Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Múltiplos Olhares
25, 26 e 27 de setembro de 2017
ISSN: 1981-8211
CADERNO DE RESUMOS
V CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em
Interação
Múltiplos Olhares
COMISSÃO ORGANIZADORA
Coordenadora
Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (DTL/UEM)
Membros da Comissão
Profa. Dra. Aldinéia Cardoso Arantes da Silva (DTL/UEM)
Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo (DTL/UEM)
Profa. Dra. Flávia Zanutto (DTL/UEM)
Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado (DTL/UEM)
Prof. Me. Pedro Afonso Barth (DTL/UEM)
Prof. Dr. Ricardo Augusto de Lima (DTL/UEM)
Profa. Dra. Lilian Cristina Marins (DLM/UEM)
Profa. Dra. Vera Helena Gomes Wielewicki (DLM/UEM)
Profa. Dra. Luciana Dias Di Raimo (DLP/UEM)
Profa. Dra. Roselene de Fátima Coito (DLP/UEM)
Membro externo
Prof. Me. Jefferson Gustavo dos Santos Campos
(Unifamma)
Suplentes
Prof. Dr. Neil Armstrong Franco de Oliveira (DTL/UEM)
Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo (DLM/UEM)
Profa. Dra. Roselene de Fátima Coito (DLP/UEM)
Secretária
Hilda de Carvalho (DTL)
INDÍCE GERAL
SIMPÓSIOS DE LINGUÍSTICA............................................................................................................... 34
SIMPÓSIO 1) Linguagens e discursos nas relações de poder/saber da atualidade ...................... 35
1) O cuidado de si foucaultiano e o capital cultural bourdieusiano na publicidade: convergências no
ensino-aprendizagem da língua inglesa ....................................................................................................... 35
2) Análise de uma série discursiva: correção à escrita em língua inglesa feita pela cantora
Anitta em Maringá ...................................................................................................................................... 36
3) O sujeito no acontecimento “Jogo da baleia azul” ........................................................................ 37
4) Os enunciados “É golpe” e “Não é golpe” e os efeitos de sentido no discurso político da
presidenta Dilma Rousseff em seu processo de impeachment ......................................................... 38
5) Discurso e gênero: um estudo de caso sobre a mulher executiva em capas das revistas
Você S/A e Exame ..................................................................................................................................... 39
6) A circulação de discursos e constituição de verdades sobre o feminismo no Facebook....... 41
7) O saber econômico como fruto da estratégia retórica a produzir efeitos de verdade: o uso da
antítese no discurso econômico de John Maynard Keynes.......................................................................... 42
8) A estratégia biopolítica na dimensão da deficiência: corpos, discursos e práticas ................. 43
9) Dispositivo religioso: um mecanismo de leitura nas pinturas de Marianna Gartner................ 45
10) Objetivação da sexualidade de idoso ............................................................................................... 46
RESUMO 11 ............................................................................................................................................... 47
12) O Escola sem partido como nome próprio ................................................................................. 47
13) As condições de produção e a discursividade nos arranjos e na melodia de canções do
Engenheiros do Hawaii ................................................................................................................................. 48
14) As relações de saber e poder na constituição da ciência da linguagem .............................. 49
15) Nós Discursivos e Subjetivos que Prendem/libertam a Mulher Negra no Quarto de
Despejo........................................................................................................................................................ 50
16) Estupro contra a mulher: um movimento de desconstrução de discursos ...................................... 52
17) Práticas discursivas de objetivação/subjetivação do/sobre o idoso na internet .................. 53
RESUMO 9 .................................................................................................................................................. 73
10) Usos epistêmicos e não epistêmicos do verbo modal poder em entrevistas jornalísticas do espanhol73
SIMPÓSIO 3) Diferentes tratamentos às classes de palavras e categorias gramaticais ............... 75
1) Adjetivo e substantivo: dificuldades de classificação no ensino de língua portuguesa ....................... 75
2) O passado linguístico pela via da História Social da Língua .................................................................. 76
3) Gramáticas revisitadas: a noção de sujeito ................................................................................... 77
4) A categoria gênero e a representação de homens e de mulheres no português brasileiro ................ 78
5) Uma proposta descritiva para organização das classes gramaticais ........................................ 80
6) Análise de sentimentos: uma análise da polaridade do discurso por meio dos recursos linguísticos ..... 81
7) Relação entre aspecto verbal e finalidade argumentativa no gênero Resposta argumentativa
...................................................................................................................................................................... 82
8) Gramática descritiva, gramática normativa e classes gramaticais – a construção de uma
gramática pedagógica ............................................................................................................................... 84
9) A categoria gramatical de gênero no Latim: itinerários entre o linguístico e o cultural ........... 85
10) A posição do sujeito em orações interrogativas –wh no Português Clássico .......................... 86
11) Composicionalidade de locuções conjuntivas do português brasileiro............................................ 88
12) Descrição morfossintática do verbo no Kaingang ............................................................................ 88
SIMPÓSIO 4) Múltiplas discursividades em cenário social, midiático e artístico ............................ 90
1) Que leitura te move? ............................................................................................................................ 90
2) Deus na visão de Carlos Ruas no blogue “Um sábado qualquer” ............................................. 91
3) O não-dito e o silenciado: a resistência à Ditadura nas/pelas charges de Ziraldo no Pasquim ........... 92
4) Jogos de imagens do sujeito brasileiro nos pronunciamentos de Dilma e Temer frente ao
impeachment .............................................................................................................................................. 93
5) Interdiscurso: análise de propagandas segundo Mangueneau ............................................................ 94
6) Cultura pop e Feminismo: um percurso das imagens da mulher nas canções de Beyoncé . 95
7) South Park na “evidência” do dizer: o politicamente incorreto ........................................................... 96
8) Entre o artista e o artesão: ao significar suas obras, Hélio Leites se significa ...................................... 98
9) O político em funcionamento na materialidade artística pela composição cultura-popular-
religião ......................................................................................................................................................... 99
10) O entrelaçamento das formações discursivas no texto de teatro O balcão ................................. 100
11) Eu falo o que eu querer............................................................................................................... 101
12) Análise do discurso feminista em páginas do Facebook ................................................................ 102
SIMPÓSIO 5) Pesquisas e estudos em Letramentos ........................................................................ 103
1) Projetos de letramento e o ensino de língua materna no ensino fundamental: uma proposta
com jornal escolar .................................................................................................................................... 104
2) Letramento escolar: Uma proposta de leitura crítica......................................................................... 105
3) Práticas de Letramento acadêmico e aprendizagem de alunos do curso de Letras de uma
universidade pública paranaense .......................................................................................................... 106
4) Por que o inglês é a língua franca da academia? ...................................................................... 108
25) A prática da escrita revelada no gênero crônica: entre nuances literárias e jornalísticas ..... 161
26) Gêneros do jornalismo cultural: bases para a produção textual escrita em curso de Letras162
27) Novela gráfica e algumas contribuições para a leitura e interpretação de textos
quadrinísticos............................................................................................................................................ 164
28) Ensino Escolar de Produção de Textos e a Consideração de Atividades Microtextuais ...... 165
29) A instrução ao sósia: a manifestação de um gênero na esfera acadêmica e seu potencial
formativo .................................................................................................................................................... 166
30 Leitura crítica de textos sob um viés dialógico: um possível encaminhamento ....................... 167
SIMPÓSIO 8) Lexicologia e terminologia: diálogos e interfaces ...................................................... 169
1) O léxico toponímico: nomes de motivações de natureza antropocultural atribuídos aos
municípios de Alagoas ............................................................................................................................ 170
2) A religiosidade na toponímia paranaense: primeiras reflexões ................................................ 171
3) A ocorrência de variação denominativa do termo “Agronegócios” em um corpus
semiespecializado. .................................................................................................................................. 172
4) Terminologia do Direito do Consumidor: Análise da variação denominativa ......................... 173
5) Coleta, etiquetagem e manipulação de corpus para a elaboração de um dicionário
Terminológico da Energia Eólica ........................................................................................................... 174
6) A elaboração do dicionário de energia hidráulica ....................................................................... 175
7) As marcas da fronteira na alimentação de paraguaios radicados em Aral Moreira-Brasil e
Departamento Santa Virgínia-Paraguai................................................................................................ 179
8) A retratação dos esquilos-europeus na tradução do léxico da obra Harry Potter and the
Philosopher’s Stone para o português brasileiro ................................................................................ 180
9) Estruturas de acesso à informação lexicográfica em dicionários eletrônicos de espanhol:
uma análise do potencial didático ......................................................................................................... 181
SIMPÓSIO 9) Para além do original: a tradução sob múltiplos olhares ......................................... 183
1) Carnaval pra inglês ver: uma análise tradutória do roteiro dos desfiles das escolas de
samba do Rio............................................................................................................................................ 183
2) Entre o metro e a ideologia: o caso de “La Malinconia”, de Umberto Saba ........................... 185
3) Expansão interpretativa e tradução: pluralidade e descentrismo............................................. 186
4) A tradução em Derrida: (des)caminhos para além de “Torres de Babel” ............................... 187
5) Da tela para o papel: um estudo sobre o seriado Supernatural ............................................... 188
6) Tradução de filmes no ensino de língua estrangeira ................................................................. 189
4) A produção textual no ensino médio nas instituições federais, estaduais e privadas. O que o
ENEM nos revela? ................................................................................................................................... 223
SIMPÓSIO 12) Ensino-aprendizado de língua estrangeira moderna no contexto brasileiro....... 226
1) O ensino-aprendizagem do gênero história em quadrinhos em espanhol ............................. 226
2) O ensino-aprendizado de língua estrangeira na era da mobilidade: o uso de dispositivos
móveis........................................................................................................................................................ 227
3) O uso de estratégias de aprendizagem no desenvolvimento da autonomia do aprendiz de
língua inglesa............................................................................................................................................ 228
4) Ensino de Língua Espanhola e PTD em Cena de rua ............................................................... 230
5) A internacionalização do ensino superior e o ensino de inglês nas séries iniciais: um estudo
de caso em um município do norte do estado do Paraná ................................................................. 231
6) O corpus como ferramenta de análise de elementos gramaticais em redações em língua
inglesa de alunos universitários............................................................................................................. 232
7) Passos e possibilidades para ensinar língua e literatura através das histórias em quadrinhos
– Conhecendo Miguel de Cervantes e sua obra: Dom Quijote ........................................................ 233
19) Proficiência leitora em língua inglesa: uma análise longitudinal dos testes ofertados pelo TEPLE
256
SIMPÓSIO 14) O Texto como Objeto: análises em perspectivas da linguística textual e da
linguística enunciativa ............................................................................................................................. 258
1) As limitações do código braille no universo multimodal ............................................................ 258
2) Intertextualidade e argumentação no gênero notícia no webjornalismo alagoano ............... 259
3) As representações do sujeito leitor idoso sob o Mangá “Zetsuen no Tempest”: uma
adaptação da peça “Tempestade” de Shakeaspere .......................................................................... 260
4) As categorias de pessoas como referência na enunciação ...................................................... 261
5) Polifonia e monofonia em reportagem da revista ACIM: “A Maringá da Diversidade”.......... 262
6) O “recadinho” nos gifs: uma reflexão sobre o reagrupamento de valores através da
entonação no comentário-réplica .......................................................................................................... 263
7) Os emojis em interações do Whatsapp: uma comparação entre produções de língua inglesa
e portuguesa ............................................................................................................................................. 264
11) Linha Braille: o romper da barreira comunicacional no contexto escolar ........................... 307
12) Fronteiras entre o estrangeiro e o materno na produção escrita em Inglês por
Acadêmicos do Curso de Letras/Inglês ................................................................................................ 308
13) Hipossegmentações e instâncias enunciativas: uma investigação a partir dos
constituintes Frase Entoacional (Φ) e Enunciado Fonológico (U) ................................................... 310
14) Grafias não convencionais em enunciados infantis e o conflito com a variação linguística
311
15) Rasuras presentes em produções escritas de uma turma do Ensino Fundamental II ..... 313
SIMPÓSIO 19) Ensino de língua estrangeira frente às dificuldades de aprendizagem ............... 314
1) Conhecer para compreender: uma análise do filme “A Chegada” como metáfora da relação
professor/aluno disléxico ........................................................................................................................ 314
2) Ensino de língua inglesa na educação de surdos: mapeando pesquisas, avanços e lacunas
no contexto brasileiro .............................................................................................................................. 316
3) Reflexões sobre o processo de aprendizagem de alunos com dificuldades: um ensino plural e ‘multi’
de língua inglesa ......................................................................................................................................... 317
SIMPÓSIO 20) Oralidade e gêneros orais em sala de aula: interações e diálogos ............... 318
1) Gênero textual entrevista telejornalística e ensino da língua portuguesa ........................................ 318
2) Influências da oralidade na escrita: análise dos processos de transferência da oralidade para
a escrita na produção de textos das séries iniciais ............................................................................ 319
3) Uma abordagem interdisciplinar de análise do texto falado em contextos forenses: a
preservação da face no Tribunal do Júri .............................................................................................. 320
4) Gênero textual entrevista em livros didáticos de língua portuguesa no ensino fundamental II e
médio .......................................................................................................................................................... 321
5) Turnos iniciados pelo marcador conversacional “well” em interações forenses .................... 323
6) Oralidade formal nas aulas de Língua Portuguesa: um caminho a percorrer .................................... 324
7) A influência da contação de histórias e leitura dramática na formação do cidadão.............. 325
8) Produção de seminários acadêmicos em contexto universitário: um hipergênero textual multimodal
em foco ....................................................................................................................................................... 326
9) Os marcadores discursivos “well”, “you know” e “I mean”: uma análise da língua inglesa
falada em contextos políticos ................................................................................................................. 327
10) O uso de perguntas prefaciadas pelo marcador "so" no contexto forense ......................... 328
SIMPÓSIO 21) Diferentes formas do discurso urbano: a linguagem, o político e o silêncio ....... 330
6) O cuidado de si: uma análise acerca da defesa pela castidade masculina na obra Virgeu de
Consolaçon ................................................................................................................................................. 356
7) O Discurso foucaultiano e a MPB no contexto ditatorial ................................................................... 357
8) Efeitos de verdade e poder em iconografias acerca da beleza feminina ............................... 358
9) Bakhtin e Ferreira Gullar – o conflito das vozes no poema “Não Há Vagas” ......................... 359
10) No livro-imagem “O cântico dos cânticos”: o ser da literatura ...................................................... 360
SIMPÓSIO 24) Língua e ensino: práticas reais e possíveis ............................................................. 361
1) O potencial educativo do dialogismo bakhtiniano em aulas de língua inglesa ...................... 362
2) Proposta de aula de leitura no Ensino Fundamental: gêneros discursivos manchete de
notícia e letra de música ......................................................................................................................... 363
10) Variação linguística em livros didáticos de Língua Portuguesa para as séries iniciais do
Ensino Fundamental................................................................................................................................ 391
11) Crenças Linguísticas e Ensino de Língua Portuguesa na Escola Pública ......................... 392
12) Os processos fonéticos-fonológicos presentes nas produções orais e escritas de alunos
do ensino fundamental ............................................................................................................................ 393
13) Uma abordagem acerca das variações da língua e do preconceito linguístico no ensino
de Língua Portuguesa ............................................................................................................................. 394
14) Norma(s) Linguística(s) e ensino de Língua Portuguesa ...................................................... 395
SIMPÓSIO 26) O ensino de Língua espanhola na diversidade repensando a heterogeneidade
de funções da língua ............................................................................................................................... 397
1) Desenvolvendo a aprendizagem do espanhol dos negócios: constituição histórica e
pesquisas sobre o laboratório de línguas ............................................................................................ 397
2) A extensão universitária na Unespar e o perfil de seus acadêmicos: analisando o ensino de
língua espanhola do âmbito dos negócios........................................................................................... 398
3) A compreensão auditiva na aula de espanhol no ensino médio: o enfoque na diversidade
linguística e cultural ................................................................................................................................. 399
4) Língua espanhola em contextos específicos: debantendo os diferentes propósitos de sua
função ........................................................................................................................................................ 401
5) O ensino da língua espanhola no contexto de Secretariado Executivo: uma reflexão sobre
as formas da língua e as representações sobre a secretária em uma telenovela colombiana ... 402
4) Que professor de português queremos formar? (Uma análise das provas que contratam
professores de português para lecionarem na educação básica) ................................................... 412
5) Experiência do PIBID Interdisciplinar: cartas mágicas a 801 ................................................... 413
6) Planejamento e ensino de literatura no ensino médio: um relato da experiência de estágio
supervisionado ......................................................................................................................................... 415
7) Abordagem do gênero crônica em atividades de leitura em livros didáticos de língua
portuguesa ................................................................................................................................................ 416
8) A importância de refletir sobre a prática no ensino de língua portuguesa .............................. 417
9) Reflexões acerca da ação docente no desenvolvimento de um curso de extensão no Pibid
418
10) Literatura e valores: uma experiência literária na formação de alunos da educação infantil
420
11) Leitura Literária: perspectivas sobre o mundo ........................................................................ 421
12) A reescrita de gênero acadêmico: o desenvolvimento do aluno .......................................... 422
SIMPÓSIO 28) Por uma análise do discurso contemporânea: governamentalidade, sujeito,
língua(gem) ............................................................................................................................................... 424
1) Relações de Sofrimento e Prazer no ambiente de trabalho: uma análise discursiva do
profissional de secretariado ................................................................................................................... 425
2) Olhares de silêncio: o sujeito corpo punido ................................................................................. 426
2) De l’essence double du language e Notes pour un livre sur la linguistique générale 10.f:
uma associação possível entre manuscritos saussurianos .............................................................. 466
3) O signo em Saussure: resquícios de uma conceituação........................................................... 468
4) Saussure, a fala, o discurso e o objeto da Linguística ............................................................... 469
5) Literatura e Linguística: Um encontro entre Saussure, Jakobson e Guimarães Rosa. ........ 470
6) A dicotomia langue e parole nas obras Curso de Linguística Geral e Escritos de Linguística Geral, de
Ferdinand de Saussure ............................................................................................................................... 472
7) A dicotomia do Signo Linguístico nas obras Curso de Linguística Geral e Escritos de Linguística Geral,
de Ferdinand de Saussure .......................................................................................................................... 473
8) O conceito em movimento .............................................................................................................. 474
9) Saussure entre o Curso de Linguística Geral e os Escritos de Linguística Geral - Língua, Fala e a
Linguagem................................................................................................................................................... 475
SIMPÓSIOS DE LITERATURA............................................................................................................. 477
SIMPÓSIO 1) Sui Caedere: reflexões sobre suicídio e literatura..................................................... 478
1) A Poética do Vazio em Jerusalém, de Gonçalo Tavares .......................................................... 478
2) Angústia/ Suicídio em Jerusalém ........................................................................................................ 479
3) O caráter na obra Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares .............................................................. 481
4) Psicanalisando a Literatura: A Ideação Suicida de ERNEST no Romance Jerusalém ........ 482
1) Gillka Machado: “ser mulher”. Poética denúncia das mazelas da essência feminina .......... 604
2) Uma análise dos relacionamentos interpessoais na obra ‘’Minha vida fora de série’’ de
Paula Pimenta, a partir da teoria do ‘’Amor líquido’’ de Zygmunt Bauman. ................................... 605
3) “E então eu posso preparar-me para morrer”: Morte e erotismo em Enquanto agonizo...... 606
4) O erotismo na poesia de Hilda Hilst: um olhar lascivo de leitora ....................................................... 607
5) Erotismo nas releituras de contos de fadas de Angela Carter ................................................. 608
6) Humilhação, sexo e perversão em contos de Ana Paula Maia ................................................ 609
RESUMO 7 ..................................................................................................... Erro! Indicador não definido.
8) Rei da Vela: o erotismo com simulacro grotesco da política econômica de 30 ........................ 611
9) A construção da personagem Cristina na obra O abraço, de Lygia Bojunga, sob a perspectiva da
introspecção psicológica............................................................................................................................. 612
SIMPÓSIO 8) Cultura e literatura multicultural e de minorias, e sua inserção no espaço
educacional e difusão por meios eletrônicos....................................................................................... 614
1) As personagens femininas em Hibisco Roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie ..................... 614
2) Letramento literário e trabalho com poesia para alunos assentados da EJA ........................ 615
3) Draupadi – O mito na construção da identidade da mulher indiana ........................................ 616
4) Reflexões sobre o lugar de fala no conto Ana Davenga de Conceição Evaristo .................. 617
8) Literatura de autoria feminina popular no Baixo Rio São Francisco alagoano: um estudo do
efeito narrativo criado por Morena Teixeira a partir da produção de bonecas/os de pano .......... 622
9) Tão resistente quanto uma torta: uma proposta de reflexão em The help no contexto escolar
623
10) Análise da representação simbólica dos animais nos contos The Badger and The Bear e
Dance in a Buffalo Skull de Zitkala-Ša ................................................................................................. 624
11) Entre a réplica e o real: uma análise da personagem Nkem, da obra No seu Pescoço, de
Chimamanda Ngozi Adichie ................................................................................................................... 625
12) O cemitério dos vivos: crítica e militância de Lima Barreto a favor dos silenciados pelas
teorias raciais do século XIX .................................................................................................................. 626
2) A importância da forma e do conteúdo da peça oswaldiana O rei da vela no Século 21 .... 677
3) Estilhaços políticos de uma Feira de Opinião: estudo da canção “Enquanto seu lobo não
vem”, de Caetano Veloso, e da peça “O líder”, de Lauro César Muniz .......................................... 678
4) Recontado a contrapelo: para uma concepção social e histórica do teatro moderno norte-
americano.................................................................................................................................................. 680
5) Artaud e Grotowski: a arte de não interpretar em busca do ser teatral................................... 681
6) Shakespeare e sociedade: percepções do texto shakespeariano no Brasil do século XVI ao
XXI 682
7) Valsa no. 6: um monólogo sobre o feminino ............................................................................... 683
8) Apropriação crítica da Revista de Ano e da Comédia de Costumes em Café (1933/1942), de
Mário de Andrade .................................................................................................................................... 684
9) Teatro e sociedade no MST: uma análise da peça A farsa da justiça burguesa................... 685
10) A luta de classes presente em sobrados e mocambos, de Hermilo Borba Filho .............. 686
11) Revolução na América do Sul sob o ponto de vista da morte .............................................. 687
12) O expressionismo alemão em debate: Bertolt Brecht e o conceito de realismo................ 688
13) A Invasão, de Dias Gomes e Eles não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri: ecos
do realismo crítico no moderno teatro brasileiro. ................................................................................ 690
14) O teatro de Chico Buarque na dialética entre o clássico e a vida social: um estudo em
torno de Gota d’água (1975) .................................................................................................................. 691
15) O Teatro de Chico de Assis em perspectiva Dialética ........................................................... 692
16) A última dança: uma Simone Weil épica, interpretada por Natalia Gonsales .................... 693
17) Os ingleses e a comédia de costumes de Martins Pena e França Junior: o mundo das
negociatas e dos favores ........................................................................................................................ 694
18) Arte e sociedade no teatro de Gianfrancesco Guarnieri........................................................ 695
19) Tradição do teatro dialético no Brasil: Uma leitura a partir de As Confrarias de Jorge Andrade .. 696
20) Trabalho de Brecht no teatro brasileiro atual .......................................................................... 697
21) O silêncio em dois espetáculos brasileiros ..................................................................................... 699
SIMPÓSIO 13) As incidências da dor: cortes literários, suturas psicanalíticas ............................. 700
1) As vozes silenciadas da Rebelião da Casa Penal São José (Liberto) .................................... 701
6) “Na lista de prioridades do país, não tem lugar para os animais”: considerações sobre a
violência contra animais não humanos em Disgrace de J.M. Coetzee ........................................... 746
7) Relações de igualdade e distanciamento entre humanidade e animalidade na obra Vidas
Secas de Graciliano Ramos comparado com os escritos de Franz Kafka ..................................... 747
8) Literatura de defesa animal no contexto escolar ........................................................................ 749
9) Representação animal em Clarice Lispector ............................................................................... 750
10) A Revolução dos Bichos não humanos: uma análise animalesca e abolicionista ............ 751
11) O discurso científico e o tema da experimentação em animais não humanos .................. 752
12) Os animais em A maçã no escuro, de Clarice Lispector: uma leitura ecofeminista.......... 753
SIMPÓSIO 20) Ecos da Cultura Clássica na Literatura .................................................................... 756
1) Reinventando o mito de Perséfone: a imagem da morte em O sofá estampado, de Lygia
Bojunga Nunes ......................................................................................................................................... 756
2) O destino d’Os filhos de Húrin: vestígios da literatura clássica no mundo secundário de J. R.
R. Tolkien .................................................................................................................................................. 757
3) Aspectos da construção do herói épico na Ilíada, em análise da trajetória de Páris
Alexandre .................................................................................................................................................. 758
4) A apropriação poética da Grécia antiga enquanto paisagem na obra de Sophia de Mello
Breyner Andresen .................................................................................................................................... 759
5) No universo de Star Wars: o herói mitológico na ficção científica ........................................... 760
6) Complexo de Electra: do mito grego à Psicanálise .................................................................... 761
7) Da ancestralidade mítica à modernidade: as nuances do retorno em Ciranda de Pedra, de
Lygia Fagundes Telles ............................................................................................................................ 762
SIMPÓSIO 21) Desafios contemporâneos de ensino e pesquisa em Literatura: entre artes,
mídicas e tecnologias .............................................................................................................................. 765
RESUMO 1 ................................................................................................................................................... 765
RESUMO 2 ................................................................................................................................................... 765
3) A poética pasoliniana entre o gesto e a palavra: reflexões acerca da criação do Decameron
(1971)......................................................................................................................................................... 765
Resumo 4 .................................................................................................................................................... 766
5) Novas tecnologias: WebQuest como recurso para aprendizagem de literatura afro-brasileira
.................................................................................................................................................................... 766
6) A literatura na formação do leitor crítico no Ensino Médio brasileiro de acordo com os
documentos norteadores da educação: um caso de prescindibilidade? ........................................ 767
7) Práticas literárias no ciberespaço: desafios de alunos da educação do campo ....................... 768
8) Contemporaneidade tecnológica: a leitura literária pelo olhar do público jovem ................................ 769
9) Metaficção historiográfica em O homem do castelo alto de Philip K. Dick............................................ 770
10) A balada de John Constantine ........................................................................................................ 771
11) Literatura e fanfics: Relatos de uma experiência no ensino médio ............................................... 772
SIMPÓSIOS DE LINGUÍSTICA
Resumo:
Resumo:
No mês de maio do ano 2017, a cantora nacional Anitta publicou em sua rede social
instagran imagens, nas quais fazia correções à escrita em língua inglesa. Essas
correções foram realizadas nos folhetos encontrados em roupas de cama e toalhas de
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma possível análise descritiva do
acontecimento “Jogo da Baleia Azul” a fim de desenvolver um olhar crítico sobre a
construção do sujeito na formação discursiva presentes nas séries de enunciados de
dois documentos: o post que circulou nas redes sociais sobre uma reunião do prefeito
de Curitiba, Rafael Greca com os seus assessores para discutirem o efeito desse jogo e
sua repercussão entre os adolescentes e o documento enviado às escolas pela Rede
Estadual de Ensino do Paraná- SEED recomendando aos gestores das escolas,
docentes, funcionários e pais especial atenção no fortalecimento de mecanismos de
Resumo:
Resumo:
Nas análises discursivas sobre a produção do sujeito, a questão da memória surge
como um dos elementos importantes para a compreensão do funcionamento do
discurso midiático, quando este faz circular enunciados que constroem determinadas
representações sobre os indivíduos. A relação sempre tensa entre memória, história e
processos de subjetivação implica considerar dois aspectos: o primeiro diz respeito aos
modos de apropriação de elementos discursivos fornecidos pela memória histórica de
uma sociedade. Nos discursos midiáticos são analisados e recuperados aspectos
históricos que contribuem para a construção, no presente, de uma memória que
influencia o processo de produção de identificações; o segundo aspecto concerne ao
fato de que a prática discursiva midiática opera com a diversidade de tempos sociais e
com a diversidade de memórias coletivas, o que acarreta uma descontinuidade entre o
presente construído pela mídia (com os recortes que realiza da memória e da realidade)
e o conjunto de enunciações dispersas, heterogêneas e atemporais que forma o saber
histórico de um grupo social sobre aquilo que o constitui e o diferencia de outros. Em
virtude dessa base teórica, é analisado uma série enunciativa em que a mulher
executiva emerge como princípio de diferenciação e objeto do crescente e competitivo
mercado de trabalho, que vem solicitando, cada vez mais, um novo tipo de trabalhador,
no caso específico, uma “nova mulher executiva”, que precisa saber gerenciar um
grupo, controlar suas emoções, lidar com a disputa entre sexos no campo dos negócios
e mostrar criatividade para se manter no cargo ou galgar postos mais elevados. Em
relação ao objeto de estudo, que é a construção da identidade da mulher executiva na
atualidade, a crise de identidade alterou tanto a imagem do homem quanto a da mulher,
trazendo ganhos positivos. Observa que os papéis que tais sujeitos exercem hoje na
sociedade parecem não ser como antes, quando eram mais bem definidos e
delimitados. A partir das considerações feitas até o momento permitem observar como o
contexto discursivo é fundamental para que se verifiquem os mecanismos que
permeiam a produção e a manipulação de identidades veiculadas na mídia, em
especial, na mídia impressa acerca do sujeito mulher executiva . Os discursos sobre a
mulher executiva em publicações das revistas Você S/A e Exame possibilita uma
conexão entre poder e saber na produção de sentidos sobre esse sujeito, sobre a
participação feminina na área do empreendedorismo e sobre a competição com o seu
outro, a saber: homem executivo.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
por exemplo). No entanto, diferentemente da sexualidade, que pode ser velada e não
publicizada, a deficiência é uma dimensão que pode cooptar qualquer um, em qualquer
tempo, e é facilmente percebida. O objetivo do presente trabalho é analisar a estratégia
biopolítica na dimensão da deficiência, o controle dos corpos, os discursos e as práticas
que subjetivam e produzem as pessoas com deficiência. Como material empírico dessa
análise, lanço mão de um texto/imagem veiculado em uma campanha publicitária na
Grande Florianópolis. Trata-se do símbolo internacional da pessoa com deficiência, já-
visto, mas deslocado- em vez do círculo em branco que representa a cabeça do
cadeirante, há um capacete de motociclista e junto dessa imagem está disposto o texto:
“Não troque de transporte, pilote sua moto com inteligência”. Por meio de uma análise
discursiva, de base foucaultiana, entendo que nesse texto da campanha o risco de se
tornar pessoa com deficiência é a estratégia para a produção de saberes sobre o corpo
no trânsito e para a regulação dos comportamentos dos sujeitos. O poder desse
discurso controla de forma coercitiva as práticas e as ações da sociedade (FOUCAULT,
1996). As relações de poder imbricadas no texto/imagem fazem emergir pelo menos
duas constatações: (1) há uma tensão entre ser pessoa com deficiência e ser pessoa
sem deficiência- aqui no caso o motociclista- que passa a ser uma potencial pessoa
com deficiência- existe, portanto, uma sobreposição dos sentidos (a tênue linha que
separa “normalidade” e “anormalidade”). E nesse embate de forças, os saberes
legitimados são aqueles identificados com o sentido da normalidade e que mantêm a
pessoa com deficiência, representada pelo cadeirante, em posição inferior, já que a
deficiência é discursivizada como algo que precisa ser evitado e (2) o saber produzido é
aquele da consequência, do castigo pela imprudência- “corra, dirija alcoolizado, costure
o trânsito e mudará o meio de transporte”. Não use a inteligência, que se associa a
sentidos ligados à prudência e responsabilidade no trânsito, e se tornará cadeirante, o
que culpabiliza a pessoa com deficiência adquirida. E coloca mais uma vez, numa
relação de oposição e binarismos, de um lado, a normalidade (ser inteligente, por
conseguinte agir com prudência, respeitando as normas de trânsito e de segurança)
como o saber legitimado, com potência reguladora sobre os comportamentos, e de
outro, a anormalidade como seu contraponto, uma vez que o risco pode produzir a
deficiência, ou seja, a sequela, a dependência, a culpa, o castigo.
Resumo:
Resumo:
RESUMO 11
RESUMO:
Escola e partido são duas das palavras mais utilizadas hoje em dia no Brasil. Quando
elas são agrupadas para formar um nome próprio “Escola Sem Partido”, é sinal que um
determinado discurso procura sua estabilidade e força de interpelação. O presente
trabalho tem por objetivo refletir sobre os movimentos semântico-discursivos relativos
ao fenômeno da ambiguidade e eplipse contidos no nome próprio Escola sem Partido.
Pretende-se revelar as relações interdiscursivas, políticas e ideológicas presentes
implícita e explicitamente - lembradas ou esquecidas, a partir dos pressupostos da
Análise de Discurso Francesa. Para tanto, procuramos situar diacrônica e
sincronicamente a denominação do movimento e identificar os sentidos da forma-
sujeito, bem como às posições discursivas a ela associadas, índices de sua inscrição na
história e da materialidade mesma do nome. Do ponto de vista metodológico, o recorte
e a escolha quanto à perspectiva pecheuxtiana de AD significa que as condições
materiais de produção, veiculação, utilização e reutilização dos enunciados é
fundamental. Os resultados evidenciam as forças dinâmicas que possibilitam e
sustentam relações de dominação/exploração/reprodução e que são ocultadas pelo
movimento de interpelação presente, por exemplo, na constituição do nome próprio do
movimento e que permitem concluir acerca do jogo de forças políticas e ideológicas que
funcionam no sentido de legitimar e reproduzir determinadas relações.
Resumo:
cantado na letra, há também o sujeito crítico na posição de enunciador que irá se utilizar
da formação melódica do show acústico para revestir os enunciados no intuito de
suavizar seu forte efeito verbal. No caso das versões em show ao vivo nesse modo, é
notável também o hábito do cantor de unir letras de diferentes canções em uma só,
além das várias fugas à melodia originalmente escrita em versos determinados para
efeito de show com o público que conhece e tem relação com a banda, prática
discursiva essa que delineia a construção do discurso e de seus sujeitos participantes
nesse contexto. Como as versões em estúdio foram na maioria gravadas nas décadas
de 1980 e 1990, seu caráter crítico é ainda mais evidente, não só na letra, mas também
na musicalização que acompanha as tendências de outros grupos ditos fundadores do
BRock, o qual tinha como um de seus objetivos identificar novamente o público jovem
após uma época de forte censura. Com essas reflexões, foi possível apontar elementos
de formação de um discurso que pode vir a se tornar novamente, se já não o é, parte
fortemente relevante das relações de poder-saber de nossa contemporaneidade.
Resumo:
No final do século XIX e início do século XX, estudiosos se debruçaram sobre a questão
de que faltava cientificidade aos estudos linguísticos. A filosofia da linguagem
concentrava suas pesquisas na instauração de uma ciência com método, objeto e
objetivos próprios. Desse mirante, observamos Ferdinand Saussure e os adeptos do
estruturalismo linguístico buscando pensar a linguagem enquanto ciência. Estamos
diante de uma ciência positivista das línguas, a qual procura mostrar uma forma própria
de compreender a própria ciência. Como Saussure propõe um estudo imanente da
Resumo:
Com base nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de linha francesa e das
contribuições de Michel Foucault, nesse campo do saber pretendemos compreender as
Resumo:
Resumo:
contada a partir de tais séries -; retoma-se a história para explicar o presente. Portanto,
fazer análise de discurso na perspectiva foucaultiana é como fazer uma espécie de
história do presente. A população idosa tem crescido vertiginosamente e os novos
arranjos familiares (com cada vez mais mulheres trabalhando fora, por exemplo, e
idosos que vivem sozinhos ou são colocados em instituições específicas para a terceira
idade), têm modificado as políticas públicas, buscando-se maneiras de garantir
qualidade de vida aos que têm acima de 60 anos. Frente a isso, pode-se dizer que nos
discursos que circulam há regularidades que permitem analisar a construção da
subjetividade das pessoas da terceira idade, já que, ao dizer quem é o idoso atual,
acaba-se por ditar atitudes que os idosos devem ter para que sejam vistos dessa
maneira. Tendo isso em vista, o estudo busca analisar a identidade da população idosa
com base em séries enunciativas organizadas em ambiente virtual (sites e blogs), com
foco exclusivo nos idosos, considerando que o processo de subjetivação destes está
fundamentado na historicização, em áreas específicas de saber e em práticas de poder.
As publicações demonstram o mesmo objetivo: promover um envelhecimento saudável
e ativo, com idosos que, inclusive, dominam as Novas Tecnologias de Informação e
Comunicação (NTIC’s), o que retoma uma memória histórica associada às imagens que
se tem dos idosos como sujeitos com problemas de saúde e inertes, sem disposição e
alheios às tecnologias. Há nas publicações uma regularidade que aponta para um
enunciado de que o idoso precisa ser ativo e conectado às novas tecnologias.
Entretanto, nos discursos são retomados saberes históricos que demonstram que há
práticas discursivas que estabelecem o que se espera desse sujeito, e não
verdadeiramente como esse sujeito se enxerga, já que, ao mesmo tempo em que é
circulada a importância de se deixar para trás uma visão estereotipada do sujeito idoso,
tal concepção é reforçada.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Esta pesquisa, em fase preliminar, analisa duas publicações que começaram a escrever
a história de Maringá (cidade localizada no noroeste do Paraná e, segundo o IBGE, em
2016, tinha 403. 063 habitantes). A primeira é a Revista Maringá Ilustrada, com 200
páginas, lançada em 1957, em comemoração ao 10º aniversário de Maringá. Uma
publicação tradicional, elogiando a cidade recém-fundada, bem como seus
personagens, homens e mulheres que se estabeleceram em Maringá. A revista,
produzida por Ary de Lima e Antônio Augusto de Assis, fala da Maringá que deu certo,
uma promissora cidade que nascia no noroeste do Paraná. Esta análise começa pela
capa de ambas publicações. No caso da revista, na capa estampa-se a figura de uma
menina para dizer que se tratava da “Cidade Menina”, que nascia naquela boca de
sertão. Uma menina sorrindo com o olhar para cima, direcionado para o slogan da
revista: “Maringá, ‘Cidade-Menina’, que nasceu de olhos voltados para o céu”. A
imagem retrata um lugar em que tudo dá certo, com futuro brilhante, uma espécie de
oásis do norte e noroeste do Paraná. Na página 3, um texto reafirma os atributos da
capa, tecendo vultosos elogios àquela Maringá dos anos 1950. Entre outros, cita:
“Maringá, aí está a crescer, a progredir impressionantemente, a desenvolver-se, dentro
de características, dos mais modernos centros citadinos”. Pelas páginas da Revista
Maringá Ilustrada artigos e anúncios seguem o mesmo diapasão, retratando uma cidade
dos sonhos, onde a felicidade não era apenas um projeto, mas a realidade dos seus
quase 100 mil habitantes, na época. Mas outra publicação, também produzida em 1957
e publicada em 1961, refuta essa visão. Trata-se do livro Terra Crua, de Jorge Ferreira
Duque Estrada. Uma narração realmente nua da história de Maringá, revelando a
violência que rondava a cidade na década de 1950. O que não é novidade, pois se trata
de uma região de fronteira, constituindo-se em um lugar de crimes e grilagens de terra.
A capa de Terra Crua já rompe com o discurso da “Cidade-Menina” estampando a
imagem de Zé Risada, também conhecido por Risadinha, negro e personagem folclórico
de Maringá. O livro revela passagens fortes sobre a violência na cidade, descrevendo
as mortes por grilagens de terra: “Jogado n’água, a cabeça do ‘bicho’ vai ao fundo,
enquanto as porungas, muito leves, flutuam juntamente com os pés, descrevendo, no
começo, uma dança desesperada, macabros revolteios”, diz, complementando que
assim “os cabras” (homens) desciam rio abaixo e logo deixavam de respirar; ou seja,
morriam. Estrada também fala de Aníbal Goulart Maia, que era uma espécie de “manda
chuva” em Maringá. Pistoleiro e grileiro de terra que tinha 80 jagunços na cidade. Logo
depois de escrever o livro, o autor mudou-se de Maringá e só retornou em 1961 para
lançá-lo. Para analisar esses dois discursos, que descrevem os primeiros passos de
Maringá, nos anos 1950, recorremos à Análise de Discurso, interpretando-os sob a ótica
foucaultiana. Para Foucault, os discursos são controlados pela sociedade. O discurso
político é tratado no que ele chama de “tabu do objeto”, pois há certas coisas e
determinados assuntos que não podem ser ditos. Assim, a Revista Maringá Ilustrada
cumpre bem esse papel, demonstrando uma cidade ideal para viver, sem violência ou
qualquer outra atribulação. Desta forma, a publicação agradava à Companhia
Melhoramento Norte do Paraná e o poder político local. O livro Terra Crua, ao contrário,
rompe a interdição (termo usado por Foucault) do discurso e descreve a Maringá real,
trazendo à tona os casos de violência e grilagem de terra. Com o andamento desta
pesquisa, pretendemos analisar mais detalhes das duas publicações, inclusive,
ampliando a análise sobre as capas de ambas que detêm forte visualidade.
Palavras-chave: Colonização regional; Maringá; discursos midiáticos e políticos.
Resumo:
Resumo:
simoneuem@gmail.com
Profa. Me. Virginia Maria Nuss (Unesp)
virnuss@hotmail.com
Resumo:
O presente trabalho analisou vinte e três ocorrências de orações adverbiais temporais
introduzidas pelo conectivo 'quando', presentes na Ação Penal nº470 (Origens dos
recursos empregados no esquema criminoso (caso Mensalão)). A fundamentação
teórica baseou-se nos pressupostos funcionalistas de Haliday (1985) e Neves (2000)
que, simultaneamente, defendem a concepção de que a gramática é emergente e,
portanto, configura-se como resultado das pressões de uso de uma determinada
comunidade linguística. O estudo realizado apontou usos que estão para além da
clássica univocidade, segundo a qual para cada forma haveria uma única função
(quando > tempo). Isso ocorre, porque o conectivo apresenta a tendência geral de trazer
em sua carga semântica o sentido de condição e, mais raramente, o de contraste,
associado ao de tempo. Tal fato suscitou, a um só tempo, a necessidade de se revisar o
aparato teórico de cunho normativo (Cunha e Cintra (1985) e Mesquita (1990)), bem
como a nomenclatura comumente empregada, já que a conjunção, a princípio, indicativa
de tempo pode trazer outras noções, recorrentes também em textos escritos da
modalidade padrão do português brasileiro. Assim, por um lado, os resultados apontam
para a necessidade de se tratar as construções com 'quando' como aquelas cuja função
pode introduzir sentenças indicativas de tempo, tempo-condição, tempo-contraste. Por
outro, indicam a relação direta entre a sobreposição de carga semântica e os diferentes
momentos da organização do texto no que diz respeito ao gênero Ação Penal. Em
outras palavras, o conectivo tende a indicar a noção canônica de tempo se empregado
em sentenças cujos objetivos centram-se na explicação/definição de uma lei, um inciso,
um procedimento recorrente na esfera jurídica; se, ao contrário, a intenção é, de fato,
fazer referência ao evento motivo da ação – e, por conseguinte, desenvolver uma
sequência narrativa - o mesmo conectivo acumula ao sentido básico o de condição e de
contraste, respectivamente. Por conseguinte, foi possível a identificação das limitações
do tratamento tradicional dado às orações temporais e o reconhecimento da existência
Resumo:
O presente trabalho resulta de uma análise advinda do Projeto de Iniciação Científica
intitulado “Estudo das orações hipotáticas adverbiais em textos jornalísticos: Uma
proposta de análise e recategorização semântica à par da noção de radialidade”
desenvolvido na UNESPAR – Campus de Paranavaí, no período de 2016 à 2017. O
estudo culminou na investigação de 26 matérias publicadas na Revista IstoÉ Online,
nas quais identificamos um total de 296 sentenças adverbiais, ou seja, orações que, em
termos semânticos, caracterizam-se por retratar circunstâncias diversas e,
sintaticamente, por estabelecer uma relação de dependência (Halliday, 1985) com as
consideradas principais. Os resultados apontam para a predominância significativa de
sentenças finais (41,21%), seguidas de temporais (17,56%). Nesse ínterim, os dados
foram analisados à luz das particularidades referentes ao contexto de produção inerente
ao gênero escolhido (matéria), no qual destaca-se a esfera comunicativa (jornalística e,
concomitantemente, digital) – conforme os pressupostos teóricos de Bakhtin (1997),
Brait (2000), Costa (2010), Fiorin (2001), Koch (1997) e Marcuschi (2008).
Identificamos, assim, uma alusão à linguagem como prática textual-discursiva, em que a
conexão expressa entre texto e contexto, seja ele histórico, cultural, social ou cognitivo,
perpassa o sujeito e a sociedade, sendo o uso das categorias sintáticas e a
compreensão semântica, fatores subordinados aos contextos pragmáticos. Ademais,
vale ressaltar também que o projeto apurou a incidência de casos que transcursam as
classificações canônicas da gramática normativa e apresentam conectivos introdutórios
com cargas semânticas sobrepostas. Destarte, observamos que em uma mesma oração
pode haver duas ou, até mesmo, três circunstâncias empregadas. Tal aspecto pôde ser
materializado ao averiguarmos episódios de maleabilidade em que a estrutura provou
ser não-arbitrária, motivada, icônica e, o sentido, contextualmente dependente e não-
atômico – seguindo as premissas de Givón (1995). Dentre as noções de sentido que se
sobrepõem, destacam-se, principalmente, as relações de: tempo e causa; condição e
comparação; tempo e condição; tempo e comparação; tempo, causa e condição; tempo
e proporção; concessão e condição; causa e concessão; condição e consequência;
tempo e consequência; tempo, causa e comparação; condição, comparação e
concessão. Axiomaticamente, conclui-se que, seguindo os princípios da linguística
cognitivo-funcional – elencados por Ferrari (2011), Halliday (1985), Langacker (1987),
Neves (2000), entre outros, cujas postulações vinculadas à interdependência,
continuum e radialidade são subsídios cruciais aos novos estudos dessa corrente –
nosso trabalho buscou questionar o tratamento tradicional dado a esses fenômenos
linguísticos e defender o processo de interação e de usos contextuais efetivos da língua
voltados às estratégias discursivo-comunicativas.
Palavras-chave: Sentenças adverbiais; perspectiva funcionalista; gênero jornalístico
discursivo-comunicativo.
Resumo:
O objetivo deste estudo é analisar as ocorrências do elemento portanto em um corpus
da modalidade oral do português brasileiro e do português africano. A partir de uma
perspectiva funcionalista da linguagem, busca-se identificar o valor semântico desse
elemento (análise pautada no trabalho de Lopes, Pezatti e Novaes, de 2001) e também
quais relações retóricas ele sinaliza (perspectiva adotada pela Teoria da Estrutura
Resumo:
Resumo:
Resumo:
A flexibilidade dos elementos linguísticos de qualquer língua em uso faz que esses
elementos sejam alvos de variação ou mudança linguística. Tanto a variação quanto a
mudança ocorrem porque as formas linguísticas alteram-se em função do uso, e essas
alterações envolvem o discurso e a gramática da língua. Quando as formas linguísticas,
em função do discurso, alteram-se na gramática, tem-se um processo de
gramaticalização. Na perspectiva de autores que entendem a língua como
um multissistema, a gramaticalização não é um processo unidirecional e derivacional de
mudança que ocorre quando itens lexicais adquirem características gramaticais e itens
gramaticais tornam-se mais gramaticais. Nessa perspectiva, a gramaticalização consiste
em um dos processos de mudança que pode ocorrer nos sistemas linguísticos, do
mesmo modo que a lexicalização, a semanticização e a discursivização. Esses
processos ocorrem simultaneamente, sem hierarquia entre eles, de forma
multidirecional. O sistema da gramática é constituído pelos subsistemas: fonologia,
morfologia e sintaxe. Dessa forma, na gramaticalização, uma palavra pode sofrer
alterações fonológicas, morfológicas e sintáticas. Os processos nos subsistemas da
fonologia (fonologização), da morfologia (morfologização) e da sintaxe (sintaticização)
ocorrem de forma simultânea e não há primazia de um subsistema sobre o outro. Neste
trabalho, destacamos aspectos sintáticos da gramaticalização da construção tanto que
no português brasileiro sob a perspectiva multissistêmica. Abordamos, assim, o
subsistema da sintaxe, tendo por objetivo evidenciar similaridades e diferenças nos
aspectos sintáticos de construções correlatas consecutivas com tanto que e outras
construções que não podem ser enquadradas sob o mesmo rótulo. Em sentenças
correlatas consecutivas, os elementos tanto e que estão em interdependência sintática,
ocorrendo cada elemento em uma sentença distinta. Por outro lado, em outras
Resumo:
Considerando que todo enunciado tem marcas que nos permite avaliar a intenção do
falante. Ao produzir um discurso, o locutor usa estratégias discursivas para convencer o
leitor/ouvinte, visto que ele possui uma intenção comunicativa diante da comunidade
discursiva em que está inserido. Uma dessas marcas comunicativas é a modalização,
esta se responsabiliza por sinalizar para o interlocutor a opinião do locutor, marcando o
seu discurso como irrelutável ou contestável. Atualmente, muitos estudiosos têm se
interessado por esta peculiaridade, devido a grande quantidade de modalidades
existentes, suas complexidades e sua importância para o discurso. Desse modo, o
presente trabalho buscou investigar as modalidades epistêmicas e as modalidades
deônticas por meio dos verbos modais no discurso de posse do Presidente Michel
Temer, caracterizando o grau do possível, do obrigatório e do permitido e, por
consequência, compreendendo como o lider politico se posiciona diante da atual
realidade política do nosso país. Para o desenvolvimento desse trabalho, foram
utilizados como referência teórica Lyons (1977), Neves (1996), (1997), (2002), (2002),
(2006), Castilho (2012), Camparini (2002) e Nascimento (2010). Como apresentado
anteriormente, o corpus se constitue por meio do discurso de posse do presidente
Michel Temer, pronunciado no dia doze de junho de dois mil e dezesseis, retirado do
site oficial do Grupo Globo – G1. Nesse disrcurso, foram analisadas as incidências das
modalidades epistêmicas e deônticas, como elas são evidenciadas e a ocorrência dos
principais verbos modais e seu carater polissêmico. Para isso, se fez necessário um
Resumo:
incoerente. Schwartz (1982) acredita que a maioria das pesquisas sobre a “linguagem
esquizofrênica” é marcada por falhas metodológicas, observações problemáticas,
raciocínio tautológico e hipóteses teóricas que não consideram as complexidades da
linguagem. Nesse sentido, propomos, neste trabalho, apresentar as pesquisas já
realizadas nesse campo, demonstrando a necessidade de se considerar a perspectiva
funcionalista para tal análise. Para o funcionalismo, segundo Neves (1997), as relações
entre as unidades e as funções das unidades têm prioridade sobre seus limites e sua
posição, e a gramática é acessível às pressões do uso. Um modelo de análise
funcionalista que pode no servir para estudar as relações de coerência no discurso
psicótico é a Teoria da Estrutura Retórica, a qual descreve as funções e estruturas que
compõem os textos bem como a organização deles, levando em conta o fato de que as
relações entre as partes do texto formam um todo coerente. Tal coerência se dá quando
cada unidade textual tem uma razão para existir e exerce uma função considerando
suas demais partes. Segundo Giering (2007), a análise a partir da RST atribui um papel,
uma função, a cada unidade informacional do texto, conferindo razão e existência a
cada elemento. Isso porque toda unidade textual contém a intenção pragmática do
falante/escritor, o qual procura atingir uma comunicação eficiente com seu interlocutor.
Compreendemos, portanto, que a Teoria da Estrutura Retórica pode contribuir
fortemente para analisar as relações de coerência que emergem do discurso psicótico.
RESUMO 9
Resumo:
De maneira genérica, Quirk et al (1985) definem modalidade como o modo pelo qual o
significado de uma frase é qualificado, refletindo, assim, o julgamento do falante sobre a
probabilidade de ser verdadeira a proposição que ele expressa. Narrog (2012) afirma
que a noção de modalidade sempre deve ser vista associada à noção de subjetividade,
pois modalidade inclui subjetividade e subjetividade tem relação com modalidade.
Desse modo, de acordo com Magni (2010), pode-se dizer que, ao se tratar de
modalidade, se está diante de uma relação entre o falante e seu enunciado, ou, ainda,
de uma relação entre o modo como o enunciador avalia e julga o conteúdo presente no
seu enunciado. É, portanto, uma relação subjetiva, contida em todo tipo de texto, tendo
em vista que este é produzido por um indivíduo que, uma vez formado por suas crenças
e opiniões, filtra e faz sua avaliação, ainda que inconscientemente, do que está sendo
enunciado. Para que esse julgamento seja analisado e descrito, é necessária uma
investigação conjunta entre todos os elementos (sintáticos, semânticos e pragmáticos)
presentes no contexto. Por essa razão, a abordagem funcionalista, que prevê uma
integração dos diferentes níveis de análise, tendo a pragmática primazia sobre a
semântica e esta sobre a sintaxe revela-se a mais adequada para os estudos
descritivos da modalidade de maneira geral. Entre as várias formas de expressão da
modalidade, este trabalho descreve os diferentes usos modais do verbo poder em
espanhol. Objetiva-se verificar em que medida o valor modal epistêmico expresso pelo
verbo diferencia-se dos valores modais não epistêmicos e em que medida o contexto
(informações pragmáticas e evidências gramaticais previstas nos parâmetros de
análise) contribui para diferenciar tais valores. Para auxiliar na análise, utiliza-se a
classificação de modalidade proposta por Hengeveld (2004), que dentro de um modelo
funcionalista distingue dois parâmetros importantes para o estudo da modalidade: o alvo
da avaliação e o domínio semântico da avaliação. O primeiro parâmetro, alvo da
avaliação, refere-se à parte do enunciado que é modalizada. Por esse parâmetro, as
modalidades podem estar orientadas para o participante, para o evento ou para a
proposição. Pelo segundo parâmetro, domínio semântico da avaliação, as modalidades
podem ser classificadas em facultativa, deôntica, volitiva, epistêmica e evidencial. Além
do valor modal epistêmico, foram identificados nos dados outros dois valores não
epistêmicos – facultativo e deôntico – que foram descritos e analisados com base em
alguns parâmetros de análise, entre os quais destacam-se: alvo da avaliação modal,
presença ou ausência do sujeito, traços [humano] e [animado] do sujeito, dinamicidade
e agentividade do predicado, pessoa gramatical do sujeito, tempo e modo verbal do
modal poder, presença da negação anteposta ao modal. O córpus utilizado nesta
pesquisa foi organizado por Gasparini-Bastos (2004) e está composto por 20 entrevistas
jornalísticas publicadas na revista espanhola El País (suplemento dominical do jornal),
selecionadas aleatoriamente entre os anos de 2000 e 2001. A proposta de se trabalhar
com esse tipo de gênero resulta interessante se se considerar que as entrevistas
jornalísticas são mais próximas da oralidade, quando comparadas a outros gêneros
textuais, o que favorece o maior aparecimento de elementos modais.
Resumo:
Resumo:
O trabalho propõe uma reflexão sobre a pesquisa histórica da língua pela perspectiva
sócio-histórica. A partir de uma reflexão sobre os alcances e limites dos estudos
realizados com os instrumentais tradicionais da Linguística Histórica, propõe uma via
alternativa através da História Social da Língua. Nesta perspectiva, abre-se mão da
autonomia da Língua e, portanto, dos contornos tradicionais da Linguística, buscando
na multi/transdisciplinaridade as saídas para as escavações. As mútuas relações entre
as normas linguísticas e as sociais são exploradas, pelo diálogo do instrumental da
Linguística – da análise da gramática até a análise do discurso - e de outras ciências
sociais como a História e a Sociologia. Interessa a esta forma do fazer científico estudar
como as identidades são constituídas historicamente a partir da linguagem e,
simultaneamente, como a língua é resultante das definições identitárias. O trabalho
apontará alguns dos resultados obtidos por estudos realizados no Brasil nas últimas
décadas, a partir deste viés. Mais especificamente mostraremos brevemente os
caminhos trilhados por Pagotto (1998) em estudo sobre as normas linguísticas dos
textos constitucionais do Império e da Primeira República; por Pereira (2010) sobre a
realização do sujeito pela elite paulistana de fins do Século XIX e primeira décadas do
século XX; por Oliveira (2011) que se ateve sobre a ordem dos clíticos nas infinitivas
preposicionadas em textos de escritores brasileiros e portugueses dos Séculos XIX e
XX; por Santos Silva (2012), que analisou o uso dos clíticos por intelectuais paulistas do
período republicano; e, finalmente, por Ribeiro (2015) que analisou atas escritas por
diretores, secretários e professores da Escola Normal e do Ginásio da Capital de São
Paulo, procurando relacionar o que chama de “sintaxe da ordem” - a norma linguística
para a posição do sujeito sentencial e do clítico em contexto de infinitiva preposicionada
- às normas sociais e de criação de identidade sociocultural. Por fim, o trabalho também
dará notícias de pesquisa recém iniciada no âmbito do DLP/CCH/UEM sobre o uso de
pronomes demonstrativos por membros da elite brasileira da primeira metade do século
XX, mais especificamente da família Mesquita, proprietária do jornal O Estado de São
Paulo, suportada teoricamente por 4 pilares que se articulam para tratar a complexidade
da língua: a Teoria Multissistêmica, tal qual proposta por Castilho (2010); a
Sociolinguística Variacionista proposta por Labov (2008) e Weinreich; Labov & Herzog
(2006); o conceito de “comunidade de prática” de Eckert & McConnell-Ginet (2010); e,
como perspectiva para interpretação social dos fatos estudados, a Teoria da Economia
das Trocas Linguísticas, encontrada em Pierre Bourdieu (1994, 2003, 2007 e 2008).
Resumo:
A nomenclatura adotada hoje em dia nas gramáticas tradicionais teve origem em 1959,
por meio da Portaria nº36 do Ministério da Educação, que ficou conhecida como
Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB). Apesar de adotarem a mesma nomenclatura
geral, as gramáticas pós NGB diferem na forma de apresentação dos conceitos, uma
vez que este documento apenas normatiza a nomenclatura, deixando a cargo do
gramático fazer relação entre o nome e função da estrutura linguística em questão. O
foco do nosso trabalho é apresentar o termo ‘’sujeito’’ que é a nomenclatura usada e
determinada pela Nomenclatura Gramatical Brasileira como um dos termos essenciais
da oração, neste trabalho temos como objetivo refletir, comparar e buscar entender as
interfaces significativas sobre a definição do conceito presente nas Gramáticas
Tradicionais e Pedagógicas. Mostramos a partir dos dados coletados das gramáticas
dos autores: Bagno (2012); Bechara (2009); Cegalla (1971); Cereja (2009); Cunha
(2001); Luft (2002); Neto (1998); Perini (1996,2010) e Sacconi (1994), onde foram
analisadas as definições, atentando sempre para a função e o sentido que o mesmo
exerce. Para as definições sintáticas tomamos como base teórica Mioto (2007), e para
as definições semânticas analisamos pela ótica dos papeis semânticos atribuídos por
Cançado (2008), também fizemos a comparação e relação entre as definições.
Observamos que há uma imprecisão sobre a conceituação da noção de sujeito, onde
ocorre uma mistura de características linguísticas da sintaxe e da semântica, e por
vezes, não há a preocupação com a delimitação do termo. Desse modo, pretendemos
com o estudo aqui exposto informar as diferentes formas de construção do conceito
citado, discutir e colaborar com a reflexão de uma análise mais convincente a respeito
dos valores da significação do termo, cooperando para a divulgação dos estudos
sintáticos e semânticos nas gramáticas pedagógicas e para os professores atuantes em
sala de aula, visto que o termo é necessariamente utilizado nos estudos linguísticos
práticos e teóricos da área, também apontamos a necessidade de revisitar as
gramáticas, assim como a nomenclatura que ela segue, seus pontos de conceituação e
sobretudo no que se refere ao termo “sujeito”, nesse sentido, procuramos ajudar na
adoção de uma postura mais crítica diante desses dados linguísticos.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
O presente trabalho possui como tema um estudo acerca do aspecto verbal, com o
objetivo de analisar quais aspectos verbais são mais recorrentes nos textos de gênero
textual Resposta argumentativa, bem como a relação dessa categoria com a construção
da argumentação nesse gênero. Buscamos em Castilho (2012), Comrie (1976) e
Travaglia (1985) considerações para fundamentar teoricamente questões relacionadas
à categoria do aspecto verbal e em Citelli (1986), (1994) e Garcia (2002) embasamento
teórico acerca da argumentação e também de como ela se constitui no gênero textual
aqui estudado - a Resposta argumentativa. Para o desenvolvimento do trabalho,
utilizamo-nos de redações produzidas em situação de vestibular, da prova aplicada no
concurso vestibular de verão, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no ano de
2013, as quais foram cedidas pela Comissão do Vestibular Unificado (CVU), da mesma
instituição. Utilizando-nos dessas redações, realizamos uma pesquisa de natureza
quantitativo-qualitativa, a partir dos seguintes procedimentos metodológicos:
inicialmente, separamos os textos em três blocos, conforme adequação estrutural do
texto ao gênero resposta argumentativa, bem como quanto ao alcance da finalidade
argumentativa. A partir desses critérios, há um bloco que contempla as redações
avaliadas como boas; outro, as consideradas regulares; e, no terceiro, aquelas
consideradas ruins. Após esse procedimento, selecionamos os verbos que constituem o
núcleo das sentenças, deixando, por ora, a análise daqueles que aparecem como
argumentos; fizemos a análise do aspecto desses verbos, seguida do levantamento da
quantidade de recorrência dos aspectos que esses verbos representam e, por fim,
avaliamos se essa recorrência está associada à avaliação do texto como bom, regular
ou ruim. Como esse trabalho constitui parte do processo de tese em desenvolvimento,
os resultados ainda estão em processo.
Resumo:
O presente trabalho faz parte dos projetos de estudos linguísticos “Cadernos de Teorias
da Linguagem” e “Gramática, Bilinguismo e Multiculturalismo”, ambos da Universidade
Estadual de Londrina, cujos objetivos estão ligados a modelos descritivos das ciências
da linguagem, levando em conta contextos multiculturais. Trata-se, aqui, de uma
pesquisa bibliográfica em gramáticas presentes nas escolas e academias, cujos
fundamentos traduzem as propostas da Nomenclatura Gramatical Brasileira – NGB.
Para essa análise qualitativa, são utilizadas dez gramáticas representativas publicadas
após o ano 2000, de autores brasileiros, tais como: Cintra e Cunha (2001), Bechara
(2002), Castilho (2015) e outros. Nosso objetivo é observar a maneira pela qual a
gramática tradicional – formalizada na NGB – direciona o olhar: em algumas obras, tem-
se o olhar descritivo; e, em outras, a função normativa e uniformizadora da escola
determina o tratamento de questões gramaticais. Nesse contexto, a abordagem dada às
classes gramaticais chama a atenção e não aparece de maneira uniforme em todas as
obras pesquisadas. As classes gramaticais começam a ser delimitadas no período
clássico, conforme Benveniste (1976), e seguem por todo o percurso de constituição da
gramática tradicional. Nas obras que tendem para a descrição, as classes gramaticais
são concebidas em sua dimensão sintática, semântica e morfológica (cf. MOURA
NEVES, 2011; BECHARA, 2002). Em outros trabalhos mais normativos (cf. ALMEIDA,
2010; ROCHA LIMA, 2002), as classes gramaticais são consideradas relativas à
morfologia, deixando em segundo plano os aspectos sintáticos e semânticos, que,
mesmo não evidenciados, continuam implícitos nas classificações gramaticais. É
preciso notar que a constituição das classes gramaticais, por sua origem clássica, está
baseada na estrutura do grego e do latim – línguas que reinaram no poder até o
Renascimento (cf. LYONS, 1987). Dessa forma, o sistema linguístico é classificado de
acordo com particularidades das línguas clássicas, deixando de contemplar
particularidades do sistema de línguas que não seguem o modelo da tradição, como as
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Neste trabalho, o objetivo principal é mostrar de que maneira Deus é retratado como
uma personagem caricata, tornando-o personificado, na série “Um sábado qualquer” de
Carlos Ruas. A proposta desse cartunista é, ao invés da publicação de suas tiras na
forma tradicional em jornais impressos, utilizar-se da internet, para reinterpretar os
principais fatos bíblicos, sem, inicialmente, posicionar-se a favor de uma ou outra
religião, e sim estabelecer discussões de cunho filosófico. Para tanto, a humanização de
Deus, segundo ele, inclui sofrer, chorar, sorrir, enraivecer, arrepender-se, discutir com a
mulher etc., resultando-se no blogue de maior acesso na atualidade, cerca de 2,7
milhões de leitores, que foi criado em 2009, com publicações impressas a partir de
2015. A tira cômica, como gênero quadrinístico, constitui uma sequência narrativa
organizada em torno da construção de uma expectativa que se direciona a um desfecho
cômico (RAMOS, 2010; 2011; 2014). Compartilha dos recursos da linguagem dos
quadrinhos, tais como: balões, personagens fixos ou não (podendo ser caricatos,
estilizados, humanizados ou personificados), onomatopeias, metáforas visuais, cores,
diferentes marcações temporais e espaciais, linhas cinéticas, ângulos de visão,
legendas etc. No âmbito da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, a Formação
Discursiva (FD) corresponde a tudo aquilo que é real na língua, determinando, assim, o
dizer do sujeito e camuflando as posições ideológicas. Nesse sentido, mesmo que a
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada para a disciplina de Estudos das
Interpretações II, que integra o quarto ano do curso de Letras Português/Inglês e
Literaturas correspondes da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O presente
estudo fundamenta-se na Análise do Discurso (doravante AD) de linha francesa
desenvolvida por Mangueneau (2008) e propõe-se a analisar cinco propagandas de
hortifrútis, de modo a relacionar o conceito de interdiscurso postulado pelo autor ao
corpus selecionado. O material escolhido para essa pesquisa é resultado de uma
campanha publicitária lançada no ano de 2008, intitulada Hollywood, cujo slogan é:
“Aqui a natureza é a estrela”. A campanha produzida pela agência MP Publicidade e
destinada à empresa Hortifruti, associa títulos de grandes produções cinematográficas à
frutas, legumes e verduras, por exemplo: “Melão Rouge”, “O quiabo veste Prada” e “A
hortaliça rebelde. No que se refere à base teórica do trabalho, interdiscurso é entendido
por Mangueneau (1997) como constituído por uma tríade, em outras palavras, por três
conceitos complementares, a saber: universo discursivo, que abrange o conjunto de
formações discursivas que interagem em uma dada conjuntura, campo discursivo, que
corresponde a um conjunto de formações discursivas que se encontram em
concorrência e se delimitam mutuamente em determinada área do universo discursivo,
e espaço discursivo, que compreende a subconjuntos de formações discursivas. A partir
da análise realizada, foi possível: a) verificar a presença do interdiscurso nas
propagandas estudadas, uma vez que elas dialogam com textos do campo discursivo
cinematográfico; e b) identificar que as propagandas analisadas pertencem ao universo
discursivo midiático, ao campo discursivo publicitário e possuem como espaço
discursivo os enunciados que produzem efeitos de sentido. Outro resultado obtido, é
relativo ao efeito de sentido produzido pela campanha publicitária desenvolvida, isto é, a
associação entre as características convenientes dos filmes e/ou personagens dessas
obras aos produtos comercializados. Diante do exposto, a relevância desse trabalho
reside na importância da AD para compreensão de enunciados e para a formação de
procedimentos que evidenciem o “olhar leitor” (MANGUENEAU, 1997), bem como na
contribuição à área de pesquisa.
O conceito de cultura pop pode ser entendido como “conjunto de práticas, experiências
e produtos norteados pela lógica midiática, que tem como gênese o entretenimento”
(SOARES, 2013), ou seja, ao falar do universo pop nos referimos aos produtos
midiáticos criados pela indústria do entretenimento em suas diversas áreas: música,
cinema, televisão etc. Esses produtos são difundidos globalmente, sendo consumidos
por milhões de pessoas ao redor do mundo e usados tanto para criar um senso de
pertencimento e identificação a um grupo quanto como forma de diferenciação dos
demais. Nesse universo pop, a cantora Beyoncé é uma das artistas mais relevantes da
atualidade, tendo acumulado vinte e dois Grammy Awards ao longo de vinte e sete anos
de carreira e declarada em segundo lugar na lista da revista Forbes das cem
celebridades mais bem pagas de 2017. Durante sua carreira solo, foram vendidos, até o
ano de 2016, mais de 75 milhões de álbuns no mundo todo, fato que comprova o
alcance de suas canções e sua influência, principalmente sobre seu público, composto
majoritariamente por mulheres de 12 a 34 anos. Além da carreira artística, a cantora
entrou em evidência por se declarar feminista durante a premiação do MTV Video Music
Awards de 2014, em sua performance da canção Flawless, que traz na letra parte do
discurso da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie sobre feminismo e o papel
da mulher na sociedade. Diante desse quadro, nosso objetivo neste trabalho é analisar
as letras das canções dos álbuns da cantora Beyoncé, procurando mostrar as imagens
de mulher presentes em sua discografia. Mais especificamente, nosso intuito é
identificar as possíveis imagens e observar se houve uma mudança de tais imagens no
percurso da carreira da cantora. Nossos pressupostos teóricos fundamentam-se nos
estudos da Análise do Discurso de linha francesa, principalmente os de Pêcheux e seus
seguidores no Brasil, e estudos sobre o Feminismo. As análises mostram a construção
de diversas imagens de mulher que se repetem ao longo dos álbuns: a submissa, a
independente, a sexualmente livre, a mãe, a apaixonada e a feminista. Entre elas, duas
são mais recorrentes, sobressaindo-se em todos os álbuns: a mulher submissa e a
independente. Entretanto, houve uma mudança na proporção de canções em que
aparece cada uma das imagens. Nos primeiros alguns, a imagem da mulher submissa
era a que predominava, porém, com o passar do tempo, passou a predominar a oposta.
A imagem da mulher feminista, por sua vez, apareceu apenas nos dois últimos álbuns
lançados.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
O presente trabalho pretende apresentar e defender a proposta de Le Page (1980), de
que todo ato de fala é um ato de identidade. Não fixando apenas na proposta
apresentada acima, mas também colocando as marcas e conclusões dos estudos feitos
pelos colaboradores do presente artigo. As identidades são marcadas pelas diferenças
e estão imersas num ambiente de poder e hierarquia, assim como as línguas que
servindo como item identitário, também são atingidas por esse envolvente. A ideia
mantida pelas ciências humanas é de que a identidade e suas relações de poder não
são fenômenos inatos. Segundo Kathryn Woodward, a sua construção e manutenção
acontecem por meio do social e simbólico (2000. p. 14). O papel do símbolo é dar razão
as definições de quem está incluído ou excluído, enquanto o do social é concretizar
essa classificação. As variações linguísticas do português brasileiro são assinadas por
uma dicotomia histórica entre o urbano e o caipira, aquele como detentor de uma norma
culta, uma identidade valorizada e conservadora, e este de um estigma social
simplesmente por estar fora do padrão, daquele círculo. Assim, acaba sofrendo com os
preconceitos linguísticos que envolve uma pessoa não letrada conforme o padronizado,
a gramática normativa o atribui a “burrice”, o desconhecimento sobre o mundo que o
cerca, descartando todo conhecimento adquirido com o cotidiano, com o vivo, a
improvisação e a criatividade. A canção “linguisticamente performática” “Zaluzejo”, da
banda O Teatro Mágico, propõe exatamente a desconstrução desses preconceitos por
meio da arte, da poesia, da sonoridade, da performance que atinge todos os envolvidos.
Faz um convite à percepção de que ali, nas discrepâncias entre o padrão e o utilizado
não são “erros”, mas sim, de uma criatividade resultante da manipulação e domínio da
língua (e todas as significâncias e conexões estabelecidas entre locutor e receptor) em
sua forma oral, mesmo que se altere suas formas sonoras ou escritas, todos os signos
vêm carregados de ideologia e formação histórica em seu intuito de se concretizar a
linguagem, a interação. Dito isso, pretendemos comparar a canção citada com algumas
situações comuns no dia a dia das pessoas que usam a língua da maneira descrita na
música e a partir disso mostrar que pode-se ter uma comunicação totalmente viável sem
o uso da língua nomeada como “correta”. Após os estudos e análises serem aplicadas,
a principal intenção dos colaboradores serão levar essa ideia ao meio acadêmico e isso
não se refere só a faculdades ou e congressos, mas também salas de aulas e didáticas
dos professores atuais.
Resumo:
A partir de questionamentos acerca dos diferentes sentidos que circulam na web, e com
o objetivo de compreender como o discurso feminista se manifesta em duas páginas
que feministas do Facebook ("Empodere duas mulheres" e "Não me Kahlo, ambas com
aproximadamente 1 milhão de seguidores e muitos compartilhamentos), propõe-se
analisar três lexias recorrentes no Feminismo e que estão presentes em textos
feministas das duas páginas: sororidade, feminicídio e empoderamento. O presente
projeto de pesquisa de Mestrado está ancorado na Análise do Discurso de orientação
francesa de Michel Pêcheux, nas teorias sobre hipergênero e cenografia propostas por
Dominique Maingueneau, e também nos conceitos de poder e modos de subjetivação
de Michel Foucault. Almeja-se analisar os diferentes sentidos dos três termos
(sororidade, feminicídio e empoderamento) e suas circulações nos textos de duas
páginas da rede social Facebook, tendo como hipótese que há diferentes processos de
subjetivações (Foucault, 1984, 1985, 1995) produzidos em relação à posição da mulher
nos discursos na web. Para que se possa comprovar essa hipótese, inicialmente,
verificar-se-á como os textos eleitos para as análises a partir de determinados percursos
(Maingueneau, 2007, 2015) e inscrição em determinadas formações discursivas
(Maingueneau, 2015) se inscrevem no hipergênero (Maingueneau, 2015). A análise
pautar-se-á no reconhecimento das diferentes cenografias e como as mesmas são
mobilizadas; na sequência, como o interdiscurso irrompe nos textos escolhidos para
análise. Por fim, por meio dos percursos inesperados (Maingueneau, 2015), será
possível explicitar as relações imprevistas existentes no interior do interdiscurso, medir
a dispersão e explorar a disseminação dos sentidos das lexias escolhidas (sororidade,
feminicídio e empoderamento). Dessa forma, poder-se-á circunscrever os sentidos que
os termos produzem e, consequentemente, verificar a existência de diferentes modos
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
A escrita, concebida como prática social (STREET, 2014) presente nas comunidades
letradas, insere-se no grupo de atividades que manifestam aspectos das infra e das
supraestruturas ideológicas de cada corpo social. O trabalho, nesse sentido, tem por
objetivo refletir as relações epistemológicas, identitárias e de poder (ZAVALA, 2010;
WALSH, 2009) que permeiam a escrita produzida em ambiente escolar, pensada aqui
sob a perspectiva dos letramentos acadêmicos (LEA e STREET, 2006; LILLIS e
SCOTT, 2007). Para isso, identificam-se modelos culturais (HAMEL, 2013; TUTA, 2013)
na escrita de estudantes do Ensino Médio em um colégio particular do extremo noroeste
paranaense, analisando os procedimentos adotados por eles na incorporação ou
transgressão do modelo cultural privilegiado nos textos de apoio e sugerido no comando
da proposta de redação em contexto simulado de vestibular.
Modelos culturais.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
A qualidade da Educação Básica tem sido tema de grandes debates nos últimos tempos
no cenário nacional. A disciplina de Língua Portuguesa demarca importante espaço no
currículo escolar, assim possui destaque nas políticas públicas educacionais, a exemplo
do seu papel nas avaliações em larga escala, como a prova Brasil e o Sistema de
Avaliação da Educação Básica (Saeb), que compõem o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica. Ao mesmo tempo, observamos a ausência da formação crítica dos
estudantes que sofrem os efeitos alienantes da indústria cultural midiática, fazendo com
que os espaços de reflexão e interesse político sejam cada vez mais reduzidos.
Assistimos à reprodução das construções ideológicas das sociedades modernas, que
trazem em seu bojo papeis previamente definidos e estereotipados, tidos como naturais,
desconsiderando todo o conjunto de elementos/interesses subjacentes que permeiam
essas construções - como a reprodução das representações identitárias de grupos
sociais marginalizados (mulher, negro, “pobre”). Este trabalho visa a estudar as diversas
maneiras por meio das quais as propostas de letramento literário podem contribuir com
as práticas escolares, visando desenvolver uma perspectiva crítica, a partir da análise-
interpretativa da crônica “Muribeca”, do poema “O Bicho” e do documentário “Ilha das
Flores”, sobretudo no que diz respeito à construção histórica de um grupo social
“marginalizado” em uma sociedade em que ainda prevalece um discurso conservador.
Refletir de que forma o texto literário pode contribuir para a emancipação do sujeito. O
tema será pesquisado tomando como referências teóricas os estudos de Cosson
(2012), Kleiman (1995), Street (2014) e Paulino (2008) sobre a relação entre o
letramento literário escolar e sua relação com a formação de um leitor crítico,
relacionando o trabalho a temas atuais que ao longo da história não foram abordados a
contento. Na escola, nota-se uma limitação dos saberes e do trabalho com a literatura,
limitando seu estudo a períodos literários, ao contexto histórico, às características de
estilo e autores principais sem se deter na própria leitura do texto literário. Pretendo,
dessa forma, contribuir com um instrumental teórico-metodológico que auxilie os
professores de LP na formação de leitores críticos no Ensino Básico.
Resumo:
Resumo:
Fundamentamos este trabalho a partir da perspectiva teórica da Análise de Discurso
francesa e o objetivo é explicitar os processos de significação de alguns discursos
chargísticos, perpassados pela temática da educação. Acreditamos que os discursos
relacionados à educação, em nosso país, são assuntos relevantes, uma vez que podem
despertar novas posturas, principalmente se levarmos em consideração que as
condições de ensino/aprendizagem no ensino público brasileiro não são satisfatórias.
Nosso corpus é constituído de quatro charges cuja temática é referente à educação no
contexto contemporâneo, abordando humoristicamente as condições sociais em que o
professor e o ensino brasileiro estão inseridos. Buscamos elucidar pontos relevantes
como as formações discursivas e ideológicas; as condições de produção; a constituição
dos sujeitos; os já-ditos e as representações presentes nos discursos. Refletimos a
respeito desses discursos, considerando que a língua tem caráter histórico e funcional.
Além disso, acreditamos que o humor tem relevante função social, pois se constitui
como prática sócio-comunicativa. Nesse sentido, organizamos nossa pesquisa do
seguinte modo: primeiramente, realizamos uma breve revisão da literatura acerca do
campo teórico do humor (MORAES, 2005; POSENTI, 1998; SOUSA, 2008) e também
Resumo:
A Análise do Discurso se forma a partir da construção de sentidos por meio de análises
da mensagem a ser transmitida. Os estudos do discurso passam pela materialidade
linguística e buscam compreender os processos de significação em uma dimensão
discursiva, levando em conta os aspectos exteriores à língua, tais como a formação
ideológica (FI), formação discursiva (FD) e as condições de produção (CPs).
