Sei sulla pagina 1di 443

Notas de Aula de SMA175 - Geometria Diferencial (4 creditos)

Wagner Vieira Leite Nunes


Departamento de Matematica
ICMC - USP

22 de junho de 2017
2
Sumário

1 Introdução 5

2 Curvas planas 7
2.1 Curva parametrizada diferenciavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Vetor tangente e curva regular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Mudanca de par^ametro e comprimento de arco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.4 Teoria local: formulas de Frenet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.5 Teorema fundamental das curvas planas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

3 Curvas espaciais 75
3.1 Curva parametrizada diferenciavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.2 Vetor tangente, curva regular, mudanca de par^ametro . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.3 Teoria local: formulas de Frenet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3.4 Aplicac~oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
3.5 Representac~ao can^onica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
3.6 Isometrias e o teorema da curvas espaciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
3.7 Teoria do contato de duas curvas regulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
3.8 Involutas e evolutas no espaco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174

4 Superfı́cies parametrizadas 181


4.1 Superfcies parametrizadas regulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
4.2 Mudanca de par^ametros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
4.3 Plano tangente e vetor normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239
4.4 Primeira forma quadratica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255
4.5 Segunda forma quadratica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 286
4.6 Curvaturas principais, de Gauss (ou gaussiana) e media . . . . . . . . . . . . . . . . . 307
4.7 Classi cac~ao de pontos de uma s.p.r. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338
4.8 Linhas de curvatura, linhas assintoticas e geodesicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364
4.9 Teorema egregium de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 399

5 Bibliografia 405

A Cálculo vetorial 407


A.1 Sobre vetores no plano e no espaco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 407
A.2 Sobre retas e planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 415

B Um pouco de Topologia 419


B.1 Topologia de Rn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 419

3
4 
SUMARIO

C Cálculo diferencial 423


C.1 Func~oes vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423
C.2 Func~oes de varias variaveis reais, a valores vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 427
Capı́tulo 1

Introdução

9.03.2017 - 2.a aula


Esta notas de aula foram produzidas como material basico para a disciplina SMA175 - Geometria
Diferencial, ministrada para os alunos do curso de Bacharelado em Matematica e Matematica Aplicada
do ICMC-USP.
Comecaremos fazendo uma revis~ao geral de conceitos e propriedades importantes para o desenvol-
vimento do conteudo.
Para isto iremos para o Ap^endice A.

5
6 CAPITULO 1. INTRODUC ~
 AO
Capı́tulo 2

Curvas planas

Ao longo deste captulo estudaremos propriedades importantes das, assim denominadas, curvas planas.

2.1 Curva parametrizada diferenciável

Comecemos introduzindo a:

( )
Definição 2.1.1 Uma func~
ao vetorial α : (a , b) → R2 que pertence a C∞ (a , b) ; R2 , sera
denominada curva parametrizada diferenciável (plana).
O conjunto
.
α((a , b)) = {α(r) ; r ∈ (a , b)} ⊆ R3 , (2.1)

sera denominado de traço da curva parametrizada diferenciável (plana) α.

Observação 2.1.1

1. Notemos que uma curva parametrizada diferenciavel (plana) α : (a , b) → R2 tera duas


func~oes componentes, que denotaremos por x , y : (a , b) → R, que ser~ao func~oes perten-
centes a C∞ ((a , b) ; R), ou seja

α(r) = (x(r) , y(r)) , para r ∈ (a , b) (2.2)


com ∞
x , y ∈ C ((a , b) ; R) .

2. Geometricamente, temos a seguinte representaca~o geometrica para o traco de uma curva


parametrizada diferenciavel (plana).
7
8 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

6
traco de α
9
-

α(r)

α


-
a r b

3. Notemos que uma curva parametrizada diferenciavel (plana) e um modo de descrever uma
v
(u , v)
6
X
- -
u

.
X(u , v) = (a sen(u) cos(v) , a sen(u) sen(v) , a cos(u))

curva plana, ou seja,


uma mesma curva plana pode ser descrita de uma in nidade de maneiras diferentes como
traco de curvas parametrizadas diferenciaveis (planas).
Para ilustrar veja os Exemplos 2.1.1 e 2.1.2 e tambem o Exemplo 2.1.9.

A seguir exibiremos alguns exemplos de curvas parametrizadas diferenciaveis (planas).


Comecaremos pelos:

Exemplo 2.1.1 Seja α : R → R2 , dada por


.
α(r) = (cos(r) , sen(r)) , para r ∈ R. (2.3)

Mostre que a func~ao vetorial α e um curva parametrizada diferenciavel (plana), cujo traco
e a circunfer^encia unitaria, centrada na origem, que sera indicada por S1 , ou seja,
{ }
.
S1 = (x , y) ∈ R2 ; x2 + y2 = 1 , (2.4)

percorrida no sentido anti-horario.


Resolução:

2.1. CURVA PARAMETRIZADA DIFERENCIAVEL 9

Notemos que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial α, ser~ao as func~oes x , y : R → R,


dadas por
.
x(r) = cos(r) , (2.5)
.
y(r) = sen(r) , para r ∈ R , (2.6)
e ambas s~ao func~oes pertencentes a C∞ (R ; R).
Logo, da De nic~ao 2.1.1 segue que a func~ao vetorial α, dada por (2.3), e uma curva parametrizada
diferenciavel (plana).
Notemos que, para cada r ∈ R, teremos
(2.5) e (2.6)
x2 (r) + y2 (r) = [cos(r)]2 + [ sen(r)]2
= 1,

mostrando que o traco da curva parametrizada diferenciavel (plana) α esta contido na circunfer^encia
unitaria, centrada na origem.
Neste caso, tambem de (2.5) e (2.6), segue que o sentido de percurso da circunfer^encia unitaria,
centrada na origem, sera o sentido anti-horario.
Finalmente, se P = (xo , yo ) e um da circunfer^encia unitaria, centrada na origem, podemos mostrar
que exite ro ∈ R, de modo que
Po = (cos(ro ) , sen(ro ))
(2.3)
= α(ro ) .

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Portanto
α(R) = S1 ,
completando a resoluc~ao.


Observação 2.1.2 A gura abaixo apresenta a representac~ao geometrica do traco da curva


parametrizada diferenciavel α do Exemplo 2.1.1 acima, a saber, uma circunfer^encia de centro
na origem e raio igual a 1.
6
6 α(r)

α
- -
(1 , 0)
r

Y
traco de α
10 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Temos tambem o

Exemplo 2.1.2 Seja β : R → R2 , dada por


.
β(r) = (cos(2 r) , sen(2 r)) , para r ∈ R. (2.7)

Mostre que a func~ao vetorial β e um curva parametrizada diferenciavel (plana) cujo traco
e a circunfer^encia unitaria, centrada na origem, que sera indicada por S1 (de nida em (2.4)),
percorrida no sentido anti-horario.
Resolução:
Notemos que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial β, ser~ao as func~oes x , y : R → R,
dadas por
.
x(r) = cos(2 r) , (2.8)
.
y(r) = sen(2 r) , para r ∈ R , (2.9)

e ambas s~ao func~oes pertencentes a C∞ (R ; R).


Logo, da De nic~ao 2.1.1 segue que a func~ao vetorial β, dada por (2.7), e uma curva parametrizada
diferenciavel (plana).
Notemos que, para cada r ∈ R, teremos
(2.8) e (2.9)
x2 (r) + y2 (r) = [cos(2 r)]2 + [ sen(2 r)]2
= 1,

mostrando que o traco da curva parametrizada diferenciavel (plana) β esta contido na circunfer^encia
unitaria, centrada na origem.
Neste caso, tambem de (2.8) e (2.9), segue que o sentido de percurso da circunfer^encia unitaria,
centrada na origem, sera o sentido anti-horario.
Finalmente, se P = (xo , yo ) e um da circunfer^encia unitaria, centrada na origem, podemos mostrar
que exite ro ∈ R, de modo que

Po = (cos(2 ro ) , sen(2 ro ))
(2.3)
= β(ro ) .

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Portanto
β(R) = S1 ,

completando a resoluc~ao.


Observação 2.1.3 A gura abaixo apresenta a representac~ao geometrica do traco da curva


parametrizada diferenciavel β do Exemplo 2.1.2 acima, a saber, uma circunfer^encia de centro
na origem e raio igual a 1.

2.1. CURVA PARAMETRIZADA DIFERENCIAVEL 11

6
6 β(r)

β
- -
(1 , 0)
r

Y
traco de β

Temos o
Exemplo 2.1.3 Sejam xo , yo , a , b ∈ R xados e α : R → R2 , dada por
.
α(r) = (xo + a r , yo + b r) , para r ∈ R. (2.10)

Mostre que a func~ao vetorial α e um curva parametrizada diferenciavel (plana) cujo traco
e a reta que contem o ponto
.
Po = (xo , yo ) (2.11)
e tem a direc~ao do vetor
.
⃗v = (a , b) ∈ R , (2.12)
se a e b n~ao s~ao, simutanetamente, nulos. Caso contrario, sera o ponto Po .
Resolução:
Notemos que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial α, ser~ao as func~oes x , y : R → R,
dadas por
.
x(r) = xo + a r , (2.13)
.
y(r) = yo + b r , para r ∈ R , (2.14)

e ambas s~ao func~oes pertencentes a C∞ (R ; R).


Logo, da De nic~ao 2.1.1 segue que a func~ao vetorial α, dada por (2.10), e uma curva parametrizada
diferenciavel (plana).
Observemos que o caso
a=b=0
e trivial.
Por outor lado, se
a2 + b2 ̸= 0 ,
para cada r ∈ R, teremos
(2.10)
α(r) = (xo + a r , yo + b r)
= (xo , yo ) + r · (a , b)
(2.11) e (2.12)
= Po + r · ⃗v .

Logo, da disciplina de Geometria Analtica, segue que o traco da curva parametrizada diferenciavel
(plana) α esta contido na reta que contem o ponto Po e tem a direc~ao do vetor ⃗u.
12 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Alem disso, se P1 = (x1 , y1 ) e um ponto da reta que contem o ponto Po e tem a direc~ao do vetor
⃗v, da disciplina de Geometria Analtica, sabemos que exite r1 ∈ R, de modo que

P1 = Po + r1 · ⃗v
(2.10)
= α(r1 ) ,
mostrando que β(R) = a reta contem o ponto Po e tem a direc~ao do vetor ⃗u ,

completando a resoluc~ao.


Observação 2.1.4 A gura abaixo apresenta a representac~ao geometrica do traco da curva


parametrizada diferenciavel β do Exemplo 2.1.3 acima, a saber, uma reta que contem o ponto
ao do vetor n~ao nulo ⃗v =. (a , b).
(xo , yo ) e tem a direc~

6  traco de α
6

α
- -
r

α(r)

Temos tamem a
Exemplo 2.1.4 Seja α : R → R2 , dada por
.
α(r) = ( cos(r) [2 cos(r) − 1] , sen(r) [2 cos(r) − 1] ) , para r ∈ R. (2.15)
Mostre que a func~ao vetorial α e um curva parametrizada diferenciavel (plana) cujo traco
e a uma cardióide.
Resolução:
Notemos que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial α, ser~ao as func~oes x , y : R → R,
dadas por
.
x(r) = cos(r) [2 cos(r) − 1] , (2.16)
.
y(r) = sen(r) [2 cos(r) − 1] , para r ∈ R , (2.17)
e ambas s~ao func~oes pertencentes a C∞ (R ; R).
Logo, da De nic~ao 2.1.1 segue que a func~ao vetorial α, dada por (2.10), e uma curva parametrizada
diferenciavel (plana).
Observemos que para cada r ∈ R, teremos
(2.17) e (2.18)
x2 (r) + y2 (r) ={cos(r) [2 cos(r) − 1]}2 + { sen(r) [2 cos(r)−]}2
[ ]
= cos2 (r) + sen2 (r) [2 cos(r) − 1]2
| {z }
=1
= [2 cos(r) − 1]2 . (2.18)

2.1. CURVA PARAMETRIZADA DIFERENCIAVEL 13

Logo, considerando-se √
.
ρ(r) = x2 (r) + y2 (r) , (2.19)
segue, de (2.18) e (2.19), que
ρ2 = [2 cos(r) − 1]2 .
logo ρ = |2 cos(r) − 1| ,

que, como vimos na disciplina de Geometria Analtica, e uma cardioide (dada em coordenadas polares,
completando a resoluc~ao.


Observação 2.1.5 A gura abaixo apresenta a representac~ao geometrica do traco da curva


parametrizada diferenciavel β do Exemplo 2.1.4 acima, a saber, uma cardioide.

Temos tambem o
( π π)
Exemplo 2.1.5 Seja α : − , → R2 , dada por
2 2
( ) ( π π)
.
α(r) = sen2 (r) , sen2 (r) tg(r) , para r∈ − , . (2.20)
2 2
Mostre que a func~ao vetorial α e um curva parametrizada diferenciavel (plana).
Resolução:
Notemos
( π que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial α, ser~ao as func~oes x , y :
π)
− , → R, dadas por
2 2
.
x(r) = sen2 (r) , (2.21)
( π π)
.
y(r) = sen2 (r) tg(r) , para r ∈ − , , (2.22)
2 2
14 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS
(( π π ) )
e ambas s~ao func~oes pertencentes a C∞ − , ;R .
2 2
Logo, da De nic~ao 2.1.1 segue que a func~ao vetorial α, dada por (2.20), e uma curva parametrizada
diferenciavel (plana), completando a resoluc~ao.


Observação 2.1.6 A gura abaixo apresenta a representac~ao geometrica do traco da curva


parametrizada diferenciavel α do Exemplo 2.1.5 acima.

Temos tambem o
Exemplo 2.1.6 Seja α : R → R2 , dada por

(r , 0) , para r ∈ (−∞ , 0]
. ( ( ))
α(r) = 1 . (2.23)
 r , r sen
2 , para r ∈ (0 , ∞)
r
Mostre que a func~ao vetorial α n~ao e um curva parametrizada diferenciavel (plana).
Resolução:
Notemos que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial α, ser~ao as func~oes x , y : R → R,
dadas por
.
x(r) = r , (2.24)

0 , para r ∈ (−∞ , 0]
. ( )
y(r) = 1 . (2.25)
r2 sen , para r ∈ (0 , ∞)
r

2.1. CURVA PARAMETRIZADA DIFERENCIAVEL 15

Notemos que
x ∈ C∞ (R ; R) ,

mas a func~ao y n~ao pertence a C∞ (R ; R).


Na verdade a func~ao y e diferenciavel em R, mas n~ao pertence a C1 (R ; R).
Logo, da De nic~ao 2.1.1 segue que a func~ao vetorial α, dada por (2.23), n~ao e uma curva parame-
trizada diferenciavel (plana), completando a resoluc~ao.


Observação 2.1.7 A gura abaixo apresenta a representac~ao geometrica do traco da curva


parametrizada α do Exemplo 2.1.6 acima.

Temos tambem o
Exemplo 2.1.7 Seja α : R → R2 , dada por
.
α(r) = (r , |r|) , para r ∈ R. (2.26)

Mostre que a func~ao vetorial α n~ao e um curva parametrizada diferenciavel (plana).


Resolução:
Notemos que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial α, ser~ao as func~oes x , y : R → R,
dadas por
.
x(r) = r , (2.27)
.
y(r) = |r| , para r ∈ R . (2.28)
16 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Notemos que
x ∈ C∞ (R ; R) ,

mas a func~ao y n~ao pertence a C∞ (R ; R).


Na verdade a func~ao y n~ao e diferenciavel em R.
Logo, da De nic~ao 2.1.1 segue que a func~ao vetorial α, dada por (2.26), n~ao e uma curva parame-
trizada diferenciavel (plana), completando a resoluc~ao.


Observação 2.1.8 A gura abaixo apresenta a representac~ao geometrica do traco da curva


parametrizada diferenciavel α do Exemplo 2.1.7 acima.

6
6
α(r)


α
- -
r

traco de α

Temos tambem o

Exemplo 2.1.8 Seja α : R → R2 , dada por


( )
.
α(r) = r3 , r2 , para r ∈ R. (2.29)

Mostre que a func~ao vetorial α e um curva parametrizada diferenciavel (plana).


Resolução:
Notemos que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial α, ser~ao as func~oes x , y : R → R,
dadas por
.
x(r) = r3 , (2.30)
.
y(r) = r2 , para r ∈ R . (2.31)

Notemos que
x , y ∈ C∞ (R ; R) .

Logo, da De nic~ao 2.1.1 segue que a func~ao vetorial α, dada por (2.29), e uma curva parametrizada
diferenciavel (plana), completando a resoluc~ao.


Observação 2.1.9 A gura abaixo apresenta a representac~ao geometrica do traco da curva


parametrizada diferenciavel α do Exemplo 2.1.8 acima.

2.1. CURVA PARAMETRIZADA DIFERENCIAVEL 17

6
6
α(r)


α
- -
r

traco de α

Notemos que, de (2.30) segue que


1
r = x3 ,
assim, de (2.31), teremos:
2
y = x3 ,
18 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

cuja represemtac~ao geometrica do seu gra co e dada pela gura acima.


Para nalizar temos o:
Exemplo 2.1.9 Sejam α , β : R → R2 , dada por
.
α(r) = (r , 2 r) , para r ∈ R , (2.32)
.
β(r) = (2 r + 1 , 4 r + 2) , para r ∈ R. (2.33)

Mostre que as func~oes vetoriais α e β s~ao curvas parametrizadas diferenciaveis (plana).


Alem disso, represente geometricamente os tracos das curvas parametrizadas diferenciaveis
α e β.

Resolução:
Notemos que as func~oes componentes associadas as func~oes vetoriais α e β, respectivamente, ser~ao
as func~oes x , y : R → R, dadas por
.
x1 (r) = r , (2.34)
.
y1 (r) = 2 t , (2.35)
.
x2 (r) = 2 r + 1 , (2.36)
.
y2 (r) = 4 r + 2 , para r ∈ R . (2.37)

Notemos que
x1 , y1 , x2 , y2 ∈ C∞ (R ; R) .
Logo, da De nic~ao 2.1.1 segue que as func~oes vetoriais α e β, dada por (2.32) e (2.33), respectiva-
mente, s~ao curvas parametrizadas diferenciaveis (plana), completando a resoluc~ao.
Notemos que, para cada r ∈ R, teremos:
(2.32)
α(r) = (r , 2 r)
r · (1 , 2) , (2.38)
(2.33)
β(r) = (1 , 2) + r · (2 , 4) . (2.39)

Logo os tracos das curvas parametrizadas diferenciaveis α e β, ser~ao retas.


Observemos que os vetores diretores das retas s~ao paralelos, pois

(2 , 4) = 2 · (1 , 2) .

Alem disso o ponto


(1 , 2)
pertence as duas retas.
Portanto os tracos das curvas parametrizadas diferenciaveis α e β s~ao coincidentes, no caso, coin-
cidem com a reta que contem a origem e tem a direc~ao do vetor (n~ao nulo) ⃗v =. (1 , 2), completando a
resoluc~ao.


Observação 2.1.10 A gura abaixo apresenta a representac~


ao geometrica do traco da curva
parametrizada diferenciavel α (que coincide com β) do Exemplo 2.1.9 acima.
2.2. VETOR TANGENTE E CURVA REGULAR 19

6
6 α(r)

α
- -
r

traco de α -

Observação 2.1.11 Para facilitar, indicaremos uma curva parametrizada diferenciavel por

c.p.d . (2.40)

20.03.2017 - 5.a aula

2.2 Vetor tangente e curva regular


Iniciaremos esta sec~ao com a:

Definição 2.2.1 Seja α : (a , b) → R2 uma c.p.d, cujas func~oes coordenadas s~ao as func~oes
x , y : (a , b) → R, ou seja,

.
α(r) = (x(r) , y(r)) , para r ∈ (a , b) . (2.41)

Para cada r ∈ (a , b), o vetor


.
α ′ (r) = (x ′ (r) , y ′ (r)) (2.42)
vetor tangente à c.p.d α, no instante r.

Observação 2.2.1

1. A De nic~ao 2.2.1 refere-se a vetor tangente em um instante e não em um ponto.


2. Como visto na disciplina de Calculo 2, na situac~ao da De nic~ao 2.2.1 acima, se ro ∈ (a, , b)
e h ∈ R e tal que (ro + h) ∈ (a , b), ent~ao podemos dar uma interpretac~ao para o vetor
α(ro + h) − α(ro )
, (2.43)
h

que e um vetor paralelo ao vetor

α(ro + h) − α(ro )

como mostra a gura abaixo.


20 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

6
6 α(ro + h) − α(ro )
3
α(ro ) q
:
ro + h
α
- α(ro + h) -
ro

Desta forma, quando


h → 0,

o vetor dado por (2.43) aproximar-se-a do vetor α ′ (r), ou seja, o vetor tangente a c.p.d.
α, no instante ro ∈ (a , b), 
e um vetor tangente ao traco da c.p.d α, no ponto α(ro ).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

6
6
3
α(ro )

- R-
α
ro
α ′ (ro )

A seguir exibiremos alguns exemplos importantes.


Comecaremos pelo:

Exemplo 2.2.1 Encontre o vetor tangente a c.p.d α introduzida no Exemplo 2.1.4 (dada por
(2.15)).

Resolução:
( π π)
Considerando-se as func~oes coordenadas x , y : − , → R, dadas por (2.17) e (2.18), para cada
( π π) 2 2
r∈ − , , temos que
2 2
(2.15),(2.17) e (2.18)
α ′ (r) = (x ′ (r) , y ′ (r))
( )
d d
= {cos(r) [2 cos(r) − 1]} , { sen(r) [2 cos(r) − 1]}
dr dr
Exerccio
= (−2 sen(2 r) + sen(r) , 2 cos(2 r) − cos(r)) , (2.44)

completando a resoluc~ao.

2.2. VETOR TANGENTE E CURVA REGULAR 21

Observação 2.2.2 Notemos que no Exemplo 2.2.1 acima, n~ao esta de nido o vetor tangente ao
traco da c.p.d α, no ponto
(π) ( π ) (2.15) com t= π e t=− π
α =α − =3 3
(0 , 0) .
3 3
π π
Porem est~ao bem de nidos os vetores tangentes a c.p.d α nos instantes t= e t=− ,
3 3
mais precisamente, temos
( π ) (2.44) ( ( π) (π) ( π) ( π ))
α′ = −2 sen 2 + sen , 2 cos 2 − cos
3 ( √ 3 ) 3 3 3
Exerccio 3 3
= − ,− ,
2 2
( π ) (2.44) ( ( π) ( π) ( π) ( π ))
α′ − = −2 sen −2 + sen − , 2 cos −2 − cos −
3 (√ )3 3 3 3
Exerccio 3 3
= ,− .
2 2
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

6
6

α
- ( )
-
α′
+
π
3
(
~ )
α ′ −π
3

>

traco de α

Temos tambem o
Exemplo 2.2.2 Encontre o vetor tangente a c.p.d α introduzida no Exemplo 2.1.1 (dada por
(2.3)).
Resolução:
Considerando-se as func~oes coordenadas x , y : R → R, dadas por (2.5) e (2.6), para cada r ∈ R,
temos que
(2.3),(2.5) e (2.6)
α ′ (r) = (x ′ (r) , y ′ (r))
( )
d d
= [cos(r)] , [ sen(r)]
dr dr
= (− sen(r) , cos(r)) , (2.45)
completando a resoluc~ao.

22 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Observação 2.2.3

1. Observemos que no Exemplo 2.2.2 acima, para cada r ∈ R, temos que:


⟨ ⟩ (2.3),(2.45)
α(r) , α ′ (r) = ⟨(cos(r) , sen(r)) , (− sen(r) , cos(r))⟩
(A.20)
= − cos(r) sen(r) + sen(r) cos(r) ,
= 0, (2.46)
ou seja, os vetores
α(r) e α ′ (r) s~ao ortogonais .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
α ′ (r)
Y 6
6

α(r)
α
- -
r

2. Na verdade temos uma situac~ao geral associada ao item 1. acima, mais precisamente, se
α : (a , b) → R2 
e uma c.p.d., de modo que
∥α(r)∥ = k , para r ∈ (a , b) ,
teremos ′
α (r) ⊥ α(r) , para r ∈ (a , b) .
De fato, pois, para r ∈ (a , b), segue que
d [ ]
0= ∥α(r)∥2
dr
d ⟨ ′ ⟩
= α (r) , α(r)
dr
do item 9. da Observaca~o C.1.1 do Ap^endice C ⟨ ⟩ ⟨ ⟩
= α ′ (r) , α(r) + α(r) , α ′ (r)
⟨ ′

= 2 α(r) , α (r) ,
⟨ ⟩
portanto: α(r) , α ′ (r) = 0 ,

mostrando que a a rmac~ao e verdadeira.


3. Em particular, do item 2. acima, segue que se α : (a , b) → R2 e uma c.p.d., de modo que
∥α ′ (r)∥ = k , para r ∈ (a , b) ,
teremos ′
α (r) ⊥ α ′′
(r) , para r ∈ (a , b) .

Para o estudo da, assim denominada, teoria local das curvas planas sera necessario que exista
uma reta tangente associado a uma c.p.d., em cada instante. Para isto e su ciente que o vetor tangente
a c.p.d, em cada instante, seja n~ao nulo.
Devido a este fato, introduziremos a:
2.2. VETOR TANGENTE E CURVA REGULAR 23

Definição 2.2.2 Diremos que uma c.p.d α : (a , b) → R2 e regular, se

α ′ (r) ̸= O
⃗, para r ∈ (a , b) . (2.47)

Observação 2.2.4

1. Se a c.p.d α : (a , b) → R2 tem seu traco dado pela gura abaixo, ent~ao ela n~ao sera regular.

6
6

α
- -
r

De fato, pois como a func~ao vetorial α, em particular, e contnuamente diferenciavel, para


que o vetor α ′ mude de direc~ao (e/ou sentido) e necessario que em algum instante ele
seja o vetor nulo, mostrando que a c.p.d n~ao sera regular.

2. Podemos ter, eventulamente, situac~oes em que a c.p.d e regular, mas trechos do seu traco
s~ao percorrido mais de uma vez.
Para ilustrar consideremos a gura abaixo.

6
6

α
- -
r

3. Podemos tambem ter, eventulamente, situac~oes em que a c.p.d e regular, mas trechos do
seu traco s~ao percorrido nos dois sentidos.
Para ilustrar consideremos a gura abaixo.
24 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

6
6

α
- -
r

4. Uma curva parametrizada (plana) regular sera indicada por


c.p.r.

A seguir exibiremos alguns situac~ao importantes.


Comecaremos pelo:
Exemplo 2.2.3 Mostre que a c.p.d. introduzida no Exemplo 2.1.1 (dada por (2.3)) e regular.
Resolução:
Considerando-se as func~oes coordenadas x , y : R → R, dadas por (2.5) e (2.6), para cada r ∈ R,
temos que
(2.3),(2.5) e (2.6)
α ′ (r) = (x ′ (r) , y ′ (r))
( )
d d
= [cos(r)] , [ sen(r)]
dr dr
= (− sen(r) , cos(r))
⃗,
̸= O

mostrando, pela De nic~ao (2.2.2), que a c.p.d, dada por (2.3), e regular, completando a resoluc~ao.

Outro caso importante e dado pelo:
Exemplo 2.2.4 Se
⃗,
(a , b) ̸= O (2.48)
mostre que a c.p.d introduzida no Exemplo 2.1.3 (dada por (2.10)) e regular.
Resolução:
Considerando-se as func~oes coordenadas x , y : R → R, dadas por (2.13) e (2.14), para cada r ∈ R,
temos que
(2.10),(2.13) e (2.14)
α ′ (r) = (x ′ (r) , y ′ (r))
( )
d d
= [xo + a r] , [yo + b r]
dr dr
= (a , b)
(2.48)
⃗,
̸= O
2.2. VETOR TANGENTE E CURVA REGULAR 25

mostrando, pela De nic~ao (2.2.2), que a c.p.d, dada por (2.10), e regular, completando a resoluc~ao.
Temos tambem o

Exemplo 2.2.5 Mostre que a c.p.d α introduzida no Exemplo 2.1.4 (dada por (2.15)), e regular.
Resolução:
( π π)
Como vimos no Exemplo 2.4.4, para cada r ∈ − , , temos:
2 2
veja (2.44)
α ′ (r) = (−2 sen(2 r) + sen(r) , 2 cos(2 r) − cos(r))
Exerccio
̸= (0 , 0) , (2.49)

mostrando, pela De nic~ao (2.2.2), que a c.p.d, dada por (2.15), e regular completando a resoluc~ao.


Observação 2.2.5 Lembremos que o traco da c.p.r. do Exemplo 2.2.5 e um cardióide.


A seguir exibiremos alguns casos de curvas que n~ao s~ao regulares.
Comecaremos pelo

Exemplo 2.2.6 Mostre que a c.p.d. do Exemplo 2.1.5 (dada por (2.20)) n~ao e regular.
Resolução:
Notemos
( π que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial α, ser~ao as func~oes x , y :
π)
− , → R, dadas por
2 2
.
x(r) = sen2 (r) , (2.50)
( π π)
.
y(r) = sen2 (r) tg(r) , para r∈ − , . (2.51)
2 2
( π π)
Assim, para cada r ∈ − , , teremos
2 2
( )
α ′ (r) = x ′ (r) , y ′ (r)
( [ ] d [ ])
(2.50) e (2.51) d
= sen (r) ,
2
sen (r) tg(r)
2
dr dr
( )
Exerccio
= 2 sen(r) cos(r) , 2 sen(r) cos(r) tg(r) + 2 sen2 (r) sec(r) tg(r) . (2.52)

Notemos que
( π π)
.
ro = 0 ∈ − , ,
2 2
(2.52) com r=0
e α ′ (0) = (0 , 0) ,

mostrando, pela De nic~ao (2.2.2), que a c.p.d, dada por (2.15), n~ao e regular, completando a resoluc~ao.

Temos tambem o

Exemplo 2.2.7 Mostre que a c.p.d. do Exemplo 2.1.8 (dada por (2.29)) n~ao e regular.
26 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Resolução:
Notemos que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial α, ser~ao as func~oes x , y : R → R,
dadas por
.
x(r) = r3 , (2.53)
.
y(r) = r2 , para r ∈ R . (2.54)
Assim, para cada r ∈ R, teremos
( )
α ′ (r) = x ′ (r) , y ′ (r)
( [ ] )
(2.53) e (2.54) d 3 d [ 2]
= r , r
dr dr
( )
= 3 r2 , 2 r . (2.55)

Notemos que
.
ro = 0 ∈ R
(2.55) com r=0
e α ′ (0) = (0 , 0) ,

mostrando, pela De nic~ao (2.2.2), que a c.p.d, dada por (2.20), n~ao e regular, completando a resoluc~ao.

Podemos agora introduzir a noc~ao central desta sec~ao, a sbaer:
Definição 2.2.3 Sejam α : (a , b) → R2 uma c.p.r. e ro ∈ (a , b). De nimos a reta tangente
ao traço de α, em ro  a reta que contem o ponto α(ro ) e tem a direc~ao do vetor (n~ao nulo)
α ′ (ro ), ou seja, a reta que tem como uma equac~ao vetorial
X = α(ro ) + λ · α ′ (ro ) , para λ ∈ R. (2.56)

2.3 Mudança de parâmetro e comprimento de arco


Na sec~ao 3.1 vimos que duas c.p.d. podem ter o mesmo traco (veja os Exemplos 2.1.1, 2.1.1, ou ainda,
o Exemplo 2.1.9).
Dada uma c.p.r. α : (a , b) → R2 , podemos obter varias outras c.p.r., cujos respectivos tracos
coincidem com o traco de α, como mostra a:
Observação 2.3.1 Sejam α : (a , b) → R2 c.p.r. e h : (c , d) → R uma func~ao pertencente a
C∞ ((c , d) ; R), de modo que

h ′ (s) ̸= 0 , para s ∈ (c , d) (2.57)


e h((c , d)) = (a , b) . (2.58)
Consideremos a func~ao vetorial β : (c , d) → R2 , dada por
.
β(s) = (α ◦ h)(s) , para s ∈ (c , d) . (2.59)
Notemos que, em particular, (2.57) e (2.58), garantem que a func~ao h : (c , d) → (a , b) e
bijetora .
Deixaremos como exerccio para o leitor a veri cac~ao deste fato.
2.3. MUDANC ^
 A DE PARAMETRO E COMPRIMENTO DE ARCO 27

Alem disso, do teorema da func~ao inversa (veja o Ap^endice C, ou melhor, o item 16. da
Observac~ao C.2.3), segue que a func~ao inversa h−1 : (a , b) → (c , d) sera continuamente dife-
renciavel em (a , b).
A rmamos que a func~ao vetorial β, dada por (2.59), e uma c.p.r. cujo traco coincide com
o traco de α.
Notemos que, devido ao fato da func~ao h ser bijetora segue que o traco de β coincide com
o traco de α.
Observemos tambem que como α ∈ C∞ ((a , b) ; R2 ) e h ∈ C∞ ((c , d) ; (a , b)) segue, de (2.59)
e da regra da cadeia (veja o Ap^endice C, ou melhor, o item 10. da Observac~ao C.1.1), que a
β ∈ C∞ ((c , d) ; R)
Alem disso, se s ∈ (c , d), da regra da cadeia, teremos
(2.59) d
β ′ (s) = [(α ◦ h)(s)]
ds
(C.2) d α dh
= (h(s)) · (s)
| {z } |ds{z }
dt
α e c.p.r. (2.57)
̸= ⃗
O ̸= 0
⃗,
̸= O (2.60)
mostrando, pela De nic~ao (2.2.2), que a c.p.d, dada por (2.59), e regular.
Com isto podemos introduzir a
Definição 2.3.1 A func~ao h ∈ C∞ ((c , d) ; (a , b)), satisfazendo (2.57), sera denominada mudan
ça de parâmetro.
Na situac~ao da Observac~ao 2.3.1, a c.p.r. β, dada por (2.59), sera dita reparametriza
ção de α, pela mudança de parâmetro h.

Observação 2.3.2
1. A gura abaixo ilustra a situac~ao da Observac~ao 2.3.1 acima.
6
6
b

β[h(s)] = α(r)

α
- -
r = h(s)

a
k
h
6
β

-
c s d

2. Notemos que se a c.p.r. β e uma reparametrizac~ao da c.p.r. α, pela mudanca de


par^ametros h, ent~ao a c.p.r. α e uma reparametrizac~ao da c.p.r. β, pela mudanca de
par^ametros h−1 .
28 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Basta mostrarmos que


h−1 ∈ C∞ ((a , b) ; (c , d) .

Para tanto precisamos aplicar o teorema da func~ao inversa (na vers~ao C∞ - ver o Ap^endice
C, ou melhor, o item 16. da Observac~ao C.2.3).

A seguir trataremos de alguns casos importates.


Comecaremos pelo:

Exemplo 2.3.1 Para a ∈ R \ {0} xado, considere a func~ao h : R → R, dada por


. s
h(s) = , para s∈R (2.61)
a

e a func~ao vetorial α : R → R2 , dada por


.
α(r) = (a sen(r) , a cos(r) ) , para r ∈ R. (2.62)

Mostre que a func~ao vetorial α e um c.p.r., que a func~ao h e uma mudanca de par^ametros e
encontre a reparametrizac~ao, que denotaremos por β, da c.p.r. α, pela mudanca de par^ametros
h.

Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que α e uma c.p.r. .
De (2.61) (e da disciplina de Calculo 1), segue que

h ∈ C∞ (R ; R) ,
(2.61) 1
h ′ (s) = ̸= 0 ,
a
e, sera deixado como exerccio para o leitor, mostrar que h(R) = R .

Logo, da De nic~ao 2.3.1 (ou ainda, da Observac~ao 2.3.1) segue que a func~ao h, dada por (2.61), e
uma mudanca de par^ametros.
Portanto, do fato acima e da De nic~ao 2.3.1, segue que a func~ao β : R → R2 , dada por
.
β(s) = α[h(s)]
(2.62)
= (a sen(h(s)) , a cos(h(s)) )
(2.61)
( (s) (s))
= a sen , a cos , (2.63)
a a

completando a resoluc~ao.


Observação 2.3.3 A gura abaixo apresenta a representac~ao geometrica do traco da c.p.r. α


do Exemplo 2.3.1 acima, que e uma circunfer^encia de centro em (0 , 0) e raio igual a |a|.
A veri cac~ao deste fato e simples e sera deixada como exerccio para o leitor.
2.3. MUDANC ^
 A DE PARAMETRO E COMPRIMENTO DE ARCO 29

6
6 α(r)

(a , 0), se a > 0
α
- -
r

Y
traco de α

Temos tambem o:
Exemplo 2.3.2 Mostre que a func~ao vetorial β : R → R2 , dada por
.
β(s) = (−2 s + 1 , −4 s + 2) , para s∈R (2.64)
e uma c.p.r..
Alem disso, uma reparametrizac~ao da c.p.r. α, do mesmo Exemplo 2.1.9 (dada por (2.32)).
Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que β, dada por (2.64), e uma c.p.r. .
Notemos que a func~ao h : R → R, dada por
.
h(s) = −2 s + 1 , para s ∈ R , (2.65)
satisfaz:
h ∈ C∞ (R ; R) ,
(2.66)
h ′ (s) = −2 ̸= 0 ,
e, sera deixado como exerccio para o leitor, mostrar que h(R) = R .

Logo, da De nic~ao 2.3.1 (ou ainda, da Observac~ao 2.3.1) segue que a func~ao h, dada por (2.66) e
uma mudanca de par^ametros.
Portanto, do fato acima e da De nic~ao 2.3.1, segue que a func~ao vetorial γ : R → R2 , dada por
.
γ(s) = α[h(s)]
(2.32)
= (h(s) , 2 h(s) )
(2.66)
= (−2 s + 1 , −4 s + 2)
(2.64)
= β(s) , (2.66)
ou seja, a c.p.r. β, dada por (2.33), e uma reparametrizac~ao da c.p.r. α, dada por (2.32), completando
a resoluc~ao.


Observação 2.3.4Notemos que os tracos das c.p.r. do Exemplo 2.3.2 acima s~ao percorridos
em sentidos opostos.
A gura abaixo ilustra a situac~ao acima.
30 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

6 6
6 6 β(s)
α(r)

β
α
- - - -
r s

- traco de β
-
traco de α

Baseado no Exemplo 2.3.2 acima introduziremos a:


Definição 2.3.2 Suponhamos que a c.p.r. β : (c , d) → R2 seja uma reparametrizac~ ao da c.p.r.
α : (a , b) → R , ou seja, existe uma func~
2 ao h ∈ C ((c , d) ; (a , b)), bijetora e satisfazendo

h ′ (s) ̸= 0 , para s ∈ (c , d) .

Se
h ′ (s) > 0 (2.67)
diremos que β tem a mesma orientação α.
Se, por outro lado,
h ′ (s) < 0 (2.68)
diremos que β tem orientação oposta de α.
Com isto temos a:
Proposição 2.3.1 Dada uma c.p.r. α : (a , b) → R2 se considerarmos a func~ao vetorial β :
(−b , −a) → R2 , dada por
.
β(s) = α(−s) , para s ∈ (−b − a) , (2.69)

segue que β e uma c.p.r. cujo traco e igual ao traco de α, mas percorrido com orientac~ao
oposta de α.
Considerando-se h : (−b , −a) → (a , b), dada por
.
h(s) = −s , para s ∈ (−b , −a) , (2.70)

segue que h ∈ C∞ ((−b , a) ; R) e, alem disso, temos que


(2.70)
h ′ (s) = −1 < 0 , para s ∈ (c , d) (2.71)
e h[(−b , −a)] = (a , b) . (2.72)

Logo, pela De nic~ao 2.3.1, segue que h e uma mudanca de par^ametro.


Notemos tambem que, para s ∈ (−b , −a), temos
(2.70)
α[h(s)] = α(−s)
(2.69)
= β(s) ,
2.3. MUDANC ^
 A DE PARAMETRO E COMPRIMENTO DE ARCO 31

ou seja, a c.p.d. e regular e, alem disso, e uma reparametrizac~ao da c.p.r. α.


Como temos (2.71), da De nic~ao 2.3.2, segue β tem orientac~ao oposta de α, completando a re-
soluc~ao.

Outro caso importante e dado pelo:
Exemplo 2.3.3 Mostre que a c.p.d, regular β : R → R2 do Exemplo 2.1.2 (dada por (2.7)) e uma
reparametrizac~ao da c.p.r. α Exemplo 2.1.1 (dada por (2.3)), e ambas t^em mesma orientac~ao.
Resolução:
Considerando-se a func~ao h : R → R, dada por
.
h(s) = 2 s , para s ∈ R , (2.73)
temos que
h ∈ C∞ (R ; R) ,
(2.73)
h ′ (s) = 2 > 0 , (2.74)
e, sera deixado como exerccio para o leitor, mostrar que h(R) = R .

Logo, da De nic~ao 2.3.1 (ou ainda, da Observac~ao 2.3.1) segue que a func~ao h, dada por (2.73) e
uma mudanca de par^ametros.
Notemos que, para cada s ∈ R, teremos
(2.73)
α[h(s)] = α(2 s)
(2.3)
= (cos(2 s) , sen(2 s) )
(2.7)
= β(s) .

Assim, da De nic~ao 2.3.2, segue que a c.p.r. β e uma reparametrizac~ao da c.p.r, α e, de (2.74),
ambas t^em mesma orientac~ao, completando a resoluc~ao.


Exemplo 2.3.4 Sejam a , b ∈ R, a , b ̸= 0 e a func~ao vetorial α : R → R2 , dada por


.
α(r) = (a cos(r) , b sen(r)) , para r ∈ R. (2.75)
Mostre que a func~ao vetorial α e um c.p.r., cujo traco e a elipse dada por
{ }
2 2
. x y
E= (x , y) ∈ R2 ; 2 + 2 = 1 , (2.76)
a b

percorrida no sentido anti-horario.


Resolução:
Notemos que as func~oes componentes associadas a func~ao vetorial α, ser~ao as func~oes x , y : R → R,
dadas por
.
x(r) = a cos(r) , (2.77)
.
y(r) = b sen(r) , para r ∈ R , (2.78)
32 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

e ambas s~ao func~oes pertencentes a C∞ (R ; R) e, para cada r ∈ R, temos que


(2.77)
x ′ (r) = −a sen(r) , (2.79)
(2.77)
y ′ (r) = b cos(r) , (2.80)
deste modo, temos que α (r) = (−a sen(r) , b cos(r)) .

(2.81)
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que
α ′ (r) ̸= O
⃗, para r ∈ R .
Logo, da De nic~ao (2.2.2) segue que a func~ao vetorial α, dada por (2.75), e uma c.p.r..
Notemos que, para cada r ∈ R, teremos
x2 (r) y2 (r) (2.77) e (2.78) [a cos(r)]2 [b sen(r)]2
+ = +
a2 b2 a2 b2
= cos2 (r) + sen2 (r)
= 1,
mostrando que o traco da c.p.r. α esta contido na e elipse (2.76).
Neste caso, tambem de (2.77) e (2.78), segue que o sentifo de percurso da elipse (2.76), sera o
sentido anti-horario.
Finalmente, se P = (xo , yo ) e um ponto da elipse (2.76), podemos mostrar que exite ro ∈ R, de
modo que
Po = (a cos(ro ) , b sen(ro ))
(2.76)
= α(ro ) .
A veri cac~ao desta fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Portanto,
α(R) = E ,
completando a resoluc~ao.


Observação 2.3.5 A gura abaixo apresenta a representac~ao geometrica do traco da c.p.r. α


do Exemplo 2.3.4 acima, que e a elipse dada por (2.76).
A veri cac~ao deste fato e simples e sera deixada como exerccio para o leitor.
Temos agora a:
Observação 2.3.6 Sejam α : (a , b) → R2 uma c.p.r. e ro , r1 ∈ (a , b), com
r o < r1 .
Seja P , uma partição do intervalo [ro , r1 ], ou seja,
.
P = {ro = so , s1 , s2 , · · · , sn = r1 } . (2.82)
Consideremos a poligonal, formada pela reuni~ao dos segmentos de reta
α(si−1 ) α(si ) , para i ∈ {1 , · · · , n} ,
∪n
ou seja, α(si−1 ) α(si ) . (2.83)
i=1

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


2.3. MUDANC ^
 A DE PARAMETRO E COMPRIMENTO DE ARCO 33

α(sn−1 )

α(s1 ) 6
6
r1 = sn−1 α(sn )
sn−1
α(s2 )

- -
α
s2 α(so )

s1

ro = so

O comprimento desta poligonal, que indicaremos por lP , sera dado por


. ∑
n
lP = ∥α(si ) − α(si−1 )∥ . (2.84)
i=1

Para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, como a func~ao vetorial α e continuamente diferenciavel em


[si−1 , si ], do teorema do valor m edio para func~oes vetoriais (veja o Ap^endice C, ou ainda, o
item 15. da Observac~ao C.1.1), podemos garantir a exist^encia de ξi ∈ (si−1 , si ), de modo que
α(si ) − α(si−1 ) = α ′ (ξi ) (si − si−1 ) , (2.85)
Logo
(2.85)
∥α(si ) − α(si−1 )∥ = ∥α ′ (ξi ) (si − si−1 )∥
propriedade de norma
= ∥α ′ (ξi )∥ |si − si−1 | (2.86)
| {z }
s −s
.
=∆s
i i−1 i
34 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Deste modo teremos


(2.84) ∑
n
lP = ∥α(si ) − α(si−1 )∥
i=1

(2.86) ∑n
= ∥α ′ (ξi )∥ ∆si . (2.87)
i=1

Como a func~ao vetorial α e continuamente diferenciavel em [si−1 , si ], como visto na disci-


plina de Calculo 2, temos que existira o limite
(2.87) ∑
n
lim lP = lim ∥α ′ (ξi )∥ ∆si
∥P∥→0 ∥P∥→0
i=1
∫ r1
visto na disciplina de Calculo 2
= ∥α ′ (r)∥ dr , (2.88)
ro

onde
.
∥P∥ = max (si − si−1 ) ,
i∈{1 ,2 ,··· ,n}

denota norma da partição P , ou seja, o comprimento o maior subintervalo determinado pelos


pontos consecutivos da partic~ao P e o limite em (2.88), e tomado sobre todas as partic~oes P do
intervalo [ro , r1 ], cujas normas tendem a zero.
Deste modo podemos introduzir a:

Definição 2.3.3 Na situac~ao da Observac~ao 2.3.6, o numero real, n~ao negativo,


∫ r1
∥α ′ (r)∥ dr
ro

sera denominado, comprimento do arco determinado pelo traço de α, entre os instantes ro


e r1 .

Com isto temos a:

Observação 2.3.7

1. Notemos que a De nic~ao 2.3.3 acima, trata do comprimento do arco determinado pelo
traco de α, entre dois instantes e n~ao entre dois pontos do traco da mesma.
2. Na situac~ao da De nic~ao 2.3.3, podemos considerar a func~ao s : (ro , b) → R, dada por
∫r
.
s(r) = ∥α ′ (u)∥ du , para r ∈ (to , b) , (2.89)
ro

que sera denominada função comprimento de arco associada à α.


23.03.2017 - 6.a aula

3. Para cada r ∈ (ro , b), o numero real s(r), dada por (2.89), nos fornece o comprimento do
arco determinado pelo traco de α, entre os instantes ro e r.
4. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
2.3. MUDANC ^
 A DE PARAMETRO E COMPRIMENTO DE ARCO 35

α(r)

6
6
r

- -
α
α(ro )

ro

Com isto podemos introduzir a


Definição 2.3.4 Diremos que uma c.p.r. α : (a , b) → R2 está parametrizada pelo com-
primento de arco se para cada ro , r1 ∈ (a , b), com

ro < r1 ,

temos que o comprimento do arco do traco de α, entre os instantes ro e r1 , devera ser igual a
r1 − ro ,
∫ r1
ou seja, ∥α ′ (u)∥ du = r1 − ro . (2.90)
ro

Apliquemos essas ideias ao:


Exemplo 2.3.5Consideremos a c.p.r. α : R → R2 do Exemplo 2.1.1 (dada por (2.3)).
A rmamos que α esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Resolução:
De fato, notemos que, para cada r ∈ R, temos
(2.45)
α ′ (r) = (− sen(r) , cos(r)) , (2.91)

(2.91) e o item 1. da Obserrvac~ao 1
assim ∥α ′ (r)∥ = [− sen(r)]2 + [cos(r)]2
= 1. (2.92)
Logo, se ro , r1 ∈ R, satisfazem
ro < r1 ,
teremos:
∫ r1 ∫
′ (2.92) r1
∥α (u)∥ du = 1 du
ro ro
= r1 − ro ,

que, pela De nic~ao 2.3.4, e o mesmo que dizer que a c.p.r. α esta parametrizada pelo comprimento
de arco, completando a resoluc~ao.


Observação 2.3.8 A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita no Exemplo 2.3.5 acima.
36 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

6
r1 6 α(ro )

α
-
r1 − ro
-
ro
α(r1 )
W Y
traco de α

Temos tambem o:
Exemplo 2.3.6 Consideremos a c.p.r. α : R → R2 do Exemplo 2.1.2 (dada por (2.7)).
A rmamos que α n~ao esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Resolução:
De fato, notemos que, para cada r ∈ R, temos
( )
(2.8) e (2.9) d d
α ′ (r) = [cos(2 r)] , [ sen(2 r)]
dr dr
regra da cadeia
= (− sen(2 r) · 2 , cos(2 r) · 2) , (2.93)

(2.93) e o item 1. da Observac~ao 1
assim ∥α ′ (r)∥ = [−2 sen(2 r)]2 + [2 cos(2 r)]2

= 4
= 2. (2.94)

Logo, se ro , r1 ∈ R, satisfazem

r o < r1 ,
teremos:
∫ r1 ∫
′ (2.94) r1
∥α (u)∥ du = 2 du
ro ro
= 2 (r1 − ro ) ,

que, pela De nic~ao 2.3.4, e o mesmo que dizer que a c.p.r. α n~ao esta parametrizada pelo comprimento
de arco, completando a resoluc~ao.


Observação 2.3.9 Notemos que no Exemplo 2.3.5 temos que o vetor tangente a c.p.r. e unitario
e no Exemplo 2.3.6, o vetor tangente a c.p.r. n~ao e unitario, ou seja, deve existir alguma relac~ao
entre uma c.p.r. estar parametrizada pelo comprimento de arco e o vetor tangente a mesma,
em cada instante, ser untiario.
Isto e o que a rma a:
Proposição 2.3.2 Seja α : (a , b) → R2 uma c.p.r. .
Temos que α esta parametrizada pelo comprimento de arco se, e somente se,
∥α ′ (r)∥ = 1 , para r ∈ (a , b) . (2.95)
2.3. MUDANC ^
 A DE PARAMETRO E COMPRIMENTO DE ARCO 37

Resolução:
Suponhamos que a c.p.r. α esteja parametrizada pelo comprimento de arco, ou seja, se ro ∈ (a , b)
e arbitrario e
r ∈ (a , b) ,

segue, da De nic~ao 2.3.4, que ∫r


∥α ′ (u)∥ du = r − ro . (2.96)
ro

Consideremos a func~ao s : (ro , b) → R2 , dada por


∫r
.
s(r) = ∥α ′ (u)∥ du (2.97)
ro
(2.96)
= r − ro , para r ∈ (a , b) . (2.98)

Notemos que,
(2.98)
s ′ (r) = 1 , para r ∈ (a , b) . (2.99)

Por outro lado, pelo teorema fundamental do Calculo, a func~ao s e continuamente diferenciavel
em (a , b) e, alem disso, temos
[∫ r ]
′ (2.97) d ′
s (r) = ∥α (u)∥ du
dr ro
teorema fundamental do Calculo
= ∥α ′ (r)∥ , para r ∈ (a , b) . (2.100)

Logo, comparando (2.99) com (2.100), segue que

∥α ′ (r)∥ = 1 , para r ∈ (a , b) .

Como ro ∈ (a , b) e arbitrario, segue que vale (2.95) em (a , b).


Reciprocamente, se vale (2.95) em (a , b), temos que
∫r ∫
′ (2.95) r
∥α (u)∥ du = 1 du
ro ro
= r − ro ,

que, pela De nic~ao 2.3.4, e o mesmo que dizer que a c.p.r. α esta parametrizada pelo comprimento
de arco, completando a demonstrac~ao.

Apliquemos o resultado acima ao:
Exemplo 2.3.7 Seja a ∈ R \ {0}. Mostre que a func~ao vetorial α : R → R2 , dada por
( (r) ( r ))
.
α(r) = a cos , a sen , para r ∈ R, (2.101)
a a
e uma c.p.r. que esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que α, dada por (2.101), e uma c.p.r. .
38 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Notemos que, para cada r ∈ R, temos


( ( r )])
′ (2.101) d [ ( r )] d [
α (r) = a cos , a sen
dr a dr a
( [ ( ) ] [ ( r ) 1 ])
regra da cadeia r 1
= a − sen , a cos
a a a a
( (r) ( r ))
= − sen , cos . (2.102)
a a
Logo
√[ ( r )]2 [ ( r )]2
′ (2.102)
α (r) = − sen + cos
a a
= 1. (2.103)
Logo, de (2.103) e da Proposic~ao 2.3.2, segue que c.p.r. α esta parametrizada pelo comprimento
de arco, completando a resoluc~ao.

Tenos agora o resutado que nos diz que toda c.p.r. possui uma reparametrizac~ao que esta para-
metrizada pelo comprimento de arco, mais precisamente, temos a:
Proposição 2.3.3 Consideremos α : (a , b) → R2 uma c.p.r., ro ∈ (a , b) e a func~ao s : (a , b) →
R, dada por ∫r
.
s(r) = ∥α ′ (u)∥ du , para r ∈ (a , b) . (2.104)
ro
Ent~ao a func~ao s admite func~ao inversa, que indicaremos por
h : s[(a , b)] → (a , b) ,

pertencente a C∞ (s[(a , b)] ; (a , b)).


Alem disso, a reparametrizac~ao β : s[(a , b)] → R2 , dada por
.
β(s) = α[h(s)] , para s ∈ s[(a , b)] , (2.105)
esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Demonstração:
Como α ∈ C∞ ((a , b) ; R2 ) e uma c.p.r., de (2.104), segue que
s ∈ C∞ ((a , b) ; R)

e, do teorema fundamental do Calculo, temos


α
e regular
s ′ (r) = ∥α ′ (r)∥ > 0, para r ∈ (a , b) , (2.106)
o que implicara que a func~ao s e estritamente crescente em (a , b).
Em particular, sera injetora, portanto bijetora sobre sua imagem, ou seja,
s : (a , b) → s[(a , b)] e uma func~ao bijetora. (2.107)
Como a func~ao s e contnua e seu domnio e (a , b) (ou seja, um intervalo de R, ou ainda, um
subconjunto conexo de R), da disciplina de Analise 1, segue que o o conjunto s((a , b)) sera um
subconjunto conexo de R.
2.3. MUDANC ^
 A DE PARAMETRO E COMPRIMENTO DE ARCO 39

Sabemos, tambem da disciplina de Analise 1, que os subconjuntos conexos de R s~ao intervalos,


assim teremos que o conjunto s[(a , b)] devera ser um intervalo de R.
Isto, juntamente com (2.107), implicar~ao que existem c , d ∈ R, tais que
s[(a , b)] = (c , d) . (2.108)
Logo, podemos concluir que
s : (a , b) → (c , d) e uma func~ao bijetora, (2.109)
ou seja, ela adminte func~ao inversa, que indicaremos por
.
h = s−1 : (c , d) → (a , b) . (2.110)
Notemos tambem que, de (2.106) e do teorema da func~ao inversa (veja o Ap^endice C, ou ainda, o
item 16. da Observac~ao C.2.3), segue que a func~ao h e diferenciavel em (c , d).
Alem disso, para cada so ∈ (c , d), existe unico ro ∈ (a , b), tal que
so = s(ro ) ,

e assim, tambem do teorema da func~ao inversa (veja (C.27)), segue que


dh (C.27) 1
(so ) =
ds d s
(ro )
dr
(2.106) 1
= ′
∥α (ro )∥
̸= 0 . (2.111)
Logo, da De nic~ao 2.3.1, temos que a func~ao h e uma mudanca de par^ametros e assim, a func~ao
vetorial β : (c , d) → R2 , dada por
.
β(s) = (α ◦ h)(s) , para s ∈ (c , d) , (2.112)
sera uma reparametrizac~ao da c.p.r. α.
Notemos tambem que, para cada s ∈ (c , d), temos

′ (2.112), a regra da cadeia e r =. h(s) dh

∥β (s)∥ = dr (r) · ds (s)

propriedade de norma d h
= ′
∥α (r)∥ (s)
ds
(2.111) 1
= ∥α ′ (r)∥ ′
∥α (r)∥
= 1,

que, pela De nic~ao 2.3.4, e o mesmo que dizer que a c.p.r. β esta parametrizada pelo comprimento
de arco, completando a demonstrac~ao.

Com isto podemos introduzir a:
Definição 2.3.5A c.p.r. β, obtida pela Proposic~ao 2.3.3 acima (ou seja, dada por (2.105)),
sera denominada reparametrização de α, pelo comprimento de arco
40 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Observação 2.3.10 A reparametrizac~ao de α obtida na Proposic~ao 2.3.3 acima não e unica, ja
que depende da func~ao comprimento de arco (ou seja da func~ao s, dada por (2.104)) que, por
sua vez, depende da escolha de ro ∈ (a , b).
Apliquemos as ideais acima ao:
Exemplo 2.3.8 Consideremos a c.p.r. α : R → R2 do Exemplo 2.1.3, dada por (2.10), com
a2 + b2 ̸= 0 , 1 . (2.113)

Encontre uma reparametrizac~ao de α pelo comprimento de arco.


Resolução:
Notemos que, para cada r ∈ R, temos

∥α ′ (r)∥ = [x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2
(2.13) e (2.14) √ 2
= a + b2 (2.114)
(2.113)
̸= 1,

que, pela De nic~ao 2.3.4, e o mesmo que dizer que a c.p.r. α n~ao esta parametrizada pelo comprimento
de arco.
Consideremos a func~ao s : R → R (veja a Proposic~ao 2.3.3), dada por
. ∫r
(2.104) com ro =0
.
s(r) = ∥α ′ (u)∥ du
∫r √ 0
(2.114)
= a2 + b2 du
0

teorema fundamental do Caclculo
= a2 + b2 r , para r ∈ R . (2.115)

Seja h : R → R a func~ao inversa associada a func~ao s, ou seja, dada por

r = h(s)
.
= s−1 (s)
(2.115) s
= √ , para s ∈ R . (2.116)
a + b2
2

Logo, da Proposic~ao 2.3.3, segue que a c.p.r. β : R → R2 , dada por


.
β(s) = α[h(s)]
( )
(2.116) s
= α √
a2 + b2
( )
(2.10) a b
= xo + √ s , yo + √ s , para s ∈ R , (2.117)
a2 + b2 a 2 + b2

sera uma reparametrizac~ao de α, parametrizada pelo comprimento de arco, completando a resoluc~ao.



Um outro caso importante e dado pelo
2.3. MUDANC ^
 A DE PARAMETRO E COMPRIMENTO DE ARCO 41

Exemplo 2.3.9 Consideremos a func~ao vetorial α : R → R2 , dada por


.
α(r) = (er cos(r) , er sen(r)) , para r ∈ R. (2.118)

Mostre que α e uma c.p.r. que n~ao esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Encontre uma reparametrizac~ao de de α, parametrizada pelo comprimento de arco.
Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostra que α e uma c.p.r. .
Consideremos as func~oes coordenadas da func~ao vetorial α, que indicaremos por x , y : R → R e
s~ao dadas por
.
x(r) = er cos(r) , (2.119)
.
y(r) = er sen(r) , para r ∈ R . (2.120)

Notemos que, para cada r ∈ R, temos:



′ (2.118),(2.119),(2.120)
∥α (r)∥ = [x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2

[ ]2 [ ]2
(2.119),(2.120) d r d r
= (e cos(r)) + (e sen(r))
dr dr

= [er cos(r) + er [− sen(r)]]2 + [er sen(r) + er cos(r)]2
√[ ] [ ]
= e2 r cos2 (r)−2 e2 r sen(r) + e2 r sen2 (r) + e2 r sen2 (r) + 2 e2 r sen(r) + e2 r cos2 (r)
v
u 2r [ 2 ]
=ut2 e cos (r) + sen 2
(r)
| {z }
=1

= 2 er (2.121)
̸= 1 ,
{ ( √ )}
2
para r ∈ R \ ln .
2
Consideremos a func~ao s : R → R (veja a Proposic~ao 2.3.3), dada por
. ∫r
(2.104) com ro =0
.
s(r) = ∥α ′ (u)∥ du
∫ 0
(2.121) r √ u
= 2 e du
0
teorema fundamental do Caclculo √
= 2 (er − 1) , para r ∈ R . (2.122)
( √ )
Seja h : − 2 , ∞ → R a func~ao inversa associada a func~ao s, ou seja, dada por

r = h(s)
.
= s−1 (s)
( ) ( √ )
(2.122) s
= ln √ + 1 , para s ∈ − 2 , ∞ . (2.123)
2
42 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS
( √ )
Logo, da Proposic~ao 2.3.3, segue que a c.p.r. β : − 2 , ∞ → R2 , dada por
.
β(s) = α[h(s)]
( ( ))
(2.123) s
= α ln √ + 1
2
( ( ) [ ( )] ( ) [ ( )])
(2.118) ln √2 +1
s s ln √s2 +1 s
= e cos ln √ + 1 , e sen ln √ + 1 , (2.124)
2 2
( √ )
para s ∈ − 2 , ∞ , sera uma reparametrizac~ao de α, parametrizada pelo comprimento de arco,
completando a resoluc~ao.


Observação 2.3.11

1. A c.p.r. do Exemplo 2.3.9 (dada por (2.118)) e conhecida como espiral logarı́tmica.
2. A representac~ao geometrica do traco da c.p.r. do Exemplo 2.3.9 (dada por (2.118)) e dada
pela gura abaixo.

3. Uma c.p.r. que esta parametrizada pelo comprimento de arco sera indicada pela sigla
c.p.p.c.a. (2.125)

2.4 Teoria local das curvas planas e as fórmulas de Frenet


Como vimos na sec~ao 2.3 (mais precisamente, a Proposic~ao 2.3.3), uma c.p.r. admite uma reparame-
trizac~ao de modo que esta esteja parametrizada pelo comprimento de arco.
Devido a este fato, daqui por diante todas as c.p.d. regulares consideradas estar~ao parametrizadas
pelo comprimento de arco, exceto menc~ao contraria.
Seja α : (a , b) → R2 uma c.p.p.c.a. .

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 43

Para s ∈ (a , b), o vetor α ′ (s) e um vetor unitario (pois a c.p.r. esta parametrizada pelo compri-
mento de arco) e sera denotado por
.
t(s) = α ′ (s)
= (x ′ (s) , y ′ (s)) , (2.126)
ou seja, o vetor tangente à α, no instante s.
Para cada s ∈ (a , b), consideremos um vetor unitario, ortogonal ao vetor t(s), que indicaremos
por n(s), de modo que a base (ordenada) ortonormal
{t(s) , n(s)}
( )
de V 2 , + , · , ⟨ · , · ⟩ tenha a mesma orientac~ao da base can^onica
{⃗e1 , ⃗e2 } .

O vetor n(s) sera denominado vetor normal à α, no instante s


A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
6 ⃗
e2
6
6 n(s)
-
6 ⃗
e1

- t(s)
α(s)
α
- -
s

Encontremos func~oes coordenadas associadas a func~ao vetorial n : (a , b) → R2 .


Consideremos as func~oes A , B : (a , b) → R, de modo que
n(s) = (A(s) , B(s)) , para s ∈ (a , b) . (2.127)
Como, para cada s ∈ (a , b), temos
n(s) ⊥ t(s) ,
devermos ter: 0 = ⟨ n(s) , t(s) ⟩
(2.127),(2.126) e (A.20), em R2
= A(s) x ′ (s) + B(s) y ′ (s) , (2.128)
Por outro lado, o vetor n(s) tem que ser unitario
ou seja, ∥n(s)∥ = 1 ,
que, de (2.127), (A.21), e o mesmo que A2 (s) + B2 (s) = 1 . (2.129)
Por m, notemos que a base (ordenada) ortonormal {t(s) , n(s)} deve ter a mesma orientac~ao da
base can^onica que, de (2.126), (2.127) e do analogo do item 32. da Observac~ao A.1.2 do Ap^endice A,
para V 2 , sera o mesmo que

x (s) A(s)

0< ′
y (s) B(s)
= B(s) x ′ (s) − A(s) y ′ (s) . (2.130)
44 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Como α e c.p.r. temos que


ou x ′ (s) ̸= 0 , (2.131)
ou ′
y (s) ̸= 0 , (2.132)
Se vale (2.131), de (2.128), segue que
B(s) y ′ (s)
A(s) = − . (2.133)
x ′ (s)
A(s) x ′ (s)
Caso contrario, ou seja, se vale (2.132), teremos: B(s) = − . (2.134)
y ′ (s)

Se (2.131) ocorrer, substituindo-se (2.133) em (2.129),


( )
B(s) y ′ (s) 2
obteremos: − + B2 (s) = 1
x ′ (s)
( )2 ( )2 ( )2
ou seja, B2 (s) y ′ (s) + B2 (s) x ′ (s) = x ′ (s)
[( )2 ( )2 ] ( )2
ou ainda, B2 (s) y ′ (s) + x ′ (s) = x ′ (s) ,
| {z }
(2.126)
= ∥α ′ (s)∥2 =1 ,pois α 
e c.p.p.a.
( )2
logo, de deremos ter: B2 (s) = x ′ (s) ,
ou equivalentemente: B(s) = ± x ′ (s) . (2.135)
Notemos que
se escolhermos B(s) = −x ′ (s) , (2.136)
substituindo-se este em (2.133), obteremos: A(s) = y (s) . ′
(2.137)
Logo,
(2.136) e (2.137)
B(s) x ′ (s) − A(s) y ′ (s) = [−x ′ (s)] x ′ (s) − [y ′ (s)] y ′ (s)
= −{ [x ′ (s)]2 + [y ′ (s)]2 }
| {z }
(2.126)
= ∥α ′ (s)∥2 =1 ,pois α 
e c.p.p.a.
= −1 ,

e assim, esta escolha, n~ao ira satisfazer a condic~ao (2.130).


Portanto deveremos ter
B(s) = x ′ (s) , para s ∈ (a , b) . (2.138)
Substituindo-se (2.138) em (2.128),
obteremos, A(s) x ′ (s) + x ′ (s) y ′ (s) = 0 ,
como temos (2.131), segue que: A(s) = −y ′ (s) , para s ∈ (a , b) . (2.139)
Portanto, na situac~ao acima, deveremos ter
A(s) = −y ′ (s) (2.140)

B(s) = x (s) , para s ∈ (a , b) , (2.141)
que, de (2.127), e o mesmo que: n(s) = (−y (s) , x ′ (s)) , para s ∈ (a , b) .

(2.142)

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 45

Observação 2.4.1 De modo semelhante, se (2.132) ocorrer, substituindo-se (2.134) em (2.129),


( )
A(s) x ′ (s) 2
obteremos: 2
A (s) + − =1
y ′ (s)
( )2 ( )2 ( )2
ou seja, A2 (s) y ′ (s) + A2 (s) x ′ (s) = y ′ (s)
[( )2 ( )2 ] ( )2
ou ainda, A2 (s) + y ′ (s) + x ′ (s) = x ′ (s) ,
| {z }
(2.126)
= ∥α ′ (s)∥2 =1 ,pois α e c.p.p.a.
( )2
logo, de deremos ter: 2
A (s) = y (s) ′
,
ou equivalentemente: A(s) = ± y (s) . ′
(2.143)
Notemos que
se escolhermos A(s) = y ′ (s) , (2.144)
substituindo-se este em (2.134), obteremos: B(s) = −x (s) . ′
(2.145)
Logo,
(2.144) e (2.145)
B(s) x ′ (s) − A(s) y ′ (s) = [−x ′ (s)] x ′ (s) − [y ′ (s)] y ′ (s)
= −{ [x ′ (s)]2 + [y ′ (s)]2 }
| {z }
(2.126)
= ∥α ′ (s)∥2 =1 ,pois α e c.p.p.a.
= −1 ,

e assim, esta escolha, n~ao ira satisfazer a condic~ao (2.130).


Portanto deveremos ter
A(s) = −y ′ (s) , para s ∈ (a , b) . (2.146)
Substituindo-se (2.146) em (2.128),
obteremos, − y ′ (s) x ′ (s) + B(s) y ′ (s) = 0 ,
como temos (2.132), segue que: B(s) = x ′ (s) , para s ∈ (a , b) . (2.147)
Portanto, na situac~ao acima, devermos ter
A(s) = −y ′ (s) (2.148)
B(s) = x (s) , ′
para s ∈ (a , b) , (2.149)
que, de (2.127), e o mesmo que: ′
n(s) = (−y (s) , x (s)) , ′
para s ∈ (a , b) , (2.150)
exatamente o mesmo ocorrido em (2.142).
Com isto podemos introduzir a:
Definição 2.4.1 Para cada s ∈ (a , b), a base (ordenada) ortonormal
{t(s) , n(s)} (2.151)
de V 2 , onde os vetores t(s) e n(s) s~ao dados por (2.126) e (2.142), respectivamente, sera deno-
minado diedro (ou referencial) de Frenet, associado à α, no instante s.
46 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Observação 2.4.2

1. Na situac~ao acima, para cada s ∈ (a , b), diremos que a reta que contem o ponto α(s) e
tem a direc~ao do vetor (n~ao nulo) n(s) e a reta normal à α, no instante s, que possui
como uma equac~ao vetorial:

X(s) = α(s) + λ · n(s) , para λ ∈ R. (2.152)

2. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

-
6
6 n(s)
6

α(s)
- t(s)
α
- -
s

3. Observemos que, do fato que α e uma c.p.p.c.a temos, em particular, que as func~oes
coordenadas x , y : (a , b) → R pertencem a C∞ ((a , b) ; R).
Deste fato, de (2.126) e de (2.142), segue que
( )
t , n ∈ C∞ (a , b) ; R2 , (2.153)

em particular podemos considerar os vetores de V 2

t ′ (s) e n ′ (s) , para s ∈ (a , b) . (2.154)

Como (2.151) e uma base ortonormal (positiva) de V 2 , podemos escrever os vetores de


(2.154), como combinbac~ao linear dos vetores de (2.151).
Em particular, podemos encontrar func~oes j , k : (a , b) → R, de modo que

t ′ (s) = j(s) · t(s) + k(s) · n(s) , para s ∈ (a , b) . (2.155)


Como
∥t(s)∥ = ∥α ′ (s)∥
e c.p.p.c.a.
α
= 1, para s ∈ (a , b) , (2.156)

do item 3. da Observac~ao 2.2.3, segue que

t ′ (s) ⊥ t(s) , para s ∈ (a , b) . (2.157)



2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 47

Deste modo, para s ∈ (a , b), teremos


(2.157) ⟨ ′ ⟩
0 = t (s) , t(s)
(2.155)
= ⟨j(s) · t(s) + k(s) · n(s) , t(s)⟩
propriedade de produto interno
= j(s) ⟨t(s) , t(s)⟩ +k(s) ⟨t(s) , n(s)⟩
| {z } | {z }
(2.156) t(s)⊥n(s)
= 1 = 0
= j(s) ,
ou seja, j(s) = 0 , para s ∈ (a , b) . (2.158)

Logo, substituindo-se (2.158) em (2.155), obteremos


t ′ (s) = k(s) · n(s) , para s ∈ (a , b) , (2.159)
em particular, t ′ (s) ∥ n(s) , para s ∈ (a , b) . (2.160)

Baseado no item 3. da Observac~ao 2.4.2 acima introduziremos a:

Definição 2.4.2 A func~


ao k : (a , b) → R, obtida em (2.159), sera denominada função curva-
tura de α e, para cada s ∈ (a , b), o n
umero real k(s), sera denominado curvatura de α, no ins-
tante s.

Observação 2.4.3

1. Seja α : (a , b) → R2 uma c.p.p.a., cujas func~oes coordenadas s~ao as func~oes x , y : (a , b) →


R, ou seja
α(s) = (x(s) , y(s)) , para s ∈ (a , b) . (2.161)

Para cada s ∈ (a , b), temos


⟨ ′ ⟩ (2.159)
t (s) , n(s) = ⟨k(s) · n(s) , n(s)⟩
propriedade de produto interno
= k(s) ⟨n(s) , n(s)⟩
| {z }
∥n(s)∥=1
= 1
= k(s) . (2.162)

Por outro lado,


⟨ ′ ⟩ (2.126) ⟨ ′′ ⟩
t (s) , n(s) = α (s) , n(s)
(2.161) e (2.150) ⟨ ′′ ⟩
= (x (s) , y ′′ (s)) , (−y ′ (s) , x ′ (s))
de nica~o do p.i. em V 2
= −x ′′ (s) y ′ (s) + y ′′ (s) x ′ (s) . (2.163)

Logo, de (2.162) e (2.163), segue que


k(s) = −x ′′ (s) y ′ (s) + y ′′ (s) x ′ (s) , para s ∈ (a , b) . (2.164)
48 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

2. De modo semelhante, podemos encontrar func~oes f , g : (a , b) → R, de modo que


n ′ (s) = f(s) · t(s) + g(s) · n(s) , para s ∈ (a , b) . (2.165)

Como
∥n(s)∥ = 1 , para s ∈ (a , b) ,
do item 3. da Observac~ao 2.2.3, segue que n ′
(s) ⊥ n(s) , para s ∈ (a , b) . (2.166)

Deste modo, para s ∈ (a , b), teremos


(2.165)
0 = ⟨f(s) · t(s) + g(s) · n(s) , n(s)⟩
propriedade de p.i.
= f(s) ⟨t(s) , n(s)⟩ +g(s) ⟨n(s) , n(s)⟩
| {z } | {z }
t(s)⊥n(s) ∥n(s)∥=1
= 0 = 1
= g(s) ,
ou seja, g(s) = 0 , para s ∈ (a , b) . (2.167)

Logo, substituindo-se (2.167) em (2.165), obteremos


n ′ (s) = f(s) · t(s) , para s ∈ (a , b) , (2.168)
em particular, ′
n (s) ∥ t(s) , para s ∈ (a , b) . (2.169)

Para cada s ∈ (a , b), temos


⟨ ′ ⟩ (2.168)
t (s) , n(s) = ⟨f(s) · t(s) , t(s)⟩
propriedade de produto interno
= f(s) ⟨t(s) , t(s)⟩
| {z }
∥t(s)∥=1
= 1
= f(s) . (2.170)

Notemos que
⟨t(s) , n(s)⟩ = 0 ,
logo
d
0= ⟨t(s) , n(s)⟩
⟨ds ⟩ ⟨ ⟩
= t ′ (s) , n(s) + t(s) , n ′ (s) ,
ou seja,
⟨ ⟩ ⟨ ⟩
t(s) , n ′ (s) = − t ′ (s) , n(s)
⟨ ⟩
= α ′′ (s) , n(s)
(2.161) e (2.150) ⟨ ⟩
= (−y ′′ (s) , x ′′ (s)) , (x ′ (s) , y ′ (s))
de nica~o do p.i. em V 2
= −y ′′ (s) x ′ (s) + x ′′ (s) y ′ (s) . (2.171)

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 49

Logo, de (2.170) e (2.171), segue que


f(s) = −y ′′ (s) x ′ (s) + x ′′ (s) y ′ (s)
= x ′′ (s) y ′ (s) − y ′′ (s) x ′ (s)
= −[−x ′′ (s) y ′ (s) + y ′′ (s) x ′ (s)]
(2.164)
= −k(s) , para s ∈ (a , b) , (2.172)
e, comparando com (2.168), teremos: ′
n (s) = −k(s) · t(s) , para s ∈ (a , b) . (2.173)

Podemos resumir a discuss~ao feita na Observac~ao 2.4.3 acima como : se α : (a , b) → R2 e c.p.p.c.a.,


ent~ao o diedro (ou referencial) de Frenet, ou seja {t(s) , n(s)}, dados por (2.126) e (2.142), satisfazem
as seguintes equac~oes:
t ′ (s) = k(s) · n(s) , (2.174)

n (s) = −k(s) · t(s) , para s ∈ (a , b) . (2.175)

Definição 2.4.3 As equac~oes (2.174), (2.175) ser~ao denominadas fórmulas de Frenet, associadas
à c.p.p.c.a. α

Observação 2.4.4

1. Na situac~ao da Observac~ao 2.4.3, para cada s ∈ (a , b), temos


∥n(s)∥=1
|k(s)| = |k(s)| ∥n(s)∥
propriedade ds norma
= ∥k(s) · n(s)∥
(2.74)
= ∥t (s)∥
(2.126)
= ∥α ′′ (s)∥ , (2.176)
nos dira, de um certo modo, como as retas tangentes mudam de direc~ao.
De fato, seja so ∈ (a , b) e h ̸= 0, de modo que, (so + h) ∈ (a , b).
Denotemos por ϕ(h) ∈ [0 , π] o ^angulo, medido em radianos, entre os vetores (n~ao nulos)
α ′ (so ) e α ′ (so + h) .
Como αe c.p.p.c.a,
segue que ∥α ′ (s)∥ = 1 , para s ∈ (a , b) . (2.177)
⟨ ⟩
Deste modo (veja (A.23)), teremos cos[ϕ(h)] = α ′ (so ) , α ′ (so + h) . (2.178)

Notemos que, de (2.178), segue que a func~ao ϕ e diferenciavel em h = 0, em particular, e


contnua em h = 0, ou ainda,
lim ϕ(h) = ϕ(0) = 0 . (2.179)
h→0

Desta forma o limite


ϕ(h)
ϕ ′ (0) = lim , (2.180)
h→0 h

indica a taxa de variac~ao (instant^anea) do ^angulo (ou seja, a velocidade) ou, a grosso,
modo a velocidade com que as retas tangentes mudam de direc~ao.
50 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Notemos que
⟨ ⟩
∥α ′ (so + h) − α ′ (so )∥2 = α ′ (so + h) − α ′ (so ) , α ′ (so + h) − α ′ (so )
propriedades do p.i. ⟨ ′ ⟩ ⟨ ⟩ ⟨ ⟩
= α (so + h) , α ′ (so + h) −2 α ′ (so + h) , α ′ (so ) + α ′ (so ) , α ′ (so )
| {z } | {z } | {z }
(2.177) (2.178) (2.177)
=∥α ′ (so +h)∥2 = 1 = cos[ϕ(h)] =∥α ′ (so )∥2 = 1

= 2 − 2 cos[ϕ(h)]
{
] [[ ]}
cos(a)=cos2 ( a2 )− sen2 ( a2 ) ϕ(h) 2 ϕ(h)
= 2 − 2 cos − sen
2
2 2
 

 


 


 [ ] [ ] 

ϕ(h) ϕ(h)
= 2 1 − cos 2
+ sen2

 2 2  

 | {z } 

 [
 = sen2 ϕ(h) ] 

2
[ ]
ϕ(h)
= 4 sen2 . (2.181)
2

Como ϕ(h) ∈ [0 , π] ,
[ ]
ϕ(h)
segue que sen ≥ 0, (2.182)
2
√ [ ] [ ]
ϕ(h) ϕ(h)
assim sen2 = sen
2 2
[ ]
(2.182) ϕ(h)
= sen ,
2
[ ]
ϕ(h)
que, junto com (2.181), implicar~ao: ∥α (so + h) − α (so )∥ = 2 sen
′ ′
. (2.183)
2

Logo
(2.176)
|k(so )| = ∥α ′′ (so )∥

de nica~o de derivada
α ′ (so + h) − α ′ (so )

= lim+
h→0
h
propriedade da norma ∥α ′ (so + h) − α ′ (so )∥
= lim+
h→0 |h|
[ ]
ϕ(h)
2 sen
(2.183) e h>0 2
= lim+
 h→0 [ h 
]

 ϕ(h) 


 sen 


 2 

2
 


 ϕ(h) 

 ϕ(h) 
= lim+ 2
h→0   h 2  

 


 


 


 

 

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 51

 [ ] 
 ϕ(h) 
 sen

2

ϕ(h) 
= lim+ . (2.184)
h→0   ϕ(h) h  
 
2

Notemos que
ϕ(h) (2.179)
lim = 0, (2.185)
h→0 2 [ ]
ϕ(h)
sen
2
fazendo no limite lim+
ϕ(h)
,
h→0
2
. ϕ(h)
a mudanca de variaveis r= ,
2 [ ]
ϕ(h)
sen
2 sen(r)
e utilizando-se (2.185), obteremos: lim+
ϕ(h)
= lim+
h→0 r→0 r
2
1.o limite fundamental
= 1. (2.186)

Logo, de (2.186), (2.180) e (2.184), segue que


|k(so )| = ϕ ′ (0) , (2.187)
ou seja, e a taxa de variac~ao instant^anea do ^angulo, como a rmamos acima.
2. Na situac~ao da De nic~ao 2.4.3, para cada s ∈ (a , b), temos
⟨ ′ ⟩ (2.174)
t (s) , n(s) = ⟨k(s) · n(s) , n(s)⟩
propriedade de p.i
= k(s) ⟨n(s) , n(s)⟩ ,
| {z }
∥n(s)∥=1
= 1
⟨ ⟩
ou seja, ′
k(s) = t (s) , n(s) . (2.188)

27.03.2017 - 7.a aula


Apliquemos as ideias e conceitos acima ao:
Exemplo 2.4.1 Seja α : R → R2 uma c.p.p.c.a. cujo traco e uma reta.
Mostre que a curvatura de α e identicamente nula, isto e,
k(s) = 0 , para s ∈ R. (2.189)
Resolução:
Notemos que α : R → R2 sera dada por
.
α(s) = Xo + s · ⃗v
= (xo + a s , yo + b s) , para s ∈ R , (2.190)
52 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

onde
a 2 + b2 = 1 ,

pois α esta parametrizada pelo comprimento de arco.


Deste modo, para s ∈ R, teremos
(2.190)
α ′ (s) = (a , b) , (2.191)
logo ′′
α (s) = (0 , 0) , (2.192)
(2.176)
assim teremos |k(s)| = ∥α ′′ (s)∥
(2.192)
= 0,
ou seja, k(s) = 0 ,

completando a resoluc~ao.


Observação 2.4.5 Observemos que, no Exemplo 2.4.1 acima, temos que


(2.142) e (2.191)
n(s) = (−b , a) , para s ∈ R. (2.193)

Temos tambem o:

Exemplo 2.4.2 Sejam b > 0 e α : R → R2 uma func~ao vetorial, dada por


( (s) ( s ))
.
α(s) = xo + b cos , yo + b sen , para s ∈ R, (2.194)
b b

Mostre que α e c.p.p.c.a. e que a curvatura de α e constante, mais precisamente, temos


1
k(s) = , para s ∈ R. (2.195)
b

Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que α e uma c.p.p.c.a. .
Notemos que, para s ∈ R, temos
(2.126)
t(s) = α ′ (s)
( (s) 1 (s) 1)
(2.194)
= −b sen , b cos
b b b b
( (s) ( s ))
= − sen , cos , (2.196)
( b( ) b (s) 1)
(2.196) s 1

t (s) = − cos , − sen (2.197)
b b b b
e
(2.142) e (2.195)
( (s) ( s ))
n(s) = − cos , sen . (2.198)
b b

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 53

Logo, para s ∈ R, teremos

(2.188) ⟨ ′ ⟩
k(s) = t (s) , n(s)
⟨( (s) 1 (s) 1) ( (s) ( s ))⟩
(2.197),(2.198)
= − cos , − sen , − cos , sen
b b b b b b
de nic~ao do p.i. em V 2 1
(s) 1 (s)
= cos2 + sen2
b b b b
1 [ 2(s) ( )]
2 s
= cos + sen
b | b {z b }
=1
1
= , (2.199)
b

completando a resoluc~ao.


Observação 2.4.6 Notemos que o traco da c.p.p.c.a. α do Exemplo 2.4.2 (dada por (2.194))
e uma circunfer^encia de centro no ponto Po =. (xo , yo ) e raio igual a b (percorrida no sentido
anti-horario).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
t(s)

I
6
6 Ib n(s) α(s)
yo
=

α
- -
xo
s

Temos tambem o:

Exemplo 2.4.3 Sejam b > 0 e β : R → R2 uma func~ao vetorial, dada por


( (s) ( s ))
.
β(s) = xo + b cos , yo − b sen , para s ∈ R, (2.200)
b b

Mostre que β e c.p.p.c.a. e que a curvatura de β e constante, mais precisamente, temos


1
k(s) = − , para s ∈ R. (2.201)
b

Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que β e uma c.p.p.c.a. .
54 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Notemos que, para s ∈ R, temos


(2.126)
t(s) β ′ (s)
=
( (s) 1 (s) 1)
(2.200)
= −b sen , −b cos
b b b b
( (s) ( s ))
= − sen , − cos , (2.202)
( b( ) b
(s) 1)
(2.202) s 1

t (s) = − cos , sen (2.203)
b b b b
e
(2.142) e (2.202)
( (s) ( s ))
n(s) = cos , − sen . (2.204)
b b
Logo, para s ∈ R, teremos
(2.188) ⟨ ′ ⟩
k(s) = t (s) , n(s)
⟨( (s) 1 (s) 1) ( (s) ( s ))⟩
(2.203),(2.204)
= − cos , sen , cos , − sen
b b b b b b
de nic~ao do p.i. em V 2 1 ( s ) 1 ( s )
= − cos2 − sen2
b b b b
1 [ 2(s) ( s )]
=− cos + sen2
b | b {z b }
=1
1
=− , (2.205)
b
completando a resoluc~ao.


Observação 2.4.7 Notemos que o traco da c.p.p.c.a. β do Exemplo 2.4.3 (dada por (2.200))
e uma circunfer^encia de centro no ponto Po =. (xo , yo ) e raio igual a b (percorrida no sentido
horario).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
> n(s)
6
6 Ib β(s)

yo
w
t(s)

β
- -
xo
s

Mais adiante daremos uma interpretac~ao geometrica para o sinal da curvatura.


O diedro (ou referencial) de Frenet e a curvatura foram de nidos para curvas regulares que est~ao
parametrizadas pelo comprimento de arco.
Vimos, na Proposic~ao 2.3.3, que uma curva regular possui uma reparametrizac~ao que esta para-
metrizada pelo comprimento de arco.

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 55

Entretando gostaramos de encontrar o diedro (ou referencial) de Frenet e a curvatura de uma


curva regular sem que, necessariamente, esta esteja parametrizada pelo comprimento de arco.
Para isto, consideremos α : (a , b) → R2 uma c.p.r. .
Seja β : (c , d) → R2 reparametrizac~ao da c.p.r. α, de modo que a c.p.r. β esteja parametrizada
pelo comprimento de arco (dada pela Proposic~ao 2.3.3).
Sabemos, pela Proposic~ao 2.3.3, que

β(s) = α[h(s)] , para s ∈ (c , d) , (2.206)


ou α(r) = β[s(r)] , para r ∈ (a , b) , (2.207)
onde s : (c , d) → (a , b) , (2.208)
e h = s−1 : (a , b) → (c , d) (2.209)

e uma mudanca de par^ametros (pertencente a C∞ ((c , d) ; (a , b))) dada pela Proposic~ao 2.3.3.
Se
{t(s) , n(s)}
e o diedro (ou referencial) de Frenet associado a c.p.p.c.a. β e k(s) e sua curvatura, ent~ao de niremos

{t(r) , n(r)}

como sendo o e o diedro (ou referencial) de Frenet associado a c.p.p.c.a. α e k(r) sera sua curvatura,
ou seja,
.
t(r) = t[s(r)] , (2.210)
.
n(r) = n[s(r)] , (2.211)
.
e k(r) = k[s(r)] . (2.212)

Com isto temos a:


Proposição 2.4.1 Se α : (a , b) → R2 e uma c.p.r., cujas func~oes coordenadas s~ao as func~ao
x , y : (a , b) → R, ou seja,

α(r) = (x(r) , y(r)) , para r ∈ (a , b) , (2.213)

ent~ao, para r ∈ (a , b), teremos


. (x ′ (r) , y ′ (r))
t(r) = √ , (2.214)
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2
. (−y ′ (r) , x ′ (r))
n(r) = √ , (2.215)
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2

. −x ′′ (r) y ′ (r) + x ′ (r) y ′′ (r)


e k(r) = { }3 . (2.216)
′ 2 ′ 2 2
[x (r)] + [y (r)]

Demonstração:
Sejam
β : (c , d) → R2
56 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

reparametrizac~ao da c.p.r. α, pelo comprimento de arco e

s : (c , d) → (a , b) ,

a func~ao mudanca de par^ametros (cujas exist^encias s~ao garantidas pela Proposic~ao 2.3.3) como em
(2.206), (2.207), (2.208).
Notemos que, para r ∈ (a , b), temos:


α ′ (r) = (r)
dr
(2.207) d(β ◦ s)
= (r)
dr
regra da cadeia dβ ds
= [s(r)] · (r) , (2.217)
ds dr
α ′ (r)
ou ainda, β [s(r)] =
ds
. (2.218)
(r)
ds
Logo
d { ′ }
α ′′ (r) = α (r)
dr { }
(2.217) d dβ ds
= [s(r)] · (r)
dr ds dr
{ }
d dβ ds dβ d2 s
= [s(r)] · (r) + [s(r)] · 2 (r)
dr ds dr ds dr
{ }
2
regra da cadeia d β ds ds dβ d2 s
= [s(r)] · (r) · (r) + [s(r)] · (r)
ds2 dr dr ds dr2
[ ]2
d2 β ds dβ d2 s
= [s(r)] · (r) + [s(r)] · (r) , (2.219)
ds2 dr ds dr2
[ ]
d2 β 1 dβ d2 s
ou seja, [s(r)] = [ ′′
]2 · α (r) − [s(r)] · 2 (r)
ds2 ds ds dr
(r)
dr
 
(2.218) 1  ′′ 1 d2 s 
= [ ]2 · α (r) − ds · α ′ (r) · 2 (r) . (2.220)
ds dr
(r) (r)
dr ds

Por outro lado,

ds (2.104) e o teorema fundamental do Caclulo


(r) = ∥α ′ (r)∥
dr
⟨ ⟩1
= α ′ (r) , α ′ (r) 2 . (2.221)

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 57

Logo,
[ ]
d2 s d ds
(r) = (r)
dr2 dr dr
d [⟨ ′ ⟩1 ]
= α (r) , α ′ (r) 2
dr  
regra da cadeia 1 ⟨ ⟩− 1 ⟨ ′′ ⟩ ⟨ ′ ⟩
= α ′ (r) , α ′ (r) 2 ′ ′′
 α (r) , α (r) + α (r) , α (r) 
2 | {z }
=2 ⟨α ′′ (r) , α ′ (r)⟩
1 ⟨ ⟩
=⟨ ⟩ 1 α ′′ (r) , α ′ (r)
α ′ (r) , α ′ (r) 2
| {z }
=∥α ′ (r)∥

⟨α ′′ (r) , α ′ (r)⟩
= . (2.222)
∥α ′ (r)∥
Temos tambem que
(2.210)
t(r) = t[s(r)]

= β [s(r)]
(2.218) α ′ (r)
=
ds
(r)
ds
(2.213) e (2.221) (x ′ (r) , y ′ (r))
= 1
⟨α ′′ (r) , α ′ (r)⟩ 2
(x (r) , y ′ (r))

=√ , (2.223)
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2

mostrando a validade de (2.214).


Se
β(s) = (X(s) , Y(s)) , para s ∈ (c , d) , (2.224)
como a c.p.p.c.a β e uma reparametrizac~ao da c.p.r. α, para s ∈ (c , d), teremos
x(r) = X[s(r)]
= (X ◦ s)(r) (2.225)
y(r) = Y[s(r)]
= (Y ◦ s)(r) (2.226)
assim
dx
x ′ (r) = (r)
dr
(2.225) d(X ◦ s)
=
dr
regra da cadeia dX ds
= [s(r)] · (r) , (2.227)
ds dr
dX x ′ (r)
ou seja, [s(r)] =
ds
. (2.228)
ds
(r)
dr
58 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

De modo analogo, temos:


dy
y ′ (r) = (r)
dr
(2.226) d(Y ◦ s)
=
dr
regra da cadeia dY ds
= [s(r)] · (r) , (2.229)
ds dr
dy y ′ (r)
ou seja, [s(r)] =
ds
. (2.230)
ds
(r)
dr
(2.211)
n(r) = n[s(r)]
( )
(2.224) e (2.150) dY dX
= − [s(r)] , [s(r)]
ds ds
 
(2.228) e (2.230)  y ′ (r) x ′ (r) 
= − d s ,
ds 
(r) (r)
dr dr
(2.221) (−y ′ (r) , x ′ (r))
= 1
⟨α ′ (r) , α ′ (r)⟩ 2
(2.213) (−y ′ (r) , x ′ (r))
= √ (2.231)
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2

mostrando a validade de (2.215).


Notemos que
dt d2 β
[s(r)] = [s(r)]
ds ds2  
(2.220) 1  ′′ 1 d2 s 
= [ ]2 · α (r) − ds · α ′ (r) · 2 (r)
ds (r) dr
(r) ds
dr
[ ]
(2.221) e (2.222) 1 ′′ 1 ′ ⟨α ′′ (r) , α ′ (r)⟩
= · α (r) − · α (r) ·
∥α ′ (r)∥2 ∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r)∥
1 ⟨α ′′ (r) , α ′ (r)⟩
= ′
· α ′′ (r) − ′
· α ′ (r) . (2.232)
∥α (r)∥ 2
∥α (r)∥ 4

Assim
(2.212)
k(r) = k[s(r)]
⟨ ⟩
(2.188) d t
= [s(r)] , n[s(r)]
ds
⟨ ⟩
(2.232) e (2.231) 1 ′′ ⟨α ′′ (r) , α ′ (r)⟩ ′
= · α (r) − · α (r) , n[s(r)]
∥α ′ (r)∥2 ∥α ′ (r)∥4
⟨ ⟩
(x ′′ (r) , y ′′ (r)) ⟨(x ′′ (r) , y ′′ (r)) , (x ′ (r) , y ′ (r))⟩ (−y ′ (r) , x ′ (r))
= − { }2 · (x ′ (r) , y ′ (r)) , √
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2 ′ 2
[x (r)] + [y (r)] ′ 2
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 59

1 ⟨(x ′′ (r) , y ′′ (r)) , (−y ′ (r) , x ′ (r))⟩


= √
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2 [x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2
=0
z⟨ }| ⟩{
⟨(x ′′ (r) , y ′′ (r)) , (x ′ (r) , y ′ (r))⟩ (x ′ (r) , y ′ (r)) , (−y ′ (r) , x ′ (r))
− 2
· √
{[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2 } [x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2
−x ′′ (r) y ′ (r) + y ′′ (r) x ′ (r)
= { }3 , (2.233)
′ 2 ′ 2 2
[x (r)] + [y (r)]

mostrando a validade de (2.216) e completando a demonstrac~ao.



Apliquemos as ideias acima ao;
Exemplo 2.4.4 Consideremos a espiral logartmica do Exmeplo 2.3.9 (dada por (2.118)).
Encontrar o diedro (ou referencial) de Frenet e a curvatura associadas a c.p.r. acima.
Resolução:
Como vimos no Exemplo 2.3.9 a c.p.r. α : R → R2 , dada por (2.118), n~ao esta parametrizada pelo
comprimento de arco.
Observemos que , para r ∈ R, teremos:

α(r) = (er cos(r) , er sen(r)) ,


.
assim x(r) = er cos(r) , (2.234)
.
e y(r) = er sen(r) , para r ∈ R . (2.235)

Portanto
(2.234) d
x ′ (r) = [er cos(r)]
dr
= er cos(r) − er sen(r) , (2.236)
[ ]
′′ d dx
x (r) = (r)
dr dr
(2.236) d r
= [e cos(r) − er sen(r)]
dr
= [er cos(r) − er sen(r)] − [er sen(r) + er cos(r)]
= −2 er sen(r) , (2.237)
(2.235) d r
y ′ (r) = [e sen(r)]
dr
= er sen(r) + er cos(r) , (2.238)
[ ]
′′ d dy
y (r) = (r)
dr dr
(2.238) d r
= [e sen(r) + er cos(r)]
dr
= [er sen(r) + er cos(r)] − [er cos(r) − er sen(r)]
= 2 er cos(r) . (2.239)
60 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Logo
(2.214) (x ′ (r) , y ′ (r))
t(r) = √
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2
(2.236) e (2.238) (er cos(r) − er sen(r) , er sen(r) + er cos(r))
= √
[er cos(r) − er sen(r)]2 + [er sen(r) + er cos(r)]2

Exerccio
2
= (cos(r) − sen(r) , sen(r) + cos(r)) , (2.240)
2
(2.215) (−y ′ (r) , x ′ (r))
n(r) = √
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2
(2.236) e (2.238) (−er sen(r) − er cos(r) , er cos(r) − er sen(r))
= √
[er cos(r) − er sen(r)]2 + [er sen(r) + er cos(r)]2

Exerccio 2
= (− sen(r) − cos(r) , cos(r) − sen(r)) , (2.241)
2
e
(2.216) −x ′′ (r) y ′ (r) + y ′′ (r) x ′ (r)
k(r) = { }3
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2
2

(2.236),(2.237),(2.238) e (2.239) −[−2 er sen(r)] [er sen(r) + er cos(r)] + [2 er cos(r)] [er cos(r) − er sen(r)]
= { }3
[e cos(r) − e sen(r)] + [e sen(r) + e cos(r)]
r r 2 r r 2 2


Exerccio 2
= , (2.242)
2 er
completando a resoluc~ao.


Observação 2.4.8 No caso da espiral logartmica do Exemplo 2.4.4 acima, podemos concluir
que, quando r aumenta, a curvatura k(r) (dada por (2.242)) diminui.
Na Observac~ao a seguir, daremos uma interpretac~ao geometrica para o sinal da curvatura para
uma c.p.p.c.a. :
Observação 2.4.9

1. Seja α : (a , b) → R2 uma c.p.p.c.a, cujas func~oes coordenadas s~ao dadas por x , y : (a , b) →


R2 , ou seja,
α(s) = (x(s) , y(s)) , para s ∈ (a , b) . (2.243)

Para so ∈ (a , b),
t(s) = α ′ (s) (2.244)
e unitario (pois a curva esta parametrizada pelo comprimento de arco e temos a Proposic~ao
2.3.2).
Logo, do item 3. da Observac~ao 2.2.3, segue que
α ′′ (s) ⊥ α ′ (s) . (2.245)

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 61

e do item 3. da Observac~ao 2.4.2), segue que


(2.126)
α ′′ (so ) = t ′ (so )
(2.159)
= k(so ) · n(so ) . (2.246)

Assim, temos que (visto em (2.159)),


⟨ ⟩
k(so ) = t ′ (so ) , n(so )
(2.126) ⟨ ′′ ⟩
= α (so ) , n(so ) . (2.247)

Logo
 suponhamos que
k(so ) > 0 . (2.248)
Deste fato, de (2.246), (2.247), segue que o vetor n(so ) tem a mesma direc~ao e sentido
do vetor α ′′ (so ).
 Por outro lado, suponhamos que
k(so ) < 0 . (2.249)
Deste fato, de (2.246), (2.247), segue que o vetor n(so ) tem a mesma direc~ao e sentido
oposto do vetor α ′′ (so ).
As guras abaixo ilustram as situac~ao descritas acima:
k(so ) > 0 k(so ) < 0

′′
α (so )
n(so )
6  6 6 7
6 α(so )

α  - R t(so )
- n(so )

so
/
so
α ′′ (so )
α(so )
- q t(so ) -

2. Lembremos da disciplina de Geometria Analtica, que se r, denota uma reta em R2 que


contem o ponto Po ∈ R2 e ⃗v ̸= O
⃗ 
e um vetor ortogonal a reta r, ent~ao o semi-plano aberto,
de R , que tem como fronteira a reta r e que "contem" o vetor ⃗v, e o conjunto, que
2

indicaremos por Σ dado por


{ }
.
Σ = P ∈ R2 ; ⟨ P − Po ,⃗v ⟩ > 0 . (2.250)

Observemos que o conjunto Σ n~ao depende do ponto Po escolhido sobre a reta r.


3. Na situac~ao do item 1., se
k(so ) ̸= 0 , (2.251)
a rmamos que
para s ∼ so ,
segue que o ponto α(s) ,
62 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

pertencera ao semi-plano de R2 , que tem como fronteira a reta tangente que contem o
ponto α(so ) e tem a direc~ao do vetor tangente t(so ), e que "contem" o vetor α ′′ (so ), ou
seja, o vetor α(s) − α(so ) "pertencera" a este semi-plano.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima:
α ′′ (so )

6  6 6
6
α(s) α(so )

α
-
α
- R t(so )
α(s)
so
/
so
s semi-plano citado s
α ′′ (so )
α(so )
-q semi-plano citado -
t(so )

De fato, do item 2. acima, basta mostrarmos que existe uma vizinhanca V(so ) ⊆ (a , b),
de modo que
. ⟨ ⟩
q(s) = α(s) − α(so ) , α ′′ (so )
≥ 0, para s ∈ V(so ) . (2.252)
Para tanto, notemos primeiramente que
⟨ ⃗
=O ⟩
(2.252) z }| {
q(so ) = α(so ) − α(so ) , α ′′ (so )

= 0. (2.253)
que para s ∼ so , temos que
dq (2.252) d [⟨ ⟩]
(s) = α(s) − α(so ) , α ′′ (so )
ds ds ⟨ ⟩
item 9. da Observaca~o C.1.1 d ′′
= [α(s) − α(so )] , α (so )
|ds {z }
d
= α ′ (s) − [α(so )]
|ds {z }

=O
| {z }
=⟨ α ′ (s) ,α ′′ (so ) ⟩
⟨ ⟩
d [ ′′ ]
+ α(s) − α(so ) , α (so )
|ds {z }

=O
| {z }
=0
⟨ ⟩
= α ′ (s) , α ′′ (so ) . (2.254)
Em particular, teremos:
dq (2.254) ⟨ ′ ⟩
(so ) = α (so ) , α ′′ (so )
ds
(2.245)
= 0, (2.255)
ou seja, so e um ponto crtico da func~ao q . (2.256)

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 63

Observemos tambem que, para s ∼ so , teremos


[ ]
d2 q d dq
(s) = (s)
ds2 ds ds
(2.254) d [⟨ ′ ⟩]
= α (s) , α ′′ (so )
ds
item 9. da Observaca~o C.1.1 ⟨ ′′ ⟩
= α (s) , α ′′ (so )
⟨ ⟩
′ d [ ′′ ]
+ α (s) , α (so )
|ds {z }

=O
| {z }
=0
⟨ ⟩
= α ′′ (s) , α ′′ (so ) . (2.257)

Em particular, teremos:
d2 q (2.257) ⟨ ′′ ⟩
2
(so ) = α (so ) , α ′′ (so )
ds
= α ′′ (so )
(2.176)
= |k(so )|
(2.251)
> 0. (2.258)

Logo de (2.256), (2.258), e do teste da 2.a derivada (visto na disciplina de Calculo 1), segue
no ponto crtico so a func~ao q tem um mnimo local, ou seja, existe uma vizinhanca, que
indicaremos por V(so ) ⊆ (a , b), de modo que
para s ∈ V(so ) ,
(2.253)
teremos q(s) > q(so ) = 0, (2.259)
completando a demonstrac~ao da a rmac~ao.
4. Vimos nos Exemplos 2.4.2 e 2.4.3 que o modulo da curvatura de uma circunfer^encia de
1
raio igual a b > 0 e igual a , ou seja, o inverso do valor do raio (veja (2.195)).
b
Baseado neste fato introduziremos a:
Definição 2.4.4 Se α : (a , b) → R2 e uma c.p.p.c.a., de modo que
k(s) ̸= 0 , para s ∈ (a , b) .

De niremos o raio de curvatura de α no instante s, que sera indicado por ρ(s), como
sendo
. 1
ρ(s) = . (2.260)
|k(s)|
Na situac~ao acima, tambem de niremos o centro de curvatura de α, no instante s, de-
notado por C(s) como sendo
. 1
C(s) = α(s) + · n(s) . (2.261)
k(s)
A circunfer^encia de centro no ponto C(s) e raio igual a ρ(s), sera denominada circunferência
osculadora de α, no instante s.
64 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Observação 2.4.10

1. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita na De nic~ao 2.4.4.

n(s)

6
6
raio de curvatura de α em s -t(s)
6
q
α
ρ(s) centro de curvatura de α em s
-
s 9
1
C(s) = α(s) + k(s) · n(s)
-
k
circunfer^encia osculadora de α em s

2. Na situac~ao da De nic~ao 2.4.4 acima, quando s varia em (a , b), o centro de curvatura de


α em s ou seja, os pontos C(s) descrever~ ao uma curva parametrizada, que indicaremos
por β : (a , b) → R , que sera denominada evoluta de α.
2

3. A gura abaixo ilustra a representac~ao geometrica de uma c.p.p.c.a. α e de sua evoluta.

β e evoluta de α
t(s)
α(s) : α

6n(s)

β(s)

4. Na situac~ao da De nic~ao 2.4.4, a evoluta de α sera dada por

. 1 .
β(s) = α(s) + · n(s) , para s ∈ A = {s ∈ (a , b) ; k(x) ̸= 0} , (2.262)
k(s)

ou seja, sera uma curva parametrizada diferenciavel.



