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Leituras formativas essenciais para os alunos do Curso Online de filosofia


Os dois primeiros anos do Curso Online de Filosofia serviram sobretudo para dar aos alunos
uma inspiração para a vida de estudos filosóficos. Para isso é fundamental o contacto com um
filósofo que exemplifica o seu próprio desenvolvimento e o das suas ideias. Isto é assim porque o
talento filosófico é independente da capacidade de auto-didatismo e, em geral, é necessário
aprender com alguém, que aprendeu com alguém, até chegar a alguém que aprendeu sozinho.
A partir desta inspiração, os alunos devem partir em busca da aquisição de cultura filosófica. No
livro A Vida Intelectual, o padre Sertillanges divide as leituras em quatro tipos: inspiracionais;
formativas; informativas; e de diversão. Excluindo estas últimas, que não precisam de grandes
comentários, vemos que as leituras inspiracionais correspondem aos primeiros anos do curso,
onde se tentou depertar a curiosidade e a vocação filosófica, fortalece-las, assim como fortalecer
o carácter e personalidade dos alunos, para que estes tenham a constância, a fibra e a obstinação
necessárias para encontrar algo da verdade.
Agora enfocamo-nos sobre as leituras formativas e informativas. Nesta perspectiva, os livros
filosóficos devem ser lidos como modelos que devemos incorporar não só de técnica filosófica
mas também de clareza e até de genialidade filosófica. Não são livros para subscrevermos o
conteúdo mas antes eles fornecem-nos procedimentos filosóficos dignos de serem imitados,
exemplificando maneiras exemplares de colocar as perguntas fundamentais e como buscar as
respostas. Estes livros são obrigatoriamente de leitura directa, lenta e 353
meticulosa. Alguns destes livros serão lidos por nós dezenas de vezes ao longo da vida, porque
sempre vamos retirar coisas deles.
Há livros que também são exemplares como pseudo-filosofia ou até anti-filosofia, e que devem
ser conhecidos quando tiveram uma grande influência no curso da História. Os indivíduos que
se enquadram nestes casos não dominam a técnica filosófica, confundem os conceitos filosófico-
científicos com figuras de linguagem. Mesmo que sejam autores de grande erudição e que até
sejam impressionants sob certos aspectos, eles realmente não sabem o que estão fazendo. Nem
sempre é necessária a leitura directa destes livros, que podem estar bem resumidos em ensaios
menores ou sobre os quais as histórias da filosofia podem oferecer informação suficiente.
Por outro lado, existem autores que podem ter dito algumas coisas importantes, como
Giambattista Vico, mas cujos livros não são primores de técnica filosófica, pelo que a leitura
atentas das suas obras não faz parte da formação filosófica.
Para que as leituras formativas sejam proveitosas, é necessária alguma informação filosófica
complementar. Para tal, é recomendável seguir a História Essencial da Filosofia, de Olavo de
Carvalho. Ali procurou-se seguir uma estrutura constante – que permite chamar a um conjunto
de esforços uma filosofia – ao longo da da História. O ponto de partida da filosofia assumida foi
Sócrates, sendo o primeiro exemplo onde a filosofia adquiriu uma identidade consciente e
declarada. A filosofia não nasceu pronta mas sergiu como um conjunto de perguntas e como um
projecto a ser continuado para respondê-las, que cada filósofo empreende na medida dos seus
esforços até ao último dia da sua vida. Existem muitos movimentos que se desviaram do
projecto socrático ou que até se opuseram a ele, mas que podem ser integrados na história da
filosofia como matéria de investigação, embora não podendo ser entendidos como actividade
filosófica, ou seja, são apenas fornecedores de matéria para reflexão. O material da História
Essencial da Filosofia, que enfoca a continuidade do projecto socrático, deve agora ser usado
sobretudo com um intuito pedagógico, como fornecedor de subsídios para a compreensão de
obras modelares.
Uma obra modelar em filosofia é aquela em que o filósofo colocou questões e fez com que a
clareza do conhecimento prevalecesse sobre a nebulosidade do real. Trata-se de um briho fugaz.
Platão dizia que o homem capaz de apreender o todo merece o nome de dialéctico, sendo a
dialéctica o método essencial da filosofia. Quem não percebe o todo não entende as dificuldades
mas realmente apenas Deus é dialéctico. A existência da filosofia prova que os seres humanos
são capazes de apreender algo do todo e que a filosofia é uma actividade inspirada por Deus de
certo modo. Existem momentos de inspiração em que os homens percebem muito mais do que
aquilo que poderiam dizer, mas podem transmitir algo daquilo para que outros possam refazer a
mesma experiência, ou seja, o que começou como uma inspiração deve completar-se com outra
inspiração. Dificilmente a nossa inspiração coincidirá com a do filósofo, porque veremos as
coisas noutra escala, noutra época, sob ângulos diferentes, mas não teremos realmente feito a
leitura se não nos abrirmos para a inspiração original.
Primeiro, temos de ultrapassar a malha do texto e não nos deixarmos atrapalhar por
dificuldades linguísticas. Mas a filosofia não está realmente no texto, ela é aquilo que o filósofo
percebeu, a busca em que se empenhou, os actos cognitivos reais praticados por ele e que nós
também podemos repetir em certas condições. O texto pode nos abrir para esta 354
experiência mas também pode dificultar, porque o filósofo pode não ter grandes habilidades
verbais.