Compreende-se que a linguagem é estritamente social e é por meio dela que os
indivíduos se relacionam e estabelecem interação. Sendo assim, estudar a linguagem é
uma forma singela de compreender o mundo em que vivemos. O presente artigo propõe
uma pesquisa dentro do campo do humor, sobre o aspecto do estereótipo, segundo a
abordagem teórica da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, revelado pelos
discursos apreendidos em charges, mostrando as diferenças entre homens/mulheres e
tem por objetivo estudar o funcionamento discursivo na produção dos sentidos, com o
intuito de verificar de que forma os possíveis efeitos de sentido são materializados por
meio da linguagem. A pesquisa consiste em uma análise de três charges, nas quais se
Resumo:
Há diversas maneiras possíveis de construir um enunciado para facilitar a transmissão
de informação e a interação entre os falantes. Essas maneiras, denominadas gêneros
discursivos, serão utilizadas de acordo com a necessidade do falante que fará
adequações conforme o contexto comunicativo em que está inserido. Além disso, ele
também determinará o que dizer e o modo como dizer, pensando em como atingir ao
seu ouvinte. Sendo assim, é fundamental que o locutor, ao participar da interação
verbal, reflita sobre o outro de si próprio, isto é, compreenda aquilo que seu interlocutor
deseja receber como informação a fim de que o processo interacional torne-se dialógico
e, consequentemente, haja a atitude responsiva ativa do outro para dar continuidade à
interação. O modo como o locutor pensa e seleciona esses enunciados evidencia a
argumentatividade intrínseca a qualquer palavra, pois sentidos são conferidos às
palavras escolhidas que permeiam a formação ideológica do enunciador. Logo, ao se
Resumo:
Essa comunicação tem como principal objetivo corroborar com os estudos que
relacionam os aspectos da cognição à coerência e à referenciação. Trata-se de um
trabalho vinculado ao projeto de pesquisa “Linguagem e Cognição: a construção de
sentidos no discurso”, desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina, cujo aporte
teórico fundamental é a Linguística Textual. Os estudos atuais que investigam os
fenômenos da referenciação apresentam diversificadas possibilidades de análise,
principalmente a partir de uma vertente sociocognitiva. A coerência, considerada o
“princípio de interpretabilidade” de um texto, é também um critério macrotextual e a sua
Resumo:
A linguística textual, por prover estudos e investigações acerca do texto, sua construção
e suas funções, será tomada como base teórica nesse trabalho, evidenciando suas
colaborações para o revisor de textos. A construção de um bom texto depende da forma
como suas ideias estão organizadas e de como produzem sentido; dada a importância
da coesão e da coerência no processo de compreensão e de significação dos textos,
levando-se em consideração que se a coesão liga os elementos, a coerência nos
permite depreender sentido a partir da articulação desses elementos e da relação entre
eles e os fatores externos. Assim sendo, traçaremos um breve histórico da Linguística
Textual desde seu surgimento no Brasil, na década de 1960, comentando as diferentes
perspectivas e abordagens pelas quais passou, até a atual concepção como disciplina
sociocognitiva interacionista, e discorreremos as definições de texto e os fatores de
textualidade, com ênfase na coesão, coerência e intencionalidade e o trabalho do
revisor de textos. Por meio de pesquisa bibliográfica e análise de excertos retirados do
Jornal Folha de Londrina, da cidade de Londrina-PR, com a finalidade de mostrar as
possibilidades de melhoria da construção textual, tomaremos como base o olhar e as
habilidades do revisor, sintetizando as características a ele essenciais e como ele pode
atuar no aprimoramento do texto. O estudo tem como objetivo geral verificar as
contribuições da Linguística Textual para o trabalho com o texto e a importância do
revisor de textos nesse percurso. Uma vez estabelecida essa importância e a
necessidade da revisão de textos, enfatizando seus benefícios e transformações, é
possível concluir que, se antes coesão e coerência eram fatores determinantes para se
definir um texto e um “não texto”, hoje o texto pode existir sem que tais fatores estejam
bem estabelecidos e marcados. Entretanto, um texto sem coesão e sem coerência não
se comunica com competência e tem seu sentido comprometido. Ainda que o texto
apresente coesão e coerência, se ele não estabelecer uma relação de interação verbal
concreta, ele não existe. Para o revisor, então, o essencial é entender o texto e seu
funcionamento, pois, mais do que corrigir erros, cabe a ele tornar o texto adequado e
capaz de se comunicar sem falhas e sem ruídos, tornar sua mensagem mais clara e
compreensível para conduzir o leitor à depreensão de significado e à atribuição de
sentidos. Por essa razão a revisão é importante no curso de construção textual, pois,
uma vez publicado, não há mais possibilidade de correção e adequação e a
compreensão do texto ficará prejudicada. Além dos exemplos analisados, o fato é que
todo texto merece ser revisado e refinado, por menor que seja seu tamanho e por maior
que seja o nível de instrução de quem escreve, pois todo texto tende a apresentar erros,
não por falta de sabedoria, mas porque a língua é heterogênea, multifacetada e
comporta diversas formas, finalidades, usos e estilos.
Palavras-chave: Linguística textual; Coesão e coerência; Intencionalidade; Revisão de
texto.
Resumo:
Com o Novo Acordo Ortográfico, em vigor desde 2009, cujo objetivo é, por meio de uma
ortografia em comum, facilitar a comunicação escrita pelos países pertencentes a
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde,
Resumo:
Os objetivos, neste trabalho, são: a) quantificar os pronomes indefinidos presentes na
série “(SIC)” (ORLANDELI, 2016) e em “10 anos com Mafalda” (QUINO, 2010); b)
relacioná-los com as ilustrações que constituem uma das linguagens fundamentais para
a configuração de uma tira cômica. Os pronomes indefinidos representam a outra
linguagem, a verbal, para que se tenha tal gênero quadrinístico. A tira cômica é definida
como um texto híbrido, geralmente curto, com personagens fixos ou não, os quais estão
situados em relação a um tempo e espaço, de modo que uma sequência narrativa, com
desfecho cômico, seja desenvolvida (RAMOS, 2010; 2011; 2014). Já os pronomes
indefinidos, sob o olhar prescritivo, são conceituados como uma classe gramatical
flexionada na terceira pessoa, indicando uma noção vaga e/ou indeterminada
(ALMEIDA, 1969; CUNHA, 1975; CUNHA, CINTRA, 2013; LIMA, 2011). Enquanto, sob
o ponto de vista descritivo, eles são analisados observando os fatos reais e as regras de
uso efetivo da língua, portanto, de maneira discursiva. Dentre as 77 tiras analisadas da
série “(SIC)”, 46 pronomes são utilizados. Das 696 tiras cômicas da Mafalda, a amostra
é constituída de 290, organizada nos seguintes temas: a família, a rua, a escola, a
situação do mundo e a sopa. Respectivamente, foram encontradas: 66, 24, 47, 24 e 8
ocorrências de pronomes indefinidos. Para Castilho e Elias (2012), os pronomes
retomam um substantivo previamente já enunciado, realizando o ato de substituição na
frase. Tal ação é chamada de “anáfora”. Os pronomes podem ser anafóricos, quando
retomam outra palavra, ou dêiticos, quando localizam no espaço e no tempo os
participantes do discurso. Os pronomes são polifuncionais, por executarem mais de
uma função. Conforme a definição Castilho e Elias (2012), há duas situações: a) quando
a informação sobre alguma quantidade pode ser definida; b) quando determinada
informação é indefinida. Em um contexto extralinguístico, Koch (2005) afirma que é
preciso compreender a referência de um modo globalizado, isto é, em relação com o
discurso. Uma vez utilizado um referente no âmbito do texto, a referência se constrói
discursivamente, ultrapassando os limites do texto. Assim, observa-se que, na maioria
das tiras, a ilustração sinaliza uma referência, tornando-os determinados e,
consequentemente, questionando a definição construída sob o olhar prescritivo.
“Ninguém” e “nada”, além disso, em “(SIC)”, expressam uma negação. Já nas tiras da
Mafalda, são usadas as expressões como “montes” e “nada”, representando os
pronomes “muito” e “nada”, os quais refletem uma visão contrária a que a gramática
prescritiva estabelece como também pressupõem uma relação discursiva. Em todas as
ocorrências, o efeito do humor se dá discursivamente e dependem desses pronomes.
Palavras-chave: Referência; Pronomes indefinidos; Tira cômica.
Resumo:
O discurso religioso é objeto de interesse dos mais variados ramos de estudo, não
sendo diferente por parte da Análise do Discurso francesa (AD). O presente trabalho
procura elencar os conceitos levantados por Foucault, no livro A ordem do discurso
(2009), lançado em 1971. Esse autor divide os conceitos de ordenamento discursivo
em: 1) procedimentos externos de controle do discurso; 2) procedimentos internos de
controle do discurso e 3) procedimentos que condicionam o funcionamento do discurso.
Os primeiros, procedimentos externos de controle do discurso, são sistemas de
exclusão, logo têm por propósito excluir aqueles que não pertencem ao funcionamento
discursivo, dentre os quais podemos citar: a) interdição, o qual mostra que não se pode
dizer tudo o que se quer dizer e em qualquer circunstância; b) razão versus loucura, que
consiste em um procedimento de rejeição. Por meio dele o louco é apartado, assim é
pelo discurso que se diferencia louco e sábio; c) Vontade de verdade, o qual evidencia
que se deve submissão ao discurso verdadeiro, que, por sua vez, é pronunciado por
alguém com direito de proferi-lo (este alguém é quem detém o saber). Já os
procedimentos internos de controle do discurso mostram que os discursos exercem seu
próprio controle, estabelecem os limites para o discurso. Segundo Foucault, esses
procedimentos são: a) comentário: procedimento que consiste na retomada dos
discursos maiores (no caso o discurso religioso), retomando-o e reformulando-o; b)
Autor: é um procedimento que recorta o discurso a partir de uma atribuição de
identidade (assim, não se pode falar em autor da forma tradicional, mas de uma função
autor); c) Disciplina, que consiste em restrições que limitam as proposições, assim, para
que um discurso seja aceito, ele precisa se adequar aos limites da disciplina que lhe
abarca. Por fim, os procedimentos que condicionam o discurso são aqueles que
selecionam os sujeitos que falam, como por exemplo: a) o ritual: tomado como o mais
visível dentre as formas de seleção, pois só participam do ritual os sujeitos autorizados,
iniciados; b) sociedades do discurso: são as sociedades que protegem e produzem os
discursos, porém para circular dentro delas próprias, em um espaço fechado; c)
doutrina: é a institucionalização do discurso nas mãos dos especialistas; e, por último,
d) a apropriação social do discurso, que consiste na propagação do discurso por meio
da educação institucional. Todos esses mecanismos, de uma forma ou de outra, são
visíveis no discurso religioso, refletir a respeito deles por meio da verificação de
exemplos que elucidem cada um dos procedimentos de ordenação é o foco deste
artigo. Essas aparições são, por vezes, sutis e por outras, descaradas, captadas nas
relações de poder do discurso religioso.
Resumo:
A relação gramática-estilo é peculiarmente abordada por Bakhtin (1988; 2003; 2013),
Bakhtin/Volochinov (2006) e Volochinov/Bakhtin (1926). A arquitetônica dessa
discussão permite compreender que as escolhas linguísticas da autoria, seja em nível
vocabular, morfológico ou sintático, estão orientadas a ligações objetais e semânticas
de caráter cognitivo e ético, numa mobilização via gênero discursivo (SOBRAL, 2009), a
qual reflete o compartilhamento de axiologias sociais sustentadoras da constituição
textual/discursiva. Essas contribuições elucidam o funcionamento imbricado das
dimensões cognitivas e éticas que envolvem a constituição da (co)autoria, tanto no
processo de leitura quanto no processo de produção textual escrita, dos quais a
atividade epilinguística (FRANCHI, 1987; GERALDI, 1991) deve ser integrante para a
formação do sujeito social consciente, deliberado, capaz e habilidoso para interpretar as
Resumo:
Considerando a multiplicidade de atividades sociais em mobilização nos contextos
sociais e culturais da atualidade, postulo a favor de uma perspectiva teórico-prática de
ensino de língua que possa consorciar-se com as expectativas das diferentes práticas
de linguagem. Nesse sentido, as metodologias de ensino de língua devem inserir as
mais variadas ações de linguagem, que requerem uma interação eficiente e satisfatória
dos indivíduos nos contextos por onde transitam, exigindo desses indivíduos variados
Resumo:
Resumo:
Este trabalho apresenta um diagnóstico realizado com professores da rede básica de
educação em escolas periféricas em uma cidade do norte do Paraná. O objetivo
consistiu em realizar um levantamento de conhecimentos prévios, em especial, quanto
à abordagem de gêneros, as práticas de oralidade e análise linguística em sala de aula
para organizar, posteriormente, materiais de apoio e cursos de extensão. Os tópicos
mencionados correspondem a aspectos de interesse do projeto de pesquisa “Gêneros
discursivos em sala de aula: propostas de estudo e didatização”, desenvolvido na
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus de Apucarana, pelas seguintes
razões: a) correspondem a práticas sugeridas nos documentos oficiais, como os PCN,
OCNEM e, em nível estadual, as DCE; b) representam encaminhamentos relevantes
para o ensino e aprendizagem de língua materna, permitindo uma abordagem mais
interativa, reflexiva e social da língua. Outras práticas, como leitura e produção de
textos também foram abordadas, mas não com o mesmo enfoque, uma vez que
partimos do pressuposto que atividades de oralidade e análise linguística fossem mais
silenciadas em comparação às atividades de leitura e produção, o que não descarta a
relevância de tais práticas. Os dados foram coletados via questionário composto por
perguntas objetivas e abertas, aplicado no segundo semestre de 2016, em quatro
escolas determinadas pelo Núcleo de Educação do município. Os resultados para a
abordagem de gêneros em sala de aula revelaram que: a) os professores embora digam
que saibam o que são gêneros textuais ou discursivos, e que costumam trabalhar em
suas aulas, ainda não assimilaram completa ou coerentemente o conceito, suas marcas
e possibilidades de transposição; contudo se demonstram empenhados e interessados
em aprender mais a respeito. Salientamos que embora assumamos a teoria bakhtiniana
em nosso projeto, como o fulcro incide na obtenção de dados os quais nos permitam
representar as informações quanto ao tema por parte dos docentes que formam o
corpus deste trabalho, não houve uma delimitação quanto à perspectiva teórica em
nossos questionamentos, por isso, adjetivamos o vocábulo gênero seguido dos termos
textual/discursivo. No tocante à prática de oralidade, o corpora revelou incidência
principalmente nos seguintes momentos: explicação de conteúdos, diálogos e leituras.
Isso posto, verificamos que, de forma sistemática, os gêneros orais não costumam ser
abordados nem mesmo são mencionados como de interesse do professor para
atividades futuras. Em relação à prática de análise linguística, observamos que este é o
tópico representativo de menor ciência por parte dos professores, não havendo uma
ideia conceitual, nem mesmo uma exemplificação do que seria essa prática. As
informações supracitadas permitem-nos compreender conceitos e teorias já apropriadas
ou em processo de assimilação e nos indicam caminhos para contribuir no
preenchimento de possíveis lacunas teórico-práticas.
Palavras-chave: Ensino e aprendizagem de língua materna; Gêneros Discursivos;
Práticas de Oralidade e Análise Linguística.
Resumo:
Este trabalho buscou investigar, na literatura da área, os autores que consideram o
infográfico um gênero e os que não, levantando seus motivos e fazendo inferências.
Tratou-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica, cuja instrumentalização
metodológica pautou-se na “Análise de conteúdo” (Bardin, 1977). Assim, o percurso
analítico foi delineado a partir de três etapas: 1) pré-análise, 2) exploração do material e
3) tratamento dos resultados, inferência e interpretação. O corpus foi composto por 54
pesquisas que, na etapa de pré-análise, passaram por uma sistematização de dados –
compondo, assim, um panorama histórico-conceitual da condição de gênero do
infográfico. A partir disso, pôde-se, mesmo que parcialmente, dar uma resposta à
questão norteadora deste trabalho, tendo em vista que aproximadamente 80% dos
autores pesquisados reconhecem como gênero. Os motivos apontados se resumem a:
possuir um propósito jornalístico; ter autonomia, estrutura definida e própria, finalidade e
marcas formais que se repetem; e, também, enquadrar-se em perspectivas teóricas de
gênero. O trabalho se justificou por: a) a importância do conceito de gênero e
infográfico, especialmente na área da linguagem – a esse respeito, buscou-se respaldo
na corrente teórica de gênero discursivo de Bakhtin (2011), considerando que a maior
parte dos autores pesquisados utiliza referências diretas e indiretas a esse teórico e seu
círculo e, com relação ao conceito de infográfico, amparou-se no trabalho de Lucas
(2010), por ser uma pesquisa que aprofunda a questão conceitual, tecendo uma análise
crítica das definições preconizadas por diversos autores ao redor do mundo; b) a falta
de pesquisas atuais que abordam essa questão; c) o fato de que, ao tratar o infográfico
como gênero, contribui-se com o seu encaminhamento em determinados contextos – no
campo jornalístico, por exemplo, pode vir a se estabelecer uma referência para o
trabalho de produção dos jornalistas e, também, favorecer a relação leitor-infográfico,
uma vez que ele passa a reconhecer a estrutura do gênero e, por consequência, pode
facilitar a apreensão do significado; já no campo da linguagem e do ensino, impulsiona-
se sua inserção em sala de aula, oportunizando o contato com esse gênero, que tem se
tornado cada dia mais recorrente nos processos comunicativos, ampliando, dessa
forma, a capacidade linguística dos estudantes. Por fim, pretende-se colaborar com
novas pesquisas acerca dessa temática.
Palavras-chave: infográfico; gênero; estudos da linguagem.
Resumo:
Diante dos desafios que o professor encontra no processo de análise de produção e
reescrita de textos dos alunos do ensino fundamental, anos iniciais, o presente artigo
busca, por intermédio de uma pesquisa analítico-reflexiva, destacar a importância de o
professor diagnosticar o texto do aluno para bem orientar a reescrita. A reescrita se
mostra como parte integrante e essencial do processo de produção textual, uma vez
que possibilita ao aluno refletir sobre a língua, por meio de uma situação real de uso,
mostrando-se, desse modo, como uma prática necessária em sala de aula. Este
trabalho está articulado às atividades de pesquisa em desenvolvimento, intitulada
“Ações colaborativas nos anos iniciais: um olhar para as práticas de produção e
reescrita textual em formação continuada”, desenvolvido junto ao Programa de Pós-
Graduação em Letras, nível de mestrado, da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – UNIOESTE, Campus Cascavel. As discussões teóricas aquecidas partem da
concepção de linguagem e, consequentemente, de escrita, como forma de interação,
ancoradas nos pressupostos teóricos do círculo de Bakhtin/Volochinov (2014 [1929]) e
de Antunes (2003). No que se refere ao diagnóstico e orientação de texto, recorremos
ao instrumento de análise linguístico-discursivo apresentado em Costa-Hübes (2012), a
fim de identificar os aspectos linguísticos-discursivos dominados e não-dominados na
produção escrita de um aluno do 5º ano, de uma escola da rede pública de ensino, dos
anos iniciais, da região Oeste do Paraná. O texto selecionado, aleatoriamente, para
reflexão, foi produzido no ano de 2011, e atendia à proposta de um simulado da Prova
Brasil. A análise realizada mostrou que o instrumento de diagnóstico de Costa- Hübes
(2012) vem a somar com o trabalho do professor, uma vez que apresenta um
direcionamento para o processo de correção de textos escritos, nos anos iniciais. Além
disso, foi possível verificar que o aluno do 5º ano ainda não domina aspectos estruturais
do gênero discursivo em questão, dada a ausência de marcadores temporais, que são
elementos estruturantes do texto e que se deve potencializar um trabalho linguístico, a
fim de levar o aluno a refletir sobre as etapas de produção de um texto, a adequação da
variante linguística ao contexto de produção, os aspectos ortográficos, bem como de
concordância nominal e critérios de paragrafação.
Palavras-chave: Produção de texto; Reescrita de textos; Tabela diagnóstica.
Resumo:
A escrita exige reflexões sobre o uso da língua, o que torna necessário analisar como a
materialidade linguística se configura no texto para expressar o projeto enunciativo do
autor. Todavia, o ensino tradicional de gramática não possibilita uma compreensão
integral de como os recursos linguístico-discursivos se organizam em uma situação
concreta de comunicação, assim, pouco contribui para a aprendizagem de como utilizar
a linguagem nas diferentes interações verbais. Um dos elementos constitutivos do
gênero do discurso, o estilo (BAKHTIN, 2010[1979]), expressa as escolhas linguísticas
do autor e como esses recursos se relacionam com a situação extraverbal que compõe
o enunciado. No espaço da sala de aula, a compreensão do estilo do gênero, expresso
no texto-enunciado, pode ocorrer por meio de atividades de análise linguística
(GERALDI, 2011[1984]), as quais podem contribuir para que o aluno do Ensino
Fundamental compreenda a organização da linguagem e a empregue na elaboração de
seus enunciados. Nessa perspectiva, nosso objetivo é apresentar algumas atividades
de análise linguística a partir de textos do gênero Regras de Jogo, com a intenção de
promover a reflexão sobre como os elementos linguísticos se configuram nesse gênero,
cuja capacidade de linguagem é a injuntiva. Para isso, nossa base teórica é composta
por Bakhtin (2010[1979]), Geraldi (2011[1984]), Mendonça (2006), dentre outros. Nessa
perspectiva, partimos do pressuposto de que a análise linguística, cunhada por Geraldi
em 1984, representa a possibilidade de complementação às práticas de leitura e
produção de texto. Então, ao analisarmos enunciados do gênero Regras de Jogo,
consideramos importante promover a reflexão sobre como a coesão referencial e
coesão sequencial se organizam na estruturação do texto. As atividades elaboradas,
além de visarem à reflexão, têm a intenção de fazer com que o aluno perceba a relação
entre os elementos linguísticos e a situação de interação social que dá origem ao
enunciado. Como resultado, esperamos que as atividades representem algumas
possibilidades de trabalho com o estilo do gênero Regras de Jogo e que possam
contribuir com os professores da Educação Básica, tanto no que se refere ao trabalho
com os alunos, quanto orientação para a elaboração de atividades de análise linguística
com outros gêneros discursivos. Ao concebermos que o ensino deva estar em
Resumo:
Esta comunicação origina-se de uma pesquisa de mestrado desenvolvida no Programa
de Pós-graduação em Letras – PLE da Universidade Estadual de Maringá no ano de
2016. A temática da pesquisa abordou o ensino da leitura em situações de oficinas
realizadas em turmas de 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do
noroeste paranaense. O objetivo estabelecido é refletir sobre características do
desenvolvimento da leitura com ênfase na identificação do tema em um texto.
Paralelamente, objetiva-se, também, relacionar e compreender determinadas
estratégias de ensino importantes para o desenvolvimento dessa habilidade como um
conjunto de aprendizados importantes para o aperfeiçoamento da leitura em alunos do
5º ano. Metodologicamente, a pesquisa se baseou em um grupo de seis oficinas de
leitura realizadas no período de aula do qual originou-se um conjunto de respostas
objetivas e discursivas escritas geradas a partir de um caderno de atividades
especificamente desenvolvido para a realização das oficinas. Assim, a partir das
respostas construídas no contexto das oficinas, a leitura e análise dos dados, a exemplo
de Bortoni-Ricardo (2008), seguiram um movimento de análise comparativa
considerando a evolução das respostas a partir do trabalho realizado nas oficinas.
Teoricamente, esta pesquisa considera a leitura como processo (SOLÉ, 1998), portanto,
a geração dos registros durante as oficinas, a análise e as considerações relacionadas
ao desenvolvimento da compreensão de tema em textos trabalhados na sala de aula
estão relacionados à base teórica do Interacionismo pontuado pelos estudos do Círculo
de Bakhtin (BAKHTIN, 2011; BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1992[1929]) que consideram o
Resumo:
Refletir acerca do processo de ensino e aprendizagem da escrita inclui considerar as
perspectivas teórico-metodológicas que pautam as práticas pedagógicas em sala de
aula. Nesse sentido, esta comunicação objetiva analisar a proposta de produção textual
escrita de uma Lenda Folclórica, constituinte de uma unidade didática produzida por
professores em formação inicial participantes do PIBID – Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência, a fim de avaliar como o conceito de gênero discursivo,
trabalhado em sua formação docente, subsidia o encaminhamento para a produção
textual escrita. Para tanto, pautamo-nos nos conceitos propostos por Bakhtin (2003), em
relação ao gênero discursivo, suas funções e características, e na concepção de escrita
como trabalho (FIAD; MAYRINK-SABINSON, 1991; MENEGASSI, 2016), considerando
a perspectiva processual de ensino da escrita desenvolvida em diferentes etapas, para
Resumo:
O ensino dos gêneros textuais/discursivos nas escolas é imperativo, já que os alunos
têm acesso, cotidianamente, a uma gama de textos e seus variados gêneros, seja na
internet, redes sociais, na escola e em outros ambientes. Contudo, quando se pensa no
ensino-aprendizagem dos gêneros em sala de aula, o procedimento de leitura e
produção dos gêneros requer que se considere a abrangência de aspectos relevantes
desse fazer/saber. Isto é, não basta o professor levar o aluno a reconhecer a estrutura
e as principais características de um determinado gênero e, a partir disso, se esperar
que o educando passe a produzir textos com base nesses aspectos. De acordo com
Bakhtin (1992, p. 178), a produção de todo e qualquer enunciado/texto deve refletir as
condições específicas e as finalidades de cada uma das esferas da atividade humana
na sociedade em que falante/escritor está inserido. Além disso, deve-se levar em conta
Resumo:
A partir das concepções de leitura inseridas nos campos de estudos da linguagem e
considerando a presença dos gêneros textuais no Ensino Básico nacional e sua
solicitação em provas de vários Vestibulares no país, uma vez que várias são as
concepções de leitura que embasam o trabalho dentro das salas de aula brasileiras,
este trabalho busca analisar quais perspectivas de leitura estão presentes em
comandos de produção textual de provas de Redação de Concursos Vestibulares da
Universidade Estadual de Maringá (UEM), em que o gênero textual Resumo é
solicitado. A escolha deste gênero textual se justifica pelo fato de que, desde a
Resumo:
Este trabalho aborda o ensino-aprendizagem de língua portuguesa, principalmente, no
que diz respeito às práticas de escrita. Temos como objetivo analisar como a posição
responsiva se materializa na escrita de estudantes inseridos em um processo de
implementação didática na escrita do gênero discursivo carta pessoal e como a prática
Resumo:
A expressão dos enunciados concretos, segundo Bakhtin/Volochinov (1992), é
determinada pela situação social mais imediata e pelo meio social mais amplo. Logo, os
gêneros discursivos só podem ser compreendidos a partir desses aspectos e, em
situação de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa (LP), no estudo de
enunciados de diversos gêneros, “é preciso entender quem são os interlocutores, em
que situação real se encontram, qual o papel que ocupam na sociedade, em que época
histórica se deu a enunciação” (OHUSCHI et al., 2010, p. 2). Ou ainda, conforme a
proposta de Perfeito, Ohuschi e Borges (2010, p. 55-56), é necessário, primeiramente,
observar aspectos concernentes “ao contexto de produção – autor/enunciador [físico e
social], destinatário/interlocutor [físico e social], finalidade, época e local de publicação e
de circulação”. O trabalho com os gêneros na perspectiva bakhtiniana parte desses
aspectos sociais “para o gênero/enunciado/texto e, só então, para suas formas
lingüísticas relevantes” (ROJO, 2005, p. 198), fazendo alusão ao método sociológico
Resumo:
Resumo:
Esta comunicação tem por finalidade apresentar resultados parciais do projeto de de
pesquisa “Formação do professor de Língua Portuguesa e práticas de linguagem em
sala de aula: múltiplos olhares” (UEM). o qual toma como base norteadora de trabalho a
concepção de texto como enunciado concreto, à luz da Análise Dialógica do Discurso, a
fim de contribuir, especialmente, com o processo de elaboração didática das práticas de
linguagem para a sala de aula. A formação inicial e continuada de professores passa
por contínuas ressignificações teórico-metodológicas que se refletem nas práticas de
linguagem em sala de aula, ou seja, na prática da leitura, da produção oral e escrita, na
prática da análise linguística. Mas, ainda é notório que tanto os professores em
formação inicial e continuada apresentam dificuldades para planejar aulas, definir
metodologias, elaborar materiais didáticos especialmente dentro de uma concepção
dialógica da linguagem, constituída pelo fenômeno da interação verbal. Nesse sentido, a
repercussão nas salas de aula é ainda muito lacunar. Mesmo na formação inicial
observamos a dificuldade dos nossos futuros professores realizarem a transposição
didática dos conteúdos referentes às práticas da linguagem na elaboração de materiais
didáticos e mesmo no planejamento e execução das aulas de docência. Da mesma
forma, os professores em serviço, quando de volta à Universidade, por meio de
iniciativas governamentais federais como o Profletras (Mestrado Profissionalizante em
Letras), também evidenciam dificuldades. Partimos do pressuposto do quão essencial é
para o professor ser submetido a um processo de apropriação de conceitos teórico-
metodológicos, na perspectiva bakhtiniana de linguagem, no tocante às práticas de
leitura, produção de textos e análise linguística com gêneros discursivos, a fim de lhe
possibilitar condições concretas de produção didático-pedagógica mais significativa à
adoção da concepção de texto em sua condição de enunciado. Inseridos neste
contexto, para este momento, em específico, discutimos sobre resultados parciais de
um estudo comparativo das percepções acerca das noções de gênero discursivo e de
texto entre sujeitos em formação inicial, no contexto do Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência (Pibid-Letras/Português), e sujeitos em formação continuada,
no contexto do Programa de pós-graduação Mestrado Profissional em Letras
(Profletras-Uem). Estas concepções são analisadas em diferentes instrumentos, ou
16) HQs e Inglês: Uma proposta didática de ensino de língua inglesa por
meio do gênero
Bruno Moreira da Silva (UEM)
Nathália de Almeida Moura (UEM)
Prof. Dr. Wiliam César Ramos (UEM/Orientador)
Resumo:
O ensino de língua inglesa em contexto público vem se aprimorando muito nas últimas
décadas com a evolução de práticas metodológicas e pesquisas nessa área. Apesar
disso, o ensino desse idioma pode tornar-se difícil caso não haja interesse por parte do
aluno, o que traz à tona a necessidade de criar um ambiente no qual ele se sinta
confortável para aprendê-la. Dessa forma, a utilização de gêneros que já fazem parte do
cotidiano do aluno é uma ferramenta crucial no processo de ensino-aprendizagem,
justamente por aumentar as possibilidades de despertar seu interesse. É desse modo
que o uso das histórias em quadrinhos torna-se interessante para aplicação em sala de
aula, pois além de já serem conhecidas pelos alunos, apresentam elementos complexos
com relação aos sentidos, diferentes tipos de linguagem utilizadas - além da verbal - e
interpretação, apesar de sua estrutura simples. Com isso, este trabalho justifica-se por
buscar a criação de um ambiente onde o aluno possa iniciar sua jornada na
aprendizagem de uma língua estrangeira sem sentir a pressão de textos complexos.
Sendo assim, o artigo contém a elaboração de uma proposta didática para o ensino de
língua inglesa por meio do uso do gênero história em quadrinhos, especificamente com
a HQ Peanuts, sobre o tópico gramatical Present Perfect , o qual é apresentado de
maneira descontextualizada de seu uso em um momento inicial da aula, de forma a
colaborar para a construção de sua base de conhecimento em língua inglesa, em seus
primeiros estudos. Para tal objetivo, inicialmente foram utilizados os conceitos de
ensino-aprendizagem de Freire (2015), o qual aborda o papel do professor como
mediador do conhecimento. Em seguida, utilizou-se Ramos (2009) para elaboração da
definição formal do gênero e o site oficial da HQ para uma contextualização e descrição
dos personagens. Após isso, para a contextualização dos tempos verbais, Quirk et al
(2004) para o Present Perfect e Bechara (2009) para seus equivalentes em português, a
fim de, então, descrever as sequências didáticas nas quais o presente artigo se baseia,
de Gonçalves (2009) e Cotter (2006) e, finalmente a elaboração da sequência didática
Resumo:
Esta comunicação, inserida no projeto de pesquisa “Formação do professor de língua
portuguesa e práticas de linguagem em sala de aula: múltiplos olhares”, apresenta os
resultados finais do Projeto de Iniciação Científica (PIC) intitulado “O gênero artigo de
opinião em situação de vestibular”, que visou a caracterização deste gênero no contexto
de concurso vestibular. O referencial teórico ancora-se principalmente na Análise
Dialógica do Discurso (BAKHTIN, 2003; BRAIT, 2003, 2006; PEREIRA, 2010), que
concebe o gênero discursivo como um enunciado concreto. Também utilizamos, para
nossa modelização didática, o Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2003).
Como metodologia para alcançarmos o nosso objetivo, analisamos 50 artigos
produzidos no vestibular de inverno de 2014 da Universidade Estadual de Maringá
(UEM) que obtiveram ou nota máxima, ou uma que carregasse um valor próximo a dela,
para, assim, configurarmos este gênero na esfera referida. Desta maneira,
desempenhamos, inicialmente, um estudo sobre o artigo de opinião em sua esfera de
circulação real, elencando quais são as suas condições de produção (temas
prototípicos, autor, interlocutor, esfera, suporte e finalidade), estrutura composicional e
estilo linguístico recorrentes. Além disso, em consequência do fato deste gênero ser, em
sua essência, argumentativo, realizamos um estudo acerca do que é argumentação e
sobre quais são os diversos tipos de argumentos que existem, com base,
principalmente nos postulados de Fiorin (2015). Findadas as análises do gênero em sua
esfera de circulação concreta, contrastamo-las com as condições de produção, os
argumentos recorrentes, a estrutura composicional e o estilo linguístico presentes nas
50 produções que obtiveram nota máxima ou uma próxima a esse valor e que foram
produzidas dentro do contexto de vestibular, configurando, portanto este gênero quando
inserido nesta esfera. Os resultados das análises evidenciam que muitas das
características a respeito do artigo de opinião em sua circulação social sofrem diversas
modificações quando se insere este gênero em contexto de vestibular, principalmente
no que diz respeito aos elementos estruturais e linguísticos. Acreditamos que essa
modificação se deva a essa transposição de esferas, visto que, apesar de
estruturalmente acertivas, a organização do texto, do discurso e da linguagem
aproximam-se da dissertação escolar, não evidenciando uma distinção pontual entre
ambos.
Palavras-chave: Artigo de opinião; Gêneros; Vestibular.
Resumo:
Orientando-nos por estudos sobre gêneros desenvolvidos por um grupo de
pesquisadores conhecidos como Escola de Sydney, realizamos uma investigação sobre
a notícia jornalística contemporânea (IEDEMA; FEEZ e WHITE, 1994; MARTIN; ROSE,
2008; ROSE e MARTIN, 2012). A Escola de Sydney, levando adiante o projeto
hallidayano (HALLIDAY, 1989; 1994), pauta o entendimento da linguagem como
estreitamente interconectada ao contexto social em que é produzida. Dessa concepção
decorre que o gênero é sempre abordado como presente em uma ação comunicativa
dentro de um domínio social de interação e sua estrutura se instancia em função dos
propósitos sociais a que atende, o que lembra a concepção de gênero de Bakhtin
(2000) e seu “intuito discursivo”. Para Martin e Rose (2008), os gêneros são produzidos
no interior de uma atividade dialógica (prática social) e funcionam como uma ferramenta
(configurações recorrentes de significados plurifuncionais) utilizada em dado contexto
cultural. Coerentes com essa perspectiva, entendemos a notícia jornalística como uma
prática cultural materializada em textos articulados em torno de uma “representação de
uma representação” (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014) e com caráter
“atributivo” (KURTZ, 2011). Com uma abordagem sistêmico-funcional do mecanismo de
alternância de vozes, analisamos léxico-gramaticalmente o funcionamento da projeção
na língua portuguesa do Brasil. Para tal, mapeamos escolhas sistêmicas,
particularmente no complexo oracional e na seleção de verbos do processo de dizer,
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise reflexiva acerca da aplicação
de um projeto de estágio de regência sobre o gênero fábula. A regência faz parte da
avaliação da disciplina de Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa para o Ensino
Fundamental II, da Universidade Estadual do Paraná – Unespar - Campus de
Paranavaí, durante o terceiro ano do curso de Letras (Português/Inglês), e foi aplicada
ao sexto ano de um colégio público de Paranavaí-PR. O projeto de estágio consistia em
apresentar aos alunos a estrutura e as características do gênero fábula por meio de
apresentação de textos, questões interpretativas/discursivas, discussões sobre os
temas e moral das histórias, analisando os textos base, que serviram para os alunos
como referência para os estudos sobre o gênero escolhido. Também foi proposto um
exercício de escrita como avaliação do trabalho feito com os alunos. Tal exercício é a
principal base de estudo deste trabalho, pois foi a partir dessa parte da aplicação da
regência que os alunos apresentaram as maiores dificuldades em relação ao
entendimento da estrutura composicional do gênero fábula. A Fábula é um gênero
literário que desperta curiosidade, criticidade e reflexão, por isso, é importante que ela
seja trabalhada nas aulas de Língua Portuguesa e que esse trabalho seja estudado
para ser cada vez melhor desenvolvido. As fábulas são pequenas histórias que
possuem uma moral, uma narrativa curta, em prosa ou em verso, usada para ilustrar um
vić io ou uma virtude. As personagens são geralmente animais, com características
psicológicas humanas, ou seja, que representam tipos humanos. Segundo Bagno
(2006, p. 51-53) é um gênero literário muito antigo que se encontra em praticamente
todas as culturas humanas e em todos os perio ́ dos históricos. Bagno completa que este
caráter universal da fábula se deve, sua ligação muito in
́ tima com a sabedoria popular.
Nascida no Oriente, as fábulas foram reinventada no Ocidente e têm como principais
autores o grego Esopo (séc. VI a.C.), Fedro (séc. I a.C.) eJean La Fontaine
(1621/1692), de quem recebeu a forma clássica como é conhecida até hoje. A análise
deste trabalho teve como pressupostos teórico-metodológicos a terceira concepção de
linguagem, que tem como proposta a concepção de língua como forma de interação e
os gêneros do discurso pautados em Bakhtin/Voloshinov (1999), nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (1999) e nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (2008),
que além de sustentar a análise deste estudo, também foi referência para a formulação
do projeto de regência aplicado no ano de dois mil e dezesseis. Os alunos conseguiram
resolver as questões interpretativas sobre o gênero com facilidade, porém apresentaram
dificuldades no momento do exercício de escrita, pois não conseguiram escrever dentro
da estrutura composicional do gênero estudado, confundindo a estrutura da fábula com
a estrutura do conto, gênero o qual já estavam habituados a escrever textos, pois a
professora da turma havia focado de forma mais enfática nesse gênero. Assim,
refletindo a luz da concepção interacionista de linguagem, entendemos que, mesmo
podendo parecer simples compreender a estrutura do gênero fábula, os alunos não
conseguiram de fato colocar em prática na produção de texto os conceitos aprendidos
tão bem durante os exercícios teóricos e de interpretação sobre o gênero. Uma
sugestão de proposta plausível para resolver tal problema seria explorar mais textos
desse gênero para que os alunos tenham mais contato e consigam observar melhor sua
estrutura e suas características, para posteriormente colocar em prática os conceitos
aprendidos e conseguir, de fato, escrever um texto dentro da estrutura composicional
requerida. Por fim, percebemos que alguns gêneros considerados simples ainda
causam dificuldades para serem escritos quando trabalhados de forma rápida, o que
nos faz pensar que todos os gêneros precisam ser trabalhados de maneira
desenvolvida para que realmente sejam compreendidos e os alunos possam produzi-
los.
Palavras-chave: Estágio de regência; Gêneros do discurso; Fábula.
Resumo:
Este estudo tem como objetivo apresentar resultados decorrentes da reescrita do
gênero resumo escolar, desenvolvida durante aulas de redação direcionadas ao preparo
de vinte e três alunos do terceiro ano do Ensino Médio, para a realização do vestibular e
do Processo de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Os três encontros destinados ao estudo do gênero foram conduzidos mediante o
emprego de Sequência Didática (SD) (SCHNEUWLY, DOLZ, 2004) elaborada por oito
bolsistas do subprojeto de Letras do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID). Todavia, o procedimento SD teve de ser adaptado, de modo que a
produção inicial foi deslocada após o trabalho efetivo com o gênero. Essa adaptação
ocorreu pelo fato de o Ensino Médio ter poucas aulas de Língua Portuguesa e os alunos
participantes desse projeto não conseguirem manter o trabalho com um mesmo gênero
durante muito tempo. Assim, esse ajuste da SD tentou averiguar se é possível ao
professor trabalhar a reescrita com poucas aulas e os impactos disso para o aluno. Em
termos metodológicos, nosso trabalho abrangeu, primeiramente, a identificação de
variados resumos e a realização de um resumo escolar “às cegas”; posteriormente, o
reconhecimento do gênero e de suas condições sócio-históricas, bem como o
aprendizado do uso da paráfrase e das regras de sumarização; por fim, um modelo do
gênero resumo escolar, acompanhado da revisão de suas características, seguido da
reescrita. Para a feitura do texto segundo, foi escolhido O impacto dos memes na
sociedade não deve ser menosprezado, de Viktor Chagas, pertencente a ordem do
expor, conforme o agrupamento dos gêneros textuais proposto por Schneuwly e Dolz
(2004). O corpus da pesquisa consiste em treze redações coletadas, analisadas à luz
dos pressupostos teóricos da Linguística Aplicada (LA) e da Análise Dialógica do
Discurso (ADD) de Bakhtin (1998, 2003). A análise debruçou-se sobre os componentes
da planilha de correção utilizada para avaliar as primeiras e as segundas versões, a
saber: a) tema, que diz respeito à quantidade de informações principais do texto-fonte
presentes nas redações; b) condições de produção, que compreende ao cumprimento
do objetivo de elaborar um resumo escolar, observando a identidade social do autor do
texto fonte; c) estrutura composicional, marcada pela exposição inicial do título, do autor
e do tema, assim como pela manutenção da sequência das informações do texto fonte;
d) gramática e estilo, que inclui os níveis sintático, semântico e discursivo e os
elementos de coesão e coerência textual (KOCH, 2015). Os resultados parciais do
estudo evidenciaram melhor adequação na reescrita, em relação à identificação do
papel social do autor do texto de apoio, à estrutura do gênero produzido e à gramática e
estilo.
Palavras-chave: Gêneros discursivos; Reescrita; Resumo escolar.
Resumo:
O objetivo central desta pesquisa, inserida num projeto maior, foi investigar e analisar o
gênero ensaio em alguma de suas características. Como se trata de um gênero
discursivo que pode se manifestar em diferentes campos da linguagem humana,
buscamos conhecer sua versão jornalística como forma de permitir sua presença na
realidade de produção escrita atual dos alunos de letras, em projeto que tem nos
gêneros jornalísticos a ferramenta para o desenvolvimento da capacidade de escrita de
futuros professores de línguas. Analisamos o gênero ensaio a partir da teoria dos
gêneros do discurso na concepção dialógica da linguagem e observamos como esse
gênero foi consolidado sócio-historicamente. Em um dos procedimentos metodológicos,
nossa investigação se restringiu às revistas impressas semanais de maior circulação.
Como primeiro resultado, constatamos que o referido gênero tem uma presença
significativa em uma dessas revistas, historicamente a de maior tiragem no país. Sobre
as bases da perspectiva bakhtiniana, a partir da análise de sua constituição,
compreende-se o ensaio jornalístico como um gênero argumentativo multifuncional
híbrido que trata de temas geralmente polêmicos sem a intenção de esgotá-los, ou seja,
da parte do autor há o intuito discursivo de levar o interlocutor a refletir sobre os fatos e
seus desdobramentos. Entendemos que o ensaio jornalístico exige, além de um
trabalho mais dedicado com a argumentação, o conhecimento de contextos históricos e
ideológicos, e também que esse gênero pede uma escrita por vezes mais complexa.
Do nosso corpus, elegemos um exemplar do gênero, publicado pela revista de maior
circulação no país, de autoria de um jornalista que por vários anos ocupou espaço
Resumo:
Este trabalho é um projeto de mestrado vinculado ao Programa de Pós Graduação em
Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina. Por meio dele, pretendo
contribuir com a prática pedagógica do professor de língua estrangeira da Educação
Básica, propondo a utilização do arcabouço teórico-metodológico da Linguística
Contrastiva aliado à concepção bakhtiniana de linguagem. Conforme preconizam as
Diretrizes Curriculares Estaduais para o ensino de língua estrangeira, a prática em sala
de aula dos professores de Linguagens da Educação Básica deve norteada pelos
pressupostos do círculo de Bakhtin, ancorados na concepção do discurso como uma
prática social (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 1992) e no trabalho com os gêneros
discursivos. No entanto, acredito que esse conceito não é suficiente para uma
compreensão mais apurada de determinados fenômenos atinentes aos processos de
ensino e de aprendizagem de línguas. Fenômenos decorrentes do contato entre duas
línguas ou entre variantes de uma mesma como a transferência e a interferência
(LADO, 1957), a interlíngua (SELINKER, 1972), entre outros, podem impactar o
processo de ensino e aprendizagem. Esses fenômenos são consistentemente
fundamentados e explicados pela Linguística Contrastiva. O conhecimento sobre essa
área do saber, assim como o estudo de seu instrumental teórico-metodológico, podem
ser valiosos aliados para o aprimoramento profissional dos professores de Linguagens
Resumo:
Em uma perspectiva sistematizada, a Música trabalha os sons em seus diversos modos
contemplativos. Englobando o trino melodia/ritmo/harmonia em sua constituição, a
Música, por sua forte presença nas sociedades, tornou-se objeto constante de reflexão
para várias áreas do conhecimento. Dentre os diversos tipos musicais, a Canção - na
qual encontramos o sincretismo entre a linguagem verbal e a linguagem musical em
suas diversas variantes – certamente é a que mais acompanha as diferentes atividades
sociais humanas. O conceito bakhtiniano sobre Gêneros do Discurso possibilitam
relacionarmos a Canção a enunciados relativamente estáveis inseridos nas diversas
práticas sociais, sendo constituída por um conteúdo temático, um estilo e uma
construção composicional. Tendo em vista essas características, juntamente com o fato
de os documentos oficiais recomendarem o uso dos conceitos sobre gênero discursivo
na esfera do ensino/aprendizagem, podemos tomar o gênero Canção como instrumento
didático para o ensino tanto da linguagem musical, quanto para o ensino da linguagem
verbal. Fato é que a Canção tem sido mal usada para este fim, pois nela, o ensino de
uma das linguagens – a verbal ou a musical – é sempre privilegiado em detrimento da
outra. Diversas pesquisas nos mostram que a Canção tem sido usada como pretexto
para que se ensine apenas a linguagem verbal, e em outros casos, se ensine apenas a
linguagem musical. Embasados em teóricos como Caretta (2011), Tatit (2003), Carmo
(2012), Schroeder (2011), e Bakhtin (1997), propomos um trabalho em que a Canção
seja vista como gênero carregado de signos musicais e verbais, considerados em seu
caráter sincrético, tomando este gênero como constituído por harmonia, melodia, ritmo,
e o verbal musicado, entrelaçados entre si para a criação de sentidos. Utilizando a
Canção “O Pato”, de letra criada por Vinicius de Moraes e inserida no seu livro “A Arca
Resumo:
Nossa comunicação é resultado de investigação, de cunho descritivo e analítico, que
procurou reconhecer o gênero crônica na interseção entre dois campos da linguagem
humana, a literária e a jornalística, com vistas a uma prática de escrita em condições
reais de produção, mais especificamente em suporte definido e implantado para a
produção de futuros professores de línguas, a partir da teoria do gênero discursivo da
perspectiva dialógica da linguagem, dos teóricos do círculo de Bakhtin. O presente
trabalho buscou em alguns conceitos do círculo, como dialogismo, gêneros e
enunciados, enfocar a tríade que constitui o gênero: conteúdo temático, estilo de
linguagem e estrutura composicional, assumindo-o como forma de interação social.
Nessa abordagem, compreendemos a crônica como a representação de um gênero na
fronteira de dois campos da linguagem humana, ou seja, um gênero bivalente que por
vezes circula no meio da esfera de textos literários e, também, na esfera jornalística, e
que historicamente parece ter se estabelecido como um gênero genuinamente
Resumo:
Este trabalho procura demarcar uma discussão que se centra no entendimento do
jornalismo cultural e na descrição de gêneros discursivos pertencentes a este campo da
linguagem humana, a fim de figurarem em suporte definido, uma espécie de jornal
eletrônico, dentro de projeto de ensino que visa à produção textual de acadêmicos de
Letras da UEM. Tem se a compreensão de que o trabalho com a produção textual
escrita ainda pode ser considerado problemático em todos os níveis de ensino, da
educação básica à graduação. Sendo a escrita uma prática social, e, em termos de
ensino e aprendizagem, um trabalho processual de aquisição, conforme apontam
alguns estudiosos, são necessárias condições para que se efetivem práticas sociais
reais de escrita para que os sujeitos aprendizes compreendam as razões que motivam
uma enunciação pelo modo escrito. Dessa forma, considerando os gêneros discursivos
na perspectiva do círculo de Bakhtin e seus elementos constituintes (tema, estilo e
construção composicional), assim como os aspectos históricos, culturais e ideológicos
que integram a natureza de todo enunciado concreto, bem como a importância que tem
o campo social de onde emergem os gêneros (Bakhtin, 2003), entende-se que são
relevantes os trabalhos de produção textual escrita. Nossa pesquisa se recorta ao
interesse sobre a reflexão e descrição do campo do jornalismo cultural e de alguns de
seus gêneros como aportes ao trabalho processual de produção textual. A prática da
escrita para além do meio acadêmico se justifica pela necessidade na formação do
futuro professor de línguas para o reconhecimento de outros gêneros, e também da
necessidade de ser capaz de propiciar práticas semelhantes a futuros alunos. Em
síntese, nossa comunicação se organiza do seguinte modo: a compreensão do conceito
de gênero discursivo na perspectiva do círculo de Bakhtin; um breve histórico do
jornalismo cultural e de suas tendências na contemporaneidade, sendo este um dos
elementos responsáveis por aumentar o acesso a objetos culturais, evitando
preconceitos de ideologia ou mesmo parcialidade política; características básicas de
alguns gêneros do jornalismo cultural no que diz respeito aos elementos que o
constituem (conteúdo temático, construção composicional e estilo); e a necessidade de
proposta de produção textual escrita para futuros professores de línguas, com base em
uma diversidade de gêneros. Os gêneros discursivos do campo do jornalismo cultural
foram escolhidos para que o trabalho de produção escrita de acadêmicos do curso de
Letras se efetivasse de forma significativa. As análises foram feitas a fim de criar um
aporte básico para figurarem no suporte definido e já implantado para a produção
textual escrita de alunos de Letras, considerando que a partir das práticas de escrita
para além do meio acadêmico, o professor em formação possa experimentar gêneros
diferentes e ser dono de seu processo autoral, inserindo-se em uma prática de
produção que tem um público interlocutor, não só o professor que avalia. Para isso,
foram analisadas, além dos textos selecionados de diferentes plataformas, duas
resenhas produzidas por acadêmicos de Letras e publicadas na página do jornal em
rede social. Concluímos que, a partir desta prática, o aluno passa a ter contato com a
realidade da produção textual jornalística, sendo responsável por seu desenvolvimento
e também pelos impactos sociais que seu texto causa e/ou pode causar para a própria
formação profissional bem como para seu papel de sujeito produtor de texto em
sociedade.
Palavras chave: Gêneros discursivos; jornalismo cultural; produção textual escrita.
Resumo:
A novela gráfica não é um gênero quadrinístico comum tanto na escola como nos livros
didáticos. Os gêneros usualmente encontrados são: cartum, charge e tira cômica.
Segundo Vergueiro (2004), há uma urgência no conhecimento da linguagem dos
quadrinhos para ser trabalhada pelo professor nas diferentes disciplinas, sobretudo, nas
aulas de português. Em relação à novela gráfica, não há um consenso das
características que a categorizam como um gênero discursivo consolidado sócio-
historicamente. Segundo Murray (2017), sob uma visão literária, limitada e
preconceituosa, a novela gráfica se destina ao público que domina capacidades
amadurecidas de leitura, possui temáticas particularidades (por exemplo, vieses
(auto)biográfico e histórico) e é vendida em livrarias em suporte livro. Comparando-a
com a tira cômica — um texto híbrido desenvolvido na conexão entre construção da
expectativa e desfecho cômico (RAMOS, 2010; 2011) — é possível dizer que ainda
predomina a visão de entretenimento e sem maturidade temática, tomando como
referência a definição já citada de Murray. Essa visão também se estende para os
demais gêneros quadrinísticos, os tidos gêneros de qualidade inferior, principalmente,
quando comparados com os gêneros literários. Nesse sentido, o desenvolvimento do
detalhamento narrativo, bem como o tempo, o espaço, o posicionamento do narrador,
dentre outros componentes, constituem elementos importantes de diferenciação entre
os gêneros “novela gráfica” e “tira cômica”: esta é compreendida como um gênero
sintético e com desfecho cômico; enquanto aquela, em função de sua extensão,
possibilita o detalhamento da trama, das personagens, do espaço e tempo, do claro
posicionamento do narrador, com efeitos de humor ou não. Os dois gêneros pertencem
a mesma esfera social e partilham, portanto, elementos da sua construção
composicional que integram a linguagem dos quadrinhos, tais como: tamanho e
distribuição das vinhetas; balões de fala; cor; linhas cinéticas; diferentes tempos e
relações com o espaço e com a sequência narrativa; caracterização de personagens
estilizadas etc. Neste trabalho, o objetivo é apresentar uma caracterização de novela
gráfica como gênero discursivo, em comparação com a tira cômica, a partir da análise
de base qualitativa por amostragem. Com base nos elementos que integram o gênero
do discurso (BAKHTIN, 2003), propõe-se apresentar uma perspectiva sobre o gênero
“novela gráfica”, levando-se em consideração a conexão entre os elementos
pertencentes a sua constituição, as condições de produção e os participantes desse
Resumo:
O tema ensino de produção de gêneros textuais argumentativos não se esgota quando
as práticas pedagógicas, ainda que bem fundamentadas, precisam ser ajustadas ou
empregadas de outro modo, para que o objetivo maior seja alcançado: “o texto seja
desenvolvido em um processo e não como um produto”. As aulas de produção de
textos, de modo geral, são (re)conhecidas como àqueles momentos em que o professor
orienta alunos com atividades específicas ou técnicas que prometem habilitá-los a
elaborar textos. Por trás de tal promessa, sabe-se que o desconhecimento a respeito da
organização e estrutura de um gênero textual, como o ensaio escolar, pode direcionar
ambas as partes à procura por fórmulas rápidas e momentâneas que auxiliem na
“fabricação de textos” para atingir propósitos relativos e imediatos de exames e
processos seletivos, tais como o ENEM e as vagas de estágio, trainee, emprego,
concursos, entre outros. Em vista disso, entre os diversos desafios dos professores de
Língua Portuguesa do Ensino Médio está a preparação consistente dos estudantes para
produção de textos escritos que exigem domínio de elementos constitutivos da
argumentação. No trabalho do movimento complexo da argumentação, não basta que o
produtor escolha um ponto de vista a ser defendido, a partir de um tema proposto,
conheça a estrutura básica de um texto dissertativo – introdução, desenvolvimento e
Resumo:
A atividade de linguagem, com papel fundamental na evolução da espécie humana,
pode ser decomposta em ações que se organizam em discursos ou em textos. Estes se
distribuem em gêneros adaptados às necessidades das formações sociodiscursivas, se
modificam permanentemente e se configuram historicamente pelo acúmulo de
Resumo:
Resumo:
O ato de nomear aglomerados humanos (cidades, povoados, aldeias etc.) aciona uma
complexa rede de fatores que, geralmente, estão associados a uma experiência vivida
pelo sujeito-nomeador ou por um dado grupo social. Essa atividade verbal não se dá de
maneira despropositada, de forma neutra ou aleatória, mas como uma estratégia de
posicionamento, que ocorre num contexto permeado por uma multiplicidade de sentidos
que, por sua vez, fazem parte de um universo sócio-histórico-cultural que deve ser
estudado pelo pesquisador no campo toponomástico. Sob esse olhar, buscamos
investigar as escolhas lexicais decorrentes de taxionomias de natureza antropocultural,
registradas na sincronia atual, para nomear municipalidades em Alagoas. Quanto aos
métodos empregados, trata-se de uma pesquisa bibliográfica que se insere no
paradigma pós-positivista de natureza qualitativa de cunho interpretativista, uma vez
que seus resultados são oriundos de interpretação de fenômenos linguísticos, nos quais
a intersubjetividade se marca na pesquisa, i. é., as possíveis motivações para escolhas
de nomes de municípios alagoanos, seus significados e suas representações simbólicas
no léxico toponímico, de forma objetiva, levando em consideração as bases de onde os
dados foram gerados. O inventário toponímico que compõe o corpus desta pesquisa
seguiu, fundamentalmente, os princípios teórico-metodológicos da Lexicologia e da
Toponímia, em especial o modelo teórico de Dick (1990 e posteriores) e as
contribuições de Isquerdo (1996; 2012). Após as análises, os resultados apontaram que,
dentro do grupo motivacional de natureza antropocultural, as taxes dos
antropotopônimos foram as mais produtivas com registros de 13 ocorrências de um total
de 46 topônimos, o que sugere que essas representações semânticas intencionais
estão ligadas às dadas motivações extralinguísticas e revelam traços socioculturais da
identidade do povo alagoano mediante as particularidades consubstanciadas no signo
toponímico e no conteúdo simbolizado por ele a ser interpretado pela comunidade.
Nesses casos, são nomes instituídos por aqueles que possuem o poder de mando, há
identificação pessoal dos homenageados, pessoas abastarda da elite, muitas vezes não
representando uma manifestação natural da população local. Assim, para a
identificação completa dos personagens, se faz necessário o recuo histórico à época do
batismo dessas cidades alagoanas. Nessa linha, evidenciamos que esses nomes não
representam a identidade da comunidade nomeada, mas uma conveniência intencional
do nomeador.
Resumo:
O ser humano utiliza-se do léxico para nomear elementos de sua realidade física e
social, o que evidencia sua compreensão de mundo e a maneira de pensar e de agir de
sua comunidade. A Toponímia é responsável pelo estudo dos nomes de lugares e como
disciplina que se ocupa do léxico toponímico, mantém estreita relação com a
Lexicologia, à medida que o léxico toponímico também pode ser considerado uma forma
de repositório da história local, já que por meio do estudo dos topônimos é possível
recuperar dados acerca da trajetória dos grupos humanos que habitaram e habitam
determinada região e de momentos históricos vivenciados por eles. Este trabalho
apresenta considerações iniciais e resultados parciais a respeito da tese em
desenvolvimento - Marcas da Religiosidade e de Crenças Populares Impressas na
Toponímia Paranaense, desenvolvida no programa de Pós-Graduação em Estudos da
Linguagem na Universidade Estadual de Londrina (UEL). A tese tem como objetivo mais
amplo a catalogação e a análise da toponímia (elementos físicos e humanos) de caráter
religioso e de crenças populares pertencente aos 399 municípios que integram o Estado
do Paraná. Partimos da hipótese de que a preferência por nomes de cunho religioso é
condicionada por fatores histórico-geográficos, em especial os referentes aos processos
de povoamento e a fatores ideológicos relacionados ao sujeito nomeador. Para a coleta
de dados foram utilizados os mapas oficiais dos municípios paranaenses
confeccionados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes ao
censo de 2010. O estudo orienta-se, fundamentalmente, pelo modelo teórico-
metodológico proposto por Dick (1990; 1995; 1998; 2000; 2006) e outras contribuições
da área. A coleta de dados gerou o montante de 9.602 (8.582 de acidentes humanos e
1.020 de acidentes físicos) ocorrências de topônimos de natureza mítico-religiosa, o
agrupamento dessas ocorrências resultou num total de 621 topônimos distintos
referentes ao corpus final deste estudo. Os resultados preliminares do estudo da tese
em andamento indicam que, a grande quantidade de topônimos de cunho religioso
identificados em algumas localidades pode ser justificada pelas expectativas dos
colonizadores frente à nova terra, logo, atribuir aos lugares nomes com carga semântica
espiritual, de alguma forma, representa uma invocação de proteção.
Resumo:
O Agronegócio tem uma participação significativa na economia brasileira, o que eleva
sua importância de ser estudado, pois economicamente é um setor que tem se
modernizado e a cada expansão há necessidade de termos para registrar seu
conhecimento. Com o avanço sócio-econômico este segmento de aporte agroindustrial
tem se apropriado de diversos termos e conceitos, oferecendo aos pesquisadores a
oportunidade em expandir e contribuir com a elaboração de um acervo lexical
significativo e de suma importância para a área. Este segmento que representa toda
uma cadeia produtiva demanda várias análises terminológicas, mas este estudo visa
analisar a variação dos diferentes termos atribuídos ao conceito do Agronegócio em um
corpus semiespecializado. O próprio termo que intitula a área apresenta uma variação
denominativa, como: “Agronegócio”, “Agribusiness”, “Complexo agroindustrial”, “Cadeias
agroeconômicas”. Para tanto, vale refletir: Os pesquisadores da área ao proferirem
sobre o conceito do Agronegócio selecionam um ou mais termos? Estes termos são
tratados como sinônimos? Para buscar dados passíveis de reflexão, esta pesquisa
contou com auxílio de estudos bibliográficos e a análise de um corpus eletrônico, a fim
de verificar a frequência de uso. Para a composição do corpus foram auferidos (10) dez
boletins, (125) cento e vinte e cinco dissertações e (05) cinco teses de (16) dezesseis
instituições nacionais de ensino superior que abarcam a temática do Agronegócio. Estes
materiais foram retirados do banco de dissertações e teses da Capes, salvos em pdf,
transformados em txt e processados no programa Unitex. Após a organização dos
dados foi verificada a frequência de cada termo analisado e pôde-se observar três
situações em que os autores: 1) optam por apenas um termo, exemplo: “Agronegócio”;
2) utilizam dois ou mais termos como sinônimos, exemplo: “Agronegócio” e
“Agribusiness”; 3) escolhem mais de um termo, sendo que um dos termos tem uma
pequena modificação e/ou restrição conceitual, exemplo: “Cadeias agroeconômicas” e
“Complexo agroindustrial”. Logo, esta pesquisa observa que a variação terminológica
está condicionada ao enfoque do autor e a marca temporal. Este estudo é baseado nas
reflexões de Araújo (2007), Massilon (2007), Callado (2011), Batalha (2011) e Vieira
Resumo:
A Terminologia, como ciência, pode-se considerar que se constituiu em dois momentos
importantes, o primeiro, está vinculado às teorias consideradas clássicas, em que
destacam-se, principalmente, as escolas Russa, Tcheca e Vienense (LOTTE, 1961;
DRODZ, 1979; WUSTER,1969). O enfoque maior das pesquisas provenientes dessa
vertente está na organização da linguagem de especialidade para que essa se tornasse
mais precisa e que comunicasse ciência de modo mais inequívoco possível. Em um
segundo momento, a Terminologia lançou à linguagem em contexto de especialidade o
olhar preocupado com as questões referentes à língua e, a partir disso, desenvolveu-se
em torno de metodologias e abordagens mais próximas à realidade linguística. Em
decorrência disso, passou-se a considerar fatores próprios das línguas naturais, como a
variação terminológica. Nesse sentido, nosso trabalho tem como objetivo apresentar um
recorte da pesquisa de mestrado cujo escopo é a variação terminológica no Direito do
Consumidor, para tal, analisamos a variação terminológica denominativa do termo
consumidor. Valemo-nos dos pressupostos de Cabré (1999), para questões relativas à
Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT), Freixa (2002; 2006) para tratar das
motivações da variação denominativa, do reconhecimento das sinonímias e
classificação em escala de Equivalência Conceitual (Freixa, 2002, p.296). A partir da
identificação das unidades terminológicas sinonímicas referentes ao termo consumidor,
demonstraremos quais foram as ocorrências encontradas, a fim de verificar as
ocorrências dos diferentes usos nos textos que constituem o corpus, observando
também, como essas sinonímias apresentam-se nos contextos analisados. Por fim, com
esta pesquisa, visamos compreender de modo mais abrangente o fenômeno da
variação terminológica no âmbito do Direito do Consumidor, com enfoque em uma
modalidade importante que é a variação denominativa, pois como destaca Cabré (1999,
p. 138 tradução nossa) esse tipo de variação “se explica pela necessidade em adequar
a expressão às características discursivas de cada tipo de situação comunicativa”,
então, a variação é um movimento legítimo da língua à medida que seus usuários
Resumo:
Buscando colaborar com a sustentabilidade, em especial, com a produção de energia
renovável, destacando a energia eólica, é que se motivou desenvolver essa pesquisa. É
sabido que a energia eólica é um tipo de energia renovável que provém do uso do
vento, que beneficia o meio ambiente, pois quando se utiliza a energia eólica, em sua
produção não se emite o dióxido de carbono na atmosfera. Desse modo, ao coletar os
termos da energia eólica empregados pelos estudiosos e usuários nas línguas
portuguesa e espanhola, para a produção de um dicionário terminológico, tem-se a
intenção de minimizar as confusões conceituais acerca da utilização desses termos e
destacar a importante função da análise contrastiva no que diz respeito às línguas
estrangeiras e suas especialidades. Ante dessa proposta, dentro de uma área de
especialidade como a energia eólica, um dicionário bilíngue é de suma importância para
que os diversos consulentes da obra, encontre eficácia na procura dos termos. Para
continuidade do trabalho faz-se necessário fazer o projeto de elaboração dos corpora,
mais especificamente, em números, foram escolhidos 111 textos em PB e 110 textos
em EE, somando um total de 220 textos. Essa etapa se de composição dos corpora foi
feita de modo geral com o uso da internet. A maioria dos textos foi encontrada na
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Outra fonte de pesquisa
foi também o banco de dados das diversas Universidades da Espanha, onde foram
encontradas teses e dissertações na língua espanhola europeia.Dando continuidade à
etapa, após a escolha dos textos, foram arquivados em pastas separadas no
computador, corpus em PE e corpus em EE. Depois da composição dos corpora, a
etapa seguinte se deu na conversão dos textos que estavam em grande maioria em
Resumo:
O objetivo deste trabalho é apresentar os caminhos percorridos de uma pesquisa
terminológica monolíngue descritiva acerca das unidades de conhecimento
especializado relacionada a uma subárea específica da língua portuguesa denominada
energia hidráulica da área das energias renováveis. Esta pesquisa está alicerçada nas
teorias e metodologias da Terminologia em sua vertente a Teoria Comunicativa da
Terminologia (TCT), especificamente em relação à fraseologia detectada entre o
Português Brasileiro (PB). A finalidade Terminologia é observar os termos em situações
reais de uso e, a partir desse olhar, promover uma comunicação eficaz, a um só tempo,
concisa, precisa e objetiva. A TCT ampliou os caminhos para o fazer terminográfico,
assumindo a diversificação discursiva em função da temática, do tipo de emissor, dos
destinatários, do nível de especialização, do grau de formalidade, do tipo de situação,
da finalidade, do tipo de discurso, etc. Um passo extremante importante para o estudo
dos termos. De acordo com Cabré (2005) a TCT possui um caráter interdisciplinar, isto
é, traz consigo fundamentos das ciências da linguagem, das ciências cognitivas e das
ciências sociais, sendo possível analisar o termo levando em conta as suas muitas
faces. A Terminologia, no Brasil, passou a desenvolver-se e ser praticada de maneira
sistemática em meados da década de 80 do século XX. A partir de sua estruturação da
Terminologia nos anos 80 do século XX, a sociedade tem passado por situações
como: Hausman (1990), Pavel (1993), Corpas Pastor (1997), Pearson (1998), etc; não
distinguem UTs sintagmáticas das unidades fraseológicas, ou seja, não traçam limites
claros diferenciando as duas estruturas, ainda mais quando se refere à estrutura com
sintagma nominal. Embora haja divergências, parece que os pesquisadores concordam
que para fazer parte do campo das fraseologias é preciso possuir em sua estrutura, pelo
menos, duas palavras gráficas, como também a fixação dessas unidades, não obstante,
discordem quanto ao grau, a maioria entende que as UTFs (Unidades Terminológicas
Fraseológicas) possuem um certo grau de fixação. A maioria concorda que a diferença
entre a fraseologia da língua corrente e a fraseologia da língua de especialidade é que
esta segunda apresenta uma UT em sua estrutura. Neste trabalho, levando em conta a
multiplicidade de denominações e a quantidade de unidades consideradas
fraseológicas, toma-se por base os estudos de Bevilacqua (1996, 2001), que
complementam as noções expostas por Gouadec (1994) e apresentam subsídios para
análise e reconhecimento das unidades fraseológicas de uma língua de especialidade,
além de critérios para distingui-las dentre outras unidades sintagmáticas. Como também
Desmet (2002) e Cabré, Lorente e Estopà (1996), que consideram a base nominal,
desde que haja deverbais ou adjetivos no particípio. Com intuito de se apresentar uma
base teórica que se possa responder às hipóteses levantadas: No corpus sobre a
Energia Hidráulica é possível encontrar fraseologias? As teorias atuais dão conta da
fraseologia especializada? Quais são os parâmetros para reconhecer o fraseologismo e
como caracterizá-lo? São expostas ainda, as informações pertinentes sobre as etapas
da pesquisa, a pesquisa bibliográfica, a ficha de pesquisa terminológica, a estrutura dos
verbetes do dicionário, o programa Unitex e os termos da energia hidráulica. Em
seguida, há a apresentação dos verbetes que constituem o Dicionário Terminológico da
Energia Hidráulica.
Palavras-chave: Dicionário Terminológico; Energia Hidráulica; Fraseologia;
Terminologia.
Resumo:
O Estado de Mato Grosso do Sul, mais precisamente a fronteira internacional entre a
cidade de Aral Moreira-Brasil e o departamento Santa Virgínia-Paraguai, localiza-se no
sul do estado e possui uma divisão geográfica no mapa com o país vizinho Paraguai.
Resumo:
Essa comunicação apresenta um análise oriunda de uma pesquisa de mestrado
intitulada Uma análise dos neologismos mais frequentes na tradução da série Harry
Potter para o português brasileiro, a qual vem sendo desenvolvida por Tiago Pereira
Rodrigues, orientada pelo Prof. Dr. Celso Fernando Rocha e financiada pela Fundação
(FCLAR/UNESP-USP/PNPD/CAPES)
Resumo:
A Lexicografia, ciência de elaboração e estudo de dicionários passou, ao longo de sua
história, por inúmeras (r)evoluções no sentido de tornar o dicionário, além de sua
característica própria de “repertório de dados léxicos”, cada vez mais útil ao usuário. No
século XX, por exemplo, o perfil prototípico do possível usuário se tornou um dos
aspectos que passou a diferenciar os princípios teórico-metodológicos para a
elaboração de dicionários. Desde aquela época, inovações ocorreram com relação às
estruturas dos dicionários monolíngues e bilíngues, com o surgimento de dicionários
para aprendizes, pedagógicos entre outros inúmeros tipos de obras lexicográficas. É,
pois, a partir de um perfil, ainda que hipotético, de usuário, que devem (ou deveriam) se
estabelecer as diferentes estruturas de um dicionário. No final do século XX, com o
advento das tecnologias da informação e comunicação (TICs), da internet e da
Linguística de Corpus, novamente a Lexicografia passou (e passa) por transformações.
Atualmente, há que se pensar em formas de proporcionar cada vez mais informações a
cada vez mais tipos de usuários, bem como definir e estabelecer estruturas de acesso a
essas informações que possam contribuir à potencialização do valor didático do
dicionário. Isso traz à Lexicografia, desde os anos 90, outra (r)evolução: uma
(r)evolução teórica, metodológica e tecnológica. Assim, analisamos neste estudo um
conjunto de dicionário de espanhol disponível em suporte eletrônico (CD, DVD, on-line
e/ou aplicativo) usados em contextos de ensino e aprendizagem de espanhol no Brasil a
fim de identificar as estruturas de acesso às informações lexicográficas e analisar suas
possíveis contribuições para o ensino.
Palavras-chave: Lexicografia Pedagógica. Dicionário Eletrônico. Ensino de Espanhol
como Língua Estrangeira. Aprendiz brasileiro.
1) Carnaval pra inglês ver: uma análise tradutória do roteiro dos desfiles
das escolas de samba do Rio
Resumo:
Não é exagero dizer que o tradutor é um mensageiro cultural. É graças a ele que os
mais diferentes povos tomam conhecimento de elementos culturais uns dos outros. O
carnaval, por exemplo, apesar de celebrado em diversos países, tem no Brasil um
status e uma grandiosidade incomparáveis. Não há, em qualquer outro canto do mundo,
a mesma intensidade e a mesma adesão a esta festa como se observa em nosso país.
Além disso, o carnaval brasileiro é multicultural e as diferenças entre os modos de
festejá-lo em cada região são muito acentuadas. Isso equivale a dizer que a distância
entre os diferentes festejos carnavalescos nacionais não é apenas geográfica, mas
cultural. Essa distância é ainda maior quando o espectador ou folião vem de uma
cultura que não a nossa. O nababesco desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro,
por exemplo, certamente não é visto pelo estrangeiro da mesma forma que o brasileiro
o vê. E se o espetáculo já é de difícil compreensão ao espectador tupiniquim, tanto mais
o será para o gringo, que, para entender as narrativas contadas por cada escola, tem
como recurso o roteiro dos desfiles, um guia bilíngue (português/inglês) impresso,
entregue a toda a audiência do sambódromo carioca. É esse roteiro o corpus do
presente trabalho. Por ser uma espécie de guia, à primeira vista o material poderia ser
visto como um texto técnico. De fato, há muito de técnico em seu conteúdo. Porém, ele
se ocupa em explanar narrativas imersas em culturalidades múltiplas, embebidas em
brasilidade. Os enredos variam do universal - uma crítica à indústria da beleza - ao
extremamente local - a cultura do Estado do Pernambuco, num tributo a um
carnavalesco pernambucano, já falecido, com referências a enredos por ele criados.
Todavia, mesmo os temas universais de repente são cobertos por camadas densas de
localismo. Daí a importância de um roteiro que explique ao espectador o que ele
presencia, para que o propósito de cada escola seja alcançado: contar uma história que
seja compreendida (o compreender é fator crucial, por exemplo, na avaliação que os
jurados fazem do quesito enredo). É função do tradutor desse roteiro ajudar o
estrangeiro a construir sentido a partir do que vê, a compreender uma narrativa muitas
vezes costurada por elementos culturais a ele estranhos (e aqui o termo “estranho”
encarna os dois sentidos possíveis). O presente trabalho, portanto, consiste numa
análise dos textos em inglês do roteiro supracitado, com o intuito de verificar se o
objetivo da tradução, ou seja, auxiliar o espectador estrangeiro a compreender as
narrativas, é potencialmente alcançado. Serão observadas as soluções aplicadas para
reconstruir, aos olhos do leitor estrangeiro, as narrativas apresentadas em português,
bem como os casos em que tais soluções parecem resultar em obstáculos para sua
compreensão. Para tal, analisaremos o guia do ano de 2016 e nos valeremos das
contribuições teóricas de Vermeer (2004), Benedetti e Sobral (2003), Hansen (2010),
dentre outros.
Resumo:
O objetivo desta comunicação é refletir acerca de meu processo de tradução do poema
“La Malinconia” (1921), de Umberto Saba. Optei por situar minha argumentação em
duas esferas: uma relacionada às escolhas tradutórias referentes à métrica do poema;
outra aos aspectos de caráter ideológico que permeiam a tradução. Referente ao
primeiro aspecto, é notável que Saba, nascido em 1883, em uma Trieste ainda
pertencente ao terreno austríaco, começa a escrever em uma época em que os
movimentos de vanguarda acaloravam as discussões acerca da arte na Europa,
promovendo um ideal de ruptura com formas preestabelecidas e idealizando novos
modelos experimentais. Saba, no entanto, pareceu ficar, de certa forma, imune a essa
movimentação. Seu maior contato com a literatura dividia-se entre os autores canônicos
da tradição literária italiana e as influências germânicas, relacionadas à filosofia e a
psicanálise – proporcionadas pela localização geográfica de sua cidade natal – muito
em voga no período em que começou a escrever. Em virtude dessa conjuntura
geográfica e histórico-cultural, Umberto Saba se localiza em uma zona literária limítrofe
e híbrida, já que busca, através de um fazer literário aos moldes da tradição italiana
também refletir acerca dessas questões relacionadas à psique e aos sentimentos
humanos, que ganhavam força entre seus contemporâneos. O desafio aqui, portanto,
reside primordialmente nesse caráter que mescla o antigo e o novo, a tradição e a
contemporaneidade, que faz emergir um escritor moderno à moda antiga –
característica que, a meu ver, deve estar presente na proposta de tradução. No que
concerne ao segundo aspecto de minha análise, busco demonstrar como aquilo que o
tradutor se permite divulgar por meio de sua tradução, também transcende o âmbito do
texto em si. Isso porque muitas das escolhas feitas refletem e reforçam uma visão
ideológica que o tradutor nutre acerca do mundo e da literatura. Nesse sentido,
proponho debater algumas das sensações que o texto fez emergir em minha leitura, e
como tais sensações também modularam o resultado final de minha tradução. Assim,
essa comunicação visa demonstrar como, no caso da tradução de “La Malinconia”,
métrica e ideologia se mesclam para atingir um objetivo: o de visibilizar o estilo de
escrita de Umberto Saba, sem, com isso, invisibilizar o trabalho tradutório. O aporte
teórico que sigo para embasar minhas escolhas é composto, principalmente, por Mario
Laranjeira (2003) e Humboldt (2001).
Palavras-chave: Tradução poética; Umberto Saba; La malinconia.
Resumo:
(Re)construímos representações e (re)aprendemos a dar sentidos sob a ótica dos
contextos sócio-históricos, culturais e ideológicos onde, enquanto sujeitos, nos
inserimos. Isso significa que o modo como agimos e pensamos, logo, o modo como
lemos e interpretamos, é determinado a partir da nossa relação com o grupo social, ou
seja, com a comunidade interpretativa da qual fazemos parte (FISH, 1980). Além de
impregnado pelo social, o olhar do sujeito para o mundo está também repleto de si e irá
sempre diferir de outros sujeitos cujas lentes nunca são as mesmas, distanciando a
produção de sentidos da homogeneidade e da universalidade, o que implica em dizer
que os sentidos serão sempre plurais e constituídos não somente pela exterioridade,
mas pela subjetividade do sujeito em toda a sua hipercomplexidade. Essa perspectiva
problematiza uma concepção tradicional de tradução enquanto recuperação de sentidos
e leva o processo tradutório a ser pensado sob um viés pós-moderno e derridiano: toda
tradução é fruto de um ato de interpretação, sempre provisório, empreendido por um
sujeito em condições socioculturais e histórico-ideológicas particulares, em um processo
que jamais encerra as possibilidades múltiplas de sentidos de um texto sempre aberto a
outras leituras. Isso também significa pensar em tradução na relação que estabelece
com um movimento de expansão interpretativa, que, a partir de uma visão
hermenêutica, vai em direção oposta à concepção de paralisia e controle de produção
Resumo:
A desconstrução, desenvolvida por Jacques Derrida, enquanto pensamento e
movimento de problematização, marca a pós-modernidade por meio de uma abordagem
filosófica peculiar e nos leva a trilhar um caminho de (re)significação do traduzir. Sob o
viés desconstrutivista, esse caminho é percorrido não somente pelas vias de “Torres de
Babel” (2005), obra em que Derrida, no labirinto de suas reflexões sempre complexas,
debruça-se especificamente sobre tradução, a confusão entre línguas e a (impossível)
tarefa do tradutor, mas também no imbricamento entre noções discutidas em outras
obras do filósofo, especialmente “De que amanhã: diálogos” (2004), “Espectros de
Marx” (1994) e “Mal de Arquivo” (2001), que dialogam e se (entre) cruzam. Nessa
medida, o objetivo deste trabalho é o de voltar nosso olhar para alguns pontos da
fecunda obra de Derrida, principalmente nos trabalhos que estabelecem uma relação de
amizade com a psicanálise, redirecionando as discussões empreendidas pelo filósofo
para um contexto em defesa de uma concepção pós-moderna do traduzir. A presente
discussão aponta caminhos de encontro não declarados entre Derrida e a concepção
pós-moderna de tradução tendo como base as discussões empreendidas pelo filósofo
Resumo:
Apesar da grande profusão de textos e teóricos que trabalham e estudam as questões
tradutológicas no Brasil e no mundo, toda vez que vai se discutir uma tradução, seja ela
interlingual, intralingual ou intersemiótica, quase sempre, ao menos me parece, que
retornamos ao velho jargão, sobretudo no senso comum, da “tradução literal versus
tradução livre”, que imbrica a oposição “tradução fiel versus tradução infiel”. Fato é que
se considerarmos o leitor como parte constituinte dos significados do texto, não haveria
uma fidelidade a ser restabelecida, visto que o sentido seria variável. Para discutir essas
questões e outras relacionadas ao tema, escolhi o seriado Supernatural, do canal
Warner, que é um dos seriados de maior sucesso nos últimos tempos tanto nos Estados
Unidos quanto fora dele. Criada por Eric Kripke, o programa tomou grandes proporções,
chegou à décima segunda temporada com um grande número de fãs. O crescimento da
marca foi tão grande que migrou para outras mídias, uma delas a literatura. Geralmente,
o caminho feito é o contrário na tradução intersemiótica: a adaptação do livro para as
telas, seja as do cinema ou as da tevê. Habituados ao caminho “tradicional”, os fãs,
munidos do dogma popular, rapidamente se posicionam para julgar se uma adaptação é
boa ou não a partir de uma suposta “fidelidade” em relação à obra “original”, conceitos
Resumo:
O objetivo deste artigo é destacar o emprego de traduções de filmes no ensino de uma
língua estrangeira para alunos falantes da língua portuguesa, em qualquer nível
educacional. Tendo em vista que o cinema é uma modalidade de transmissão de
mensagens importante na construção de significados, construção de identidade e na
facilitação de divulgação e assimilações culturais, a sua utilização se apresenta
importante, não somente no letramento de uma língua, mas, também, na difusão de
diferentes culturas. A tradução de filme no ensino de língua estrangeira pode
proporcionar alguma facilidade para o desenvolvimento do trabalho do docente, pois o
cinema carrega consigo a inocente ideia meio de diversão, de lazer. Em um mundo em
que a imagem se torna cada vez mais corriqueira e substituta do texto nas
comunicações informais, tanto entre os jovens quanto entre toda sociedade em geral, a
característica imagética, própria da sétima arte, pode promover um ambiente de
aproximação entre os alunos e o professor, e despertar um maior interesse da turma
pela aula. Além disso, a utilização da imagem pode diminuir um pouco o clima de
formalidade e de obrigatoriedade que a turma sente na execução dos estudos em sala
de aula. A imagem por si só já carrega consigo uma carga importante de informações
na transmissão de uma mensagem, como pode ser percebido nos centenários filmes
mudos, principalmente naquelas cenas que não trazem nenhuma inscrição gráfica, ou
seja, legenda. Além da imagem, as falas dos personagens de um filme também são
ricas na transmissão de mensagens, haja vista que trazem consigo uma enorme gama
de informações que podem auxiliar o professor no ensino da língua. Vale destacar que,
também a trilha sonora faz parte da rede de transmissão de mensagens composta pelo
cinema e está apta a ser utilizada pelo docente. Diante de todas essas facilidades
apresentadas pelo cinema, o professor pode fazer uso das representações imagéticas,
em consonância com as falas do filme para ensinar muito mais do que a simples
tradução de uma palavra pela palavra em si, pois seu trabalho será facilitado e mais
produtivo se ele se utilizar de toda a ferramenta oferecida pelo filme e associar a palavra
traduzida à mensagem cultural que ela leva consigo. Assim, a divulgação de uma
cultura distante e totalmente diferente daquela que os estudantes estão acostumados e
conhecem tem a capacidade de facilitar, não somente o aprendizado, mas também a
fixação da palavra traduzida na memória do estudante. O aporte teórico principal terá
com base, a obra de Jane Sherman, Using Authentic Video in the Language Classroom
(2003), que define alguns conceitos de como trabalhar um vídeo ao ministrar uma aula
de língua inglesa.