2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 65

Alem disso, para s ∈ A, segue que


[ ]
′ (2.262) d 1
β (s) = α(s) + · n(s)
ds k(s)
[ ]
′ d 1 1 ′
= α (s) + ] · n(s) + · n (s)
ds k(s) k(s)
[ ]
(2.126) e (2.175) d 1 1
= t(s) + · n(s) + · [−k(s) · t(s)]
ds k(s) k(s)
[ ]
d 1
= · n(s)
ds k(s)
k ′ (s)
=− 2 · n(s) , (2.263)
k (s)
ou seja, β e uma curva parametrizada regular
se, e somente se k ′ (s) ̸= 0 , (2.264)
para s ∈ A (isto e, para k(s) ̸= 0).
5. Notemos tambem que, de (2.263), segue que
β ′ (s) ∥ n(s) , para s ∈ A. (2.265)

Em particular, considerando-se
.
B = {s ∈ (a , b) ; k(s) , k ′ (s) ̸= 0} , (2.266)
segue, de (2.265), que a reta tangente a c.p.r. β, no instante s ∈ B, sera ortogonal a reta
tangente a c.p.p.c.a. α, no instante s (pois n(s) ⊥ t(s), para s ∈ (a , b)).
A gura acima ilustra a situac~ao descrita.
6. Notemos que mesmo a c.p.d. β (dada por (2.262), isto e, a evoluta de α) seja regular, ela
podera não estar, necessariamente, parametrizada pelo comprimento de arco.
Isto aconteceria se
1 = ∥β ′ (s)∥

(2.263) k ′ (s)
= − 2 · n(s)
k (s)

propriedade de uma norma k ′ (s)
= − 2 ∥n(s)∥
k (s) | {z }
=1
|k ′ (s)|
= 2 ,
k (s)
|k ′ (s)|
ou seja, = 1,
k2 (s)
ou ainda, |k ′ (s)| = k2 (s) , para s ∈ B. (2.267)

Podemos agora introduzir a


Definição 2.4.5 Dada uma c.p.r. β : (a , b) → R2 , diremos que a c.p.r. α : (a , b) → R2 
e uma
involuta de β, se para cada r ∈ (a , b), a reta tangente 
a c.p.r α em s, for uma reta ortogonal
a c.p.r. β em r (ou ainda, se a β for uma evoluta de α).
66 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Observação 2.4.11 Dada a c.p.r. β : (a , b) → R2 , podemos obter o traco de uma involuta


de β, que indicaremos por α : (a , b) → R2 , como sendo a curva descrita pelos pontos que
indicaremos por Q(s), que est~ao na extremidade de um pedaco de o, onde a outra extremidade,
que chamaremos de Po , esta xada sobre um ponto de β, e o mesmo esta se enrolando sobre o
traco de β.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

P(r)

α
involuta de β

β
Po

Apliquemos as ideias acima ao

Exemplo 2.4.5 Consideremos α : (0 , 2 π) → R2 , dada por

.
α(r) = (r − sen(r) , 1 − cos(r)) , para r ∈ (0 , 2 π) . (2.268)

Mostre que α e um c.p.r. que n~ao esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Encontre envoluta de α.

Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que α e um c.p.r. que n~ao esta parametrizada
pelo comprimento de arco.
Encontremos uma parametrizac~ao da evoluta de α, ou seja, considermos C : (0 , 2 π) → R2 , dada
por
. 1
C(r) = α(r) + · n(r) , para r ∈ (0 , 2 π) , (2.269)
k(r)

onde k(r) e n(r) s~ao a curvatura e o vetor normal da c.p.r. α, no instante r ∈ (0 , 2 π).
Para cada r ∈ (0 , 2 π), da Proposic~ao 2.4.1, temos:

(2.215) (−y ′ (r) , x ′ (r))


n(r) = √ . (2.270)
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2

2.4. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 67

Como, para r ∈ (0 , 2 π),


(2.268)
.
x(r) = r − sen(r) (2.271)
(2.268)
.
y(r) = 1 − cos(r) (2.272)
segue que
(2.271)
x ′ (r) = 1 − cos(r) (2.273)
(2.272)
y ′ (r) = sen(r) , (2.274)
assim, teremos:
(2.273)
x ′′ (r) = sen(r) (2.275)
(2.274)
y ′′ (r) = cos(r) . (2.276)
Deste modo,
[ ]2 [ ]2 (2.271) ,(2.272)
x ′ (r) + y ′ (r) = [1 − cos(r)]2 + [ sen(r)]2
= [1 − 2 cos(r) + cos2 (r)] + sen2 (r)
= 2 − 2 cos(r) (2.277)
e assim, teremos
(2.270),(2.271),(2.272) (− sen(r) , 1 − cos(r))
n(r) = √ (2.278)
2 − 2 cos(r)
e
(2.216) −x ′′ (r) y ′ (r) + x ′ (r) y ′′ (r)
k(r) = { }3
[x ′ (r)]2 + [y ′ (r)]2
2

(2.275) ,(2.276) ,(2.271) ,(2.277) − sen(r) sen(r) + [1 − cos(r)] cos(r)


= 3
[2 − 2 cos(r)] 2
cos(r) − 1
= 3 , (2.279)
[2 − 2 cos(r)] 2
deste, o raio de curvatura de α, em r ∈ (0 , 2 π), sera dada por
(2.260) 1
ρ(r) =
|k(r)|
3
(2.279) [2 − 2 cos(r)] 2
=
| cos(r) − 1|
3
2 [1 − cos(r)] 2
3
2
=
|1 − cos(r)|
3 √
= 2 2 1 − cos(r) (2.280)
e, nalmente, teremos:
3
(2.269) ,(2.268) ,(2.279) ,(2.278) [2 − 2 cos(r)] 2 (− sen(r) , 1 − cos(r))
C(r) = (r − sen(r) , 1 − cos(r)) + · √
cos(r) − 1 2 − 2 cos(r)
Exerccio
= (r + sen(r) , cos(r) − 1) , para r ∈ (0 , 2 π) , (2.281)
68 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

sera um parametrizac~ao da envoluta da c.p.r. α, nalizando a resoluc~ao.




Observação 2.4.12 O traco da c.p.r. α, dada por (2.268), e uma cicloide.


A gura abaixo encontram-se as representac~oes geometricas dos gra cos da cicloide, dada
por (2.268) e de sua evoluta.

Podemos agora introduzir a

Definição 2.4.6 Se α : (a , b) → R2 e β : (c , d) → R2 s~ao duas c.p.r. que se interceptam em um


unico ponto, de nimos o ângulo entre α e β como sendo o ^angulo formado entre os respectivos
vetores tangentes as c.p.r., no ponto de intersec~ao.

Observação 2.4.13 A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


α


^angulo entre as duas c.p.r.

*

30.03.2017 - 8.a aula


2.5. TEOREMA FUNDAMENTAL DAS CURVAS PLANAS 69

2.5 Teorema fundamental das curvas planas


O resultado a seguin nos diz que a curvatura determina uma curva parametrizada diferenciavel plana,
a menos de sua posic~ao no plano, mais precisamente
Teorema 2.5.1 (fundamental das curvas planas) Seja
k ∈ C∞ ((a , b) ; R) .
Ent~ao existe
α : (a , b) → R2 ,
curva parametrizada regular, que podemos supor estar parametrizada pelo comprimento de arco
(veja a Proposic~ao 2.3.3), cuja curvatura e dada pela func~ao k.
Alem disso, α sera unica se conhecermos um ponto da mesma, ou seja,
.
Po = α(so )
e um vetor tangente a mesma
.
vo = α ′ (so ) ,
para algum so ∈ (a , b).
Finalmente, se α , β : (a , b) → R2 s~ao duas c.p.p.c.a. que t^em a mesma func~ao curvatura,
ent~ao elas diferem "por sua posic~ao no espaco", isto e, existem transformc~oes
R , T : R2 → R2 ,
onde R e uma rotac~ao e T uma translac~ao (ou seja, movimentos rgidos em R2 ), de modo que
α(s) = (R ◦ T ◦ β)(s) , para s ∈ (a , b) . (2.282)
Demonstração:
Para so ∈ (a , b) xado, consideremos a func~ao Θ : (a , b) → R, dada por
∫s
.
Θ(s) = k(r) dr , para s ∈ (a , b) . (2.283)
so

Como, por hipotese


k ∈ C∞ ((a , b) ; R) ,
de (2.283) e do Teorema fundamental do Calculo, segue que
Θ ∈ C∞ ((a , b) ; R)
e
Θ ′ (s) = k(s) , para s ∈ (a , b) . (2.284)
Escolhamos
(xo , yo ) ∈ R2 e λo ∈ R .
De namos α : (a , b) → R2 , dada por
.
α(s) = (x(s) , y(s)) , para s ∈ (a , b) , (2.285)
onde
∫s
.
x(s)= xo + cos[Θ(r) + λo ] dr , (2.286)
s
∫ so
.
y(s)= yo + sen[Θ(r) + λo ] dr , (2.287)
so
70 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS

Logo, de (2.286), (2.287), (2.284) e do Teorema fundamental do Calculo, segue que

x , y ∈ C∞ ((a , b) ; R) ,
e, para s ∈ (a , b), teremos:
[ ∫s ]
(2.286) d

x (s) = xo + cos[Θ(r) + λo ] dr
ds so
teorema fundamental do Calculo
= cos[Θ(s) + λo ] , (2.288)
[ ∫s ]
(2.286) d
y ′ (s) = yo + sen[Θ(r) + λo ] dr
ds so
teorema fundamental do Calculo
= sen[Θ(s) + λo ] , (2.289)

Assim α e uma c.p.d. e, alem disso, para s ∈ (a , b), temos



∥α ′ (s)∥ = [x ′ (s)]2 + [y ′ (s)]2

(2.288) ,(2.289)
= {cos[Θ(s) + λo ]}2 + { sen[Θ(s) + λo ]}2
= 1.

Logo, pela Proposic~ao 2.3.2, segue que α e uma c.p.p.c.a. (em partiuclar, c.p.r.).
Notemos tambem que, para s ∈ (a , b), temos

t(s) = α ′ (s)
(2.288) ,(2.289)
= (cos[Θ(s) + λo ] , sen[Θ(s) + λo ]) , (2.290)
(2.142)
n(s) = (−y (s) , x ′ (s))
= (− sen[Θ(s) + λo ] , cos[Θ(s) + λo ]) , (2.291)
( )
(2.290) d d

t (s) = {cos[Θ(s) + λo ]} , { sen[Θ(s) + λo ]}
ds ds
regra da cadeia ( )
= − sen[Θ(s) + λo ] Θ ′ (s) , cos[Θ(s) + λo ] Θ ′ (s)
(2.284)
= (− sen[Θ(s) + λo ] k(s) , cos[Θ(s) + λo ] k(s))
= k(s) · (− sen[Θ(s) + λo ] , cos[Θ(s) + λo ]) , (2.292)

assim
⟨ ⟩ (2.292) ,(2.291)
t ′ (s) , n(s) = ⟨k(s) · (− sen[Θ(s) + λo ] , cos[Θ(s) + λo ]) , (− sen[Θ(s) + λo ] , cos[Θ(s) + λo ])⟩
{ }
= k(s) sen [Θ(s) + λo ] + cos [Θ(s) + λo ]
2 2
| {z }
=1
= k(s) , (2.293)

mostrando que a curvatura da c.p.p.c.a. α, dada por (2.285), (2.286) e (2.287), e a func~ao k, dada
inicialmente (veja (2.162)).
Suponhamos agora, que α : (a , b) → R2 e uma c.p.p.c.a., cuja curvatura e dada pela func~ao
k ∈ C∞ ((a , b) ; R), dada por

α(s) = (x(s) , y(s)) , para s ∈ (a , b) ,


2.5. TEOREMA FUNDAMENTAL DAS CURVAS PLANAS 71

onde x , y ∈ C∞ ((a , b) ; R).


Das equac~oes de Frenet (veja (2.174)), para s ∈ (a , b), teremos:
t ′ (s) = k(s) · n(s) ,
ou seja, α ′′ (s) = k(s) · n(s) ,
que, de (2.161) , (2.150), e o mesmo que: (x ′′ (s) , y ′′ (s)) = (−k(s) y ′ (s) , k(s) x(s)) ,
{
x ′′ (s) = −k(s) y ′ (s)
ou seja, . (2.294)
y ′′ (s) = k(s) x ′ (s)

Consideremos
.
(xo , yo ) = α(so )
= (x(so ) , y(so )) (2.295)
e
.
(vo1 , vo2 ) = α ′ (so )
= (x ′ (so ) , y ′ (so )) . (2.296)
Logo, de (2.294), (2.295) e (2.296), segue que as func~oes
x , y ∈ C∞ ((a , b) ; R)

dever~ao satisfazer ao seguinte problema de valor inicial associado ao respectivo sistema de EDO's:


x ′′ (s) = −k(s) y ′ (s)





y ′′ (s) = k(s) x ′ (s)


x = x(s )
o o
, (2.297)

yo = y(so )





vo1 = x ′ (so )


v = y ′ (s )
o2 o

que, como foi visto na disciplina de Equac~oes Diferenciais Ordinarias, possui uma unica soluc~ao.
Portanto, existe uma unica c.p.p.c.a. α : (a , b) → R2 , que possua a func~ao k como curvatura, que
contenha o ponto
Po = α(so )
e que tenha como vetor velocidade, no instante so , o vetor
vo = α ′ (so ) .

Para nalizar, notemos que se α , β : (a , b) → R2 s~ao duas c.p.p.c.a. que t^em como curvatura a
func~ao k.
Fixado so ∈ (a , b), existe uma rotac~ao R : R2 → R2 e uma translac~ao T : R2 → R2 , de modo que
α(so ) = T [β(so )] , (2.298)
e ′ ′
α (so ) = R[β (so )] . (2.299)
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor (e importante notar que para a
exist^encia da rotac~ao precisamos utilizar que os vetores α ′ (so ) e β ′ (so ) s~ao unitarios).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
72 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS
α ′ (so )
1
α(so )
y
1 α ′ (so )
transla
c~
ao T
β(so ) M
rota
c~
ao R

U
β ′ (so )

Consideremos γ : (a , b) → R2 , dada por


.
γ(s) = (R ◦ T ◦ β)(s) , para s ∈ (a , b) . (2.300)

Temos que ( )
R , T ∈ C ∞ R2 ; R2 .

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Assim deste fato segue que γ, dada por (2.300), e uma c.p.d. .
Alem disso,
(2.300)
γ(so ) = (R ◦ T ◦ β)(so )
= R{T [β(so )]}
(2.298)
= R{α(so )}
R
e rotac~ao
= α(so ) , (2.301)
e
(2.300) d
γ ′ (so ) = {(R ◦ T ◦ β)} (so )
ds
regra da cadeia
= R ′ {T ′ [β ′ (s)]}
R ′ =R e T ′ =Id
= R{Id[β ′ (so )]}
= R{β ′ (so )}
(2.299)
= α ′ (so ) , (2.302)

Se, para cada s ∈ (a , b), indicarmos por tγ (s) o vetor tangente a γ no instante s, teremos:
tγ (s) = γ ′ (s)
d
= [(R ◦ T ◦ β)] (s)
ds
como acima [ ]
= (R ◦ Id ◦ β ′ ) (s) , (2.303)
Em particular, segue que
(2.303)

[ ]
∥tγ (s)∥ = (R ◦ Id ◦ β ′ ) (s)

= R{β ′ (s)}
e rotac~ao
R
β ′ (s)
=
β
e c.p.p.c.a.
= 1,
2.5. TEOREMA FUNDAMENTAL DAS CURVAS PLANAS 73

mostrando que a γ e uma c.p.p.c.a. .


Alem disso, se, para s ∈ (a , b), indicaremos a curvatura e o vetor normal "usual" de γ no instante
s, por kγ (s) e nγ (s), respectivamente, teremos
exerccio
nγ (s) = (R ◦ T ◦ n)(s) , (2.304)
assim,
(2.162) ⟨ ⟩
kγ (s) = tγ ′ (s) , nγ (s)
⟨ ⟩
(2.303) ,(2.304) d { ′
}
= R{T [β (s)]} , R{T [n(s)]}
ds
exerccio ⟨ ⟩
= R{Id[β ′′ (s)]} , R{T [n(s)]}
Re uma rotac~ao e T e translac~ao ⟨ ′′ ⟩
= β (s)] , n(s)
(2.174)
= k(s) .

Logo, da 2.a parte (ou seja, da unicidade), segue que


γ(s) = α(s) , para s ∈ (a , b) , (2.305)
(2.305) ,(2.300)
ou seja, α(s) = (R ◦ T ◦ β)(s) , para s ∈ (a , b)
completando a demonstrac~ao do resultado.

74 CAPITULO 2. CURVAS PLANAS
Capı́tulo 3

Curvas espaciais

3.04.2017 - 9.a aula


Neste captulo faremos um estudo semelhante ao feito no captulo 2. anterior, para curvas no espaço.

3.1 Curva parametrizada diferenciável

Comecemos introduzindo a:

( )
Definição 3.1.1 Uma func~
ao vetorial α : (a , b) → R3 que pertence a C∞ (a , b) ; R3 , sera
denominada curva parametrizada diferenciável espacial.
O conjunto
.
α((a , b)) = {α(r) ; r ∈ (a , b)} ⊆ R4 , (3.1)

sera denominado de traço da curva parametrizada diferenciável (espacial) α.

Observação 3.1.1

1. Notemos que uma curva parametrizada diferenciavel (espacial) α : (a , b) → R3 tera tr^es


func~oes componentes, que denotaremos por x , y , z : (a , b) → R, que ser~ao func~oes perten-
centes a C∞ ((a , b) ; R), ou seja,

α(r) = (x(r) , y(r) , z(r)) , para r ∈ (a , b) (3.2)

2. Geometricamente, temos a seguinte representac~ao geometrica para os elementos introdu-


zidos na De nic~ao 2.1.1.
75
76 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

z
6

-
x

y 

-
a r
b

3. Notemos que uma curva parametrizada diferenciavel e um modo de descrever uma curva
no espaco, ou seja, uma mesma curva espacial pode ser descrita de uma in nidade de
maneiras diferentes como traco de curvas parametrizadas diferenciaveis (espaciais).
Deixaremos como exerccio para o leitor obter exemplos onde ocorram tal situac~ao.
A seguir exibiremos alguns casos importantes
Exemplo 3.1.1 Seja α : R → R3 , dada por
.
α(r) = (xo + a r , yo + b r , zo + c r) , para r ∈ R, (3.3)
onde xo , yo , zo , a , b , c ∈ R est~ao xadas e
a2 + b2 + c2 ̸= 0 .

Mostre que α e uma curva parametrizada diferenciavel, cujo traco e a reta que contem o
ponto
.
Po = (xo , yo , zo ) ∈ R3 (3.4)
e tem a direc~ao do vetor (o vetor diretor)
.
vo = (a , b , c) ∈ V 3 . (3.5)
Resolução:
De fato, pois as func~oes coordenadas x , y , z : R → R, associadas a func~ao vetorial α, ser~ao dadas
por
.
x(r) = xo + a r , (3.6)
.
y(r) = yo + b r , (3.7)
.
z(r) = zo + c r , para r ∈ R, (3.8)
satisfazem
x , y , z ∈ C∞ (R ; R) .
Notemos tambem que, para r ∈ R, temos
(3.3)
α(r) = (xo + a r , yo + b r , zo + c r)
= (xo , yo , zo ) + (a r , b r , c r)
= (xo , yo , zo ) + r · (a , b , c)
(3.4) ,(3.5)
= Po + r · vo , (3.9)

3.1. CURVA PARAMETRIZADA DIFERENCIAVEL 77

que e uma equac~ao vetorial da reta que contem o ponto Po e tem a direc~ao do vetor vo , completando
a resoluc~ao.


Observação 3.1.2 A representac~


ao geometrica do traco da curva parametrizada diferenciavel
α, do Exemplo 3.1.1, 
e dada pela gura abaixo.
z

6 6 traco de α

α(r)
α *vo
- Po -
x
r

Temos tambem o:
Exemplo 3.1.2 Seja α : R → R3 , dada por
.
α(r) = (a cos(r) , a sen(r) , b r) , para r ∈ R, (3.10)

onde a , b ∈ R est~ao xadas e


e b ̸= 0 .
a>0
Mostre que α e uma curva parametrizada diferenciavel.
Resolução:
De fato, pois as func~oes coordenadas x , y , z : R → R, associadas a func~ao vetorial α, ser~ao dadas
por
.
x(r) = a cos(r) , (3.11)
.
y(r) = a sen(r) , (3.12)
.
z(r) = b r , para r ∈ R, (3.13)

satisfazem
x , y , z ∈ C∞ (R ; R) ,
completando a resoluc~ao.


Observação 3.1.3

1. A representac~ao geometrica do traco da curva parametrizada diferenciavel α, do Exemplo


3.1.2, e dada pela gura abaixo, cuja denominac~ao e hélice circular.
Notemos que o traco de α esta contido no cilindro circular reto
{ }
.
C = (x , y , z) ∈ R3 ; x2 + y2 = a2 .
78 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

2. Observemos tambem que se para r1 , r2 ∈ R, com r1 ̸= r2 , temos


x(r1 ) = x(r2 ) e y(r1 ) ̸= y(r2 ) , (3.14)
ou seja r2 = r1 + 2 π K , para algum K ∈ Z , (3.15)
ent~ao, deveremos ter: z(r1 ) = z(r2 ) + 2 π N , para algum N ∈ Z . (3.16)

3. O numero real
2πb (3.17)
e denominado passo da hélice.
Outro caso importante e dado pelo
Exemplo 3.1.3 Seja α : R → R3 , dada por
.
α(r) = (er cos(r) , er sen(r) , er ) , para r ∈ R. (3.18)

Mostre que α e uma curva parametrizada diferenciavel.


Resolução:
De fato, pois as func~oes coordenadas x , y , z : R → R, associadas a func~ao vetorial α, ser~ao dadas
por
.
x(r) = er cos(r) , (3.19)
.
y(r) = er sen(r) , (3.20)
.
z(r) = er , para r ∈ R, (3.21)

satisfazem
x , y , z ∈ C∞ (R ; R) ,
completando a resoluc~ao.


3.1. CURVA PARAMETRIZADA DIFERENCIAVEL 79

Observação 3.1.4

1. A representac~ao geometrica do traco da curva parametrizada diferenciavel α, do Exemplo


3.1.3, e dada pela gura abaixo.
Notemos que o traco de α esta contido no cone circular reto
{ }
.
C = (x , y , z) ∈ R3 ; x2 + y2 = z2 .

2. Uma curva parametrizada diferenciavel sera indicada por


c.p.d.

.
Definição 3.1.2 Diremos que uma curva parametrizada diferenciavel (espacial) α : (a , b) → R3
e plana, se existir um plano de R3 que contem o traco de α.
Temos os
Exemplo 3.1.4 Mostre que a c.p.d. do Exemplo 3.1.1 e plana.
Resolução:
De fato, basta considerar um plano qualquer que contenha o ponto Po e como um vetor diretor o
vetor vo .
Por exemplo, se o vetor uo ∈ V 3 e tal que os vetores

vo e uo
80 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

s~ao L.I., ent~ao o plano, que indicaremos por π, cuja equac~ao vetorial e dada por
π : X = P o + λ · uo + β · v o , para λ , β ∈ R , (3.22)
e um plano de R3 que contem o traco de α, completando a resoluc~ao.

Temos tambem o
Exemplo 3.1.5 Sejam a ∈ (0 , ∞), b ∈ R e α : R → R3 , dada por
.
α(r) = (a cos(r) , a sen(r) , b) , para r ∈ R, (3.23)
onde a ∈ R esta xado.
Mostre que α e uma curva parametrizada diferenciavel plana.
Resolução:
De fato, pois as func~oes coordenadas x , y , z : R → R, associadas a func~ao vetorial α, ser~ao dadas
por
.
x(r) = a cos(r) , (3.24)
.
y(r) = a sen(r) , (3.25)
.
z(r) = b , para r ∈ R, (3.26)
satisfazem
x , y , z ∈ C∞ (R ; R) .
Alem disso, considerando-se o o ponto
.
Po = (0 , 0 , b) , (3.27)
o plano, indicado por π, cuja equac~ao vetorial e dada por
π : X = Po + λ · ⃗i + β · ⃗j , para λ , β ∈ R , (3.28)
contera o traco de α, completando a resoluc~ao.


Observação 3.1.5 A representac~


ao geometrica do traco da curva parametrizada diferenciavel
α, do Exemplo 3.1.5, 
e dada pela gura abaixo, ou seja, uma circunfer^encia centrada no ponto
Po acima, de raio a contida no plano z = b.

3.2 Vetor tangente, curva parametrizada regular e mudança de


parâmetro
Iniciaremos esta sec~ao com a:
Definição 3.2.1 Seja α : (a , b) → R3 uma c.p.d, cujas func~oes coordenadas s~ao as func~oes
x , y , z : (a , b) → R, ou seja
.
α(r) = (x(r) , y(r) , z(r)) , para r ∈ (a , b) . (3.29)
Para cada r ∈ (a , b), o vetor
.
α ′ (r) = (x ′ (r) , y ′ (r) z ′ (r)) (3.30)
vetor tangente à c.p.d α, no instante r.
3.2. VETOR TANGENTE, CURVA REGULAR, MUDANC ^
 A DE PARAMETRO 81

Observação 3.2.1

1. A De nic~ao 3.2.1 refere-se a vetor tangente em um instante e não em um ponto (assim


como no caso de curvas planas - veja o item 1. da Observac~ao 2).
2. Como visto na disciplina de Calculo 2, na situac~ao da De nic~ao 3.2.1 acima, se ro ∈ (a, , b)
e h ∈ R e tal que (ro + h) ∈ (a , b), ent~ao podemos dar uma interpretac~ao para o vetor
α(ro + h) − α(ro )
, (3.31)
h
que e um vetor paralelo ao vetor
α(ro + h) − α(ro )

como mostra a gura abaixo.

α ′ (ro )
7
6 - α(ro + h)
α(ro )
 
6

ro + h
α
- -
ro

3. A situac~ao acima e semelhante a para curvas planas (veja o item 2. da Observac~ao 2.2.1).

Notemos que para introduzir a noc~ao de reta tangente a uma curva parametrizada precisaremos
que o vetor tangente a mesma, no instante escolhido, seja um vetor n~ao nulo.
Para isto temos a Devido a este fato, introduziremos a:
82 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Definição 3.2.2 Diremos que uma c.p.d α : (a , b) → R3 e regular, se

α ′ (r) ̸= O
⃗, para r ∈ (a , b) . (3.32)

Observação 3.2.2

1. Podem ocorrer situac~oes semelhantes as ocorridas com curvas parametrizadas planas (veja
os itens 1., 2. e 3. da Observac~ao 2.2.4).
2. Na situac~ao da De nic~ao 3.2.2 podemos de nir a reta tangente à α em ro ∈ (a , b), que
tera como uma equac~ao vetorial:
X = α(ro ) + λ · α ′ (ro ) , para λ ∈ R. (3.33)

3. Uma curva parametrizada (espacial) regular sera indicada por


c.p.r.

Como no caso de c.p.d planas, duas c.p.d. podem ter o mesmo traco.
Dada uma c.p.r. α : (a , b) → R3 , podemos obter varias outras c.p.r., cujos respectivos tracos
coincidem com o traco de α, como mostra a:

Observação 3.2.3 Sejam α : (a , b) → R3 c.p.r. e h : (c , d) → R uma func~ao pertencente a


C∞ ((c , d) ; R), de modo que

h ′ (s) ̸= 0 , para s ∈ (c , d) (3.34)


e h[(c , d)] = (a , b) . (3.35)

Consideremos a func~ao vetorial β : (c , d) → R3 , dada por


.
β(s) = (α ◦ h)(s) , para s ∈ (c , d) . (3.36)

Notemos que, em particular, (3.34) e (3.35), garantem que a func~ao h : (c , d) → (a , b) e


bijetora .
Deixaremos como exerccio para o leitor a veri cac~ao deste fato.
Alem disso, do teorema da func~ao inversa (veja o Ap^endice C, ou melhor, o item 16. da
Observac~ao C.2.3), segue que a func~ao inversa h−1 : (a , b) → (c , d) sera continuamente dife-
renciavel em (a , b).
A rmamos que a func~ao vetorial β, dada por (3.36), e uma c.p.r., cujo traco coincide com
o traco de α.
Notemos que, devido ao fato da func~ao h ser bijetora segue que o traco de β coincide com
o traco de α.
Observemos tambem que como α ∈ C∞ ((a , b) ; R3 ) e h ∈ C∞ ((c , d) ; (a , b)) segue, de (3.36)
e da regra da cadeia (veja o Ap^endice C, ou melhor, o item 10. da Observac~ao C.1.1), que a
β ∈ C∞ ((c , d) ; R)
3.2. VETOR TANGENTE, CURVA REGULAR, MUDANC ^
 A DE PARAMETRO 83

Alem disso, se s ∈ (c , d), da regra da cadeia, teremos


(3.36) d
β ′ (s) = [(α ◦ h)(s)]
ds
(C.2) d α dh
= (h(s)) · (s)
| {z } |ds{z }
dt
α e c.p.r. (3.34)
̸= ⃗
O ̸= 0
⃗,
̸= O (3.37)
mostrando, pela De nic~ao (3.2.2), que a c.p.d, dada por (3.36), e regular.
Com isto podemos introduzir a
Definição 3.2.3 A func~ao h ∈ C∞ ((c , d) ; (a , b)), satisfazendo (3.34), sera denominada mudan
ça de parâmetro.
Na situac~ao da Observac~ao 2.3.1, a c.p.r. β, dada por (3.36), sera dita reparametriza
ção de α, pela mudança de parâmetro h.
Como no caso de c.p.d. planas temos a
Definição 3.2.4 Suponhamos que a c.p.r. β : (c , d) → R3 seja uma reparametrizac~ ao da c.p.r.
α : (a , b) → R2 , ou seja, existe uma func~
ao h ∈ C∞ ((c , d) ; (a , b)), bijetora e satisfazendo
h ′ (s) ̸= 0 , para s ∈ (c , d) .

Se
h ′ (s) > 0 (3.38)
diremos que β tem a mesma orientação α.
Se, por outro lado,
h ′ (s) < 0 (3.39)
diremos que β tem orientação oposta de α.
Para ilustrar temos o
Exemplo 3.2.1 Se
.
a = b = 1,
c.p.r. β : R → R3 , dada por
( ( ) ( ) )
. s s s
β(s) = cos √ , sen √ ,√ , para s ∈ R, (3.40)
2 2 2
e uma reparametrizac~ao da c.p.r. α introduzida no Exemplo 3.1.2 (uma helice circular), com
mesma orientac~ao.
Resolução:
De fato, se considerarmos a func~ao h : R → R, dada por
. s
h(s) = √ , para s ∈ R , (3.41)
2
segue que h ∈ C∞ (R ; R) e para s ∈ R, teremos
(3.41) 1
h ′ (s) = √ > 0, (3.42)
2
84 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

mostrando que a func~ao h e estritamente crescente e, alem disso, bijetora.


Notemos que a func~ao inversa h−1 : R → R, sera dada por
(3.41) √
h−1 (r) = 2r, para r ∈ R , (3.43)

completando a resoluc~ao.

Como no c.p.r. planas, podemos introduzir a:
Definição 3.2.5 Dada uma c.p.r. α : (a , b) → R3 , ao n umero real, n~ao negativo,
∫ r1
∥α ′ (r)∥ dr
ro

denominaremos por, comprimento do arco determinado pelo traço de α, entre os instan-


tes ro e r1 .

Com isto temos a:


Observação 3.2.4

1. Notemos que a De nic~ao 3.2.5 acima, trata do comprimento do arco determinado pelo
traco de α, entre dois instantes e n~ao entre dois pontos do traco da mesma.
2. Na situac~ao da De nic~ao 3.2.5, podemos considerar a func~ao s : (ro , b) → R, dada por
∫r
.
s(r) = ∥α ′ (u)∥ du , para r ∈ (to , b) , (3.44)
ro

que sera denominada função comprimento de arco associada à α.


3. Para cada r ∈ (ro , b), o numero real s(r), dada por (3.44), nos fornece o comprimento do
arco determinado pelo traco de α, entre os instantes ro e r.
Como no caso de c.p.r. planas, temos a
Com isto podemos introduzir a
Definição 3.2.6 Diremos que uma c.p.r. α : (a , b) → R3 está parametrizada pelo com-
primento de arco se para cada ro , r1 ∈ (a , b), com

r o < r1 ,

temos que o comprimento do arco do traco de α, entre os instantes ro e r1 , devera ser igual a
r1 − ro ,
∫ r1
ou seja, ∥α ′ (u)∥ du = r1 − ro . (3.45)
ro

Para ilustrar temos os:


Exemplo 3.2.2 Encontre a func~ao comprimento de arco associada a c.p.r. α : R → R3 do
Exemplo 3.1.1 e veri que se a mesma esta parametrizada pelo comprimento de arco.
3.2. VETOR TANGENTE, CURVA REGULAR, MUDANC ^
 A DE PARAMETRO 85

Resolução:
Notemos que, para r ∈ R, temos que
(3.3)
α ′ (r) = (a , b , c) ̸= O
⃗,

logo ∥α ′ (r)∥ = a2 + b2 + c2 . (3.46)
Logo, a func~ao comprimento de arco s : R → R, associada a c.p.r. α acima, sera dada por

(3.44) r
s(r) = ∥α ′ (u)∥ du
ro

(3.46) r √ 2
= a + b2 + c2 du
ro

= a + b2 + c2 (r − ro ) ,
2
para r ∈ R . (3.47)
Portanto, pela De nic~ao 3.2.7, a c.p.r. α estara parametrizada pelo comprimento de arco se, e
somente se, √
a2 + b2 + c2 = 1 , (3.48)
completando a resoluc~ao.

Temos tambem o
Exemplo 3.2.3 Encontre a func~ao comprimento de arco associada a c.p.r. α : R → R3 do Exem-
plo 3.2.1 (uma reparametrizac~ao da helice circular) e veri que se a mesma esta parametrizada
pelo comprimento de arco.
Resolução:
Notemos que, para s ∈ R, temos que
( ( ) ( ) )
(3.40) e a regra da cadeia s 1 s 1 1
β (s) ′
= − sen √ √ , cos √ √ ,√ , (3.49)
2 2 2 2 2
logo
( ( ) ( ) )
s 1 s 1 1

∥β (s)∥ = − sen √

√ , cos √ √ ,√
2 2 2 2 2

[ ( ) ] [ ( ) ] [ ]
s 1 2 s 1 2 1 2
= − sen √ √ + cos √ √ + √
2 2 2 2 2
v[ ( ) ( )]
u
u s s 1 1
= u sen2 √ + cos2 √ +
t 2 2 2 2
| {z }
=1

1 1
= +
2 2
= 1. (3.50)
Logo, a func~ao comprimento de arco S : R → R, associada a c.p.r. β acima, sera dada por

(3.44) s
S(s) = ∥β ′ (s)∥ ds
so

(3.50) s
= 1 du
so
= s − so , para s ∈ R . (3.51)
86 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Portanto, pela De nic~ao 3.2.7, a c.p.r. β estara parametrizada pelo comprimento de arco, comple-
tando a resoluc~ao.

Temos tambem o:
Exemplo 3.2.4 Encontre a func~ao comprimento de arco associada a c.p.r. α : R → R3 do Exem-
plo 3.1.3 (uma reparametrizac~ao da helice circular) e veri que se a mesma esta parametrizada
pelo comprimento de arco.
Resolução:
Notemos que, para r ∈ R, temos que
(3.18) e a regra da cadeia
α ′ (s) = (er cos(r) − er sen(r) , er sen(r) + er cos(r) , er ) , (3.52)
logo
∥α ′ (r)∥ = ∥(er cos(r) − er sen(r) , er sen(r) + er cos(r) , er )∥

= [er cos(r) − er sen(r)]2 + [er sen(r) + er cos(r)]2 + [er ]2
exerccio √ r
= = 3e . (3.53)

Logo, a func~ao comprimento de arco s : R → R, associada a c.p.r. α acima, sera dada por

(3.44) r
s(r) = ∥α ′ (u)∥ du
ro

(3.53) r √
= 3 eu du
r
√ or
= 3 (e − ero ) , para r ∈ R . (3.54)

Portanto, pela De nic~ao 3.2.7, a c.p.r. α n~ao esta parametrizada pelo comprimento de arco,
completando a resoluc~ao.

Assim como no caso de c.p.r planas, temos o

Proposição 3.2.1 Seja α : (a , b) → R3 uma c.p.r. .


Temos que α esta parametrizada pelo comprimento de arco se, e somente se,
∥α ′ (r)∥ = 1 , para r ∈ (a , b) . (3.55)

Resolução:
A demonstrac~ao e semelhante a da Proposic~ao 2.3.2 e sera deixada como exerccio para o leitor.

Assim como no caso de c.p.r. planas, temos a
Proposição 3.2.2 Consideremos α : (a , b) → R3 uma c.p.r., ro ∈ (a , b) e a func~ao s : (a , b) →
R, dada por ∫r
.
s(r) = ∥α ′ (u)∥ du , para r ∈ (a , b) . (3.56)
ro

Ent~ao a func~ao s admite func~ao inversa, que indicaremos por


h : s[(a , b)] → (a , b) ,
3.2. VETOR TANGENTE, CURVA REGULAR, MUDANC ^
 A DE PARAMETRO 87

pertencente a C∞ (s[(a , b)] ; (a , b)).


Alem disso, a reparametrizac~ao β : s[(a , b)] → R2 , dada por
.
β(s) = α[h(s)] , para s ∈ s[(a , b)] , (3.57)
esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Resolução:
A demonstrac~ao e semelhante a da Proposic~ao 2.3.3 e sera deixada como exerccio para o leitor.

Com isto (como no caso de c.p.r. planas) podemos introduzir a:
Definição 3.2.7 A c.p.r. β, obtida pela Proposic~
ao 3.2.2 acima (ou seja, dada por (3.57)), sera
denominada reparametrização de α, pelo comprimento de arco
Observação 3.2.5A reparametrizac~ao de α obtida na Proposic~ao 3.2.2 acima não e unica, ja
que depende da func~ao comprimento de arco (ou seja da func~ao s, dada por (3.56)) que, por
sua vez, depende da escolha de ro ∈ (a , b).
Para ilustrar temos os:
Exemplo 3.2.5 Utilizando a func~ao comprimento de arco associada a c.p.r. α : R → R3 do
Exemplo 3.1.1 encontre uma reparametrizac~ao da mesma que esteja parametrizada pelo com-
primento de arco.
Resolução:
Como vimos na resoluc~ao do Exemplo 3.2.2, se considerarmos
.
ro = 0

a func~ao comprimento de arco s : R → R, sera dada por



.
s(r) = a2 + b2 + c2 r , para r ∈ R . (3.58)
Logo a func~ao inversa associadas a mesma sera a func~ao h =. s−1 : R → R, dada por
. s
h(s) = √ , para s ∈ R . (3.59)
a2 + b2 + c2
Logo uma reparametrizac~ao da c.p.r. α, dada por (3.3), pelo comprimento de arco, sera a func~ao
vetorial β : R → R3 , dada por
.
β(s) = α[h(s)]
( )
(3.59) e (3.3) s s s
= xo + a √ , yo + b √ , zo + c √ , (3.60)
a2 + b2 + c2 a2 + b2 + c2 a2 + b2 + c2
para s ∈ R, completando a resoluc~ao.

Temos tambem o
Exemplo 3.2.6 Se
.
a = b = 1,
uma reparametrizac~ao, pelo comprimento de arco, da c.p.r. do Exemplo 3.1.2 (uma helice
circular) e dada no Exemplo 3.2.1).
88 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Resolução:
Deixaremos a veri cac~ao deste como exerccio para o leitor.

Para nalizar esta sec~ao temos o
Exemplo 3.2.7 Utilizando a func~ao comprimento de arco associada a c.p.r. α : R → R3 do
Exemplo 3.1.3, encontre uma reparametrizac~ao da mesma que esteja parametrizada pelo com-
primento de arco.
Resolução:
Da resoluc~ao do Exemplo 3.2.4, se considerarmos
.
ro = 0

temos que a func~ao comprimento de arco, s : R → R, sera dada por


(3.54) com ro √
.
s(r) = 3 (er − 1) , para r ∈ R . (3.61)
( √ )
Logo a func~ao inversa associada a func~ao s, sera a func~ao h =. s−1 : − 3 , ∞ → R, dada por
( ) ( √ )
. s
h(s) = ln √ +1 , para s ∈ − 3 , ∞ . (3.62)
3

Assim uma reparametrizac~ao da c.p.r. α sera a func~ao vetorial β : (− 3 , ∞) → R, dada por
.
β(s) = α[h(s)]
(( ) [ ( )] ( ) [ ( )] ( ))
(3.18) e (3.62) s s s s s
= √ + 1 cos ln √ + 1 , √ + 1 sen ln √ + 1 , √ +1 ,
3 3 3 3 3
(3.63)
( √ )
para s ∈ − 3 , ∞ .


3.3 Teoria local das curvas espaciais e as fórmulas de Frenet


Como vimos na teoria local das curvas planas (na sec~ao 2.4 do captulo anterior), podemos associar a
uma c.p.p.c.a. um diedro (o diedro de Frenet) que e uma base ortonormal positiva em cada ponto da
c.p.p.c.a. dada incialmente.
A seguir faremos um estudo analogo para c.p.p.c.a. espacial, ou seja, em cada ponto da c.p.p.c.a.,
associaremos um triedro (que sera denominado diedro de Frenet).
Comecaremos introduzindo a
Observação 3.3.1

1. Seja α : (a , b) → R3 uma c.p.p.c.a. . Para cada s ∈ (a , b), denotaremos por t(s) o vetor
tangente a c.p.p.c.a. α, no instante s, ou seja
.
t(s) = α ′ (s) . (3.64)

3.3. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 89

2. Como α e c.p.p.c.a. segue, da Proposicao 3.2.1, que


∥t(s)∥ = 1 , para s ∈ (a , b) . (3.65)

Com isto temos a:


Definição 3.3.1 Na sitac~ao acima, de nimos a curvatura de α em s, indicada por k(s), como
sendo .
.
k(s) = t ′ (s)
(3.64)
= α ′′ (s) , (3.66)
e assim temos a func~ao k : (a , b) → R, denominada função curvatura associada à α.
Observação 3.3.2

1. Na situac~ao acima, para s ∈ (a , b), denotaremos por K(s) o vetor t ′ (s), ou seja
.
K(s) = t ′ (s)
(3.64)
= α ′′ (s) , (3.67)
e o denominaremos de vetor curvatura de α em s e assim temos de nida a func~ao ve-
torial curvatura K : (a , b) → R3 .
2. Notemos que, de (3.66),
k(s) ≥ 0 ,
em contraposic~ao a func~ao curvatura para c.p.p.c.a. planas (veja a De nic~ao 2.4.2)).
Para ilustrar temos os:
Exemplo 3.3.1 Para a ∈ (0 , ∞) xado, encontre a func~ao curvatura para a c.p.p.c.a. α:R→
R3 , dada por ( (s ) (s ) )
.
α(s) = a cos , a sen ,0 , para s ∈ R. (3.68)
a a
Resolução:
Observemos primeiramente que a c.p.d. α, dada por (3.68), esta parametrizada pelo comprimento
de arco.
De fato, pois se s ∈ R, teremos
( [ (s ) 1] [ (s ) 1] )
(3.68) e a regra da cadeia
α ′ (s) = a − sen , a cos ,0
a a a a
( (s ) (s ) )
= − sen , cos ,0 , (3.69)
a a
logo
′ (3.71) ( (s ) ( s ) )
α (s) = − sen , cos

,0
√[ a a
( s )]2 [ ( s )]2
− sen + cos + 02
a a
= 1,
90 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

mostrando, pela Proposic~ao 3.2.1, que a c.p.d. α esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Alem disso, a func~ao curvatura k : R → R, sera dada por

(3.66)
k(s) = α ′′ (s)
( (s ) 1 ( s ) 1 )
(3.69) e a regra da cadeia



= − cos , − sen , 0
a a a a

[ ( s ) 2 1 ]2 [ ( s ) 1 ]2
= − cos + − sen + 02
a a a a
v
u
u1 [ (s ) ( s )]
= u 2 cos2 + sen2
ta | a {z a }
=1
1
=
|a|
a>0 1
= , (3.70)
a

ou seja, a func~ao curvatura k : R → R, sera dada por

. 1
k(s) = , para s ∈ R , (3.71)
a

completando a resoluc~ao.


Observação 3.3.3 Observemos que o traco da c.p.p.c.a. α, dada por (3.68), e uma circun-
fer^encia centrada na origem
.
Po = (0 , 0 , 0) ,

raio igual a a, contida no plano xOy (veja o Exemplo 3.1.5).

Temos tambem o

Exemplo 3.3.2 Encontre a func~ao curvatura para a c.p.p.c.a. α : (−1 , 1) → R3 , dada por
( 3 3
)
. (1 + s) 2 (1 − s) 2 s
α(s) = , ,√ , para s ∈ (−1 , 1) . (3.72)
3 3 2

Resolução:
Observemos primeiramente que a c.p.d. α, dada por (3.68), esta parametrizada pelo comprimento
de arco.

3.3. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 91

De fato, pois se s ∈ R, teremos


( 1 1
)
(3.72) e a regra da cadeia
3 (1 + s) 2 3 (1 − s) 2 1
α ′ (s) = , (−1) , √
2 3 2 3 2
(√ √ )
1+s − 1−s 1
= , ,√ , (3.73)
2 2 2
logo
( √ √ )
′ (3.73)
1 + s − 1 − s 1

α (s) = , ,√
2 2 2
v
u[ √ ]2 [ √ ]2 [ ]
u 1 2
= t 1+s
+
− 1−s
+ √
2 2 2

(1 + s) + (1 − s) 1
= +
√ 4 2
1 1
= +
2 2
= 1,

mostrando, pela Proposic~ao 3.2.1, que a c.p.d. α esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Alem disso, a func~ao curvatura k : (−1 , 1) → R, sera dada por
(3.66)
k(s) = α ′′ (s)
( )
(3.73) e a regra da cadeia
1 (1 + s)− 12 1
1 (1 − s)− 2

= ,− (−1) , 0
2 2 2 2

[ ]2 [ ]2
1 1 1 1
= (1 + s)− 2 + (1 − s)− 2 + 02
4 4

1 1
= +
16 (1 + s) 16 (1 − s)

(1 − s) + (1 + s)
=
16 (1 + s) (1 − s)
1
=√ ( ),
2
8 1−s

ou seja, a func~ao curvatura k : R → R, sera dada por


1
k(s) = √ ( ), para s ∈ (−1 , 1) , (3.74)
2
8 1−s

completando a resoluc~ao.

Temos tambem o
92 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Exemplo 3.3.3 Sejam a ∈ (0 , ∞) e b ∈ R. Mostre que a c.p.p.c.a. α : R → R3 dada por


( ( ) ( ) )
. s s bs
α(s) = a cos √ , a sen √ ,√ , para s ∈ R, (3.75)
a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2

Resolução:
Observemos primeiramente que a c.p.d. α, dada por (3.75), esta parametrizada pelo comprimento
de arco.
De fato, pois se s ∈ R, teremos
( [ ( ) ] ( ) )
′ (3.75) s 1 s 1 b
α (s) = a − sen √ √ , a cos √ √ ,√
a 2 + b2 a 2 + b2 a 2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
( ( ) ( ) )
s a s a b
= − sen √ √ , cos √ √ ,√ , (3.76)
a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
logo
( ( ) ( ) )
′ (3.76)
s a s a b

α (s) = − sen √ √ , cos √ √ ,√
2
a +b 2 2
a +b 2 2
a +b 2 2
a +b 2 a 2 + b2
v
u[ ( ) ]2 [ ( ) ]2 [ ]2
u 2
= t − sen √
s a s a b
√ + cos √ √ + √
a 2 + b2 a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2 a 2 + b2
√ [ ( ) ( )]
a2 s s b2
= cos2
√ + sen 2
√ +
a2 + b2 a 2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
| {z }
=1

a2 b2
= +
a2 + b2 a2 + b2
= 1,

mostrando, pela Proposic~ao 3.2.1, que a c.p.d. α esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Alem disso, a func~ao curvatura k : R → R, sera dada por

(3.66)
k(s) = α ′′ (s)
( ( ) ( ) )

(3.76)

s a 1 s a 1
= − cos √ √ √ , − sen √ √ √ ,0
a 2 + b2 a2 + b2 a2 + b2 a 2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
( ( ) ( ) )

s a s a
− cos √ , − sen √ , 0
a2 + b2 a + b
2 2
a2 + b2 a + b
2 2
v
u[ ( ) ]2 [ ( ) ]2
u
= t − cos √
s a
+ − sen √
s a
+ 02
2 2 2 2
a 2 + b2 a + b a 2 + b2 a + b
v [ ( ) ( )]
u
u a2
s s
=u u( 2 )2 cos √
2
+ sen2 √
t a + b2 2
a +b 2 a2 + b2
| {z }
=1

3.3. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 93

v
u
u a2
=u
t( 2 )2
a + b2
a
= ,
a + b2
2

ou seja, a func~ao curvatura k : R → R, sera dada por


a
k(s) = , para s ∈ R , (3.77)
a + b2
2

completando a resoluc~ao.


Observação 3.3.4 Notemos que, no Exemplo 3.3.3 acima a func~ao curvatura (dada por (3.77))
e constante.
Podemos agora introduzir a
Definição 3.3.2 Seja α : (a , b) → R3 uma c.p.p.c.a. tal que a curvatura de α seja maior que
zero, ou seja
k(s) > 0 , para s ∈ (a , b) . (3.78)
Para cada s ∈ (a , b), de nimos o vetor
. 1
n(s) = · α ′′ (s)
k(s)
1
= · t ′ (s) , (3.79)
k(s)
denominado vetor normal à α no instante s.
Com isto podemos de nida a reta normal à α, no instante s , como sendo a reta que tem
como uma equac~ao vetorial
X = α(s) + λ · n(s) , para λ ∈ R, (3.80)
que contem o ponto α(s) e tem a direc~ao do vetor n(s).
Com isto temos a:
Observação 3.3.5

1. Na situac~ao acima, para s ∈ (a , b), temos que o vetor n(s) e unitario, pois

(3.79)
1

∥n(s)∥ = · α (s)

′′
k(s)
propriedade de norma 1
α ′′ (s)
=
|k(s)|
(3.66) 1 ′′
= α (s)
∥α ′ (s)∥

= 1,
ou seja, ∥n(s)∥ = 1 , para s ∈ (a , b) . (3.81)
94 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

2. Na situac~ao acima, para s ∈ (a , b), como o vetor


.
t(s) = α ′ (s) (3.82)

e unitario (temos uma c.p.p.c.a.), do item 3. da Observac~ao 2.2.3, segue que que os
vetores t(s) = α ′ (s) e n(s) ser~ao ortogonais, ou seja,
n(s) ⊥ t(s) , para s ∈ (a , b) (3.83)
e
(3.82)
t ′ (s) = α ′′ (s)
(3.79)
= k(s) · n(s) ,
ou seja, ′
t (s) = k(s) · n(s) , para s ∈ (a , b) . (3.84)
( )
3. Como t ∈ C∞ (a , b) ; R3 , de (3.78) e (3.79), segue que
( )
n ∈ C∞ (a , b) ; R3 .

4. A seguir introduziremos um 3.o vetor que, juntamente, com os vetores


t(s) e n(s)

formem uma base ortonormal (positiva) de V 3 .


Mais precisamente temos a:
Definição 3.3.3 Na sitac~
ao da De nic~ao 3.3.2, para cada s ∈ (a , b0, de nimos o vetor binormal à
α, no instante s, indicado por b(s), como sendo
.
b(s) = t(s) × n(s) . (3.85)

Observação 3.3.6 Na situac~ao da De nic~ao 3.3.3, para s ∈ (a , b), das propriedades do produto
vetorial, temos que
t(s) ⊥ n(s) ,
b(s) ⊥ t(s) ,
e b(s) ⊥ n(s) . (3.86)
Alem disso,
(3.85)
∥b(s)∥ = ∥t(s) × n(s)∥
do item 34. da Observaca~o A.1.2, segue que
(π)
= ∥t(s)∥ ∥n(s)∥ sen
| {z } | {z } | {z 2 }
=1 (3.81)
= 1 =1
= 1,
ou seja, ∥b(s)∥ = 1 , para s ∈ (a , b) . (3.87)

6.04.2017 - 10.a aula


Com isto podemos introduzir a

3.3. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 95

Definição 3.3.4 Na situac~ao da De nic~ao 3.3.2, para cada s ∈ (a , b), a base ortonormal de V 3
{t(s) , n(s) , b(s)} (3.88)

sera denominado triedro de Frenet associado à α, no instante s.


Com isto podemos introduzir a
Definição 3.3.5 Na situac~ao da De nic~ao 3.3.2, para cada so ∈ (a , b), denominaremos o plano
que contem o ponto α(so ) e tem como um vetor normal o vetor (unitario) t(so ), como plano nor-
mal a α no instante so .
Denominaremos o plano que contem o ponto α(so ) e tem como um vetor normal o vetor
(unitario) n(so ), como plano retificante a α no instante so .
Finalmente, denominaremos o plano que contem o ponto α(so ) e tem como um vetor normal
o vetor (unitario) b(so ), como plano osculador a α, no instante so .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
b(so )

6
plano normal de α em so

plano reti cante de α em so

α(so ) - n(so )

plano osculador de α em so


t(so )

Observação 3.3.7 Na situac~ao da De nic~ao 3.3.2, temos que


( )
b ∈ C∞ (a , b) ; R3

e, para cada s ∈ (a , b), como


{t(s) , n(s) , b(s)}
e uma base ortonormal (positiva) de V 3, podemos encontrar A , B , C ∈ C∞ ((a , b) ; R), se modo
que
b ′ (s) = A(s) · t(s) + B(s) · n(s) + C(s) · b(s) . (3.89)
Por outro lado, temos
(3.85) d
b ′ (s) = [t(s) × n(s)]
ds
item 8. da Observaca~o C.1.1
= t ′ (s) × n(s) + t(s) × n ′ (s)
(3.79)
= [k(s) · n(s)] × n(s) + t(s) × n ′ (s)
= k(s) · [n(s) × n(s)] +t(s) × n ′ (s)
| {z }
(c) do item 34. da Observac~ao A.1.2

= O
= t(s) × n (s) . ′
(3.90)
96 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Logo, de (3.90) segue que


b ′ (s) ⊥ t(s) (3.91)
e ′
b (s) ⊥ n (s) . ′

Notemos tambem que


∥b(s)∥ = 1 ,
logo, do item 3. da Observac~ao 2.2.3, segue que b ′ (s) ⊥ b(s) . (3.92)
Logo, de (3.89), (3.91) e (3.92), segue que
b ′ (s) ∥ n(s) ,
ou seja, podemos encontrar τ(s) ∈ R, de modo que b ′ (s) = τ(s) · n(s) . (3.93)
Com isto podemos introdizir a
Definição 3.3.6 O numero real τ(s) obtido em (3.93), sera denominado torção de α, no instan-
te s.

Observação 3.3.8

1. Na situac~ao da De nic~ao 3.3.6 acima, para s ∈ (a , b), temos que


⟨ ′ ⟩ (3.93)
b (s) , n(s) = ⟨τ(s) · n(s) , n(s)⟩
= τ(s) ⟨n(s) , n(s)⟩
| {z }
=1
= τ(s) ,
⟨ ⟩
ou seja, τ(s) = b ′ (s) , n(s) . (3.94)

Em particular, temos que


τ ∈ C∞ ((a , b) ; R) .

2. Notemos tambem que


′ (3.93)
b (s) = ∥τ(s) · n(s)∥
propriedade de norma
= |τ(s)| ∥n(s)∥
| {z }
=1
= |τ(s)|

ou seja, |τ(s)| = b ′ (s) . (3.95)

Para ilustrar temos o


Exemplo 3.3.4 Obter o triedro de Frenet, a curvatura e a torc~ao para a helice circular do
Exemplo 3.3.3, ou seja, α : R → R3 dada por
( ( ) ( ) )
. s s bs
α(s) = a cos √ , a sen √ ,√ , para s ∈ R, (3.96)
a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
onde a ∈ (0 , ∞) e b ∈ R est~ao xados.

3.3. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 97

Resolução:
Notemos que, para s ∈ (a , b), temos que

( ( ) ( ) )
(3.76) s a s a b
t(s) = − sen √ √ , cos √ √ ,√
a2 + b2 a 2 + b2 a 2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
( ( ) ( ) )
1 s s
=√ −a sen √ , a cos √ ,b (3.97)
a 2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
logo
( ( ) ( ) )
(3.97) 1 s 1 s 1
t ′ (s) = √ −a cos √ √ , −a sen √ √ ,0
a2 + b2 a 2 + b2 a2 + b2 a 2 + b2 a2 + b2
( ( ) ( ) )
−a s s
= 2 cos √ , sen √ ,0 . (3.98)
a + b2 a2 + b2 a2 + b2

Portanto

(3.66)
k(s) = t ′ (s)
( ( ) ( ) )

(3.98) −a

s s
= 2 cos √ , sen √ , 0
a + b 2
a2 + b2 a 2 + b2
v [ ( ) ( ) ]
u( )2
u −a s s
=u u a 2 + b2 cos2 √ + sen2 √ + 02
t 2
a +b 2 2
a +b 2
| {z }
=1
|a|
=
a + b2
2
a
a>0
= 2 . (3.99)
a + b2

Em particular, a curvatura da helice circular, dada por (3.96), e contante.


Logo,

(3.79) 1
n(s) = · t ′ (s)
k(s)
( ( ) ( ) )
(3.99) e (3.98)
1 −a s s
= a · 2 cos √ , sen √ ,0
a + b2 a 2 + b2 a2 + b2
2 2
( (a +b ) ( ) )
s s
= − cos √ , − sen √ ,0 . (3.100)
a 2 + b2 a2 + b2
98 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Deste modo, teremos


(3.85)
b(s) = t(s) × n(s)

⃗e1 ⃗e(2 ⃗e3
( ) )

−a s −a s
√ cos 2 sen √ 0

= a2 + b( 2 a +)b 2 2
a +b ( 2
a2 +) b2


s s
− cos √ − sen √ 0
a2 + b2 a2 + b2
( ( ) ( ) )
exerccio 1 s s
= √ · b sen √ , −b cos √ ,a , (3.101)
a2 + b2 a 2 + b2 a2 + b2
assim
[ ( ( ) ( ) )]
′ (3.101) d 1 s s
b (s) = √ · b sen √ , −b cos √ ,a
ds a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
( ( ) ( ) )
1 s 1 s 1
=√ · b cos √ √ , b sen √ √ ,0
a2 + b2 a 2 + b2 a2 + b2 a2 + b2 a 2 + b2
( ( ) ( ) )
b s s
=√ · cos √ , sen √ ,0 , (3.102)
a2 + b2 a2 + b2 a 2 + b2
e assim
(3.94) ⟨ ′ ⟩
τ(s) = b (s) , n(s)
⟨ ( ( ) ( ) )
(3.102) e (3.100) b s s
= √ · cos √ , sen √ ,0 ,
a2 + b2 a2 + b2 a 2 + b2
( ( ) ( ) )⟩
s s
− cos √ , − sen √ ,0
a2 + b2 a 2 + b2
( ) ( )
exerccio −b s −b s
= √ cos √
2
+√ sen √
2
+ 02
2
a +b 2 2
a +b 2 2
a +b 2 2
a +b 2
[ ( ) ( )]
−b s s
=√ cos2 √ + sen2 √
2
a +b 2 2
a +b 2 a + b2
2
| {z }
=1
−b
=√ , (3.103)
a 2 + b2
em particular, τ(s) e constante, completando a resoluc~ao.


Observação 3.3.9
1. Se α : (a , b) → R3 e uma c.p.p.c.a. ent~ao, teremos
(3.66)
k(s) ≥ 0
(3.95)
e τ(s) ∈ R ,

ou seja, pode ser positiva, negativa ou zero.



3.3. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 99

2. Geometricamente, o modulo da torc~ao em um instante, mede a velocidade com que o vetor


binormal varia, ou ainda, a velocidade com que o plano osculador "varia".
De fato, xado so ∈ (a , b), consideremos h ∈ R, de modo que

(so + h) ∈ (a , b) .

Seja ϕ(h) o ^angulo entre os vetores binormais b(so ) e b(so + h).


Ent~ao o limite (se existir)
ϕ(h)
lim
h→0 h

medira a velocidade (instant^anea) com que o vetor binormal varia ou, equivalementen,
como o plano osculador varia em so .
Notemos que, da continuidade da func~ao vetorial b = b(s), segue que

lim ϕ(h) = 0 . (3.104)


h→0

Mas

∥b(so + h) − b(so )∥2 = ⟨b(so + h) − b(so ) , b(so + h) − b(so )⟩


propr. de p.i.
= ⟨b(so + h) , b(so + h)⟩ − ⟨b(so + h) , b(so )⟩ − ⟨b(so ) , b(so + h)⟩ + ⟨b(so ) , b(so )⟩
| {z }
propriedades de p.i.
= ⟨b(so +h) , b(so +h)⟩

= ∥b(so + h)∥ −2 ⟨b(so + h) , b(so )⟩ + ∥b(so )∥2


2
| {z } | {z }
=1 =1
= 2 − 2 ⟨b(so + h) , b(so )⟩
propriedades de p.i.
= 2 − 2 ∥b(so + h)∥ ∥b(so )∥ cos[ϕ(h)]
| {z } | {z }
=1 =1
= 2 − 2 cos[ϕ(h)]
( )
exerccio 2 ϕ(h)
= 4 sen ,
2

ou seja,
( )
ϕ(h)

∥b(so + h) − b(so )∥ = 2 sen (3.105)
2 .
100 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Assim
(3.95)
|τ(so )| = ∥b ′ (so )∥

b(s + h) − b(s )
= lim
o o
h→0 h
∥b(so + h) − b(so )∥
= lim
h→0 |h|
( )
ϕ(h)
2 sen

(3.105) 2
= lim
h→0 |h|
( )
ϕ(h)

sen

2
ϕ(h)



= lim 2
ϕ(h)
h→0

h



(3.104) e o 1.o limite fundamental ϕ(h)
= lim , (3.106)
h→0 h

mostrando a validade da a rmac~ao.


3. Mais adiante daremos uma interpretac~ao geometrica para o sinal da troc~ao.
4. Notemos que se α : (a , b) → R3 e uma c.p.p.c.a. de modo que

k(s) > 0 , para s ∈ (a , b) ,

para cada s ∈ (a , b), o triedro de Frenet

{t(s) , n(s) , b(s)} , (3.107)

sera uma base ortonormal de V 3 .


Logo podemos obter os vetores

t ′ (s) , n ′ (s) e b ′ (s)

como combinac~ao linear dos vetores de (3.107).


Como vimos em (3.84) e (3.93),

t ′ (s) = k(s) · n(s) , (3.108)


e b ′ (s) = τ(s) · n(s) . (3.109)

Vamos obter uma express~ao para o vetor n(s) em termos dos vetores da base ortonormal
(3.107).

3.3. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 101

Para isto, notemos que


(3.85) e a regra da m~ao direita
n(s) = b(s) × t(s) , (3.110)
desta forma, teremos
(3.110) d
n ′ (s) = [b(s) × t(s)]
ds
item 8. da Observaca~o C.1.1
= b ′ (s) ×t(s) + b(s) × t ′ (s)
| {z } | {z }
(3.109) (3.108)
= τ(s)·n(s) = k(s)·n(s)

= τ(s) · [n(s) × t(s)] +k(s) · [b(s) × n(s)]


| {z } | {z }
(3.85) e a regra da m~ao direita (3.85) e a regra da m~ao direita
= −b(s) = −t(s)

= −τ(s) · b(s) − k(s) · t(s) ,


ou seja, n ′ (s) = −τ(s) · b(s) − k(s) · t(s) . (3.111)

Portanto, reunido (3.108), (3.109) e (3.111), teremos


t ′ (s) = k(s) · n(s) , (3.112)

n (s) = −k(s) · t(s) − τ(s) · b(s) (3.113)
e b ′ (s) = τ(s) · n(s) , para s ∈ (a , b) . (3.114)
que ser~ao denominadas fórmulas de Frenet associadas à α, no instante s.
5. O triedro de Frenet, a curvatura, a torc~ao foram de nidos para uma c.p.p.c.a. .
O resultado a seguir nos fornece express~oes para o triedro de Frenet, a curvatura, a torc~ao de uma
c.p.r., que n~ao esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Mais precisamente temos a:
Proposição 3.3.1 Seja α : (c , d) → R3 uma c.p.r. .
Consideremos a mudanca de par^ametros s : (c , d) → (a , b), dada pela func~ao comprimento
de arco (ou seja, por (3.56)) e β : (a , b) → R3 reparametrizac~ao de α pelo comprimento de arco,
isto e
.
β(s) = α[h(s)] , para s ∈ (a , b) , (3.115)
ou α(r) = β[s(r)] , para r ∈ (a , b) , (3.116)
onde h =. s−1 : (a , b) → (c , d).
Suponhamos que
e τ : (a , b) → R
k : (a , b) → (0 , ∞)
s~ao as func~oes curvatura e torc~ao de β, respectivamente. Ent~ao:
.
k(r) = k[s(r)]
∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
= ′ 3 (3.117)
α (r)
.
τ(r) = τ[s(r)]
⟨α ′ (r) × α ′′′ (r) , α ′′ (r)⟩
= ′ , para r ∈ (c , d) . (3.118)
α (r) × α ′′ (r) 2
102 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Resolução:
Para r ∈ (c , d), derivando (3.116), em relac~ao a r, obteremos
(3.116) d
α ′ (r) = {β[s(r)]}
dr
regra da cadeia d β ds
= [s(r)] (r) , (3.119)
ds dr
dβ α ′ (r)
ou ainda [s(r)] =
ds
. (3.120)
ds
(r)
dr
Derivando (3.119), em relac~ao a r, obteremos:
{ }
′′ (3.119) d dβ ds
α (r) = [s(r)] (r)
dr ds dr
{ }
d dβ ds dβ d2 s
= [s(r)] (r) + [s(r)] 2 (r)
dr d s dr ds dr
{ 2 }
regra da cadeia d β ds ds dβ d2 s
= [s(r)] (r) (r) + [s(r)] (r)
d s2 dr dr ds d r2
[ ]2
d2 β ds dβ d2 s
= [s(r)] (r) + [s(r)] (r) , (3.121)
d s2 dr ds d r2
logo
dβ d2 s
α ′′ (r) − [s(r)] 2 (r)
d2 β ds dr
2
[s(r)] = [ ]2
ds ds
(r)
dr
α ′ (r) d2 s
α ′′ (r) − (r)
ds
(r) d r2
(3.119)
= [
dr
]2 (3.122)
ds
(r)
dr
Assim
[ ] [[ ]2 2 2s
]
(3.119) e (3.121)
d s d β d s d β d dβ
α ′ (r) × α ′′ (r) = (r) · [s(r)] × (r) · [s(r)] + (r) · [s(r)]
dr ds dr d s2 d r2 ds
[ ]3 [ ] [ ] [ ]
ds dβ d2 β ds d2 s dβ dβ
= (r) · [s(r)] × [s(r)] + (r) 2 (r) · [s(r)] × [s(r)]
dr ds d s2 dr dr ds ds
| {z }

=O
[ ]3 [ ]
ds dβ d2 β
= (r) · [s(r)] × [s(r)] . (3.123)
dr ds d s2
Como

d β

d s (s) = 1 , para s ∈ (a , b) ,

d2 β dβ
segue que (s) ⊥ (s) ,
d s2 ds
d2 β dβ π
ou seja, o ^angulo entre os vetores (s) e (s) e igual a , (3.124)
d s2 ds 2

3.3. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 103

teremos
[ ]3 [ ]

(3.123) d s 2β
d β d
∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥ = (r) · [s(r)] × [s(r)]
dr ds d s2
3 2 ( )
propriedade do produto vetorial e (3.124) d s d β

d β


sen π
= (r)
d r d s [s(r)] d s2 [s(r)]
| {z } | {z 2 }
=1 =1

d s 3 d2 β
= (r) 2 [s(r)]

,
dr ds
2
d β ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
ou seja, [s(r)] = . (3.125)
d s2 d s 3
(r)
d r

Notemos que,

(3.56) r
s(r) = ∥α ′ (u)∥ du , (3.126)
ro
assim
[∫ r ]
ds (3.126) d ′
(r) = ∥α (u)∥ du
dr dr ro
Teorema fundamental do Calculo
= ∥α ′ (r)∥ (3.127)
⟨ ⟩1
= α ′ (r) , α ′ (r) 2 . (3.128)
e assim
d2 s [
(3.128) d ⟨ ′ ⟩1 ]

(r) = α (r) , α (r) 2
d r2 dr
regra da cadeia 1 ⟨ ′ ⟩− 1 d [⟨ ′ ⟩]
= α (r) , α ′ (r) 2 α (r) , α ′ (r)
2  dr 
1 ⟨ ′ ⟩− 1 ⟨ ⟩ ⟨ ⟩
= α (r) , α ′ (r) 2  α ′′ (r) , α ′ (r) + α ′ (r) , α ′′ (r) 
2 | {z }
=⟨α ′′ (r) , α ′ (r)⟩
⟨α ′′ (r) , α ′ (r)⟩
=⟨ ⟩1
α ′ (r) , α ′ (r) 2
⟨α ′′ (r) , α ′ (r)⟩
= (3.129)
∥α ′ (r)∥
Portanto, para r ∈ (c , d), teremos:
k(r) = k[s(r)]
2
(3.66) d β
= d s2 [s(r)]

(3.125) ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
=
d s 3
(r)
d r
(3.127) ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
= ′ 3 (3.130)
α (r)
104 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Notemos tambem que, para r ∈ (c , d), temos

t(r) = t[s(r)]

= [s(r)]
ds
(3.120) α ′ (r)
=
ds
(r)
dr
(3.127) α ′ (r)
= , (3.131)
∥α ′ (r)∥
n(r) = n[s(r)]
(3.79) 1 d2 β
= [s(r)]
k[s(r)] d s2
α ′ (r) d2 s
α ′′ (r) − 2
(r)
ds
(3.130) e (3.122) 1 (r) d r
· dr
= [ ]2
∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥ ds
′ 3 (r)
α (r) dr
α ′ (r) ⟨α ′′ (r) , α ′ (r)⟩
α ′′ (r) −
(3.128) e (3.129) 1 ∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r)∥
= ′ (r) ·
∥α × α ′′ (r)∥ ′
∥α (r)∥ 2
′ 3
α (r)
′ ′′
⟨ ′′ ′
⟩ ′
exerccio ∥α (r)∥ · α (r) − α (r) , α (r) · α (r)
2
= (3.132)
∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
e
b(r) = b[s(r)]
(3.85)
= t[s(r)] × n[s(r)]
[ ] [ ⟨ ⟩ ]
(3.131) e (3.132) α ′ (r) ∥α ′ (r)∥2 · α ′′ (r) − α ′′ (r) , α ′ (r) · α ′ (r)
= ×
∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
exerccio α ′ (r) × α ′′ (r)
= . (3.133)
∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥

Desta forma, teremos

[ ]
db (3.133) d α ′ (r) × α ′′ (r)
(r) =
dr dr ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
exerccio α ′ (r) × α ′′′ (r)
=
∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
⟨α ′ (r) × α ′′′ (r) , α ′ (r) × α ′′ (r)⟩ · [α ′ (r) × α ′′ (r)]
− . (3.134)
∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥3

3.3. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 105

Logo
τ(r) = τ[s(r)]
⟨ ⟩
(3.94) d b
= [s(r)] , n[s(r)]
ds
⟨ ⟩
(3.133) e (3.134) α ′ (r) × α ′′ (r) α ′ (r) × α ′′′ (r)
= , +
∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥ ∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
⟨ ⟩
α ′ (r) × α ′′ (r) ⟨α ′ (r) × α ′′′ (r) , α ′ (r) × α ′′ (r)⟩ · [α ′ (r) × α ′′ (r)]
− ,
∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥ ∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥3
′ ′′′ ′′
exerccio ⟨α (r) × α (r) , α (r)⟩
= ′ , para r ∈ (c , d) , (3.135)
α (r) × α ′′ (r) 2

completando a demonstrac~ao.


Observação 3.3.10 Se α : (c , d) → R3 e uma c.p.r. e denotarmos por


.
v(r) = α ′ (r) , (3.136)
.
e a(r) = α ′′ (r) , para r ∈ (c , d) , (3.137)
temos que
t(r) = t[s(r)]
(3.131),(3.136) e (3.137) v(r)
= ,
∥v(r)∥
n(r) = n[s(r)]
(3.132) e (3.136) v(r)
= ,
∥v(r)∥
∥v(r)∥2 · a(r) − ⟨a(r) , v(r)⟩ · v(r)
,
∥v(r)∥ ∥v(r) × a(r)∥
b(r) = b[s(r)]
(3.133),(3.136) e (3.137) v(r) × a(r)
= ,
∥v(r) × a(r)∥
k(r) = k[s(r)]
(3.130),(3.136) e (3.137) ∥v(r) × a(r)∥
= ,
∥v(r)∥3
τ(r) = τ[s(r)]
(3.135),(3.136) e (3.137) ⟨v(r) × a(r) , a ′ (r)⟩
= ,
∥v(r) × a(r)∥2
para cada r ∈ (c , d).
Para ilustrar temos os
Exemplo 3.3.5 Consideremos α : R → R3 , dada por
.
α(r) = (r , r , er ) , para r ∈ R. (3.138)
Mostre que α e uma c.p.r. que n~ao esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Encontre o triedro de Frenet, a curvatura e a torc~ao, em cada r ∈ R.
106 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Resolução:
( )
Notemos que α ∈ C∞ R ; R3 e, alem disso, para r ∈ R, temos

(3.138)
α ′ (r) = (1 , 1 , er ) , (3.139)

assim teremos: ∥α ′ (r)∥ = 2 + e2 r , (3.140)
(3.139)
α ′′ (r) = (0 , 0 , er ) , (3.141)
(3.140)
α ′′′ (r) = (0 , 0 , er ) , (3.142)
exerccio
α ′ (r) × α ′′ (r) = (er , −er , 0) , (3.143)

logo ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥ = e2 r + e2 r
√ r
= 2e , (3.144)
⟨ ′ ⟩ exerccio 2 r
α (r) , α ′′ (r) = e (3.145)
exerccio
α ′ (r) × α ′′′ (r) = (er , −er , 0) , (3.146)
(3.147)
(3.140) √
Em particular ∥α ′ (r)∥ = 2 + e2 r
̸= O ,

mas e diferente de 1, mostrando que α e c.p.r., mas n~ao esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Neste caso podemos utilizar a Proposic~ao 3.3.1, mais precisamente:

(3.131)α ′ (r)
t(r) =
∥α ′ (r)∥
(3.139) e(3.140) (1 , 1 , er )
= √ , (3.148)
2 + e2 r
′ ′′
⟨ ′′ ′
⟩ ′
(3.132) ∥α (r)∥ · α (r) − α (r) , α (r) · α (r)
2
n(r) =
∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
(3.139),(3.140),(3.141) e (3.144) (2 + et ) · (0 , 0 , er ) − ⟨(0 , 0 , er ) , (1 , 1 , er )⟩ · (1 , 1 , er )
= √ √
2 + e2 r 2 er
r r
exerccio (−e , −e , 2)
= √ √ (3.149)
2 2 + e2 r
(3.133) α ′ (r) × α ′′ (r)
b(r) =
∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
(3.139),(3.141) e (3.144) (er , −er , 0)
= √ r . (3.150)
2e
(3.151)

3.3. TEORIA LOCAL: FORMULAS DE FRENET 107

Finalmente
(3.130) ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
k(r) = ′ 3
α (r)
√ r
(3.144) e (3.140) 2e
= ( )3 , (3.152)
2
2 + e2 r
e
(3.135) ⟨α ′ (r) × α ′′′ (r) , α ′′ (r)⟩
τ(r) = ′
α (r) × α ′′ (r) 2
(3.146),(3.141) e (3.144) ⟨(er , −er , 0) , (0 , 0 , er )⟩
=
2 e2 r
= 0, (3.153)

completando a resoluc~ao.


Observação 3.3.11 Observermos que o traco da c.p.r. α do Exemplo 3.3.5 e uma curva que
esta contida no plano
x=y

e, por coincid^encia temos que


τ(r) = 0 , para r ∈ R.

Veremos, mais adiante, que isto n~ao foi uma mera coincid^encia.

Temos tambem o

Exemplo 3.3.6 Consideremos α : R → R3 , dada por


.
α(r) = (r − sen(r) , 1 − cos(r) , r) , para r ∈ R. (3.154)

Mostre que α e uma c.p.r. que n~ao esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Encontre o triedro de Frenet, a curvatura e a torc~ao, em cada r ∈ R.
Resolução:
( )
Notemos que α ∈ C∞ R ; R3 e, alem disso, para r ∈ R, temos
(3.154)
α ′ (r) = (1 − cos(r) , sen(r) , 1) , (3.155)

(3.155)
assim teremos: ∥α ′ (r)∥ = [1 − cos(r)]2 + sen2 (r) + 1
exerccio √
= 3 − 2 cos(r) , (3.156)
(3.155)
α ′′ (r) = ( sen(r) , cos(r) , 0) , (3.157)
(3.140)
α ′′′ (r) = (cos(r) , − sen(r) , 0) , (3.158)
exerccio
α ′ (r) × α ′′ (r) = (− cos(r) , sen(r) , cos(r) − 1) . (3.159)
108 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Logo

′ ′′ (3.159)
∥α (r) × α (r)∥ = [− cos(r)]2 + sen2 (r) + [cos(r) − 1]2

= 2 − 2 cos(r) + cos2 (r) , (3.160)
⟨ ′ ⟩ (3.155) e (3.157)
α (r) , α ′′ (r) = [1 − cos(r)] sen(r) + sen(r) cos(r) + 0
= sen(r) , (3.161)
exerccio
α ′ (r) × α ′′′ (r) ( sen(r) , cos(r) , − sen(r) [1 − cos(r)] − sen(r) cos(r)) ,
= (3.162)
(3.155) √
Em particular ∥α ′ (r)∥ = 3 − 2 cos(r)
̸= O ,
mas e diferente de 1, mostrando que α e c.p.r., mas n~ao esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Neste caso podemos utilizar a Proposic~ao 3.3.1, mais precisamente:
α ′ (r)
(3.131)
t(r) =
∥α ′ (r)∥
(3.155) e(3.156) (1 − cos(r) , sen(r) , 1)
= √ , (3.163)
3 − 2 cos(r)
′ ′′
⟨ ′′ ′
⟩ ′
(3.132) ∥α (r)∥ · α (r) − α (r) , α (r) · α (r)
2
n(r) =
∥α ′ (r)∥ ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
(3.155),(3.157),(3.161) e (3.160) [3 − 2 cos(r)] · ( sen(r) , cos(r) , 0)
= √ √
3 − 2 cos(r) 2 − 2 cos(r) + cos2 (r)
⟨( sen(r) , cos(r) , 0) , (1 − cos(r) , sen(r) , 1)⟩ · (1 − cos(r) , sen(r) , 1)
− √ √
3 − 2 cos(r) 2 − 2 cos(r) + cos2 (r)
( )
exerccio
2 sen(r) − sen (r) cos(r) , 3 cos(r) − cos2
(r) − 1 , − sen (r)
= , (3.164)
[3 − 2 cos(r)] 2 {1 + [cos(r) − 1]2 } 2
3 1

(3.133) α ′ (r) × α ′′ (r)


b(r) =
∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
(3.155),(3.157) e (3.160) (− cos(r) , sen(r) , cos(r) − 1)
= √ . (3.165)
2 − 2 cos(r) + cos (r)
2

Finalmente
(3.130) ∥α ′ (r) × α ′′ (r)∥
k(r) = ′ 3
α (r)

(3.160) e (3.156) 2 − 2 cos(r) + cos2 (r)
= 3 , (3.166)
[3 − 2 cos(r)] 2
e
(3.135) ⟨α ′ (r) × α ′′′ (r) , α ′′ (r)⟩
τ(r) = ′
α (r) × α ′′ (r) 2
(3.155),(3.158) e (3.160) ⟨( sen(r) , cos(r) , − sen(r) [1 − cos(r)] − sen(r) cos(r)) , ( sen(r) , cos(r) , 0)⟩
=
2 − 2 cos(r) + cos2 (r)
exerccio 1
= , (3.167)
1 + [cos(r) − 1]2
3.4. APLICAC ~
 OES 109

completando a resoluc~ao.

3.4 Aplicações dos elementos da teoria local de curvas espaciais


Comecaremos pela
Lema 3.4.1 Seja α : (a , b) → R3 uma c.p.r. cuja func~ao curvatura n~ao se anula, ou seja,
k(s) ̸= 0 , para s ∈ (a , b) . (3.168)

Se α e uma curva plana (ou seja, seu traco esta contido em um plano de R3 ), ent~ao o plano
osculador de α independe de s ∈ (a , b) e este sera o plano que contem o traco de α.
Demonstração:
Podemos supor, sem perda de generalidade, que α esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Como α e uma curva plana, podemos encontrar um plano, que indicaremos por π, de modo que

α[(a , b)] ⊆ π . (3.169)

Seja
⃗ um vetor normal ao plano π.
⃗v ̸= O (3.170)
A rmamos que
⃗v ∥ b(s) , para s ∈ (a , b) . (3.171)
De fato, se so ∈ (a , b), de (3.170) e (3.171), segue que (veja a gura abaixo)

⟨α(s) − α(so ) ,⃗v⟩ = 0 , para s ∈ (a , b) . (3.172)


z

6
>

v
α(s)

π 6
*

α(s) − α(so )
α(so )
-
x

Logo, derivando, em relac~ao a s, a express~ao (3.172), obteremos


d
0= [⟨α(s) − α(so ) ,⃗v⟩]
ds
⟨ ⟩ ⟨ ⟩
como visto no ap^endice d d
= [α(s) − α(so )] ,⃗v + α(s) − α(so ) , [⃗v]
ds |ds{z }

=O
⟨ ⟩
= α ′ (s) ,⃗v
= ⟨t(s) ,⃗v⟩ . (3.173)
110 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Derivando, em relac~ao a s, (3.173), obteremos


d
0= [⟨t(s) ,⃗v⟩]
ds
⟨ ⟩ ⟨ ⟩
como visto no ap^endice d d
= [t(s)] ,⃗v + t(s) , [⃗v]
ds |ds{z }

=O
⟨ ⟩
= t ′ (s) ,⃗v
(3.84)
= ⟨k(s) · n(s) ,⃗v⟩
= k(s) ⟨n(s) ,⃗v⟩ ,
que juntamente como (3.168), implicara em ⟨n(s) ,⃗v⟩ = 0 . (3.174)

Logo, de (3.173) e (3.174) segue que

t(s) ⊥ ⃗v e n(s) ⊥ ⃗v

e assim, estes fatos, juntamente com (3.85), implicar~ao em (3.171).


Portanto o plano osculador (ou seja, o plano que tem como um vetor normal o vetor b(s), para
s ∈ (a , b)) n~ao dependera de s ∈ (a , b) e ele contera o traco de α, completando a demonstrac~ao.

Como consequ^encia temos a:
Proposição 3.4.1 Seja α : (a , b) → R3 uma c.p.r. cuja func~ao curvatura n~ao se anula, ou seja,
k(s) > 0 , para s ∈ (a , b) . (3.175)

Ent~ao α e uma curva plana se, e somente se,


τ(s) = 0 , para s ∈ (a , b) . (3.176)

Demonstração:
Podemos supor, sem perda de generalidade, que α esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Suponhamos que α e uma curva plana.
Ent~ao, como consequ^encia do Lema 3.4.1, temos que

b(s) = ⃗v , para s ∈ (a , b) , (3.177)

ou seja, e um vetor constante, desta forma teremos

b ′ (s) = O
⃗, para s ∈ (a , b) . (3.178)

Assim, para s ∈ (a , b), teremos


⟨ ⟩
(3.94) ′
τ(s) = b (s) , n(s)
| {z }
(3.178)
= ⃗
O
= 0,

completando a 1.a parte da demonstrac~ao.


3.4. APLICAC ~
 OES 111

Suponhamos agora que


τ(s) = 0 , para s ∈ (a , b) . (3.179)
Com isto, para s ∈ (a , b), teremos
(3.93)
b ′ (s) = τ(s) · n(s)
(3.178)
= 0 · n(s)
⃗,
=O (3.180)
e como (a , b) e conexo em R, segue que
b(s) = ⃗b , para s ∈ (a , b) . (3.181)
Mostremos que o traco de α esta contido no plano que tem como vetor normal o vetor ⃗b e contem
o ponto α(so ), para so ∈ (a , b) xado.
Para isto, consideremos a func~ao f : (a , b) → R dada por
⟨ ⟩
.
f(s) = α(s) − α(so ) , ⃗b , para s ∈ (a , b) . (3.182)
Notemos que
f ∈ C∞ ((a , b) ; R) .
A rmamos que
f(s) = 0 , para s ∈ (a , b) . (3.183)
De fato, notemos que
⟨ ⃗
=O ⟩
(3.182) z }| {
f(so ) = α(so ) − α(so ) , ⃗b

= 0. (3.184)
Alem disso, para s ∈ (a , b), teremos
(3.182) d
[⟨ ⟩]
f (s) = α(s) − α(so ) , ⃗b
ds ⟨ ⟩ ⟨ ⟩
visto no ap^endice d d
= [α(s) − α(so )] , ⃗b + α(s) − α(so ) , [⃗b]
ds
| {z } |ds{z }
=α ′ (s) ⃗
=O
| {z }
=0
⟨ ⟩
= α ′ (s) , ⃗b
(3.181)
= ⟨t(s) , b(s)⟩
(3.86)
= 0.
Como (a , b) e conexo em R, segue que a func~ao f e constante em (a , b) e como temos (3.184),
segue a validade de (3.183).
Logo, ⟨ ⟩
α(s) − α(so ) , ⃗b = 0 , para s ∈ (a , b) , (3.185)
ou seja, o traco de α esta contido no plano que tem como um vetor normal o vetor ⃗b e contem o ponto
α(so ), completando a demonstrac~ao.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
112 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS


α(s) > b

π 6
*

α(so )
α(s) − α(so )


Tambem como consequ^encia temos a
Proposição 3.4.2 Sejam a > 0 e α : (a , b) → R3 uma c.p.r. .
O traco de α esta contido em um circunfer^encia de raio R se, e somente se,
1
k(s) = , (3.186)
R
e τ(s) = 0 , para s ∈ (a , b) . (3.187)
17.04.2017 - 11.a aula
Demonstração:
Podemos supor, sem perda de generalidade, que α esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Suponhamos que traco de α esta contido em um circunfer^encia de centro no ponto Po ∈ R3 e raio
a.
Como uma circunfer^encia e uma curva plana, segue que traco de α sera uma curva plana e, da
Proposic~ao 3.4.1, segue que
τ(s) = 0 , para s ∈ (a , b) ,
⟨ ⟩
ou ainda, que α(s) − Po , ⃗b = 0 , para s ∈ (a , b) , (3.188)

onde ⃗b e um vetor unitario e normal ao plano π, que contem o ponto Po , que e o centro da circunfer^encia
acima (a gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima).

b

Po

q
α(s)
π

Por outro lado, para s ∈ (a , b), teremos


R2 = ∥α(s) − Po ∥2
= ⟨α(s) − Po , α(s) − Po ⟩ . (3.189)
3.4. APLICAC ~
 OES 113

Logo, para s ∈ (a , b), teremos


d [ 2]
0= R
ds
(3.189) d
= [⟨α(s) − Po , α(s) − Po ⟩]
ds ⟨ ⟩ ⟨ ⟩
visto no ap^endice d d
= [α(s) − Po ] , α(s) − Po + α(s) − Po , [α(s) − Po ]
ds ds
⟨ ⟩
= 2 α ′ (s) , α(s) − Po
⟨ ′ ⟩
ou seja, α (s) , α(s) − Po = 0 ,
ou ainda ⟨t(s) , α(s) − Po ⟩ = 0 . (3.190)
Desta forma, segue que
(3.190) d [⟨ ⟩]
0 = α ′ (s) , α(s) − Po
ds ⟨ ⟩
visto no ap^endice ⟨ ′′ ′ d ⟩
= α (s) , α(s) − Po + α (s) , [α(s) − Po ]
ds
⟨ ⟩ ⟨ ⟩
= α ′′ (s) , α(s) − Po + α ′ (s) , α ′ (s)
| {z }
α 
e c.p.p.c.a.
= 1
⟨ ′′ ⟩
ou seja, α (s) , α(s) − Po = −1 , (3.191)
Logo, para s ∈ (a , b), de (3.190) e (3.188), podemos concluir que o vetor
α(s) − Po

e ortogonal aos vetores


t(s) e b(s) = ⃗b ,
ou seja, ele devera ser paralelo ao vetor n(s) que, por sua vez, e paralelo ao vetor α ′′ (s), pois
α ′′ (s) = t ′ (s)
(3.84)
= k(s) · n(s) ,
assim
(α(s) − Po ) ∥ α ′′ (s) , para s ∈ (a , b) ,
ou ainda , cos(θ) = ±1 , (3.192)
onde θ ∈ [0 , π] e o ^angulo entre os vetores
α(s) − Po e α ′′ (s) .
Portanto, para s ∈ (a , b), teremos
(3.191) ⟨ ⟩
1 = α ′′ (s) , α(s) − Po
visto no ap^endice
= ∥α ′′ (s)∥ ∥α(s) − Po ∥ | cos(θ)|
| {z } | {z } | {z }
(3.66) (3.189) (3.192)
= k(s) = R = 1

= k(s) R ,
1
ou seja, k(s) = ,
R
114 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

completando a 1.a parte da demonstrac~ao.


Suponha os agora que (3.186) e (3.187) ocorrem.
Consideremos a func~ao f : (a , b) → R3 , dada por
.
f(s) = α(s) + R · n(s) , para s ∈ (a , b) . (3.193)
Notemos que ( )
f ∈ C∞ (a , b) ; R3
A rmamos que a func~ao f e constante em (a , b).
De fato, para s ∈ (a , b), temos
(3.193)
f ′ (s) = α ′ (s) + R · n ′ (s)
 
 
(3.113)  
= t(s) + R · − k(s) ·t(s) − τ(s) ·b(s)
 |{z} |{z} 
(3.186) 1 (3.187)
= R
= 0

= t(s) − t(s)
=O⃗,

e como (a , b) e conexo em R, segue que a func~ao f e constante em (a , b), ou seja, podemos encontrar
Po ∈ R3 , de modo que

f(s) = Po ,
que, de (3.193), e o mesmo que: α(s) + R · n(s) = Po ,
ou ainda, α(s) − Po = R · n(s) . (3.194)
Logo, para s ∈ (a , b), teremos
(3.194)
∥α(s) − Po ∥ = ∥R · n(s)∥
= |R| ∥n(s)∥
|{z} | {z }
R>0 =1
= R
= R,

ou seja, o traco de α esta contido na circunfer^encia de centor no ponto Po e raio igual a R, completando
a demonstrac~ao.
Observação 3.4.1
1. Sejam a ∈ (0 , ∞) e b ∈ R \ {0} xados.
A helice circular α : R → R3 , dada por
.
α(r) = (a cos(r) , a sen(r) , b r) , para r ∈ R, (3.195)
tem a propriedade que, em cada instante r ∈ R, o vetor tangente a mesma, no instante r,
forma ^angulo constante com o eixo Oz.
De fato pois, para r ∈ R, temos
(3.195)
α ′ (r) = (−a sen(r) , a cos(r) , b) . (3.196)
3.4. APLICAC ~
 OES 115

Logo, se denotarmos por θ(r), o ^angulo entre os vetores


α ′ (r) e ⃗e3
segue que
visto no ap^endice ⟨α ′ (r) , ⃗
e3 ⟩
cos[θ(r)] =
∥α ′ (r)∥ ∥⃗e3 ∥
(3.196) ⟨(−a sen(r) , a cos(r) , b) , (0 , 0 , 1)⟩
=
∥(−a sen(r) , a cos(r) , b)∥ ∥(0 , 0 , 1)∥
b
=√
a2 sen2 (r) + a2 cos2 (r) + b2
b
=√ ,
a2 + b2
b
ou seja, cos[θ(r)] = √ , para r ∈ R, (3.197)
a2 + b2
mostrando que a a rmac~ao acima e verdadeira.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

2. O exemplo exibido no item acima, e um caso particular de uma classe de c.p.r., introduzida
na:
Definição 3.4.1 Diremos que α : (a , b) → R3 c.p.r. e uma hélice se podemos encontrar um
vetor unitario ⃗v ∈ V 3 (que independe de r), de
modo que, os vetores
α ′ (r) e ⃗v
formem ^angulo constante, para todo r ∈ (a , b), ou seja, se
⟨α ′ (r) ,⃗v⟩
= constante , para r ∈ (a , b) ,
∥α ′ (r)∥ ∥⃗v∥
|{z}
=1
⟨α ′ (r) ,⃗v⟩
ou ainda, = constante , para r ∈ (a , b) . (3.198)
∥α ′ (r)∥
116 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Para ilustrar temos o:


Exemplo 3.4.1 Consideremos a c.p.r. α : R → R3 , dada por
.
α(r) = (er cos(r) , er sen(r) , er ) , para r ∈ R. (3.199)
Mostre que α e uma helice.
Resolução:
Para r ∈ R, temos
(3.199)
α ′ (r) = (er cos(r) − er sen(r), er sen(r) + er cos(r) , er ) . (3.200)
Logo
⟨α ′ (r) , ⃗e3 ⟩ (3.200) ⟨(er cos(r) − er sen(r), er sen(r) + er cos(r) , er ) , (0 , 0 , 1)⟩
=
∥α ′ (r)∥ ∥⃗e3 ∥ ∥(er cos(r) − er sen(r) , er sen(r) + er cos(r) , er )∥ ∥(0 , 0 , 1)∥

0 + 0 + e2 r
=√
[er cos(r) − er sen(r)]2 + [er sen(r) + er cos(r)]2 + e2 r

exerccio er er 3
= √ =√ r = ,
3e 2 r 3e 3

⟨α ′ (r) , ⃗e3 ⟩ 3
ou seja, ′
= , para r ∈ R , (3.201)
∥α (r)∥ ∥⃗e3 ∥ 3

(em particular, e constante).


Logo, pela De nic~ao 3.4.1, segue que a c.p.r. α e uma helice, completando a resoluc~ao.


Observação 3.4.2 A representac~ao geometrica do traco da c.p.r. α, do Exemplo 3.4.1, e dada


pela gura abaixo.
3.4. APLICAC ~
 OES 117

O resultado a seguir nos fornece uma caracterizac~ao de uma helice por meio da curvatura e da
torc~ao de uma c.p.r., mais precisamente:
Proposição 3.4.3 Seja α : (a , b) → R3 uma c.p.r. cujas func~oes curvatura e torc~ao n~ao se
anulam, ou seja,
k(r) > 0 , (3.202)
e τ(r) ̸= 0 , para r ∈ (a , b) . (3.203)

Ent~ao α e uma helice se, e somente se,


k(r)
= constante , para r ∈ (a , b) . (3.204)
τ(r)

Resolução:
Podemos supor, sem perda de generalidade, que α esta parametrizada pelo comprimento de arco.
Suponhamos que α seja uma helice, ou seja, pela De nic~ao 3.4.1, podemos encontrar um vetor
⃗v ∈ V 3 unitario, de modo que

⟨α ′ (s) ,⃗v⟩
= constante , para s ∈ (a , b) ,
∥α ′ (s)∥
| {z }
α 
e c.p.p.c.a.
= 1
⟨ ′ ⟩
ou seja, α (s) ,⃗v = constante , para s ∈ (a , b) . (3.205)

Logo, para s ∈ (a , b), temos


(3.205) d [⟨ ⟩]
0 = α ′ (s) ,⃗v
ds ⟨ ⟩
visto no ap^endice ⟨ ⟩ d
= α ′′ (s) ,⃗v + α ′ (s) , [⃗v]
|ds{z }

=O
| {z }
=0
⟨ ⟩
= α ′′ (s) ,⃗v
⟨ ⟩
= t ′ (s) ,⃗v
(3.84)
= ⟨k(s) · n(s) ,⃗v⟩
= k(s) ⟨n(s) ,⃗v⟩ . (3.206)

Como, por hipotese,


(3.202)
k(s) ̸= 0,
segue, de (3.206), que ⟨n(s) ,⃗v⟩ = 0 ,
ou seja, n(s) ⊥ ⃗v . (3.207)

Assim (3.207) implicara que o vetor


⃗v deve ser paralelo a um plano que tem como vetores diretores os vetores t(s) e b(s) . (3.208)

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima


118 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS
b(s)

6 n(s) ⊥ ⃗
v

- t(s)

Deste fato, do fato que


{t(s) , b(s)}

e um conjunto ortonormal e que o vetor ⃗v e unitario, segue que podemos encontrar

θ(s) ∈ [0 , π] ,

de modo que
⃗v = cos[θ(s)] · t(s) + sen[θ(s)] · b(s) . (3.209)
Pode-se mostrar que
θ ∈ C∞ ((a , b) ; R) .

Deixaremos a veri cac~ao deste fatro como exerccio para o leitor.


Logo, para s ∈ (a , b), teremos

⃗ (3.209)
O =
d
{cos[θ(s)] · t(s) + sen[θ(s)] · b(s)}
 ds 

 

 
= {− sen[θ(s)] θ (s)} · t(s) + cos[θ(s)] · t (s)
′ ′

 | {z }  
 (3.84)

= k(s)·n(s)
 

 

 
+ {cos[θ(s)] θ ′ (s)} · b(s) + sen[θ(s)] · b ′ (s)

 | {z } 

 (3.93)

= τ(s)·n(s)

= {− sen[θ(s)] θ ′ (s)} · t(s) + {k(s) cos[θ(s)] + τ(s) sen[θ(s)]} · n(s)


+ {cos[θ(s)] θ ′ (s)} · b(s) . (3.210)

Como
{t(s) , n(s) , b(s)}

e uma base ortonormal de V 3 , em particular devera ser L.I. .


Deste fato e de (3.210), segue que

− sen[θ(s)] θ ′ (s) = 0 , (3.211)


k(s) cos[θ(s)] + τ(s) sen[θ(s)] = 0 , (3.212)
cos[θ(s)] θ ′ (s) = 0 . (3.213)
Logo, de (3.211) e (3.213), teremos (exerccio): θ ′ (s) = 0 , para s ∈ (a , b) ,
e como (a , b) e conexo, segue que θ(s) = constante , para s ∈ (a , b) ,
isto e θ(s) = θo , para s ∈ (a , b) . (3.214)
3.4. APLICAC ~
 OES 119

Suponhamos, por absurdo, que


cos(θo ) = 0 .
De (3.212), deveramos ter 0 + τ(s) sen(θo ) = 0,
| {z }
̸=0 pois cos(θo )=0

e assim teramos τ(s) = 0 ,


contrariando (3.203).
Portanto
cos(θo ) ̸= 0 . (3.215)
Assim para s ∈ (a , b), utilizando o fato acima em (3.212), obteremos
k(s) cos(θo ) +τ(s) sen(θo ) = 0 ,
| {z }
(3.215)
̸= 0

segue que k(s) cos(θo ) = −τ(s) sen(θo ) ,


k(s) sen(θo )
ou seja, como temso (3.215), segue que =− ,
τ(s) cos(θo )
k(s)
isto e, = constante , para s ∈ (a , b) ,
τ(s)
completando a 1.a parte da demosntrac~ao.
Suponhamos agora que (3.204) ocorra, ou seja,
k(s)
= constante ̸= 0 , para s ∈ (a , b) . (3.216)
τ(s)
( π π)
Consideremos θo ∈ − , \ {0}, de modo que
2 2
k(s)
tg(θo ) = − (3.217)
τ(s)
.
e o vetor (que depende de s): ⃗v(s) = cos(θo ) · t(s) + sen(θo ) · b(s) , para s ∈ (a , b) . (3.218)
Notemos que, para s ∈ (a , b), temos
(3.217)
τ(s) = − tg(θo ) k(s) . (3.219)
A rmamos que
∥⃗v(s)∥ = 1 , (3.220)
e ⃗v(s) = constante , para s ∈ (a , b) . (3.221)
De fato, para s ∈ (a , b), temos
∥⃗v(s)∥2 = ⟨⃗v(s) ,⃗v(s)⟩
(3.218)
= ⟨cos(θo ) · t(s) + sen(θo ) · b(s) , cos(θo ) · t(s) + sen(θo ) · b(s)⟩
propriedades de p.i.
= cos2 (θo ) ⟨t(s) , t(s)⟩ + cos(θo ) sen(θo ) ⟨t(s) , b(s)⟩
| {z } | {z }
=1 =0
+ sen(θo ) cos(θo ) ⟨b(s) , t(s)⟩ + sen2 (θo ) ⟨b(s) , b(s)⟩
| {z } | {z }
=0 =1
= cos (θo ) + sen (θo )
2 2

= 1,
120 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

mostrando a validade de (3.220).


Notemos tambem que
(3.218) d
⃗v ′ (s) = [cos(θo ) · t(s) + sen(θo ) · b(s)]
ds
= cos(θo ) · t ′ (s) + sen(θo ) · b ′ (s)
= cos(θo ) · t ′ (s) + sen(θo ) · b ′ (s)
| {z } | {z }
(3.84) (3.84)
= k(s)·n(s) = τ(s)·n(s)

= [cos(θo ) k(s) + sen(θo ) τ(s)] · n(s)


(3.219)
= [cos(θo ) k(s) − sen(θo ) tg(θo ) k(s)] · n(s)
[ ]
cos(θo )
= cos(θo ) k(s) − sen(θo ) k(s) · n(s)
sen(θo )
= [cos(θo ) k(s) − cos(θo ) k(s)] · n(s)
=O⃗,
e como (a , b) e conexo, teremos ⃗v(s) = constante , para s ∈ (a , b) ,
mostrando a validade de (3.221).
Seja ⃗vo ∈ R3 , vetor unitario, de modo que
⃗v(s) = ⃗vo , para s ∈ (a , b) . (3.222)
Logo, para s ∈ (a , b) teremos
⟨ ′ ⟩ (3.222) ⟨ ′ ⟩
α (s) ,⃗vo = α (s) , ⃗v(s)
(3.218)
= ⟨t(s) , cos(θo ) · t(s) + sen(θo ) · b(s)⟩
= cos(θo ) ⟨t(s) , t(s)⟩ + sen(θo ) ⟨t(s) , b(s)⟩
| {z } | {z }
=1 =0
= cos(θo ) , (3.223)
⟨α ′ (s) ,⃗
vo ⟩ (3.223)
logo, ′ = cos(θo ) ,
∥α (s)∥
| {z }
α 
e c.p.p.c.a.
= 1

mostrando, pela De nic~ao 3.4.1, que α e uma helice, completando a demonstrac~ao.




