intergovernamental Panel on Climate 28. MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia.
Change. Emissions from livestock and manure Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções
management. In: Eggleston, H. S.; Buendia, L.; Antrópicas de Gases de Efeito Estufa. Informações
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em: 18 fev. 2010.
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29. MONTAGNINI, F.; NAIR, P.K.R. Carbon se-
20. IPCC - Intergovernmental Panel on Climate
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