Palavras-chave: Jane Sherman; letramento; cinema.
Resumo:
O artigo intitulado A tradução interlingual e intersemiótica no ensino de língua inglesa:
uma abordagem do livro “O menino do pijama listrado”(2014) tem como objetivo
principal trabalhar conceitos pós-modernos sobre tradução, como o conceito de
originalidade e equivalência, através de uma abordagem de leitura no ensino de língua
inglesa. O intuito primário é desconstruir uma ideia compartilhada pelo senso comum –
a de que a tradução é uma cópia do texto “original”– e, muitas vezes, inapropriada que
se tem sobre a tradução e, também, reforçar a relevância do ensino de língua inglesa
Resumo:
O presente trabalho centra-se na apresentação e na discussão de um breve percurso
da história das traduções da Bíblia ao longo dos séculos. Tendo em vista que a
tradução de textos religiosos e especialmente da Bíblia, juntamente com a tradução de
textos literários e filosóficos, foi o fator que impulsionou as primeiras reflexões e as
discussões quanto aos processos tradutórios e o papel do tradutor, este trabalho tem
por objetivo apresentar, de forma cronológica e sucinta, o percurso das traduções
bíblicas, destacando algumas traduções selecionadas a partir de seu impacto na história
e seu caráter pioneiro dentro de determinadas línguas. Além disso, busca-se traçar esta
trajetória até a tradução da Bíblia em Linguagem Contemporânea A Mensagem, de
Eugene Peterson - projeto de tradução feito a partir das línguas originais da Bíblia para
o Inglês, que teve sua tradução para o português no ano de 2011. Ademais, este estudo
propõe contextualizar historicamente a Bíblia A Mensagem tendo em vista o aparato
Resumo:
Neste trabalho, discutem-se algumas escolhas tradutórias e seus efeitos de sentido no
livro O Pistoleiro, escrito por Stephen King (2003) e traduzido por Mário Molina (2004),
texto inicial para a saga A Torre Negra. O objetivo deste trabalho foi analisar tais
escolhas tradutórias, a partir do conceito de tradução cultural (Cf. Azenha, 2013), e na
abordagem de estrangeirização e domesticação de termos. No que tange essa
abordagem, na estrangeirização, a tradução apresentaria o estrangeiro para a cultura
receptora, o que ressaltaria as diferenças linguísticas e culturais entre os textos,
obrigando o leitor a “viajar” para a língua e cultura do texto de partida. Por outro lado, a
domesticação seria um método de aproximação, pois não exigiria empenho do leitor,
que recebe o texto como se tivesse sido escrito em sua própria língua. (Cf. VENUTI,
1995). Além disso, o objetivo e o público-alvo da tradução do livro analisado foram
considerados, não partindo de um julgamento de valor, mas como base para reflexão
crítica. Nesse sentido, foi-se consonante à ideia de que cada indivíduo, sendo sujeito
social e da linguagem, interpreta as línguas e as traduzem de acordo com suas
vivências, assim como discutido por Arrojo (2003). Também convergiu-se com Orlandi
(2012) quanto à ideia de que a língua é composta por discursos, que acontecem na
integração entre o que é social e histórico, entre sistema e sua realização; as palavras
de uma língua existem a partir de um processo sócio-histórico e são, portanto, parte de
discursos que se delineiam em relação com outros. Ademais, pensou-se sobre cultura,
já que ela está associada de forma indissolúvel com a língua. Conforme Azenha (2013),
defende-se que as diversas definições de cultura existentes possuem pontos de
convergência que permitem entendê-la como uma ponte que une povos – essa
definição é determinada pelo espaço físico, geográfico, além de instâncias como
línguas, formas de arte, religião, ciência e ética. Portanto, a análise dos trechos de O
Pistoleiro e a sugestão de outras possibilidades tradutórias foram realizadas
considerando tradução uma leitura e uma transformação, associada à cultura e à
interpretação. As discussões e análises aqui presentes permitiram a compreensão de
que a tradução não é um produto resultado de uma simples transferência de sentidos,
mas um processo que envolve pesquisa e interpretação, contextos culturais, ideologias
e possíveis efeitos de sentido, aportados nos escritos de Arrojo (2003), Campos (1991)
e Derrida (1980).
Palavras-chave: Domesticação; Estrangeirização; Efeitos de sentido; Stephen King;
Tradução cultural.
Resumo:
Este trabalho, que traz recortes de uma pesquisa de Mestrado 1 em desenvolvimento,
tem como objetivo apresentar e analisar as atividades em que traduções de textos
literários do autor norte-americano Edgar Allan Poe foram utilizadas para o trabalho com
leitura crítica em uma oficina ofertada em um colégio estadual central na cidade de
Resumo:
Devido ao crescimento do mercado de games no mundo, com forte presença na Ásia,
os jogos eletrônicos passaram a compreender um número maior de usuários, chegando
a movimentar cerca de $99.6 bilhões no ano de 2016, conforme pesquisa do website
Newzoo. Tendo em vista a massificação dos jogos, tornou-se viável a exploração deste
público por parte das produtoras cinematográficas, as quais passaram a criar obras que
têm como base franquias de jogos de sucesso. Ao considerar este contexto, a proposta
deste trabalho é analisar o processo tradutório do jogo eletrônico para a produção
cinematográfica, com base na discussão das escolhas realizadas no processo de
criação do filme, principalmente com relação ao enredo e caracterização de
personagens. Partindo deste ponto, serão utilizados o jogo Warcraft: Orcs and Humans
(1994), da Blizzard Entertainment, e o filme de Duncan Jones, Warcraft: The Beginning
(2016), produzido pela Legendary Pictures. A análise será baseada nos pressupostos
teóricos de Jenkins (2009), com relação à narrativa transmidiática, Plaza (2003), quanto
ao processo de tradução intersemiótica, e de Atkins (2003), o qual defende o ponto de
vista de ser o jogo uma produção ficcional. O jogo como obra ficcional deve ser
considerado, pois se trata de uma produção criativa que contém elementos da narrativa
literária e explora, por meio da interatividade, a construção de pensamento crítico e
estratégico pelo público gamer, deixando de ser visto apenas como mero
entretenimento. Para aprimorar o desenvolvimento do enredo do jogo e auxiliar na
construção do pensamento crítico, a narrativa cinematográfica foi adaptada aos jogos
por meio de CGIs (imagens geradas por computador), uma vez que a inserção deste
aspecto na mídia virtual permite que ambas as mídias evoluam, de modo que uma
mídia passa a adequar características de outra sem tornar a mídia primária obsoleta,
um processo definido por Jenkins (2009) como parte da cultura da convergência. Ao
levar em consideração a integração entre mídias e analisando o mercado emergente da
tradução intersemiótica de jogos para o cinema, os estudos de Derrida (2006), que
desconstroem a superioridade da obra original quando comparada à tradução, exercem
grande efeito quando se trata deste tipo de comunicação, uma vez que as obras
cinematográficas baseadas em jogos não são bem recebidas e ainda são avaliadas
partindo do conceito de hierarquização do jogo em relação à sua versão para o cinema.
Sendo assim, é preciso elucidar o papel da nova produção, reconhecer os novos
sentidos formados a partir da tradução e, consequentemente, a criação de uma nova
obra para outro meio de comunicação. Além de apresentar estes pontos, será
necessário discutir como estas novas construções contribuem para o desenvolvimento
do pensamento crítico do espectador.
Palavras-chave: Warcraft, tradução intersemiótica, jogos eletrônicos, cultura de
convergência.
Resumo:
O objetivo deste estudo é analisar a adaptação cinematográfica Mary Shelley’s
Frankenstein, de Kenneth Branagh, sob as lentes dos estudos da adaptação. De forma
específica, será analisado como o cineasta trouxe para o meio fílmico a representação
complexa do monstro da romancista inglesa Mary Shelly e quais elementos do texto
literário foram adaptados para o filme, como: os questionamentos da aberração acerca
de sua criação e existência, o comportamento da sociedade perante o diferente e a
discussão sobre quem é o verdadeiro monstro da história: o cientista, o monstro ou a
sociedade. Essa análise será realizada a partir dos estudos de Diniz (2005), segundo a
qual, quando se trata de adaptação, como a do meio verbal para o não verbal, o
cineasta, neste caso, precisa considerar os recursos que estão a sua disposição para
representar visualmente o que a palavra faz no texto literário. Essa representação visual
pode ocorrer por meio da fotografia, paleta de cores, enquadramento da cena, trilha
sonora, a própria atuação do ator, um ruído, focalização das lentes, entre outros. O
estudo também contemplará as considerações de McFarlane (1996), que critica o
critério de fidelidade em uma adaptação, argumentando que o filme possui um
propósito, que pode ser diferente do propósito do texto literário, pois o texto literário foi
destinado a um público diferente do público que o cineasta que adaptou o texto para o
cinema pretendeu alcançar. Esse estudo também contemplará os pressupostos de
Stam (2003), o qual explora a relação entre o cinema e o mundo, e como o cinema
possui uma linguagem que não se restringe apenas à linguagem metafórica, mas sim a
um conjunto de mensagens que são formuladas com base em uma forma de expressão,
isto é, o cinema possui um discurso significativo que é caracterizado por meio de
códigos. O autor expõe que a própria linguagem cinematográfica é a ferramenta usada
para marcar essa forma de expressão, assim, é essa linguagem que se responsabiliza
por “dar vida” aos elementos que estão no texto literário. A última autora que será
utilizada para sustentar a análise desse estudo é Hutcheon (2006). A autora questiona o
fato de fãs e críticos inferiorizarem uma adaptação, mantendo viva a crença que o texto
literário é sempre superior a qualquer tipo de adaptação. Ainda segundo a teórica, parte
do sucesso de uma adaptação vem da repetição do texto fonte com algum elemento
que varia, característica que é mérito do cineasta, tornando, assim , o consumo dessa
adaptação algo prazeroso e rentável. Esse estudo pretende apresentar e discutir uma
das mais variadas formas de analisar uma adaptação fílmica que , mesmo considerada
“fiel” por inúmeros críticos de cinema, como Roger Ebert e Scott Telek, ainda não
obteve sucesso com o público.
Palavras-chave: Adaptação fílmica; Frankenstein; Texto literário; Imagem
Resumo:
O blog “Dicas de Inglês Bruna Gusmão” é uma página pessoal publicada no website do
jornal O Diário do Norte do Paraná de Maringá desde 2013. O termo blog é a
justaposição das palavras web e log em língua inglesa as quais se referem,
respectivamente, à rede (ou internet) e a uma prática regular, o que levou à definição de
blog como “diário virtual”. Além de jornalista, a autora do blog é também tradutora e
professora de língua inglesa e apresenta um conteúdo de forma acessível à diversidade
do público que o jornal abrange. Nesse estudo, procuramos analisar o discurso da
jornalista no que se refere às concepções de tradução que subjazem suas postagens e
vídeos. Também buscamos uma perspectiva multidisciplinar, congregando saberes do
campo jornalístico, da tradução e do ensino de línguas, que se consolida no
“interdiscurso” do blog. Nesse sentido, toma-se como referência o tema desse
congresso, múltiplos olhares, para estabelecer o objetivo geral desse artigo. Espera-se
analisar neste estudo as publicações do mês de maio entre os anos de 2013 e 2017 a
fim de determinar elementos discursivos que caracterizem a relação tradução/ensino de
língua estrangeira proposta. Nota-se que os conteúdos das publicações são
diversificados: músicas, trechos de filmes ou livros, gírias e explicações gramaticais
pontuais advindas de experiências da autora ou da solicitação dos seguidores do blog.
Além disso, a variação de temáticas e elementos em língua inglesa também influencia a
forma como as postagens são apresentadas ao usuário de internet. A explicação para
essa variação está tanto na natureza do espaço de troca de saberes, a internet, quanto
no entendimento de que existe uma variedade de sujeitos a atingir com diferentes
Resumo:
As aulas de língua inglesa na escola pública frequentemente são direcionadas para as
habilidades comunicativas, em especial a leitura e a escrita. Embora vários professores
demonstrem interesse pela literatura e considerem importante o estudo literário, ouvem-
se poucos relatos de docentes que trabalham com literatura inglesa ou estadunidense
em sala de aula. Em parte dos casos, não se faz esse tipo de trabalho por acreditar que
o nível linguístico dos alunos não é o suficiente para a leitura de um livro na língua
estrangeira. Diante dessa situação, a tradução tanto entre línguas quanto entre meios é
ferramenta fundamental para os alunos entrarem em contato com textos literários de
outros países. Isso porque a tradução permite que obras sobrevivam através das
culturas, línguas e épocas com a possibilidade de garantir, de forma ampliada, o que
Derrida (2002), a partir de Benjamin (2008), chama de sobrevida da obra. Nesse
trabalho, entende-se tradução como o resultado de um processo interpretativo e criativo
em o quê o tradutor tem a tarefa de ler um texto, traçar seus objetivos tradutórios e
recriar o texto de partida. Ou seja, a tradução é o resultado de um processo contínuo de
tomada de decisões as quais dão visibilidade ao tradutor no texto ou no filme e faz esse
profissional ser co-criador da obra a qual traduziu. Essa compreensão de tradução se
dá com base em autores que, apesar de trazerem ideias diferentes entre si, concordam
no ponto de que traduzir é ser constantemente impelido a fazer escolhas (HOUSE,
2009; AMORIM, 2005). Assim, este trabalho traz uma proposta que tem como ponto de
partida o trabalho com literatura traduzida nas escolas públicas. Nesta proposta,
ampliando a discussão de Marins e Wielewicki (2009), objetiva-se a formação de
professores que viabilizem o uso analítico do texto e contraponha os textos tanto na
língua de origem quanto na língua ou no suporte de chegada. A finalidade é
problematizar as diferenças estruturais, culturais e linguísticas presentes nos textos e
desconstruir a ideia de hierarquização entre “original” e tradução. Assim, busca-se
alcançar tal proposta por meio da formação de professores por meio da equipe
multidisciplinar usando a obra The help na língua inglesa, na língua portuguesa e na sua
adaptação para o cinema e analisando as peculiaridades inerentes ao processo
tradutório de cada obra nos seus diferentes meios. A escolha dessa obra se dá pois os
temas abordados nela se relacionam com a realidade brasileira e com as lutas do
Movimento Negro Unificado Brasileiro, que culminaram na alteração da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96), tornando obrigatório o estudo da história e da
cultura afro na rede de educação básica conforme as Leis Federais nº 10.639/03 e
11.645/08; e, no caso do estado do Paraná, fizeram surgir as equipes multidisciplinares
– instâncias escolares para a discussão e o estudo sobre questões étnico-raciais com a
proposta de intervenção no ambiente escolar.
Palavras-chave: The Help/ A resposta; tradução interlíngual; tradução intersemiótica;
equipes multidisciplinares.
Resumo:
A tradução tem sido objeto de estudos e de discussões em diversas pesquisas na
atualidade. Isso acontece devido a sua presença cada vez mais vigente em nossos
cotidianos, seja por meio de filmes ou livros que são traduzidos e/ou legendados para
que um maior público tenha possibilidade de acesso a esses materiais, seja por meio de
traduções de um meio semiótico para outro – como são os casos das traduções
intersemióticas do meio textual para o cinematográfico, tão comum nos últimos anos
principalmente em se tratando de traduções de narrativas literárias que são traduzidas
para o meio intersemiótico cinematográfico. Dentre essas discussões, destacam-se as
discussões sobre a transposição de textos literários para o meio intersemiótico
Resumo:
Dada à regulamentação da profissão de Secretário Executivo em 1985, dentre suas
atribuições, constam no artigo 4° do documento (BRASIL, 1985) dois itens: “redação de
textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro”; e “versão e
tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação da
empresa”. Assim, é uma das atribuições básicas do profissional de secretariado, desde
1985, exercer também suas funções tanto em sua língua materna quanto em língua
estrangeira considerando também atividades de tradução. Discutir e problematizar a
atividade tradutória para o profissional de Secretariado seria, por assim dizer, ficar num
entremeio. O secretário executivo não é tradutor profissional, mas é, em alguns
momentos de sua atuação, requerido a traduzir de diferentes maneiras e considerando,
em especial, diferentes elementos dependendo do que é requisitado a traduzir. Além de
não ser tradutor profissional, também não tem um caminho de escolha específica para
sua atividade, uma vez que não escolhe traduzir, por exemplo, somente um tipo de texto
ou apenas um determinado assunto etc. É perceptível o não reconhecimento da
atividade tradutória como inerente ao trabalho do secretariado executivo e tal fato
direciona também ao não ensino e ao não reconhecimento de que a atividade tradutória
é intelectual, necessita desenvolvimento do pensamento e necessita discussões
teóricas e atividades práticas. Em outras palavras, traduzir para o secretariado
executivo necessita discussão, reflexão e ensino em seu meio institucional, nos cursos
para bacharéis. Nessa perspectiva, nos questionamos se existiriam estudos, mesmo
que iniciais, sobre o ensino de tradução para secretariado. Buscamos, então, levantar
estudos que desvendassem algumas perspectivas ou que discutissem possíveis
abordagens sobre esse ensino. Nossa hipótese era que talvez encontrássemos,
primeiramente, assuntos relacionados à tradução em estudos que tratassem sobre o
ensino de línguas estrangeiras (LE) para Secretariado, bem como nas disciplinas de
línguas estrangeiras ministradas na graduação em Secretariado. Assim, foi possível
também traçar uma perspectiva de ensino de LE para a área secretarial. Já em relação
aos Estudos da Tradução para secretariado, algumas discussões são bastante
preliminares e iniciam-se com publicações somente no ano de 2016 (ROCHA, 2016;
GYSEL, 2016). De qualquer forma, as perspectivas e abordagens encontradas estão
embasadas em fundamentações teóricas dos Estudos da Tradução bastante
diversificadas, não havendo ainda um consenso ou similaridades. Assim, nosso estudo
tem caráter bibliográfico e documental, de abordagem também descritiva.
Palavras-chave: Estudos da Tradução; Ensino de Tradução; Secretariado Executivo.
Resumo:
Ao traduzir para o cinema uma das figuras mais emblemáticas dentre as diversas
culturas polinésias, a Disney mais uma vez gera questionamentos sobre a maneira
como se apropria de culturas minorizadas. Em Moana (2016), os estúdios recriam Maui,
um semideus polinésio que continua vivo no imaginário dos povos da Oceania, e faz
dele um dos principais elementos causadores de humor na narrativa cinematográfica.
De acordo com os diretores, a produção do filme envolveu anos de pesquisas e
inúmeras viagens às ilhas do pacífico, além da parceria com diversos profissionais
polinésios, como linguistas, músicos, antropólogos e o roteirista Taika Waititi, escritor e
diretor neozelandês de linhagem maori. Todo o esforço colheu resultados positivos em
meio à crítica estadunidense, a qual enfatizou, sobretudo, o suposto empoderamento da
mais nova personagem da Disney, dita desbravadora, independente, e levou sites como
o Rotten Tomatos, parte do grupo Warner Bros, a classificá-lo com o certificado “fresh”,
resultado dos 95% das avaliações positivas recebidas. Contudo, todo o empenho nessa
produção parece não ter sido suficiente para evitar o descontentamento da recepção
crítica polinésia, visto que não deixou de levantar as mais controversas opiniões mesmo
antes de sua estreia mundial. O grande problema se instaurou, principalmente, no fato
de que, ao traduzir o destemido Maui para as telas por meio de uma criação
cinematográfica infantil, os estúdios acabam por tecer uma representação disneana de
uma das figuras de maior importância para os povos de origem polinésia. Enquanto a
crítica estadunidense, em sua grande maioria, aclama o novo filme, a recepção crítica
em sites australianos e neozelandeses por vezes levantam questionamentos sobre a
estereotipificação das personagens, principalmente do semideus Maui, figura central
das histórias de povos como os maoris, havaianos, samoanos e muitos outros.
Depreendemos, portanto, que a indigesta representação dessa personagem para crítica
polinésia levanta discussões quanto a questões de apropriação cultural e representação
identitária de culturas marginalizadas pelos olhos do Outro via tradução. Por
compreendermos que toda tradução implica em transformações de acordo com novos
tempos e novos contextos sócio-históricos, e, com isso, ela acaba também sendo
responsável por formular e fixar estereótipos de identidades culturais, tal qual nos
termos de Venuti (1998), procuramos no presente trabalho investigar e compreender a
recepção do longa pela crítica cinematográfica polinésia, a qual trilha um caminho
destoante quando comparada à positiva recepção da crítica estadunidense. Para isto,
percorremos redes sociais e diversos sites, assim como australianos e neozelandeses,
que dedicaram matérias e/ou entrevistas para discutir essa temática.
Palavras-chave: Maui, narrativas polinésias, tradução e construção de estereótipos
culturais, Disney.
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo propor uma análise das escolhas tradutórias de
Esteves e Aubert (2008) em seu texto Shakespeare in the Bush – História e Tradução,
no qual os autores propõem uma tradução ao trabalho de Laura Bohannan,
Shakespeare in the Bush, no qual ela descreve sua viagem à tribo africana dos Tiv e
sua tentativa de contar a história de Hamlet, um dos clássicos de Shakespeare, àquela
tribo. Em seu texto, Esteves e Aubert (2008) apresentam um breve panorama histórico
das diversas publicações do trabalho de Bohannan – sendo a primeira em 1966, na
revista Natural History –, além de seu objetivo de tradução – a saber: tornar o texto mais
acessível, especialmente no âmbito acadêmico – e a própria tradução. Para analisar
esta última, as noções de comunidade interpretativa de Fish (1992), de formação da
identidade do sujeito por meio de memórias discursivas de Coracini (2003), as
concepções de tradução de Venuti (2000) e Hermans (1996), os modelos de tradução
de Vermeer (1986) os ideais de tradução relevante, leis de hospitalidade e double bind
de Derrida (2000) foram utilizados como referencial teórico. A partir destes teóricos, este
trabalho propõe também algumas sugestões de traduções para expressões e termos
que, a nosso ver, e de acordo com nossa comunidade interpretativa, poderiam ser
traduzidos de maneira diferente. Alguns dos termos analisados foram “mato”
(ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 141), “fui atingida pela graça” (ESTEVES; AUBERT,
2008. p. 142), “lutando com a língua deles” (ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 144), “bruxo”
(ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 145, 153) e “bruxa” (ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 145,
149, 153, 156, 157). Não obstante, este trabalho aponta escolhas tradutórias que foram
bem sucedidas, de acordo com nossas memorias discursivas e comunidade
interpretativa – como exemplo destas traduções temos “procurava por palavras”
(ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 151), “cervejada” (ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 143) e
“eliminado de cena” (ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 146). Assim, ao fim da análise,
conclui-se que a comunidade interpretativa (FISH, 1992) e a noção de formação da
identidade do sujeito com base em memórias discursivas (CORACINI, 2003) são fatores
importantes no processo tradutório de um texto, influenciando ativamente nas escolhas
do tradutor, bem como sua concepção de tradução e seu objetivo com a mesma.
Conclui-se também que a tradução proposta por Esteves e Aubert (2008) atende aos
seus objetivos explicitados pelos tradutores embora nossa comunidade interpretativa –
bem como as memórias discursivas que formam nossas identidades – faria escolhas
diferentes, como foi apontado ao longo do trabalho.
Palavras-chave: Tradução; Análise; Shakespeare in the Bush.
Resumo:
Os estudos da Tradução e da Adaptação já foram preconizados por teóricos
prescritivistas e descritivistas que, em maior e menor grau, respectivamente, colocavam
o texto “original” enquanto detentor do sentido único, a ser resgatado e transposto em
suas traduções. Assim, uma tradução era avaliada por meio do apego às noções de
fidelidade e equivalência, que determinariam sua qualidade, isto é, a superioridade do
“original” ainda era o fio condutor desse tipo de abordagem analítica. O filósofo Derrida
(2002), por meio de sua perspectiva desconstrutivista, problematiza as totalizações e
verdades. Ao refletir sobre o centro das estruturas – termo lido enquanto origem, nos
estudos tradutórios – afirma que, neste, “é proibida a permuta ou a transformação dos
elementos” (DERRIDA, 2002, p. 230). Nesse sentido, defende uma descentralização
dos centros, como forma de abertura dos círculos para as diferenças. É a partir disso
que outros teóricos se voltam à horizontalização das relações entre texto de partida e de
chegada - este visto, agora, como reconstrução daquele, não mais como transposição.
Amorim (2005), tendo como norte a ideia de que uma tradução é uma atualização do
texto-fonte, aponta para questões mercadológicas e determinações históricas como
elementos que influenciam o trabalho do/a tradutor/a. Hutcheon (2011) se especializa
na teoria da Adaptação, e nas implicações da mudança do contar para o mostrar (ou
vice-versa). Para a autora, mudanças na focalização, no ritmo, no tempo, no ponto-de-
vista, entre outros aspectos, fazem parte da adaptação, enquanto processo e produto.
Assim, escapa-se da ideia de que é a fidelidade ao “original” – geralmente um texto
literário, sacralizado e, por isso, “intocável” – que deve nortear a avaliação de traduções
e adaptações, enquanto de alta ou baixa qualidade. Pelo fato de os estudos
prescritivistas, antes citados, ainda econtrarem eco na sociedade, levando
frequentemente a opiniões contrárias ao resultado de traduções e, especialmente,
adaptações, é que estudos como esse se justificam. Nesse sentido, essa comunicação
toma, como objeto de análise, a adaptação, para o cinema, do romance Little Women
(1868), de Louisa May Alcott. Pela perspectiva derridiana, o filme homônimo (no Brasil:
Adoráveis Mulheres), lançado em 1994, da diretora Gillian Armstrong, garantiria a
sobrevida do “original” nas diferentes culturas e contextos. Como recorte para essa
trabalho, a construção da personagem Jo March, no meio cinematográfico, será
Resumo:
Vivemos a era da convergência das mídias, segundo Jenkins (2009), com isso, nos
últimos tempos têm-se evidenciado e discutido, através de diversos estudos, os
diálogos entre narrativas nos mais diferentes suportes, e para isso, necessário se faz
suportes teóricos que possam alicerçar essas orientações metodológica. Assim sendo,
as teorias da tradução e da adaptação têm sido bastante difundidas e discutidas nos
meios acadêmicos. Esses processos sofreram e ainda sofrem de uma espécie de
“desvalorização”, uma vez que, tradicionalmente, o conceito de tradução esteve
intimamente ligado à ideia de “fidelidade” a um original. Esse tipo de preconceito tem se
mostrado ainda mais evidente quando esse processo tradutório/adaptativo tem como
vetor, a literatura adaptada para o cinema, como aponta os estudos de Bluestone (1957)
entre outros, no qual se evidencia a superioridade do primeiro gênero sobre o segundo.
Este estudo procura verificar o processo tradutório e de adaptação como um trabalho de
reescrita, no qual a preocupação não é valorar a obra original em detrimento da sua
reescritura, mas sim, observar e reconhecer como esses adaptadores utilizam recursos
para “mostrar” o “contado”, na perspectiva de Huctheon (2006), e assim, poder
reconhecer as riquezas que envolvem as relações existentes entre essas duas artes
distintas. A proposta desta comunicação é apresentar algumas considerações acerca
dos mecanismos discursivos utilizados nos processos tradutórios entre estes dois
gêneros artísticos: literatura e cinema, tomando como corpus de estudo o livro do
romancista irlandês Jonh Boyne, The boy in the stryped pyjama: a fable e o filme
homônimo, produzido por David Heyman e dirigido por Mark Herman. Ambos os
gêneros foram traduzidos para o Brasil como O menino de pijama listrado. Buscamos
selecionar e analisar trechos do filme, através da ótica da teoria da adaptação,
relacionando-os com o texto do livro. Assim sendo, utilizamos alguns estudiosos da área
fílmica, da tradução e da linguagem. Procuramos enriquecer o debate com teorias que
Resumo:
Os textos bíblicos começaram a ser traduzidos por volta do século III a.C, trabalho que
continua até hoje. Os projetos tradutórios se desenvolveram ao longo dos séculos,
adequando-se a muitas concepções tradutórias e formatos editoriais diferentes, a fim de
alcançar públicos diferentes. Por essa razão, faz-se necessário acompanhar a sua
trajetória e suas implicações tanto para o domínio religioso quanto para os Estudos da
Tradução em geral. Em particular, destacamos o surgimento de alguns projetos de
tradução bíblica em linguagem contemporânea, caracterizados por ter como ponto
fundamental a recepção do leitor, fornecendo o texto bíblico numa linguagem acessível
a este. Este trabalho é uma pesquisa descritiva, qualitativa, de cunho bibliográfico e
documental. O objetivo é traçar o panorama histórico das traduções bíblicas em
linguagem contemporânea no Brasil. Especificamente, propomos situar a prática dessas
traduções na História da Tradução, elencando fatores diversos que contribuíram em
algum grau para o desenvolvimento dessas traduções, assim como identificar os
projetos tradutórios dessa natureza desenvolvidos no Brasil até então. Os fundamentos
teóricos e metodológicos dessa pesquisa foram: Delisle e Woodsworth (1998), Geisler e
Nix (2006), Giraldi (2013) e Raupp (2015), sobre o histórico da tradução bíblica em
contexto mundial e nacional. Tomamos por base também o trabalho de Nida (1964) e o
de Lutero ([1530] 2006) sobre as reflexões teórico-metodológicas provenientes da
tradução bíblica e como elas contribuíram para os projetos tradutórios da Bíblia em
linguagem contemporânea. O panorama histórico permitiu-nos constatar que desde a
Idade Média existe uma preocupação em tornar o texto bíblico acessível ou em
linguagem vernacular ou adequado ao registro linguístico dos leitores menos instruídos.
Os ideais da Reforma Protestante no século XVI, as novas descobertas de manuscritos
Resumo:
A canção é um gênero da esfera literária que, devido às suas características próprias,
se marca como “um gênero sincrético que relaciona a linguagem verbal com a musical”,
por conseguinte, “deve ser compreendida tendo como princípio essa característica
fundamental” (CARETTA, 2009, p. 99). Além de ser sincrético, a canção é considerada
por Lopes (2013) como um gênero discursivo híbrido, visto que incorpora algumas
propriedades, quanto ao conteúdo temático, à construção composicional e às marcas
linguístico-enunciativas, de outros gêneros discursivos da mesma ou de outras esferas
sociais. É comum e tem sido há muito tempo, no contexto musical, a prática de traduzir
canções para outra língua, principalmente em filmes de animação. A essas canções dá-
se comumente o nome de versões No mundo todo o estúdio Disney é famoso por seus
longas-metragens e uma de suas mais populares linhas de trabalho são as animações,
que se tornaram mundialmente reconhecidas pela grandiosidade da produção, histórias
que cativam o público e canções que são difundidas em larga escala quando lançadas.
Essas canções são mundialmente conhecidas, tendo muitas delas até mesmo
Resumo:
O foco desta comunicação concerne à tradição complexa dentro da qual a tradução tem
influenciado historicamente a evolução das culturas humanas. O surgimento da
linguagem nas interações sociais de nossos ancestrais foi decisiva para a evolução de
seus ambientes culturais – tão decisiva que a tentativa de separar estes campos
(linguagem e cultura) é tida como impraticável na contemporaneidade. Tendo em mente
que minha intenção principal aqui é a de refletir acerca da relação bilateral entre a
evolução da linguagem e a da cultura, o meu propósito específico é estabelecer esta
ponte no contexto específico das práticas tradutórias, ainda que de maneira
especulativa. O arcabouço teórico escolhido para a pesquisa conta, portanto, não só
com nomes relevantes para a tradutologia, como George Steiner, (1975), Antoine
Berman (1985) e Lawrence Venuti (1991), mas também com teóricos do campo da
antropologia e da evolução da linguagem, como Charles Darwin (1859), Desmond
Morris (1994) e Luigi Cavalli-Sforza (2000). Em termos práticos, quando se pensa na
seleção de discursos que ocorre através do processo de tradução, meus achados
tornam possível afirmar que muitos deles acabam por funcionar mais como uma seleção
artificial do que natural (termos acerca dos quais pretendo me debruçar). Essas
traduções, afinal, não apontam necessariamente para um caminho pré-estabelecido, a
ser tomado durante a evolução cultural, mas sim para uma direção influenciada
diretamente pelo interesse de alguns sujeitos – independente dos possíveis danos
sociais para a cultura humana que possam estar envolvidos com tais interesses, em um
cenário de mais longo prazo.
Palavras-chave: Evolução. Transmissão Cultural; Seleção Natural e Artificial; Tradução.
Resumo:
A Idade Média é permeada de mitologias. Nessa época a Igreja possuía grande poder,
tanto econômico quanto político, dessa forma tanto a cultura mitológica quanto a cultura
religiosa influenciaram em grande parte a literatura da época. Uma mostra dessa
literatura é o romance Merlim, escrito por Robert de Boron (1993) por volta do século
XII. Partindo dessa mistura de crenças notamos, no romance, referências à religião
católica e a Bíblia. Ao ler os primeiros capítulos do livro de Robert de Boron, o
sentimento de já conhecermos a história que estamos lendo pode se fazer presente, e
assim continuamos com essa sensação durante todo o texto, na leitura temos sempre a
impressão de estarmos relendo outra história. Ao chegar ao seu fim, com o sentimento
inquietante de já ter tido contato com aquele texto, uma pesquisa sobre a obra se fez
necessária. Esse trabalho propõe debater e apresentar algumas dessas referências
como sendo marcas de uma retextualização. Hutcheon (2011) nos diz que, ao lermos
um texto, podemos ter a impressão de já termos o lido, pois, quando lemos um texto e
conhecemos o anterior dele, o sentimos constantemente durante a nova leitura, a autora
também nos diz que esse reconhecimento da obra acontece ao termos aceso à
referencias de temas, eventos, personagens, culturas e outros. Já para Amorim (2005),
a reescritura está relacionada com o interior de um grupo, e os textos desse grupo
reproduzem e refletem a ideologia dominante dessa mesma cultura, ele ainda diz que a
literatura é constituída tanto de textos quanto de leituras, escrituras e reescrituras no
interior de uma cultura. Desta forma com o auxílio de definições e de conceitos de
teóricos como Lefevere, Venuti e os já citados Amorim e Hutcheon, dentre outros,
propomos definir a história de Merlim, realizada por Boron, como uma adaptação. Com
essa definição em mente, e a partir de alguns dos trechos da bíblia juntamente com
alguns trechos da obra de Boron (1993) procuramos comprovar essa correlação entre
as histórias cristãs presentes na Bíblia e também dos contos Celtas presentes na
cultura popular e literária da época. Isso, pois, para Venuti (2002), um dos teóricos
estudados, o tradutor ou o adaptador tem o poder de criar um mundo ou contraí-lo a
partir de representações da cultura a qual ele teve acesso, confirmando as correlações
entre as duas culturas mais marcantes na obra, a religião cristã, a partir de seus
registros escritos encontrados na Bíblia, e os mitos e lendas celtas da época.
Palavras-chave: Adaptação; Idade Média; Merlim; Bíblia; literatura francesa.
Resumo:
Percebe-se que o uso das TIC no contexto escolar não é algo novo, pois estudos
realizados na década de 90 já afirmavam que a tecnologia havia proporcionado uma
mudança significativa no contexto educacional, uma vez que, com o advento das TIC foi
possível dispor de sons, imagens e textos, integrando aprendizagem e tecnologia e
reconfigurando a sala de aula. Isto posto, a telecolaboração, mediada por ferramentas
tecnológicas tais como o Skype, tem como objetivo promover a aprendizagem de
línguas a partir da interação entre parceiros de diversos países que utilizam uma língua-
alvo para se comunicarem. Dessa forma, as estruturas linguísticas não são eliminadas
do processo de aprendizagem, mas sim, passam a ser observadas a partir de um
contexto mais relevante diante das interações online. Esta interação com o outro, além
de permitir ao estudante o contato espontâneo e autêntico com a língua alvo,
promovendo, não só a competência comunicativa, mas também, a autonomia em
relação a sua própria aprendizagem, possibilita ao estudante a aquisição de
competências comunicativas interculturais, no qual a exigência de tornar-se proficiente é
substituída por tornar-se inteligível na língua-alvo. Todavia, cabe mencionar que este
discurso ainda não acompanha a prática, pois, mesmo depois de décadas de estudos
acerca desta temática, são muitas as limitações a serem vencidas em relação ao uso
das tecnologias em sala de aula. A falta de computadores equipados com programas
voltados à prática de telecolaboração e aparelhos como o headphone, as condições
vulneráveis de acesso à internet, a escassa formação do professor para atuar neste
contexto e a inesxistência de políticas voltadas a promoção de parceria entre
instituições estrangeiras que possibilitem a aprendizagem telecolaborativa de línguas
representam algumas das limitações do uso da tecnologia em sala de aula. Assim
sendo, este trabalho visa compartilhar a experiência do projeto BOM TO SEE USTED
desenvolvido em uma instituição federal de ensino médio profissinalizante no período de
agosto/2015 a julho/2016, que teve como objetivo promover a aprendizagem de língua
inglesa em contexto de telecolaboração. A partir desta experiência foi possível
identificar as potencialidades e os limites do uso das TIC na aprendizagem de línguas
no ensino básico e espera-se que este trabalho possa contribuir para as discussões e
ações acerca desta temática.
Visto que o papel do professor é de grande relevância para o nosso contexto de ensino
e aprendizagem de língua inglesa (LI), devemos considerar que ele não participe do
processo de avaliação apenas como avaliador, mas também como avaliado. De acordo
com Martins (2005), a avaliação do professor é indispensável para o ensino de línguas,
além de representar um desafio no trabalho desenvolvido por aprendizes e mestres. Um
tipo de instrumento de avaliação que vem sendo utilizado por professores de LI, com o
intuito de verificar seu nível de proficiência na língua estrangeira (LE) com a qual
trabalham, são os exames de proficiência linguística. Dessa forma, nossa discussão
volta-se para a avaliação da proficiência de professores de LI e a sua importância para
o sistema de ensino e aprendizagem de línguas. Objetivamos com este trabalho
apresentar recortes de uma pesquisa de doutorado, desenvolvida na UNESP/SJRP.
Serão utilizados dados sobre o teste escrito do EPPLE (Exame de Proficiência para
Professores de Língua Estrangeira), com o intuito de apontar aspectos que englobam a
validade interna do instrumento, incluindo, por exemplo, a validade de construto e a
validade de conteúdo. De acordo com Fulcher e Davidson (2007), a validade de
construto é a base de evidências para a interpretação ou uso de um teste, enquanto que
a validade de conteúdo representa o conjunto maior de tarefas das quais o teste deve
ser uma amostra. Com efeito, a validade de construto descreve e permite verificar se
um instrumento realmente avalia aquilo que é proposto avaliar. Um teste de proficiência,
por exemplo, apresenta dados que podem ser operacionalizados por meio de um
processo de mensuração. Esse processo leva em consideração vários aspectos, como
o formato do instrumento (eletrônico ou impresso), o desempenho do candidato, os
enunciados das tarefas, e todas as atividades que por meio da observação podem gerar
variáveis que serão quantificadas e analisadas. Desse modo, além de considerações a
respeito do exame como um todo, apresentaremos algumas tarefas do teste escrito com
o intuito de investigar aspectos como o método do teste, a confiabilidade, a praticidade
e a validade que permeiam a implementação e o aprimoramento de um instrumento de
avaliação. Por meio desta discussão, lançamos mão também de sugestões que foram
elaboradas com o intuito de contribuir para o aprimoramento do exame.
Resumo:
RESUMO 4
A Abordagem do Ciclo de Políticas - ACP (vide BOWE et al, 1992; BALL, 2011;
MAINARDES, 2006) compreende as políticas como um fenômeno cíclico, que perpassa
três estágios principais: um contexto de influência - que descreve os atores,
organizações e eventos que influenciam a escrita de um texto político; o contexto de
produção textual, que caracteriza o processo de materialização da política em forma de
texto e, finalmente; o Contexto de prática que estuda a forma com que a política é
interpretada e executada pela população. Na organicidade da ACP, os cidadãos
comuns, que vivenciam as políticas dia-a-dia, teriam o poder de influenciar a
reformulação destas políticas ou mesmo fomentar a criação de novas. Nesta
perspectiva, esta comunicação objetiva apresentar o conceito de ‘práticas democráticas’
apresentadas por Matthews (2014) - especificamente às noções de naming
(identificação do problema), framing (enquadramento) e deliberação pública - como
ferramentas para a proposição de políticas públicas educacionais que levem em
consideração a voz de atores sociais que tradicionalmente são colocados às margens
dos processos de tomada de decisões. De modo a ilustrar o processo, será apresentada
uma proposta de pesquisa em andamento na Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes, que visa ao fomento de diretrizes educacionais especiais para o ensino de
Resumo:
7) Ecos do programa paraná fala inglês: uma análise das notíciais oficiais e
expectativas de envolvidos no programa
Atef El Kadri
Prof. Dra. Michele Salles El kadri
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Desde que a educação básica iniciou seu processo de ampliação de acesso para todas
as pessoas, aqueles que historicamente nunca tiveram oportunidade de frequentar os
bancos escolares começaram a chegar às escolas, tornando-as espaços muito mais
plurais que outrora. Assim uma série de questões começou a vir à tona diante dessa
reconfiguração da instituição escolar e, dentre essas, a necessidade de uma nova
compreensão do fenômeno linguístico na sociedade e suas implicações para o ensino.
Em termos de teorias e de políticas linguísticas, avançou-se na direção de uma
compreensão mais social e cultural do fenômeno da linguagem, compreendendo que a
língua é uma prática social e não apenas um código, estático e alheio ao entorno extra
verbal. Todavia, pensar língua como prática social é ainda um desafio à praxis
pedagógica, já que a ideologia da padronização como uma ideologia linguística permeia
esse campo da atividade humana dentre diversos outros. Além disso, problematizamos
a questão dos livros didáticos de Língua Portuguesa como disseminadores e/ou
vulgarizadores das teorias linguísticas e, por isso, a importância de (re)pensa-los como
instrumentos didáticos. Nesse sentido, temos como objetivo neste trabalho analisar de
que maneira o livro didático de Língua Portuguesa adotado no IFPR-Campus Paranavaí
aborda as questões de variação linguística, verificando se, ao tratar da temática, a
concepção de língua como prática social é subjacente à abordagem do livro didático.
Para tanto, organizamos este estudo da seguinte maneira: primeiramente fizemos um
Resumo:
estudantes dos terceiros anos do ensino médio integrado. Nessa oficina, foram
utilizadas 10 redações do Enem com nota máxima, a fim de observar a estrutura desses
textos. Na execução deste projeto, buscamos suporte em Sercundes (1997), Simões
(2007), Geraldi (2012) e na Cartilha de redação no Enem (2016). Os dados sugerem
que essa abordagem, baseada na reflexão, análise e paráfrase estrutural de textos, tem
grande potencial para aprimorar a competência de escrita. Nas oficinas de 2017,
utilizamos apenas um texto nota 1000, por considerá-lo simples e, ao mesmo tempo,
contemplar todos os critérios do exame. Pautados na estrutura desse modelo, os
estudantes foram orientados a produzir outro texto com temática diferente. Nesse
campus, os resultados do Enem indicam aumento na média geral (todas as redações) e
na específica (as 30 melhores). Essa última passou de 588 (2014) para 604,67 (2015) e
622,1 (2016). Esperamos que esse projeto continue colaborando não só para ampliar os
resultados, mas sobretudo as possibilidades de inclusão dos estudantes. Neste recorte,
descrevemos a organização da oficina de 2017, apresentamos o depoimento de uma
participante e reflexões sobre o texto que ela produziu no Enem (2016). Entendemos
que o uso de um modelo nas oficinas, representando os critérios do Enem, favoreceu a
assimilação da estrutura do texto dissertativo-argumentativo. De acordo com a
estudante, o projeto melhorou sua organização textual e noção sobre a avaliação. As
reflexões sobre a sua dissertação indicam que é fundamental investir em uma
estruturação mais objetiva do texto e, principalmente, na qualidade da argumentação.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
A internacionalização tem sido uma das metas do ensino superior (ES), haja vista a
crescente demanda por exames de proficiência, intercâmbio tanto de professores
quanto de alunos, programas do governo e investimentos de instituições particulares em
projetos e parcerias internacionais. Nesse cenário, embora a língua inglesa ocupe lugar
de prestígio, percebe-se grande dificuldade por parte de estudantes quando inseridos
em programas de intercâmbio no exterior ou mesmo quando são expostos à situações
nas quais o conhecimento de ao menos uma língua estrangeira (LE) é necessária em
seu próprio país, devido à falta de competência comunicativa na língua. Portanto,
acredita-se que quanto maior o período de exposição do sujeito à língua, melhor será
seu desempenho naquela língua (VICENTIN, 2013; MUÑOZ, 2014). Diante disso faz-se
importante investigar o ensino do inglês desde as séries iniciais de escolarização uma
vez que pesquisas evidenciam os benefícios da inserção de línguas estrangeiras,
especificamente a língua inglesa, cada vez mais frequente, na Educação Infantil e nos
anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas públicas brasileiras (BACARIN, 2013;
ROCHA, 2006). No Brasil, a obrigatoriedade da oferta de ao menos uma LE se dá a
partir do sexto ano do Ensino Fundamental II, sendo facultativo nas etapas anteriores de
escolaridade (Educação Infantil e Ensino Fundamental I) (BRASIL, 2010). Entretanto,
com o advento da globalização, as discussões sobre o ensino de língua inglesa nas
séries iniciais têm tomado proporções cada vez maiores por meio de teóricos que
defendem o ensino de uma LE desde tenra idade (MORENO, TONELLI, 2016). Nesta
mesma vertente está a crescente oferta de escolas de Educação Infantil e Ensino
Fundamental I que dispõem em seu currículo o inglês e carecem de documentos
norteadores para o ensino de LE. Assim sendo, neste trabalho buscamos compartilhar a
experiência da professora-pesquisadora e sua prática pedagógica em uma escola
municipal pública do norte do estado do Paraná no período de 2008 a 2009, a qual
oferta o ensino da língua inglesa nas séries iniciais desde 1994. Dessa forma, como
objetivo geral, buscamos identificar as possíveis relações entre o ensino de inglês nas
séries iniciais para a internacionalização do ensino superior. Para isso, pretende-se
Resumo:
informações em relação ao uso de conjunções entre os dois corpora, uma vez que
consideramos este um elemento gramatical expressivo em textos argumentativos. O
desenho de nossa dissertação considera os trabalhos sobre Ensino e Aprendizagem de
Língua Estrangeira, Escrita Acadêmica e Linguística de Corpus de acordo com os
trabalhos de Berber Sardinha (2004, 2010), Dayrell (2011), Dew (2010), Romer (2004),
Tribble (2001) e Viana (2011). Também faremos uso da gramática com base em corpus
Longmam de Biber et al (1999) para análise dos dados. Como ferramenta de extração e
observação dos dados, utilizaremos a ferramenta computacional AntConc. A partir dos
resultados obtidos nas análises e com base na observação do corpus MICUSP, cujos
textos são escritos por estudantes também não-nativos de língua inglesa, serão
elaboradas atividades didáticas com foco na produção escrita.
Palavras-chave: intercâmbio universitário; língua inglesa; ensino e aprendizagem;
linguística de corpus.
Resumo:
Resumo:
As atividades de extensão possibilitam aos estudantes de graduação uma experiência
de importância inestimável na sua área de atuação profissional, permitindo-lhes
perceber a importância do desenvolvimento de um trabalho consciente, ético, e que lhes
dará suportes para enfrentar as dinâmicas da vida laboral, assim como entender o
impacto que as ações de extensão causam na comunidade, visto que um dos pilares
necessários para a formação profissional é a práxis, as atividades de extensão são de
extrema importância para os graduandos em formação. Nesse contexto, o Programa
Portal: ensino-aprendizagem de línguas modernas para a cidadania, inclusão social e o
diálogo multi e intercultural tem contribuído intensamente para a formação de
Resumo:
O presente trabalho apresenta uma análise inicial do projeto de pesquisa intitulado “Os
sons do Dothraki: uma análise contrastiva com os sistemas fonológicos do português e
do inglês”. O Dothraki é uma língua fictícia criada para o contexto da série Game of
Thrones, baseada nos romances de George R. R. Martin, produzida e exibida pela
HBO, que é considerada um dos maiores sucessos televisivos dos últimos tempos, com
milhões de telespectadores pelo mundo. Na história, a língua é falada por uma tribo
nômade guerreira que se destaca na série por ser uma das mais ouvidas na primeira
temporada. Devido ao grande sucesso da série, seus fãs buscaram o aprendizado
dessa língua fictícia, gerando uma demanda por produtos que procurassem atender a
esse propósito, o que resultou no site , produzido pelos próprios fãs, e no livro Living
Language Dothraki (2014), de David Peterson, responsável pela criação da língua para
o seriado. O site e o livro constituem nosso corpus de pesquisa para essa comunicação,
cujo objetivo é contrastar os sistemas fonológicos da Língua inglesa (LI), como língua
materna, com o do Dothraki (LD), como língua estrangeira, a fim de apresentar algumas
das possíveis dificuldades que o falante de LI possuiria, caso estivesse aprendendo a
LD. A base teórica para a análise contrastiva fundamenta-se nos estudos da Linguística
Contrastiva (JAMES, 1981; WARDHAUGH, 1970). Esse ramo da Linguística surgiu em
1945, consolidou-se na década de 50 e teve seu declínio nos anos 80. No entanto,
voltou a ser empregado atualmente, com vistas a potencializar o processo de ensino-
aprendizagem de línguas estrangeiras (FERNÁNDEZ, 2003). Consideramos que a
Análise Contrastiva contribuirá para termos uma visão mais detalhada dos sistemas
fonológicos das duas línguas, permitindo levantar as dificuldades que os falantes de LI
terão ao tentarem pronunciar os fonemas da LD. Os resultados parciais mostram que o
sistema vocálico da LD diferencia-se muito da LI, pois possui apenas quatro vogais, em
oposição ao da LI, que possui doze. Desta forma, especificamente na pronúncia das
vogais, os falantes de LI não teriam problemas, visto que o quadro fonológico vocálico
da LI recobre o da LD. No entanto, ao contrastarmos os fonemas consonantais,
percebemos que a LD possui quatro fonemas distintos da LI, um uvular oclusivo, um
fricativo velar, um nasal palatal e o tape. Portanto, a dificuldade e possibilidade de erros
de pronúncia de falantes de LI mostram-se maiores quando tratamos da pronúncia das
consoantes do LD.
Palavras-chave: Análise contrastiva; Fonologia; Língua Inglesa; Dothrak.
Resumo:
encontrados na análise dos dados foram de que há verdades presumidas que nada
influenciam (de 0% a 25% das ocorrências), as de pouca interferência (de 25% a 50%)
e as de alta interferência (de 75% a 100%) no grupo participante da pesquisa. Quanto a
essas (de alta interferência), o grupo demonstrou, no geral, estar afinado com as
contribuições da LA, mesmo não tendo sido exposto a nenhuma delas no ambiente
universitário, configurando a existência de uma conscientização acerca do que é ensinar
e aprender uma língua estrangeira. Além disso, a maioria das crenças depositava em
algo exterior ao indivíduo o crédito da responsabilidade pelo aprendizado da língua
estrangeira. Tais suposições mostram a ignorância social e a ausência de
questionamento crítico, pois levam professores de LE a realizarem suas aulas por meio
de regras sistemáticas e desprovidas de significação, afastando seus alunos do
consequente aprendizado e se frustrando na realização profissional.
Resumo:
Resumo:
de inglês. Espera-se que esse estudo dialogue com as investigações voltadas para
construção e consolidação da identidade do professor de inglês, além daquelas voltadas
à aprendizagem docente. Esse trabalho pode ainda servir de aporte para o
aprimoramento e fortalecimento das práticas educacionais da formação do professor de
inglês nos cursos de Letras.
Resumo:
Esta comunicação apresenta os resultados de um projeto de iniciação científica
(PICUEM), o qual teve como principal objetivo investigar a construção identitária de
formandos de um curso de Letras com habilitação dupla (língua portuguesa e língua
inglesa). De modo específico, o referido projeto analisou os fatores que influenciaram as
escolhas pela licenciatura dupla; investigou como os acadêmicos se identificam ao se
formarem docentes em língua portuguesa e língua inglesa; e também verificou o papel
do curso de Letras na construção da identidade de professor de língua portuguesa,
língua inglesa ou de ambas as línguas. Os estudos sobre formação de professores de
línguas (CELANI, 2006; FREITAS, 2014; dentre outros) e a sua identidade (BOHN,
2005; FLORES, 2011; REIS; VEEN; GIMENEZ, 2011 e outros) embasaram esta
pesquisa qualitativainterpretativista. O contexto de investigação foi uma turma de quinto
ano do período noturno do curso de Letras com habilitação dupla português-inglês de
uma universidade pública paranaense e os dados foram gerados por meio da aplicação
de um questionário de cunho dissertativo aos formandos do mencionado contexto. Os
resultados apontam que a escolha da licenciatura dupla pelos respondentes foi
fortemente influenciada pelo turno em que o curso era ofertado e pelo fato de uma
licenciatura dupla oferecer maiores oportunidades de trabalho para um futuro
profissional. Além disso, constatou-se que os formandos que atuaram como sujeitos da
pesquisa reconhecem, de maneira unânime, a importância do curso em sua formação
identitária, ainda que aconteça de forma diferente para cada um deles. Finalmente, ao
pedir para que os alunos se identificassem como futuro professor, a pesquisa apontou
que, mesmo cursando uma licenciatura dupla, mais de dois terços dos respondentes se
enxergam como professores de uma língua apenas. O trabalho traz também dados
Resumo:
Resumo:
Inglês como língua franca (ILF) vem sendo definido como o uso da língua na
comunicação entre falantes de diferentes línguas maternas (SEIDLHOFER, 2011). Os
estudos com foco na perspectiva do ILF vêm sendo desenvolvidos em diversos países e
têm sido objeto de investigação de pesquisadores, tanto no contexto nacional (EL
KADRI, CALVO, 2015; EL KADRI, 2013; GIMENEZ, 2013; MIRANDA, 2015; SIQUEIRA,
2011, dentre outros), quanto internacional (SEIDLHOFER, 2011; BERNS, 2011;
BAYYURT; AKCAN, 2015; MATSUDA, 2017, dentre outros). O fator principal que
contribuiu para que o inglês assumisse a categoria de língua franca foi a globalização,
processo capaz de encurtar distâncias e permitir a conexão em tempo real com pessoas
numa escala global. Frente a esta breve contextualização, o objetivo desta comunicação
é apresentar uma análise das quatro primeiras unidades do livro didático New Headway
Pre-intermediate, the Third edition (Student’s Book). De modo específico, ela examina
se e de que modo a perspectiva de inglês como língua franca se faz presente nesse
material, a partir das implicações linguísticas e/ou educacionais apresentadas por El
Kadri (2010), El Kadri; Calvo (2015), Gimenez et al. (2015). Nesse sentido, nossa
pesquisa é qualitativa, de cunho analítico, na qual o cerne da análise tem como base os
textos e as atividades propostas em nosso objeto de estudo. Os resultados alcançados
evidenciam que o material exibe algumas características da perspectiva do ILF, tal
como a ênfase no desenvolvimento de habilidades de expressão oral e escrita como
importantes focos de aprendizagem. No entanto, o livro aborda parcialmente questões
Resumo:
A produção de Material Didático (MD) para o ensino de Português para Falantes de
Outras Línguas (PFOL) tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, motivada,
dentre outros fatores, pela expansão desta área no cenário mundial. Reconhecendo
essa expansão de produção, encontramos no Portal do Professor de Português Língua
Estrangeira/Língua Não Materna (PPPLE), um Recurso Educacional Aberto, unidades
didáticas que contemplam uma perspectiva de língua portuguesa em uso, em suas
diferentes variedades e que vêm a atender, assim, à crescente expansão do português
como língua pluricêntrica por suas variedades igualmente válidas, com suas respectivas
histórias e funções em cada nação. Dentre as tarefas do professor, reconhecemos a de
analisar e selecionar MD como de grande importância, pois ele é o mediador entre um
MD produzido em larga escala e um público-alvo específico. Assim, temos como
objetivo, nesta comunicação, apresentar um conjunto de elementos essenciais,
denominado diretrizes, para a seleção e elaboração de MD de PFOL, a saber:
públicoalvo e motivação para aprendizagem, contexto(s) de uso da língua-alvo,
programa de ensino, concepções de língua(gem), dimensão da língua portuguesa e
integração de práticas de linguagem. Com o propósito de selecionar o MD para o curso
de PFOL do Laboratório de Línguas da Universidade Estadual de Londrina,
encontramos no Portal do Professor de Português Língua Estrangeira/Língua Não
Materna unidades didáticas que iam ao encontro das concepções que orientavam nossa
prática pedagógica. A seleção das unidades e a elaboração do roteiro didático como
material principal do curso em questão nos impeliam cada vez mais a revisitar os
Resumo:
Este artigo objetiva discutir sobre o estágio curricular supervisionado, a partir das
representações de um estudante do 8º período de Letras de uma universidade pública
do Sudoeste do Paraná. Objetiva, também, apresentar os resultados das análises de
um texto de instrução ao sósia, no qual identificamos marcas de reflexão prática
(SCHÖN, 1983) e reflexão crítica (PIMENTA; LIMA, 2005, 2006; ZEICHNER, 2008).
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que responde a questões muito particulares e
preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado (MINAYO, 1994).
Tem por embasamento o Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2012), que,
focando no agir no trabalho, confere à linguagem papel fundamental no
desenvolvimento humano. Fundamenta-se, ainda, nos pressupostos teórico-
metodológicos de disciplinas do trabalho, como a Ergonomia da Atividade e Psicologia
do Trabalho, mais especificamente, na Clínica da Atividade (CLOT, 2007), as quais
buscam investigar as situações de trabalho para promover uma melhoria e o bem-estar
das condições de trabalho e saúde dos trabalhadores. Utilizamos a instrução ao sósia
como instrumento para a geração dos dados, que consiste em um procedimento no qual
o sósia faz inúmeras perguntas para saber como realizar determinada atividade, muitas
vezes, questões que o outro não lhe previu ensinar (CLOT, 2007). Além disso, a
pesquisa contou com uma entrevista semi-estruturada encaixada na instrução ao sósia
para que o participante pudesse manifestar sua opinião sobre o tema. A partir do texto
gerado, identificamos marcas da reflexão prática e reflexão crítica no agir do estudante
de Letras referente à atividade de estágio considerada. Reflexão prática que envolve
repensar as experiências vividas à luz de teorias para uma maior adequação da própria
prática; reflexão crítica que requer tomada de consciência das implicações sociais,
econômicas e políticas das escolhas das ações. Como resultado, verificamos, também,
que as representações do sujeito sobre o estágio de docência reforçam algo que tem
resistido ao tempo: a estrutura curricular dos cursos de formação de professores é frágil
no sentido de assegurar momentos de reflexão sobre as questões
observadas/vivenciadas no estágio. Este é entendido, pelo sujeito, como um espaço
para aproximar o aluno das realidades de sua profissão, o que faz do estágio um
momento especial na formação. Com relação a dificuldades encontradas, o sujeito
aponta que um dos desafios é fazer com que os professores aceitem os estagiários nas
salas de aulas, o que denota uma fragilidade na “parceria” entre as universidades e as
escolas. Os resultados da pesquisa contribuem para reiterarmos o potencial formativo
da instrução ao sósia, a qual foi definida pelo sujeito desta pesquisa como um momento
que “permitiu parar por alguns momentos e fazer uma reflexão, algo que é
extremamente necessário para um bom planejamento futuro”.
Resumo:
Resumo:
Essa pesquisa trata de investigar os principais fatores que corroboram para a (des)
valorização da Língua Inglesa (doravante LI) no presente cenário educacional, na visão
de professores da rede pública de ensino que atuam em dois colégios estaduais em
Resumo:
Palavras-chave: Pibid; Língua Inglesa; Formação docente inicial; Plano de aula; Diário
reflexivo.
Resumo:
Resumo:
Esta pesquisa tem por finalidade apresentar uma investigação cujo foco analítico são
as perspectivas de alunos em formação docente inicial sobre as bases de conhecimento
mobilizadas por eles durante a atuação no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência – Pibid, particularmente do projeto Pibid Letras-Inglês de uma universidade
pública paranaense. No âmbito da formação docente inicial, o Pibid incentiva alunos da
graduação a atuarem na área da licenciatura, bem como colabora com a valorização do
magistério e oportuniza a vivência do futuro docente na realidade do contexto em que
irá atuar. A dinâmica das reuniões do projeto Pibid-Inglês do contexto investigado
envolve desenvolvimento de planos de aula e atividades didático-pedagógicas, bem
como discussões teórico-metodológicas sobre diferentes aspectos voltados ao
processo de ensino e aprendizagem de línguas, além do compartilhamento de
experiências entre alunos em formação docente inicial, professores da rede básica e
professores do ensino superior. Ademais, o projeto interliga a aprendizagem teórica com
a prática, criando pontes interativas entre universidade e escolas. No âmbito desse
projeto, surgiu o interesse em analisar as bases de conhecimento mobilizadas pelos
pidianos perante sua atuação como professor em formação docente inicial. Essa
pesquisa, de natureza qualitativa e de base interpretativista, utilizou como instrumento
para a geração dos dados um questionário de cunho dissertativo. Com base nas
respostas de nove participantes do programa, realizou-se uma análise indutivo-dedutiva
com o intuito de identificar categorias analíticas recorrentes. O aporte teórico que
sustenta essa investigação são os estudos desenvolvidos por Shulman (1987) e
Grossman (1990), os quais denominam as bases de conhecimento como um conjunto
de conhecimento adquirido pelo professor ao longo de sua trajetória pessoal, escolar,
acadêmica e profissional. Os resultados evidenciaram que houve predominância do
conhecimento pedagógico de conteúdo, conhecimento discente e conhecimento do
contexto. Com base nos resultados, foi possível também identificar que a emoção
permeou os conhecimentos mobilizados pelos participantes da pesquisa. Concluiu-se
que, o Pibid proporcionou aos estudantes a aquisição de conhecimentos que
compactuam com os basilares de Shulman e Grossman, além de ter desenvolvido
habilidades emocionais.
Palavras-chave: Pibid; Língua inglesa; Formação docente inicial; Bases de
conhecimento.
Resumo:
pública do município de Arapiraca (AL). Essa ação permite encontrar a partir do próprio
corpus da tarefa, meios que viabilizem resultados satisfatórios, pois ao passo que as
tarefas estão sendo realizadas, aprende-se com a execução e também com os
redirecionamentos, a serem dados, caso haja necessidade. Trata-se de uma pesquisa
ainda em andamento por entender que a aprendizagem ocorre na realização e na
continuidade progressiva das tarefas. Mesmo em desenvolvimento, já se percebe como
resultados parciais, um público mais motivado, por perceber fundamentos e finalidades
concretos na realização das tarefas. Conclui-se então, que as tarefas realizadas, por
serem baseadas no interação e na premissa de que ‘língua é comunicação’, estão
conseguindo efetivar essa comunicação em língua inglesa, a partir de situações reais,
vivenciadas em sala de aula.
Resumo:
Essa comunicação é fruto de reflexões pessoais, crenças e vozes que formam uma
polifonia em meu interior; moldando minha identidade docente, fazendo-me ressignificar
enquanto sujeito através da ideologia que faz parte de mim. Sendo esta a condição
para a constituição do sujeito e dos sentidos, Orlandi, 2003. Durante o ano de 2016
enquanto aluna do curso TKT, estava envolvida com mais sete colegas/alunas e quase
todas elas egressas de cursos preparatórios de proficiência, e também do curso de
Letras, esse lócus proporcionou muito estimulo para observação e reflexão acerca não
só de minha identidade enquanto aluna daquele curso, mas também entender o porque
de todas nós estarmos em busca de mais um certificado internacional. Então, dando
origem a essa comunicação busquei por alguns pilares constituintes da identidade
profissional indo de encontro a uma visão construtivista de acordo com Reis, 2011.
Onde é a ação do professor e sua busca para as respostas das seguintes perguntas
que movem a construção da identidade docente. Quem sou eu neste momento? Quem
desejo me tornar? O que me faz pensar assim? Tais perguntas me direcionaram a
encontrar alguns objetivos específicos nesse trabalho, como: *Revelar qual razão levou
o professor a optar pelo curso TKT; *Verificar possíveis lacunas na formação do
professor de língua inglesa; *Checar se há motivações extrínsecas ou intrínsecas a sua
participação no curso; *Verificar qual sua crença acerca do que constitui a identidade de
um professor de língua inglesa em busca de formação continuada. Para tanto,
ecromualdo@uol.com.br
celiatamara@uol.com.br
Resumo:
O código Braille, criado por Louis Braille, na França, em 1825, consiste em um sistema
de escrita em relevo constituído por 63 sinais formados por diferentes combinações de
seis pontos. Desde a sua primeira publicação, em 1829, o código tornou-se uma forma
de garantir às coletividades cegas o acesso à leitura e à escrita e, por conseguinte, à
comunicação por meio destas. Em síntese, o Braille é um sistema de representação da
linguagem verbal e, enquanto a noção de texto esteve restrita a essa modalidade, o
código desempenhou com êxito a sua função. Todavia os avanços nos estudos
linguísticos, especificamente em se tratando das contribuições da Linguística Textual,
trouxeram consigo novas concepções de língua, de linguagem, de leitura, de escrita e,
certamente, de texto. A função da linguagem de comunicar, defendida, a priori, por
Roman Jakobson (1896-1982), foi ampliando-se e, hoje, para algumas teorias, como a
Análise de Discurso de vertente pecheutiana, por exemplo, é possível dizer que o papel
de menor relevância da linguagem é o de comunicar. Notadamente no âmbito de
investigação da Linguística Textual, a função da linguagem foi estendida, ao longo do
tempo, ao contexto e à produção de sentidos, e não se deve deixar de destacar que, na
atual era da tecnologia, essa produção dá-se por outras semioses, que não a verbal.
Com base em Bentes (2012), é sobretudo na terceira e mais recente fase da teoria que
a língua deixa de ser vista como instrumento transmissor de informações, isto é, como
um sistema de codificação, e passa a ser entendida como atividade sociointerativa
situada, em que se propõe uma relação entre aspectos linguísticos, sociais e cognitivos.
A imagem e o som são, agora, considerados como produtores de sentidos e, diante
Resumo:
Resumo:
narrativa por meio de um tempo e espaço que articulam os valores, as formas de agir e
de pensar tanto do gênero em questão quanto dos leitores que o leem. Dessa maneira,
a leitura explicita a cosnciencia ética e estética da história que trasnpassa o tempo e
espaço de sua criação, na medida em que o princípio da exotopia em Bakhtin (2002)
configura-se como o acabamento de mão dupla, no qual o eu e o outro se fundem em
uma interação delineada pelas vozes sociais organizadas cognitivamente e
efetivamente mostrando as escolhas de leitura realizadas pelo sujeito leitor idoso que
são pertinentes para a construção do sentido neste Mangá. O ato de ler, enquanto
processo mental explicitado por Keunen (2000) em termos conceituais localizados nos
estudos de Bakhtin, salienta que o cronotopo funciona como um conjunto de estruturas
mentais que estabelecem esquemas de memória que são ativados durante a leitura.
Fato este que permite aos leitores reconhecerem os significados amalgamados aos
esquemas mentais e de ação, reguladores dos comportamentos humanos, traduzidos
em situações verossímeis presentes na história. Para tanto, o nosso estudo pontua
que o cronotopo precisa ser visto como fonte geradora do enredo da narrativa, já que
direciona o processo de interpretação, pois (re)organiza a memória dos leitores em um
ponto que possibilita o relacionamento entre o mundo do texto e o mundo do leitor,
determinando o sujeito bifurcado, invisivel para si mesmo e existente, somente, em
termos da visão do outro sobre mim. Ler, nessa perpesctiva, delineia um sujeito leitor
idoso que preenche os significados pelo papel que ocupa na sociedade atual, marcando
a linguagem como fato de negociação da aparência que calibra as possíveis posições
de tempo e espaço específico conseguidos pela observação e percepção de um sujeito
que colore o enredo das histórias pela sua experiencia e imaginação advindas das
mudanças da leitura em mim e de mim sob a percepção sob aquilo que leio.
Resumo:
O presente trabalho faz parte dos projetos de estudos linguísticos Cadernos de Teorias
da Linguagem e Gramática, Bilinguismo e Multiculturalismo, ambos da Universidade
Estadual de Londrina, cujos objetivos estão ligados a modelos descritivos das ciências
da linguagem, levando em conta contextos multiculturais, especialmente aos trabalhos
relacionados à linguística saussuriana. Diante da herança saussuriana, encontramos
Resumo:
Resumo:
Considerando o texto como enunciação, este artigo tem como proposta fazer uma
análise da entonação na construção de sentido nos “recadinhos” dados através dos gifs,
nas redes sociais: facebook e twitter, como resposta a postagens feitas por outrem e,
que por sua vez, constitui-se em um novo comentário. O trabalho buscou evidenciar o
papel da entonação no agrupamento de valores que formam os juízos de valor
suscitados no comentário-réplica, mostrando que a entonação contribui de forma efetiva
para a completude do enunciado. Nesse sentido, ficou também evidente que não se
pode compreender o enunciado se não for analisado o elo existente entre o verbal e o
extraverbal, dado que, os aspectos axiológicos são imprescindíveis na constituição
do(s) dizer(es). Lembrando, inclusive, que os gifs nem sempre são constituídos somente
por elementos verbais, sendo bastante comum em sua composição, os gestos e as
imagens que, por vezes, encontram-se em movimento. Daí a importância de considerar
na/pela entonação, os valores conferidos e agregados ao dito pelo locutor e, que
portanto, devem ser compreendidos e compartilhados por seu interlocutor, pois tanto a
entonação quanto o gesto necessitam do apoio coral (VOLOSHINOV; BAKHTIN, 1926).
Para dar conta da proposta, o corpus desta análise foi formado por quatro gifs: dois
retirados do facebook e os outros, do twitter. Além dos dois autores citados, foram
utilizados no referencial teórico deste, Bakhtin e Voloshinov (2006); Bakhtin, 2003;
Souza (2012); Brait (2005) Menegassi (2009); Menegassi e Cavalcanti (2013);
Fontanella (2009; 2011) e Santos e Alves Filho (2013).
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Por uma perspectiva textual, esta comunicação volta-se para uma ação publicitária
realizada pela empresa Coca-Cola Brasil, em comemoração ao Dia Internacional do
Orgulho LGBT, celebrado no Brasil e em outros países todo dia 29 de junho. Para a
ação, a empresa produziu e distribuiu aos funcionários uma edição especial de
embalagens de refrigerante. Em latas vermelhas, com a identidade visual tradicional e
bastante conhecida da Coca-Cola, foram impressos os dizeres: “Essa Coca-Cola é
Fanta, e daí?”, apropriando-se de um trocadilho metafórico que faz referência à
orientação sexual de uma pessoa. Dentro das latas, o que era encontrado era realmente
o refrigerante Fanta. A partir desses elementos, este trabalho pretende analisar
questões sobre a utilização de um suporte inovador para a propaganda, além de, no
caso específico da campanha, explorar o jogo de significados que o texto verbal/visual e
da relação entre os produtos Coca-Cola e Fanta permitem. Partindo do pressuposto que
o texto não se limita à linguagem escrita, tampouco prende-se apenas à questão verbo-
visual, como se poderia crer, entendemos que há outros elementos que corroboram
para a produção de sentidos. Com base em estudos do texto, com foco na produção
textual de sentidos e a definição dos suportes, como tratado por Koch e Travaglia (2009;
2011), Marcuschi (2003; 2008), Lima (2012) e Lima e Romualdo (2014), este trabalho
propõe a ampliação da definição de texto, considerando aspectos não só relativos à
questão verbal, como também elementos multimodais de sua produção e constituição, e
do papel fundamental do contexto e dos suportes na realização dos sentidos. Além
disso, traz como base os estudos sobre a natureza interacional dos textos e discursos,
conforme Bakhtin (2003). Nos estudos da comunicação, este trabalho baseia-se no
estado da arte da pesquisa relativa à mídia de ambiente ou, como é também conhecida,
a mídia out-of-home (OOH), uma vertente da criação e veiculação publicitária explorada
por autores como Himpe (2008) e Covaleski (2008). A análise mostra que, no tipo de
propaganda como a da ação da Coca-Cola, a produção de sentidos se dá por meio do
uso de um suporte diferente – a lata de refrigerante – e pela incorporação do próprio
produto como parte da peça publicitária. Tais elementos, ao estabelecerem dualidades
e relações de sentido, não podem ser compreendidos apenas como assessórios à
coerência de um texto, pois são não só pertinentes, como também necessários à sua
constituição.
Resumo:
efeitos de sentido que ecoam na cadeia ininterrupta recuperada pela palavra do outro e
atualizada pela prática discursiva em sua manifestação social. Buscamos elementos
que possam nos auxiliar a compreender quais os mecanismos enunciativos
responsáveis pela construção discursiva dos jogos de poder, das instituições, das cenas
e atores políticos que dialogam - nem sempre de forma contratual - com as posições
enunciativas daquele que está no exercício do poder; observando também as vozes que
atravessam positiva ou negativamente o sentido proposto pelo sujeito da enunciação no
discurso político.
Resumo:
enunciatário. Convém destacar que para dar conta das questões acerca da enunciação,
a teoria Semiótica, retomando os preceitos de Benveniste, estuda os recursos de
debreagem, quando enunciador projeta no enunciado as categorias de pessoa, tempo e
espaço. Desta forma, ao estudar tais recursos reconhecemos os sentidos da
enuncividade, do distanciamento da enunciação, quando o enunciador projeta a pessoa
do ele, do espaço do lá, no tempo do então, e os sentidos da subjetividade, quando o
enunciador projeta o eu, aqui e agora, produzindo um discurso enunciativo. É nas
projeções da enunciação que se estabelecem as relações persuasivas entre enunciador
e enunciatário, num jogo de fazer crer, passível de ser recuperado pela linguagem, pela
organização de percursos figurativos e temáticos postos em evidência no texto. Em
suma, nosso principal propósito é evidenciar um processo de leitura, respaldado na
teoria Semiótica greimasiana, que considera as relações persuasivas, ora entre os
sujeitos da narrativa, nível narrativo, ora entre enunciador e enunciatário, nível
discursivo.
Resumo:
Este resumo é parte de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que teve como
corpus três reportagens da Revista Veja analisadas à luz da teoria da enunciação
bakhtiniana. Pretende-se, a partir do aceite, apresentar o método e a técnica utilizados
durante as análises, que se pautaram nos movimentos dialógicos e no contexto de
produção categorizados por três pesquisadoras brasileiras (Rosângela Hammes
Rodrigues, Márcia Cristina Greco Ohuschi e Josa Coelho da Silva) da Análise Dialógica
do Discurso. Afinal, a interdisciplinaridade a Comunicação e a Linguística, numa
perspectiva moderna, permite compreender a condução discursiva de uma reportagem
escrita ao analisar o seu contexto de produção, sua estrutura e estilo composicionais e,
mais importante, a alternância do redator com as próprias convicções, com as diretrizes
da empresa na qual trabalha e, ainda, com o público para o qual se dirige. Ou seja, mais
crível será a interdisciplinaridade entre as linhas de conhecimento quanto maior for a
compreensão do pesquisador de que o jornalismo e o público lançam seus
posicionamentos ideológicos em um ambiente de constante interação. O método
Resumo:
Resumo:
Esta pesquisa tem como objeto de análise os discursos sobre a mulher em notícias
publicadas em jornais online, no tocante à violência de gênero. O trabalho está
fundamentado nos estudos sobre a linguagem e discurso, estudado pelo Círculo de
Bakhtin e nas teorias feministas de Michelle Perrot e Joan Scott. Os dados de análise
são compostos por notícias online publicadas nos jornais G1 e Gazeta do Povo, nas
páginas da rede social Facebook. Para tanto serão analisados os comentários obtidos a
partir da notícia, pois os discursos em que repercutem nos comentários são trazidos da
esfera cotidiana para serem reproduzidos e acentuados nas redes sociais.
Considerando os aspectos linguísticos, no qual o discurso está predisposto, busca-se
compreender como a mulher é discursivizada em jornais de grande circulação. Dessa
forma, é importante olhar as respostas dos leitores ao se posicionarem, pois mostram
discursos que circulam sobre a mulher, e como evidenciam o posicionamento do leitor a
respeito da violência de gênero, e que essa postura aponta para vários discursos em
circulação social. E, é nos comentários que se pode identificar as diferentes vozes que
permeiam o discurso. Nesse sentido, a contra-resposta tem um valor significativo para a
análise, pois quando o leitor tece algum comentário a uma notícia está sujeito a receber
uma resposta, há a interação entre os leitores. Nesse contexto é possível problematizar
que atos de violência contra a mulher estão assentados em discursos e concepções
sobre o que é ser mulher hoje, e sobre o seu papel na sociedade. Assim, modos de
conceber a mulher são perpassados pela linguagem em uso, em outras palavras, pelo
Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo abordar a obra de Plínio Marcos, analisando a
linguagem empregada pelo referido dramaturgo e as implicações da mesma no
conteúdo de peças teatrais como Barrela (1958) e O abajur lilás (1969). De acordo com
o crítico teatral Sábato Magaldi, a principal contribuição de Plínio Marcos foi a
incorporação de personagens marginalizadas, tais como prostitutas, proxenetas,
mendigos e homossexuais, à dramaturgia brasileira, dando voz própria a esses seres e
colocando-os em evidência sem caricaturá-los nem tipificá-los. Desse modo, tendo
como base a pesquisa bibliográfica e o método indutivo, pretende-se responder aos
seguintes questionamentos: o que essas personagens manifestam em suas “vozes” nas
relações que estabelecem com o outro? Quais as representações expressas pela
linguagem de textos plinianos? Como observado, no caso das peças citadas, as quais
serão corpora deste estudo, os seres ficcionais pertencem às classes desprestigiadas e
a exclusão que estes sofrem por parte da sociedade e dos próprios pares faz com que
sejam inseridos ainda mais no contexto da marginalidade. No entanto, cabe ressaltar
que, muitas vezes, o termo “marginal” confunde-se com a acepção de infrator ou
bandido, porém, na obra pliniana, nem todos os seres fictícios são marginais no sentido
de criminosos, mas tidos como sujeitos postos à margem, sobretudo por sua orientação
sexual, condição física ou posição social. Portanto, as ações das personagens plinianas
são marcadas pela extrema violência, uma vez que estas utilizam-se de atos agressores
como formas de defesa e sobrevivência no meio em que vivem. Percebe-se, ainda,
essa agressividade arraigada nas falas desses indivíduos, cujos diálogos são
constituídos por termos ofensivos, coloquiais e de baixo calão. Nas peças teatrais em
análise, certas palavras e expressões utilizadas por determinados grupos (presidiários e
meretrizes) resultam uma linguagem obscena e subversiva. Nesse sentido, pode-se
dizer que a marginalização dos seres de Plínio Marcos materializa-se pelo modo como
utilizam a língua, rompendo com as regras da gramática normativa e distanciando-se da
variante padrão falada pelas camadas sociais ditas elitizadas. Deve-se notar que o
embasamento teórico utilizado nesta pesquisa engloba, sobretudo, aspectos sobre o
diálogo teatral e conceitos acerca da marginalidade e da violência, fundamentados nos
estudos de autores como Patrice Pavis, Regina Dalcastagnè e Jaime Ginzburg.