3.5 Representação canônica de curvas parametrizadas regulares no


espaço
Iniciaremos esta sec~ao com a
Observação 3.5.1 Consideremos α : (a , b) → R3 uma c.p.p.c.a., de modo que sua curvaturan~ao
se anule, ou seja
para s ∈ (a , b) .
k(s) ̸= 0 , (3.224)
O objetido e estudar o comportamento do traco da α em um vizinhanca de um ponto
.
Po = α(so )
3.5. REPRESENTAC ~ CANONICA
 AO ^ 121

onde so ∈ (a , b).
Utilizando-se da mudanca de variaveis M : (a , b) → (a − so , b − so ), dada por
.
u = M(s) = s − so , para s ∈ (a , b)

da translac~ao T : R3 → R3 , dada por


.
T (P) = P − Po , para p ∈ R3

e do operador linear ortogonal R : V 3 → V 3 que satisfaz:


.
R[t(so )] = ⃗e1 ,
.
R[n(so )] = ⃗e2 ,
.
e R[b(so )] = ⃗e3 , (3.225)

podemos supor, sem perda de generalidade, que


so = 0 ,
Po = α(0)
= (0 , 0 , 0) ,
t(0)= (1 , 0 , 0) ,
n(0)= (0 , 1 , 0) ,
e b(0)= (0 , 0 , 1) . (3.226)

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima

b(so )
6
6 O
α(so ) : t(so )

α :
6
so ⃗
e3
n(so )

- -

e2

e1 /
/

( )
Como α ∈ C∞ (a , b) ; R3 , aplicando-se a formula de Taylor (veja o ap^endice) aplicado no
contexto acima, segue que existe uma vizinhanca de 0 ∈ (a , b), que indicaremos por
.
Vδ = (−δ , δ) ⊆ (a , b) ,

de modo que, para s ∈ Vδ , teremos


s2 s3
α(s) = α(0) + α ′ (0) s + α ′′ (0) + α ′′′ (0) + R4 (s) , (3.227)
2! 3!
onde 4
. s
R4 (s) = α(4) (s) , (3.228)
4!
122 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

para s ∈ Vδ , satisfazendo
R4 (s)
lim = 0.
s→0 s4
Notemos que
α(0) = (0 , 0 , 0) , (3.229)

α (0) = t(0) (3.230)
α ′′ (0) = t ′ (0)
(3.112)
= k(0) · n(0) , (3.231)
d ′
α ′′′ (s) = [t (s)]
ds
(3.112) d
= [k(s) · n(s)]
ds
veja ap^endice
= k ′ (s) · n(s) + k(s) · n ′ (s)
(3.113)
= k ′ (s) · n(s) + k(s) · [−τ(s) · b(s) − k(s) · t(s)] ,
ou seja,
α ′′′ (0) = −k2 (0) · t(0) + k ′ (0) · n(0) − k(0) τ(0) · b(0) . (3.232)
Logo para s ∈ Vδ , substituindo-se (3.229), (3.230), (3.231) e (3.232) em (3.227), obteremos
s2 s3
α(s) = (0 , 0 , 0) + t(0) s + k(0) n(0) + [−k2 (0) · t(0) + k ′ (0) · n(0) − k(0) τ(0) · b(0) + R4 (s)
[ ] 2! 3!
2 [ ′
] [ ]
k (0) 3 k(0) 2 k (0) 3 k(0) τ(0) 3
= s− s · t(0) + s + s · n(0) − s · b(0) + R4 (s)
6 2 6 6
[ ] [ ] [ ]
(3.226) k2 (0) 3 k(0) 2 k ′ (0) 3 k(0) τ(0) 3
= s− s · (1 , 0 , 0) + s + s · (0 , 1 , 0) + − s · (0 , 0 , 1) + R4 (s)
6 2 6 6
( )
k2 (0) 3 k(0) 2 k ′ (0) 3 k(0) τ(0) 3
= s− s , s + s ,− s + R4 (s) , (3.233)
6 2 6 6

ou ainda, se as func~oes coordenadas da α s~ao as func~oes x , y , z : (a , b) → R, de (3.233), segue


que
k2 (0) 3
x(s) = s − s + R41 (s) , (3.234)
6
k(0) 2 k ′ (0) 3
y(s) = s + s + R42 (s) , (3.235)
2 6
k(0) τ(0) 3
e z(s) = − s + R43 (s) , (3.236)
6
onde
(R41 (s) , R42 (s) , R43 (s)) = R4 (s) , para s ∈ Vδ .
Notemos que, em particular,
R42 (s) e R43 (s)
envolvem termos de ordem maior ou igual a 4 em s (ou seja, do tipo s4 - veja (3.228)).
Com isto podemos introduzir a
3.5. REPRESENTAC ~ CANONICA
 AO ^ 123

Definição 3.5.1 As express~


oes (3.234), (3.235) e (3.236) ser~ao denominadas representação canô-
nica de α em uma vizinhança de so = 0

Da representac~ao can^onica podemos obter a:


Proposição 3.5.1 Sejam α : (a , b) → R3 uma c.p.p.c.a. de modo que sua curvatura n~ao se
anula em (a , b), ou seja,
k(s) > 0 , para s ∈ (a , b) (3.237)
e so ∈ (a , b).
Ent~ao
1. podemos encontrar uma vizinhanca de so , que indicaremos por Vδ (so ) ⊆ (a , b) de modo
qu, para s ∈ Vδ (so ), temos que o ponto α(s) pertencera ao semi-espaco determinado pelo
plano reti cante, que passa pelo ponto α(so ), e "contem " o vetor n(so ).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descriva acima
plano reti cante em α(so ) b(so )
6
6
s
s
so
α(s)

9 α(so )
t(so ) j
n(so )

2. Se
para s ∈ (a , b) ,
τ(s) < 0 , (3.238)
ent~ao podemos encontrar uma vizinhanca de so , que indicaremos por Vδ (so ) ⊆ (a , b) de
modo qu, para s ∈ Vδ (so ), temos que o ponto α(s) pertencera ao sem-espaco determinado
pelo plano osculador, que passa pelo ponto α(so ), e "contem " o vetor −b(so ), se
so − δ < s < so

e "contem" o vetor b(so ),


so < s < so + δ .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descriva acima
τ(so ) < 0

b(so )
6
6
s
so α(s)

9 α(so )
t(so ) j
3 n(so )

?
−b(so )
plano osculador
124 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

3. Se
0 < τ(s) , para s ∈ (a , b) , (3.239)
ent~ao podemos encontrar uma vizinhanca de so , que indicaremos por Vδ (so ) ⊆ (a , b) de
modo que, para s ∈ Vδ (so ), temos que o ponto α(s) pertencera ao sem-espaco determinado
pelo plano osculador, que passa pelo ponto α(so ), e "contem " o vetor b(so ), se
so − δ < s < s o

e "contem" o vetor −b(so ),


so < s < so + δ .

A gura abaixo ilustra a situac~ao descriva acima


0 < τ(s)

b(so )
6
6
s
so α(s)

9 α(so )
t(so ) j
3 n(so )

?
−b(so )
plano osculador

Demonstração:
Utilizando as mesmas ideias da Observac~ao 3.5.1, podemos supor, sem perda de generalidade, que
valem as considerac~oes de (3.226).
Desta forma, temos que (3.234), (3.235) e (3.236) ocorrem em Vδ1 , para algum δ1 > 0.
Demonstrac~ao de 1.:
Logo, de (3.235) e (3.237), segue que
envolvem termos de ordem maior ou igual a 4
(3.235) k(0) 2 k ′ (0) 3 z }| {
y(s) = s + s + R42 (s)
2 6
(3.237)
> 0,

pois, diminuindo-se δ > 0, se necessario, para

para s ∈ Vδ ,
envolvem termos de ordem maior ou igual a 4
z }| {
s2 (3.237) k ′ (0) 3 R42 (s)
temos que > − s − ,
2 6 k(0) k(0)

ou seja, para s ∈ Vδ , o ponto α(s) pertencera ao semi-espaco determinado pelo plano reti cante, que
passa pelo ponto α(so ), e "contem " o vetor n(so ), completando a demonstrac~ao do item 1. .
Demonstrac~ao de 2.:
3.5. REPRESENTAC ~ CANONICA
 AO ^ 125

Logo, de (3.236), (3.237) e (3.238), segue que


para s ∈ Vδ , com s < 0 ,
teremos:
>0 <0
z}|{ z}|{ envolvem termos de ordem maior ou igual a 4
(3.236) k(0) τ(0) 3 z }| {
z(s) = − s + R43 (s)
6
(3.237),(3.238) e s<0
< 0,

pois, diminuindo-se δ > 0, se necessario, para


para s ∈ Vδ , com s < 0 ,
envolvem termos de ordem maior ou igual a 4
k(0) τ(0) 3 (3.237) e (3.238) z }| {
temos que s > R43 (s) ,
6
ou seja, para s ∈ Vδ , satisfazendo
s < 0,
o ponto α(s) pertencera ao semi-espaco determinado pelo plano osculador, que passa pelo ponto α(so ),
e "contem " o vetor −b(so ).
Por outro lado,
para s ∈ Vδ , com s > 0 ,
teremos:
>0 <0
z}|{ z}|{ envolvem termos de ordem maior ou igual a 4
(3.236) k(0) τ(0) 3 z }| {
z(s) = − s + R43 (s)
6
(3.237),(3.238) e s>0
> 0,

pois, diminuindo-se δ > 0, se necessario, para


para s ∈ Vδ , com s > 0 ,
envolvem termos de ordem maior ou igual a 4
k(0) τ(0) 3 (3.237) e (3.238) z }| {
temos que s < R43 (s) ,
6
ou seja, para s ∈ Vδ , satisfazendo
s > 0,
o ponto α(s) pertencera ao semi-espaco determinado pelo plano osculador, que passa pelo ponto α(so ),
e "contem " o vetor b(so ), completando a demonstrac~ao do item 2. .
Demonstrac~ao de 3.:
Logo, de (3.236), (3.237) e (3.239), segue que
para s ∈ Vδ , com s < 0 ,
teremos:
>0 >0
z}|{ z}|{ envolvem termos de ordem maior ou igual a 4
(3.236) k(0) τ(0) 3 z }| {
z(s) = − s + R43 (s)
6
(3.237),(3.237) e s<0
> 0,
126 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

pois, diminuindo-se δ > 0, se necessario, para


para s ∈ Vδ , com s < 0 ,
envolvem termos de ordem maior ou igual a 4
k(0) τ(0) 3 (3.237) e (3.237) z }| {
temos que s < R43 (s) ,
6
ou seja, para s ∈ Vδ , satisfazendo
s < 0,
o ponto α(s) pertencera ao semi-espaco determinado pelo plano osculador, que passa pelo ponto α(so ),
e "contem " o vetor b(so ).
Por outro lado,
para s ∈ Vδ , com s > 0 ,
teremos:
>0 >0
z}|{ z}|{ envolvem termos de ordem maior ou igual a 4
(3.236) k(0) τ(0) 3 z }| {
z(s) = − s + R43 (s)
6
(3.237),(3.239) e s>0
< 0,

pois, diminuindo-se δ > 0, se necessario, para


para s ∈ Vδ , com s > 0 ,
envolvem termos de ordem maior ou igual a 4
k(0) τ(0) 3 (3.237) e (3.239) z }| {
temos que s > R43 (s) ,
6
ou seja, para s ∈ Vδ , satisfazendo
s > 0,
o ponto α(s) pertencera ao semi-espaco determinado pelo plano osculador, que passa pelo ponto α(so ),
e "contem " o vetor −b(so ), completando a demonstrac~ao do item 3. e do resultado.


Observação 3.5.2

1. Podemos trocar as hipoteses (3.333), (3.238) e (3.239), por


k(so ) > 0 ,
τ(so ) > 0 ,
e τ(so ) < 0 ,

respectivamente, que as cinclus~oes da Proposic~ao 3.5.1 acima permanecer~ao valido.


Para tanto, basta notar que, tendo-se
k(so ) > 0 e τ(so ) ̸= 0 ,

da continuidade das func~oes k e τ, segue que valem (3.237), (3.238) ou (3.239), em uma
vizinhanca de so contida em (a , b).
2. Os itens 1., 2. e 3. da Proposic~ao 3.5.1 acima nos fornecem uma interpretac~ao geometrica
para o sinal da torc~ao.
3.5. REPRESENTAC ~ CANONICA
 AO ^ 127

3. A grosso modo, de (3.234), (3.235), (3.236) e das considerac~oes da demonstrac~ao da Pro-


posic~ao 3,

se s ∼ 0,
teremos
x(s) ∼ s , (3.240)
k(0) 2
y(s) ∼ s , (3.241)
2
k(0) τ(0) 3
z(s) ∼ − s . (3.242)
6

4. Baseado no item acima temos as seguintes considerac~oes geometricas para uma c.p.p.p.c.a.
cuja curvatura n~ao se anula:

(a) No plano osculador temos:

x(s) ∼ s ,
k(0) 2
y(s) ∼ s , para s ∼ 0.
2

Logo geometricamente temos:


y
6

n(s)
6

 y=
k(0)
2
x2

α(s)

- -
t(s) x

(b) No plano reti cante temos:

x(s) ∼ s ,
k(0) τ(0) 3
z(s) ∼ − s , para s ∼ 0.
6

Logo geometricamente temos:


i. Se
τ(0) < 0 ,

teremos
128 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

z
6

b(s)
6
k(0) τ(0)
z=− 6
s3

- -
t(s) x

α(s)

ii. Se

τ(0) > 0 ,

teremos
z
6

b(s)
6

α(s)

- -
t(s) x

7
k(0) τ(0)
z=− 6
s3

(c) No plano normal:

k(0) 2
y(s) ∼ s ,,
2
k(0) τ(0) 3
z(s) ∼ − s , para s ∼ 0.
6

Logo geometricamente temos:


3.5. REPRESENTAC ~ CANONICA
 AO ^ 129
z
6
τ(0) > 0

b(s)
6

α(s)

- -
y
n(s)


 z = − 32 √
τ(0)
y2
3
k(0)

5. Do ponto de vista do traco de α temos as seguintes situac~oes geometricas:


(a) Se
τ(0) < 0 ,
teremos

(b) Se
τ(0) > 0 ,
teremos
130 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

3.6 Isometrias em R3 e o teorema fundamental das curva no espaço


20.04.2017 - 12.a aula
Vimos, no Teorema 2.5.1, que a func~ao curvatura de uma c.p.p.c.a. plana, determina completa-
mente a mesma, a menos de sua posic~ao no plano.
Veremos adiante (veja o Teorema (3.6.2)) que a func~ao curvatura, juntamente com a func~ao torc~ao
de uma c.p.p.c.a., determinar~ao a mesma, a menos de sua posic~ao no espaco.
Antes porem precisaremos precisar o que queremos dizer com "a menos de sua posic~ao no espaco".
Observação 3.6.1 De agora em diante utilizaremos a seguinte identi cac~ao
V 3 ∼ R3 ,
ou ainda, V 3 = R3 . (3.243)
Comecaremos pela
Definição 3.6.1 Uma aplicac~ao F : R3 → R3 sera dita isometria em R3 , se ela preserva a
dist^ancia em R , mais precisamente, se
3

∥F(P) − F(Q)∥ = ∥P − Q∥ , para P , Q ∈ R3 . (3.244)


Para ilustrar temos o
Exemplo 3.6.1 A aplicação identidade, indicada por Id : R3 → R3 , e dada por
.
Id(P) = P , para P ∈ R3 , (3.245)
e uma isometria em R3 .
Resolução:
De fato, pois se P , Q ∈ R3 , teremos
(3.245)
∥Id(P) − Id(Q)∥ = ∥P − Q∥ ,

mostrando, pela De nic~ao 3.6.1, que a aplicac~ao identidade, isto e, a aplicac~ao Id, e uma isometria
em R3 .

Temos o
Exemplo 3.6.2 Fixemos Po ∈ R3 . A aplicação translação T : R3 → R3 , dada por
.
T (P) = P + Po , para P ∈ R3 , (3.246)
e uma isometria em R3
Resolução:
De fato, pois se P , Q ∈ R3 , teremos
(3.246)
∥T (P) − T (Q)∥ = ∥(P − Po ) − (Q − Po )∥
= ∥P − Q∥ , (3.247)
mostrando, pela De nic~ao 3.6.1, que a aplicac~ao translac~ao, isto e, a aplicac~ao T , e uma isometria em
R3 .

Temos tambem o
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 131

Exemplo 3.6.3 Fixado θ ∈ [0 , 2 π), a aplicação rotação em torno do eixo Oz, R : R3 → R3 ,


dada por
.
R(P) = (x cos(θ) − y sen(θ) , x sen(θ) + y cos(θ) , z) , para P = (x , y , z) ∈ R3 , (3.248)
e uma isometria em R3 .
Resolução:
De fato, pois se P , Q ∈ R3 , teremos
(3.248)
 , y , z) ∥
∥R(x , y , z) − R (x = ∥(x cos(θ) − y sen(θ) , x sen(θ) + y cos(θ) , z)
 cos(θ) − y sen(θ) , x sen(θ) + y cos(θ) , z)∥
− (x
= ∥([x cos(θ) − y sen(θ)] − [x
 cos(θ) − y sen(θ)] , [x sen(θ) + y cos(θ)] − [x sen(θ) + y cos(θ)] , z − z)∥
] cos(θ) − [y − y ] sen(θ) , [x − x] sen(θ) + [y − y ] cos(θ) , z − z)∥
= ∥([x − x

= {[x cos(θ) − y sen(θ)] − [x  cos(θ) − y sen(θ)]}2 + {[x − x] sen(θ) + [y − y ] cos(θ)}2 + {z − z}2

exerccio
= )2 + (y − y )2 + (z − z)2
(x − x
 , y , z)∥ ,
= ∥(x , y , z) − (x

mostrando, pela De nic~ao 3.6.1, que a aplicac~ao rotac~ao em torno do eixo Oz, isto e, a aplicac~ao R, e
uma isometria em R3 .


Observação 3.6.2 Notemos que a aplicac~ao R : R3 → R3 exibida no Exemplo 3.6.3 e um operador


linear que e ortogonal, ou seja, (veja a De nic~ao 3.6.2 abaixo)
R(P + λ · Q) = R(P) + λ · R(Q) , para P , Q ∈ R3 e λ ∈ R, (3.249)
e inversvel
e R−1 = Rt . (3.250)
Notemos tambem que a matriz do operador R, dado por (3.248), em relac~ao a base can^onica
de R3 sera dada por:  
cos(θ) − sen(θ) 0
[R]B = sen(θ) cos(θ) 0 .
 (3.251)
0 0 1
Deixaremos a veri cac~ao destes fatos como exerccio para o leitor.
Para nalizar temos o
Exemplo 3.6.4 A aplicação antı́poda A : R3 → R3 , dada por
.
A(P) = −P , para P ∈ R3 , (3.252)
e uma isometria em R3 .
Resolução:
De fato, pois se P , Q ∈ R3 , teremos
(3.252)
∥A(P) − A(Q)∥ = ∥ − P − (−Q)∥
= ∥P − Q∥ , (3.253)
132 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

mostrando, pela De nic~ao 3.6.1, que a aplicac~ao antpoda, isto e, a aplicac~ao A, e uma isometria em
R3 .

Temos a:
Proposição 3.6.1

1. Se F , G : R3 → R3 s~ao isometrias em R3 , ent~ao a aplicac~ao F ◦ G : R3 → R3 , tambem sera


uma isometria em R3 ;
2. Se T1 , T2 : R3 → R3 s~ao translac~oes em R3 , ent~ao a aplicac~ao T1 ◦ T2 = T2 ◦ T1 : R3 → R3 ,
tambem sera uma translac~ao em R3 ;
3. Se T : R3 → R3 e uma translac~ao em R3 , ent~ao ela sera inversvel e a aplicac~ao T −1 : R3 →
R3 , tambem sera uma translac~ao em R3 ;
4. Sejam Po , Qo ∈ R3 xados. Ent~ao existe uma unica translac~ao T : R3 → R3 , de modo que
T (Po ) = Qo . (3.254)

Demonstração:
Demonstração do item 1.:
Como, por hipotese, F , G : R3 → R3 s~ao isometrias em R3 , da De nic~ao 3.6.1, segue que
∥F(P) − F(Q)∥ = ∥P − Q∥ (3.255)
e ∥G(R) − F(S)∥ = ∥R − S∥ , para P , Q , R , S ∈ R .
3
(3.256)
Logo, se R , S ∈ R3 , segue que
∥(F ◦ G)(R) − (F ◦ G)(S)∥ = ∥F[G(R)] − F[G(S)]∥
(3.255)
= ∥G(R) − G(S)∥
(3.256)
= ∥R − S∥ ,

que, pela De nic~ao 3.6.1, segue que F ◦ G e uma isometria em R3 , completando a demonstrac~ao do
item 1. .
Demonstração do item 2.:
Suponhamos que as translac~oes T1 , T2 : R3 → R3 , s~ao dadas por
.
T1 (P) = P + P1 , (3.257)
.
e T2 (P) = P + P2 , para P ∈ R3 , (3.258)
onde P1 , P2 ∈ R3 est~ao xos.
Logo, para P ∈ R3 , teremos
(T1 ◦ T2 )(P) = T1 [T2 (P)]
(3.257)
= T2 (P) + P1
(3.258)
= (P + P2 ) + P1
= P + (P1 + P2 ) , (3.259)
ou seja, T1 ◦ T2 = T3 ,
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 133

onde T3 : R3 → R3 e uma translac~ao dada por


.
T3 (P) = P + (P1 + P2 ) , para P ∈ R3 .
De modo analogo mostra-se que
T2 ◦ T1 = T3 ,
completando a demonstrac~ao do item 2. .
Demonstração do item 3.:
Suponhamos que a translac~ao T : R3 → R3 , e dada por
.
T (P) = P + Po , para P ∈ R3 , (3.260)
onde Po ∈ R3 esta xo.
Logo a aplicac~ao T : R3 → R3 , dada por
T~ (Q) = Q − Po ,
.
para Q ∈ R3 , (3.261)
tambem e uma translac~ao em R3 e, alem disso, para P ∈ R3 , teremos
(T~ ◦ T )(P) = T~ [T (P)]
(3.261)
= T (P) − Po
(3.260)
= (P + Po ) − Po
P,
ou seja, T~ ◦ T = Id ,
e, de modo semelhante, mostra-se que: T ◦ T~ = Id ,
isto e, T e uma aplicac~ao inversvel ,
e, alem disso, sua aplicac~ao inversa tambem e uma translac~ao,
completando a demonstrac~ao do item 3. .
Demonstração do item 4.:
Seja
.
Ro = Po − Qo ∈ R3 (3.262)
e consideremos a aplicac~ao translac~ao T : R3 → R3 , dada por
.
T (P) = P − Ro , para P ∈ R3 . (3.263)
Notemos que
(3.263)
T (Po ) = Po − Ro
(3.262)
= Po − (Po − Qo )
= Qo ,

mostrando a exist^encia da aplicac~ao translac~ao satisfazendo (3.254).


Mostremos que ela e unica.
Para tanto, suponhamos que T~ : R3 → R3 e uma translac~ao satisfazendo (3.254), ou seja, existe
So ∈ R3 , de modo que

T~ (P) = P + So , para P ∈ R3 . (3.264)


134 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Logo, para P ∈ R3 , teremos

T~ (Po ) = T (Po ) ,
assim
(3.264)
P o + So = T~ (Po )
= T (Po )
(3.264)
= Po − Ro ,
implicando que So = −Ro ,
ou seja, T~ = T ,

completando a demonstrac~ao do item 4. e do resultado.



Podemos introduzir a

Definição 3.6.2 Um operador linear T : R3 → R3 sera dito ortogonal, se ele preservar produto
interno, mais precisamente se:

T (P + λ · Q) = T (P) + λ · T (Q) , (3.265)


e ⟨T (P) , T (Q)⟩ = ⟨P , Q⟩ , para P,Q ∈ R .
3
(3.266)

Para ilustrar temos o

Exemplo 3.6.5 A aplicac~ao identidade Id : R3 → R3 , exibida no Exemplo 3.6.1, e uma aplicac~ao


ortogonal.

Resolução:
De fato, para P , Q ∈ R3 e λ ∈ R, temos

(3.245)
Id(P + λ · Q) = P+λ·Q
(3.245)
= Id(P) + λ · Id(Q) ,
(3.245)
e ⟨Id(P) , Id(Q)⟩ = ⟨P , Q⟩ , (3.267)

mostrando que ela e um operador linear e preserva produto interno.



Outro caso importante e dado pelo

Exemplo 3.6.6 A aplicac~ao R : R3 → R3 exibida no Exemplo 3.6.3 (ou seja, aplicac~ao rotac~ao
em torno do eixo Oz), e uma aplicac~ao ortogonal.

Resolução:
De fato, se
 , y , z) ∈ R3
P = (x , y , z) , Q = (x e λ ∈ R,
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 135

teremos

 , y + λ y , z + λ z)
T (P + λ · Q) = T (x + λ x
(3.248)
= ] cos(θ) − [y + λ y ] sen(θ) , [x + λ x] sen(θ) + [y + λ y ] cos(θ) , [z + λ z])
([x + λ x
 , y , z)
= (x , y , z) + λ · (x
(3.248)
= T (P) + λ · T (Q) ,
e
⟨R(P) , R(Q)⟩ =
(3.248)
=  cos(θ) − y sen(θ) , x sen(θ) + y cos(θ) , z)⟩
⟨(x cos(θ) − y sen(θ) , x sen(θ) + y cos(θ) , z) , (x
execcio
=  + y y + z z
xx
= ⟨P , Q⟩ ,

mostrando que ela e linear e preserva produto interno.



Com isto temos a

Teorema 3.6.1 Seja T : R3 → R3 um operador linear ortogonal.


Ent~ao T : R3 → R3 e bijetor, ou melhor, a aplicac~ao
T −1 : R3 → R3

tambem e um operador linear ortogonal.


Demonstração:
Notemos que sendo T um operador linear ortogonal em R3 , temos que, se P ∈ R3 e tal que

0 = ∥T (P)∥2
= ⟨T (P) , T (P)⟩
(3.266)
= < P,P >
= ∥P∥2 ,
ou seja, ∥P∥ = 0 ,
e, das propriedades de norma, teremos P = O,

ou seja, o nucleo do operador linear e formado somente pelo vetor nulo.



Logo, da disciplina de Algebra Linear, segue que o operador linear T e injetor.
Como a dimens~ao do domnio e igual a dimens~ao do contra-domnio (na verdade, s~ao ambos R3 ),
segue que o operador linear T devera ser bijetor.

Como visto na disciplina de Algebra Linear, a aplicac~ao T −1 : R3 → R3 sera linear.
Deixaremos como exerccio para o leitor, mostrar que ele preserva produto interno, completando
a demonstrac~ao.

Temos a

Proposição 3.6.2 Seja T : R3 → R3 um operador linear ortogonal.


136 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Ent~ao temos
T (O) = O , (3.268)
T e diferenciavel em R 3

e, alem disso, para P ∈ R , temos


3 ′
T (P) = T . (3.269)

Demonstração:
Veja o ap^endice.

Temos tambem a

Proposição 3.6.3 Seja T : R3 → R3 um operador linear ortogonal.


Ent~ao T e uma isometria em R3 .
Demonstração:
De fato, se P ∈ R3 , temos

∥T (P)∥2 = ⟨T (P) , T (P)⟩ (3.270)


T preserva produto interno
= ⟨P , P⟩
= ∥P∥ , 2

implicado que, ∥T (P)∥ = ∥P∥ , (3.271)

mostrando que o operador linear T preserva norma.


Assim, se P , Q ∈ R3 , temos
T 
e operador linear
∥T (P) − T (Q)∥ = ∥T (P − Q)∥ (3.272)
(3.271)
= ∥P − Q∥ , (3.273)

mostrando que T preserva dist^ancia em R3 , completando a demonstrac~ao.




Observação 3.6.3

1. N~ao vale a recproca da Proposic~ao 3.6.3, ou seja, existem isometrias que n~ao s~ao, neces-
sariamente, operadores lineares ortogonais.
Por exemplo, uma translac~ao (por um vetor n~ao nulo) e uma isometria, mas n~ao e um
operador linear ortogonal (pois n~ao e um operador linear em R3 ).
2. Lembremos que se P , Q ∈ R3 , teremos
∥P − Q∥2 = ⟨P − Q , P − Q⟩
propriedades de p.i.
= ⟨P , P⟩ − ⟨P , Q⟩ − ⟨Q , P⟩ + ⟨Q , P⟩
= ∥P∥2 − 2 ⟨P , Q⟩ + ∥Q∥2 ,
1[ ]
ou seja, ⟨P , Q⟩ = ∥P∥2 + ∥Q∥2 − ∥P − Q∥2 . (3.274)
2
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 137

3. Notemos que se T : R3 → R3 e uma translac~ao e R : R3 → R3 e um operador linear


ortogonal, ent~ao a aplicac~ao F : R3 → R3 , dada por
.
F=T ◦R (3.275)

e uma isometria em R3 .
De fato, se P , Q ∈ R3 , temos

∥F(P) − F(Q)∥2 = ⟨F(P) − F(Q) , F(P) − F(Q)⟩


(3.275)
= ⟨T [R(P)] − T [R(Q)] , T [R(P)] − T [R(Q)]⟩
T e translaca~o
= ⟨R(P) − R(Q) , R(P) − R(Q)⟩
R e operador linear
= ⟨R(P − Q) , R(P − Q)⟩
R e operador linear ortogonal
= ⟨P − Q , P − Q⟩
= ∥P − Q∥ , 2

ou seja, ∥F(P) − F(Q)∥ = ∥P − Q∥ ,

mostrando que F e uma isometria em R3 .

4. O resultado a seguir nos fornece uma condic~ao su ciente para que uma isometria seja um
operador linear ortogonal, a saber:

Proposição 3.6.4 Seja F : R3 → R3 uma isometria em R3 , satisfazendo

F(O) = O . (3.276)

Ent~ao F e um operador linear ortogonal.

Demonstração:
De fato, se P , Q ∈ R3 , temos

(3.274) 1
[ ]
⟨F(P) , F(Q)⟩ = ∥F(P)∥2 + ∥F(Q)∥2 − ∥F(P) − F(Q)∥2
2
(3.276) 1
[ ]
= ∥F(P) − F(O)∥2 + ∥F(Q) − F(O)∥2 − ∥F(P) − F(Q)∥2
2
Fe isometria, isto e, preserva dist^ancia 1
[ ]
= ∥P − O∥2 + ∥Q − O∥2 − ∥P − Q∥2
2
1 [ ]
= ∥P∥2 + ∥Q∥2 − ∥P − Q∥2
2
(3.274)
= ⟨P , Q⟩ ,

mostrando que F preserva produto interno em R3 , em particular, preserva norma.


Mostremos agora que F e um operador linear em R3 .
138 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Se P , Q ∈ R3 e λ ∈ R, teremos
∥F(P + λ · Q) − F(P) − λ · F(Q)∥2 = ⟨F(P + λ · Q) − F(P) − λ · F(Q) , F(P + λ · Q) − F(P) − λ · F(Q)⟩
= ⟨F(P + λ · Q) , F(P + λ · Q)⟩ − ⟨F(P + λ · Q) , F(P)⟩ − λ ⟨F(P + λ · Q) , F(Q)⟩
− ⟨F(P) , F(P + λ · Q)⟩ + ⟨F(P) , F(P)⟩ + λ ⟨F(P) , F(Q)⟩
− λ ⟨F(Q) , F(P + λ · Q)⟩ + λ ⟨F(Q) , F(P)⟩ + λ2 ⟨F(Q) , F(Q)⟩
= ∥F(P + λ · Q∥2 − 2 ⟨F(P + λ · Q) , F(P)⟩ + ∥F(P)∥2 + 2 λ ⟨F(P) , F(Q)⟩ − 2 λ ⟨F(P + λ · Q) , F(Q)⟩
+ λ2 ∥F(Q)∥2
F preserva p.i. e norma
= ∥P + λ · Q∥2 − 2 ⟨P + λ · Q , P⟩ + ∥P∥2 + 2 λ ⟨P , Q⟩ − 2 λ ⟨P + λ · Q , Q⟩ + λ2 ∥Q∥2
exerccio
= ∥(P + λ · Q) − (P + λ · Q)∥2
= 0,
ou seja, ∥F(P + λ · Q) − F(P) − λ · F(Q)∥ = 0 ,
ou ainda, F(P + λ · Q) − F(P) − λ · F(Q) = O ,
implicando que F(P + λ · Q = F(P) + λ · F(Q) ,

mostrando que F e um operador linear, completando a demonstrac~ao.



Veremos a seguir, que toda isometria de R3 pode ser obtida como uma composic~ao de uma
translac~ao com um operador linear ortogonal, mais precisamente:
Proposição 3.6.5Seja F : R3 → R3 uma isometria em R3 .
Ent~ao existem unicas T : R3 → R3 , uma translac~ao, e R : R3 → R3 , um operador linear
ortogonal, de modo que
F = T ◦ R. (3.277)
Resolução:
Existência:
Seja T : R3 → R3 a translac~ao, dada por
.
T (P) = P + F(O) , para P ∈ R3 . (3.278)
Do item 3. da Proposic~ao 3.6.1, segue que T e inversvel e sua inversa tambem sera uma translac~ao,
mais precisamente, a aplicac~ao translac~ao T −1 : R3 → R3 , sera dada por
.
T −1 (Q) = Q − F(O) , para Q ∈ R3 . (3.279)
Do Exemplo 3.6.2, segue que T −1 : R3 → R3 e uma isometria.
Logo, do item 1. da Proposic~ao 3.6.1, segue que R : R3 → R3 , dada por
.
R = T −1 ◦ F (3.280)
e uma isometria em R3 .
Notemos que
(3.280)
( )
R(O) = T −1 ◦ F (O)
= T −1 [F(O)]
(3.279)
= F(O) − F(O)
= O.
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 139

Logo, deste fato e da Proposic~ao 3.6.4, segue que R e um operador linear ortogonal.
Assim
F= T
|{z} ◦ T| −1{z◦ F} ,
translac~ao operador linear ortogonal
completando a demonstrac~ao da exist^encia da decomposic~ao (3.277).
Unicidade:
Sejam T , T~ : R3 → R3 translac~oes e R , R~ : R3 → R3 operadores lineares ortogonais, de modo que

T ◦ R = F = T~ ◦ R
~. (3.281)

Logo, do item 3. da Proposic~ao 3.6.1, segue que T e inversvel e sua inversa tambem sera uma
translac~ao e, de (3.281), teremos
R = T −1 ◦ T~ ◦ G
~. (3.282)
Alem disso,
R
e operador linear
O = G(O)
(3.282)
( )
= T −1 ◦ T~ ◦ R
~ (O)
= T −1 {T~ [R(O)]}
~
~ e operador linear
[T −1 ◦ T~ ](O) ,
R
=

assim T −1 ◦ T~ e a translac~ao por O, isto e,

T −1 ◦ T~ = Id ,
(pela unicidade da inversa) implicando que T~ = T ,
e assim, de (3.281), segue que ~ = R,
R

mostrando que a decomposic~ao (3.277) e unica, completando a demonstrac~ao.



Para ilustrar consideremos
Exemplo 3.6.7 Seja F : R3 → R3 , dada por
.
F(x , y , z) = (1 + x , 2 + y , −z) , para (x , y , z) ∈ R3 . (3.283)

Mostre F e uma isometria em R3 e encontre T : R3 → R3 , uma translac~ao, e R : R3 → R3 , um


operador linear ortogonal em R3 , de modo que
F = T ◦ R.

Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que a aplicac~ao F, dada por (3.283), e uma
isometria.
Notemos que
.
Po = F(0 , 0 , 0) ,
(3.283)
= (1 , 2 , 0) .
140 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Consideremos T : R3 → R3 a translac~ao dada por


.
T (x , y , z) = (x + 1 , y + 2 , z) , para (x , y , z) ∈ R3 ,
ou seja, T (P) = P + Po .

Notemos que T −1 : R3 → R3 sera a translac~ao, dada por


.
T −1 (x , y , z) = (x − 1 , y − 2 , z) , para (x , y , z) ∈ R3 ,
ou seja, T −1 (Q) = Q − Po .

Consideremos R : R3 → R3 , dada por


.
R(x , y , z) = (x , y , −z) , para P ∈ R3 ,
ou seja, R = T −1 ◦ F .

Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que R e um operador linear ortogonal e que

F = T ◦ R,

completando a resoluc~ao.

Temos tambem o
Exemplo 3.6.8 Seja F : R3 → R3 , dada por
( √ √ )
. 1 3 3 1
F(x , y , z) = x− z,4 − y,7 + x+ z , para (x , y , z) ∈ R3 . (3.284)
2 2 2 2

Mostre F e uma isometria em R3 e encontre T : R3 → R3 , uma translac~ao, e R : R3 → R3 , um


operador linear ortogonal em R3 , de modo que
F = T ◦ R.

Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que F, dado por (3.283), e uma isometria.
Notemos que
.
Po = F(0 , 0 , 0)
(3.288)
= (0 , 4 , 7) .

Consideremos T : R3 → R3 a translac~ao, dada por


.
T (x , y , z) = (x , y + 4 , z + 7) , para (x , y , z) ∈ R3 ,
ou seja, T (P) = P + Po .

Notemos que T −1 : R3 → R3 sera a translac~ao, dada por


.
T −1 (x , y , z) = (x , y − 4 , z − 7) , para (x , y , z) ∈ R3 ,
ou seja, T −1 (Q) = Q − Po .
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 141

Consideremos R : R3 → R3 , dada por


( √ √ )
. 1 3 3 1
R(x , y , z) = x− z , −y , x+ z , para P ∈ R3 ,
2 2 2 2
ou seja, R = T −1 ◦ F .

Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que R e um operador linear ortogonal e que

F = T ◦ R,

completando a resoluc~ao.


Observação 3.6.4

1. Lembremos que (veja o ap^endice), se F : R3 → R3 e uma func~ao diferenciavel, ent~ao para


cada Po ∈ R3 , a derivada de F em Po , e um operador linear em R3 , ou seja,
F ′ (Po ) : R3 → R3

e um operador linear em R3 .
Alem disso, da regra da cadeia (veja ap^endice) temos

d

F (Po )(⃗v) = [F(Po + t · ⃗v)] , (3.285)
dt t=0

para ⃗v ∈ R3 .
2. O resultado a seguir garante que toda isometria em R3 e diferenciavel em R3 e, alem disso,
nos fornece uma express~ao para a derivada em cada ponto de R3 , que sera um operador
linear ortogonal, mais precisamente:

Proposição 3.6.6 Seja


F = T ◦ R : R3 → R3 , (3.286)
uma isometria de R3 , onde T : R3 → R3 e uma translac~ao e R : R3 → R3 e um operador linear
ortogonal (que, pela Proposic~ao 3.6.5, existem e s~ao unicos).
Ent~ao a aplicac~ao F e diferenciavel em R3 e, alem disso, para cada Po ∈ R3 , temos que
F ′ (Po ) = R . (3.287)

Demonstração:
Como as aplicac~oes T e R s~ao diferenciaveis em R3 (pois a 1.a e uma translac~ao e a 2.a e um operador
linear em R3 ) segue, da regra da cadeia (veja o ap^endice) que a aplicac~ao F, dada por (3.286), sera
diferenciavel em R3 .
Notemos tambem que, se a translac~ao T : R3 → R3 , e dada por
.
T (P) = P + Qo , para P ∈ R3 , (3.288)
142 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

onde Qo ∈ R3 esta xado e ⃗v ∈ R3 , segue que



(3.285) d

F (Po )(⃗v) = [F(Po + t · ⃗v)]
dt t=0

(3.286) d
= [(T ◦ R)(Po + t · ⃗v)]
dt
t=0
(3.288) d
= [R(Po + t · ⃗v) + Qo ]
dt t=0

Re operador linear d
= [R(Po ) + t · R(⃗v) + Po ]
dt t=0
= O + R(⃗v) + O
= R(⃗v) ,

mostrando a validade de (3.287) e completando a demonstrac~ao.



Com consequ^encia temos o
Corolário 3.6.1 Sejam F : R3 → R3 uma isometria em R3 e Po ∈ R3 .
Ent~ao F ′ (Po ) : R3 → R3 e um operador linear ortogonal.
Em particular, temos ⟨ ′ ⟩
F (Po )(⃗u) , F ′ (Po )(⃗v) = ⟨⃗u ,⃗v⟩ , (3.289)
para ⃗u ,⃗v ∈ V 3 .
Demonstração:
Da Proposic~ao 3.6.6 temos que
F ′ (Po ) = R ,
que e um operador linear ortogonal, em particular, preserva produto interno em R3 , completando a
demonstrac~ao.


Observação 3.6.5 
Como consequ^encia do Corolario 3.6.1 e da disciplina de Algebra Linear, se
F : R3 → R3 
e uma isometria e Po ∈ R , ent~ao a aplicac~ao derivada F (Po ) : R → R , que e um
3 ′ 3 3

operador linear ortogonal em R3 , levara uma base ortonormal de R3 , em outra base ortonormal
de R3 , ou seja, se
.
B = {⃗v1 ,⃗v2 ,⃗v3 } (3.290)
e uma base ortonormal de R3 , ent~ao
.
C = {F ′ (Po )(⃗v1 ) , F ′ (Po )(⃗v2 ) , F ′ (Po )(⃗v3 )} (3.291)

sera uma base ortonormal de R3 , ou ainda


⟨ ′ ⟩
F (Po )(⃗vi ) , F ′ (Po )(⃗vj ) = ⟨⃗vi ,⃗vj ⟩
= δij , (3.292)

para i , j ∈ {1 , 2 , 3}.
Podemos agora introduzir a
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 143

Definição 3.6.3 Diremos que uma isometria F : R3 → R3 preserva orientação se as base orto-
normais (3.290) e (3.291) t^em mesma orientac~ao.
Caso contrario, diremos que a isometria F : R3 → R3 inverte orientação.
Observação 3.6.6

1. Uma isometria F : R3 → R3 preserva orientac~ao se, e somente se,


⟨ ′ ⟩
F (Po )(⃗v1 ) × F ′ (Po )(⃗v2 ) , F ′ (Po )(⃗v3 ) = ⟨⃗v1 × ⃗v2 ,⃗v3 ⟩ . (3.293)

Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.


2. Na situac~ao acima, se ⃗u ,⃗v ∈ R3 s~ao vetores L.I., como F e uma isometria que preserva
orientac~ao e Po ∈ R3 , da Proposic~ao 3.6.6, segue que F ′ (Po ) e um operador linear ortogonal.
Logo, do Teorema 3.6.1, segue que o operador linear F ′ (Po ) e bijetor, em particular, injetor.
Assim
⃗ = α · F ′ (Po )(⃗u) + β · F ′ (Po )(⃗v)
O
F ′ (Po ) e operador linear
= F ′ (Po )(α · ⃗u + β · ⃗v) .
Como o operador linear F ′ (Po ) e injetor, segue ⃗.
α · ⃗u + β · ⃗v = O

Mas os vetores ⃗u ,⃗v s~ao L.I., assim teremos:


α = β = 0,
ou seja, os vetores F ′ (Po )(⃗u) e F ′ (Po )(⃗v) s~ao L.I. . (3.294)

Notemos tambem que, da de nic~ao de produto vetorial, teremos


⟨ ′ ⟩
F (Po )(⃗u) × T (⃗v) , F ′ (Po )(⃗u) = 0 ,
⟨ ′ ⟩
F (Po )(⃗u) × F ′ (Po )(⃗v) , F ′ (Po )(⃗v) = 0 ,
[ ′ ]
ou seja, F (Po )(⃗u) × F ′ (Po )(⃗v) ⊥ F ′ (Po )(⃗u)
[ ′ ]
e F (Po )(⃗u) × F ′ (Po )(⃗v) ⊥ F ′ (Po )(⃗v) . (3.295)

Por outro lado,


⟨ ′ ⟩ F ′ (Po ) e operador linear ortogonal
F (Po )(⃗u × ⃗v) , F ′ (Po )(⃗u) = ⟨⃗u × ⃗v , ⃗u⟩
= 0,
⟨ ′ ⟩ F ′ (Po ) e operador linear ortogonal
F (Po )(⃗u × ⃗v) , F ′ (Po )(⃗v) = ⟨⃗u × ⃗v ,⃗v⟩
=0
ou seja, F ′ (Po )(⃗u × ⃗v) ⊥ F ′ (Po )(⃗u)
e F ′ (Po )(⃗u × ⃗v) ⊥ F ′ (Po )(⃗v) . (3.296)

Observemos tambem que


F ′ (Po ) e operador linear ortogonal
∥F ′ (Po )(⃗u × ⃗v)∥ = ∥⃗u × ⃗v∥
ap^endice
= ∥⃗u∥ ∥⃗v∥ sen(θ) , (3.297)
144 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

onde θ ∈ [0 , π] denota o ^angulo entre os vetores ⃗u e ⃗v.


Alem disso
ap^endice
∥F ′ (Po )(⃗u) × T (⃗v)∥ = ∥F ′ (Po )(⃗u) × F ′ (Po )(⃗v)∥ sen(θ ′ )
F ′ (Po ) e operador linear ortogonal
= ∥⃗u∥ ∥⃗v∥ sen(θ ′ ) , (3.298)

onde θ ′ ∈ [0 , π] denota o ^angulo entre os vetores F ′ (Po )(⃗u) e F ′ (Po )(⃗v).


Mas
ap^endice ⟨F ′ (Po )(⃗
u) , F ′ (Po )(⃗v)⟩
cos(θ ′ ) =
∥F ′ (Po )(⃗u)∥ ∥F ′ (Po )(⃗v)∥
e operador linear ortogonal ⟨⃗
F ′ (Po )  u , ⃗v⟩
=
∥⃗u∥ ∥⃗v∥
ap^endice
= cos(θ) ,
ou seja, ′
θ = θ.

Deste fato, de (3.298) e (3.297), teremos:


∥F ′ (Po )(⃗u × ⃗v)∥ = ∥F ′ (Po )(⃗u) × F ′ (Po )(⃗v)∥ . (3.299)

Logo, de (3.295), (3.296), (3.294), (3.299) segue que


F ′ (Po )(⃗u × ⃗v) = ±F ′ (Po )(⃗u) × T (⃗v) .

Do fato acima e do fato da isometria T preservar orientac~ao, segue que


F ′ (Po )(⃗u × ⃗v) = F ′ (Po )(⃗u) × F ′ (Po )(⃗v) . (3.300)

3. Como consequ^encia do item acima e da De nic~ao 3.6.3, segue que uma isometria F : R3 →
R3 inverte orientac~
ao se, e somente se,
⟨ ′ ⟩
F (Po )(⃗v1 ) × F ′ (Po )(⃗v2 ) , F ′ (Po )(⃗v3 ) = − ⟨⃗v1 × ⃗v2 ,⃗v3 ⟩ . (3.301)

Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.


4. Na situac~ao acima, se ⃗u ,⃗v ∈ R3 s~ao vetores L.I., como F e uma isometria que inverte
orientac~ao e Po ∈ R3 , como o item 2. acima pode-se mostrar que
F ′ (Po )(⃗u × ⃗v) = −F ′ (Po )(⃗u) × F ′ (Po )(⃗v) . (3.302)

Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.


5. Temos tambem que uma isometria F : R3 → R3 preserva orientac~ao se, e somente se, a
matriz do operador linear F ′ (Po ) em relac~ao a base can^onica t^em determinante igual a 1,
ou seja, ( ]
det [F ′ (Po ) B ) = 1 , (3.303)
onde B =. {⃗e1 , ⃗e2 , ⃗e3 } e a base can^onica de R3 .
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 145

6. Como consequ^encia do item acima e da De nic~ao 3.6.3, segue que uma isometria F : R3 →
R3 inverte orientac~
ao se, e somente se, a matriz do operador linear F , (Po ) em relac~ao a
base can^onica t^em determinante igual a −1, ou seja,
( ]
det [F ′ (Po ) B ) = −1 , (3.304)

onde B =. {⃗e1 , ⃗e2 , ⃗e3 } e a base can^onica de R3 .

7. Lembremos que, do ap^endice, temos que


 ∂F ∂F1 ∂F1 
1
(Po ) (Po ) (Po )
 ∂x ∂y ∂z 
 
 
[ ]  ∂F 
 2 ∂F2 ∂F2 
F ′ (Po ) = (Po ) (Po ) (Po ) , (3.305)
B  ∂x ∂y ∂z 
 
 
 ∂F ∂F3 ∂F3 
3
(Po ) (Po ) (Po )
∂x ∂y ∂z

onde B =. {⃗e1 , ⃗e2 , ⃗e3 } e a base can^onica de R3 .

Para ilustrar temos

Exemplo 3.6.9 Consideremos a aplicac~ao F : R3 → R3 , dada por


.
F(x , y , z) = (2 + x , −y , 4 + z) , para (x , y , z) ∈ R3 . (3.306)

Mostre F e uma isometria em R3 que inverte orientac~ao em R3 .

Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que F e uma isometria em R3 .
Notemos que as func~oes componentes associadas a aplicac~ao F, ser~ao as func~oes F1 , F2 , F3 : R3 → R,
dadas por
.
F1 (x , y , z) = 2 + x , (3.307)
.
F2 (x , y , z) = −y , (3.308)
.
F3 (x , y , z) = 4 + z , para (x , y , z) ∈ R3 . (3.309)

Desta forma, para (x , y , z) ∈ R3 , teremos

∂F1 (3.307) ∂F1 (3.307) ∂F1 (3.307)


(x , y , z) = 1 , (x , y , z) = 0 , (x , y , z) = 0 , (3.310)
∂x ∂y ∂z
∂F2 (3.308) ∂F2 (3.308) ∂F2 1 (3.308)
(x , y , z) = 0 , (x , y , z) = −1 , (x , y , z) = 0 , (3.311)
∂x ∂y ∂z
∂F3 (3.309) ∂F3 (3.309) ∂F3 (3.309)
(x , y , z) = 0 , (x , y , z) = 0 , (x , y , z) = 1 , (3.312)
∂x ∂y ∂z
146 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

ou seja, para Po = (xo , yo , zo ) ∈ R3 , temos


 ∂F ∂F1 ∂F1 
1
(Po ) (Po ) (Po )
 ∂x ∂y ∂z 
 
 
[ ′ ]  ∂F 
 2 ∂F2 ∂F2 
F (Po ) B = (Po ) (Po ) (Po )
 ∂x ∂y ∂z 
 
 
 ∂F ∂F3 ∂F3 
3
(Po ) (Po ) (Po )
∂x ∂y ∂z
 
1 0 0
(3.310),(3.311) e (3.312)
=  0 −1 0 , (3.313)
0 0 1
implicando que


([ ′ ] ) 1 0 0
det F (Po ) B = 0 −1 0
0 0 1

= −1 ,

que pelo item 6. da Observac~ao 3.6.6, segue que a isometria F, dada por (3.306), inverte orientac~ao,
completando a resoluc~ao.

Temos tambem o
Exemplo 3.6.10 Consideremos a aplicac~ao F : R3 → R3 , dada por
( √ √ )
. 1 3 3 1
F(x , y , z) = x− y,4 + x + y,3 + z , para (x , y , z) ∈ R3 . (3.314)
2 2 2 2

Mostre F e uma isometria em R3 que preserva orientac~ao em R3 .


Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que F e uma isometria em R3 .
Notemos que as func~oes componentes associadas a aplicac~ao F, ser~ao as func~oes F1 , F2 , F3 : R3 → R,
dadas por

. 1 3
F1 (x , y , z) = x − y, (3.315)
2 √ 2
. 3 1
F2 (x , y , z) = 4 + x + y, (3.316)
2 2
.
F3 (x , y , z) = 3 + z , para (x , y , z) ∈ R3 . (3.317)
Desta forma, para (x , y , z) ∈ R3 , teremos

∂F1 (3.315) 1 ∂F1 (3.315) 3 ∂F1 (3.315)
(x , y , z) = , (x , y , z) = − , (x , y , z) = 0 , (3.318)
∂x 2 ∂y 2 ∂z

∂F2 (3.316) 3 ∂F2 (3.316) 1 ∂F2 (3.316)
(x , y , z) = , (x , y , z) = , (x , y , z) = 0 , (3.319)
∂x 2 ∂y 2 ∂z
∂F3 (3.317) ∂F3 (3.317) ∂F3 (3.317)
(x , y , z) = 0 , (x , y , z) = 0 , (x , y , z) = 1 , (3.320)
∂x ∂y ∂z
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 147

ou seja, para Po = (xo , yo , zo ) ∈ R3 , temos


 ∂F ∂F1 ∂F1 
1
(P ) (Po ) (Po )
 ∂x o ∂y ∂z 
 
 
[ ]  ∂F 
 2 ∂F2 ∂F2 
F ′ (Po ) = (Po ) (Po ) (Po ) (3.321)
B  ∂x ∂y ∂z 
 
 
 ∂F ∂F3 ∂F3 
3
(Po ) (Po ) (Po )
∂x ∂y ∂z

 √ 
1 3
 2 − 0
 2 
 
(3.318),(3.319) e (3.320)  √
 3

,
=  1 (3.322)
 2 0
 2 
 
0 1 1
implicando que
√  
1 3
 2 − 2 0
 
 
([ ′ ] ) √ 
det F (Po ) B = 
 3 1 
 2 0
 2 
 
0 1 1
1 3
= +
4 4
= 1,

que pelo item 6. da Observac~ao 3.6.6, segue que a isometria F, dada por (3.314), preserva orientac~ao,
completando a resoluc~ao.

24.04.2017 - 13.a aula
Temos agora a
Proposição 3.6.7 Sejam Po , Qo ∈ R3 , B =. {⃗v1 ,⃗v2 ,⃗v3 } e C .
= {⃗
w1 , w ⃗ 3}
⃗ 2,w bases ortonormais de
R3 .
Ent~ao existe uma unica isometria F : R3 → R3 satisfazendo
F(Po ) = Qo ,

⃗i,
F (Po )(⃗vi ) = w para i ∈ {1 , 2 , 3} . (3.323)

Demonstração:
Existência:

Como visto na disciplina de Algebra Linear, podemos encontrar (na verdade e unico) R : R3 → R3 ,
um operador linear em R3 , de modo que

⃗i,
R(⃗vi ) = w para i ∈ {1 , 2 , 3} . (3.324)
148 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS


Como, por hpotese, as base B e C s~ao ortonormais, como visto na disciplina de Algebra Linear,
temos que o operador linear R que satisfaz (3.323), preservara produto interno em R , ou seja, e um
3

operador linear ortogonal em R3 .


Consideremos a translac~ao T : R3 → R3 , dada por
.
T (P) = P + [Qo − R(Po )] , para P ∈ R3 . (3.325)

Consideremos a aplicac~ao F : R3 → R3 , dada por


.
F = T ◦ R. (3.326)

Do item 3. da Observac~ao 3.6.3, segue que F e uma isometria em R3 .


Notemos tambem que
(3.326)
F(Po ) = T [R(Po )]
(3.325)
= R(Po ) + [Qo − R(Po )]
= Qo . (3.327)

Alem disso, para i ∈ {1 , 2 , 3}, pela Proposic~ao 3.6.6, teremos


(3.287)
F ′ (Po )(⃗vi ) = R(⃗vi )
(3.324)
= ⃗i.
w (3.328)

Desta forma a isometria F, dada por (3.326), satisfaz (3.323), completando a demonstrac~ao da
exist^encia.
Unicidade:
Suponhamos que existam isometrias T , T~ : R3 → R3 , de modo que

F(Po ) = ~F(Po ) ,
F ′ (Po )(⃗vi ) = ~F ′ (Po )(⃗vi ) , para i ∈ {1 , 2 , 3} . (3.329)

Da Proposic~ao 3.6.5 segue que existem (unicas) translac~oes T , T~ : R3 → R3 e operadores lineares


ortogonais R , R~ : R3 → R3 , de modo que

F=T ◦R (3.330)
~F = T~ ◦ R~ . (3.331)

Logo, para cada i ∈ {1 , 2 , 3}, da Proposic~ao 3.6.6 segue que


(3.287) e (3.330)
R(⃗vi ) = F ′ (Po )(⃗vi )
(3.329) ~F ′ (Po )(⃗vi )
=
(3.287) e (3.331) ~ (⃗vi ) .
= R

Logo os operadores lineares R e R~ coincidem em uma base (ortonormal) de R3 .



Como visto na disciplina de Algebra Linear, deveremos ter
~ = R.
R (3.332)
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 149

Logo, deste fato, de (3.330) e (3.331), segue que


T [R(Po )] = T~ [R(Po )]
implicando, pelo item 4. da Proposic~ao 3.6.1, que T = T~ ,

e completando a demonstrac~ao da unicidade e do resultado.




Aplicaremos as ideias acima ao nosso contexto.


Observação 3.6.7
Mais precisamente, se α : (a , b) → R3 e uma c.p.r. e F : R3 → R3 e uma isometria, ent~ao
mostraremos que a func~ao vetorial β : (a , b) → R3 , dada por
 (r) =. (F ◦ α)(r) ,
α para r ∈ (a , b) ,

e uma c.p.r. (na verdade uma reparamentrizac~ao de α).


Alem disso, ela diferira de α por sua posic~ao no espaco, ou seja, existem (unicas) translac~ao
T : R3 → R3 e operador linear ortogonal R : R3 → R3 , de modo que

 = T ◦ R ◦ α,
α

como veremos no resultado mais adiante.


Antes porem temos a:
Definição 3.6.4 Diremos que α , β : (a , b) → R3 c.p.r., s~ao congruentes se podemos encontrar
uma isometria F : R3 → R3 , de modo que
.
β(r) = F ◦ α . (3.333)
O resultado a seguir nos fornece uma relac~ao entre os triedros de Frenet, as curvaturas e as torc~oes
para c.p.p.c.a. que s~ao conguentes, mas precisamente:
Proposição 3.6.8 Seja α : (a , b) → R3 uma c.p.p.c.a, de modo que sua func~ao curvatura seja
maior que zero, ou seja,
k(s) > 0 , para s ∈ (a , b) . (3.334)
Se a aplicac~ao F : R3 → R3 e uma isometria em R3 e considerarmos a func~ao vetorial
α : (a , b) → R3 , dada por
.
α = F ◦ α, (3.335)
ent~ao α e uma c.p.p.c.a., e para cada s ∈ (a , b), teremos
k(s) = k(s) , (3.336)
τ(s) = ±τ(s) , (3.337)
t(s) = F ′ [α(s)][t(s)] , (3.338)
n(s) = F ′ [α(s)][n(s)] , (3.339)
e b(s) = ±F ′ [α(s)][b(s)] , , (3.340)
onde k(s), τ(s), t(s), n(s) e b(s) denotam a curvatura, a torc~ao, o vetor tangente, o vetor
normal e o vetor binormal de α, no instante s.
Alem disso, os sinais ± que aparecem em (3.337) e (3.340), relacionam-se com o fato da
isometria F preserva (neste caso consideramos o sinal +) ou inverter (neste caso consideramos
o sinal −) orientac~ao.
150 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Demonstração:
Notemos que, da Proposic~ao 3.6.5 temos que existem unicas T R : R3 → R3 translac~ao e operador
linear ortogonal, respectivamente, de modo que

F = T ◦ R,

da Proposic~ao 3.6.6, temos que F e diferenciavel em R3 e, alem disso,

F ′ (P) = R , para todo P ∈ R3 . (3.341)


( )
Em particular, a func~ao vetorial α, dada por (3.335), pertencera a C∞ (a , b) ; R3 .
Alem disso, para s ∈ (a , b) temos que

t(s) = α ′ (s)
(3.335) d
= [F ◦ α](s)
ds
regra da cadeia (veja ap^endice)
= F ′ [α(s)][α ′ (s)]
= F ′ [α(s)][t(s)] , (3.342)

mostrando a validade de (3.338) e tambem que



t(s) = F ′ [α(s)][t(s)]
pela Proposic~ao 3.6.6 temos que F ′ [α(s)] e operador linear ortogonal
= ∥t(s)∥
α
e c.p.p.c.a
= 1,

mostrando que α e c.p.p.c.a. .


Suponhamos que a isometria F preserva orientac~ao.
As demonstrac~oes das identidades (3.336)- (3.340), quando F inverte orientac~ao sera deixada como
exerccio para o leitor.
Para cada so ∈ (a , b) xado, temos

ap^endice t(so + h) − t(so )


t ′ (so ) = lim
h→0 h
(3.342) F [α(so + h)][t(so + h)] − F ′ [α(so )][t(so )]

= lim
h→0 h
(3.341) R[t(so + h)] − R[t(so )]
= lim
h→0 h { [ ]}
Re um operador linear em R3 t(so + h) − t(so )
= lim R
h→0 h
 
 
R
e um operador linear em R3 , logo sera contnuo em R3 (veja o ap^endice)  t(so + h) − t(so ) 
= 
R  lim 
h 
|h→0
{z }
ap^
endice
= t ′ (so )
(3.341)
= F ′ [α(so )][t ′ (so )] . (3.343)
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 151

Logo

(3.66)
k(so ) = t ′ (so )
(3.343)
= F ′ [α(so )][t ′ (so )]
pela Proposic~ao 3.6.6 temos que F ′ [α(so )] e operador linear ortogonal
= ∥t ′ (so )∥
(3.66)
= k(so ) , (3.344)

mostrando a validade de (3.336).


Temos tambem que

(3.79) 1
n(so ) = · t ′ (so )
k(so )
(3.344) e (3.343) 1
= · F ′ [α(so )][t ′ (so )]
k(so )
 
 
 1 
F ′ [α(so )] 
e um operador linear em R3  
= F ′ [α(so )]  · t ′ (so )
 k(so ) 
| {z }
(3.79)
= n(so )

= F [α(so )][n(so )] , (3.345)

mostrando a validade de (3.339).


Como estamos supondo que F e uma isometria que preserva orientac~ao, do item 2. da Observac~ao
3.6.6 (veja (3.300)), segue que

F ′ [α(so )][t(so )] × F ′ [α(so )][n(so )] = F ′ [α(so )][t(so ) × n(so )] . (3.346)

Logo

(3.85)
b(so ) = t(so ) × n(so )
(3.343) e (3.345)
= F ′ [α(so )][t(so )] × F ′ [α(so )][n(so )]
(3.346)
= F ′ [α(so )][t(so ) × n(so )]
(3.85)
= F ′ [α(so )][b(so )] , (3.347)

mostrando a validade de (3.340) (com o sinal +).


152 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Como consequ^encia temos


ap^endice b(so + h) − b(so )
b ′ (so ) = lim
h→0 h
(3.347) F ′ [α(so + h)][b(so + h)] − F ′ [α(so )][b(so )]
= lim
h→0 h
(3.341) R[b(so + h)] − R[b(so )]
= lim
h→0 h { [ ]}
Re um operador linear em R3 t(so + h) − t(so )
= lim F [α(so )]

h→0 h
{ [ ]}
Re um operador linear em R 3 b(so + h) − b(so )
= lim R
h→0 h
 
 
R
e um operador linear em R3 , logo sera contnuo em R3 (veja o ap^endice)  b(s + h) − t(s ) 
R lim 
o o
= h→0 
| {z h }
ap^
endice
= b ′ (so )
(3.341)
= F ′ [α(so )][b ′ (so )] . (3.348)
Finalmente,
(3.94) ⟨ ′ ⟩
τ(so ) = b (so ) , n(so )
(3.348) e (3.345) ⟨ ′ ⟩
= F [α(so )][b ′ (so )] , F ′ [α(so )][n(so )]
F ′ [α(so )] 
e oper. linear ortogonal ⟨ ′ ⟩
= b (so ) , n(so )
(3.94)
= τ(so ) ,

mostrando a validade de (3.337) (com o sinal +) e completando a demonstrac~ao.




Observação 3.6.8
1. Se a isometria F inverte orientac~ao, do item 4. da Observac~ao 3.6.6 (veja (3.302)), teremos
F ′ [α(so )][t(so )] × F ′ [α(so )][n(so )] = −F ′ [α(so )][t(so ) × n(so )] . (3.349)

2. A Proposic~ao 3.6.8 acima nos diz que duas c.p.p.c.a. que s~ao congruentes, t^em a mesma
curvatura e torc~ao, a menos de sinal nesta ultima.
3. O resultado a seguir, no dira que a propriedade acima (terem mesma curvatura e torc~ao,
a menos de sinal), caraterizam as c.p.p.c.a. que s~ao congruentes.
Alem disso, garantira que, dadas func~oes
k ∈ C∞ ((a , b) ; (0 , ∞)) e τ ∈ C∞ ((a , b) ; R) ,

podemos encontrar uma c.p.p.c.a. que admitira as func~oes


k = k(s) e τ = τ(s) ,

como suas curvatura e torc~ao, respectivamente.


Mais precisamente:
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 153

Teorema 3.6.2 (fundamental das curvas espaciais)

1. Dadas func~oes
k ∈ C∞ ((a , b) ; (0 , ∞)) e τ ∈ C∞ ((a , b) ; R) , (3.350)
podemos encontrar α : (a , b) → R3 c.p.p.c.a., de modo que a curvatura e a torc~ao de α,
em s ∈ (a , b), sejam k(s) e τ(s), respectivamente.
2. Se so ∈ (a , b),
Po ∈ R3
e
{⃗v1 ,⃗v2 }
e um conjunto ortonormal em R3 , ent~ao existe uma unica c.p.p.c.a. α : (a , b) → R3 que
tem k = k(s) e τ = τ(s), como curvatura e torc~ao, respectivamente, e satisfazendo
α(so ) = Po ,
α ′ (so ) = ⃗v1
e α ′′ (so ) = k(so ) · ⃗v2 . (3.351)

3. Se α , β : (a , b) → R3 s~ao c.p.p.c.a. que t^em a mesma curvatura e torc~ao (a menos de


sinal), ent~ao elas ser~ao congruentes.
Demonstração:
Comecaremos tratando da
Demonstração do item 3.:
Pela De nic~ao 3.6.4, basta construirmos uma isometria F : R3 → R3 conveniente, de modo que
F ◦ α = β.

Suponhamos que
kα (s) = kβ (s) (3.352)
τα (s) = τβ (s) , (3.353)
para s ∈ (a , b).
O caso que
τα (s) = −τβ (s)
e semelhante e sera deixado como exerccio para o leitor.
Fixemos so ∈ (a , b), e notemos que como
.
B = {tα (so ) , nα (so ) , bα (so )} e C =. {tβ (so ) , nβ (so ) , bβ (so )}
s~ao bases ortonormais de R3 , da Proposic~ao 3.6.7, sabemos que podemos encontrar uma (unica)
isometria F : R3 → R3 , de modo que
F[α(so )] = β(so ) , (3.354)

F [α(so )][tα (so )] = tβ (so ) , (3.355)
F ′ [α(so )][nα (so )] = nβ (so ) , (3.356)
F ′ [α(so )][bα (so )] = bβ (so ) . (3.357)
154 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Consideremos a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 , dada por

 =. F ◦ α .
α (3.358)

Se mostrarmos que
=β
α

concluiremos a demonstrac~ao do item 3. .


Para tanto, notemos que, da Proposic~ao 3.6.8, segue que α e uma c.p.p.c.a. .
Alem disso, teremos:
(3.358)
 (so )
α = (F ◦ α)(so )
= F[α(so )]
(3.354)
= β(so ) , (3.359)
(3.358) e (3.336)
k(so ) = kα (so )
(3.352)
= kβ (so ) , (3.360)
(3.358) e (3.337)
τ(so ) = τα (so )
(3.353)
= τβ (so ) , (3.361)
(3.358) e (3.338)
t(so ) = F ′ [α(so )][tα (so )]
(4.356)
= tβ (so ) , (3.362)
(3.358) e (3.339)
n(so ) = F ′ [α(so )][nα (so )]
(3.356)
= nβ (so ) , (3.363)
(3.358) e (3.340)
b(so ) = F ′ [α(so )][bα (so )]
(3.357)
= bβ (so ) . (3.364)

A rmamos que
t(s) = tβ (s) , para s ∈ (a , b) . (3.365)
De fato, consideremos a func~ao f : (a , b) → R, dada por
.
 (s) − nβ (s)∥2 + ∥b (s) − bβ (s)∥2 ,
f(s) = ∥t(s) − tβ (s)∥2 + ∥n para s ∈ (a , b) . (3.366)

Notemos que
f ∈ C∞ ((a , b) ; R) ,

(3.366)
f(so ) =  (so ) − nβ (so )∥2 + ∥b (so ) − bβ (so )∥2
∥t(so ) − tβ (so )∥2 + ∥n
(3.362),(3.363) e (3.364)
= ∥tβ (so ) − tβ (so )∥2 + ∥nβ (so ) − nβ (so )∥2 + ∥bβ (so ) − bβ (so )∥2
= 0,
ou seja, f(so ) = 0 . (3.367)
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 155

Alem disso, para s ∈ (a , b), teremos:

(3.366) d
[ ]

f (s) =  (s) − nβ (s)∥2 + ∥b (s) − bβ (s)∥2
∥t(s) − tβ (s)∥2 + ∥n
ds
d
= ⟨t(s) − tβ (s) , t(s) − tβ (s)⟩
ds
d
+  (s) − nβ (s) , n (s) − nβ (s)⟩
⟨n
ds
d ⟨  (s) − bβ (s)⟩
+ b(s) − bβ (s) , b
ds
visto no ap^endice ⟨ ′ ⟩ ⟨ ⟩
= t (s) − tβ′ (s) , t(s) − tβ (s) + t(s) − tβ (s) , t′ (s) − tβ ′ (s)
⟨ ′ ⟩ ⟨ ⟩
+ n  (s) − nβ′ (s) , n (s) − nβ (s) + n (s) − nβ (s) , n ′ (s) − nβ ′ (s)
⟨ ′
+ b  (s) − bβ′ (s) , b (s) − bβ (s)⟩ + ⟨b (s) − bβ (s) , b′ (s) − bβ ′ (s)⟩
[⟨ ⟩ ⟨ ′ ⟩
= 2 t ′ (s) − tβ′ (s) , t(s) − tβ (s) + n  (s) − nβ′ (s) , n (s) − nβ (s)
⟨ ′
+ b  (s) − bβ′ (s) , b (s) − bβ (s)⟩]

⟨ ⟩ ⟨ ⟩ ⟨ ⟩ ⟨ ⟩
= 2  t ′ (s) , t(s) − t ′ (s) , tβ (s) − tβ′ (s) , t(s) + tβ′ (s) , tβ (s)
| {z } | {z }
=0 , pois ∥t(s)∥=1 =0 , pois ∥tβ (s)∥=1
⟨ ′ ⟩ ⟨ ⟩ ⟨ ⟩ ⟨ ⟩
+ n (s) , n (s) − n ′ (s) , nβ (s) − nβ′ (s) , n (s) + nβ′ (s) , nβ (s)
| {z } | {z }
 (s)∥=1
=0 , pois ∥n =0 , pois ∥nβ (s)∥=1

⟨ ′
+ b  (s) , b (s)⟩ − ⟨b ′ (s) , bβ (s)⟩ − ⟨bβ′ (s) , b (s)⟩ + ⟨bβ′ (s) , bβ (s)⟩
| {z } | {z }
(s)∥=1
=0 , pois ∥b =0 , pois ∥bβ (s)∥=1

⟨ ⟩ ⟨ ⟩

 ′
= 2 − t (s) , tβ (s) − ′
tβ (s) , t(s)
 | {z } | {z }
(3.112)
= (s)·n
k  (s)
(3.112)
= kβ (s)·nβ (s)
⟨ ⟩ ⟨ ⟩
−  ′ (s)
n , nβ (s) − nβ′ (s)  (s)
,n
| {z } | {z }
(3.113)
= (s)·t(s)−τ(s)·b(s)
−k
(3.113)
= −kβ (s)·tβ (s)−τβ (s)·bβ (s)

⟨ ⟩ ⟨ ⟩

−  (s)
b ′
, bβ (s) − ′
bβ (s)  (s) 
,b 
| {z } | {z } 
(3.114)
τ(s)·n
 (s)
(3.114)
= = τβ (s)·nβ (s)
[
 ⟨n (s) , tβ (s)⟩ − kβ (s) ⟨nβ (s) , t(s)⟩
= 2 −k(s)
(s) ⟨t(s) , nβ (s)⟩ + τ(s) ⟨b (s) , nβ (s)⟩ + kβ (s) ⟨tβ (s) , n (s)⟩ + τβ (s) ⟨bβ (s) , n (s)⟩
+k
⟨ ⟩]
 (s) , bβ (s)⟩ − τβ (s) nβ (s) , b (s)
−τ(s) ⟨n
(3.360) e (3.361)
= 2 [−kβ (s) ⟨n  (s) , tβ (s)⟩−kβ (s) ⟨nβ (s) , t(s)⟩

+kβ (s) ⟨t(s) , nβ (s)⟩+τβ (s) b  (s) , nβ (s)⟩+kβ (s) ⟨tβ (s) , n (s)⟩ + τβ (s) ⟨bβ (s) , n (s)⟩
⟨ ⟩]
−τβ (s) ⟨n (s) , bβ (s)⟩ −τβ (s) nβ (s) , b (s)
= 0,
ou seja, f ′ (s) = 0 , para s ∈ (a , b) . (3.368)
156 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Como (a , b) e conexo em R, de (3.368), segue que


f ≡ constante , em (a , b) ,
que juntamente como (3.367), implicara que
f(s) = 0 , para s ∈ (a , b) .
Logo, para s ∈ (a , b), temos
0 = f(s)
(3.366)  − bβ (s)∥2 ,
= ∥t(s) − tβ (s)∥2 + ∥n
 (s) − nβ (s)∥2 + ∥b(s)
em particular, teremos: ∥t(s) − tβ (s)∥2 = 0 ,
ou ainda, que t(s) − tβ (s) = O⃗,
ou seja, t(s) = tβ (s) , para s ∈ (a , b) ,
completando a demonstrac~ao da a rmac~ao (3.365).
Consideremos a func~ao G : (a , b) → R3 , dada por
.
 (s) − β(s) ,
G(s) = α para s ∈ (a , b) . (3.369)
( )
Observemos que G ∈ C∞ (a , b) ; R3 e, para s ∈ (a , b), temos
(3.369)
G ′ (s) =  (s) − β ′ (s)
α
= t(s) − tβ (s)
(3.364) ⃗
= O.
Como (a , b) e conexo em R, segue que G(s) = constante em (a , b) .
(3.369)
Mas G(so ) =  (so ) − β(so )
α
(3.358) ⃗
= O,
ou seja, ⃗ em (a , b) ,
G≡O
que, de (3.369), e o mesmo que  (s) = β(s) ,
α para s ∈ (a , b) ,
mostrando, juntamente com (3.358) e a De nic~ao 3.6.4, que as c.p.r. α e β s~ao conguentes, comple-
tando a demonstrac~ao do item 3. .
Demonstração do item 1. :
Para mostrar a exist^encia de uma c.p.p.c.a. α : (a , b) → R3 com as propriedades requeridas do
item 1., basta, para s ∈ (a , b), encontrarmos um referencial de Frenet
{t(s) , n(s) , b(s)}

que satisfaz as formulas de Frenet (a saber , (3.112), (3.113) e (3.114)) e, em seguida, para so ∈ (a , b)
xado, de nir a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 , dada por
∫s
.
α(s) = t(r) dr , para s ∈ (a , b) .
so

Tal func~ao vetorial possuira, como veremos, todas as propriedades requeridas.


3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 157

Passemos ent~ao a encontrar


t , n , b : (a , b) → R3 ,
func~oes vetoriais cujas func~oes coordenadas s~ao
t1 , t2 , t3 , n1 , n2 , n3 , b1 , b2 , b3 : (a , b) → R ,
ou seja,
.
t(s) = (t1 (s) , t2 (s) , t3 (s)) ,
.
n(s) = (n1 (s) , n2 (s) , n3 (s)) ,
.
b(s) = (b1 (s) , b2 (s) , b3 (s)) , para s ∈ (a , b) , (3.370)
satisfazendo as propriedades requeridas.
Notemos que as func~oes vetoriais t , n , b dever~ao satisfazer as seguintes condic~oes
( )
t , n , b ∈ C∞ (a , b) ; R3 ,
t ′ (s) = k(s) · n(s) , (3.371)

n (s) = −k(s) · t(s) − τ(s) · b(s) , (3.372)
b ′ (s) = τ(s) · n(s) , para s ∈ (a , b) . (3.373)
que, de (3.370), e equivalente ao sistema de EDO's,
ti ′ (s) = k(s) · ni (s) ,
ni′ (s) = −k(s) · ti (s) − τ(s) · bi (s) ,
bi′ (s) = τ(s) · ni (s) , para i ∈ {1 , 2 , 3} e s ∈ (a , b) ,
Para so ∈ (a , b), se conhecermos os vetores
t(so ) = (t1 (so ) , t2 (so ) , t3 (so ))
= (t1o , t2o , t3o ) ,
.
n(so ) = (n1 (so ) , n2 (so ) , n3 (so ))
= (n1o , n2o , n3o ) ,
.
b(so ) = (b1 (so ) , b2 (so ) , b3 (so ))
= (b1o , b2o , b3o ) , (3.374)
as func~oes
ti , ni , bi : (a , b) → R , para i ∈ {1 , 2 , 3} ,
dever~ao satisfazer o seguinte PVI, associado ao sistema de EDO's, abaixo:
ti ′ (s) = k(s) · ni (s) ,
ni′ (s) = −k(s) · ti (s) − τ(s) · bi (s) ,
bi′ (s) = τ(s) · ni (s)
ti (so ) = tio ,
ni (so ) = nio ,
bi (so ) = bio , para i ∈ {1 , 2 , 3} e s ∈ (a , b) , (3.375)
que sabemos, pela disciplina de Equac~oes Diferenciais Ordinarias, que possui uma (unica) soluc~ao
pertencente a C∞ ((a , b) ; R).
158 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Em particular, existem (unicas) func~oes vetoriais

( )
t , n , b ∈ C∞ (a , b) ; R3 ,

que satisfazem (3.371), (3.372), (3.373) e as codic~oes (3.374), onde

t(so ) = (1 , 0 , 0) ,
n(so ) = (0 , 1 , 0) ,
b(so ) = (0 , 0 , 1) , (3.376)
ou seja, para o caso que t1o = 1 e t2o = t3o = 0 ,
n1o = n3o e n2o = 1 ,
b1o = b2o = 0 e b3o = 1 .

A rmamos que as func~oes vetoriais

t , n , b : (a , b) → R3 ,

dadas por (3.370), que satisfazem as EDO's de (3.375) (ou seja, as formulas de Frenet) e (3.376),
formam um referencial de Frenet, ou seja, para s ∈ (a , b), temos que

{t(s) , n(s) , b(s)}

e um conjunto ortonormal, que satisfaz a condic~ao

b(s) = t(s) × n(s) .


3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 159

De fato, para s ∈ (a , b), temos que

⟨ ⟩
d ap^endice ′
[⟨t(s) , t(s)⟩] = 2 t (s) , t(s)
ds | {z }
(3.371)
= k(s)·n(s)

= 2 k(s) ⟨n(s) , t(s)⟩ , (3.377)


⟨ ⟩
d ap^endice
[⟨n(s) , n(s)⟩] = 2 n ′ (s) , n(s)
ds | {z }
(3.372)
= −k(s)·t(s)−τ(s)·b(s)

= −2 k(s) ⟨t(s) , n(s)⟩ − 2 τ(s) ⟨b(s) , n(s)⟩ , (3.378)


⟨ ⟩
d ap^endice
[⟨b(s) , b(s)⟩] = 2 b ′ (s) , b(s)
ds | {z }
(3.373)
= τ(s)·n(s)

= 2 τ(s) ⟨n(s) , b(s)⟩ , (3.379)


⟨ ⟩ ⟨ ⟩
d ap^endice
[⟨t(s) , n(s)⟩] = t ′ (s) , n(s) + t(s) , n ′ (s)
ds | {z } | {z }
(3.371) (3.372)
= k(s)·n(s) = −k(s)·t(s)−τ(s)·b(s)

= k(s) ⟨n(s) , n(s)⟩ + −k(s) ⟨t(s) , t(s)⟩ − τ(s) ⟨t(s) , b(s)⟩ , (3.380)
⟨ ⟩ ⟨ ⟩
d ap^endice
[⟨t(s) , b(s)⟩] = t ′ (s) , n(s) + t(s) , b ′ (s)
ds | {z } | {z }
(3.371) (3.373)
= k(s)·n(s) = τ(s)·n(s)

= k(s) ⟨n(s) , b(s)⟩ + τ(s) ⟨t(s) , b(s)⟩ , (3.381)


⟨ ⟩ ⟨ ⟩
d ap^endice
[⟨b(s) , n(s)⟩] = b ′ (s) , n(s) + b(s) , n ′ (s)
ds | {z } | {z }
(3.373) (3.372)(3.372)
= τ(s)·n(s) = = −k(s)·t(s)−τ(s)·b(s)

= τ(s) ⟨n(s) , n(s)⟩ − k(s) ⟨b(s) , t(s)⟩ − τ(s) ⟨b(s) , b(s)⟩ . (3.382)

Notemos que, para cada s ∈ (a , b) xado, (3.377), (3.378), (3.379), (3.380), (3.381) e (3.382),
formam um sistema linear de EDO's, de 6 equac~oes (lineares) nas 6 func~oes variaveis

⟨t(s) , t(s)⟩ , ⟨n(s) , n(s)⟩ , ⟨b(s) , b(s)⟩ ,


⟨t(s) , n(s)⟩ , ⟨t(s) , b(s)⟩ , e ⟨n(s) , b(s)⟩ ,

cujas condicac~oes iniciais satisfazem:

(3.376)
⟨t(so ) , t(so )⟩ = ⟨(1 , 0 , 0) , (1 , 0 , 0)⟩
= 1,
(3.376)
⟨n(so ) , n(so )⟩ = ⟨(0 , 1 , 0) , (0 , 1 , 0)⟩
= 1,
160 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

(3.376)
⟨b(so ) , b(so )⟩ = ⟨(0 , 0 , 1) , (0 , 0 , 1)⟩
= 1,
(3.376)
⟨t(so ) , n(so )⟩ = ⟨(1 , 0 , 0) , (0 , 1 , 0)⟩
= 0,
(3.376)
⟨t(so ) , b(so )⟩ = ⟨(1 , 0 , 0) , (0 , 0 , 1)⟩
= 0,
(3.376)
⟨n(so ) , b(so )⟩ = ⟨(0 , 1 , 0) , (0 , 0 , 1)⟩
= 0. (3.383)
A rmamos que a unica soluc~ao do PVI associado ao sistema (linear) de EDO's (3.377), (3.378),
(3.379), (3.380), (3.381), (3.382), satisfazendo (3.383), ser~ao as func~oes
.
⟨t(s) , t(s)⟩ = 1 , (3.384)
.
⟨n(s) , n(s)⟩ = 1 , (3.385)
.
⟨b(s) , b(s)⟩ = 1 , (3.386)
.
⟨t(s) , n(s)⟩ = 0 , (3.387)
.
⟨t(s) , b(s)⟩ = 0 , (3.388)
.
⟨n(s) , b(s)⟩ = 0 , para s ∈ (a , b) . (3.389)
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Desta forma, para s ∈ (a , b), o conjunto
{t(s) , n(s) , b(s)}

formado pelas func~oes vetoriais que satisfazem (3.375) e (3.376), e um conjunto ortonormal.
Em particular, para s ∈ (a , b), de (3.388), (3.389), segue
b(s) ∥ [t(s) × n(s)] .
(3.386)
Como ∥b(s)∥ = 1,
(3.384),(3.385) e (3.387)
e ∥t(s) × n(s)∥ = 1,
segue (do ap^endice), que b(s) = ±[t(s) × n(s)] . (3.390)
Mas, para s ∈ (a , b), temos
(3.376)
b(so ) = (0 , 0 , 1)
= (1 , 0 , 0) × (0 , 0 , 1)
(3.376)
= t(so ) × n(so ) ,
que juntamente com (3.390), implicara em b(s) = t(s) × n(s) ,

mostrando que
{t(s) , n(s) , b(s)}
e um triedro de Frenet.
3.6. ISOMETRIAS E O TEOREMA DA CURVAS ESPACIAIS 161

Para nalizar, consideremos a func~oes vetorial α : (a , b) → R3 , dada por


∫s
.
α(s) = t(r) dr , para s ∈ (a , b) . (3.391)
so

Notemos que (do teorema fundamental do Caclculo)


( )
α ∈ C∞ (a , b) ; R3

e, alem disso, para s ∈ (a , b), temos


[∫ s ]
′ (3.391) d
α (s) = t(r) dr
ds so
teorema fundamental do Calculo
= t(s) , para s ∈ (a , b) . (3.392)
Em particular, teremos que
(3.392)
∥α ′ (s)∥ = ∥t(s)∥
(3.384)
= 1,

mostrando que α e uma c.p.p.c.a. .


Observemos tambem que
(3.392)
α ′′ (s) = t ′ (s)
(3.371)
= k(s) · n(s) . (3.393)
Como, para s ∈ (a , b), o vetor n(s) e unitario (veja (3.385)) e como, por hipotese, temos
k(s) > 0

(veja (3.350)), segue que o vetor n(s) e um vetor unitario e paralelo ao vetor α ′′ (s), ou seja, ele sera
o vetor normal a α em s.
Em particular, de (3.393), segue que a k(s) sera a curvatura de α em s.
Por outro lado, para s ∈ (a , b), temos que
b(s) = t(s) × n(s) ,
e, de (3.373), temos, b ′ (s) = τ(s) · n(s) ,

ou seja, o vetor b(s) e o vetor binormal a α em s e τ(s) sera a torc~ao de α em s, completando a


demonstrac~ao do item 1. .
Demonstração do item 2. :
Suponhamos que uma c.p.p.c.a. α satisfaz
α(so ) = Po , α ′ (so ) = ⃗v1 e α ′′ (so ) = k(so ) · ⃗v2
onde o conjunto {⃗v1 ,⃗v2 } e ortonormal em R3
Consideremos
. .
t(so ) = ⃗v1 , n(so ) = ⃗v2 e b(so ) =. ⃗v1 × ⃗v2 , (3.394)
no PVI associado ao sistema de EDO's (3.371), (3.372), (3.373), satisfazendo (3.374), onde t(so ), n(so )
e b(so ) s~ao dados por (3.394).
162 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Como visto na disciplina de Equac~oes Diferenciais Ordinarias, a soluc~ao do PVI


t = t(s) , n = n(s) , b = b(s) ,

sera unica.
Com isto, utilizando o sistema linear de EDO's (3.377), (3.378), (3.379), (3.380), (3.381) e (3.382),
satisfazendo (3.383), obteremos as func~oes vetoriais
t , n , b : (a , b) → R3 ,

de modo que, para s ∈ (a , b), o conjunto


{t(s) , n(s) , b(s)}

sera um referencial de Frenet (como visto na demonstrac~ao do item 1.).


Alem disso, para s ∈ (a , b), temos
como deremos ter α ′ (s) = t(s) ,
∫s
segue que α(s) = Po + t(r) dr ,
so

ou seja, devera ser unica, completando a demonstrac~ao do item e do resultado.



27.04.2017 - 14.a aula

3.7 Teoria do contato de duas curvas regulares


Comecaremos a sec~ao com a
Observação 3.7.1 Sejam α : (a , b) → R3 uma c.p.r. e ro ∈ (a , b).
1. Pergunta-se: dentre todas as retas de R3 que contem o ponto α(ro ), qual delas possui um
"melhor contato" com o traco de α ?
A resposta, intuitivamente, e que sera a reta tangente a α em ro .
A rgura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z

b 6 Y
α(ro ) reta tangente a α em ro
ro
α
-

a
- y

2. Alem disso, entre todos os planos de R3 que contem a reta tangente a α em ro , qual deles
possui um "melhor contato" com o traco de α ?
A resposta, intuitivamente, e que sera o plano osculador de α em ro .
3.7. TEORIA DO CONTATO DE DUAS CURVAS REGULARES 163
plano osculador de α em ro
z

6 +
t(ro )
b 6 Y
α(ro ) reta tangente a α em ro
ro
α
-

a
/ - y
n(ro )

A seguir precisaremos melhor a ideia de contato, mais precisamente temos a:

Definição 3.7.1 Sejam N ∈ N ∪ {0}, α , β : (a , b) → R3 c.p.r. e ro ∈ (a , b), de modo que


α(ro ) = β(ro ) . (3.395)

Diremos que α e β t^em contato de ordem N em ro se


α(k) (ro ) = β(k) (ro ) , para k ∈ {1 , 2 , · · · , N} ,
e α(N+1) (ro ) ̸= β(N+1) (ro ) . (3.396)

Observação 3.7.2 A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima para o caso N =. 1.
contato entre α e β de ordem 1 em ro

6
α ′ (ro ) ∥ β ′ (ro )
b 6 Y
α(ro ) = β(ro )
ro
α
-
β
a
- y

Consideremos o:

Exemplo 3.7.1 Consideremos N ∈ N xado e as func~oes vetoriais αN , β : R → R3 , dadas por


( )
.
αN (r) = r , rN , 0 , (3.397)
.
e β(r) = (r , 0 , 0) , para r ∈ R. (3.398)

Mostre α e β s~ao c.p.r. que t^em contato de ordem N − 1 em ro = 0.


Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que α e β s~ao c.p.r. .
164 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Notemos que

αN (ro ) = αN (0) ,
(3.397)
= (0 , 0 , 0) , (3.399)
(3.397)
( )
αN′ (r) = 1 , n rN−1 , 0 , para r ∈ R , (3.400)
logo
(3.400)
αN′ (ro ) = (1 , 0 , 0) . (3.401)
Em geral, se k ∈ {2 , 3 , · · · , N − 1}, temos
(3.397)
( )
αN(k) (r) = 0 , N (N − 1) (N − 2) · (N − k − 1)rN−k−1 , 0 ,
logo
(3.400)
αN(k) (ro ) = (0 , 0 , 0) (3.402)
e
(3.397)
αN(N) (r) = (0 , N (N − 1) (N − 2) 1 , 0) ,
assim
(3.400)
αN(N) (ro ) = (0 , N! , 0) (3.403)

Por outro lado,

β(ro ) = β(0)
(3.398)
= (0 , 0 , 0) (3.404)
(3.398)
β ′ (r) = (0 , 0 , 0)
assim, para k ∈ {2 , 3 , · · · }, temos:
(3.404)
β (k) (ro ) = (0 , 0 , 0) . (3.405)

Logo, comparando (3.399), (3.402), com (3.404), (3.405), para k ∈ {1 , 2 , · · · , N − 1}, temos

αN(k) (ro ) = β(k) (ro ) ,

e, de (3.403) e (3.405), temos que

αN(N) (ro ) ̸= β(N) (ro ) ,

mostrando, pela De nic~ao 3.7.1, que α e β t^em um contato de ordem N − 1 em ro = 0, completando


a resoluc~ao.


Observação 3.7.3 A gura abaixo ilustra, geometricamente, a situac~ao descrita no Exemplo


3.7.1.
3.7. TEORIA DO CONTATO DE DUAS CURVAS REGULARES 165
z

6 traco de α2

α(0) = β(0) = (0 , 0 , 0) traco de α3



6  traco de α4
9
α
-  traco de α5
0
β
w - y

traco de β
-

x

Exemplo 3.7.2 Consideremos as func~oes vetoriais α , β : R → R3 , dadas por


.
α(r) = (r , cosh(r) , 0) , (3.406)
( )
. 1
e β(r) = r , r2 + 1 , 0 , para r ∈ R. (3.407)
2

Mostre α e β s~ao c.p.r. que t^em contato de ordem 3 em ro = 0.

Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que α e β s~ao c.p.r. .
Notemos que

α(ro ) = α(0) ,
(3.406)
= (0 , cosh(0) , 0)
= (0 , 1 , 0) , (3.408)
(3.406)
α ′ (r) = (1 , senh(r) , 0) , para r ∈ R , (3.409)
logo
(3.409)
α ′ (ro ) = (1 , 0 , 0) , (3.410)
(3.409)
α ′′ (r) = (0 , cosh(r) , 0) , para r ∈ R , (3.411)
logo
(3.411)
α ′′ (ro ) = (0 , 1 , 0) , (3.412)
(3.412)
α ′′′ (r) = (0 , senh(r) , 0) , para r ∈ R , (3.413)
logo
(3.413)
α ′′′ (ro ) = (0 , 0 , 0) , (3.414)
(3.414)
α(4) (r) = (0 , cosh(r) , 0) , para r ∈ R , (3.415)
logo
(3.415)
α(4) (ro ) = (0 , 1 , 0) . (3.416)
166 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Por outro lado,


β(ro ) = β(0) ,
(3.407)
= (0 , 1 , 0) , (3.417)
(3.407)
β ′ (r) = (0 , r , 0) , para r ∈ R , (3.418)
logo
(3.418)
β ′ (ro ) = (0 , 0 , 0) , (3.419)
(3.418)
β ′′ (r) = (0 , 1 , 0) , para r ∈ R , (3.420)
logo
(3.420)
β ′′ (ro ) = (0 , 1 , 0) . (3.421)
(3.421)
β ′′′ (r) = (0 , 0 , 0) , para r ∈ R , (3.422)
logo
(3.422)
β ′′′ (ro ) = (0 , 0 , 0) . (3.423)
logo, para k ∈ {4 , 5 , · · · }, teremos:
(3.423)
β(k) (r) = (0 , 0 , 0) . (3.424)
Logo, comparando (3.408), (3.410), (3.412), (3.414) com (3.417), (3.419), (3.421), (3.423), segue
que, para k ∈ {1 , 2 , 3}, temos
α(k) (ro ) = β(k) (ro ) ,

e, de (3.416) e (3.424), temos que


α(4) (ro ) = β(4) (ro ) ,

mostrando, pela De nic~ao 3.7.1, que α e β t^em um contato de ordem n em ro = 0, completando a


resoluc~ao.


Observação 3.7.4 Notemos que se N ∈ N ∪ {0}, α , β : (a , b) → R3 c.p.r. e ro ∈ (a , b), s~ao tais


que
α(k) (ro ) = β(k) (ro ) ,
para k ∈ {0 , 1 , · · · , N}, ent~ao α e β ter~ao contato de ordem maior ou igual a N + 1 em ro .
Temos agora a
Proposição 3.7.1 Sejam α , β : (a , b) → R3 c.p.r., de modo que o traco de β e uma reta e
ro ∈ (a , b).
Ent~ao o contanto de α e β e maior ou igual a 1 em ro se, e somente se, o traco de β e a
reta tangente a α em ro .
Demonstração:
Suponhamos que o contanto de α e β e maior ou igual a 1 em ro , ou seja, podemos garantir que
α(ro ) = β(ro ) , (3.425)
e ′
α (ro ) = β (ro ) . ′
(3.426)
3.7. TEORIA DO CONTATO DE DUAS CURVAS REGULARES 167

Como o traco de β e uma reta, podemos encontrar Po ∈ R3 e ⃗v ̸= O


⃗ de modo que
.
β(r) = Po + (r − ro ) · ⃗v , para r ∈ R , (3.427)
ou seja, β(ro ) = Po , (3.428)
e β ′ (ro ) = ⃗v . (3.429)
Comparando (3.425), (3.426) com (3.428) e (3.429), segue que
α(ro ) = Po ,
e α ′ (ro ) = ⃗v
e estes fatos, juntamente com (3.427), implicar~ao em β(r) = α(ro ) + (r − ro ) · α ′ (ro ) para r ∈ R ,

que e uma equac~ao da reta tangente a α em ro .


Por outro lado, se o traco de β e a reta tangente a α em ro , ent~ao deveremos ter
β(r) = α(ro ) + (r − ro ) · α ′ (ro ) , para r ∈ R , (3.430)
segue que
(3.430)
β(ro ) = α(ro ) , (3.431)
e
(3.430)
β ′ (ro ) = α ′ (ro ) . (3.432)
Assim, de (3.431), (3.432) e da De nic~ao 3.7.1, que α e β t^em um contato de ordem maior ou igual
a 1 em ro = 0, completando a demonstrac~ao.


Observação 3.7.5 Na teoria de curvas planas tnhamos a noc~ao de raio de curvatura e circun-
fer^encia osculadora (veja a De nic~ao 2.4.4).
Podemos, de modo analogo, introduzir os conceitos analogos para curva espaciais, como nos
diz a:
Definição 3.7.2 Seja α : (a , b) → R3 uma c.p.p.c.a., de modo que
k(s) > 0 , para s ∈ (a , b) . (3.433)
De nimos o raio de curvatura de α em s ∈ (a , b), indicada por ρ(s) , com sendo
. 1
ρ(s) = . (3.434)
k(s)

Na situac~ao acima, tambem de niremos o centro de curvatura de α, no instante s, de-


notado por C(s) como sendo
.
C(s) = α(s) + ρ(s) · n(s)
1
= α(s) + · n(s) . (3.435)
k(s)

Para s ∈ (a , b) xado, a circunfer^encia de centro no ponto C(s) e raio igual a ρ(s), sera
denominada circunferência osculadora de α, no instante s. .
168 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS
z

6
α(s)

6
C(s)
Y
s
α
-
circunfer^encia osculadora de -
α em s
y

O resultado a seguir trata do contato da circunfer^encia osculadora com a curva, a saber:


Proposição 3.7.2 Sejam α : (a , b) → R3 uma c.p.p.c.a., cuja curvatura e maior que zero em
(a , b) e so ∈ (a , b).
Seja β : R → R3 uma c.p.p.c.a., de modo que
β(so ) = α(so ), (3.436)
cujo traco contenha α(so ) e esteja contido na circunfer^encia osculadora de α em so .
Ent~ao α e β (ou uma reparametrizac~ao de β) t^em contado de ordem maior ou igual a 2 em
so .
Demonstração:
Seja
{t(so ) , n(so ) , b(so )}
o triedro de Frenet associado a α em so .
Como o traco de β esta contido no plano osculador (pois o traco de β esta contido circunfer^encia
osculadora de α em so - veja a gura abaixo) segue que
⟨β(s) − β(so ) , b(so )⟩ = 0 , para s ∈ R (3.437)
e β(s) = α(s) + ρ(s) · n(s) , para s ∈ R . (3.438)
b(so )

6
plano osculador de α em so

α(so ) - n(so )

C(s)
zW β(so )


t(so )

Alem disso, para s ∈ R, temos


[ ] 2
1 (3.435)
β(s) − α(so ) + · n(so )
= ∥β(s) − C(so )∥
2
k(so )
traco de β esta contido na circunf. osculadora de α em so 1
= 2
. (3.439)
k (so )
3.7. TEORIA DO CONTATO DE DUAS CURVAS REGULARES 169

Derivando, em relac~ao a s, (3.437) e (3.439), obteremos


(3.437) d
0 = [⟨β(s) − β(so ) , b(so )⟩]
ds
⟨ ⟩ ⟨ ⟩
ap^endice d d
= [β(s) − β(so )] , b(so ) + β(s) − β(so ) , [b(so )]
|ds {z } |ds {z }
=β ′ (s) =0
⟨ ⟩
= β ′ (s) , b(so ) . (3.440)
⟨ ′ ⟩
em s = so , teremos β (so ) , b(so ) = 0 ,
ou seja, β ′ (so ) ⊥ b(so ) (3.441)

e
[ ]
d 1
0=
ds k2 (so )
[ [ ] 2 ]
(3.439) d β(s) − α(so ) + 1

= · n(s )
ds
o
k(so )
[⟨ [ ] [ ]⟩]
d 1 1
= β(s) − α(so ) + · n(so ) , β(s) − α(so ) + · n(so )
ds k(so ) k(so )

⟨ { [ ]} [ ]⟩
ap^endice d 1 1
= β(s) − α(so ) + · n(so ) , β(s) − α(so ) + · n(so )
ds k(so ) k(so )
| {z }
β ′ (s)
⟨ [ ] { [ ]}⟩
1 d 1
+ β(s) − α(so ) + · n(so ) , β(s) − α(so ) + · n(so )
k(so ) ds k(so )
| {z }
=β ′ (s)
⟨ [ ]⟩
1

= 2 β (s) , β(s) − α(so ) + · n(so ) , (3.442)
k(so )
em s = so , teremos:
⟨ [ ]⟩
′ 1
0 = β (so ) , β(so ) − α(so ) + · n(so )
k(so )
⟨ ⟩ ⟨ ⟩
′ ′ 1
= β (so ) , β(so ) −α(so ) − β (so ) , · n(so )
| {z } k(so )
(3.436)
= α(so )
| {z }

=O
1 ⟨ ′ ⟩
=− β (so ) , n(so )
k(so )
⟨ ′ ⟩
ou seja, β (so ) , n(so ) = 0 ,
ou ainda, β ′ (so ) ⊥ n(so ) . (3.443)

Logo, de (3.441), (3.443) e do fato que β e c.p.p.c.a., segue que

β ′ (so ) = ±t(so ) . (3.444)


170 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Notemos que se
β ′ (so ) = t(so )
= α ′ (so ) . (3.445)
Derivando, em relac~ao a s, (3.440), obteremos
(3.440) d [⟨ ⟩]
0 = β ′ (s) , b(so )
ds ⟨ ⟩
ap^endice ⟨ ′′ ⟩ ′ d
= β (s) , b(so ) + β (s) , [b(so )]
|ds {z }

=O
⟨ ⟩
= β ′′ (s) , b(so ) ,
⟨ ′′ ⟩
em particular, em s = so , teremos β (so ) , b(so ) = 0 ,
ou seja, β ′′ (so ) ⊥ b(so ) . (3.446)
De modo semelhante, derivando, em relac~ao a s, (3.442), obteremos
[⟨ [ ]⟩]
(3.442) d ′ 1
0 = β (s) , β(s) − α(so ) + · n(so )
ds k(so )
⟨ [ ]⟩
ap^endice 1 ⟨ ⟩
= β ′′ (s) , β(s) − α(so ) + · n(so ) + β ′ (s) , β ′ (s)
k(so )
⟨ ⟩ 1 ⟨ ′′ ⟩ ⟨ ⟩
= β ′′ (s) , β(s) − α(so ) − β (s) , n(so ) + β ′ (s) , β ′ (s) ,
k(so )
em particular, em s = so , teremos:
⟨ ⟩
1 ⟨ ′′ ⟩ ⟨ ⟩
0= β ′′ (s) , β(so ) −α(so ) − β (so ) , n(so ) + β ′ (so ) , β ′ (s)
| {z } k(so ) | {z }
(3.436) β est
a p.p.c.a.
= α(so ) =∥β ′ (so )∥2 = 1
| {z }

=O
1 ⟨ ′′ ⟩
=− β (so ) , n(so ) + 1 ,
k(so )
⟨ ′′ ⟩
ou seja, β (so ) , n(so ) = k(so ) . (3.447)
Como β e c.p.p.c.a., temos que
∥β (s)∥ = 1 ,
que como vimos anteriormente, implicara em β ′′ (s) ⊥ β ′ (s) ,
(3.445)
em particular, em s = so , teremos: β ′′ (so ) ⊥ β ′ (so ) = t(so ) . (3.448)
Logo, de (3.446) e (3.448), segue que
β ′′ (so ) ∥ n(so ) . (3.449)
Logo, de (3.449) e (3.447), segue que
β ′′ (so ) = k(so ) · n(so )
(3.112)
= t ′ (so )
= α ′′ (so ) , (3.450)
3.7. TEORIA DO CONTATO DE DUAS CURVAS REGULARES 171

Portanto, de (3.436), (3.445), (3.450) e da De nic~ao 3.7.1 (na verdade a Observac~ao 3.7.4), segue
que α e β t^em contato de ordem maior ou igual a 2 em s = so .
Se, por outro lado, tivermos
β ′ (so ) = −t(so ) , (3.451)
considerando-se os argumentos acima (ou seja, quando vale (3.445)) para a reparametrizac~ao de β,
indicada por β~ : R → R3 , dada por
~ =. β(2 so − s) ,
β(s) para s ∈ R , (3.452)

teremos
~ (so ) (3.452)
β = β(2 so − so )
= β(so )
(3.436)
= α(so ) ,
~ ′ (s) (3.452)
β =
d
[β(2 so − s)]
ds
regra da cadeia
= β ′ (2 so − s) (−1)
logo,
~ ′ (so ) = −β ′ (so )
β
(3.451)
= −[−t(so )]
= t(so ) .

Deste modo, pela De nic~ao 3.7.1 (na verdade a Observac~ao 3.7.4), temos que α e β~ t^em contato
de ordem maior ou igual a 2 em s = so , completando a demonstrac~ao.

A seguir introduziremos a noc~ao de contato entre uma curva e um plano, mais precisamente:

Definição 3.7.3Sejam N ∈ N ∪ {0}, α : (a , b) → R3 uma c.p.r., ro ∈ (a , b) e Π um plano de R3


que contem o ponto
.
Po = α(ro ) .

Diremos que α e Π t^em contato de ordem N em Po , se podemos encontrar β : (c , d) → R3


c.p.r., com ro ∈ (a , b) ∩ (c , d), satisfazendo
β(so ) = α(so ) = Po ,

com o traco de β contido no plano Π, ou seja,


β[(c , d)] ⊆ Π ,

de modo que α e β tendo contato de ordem N em ro .

Observação 3.7.6

1. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima


172 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS
α

β
α(ro ) = β(ro )

2. De modo semelhante podemos introduzir a noc~ao de contato de ordem maior ou igual a


N entre uma c.p.r. e um plano, em um instante.
Deixaremos a elaborac~ao da mesma como exerccio para o leitor.
3. Notemos que, pela Proposic~ao 3.7.1, todo plano de R3 que contem a reta tangente a uma
c.p.r. em um instante, tera contato de ordem maior ou igual a 1 com a curva, naquele
instante.
4. Como veremos a seguir, entre estes planos destamos o plano osculador, que tem contato
maior ou igual a 2 com a c.p.r. em um instante, mais precisamente:
Proposição 3.7.3 Sejam α : (a , b) → R3 uma c.p.p.c.a, so ∈ (a , b) e Π um plano de R3 que
contem o ponto α(so ).
Ent~ao, α e Π tem contato maior ou igual a 2 em Po =. α(so ) se, e somente se, o plano Π e
o plano osculador de α em so .
Demonstração:
Suponhamos que α e Π tem contato maior ou igual a 2 em Po =. α(so ).
Logo, pela De nic~ao 3.7.3, podemos encontrar α : (c , d) → R3 , que podemos supor estar parame-
trizada pelo comprimento de arco, de modo que so ∈ (a , b) ∩ (c , d), satisfazendo
α(so ) = α(so ) = Po ,

com o traco de α contido no plano Π, ou seja,


α[(c , d)] ⊆ Π

e α e α tendo contato de ordem maior ou igual a 2 em ro .


Em particular, pela De nic~ao 3.7.1 (ou ainda, a Observac~ao 3.7.4), teremos:
α(so ) = α(so ) ,
α ′ (so ) = α ′ (so ) , (3.453)
ou seja, t(so ) = t(so ) ,
e α ′′ (so ) = α ′′ (so ) ,
| {z } | {z }
t ′ (so )(3.112)
= k (so )·n
 (so ) =t ′ (so )
(3.112)
= k(so )·n(so )

assim (so ) · n (so ) = k(so ) · n(so ) ,


k
implicando em (como k(so ) , k(so ) > 0),  (so ) ∥ n(so ) .
n (3.454)
3.7. TEORIA DO CONTATO DE DUAS CURVAS REGULARES 173

Logo, de (3.453) e (3.454), segue que

o vetor  o ) = t(so ) × n (so )


b(s
sera paralelo ao vetor t(so ) × n(so ) = b(so ) ,

ou seja, α e α t^em o mesmo plano osculador em so , ou seja, o plano Π (que contem o traco de α )
coincidira com o plano osculador de α em so (veja o Lema 3.4.1), completando a primeira parte da
demonstrac~ao.
Suponhamos agora que o plano Π e o plano osculador de α em so .
Seja β : (c , d) → R3 c.p.p.c.a., com so ∈ (c , d),

β(so ) = α(so ), ,

cujo traco de β esta contido na circunfer^encia osculadora de α em so .


Logo, da Proposic~ao 3.7.2, segue que β e α t^em contato maior ou igual a 2 em so .
Logo, pela De nic~ao 3.7.3, segue que α e Π t^em contato maior ou igual e a em α(so ), completando
a demonstrac~ao.