De seguida temos uma lista mínima de obras de filosofia com uma função modelar. Se queremos
aprender a filosofar, temos de o fazer como os filósofos expressam de algum modo nestes livros.
As leituras devem ser feitas como se tivéssemos romances em mãos, pelo que temos de operar a
“suspenção da descrença”. Estamos assistindo a um drama intelectual relacionado com a busca
da verdade em relação a determinados pontos, tendo nós um envolvimento não directo mas
imaginário, tal como a pessoa que assiste a uma peça de teatro. Antes de tentar saber se as ideias
correspondem à verdade ou não, temos de nos impregnar delas como possibilidades, tal como
nos impregnamos das emoções das personagens de ficção sem que aquilo faça parte da nossa
vida real. É uma experiência estética que depois permite uma compreensão analítica muito mais
apurada. Claro que a abstenção total de julgamento é impossível, até por ser algo quase
automático, mas temos de tomar estes julgamentos como provisórios e apenas como elementos
da composição da experiência de leitura.
a) A República, de Platão. A questão do regime ideal permite tocar de passagem muitas questões
filosóficas. Platão não faz uma proposta política mas apresenta uma investigação hipotética de
um regime ideal, usando frequentemente um tom irónico.
b) Leis, de Platão. Trata-se de um livro longo e com análises minuciosas de questões cuja
importância pode nos escapar. A importância real do livro só se revela no final. Existem outros
diálogos platónicos com muita importância mas com A República e as Leis já obtemos muita
coisa, sobretudo a respeito do jogo dialéctico. Noutra aula, Olavo de Carvalho, seguindo a
sugestão de um aluno, disse para começarmos as nossas leituras formativas por outros diálogos
de Platão: Apologia de Sócrates e Fédon [294]. São leituras que nos dão uma boa imagem do
projecto socrático.
c) Metafísica, de Aristóteles. Enquanto os diálogo de Platão já estão montados como peças de
teatro, facilitando a impregnação imaginativa, quando passamos para Aristóteles as coisas
tornam-se mais difíceis. Dele sobraram apenas notas de aula, que depois seriam desenvolvidas
em maior detalhe. Então, podemos imaginar precisamente um professor descompactando
aquele material e, assim, tentamos imaginar o drama intelectual que Aristóteles passou para ter
colocado as coisas daquela maneira. Temos um monólogo mas que pode ser transformado num
diálogo, porque a argumentação é montada sobre uma confrontação de hipóteses, como se o
filósofo se tivesse desdobrado em dois, um afirmando e outro negando. É esta a forma de
dramatizarmos o texto de Aristóteles.
d) Confissões, de Santo Agostinho. Aqui temos um indivíduo contando a sua história, não
apenas apenas as suas ideias mas remontando ao fundo existencial e quase irracional de onde
elas se foram formando. É um livro de memórias de onde surgem alguns momentos brilhantes
da filosofia universal, e que são tratados dentro do tecido existencial do autor, pelo que não é
muito difícil fazer o trabalho de imaginação.
e) Suma Contra os Gentios, de São Tomás de Aquino. A estrutura é semelhante à da Suma
Teológica, com a colocação de uma pergunta, depois os argumentos a favor de uma resposta e
em seguida os argumentos de apoio a outra resposta, e o assunto vai sendo elaborado. Cada
capítulo é um drama intelectual inteiro, e embora se encontre exposto em linguagem técnica e
fria, podemos acrescentar algo concebendo as consequências da adesão a uma resposta ou a 355
outra, vendo as consequências na nossa conduta, nos julgamentos que fazemos de nós mesmo
ou da vida, e assim por diante. O fim de cada “drama” serve de fundação para a pergunta
seguinte e aquilo que fica de fora do drama é o que o fundamenta. Enquanto a Suma Teológica é
dirigida aos fiéis católicos e pode apelar à autoridade da Bíblia e da tradição católica, a Suma
Contra os Gentios é dirigida a outro público (judeus e muçulmanos), pelo que a argumentação é
mais puramente filosófica.
f) De Primo Principio, de John Duns Scot. É uma das grandes obras da metafísica universal e
também muito difícil de ler, devendo a leitura ser muito lenta. Neste livro está sempre presente
a tensão entre o filósofo enquanto pensador humano e o filósofo como receptor de uma
inspiração divina, e é isto que nunca devemos perder de vista.
g) Discurso de Metafísica, de Leibniz. Aplica-se a generalidade dos comentários anteriores.
h) Filosofia da Revelação, de Schelling. Aparece a mesma tensão, que se nota em chamadas de
atenção como quando o filósofo diz para não desprezarmos o princípio de identidade porque
este é Deus.
i) Investigações Lógicas, Edmund Husserl. É importante apenas a introdução para os fins em
causa.
j) A Crise das Ciências Europeias, Edmund Husserl.
Nestas leituras encontra-se algo do máximo da inteligência filosófica possível trabalhando as
questões mais difíceis. A História Essencial da Flosofia fornece elementos complementares.
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