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo evidenciar como a escolha lexical torna o sentido de
determinado discurso violento. Sabe-se que cabe ao enunciador eleger os vocábulos
que irão construir o seu enunciado. Ele é, portanto, responsável pela criação do sentido
do seu discurso, sempre de acordo com sua intencionalidade. A intenção é o que irá
determinar a configuração que tal discurso irá seguir. Segundo os estudos de Mikhail
Bakhtin, o discurso é uma prática social determinada por uma formação ideológica e, ao
mesmo tempo, lugar de elaboração e de difusão da ideologia. Sob essa perspectiva, o
discurso não deve ser tomado como neutro e a atitude do sujeito não deve ser vista
como passiva. A escolha das palavras é de sua total responsabilidade e implica,
necessariamente, o rumo que tal enunciador dará à sua ação discursiva. Para que se
veja, na prática, como esse processo ocorre, serão analisados dois textos jornalísticos
com o mesmo tema (a violência urbana), divulgados na mesma data e local, porém com
linhas jornalísticas diferentes. De um lado, uma notícia veiculada no jornal “Expresso
Popular”, de caráter mais popular; do outro, o fato noticiado no jornal “A Tribuna”, que
tenta seguir um discurso mais imparcial, sendo os dois jornais editados pelo mesmo
grupo editorial e veiculados na cidade de Santos/SP e região. Levando em
consideração a origem dos textos, ou seja, ambos são veiculados em jornais, portanto,
o que não se pode deixar de evidenciar é a questão de como determinados meios de
comunicação direcionam o seu discurso com variadas intenções, seja a de manipular o
enunciatário ou mesmo chamar sua atenção, utilizando para isso, o “terror” que as
palavras podem gerar na construção do discurso. Tal procedimento pode ser observado
claramente nos telejornais com foco em notícias exclusivamente de temas que
envolvem a violência. Embora o termo imparcialidade seja muito utilizado quando o
assunto é o jornalismo, muitos teóricos afirmam que é uma ação quase utópica de se
alcançar, já que o direcionamento da notícia é dado por alguém que possui uma
ideologia ou que respeita a ideologia de um órgão. Fundamentalmente, o que vai
interessar neste trabalho é como a escolha vocabular pode ou não culminar na
construção de um discurso considerado violento, tendo como corpus as duas notícias
mencionadas acima.
Resumo:
A mineira Conceição Evaristo publica Olhos d’ água, coedição da Fundação Biblioteca
Nacional e da editora Pallas, em 2014. Composto por quinze contos, “Maria” chama a
atenção pelo diálogo com o título da obra: a lágrima da violência contra a mulher e seus
filhos – desprotegidos pelo sistema – ou “olhos d´água”como o profundo entendimento
dessa violência, ou dessa “escrevivência”, como a própria autora denomina. Mestra
em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, e Doutora em Literatura
Comparada pela Universidade Federal Fluminense, não está impregnado em seu texto
a ideia academicisita sobre a temática: a escritora se levanta como ativista e crítica da
violência e das condições ultrajantes que passam os desfavorecidos economicamente
no país. A pesquisa constituiu em analisar aspectos discutidos no conto presentes na
sociedade: a mulher, mãe, empregada doméstica, filhos de diferentes homens, moradia
em condições precárias. Eis a protagonista, destruindo heroínas como a ingênua D.
Cecília, em Lição de Botânica (1906), de Machado de Assis, ou até mesmo as
caipironas satirizadas por Martins Pena. Aqui a violência não vem como piada, mas
como relato poético (ainda que tecido pelo viés da violência – doce paradoxo da autora).
Violência contra a mulher, preconceito contra a mulher, preconceito racial, preconceito
social, predomínio da ignorância, da brutalidade. No entanto, nesse trabalho
enfocaremos a violência física e verbal contra a mulher. Para tal, vale analisar o peso do
nome “Maria”, aliado ao valor da diária de uma empregada doméstica (trabalho
desempenhado pela personagem), por sua vez aliado aos números da violência contra
mulher no país: o Brasil possui a quinta maior taxa de feminicídios no mundo (Ipea,
2012), com 61% desse número sendo as negras. Os dados comprovam. A
“escrevivente” traduz a triste crônica de seu tempo.
Palavras-chave: Conceição Evaristo, “Maria”, violência contra a mulher, rascismo e
sexismo.
RESUMO:
rcfaustino@uem.br
pedroppablito@hotmail.com
Resumo:
Esta pesquisa foi desenvolvida na aldeia Pirajuí que fica no município de Paranhos,
Mato Grosso do Sul. Foi um estudo dos nomes de tipos de árvores nativas que existem
para se saber o que representam para a comunidade e, em quais locais da aldeia, os
tipos de árvores nativas e seus nomes na língua guarani e português. Os objetivos da
pesquisa consistem em: a) colocar na escrita os tipos de árvores nativas que tem na
aldeia Pirajuí e outros tipos que já desapareceram, relacionando-as com o clima da
região e com os tipos de clima durante um ano; b) Conhecer, identificar os principais
locais de árvores nativas que são sagradas para a comunidade da região; c) avaliar
como os resultados dessa pesquisa foram utilizados no ensino da língua guarani na
escola Professor Adriano Pires. Como procedimento técnico-metodológico utilizou-se
conversa com os mais velhos moradores da aldeia Pirajuí e com os jovens, e também
foi utilizado o mapa antigo da Pirajuí. A importância da investigação está nos cuidados
que as comunidades indígenas têm com a vegetação nativa das árvores que
preservam. Durante a pesquisa foram vistos como desafios as queimadas, os
desmatamentos e as transformações vegetais com a presença de outras arvores não
nativas. A Pirajuí é uma aldeia indígena ainda muito rica em vegetação original, que
preserva as encostas dos rios, nascentes e solos. Assim podemos presenciar muitas
plantas nativas dentro da aldeia Pirajuí.
Palavras-Chave: Reserva; Pirajuí; Árvores.
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo apresentar a religião indígena guarani, sua importância
para a comunidade indígena, seus costumes diários, evidenciando os preceitos
apregoados por esta para que todos possam aprender a viver em harmonia com a
natureza e com Nhanderú (nosso pai, Deus). Também apresenta o significado de cada
instrumento utilizado na casa de reza,sendo eles: kangua’a, djatsa’a, mbaraká, araity,
takwapy, destacando a importância de cada um para a religião e a cultura guarani.
Trazemos ainda,neste trabalho, como surge o txamõi (nosso pajé), como é sua
preparação para se tornar um txamõi com muita força para que possa suprir as
necessidades de uma comunidade, pois ele tem que ficar preparado para tudo o que
acontece na aldeia. Apresentamos como é a preparação para os rituais, bem como a
dificuldade de manter a religião dentro das comunidades, pois hoje em dia se tornou
complicado encontrar na natureza os recursos necessários para a preparação do txamõi
e para os rituais que são feitos em seguida na casa de reza. Junto com essas
dificuldades veio também o desafio de lidar com a inserção de outras religiões dentro
das terras indígenas, na qual vários membros da comunidade deixaram de lado sua
religião ancestral e migraram para essa nova forma de servir a deus, na qual houve o
enfraquecimento do número de pessoas presentes nos rituais feito pelo pajé, isso
ajudou muito na perda da língua materna. Há algumas práticas e condutas feitas pelos
índios guarani que são passados de geração para geração, são práticas que servem
como respeito com a natureza e com o meio onde se está inserido, como por exemplo,
pedir permissão para a natureza ao retirar algo dela, seja uma erva medicinal ou uma
madeira para construção de casas ou da casa de reza. Outra prática é que, ao sair para
longe de sua casa, indo para o mato, ao retornar é preciso que chame pelo nome em
guarani da pessoa, para que seu espírito não fique ali naquele local, principalmente se
tratando de criança. Este trabalho foi desenvolvido por meio de aprendizados nas
vivências e experiências do dia-dia nas terras indígenas guarani as quais, nós autores,
pertencemos. A religião indígena guarani é uma das manifestações culturais mais fortes
que se mantém até os dias de hoje, pois em algumas comunidades indígenas guarani, a
língua que prevalece como dominante é o português, são poucas as famílias que junto
com o pajé falam a língua guarani, por isso é muito importante a religião guarani se
manter forte na comunidade, pois como dizem os indígenas mais velhos: “a melhor
escola para o índio guarani é a casa de reza”.Nas escolas indígenas guarani onde
estãoinseridosprofessores, diretores e pedagogos indígenas estãoacontecendo vários
projetos para que possa ser revitalizada a língua guarani que ficou muito fraca e
poucofalada nas comunidades, essesprojetoscontam com a participação de algumas
lideranças e os mais velhos da comunidade, na qual houve essa parceria entre as
lideranças mais velhas e as escolas.Apósmuitosanos queaescola esteveseparada da
casa de reza, hoje está havendo uma proximidade entre elaspossibilitandoaosalunos o
conhecimentosobre sua cultura que jáestavaquase sendo esquecida.
Essesconhecimentos e experiências que só os mais velhospossuem e que buscamos
apresentar neste trabalho.
Resumo:
Resumo:
A Educação Escolar Indígena foi modificada partir da Constituição Brasileira de 1988, e
de legislações formuladas nos anos de 1990, desde o Decreto presidencial nº 26 de
1991, que transferiu a responsabilidade desta modalidade de Educação para o MEC –
Ministério da Educação, retirando-a da alçada da FUNAI – Fundação Nacional do Índio.
Tem sid opautada pela interculturalidade e pelo bilinguismo. Para tanto, faz-se
necessária a presença de profissionais indígenas nas escolas. Desde os anos de 2000,
vêm sendo criadas no Brasil formas de ingresso no Ensino Superior – políticas de ações
afirmativas – para a formação de professores indígenas. Em diferentes regiões se
destacam as Licenciaturas Interculturais. No Paraná, por meio da Lei 13.134/2001
SETI/PR houve a criação de vagas suplementares. Esta política de formação superior
no Paraná tem possibilitado que os indígenas acessem as universidades para obter um
diploma de ensino superior. Porém, considerando a difícil realidade dos povos
indígenas, após perder em grande parte de seus territórios e sustentabilidade, mesmo
com uma legislação específica se torna difícil estudar. As Terras Indígenas são
distantes das universidades públicas do Paraná. O transporte é precário e as estradas
ficam intransitáveis em período de chuva. Muitos dos estudantes do Ensino Superior
trabalham nas aldeias para sustentar suas famílias e para contribuir com a comunidade.
Para as mulheres é mais difícil ainda de estudar quando elas tem filhos pequenos e
famílias sob sua responsabilidade. Desta forma, a oferta de cursos superiores pela EaD,
que é uma modalidade de educação mediada por tecnologias e internet, possibilita o
estudo àqueles que não puderam ou não podem frequentar cursos presenciais.Neste
texto apresentamos uma pesquisa sobre como a EaD pode contribuir com a formação
de professores e profissionais indígenas no Paraná, haja vista a dificuldade de muitos
em frequentar os cursos presenciais.
Palavras-Chave: Educação Superior Indígena; Paraná; Educação a Distância
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
mais rica e, assim, é possível evitar problemas na educação escolar indígena tão
comuns na histórica brasileira.
Resumo:
Resumo:
Vivemos em um mundo cada vez mais planetário, onde as fronteiras físicas e espaciais
já se dissolveram, e o sujeito tem assumido o papel de sujeito global, basta um simples
olhar ao redor, para perceber que estamos o tempo todo conectados por algum tipo de
tecnologia de comunicação, por meio de aparelhos de comunicação digital cada fez
mais sofisticados, que ampliam infinitamente nosso poder de armazenar dados e mantê-
los à disposição para acesso a qualquer momento. O tempo para o sujeito hodierno é
primordial, e este busca meios para maximizá-lo, isso também tem refletido quando se
trata de buscar conhecimento, aumentando a preferência pelo uso de meios virtuais,
Resumo:
capristano1@yahoo.com.br
tatiane@prof.unipar.br
Resumo:
acentuadas pelas crianças (385). Divididas em verbos e não verbos, essas palavras
foram analisadas considerando as seguintes variáveis: tipo de acento (circunflexo,
agudo e grave), posição do acento gráfico (oxítono, paroxítono e proparoxítono) e
número de sílaba (monossílabo, dissílabo, trissílabo e polissílabo). Na investigação
quantitativa, dentre outros resultados, constatamos as seguintes tendências com
relação ao primeiro grupo: (a) maior registro de acento previsto convencional em verbos
(68,76%), em verbos com acento agudo (70,90%), em verbos monossílabos tônicos
(73,19%), em não verbos com acento circunflexo (52,50%) e em não verbos oxítonos
(57,54%); (b) maior registro de acento previsto não convencional em verbos com acento
circunflexo (96,00%), em verbos paroxítonos, trissílabos e polissílabos (todos com
100%), em não verbos com acento grave (100%), em não verbos proparoxítonos
(88,51%) e em não verbos trissílabos (90,10%). Com relação ao segundo grupo,
observamos as seguintes tendências: (a) maior registro de acento agudo não previsto,
tanto em verbos (87,13%) quanto em não verbos (89,08%); (b) maior registro de acento
gráfico não previsto em momentos de correspondência entre acento gráfico e timbre
vocálico, tanto em verbos (86,14%) quanto em não verbos (70,07%); (c) maior registro
de acento gráfico não previsto em paroxítonos, tanto em verbos (81,19%) quanto em
não verbos (74,65%); (d) maior registro de acento gráfico não previsto em momentos de
correspondência com a sílaba tônica, tanto em verbos (90,10%) quanto em não verbos
(87,32%); e, por fim, (e) maior registro de acento gráfico não previsto em dissílabos,
tanto em verbos (57,43%) quanto em não verbos (46,48%). Com base na análise
qualitativa, constatamos que, de forma geral, a criança tende a acentuar (de modo
previsto ou não previsto) seguindo o que é mais recorrente na (sua) língua e na (sua)
escrita, em razão das vivências sócio-históricas que permeiam a sua vida. Vimos
também que, muitas vezes, os usos do acento gráfico (previsto ou não previsto) são
motivados por elementos que compõem as condições de produção e/ou por elementos
que se relacionam ao contexto ortográfico do enunciado escrito pela criança. De forma
mais específica, pudemos averiguar, por um lado, que registros não previstos de acento
gráfico são, geralmente, consoantes a aspectos da língua, sobretudo, fonológicos e, por
outro lado, registros previstos de acento gráfico, quando grafados de forma
convencional pela criança, estão ligados à recorrência no uso de algumas palavras e,
quando grafados de forma não convencional, guardam em si pistas de processo(s)
conflituoso(s) entre o sujeito escrevente e a (sua) escrita.
Resumo:
Neste estudo, discute-se sobre o trabalho com o texto durante o processo de
alfabetização. Com base em uma pesquisa de natureza qualitativa realizada em uma
escola pública apresenta-se uma análise sobre as concepções de texto e sobre as
estratégias de ensino desse objeto nos anos iniciais do Ensino Fundamental. As
práticas docentes direcionadas a aquisição e ao domínio da modalidade escrita formal
da língua têm passado por constantes mudanças. A partir da década de 1980, o
processo de alfabetização agregou uma série de postulados teóricos com a finalidade
de compreender e superar as dificuldades inerentes à apropriação das habilidades de
leitura e de escrita. Nesse sentido, propõe-se apresentar a interferência dos estudos do
letramento e da teoria dos gêneros textuais no processo de alfabetização. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (1998), por sua vez, orientam
que o ensino de Língua Portuguesa deve realizar-se mediante o trabalho com o texto.
De modo geral, entende-se que a escrita textual é o registro das práticas comunicativas
realizadas pelos sujeitos em sociedade. Sendo assim, as turmas inseridas no processo
de alfabetização são estimuladas a aprendizagem da escrita a partir da leitura e da
compreensão de textos reais de uso da língua e, não com letras e sílabas isoladas.
Ressalta-se, com base nos dados da pesquisa, o desafio dos profissionais que lecionam
nos iniciais para compreenderem a teoria dos gêneros textuais e o papel fundamental
da formação continuada para superar essa realidade. Os estudos de Bortoni-Ricardo
(2006), Soares (1998), Kleiman (2005), Bakhtin (1979), Schneuwly e Dolz (2004) foram
de suma relevância para fundamentação deste trabalho.
Resumo:
A aquisição da escrita pode ser entendida como um processo de inserção da criança no
funcionamento simbólico da escrita (cf. CAPRISTANO, 2007). Quando as crianças
estão adentrando nesse funcionamento, os enunciados escritos que produzem de forma
autônoma, normalmente, não correspondem ao esperado pelas convenções gráficas e
ortográficas da escrita, já que esses enunciados são resultado de momentos em que as
crianças estão, de certa forma, testando seus conhecimentos sobre esse modo de
enunciação da linguagem. Por essa razão, os pesquisadores e demais interessados em
entender a aquisição da escrita podem ter grandes dificuldades para atribuir sentidos
para os enunciados produzidos de forma mais espontânea nesse processo. Este projeto
tem justamente o objetivo de discutir algumas dificuldades com as quais os
pesquisadores precisam lidar quando desejam investigar a aquisição da escrita a partir
do exame de enunciados produzidos pelas crianças, ou seja, quando usam os
enunciados infantis como materiais para pesquisa científica. Neste projeto, voltamo-nos
especialmente para dificuldades na atribuição de leitura para enunciados que são
elaborados a partir de propostas de produção textual em que as decisões sobre “como”
e “o quê” escrever ficam sob o encargo das crianças (CAPRISTANO, 2007). O corpus
desta pesquisa foi feita com base no exame de cerca de 3150 enunciados produzidos
por 130 crianças de duas escolas públicas municipais de São José do Rio Preto (SP).
Foram aplicadas 55 diferentes propostas de produção textual a esses alunos, nas quais
foram mobilizados diferentes gêneros discursivos: cartas, receitas, cartões, poemas e
entre outros. Esses enunciados compõem um banco que foi coletado pela
Coordenadora deste projeto, Profª. Cristiane Carneiro Capristano, nos anos de 2001 a
2004, equivalentes aos atuais segundo, terceiro, quarto e quinto anos do Ensino
Fundamental I. No exame desse banco, pretendeu-se, por um lado, identificar as
principais dificuldades para atribuição de leitura para os enunciados infantis e, por outro,
observar a frequência com que essas dificuldades apareciam, considerando as variáveis
escola, série/ano e proposta. Dentre os principais resultados pudemos observar que os
problemas para a atribuição de leitura, como previsto, vão diminuindo e mudando no
decorrer dos anos de escolarização da criança, mostrando sua inserção cada vez mais
sólida no funcionamento simbólico da escrita.
Palavra-chave: Aquisição de escrita, leitura, produção textual.
Resumo:
Após a disseminação dos estudos de Bakhtin no Brasil, passou a ser tendência as
escolas adotarem os gêneros como ponto de partida para o ensino de línguas. Essa
nova perspectiva de ensino atingiu também as práticas escolares que perpassam o
processo de aquisição da escrita, visto que elas deixaram de se sustentar nos be-a-bás
das cartilhas para, cada vez mais, envolver as crianças com práticas de leitura e escrita.
Assim, principalmente no ambiente escolar, as crianças passaram a ser constantemente
chamadas a produzirem enunciados escritos que atendam a propostas de produção de
gêneros diversos. Os enunciados coletados a partir dessas propostas, contudo, são
constantemente julgados como não adequados às projeções feitas pelo professor das
diversas características constitutivas desses gêneros. Dentre essas características, está
o endereçamento. Capristano e Oliveria (2014), em análise a sete enunciados infantis,
constataram que essas “inadequações” relacionadas ao endereçamento do enunciado
seriam, na verdade, oscilações, muitas vezes, motivadas pelo fato de o escrevente
estabelecer como Outro/destinatário a instituição escolar. Tendo isso em vista,
propusemos este trabalho com o objetivo de analisar o modo como a instituição escolar
atua na emergência de oscilações no endereçamento dos enunciados infantis. Para
cumprir com esse objetivo, pautamo-nos nos princípios teórico-metodológicos do
paradigma indiciário − tais como propostos por Ginzburg (1986, 1993, 2007). Ancorados
nesses princípios, identificamos marcas linguísticas nos enunciados (ou a ausência
delas) que pudessem ser interpretadas como pista do endereçamento do enunciado.
Em seguida, selecionamos como objeto de análise os enunciados nos quais
identificamos marcas que apontavam para mais de um endereçamento, sendo, ao
menos um deles, a instituição escolar. Ao todo, foram analisados 274 enunciados,
coletados a partir de seis propostas que requeriam do escrevente a escrita em gêneros
diversos. Desses, foram encontradas marcas interpretadas como pista do
endereçamento à instituição escolar em 176 (40%). Em olhar atento a esses
enunciados, observamos regularidades que nos levou a interpretar que a instituição
escolar atua, pelo menos, de duas formas na emergência dessas oscilações: pela força
da cena enunciativo-pragmática − que envolveria a situação enunciativa tanto mais
imediata (presença de professores, alunos, carteiras enfileiradas, etc.), quanto com seu
entorno sócio histórico (escola como lugar marcado por relações hierárquicas, regras,
etc.) − ou pela força discursiva na representação do escrevente sobre o que é escrever
Resumo:
O ingresso no ensino superior exige novas competências linguísticas, discursivas e
retóricas do futuro professor que, em não sendo plenamente desenvolvidas ao longo do
curso podem acarretar prejuízos em seu desempenho acadêmico. Isso ocorre porque
as atividades de leitura e de escrita de variados gêneros acadêmicos apresentam-se
como pressupostos para o desenvolvimento científico e profissional durante a
graduação. A atividade de produção textual na universidade caracteriza-se como um
tema transdisciplinar que, inevitavelmente está presente direta ou indiretamente em
todos componentes da matriz curricular dos cursos de formação de professores. Isso
ocorre porque as atividades de leitura e de produção de variados gêneros acadêmicos
apresentam-se como pressupostos para o desenvolvimento científico e profissional de
futuros professores. A imersão do acadêmico – futuro professor - no contexto da escrita
científica requer um conjunto de competências que o permitam produzir e interpretar os
gêneros textuais que circulam especificamente na esfera científica. Para Fulwiler (2002);
Street (1995, 2003); Marinho (2009); Motta-Roth e Hendges (2010) na universidade, as
práticas de letramento intensificam-se em razão da necessidade de produzir e divulgar
conhecimentos de natureza científica. Considerando que as práticas de letramentos
acadêmicos bem como as dificuldades a eles subjacentes podem representar
impeditivos para que os futuros professores se apropriem deste conhecimento como
locutores e autores de seus discursos, esta comunicação problematiza a escrita
acadêmica no curso de formação de professores. O objetivo é discutir a relação que um
grupo de professores em formação inicial de uma universidade pública do Paraná tem
Resumo:
Nesta pesquisa, pretendeu-se investigar a relação entre língua materna (LM) e
estrangeira (LE) a partir de rasuras (apagamentos, inserções, sobreposições e
cancelamentos) ligadas à dimensão ortográfica da escrita que aparecem quando
crianças (falantes do Português Brasileiro e em processo de aquisição da escrita), com
pouco ou nenhum conhecimento do inglês, registram palavras no que supõem ser essa
língua estrangeira. Esta pesquisa fundamentou-se teoricamente no entrecruzamento de
três diferentes tipos de estudo: em estudos como os de Chacon (2017), a respeito da
sílaba, os de Coracini (2003 e 2007), a respeito da relação entre LM e LE e os de
Capristano (2013) sobre rasura. O corpus da pesquisa consistiu em um recorte de
material obtido durante um projeto de extensão desenvolvido no Colégio de Aplicação
Pedagógica da UEM, em 2014. Foram selecionados 52 enunciados desse material,
especificamente, enunciados de uma proposta de produção na qual as crianças
deveriam escrever palavras-chave da história infantil Chapeuzinho Vermelho, ditadas
pela pesquisadora que realizou a coleta do material. Analisamos as rasuras que
emergiram nos momentos em que as crianças registravam as palavras, em inglês, wolf,
grandma, mother, red hood, forest, eyes, teeth, hunter, arms, big. Nosso objetivo mais
geral foi verificar possíveis relações entre a LM da criança e o inglês (LE) que podem
ser indiciadas pelas rasuras presentes em seus enunciados escritos. Dos 52
enunciados analisados, 111 rasuras foram encontradas, as quais foram dividas em dois
movimentos: um (Movimento 1) no qual foram agrupadas rasuras a partir das quais não
havia possibilidade de saber quais foram às seleções iniciais ou finais da criança; outro
(Movimento 2) no qual foram agrupadas as rasuras nas quais havia a possibilidade de
saber quais foram as seleções iniciais ou finais da criança, pela presença de
apagamentos mal sucedidos, por exemplo. Identificamos 25,2% (28) de rasuras
pertencentes ao movimento 01, e 74,8% (83) de rasuras pertencentes ao movimento 02.
Além disso, contabilizamos, no movimento 01, 71,4% (20) de rasuras por apagamento,
28,6% (8) de rasuras por sobreposição, e nenhuma rasura por inserção e
cancelamento. Já no movimento 02, foi verificado que 57,8% (48) das rasuras
ocorreram por apagamento, 29% (24) das rasuras por sobreposição, 10,8% (9) das
rasuras por inserção e 2,4% (2) das rasuras por cancelamento. Também foi averiguado
a quantidade de rasuras encontradas no movimento 01 e movimento 02 por localização
no interior da sílaba: ataque (1ª e 2ª posição) e rima (núcleo e coda). No movimento 01,
35,8% (10) das rasuras ocorreram na 1ª posição do ataque, 7,1% (2) rasuras ocorreram
na 2ª posição do ataque, 14,2% (4) rasuras ocorreram no núcleo da rima e 42,9% (12)
rasuras na coda. No movimento 02, 18,1% (15) rasuras ocorreram na 1ª posição do
ataque, 8,4% (7) das rasuras ocorreram na 2ª posição do ataque, 33,7% (28) das
rasuras ocorreram no núcleo e 39,8% (33) das rasuras ocorreram na coda. Na
perspectiva teórica assumida na pesquisa, essas rasuras seriam pistas da circulação
imaginária das crianças pelas fronteiras, pouco nítidas, entre sua LM e a LE que tenta
registrar.
Palavras-chave: rasura; língua materna; língua estrangeira.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Com base na concepção de escrita constitutivamente heterogênea, tal qual proposta por
Corrêa (2001, 2004), neste trabalho, partimos da hipótese de que, embora a
translineação seja um processo típico e exclusivo do modo de enunciação escrito, nas
translineações feitas pelas crianças, pode-se ver a emergência de suas diferentes
experiências sócio-históricas com os modos de enunciação falado e escrito da
linguagem e, de modo privilegiado, as experiências sócio-históricas ligadas à
organização interna da sílaba fonológica e ao funcionamento convencional da sílaba
ortográfica. A partir dessa hipótese, nosso objetivo foi investigar, longitudinalmente, a
translineação (convencional e não convencional) presente em enunciados de crianças
em aquisição da escrita, considerando as ocorrências dessa partição ao longo das
(antigas) quatro primeiras séries do ensino fundamental e examinando tendências e
particularidades envolvidas nessa emergência. De forma específica, buscamos (a)
verificar se existem mudanças, qualitativas e quantitativas, no modo como as crianças
translineiam, considerando as quatro primeiras séries do ensino fundamental; (b)
investigar em que medida as translineações (convencionais e não convencionais)
propostas pelas crianças estariam ligadas à organização interna da sílaba fonológica e
à relação dessa organização com o funcionamento convencional da sílaba ortográfica; e
(c) examinar quais outros fatores podem estar envolvidos na emergência das
translineações feitas pela criança. Para cumprir com o objetivo proposto, utilizamos
como material de análise 3131 enunciados escritos que compõem o Banco de
produções textuais dos grupos de pesquisa (CNPq) Estudos sobre a aquisição da
escrita e Estudos sobre a linguagem. Na investigação quantitativa desse material,
observamos que 776 enunciados apresentaram partições de palavra no fim da linha;
nesses, encontramos 1356 ocorrências de translineação, sendo 941 (69,4%)
convencionais e 415 (30,6%) não convencionais. Ao considerar esses números a partir
da variável série, obtivemos os seguintes resultados: 145 (75,12%) não convencionais e
48 (24,88%) convencionais na primeira série; 113 (33,83%) não convencionais e 221
(66,17%) convencionais na segunda série; 75 (22,80%) não convencionais e 254
(77,20%) convencionais na terceira série; 82 (16,40%) não convencionais e 418
(83,60%) convencionais na quarta série. Com esses resultados, foi possível verificar um
processo progressivo nos registros convencionais e um processo regressivo nos
registros não convencionais de translineação. Qualitativamente, pudemos observar que
as translineações: (1) estão, de fato, diretamente ligadas à organização interna da
sílaba fonológica e à relação dessa organização com o funcionamento convencional da
sílaba ortográfica (apresentando partições em contexto de correspondência e de não
correspondência entre sílaba ortográfica e fonológica, bem como ruptura na
organização dessas sílabas); (2) envolvem fatores de diferentes naturezas em sua
emergência (relacionados, especialmente, à relação grafema/fonema, à segmentação e
a critérios semânticos); por fim, (3) deixam ver a construção de um imaginário acerca da
escrita.
Resumo:
Resumo:
O ser humano é detentor de quatro habilidades linguísticas: escutar, falar, ler e
escrever. Essas habilidades dão condições ao agir social por meio do uso da língua,
mas somente são desenvolvidas por meio do relacionamento e comunicação com seus
pares. Para as pessoas com surdocegueira, essas habilidades estão comprometidas
devido às perdas sensoriais, o qual exige do ambiente educacional, o fortalecimento das
relações interpessoais para o pleno desenvolvimento destas pessoas. Para propiciar
melhorias na comunicação com vistas ao avanço no processo de inclusão, este estudo
teve por objetivo, disseminar ações determinantes com a finalidade de conscientizar os
docentes quanto à adequação da intervenção pedagógica a uma aluna com
surdocegueira na rede regular de ensino. A questão principal de investigação foi a
Resumo:
A aprendizagem da escrita de uma língua estrangeira (LE), embora possua pontos em
comum com a aprendizagem da escrita na língua materna (LM) requer diferentes
Resumo:
São poucos os trabalhos que se dedicam exclusivamente à investigação de
hipossegmentações – ausência de espaço(s) em branco que resulta na junção de duas
ou mais palavras. Ticianel (2016) fez um mapeamento das possíveis motivações das
hipossegmentações, explorando ainda a sua relação com o uso do Discurso Direto por
parte de escreventes das antigas quatro primeiras séries do ensino fundamental.
Considerando a mesma perspectiva explorada pela autora, o objetivo, neste trabalho, foi
investigar a possível relação existente entre hipossegmentações e a instância
enunciativa da qual emergem – Discurso Direto (DD) e Outros Contextos (OC) – em
produções textuais infantis. Essas ocorrências foram examinadas a partir dos dois
constituintes prosódicos mais altos da hierarquia proposta por Nespor e Vogel (1986):
Frase Entoacional (I) e Enunciado Fonológico (U). A escolha desses constituintes está
relacionada ao fato de eles considerarem informação sintática e semântica, além da
prosódica; característica que poderia estar associada, diretamente, às instâncias
enunciativas dos enunciados. Foram analisadas 220 hipossegmentações advindas de
462 produções textuais de escreventes das antigas quatro primeiras séries. A pesquisa
Resumo:
Nesta pesquisa, pretendeu-se investigar a relação entre alguns fenômenos da variação
linguística e as grafias não convencionais presentes em enunciados produzidos por
crianças. Para tanto, esta pesquisa fundamentou-se teoricamente o referencial teórico
da heterogeneidade constitutiva da escrita (CORRÊA, 2004), na qual se supõe a não
existência de enunciados puramente escritos ou falados, uma vez que reconhece-se a
escrita como heterogeneamente constituída. O corpus da pesquisa consistiu em 29
enunciados produzidos por alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I, de uma escola
pública do interior do Paraná, especificamente, uma fábula na qual os alunos após
Resumo:
Neste estudo, partimos da hipótese, formulada e desenvolvida por trabalhos como
Capristano (2013), Capristano e Chacon (2014) e Machado (2015) de que rasuras
(apagamentos, escritas sobrepostas, inserções de traços etc.) deixadas pelos
escreventes em seus enunciados escritos podem indiciar conflitos vividos por eles no
processo de produção escrita, ligados à heterogeneidade da língua e da própria escrita.
Nesses mesmos trabalhos, as rasuras são interpretadas, teoricamente, como momentos
nos quais o sujeito escrevente deixa de ocupar a posição de utilizador de estruturas da
sua língua e passa, momentaneamente, a ocupar o lugar de observador dessas
estruturas, supondo, assim, que as rasuras são momentos em que o escrevente
suspende o gesto de escrever para voltar-se sobre aquilo que escreveu, retomando sua
escrita, reformulando-a e reconhecendo diferenças entre a sua escrita e a escrita do
outro. As rasuras, nessa direção, não são consideradas índice de conhecimento do
escrevente que, atento e consciente pretende evitar falhas na produção de seus
enunciados, mas, sim, de um sujeito que, imerso no funcionamento linguístico,
reconhece, inconscientemente, uma diferença entre o que escreveu e o que deveria
escrever, mesmo que o que deveria escrever não corresponda exatamente ao esperado
pelas convenções ortográficas (cf, Capristano, Chacon, 2014; Capristano, Machado,
2015). À luz desses pressupostos, o objetivo deste trabalho é investigar rasuras,
especialmente, aquelas que emergem sem a intervenção de um professor, presentes
nas produções textuais escritas de alunos de uma turma de 6º ano do Ensino
Fundamental II de uma escola estadual da cidade de Terra Boa – PR, a fim de verificar
quais são os conflitos vivenciados por alunos que estão em uma série inicial do Ensino
Fundamental II. Em um primeiro momento, faremos um levantamento de quais rasuras
são frequentes nos textos dos alunos, olhando cuidadosamente para todos os textos,
identificando os momentos em que as crianças rasuram, a fim de construir categorias
para, em um segundo momento, observarmos quais dimensões da língua, da sua
produção escrita, as crianças têm mais conflitos, seja, por exemplo, na dimensão
fonético/fonológica ou da relação entre grafemas e fonemas, ou, ainda, na dimensão
textual envolvendo, por exemplo, a coesão e a coerência. O aporte teórico para este
estudo será, em especial, os trabalhos de Capristano (2013), Capristano e Chacon
(2014) e Capristano e Machado (2015 e 2016), para as discussões sobre o
funcionamento linguístico-discursivo das rasuras, como também em Corrêa (2001,
2004, 2013) para a discussão sobre heterogeneidade da escrita.
Resumo:
O Outro sempre nos causa estranheza. Muito embora a diversidade seja um fator
inerente à vida (nossas impressões digitais, por exemplo, são únicas), costumamos vê-
la com resistência, recusa, certa repulsa, às vezes temor. Esquecemo-nos de que a
diferença é condição básica para a existência de tudo o que aí está, movidos por um
desejo de uniformização, num anseio infundado de que o diferente se encaixe aos
padrões que julgamos aceitáveis. E, ao nos negarmos a conhecer o Outro, a entendê-lo,
a saber o que ele tem a nos oferecer e ensinar, abdicamos de um conhecimento que
pode ser libertador. É esta uma das mensagens que o filme “A chegada”, de 2016, tem
a nos ensinar. Na obra, extraterrestres pousam na Terra e a cúpula militar norte-
Resumo:
Resumo:
Os alunos não fazem parte de grupos homogêneos, assim como não pensam nem
constroem conhecimento de maneira padronizada. Uma sala de aula pode ser
composta por meninos e meninas, com crenças religiosas, etnias e relações familiares
diferentes, acessos também diferenciados às tecnologias digitais e aos produtos
culturais, por exemplo. Em uma mesma turma, pode haver um aluno surdo, um autista,
um disléxico, um indivíduo com altas habilidades, um que possui uma inteligência mais
voltada para o modo verbal e outro com uma inteligência intrapessoal pouco
desenvolvida. Todas essas formas de enxergar e significar o mundo podem e, de uma
maneira ou de outra, farão parte do processo de ensino de língua inglesa. A dificuldade,
na verdade, está em como o professor lidará com essa heterogeneidade. Afinal, se o
contexto escolar é plural e ‘multi’, há apenas uma forma de lidar satisfatoriamente com
ele: de modo plural e ‘multi’. É necessário, portanto, que o processo de ensino abarque
o aspecto socioantropológico de desenvolvimento - os letramentos, a bagagem cultural,
o contexto social, econômico e histórico -, bem como o aspecto biológico, isto é, as
dificuldades de aprendizagem e as diferentes inteligências (GARDNER, 1995) dos
sujeitos. A fim de contemplar as formas particulares de construir sentidos de/no mundo,
nossa proposta é refletir sobre as possibilidades de articulação entre o conhecimento
sistematizado e a vivência dos aprendizes no processo de ensino e aprendizagem de
língua inglesa. Para tanto, discutiremos a teoria das Inteligências Múltiplas (GARDNER,
1995; ARMSTRONG, 2009), integrada a um paradigma de educação pluralista
(KALANTZIS; COPE, 2000), à ideia de inteligência coletiva (LÉVY, 2015) e aos
pressupostos dos multiletramentos (THE NEW LONGON GROUP, 2000). Acreditamos
que o caminho seja considerar os letramentos locais (STREET, 2014) dos estudantes e
suas dificuldades de aprendizagem, de modo a abordar o conteúdo (os aspectos da
língua inglesa) de forma dinâmica, fazendo uso de várias modalidades de linguagem
(escrita, imagens, sons, gestos, etc.). Assim, pensamos ser possível criar condições
para que cada um tenha oportunidade de aprender a língua estrangeira em questão,
coletivamente, tendo a diversidade como uma das ferramentas para expandir sentidos e
estimular a formação de redes de significados abrangentes e efetivos.
leticiastorto@uenp.edu.br
vanessafonteque@hotmail.com
Resumo:
Resumo
É muito provável que quando a criança inicia seu processo de aquisição de escrita a
mesma utilize da sua fala como referência, com isso pode apresentar aspectos de
interferência da oralidade na escrita, uma vez que utiliza de seu conhecimento sobre a
fala para representar os códigos da escrita. Tal processo, correspondente a não
diferenciação entre grafemas e fonemas, acontece com diversos tipos de processos que
sofrem variação na fala. Podemos ver isso quando a criança, por exemplo, quer
escrever “a gente” e escreve “agente”, pois para ela na fala não existe separação. Outro
exemplo que pode ser identificado em textos é de segmentação, quando a criança, por
exemplo, escreve “em bora” em vez de “embora” representado pela acentuação gráfica,
o que torna um erro ortográfico. É necessário que o professor veja os erros ortográficos
e as trocas de grafemas apresentados pela criança como uma carência de
conhecimento da diferença entre a fala e a escrita; pois tais trocas são normais nessa
fase inicial, porém a tendência é que com o passar do tempo escolar e com a prática da
escrita essa carência e as consequentes trocas passem a inexistir. Para que seja
possível demonstrar de que forma a fala, ou o modo de falar da criança, possa interferir
na aquisição da escrita, foram utilizados textos produzidos pelos alunos do 3º ano do
Ensino Fundamental da Escola Municipal Perseverança, situada no município de
Marmeleiro. A escolha por uma turma iniciante está pautada no interesse de entender
como os processos de transferência da fala para a escrita acontecem nas fases iniciais
do processo de aquisição da escrita, em que a criança ainda está tomando consciência
dos sons da língua e repassando esses sons para um segundo sistema que é o da
escrita. Ao todo foram recolhidos oito textos, que foram submetidos à análise das
possíveis interferências da fala para a escrita. Assim tem-se como objetivos explorar e
identificar se há a presença de trocas de letras por razão de interferência da fala na
aquisição da escrita das crianças nas fases iniciais do letramento. A fundamentação
teórica tem como base pressupostos da linguística do texto teóricos como Koch (2009)
Marcuschi (2001) Bortoni-Ricardo (2006), entre outros, que tratam a respeito da
aquisição da fala quanto da aquisição da escrita e também se é plausível haver essa
interferência da fala na escrita. Os resultados revelam tendência de trocas,
principalmente ao nível fonológico, pelo uso da fala ao transcrever para o papel, ou seja,
ao produzir um texto a criança utiliza de sua oralidade para escrever certas palavras.
Resumo:
Resumo:
Trabalhar a oralidade em sala de aula é tão importante quanto o trabalho com a escrita.
Entretanto, percebe-se que muitos docentes em seu trabalho não dão o devido valor à
prática oral como se deveria. Ou seja, na esfera da vida social, os alunos produzem
muitos textos falados, mas, na escola, são cobrados especialmente pela sua produção
escrita. Isso porque, muitas vezes, tem-se uma visão equivocada do ensino da
oralidade e do seu papel em contexto pedagógico. Assim, em nossa pesquisa, temos
como objetivo verificar se livros didáticos de língua portuguesa da rede pública de
ensino brasileiro, presentes no Guia de Livros Didáticos (BRASIL, 2016) têm se
apropriado da concepção textual-discursiva da oralidade, pois entendemos que o livro é
o suporte de textos mais acessível que o professor dispõe para ensinar. Para isso,
buscamos nos principais aportes legais informações que pudessem orientar a nossa
análise, já que diversos documentos legais incitam o ensino/aprendizagem de gêneros
textuais orais no ensino fundamental II e médio. Dentre eles, destacamos o Guia de
Livros Didáticos: PNLD 2017: Língua Portuguesa: Ensino Médio (BRASIL, 2016), os
Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), as Diretrizes Curriculares da
Educação Básica (PARANÁ, 2008) e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio
(BRASIL, 2006). É possível encontrar nesses documentos, referências ao ensino da
língua portuguesa em eixos separados por leitura, oralidade, produção de texto e
conhecimento linguístico, de forma que todos os eixos sejam trabalhados em sala de
aula. Para atingir o nosso objetivo, elencamos duas coleções para estudo, uma voltada
ao ensino fundamental II e a outra ao ensino médio, ambas de língua portuguesa, e
analisamos o trabalho realizado com o gênero textual oral entrevista. O aporte teórico
está centrado na Análise da Conversação e na Linguística Textual. Por meio da
observação dos materiais, concluímos que os livros estudados têm tentado se adequar
às orientações dos aportes legais para o ensino da oralidade, mas ainda há lacunas
importantes decorrentes da concepção de oralidade e de uma visão dicotômica entre
fala e escrita. No entanto, para o trabalho ser efetivado e conseguir o resultado
esperado pelo guia do livro didático, o professor deve adotar uma postura condizente
com as instruções do material. Isso nos remete à importância de uma seleção criteriosa
ao adotar o material que lhe seja mais apropriado.
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo analisar o marcador conversacional “well” empregado por
falantes da língua inglesa, evidenciando suas variadas funções em interações forenses.
A escolha dessa proposta teve origem a partir de uma recente pesquisa de Heritage
(2015) acerca dos turnos prefaciados por “well” na língua inglesa. Trata-se de um
estudo em que o autor comprova que essa partícula contribui para demonstrar que o
turno que ela prefacia irá privilegiar as perspectivas e interesses do falante em sua fala
subsequente, no que se refere às expectativas estabelecidas no turno anterior. Apesar
das grandes e significativas contribuições dessa pesquisa, o autor afirma que ainda
resta muito a ser feito sobre o assunto. Essa orientação, portanto, nos despertou o
interesse em expandir a análise desse marcador conversacional para um contexto ainda
pouco explorado: o ambiente forense. Além disso, segundo o pesquisador, “well” é o
quarto item inicial de turno mais comum no inglês falado, superado em frequência
apenas por “yeah”, “oh” e “and”. Dessa forma, o arcabouço teórico está fundamentado,
principalmente, nos conceitos da Análise da Conversação em relação de interface com
a Linguística Forense. Este estudo segue o método empírico-indutivo, considerando-se
que os textos analisados foram obtidos em situação concreta de uso. Quanto à
constituição do corpus, foram utilizadas gravações oficiais de julgamentos,
disponibilizadas na Internet, especialmente encontradas no site YouTube. Como
segundo procedimento, houve a seleção dos textos e, em seguida, a realização das
transcrições para a análise dos dados. Os resultados mostram que os marcadores
conversacionais são intrigantes objetos de estudo, uma vez que possibilitam observar a
tessitura da fala em construção. Eles funcionam como elementos que orientam e
modulam a compreensão dos interlocutores e sinalizam as relações entre os
enunciados ou unidades discursivas. A partir desse viés de análise, portanto, é possível
assinalar as estratégias utilizadas pelos falantes, bem como a maneira pela qual esse
processo se desenvolve no ambiente forense.
Resumo:
Resumo:
O presente artigo tem como objetivo propiciar estratégias que possam exercer forte
impressão no ato de ler e contar histórias, como um jogo feito por seus participantes na
leitura dramática, por exemplo. Isso porque, desde os tempos mais remotos, o homem
percebeu que cada habilidade que possuía era um recurso à sua disposição para
conquistar o respeito dos seus semelhantes, segundo Malba Tahan. Assim, cada
geração deveria contar a história da sua cultura para a geração seguinte, transmitindo
lembranças, emoções e ensinamentos é claro. Dessa forma, contar histórias é uma arte
milenar que agrada, não somente aos pequenos, mas todos aqueles que são ávidos por
Resumo:
A realização de seminários acadêmicos no âmbito do ensino superior é uma prática
muito recorrente de modo que em qualquer curso de graduação ou pós-graduação, seja
na modalidade latu sensu ou stricto sensu, em diversos momentos, os alunos são
Resumo:
Resumo:
greciely@gmail.com
profacidagrecco@gmail.com
Resumo:
Católica, bem como a de religiões afro-brasileiras. Esse festejo é cultuado por sujeitos
remanescentes de escravos e de refugiados negros do estado do Amapá. No interior do
Ciclo do Marabaixo acontecem vários rituais com seus significados e simbologias
próprias que vão desde orações e cultos aos santos católicos, como também o
consumo de bebidas alcoólicas à base de gengibre, a prática de danças ao som de
tambores e o uso de vestimentas que envolvem o ritual dito como profano, isto é, aquilo
que foge à doutrina católica. Os ladrões de marabaixo são cantigas populares orais
compostas por versos conhecidos como “ladrões”, pois, na composição dos versos,
os(as) cantadores(as) roubam a deixa de outro(a) e, no improviso, compõem novos
versos que ora estão voltados para apelos e agradecimentos aos santos da Igreja
Católica, ora retomam, satirizam, exaltam, denunciam fatos do dia a dia da população
local ou de âmbito maior. Assim, elege-se, como materialidade discursiva desta análise,
o “ladrão de marabaixo” intitulado “Marabaixo”, composto no final da primeira metade do
século XX por Julião Tomaz Ramos. O objeto de análise será os dizeres que transitam
no interior dos versos dessa cantiga, pois esse “ladrão de marabaixo” é tido como um
hino para os sujeitos negros envolvidos no Ciclo do Marabaixo de Macapá. Os discursos
que atravessam essa cantiga carregam processos de significação da vida social do/no
espaço urbano de Macapá, em meado do século XX, envolvendo os sujeitos negros que
foram remanejados de suas residências da área central da capital para bairros
periféricos, devido à política de desenvolvimento urbano do governo estadual. O
percurso analítico possibilitou estudar o “ladrão de marabaixo” como um gênero textual
que se ressignifica e produz sentidos para os sujeitos negros do Amapá. Identificou-se
um jogo discursivo que funciona por meio da tríade de posições-sujeito, negro-governo-
líder, e com as imagens que se têm/constroem dos sujeitos negros. Esse jogo
discursivo ora legitima a política de desenvolvimento urbano do governo estadual, por
intermédio do sujeito líder, ora tenta deslegitimar e silenciar os dizeres dos sujeitos
negros, possibilitando um efeito de assentimento acerca das ações do governo em
realoca-los em bairros periféricos de Macapá.
Resumo:
A cidade de Coimbra define-se como cidade-museu pelo viés da cultura, da história e da
ciência a partir de diferentes lugares discursivos e de sujeitos inscritos em formações
discursivas filiadas a esses lugares. A universidade – lugar do saber – representa um
desses lugares e, talvez por isso, funciona como um entre-lugar, no qual acontece o
embate entre o velho e o novo. A impossibilidade de apagar, de um lado, o fato de que
a UC é a segunda mais antiga universidade do mundo, posição visível por memórias
que ressoam pela biblioteca Joanina, pelas igrejas, por casarões, ruínas, ruelas,
aqueduto secular, jardim botânico e museu da ciência. Por outro lado, não é possível
apagar a UC como o lugar do saber científico, que agrega/alia passado-presente-futuro
no desenvolvimento de pesquisas que preservam e transformam memórias pela
configuração do tempo tridimensional, a partir de sujeitos e da inscrição deles em
lugares discursivos pelo político e pelo silêncio constitutivo do discurso da cidade-
museu. Recortamos para esta análise a morte e a pós-morte de Inês de Castro, como
um dos processos legitimadores de Coimbra cidade-museu, tendo em vista que nela
viveram reis, historiadores, cientistas e poetas. Além disso, Coimbra foi ‘o palco’ do
amor da morte de Inês de Castro – ‘a rainha de Portugal’. Na ‘Quinta das Lágrimas’,
ressoa ‘pela ausência’ o mito de Inês de Castro por meio da ressonância do
acontecimento da sua morte, que transformou a Fonte das Lágrimas no ‘céu da
memória’ de Inês de Castro e, por extensão, de Dom Pedro, sinalizando para o
funcionamento de um discurso político pelo qual Coimbra e Alcobaça disputam a
memória de Inês e o Infante Dom Pedro. Para dar conta desse discurso, buscamos
dispositivos analíticos na Análise de Discurso e na História, especialmente, em
Fernando Catroga, pesquisador que desenvolveu a noção ‘poética da ausência’, pela
qual interpreta e analisa ‘a cidade dos vivos’ pelo funcionamento metonímico do túmulo
– parte da cidade dos mortos - com vistas a compreender os silêncios e o político no
discurso sobre a ‘Rainha de Portugal’ – sujeito polêmico, mitológico, constituído,
contraditoriamente, de um lado como mulher apaixonada e, de outro lado, como uma
ameaça para a autonomia política de Portugal. A questão é saber o que é silenciado e
o que dado a ver pelo político.
Palavras-Chave: Análise do Discurso; mito; espaços urbanos.
Resumo:
Resumo:
tecnologia que, embora seja nossa leitura, vai além de nossa capacidade individual
(AUROUX) –, na relação paráfrase/polissemia, buscaremos também entender como as
relações planas da rede (LATOUR) podem nos lançar nesse texto que se abre a
determinada noção discursiva de ideologia. O trabalho se insere no campo da Análise
de Discurso de filiação francesa, especialmente em estudos do discurso digital.
Resumo:
“É quente nesta noite de verão e corpos suados revelam as muitas horas de celebração,
que se prolonga até altas horas sem que ninguém reclame pelo excesso de ruído. Este
é Porto Rico: puro Caribe” (NADAL, 2015, tradução e grifo meus). O trecho foi retirado
da grande reportagem “Puerto Rico, un tesoro escondido en pleno Caribe” (NGE, 2015)
– que compõe uma das publicações da National Geographic Espanha analisadas no
paper –, sobre um dos Estados que formam o Mar do Caribe. Formalmente, por Caribe
se diz “não apenas as ilhas das Antilhas, mas também todos os espaços marítimos e
continentais que compõem o perímetro geopolítico Caribe, que inclui a costa atlântica
da Colômbia, Venezuela, México, Guianas e América Central” (ARANA, 2004, p. 46-47,
tradução minha), porém os sentidos – que, diga-se, sempre podem ser outros
(PÊCHEUX, 1997, p. 160) – sobre esse lugar estão longe de ser definidos apenas pela
geografia ou por acordos econômicos. E desse horizonte nasce a pergunta que leva a
cabo esta primeira investigação: que sentidos o jornalismo de viagens produz sobre o
Caribe? Fala-se em primeira investigação porque, para investigar o como se fala (sobre)
o Caribe, vai-se inscrever o corpus em duas recentes reportagens veiculadas pelo site
da National Geographic Espanha, sobre as quais se vão traçar dispositivos teóricos e
analíticos atravessados pela Análise de Discurso. A começar pelo objetivo geral do
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Este articulo interessa-se na construção colaborativa do entorno urbano utilizando
meios digitais, tendo como referência, a preocupação sobre as faltas de garantias do
direito à cidade que existem nas comunidades marginadas. Nesta abordagem, o
arquiteto, devido a suas capacidades visuais e de síntese, toma a função de mediador
da informação para contribuir ao desenvolvimento de signos, os quais funcionam como
elemento de comunicação e de engajamento social. Entendemos que a construção
colaborativa pode ser analisada descrita em três níveis: (1) O processo colaborativo,
que busca entender a natureza do processo e estratégias de engajamento da
comunidade, como de mutirão ou autogestão. (2) O protótipo formal-espacial
desenvolvido, que entende sobre a concepção e representação, tanto como a escolha
dos materiais e as técnicas construtivas, e finalmente, (3) os mecanismos gráficos
efetivados na comunicação, utilizados na divulgação e construção do diálogo. Sendo
assim, dirige-se a análise às práticas colaborativas em rede de baixo para cima,
identificando aquelas que podem pertencer aos meios digitais e, toma como objeto de
estudo a produção do coletivo Arquitetura Expandida, especificamente no projeto La
casa de la lluvia [de ideas], localizado no bairro La Cecilia, localidade Cuarta, San
Cristobal Sur, Bogotá, Colômbia, a fim de identificar nestes três níveis, respondendo à
pergunta exploratória: como é possível integrar os meios digitais aos processos
colaborativos na criação do ambiente construído?. Como marco teórico, tomasse a
semiótica de C. S. Peirce, sustentado e articulado nas reflexões trazidas no artigo
publicado por Winfried Nöth na revista Intexto da UFRGS, intitulado ‘Análise de discurso
com Peirce: Interpretar, raciocinar e o discurso como argumento’, no qual, fundamenta a
9) Continuum espacial
Resumo:
“tempus”, ainda segundo a autora (IBIDEM). É neste quadro que propomos apreender o
“espaço”, diferenciando-o do “lugar”, e compreendê-los, não pela perspectiva
geográfica, mas discursivamente. Segundo Tuan (1983, p.6), entre outras maneiras,
podemos pensar “no espaço como algo que permite o movimento”, e se assim o
fizermos, “então lugar é a pausa”, e “cada pausa no movimento torna possível que a
localização se transforme em lugar”. O “silêncio fundador”, é definido por Orlandi como
“garantia do movimento dos sentidos” (2007, p.23), como o “‘lugar’ que permite à
linguagem significar” (IBIDEM, p.68). A autora nos diz que o “silêncio fundador” é o que
produz as condições para a significação, “que dá espaço de recuo significante”
(IBIDEM, p.102). Um dos modos pelos quais ela trabalha o silêncio e a linguagem, é
através dos conceitos de “aevum” e “tempus”. Orlandi explica que “em latim o tempo
marcado (tempus) tem uma relação com o ‘evo’ (aevum), que é o tempo contínuo. O
tempo é que marca o ‘evo’” (IBIDEM, p.25), e, refletindo sobre o silêncio e a linguagem,
de acordo com essas ordens de tempo, ela diz: “o silêncio é a matéria significante por
excelência”, que se assemelha ao “aevum”, na medida em que consiste em um
“continuum significante” (IBIDEM, p.29). Já a linguagem, como prossegue a autora,
imprime-se nesse continuum, “ela o marca, o segmenta e o distingue em sentidos
discretos, constituindo um tempo (tempus) no movimento contínuo (aevum) dos
sentidos no silêncio” (IBIDEM, p.25). É tendo em vista esta propriedade de continuum
(temporal) do aevum, a de continuum (significante) do silêncio, e o caráter fundante de
ambos, que os constituem como possibilidade de movimento (do tempo e da
significação), que buscamos definir discursivamente o espaço, visando apreendê-lo em
seu aspecto de continuum do movimento – dos sujeitos, dos sentidos – em sua
condição de base para a produção da cidade, do espaço urbano, do lugar. É assim que
propomos a compreensão do espaço enquanto continuum espacial. Quanto o conceito
de “lugar”, prosseguimos entendo-o como “pausa” (TUAN). Porém, deslocando-o para o
campo discursivo, com base na relação do “tempus” e da “linguagem” com “aevum” e o
“silêncio fundador” (ORLANDI), passamos a trabalhá-lo como “linguagem”, ou melhor,
como “discurso”, e, ao modo da “fala”, que “divide o silêncio, organiza-o” (IDEM, 2007,
p.32), o consideramos como uma divisão, uma “organização” (dos sentidos) do espaço,
enfim, como uma “pausa”, uma clivagem no movimento do continuum espacial.
Resumo:
Resumo:
A cidade é constituída por uma organização, injunção a trajetos, a vias, a repartições, a
programas, a traçados e a tratados. Porém, do ponto de vista simbólico, há dizeres que
trabalham na desorganização dessa organização. Ou seja, há discursos que
desorganizam uma rede de significação já estabilizada no e pelo urbano, produzindo,
assim, resistência. Há um confronto entre organização e ordem urbana. Imagem-
Cidade-Resistência é a série que proponho mobilizar para refletir sobre o tema
“Diferentes formas do discurso urbano: a linguagem, o político e o silêncio”, pensando,
sobretudo, os processos de significação em torno da vida em sociedade. Para tanto,
objetivo discutir o funcionamento de diferentes formas de linguagem no espaço público
e analisar o modo como algumas imagens se configuram como lugares de resistência
ou mesmo como elas produzem resistência na cidade, tomando como lugar de
observação: um graffiti do artista Bansky, fotografias que compõem o projeto Inside Out
realizado pelo artista JR, na Túnisia em 2011, e imagens do projeto fotográfico
desenvolvido, pelo mesmo artista, no Morro da Providência, no Rio de Janeiro,
denominado Women Are Heroes. Filiado à Análise de Discurso, esse estudo parte da
afirmação da linguagem e suas várias formas como mediadoras do homem e sua
realidade natural e social (ORLANDI, 1983; 1999; 2001). Concebe o espaço público
como espaço simbólico, espaço de sujeitos e de significantes. E toma a resistência
como possibilidade de deslocamento do já estabilizado, como ponto de ruptura de um
círculo de repetição (PÊCHEUX, 1990). Desse modo, interessa-me compreender como
diferentes imagens, enquanto formas de linguagem, ao mediar a relação do homem
com o espaço, podem transformar as relações sociais, ou seja, as relações de sentido
na e com a cidade. Podem funcionar como flagrantes do real da cidade trabalhando na
desestabilização da sobredeterminação do social pelo urbano, tendo em vista o fato de
a cidade ser um espaço de significação sujeito à transformação, ao silêncio, ao
silenciamento e à resistência. Com a análise das imagens aqui referidas, vislumbramos
a constituição de imagens como um poderoso instrumento de resistência que permite
resistir às políticas de esquecimento à medida que elas não deixam esquecer quer
sejam os sentidos de público da cidade, quer seja a cara da democracia, as reais
condições de existência do social.
Resumo:
É bastante comum a queixa de professores e de outros profissionais que atendem
crianças, e até mesmo jovens e adultos, de que estes apresentam dificuldades na
compreensão do uso funcional do parágrafo, ao produzirem textos com coerência e
coesão textual. A dificuldade se acentua quando os aprendizes apresentam
comprometimentos intelectuais ao processar habilidades de simbolização e abstração
em leitura e escrita. Partindo desta realidade, o objetivo do nosso trabalho foi o de
Resumo:
O principal objetivo deste trabalho é apresentar os resultados parciais de uma pesquisa
voltada para o campo da Neurolinguística Discursiva, a doravante ND. Trata-se,
especificamente, de um estudo de caso que visa analisar os dados linguísticos da fala
de uma criança com síndrome de Down e apraxia, contrapondo-se às perspectivas
patologizantes e reducionistas que limitam estes sujeitos. A apraxia de fala infantil (AFI)
não é uma doença, é um rótulo descritivo definido por um conjunto de sintomas clínicos
e, atualmente, vem sendo observada e diagnosticada na síndrome de Down, sendo
caracterizada como uma desordem neurológica que traz consequências na
programação e organização dos movimentos necessários para a realização da fala. Por
meio de uma terapia fonoaudiológica e linguística, focada nas principais dificuldades
apresentadas pela criança SD que, aqui, será chamada de IZ, visamos contribuir com o
desenvolvimento e controle voluntário na programação, sequencialização,
posicionamento e produção dos sons da fala em IZ, a fim de que este possa
desenvolver a linguagem oral de forma profícua e eficaz. O corpus desta pesquisa é
composto por um conjunto de dados linguísticos coletados no decorrer de atendimentos
realizados com IZ, no Laboratório de Pesquisa em Neurolinguística (LAPEN), na
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Para tanto, recorremos ao
arcabouço teórico- metodológico da doravante ND que nos propõe uma prática de
avaliar o sujeito de forma longitudinal, ou seja, por um período maior, no dia a dia e nas
suas relações com o meio social, em diversas sessões em que há o uso efetivo da
língua. Recorremos, em específico, aos postulados de Coudry e Morato (1990),
Canghilherm (1994) e Schwartzman (1999) acerca, respectivamente, dos aspectos da
linguagem na criança com síndrome de Down e aos conceitos de apraxia de fala,
conforme proposto por Kumin (2006) e Carrara (2016). Este estudo ancora-se, ainda,
nos postulados da Teoria Histórico Cultural (THC) que considera a importância do Outro
no processo de ensino e aprendizagem da criança.
Resumo:
A Síndrome de Down (SD) é uma cromossomopatia reconhecida em 1866 por John
Langdon Down. É caracterizada como uma alteração genética que ocorre durante a
divisão celular do embrião, e as características da síndrome descritas na literatura
médica são inúmeras. Entre elas, as alterações de linguagem podem interferir na
comunicação e no desenvolvimento global dos sujeitos diagnosticados com a síndrome.
A Fonoaudiologia é a ciência que abrange os estudos na área dos distúrbios da
comunicação humana, e a intervenção fonoaudiológica precoce é uma mediação
determinante na promoção do desenvolvimento da linguagem das crianças com SD. A
pesquisa em questão teve como objetivo observar o processo de aquisição e
desenvolvimento de linguagem de crianças com síndrome de Down por meio da
Musicoterapia, que utiliza instrumentos sonoros e seus elementos como o ritmo,
melodia, harmonia e sons para a reabilitação física, mental e social. Utiliza-se do uso da
expressão não verbal e verbal; da improvisação; ou da recriação de músicas, no intuito
de despertar as capacidades de percepção e expressão da criança com a música. O
delineamento metodológico da pesquisa ocorreu com intervenções fonoaudiológicas na
clínica escola Unicesumar, em torno de seis meses, com encontros semanais de 1 hora.
O grupo era formado por cinco crianças com SD, com idade entre dois e cinco anos e,
cinco estudantes do curso de Fonoaudiologia de anos letivos variados. Foram utilizadas
canções infantis cantadas e variadas para enriquecer o vocabulário das crianças e a
oportunidade de manipular instrumentos musicais, de formas variadas, como: madeira,
papel, metal, plástico e sementes. Além de cada instrumento emitir sons específicos,
possuem temperaturas, texturas e cores diferentes, estimulando as percepções
sensoriais das crianças. Os resultados da presente pesquisa de experiência
musicoterápica demonstram que as crianças utilizaram condições não-verbais de
linguagem para expressarem-se durante as intervenções, realizando um dos processos
dialógicos que De Lemos (1989) designa como especularidade, pois especulavam
enquanto ouvia uma música, ou balançava os instrumentos musicais, dessa forma
desenvolvendo-se e expressando-se de modo integral proporcionado pelo ambiente de
interação social vivenciado no grupo. Concluiu-se que as intervenções fonoaudiológicas,
utilizando a musicoterapia como estratégia nos atendimentos em grupo de crianças com
SD, favoreceu a aquisição e o desenvolvimento da linguagem dos sujeitos participantes,
no que tange as habilidades cognitivas, emocionais, linguísticas, sociais e motoras.
Evidenciando melhorias na qualidade de vida e na promoção da saúde desses sujeitos
e de seus familiares.
Resumo:
Este trabalho objetiva caracterizar as especificidades da linguagem oral e escrita das
crianças com síndrome de Down (SD) na etapa da educação infantil contrapondo-se à
perspectiva biológica patologizante e reducionista a respeito do como se configura a
aquisição da linguagem desses indivíduos visando fornecer subsídios aos professores e
pais sobre especificidades nesse processo. O estudo ancora-se na Neurolinguística
Discursiva (ND) e na Teoria Histórico Cultural (THC) as quais consideram a linguagem
como uma atividade a ser desenvolvida a partir de suas interações, e que toda criança
pode aprender, embora possa fazê-lo por caminhos diferentes, ainda que apresentem
especificidades em relação à esse processo. Os dados foram coletados
longitudinalmente em situações interacionais no Laboratório de Estudos e Pesquisas em
Neurolinguística- Lapen, em uma Universidade estadual do interior da Bahia. Os
participantes da pesquisa foram quatro crianças acompanhadas no Laboratório, por
quatro anos. Os resultados demonstram que embora passem pelas mesmas etapas as
crianças SD necessitarão de um tempo maior para sistematizar o conhecimento
internalizado, sendo notada na oralidade a presença de processos fonológicos como
dessonorização, apagamento de silaba átona, anteriorização e posteriorizaçao,
permanecendo por mais tempo do que em crianças tipicas. Outro fato marcante na fala
dessas crianças é a presença do estilo telegráfico, caracterizado por omissão de artigos
conectivos e até mesmo verbos. Isso ocorre na fala de qualquer criança, mas nas
crianças SD irão permanecer também por mais tempo. Todos esses processos irão
trazer uma característica infantilizada às suas produções. Na escrita encontramos
também o estilo telegráfico além de uma grande resistência por parte das crianças de
entrar no processo de escrita. Consideramos que as características da fala de pessoas
com SD são as mesmas encontradas por todas as crianças típicas, entretanto estas
permanecem por um tempo maior, além disso, elas necessitam de maior mediação por
parte do professor pois ele fornecerá os modelos necessários para uma efetiva
internalização da linguagem. Outro fator observado é que estas crianças parecem
apresentar períodos de latência nos quais parecem não internalizar ou sistematizar o
aprendizado, mas que após algum tempo demonstram que aprenderam. Alguns autores
denominam estes períodos de saltos, e é preciso que os professores tenham
conhecimento deste fato para não se sentirem desestimulados com a aparente não
aprendizagem da criança, o qual ocorrerá mais tardiamente. É preciso salientar que
apropriação da linguagem seja ela típica ou não está sempre relacionada com a
efetividade das interações fornecidas à essa criança.
Palavras Chave: Síndrome de Down; Linguagem orla, linguagem escrita.
Resumo:
Por meio da linguagem, o ser humano transforma a realidade em que vive e a si
mesmo, funda a existência humana, ou seja, confere-lhe sentido. E é esta capacidade
de atribuir sentidos que interessa à Análise do Discurso. O campo de estudo em
questão tem como objeto de estudo o discurso e seu sentido. Dito de outro modo, “ a
língua funcionando para a produção de sentidos”, enquanto trabalho simbólico, parte do
trabalho social geral constitutivo do ser humano e de sua história. Por meio desse
estudo, pode-se conhecer melhor aquilo que faz o homem um ser com capacidade de
significar e significar-se. No trabalho em questão, abordaremos o conceito de formação
discursiva para embasar nossa análise. Este conceito consiste, na visada
Pêucheuxtiana, no que pode e deve ser dito de acordo com uma formação ideológica
dada, ou seja, numa determinada conjuntura social e histórica. Dessa forma, apropriar-
nos-emos deste conceito como forma de compreender o funcionamento do dizer em
contraponto com o feminismo e o posicionamento ideológico dos sujeitos-personagens
Ana e Catarina presentes no livro Laços de Família, da escritora Clarice Lispector.
Buscaremos por meio das formações discursivas, também, identificar a vertente social
presente no e sobre o discurso de cada uma das personagens, uma vez que nesse
conceito da Análise de Discurso as palavras não têm sentido nelas mesmas, pois
derivam seus sentidos das formações discursivas nas quais se inscrevem.
Palavras-Chave: Formação discursiva; Feminismo; Laços de Família.
Resumo:
Este artigo teórico-metodológico parte de uma perspectiva arqueogenealógica,
subsidiadas pela Análise do Discurso de linha francesa e seus desdobramentos no
Brasil, e tem como objetivo geral compreender o modo como o discurso cinematográfico
nacional, mais precisamente o filme Tatuagem (2013), dirigido por Hilton Lacerda, por
meio de um simulacro do cotidiano das relações, desconstrói a normalidade
heteronormativa cristalizada na nossa sociedade brasileira. Para tanto,
problematizaremos os conceitos de norma e normalização, que constituem e
movimentam as novas formas de se relacionar, possibilitando perceber a emergência de
um temor, um pânico moral que atinge a sociedade ocidental de uma forma geral,
contudo em nossa pesquisa faremos um estudo específico do Brasil. Trata-se de um
pânico que evolui e aumenta, na medida em que as práticas sexuais e amorosas que
são reorganizadas pelo casamento em uma relação imaginária com o Estado colocam
em risco a instituição família. Como espaço de circulação dos sentidos, o cinema,
dentre outras mídias, comporta mecanismos que conformam efeitos de verdades e
Resumo:
Esta reflexão se propõe a analisar quando e como um discurso torna-se um
acontecimento, de acordo com os pressupostos da Análise do Discurso peucheuxtiana.
Levando-se em consideração que todas as ocorrências que acontecem na vida de um
povo faz parte de sua história, então teremos que todo e qualquer fato por qual essa
comunidade passe, trata-se de um acontecimento histórico. Contudo, ser um
acontecimento histórico não necessariamente é ser um acontecimento discursivo. Dito
de outro modo, a história enquanto ciência traz enunciados estabilizados e enquanto tal
suscita uma resposta unívoca. Tendo em vista que, para ele, os fatos históricos são
interpretações dos fatos e não os fatos em si, o real é apreendido na interpretação.
Podemos pensar aqui o clássico exemplo dado por Pêcheux ao analisar o enunciado
“on a gagné” que à época das eleições na França destacou-se na mídia. Tal expressão
Resumo:
Este trabalho, sob o proposto teórico-metodológico que traça Roxane Rojo articulando o
conceito dos multiletramentos e a teoria dos gêneros do discurso de Bakhtin e seu
Círculo, trata-se de uma possibilidade de leitura, por meio de uma análise discursiva da
obra literária infantil O Cabelo de Lelê (2012) e da música brasileira Menina Pretinha
(2016), com enfoque na modalidade visual, a fim de desvelar possíveis relações de
poder. Para isso, recorremos a Foucault, mais especificamente, suas teorias sobre as
relações de poder, para problematizar a atual condição da escola diante dos embates
de forças entre letramentos dominantes e vernaculares, que já adentram seus muros
como efeito da revolução tecnológica e da globalização. Textos com temáticas de
culturas locais, como a estética e modos de ser das meninas negras, são produzidos,
lidos e já circulam, inclusive, no ambiente escolar, principalmente, por efeito das lutas e
conquistas do feminismo negro. Sublinhamos a importância deste estudo por conta da
temática feminista negra, bem como a ampliação da inserção da linguagem artística
visual em sala de aula numa abordagem sob o conceito de multiletramentos. A análise
discursiva da produção literária e da produção videográfica das quais nos dedicamos
permitiu-nos uma possibilidade de leitura que desvelou, por um lado, efeitos de sentido
sobre a linguagem visual e, por outro, a diversidade cultural com que as identidades das
meninas negras tem se construído na volta às origens para formar novos modelos de
estética, desconstruindo os modelos de branqueamento. A constituição de ambos os
gêneros discursivos na forma composicional, estilo e tema nos apontaram, entre outras
coisas, nas relações de poder, a luta da menina negra para se afirmar, assim como
afirmar sua cultura. Portanto, tal recorte atende, na instância da multiplicidade das
semioses e na pluralidade cultural, ao trabalho proposto por Rojo a partir do conceito de
multiletramentos. Diante da ampliação ao acesso à tecnologia/comunicação/informação,
mudanças sociais profundas ocorreram de modo que não cabe mais à escola ignorá-
las, já que implicam em transformações nas maneiras de ler, produzir e circular textos e
também na maneira como o aluno se vê em sua cultura local. Discutindo tais mudanças,
Rojo articula, baseando-se na questão de como trabalhar leitura e escrita na escola, seu
trajeto teórico-metodológico sob três aspectos: letramentos multissemióticos,
letramentos multiculturais e letramentos críticos e protagonistas. No eixo que se
articulam tais aspectos está a questão do poder que, em suas relações, coloca a escola
diante de alunos que pertencem a uma sociedade de múltiplas produções de semioses
e culturais e nessa rede que formam as relações de poder num movimento de resistir e
ceder, a escola, mesmo com sua rigidez no privilégio de letramentos dominantes, se vê
permeada por essas novas e outras semioses e multiculturalismo. Encontramos, assim,
em Foucault, a teoria que discute essa quebra da repressão e percebemos que as
próprias relações de poder são a possibilidade de, nesse jogo, no qual a escola apaga e
rejeita, também cede e aceita por conta da ação dos sujeitos que cada vez mais
resistem ao privilégio dos letramentos valorizados e se constituem nas práticas de
letramentos vernaculares.
Resumo:
Para Michel Foucault (1997, 2004, 2013), o discurso consiste em prática de poder que
se imprime nas mais diversas materialidades e se difunde por todo o tecido social. O
poder estatal, desde a modernidade, assume essa forma difusa de gerir a população a
partir de diversos saberes, a fim de extrair-lhe – com o mínimo de recursos – a máxima
potência de trabalho. Contudo, em meio a essa articulação microfísica do poder, os
sujeitos a serem governados podem também encontrar brechas para criar espaços de
luta e resistência contra o poder em todo lugar onde ele está. Depreende-se então uma
arquegenealogia do discurso, cujo fim último é contribuir para o combate ao
pensamento unitário. Seu aparato teórico-metodológico é fundamental para os Estudos
pós-coloniais, amplo campo investigativo disposto a compreender como o conhecimento
foi/é instrumentalizado para a prática do imperialismo e de influências neoimperiais. É
sobre essas bases que Edward Said (2007) e Chandra Mohanty (1984) apontam o
funcionamento de uma hegemonia discursiva eurocêntrica de estereotipia e
inferiorização de culturas e sujeitos islâmicos que funcionam para o contínuo exercício
de sua colonização cultural e política . No contexto de proibição de usos do véu islâmico
na França, em vigor desde 2011, feministas islâmicas denunciam a reafirmação de um
estereótipo de mulher islâmica como deseducadas e sem poder que tem justificado a
interferência legal em suas práticas e costumes no país e o apagamento das vozes das
muçulmanas frente à questão. Em busca de compreender como seria possível lutar
contra esse discurso hegemônico de estereótipo dessas mulheres, visualmente
reconhecidas no Ocidente pelo uso do véu, neste trabalho, trazemos a pertinência da
arquegenealogia foucaultiana e promovemos um diálogo de suas concepções
discursivas de poder resistência com as noções de resistência sutil e pós-colonial por
meio das artes, propostas por Bill Ashcroft (2001). Desta vista, o filme irano-americano
A Girl walks home alone at night (2014) constitui uma materialidade discursiva cujas
Resumo:
O presente trabalho propõe analisar como se materializa no capítulo doze da obra
“Virgeu de Consolaçon” uma cultura do cuidado de si cristão. Para tanto, temos como
pressupostos teóricos a história do sujeito, sob uma perspectiva do cuidado de si,
elaborada por Foucault (1985), sobretudo no terceiro volume da obra História da
sexualidade. O corpus selecionado para tal investigação trata-se de um capítulo do livro
intitulado “Virgeu de Consolaçon” – pertencente ao século XIV da história portuguesa –
que trata da castidade enquanto uma lei da doutrina católica e à qual se submetem os
homens e mulheres que dispõem de sua vida à causa religiosa. Enquanto um texto que,
cronologicamente, está inserido em uma das fases, evidenciadas por Foucault (1985),
do cuidado de si, procuramos compreender como o modelo ascético-cristão do cuidado
de si, social e historicamente contextualizado, pode ser compreendido no corpus em
relação à temática da abstinência sexual enquanto uma prerrogativa para a purificação
espiritual e para a aproximação do homem para com Deus. A elaboração deste trabalho
justifica-se por desenvolver uma análise em um texto do século XIV da língua
portuguesa, sobre o qual ainda não foram desenvolvidos estudos pelo viés da análise
de discurso, tendo como ponto de partida o conceito do cuidado de si foucaultiano. Para
tanto, selecionamos como corpus o capítulo doze da obra referida anteriormente – que
era direcionada, no medievo português, aos homens que dedicavam a vida ao
sacerdócio e que haviam feito, entre outros votos, o voto de castidade – denominado
como Duodecimo capitolo – da fala e conversaçon que os homẽes nõ devẽ haver cõ as
molheres. O capítulo em questão aborda especificamente a temática da castidade
Resumo:
Resumo:
A beleza sempre esteve presente na história da humanidade, em rituais que permeiam
a vida dos sujeitos. Somos atravessados, na contemporaneidade, por discursos que se
materializam em imagens, em movimento ou não, que não cessam de lembrar sobre a
importância de ter boa aparência, um corpo belo, vestir-se na moda, como fórmula para
ser feliz, ser saudável, conquistar a longevidade e destacar-se socialmente. As
sociedades ocidentais, demarcadas pela hegemonia do sistema capitalista, presenciam
a emersão de uma economia da aparência corporal, especificamente em nosso trabalho
a aparência feminina, que faz do reconhecimento da beleza, a partir de padrões
preestabelecidos, uma forma de poder. A beleza feminina, reflexo de uma cultura
midiática, passou a ser objeto de poder do sujeito na sociedade. A representação da
mulher, hoje, é contornada por um apelo, manifestado pelos meios de comunicação e
pela publicidade, que disseminam a idealização de “formas perfeitas”. Assim, a
sociedade pós-moderna, pensada pela perspectiva foucaultiana, é caracterizada por um
controle biopolítico da aparência corporal, que se desdobra em biopoderes, a partir de
dispositivos de poder, como a mídia e a publicidade, cujo objetivo é disciplinar e
controlar os corpos por meio da venda de produtos/imagens corporais. Visando
entender a transformação da beleza em exercício de poder e estratégia de controle
biopolítico, procuramos, neste trabalho, responder à seguinte questão: a partir do que é
colocado em regime de (in)visibilidade, quais discursos estão inscritos em iconografias
acerca da beleza feminina na pós-modernidade e fazem emergir práticas discursivas
Resumo:
Esta comunicação faz parte do projeto Cadernos de Teorias da Linguagem do Centro
de Letras e de Ciências Humanas da Universidade Estadual de Londrina, especialmente
do núcleo de estudos bakhtinianos desse Projeto. A linguística da enunciação, com
precursores como Émile Benveniste (1976) e Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1987), cada
um a seu modo, repensa a oposição saussuriana entre língua e fala, principalmente
quando colocam o discurso como matéria linguística. A partir dos conceitos de
enunciação e discurso em Bakhtin, precisamente, analisamos o mecanismo enunciativo
como alicerçado sempre por um dialogismo constitutivo. É esse dialogismo que permite
aos valores ideológicos circularem – nem sempre de maneira contratual – por meio dos
percursos dos signos nos heterogêneos discursos sociais. Nessa interdiscursividade
fundadora da comunicação social, não se pode deixar de lado o papel decisivo do
discurso literário. A literatura se ergue como discurso, compondo um dialogismo
interdiscursivos com os demais discursos sociais. É esse viés da teoria da linguagem
de Bakhtin que utilizamos aqui para a análise do poema “Não há Vagas”, de Ferreira
Gullar (1980). Nossa análise do texto de Gullar procura mostrar como a teoria do
dialogismo e da polifonia proposta por Bakhtin pode ser observada na literatura.
Analisamos as construções e os meios presentes na constituição das várias vozes que
permeiam o poema. Sendo assim, podemos observar que as relações entre literatura e
linguística são bem mais próximas do que os debates contemporâneos têm
contemplado; pois, o texto literário só se constitui como literatura porque se consolida
como discurso impregnado de história, de enunciação e dos enunciados gramaticais.