Observação 3.7.7

1. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita na Proposic~ao 3.7.3.


α
b(so )

6
n(so )

o * t(so )

α(so )

plano osculador de α em so

2. Na situac~ao do Proposic~ao 3.7.3, se a torc~ao de α em so e n~ao nula, ou seja, se


τ(so ) ̸= 0 ,

ent~ao α e o plano osculador de α em so , t^em contato de ordem exatamente igual a 2 em


α(so ).
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
3. De modo semelhante a De nic~ao 3.7.3, podemos introduzir a noc~ao de contado de uma
c.p.r. com uma esfera, em um ponto da curva.
Deixaremos a elaborac~ao da mesma como exerccio para o leitor.
174 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

4. Se α : (a , b) → R3 e uma c.p.p.c.a. cuja curvatura e maior que zero e a torc~ao n~ao se


anula, ou seja,
k(s) > 0 ,
e τ(s) ̸= 0 , para s ∈ (a , b) ,

podemos de nir a esfera osculadora de α em so , como sendo a esfera de R3 que tem raio,
que indicaremos por r(so ), dado por

[ ]2
. ρ ′ (so )
r(so ) = ρ(so ) + (3.455)
τ(so )

e centro, denominado centro de curvatura esférica, indicado por C(so ), dado por
. ρ ′ (so )
C(so ) = α(so ) + ρ(so ) · n(so )− · b(so ) , (3.456)
τ(so )

onde ρ(so ) e o raio de curvatura de α em so (veja (3.439)).


A rmamos que a α e esfera osculadora de α em so , tem contato de ordem maior ou igual
a 3 em α(so ).
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.

3.8 Involutas e evolutas no espaço


O estudo das evolutas no espaco e bastante diferente do caso de curvas planas (veja a De nic~ao 2.4.4).
A seguir faremos algumas considerac~oes gerais a respeito desse assunto.
Observação 3.8.1

1. Um curva plana tem uma unica evoluta descrita pels centros de curvatura associadas a
mesma (veja o item 2. da Observac~ao 2.4.10), enquanto que no espaco, uma curva podera
ter uma in nidade de evolutas.
2. Alem disso, como veremos a seguir, a curva descrita pelos centros de curvatura ou pelos
centros de curvaturas esfericas, associadas a uma curva, cuja curvatura e maior que zero
e a troc~ao n~ao se anula, não s~ao, em geral, evolutas da curva considerada.
3. Por outro lado, a noc~ao de involuta de uma curva no espaco, pode ser obtida generalizando-
se a respectiva noc~ao de curvas planas (veja a De nic~ao 2.4.5).
4. Logo, uma vez de nida a noc~ao de involuta de uma curva α, que indicaremos por α , e
natural dizer que a curva α sera uma evoluta da curva α .
Baseado nas considerac~oes acima, introduziremos a:
Definição 3.8.1 Seja α : (a , b) → R3 uma c.p.r. .
Diremos que α~ : (a , b) → R3 e uma involuta de α se, para cada s ∈ (a , b), o traco de α~
intercepta a reta tangente a α em s, ortogonalmente.
Observação 3.8.2
3.8. INVOLUTAS E EVOLUTAS NO ESPAC
O 175

1. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

′ ~
α(so)

~ (so )
α
~
α
involuta de α

z
α ′ (so )


α(so )
α

2. Suponhamos que α : (a , b) → R3 e uma c.p.p.c.a. .


Vamos obter a famlia das involutas de α.
Se α~ : (a , b) → R3 e uma involuta de α, para cada s ∈ (a , b), temos que o ponto α
~ (s)
pertencera a reta tangente a α, que contem o ponto α(s), ou seja, poderemos encontrar
λ(s) ∈ R, de modo que

~ (s) = α(s) + λ(s) · α ′ (s) ,


α
ou ainda, ~ (s) = α(s) + λ(s) · t(s) .
α (3.457)

Supondo que a func~ao λ : (a , b) → R e diferenciavel em (a , b) e do fato que o vetor α~ ′ (s)


e ortogonal ao vetor t(s), teremos
⟨ ′ ⟩
~ (s) t(s)
0= α
⟨ ⟩
(3.457) d
= [α(s) + λ(s) · t(s)] , t(s)
ds
⟨ ⟩
′ ′ ′
= α (s) +λ (s) · t(s) + λ(s) · t (s) , t(s)
| {z }
=t(s)
⟨ ⟩ ⟨ ⟩
= ⟨t(s) , t(s)⟩ + λ ′ (s) t(s) , t ′ (s) +λ(s) t ′ (s) , t(s)
| {z } | {z }
=0 =1
= λ ′ (s) + 1 ,
ou seja, λ ′ (s) = −1 , para s ∈ (a , b) ,
ou ainda, λ(s) = A − s , (3.458)

para A ∈ R xo, porem arbitrario.


Logo, substituindo (3.458) em (3.457), obteremos a seguinte express~ao para uma involuta
de α:
~ (s) =. α(s) + (A − s) · t(s) , para s ∈ (a , b) ,
α (3.459)

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


176 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS


involutas de α

3. Como A ∈ R e arbitrario, (3.459), representa uma famlia de curvas onde cada uma delas
e uma involuta de α.
Notemos que, diferentes escolhas de A ∈ R nos fornecera diferentes involutas de α.
4. Podemos dar a seguinte interpretac~ao geometrica para a famlia de involutas.
Se desenrolarmos um pedaco de barbante, que esta preso sobre um ponto do traca de
α, sobre ao traco da curva α, de modo que a parte desenrolada  e matida esticada e na
direc~ao da reta tangente a curva α, e o restante permanece sobre o traco da curva α,
ent~ao o movimento de um ponto da corda descrevera uma involuta (semelhante o que
ocorre com curvas planas - veja a Obervac~ao 2.4.11).
Podemos agora introduzir a
Definição 3.8.2 Se α
~ : (a , b) → R3 e uma involuta de α : (a , b) → R3 c.p.p.c.a., diremos que α
e uma evoluta de α~ .
Temos a
Observação 3.8.3

1. Suponhamos que α~ : (a , b) → R3 e uma c.p.p.c.a., cuja curvatura e n~ao se anula, ou seja,


~(s) > 0 ,
k para s ∈ (a , b) ,

e e uma involuta de α : (a , b) → R3 .
Para s ∈ (a , b), denotemos por
{~t(s) , n ~
~ (s) , b(s)} (3.460)
o triedro de Frenet associado a α~ .
Para obtermos uma express~ao para α, observamos que, das De nic~oes 3.8.2 e 3.8.1, para
cada s ∈ (a , b), temos que o vetor
~ (s)
α(s) − α
3.8. INVOLUTAS E EVOLUTAS NO ESPAC
O 177

e ortogonal α~ em s e tangente a α em s, ou seja,


~ (s)] ∥ t(s)
[α(s) − α
e ~ (s)] ⊥ ~t(s) .
[α(s) − α (3.461)

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

~
α(s)

~
t(s) )
~
α

t(s)
K

α(s)

Logo, de (3.461), e utilizando-se o triedro de Frenet (3.359), podemos encontrar λ(s) , µ(s) ∈
R, de modo que

~ ,
~ (s) = λ(s) · n~ (s) + µ(s) · b(s)
α(s) − α
ou seja, ~ (s) + λ(s) · n~ (s) + µ(s) · b~ (s) .
α(s) = α (3.462)

Encontremos as func~oes λ , µ : (a , b) → R.
Suponhamos que as func~oes acima s~ao diferenciaveis em (a , b).
Logo, derivando (3.462), em relac~ao a s, obteremos
d [ ]
α ′ (s) = ~ (s) + λ(s) · n~ (s) + µ(s) · b~ (s)
α
ds
~ ′ (s) + λ ′ (s) · n~ (s) + λ(s) ·
=α ~ ′ (s)
n ~ (s) + µ(s) ·
+µ ′ (s) · b ~ ′ (s)
b
| {z } | {z }
(3.113)
= ~(s)·~t(s)−τ~(s)·b~(s)
−k
(3.114)
= τ~(s)·n
~ (s)
~
= [1 − λ(s) k(s)] · ~t(s) + [λ ′ (s) + µ(s) τ~(s)] · n ~
~ (s) + [µ ′ (s) − λ(s) τ~(s)] · b(s) (3.463)

Notemos que, de (3.461), segue


~ (s)] ,
α ′ (s) = t(s) ∥ [α(s) − α
de (3.462), segue que ~ (s) + µ(s) · b~ (s)] .
α ′ (s) ∥ [λ(s) · n (3.464)

Logo de (3.463) e (3.464), podemos encontrar A(s) ∈ R, de modo que


~(s) = 0 ,
1 − λ(s) k (3.465)
[λ (s) + µ(s) τ~(s)] A(s) = λ(s)

(3.466)
e [µ ′ (s) − λ(s) τ~(s)] A(s) = µ(s) . (3.467)
178 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS

Assim, de (3.466) e (3.467), segue que


µ(s) λ(s)
= ′ ,
µ ′ (s) − λ(s) τ~(s) λ (s) + µ(s) τ~(s)
ou seja, µ(s) [λ ′ (s) + µ(s) τ~(s)] = λ(s) [µ ′ (s) − λ(s) τ~(s)] ,
isto e, µ(s) λ ′ (s) + µ2 (s) τ~(s) = λ(s) µ ′ (s) − λ2 (s) τ~(s) ,
[ ]
ou ainda µ2 (s) + λ2 (s) τ~(s) = λ(s) µ ′ (s) − µ(s) λ ′ (s) ,
assim
λ(s) µ ′ (s) − µ(s) λ ′ (s)
τ~(s) =
µ2 (s) + λ2 (s)
{ [ ]}
exerccio d µ(s)
= arctg .
ds λ(s)

Logo, do Teorema fundamental do Calculo, segue que


[ ] ∫
µ(s)
arctg = τ~(s) ds + C
λ(s)
[∫ ]
µ(s)
ou seja, = tg τ~(s) ds + C ,
λ(s)
[∫ ]
ou ainda, µ(s) = λ(s) tg τ~(s) ds + C , (3.468)

onde C ∈ R e uma constante arbitraria.


Notemos que, de (3.465), teremos
1
λ(s) = , (3.469)
~(s)
k
e assim substitiundo (3.469) em (3.468), obteremos
[∫ ]
1
µ(s) = tg τ~(s) ds + C . (3.470)
~(s)
k

Portanto, substituindo-se (3.469) e (3.470) em (3.462), obteremos


[∫ ]
1 1 ~ (s) ,
~ (s) +
α(s) = α
~
~ (s) +
·n
~
tg τ~(s) ds + C · b para s ∈ (a , b) , (3.471)
k(s) k(s)

obtendo-se desta forma uma express~ao para as curvas da famlia de evolutas associada a
~.
α

2. Na situac~ao acima, se sabemos que a torc~ao de α~ n~ao se anula, ou seja, se


τ~(s) ̸= 0 , para s ∈ (a , b) . (3.472)

temos que a curva determinada pelos centros de curvatura de α~ n~ao sera uma evoluta de
~ (veja (3.435) e compare com (3.471)).
α

3. Notemos que se
τ~(s) = 0 , para s ∈ (a , b) , (3.473)
3.8. INVOLUTAS E EVOLUTAS NO ESPAC
O 179

ou seja, a curva α~ e uma curva plana (veja a Proposic~ao 3.4.1), ou ainda, seu traco
esta contido no plano osculador, a unica evoluta associada a α~ sera obtida de (3.471),
considerando-se
.
C = π.

O que mostra que a famlia de evolutas de uma curva plana em R3 contem a curva deter-
minada pelos centros de curvatura.
As outras evolutas ser~ao helices.
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
4. Notemos tambem que se considerarmos a curva formada pelos centros de curvatura esferica
tambem n~ao sera uma evoluta de α~ .
De fato, pois para s ∈ (a , b), temos que
[ ]
~ ′ (s) (3.456) d ρ~ ′ (s) ~
C = ~ (s) + ρ~(s) · n~ (s) −
α · b(s)
ds τ~(s)
ρ~ ′′ (s) τ(s) − ρ~ ′ (s) τ~ (s) ~
~ ′ (s) + ρ~ ′ (s) · n~ (s) + ρ~(s) ·
=α ~ ′ (s)
n − · b(s)
| {z } τ~2 (s)
(3.113)
= ~(s)·~t(s)−τ~(s)·b~(s)
−k
ρ~′ (s)
~ ′ (s)
− · b
τ~(s) | {z }
(3.114)
= τ~(s)·n
~ (s)

~(s) · ~t(s) − ρ~(s) τ~(s) · b~ (s) − ρ~ ′′ (s) τ(s) − ρ~ ′ (s) τ~ (s) ~


= ~t(s) + ρ~ ′ (s) · n
~ (s) − ρ~(s) k · b(s)
|{z} τ~2 (s)
(3.439) 1
= ~
k(s)

ρ~ ′ (s) τ~(s)
− ~ (s)
·n
τ~(s)
ρ~ ′′ (s) τ(s) − ρ~ ′ (s) τ~ (s) ~
~ (s)−~t(s) − ρ~(s) τ~(s) · b~ (s) −
= ~t(s)+ρ~ ′ (s) · n · b(s)−ρ~ ′ (s) · n
~ (s)
τ~2 (s)
[ ]
ρ~ ′′ (s) τ(s) − ρ~ ′ (s) τ~ (s) ~
= −ρ~(s) τ~(s) − · b(s) , (3.474)
τ~2 (s)

ou seja,
~ ′ (s) ∥ b(s)
C ~
enquanto o vetor tangente a α~ , em s, e paralelo ao vetor
1 ~ ,
~ (s) + µ(s) · b(s)
·n
~(s)
k

o que mostra que a curva obtida dos centros de curvatura esferica n~ao sera uma evoluta
de α~ .
4.05.2017 - 15.a aula - 1.a Prova
180 CAPITULO 3. CURVAS ESPACIAIS
Capı́tulo 4

Superfı́cies parametrizadas

8.05.2017 - 16.a aula


Neste captulo vamos iniciar os estudos relacionados com superfcies contidas em R3 , na verdade,
ser~ao supefcies que apresentam, de ante m~ao, uma maneira de descrev^e-las, denominadas, superfcies
parametrizadas, que ser~ao introduzidas e tratadas na proxima sec~ao.

4.1 Superfı́cies parametrizadas regulares

Para tudo que faremos daqui em diante esta xado um sistema de coordenadas ortogonal
( )
O , ⃗f1 , ⃗f2 , ⃗f3

em R3 (ou seja, O ∈ R3 e {⃗f1 , ⃗f2 , ⃗f3 } e uma base ortonormal positiva de V 3 ).


Comecaremos com a

aberto ( )
Definição 4.1.1 Diremos que a aplicac~
ao X : U ⊆ R2 → R3 , pertencente a C∞ U ; R3 , e uma
superfı́cie parametrizada diferenciável de nida em U.
Por facilidade, escreveremos
s.p.d. .

As variaveis u , v ∈ U ser~ao denominados de parâmetros da superfcie parametrizada dife-


renciavel X e o conjunto
.
S = X(U) ⊆ R3 ,

isato e, a imagem do conjunto U pela aplicac~ao X, sera denominada traço de X.

Observação 4.1.1 A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima


181
182 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

z
6
v

U X
- X(uo , vo )
vo
-y

- u
uo

/
x

Na verdade nos restrigiremos as superfcies parametrizadas diferenciaveis que possuem, em cada
ponto do seu traco, um plano tangente que, como veremos mais adiante, esta relacionado com a:
aberto
Definição 4.1.2 Uma superfcie parametrizada diferenciavel X : U ⊆ R2 → R3 que satisfaz a
propriedade que, para qo =. (uo , vo ) ∈ U, temos que a aplicac~ao linear
X ′ (qo ) : R2 → R3 e injetora , (4.1)
sera denominada superfı́cie parametrizada diferenciável regular ou simplesmente superfı́cie
parametrizada regular, que indicaremos por

s.p.d.r. ou s.p.r. .

Observação 4.1.2
aberto
1. Lembremos, do ap^endice, que a aplicac~ao X : U ⊆ R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = (x(u , v) , y(u , v) , z(u , v) , para (u , v) ∈ U , (4.2)
( )
e diferenciavel em U (ou seja, pertence a C∞ U ; R3 se, e somente se as func~oes coorde-
aberto
nadas x , y , z : U ⊆ R2 → R pertencem a C∞ (U ; R).
2. A condic~ao (4.1), na De nic~ao 4.1.2, vai garantir, como veremos mais adiante , a exist^encia
do plano tangente ao traco da superfcie parametrizada regular, em cada ponto pertencente
ao seu traco.
3. A seguir, vamos encontrar formas equivalente de expressar a condic~ao (4.1).
Sejam
. .
B = {⃗ei , ⃗e2 } e C = {⃗f1 , ⃗f2 , ⃗f3 }
as bases can^onicas de R2 e R3 (na verdade de V 2 e V 3 ), respectivamente.
Se
.
qo = (uo , vo ) ∈ U ,
do ap^endice, sabemos que a matriz da transformac~ao linear X ′ (qo ), em relac~ao as bases
B e C , ser
a a matriz jacobiana de X em qo , ou seja,
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 183

.
JX (qo ) = [X ′ (qo )]B C
∂x ∂x 
(q ) (qo )
 ∂u o ∂v 
 
 
∂ y ∂y 
= ∂u (qo ) (qo ). (4.3)
 ∂v 
 
 
∂z ∂z
(qo ) (qo )
∂u ∂v

Notemos que
ap^endice X(qo + t · ⃗e1 ) − X(qo )
X ′ (qo ) (⃗e1 ) = lim
t→0 t
ap^endice ∂ X
= (qo ) ,
( ∂u )
(4.2) ∂ x ∂y ∂z
= (qo ) , (qo ) , (qo ) . (4.4)
∂u ∂u ∂u

De modo semelhante, temos


ap^endice X(qo + t · ⃗e2 ) − X(qo )
X ′ (qo ) (⃗e2 ) = lim
t→0 t
ap^endice ∂ X
= (qo ) ,
( ∂v )
(4.2) ∂ x ∂y ∂z
= (qo ) , (qo ) , (qo ) . (4.5)
∂v ∂v ∂v

Denotemos os vetores acima por Xu (qo ) e Xv (qo ), ou seja,


.
Xu (qo ) = X ′ (qo ) (⃗e1 )
( )
(4.4) ∂ x ∂y ∂z
= (qo ) , (qo ) , (qo ) (4.6)
∂u ∂u ∂u
.
e Xv (qo ) = X ′ (qo ) (⃗e2 )
( )
(4.5) ∂ x ∂y ∂z
= (qo ) , (qo ) , (qo ) . (4.7)
∂v ∂v ∂v

Com isto podemos mostrar que s~ao equivalente:


e injetora ,
X ′ (qo ) (4.8)
a matriz JX (qo ) t^em posto 2 , (4.9)
os vetores Xu (qo ) e Xv (qo ) s~ao L.I. em V 2 , (4.10)
⃗.
Xu (qo ) × Xv (qo ) ̸= O (4.11)

Deixaremos a veri cac~ao destes fatos como exerccio para o leitor.


.
4. Se qo = (uo , vo ) ∈ U, como o conjunto U e aberto em R2 , do ap^endice, segue que existe
δ > 0, de modo que
B(qo ; δ) ⊆ U .
184 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Desta forma os segmentos de reta


. .
Io = (uo − δ , uo + δ) e Jo = (vo − δ , vo + δ) (4.12)
satisfazem
Io × {vo } , {uo } × Jo ⊆ U .

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


v

Jo U

~
vo

- u
uo
o
Io

Na situac~ao acima, podemos introduzir a


aberto
Definição 4.1.3 Seja X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. e qo = (uo , vo ) ∈ U.
As curvas parametrizadas diferenciaveis αvo : Io → R3 e βuo : Jo → R3 , dadas por
.
αvo (u) = X(u , vo ) , para u ∈ Io , (4.13)
.
e βuo (v) = X(uo , v) , para v ∈ Jo , (4.14)
ser~ao denominadas curvas coordenadas associadas à s.p.r. X, em qo = (uo , vo )
Com isto temos a
Observação 4.1.3
1. A gura abaixo ilustra a situac~ao da De nic~ao 4.1.3.
z

6
v

6
Xu (qo )
U X 
-
vo
qo z Xv (qo )
X(qo ) -y

- u
uo

/
x

2. Na situac~ao da Observac~ao 4.1.2, temos que os vetores


Xu (qo ) e Xv (qo )

ser~ao vetores tangentes as curvas coordenadas αvo , βuo , no ponto uo ∈ Io e v o ∈ Jo ,


respectivamente.
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 185

Notemos que como X e uma s.p.r., do item 3. da Observac~ao 4.1.2 (veja (4.10)), segue
que os vetores
Xu (qo ) e Xv (qo ) s~ao L.I. em V 3 .
Tais vetores gerar~ao um plano que tera grande import^ancia no estudo das s.p.r., como
veremos mais adiante.
Para ilustrar temos o:
Exemplo 4.1.1 Sejam
.
Po = (xo , yo , zo ) ∈ R3
.
e ⃗r = (r1 , r2 , r3 ) ∈ V 3 ,
.
⃗ = (w1 , w2 , w3 ) ∈ V 3 ,
w (4.15)
vetores L.I. em V 3 .
Mostre que a aplicac~ao X : R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = (xo + u r1 + v w1 , yo + u r2 + v w2 , zo + u r3 + v w3 )
= Po + u · ⃗r + v · w
⃗, para (u , v) ∈ R2 , (4.16)
e uma s.p.r. .
Resolução:
Notemos que as func~oes coordenadas x , y , z : R2 → R, ser~ao dadas por
.
x(u , v) = xo + u r1 + v w1 , (4.17)
.
y(u , v) = yo + u r2 + v w2 , (4.18)
.
z(u , v) = zo + u r3 + v w3 , para (u , v) ∈ R2 . (4.19)
logo ( )
x , y , z ∈ C∞ R2 ; R .
Alem disso, para (u , v) ∈ R2 , teremos
∂x (4.17) ∂
(u , v) = [xo + u r1 + v w1 ]
∂u ∂u
= r1 , (4.20)
∂x (4.17) ∂
(u , v) = [xo + u r1 + v w1 ]
∂v ∂v
= w1 , (4.21)
∂y (4.18) ∂
(u , v) = [yo + u r2 + v w2 ]
∂u ∂u
= r2 , (4.22)
∂y (4.18) ∂
(u , v) = [yo + u r2 + v w2 ]
∂v ∂v
= w2 , (4.23)
∂z (4.19) ∂
(u , v) = [zo + u r3 + v w3 ]
∂u ∂u
= r3 , (4.24)
∂z (4.19) ∂
(u , v) = [zo + u r3 + v w3 ]
∂v ∂v
= w3 . (4.25)
186 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Assim
( )
(4.6) ∂x ∂y ∂z
Xu (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂u ∂u ∂u
(4.20),(4.22) e (4.24)
= (r1 , r2 , r3 )
(4.15)
= ⃗r , (4.26)
( )
(4.7) ∂ x ∂y ∂z
Xv (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂v ∂v ∂v
(4.21) ,(4.23) e (4.25)
= (w1 , w2 , w3 )
(4.15)
⃗,
= w (4.27)

e como, por hipotese os vetores ⃗r e w


⃗ s~ao L.I., segue que os vetores

Xu (u , v) e Xv (u , v)

s~ao L.I. em R3 (eles n~ao dependem de (u , v) ∈ R2 ).


Logo da De nic~ao 4.1.2, segue que X e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.


Observação 4.1.4

1. No Exemplo 4.1.1 acima, a representac~ao geometrica do traco de X, dada por (4.17), sera
um plano paralelo aos vetores L.I.
⃗r e w ⃗
e contendo o ponto Po .
2. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ R2 ,
as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X, que contem o ponto qo , ser~ao as func~oes
vetoriais αvo , βuo : Io = Jo =. R → R3 , dadas por
.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.17)
= (xo + u r1 + vo w1 , yo + u r2 + vo w2 , zo + u r3 + vo w3 )
= (xo + vo w1 , yo + vo w2 , zo + vo w3 ) + u · (r1 , r2 , r3 )
= (xo , yo , zo ) + (vo w1 , vo w2 , vo w3 ) +u · (r1 , r2 , r3 ) + u · (r1 , r2 , r3 )
| {z } | {z }
=Po .
=Q o

= Po + Qo + u · ⃗r , para u ∈ R, (4.28)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.17)
= (xo + uo r1 + v w1 , yo + uo r2 + v w2 , zo + uo r3 + v w3 )
= (xo , yo , zo ) + (uo r1 , uo r2 , uo r3 ) +v · (w1 , w2 , w3 )
| {z } | {z }
=Po .
=R o

= Po + Ro + v · w
⃗, para v ∈ R. (4.29)
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 187

ou seja, os tracos de αvo e βuo s~ao retas paralelas aos vetores


⃗r e w ⃗,
respectivamente.
3. A representac~ao geometrica dos tracos das curvas coordenadas α vo e βuo s~ao dados pela
gura abaixo.

z
6
v 
6 αvo (u) = X(u , vo )

w
3

r

X(qo )
-
X
-
qo y
vo
k
U
βuo (v) = X(uo , v)

- u
uo

x

Temos tambem o
Exemplo 4.1.2 Sejam
a,b,c ∈ R, tais que a2 + b2 ̸= 0 e c ̸= 0 .
Mostre que a aplicac~ao X : R2 → R3 , dada por
( )
. 1
X(u , v) = u , v , − (d + a u + b v) , para (u , v) ∈ R2 , (4.30)
c
e uma s.p.r. .
Resolução:
Notemos que as func~oes coordenadas x , y , z : R2 → R, ser~ao dadas por
.
x(u , v) = u , (4.31)
.
y(u , v) = v , (4.32)
. 1
z(u , v) = − (d + a u + b v) , para (u , v) ∈ R2 . (4.33)
c
logo ( )
x , y , z ∈ C∞ R2 ; R .
Alem disso, para (u , v) ∈ R2 , teremos
∂x (4.31) ∂
(u , v) = [u]
∂u ∂u
= 1, (4.34)
∂x (4.31) ∂
(u , v) = [u]
∂v ∂v
= 0, (4.35)
∂y (4.32) ∂
(u , v) = [v]
∂u ∂u
= 0, (4.36)
188 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

∂y (4.32) ∂
(u , v) = [v]
∂v ∂v
= 1, (4.37)
[ ]
∂z (4.33) ∂ 1
(u , v) = − (d + a u + b v)
∂u ∂u c
a
=− , (4.38)
c [ ]
∂z (4.33) ∂ 1
(u , v) = − (d + a u + b v)
∂v ∂v c
b
=− . (4.39)
c
Assim
( )
(4.6) ∂x ∂y ∂z
Xu (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂u ∂u ∂u
(4.34) ,(4.36) e (4.38)
( a)
= 1,0,− , (4.40)
( c )
(4.7) ∂ x ∂y ∂z
Xv (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂v ∂v ∂v
( )
(4.35) ,(4.37) e (4.39) b
= 0,1,− . (4.41)
c
Notemos que, para (u , v) ∈ R2 , os vetores
Xu (u , v) e Xv (u , v) ,
dados por (4.40) e (4.41), respectivamente (n~ao dependem de u , v ∈ R), s~ao L.I. em R3 .
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo da De nic~ao 4.1.2, segue que X e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.


Observação 4.1.5
1. No Exemplo 4.1.2 acima, temos
( )
. 1
X(u , v) =u , v , − (d + a u + b v)
c
( ) ( ( )
d a) b
= 0,0,− + u · 1,0,− + b · 0,1,− , para (u , v) ∈ R2 , (4.42)
c c c
cuja representac~ao geometrica do seu traco, sera um plano contendo o ponto
( )
. d
Po = 0,0,−
c
e paralelo aos vetores
( ( )
. a) . b
⃗r = 1 , 0 , − e ⃗ =
w 0,1,− ,
c c
que s~ao L.I. em V 3 , ou ainda, o plano que tem por equac~ao geral:
a x + b y + c z + d = 0 , para (x , y , z) ∈ R3 .

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 189
z
6
( )
v 0,0,−d
c

6 u = uo
αvo (u) = X(u , vo )

X 
vo
qo
v = vo -
( )
0 , − bdc , 0 , 0

M z
y
- u ( )
uo d βuo (u) = X(uo , v)
,0,0
+ ac

2. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ R2 ,
as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X que contm o ponto qo ser~ao as func~oes
vetoriais αvo , βuo : Io − Jo =. R → R3 , dadas por
.
αvo (u) = X(u , vo )
( )
(4.32) 1
= u , vo , − (d + a u + b vo )
c
( ) (
1 a)
= 0 , vo , − (d + b vo ) +u · 1 , 0 , − , para u ∈ R, (4.43)
c | {z c }
| {z } .
.
=Q =⃗ro
o

e
.
βuo (v) = X(uo , v)
( )
(4.32) 1
= uo , v , − (d + a uo + b v)
c
( ) ( )
1 b
= uo , 0 , − (d + a uo ) +v · 0 , 1 , − , para v ∈ R. (4.44)
c c
| {z } | {z }
.
=P
.
=⃗r
1 1

ou seja, os tracos de αvo e βuo s~ao retas paralelas aos vetores


⃗ro e ⃗r1 ,
respectivamente.
3. A representac~ao geometrica do traco dos tracos das curvas coordenadas α vo e βuo s~ao
dados pela gura acima.
Temos tambem o
Exemplo 4.1.3 Sejam
a , b ∈ R \ {0} .
Mostre que a aplicac~ao X : R2 → R3 , dada por
( )
. u2 v2
X(u , v) = u,v, 2 + 2 , para (u , v) ∈ R2 , (4.45)
a b
e uma s.p.r. .
190 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Resolução:
Notemos que as func~oes coordenadas x , y , z : R2 → R, ser~ao dadas por
.
x(u , v) = u , (4.46)
.
y(u , v) = v , (4.47)
2
. u v2
z(u , v) = 2 + 2 , para (u , v) ∈ R2 . (4.48)
a b
logo ( )
x , y , z ∈ C ∞ R2 ; R .

Alem disso, para (u , v) ∈ R2 , teremos


∂x (4.46) ∂
(u , v) = [u]
∂u ∂u
= 1, (4.49)
∂x (4.46) ∂
(u , v) = [u]
∂v ∂v
= 0, (4.50)
∂y (4.47) ∂
(u , v) = [v]
∂u ∂u
= 0, (4.51)
∂y (4.47) ∂
(u , v) = [v]
∂v ∂v
= 1, (4.52)
[ ]
2 2
∂z (4.48) ∂ u v
(u , v) = +
∂u ∂u a2 b2
2u
= 2 , (4.53)
a [ ]
∂z (4.48) ∂ u2 v2
(u , v) = +
∂v ∂v a2 b2
2v
= 2 . (4.54)
b
Assim
( )
(4.6) ∂x ∂y ∂z
Xu (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂u ∂u ∂u
( )
(4.49) ,(4.51) e (4.53) 2u
= 1,0, 2 , (4.55)
a
( )
(4.7) ∂ x ∂y ∂z
Xv (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂v ∂v ∂v
( )
(4.50) ,(4.52) e (4.54) 2v
= 0,1, 2 . (4.56)
b
Notemos que, para (u , v) ∈ R2 , os vetores
Xu (u , v) e Xv (u , v) ,
dados por (4.55) e (4.56), respectivamente, s~ao L.I. em R3 .
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 191

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo da De nic~ao 4.1.2, segue que X e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.


Observação 4.1.6

1. A representac~ao geometrica do traco da s.p.r. X do Exemplo 4.1.3 (dada por (4.45)), como
visto na disciplina de Geometria Analtica, sera o parabolóide elı́ptico.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z
6

6 u = uo

X
vo
qo
v = vo -

- 1
uo u y
αvo (u) = X(u , vo )
βuo (v) = X(uo , v)

-y

x =

2. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ R2 ,
as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X que contem o ponto qo ser~ao as func~oes
vetoriais αvo , βuo : Io = Jo =. R → R3 , dadas por
.
αvo (u) = X(u , vo )
( )
(4.45) u2 vo2
= u , vo , 2 + 2 , para u ∈ R, (4.57)
a b
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
( )
(4.45) uo2 v2
= uo , v , 2 + 2 , para v ∈ R. (4.58)
a b

ou seja, os tracos de αvo e βuo , s~ao parabolas cujos tracos est~ao contidos em planos
paralelos aos planos
x=0 e y = 0,

respectivamente.
3. A representac~ao geometrica do traco dos tracos das curvas coordenadas α vo e βuo s~ao
dados pela gura acima.
192 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

4. A intersecc~ao do traco da s.p.r. X, dada por (4.45), por planos paralelos ao plano
z=0

ser~ao elipses.
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Temos tambem o
Exemplo 4.1.4 Sejam
a ∈ (0 , ∞) ,
{ }
.
e U = (u , v) ∈ R2 ; u ∈ R e v ∈ (0 , π)
= R × (0 , π) . (4.59)
Mostre que a aplicac~ao X : U ⊆ R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = (a sen(v) cos(u) , a sen(v) sen(u) , a cos(v)) , para (u , v) ∈ U , (4.60)
e uma s.p.r. .
Resolução:
Notemos que as func~oes coordenadas x , y , z : U → R, ser~ao dadas por
.
x(u , v) = a sen(v) cos(u) , (4.61)
.
y(u , v) = a sen(v) sen(u) , (4.62)
.
z(u , v) = a cos(v) , para (u , v) ∈ U . (4.63)
logo
x , y , z ∈ C∞ (U ; R) .
Alem disso, para (u , v) ∈ R2 , teremos
∂x (4.61) ∂
(u , v) = [a sen(v) cos(u)]
∂u ∂u
= −a sen(v) sen(u) , (4.64)
∂x (4.61) ∂
(u , v) = [a sen(v) cos(u)]
∂v ∂v
= a cos(v) cos(u) , (4.65)
∂y (4.62) ∂
(u , v) = [a sen(v) sen(u)]
∂u ∂u
= a sen(v) cos(u) , (4.66)
∂y (4.62) ∂
(u , v) = [a sen(v) sen(u)]
∂v ∂v
= a cos(v) sen(u) , (4.67)
∂z (4.63) ∂
(u , v) = [a cos(v)]
∂u ∂u
= 0, (4.68)
∂z (4.63) ∂
(u , v) = [a cos(v)]
∂v ∂v
= −a sen(v) . (4.69)
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 193

Assim
( )
(4.6) ∂x ∂y ∂z
Xu (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂u ∂u ∂u
(4.64) ,(4.66) e (4.68)
= (−a sen(v) sen(u) , a sen(v) cos(u) , 0) , (4.70)
( )
(4.7) ∂x ∂y ∂z
Xv (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂v ∂v ∂v
(4.65) ,(4.67) e (4.69)
= (a cos(v) cos(u) , a cos(v) sen(u) , −a sen(v)) . (4.71)

Notemos que, para (u , v) ∈ U, os vetores

Xu (u , v) e Xv (u , v) ,

dados por (4.70) e (4.71), respectivamente, s~ao L.I. em R3 .


A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo da De nic~ao 4.1.2, segue que X e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.


Observação 4.1.7

1. O traco da s.p.r X, dada pelo Exemplo 4.1.4 esta contido, na assim denominada, esfera
centrada na origem, de raio igual a, ou seja, no conjunto
{ }
.
S2 = (x , y , z) ; x2 + y2 + z2 = a2 ⊆ R3 . (4.72)

De fato, pois para (u , v) ∈ U temos


(4.61),(4.62),(4.63)
x2 + y2 + z2 = [a sen(v) cos(u)]2 + [a sen(v) sen(u)]2 + [a cos(v)]2
   
 
= a2 sen2 (v) cos2 (u) + sen2 (u) + cos2 (v)
 | {z } 
=1
 
 
= a2 sen2 (v) + cos2 (v)
| {z }
=1
2
=a ,

mostrando a veracidade da a rmac~ao acima.


2. Na verdade o traco da s.p.r. X acima e a esfera S2 , menos os polos norte e sul, ou seja,

X(U) = S2 \ {(0 , 0 , a) , (0 , 0 , −a)} ,

pois v ̸= 0 , π.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
194 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS
x
polo norte
6
+
v

π 6 (x , y , z)

a 
X
- - y

U x
+

- u Y
polo sul

3. Notemos que os pontos polos norte e sul, corresponderiam a considerar

v = 0, respectivamente v = π,

em (4.61), (4.62) e (4.63).

4. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U ,

as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X que contm o ponto qo ser~ao as func~oes


vetoriais αvo : Io =. R → R3 e βuo : Jo =. (0 , π) → R3 , dadas por

.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.60)
= (a sen(vo ) cos(u) , a sen(vo ) sen(u) , a cos(vo )) , para u ∈ R, (4.73)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.60)
= (a sen(v) cos(uo ) , a sen(v) sen(uo ) , a cos(v)) , para v ∈ (0 , π) . (4.74)

Logo, o traco de αvo sera uma semi-circunfer^encia contida na esfera S2 , tambem chamado
de um meridiano da esfera S2 , que contem os polos nortes e sul, menos os polos norte e
sul (ou seja, ligando os polos norte e sul).
Por outro lado, o traco de βuo sera uma circunfer^encia contida na esfera S2 , que sera
denominado de paralelo da esfera S2 .

5. A representac~ao geometrica do traco dos tracos das curvas coordenadas αvo e βuo s~ao
dados pela gura abaixo.
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 195
x
polo norte
αvo (u) = (a sen(vo ) cos(u) , a sen(vo ) sen(u) , a cos(vo )) 6
+
v
paralelo
π 6 R
u = uo

X
- - y
v = vo

k
U x
+

-  βuo = (a sen(v) cos(uo ) , a sen(v) sen(uo ) , a cos(v))


u Y
polo sul

meridiado

Temos tambem o:
Exemplo 4.1.5 Sejam
a ∈ (0 , ∞) ,
{ }
.
e U = (u , v) ∈ R2 ; u , v ∈ R , satisfazem u2 + v2 < a2
= R × (0 , π) . (4.75)
Mostre que a aplicac~ao X : U ⊆ R2 → R3 , dada por
( √ )
.
X(u , v) = u , v , a2 − u2 − v2 , para (u , v) ∈ U , (4.76)
e uma s.p.r. .
Resolução:
Notemos que as func~oes coordenadas x , y , z : U → R, ser~ao dadas por
.
x(u , v) = u , (4.77)
.
y(u , v) = v , (4.78)

.
z(u , v) = a2 − u2 − v2 , para (u , v) ∈ U . (4.79)
logo
x , y , z ∈ C∞ (U ; R) .
Alem disso, para (u , v) ∈ R2 , teremos
∂x (4.77) ∂
(u , v) = [u]
∂u ∂u
= 1, (4.80)
∂x (4.77) ∂
(u , v) = [u]
∂v ∂v
= 0, (4.81)
∂y (4.78) ∂
(u , v) = [v]
∂u ∂u
= 0, (4.82)
∂y (4.78) ∂
(u , v) = [v]
∂v ∂v
= 1, (4.83)
196 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

∂z (4.79) ∂
[√ ]
2 2 2
(u , v) = a −u −v
∂u ∂u
regra da cadeia −2 u
= √
2 a2 − u2 − v2
u
= −√ , (4.84)
a2 − u2 − v2
∂z (4.79) ∂
[√ ]
(u , v) = a2 − u2 − v2
∂v ∂v
regra da cadeia −2 v
= √
2 a − u2 − v2
2
v
= −√ . (4.85)
a2 − u2 − v2
Assim
( )
(4.6) ∂x ∂y ∂z
Xu (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂u ∂u ∂u
( )
(4.64) ,(4.66) e (4.68) u
= 1 , 0 , −√ , (4.86)
a 2 − u2 − v 2
( )
(4.7) ∂ x ∂y ∂z
Xv (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂v ∂v ∂v
( )
(4.81) ,(4.83) e (4.85) v
= 0 , 1 , −√ . (4.87)
a 2 − u2 − v 2
Notemos que, para (u , v) ∈ U, os vetores
Xu (u , v) e Xv (u , v) ,
dados por (4.86) e (4.87), respectivamente, s~ao L.I. em R3 .
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo da De nic~ao 4.1.2, segue que X e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.


Observação 4.1.8

1. O traco da s.p.r X, dada pelo Exemplo 4.1.5 acima , esta contido na esfera centrada na
origem, de raio igual a, ou seja, no conjunto
{ }
.
S2 = (x , y , z) ; x2 + y2 + z2 = a2 ⊆ R3 . (4.88)

De fato, pois para (u , v) ∈ U temos


(4.77),(4.78),(4.79)
[√ ]2
x2 + y2 + z2 = [u]2 + [v]2 + a2 − u2 − v2
( )
= u2 + v2 − a2 − u2 − v2
= a2 ,

mostrando a veracidade da a rmac~ao acima.


4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 197

2. Na verdade o traco da s.p.r. X acima e a, assim denominada, calota superior da esfera


S2 , ou seja,
{ }
X(U) = (x , y , z) ; x2 + y2 + z2 = a2 e z>0 .

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

x
v 6
u2 + v2 = a2
6
=

-
X
- - y
u

U
x
+

3. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U ,

as curvas coordenadas associadas( √ a s.p.r.√ X que cont


) em o ponto qo ser~
ao as func~oes
.
vetoriais αvo , βuo : Io = Jo = − a − vo , a − vo → R , dadas por
2 2 2 2 3

.
αvo (u) = X(u , vo )
( √ ) ( √ √ )
(4.76)
= 2 2 2
u , vo , a − u − vo , para u ∈ − a − vo , a − vo ,
2 2 2 2
(4.89)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
( √ ) ( √ √ )
(4.76)
= 2 2 2
uo , v , a − uo − v , para v ∈ − a − uo , a − uo .
2 2 2 2
(4.90)

Logo, os traco de αvo e βuo ser~ao semi-circunfer^encias contidas na calota superior de S2 .

4. A representac~ao geometrica do traco dos tracos das curvas coordenadas α vo e βuo s~ao
dados pela gura abaixo.
198 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

x
v
αvo (u) = (a sen(vo ) cos(u) , a sen(vo
6
) sen(u) , a cos(v
u2 + v2 = a2 o ))
6
=
v = vo R

-
X
- - y
u
>
U
x
+
u = uo

βuo = (a sen(v) cos(uo ) , a sen(v) sen(uo ) , a cos(v))

De modo semelhante temos o

Exemplo 4.1.6 Sejam


a ∈ (0 , ∞) ,
{ }
.
e U = (u , v) ∈ R2 ; u , v ∈ R satisfazem u2 + v2 < a2
= R × (0 , π) . (4.91)

Mostre que a aplicac~ao X : U ⊆ R2 → R3 , dada por


( √ )
.
X(u , v) = u , v , − a2 − u2 − v2 , para (u , v) ∈ U , (4.92)

e uma s.p.r. .
Resolução:
Deixaremos a resoluc~ao como exerccio para o leitor.


Observação 4.1.9

1. Pode-se mostrar que o traco da s.p.r X, dada pelo Exemplo 4.1.6 acima, esta contido na
esfera centrada na origem, de raio igual a, ou seja, no conjunto
{ }
.
S2 = (x , y , z) ; x2 + y2 + z2 = a2 ⊆ R3 .

Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.


2. Na verdade o traco da s.p.r. X acima e, a assim denominada, calota inferior da esfera
S2 , ou seja,
{ }
X(U) = (x , y , z) ; x2 + y2 + z2 = a2 e z < 0 .

Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.


4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 199

3. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U ,
as curvas coordenadas associadas( √ a s.p.r.√ X que cont
) em o ponto qo ser~
ao as func~oes
.
vetoriais αvo , βuo : Io = Jo = − a − vo , a − vo → R , dadas por
2 2 2 2 3

.
αvo (u) = X(u , vo )
( √ ) ( √ √ )
(4.76)
= 2 2 2
u , vo , − a − u − vo , para u ∈ − a − vo , a − vo ,
2 2 2 2
(4.93)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
( √ ) ( √ √ )
(4.76)
= 2 2 2
uo , v , − a − uo − v , para v ∈ − a − uo , a − uo .
2 2 2 2
(4.94)

Logo, os traco de αvo e βuo ser~ao semi-circunfer^encias contidas na calota inferior de S2 .


4. As s.p.r. dos Exemplos 4.1.2, 4.1.3, 4.1.5 e 4.1.6 s~ao casos particulares de uma classe de
s.p.r., cujos tracos s~ao dados por gra cos de func~oes
aberto
f : U ⊆ R2 → R ,

que pertecem a C∞ (U ; R).


5. Notemos que no Exemplo 4.1.2, temos que f : U =. R2 → R e dada por
. 1
f(u , v) = − (d + a u + b v) , para (u , v) ∈ R2 . (4.95)
c

No Exemplo 4.1.3, temos que f : U =. R2 → R e dada por


2
. u v2
f(u , v) = 2 + 2 , para (u , v) ∈ R2 . (4.96)
a b

No Exemplo 4.1.5, temos que f : U =. U → R e dada por



.
f(u , v) = a2 − u2 − v2 , para (u , v) ∈ U . (4.97)

Ja no Exemplo 4.1.6, temos que


{ }
.
f : U = (u , v) ∈ R2 ; u , v ∈ R , satisfazendo u2 + v2 < a2 →R

e dada por √
.
f(u , v) = − a2 − u2 − v2 , para (u , v) ∈ U . (4.98)
6. Isto ocorre, em geral, mais precisamente, temos a:
11.05.2017 - 17.a aula
Seminários - página 180
15.05.2017 - 18.a aula
200 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

aberto
Proposição 4.1.1 Sejam U ⊆ R2 e f ∈ C∞ (U ; R).
Ent~ao a aplicac~ao X : U → R3 , dada por
.
X(u , v) = (u , v , f(u , v)) , para (u , v) ∈ U , (4.99)

e uma s.p.r. e seu traco coincide com o gra co da func~ao f.


Demonstração:
Notemos que as func~oes coordenadas x , y , z : U → R, ser~ao dadas por
.
x(u , v) = u , (4.100)
.
y(u , v) = v , (4.101)
.
z(u , v) = f(u , v) , para (u , v) ∈ U . (4.102)

Como f ∈ C∞ (U ; R), teremos


x , y , z ∈ C∞ (U ; R) .
Alem disso, para (u , v) ∈ U, teremos
∂x (4.100) ∂
(u , v) = [u]
∂u ∂u
= 1, (4.103)
∂x (4.100) ∂
(u , v) = [u]
∂v ∂v
= 0, (4.104)
∂y (4.101) ∂
(u , v) = [v]
∂u ∂u
= 0, (4.105)
∂y (4.101) ∂
(u , v) = [v]
∂v ∂v
= 1, (4.106)
∂z (4.102) ∂
(u , v) = [f(u , v)]
∂u ∂u
∂f
= (u , v) , (4.107)
∂u
∂z (4.102) ∂
(u , v) = [f(u , v)]
∂v ∂v
∂f
= (u , v) . (4.108)
∂v
Assim
( )
(4.6) ∂x ∂y ∂z
Xu (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂u ∂u ∂u
( )
(4.103) ,(4.105) e (4.107) ∂f
= 1,0, (u , v) , (4.109)
∂u
( )
(4.7) ∂ x ∂y ∂z
Xv (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂v ∂v ∂v
( )
(4.104) ,(4.106) e (4.108) ∂f
= 0,1, (u , v) . (4.110)
∂v
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 201

Notemos que, para (u , v) ∈ U, os vetores


Xu (u , v) e Xv (u , v) ,
dados por (4.109) e (4.110), respectivamente, s~ao L.I. em R3 .
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo da De nic~ao 4.1.2, segue que X e uma s.p.r. .
Por outro lado,
X(U) = {X(u , v) ; (u , v) ∈ U}
(4.99)
= {(u , v , f(u , v)) ; (u , v) ∈ U}
= G(f) ,

onde G(f), denota o gráfico da função f, completando a demonstrac~ao.




Observação 4.1.10

1. A situac~ao acima pode ser representada geometricamente pela gura abaixo:


z

(u , v , f(u , v)) = X(u , v)

X(U) = G(f)
-

- y=v

(u , v)

+
x=u U

2. Para cada (u , v) ∈ U, a matriz jacobiana associada a X, dada por (4.99), sera dada por
∂x ∂x 
(u , v) (u , v)
 ∂u ∂v 
 
 
∂ y ∂y 
JX (u , v) = 
 ∂u (u , v) (u , v)
 ∂v 
 
 
∂z ∂z
(u , v) (u , v)
∂u ∂v  
1 0
(4.103),(4.104),(4.105),(4.106),(4.107),(4.108) 


,
= ∂f
0 1
 (4.111)
∂f
(u , v) (u , v)
∂u ∂v
e assim tera posto 2.
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
202 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

3. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U ,

as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X que contem o ponto qo ser~ao as func~oes


vetoriais αvo : Io → R3 e βuo : Jo → R3 , onde
uo ∈ Io vo ∈ Jo e Io × Jo ⊆ U ,

dadas por
.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.99)
= (u , vo , f(u , vo )) , para u ∈ R, de modo que u ∈ Io , (4.112)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.99)
= (uo , v , f(uo , v)) , para v ∈ R, de modo que v ∈ Jo . (4.113)

4. A representac~ao geometrica dos tracos das curvas coordenadas, dadas por (4.112) e (4.113),
podem ser obtidas por meio da intersec~ao dos planos
v = vo e u = uo

com a representac~ao geometrica do gra co da func~ao f, respectivamente.


A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z

6
αvo (u) = (u , vo , f(u , vo ))
βuo (v) = (uo , v , f(uo , v))

^ 9

- y=v

u = uo

+
x=u U
v = vo

A seguir aplicaremos a Proposic~ao 4.1.1 ao

Exemplo 4.1.7 Sejam a , b ∈ R e consideremos X : U =. R2 → R3 , dada por


( )
. u2 v2
X(u , v) = u,v, 2 − 2 , para (u , v) ∈ R2 . (4.114)
a b

Mostre que X e uma s.p.r. .


4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 203

Resolução:
Notemos que se f : U =. R2 → R e dada por

2
. u v2
f(u , v) = 2 − 2 , para (u , v) ∈ R2 , (4.115)
a b
( )
ent~ao f ∈ C∞ R2 ; R e, para (u , v) ∈ R2 , temos que
( )
(4.114) u2 v2
X(u , v) = u,v, 2 − 2
a b
(4.115)
= (u , v , f(u , v)) .

Logo, da Proposic~ao 4.1.1, segue que X e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.




Observação 4.1.11

1. Como visto na Proposic~ao 4.1.1, o traco da s.p.r X, dada pelo Exemplo 4.1.7 acima, coin-
cide com o gra co da func~ao f, dada por (4.115) que, como foi visto na disciplina de
Geometria Analtica, e o parabolóide hiperbólico.
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do traco da s.p.r X, dada pelo
Exemplo 4.1.7 acima.

v
6
( )
2 2 z
αvo (u) = u , vo , u2 − vo2
6
a b
y
-u 
X
j
( )
2 2
u , v , u2 − v 2
a b
-
-x
q N

( )
u2 2
βuo (v) = uo , v , o − v2
a2 b

2. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ R2 ,

as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X, dada por (4.114), que contem o ponto qo
204 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

ser~ao as func~oes vetoriais αvo , βuo : R → R3 , dadas por


.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.114)
= (u , vo , f(u , vo ))
( )
(4.115) u2 vo2
= u , vo , 2 − 2 , para u ∈ R, (4.116)
a b
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.114)
= (uo , v , f(uo , v))
( )
(4.115) uo2 v2
= uo , v , 2 − 2 , para v ∈ R. (4.117)
a b

Notemos que o traco da curva coordenada αvo sera uma parabola, cuja concavidade esta
voltada para cima (veja (4.116)), e o traco da curva coordenada βuo sera uma parabola,
cuja concavidade esta voltada para baixo (veja (4.117)).
3. Notemos tambem que a intersecc~ao do traco da s.p.r. X, dada por (4.114), com o plano
z = zo

ser~ao hiperboles, dadas por


u2 v2
− = zo , (4.118)
a2 b2
no plano z = zo .
A representac~ao geometrica dos gra cos das mesmas podem ser vistos na gura abaixo.
( )
2 2
u , v , u2 − v 2 = zo > 0
a b
v
6
z

6 y
-u 
X ~
j
/
*
-x
( )
2 2
u , v , u2 − v 2 = zo < 0
a b z

Outro modo de obtermos s.p.r. e dado pela


4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 205

Proposição 4.1.2 Suponhamos que f , g ∈ C∞ ((a , b) → R, tais que


f(u) ̸= 0 , para u ∈ (a , b) (4.119)
e a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 , dada por
.
α(u) = (f(u) , 0 , g(u)) , para u ∈ (a , b) , (4.120)
seja uma curva parametrizada regular.
Ent~ao a aplicac~ao X : U =. (a , b) × R → R3 , dada por
.
X(u , v) = (f(u) cos(v) , f(u) sen(v) , g(u)) , para (u , v) ∈ U (4.121)
e uma s.p.r. .
Demonstração:
Notemos que as func~oes coordenadas x , y , z : U → R, ser~ao dadas por
.
x(u , v) = f(u) cos(v) , (4.122)
.
y(u , v) = f(u) sen(v) , (4.123)
.
z(u , v) = g(u) , para (u , v) ∈ U . (4.124)
logo
x , y , z ∈ C∞ (U ; R) .
Alem disso, para (u , v) ∈ U, teremos
∂x (4.122) ∂
(u , v) = [f(u) cos(v)]
∂u ∂u
= f ′ (u) cos(v) , (4.125)
∂x (4.122) ∂
(u , v) = [f(u) cos(v)]
∂v ∂v
= −f(u) sen(v) , (4.126)
∂y (4.123) ∂
(u , v) = [f(u) sen(v)]
∂u ∂u
= f ′ (u) sen(v) , (4.127)
∂y (4.123) ∂
(u , v) = [f(u) sen(v)]
∂v ∂v
= f(u) cos(v) , (4.128)
∂z (4.124) ∂
(u , v) = [g(u)]
∂u ∂u
= g ′ (u) , (4.129)
∂z (4.124) ∂
(u , v) = [g(u)]
∂v ∂v
= 0. (4.130)
Assim
( )
(4.6) ∂x ∂y ∂z
Xu (u , v) = (u , v) , (u , v) , (u , v)
∂u ∂u ∂u
(4.125) ,(4.127) e (4.129) ( ′ )
= f (u) cos(v) , f ′ (u) sen(v) , g ′ (u) , (4.131)
( )
(4.7) ∂ x ∂y ∂z
Xv (u , v) = (u , v) , (u , v) , (u , v)
∂v ∂v ∂v
(4.126) ,(4.128) e (4.130)
= (−f(u) sen(v) , f(u) cos(v) , 0) . (4.132)
206 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Desta forma teremos:



⃗e1 ⃗
e ⃗
e
2 3


∂ x
(u , v) ∂ y (u , v) ∂ z (u , v)
Xu (u , v) × Xv (u , v) = ∂u
∂u ∂u


∂ x ∂y ∂z
(u , v) (u , v) (u , v)
∂v ∂v ∂v

e1 ⃗
e2 ⃗e3




= f (u) cos(v) f ′ (u) sen(v) g ′ (u)



−f(u) sen(v) f(u) cos(v) 0
{ }
= f ′ (u) sen(v) · 0 − g ′ (u) [f(u) cos(v)] · ⃗e1
{ }
− f ′ (u) cos(v) · 0 + g ′ (u) [−f(u) sen(v)] · ⃗e2
{ }
+ f ′ (u) cos(v) f(u) cos(v) − f ′ (u) sen(v) [−f(u) sen(v)] · ⃗e3
= −g ′ (u) f(u) cos(v) · ⃗e1 − g ′ (u) f(u) sen(v) · ⃗e2
[ ]
+ f ′ (u) f(u) cos2 (v) + f ′ (u) f(u) sen2 (v) · ⃗e3
= f(u) [−g ′ (u) cos(v)] · ⃗e1 − f(u)[g ′ (u) sen(v)] · ⃗e2 + f(u) f ′ (u) · ⃗e3 (4.133)

Logo,

(4.133)
{ }
∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥2 = f 2 (u) [f ′ (u)]2 + [g ′ (u)]2 . (4.134)
| {z } | {z }
(4.119)
(4.120)
̸= 0 = ∥α ′ (u)∥2 ̸=0 , pois a a curva 
e c.p.r.

Portanto, para (u , v) ∈ U, temos que os vetores

Xu (u , v) e Xv (u , v)

s~ao L.I., ou seja, X, dada por (4.121), e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.

Com isto podemos introduzir a:

Definição 4.1.4 A aplicac~


ao X introduzida na Proposic~ao 4.1.2 (dada por (4.121)), sera deno-
minada superfı́cie de revolução (ou rotação) da c.p.r. α, em torno do eixo Oz.

Observação 4.1.12

1. A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do traco da s.p.r X, dada pela
Proposic~ao 4.1.2 acima.
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 207
z
6
(f(u) cos(v) , f(u) sen(v) , g(u))

6 
X
U -
-u
a b
-y
7
v

2. Note que a representac~ao geometrica do traco da s.p.r. X, dada por (4.121), pode ser
obtida rotacionando-se o traco da c.p.r. α, dada por (4.120), em torno do eixo Oz.
3. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U ,
as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X, dada por (4.121), que contem o ponto qo
ser~ao as func~oes vetoriais αvo : (a , b) → R3 e βuo : R → R3 , dadas por
.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.121)
= (f(u) cos(vo ) , f(u) sen(vo ) , g(u)) , para u ∈ (a , b) , (4.135)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.121)
= (f(uo ) cos(v) , f(uo ) sen(v) , g(uo )) , para v ∈ R, (4.136)

As representac~oes geometricas dos tracos das mesmas podem ser vistos na gura abaixo.

z
6 αvo (u) = (f(u) cos(vo ) , f(u) sen(vo ) , g(u))
βuo (v) = (f(uo ) cos(v) , f(uo ) sen(v) , g(uo ))

6 v = vo
X
U - R
-u +
a b
-y
vo 7
u = uo x

Desta forma, o traco da curva coordenada αvo pode ser obtido rotacionando-se de um
^angulo vo , em torno do eixo Oz, o traco da c.p.r. α.
Por outro lado, o traco da curva coordenada βuo e uma circunfer^encia de centro no ponto
(0 , 0 , 0) e raio igual a |f(uo )|, contida no plano

z = g(uo ) .
208 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

4. As curvas coordenadas αvo e βuo s~ao denominadas meridianos e paralelos, respectiva-


mente, da s.p.r. X (que e uma superfcie de revoluc~ao.
5. Notemos que o traco da c.p.r. α, dada por (4.120), esta contida no plano xOz e, de (4.119),
segue que ele n~ao intercepta o eixo Oz.
6. Podemos generalizar a Proposicao 4.1.2.
Mais precisamente, suponhamos que uma c.p.r. α : (a , b) → R3 tenha seu traco contido
em um plano Π e l e uma reta, cujo traco esta contido no plano Π, e n~ao intercepta o
traco de α.
Logo podemos obter uma superfcie, que sera de revoluc~ao (ou rotac~ao), rotacionando-se
o traco de α em torno da reta l.
Pode-se mostrar que tal superfcie pode ser obtida como traco de uma s.p.r. .
Deixaremos a veri cac~ao deste fato com exerccio para o leitor.

A seguir exibiremos alguns casos importante se superccies de revoluc~ao.


Comecaremos pelo

Exemplo 4.1.8 Seja a ∈ R \ {0} xado. Consideremos a aplicac~ao X : U =. R2 → R3 , dada por


.
X(u , v) = (a cos(v) , a sen(v) , u) , para (u , v) ∈ R2 . (4.137)

Mostre que X e uma s.p.r. .


Resolução:
Consideremos as func~oes f , g : R → R, dadas por
.
f(r) = a , para r ∈ R , (4.138)
.
g(s) = s , para s ∈ R . (4.139)

Logo

f , g ∈ C∞ (R ; R) ,
(4.138)
e f(r) = a ̸= 0 , para r ∈ R, ,

ou seja, as func~oes f e g satisfazem as condic~oes da Proposic~ao 4.1.2.


Alem disso, notemos que, para (u , v) ∈ R2 , temos
(4.137)
X(u , v) = (a cos(v) , a sen(v) , u)
(4.138) e (4.139)
= (f(u) cos(v) , f(u) sen(v) , g(u)) .

Portanto, pela Proposic~ao 4.1.2, temos que X e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.


Observação 4.1.13
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 209

1. A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do traco da s.p.r X, introduzida
no Exemplo 4.1.8 acima (dada por (4.137)).
Trata-se da rotac~ao de uma reta, contida no plano xOz, paralela ao eixo Oz, ou seja, o
traco da c.p.r. α : R → R3 , dada por
.
α(u) = (a , 0 , u) , para u ∈ R,

em torno do eixo Oz que, que como foi visto na disciplina de Geometria Analtica, e um
cilindro circular reto.

6
X(u , v) = (a cos(v) , a sen(v) , u)

v
(u , v)
6 
X
- -
- y

2. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U = R2 ,

as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X, dada por (4.137), que contem o ponto qo
ser~ao as func~oes vetoriais αvo : (a , b) → R3 e βuo : R → R3 , dadas por

.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.137)
= (a cos(vo ) , a sen(vo ) , u) , para u ∈ (a , b) , (4.140)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.137)
= (a cos(v) , a sen(v) , uo ) , para v ∈ R, (4.141)

Logo, os meridianos, ou seja, a curva coordenada αvo , sera uma reta perpendicular ao
plan xOy (sera tambem uma geratriz do cilindro circular reto) e a curva coordenada βuo ,
sera a circunfer^encia
x2 + y2 = a2 .

contida no plano
z = uo .

As representac~oes geometricas dos tracos das mesmas podem ser vistos na gura abaixo.
210 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS
z

αvo (u) = (a cos(vo ) , a sen(vo ) , u) 6


meridiano
v

6 v = vo
)
X
- -
u
s
- y

 O
u = uo
x

βuo (v) = (a cos(v) , a sen(v) , uo )


paralelo

Temos tambem o
Exemplo 4.1.9 Seja a ∈ R \ {0} xado. Consideremos a aplicac~ao X : U =. R2 → R3 , dada por
( (u) (u) )
.
X(u , v) = u , a cosh cos(v) , a cosh sen(v) , para (u , v) ∈ R2 . (4.142)
a a
Mostre que X e uma s.p.r. .
Resolução:
Consideremos as func~oes f , g : R → R, dadas por
(r)
.
f(r) = a cosh , (4.143)
a
.
g(s) = s , para u ∈ R . (4.144)
Logo
f , g ∈ C∞ (R ; R) ,
(4.143)
(r)
e f(r) = a cosh ̸= 0 , para r ∈ R, ,
a
ou seja, as func~oes f e g satisfazem as condic~oes da Proposic~ao 4.1.2, trocando-se a o eixo de rotac~ao
Oz pelo eixo Ox.
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Alem disso, notemos que, para (u , v) ∈ R2 , temos
(4.142)
( (u) (u) )
X(u , v) = u , a cosh cos(v) , a cosh sen(v)
a a
(4.143) e (4.144)
= (g(u) , f(u) cos(v) , f(u) sen(v)) .
Portanto, pela Proposic~ao 4.1.2 (trocando-se o eixo de rotac~ao para o eixo Ox), temos que X e
uma s.p.r., completando a resoluc~ao.

Observação 4.1.14
1. A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do traco da s.p.r. X, introduzida
no Exemplo 4.1.9 acima (dada por (4.142)).
Trata-se a rotac~ao da catenária α : R → R3 , dada por
( (u) )
.
α(u) = u , a cosh ,0 (4.145)
a
contida no plano xOy, em torno do eixo Ox que, como foi visto na disciplina de Geometria
Analtica, e uma catenóide.
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 211
z

6
y

7
v (u , v)
6
X -
- - x
u

( ( ) ( ) )
X(u , v) = u,a cosh
u cos(v) , a cosh
u sen(v)
a a

2. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U = R2 ,
as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X, dada por (4.137), que contem o ponto qo
ser~ao as func~oes vetoriais αvo : (a , b) → R3 e βuo : R → R3 , dadas por
.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.142)
( (u) (u) )
= u , a cosh cos(vo ) , a cosh sen(vo ) , para u ∈ (a , b) , (4.146)
a a
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.142)
( (u ) (u ) )
= uo , a cosh
o
cos(v) , a cosh o sen(v) , para v ∈ R, (4.147)
a a

Logo, os meridianos, ou seja, a curva coordenada αvo , pode ser obtida da rotac~ao de
^angulo vo , em torno do eixo Oy, do traco da catenaria α (dada por (4.145)), e a curva
coordenada βuo , sera a circunfer^encia
(u )
x2 + y2 = a2 cosh2
o
.
a
contida no plano
x = uo .

As representac~oes geometricas dos tracos das mesmas podem ser vistos na gura abaixo.

z
meridiano y
6 

v
?
6 v = vo
X -
- - : 6 x
u

paralelo


u = uo
βuo (v) = (a cos(v) , a sen(v) , uo )

αvo (u) = (a cos(vo ) , a sen(vo ) , u)


212 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Um outro caso importante e dado pelo


Exemplo 4.1.10 Sejam a ∈ R \ {0} e r ∈ (0 , a) xados. Consideremos a aplicac~ao X : U =. R2 →
R3 , dada por
.
X(u , v) = ([a + r cos(u)] cos(v) , [a + r cos(u)] sen(v) , r sen(u)) , para (u , v) ∈ R2 . (4.148)
Mostre que X e uma s.p.r. .
Resolução:
Consideremos as func~oes f , g : R → R, dadas por
.
f(r) = a + r cos(u) , (4.149)
.
g(s) = r sen(u) , para u ∈ R. (4.150)
Logo
f , g ∈ C∞ (R ; R) ,
(4.149)
e f(r) = a + r cos(u) ̸= 0 , para r ∈ R ,
pois r ∈ (0 , a).
Logo, as func~oes f e g satisfazem as condic~oes da Proposic~ao 4.1.2.
Alem disso, notemos que, para (u , v) ∈ R2 , temos
(4.148)
X(u , v) = ([a + r cos(u)] cos(v) , [a + r cos(u)] sen(v) , r sen(u))
(4.149) e (4.150)
= (f(u) cos(v) , f(u) sen(v) , g(u)) .

Portanto, pela Proposic~ao 4.1.2, temos que X e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.


Observação 4.1.15

1. A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do traco da s.p.r X, introduzida
no Exemplo 4.1.10 acima (dada por (4.148)).
z
6

v
6 (u , v)
X
-
- y

-u



x

X(u , v) = ([a + r cos(u)] cos(v) , [a +r cos(u)] sen(v) , r sen(u))

Trata-se da rotac~ao da circunferência que e o traco da c.p.r. α : R → R3 , dada por


4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 213

.
α(u) = (f(u) , 0 , g(u))
(4.149) e (4.150)
= (a + r cos(u) , 0 , r sen(u)) ,

centrado no ponto
(a , 0 , 0) ,
e raio e igual a r, contida no plano xOz, em torno do eixo Oz que, como foi visto na
disciplina de Geometria Analtica, e um toro .
y
6 z


7
v
α(u)
6
X
- - (a , 0 , )
u -
x
r
w

2. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U = R2 ,
as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X, dada por (4.148), que contem o ponto qo
ser~ao as func~oes vetoriais αvo : R → R3 e βuo : R → R3 , dadas por
.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.148)
= ([a + r cos(u)] cos(vo ) , [a + r cos(u)] sen(vo ) , r sen(u)) , (4.151)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.148)
= ([a + r cos(uo )] cos(v) , [a + r cos(uo )] sen(v) , r sen(uo )) , (4.152)

para u , v ∈ R.
Logo, o meridiano acima, ou seja, a curva coordenada αvo , sera uma circunfer^encia con-
tida no plano
sen(vo ) x − cos(vo ) y = 0
de raio igual a r e a curva coordenada βuo , sera a circunfer^encia centrada no eixo Oz,
cujo raio e igual a
a + r cos(uo )
e contida no plano
z = r sen(uo ) .

As representac~oes geometricas dos tracos das mesmas podem ser vistos na gura abaixo.
214 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS
βuo (v) = ([a + r cos(uo )] cos(v) , [a +r cos(uo )] sen(v) r sen(uo ))

z meridiano
paralelo 6

v
6
v = vo ^
X
-
? - y

-u 

7
u = uo
x

αvo (u) = ([a + r cos(u)] cos(vo ) , [a +r cos(u)] sen(vo ) r sen(u))

3. Observemos que o traco de uma s.p.r. pode admitir auto-intersecc~oes, ou seja, podem
existir
(uo , vo ) , (u1 , v1 ) ∈ U ,
tais que X(uo , vo ) − X(u1 , v1 ) ,

como e o caso de alguns tipos de superfcies de revoluc~ao.


Se, por exemplo, na Proposic~ao 4.1.2, tivermos
.
(a , b) = (−π , 3π)

ent~ao teremos
(4.121) com v=2 π
X(u , 2 π) = (f(u) cos(2 π) , f(u) sen(2 π) , g(u))
= (f(u) , 0 , g(u))
= (f(u) cos(0) , f(u) sen(0) , g(u))
(4.121) com v=0
= X(u , 0) ,

mostrando que o traco da s.p.r. X, dada por (4.121), possui auto-intersecc~ao.


Temos tambem o
.
Exemplo 4.1.11 Seja a ∈ R \ {0} xado. Consideremos a aplicac~ao X : U = (0 , π) × R → R3 ,
dada por
.
X(u , v) = (a sen(u) cos(v) , a sen(u) sen(v) , a cos(u)) , para (u , v) ∈ U . (4.153)

Mostre que X e uma s.p.r. .


Resolução:
Consideremos as func~oes f , g : R → R, dadas por
.
f(r) = a sen (r) , para r ∈ (0 , π) , (4.154)
.
g(s) = a cos (s) , para s ∈ R . (4.155)
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 215

Logo

f , g ∈ C∞ (R ; R) ,
(4.154)
e f(r) = a sen (r) ̸= 0 , para r ∈ (0 , π) ,

ou seja, as func~oes f e g satisfazem as condic~oes da Proposic~ao 4.1.2.


Alem disso, notemos que, para (u , v) ∈ U, temos
(4.153)
X(u , v) = (a sen(u) cos(v) , a sen(u) sen(v) , a cos(u))
(4.154) e (4.155)
= (f(u) cos(v) , f(u) sen(v) , g(u)) .

Portanto, pela Proposic~ao 4.1.2, temos que X e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.


Observação 4.1.16

1. O Exemplo 4.1.11 acima, e semelhante ao Exemlo 4.1.4.


2. A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do traco da s.p.r X, introduzida
no Exemplo 4.1.11 acima (dada por (4.158)).
z
6
α(u) = (a sen(u) , 0 , a cos(u))

v
6
R
X
-
-
y
-u



x

Trata-se da rotac~ao de uma semi-circunferência que e o traco da c.p.r. α : R → R3 , dada


por
.
α(u) = (f(u) , 0 , g(u))
(4.159) e (4.160)
= (a sen(u) , 0 , a cos(u)) ,

centrado no ponto
(0 , 0 , 0)

cujo raio e igual a a, contida no plano xOz, em torno do eixo Oz que, como foi visto na
disciplina de Geometria Analtica, e uma esfera, excetuando-se os polos norte e sul.
216 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

v
(u , v)
6
X
- -
u

.
X(u , v) = (a sen(u) cos(v) , a sen(u) sen(v) , a cos(u))

3. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U = R2 ,

as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X, dada por (4.153), que contem o ponto qo
ser~ao as func~oes vetoriais αvo : (0 , π) → R3 e βuo : R → R3 , dadas por
.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.153)
= (a sen(u) cos(vo ) , a sen(u) sen(vo ) , a cos(u)) , para u ∈ (0 , π) , (4.156)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.153)
= (a sen(uo ) cos(v) , a sen(uo ) sen(v) , a cos(uo )) , para v ∈ R, (4.157)

Logo, o meridiano acima, ou seja, a curva coordenada αvo , sera uma semi-circunfer^encia
contida no plano
sen(vo ) x − cos(vo ) y = 0
de raio igual a a e a curva coordenada βuo , sera a circunfer^encia centrada no eixo Oz,
cujo raio e igual a
|a sen(uo )|

e contida no plano
z = a cos(uo ) .

As representac~oes geometricas dos tracos das mesmas podem ser vistos na gura abaixo.

polo norte


paralelo
u = uo
v

6 v = vo
X
- -
u

K

3
αvo (u) = (a sen(u) cos(vo ) , a sen(u) sen(vo ) , a cos(u))

meridiano βuo (v) = (a sen(uo ) cos(v) , a sen(uo ) sen(v) , a cos(uo ))


4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 217

4. Observemos se u ∈ (0 , π), temos


(4.153) com v=2 π
X(u , 2 π) = (a sen(u) cos(2 π) , a sen(u) sen(2 π) , a cos(u))
= (a sen(u) , 0 , a cos(u))
= (a sen(u) cos(0) , a sen(u) sen(0) , a cos(u))
(4.153) com v=0
= X(u , 0) ,

mostrando que o traco da s.p.r. X, dada por (4.153), possui auto-intersecc~ao.


Um outro caso importante, de uma s.p.r. que n~ao e uma superfcie de revolu~ao, em que ocorre
auto-intersecc~aoes no traco, e dado pelo:
Exemplo 4.1.12 Consideremos a aplicac~ ao X : U =. R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = (cos(u) [2 cos(u) − 1] , sen(u) [2 cos(u) − 1] , v) , para (u , v) ∈ R2 . (4.158)
Mostre que X e uma s.p.r. .
Resolução:
Notemos que as func~oes coordenadas x , y , z : U → R, ser~ao dadas por
.
x(u , v) = cos(u) [2 cos(u) − 1] , (4.159)
.
y(u , v) = sen(u) [2 cos(u) − 1] , (4.160)
.
z(u , v) = v , para (u , v) ∈ U . (4.161)
logo
x , y , z ∈ C∞ (U ; R) .
Alem disso, para (u , v) ∈ R2 , teremos
∂x (4.159) ∂
(u , v) = {cos(u) [2 cos(u) − 1]}
∂u ∂u
= − sen(u) [2 cos(u) − 1] + cos(u) [−2 sen(u)]
= sen(u) − 4 sen(u) cos(u) , (4.162)
∂x (4.159) ∂
(u , v) = {cos(u) [2 cos(u) − 1]}
∂v ∂v
= 0, (4.163)
∂y (4.160) ∂
(u , v) = { sen(u) [2 cos(u) − 1]}
∂u ∂u
= cos(u) [2 cos(u) − 1] + sen(u) [−2 sen(u)]
= 2 [cos2 (u) − sen2 (u)] − cos(u) , (4.164)
∂y (4.160) ∂
(u , v) = { sen(u) [2 cos(u) − 1]}
∂v ∂v
= 0, (4.165)
∂z (4.161) ∂
(u , v) = [v]
∂u ∂u
= 0, (4.166)
∂z (4.161) ∂
(u , v) = [v]
∂v ∂v
= 1. (4.167)
218 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Assim
( )
(4.6) ∂x ∂y ∂z
Xu (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂u ∂u ∂u
(4.162) ,(4.164) e (4.166)
( )
= sen(u) − 4 sen(u) cos(u) , 2 [cos2 (u) − sen2 (u)] − cos(u) , 0 , (4.168)
( )
(4.7) ∂ x ∂y ∂z
Xv (u , v) = (qo ) , (qo ) , (qo )
∂v ∂v ∂v
(4.163) ,(4.165) e (4.167)
= (0 , 0 , 1) . (4.169)

Notemos que, para (u , v) ∈ U, os vetores

Xu (u , v) e Xv (u , v) ,

dados por (4.168) e (4.169), respectivamente, s~ao L.I. em R3 .


A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo da De nic~ao 4.1.2, segue que X e uma s.p.r., completando a resoluc~ao.
Observemos que, para v ∈ R, teremos

(4.158) com v=2 π


X(2 π , v) = (cos(2 π) [2 cos(2 π) − 1] , sen(2 π) [2 cos(2 π) − 1] , v)
= (1 , 0 , v)
= (cos(0) [2 cos(0) − 1] , sen(0) [2 cos(0) − 1] , v)
(4.158) com v=0
= X(0 , v) ,

mostrando que o traco da s.p.r. X, dada por (4.158), possui auto-intersecc~ao, completando a resoluc~ao.


Observação 4.1.17

1. O traco da s.p.r. X, do Exemplo 4.1.12 acima (dada por (4.158)), pode ser obtida colocando-
se em cada ponto do traco da c.p.r., α : R → R3 , dada por
.
α(r) = (cos(r) [2 cos(r) − 1] , sen(r) [2 cos(r) − 1] , 0) , para r ∈ R, (4.170)

que esta contida no plano xOy, uma reta paralela ao eixo Oz.
O traco da c.p.r. α e uma cardióide, contida no plano xOy.

2. A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do traco da s.p.r X, introduzida
no Exemplo 4.1.12 acima (dada por (4.158)).
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 219

v
(u , v)
6
X
- -
u

X(u , v) = (cos(u) [2 cos(u) − 1] , sen(u) [2 cos(u) − 1] , v)

3. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U = R2 ,
as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X, dada por (4.158), que contem o ponto qo
ser~ao as func~oes vetoriais αvo : (a , b) → R3 e βuo : R → R3 , dadas por

.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.158)
= (cos(u) [2 cos(u) − 1] , sen(u) [2 cos(u) − 1] , vo ) , para u ∈ (a , b) , (4.171)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.158)
= (cos(uo ) [2 cos(uo ) − 1] , sen(uo ) [2 cos(uo ) − 1] , v) , para v ∈ R, (4.172)

Logo, o meridiano acima, ou seja, a curva coordenada αvo , sera o traco da c.p.r. α (dada
por (4.170)) transladada para o plano
z = vo

e a curva coordenada βuo , sera a reta que contem o ponto


α(uo ) = (cos(uo ) [2 cos(uo ) − 1] , sen(uo ) [2 cos(uo ) − 1] , 0)

e e perpendicular ao plano xOy.


As representac~oes geometricas dos tracos das mesmas podem ser vistos na gura abaixo.

6 v = vo
X
- -
u

u = uo
-
αvo (u) = (cos(u) [2 cos(u) − 1] , sen(u) [2 cos(u) − 1] , vo )
*

βuo (v) = (cos(uo ) [2 cos(uo ) − 1] , sen(uo ) [2 cos(uo ) − 1] , v)


220 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

18.05.2017 - 19.a aula


Uma classe de s.p.r. importantes s~ao aquelas que, em cada ponto do seu traco, possem uma reta,
ou segmento de reta, que esta inteiramente contida no seu traco, mais precisamnte, temos a:
aberto
Definição 4.1.5 Diremos que uma s.p.r. X : U ⊆ R2 → R3  e regrada se, para Qo =. (uo , vo ) ∈
.
U, o ponto Po = X(Qo ), pertence a uma reta ou segmento de reta, que est
a inteiramente contida
em X(U).
A seguir exibiremos alguns casos importantes relacionados com a De nic~ao 4.1.5
Exemplo 4.1.13 Mostre que a s.p.r. do Exemplo 4.1.8 e regrada.
Demonstração:
Notemos que o traco da s.p.r. do Exemplo 4.1.8 e um cilindro circular reto (veja o item 1. da
Observac~ao 4.1.13).
Logo se

Po = (xo , yo , zo ) ∈ X(U) ,
podemos encontrar vo ∈ R ,
de modo que Po = (a cos(vo ) , a sen(vo ) , zo )
= (a cos(vo ) , a sen(vo ) , 0) + zo · (0 , 0 , 1) .

Logo a reta

r : X = (a cos(vo ) , a sen(vo ) , 0) + λ · (0 , 0 , 1) , para λ ∈ R ,


| {z }

̸=O

e uma reta que esta contida no traco de X e que contem o ponto Po (basta tomar λ = zo ) mostrando,
pela De nic~ao 4.1.5, que a s.p.r. X, dada por (4.137), e regrada, completando a resoluc~ao.

Um outro caso importante e dado pelo
Exemplo 4.1.14 Consideremos a aplicac~ao X : U =. (0 , ∞) × R → R3 , dada por
.
X(u , v) = (u cos(v) , u sen(v) , u) , para (u , v) ∈ U . (4.173)

Mostre que X e uma s.p.r. regrada.


Resolução:
Consideremos as func~oes f , g : (0 , ∞) → R, dadas por
.
f(r) = g(r) = r , para r ∈ R . (4.174)

Logo

f , g ∈ C∞ ((0 , ∞) ; R) ,
(4.138)
e f(r) = r ̸= 0 , para r ∈ (0 , ∞), ,

ou seja, as func~oes f e g satisfazem as condic~oes da Proposic~ao 4.1.2.


4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 221

Alem disso, notemos que, para (u , v) ∈ U, temos

(4.137)
X(u , v) = (u cos(v) , u sen(v) , u)
(4.174)
= (f(u) cos(v) , f(u) sen(v) , g(u)) .

Portanto, pela Proposic~ao 4.1.2, temos que X e uma s.p.r. .


Mostremos que X(U) e regrada.
De fato, se

Po = (xo , yo , zo ) ∈ X(U) ,
podemos encontrar uo ∈ (0 , ∞)
e vo ∈ R ,
de modo que Po = (uo cos(vo ) , uo sen(vo ) , uo )
= uo · (cos(vo ) , sen(vo ) , 1) .

Desta forma a reta

r : X = (0 , 0 , 0) + λ · (cos(vo ) , sen(vo ) , 1) , para λ ∈ (0 , ∞)


| {z }

̸=O

e uma semi-reta, cujo traco esta contido em X(U) e contem o ponto Po (basta λ = uo ), mostrando,
pela De nic~ao 4.1.5, que a s.p.r. X, dada por (4.173), e regrada, completando a resoluc~ao.


Observação 4.1.18

1. A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do traco da s.p.r X, introduzida
no Exemplo 4.1.14 acima (dada por (4.173)).
Trata-se da rotac~ao de uma reta

r : X = (0 , 0 , 0) + λ · (1 , 0 , 1) , para λ ∈ R,

contida no plano xOz, ou seja, o traco da c.p.r. α : R → R3 , dada por


.
α(u) = (u , 0 , u) , para u ∈ R,

em torno do eixo Oz que, como foi visto na disciplina de Geometria Analtica, e um


cone circular reto.
222 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS
z

v
(u , v)
6
X
- -
u
3
U o
X(u , v) = (u cos(v) , u sen(v) , u)

- y

reta contida no plano xOz, rotaionada em torno do eixo Oz



x

2. Dado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U = R2 ,

as curvas coordenadas associadas a s.p.r. X, dada por (4.173), que contem o ponto qo
ser~ao as func~oes vetoriais αvo : Io =. (0 , ∞) → R3 e , βuo : Jo =. R → R3 , dadas por
.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.173)
= (u cos(vo ) , u sen(vo ) , u) , para u ∈ (0 , ∞) , (4.175)
e
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.173)
= (uo cos(v) , uo sen(v) , uo ) , para v ∈ R, (4.176)

Logo, os meridianos, ou seja, a curva coordenada αvo , sera uma reta que contem o ponto

O = (0 , 0 , 0)

e tem a direc~ao do vetor (n~ao nulo)

(cos(vo ) , sen(vo ) , 1)

(sera tambem uma geratriz do cone circular reto) e a curva coordenada βuo , sera a
circunfer^encia
x2 + y2 = uo2 .

contida no plano
z = uo .

As representac~oes geometricas dos tracos das mesmas podem ser vistos na gura abaixo.
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 223
z

6 meridiano

paralelo

v
6 v = vo

~ 
X
- -
u
k
U
* βuo (v) = (uo cos(v) , uo sen(v) , uo )

u = uo
αvo (u) = (u cos(vo ) , u sen(vo ) , u)

- y

.
3. Uma outra s.p.r. que tem o seu traco contido em um cone circular reto e X : U =
R2 \ {(0 , 0)} → R3 , dada por
( √ )
.
X(u , v) = u , v , u2 + v2 , para (u , v) ∈ U . (4.177)

Deixaremos como exerccio mostrar que X, dada por (4.177), e uma s.p.r. regrada e que
seu traco esta contido no cone circular reto cuja equac~ao e dada por
z 2 = x2 + y 2 .

Temos agora a
aberto
Proposição 4.1.3Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. e qo =. (uo , vo ) ∈ U.
Ent~ao, podemos encontrar uma vizinhanca de qo , que indicaremos por
V = V(qo ) ⊆ U ,

de modo que a restric~ao da aplicac~ao X ao conjunto aberto V e injetora, ou seja, a aplicac~ao


X|V : V → R3 (4.178)
e injetora.
Demonstração:
Suponhamos que as func~oes coordenadas associadas a X sejam as func~oes
x,y,z : U → R.

Logo, da De nic~ao 4.1.2, segue que a func~ao


X ′ (qo ) : R2 → R3

e injetora, ou ainda, do item 3. da Observac~ao 4.1.2, que a matriz jacobiana associada a func~ao X, em
qo , tenha posto igual a 2.
Sem perda de generalidade, podemos supor que

∂x ∂x
(qo )
∂u (qo ) ∂v

̸= 0 . (4.179)
∂ y
∂y
(qo ) (qo )
∂u ∂v
224 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Consideremos a func~ao F : U → R2 , dada por
.
F(u , v) = (x(u , v) , y(u , v)) , para (u , v) ∈ U . (4.180)
( )
Notemos que F ∈ C∞ R2 ; R2 e que
 
∂x ∂x
 (qo ) (qo ) 
(4.180)  ∂u ∂v 
JF (qo ) =   (4.181)
∂ y ∂y 
(qo ) (qo )
∂u ∂v
e, de (4.179), segue que
jF (qo ) ̸= 0 .
Logo, do teorema da func~ao inversa (veja o item 15. da Observac~ao C.2.3 do ap^endice), segue que
podemos encontrar uma vizinhanca de qo , que indicaremos por
V = V(qo ) ⊆ U ,

de modo que a restric~ao da aplicac~ao F ao conjunto V e bijetora, mais precisamente, que a aplicac~ao
F|V : V → F(V) (4.182)
e bijetora, em particular, sera injetora.
Assim, deste fato e de (4.180), segue que a restric~ao da aplicac~ao X ao conjunto aberto V , sera
injetora, completando a demonstrac~ao.


Observação 4.1.19

1. Notemos que na De nic~ao 4.1.2 exigimos, em particular, que a matriz jacobiana associada
a aplicac~ao
aberto
X : U ⊆ R2 → R3 ,
em qo ∈ U, tenha posto igual a 2 (na verdade, e o do item 3. da Observac~ao 4.1.2).
2. Se a s.p.d.
aberto
X : U ⊆ R2 → R3
e tal que, em qo ∈ U, a matriz jacobiana JX (qo ) tem posto menor que 2, diremos que o
ponto qo e um ponto sigular de X, ou seja,
posto [JX (qo )] ∈ {0 , 1} . (4.183)

3. Se, na situac~ao do item 3. acima, temos que


posto[JX (qo )] = 1 , (4.184)
ent~ao o traco de X sera uma curva em R3 , como por exemplo no seguinte caso:
Consideremos a aplicac~ao X : U =. R2 → R3 , dada por
( )
.
X(u , v) = u + v , (u + v)2 , (u + v)3 , para (u , v) ∈ R2 . (4.185)
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 225

Notemos que neste caso as func~oes coordenadas associadas a aplicac~ao X, ser~ao as func~oes
x , y , z : R2 → R, dadas por
.
x(u , v) = u + v , (4.186)
.
y(u , v) = (u + v)2 , (4.187)
.
e z(u , v) = (u + v)3 , (4.188)
logo teremos que ( )
x , y , z ∈ C ∞ R2 ; R ,
ou seja, X e uma s.p.d. .
Alem disso se (u , v) ∈ R2 , temos
∂x (4.186) ∂
(u , v) = [u + v]
∂u ∂u
= 1, (4.189)
∂x (4.186) ∂
(u , v) = [u + v]
∂v ∂v
= 1, (4.190)
∂y (4.187) ∂
[ ]
(u , v) = (u + v)2
∂u ∂u
= 2 (u + v) , (4.191)
∂y (4.187) ∂
[ ]
(u , v) = (u + v)2
∂v ∂v
= 2 (u + v) , (4.192)
∂z (4.188) ∂
[ ]
(u , v) = (u + v)3
∂u ∂u
= 3 (u + v)2 , (4.193)
∂z (4.161) ∂
[ ]
(u , v) = (u + v)3
∂v ∂v
= 3 (u + v)2 . (4.194)
Logo
∂x ∂x 
(qo ) (qo )
 ∂u ∂v 
 
 
∂ y ∂y 
JX (qo ) = 
 ∂u (qo ) (qo )
 ∂v 
 
 
∂z ∂z
(qo ) (qo )
∂u ∂v
 
1 1
(4.189),(4.190),(4.191),(4.192),(4.193),(4.195)
=  2 (uo + vo ) 2 (uo + vo )  ,
3 (uo + vo )2 3 (uo + vo )2
que tem posto igual a 1 (pois todos as matrizes 2 × 2 formada pelos elementos da matriz
acima ter~ao determinante igual a zero).
Notemos que o traco de X conicide com o traco da c.p.r. α : R → R3 , dada por
( )
.
α(r) = r , r2 , r3 , para r ∈ R.
226 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

4. Podem ocorrer pontos singulares associados a escolha da s.p.r. X escolhida ou pela natu-
reza do proprio traco da mesma.
Um exemplo da primeira situac~ao e a esfera (menos os dois polos), dada pelo Exemplo
4.1.4, onde considerarmos o domnio de X como sendo
.
U = R × (0 , π) ,

isto deve-se ao fato que os pontos


(u , 0) , (u , π) , para u∈R

tornariam a matriz jacobiana associada a aplicac~ao X nesses pontos, com posto menor
que 2.
Por isto os polos norte e sul foram excludos.
Porem notemos que n~ao ha diferenca, do ponto de vista geometrico, entre os dois polos e
quaisquer outros pontos da esfera S2 (dada por (4.72)).
Observemos que nos Exemplos 4.1.5 e 4.1.6 inclumos os polos norte e sul, respectivamente.
Por outro lado, um caso da segunda situac~ao, citada acima, seria o Exemplo 4.1.14.
Neste caso, o domnio de X como sendo
.
U = (0 , ∞) × R ,

isto deve-se ao fato que os pontos


(0 , v) , para v∈R

tornariam a matriz jacobiana associada a aplicac~ao X, nesses pontos, com posto menor
que 2.
Notemos que o ponto acima, correspoderia ao vertice do cone circular reto, que e um
ponto particular do mesmo.
Pode-se mostrar que toda s.p.r. cujo traco esta contido no cone circular reto, n~ao incluira
o vertice do mesmo.
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
5. As considerac~oes acima mostram que devemos escolher de modo cuidadoso as aplicac~ao
X, cujos tracos descrevem o objeto que temos e, al em disso, no caso de superfcies como
esferas (ou elipsodes e outros), devemos considera-las como uma reuni~ao de tracos de um
numero nito de s.p.r. .
Esta forma de "encararmos" uma superfcie e como chamamos, de modo geral, de varidades
diferenciáveis.

Um outro modo de obtermos s.p.r. e dado pela


aberto
Proposição 4.1.4 Seja F : F ⊆ R3 → R uma aplicac~ao pertencente a C∞ (F ; R) e c ∈ R.
Denotemos por F−1 ({c}), ao conjunto
.
F−1 ({c}) = {(x , y , z) ∈ F ; F(x , y , z) = c} . (4.195)
4.1. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS REGULARES 227

Suponhamos que
Po = (xo , yo , zo ) ∈ F−1 ({c}) (4.196)
e ⃗.
∇F(Po ) ̸= O (4.197)
Ent~ao podemos encontrar uma vizinhanca de Po , que indicaremos por
W = W(Po ) ⊆ F ,
de modo que o conjunto W pode ser obtido como o traco de uma s.p.r., ou seja, podemos
aberto ( )
encontrar U ⊆ R2 e X ∈ C∞ U ; R3 s.p.r., de modo que
X(U) = W ⊆ F−1 ({c}) . (4.198)
Demonstração:
De (4.197), podemos supor, sem perda de generalidade, que
∂F
(Po ) ̸= 0 . (4.199)
∂z
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Logo, do teorema da func~ao implcita (veja o item 17. da Observac~ao C.2.3, do ap^endice), podemos
aberto
encontrar U ⊆ R2 , de modo que
(xo , yo ) ∈ U
e uma aplicac~ao ϕ : U → R, que satisfaz:
ϕ(xo , yo ) = zo , (4.200)

ϕ ∈ C (U ; R) , (4.201)
(x , y , ϕ(x , y)) ∈ F , para (x , y) ∈ U , (4.202)
e F(x , y , ϕ(x , y)) = c , para (x , y) ∈ U . (4.203)
Consideremos X : U → R3 , dada por
.
X(u , v) = (u , v , ϕ(u , v)) , para (u , v) ∈ U . (4.204)
Logo, de (4.201), (4.204) e da Proposic~ao 4.1.1, segue que X e uma s.p.r. .
Alem disso, como (xo , yo ) ∈ U, temos
(4.204)
X(xo , yo ) = (xo , yo , ϕ(xo , yo ))
(4.200)
= (xo , yo , zo )
(4.196)
= Po ∈F−1 ({c})
e
(4.204) (4.202)
X(u , v) = (u , v , ϕ(u , v)) ∈ F, para (u , v) ∈ U . (4.205)
Logo
(4.205)
F[X(u , v)] = F(u , v , ϕ(u , v))
(4.203)
= c,
ou seja, X(U) ⊆ F−1 ({c}) ,
completando a demonstrac~ao.

228 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Observação 4.1.20

1. Na situac~ao da Proposic~ao 4.1.4 acima, os pontos P ∈ F que satisfazem

⃗,
∇F(P) ̸= O

ser~ao denominados de pontos regulares da função F.


Neste caso o numero real F(P) sera dito valor regular da função F .

2. Na situac~ao da Proposic~ao 4.1.4 acima, os pontos P ∈ F que satisfazem

⃗,
∇F(P) = O

ser~ao denominados de pontos singulares da função F.


Neste caso o numero real F(P) sera dito valor singular da função F .

4.2 Mudança de parâmetros em uma superfı́cie parametrizada re-


gular

Comecaremos esta sec~ao com a

Observação 4.2.1

1. Notemos que duas s.p.r. diferentes podem possuir o mesmo traco.


Para ilustrar este fato, consideremos as s.p.r. ~ : R2 → R3 ,
X,X dadas por
.
X(u , v) = (u + v , u − v , u v) , para (u , v) ∈ R2 , (4.206)
( )
~ u~ , ~v) =. u~ , ~v , u~ 2 − ~v2 , para (u~ , ~v) ∈ R2 ,
X( (4.207)

s~ao s.p.r., que possuem o mesmo traco, no caso, sera


{ }
(x , y , z) ∈ R2 ; z = x2 − y2 (4.208)

ou seja, o parabolóide hiperbólico .


Deixaremos a veri cac~ao destes fatos como exerccio para o leitor.

2. A representac~ao geometrica da s.p.r. X~, de nida por (4.207), e dada pela gura abaixo:
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do traco da s.p.r X, dada pelo
Exemplo 4.1.7 (como a = b = 1).
4.2. MUDANC ^
 A DE PARAMETROS 229
~
v
6
z

6 y
- ~
u 
~
X
j
( )
~ u 2 2
X( ~ ,v
~) = u~ ,v
~,u
~ ~
−v

-x
q

aberto
3. Dada uma s.p.r. X : U ⊆ R2 → R3 , podemos obter varias outras s.p.r., cujo, traco,
coincidam com o traco da s.p.r X, como a rma a:
aberto
Proposição 4.2.1 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma ( s.p.r.,
~ ~
) U ⊆ R um conjunto aberto e h : U →
2

R uma aplicac~
2 ao sobrejetora, pertencente a C U~ ; R , de modo que o jacobiano de h n~ao se
∞ 2

anula em U~ , ou seja,
( )
h ∈ C∞ U~ ; R2 , (4.209)
~ , ~v) ̸= 0 ,
jh (u (4.210)
( )
h U ~ = U. (4.211)

Ent~ao a aplicac~ao X~ : U~ → R3 , dada por


~ (u~ , ~v) =. (X ◦ h) (u~ , ~v)
X
~ , ~v)] ,
= X[h (u para ~
~ , ~v) ∈ U
(u (4.212)

e uma s.p.r. cujo traco coincide com o traco de X, ou seja,


( )
~ U
X ~ = X(U) . (4.213)

Demonstração:
Notemos que do fato que X e s.p.r. segue que, para q =. (u , v) ∈ U temos que
⃗.
Xu (q) × Xv (q) ̸= O (4.214)
( ) ( )
Como X ∈ C∞ U ; R3 e h ∈ C∞ U~ ; U , do ap^endice, segue que

(4.212)
( )
~
X = (X ◦ h) ∈ C∞ U~ ; R3 .

Suponhamos que as func~oes coordenadas associadas as aplicac~oes X e X~, s~ao as func~oes

x,y,z : U → R e ~ → R,
~ , y~ , z~ : U
x
230 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

respectivamente e as fuc~oes coordenadas a aplicac~ao h sejam as func~oes

( ) (4.211)
~ →h U
u,v : U ~ = U,

ou seja,

X(u , v) = (x(u , v) , y(u , v) , z(u , v)) , para (u , v) ∈ U , (4.215)


~ (u~ , ~v) = (x~(u~ , ~v) , y~ (u~ , ~v) , z~(u~ , ~v))
X
~ , ~v) , (y ◦ h)(u~ , ~v) , (z ◦ h)(u~ , ~v)) ,
= ((x ◦ h)(u (4.216)
~ , ~v) = (u(u~ , ~v) , v(u~ , ~v)) ,
h(u ~.
para (u~ , ~v) ∈ U (4.217)

~ , teremos
Mostremos que, para (u~ , ~v) ∈ U

~u~ (u~ , ~v) × X~~v (u~ , ~v) ̸= O


X ⃗, (4.218)

que pelo item 3. da Observac~ao 4.1.2 (veja (4.11)), e equivalente a dizer que X~ e uma s.p.r. .
Notemos que

.
~ =(u~ ,~v)
∂X~
~u~ (u~ , ~v)
X
q
= ~)
(q
∂u~
(4.212) ∂ (X ◦ h)
= ~)
(q
∂u~ (
(4.216),(4.217) e a regra da cadeia ∂x ∂u ∂x ∂v
= [h(q~ )] ~ ) + [h(q~ )] (q~ ) ,
(q
∂u ~
∂u ∂v ~
∂u
∂y ∂u ∂y ∂v
[h(q~ )] ~) +
(q ~ )] (q~ ) ,
[h(q
∂u ~
∂u ∂v ~ )
∂u
∂z ∂u ∂z ∂v
~ )]
[h(q ~ ) + [h(q~ )] (q~ )
(q
∂u ~
∂u ∂v ~
∂u
∂u ∂v
= ~ ) Xu [h(q~ )] + (q~ ) Xv [h(q~ )]
(q (4.219)
~
∂u ∂u~
e
.
~ =(u~ ,~v)
∂X~
~~v (u~ , ~v)
X
q
= (q~)
∂~v
(4.212) ∂ (X ◦ h)
= ~)
(q
∂~v (
(4.216),(4.217) e a regra da cadeia ∂x ∂u ∂x ∂v
= [h(q~ )] ~ ) + [h(q~ )] (q~ ) ,
(q
∂u ∂~v ∂v ∂~v
∂y ∂u ∂y ∂v
[h(q~ )] ~) +
(q ~ )] (q~ ) ,
[h(q
∂u ∂~v ∂v ∂~v )
∂z ∂u ∂z ∂v
~ )]
[h(q ~ ) + [h(q~ )] (q~ )
(q
∂u ∂~v ∂v ∂~v
∂u ∂v
= ~ ) Xu [h(q~ )] + (q~ ) Xv [h(q~ )] .
(q (4.220)
∂~v ∂~v
4.2. MUDANC ^
 A DE PARAMETROS 231

Logo
( )
(4.219) e (4.220)
~u~ (u~ , ~v) × X~~v (u~ , ~v) ∂ u ∂ v
X = ~ ) Xu [h(q~ )] + (q~ ) Xv [h(q~ )]
(q
∂u~ ∂u~
( )
∂u ∂v
× ~ ) Xu [h(q~ )] + (q~ ) Xv [h(q~ )]
(q
∂~v ∂~v
 

 

propriedades do produto vetorial ∂ u ∂u
= ~)
(q ~ ) Xu [h(q~ )] × Xu [h(q~ )]
(q
∂u ~ ∂~v |
 {z }

=O
∂u ∂v
+ ~ ) (q~ ) {Xu [h(q~ )] × Xv [h(q~ )]}
(q
∂u~ ∂~v  

 

∂v ∂u
+ ~)
(q ~ ) Xv [h(q~ )] × Xu [h(q~ )]
(q
∂u ~ ∂~v |
 {z }

=−Xu [h(q~ )]×Xv [h(q~ )]
 

 

∂v ∂v
+ ~ ) (q~ ) Xv [h(q~ )] × Xv [h(q~ )]
(q
∂u ~ ∂~v |
 {z }

=O ⃗
[ ]
∂u ∂v ∂v ∂u
= ~ ) (q~ ) − (q~ )
(q ~ ) {Xu [h(q~ )] × Xv [h(q~ )]}
(q
∂u~ ∂~v ∂u~ ∂~v

∂ u ∂u

∂u (q~) ~ )
(q
~ ∂ ~
v
= {Xu [h(q ~ )] × Xv [h(q~ )]}
∂v

~ )
∂ v
~)
(q (q
∂u~  ∂~v 

 


 

 ) Xu [h(q~ )] × Xv [h(q~ )]
= jh (q (4.221)
| {z }   | {z }

(4.210)

 (4.214)


̸= 0 ̸= ⃗
O
⃗,
̸= O
mostrando a validade de (4.218), ou seja, que X~ e uma s.p.r. .
Finalmente notemos que
se (u , v) ∈ U ,
( )
~ →h U
como h : U ~ e sobrejetora, podemos encontrar ~,
~ , ~v) ∈ U
(u
tal que ~ , ~v) = (u , v) .
h(u
Logo ~ , ~v)]
X(u , v) = X[h(u
~ u~ , ~v) ,
= X(
( )
ou seja, ~ U
X ~ = X(U) ,
completando a demonstrac~ao.

Com isto temos a
ao X~ : U~ → R3 , dada por (4.212), sera denominada reparametrização
Definição 4.2.1 A aplicac~
de X pela função h e a func~ ao h, satisfazendo (4.209), (4.210) e (4.211), sera denominada
mudança de variáveis (ou parâmetros).
232 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Observação 4.2.2 Notemos que uma mudanca de par^ametros não precisa ser uma func~ao in-
jetora, como ilustra o seguinte caso:
Consideremos a func~ao h : U~ =. R2 → R2 , dada por
( )
~ , ~v) =. eu~ cos(~v) , eu~ sen(~v) ,
h (u para ~.
~ , ~v) ∈ U
(u (4.222)
Notemos que ( )
h ∈ C∞ U~ ; R2 .
Observemos tambem que as func~oes coordenadas associadas a func~ao h, ser~ao as func~oes
~ → R, dadas por
u,v : U
~ , ~v) =. eu~ cos(~v) ,
u (u (4.223)
~ , ~v) =. eu~ sen(~v) ,
v (u para ~
~ , ~v) ∈ U
(u (4.224)
e, para q~ = (u~ , ~v) ∈ R2 , segue que

∂ u ∂u

∂u ~)
(q (q~ )
~ ∂~v
~ , ~v) =
jh (u
∂v

~ )
∂v
~)
(q (q
~
∂u ∂~v
u~
e cos(~v) −eu~ sen(~v)
(4.223) e (4.224)

=
e sen(~v) e cos(~v)
~
u ~
u

= e2 u~ cos2 (~v) + e2 u~ sen2 (~v)


= e2 u~ ̸= 0 ,
mostrando, pela De nic~ao 4.2.1, que a func~ao h e uma mudanca de par^ametros.
A rmamos que ( )
~ = R2 .
h U
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Por outro lado, notamos que se (u~ , ~v) ∈ U~ e k ∈ Z∗ , ent~ao
(
(4.222)
)
~ , ~v + 2 k π)
h (u = eu~ cos(~v + 2 k π) , eu~ sen(~v + 2 k π)
( )
= eu~ cos(~v) , eu~ sen(~v)
(4.222)
= ~ , ~v) ,
h (u
mostrando que a func~ao h n~ao e injetora.
Para ilustrar temos o:
Exemplo 4.2.1 Mostre que a s.p.r. X~ : R2 → R3 , dada por
( )
~ (u~ , ~v) =. u~ , ~v , u~ 2 − ~v 2 ,
X para ~ , ~v) ∈ R2 ,
(u (4.225)
e uma reparametrizac~ao da s.p.r. X : R2 → R3 ,
dada por
.
X(u , v) = (u + v , u − v , 4 u v) , para (u , v) ∈ R2 , (4.226)
onde a mudanca de par^ametros e a func~ao h : R2 → R2 , dada por
1
~ , ~v) =. (u~ + ~v , u~ − ~v) ,
h (u para ~ , ~v) ∈ R2 .
(u (4.227)
2
4.2. MUDANC ^
 A DE PARAMETROS 233

Resolução:
( )
Notemos que, de (4.227), temos h ∈ C∞ R2 ; R2 .
Observemos que as func~oes coordenadas, associadas a func~ao h, ser~ao as func~oes u , v : R2 → R,
dadas por

~ , ~v) =. u~ + ~v ,
u (u (4.228)
~ , ~v) =. u~ − ~v ,
v (u para ~ , ~v) ∈ R2 .
(u (4.229)

Logo para q~ = (u~ , ~v) ∈ R2 , segue que



∂ u ∂u

∂u ~)
(q ~ )
(q
~ ∂~v
~ , ~v) =
jh (u
∂v

~ )
∂v
~)
(q (q
~
∂u ∂~v

1 1

(4.228) e (4.229)
=

1 −1

= 2 ̸= 0 .

Alem disso, pode-se mostrar que ( )


h R2 = R2 .

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo, pela De nic~ao 4.2.1, que a func~ao h e uma mudanca de par^ametros.
Finalmente, se q~ = (u~ , ~v) ∈ R2 , teremos

~ , ~v) = X [h (u~ , ~v)]


(X ◦ h) (u
( )
(4.227) ~ + ~v u~ − ~v
u
= X ,
2 2
( ( ) ( )( ))
(4.226) u ~ + ~v u~ − ~v u~ + ~v ~ − ~v
u ~ + ~v
u ~ − ~v
u
= + , − ,4
2 2 2 2 2 2
( )
= u ~ , ~v , u~ 2 − ~v 2
(4.225) ~ (u~ , ~v) ,
= X

completando a resoluc~ao.

Temos tambem o:
Exemplo 4.2.2 Fixado a > 0, mostre que a s.p.r. X~ : R2 → R3 , dada por
~ (u~ , ~v) =. (a cos(u~ ) sen(~v) , a sen(u~ ) sen(~v) , a cos(~v)) ,
X para ~,
~ , ~v) ∈ U
(u (4.230)

onde
~ =. (0 , π) × (0 , π) ,
U (4.231)
e uma reparametrizac~ao da s.p.r. X : R2 → R3 , dada por
( √ )
.
X(u , v) = u , a2 − u2 − v2 , v , para (u , v) ∈ U , (4.232)
234 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

onde { }
.
U = (u , v) ∈ R2 ; u2 + v2 < a2 , (4.233)
e a mudanca de par^ametros e a func~ao h : U~ → R2 , dada por
~ , ~v) =. (a sen(~v) cos(u~ ) , a cos(~v)) , para
h (u (u ~.
~ , ~v) ∈ U (4.234)
Resolução:
( )
Notemos que, de (4.234), temos h ∈ C∞ R2 ; R2 .
~ → R, dadas
Observemos que as func~oes coordenadas, associadas a func~ao h, s~ao as func~oes u , v : U
por
~ , ~v) =. a sen(~v) cos(u~ ) ,
u (u (4.235)
~ , ~v) =. a cos(~v) , para
v (u (u ~.
~ , ~v) ∈ U (4.236)
~ , segue que
Logo para q~ = (u~ , ~v) ∈ U

∂ u ∂u

∂u ~)
(q ~ )
(q
~ ∂~v
~ , ~v) =
jh (u
∂v

~ )
∂v
~)
(q (q
~
∂u ∂~v

−a sen(~v) sen(u
~ ) a cos(~v ) cos( ~
u )
(4.235) e (4.236)

=
0 −a sen(~v)
= a2 , a sen2 (~v) sen(u
~ ) ̸= 0 ,
pois
~ (4.231)
~ , ~v) ∈ U
(u = (0 , π) × (0 , π) .
Alem disso, pode-se mostrar que ( )
~ = U.
h U
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo, pela De nic~ao 4.2.1, que a func~ao h e uma mudanca de par^ametros.
~ , teremos
Finalmente, se q~ = (u~ , ~v) ∈ U
~ , ~v) = X [h (u~ , ~v)]
(X ◦ h) (u
(4.234)
= X (a sen(~v) cos(u ~ ) , a cos(~v))
( √ )
(4.232)
= a sen(~v) cos(u ~ ) , a − [a sen(~v) cos(u~ )] − [a cos(~v)] , a cos(~v)
2 2 2

 v   
u
u
 u 2 
=  a sen (~v ) cos( ~
u ) , ua − sen2 (~v) cos2 (u
t ~ ) + 1 − cos2 (~v)
 , a cos(~v)

| {z }
= sen2 (~
v)
( √ )
[ ]
= a sen(~v) cos(u
~) , a − sen2 (~v) cos2 (u
2
~ ) + sen2 (~v) , a cos(~v)
 v   
u
u
 u 2 
= a sen(~v ) cos( ~
u ) , ua sen2 (~v) 
1 − cos 2
( ~
u )

 , a cos(~v ) 
 t | {z } 
~)
= sen2 (u
4.2. MUDANC ^
 A DE PARAMETROS 235

( √ )
= a sen(~v) cos(u
~ ) , a2 sen2 (~v) sen2 (u~ ) , a cos(~v)
 
 
= a sen(~v) cos(u
~) , |a| | sen(~v)| ~ )|
| sen(u , a cos(~v)
|{z} | {z } | {z }
=a , pois a>0 = sen(~
v) , pois ~
v∈(0 ,π) = sen(u
~ ) , pois u~ ∈(0 ,π)
= (a sen(~v) cos(u
~ ) , a sen(~v) sen(u~ ) , a cos(~v))
(4.230) ~ (u~ , ~v) ,
= X

completando a resoluc~ao.


Observação 4.2.3

1. Notemos que os tracos de X e X~, dadas por (4.232) e (4.230), respectivamente, correspodem,
geometricamente, a uma calota da esfera, de centro no ponto (0 , 0 , 0) e raio igual a a.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z

6
v

y a
~ U)
X(U) = X( ~

X
- - y
U
-
u
a

w

~
v x
o
6

π
h

~
X
~
U

- ~
u
π

2. Notemos que, no Exemplo 4.2.1, a s.p.r. X~ (dada por (4.225)) e uma reparametrizac~ao da
s.p.r. X (dada por (4.226)) e seus tracos coincidem com o gra co da func~ao f : R2 → R,
dada por ( )
.
f(x , y) = x , y , x2 − y2 , para (x , y) ∈ R2 . (4.237)

Ja no Exemplo 4.2.2, , a s.p.r. X~ (dada por (4.230)) e uma reparametrizac~ao da s.p.r. X
(dada por (4.232)) e seus tracos coincidem com o gra co da func~ao f : U → R, dada por
( √ )
.
f(x , y) = x , a2 − x2 − z2 , z , para (x , z) ∈ U , (4.238)

onde o conjunto U e dado por (4.233).


236 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

3. A pergunta natural seria: sera que toda s.p.r. tem a propriedade acima, ou seja, seu traco
pode ser descrito como o gra co de uma func~ao de duas variaveis, a valores reais, perto
de um ponto de seu traco?
A resposta e dada no proximo resultado.
22.05.2017 - 20.a aula
Temos a
aberto
Proposição 4.2.2 Seja X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. .
Ent~ao, para cada ponto
.
qo = (uo , vo ) ∈ U ,
podemos encontrar uma vizinhanca do mesmo, que indicaremos por
aberto
Vo = V(qo ) ⊆ U ,

um subconjunto aberto
~ ⊆ R2
U
e uma mudanca de par^ametros
~ → Vo ,
h:U
de modo que o traco da s.p.r. X~ : U~ → R3 , dada por
~ =. X ◦ h
X (4.239)

e igual
( ao) gr a co de uma func~ao de classe C∞ , ou seja, podemos encontrar uma func~ao f∈
C ∞ ~
U ; R , tal que
( )
~ U
G(f) = X ~ . (4.240)

Demonstração:
Sejam x , y , z : U → R as func~oes coordenadas associadas a s.p.r. X, ou seja,

X(u , v) = (x(u , v) , y(u , v) , z(u , v)) , para (u , v) ∈ U . (4.241)

Em particular, temos
x , y , z ∈ C∞ (U ; R) . (4.242)
Do item 3. da Observac~ao 4.1.2 (veja (4.9)), temos que JX (qo ) tem posto igual a 2.
Podemos supor, sem perda de generalidade, que

∂x ∂x
(qo )
∂u (qo ) ∂v

̸= 0 . (4.243)
∂ y
∂y
(qo ) (qo )
∂u ∂v
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Considermos a func~ao F : U → R2 , dada por

F(u , v) = (x(u , v) , y(u , v)) , para (u , v) ∈ U . (4.244)


4.2. MUDANC ^
 A DE PARAMETROS 237
( )
Notemos que F ∈ C∞ U ; R2 , para (u , v) ∈ U, temos que o jacobiano da afuc~ao F, em qo , satisfaz

∂x ∂x
(qo ) (qo )

(4.244) ∂u ∂v
jF (qo ) =
∂ y
∂y
(qo ) (qo )
∂u ∂v
(4.243)
̸= 0,
ou seja, F (qo ) : R2 → R2 e injetor .

(4.245)

Logo, do teorema da func~ao inversa (veja o item 16. da Observac~ao C.2.3, do ap^endice), podemos
encontrar uma vizinhanca Vo = V(qo ) ⊆ U, de modo que

a func~ao F : Vo → F(Vo ) e bijetora; (4.246)


o conjunto F(Vo ) ⊆ R2 , e um subconjunto aberto de R2 ; (4.247)
a func~ao F|Vo : Vo → F(Vo ) e um difeomor smo de classe C∞ , em Vo . (4.248)

Em particular, de (4.248), temos que


( )
F−1 ∈ C∞ F(Vo ) ; R2
e F−1 e um difeomor smo de classe C∞ , em F(Vo ). (4.249)

De namos

~ =. F(Vo ) ,
U
que, de (4.247), e um subconjunto aberto de R2 .
e, de (4.246), temos . ~ → Vo .
h = F−1 : U (4.250)
( )
Logo, de (4.249), segue que ~ ; R2 ,
h ∈ C∞ U (4.251)
e para q ∈ U
jh (q) ̸= 0 , ~,
em particular, temos que h e uma mudanca de par^ametros . (4.252)

Consideremos a func~ao
~ =. X ◦ h : U
X ~ → R3 . (4.253)

Logo, da Proposic~ao 4.2.1, segue que X~ e uma s.p.r. cujo traco esta contido no traco da s.p.r. X.
Notemos que tambem que se considerarmos a func~ao
. ~ → R,
f=z◦h:U (4.254)

de (4.242) e (4.251), que


~ ; R) .
f ∈ C∞ (U
238 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

~ , temos
Alem disso, para (u~ , ~v) ∈ U

~ u~ , ~v) (4.253)
X( = ~ , ~v)
(X ◦ h)(u
(4.241)
= ~ , ~v) , (y ◦ h)(u~ , ~v) , (z ◦ h)(u~ , ~v))
((x ◦ h)(u
~ , ~v)] , y[h(u~ , ~v)] , z[h(u~ , ~v)])
= (x[h(u
(4.244)
= ~ , ~v)] , z[h(u~ , ~v)])
(F[h(u
(4.250)
= ~ , ~v , (z ◦ h)(u~ , ~v))
(u
(4.254)
= ~ , ~v , f(u~ , ~v)) ,
(u
ou seja, ~ U)
G(f) = X( ~ ,

completando a demonstrac~ao.

Para ilustrar o resultado acima, temos o:
Exemplo 4.2.3 Consideremos a s.p.r. X : R2 → R3 , dada por
.
X (u , v) = (cos(u) , sen(u) , v) , para (u , v) ∈ U = R2 . (4.255)
Mostre que o traco da s.p.r. X pode ser obtida como o gra co de uma func~ao
aberto
~ ⊆ R2 → R ,
f:U
( )
que pertence a C∞ U~ ; R , perto do ponto
( )
. π
qo = ,0 . (4.256)
2
Demonstração:
De fato, considermos o seguinte subconjunto aberto de R2 :
.
Vo = (0 , π) × R . (4.257)
Notemos que a restric~ao da func~ao X ao conjunto aberto Vo admite a seguinte reparametrizac~ao:
~ ~ → R3 , dada por
X:U
( √ )
~ u~ , ~v) =. u~ , 1 − u~ 2 , ~v ,
X( ~,
para (u~ , ~v) ∈ U (4.258)
onde ~ =. (−1 , 1) × R .
U (4.259)
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Finalmente notemos que, considerando-se a func~ao f : U~ → R, dada por

~ , ~v) =.
f(u ~2,
1−u ~,
para (u~ , ~v) ∈ U (4.260)
( )
~;R e
segue que f ∈ C∞ U
~ U)
G(f) = X( ~ ,
completando a resoluc~ao.

4.3. PLANO TANGENTE E VETOR NORMAL 239

Observação 4.2.4 Observemos que


(4.255) e (4.256)
X(qo ) = (0 , 1 , 0) .

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita no Exemplo 4.2.3.


z

z
v

6 6

Vo
X
-
-
π
( ) u
π
2
,o ( )
X π ,0
2
- y
~
v
o
6
h  /
x
~
X

~
U

- ~
u
−1 1

Trata-se da parte do cilindro circular reto que esta contido no semi-espaco

y > 0.

4.3 Plano tangente e vetor normal à uma s.p.r. em um ponto

O objetivo desta sec~ao e introduzir o plano tangente em um ponto de uma s.p.r. .


Para tanto comecaremos pela:

aberto
Definição 4.3.1 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. e α : (a , b) → R3 uma c.p.d., cujo traco
esta contido no traco de X, ou seja, se

α(r) = (u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) , (4.261)

ent~ao
( )
u , v ∈ C∞ (a , b) ; R3
e α(r) ∈ X(U) , para r ∈ (a , b) . (4.262)

Neste caso diremos que a c.p.d. α e uma curva da s.p.r. X.

Observação 4.3.1 A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita na De nic~ao 4.3.1 .


240 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS
z
6
v
6 α(r) ∈ X(U)
X
-
U

- u
-
y


α
x

-
a r b

De niremos um vetor tangente a uma s.p.r., como sendo o vetor tangente a uma c.p.d., cujo traco
esta contido no traco da s.p.r. considerada, mais precisamente, temos a:
aberto
Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. e qo = (uo , vo ) ∈ U.
Definição 4.3.2
Diremos que o vetor w ∈ R3 e vetor tangente a s.p.r. X, em qo , se podemos encontrar
uma curva na superfcie X, ou seja, α : (a , b) → R3 c.p.d., tal que
ro ∈ (a , b) ,
α(ro ) = qo , (4.263)
α((a , b)) ⊆ X(U) , (4.264)
de modo que α ′ (ro ) = w , (4.265)
Observação 4.3.2
1. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita na De nic~ao 4.3.2.
z
6
α ′ (ro )
*
v
6 α(ro ) = X(qo )
X
-
U
qo
-u -
y


α
x

-
a ro b

2. Notemos que, na situac~ao da De nic~ao 4.3.2 , temos que os vetores


Xu (qo ) e Xv (qo ) (4.266)
s~ao vetores tangentes a s.p.r. X em qo ∈ U.
De fato, pois as curvas coordenadas de X, que contem o ponto qo = (uo , vo ), a saber as
func~oes vetoriais αvo : Io → R3 e βuo : Jo → R3 , dadas por
4.3. PLANO TANGENTE E VETOR NORMAL 241

αvo (u) = X(u , vo ) , para u ∈ Io ,


βuo (v) = X(uo , v) , para v ∈ Jo ,

s~ao curvas na superfcie X e seus respectivos vetores tangentes em qo , s~ao os vetores dados
em (4.264).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima
z

6
v

6
Xu (qo )
U X, αvo e βuo 
-
vo
qo z Xv (qo )
X(qo ) -y

- u
uo

/
x

3. Observemos que, no item 2. acima, podemos considerar (veja (4.261) e a gura acima)
.
u(r) = uo + r ,
.
v(r) = vo , para r ∈ (−ε , ε)

s~ao as func~oes coordenadas associadas a c.p.r. α vo e


.
u(r) = uo ,
.
v(r) = vo + r , para r ∈ (−ε , ε)

s~ao as func~oes coordenadas associadas a c.p.r. βuo , onde ε > 0 e tomado su cientemente
pequeno.
A gura acima ilustra a situac~ao descrita acima.
Podemos agora introduzir a
aberto
Definição 4.3.3 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. e qo = (uo , vo ) ∈ U.
De nimos o plano tangente a X, em qo , como sendo o plano que contem o ponto X(qo ) e
e paralelo a todos os vetores tangentes a s.p.r. X, e sera indicado por Tqo (X) .
Observação 4.3.3

1. Notemos que, do fato que X e s.p.r., segue que os vetores


Xu (qo ) e Xv (qo )

s~ao L.I. e, pela De nic~ao 4.3.3 acima, s~ao paralelos ao plano tangente Tqo (X).
242 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

2. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita na De nic~ao 4.3.3 acima.

z Tqo (X)
6 ′
*α (ro )

v
6 α(ro ) = X(qo )
X
-
U
qo
-u -
y


α
x

-
a r b

3. Veremos, a seguir, que o plano tangente a uma s.p.r. X em qo ∈ U, e o plano que contem
o ponto X(qo ) e tem como vetores diretores os vetores
Xu (qo ) e Xv (qo ) ,

que s~ao L.I., pois X e s.p.r. .


Temos a
aberto
Proposição 4.3.1 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. e qo = (uo , vo ) ∈ U.
Ent~ao o plano tangente a s.p.r. X em qo , ou seja, Tqo (X), e o plano que contem o ponto
X(qo ) e e paralelo aos vetores Xu (qo ) e Xv (qo ) (que s~ao L.I., pois X e s.p.r.) e, por abuso de
notac~ao, escreveremos
[Xu (qo ) , Xv (qo )] = Tqo (X) . (4.267)
Demonstração:
Se w ∈ Tqo (X) ent~ao, da De nic~oes 4.3.3 e 4.3.2, podemos encontrar uma c.p.d.

α : (a , b) → X(U) ,

de modo que

α(ro ) = X(qo ) para algum ro ∈ (a , b) ,


e α ′ (ro ) = w . (4.268)

Como
α((a , b) ⊆ X(U) ,

podemos encontrar func~oes u , v ∈ C∞ ((a , b) ; R), de modo que

α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) , (4.269)


e qo = (u(ro ) , v(ro )) .
4.3. PLANO TANGENTE E VETOR NORMAL 243

Logo

w = α ′ (ro )
d
= [α(r)]|r=ro
dr
(4.269) d
= [X(u(r) , v(r))]|r=ro
dr
regra da cadeia (ap^endice) ∂X du ∂X dv
= [u(ro ) , v(ro )] (ro ) + [u(ro ) , v(ro )] (ro )
∂u dr ∂v dr
= u ′ (ro ) · Xu (qo ) + v ′ (ro ) · Xv (qo ) . (4.270)

Logo, (4.270) nos diz que o vetor tangente a s.p.r. X, em qo , isto e, o vetor w ∈ Tqo (X), pode ser
escrito como combinac~ao linear dos vetores L.I.

Xu (qo ) e Xv (qo ) ,
ou seja, Tqo (X) ⊆ [Xu (qo ) , Xv (qo )] (4.271)
| {z }
subespaco gerado pelos vetores Xu (qo ) e Xv (qo )

Reciprocamente, se

w ∈ [Xu (qo ) , Xv (qo )] ,


podemos encontrar a,b ∈ R,
de modo que w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) . (4.272)

Encontremos ε > 0, de modo que

(uo − ε , uo + ε) × {vo } ⊆ U , (4.273)


{uo } × (vo − ε , vo + ε) ⊆ U , (4.274)

e consideremos as func~oes u , v : (−ε , ε) → R, de modo que


.
u(r) = uo + a r , (4.275)
.
v(r) = vo + a r , para r ∈ (−ε , ε) (4.276)
e assim, de (4.273) e (4.275), teremos (u(r) , v(r)) ∈ U (4.277)
e qo = (uo , vo )
(4.275) e (4.276)
= (u(0) , v(0)) .

Notemos que

(4.276)
u ′ (0) = a, (4.278)
(4.276)
v ′ (0) = b. (4.279)

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


244 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS
(u(0) , v(0)) = qo
v
6 6
ε
U
u,v
0
- -
−ε

De namos a func~ao vetorial α : (−ε , ε) → X(U), dada por


.
α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (−ε , ε) . (4.280)

Como

u , v ∈ C∞ ((−ε , ε) , R) ,
( )
e X∈C ∞
U,R ,
3

segue que α ∈ C∞ ((−ε , ε) , X(U)) ,


ou seja, α e uma c.p.d. em X.

Alem disso, temos que


d
α ′ (0) = [α(r)]|r=0
dr
(4.280) d
= [X(u(r) , v(r))]|r=0
dr
regra da cadeia (ap^endice) ∂X du ∂X dv
= [u(0) , v(0)] (0) + [u(0) , v(0)] (0)
∂u dr ∂v dr
(4.275) e (4.276) , com r=0
= u ′ (0) · Xu (qo ) + v ′ (0) · Xv (qo )
(4.278) e (4.279)
= a · Xu (qo ) + b · Xv (qo )
(4.272)
= w,

mostrando, pelas da De nic~oes 4.3.3 e 4.3.2, que

w ∈ Tqo (X) ,
ou seja, [Xu (qo ) , Xv (qo )] ⊆ Tqo (X) . (4.281)

Portanto, de (4.271) e (4.281), segue que

[Xu (qo ) , Xv (qo )] = Tqo (X) ,

completando a demosntrac~ao.


Observação 4.3.4

1. Geometricamente temos a seguinte gura, que ilustra a Proposic~ao 4.3.1 acima.


4.3. PLANO TANGENTE E VETOR NORMAL 245

6
v

6
Xu (qo ) Tqo (X)

U X 
- X(qo )
vo
qo zXv (qo )
-y

- u
uo

/
x

2. Na situac~ao da Proposic~ao 4.3.1, os vetores


Xu (qo ) e Xv (qo )

s~ao L.I. em R3 .
Logo da Proposic~ao 4.3.1, eles geram o plano tangente a s.p.r. X em qo , ou seja, Tqo (X).
3. Observemos que, em geral, os vetores
Xu (qo ) e Xv (qo )

não s~ao ortogonais em R3 .


4. Na situac~ao da Proposic~ao 4.3.1, temos que uma equac~ao geral do plano tangente a s.p.r.
X em qo , ou seja, Tqo (X), sera dada por:
P ∈ Tqo (X)
se, e somente se P = X(qo ) + a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) , (4.282)
para algum a,b ∈ R.

Podemos agora introduzir a


aberto
Definição 4.3.4 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. e qo = (uo , vo ) ∈ U.
Diremos que o vetor n~ao nulo N ∈ R2 e um vetor normal a s.p.r. X, em qo se ele for
ortogonal ao plano tangente a s.p.r. X em qo , ou seja, se
N ⊥ Tqo (X) . (4.283)
Observação 4.3.5

1. Como, da Proposic~ao 4.3.1 temos que (veja (4.267))


Tqo (X) = [Xu (qo ) , Xv (qo )] ,

e os vetores Xu (qo ) e Xv (qo ) s~ao L.I., um vetor n~ao nulo N ∈ R3 , sera um vetor normal a
s.p.r. X, em qo ∈ U se, e somente se
N ⊥ Xu (qo ) e N ⊥ Xv (qo ) . (4.284)

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
246 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

2. Na situac~ao da De nic~ao 4.3.4, existe uma unica direc~ao normal ao plano tangente a s.p.r.
X em qo .
Mais precisamente, existem exatamente dois vetores unitários, distintos (na verdades
t^em a mesma direc~ao e sentido opostos) que s~ao vetores normais a s.p.r. X em qo , que
indicaremos por N1 e N2 .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima
N1
z 6 Tqo (X)
6
v
6 X(qo )
X
-
U

-u -
y

?
N2

3. Desta forma, daqui em diante, de niremos o vetor uniário normal a s.p.r. X em qo ∈ U


ou o vetor normal de Gauss, a s.p.r. X em qo ∈ U, denotado por N(qo ), como sendo o
. Xu (qo ) × Xv (qo )
N(qo ) = . (4.285)
∥Xu (qo ) × Xv (qo )∥

4. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita na item acima


N(qo )
z 6 Tqo (X)
6
v :Xv (qo )
6 X(qo )

~
U
X
- Xu (qo )
qo

-u
X(U) -
y

5. Desta forma podemos considerar a aplicac~ao N : U → R3 , dada por,


. Xu (q) × Xv (q)
N(q) = , para q ∈ U. (4.286)
∥Xu (q) × Xv (q)∥

Com isto podemos introduzir a


Definição 4.3.5 A aplicac~
ao N : U → R3 , dada por (4.286), sera denominada aplicação normal
de Gauss, associada a s.p.r. X.
4.3. PLANO TANGENTE E VETOR NORMAL 247

Observação 4.3.6
1. Como consequ^encia da De nic~ao 4.3.5, temos que a imagem da aplicac~ao normal de Gauss
esta contida na esfera unitaria, centrada na origem, ou seja,
{ }
.
N(U) ⊆ S2 = (x , y , z) ∈ R3 ; x2 + y2 + z2 = 1 ,
ou ainda, N : U → S2 . (4.287)
2. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

z Tqo (X)
6 N(q)
 :Xv (qo )
v
6 X(qo )

~
U
X
- Xu (qo )
q

-u
X(U) -
y


x
N

w 6

N(q)
 -
= 1
?

Apliquemos as ideias e conceitos acima ao


Exemplo 4.3.1 Consideremos a s.p.r. X : U → R3 do Exemplo 4.1.5 (veja (4.75) e (4.76)) com
a = 1.
Encontre, para qo = (0 , 0) ∈ U, uma equac~ao vetorial do plano tangente a s.p.r. X em qo ,
ou seja de Tqo (X) e a imagem da aplicac~ao normal de Gauss.
Resolução:
Notemos que, de (4.86) e (4.87), temos
(4.86) com a=1 e u=v=0
Xu (u , v) = (1 , 0 , 0) , (4.288)
(4.87) com a=1 e u=v=0
Xv (u , v) = (0 , 1 , 0) . (4.289)
Logo uma equac~ao vetorial do plano tangente a s.p.r. X em qo , ou seja de Tqo (X), sera dada por
P ∈ T(0 ,0) (X) ,
se, e somente se,
P = X(qo ) + a · Xu (qo ) + b · Xv (qo )
(4.288) ,(4.289)e(4.76) com u=v=0 e a=1
= P = (0 , 0 , 1) + a · (1 , 0 , 0) + b · (0 , 1 , 0)
= (a , b , 1) ,
para a,b ∈ R,
ou seja, e o plano z = 1.
248 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


N(qo ) = (0 , 0 , 1)
6
v
u2 + v2 = 1
6
=
X(q)

q 
-
X
- - y
u
qo = (0 , 0)

U x
+

Para (u , v) ∈ U, temos que


( ) ( )
(4.86) ,(4.87) com a=1 u v
Xu (q) × Xv (q) = 1 , 0 , −√ × 0 , 1 , −√
1 − u2 − v 2 1 − u2 − v2

⃗e1 ⃗e2 ⃗e3



u
1 0 −√

=
1 − u2 − v 2


v
0 1 −√
2 2
[ 1−] u − v[ ]
u v
= √ · ⃗e1 − − √ · ⃗e2 + 1 · ⃗e3
1 − u2 − v 2 1 − u2 − v 2
( )
u v
= √ ,√ ,1 , (4.290)
1 − u2 − v 2 1 − u2 − v2
Logo
( ) 2

2 (4.290) u v
∥Xu (q) × Xv (q)∥ = √ ,√ ,1
1−u −v 2 2 2
1−u −v 2
( )2 ( )2
u v
= √ + √ + 12
2 2 2 2
1−u −v 1−u −v
2 2
u v
= + +1
1 − u − v( 1 − u2 −)v2
2 2

u2 + v2 + 1 − u2 − v2
=
1 − u2 − v 2
1
= . (4.291)
1 − u2 − v 2

Logo a aplicac~ao normal de Gauss, N : U → S2 , sera dada por


(4.286) Xu (q) × Xv (q)
N(q) =
∥Xu (q) × Xv (q)∥
(4.292)
4.3. PLANO TANGENTE E VETOR NORMAL 249

( )
u v
√ ,√ ,1
(4.290) ,(4.291) 1 − u2 − v2 1 − u2 − v2
=
1

2 2
( √ ) 1−u −v
= u , v , 1 − u2 − v2 . (4.293)

Com isto temos que a imagem da aplicac~ao normal de Gauss sera a calota superior da esfera S2 ,
ou seja, { }
N(U) = (x , y , z) ∈ R3 ; x2 + y2 + z2 = 1 e z > 0 . (4.294)
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor, completando a resoluc~ao.


Observação 4.3.7
1. Lembremos que o traco de X e a calota superior de esfera centrada de origem e raio igual
a 1 (veja o item 2. da Observac~ao 4.1.8).
2. A gura abaixo ilustra a a rmac~ao sobre a imagem da aplicac~ao normal de Gauss do
Exemplo 4.3.1 acima.
6
z

v
u2 + v2 = 1
6
=

q
S2 N(q) >
N
- - - y
u

U
x
+

Tratemos agora do
.
Exemplo 4.3.2 Consideremos a s.p.r. X : U = R2 → R3 do Exemplo 4.1.3, dada por (4.45), com
a = b = 1.

Encontre, para qo = (uo , vo ) ∈ U, uma equac~ao vetorial do plano tangente a s.p.r. X em qo ,


ou seja de Tqo (X) e a imagem da aplicac~ao normal de Gauss.
Resolução:
Notemos que, de (4.55) e (4.56), temos
(4.55) , com a=b=1
Xu (u , v) = (1 , 0 , 2 u) , (4.295)
(4.56) , com a=b=1
Xv (u , v) = (0 , 1 , 2 v) . (4.296)
250 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo uma equac~ao vetorial do plano tangente a s.p.r. X em qo = (uo , vo ) ∈ U, ou seja, de Tqo (X),
sera dada por

P ∈ T(uo ,vo ) (X) ,


se, e somente se,
P = X(qo ) + a · Xu (qo ) + b · Xv (qo )
(4.295) ,(4.296) e (4.45) com a=b=1
( )
= P = uo , vo , uo2 + vo2 + a · (1 , 0 , 2 uo ) + b · (0 , 1 , 2 vo )
( )
= uo + a , vo + b , uo2 + vo2 + 2 uo a + 2 vo b , (4.297)

para a , b ∈ R.
Para (u , v) ∈ U, temos que
(4.295) ,(4.296) com a=1
Xu (q) × Xv (q) = (1 , 0 , 2 u) × (0 , 1 , 2 v)

⃗e1 ⃗e2 ⃗e3

= 1 0 2 u
0 1 2 v

= [−2 u] · ⃗e1 − [2 v] · ⃗e2 + 1 · ⃗e3


= (−2 u , −2 v , 1) , (4.298)
Logo
(4.298)
∥Xu (q) × Xv (q)∥2 = ∥(−2 u , −2 v , 1)∥2
= (−2 u)2 + (−2 v)2 + 12
= 4 u 2 + 4 v2 + 1 . (4.299)

Logo a aplicac~ao normal de Gauss, N : U → S2 , sera dada por


(4.286) Xu (q) × Xv (q)
N(q) =
∥Xu (q) × Xv (q)∥
(4.298) ,(4.299) (−2 u , −2 v , 1)
=
1

( 4 u2 + 4 v2 + 1 )
2u −2 v 1
= −√ ,√ ,√ . (4.300)
4 u 2 + 4 v2 + 1 4 u 2 + 4 v2 + 1 4 u2 + 4 v2 + 1

Com isto temos que a imagem da aplicac~ao normal de Gauss sera a calota superior da esfera S2 ,
ou seja, { }
N(U) = (x , y , z) ∈ R3 ; x2 + y2 + z2 = 1 e z > 0 . (4.301)
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor, completando a resoluc~ao. 

Observação 4.3.8

1. Lembremos que o traco de X e a o parabolóide de revolução, obtido da rotac~ao da


parabola
z = x2
4.3. PLANO TANGENTE E VETOR NORMAL 251

contida no plano xOz, rotacionada em trono do eixo Oz (veja o item 1. da Observac~ao


4.1.6), dado pela representac~ao geometrica do gra co da quadrica
z = x2 + y 2 . (4.302)

A gura abaixo nos fornece a representac~ao geometrica do traco da s.p.r. X.


z
6

X
-
q

N(q)
}
- u
> X(q)

z = x2 + y2 -y

x =

2. A gura abaixo ilustra a a rmac~ao sobre a imagem da aplicac~ao normal de Gauss do


Exemplo 4.3.2 acima.

6
z

v
6

q
] N(q)
S2
U
N
- - y
-u

x
+

3. Sejam U , U~ ⊆ R2 subconjuntos, n~ao vazios, abertos em R2 .


Notemos que se h : U~ → U e uma mudanca de par^ametros (veja a De nic~ao 4.2.1),
X : U → R3

uma s.p.r. e
~ =. X ◦ h : U → R3
X
uma reparametrizac~ao de X, para
~) ,
q = h (q (4.303)
252 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

temos que o plano tangente associada a X~, em q~ , sera igual ao plano tangente associada
a X, em q, ou seja, ( )
~ = Tq (X) .
Tq~ X (4.304)

De fato, pois
~u~ (u~ , ~v) × X~~v (u~ , ~v) (4.221)
X = ~ ) {Xu [h(q~ )] × Xv [h(q~ )]}
jh (q (4.305)
e como h e mudanca de par^ametros (veja (4.210)), temos
~ ) ̸= 0 .
jh (q (4.306)

Deste modo, os vetores


~u~ (u~ , ~v) × X~~v (u~ , ~v)
X e ~ )] × Xv [h(q~ )]
Xu [h(q

sera paralelos e assim, gerar~ao um mesmo plano, que contem o ponto


~ q~ ) = X(q) ,
X(

mostrando a validade de (4.304).


4. Por outro lado, o vetor normal de Gauss associado a X~, em q~ , sera igual ao vetor normal
de Gauss associado a X, em q, a menos de sinal, ou seja,
~ q~ ) = ±N(q) .
N( (4.307)

O sinal ± em (4.307), refere-se ao sinal do determinante da matriz jacobiana da mudanca


de par^ametros h (veja (4.305)).
Se o sinal do mesmo for positivo, o sinal em (4.307), sera positivo, ou seja, de (4.305),
teremos
~ q~ ) = N(q) , se jh (q~ ) > 0 .
N( (4.308)
Se o sinal do determinante da matriz jacobiana da mudanca de par^ametros h for negativo,
o sinal em (4.307), sera negativo, ou seja,
~ q~ ) = −N(q) ,
N( se ~) < 0 .
jh (q (4.309)

As considerac~oes acima devem-se ao fato, que


(4.286) para X~ ~ (q~ ) × X~~v (q~ )
X
~ q~ )
N( = u~
~
~ ) × X~~v (q~ )
Xu~ (q
(4.221) ~)
jh (q {Xu [h(q ~ )] × Xv [h(q~ )]}
=
∥jh (q~) {Xu [h(q ~ )] × Xv [h(q~ )]}∥
(4.303) jh (q) Xu (q) × Xv (q)
=
 )|
|jh (q ∥Xu (q) × Xv (q)∥
(4.286) para X jh (q )
= N(q) ,
 )|
|jh (q

ou seja, ~ q~ ) = jh (q ) N(q) ,


N( (4.310)
 )|
|jh (q
mostrando a validade da a rmac~ao acima.
4.3. PLANO TANGENTE E VETOR NORMAL 253

5. A gura abaixo ilustra as situac~oes descritas acima.


~ q
N( ~ ) = N(q), se jh [h(q
~ )] > 0

6
6
X
- ~ (q
TX ~ ) = TX (q) o
~ U)
X( ~ = X(U)
q

U ?
- ~ q
N( ~ ) = −N(q), se jh [h(q
~ )] < 0

~ q

6 * - X( ~ ) = X(q)

~
X
k h

/
~
q
-

~
U

Apliquemos as ideias acima ao

Exemplo 4.3.3 Consideremos a s.p.r. X : R2 → R2 dada por


.
X(u , v) = (cos(v) , sen(v) , u) , para (u , v) ∈ R2 (4.311)

e X~ : R2 → R3 , dada por
~ u~ , ~v) =. (cos(u~ ) , sen(u~ )) , ~v) ,
X( para ~ , ~v) ∈ R2 .
(u (4.312)

Mostre que X~ e uma s.p.r., que e uma reparametrizac~ao da s.p.r. X, encontre as aplicac~oes
normais de Gauss associadas a X e X~.
Encontre tambem as imagens das aplicac~oes de Gauss associadas as s.p.r. X e X~.
Resolução:
O Exemplo 4.1.8 trata da s.p.r. X, considerando-se a =. 1.
Neste caso, para (u , v) ∈ R2 , teremos
(4.311)
Xu (u , v) = (0 , 0 , 1) , (4.313)
(4.311)
Xv (u , v) = (− sen(v) , cos(v) , 0) , (4.314)
logo

⃗e1 ⃗e2 ⃗e3

(4.313) e (4.314)
Xu (u , v) × Xv (u , v) = 0 0 1
− sen(v) cos(v) 0

= − cos(v) · ⃗e1 − sen(v) · ⃗e2 + 0 · ⃗e3


= (− cos(v) , − sen(v) , 0) . (4.315)
Deste modo, teremos

(4.315)
∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥ = [− cos(v)]2 + [− sen(v)]2 + 02
= 1. (4.316)
254 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo a aplicac~ao normal de Gauss associada a s.p.r. X sera N : R2 → R3 , dada por


(4.286) Xu (q) × Xv (q)
N(q) =
∥Xu (q) × Xv (q)∥
(4.315) e (4.316)
= (− cos(v) , − sen(v) , 0) . (4.317)
Deste modo teremos que
( )
N(U) = N R2
{ }
(− cos(v) , − sen(v) , 0) ; (u , v) ∈ R2 (4.318)
que nos fornece uma circunfer^encia, de centro no ponto (0 , 0 , 0) e raio igual a 1, contida no plano
xOy, ou seja, sera
x2 + y2 = 1 no plano z = 0 . (4.319)
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z
6

v YN(q)
6
X(q)
X
-
q
- -y
u

N
z

R 6

y -y
N(q)


x

Por outro lado, considerando-se a aplicac~ao h : R2 → R2 , dada por


~ , ~v) =. ( |{z}
h(u ~v , |{z} ~ ),
u para (u~ , ~v) ∈ R2 (4.320)
.=h (u~ ,~v) =h
. (u~ ,~v)
1 2

em particular, (u , v) = (~v , u
~) , (4.321)
( )
assim teremos h ∈ C∞ R2 ; R2 (e um operador linear) e, para (u~ , ~v) ∈ R2 , teremos
 
∂h1 ∂h1
 ∂u ~ , ~v)
(u ~ , ~v)
(u
 ~ ∂~v 
~ , ~v) 
J h (u 
 ∂h ∂h2 
2
~ , ~v)
(u ~ , ~v)
(u
~
∂u
( )
∂~v
0 1
= , (4.322)
1 0
assim ~ , ~v) = −1 .
j h (u (4.323)

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 255

Logo, dos itens 3. e 4. da Observac~ao 4.3.8, segue que X~ sera uma s.p.r., cujo traco e igual ao
traco da s.p.r. X.
Alem disso, a aplicac~ao normal de Gauss associada a s.p.r. X~ sera N
~ : R2 → R3 , dada por

~ q~ ) )
(4.310) eq=h(q~ ) jh (q
N( = ~ )]
N[h(q
 )|
|jh (q
(4.317) e (4.323)
= ~ , ~v)] , sen[h(u~ , ~v)] , 0)
(cos[h(u
(4.320)
= (cos(v) , sen(v) , 0)
(4.320)
= (cos(~v) , sen(u
~ ) , 0) . (4.324)
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z
6

~
v ~ q
X( ~)

6 ~ q
N( ~)
- ~
~
q ~
-
X
-y
~
u

~
N
z

R 6

-y
s
~ ~)
N(q

x


25.05.2017 - 21.a aula

4.4 Primeira forma quadrática associada a uma s.p.r.


No desenvolvimento da teoria local das superfcies, duas formas quadraticas ter~ao papel fundamental,
conhecidas como 1.a e 2.a formas quadráticas, associadas a s.p.r. considerada.
A 1.a forma fundamental estara, com veremos, relacionado com comprimento de curvas cujos tracos
est~ao contido na superfcie, ^angulos entre vetores tangentes a superfcie e areas de regi~oes contidas no
traco da superfcie, todos elementos relacionados a uma s.p.r. .
Ja a 2.a forma quadratica estara relacionada com a, assim denominada, curvatura da superfı́cie,
como veremos adiante.
Comecaremos tratando da 1.a forma fundamental, para isto temos a:
aberto
Seja X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. e q ∈ U.
Definição 4.4.1
De nimos a aplicac~ao Iq : Tq (X) → R, por
.
Iq (w) = ∥w∥2 , para w ∈ Tp (X) . (4.325)
que sera denominada 1.a forma quadrática associada a s.p.r. X, no ponto q.
256 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Observação 4.4.1

1. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita na De nic~ao 4.4.1 acima.

v
6
z
6 w :
6
X
- X(q) Iq
Iq (w)
q Tq (X)
-
-
u
X(U)
U

zy
/
x

2. Na situac~ao da De nic~ao 4.4.1 acima, se


qo = (uo , vo ) ∈ U , (4.326)

ent~ao, como X e s.p.r., teremos


w ∈ Tqo (X) ,
se, e somente, se w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) , (4.327)
para algum a,b ∈ R.

Desta forma,
(4.325)
Iqo (w) = ⟨w , w⟩
(4.327)
= ⟨a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) , a · Xu (qo ) + b · Xv (qo )⟩
propr. do p.i.
= a2 ⟨Xu (qo ) , Xu (qo )⟩ + 2 a b ⟨Xu (qo ) , Xv (qo )⟩ + b2 ⟨Xv (qo ) , Xv (qo )⟩ . (4.328)

Consideremos as func~oes E , F , G : U → R, dadas por


.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩ , (4.329)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩ , (4.330)
.
e G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩ , para q ∈ U. (4.331)

Desta forma, para q ∈ U, teremos


(4.328)
Iq (w) = a2 ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩ + 2 a b ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩ + b2 ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.329), (4.330) e (4.331)
= a2 E(q) + 2 a b F(q) + b2 G(q) ,
ou seja, Iq (w) = a2 E(q) + 2 a b F(q) + b2 G(q) , (4.332)
onde w = a · Xu (q) + b · Xv (q) ∈ Tq (X) , (4.333)
para algum a,b ∈ R.

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 257

3. Como X e s.p.r., segue que ( )


X u , X v ∈ C ∞ U ; R3 .

Assim, deste fato, da func~ao produto interno


( )
⟨ , ⟩ ∈ C∞ R3 × R3 , R ,

de (4.329), (4.330), (4.331) e da regra da cadeia, segue que


E , F , G ∈ C∞ (U , R) . (4.334)

Tais func~oes ser~ao denominadas coeficientes da 1.a forma quadrática, associada a s.p.r.
X, no ponto q.

4. Notemos tambem que, para q ∈ U, temos


(4.329)
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
X e uma s.p.r.
>0 , (4.335)
(4.331)
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
X e uma s.p.r.
>0 . (4.336)

5. Alem disso, se
θ ∈ [0 , π)

e o ^angulo entre os vetores (n~ao nulos) Xu (q) e Xv (q) ent~ao, das propriedades do produto
vetorial e o produto interno, teremos
∥Xu (q) × Xv (q)∥2 + ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩2 = ∥Xu (q)∥2 ∥Xv (q)∥2 sen2 (θ) + ∥Xu (q)∥2 ∥Xv (q)∥2 cos2 (θ)
[ ]
= ∥Xu (q)∥2 ∥Xv (q)∥2 sen2 (θ) + cos2 (θ)
| {z }
=1
= ∥Xu (q)∥2 ∥Xv (q)∥2 ,
ou seja, ∥Xu (q)∥2 ∥Xv (q)∥2 − ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩ = ∥Xu (q) × Xv (q)∥2 . (4.337)

Assim
(4.329) ,(4.330) e (4.331)
E(q) G(q) − F 2 (q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩ ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩ − ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
= ∥Xu (q)∥2 ∥Xv (q)∥2 − ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.337)
= ∥Xu (q) × Xv (q)∥2 ,
ou seja, E(q) G(q) − F 2 (q) = ∥Xu (q) × Xv (q)∥2 > 0 , (4.338)
pois X e s.p.r. .
Em particular, E(q) G(q) − F 2 (q) > 0 , para q ∈ U. (4.339)

Apliquemos as ideias acima ao:


258 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Exemplo 4.4.1 Sejam Po ∈ R3 , a , b ∈ R e {w1 , w2 } um conjunto ortonormal em R3 xados.


Consideremos a s.p.r. X : R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = Po + u · w1 + v · w2 , para (u , v) ∈ R2 . (4.340)

Encontre a 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X em um ponto q = (u , v) ∈ R2 .


Resolução:
Como vimos no Exemplo 4.1.1, X e uma s.p.r. .
Alem disso, para q = (u , v) ∈ R2 , temos
(4.340)
Xu (q) = w1 , (4.341)
(4.340)
Xv (q) = w2 . (4.342)

Logo os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , ser~ao
as func~oes E , F , G : R2 → R, dadas por
.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.341)
= ⟨w1 , w1 ⟩
{w1 ,w2 } 
e conjunto ortonormal
= 1, (4.343)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.341) e (4.342)
= ⟨w1 , w2 ⟩
{w1 ,w2 } 
e conjunto ortonormal
= 0, (4.344)
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.342)
= ⟨w2 , w2 ⟩
{w1 ,w2 } 
e conjunto ortonormal
= 1. (4.345)

Desta forma, a 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , sera a func~ao
Iq : Tq (X) → R, dada por

Iq (w) = a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )


(4.343) ,(4.344) e (4.345)
= a2 + b2 (4.346)
onde
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo )
(4.341) e (4.342)
= a · w1 + b · w2 , (4.347)
para algum a,b ∈ R,

completando a resoluc~ao.


Observação 4.4.2 A representac~ao geometrica do traco da s.p.r. X do Exemplo 4.4.1 acima e


um plano, que contem o ponto Po e tem como vetores diretores os vetores unitarios ortogonais
w1 e w2 (veja o item 3. da Observac~ ao 4.1.4).

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 259

Temos tambem o
Exemplo 4.4.2 Consideremos a s.p.r. X : R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = (cos(u) , sen(u) , v) , para (u , v) ∈ R2 . (4.348)
Encontre a 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X em um ponto q = (u , v) ∈ R2 .
Resolução:
Como vimos no Exemplo 4.1.8, X e uma s.p.r. (no nosso caso, a =. 1).
Alem disso, para q = (u , v) ∈ R2 , teremos
(4.348)
Xu (q) = (− sen(u) , cos(u) , 0) , (4.349)
(4.348)
Xv (q) = (0 , 0 , 1) . (4.350)
Logo os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , ser~ao
as func~oes E , F , G : R2 → R, dadas por
.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.341)
= ⟨w1 , w1 ⟩
(4.349)
= ⟨(− sen(u) , cos(u) , 0) , (− sen(u) , cos(u) , 0)⟩
= [− sen(u)]2 + [cos(u)]2 + 02
= 1, (4.351)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.349) e (4.350)
= ⟨(− sen(u) , cos(u) , 0) , (0 , 0 , 1)⟩
= 0, (4.352)
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.350)
= ⟨(0 , 0 , 1) , (0 , 0 , 1)⟩
= 1. (4.353)
Desta forma, a 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , sera a func~ao
Iq : Tq (X) → R, dada por

Iq (w) = a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )


(4.351) ,(4.352) e (4.353)
= a 2 + b2 , (4.354)
onde
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) , (4.355)
para algum a,b ∈ R,

completando a resoluc~ao.


Observação 4.4.3

1. A representac~ao geometrica do traco da s.p.r. X do Exemplo 4.4.2 acima e um cilindro


circular reto (veja o item 1. da Observac~ao 4.1.13).
260 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

2. Observemos que os coe cientes da 1.a forma quadratica associadas as s.p.r. dos Exemplos
4.4.1 e 4.4.2 s~ao iguais, ou seja,
(4.344) (4.351)
Eplano (q) = 1 = Ecilindro (q) ,
(4.345) (4.352)
Fplano (q) = 0 = Fcilindro (q) ,
(4.346) (4.353)
e Gplano (q) = 1 = Gcilindro (q) , (4.356)

Temos tambem o:
.
Exemplo 4.4.3 Sejam r > 0 xado e consideremos a s.p.r. X : U = (0 , π) × R → R3 , dada por
.
X(u , v) = (r sen(u) cos(v) , r sen(u) sen(v) , r cos(u)) , para (u , v) ∈ U . (4.357)

Encontre a 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X em um ponto q = (u , v) ∈ U.


Resolução:
Como vimos no Exemplo 4.1.11, X e uma s.p.r. (no nosso caso, a =. r).
Alem disso, para q = (u , v) ∈ U, temos
(4.357)
Xu (q) = (r cos(u) cos(v) , r cos(u) sen(v) , −r sen(u)) , (4.358)
(4.357)
Xv (q) = (−r sen(u) sen(v) , r sen(u) cos(v) , 0) . (4.359)

Logo os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ U, ser~ao
as func~oes E , F , G : U → R, dadas por
.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.358)
= ⟨(r cos(u) cos(v) , r cos(u) sen(v) , −r sen(u)) , (r cos(u) cos(v) , r cos(u) sen(v) , −r sen(u))⟩
= r2 cos2 (u) cos2 (v) + r2 cos2 (u) sen2 (v) + (−r)2 sen2 (u)
| {z }
=r2 cos2 (u)[cos2 (v)+ sen2 (v)]=r2 cos2 (u)

= r2 cos2 (u) + r2 sen2 (u)


| {z }
=r2 [cos2 (u)+ sen2 (u)]
2
=r , (4.360)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.358) e (4.359)
= ⟨(r cos(u) cos(v) , r cos(u) sen(v) , −r sen(u)) , (−r sen(u) sen(v) , r sen(u) cos(v) , 0)⟩
= [r cos(u) cos(v)] [−r sen(u) sen(v)] + [r cos(u) sen(v)] [r sen(u) cos(v)] + [−r sen(u)] · 0
= 0, (4.361)
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.359)
= ⟨(−r sen(u) sen(v) , r sen(u) cos(v) , 0) , (−r sen(u) sen(v) , r sen(u) cos(v) , 0)⟩
= (−r)2 sen2 (u) sen2 (v) + r2 sen2 (u) cos2 (v) +0
| {z }
r2 sen2 (u) [ sen2 (v)+cos2 (v)]

= r2 sen2 (u) . (4.362)



4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 261

Desta forma, a 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ U, sera a func~ao
Iq : Tq (X) → R, dada por
Iq (w) = a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )
(4.360) ,(4.361) e (4.362)
= a2 r2 + b2 r2 sen2 (u) (4.363)
onde
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) , (4.364)
para algum a,b ∈ R,
completando a resoluc~ao.


Observação 4.4.4 Como vimos no item 2. da Observac~ao 2 temos que o traco de X, e uma
esfera, de centro na origem e raio igual a 1, retirando-se os polos norte e sul da mesma.
Temos tambem o
Exemplo 4.4.4 Para c > 0 xado e consideremos a X : U =. R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = (v cos(u) , v sen(u) , c u) , para (u , v) ∈ U . (4.365)
Mostre que X e uma s.p.r. e encontre a 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X em um
ponto q = (u , v) ∈ U.
Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que X e uma s.p.r. .
Notemos que, para q = (u , v) ∈ U, temos
(4.365)
Xu (q) = (−v sen(u) , v cos(u) , c) , (4.366)
(4.365)
Xv (q) = (cos(u) , sen(u) , 0) . (4.367)
Logo os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ U, ser~ao
as func~oes E , F , G : R2 → R, dadas por
.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.366)
= ⟨(−v sen(u) , v cos(u) , c) , (−v sen(u) , v cos(u) , c)⟩
= (−v)2 sen2 (u) + v2 cos2 (u) +c2
| {z }
=v2 [ sen2 (u)+cos2 (u)]

= v2 + c2 , (4.368)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.366) e (4.367)
= ⟨(−v sen(u) , v cos(u) , c) , (cos(u) , sen(u) , 0)⟩
= [−v sen(u)] [cos(u)] + [v cos(u)] [ sen(u)] + c · 0
= 0, (4.369)
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.367)
= ⟨(cos(u) , sen(u) , 0) , (cos(u) , sen(u) , 0)⟩
= cos (u) + sen2 (u) + 02
2

= 1. (4.370)
262 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Desta forma, a 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ U, sera a func~ao
Iq : Tq (X) → R, dada por

Iq (w) = a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )


(4.368) ,(4.369) e (4.370) 2
( )
= a v2 + c2 + b2 , (4.371)
onde
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) , (4.372)
para algum a,b ∈ R,

completando a resoluc~ao.


Observação 4.4.5 O traco da s.p.r. do Exemplo 4.4.4 acima (dada por (4.365)) pode ser obtido
da seguinte forma:
Consideremos a c.p.r. α : R → R3 , dada por
.
α(u) = (cos(u) , sen(u) , c u) , para u ∈ R, (4.373)
cujo traco e uma hélice circular (veja o Exemplo 3.1.2, com a =. 1 e o item 1. da Observac~ao
3.1.3).
Para cada u ∈ R xado, a equac~ao da reta ortogonal ao eixo Oz, que contem o ponto α(u),
sera dada por
r : P = (0 , 0 , c u) + v · (cos(u) , sen(u) , 0) , para v ∈ R,
ou seja, P = (v cos(u) , v sen(u) , c u) , (4.374)
que coincide com o traco de X (dada por (4.365)).
Tal superfcie e conhecida como helicóide.
As guras abaixo ilustram a situac~ao descrita acima e a representac~ao geometrica do traco
da s.p.r. X. z

6 (v cos(u) , v sen(u) , c u)

(0 , 0 , c u)

α(u) = (cos(u) , sen(u) , c u)

K
- y

traco de α, ou seja, a helice


x

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 263

Consideremos agora o

Exemplo 4.4.5 Consideremos a s.p.r X, da Proposic~ao 4.1.2 (ou seja, uma superfcie de re-
voluc~ao), dada por X : U =. (a , b) × R → R3 , dada por

.
X(u , v) = (f(u) cos(v) , f(u) sen(v) , g(u)) , para (u , v) ∈ U (4.375)

onde f , g ∈ C∞ ((a , b) → R, s~ao tais que

f(u) > 0 , para u ∈ (a , b) (4.376)

e a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 , dada por

.
α(u) = (f(u) , 0 , g(u)) , para u ∈ (a , b) , (4.377)

e uma curva parametrizada regular.


Encontre a 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X.

Resolução:
Notemos que, para (u , v) ∈ U, teremos

(4.131) ( ′ )
Xu (u , v) = f (u) cos(v) , f ′ (u) sen(v) , g ′ (u) , (4.378)
(4.132)
Xv (u , v) = (−f(u) sen(v) , f(u) cos(v) , 0) . (4.379)

Logo os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ U, ser~ao
264 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

as func~oes E , F , G : U → R, dadas por


.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.378) ⟨( ′ ) ( )⟩
= f (u) cos(v) , f ′ (u) sen(v) , g ′ (u) , f ′ (u) cos(v) , f ′ (u) sen(v) , g ′ (u)
= [f ′ (u)]2 cos2 (v) + [f ′ (u)]2 sen2 (v) +[g ′ (u)]2
| {z }
=[f ′ (u)]2 [cos2 (v)+ sen2 (v)]

= [f ′ (u)]2 + [g ′ (u)]2 , (4.380)


.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.378) e (4.379) ⟨( ′ ) ⟩
= f (u) cos(v) , f ′ (u) sen(v) , g ′ (u) , (−f(u) sen(v) , f(u) cos(v) , 0)
= [f ′ (u) cos(v)][−f(u) sen(v)] + [f ′ (u) sen(v)] [f(u) cos(v)] + [g ′ (u)] · 0
= 0, (4.381)
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.379)
= ⟨(−f(u) sen(v) , f(u) cos(v) , 0) , (−f(u) sen(v) , f(u) cos(v) , 0)) right >
= [−f(u)]2 sen2 (v) + [f(u)]2 cos2 (v) cos2 (v) + 02
| {z }
=[−f(u)]2 [ sen2 (v)+cos2 (v)]

= f 2 (u) . (4.382)

Desta forma, a 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ U, sera a func~ao
Iq : Tq (X) → R, dada por

Iq (w) = a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )


(4.380) ,(4.381) e (4.382) 2
{ }
= a [f ′ (u)]2 + [g ′ (u)]2 + b2 f 2 (u) , (4.383)
onde
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) , (4.384)
para algum a,b ∈ R,

completando a resoluc~ao.


Observação 4.4.6

1. Como veremos a seguir, uma mudanca de par^ametros pode modi car os coe cientes da
1.a forma quadratica associada a uma s.p.r., mas mantera invariante o valor da mesma.
aberto
De fato, se X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r.,e ~ →U
h:U e uma mudanca de parametros
(veja a De nic~ao 4.2.1) e
~ =. X ◦ h : U
X ~ → R3
uma reparametrizac~ao da s.p.r. X, se
~
~∈U
q e .
~) ∈ U
q = h(q

e indicaremos por ( )
Iq : Tq (X) → R e ~Iq~ : Tq~ X~ → R,

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 265

as 1.as formas quadraticas associadas a X e X~, respectivamente, ent~ao


( )
para ~ = Tq (X) ,
w ∈ Tq~ X (4.385)
teremos
~Iq~ (w) (4.325)
= ∥w∥2
(4.325)
= Iq (w) , (4.386)
mostrando que a a rmac~ao acima e verdadeira.
2. A seguir, utilizando a 1.a forma quadratica associada a uma s.p.r., introduziremos as
noc~oes de comprimento de uma curva parametrizada regular, contida no traco da su-
perfcie em quest~ao, de ^angulo entre vetores tangentes a superfcie em quest~ao e area de
regi~oes limitas contidas no traco da superfcie em quest~ao.
Para tanto, seja
aberto
X : U ⊆ R2 → R3
uma s.p.r. .
(a) Se α : (a , b) → R3 e uma c.p.p.c.a., cujo traco esta contido no traco de X, ou seja,
podemos encontrar func~oes u , v ∈ C∞ ((a , b) ; R) de modo que
α(s) = X(u(s) , v(s)) , para s ∈ (a , b) , (4.387)
para so , s1 ∈ (a , b), com so < s1 , como vimos na De nic~ao 2.3.3, o comprimento (do
traço) de α, de ro a r1 , que indicaremos por lro ,r1 , ser
a dado por

(2.89) s1
lro ,r1 = ∥α ′ (s)∥ ds
s
∫os1 √
(4.325)
= Iq(s) [α ′ (s)] ds , (4.388)
so
.
onde q(s) = (u(s) , v(s)) , para s ∈ (a , b) . (4.389)

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita na De nic~ao 4.3.1 .


z
6 α ′ (s)
*
v
6 α(s) = X[q(s)]
X
-
U

- u
-
q(s) = (u(s) , v(s)) y

k
x

q 
α

-
a s b
266 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

(b) Fixado qo ∈ U, se os vetores w1 , w1 s~ao vetores, n~ao nulos, tangentes a s.p.r. em q,


ou seja, { }

w1 , w2 ∈ Tqo (X) \ O (4.390)
e denotarmos por
θ ∈ [0 , π)
o ângulo entre os vetores w1 e w2 , teremos (veja (A.23) do ap^endice)
⟨w1 , w2 ⟩
cos(θ) = . (4.391)
∥w1 ∥ ∥w2 ∥

Notemos que
∥w1 + w2 ∥2 = ⟨w1 + w2 , w1 + w2 ⟩
propriedades do p.i.
= ⟨w1 , w1 ⟩ + ⟨w1 , w2 ⟩ + ⟨w2 , w1 ⟩ + ⟨w2 , w2 ⟩
= ∥w1 ∥ + 2 ⟨w1 , w2 ⟩ + ∥w2 ∥2
2

ou seja,
1[ ]
⟨w1 , w2 ⟩ = ∥w1 + w2 ∥2 − ∥w1 ∥2 − ∥w2 ∥2
2
(4.325) 1
= [Iq (w1 + w2 ) − Iqo (w1 ) − Iqo (w2 )] . (4.392)
2 o

Logo, de (4.391), (4.392) e (4.325), segue que


1 Iqo (w1 + w2 ) − Iqo (w1 ) − Iqo (w2 ) { }
cos(θ) = √ , para ⃗ . (4.393)
w1 , w2 ∈ Tqo (X) \ O
2 I (w ) I (w )
qo 1 qo 2

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita na De nic~ao 4.3.3 acima.


z Tqo (X)
6
* w1
v
6 ]θz
w2
X
-
U
qo
-u -
y

(c) Se
α : (a , b) → R3 e β : (c , d) → R3
s~ao duas c.p.p.c.a., cujos tracos est~ao contidos no traco da s.p.r. X, que se intercep-
tam em um unico ponto, ou seja existem unicos so ∈ (a , b) e ro ∈ (c , d), de modo
que
.
qo = α(so ) = β(ro ) , (4.394)

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 267

ent~ao o ângulo entre α e β , (veja a De nic~ao 2.4.6) que indicaremos por θ ∈ [0 , π),
sera dado por:
⟨α ′ (so ) , β ′ (ro )⟩
cos(θ) =
∥α ′ (so )∥ ∥β ′ (ro )∥
[ ′ ] [ ′ ] [ ′ ]
(4.393) 1 Iqo α (so ) + β (ro ) − Iqo α (so ) − Iqo β (ro )
= √ . (4.395)
2 I [α ′ (s )] I [β ′ (r )]
qo o qo o

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


z
6 α ′ (so )
*
v
6
j′
X
- X(qo )
β (ro )
U
qo
- u
-
y

I β 7d
x

 ro
α
c

-
a so b

(d) Em particular, para


qo = (uo , vo ) ∈ U ,

temos que o ^angulo entre os vetores Xu (qo ) e Xv (qo ), que indicaremos por
θqo ∈ [0 , π) ,

sera dado por


(4.391) ⟨Xu (qo ) , Xv (qo )⟩
cos(θqo ) =
∥Xu (qo )∥ ∥Xv (qo )∥
(4.329) ,(4.330) e (4.331) F(qo )
= √ . (4.396)
E(qo ) G(qo )

Em particular, de (4.396), segue que as curvas coordenadas


αvo (u) = X(u , vo ) e βuo (v) = X(uo , v) , para u ∈ Ivo e v ∈ Juo ,

ir~ao se interceptar ortogonalmente se, e somente se,


F(qo ) = 0 . (4.397)

3. Logo do item 2d. acima (mais precisamente, de (4.397)), segue os meridianos e paralelos
de uma superfcie de revoluc~ao, interceptam-se ortogonalmente, pois elas s~ao as curvas
coordenadas no ponto qo (veja o item 4. da Observac~ao 4.1.12 e o Exemplo 4.4.5, mais
precisamente, (4.381)).
268 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

A seguir trataremos da quest~ao relacionada com o calculo do valor da area de uma regi~ao limitada,
contida no traco de uma s.p.r., utilizando-se da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. em quest~ao.
Comecaremos pela:

Definição 4.4.2 Um conjunto D ⊆ R2 que e fechado, limitado de R2 , cujo interior e homeomorfo


a uma bola aberta de R2 , cuja fronteira e homeomorfa a uma circunfer^encia e formada pela
reuni~ao nita de tracos de c.p.r., sera denominado de região de R2 .

Exemplo 4.4.6 Em cada item abaixo, temos a classi cac~ao do conjunto D, segundo a De nic~ao
4.4.2.

1. O conjunto D abaixo e uma regi~ao em R2 .

2. O conjunto D abaixo e uma regi~ao em R2 .

3. O conjunto D abaixo, não e uma regi~ao em R2 .

D

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 269

4. O conjunto D abaixo não e uma regi~ao em R2 .

Com isto temos a


Definição 4.4.3 Sejam U ⊆ R2 um subconjunto aberto de R2 , D ⊆ U , uma regi~ao em R2 e
X : U → R3 uma s.p.r. .
Neste caso diremos que o conjunto X(D) e uma região na superfı́cie X.
Observação 4.4.7 A gura abaixo ilustra a situac~ao da De nic~ao 4.4.3 acima.
z
6
v

6
X(U)

X
U -
D

X(D) -y

- u

/
x

29.05.2017 - 22.a aula


Podemos agora intorduzir a
Definição 4.4.4 Sejam U ⊆ R2 um subconjunto aberto de R2 , D ⊆ U, uma regi~ao em R2 , e

X : U → R3 uma s.p.r., de modo que a restric~ao da func~ao X ao conjunto D, seja injetora, isto
e,

X| ◦ :D→ R3 (4.398)
D

e injetora.
Ent~ao de nimos a área da região X(D) na superfı́cie X (que esta contida no traco de X),
que sera indicada por A[X(D)], como sendo
∫∫
.
A[X(D)] = ∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥ du dv (4.399)
D∫
∫ √
(4.338)
= E(u , v) G(u , v) − F 2 (u , v) du dv , (4.400)
D

onde E, F e G s~ao os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a X (dadas por (4.329),
(4.330) e (4.331), respectivamente)
270 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Observação 4.4.8

1. Uma justi cativa geometrica para a express~ao (4.399) (ou (4.400)) e pode ser dada da
seguinte forma:
Fixado qo = (uo , vo ) ∈ D, como visto na disciplina de Geometria Analtica, o valor da
area do paralelogramo que tem lados paralelos aos vetores
Xu (qo ) e Xu (qo ) ,
e dada por ∥Xu (qo ) × Xu (qo )∥ .
( )
~ , onde D
e este valor e, aproximadamente, igual ao valor da area da regi~ao X D ~ ⊆ D, e
um ret^angulo com vertice no ponto qo e cujos lados s~ao paralelos aos eixos coordenados
do plano uOv.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima
ret^angulo de lados paralelos a Xu (qo ) e Xv (qo )
X(uo , v)

Xu (qo )  +
v
N Y
6D
X(u , vo ) - Xv (qo ) z
( )
~
D regi~ao X D
~

X
-
vo

uo
- u

Deste modo, utilizando soma de Riemann associada a uma rede formada peos ret^angulos
~ , chegaremos a express~ao (4.399) (ou (4.400)), passando o limte, quando a malha da rede
D
tende a zero.
2. Notemos que a area de uma regi~ao de uma s.p.r. e invariante por mudanca de par^ametros.
De fato, suponhamos que U ⊆ R2 um subconjunto aberto de R2 , D ⊆ U, uma regi~ao em

R2 , e X : U → R3 uma s.p.r., de modo que a restric~ ao da func~ao X ao conjunto D, seja
injetora e U~ ⊆ R2 um subconjunto aberto de R2 e X~ : U~ → R3 uma reparametrizac~ao de X,
isto e, podemos encontrar h : U~ → U, mudanca de par^ametros (veja a De nic~ao 4.2.1), de
modo que
~ = X ◦ h.
X (4.401)

Consideremos ( )
. ~
D=h D (4.402)
e
~ , ~v) ,
(u , v) = h(u para ~.
~ , ~v) ∈ U
(u

Mostremos que [ ( )]
A X ~ = A [X (D)] .
~ D (4.403)

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 271

Para tanto notemos que

[ ( )] (4.399) ∫ ∫
~
~ D
A X ~ = ~ , ~v) × X~~v (u~ , ~v) du~ d~v
Xu~ (u
~
∫ ∫D
(4.221)
= ~ , ~v) | ∥Xu [h(u~ , ~v)] × Xv [h(u~ , ~v)]∥ du~ d~v
|jh (u
~
D ∫∫
teorema de mudanca de variaveis na integral multiplla
= ∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥ du dv
D
(4.399)
= A [X (D)] ,

como queramos demonstrar.

A gura abaixo ilistra a situac~ao descrita acima

z ( )
~ D
X ~ = X(D)
6
v +
6
U

- y
X
-

x
D ~
X

- u
~
v
y h 6

~
D
- ~
u
~
U

aberto
3. Se X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. e o conjunto

Q ⊆ X(U)

pode ser escrito como reuni~ao nita, disjunta de regi~oes da superfcie X, ent~ao a area de
Q, indicada por A(Q), sera dada pela soma ( nita) das areas de cada uma das regi~oes
disjuntas que comp~oe o conjunto Q.

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


272 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS


z Q = Q1 Q2

v 6
6 D2 Q1

X
- Q2 - y

-u
 X(U)
x
D1

4. Pode-se mostrar que a area do conjunto Q, dado no item acima, não depende do modo
como o conjunto Q e decomposto como reuni~ao nita e disjunta de regi~oes de X.
A ver cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.

Apliquemos as ideias acima ao

Exemplo 4.4.7 Consideremos a s.p.r. X, dada no Exemplo 4.1.10 (dada por (4.148)).
Consideremos o conjunto
.
D = [0 , 2 π] × [0 , 2 π] ⊆ R2 . (4.404)
Mostre que o conjunto D e uma regi~ao em R2 e encontre a area da regi~ao X(D), da s.p.r. X.
Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que o conjunto D e uma regi~ao em R2 .
Notemos tambem que a restric~ao da aplicac~ao X ao interior do conjunto D, ou seja, ao conjutno

D= (0 , 2 π) × (0 , 2 π) ,

e uma func~ao injetora, ou seja,


X|D : (0 , 2 π) × (0 , 2 π) → R3 (4.405)
e injetora.
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Notemos que, para (u , v) ∈ R =. R2 , teremos
(4.148)
X(u + 2 π , v + 2 π) = ([a + r cos(u + 2 π)] cos(v + 2 π) , [a + r cos(u + 2 π)] sen(v + 2 π) , r sen(u + 2 π))
= ([a + r cos(u)] cos(v) , [a + r cos(u)] sen(v) , r sen(u))
(4.148)
= X(u , v) .

Observemos tambem que, para (u , v) ∈ R =. R2 , teremos


(4.148)
Xu (u , v) = (−r sen(u)] cos(v) , −r sen(u)] sen(v) , r cos(u)) (4.406)
(4.148)
Xv (u , v) = (−[a + r cos(u)] sen(v) , [a + r cos(u)] cos(v) , 0) . (4.407)

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 273

Assim

⃗e1 ⃗e2 ⃗e3
(4.406) e (4.407)
Xu (u , v) × Xv (u , v) = −r sen(u)] cos(v) −r sen(u)] sen(v) r cos(u)
−[a + r cos(u)] sen(v) [a + r cos(u)] cos(v) 0

= {[r cos(u)] [[a + r cos(u)] cos(v)]} · ⃗e1 + {[r cos(u)] [−[a + r cos(u)] sen(v)]} · ⃗e2
+ {[−r sen(u)] cos(v)] [[a + r cos(u)] cos(v)]
−[−r sen(u)] sen(v)] [−[a + r cos(u)] sen(v)]} · ⃗e3
exerccio
= {−r [a + r cos(u)] cos(u) , cos(v)} · e1 + {−r [a + r cos(u)] cos(u) , sen(v)} · e2
+ {−r [a + r cos(u)] sen(u)} · ⃗e3 . (4.408)
Com isto
(4.408)
∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥2 = {−r [a + r cos(u)] cos(u) , cos(v)}2 + {−r [a + r cos(u)] cos(u) , sen(v)}2
+ {−r [a + r cos(u)] sen(u)}2
exerccio 2
= r [a + r cos(u)]2 ,
ou seja, ∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥ = r [a + r cos(u)] . (4.409)
Logo,
∫∫
(4.399)
A[D] = ∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥ du dv
∫∫ D
(4.409)
= {r [a + r cos(u)]} du dv
D
(∫ 2 π ) (∫ 2 π )
= dv r [a + r cos(u)]} du
| {z }
0 0
=2 π
 
∫2π ∫2π
 
= 2π  a r du + r2
cos(u)] du 

| {z }
0
|0
{z }
=a r 2 π =0
= 4π ar,2
(4.410)
completando a resoluc~ao.


Observação 4.4.9

1. Notemos que, no Exemplo 4.4.7 acima, o conjunto


X(D) = X ([0 , 2π] × [0 , 2 π])

coincide com o traco da s.p.r. X que, como vimos no item 1. da Observac~ao 4.1.15 e um
toro.
Desta forma, pelo Exemplo 4.4.7 acima, temos que a area do toro (que e o traco da s.p.r.
X, dada por (4.148)), ser
a igual a
4 π2 a r .

A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


274 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS
z
6

v
6 (u , v)
X
-
- y

-u



x

X(u , v) = ([a + r cos(u)] cos(v) , [a +r cos(u)] sen(v) , r sen(u))

2. Observemos que nos Exemplos 4.4.1 e 4.4.2, cujos tracos s~ao um plano e um cilindro
circular reto, respectivamente, os coe cientes da 1.a forma quadratica associadas a cada
uma dessas s.p.r. s~ao iguais, mais precisamente, para (u , v) ∈ R2 , temos que
(4.343)
Ep (u , v) = 1
(4.351)
= Ec , (4.411)
(4.344)
Fp (u , v) = 0
(4.352)
= Fc , (4.412)
(4.345)
Gp (u , v) = 1
(4.353)
= Gc , (4.413)
onde Ep , Fp e Gp denotam os coe cientes da 1.a forma quadratica associada ao plano
(ou seja, a s.p.r X dada por (4.340)) e Ec , Fc e Gc denotam os coe cientes da 1.a forma
quadratica associada ao cilindro circular reto (ou seja, a s.p.r X dada por (4.348)).
Portanto as 1.as formas quadraticas associadas ao plano (ou seja, a s.p.r X dada por
(4.340)) e ao cilindro circular reto (ou seja, a s.p.r X dada por (4.348)), ser~ao iguais, isto
e,
Iq (plano) = Iq (cilindro) . (4.414)
O que ocorreu acima e um caso particular de uma classe de s.p.r. que t^em esta proprie-
dade.
3. Para estudar a classe que nos referimos no item 2. acima, vamos considerar somente s.p.r.
de modo que a aplicac~ao X seja injetora, que ser~ao denominadas superfı́cies parametriza-
das regulares simples ou, de modo abreviado s.p.r.s.

4. Vimos, na Proposicao 4.1.3, que para cada qo ∈ U, podemos obter uma restric~ao da s.p.r.
X a um subconjunto aberto, que denotamos por Vo , contendo qo e contido em U, de modo
que a aplicac~ao
X|V : V → R3
e injetora, ou seja, localmente uma s.p.r. e uma s.p.r.s. .
Com isto podemos introduzir a

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 275

aberto
Definição 4.4.5 Sejam X , X~ : U ⊆ R2 → R3 duas s.p.r.s. .
Diremos que X e X~ s~ao superfı́cies isométricas se para todo (u , v) ∈ U, os correspondentes
coe cientes das 1.as formas quadraticas de X e X~, s~ao iguais em (u , v), ou seja, se
~ (u , v) ,
E(u , v) = E (4.415)
F(u , v) = ~F(u , v) , (4.416)
~ , v) ,
G(u , v) = G(u para (u , v) ∈ U , (4.417)

onde E, F e G denotam os coe cientes da 1.a forma quadratica da s.p.r.s. X e E~ , ~F e G~ denotam


os coe cientes da 1.a forma quadratica da s.p.r.s. X~.
Observação 4.4.10

1. Se duas s.p.r.s., X e , X~ t^em o mesmo domnio U, ou seja,


aberto
~ : U ⊆ R2 → R3
X,X

ent~ao podemos obter uma correspod^encia bijetora entre os tracos de X e X~, da seguinte
forma:
Suponhamos que
.
S = X(U) , (4.418)
e ~ =. X(U)
S ~ . (4.419)

Como X e X~ s~ao s.p.r.s. (veja o item 3. da Observac~ao 4.4.9) temos que as func~oes
aberto aberto
X : U ⊆ R2 → R3 e X : U ⊆ R2 → R3 ,

s~ao injetoras.
Logo existem as func~oes inversas
(4.418)
X−1 : S = X(U) → U

e ~−1 : S~ (4.419)
X ~
= X(U) → U.

Desta forma podemos considerar a aplicac~ao ϕ : S → S~, dada por


. ~
ϕ=X ◦ X−1 (4.420)
e assim teremos que a func~ao inversa ϕ−1 : S~ → S, sera dada por
. ~−1
ϕ−1 = X ◦ X (4.421)
e desta forma obtemos uma correspond^encia bijetora entre
S = X(U) e S~ = X(U)
~ ,

com a rmamos.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
276 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

v 6 .
S = X(U)
6
X
U
- - y

-u

x

~
X
~
z
R
ϕ
6
. ~
~ =
S X(U)
- ~
y

+
~
x

2. Na situac~ao do item 1. acima as s.p.r.s. X e X~ s~ao superfcies isometricas (veja a De-


nic~ao 4.4.5), a aplicac~ao ϕ, dada por (4.227), sera denominada isometria de S = X(U) em
~ = X(U)
S ~ .
3. A denominac~ao introduzida no item 2. acima, pode ser just cada pelo fato que se as
s.p.r.s. s~ao isometricas, ent~ao a aplicac~ao ϕ preservara respectivas dist^ancia, entre pontos
correspondentes dos tracos de X~ e X, ou seja, para q1 , q2 ∈ U, temos que
dX (ϕ[X(q1 )] , ϕ[X(q2 )]) = dX~ (X(q1 ) , X(q2 )) , (4.422)
onde a dist^ancia d acima e obtida via minimizac~ao dos comprimentos de c.p.r., nas
respectivas superfcies X e X~, que ligam os pontos ϕ[X(q1 )], ϕ[X(q2 )], pertencentes ao traco
de X~ e, analogamente, que ligam os pontos X(q1 ), X(q2 ), pertencentes ao traco de X.
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z

v 6
X(q2 )
6 q2
q1
X
U
- - y
X(q1 )

-u .
S = X(U)

x

~
X
~
z
R
ϕ
6
ϕ[X(q2 )]
- ~
y

ϕ[X(q1 )]
. ~
~ =
S X(U)
+
~
x

Apliquemos as ideias aciam ao



4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 277

Exemplo 4.4.8 Sejam X : U =. (0 , 2 π) × R → R3 , dada por


.
X(u , v) = (u , v , 0) , para (u , v) ∈ U (4.423)
e X~ : U =. (0 , 2 π) × R → R3 , dada por
~ , v) =. (cos(u) , sen(u) , v) ,
X(u para (u , v) ∈ U . (4.424)
Mostre que X e X~ s~ao s.p.r.s. e isometricas.
Resolução:
Que X~ e uma s.p.r., foi vista no Exemplo 4.1.8 (como a =. 1).
A veri cac~ao que X e uma s.p.r. sera deixada como exerccio para o leitor.
Notemos tambem que tanto X quanto X~, s~ao simples (ou seja, as aplicac~oes s~ao injetoras).
A veri cac~ao destes fatos sera deixada como exerccio para o leitor.
Do item 2. da Observac~ao 4.4.9, temos que os coe cientes das respectivas 1.as formas quadraticas
associadas s~ao iguais em U.
Logo, pela De nic~ao 4.4.5, segue que as s.p.r.s. X e X~ s~ao isometricas, completando a resoluc~ao.


Observação 4.4.11 Notemos que a isometria


~ = X(U)
ϕ : S = X(U) → S ~

consistira, geometricamente, de "enrolar" a regi~ao plana


X(U) = (0 , 2 π) × R × {0} ⊆ R3

no cilindro circular reto, menos uma reta, mais precisamente, em


{ }
~ = (x , y) ∈ R2 ; x2 + y2 = 1
X com x ̸= 1 × R ⊆ R3 ,

de tal forma que os segmentos horizontais de X(U), ser~ao levados, pela isometria ϕ, nos paralelos
(menos um ponto) do cilindro e as retas verticais de X(U), ser~ao levados, pela isometria ϕ, nos
~
meridianos de X(U) (que ser~ao retas verticais).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
~
z
v 6
6
U
~
X
-u ~
X(U)

j

? z - ~
y
6
ϕ=X *
~ ◦ X−1

(1 , 0 , 0)
/
~
x
- y
X(U)


x
278 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Podemos tambem aplicar as ideias acima ao

Exemplo 4.4.9 Sejam X : U =. R × (0 , 2 π) → R3 , dada por


.
X(u , v) = (u cos(v) , u sen(v) , v) , para (u , v) ∈ U (4.425)

e X~ : U =. (0 , 2 π) × R → R3 , dada por
~ (u~ , ~v) =. (u~ , cosh(u~ ) cos(~v) , cosh(u~ ) sen(~v)) ,
X para ~ =. U .
~ , ~v) ∈ U
(u (4.426)

Mostre que X e X~ s~ao s.p.r.s. e que existe uma reparametrizac~ao de X~, que indicaremos por
Y , de modo que X e Y s~ ao isometricas.
Resolução:
Observemos que no Exemplo 4.4.4, (com c =. 1) vimos X : U → R3 , dada por (4.425) e uma s.p.r.,
cujo traco e um helicoide.
Por outro lado, no Exemplo 4.1.9, (com a =. 1) vimos X~ : U → R3 , dada por (4.426) e uma s.p.r.,
cujo traco e um catenoide.
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que tanto X como X~, s~ao simples (ou seja, inje-
toras).
~ = U → U, dada por
Consideremos a func~ao h : U

~ , ~v) =. ( senh(u~ ) , |{z}


h(u ~v ) , ~.
para (u~ , ~v) ∈ U (4.427)
| {z } .
.=h (u~ ,~v) =h2 (u~ ,~v)
1

( )
~ ; U e, para (u~ , ~v) ∈ U
Notemos que h ∈ C∞ U ~ , temos
 
∂ h1 ∂ h1
 ∂u ~ , ~v)
(u ~ , ~v)
(u
 ~ ∂~v 
~ , ~v) = 
Jh (u 
∂ h ∂ h2 
2
~ , ~v)
(u ~ , ~v)
(u
~
∂u ∂~v
 
cosh(u~ ) 0
(4.427)
=   (4.428)
0 1
assim

∂ h1 ∂ h1

∂u ~ , ~v)
(u ~ , ~v)
(u
~ ∂~v
~ , ~v) =
jh (u
∂ h
2
~ , ~v)
∂ h2
~ , ~v)
(u (u
∂u~ ∂~v
(4.428) ~,
= cosh(u~ ) ̸= 0 , para (u~ , ~v) ∈ U

ou seja, h e uma mudanca de par^ametros.


~ = U, sera dada por
Observemos que, de (4.427), segue que a func~ao h−1 : U → U
.
h−1 (u , v) = ( arcsenh(u) , v) , para (u , v) ∈ U . (4.429)

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 279

Observemos que

cosh2 (u~ ) = 1 + [ senh(u~ )]2


. ~ ) ,implicara que u~ = arcsenh(u)
u= senh(u
= 1 + { senh[ arcsenh(u)]}2
| {z }
u
2
=1+u ,

ou seja, cosh[ arcsenh(u)] = 1 + u2 . (4.430)

Desta forma Y =. X~ ◦ h−1 : U → R3 sera uma reparamentrizac~ao da s.p.r. X~.


Alem disso, para (u , v) ∈ U, teremos
( )
Y(u , v) = X~ ◦ h−1 (u , v)
(4.429) ~ arcsenh(u) , v)
= X(
(4.426)
= ( arcsenh(u) , cosh[ arcsenh(u)] cos(v) , cosh[ arcsenh(u)] sen(v))
(4.430) √ √
= ( arcsenh(u) , 1 + u2 cos(v) , 1 + u2 sen(v)) . (4.431)

Desta forma, teremos


( )
(4.431) 1 1 1 1 1
Yu (u , v) = √ , √ 2 u cos(v) , √ 2 u sen(v)
1 + u2 2 1 + u2 2 1 + u2
( )
1 u u
= √ ,√ cos(v) , √ sen(v) , (4.432)
1 + u2 1 + u2 1 + u2
(4.431)
( √ √ )
Yv (u , v) = 0 , − 1 + u2 sen(v) , 1 + u2 cos(v) . (4.433)

Logo os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. Y , no ponto q = (u , v) ∈ U, ser~ao
as func~oes EY , FY , GY : U → R, dadas por
.
EY (q) = ⟨Yu (q) , Yu (q)⟩
⟨( )
(4.335) 1 u u
= √ ,√ cos(v) , √ sen(v) ,
1 + u2 1 + u2 1 + u2
( )⟩
1 u u
√ ,√ cos(v) , √ sen(v)
1 + u2 1 + u2 1 + u2
[ ]2 [ ]2 [ ]2
1 u u
= √ + √ cos(v) + √ sen(v)
1 + u2 1 + u2 1 + u2
 
2
1 u cos2 (v) + sen2 (v)
= +
1+u 2
1+u 2 | {z }
=1
1 u2
= +
1 + u2 1 + u2
= 1, (4.434)
280 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

.
FY (q) = ⟨Yu (q) , Yv (q)⟩
⟨( )
(4.432) e (4.433) 1 u u
= √ ,√ cos(v) , √ sen(v) ,
1 + u2 1 + u2 1 + u2
( √ √ )⟩
0 , − 1 + u2 sen(v) , 1 + u2 cos(v)
[ ] [ ]
1 u [ √ ]
= √ ·0+ √ cos(v) · − 1 + u2 sen(v)
1 + u2 1 + u2
[ ]
u [√ ]
+ √ sen (v) 1 + u2 cos(v)
1 + u2
= 0, (4.435)
.
GY (q) = ⟨Yv (q) , Yv (q)⟩
(4.433)
⟨( √ √ ) ( √ √ )⟩
= 0 , − 1 + u2 sen(v) , 1 + u2 cos(v) , 0 , − 1 + u2 sen(v) , 1 + u2 cos(v)
[ √ ]2 [√ ]2
= 02 = − 1 + u2 sen(v) + 1 + u2 cos(v)
 
( )
= 1 + u2  sen2 (v) + cos2 (v)
| {z }
=1
=1+u . 2
(4.436)

Por outro lado, para q = (u , v) ∈ R2 , temos

(4.425)
Xu (q) = (cos(v) , sen(v) , 0) , (4.437)
(4.425)
Xv (q) = (−u sen(v) , u cos(v) , 1) . (4.438)

Logo os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , ser~ao
as func~oes E , F , G : R2 → R, dadas por

.
EX (q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.438)
= ⟨(cos(v) , sen(v) , 0) , (cos(v) , sen(v) , 0)⟩
= cos (v) + sen2 (v) + 02
2

= 1. (4.439)
.
FX (q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.437) e (4.438)
= ⟨(cos(v) , sen(v) , 0) , (−u sen(v) , u cos(v) , 1)⟩
= cos(v) [−u sen(v)] + sen(v) [u cos(v)] + 1 · 0
= 0, (4.440)

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 281

.
GX (q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.438)
= ⟨(−u cos(v) , u sen(v) , 1) , (−u cos(v) , u sen(v) , 1)⟩
= [−u cos(v)]2 + [u sen(v)]2 + 12
 

= u2 cos2 (v) + sen2 (v) + 1


| {z }
=1
=1+u . 2
(4.441)
Portanto para q = (u , v) ∈ U, teremos
(4.434)
EY (q) = 1
(4.439)
= EX (q) , (4.442)
(4.435)
FY (q) = 1
(4.440)
= EX (q) , (4.443)
(4.436)
GY (q) = 1 + u2
(4.441)
= EX (q) , (4.444)
ou seja, pela De nic~ao 4.4.5, segue que as s.p.r.s. X e Y s~ao isometricas, completando a resoluc~ao.


Observação 4.4.12

1. Notemos que a 1.a forma quadratica associada a s.p.r.s. X e Y do Exemplo 4.4.9 acima
(s~ao iguais), no ponto q = (u , v) ∈ U, sera a func~ao Iq : Tq (X) → R, dada por
Iq (w) = a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )
(4.442) ,(4.443) e (4.444) 2
[ ]
= a + b2 1 + u 2 , (4.445)
onde
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) , (4.446)
para algum a,b ∈ R,

ou seja, o helicoide (que e o traco da s.p.r.s. X, dada por (4.425)) e o catenoide (que e o
traco da s.p.r.s. X~, dada por (4.426)), s~ao isometricas.
2. Geometricamente, no Exemplo 4.4.9 acima, a isometria
.
ϕ = X ◦ Y −1 : Y(U) → X(U) ,

transformara os paralelos (menos um ponto) do catenoide nos arcos da helice do helicoide


e os meridianos (que s~ao catenarias) do catenoide em retas do helicoide.
A gura abaixo ilustra a siutac~ao descrita acima.
282 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

aberto
3. Se as s.p.r.s. X , X~ : U ⊆ R2 → R3 s~ao isometricas, ent~ao as propriedades geometricas
das superfcies envolvidas que dependam 1.a forma quadratica, ser~ao preservados pela
isometria ϕ.
Por exemplo, se α : (a , b) → R3 e uma c.p.r., cujo traco esta contido na s.p.r.s. X, e
ϕ : X(U) → X~ e uma isometria, ent~ao o comprimento do traco de α e da c.p.r.

~ =. ϕ ◦ α ,
α

cujo traco esta contido na s.p.r.s X~, ser~ao iguais.


Veremos, a seguir, que a propriedade acima carateriza superfcies que s~ao isometricas.
aberto
Proposição 4.4.1 Seja X , X~ : U ⊆ R2 → R3 s.p.r.s. e consideremos
.
S = X(U) e S~ =. X(U)
~ . (4.447)

Ent~ao X e X~ s~ao isometricas se, e somente se, a aplicac~ao


. ~ ~
ϕ=X ◦ X−1 : S → S (4.448)

preserva comprimento, ou seja, se α : (a , b) → R3 e uma c.p.r. da s.p.r.s. X, o comprimento


de α sera igual ao comprimento da c.p.r. α~ : (a , b) → R3 da s.p.r.s. X~, onde
~ =. ϕ ◦ α .
α (4.449)

Demonstração:
Suponhamos que X e X~ s~ao isometricas que, pela De nic~ao 4.4.5, e o mesmo que dizer
~ (u , v) ,
E(u , v) = E (4.450)
F(u , v) = ~
F(u , v) , (4.451)
~ , v) ,
G(u , v) = G(u (4.452)

onde E, F e G denotam os coe cientes da 1.a forma quadratica da s.p.r.s. X e E~ , ~F e G


~ denotam os
coe cientes da 1.a forma quadratica da s.p.r.s. X~.

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 283

Logo, α : (a , b) → X(U) e tal que


α(r) = X[u(r) , v(r)] , para r ∈ (a , b) (4.453)
e uma c.p.r. na s.p.r.s. X.
Notemos que, de (4.454), segue-se
(u(r) , v(r)) = X−1 [α(r)] , para r ∈ (a , b) . (4.454)
Considerando-se
α ~ ,
~ =. ϕ ◦ α : (a , b) → X(U) (4.455)
para r ∈ (a , b), teremos
(4.455)
~ (r)
α = ϕ[α(r)]
(4.448) ~ ◦ X− ][α(r)]
= [X
~ − [α(r)]}
= X{X
(4.454) ~
= X[u(r) , v(r)] . (4.456)
Logo, para r ∈ (a , b), segue que
(4.454) d
α ′ (r) = [X(u(r) , v(r))]
dr
regra da cadeia - ap^endice
= Xu [u(r) , v(r)] u ′ (r) + Xv [u(r) , v(r)] v ′ (r) , (4.457)
e
(4.456) d
[ ]
~ ′ (r)
α = ~
X(u(r) , v(r))
dr
regra da cadeia - ap^endice ~u [u(r) , v(r)] u ′ (r) + X~v [u(r) , v(r)] v ′ (r)] ,
= X (4.458)
Logo, pelo item 2a. da Observac~ao 4.4.6, para ro r1 ∈ (a , b), como ro ≤ r1 , notamos que os
comprimentos das c.p.r. α e α~ , que indicaremos por l(α) e l(α~ ), em [ro , r1 ], respectivamente, ser~ao
iguais, pois
∫ √
(4.388) r1
l(α) = I(u(r) ,v(r)) [α ′ (r)] ds
ro
∫ √
(4.332) ,(4.333) e (4.457) r1
= [u ′ (r)]2 E[u(r) , v(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) F[u(r) , v(r)] + [v ′ (r)]2 G[u(r) , v(r)] ds
ro
∫ √
(4.450) ,(4.451) e (4.452) r1 ~ [u(r) , v(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) ~F[u(r) , v(r)] + [v ′ (r)]2 G[u(r)
~
= [u ′ (r)]2 E , v(r)] ds
ro
∫ √
(4.332) ,(4.333) e (4.458) r1
= ~ ′ (r)] ds
I(u(r) ,v(r)) [α
ro
(4.388)
= ~) ,
l(α
mostrando que a aplicac~ao ϕ, dada por (4.448), preserva o comprimento, completando a 1.a parte da
demonstrac~ao do resultado.
Suponhamos agora a aplicac~ao ϕ, dada por (4.448), preserva o comprimento, ou seja, se α :
(a , b) → R3 e uma c.p.r. da s.p.r.s. X, o comprimento de α sera igual ao comprimento da c.p.r.
~ : (a , b) → R3 da s.p.r.s. X~, onde
α
~ =. ϕ ◦ α ,
α (4.459)
ou seja, ~ ) = l(α) .
l(α (4.460)
284 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Mostremos que valem (4.415), (4.416) e (4.417) que, pela De nic~ao 4.4.5, e o mesmo que dizer que
as s.p.r.s. X e X~ s~ao isometricas.
Para tanto, seja
.
qo = (uo , vo ) ∈ U . (4.461)
Notemos que do fato que U e um conjunto aberto em R2 , podemos encontrar ε > 0, de modo que
[uo − ε , uo + ε] × [vo − ε , vo + ε] ⊆ U . (4.462)
Logo, para a , b ∈ R, satisfazendo
a2 + b2 ̸= 0 , (4.463)
podemos considerar α : (−ε , ε) → X(U), dada por
.
α(r) = X[u(r) , y(r)] , para r ∈ (−ε , ε) , (4.464)
onde
.
u(r) = uo + a · r , (4.465)
.
v(r) = vo + b · r . (4.466)
Deste modo teremos:
u ′ (r) = a , (4.467)
v ′ (r) = b , para r ∈ (−ε , ε) . (4.468)
Notemos que, de (4.643), (4.465) e (4.466), temos que
[u(r) , v(r)] ∈ U , para r ∈ (−ε , ε) ,
mostrando que α esta bem de nida e devido a (4.643), sera uma c.p.r. na s.p.r.s. X.
Consideremos
~ : (−ε , ε) → X(U) ,
α
dada por (4.459).
Para ro ∈ (−ε , ε) xado, denotemos por s , s~ : (−ε , ε) → R, as func~oes que nos dar~ao o com-
primento do arco contido no traco das c.p.r. α e α~ , relativamente, a [ro , r] (ou [r , ro ]) , para cada
r ∈ (−ε , ε), ou seja, (supondo ro ≤ r)
∫ √
(4.388) r
s(r) = I(u(r) ,v(r)) [α ′ (r)] ds
ro
∫ √
(4.332) ,(4.333) e (4.457) r
= [u ′ (r)]2 E[u(r) , v(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) F[u(r) , v(r)] + [v ′ (r)]2 G[u(r) , v(r)] ds
r
∫ o√
(4.467) e (4.468) r
= a2 E[u(r) , v(r)] + 2 a b F[u(r) , v(r)] + b2 G[u(r) , v(r)] dr . (4.469)
ro

Logo, do teorema fundamental do Calculo, segue que



s ′ (r) = a2 E[u(r) , v(r)] + 2 a b F[u(r) , v(r)] + b2 G[u(r) , v(r)] , para r ∈ (−ε , ε) (4.470)
e como
∫ √
(4.388) r
s~(r) = ~ ′ (r)] ds
I(u(r) ,v(r)) [α
ro
∫ √
(4.332) ,(4.333) e (4.457) r ~ [u(r) , v(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) ~F[u(r) , v(r)] + [v ′ (r)]2 G[u(r)
~
= [u ′ (r)]2 E , v(r)] ds
ro
∫ √
(4.467) e (4.468) r ~ [u(r) , v(r)] + 2 a b ~F[u(r) , v(r)] + b2 G[u(r)
~
= a2 E , v(r)] ds (4.471)
ro

4.4. PRIMEIRA FORMA QUADRATICA 285

tambem, do teorema fundamental do Calculo, segue que



s~ ′ (r) = ~ [u(r) , v(r)] + 2 a b ~F[u(r) , v(r)] + b2 G[u(r)
a2 E ~ , v(r)] , para r ∈ (−ε , ε) . (4.472)

Por hipotese, temos

s(r) = s~(r) , para r ∈ (−ε , ε) ,


implicando que s (r) = s~ (r) , para r ∈ (−ε , ε) .
′ ′

Assim, deste fato, de (4.470) e (4.471), para r ∈ (−ε , ε), teremos


√ √
a2 E[q(r)] + 2 a b F[q(r)] + b2 G[q(r)] = ~
a2 E[q(r)] + 2ab~ ~
F[q(r)] + b2 G[q(r)] ,
ou ainda,
~ [q(r)] + 2 a b ~F[q(r)] + b2 G[q(r)]
a2 E[q(r)] + 2 a b F[q(r)] + b2 G[q(r)] = a2 E ~ ,
.
onde q(r) = (u(r) , v(r)) , para r ∈ (−ε , ε) , (4.473)
ou seja,
{ } { } { }
2 ~ ~ 2 ~
a E[q(r)] − E[q(r)] + 2 a b F[q(r)] − F[q(r)] + b G[q(r)] − G[q(r)] = 0 . (4.474)

Logo, tomando-se r = 0, de (4.473), segue que


(4.473), com r=0
q(0) = (u(0) , v(0))
(4.465) e (4.466)
= (uo , vo )
(4.642)
= qo ,
e assim, de (4.474), com r = 0, obteremos:
{ } { } { }
~ o ] + 2 a b F[qo ] − ~F[qo ] + b2 G[qo ] − G[q
a2 E[qo ] − E[q ~ o] = 0 , (4.475)
para todo a , b ∈ R , satisfazendo (4.644) .

Logo,

se a = 0 e b ̸= 0 em (4.475) ,
obteremos ~ o ]} = 0 ,
b2 {G[qo ] − G[q
e como b ̸= 0, segue que ~ o] .
G[qo ] = G[q (4.476)
Por outro lado, se a ̸= 0 e b = 0 em (4.475) ,
{ }
obteremos ~ o] = 0 ,
a2 E[qo ] − E[q
e como a ̸= 0, segue que ~ [qo ] .
E[qo ] = E (4.477)
{ }
Finalmente, de (4.476), (4.477) e (4.475), segue que 2 a b F[qo ] − ~ F[qo ] = 0 . (4.478)
Logo, se a , b ̸= 0 em (4.478) ,
obteremos F[qo ] = ~
F[qo ] = 0 , (4.479)

como qo ∈ U e arbitrario, valer~ao (4.415), (4.416) e (4.417) que, pela De nic~ao 4.4.5, e o mesmo que
dizer que as s.p.r.s. X e X~ s~ao isometricas e completando a demonstrac~ao.

286 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

4.5 Segunda forma quadrática associada a uma s.p.r.


Como comentado no incio da sec~ao 4.4, o estudo das propriedades geometricas locais de uam s.p.r.
depender~ao de duas formas quadraticas, onde umas das quasi foi estudada na sec~ao 4.4 anterior.
A seguir introduziremos a 2.a forma quadratica e, como veremos, esta estara relcionada com o
estudo das curvaturas de curvas da superfcie considerada.
Para tanto temos a:
aberto
Definição 4.5.1 Seja X : U ⊆ R2 → R3 s.p.r. . Fixado
.
qo = (uo , vo ) ∈ U , (4.480)
de niremos a 2.a forma quadrática associada a X, em qo , denotada por
IIqo : Tqo (X) → R , (4.481)
como sendo a aplicac~ao que associa a cada vetor w ∈ Tqo (X), o numero real
IIqo (w) ∈ R ,

da seguinte forma: se α : (a , b) → X(U) e uma c.p.d. em X que contem qo e tenha w como


vetor tangente em ro , ou seja,
α(r) = X[u(r) , v(r)] , para r ∈ (a , b) , (4.482)
α(ro ) = X(qo ) , (4.483)
e α ′ (ro ) = w , (4.484)
onde u , v ∈ C∞ ((a , b) ; R), ent~ao de niremos
. ⟨ ⟩
IIqo (w) = α ′′ (ro ) , N(qo ) , (4.485)
onde N(qo ) e o vetor normal de Gauss, associado a X, em qo (dado por (4.285)).
Observação 4.5.1

1. A gura abaixo ilustra a situac~ao da De nic~ao 4.5.1 acima


N(qo )
z 6α ′′ (ro )
6  w = α ′ (ro )
*
v
6 X(qo )
X
-
U Tqo (X)
qo (uo , vo )
-u -
X(U) y

/
Y x


(u , v) α(·) = X(u(·) , v(·))

- r
ro b
a

4.5. SEGUNDA FORMA QUADRATICA 287

2. A rmamos que para w ∈ Tqo (X), a 2.a forma quadratica aplicada em w, ou seja, IIqo (w),
não depende da c.p.r. α na s.p.r. X escolhida, ou seja, satisazendo (4.847), (4.848) e
(4.484).
De fato, se suponhamos que
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) . (4.486)

Consideremos uma c.p.r. β(c , d) → R3 tal que


β(r) = X[u(r) , v(r)] , para r ∈ (c , d) , (4.487)
β(ro ) = X(qo ) , (4.488)
(u(ro ) , v(ro )) = qo (4.489)
e β ′ (ro ) = w , (4.490)

onde u , v ∈ C∞ ((a , b) ; R).


Como
d
β ′ (r) = [β(r)]
dr
regra da cadeia - ap^endice
= u ′ (r) · Xu [u(r) , v(r)] + v ′ (r) · Xv [(u(r) , v(r)] . (4.491)

Em particular,
(4.486)
a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) = w
(4.490)
= β ′ (ro )
(4.491) , com r=ro
= u ′ (ro ) · Xu [u(ro ) , v(ro )] + v ′ (ro ) · Xv [(u(ro ) , v(ro )]
(4.489)
= u ′ (ro ) · Xu (qo ) + v ′ (ro ) · Xv (qo ) ,
assim, deveremos ter
u ′ (ro ) = a e v ′ (ro ) = b . (4.492)

Temos tambem
d
β ′′ (r) = [β ′ (r)]
dr
(4.491) d { ′ }
= u (r) · Xu [u(r) , v(r)] + v ′ (r) · Xv [(u(r) , v(r)]
dr
d
= u (r) · Xu [u(r) , v(r)] + u ′ (r) · {Xu [u(r) , v(r)]}
′′
dr
d
+ v ′′ (r) · Xv [(u(r) , v(r)] + v ′ (r) · {Xv [(u(r) , v(r)]}
dr
regra da cadeia ′′ { ′ }
= u (r) · Xu [u(r) , v(r)] + u (r) · u (r) · Xuu [u(r) , v(r)] + v ′ (r) · Xuv [u(r) , v(r)]

{ }
+ v ′′ (r) · Xv [u(r) , v(r)] + v ′ (r) · u ′ (r) · Xuv [u(r) , v(r)] + v ′ (r) · Xvv [u(r) , v(r)]
= u ′′ (r) · Xu [u(r) , v(r)] + [u ′ (r)]2 · Xuu [u(r) , v(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) · Xuv [u(r) , v(r)]
+ v ′ (r) · Xv [u(r) , v(r)] + [v ′ (r)]2 · Xvv [u(r) , v(r)] . (4.493)
288 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo
(4.485) e (4.487) ⟨ ⟩
IIqo (w) = β ′′ (ro ) , N(qo )
(4.493), com r=ro

= u ′′ (ro ) · Xu (qo ) + [u ′ (ro )]2 · Xuu (qo ) + 2 u ′ (ro ) v ′ (ro ) · Xuv (qo ) + v ′ (r) · Xv [u(r) , v(r)]

+[v ′ (ro )]2 · Xvv (qo ) , N(qo )
propr. do p.i.
= u ′′ (ro ) ⟨Xu (qo ) , N(qo )⟩ +[u ′ (ro )]2 ⟨Xuu (qo ) , N(qo )⟩ + 2 u ′ (ro ) v ′ (ro ) ⟨Xuv (qo ) , N(qo )⟩
| {z } | {z } | {z } | {z }
=0 (4.491) (4.491) (4.491)
= a = a = b
+ v ′′ (ro ) ⟨Xv (qo ) , N(qo )⟩ +[v ′ (ro )]2 ⟨Xvv (qo ) , N(qo )⟩
| {z } | {z }
=0 (4.491)
= b
= a ⟨Xuu (qo ) , N(qo )⟩ + 2 a b ⟨Xuv (qo ) , N(qo )⟩ + b2 ⟨Xvv (qo ) , N(qo )⟩ .
2
(4.494)

Observemos que a express~ao (4.494) não depende da c.p.r. β e sim do ponto


(4.480)
qo = (uo , vo )

e do vetor
(4.486)
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) .