Bakhtin nos desvenda o dialogismo constitutivo do signo na poética e o valor ideológico
que a palavra adquire em meio à comunicação social. O signo ideológico faz parte do
discurso e da comunicação social: é do discurso e é da história. Não é propriedade de
nenhum gênero discursivo. Pretende-se aqui discutir, essencialmente, o discurso da
obra literária; de acordo com a escola russa, o discurso da obra poética. Por meio da
análise linguística da obra literária, é possível dar uma outra perspectiva para o objeto
analisado, mostrando como as diversas ideologias que perpassam qualquer texto
aparecem e também se intercruzam no discurso da literatura e são concretizadas pelas
várias vozes presentes no poema. Bakhtin contribui ainda para a discussão do papel
fundamental que a literatura tem no contexto geral da língua e da linguagem;
destacando que apenas a literatura consegue exprimir certas ideias de certos sujeitos
inseridos em certos contextos sócio históricos. O mestre russo é um dos que, dessa
forma, nos assegura que há, uma relação intrínseca e específica entre essas duas
áreas da Humanidades: Linguística e Literatura, permitindo-nos perceber os limites da
língua além das interações cotidianas. Bakhtin aproxima-se mais da análise literária nos
anos finais da vida, unindo de forma cada vez mais intensa a língua e a poética.
Palavras-chave: Bakhtin; Enunciação; Dialogismo; Discurso Literário; Poética; Ferreira
Gullar.
Resumo:
Ângela Lago, artista plástica mineira e escritora de literatura infantil, tem, dentre as
produções de seus textos, livros-imagem como uma proposta de leitura para o público
infantil. Dentre estes livros, aqui destacaremos o livro “O cântico dos cânticos”. Este
livro com tema provindo de uma poesia lírica apropriada pelo Rei Salomão que faz parte
dos oito cânticos dos livros de sapiência, traz na instância do mostrar o (des)encontro
amoroso de um casal. Na constituição da históra, por meio de imagens, tem-se, na
modalidade enunciativa visual, efeito de dessemelhança, termo utilizado por Rancière.
Tendo em vista que o termo dessemelhança refere-se ora à alteridade ora à identidade
e ora à alteridade identitária da e na imagem, busca-se nesta reflexão discutir o ser da
literatura na e por meio da imagem. Contudo, esta reflexão se pautará em dois
movimentos filosóficos, ou seja, nas reflexões acerca da literatura proposta por Michel
Foucault e nas reflexões filosóficas acerca da imagem proposta por Jacques Ranciére.
Da literatura, o livro “As palavras e as coisas” escrito por Foucualt e alguns de seus
interlocutores e também de seus comentadores; da imagem, o livro de Rancière “o
destino das imagens” e alguns de seus comentadores.O objetivo principal nesta
comunicação é pensar o ser da literatura a partir da imagem e, no nosso caso, do livro-
imagem em questão. Para tanto, será feito um recorte deste livro proposto para o
público infantil a fim de que se questione não o que é a literatura e sim o seu ser.
Nestes sentido, a própria questão de se pensar a literatura produzida para o leitor
criança enquanto uma modalidade enunciativa de menor importância para a constituição
do cânome, será posta em xeque.
Resumo:
A construção e reconstrução de conhecimento em aulas de língua inglesa muitas vezes
seguem um discurso monológico no qual apenas um ponto de vista é representado, por
mais diversificados que sejam os meios de representação. Os modelos de diálogos, por
exemplo, são usados para, meramente, praticar a fala e fornecer exemplos de itens e
usos de linguagem. Neste cenário, os diálogos são pouco autênticos, bem diferentes
dos diálogos da vida real, pois contêm gramática e vocabulário simplificados para uma
determinada atividade e a duração, geralmente curta, das aulas. Neste método, as
ideias e as vozes dos professores são as primeiras e últimas nas salas de aula, em uma
espécie de força onipresente e autoritária. Muitas vezes, a franqueza e a formalidade
com as quais o professor se expressa em sala de aula pode ser um reflexo do contexto
institucional e da sua posição de autoridade, podendo reduzir as oportunidades de os
alunos praticarem diálogos mais autênticos dentro e fora da sala de aula. Para Mikhail
Bakhtin, o monologismo indica desligar o processo de diálogo, bem como suas
potencialidades. Para ele, o diálogo é a natureza da vida humana em si, uma espécie
de discurso e um modelo de consciência centrado na comunicação. É através das
interações sociais, que o ser humano resiste, confronta e constrói sentidos. O objetivo
deste trabalho é uma reflexão a respeito da aplicabilidade do diálogo e do dialogismo,
propostos por Bakhtin, no processo de apropriação da língua inglesa a partir de
observações de aulas em um contexto acadêmico. A coleta de dados foi realizada por
meio de gravação de vídeos, totalizando oito horas distribuídas em quatro encontros, de
um curso denominado ‘Language Development in Academic Contexts’, oferecido pelo
programa ‘Inglês Sem Fronteiras’, pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e
teve, portanto, a sala de aula como espaço de circulação discursiva. Foi observada a
dialogicidade presente nas interações verbais face a face e práticas discursivas por
meio da produção e da compreensão dos significados. As práticas discursivas
dialógicas demonstraram grande influência na subjetividade, valorizando o
conhecimento sócio-histórico e cultural prévio dos participantes, sob uma perspectiva
interacionista da linguagem. Nesse modelo de aula proposta, o professor compartilhou
de sua autoridade com os estudantes, servindo apenas como facilitador do processo.
Os alunos trabalharam de forma dialógica, através de conversas exploratórias,
marcadas pela originalidade e autenticidade, e foram estimulados a pensar
sensatamente. Suas vozes foram ouvidas e suas opiniões valorizadas, proporcionando
tanto confrontações quanto convergência de sentidos no decorrer das aulas. Esta
relação de sentidos que se estabeleceu entre os enunciados na comunicação verbal
dos alunos, que é defendida por Bakhtin, foi possível graças ao considerável espaço
cedido para o processo interacional e o dialogismo mediado através da língua inglesa.
O presente estudo demonstra que os conceitos de diálogo e dialogismo de Bakhtin
podem ser usados como ferramentas de ensino e aprendizagem.
Resumo:
como foi organizado. Os textos a serem trabalhados foram selecionados com a intenção
de chamar a atenção do leitor logo de início, motivando-o para a leitura. Nossa pesquisa
está fundamentada na concepção interacionista de linguagem, na perspectiva dialógica
dos estudos de Bakhtin (2016) e contempla também os pressupostos teóricos sobre
leitura abordados por Leffa (1996), Solé (2008) e Coracini (2010). Buscamos, com o
trabalho em sala de aula, promover a prática da leitura e da compreensão textual,
desenvolvendo, nos alunos, além da motivação para a leitura, a possibilidade de fazer
inferências e de expressar sua criticidade. Nesse sentido, nossa proposta busca fazer
com que os alunos entendam que não existe neutralidade no discurso, que é necessário
que eles, enquanto leitores, desenvolvam suas próprias estratégias para compreender o
enunciado e definir seu posicionamento diante do que está lendo. Ressaltamos o papel
do professor de Língua Portuguesa em auxiliar os alunos a desenvolverem as
competências necessárias para participarem de economias e de sociedades pós-
industriais, a compreenderem os diferentes efeitos de sentido que uma mesma
informação pode ter, dependendo do veículo que a divulga, dos sites que se pode visitar
e da confiança na veracidade dessa informação. Em um mundo tecnológico, a
informação pode ser produzida e acessada por qualquer pessoa de maneira muito
veloz, sendo imprescindível que se consiga compreender as diferentes abordagens que
ela pode ter. Ao estudar reflexivamente um discurso, o leitor pode se sentir impelido a
concordar ou não com a opinião do autor, mas nunca ficará indiferente a ele.
Acreditamos que a leitura pode oportunizar nos alunos a possibilidade de desenvolver
suas próprias posições valorativas diante dos enunciados, tornando-os cidadãos plenos.
Resumo:
Ramos (2010; 2011; 2014) trata a tira cômica como gênero quadrinístico, tendo como
característica fundante o humor como desfecho de uma expectativa, construída a partir
de uma sequência narrativa. Compara a tira a certas estratégias textuais presentes nas
piadas, tais como: exploração de estereótipos, inferências, ambiguidades, narratividade
etc. Em livros didáticos, vestibulares, Enem, Prova Brasil e concursos, é comum o uso
da tira cômica e outros gêneros (charge, cartum, histórias de aventuras). Com base no
levantamento dos gêneros quadrinísticos utilizados no livro didático “Gramática: texto,
análise e construção de sentido” de Maria Luiza A. Abaurre e Marcela Pontara (2006),
Ensino Médio, volume único, há 287 ocorrências presentes em exercícios e
sistematizações teóricas: 256 tiras, 16 cartuns, 1 charge, 11 textos sem especificação
de gênero, 2 denominadas apenas como quadrinhos, 1 caso de mistura de tira e charge
em mesma atividade. Nesse sentido, além do objetivo de levantar quais gêneros são
utilizados, verificamos de que forma a caraterização do gênero "tira cômica" — em
especial, “Garfield’ de Jim Davis e “As Cobras” de Luiz Fernando Veríssimo — é trazida
à tona para as discussões gramaticais, uma vez que o foco do livro é a gramática.
Identificamos 6 ocorrências de “As Cobras”, sendo 2 tiras voltadas para classes
gramaticais, 1 para sintaxe, 2 para interpretação de texto e 1 para figuras de linguagem.
Já em relação a “Garfield”, foram encontradas 20 tiras cômicas, no entanto existe 1
caso de classificação de cartum e 1 de texto sem especificação de gênero pelas
autoras. Nessas tiras, foram contemplados: morfologia (5), interpretação de texto (4),
sintaxe (3), regência (1), concordância (3), crase (1), coesão e coerência (1), vestibular
e Enem (2). Observamos que a linguagem dos quadrinhos, de modo geral, constitui um
aporte secundário para as discussões gramaticais, apesar de Geraldi, desde a década
de 1980, destacar a urgência do trabalho com a língua portuguesa a partir do texto.
Esse ponto é retomado por diversos linguistas — por exemplo, Antunes (2007; 2014) e
Neves (1999) — e pelos próprios documentos oficiais (Parâmetros Curriculares
Nacionais e Diretrizes Curriculares de Ensino, no Paraná) DCEs). A caracterização dos
gêneros aparece em vários momentos, para exploração gramatical, inclusive nas tiras
de “Garfield” e “As Cobras”.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Gêneros multimodais são comumente apresentados em sala de aula, porém sua
abordagem fica aquém do potencial dos textos. Com a pesquisa aqui relatada
buscamos propor uma abordagem pedagógica da multimodalidade, uma lacuna ainda
presente na realidade escolar brasileira. Com interesse na leitura e na produção de
textos multimodais, realizamos um estudo analítico-descritivo com abordagem
qualitativa (Fase I), buscando estabelecer parâmetros para a validação de um novo
gênero com potencial de ferramenta para a comunicação contemporânea (ROAS, 2006;
ZAVALA, 2006) por nós denominado microcrônica verbo-visual. A pesquisa afilia-se às
áreas da Linguística Sistêmico- Funcional, da Semiótica Social e da Escola de Sydney.
Considerando gênero tanto como prática social desenvolvida em estágios orientados
para um objetivo (MARTIN, 1985; 1997) quanto como uma configuração recorrente de
significados plurifuncionais relevantes para uma dada comunidade (MARTIN; ROSE,
2008), formulamos protocolos de análise para o reconhecimento de como significados
plurifuncionais (HALLIDAY: MATTHIESSEN, 2004; 2014) eram produzidos e como se
articulavam os modos semióticos (KRESS, van LEEUWEN, 2006) em um único quadro.
Aplicamos esses instrumentos a um conjunto de 100 microtextos publicados
diariamente em um jornal circulando na região sul do Brasil e, numa fase posterior do
estudo, coletamos textos no ambiente digital. Com os resultados, reconhecemos como o
propósito sociocomunicativo que dá unidade ao gênero o de partilhar uma impressão
pessoal sobre um tema considerado relevante socialmente, a partir do que o cronista
interpreta da representação de significados atinentes ao cotidiano representados
visualmente. Se circunscrita ao jornal, impresso ou online, esse propósito se amplia,
possibilitando ao jornalista e, por extensão, à empresa jornalística, o estreitamento de
laços com o leitor por meio do (re)conhecimento de aspectos do cotidiano de ambos
representados semioticamente. A construção semiótica escolhida pelo cronista é
apresentar seu texto como uma soft news (TUCHMAN, 1972) no espaço do jornal, onde
imperam as hard news. Os dados evidenciaram o gênero como uma espécie de zoom
para questões do dia a dia. A estrutura global do gênero consiste da apresentação de
uma imagem fotográfica e sua interpretação verbal. A configuração Cenário ^
Comentário ((Apreciação)/ (Locução) / (Ideia)) corresponde à estrutura esquemática de
Resumo:
O ensino de Língua Portuguesa no Brasil tem demonstrado que a prática da escrita
apresenta supremacia sobre a fala. Por outro lado, é comum nos textos dos aprendizes
a presença de marcas da oralidade. Diante desse conflito entre a fala e a escrita,
evidenciamos a necessidade de desconstrução da ideia de “erro” gerada nas mais
variadas situações de uso da linguagem que nos colocamos, inclusive em nossas
escolas. Nesse contexto, buscar a compreensão da escrita com marcas da oralidade
faz-se necessário, através do viés dos processos fonológicos, fenômenos linguísticos
Resumo:
Não obstante as discussões sobre o ensino de Língua Portuguesa façam parte do
cenário nacional, desde a década de 1980, os dados negativos em relação às
competências linguísticas dos alunos e a ambiência conflituosa em sala de aula ainda
são realidades comuns em escolas públicas brasileiras. Neste contexto, esta pesquisa-
ação participativa (MORIN, 2006), de natureza interventiva, do MESTRADO
PROFISSIONAL EM LETRAS/UFJF, pretende apontar uma possível alternativa ao
modelo clássico de aula predominante na maioria das escolas, de modo que o ensino-
aprendizagem de Língua Portuguesa faça, de fato, diferença na vida dos alunos,
despertando o interesse pelo processo de construção dos conhecimentos necessários a
uma formação cidadã. Tal processo só existe na interação, assumindo-se, assim, a
perspectiva de que a “língua é fundamentalmente um fenômeno sociocultural que se
determina na relação interativa e contribui de maneira decisiva para a criação de novos
mundos e para nos tornar definitivamente humanos” (Marcuschi, 2001, p.125). Para se
alcançar este objetivo, considera-se como caminho possível um modelo de aulas
estruturado por meio de DINÂMICAS DE GRUPO PARA SE FAZER NA ESCOLA,
projeto em desenvolvimento desde setembro de 2016, na Escola Municipal Santos
Dumont, em Juiz de Fora (MG), em uma turma de 7º Ano, do Ensino Fundamental II.
Contrapondo-se ao modelo tradicional de aula, as dinâmicas de grupo serão utilizadas
com o escopo de oferecer aos alunos aulas efetivas de Língua Portuguesa,
interconectando os quatro eixos do ensino: leitura e produção de textos (literários e não
literários), oralidade e análise linguística, como condição para a formação de sujeitos
participativos e conscientes de seu papel na construção de uma sociedade mais ética e
solidária, em oposição a um mundo de relações cada vez mais “líquidas” (Bauman,
2003). Por sua natureza interativa, as dinâmicas de grupo criam possibilidades de um
modelo de aula e de sala de aula diferenciado do tradicional, pois não somente rompem
com a canônica disposição das carteiras em filas, uma vez que a sua execução requer
que o trabalho seja feito ora em círculo, ora em grupos (de tamanhos variados), como
também favorecem a aproximação de seus integrantes, evidenciando, assim, vários
pontos positivos, dentre eles: permitir que todos se “enxerguem”; favorecer o diálogo e
as oportunidades para que todos tenham voz; criar condições para o desenvolvimento
da cultura de respeito à diferença e à pluralidade; possibilitar a construção
compartilhada dos saberes em que o aprender e o ensinar façam parte do processo
educacional; possibilitar a ampliação das dimensões cognitivas, humanas, culturais,
artísticas do aluno, falante de uma língua viva, que, segundo Antunes, é “histórica e
culturalmente situada”. Esta tecnologia pode ser uma ferramenta importante para ser
usada em sala de aula, pois além de promover o conhecimento, sensibiliza os
participantes a um novo olhar sobre si mesmos e sobre o grupo. A intervenção propõe o
trabalho com quatro dinâmicas de grupo, orientadas por temas: duas que já foram
desenvolvidas: a primeira, QUEM SOU EU?, cujo objetivo foi o de sensibilizar e motivar
os educandos para uma convivência menos agressiva, mais fraterna e respeitosa,
despertando neles o interesse para as aulas de Língua Portuguesa. Já o objetivo da
Resumo:
Partindo do pressuposto de que, para alguns alunos, o interesse pela leitura é
construído no espaço familiar, mas, para outros, é sobretudo na escola que esse hábito
deve ser incentivado, há preocupação em criar situações para despertar o desejo pela
leitura, dentro dessa instituição, afim de que ela seja a ponte para um processo
educacional eficiente, proporcionando a formação integral do indivíduo, além de ser a
garantia do acesso ao conhecimento. A importância da leitura é ressaltada por diversos
autores. Para Smith (1999), com a leitura muitas coisas são aprendidas. Aumenta o
nível de compreensão da língua escrita e falada, também implica na melhora da escrita,
ortografia, vocabulário e diversidade de assuntos com os quais tem contato. E, para
Lajolo (1993), ler ajuda a entender o mundo e viver melhor. Portanto, essa atividade
pode e deve começar na escola, mas não se encerra nela. Assim, fica evidente o quão
pertinente é analisar o que realmente tem sido feito nas escolas, para que se formem
leitores, sobretudo com o intuito de que não se limitem somente a esse espaço. Nesta
pesquisa, o objetivo é investigar as concepções e práticas de leitura de uma professora
Resumo:
A presente comunicação tem por objetivo apresentar uma proposta de trabalho com
leitura para turmas dos anos finais do ensino fundamental, assim como discutir os
resultados da implementação de tal proposta em um grupo de 7º ano, composto por
nove alunos de uma escola rural do Estado de São Paulo, situada na região de Mirante
do Paranapanema. Para tal, primeiramente serão discutidos, tendo por base Kleiman
(2004), Leffa (1999) e Solé (1998), estudos relacionados à leitura, aos conhecimentos
mobilizados para sua boa realização, além de diferentes perspectivas teóricas pelas
quais essa atividade tem sido encarada em sala de aula. Após realizar essas
considerações, será apresentada a sequência didática, elaborada com base nas
estratégias propostas por Solé (1998), contendo atividades planejadas para antes,
durante e depois da leitura. A proposta consiste na realização da leitura compartilhada
de uma crônica de Stanislaw Ponte Preta intitulada “Dois amigos e um chato”, seguida
da produção coletiva de um resumo de seu enredo, tendo o professor como escriba.
Posteriormente ao desenvolvimento das atividades com a turma, serão apresentadas as
considerações a respeito dos aspectos cognitivos e comportamentais dos estudantes
observados pelo professor-pesquisador durante o desenvolvimento da aula. Foi possível
notar uma boa receptividade da proposta, já que toda a turma realizou o que lhes foi
solicitado dentro de seus limites, ainda que, para que isso ocorresse, fosse necessário
um estímulo do professor-pesquisador no sentido de evitar que alguns alunos
perdessem o foco na leitura. No que se refere aos aspectos especificamente cognitivos,
foi possível perceber a grande dificuldade enfrentada pelo grupo frente à leitura e à
construção dos sentidos presentes no texto, havendo necessidade de intervenções para
que os alunos pudessem compreender o significado de algumas expressões, assim
como para identificar o efeito de humor pretendido pelo autor. Como resultados da
implementação da atividade, pode-se observar que, depois de realizadas todas as
intervenções necessárias, todos os alunos atingiram a compreensão do texto. Além
disso, ofereceu-se às crianças uma aula muito prazerosa e interessante, com o
exercício da competência leitora, em primeiro momento, mas também da competência
escritora, por meio da produção do resumo coletivo.
Resumo:
senso comum sobre o que é texto, bem como registrar o nível embrionário de
apropriação da escrita acadêmica. A disciplina em questão (abreviadamente chamada
PIT em nossa comunidade acadêmica) foi outrora institucional, ou seja, todos os cursos
de graduação ofereciam-na em suas matrizes. Atualmente, não há mais esta
obrigatoriedade, contudo, muitos cursos ainda têm PIT na primeira ou na segunda fase,
como é o caso de todos os cursos de licenciatura. Em Pedagogia, portanto, os
ingressantes têm contato com esta disciplina que tem como objetivo central a
apropriação de determinados gêneros acadêmicos os quais serão do convívio dos
graduandos nos anos vindouros. Na primeira parte do semestre, todavia, fazemos uma
discussão sobre a leitura em nossas vidas e buscamos um redimensionamento do
conceito de texto, a partir da própria revisão da noção de leitura. Apesar do foco da
disciplina ser a escrita verbal e os gêneros acadêmicos, a discussão que se faz sobre
leitura e diferentes textualidades é de grande relevância para, entre outras questões,
ampliar o repertório teórico dos acadêmicos e fazê-los questionar a própria condição de
leitores e escritores. Minhas ponderações junto aos alunos começam inclusive com um
pouco de análise etimológica, levando-os à reflexão de que a própria noção de
letramento vem do termo em inglês literacy (inicialmente alguns textos trouxeram uma
tradução mais literal: literacia). Lembro que literacy vem do latim littera. Littera por sua
vez significa letra. Sendo que letramento é obviamente derivado de letra, temos também
aí a presença da “letra” = littera. Contudo, bem como nos lembra Rojo, após algum
tempo, o termo passa a se configurar como plural – letramentos – como “conjunto muito
diversificado de práticas sociais situadas que envolvem sistemas de signo, como a
escrita ou outras modalidades de linguagem, para gerar sentidos.” (ROJO, 2009, p. 10).
Minhas indagações sobre o que é texto numa tentativa de ampliar as noções de leitura e
de próprio texto passam pelo seguinte histórico: Já na década de 1960, o semiólogo
Roland Barthes indagava sobre os sentidos das imagens: “O que significa? Como age?
O que comunica?” De lá para cá, muitas pesquisas e trabalhos teóricos têm produzido
tentativas de explicação sobre as significações que o imagético pode construir em
múltiplos contextos. Além de admitirmos a construção de sentidos por meio de imagens,
principalmente na contemporaneidade, a relação da palavra (verbal) com outras
semioses não verbais (entre elas, a imagem) é algo que não se pode deixar de lado em
investigações discursivas bem como na própria escrita acadêmica (em alguns casos tal
relação é constitutiva). Diversas abordagens acabam cunhando termos, conhecidos no
mundo acadêmico das humanidades, que têm por objetivo tentar descrever ou explicar
a relação entre escrita e imagem, por exemplo: plurissemiótico, multissemiótico,
multimodal, verbovisual, iconotexto etc. Portanto, uma imagem pode se constituir em
escrita no sentido que se “inscreve” na história, pelo fato de construir sentidos, de se
filiar a discursos. Uma imagem (estática ou em movimento, colorida ou monocromática)
pode ser interpretada como texto, pois pode ser uma unidade de significação que
materializa discursos. Como afirmei acima, o foco da disciplina de PIT é a escrita verbal
acadêmica. Para tanto, a apresentação por meio de leituras e discussões diversas de
determinados gêneros acadêmicos é feita na segunda metade do semestre. Entre eles,
podemos destacar: resumo, resumo, resenha, ensaio e artigo. Após a leitura de vários
exemplares de cada gênero, proponho, sempre com base em temáticas bem definidas,
a produção dos referidos gêneros e em momento posterior, é desenvolvida a prática de
reescrita. Tanto por meio da avaliação formal da disciplina, quanto por questionários e
pela avaliação que se faz semestralmente sobre o professor, é possível afirmar com
tranquilidade que os acadêmicos se apropriam minimamente dos gêneros textuais que
foram trabalhados, bem como redimensionam seus posicionamentos sobre leitura e
diferentes textualidades.
Resumo:
Resumo:
prática em sala de aula e no livro didático, acredita-se que o trabalho com a leitura sob a
perspectiva discursiva pode propiciar a formação de leitores críticos, uma vez que
considera a história de leitura dos alunos e as condições de produção do produtor e do
leitor do texto. Dessa forma, ao se adotar o livro didático, um dos quesitos a se analisar
é se as atividades de compreensão e de interpretação do texto trazem a perspectiva
discursiva de leitura. Nesse sentido, esta comunicação tem por objetivo analisar as
atividades de leitura presentes em um dos livros didáticos do 6° ao 9° ano do Ensino
Fundamental utilizados na rede estadual de ensino de Maringá, considerando a
perspectiva discursiva de leitura. O corpus de análise será constituído pelas atividades
de leitura presentes na coleção didática Projeto Teláris – 6º ao 9º ano, adotada em uma
Escola Estadual na cidade de Maringá, no Paraná. Pretende-se analisar de que forma o
livro didático trabalha a leitura, buscando observar se a concepção de leitura discursiva
é adotada e se as atividades propiciam a formação de leitores críticos. A pesquisa tem
como aporte teórico a Análise do Discurso conhecida como de linha francesa, tendo
como base os seguintes autores: Pêcheux (1997), Brandão (1994), Orlandi (1993) e
Coracini (1995). Orlandi concebe a leitura como um processo discursivo em que atuam
dois sujeitos que produzem sentidos – o leitor e o autor –, sendo que cada um desses
se insere num momento sócio-histórico e são ideologicamente constituídos. Pretende-
se, com esta pesquisa, contribuir teórica e metodologicamente para o ensino de Língua
Portuguesa no que se refere à formação de leitores críticos.
Resumo:
Resumo:
Desde a mais tenra idade, as pessoas são desafiadas a ler o mundo. Tanto o mundo
que as rodeia, quanto o que existe além do seu próprio entorno. Nessa continuidade, o
texto passa a ser uma das possibilidades de concretização do processo de leitura, mais
especificamente a leitura no âmbito escolar. A escola, por sua vez, caracteriza-se como
um reduto onde a leitura assume um papel de extrema relevância nas interações entre
os aprendizes e os textos. Nesse sentido, tem ocorrido um maior investimento em
práticas de leitura nas atividades apresentadas nos livros didáticos, porém, com lacunas
a serem preenchidas. Diante desse contexto de leitura na escola, esta comunicação
tem como objetivo apresentar uma proposta de trabalho com o processo de leitura que
contemple estratégias para os alunos alcançarem a compreensão da materialidade e da
discursividade do texto, bem como discorrer sobre os resultados da aplicação dessas
atividades. A proposta de trabalho com a leitura ocorreu em uma turma de 8º ano do
Ensino Fundamental, composta por 30 alunos, de um colégio estadual na região
noroeste do Paraná. A investigação, que busca subsídios teóricos em Kleiman (2004) e
Solé (1998), apresenta uma sequência didática, elaborada com base nas estratégias de
leitura propostas por Solé, e aponta o desenvolvimento das atividades com a turma e
considerações a respeito dos aspectos cognitivos e comportamentais dos alunos,
observados durante o desenvolvimento da aula. A proposta consiste na realização da
leitura compartilhada da crônica “Prova falsa”, de Stanislaw Ponte Preta, com atividades
planejadas para antes, durante e depois da leitura. A proposta de implementação foi
bem acolhida pelo grupo, o qual foi motivado para a leitura de um gênero de leitura
prazerosa. No que tange aos aspectos cognitivos e aos objetivos da leitura, foram
verificados obstáculos enfrentados pelo grupo frente ao processo de construção dos
sentidos do texto, havendo necessidade de intervenções para que os alunos
extrapolassem a etapa de decodificação e alcançassem a compreensão e a
interpretação do texto. Outrossim, os aprendizes demonstraram dificuldades para
identificar o efeito de humor pretendido pelo autor. Posto isso, o trabalho aqui
apresentado vê na figura do professor um mediador do processo da leitura
compartilhada, o que resultou em uma prática na qual os aprendizes atingiram a
compreensão do texto, à luz das estratégias de leitura. Diante dessa reflexão, o texto
deixa de ser pretexto para atividades de constatação de informações já postas pelo
autor e passa a ser espaço para o leitor criar, recriar, elaborar hipóteses, constatar,
concordar ou se opor diante daquilo que é lido na interação com o próprio texto.
Resumo:
Neste artigo pretende-se mostrar a necessidade de um ensino de língua materna
pautado em uma gramática desenvolvida com base no real português brasileiro. Por
essa razão, fez-se uso de entrevistas, matérias, vídeos, livros didáticos e gramáticas,
para oferecer um panorama sobre a realidade da dificuldade do ensino de um português
brasileiro nas escolas brasileiras. O estudo pautou-se prevalentemente nas teorias do
linguista Marcos Bagno, no que tange ao preconceito e a reforma linguística e, por meio
da análise dos seus conceitos, deseja-se conscientizar o leitor sobre o abismo entre a
norma padrão ensinada nas salas de aula e a língua falada pelos brasileiros. Ademais
propõe-se mostrar como a gramática ensinada nas salas de aula foi desenvolvida a
imagem e semelhança da língua lusitana, e não brasileira. Entre esses dois idiomas
existe uma forte afinidade, mas não uma identidade. Dessa forma, o ensino do
português conforme a gramatica normativa vigente, posiciona-se no limite sutil entre
uma prática de ensino de língua materna e uma de língua estrangeira ou madrasta.
Palavras chave: língua materna; português brasileiro; educação; gramática;
Resumo:
É amplamente entendido que, devido a seu caráter social, a língua portuguesa está
sujeita a influências que, como aponta Camacho (1988), podem ser geográficas,
sociais, históricas e estilísticas. A este conjunto de mudanças pelas quais a língua
portuguesa passou e tem passado ao longo de seu desenvolvimento dá-se o nome de
Variação Linguística, um fenômeno natural que ocorre em todas as línguas faladas no
mundo. Nessa perspectiva, tanto a língua quanto o social no qual ela se desenvolve são
heterogêneos e se modificam mutuamente. Neste trabalho, destacamos, em função de
nosso objetivo, a variação social. Esse tipo de variação é, segundo o autor
anteriormente citado, aquela que se dá por meio do intercâmbio que ocorre entre os
membros de um mesmo setor sociocultural de uma sociedade, cuja interação se efetiva
mediante normas de conduta e padrões culturais e, portanto, linguísticos. Levando-se
em consideração a heterogeneidade linguística e todos os grupos sociais, identificados
por meio da própria variação social, que coexistem e integram a sociedade, recortamos,
nesta comunicação, a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transgêneros), e, dentro de tal comunidade, destacamos, sobretudo, as
particularidades do falar dos homens gays. De forma geral, apontam-se características
específicas na fala desse grupo que permitem sua identificação, além de assegurar sua
singularidade e existência enquanto grupo social diferenciado. Assim, nosso objetivo é o
de descrever e analisar as especificidades fonéticas da fala do homem gay, tomando
como corpus o quadro Aula de bichês, do programa Comédia MTV. Tal quadro utiliza-se
das especificidades do falar do homem gay para a construção do humor e, nesse
processo, possibilita o agrupamento de traços desse falar no âmbito fonético e lexical. A
análise dos fenômenos fonéticos será realizada sob a luz das teorias vinculadas à
Sociolinguística, em especial o que diz respeito à variação linguística, e das teorias
fonéticas que abordam os elementos segmentais e suprassegmentais. Os resultados
parciais demonstram que fenômenos fonéticos ocorrem na fala do grupo, tais como a
nasalização, o alongamento de vogais em posições específicas, o vozeamento e
desvozeamento de consoantes oclusivas, que são utilizados, no quadro, como forma de
caricaturar a fala desse grupo e, por meio disso, construir o humor.
Resumo:
Afirma-se que a língua portuguesa possui uma morfologia verbal suficientemente rica
para indicar o pronome-sujeito sem que haja a necessidade de explicitá-lo. Desse modo,
segundo o exposto nas gramáticas tradicionais, a possibilidade de se utilizar o
pronome-sujeito ficaria restrita a situações em que se queira dar destaque a ele,
por motivos como: a) chamar a atenção para a pessoa do sujeito (Nós erramos,
nós devemos consertar o erro.); b) opor as pessoas gramaticais (Eu canto; ele
toca violão.); c) evitar ambiguidades (Ele não dizia nada e eu não fazia questão
de conversar.). Também a Gramática Gerativa atesta que a ocorrência de
sujeitos nulos na língua portuguesa está associada à riqueza da sua flexão
verbal. Essas observações sobre a elipse do sujeito pronominal apresentam
uma visão normalmente fundamentada nos empregos literários, na língua
escrita, em livros didáticos; porém, na língua falada, esse fenômeno linguístico
parece manifestar-se de outra forma. Vários estudiosos (DUARTE, 1993;
MONTEIRO, 1994; MENON 1994 e 1996; BOTASSINI, 1998; dentre outros),
trabalhando com esse tema, têm demonstrado que o português contemporâneo do
Brasil vem explicitando cada vez mais o sujeito pronominal e, muitas vezes, por razões
diferentes das expressas nos compêndios gramaticais. Esta comunicação,
fundamentada na metodologia da Sociolinguística Variacionista, objetiva examinar a
variação na elipse dos pronomes-sujeito de primeira pessoa, ou seja, pretende verificar
quais fatores levam um falante a explicitar ou a elidir os sujeitos pronominais “eu” e
“nós”. Para tanto, serão examinados o fator linguístico tempo e modo verbal e os fatores
extralinguísticos sexo, faixa etária e grau de escolaridade, em um corpus constituído de
dezesseis entrevistas realizadas com norte-paranaenses, gravadas e transcritas pela
Professora Jacqueline Ortelan Maia Botassini para a realização de sua tese intitulada
Crenças e atitudes linguísticas: um estudo dos róticos em coda silábica no Norte do
Paraná. A opção por trabalhar com os pronomes de primeira pessoa (eu e nós)
justifica-se por haver, nesse caso, um paradigma flexional bem marcado
(exceção feita ao pronome “eu” em alguns tempos verbais) que, segundo a
tradição gramatical, dispensa o uso do pronome-sujeito. Portanto, se ainda
resiste a afirmação de que o português é uma língua de sujeito nulo, será na
observação dos pronomes de primeira pessoa que ela poderá ser constatada
com maior evidência. Além disso, a situação de entrevistas, solicitando que o
informante fale a respeito de sua vida, viabiliza a utilização elevada desses
pronomes.
Resumo:
Resumo:
Conceituar sujeito não é tarefa fácil, já que não existe consenso, mesmo entre os
gramáticos, sobre esse termo. Alguns estudiosos baseiam-se em critérios puramente
semânticos para defini-lo; outros, em critérios sintáticos; outros, em critérios discursivos;
outros, ainda, utilizam mais de um critério. O mesmo problema se verifica em relação à
classificação dos tipos de sujeito (determinado, indeterminado, inexistente etc.).
Tratando-se especificamente das formas de representação do sujeito indeterminado, as
gramáticas tradicionais, quase que invariavelmente, fazem referência a duas situações:
1) utilizar verbo em terceira pessoa do plural sem um referente específico ou 2)
empregar o verbo na terceira pessoa do singular acompanhado do índice de
indeterminação do sujeito. Diversos estudos, entretanto, demonstram que essas formas
canônicas não são os únicos recursos utilizados pelos falantes para indeterminar o
sujeito. Há referência, por exemplo, ao emprego de formas pronominais (como “a
gente”, “nós”, “você”, “eu”), ao uso de expressões nominais (como “o camarada”, “o
indivíduo”), à utilização de estruturas que tradicionalmente são chamadas de voz
passiva sintética (como “Vende-se esta casa”), mas com a intenção de indeterminar o
sujeito, dentre outras formas. Este trabalho, baseado na metodologia da Sociolinguística
Variacionista, pretende investigar as estratégias utilizadas para indeterminar o sujeito na
linguagem falada, confrontando o que prescrevem as gramáticas tradicionais com o uso
real e efetivo da língua, podendo-se, assim, trazer contribuições para o ensino e a
aprendizagem da língua materna. Pretende, ainda, verificar se os fatores
Resumo:
O presente artigo é resultado de aplicação de um dos módulos do Projeto “Do oral para
o escrito: a variação morfossintática e lexical no processo de produção textual como
ponto de partida para a ampliação da competência comunicativa”, do Programa de Pós-
graduação Profissional em Letras – PROFLETRAS, da Universidade do Estado de Mato
Grosso, Campus Universitário de Sinop-MT, e apresenta uma pesquisa qualitativa
interventiva realizada por meio da metodologia de pesquisa-ação na Escola Estadual
“Marechal Cândido Rondon” com alunos do final do Ensino Fundamental II – 9º ano, na
disciplina de Língua Portuguesa. Para tanto, foram utilizados como aporte teórico:
Bortoni-Ricardo (2014), Faraco (2008), Bagno (2007), dentre outros, mediante aplicação
do procedimento metodológico de Sequência Didática dos teóricos Dolz, Noverraz e
Schneuwly(2004), promoveu-se a reflexão sobre a língua, com o intuito de levar os
Resumo:
contínuos; e iii) suscitar uma reflexão sobre o fato de a norma culta ser considerada por
muitos um modelo a ser seguido, ponto de vista que fortalece o preconceito linguístico.
Resumo:
da concepção de uma variedade tida como padrão, única, para que seja possível traçar
praticas docentes, livros, manuais e instruções sobre os estudos da língua aos alunos e
aos professores de Letras e áreas afins no âmbito da EAD. Para tanto, este trabalho
tem como aporte teórico a Sociolinguística Educacional. Com base nos resultados desta
pesquisa, esperamos contribuir para estudos que evidenciem a necessidade de se
trabalhar com uma pedagogia da variação linguística (Faraco 2008) com vistas a
possibilitar o reconhecimento pelos alunandos e pelos professores da língua portuguesa
a importância da legitimidade das variações linguísticas.
Resumo:
O presente trabalho surgiu de uma inquietação pessoal em pesquisar em livros
didáticos propostos pelo MEC para as séries iniciais do Ensino Fundamental como é
tratado a variação linguística, sendo que é durante esse período da educação que os
alunos começam a criar laços com certas disciplinas, por isso analisei dois livros
didáticos de uma mesma coleção, o primeiro e o quinto, para assim poder comparar os
dois nesse sentido. Essa inquietação surgiu da lacuna que ainda existe na discussão de
variação linguística e da conscientização da heterogeneidade da Língua Portuguesa. Já
que, ao chegarem no Ensino Médio, muitos alunos alegam não gostar da Língua
Portuguesa por ela ser muito difícil, mesmo sendo a língua materna. Sendo assim, esse
estudo poderá contribuir com os autores e professores da área para que eles possam
abrir essa discussão em seus livros didáticos ou com seus alunos, podendo mostrar as
diversidades culturais e linguísticas e como elas são importantes para a construção de
nossa sociedade. Mostrando, também, como podemos aprender nossa própria língua
de uma maneira heterogênea, validando os saberes prévios de cada aluno, fazendo
assim com que eles se sintam como se não soubessem nada da própria língua materna.
O objetivo da pesquisa é o de analisar dois livros didáticos de uma mesma coleção em
Resumo:
Durante o processo de ensino-aprendizagem, com base nas prescrições da gramática
normativa, a escola propõe ao aluno o estudo da norma padrão, como a norma
linguística de prestígio, socialmente aceita. Nessa perspectiva, falar e escrever bem
consiste em utilizar “corretamente” as regras gramaticais. A gramática normativa, por
sua vez, ao apresentar as regras para o bom uso da norma padrão, privilegia a escrita.
Ao privilegiar a norma padrão, a gramática normativa acaba desconsiderando a
variação linguística que ocorre tanto na fala como na escrita. Tal postura provoca uma
disparidade entre o que está contemplado na gramática normativa e o que efetivamente
ocorre em situações práticas de uso da língua, a qual, por sua natureza dinâmica, está
sujeita à variação. Assim, este trabalho pretende apresentar os resultados de uma
pesquisa realizada, por meio da aplicação de questionário, com professores de língua
portuguesa da rede estadual de educação, do município de Paranavaí-PR, quanto às
crenças (valoração positiva ou negativa) em relação ao ensino de língua portuguesa, e,
mais especificamente, como esses professores avaliam a inserção da variação de
linguística no processo de ensino-aprendizagem. Com este estudo, espera-se contribuir
com as reflexões sobre um ensino de língua portuguesa na escola, que leve em
consideração a variação linguística, bem como, sobre o papel do professor nesse
processo, em vistas a uma verdadeira Pedagogia da Variação Linguística.
Palavras-chave: Variação Linguística; Crenças e Atitudes Linguísticas; Ensino de
Língua Portuguesa;
Resumo:
Resumo:
É notória a dinamicidade de qualquer língua e as inúmeras transformações que está
sujeita. Essa peculiaridade de toda e qualquer língua é denominada de variação
linguística: mudanças que estão sujeitas ao contexto histórico, geográfico e sociocultural
no qual os falantes estão inseridos. Essa pluralidade da língua é facilmente observada
no Brasil, um país de extensão territorial e multiplicidade cultural significativas. As
variações linguísticas acontecem porque, tendo em vista que a função primordial da
língua é a comunicação, os falantes adequam a língua de acordo com a necessidade de
interação social. Considerando que essas variações visam à comunicação, é um
equívoco considerá-las erros. Seria impossível pensar em uma fala padronizada nas
quais todos os brasileiros seguissem a mesma prosódia e o mesmo vocabulário. Assim,
o ensino de Língua Portuguesa se torna cada vez mais desafiador, devido à sociedade
discriminar o indivíduo que não se comunica pela norma padrão. Partindo desses
pressupostos, este trabalho tem por objetivo discutir como os professores de Língua
Portuguesa trabalham as variações linguísticas e o preconceito linguístico em sala de
aula. Nesta abordagem, consideramos que tanto a variação linguística quanto o ensino
de gramática exercem papéis essenciais no processo de aquisição do conhecimento e
ampliação dos horizontes cognitivos. Com o propósito de examinar questões em relação
ao ensino-aprendizagem da variação linguística e o preconceito linguístico nas escolas,
realizaremos uma pesquisa de campo com professores do 6º e 9º ano, do ensino
fundamental, de três escolas, sendo, respectivamente, uma federal, uma estadual e
uma particular. Como aporte teórico, contaremos com os pressupostos da
Sociolinguística, tal como proposta por Labov, e permeada por Bagno e o grupo de
pesquisadores que com ele estabelecem rede, no Brasil. Percebemos que o conteúdo
de variação linguística tem sido muito mais abordado atualmente e os docentes estão
cada vez mais sensíveis e suscetíveis em relação às variantes dentro de sala de aula,
as quais atuam com frequência. Assim, é preciso reconhecer que as crianças, ao
chegarem à escola, já possuem uma gramática internalizada, uma gramática natural
processada a partir de suas próprias experiências linguísticas, não demonstrando
nenhum tipo de preconceito, nem com a gramática tradicional, nem com a variação
linguística.
prof-andreia@bol.com.br
Vivianelugli@yahoo.com.br
Resumo:
ensino de língua espanhola, constatamos que muitos são os fatores que ratificam a
necessidade da aprendizagem dessa língua para sua utilização no âmbito empresarial:
países fronteiriços ao Brasil são falantes dessa língua; estes países apresentam
expressão cultural fortemente representada na literatura mundial; o espanhol é falado
em mais de 20 países como língua oficial; possui destaque mundial sendo segunda
língua nativa mais falada no mundo, sobretudo no comercio (SEDYCIAS, 2005).
Destarte, entendemos que um projeto que vise desenvolver no aluno/funcionário da
UNESPAR – Apucarana, condições para o aprimoramento das competências
necessárias da aprendizagem de Língua Espanhola voltada para a área dos negócios é
um fator necessário para o fomento do ensino, da extensão e da pesquisa universitária.
Sendo assim, ambicionamos, nesse trabalho, apresentar, resumidamente, um histórico
da constituição do projeto Laboratório de Línguas: desenvolvendo a aprendizagem do
espanhol dos negócios, bem como expor uma das pesquisas, ainda em fase inicial,
desenvolvida por meio da coleta de dados advinda da realização desse projeto.
Esperamos que a discussão desses dados venha a auxiliar futuras pesquisas na área
de língua estrangeira para fins específicos, com o fito de promover mais debates nessa
área.
Resumo:
Resumo:
O ensino de língua espanhola no contexto educacional brasileiro tem dado muita ênfase
à realidade linguística e cultural do espanhol da Espanha, deixando de abordar outros
contextos linguístico-culturais do espanhol falado na América, como se a língua falada
nos países da América Latina não tivesse uma representação social e cultural para as
interações comunicativas entre brasileiros e esses povos hispano-falantes. Essa visão
vem sido representada por muitos livros didáticos e pelas metodologias de ensino de
algumas instituições que evidenciam a natureza lexical, gramatical, cultural e social da
variante europeia, deixando de abordar outros usos e outras funções comunicativas do
idioma em sala de aula. Com o objetivo de mostrar a diversidade de contextos e de
usos da língua espanhola no ensino médio, propõe-se o desenvolvimento da habilidade
linguística de compreensão auditiva para evidenciar aos alunos outras formas de
pronunciação, de léxico e de uso da língua em contextos comunicativos reais através de
áudios de entrevistas, propagandas e vídeos de hispano-falantes da América. Além de
desenvolver a compreensão auditiva dos alunos, desenvolve-se também de forma
integrada a compreensão leitora dos áudios, já que nas atividades propostas os textos
não descrevem de forma literal as informações ouvidas, exigindo, assim, uma
interpretação das mensagens. Os objetivos deste trabalho são: discutir a inclusão da
diversidade linguística e cultural da língua espanhola em sala de aula e os usos dessa
diversidade nas interações comunicativas e sociais entre brasileiros e hispano-falantes,
avaliar se as propostas metodológicas dos livros didáticos adotados pelas escolas
públicas atendem a essa diversidade de contextos e usos da língua e propor atividades
didático-pedagógicas de desenvolvimento da compreensão auditiva para enfatizar a
diversidade de contextos e de usos do idioma. Baseando-se nas contribuições teóricas
de TARALLO (2005), MOLLICA (2007), BORTONI-RICARDO (2004) e COAN e
PONTES (2013), o uso das diferentes variedades da língua permite aos alunos a
perceber o dinamismo inerente próprio da língua e reconhecer as funções sociais e
comunicativas de representação das identidades dos falantes do idioma. Para a
realização deste trabalho, adotou-se a pesquisa de caráter explicativo-interpretativa de
enfoque qualitativo para a análise das atividades propostas dos alunos do segundo ano
do ensino médio do Colégio Universitário da Universidade Federal do Maranhão.
Resumo:
autores da área a respeito desse tema. Esperamos que a discussão desses dados
subsidie futuras pesquisas em Língua Espanhola para fins específicos, objetivando
fomentar mais debates nessa área.
Resumo:
O presente trabalho visa a demonstrar como a língua espanhola, refletida por meio de
práticas sociais, aponta questões relativas ao papel da Secretária projetado por uma
telenovela colombiana. Considerando os princípios de Análise Crítica do Discurso
(FAIRCLOUGH, 1995; VAN DIJK, 2009) que compreende as ações verbais como o
resultado de práticas sociais e de representações sobre o mundo, o nosso objetivo
nesta comunicação, consiste em apresentar excertos de uma telenovela colombiana,
estudados em língua espanhola, no contexto de secretariado, que demonstram não
apenas as formas dos elementos linguístico-discursivos que concretizam o discurso,
mas as concepções disseminadas pelo gênero que contribuem na formação de
estereótipos relacionados aos profissionais de Secretariado. Tendo em vista a
representatividade das telenovelas e o poder de influência que elas possuem tanto na
formação de opiniões, como na constituição de identidade, faz-se relevante o
ensino/aprendizagem da língua por meio desse gênero, assim como a reflexão sobre
esse tipo de prática social, no sentido de observar se tal prática reproduz
representações sobre o exercício da profissão de Secretariado e se condiz com a
postura real desse profissional. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica,
Resumo:
Resumo:
A língua espanhola é falada oficialmente por vinte e um países, desde a Europa até a
hispanoamérica, revelando sua riqueza em variação linguística, da qual o presente
estudo centra-se na variação lexical. Nesta pesquisa observou-se o tratamento
lexicográfico apresentado nos atuais dicionários bilíngues de espanhol elaborados para
consulentes brasileiros em relação às variantes lexicais do idioma. Para isso realizou-se
um recorte, selecionando apenas as variedades referentes ao campo semântico dos
alimentos. Foi escolhido o léxico dos alimentos porque o ato de alimentar-se faz parte
do convívio social e cultural dos povos no decorrer da historia. Elegeu-se para análise
os dicionários das seguintes editoras: Michaelis(2011); Santillana(2012) e
Saraiva(2013). Justifica-se a escolha destas obras, por serem as mais vendidas nas
livrarias virtuais do Brasil. Sendo as mais adquiridas, são as mais utilizadas pelos
consulentes brasileiros em suas pesquisas por equivalências na língua espanhola. Os
objetivos deste trabalho foram: i) verificar como os dicionários bilíngues português-
espanhol apresentam as informações referentes às variantes regionais da língua
espanhola; ii) averiguar se a maneira como essas obras registram as variantes pode
auxiliar ao consulente brasileiro no processo de busca das diferentes unidades lexicais
dadas aos nomes dos alimentos nos diversos países nos quais o idioma é falado e; iii)
ponderar se a forma como as variantes linguísticas pertencentes ao léxico dos
alimentos da língua espanhola são apontadas favorece para a ampliação do
conhecimento dessas unidades lexicais. Considerou-se que a questão das variantes foi
expressa de forma superficial na maioria das obras lexicográficas examinadas. Em sua
maioria, os dicionários bilíngues analisados registram explicações sobre algumas das
distintas formas lexicais utilizadas nos países de fala hispânica. Desta maneira, os
dicionários bilíngues nos quais as variantes lexicais são expostas podem contribuir às
expectativas do consulente brasileiro em conhecer os substantivos referentes aos
alimentos em espanhol. Entretanto, faz-se necessário que as obras lexicográficas sejam
Resumo:
manoelmessias@utfpr.edu.br
cintia.caterpillar@gmail.com
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Esta comunicação tem por finalidade apresentar os resultados do projeto de iniciação
científica intitulado “Uma abordagem bakhtiniana do gênero discursivo miniconto
multimodal” (UEM), o qual encontra-se inserido no projeto de pesquisa “Formação do
professor de Língua Portuguesa e práticas de linguagem em sala de aula: múltiplos
olhares” (UEM). O objetivo de nossa investigação foi caracterizar o gênero miniconto
multimodal, à luz da perspectiva bakhtiniana. Sob esse panorama, a presente pesquisa
situou-se teórico-metodologicamente no escopo da Análise Dialógica do Discurso. A
investigação também se baseou nos procedimentos metodológicos da Linguística
Aplicada de base qualitativa, na medida em que nos dedicamos à análise e à descrição
do gênero nas suas diferentes dimensões social e verbal. A justificativa para a escolha
desse gênero se deu diante do fato de se apresentar escasso nos livros didáticos
disponibilizados nas escolas. Os exemplares encontrados para serem analisados foram
retirados de sites e blogs. Com base na teoria bakhtiniana, apresentamos a sócio-
histórica do gênero miniconto multimodal, identificamos suas condições de produção,
considerando: locutor, interlocutor, finalidade, local de circulação, suporte. E, à luz
desses aspectos sócio-enunciativos, delimitamos seu conteúdo temático, estilo e sua
estrutura composicional. Ao final da investigação concluímos: o papel social assumido
pelos contistas é o de impactar o leitor, por meio de uma estética da brevidade; o papel
social do leitor atende à demanda dos que desejam ler enunciados multimodais; tem um
público específico determinado pelo momento e lugar de circulação do enunciado; a
finalidade é a de levar esse leitor a uma leitura breve e prazerosa. O conteúdo temático
aborda questões sociais, comportamentais, relacionamentos afetivos e ambientais. Com
relação à estrutura composicional, consideramos o texto imagético e todas as outras
semioses como partes estruturais do gênero. O estilo dos minicontos apresenta-se
muito diversificado. Toda a seleção de recursos linguístico-enunciativos favorecem a
Resumo:
A presente pesquisa tem como intuito analisar as questões da prova de ACT (Admissão
em Caráter Temporário) da cidade de Criciúma, buscando verificar quais os problemas
ali encontrados, no que diz respeito aos conteúdos abordados, e o que isso influencia
no ensino real do português. Observa-se, desse modo, que o ensino de Língua
Portuguesa no Brasil vem passando por uma série de mudanças desde que se efetivou
como disciplina e, junto com a sua evolução, muitos são os teóricos que escrevem
sobre a melhor maneira de ensinar português para pessoas que já o falam. É certo que
esses estudos devam contribuir, de alguma forma, para a prática de sala de aula;
portanto, a partir dessa pesquisa, busca-se comparar os conteúdos exigidos do
professor nessa prova com esse material, fazendo um parâmetro do professor sugerido
pela prova e do sugerido pelos teóricos. Assume-se, assim, que apesar de essas
questões exigirem o conhecimento diretamente do professor, e não aquilo que será de
fato ensinado aos alunos, há uma grande relação entre o que é posto na prova e o que
se espera que um professor de português ensine em suas aulas. Isso porque essas
provas não servem apenas para medir o conhecimento do egresso, mas sim para
verificar se ele está pronto para a sala de aula, o que significa que o professor, ao
dominar os temas abordados, está apto para lecionar (provavelmente o que ali é posto).
Essa análise das provas foi feita mediante as quatro práticas de ensino propostas por
Irandé Antunes (2003): a leitura, a escrita, a gramática e a oralidade; por isso, as
questões foram separadas conforme essas categorias e estudadas sobre um viés
interacionista, em que se verificou a qualidade, a viabilidade e a relevância da questão.
Entretanto, o que é perceptível é que as questões, além de serem fracas em conteúdo,
não estão em concordância com o que os teóricos da área dizem sobre o ensino e que
outras questões que mediriam com muito mais eficácia o conhecimento do professor e a
forma como este abordaria os conteúdos com os alunos, numa perspectiva amplamente
mais aceita – como a interacionista –, são deixadas de lado. Percebe-se uma grande
ênfase dada à nomenclatura gramatical, o que não contribui para o uso produtivo da
língua, e uma negligência ao texto, que deveria ser o centro das aulas de português.
Questões que concernem ao ensino de leitura e escrita, por exemplo, não são
abordadas, estando, em seu lugar, perguntas sobre sequências textuais (com erros
conceituais) que apenas exigem do professor o conhecimento de taxonomia. Tampouco
exige-se do professor habilidade de interpretação nas questões textuais, que cedem
espaço para outras perguntas que não o texto em si. Esses e outros problemas fazem
com que a prova não avalie com eficácia o professor, abrindo margem para a
problematização do que ali é posto.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
enredo. Além dessas, destacou-se também o trabalho parcial com a categoria do estilo,
por meio de atividades mais próximas de uma abordagem textual no tocante a aspectos
da tipologia textual da narração. Em relação à coleção 2, a regularidade do trabalho de
leitura com o gênero crônica é caracterizada, assim como no outro livro analisado, em
primeiro lugar, pela abordagem de atividades sobre o conteúdo temático, as quais
focaram na compreensão das ideias do texto lido. Porém, diferentemente do livro do 7º
ano, não há menção alguma ao gênero crônica nesta seção de compreensão textual.
Não podemos deixar de reafirmar que, para os autores desta coleção, portanto, as
características bakhtinianas do gênero em pauta não se mostra como conteúdo
produtivo para o trabalho com a leitura em sala de aula. As noções bakhtinianas só são
contempladas na seção de produção de texto. Já, a segunda categoria mais abordada
também é, como no livro anterior, a estrutura composicional, priorizando da mesma
forma elementos da narração. Não houve a preocupação em contemplar os papéis
sociais do locutor, do interlocutor e o meio e forma de circulação da crônica. Isso revela-
nos uma preocupação maior com o aspecto linguístico da crônica em detrimento ao
aspecto sócio-discursivo.
Resumo:
A reflexão sobre o ensino de língua portuguesa, bem como sobre a prática pedagógica
em âmbito escolar são fundamentais para o fortalecimento da relação teoria-prática no
processo de formação para a docência. Este trabalho tem como objetivo relatar a
aprendizagem como docente de língua portuguesa por meio de experiências
desenvolvidas no ensino fundamental e no ensino médio durante o ano de 2016 como
parte do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), Subprojeto
Resumo:
Resumo:
Pensando nisso, o presente estudo tem por foco a ideia de que a literatura é uma arte
de suma importância na formação e manutenção de valores humanos, sociais, culturais,
etc., podendo colaborar significativamente na educação de crianças e adolescentes que
estão inseridos em um mundo cada vez mais guiado pelas mídias tecnológicas e que
têm muito pouco, ou até nenhum, contato com livros físicos fora do ambiente escolar.
Buscou-se, de maneira sucinta, fazer uma breve retomada histórica acerca da educação
infantil, enquanto formadora dos primeiros aprendizados formais e de alguns valores, e
sobre a sua relação com a literatura, fomentando o gosto pela leitura. Por fim, a
pesquisa faz a descrição de uma experiência literária a partir do texto O Pequeno
Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry) realizada com crianças de quatro e cinco anos de
idade em um centro de educação infantil particular da cidade de Ponta Grossa/PR, no
ano de 2014. Buscou-se refletir sobre de que modo e em que intensidade o texto
ficcional tem influência sobre os alunos, partindo-se de uma pesquisa de caráter
exploratório, ou seja, focada na teoria sobre literatura e sua função formadora, por meio
de uma pesquisa bibliográfica. Pôde-se observar que a literatura se mostra um
importante meio de manutenção e reformulação de valores, uma vez que, mesmo pela
da ficção, proporciona a experiência de situações nunca antes vivenciadas, colaborando
na ampliação da visão de vida e na formação humana de seus leitores.
Resumo:
A Leitura Literária na sala de aula é uma das possibilidades que o sujeito em formação
tem para entender o mundo que o circunstancia sobre várias perspectivas. É por meio
dela que o professor, enquanto mediador do processo de ensino e de aprendizagem,
deve promover situações que possam propiciar a reflexão acerca da sociedade na qual
estamos inseridos, além de viabilizar a compreensão do processo histórico e cultural
pelo passamos ao logo de uma trajetória que marcou o passado, mexe com o presente
e interferirá no futuro. Vale ressaltar que o ato de ler implica na aprendizagem do
aprender a ler, ou seja, de entender aquilo que foi lido. Isto significa que a atividade de
ler a literatura é extremamente complexa. O papel do professor, neste caso, é de
proporcionar situações de interação entre os sujeitos envolvidos no processo e mediar o
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
carcerário que aumenta contingencialmente dia após dia, tanto pela entrada de novas
pessoas no sistema carcerário como pela reincidência que leva ao retorno da detenção,
tais fatores atrelados ao alto custo do sistema prisional e baixo investimento, têm levado
esse sistema ao colapso, o que resulta no cerceamento de direitos básicos dos detentos
como saúde, higiene e alimentação, dignidade e um plano mínimo de ressocialização,
logo, o cárcere tem, na maioria das vezes, contribuído para o retorno de muitas pessoas
à criminalidade. Nesse sentido, entende-se que analisar os processos de identificação
e contraidentificação destes sujeitos com o mundo da criminalidade seja importante no
que concerne a produção de um novo olhar sobre os sujeitos do sistema criminal
brasileiro no que tange as mazelas da vida no crime e na prisão.
Resumo:
Este estudo, ainda em fase inicial, tem como temática a representação midiática de
homens transexuais. A transexualidade diz respeito à identidade de gênero de um
sujeito, como ele se reconhece e quer ser reconhecido social e legalmente, e foge à
regra pré-estabelecida para os corpos de que o sexo/genitália é determinante único e
natural de um gênero. Nesse sentido, esses sujeitos constroem sua identidade
enquanto homens por meio da experiência transexual. Os assuntos relacionados às
pessoas transexuais passaram a ser discutidos no Brasil ainda no final do século XX,
com a emergência dos movimentos sociais. No entanto, a representação desses
sujeitos por meio do discurso midiático televisivo nunca foi feita. Diante disso, nosso
objetivo é compreender a contribuição da telenovela brasileira contemporânea para a
construção e constituição identitária do sujeito homem transexual, considerando que o
tratamento desses sujeitos pela televisão aberta pode produzir sentidos para a
legitimação social deste grupo. Parece-nos de suma importância abordar este assunto,
pois trata-se de uma inquietação política e social emergente na contemporaneidade
discutir a respeito dos ‘mecanismos reguladores’ desses corpos, que administram o
dizer o sexo/o gênero e obrigam-lhes a uma existência discursiva: constrói-se uma teia
de saberes, de análises, de dispositivos de ouvir, de falar e de registrar sobre a
(tran)sexualidade. Pautamo-nos nos estudos sobre transexualidade apresentados por
Jaqueline Gomes de Jesus, doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro e Berenice Bento, doutora em Sociologia pela Universidade de Brasília e
fundamentamo-nos, também, em pressupostos teórico-metodológicos de Foucault, a fim
de verificar como os desdobramentos desse investimento discursivo constrói objetos de
verdade e institui condutas da população, atravessando instituições, sob a ordem da lei,
da economia, da pedagogia, da medicina. Instauram-se, assim, tecnologias políticas do
corpo, formas de poder da sociedade contemporânea denominada por Foucault
(2009) de “biopolítica”, que se destina ao controle das populações e que se exerce por
meio da governamentabilidade. Trata-se de um pensamento econômico-político em que
aquele que governa sabe dizer “sim” aos desejos da população e o corpo é ponto de
apoio para a condução, regulação e utilidade das práticas de liberdade dos sujeitos.
Resumo:
O objetivo deste trabalho, em fase inicial, é analisar de que forma o discurso fílmico
produz sentidos que contribuem para a (re)produção da identidade do sujeito
nordestino. Para tanto, nosso objeto de estudo é o filme O Auto da Compadecida
(2000), de Guel Arraes. Fundamentando-nos na perspectiva da Análise do Discurso de
linha francesa, especialmente de base foucaultiana, trazemos para a discussão as
práticas discursivas que constituem o sujeito nordestino, destacando-se aquelas que se
materializam no e pelo discurso cinematográfico. Nessa perspectiva, o sujeito é uma
construção historicamente realizada pelas práticas discursivas; não preexiste à
sociedade, mas é constituído por uma rede de discursos, estratégias, poderes e
práticas. Como explica Veiga-Neto (2007), uma analítica do sujeito, nessa perspectiva,
não deve partir do próprio sujeito, mas dos saberes e das práticas discursivas e não
discursivas que o envolvem. Uma vez problematizados, as práticas e os saberes podem
revelar quem é esse sujeito, como e porque dizemos o que ele é. Analisar, pois, uma
produção fílmica que circunscreve sentidos sobre o sujeito nordestino, implica interrogar
o que, como e porque os enunciados dizem o que dizem sobre esse sujeito, o que
configura uma prática discursiva sobre sua identidade. Isso porque, o processo de
constituição identitária se constrói a partir de uma rede de memórias que o ancora e
legitima, em instituições sociais. Em se tratando da construção da identidade
nordestina, há um trabalho imagético e linguístico bem marcado, que se pauta em
representações e símbolos culturais que convoca, frequentemente, estereótipos e
formas de tratamento desse sujeito. Desse modo, trataremos os mecanismos verbais,
visuais e sonoros cinematográficos como espessuras fílmicas, na medida em que se
inscrevem em regimes de verdade produzindo sentidos sobre a identidade nordestina,
por meio de suas peculiaridades linguístico-imagéticas. Por esse viés, nossa proposta é
empreender, no desenvolvimento da pesquisa, um gesto analítico-interpretativo para
analisar os sentidos construídos pelo filme a respeito da identidade nordestina.
Verificaremos se esse discurso pode produzir sentidos sobre para a manutenção dos
estereótipos do povo nordestino, compreendendo as relações de saber-poder na
constituição do funcionamento da memória discursiva sobre a variante e identidade
nordestina no filme estudado.
Resumo:
Brasilidade é o termo que indica a identidade nacional brasileira, usado pelo governo de
Vargas, na Campanha da Brasilidade, possuia diversos objetivos porém, de forma geral,
a ideia era homogenizar a socidade brasileira. Os profissionais de design de interiores,
a partir de seus projetos de ambientes, criam representações da identidade nacional,
tema recorrente em diversos eventos da área, tanto que no ano de 2015,
especialmente, a maior mostra de arquitetura, design, decoração e paisagismo do país,
denominada Casa Cor, elegeu como seu tema a brasilidade. Além dos discursos das
próprias ambientações (os espaços físicos) existem as práticas de letramento
características deste universo profissional que revelam os objetivos desses
profissionais: as descrições, as justificativas, ou ainda, as explicações desenvolvidas
pelos próprios designers, são publicadas pela mídia nos sites e revistas impressas ou
online. Compreendendo que o letramento é a prática social que envolve cultura, história,
identidade e relações de poder o presente estudo se justifica em verificar como essas
práticas de letramento revelam a brasilidade, isto é, essa identidade nacional que se
configura da e nas práticas sociais. O objetivo deste estudo é, embasado nas
considerações sobre o modelo ideológico de letramento, verificar como a ideia de
identidade brasileira aparece no contexto do design de interiores; de que forma ela se
apresenta e se reforça nesta prática social e quais características brasileiras são
reconhecidas como componentes da identidade nacional. Para tanto, será estudada
uma publicação online sobre o ambiente denominado “o quarto da filha pela arquiteta
Olga Portela, que foi premiado pelo voto popular da mostra Casa Cor Rio Grande do
Norte 2015 como ambiente destaque, a mostra tinha como tema a brasilidade. O que se
espera da presente pesquisa é observar se o letramento aplicado pelo Estado durante a
construção da nacionalidade brasileira, está presente, ainda hoje, nas instituições não
educacionais como a mídia que envolve a área de design de interiores. E se essas
práticas de letramento, da mídia da área do design de interiores, sugere a manifestação
de determinadas características culturais (europeizadas) como sendo brasilidade e
marginalizando outras (não desejadas pelo Estado). Além destes, também é de
interesse verificar se existe algum tipo de resistência que possa ser observada nas
adaptações apontadas nestes próprios ambientes descritos pelos seus criadores. Com
Resumo:
O grupo indígena é alvo de discriminação não apenas pelas divergências culturais,
como também pelas linguísticas, uma vez que a língua materna desses povos podem
ser tanto as línguas relativas às culturas, como também a língua portuguesa. Isso
porque a língua oficial foi decorrente de um sistema colonizador violento e impositivo,
conforme as práticas de governo do regime político em vigência na época, a
colonização e a escravidão. Esse regime se constitui de discursos historicamente
construídos que, ainda na contemporaneidade, fazem vigorar versões e convicções
sobre os indígenas que resultam na descrença, bem como na não correspondência aos
critérios do processo de letramento explanados por tais documentos. Desse modo, a
prática de exclusão social se consolidou pelo processo de colonização e repercute na
contemporaneidade, em especial, ao que se refere ao domínio da língua portuguesa
cujos saberes são determinados pelos princípios da cultura escrita. À vista disso, esta
comunicação é um recorte da pesquisa Língua Portuguesa, Letramento e Diversidade
Cultural e(m) discurso e desafios em que se considera o letramento escolar como um
processo viabilizador das relações de poder. Nessas condições, a leitura torna-se
relevante no momento em que tenta enfrentar as lacunas deixadas pela composição
histórica do país, a fim de fazer com que os estudantes indígenas sejam proficientes em
língua portuguesa para que possam exercer seus direitos como cidadãos brasileiros.
Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo compreender as diferenças entre
alfabetização e letramento, bem como as consequências que cada prática estudada
afetam, linguisticamente, o indivíduo indígena. Para isso, a pesquisa tem como
Resumo:
Dados científicos revelam que apenas uma parcela muito restrita dos idosos procura
atendimento médico para consultar transtornos relativos à sexualidade, sendo que os
profissionais de saúde são apresentados como a última referência a ser consultada
nesse quesito. Considerando essas condições de possibilidade e com o objetivo de
analisar a linguagem empregada para objetivar a sexualidade na terceira idade, bem
como o modo pelo qual os sujeitos idosos são discursivizados com relação à
sexualidade contemporaneamente, propõe-se uma análise discursiva, com base no
referencial teórico-metodológico desenvolvido a partir das contribuições de Michel
Foucault, especificamente, empregando os conceitos de: objetivação, prática discursiva,
enunciado, função enunciativa e técnicas de si. Como materialidade discursiva a ser
analisada optou-se pela capa do caderno Donna, do jornal Zero Hora, editado em Porto
Alegre-RS, do sábado e domingo, dias 22 e 23 de julho de 2017. Tal capa possui como
título: “O amor 60+”, o que permite uma observação de que a forma de linguagem
utilizada exclui as expressões: idoso, terceira idade, velho, velhice; de modo a criar uma
objetivação de maior leveza e cuidado para falar da sexualidade de pessoas com mais
de 60 anos; sendo que, tanto no discurso midiático quanto nos saberes científicos, em
geral, a sexualidade na terceira idade aparece associada a amor, carinho, cuidado e
não ao sexo propriamente dito. Outra consideração a que a capa analisada permite
chegar é de que ainda há uma oposição entre o idoso tradicional e o “novo idoso”, na
medida em que ocorre o emprego da expressão “do tempo do vovô” em oposição ao
idoso da contemporaneidade, o qual pode casar-se na terceira idade, em contraste com
o idoso “do tempo do vovô” que, em caso de separação ou de ficar solteiro(a)/viúvo(a),
permaneceria solteiro em vez de casar novamente ou realizar um casamento tardio.
Resumo:
A variedade do Português Europeu (PE) foi adotada como língua oficial e de ensino em
Moçambique - falada pela minoria da população ‒ no meio das línguas Bantu (LBs) e da
variedade do Português de Moçambique (PM) - faladas pela maioria da população no
país. No entanto, assiste-se no país que o PE é visto por uma parte da população em
suas categorizações como norma prescritiva, não atendendo, em geral, no plano das
expectativas de proficiência, eficiência e domínio linguístico o que se espera do ensino
escolar, pelo menos nas séries iniciais e imediatamente posteriores, por isso, diz-se se
tratar de uma língua “imaginada”. Em contrapartida, o PM é praticado na sociedade, por
isso, mais objetiva, e à qual se denomina por isso mesmo, norma objetiva. Nesse
sentido, assumimos que essa situação (socio) linguística criada à volta do Português é
perpassada pelos contornos do biopoder e da biopolítica, concebidos por Michel
Foucault, respectivamente pela imposição a que a língua se sujeitou aos
moçambicanos, bem como pela necessidade de uní-los linguisticamente, à luz do
princípios históricos-coloniais. Sob esta perspectiva, o nosso objetivo é refletir sobre o
exercício do biopoder e da biopolítica em torno da adoção do Português como língua
oficial e de ensino em Moçambique. Para o efeito, suportam o estudo dados recolhidos
sobre a formação de professores de e em Português nos Institutos de Formação de
Professores (IFPs), na Província de Zambézia. Baseamo-nos nos procedimentos
teórico-metodológicos elaborados por Foucault, a partir do exercício da tecnologia do
biopoder e da biopolítica na “sujeição dos corpos e [no] controle da população”
(FOUCAULT, 1999, p. 131. Grifo nosso). Conceberemos o biopoder como um poder
soberano disciplinar e doutrinário e a biopolítica como estando intrínseca ao pacto de
segurança. No reforço útil e dócil dessa técnica, a biopolítica correspondeu às técnicas
de poder presentes em todos os níveis do corpo social e utilizadas por instituições bem
diversas, entre elas a escola e a administração das coletividades (FOUCAULT, 1999).
Na reconstrução das formulações do termo biopolítica, FARHI NETO (2007, p. 80)
avança que, “com isso, Foucault amplia a perspectiva analítica da biopolítica, da
questão do racismo, da eugenia, para um novo campo, a segurança, que lhe permite
continuar a interpretar, biopoliticamente, as relações contemporâneas entre Estado e
população”. Sendo assim, questionamos como manifestamente se exercem as
tecnologias do biopoder e da biopolítica na adoção do Português como língua oficial e
de ensino em Moçambique. Por conseguinte, os resultados revelam o exercício de uma
imposição – sob a lógica de uma violência simbólica - na circulação e uso do PE no
país, com o desencadeamento de um procedimento de exclusão de outras línguas e/ou
de suas variedades, bem como do exercício do PE com características de uma norma
prescritiva, que se assume de unidade nacional, cuja vontade é de inclusão dos
moçambicanos.
Resumo:
relações, poderes, lugares, de forma que o fruto disso é uma gramática que reclama
para si um novo posicionamento - um olhar que alcance um ponto além; que transite por
elementos que possuem tanto significações conhecidas por nós, quanto por outros
elementos mais periféricos. Nessa proposta buscamos pensar a fotografia como
documentos visuais que simulam e tornam possível uma representação aceita e
reconhecida de pessoas que estão à margem, a partir de algumas imagens
selecionadas do livro Copacabana Palace de Peter Bauza. Vinculado ao Grupo de
Estudo em Análise do discurso da UEM (GEDUEM), subsidiado pelo escopo teórico da
Análise do Discurso franco-brasileira, baseando-se nos procedimentos foucaultianos
centrados nos conjuntos crítico e genealógico, este trabalho tem por objetivo contribuir
com uma reflexão sobre o funcionamento discursivo da linguagem fotográfica,
focalizando nos jogos de verdade e de poder que, imageticamente, subjetivam estes
seres, objetivando, também, entender o processo de identificação que a fotografia pode
oferecer à sociedade ao ler imagens.
Resumo:
O presente estudo insere-se no projeto “Discurso, Letramento e Proficiência em
Regimes de (In)visibilidades: Língua Portuguesa como Adicional e Estrangeira” que fala
sobre a questão dos regimes de (in)visibilidade identitária no Ensino Básico
moçambicano. Uma vez que para as escolas daquele país, acorrem alunos falantes de
línguas diversificadas, a saber: a Língua Portuguesa e as línguas bantu, geram-se
desafios para os gestores e todos os intervenientes escolares. Sob tal perspectiva, o
processo de ensino-aprendizagem do Português, naquele contexto, pode ter
significados diferenciados para cada etnia, por conseguinte, os agentes educativos
deverão não só ter em conta cada comunidade particular, como também os significados
que a leitura e a escrita têm para cada um desses grupos étnicos. Em função disso, as
Resumo:
relações de saber e de poder. Em todos esses anos, grande parte dos trabalhos do
grupo esteve relacionado às questões relativas ao sujeito marginalizado, dentre elas, o
vestibular indígena tem sido objeto de investigação, desde 2010. Neste ano, inicio a
pesquisa de mestrado que tem continuidade nos dias de hoje com o doutorado. Esse
período de pesquisa proporcionou participação acadêmica no vestibular na elaboração
das provas e do processo de avaliação e com oficinas de preparação dos candidatos
para esse processo avaliativo. Esse envolvimento humano e teórico construiu um
regime de olhar e de dizer sobre o vestibular indígena no que compete ao processo de
avaliação da língua portuguesa, dadas as condições de existência desse processo
seletivo. Desse modo, esta comunicação busca mostrar um recorte do percurso teórico
analítico do regime de governamentalidade no qual o Vestibular para os Povos
Indígenas no Paraná está circunscrito. As pesquisas realizadas pelo grupo nessa
temática têm revelado que há muitas contradições inscritas e convertidas em
procedimentos de governamentalidade que, no âmbito político e social, sabotam o
exercício da cidadania indígena contribuindo, assim, para a manutenção da exclusão
das populações indígenas. As redações imprimem os saberes adquiridos pelos
candidatos no processo de formação escolar e, por meio delas, é possível avaliar o
modo como o processo de letramento escolar tem preparado esses candidatos para a
prova, para a vida e para o mercado de trabalho. Na perspectiva discursiva, a
contradição entre a proposta constitucional e a realidade do processo de formação
escolar regula os saberes sobre o letramento escolar em língua portuguesa no contexto
multilíngue e multicultural indígena. O não cumprimento das propostas especificas) leva
ao rompimento do pacto de segurança, sabotando a cidadania indígena. Na permanente
busca por compreender a condição política e cultural do indígena na
contemporaneidade, pautamo-nos nos princípios teóricos da Análise do Discurso na
perspectiva de Michel Foucault, nos Novos Estudos do Letramento e na Linguística
Aplicada. Sob tal perspectiva, este artigo se constitui de duas partes que se referem ao
mestrado e ao doutorado respectivamente. Sob esses princípios, temos compreendido
que as deficiências no domínio do letramento escolar funcionam como estratégia de
governamentalidade dessas populações, enfraquecendo sua potência de resistência, de
cidadania e de inclusão.
Palavras-chave: Governamentalidade; Processo de Exclusão; Vestibular Indígena;
Letramento escolar.
Resumo:
A língua, o discurso, a tecnologia, a cultura e os letramentos têm sido temáticas
priorizadas nas nove linhas de pesquisa contempladas pelo Grupo de Estudos em
Análise do Discurso da UEM (GEDUEM – CNPq). Filiada a esse grupo trazemos para o
tema deste estudo “a língua portuguesa, tecnologias e letramentos: o digital como
prática-pedagógica inovadora em comunidade indígena do Paraná”. Nesta comunicação
pretendemos explanar os métodos teórico-analíticos que serão utilizados para esta
pesquisa de doutorado. A fim de investigar as competências linguístico-discursivas da
modalidade escrita da Língua Portuguesa de alunos do segundo e terceiro ano do
Ensino Médio de escolas indígenas do Paraná, desenvolveremos uma plataforma
digital, na qual disponibilizaremos vídeoaulas sobre produção textual, com enfoque para
o ensino de gêneros e tipos textuais para preparar os alunos para o processo seletivo
do Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná. Essas vídeoaulas serão disponibilizadas
na plataforma “Edmodo”, que possui as funcionalidades de um ambiente virtual de
aprendizagem (AVA). Este método de ensino e aprendizagem será oferecido para os
alunos do Colégio Estadual Indígena Kuaa Mbo'e (Diamante D’Oeste – Paraná) e por
meio desta prática-pedagógica investigaremos as condições de possibilidades de tal
procedimento configurar-se como um método viável (e eficaz) – ou não – para a
construção de saberes dos alunos indígenas. Para investigar o conhecimento adquirido
(ou não) pelos alunos, por meio desse curso, nós realizaremos duas avaliações
diagnósticas que, posteriormente, serão analisadas: a primeira antes dos alunos
assistirem e estudarem pelo curso pré-vestibular online; a segunda depois desse
processo de ensino e aprendizagem. De tal modo, admitimos como dispositivo capaz de
reger o funcionamento deste estudo a “Tecnologia e inovação” e elencamos como
problematizações as seguintes indagações: De que modo as Tecnologias da
Informação e da Comunicação podem funcionar como um recurso de aprendizagem
eficaz para suprir as lacunas educacionais das comunidades indígenas do Paraná? E,
ainda, de que forma o dispositivo “Tecnologia e inovação” cria condições de
possibilidades para uma prática-pedagógica inovadora nessas comunidades? O
percurso teórico-analítico estabelece-se sob o regime de olhar da Análise do Discurso,
de linha franco-brasileira, priorizando, especialmente, os princípios erigidos por Michel
Foucault, de pesquisas de TASSO (2014), ORLANDI (2008), como também, estudos
14) “Nossos corpos têm mais vida, nossas vidas mais amores”?:
representações do corpo transgênero masculino no cinema
Resumo:
Criado há pouco mais de um século, o cinema tem se revelado, nas duas últimas
décadas, importante dispositivo técnico e tecnológico. Localizado em uma época e um
espaço, o cinema cria condições para a coexistência enunciativa, que delineiam,
inicialmente, no âmbito da formação dos conceitos, segundo Foucault (2013, p. 68), um
campo de presença (isto é, todos os enunciados já formulados em alguma outra parte e
que são retomados em um discurso a título de verdade admitida, de descrição exata, de
raciocínio fundado ou de pressuposto necessário, e também os que são criticados,
discutidos e julgados, assim como os que são rejeitados ou excluídos). O cinema, por
sua formação e seu modo operacional, é, desse modo, um espaço de circulação de
diferentes discursos que fazem reverberar verdades de uma época, de um espaço
institucional, de um espaço geográfico ou, ainda, de espaços fronteiriços; cujos marcos
limítrofes, têm, no corpo biológico, sociocultural e político, a superfície de sua inscrição
material e discursiva. De modo que as produções cinematográficas colocam em cena (e
também em jogo) domínios de saber e exercícios do poder relacionados com uma
época e com um lugar, inscrevendo os sujeitos representados nesse espaço fílmico em
lugares, entrelugares ou lugares à margem, especialmente, ao se referir ao
pertencimento identitário, alimentado por regimes de verdade. Certamente, a vontade
de verdade não é dada ao acaso. Como destaca Foucault (1996, p. 20), uma verdade
só aparece aos nossos olhos se sua “força [for] doce e insidiosamente universal”. E,
ainda, essa vontade de verdade estará sujeita a ser substituída sempre que outra a
sobrepuser com a pujança necessária ao deslocamento dessa que lhe antecedeu.