Com isto podemos introduzir a


Definição 4.5.2 Na situac~ao da De nic~ao 4.5.1, de niremos as func~oes e , f , g : U → R, dadas
por
.
e(q) = ⟨Xuu (q) , N(q)⟩ , (4.495)
.
f(q) = ⟨Xuv (q) , N(q)⟩ , (4.496)
.
g(q) = ⟨Xvv (q) , N(q)⟩ , para q ∈ U, (4.497)

que ser~ao denominados coeficientes das 2.a forma quadrática da s.p.r. X em q, onde N(q)
e o vetor normal de Gauss, associado a X, em q ∈ U (dado por (4.285)).
1.06.2017 - 23.a aula

Observação 4.5.2

1. Na situac~ao da De nic~ao 4.5.2, a 2.a forma quadratica, associada a uma s.p.r. X, em um


ponto q ∈ U, por (4.494), sera dada por
IIq (w) = a2 e(q) + 2 a b f(q) + b2 g(q) , (4.498)
onde w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) . (4.499)
( )
2. Como X ∈ C∞ U ; R3 , de (4.495), (4.496), (4.497) e (4.285), segue que
e , f , g ∈ C∞ (U ; R) . (4.500)

Podemos agora introduzir a



4.5. SEGUNDA FORMA QUADRATICA 289

aberto
Definição 4.5.3 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 s.p.r.,
.
qo = (uo , vo ) ∈ U , (4.501)
{ }
e w ∈ Tqo (X) \ O ⃗ (4.502)
xados.
De niremos a curvatura normal de X, em qo , na direção do vetor (não nulo) w, indi-
cada por Kn (w), como sendo
. IIqo (w)
Kn (w) = , (4.503)
Iqo (w)
onde Iqo e IIqo s~ao a 1.a e a 2.a formas quadraticas associadas a s.p.r. X no ponto qo ∈ U,
respectivamente (dadas por (4.325) e (4.485)).
Desta forma podemos tambem de nir a função curvatura normal de X, em qo , , dada por
{ }
⃗ → R,
Kn : Tqo (X) \ O
{ }
. IIqo (w)
dada por Kn (w) = , para ⃗ .
w ∈ Tqo (X) \ O (4.504)
Iqo (w)
Observação 4.5.3
1. Na situac~ao da De nic~ao 4.5.3,
{ }
se ⃗ ,
w ∈ Tqo (X) \ O
teremos Kn (λ · w) = Kn (w) , para λ ∈ R \ {0} . (4.505)

De fato, pois se
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) , (4.506)
onde a + b ̸= 0 ,
2 2

e qo = (uo , vo ) ∈ U ,

teremos
(4.506)
λ·w = (a λ) · Xu (qo ) + (b λ) · Xv (qo ) (4.507)
assim,
(4.503) IIqo (λ · w)
Kn (λ · w) =
Iqo (λ · w)
(4.498) e (4.332) (λ a)2 e(q) + 2 (λ a) (λ b) f(q) + (λ b)2 g(q)
=
(λ a)2 E(q) + 2 (λ a) (λ b) F(q) + (λ b)2 G(q)
[ ]
λ2 a2 e(q) + 2 a b f(q) + b2 g(q)
= [ ]
λ2 a2 E(q) + 2a b F(q) + b2 G(q)
a2 e(q) + 2 a b f(q) + b2 g(q)
=
a2 E(q) + 2a b F(q) + b2 G(q)
(4.498) e (4.332) IIqo (w)
=
Iqo (w)
(4.503)
= Kn (w) ,
290 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

mostrando a validade de (4.505).


Desta forma, podemos nos referir a curvatura normal de X em um ponto qo ∈ U, em uma
direc~ao tangente a s.p.r. X, no ponto qo .
2. A seguir, daremos uma interpretac~ao geometrica para a curvatura normal e para a 2.a
forma quadratica, associadas a uma s.p.r. X, em um ponto qo ∈ U.
Para isto, consideremos
w ∈ Tqo (X) ,
tal que ∥w∥ = 1 , (4.508)
e α : (a , b) → X(U) uma c.p.c.a., na s.p.r. X, de modo que
α(s) = X(u(s) , v(s)) , para s ∈ (a , b) , (4.509)
(u(so ) , v(so )) = qo ,
ou seja, α(so ) = X(qo ) , (4.510)
e α ′ (so ) = w . (4.511)

Suponhamos que a curvatura de α, em qo , seja


kα (so ) ̸= 0 . (4.512)

Denotemos por
.
tα (so ) = α ′ (so ) (4.513)
. 1
e nα (so ) = · tα ′ (so ) (4.514)
kα (so )

o vetores tangente e normal (unitarios) a c.p.c.a. α, em so .


Notemos que
(4.503) IIqo (w)
Kn (w) =
Iqo (w)
(4.325) IIqo (w)
=
∥w∥2
(4.508)
= IIqo (w)
⟨ ⟩
(4.485) ′′
= α (so ) , N(qo )
| {z }
(4.513)
= t ′ (so )
⟨ ⟩
= t ′ (so ) , N(qo )
(3.112)
= ⟨kα (so ) · nα (so ) , N(qo )⟩
= kα (so ) ⟨nα (so ) , N(qo )⟩ (4.515)
= kα (so ) cos(θo ) , (4.516)
onde
θo ∈ [0 , π)

4.5. SEGUNDA FORMA QUADRATICA 291

e o ^angulo entre os vetores nα (so ) e N(qo ), ou seja, entre o vetor normal unitario a c.p.c.a.
α, em so , e o vetor normal de Gauss  a s.p.r. X, em qo .
Portanto, de (4.516), segue que a curvatura normal a uma s.p.r. X, em qo ∈ U, na direc~ao
de um vetor unitario, pertencente a Tqo (X), esta diretamente relacionado com o ^angulo

θo ∈ [0 , π) ,

entre os vetor vetor normal unitario a c.p.c.a. α, em so (satisfazendo (4.509), (4.510) e


(4.511)), e o vetor normal de Gauss a s.p.r. X, em qo .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

N(qo )
e ∥w∥ = 1
tα (so ) = w
z 6 θo

6 y) tα (so )
*
v
6 α(so )
z
nα (so )

X
-
U Tqo (X)
qo = (u(so ) , v(so ))
-u -
X(U) y

/
Y x


(u , v) α(·) = X(u(·) , v(·)) c.p.p.c.a.

- s
a so b

{ }
3. Para qo ∈ U xado, como vimos no item 2. da Observacao 4.5.1, para w ∈ Tqo (X) \ ⃗ ,
O

IIqo (w)

n~ao depende da c.p.r. α na s.p.r. X escohida (satisfazendo (4.847), (4.848) e (4.484)) e


assim a curvatura normal de X em qo (dada por (4.503)) n~ao dependera da c.p.r α, na
s.p.r. X, escohida (satisfazendo (4.847), (4.848) e (4.484)).
Desta forma podemos escolher, de modo conveniente, tal c.p.r., satisfazendo (4.847),
(4.848) e (4.484).

4. A curva, contida do traco de X, obtida da intersec~ao com o plano que contem o ponto
X(qo ) e 
e ortogonal ao vetor
w × N(qo )

sera denominada secção normal da s.p.r. X, determinado pelo vetor w, em qo .


292 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

N(qo )

z 6
6 w
*
v o
6 α(so )
X
-
U Tqo (X)
secc~ao normal da s.p.r. X, determinada por w, em qo
qo
-u -
X(U) y

/
x
plano contendo X(qo ) e tendo o vetor w × N(qo ) com vetor normal

5. Nas condic~oes do item acima, a secc~ao normal da s.p.r. X, determinado pelo vetor w, em
qo , coincide com o traco da c.p.c.a. β : (a , b) → X(U), dada por

.
β(s) = X(u(s) , v(s)) , para s ∈ (a , b) , (4.517)
onde (u(so ) , v(so )) = qo (4.518)
e β ′ (so ) = w . (4.519)

Como

∥w∥ = ∥β ′ (so )∥
β e c.p.c.a.
= 1,
teremos duas possibilidades:
a saber, se kβ (so ) = 0 , (4.520)
que, de (3.66), e o mesmo que ′′
β (so ) = 0 ,
segue que
(4.503) IIqo (w)
Kn (w) =
Iqo (w)
(4.515)
= kβ (so ) ⟨nβ (so ) , N(qo )⟩
| {z }
(4.520)
= 0
= 0,
ou seja, Kn (w) = 0 . (4.521)

Por outro lado,

se kβ (so ) > 0 , (4.522)


como traco de β esta contido na sec~ao de X, determinada por w, em qo ,
segue que nβ (so ) = ±N(qo ) . (4.523)

4.5. SEGUNDA FORMA QUADRATICA 293

Logo
(4.503) IIqo (w)
Kn (w) =
Iqo (w)
⟨ ⟩
(4.515)
= kβ (so ) nβ (so ) , N(qo )
| {z } | {z }
(4.522) (4.523)
> 0 = ±N(qo )

= ±kβ (so ) ,
ou seja, Kn (w) = ±kβ (so ) , (4.524)

ou seja, se w e um vetor unitario a s.p.r. X em qo , ent~ao, de (4.524), temos que


|kβ (so )|

sera igual a curvatura da secc~ao normal da s.p.r. X, determinada por w, em qo .


6. Observemos que
{ }
se ⃗ ,
w ∈ Tqo (X) \ O
teremos:
(4.503)
IIqo (w) = Iqo (w) Kn (w)
(4.325)
= ∥w∥2 Kn (w) , (4.525)
ou seja, o numero real n~ao negativo |IIqo (w)|

sera igual a curvatura normal da s.p.r. X, deteminada pelo vetor w, em qo , multiplicada


por ∥w∥2 .
7. Se X~ : U~ → R3 e uma reparametrizac~ao da s.p.r. X, pela mudanca de par^ametros
~ → U,
h:U

isto e
~ = X ◦ h,
X

do item 4. da Observac~ao 4.3.8 (veja (4.307)), que a 2.a forma quadratica e a curvatura
normal de X~, em q~ o , s~ao iguais as respectivas de X, em qo = h(q~ o ), a menos de sinal, ou
seja, { }
~ n (w) = ±Kn (w) , para w ∈ Tqo (X) \ O
K ⃗ , (4.526)
e o sinal ± dependendera se
~ q~ o ) = N(qo ) ,
N( (4.527)
ou ~ q~ o ) = −N(qo ) .
N( (4.528)

Deixaremos veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.


A seguir aplicaremos as ideia acima ao:
294 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Exemplo 4.5.1 Sejam Po ∈ R3 , a , b ∈ R e {w1 , w2 } um conjunto ortonormal em R3 xados.


Consideremos a s.p.r. X : R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = Po + u · w1 + v · w2 , para (u , v) ∈ R2 . (4.529)
Encontre a 2.a forma quadratica e a curvatura normal associada a s.p.r. X, em um ponto
q = (u , v) ∈ R2 .
Resolução:
Para q = (u , v) ∈ R2 xado, temos:
(4.529)
Xu (q) = w1 , (4.530)
(4.529)
Xv (q) = w2 , (4.531)
(4.530) ⃗
Xuu (q) = O, (4.532)
(4.530) ⃗
Xuv (q) = O, (4.533)
(4.531) ⃗
Xvv (q) = O . (4.534)
Logo os coe cientes da 2.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , ser~ao
as func~oes e , f , g : R2 → R, dadas por
.
e(q) = ⟨Xuu (q) , N(q)⟩
(4.532)
= 0, (4.535)
.
f(q) = ⟨Xuv (q) , N(q)⟩
(4.533)
= 0, (4.536)
.
g(q) = ⟨Xvv (q) , N(q)⟩
(4.534)
= 0. (4.537)
Desta forma, a 2.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , sera a func~ao
IIq : Tq (X) → R, dada por

IIq (w) = a2 e(qo ) + 2 a b f(qo ) + b2 g(qo )


(4.535) ,(4.536) e (4.537)
= 0, (4.538)
onde
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo )
(4.530) e (4.531)
= a · w1 + b · w2 , (4.539)
para algum a,b ∈ R.

Logo,
(4.503) IIqo (w)
Kn (w) =
Iqo (w)
(4.538)
{ }
= 0, para w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ , (4.540)
completando a resoluc~ao.


4.5. SEGUNDA FORMA QUADRATICA 295

Observação 4.5.4

1. Como vimos no item 1. da Observac~ao 4.1.4, o traco da s.p.r. X, do Exemplo 4.5.1 acima
(dada por (4.529)) e um plano que contem o ponto Po e e paralelo aos vetores L.I. w1 e
w2 .

2. A gura abaixo ilustra a caraterizac~ao da curvatura normal, utilizando-se sec~oes normais


a s.p.r. X e um ponto qo ∈ R2 .

z
6
v ( )
Tqo (X) = X R2
6
N(qo )
6 -
X
-
y
qo
X(qo )
w z M

- u
secc~ao normal em qo , na direc~ao de w
x

Temos tambem o:

Exemplo 4.5.2 Seja a > 0 xado. Consideremos a aplicac~ao X : U =. R × (0 , π) → R3 , dada por


.
X(u , v) = (a sen(v) cos(u) , a sen(v) sen(u) , a cos(v)) , para (u , v) ∈ U . (4.541)

Encontre a 2.a forma quadratica e a curvatura normal associada a s.p.r. X, em um ponto


q = (u , v) ∈ U.

Resolução:
Como vimos no Exemplo 4.1.11, X e uma s.p.r. (trocando-se u por v).
Alem disso, sabemos que o traco de X(U) e uma esfera centrada na origem e raio igual a a, menos
os polos norte e sul (veja o item 2. da Observac~ao 4.1.16).
Para q = (u , v) ∈ U, temos

(4.541)
Xu (u , v) = (−a sen(v) sen(u) , a sen(v) cos(u) , 0) , (4.542)
(4.541)
Xv (u , v) = (a cos(v) cos(u) , a cos(v) sen(u) , −a sen(v)) . (4.543)
296 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo

⃗e1 ⃗e2 ⃗e3


Xu (u , v) × Xv (u , v) −a sen(v) sen(u) a sen(v) cos(u) 0

a cos(v) cos(u) a cos(v) sen(u) −a sen(v)
( )
exerccio
= −a2 sen2 (v) cos(u) , −a2 sen2 (v) sen(u) , −a2 sen(v) cos(v)
(4.544)
e assim
(
(4.544)
) 2

∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥2 = −a2 sen2 (v) cos(u) , −a2 sen2 (v) sen(u) , −a2 sen(v) cos(v)
[ ]2 [ ]2 [ ]2
= −a2 sen2 (v) cos(u) + −a2 sen2 (v) sen(u) + −a2 sen(v) cos(v)
exerccio
= a4 sen2 (v) . (4.545)

Portanto
(4.285) Xu (q) × Xv (q)
N(u , v) =
∥Xu (q) × Xv (q)∥
( )
(4.544) e (4.545) −a 2
sen2
(v) cos (u) , −a 2
sen 2
(v) sen (u) , −a2
sen(v) cos(v)
= √
a4 sen2 (v)
( )
sen(v)>0, para u∈(0 ,π) −a 2
sen 2
(v) cos(u) , −a 2
sen 2
(v) sen(u) , −a 2
sen (v) cos(v)
=
a2 sen(v)
exerccio
= (− sen(v) cos(u) , − sen(v) sen(u) , − cos(v))
= − ( sen(v) cos(u) , sen(v) sen(u) , cos(v)) . (4.546)

Observemos que a secc~ao normal de X, em qo ∈ U, na direc~ao de w ∈ Tqo (X), sera uma circun-
fer^encia, contidas em X(U), que tem raio igual ao raio da esfera, ou seja, igual a a, denominadas
circunferências máximas.
Notemos que o vetor normal de Gauss N(q), aponta para o interior da esfera.
Desta forma podemos concluir que a curvatura normal sera igual a curvatura de uma circunfer^encia
maxima, cujo raio e igual a a (veja os itens 4. e 5. da Observac~ao 4.5.3).
Como vimos na Proposic~ao 3.4.2, a curvatura de uma circunfer^encia sera igual ao inverso do seu
1
raio, que neste caso e .
a
Portanto, para cada qo ∈ U, teremos
1 { }
Kn (w) = , para w ∈ Tq (X) \ O
⃗ . (4.547)
a
Como
(4.504)
IIq (w) = Iq (w) Kn (w)
(4.325) e (4.547) ∥w∥2
= , (4.548)
a
para w ∈ Tq (X), completando a resoluc~ao.


4.5. SEGUNDA FORMA QUADRATICA 297

Observação 4.5.5 A gura abaixo ilustra a caraterizac~ao da curvatura normal, utilizando-se


sec~oes normais a s.p.r. X e um ponto q ∈ U.
x
polo norte
6
Tqo (X) +
v

π 6 K
w


X
-
a
- y

qo
}
U x
+ N(q)

>
- u Y
polo sul

secc~ao normal de X, em qo na direc~ao de w ∈ Tqo (X)

Temos tambem o

Exemplo 4.5.3 Seja r ∈ R \ {0} xado. Consideremos a aplicac~ao X : U =. R2 → R3 , dada por


.
X(u , v) = (r cos(u) , r sen(u) , v) , para (u , v) ∈ R2 . (4.549)

Encontre a 2.a forma quadratica e a curvatura normal associada a s.p.r. X, em um ponto


q = (u , v) ∈ U.

Resolução:
Para q = (u , v) ∈ R2 xado, temos:
(4.549)
Xu (q) = (−r sen(u) , r cos(u) , 0) , (4.550)
(4.549)
Xv (q) = (0 , 0 , 1) , (4.551)
(4.550)
Xuu (q) = (−r cos(u) , −r sen(u) , 0) , (4.552)
(4.552) ⃗
Xuv (q) = O, (4.553)
(4.551) ⃗
Xvv (q) = O. (4.554)

Logo

⃗e1 ⃗e2 ⃗e3

Xu (u , v) × Xv (u , v) −r sen(u) r cos(u) 0
0 0 1
exerccio
= (r cos(u) , r sen(u) , 0) (4.555)
e assim
(4.544)
∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥2 = ∥(r cos(u) , r sen(u) , 0)∥2
= [r cos(u)]2 + [r sen(u)]2 + 02
exerccio 2
= r . (4.556)
298 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Portanto
(4.285) Xu (q) × Xv (q)
N(u , v) =
∥Xu (q) × Xv (q)∥
(4.555) e (4.556) (r cos(u) , r sen(u) , 0)
= √
r2
= (cos(u) , sen(u) , 0) . (4.557)
Logo os coe cientes da 2.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , ser~ao
as func~oes e , f , g : R2 → R, dadas por
.
e(q) = ⟨Xuu (q) , N(q)⟩
(4.552) e (4.557)
= ⟨(−r cos(u) , −r sen(u) , 0) , (cos(u) , sen(u) , 0)⟩
= −r , (4.558)
.
f(q) = ⟨Xuv (q) , N(q)⟩
(4.553)
= 0, (4.559)
.
g(q) = ⟨Xvv (q) , N(q)⟩
(4.554)
= 0. (4.560)
Temos tambem que os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q =
(u , v) ∈ R2 , ser~ao as func~oes E , F , G : R2 → R, dadas por
.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.550)
= ⟨(−r cos(u) , −r sen(u) , 0) , (−r cos(u) , −r sen(u) , 0)⟩
= r2 , (4.561)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.550) e (4.551)
= ⟨(−r cos(u) , −r sen(u) , 0) , (0 , −0 , 1)⟩
= 0, (4.562)
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.551)
= ⟨(0 , 0 , 1) , (0 , −0 , 1)⟩
= 1. (4.563)
Desta forma, as 1.a e 2.a formas quadraticas associadas a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , ser~ao
as func~oes Iq , IIq : Tq (X) → R, dadas por
Iq (w) = a2 E(q) + 2 a b F(q) + b2 G(q)
(4.561) ,(4.562) e (4.563) 2 2
= r a + b2 , (4.564)
e
IIq (w) = a2 e(q) + 2 a b f(q) + b2 g(q)
(4.558) ,(4.559) e (4.560)
= −r a2 , (4.565)
onde
w = a · Xu (q) + b · Xv (q) ∈ Tq (X) para algum a , b ∈ R .

4.5. SEGUNDA FORMA QUADRATICA 299

Logo,
(4.503) IIq (w)
Kn (w) =
Iq (w)
(4.564) e (4.565) −r a2 { }
= , para w ∈ Tq (X) \ O
⃗ , (4.566)
r2 a2 + b2
completando a resoluc~ao.


Observação 4.5.6

1. Notemos que o traco de X, do Exemplo 4.5.3, e um cilindro circular reto (veja o item 1.
da Observac~ao 4.1.13, troncando-se u por v)
2. Observemos que no Exemplo 4.5.3 acima,
{ }
para ⃗ ,
w = a · Xu (q) + b · Xv (q) ∈ Tq (X) \ O (4.567)
temos
≤0
z }| {
(4.566) −r a2
Kn (w) =
r|2 a2{z+ b}2
≥0

≤ 0. (4.568)

Alem disso, tambem de (4.566), teremos


Kn (w) = 0 ,
se, e somente se a=0 e b ̸= 0 . (4.569)

Por outro lado,


se a ̸= 0 ,
segue que
r a2 a2 r

r|2 a2{z+ b}2 a2 r2
≥a2 r2
1
= ,
r
1
ou seja, − ≤ Kn (w) ≤ 0 . (4.570)
r

Alem disso, tambem de (4.566), teremos


1
Kn (w) = − ,
r
se, e somente se a ̸= 0 e b = 0 . (4.571)
300 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Portanto podemos concluir que, a func~ao Kn : Tqo (X) → R possuira valores maximo e
mnimos globais em Tqo (X) e estes ser~ao assumidos (substituindo-se (4.569), (4.571) em
(4.567), respectivamente) quando
.
wmax = Xv (qo ) (4.572)
.
e wmin = Xu (qo ) . (4.573)
3. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z

6
v

6
qo
v = vo
X
- -

X(qo ) - y
Tqo (X)
7
u = uo
x Y

curvatura normal mnima curvatura normal maxima

Apliquemos as ideias acima ao:


Exemplo 4.5.4 Consideremos a aplicac~ao X : U =. R2 → R3 , dada por
( )
.
X(u , v) = u , v , v2 − u2 , para (u , v) ∈ R2 . (4.574)
Encontre a 2.a forma quadratica e a curvatura normal associada a s.p.r. X, em um ponto
qo = (u , v) ∈ U.
Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que X e uma s.p.r. .
Para q = (u , v) ∈ R2 xado, temos:
(4.574)
Xu (q) = (1 , 0 , −2 u) , (4.575)
(4.574)
Xv (q) = (0 , 1 , 2 v) , (4.576)
(4.575)
Xuu (q) = (0 , 0 , −2) , (4.577)
(4.575) ⃗
Xuv (q) = O, (4.578)
(4.576)
Xvv (q) = (0 , 0 , 2) . (4.579)
Logo

⃗e1 ⃗e2 ⃗e3

Xu (u , v) × Xv (u , v) 1 0 −2 u
0 1 2v
exerccio
= (2 u , −2 v , 1) (4.580)
e assim
(4.544)
∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥2 = ∥(2 u , −2 v , 1)∥2
= [2 u]2 + [−2 v]2 + 12
exerccio
= 4 u 2 + 4 v2 + 1 . (4.581)

4.5. SEGUNDA FORMA QUADRATICA 301

Portanto
(4.285) Xu (qo ) × Xv (qo )
N(u , v) =
∥Xu (qo ) × Xv (qo )∥
(4.580) e (4.581) (2 u , −2 v , 1)
= √ . (4.582)
4 u 2 + 4 v2 + 1
Logo os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , ser~ao
as func~oes e , f , g : R2 → R, dadas por
.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.575)
= ⟨(1 , 0 , −2 u) , (1 , 0 , −2 u)⟩
= 1 + 4 u2 , (4.583)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.575) e (4.576)
= ⟨(1 , 0 , −2 u) , (0 , 1 , 2 v)⟩
= −4 u v , (4.584)
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.576)
= ⟨(0 , 1 , 2 v) , (0 , 1 , 2 v)⟩
= 1 + 4 v2 . (4.585)
Temos tambem que os coe cientes da 2.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q =
(u , v) ∈ R2 , ser~ao as func~oes E , F , G : R2 → R, dadas por
.
e(q) = ⟨Xuu (q) , N(q)⟩
⟨ ⟩
(4.577) e (4.582) (2 u , −2 v , 1)
= (0 , 0 , −2) , √
4 u 2 + 4 v2 + 1
−2
=√ , (4.586)
4 u + 4 v2 + 1
2
.
f(q) = ⟨Xuv (q) , N(q)⟩
(4.578)
= 0, (4.587)
.
g(q) = ⟨Xvv (q) , N(q)⟩
⟨ ⟩
(4.579) (2 u , −2 v , 1)
= (0 , 0 , 2) , √
4 u2 + 4 v2 + 1
2
=√ . (4.588)
4 u2 + 4 v2 + 1
Desta forma, as 1.a e 2.a formas quadraticas associadas a s.p.r. X, no ponto
qo = (0 , 0) ∈ R2 ,

ser~ao as func~oes Iq , IIq : Tqo (X) → R, dadas por


Iqo (w) = a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )
(4.583) ,(4.584) e (4.585) 2
( ) ( )
= a 1 + 4 · 02 + 2 a b [−4 · 0 · 0] + b2 1 + 4 · 02
= a 2 + b2 , (4.589)
302 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

e
IIq (w) = a2 e(qo ) + 2 a b f(qo ) + b2 g(qo )
( ) ( )
(4.586) ,(4.587) e (4.588) 2 −2 2
= a √ + 2 a b · 0 + b2 √
4·0 +4·0 +1
2 2
4 · 02 + 4 · 02 + 1
= −2 a2 + 2 b2 , (4.590)
onde
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) , para algum a , b ∈ R .
Logo,
(4.503) IIqo (w)
Kn (w) =
Iqo (w)
(4.589) e (4.590) −2 a2 + 2 b2
=
a 2 + b2
2
b −a 2 { }
=2 , para w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ , (4.591)
a2 + b2
completando a resoluc~ao.

Observação 4.5.7
1. Notemos que o traco de X, do Exemplo 4.5.4, e paraboloide hiperbolico (veja os itens 1. e
2, da Observac~ao 4.2.1).
Alem disso,
se qo = (0 , 0) , (4.592)
{ }
sendo ⃗ ,
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O (4.593)
como − a2 ≤ b2 − a2 ≤ b2 ,
temos
[ ]
(4.591) b2 − a 2 a2 b2
Kn (w) = 2 2 ∈ −2 2 ,2 2
a + b}2
| {z a + b2 a + b2
≥0

⊆ [−2 , 2] . (4.594)
Observemos que, de (4.591), teremos
Kn (w) = 0 ,
se, e somente se b2 = a2
ou, equivalentemente: a = b ̸= 0 ou a = −b ̸= 0 . (4.595)
Observemos tambem que,
se a=0 e b ̸= 0 , (4.596)
de (4.591), teremos
(4.591) b2 − 02
Kn (w) = 2
02 + b2
= 2. (4.597)

4.5. SEGUNDA FORMA QUADRATICA 303

Por outro lado,


se a ̸= 0 e b = 0, (4.598)
de (4.591), teremos
(4.591) 02 − a2
Kn (w) = 2 = −2 . (4.599)
a2 + 02

Portanto podemos concluir que, a func~ao


Kn : Tqo (X) → R

possuira valores maximo e mnimos globais em Tqo (X) e estes ser~ao assumidos (substituindo-
se (4.596), (4.598) em (4.593), respectivamente) quando
.
wmax = Xv (qo ) (4.600)
.
e wmin = Xu (q) . (4.601)

2. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


~
v
6
z
curvatura normal maxima 6 y
- ~
u 
qo = (0 , 0) ~
X
j

X(qo )
-x

Tqo (X)

curvatura normal mnima

3. Temos tambem a seguinte situac~ao geometrica, associada ao sinal da curvatura normal


Kn , para qo = (0 , 0) (veja (4.591)).
Sinal de Kn , para qo (0 , 0)

Kn maximo
b

b = −a 6
)
b=a

Kn ≡ 0
- Kn mnimo

/-
a

^
304 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Apliquemos as ideias acima ao:

Exemplo 4.5.5 Consideremos a aplicac~ao X : U =. R2 → R3 , dada por


( )
.
X(u , v) = u , v , u3 − 3 u v2 , para (u , v) ∈ R2 . (4.602)

Encontre a 2.a forma quadratica e a curvatura normal associada a s.p.r. X, em um ponto


q = (u , v) ∈ U.

Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que X e uma s.p.r. .
Para q = (u , v) ∈ R2 xado, temos:

(4.602)
( )
Xu (q) = 1 , 0 , 3 u 2 − 3 v2 , (4.603)
(4.602)
Xv (q) = (0 , 1 , −6 u v) , (4.604)
(4.603)
Xuu (q) = (0 , 0 , 6 u) , (4.605)
(4.603)
Xuv (q) = (0 , 0 , −6 v) , (4.606)
(4.604)
Xvv (q) = (0 , 0 , −6 u) . (4.607)
Logo

⃗e1 ⃗e2 ⃗e3


Xu (u , v) × Xv (u , v) 1 0 3 u − 3 v
2 2
0 1 −6 u v
( )
exerccio
= 2 2
−3 u + 3 v , 6 u v , 1 (4.608)
e assim
( ) 2

2 (4.544)
∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥ = −3 u2 + 3 v2 , 6 u v , 1
[ ]2
= −3 u2 + 3 v2 + [−6 u v]2 + 12
[ ]2
= −3 u2 + 3 v2 + 36 u2 v2 + 1
= 9 u4 − 18 u2 v2 + 9 v4 + 36 u2 v2 + 1
= 9 u4 + 18 u2 v2 + 9 v4 + 1 . (4.609)
Portanto
(4.285) Xu (qo ) × Xv (qo )
N(u , v) =
∥Xu (qo ) × Xv (qo )∥
( )
2 2
(4.608) e (4.609) −3 u + 3 v , 6 u v , 1
= √ . (4.610)
9 u4 + 18 u2 v2 + 9 v4 + 1

Logo os coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q = (u , v) ∈ R2 , ser~ao

4.5. SEGUNDA FORMA QUADRATICA 305

as func~oes e , f , g : R2 → R, dadas por

.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.603)
⟨( ) ( )⟩
= 1 , 0 , 3 u 2 − 3 v2 , 1 , 0 , 3 u 2 − 3 v2
( )2
= 1 + 3 u2 − 3 v2 , (4.611)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.603) e (4.604)
⟨( ) ⟩
= 1 , 0 , 3 u2 − 3 v2 , (0 , 1 , −6 u v)
( )
= −6 u v 3 u2 − 3 v2 , (4.612)
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.604)
= ⟨(0 , 1 , −6 u v) , (0 , 1 , −6 u v)⟩
= 1 + 36 u2 v2 . (4.613)

Temos tambem que os coe cientes da 2.a forma quadratica associada a s.p.r. X, no ponto q =
(u , v) ∈ R2 , ser~ao as func~oes E , F , G : R2 → R, dadas por

.
e(q) = ⟨Xuu (q) , N(q)⟩
⟨ ( ) ⟩
(4.605) e (4.610) −3 u2 + 3 v2 , 6 u v , 1
= (0 , 0 , 6 u) , √
9 u4 + 18 u2 v2 + 9 v4 + 1
6u
=√ , (4.614)
9 u4 + 18 u2 v2 + 9 v4 + 1
.
f(q) = ⟨Xuv (q) , N(q)⟩
⟨ ( ) ⟩
2 2
(4.606) e (4.610) −3 u + 3 v , 6 u v , 1
= (0 , 0 , −6 v) , √
9 u4 + 18 u2 v2 + 9 v4 + 1
−6 v
=√ , (4.615)
9 u + 18 u2 v2 + 9 v4 + 1
4
.
g(q) = ⟨Xvv (q) , N(q)⟩
⟨ ( ) ⟩
2 2
(4.607) e (4.610) −3 u + 3 v , 6 u v , 1
= (0 , 0 , −6 u) , √
9 u4 + 18 u2 v2 + 9 v4 + 1

−6 u
=√ . (4.616)
9 u4 + 18 u2 v2 + 9 v4 + 1

Desta forma, as 1.a e 2.a formas quadraticas associadas a s.p.r. X, no ponto

qo = (0 , 0) ∈ R2 ,
306 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

ser~ao as func~oes Iq , IIq : Tqo (X) → R, dadas por


Iqo (w) = a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )
[ ( )2 ] [ ( )]
(4.611) ,(4.612) e (4.613) 2
= a · 1+ 3·0 −3·0
2 2
+ 2 a b · −6 · 0 · 0 3 · 02 − 3 · 02
[ ]
+ b2 1 + 36 · 02 · 02
= a 2 + b2 , (4.617)
2 2
IIqo (w) = a e(qo ) + 2 a b f(qo ) + b g(qo )
[ ]
(4.614) ,(4.615) e (4.616) 2 6·0
= a · √
9 · 04 + 18 · 02 · 02 + 9 · 04 + 1
[ ] [ ]
−6 · 0 −6 · 0
+ 2ab · √ + b2 √
9 · 04 + 18 · 02 · 02 + 9 · 04 + 1 9 · 04 + 18 · 02 · 02 + 9 · 04 + 1
= 0, (4.618)
onde w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) para algum a , b ∈ R .
{ }
Logo, para w ∈ Tqo (X) \ O ⃗ , teremos

(4.503) IIqo (w)


Kn (w) =
Iqo (w)
(4.618) e (4.617) 0
= = 0, (4.619)
a + b2
2

completando a resoluc~ao.
Observação 4.5.8
1. O traco da s.p.r. X do Exemplo 4.5.5, dada por (4.602), e conhecida como a sela do macaco,
cuja representac~ao geometrica do seu traco e dada pela gura abaixo.

2. Para obtermos uma sela que possa acomodar n ∈ N "pernas", basta considerarmos a s.p.r.
X : R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = ℜ [(u + i · v)n ] , para (u , v) ∈ R2 ,

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 307

onde ℜ(z) denota a parte real do numero complexo z e i e a unidade imaginaria.


5.06.2017 - 24.a aula

4.6 Curvaturas principais, de Gauss (ou gaussiana) e média


Nesta sec~ao apresentaremos estudaremos s.p.r. do ponto de vista de encontrar os valores maximos e
mnimos das func~ao curvatura normal (quando existirem) em um ponto da s.p.r. considerada.
Comecaremos pela:
aberto { }
Proposição 4.6.1Seja X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r., qo = (uo , vo ) ∈ U e Kn : Tqo (X)\ ⃗ →R
O
a curvatura normal de X em qo .
Ent~ao existem dois vetores unitarios, ortogonais em Tqo (X), que indicaremos por
w1 , w2 ∈ Tqo (X) , (4.620)
de modo que
. .
K1 = Kn (w1 ) e K2 = Kn (w2 ) (4.621)
{ }
ser~ao os valores maximos e mnimos globais da func~ao Kn em ⃗ .
Tqo (X) \ O

Resolução:
Notemos que se a curvatura normal em qo ∈ U for constante, ou seja,
{ }
Kn (w) = Ko , para w ∈ Tqo (X) \ O

considerando-se
{w1 , w2 }
um conjunto ortonormal em Tqo (X), temos que as conclus~oes do resultado estar~ao satisfeitas.
Logo, podemos supor que a func~ao curvatura normal em qo ∈ U, n~ao seja constante.
~ n : R2 \ {(0 , 0)} → R, dada por
Consideremos a func~ao K
 

~ n (a , b) =. Kn 
K

a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) (4.622)
| {z }
.
=w∈T (X) qo

(4.503) IIqo (w)


=
Iqo (w)
(4.498) e (4.332) a2 eo + 2 a b fo + b2 go
= , para (a , b) ∈ R2 \ {(0 , 0)} , (4.623)
a 2 Eo + 2 a b F o + b2 G o
.
onde Eo = E(qo ) ,
.
Fo = F(qo ) ,
.
Go = G(qo ) ,
.
eo = e(qo ) ,
.
fo = f(qo ) ,
.
e go = g(qo ) . (4.624)
~ n e diferenciavel em R2 \ {(0 , 0)}.
Notemos a func~ao K
308 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Alem disso, se (a , b) ∈ R2 \ {(0 , 0)}, temos
para α ̸= 0 , temos:
~ n (λ a , λ b) (4.622)
K = Kn ((λ a) · Xu (qo ) + (λ b) · Xv (qo ))
= Kn [λ (a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ))]
(4.505)
= Kn (a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ))
(4.622) ~ n (a , b) .
= K (4.625)
Logo, de (4.625), para obteremos valores de maximo e mnimo globais da func~ao K~ n em R2 \{(0 , 0)}
(se existirem), podemos encontrar os mesmos restringindo a func~ao K~ n a circunfer^encia de centro na
origem e raio igual a 1, ou seja, ao conjunto
{ }
.
S1 = (a , b) ∈ R2 ; a2 + b2 = 1 . (4.626)
~ n e, em particular, contnua em S1 , que e um subconjunto fechado e limitado de
Como a func~ao K
~ n tera maximo e mnimo em S1 ,
R2 , segue, de um resultado da disciplina de Caclulo 2, que a func~ao K
ou seja,
podemos encontrar ~v1 =. (a1 , b1 ) , ~v2 =. (a2 , b2 ) ∈ S1 , (4.627)
de modo que K ~ n (w)
~ n (~v1 ) ≤ K ~ ≤K ~ n (~v2 ) , (4.628)
| {z } | {z }
.
=K
.
=K
1 2

para todo w ~∈ S1 .
~ n tambem
Como estamos supondo que a func~ao Kn n~ao e contante, de (4.622), segue que a func~ao K
n~ao sera constante, ou seja,
K1 < K 2 . (4.629)
Notemos tambem que
como (a1 , b1 ) , (a2 , b2 ) ∈ S1 ,
de, (4.626), segue que (a1 , b1 ) , (a2 , b2 ) ̸= (0 , 0) . (4.630)
Consideremos
. ⃗ (veja (4.630))
v1 = a1 · Xu (qo ) + b1 · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O (4.631)
.
e ⃗ (veja (4.630)) .
v2 = a2 · Xu (qo ) + b2 · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O (4.632)
{ }
Desta forma, para w ∈ Tqo (X) \ O ⃗ , teremos

(4.622) e (4.631)
= Kn (v1 )
z }| {
(4.628) ~ n (~v1 )
K1 = K
(4.622)
= Kn (w)
z }| {
~ n (w)
≤ K ~
≤ ~ (~v )
K ,
| n{z 2}
(4.622) e (4.632)
= Kn (w2 )

ou seja, Kn (v1 ) ≤ Kn (w) ≤ Kn (v2 ) , (4.633)



4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 309
{ }
mostrando que a func~ao Kn possuir maximo e mnimo globais em Tqo (X) \ O
⃗ .

Para nalizar precisamos mostrar que o conjunto

{v1 , v2 }

onde os vetores s~ao dados por (4.631) e (4.632), formam um conjunto ortonormal em R2 (na verdade
mostraremos que os vetores n~ao nulos s~ao ortogonais).
Para isto notemos que,{ como ~ n e diferenciavel em R2 \ {(0 , 0)} (pois a func~ao Kn e
a func~ao K
}
diferenciavel em Tqo (X) \ O
⃗ e temos (4.622)) e tem maximo e mnimos globais em R2 \ {(0 , 0)},
segue que seu vetor gradiente devera ser igual ao vetor nulo

em ~v1 = (a1 , b1 )
e em ~v2 = (a2 , b2 ) , isto e,
∂K~n
0= (a1 , b1 )
∂a [ 2 ]
(4.623) ∂ a eo + 2 a b fo + b2 go
=
∂a a2 Eo + 2 a b Fo + b2 Go (a ,b)=(a1 ,b1 )
[ ] [ ]
[2 a1 eo + 2 b1 fo ] a12 Eo + 2 a1 b1 Fo + b12 Go − a12 eo + 2 a1 b1 fo + b12 go [2 a1 Eo + 2 b1 Fo ]
= ( )2
a12 Eo + 2 a1 b1 Fo + b12 Go
2 a1 eo + 2 b1 fo a12 eo + 2 a1 b1 fo + b12 go 2 a 1 Eo + 2 b 1 F o
= − · 2
a1 Eo + 2 a1 b1 Fo + b1 Go a1 Eo + 2 a1 b1 Fo + b1 Go a1 Eo + 2 a1 b1 Fo + b12 Go
2 2 2 2
| {z }
= ~ (w
(4.623)
K ~ 1)
(4.628)
= K1
2 a1 eo + 2 b1 fo K1 (2 a1 Eo + 2 b1 Fo )
= − 2
a12 Eo
+ 2 a1 b1 Fo + b1 Go a1 Eo + 2 a1 b1 Fo + b12 Go
2

(2 a1 eo + 2 b1 fo ) − K1 (2 a1 Eo + 2 b1 Fo )
= , (4.634)
a12 Eo + 2 a1 b1 Fo + b12 Go
ou seja,
0 = (2 a1 eo + 2 b1 fo ) − K1 (2 a1 Eo + 2 b1 Fo )
= 2 [(eo − K1 Eo ) a1 + (fo − K1 Fo ) b1 ] ,
isto e,
(eo − K1 Eo ) a1 + (fo − K1 Fo ) b1 = 0 . (4.635)

De modo semelhante, sabendo-se que

∂K~n
0= (a2 , b2 ) ,
∂a
pode-se mostrar que (eo − K2 Eo ) a2 + (fo − K2 Fo ) b2 = 0 . (4.636)
310 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Temos tambem
∂K~n
0= (a1 , b1 )
∂b [ 2 ]
(4.623) ∂ a eo + 2 a b fo + b2 go
=
∂b a2 Eo + 2 a b Fo + b2 Go (a ,b)=(a1 ,b1 )
[ ] [ ]
[2 a1 fo + 2 b1 go ] a12 Eo + 2 a1 b1 Fo + b12 Go − a12 eo + 2 a1 b1 fo + b12 go [2 a1 Fo + 2 b1 Go ]
= ( )2
a12 Eo + 2 a1 b1 Fo + b12 Go
2 a1 fo + 2 b1 go a12 eo + 2 a1 b1 fo + b12 go 2 a1 Fo + 2 b1 Go
= − · 2
a1 Eo + 2 a1 b1 Fo + b1 Go a1 Eo + 2 a1 b1 Fo + b1 Go a1 Eo + 2 a1 b1 Fo + b12 Go
2 2 2 2
| {z }
= ~ (w
(4.623)
K ~ 1)
(4.628)
= K1
2 a1 fo + 2 b1 go K1 (2 a1 Fo + 2 b1 Go )
= − 2
a12 Eo
+ 2 a1 b1 Fo + b1 Go a1 Eo + 2 a1 b1 Fo + b12 Go
2

(2 a1 fo + 2 b1 go ) − K1 (2 a1 Fo + 2 b1 Go )
= , (4.637)
a12 Eo + 2 a1 b1 Fo + b12 Go

ou seja,

0 = (2 a1 fo + 2 b1 go ) − K1 (2 a1 Fo + 2 b1 Go )
= 2 [(fo − K1 Fo ) a1 + (go − K1 Go ) b1 ] ,
isto e (fo − K1 Fo ) a1 + (go − K1 Go ) b1 = 0 . (4.638)

De modo semelhante, sabendo-se que


∂K~n
0= (a2 , b2 ) ,
∂b
pode-se mostrar que (fo − K2 Fo ) a2 + (go − K2 Go ) b2 = 0 . (4.639)

Notemos que, multiplicando-se (4.635) por a2 e subtraindio-se de (4.636), muliplicac~ao por a1 ,


obteremos

0 = a2 [(eo − K1 Eo ) a1 + (fo − K1 Fo ) b1 ] − a1 [(eo − K2 Eo ) a2 + (fo − K2 Fo ) b2 ]


= −a2 K1 Eo a1 + a2 fo b1 − a2 K1 Fo b1 + a1 K2 Eo a2 − a1 fo b2 + a1 K2 Fo b2 . (4.640)

Multiplicando-se (4.638) por b2 e subtraindo-se de (4.639), multiplicada por b1 , segue que

0 = b2 [(fo − K1 Fo ) a1 + (go − K1 Go ) b1 ] − b1 [(fo − K2 Fo ) a2 + (go − K2 Go ) b2 ]


= b2 fo a1 − b2 K1 Fo a1 − b2 K1 Go b1 − b1 fo a2 − b1 K2 Fo b2 + b1 K2 Go b2 . (4.641)

Somando-se (4.640) com (4.641), obteremos:

0 = −a2 K1 Eo a1 + a2 fo b1 − a2 K1 Fo b1 + a1 K2 Eo a2 − a1 fo b2 + a1 K2 Fo b2
+ b2 fo a1 − b2 K1 Fo a1 − b2 K1 Go b1 − b1 fo a2 − b1 K2 Fo b2 + b1 K2 Go b2
exerccio
= (K2 − K1 ) (a1 a2 Eo + a1 b2 Fo + a2 a1 Fo + b1 b2 Go ) ,
| {z }
(4.629)
̸= 0

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 311

e como temos (4.629), segue que


a1 a2 Eo + (a1 b2 + a2 a1 ) Fo + b1 b2 Go = 0 . (4.642)
Logo
(4.631) e (4.632)
⟨v1 , v2 ⟩ = ⟨a1 · Xu (qo ) + b1 · Xv (qo ) , a2 · Xu (qo ) + b2 · Xv (qo )⟩
propriedades de p.i.
= a1 a2 ⟨Xu (qo ) , Xu (qo )⟩ +a1 b2 ⟨Xu (qo ) , Xv (qo )⟩
| {z } | {z }
(4.624) (4.624)
= Eo = Fo

+ b1 a2 ⟨Xv (qo ) , Xu (qo )⟩ +b1 b2 ⟨Xv (qo ) , Xv (qo )⟩


| {z } | {z }
(4.624) (4.624)
= Fo = Go

= a1 a2 Eo + (a1 b2 + b1 a2 ) Fo + b1 b2 Go
(4.642)
= 0,
ou seja, ⃗ , s~ao vetores ortogonais em Tq (X) .
v1 , v2 ̸= O o (4.643)
Portanto considerando-se os vetores
. v1 v2
w1 = e w2 =. (4.644)
∥v1 ∥ ∥v2 ∥
segue que os vetores w1 , w2 ∈ Tqo (X) formam um conjunto ortonormal e
(4.505)
{ }
como Kn (α · w) = Kn (w) , para w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ , (4.645)
segue que
(4.645) e (4.644)
Kn (w1 ) = Kn (v1 )
(4.633)
≤ Kn (w)
(4.633)
≤ Kn (v2 )
(4.645) e (4.644)
= Kn (w2 ) ,
{ }
monstrando que Kn tem maximo e mnimo globais em Tqo (X) \ O⃗ , que no ocorrem nos vetores w2 e
w1 , dados por (4.644), que formam um conjunto ortonormal em Tqo (X), completando a demonstrac~ao.

Com isto podemos introduzir a:
Definição 4.6.1 Na situac~ ao da Proposic~ao 4.6.1, os vetores unitarios, ortogonais w1 , w2 ∈
a obtidos, ser~ao denominados de vetores principais de X em qo .
Tqo (X) l
As curvaturas
. .
K1 = Kn (w1 ) e K2 = Kn (w2 ) , (4.646)
ser~ao denominadas curvaturas principais de X em qo .
As direc~oes em Tqo (X), determinadas pelos vetores principais ser~ao chamadas de direções
principais de X em qo .
O produto das curvaturas principais sera denominado de curvatura gaussiana de X em qo
e denotada por K(qo ), ou seja,
.
K(qo ) = K1 · K2
= Kn (w1 ) · Kn (w2 ) . (4.647)
312 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

A media aritmetica das curvaturas principais sera dita curvatura média de X em qo e


denotada por H(qo ), ou seja,
. K1 + K2
H(qo ) =
2
Kn (w1 ) + Kn (w2 )
= . (4.648)
2
Observação 4.6.1

1. Da De nic~ao 4.6.1, segue que


{ }
K1 ≤ Kn (w) ≤ K2 , para ⃗ .
w ∈ Tqo (X) \ O (4.649)

2. Na situac~ao da De nic~ao 4.6.1, temos que as curvaturas principais, K1 e K2 , satisfazem a


seguinte equac~ao do 2.a grau:
x2 − 2 H(qo ) x + K(qo ) = 0 , (4.650)

pois
2 H(qo ) = K1 + K2 e K(qo ) = K1 · K2 .

3. Notemos que uma mudanca de par^ametros em uma s.p.r. X podera mudar o sinal da
curvatura media, mas a curvatrua gaussina permanecera inalterada.
aberto aberto
De fato, se X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r., qo ∈ U e h : U~ ⊆ R2 → R2 e uma mudanca
de par^ametros (veja a De nic~ao 4.2.1), ent~ao para a reparametrizac~ao X~ : U~ → R3 dada
por
~ =. X ◦ h ,
X (4.651)
da s.p.r. X, denotaremos por
K~n (q
~o) , ~ (q~ o )
K ~ q~ o )
e H( (4.652)

as curvaturas normais, gaussiana e media de X~ em q~ o , onde


~o) .
qo = h(q (4.653)

Do item 7. da Observac~ao 4.5.3, temos que


{ }
~ n (w) = ±Kn (w) ,
K para ⃗
w ∈ Tqo (X) \ O (4.654)

e o sinal dependendera se
~ q~ o ) = N(qo ) ,
N( (4.655)
ou ~ q~ o ) = −N(qo ) ,
N( (4.656)

que por sua vez depende do sinal de jh (qo ) (veja (4.310)).


Portanto as curvaturas principais, indicadas por
~1
K e K~ 2 (4.657)

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 313

de X~ em qo , ir~ao satisfazer
~ i = ±Ki ,
K para i ∈ {1 , 2} . (4.658)

Desta forma teremos


~1 + K
(4.648) K ~2
~ o)
H(q =
2
(4.658) (±K1 ) + (±K2 )
=
2
K1 + K2

2
(4.648)
= H(qo )

e
~ o) (4.647) ~1 · K
~2
K(q = K
(4.658)
= (±K1 ) · (±K2 )
= K1 · K2
(4.647)
= K(qo ) ,

como queramos demonstrar.


Apliquemos as ideias acima ao
Exemplo 4.6.1 Consideremos a s.p.r. X dada no Exemplo 4.5.1 (cujo traco e um plano).
Encontre as direc~oes principais, as curvaturas principais, gaussiana e media de X em qo ∈
R2 .
Resolução:
Da resoluc~ao do Exemplo 4.5.1 (veja (4.540)), temos que
{ }
Kn (w) = 0 , para w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ . (4.659)

Logo, os vetores principais ser~ao dois vetores quaisquer, w1 , w2 ∈ R3 , que sejam ortogonais e
unitarios.
Assim, de (4.659), segue que as curvatura principais ser~ao iguais a zero, ou seja,
K1 = K2 = 0 , (4.660)
assim
(4.647)
K(qo ) = K1 · K2
(4.660)
= 0 (4.661)
e
(4.648) K1 + K2
H(qo ) =
2
(4.660)
= 0, (4.662)
completando a resoluc~ao.

314 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Observação 4.6.2 Na situac~ao do Exemplo 4.6.1 temos que, para qo ∈ R2 , quaisquer dois vetores
unitarios e ortogonais em Tqo (X) ser~ao vetores principais de X em qo .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

z
6
v ( )
Tqo (X) = X R2
6
Kw2
3 -
X
-
y
w1
qo

- u

x

Temos tambem o
Exemplo 4.6.2 Consideremos a s.p.r. X dada no Exemplo 4.5.2 (cujo traco  e uma esfera, de
centro na origem e raio a > 0, menos os polos).
Encontre as direc~oes principais, as curvaturas principais, gaussiana e media de X em qo ∈
.
U = R × (0 , π).
Resolução:
Da resoluc~ao do Exemplo 4.5.2 (veja (4.547)), temos que
1 { }
Kn (w) = , para w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ . (4.663)
a
Logo, os vetores principais ser~ao dois vetores quaisquer, w1 , w2 ∈ Tqo (X), que sejam ortogonais e
unitarios.
1
Assim, de (4.663), segue que as curvatura principais ser~ao iguais a , ou seja,
a
1
K1 = K2 = , (4.664)
a
assim
(4.647)
K(qo ) = K1 · K2
(4.664) 1
= (4.665)
a2
e
(4.648) K1 + K2
H(qo ) =
2
1 1
(4.664) a + a
=
2
1
= , (4.666)
a
completando a resoluc~ao.


4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 315

Observação 4.6.3 Na situac~ao do Exemplo 4.6.2 temos que, para qo ∈ U = R × (0 , π), quaisquer
dois vetores unitarios e ortogonais em Tqo (X) ser~ao vetores principais de X em qo .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
x
polo norte
6
Tqo (X) +
v

π 6

a
y2
w
X
- - y

qo w1
U x
+ 
- u Y
polo sul

Temos tambem o

Exemplo 4.6.3 Consideremos a s.p.r. X dada no Exemplo 4.5.3 (cujo traco e um cilindro
circular reto, para r > 0 xado).
Encontre as direc~oes principais, as curvaturas principais, gaussiana e media de X em qo ∈
R .
2

Resolução:
Da resoluc~ao do Exemplo 4.5.3 (veja (4.566)), temos que

−r a2 { }
Kn (w) = , para w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O
⃗ . (4.667)
r2 a2 + b2

Notemos que, do item 2. da Observac~ao 4.5.6, segue que (veja (4.572) e (4.573)),

(4.573) Xu (qo )
w1 =
∥Xu (qo )∥
(4.551) (−r sen(u) , r cos(u) , 0)
=
∥(−r sen(u) , r cos(u) , 0)∥
(−r sen(u) , r cos(u) , 0)
=√
[−r sen(u)]2 + [r cos(u)]2 + 02
| {z }
=r
= (− sen(u) , cos(u) , 0) (4.668)
e
(4.572) Xv (qo )
w2 =
∥Xv (qo )∥
(4.550) (0 , 0 , 1)
=
∥(0 , 0 , 1)∥
= (0 , 0 , 1) . (4.669)
316 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Desta forma, temos que as curvatura principais ser~ao:

K1 = Kn (w1 )
a=0 e b=1 em (4.667) 1
= − , (4.670)
r
K2 = Kn (w2 )
= 0, (4.671)
assim
(4.647)
K(qo ) = K1 · K2
(4.670) e (4.671)
= 0 (4.672)
e
(4.648) K1 + K2
H(qo ) =
2
1
(4.670) e (4.671) 0 − r
=
2
1
=− , (4.673)
2r
completando a resoluc~ao.


Observação 4.6.4 Logo, os vetores principais ser~ao os vetores w1 , w 2 , dados por (4.668) e
(4.669)), respectivamente, que s~ao ortogonais e unitarios.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z

6
v

6
qo
v = vo
X
- -
6
w2

-
X(qo )
- Tqo (X)
y

7 w1
u = uo
x Y

curvatura normal maxima


curvatura normal mnima

Temos tambem o
Exemplo 4.6.4 Consideremos a s.p.r. X dada no Exemplo 4.5.5 (cujo traco e sela do macaco).
Encontre as direc~oes principais, as curvaturas principais, gaussiana e media de X em qo =
(0 , 0).

Resolução:
Da resoluc~ao do Exemplo 4.5.5 (veja (4.619)), para

qo = (0 , 0) ,

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 317

temos que { }
Kn (w) = 0 , para w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ . (4.674)
Logo, de (4.673), segue que as curvatura principais ser~ao:
K1 = K2 = 0 , (4.675)
assim
(4.647)
K(qo ) = K1 · K2
(4.674)
= 0 (4.676)
e
(4.648) K1 + K2
H(qo ) =
2
(4.674)
= 0, (4.677)
completando a resoluc~ao.


Observação 4.6.5 Na situac~ao do Exemplo 4.6.4 temos que, para qo = (0 , 0), quaisquer dois
vetores unitarios e ortogonais em Tqo (X) ser~ao vetores principais de X em qo .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

Temos tambem o
Exemplo 4.6.5 Consideremos a s.p.r. X dada no Exemplo 4.5.4 (cujo traco e a sela ou o
paraboloide hiperbolico).
Encontre as direc~oes principais, as curvaturas principais, gaussiana e media de X em qo =
(0 , 0).

Resolução:
Da resoluc~ao do Exemplo 4.5.4 (veja (4.591)), para
qo = (0 , 0) ,
318 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

temos que
b2 − a 2 { }
Kn (w) = 2 , para w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O
⃗ . (4.678)
a 2 + b2
Notemos que, do item 1. da Observac~ao 4.5.7, segue que (veja (4.601) e (4.600)),
(4.601) Xu (qo )
w1 =
∥Xu (qo )∥
(4.575) (1 , 0 , −2 u)
=
∥(1 , 0 , −2 u)∥
(1 , 0 , −2 u)
=√
[1]2 + 02 + [−2 u]2
| {z }

= 1+4 u2
(1 , 0 , −2 u)
= √ (4.679)
1 + 4 u2
e
(4.600) Xv (qo )
w2 =
∥Xv (qo )∥
(4.576) (0 , 1 , 2 v)
=
∥(0 , 1 , 2 v)∥
| {z }
√2 1 √
= 0 +1 +[2 v] = 1+4 v2
2

(0 , 1 , 2 v)
=√ . (4.680)
1 + 4 v2
Tambem do item 1. da Observac~ao 4.5.7, segue que as curvatua prinicpais ser~ao (veja (4.597) e
(4.599)):

K1 = −2 , (4.681)
e K2 = 2 , (4.682)
assim
(4.647)
K(qo ) = K1 · K2
(4.681) e (4.682)
= −4 (4.683)
e
(4.648) K1 + K2
H(qo ) =
2
(4.681) e (4.682)
= 0, (4.684)

completando a resoluc~ao.


Observação 4.6.6 Na situac~ao do Exemplo 4.6.5 temos que, para qo = (0 , 0), os vetores w1 e
w2 , dados por (4.679) e (4.680), respectivamente (que s~ao unitarios e ortogonais em Tqo (X)),
ser~ao vetores principais de X em qo .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 319
~
v
6
z
curvatura normal maxima 6 y
- ~
u 
qo = (0 , 0) ~
X
j

X(qo )
- -x
w1
) w2

Tqo (X)

curvatura normal mnima

Mais adiante, utilizando-se da demonstrac~ao da Proposic~ao 4.6.1, obteremos um metodo algebrico


para obter as curvaturas principais, a partir dos coe cientes da 1.a e da 2.a formas quadraticas
da s.p.r. X em qo ∈ U.
Antes porem, mostraremos que as curvaturas principais, ou seja,
K1 e K2 ,
determinam a curvatura normal, em qualquer direc~ao escolhida em Tqo (X), mais precisamente,
temos a:
aberto
Proposição 4.6.2 (fórmula de Euler) Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r., qo = (uo , vo ) ∈ U,
K1 , K2 as curvaturas principais de X em qo ,
{ }
⃗ ,
w1 , w2 ∈ Tqo (X) \ O

os respectivos vetores principais de X em qo e w ∈ Tqo (X) um vetor unitario, ou seja,


∥w∥ = 1 , (4.685)
e consideremos θw ∈ [0 , π) ,
de modo que w = cos(θw ) · w1 + sen(θw ) · w2 . (4.686)
Ent~ao
Kn (w) = K1 cos2 (θw ) + K2 sen2 (θw ) . (4.687)
Demonstração:
Notemos que,
se K1 = K2 , (4.688)
{ }
para ⃗ ,
w ∈ Tqo (X) \ O teremos:
Kn (w) = K1
[ ]
= K1 cos2 (θw ) + sen2 (θw )
| {z }
=1
= K1 cos2 (θ) + K1 sen2 (θ)
|{z}
(4.688)
= K2

= K1 cos (θw ) + K2 sen2 (θw ) ,


2
320 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

mostrando a validade de (4.687) nesta caso, para qualquer θw ∈ [0 , π).


Suponhamos agora que
K1 < K 2 . (4.689)
Sejam a1 , b1 , a2 , b2 ∈ R tal que

w1 = a1 · Xu (qo ) + b1 · Xv (qo ) (4.690)


e w2 = a2 · Xu (qo ) + b2 · Xv (qo ) , (4.691)
onde K1 = Kn (w1 ) ≤ Kn (w) ≤ Kn (w2 ) = K2 , (4.692)
{ }
para w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ .
Observemos tambem que
(4.503) IIqo (w1 )
Kn (w1 ) =
Iqo (w1 )
| {z }
=∥w1 ∥2 =1

= IIqo (w1 )
(4.498) e (4.690)
= a12 e(qo ) +2 a1 b1 f(qo ) +b12 g(qo )
| {z } | {z } | {z }
.
=e
.
=f
.
=g
o o o

= a12 eo + 2 a1 b1 fo + b12 go , (4.693)


e, de modo semelhante, temos:
Kn (w2 ) = a22 eo + 2 a2 b2 fo + b22 go , (4.694)

Notemos que
(4.686)
w = cos(θw ) · w1 + sen(θw ) · w2
(4.690) e (4.691)
= cos(θw ) · [a1 · Xu (qo ) + b1 · Xv (qo )] + sen(θw ) · [a2 · Xu (qo ) + b2 · Xv (qo )]
= [a1 cos(θw ) + a2 sen(θw )] · Xu (qo ) + [b1 cos(θw ) + b2 sen(θw )] · Xv (qo ) . (4.695)

Logo,
(4.503) IIqo (w)
Kn (w) =
Iq (w)
| o{z }
(4.685)
= 1
= IIqo (w)
(4.498) e (4.695)
= [a1 cos(θw ) + a2 sen(θw )]2 e(qo ) +2 [a1 cos(θw ) + a2 sen(θw )]
| {z }
=eo

· [b1 cos(θw ) + b2 sen(θw )] f(qo ) +[b1 cos(θw ) + b2 sen(θw )]2 g(qo )


| {z } | {z }
=fo =go

= a12 cos (θw ) eo + 2 a1 a2 cos(θw ) sen(θw ) eo +


2
sen (θw ) eo
a22 2

+ 2 a1 b1 cos (θw ) fo + 2 a1 b2 cos(θw ) sen(θw ) fo + 2 a2 b1 sen(θw ) cos(θw ) fo


2

+ 2 a2 b2 sen2 (θw ) fo + b12 cos2 (θw ) go + 2 b1 b2 cos(θw ) sen(θw ) go + b22 sen2 (θw ) go

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 321

   
 2   
= cos2 (θw ) a
| e + 2 a b f + b 2
g  + sen2 (θw ) a22 eo + 2 a2 b2 fo + b22 go 
1 o 1
{z 1 o 1
}
o | {z }
(4.693) (4.694)
= K1 = K2

+ sen(θw ) cos(θw ) [2 a1 a2 eo + 2 a1 b2 fo + 2 a2 b1 fo + 2 b1 b2 go ]
 

= K1 cos2 (θw ) + K2 sen2 (θw ) + 2 sen(θw ) cos(θw ) a1 a2 eo + a1 b2 fo + a2 b1 fo + b1 b2 go 


| {z }
.
=C
= K1 cos2 (θw ) + K2 sen2 (θw ) + 2 C sen(θw ) cos(θw ) . (4.696)
Observemos que
(4.696)
cos2 (θw ) K1 + sen2 (θw ) K2 + 2 C sen(θw ) cos(θw ) = Kn (w)
(4.692)
≤ Kn (w2 ) = K2
 

= K2 cos2 (θw ) + sen2 (θw )


| {z }
=1
= K2 cos (θw ) + K2 sen2 (θw ) ,
2

ou seja,
cos2 (θw ) (K2 − K1 ) − 2 C sen(θw ) cos(θw ) ≥ 0 . (4.697)
Notemos que
π
se θw = ,
2
de (4.686), segue que
(π) (π)
w = cos ·w1 + sen ·w2
| {z 2 } | {z 2 }
=0 =1
= w2 ,
logo,
Kn (w) = Kn (w2 )
(π) (π)
= K1 cos2 +K2 sen2 ,
| {z 2 } | {z 2 }
=0 =1
π
mostrando a validade de (4.687) para o caso que θw = .
2
Por outro lado,
{π}
se θw ∈ [0 , π) \ ,
2
segue que cos2 (θw ) > 0 .
Logo podemos dividir (4.697), por cos2 (θw ) > 0, e assim obter
sen(θw )
(K2 − K1 ) − 2 C ≥ 0,
cos(θw )
ou seja, (K2 − K1 ) − 2 C tg(θw ) ≥ 0 ,
ou ainda, K2 − K1 ≥ 2 C tg(θw ) . (4.698)
322 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

A rmamos que
C = 0. (4.699)
De fato, suponhamos, por absurdo, que

C ̸= 0 . (4.700)

Notemos que

se C > 0, (4.701)
como lim tg(θw ) = +∞ ,

θw → π
2

podemos encontrar λ > 0 (su cientemente peguemo) ,


(4.689)
> 0
z }| {
(π ) K −K
de modo que tg −λ >
2 1
> 0,
2 2C
|{z}
(4.701)
> 0
(π )
que, de (4.701), e o mesmo que: 2 C tg − λ > K 2 − K1 ,
2
o que contraria (4.698).
Por outro lado,

se C < 0, (4.702)
como lim tg(θw ) = −∞ ,
+
θw → π
2

podemos encontrar λ > 0 (su cientemente peguemo) ,


(4.689)
> 0
z }| {
(π ) K −K
de modo que tg +λ <
2 1
< 0,
2 2 C
|{z}
(4.702)
< 0
(π )
que, de (4.702), e o mesmo que: 2 C tg − λ > K 2 − K1 ,
2
o que tambem contraria (4.698).
Portanto deveremos ter (4.699).
Substiuindo-se este valor em (4.696), obteremos

Kn (w) = K1 cos2 (θw ) + K2 sen2 (θw ) ,

mostrando a validade da identidade (4.687), completando a demonstrac~ao.



O resultado a seguir nos fornece a curvatura gaussiana e a curvatura media de uma s.p.r. em um
ponto, em teremos dos coe cientes as 1.a e 2.a formas quadraticas, mais precisamente, temos:
aberto
Proposição 4.6.3 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r., qo = (uo , vo ) ∈ U,
Eo , F o , G o

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 323

os coe cientes da 1.a forma quadratica de X em qo e


eo , fo , go

os coe cientes da 2.a forma quadratica de X em qo e


K(qo ) e H(qo )

denotam as curvaturas gaussiana e media de X em qo , respectivamente.


Ent~ao
eo go − fo2
K(qo ) = (4.703)
Eo Go − Fo2
1 eo Go − 2 fo Fo + Eo go
e H(qo ) = . (4.704)
2 Eo Go − Fo2
Demonstração:
Notemos que de (4.339) segue que
Eo Go − Fo2 > 0 .
Denotemos por Kp uma das curvaturas principais de X em qo , ou seja,
Kp = K1 ou Kp = K2 , (4.705)
na direc~ao do vetor
wp = ap · Xu (qo ) + bp · Xv (qo ) , (4.706)
onde
wp = w1 ou wp = w2 ,
respectivamente.
Como vimos na demonstrac~ao da Proposic~ao 4.6.1 (veja (4.635), (4.636) ou (4.638), (4.639)),
(eo − Kp Eo ) ap + (fo − Kp Fo ) bp = 0 , (4.707)
e (fo − Kp Fo ) ap + (go − Kp Go ) bp = 0 , (4.708)
admitira soluc~ao, n~ao trivial (ap , bp ).
Como o sistema linear (4.707), (4.708), admite soluc~ao n~ao trivial, da teoria de sistemas lineares
homog^eneos, isto sera equivalente a matriz dos coe cientes desse sistema linear devera ter determinante
igual a zero, ou seja,

eo − Kp Eo fo − Kp Fo

0=
fo − Kp Fo go − Kp Go
= (eo − Kp Eo ) (go − Kp Go ) − (fo − Kp Fo ) (fo − Kp Fo )
[ ]
= eo go − Kp eo Go − Kp Eo go + Kp2 Eo Go − fo2 + 2 fo Fo Kp − Kp2 Fo2
( ) ( )
= Eo Go − Fo2 Kp2 − (eo Go + Eo go − 2 fo Fo ) Kp + eo go − fo2 ,
eo Go − 2 fo Fo + Eo go eo go − fo2
ou seja, Kp2 − K p + = 0, (4.709)
Eo Go − Fo2 Eo Go − Fo2
ou ainda, Kp ∈ R (que concide com uma das curvatura principais) e soluc~ao da equac~ao polinomial
do 2.a grau
eo Go − 2 fo Fo + Eo go eo go − fo2
x2 − x + = 0. (4.710)
Eo Go − Fo2 Eo Go − Fo2
324 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo das relac~oes entre os coe cientes de uma equac~ao polinomial do 2.o grau segue o produto das
raizes sera igual a
eo go − fo2
(4.711)
Eo Go − Fo2
e a soma das raizes devera ser igual a
eo Go − 2 fo Fo + Eo go
. (4.712)
Eo Go − Fo2
Lembremos que as soluc~oes da equac~ao polinomial do 2.o grau (4.710), s~ao as curvaturas principais
de X e qo (veja o item 2. da Observac~ao 4.6.1), ou seja,
K1 e K2 .
Portanto deveremos ter
(4.647)
K(qo ) = K1 · K2
(4.711) eo go − fo2
= ,
Eo Go − Fo2
e
(4.648) K1 + K2
H(qo ) =
2
(4.712) 1 eo Go − 2 fo Fo + Eo go
= ,
2 Eo Go − Fo2
mostrando a validade das identidades (4.703) e (4.704), completando a demonstrac~ao. 

Observação 4.6.7

1. A Proposic~ao 4.6.3 nos permite encontrar as curvaturas gaussiana e media de uma s.p.r
em um ponto, a saber,
K(qo ) e H(qo ) ,
respectivamente, conhecendo-se os coe cientes da 1.a e 2.a formas quadraticas da s.p.r.,
no ponto em quest~ao.
Apos estes calculos podemos encontrar as curvaturas principais, encontrando as soluc~oes
da equac~ao polinomial do 2.a grau
x2 − 2 H(qo ) + K(qo ) = 0 . (4.713)

Deste modo podemos, aplicando a Proposic~ao 4.6.2, obter as curvatura normais da s.p.r.,
no ponto em quest~ao em qualquer dirac~ao do plano tangente.
2. A seguir veremos como obter os vetores principais
w1 , w2 ∈ Tqo (X) ,

conhecendo-se as curvaturas principais


K1 e K2 ,

no ponto em quest~ao.
Mas precisamente, temos a:

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 325

aberto
Proposição 4.6.4 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r., qo = (uo , vo ) ∈ U,
Eo , F o , G o

os coe cientes da 1.a forma quadratica de X em qo e


eo , fo , go

os coe cientes da 2.a forma quadratica de X em qo .


Um vetor { }

vp = ap · Xu (qo ) + bp · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O (4.714)
nos fornece uma direc~ao principal, relacionado com a curvatura principal Kp se, e somente se,
(ap , bp ) ̸= (0 , 0) ,

for soluc~ao do sistema linear


(eo − Kp Eo ) a + (fo − Kp Fo ) b = 0 , (4.715)
e (fo − Kp Fo ) a + (go − Kp Go ) b = 0 . (4.716)

Demonstração:
Suponhamos que o vetor vp , dado por (4.714), e um vetor principal (em particular, unitario)
associado a curvatura principal Kp .
Ent~ao, da demonstrac~ao da Proposic~ao 4.6.1 (veja (4.635), (4.636) ou (4.638), (4.639)), teremos

(eo − Kp Eo ) ap + (fo − Kp Fo ) bp = 0 , (4.717)


e (fo − Kp Fo ) ap + (go − Kp Go ) bp = 0 , (4.718)

ou seja,
(ap , bp ) ̸= (0 , 0)
sera uma soluc~ao do sistema linear homog^eneo (4.707), (4.708).
Reciprocamente, suponhamos que
(ap , bp ) ̸= (0 , 0)
seja soluc~ao do sistema linear (4.707), (4.708).
Logo, da teoria de sitemas lineares homog^eneos, deveremos ter

eo − Kp Eo fo − Kp Fo

fo − Kp Fo go − Kp Go = 0 .

Logo, da demonstrac~ao da Proposic~ao 4.6.3 (veja 4.710)), segue que Kp sera uma curvatura prin-
cipal.
Mostremos que o vetor vp (n~ao nulo), dado por (4.714), onde

(ap , bp ) ̸= (0 , 0)

satisfaz (4.717) e (4.718), nos fornece uma direc~ao principal, ou seja,

Kn (vp ) = Kp .
326 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Suponhamos, primeiramente, que


ap , bp ̸= 0 . (4.719)
Multiplicando-se (4.717) por ap ̸= 0 e somando-se com (4.718), multiplicada por bp ̸= 0, obteremos
0 = ap [(eo − Kp Eo ) ap + (fo − Kp Fo ) bp ] + bp [(fo − Kp Fo ) ap + (go − Kp Go ) bp ]
= (eo − Kp Eo ) ap2 + (fo − Kp Fo ) ap bp + (fo − Kp Fo ) ap bp + (go − Kp Go ) bp2
( )
= eo ap2 + 2 fo ap Fo + go bp2 − Kp Eo ap2 + 2 Fo ap bp + Go bp2
( )
ou seja, eo ap2 + 2 fo ap Fo + go bo2 = Kp Eo ao2 + 2 Fo ap bp + Go bo2 ,
ou ainda,
eo ap2 + 2 fo ap Fo + go bp2
Kp =
Eo ap2 + 2 Fo ap bp + Go bp2
(4.498),(4.332) e (4.714) IIqo (vp )
=
Iqo (vp )
(4.503) e (4.714)
= Kn (vp ), (4.720)
mostrando que o vetor (nao nulo) vp e nos fornece uma direc~ao principal.
Se
ap = 0 e bp ̸= 0 , (4.721)
temos que (4.717) e (4.718), tornar-se-~ao:
(fo − Kp Fo ) bp = 0 , (4.722)
e (go − Kp Go ) bp = 0 . (4.723)
Notemos que
(4.714), com ap =0 ⃗.
vp = bp · Xv (qo ) ̸= O

Como bp ̸= 0, dividindo-se (4.723) por bp , obteremos


go − Kp Go = 0 ,
go
como Go ̸= 0, teremos Kp = . (4.724)
Go
Mas
(4.504) IIqo (wo )
Kn (wo ) =
Iqo (wo )
(4.498),(4.332) e (4.714) eo ap2 + 2 fo ap Fo + go bp2
=
Eo ap2 + 2 Fo ap bp + Go bp2
ap =0 go bp2
=
Go bp2
bp ̸=0 go
=
Go
(4.724)
= Kp ,

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 327

mostrando que o vetor (n~ao nulo) vp nos fornece uma direc~ao principal.
De modo semelhante,
ap ̸= 0 e bp = 0 , (4.725)
temos que (4.717) e (4.718), tornar-se-~ao:
(eo − Kp Eo ) ap = 0 , (4.726)
e (fo − Kp Fo ) ap = 0 , (4.727)
Notemos que
(4.714), com bp =0 ⃗.
vp = ap · Xu (qo ) ̸= O

Como ap ̸= 0, dividindo-se (4.726) por ap , obteremos


eo − Kp Eo = 0 ,
eo
como Eo ̸= 0, teremos Kp = . (4.728)
Eo
Mas
(4.504) IIqo (vp )
Kn (vp ) =
Iqo (vp )
(4.498),(4.332) e (4.714) eo ap2 + 2 fo ap Fo + go bp2
=
Eo ap2 + 2 Fo ap bp + Go bp2
bp =0 eo ap2
=
Eo ap2
ap ̸=0 eo
=
Eo
(4.729)
= Kp ,

mostrando que o vetor (nao nulo) wo nos fornece uma direc~ao principal.
Em qualquer dos casos acima, o vetor
vp
∥vp ∥
sera um vetor principal, completando a demonstrac~ao.


Observação 4.6.8 As soluc~oes n~ao triviais


(ap , bp ) ̸= (0 , 0) ,

do sistema linear homog^eneo (4.715) e (4.716), nos fornecer~ao as direc~oes principais, dadas por
{ }
⃗ .
vp = ap · Xu (qo ) + bp · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O

Para obtermos os vetores principais basta dividirmos cada um dos vetores acima obtidos,
pela sua respectiva norma, ou seja,
. vp
wp = .
∥vp ∥
328 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

8.06.2017 - 25.a aula


Apliquemos as ideias acima ao

Exemplo 4.6.6 Consideremos a s.p.r. X dada no Exemplo 4.5.4 (cujo traco e uma sela, ou
seja, o paraboloide hiperbolico).
Encontre as curvaturas gaussiana, media e principais e vetores principais de X em qo =
(0 , 0).

Resolução:
Da resoluc~ao do Exemplo 4.5.4, teremos
(4.583) com qo =(uo ,vo )=(0 ,0)
E(qo ) = 1, (4.729)
(4.584) com qo =(uo ,vo )=(0 ,0)
F(qo ) = 0, (4.730)
(4.585) com qo =(uo ,vo )=(0 ,0)
G(qo ) = 1, (4.731)
(4.586) com qo =(uo ,vo )=(0 ,0)
e(qo ) = −2 , (4.732)
(4.587) com qo =(uo ,vo )=(0 ,0)
f(qo ) = 0, (4.733)
(4.588) com qo =(uo ,vo )=(0 ,0)
g(qo ) = 2 (4.734)

Logo, da Proposic~ao 4.6.3, segue que

(4.703) eo go − fo2
K(qo ) =
Eo Go − Fo2
(4.729),(4.730),(4.731),(4.732),(4.733) e (4.734) (−2) · 2 − 02
=
1 · 1 − 02
= −4 , (4.735)
(4.704) 1 eo Go − 2 fo Fo + Eo go
H(qo ) =
2 Eo Go − Fo2
(4.729),(4.730),(4.731),(4.732),(4.733) e (4.734) 1 (−2) · 1 − 2 · 0 · 0 + 1 · 2
=
2 1 · 1 − 02
= 0. (4.736)

Do item 1. da Observac~ao 4.6.7, temos que K1 , K2 ∈ R s~ao as curvaturas principais de X e,


qo = (0 , 0) se, e somente se, s~ao soluc~oes da equac~ao do 2.o grau (veja (4.713)):

x2 − 2 H(qo ) + K(qo ) = 0 ,
que, de (4.735) e (4.736), tornar-se-a: x2 − 4 = 0 ,
cujas soluc~oes ser~ao: K1 = −2 e K2 = 2 . (4.737)

Finalmente, da Proposic~ao 4.6.4, temos que o vetor

w1 = a1 · Xu (qo ) + b1 · Xv (qo ) (4.738)

fornecera uma direc~ao principal associado a curvatura principal K1 se, e somente se (tomando-se
Kp = K1 = −2, ao = a1 e bo = b1 em (4.714) e (4.714)), o par ordenado (a1 , b1 ) for uma soluc~ao, n~ao

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 329

nula, do sistema linear


(eo − K1 Eo ) a1 + (fo − K1 Fo ) b1 = 0 ,
e (fo − K1 Fo ) a1 + (go − K1 Go ) b1 = 0 ,
que de (4.729), (4.730), (4.731), (4.732), (4.733) e (4.734), tornar-se-a:
[(−2) − (−2) · 1] a1 + [0 − (−2) · 0] b1 = 0 ,
e [0 − (−2) · 0] a1 + [2 − (−2) · 1] b1 = 0 ,
ou seja, 0=0
e 4 b1 = 0 ,
cuja soluc~ao e: b1 = 0 . (4.739)
Portanto deveremos ter
(4.739)
(a1 , b1 ) = (a1 , 0) , (4.740)
logo, uma direc~ao principal sera dada pelo vetor:
(4.738) e (4.740)
w1 = a1 · Xu (qo ) + 0 · Xv (qo )
= a1 · Xu (qo )
(4.575) com qo =(0 ,0)
= (1 , 0 , 0) (4.741)
(ou seja, a1 = 1, pois w1 deve ser um vetor unitario).
Logo o vetor w1 , dado por (4.741), sera um vetor principal, associado a curvatura principal K1 =
−2.
De modo semelhante, tambem da Proposic~ao 4.6.4, temos que o vetor
w2 = a2 · Xu (qo ) + b2 · Xv (qo ) (4.742)
fornecera uma direc~ao principal associado a curvatura principal K2 se, e somente se (tomando-se
Kp = K2 = 2, ao = a2 e bo = b2 em (4.715) e (4.716)), o par ordenado (a2 , b2 ) for uma soluc~ao, n~ao
nula, do sistema linear
(eo − K2 Eo ) a2 + (fo − K2 Fo ) b2 = 0 ,
e (fo − K2 Fo ) a1 + (go − K2 Go ) b2 = 0 ,
que de (4.729), (4.730), (4.731), (4.732), (4.733) e (4.734), tornar-se-a:
[(−2) − 2 · 1) a2 + (0 − 2 · 0) b1 = 0 ,
e (0 − 2 · 0) a2 + (2 − 2 · 1) b2 = 0 ,
ou seja, − 4 a2 = 0
e 0 = 0,
cuja soluc~ao e: a2 = 0 . (4.743)
Portanto deveremos ter
(4.743)
(a2 , b2 ) = (0 , b2 ) , (4.744)
logo, uma direc~ao principal sera dada pelo vetor:
(4.742) e (4.744)
w2 = 0 · Xu (qo ) + b2 · Xv (qo )
= b2 · Xv (qo )
(4.576) com qo =(0 ,0)
= (0 , 1 , 0) (4.745)
330 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

ou seja, b2 = 1, pois w2 deve ser um vetor unitario).


Logo o vetor w2 , dado por (4.745), sera um vetor principal, associado a curvatura principal K2 = 2.
Portanto, da Proposic~ao 4.6.2, (a formula de Euler), teremos que a curvatura principal de X em
qo = (0 , 0) ∈ U xado, sera dada por
(4.687)
Kn (w) = K1 cos2 (θw ) + K2 sen2 (θw )
(4.737)
= (−2) cos2 (θw ) + 2 sen2 (θw )
= −2 cos2 (θw ) + 2 sen2 (θw ) , (4.746)
se (veja (4.686)),
w = cos(θw ) · w1 + sen(θw ) · w2
(4.741) e (4.745)
= cos(θw ) · (1 , 0 , 0) + sen(θw ) · (0 , 1 , 0)
= (cos(θw ) , sen(θw ) , 0) , (4.747)
completando a resoluc~ao.


Observação 4.6.9 Na situac~ao do Exemplo 4.6.6 temos que, para qo = (0 , 0), os vetores w1 e
w2 , dados por (4.741) e (4.745), respectivamente (que s~ao unitarios e ortogonais em Tqo (X)),
ser~ao vetores principais de X em qo .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
~
v
6
z
curvatura normal maxima 6 y
- ~
u 
qo = (0 , 0) ~
X
j

X(qo )
- -x
w1
) w2

Tqo (X)

curvatura normal mnima

Idem para o
Exemplo 4.6.7 Consideremos o conjunto dos pontos de R3 , obtidos da rotac~ao da c.p.r. α :
(−1 , 1) → R3 , dada por ( )
.
α(u) = 0 , u , u3 , para u ∈ (−1 , 1) , (4.748)
em torno da reta β : R → R3 , dada por
.
β(r) = (0 , r , 1) , para r ∈ R. (4.749)
aberto
Descreva o conjunto acima como traco de uma s.p.r. X : U ⊆ R2 → R3 e encontre as o
vetor normal de Gauss, os coe cientes das 1.a e da 2.a formas quadraticas de X em q ∈ X.
Encontre tambem as curvaturas gaussiana, media e principais e vetores principais de X em
qo = (0 , v) ∈ U, para v ∈ R xado.

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 331

Resolução:

A rmamos que X : U =. (−1 , 1) × R → R3 , dada por

(( ) ( ) )
.
X(u , v) = 1 − u3 cos(v) , u , 1 − u3 sen(v) + 1 , para (u , v) ∈ U , (4.750)

e uma s.p.r. cujo traco coincide com o conjunto dado acima.


Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Notemos que, para q = (u , v) ∈ U, teremos

(4.750)
( )
Xu (u , v) = −3 u2 cos(v) , 1 , −3 u2 sen(v) , (4.751)
(4.750)
( ( ) ( ) )
Xv (u , v) = − 1 − u3 sen(v) , 0 , 1 − u3 cos(v) . (4.752)

Temos tambem que


⃗e ⃗
e ⃗e
(4.751) ,(4.752)
1 2 3
Xu (q) × Xv (q) = (−3 u cos
2 (v) 1 −3 u sen(v)
2
− 1 − u3 ) sen(v) 0 (1 − u3 ) cos(v)
[( ) ]
= 1 − u3 cos(v) · ⃗e1
{[ ] [( ) ] [ ][ ( ) ]}
− −3 u2 cos(v) 1 − u3 cos(v) − −3 u2 sen(v) − 1 − u3 sen(v) ·⃗e2
| [ ]( ) {z [ ]( ) }
= −3 u
2
1 − u cos (v) + −3 u
3 2 2
1−u 3
sen (v)
2
| {z }
=(−3 u2 ) (1−u3 )
[( ) ]
+ 1 − u3 sen(v) ⃗e3
(( ) ( ) ( ) )
= 1 − u3 cos(v) , 3 u2 1 − u3 , 1 − u3 sen(v) . (4.753)
Logo
(( ) ( ) ( ) ) 2

2 (4.753)
∥Xu (q) × Xv (q)∥ = 1 − u3 cos(v) , 3 u2 ) 1 − u3 , 1 − u3 sen(v)
[( ) ]2 [ ( )]2 [( ) ]2
= 1 − u3 cos(v) + 3 u2 1 − u3 + 1 − u3 sen(v)
( )2 ( )2 ( )2
= 1 − u3 cos2 (v) + 9 u4 1 − u3 + 1 − u3 sen2 (v)
( )2 ( )2
= 1 − u3 + 9 u 4 1 − u3
( )( )2
= 1 + 9 u4 1 − u3 . (4.754)
332 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo a aplicac~ao normal de Gauss, N : U → S2 , sera dada por

(4.286) Xu (q) × Xv (q)


N(q) =
∥Xu (q) × Xv (q)∥
(( ) ( ) ( ) )
(4.753) ,(4.754) 1 − u 3
cos(v) , 3 u 2
1 − u 3
, 1 − u 3
sen(v)
= √
( )( )2
1 + 9 u4 1 − u3
(( ) ( ) ( ) )
1 − u3 cos(v) , 3 u2 1 − u3 , 1 − u3 sen(v)
= √( ) ( )
1 + 9 u4 1 − u3
( )
cos(v) , 3 u2 , sen(v)
= √( ) (4.755)
1 + 9 u4

Notemos tambem que

(4.751)
Xuu (u , v) = (−6 u cos(v) , 0 , −6 u sen(v)) , (4.756)
(4.751)
( )
Xuv (u , v) = 3 u2 sen(v) , 0 , −3 u2 cos(v) , (4.757)
(4.751)
( ( ) ( ) )
Xvv (u , v) = − 1 − u3 cos(v) , 0 , − 1 − u3 sen(v) . (4.758)

Portanto

.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.751)
⟨( ) ( )⟩
= −3 u2 cos(v) , 1 , −3 u2 sen(v) , −3 u2 cos(v) , 1 , −3 u2 sen(v)
= 9 u4 cos2 (v) + 12 +9 u4 sen2 (v)
= 1 + 9 u4 , (4.759)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.751) e (4.752)
⟨( ) ( ( ) ( ) )⟩
= −3 u2 cos(v) , 1 , −3 u2 sen(v) , − 1 − u3 sen(v) , 0 , 1 − u3 cos(v)
[ ( ) ] ( )
= −3 u2 cos(v) − 1 − u3 sen(v) + 1 · 0 − 3 u2 sen(v) 1 − u3 cos(v)
( ) ( )
= 3 u2 1 − u3 cos(v) sen(v) − 3 u2 1 − u3 cos(v) sen(v)
= 0, (4.760)
e
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.752)
⟨( ( ) ( ) ) ( ( ) ( ) )⟩
= − 1 − u3 sen(v) , 0 , 1 − u3 cos(v) , − 1 − u3 sen(v) , 0 , 1 − u3 cos(v)
( )2 ( )2
= 1 − u3 sen2 (v) + 02 + 1 − u3 cos2 (v)
( )2
= 1 − u3 . (4.761)

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 333

Temos tambem

.
e(q) = ⟨Xuu (q) , N(q)⟩
⟨ ( )⟩
(4.756) e (4.755) cos(v) , 3 u2 , sen(v)
= (−6 u cos(v) , 0 , −6 u sen(v)) , √( )
1 + 9 u4

6 u cos2 (v) 6 u sen2 (v)


= − √( ) + 0 − √ ( )
1 + 9 u4 1 + 9 u4
6u
= − √( ) , (4.762)
4
1 + 9u
.
f(q) = ⟨Xuv (q) , N(q)⟩
⟨ ( )⟩
(4.757) e (4.755)
( ) cos(v) , 3 u2
, sen(v)
= 3 u2 sen(v) , 0 , −3 u2 cos(v) , √( )
1 + 9 u4
[ ]
= 3 u2 sen(v) cos(v) + 0 + −3 u2 cos(v) sen(v)
= 0, (4.763)
.
g(q) = ⟨Xvv (q) , N(q)⟩
⟨ ( )⟩
(4.758) e (4.755)
( ( ) ( ) ) cos(v) , 3 u 2
, sen(v)
= − 1 − u3 cos(v) , 0 , − 1 − u3 sen(v) , √( )
1 + 9 u4
( ) ( )
1 − u3 cos2 (v) 1 − u3 sen2 (v)
= − √( ) + 0 − √( )
4 4
1 + 9u 1 + 9u
( )
= − 1 − u3 . (4.764)

Em particular, para
qo = (0 , v) ∈ U , (4.765)

teremos

(4.765)
(4.759) com q=qo = (0 ,v)
E(qo ) = 1 + 9 · 04
= 1, (4.766)
(4.765)
(4.760) com q=qo = (0 ,v)
F(qo ) = 0, (4.767)
(4.765)
(4.761) com q=qo = (0 ,v)
( )2
G(qo ) = 1 − 03
= 1. (4.768)
334 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

(4.765)
(4.762) com q=qo = (0 ,v) 6·0
e(qo ) = − √( )
1 + 9 · 04

= 0, (4.769)
(4.765)
(4.763) com q=qo = (0 ,v)
f(q) = 0, (4.770)
(4.765)
(4.764) com q=qo = (0 ,v)
( )
g(q) = − 1 − 03
= 1. (4.771)
Logo, da Proposic~ao 4.6.3, segue que
(4.703) e(qo ) g(qo ) − f 2 (qo )
K(qo ) =
E(qo ) G(qo ) − F 2 (qo )
(4.766),(4.767),(4.768),(4.769),(4.770) e (4.771) 0 · (−1) − 02
=
1 · 1 − 02
= 0, (4.772)
(4.704) 1 e(qo ) G(qo ) − 2 f(qo ) F(qo ) + E(qo ) g(qo )
H(qo ) =
2 E(qo ) G(qo ) − F 2 (qo )
(4.766),(4.767),(4.768),(4.769),(4.770) e (4.771) 1 (0 · 1 − 2 · 0 · 0 + 1 · (−1)
=
2 1 · 1 − 02
1
=− . (4.773)
2
Do item 1. da Observac~ao 4.6.7, temos que K1 , K2 ∈ R s~ao as curvaturas principais de X e,
qo = (0 , v) ∈ U xado se, e somente se, s~ao soluc~oes da equac~ao do 2.o grau (veja (4.713)):

x 2 − 2 H(qo ) + K(qo ) = 0 ,
que, de (4.772) e (4.773), tornar-se-a: x2 + x = 0 ,
cujas soluc~oes ser~ao: K1 = −1 e K2 = 0 . (4.774)
Finalmente, da Proposic~ao 4.6.4, temos que o vetor
w1 = a1 · Xu (qo ) + b1 · Xv (qo ) (4.775)
fornecera uma direc~ao principal associado a curvatura principal K1 se, e somente se o par ordenado
(ao , bo ) for uma soluc~ao, n~ao nula, do sistema linear

(eo − K1 Eo ) ap + (fo − K1 Fo ) bp = 0 ,
e (fo − K1 Fo ) ap + (go − K1 Go ) bp = 0 ,
que de (4.766), (4.767), (4.768), (4.769), (4.770) e (4.771), tornar-se-a:
[0 − Kp · 1] ap + [0 − Kp · 0] bp = 0 ,
e [0 − Kp · 0] ap + [(−1) − Kp · 1] bp = 0 ,
ou seja, − Kp ap = 0 , (4.776)
e (−1 − Kp ) bp = 0 . (4.777)

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 335

Tomando-se
Kp = K1 = −1 , ap = a1 e bp = b1 ,
em (4.776) e (4.777), obteremos o seguinte sistema linear
{
a1 = 0
,
0=0
cuja soluc~ao sera a1 = 0 . (4.778)

Portanto deveremos ter


(4.778)
(a1 , b1 ) = (0 , b1 ) , (4.779)

Logo, uma direc~ao principal sera dada pelo vetor:


(4.775) e (4.779)
w1 = 0 · Xu (qo ) + b1 · Xv (qo )
= b1 · Xv (qo )
(4.765)
(4.752) com qo = (0 ,v)
( ( ) ( ) )
= − 1 − 03 sen(v) , 0 , 1 − 03 cos(v)
= (− sen(v) , 0 , cos(v)) , (4.780)

(b1 = 1, pois w1 deve ser um vetor unitario).


Logo o vetor w1 , dado por (4.780), sera um vetor principal, associado a curvatura principal K1 =
−1.
Tomando-se
Kp = K2 = 0 , ap = a2 e bp = b2 ,

em (4.776) e (4.777), obteremos o seguinte sistema linear


{
0=0
,
−b2 = 0
cuja soluc~ao sera b2 = 0 . (4.781)

Portanto deveremos ter


(4.781)
(a2 , b2 ) = (a2 , 0) , (4.782)

Logo, uma direc~ao principal sera dada pelo vetor:


(4.775) e (4.782)
w2 = a2 · Xu (qo ) + 0 · Xv (qo )
= a2 · Xu (qo )
(4.765)
(4.751) com qo = (0 ,v)
( )
= −3 · 02 · cos(v) , 1 , −3 · 02 · sen(v)
= (0 , 1 , 0) (4.783)

(pois a2 = 1, pois w2 deve ser um vetor unitario).


Logo o vertor w2 , dado por (4.783), sera um vetor principal, associado a curvatura principal K2 = 0.
336 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo, da Proposic~ao 4.6.2, (a formula de Euler), teremos que a curvatura principal de X em


qo = (0 , v) ∈ U xado, sera dada por

(4.687)
Kn (w) = K1 cos2 (θ) + K2 sen2 (θ)
(4.774)
= (−1) cos2 (θ) + 0 · sen2 (θ)
= − cos2 (θ) , (4.784)
se (veja (4.686)),
w = cos(θ) · w1 + sen(θ) · w2
(4.780) e (4.783)
= cos(θ) · (− sen(v) , 0 , cos(v)) + sen(θ) · (0 , 1 , 0)
= (− sen(v) cos(θ) , sen(θ) , cos(v) cos(θ)) , (4.785)

completando a resoluc~ao.


Observação 4.6.10 O traco da s.p.r. X do Exemplo 4.6.7 (dada por (4.750)), 


e conhecida como
chapéu de Sherlok, cuja representac~ao geometrica e dada pela gura abaixo.
v z X(0 , v)

6 6

qo = (0 , v)
eixo de rotac~ao e a reta r : P = r · (0 , 0 , 1) para r ∈ R

-
Xu (0 , v)
- u
−1 1 K

Xv (0 , v)

- y

Entre as s.p.r. destacam-se as que tem curvatura gaussiana constante e entre estas temos a:
aberto
Definição 4.6.2 Diremos que uma s.p.r. X : U ⊆ R2 → R3 e superfı́cie mı́nima se sua
curvatura media for identicamente nula, ou seja
H(q) = 0 , para q ∈ U. (4.786)

Observação 4.6.11

1. Com vimos no Exemplo 4.6.1 (cujo traco e o plano - veja (4.662)) e uma superfcie mnima.
2. Podemos mostrar que as s.p.r. do Exemplo 4.1.9 (cujo traco e um catenoide) de Exemplo
4.4.4 (cujo traco e um helicoide), s~ao superfcies mnimas.
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.

4.6. CURVATURAS PRINCIPAIS, DE GAUSS (OU GAUSSIANA) E MEDIA 337

aberto
3. Observemos que se X : U ⊆ R2 → R3 e uma superfcie mnima a curvatura gaussiana e
n~ao positiva, ou seja,
K(q) ≤ 0 , para q ∈ U. (4.787)
De fato, pois
0 = H(q)
(4.648) K1 + K2
= ,
2
isto e, K1 = −K2 . (4.788)
Logo
(4.647)
K(q) = K1 · K2
(4.788)
= (−K2 ) · K2
= −K22 ≤ 0 ,

completando a demonstrac~ao da a rmac~ao.


4. O Exemplo 4.6.1 (cujo traco e um plano - veja (4.661)), o Exemplo 4.6.3 (cujo traco e
um cilindro circular reto - veja (4.672)) e o Exemplo 4.6.2 (cujo traco e uma esfera - veja
(4.665)), s~ao casos de s.p.r. cuja curvatura gaussiana e constante.
( π)
5. O conjunto formado pela rotac~ao da c.p.r. α : 0, → R3 , dada por
2
( ( ( r ))) ( π)
.
α(r) = sen(r) , 0 , cos(r) + ln tg , para r ∈ 0 , , (4.789)
2 2
que e denominada tractriz, em torno do eixo Oz, pode ser descrita como uma s.p.r. cuja
curvatura gaussiana e constante e igual a −1.
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
O traco da s.p.r. acima e denominada pseudo-esfera.
A igura abaixo nos fornece a represetnmaca~o geometrica do traco da s.p.r. descrita
acima
z

v
6
pseudo-esfera
6
tractriz no plano yOz

U X
-
- /
0 π u
R
- y


x
338 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

6. As s.p.r. mnimas e as s.p.r. com curvatura gaussina constante, t^em propriedades


geometrica importantes.
aberto aberto
Por exemplo, se as s.p.r. X : U ⊆ R2 → R3 e X~ : U~ ⊆ R2 → R3 t^em curvatura gaussina
constante e iguais ent~ao, restringindo-se de modo conveniente os domnios de X e de uma
reparamentrizac~ao de X~, que denotaremos por V , podemos obter uma isometria
~
ϕ : X(V) → X(V) .

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
~
z

6 ϕ isometria
~
- z
X(V)
X(D)
6

K
~
X
- >
~
y X
- y

/
~
x 6 
x

-
U ~
U

aberto
7. Se a s.p.r. X : U ⊆ R2 → R3 e uma superfcie mnima, podemos mostrar que a area
de uma regi~ao, que denotaremos por X(D), de area su cientemente pequena, contida no
traco de X, e menor que a area de qualquer outra regi~ao contida no traco de uma outra
s.p.r. que tenha a mesma fronteira da regi~ao dada inicialmente, ou seja, entre todas as
s.p.r., cujo traco contem uma regi~ao que tenha como bordo a fronteira ∂X(D), a que tem
menor area e a de uma superfcie mnima.
O problema acima e conhecido como problema de Plateau ou superfı́cie de bolha de
sabão.

4.7 Classificação de pontos de uma s.p.r.


Veremos, mais adiante, que para uma s.p.r., o sinal da curvatura gaussiana em um ponto, permitira
estudar o comportamente da s.p.r., para pontos proximos do ponto considerado.
Para isto precisaremos da
aberto
Definição 4.7.1 Seja X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. .
Diremos que q ∈ U e um ponto
1. elı́ptico se
K(q) > 0 ; (4.790)
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 339

2. hiperbólico se
K(q) < 0 ; (4.791)
3. parabólico se
K(q) = 0 e H(q) ̸= 0 ; (4.792)
4. planar se
K(q) = H(q) = 0 . (4.793)
Para ilustrar temos o
Exemplo 4.7.1 Classi que os pontos da s.p.r. do Exemplo 4.6.2 (cujo traco e a esfera de centro
na origem e raio igual a a > 0).
Resolução:
Como vimos na resoluc~ao do Exemplo 4.6.2,
.
para q ∈ U = R × (0 , π) ,
1
teremos (veja (4.665)): K(q) = 2 > 0 , (4.794)
a
que pela De nic~ao 4.7.1 (veja (4.790)), garante que todo ponto de X (cujo traco esta contido em uma
esfera) e um ponto elptico, completando a resoluc~ao.


Observação 4.7.1 Do ponto de vista do traco da s.p.r. do Exemplo 4.7.1 acima, temos:
ponto elptico
x

6
v

π 6

X(qo )


X
- - y

qo

U x
+

- u

Temos tambem o
Exemplo 4.7.2 Classi que os pontos da s.p.r. do Exemplo 4.6.1 (cujo traco e um plano).
Resolução:
Como vimos na resoluc~ao do Exemplo 4.6.1,
.
para q ∈ U = R2 ,
teremos (veja (4.661)): K(q) = 0 (4.795)
e (veja (4.662)) H(q) = 0 , (4.796)
que pela De nic~ao 4.7.1 (veja (4.793)), garante que todo ponto de X (cujo traco e um plano) e um
ponto planar, completando a resoluc~ao.

340 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Observação 4.7.2 Do ponto de vista do traco da s.p.r. do Exemplo 4.7.2 acima temos:
ponto planar
z ( )
6 X R2

 -
X
-
y
qo X(qo )

- u

x

Temos tambem o
Exemplo 4.7.3 Classi que os pontos da s.p.r. do Exemplo 4.6.3 (cujo traco e um cilindro
circular reto).
Resolução:
Como vimos na resoluc~ao do Exemplo 4.6.3,
.
para q ∈ U = R × (0 , π) ,
teremos (veja (4.672)): K(q) = 0 (4.797)
1
e (veja (4.673)) H(q) = − , (4.798)
2r
que pela De nic~ao 4.7.1 (veja (4.792)), garante que todo ponto de X (cujo traco e um cilindro circular
reto) e um ponto parabolico, completando a resoluc~ao.


Observação 4.7.3 Do ponto de vista do traco da s.p.r. do Exemplo 4.7.3 acima temos:
z

6
ponto parabolico
v

6 9
qo

X
- -
- y

X(qo )
x

Temos tambem o
Exemplo 4.7.4 Classi que o
qo = (0 , 0)
da s.p.r. do Exemplo 4.6.5 (cujo traco e uma sela ou o paraboloide hiperbolico).
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 341

Resolução:
Como vimos na resoluc~ao do Exemplo 4.6.5,
para qo = (0 , 0) ,
teremos (veja (4.683)): K(qo ) = −4 , (4.799)
que pela De nic~ao 4.7.1 (veja (4.792)), garante que ponto
qo = (0 , 0)

de X (cujo traco e uma sela ou o paraboloide hiperbolico) e um ponto hiperbolico, completando a


resoluc~ao.


Observação 4.7.4 Do ponto de vista do traco da s.p.r. do Exemplo 4.7.4 acima temos:
ponto hiperbolico

6
z

6 y
-
qo = (0 , 0)

X(qo )
-x

Temos tambem o
Exemplo 4.7.5 Classi que o ponto
qo = (0 , 0)
da s.p.r. do Exemplo 4.6.4 (cujo traco e a sela do macaco).
Resolução:
Como vimos na resoluc~ao do Exemplo 4.6.4,
para qo = (0 , 0) ,
teremos (veja (4.676)): K(qo ) = 0 (4.800)
e (veja (4.677)) H(qo ) = 0 , (4.801)
que pela De nic~ao 4.7.1 (veja (4.793)), garante que o ponto
qo = (0 , 0)

de X (cujo traco e uma sela do macaco) e um ponto planar, completando a resoluc~ao.




Observação 4.7.5 Do ponto de vista do traco da s.p.r. do Exemplo 4.7.5 acima temos:
342 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Temos tambem o

Exemplo 4.7.6 Classi que o ponto

qo = (0 , v) , para v ∈ R,

da s.p.r. do Exemplo 4.6.7 (cujo traco e o chapeu de Sherlok).

Resolução:
Como vimos na resoluc~ao do Exemplo 4.6.7,

para qo = (0 , 0) ,
teremos (veja (4.772)): K(qo ) = 0 (4.802)
1
e (veja (4.773)) H(qo ) = − , (4.803)
2

que pela De nic~ao 4.7.1 (veja (4.792)), garante que o ponto

qo = (0 , v) , para v ∈ R

de X (cujo traco e o chapeu de Sherlok) e um ponto parabolico, completando a resoluc~ao.




Observação 4.7.6 Do ponto de vista do traco da s.p.r. do Exemplo 4.7.6 acima temos:
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 343
ponto parabolico

v z X(0 , v)

6 6

qo = (0 , v)

- u
−1 1

- y

Deixaremos para o leitor o

Exercı́cio 4.7.1 Mostre que os pontos da s.p.r. do Exemplo 4.1.10 (cujo traco e um toro), s~ao
classi cados da seguinte forma:

( π π)
se q = (u , v) ∈ − , × R,
2 2
teremos que o ponto q sera elptico , (4.804)
{ }
π 3π
se q = (u , v) ∈ , × R;
2 2
teremos que o ponto q sera parabolico ; (4.805)
( )
π 3π
se q = (u , v) ∈ , × R,
2 2
teremos que o ponto q sera hiperbolco . (4.806)

Observação 4.7.7 Do ponto de vista do traco da s.p.r. do Exerccio 4.7.8 acima temos:
344 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS
v

6 hiperbolico
parabolico
i z

ponto parabolico 6
9
~

- X
-
−π
2
π
2 3π u - y
2

q2
i
q1
K elptico
x

ponto hiperbolico
ponto elptico

Temos tambem a

Observação 4.7.8

aberto
1. Seja X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. ., qo ∈ U tal que

K(qo ) ̸= 0 . (4.807)

O sinal da curvatura gaussianna em qo , permitira determinarmos a posic~ao de um ponto


X(q), para q ∈ U, "pr
oximo" ao ponto qo , relativamente ao plano tangente Tqo (X).
Mais precisamente, denotemos por
.
No = N(qo ) ,

o vetor normal de Gauss a X, em qo .


Logo podemos considerar os seguintes subconjutos de R3 :
.
S + = {P ∈ R3 ; ⟨P − X(qo ) , N(qo )⟩ > 0} , (4.808)
.
S − = {P ∈ R ; ⟨P − X(qo ) , N(qo )⟩ < 0} ,
3
(4.809)
.
S + = {P ∈ R3 ; ⟨P − X(qo ) , N(qo )⟩ ≥ 0} , (4.810)
.
e S − = {P ∈ R3 ; ⟨P − X(qo ) , N(qo )⟩ ≤ 0} , (4.811)

denominados, nos casos (4.808) e (4.809), como semi-espaços determinados por Tqo (X)
e, nos casos (4.810) e (4.811), como semi-espaços fechados, determinados por Tqo (X).

2. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima


4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 345
S+

6o
N P

z
v

6 6 X(qo )

Tqo (X)

U X
-
S−
qo

- u
- y

3. Na situac~ao acima, se o ponto qo ∈ U e um ponto elptico, ou seja, se

(4.647)
0 < K(qo ) = K1 · K2 , (4.812)

segue que as curvaturas principais dever~ao ter o mesmo sinal, ou seja:

ou K1 , K2 > 0 ou K1 K2 < 0 . (4.813)

{ }
Lembremos que, da Proposic~ao 4.6.1, para todo w ∈ Tqo (X) \ ⃗ ,
O temos que

K1 ≤ Kn (w) ≤ K2 , (4.814)
que juntamente com (4.813), implicara que, ou Kn (w) > 0 (4.815)
ou Kn (w) < 0 , (4.816)

para todo w ∈ Tqo (X).