Resumo:
Carregar um disco de vinil sob o braço para ouvir em casa, curtir um CD no walkman
com os fones nas orelhas ou baixar um álbum no seu site preferido de RAP envolvem
condições de produção diferentes nas quais um sujeito- ouvinte das batidas significa em
uma direção e não outra . De que forma as Formações Discursivas que determinam os
processos de leitura desses materiais autorizam a produção de certos sentidos e não de
outros? Como a cidade é significada nos gestos de leitura? Na visão discursiva, que
aqui defendemos, o texto verbal, a pintura, a música e a fotografia estão serão sempre
ligados a sobredeterminações que autorizam a produção de certos sentidos e não de
Resumo:
O Artigo de Opinião, na circulação social, é uma textualização na qual podemos
contemplar a tomada de posição do sujeito-autor e a produção de um efeito-
convencimento em leitores diversos imaginariamente projetados na leitura. Neste
gênero, o autor pode marcar sua tomada de posição constituída e determinada histórica
e ideologicamente e produzir um efeito-autoria, assim como deixar emergir um dado
estilo de escrita, textualizado a partir de recursos como o humor, a ironia, utilização de
metáforas futebolísticas para fidelizar o leitor. O Artigo de Opinião, historicamente,
passou a fazer parte dos conteúdos ensinados na escola devido aos Parâmetros
Curriculares Nacionais que elegeram os gêneros discursivos como objetos de ensino
em 1998. No que concerne ao nosso contexto de estudo, a prova de redação do
vestibular da Universidade Estadual de Maringá (UEM), passou a solicitar os gêneros
em 2008, ao adotar o gênero discursivo como instrumento de avaliação, estabelecendo
critérios para a atribuição de nota das redações produzidas no vestibular. Neste
contexto, o sujeito-candidato, na posição de sujeito locutor, tem que produzir, seguindo
as instruções do comando de produção que irão estabelecer o contexto fictício (qual
papel social o sujeito-aluno deve ocupar para escrever, qual a finalidade, em que
meio/suporte seu texto será publicado e quem são os possíveis leitores do seu texto).
No caso do artigo de opinião, seguindo tais recomendações, pelas injunções próprias do
gênero, é necessário ao produtor marcar um posicionamento frente a uma questão
polêmica e/ou atual. Diante do exposto e da importância de estudos de enfoque
discursivo acerca da redação no vestibular, o objetivo desta pesquisa é analisar, com
base na Análise de Discurso de linha francesa (Pêcheux, 1988; Orlandi, 1988, 2015),
como a posição social apresentada no comando de produção da redação é assumida
pelo sujeito-candidato. Para isso, selecionamos o comando do vestibular de inverno de
2014 e 103 redações produzidas neste vestibular, já que esta proposta foi a primeira a
apresentar uma posição social para o candidato incorporar. Em termos de etapas do
trabalho, primeiro, apresentamos uma revisão da literatura pertinente, em seguida,
destacamos as posições sociais incorporadas pelos candidatos para a produção do
Artigo de Opinião do vestibular de inverno de 2014 da Universidade Estadual de
Maringá e por fim, analisamos se a posição social ocupada pelo sujeito-candidato
contribui para a argumentação e a sustentação do ponto de vista assumido.
Resumo:
Este trabalho tem como marco teórico a Análise do Discurso (AD) de linha
francesa, formulada por Michel Pêcheux, na qual o discurso é compreendido como
efeito de sentido entre interlocutores, sentido que se dá dentro de uma determinada
formação discursiva (FD), e que determina aquilo que pode e deve ser dito, (pensado,
sentido, produzido, etc.) sobre determinado assunto. Ela interpela os individuos em
sujeitos, e é a partir dela que esses sujeitos se contituem, construindo sua leitura de
mundo, suas “verdades”. Em uma sociedade já habituada à luta histórica dos
movimentos feministas por igualdade de direitos, na qual o corpo nu é explorado
comercialmente pela mídia, parece estranho que a exposição do corpo feminino em
manifestações de protesto, seja vista de forma tão ofensiva e negativa. O grupo
feminista FEMEN, que luta contra o patriarcado em suas três formas, é alvo de
agressões, durante seus protestos por expor seus corpos seminus. Dentro deste
contexto, o objetivo deste trabalho é compreender os processos discursivos que
possibilitam a produção de efeitos de sentido nas manifestações do grupo, e como o
corpo nu se constitui como materialidade discursiva, deslocando os corpos das
manifestantes do ideal de feminilidade, construído ao longo do século XIX, e que ressoa
ainda no século XXI. O corpus escolhido para a análise é composto por duas imagens
de um protesto do grupo, o qual questiona o controle exercido sobre os corpos
femininos pelas principais religiões do mundo ocidental. Por meio da análise destas
materialidades imagéticas, busca-se compreender como o corpo feminino nu, quando
utilizado como veículo de protesto, produz efeitos de sentido que rompem com a FD
vigente que determina o que pode e deve ser uma mulher, dentro dos ideais que
persistem na sociedade. A partir de Orlandi (2014) e Ferreira (2011) este trabalho busca
compreender o corpo, como materialidade discursiva. Para a AD, existem o real da
língua, o real da história, e o real do sujeito, como aquilo que irrompe, aquilo que falha e
Resumo:
que se identifica com a forma-sujeito, também rompe com ela, recusando a totalidade
dos saberes a ela circunscritos. Esse sujeito reivindica ser o esperado “ungido” de
Deus, aquele já constituído na memória coletiva, entretanto o “lugar” que ele ocupa no
discurso, a maneira como ele se marca, confronta, em certa medida, essa forma-sujeito.
Este estudo organiza-se da seguinte maneira: primeiro são feitas algumas
considerações teóricas, baseadas no que elaborou Michel Pêcheux (2009), acerca dos
conceitos de forma-sujeito e posição-sujeito, bem como uma breve retomada do
conceito de memória discursiva, ancorada na obra Papel da memória, de Achard et al
(2010), onde se destaca que é a memória discursiva que restabelece os “implícitos”
(pré-construídos, elementos citados e relatados, discursos-transversos etc.), de modo
que, para que um discurso faça sentido, estão envolvidos retomada, remissão,
regularização, repetição, reconhecimento. Em seguida, tem-se uma breve análise da
relação entre a forma-sujeito messiânica e a posição-sujeito ocupada pelo sujeito do
discurso Jesus Cristo, tendo em vista as questões políticas que permeiam essa relação.
Para finalizar, são feitas reflexões destacando os principais pontos da relação forma-
sujeito e posição-sujeito no discurso ora estudado.
Resumo:
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo apresentar algumas considerações iniciais levantadas em
nosso projeto de pesquisa, considerando os espaços digitais e os sujeitos que os
constituem e que neles se constroem, tendo por objeto de estudo algumas produções
de memes virtuais nas redes sociais e os discursos por/em eles articulados.
Acreditamos que o meme, mesmo que muito recente e ainda pouco estudado, seja um
gênero que possa contribuir para estudos das mais diversas áreas, uma vez que nele
cabem signos multissemióticos, imbricando textos verbais, pictóricos, cinéticos,
possibilitando um convívio de representações várias, nunca pensadas antes do
surgimento da internet e das redes sociais de compartilhamento. Justamente esse
caráter de “novidade” é o que nos leva a pensar a o meme como fruto de realidades
atuais e que promovem novos olhares para as relações discursivas. Assim, pensamos
no momento sócio-histórico atual, no qual os usuários das redes digitais encontram-se
cercados por avalanches de informações, veiculadas sob diferentes formatos,
propiciadas pelo advento da web, tentando perscrutar os percursos dos discursos
presentes nos memes e seus modos de funcionamento. Para prosseguir em
investigação e análise, vinculamos este estudo à Análise do Discurso (AD) de linha
francesa, mobilizando conceitos chaves para compreender a produção, circulação e
efeitos de sentido estabelecidos por/em estes textos, uma vez que é no texto que se
“organiza a relação da língua com a história no trabalho significante do sujeito em sua
relação com o mundo” (ORLANDI, 1999, p.69), de modo que entrevemos nos memes
novas formas de significar a si e ao mundo. Sendo assim, nossa análise vai ao encontro
de uma visão que entende o discurso como efeito de sentidos entre interlocutores
(Pêcheux, 1998), materializado em gêneros discursivos que ecoam em vozes múltiplas
(polifonia), deslocando a ideia de que a linguagem é transparente, pelo contrário,
destacando a opacidade e heterogeneidade constitutivas do dizer
(MAINGUENEAU,1997; ORLANDI, 1999). Com isso em mente, visamos mobilizar na
análise do material selecionado, mais especificamente memes que circularam nos
ambientes do Facebook e Twitter nos anos de 2016 e 2017, os conceitos de condições
de produção, paráfrase/polissemia e formação discursiva, questionando os modos de
realização desses discursos, por meio de redes de sentido que nos permitem ver nos
memes recursos para discutir questões como autoria, deslizamentos de sentido e
identificação/filiação a formações discursivas (FOUCAULT, 1971; ORLANDI, 1999).
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo apresentar reflexões de natureza teórico-prática, tendo
em vista a apresentação de uma metodologia de leitura de cunho discursivo em sala de
aula com base em discursividades produzidas no espaço da mídia digital. Uma vez que
a metodologia é de filiação discursiva, é preciso ser consequente com o campo da AD
que nos demanda relacionar o texto (sua textualização, em condições imediatas) a suas
condições de produção mais amplas. Além disso, advogo a pertinência do movimento
de uma análise prévia à leitura do texto (ou conjunto de textos que constituirão uma
aula), visto que a própria natureza do material não é indiferente ao modo como uma
metodologia de leitura pode ser formulada. Dito de outro modo, segundo Orlandi (1999,
p. 27) “cada material de análise exige que seu analista, de acordo com a questão que
formula, mobilize conceitos que outro analista não mobilizaria face a suas (outras)
questões”. Para tanto, diante do texto escolhido, é relevante pensar que funcionamento
está em jogo na produção de efeitos de sentidos no texto, isto é, levantar o que é
produtivo naquele material em uma aula de leitura e valer-se desse conceito. Nesse
caso, considerando a relevância de pensar práticas de linguagem na escola que
redimensionem o espaço da sala de aula, nesta comunicação em especial, apresentarei
um percurso de formulação de uma metodologia de leitura de cunho discursivo
(Pêcheux, Orlandi, Pfeiffer), tomando como peça de análise uma crônica jornalística
publicada em 18/01/2017, no sítio eletrônico do Jornal O Globo, assinada por Zuenir
Ventura, sob o título Trump e a pós-ética. A metodologia envolveu, primeiramente trazer
uma análise prévia do material (texto da crônica argumentativa) no sentido de levantar
as regularidades discursivas específicas do/no texto. Com base na análise
empreendida, cheguei a três eixos basilares que se constituem como ponto de
ancoragem de uma abordagem do material: (i) a própria materialidade da crônica que
demanda, nas palavras de Lagazzi (2010, p.99), um gesto de significar na unidade
(tanto para o autor quanto para o leitor), considerando as condições de produção, as
histórias de leituras dos sujeitos-leitores e circulação do texto em meio a uma página
eletrônico do Jornal O Globo; (ii) prática da autoria como injunção à textualização e
como organizador de discursividades (aquele que dá ao discurso uma unidade aparente
com base em um princípio organizador) e (iii) a tensão entre paráfrase (a evidência de
um sentido) e polissemia (abertura ao equívoco), na medida em que sentidos sobre a
noção de pós-ética nos quais se joga com um dado relativismo relacionado à produção
de sentidos na era da pós-verdade em que uma mentira passa a ser “verdade” ou ao
efeito no qual crenças pessoais valem mais que fatos ficam imobilizados, no movimento
da interpretação, justamente pelo fato de a crônica produzir a manutenção de
dicotomias estabilizadoras: Obama representando a verdade e uma ética que emerge
como sentido evidente, óbvio e unívoco e Trump relacionado à pós-ética, a uma
subversão de sentidos inscritos da memória do que vem a ser ética. Entendemos que
ler a crônica é expor-se à opacidade da linguagem, ou seja, é preciso dar visibilidade à
contradição tomada como um ponto nodal na leitura da crônica em tela. A crônica, ao
emergir em meio ao mito da transparência da linguagem, acaba reiterando um
movimento de significação que se fixa em um sentido estabilizado (paráfrase) e que se
sustenta na lógica disjuntiva bem/mal, não dando consequências à polissemia
(diferentes sentidos que a palavra ética pode evocar no deslizamento de uma formação
discursiva filosófica para uma formação discursiva política) e à contradição entre a
“mentira que pode ser tornar verdade” ou uma “pós-ética” (uma ética que não pode ser
vista como ética) que vence as eleições nos Estados Unidos.
Resumo:
Como se faz a história das ideias linguísticas? O que é uma ideia linguística? O
presente estudo, vinculado a uma pesquisa maior na qual se busca historiar a categoria
“tempo” dentro do âmbito dos estudos linguísticos, tem o objetivo de responder estas
questões, mostrando como a área da História das Ideias Linguísticas, tal como se
desenvolve no Brasil, ou seja, fundamentada em perspectivas materialistas, tem
contribuído para os estudos da linguagem no que se refere à compreensão do saber
sobre conceitos, noções e categorias estruturais e imprescindíveis da área. Para tanto,
analisaremos como a ideia de tempo se configura e historiciza nas obras de dois
linguistas fundamentais para as Ciências da Linguagem: Ferdinand de Saussure e
Émile Benveniste. Tanto em Benveniste, quanto em Saussure, tempo vem predicado
como fator ou categoria que causa problema aos linguistas: para Saussure, ele coloca a
ciência em duas rotas divergentes (sincronia e diacronia); para Benveniste, ele recobre
representações muito diversas no encadeamento das coisas (físico, crônico e
linguístico). O que propomos mostrar é como tempo, ao figurar como uma ideia
Resumo:
Diante do contexto político brasileiro contemporâneo, fazem-se recorrentes discursos
pelos quais se afirma haver uma crise, sobretudo moral, implicada nas relações políticas
e ideológicas. Em decorrência da inquietação provocada por sentidos de
ausência/presença de moral e ética no contexto político brasileiro, propõe-se, neste
estudo, deslocar as questões de ética e moral para o campo linguístico, mais
Resumo:
Ancorados na lembrança de que a memória sempre nos falha e que é na falha que nós,
analistas do discurso, aprendemos que um novo (na língua, na história e no simbólico
que nos constitui) é possível, apresentamos o resumo deste trabalho procurando
entender um pouco mais sobre os processos discursivos de autoria no discurso
científico. A Análise de Discurso (AD) fundamenta este trabalho e filiados a essa
perspectiva teórico-metodológica, entendemos que o discurso não é mera transmissão
de informação, mas um processo de produção de efeitos de sentidos que se constitui
“no funcionamento da linguagem, que põe em relação sujeitos e sentidos afetados pela
língua e pela história” (ORLANDI, 2013:21). Com um corpus composto por formulações
retiradas da sessão “For Authors”, do site da publicação científica Nature – International
Weekly Journal of Science, pretendemos analisar se as condições de produção
impostas pelo guia de autoria da publicação faz com que os pesquisadores que se
submetem a elas, realizem um exercício de autoria que ancora seus sentidos na
produção do conhecimento ou na divulgação do mesmo (ZAMBONI, 2001). Um
acontecimento discursivo é justamente uma possibilidade de falha em uma enunciação
carregada de memórias discursivas e de formações ideológicas que, na maioria das
vezes, nos coloca em um movimento discursivo de reprodução de discursos outros,
geralmente de discursos ancorados em formações discursivas e ideológicas
dominantes. Nos questionamos sobre se, as análises das formulações contidas nas
orientações para autores da Nature Research Editing Service e o modelo de escrita
proposto pelos editores da Nature apresenta os artigos da revista como artigos que nos
remetem ao discurso científico de “disseminação científica (compreendida como
direcionada a especialistas” ou ao discurso de “divulgação científica (compreendida
como destinada ao grande público leigo” (Zoppi-Fontana, 2012). Quando o Author’s
guide apresenta que “Articles and Letters published in Nature have an exceptionally
wide impact, both among scientists and, frequently, among the general public.”
Resumo:
diferente de outrora. As alterações ocorridas nas atitudes e nas práticas desses sujeitos
devem-se aos conteúdos transmitidos pelos atuais e diferentes dispositivos. Não há
dúvidas de que a mídia, sobretudo por conta da web, mudou a maneira de se fazer
política. Acredita-se que essas novas práticas sociais face aos conteúdos transmitidos
pelas mídias também merecem outro tratamento epistemológico por parte dos
pesquisadores. Utilizando-se como corpus de análise uma materialidade diferente da
que se é acostumada, os vídeos das entrevistas televisivas feitas com as presidentes
sul-americanas – Michelle Bachelet, Cristina Kirchner e Dilma Rousseff –, bem como os
comentários postados nesses vídeos, neste trabalho pretende-se demonstrar gestos
interpretativos que evidenciam como as imagens dessas presidentas podem ser
construídas nos enunciados das perguntas feitas pelos jornalistas, nos enunciados das
respostas dadas por esses sujeitos políticos e, ainda, nos comentários postados pelos
internautas. Para que esta pesquisa fosse desenvolvida, buscou-se subsídios no
arcabouço teórico da Análise do Discurso, mais especificamente um diálogo com os
trabalhos mais atuais de Dominique Maingueneau no qual são apresentadas algumas
modificações para a noção de ethos e algumas reflexões sobre a complexidade das
estratégias na gestão da relação entre ethos dito e ethos mostrado. (Processo FAPESP:
2013/12814-2).
Resumo:
Resumo:
Resumo:
de que tudo pode acontecer aqui e agora. Sob o efeito de uma língua opaca, fluida e
que não permite ser domesticada (ORLANDI, 2009), a EAD busca por um lugar ainda
em processo de efetivação e entre dissensos e consensos, o efeito de presencialização
permeia o fazer educação a distância que segue em busca do seu lugar, ou seja, sem a
sombra da educação presencial.
RESUMO 15
smeletti@gmail.com
mad.vinny@hotmail.com
Resumo:
Resumo:
Nos propomos a apresentar, com base no Materialismo Histórico-Dialético-Cultural, um
balanço (2000-2016) das teses e dissertações dos programas de pós-graduação em
Letras/Linguística e Educação do Brasil. Tivemos como objetivos, catalogar e analisar
as produções que tivessem como foco o ensino de inglês para alunos com deficiência. A
análise das pesquisas se justifica na compreensão da produção cultural intelectual
flazan@uol.com.br
jeffersongustavocampos@gmail.com
Resumo:
O Curso de Linguística Geral é uma obra póstuma, publicada em 1916, por ex-alunos
de Ferdinand de Saussure, os quais reuniram algumas folhas manuscritas pelo próprio
professor e anotações dos alunos que assistiram aos três cursos ministrados pelo
mestre genebrino em 1907 a 1911. Albert Sechehaye e Charles Bally após a morte de
Saussure, buscaram reunir todo o material e a partir desse material, decidiram por fazer
uma edição a partir do que reuniram, por entenderem que os ensinamentos eram
brilhantes. Assim, o livro foi publicado em 1916. Em 1955 e 1968 surgiram novos
manuscritos disponibilizados para Universidade de Genebra. A partir deles, surgiram as
edições críticas de Engler (1968), Túlio de Mauro (1968) e Godel (1969).
Posteriormente, em 1996 também houve a descoberta de novos manuscritos. Neste
trabalho, partiremos da edição crítica de Túlio de Mauro e dos cadernos de alguns
alunos para que, através de uma reconstrução cronológica possamos entender como os
conceitos de diacronia e sincronia se deram nos cursos ministrados por Saussure e
posteriormente como foram reorganizados na edição do Curso. Durante o século XIX
predominava o estudo sobre a gramática comparada que buscava comparar as línguas
entre si, buscando identificar as particularidades e o que o havia em comum entre elas.
Saussure iniciou seus trabalhos como comparatista ao estudar o sistema das vogais em
indo-europeu em 1878. Nesse ano publicou em Leipzig o Trabalho sobre o sistema
primitivo das vogais indo-europeia e sobre o genitivo absoluto em sânscrito em 1880
com a tese Sobre o genitivo absoluto em sânscrito. Para Normand (2009), Saussure
antes de ser conhecido pela publicação do Curso de Linguística Geral, era conhecido
como estudioso da gramática comparada. Também Calvet (1975) cita que Saussure
ficara conhecido pelos conceitos de língua, fala e linguagem, sincronia e diacronia,
significante e significado, porém essa imagem que temos de Saussure é póstuma.
Antes da publicação do CLG o que o tornou reconhecido era a produção da linguística
comparada. Com a publicação do CLG, tem-se um Saussure que define o objeto da
Linguística, que a coloca como uma ciência e prioriza um aspecto desse objeto: a
sincronia, pois somente no estado de tempo, podemos entender a língua enquanto
sistema. Partindo desse movimento, entendido aqui como definido por Silveira (2007),
buscaremos dentro da edição do Curso de Linguística Geral verificar como ocorreu essa
passagem da diacronia para sincronia. Qual a relação desse movimento com a edição e
os cadernos dos alunos? Diante de tais questionamentos, buscaremos entender como
se deu esse movimento e qual a importância dele na fundação de uma ciência.
Resumo:
o livro prometido nos permitem supor? Tendo em vista tais questões, neste trabalho
procuraremos, a partir de uma análise inicial dos manuscritos selecionados, averiguar
quais elementos nos permitem estabelecer uma aproximação entre este documentos
historicamente distanciados.
Resumo:
Resumo:
Resumo
Resumo:
De forma similar ao que ocorre em outras instituições de ensino superior, na
Universidade Estadual de Maringá, o espaço ocupado pela linguística no currículo da
graduação em Letras é modesto. Por esse motivo, as disciplinas voltadas aos estudos
linguísticos abrangem conteúdos de certa forma limitados, restringindo-se, muitas
vezes, a uma bibliografia tida como mais relevante. Das obras constantes na ementa da
disciplina de “Linguística I”, o Curso de Linguística Geral (CLG), de Ferdinand de
Saussure, encontra-se entre as imprescindíveis. De acordo com essa publicação, a
língua poderia ser estudada pautando-se na definição de algumas dicotomias: língua
(langue) e fala (parole), significante e significado, sintagma e paradigma, e sincronia e
diacronia. Escrito a partir de uma compilação de anotações de alguns alunos, feitas
durante três cursos ministrados por Saussure na Universidade de Genebra, entre 1907
e 1911, o CLG pode ser considerado o responsável pela introdução da linguística no
meio científico. Apesar de alguns estudiosos questionarem a veracidade das premissas
apresentadas na obra introdutória de Saussure, por se tratar de uma edição póstuma,
organizada por dois dos discípulos do professor suíço, Charles Bally e Albert
Sechehaye, é inegável sua relevância para a linguística. No CLG, Saussure aponta a
língua como um sistema homogêneo, um produto social de caráter abstrato dependente
de uma massa falante para existir, enquanto a fala consiste em um ato individual e
variável, por meio do qual a língua se concretiza. Ainda, para Saussure, a fala de um
indivíduo resultaria em combinações lineares denominadas sintagmas, estabelecidas a
partir da relação de oposição entre os termos. No CLG, destacam-se os estudos de
Ferdinand de Saussure voltados sobretudo à língua, entretanto, a descoberta de novos
manuscritos atribuídos ao lingüista genebrino acarretou na proposição de novas teorias
acerca de suas dicotomias. A partir dessas novas proposições, outras obras foram
publicadas, entre elas, os Escritos de Linguística Geral (ELG). Semelhante ao que o
CLG apresenta com relação à dicotomia langue e parole, nos ELG a língua também é
apontada como um fenômeno compartilhado pela sociedade, contudo, desta vez, deixa-
se de focar somente no indivíduo e na produção da fala como um simples ato concreto
da língua, e passa-se a questionar o falante como um sujeito capaz de produzir algo
além. Enquanto no CLG a fala, por vezes, é vista como um produto da língua, nos ELG
a parole deixa de ser uma coadjuvante e atinge um novo patamar, resultando em um
elemento verdadeiramente relevante para a vida em sociedade e para a evolução do
pensamento humano: o discurso. Nesta comunicação, buscaremos apresentar o
levantamento comparativo entre CLG e ELG, que fizemos em nossa pesquisa de
iniciação científica, bem como discutir a importância desse achado aos estudos
linguísticos.
Resumo:
Saussure é considerado o pai da ciência linguística, contudo, diferente de muitos
pensadores, este não deixou nenhuma publicação. Há, o Curso de Linguística Geral
(CLG), obra póstuma, construída a partir de anotações de seus alunos da Universidade
de Genebra, organizada e publicada por Charles Bally e Albert Sechehaye, apresenta
parte/fragmentos de sua teoria linguística. A visão dos alunos sustentou, por quase um
século, o entendimento dos pressupostos da ciência Linguística e consolidou a imagem
do linguista como estruturalista. Assim, nesta comunicação, temos o objetivo de refletir
sobre o pensamento de Ferdinand de Saussure no que tange à teoria do Signo
8) O conceito em movimento
Eliane Silveira (UFB)
Resumo:
A nossa proposta de pesquisa visa examinar o laço existente entre o livro Curso de
Linguística Geral, publicado em 1916, de autoria atribuída postumamente a Saussure,
que comporta os conceitos basilares da linguística como ciência moderna e um
manuscrito saussuriano descoberto em 1996, o “De l’essence double du langage”,
dedicados especificamente aos conceitos da linguística e cuja forma e conteúdo vem
desafiando os pesquisadores da área. Partiremos do princípio que a linguística
moderna, fundada por Saussure, se deu a partir da publicação do referido livro e
buscaremos saber, em primeiro lugar, se o manuscrito citado contém os elementos
basilares dessa fundação. Para tanto examinaremos a hipótese de haver nesse
manuscrito o esboço dos conceitos fundadores da linguística moderna. Considerando
que o livro é o efeito das aulas que Saussure ministrou entre 1909 e 1913 e o
manuscrito foi redigido por volta de 1891, supomos que o estado em que os conceitos
saussurianos se encontram não são os mesmos. Assim, um segundo objetivo deste
trabalho é evidenciar o movimento de Saussure na elaboração desses conceitos desde
Resumo:
SIMPÓSIOS DE LITERATURA
Resumo:
A presente comunicação expõe de que forma o vazio existencial manifesta-se nas
personagens de Jerusalém, um romance do escritor português Gonçalo M. Tavares.
Sabendo que a literatura pode ser “[...] lida essencial e constantemente com a imagem
do homem, com a forma e o estímulo da conduta humana.” (STEINER, 1988, p. 22) e
que o enredo do romance está inserido no pós-guerra, no pós-holocausto, podemos
inferir que as personagens tavarianas configuram-se como sujeitos fragmentados,
integrantes da pós-modernidade (HALL, 2006) e da fase líquida (BAUMAN, 2007). As
caracterizações e as relações existentes entre os personagens Mylia, Ernst Spengler,
Theodor Busbeck, Kaas Busbeck, Hanna e Hinnerk Obst sugerem que suas existências
são permeadas de vazio. É pelo crivo da poesia que compreenderemos o íntimo do ser,
lembrando que “A arte poética nos estimula a questionar regimes políticos, valores
sociais e religiosos, que geram guerras, injustiças sociais, crises existenciais, a
infelicidade, enfim.” (D’ONÓFRIO, 2007, 11). Para tanto, será necessário interpretar a
expressividade e a significação do silêncio – uma vez que “A poesia nasce no silêncio e
no balbucio, no não poder dizer, mas aspira irresistivelmente a recuperar a linguagem
como uma realidade total. O poeta transforma em palavra tudo o que toca, sem excluir o
silêncio e os brancos do texto. (PAZ, 2012, p.288)” –, bem como a própria linguagem
literária do escritor. Além disso, a representação do sujeito dos séculos XX e XXI na
obra revela-nos o quão importante têm sido as contribuições de outras áreas do
conhecimento, como por exemplo a Filosofia e a Sociologia, para as interpretações
literárias. A apresentação, enveredaremos especificamente nos estudos de Bauman e
Sartre, este para compreender o sujeito em si e aquele para compreender a sociedade
em geral. A análise da presença do vazio na literatura ajuda-nos a entender não só a
personagem de ficção, mas também ao ser humano, ainda que de forma enviesada.
Somente a poesia é capaz de identificar o vazio na literatura: “Conviver com a poesia,
permite-nos estar de olhos mais abertos, olhando além do que se vê, percebendo outros
detalhes dentro dos contornos visíveis. (PAIXÃO, 1982, p. 95)”, no entanto, atualmente,
a sociedade confere a ela pouca importância (PAIXÃO, 1982). Quando captarmos a
linguagem poética e aquilo que ela transmite, seremos sujeitos mais conscientes e
menos fragmentados.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Essa comunicação é fruto de uma pesquisa que faz parte do projeto Representações do
vazio na literatura de Gonçalo M. Tavares, vinculado à Universidade Estadual de
Maringá. A metodologia do trabalho conjuga os métodos indutivo e dedutivo. Trata-se
de um estudo que visa ao detalhamento das experiências de vazio realizadas pela
personagem de nome Ernst, no livro intitulado Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares.
Focaliza-se principalmente a tentativa de suicídio de uma das personagens e os
possíveis motivos que a levaram a esse gesto extremo. Os principais objetivos
consistem em: aprofundar conhecimentos relacionados à literatura; levantar elementos
teóricos acerca do suicídio; discutir de que modo o suicídio é representado no texto
literário. No intuito de alcancar tais objetivos, estabeleceu-se uma ordem de análise,
levando em conta cronologia, acontecimentos e relevância das informações para a
formação da personagem. O primeiro foco de análise e pesquisa prende-se à relação
entre Ernst e o hospital Georg Rosenberg – o hospício onde Ernst viveu por um tempo –
levando-se em conta que determinados eventos ocorridos ali são de extrema
importância para a compreensão das ações da personagem. Dentre eles o encontro
com Mylia e as repressões sofridas por Gomperz. O segundo ponto para estudo
consiste nas relações entre Ernst e as experiências amorosas sofridas por ele. Dessa
forma, será contextualizado desde seu envolvimento com Mylia até os acontecimentos
após sua liberação (alta) do Georg Rosenberg. Em terceiro lugar será analisado o vazio
da relação entre Ernst e seu filho Kaas. Apoiando-se na ideia de que Ernst é impedido
de ter contato com o filho durante toda sua vida, prorar-se-á demonstrar os males que a
falta dessa espécie de contato proporciona à personagem e como essa falta ajuda a
aumentar a sensação de vazio sentido por Ernst. Um quarto ponto de análise é o fato de
Ernst, após ser liberado do hospital Georg Rosenberg, não conseguir se encaixar em
lugar nenhum. Após sua liberação, Ernst, por fatores como sua doença e seu histórico
de internação não consegue se reinserir na sociedade. Levando em conta a relevância
da exclusão social para os seres humanos, será explorado como isso ajuda a aumentar
o vazio da personagem. Por fim, o último foco fica a cargo da relação entre Ernst e a
morte, sendo ela abordada desde a tentativa de suicídio, momento em que conhecemos
a personagem, até a presença da morte em várias cenas e falas da personagem Ernest.
Estudos de autores como Antonio Candido, Anatol Rosenfeld, Émile Durkheim, Sigmund
Freud estão entre aqueles que dão suporte a essa comunicação. Assim, por meio de
uma pesquisa orientada visa-se a investigar e demonstrar modos pelos quais o suicídio
é representado na literatura de Gonçalo M. Tavares.
Resumo:
O Dictionnaire de psyquiatrie (1993), dirigido por Jacques Postel, define o suicídio como
o “ato de se dar, a si mesmo, a morte”. Este ato pode ser tanto racionalmente, em
função de considerações religiosas, filosóficas ou morais, quanto um ato patológico,
devido a uma evolução de diversas afecções mentais. Nenhuma dessas causas foi o
motivo de Van Gogh se matar, segundo Artaud. Diversamente, “Van Gogh não morreu
em um estado de delírio próprio”, escreve, “ele não se suicidou num gesto de loucura”,
mas “a sociedade, para puni-lo por se ter desvencilhado dela, o suicidou”. Artaud, em
Van Gogh, le suicidé de la société (1947), somado a dois outros textos de seu período
surrealista, que trazem a temática do suicídio de forma explícita (Sur le suicide (1925) e
Le suicide est-il une solution? (1925)), acusa as instituições de tentarem impedir que
homens de gênio – como Van Gogh, Nerval, Rimbaud, Poe, Lautréamont, Nietzsche –
venham a revelar verdades que a própria sociedade não estaria pronta a escutar. Neste
sentido, Artaud já antecipa alguns traços que virão nas profundas análises no
pensamento de Foucault, as instituições disciplinares que têm como finalidade gerar
corpos dóceis e, no limite, matáveis. Esta docilidade é contraposta com intensidade do
viver artístico e, portanto, para conter este, a própria medicina e a psiquiatria tiveram
que tratar a intensidade como um critério de doença (cf. O normal e o patológico de
Canguilhem). Dessa forma, mostraremos que se o suicídio se tornou uma patologia no
campo da psiquiatria, só o pôde por ser, no fundo, um engodo, uma ferramenta para dar
fim a seres considerados perigosos para a sociedade que tem todo o interesse nestas
mortes. Como pôr fim a esses seres considerados um perigo para a sociedade? Fazê-
los se matarem. Como justificar esses suicidas? Tomando-os por loucos. É por esse
mesmo motivo que tomaram Artaud por louco, segundo a argumentação de seu
pensamento, é por isso que a sociedade criou instituições que selecionam seus loucos.
“Certamente já morri faz tempo, já me suicidei. Me suicidaram, quero dizer”, escreve
Artaud, “mas o que achariam de um suicídio anterior, de um suicídio que nos fizesse dar
a volta, porém para o outro lado da existência, não para o lado da morte?” Assim,
Artaud pensou não somente num suicídio arranjado, cometido pela assassina
sociedade, mas um suicídio poético e é justamente por causa deste que a sociedade
não consegue suportar mentes brilhantes: “Se eu me mato, não será para me destruir,
mas para me reconstituir, o suicídio não será para mim senão um meio de me
reconquistar violentamente, de irromper ritualmente em meu ser, de antecipar o avanço
incerto de Deus”.
Resumo:
No romance The Bell Jar (1963), de Sylvia Plath, a personagem Esther Greenwood nos
faz mergulhar no mundo suicida que a aprisiona. Asfixiada em sua própria redoma, seja
na cidade pequena em que vive, seja em Nova York e seus milhares de caminhos e
opções, Greenwood conta-nos uma parte de sua história. Após uma estadia em Nova
York por ter ganhado uma bolsa de estudos da universidade, a personagem retorna
para a cidade pequena em que morava com sua mãe. A volta para casa é um dos
fatores que a levarão à depressão, culminando no seu internamento em uma clínica
psiquiátrica. A personagem joga o tema do suicídio em sua narrativa através de
reportagens, reflexões sobre o ato e até mesmo algumas “tentativas falhas”. Essas
tentativas, que mais parecem “ensaios” por meio dos quais ela parece se acostumar aos
poucos com a ideia de colocar um fim na própria vida, envolvem afogamentos, uso de
gilete e enforcamento. Perto do final do romance, é descrita sua “tentativa quase não
falha” (já que Esther a realiza, porém, sobrevive), por ingestão de pílulas, que a leva ao
internamento. O autor A. Alvarez aborda, em O Deus Selvagem: um estudo do suicídio
(1971), algumas falácias relacionadas ao suicídio, como, por exemplo, a falácia de que
aqueles que ameaçam se matar na verdade nunca se matam, ou que aqueles que já
tentaram alguma vez nunca tentarão novamente. A partir dessas reflexões, propomos
uma relação entre as seis falácias citadas por Alvarez e o romance The Bell Jar. No
prólogo de seu estudo, Alvarez discorre sobre o suicídio de Sylvia Plath, mostrando
como o tema da morte e suicídio está presente em sua vida, e como esse tema pode
refletir em sua obra. The Bell Jar é o único romance publicado por Plath, entretanto, em
sua obra poética, vemos frequentemente o tema ser abordado (“Lady Lazarus”, “Morte
& Co”, “O caçador”, poemas publicados no livro Ariel, 1965). Em A Poética do suicídio
em Sylvia Plath (2003), de Ana Cecília Carvalho, a escrita de Plath é colocada em foco,
e a “poética do suicídio” seria uma forma de demonstrar como a melancolia atua em sua
produção poética e ficcional. Além desses dois teóricos principais, abordaremos o
estudo de Andrew Solomon, The Noonday Demon: an atlas of depression (2001), para
fundamentar nossa discussão. Ao comentar sobre a depressão, o autor acaba por
apontar para algumas “falácias” sobre o tema, assim como faz Alvarez. Manteremos o
foco na relação que Solomon apresenta entre depressão e suicídio. No romance The
Bell Jar, após sua tentativa de suicídio por ingestão de pílulas, Esther é internada em
uma clínica e diagnosticada com depressão. Entretanto, antes do diagnóstico médico, o
leitor já está ciente do problema, pelo modo como a narradora nos insere em sua
própria redoma, nos deixando presos em seu ar viciado e denso.
Resumo:
A primeira está na ideia de que Deus não existe, ou ainda, havendo a possibilidade de
Deus existir, Este, necessariamente não atenderia às vontades humanas, o que não
preencheria o vazio existencial. Outra forma deste vazio está na ideia de que a razão
humana e a ciência são o único caminho para buscar a possibilidade de uma verdade,
sendo o ser humano considerado apenas um ser biológico, que chegaria ao fim com a
morte física. O vazio toma forma, e se constrói a agonia da alma. Em casos extremos, a
angústia gerada leva o ser humano a uma dor dilacerante que conduz ao desespero,
fazendo com que ele busque saídas não legitimadas, como o suicídio. De tudo o que se
tem conhecimento sobre a vida, a única certeza é a morte. Se morrer é fato, o que fazer
da vida? Deus existe? Pensar na morte gera no ser humano sentimentos antagônicos
como fascínio e medo. A Literatura entra em cena para corroborar com a filosofia,
sociologia, psicanálise, teologia, e demais áreas que estudam o ser humano e suas
relações, contribuindo, assim, de forma a apresentar as várias representações do vazio.
Temas recorrentes como trauma, depressão, silêncio, solidão, melancolia, desespero,
morte e suicídio demonstram as possíveis causas do vazio existencial. Nesse sentido, o
presente artigo pretende traçar um estudo acerca do vazio, da angústia, do desespero
e da morte dentro da literatura. A obra escolhida é Um homem: Klaus Klump de Gonçalo
M. Tavares. A análise será feita à luz de algumas teorias da confluência Literatura-
Psicanálise, Literatura-Filosofia e Literatura-Sociologia. Assim, convocam-se os estudos
de Sigmund Freud, Martin Heidegger, Jean Paul Sartre, Zygmunt Bauman, Eni Orlandi,
David Émile Durkheim, Viktor E. Frankl, Gilles Lipovetsky, Philippe Árie, Rollo May.
Resumo:
Resumo:
Esse estudo visa a comparar textos do livro Mensagem, de Fernando Nogueira Pessoa,
com trechos da epopeia Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Trata-se de uma
comunicação que parte do pressuposto de que a literatura de Camões encontra
ressonância na produção literária de Fernando Pessoa sob diversos aspectos,
especialmente no que se refere a momentos nos quais os eu líricos, das duas obras se
mostram depressivos frente aos acontecimentos que ferem os brios da pátria
portuguesa. Por outro lado, ambos os eu líricos também sabem que a glória pessoal ou
coletiva é passageira e que a morte é inexorável: Essa consciência da efemeridade da
vida e das honrarias nubla, com uma nuvem de tristeza, os momentos que deveriam ser
de pura alegria, como se pode constatar, por exemplo, nos versos, a seguir, do poema
“Grande Império”, escrito por Fernando Pessoa (s.d. p. 13): “Triste de quem é feliz! /
Vive porque a vida dura / Nada na alma lhe diz / Mais que a lição da raiz / Ter por vida a
sepultura”. Sem a pretensão de esgotar o tema e, antes, visando a contribuir com outros
trabalhos, de caráter comparatista ou não, acerca da literatura portuguesa, esse estudo
se propõe, então, a demonstrar, ao menos em parte, o diálogo existente entre essas
duas obras, bem como aproximações ou distanciamentos inerentes ao conteúdo das
literaturas camoniana e pessoana. A fim de perseguir o objetivo primeiro – que consiste
em cotejar textos de tão alta literatura –, esse trabalho contemplará, também, a análise
dos períodos históricos nos quais Camões e Pessoa são comumente inseridos, mais
especificamente o Classicismo e o Modernismo. Nessa ordem e somando a isso
características encontradas no cerne das composições poéticas desses textos, como a
alma e o peito lusitano, o nacionalismo, os feitos heroicos, o amor pelas terras de
Portugal e, sobretudo, as notas depressivas que sugerem reflexões acerca da morte e
do morrer. Estudos como História social da literatura portuguesa, de Benjamin Abdala
Júnior, A poesia lírica, de Salete de Almeida Cara, Teoria do Texto, de Salvatore
D’Onófrio, Camões: temas e motivos da obra lírica, de Cristiano Martins, entre outros,
dão suporte teórico à discussão. Esses estudos mencionados aqui constam da
bibliografia do trabalho. Espera-se – além de aprofundar estudos referentes à literatura
portuguesa, tanto da era renascentista quanto da era modernista – contribuir para a
disseminação do saber e engrossar a fortuna crítica dos dois poetas em questão.
Resumo:
Resumo:
convocados estudos sobre o vazio e/ou sobre o suicídio realizados por Zigmunt
Bauman, Manuel Castells, Sigmund Freud, Émile Durkheim, Edgar Morin, Abrão
Slavutzky, Humberto Correa e Sergio Perez Barreiro, entre outros. Espera-se contribuir
com a discussão envolvendo tanto a problemática do vazio quanto do suicídio, bem
como engrossar a fortuna crítica do escritor português.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
O pensamento ocidental, tal como vemos hoje, parece ter sofrido certa influência da
Bíblia. Apesar do distanciamento histórico, é perceptível a presença de “ecos” dos
textos bíblicos em outros textos no decorrer dos séculos, isso nas mais diversas áreas
do conhecimento. A Bíblia, apesar de ser foco conhecido da teologia, também traz
possibilidades de análise que envolvam a literatura, a sociologia, a filosofia e outras.
Isso se deve a sua “harmonização altamente heterogênea de códigos, dispositivos e
propriedades linguísticas” como corrobora Robert Alter e Frank Kermode (1997), e ainda
outros fatores como estilo, estrutura e organização temática também colaboram para
que este texto seja objeto de estudo de outras áreas. Northrop Frye em seu livro O
Código dos códigos: A Bíblia e a Literatura (2004) afirma que a Bíblia pode ser
considerada uma pequena biblioteca, isso devido as mais variadas fontes, épocas e
contextos que ela trata. Sabendo dessa amplitude, tem-se aqui o objetivo de tratar o
texto bíblico pelo viés literário e as possíveis representações que este traz em relação a
morte, mais precisamente o suicídio. Para tanto, focaremos no personagem Judas
Iscariotes, que é uma das personalidades mais repudiadas na história do Cristianismo,
seja pela sua conduta como discípulo e traição, como também pela sua morte, o
suicídio, narrado no Novo Testamento, em Mateus 27: 1-5 e Atos 1:16-19. Destarte, é
sabido que são vários os escritores dos livros da Bíblia, e que cada um, a sua maneira,
retrata os episódios com a sua própria lente. Nesse sentido, o nosso desafio é refletir
sobre as lentes dos escritores que se encontram no Novo Testamento, dentre eles os
que escreveram os Evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas), como também o
do livro de João, e verificar de que forma eles detalham ou não, o mesmo episódio com
tons diferentes. Sendo assim, é possível que haja várias visões e representações do
personagem Judas Iscariotes e essas interpretações podem expor um panorama sobre
a temática do suicídio naquela sociedade. Também é válida a própria caracterização do
personagem, suas motivações, seus sentimentos que culminaram no seu suicídio. Para
tanto, é necessário apontar algumas considerações a respeito dos narradores presentes
nesses textos, e também, algumas particularidades literárias do texto bíblico, onde
serão válidas as colaborações de Robert Alter (1997; 2007), Frank Kermode (2007),
Resumo:
Palavras-chave: Last Days; Gus Van Sant; Cinema Contemporâneo; suicídio; rock and
roll, Kurt Cobain.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
obra da brasileira Ligia Bojunga, que durante décadas trouxe para a literatura infantil e
juvenil o enfoque nesses temas polêmicos, como em “O Abraço”, que trata de estupro e
“Meu Amigo Pintor” que retrata o suicídio. O presente trabalho tem o objetivo de discutir
e refletir sobre o tratamento de temas polêmicos como o suicídio na Literatura Infantil e
Juvenil refletindo sobre o modo que personagens adolescentes e crianças lidam com o
suicídio, especialmente nas obras anteriormente citadas. Para tanto, vamos articular
tanto pesquisas sobre Literatura Infantil e Juvenil como as desenvolvidas por Loterrman
(2006), Zilberman (2003), Martha (2009), como reflexões sobre o suicídio com em
Alavarez (1999) Schopenhauer (1951). Não é possível ter conclusões absolutas sobre
um tema tão amplo e polêmico, mas é possível apontar em cada uma das obras se há a
articulação do olhar da criança e do adolescente sobre a questão do suicídio ou apenas
o aproveitamento do tema com um mero chamariz para venda de produtos literários.
Resumo:
traumas, que atingem de forma diferente cada individuo, porém com o vazio presente
em todos. Tavares nos apresenta pessoas visivelmente em dependência à miséria da
vida, já desgraçadas e deterioradas psicologicamente, nos põe de frente com a
realidade quando traz à tona reflexão sobre o valor do ser humano, que compõe sua
personalidade do fruto da deterioração do sofrimento psíquico, um ponto fundamental
para a compreensão do desenvolvimento do enredo e de seus personagens. É esse
vazio intrínseco ao ser humano que permite ser preenchido pela dor e pela loucura,
muitas vezes fruto das mazelas morais, físicas e existenciais. A obra transcende a
representação da visão que o autor tem da sociedade, se transforma em uma criação
de um universo, com múltiplos sentimentos, como a dor, suicídio, medo da vida, amar e
tendo o sofrimento e a violência como aspectos indispensáveis. O sofrimento é uma
característica inconstante inerente ao homem, que só alcança a estabilidade com a
morte, o que faz, muitas vezes, o ser ter apenas a fé a quem recorrer. Jerusalém traz
uma complexidade capaz de trabalhar a interdisciplinaridade da literatura com a
sociologia, psicologia e filosofia. Com esse trabalho, esperamos aprofundar
conhecimentos relacionados à obra desse escritor, bem como contribuir para dar
visibilidade a ela.
Resumo:
Desmundo (1996), da autoria de Ana Miranda, é uma narrativa híbrida, ou seja, mescla
elementos de história e ficção apresentando personagens femininas que ficaram
conhecidas como as “Órfãs da Rainha”, mulheres trazidas de Portugal para o Brasil
durante os primórdios da colonização brasileira, no século XVI, com o objetivo de casa-
las com colonizadores portugueses, gerar filhos desses homens e serem ótimas mães
— aspectos deste contexto histórico relidos pelo romance. Oribela de Mendo Curvo, a
personagem protagonista dessa obra literária, é quem narra, em primeira pessoa, sua
própria história e a das outras personagens órfãs, que a acompanharam na travessia
marítima e na inserção no “Novo Mundo”. Os relatos lineares dessa personagem
feminina descrevem sua saída de Portugal, a árdua viagem marítima, os preparativos
para o seu casamento, a cerimônia realizada pela igreja católica, a confirmação de sua
virgindade, a vida de casada ao lado do esposo Francisco de Albuquerque, sua
amizade com a nativa Temericô, sua adaptação à cultura dos nativos da terra, suas
duas tentativas de fuga no intuito de regressar à terra portuguesa, o caso amoroso
como mouro Ximeno Dias, sua conturbada gravidez ao lado da sogra e da cunhada —
que era fruto da relação incestuosa entre a mãe, dona Branca de Albuquerque, e o filho,
Francisco —, o nascimento do filho e o abandono do marido, o qual retorna à Portugal
com a criança, fruto que comprova a traição da esposa e evidencia a relação extra-
conjugal. Os relatos da protagonista da diegese romanesca destacam os difíceis
Resumo:
Resumo:
O presente trabalho busca explicar, com base nos exemplos fotográficos encontrados
no romance Relato de um certo oriente, de Milton Hatoum, o uso da fotografia como
forma de presentificação das memórias congeladas no papel e a maneira como são
utilizadas para registrar os momentos e preservá-los do esquecimento e das oscilações
da memória. A reconstrução do passado, por meio dos registros fotográficos, torna-se
possível graças à faísca acesa na memória, que ao entrar em contato com o registro
imagético e com o instante capturado pelo olhar do fotógrafo, dá início ao trabalho da
reminiscência, o qual permite reconstruir a cena fixada na imagem. Por meio dela, as
demais memórias relacionadas ao spectrum da foto são gravadas na memória como em
uma chapa de prata, como afirma Aleida Assman. Desta forma, o uso da fotografia no
enredo da narrativa será analisado com base nos estudos de Roland Barthes, Jacques
Le Goff, Aleida Assmann e Maurice Halbwachs, com objetivo de traçar a conexão entre
memória e fotografia como um dos caminhos percorridos por aqueles que desejam a
reconstrução do passado a partir de uma materialidade que remeta a um determinado
evento. Assim, as imagens fotográficas, muito mais do que meros objetos decorativos,
são a representação do instante ali capturado, deixando o olhar transpassar o suporte
material, ao dar acesso à memória do momento fixado sobre o papel que recebe as
imagens, permitindo olhar para o que já não pode mais ser revivido, sem auxílio da
faculdade memorialística. Por isso, aquele que observa revive, por meio da visão, o
momento congelado no papel de uma forma mais impactante do que a lembrança
imaginada ou ouvida, uma vez que a imagem permite rever aquilo que não pode mais
ser alcançado. Embora, a fotografia não seja o instante real, porque é um anglo de
visão escolhido pelo fotografo, é tida por muitas pessoas como uma forma de
preservação mais fiel do passado. O espectador observa a foto e é como se o passado
renascesse diante de seus olhos. Por isso, no trabalho de memorialista, a narradora de
Relato de um certo oriente, evoca o personagem de Dorner, o fotógrafo alemão que
registrou as imagens da família e da época de sua infância. Visitá-lo permite à
memorialista, rever o passado pela materialidade da foto, que lhe produz a sensação de
que o distanciamento do passado se reduz diante da imagem. Ao mesmo tempo, Dorner
se torna uma testemunha mais confiável, uma vez que procurou registrar os momentos
em imagens e tem um olhar mais apurado para os detalhes que se perdem com o
tempo.
Resumo:
Os limites entre história e ficção, em muitas narrativas, são tênues e estão atrelados de
tal forma à literatura que a memória se configura como parte da estrutura do romance,
como é caso de O Ateneu (1888). Nessa narrativa, é possível encontrar traços da vida
de Raul Pompeia. Desta maneira, o objetivo da presente comunicação é analisar os
traços autobiográficos do romance e verificar o quão próximo está de uma autobiografia;
se é possível que ele seja classificado dentro desse gênero. Para fundamentar a
pesquisa, usou-se como referencial bibliográfico o conceito de “pacto autobiográfico”, de
Philippe Lejeune (2014), afim de encontrar os chamados “biografemas” (Barthes, 2004),
da vida Pompeia no romance, por meio da coleta de dados biográficos. Embora o autor
não dê seu nome ao protagonista para narrar a história, ele dá o subtítulo de “Crônicas
de Saudades” ao enredo, que tem muitos traços similares aos que foram vividos por
Pompeia. Portanto, o trabalho investigativo se pauta em apontar ressonâncias
bibliográficas de Raul Pompeia em Sérgio.
Resumo:
Este artigo propõe uma análise interpretativa dos fatos fictícios e históricos sobre a
Revolução Haitiana (1791-1804), presentes em El reino de este mundo (2012[1949]), do
escritor Cubano Alejo Carpentier. Buscando alcançar o objetivo proposto, iremos
analisar as questões sociais, econômicas e políticas que desencadearam o conflito, a
sua trajetória – desde o levante iniciado na parte norte da colônia francesa à
emancipação territorial e escravocrata –, as primeiras lideranças haitianas, e os
desdobramentos e efeitos da sublevação na vida dos principais personagens, sendo
eles fictícios e de extração historiográfica. A revolução escravocrata de Saint-Domingue,
mais conhecida como Revolução Haitiana, foi a maior rebelião escrava do mundo, que
deu origem à libertação dos escravos e a independência da ilha. Após a proclamação
da república, Saint-Domingue recebeu o nome de Haiti e se tornou o primeiro estado
independente da América Latina, assim como a primeira república negra do mundo.
Desse modo, para constatar a confluência entre ficção e história no romance de
Carpentier que relê esse passado latino-americano, recorre-se ao discurso
historiográfico, com uma breve análise interpretativa de fatos elencados pela história
oficial a respeito da Revolução Haitiana, assim como os contextos anteriores e
posteriores à revolta de origem escrava. Essa análise permite confrontar as visões
dicotômicas sobre esse passado da América Latina, bem como analisar as diferentes
possibilidades que a ficção dispõe para reler as diversas passagens historiográficas
relacionadas à antiga colônia francesa entre os séculos XVIII e XIX. Nesse intento,
buscamos elucidar como a ficção pode corroborar as versões hegemônicas da história,
enaltecer personagens e fatos ou descontruir os relatos historiográficos por meio de
outras vozes e outras perspectivas, fornecendo uma visão diferenciada do conflito por
meio de técnicas escriturais próprias do fazer literário. Com base nos historiadores Pons
(1991), Popkin (2007, 2012); Geggus (2014), entre outros pesquisadores, podemos
afirmar que Carpentier recorre à história tradicional para desenvolver seu romance
híbrido com o propósito de expor, satirizar, ironizar e criticar a opressão do homem pelo
homem, independentemente de sua raça ou cor. O conflito é descrito como o único
levante negro e escravo a obter êxito na história da humanidade, que teve como
consequência a continuidade da exploração, antes praticada pelo homem branco, pelos
próprios ex-escravos. Como resultado, é possível evidenciar como a história oficial
relida pela ficção contemporânea pode ampliar a visão crítica do leitor na atualidade.
Pressupostos teóricos como os de Aínsa (1991), Menton (1993), Márquez Rodríquez
(1995) e Fleck (2017), sobre o gênero híbrido de literatura e história, serão, também,
subsídios para nossa análise.
Resumo:
Ana Maria de Jesus Ribeiro (1821 – 1849), conhecida como Anita Garibaldi, ganha
importância para a região sul do Brasil após o seu envolvimento amoroso com Giuseppe
Garibaldi. Sua vida é estudada pela historiografia em função de seu envolvimento
amoroso com o marinheiro italiano como também pela sua presença em combates no
Brasil e na Itália. A história de Anita e Giuseppe tem instigado historiadores e
romancistas que percebem um aspecto singular nessa relação que é o fato de Anita
também estar presente na esfera pública em um período em que essa presença era
condição prioritariamente masculina. A separação conjugal de seu primeiro marido, a
participação em batalhas e a saída do país para acompanhar Giuseppe tornaram Anita
uma personalidade distinta e respeitada em seu país de origem e também em outros
países do continente americano, com representações literárias dessa personagem em
distintos países, além do reconhecimento Italiano. O momento de destaque da atuação
de Anita no contexto brasileiro se dá no período da Revolução Farroupilha (1835–1845),
sendo esse um dos temas mais trabalhados da historiografia sul-rio-grandense, por ser
a maior representação de luta do Estado contra o Império. Como corpus de análise para
o presente estudo, abordaremos dois romances, o primeiro do brasileiro João Felício
dos Santos, A Guerrilheira (1979), e o segundo da Argentina Alicia Dujovne Ortiz, Anita
cubierta de Arena (2003). Em linhas gerais, A Guerrilheira nos apresenta aspectos que
corroboram com as proposições sobre o novo romance histórico latino-americano
evidenciadas por diferentes teóricos, entre eles Aínsa (1988-1991), Menton (1992),
Esteves (2010) e Fleck (2017), em sua finalidade principal de ressignificar criticamente
os registros do passado. Anita cubierta de arena, por sua vez, parte de um prisma que
ainda corrobora com o revisionismo crítico, todavia, o seu efeito já não se concentra nos
experimentalismos linguísticos e formais. Seguindo a mesma tendência exposta pelo
novo romance histórico latino-americano de lançar luzes às deliberadas omissões do
passado, essa escrita híbrida muito recorrente na contemporaneidade, com seu início
na década de 80, é denominada por Fleck (2008) de romance histórico contemporâneo
de mediação, uma vez que ele atua nessa perspectiva intermediária entre as fases
acrítica e crítica propostas por Fleck (2017). Intentamos, assim, refletir acerca dessas
duas representações no que tange os elementos simbólicos utilizados por ambas as
narrativas ao retomarem o passado histórico por um viés revisionista.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
A obra Amores Insólitos de Nuestra Historia (2001), da escritora argentina María Rosa
Lojo simboliza a hibridização da história, ficção e memória frequente nas produções
narrativas contemporâneas do gênero romance histórico. O livro publicado em 2001 é
composto de catorze contos, que por meio da literatura, retrata a ocupação da Argentina
no século XIX. O presente trabalho tem como objetivo analisar o conto Amar a un
hombre feo, um dos relatos que compõe a obra, no qual o paradoxo civilização x
bárbarie é o que confere à história o aspecto insólito. O conto apresenta o personagem
Domingo Faustino Sarmiento, um dos políticos e intelectual mais importantes do século
XIX da Argentina, fragmentado pela visão da amada, Ida Wickersham, que o vê como
um homem fragilizado em busca do amor. María Rosa Lojo, ao dedicar-se a reler a
história do passado argentino – entrelaçado com as memórias remanescentes da
Galícia espanhola de onde vieram seus pais – opta por uma modalidade de escrita
ficcional híbrida, seja nos contos ou nos romances, cuja linguagem se aproxima
bastante do cotidiano do falante hispânico contemporâneo. As narrativas são,
geralmente, lineares e, embora se apresentem releituras críticas do passado, a autora
opta por estratégias escriturais menos desconstrucionistas do que aquelas que
caracterizam o novo romance histórico latino-americano (paródia, carnavalização, ironia,
grotesco, etc). Sua leitura do passado empreende muito mais uma “humanização” das
grandes figuras históricas – como veremos no conto selecionado – do que a própria
desconstrução das imagens consagradas destes pelo emprego da carnavalização ou do
grotesco. Diante dessa realidade, podemos afirmar que María Rosa Lojo é uma
representante exemplar da escrita híbrida que Fleck (2017) classifica como “mediadora”
entre o tradicionalismo e o criticismo/desconstrucionismo latino-americano. Uma obra
composta da hibridação entre memória, história e ficção, na qual os textos nela
expostos transpassam a hegemonia do discurso oficial em memórias coletivas e
individuais. Os contos seguem uma trajetória temporal – começam no período da
conquista (1577), revisitam a história hegemônica rio-platense e alcançam a
modernidade (1913). Este repertório permitirá à escritora a tão desejada (re)
territorialização e o arraigamento identitário, constituindo, assim, um sentimento de
pertença a uma territorialidade geográfica e simbólica. Ao se propor a análise do
aspecto insólito presente na narrativa selecionada, busca-se a reflexão que a própria
autora traz no prólogo do livro sobre temas como o amor e o poder, testemunhos dos
paradoxos que sempre estiveram presentes na literatura. A redundância dos amores
com o insólito que o acompanha é explorado pelos personagens Sarmiento e Ida por
meio da civilização almejada pelo primeiro e a barbárie que lhe é própria, responsável
pelo encantamento da amada. Como base teórica deste estudo serão utilizados os
pressupostos dos estudos pós-coloniais, bem como Santiago (2000), Weinhardt (2002),
Fleck (2007; 2011), entre outros, a fim de explorar a configuração do insólito na
hibridização das personagens.
Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo analisar o romance A mãe da mãe da sua mãe e
suas filhas (2002), de Maria José Silveira, romancista e tradutora contemporânea, este
livro aborda a história de uma família durante vinte gerações, focalizando principalmente
nas mulheres dessa família, paralelamente 500 anos de Brasil são relidos, passeando
por modelos de cultura, sociedade, política, religião, guerra, conflitos, estilos e
comportamentos diferentes. Nesse corpus visamos a uma análise das personagens
femininas, desde uma índia nascida em 22 de abril de 1550 até chegar a
contemporâneidade, em meados dos anos 2000. As personagens representam o olhar
de baixo, dos que viveram e tiveram suas vozes caladas, retratando as contribuições,
felicidades e embates sofridos, contrastando-as com a história cultural brasileira que o
discurso histórico retrata, trazendo não mais o olhar masculino, branco, do
conquistador, historicamente difundido, mas sim a visão das mulheres e como estas
influenciaram e ajudaram na construção da nação brasileira durante todo esse processo
histórico relido pela ficção. O presente romance histórico caracteriza-se por trazer o
registro da oralidade, em que as histórias da família são recontadas e rememoradas via
oralidade de geração para geração, nas entrelinhas é abordada a história de maneira
crítica, porém muito sútil, fazendo com que qualquer leitor compreenda mais da
literatura e história brasileira de modo mais crítico e sútil, algumas das características do
romance contemporâneo de mediação, proposto por Fleck (2017). A obra ainda
confronta os conceitos de mestiçagem e pureza, revelando quão frutífera e
impulsinadora do novo a miscigenação foi para o contexto da América Latina .Para
tanto, realizamos um trabalho de busca sobre as relações, realizadas pela autora, entre
ficção e história, numa teia familiar de vinte personagens mulheres configuradas em sua
obra. Deste modo, embasamo-nos primeiramente, nos estudos da crítica feminista –
entre eles os de Brandão (1996), Gazolla (1990), Hollanda (1994); Santos (2002) e Zolin
(2009), e, em seguida, nos estudos sobre o gênero híbrido romance histórico, com
suporte em Lukács (2009, 2011), Aínsa (1922), Menton (1993), Fleck (2007; 2011),
entre outros, para evidenciar aspectos formais dessa obra como um romance histórico
contemporâneo de mediação.
Resumo:
Resumo:
a única forma de expor aos leitores as barbáries cometidas pelo governo, entre elas, o
desrespeito aos direitos humanos. Os dois escritores estudados buscavam transmitir a
verdade por trás da história dita como “oficial”, ao realizar uma observação criteriosa de
todos os fatos e envolvidos. Desse modo, eles buscavam relatar, em períodos
diferentes, a realidade social na qual seus países estavam inseridos, devido à violência,
o medo e o abuso de poder, seja dos políticos, como no Brasil, ou dos narcoterroristas,
no caso da Colômbia.
Resumo:
O diálogo entre a história e a ficção é antigo e constante. A produção literária
contemporânea tem demonstrado constante interesse em revisitar e reexaminar o
discurso histórico oficial. Ao realizar a tarefa de revisitar o passado, a produção literária
alcança a ficcionalização, ou a recriação, da narrativa histórica. Nessa empreitada, o
romance histórico contemporâneo, na concepção de Esteves (2010), se apresenta
como um vantajoso caminho para o questionamento da história oficial. Exemplo desse
diálogo questionador é o romance A segunda pátria (2015), do paranaense Miguel
Sanches Neto. O Estado Novo, o Terceiro Reich, a personagem de Adolf Hitler, a
perseguição aos negros no Sul do país, o protagonista negro que vive um romance com
uma alemã são elementos que caracterizam o romance de Sanches Neto. É com o
cenário brasileiro dos anos pré Segunda Guerra Mundial que a obra dialoga; entretanto,
o autor modifica um ponto fundamental do passado nacional: torna o país um aliado do
Terceiro Reich, em que o Sul do país passa a ser palco de ações pautadas no racismo,
no antissemitismo e na eugenia, princípios básicos do nazismo. De tal modo, o romance
mostra como a violência, a privação de direitos e o controle autoritário afetariam, e
afetam, a vida da população. Nessa empreitada, Sanches Neto reafirma o antigo e
constante diálogo entre a ficção literária e o discurso histórico, mostrando como a
produção literária contemporânea se articula intimamente com o discurso histórico e o
problematiza. Em A segunda pátria, conhecemos o engenheiro civil Adolpho Ventura,
negro que perde progressivamente sua liberdade: o emprego, a casa, seu filho mestiço
e qualquer direito depois do pacto nazista. Dessa forma, o romance apresenta um
enquadramento histórico bem delimitado, mas não segue os princípios da história
oficial, subverte-a, questiona-a, mostrando um Brasil temivelmente plausível. A segunda
pátria enquadra-se, assim, na acepção de Esteves (2010), como um romance histórico
contemporâneo. Para o teórico, esses romances pretendem ultrapassar os limites entre
as categorias da história e da ficção, buscam a reavaliação da história, o
questionamento das convenções da historiografia e da composição romanesca
tradicional. Dessarte, passam a ser carreadores de novas problematizações sobre a
representação do passado. Uma característica importante do novo romance histórico é
a sua consciência de que no relato histórico oficial apresenta-se, invariavelmente, a
versão contada pelos vencedores, de forma que as diferentes perspectivas daqueles
que ficaram à margem do poder fossem relegadas ao esquecimento. É por isso que
nessa tipologia textual, todas as formas de narrar o passado são permeadas pela
consciência de que a construção verbal não é ingênua, de que todas são
representações configuradas por seus produtores (Weinhardt, 1994). Essa
problematização ganha maior relevância em países que possuem um histórico de
conflitos culturais e de lutas por riquezas, como é o caso dos países formadores da
América Latina, em que a versão dos vencedores sempre foi predominante. À vista
disso, sob a matriz metodológica da literatura comparada, o presente artigo realiza uma
análise de A segunda pátria (2015) com o objetivo de examinar como o seu discurso
ficcional está atrelado ao discurso histórico, e como seus elementos ficcionais realizam
um exame crítico da história dita oficial.
Resumo:
Resumo:
O romance Menina (2012), de Paulo Stucchi, apresenta a história dos perigos vividos e
da amizade construída entre duas personagens centrais: o soldado brasileiro Negro
João e a menina paraguaia María. Elas convivem durante as duas semanas decorridas
após a batalha de Acosta Ñu, ocorrida em 16 de agosto de 1869, na qual muitos
adolescentes e crianças paraguaios, comandados pelo general Bernardino Caballero,
foram mortos pelas tropas aliadas, sob o comando geral do conde d’Eu. No calor da
referida batalha, a personagem Negro João se aproxima e escuta as últimas palavras
do menino Pedrito, quem pede que sua irmã María seja levada à Igreja de São Pedro,
em Assunção, onde seria cuidada pelo padre Flores. A personagem cabo Reis,
referindo-se a Negro João como macaco, ordena que a menina, quem assistiu de perto
a morte do irmão, seja também morta naquele instante. Cansado de testemunhar o
derramamento de sangue de gente inocente, Negro João decepa dois dedos e a orelha
de seu superior. Temos, por conta desse episódio, um desertor que inicia o
cumprimento da promessa de levar a menina até Assunção e um homem ferido sedento
por vingança. O desenvolvimento da narrativa, portanto, entre alguns momentos de
revelação da história da vida pregressa das personagens Negro João, como escravo na
fazenda Alta Serra, e María, na região de Piribebuy, além do último capítulo cuja tempo
histórico é o ano de 1933, tem como eixo a cassada que, ordenada pela personagem
conde d’Eu, é empreendida pelo cabo e mais quatro soldados ao desertor e sua
protegida. O romance Menina, entretanto, explora o que, em nota, o autor chamou de
potencial dramático presente na Guerra do Paraguai. A prioridade narrativa está voltada
ao suspense e ao apelo emotivo encadeados durante os capítulos, cuja linguagem não
recebeu atenção cuidadosa na revisão ortográfica e apresenta escrita bastante
deficiente, especialmente nas passagens em língua espanhola. Apesar dos momentos
de, por exemplo, valorização do papel da mulher paraguaia na reestruturação do país,
notamos posicionamentos históricos ideologicamente marcados por parte do narrador,
ecoados em alguns momentos nas falas das personagens. Estes posicionamentos –
aqui denominamos palavra armada – serão, no presente artigo, analisados segundo os
pressupostos que norteiam os romances históricos contemporâneos de mediação (Fleck
2017).
Resumo:
prima por mostrar que tanto história como ficção são produtos de linguagem, discursos
manipulados e construídos de acordo com os condicionantes sócio históricos. Já a
terceira e atual fase do gênero é por nós denominada de “fase mediadora”, porque nela
se percebe um intentio de “mediação” entre o tradicionalismo precedente e a criticidade
e o desconstrucionista do período do boom da literatura latino-americana. Discorrer
sobre essa diferente produção híbrida e sua importância para a América Latina como
via de descolonização é nosso intuito maior.
Este trabajo es un extracto que forma parte de un proyecto de investigación doctoral del
Programa de Pos grado en Estudios Literarios de la Universidade de Vigo/España, que
lleva por título Idea Vilariño y Helena Kolody: cantos a la vida – encuentros poéticos en
América Latina, bajo la tutela de la Dr.ª Carmen Luna Sellés. Para esta ocasión nos
proponemos analizar, de manera objetiva, algunas de las consideraciones teórico-
críticas desarrolladas por la poeta uruguaya Idea Vilariño en dos de sus obras sobre la
producción lírica en la literatura hispanoamericana: Grupos simétricos en Poesía (1958)
y La Masa sonora del poema sus organizaciones vocálicas (1986). En ambos estudios
la poeta establece una postura analítica rígida y contraria a las convenciones
establecidas por el canon literario en lo que respecta a la rítmica y elabora un estudio
minucioso sobre los aspectos vocálicos, sonoros y rítmicos en producciones líricas del
poeta nicaragüense Rubén Darío. Una vez destacados aquellos puntos sustanciales de
cada una de las obras teóricas de la poeta uruguaya, pasamos a ejemplificar las
posiciones metodológicas por ella defendidas en poemas de la propia autora, con el fin
de visualizar como son conjugadas la teoría y la práctica en su producción que obedece
a los criterios que ella considera vitales en la creación lírica. El estudio de poesía y
crítica literaria de escritura femenina en nuestro continente se apoya en la necesidad de
dar relevancia a aquellas producciones que, por diversas razones de orden política,
cultural o de género, no tuvieron el mismo impacto o repercusión que las realizadas por
autores masculinos, normalmente aceptados por el canon. Considerando lo mencionado
anteriormente, una de las figuras femeninas que - durante la segunda mitad del siglo
XX, en el ámbito de la literatura uruguaya y latinoamericana - marca su presencia tanto
en la poesía, de carácter político y existencialista, cuanto a lo que se refiere a la crítica
literaria se muestra en la persona de la uruguaya Idea Vilariño. Su labor académica se
ve reflejada en diversas traducciones de obras clásicas, diversos poemarios y trabajos
de crítica literaria latinoamericana. El estudio y la pasión por la música llevaron a la
poeta a centrar su producción lírica, de carácter estructuralista y existencialista, en
consonancia con la musicalidad de la lengua castellana y su elemento rítmico. De esta
convergencia literario-musical se desprenden los estudios mencionados centrados en
aspectos que buscan volver a la esencia del género lírico. En este sentido la poeta
busca restablecer la base sonora de la lírica en la importancia de la voz, del ritmo, de la
sonoridad de las palabras y su profundo sentido musical. En consecuencia, muchas de
sus producciones fueron también llevadas al ámbito de la propia música. Revelar esa
confluencia en la crítica y en la creación lírico-poética de Idea Vilariño es el objetivo
mayor que buscamos alcanzar con este estudio. Para tanto, nos valemos, también, de
algunos de los presupuestos teóricos de la Literatura Comparada en los que respecta la
relación de la literatura con otras áreas de conocimiento.
que o primeiro vive em uma estância, longe das grandes cidades e é uma pessoa
simples, que encontra na memória uma nova forma de vida, enquanto o segundo este
está em São Paulo, é um jovem universitário, de família classe média alta e com acesso
a todos os recursos possíveis para tratá-lo após o acidente. Porém, a memória se
converte para Funes e para Marcelo em uma forma de vida. O personagem do relato
argentino é ficcional e tem uma memória gigantes, quase patológica, que o leva a
precisar do mesmo período de tempo para lembrar tudo o que aconteceu antes, é
comparado a um Simônides e desenvolve formas de memorizar tudo o que pode ver
dentro de seu limitado novo mundo. Marcelo está em uma cama de hospital, na UTI,
acompanhado de enfermeiros e de familiares, mas apenas sua cabeça mexe e seu
ângulo de visão não permite que possa conhecer tudo ao seu redor. Desta maneira,
Marcelo inicia um processo de rememoração de episódios que o marcaram desde sua
infância: mortes, desaparecimentos, amigos, namoros, aventuras e diálogos, que lhe
permitem ter uma visão mais ampla das pessoas com quem teve contato. Com a
sensação de ter a cabeça em uma bandeja, Marcelo não perde o senso de humor e
embarca nessa aventura ao redor de suas memórias. O memorando brasileiro se
converte numa espécie de Funes, lembra, recorda, vasculha a memória em busca de
explicações, respostas e como narrador controla sua história e os episódios que
pretende contar, como a morte do pai que antecipa ao leitor ainda no leito do hospital,
mas que avisa será feito posteriormente. Se no relato de Borges, a história é ficcional,
liga-se à tradição memorialística no ocidente e faz de Funes uma personagem universal,
mesmo estando em uma estância nos confins do Uruguai, no relato de Marcelo há o
traço autobiográfico, o narrador autodiegético, que coincide com o autor e com o nome
que está na capa do livro, formando a tríade necessária para a tese do “pacto
autobiográfico”, desenvolvido por Philippe Lejeune. Apesar da natureza distinta das
narrativas, uma ficcional e outra memorialística, tendo como pano de fundo os anos da
ditadura no Brasil, Funes e Marcelo se constroem na memória, no ato de lembrar, no
vício de rememorar disparado pelos acidentes que os impossibilitaram os movimentos
das demais partes do corpo. No dizer de Aleida Assmann (2011), o corpo se transforma
em espaço da memória ou de anti-memória, muitas vezes, pois é o corpo traumático,
afetado pelo impacto de uma experiência negativa que sofre com o aprisionamento ao
passado.
Resumo:
Considerando que a literatura latino-americana pode servir como patamar para análises
a partir de diversos campos teóricos, este trabalho tem o propósito de discutir o conto
La Noche de Los Feos (1966) do escritor uruguaio Mário Benedetti. Este conto é uma
das dezenove histórias que compõem a obra “La muerte e otras sorpresas”, publicada
em 1968, na qual Benedetti revela narrativas que abordam atmosferas da vida humana
em seu cotidiano e em suas questões existenciais. A análise elucida-se à luz de duas
perspectivas teóricas: teoria literária e semiótica discursiva (francesa). O conto, como
gênero literário, possui inúmeras conceituações e abordagens das mais variáveis
perspectivas e noções. Em nosso percurso analítico apresentamos o diálogo entre
perspectivas da construção do texto literário, com enfoque no gênero conto, a partir da
noção de efeito na composição do conto, conforme apresentada por Edgar Allan Poe
(1809- 1849); como também noções sobre os termos “Belo” e o “Grotesco”
apresentados por estudiosos como Platão, Victor Hugo e Umberto Eco a fim de elucidar
e reconhecer conceitos sobre a oposição principal que se fez em nossa leitura: a beleza
e a feiúra. Por fim, e não menos importante, acrescentamos à análise do conto
fundamentos teóricos da semiótica discursiva, a qual foi desenvolvida pelo teórico
francês A. J. Greimas (1917-1992), apontando para o percurso gerativo de sentido,
estrutura base e elementar da semiótica discursiva e que nos apresenta três níveis de
análise: nível fundamental, narrativo e discursivo. Atentamos-nos, neste trabalho ao
nível fundamental (etapa mais simples e abstrata), em que são desenvolvidas oposições
de termos gerais e abstratos do texto, apoiados ao esquema estrutural do quadrado
semiótico, bem como à aplicação das categorias: euforia VS disforia, em que
determinam valores positivos e negativos, estabelecendo a relação de conformidade ou
de desconformidade do ser vivo com os conteúdos representados, classificando-os
como euforizantes e disforizantes. Assim sendo, podemos perceber que os diferentes
campos teóricos elencados para realizar esta hipótese interpretativa dialogam e se
mostram complementares na leitura e elucidação do conto, pois ambos apontam para
seus paradoxos, oposições e ambiguidades textuais sob as aproximações e os
distanciamentos entre beleza-feiúra.
Resumo:
Este estudo tem por objetivo analisar a tradução fílmica da peça Macbeth, do
dramaturgo inglês William Shakespeare, realizada pelo diretor australiano Geoffrey
Wright e lançada no ano de 2006. O trabalho examina as conexões estabelecidas entre
os dois textos, bem como as necessárias transformações para a adequação ao novo
meio semiótico, mas enfocando uma característica marcante do texto shakespeariano: a
expressão simultânea de sentimentos e valores opostos. Tal característica,
consubstanciada no uso da linguagem, no comportamento dos personagens, no uso de
imagens ou, ainda, no enredo, deve ser reconfigurada no processo de tradução da obra
literária para o texto fílmico. Objetivamos, portanto, a apreciação de como esses
elementos são redimensionados na película à luz dos conceitos de reescritura (Andre
Lefevere), dialogismo (Mikhail Bakhtin), intertextualidade (Julia Kristeva) e
transtextualidade (Gérard Genette). No trabalho deixamos clara a compreensão da
adaptação fílmica como o resultado de um processo tradutório. Consequentemente,
destacamos a relevância do contexto da tradução na produção dos significados. Se não
há texto estável e independente das interposições do contexto em que ele se inscreve,
não se pode compreender a tradução como uma atividade de mera transposição de
significados fixos. Contrapomo-nos, dessa forma, à percepção da adaptação fílmica
Resumo:
Até meados do século XIX a capa do livro tinha por função primordial proteger seu
conteúdo. No entanto, a partir de 1890, na Europa, e mais tarde nos EUA, tornou-se
uma ferramenta de atração do comprador/leitor e sua função como instrumento de
marketing e de promoção do produto livro se acentuou gradativamente, como
destacaram Drew e Sternberger (2004), sendo ainda, nas palavras de Gerard Genette
(1996), a primeira manifestação do livro, prenhe de significados, oferecida à percepção
do comprador/leitor, que desempenha um papel no processo de envolvimento físico
com o livro, podendo ainda ser uma pista do impacto que o editor deseja causar nos
leitores, expressando sentidos resultantes de determinada leitura do livro, em um
contexto específico, localizável no tempo e no espaço. Tal relevância de seus atributos
mais tarde levou ao surgimento do termo grabability, um indicador de seu potencial
como objeto a ser apanhado ou deixado de lado em um ponto de venda (e até mesmo
conservado no decorrer do tempo). Sobre a imagem, Martine Joly (1996) afirma que
esta comunica e transmite mensagens, nas quais seu motivo pode ter uma significação
particular, participando da mensagem visual e contribuindo para a compreensão e a
produção da mensagem. Ao optar pela linguagem visual para a capa o que se verifica é
a tradução dessa leitura para outro sistema sígnico, uma tradução intersemiótica,
segundo Roman Jakobson (2011), ou uma transposição criativa, segundo Linda
Hutcheon (2004). Este trabalho propõe uma análise das imagens usadas na capa de
três traduções do livro Soldados de Salamina, do escritor espanhol Javier Cercas,
editado no Brasil pela Editora Francis (em 2004) e pela Globo Livros, na coleção
Biblioteca Azul, e pelo Grupo Folha, na Coleção Folha Literatura Ibero-Americana
(ambas em 2012).
Resumo:
O romance Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, foi publicado pela primeira vez em
1813. Ao longo de dois séculos a narrativa foi adaptada para filmes, peças de teatro,
musicais, fanfictions, mash-ups e spin-offs. Neste trabalho, interessa-nos estudar
especificamente uma adaptação circulando na internet: a websérie The Lizzie Bennet
Diaries. A websérie apresenta o enredo de Orgulho e Preconceito contado da
perspectiva de Lizzie (Elizabeth), atualizado para o ano de 2012, nos Estados Unidos.