Desta forma, pelo item 4. da Observac~ao 4.5.3 {, }


temos que a curvatura das secc~oes normais
a X, em qo , na direc~ao do vetor w ∈ Tqo (X)\ O , tera sempre o mesmo sinal (veja (4.815)

ou (4.816)).

Isto implicara que pontos sobre estas secc~oes normais, proximos do ponto X(qo ), perten-
cer~ao ao mesmo semi-espaco relativo ao plano tangente Tqo (X).

A gura abaixco ilustra a situac~ao descrita acima.


346 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

secc~ao normal de X, em qo , na direc~ao de w


6o
N

z S+
:
w
v

6 6 X(qo )
]
U X
-
P ∈ S−
qo
S−

- u
- y

4. Na situac~ao acima, se o ponto qo ∈ U e um ponto hiperbolico, ou seja, se

(4.647)
0 > K(qo ) = K1 · K2 , (4.817)

segue que as curvaturas principais dever~ao ter sinais opostos, ou seja

K1 < 0 < K2 . (4.818)

Lembremos que, da Proposic~ao 4.6.1, para w ∈ Tqo (X), temos que

K1 ≤ Kn (w) ≤ K2 , . (4.819)

{ }
Logo, de (4.819) e (4.818), segue que poderemos encontrar w1 , w2 ∈ Tqo (X) \ ⃗ ,
O de modo
que

Kn (w1 ) < 0 , (4.820)


e 0 < Kn (w2 ) . (4.821)

Desta forma, pelo item 4. da Observac~ao 4.5.3{, temos


} que a curvatura da secc~ao normal
a X, em qo , na direc~ao do vetor w1 ∈ Tqo (X) \ O , sera menor que zero e a curvatura da

{ }
secc~ao normal a X, em qo , na direc~ao do vetor w2 ∈ Tqo (X) \ O
⃗ , ser
a maior que zero.
Isto implicara que teremos pontos sobre estas secco~es normais, proximos do ponto X(qo ),
que pertencer~ao a semi-espacos opostos, relativo ao plano tangente Tqo (X).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 347
v
6
P 2 ∈ S+
qo
-u No

X 6
S+
j
?
X(qo )

3
S−

P1 ∈ S−

12.06.2017 - 26.a aula


De modo mais preciso temos a:
aberto
Proposição 4.7.1 Seja X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. . e qo ∈ U.
1. Suponhamos que qo e um ponto elptico.
Ent~ao poderemos encontrar uma vizinhanca de qo , que indicaremos por
Vo = V(qo ) ⊆ U ,

de modo que o conjunto X(Vo ) esta contido em um dos semi-planos fechados, determinados
por Tqo (X) (veja (4.808) ou (4.810)).
2. Suponhamos que qo e um ponto hiperbolico.
Ent~ao, para toda vizinhanca de qo , que indicaremos por
Wo = W(qo ) ⊆ U ,

poderemos encontrar q1 , q2 ∈ Wo , de modo que os pontos X(q1 ) e X(q2 ) pertencem a semi-


planos distintos, determinados por Tqo (X) (veja (4.809) ou (4.811)).
Demonstração:
Podemos supor, sem perda de generalidade que
qo = (0 , 0) . (4.822)
~ → U, dada por
Caso contrario, consideramos a mudanca de par^ametros h : U
.
h(p) = p + qo , ~,
para p ∈ U (4.823)
que levara q~ o = (0 , 0) em qo = h (q~ o ) e assim, trabalharemos com a reparametrizac~ao X~ =. X ◦ h.
Consideremos a func~ao A : U → R, dada por
.
A(q) = ⟨X(q) − X(qo ) , No ⟩ , para q ∈ U , (4.824)
. Xu (qo ) × Xv (qo )
onde No = . (4.825)
∥Xu (qo ) × Xv (qo )∥
348 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Observemos que, pelo item 1. da Observac~ao 4.7.8 (veja (4.808), (4.809), (4.810) e (4.811)) que o
sinal da func~ao A, dada por (4.824), determinara a que semi-espaco, relativo ao plano tangente Tqo (X),
o ponto X(p) pertencera.
Consideremos o desenvolvimento de Taylor da func~ao X, em torno do ponto qo = (0 , 0), de ordem
2, (veja o ap^endice):

1[ ]
X(q) = X(qo ) + [Xu (qo ) u + Xv (qo ) v] + Xuu (qo ) u2 + 2 Xuv (qo ) u v + Xvv (qo ) v2
2
+ R(q) , (4.826)
onde q = (u , v) ∈ U

e a func~ao R e uma func~ao polin^omial, nas variaveis u e v, de grau maior ou igual a 3, que satisfaz a
seguinte propriedade:
R(q)
lim = O,

q→O ∥q∥
em particular, lim R(q) = O . (4.827)

q→O

Denotemos por
.
eo = e(qo )
= ⟨Xuu (qo ) , No ⟩ , (4.828)
.
fo = f(qo )
= ⟨Xuv (qo ) , No ⟩ (4.829)
e
.
go = g(qo )
= ⟨Xvv (qo ) , No ⟩ . (4.830)

Logo,

para q = (u , v) ∈ U , teremos:
(4.825)
A(q) = ⟨X(q) − X(qo ) , No ⟩
⟨{ }
(4.826) 1[ 2 2
]
= X(qo ) + [Xu (qo ) u + Xv (qo ) v] + Xuu (qo ) u + 2 Xuv (qo ) u v + Xvv (qo ) v + R(q)
2
−X(qo ) , No ⟩
1
= ⟨Xu (qo ) , No ⟩ u + ⟨Xv (qo ) , No ⟩ v + ⟨Xuu (qo ) , No ⟩ u2 + ⟨Xuv (qo ) , No ⟩ u v+
| {z } | {z } 2| {z } | {z }
=0 =0 (4.828) (4.829)
= eo = fo
1
+ ⟨Xvv (qo ) , No ⟩ v2 + ⟨R(q) , No ⟩
2| {z }
(4.830)
= go
1( )
= eo u2 + 2 fo u v + go v2 + ⟨R(q) , No ⟩
2
(4.498) 1
= IIqo (w) + ⟨R(q) , No ⟩ , (4.831)
2
onde w = u · Xu (qo ) + v · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) . (4.832)
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 349

Logo,
se ⃗,
w ̸= O
teremos
(4.831) 1
A(q) = IIqo (w) + ⟨R(q) , No ⟩
2
(4.525) 1
= Kn (w) ∥w∥2 + ⟨R(q) , No ⟩ , (4.833)
2
onde Kn denota a curvatura normal de X em qo .
Observemos que, de (4.833) e da continuidade da func~ao
q 7→ ⟨R(q) , No ⟩ ,
segue que lim ⟨R(q) , No ⟩ = 0 . (4.834)

q→O

Demonstração do item 1.:


Se o ponto qo ∈ U e um ponto elptico, pelo item 3. da Observac~ao{4.7.8,
} teremos que a curvatura
normal Kn devera ter o mesmo sinal em qualquer direc~ao de Tqo (X) \ O (veja (4.813)).

Como, de (4.834), (4.833) e do fato acima, segue podemos encontrar uma vizinhanca de qo , que
indicaremos por Vo = V(qo ) ⊆ U, de modo que a func~ao A, restrita a Vo \ {qo }, tenha o mesmo sinal
de Kn , ou seja,
se Kn (w) > 0 , teremos A(q) > 0 , (4.835)
e se Kn (w) < 0 , teremos A(q) < 0 . (4.836)
Portanto, de (4.835), (4.836), de (4.824) e do item 1. da Observac~ao 4.7.8,
para q ∈ Vo \ {qo } ,
se temos (4.835), segue que X(q) ∈ S+ ,
se temos (4.836), segue que X(q) ∈ S− ,

completando a demonstrac~ao do item 1. .


Demonstração do item 2.:
Se o ponto qo ∈ U e um ponto
{ } hiperbolico, pelo item 4. da Observac~ao 4.7.8, podemos encontrar
encontrar w1 , w2 ∈ Tqo (X) \ O
⃗ , de modo que

Kn (w1 ) < 0 , (4.837)


e 0 < Kn (w2 ) . (4.838)
Sejam u1 , u2 , v1 , v2 ∈ R, tais que
u12 + v12 ̸= 0 e u22 + v22 ̸= 0 , (4.839)
de modo que w1 = u1 · Xu (qo ) + v1 · Xv (qo ) (4.840)
e w2 = u2 · Xu (qo ) + v2 · Xv (qo ) . (4.841)
Como
Kn (λ · w) = Kn (w) , para λ ∈ R \ {0} ,
deste fato, de (4.837) e (4.838), segue que Kn (λ · w1 ) < 0
0 < Kn (λ · w2 ) .
350 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo, para toda vizinhanca


Wo = W(qo ) ⊆ U ,
se λ > 0 e su centemente pequeno, teremos
. .
q1 = (λ u1 , λ v1 ) , q2 = (λ u2 , λ v2 ) ∈ Wo , (4.842)
e, de (4.833) e (4.834), diminuindo-se λ > 0, se necessario, podemos supor que h(q1 ) tem o mesmo
sinal de
Kn (λ · w1 ) = Kn (w1 ) < 0 ,
ou seja, A(q1 ) < 0 , (4.843)
e h(q2 ) tem o mesmo sinal de
0 < Kn (w1 ) = Kn (λ · w2 ) ,
ou seja, 0 < A(q2 ) . (4.844)
Assim, de (4.843), (4.844), (4.824) e do item 4. da Observac~ao 4.7.8, segue que
X(q1 ) ∈ S− e X(q2 ) ∈ S+ ,
(4.845)
completando a demonstrac~ao do item 2. e do resultado .

Observação 4.7.9
aberto
1. Se qo ∈ U e um ponto parabolico da s.p.r. X : U ⊆ R2 → R3 , a localizac~ao de um ponto
do traco de X, perto do ponto qo , pode n~ao car bem de nida, relativamente ao plano
tangente Tqo (X).
Para ilustrar este fato, consideremos a s.p.r. do Exemplo 4.5.3 (cujo traco e o cilindro
circular reto.
Neste caso, como vimos no Exemplo 4.7.3, todo q ∈ U =. R2 , e um ponto parabolico.
Notemos que, neste caso, para q ∼ qo , temos que X(q) esta no mesmo semi-plano deter-
minado pelo plano tangente Tqo (X).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z

6
ponto parabolico
v

6 9
qo
S−
X
- - S+
N(qo )
o - y
>
X(qo )
x Tqo (X)
X(q) ∈ S+
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 351

Por outro lado, como vimos no Exemplo 4.7.6, todo


qo = (0 , vo ) , para vo ∈ R

da s.p.r. do Exemplo 4.6.7 (cujo traco e o chapeu de Sherlok) e um ponto parabolico.


Porem, neste caso, existem pontos, t~ao proximo quanto se queira, do ponto
qo = (0 , vo ) , para vo ∈ R

que pertencem a semi-espacos diferentes, relativamente ao plano tangente Tqo (X).


A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
ponto parabolico
X(q1 ) ∈ S+

v z

6 N(qo )
6

qo = (0 , vo )

- u X(qo )
−1 1 O

- y

X(q2 ) ∈ S−

x

2. Como vimos no Exemplo 4.7.5


qo = (0 , 0)

e um ponto planar da s.p.r. em quest~ao (cujo traco e a sela do macaco).


Notemos que neste caso existem pontos, t~ao proximo quanto se queira, do ponto
qo = (0 , 0)

que pertencem a semi-espacos diferentes, relativamente ao plano tangente Tqo (X).

A seguir introduziremos uma outra categoria de pontos de uma s.p.r., a saber


aberto
Definição 4.7.2Seja X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r..
Diremos que qo ∈ U e um ponto umbı́lico de X se as curvaturas principais de X em qo
coincidem, ou seja, se
K1 (qo ) = K2 (qo ) . (4.846)

Observação 4.7.10
352 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

1. Em um ponto umblico qo ∈ U, de uma s.p.r. X, a curvatura normal, na direc~ao de


qualquer vetor, n~ao nul,o pertencente a Tqo (X), sera constante e igual K1 = K2 , ou seja,
{ }
Kn (w) = K1 = K2 , para ⃗ .
w ∈ Tqo (X) \ O

De fato pois
(4.481) (4.649)
K2 = K1 ≤ Kn (w)
(4.649) (4.481)
{ }
≤ K2 = K1 , para w ∈ Tqo (X) \ O⃗ ,
{ }
ou seja, K1 = K2 = Kn (w) , para w ∈ Tqo (X) \ O⃗ . (4.847)

Como consequ^encia temos que todo vetor unitario de Tqo (X), sera um vetor principal, ou
seja,
(4.481) (4.847)
{ }
K1 = K2 = Kn (w) , para ⃗ ,
w ∈ Tqo (X) \ O (4.848)
de modo que ∥w∥ = 1 .

aberto
2. Notemos que se X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r., para q ∈ U teremos
) (
K1 + K2 2
(4.648) e (4.647)
2
H (q) − K(q) = − K1 · K2
2
K12 + 2 K2 K2 + K22
− K1 · K2
4
K12 − 2 K2 K2 + K22
=
4
( )
K1 − K2 2
= ≥ 0,
2
ou seja, H 2 (q) − K(q) ≥ 0 . (4.849)
3. Notemos que o discriminante da equac~ao do 2.o grau
x2 − 2 H(q) x + K(q) = 0 , (4.850)
( )
e dado por: 4 H 2 (q) − 4 K(q) = 4 H 2 (q) − K(q)
(4.849)
≥ 0. (4.851)
Como as curvaturas principais, K1 , K2 s~ao as razes da equac~ao do 2.ao grau (4.850) (veja
o item 2. da Observac~ao 4.6.1), das considerac~oes acima segue que
qo ∈ U  e um ponto umblico de X ,
se, e somente se, 2
H (q) − K(q) = 0 . (4.852)
4. Notemos que todo ponto planar de uma s.p.r. sera um ponto umblico da mesma, pois
se qo ∈ U  e ponto planar de X ,
da De nic~ao 4.7.1, deveremos ter K(qo ) = H(qo ) ,
logo H 2 (qo ) − K(qo ) = 0 ,
que, de (4.852), e o mesmo que dizer que qo ∈ U  e ponto umblico de X . (4.853)
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 353

Apliquemos as ideias acima ao

Exemplo 4.7.7 Todo ponto de uma s.p.r., cujo traco esta contido em um plano, e um ponto
umblico.
Resolução:
Como vimos na resoluc~ao do Exemplo 4.6.1,
.
para q ∈ U = R2 ,
teremos (veja (4.661)): K(q) = 0 (4.854)

que pela De nic~ao 4.7.2 (veja (4.846)), garante que todo ponto de X (cujo traco esta contido nem um
plano) e um ponto umblico, completando a resoluc~ao.

Temos tambem o

Exemplo 4.7.8 Todo ponto de uma s.p.r., cujo traco esta contido em uma esfera, e um ponto
umblico.
Resolução:
Como vimos na resoluc~ao do Exemplo 4.6.2,
.
para q ∈ U = R × (0 , π) ,
1
teremos (veja (4.665)): K(q) = 2 > 0 , (4.855)
a
que pela De nic~ao 4.7.2 (veja (4.846)), garante que todo ponto de X (cujo traco esta contido em uma
esfera) e um ponto umblico, completando a resoluc~ao.

Temos tambem o:

Exemplo 4.7.9 Consideremos a s.p.r. do Exemplo 4.1.3 (paraboloide elptico, na verdade de


revoluc~ao), dado por X : R2 → R3 , dada por
( )
.
X(u , v) = u , v , u2 + v2 , para (u , v) ∈ R2 . (4.856)

Mostre que qo =. (0 , 0) ∈ R2 e um ponto umblico de X.


Resolução:
Notemos que Alem disso, para q =. (u , v) ∈ R2 , teremos
(4.856)
Xu (u , v) = (1 , 0 , 2 u) , (4.857)
(4.856)
Xv (u , v) = (0 , 1 , 2 v) , (4.858)
(4.857)
Xuu (u , v) = (0 , 0 , 2) , (4.859)
(4.857)
Xuv (u , v) = (0 , 0 , 0) , (4.860)
(4.858)
Xvv (u , v) = (0 , 0 , 2) , (4.861)
354 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo

⃗e1 ⃗e2 ⃗e3



(4.857) e (4.858)


Xu (q) × Xv (q) = 1 0 2 u



0 1 2 v
= (−2 u , −2 v , 1) , (4.862)
assim
(4.862)
∥Xu (q) × Xv (q)∥2 = ∥(−2 u , −2 v , 1)∥
= (−2 u)2 + (−2 v)2 + 1
= 1 + 4 u 2 + 4 v2 . (4.863)
Logo
(4.285) Xu (qo ) × Xv (qo )
N(u , v) =
∥Xu (qo ) × Xv (qo )∥
(4.862) e (4.863) (−2 u , −2 v , 1)
= √ . (4.864)
1 + 4 u 2 + 4 v2
Portanto
.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.857)
= ⟨(1 , 0 , 2 u) , (1 , 0 , 2 u)⟩
= 1 + 4 u2 , (4.865)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.857) e (4.858)
= ⟨(1 , 0 , 2 u) , (0 , 1 , 2 v)⟩
= 4uv, (4.866)
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.858)
= ⟨(0 , 1 , 2 v) , (0 , 1 , 2 v)⟩
= 1 + 4 v2 . (4.867)

Temos tambem

.
e(q) = ⟨Xuu (q) , N(q)⟩
⟨ ⟩
(4.859) e (4.864) (−2 u , −2 v , 1
= (0 , 0 , 2) , √
1 + 4 u 2 + 4 v2
2
=√ , (4.868)
1 + 4 u 2 + 4 v2
.
f(q) = ⟨Xuv (q) , N(q)⟩
⟨ ⟩
(4.860) e (4.864) (−2 u , −2 v , 1
= (0 , 0 , 0) , √
1 + 4 u 2 + 4 v2
= 0, (4.869)
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 355

.
g(q) = ⟨Xvv (q) , N(q)⟩
⟨ ⟩
(4.861) e (4.864) (−2 u , −2 v , 1
= (0 , 0 , 2) , √
1 + 4 u 2 + 4 v2
2
=√ . (4.870)
1 + 4 u 2 + 4 v2

Em particular,

(4.865) , com qo =(0 ,0)


E(qo ) = 1, (4.871)
(4.866) , com qo =(0 ,0)
F(qo ) = 0, (4.872)
(4.867) , com qo =(0 ,0)
G(qo ) = 1, (4.873)
(4.868) , com qo =(0 ,0)
e(qo ) = 2, (4.874)
(4.869) , com qo =(0 ,0)
f(qo ) = 0, (4.875)
(4.870) , com qo =(0 ,0)
g(qo ) = 2. (4.876)

Logo, da Proposic~ao 4.6.3, segue que

(4.703) eo go − fo2
K(qo ) =
Eo Go − Fo2
(4.874),(4.875),(4.876),(4.871),(4.872) e (4.873) 2 · 2 − 02
=
1 · 1 − 02
= 4, (4.877)
(4.704) 1 eo Go − 2 fo Fo + Eo go
H(qo ) =
2 Eo Go − Fo2
(4.874),(4.875),(4.876),(4.871),(4.872) e (4.873) 1 2 · 1 − 2 · 0 · 0 + 1 · 2
=
2 1 · 1 − 02
= 2. (4.878)

Do item 1. da Observac~ao 4.6.7, temos que K1 , K2 ∈ R s~ao as curvaturas principais de X e,


qo = (0 , 0) se, e somente se, s~ao soluc~oes da equac~ao do 2.o grau (veja (4.713)):

x2 − 2 H(qo ) + K(qo ) = 0 ,
que, de (4.877) e (4.878), tornar-se-a: x2 − 4 x − 4 = 0 ,
cujas soluc~oes ser~ao: K1 = K2 = 2 , (4.879)

ou seja, qo = (0 , 0) e um ponto umblico da s.p.r. X, dada por (4.856), completando a resoluc~ao.




Observação 4.7.11 A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


356 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS
z
6

v
ponto umblico
6
X
-

^ - u
qo = (0 , 0)

X(qo ) = (0 , 0 , 0)
-y

x =

O resultado a seguir nos fornece uma caracterizac~ao de um ponto umblico de uma s.p.r. (se
existir), em termos dos coe cientes da 1.a e da 2.a formas quadraticas, mais precisamente:

aberto
Proposição 4.7.2 Seja X : U ⊆ R2 → R3 
e uma s.p.r. .
Um ponto q ∈ U sera um ponto umblico de X se, e somente se, podemos encontrar λ =
λ(qo ) ∈ R , de modo que

e(qo ) = λ E(qo ) , f(qo ) = λ F(qo ) e g(qo ) = λ G(qo ) . (4.880)

Neste caso teremos


K1 (qo ) = K2 (qo ) = λ . (4.881)

Demonstração:
Suponhamos que qo ∈ U seja um ponto umblico de X que, pela De nic~ao 4.7.2, e o mesmo que
dizer que podemos encontrar λ ∈ R, de modo que
{ }
Kn (w) = λ , para w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ ,
IIqo (w)
que, de (4.503), e o mesmo que = λ,
Iqo (w)
ou ainda, IIqo (w) = λ Iqo (w) . (4.882)

Mas
{ }
se ⃗ ,
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O
de (4.882), (4.498) e (4.332), teremos
( )
a2 e(qo ) + 2 a b f(qo ) + b2 g(qo ) = λ a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo ) . (4.883)
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 357

Portanto,

considerando-se a = 1 e b = 0 em (4.883) ,
obteremos e(qo ) = λ E(qo ) . (4.884)
Considerando-se a = 0 e b = 1 em (4.883) ,
obteremos g(qo ) = λ g(qo ) . (4.885)
Considerando-se a = 1 e b = 1 em (4.883) ,
e utilizando-se (4.884) e (4.885), obteremos f(qo ) = λ F(qo ) ,

mostrando a validade das identidades em (4.880).


Por outro lado, se valem as identidades em (4.880), segue que:
Notemos que

se λ = 0,
de (4.880), segue que e(qo ) = f(qo ) = g(qo ) = 0 . (4.886)
{ }
Assim, para ⃗ ,
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O
teremos:
(4.503) IIqo (w)
Kn (w) =
Iqo (w)
(4.886) (4.886) (4.886)
= 0 = 0 = 0
z }| { z }| { z }| {
(4.498) e (4.332) a2 e(qo ) +2 a b f(qo ) +b2 g(qo )
=
a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )
= 0,
{ }
ou seja, Kn (w) = 0 , para w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ ,

mostrando que Kn e constante e igual a λ = 0, ou seja, qo ∈ U e um ponto umblico de X.


Por outro lado,

se λ ̸= 0 , (4.887)
{ }
considerando-se ⃗ ,
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O teremos:
(4.503) IIqo (w)
Kn (w) =
Iqo (w)
(4.498) e (4.332) a2 e(qo ) + 2 a b f(qo ) + b2 g(qo )
=
a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )
(4.880) a2 [λ E(qo )] + 2 a b [λ F(qo )] + b2 [λ G(qo )]
=
a2 E(qo ) + 2 a b F(qo ) + b2 G(qo )
= λ,

mostrando que Kn e constante e igual a λ, e portanto qo ∈ U e um ponto umblico de X., completando


a demonstrac~ao do resultado.

Deixaremos para o leitor o
358 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

.
Exercı́cio 4.7.2 Sejam a , b , c ∈ R \ {0} e consideremos a aplicac~ao X : U = (0 , π) × R → R3 ,
dada por
.
X(u , v) = (a sen(u) cos(v) , b sen(u) , sen(v) , c cos(u)) , para (u , v) ∈ U . (4.888)
Mostre que X e uma s.p.r., encontre os coe cientes da 1.a e 2.a formas quadraticas, a
curvatura normal, curvaturas principais, vetores principais, curvatura gaussiana, curvatura
media, classi que os pontos de X e encontre todos os pontos umblicos de X.
Observação 4.7.12
1. O traco de X esta contido no elipsóide dado por
{ }
. x2 y2 z 2
E= (x , y , z) ∈ R ; 2 + 2 + 2 = 1 ,
3
(4.889)
a b c
cuja representac~ao geometrica do traco dada pela gura abaixo:

2. Como vimos nos Exemplos 4.7.7 e 4.7.8, todos os pontos de um plano e de uma esfera s~ao
pontos umblicos.
Veremos mais adiante (veja a Proposic~ao 4.7.3) que, essencialmente, estes s~ao os unicos
casos onde ocorre a propriedade acima.
3. Antes porem, obteremos algumas identidades que ser~ao uteis no que faremos adiante.
aberto
Seja X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. e N : U → R3 a aplicac~ao normal de Gauss associada
a s.p.r. X, ou seja,
Xu (u , v) × Xv (u , v)
N(u , v) = , para (u , v) ∈ U . (4.890)
∥Xu (u , v) × Xv (u , v)∥

Notemos que, para q = (u , v) ∈ U, temos


⟨Xu (q) , N(q)⟩ = 0 , (4.891)
⟨Xv (q) , N(q)⟩ = 0 , (4.892)
e ⟨N(q) , N(q)⟩ = 1 . (4.893)
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 359

Consideremos as derivadas parciais de (4.891), (4.892) e (4.893), em relac~ao a u e a v, ou


seja,
(4.891) ∂
0 = [⟨Xu (q) , N(q)⟩]
∂u
=e(q)
ap^endice z }| {
= ⟨Xuu (q) , N(q)⟩ + ⟨Xu (q) , Nu (q)⟩ ,
isto e, ⟨Xu (q) , Nu (q)⟩ = −e(q) , (4.894)
(4.891) ∂
0 = [⟨Xu (q) , N(q)⟩]
∂v
=f(q)
ap^endice z }| {
= ⟨Xuv (q) , N(q)⟩ + ⟨Xu (q) , Nv (q)⟩ ,
isto e, ⟨Xu (q) , Nv (q)⟩ = −f(q) , (4.895)
(4.892) ∂
0 = [⟨Xv (q) , N(q)⟩]
∂u
=f(q)
ap^endice z }| {
= ⟨Xvu (q) , N(q)⟩ + ⟨Xv (q) , Nu (q)⟩ ,
isto e, ⟨Xv (q) , Nu (q)⟩ = −f(q) , (4.896)
(4.892) ∂
0 = [⟨Xv (q) , N(q)⟩]
∂v
=g(q)
ap^endice z }| {
= ⟨Xvv (q) , N(q)⟩ + ⟨Xv (q) , Nv (q)⟩ ,
isto e, ⟨Xv (q) , Nv (q)⟩ = −g(q) , (4.897)
(4.893) ∂
0 = [⟨N(q) , N(q)⟩]
∂u
ap^endice
= 2 ⟨Nu (q) , N(q)⟩ , ,
isto e, ⟨Nu (q) , N(q)⟩ = 0 , (4.898)
(4.893) ∂
0 = [⟨N(q) , N(q)⟩]
∂v
ap^endice
= 2 ⟨Nv (q) , N(q)⟩ ,
isto e, ⟨Nv (q) , N(q)⟩ = 0 . (4.899)

Notemos que de (4.898) e (4.899) segue que


Nu (q) , Nv (q) ∈ Tq (X) . (4.900)

4. O resultado a seguir garante que uma s.p.r. X, cujos pontos s~ao todos umblicos e cujo
aberto
domnio U ⊆ R2 seja conexo, tera seu traco contido ou em um plano ou em uma esfera.
Lembremos que a propriedade do conjunto U ser conexo pode ser sempre satisfeita se
restringirmos o domnio de de nic~ao de X (pois U e um subconjunto aberto de R2 ).
Mais precisamente temos a:
aberto e conexo
Proposição 4.7.3 Seja X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. .
360 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Se todo q ∈ U e um ponto umblico de X, ent~ao a curvatura gaussiana de X e contante e


n~ao negativa em U, ou seja,
K(q) = Ko ≥ 0 , para q ∈ U. (4.901)
Alem disso, se
para q ∈ U ,
K(q) = 0 , (4.902)
o traco de X (ou seja X(U)) estara contido em um plano.
Por outro lado, se
K(q) = Ko > 0 , para q ∈ U , (4.903)
1
o traco de X (ou seja X(U)) estara contido em uma esfera, cujo raio sera igual a √ .
Ko
Demonstração:
Notemos que, como todo q ∈ U e um ponto umblico de X, da Proposic~ao 4.7.2, segue que, para
cada q ∈ U, podemos encontrar λ = λ(q) ∈ R, tal que
e(q) = λ E(q) , (4.904)
f(q) = λ F(q) (4.905)
e g(q) = λ G(q) . (4.906)
Alem disso, λ = λ(q), coincide com as curvatura principais de X em q (veja (4.881)), ou seja,
K1 (q) = K2 (q) = λ(q) , para q ∈ U . (4.907)
A rmamos que a func~ao λ : U → R e constante.
Notemos que, de (4.907), segue que
λ ∈ C∞ (U ; R) .

Alem disso, para q ∈ U, temos:


(4.894)
⟨Nu (q) , Xu (q)⟩ = −e(q)
(4.904)
= −λ(q) E(q)
= −λ(q) ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩ ,
ou seja, ⟨Nu (q) + λ(q) · Xu (q) , Xu (q)⟩ = 0 ; (4.908)
(4.894)
⟨Nu (q) , Xv (q)⟩ = −f(q)
(4.905)
= −λ(q) F(q)
= −λ(q) ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩ ,
ou seja, ⟨Nu (q) + λ(q) · Xu (q) , Xv (q)⟩ = 0 ; (4.909)
(4.894)
⟨Nv (q) , Xu (q)⟩ = −f(q)
(4.905)
= −λ(q) F(q)
= −λ(q) ⟨Xv (q) , Xu (q)⟩ ,
ou seja, ⟨Nv (q) + λ(q) · Xv (q) , Xu (q)⟩ = 0 ; (4.910)
(4.911)
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 361

(4.897)
⟨Nv (q) , Xv (q)⟩ = −g(q)
(4.906)
= −λ(q) G(q)
= −λ(q) ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩ ,
ou seja, ⟨Nv (q) + λ(q) · Xv (q) , Xv (q)⟩ = 0 . (4.912)
Notemos que
de (4.900), temos: Nu (q) , Nv (q) ∈ Tq (X) ,
logo [Nu (q) + λ(q) · Xu (q)] ∈ Tq (X) (4.913)
e [Nv (q) + λ(q) · Xv (q)] ∈ Tq (X) . (4.914)
Logo, de (4.913), (4.908) e (4.909), segue que
⃗,
Nu (q) + λ(q) · Xu (q) = O para q ∈ U . (4.915)
De modo semelhante, de (4.914), (4.910) e (4.912), segue que
⃗,
Nv (q) + λ(q) · Xv (q) = O para q ∈ U . (4.916)
Derivando-se, parcialmente em relac~ao a v, a identidade (4.915) e subtraindo-se da derivada parcial,
em relac~ao a u, da identidade (4.916), obteremos:

⃗ = ∂ [Nu (q) + λ(q) · Xu (q)] − ∂ [Nv (q) + λ(q) · Xv (q)]


O
∂v ∂u
= [Nuv (q) + λv (q) · Xu (q) + λ(q) · Xuv (q)] − [Nvu (q) + λu (q) · Xv (q) + λ(q) · Xvu (q)] ,
ou seja, ⃗.
λv (q) · Xu (q) − λu (q) · Xv (q) = O (4.917)
Como o conjunto
{Xu (q) , Xv (q)}
e L.I. em R2 , de (4.917), segue que
λv (q) = λu (q) = 0 , para q ∈ U . (4.918)
De (4.918) e do fato que o conjunto U e conexo, segue que a func~ao λ e constante em u, ou seja,
λ(q) = λo , para q ∈ U . (4.919)
Mas
(4.919)
λo = λ(q)
(4.907)
= K1 (q) = K2 (q) , (4.920)
logo,
K(q) = K1 (q) K2 (q)
(4.920)
= λo2 ≥ 0 , , para q ∈ U , (4.921)
concluindo a 1.a parte da demonstrac~ao.
362 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Suponhamos agora que:


K(q) = 0 , para q ∈ U . (4.922)
Ent~ao,

λ(q) = λo
(4.920) e (4.922)
= 0.
que, juntamente com (4.915) e (4.916), implicar~ao em: ⃗.
Nu (q) = Nv (q) = O (4.923)

De (4.923) e do fato que o conjunto U e conexo, segue que a func~ao N e constante em U, isto e,

N(q) = No , para q ∈ U . (4.924)

A rmamos que X(U) esta contido em um plano ortogonal ao vetor No .


De fato, para cada qo ∈ U xado, consideremos a func~ao h : U → R, dada por
.
h(q) = ⟨X(q) − X(qo ) , No ⟩ , para q ∈ U . (4.925)

Notemos que
⟨ ⃗
=O ⟩
(4.925) z }| {
h(qo ) = X(qo ) − X(qo ) , No

= 0. (4.926)
Alem disso, temos
∂h (4.925) ∂
(q) = [⟨X(q) − X(qo ) , No ⟩]
∂u ∂u
ap^endice
= ⟨Xu (q) , No ⟩
Xu (q)⊥No
= 0, (4.927)
e
∂h (4.925) ∂
(q) = [⟨X(q) − X(qo ) , No ⟩]
∂v ∂v
ap^endice
= ⟨Xv (q) , No ⟩
Xv (q)⊥No
= 0, (4.928)
ou seja, hu (q) = hv (q) = 0 , para q ∈ U . (4.929)

De (4.929) e do fato que o conjunto U e conexo, segue que a func~ao h e constante em U, isto e,
(4.926)
h(q) = ho = 0, para q ∈ U . (4.930)

Portanto, de (4.930) e (4.926), segue que

⟨X(q) − X(qo ) , No ⟩ , para q ∈ U , (4.931)

mostrando que o traco X(U) esta contido no plano, que tem como um vetor normal o vetor No ,
completando a demonstrac~ao do caso que (4.922) ocorre.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
4.7. CLASSIFICAC ~ DE PONTOS DE UMA S.P.R.
 AO 363
No
v 6
6
z

- 6
u X
Y
z X(q)

U X(qo )

X(U)

-
x

Para nalizar, suponhamos que


(4.921)
.
K(q) = Ko = λo2 > 0 , para q ∈ U . (4.932)

Consideremos a func~ao A : U → R, dada por

. 1
A(q) = X(q) + · N(q) , para q ∈ U . (4.933)
λo

Notemos que
[ ]
∂A (4.933) ∂ 1
(q) = X(q) + · N(q)
∂u ∂u λo
ap^endice 1
= Xu (q) + · Nu (q)
λo
1
= · [λo · Xu (q) + Nu (q)]
λo
(4.915) ⃗
= O, (4.934)
e
[ ]
∂A (4.933) ∂ 1
(q) = X(q) + · N(q)
∂v ∂v λo
ap^endice 1
= Xv (q) + · Nv (q)
λo
1
= · [λo · Xv (q) + Nv (q)]
λo
(4.916) ⃗
= O. (4.935)

De (4.934), (4.935), e do fato que o conjunto U e conexo, segue que a func~ao A e constante em U,
isto e,
A(q) = Ao , para q ∈ U . (4.936)
364 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Desta forma, para q ∈ U, teremos



(4.933)
1


∥X(q) − Ao ∥ = λo · N(q)
1
= ∥N(q)∥
|λo | | {z }
=1
1
=
|λo |
(4.932) 1
= √ ,
Ko
1
mostrando que o traco de X(U) esta contido em uma esfera de raio igual a √ , completando a
Ko
demonstrac~ao do caso que (4.932) ocorre e da demonstrac~ao da 2.a parte do resultado.


4.8 Linhas de curvatura, linhas assintóticas e geodésicas


aberto e conexo
Observação 4.8.1Sejam X : U ⊆ R2 → R3  e uma s.p.r. e u , v ∈ C∞ ((a , b) → R) e
consideremos a c.p.d. α : I → R na s.p.r. X, dada por
3

.
α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) . (4.937)
Se a c.p.d. α for regular, diremos que ela e uma curva parametrizada regular em X.
Dentre todas as c.p.r. na s.p.r. X destacaremos tr^es tipos especiais que merecer~ao um estudo
especial, denominadas linha de curvatura, linha assintotica e geodesicas, que ser~ao introduzidas
adiante.
Comecaremos pela
aberto
Definição 4.8.1 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. .
Diremos que α : (a , b) → R uma c.p.r. em X e uma linha de curvatura em X
3 se, para
cada r ∈ (a , b), o vetor α ′ (r) fornece uma direc~ao principal de X, em q(r), ou seja,
Kn [α ′ (r)] = K1 [α(r)] ou Kn [α ′ (r)] = K2 [α(r)] , (4.938)
onde Ki [α(r)], para i ∈ {1 , 2}, denotam as curvaturas principais de X em
.
q(r) = (u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) ,

onde as func~oes u e v s~ao como em (4.937).


Temos o
Exemplo 4.8.1 Considere a s.p.r. do Exemplo 4.5.1 (cujo traco esta contido em um plano).
Mostre que qualquer c.p.r. cujo traco esta contido em X(U) (que e um plano) sera uma
linha de curvatura.
Demonstração:
De fato, pois, neste caso, para q ∈ R2 , temos que (veja o Exemplo 4.6.1),
K1 (q) = K2 (q) = 0 .

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 365

Desta forma, dado vetor unitario w ∈ Tq (X), uma c.p.r. em X, que tenha o vetor w como vetor
tangente em algum instante sera uma linha de curvatura, completando a resoluc~ao.


Observação 4.8.2 A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

z
linha de curvatura
6
v

6 q α ′ (ro ) = w


qo = (u(ro ) , v(ro )) -
X
-
y
X(qo )
α(r) = X(u(r) , v(r))

(u(r) , v(r))

- o
u α

y x
3
(u(·) , v(·))
ro

Temos tambem o

Exemplo 4.8.2 Consideremos a s.p.r. do Exemplo 4.5.2 (cujo traco esta contido em uma es-
fera).
Mostre que qualquer c.p.r. cujo traco esta contido em X(U) (que esta contido na esfera)
sera uma linha de curvatura.

Demonstração:
De fato, pois, neste caso, para q ∈ U, temos que (veja o Exemplo 4.6.2),

1
K1 (q) = K2 (q) = .
a2

Desta forma, dado vetor unitario w ∈ Tq (X), uma c.p.r. em X, que tenha o vetor w como vetor
tangente, em algum instante, sera uma linha de curvatura, completando a resoluc~ao.


Observação 4.8.3 A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.


366 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS
linha de curvatura
x

6
v
α ′ (ro ) = w
π 6 *
X(qo )
w
X
- - y
qo = (u(ro ) , v(ro ))

U x
+

- u

k (u(·) , v(·))
7
α

-
ro

Deixaremos para o leitor a resoluc~ao do

Exercı́cio 4.8.1 Consideremos a s.p.r. da Proposic~ao 4.1.2 (cujo traco esta contido em uma
superfcie de revoluc~ao).
Mostre que, para cada q ∈ U, os meridianos e os paralelos s~ao linhas de curvatura de X em
q.

Observação 4.8.4

1. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

linha de curvatura (paralelo)


z
6

v
linha de curvatura (meridiano)
6 v = vo

U X
- N
-u
a b
-y

u = uo x

2. Como consequ^encia do Exerccio 4.8.1, temos que as retas geratrizes de um cone circular
reto e as circunfer^encias do mesmo ser~ao suas linhas de curvatura. A gura abaixo ilustra
a situac~ao descrita acima.

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 367
z
linhas de curvatura
6
v
6 qo

X
- +
-
/ - y
>
X(qo )
x

19.06.2017 - 27.a aula


Para caraterizar as linhas de curvatura temos a
aberto
Proposição 4.8.1Sejam X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. . e α : (a , b) → R3 uma c.p.r. em X,
ou seja, podemos encontrar u , v ∈ C∞ ((a , b) ; R), de modo que
α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) . (4.939)

Ent~ao α e uma linha de curvatura se, e somente se, as func~oes u e v, satisfazem a seguinte
condic~ao
[v ′ (r)]2 −u ′ (r) v ′ (r) [u ′ (r)]2

E[q(r)]
F[q(r)] G[q(r)] = 0 , para r ∈ (a , b) , (4.940)
e[q(r)] f[q(r)] g[q(r)]
onde E[q(r)], F[q(r)], G[q(r)], e[q(r)], f[q(r)] e g[q(r)] denotam os coe cientes da 1.a e da 2.a
formas quadraticas de X, respectivamente, calculados em
.
q(r) = (u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) . (4.941)

Demonstração:
Para r ∈ (a , b), da Proposic~ao 4.6.4, o vetor n~ao nulo

α ′ (r) = u ′ (r) · Xu [q(r)] + v ′ (r) · Xv [q(r)] , (4.942)

nos fornece uma direc~ao principal se, e somente se,

{e[q(r)] − Ki [q(r)] E[q(r)]} u ′ (r) + {f[q(r)] − Ki [q(r)] F[q(r)]} v ′ (r) = 0 , (4.943)


{f[q(r)] − Ki [q(r)] F[q(r)]} u ′ (r) + {g[q(r)] − Ki [q(r)] G[q(r)]} v ′ (r) = 0 , (4.944)

para i = 1 ou i = 2, onde
Ki [q(r)] (4.945)
denota a curvatura principal de X em q(r), para i ∈ {1 , 2}.
Trataremos o caso que

E[q(r)] u ′ (r) + F[q(r)] v ′ (r) ̸= 0 e F[q(r)] u ′ (r) + G[q(r)] v ′ (r) ̸= 0 .

Os outros casos ser~ao deixados como exerccio para o leitor.


368 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo, de (4.943), teremos

e[q(r)] u ′ (r) − Ki [q(r)] E[q(r)] u ′ (r) + f[q(r)] v ′ (r) − Ki [q(r)] F[q(r)] v ′ (r) = 0 ,
{ }
ou seja, E[q(r)] u ′ (r) + F[q(r)] v ′ (r) Ki [q(r)] = e[q(r)] u ′ (r) + f[q(r)] v ′ (r) ,
e[q(r)] u ′ (r) + f[q(r)] v ′ (r)
ou ainda, Ki [q(r)] = . (4.946)
E[q(r)] u ′ (r) + F[q(r)] v ′ (r)

De modo semelhante, de (4.944), teremos

f[q(r)] u ′ (r) − Ki [q(r)] F[q(r)] u ′ (r) + g[q(r)] v ′ (r) − Ki [q(r)] G[q(r)] v ′ (r) = 0 ,
{ }
ou seja, F[q(r)] u ′ (r) + G[q(r)] v ′ (r) Ki [q(r)] = f[q(r)] u ′ (r) + G[q(r)] v ′ (r) ,
f[q(r)] u ′ (r) + g[q(r)] v ′ (r)
ou ainda, Ki [q(r)] = . (4.947)
F[q(r)] u ′ (r) + G[q(r)] v ′ (r)

Logo, de (4.946) e eqref4.947A, segue que


e[q(r)] u ′ (r) + f[q(r)] v ′ (r) f[q(r)] u ′ (r) + g[q(r)] v ′ (r)
= ,
E[q(r)] u ′ (r) + F[q(r)] v ′ (r) F[q(r)] u ′ (r) + G[q(r)] v ′ (r)
{ }
ou seja, e[q(r)] u ′ (r) + f[q(r)] v ′ (r) {F[q(r)] u ′ (r) + G[q(r)] v ′ (r)}
= {E[q(r)] u ′ (r) + F[q(r)] v ′ (r)} {f[q(r)] u ′ (r) + g[q(r)] v ′ (r)}
ou ainda, e[q(r)] F[q(r)] [u ′ (r)]2 + e[q(r)] G[q(r)] u ′ (r) v ′ (r) + f[q(r)] F[q(r)] u ′ (r) v ′ (r)
+ f[q(r)] G[q(r)] [v ′ (r)]2 = f[q(r)] E[q(r)] [u ′ (r)]2 + f[q(r)] F[q(r)] u ′ (r) v ′ (r)
+ g[q(r)] E[q(r)] u ′ (r) v ′ (r) + g[q(r)] F[q(r)] [v ′ (r)]2
0 = {g[q(r)] F[q(r)] − f[q(r)] G[q(r)]} [v ′ (r)]2
− {g[q(r)] E[q(r)] − e[q(r)] G[q(r)]} {−u ′ (r) v ′ (r)}
+ {f[q(r)] E[q(r)] − e[q(r)] F[q(r)]} [u ′ (r)]2

[v (r)]2 −u ′ (r) v ′ (r) [u ′ (r)]2

exerccio
= E[q(r)] F[q(r)] G[q(r)] ,
e[q(r)] f[q(r)] g[q(r)]

completando a demonstrac~ao do resultado.




Observação 4.8.5 De modo resumido (4.940) pode ser escrito como:


′2
[v ] −u ′ v ′ [u ′ ]2

E
F G = 0 em (a , b) .
e f g

Apliquemos o resultado acima ao


.
Exemplo 4.8.3 Encontre as linhas de curvatura da s.p.r. X : U = R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = (v cos(u) , v sen(u) , u) , para (u , v) ∈ U . (4.948)

Resolução:
Do Exemplo 4.4.4 temos que X e uma s.p.r..

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 369

Notemos que, para q = (u , v) ∈ U = R2 , temos


(4.948)
Xu (q) = (−v sen(u) , v cos(u) , 1) , (4.949)
(4.948)
Xv (q) = (cos(u) , sen(u) , 0) , (4.950)
(4.949)
Xuu (q) = (−v cos(u) , −v sen(u) , 0) , (4.951)
(4.949)
Xuv (q) = (− sen(u) , cos(u) , 0) , (4.952)
(4.950)
Xvv (q) = (0 , 0 , 0) , (4.953)
(4.954)
Desta forma temos que:

⃗e1 ⃗e2 ⃗e3

Xu (q) × Xv (q) = −v sen(u) v cos(u) 1
cos(u) sen(u) 0
= (− sen(u) , cos(u) , −v sen2 (u) − v cos2 (u))
| {z }
=−v
= (− sen(u) , cos(u) , −v) , (4.955)
Logo,
(4.955)
∥Xu (q) × Xv (q)∥2 = [− sen(u)]2 + cos2 (u) + (−v)2
= 1 + v2 . (4.956)
Portanto
(4.285) Xu (q) × Xv (q)
N(q) =
∥Xu (q) × Xv (q)∥
(4.955) e (4.956) 1
= √ · (− sen(u) , cos(u) , −v) . (4.957)
1 + v2
Desta forma,
.
E(q) = ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩
(4.949)
= ⟨(−v sen(u) , v cos(u) , 1) , (−v sen(u) , v cos(u) , 1)⟩
= (−v)2 sen2 (u) + v2 cos2 (u) +12
| {z }
=v2 [ sen2 (u)+cos2 (u)]

= v2 + 1 , (4.958)
.
F(q) = ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
(4.949) e (4.950)
= ⟨(−v sen(u) , v cos(u) , 1) , (cos(u) , sen(u) , 0)⟩
= [−v sen(u)] [cos(u)] + [v cos(u)] [ sen(u)] + 1 · 0
= 0, (4.959)
.
G(q) = ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
(4.950)
= ⟨(cos(u) , sen(u) , 0) , (cos(u) , sen(u) , 0)⟩
= cos (u) + sen2 (u) + 02
2

= 1. (4.960)
370 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

.
e(q) = ⟨Xuu (q) , N(q)⟩
⟨ ⟩
(4.951) e (4.957) 1
= (−v cos(u) , −v sen(u) , 0) , √ · (− sen(u) , cos(u) , −v)
1 + v2
1 1 1
=√ [−v cos(u)] [− sen(u)] + √ [−v sen(u)] [cos(u)] + √ · 0 · (−v)
1 + v2 1 + v2 1 + v2
= 0, (4.961)
.
f(q) = ⟨Xuv (q) , N(q)⟩
⟨ ⟩
(4.952) e (4.957) 1
= (− sen(u) , cos(u) , 0) , √ · (− sen(u) , cos(u) , −v)
1 + v2
1 1 1
=√ [− sen(u)] [− sen(u)] + √ [cos(u)] [cos(u)] + √ · 0 · (−v)
1 + v2 | {z } 1 + v2 | {z } 1 + v 2
2 = sen (u) 2 =cos (u)
1
=√ , (4.962)
1 + v2
.
g(q) = ⟨Xvv (q) , N(q)⟩
⟨ ⟩
(4.953) e (4.957) 1
= (0 , 0 , 0) , √ · (− sen(u) , cos(u) , −v)
1 + v2
= 0. (4.963)

Logo, da Proposic~ao 4.8.1, a c.p.r. α : (a , b) → R3 na s.p.r. X, dada por

α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) , (4.964)

sera uma linha de curvatura em q ∈ U = R2 se, e somente se, as func~oes u , v ∈ C∞ ((a , b) ; R)


satisfazem, para r ∈ (a , b),


[v (r)]2 −u ′ (r) v ′ (r) [u ′ (r)]2

0 = E[q(r)] F[q(r)] G[q(r)]
e[q(r)] f[q(r)] g[q(r)]

[v (r)]2 −u ′ (r) v ′ (r) [u ′ (r)]2

2
(4.958),(4.959),(4.960),(4.961),(4.962) e (4.963) 1 + v (r) 0 1
= 1
0 √ 0

2
1 + v (r)

1 1 + v2 (r)
= −√ [v ′ (r)]2 + √ [u ′ (r)]2
2 2
1 + v (r) 1 + v (r)
{ }
1 + v2 (r) 1 [ ′ ]2 [ ′ ]2
=√ − v (r) + u (r)
1 + v2 (r) 1 + v2 (r)

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 371

[ ]2 1 [ ′ ]2
ou seja, u ′ (r) − 2
v (r) = 0 ,
1 + v (r)
  
′ ′
ou ainda, u ′ (r) − √ v (r)  u ′ (r) + √ v (r)  = 0 (4.965)
1 + v2 (r) 1 + v2 (r)
v ′ (r)
logo, ou u ′ (r) = √ , (4.966)
2
1 + v (r)
v ′ (r)
ou, u ′ (r) = − √ . (4.967)
1 + v2 (r)

Se considerarmos

u ′ (r) = 1 , para r ∈ (a , b) ,
teremos que u(r) = r + c , para r ∈ (a , b) , (4.968)

onde c ∈ R e uma constante xada.


Logo,

de (4.967) e (4.966), teremos:


v ′ (r)
1= √ , para r ∈ (a , b) ,
1 + v2 (r)
integrando, em relac~ao a r, teremos:

v ′ (r)
r+d= √ dr
2
1 + v (r)
exerccio
= arcsenh[v(r)] ,
ou ainda, v(r) = senh(r + d) , para r ∈ R . (4.969)

Portanto, de (4.968) e (4.969), segue que

(u(r) , v(r)) = (r + c , senh(r + d)) , para r ∈ R . (4.970)

De modo semelhante, se considerarmos

~ ′ (r) = −1 ,
u para r ∈ (a , b) ,
teremos que ~ (r) = −r + C , para r ∈ (a , b) ,
u (4.971)

onde C ∈ R e uma constante xada.


372 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo,
de (4.971) e (4.967), teremos:
~v ′ (r)
− 1 = −√ , para r ∈ (a , b) ,
1 + ~v (r)
2

integrando, em relac~ao a r, teremos:



~v ′ (r)
−r + D = √ dr
1 + ~v (r)
2

exerccio
= arcsenh[~v(r)] ,
ou ainda, ~v(r) = senh(d − r) , para r ∈ R . (4.972)
Logo, de (4.968) e (4.969), segue que
~ (r) , ~v(r)) = (C − r , senh(D − r)) ,
(u para r ∈ R . (4.973)
Portanto, de (4.970) e (4.973), segue que as c.p.r. α , α~ : R → R3 , dadas por
.
α(r) = X[u(r) , v(r)]
(4.948)
= (v(r) cos[u(r)] , v(r) sen[u(r)] , u(r))
(4.970)
= ( senh(r + d) cos[r + c] , senh(r + d) sen[r + c] , r + c) , para r ∈ R (4.974)
e
~ (r) =. X[u~ (r) , ~v(r)]
α
(4.948)
= (~v(r) cos[u
~ (r)] , ~v(r) sen[u~ (r)] , u~ (r))
(4.973)
= ( senh(D − r) cos[C − r] , senh(D − r) sen[C − r] , C − r) , para r ∈ R (4.975)
ser~ao as linhas de curvatura da s.p.r. X, completando a resoluc~ao.


Observação 4.8.6 O traco da s.p.r. X do Exemplo 4.8.3 e um helicoide (veja o Exemplo 4.4.4
e a Observac~ao 4.4.5).
A gura abaixo nos fornece a representac~ao geometrica do traco da s.p.r. X do Exemplo
4.8.3 (ou seja, um helicoide)

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 373

O resultado a seguir nos fornece uma outra caraterizac~ao para as linhas de curvatura de uma s.p.r.,
a saber:
aberto
Proposição 4.8.2 (de Olinde Rodrigues) Sejam X : U ⊆ R2 → R3 uma s.p.r. e α : (a , b) →
R3 uma c.p.r. em X, ou seja, podemos encontrar u , v ∈ C∞ ((a , b) ; R), de modo que

α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) . (4.976)

Ent~ao α e uma linha de curvatura se, e somente se, podemos encontrar uma func~ao λ ∈
C∞ ((a , b) ; R), de modo que

dN ⃗ , para r ∈ (a , b) ,
(r) + λ(r) · α ′ (r) = O (4.977)
dr
.
onde N(r) = N(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) , (4.978)

sendo N(q) o vetor normal de Gauss da s.p.r. X, em q ∈ U.


Neste caso, teremos
λ(r) = Kp [q(r)] , para r ∈ (a , b) , (4.979)
onde Kp (q) e uma das curvaturas principais de X em q ∈ U e
.
q(r) = (u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) . (4.980)

Demonstração:
Suponhamos que a c.p.r α : (a , b) → R3 na s.p.r. X, dada por (4.976), seja uma linha de curvatura
da s.p.r. X.
Consideremos a func~ao λ : (a , b) → R, dada por (4.979) e a func~ao vetorial w : (a , b) → R3 , dada
por
. dN
w(r) = (r) + λ(r) · α ′ (r) , para r ∈ (a , b) . (4.981)
dt
Observemos que ( )

w∈C (a , b) ; R 3
.

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Notemos tambem que

w(r) ∈ Tq(r) (X) , para r ∈ (a , b) , (4.982)


pois,
(4.981) d N
w(r) = (r) + λ(r) · α ′ (r)
dt
(4.978) e (4.976) d N(u(r) , v(r)) d X[u(r) , v(r)]
= + λ(r) ·
dt dt
regra da cadeia
= Nu (u(r) , v(r)) u ′ (r) + Nv (u(r) , v(r)) v ′ (r)
| {z } | {z }
(4.900) (4.900)
∈ Tq(r) (X) ∈ Tq(r) (X)
 
 
+ λ(r) · Xu (u(r) , v(r)) u ′ (r) + Xv (u(r) , v(r)) v ′ (r) ∈ Tq(r) (X) , (4.983)
| {z } | {z }
∈Tq(r) (X) ∈Tq(r) (X)

mostrando a validade de (4.982).


374 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

A rmac~ao:
⃗,
w(r) = O para r ∈ (a , b) . (4.984)
De fato, para r ∈ (a , b), temos
(4.983), propriedades do p.i.
⟨w(r) , Xu (u(r) , v(r))⟩ = u ′ (r) ⟨Nu [q(r)] , Xu [q(r)]⟩
| {z }
(4.894)
= −e[q(r)]

+ v (r) ⟨Nv [q(r)] , Xu (q(r)⟩ + λ(r) u ′ (r) ⟨Xu [q(r)] , Xu (q(r)⟩
| {z } |{z} | {z }
(4.895) (4.979) (4.329)
= −f[q(r)] = Kp [q(r)] = E[q(r)]

+ λ(r) v ′ (r) ⟨Xv [q(r)] , Xu (q(r)⟩ (4.985)


|{z} | {z }
(4.979) (4.330)
= Kp [q(r)] = F[q(r)]
{ ]
= − [e[q(r)] − Kp [q(r)] E[q(r)]] u ′ (r) + [f[q(r)] − Kp [q(r)] F[q(r)]] v ′ (r) }
(4.715)
= 0. (4.986)
Analogamente, temos
(4.983), propriedades do p.i.
⟨w(r) , Xv (u(r) , v(r))⟩ = u ′ (r) ⟨Nu [q(r)] , Xv [q(r)]⟩
| {z }
(4.894)
= −f[q(r)]

+ v (r) ⟨Nv [q(r)] , Xv (q(r)⟩ + λ(r) u ′ (r) ⟨Xu [q(r)] , Xv (q(r)⟩
| {z } |{z} | {z }
(4.897) (4.979) (4.330)
= −g[q(r)] = Kp [q(r)] = F[q(r)]

+ λ(r) ′
v (r) ⟨Xv [q(r)] , Xv (q(r)⟩ (4.987)
|{z} | {z }
(4.979) (4.331)
= Kp [q(r)] = G[q(r)]
{ ]
= − [f[q(r)] − Kp [q(r)] F[q(r)]] u ′ (r) + [g[q(r)] − Kp [q(r)] G[q(r)]] v ′ (r) }
(4.716)
= 0. (4.988)
pois para cada r ∈ (a , b), temos que Kp [q(r)] e uma das curvaturas principais de X, em q(r), e α ′ (r)
nos fornece uma direc~ao principal (veja a Proposic~ao 4.6.4).
Logo, de (4.986), (4.988) e (4.982), segue a validade de (4.984), e portanto de (4.977), completando
a 1.a parte da demonstrac~ao.
Suponhamos agora que (4.977) ocorre.
Em particular, para r ∈ (a , b), teremos
⟨ ⟩
dN ′
(r) + λ(r) · α (r) , Xu (q(r) = 0 (4.989)
dt
⟨ ⟩
dN
e ′
(r) + λ(r) · α (r) , XV (q(r) = 0 . (4.990)
dt
Notemos que, de (4.985) e (4.987), segue que (4.989) e (4.990) e equivalente a:
{ ]
− [e[q(r)] − λ[q(r)] E[q(r)]] u ′ (r) + [f[q(r)] − λ[q(r)] F[q(r)]] v ′ (r) } = 0 ,
{ ]
− [f[q(r)] − λ[q(r)] F[q(r)]] u ′ (r) + [g[q(r)] − λ[q(r)] G[q(r)]] v ′ (r) } = 0 .

Logo, da Proposic~ao 4.6.4, segue que α ′ (r) nos fornecera uma direc~ao principal de X, em q(r) ∈ U,
cuja curvatrua principal em q(r), sera dada por λ(r), ou seja,
Kp [q(r)] = λ(r)

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 375

que, pela De nic~ao 4.8.1, e o mesmo que dizer que a c.p.r. α na s.p.r. X e uma linha de curvatura,
completando a demonstrac~ao.

A seguir veremos que em cada ponto n~ao umblico de uma s.p.r. passam, duas linhas de curvatura,
mais precisamente:
aberto
Proposição 4.8.3 Sejam X:U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. e qo = (uo , vo ) ∈ U um ponto n~ao
umblico de X.
Ent~ao podemos encontrar uma vizinhanca do ponto q, que indicaremos por
Vo = V(qo ) ⊆ U ,

formada somente por pontos n~ao umblicos.


Alem disso, para q ∈ Vo , existem duas linhas de curvatura diferentes (ou seja, L.I.), pelo
ponto qo , ou seja, podemos encontrar u1 , u2 , v1 , v2 ∈ C∞ ((−ε , ε) ; R), de modo que
αi (r) = X(ui (r) , vi (r)) , para r ∈ (−ε , ε) (4.991)
e linha de curvatura para i ∈ {1 , 2}, satisfazendo
αi (0) = qo (4.992)
e α1 ((−ε , ε)) ̸= α2 ((−ε , ε)) .

Resolução:
Como qo ∈ U n~ao e um ponto umblico, do item 3. da Observac~ao 4.7.10 (veja (4.849) e (4.852)),
segue que
H 2 (qo ) − K(qo ) > 0 . (4.993)
Como a func~ao H 2 − K : U → R e uma func~ao contnua em U e temos (4.993), segue que podemos
encontrar uma uma vizinhanca do ponto q, que indicaremos por
Vo = V(qo ) ⊆ U ,

de modo que
H 2 (q) − K(q) > 0 , para q ∈ U . (4.994)
Logo, do item 3. da Observac~ao 4.7.10, segue que todos os pontos da vizinhanca Vo ser~ao pontos
n~ao umblicos, completando a 1.a parte da demonstrac~ao.
Fixemos q ∈ Vo e mostremos a exist^encia de duas c.p.r. na s.p.r. X (como em (4.991)), que s~ao
linhas de curvaturas, distintas, satisfazendo (4.992).
Notemos que, pela Proposic~ao 4.8.1, uma c.p.r. α : (−ε , ε) → R3 , dada por
α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (−ε , ε) (4.995)
sera uma linha de curvatura se, e somente se, as func~oes u e v satisfazem a seguinte condic~ao

[v (r)]2 −u ′ (r) v ′ (r) [u ′ (r)]2

E[q(r)] F[q(r)] G[q(r)] = 0, para r ∈ (−ε , ε) , (4.996)

e[q(r)] f[q(r)] g[q(r)]

onde E[q(r)], F[q(r)], G[q(r)], e[q(r)], f[q(r)] e g[q(r)] denotam os coe cientes da 1.a e da 2.a formas
quadraticas de X, respectivamente, calculados em
.
q(r) = (u(r) , v(r)) ∈ U , para r ∈ (−ε , ε) . (4.997)
376 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Notemos que podemos supor, sem perda de generalidade, que


u ′ (r) ̸= 0 , para r ∈ (−ε , ε) . (4.998)
De fato, caso contrario, ou seja, se
u ′ (r) = 0 , para r ∈ (−ε , ε) ,
como α e c.p.r., teramos
v ′ (r) ̸= 0 , para r ∈ (−ε , ε) ,
e assim, no raciocnio abaixo, trocamos v ′ por u ′ e vice-versa, que a conclus~ao que obteremos sera a
mesma.
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Logo, tendo (4.998), podemos considerar (4.996), como uma equac~ao do 2.o grau em v ′ (r), teremos
{F[q(r)] g[q(r)] − G[q(r)] f[q(r)]} [v ′ (r)]2 − {G[q(r)] e[q(r)] − E[q(r)] g[q(r)]} u (r) v ′ (r)
| {z } | {z }
.
=A
.
=B
+ {E[q(r)] f[q(r)] − F[q(r)] e[q(r)]} [u ′ (r)]2 = 0 . (4.999)
| {z }
.
=C

Notemos que o discriminante da equac~ao do 2.o grau acima (relativamente a v ′ (r)), sera dado por
∆ = B2 − 4 A C
(4.999)
= {G[q(r)] e[q(r)] − E[q(r)] g[q(r)]}2 [u (r)]2
− 4 {F[q(r)] g[q(r)] − G[q(r)] f[q(r)]} {E[q(r)] f[q(r)] − F[q(r)] e[q(r)]} [u ′ (r)]2
{
= {G[q(r)] e[q(r)] − E[q(r)] g[q(r)]}2
−4 {F[q(r)] g[q(r)] − G[q(r)] f[q(r)]} {E[q(r)] f[q(r)] − F[q(r)] e[q(r)]}} [u ′ (r)]2
{ }2
exerccio
= [u ′ (r)]2 4 E[q(r)] G[q(r)] − F 2 [q(r)] ·






 1 {G[q(r)] e[q(r)] − E[q(r)] g[q(r)]}2
·

 4 {E[q(r)] G[q(r)] − F 2 [q(r)]}2

 | {z }

 (4.704)
2
= H [q(r)]






{F[q(r)] g[q(r)] − G[q(r)] f[q(r)]} {E[q(r)] f[q(r)] − F[q(r)] e[q(r)]} 

{E[q(r)] G[q(r)] − F 2 [q(r)]}
2 

| {z }

exerc
cio

= K[q(r)]
{ }2 { }2
= 4 [u ′ (r)]2 E[q(r)] G[q(r)] − F 2 [q(r)] H 2 [q(r)] − K[q(r)] > 0 . (4.1000)
| {z } | {z }| {z }
(4.998)
> 0 (4.339) (4.994)
> 0 > 0

Logo, deste fato, segue que a equac~ao do 2.o grau (4.999), possuira duas soluc~oes distintas, ou seja,
teremos duas EDO's da forma:
Ai [q(r)] u ′ (r) + Bi [q(r)] v ′ (r) = 0 , para i ∈ {1 , 2} ,

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 377

onde os coe cientes Ai [q(r)] , Bi [q(r)] s~ao obtidos, de modo conveniente, em (4.999), para i ∈ {1 , 2}.
Desta forma, o teorema de exist^encia e unicidade de soluc~oes, com dados iniciais
u1 (0) = uo , v1 (0) = vo , u2 (0) = uo e v2 (0) = vo ,
nos fornecera as soluc~oes
u1 , v1 , u2 , v2 ∈ C∞ ((−ε , ε) ; R)
para o PVI e estas ser~ao L.I. (devido a (4.1000)).
Deixaremos a veri cac~ao deste ultimo fato como exerccio para o leitor.
Desta forma obtemos duas linhas de curvatura distintas na s.p.r. X satisfazendo (4.992) e comple-
tando a demonstrac~ao.


Observação 4.8.7 Se o ponto


qo = (uo , vo ) ∈ U
for um ponto umblico da s.p.r. X, nada poderemos a rmar a respeito da exist^encia de linhas
de curvatura passando por qo .
Para ilustrar, observemos que como visto no Exemplo 4.7.9 (cujo traco e o paraboloide
elptico), o ponto
qo = (0 , 0)
e um ponto umblico de X.
Neste caso existem in nitas linhas de curvatura da s.p.r. X, passando pelo ponto qo .
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z
6

v
ponto umblico
6
X
-
linha de curvatura

^ - u
qo = (0 , 0)

X(qo ) = (0 , 0 , 0)
-y

x =
Por outro lado, no Exemplo 4.7.2 (cujo traco e o elipsoide) n~ao existem linhas de curvatura
que passam pelos seus pontos umblicos.
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Podemos agora introduzir a
aberto
Definição 4.8.2Sejam X : U ⊆ R2 {→ R}3 e uma s.p.r. e qo ∈ U.
Diremos que o vetor w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ , de nir
a uma direção assintótica de X, em qo , se
Kn (w) = 0 . (4.1001)
378 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Antes de exibir exemplos da situac~ao acima, temos a


aberto
Proposição 4.8.4 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. e qo ∈ U. Ent~ao
1. se qo ∈ U e um ponto elptico, n~ao existir~ao direc~oes assintoticas de X, em qo ;
2. se qo ∈ U e um ponto hiperbolico, existir~ao exatamente duas direc~oes assintoticas de X,
em qo ;
3. se qo ∈ U e um ponto parabolico, existira exatamente uma direc~ao assintotica de X, em
qo ;

4. se qo ∈ U e um ponto planar, toda direc~ao em Tqo (X) sera uma direc~ao assintotica de X,
em qo ;
Demonstração:
Todos os itens acima seguem da formula de Euler (veja a Proposic~ao 4.6.2), ou seja, de
Kn (w) = K1 cos2 (θ) + K2 sen2 (θ) , (4.1002)
onde, para cada i ∈ {1 , 2}, Ki e uma das curvaturas principais de X em qo , wi e o respectivo vetor
principal associado e dado por
w = cos(θ) · w1 + sen(θ) · w2 ∈ Tqo (X) . (4.1003)
Do item 1.:
Se
K(qo ) > 0 , para q ∈ U ,
segue que K1 (qo ) e K2 (qo ) devem ter o mesmo sinal.
Logo, da formula de Euler, segue que
(4.1002)
Kn (w) = K1 cos2 (θ) + K2 sen2 (θ) ̸= 0
pois K12 , K22 > 0 .

Logo, pela De nic~ao 4.8.2, segue que n~ao existira direc~oes assintoticas de X, em qo , completando
a demonstrac~ao do item 1. .
Do item 2.:
Se
K(qo ) < 0 ,
segue que K1 (qo ) e K2 (qo ) devem ter sinais opostos, ou ainda,
K1 < 0 < K 2 . (4.1004)
Vamos considerar o caso que
cos(θ) ̸= 0 , (4.1005)
π
isto e, θ ̸= .
2
A demonstrac~ao para o caso em que
sen(θ) ̸= 0

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 379

e semelhante e sera deixada como exerccio para o leitor.


Logo, da formula de Euler, segue que
0 = Kn (w)
(4.1002)
= K1 cos2 (θ) + K2 sen2 (θ) ,
[ ]
sen(θ) 2
que, dividindo-se por cos2 (θ) ̸= 0, obteremos: K1 + K2 = 0,
cos(θ)
v
u K
ou ainda, tg(θ) = ±u u −
1
t | {zK2
}
(4.1004)
>0
[√ ]
. K1
isto e, θ1 = arctg − ,
K2
[ √ ]
. K1
ou θ2 = arctg − − ,
K2

produzindo duas direc~oes (dadas por (4.1003)), ou seja, pela De nic~ao 4.8.2, segue que existir~ao
exatamente duas direc~oes assintoticas de X em qo , distintas, completando a demonstrac~ao do item 2..
Do item 3.:
Se
K(qo ) = 0 e H(qo ) ̸= 0 ,
segue que
ou K1 = 0 < K 2 ,
ou K1 < 0 = K2 .

Vamos considerar o caso que


K1 = 0 < K2 . (4.1006)
A demonstrac~ao para o caso
K1 < 0 = K2 , (4.1007)
sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo, da formula de Euler, segue que
0 = Kn (w)
(4.1002)
= K1 cos2 (θ) + K2 sen2 (θ)
(4.1007)
= K2 sen2 (θ) (4.1008)
isto e, sen(θ) = 0 ,
ou seja, θ = 0,

produzindo uma unica direc~ao assintotica dada por


(4.1003), com θ=0
w = w1 ,

ou seja, pela De nic~ao 4.8.2, segue que existira exatamente uma direc~ao assintotica de X, em qo ,
completando a demonstrac~ao do item 3. .
380 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Do item 4.:
Se
K(qo ) = 0 e H(qo ) = 0 ,
segue que
K1 = K2 = 0 .

Logo, da formula de Euler, segue que


{ }
0 = Kn (w) , para w ∈ Tqo (X) \ O
⃗ ,

ou seja, pela De nic~ao 4.8.2, qualquer sera uma direc~ao assintotica de X em qo , completando a
demonstrac~ao do item 4. e do resultado.

Com isto podemos introduzir a:
aberto
Definição 4.8.3 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. e u , v ∈ C∞ ((a , b) → R) e consideremos
a c.p.d. α : I → R3 na s.p.r. X, dada por
.
α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) . (4.1009)
Diremos que α : (a , b) → R3 uma c.p.r. em X e uma linha de assintótica em X se, para
cada r ∈ (a , b), o vetor α ′ (r) fornece uma direc~ao assintotica de X, em q(r) ∈ U, para r ∈ (a , b),
onde
.
q(r) = (u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) . (4.1010)
Observação 4.8.8

1. Se qo ∈ U e um ponto planar da s.p.r. X ent~ao, do item 4. da Proposic~ao 4.8.4, temos


que qualquer c.p.r. α : (a , b) → R3 na s.p.r. X, de modo que
α(ro ) = X(qo ) ,
{ }
e α ′ (ro ) = w ∈ Tqo (X) \ O

sera uma linha assintotica de X, em qo .


Em particular, qualquer c.p.r. cujo traco esteja contido em um plano (que e traco de uma
s.p.r.) sera uma linha assintotica no plano.
aberto
2. Se X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r., de modo que a c.p.r. α : (a , b) → R3 na s.p.r. X, tem
como o traco uma reta, ent~ao ela sera uma linha assintotica de X em qo = q(ro ), para
ro ∈ (a , b).
De fato, pois
Kn [α ′ (ro )] = 0 ,

pois a curvatura normal e igual a curvatura da sec~ao normal da s.p.r. X, na direc~ao do


vetor α ′ (ro ), e esta sera uma reta, que tem curvatura igual a zero.
A seguir daremos uma caraterizac~ao das linhas assintoticas de uma s.p.r., por meio dos coe cientes
da 2.a forma quadratica, mais precisamente:

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 381

aberto
Proposição 4.8.5 Sejam X : U ⊆ R2 → R3  e uma s.p.r. e u , v ∈ C∞ ((a , b) → R) e considere-
mos a c.p.r. α : (a , b) → R na s.p.r. X, dada por
3

.
α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) . (4.1011)
Ent~ao α e uma linha assintotica em X se, e somente se, as func~oes u , v ∈ C∞ ((a , b) ; R)
satisfazem a seguinte EDO:
e[q(r)] [u ′ (r)]2 + 2 f[q(r)] u ′ (r) v ′ (r) + g[q(r)] [v ′ (r)]2 = 0 , para r ∈ (a , b) , (4.1012)
onde e[q(r)], f[q(r)] e g[q(r)] s~ao os coe cientes da 2.a forma quadratica de X em q(r), para
r ∈ (a , b).
Demonstração:
Da De nic~ao 4.8.3, temos que a c.p.r. α, dada por (4.1011), sera uma linha assintotica de X se, e
somente se, para todo r ∈ (a , b), temos
0 = Kn [α ′ (r)]

(4.503) IIq(r) [α (r)]
=
Iq(r) [α ′ (r)]
(4.498) e (4.332) [u ′ (r)]2 e[q(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) f[q(r)] + [v ′ (r)]2 g[q(r)]
= ,
[u ′ (r)]2 E[q(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) F[q(r)] + [v ′ (r)]2 G[q(r)]
| {z }
̸=0

ou, equivalentemente, 0 = [u (r)] e[q(r)] + 2 u (r) v (r) f[q(r)] + [v ′ (r)]2 g[q(r)] ,


′ 2 ′ ′

que e (4.1012), completando a demonstrac~ao.




Observação 4.8.9 Eventualmente, escreveremos (4.1012), da seguinte forma abreviada:


e [u ′ ]2 + 2 f u ′ , v ′ + g v ′ = 0 em (a , b) , (4.1013)
O resultado a seguir trata da exist^encia de linhas assintoticas em uma vizinhanca de um ponto
hiperbolico, mais precisamente:
aberto
Proposição 4.8.6 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. e qo = (uo , vo ) ∈ U um ponto
hiperbolico de X.
Ent~ao existe uma vizinhanca de qo , que indicaremos por
Vo = V(qo ) ⊆ U ,

de modo que todo ponto de Vo e um ponto hiperbolico de X.


Alem disso, se q ∈ Vo , podemos encontrar duas linhas assintoticas de X distintas, que
contenham qo , ou seja, c.p.r. αi : (−ε , ε) → R3 tal que
αi (r) = X[qi (r)] , (4.1014)
.
qi (r) = (ui (r) , vi (r)) , para r ∈ (−ε , ε) ,
com qi (0) = qo

para i ∈ {1 , 2} e
α1 ((−ε , ε)) ̸= α2 ((−ε , ε)) .
382 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Demonstração:
Como qo ∈ U e um ponto hiperbolico de X, segue que

K(qo ) < 0 . (4.1015)

Do fato que a func~ao K : U → R e contnua em U e de (4.1015), segue que podemos encontrar uma
Vo = V(qo ) ⊆ U, de modo que
K(q) < 0 , para q ∈ Vo ,
ou seja, todo ponto de Vo sera um ponto hiperbolico de X, completando a 1.a parte da demonstrac~ao.
Para completar a demonstrac~ao, xado q ∈ Vo , queremos obter duas c.p.r., dadas por (4.1014),
que sejam linhas assintoticas de X, em q.
Logo, pela Proposic~ao 4.8.5, isto sera equivalente a encontrar duas soluc~oes
. .
q1 = (u1 , v1 ) , q2 = (u2 , v2 ) ∈ C∞ ((−ε , ε) ; U)

L.I., que satisfazem o seguinte PVI associado a EDO (4.1012):

e[qi (r)] [ui ′ (r)]2 + 2 f[qi (r)] ui ′ (r) vi ′ (r) + g[qi (r)] [vi ′ (r)]2 = 0 , para r ∈ (−ε , ε) , (4.1016)
| {z } | {z } | {z }
.
=C
.
=B
.
=A
qi (0) = q . (4.1017)

Notemos que, como q ∈ U e ponto hiperbolico, teremos

0 > K(q)
(4.703) e(q) g(q) − f 2 (q)
= ,
E(q) G(q) − F 2 (q)
| {z }
(4.339)
> 0
implicando que 2
e(q) g(q) − f (q) < 0 . (4.1018)

Tratemos do caso que


ui ′ (r) ̸= 0 , para r ∈ (−ε , ε) .
O caso que
vi ′ (r) ̸= 0 , para r ∈ (−ε , ε)
e semelhante e sera deixado como exerccio para o leitor.
Logo, olhando (4.1016), como uma equac~ao do 2.o grau em v ′ (r), temos que o discrimintante da
mesma, sera dado por:
.
∆ = B2 − 4 A C
(4.1016)
{ }
= 4 f 2 [qi (r)] [ui ′ (r)]2 − 4 {g[qi (r)]} e[qi (r)] [ui ′ (r)]2
{ }
′ 2 2
= 4 [u (r)] f [qi (r)] − e[qi (r)] f[qi (r)] > 0 .
| {z } | {z }
>0
(4.1018)
> 0

Desta forma, poderemos escrever a EDO (4.1016), na forma

Ai (r) u ′ (r) + Bi (r) v ′ (r) = 0 , (4.1019)



4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 383

para i ∈ {1 , 2}.
Assim aplicando o teorema de exist^encia (e unicidade) de soluc~oes do PVI associados a EDO's,
obteremos soluc~oes L.I., que indicaremos por
q1 = q1 (r) e q2 = q2 (r) , para r ∈ (−ε , ε) ,
do PVI (4.1016) e (4.1017), completando a demonstrac~ao.

Apliquemos as ideias acima ao
Exemplo 4.8.4 Consideremos X : U =. R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = (v cos(u) , v sen(u) , u) , para (u , v) ∈ U , (4.1020)
cujo traco e um helicoide.
Encontre as linhas assintoticas de X.
Resolução:
Da resoluc~ao do Exemplo 4.8.3, para q = (u , v) ∈ U, temos que
(4.961)
e(q) = 0, (4.1021)
(4.962) 1
f(q) = √ , (4.1022)
1 + v2
(4.963)
g(q) = 0. (4.1023)
Logo, pela Proposic~ao 4.8.5, para que as func~oes
u , v ∈ C∞ ((a , b) ; R) ,
de ninam uma c.p.r. α : (a , b) → R3 na s.p.r. X, dada por
.
α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) .
que seja uma linha assintotica de X, deveremos ter, para r ∈ (a , b):
e[q(r)] [u ′ (r)]2 + 2 f[q(r)] u ′ (r) v ′ (r) + g[q(r)] [v ′ (r)]2 = 0 ,
| {z } | {z } | {z }
(4.1021) (4.1022) (4.1023)
= 0 = √ 2
= 0
1+v2

2
ou seja, √ u ′ (r) v ′ (r) = 0 ,
2
1+v
{
ou u ′ (r) = 0
isto e, ,
ou v ′ (r) = 0
{
ou u(r) = uo
ou ainda, . (4.1024)
ou v(r) = vo
Portanto, de (4.1024), segue que as linhas assintoticas de X, dada por (4.1020) (cujo traco e o
helicoide), ser~ao as c.p.r.
.
αvo (u) = X(u , vo )
(4.1020)
= (vo cos(u) , vo sen(u) , u) , para u ∈ R , (4.1025)
.
βuo (v) = X(uo , v)
(4.1020)
= (v cos(uo ) , v sen(uo ) , uo ) , para v ∈ R , (4.1026)
384 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

ou seja, as curvas coordenadas de X, pelo ponto qo =. (uo , vo ), completando a resoluc~ao.




Observação 4.8.10 A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

22.06.2017 - 28.a aula


A seguir introduziremos o conceito de geodesica em uma s.p.r., que sera a curva mais importante
em uma s.p.r., como veremos mais adiante.

aberto
Definição 4.8.4 Seja X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. e u , v ∈ C∞ ((a , b) → R) e consideremos
a c.p.r. α : (a , b) → R3 na s.p.r. X, dada por
.
α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) . (4.1027)

Diremos que α : (a , b) → R3 uma c.p.r. em X e uma geodésica em X se, para cada r ∈ (a , b),
o vetor α ′′ (r) e um vetor normal a s.p.r X, em

q(r) = (u(r) , v(r)) ,


ou seja, α ′′ (r) ∥ N[q(r)] , para r ∈ (a , b) , (4.1028)

onde N(q) e o vetor normal a s.p.r. X, para q ∈ U (dado por (4.285)).

Observação 4.8.11

1. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita na De nic~ao 4.8.4.



4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 385
z
v N(q)
6 6
6
6
α ′′ (r)

X(q)
s
X
- α ′ (r)

q(r)
-u - y

α=X◦q
U /
}
q = (u(·) , v(·))
x

1
b
r
a

2. Se a c.p.r. α : (a , b) → R3 e uma geodesica da s.p.r. X, ent~ao deveremos ter


∥α ′ (r)∥ = constante , para r ∈ (a , b) . (4.1029)

De fato, para r ∈ (a , b),


como temos (4.1028) e α ′ (r) ∈ Tq(r) (X) ,
⟨ ′′ ⟩
como temos (4.1028), segue que α (r) , α ′ (r) = 0 . (4.1030)

Logo, para r ∈ (a , b), teremos


d [ ′ ] d [⟨ ′ ⟩]
∥α (r)∥2 = α (r) , α ′ (r)
dr dr
ap^endice ⟨ ′′ ⟩
= 2 α (r) , α ′ (r)
(4.1030)
= 0,

mostrando a validade de (4.1029).


3. Notemos tambem que, se α : (a , b) → R3 e uma c.p.p.c.a. na s.p.r. X, cuja curvatura
n~ao se anula, podemos obter uma condição necessária e suficiente, para que α seja uma
geodesica em X, por meio do triedro de Frenet.
De fato, suponhamos que
α(s) = X(u(s) , v(s)) , para s ∈ (a , b) , (4.1031)
seja um c.p.p.c.a. na s.p.r. X.
Logo α sera uma geodesica de X se, e somente se, para cada s ∈ (a , b), da De nic~ao 4.8.4,
o vetor α ′′ (s) e, de (3.79), o vetor nα (s), vetor normal a α em s, ser~ao paralelos ao vetor
N[q(s)], ou seja, ao vetor normal  a s.p.r. X, onde
q(s) = (u(s) , v(s)) , (4.1032)
ou seja,
nα (s) = ±N[q(s)] . (4.1033)
386 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Logo das equac~oes de Frenet, teremos


dN (4.1033) d nα
± [q(s)] = (s)
ds ds
(3.113)
= −kα (s) · tα (s) − τα (s) · bα (s) , (4.1034)

onde os vetores tα (s) e bα (s), denotam os vetores tangente e binormal de α em s ∈ (a , b).


4. Toda reta contida no traco de uma s.p.r. sera uma geodesica da mesma, pois o vetor
normal a reta (que e o vetor nulo) sera paralelo ao vetor normal a s.p.r. considerada.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
z
v N(q)
6 6 geodesica em X
6


X(q)
X
-
q(r)
-u - y

α=X◦q
U /
}
q = (u(·) , v(·))
x

1
b
r
a

Para ilustrar temos o


Exemplo 4.8.5 Consideremos a s.p.r. dada pelo Exemplo (4.1.4) (cujo traco esta contido em
uma esfera).
Mostre que as circunfer^encias de centro na origem e raio igual a a, s~ao geodesicas de X e
reciprocamente, toda geodesica de X tem seu traco contido em alguma circunfer^encia de centro
na origem e raio igual a a.
Tais circunfer^encias ser~ao denominadas de circunferências máximas.
Resolução:
Notemos que se a c.p.p.c.a. α : (a , b) → R3 tem seu traco contido em uma circunfer^encia maxima
ent~ao, para cada s ∈ (a , b), o vetor normal a α em s, ou seja, o vetor α ′′ (s), sera paralelo ao vetor
posic~ao α(s), isto e, sera paralelo ao vetor normal a s.p.r. X, ou ainda, a N[q(s)] mostrando, pela
De nic~ao 4.8.4, que α e uma geodesica de X.
Por outro lado, se α : (a , b) → R3 e uma geodesica de X podemos supor, sem perda de generalidade
que ela esta p.p.c.a. .
Neste caso, podemos mostrar que
1
Kα (s) ≥ , para s ∈ (a , b) . (4.1035)
a
A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 387

Logo, de (4.1034), temos


dN
± [q(s)] = −kα (s) · tα (s) − τα (s) · bα (s) . (4.1036)
ds
Como vimos no Exemplo 4.8.2, toda c.p.r. na s.p.r. X (cujo traco esta contido na esfera) e uma
linha de curvatura, ou seja,
1
Kn [α (s)] = ± , para s ∈ (a , b) . (4.1037)
a
Logo, da Proposic~ao 4.8.2 (ou seja, o Teorema de Olinde Rodrigues), para s ∈ (a , b), deveremos
ter (veja (4.977) e (4.979))

⃗ = d N (r) + Kp [q(s)] · α ′ (s)


O
dt
(4.1037) d N 1
= (r) ± · α ′ (s) (4.1038)
dt a | {z }
=tα (s)

Comparando (4.1036) e (4.1038), para s ∈ (a , b), segue que


1
− kα (s) · tα (s) − τα (s) · bα (s) = ± · t(s) ,
[ ] a
1
ou seja, kα (s) ± ⃗,
· tα (s) + τα (s) · bα (s) = O
a
1
como os vetores t(s) e b(s) s~ao L.I., deveremos ter kα (s) = ± e τα (s) = 0 .
a
Logo da Proposic~ao 3.4.2 segue que o traco de α esta contido em um circunfer^encia de raio igual a a,
contida no traco de X (que e a esfera de centro na origem e raio igual a a), ou seja, uma circunfer^encia
maxima, completando a resoluc~ao.


Observação 4.8.12

1. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.

x geodesica
6
v

π 6 +

X
- - y

U x
+

- u

7
α

-
ro
388 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

2. A recproca do Exemplo 4.8.5 acima (ou seja, que toda geodesica de X deve ser uma
circunfer^encia maxima) pode ser obtido como consequ^encia de um resultado que sera
tratado logo adante.
3. Nosso objetivo no resultado a seguir, e obter uma condic~ao necessaria e su ciente para
que uma c.p.r. em uma s.p.r., seja uma geodesica, envolvendo os coe cientes da 1.a e da
2.a formas quadraticas.
Para tanto precisaremos de algumas relac~oes que ser~ao tratadas abaixo:
aberto
Seja X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. e q = (u , v) ∈ U.
Como os vetores
Xu (q) , Xv (q) e N(q) (4.1039)
s~ao L.I. em R3 , podemos obter os vetores
Xuu (q) , Xuv (q) , Xvv (q) , Nu (q) e Nv (q)
como combinac~ao linear dos vetores de (4.1039).
Lembremos que, de (4.900), temos
Nu (q) , Nv (q) ∈ Tq (X) .

Portanto, podemos encontrar


Γijk (q) , aij (q) , bij (q) ∈ R , para i , j , k ∈ {1 , 2} ,
de modo que:
1
Xuu (q) = Γ11 (q) · Xu (q) + Γ11
2
(q) · Xv (q) + a11 (q) · N(q) , (4.1040)
1
Xuv (q) = Γ12 (q) · Xu (q) + Γ12
2
(q) · Xv (q) + a12 (q) · N(q) , (4.1041)
1
Xvv (q) = Γ22 (q) · Xu (q) + Γ22
2
(q) · Xv (q) + a22 (q) · N(q) , (4.1042)
Nu (q) = b11 (q) · Xu (q) + b12 (q) · Xv (q) (4.1043)
Nv (q) = b21 (q) · Xu (q) + b22 (q) · Xv (q) . (4.1044)
Os numeros reais
Γijk = Γijk (q) ∈ R , para i , j , k ∈ {1 , 2} ,
ser~ao denominados sı́mbolos de Christoffel da s.p.r. X em q ∈ U.
Notemos que, para q ∈ U, temos
(4.495)
e(q) = ⟨Xuu (q) , N(q)⟩
(4.1040)
⟨ ⟩
= 1
Γ11 (q) · Xu (q) + Γ11
2
(q) · Xv (q) + a11 (q) · N(q) , N(q)
=0 =0 =1
propr. de p.i. 1 z }| { z }| { z }| {
= Γ11 (q) ⟨Xu (q) , N(q)⟩ +Γ11
2
(q) ⟨Xv (q) , N(q)⟩ +a11 (q) ⟨N(q) , N(q)⟩
= a11 (q) , (4.1045)
(4.496)
f(q) = ⟨Xuv (q) , N(q)⟩
(4.1041)
⟨ ⟩
= 1
Γ12 (q) · Xu (q) + Γ12
2
· Xv (q) + a12 (q) · N(q) , N(q)
=0 =0 =1
propr. de p.i. 1 z }| { z }| { z }| {
= Γ12 (q) ⟨Xu (q) , N(q)⟩ +Γ12
2
(q) ⟨Xv (q) , N(q)⟩ +a12 (q) ⟨N(q) , N(q)⟩
= a12 (q) , (4.1046)

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 389

(4.497)
g(q) = ⟨Xvv (q) , N(q)⟩

(4.1042)

= 1
Γ22 (q) · Xu (q) + Γ22
2
(q) · Xv (q) + a22 (q) · N(q) , N(q)
=0 =0 =1
propr. de p.i. 1 z }| { z }| { z }| {
= Γ22 (q) ⟨Xu (q) , N(q)⟩ +Γ22
2
(q) ⟨Xv (q) , N(q)⟩ +a22 (q) ⟨N(q) , N(q)⟩
= a22 (q) , (4.1047)

4. Para obtermos os outros coe cientes que comparecem em (4.1040)-(4.1044), faremos o


produto interno de cada uma das relac~oes acima (4.1040)-(4.1044), com Xu (q) e Xv (q),
mais precisamente:
(4.1040)
⟨ ⟩
⟨Xu (q) , Xuu (q)⟩ = 1
Xu (q) , Γ11 (q) · Xu (q) + Γ11
2
(q) · Xv (q) + a11 (q) · N(q)
propr. de p.i. 1
= Γ11 (q) ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩ +Γ11
2
(q) ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩ +a11 (q) ⟨Xu (q) , N(q)⟩
| {z } | {z } | {z }
(4.329) (4.330) =0
= E(q) = F(q)

= 1
Γ11 (q) E(q) + 2
Γ11 (q) F(q) . (4.1048)

Notemos que
∂E (4.329) ∂
(q) = [⟨Xu (q) , Xu (q)⟩]
∂u ∂u
propr. de p.i.
= 2 ⟨Xuu (q) , Xu (q)⟩ ,
1
ou seja, ⟨Xuu (q) , Xu (q)⟩ = Eu (q) . (4.1049)
2

Portanto, de (4.1048) e (4.1049), segue que


1
1
Γ11 2
(q) E(q) + Γ11 (q) F(q) = Eu (q) . (4.1050)
2

Temos tambem que


(4.1041)
⟨ ⟩
⟨Xu (q) , Xuv (q)⟩ = 1
Xu (q) , Γ12 (q) · Xu (q) + Γ12
2
(q) · Xv (q) + a12 (q) · N(q)
propr. de p.i. 1
= Γ12 (q) ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩ +Γ12
2
(q) ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩ +a12 (q) ⟨Xu (q) , N(q)⟩
| {z } | {z } | {z }
(4.329) (4.330) =0
= E(q) = F(q)

= 1
Γ12 (q) E(q) + 2
Γ12 (q) F(q) . (4.1051)

Notemos que
∂E (4.329) ∂
(q) = [⟨Xu (q) , Xu (q)⟩]
∂v ∂v
propr. de p.i.
= 2 ⟨Xuv (q) , Xu (q)⟩ ,
1
ou seja, ⟨Xuv (q) , Xu (q)⟩ = Ev (q) . (4.1052)
2
390 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Portanto, de (4.1051) e (4.1052), segue que


1
1
Γ12 2
(q) E(q) + Γ12 (q) F(q) = Ev (q) . (4.1053)
2
Observemos que
(4.1042)
⟨ ⟩
⟨Xu (q) , Xvv (q)⟩ = 1
Xu (q) , Γ22 (q) · Xu (q) + Γ22
2
(q) · Xv (q) + a22 (q) · N(q)
propr. de p.i. 1
= Γ22 (q) ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩ +Γ22
2
(q) ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩ +a22 (q) ⟨Xu (q) , N(q)⟩
| {z } | {z } | {z }
(4.329) (4.330) =0
= E(q) = F(q)

= 1
Γ22 (q) E(q) + 2
Γ22 (q) F(q) . (4.1054)
Notemos que
∂G (4.331) ∂
(q) = [⟨Xv (q) , Xv (q)⟩]
∂u ∂u
propr. de p.i.
= 2 ⟨Xuv (q) , Xv (q)⟩ ,
1
ou seja, ⟨Xuv (q) , Xv (q)⟩ = Gu (q) , (4.1055)
2
e
∂F (4.330) ∂
(q) = [⟨Xu (q) , Xv (q)⟩]
∂v ∂v
propr. de p.i.
= ⟨Xuv (q) , Xv (q)⟩ + ⟨Xu (q) , Xvv (q)⟩
(4.1055) 1
= Gu (q) + ⟨Xu (q) , Xvv (q)⟩ ,
2
1
ou seja, ⟨Xu (q) , Xvv (q)⟩ = Fv (q) − Gu (q) . (4.1056)
2
Portanto, de (4.1054) e (4.1056), segue que
1
1
Γ22 2
(q) E(q) + Γ22 (q) F(q) = Fv (q) − Gu (q) . (4.1057)
2
Temos tambem que
(4.1040)
⟨ ⟩
⟨Xv (q) , Xuu (q)⟩ = 1
Xv (q) , Γ11 (q) · Xu (q) + Γ11
2
(q) · Xv (q) + a11 (q) · N(q)
propr. de p.i. 1
= Γ11 (q) ⟨Xv (q) , Xu (q)⟩ +Γ11
2
(q) ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩ +a11 (q) ⟨Xv (q) , N(q)⟩
| {z } | {z } | {z }
(4.330) (4.331) =0
= F(q) = G(q)
1
= Γ11 2
(q) F(q) + Γ11 (q) G(q) . (4.1058)
Mas
∂F (4.330) ∂
(q) = [⟨Xu (q) , Xv (q)⟩]
∂u ∂u
propr. de p.i.
= ⟨Xuu (q) , Xv (q)⟩ + ⟨Xu (q) , Xvu (q)⟩
| {z }
(4.1052) 1
= 2
Ev (q)
1
= ⟨Xv (q) , Xuu (q)⟩ + Ev (q) ,
2
1
ou seja, ⟨Xv (q) , Xuu (q)⟩ = Fu (q) − Ev (q) . (4.1059)
2

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 391

Portanto, de (4.1058) e (4.1059), segue que


1
1
Γ11 2
(q) F(q) + Γ11 (q) G(q) = Fu (q) − Ev (q) . (4.1060)
2

Temos tambem que


(4.1041)
⟨ ⟩
⟨X (q) , Xuv (q)⟩ = 1
Xv (q) , Γ12 (q) · Xu (q) + Γ12
2
(q) · Xv (q) + a12 (q) · N(q)
| v {z }
(4.1055) 1
= 2
Gu (q)
propr. de p.i. 1
= Γ12 (q) ⟨Xv (q) , Xu (q)⟩ +Γ12
2
(q) ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩ +a12 (q) ⟨Xv (q) , N(q)⟩
| {z } | {z } | {z }
(4.330) (4.331) =0
= F(q) = G(q)
1 2
= Γ12 (q) F(q) + Γ12 (q) G(q) ,
1
ou seja, 1
Γ12 2
(q) F(q) + Γ12 (q) G(q) = Gu (q) . (4.1061)
2

Observemos que
(4.1042)
⟨ ⟩
⟨Xv (q) , Xvv (q)⟩ = Xv (q) , 1
Γ22 (q) · Xu (q) + 2
Γ22 (q) · Xv (q) + a22 (q) · N(q)
propr. de p.i. 1
= Γ22 (q) ⟨Xv (q) , Xu (q)⟩ +Γ22
2
(q) ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩ +a22 (q) ⟨Xv (q) , N(q)⟩
| {z } | {z } | {z }
(4.330) (4.331) =0
= F(q) = G(q)

= 1
Γ22 (q) F(q) + 2
Γ22 (q) G(q) . (4.1062)

Notemos que
∂G (4.331) ∂
(q) = [⟨Xv (q) , Xv (q)⟩]
∂v ∂v
propr. de p.i.
= 2 ⟨Xvv (q) , Xv (q)⟩ ,
1
ou seja, ⟨Xvv (q) , Xv (q)⟩ = Gv (q) , (4.1063)
2

Logo, de (4.1062) e (4.1063), teremos


1
1
Γ22 2
(q) F(q) + Γ22 (q) G(q) = Gv (q) . (4.1064)
2

Temos tambem
(4.1043)
⟨Xu (q) , Nu (q)⟩ = ⟨Xu (q) , b11 (q) · Xu (q) + b12 (q) · Xv (q)⟩
| {z }
(4.894)
= −e(q)

= b11 (q) ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩ +b12 (q) ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
| {z } | {z }
(4.329) (4.330)
= E(q) = F(q)

= b11 (q) E(q) + b12 (q) F(q)


ou seja, b11 (q) E(q) + b12 (q) F(q) = −e(q) . (4.1065)
392 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Temos
(4.1044)
⟨Xu (q) , Nv (q)⟩ = ⟨Xu (q) , b21 (q) · Xu (q) + b22 (q) · Xv (q)⟩
| {z }
(4.895)
= −f(q)

= b21 (q) ⟨Xu (q) , Xu (q)⟩ +b22 (q) ⟨Xu (q) , Xv (q)⟩
| {z } | {z }
(4.329) (4.330)
= E(q) = F(q)

= b21 (q) E(q) + b22 (q) F(q)


ou seja, b21 (q) E(q) + b22 (q) F(q) = −f(q) . (4.1066)

Notemos que
(4.1043)
⟨Xv (q) , Nu (q)⟩ = ⟨Xv (q) , b11 (q) · Xu (q) + b12 (q) · Xv (q)⟩
| {z }
(4.896)
= −f(q)

= b11 (q) ⟨Xv (q) , Xu (q)⟩ +b12 (q) ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
| {z } | {z }
(4.330) (4.331)
= F(q) = G(q)

= b11 (q) F(q) + b12 (q) G(q)


ou seja, b11 (q) F(q) + b12 (q) G(q) = −f(q) . (4.1067)

Finalmente
(4.1044)
⟨Xv (q) , Nv (q)⟩ = ⟨Xv (q) , b11 (q) · Xu (q) + b12 (q) · Xv (q)⟩
| {z }
(4.897)
= −g(q)

= b21 (q) ⟨Xv (q) , Xu (q)⟩ +b22 (q) ⟨Xv (q) , Xv (q)⟩
| {z } | {z }
(4.330) (4.331)
= F(q) = G(q)

= b21 (q) F(q) + b22 (q) G(q)


ou seja, b21 (q) F(q) + b22 (q) G(q) = −g(q) . (4.1068)

Podemos resolver o sistema linear (4.1050) e (4.1060), para obter


1
Γ11 (q) e 2
Γ11 (q) .

De modo semelhante, podemos resolver o sistema linear (4.1051) e (4.1053), para obter
1
Γ12 (q) e 2
Γ12 (q) .

De modo analogo, podemos resolver o sistema linear (4.1054) e (4.1057), para obter
1
Γ22 (q) e 2
Γ22 (q) .

Podemos resolver o sistema linear (4.1065) e (4.1067), para obter


b11 (q) e b12 (q) .

De modo semelhante, podemos resolver o sistema linear (4.1066) e (4.1068), para obter
b21 (q) e b22 (q) .

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 393

Fazendo isto pode-se mostrar que


G(q) Eu (q) − 2 F(q) Fu (q) + F(q) Ev (q)
1
Γ11 (q) = [ ] , (4.1069)
2 E(q) G(q) − F 2 (q)
2 E(q) Fu (q) − E(q) Ev (q) + F(q) Eu (q)
2
Γ11 (q) = [ ] , (4.1070)
2 E(q) G(q) − F 2 (q)
G(q) Ev (q) − F(q) Gu (q)
1
Γ12 (q) = [ ] , (4.1071)
2 E(q) G(q) − F 2 (q)
E(q) Gu (q) − F(q) Ev (q)
2
Γ12 (q) = [ ] , (4.1072)
2 E(q) G(q) − F 2 (q)
2 G(q) Fv (q) − G(q) Gu (q) + F(q) Gv (q)
1
Γ22 (q) = [ ] , (4.1073)
2 E(q) G(q) − F 2 (q)
E(q) Gv (q) − 2 F(q) Fv (q) + F(q) Gu (q)
2
Γ22 (q) = [ ] , (4.1074)
2 E(q) G(q) − F 2 (q)
f(q) F(q) − e(q) G(q)
b11 (q) = (4.1075)
E(q) G(q) − F 2 (q)
e(q) F(q) − f(q) E(q)
b12 (q) = (4.1076)
E(q) G(q) − F 2 (q)
g(q) F(q) − f(q) G(q)
b21 (q) = (4.1077)
E(q) G(q) − F 2 (q)
f(q) F(q) − g(q) E(q)
b22 (q) = , para q ∈ U. (4.1078)
E(q) G(q) − F 2 (q)
A veri cac~ao destes fatos sera deixada como exerccio para o leitor.
5. Decorre de (4.1069)-(4.1074), que os smbolos de Christo el associadados a uma s.p.r. SÓ
dependem dos coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. e suas derivadas
parciais, ou seja, de
E , F , G , Eu , Ev , Fu , Fv , Gu e Gv em U .

Podemos agora enunciar e demonstrar um resultado que da condic~oes necessarias e su cientes
para que uma curva na s.p.r. seja uma geodesica, utilizando-se os coe cientes da 1.a e da 2.a formas
quadraticas, mais precisamente, temos a:
aberto
Proposição 4.8.7 Sejam X : U ⊆ R2 → R3  e uma s.p.r. e u , v ∈ C∞ ((a , b) → R) e considere-
mos a c.p.r. α : (a , b) → R na s.p.r. X, dada por
3

.
α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) . (4.1079)
Ent~ao α e uma geodesica em X se, e somente se, as func~oes
u = u(r) e v = v(r)
satisfazem ao seguinte sistema de EDO's:
u ′′ (r) + [u ′ (r)]2 Γ11
1
[q(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) Γ12
1
[q(r)] + [v ′ (r)]2 Γ22
1
[q(r)] = 0 (4.1080)
′′ ′
v (r) + [u (r)] 2 2
Γ11 [q(r)] ′
+ 2 u (r) v ′ 2
(r) Γ12 [q(r)] ′
+ [v (r)] 2 2
Γ22 [q(r)] = 0, (4.1081)
394 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

onde Γijk (q) s~ao dados por (4.1069)-(4.1074) (s~ao os smbolos de Christo el de X em q) e
.
q(r) = (u(r) , v(r)) , para r ∈ (a , b) .

Demonstração:
Pela De nic~ao 4.8.4, α, dada por (4.1079), e um geodesica em X se, e somente se, para r ∈ (a , b),
a componente tangente do vetor α ′′ (r) e o vetor nulo, ou seja,
se α ′′ (r) = a · Xu (q) + b · Xv (q) + c · N(q) ,
deveremos ter a = b = 0, (4.1082)
e reciprocamente.
Notemos que, para r ∈ (a , b), temos
(4.1079) d
α ′ (r) = [X(u(r) , v(r))]
dr
regra da cadeia
= Xu [q(r)] u ′ (r) + Xv [q(r)] v ′ (r) . (4.1083)
Logo
(4.1083) d [ ]
α ′′ (r) = u ′ (r) · Xu [q(r)] + v ′ (r) Xv [q(r)]
dr
regra da cadeia ′′ { }
= u (r) · Xu [q(r)] + u ′ (r) Xuu [q(r)] u ′ (r) + Xuv [q(r)] v ′ (r)
{ }
+ v ′′ (r) · Xu [q(r)] + v ′ (r) Xuu [q(r)] u ′ (r) + Xuv [q(r)] v ′ (r)
= u ′′ (r) · Xu [q(r)] + [u ′ (r)]2 · Xuu [q(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) Xuv [q(r)] + v ′′ (r) · Xv [q(r)]
+ [v ′ (r)]2 · Xvv [q(r)]
(4.1040) ,(4.1041) e (4.1042)
= u ′′ (r) · Xu [q(r)]
{ }
+ [u ′ (r)]2 · Γ11 1
(q) · Xu (q) + Γ11 2
(q) · Xv (q) + a11 (q) · N(q)
{ }
+ 2 u ′ (r) v ′ (r) Γ12 1
(q) · Xu (q) + Γ12 2
· Xv (q) + a12 (q) · N(q) + v ′′ (r) · Xv [q(r)]
{ }
+ [v ′ (r)]2 · Γ221
(q) · Xu (q) + Γ222
· Xv (q) + a22 (q) · N(q)
{ }
= u ′′ (r) + [u ′ (r)]2 Γ11
1
[q(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) Γ12
1
[q(r)] + [v ′ (r)]2 Γ22
1
[q(r)] · Xu [q(r)]
{ }
+ [u ′ (r)]2 Γ112
[q(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) Γ12
2
[q(r)] + [v ′ (r)]2 Γ22
2
[q(r)] + v ′′ (r) · Xv [q(r)]
{ }
+ [u ′ (r)]2 a11 [q(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) a12 [q(r)] + [v ′ (r)]2 a22 [q(r)] · N[q(r)] . (4.1084)

Logo, para cada r ∈ (a , b), comparando (4.1082) e (4.1084), segue que deveremos ter
u ′′ (r) + [u ′ (r)]2 Γ11
1
[q(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) Γ12
1
[q(r)] + [v ′ (r)]2 Γ22
1
[q(r)] = 0
v ′′ (r) + [u ′ (r)]2 Γ11
2
[q(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) Γ12
2
[q(r)] + [v ′ (r)]2 Γ22
2
[q(r)] = 0

e reciprocamente, completando a demonstrac~ao do reultado.