Lizzie é uma universitária de 24 anos da área de comunicação, com dívidas de
financiamento estudantil, morando com os pais e as irmãs, Jane e Lydia, tentando
construir uma carreira profissional. O projeto recebeu boas críticas e prêmios,
conquistou tanto leitores de clássicos de Austen quanto internautas que não conheciam
o romance. Para que a websérie fosse bem recebida pelo público e pela crítica, houve
um processo de transposição do romance para a tela, atualizando a narrativa e
traduzindo signos verbais para não-verbais. Considerando que o modo contar (um
romance) é diferente do modo mostrar (uma websérie), analisamos a caracterização
dos personagens da família Bennet nos episódios 1, 2 e 3 da websérie. Comparamos a
construção dos personagens no romance e na websérie baseando-nos na concepção
de que a adaptação não precisa ser fiel ao texto adaptado, pois o adaptador de uma
maneira ou de outra promove intervenções no texto (AMORIM, 2005). Além disso, tanto
a websérie quanto o romance são textos independentes e não devemos estabelecer
uma hierarquia entre eles ou realizar um julgamento de “bom” ou “ruim”, pois são
gêneros diferentes com suas próprias especificidades. Nosso objetivo foi compreender
os efeitos que a adaptação conseguiu ou não criar na construção dos personagens,
observando as omissões, transformações e adições realizadas, e os recursos utilizados
na transposição para o novo meio. A partir dos estudos de Hutcheon (2011),
percebemos que a adaptação não é simplesmente uma reprodução e que o processo
de adaptação para a websérie envolveu uma mudança de mídia, de foco e de contexto.
Os personagens foram reinterpretados e recriados. Alguns elementos da narrativa são
mais facilmente adaptáveis para outra mídia enquanto outros são praticamente
impossíveis de serem transpostos. Em relação à caracterização dos personagens,
baseado em Gancho (2006) e Abdala Junior (1995), verificamos que aspectos físicos
dos personagens são mais facilmente adaptáveis. Os aspectos sociais e psicológicos
são possíveis de serem transpostos, porém exigem uma produção mais rigorosa com
imagem, som e movimento para convencer o espectador sobre a construção do
personagem. No romance, predomina a caracterização indireta dos personagens,
Resumo
Resumo:
Resumo:
Para que um filme chegue às telas do cinema, ele deve passar por todo um processo
que envolve uma coletividade de trabalhos. Diretor, roteirista, atores e muitos outros
profissionais artísticos desenvolvem seus trabalhos em conjunto para que o produto
final se efetive. Ademais, o que se intenta ao produzir uma obra cinematográfica é
cativar o público, promover a agradabilidade, fazer com que o espectador não tire os
olhos da tela e que viva a história com os personagens em tempo real. Assim, o objetivo
dessa pesquisa é fazer uma breve investigação do referido processo por meio da leitura
Resumo:
Resumo:
Era uma vez, três irmãs em duas páginas de Terras do sem fim (1943) de Jorge
Amado. Entre a pausa de contos de fadas e a vida nua e crua, entre o que marca e
surpreende, entre o amar ou o ‘jorgear’ o encontro com Lucia, Violeta e Maria e o
desencontro com o homem amado, surgiu a elaboração desse estudo. Com o intuito de
problematizar a mulher ali subalternizada, que vivem sob a bota dos coronéis, não tendo
voz e nem vez, e ainda na contemporaneidade vem sendo abandonada. Intenta-se, a
partir de reflexões associada à crítica de Antônio Candido, as teorias de Walter
Benjamin o simbolismo, arquétipos e memórias demonstrar por meio do profundo corte
em Gestação da Cidades, tentaremos apontar as marcas da submissão, descritas nas
palavras escolhidas a dedo, nas trajetórias determinadas pelo machismo, autoritarismo
da sociedade cacaueira dominante. O baiano, e sua apreensão da realidade, tamanha
fidelidade e sensibilidade criadora, em que o lírico vislumbra pulsante uma fábula antiga
em forma de geração, a dor em ler a expressividade das injustiças, do abandono e os
abusos dos machos, o pagamento no destino lascivo, pulsante, (re)inventado e
embaralhado no embrião dos temas, ainda presente no olhar da mulher hodierna.
Palavras-chave: Romance; Jorge Amado; gênero mulher;
Resumo:
O filósofo alemão Hans Ulrich Gumbrecht propõe, em sua obra Produções de Presença:
o que o sentido não consegue transmitir (2010), ao lado da compreensão semiótica,
entender a produção da presença de experiência no mundo. O filósofo pretende
elaborar conceitos que possibilitem ultrapassar o estatuto da interpretação das
Humanidades a fim de que o sujeito possa imaginar uma cultura diferente da sua, além
de “[...]sugerir e inspirar imagens e conceitos que nos ajudem a captar os componentes
não interpretativos da nossa relação com o mundo” (2010, p. 114). Para isso,
sistematiza quatro modos de apropriação-do-mundo pelos seres humanos, separados
em duas tipologias: “cultura de presença” e “cultura de sentido”. A primeira centra-se na
ideia de inscrever o próprio corpo na cosmologia, ou seja, como algo integrante da
existência. A segunda tipologia está orientada pela percepção e imaginação do mundo.
O primeiro dos quatro modos de apropriação-do-mundo seria o de comer as coisas do
mundo, que inclui práticas antropofágicas - desde o canibalismo até a ideia de comer
um corpo simbolicamente, no sentido de apoderar-se dele - e de teofagia como, por
exemplo, comer o corpo e beber o sangue de Cristo. O segundo conceito se refere a
penetrar coisas e corpos, ou seja, tudo que se refere a penetração do corpo do outro,
seja de maneira violenta, através de um assassinato, por exemplo, seja de forma
consensual, por uma relação sexual (lembrando que a relação sexual também pode ser
uma maneira violenta de penetrar o outro e, consequentemente, o medo de uma
penetração violenta gera o pesadelo em ser violado). O terceiro conceito de
apropriação-do-mundo é o que o teórico chama de misticismo, que a cultura ocidental
classifica como as formas de vida espiritual. O último conceito apresentado por
Gumbrecht se denomina a interpretação e a comunicação e está relacionado com o
medo do outro poder interpretar até o que não se quer comunicar. Dentro desta
perspectiva teórica, pretende-se entender a literatura como forma de produção de
presença da experiência do mundo, ou seja, verificar se através de uma obra literária é
possível interpretar o mundo. A partir do exposto, objetiva-se analisar se os quatro
modos de apropriação-do-mundo, elaborados por Gumbrecht, estão presentes na obra
A passagem tensa dos corpos, de Carlos de Brito e Mello (2009) e como a configuração
dos mesmos (se for possível) possibilitam uma interpretação do mundo e da temática
que cerca a mesma.
Resumo
Resumo:
Resumo:
Resumo:
O presente estudo propõe uma análise acerca do filme A insustentável leveza do ser
(1987), de Philip Kaufman, inspirado no romance homônimo de Milan Kundera(1984) e
pretende apontar os elementos da linguagem cinematográfica que o aproximam tanto
do romance lírico quanto do cinema de poesia, este último, termo cunhado pelo cineasta
italiano Pier Paolo Pasolini. Com base nas considerações de Ferreira(2004)
pretendemos elencar os aspectos inerentes ao universo lírico que podem compor a
produção fílmica e contribuir de forma significativa nos sentidos. A insustentável leveza
do ser é um filme, sobretudo, poético, dotado de um lirismo tal qual a obra literária o é.
No cinema, no entanto, a narrativa ganha nova dimensão, novos recursos que
contribuem demasiadamente para que o espectador tenha condições de ampliar as
suas percepções acerca das personagens, do espaço e, consequentemente sobre o
enredo. Analisando tanto as personagens de forma isolada quanto suas relações entre
si e o ambiente onde estão inseridas, intentamos evidenciar a forma lírica como a
diegese se constrói e quais características do cinema de poesia são percebidas
mediante o plano e a montagem presentes na obra. Neste sentido, a análise do uso da
subjetiva indireta livre bem como a forma poética como se constroi a diegese foram
fundamentais para que este trabalho fosse realizado. Ao considerarmos a poesia como
um elemento presente neste filme, sobre o qual debruçamos nosso olhar, é
imprescindível que a compreendamos como um meio de expressão dotado de algumas
peculiaridades: pois a poesia é, sobretudo, uma manifestação livre. Kinski (2016)
considera que a poesia, por desbravar um território mítico, inconsciente, clássico e
sagrado alia à linguagem a reinvenção o que acaba por deixar o campo aberto a
diversas interpretações. Assim, este artigo pretende levantar discussões acerca das
contribuições da lírica no cinema e como estas duas formas de arte podem ser
consonantes e enriquecerem uma a outra favorecendo para que cada vez mais o campo
cinematográfico possa ser analisado por diversos prismas. Esta comunicação propõe
Resumo:
Resumo:
O conceito de agência, tal como proposto por Janet Murray (2003), tem sido uma “pedra
de toque” para os estudos empenhados em compreender as implicações da
interatividade suscitadas pelas narrativas que circulam no ciberespaço. Aliado ao
conceito de imersão e transformação, a agência configura-se, segundo a autora, como a
atividade gratificante de realizar ações em ambientes ficcionais criados a partir de
propostas interativas. Pensando no caso específico das narrativas de games, o
“agenciamento interativo” do jogador deve funcionar como o “poder/liberdade” de
locomover-se no ambiente ficcional de imersão, acatar ou dispensar atalhos e/ou itens,
valer-se de estratégias para derrotar forças adversárias, moldar características e
tomadas de decisões das personagens/avatares, etc. A agência, portanto, está
diretamente relacionada ao papel “ativo” dos “leitores multimodais” e alcança espaço
para a discussão concernente à recepção de narrativas multissemióticas. Contudo, esse
papel “interativo” dos jogares das narrativas de games é passível de questionamentos
quando analisamos, por exemplo, a jogabilidade de Game of Thrones (TELLTALE
GAMES, 2014). Dividido em seis episódios, o jogo em questão fornece alternativas para
que o jogador direcione as falas e ações das personagens, com pouquíssimas
passagens em que uma determinada escolha realmente afete o destino das mesmas.
Nos momentos de luta (agon) o sistema direciona o jogador para os botões que deve
apertar. Em síntese, os episódios do jogo são constituídos pela altíssima predominância
de cutscenes “interativas” contrapostas por uma baixíssima exploração do ambiente.
Considerando esses aspectos como problemáticos para o conceito proposto por Murray
(2003), a presente comunicação utiliza o conceito de interpassividade, conforme
apresentado por Slavoj Žižek (2010), para propor a noção de “agenciamento
Resumo:
Tanto a dramaturgia de Augusto Boal (1931-2009) quanto seus escritos teóricos têm
sido amplamente estudados no âmbito internacional e, infelizmente, um pouco menos
no âmbito nacional; mais conhecido por peças como Revolução na América do Sul
(1960) e pela obra Teatro do oprimido e outras poéticas políticas (1980), seu trabalho
como dramaturgo e diretor é, de forma geral, o mais ressaltado quando se fala em Boal.
Dessa forma, chamou-nos atenção o fato de uma obra sua, A deliciosa e sangrenta
aventura latina de Jane Spitfire, escrita em 1976, não ser muito conhecida/estudada.
Não menosprezando seu trabalho como dramaturgo, antes, trazendo à tona mais uma
característica fundamental de todo o seu trabalho, a experimentação, decidimos então
nos debruçar sobre seu único romance. Em um contexto como o contemporâneo, de
figuras políticas com discursos extremamente conservadores, esse romance policial em
chave crítica de Boal se atualiza. Mais especificamente, a protagonista da obra,
Jane/Janet, faz com que a relacionemos a um Estados Unidos que ainda atua de forma
extremamente violenta e arbitrária para com os outros países. Vale mencionar que a
obra em questão foi escrita em Buenos Aires, ao longo do exílio do autor, o qual, após
ter desenvolvido um trabalho significativo para o início do teatro épico no Brasil junto do
Arena, foi torturado e, em seguida, forçado ao exílio. Assim, para darmos conta da
dimensão histórica e estética dessa obra, faremos um breve recuo histórico para então
relacioná-la com a atualidade, dialeticamente. Para tanto, teremos em vista uma
concepção benjaminiana da história, segundo a qual o presente é iluminado quando nos
voltamos ao que veio antes, da mesma forma que o passado só se torna “completo”
quando um olhar do presente se volta para ele e, para tanto, nos pautamos em suas
Teses sobre o conceito de história (1940). Além disso, o fio condutor de nosso trabalho
Resumo:
Por meio de seu título, o romance Não verás país nenhum (2008), do escritor brasileiro
Ignácio de Loyola Brandão, faz uma clara alusão irônica aos versos “Ama, com fé e
orgulho, a terra em que nasceste!/ Criança! Não verás nenhum país como este!”, de
Olavo Bilac, que abrem o poema “À Pátria”. O movimento paródico carrega um humor
doloroso e, desse modo, o título do romance dá um tom pessimista a ele, que é narrado
por Souza, um ex-professor de história. O narrador e personagem Souza nos conta
sobre aquilo que poderá vir a ser o nosso país: um total caos criado pelo próprio ser
humano com o passar do tempo. Ao seguirmos a narração, que se passa em São
Paulo, percebemos que todos os fatos apresentados são permeados pela falta de
recursos naturais, próprios do meio ambiente, como plantas, água e alimentos, além da
falta de animais de todas as espécies. Além da escassez de recursos naturais, há
também no romance a forte presença da violência, do autoritarismo e da opressão por
parte do Esquema, um órgão composto por Civiltares, os quais são semelhantes aos
militares do período de ditadura no Brasil. Há também a proibição de livre circulação da
população, sujeitos doentes, mulheres estéreis e uma frequente falsificação da história.
Em função da escassez de bens naturais e de toda poluição, há fichas para água, a que
poucas pessoas têm acesso, porque para isso é preciso ter dinheiro para comprá-las, e
fichas de circulação, pois cada um só pode circular em uma área pré-determinada e em
um ônibus apenas, e essa circulação também depende de seu poder financeiro. Desse
modo, é gerada a exclusão daqueles que não são favorecidos financeiramente e
Resumo:
Nos anos 1900, aproximadamente, Henry James, segundo Norman Friedman (2002, p.
169), em seus prefácios, viu-se preso num problema que o molestava profundamente,
estava preocupado em poder determinar um núcleo para suas narrativas, seu êxito se
deu quando restringiu a visão da ação à consciência de um dos personagens de sua
história que levou ao que hoje se conhece por ponto de vista na ficção. Encontrou-se
uma relação do ponto de vista no que diz respeito à forma como o autor fará a história
chegar ao leitor/espectador, que se preocupa em apontar o que se irá mostrar e não
contar na estória, fazendo com que esta “pareça verdadeira”. Abandona-se a forma
tradicional de narrar, em que o narrador apresenta, como um resumo, a estória e passa-
se a dramatizar a consciência mental de quem irá “mostrar” a ação ficcional. A ficção
pós-moderna não possibilita ao leitor uma saída, mas muitos caminhos interpretativos,
não se deve mergulhar numa diegese composta por elementos restritos, esperando-se
encontrar a chave do mistério, Khalil (2016, p. 199), utilizando-se do conto “O fio da
fábula” de Jorge Luis Borges, em que narra o problema de Teseu em não encontrar a
saída do labirinto porque lá estaria outro labirinto, o relaciona a situação da posição do
leitor na pós-modernidade. Ler/ver uma narrativa pós-moderna é estar preparado para
encontrar-se num labirinto sem fim, em que continuamente poder-se-á retornar ao
mesmo lugar. Lucrecia Martel, em seus três longas – La ciénaga, La ninã santa e La
mujer sin cabeza - apresenta uma narrativa incoerente, próxima da natureza da
consciência humana, em que os pensamentos caóticos das personagens se mostram
por si só através de um narrador que narra não como agente ativo da ação ficcional, e
por isso a diegese não necessita de interventores, ela se auto conduz. O pulo do gato
está na posição em que essa mente está localizada para então “mostrar” o que se
deseja ao espectador. Porém, a mente humana é como um labirinto que, às vezes, se
possibilita entrar, oportuniza-se muitos caminhos, mas que não se encontra a saída.
Lucrecia Martel coloca seu leitor/espectador, constantemente, nesses labirintos. O
objetivo desta discussão é verificar como se constrói o ponto de vista nas narrativas
cinematográficas pós-modernas, de forma mais específica, nas narrativas de fluxo de
consciência. Busca-se ainda, explanar sobre a teorização a respeito do conceito de
ponto de vista e a importância deste elemento para a construção narrativa pós-
moderna, em consequência disso discutir-se-á a presença deste nos filmes de Lucrecia
Martel. Como base teórica utilizar-se-á os estudos de Norman Friedman (1946) quanto
a especificação do ponto de vista e quando necessário, a título de comparação teórica,
de outros autores que tratam deste mesmo assunto.
conto As filhas do falecido coronel (The daughters of the late colonel), presente na obra
A festa ao ar livre e outras histórias (The garden party and other stories), publicada em
1922. Para tanto, nos valeremos principalmente da obra As formas do silêncio, de Eni
Puccinelli Orlandi (1997). Tal recorte se dá pelo fato de que, ainda que seja difícil
pensar em silêncio ao se falar sobre comunicação, texto, literatura, e ainda que, na
maioria das vezes, o silêncio seja tido como uma espécie de vazio, como o intervalo
existente entre as “partículas significativas” da palavra, da frase ou da obra, o silêncio é
pleno de significação e se configura como uma forma de expressão, não raro mais
eloquente que o discurso verbal. No conto escolhido para análise, podemos perceber a
presença do silêncio já desde seu título: As filhas do falecido coronel. Há nesse título
um silêncio imposto pela figura autoritária do coronel, uma vez que, mesmo após sua
morte, suas filhas são significadas a partir dele. Os nomes, as características, as
identidades dessas mulheres, tudo isso foi interditado pela grande e silenciosa presença
do coronel. Assim como o título, a frase de abertura do conto também é igualmente
impactante (tendo sido a imagem que inspirou esta análise). O narrador, extradiegético,
diz: “A semana seguinte foi uma das mais ocupadas de suas vidas” – uma frase repleta
de silêncios. Em primeiro lugar, não sabemos da vida de quem o narrador trata. Quem
tem uma semana ocupada? Em segundo lugar, não sabemos a que essa semana se
segue. É a semana seguinte a que acontecimento? E, mais do que isso, que
acontecimento é tão impactante que o narrador, emulando o sentimento das
personagens, não consegue expressar? De silêncios em silêncios, as duas irmãs, sob o
jugo da autoridade do pai mesmo após a morte deste, vão escondendo mesmo de si
mesmas o que sentem em relação a essa morte, tão avassaladora quanto libertadora.
Assim, como já foi dito por Yamakawa & Tofalini, “na literatura, os silêncios são”. Em
toda linguagem, é claro, mas especialmente em na literatura, uma vez que os
significados se tornam mais fluidos. No caso específico deste artigo, investigar As filhas
do falecido coronel a partir dos modos do silêncio perceptíveis na obra acresce e
aprofunda muito sua leitura, uma vez que esse tipo de estudo nos auxilia a desvendar o
que só o silêncio encerra. O silêncio, intrigante, envolvente, é muito mais do que um
recurso estilístico nesse conto: ele é fundamental para a construção da significação da
obra, bem como para a reflexão a respeito da essência humana e da sociedade.
Observar os silêncios do conto é ouvir o ganido de sofrimento e o debater-se das
personagens, Constantia e Josephine, em uma realidade que não permite que elas
sejam quem realmente são. É entender a visceral crítica da autora a uma sociedade
que, ela toda, muitas vezes silencia as mulheres – esposas, filhas, funcionárias –
mulheres em geral, pertencentes e fundamentais a essa sociedade que as silencia.
Assim, o silêncio, nesse conto, é um grito.
Resumo:
Resumo:
premissa de que o fenômeno Harry Potter assim tornou-se por estimular um processo
de interação entre obra e leitor com a possibilidade de produzir uma gama variada de
sentidos para o mesmo texto. Ou seja, no processo de leitura é o fato de o mundo ser
constantemente dado e refutado, o que permite uma oscilação experimentada pelo leitor
de Harry Potter, que vai além das expectativas (ruptura), das surpresas (perturbação) e
das decepções (obliteração). Assim, tome seu lugar, que o expresso de Hogwarts já
vai partir.
Resumo:
simbólicos com sequências de atos e falas e há também o fato de serem orientadas por
concepções que regem as ações. Por conta destas semelhanças, propõe-se neste
trabalho a utilização da teoria acerca dos rituais de Stanley Tambiah para a análise do
espetáculo O corpo da mulher como campo de batalha (2017), dirigido por Fernando
Philbert com Ester Jablonski e Fernanda Nobre como parte do elenco, sendo o texto
desta peça escrito em 1997 por Matei Vișniec, dramaturgo, escritor e jornalista romeno
radicado na França. Nas obras deste autor há alguns elementos, personagens e
motivos que se repetem, o que dá margens para se considerar que cada uma delas seja
parte de um todo maior, interligadas no universo da obra do dramaturgo romeno,
formando uma “cosmologia” do escritor. Os espetáculos que encenam sua obra seriam,
por sua vez, os rituais, as performances no sentido utilizado por Tambiah, regidos todos
eles pela “cosmologia” que se compreende a partir da leitura do conjunto da obra de
Vișniec.
Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise do totalitarismo presente
no romance distópico, britânico, 1984, de George Orwell pelo viés do Materialismo
Lacaniano. O romance em questão foi publicado poucos anos após a Segunda Guerra
Mundial e o início da Guerra Fria, em 1948. Depois de presenciar o regime político
fascista de Francisco Franco na Espanha, o governo totalitário nazista de Adolf Hitler na
Alemanha, bem como o totalitarismo stalinista na União Soviética, George Orwell
parece ter se inspirado para escrever obras voltadas para a crítica e exploração de
temas políticos, sendo 1984 uma delas. Nesse trabalho procuramos mostrar, mais
especificamente que, no romance, o partido político, intitulado Socing, se trata de um
partido totalitário, que se esforça para manipular a ordem do Simbólico na sociedade e
que as ações das personagens se estabelecem por meio do que é promulgado pelo
partido, sendo elas, portanto, condicionadas a algo exterior ao desejo individual. A
coletividade imposta pelos ideais partidários do Socing provoca a perda da identidade e
subjetividade das personagens, fato que contribui para a passividade e inércia da
população. O regime totalitário do romance se enquadra nos reconhecidos totalitarismos
da primeira metade do século XX, pois opera de modo aterrorizante, provocando a
desintegração não apenas do meio social das personagens, mas também afeta
drasticamente seu psicológico. Ao realizar a análise pela perspectiva materialista
lacaniana, entendemos que a realidade descrita no romance é constituída pela tríade R-
S-I, desenvolvida pelo psicanalista Jacques Lacan e discutida pelo filósofo Slavoj Žižek.
Nessa concepção observamos que o partido Socing, deliberadamente, planeja e
executa ações que interferem na ordem do Simbólico, alterando a vida das
personagens. As consequências advindas da manipulação dessa instância são sentidas
de várias maneiras no romance, tais como a perda da memória coletiva, a desconfiança
mútua entre as personagens, o medo constante e a incitação ao ódio, dentre outras.
Nossa análise fundamenta-se em estudos realizados no âmbito do Materialismo
Lacaniano, mais especificamente, por parte de Žižek (2010), além de discutir sobre a
concepção de totalitarismo, proposta por Arendt (1989). Os resultados revelam que a
manipulação da ordem do Simbólico se caracteriza como crucial para a desintegração
da condição de sujeito.
Resumo:
trabalho analisa as questões que envolvem tal temática utilizando como bases as
teorias de Serge Doubrovsky (autoficção), Phillip Lejeune (autobiografia) e Manuel
Alberca (autobiografia ficcional e romance autobiográfico).
Resumo:
moderno de sua angústia na convivência com a sociedade humana. Além disso, fica
evidente como Buñuel joga luz em temáticas específicas do livro, ampliando-as, como a
relação do protagonista - interpretado pelo ator irlandês Dan O’Herlihy - com o pai e a
problematização da religião, que se dá por meio de diálogos com Sexta-feira - encenado
pelo mexicano Jaime Fernandez - o qual acaba desestabilizando as certezas de Crusoé
em relação a seu Deus; questões que, no filme, acabam por revelar certa evolução de
Crusoé como ser humano. Tendo em vista essas discussões, pretendemos investigar e
analisar de que maneira o cineasta espanhol traduz o clássico de Defoe em termos
cinematográficos e que elementos são inseridos ou destacados por ele, revelando sua
visão contemporânea sobre a obra.
Resumo:
A análise de contos e romances escritos por Graciliano Ramos não é novidade para a
academia, um dos mais célebres escritores da modernidade abraçou em suas obras
variadas temáticas nas linhas e, ainda mais nas entrelinhas, de seus textos que
caracterizam suas obras por uma (quase) infinidade de possibilidades de pesquisa e
descobertas através de seus personagens e seus respectivos espaços. Assim ocorre
também em relação à presença da história e de representações sociológicas dentro de
narrativas diversas, a interpretação de uma obra em específico muitas vezes configura-
se em uma interpretação profunda de parte ou de um todo social a partir de elementos
que se apropriam de problemáticas reais na tentativa de estruturar um enredo a fim de
registrar, através de seu discurso, a época, a cultura e a política em seu contexto
histórico e social, como comenta Antonio Candido (2006, p.91) “A grande maioria dos
nossos escritores, em prosa e verso, fala de pena em punho e figura um leitor que ouve
o som da sua voz brotar a cada passo por entre as linhas”. Da mesma forma que
Graciliano Ramos problematiza de forma astuta as temáticas da sociedade, também o
leito de Graciliano poderá receber e elucidar estas através dos tempos e dos espaços
distintos em que se encontra. Nessa perspectiva objetiva-se a análise de um dos mais
intensos contos de Graciliano Ramos, um fragmento da obra Infância (1945) que
provoca elucidações em qualquer que seja o leitor. O conto em questão, Um cinturão,
um dos primeiros na descrição fictício-bibliográfica de Ramos, apropria-se do discurso
da família patriarcal e as ressonâncias deste no pensamento alheio, da criança vítima
do sistema, e a forma como ela reage às adversidades da maneira na qual vinha sendo
criado. Pensar em sociedade patriarcal é pensar no contexto em que se encaixa a
escrita de Ramos, o que implica igualmente em uma reflexão a respeito das dos
reflexos dos acontecimentos históricos espelhados na trama e na estética de uma obra.
No caso da narrativa em análise, sabendo da participação ativa do autor em oposição
ao governo de Getúlio Vargas correspondente ao período de escrita de algumas de
suas obras, buscam-se os elementos que transitem entre a autobiografia fictícia e o eco
de parte da ditadura na construção da narrativa através da sociologia, da historiografia
e da crítica literária nacional para elucidação da pesquisa em proposição.
Resumo:
RESUMO:
Resumo:
A série estadunidense Westworld, exibida desde outubro de 2016 pelo canal pago HBO,
bebe da narrativa distópica à moda de grandes autores literários deste gênero, como
Isaac Asimov (1920-1992) e Aldous Huxley (1937-1963), ao mostrar um parque
temático futurista onde robôs hiper-realistas atendem a todos os tipos de desejos
(sexuais, afetivos etc.) dos seres humanos visitantes. Sob o viés do Materialismo
Lacaniano elaborado pelo filósofo esloveno Slavoj Žižek (1949-), que importa conceitos
de Jacques Lacan (1901-1981) e de Karl Marx (1818-1883) para enxergar as
contradições sociais e políticas do capitalismo, a presente análise da primeira
temporada de Westworld se concentra na chamada Paixão pelo Real, termo utilizado
por Žižek que discorre acerca da necessidade contemporânea de alcançar o cerne dos
acontecimentos traumáticos para ultrapassar a artificialidade das relações ditadas pelos
meios de produção. Na ótica lacaniana, o Real é a instância do trauma, do desequilíbrio
da suposta ordem não só individual como social. O personagem William, ou o Homem
de Preto, interpretado quando jovem por Jimmi Simpson, e na maturidade, por Ed
Harris, cuja função no parque temático é, aparentemente, encontrar um nível mais
profundo e definitivo naquele universo artificializado, personificaria a Paixão pelo Real à
medida que a sua jornada se torna cada vez mais violenta entre robôs e humanos.
Resumo:
Desde seu livro inaugural, Poesia (1944), Sophia evoca uma série de imagens
obsessivas pessoais – o mar, a praia, o jardim, Apolo, Delfos, Minotauro. Se nos
primeiros livros é perceptível a presença de lugares carregados de afeto, de memória,
de subjetividade pessoal, mais tarde, a partir sobretudo da década de 60, sua poesia
abre-se para o tempo histórico, para o real objetivo. Cada vez mais envolvida nos
movimentos políticos contra a ditadura salazarista, contra as injustiças sociais de seu
tempo, seus livros não abandonam a paleta de imagens pessoais e míticas, mas atribui
a elas o apelo que o seu próprio tempo histórico exige. A paisagem, antes carregada de
memória pessoal, vê-se tingida de valores míticos e simbólicos evocativos de
referências históricas. Um movimento para a objetividade que evidencia uma maior
presença de mitos, símbolos e paisagens solares, o que não implica no esconjuro da
noite e das sombras, mas a constatação de uma relação tensa e complementar entre
luz e trevas. Por meio da apresentação de alguns poemas de Sophia de Mello, buscar-
se-á apresentar como o imaginário poético une-se à paisagem para desvelar o
movimento de um eu poético que se abre cada vez mais para o mundo e para o outro.
Resumo:
Muito já se falou a respeito do uso do discurso indireto livre em Vidas Secas, romance
de Graciliano Ramos (1996), recurso que, nesta narrativa, provoca uma espécie de
duplicidade de focos: alternância entre a visão do narrador – figura intelectualizada, apta
a descrições realistas do ambiente e da paisagem sertaneja – com a de Fabiano, o
sertanejo inarticulado, quase mudo, que é o centro de força e a principal figura de
autoridade na família que protagoniza o clássico romance escrito pelo autor alagoano
(CINTRA, 1993; PACHECO, 2015). Contudo, o papel da natureza e das paisagens
dentro da obra em questão são, por sua vez, temas pouco explorados pela crítica,
tocados apenas de modo tangencial ou circunstancial, desprovidos de uma análise que
aborde as funções que tais descrições do ambiente natural possuem no romance. Este
artigo propõe, deste modo, uma análise das descrições paisagísticas e do papel que o
meio ambiente possui dentro do romance, utilizando-se, para isso, dos conceitos de
topofilia e topofobia, conforme proposição do geógrafo Yi-Fu Tuan (2005, 2012).
Defendo a existência de uma ênfase topofóbica da narrativa – a constância de uma
paisagem do medo – enquanto forma da predominância do foco urbano/intelectual do
narrador sobre a perspectiva das personagens, o homem sertanejo representado.
Assim, diante da possibilidade de inserção formal dos vínculos afetivos das
personagens com o lugar, o narrador, vinculado a uma ótica estranha ao ambiente do
sertão, opta sempre pela recorrência da natureza como ameaça ou perigo iminente na
vida da família de retirantes. Para tal análise, discuto, num primeiro momento, o
conceito de paisagem e seu uso nos estudos literários (TUAN, 2005, 2012; ANDRADE,
2013; FEITOSA, 2013) e, em seguida, o tema em sua relação com a linguagem do
romance de Graciliano Ramos, especialmente no que tange ao recurso do discurso
indireto livre e suas implicações, ancorado na ideia, presente em artigo de Ana Paula
Pacheco (2015), de que é possível observar, na linguagem de Vidas Secas, uma fratura
social que separa, de um lado, seu narrador urbano e intelectualizado e, de outro, o
protagonista rural e iletrado. Na sequência, analiso a constante topofóbica da narrativa
para, numa visão global da obra, demonstrar de que modo os vínculos afetivos das
personagens com o ambiente natural em que vivem são eclipsados do romance por
efeito das escolhas e da ótica deste narrador socialmente apartado da realidade
material de seu personagem.
Resumo:
As Cantigas de Santa Maria, obra do século XIII, compiladas no scriptorium do rei Dom
Alfonso X, abordam, em tom narrativo, temas diversos do contexto medieval,
contemplando as categorias de personagens, tempo e espaço. De caráter pessoal e
religioso, os textos poéticos divulgam e ampliam o culto marial, no reino afonsino.
Composta por 420 cantigas, a obra religiosa do rei Sábio apresenta diversos santuários
dedicados à Maria. São espaços sagrados que ocupam lugar de destaque e revelam os
feitos miraculosos realizados por intervenção da santa. Há doze cantigas de milagre
dedicadas ao Santuário Mariano de Terena, no Alentejo, cujos temas abordam desde a
ressurreição de um menino que havia sido morto pelo demônio (CSM 197) à cura de um
burro aleijado (CSM 228). Além de milagres, as cantigas apresentam temas do cotidiano
medieval, como as doenças do corpo e da alma, os conflitos morais e sociais, entre
muitos outros. O espaço sagrado torna-se fundamental e determinante para a ação das
personagens das cantigas, considerando que os milagres e as curas sempre ocorriam
em locais específicos, como as igrejas, capelas de convento e santuários. Nesse
sentido, a percepção desses espaços só é possível a partir da relação do sujeito com o
outro e consigo mesmo, reunindo a experiência e o conhecimento subjetivos. Enquanto
lugar, possui múltiplos valores e significações, ao envolver a percepção e a ação do
indivíduo, constituindo-se em uma formulação de cultura e crenças em um espaço
coletivo. As Cantigas de Santa Maria são acompanhadas de iluminuras que, por vezes,
ampliam os acontecimentos do texto poético. O ilustrador, ao utilizar-se dos pincéis e
tintas, deixa-se levar pela estética, apresentando cenas e espaços, muitas vezes, não
revelados na escrita. A nossa proposta de comunicação é apresentar os dois milagres
revelados no texto poético e nas iluminuras das cantigas (CSM 197 e CSM 199), de
Dom Afonso X, cujo espaço sagrado é o Santuário de Terena, localizado na região do
Alentejo, em Portugal.
RESUMO:
A presença da natureza na literatura pode ser encontrada desde os textos literários dos
antigos gregos. Esse fato se deve à Retórica, responsável pela construção da imagem
do homem ideal e, por conseguinte, pela determinação da paisagem ideal. É com
Homero que, rejeitando o trágico, dá início à exaltação do mundo Ocidental, da terra e
do homem (CURTIUS, 1996). Desse modo, ao construir o cenário em que se
desenvolve o drama de suas narrativas, Homero opta pala descrição de paisagens
agradáveis: árvores, bosques com águas correntes, campinas viçosas. Tal descrição da
paisagem foi adotada por diversos poetas posteriores a Homero, quando a natureza foi
habitada por homens e por deuses. À sombra das frondosas árvores, sob a relva,
próximos a uma fonte, homens escreviam, compunham versos e filosofavam. Essa
paisagem atraiu motivos eróticos, ligando a natureza ao amor, ideia seguida também
pelos trovadores que compuseram suas paisagens entre os séculos XII e XIV,
conciliando a temática amorosa à natureza. Na Idade Média, a cantiga de amigo é
classificada de acordo com o espaço geográfico em que ocorrem os fatos e o cenário
representa o sofrimento amoroso da mulher solteira, a saudade de seu namorado (o
amigo) decorrente da angústia sentida pela ausência e incerteza de sua volta. Desse
modo, de acordo com o cenário em que ocorre o drama, encontram-se as bailias ou
bailadas, as de romaria ou peregrinação, as barcarolas ou marinhas, além das albas,
alvas ou alvoradas e das pastorelas, de gênero importado. Em todas as modalidades, a
jovem apega-se à natureza para aliviar suas ansiedades e incertezas. Nessa
perspectiva, nossa comunicação propõe apresentar o espaço e a paisagem rural como
produtores de sentido. Sobre espaço e paisagem estaremos apoiados nos pressupostos
teóricos de Ernest Robert Curtius, Ida Alves e Michel Colott. Nosso corpus de análise
compõe-se de textos selecionados da obra 500 Cantigas de Amigo, de Rip Cohen
(2003): Oi oj‟eu hũa pastor cantar, do trovador Airas Nunes e Levad’ amigo, que dormid’
las manhãas frias, de Nuno Fernandez Torneol. Ambas as composições são
adaptações de gêneros líricos provençais e franceses ao esquema rítmico e formal da
cantiga de amigo (gênero lírico de origem portuguesa).
Resumo:
O presente estudo tem por objetivo destacar paisagens e imagens dentre os aspectos
que constituem a estrutura do texto literário Aparição, de Vergílio Ferreira, e comentar
alguns aspectos da linguagem utilizada na sua construção, enquanto observações da
crítica literária. Esta narrativa caracteriza-se por romper com a estrutura tradicional do
romance e se configura na fusão das formas da prosa e da poesia. Neste processo, há
a recorrência a um narrador-personagem que domina o mundo narrado e, portanto, sua
visão de mundo projeta-se no espaço que o cerca, nos objetos e na natureza, além das
personagens. Esses elementos são transformados em uma linguagem permeada pelo
lirismo que lhe dá formas subjetivas. Alberto, o narrador, apresenta-se vítima da
indiferença e da hostilidade da cidade de “muralhas”, de “portões de ferro”, que
reforçam a dificuldade da sua revelação em um labirinto de ruas e becos, e direcionam-
nos a elementos que trouxeram alguma identidade àquilo que o eu-lírico trazia em seu
âmago de possíveis frustrações. O aspecto físico da cidade (Évora) corrobora, deste
modo, à construção de paisagens e cenas de degradação, de depressão. Estão
presentes na narrativa os monumentos, os fatos históricos e as mortes que marcaram a
cidade durante a civilização Greco-romana e a Idade Média. O eu-lírico abre-se ao
desabafo das barreiras que havia em suas relações pessoais com a sociedade. A
edificação desta cidade, com seus muros altos, sufoca-o, e ele grita, recobra um
passado cheio de angústia ante a realidade da vida. Seu respirar é a poesia.
Observamos que a visão do narrador é sempre introspectiva, o espaço e as imagens
são descritos por um viés existencialista e os contornos ficam diluídos, acompanhando
as marcas e a passagem do tempo. Por meio de excertos de Aparição e de teorias
voltadas aos aspectos acima referidos para o estudo desta narrativa, fundamentamos
nossas considerações, apoiados em estudiosos como Gaston Bachelar, Mikail Bakhtin,
Maurice Blanchot, Alfredo Bosi, Olinto Antonio Pegoraro, Massaud Moisés, Maurice
Merleau-Ponty, Catherine Belsey, Terry Eagleton, entre outros. Concluímos que o texto
Aparição comporta uma leitura dentro de pressupostos da crítica contemporânea:
aquele que questiona, quer por sua estrutura fragmentada, quer por sua polifonia, quer
Resumo:
Este trabalho busca analisar um dos espaços presentes na obra Ana em Veneza (1994)
do escritor brasileiro João Silvério Trevisan. O romance narra os deslocamentos de três
personagens que, saindo do Brasil em momentos diferentes, acabam por se encontrar
em Veneza, sendo eles Julia da Silva-Bhruns (Dodô), que aos seis anos (em 1858),
parte do Brasil com o pai e os irmãos em direção à Lübeck, Alemanha; Ana,
personagem título, escrava recém-liberta que acompanha a família Bhruns à distante
Europa; e por fim, Alberto Nepomuceno, que, em 1888, aos vinte e quatro anos, sai do
Brasil e viaja também para o Velho Mundo a fim de estudar música. O romance tematiza
essencialmente a questão do exílio - seja ele individual, a sensação de não
pertencimento a uma cultura ou sociedade, ou o exílio espacial, aquele que o indivíduo
sofre quando afastado de determinado espaço -, e a perda e busca da uma identidade.
Ana em Veneza é uma obra rica em temas e abre inúmeras possibilidades para a
pesquisa. O estudo do espaço e sua relação com a formulação de identidades é um
deles. Busca-se buscando-se aqui analisar a representação da paisagem brasileira no
romance, sua relação de oposição com a alemã, e o impacto deste conflito na
construção identitária da menina Julia. Ao ajustar o foco da análise na já mencionada
personagem, problematiza-se a questão do deslocamento, do desterro do espaço que é
reconhecido enquanto terra mátria, e o contato brusco e forçado com um outro espaço
desconhecido, fato que culmina em um trauma que assombrará a personagem mesmo
em sua vida adulta. Através de uma abordagem sociocultural, procura-se analisar o
espaço e, consequentemente, a paisagem não apenas como o plano de fundo em que
se passa a ação, e sim enquanto processo social e cultural criado e modificado pelo
homem, e que com este forma relações de interdependência. Utiliza-se aqui bases
teóricas como Henri Lefebvre, em O espaço e a política (2008), pioneiro nas Ciências
Humanas a pensar espaço e sociedade como conceitos interdependentes, sendo o
primeiro um produto dos processos sociais; Michel de Certeau, em As artes de fazer
(2002), em especial o segundo volume que discorre sobre os usos sociais e culturais do
espaço; Stuart Hall com suas contribuições essenciais ao problema da identidade na
modernidade tardia em A identidade cultural na pós-modernidade (2015); Zygmunt
Bauman em Identidade (2005); e outros que se fizerem necessários ao longo do
trabalho.
RESUMO 7
Resumo:
intervalo entre imagem e som. O presente trabalho apoia-se também nas ideias teóricas
de Bosi (1983), Paz (1982), Candido (1977) entre outros.
Resumo:
O poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto apresenta certa predileção pela
descrição de paisagens. Para além da obra Paisagens com figuras (1954-5), o autor
reiterou sua opção pela apresentação de paisagens em todas as suas obras. Em Serial
(1959-1961) e A educação pela pedra (1962-1965), as paisagens são descritas de
distâncias e perspectivas diversas, sendo que em Serial, pelo procedimento da
comparação, os eus líricos descrevem os contrastes e as equivalências paisagísticas.
Além disso, Cabral pinta, obsessivamente, Sevilha e Pernambuco, buscando apreender
a geografia, a cultura e a formação social dessas localidades, por meio de uma
linguagem poética que pudesse representar essas paisagens, ou seja, expressar a
coisa apresentada. Nesse trabalho, interessam as paisagens das obras de Cabral em
que a metapoesia se faz presente como importante procedimento de conciliação da
linguagem e do objeto por ela representado. São poemas em que a linguagem é criada
segundo a medida ou a desmedida da paisagem, procurando cumprir aquela “imitação
da forma” anunciada pelo crítico da poética cabralina, João Alexandre Barbosa.
Paisagens cortantes e áridas ensinam o discurso da negatividade, como no poema “A
Escola das facas”, da obra homônima. Outras descrevem arquiteturas da coexistência
de um discurso prolixo e contido, como se lê em “A capela dourada do Recife”, de
Museu de tudo (1966-1974). O poema “O nada que é”, da obra Agrestes (1981-1985),
apresenta a paisagem desmedida do canavial e de seu anonimato. As paisagens dos
poemas de Cabral apresentam múltiplos espaços e tempos, fazendo confluir aspectos
urbanos, rurais, históricos e, numa atitude metalinguística, do próprio fazer poético.
Sendo assim, este trabalho deve apresentar um conjunto de poemas de diversas obras
de João Cabral para neles analisar o modo como o poeta promove equivalências entre
linguagem e objeto apresentado. Os modos de enunciação das paisagens e dos
homens que nelas habitam revelam as vicissitudes da cultura e da história dessas
geografias, bem como da palavra poética capaz de enunciá-las. Para o estudo proposto,
além da fortuna crítica da obra de Cabral, composta de obras de João Alexandre
Barbosa, Benedito Nunes e Antonio Carlos Secchin, será consultado o texto em prosa
“Joan Miró”, de autoria do próprio João Cabral. Nesse último, o poeta discute a pintura
renascentista e sua estaticidade, fundamentada na linha estática, na perspectiva e na
busca do equilíbrio de formas e proporções, em contraposição às pinturas dinâmicas de
Miró, liberto da moldura e afeito às linhas. Esses textos devem contribuir com a análise
das perspectivas adotadas pelos eus líricos no momento de enunciação das paisagens.
Resumo:
seu tempo, a visão singular do meio decadente em que se encontrava, nos versos que
compõem Claridades do Sul. Contribuir com a fortuna crítica da obra poética de Gomes
Leal foi um dos principais objetivos propostos neste estudo.
Resumo:
Essa comunicação tem como objetivo analisar as paisagens no conto “O triunfo”, escrito
por Clarice Lispector em 1940. O conto em questão foi publicado pela revista Pan, na
edição de número 227, do dia 25 de maio de 1940. Este conto ocupou três páginas da
revista e marcou a primeira colaboração literária de Clarice Lispector na imprensa de
que se tem registro. Este texto não aparecerá em nenhum dos seus livros posteriores,
mas será recuperado por Moser em seu livro “Clarice Lispector todos os contos”
publicado pela editora Rocco em 2016. O narrador narra a estória de Luísa que, ao
acordar, percebe que o marido havia ido embora, pois a outra cama do aposento estava
vazia. Inconformada com o abandono, ela procura-o no outro quarto e no escritório, mas
a busca é em vão. Encontra apenas um papel, no qual o marido confessava sua
angustia por não conseguir escrever e sua mediocridade. Nesse momento, Luísa
interrompe a leitura e começa a chorar. Após cessar o choro, ela vai lavar o rosto para,
em seguida, abrir a janela da sala de jantar e tomar o seu café ela decide pegar umas
peças de roupa para lavar. Após terminar a tarefa, ela decide tomar um banho. Esse
banho lhe provoca prazer e a faz acreditar que ele voltaria porque ela era a mais forte.
No entanto, é interessante observar que, ao longo da narrativa, há várias descrições da
paisagem que circunda a protagonista. Essas descrições paisagísticas não somente são
caracterizadoras do espaço, mas também concedem ao texto certo lirismo próprio da
poesia, além de favorecer o reconhecimento e exteriorização antecipada do conflito
vivido interiormente pela personagem Luísa. Nesse sentido, paisagem e estado de
espirito coincidem e a paisagem colabora também para tensionar o conflito que se dá
não somente entre Luísa e o marido, mas também entre a protagonista e seus próprios
pensamentos. A linguagem imagética que permeia esse conto, possibilita que tanto a
descrição metafórica como o cromatismo dessas paisagens permitam que o leitor seja
tomado de prazer pela beleza e sensibilidade do texto clariciano, pois desde o início do
conto, nota-se uma certa poética do olhar, como bem define Pontieri (1999), que é
responsável por transformar elementos do cotidiano em um todo harmônico na
construção de uma paisagem que é ao mesmo tempo materialização do vivido. Como
referencial teórico utilizaremos Pontieri (1999), Lemos & Alves (2012), Collot (2013)
entre outros.
Resumo:
As cantigas de amigo, gênero a que Marly de Oliveira se apropria, filiam-se aos cânticos
autóctones de eu-lírico feminino, sendo de exclusiva autoria masculina na época.
Nesses cantares, as jovens solteiras exprimiam seus anseios amorosos e sentimentos
não correspondidos, a espera do namorado, ausente devido às guerras, navegações ou
ao trabalho com a terra. Marly de Oliveira resgata este cenário medieval, em que as
mulheres estão sempre a espera do homem, na cantiga “Que diria a fremosinha”,
referência direta à cantiga do trovador Afonso Sanches, em que a moça lamenta pela
ausência do amado. Nesses cantares, o mundo exterior participa das alegrias, tristezas
e ansiedades da moça, refletindo o seu estado de espírito: contente, enamora e feliz
(SPINA, 1996). A poetiza arrisca-se ainda pela modalidade de origem provençal em que
os jovens namorados se despedem ao amanhecer, no poema homônimo “Albas”,
demonstrando grande sensibilidade estética na composição deste quadro lírico. O
lamento, nesse caso, é dos jovens namorados que passaram a noite juntos e precisam
se despedir ao nascer do dia, revelando certa liberdade de costumes, não comum ao
cenário galego-português. Diante disso, em cotejo com as cantigas medievais, busca-se
analisar, na estrutura poética e temática, como a poetiza retoma essas paisagens e
temas medievais e os impregna com sua identidade estética. Cada época soube
expressar em sua literatura seus medos, angústias e alegrias sobre o amor, levando o
indivíduo a indagar-se sobre a existência. Na busca pelo essencial em poesia, a poetiza
recorreu a um dos principais temas da literatura: o amor. Nesse sentido, nota-se que,
mesmo no exercício de retomar as cantigas, Marly de Oliveira as reinventa,
impregnando-as de sua percepção sobre o amor.
Resumo:
O presente artigo expõe uma leitura do relato Viaje al outro Brasil: Del Mato Grosso a la
Amazonia y al Nordeste Atlántico, publicado pelo escritor-viajante espanhol Javier Nart,
em 2002. Centralizamos nossa análise na proposta apresentada pelo narrador de
desconstruir a visão de paraíso terreal comumente ligada à região amazônica,
selecionando argumentos que comprovem a sua ideia de que essa imagem garante
somente os privilégios dos países do chamado Primeiro Mundo. Nessa visão, o
ecossistema amazônico precisa deixar de ser visto como um jardim intocável, como
pretendem os ecologistas, para começar a ser útil aos seus habitantes e ao
desenvolvimento do país. Para tanto, utilizamos o conceito de viagem defendido por
Ianni (2003) que trabalha com os sentidos metafóricos para esse termo tão utilizado nas
ciências sociais e humanas, dando ênfase ao caráter transgressor desse ato que, literal
ou metaforicamente, destina-se a ultrapassar fronteiras. Independentemente da viagem
e dos objetivos do viajante, vale ressaltar que o ato só é válido quando proporciona a
transmissão das experiências por meio da narração oral ou escrita. Na literatura,
observamos que, segundo Carrizo Rueda (2008), os relatos de viagens são textos que
apresentam as memórias, informações, percepções e visões dos viajantes sobre o
espaço percorrido. Durante muito tempo, esses textos foram considerados apenas
como material destinado aos historiadores, sociólogos e antropólogos, e foram
relegados à margem pela crítica literária, justamente por suas características fronteiriças
entre a ficção e o documental. Porém, deve-se considerar que tudo o que é dito passa
pelo crivo de quem observa e o que se transmite é representação e não a realidade
objetiva e concreta. Nesse sentido, utilizamos a teoria de Belsey (1982) que define o
discurso como uma produção de caráter subjetivo. Fica evidente, então, que o narrador
em primeira pessoa do relato de viagens desenvolve o seu ponto de vista sobre a
paisagem e os problemas socioambientais presentes no espaço visitado a partir de
descrições que não são ingênuas, mas construídas a partir de fatores da sua
subjetividade, e, para isso, seleciona informações no seu acervo pessoal para elaborar
uma posição ideológica sobre as especificidades do local. Em suma, tanto o que o autor
apresenta quanto o que ele deixa de apresentar faz parte de uma escolha, o que nos
leva a indagar sobre os motivos que o levaram a construir determinado discurso e os
seus interesses com essa ação.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
paisagem, que não mais se apresenta de maneira estática e única, como ocorria na
descrição da Paisagem romântica, por exemplo. Pelo contrário, Brandão se utiliza de
técnicas da pintura impressionista para registrar literariamente um dos elementos da
paisagem portuguesa e, assim, apresenta um exemplo de inovação e modernização na
descrição da paisagem pela literatura. Contudo, tal inovação vai ao encontro das
propostas dos Estudos modernos e contemporâneos acerca do conceito de Paisagem
na teoria da literatura, que se pautam principalmente nas relações de
multidisciplinaridade e das considerações teóricas de Buescu (1990), Collot (2010)
(2011), Schama (2009), Cauquelin (2000), dentre outros.
Resumo:
A loucura não é tema novo para nenhum de nós, porém, apesar de muito estudada,
ainda verifica-se sempre algo novo para tirar noites de sono de estudiosos do assunto.
Michel Foucault, em sua obra História da loucura, irá defini-la de diversas formas, entre
as quais chamamos atenção para uma em particular, que delimita o apego do homem
em si por meio de seus devaneios e ilusões, os quais ele alimenta sem descanso.
Assim, esse homem passa a viver uma mentira como verdade, uma ilusão como
realidade. Dada a contextualização, faz-se necessário identificar como o fantástico se
adequa a tal conjuntura, para isso, é importante apresentar o pensamento de Todorov
(2014, p. 31), em sua obra Introdução à literatura fantástica, afirmando que “o fantástico
é a hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais, face um
acontecimento aparentemente sobrenatural”. Partindo desse pressuposto, integra-se a
ideia de loucura do sujeito que não consegue diferenciar o real e o irreal ao conceito de
fantástico, visto que a ruptura e hesitação entre uma realidade e outra é sua própria
marca. No conto aqui analisado, intitulado “A dança dos ossos", de Bernardo
Guimarães, vemos um narrador com voz ativa na história que é cético, característica
importante para que o fantástico aconteça, o qual apresenta imagens verbais do
imaginário popular, levando o leitor a desconfiar de tal discurso, enquanto outra
personagem conta um caso sobrenatural. Assim se constrói o objeto de análise, um
narrador incrédulo que, a partir de sua narração, cria imagens de possível loucura no
decorrer da narrativa, levando o leitor a se perguntar se a história sobrenatural contada
pelo mestre da barca pode ou não ser real, visto que o narrador, em boa parte da
diegese, desacredita piamente do barqueiro. Dessa forma, a partir da leitura do conto de
Bernardo Guimarães, verificou-se a possibilidade de se estudá-lo como uma construção
Resumo:
A narrativa fantástica, ao gosto brasileiro, encontrou rico insumo na tradição popular de
contar histórias e causos recheados de eventos extraordinários, envolvendo aparições
de fantasmas, criaturas insólitas e fenômenos sobrenaturais, capazes de mexer com o
imaginário e a coragem daqueles que mergulham nesse universo, hipnotizados pela
destreza do sertanejo em narrar tais histórias. Em algumas regiões do país, ainda não
totalmente sobrepujadas pelos avanços tecnológicos e onde parece persistir o hábito de
reunir-se para conversar nas casas de vizinhos ou conhecidos, a prática de contação de
causos permanece praticamente inalterada, sedimentada por fatores culturais e sociais
característicos dessas populações. Apesar dos cenários urbanos apresentarem uma
recorrência mais significativa nas produções fantásticas brasileiras, as histórias
assombrosas, com persongens que retornam do além túmulo, com sede de vingança,
ambientadas nos contextos ruralistas, constituem também uma evidência da influência
que os autores brasileiros sofreram de outros escritores estrangeiros, que buscavam na
Literatura Fantástica, uma saída para amanizar as angústias existenciais vividas em um
momento histórico turbulento, perscrutado pelo caos e pelas incertezas sobre um futuro
que parecia se desenhar sobre bases essencialmente racionalistas, na velocidade das
novas tecnologias que viriam a modificar as concepções sobre o homem frente ao seu
próprio papel, seu valor, suas expectativas, inseridas no ceticismo científico materialista
que se impunha sobre suas vidas. Visando contemplar o texto fantástico sob uma ótica
voltada para as interações sociais, para a forma de organização de uma determinada
comunidade, bem como para o modo que o homem se relaciona com o meio que o
circunda e consigo mesmo, este trabalho tem como principal diretriz identificar e tecer
Resumo:
que, por meio do fantástico, Conceição Evaristo lança luz às questões de gênero, etnia
e faixa etária, ou seja, a protagonista é mulher, negra e idosa inserida em um contexto
que ainda a faz vítima de preconceitos nessas esferas. A partir da inclusão do insólito,
tem-se uma ruptura frente à dura realidade que se impõe a ela, vislumbrando para si e
para sua descendência vivências outras, que valorizam as supracitadas questões que
compõem sua identidade. Assim, podemos notar que o fantástico na literatura de autoria
feminina suscita também um questionamento de papeis que lhe foram designados
socialmente, a contestação de construções que relegam à mulher um lugar à margem
do discurso, da sociedade.
4) Uma análise do conto No rio, além da curva de Mia Couto pelo viés
do Realismo Maravilhoso
Resumo:
A narrativa fantástica, forma que constitui parte do universo cotidiano de muitos leitores,
proporciona uma experiência imaginária que ultrapassa os limites da razão. De modo
geral, se caracteriza pelo sentido de que a obra contesta a si própria, contradizendo as
convenções que a tornaram possível. Propomos discutir neste trabalho, dentre os
teóricos que estudaram o gênero, algumas das noções defendidas por Todorov (1975),
Bessière (1974), e Finné (1980), tendo como proposta a análise da narrativa de “Death
Note” uma série de mangá escrita por Tsugumi Ohba e ilustrada por Takeshi
Obata.Publicada pela Editora JBC, o último dos doze volumes foi lançado em junho de
2008.Os personagens vivem em clima de medo causado pelo extermínio dos criminosos
no Japão. Os elementos fantásticos presentes no mundo narrado não pertencem ao
Resumo:
Em A construção do fantástico na narrativa (1980), Filipe Furtado afirma que “o Sujeito
[fenômeno] do fantástico é negativo, enquanto o actante com idênticas funções no
maravilhoso [...] tem quase sempre realização num herói de sinal iniludivelmente
positivo à luz dos valores comuns” (p. 97). Deste modo, a diferenciação entre fantástico
7) Resumo
Resumo:
Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo principal demonstrar de que forma ocorre o
pacto diabólico realizado pela personagem Dorian Gray na narrativa fantástica de Oscar
Wilde O retrato de Dorian Gray. Nossa metodologia baseou-se no estudo comparativo
desta narrativa com outras duas em que o pacto se mostra mais evidente como em o O
Diabo Enamorado de Jacques Cazotte e A História maravilhosa de Peter Schlemihl de
Adelbert von Chamisso. Nessas narrativas as personagens principais Álvaro e Peter
Schlemihl também fazem seus respectivos pactos com o diabo em troca de seus
desejos, porém são esses mesmos desejos que se tornam seus castigos ao longo da
história: o preço pela realização do desejo residiria nas consequência do próprio
atendimento a eles. A mesma coisa acontece na história de Oscar Wilde, na qual o
desejo de Dorian Gray, após ser atendido torna-se seu pesadelo. Considerando as
diferenças entre épocas e locais em que cada uma das histórias foi escrita, podemos
perceber, segundo autores como Bessière (1974) e Bozzetto (1992) que o pacto
diabólico é, ao mesmo tempo, um ponto de virada no que diz respeito ao fantástico em
geral, pois redefine o conceito de sobrenatural, e uma visão crítica do homem e da
sociedade em que ele se encontra porque desloca a maldade de um objeto exterior ao
ser humano – uma criatura que procura desviar as pessoas de seu caminho natural
para o bem – para o próprio homem, revelando que a maldade desde sempre habita em
seu interior, constituindo sua natureza primitiva.
Palavras-chave: Pacto diabólico; O retrato de Dorian Gray; Literatura Fantástica; Oscar
Wilde.
Resumo:
O estudo da narrativa fantástica se justifica pela necessidade de compreender as
relações que temos com o desconhecido e o modo como lidamos com crenças e
superstições, seja esse modo objetivo ou subjetivo. Também pela relação entre essa
necessidade de compreensão, a maneira de lidar com crenças e superstições e o papel
da ciência como um mediador empiricamente verificável se contrastado com a
especulação popular. Lygia Fagundes Telles é autora de várias narrativas que podemos
considerar fantásticas, já que lidam com eventos que contrastam as noções de real, não
só de seus personagens, mas também de seus leitores. A autora cria situações que
despertam o sentimento do inquietante (Das Unheimlich), através de um jogo de
ambiguidades e ocultamentos. O inquietante transforma o familiar em estranho e o
estranho em familiar e essa pesquisa tenciona demonstrar de que maneiras Lygia
Fagundes Telles alcança esse tipo de efeito de leitura por meio do recurso narrativo
detectado por Freud (1919) no início do século XX nos contos de ETA Hoffmann. O
conto a ser estudado será “A Caçada”, que tem as características que Freud pontuou no
texto O inquietante (2010). Freud usou o termo unheimlich, que seria o oposto de
heimlich, para afirmar que o inquientante é o oposto do que é comum, seria uma
espécie de elemento assustador que remonta ao que é familiar. Freud afirma que a
condição crucial para o inquietante seria a incerteza intelectual e, já que o unheimlich é
uma espécie de heimlich, o inquietante também deve caminhar em direção à
ambiguidade. No caso do conto A caçada de Lygia Fagundes Telles, podemos
investigar tanto os recursos de linguagem que tornam possível a relação com o
desconhecido quanto vislumbrar o “passo a passo” da formação dessa relação dentro
da narrativa. A pesquisa também pode perpassar a questão da oralidade no conto A
caçada, mais precisamente em relação ao artigo de Jean Molino. Trata-se de “O
fantástico entre o oral e o escrito”, mais precisamente investiga as relações entre o
fantástico oral e o fantástico escrito. Jean Molino afirma que embora as narrativas orais
não fossem denominadas fantásticas e não fosse possível reduzir essas narrativas a um
gênero bem definido, há uma aproximação entre essas narrativas orais e o fantástico
escrito. No conto de Lygia Fagundes Telles, alguns elementos que podem ser
considerados comuns com o que Molino denomina fantástico oral são os temas do
sonho, da loucura e da morte.
Resumo:
Resumo:
O objetivo desse trabalho é examinar o funcionamento do Fantástico na narrativa da
escritora argentina Mariana Enriquez, assim como estabelecer relações entre os
eventos sobrenaturais e questões sócio-culturais na narrativa. Trazendo influências da
literatura gótica, da escola argentina dos contos de Borges e Cortázar e do americano
Stephen King, Mariana Enriquez se destaca não só como uma das mais importantes
autoras da chamada “nova narrativa argentina”, mas também como um expoente do
Fantásticos nos dias atuais. Em “As coisas que perdemos no fogo” (2017), primeiro livro
de Mariana publicado no Brasil, encontramos histórias cheias de mistério, terror,
ambientadas em uma argentina marginal, onde sujeitos estranhos caminham pelas ruas
e casas abandonadas dominam as avenidas. Enriquez retrata um lado obscuro do país,
ambientando suas histórias em bairros pobres e criando uma relação entre o Terror e a
crítica social. Um dos temas centrais de sua narrativa é o medo da violência, das
ditaduras, das polícias ou dos criminosos, tema que não diz respeito apenas à
Argentina, mas que é um dos grandes medos da América Latina como um todo.
Mariana escreve suas histórias de terror para apontar para coisas esquecidas ou
escondidas, ela quer revelar o “muito mais”, o covil, o lugar onde se escondem os
fantasmas. E o que seriam esses fantasmas? Na ficção de Enriquez os espectros estão
longe de ser apenas almas atormentadas que se cobrem com um lençol branco para
assustar os vivos, mais do que representar o estereótipo, Mariana apresenta os
fantasmas e o os eventos sobrenaturais como traumas, sejam eles pessoais ou
históricos. Além de contos de terror, as narrativas da escritora argentina escondem em
sua superfície, por trás dos clichês do gênero, histórias que remetem a nossa realidade
e que retratam medos sociais que ainda ecoam na cabeça da autora e do seu povo. O
conto escolhido para a análise é “A casa de Adela”, sobre uma menina sem braço que
desaparece numa casa abandonada, o texto de certa forma alude à política da ditadura
argentina, fazendo uma referência ao ato de roubar os filhos dos inimigos do regime e
entregá-los a famílias aliadas e também aos inúmeros desaparecimentos não
esclarecidos que ocorreram no período. Além disso, no decorrer da narrativa outros
elementos são evocados por Enriquez, como o arquétipo da casa mal-assombrada, a
força das lendas urbanas e a curiosidade pelo desconhecido. A história trabalha com a
hesitação, uma das características do fantástico, sem descartar no fim a possibilidade
do evento sobrenatural. “A casa de Adela” não se destaca apenas por ser um conto
sobre fantasmas muito bem escrito, mas porque consegue deixar claro que a narrativa
está voltada para a realidade argentina e latino-americana, que o texto é capaz de
abordar a política e os medos das nossas sociedades usando o sobrenatural e atingindo
em sua unidade, uma experiência de medo que é universal e que além de nos lembrar
do passado, deixa uma reflexão sobre o presente e o futuro.
Resumo:
O fantástico está presente na literatura desde o século XVIII (FAIVRE, 1991), ainda que
de forma esporádica e utilizando-se de temas e motivos que seriam, posteriormente,
utilizados pela literatura fantástica como é conhecida na atualidade. Seu
desenvolvimento culmina num momento literário extremamente favorecedor ao gênero
aqui estudado – títulos como Harry Potter (ROWLING) e As Crônicas de Nárnia
(LEWIS) são apenas alguns exemplos de textos fantásticos que circulam no cenário
literário atual, demonstrando o quanto autores têm se utilizado da literatura fantástica
para encantar seu público-leitor. Neste contexto surge a trilogia Os Magos, com o
primeiro volume de mesmo título (GROSSMAN, 2011). Romancista e crítico literário,
Grossman dá vida à Quentin Coldwater, um adolescente de 17 anos que é levado à
faculdade de magia de Brakebills para prestar uma prova admissional. Ao entrar para a
faculdade, Quentin faz grandes amizades, aprende importantes lições sobre a magia e a
vida e é também lançado em uma série de aventuras na terra e também no mundo
mágico de Fillory, a fim de se tornar rei deste mundo. Diante do exposto, este trabalho
tem como objetivo analisar elementos de realismo presentes no exemplar de literatura
fantástica de Grossman (2011. Os Magos). Para tanto, a figura do herói foi explorada –
tanto em sua formação enquanto personagem, como também em relação aos ritos de
iniciação que este enfrenta a fim de completar sua trajetória. Ao tratar da figura do herói,
dois títulos foram estudados: O Herói de Mil Faces (CAMPBELL, 1997) e Morfologia do
Conto Maravilhoso (PROPP, 2001). Nestes livros, os autores estabelecem uma série de
elementos que contituem o herói numa narrativa e suas implicações no decorrer da
ação. Entretanto, suas abordagens são diferentes: Campbell (1997) propõe um estudo
psicológico do heroi mitológico – e também do próprio gênero e suas funções sociais –,
enquanto Propp (2001) propõe um estudo morfológico do conto maravilhoso, elencando
uma série de funções recorrentes neste gênero e, entre elas, as características e a
importância do heró para este tipo de narrativa. No que tange aos ritos de iniciação, o
título estudado foi Ritos de iniciação e Sociedades Secretas (ELIADE, 2004). Neste
trabalho, Eliade apresenta diversos ritos de iniciação, além dos temas iniciáticos que
embasam estes rituais, propondo a relação entre crenças e desejos inconscientes do
indivíduo e demonstrando as razões para a permanência dos ritos de iniciação nas
sociedades secretas. Estas, por sua vez, podem ser representadas pela sociedade
Resumo:
Os estudos da obra de Saramago se expandem especialmente no que diz respeito ao
alegórico, pois sua linguagem fluida cria ambientes de contornos imprecisos e
personagens de comportamentos conflituosos, que exigem uma interpretação que
busque nos níveis mais profundos suas escolhas de expressão. Contudo, diversas
vezes a alegoria saramaguiana sofre o processo de insolitação (Guiomar, 1957;
Boucharenc, 2014; Komandera, 2010) que, segundo Jacques Goimard (2003),
apresenta o sentido segundo como concreto e apaga o sentido primeiro, criticando a
própria relação de sentido tradicionalmente estabelecida entre os elementos
constitutivos da alegoria presente no texto. Dessa forma, justifica-se a necessidade de
explorar as relações entre o insólito dos eventos narrados em ambas as obras em
função dessa conduta de desvio no tratamento da alegoria. Nessa apresentação iremos
colocar em foco o fenômeno insólito nas obras, este que em Ensaio sobre a Cegueira
é introduzida ao seu leitor com o sentimento da primeira personagem infectada “O cego
ergueu as mãos diante dos olhos, moveu-as. Nada, é como se estivesse no meio de
um nevoeiro, é como se estivesse caído num mar de leite.” (Ensaio sobre a cegueira, pg
13), é notável que o acontecimento teria tudo para não ser algo tão sobrenatural, mas
através da fala do personagem que se segue mostra o problema na tal “cegueira
inesperada”, “Mas a cegueira não é assim, disse o outro, a cegueira dizem que é
negra”(Ensaio sobre a Cegueira, p. 13) e ao passo que não se sabe explicar o porquê
tal fenômeno se desdobra na cor branca, e nem porque subitamente aparece no início,
como sendo algo totalmente inesperado e torna-se abundante ao logo da narrativa, ao
atingir uma gama gigantesca de personagens, temos então , um gancho metafórico,
devido as colocações do autor, que são típicas do gênero ensaio, que se alinha ao
fenômeno da insolitação, fenômeno esse que causa reflexões que se estendem a mera
sobrenaturalidade do evento, que se tornam mais compreensíveis em Ensaio sobre a
Lucidez. Em ensaio sobre a Lucidez, temos a estranheza das coisas familiares
evidenciada pois o fenômeno é o voto em branco generalizado, algo que não é
sobrenatural mas causa estranhamento por ser feito em massa. “quando o fantasma de
abstenção sem paralelo na história da nossa democracia ameaçava gravemente a
estabilidade não só do regime, mas também, muito mais grave, do sistema” (Ensaio
sobre a Lucidez, pg.23) ´Podemos notar que aqui diferentemente do Ensaio sobre a
cegueira, o fenômeno é consciente, e possui finalidades. É interessante essa
comparação entre as obras, por as duas obras serem tomadas como uma “bilogia” e
sendo uma dependente da outra, nessa nova narrativa há a tentativa de revolução, em
meio a tudo que houve anteriormente, quando o governo trata os atingidos pela
cegueiras de forma deplorável. Esse sentimento e essa liga entre as obras é muito bem
exposto nesse trecho de Ensaio sobre a Lucidez “ A querer tapar a chaga, diremos que
a cegueira desses dias regressou sob uma nova forma, chamaremos a atenção da
gente para o paralelo entre a brancura da cegueira de há quatro anos e o voto branco
de agora” .Concluímos, portanto em um fenômeno uma fraqueza não esperada do ser
humano e no outro, numa intenção de revolução, ou vingança, um ato de
consentimento, de conformismo como forma de protesto, quase beirando uma ironia.
Podemos notar, enfim, que Saramago faz da insolitação em sua obra, aquilo que
Guiomar acredita ser o processo de criação do insólito: “conceder aos seres e coisas
um novo estado, uma existência e o poder de transmitir uma mensagem” (1957,
GUIOMAR, apud PIERINI, 2017).
Resumo:
Resumo:
O romance Merlim, escrito por Robert de Boron no século XII, foi publicado em uma
época em que a teoria da literatura fantástica ainda não era estudada, em uma época
em que as suas definições ainda não tinham sido feitas. Desta maneira toda a análise
que será desenvolvida levará em conta aspectos do gênero da literatura fantástica
moderna e do gênero maravilhoso, para assim podermos identificar e apontar as
características presentes nesta obra da Idade Média. A intensão de estudar sobre esse
assunto se deu a partir do último parágrafo do livro Le Moyen Âge fantastique ou la
Petite Histoire du Merveilleux de Ducret (2012), nesse último parágrafo o autor descreve
o mundo da Idade Média como um mundo fantástico inserido em um mundo
maravilhoso, Ducret, em sua obra, utiliza tanto o conceito do Maravilhoso quanto do
Fantástico, ainda de acordo com ele, o gênero Fantástico foi advindo do Maravilhoso,
sendo possível perceber alguns de seus elementos já na Idade Média. O romance
estudado conta a origem de Merlim, Boron (1993) nos diz em sua obra que o
personagem misterioso atuou na Inglaterra, em um tempo que o cristianismo havia
acabado de chegar à ilha que não tinha tido nenhum rei cristão. A dificuldade em
colocarmos o romance em uma determinada categoria se dá tanto pela dificuldade em
delimitar tais categorias, quanto nas características do Romance. Merlim é repleto de
lendas, porém não deixa de ser um homem, com atitudes humanas. O espaço e tempo
em que a história ocorre pertencem ao mundo real, mas Merlim consegue ultrapassar o
limiar do tempo com suas previsões. Durante sua infância, juventude e velhice Merlim
auxilia os que estão a sua volta, mas todo o seu auxílio se dá pelos seus dons de
conhecer o passado e ver o futuro, eliminando então a ação de um Deus ou do diabo.
Tzvetan Todorov em As estruturas narrativas (2006), diz que o fantástico se encontra
em mundo como o nosso, da maneira que o conhecemos, com ações e acontecimentos
que não podemos explicar, ou que não conseguimos encontrar uma solução possível, a
incerteza em relação a outros seres é permeada pelo fantástico e, ao escolhermos uma
ou outra resposta saímos do fantástico e adentramos a um “gênero vizinho”, o
maravilhoso. Com as obras desse único autor conseguimos observar a dificuldade de
delimitação o gênero, dificuldade essa que permeará toda a pesquisa. Com o decorrer
Resumo:
Resumo:
A pretensão enunciativa deste trabalho reside no mundo das letras fechado aos escritos
femininos, território até então, dominado pelo contingente representativo em sua maioria
masculino, onde, segundo ZOLIN (2009, p. 217) “para a mulher inserir-se nesse
universo, foram precisos uma ruptura e o anúncio de uma alteridade em relação a essa
visão de mundo centrada no logocentrismo e no falocentrismo”. Embasados por este
viés, foi escolhida como contraponto dessas premissas a poetisa Gilka Machado,
pioneira no que concerne ao lirismo erótico brasileiro. Suas obras abarcam a
transgressão e o empoderamento letrado das mulheres na literatura no Brasil, este fator
será objeto da discussão desta comunicação, que realiza um recorte em determinados
poemas da escritora e aplica as concepções Foucaultianas de: “poder, saber e prazer”.
Embora saibamos da dificuldade de romper com as raízes do “habitus” da sociedade
patriarcal que engessa e que turva o pensamento dos “homens”, acerca do que se
refere aos escritos das minorias, a presente discussão nos leva a refletir criticamente,
as relações de poder existentes entre sexo e poder, “A humanidade é masculina e o
homem define a mulher não em si, mas relativamente a ele; ela não é considerada um
ser autônomo” (BEAUVOIR, 1980).
Resumo:
específica para o público adolescente. Essa literatura, ainda que voltada para o público
jovem, também tem atingido grandemente o público adulto, o que pode ser explicado
graças às temáticas, que além de retratarem a vida dos jovens, retrata a modernidade
líquida que a sociedade compõe, ainda que de forma ficcional e um pouco romantizada,
e todos os problemas e crises enfrentados pelos seres humanos que nela vivem.
Resumo:
presentes – um privilégio conferido até então apenas aos vivos. Conforme ela analisa
cronologicamente os passos de sua trajetória como esposa e mãe, o leitor tem acesso
às verdadeiras justificativas e sentimentos de uma mulher que não logrou encontrar
felicidade em vida. O sentimento de violação que sentira após descobrir estar grávida
de seu filho primogênito desperta na personagem a consciência de que sua morte havia
sido anunciada antes de tudo a partir da primeira união corporal com seu marido –
quando ela se diluíra ao tornar-se um só ser com ele. Para Addie, viver é um movimento
que constantemente evoca a morte e, portanto, uma resposta inconfundível à própria
vida. No entanto, quando Bataille afirma que aos indivíduos é dada a oportunidade de ir
até certo limite para enfrentar a morte, sendo o limite a própria vida, é evidente que a
Addie é dada a honra, por parte de seu criador, de superar por completo tal limitação.
Sendo assim, este trabalho parte do pressuposto de que a Literatura, quando colocada
lado a lado com a Filosofia, não tem a única função de ilustrar questões filosóficas ou
objetificá-las concretamente. Nessa perspectiva, acredita-se que os textos literários, em
certo sentido, são capazes de “filosofar” a partir de sua própria estrutura, linguagem,
temas e personagens. Dito isto, pode-se pensar nos romances de Faulkner, em geral, e
em Enquanto agonizo, mais especificamente, como o meio encontrado pelo autor para a
construção e o desenvolvimento de uma compreensão filosófica de sua obra.
Resumo:
Hilda de Almeida Prado Hilst, nascida em 21 de abril de 1930, na cidade de Jaú, interior
de São Paulo, escreveu por quase cinquenta anos e é considerada umas das mais
importantes escritoras em língua portuguesa do século XX. Suas obras foram traduzidas
em países como Alemanha, Argentina, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e
Portugal, e, de tão variada e densa, convida o leitor a ir além das fronteiras do conciso
entendimento. Autora de prosa, teatro e poesia, é na terceira faceta, a lírica, que amarra
a tessitura erótica vinculada a um trabalho rigoroso que dialoga com a tradição e ainda
assim se faz contemporânea. Sua poesia adquire força própria ao contemplar diversas
faces da vida humana, como a derrelição (termo que exprime a noção de abandono,
desamparo) e o amado que se faz ausente. É frequente na poesia e prosa hilstiana o
uso de vocábulos comuns, reconhecidos facilmente por até mesmo quem não esteja lá
tão habituado à leitura. As palavras vêm em um tom veladamente cômico, quiçá pueril,
fatores que aproximam a poética da autora a um erotismo que se manifesta
despretensiosamente, como aquele que se origina do desejo natural que emerge no ser
humano. A presente comunicação tem como objetivo apresentar um dos traços mais
notáveis da lírica de Hilda Hilst: o erotismo pouco velado, quando não escrachado, que,
através do signo imagético, alcança uma imagem reveladora da expressão poética,
como é também a figura do divino (sagrado) e as numerosas indagações sobre a
existência – pontos que prendem o leitor à poesia da autora. A poesia hilstiana ganha
substância na semântica das palavras, nas diversas imagens que, por elas, surgem
numa manifestação erótica a qual o presente trabalho pretende comentar. Os poemas
analisados não pertencem a uma só obra, foram escolhidos por motivos diversos e
neles estão traçados o viés erótico da poeta. Todos os poemas contêm o tom do
comportamento humano face à libido, seja esse tom abarcado de sedução, lascívia ou
carnalidade, todos eles se ligam a um erotismo próprio do desejo. Buscou-se o desejo
erótico da escritora, que por meio de uma linguagem elaborada, alcançou um alto nível
em sua obra. A poesia exige um olhar atencioso para identificar o que é e como se
manifesta esse erótico.
Resumo:
Resumo:
Este trabalho pretende analisar quatro contos de Ana Paula Maia, que integraram a
coletânea 50 Versões de Amor e Prazer: 50 contos eróticos por 13 autoras brasileiras,
organizado por Rinaldo de Fernandes, em 2012. A perspectiva adotada aqui vai de
encontro à frase de Georges Bataille, em O Erotismo (2004), de que “o sentido do
erotismo é a fusão, a supressão dos limites”, mais ainda, “o sentido último do erotismo é
a morte”. Por isso, a análise dos contos “Danado”, “Perversão”, “Fome” e “Tarantino”,
volta-se para a concepção de que a satisfação sexual só pode ser alcançada com o
rompimento dos limites considerados socialmente aceitos. Daí, perpassar em todas as
narrativas a ideia do vínculo que existe entre sexualidade e violência, seja no prazer que
sente o personagem do conto “Danado” de ser humilhado, seja no prazer que sente o
personagem de “Perversão” de humilhar as mulheres com quem se relaciona. Essa
relação também aparece nos vários orgasmos sentidos pela personagem de “Fome”, ao
saciar sua tara por comida em um restaurante, ou na ação final dos policiais em
“Tarantino”, quando demonstram o prazer sexual que sentiriam se pudessem matar
alguns “vagabundos”. Sendo assim, para discutir as perversões sexuais presentes nos
quatro contos de Ana Paula Maia, usar-se-á como aporte teórico, Perversos, Amantes e
outros Trágicos (2013), de Eliane Robert Moraes, A Política Sexual da Carne: a relação
entre o carnivorismo e a dominância masculina (2012), de Carol J. Adams, Estilísticas
da Sexualidade (2006), organizado por Alexandre Fleming Câmara Vale e Antonio
Crístian Saraiva Paiva, além da obra já referenciada de Bataille, O Erotismo, e de outros
autores que discutem tanto a violência quanto a sexualidade. Vale destacar que Beatriz
Resende, em Contemporâneos: expressões da literatura brasileira no século XXI
(2008), chama a atenção para a potência da linguagem de Ana Paula Maia, que “pega
pesado na violência, na imundície, na podridão, no fétido, no perverso”, utilizando-se de
uma escrita poderosa na qual parece “estar falando, ou escrevendo, sempre
exatamente do mesmo espaço de seus personagens”. Vale destacar, ainda, a relação
que existe entre os quatro contos presentes na coletânea 50 Versões de Amor e Prazer.
No conto “Danado”, a perversão de Jairo se dá na busca de encontrar o desejo sexual
para se masturbar por meio da humilhação que sente em relação às atitudes de Márcia,
que o ignora completamente porque pensa estar envolvida em um relacionamento sério
com outro homem. Este outro homem é Otávio de “Perversão”, que busca o desejo
sexual, também para se masturbar, humilhando mulheres que considera feias e mal-
amadas. Uma das mulheres humilhadas é Márcia, que no conto anterior acaba se
suicidando por causa disso. Em “Fome”, embora o centro da história seja a perversão
de Elvira, que sente desejo e prazer sexual quando se alimenta, Otávio aparece no
início da história para tentar uma investida em Elvira, que segundo seu ponto de vista é
feia. Jairo também aparece, ao final da narrativa, quando Elvira o encontra caído no
estacionamento, feliz por estar ferido e sangrando. Por fim, em “Tarantino”, embora o
centro seja a perversão dos dois policiais, o diálogo entre eles revela terem notícia do
que aconteceu com Otávio na segunda parte de “Perversão”, quando Gisele, a segunda
mulher que Otávio tenta humilhar, o agride com um cilindro de gás. Portanto, as quatro
narrativas, além de estarem ligadas pelo aspecto da perversão, estão ligadas também
pela presença das personagens se entrecruzando de lá para cá.