Observação 4.8.13 De (4.1080) e (4.1081), decorre que uma geodesica em um s.p.r. SÓ depende
dos smbolos de Christo el associados a s.p.r., ou seja, dos numeros reais
Γijk , para i , j , k ∈ {1 , 2} ,

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 395

dados por (4.1069)-(4.1074).


Logo se duas s.p.r. (simples) s~ao isometricas (ou seja, os respectivos coe cientes da 1.a
forma quadratica s~ao iguais), segue que a geodesica de uma das s.p.r. pode ser levada em
uma geodesica da outra s.p.r., por meio de uma isometria (no caso a isometria entre as s.p.r.
(simpels).
Podemos agora enunciar um resultado que garante a exist^encia geodesicas em uma s.p.r., mais
precisamnte temos a:
aberto
Proposição 4.8.8 Sejam X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r.,
qo = (uo , vo ) ∈ U (4.1085)
{ }
e ⃗ .
w = a · Xu (qo ) + b · Xv (qo ) ∈ Tqo (X) \ O (4.1086)

Ent~ao podemos encontrar ε > 0 e func~oes


u , v ∈ C∞ ((−ε , ε) → R)

de modo que a c.p.r. α : (−ε , ε) → R3 na s.p.r. X, dada por


.
α(r) = X(u(r) , v(r)) , para r ∈ (−ε , ε) , (4.1087)

e uma geodesica, que satisfaz


α(0) = X(qo ) (4.1088)
e α ′ (0) = w . (4.1089)

Demonstração:
Notemos que,da Proposic~ao 4.8.7, α, dada por (4.1087) e uma geodesica se, e somente se, as func~oes

u = u(r) e v = v(r) ,

satisfazem o sistema de EDO' (4.1080) e (4.1081).


Logo impondo as condic~oes (4.1088) e (4.1089), temos que as func~oes u e v devera satisfazer o
seguinte PVI:

u ′′ (r) + [u ′ (r)]2 Γ11


1
[q(r)] + 2 u ′ (r) v ′ (r) Γ12
1
[q(r)] + [v ′ (r)]2 Γ22
1
[q(r)] = 0 (4.1090)
′′ ′ ′ ′ ′
v (r) + [u (r)] 2 2
Γ11 [q(r)] + 2 u (r) v 2
(r) Γ12 [q(r)] + [v (r)] 2 2
Γ22 [q(r)] = 0, (4.1091)
u(0) = uo , (4.1092)
v(0) = vo , (4.1093)
u ′ (0) = a , (4.1094)
v ′ (0) = b , (4.1095)

que possui uma unica soluc~ao de nida em um vizinahnca de r = 0, completando a demonstrac~ao do


resultado.


Observação 4.8.14
396 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

1. A Proposic~ao 4.8.8 garante a exist^encia de uma unica geodesica na s.p.r., satifazendo


(4.1088) e (4.1089), de nida em (−ε , ε), para algum ε > 0, ou seja, podemos encontrar
uma geodesica de nida localmente.
2. Um outro teorema de EDO (que trata do prolongamento de soluc~oes) garantira que existe
um intervalo maximal (−T , T ) para a exist^encia da geodesica, satifazendo (4.1088) e (4.1089).
Para ilustrar temos o
Exemplo 4.8.6 Vimos no Exemplo 4.8.5 que as retas s~ao geodesicas de uma s.p.r. cujo traco
esta contido em um plano.
Mostre que, neste caso, elas s~ao as unicas geodesicas.
Resolução:
{ }
De fato, para cada qo ∈ U e W ∈ Tqo (X) \ O ⃗ , temos que existe, exatamente, uma reta que
contem o ponto X(qo ) e tem como vetor tangente o vetor w e, como sabemos esta e uma geodesica da
s.p.r. considerada (cujo traco esta contido em um plano), como vimos no Exemplo 4.8.5 .
Pela Proposic~ao 4.8.8 ela devera a geodesica que contem o pknto X(qo ) e tem como vetor tangente
o vetor w.
Portanto
geodesica e equivalente a uma reta, na s.p.r. considerada ,
completando a resoluc~ao.

Observação 4.8.15
1. Poderamos chegar a mesma conclus~ao para o Exemplo 4.8.6 acima, utilizando-se direta-
mente a Proposic~ao 4.8.8.
Para isto precisamos calcular os smbolos de Christo el associados a s.p.r. .
Neste caso teremos
Γijk (q) = 0 , para q ∈ U e i , j , k ∈ {1 , 2} . (4.1096)
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Substituindo-se estes valores em (4.1080) e (4.1081), obteremos o seguinte sistema de
EDO's:
u ′′ (r) = 0
v ′′ (r) = 0 ,
cujas soluc~oes ser~ao:
u(r) = uo + a r ,
v(r) = vo + b r , para r ∈ R. (4.1097)
Assim, para r ∈ R, teremos:
α(r) = X(u(r) , v(r))
(4.1097)
= X(uo + a r , vo + b r)
(4.15)
= Po + (uo + a r) · ⃗r + (vo + b r) · w

= (Po + uo · ⃗r + vo · w
⃗ ) + (a · ⃗r + B · w
⃗ ) r,
| {z } | {z }
um poto de R3 um vetor de R3

4.8. LINHAS DE CURVATURA, LINHAS ASSINTOTICAS 
E GEODESICAS 397

que e a equac~ao vetorial de uma reta em R3 .


2. De modo nalogo ao que zemos no Exemplo 4.8.6 acima, podemos mostrar que as circun-
fer^encias maximas s~ao as unicas geodesicas em um s.p.r. cujoa traco esta contido em
uma esfera.
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Para ilustrar temos o
Exemplo 4.8.7 Consideremos a aplicac~ao X : U =. R2 → R3 , dada por
.
X(u , v) = (cos(v) , sen(v) , u) , para (u , v) ∈ R2 . (4.1098)
Encontre todas as geodesicas de X.
Resolução:
Vimos no Exemplo 4.1.8 que X e uma s.p.r. cujo traco e o cilindro circular reto.
Notemos que os meridianos de X s~ao retas.
Logo do item 4. da Observac~ao 4.8.11, segue que estes ser~ao geodesicas de X.
Observemos que tambem que os paralelos s~ao circunfer^encias cujos vetores normais s~ao paralelos
ao vetor normal a s.p.r. .
Logo, pela De nic~ao 4.8.4, tambem ser~ao geodesicas de X.
A seguir, mostraremos que helices tambem ser~ao geodesicas de X.
Para tanto, notemos que, xados
a , b , c , uo , v o ∈ R ,
com a2 + c2 ̸= 0 ,

temos que α : R → R3 , dada por


.
α(r) = (cos(a r + uo ) , sen(a r + uo ) , c r + vo ) , para r ∈ R (4.1099)
e uma helice, cujo traco esta contido no traco de X (ou seja, no cilindro circular reto).
Deixaremos a veri cac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Alem disso, considerando-se as func~oes u , v : R → R, dadas por
.
u(r) = a r + uo (4.1100)
.
e v(r) = b r + vo , para r ∈ R , (4.1101)
temos que as func~oes u e v satisfazem o PVI (4.1090)-(4.1095), ou seja, sera uma geodesica de X.
Deixaremos a veri cac~ao deste farto como exerccio para o leitor.
Logo, utilizando-se os fatos acima, juntamente com a Proposic~ao 4.8.8, segue que estas ser~ao as
unicas geodesicas da s.p.r. X (cujo traco e um cilindor circular reto).
Portanto as unicas geodesica de X (cujo traco e um cilindor circular reto) s~ao:
meridianos, paralelos e helices,
completando a reoluc~ao.


Observação 4.8.16
398 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

1. A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita no Exemplo 4.8.7 acima.


v
z
6 v = a (u − uo ) + vo
6 geodesicas

qo v = vo
)
- u
X
- =
X(qo )
- y

u = uo
=
x

2. Poderamos ter obtido as geodesicas da s.p.r. X, do Exemplo 4.8.7 acima (cujo traco esta
contido no cilindro), utilizando as mesmas ideias do item 1. da Observac~ao 4.8.15.
Deixaremos a obtenc~ao das mesmas por meio destas ideias como exerccio para o leitor.
3. Como as geodesicas dependem SOMENTE dos coe cientes da 1.a forma quadratica (veja
a Observac~ao 4.8.13), segue uma isometria entre duas s.p.r. levara uma geodesica de uma
s.p.r., em uma geodesica da outra s.p.r..
Deste modo podemos obter as geodesicas do Exemplo 4.8.7 acima (cujo traco esta contido
no cilindro), utilizando uma isometria de uma s.p.r. e na nossa s.p.r. X.
Por exemplo a s.p.r. X~ : U =. (0 , 2 π) × R → R3 , dada por
~ , v) =. (u , v , 0) ,
X(u para (u , v) ∈ U , (4.1102)
e isometrica (veja o Exemplo 4.4.8) a s.p.r. X : U → R3 , dada por
.
X(u , v) = (cos(v) , sen(v) , u) , para (u , v) ∈ U . (4.1103)
~
A aplicac~ao Φ : X(U) → X(U), dada por
.
Φ(u , v , 0) = (cos(v) , sen(v) , u) , para (u , v) ∈ U (4.1104)
sera uma isometria entre as s.p.r. X~ e X, dadas acima.
Logo, as retas (ou segmentos de retas) contidas em X(U) ~ (que pelo item 4. da Observac~ao
~
4.8.11, s~ao as geodesicas de X), ser~ao levadas, pela isometria Φ, em geodesicas de X.
Em particular, os paralelos s~ao geodesicas de X, pois correspondem a
Φ [{(u , vo , 0) ; u ∈ (0 , 2 π)}] ,

os meridianos s~ao geodesicas de X, pois correspondem a


Φ [{(uo , v , 0) ; v ∈ R}]

e as helices de X s~ao geodesicas de X, pois correspondem a


Φ [{(u , a u + vo , 0) ; u ∈ (0 , 2 π)}] ,

para a ̸= 0 e vo ∈ R xados.
A gura acima ilustra a situac~ao descrita acima.
4.9. TEOREMA EGREGIUM DE GAUSS 399

4. Observemos que, de modo geral, entre os tr^es tipos de curvas em uma s.p.r., a saber, linha
de curvatura, linha assintotica e geodesicas, a ultima e de maior import^ancia no estudo
da geometria de uma s.p.r. .
5. Pode-se mostrar que uma geodesica em um s.p.r., minimiza o comprimento entre dois
pontos da s.p.r., que est~ao su cientemente "proximos".
Alem disso, se existir uma c.p.r que une dois pontos "proximos" de uma s.p.r., com menor
comprimento, ent~ao ela devera ser uma geodesica da s.p.r. considerada.
A veri cac~ao destes fatos podem ser encontrados no livro Carmo, M.P. (veja 5).
6. No sentido acima, as geodesicas em uma s.p.r. desempenham o papel das retas na Geo-
metria Euclideana.

4.9 Teorema egregium (ou seja, notável) de Gauss, equações de com-


patibilidade, teorema fundamental das s.p.r.
Veremos a seguir, um dos resultado mais importantes da teoria das s.p.r., que nos diz que a curvatura
gaussiana de uma s.p.r. que, em princpio, depende da 1.a e da 2.a formas quadraticas, na verdade
SÓ depende da 1.a forma quadratica., que e conhecido como Teorema Egregium de Gauss.
Em seguida, veremos a import^ancia da 1.a e da 2.a formas quadraticas, para a teoria das s.p.r.,
por meio do teorima fundamental das s.p.r.. .
Inciaremos pela

Observação 4.9.1

aberto
1. Sejam X : U ⊆ R2 → R3 e uma s.p.r. e N : U → R3 a aplicac~ao normal de Gauss
associada a s.p.r X.
Para cada q ∈ U, como vimos no item 3. da Observac~ao 4.8.12, podemos obter os vetores

Xuu (q) , Xuv (q) e Xvv (q)

como combinac~ao linear dos vetores

Xu (q) , Xv (q) e N(q) .

Os coefcientes dessa combinac~oes linerares s~ao dados (4.1045)-(4.1047) e (4.1069)-(4.1074).


2. Notemos que os coe cientes acima obtidos NÃO s~ao independentes uns dos outros, pois
(pelo teorema de Schwarz - veja o ap^endice), deveremos ter

(Xuu )v (q) = (Xuv )u (q) , (4.1105)


(Xvv )u (q) = (Xuv )v (q) , (4.1106)
e Nuv (q) = Nvu (q) , para q ∈ U. (4.1107)
400 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

Notemos que, se derivarmos (4.1040), em relac~ao a v, obteremos

[
(4.1040) ∂
]
(Xuu )v (q) = 1
Γ11 (q) · Xu (q) + Γ11
2
(q) · Xv (q) + a11 (q) · N(q)
[ ]∂v [ ]
1
= Γ11 (q) · Xu (q) + Γ11 1
(q) · Xuv (q) + Γ112
(q) · Xv (q) + Γ11
2
(q) · Xvv (q)
v v
+ [a11 ]v (q) · N(q) + a11 (q) · Nv (q)
[ ]
(4.1041),(4.1042),(4.1044) 1
[ ]
= Γ11 (q) · Xu (q) + Γ111
(q) · Γ121
(q) · Xu (q) + Γ12
2
(q) · Xv (q) + a12 (q) · N(q)
[ ] v
[ ]
+ Γ11 (q) · Xv (q) + Γ11
2 2
(q) · Γ221
(q) · Xu (q) + Γ22
2
(q) · Xv (q) + a22 (q) · N(q)
v
+ [a11 ]v (q) · N(q) + a11 (q) · [b21 (q) · Xu (q) + b22 (q) · Xv (q)]
 

 

[ ] 
= Γ11 (q) + Γ11 (q) Γ12 (q) + Γ11 (q) Γ22 (q) + a11 (q) b21 (q) · Xu (q)
1 1 1 2 1

 v | {z } 

 (4.1045)

= e(q)
 

 

 [ ] 
+ Γ11 (q) Γ12 (q) + Γ11 (q) + Γ11 (q) Γ22 (q) + a11 (q) b22 (q) · Xv (q)
1 2 2 2 2

 v | {z } 

 (4.1045)

= e(q)
 

 

 
+ Γ11 (q) a12 (q) +Γ11 (q) a22 (q) + [a11 ]v (q) · N(q)
1 2

 | {z } | {z } | {z }  
 (4.1046) (4.1047) (4.1045)

= f(q) = g(q) = ev (q)
{[ ] }
= Γ111
(q) + Γ11 1 1
(q) Γ12 (q) + Γ11 2
(q) Γ221
(q) + e(q) b21 (q) · Xu (q)
{v [ ] }
+ Γ11 1 2
(q) Γ12 (q) + Γ11 2
(q) + Γ112 2
(q) Γ22 (q) + e(q) b22 (q) · Xv (q)
{ v
}
+ Γ11 (q) f(q) + Γ11 (q) g(q) + ev (q) · N(q) .
1 2
(4.1108)

Se derivarmos (4.1041), em relac~ao a u e utilizarmos a identidade (4.1105), obteremos:

[
(4.1041) ∂
]
(Xuv )u (q) = 1
Γ12 (q) · Xu (q) + Γ12
2
(q) · Xv (q) + a12 (q) · N(q)
[ ]∂u [ ]
1
= Γ12 (q) · Xu (q) + Γ12
1
(q) · Xuu (q) + Γ12 2
(q) · Xv (q) + Γ12
2
(q) · Xvu (q)
u u
+ [a12 ]u (q) · N(q) + a12 (q) · Nu (q)
[ ]
(4.1040),(4.1041),(4.1043) 1
[ ]
= Γ12 (q) · Xu (q) + Γ12 1
(q) · Γ11
1
(q) · Xu (q) + Γ11
2
(q) · Xv (q) + a11 (q) · N(q)
[ ] u
[ ]
+ Γ12 (q) · Xv (q) + Γ12
2 2
(q) · Γ12
1
(q) · Xu (q) + Γ12
2
(q) · Xv (q) + a12 (q) · N(q)
u
+ [a12 ]u (q) · N(q) + a12 (q) · [b11 (q) · Xu (q) + b12 (q) · Xv (q)]
4.9. TEOREMA EGREGIUM DE GAUSS 401

 

 

[ ] 
= Γ12 (q) + Γ12 (q) Γ11 (q) + Γ12 (q) Γ12 (q) + a12 (q) b11 (q) · Xu (q)
1 1 1 2 1

 u | {z } 

 (4.1046)

= f(q)
 

 

 [ ] 
+ Γ12 (q) Γ11 (q) + Γ12 (q) + Γ12 (q) Γ12 (q) + a12 (q) b12 (q) · Xv (q)
1 2 2 2 2

 u | {z } 

 (4.1046)

= f(q)
 

 

 
+ Γ12 (q) a11 (q) +Γ12 (q) a12 (q) + [a12 ]u (q) · N(q)
1 2

 | {z } | {z } | {z }  
 (4.1045) (4.1046) (4.1046)

= e(q) = f(q) = fu (q)
{[ ] }
= Γ121
(q) + Γ121 1
(q) Γ11 (q) + Γ122 1
(q) Γ12 (q) + f(q) b11 (q) · Xu (q)
{u [ ] }
+ Γ12 1 2
(q) Γ11 (q) + Γ12 2 2
(q) + Γ12 2
(q) Γ12 (q) + f(q) b12 (q) · Xv (q)
{ u
}
+ Γ12 (q) e(q) + Γ12 (q) f(q) + fu (q) · N(q) .
1 2
(4.1109)

Logo, de (4.1108) (4.1109) e (4.1105), segue que


{[ ] }
1 1
(q) + Γ11
Γ11 1
(q) Γ12 (q) + Γ112 1
(q) Γ22 (q) + e(q) b21 (q) · Xu (q)
v
{ [ ] }
+ Γ11 1 2
(q) Γ12 (q) + Γ11 2
(q) + Γ112 2
(q) Γ22 (q) + e(q) b22 (q) · Xv (q)
{ v
}
+ Γ11 (q) f(q) + Γ11 (q) g(q) + ev (q) · N(q)
1 2

{[ ] }
1
= Γ12 1
(q) + Γ12 1
(q) Γ11 2
(q) + Γ12 1
(q) Γ12 (q) + f(q) b11 (q) · Xu (q)
{u [ ] }
+ Γ12 1 2
(q) Γ11 (q) + Γ12 2 2
(q) + Γ12 2
(q) Γ12 (q) + f(q) b12 (q) · Xv (q)
{ u
}
+ Γ12 (q) e(q) + Γ12 (q) f(q) + fu (q) · N(q) ,
1 2

ou seja,
{[ ]
⃗ =
O 1
Γ11 (q) + Γ11 1 1
(q) Γ12 2
(q) + Γ11 1
(q) Γ22 (q) + e(q) b21 (q)
[[ ]
v
]}
− Γ12 1
(q) + Γ121 1
(q) Γ11 2
(q) + Γ12 1
(q) Γ12 (q) + f(q) b11 (q) · Xu (q)
{ u
[ ]
1 2 2 2 2
+ Γ11 (q) Γ12 (q) + Γ11 (q) + Γ11 (q) Γ22 (q) + e(q) b22 (q)
[ [ ] v
]}
− Γ12 1 2
(q) Γ11 (q) + Γ12 2 2
(q) + Γ12 2
(q) Γ12 (q) + f(q) b12 (q) · Xv (q)
{ u
[ ]}
1 2
+ Γ11 (q) f(q) + Γ11 (q) g(q) + ev (q) − Γ12 1 2
(q) e(q) + Γ12 (q) f(q) + fu (q) · N(q) .
(4.1110)

Como os vetores
Xu (q) , Xv (q) e N(q)
402 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

s~ao L.I. em R3 , de (4.1110) segue que


[ ] [ ]
0 = Γ111
(q) + Γ112 1
(q) Γ22 (q) + e(q) b21 (q) − Γ12 1 2
(q) − Γ12 1
(q) Γ12 (q) − f(q) b11 (q) , (4.1111)
v
[ ] u
[ ]
1 2 2 2 2 1 2 2
0 =Γ11 (q) Γ12 (q) + Γ11 (q) + Γ11 (q) Γ22 (q) + e(q) b22 (q) − Γ12 (q) Γ11 (q) − Γ12 (q)
v u
2 2
− Γ12 (q) Γ12 (q) − f(q) b12 (q) , (4.1112)
0 1 2
=Γ11 (q) f(q) + Γ11 1
(q) g(q) + ev (q) − Γ12 (q) e(q) − 2
Γ12 (q) f(q) − fu (q) . (4.1113)

De modo semelhante, utilizando-se (4.1106) e (4.1107), podemos produzir outras 6 equac~oes


envolvendo os smbolos de Christo el, entre outros.
3. Uma das equac~oes de (4.1111), (4.1112) e (4.1113), tornar-se-a:
[ ] [ ] [ ]2
2 2 1 2 1 2 2
Γ12 (q) − Γ11 (q) + Γ12 (q) Γ11 (q) − Γ11 (q) Γ12 (q) + Γ12 (q)
u v
− 2 2
Γ11 (q) Γ22 (q) = −E(q) K(q) , para q ∈ U, (4.1114)
onde K(q) denota o valor da curvatura gaussinana de X em q.
As outras duas equac~oes de (4.1111), (4.1112) e (4.1113), tornar-se-~ao:
[ ]
1
e(q) Γ12 2
(q) + f(q) Γ12 1
(q) − Γ11 2
(q) − g(q) Γ11 (q) = ev (q) − fu (q) , (4.1115)
[ ]
1
e(q) Γ22 2
(q) + f(q) Γ22 1
(q) − Γ12 2
(q) − g(q) Γ12 (q) = fv (q) − gu (q) . (4.1116)

A veri cac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
4. A equac~ao (4.1114) e denominada equação de Gauss.
As equac~oes (4.1115) e (4.1116) s~ao denominadas de equações de Codazzi-Mainardi.
As equac~oes (4.1114), (4.1115) e (4.1116) s~ao denominadas de equações de compatibilidade.
5. O item 5. da Observac~ao 4.8.12, nos diz que os smbolos de Christo el, associados a uma
s.p.r., SÓ dependem dos coe cientes da 1.a forma quadratica associada a s.p.r. e suas
derivadas parciais, de
E, F, G, Eu , Ev , Fu , Fv , Gu e Gv em U.

Com isto, juntamente com a equac~ao (4.1114), segue a demonstrac~ao do:


Teorema 4.9.1 (egregium de Gauss) A curvatura gaussiana de uma s.p.r. so depende da 1.a
forma quadratica, ou ainda, de
E , F , G , Eu , E v , Fu , F v , G u e Gv ,

calculados em U.
Observação 4.9.2

1. Do Teorema 4.9.1 segue que duas s.p.r. que s~ao isometricas ter~ao mesma curvatura gaus-
siana, nos respectivos pontos de U.
Isto segue do fato que s.p.r. que isometricas, pela De nic~ao 4.4.5, respectivos coe cientes
da 1.a forma quadratica iguais, nos correspondentes pontos de U.
4.9. TEOREMA EGREGIUM DE GAUSS 403

2. Observemos que, em geral, a recproca do Teorema 4.9.1 não e verdadeira, ou seja, podem
existir s.p.r. que n~ao s~ao isometricas, cujas respectivas curvatura gaussiana s~ao iguais.
Como exemplo para a situac~ao acima temos:
Consideremos X : U =. (0 , ∞) × (0 , 2 π) → R3 , dada por
.
X(u , v) = (u cos(v) , u sen(v) , ln(u)) , para (u , v) ∈ U (4.1117)

e X~ : U → R3 , dada por
~ , v) =. (u cos(v) , u sen(v) , v) ,
X(u para (u , v) ∈ U . (4.1118)

Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que as s.p.r. X e X~ t^em mesma curvatura
gaussiana em U, mas não s~ao isometricas.
3. O Teorema 4.9.1 perminte-nos concluir que algumas s.p.r. n~ao s~ao isometricas.
Por exemplo, podemos garantir que não existe uma isometria entre uma regi~ao do plano
e uma regi~ao de uma esfera.
De fato, pois as curvaturas gaussianas de uma e zero (ou seja, do plano) e da outra e
constante e n~ao nula (ou seja, da esfera).
Se fossem isometricas, pelo Teorema 4.9.1, teriam que ter mesma curvatura gaussiana,
que, como visto acima, n~ao occorre.
4. De modo semelhante podemos aplicar a mesma ideia para concluir que o toro, o cilindro
e a esfera, n~ao s~ao isometricos.
5. A import^ancia das equac~oes de compatibilidade (ou seja, (4.1114), (4.1115) e (4.1116))
deve-se ao fato que se temos func~oes
E , F , G , e , f , g ∈ C∞ (U ; R) ,

onde U e um subconjunto aberto, n~ao vazio e conexo de R2 , que satisfazem as equac~oes


de compatibilidade, ent~ao podemos obter uma s.p.r., que t^em as func~oes acima como
coe cientes de sua 1.a e 2.a formas quadraticas, mais precisamente, temos o:
Teorema 4.9.2 (fundamental das superfı́cies) Suponhamos que as func~oes
E , F , G , e , f , g ∈ C∞ (U ; R) , (4.1119)

onde U e um subconjunto aberto, n~ao vazio e conexo de R2 , satisfazem:


E(q) > 0 , (4.1120)
G(q) > 0 (4.1121)
e E(q) G(q) − F 2 (q) > 0 , (4.1122)

satisfazendo as equac~oes de compatibilidade (4.1114), (4.1115) e (4.1116). Ent~ao


1. Podemos encontrar uma s.p.r. X : U → R3 de modo que os coe cientes da 1.a e 2.a formas
quadraticas de X em U, s~ao dados pelas func~oes (4.1119).
404 CAPITULO 4. SUPERFICIES PARAMETRIZADAS

2. Alem disso, se X : U → R3 e X~ : U → R3 s~ao s.p.r. que t^em os coe cientes da 1.a e


2.a formas quadraticas de X em U, dados pelas func~oes (4.1119) (que satisfazem (4.1120),
(4.1121) e (4.1122)), ent~ao podemos encontrar um movimento rgido F : R3 → R3 , de modo
que
~ = F ◦ X.
X (4.1123)

Demonstração:
A demonstrac~ao deste resultado sera omitida pois envolve o estudo da exist^encia de soluc~oes de
equac~oes diferenciais parciais.

26.06.2017 - 29.a aula
Seminario sobre o Teorema de Gauss-Bonnet e palicac~aoes.
3.07.2017 - 30.a aula - 2.a Prova
10.07.2017 - 31.a aula - Prova Substitutiva

FIM
Capı́tulo 5

Bibliografia

A bibliogra a basica da disciplina sera:

1. Carmo, M.P. - Di erential Geometry of Curves and Surfaces.


2. Teneblat, K. - Introduc~ao a Geometria Diferencial.

405
406 CAPITULO 5. BIBLIOGRAFIA
Apêndice A

Aspectos básicos do Cálculo vetorial

Neste ap^endice faremos uma breve revis~ao dos conceitos basicos relacionados com o Calculo Vetorial
no plano e no espaco.

A.1 Sobre vetores no plano e no espaço


A seguir estabeleceremos notac~oes e propriedades que ser~ao utilizadas ao longo destas notas.
Observação A.1.1
1. Denotaremos por R2 , denominado plano geométrico, como sendo o conjunto formado
pelos pares ordenados de numeros reais, ou seja,
.
R2 = {(x , y) ; x , y ∈ R} . (A.1)

2. Denotaremos a dist^ancia entre dois pontos P , Q ∈ R2 , denotada por d(P , Q), como sendo
a dist^ancia euclideana entre os pontos P e Q, ou seja,
. .
se P = (x1 , x2 ) e Q = (y1 , y2 ) , (A.2)
onde x1 , x 2 , y 1 , y 2 ∈ R ,

.
de nimos: d(P , Q) = (y1 − x1 )2 + (y2 − x2 )2 . (A.3)

3. Denotaremos por R3 , denominado espaço geométrico, como sendo o conjunto formado


pelas ternas ordenados de numeros reais, ou seja,
.
R3 = {(x , y , z) ; x , y , z ∈ R} . (A.4)

4. Denotaremos a dist^ancia entre dois pontos P , Q ∈ R3 , denotada por d(P , Q), como sendo
a dist^ancia euclideana entre os pontos P e Q, ou seja,
. .
se P = (x1 , x2 , x3 ) e Q = (y1 , y2 , y3 ) , (A.5)
onde x1 , x2 , x3 , y1 , y2 , y3 ∈ R ,

.
de nimos: d(P , Q) = (y1 − x1 )2 + (y2 − x2 )2 + (y3 − x3 )2 . (A.6)

A seguir nos concentraremos no espaco R3 .


Com algumas excess~oes, os conceitos e propriedades tratadas a seguir, poder~ao facilmente serem
adaptadas para o plano geometrico R2 .

407
408 ^
APENDICE 
A. CALCULO VETORIAL

Observação A.1.2

1. Se P , Q ∈ R3 , denotaremos por PQ, o segmento de reta que une os pontos P e Q.


Nesta situac~ao, o comprimento do segmento de reta PQ, sera indicado por PQ, ou seja,

PQ = d(P , Q) .

Notemos que, se
. .
se P = (x1 , x2 , x3 ) e Q = (y1 , y2 , y3 ) ,
onde x1 , x2 , x 3 , y 1 , y 2 , y 3 ∈ R ,

ent~ao, de (A.6), teremos : PQ = (y1 − x1 )2 + (y2 − x2 )2 + (y3 − x3 )2 . (A.7)

2. Se P , Q ∈ R3 , o par ordenado (P , Q), sera denominado segmento orientado, com extremo


inicial no ponto P e extremo final no ponto Q.

3. Se (P , Q) e um segmento orientado, de nimos o comprimento de (P , Q), como sendo o


comprimento do segmento geometrico de extremo nos pontos P e Q, ou seja,
PQ ,

dado por (A.7).


Podemos introduzir, como feito na disciplina de Geometria Analtica, as noc~oes de direc~ao
e sentido para segmentos orientados e assim introduzir a noc~ao de vetor.
Deixaremos estes como exerccio para o leitor.
4. Se P , Q ∈ R3 , com P ̸= Q, o segmento orientado (P , Q), sera um representante do vetor
−→
PQ .

5. Denotemos por V 3 , o conjunto formado por todos os vetores do espaco.


−→
Os elementos de V 3 ser~ao indicados por ⃗v ou por PQ, se conhecemos um segmento orien-
tado, no caso (P , Q), que o representa.
Denotamos por O ⃗ , denominado vetor nulo, o vetor que tem como um de seus represen-
tantes o segmento orientado (P , P), para algum P ∈ R3 .
6. Diremos que dois vetores, ⃗u ,⃗v ∈ V 3 , s~ao iguais, escrevendo
⃗u = ⃗v

se eles possuem um mesmo segmento orientado que os representa.


{ }
7. Diremos que dois vetores, ⃗u ,⃗v ∈ V 3 \ ⃗ ,
O s~ao paralelos ou têm mesma direção, escre-
vendo
⃗u ∥ ⃗v ,
se eles possuem segmentos orientados que os representam, que s~ao paralelos.
Por de nic~ao, o vetor nulo O
⃗ ∈ V3 
e paralelo a qualquer outro vetor de V 3 .
A.1. SOBRE VETORES NO PLANO E NO ESPAC
O 409
{ }
8. Diremos que dois vetores, ⃗u ,⃗v ∈ V 3 \ O
⃗ , que s~
ao paralelos, determinam o mesmo sentido,
se eles possuem segmentos orientados que os representam, que t^em mesmo sentido.
Caso contrario, diremos que os vetores ⃗u e ⃗v t^em sentidos opostos.
9. Se ⃗v ∈ V 3 , podemos de nir a norma de ⃗v, denotada por ∥⃗v∥, como sendo o comprimento
de um segmento orientado que o representa.
10. Diremos que o vetor ⃗v ∈ V 3 e unitário , se
∥⃗v∥ = 1 .
{ }
11. De ⃗u ,⃗v ∈ V 3 \ O
⃗ , de nimos o ângulo entre os vetores ⃗u e ⃗v, como sendo o comprimento

do arco, medido em radianos, \ BAC , onde


−→ −→
⃗u =AB e ⃗v =AC .
π
Se o ^angulo entre os vetores ⃗u e ⃗v for igual a , diremos que os vetores ⃗u e ⃗v s~ao
2
ortogonais e escreveremos
⃗u ⊥ ⃗v .

Diremos que um conjunto nito de vetores de V 3 e ortogonal se, dois a dois, os vetores
do conjunto forem ortogonais.
Diremos que um conjunto nito de vetores de V 3 e ortonormal se, dois a dois, os vetores
do conjunto forem ortogonais e todos eles forem unitarios.
12. Podemos introduzir, como feito na disciplina de Geometria Analtica, as operac~oes de
adic~ao de vetores de V 3 e de multiplicac~ao de numero real por vetor de V 3 , indicadas por
⃗u + ⃗v e λ · ⃗u ,

onde ⃗u ,⃗v ∈ V 3 e λ ∈ R.
Deixaremos estes como exerccio para o leitor.
Desta forma teremos que ( )
V3 , + , ·
sera um espaco vetorial sobre R.
13. Dados P ∈ R3 e ⃗u ∈ V 3 , podemos mostrar que existe um unico ponto Q ∈ V 3 , de modo que
−→
⃗u =PQ .

Neste caso, o ponto Q ∈ V 3 sera denominado soma do ponto P com o vetor ⃗u, indicado
por P + ⃗u , ou seja,
Q = P + ⃗u ,
−→
se, e somente se, ⃗u =PQ . (A.8)

Deste modo, podemos denotar o vetor ⃗u acima, da seguinte


.
P − Q = ⃗u . (A.9)
410 ^
APENDICE 
A. CALCULO VETORIAL

14. Com as noc~oes acima, se P , Q ∈ R3 , com P ̸= Q, indicaremos por PQ , ao conjunto


.
PQ = {P + λ · Q ; λ ∈ [0 , 1]} , (A.10)
que dera denominado segmento de reta, que une o ponto P ao ponto Q.

15. Diremos que o conjunto de vetores de V 3


{⃗v1 ,⃗v2 , · · · ,⃗vn }

e linearmente dependente ou, simplesmente, L.D. se existirem numero reais


λ1 , λ2 , · · · , λn ∈ R ,
n~ao todos nulos, de modo que ⃗.
λ1 · ⃗v1 + λ2 · ⃗v2 + · · · + λn · ⃗vn = O (A.11)

Caso contrario, o conjunto de vetores


{⃗v1 ,⃗v2 , · · · ,⃗vn }

sera dito linearmente independente ou, simplesmente, L.I.


16. Como visto na disciplina de Geometria Analtica,
(a) todo conjunto de vetores que contenha o vetor nulo sera L.D.;
(b) qualquer subconjunto de um conjunto L.I., devera ser L.I.;
(c) se o conjunto
{⃗v1 ,⃗v2 , · · · ,⃗vn }
e L.I. e o conjunto
{⃗
w ,⃗v1 ,⃗v2 , · · · ,⃗vn }
e L.D., ent~ao existem unicos
λ1 , λ2 , · · · , λn ∈ R ,
de modo que ⃗ = λ1 · ⃗v1 + λ2 · ⃗v2 + · · · + λn · ⃗vn .
w (A.12)
17. Diremos que o conjunto de vetores de V 3
{⃗v1 ,⃗v2 , · · · ,⃗vn }

gera V 3 , se
{λ1 · ⃗v1 + λ2 · ⃗v2 + · · · + λn · ⃗vn ; λ1 , λ2 , · · · , λn ∈ R} = V 3 .

Um vetor que pertence ao conjunto da esquerda da identidade acima sera denominado


combinação linear dos vetores ⃗v1 ,⃗v2 , · · · ,⃗vn .
Denotaremos por
[⃗v1 ,⃗v2 , · · · ,⃗vn ]
o conjunto a esquerda da identidade acima.
18. Diremos que o conjunto B =. {⃗v1 ,⃗v2 , · · · ,⃗vn } e uma base (ordenada) de V 3 , se o conjunto
de vetores B gera V 3 e e L.I. .
Sabemos( que) toda base de V 3 t^em, exatamente, 3 vetores e a dimensão de V 3 , indicada
por dim V 3 , como sendo o numero de vetores de uma base qualquer de V 3 .
A.1. SOBRE VETORES NO PLANO E NO ESPAC
O 411

19. Diremos que uma base (ordenada) B =. {⃗v1 ,⃗v2 ,⃗v3 } de V 3 e ortonormal, se
⃗vi ⊥ ⃗vj , para i , j ∈ {1 , 2 , 3} , com i ̸= j ,
∥⃗vi ∥ = 1 para i , j ∈ {1 , 2 , 3} .

20. Sejam B =. {⃗v1 ,⃗v2 ,⃗v3 } e uma base (ordenada) de V 3 e ⃗u ∈ V 3 .


Do item 16c. acima, segue que existem unicos
a,b,c ∈ R,
tais que ⃗u = a · ⃗v1 + b · ⃗v2 + c · ⃗v3 . (A.13)

A terna ordenada
(a , b , c) ∈ R3
sera denominada, coordenadas do vetor ⃗u, em relação à base (ordenada) B .
Neste caso, utilizaremos o seguinte abuso da notac~ao:
⃗u = (a , b , c)B . (A.14)

Alem disso, podemos considerar a matriz 3 × 1, dada por


 
a
b
c

que sera denominada de matriz das coordenadas do vetor ⃗u, em relação à base (or-
denada) B e indicada por (⃗u)B , ou seja,
 
a
.  
(⃗u)B = b . (A.15)
c

21. Fixado um ponto O ∈ R3 e uma base (ordenada) B =. {⃗v1 ,⃗v2 ,⃗v3 } de V 3 , para ⃗u ∈ V 3 , do
item 13. acima, podemos encontrar um unico ponto P ∈ R3 , de modo que
Q = P + ⃗u ,
ou ainda P − O = ⃗u . (A.16)

22. Ao par (O , B) acima, daremos o nome de sistema de coordenadas em R3 .


Suponhamos que ⃗u ∈ V 3 seja dado por
⃗u = (a , b , c)B .

Desta forma, se P ∈ R3 , de nimos as coordenadas do ponto P, como sendo a terna


(a , b , c)

e, por abuso da notac~ao, escreveremos


P = (a , b , c) .
412 ^
APENDICE 
A. CALCULO VETORIAL

Notemos que
P = (a , b , c) ,
se, e somente, se (veja o item 13. acima) P − O = ⃗u
= (a , b , c)B . (A.17)

Se P , Q ∈ R3 s~ao tais que


P = (x1 , x2 , x3 ) ,
e Q = (y1 , y2 , y3 ) ,
−→
pode-se mostrar que: PQ= (y1 − x1 , y2 − x2 , y3 − x3 )B . (A.18)

23. Na situac~ao do item 22. acima, sabemos que se


.
⃗u = (a1 , b1 , c1 )B ,
.
⃗v = (a2 , b2 , c2 )B ,
.
⃗ = (a3 , b3 , c3 )B ,
w

s~ao as coordenadas dos vetores ⃗u e ⃗v, em relac~ao a base (ordenada) B , ent~ao


os vetores ⃗ s~
⃗u ,⃗v , w ao L.D.

a1 b1 c1

se, e somente se, a2 b2 c2 = 0 .
(A.19)
a b c
3 3 3

24. Seja B =. {⃗v1 ,⃗v2 ,⃗v3 } e uma base (ordenada) ortonormal de V 3 e


.
⃗u = (x1 , y1 , z1 )B ,
.
⃗v = (x2 , y2 , z2 )B ,

as coordenadas dos vetores ⃗u e ⃗v, em relac~ao a base (ordenada) ortonormal B .


Com isto, de nimos o produto interno (ou escalar) do vetor ⃗u pelo vetor ⃗v, indicado
por ⟨ ⃗u ,⃗v ⟩, como sendo
.
⟨ ⃗u ,⃗v ⟩ = x1 · x2 + y1 · y2 + x3 · y3 . (A.20)

Da disciplina de Geometria Analtica sabemos que o valor da express~ao acima independe


da base (ordenada) ortonormal xada em V 3 .
25. Na situac~ao do item 24. acima, temos que

∥⃗u∥ = ⟨ ⃗u , ⃗u ⟩ . (A.21)

26. Com isto temos que, B =. {⃗v1 ,⃗v2 ,⃗v3 } de V 3 e ortonormal se, e somente se,
{
0, para i , j ∈ {1 , 2 , 3} , com i ̸= j
⟨⃗vi ,⃗vj ⟩ = .
1, para i , j ∈ {1 , 2 , 3} , com i=j
A.1. SOBRE VETORES NO PLANO E NO ESPAC
O 413

27. Na situac~ao do item 26. acima, vale a desigualdade de Cauchy-Schwarz, a saber, se


⃗u ,⃗v ∈ V 3 , temos
|⟨ ⃗u ,⃗v ⟩| ≤ ∥⃗u∥ ∥⃗v∥ . (A.22)
{ }
28. Baseado no item 27. acima, podemos reobter o ^angulo entre dois vetores ⃗u ,⃗v ∈ V 3 \ ⃗ ,
O
da seguinte forma: seja θ ∈ [0 , π], de modo que
⟨ ⃗u ,⃗v ⟩ = ∥⃗u∥ ∥⃗v∥ cos(θ) . (A.23)

O ^angulo entre os vetores ⃗u e ⃗v sera θ.


Em particular,
⃗u ⊥ ⃗v ,
se, e somente se, ⟨ ⃗u ,⃗v ⟩ = 0 . (A.24)

29. Consideremos
O = (0 , 0 , 0) ,
.
P1 = (1 , 0 , 0) ,
.
P2 = (0 , 1 , 0)
.
P3 = (0 , 0 , 1) ,
.
e com estes, temos os vetores: ⃗e1 = P1 − O ,
.
⃗e2 = P2 − O ,
.
⃗e3 = P3 − O .

Deste modo temos que o conjunto


.
C = {⃗e1 , ⃗e2 , ⃗e3 } ,

sera uma base (ordenada) ortonormal de V 3 e, alem disso, teremos:


. .
⃗i = (1 , 0 , 0)C , ⃗j = (0 , 1 , 0)C e ⃗k = (0 , 0 , 1)C , (A.25)

e { }
.
B = ⃗i ,⃗j , ⃗k

sera denominada base canônica de V 3 .


Podemos tambem utilizar a seguinte notac~ao para os vetores acima:
. .
⃗e1 = ⃗i , ⃗e2 = ⃗j e ⃗e3 = ⃗k , (A.26)

30. Se na situac~ao do item 22. acima, a base (ordenda) B for ortogonormal, teremos que

−→
PQ = (y1 − x1 )2 + (y2 − x2 )2 + (y3 − x3 )2

(A.4)
= d(P , Q) . (A.27)
414 ^
APENDICE 
A. CALCULO VETORIAL

31. Se B =. {⃗u1 , ⃗u2 , ⃗u3 } e C =. {⃗v1 ,⃗v2 ,⃗v3 } s~ao duas bases (ordenadas) de V 3, ent~ao podemos
encontrar unicos escalares
aij ∈ R , para i , j ∈ {1 , 2 , 3} ,


v1 = a11 · ⃗u1 + a21 · ⃗u2 + a31 · ⃗u3

de modo que 
v2 = a12 · ⃗u1 + a22 · ⃗u2 + a32 · ⃗u3 ,

v = a · ⃗u + a · ⃗u + a · ⃗u
3 13 1 23 2 33 3

e assim obter a matriz quadrada 3 × 3,


 
a11 a12 a13
a21 a22 a23 
a31 a32 a33

que sera denominada matriz mudança de base, da base (ordenada) B para a base (or-
denada) C e indicada por MBC .
Sabemos que

a11 a12 a13

a21 a22 a23 =
̸ 0.
a a a
31 32 33

32. Na situac~ao do item 31. acima, se



a11 a12 a13

a21 a22 a23 > 0 ,

a
31 a32 a33

diremos que as bases (ordenadas) B e C determinam uma mesma orientação em V 3 .


Caso contrario, diremos que as bases (ordenadas) B e C determinam orientações o-
postas em V 3 .
Com isto o conjunto formado por todas as bases de V 3 podem ser dividido em dois grupos,
da seguinte forma: sejam B e C duas bases de V 3 que determinam orientac~oes opostas
em V 3 .
Consideremos os conjuntos
{ }
.
B= A ;A e base de V 3 e as bases B e A determinam a mesma orientac~ao em V 3 ,
{ }
.
e C= D;A e base de V 3 e as bases C e D determinam a mesma orientac~ao em V 3 .

A escolha de um dos conjuntos B e C e o que se denomina escolher uma orientação em V 3 .


Neste caso, uma base que esta na orientac~ao escolhida sera dita base positiva.
Fixado um dos conjuntos B ou C acima, diremos que V 3 esta orientado.
33. Fixada uma orientac~ao em V 3 , um sistema de coordenadas (O , B) de R3 sera dito ortogonal,
se a base (ordenada) B de V 3 , for uma base ortonormal na orientac~ao de V 3 .
A.2. SOBRE RETAS E PLANOS 415

34. Fixemos uma orientac~ao em V 3 e consideremos A =. {⃗u1 , ⃗u2 , ⃗u3 } uma base (ordenada)
ortonormal de V 3 pertencente a orientac~ao escolhida.
Sejam ⃗u ,⃗v ∈ V 3 , tais que
.
⃗u = (x1 , y1 , z1 )A ,
.
e ⃗v = (x2 , y2 , z2 )A .

Neste caso, de nimos o produto vetorial do vetor ⃗u pelo vetor ⃗v, indicado por ⃗u × ⃗v,
como sendo o vetor
.
⃗u × ⃗v = (y1 z2 − y2 z1 , x2 z1 − x1 z2 , x1 y2 − x2 y1 )A . (A.28)

Notemos que o vetor ⃗u × ⃗v pode ser obtido pelo determinande formal:



⃗u1 ⃗u2 ⃗u3

⃗u × ⃗v = x1 y1 z1 . (A.29)
x y z
2 2 2
{ }
Sabemos que se ⃗u ,⃗v ∈ V 3 \ ⃗ ,
O ent~ao o vetor ⃗u × ⃗v possui as seguintes propriedades:
(a ) ∥⃗u × ⃗v∥ = ∥⃗u∥ ∥⃗v∥ sen(θ) ,
onde θ e o ^angulo entre os vetores ⃗u e ⃗v ,
(b ) ⟨ ⃗u × ⃗v , ⃗u ⟩ = ⟨ ⃗u × ⃗v ,⃗v ⟩ = 0 ,
(c ) ⃗u × ⃗v = O ⃗ se, e somente se, os vetores ⃗u ,⃗v s~ao L.D. ,
(d ) ⃗u × ⃗v = −⃗v × ⃗u ,
(e ) ∥⃗u × ⃗v∥ e igual a area do paralelogramo, cujos lados s~ao paralelos aos vetores ⃗u, ⃗v e t^em
comprimentos iguais as respectivas normas .
(f ) se {⃗v1 ,⃗v2 ,⃗v3 } e uma base ortonormal de V 3 , ent~ao:
⟨⃗v1 ,⃗v2 × ⃗v3 ⟩ = ±1 .

A.2 Sobre retas e planos


No que segue, trataremos de temas relacionados com R3 e V 3 .
De modo geral podemos tratar, com algumas excess~oes, os mesmos temas em R2 e V 2 .
Deixaremos esses detalhes como exerccio para o leitor.
Observação A.2.1
{ }
1. Dados P ∈ R3 e ⃗u ∈ V 3 \ O ⃗ , a reta que contém o ponto P e tem a direção do ve-
tor ⃗u, denotada por r, ter
a uma equação vetorial, dada por
r : X = P + λ · ⃗u , para λ ∈ R. (A.30)

2. Fixado um sistema de coordenadas (O , B) em R3 , se


X = (x , y , z) ,
P = (xo , yo , zo ) ,
e ⃗u = (a , b , c)B ,
416 ^
APENDICE 
A. CALCULO VETORIAL

ent~ao da equac~ao vetorial da reta r, segue que





 x = xo + λ a ,
y = yo + λ b , , (A.31)


z = z + λ c
o

que ser~ao denominadas equações paramétricas da reta r.


3. Dados o ponto P ∈ R3 e os vetores ⃗u ,⃗v ∈ V 3 , que s~ao L.I., o plano que contém o ponto P
e que é paralelo aos vetores ⃗u e ⃗v, denotada por π, ter a uma equação vetorial, dada
por
π : X = P + λ · ⃗u + β · ⃗v , para λ , β ∈ R . (A.32)
4. Fixado um sistema de coordenadas (O , B) em R3 , se
X = (x , y , z) ,
P = (xo , yo , zo ) ,
⃗u = (a1 , b1 , c1 )B ,
e ⃗v = (a2 , b2 , c2 )B ,

ent~ao da equac~ao vetorial do plano π, segue que





x = xo + λ a1 + β a2 ,
y = yo + λ b 1 + β b 2 , (A.33)


z = z + λ c + β c ,
o 1 2

que ser~ao denominadas equações paramétricas do plano π.


5. Notemos que se os pontos P , Q , R ∈ R3 s~ao n~ao colineares ent~ao teremos que os vetores
−→ −→
PQ e PR

ser~ao L.I., e assim, determinar~ao um plano, que indicaremos por π, que contem o ponto
−→ −→
P e e paralelo aos vetores PQ e PR.
Nesta situac~ao uma equac~ao vetorial do plano π sera dada por:
−→ −→
π : X = P + λ· PQ +β· PR , para λ,β ∈ R. (A.34)

Desta forma, xado um sistema de coordenadas em R3 , podemos obter as equac~oes pa-


rametricas associadas ao planoa π.
6. Fixado um sistema de coordenadas ortogonal (O , B), considerando-se um ponto P ∈ R3 e
os vetores ⃗u ,⃗v ∈ V 3 , que s~ao L.I., ent~ao a equac~ao vetorial da reta, que indicaremos por
r, que contem o ponto P e ortogonal aos vetores ⃗u e ⃗v, sera dada por:
r : X = P + λ · (⃗u × ⃗v) , para λ ∈ R. (A.35)

Isto segue do fato que


⃗,
⃗u × ⃗v ̸= O
pois os vetores s~ao L.I. (veja o (b) do item 34. da Observac~ao A.1.2, da sec~ao A.1).
A.2. SOBRE RETAS E PLANOS 417

7. Fixado um sistema de coordenadas ortogonal (O , B), consideremos dois pontos X , P ∈ R3 ,


os vetores ⃗u ,⃗v ∈ V 3 , que s~ao L.I., dados por
X = (x , y , z) ,
P = (xo , yo , zo ) ,
⃗u = (a1 , b1 , c1 )B
e ⃗v = (a2 , b2 , c2 )B ,

e o plano π, que contem o ponto P e e paralelo aos vetores ⃗u e ⃗v.


Notemos que, do item 22. da Observac~ao A.1.2, da sec~ao A.1, segue que
−→
PX= (x − xo , y − yo , z − zo )B .

Ent~ao sabemos que


X ∈ π,
−→
se, e somente, se os vetores PX , ⃗u ,⃗v s~ao L.D. ,

x − xo y − yo z − zo

que, do item 23. da Observac~ao A.1.2, e o mesmo que a1
b1 c1 = 0 .
a b2 c2
2

A equac~ao acima pode ser reescrita como


ao x + bo y + co z + do = 0 , (A.36)

. b1 c1
onde ao = ,
b2 c2

. a c
bo = − 1 1 ,
a2 c2

. a1 b1
co = ,
a2 b2

. b1 c1 a1 c1

a 1 b1
zo .
do = − xo + yo −
b2 c 2 a2 c2 a 2 b2

Sabemos que os numeros reais ao , bo e co n~ao simultaneamente nulos.


Neste caso, a equac~ao (A.36) sera denominada equação geral do plano, do plano π.
8. Se situac~ao do item 7. acima, o sistema de coordenadas (O , B) for ortogonal, ent~ao o
vetor
.
⃗ = (ao , bo , co )B
n (A.37)
sera um vetor normal ao plano π.
9. Na situac~ao do item 8. acima, podemos obter uma equac~ao geral do plano, que indicaremos
por π, que contem o ponto P e e ortogonal ao vetor n ⃗ , onde
⃗ ̸= O

P = (xo , yo , zo ) ,
⃗ = (a , b , c)B ,
n
418 ^
APENDICE 
A. CALCULO VETORIAL

da seguinte forma:
X = (x , y , z) ∈ π ,
−→
se, e somente se PX⊥ n⃗,
⟨ ⟩
−→
que, do item 28. da Observac~ao A.1.2., e o mesmo que ⃗ = 0,
PX , n (A.38)

que, desenvolvendo a express~ao a esquerda dessa identidade, obteremos uma equac~ao geral
do plano π.
Apêndice B

Aspectos topológicos básicos

Neste ap^endice faremos uma breve revis~ao dos conceitos basicos relacionados com aspectos topologicos
de alguns espaco euclideanos.

B.1 Topologia de Rn
Observação B.1.1

1. Consideremos a distância usual no espaco vetorial real (Rn , + , ·), a saber, d : Rn × Rn →


R, dada por

. −→
d(P , Q) = ∥ PQ ∥ ,
onde ∥·∥ denota a norma usual de Rn , a saber:
se P = (x1 , x2 , · · · , xn ) e Q = (y1 , y2 , · · · , yn ) ,

−→ .
temos que PQ = (y1 − x1 )2 + (y2 − x2 )2 + · · · + (yn − xn )2 ,

que, por sua vez, provem do produto interno usual de Rn , a saber:
se ⃗u = (x1 , x2 , · · · , xn ) e ⃗v = (y1 , y2 , · · · , yn ) ,
.
temos que ⟨ ⃗u ,⃗v ⟩ = x1 y1 + x2 y2 + · · · + xn yn .

2. Dados Po ∈ Rn e ε > 0, de nimos a bola aberta de centro no ponto Po e raio ε, indi-


cada por Bε (Po ), como sendo o seguinte subconjunto de Rn :
.
Bε (Po ) = {P ∈ Rn ; d(P , Po ) < ε}
do item 1. acima
= {P ∈ Rn ; ∥P − Po ∥ < ε} . (B.1)

3. Diremos que A ⊆ Rn e um conjunto aberto em Rn se


para cada P ∈ A,
podemos encontrar ε > 0,
de modo que Bε (P) ⊆ A . (B.2)

4. Dado P ∈ Rn , um subconjunto aberto A ⊆ Rn que contenha o potno P, sera dito vizinhança


do ponto P em Rn , que sera indicada por V(P).
419
420 ^
APENDICE B. UM POUCO DE TOPOLOGIA

5. Diremos que F ⊆ Rn e conjunto fechado em Rn se


.
F c = Rn \ F e um conjunto aberto em Rn . (B.3)

6. Sejam P ∈ Rn e A ⊆ Rn .
Diremos que o ponto P e um ponto de acumulação do conjunto A, em Rn , se toda vi-
zinhanca do ponto P, intercepta o conjunto A em um ponto, distinto do ponto P, ou seja,
deveremos ter (A ∩ V(P)) \ {P} ̸= ∅ . (B.4)

O conjunto formado por todos os pontos de acumulac~ao do conjunto A sera denominado


derivado do conjunto A e indicado por A ′ .

7. Foi mostrado na disciplina de Espaco Metricos, que um subconjunto de Rn e fechado se,


e somente se, ele contem todos os seus pontos de acumulac~ao, ou seja,
A′ ⊆ A .

8. Dado A ⊆ Rn , de nimos o fecho do conjunto A, em Rn , indicado por A, como sendo o


conjunto formado por todos os pontos do conjunto A, juntamente com todos pontos de
acumulac~ao do conjunto A, ou seja,
A = A ∪ A′ . (B.5)

9. Diremos que o ponto P ∈ Rn e um ponto interior do conjunto A ⊆ Rn , se


podemos encontrar ε > 0,
de modo que Bε (P) ⊆ A . (B.6)

10. O conjunto formado por todos os pontos interiores de um conjunto A ⊆ Rn , sera denomi-

nado interior do conjunto A e indicado por A.
11. Foi mostrado na disciplina de Espaco Metricos, que um subconjunto de A ⊆ Rn e aberto
se, e somente se, todos os seus pontos s~ao pontos interiores do mesmo, ou seja,

A= A . (B.7)

12. De nimos a fronteira do conjunto A ⊆ Rn , denotada por ∂A, como sendo o conjunto

∂A = A \ A . (B.8)

13. Diremos que o conjunto A ⊆ Rn e limitado em Rn , se


podemos encontrar r>0 e P ∈ Rn ,
de modo que A ⊆ Br (P) . (B.9)

14. Diremos que A ⊆ Rn e um conjunto conexo em Rn , se


A = A1 ∪ A2 ,
com A1 ∩ A2 = ∅ e A1 ∩ A2 = ∅ ,
implicar, necessariamente, que A1 = ∅ ou A2 = ∅ . (B.10)
B.1. TOPOLOGIA DE RN 421

15. Diremos que A ⊆ Rn e um conjunto conexo por caminhos em Rn , se


dados P,Q ∈ A,
podemos encontrar uma func~ao contnua γ : [a , b] → A ,
de modo que γ(a) = P e γ(b) = B . (B.11)

16. Foi mostrado na disciplina de Espaco Metricos, que todo conjunto conexo por caminhos
em e um conjunto conexo.
A recproca e falsa.
17. Diremos que A ⊆ Rn e um conjunto compacto em Rn , se ele for limitado em fechado
em Rn .
Notemos que, em geral, a de nic~ao de compacidade em um espaco metrico qualquer n~ao
e a que estamos usando acima. Porem, se o espaco metrico for um espaco vetorial de
dimens~ao nita, a de nic~ao acima e equivalente a de nic~ao geral.
422 ^
APENDICE B. UM POUCO DE TOPOLOGIA
Apêndice C

Aspecos básicos do Cálculo Diferencial


no plano e no espaço

13.03.2017 - 3.a aula


Neste ap^endice faremos uma breve revis~ao dos conceitos basicos relacionados com o Calculo Dife-
rencial em alguns espacos euclideanos.

C.1 Funções vetoriais


Todos os conceitos a seguir ser~ao tratados no espaco R3 .
Muitos destes, com algumas excess~oes, podem tambem ser considerados no plano R2 .
Temos a:
Observação C.1.1

1. Uma func~ao α : (a , b) → R3 sera denominada função vetorial (no espaço).


Deste modo, podemos encontrar func~oes x , u , z ∈ (a , b) → R, de modo que
α(t) = (x(t) , y(t) , z(t)) , para t ∈ (a , b) .

Tais func~oes ser~ao denominadas funções coordenadas associadas à função α.


2. Dadas as func~oes vetoriais α , β : (a , b) → R3 e a func~ao f : (a , b) → R, podemos de nir as
func~oes
(α±β) : (a , b) → R3 , (f·α) : (a , b) → R3 , ⟨ α , β ⟩ : (a , b) → R e (α×β) : (a , b) → R3 ,

dadas por
.
(α ± β)(t) = α(t) ± β(t) ,
.
(f · α)(t) = f(t) · α(t) ,
.
⟨ α , β ⟩ (t) = ⟨ α(t) , β(t) ⟩ ,
.
(α × β)(t) = α(t) × β(t) ,

para cada t ∈ (a , b).


Notemos que a ultima func~ao so pode ser de nida em R3 .
423
424 ^
APENDICE 
C. CALCULO DIFERENCIAL

3. Se α : (a , b) → R3 e to ∈ (a , b), diremos que limite da função vetorial α, quando t apro-


xima-se de to , é igual a L ∈ R3 , denotando por

lim α(t) = L ,
t→to

se dado ε > 0, podemos encontrar δ > 0, de modo que


se t ∈ (a , b) ,
satisfaz 0 < |t − to | < δ ,
ent~ao deveremos ter ∥α(t) − L∥ < ε .

4. Sabendo-se que as func~oes x , y , z ∈ (a , b) → R s~ao as func~oes coordenadas da func~ao


vetorial α : (a , b) → R3 ,
considerando-se L = (l1 , l2 , l3 ) ∈ R3 ,
ent~ao lim α(t) = L ,
t→to

se, e somente se, lim x(t) = l1 ,


t→to

lim y(t) = l1
t→to

e lim z(t) = l3 .
t→to

Baseado neste fato, podemos concluir que valem as propriedades analogas de limites de
func~oes de uma variavel real, a valores reais, para func~oes vetoriais, entre as quais temos
as respectivas func~oes do item 2. acima.
5. Diremos que uma func~ao vetorial α : (a , b) → R3 e contı́nua em to ∈ (a , b), se
lim α(t) = α(to ) .
t→to

Diremos que a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 e contı́nua em (a , b), se ela for contnua


em cada um dos pontos de (a , b).
6. Sabendo-se que as func~oes x , y , z ∈ (a , b) → R s~ao as func~oes coordenadas da func~ao
vetorial α : (a , b) → R3 , temos que a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 sera contnua em
to ∈ (a , b) se, e somente se, as func~ oes x , u , z ∈ (a , b) → R s~ao contnuas em to .
De modo semelhante, a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 sera contnua em (a , b) se, e
somente se, as func~oes x , y , z ∈ (a , b) → R s~ao contnuas em (a , b).
Baseado neste fato, podemos concluir que valem as propriedades analogas de continuidade
de func~oes de uma variavel real, a valores reais, para func~oes vetoriais.
7. Diremos que uma func~ao vetorial α : (a , b) → R3 e diferenciável em to ∈ (a , b), se existir
o limite
α(t) − α(to )
lim .
t→to t − to

Neste caso, diremos que o limite acima e a derivada (primeira) da função vetorial α
em to .
C.1. FUNC ~
 OES VETORIAIS 425

Alem disso, o limite acima sera denotado por



α ′ (to ) ou (to ) ,
dt
ou seja,
. α(t) − α(to )
α ′ (to ) = lim .
t→to t − to

Diremos que a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 e diferenciável em (a , b), se ela for dife-


renciavel em cada um dos pontos de (a , b).
8. Sabendo-se que as func~oes x , y , z ∈ (a , b) → R s~ao as func~oes coordenadas da func~ao
vetorial α : (a , b) → R3 , temos que
a func~ao vetorial α sera diferenciavel em to ∈ (a , b) ,
se, e somente se, cada uma das funco~es componentes x , y e z forem
diferenciaveis em to . (C.1)

Alem disso, teremos


α ′ (to ) = (x ′ (to ) , y ′ (to ) , z ′ (to )) .

9. Como consequ^encia do item 8. acima e das propriedades bascias de diferenciac~ao de


func~oes de uma varievel real, a valores reais, temos que se as func~oes vetoriais α , β :
(α, , b) → R3 , juntamente com a func~ ao f : (a , b) → R, s~ao diferenciaveis em to ∈ (a , b),
segue as func~oes α + β, f · α, ⟨ α , β ⟩ e α × β s~ao diferenciaveis em to .
Alem disso, teremos:
(α ± β)(to ) ′ = α ′ (to ) ± β ′ (to ) ,
(f · α) ′ (to ) = f ′ (to ) · α(to ) + f(to ) · α ′ (to ) ,
⟨ ⟩ ⟨ ⟩
⟨ α , β ⟩ ′ (to ) = α ′ (to ) , β(to ) + α(to ) , β ′ (to ) ,
(α × β) ′ (to ) = α ′ (to ) × β(to ) + α(to ) × β ′ (to ) .

10. Sabemos tambem que, se a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 e diferenciavel em to ∈ (a , b)


e a func~ao f : (c , d) → (a , b) e diferenciavel em so ∈ (c , d), ent~ao a func~ao composta
(α ◦ f) : (c , d) → R3 (tamb em e uma func~ao vetorial) sera diferenciavel em so e, alem
disso, teremos
d(α ◦ f) dα df
(so ) = (f(so )) · (so ) , (C.2)
ds dt ds
. .
ou ainda, se t = f(s) e to = f(so ) ,
d(α ◦ f) dα dt
teremos: (so ) = (to ) · (so ) , (C.3)
ds dt ds
denominada regra da cadeia
11. Se a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 e diferenciavel em (a , b), podemos considerar a func~ao
vetorial α ′ : (a , b) → R3 .
426 ^
APENDICE 
C. CALCULO DIFERENCIAL

Se a func~ao vetorial α ′ for diferenciavel em to ∈ (a , b), diremos que a func~ao vetorial α


e duas vezes diferenciável em to e, neste caso, denotaremos (α ′ ) ′ (to ) por
d2 α
α ′′ (to ) ou (to ) ,
dt2
ou seja,
.
α ′′ (to ) = (α ′ ) ′ (to ) ,
que sera denominada derivada segunda da função vetorial α em to .
Diremos que a func~ao vetorial α : (a , b) → R3 e duas vezes diferenciável em (a , b), se
ela for daus vezes diferenciavel em cada um dos pontos de (a , b).
12. Para n ∈ {3 , 4 , · · · }, de modo analogo ao item 11. acima, podemos de nir func~ao vetorial
α : (a , b) → R3 n-vezes diferenci avel em um instante (ou em todo o domnio da mesma)
e a derivada de ordem n da func~ao vetorial naquele instante (ou em todo o domnio da
mesma. .
Neste caso denotaremos a assim denominada derivada de ordem n da função vetorial α
em to , por
dn α
α(n) (to ) ou (t ) .
n o dt

13. Diremos que uma func~ao vetorial α : (a , b) → R3 e de classe C∞ em (a , b) se cada n ∈


N ∪ {0} a func~
ao vetorial α for n-vezes diferenciavel em (a , b).
O conjunto formado por todas as func~oes vetoriais, a valores no espaco, que s~ao de classe
C∞ e (a , b), ser
a indicado por ( )
C∞ (a , b) ; R3 .
( )
14. Sabemos que, se α ∈ C∞ (a , b) ; R3 , para cada n∈N e to ∈ (a , b), podemos encontrar
c ∈ (a , b), de modo que

α ′ (to ) α(n) (to )


α(t) = α(to ) + α ′ (to ) · (t − to ) + · (t − to )2 + · · · + · (t − to )n
2! n!
α(n+1) (c)
+ · (t − to )n+1 ,
(n + 1)!

que e denominada fórmula de Taylor, asssociada à função vetorial α, em to .


15. Considerando-se n = 1, no item 14. acima, teremos o, assim conhecido, teorema do valor
médio, para funções vetoriais, que nos diz que, existe c ∈ (a , b) de modo que

α(t) − α(to ) = α ′ (c) (b − a) .

16. Na situac~ao do item 14., a func~ao vetorial Pn : (a , b) → R3 , dada por


. α ′ (to ) α(n) (to )
Pn (t) = α(to ) + α ′ (to ) · (t − to ) + · (t − to )2 + · · · + · (t − to )n ,
2! n!
para t ∈ (a , b) sera denominada polinômio de Taylor de ordem n, asssociada à função
vetorial α, em to .
C.2. FUNC ~
 OES 
DE VARIAS 
VARIAVEIS REAIS, A VALORES VETORIAIS 427

Alem disso, a func~ao vetorial Rn : (a , b) → R3 , dada por


. α(n+1) (c)
Rn (t) = · (t − to )n+1
(n + 1)!

para t ∈ (a , b), ser


a denominada resto de Taylor de ordem n + 1, asssociada à função
vetorial α, em to

17. Na situac~ao dos itens 14. e 16., podemos mostrar que


Rn (t)
lim ⃗.
=O
t→to (t − to )n

C.2 Funções de várias variáveis reais, a valores vetoriais


Nesta sec~ao lembraremos de alguns conceitos associados a func~oes de varias variaveis reais, a valores
vetoriais.
Para isto temos a:

Observação C.2.1

1. Seja A ⊆ Rn e f : A → Rm uma func~ao.


Logo podemos encontrar func~oes f1 , f2 , · · · , fm : A → R, de modo que
f(P) = (f1 (P) , f2 (P) , · · · , fm (P)) ∈ Rm , para P ∈ A.

As func~oes f1 , f2 , · · · , fm ser~ao denominadas funções componentes da função f.


Para i ∈ {1 , 2 , · · · , m} a func~ao fi : A → R sera denominada i-ésima função componente
da função f.

2. Na situac~ao do item 1. acima, se f , g : A → Rm podemos de nir as func~oes


f ± g : A → Rm , ⟨f,g⟩ : A → R

e a func~ao
f × g : A → Rn , se m = 3.

3. Diremos que a func~ao T : Rn → Rm e transformação linear se


T (P + λ · Q) = T (P) + λ · T (Q) , para P , Q ∈ Rn e λ ∈ R.

Notemos que, se a func~ao T : Rn → Rm e linear deveremos ter


T (On ) = Om ,

onde
. .
On = (0 , 0 , ·, 0) ∈ Rn e Om = (0 , 0 , ·, 0) ∈ Rm .
428 ^
APENDICE 
C. CALCULO DIFERENCIAL

4. Denotemos o conjunto formado por todas as transformac~oes lineares entre os espacos


vetoriais (Rn , + , ·) e (Rm , + , ·), por
L (Rn ; Rm ) .


Foi visto na disciplina de Algebra Linear que,
(L (Rn ; Rm ) , + , ·)

e um espaco vetorial sobre R, onde + denota a operac~ao de adic~ao usual de func~oes e ·


dentoa a operac~ao de multiplicac~ao usual de um numero real por uma func~ao.
5. Se T ∈ L (Rn ; Rm ) e
. .
B = {u1 , u2 , · · · , un } e C = {v1 , v2 , · · · , vm }

s~ao bases dos espacos vetoriais (Rn , + , ·) e (Rm , + , ·), respectivamente, ent~ao, para cada
i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, podemos encontrar escalares

a1i , a2i , · · · , ami ∈ R ,

de modo que
T (ui ) = a1i · v1 + a2i · v2 + · · · + ami · vm ,
e assim construir a seguinte matriz m × n:
 
a11 a12 ··· a1n
 a21 a22 ··· a2n 
 
 .. .. ..  ,
 . ···. . 
am1 am2 · · · amn

que sera denominada matriz da transformação linear T , em relação as base B e C e


indicada por [T ]B ,C .

Sabemos, da disciplina de Algebra Linear, que uma transformac~ao linear ca comple-
tamente determinada se conhecemos seu valor em cada um dos elementos de uma base
do seu domnio ou, em particular, se conhecemos a matriz da transformac~ao linear em
relac~ao a bases do seu domnio e do seu contra-domnio.
6. Denotemos por Mnm (R) o conjunto formado por todas as matrizes, com entradas reais,
que sejam do tipo n × m.

Foi visto na disciplina de Algebra Linear que,
(Mnm (R) , + , ·)

e um espaco vetorial sobre R, onde + denota a operac~ao de adic~ao usual de matrizes e ·


denota a operac~ao de multiplicac~ao usual de um numero real por uma matriz.

7. Tambem foi visto naa disciplina de Algebra Linear que,
dim [Mnm (R)] = n · m = dim [L (Rn ; Rm ]) ,
ou seja, os espacos vetorias reais considerados s~ao isomorfos (ou seja, existe uma trans-
formac~ao linear bijetora de nida entre eles).
C.2. FUNC ~
 OES 
DE VARIAS 
VARIAVEIS REAIS, A VALORES VETORIAIS 429

Na observac~ao a seguir relembraremos quest~oes relacionadas com limites, continuidade e suas


relac~oes com conexidade e compacidade em espacos euclideanos (mais precisamente, em Rk ).
Observação C.2.2

1. Sejam A um subconjunto aberto de Rn , Po ∈ A e f : A → Rm uma func~ao.


Diremos que o limite de F(P), quando P aproxima-se de Po , é igual a L ∈ Rm , se
dado ε > 0,
podemos encontrar δ > 0,
de modo que Bδ (Po ) ⊆ A (que e sempre possvel pois o conjunto A e aberto) ,
e para 0 < ∥P − Po ∥Rn < δ ,
implicar que ∥f(P) − L∥Rm < ε , (C.4)
ou seja, f (Bδ (Po )) ⊆ Bε (L) .

Neste caso, denotaremos L por


lim f(P) =. L . (C.5)
P→Po

2. Na situac~ao do item 1. acima, se as func~oes coordenadas da func~ao f s~ao as func~oes (veja


o item 1. da Observac~ao C.2.1)
f1 , f2 , · · · , fm : A → R
e L = (l1 , l2 , · · · , lm ) ∈ Rm ,

ent~ao vimos (na disciplina de Calculo 2) que


lim f(P) =. L
P→Po

se, e somente se, lim fj (P) =. lj , para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m} . (C.6)


P→Po

3. Na situac~ao do item 1. acima, diremos que a func~ao f e contı́nua em Po ∈ A se


lim f(P) = f(Po ) . (C.7)
P→Po

Diremos que a func~ao f e contı́nua no conjunto A, se ela for contnua em cada por do
conjunto A.
4. Na situac~ao do item 1. acima, se as func~oes coordenadas da func~ao f s~ao as func~oes (veja
o item 1. da Observac~ao C.2.1)
f1 , f2 , · · · , fm : A → R
e L = (l1 , l2 , · · · , lm ) ∈ Rm ,

ent~ao vimos (na disciplina de Calculo 2) que a func~ao f e contnua em Po ∈ A se, e


somente se, a func~ao fj e contnua em Po , para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m}.
De modo semelhante, temos que a func~ao f e contnua no conjunto A se, e somente se, a
func~ao fj e contnua no conjunto A, para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m}.
430 ^
APENDICE 
C. CALCULO DIFERENCIAL

aberto
5. Suponhamos que a func~ao f : A ⊆ Rn → R e contnua em Po ∈ A e que
f(Po ) > 0 ,
ent~ao podemos garantir a exist^encia de δ > 0,
de modo que Bδ (Po ) ⊆ A ,
e, alem disso, para P ∈ Bδ (Po ) ,
deveremos ter f(P) > 0 . (C.8)

Vale um resultado analogo se


f(Po ) < 0 .

Este resultado e consequ^encia do Teorema da conservac~ao do sinal para limites.


6. Se A e um subconjunto aberto de Rn , B e um subconjunto aberto de Rm , a func~ao f : A →
e contnua em Po ∈ A e a func~ao g : B → Rk e contnua em Qo =. f(Po ) ent~ao vimos
Rn 
(na disciplina de Calculo 2) que a func~ao composta g ◦ f sera contnua em Po .
Em particular, temos ( )
lim (g ◦ f)(P) = g lim f(P) . (C.9)
P→Po P→Po

7. Suponhamos que A e um subconjunto de Rn e f : A → Rm e contnua em A.


Sabemos tambem que (visto na disciplina de Espacos Metricos);
(a) se A e um subconjunto conexo de Rn , ent~ao o conjunto f(A) sera um subconjunto
conexo de Rm .
Nesta situac~ao, se m = 1 e
a , b ∈ f(A) , com a < b ,
podemos garantir que
[a , b] ⊆ f(A) ,
ou seja, para todo c ∈ [a , b], podemos encontrar P ∈ A, de modo que
f(P) = c . (C.10)

Em particular f(A) sera um intervalo de R.


Alem disso, do fato acima e do item 5. acima, segue que
se f(P) ̸= 0 , para P ∈ A ,
segue que a func~ao f n~ao muda de sinal em A .
(b) se A e um subconjunto compacto de Rn , ent~ao o conjunto f(A) sera um subconjunto
compacto de Rm .
Nesta situac~ao, se m = 1, podemos garantir que a func~ao f assume maximo e mnimos
globais em A, ou seja, podemos encontrar Po , Qo ∈ A, de modo que
f(Po ) ≤ f(P) ≤ f(Qo ) , para P ∈ A. (C.11)
C.2. FUNC ~
 OES 
DE VARIAS 
VARIAVEIS REAIS, A VALORES VETORIAIS 431

8. Suponhamos que A , B s~ao subconjuntos abertos de Rn e f : A → B seja uma func~ao


contnua em A, bijetora e cuja func~ao inversa f−1 : B → A seja uma func~ao em B.
Neste caso diremos que a func~ao f e um homeomorfismo de A em B.
9. Na situac~ao do item 8. acima, diremos que o conjunto A é homeomorfo ao conjunto B.
Na observac~ao a seguir relembraremos quest~oes relacionadas com derivadas direcionais, derivadas
parciais, diferenciac~ao e suas relac~oes.

Observação C.2.3 Para o que segue, consideraremos A um subconjunto aberto de Rn , Po ∈ A


e f : A → Rm uma func~ao.
1. Seja ⃗u ∈ Rn um vetor unitario. De nimos a derivada direcional da função f, no ponto Po ,
∂f
na direção do vetor ⃗u,, indicada por (Po ), como sendo o limite
∂⃗u
f(Po + t · ⃗u) − f(Po )
lim (C.12)
t→0 t,

se o limite acima existir.


2. Se
.
B = {⃗e1 , ⃗e2 , · · · , ⃗en }

e a base can^onica de (Rn , +, ·), para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , n}, a derivada direcional da func~ao
f, no ponto Po , na direc~ ao do vetor (unitario) ⃗ej , sera deniminada derivada parcial, em
∂f
relação à xj , da função f, no ponto Po , indicada por (Po ), se exitir, ou seja,
∂xj

∂f . f(Po + t · ⃗ej ) − f(Po )


(Po ) = lim , (C.13)
∂xj t→0 t,

se existir.
Na situac~ao acima, em termos das func~oes coordenadas (veja o item 1. da Observac~ao
C.2.1), temos que ( )
∂f ∂f1 ∂f2 ∂fm
(Po ) = (Po ) , (Po ) , · · · , (Po ) . (C.14)
∂xj ∂xj ∂xj ∂xj

3. Se m = 1, e existem todas as derivadas parciais da func~ao f : A → R no ponto Po ∈


A, deinimos o vetor gradiente da função f, no ponto Po , de notado por ∇f(Po ), como
sendo o vetor ( )
. ∂f ∂f ∂f
∇f(Po ) = (Po ) , (Po ) , · · · , (Po ) ∈ Rn . (C.15)
∂x1 ∂x2 ∂xn

4. Se m = 1, na disciplina de Calculo 2, vimos que uma func~ao f : A → R admite, em um


ponto Po ∈ A, derivada direcional na direc~ao de qualquer vetor unitario, se, e somente se,
existem todas as derivadas parciais da func~ao f no ponto Po e, alem disso, para ⃗u ∈ Rn
vetor unitario, teremos:
∂f
(Po ) = ⟨∇f(Po ) , ⃗u⟩ . (C.16)
∂⃗u
432 ^
APENDICE 
C. CALCULO DIFERENCIAL

∂f
5. Se, para j ∈ {1 , 2 , · · · , n}, a func~ao : A → Rm estiver bem de nida e, para k ∈
∂xj
{1 , 2 , · · · , n}, existir o limite
∂f ∂f
(Po + t · ⃗ek ) − (Po )
∂xj ∂xj
lim , (C.17)
t→0 t,
diremos que a func~ao possui derivada parcial de 2.a ordem, em relação à xk e xj , no
ponto Po .
Neste caso, o limite (C.17) sera denominado derivada parcial de 2.a ordem, em relação
∂2 f
à xk e xj , no ponto Po e indicado por (Po ), ou seja,
∂xk ∂xj
( )
∂2 f ∂ ∂f
(Po ) = (Po ) . (C.18)
∂xk ∂xj ∂xk ∂xj

6. Da disciplina de Calculo 2, sabemos que se a func~ao f, juntamente com as suas derivadas


parciais ate a 2.a ordem forem contnuas em A ent~ao, para j , k ∈ {1 , 2 , · · · , n}, temos que
termeos
∂2 f ∂2 f
(Po ) = (Po ) , (C.19)
∂xk ∂xj ∂xj ∂xk
conhecido como teorema de Schwarz.
7. Podemos, de modo semelhante ao item 5. acima, introduzir a noc~ao de derivadas parciais
de ordem n, para n ∈ {3 , 4 , · · · }.
Deixaremos isto como exerccio para o leitor.
8. Diremos que a func~ao f : A → Rm e diferenciável em Po ∈ A, se existir uma trans-
formac~ao linear T : Rn → Rm , de modo que
f(Po + ⃗u) − f(Po ) − T (⃗u)
lim ⃗m.
=O (C.20)
⃗n
u→O
⃗ ∥⃗u∥Rn

Neste caso a transformac~ao linear T sera unica e denominada derivada da f no ponto Po


e denotada por f ′ (Po ) , ou seja,
.
f ′ (Po ) = T . (C.21)

16.03.2017 - 4.a aula

9. Como vimos na disciplina de Calculo 2, se a func~ao f e diferenciavel em Po , ent~ao existir~ao


as derivadas direcionais da func~ao f, no ponto Po , na direc~ao de qualquer vetor unitario
e, alem disso, se ⃗u ∈ Rn e um vetor unitario, teremos:
∂f
(Po ) = f ′ (Po )(⃗u) , (C.22)
∂⃗u
∂f
em particular, (Po ) = f ′ (Po )(⃗ej ) ,
∂xj

para j ∈ {1 , 2 , · · · , n}.
C.2. FUNC ~
 OES 
DE VARIAS 
VARIAVEIS REAIS, A VALORES VETORIAIS 433

10. Tambem sabemos, da disciplina de Calculo 2, que se a func~ao f e diferenciavel em Po ∈ A,


ent~ao a matriz da transformac~ao linear f ′ (Po ), em relac~ao as bases can^onicas B e C , de
Rn e Rm , respectivamente, ser
a dada por
 
∂f1 ∂f1 ∂f1
(P ) (Po ) ··· (Po )
 ∂x1 o ∂x2 ∂xn 
 
 
 
[ ′ ]  ∂f2 ∂f2 ∂f2 
f (Po ) B ,C =
 ∂x1 o
(P )
∂x2
(Po ) ···
∂xn
(Po )  ,
 (C.23)
 .. .. .. 
 . . ··· . 
 
 ∂fm ∂fm ∂fm 
(Po ) (Po ) · · · (Po )
∂x1 ∂x2 ∂xn
que e denominada matriz jacobiana da função f, no ponto Po e indicada por Jf (Po ).
11. Se m = n, o determinante da matriz jacobiana da func~ao f, no ponto Po , sera denominado
de jacobiano da função f, no ponto Po e denotado por jf (Po ).
12. Vimos na disciplina de Calculo 2, que:
(a) se a func~ao f e diferenciavel em Po ∈ A, ent~ao ela sera contnua em Po .
(b) Se a func~ao f, juntamente com todas as derivadas parciais de 1.a ordem da mesma,
forem contnuas em Po , ent~ao a func~ao f sera diferenciavel me Po .
(c) Diremos que a func~ao f e de classe Ck , em A se a func~ao, juntamente com todas as
derivadas parciais ate a ordem k, forem contnuas no conjunto A.
Denotaremos o conjunto formado por tais func~oes por
Ck (A ; Rm ) .

De modo semelhante, de nimos o conjunto


C∞ (A ; Rm ) ,

como sendo o conjunto formado por todas as func~oes contnuas em A e que possuem
derivadas parciais de qualquer ordem, contnuas no conjunto A.
aberto
13. Vimos na disciplina de Calculo 2, que se f : A ⊆ Rn → Rm uma func~ao diferenciavel
aberto
em Po ∈ A e g : B ⊆ Rm → Rk uma func~ao diferenciavel em f(Po ) ∈ B, ent~ao a func~ao
composta g ◦ f sera diferenciavel em Po e, alem disso, teremos
(g ◦ f) ′ (Po ) = g ′ (f(Po )) ◦ f ′ (Po ) , (C.24)
denominada de regra da cadeia.
aberto aberto
14. Diremos que a func~ao f : A ⊆ Rn → B ⊆ Rm e um difeomorfismo de A em B, se a
func~ao f e bijetora, diferenciavel em A e sua func~ao inversa f−1 : B → A for diferenciavel
em B.
Se, na situac~ao acima para k ∈ N, tivermos f ∈ Ck (A ; B) e f−1 ∈ Ck (B ; A), diremos que a
func~ao f e difeomorfismo de classe Ck .
De maneira analoga podemos introduzir a noc~ao de difeomor smo de classe C∞ .
434 ^
APENDICE 
C. CALCULO DIFERENCIAL

15. Se m = 1, vale um resultado analogo do Teorema de Taylor, para func~ao de varias


variaveis.
aberto
Enunciaremos o caso que n = 2: seja f : A ⊆ R2 → R uma func~ao de classe C∞ em A e
Po ∈ A, como
Po = (xo , yo ) .

Ent~ao, podemos encontrar uma vizinhanca do ponto Po , indicada por V(Po ), de modo que,
se (x , y) ∈ V(Po ), teremos:
( )
∂f ∂f
f(x , y) = f(xo , yo ) + (xo , yo ) h + (xo , yo ) k
∂x ∂y
( 2 )
∂ f ∂2 f ∂2 f
+ + 2 (xo , yo ) h + 2 2
(xo , yo ) h k + 2 (xo , yo ) k + · · · +
2
∂x ∂x ∂y ∂y
( n n
)
∂ f ∂ f ∂n f
+ (x o , y o ) h n
+ n (x o , y o ) hn−1
k + · · · + (x o , y o ) kn
∂xn ∂xn−1 ∂y ∂yn
+ Rn+1 (x , y , xo , yo ) , (C.25)

onde
Rn+1 (x , y , xo , yo )
lim = 0, (C.26)
(x ,y)→(xo ,yo ) ∥(x , y) − (xo , yo )∥

que e denominada fórmula de Taylor para a função f, no ponto Po

16. Da disciplina de Analise 2, temos o Teorema da função inversa:


aberto
Seja f : A ⊆ Rn → Rn uma func~ao de classe Ck em A e Po ∈ A tal que o operador
linear f ′ (Po ) : Rn → Rn e injetor (portanto bijetor, pois as dimens~oes do domnio e do
contra-domnio da func~ao f tem mesma dimens~ao, na verdade, s~ao iguais).
Ent~ao podemos encontrar uma vizinhanca do ponto Po , contida no conjunto (aberto) A,
que indicaremos por V(Po ), de modo que:

(a) f : V(Po ) → f(V(Po )) e bijetora;


(b) f(V(Po )) e um subconjutno aberto de Rn ;
(c) f|V(Po ) : V(Po ) → f(V(Po )) e um difeomor smo de classe C1 em V(Po ).
(d) Alem disso
( )′ ( )−1
f−1 (Q) = f ′ (P) , para P ∈ V(Po ) e Q = f(P) . (C.27)

17. Para nalizar, temos o Teorema da função implı́cita:


aberto
Sejam A um subconjunto aberto de Rn , f : A ⊆ Rn+m → Rn uma func~ao de classe Ck
C.2. FUNC ~
 OES 
DE VARIAS 
VARIAVEIS REAIS, A VALORES VETORIAIS 435

em A, (xo , yo ) ∈ A, com (xo , yo ) ∈ Rn × Rm ∼ Rn+m , de modo que


(a ) f(xo , yo ) = 0 ,
( )
∂fi
(b ) a matriz quadrada (xo , yo ) seja inversvel .
∂xj i ,j∈{1 ,2 ,···n}

Ent~ao, podemos encontrar uma vizinhanca de yo , em Rm , indicada por V = V(yo ),


e uma func~ao g : V → Rn de classe Ck em V ,
satisfazendo: (g(y) , y) ∈ A , para y ∈ V ,
g(yo ) = xo ,
f(g(y) , y) = 0 , para y∈V. (C.28)

FIM
Índice Remissivo

C(s), 63, 167 d2 α


(t ), 426
2 o
C(so ), 174 dtn
d α
C∞ ((a , b) ; R3 , 426 (to ), 426
dtn
C∞ ( ; Rm ), 433 (⃗u)B , 411
Ck (A ; Rm ), 433 [⃗v1 ,⃗v2 , · · · ,⃗vn ], 410
G(f), 201 limP→Po f(P), 429
H(qo ), 312 limt→to α(t), 424
IIqo , 286 A ′ , 420
Iq , 255 A[X(D)], 269
Jf (Po ), 433 Bε (Po ), 419
K(qo ), 311 V(P), 419
Kn , 289 ∇f(Po ), 431
Kn (w), 289 PQ, 408, 410
MBC , 414 A, 420
N(qo ), 246 ∂A, 420
P + ⃗u, 409 ρ(s), 63, 167
P − Q, 409 ◦
A, 420
PQ, 408 −→
R(so ), 174 PQ, 408
S1 , 8 ⃗u = ⃗v, 408
Tqo (X), 241 ⃗u ∥ ⃗v, 408
V 3 , 408 ⃗u ⊥ ⃗v, 409
[T ]B ,C , 428 ⃗u × ⃗v, 415
R2 , 407 ⃗v, 408
dist^ancia entre dois pontos de, 407 norma de, 409
R , 407
3 b(s), 94
dist^ancia entre dois pontos de, 407 d(P , Q), 407
Rm , 431 f ′ (Po ) , 432
α ′ (to ), 425 jf (Po ), 433
α ′′ (to ), 426 n(s), 43, 93
α(n) (to ), 426 s.p.d., 181
( )
dim V 3 , 410 s.p.d.r., 182
∂f s.p.r., 182
(Po ), 431
∂⃗u t(s), 43, 88, 94
∂f
(Po ), 431 area
∂xj
de uma regi~ao em uma s.p.r., 269
∂2 f
(Po ), 432 ^angulo
∂xk ∂xj
dα entre dos vetores tangentes a uma s.p.r., 266
(to ), 425 entre duas c.p.p.c.a. contidas no traco de uma
dt

436
INDICE REMISSIVO 437

s.p.r., 267 curva, 210


entre duas c.p.r., 68 catenoide, 210
1.a forma quadratica centro
associada uma s.p.r. em um ponto, 255 de curvatura esferica de uma c.p.p.c.a., em um
coe cientes da, 257 instante, 174
centro de curvatura
2.a forma quadratica de uma curva espacial, em um instante, 167
coe cientes da, 288 de uma curva, em um instante, 63
Christo el
alpicac~ao
smbolos de, 388
ortogonal, 134
cicloide, 68
antpoda
cilindro
aplicac~ao, 131
circular
aplicac~ao
reto, 209
antpoda, 131
circunfer^encia
identidade, 130
curva, 212
normal de Gauss associada a uma s.p.r., 246
maxima, 386
rotac~ao em torno do eixo Oz, 131
circunfer^encia osculadora
translac~ao, 130
de uma curva espacial, em um instante, 167
assintotica
de uma curva plana, em um instante, 63
direc~ao, de uma s.p.r. em um ponto, 377
circunfer^encias
base maximas, 296
(ordenada) de V 3 , 410 Codazzi-Mainardi
(ordenada) ortonormal, 411 equac~oes de, 402
can^onica de V , 413
3 coe cientes
positiva, 414 da 1.a forma quadratica, associada a s.p.r., em
bola um ponto, 257
aberta da 2.a forma quadratica, associada a uma s.p.r.,
de centro no ponto em um ponto e raio po- em um ponto, 288
sitivo, 419 compatibilidade
equac~oes de, 402
c.p.d., 79 comprimento
regular de arco
parametrizada (espacial) pelo comprimento determinado pelo traco de α, entre dois ins-
de arco, 84 tantes, 34
parametrizada pelo comprimento de arco, reparametrizac~ao pelo, 39
35 reparametrizac~ao pelo (c.p.r. espacial), 87
c.p.d.,, 19 de arco (para curva espacial)
c.p.r., 24, 82 determinado pelo traco de α, entre dois ins-
calota tantes, 84
inferior de uma c.p.r. contida no traco de uma s.p.r.,
de uma esfera, 198 265
superior cone
de uma esfera, 197 circular
cardiode reto, 221
curva, 218 circular reto, 79, 223
catenaria geratriz de um, 222
438 INDICE REMISSIVO

congruentes evoluta de uma, 64


c.p.r. que s~ao, 149 helice, 115
conjunto helice circular, 77
aberto, 419 mudanca de par^ametro em uma, 27, 83
compacto, 421 parametrizada
conexo, 420 diferenciavel espacial, 75
conexo por caminhos, 421 diferenciavel plana, 7
derivado de um, 420 diferenciavel regular, 23, 82
fechado, 420 pelo comprimento de arco, 35
fecho de um, 420 regular em uma s.p.r., 364
fronteira de um, 420 parametrizada (espacial)
interior de um, 420 pelo comprimento de arco, 84
limitado, 420 parametrizada diferenciavel (espacial)
ortogonal, 409 plana, 79
ortonormal, 409 traco de uma, 75
ponto de acumulac~ao de um, 420 parametrizada diferenciavel (plana)
ponto interior de um, 420 traco de uma, 7
conjuntos passo de uma helice circular, 78
homeomorfos, 431 plana
contato involuta de uma, 65
entre curvas regular, 23, 82
de ordem N em um instante, 163 reta normal, em um instante, para uma, 93
entre plano e curva semi-circunfer^encia, 215
de ordem N, em um instante, 171 torc~ao de uma c.p.p.c.a. espacial, em um ins-
coordenadas tante, 96
curvas, 184 tractriz, 337
de um ponto do espaco, 411 vetor binormal, em um instante, para uma, 94
curva vetor normal, em um instante, para uma, 93
(espacial) comprimento de arco de uma, 84 curva espacial
cardioide, 25, 218 centro de curvatura, em um instante, de uma,
catenaria, 210 167
centro de curvatura, em um instante, de uma, circunfer^encia osculadora, em um instante, de
63 uma, 167
cicloide, 68 curva espacial, raio de curvatura, em um instante,
circunfer^encia, 212 de uma, 167
comprimento de arco de uma, 34 curva plana
curvatura de uma, 47, 89 circunfer^encia osculadora, em um instante, de
da superfcie, 239 uma, 63
do tipo cardiode, 13 raio de curvatura, em um instante, de uma,
do tipo cardioide, 12 63
do tipo circunfer^encia, 9, 10 curvas
do tipo elipse, 32 ^angulo entre duas, 68
do tipo espiral logartmica, 42 contato de ordem nita, em um instante, para
do tipo reta, 12 duas c.p.r., 163
espacial coordenadas associadas a uma s.p.r. em um
evoluta de uma, 176 ponto, 184
involuta de uma, 174 parametrizada
INDICE REMISSIVO 439

de orientac~oes opostas, 30, 83 superfcie, 193


parametrizadas espaco
de mesma orientac~ao, 30, 83 geometrico, 407
curvatura vetorial sobre R, 409
centro de, 174 Euler
da c.p.p.c.a espacial em um instante, 89 formula de, 319
de uma c.p.p.c.a. espacial em um instante, 89 evoluta
de uma c.p.p.c.a. plana em um instante, 47 de uma curva, 64
func~ao, 47, 89 de uma curva espacial, 176
gaussiana de uma s.p.r. em um ponto, 311 extremo
media de uma s.p.r. em um ponto, 312 nal de um segmento orientado, 408
normal de uma s.p.r. em um ponto, na direc~ao inicial de um segmento orientado, 408
de um vetor n~ao nulo, 289
vetor curvatura de uma c.p.p.c.a. espacial, 89 formula
curvaturas de Euler, 319
principais de uma s.p.r. em um ponto, 311 formulas
de Frenet
desigualdade para c.p.p.c.a. espacial, 101
de Cauchy-Schwarz, 413 de Frenet para c.p.p.c.a. planas, 49
diedro Frenet
de Frenet, 45 diedro, 45
dimens~ao
formulas de, para c.p.p.c.a. planas, 49
de V 3 , 410
formulas, para c.p.p.c.a. espacial, 101
direc~ao
referencial, para curvas espaciais, 95
assintotica de uma s.p.r. em um ponto, 377
referencial, para curvas planas, 45
direc~oes
triedro, 95
principais de uma s.p.r. em um ponto, 311
func~ao
dist^ancia
comprimento de arco, 34
entre dois pontos de R2 , 407
comprimento de arco (para curvas espaciais),
entre dois pontos de R3 , 407
84
elptico contnua em um conjunto, 429
ponto, 338 contnua em um ponto, 429
elipsoide curvatura de uma c.p.p.c.a. espacial, 89
superfcie, 358 curvatura de uma c.p.p.c.a. plana, 47
equac~ao de classe Ck em um conjunto aberto, 433
de Gauss, 402 de varias variaveis reais
geral de um plano, 417 i-esima componente de uma, 427
equac~oes componentes de uma, 427
de Codazzi-Mainardi, 402 derivada direcional de uma func~ao, em um
de compatibilidade, 402 ponto, na direc~ao de um vetor unitario,
esfera, 215 431
calota inferior de uma, 198 derivada parcial de 2.a ordem em um ponto,
calota superior de uma, 197 432
meridiano de uma, 194 derivada parcial, em relac~ao a xj , no ponto Po ,
osculador de uma c.p.p.c.a., em um instante, da, 431
174 derivada, em um ponto, de uma, 432
paralelo de uma, 194 difeomor smo, 433
440 INDICE REMISSIVO

difeomor smode classe C∞ , 433 passo de uma, 78


difeomor smode classe Ck , 433 helicoide, 262
diferenciavel em um ponto, 432 hiperbolico
formula de Taylor, em um ponto, para uma, paraboloide, 203
434 ponto, 339
homeomor smo entre dois conjuntos abertos,
431 identidade
jacobiano, em um ponto, de uma, 433 aplicac~ao, 130
limite de uma, 429 involuta
matriz jacobiana, em um ponto, associada a de uma curva no espaco, 174
uma, 433 de uma curva plana, 65
regra da cadeia para composta de, 433 isometricas
vetor gradiente, em um ponto, de uma, 431 s.p.r.s, 275
vetorial, 423 isometria
n vezes diferenciavel em um instante, 426 entre os tracos de duas s.p.r.s., 276
contnua, 424 no espaco, 130
contnua em um instante, 424 que inverte orientac~ao, 143
de classe C∞ em (a , b), 426 que preserva orientac~ao, 143
derivada da composta de, 425 linha
derivada em um instante, 424 assintotica
derivada segunda de uma, 426 em uma s.p.r., 380
diferenciavel, 425 de curvatura
diferenciavel em um instante, 424 em uma s.p.r., 364
duas vezes diferenciavel, 426
duas vezes diferenciavel em um instante, 426 maxima
formula de Taylor, em to , associada a, 426 circunfer^encia, 386
func~oes coordenada associada a uma, 423 mnima
limite de uma, 424 superfcie, 336
polin^omio de Taylor de ordem n, em to , as- matriz
sociada a, 426 de mudanca de base, 414
regra da cadeia para, 425 meridiano
resto de Taylor de ordem n + 1, em to , as- de um esfera, 194
sociada a, 427 de uma superfcie de revoluc~ao, 208
vetorial curvatura, 89 de uma superfcie de rotac~ao, 208
func~ao curvatura mudanca
normal de uma s.p.r. em um ponto, 289 de par^ametro, 27, 83
de par^ametros
Gauss para uma s.p.r., 231
aplicac~ao normal de, 246
equac~ao de, 402 norma
teorema egregium de, 402 de um vetor, 409
geodesica de uma partic~ao de um intervalo fechado e
em uma s.p.r., 384 limitado, 34
geratriz
de um cone cicular reto, 222 Olinde Rodrigues
teorema de, 373
helice, 115 orientac~ao
circular, 77 c.p.r. com mesma, 30, 83
INDICE REMISSIVO 441

de duas c.p.r., 30, 83 ponto


em V 3 , 414 elptico de uma s.p.r., 338
isometria que inverte, 143 hiperbolico de uma s.p.r., 339
isometria que preserva, 143 parabolico de uma s.p.r., 339
mesma, 414 planar de uma s.p.r., 339
opostas, 414 regular de uma aplicac~ao, 228
orientado singular de uma aplicac~ao, 228
V 3 , 414 singular de uma s.p.d., 224
ortogonal umblico, 351
aplicac~ao, 134 primeira forma quadratica
osculadora associada uma s.p.r. em um ponto, 255
esfera, 174 coe cientes da, 257
problema
par^ametros de Palteau, 338
da superfcie da parametrizada diferenciavel,
181
raio de curvatura
parabolico
de uma curva plana, em um instante, 63
ponto, 339
paraboloide para uma curva espacial, em um instante, 167
de revoluc~ao, 250 refencial
elptico, 191 de Frenet, para curvas planas, 45
hiperbolico, 203, 228 regi~ao
paralelo de R2 , 268
de um esfera, 194 em uma s.p.r., 269
de uma superfcie de revoluc~ao, 208 regrada
de uma superfcie de rotac~ao, 208 superfcie, 220
partic~ao regular
de um intervalo fechado e limitado, 32 curva, 23, 82
partic~ao curva parametrizada diferenciavel, 23, 82
norma de uma, 34 ponto, 228
planar valor, 228
ponto, 339 reparametrizac~ao
plano de uma curva parametrizad diferenciavel re-
que contem um ponto e tem a direc~ao de dois gular, 27, 83
vetores L.I., 416 de uma superfcie, 231
equac~ao geral de um, 417 pelo comprimento de arco, 39
equac~ao vetorial de um, 416 pelo comprimento de arco (c.p.r. espacial), 87
equac~oes parametricas de um, 416 representac~ao
geometrico, 407 can^onica de uma c.p.p.c.a., na vizinhanca de
normal a uma c.p.p.c.a. em um instante, 95 um instante, 123
osculador a uma c.p.p.c.a. em um instante, reta
95 que contem um ponto e tem a direc~ao do vetor
reti cante a uma c.p.p.c.a. em um instante, n~ao nulo, 415
95 equac~ao vetorial de uma, 415
tangente a uma s.p.r., 241 equac~oes parametricas de uma, 416
Plateau normal a uma c.p.p.c.a. em um instante, 46
problema de, 338 tangente a uma c.p.r., em um instante, 82
442 INDICE REMISSIVO

tangente ao traco de uma c.p.d em um ins- chapeu de Sherlok, 336


tante, 26 cilndrica, 209
reta normal cone circular reto, 79, 223
a uma c.p.p.c.a espacial, em um instante, 93 curva da, 239
revoluc~ao de bolha de sab~ao, 338
paraboloide de, 250 de revoluc~ao, 206
superfcie de, 206 meridianos de uma, 208
rotac~ao paralelos de uma, 208
em torno do eixo Oz, 131 de rotac~ao, 206
superfcie de, 206 meridianos de uma, 208
paralelos de uma, 208
s.p.d., 181 elpisoide, 358
s.p.r., 182 esferica, 193, 215
s.p.r.s., 274 helicoide, 262
smbolos mnima, 336
de Christo el da s.p.r. em um ponto, 388 paraboloide elptico, 191
secc~ao normal paraboloide hiperbolico, 228
da s.p.r, determinado por vetor n~ao nulo,e m parabolde hiperbolico, 302
um ponto, 291 parametrizada diferenciavel, 181
segmento par^ametros de uma, 181
de reta, 408 regular, 182
comprimento de um, 408 traco de uma, 181
de reta que une dois pontos, 410 parametrizada regular, 182
orientado, 408 curvatura normal em um ponto, na direc~ao
segunda forma quadratica de um vetor n~ao nulo, 289
associada a uma s.p.r., em um ponto, 286 func~ao curvatura normal em um ponto, 289
semi-circunfer^encia plana, 185
curva, 215 plano tangente a uma, 241
semi-espacos, 344 pseudo-esfera, 337
fechados, 344 regrada, 220
Sherlok reparametrizac~ao, 231
chapeu de, 336 sela do macaco, 306
simples toro, 213
s.p.r., 274 vetor normal a uma, 245
singular vetor normal de Gauss, em um ponto a uma,
ponto, 228 246
valor, 228 superfcies
sistema isometricas, 275
de coordenadas em R3 , 411 teorema fundamental das, 403
de coordenadas ortogonal em R3 , 414
superfcie tangente
1.a forma quadratica associada a uma, 255 plano
2.a forma quadratica associada a uma, 286 a uma s.p.r., 241
aplicac~ao normal de Gauss associada a uma, teorema
246 da formula de Euler, 319
c^onica, 221 da func~ao implcita, 434
catenoide, 210 da func~ao inversa, 434
INDICE REMISSIVO 443

da regra da cadeia, 425 geradores de V 3 , 410


de Olinde Rodrigues, 373 iguais, 408
de Schwarz, 432 L.D., 410
de Taylor, 426 L.I., 410
do valor medio para func~oes vetoriais, 426 linearmente dependentes, 410
egregium de Gauss, 399, 402 linearmente independentes, 410
fundamental das curvas espaciais, 153 matriz das coordenadas de um vetor em relac~ao
fundamental das curvas planas, 69 a uma base (ordenada) xada, 411
fundamental das s.p.r., 399 multiplicac~ao por numero real, 409
fundamental das superfcies, 403 norma de um, 409
torc~ao ortogonais, 409
de uma c.p.p.c.a. espacial, em um instante, paralelos, 408
96 principais de uma s.p.r. em um ponto, 311
toro, 213 produto interno, 412
transformac~ao produto vetorial de dois, 415
linear, 427 que gera V 3 , 410
matriz de uma linear, 428 soma com um ponto, 409
translac~ao unitarios, 409
aplicac~ao, 130 vizinhanca
triedro de um ponto, 419
de Frenet, 95
umblico
ponto, 351
valor
regular de uma func~ao, 228
singular de uma func~ao, 228
vetor, 408
normal a uma c.p.p.c.a espacial, em um ins-
tante, 93
normal a uma c.p.p.c.a, em um instante, 43
normal a uma s.p.r. em um ponto, 245
normal de Gauss a uma s.p.r. em um ponto,
246
normal unitario a s.p.r. em um ponto, 246
tangente a uma c.p.d, em um instante, 19, 80
tangente a uma c.p.d. em um instante, 43
vetor binormal
a uma c.p.p.c.a espacial, em um instante, 94
vetores
^angulo entre dois, 413
adic~ao de, 409
combinac~ao linear de, 410
coordenadas de um vetor em relac~ao a uma
base (ordenada) xada, 411
de mesmo sentido, 409
de sentidos opostos, 409

Potrebbero piacerti anche