Resumo:
Luigi Ricciardi, escritor maringaense, autor Criador e criatura (2015), envolve em seu
livro de contos a pulsão erótico-pornográfica a todo instante, quase que num ritmo
binário. Erótico quando extravasa seu amor platônico por Dinamene (não a de Camões,
a do autor mesmo), já no primeiro capítulo – tanto o é que na crítica do livro ousei
chamar tal procedimento de “amor autoral”. De fato, há um fértil diálogo entre Ricciardi e
Breton em seu Nadja (1928), igualmente a vislumbrar o amor idealizado, ou
“cosmológico” com pitadas de perseguição, voyeurismo e dependência psicológica,
beirando a neurose do ideal não-consumado (o que “poderia” ser – o pretérito). No
entanto, para a surpresa do leitor, repetidamente, não apenas em Dinamene, mas ao
longo do livro, sem avisos, o autor irrompe do ideal ao brusco do pornográfico – em
especial quando voyeuriza a “bunda”. Palavrões ao excesso, imagens que sustentam e
validam a natureza pornográfica, como tem de ser. O ritmo da narrativa é frenético,
beirando o cinematográfico, tamanha a profusão de imagens. Ricciardi, professor de
francês, ainda abusa da técnica mise en abyme, termo cunhado por André Gide (1869-
1951), costumamente traduzido como “narrativa em abismo” para designar narrativas
que incorporam outras narrativas. Pois bem: metalinguagem e comicidade completam o
toque da narrativa. Seguindo tal lógica, elencamos Bocage (1765-1805) e Glauco
Mattoso (seu fiel tradutor) para conduzirmos o discurso relacionado à bunda, à coprofilia
e ao falo. Pornografia barata – coisa linda de se ver. No entanto, aos que pensam que
Maria Teresa Horta (1937) se impõe como a erótica romântica velada – nos moldes de
Florbela Espanca – engana-se: talvez ela, em “Joelho”, seja a mais pornográfica de
todos – quebrando o tabu de que mulher faz “poeminhas de amor”. No entanto, jamais
poderíamos cair em tal erro com Maria Teresa, destemida autora das Novas Cartas
Portuguesas (1972), juntamente com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. Em
suma, consuma-se nessa análise o “ménage” da escrita de autores masculinos,
produtores de seus textos prosaicos e poéticos em distintos momentos, ao que se refere
à bunda; e uma autora feminina, ousada, atemporal, tomando como seu o falo.
Palavras-chave: Luigi Ricciardi; Bocage; Glauco Mattoso; Maria Teresa Horta; erótico-
pornográfico.
Resumo:
Após a crise de 1929, Oswald de Andrade escreve a peça O Rei da Vela para retratar a
Revolução de 30 e a Revolução Constitucionalista de 32. A peça, dividida em três atos,
manifesta o desgosto da população que, para se manter financeiramente, passa por
escritórios de agiotagem. A situação socioeconômica do país é crítica, então Oswald
satiriza os valores burgueses que são assumidos por algumas personagens, como é o
caso de Aberlado I. Esse cenário político também é dissimulado pelo conteúdo erótico,
expresso no decorrer da peça, especificamente no segundo ato no qual se verifica o
forte apelo ao erotismo e à liberdade sexual constatado nas personagens: Heloísa ao
envolver-se com Mr. Jones, norte-americano com quem Adalberto I mantém negócios; o
envolvimento de Adalberto com a sogra, Dona Cesarina e Dona Poloca, tia da noiva de
60 anos, cuja virgindade representa a repressão e é anunciada a todo o momento.
Instala-se ali um clima sexual destacado pelo espaço “ilha tropical” que possui
conotação de liberdade e de reservado que representa certa atmosfera grotesca
constatando o projeto radical do Modernismo tanto no plano político quanto no estético.
Destarte, o objetivo do texto é analisar o erotismo expresso na obra, a partir de práticas
discursivas, e discorrer sobre a subversão de valores e comportamentos das
personagens da peça. Para isso, aproveitamos as lições de Georges Bataille (1987) e
de Otávio Paz (1994) para a definição e a posição do erótico nas práticas discursivas,
além de Michel Foucault (1988) para enfatizarmos as relações de poder que incorporam
a obra.
Resumo:
A categoria personagem, elemento constituinte e essencial na narrativa, é apresentada
no livro A personagem de ficção, de Antonio Candido, como um sujeito que evidencia
diversas características comuns às pessoas da vida real, ou seja, a personagem
desempenha uma função mimética como reflexo do mundo empírico. Nesse sentido, ao
mimetizar o ser empírico, a personagem cria uma aproximação entre o ser fictício e o
ser real e, consequentemente, uma aproximação entre o universo literário ficcional e o
mundo real, conferindo ao romance um caráter mais verossímil. As obras de Lygia
Bojunga, ao abordar temas densos considerados distantes do universo infantil e juvenil,
tais como questões sociais, suicídio, assassinato e estupro, cria uma aproximação ao
“mundo adulto” ou mesmo uma identificação por parte do leitor jovem, uma vez que
retrata temas problemáticos inerentes à vida dos próprios jovens, o que resulta no
caráter verossímil de tais obras. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como
objetivo analisar de que forma se dá a construção da personagem Cristina na obra O
abraço, de Lygia Bojunga Nunes, sob a perspectiva da introspecção psicológica. As
narrativas que seguem a linha de introspecção psicológica são caracterizadas por seu
caráter intimista, explorando o interior das personagens. Essa tendência explora, de
maneira geral, temáticas centradas no amadurecimento, aprendizado e
desenvolvimento do jovem enquanto ser humano, não apenas como uma pessoa em
idade de transição, que não se situa na infância e nem na idade adulta. A obra O abraço
retrata a questão do estupro vivido por Cristina, uma menina de oito anos de idade, que
tem seu psicológico e a sua identidade degradados ao ser confrontada por esse tipo de
violência ainda quando criança. A construção da personagem se dá de forma totalmente
fragmentada na narrativa, uma vez que além de Cristina não receber o suporte
psicológico necessário após o viver o trauma do estupro, na idade adulta a menina
desenvolve a síndrome de Estocolmo, nome dado a um estado psicológico particular em
que uma pessoa cria simpatia pelo seu agressor, podendo até se desenvolver para um
sentimento de amizade e até amor, que é o caso de Cristina, que sente desejos sexuais
pelo homem que a violou. Nessa perspectiva, a essência da personagem também é
desintegrada nesse processo de degradação psicológica que ela sofre, e isso evidencia
apenas uma de tantas consequências que o estado psicológico de uma criança sofre ao
ser vítima de um abuso sexual. A personagem da obra é, portanto, mímesis, a imitação,
o simples reflexo do ser empírico, e a ficção nada mais é que a mímesis do mundo real.
Resumo:
Analisam-se no romance Hibisco Roxo (2003), de Chimamanda Ngozi Adichie, aspectos
de convivência e o conseqüente enfrentamento e negociação por parte das
personagens femininas diante do desafio de justapor diferentes culturas frente à
colonização inglesa na Nigéria. Mais especificamente, verificam-se as narrativas das
mulheres em um contexto multicultural, cada uma em um diferente estágio de tal
negociação, no que tangem as diferenças culturais, o preconceito, a adaptação à nova
nação agora colonizada, mas já, em termos, independente. O principal embate se dá no
âmbito da subordinação às figuras masculinas (pai, marido) e assentimento e anuência
de tal estrutura binária por parte da igreja (na figura, principalmente, do padre). As
personagens femininas Beatrice, Kambili e Ifeoma representam posições diferentes da
Resumo:
Resumo:
O objetivo deste artigo é explanar a influência da semideusa Draupadi na construção
da identidade da mulher indiana e como seu exemplo orienta o comportamento dessa
mulher ainda hoje, principalmente em relação ao marido e seus familiares. Draupadi é
personagem do grande épico Mahabharata, considerado um dos livros sagrados do
hinduísmo e o mais longo poema do mundo, com cerca de 100 mil versos. A autoria
desse clássico é atribuída ao grande sábio Vyasa, que, por volta do ano 800 a. C. teria
compilado as histórias passadas verbalmente de geração a geração. O clássico narra a
história da guerra de Kuruksetra entre os Pandavas e os Kauravas, duas ramificações
da dinastia dos Kurus, do Reino de Hastinapura, na Índia, pela qual Draupadi é
considerada a grande responsável. A princesa nasceu logo após seu irmão, de um
sacrifício do fogo feito por um brâmane a pedido do seu pai, rei Drupada, para obter um
filho. A filha de Drupada, de pele escura e beleza extrema, foi ganha por Arjuna em uma
competição de arco e flecha, organizada pelo pai para definir quem a ganharia como
esposa. A heroína se vê obrigada a casar com Arjuna e seus quatro irmãos, ao
acompanha-lo até sua casa e, Kunti, a mãe dos Pandavas ordenar que ele divida com
os irmãos o que havia trazido da rua, como sempre faziam com as esmolas, sem, no
entanto, ver que se tratava de Draupadi. A posição da esposa fica bem explicitada
quando os Pandavas se deitam lado a lado, a mãe deita-se atravessada acima das
cabeças dos filhos e Draupadi, sem se sentir humilhada, abaixo da linha dos pés dos
maridos. Para acalmar o ciúme do filho Duryodhana, por Yudhisthira ser o primo mais
velho e herdeiro natural do trono, Dhritharashtra concede uma parte árida do reino para
os Pandavas governarem. Os irmãos tornam a área próspera e constroem um palácio
de beleza nunca antes vista, o que aviva o ciúme de Duryodhana, que sabedor da
impossibilidade de derrotar os primos nas armas, decide derrota-los em um jogo de
dado fraudulento. Yudhisthira perde o reino, as riquezas, os irmãos como escravos, a si
mesmo e por fim Draupadi. Chamada à assembleia só de homens, Draupadi, se recusa
a atender e pede que respondam quem o marido havia perdido primeiro, se ela ou a si
mesmo. A rainha é arrastada pelos cabelos pelo irmão de Duryodhana, Dussasana, que
tenta puxar seu sarí – vestimenta feminina composta por peça única e sem costuras – e
despi-la. Draupadi pede ajuda ao deus Krishna, seu protetor, e assim que uma peça é
puxada, outra é reposta imediatamente. Humilhada, Draupadi jura lavar os longos
cabelos no sangue de Duryodhana quando os maridos o matarem. Exilados por treze
anos na floresta, ela mantém viva a chama da vingança na mente de Yudhisthira, que
parece acomodado. Após exterminarem os primos Kauravas na batalha de Kuruksetra e
estabelecerem seu herdeiro no trono, os Pandavas partem em caminhada em direção à
morada dos deuses nos picos dos Himalaias seguidos por Draupadi, que não abriu mão
de acompanhar os maridos. Yudhisthira seguia na frente, acompanhado pelos irmãos e
a esposa, a última da fila; a primeira a cair e ser deixada para trás, como deveria ser.
Resumo:
Este estudo consiste num recorte dos resultados da pesquisa de IC/CNPq, realizada no
período de agosto de 2016 a agosto de 2017, cuja proposta foi estudar três contos de
escritoras brasileiras negras de diferentes períodos para observar como ocorrem
mudanças – ou pontos de contato – no quesito lugar de fala e como essas escritoras
usam a linguagem para retratarem diferentes mulheres em diferentes contextos. O
recorte escolhido se atentará ao conto “Ana Davenga” do livro Olhos d´água de 2014 da
escritora mineira Conceição Evaristo. O recorte incorpora três conceitos fundamentais
para analisar e compreender de que maneira a literatura propicia espaço para discorrer
sobre questões sociais representadas de forma artística: o interpretativismo do
antropólogo Clifford Geertz - dispositivos simbólicos transmitidos historicamente nos faz
compreender pormenores da vida em sociedade; o lugar de fala explanado pela teórica
Regina Dalcastagnè - discussão iniciada por movimentos sociais, que auxilia o
entendimento da relação entre o lugar de onde falamos e as demarcações de relações
de poder que pairam sobre esses discursos; e a concepção de escrevivência da
escritora já citada, Conceição Evaristo - vivência, memória e ancestralidade são
componentes chave que embasam essa literatura afro-brasileira focada numa
coletividade que há tantos séculos tentam silenciar. Usamos o conceito de “literatura
afro-brasileira” baseado nos escritos de Eduardo de Assis Duarte (2011), pois o teórico
reflete sobre essa específica elaboração literária em território brasileiro, porém munida
pela especificidade da cultura africana e suas vertentes. O ato de pesquisar
cientificamente tais escritoras é considerado de extrema relevância social no exposto
trabalho por serem a crítica e a academia instâncias legitimadoras, e considerando isso,
se faz necessário usar a pesquisa como ferramenta de legitimidade em benefício de
uma literatura mais democrática. Pretende-se entender de que modo a personagem
principal do conto escolhido pode ser lida como porta-voz de uma categoria social e
quais traços em sua voz podem ser vistos como resistência à repreensão de grupos
dominantes e como tomada de sua autoridade devida. Foi analisado o contexto social e
ideológico em que se insere a protagonista; características estéticas e seus
desdobramentos culturais e sociológicos; e as vozes que permeiam os discursos das
personagens, tendo ou não influência em sua vivência. Todos esses aspectos foram
considerados indispensáveis para caraterizar o lugar de fala da personagem.
Resumo:
De modo geral, a modernidade e os estudos desenvolvidos a partir desse período
ocasionaram a ruptura nas formas estéticas e temáticas das variadas formas de
manifestação artística. Isso ocorreu devido à construção de novos pensamentos que
desprendem o homem dos conceitos que o fixavam como indivíduo imutável e
totalitário, dando lugar a considerações que destacam a fragmentação identitária do
mesmo, a qual é reflexo dos inúmeros processos sociais no qual está inserido (HALL,
2015). Evidentemente, assim como o homem, a arte desse período também sofre com
os reflexos provenientes das novas teorias sociais, como também dos demais avanços
do campo da psicologia e das inovações tecnológicas, estas responsáveis pela difusão
da informação de maneira global. Desse modo, as classes populares, agora em contato
com as novas teorias, visam sua libertação dos preceitos estipulados pela elite
conservadora, responsáveis pela marginalização dos grupos minoritários, da construção
de preconceitos e de estereótipos, além da submissão dos próprios oprimidos frente aos
valores tradicionais. No Brasil, dentre as classes marginalizadas está a dos negros,
indivíduos que, desde sua chegada ao país pela consolidação do regime escravocrata,
por conveniência dos detentores do poder, e ainda com o apoio das instituições
religiosas, foram concebidos como seres inferiores, por conta da cor de sua pele, sua
cultura e religiosidade que se diferencia da branca cristã. Por assim ser, os negros
foram colocados em posição de submissão, o que ocasionou a discriminação e o
racismo, por conta da repetição de um discurso infundado, porém que favorecia a
classe elitista, e que ainda permanece nos dias de hoje. Insatisfeito com esse cenário,
Abdias Nascimento promoveu diversas medidas para combater o racismo e convencer a
sociedade, brancos e negros, da incoerência e inconsistência da superioridade de uma
raça perante a outra. Dentre os movimentos fundados por Nascimento está o Teatro
Experimental do Negro (TEN), o qual visava, através da arte teatral e da escolarização,
proporcionar subsídios aos afro-brasileiros para se tornarem cidadãos conscientes de
seu verdadeiro papel social e para lutarem pelo seu lugar na sociedade. De modo a
conscientizar o espectador a respeito da condição imposta injustamente ao negro
brasileiro, as peças do TEN revelam a realidade social do grupo do oprimido a partir de
sua própria perspectiva, a qual é marcada pela presença de personagens em conflito
com sua própria identidade, devido a traumas do passado e que ainda persistem no
presente. Assim sendo, o presente trabalho pretende expor como é representada a
identidade do herói oprimido em uma das peças do TEN, Sortilégio – Mistério Negro,
escrita por Abdias do Nascimento, de maneira a destacar como a trajetória do
protagonista reflete conflitos, além de destacar aspectos políticos e didáticos da referida
peça teatral, recorrentes nas demais peças do TEN e no teatro de classes populares.
Resumo:
Benjamin (1989, 2012) e Silviano Santiago (2002) acerca das especificidades do narrar,
do flâneur e do narrador pós-moderno, em busca da compreensão das especificidades
das vozes narrativas que se manifestam na obra.
Resumo:
O presente texto é parte de nossa pesquisa de doutoramento no Programa de Pós-
Graduação em Letras - PLE (DINTER / Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL /
Universidade Estadual de Maringá - UEM) o qual tem como objetivo investigar
manifestações de literatura de autoria feminina popular oral e escrita no povoado Ilha do
Ferro (um dos primeiros sinais de povoamento do Estado de Alagoas, que integra o
chamado Brasil profundo, em função do início da colonização europeia), zona rural do
município de Pão de Açúcar – Baixo São Francisco de Alagoas, a partir do universo
criativo de Bernadete Rosalia Teixeira, mais conhecida por Morena Teixeira, exímia
contadora/escritora de histórias, verdadeiro sacrário das memórias daquela pequena
sociedade ribeirinha do Velho Chico. Nesta comunicação, nos limitaremos a analisar um
aspecto do universo criativo da artista, qual seja, o efeito narrativo criado a partir da
relação literatura X produção de bonecas/os de pano, singularidade mantida até hoje,
aos 91 (noventa e um) anos de idade, pela artista. Essa análise será realizada a partir
da perspectiva dos estudos culturais – STUART HALL, (2003), do multiculturalismo –
ANDREA SEMPRINI, (1999), dos estudos de gênero – JUDITH BUTLER, (2016) e dos
estudos acerca da produção artística popular – WALTER BENJAMIN, (1994). Esse
trabalho se desenvolve numa metodologia qualitativa, utilizando história de vida em
pesquisa presencial; procuramos registrar/analisar algumas “cenestéticas” da vida real,
nos termos de LUÍS DA CÂMARA CASCUDO, (2004), acompanhando o processo
criativo teixeireano há mais de 10 (dez) anos. Desse modo, Morena Teixeira mantém a
tradição da produção de bonecas/os de pano: para cada artefato criado ela tem como
regra nominar e afixar o nome em uma parte do corpo da/o personagem (com ênfase na
criação de mulheres: noivas, mães de santo, freiras, crianças...), depois cria quadrinhas
poéticas e pequenas narrativas envolvendo seus brinquedos tradicionais, em tom
nostálgico, em (re)leitura muito singular da relação tradição X modernidade, sendo isso
com um alto grau de inventividade/criatividade. Em termos de resultados, observamos
uma mistura de gêneros e formas artísticas, a predominância de personagens femininas
em detrimento de personagens masculinas nas tramas do cotidiano (re)criadas
artisticamente pela autora, além de pontos de vista sobre as relações matriarcado X
patriarcado.
Palavras-chave: Literatura de autoria feminana popular; Baixo São Francisco alagoano;
Morena Teixeira; narrativa X produção de bonecas de pano.
Resumo:
O livro The Help, de Kathryn Stockett (2009), permite tratar de diversos temas inerentes
à realidade dos negos em diversos contextos mundiais, por exemplo: o mito da
democracia racial, o preconceito e a segregação racial regulamentados por lei, a
resistência de grupos, o modo como pessoas buscam a igualdade racial e o modo como
pessoas se empenham em perpetuar a desigualdade. A resistência é selecionada neste
trabalho, pois é um tema que, ao longo do desenvolvimento da história, se relaciona
com todos os outros temas mencionados anteriormente direta ou indiretamente. Isso
porque o fato de as personagens da obra estarem em uma zona de contato, conforme
Pratt (1999), com relações assimétricas de dominação social, racial e cultural, torna o
cenário da obra propício para o surgimento de movimentos de resistência como
diversas formas de dizer “não” para o opressor (ASHCROFT, 2002). Neste trabalho, são
trazidos três tipos de resistência de acordo com Ashcroft (2002), a saber: a) resistência
pacífica, em que a recusa em ser absorvido pelas imposições do dominador é explicita e
Resumo:
O presente trabalho estuda a representação simbólica dos animais em contos da
literatura infantojuvenil indígena norte-americana. As análises foram feitas sob a
perspectiva da teoria Ecocrítica e buscou traços comparativos entre as histórias
ficcionais infantojuvenis e a história real dos indígenas pela colonização e genocídio
feito pelo homem branco. Os contos escolhidos foram The Badger and The Bear e
Dance in a Buffalo Skull, ambos de Zitkala-Ša, escritora indígena natural da tribo de
Yankton Dakota nos Estados Unidos, também chamada de tribo Sioux. Os contos foram
retirados do livro Old Indian Legends, o qual é composto por outras 12 histórias além
das que foram escolhidas para a análise neste trabalho, em que se constitui por um
compilado de mitos e lendas – nem todas exclusivas –, mas também que foram ouvidas
Resumo:
Historicamente e, ainda, no presente a literatura de autoria feminina, em especial do
terceiro mundo, enfrenta dificuldades para ascensão no cenário literário ocidental, que
ainda privilegia em seu cânone a literatura de autoria masculina e que seja originária de
países desenvolvidos. Destoante a isso, alguns escritores tem conseguido destaque no
cenário literário, como a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie que tem
conquistado espaço no meio literário nacional e internacional, com seus contos e
romances. A jovem autora chama atenção para a literatura africana ao dar voz a
personagens historicamente silenciados e diminuídos pela condição feminina, pela
origem de países do terceiro mundo, por viverem em situação diáspora, por suas
características étnicas marcadas. Nas obras ela mostra também um pouco da cultura e
dos costumes dos espaços por onde suas personagens circulam. O conto “Réplica”,
integrante da obra No seu Pescoço (2009), narra a história de Nkem, uma mulher
nigeriana que vive nos Estados Unidos com seus dois filhos e ocasionalmente visita sua
terra natal. Ela mudou-se grávida para os Estados Unidos como uma forma de garantir
aos seus filhos cidadania americana, situação comum a famílias nigerianas abastadas.
Certo dia, Nkem recebe uma ligação de uma amiga que lhe revela que seu marido
Obiora mantem um relacionamento com outra mulher mais jovem. Este acontecimento
abala a vida previsível da personagem de maneira a levá-la a questionamentos acerca
de si, do seu passado, bem como das relações que a cercam. Diante do exposto, esta
comunicação pretende apresentar uma breve análise da personagem feminina Nkem,
que longe de sua cultura, família, esposo, tenta adaptar-se a rotina das famílias
americanas, enquanto lida com questões de pertencimento ao não reconhecer-se como
nigeriana nem como americana, a submissão ao marido que impôs a ela viver em
diáspora, identidade fragmentada e transculturação. O objetivo é uma reflexão sobre
como a personagem lida com tais questões tão comuns na contemporaneidade em que
massas migram de território em busca de condições melhores ou mesmo da
sobrevivência. Para a análise o aporte teórico será embasado em autores como Hall
(2003, 2005), Bhabha (1990), Ahmad (2002), Bauman (2004) Spivak (1987), entre
outros que teorizam a respeito de diáspora, identidade, transculturação e hibridismo.
Resumo:
Tendo como corpus de análise o romance O Cemitério dos Vivos (2004), de Afonso
Henriques de Lima Barreto, este artigo propõe o estudo da obra compilada
postumamente que é dividida em duas partes: Diário do Hospício (2004) – relato
pessoal do escritor durante o internamento no hospital para alienados e o romance O
Cemitério dos Vivos (2004) – uma conjunção entre realidade e ficção que entrelaça as
memórias de Lima Barreto às denúncias das situações que permeiam o hospício. O
estudo da produção literária de Lima Barreto torna-se fundamental para compreensão
da identificação com o negro, da discriminação, do racismo e da modernidade de suas
obras, visto que, embora criticado e não adaptado ao cânone pela elite literária de seu
tempo, marginalizado socialmente por ser negro, bêbado e duas vezes recolhido em
hospital psiquiátrico, suas obras trazem à tona os derrotados pela discriminação de
classe ou de cor, nos anos da Primeira República. Outrossim, seus romances, crônicas
e escritos íntimos, trazem como pano de fundo sua vida pessoal, o preconceito racial,
pelo cientificismo exacerbado da época, cujas teorias raciais transformaram-se em
argumento para o estabelecimento das diferenças de raça, justificando cientificamente
organizações e hierarquias tradicionais, devido à sua interpretação pessimista da
mestiçagem. Considerando esse propósito, é indubitável que a teoria pós-colonial seja a
mais apropriada para tal intento, uma vez que, embora o contexto social em que se
insere o romance O Cemitério dos vivos diga respeito a um período em que a abolição
da escravatura já era uma realidade, as marcas da escravidão continuam nítidas no
relacionamento instituído entre colonizadores (homens da sciencia) e colonizados
(população negra e mestiça). Assim, os ex-escravos ainda não são vistos como sujeitos,
por parte da sociedade, mas sim como objetos. A pesquisa tem o intuito de demonstrar
a ciência e suas teorias raciais como força de legitimação da inferioridade de grupos
étnicos, relatadas no projeto ficcional da obra O cemitério dos vivos, a partir da
personagem Vicente Mascarenhas, heterônimo de Lima Barreto. Para tal empenho, o
estudo será realizado à luz das relações entre as teorias raciais ocorrentes no Brasil, no
período de 1870 a 1930, a história da loucura e a literatura.
Resumo:
Resumo:
Este estudo apresenta uma breve análise acerca do conto Shirley Paixão, de Conceição
Evaristo, publicado por meio do livro Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2011), pela
editora Nandyala. Objetiva-se lançar os olhos sobre a força e a resistência das mulheres
negras, vitimadas, em sua maioria, por violências domésticas praticadas pelos próprios
companheiros e/ou pais, no caso das filhas. Perceber como é silenciada, de certa
maneira, esta temática dentro dos espaços literários e ressaltar a grandeza de se tratar
e trazer para o cerne da literatura, assuntos tão recorrentes e cotidianos na vida das
mulheres e, em especial, das mulheres negras, cultural e historicamente,
hiperssexualizadas. Partindo do pressuposto de que ao trazer para as suas narrativas
essas violências, Conceição Evaristo se utiliza deste espaço como um ato de
resistência, neste sentido, importa reiterar que, ao atribuir às suas personagens a
condição de sujeito e protagonistas de suas próprias histórias, a literatura evaristiana
caminha ao encontro da construção identitária de um povo, literariamente, invisibilizado
e/ou representado sob a égide dos estereótipos. No referido conto, a autora aborda a
questão do estupro do pai em relação à sua filha, ressaltando a urgência de se retratar
assuntos tão presentes na vida de mulheres e crianças e, de certa forma, ainda tão
silenciados. Nas narrativas evaristianas, mulheres negras desconstroem o papel de
subordinação e subalternidade, patriarcalmente imposto, é a protagonista de mesmo
nome que vai socorrer a criança abusada, arriscando a própria vida e a das demais
filhas. Nesta direção, Conceição Evaristo corrobora para a construção da identidade das
mulheres negras, retirando-as das zonas da marginalidade e submissão. Diante disso,
este trabalho se propõe a dialogar com Bonnici (2011), Davis (2016), Hall (2006),
Mohanty (2009) dentre outros, os quais alicerçarão as considerações acerca da referida
proposta de análise. Vale lembrar que a literatura afro-brasileira, em especial, a
evaristiana, caminha na contramão dos discursos e representações literárias
perpetradas para negros e negras na literatura brasileira, por meio das escrevivências, a
escritora negra atribui a identidade de sujeito a seres, até então, pensados tão somente
sob a condição de objetos e/ou animalização.
Resumo:
O romance Little Women, escrito pela estadunidense Louisa May Alcott e publicado em
1868, narra eventos cotidianos da família March, com enfoque na relação afetiva das
quatro irmãs - Meg, Beth, Jo e Amy. Na narrativa, as meninas, ao lado da mãe,
enfrentam as dificuldades financeiras ao se verem sem o pai no lar - que está em
serviço na Guerra Civil -, bem como as demandas sociais e históricas da passagem da
infância à vida adulta. Especialmente com esse livro, a autora alcançou sucesso literário
e Little Women (no Brasil: Mulherzinhas) pode ser considerado canônico em seu país de
origem - algo positivo, uma vez que se entende que, especialmente naquele recorte
histórico, mais espaço era delegado aos homens quanto às produções culturais que se
tornavam sacralizadas. Entretanto, o livro em questão é caracterizado, por vezes, por
um tom de moralidade e estereotipação, o que poderia ser lido como um reflexo das
relações de gênero e construções sociais moldadas pelo patriarcado, enquanto bloco de
poder, nos termos de Steinberg e Kincheloe (2009). Não obstante, Little Women
apresenta uma voz que resiste: a da protagonista Jo March. Nesse sentido, essa
comunicação pretende abordar, sob a égide dos estudos multiculturais, um olhar sobre
a atividade da escrita protagonizada por Jo. Por meio do conceito de resistência literária
de Bill Ashcroft (2001), pretende-se analisar como o ato de escrever da personagem
resiste às pressões culturais impostas às mulheres naquele dado momento. O autor,
que se volta aos estudos pós-coloniais, pensa a resistência pelo ponto-de-vista dos
povos colonizados, enquanto ato libertário de grupos específicos. Aqui, as mulheres
serão compreendidas enquanto grupo “colonizado” pelo patriarcado. Ainda, ao se
considerar que o feminismo, enquanto crítica teórica e movimento social, teve seu ápice
na década de 60, do século XX – como explica Hall (2005) -, é possível que a
resistência literária de Jo March, nas páginas do livro, bem como da escritora que as
escreve, seja lida como prenúncio de um movimento feminista que traria mais igualdade
às mulheres, em relação ao matrimônio, ao sufrágio, às relações de trabalho e sociais,
como um todo. Trabalhos como esse se justificam pela importância de se trazer, aos
bancos acadêmicos, pesquisas que privilegiem estudos críticos sobre textos literários
produzidos por mulheres, que retratem mulheres e que possam propiciar a
problematização das condições sociais das mulheres, em variados recortes históricos.
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo analisar a representação da ‘’terra’’ na literatura indígena
e nipo-brasileira, tendo como foco principal de análise o modo com ela está ligada aos
aspectos culturais e identitários de um determinado povo e nação. Para alcançarmos os
objetivos aqui apresentados, utilizaremos como base para esse trabalho os textos
literários The Round House, da escritora Indígena americana Louise Erdrich, publicado
em 2014, e o Jardim Japonês, da brasileira Ana Suzuki, publicado em 1986. Essas
histórias, de culturas e povos distintos, possuem elementos característicos que unem as
personagens a ‘’terra’’ e ao espaço circundante, o que a torna um elemento fundamental
para a construção desses personagens. As representações da ‘’terra’’ na literatura não
são apenas geográficas e territoriais, mas também demostram uma variedade de
paisagens sociais e culturais, que são aspectos que buscamos analisar neste trabalho.
The Round House conta a história de Geraldine, uma mulher indígena, membro de uma
comunidade Ojibwe, que é brutalmente violentada por um homem branco nos limites de
suas terras. Nessa obra a terra e o espaço possuem grandes significações para a
construção dos personagens e para o enredo. O Jardim Japonês é uma obra de ficção
que conta a história de uma família nipo-brasileira vivendo no Brasil e que possuem a
terra como fator primordial para a construção da identidade, tendo o Jardim, um papel
fundamental nessa construção. Nossa metodologia se utilizará dos seguintes
procedimentos: selecionar trechos primordiais e analisa-los, em profundidade, a partir
da obra, para depois fazer emergir o conteúdo identitário, cultural e étnico do texto,
sintetizando a discussão com a pesquisa bibliográfica durante todo o estudo. Como
referencial teórico para esse aprofundamento empírico, nos apoiaremos nos teóricos
Cristhiano Aguiar (2017), que abordará questões referentes à narrativa e aos espaços
ficcionais e Gaston Bachelard (1957), que nos trará importantes considerações sobre a
poética do espaço. Em suma, com este trabalho buscamos, em particular, explorar as
relações entre as representações da "terra" e a identidade para os povos indígenas e
para a comunidade nipo-brasileira nos romances aqui selecionados, e de que forma o
Resumo:
O revide ou resistência é um modo de ir contra a dominação do poder, de não aceitar as
imposições colonialistas, étnico-raciais, culturais, entre outras, e de procurar reverter a
situação para que os oprimidos possam resgatar sua subjetividade, buscando a
centralização de sua identidade fragmentada por meio de sua auto-expressão, e a
obtenção de sua voz. A presente comunicação tem o objetivo de discutir aspectos de
resistência pós-colonial e de outras estratégias de lutas de minorias étnico-raciais-
culturais contra seus aparatos de opressão, sejam estes institucionalizados ou
executados de forma individual. Ao mesmo tempo em que abordamos e contribuímos
com nossas reflexões a respeito dos aspectos da classificação dos tipos de resistência
elaborados por Ashcroft (2001), que aborda a resistência pacífica, violenta e discursiva,
também discorreremos sobre suas estratégias como a mímica, conceito desenvolvido
por Homi Bhabha (1998), estratégia constituída de elementos que desestabilizam e
questionam os padrões dominantes. Além disso, nos deteremos também em aspectos
da resistência discursiva e suas divisões, tais como a reescrita, a releitura e a paródia,
embasados em Hutcheon (1989). Ao estudarmos a resistência discursiva direta e
indireta, observaremos a visibilidade do autor, seu contexto e a contribuição destes tipos
de resistência específica para os estudos literários e para as manifestações culturais em
geral. Além dos aspectos mencionados, investigaremos uma estratégia de
sobrevivência e de continuidade fundamentada por Gerald Vizenor (2008) a partir dos
estudos indígenas estadunidenses, como o conceito de survivance, que, segundo o
autor, é um senso ativo de presença, mesmo na ausência obrigatória, ou decretada
pelas forças dominantes. Trata-se de uma prática, muitas vezes contraditória, na qual o
oprimido negocia, e usa a resistência de forma ativa, repudiando a dominação e a
vitimização. Ao discutirmos o conceito de survivance como Vizenor (2008) o utiliza para
Resumo:
Apesar de hibridismo ter-se tornado um tema de prestígio através dos Estudos
Culturais, devido às suas potencialidades que nos permitem questionar noções de
pureza, de essencialismo e binarismos, as limitações políticas que também envolvem o
conceito, especialmente no que tange as questões de relações desiguais de poder no
mundo hoje, propiciam uma crítica controversa, porém relevante, sobre como o termo é
apropriado, reconfigurado e articulado em contextos diferentes. A produção literária da
escritora Anglo-Caribenha Pauline Melville nos chama a atenção por desenvolver-se na
mistura cultural e étnica da Guiana, onde seus personagens debatem-se com
sentimentos conflituosos e ambivalentes entre a integração e a rejeição às diferenças
culturais na modernidade. A abordagem usada pela escritora, ao expor as implicações
da interação cultural para os desprivilegiados, não somente possibilita uma exploração
do amplo campo de influência do hibridismo, mas traz à tona uma crítica à certos
aspectos de sua celebração nos Estudos Pós-coloniais, a saber, as suposições
generalizadas sobre o hibridismo cultural como uma forma de agência política. Para
desenvolver o debate é relevante investigar as articulações ambíguas do conceito em
campos de pesquisa diferentes ao longo dos últimos duzentos anos e apresentar o
histórico conceitual e teórico de tais articulações. Para tanto, questionaremos a
conceitualização do termo desenvolvida por Homi Bhabha, que nos apresenta a noção
do poder de negociação no entre-lugar, na liminaridade do hibridismo. Tais premissas
têm norteado nossos debates de que na experiência de contato tanto o sujeito não-
europeu quanto o seu outro são afetados e transformados pelas culturas que se
encontram, e que, por sua vez, esse processo trans-cultural permite não somente a
produção de uma nova identidade cultural única, como uma forma alternativa criativa de
resistência. No entanto, ao lermos o romance A história do ventríloquo, escrito em 1997,
é possível observar que Melville subverte os pressupostos relacionados à essas noções
ao não celebrar o hibridismo e criar uma sensação de indeterminação e apatia nas
relações interculturais representadas no texto, resultantes da colonização inglesa na
Guiana. Para entender esses personagens, Arif Dirlik, por exemplo, argumenta sobre o
perigo da elite cultural nascida nas margens se confundir e confundir o leitor com os
marginalizados, com aqueles que realmente não tem voz. Assim, este trabalho
configura-se como uma proposta de investigar não somente como o hibridismo tem sido
articulado de formas múltiplas e, por vezes, controversas, mas de apresentar uma
leitura crítica-reflexiva sobre o assunto.
Resumo:
Esse trabalho busca fazer uma análise ideológica do poema Para ouvir e entender
estrelas de Cuti, tal análise terá como referencial teórico os pressupostos da Análise do
Discurso (AD) e o os conceitos de identidade e representação de Stuart Hall, nosso
objetivo maior é compreender como a ideologia presente no objeto de estudo dialoga
com a ideologia dominante na estética da literatura canônica. Sendo assim partiremos
da concepção bakhtiniana de língua como um fator social, de tal forma que a A.D.
considera o fator social da linguagem e defende que os efeitos de sentido advindos
dessa são sociais e, portanto, determinados pelas condições de produção do sujeito
inserido em um dado contexto. Dessa forma, pode-se dizer que a questão central
focalizada pela A.D é o discurso e tudo que está relacionado a ele, incluindo o sujeito
que o reproduz e o contexto de produção ao qual está inserido. Para essa teoria é
preciso ver o texto em situação de interação e o sujeito como atuante e receptivo na
Resumo:
Resumo:
Atualmente, o teatro para crianças apresenta temática voltada para a ecologia, para os
problemas da vivência infantil, para o desenvolvimento psicológico da criança, como o
medo, a morte, a velhice, o sexo, os preconceitos, o que revela um amadurecimento do
teatro infantil brasileiro. Nesse sentido, percebe-se a pertinência de uma pesquisa que
suscite uma reflexão acerca do teatro infantil como promotor de conhecimento e
diversão tanto para as crianças quanto para os adultos, pois conforme afirma Pupo
(1991), em sua maioria, os autores fazem uso de informações que as crianças não
conseguem decifrar. A partir dos pressupostos teóricos de Magaldi (2004, 1998),
Pallotini (1989), Pascolati (2009), Prado (2009), Ryngaert (1996) e Ubersfeld (2005),
que versam sobre a materialidade do discurso teatral, pretende-se abordar questões
relativas à forma do texto dramático na obra A viagem de um barquinho (1975), da
dramaturga brasileira Sylvia Orthof. Para compreender a dramaturgia contemporânea
faz-se necessário refletir acerca das considerações de Agamben (2009) e
Schollhammer (2009) sobre as (in)definições de contemporaneidade, em consonância
com as características estilísticas/estruturais da literatura infantil/juvenil contemporânea
observadas por Nelly Novaes Coelho (2000). Encontra-se, em Sylvia Orthof,
personalidade de destaque no movimento literário e teatral ligado às crianças, uma
considerável fonte de pesquisa. Orthof atuou como atriz no Teatro Brasileiro de
Comédia (TBC) e na TV Record, em São Paulo. Depois, em Brasília, foi professora de
teatro na Universidade de Brasília onde foi atriz, diretora, pesquisadora, professora de
teatro e dramaturga, com um trabalho sempre voltado para as crianças. A autora
escreveu mais de 120 livros entre contos, peças teatrais e poesias para o público
infanto-juvenil. Fundou duas companhias de teatro: A Casa de Ensaio de Sylvia Orthof,
no Rio de Janeiro e a Companhia de Teatro Livro Aberto, em Petrópolis/RJ. Sylvia
Orthof tem obras premiadas, como A viagem de um barquinho (1975) que ganhou o
primeiro lugar no concurso de dramaturgia do Teatro Guaíra, em Curitiba/PR. Suas
obras são permeadas de comicidade que encantam crianças e adultos. Nesta obra, a
escritora aborda valores muito caros ao ser humano, tais como: a perda, a separação, a
busca do ente querido, a transitoriedade da vida e a liberdade. A efabulação consiste na
consciência da mudança e da busca constante que a vida exige. Com efeito, no espaço
diegético, os protagonistas “Menino” e “Lavadeira” saem em busca do barquinho de
papel perdido, vivendo diversas aventuras e conhecendo personagens (Sol, Cavaleiro
Verde, Cavaleiro Azul, Sapo, Pirilampo, Personagem Sonho e Fada-princesa) até
encontrar o que tanto anseiam; já o barquinho de papel (metáfora da existência
humana) viaja em busca de sua própria identidade.
Resumo:
Resumo:
Alfredo D’Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, é autor de quatro obras teatrais,
Da mão à boca se perde a sopa (provérbio – 1874), Por um triz coronel (comédia –
1880), Amélia Smith (drama – 1886) e A Conquista do filho (drama – 1896). O autor
teve seu nome inserido no cânone literário brasileiro durante todo o século XX, sendo
considerado pela crítica e historiografia como um dos melhores escritores do
regionalismo romântico. No entanto, tais abordagens debruçaram-se, quase sempre,
acerca de suas obras narrativas e descritivas, sobretudo A retirada da Laguna (1871) e
Inocência (1872), havendo uma lacuna crítica quanto à sua produção dramatúrgica. Tal
lacuna é evidenciada, até mesmo, nas antologias destinadas ao estudo teatral
brasileiro, que apresentam características estéticas e temáticas dos períodos romântico
e realista, presentes na dramaturgia de Taunay. Dessa forma, temos como objetivo
deste trabalho apresentar aspectos das quatro produções teatrais do autor que,
comparadas com obras e autores do período romântico e realista, sugerem relações de
semelhança e de contiguidade. A proposta se justifica, sobretudo, pelo fato de que as
características evidenciadas pela historiografia literária sobre as narrativas que
consagraram o escritor podem ser contempladas em suas peças, situadas na transição
do romantismo para o realismo, e que, lidas à luz do século XXI, sugerem a
consolidação de um projeto literário. Entendemos, ainda, que elementos apresentados
pelos críticos de teatro sobre as obras do século XIX, tais como o uso do provérbio, a
utilização do maniqueísmo, da comédia de costumes, a relação do erudito com o
popular, a fusão do drama com o melodrama, a denúncia da corrupção moral pelos
favores, pela conquista do poder e pela traição velada, assim como a influência dos
escritores franceses, apontadas nas dramaturgias de Gonçalves de Magalhães, Martins
Pena, José de Alencar e Artur Azevedo, também se fazem presentes na de Taunay.
Para tanto, utilizamos como suporte teórico e metodológico, obras de renomados
críticos brasileiros, tais como: Alfredo Bosi (2006), Antonio Candido (1997), Antônio
Soares Amora (1967), Décio de Almeida Prado (2003), João Luis Lafetá (2004), João
Roberto Faria (2001), José Veríssimo (1977), Massaud Moisés (1985), Nelson Werneck
Sodré (1976), Sábato Magaldi (1997), entre outros estudiosos da obra de Taunay.
Resumo:
Este estudo observa deformações visuais e sonoras em A mulher sem pecado (1941).
Para isso, analisamos as rubricas do texto. A ideia é mostrar como essas indicações
cênicas intensificam a exploração da vida interior de Olegário, protagonista. A previsão
expressionista de iluminações irreais na vertical, efeitos sonoros, entre outros recursos
cênicos, revela, virtualmente e visualmente, a essência que a personagem quer
esconder, assim como projeta uma guerra entre o viver consciente e inconsciente.
Apesar de a peça já ter sido relacionada ao expressionismo, as didascálias ainda não
haviam sido estudadas tão especificamente. Ao ler as rubricas, com base nas ideias de
Eudinyr Fraga (1998) sobre o Expressionismo, tentamos considerar também
pressupostos freudianos que aparecem na segunda fase do movimento, ocasião em
que a obra foi escrita. Isso ajudou a entender como o dramaturgo analisa a essência
humana e as verdades misteriosas que todos nós portamos e costumamos ocultar. Com
o objetivo de demonstrar a importância das didascálias, para essa exploração da vida
interior, lançamos mão, ainda, de outros teóricos, especialmente Anne Ubersfeld (2013),
para entender a presença virtual do espetáculo no texto dramático. Antes disso, num
primeiro momento, fizemos uma retomada sobre o que foi o Expressionismo no teatro.
Tratamos mais demoradamente a segunda fase, que inclui a obra psicológica do
dramaturgo. Havia todo um desejo pela busca de uma verdade mais profunda que a
empírica nesse período histórico, por isso Fraga (1998) fala da influência das ideias de
Sigmund Freud (2010) na segunda fase do movimento, já que os textos buscavam o
fato ilógico que se manifesta na mente das pessoas. Depois, num segundo momento,
analisamos essas ideias nas rubricas e demonstramos como a peça explora verdades
ocultas da essência do “eu”, pela previsão cênica de iluminações irreais, uso de
microfone para exposição da voz interior, conforme era típico no Teatro Expressionista.
Apesar de não negar a autonomia do texto teatral como objeto artístico autônomo, em
relação ao método desse percurso, observamos a obra como parte de uma cultura
literária, que se manifestou na segundo fase do expressionismo, por volta da década de
40. Como resultado, percebemos o quanto o autor revela a feiura do ambiente externo,
com profundidade, justamente por evitá-lo. Ao focar o estudo da vida interior e não o
panorama social, a peça nos mostra, paradoxalmente, o universal na obsessão de um
só homem e o faz com a ajuda de deformações visuais e sonoras bastante sofisticadas.
Resumo:
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise comparativa entre duas obras
distintas: Macbeth, do célebre dramaturgo William Shakespeare, e Arras por foro de
Espanha, obra de Alexandre Herculano, autor português conhecido principalmente por
seus romances históricos. O foco da análise das obras está centrado nas protagonistas
femininas, que são Lady Macbeth e D. Leonor Teles. Apesar de serem obras distintas
desde o gênero literário, uma peça de teatro e um romance, por meio da leitura e
análise das obras foi possível encontrar diversas semelhanças, principalmente em
relação às características psicológicas e o comportamento das protagonistas femininas,
anteriormente citadas, no decorrer das obras. Ambas apresentam uma característica
manipuladora e até mesmo diabólica, utilizando o ponto fraco de seus maridos para
controlá-los, deixando-os à mercê de seus desejos; desejos estes que sempre as guiam
na busca de poder, como forma de saciar a ambição que as consome. São obras que
representam períodos históricos diferentes, porém, características semelhantes quando
centrados na vida das personagens Lady Macbeth e D. Leonor Teles. A análise das
personagens foi baseada principalmente na teoria de Antônio Cândido (1976) sobre a
personagem do romance e em Décio de Almeida Prado (1976) sobre a personagem do
teatro, relacionando as duas personagens por meio da concepção sobre personagens
planas e esféricas, segundo a teoria de Antônio Cândido. Além desses autores, foi
utilizado como base teórica autores como Margot Berthold (2011), Neuza Machado
(2010), Maria de Fátima Marinho (1992), entre outros. Como resultado desse estudo, foi
possível constatar que embora a personagem do teatro e do romance possuam
diferenças, ambas as personagens das obras analisadas são responsáveis pelos
principais acontecimentos dentro da trama, sendo fundamentalmente por meio delas
que discorre o enredo e seus conflitos. Ademais, o poder de articulação e manipulação
da linguagem utilizada pelas personagens é uma característica digna de ser exaltada se
analisado os contextos históricos representados nas obras e, ainda, pela procedência
literária dos autores estudados, pois as protagonistas femininas conseguem se sobrepor
aos protagonistas masculinos, tanto na crueldade de seus atos, quanto no poder de
manipulação em relação às pessoas.
Palavras-chave: Macbeth; Shakespeare; Arras por foro de Espanha; Alexandre
Herculano.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
O trabalho que se propõem a partir deste resumo tem por objetivo analisar rupturas com
formas estéticas consagradas, com especial olhar à categoria do personagem,
discutindo a evolução do anti-herói (e uma sua subcategoria, o malandro), dentro da
Resumo:
O teatro de Nelson Rodrigues é indubitavelmente uma das manifestações mais
expressivas da dramaturgia nacional, considerado precursor da modernização do teatro
brasileiro, com a montagem de Vestido de Noiva em 1943. O autor apresenta em suas
peças, uma vasta gama de enredos e personagens marcantes, não apenas por suas
personalidades, mas também pela forma de interagir com o mundo, sempre, de alguma
forma, procurando transgredir e questionar os valores morais e a hipocrisia da
sociedade da antiga capital federal. As diversas facetas das personagens femininas
apresentadas são os elementos cruciais nas obras Rodrigueanas e, baseado nisso, este
trabalho procurará estudar e entender como a peça Vestido de Noiva busca representar
o complexo universo da alma feminina. As mulheres nessa obra agem como arquitetas
de seu próprio destino e mesmo quando pressionadas pelos acontecimentos, isso
acontece muito mais pelas consequências de seus próprios atos ou pela inexorabilidade
do destino do que pela opressão masculina. Dessa forma, um dos objetivos deste
trabalho será investigar como as personagens femininas de Nelson Rodrigues na peça
Vestido de Noiva são representadas no contexto da sociedade carioca da metade inicial
do Século XX e também a maneira como se configura a atuação social dessas
mulheres, especialmente Alaíde, Madame Cleci e Lúcia, o trio de protagonistas. Outra
possibilidade a ser explorada neste trabalho é analisar as diversas visões que os outros
têm dessas personagens, pois o que pensam ou falam sobre elas ajuda a compor uma
configuração multifacetada. Podemos adiantar que cada uma dessas personagens
apresenta algum poder de transformação do contexto no qual estão inseridas, seja por
meio de ações, seja por meio de manipulações, muitas vezes fazendo escolhas para
atingir seus objetivos em detrimento de outrem. Outro aspecto de interesse a respeito
da obra selecionada para análise é como as questões religiosas e morais interferem nas
relações pessoais, transformando mulheres em santas ou despudoradas baseando-se
apenas nos valores que a sociedade impõe ao comportamento feminino. Para a
consecução dos objetivos propostos, esta pesquisa tem como suporte teórico os
ensaios presentes em Teatro Completo de Nelson Rodrigues (2003), Panorama do
Teatro Brasileiro (1997) e Nelson Rodrigues Dramaturgia e Encenações (2010), de
Sábato Magaldi, o ensaio A personagem no Teatro (1987), de Delcio Almeida Prado,
Ronaldo Lima Lins, Posição do Narrador no Romance Contemporâneo, de Theodore
Adorno e Representação Social e Mimesis de Luiz da Costa Lima, entre outras
referências.
Resumo:
Apresentamos aqui uma leitura do romance O Passageiro do Fim do Dia de Rubens
Figueiredo, pretendendo investigar a respeito das nuances de voz e memória, partindo
da seguinte questão: como pode o sujeito narrar sua história com uma memória
imprecisa, formada a partir do trauma que causa repulsa, esquecimento,
dilaceramentos, ressentimentos? Procuramos ainda refletir sobre algumas questões que
não dizem respeito apenas a esta obra especificamente, mas de imbricações que a
partir dela nos remetem à narrativa ou a obra literária de uma forma geral. Trata-se de
um romance, um gênero que trabalha especialmente com a multiplicidade de conflitos
no interior da narrativa. Falar do romance contemporâneo é falar da fragmentação ou da
multiplicidade de um tempo e a partir de um olhar, de um cenário ainda por formar-se
Estamos falando do sujeito contemporâneo e das contradições próprias do presente e a
representação disso na arte literária. Para tanto contamos com as reflexões recentes a
respeito do tema com Jaime Ginzburg, Idelbar Avelar, Moacyr Scliar e outros que tratam
do processo de transmissão da memória em uma realidade violenta. A melancolia se
apresenta como um traço constante em diversas obras literárias brasileiras,
concretizadas na apresentação de personagens de diferentes autores. Jaime Ginzburg
(2012), ao trazer o assunto para o século XX, apresenta a hipótese de que em vários
casos esse efeito de construção se dá como consequência de regimes autoritários em
determinados períodos históricos, como o Estado Novo e a Ditadura Militar no Brasil,
assim como em outros momentos de nossa história, como aqueles que Eric Hobsbawm
chama de “era dos extremos”. O protagonista do romance de Rubens Figueiredo tem
como cenário a cidade e suas contradições próprias: trânsito caótico, periferias,
problemas com a geração de emprego, desigualdades, violência, medo. A narrativa se
passa na atualidade do século XXI, tendo como tempo da narração apenas o final de
um dia até o anoitecer, não mais que isso. O espaço da narração também é limitado,
apenas o ponto de espera do ônibus e a viagem em seu interior, apesar das diversas
quebras com a intervenção da memória do protagonista que convida o leitor a circular
por muitos outros espaços. Ao final, o que nos fica é um convite a mergulhar na escrita
de Rubens Figueiredo e, por extensão, à reflexão sobre a arte literária em geral ao tratar
da incapacidade de narrar pelo sujeito contemporâneo diante de uma realidade
sufocante em tempos de violência.
Resumo:
Esta análise tem como foco as relações entre literatura, teatro e cinema que podemos
destacar ao comparar o livro Crônicas de Motel (1982), do dramaturgo, escritor e ator
norte-americano Sam Shepard (1943-2017) e o filme Paris, Texas (1984), dirigido pelo
cineasta alemão Wim Wenders. Em ambos os casos, estamos diante de um texto
dramático escrito por Shepard, figura icônica da cena teatral independente dos EUA no
começo dos anos 1970. Tanto nos textos que integram a coletânea Crônicas de Motel
quanto no roteiro cinematográfico de Paris, Texas, Shepard constrói o percurso
dramático de um herói desfigurado, com passado difuso e presente inexistente: um ser
que caminha de olhos fechados, como se a si importasse apenas uma dimensão
simbólica invisível em um primeiro momento. O autor descreve as paisagens em torno
dos seus personagens como se elas reverberassem conflitos internos que não podem
ser unicamente expressos por meio dos diálogos. Desta forma, nossa análise se centra
nas confluências que podem existir entre Cinema, Teatro e Literatura, sobretudo no que
se refere à composição de personagens, trama e dos diálogos, particularmente. Nesse
sentido, lançamos a seguinte questão: haveria uma forma de escrita que pudesse servir
a um só tempo tanto ao teatro, à literatura e ao cinema? Haveria uma forma de escrita
que pudesse ser apresentada em livro, encenada no palco, e transformada em filme
sem sofrer alterações relevantes? Acreditamos que o caso do roteiro do filme Paris,
Texas, seja uma resposta positiva a esta questão, já que, ao nosso olhar, Shepard
consegue criar diálogos que ao mesmo tempo têm uma plasticidade poética, uma
dimensão teatral e um coloquialidade cinematográfica, podendo ser apresentado em
qualquer contexto artístico sem uma perda significativa de seu potencial estético. Isto
ocorre possivelmente, pois Shepard é, ao mesmo tempo, um herdeiro de uma certa
tradição da prosa americana do século 20, em que os diálogos são concisos e as
descrições são secas, tornando o conflito dramático subjacente uma camada
aparentemente inexistente. No caso específico do filme Paris, Texas, Travis é um
cavaleiro errante que ruma sem direção: ele abandonou o seu passado, a sua família,
para experimentar uma espécie de vazio original, última possibilidade de reinvenção
que havia naquele momento. Ao se reaproximar do filho, e pela primeira vez exercer a
figura de pai, notamos que Travis preserva um dilema silencioso e contínuo em relação
à sua família. Ele admira a sua mãe, e culpa o pai por ter lhe restringido os sonhos em
vida. A partir dessa constatação, Travis se encarrega de ajudar o filho a encontrar a
mãe: o trio não se encontra em muitos anos. Vem então essa jornada em busca da
reconstituição, mesmo que temporária, do núcleo familiar. Jane, a personagem vivida
por Nastassja Kinski, no entanto, trabalha como uma prostituta nessas cabines de sexo
explícito. Surge então o diálogo em que Travis reencontra Jane, relatando um pouco do
passado em comum, e os sentimentos que ele carregava consigo mesmo durante anos
em sua jornada solitária pelo deserto. Esse diálogo, que chega a durar cerca de 10
minutos, é o tema central da nossa análise, pois concentra questões essenciais aos
estudos de possíveis interfaces entre literatura, teatro e cinema. Acreditamos que essa
cena em especial do filme Paris, Texas é ao mesmo tempo pertencente a esses três
contextos estéticos, reafirmando a nossa suspeita de que Shepard é um autor
contemporâneo, sobretudo pela forma com a qual rompe as barreiras entre linguagens.
Resumo:
O romance La Dame aux camélias (1848) de Dumas fils foi transposto pelo próprio
Dumas fils para o teatro em 1849 e apresentado ao público no Teatro de Vaudeville em
1850. Em 1853, La traviata-Violetta, ópera de Verdi/Piave/Duprez, também foi inspirada
no romance de Dumas fils, sendo traduzida para o francês em 1862. No século XX, a
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Desde que o cinema veio ao mundo, ele tem andado lado a lado com a literatura, como
diz Corsi (2007); os diretores e produtores do cinema utilizam a literatura como suporte,
pois é mais fácil se aproximar do público com temas já conhecidos por eles. Victor
Hugo, célèbre escritor francês do século XVIII, é reconhecido em todo o mundo por
suas obras ímpares com temáticas extremamente impactantes. Com apenas 39 anos, já
havia publicado diversos romances, dramas e coletâneas poéticas; também já era
membro da Académie Française, prestigiada e desejada por muitos outros autores.
Hugo possui um estilo literário único: o autor traz os elementos principais da ficção que
atrai o público leitor e espectador, fazendo uma ligação entre literatura e cinema com
maestria. Seus textos possuem personagens cativantes, atraindo o interesse de
gerações para suas obras. Notre-Dame de Paris (1831), Les Miserables (1862) e Les
Travailleurs de la mer (1866) são alguns de seus romances mais conhecidos, além de já
terem sido adaptados diversas vezes para o teatro e para o cinema. Le Dernier Jour
d’un Condamné (1997), obra analisada nesta comunicação, traz como temática a pena
de morte, que até então era aceita por lei e muito praticada na França e em diversos
outros países. Em adaptação da obra de Victor Hugo, o diretor Michel Andrieu, com
toda a ajuda da sua equipe (roteirista, cinegrafista, figurinista, atores e etc), nos
concede uma nova perspectiva da literatura para o cinema. A imagem criada por
Andrieu é um misto de passado com modernidade, optando por mesclar imagens em
preto e branco com imagens coloridas. Observando e ponderando as personagens da
obra de Victor e da adaptação do filme homônimo, de Michel Andrieu (2002), a análise
comparativa das duas produções foi baseada nos três pilares constitutivos de Bakhtin
(1992) – estrutura composicional, tema e estilo – e no conceito de adaptação
cinematográfica de Corsi (2007), Hohlfeldt (1984), Schlögl (2011), Sales Gomes (1998)
e Candido (1998). A partir da análise comparativa da personagem-protagonista,
verificou-se em que aspectos o filme Le dernier jour d’un condamné (2002) retoma ou
amplia os aspectos temáticos abordados por Victor Hugo. Essa comunicação tem como
objetivo ressaltar a importância do estudo acerca da arte cinematográfica que, na
maioria das vezes, busca adaptar obras literárias passando uma releitura da obra para
os telespectadores; assim como colaborar com a formação de um leitor/telespectador
crítico, consciente da riqueza das duas obras e do diálogo entre elas.
Resumo:
A palavra “literatura” vem do latim litteratura (escrita, gramática, ciência), traçada a partir
de littera (letra). Inicialmente a palavra estava ligada à erudição e à elite, no entanto,
com a evolução de seu sentido, e a referência às obras e não aos homens, o escrito
passou a ser reconhecido por sua forma e seu valor, não pela relação social. Desse
modo, seu caráter humanizador tem sido relacionado ao ensino-aprendizagem. A
importância cultural que a literatura traz ao leitor, e as transformações possíveis que ela
poderá alcançar em nossos alunos deve ser aperfeiçoada, especialmente no que
concerne à forma como eles veem o mundo, resultando no amadurecimento não
apenas enquanto pessoas, mas como leitores. Segundo Candido (2013), tais
transformações permitem compreender que a literatura forneça a possibilidade de
vivermos dialeticamente os problemas. No trabalho que se apresenta, pretendemos
fazer uma leitura do conto “A primeira só”, de Marina Colasanti (2006) e o mito “Eco e
Narciso”, recontado por Ana Maria Machado (2011), que estão inseridos em nossa
proposta de intervenção pedagógica junto aos alunos de 8º ano, matriculados no
Programa de Aceleração de Estudos (PAE). A identificação (personagem X leitor)
gerada pela literatura faz que não nos sintamos sozinhos e, muitas vezes, percebamos
que os problemas pelos quais passamos também são enfrentados por outras pessoas,
sejam elas reais ou não. Essa característica é significativa para a formação humana,
principalmente, para os jovens, em especial, quando esses jovens enfrentam situações
mais complexas, como no caso dos alunos matriculados no PAE. Nesse sentido, nossa
pesquisa está amparada nas propostas de leitura e letramento literário, sugeridas por
Cosson (2014) e Micheletti (2001), que nos auxilia na busca pela humanização, já que
estaremos trabalhando não apenas no âmbito da língua e linguagem, mas
principalmente, no domínio social. E a intertextualidade por Kristeva (1974), com o
intuito de conduzir os leitores à percepção em relação à articulação sêmica entre as
duas composições textuais, para que assim, eles possam atingir a construção de
sentido através dos conhecimentos que os acompanham, a partir da comunidade que
estão inseridos, transcendendo os muros escolares. A escolha dos gêneros literários se
deu através da prática em sala de aula, que nos mostra que a leitura dinâmica pode
aproximar mais o leitor iniciante do texto e, nesse sentido, haver uma maior adesão à
leitura, além de podermos afirmar que o conto é uma narrativa paradigmática para o
ensino, já que ele faz relação com o meio.
Palavras-chave: Literatura; leitura; letramento literário; intertextualidade; ensino.
Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo observar de que forma a obra O piloto de guerra
(1941), de Antoine de Saint Exupéry é compreendida como uma obra de engajamento
político considerando o período de sua escrita. Esta obra foi aclamada nos Estados
Unidos e proibida na França no seu período de lançamento. O piloto de guerra foi
escrito em meados da Segunda Guerra Mundial, época em que Exupéry estava exilado
nos EUA. Pensando nestas questões, buscaremos observar qual foi a recepção que a
publicação desta obra obteve em solo estrangeiro e também no território de origem do
autor. Quais foram os motivos pelos quais essa obra foi proibida na França? Qual a
proporção dessa leitura nesse contexto mundial? Essa obra é uma narrativa conduzida
em primeira pessoa, por um aviador que narra não apenas suas missões no grupo 2/33
na época da espera pela guerra, mas também suas lembranças de infância, lugar a que
se diz pertencer de verdade. É nessa dupla viagem, da missão e das lembranças que o
leitor poderá conhecer os dissabores da guerra e também da vida adulta desse
narrador. Perguntamo-nos então, que leitor é esse? O inscrito no próprio texto e
também através do leitor real buscaremos responder se a obra foi lida na sua época de
lançamento. Nessa perspectiva, buscaremos nessa pesquisa observar de que forma o
contexto histórico, que anuncia essa obra a torna aclamada em um país e proibida em
outro. Buscaremos identificar de que forma os jornais da época tratam da publicação do
livro, como o período político pode instigar a leitura de uma obra. Identificaremos
também não apenas os leitores empíricos, que através de dados obtidos imaginamos
que leram, mas também as imagens de leitor e de leitura que se depreendem do próprio
texto. É uma tarefa bastante árdua tentar compreender a proporção que uma obra
atinge na sua totalidade com o passar dos anos, contam-se 76 anos da primeira edição,
portanto faremos um breve percurso do ano e do contexto de lançamento de Piloto de
guerra, abordaremos o contexto sócio-histórico de sua escrita, para compreender de
que forma esse período beligerante da segunda guerra mundial ressignifica o olhar para
uma obra. Essas são algumas das questões que motivam esta pesquisa. Para que este
trabalho seja possível, tomaremos as postulações de alguns teóricos como Munhoz
(2014), Corrêa (2015), Blanchot (1987), alguns periódicos como La Presse (1942) e
Jornal Municipal (1942), dentre outros. Compreendemos esta obra como uma obra de
resistência e reexistência.
Palavras-chave: Exupéry; resistência; leitura.
7) Obra literária e filme: uma releitura de “Le dernier jour d’un condamné”,
de Victor Hugo
Resumo:
Este artigo é resultado do Projeto de Iniciação à Pesquisa (PIC) Le dernier jour d’un
condamné: a releitura de um tema, vinculado ao projeto de pesquisa docente Romance
e suas intersecções-versões e transposições da ficção literária. Numa perspectiva
sócio-histórica e ideológica da linguagem, buscou-se analisar a dialogia que há entre a
obra narrativa Le dernier jour d’un condamné, de Victor Hugo, e o filme homônimo, de
Michel Andrieu. A partir disso, o estudo do tema pautou-se nos três pilares constitutivos
de gêneros discursivos – conteúdo temático, estilo e estrutura composicional –, de
acordo com os conceitos de Bakhtin (1992). Com isso, compreende-se o modo como
ocorre a adaptação do discurso verbal para o áudio-verbo-visual, além de que existe a
necessidade de se considerar a descrição e a interpretação dos enunciados em que o
diálogo intertextual, existente entre o verbal e o verbo-visual, conserva. Nota-se, apesar
desse cuidado, uma sutil ampliação temática no filme, sendo que os conceitos sociais
presentes no texto de Victor Hugo são expandidos. Embora haja essa interação entre
as duas atividades, não é cabível a exigência de fidelidade entre o filme adaptado e a
obra literária original, já que, com a transposição, surge a necessidade de criar-se uma
nova realidade dentro de uma outra linguagem. Para tanto, Candido (1998) aponta que,
ao discutir a criação ou a reflexão acerca do cinema, é preciso pensá-lo como uma arte
autônoma. A ficção, imbuída de fantasia e verossimilhança, é o ponto alto dos dois
gêneros, o que pode significar que o filme está, de certa maneira, apoiado nas bases da
prosa literária. Para Fournel (1999, p. 11, tradução nossa), “a principal diferença entre a
literatura e o cinema é a solidão”. Considerando o filme e o romance no momento de
recepção, o crítico francês afirma que, no contexto literário, “ler é uma aventura
individual, silenciosa e elástica”, enquanto a “leitura” fílmica é compartilhar “sentado no
escuro, lado a lado e viver a mesma narrativa, no mesmo ritmo”. Propomos uma
análise da narrativa Le dernier jour d’un condamné, de Victor Hugo e sua transposição
para o gênero filme homônimo, de Michel Andrieu, considerando as categorias, os
Resumo:
Este trabalho visa pesquisar de que forma ocorre a retomada e amplificação dos temas
e/ou personagens das obras clássicas infantis por meio da intertextualidade presente na
obra Reinações de Narizinho (1982), de Monteiro Lobato. A presente análise está
alicerçada nos conceitos de intertextualidade apresentados por Bakhtin (1997), Kristeva
(2012) e Samoyault (2008). Tal pesquisa justifica-se, não apenas pelo fato de
Reinações de Narizinho (1931) ser o livro inaugural da coleção das obras completas de
Monteiro Lobato, destinadas à infância, mas também por ser, eternamente, uma obra
atual e atemporal. Afinal, através de intertextualidades, as histórias perpassam a
literatura infantil de Charles Perrault, um importante escritor francês, do século XVII,
autor de grande número de contos infantis, quando as personagens viajam graças ao
poder mágico do pó de pirlimpimpim; ou recebem ilustres visitas como Cinderela,
Branca de Neve e o Pequeno Polegar no Sítio do Picapau Amarelo. Constatamos, a
partir dos apontamentos realizados, que o leitor deve trazer consigo alguma experiência
literária para que seja capaz enxergar o intertexto presente em Reinações de Narizinho.
Monteiro Lobato, consciente de que a literatura infantil brasileira não passava da
introdução de obras estrangeiras, tem o cuidado em trazer às crianças brasileiras uma
literatura nacional, mas sem perder o encanto das histórias clássicas, já conhecidas. É
capaz, ainda, de dialogar com as obras clássicas por meio da voz do narrador, das
próprias personagens do Sítio do Picapau Amarelo e dos clássicos infantis, o que
comprova a presença de intertextualidade, já que narra histórias fantásticas, ocorridas
na realidade do sítio ou em momentos e ambientes fora de sua época. Entendemos,
portanto, que a liberdade é essencial à literatura moderna para que os intertextos
perpassem nas criações atuais e atraiam o olhar e o interesse de nossas crianças para
a leitura. Assim, poderão trilhar o caminho da aventura, da fantasia, do mágico por meio
de histórias engenhosas e de excelente qualidade. Tudo isso contribui para que a obra
Reinações de Narizinho, publicada inicialmente, em 1931, continue a encantar crianças
e adultos de gerações vindouras em versões ilustradas, impressas, no cinema, na
televisão, entre outros.
Resumo:
A proposta desta comunicação é debruçar-se sobre narrativas que abordam a temática
do afrodescendente no Brasil, em sentido lato. Entretanto, o ponto nodal que pauta a
leitura dos textos que serão apresentados, é o que Zilá Bernd, em Introdução à literatura
negra (1988), vai chamar de “eu enunciador: o divisor de águas”. A teórica toma como
exemplo dois poetas: Luís Gama e Castro Alves, notando que para este o negro é o
outro, visto de cima, da casa grande, portanto, o discurso que decorre daí é do centro,
resultando numa escrita sobre o negro. Em contrapartida, Luiz Gama, sendo negro,
inverte a orientação de Castro Alves, notando-se aí uma história vista de baixo, da
senzala, da margem. Adrede, conforme Bernd, “essa coincidência do eu-lírico com o eu-
que-se-quer-negro marca o trânsito de uma consciência ingênua para uma consciência
crítica da realidade” (1988, p. 55-6). Com base nestes pressupostos tomar-se-ão como
narrativas norteadoras para análise e reflexão A legião negra (2001) e A luz de Luiz
(2015), ambos de Oswaldo Faustino, e Rei negro (1914) de Coelho Netto. Os romances
de Faustino inserem-se em duas categorias em que se poderia debruçar, quais sejam, o
discurso étnico das minorias: o afro-brasileiro e a releitura da história pela ficção.
Nestes, tem-se um discurso engajado, crítico, denotando inserção na causa negra,
destarte, seguindo Bernd, um discurso do negro. Netto, por sua vez, aponta para os
preconceitos e estereótipos reforçando-os, tendo no africano no Brasil o outro, logo,
desenvolvendo-se aí um discurso sobre o negro. A adoção do tema se dá, por ser um
assunto que ainda não chegou à exaustão. Há muito que se pesquisar sobre nosso
passado histórico e a literatura de manifestação afro em nosso país; notadamente ao se
pensar que quase sempre buscou-se um referencial de pesquisa ocidental para uma
produção com referencial diferente do nosso. Vale lembrar que a presença do negro no
Brasil se deu principalmente por meio do tráfico de escravos, entretanto, a escravização
era uma prática comum já no território africano. Muitos historiadores mencionam que as
tribos africanas, de modo semelhante a dos indígenas, tinham por costume capturar e
tomar como escravos, homens de tribos inimigas. No entanto, essa captura era tida
como honrosa para a tribo que obtivesse um escravo de outra tribo, era um pressuposto
moral e ético que as tribos africanas partilhavam. A escravidão moderna, envolvendo
índios e negros no Brasil, teve como sustentáculo o lucro, obtido com a venda dos
escravos e acumulação de riquezas por conta do trabalho escravo. No Brasil o ato de
escravizar índios e negros teve como legitimação a base religiosa e o preconceito racial.
Para se discutir estas e outras temáticas buscar-se-ão teóricos como Zilá Bernd,
Antonio Esteves, Seymour Menton, Peter Burke, Clóvis Moura, Jacques Le Goff,
Marilene Weinhardt entre outros.
Palavras-chave: Literatura brasileira; afro descendente; discursos.
Resumo:
O presente artigo se destina a analisar uma composição poética da escritora angolana
Maria Celestina Fernandes, intitulada “Palhaço de laço”, e da escritora afro-brasileira
Geni Guimarães, “Plantio”, a fim de averiguar, nestas manifestações artísticas, o fator
identitário como estabelecimento de relações recíprocas com a memória coletiva. E, no
ritmo poético, perceber especificidades da literatura formulada por estas mulheres
negras para representação de si mesmas e dos grupos sociais descendentes de
africanos. Ao tecerem outros sentidos, outras significações, outras histórias, interessa-
nos observar como a palavra/escrita por elas processadas questionam representações
negativas geridas pela ideologia imperialista, que no injusto processo de invasão aos
territórios africanos e colonização brasileira impuseram a cultura e os costumes
europeus aos colonizados, fator legitimador de atrocidades, de exploração e
aniquilação dos valores civilizatórios das comunidades de etnias africanas. No plano do
discurso, as autoras sondam, imergem nos problemas resultantes das circunstâncias
que atravessam a vida das comunidades sociais dos povos negros, no devir de que as
(re)invenções oportunizem outras formas de se pensar as vivências. Tal
procedimento reveste-se pela ação política, já que a produção projeta subjetividades,
derivadas do conjunto de ideias, crenças de ordem individual e coletiva. A literatura
engajada feita por estas mulheres negras firma-se pela contestação, na denúncia às
reiteradas injustiças, ainda perpetuadas, alimentadas nos ideários de inferiorização ao
outro. Adotando a perspectiva do ser renegado, a de mulher negra, assumindo a
identidade com respaldo na memória ancestral, a escrita poética cinge-se da
Resumo:
O sistema educacional brasileiro passou por uma grande transformação no final do
século XX, incluindo, naturalmente, as escolas de Ensino Fundamental. Os índices
insatisfatórios de alfabetização preocupavam autoridades e estudiosos da área de
linguagem. Pesquisas referentes à aquisição da língua materna e ao processamento da
alfabetização começaram a ganhar notoriedade no meio acadêmico. A tais estudos
agregou-se o termo letramento, que passou a ser objeto de análise de diversos
pesquisadores. Tendo como foco o ensino de literatura, conceitos como letramento
literário, escolarização da literatura e ampliação de repertório passam a ser
fundamentais para que textos dessa modalidade tornem-se mais difundidos e
apreciados em nossas salas de aula, pois como aponta Antonio Candido em O direito à
literatura (2004), esta é uma necessidade universal, um direito e também fator de
humanização. Sabe-se que, ao ensino de literatura, não se destina o espaço que este
merece em nossas instituições de ensino. Inúmeras são as razões pelas quais esse
quadro assim se delineia: desde ausência de biblioteca nos estabelecimentos escolares
até falta de repertório do professor e lacunas na formação inicial dos profissionais do
quadro do magistério. Além disso, muitos alunos se sentem incapazes de compreender
textos mais complexos e, por conseguinte, veem-se desestimulados a leituras mais
densas. Entretanto, o quadro vem, paulatinamente, passando por alterações.
Aproveitando, oportunamente, essas mudanças, é que nossa proposta se volta para a
área do ensino de literatura canônica. Partindo dessa realidade e da necessidade de
modificá-la é que fazemos a proposta de uma experiência interventiva em uma turma de
Nono Ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Quilombo dos Palmares, de Juiz
Resumo:
A escolha pela obra de Carolina Maria de Jesus Quarto de Despejo. Diário de uma
favelada surgiu da necessidade de uma reflexão e compreensão desse tipo de
narrativa, a qual busca destacar a figura da mulher negra como personagem literário da
sua própria narrativa. Pensar nesse tipo de contexto requer uma análise de aspectos
relacionados à historicidade silenciada dos escravos e seus descendentes, assim como
o percurso das mulheres negras que deixaram de ser menores por suas condições e
passaram a recuperar suas identidades, a cultura e conquistaram a emancipação
através da escrita, ao que é exemplo de Carolina Maria de Jesus a qual analisaremos
no decorrer do trabalho. Por meio deste, a proposta do presente trabalho é observar e
construir elos reflexivos, assim como um itinerário entre o papel da mulher negra que
produz e como ela aparece no contexto da literatura, apontando a maneira
estereotipada que muitas vezes são vistas enquanto escritoras, as marcas do racismo e
as marcas da violência, sejam elas, psicológica, sociais e (ou) educacionais em relação
a essas mulheres que por vezes na arte são narradoras da sua própria história. Pensar
na sua des-relação canônica e a verificação da trajetória dessas mulheres invisíveis na
literatura. Faz-se necessário desenvolver uma melhor compreensão do percurso dessas
mulheres na literatura e na sociedade. A partir disso é possível enxergar que a
experiência da inserção da mulher negra na sociedade e na literatura fica cada vez mais
estereotipada se olharmos pela ótica da submissão. Neste aspecto, analiso a
importância da obra Quarto de despejo. Diário de uma favelada, de Carolina Maria de
Jesus, o qual será o alicerce da pesquisa para a concretização da análise proposta, pois
Resumo:
Jorge Amado é um dos escritores brasileiros que mais ultrapassou as fronteiras de
nosso país e chegou a outros por meio de sua produção, em grande parte, romanesca.
Ainda que de origem confortável no que tange a questão financeira, ele viveu e relatou
histórias pouco interessantes à população mais elitizada, já que a grande parte da
crítica contida em seus enredos era endereçada a esse público. Amado foi e é um
escritor popular. E isso, ao contrário de ser um demérito, fez com ele fosse conhecido e
reconhecido por abordar temáticas populares e ter o povo sempre como a sua fonte
inspiradora mais cara e matéria-prima essencial. O romancista abordou temas pouco
comuns em diversos momentos de sua trajetória. Ainda que haja percalços no
tratamento de alguns assuntos no conjunto de sua produção, o pioneirismo e a ousadia
de Amado ao colocar, em 1934, como protagonista do romance Jubiabá, o negro Baldo,
é algo digno de nota. Cabe ainda mencionar os elementos religiosos do Candomblé
que considerou em seus escritos. Não só neles, mestre Jorge quando deputado, na
década de 1940, lutou para a liberdade de culto. Na obra amadiana, o mote para as
histórias surge do cotidiano baiano/brasileiro, do povo simples, muitas vezes, desvalido,
contudo, dotado de uma resiliência intrigante e encantadora nutrida por alegria mesmo
que diante de dificuldades imensas. Amado trouxe para a construção de sua obra não
só a miscigenação que formou a gente baiana/brasileira, mas também a(s) maneira(s)
como essa população encontrou para sobreviver e ainda ser alegre. Assim, Jorge
Amado procurou evidenciar a mistura ampla e irrestrita de vários aspectos (raça,
crença, culinária, etc) da nação brasileira. Pensando na mistura que Jorge Amado
propôs ao criar Pedro Archanjo, o trabalho se dispõe a refletir sobre os mecanismos da
escrita amadiana e o impacto dessa produção na literatura e na sociedade. Para isso,
baseio-me em alguns autores bastante importantes a essa análise como Cândido,
Prandi, Hall, entre outros, que auxiliam no trabalho de investigação e interpretação das
propostas criativas de Amado. A partir de trechos selecionados da obra Tenda dos
Milagres (1968), mostro como a construção de Archanjo é feita da reunião de elementos
populares com base no caldeamento tão celebrado por Jorge Amado. Também, como o
escritor coloca em xeque o limite entre a realidade e o sobrenatural quando constrói o
Resumo:
Èṣù é membro presente na chamada Confraria dos Espertos, sendo que dela fazem
parte também os heróis e anti-heróis tidos como astutos, trapaceiros mas bom amigos
de todo o mundo. No caso brasileiro, para além da mística religiosa que cerca esse
Orixá, associações ao Saci Pererê, dialogando com o Coiote americano, ao Macaco
Chinês, ao Pedro Malasartes ibérico, ao Mercúrio greco-romano, ao Anansi africano e
ao germânico Loki (MARTINS, 2011). Para além das associações, importaremos
observar a sua manifestação como aquele que é poetizado pelo eu-lírico de Abdias do
Nascimento no poema "Exu" (1955) e de Guellwaar Adún em "Padêlicença" (2016). A
partir de duas lendas vindas de África, que falam de esperteza, sobrevivência e de
trabalho, nas entrelinhas desse olhar maneiro dos dois autores que aqui cotejamos,
intentamos observar outras formas de narrar poeticamente e afrodescentemente, as
lacunas observadas pelo fazer literário no Brasil, ainda desinteressado pelas coisas que
são ausentes: a presença literária afrodescendente. Nesse sentido, pensar os
paradigmas da Lei 10.639/03, já maltratada pelo apagamentos político desinteressado
da diversidade, é o que buscaremos também, apontar nessa análise.
Palavras-chave: Èṣù; Literatura afrodescendente; poéticas orais.
Resumo:
Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, propiciou grande polêmica após sua
publicação em 1960, por sua autora ser mulher, negra, mãe solteira, catadora de papel
e moradora de um bairro desprestigiado, além de ter cursado apenas até o segundo ano
do ensino fundamental. Essa migrante de Sacramento, moradora da favela do Canindé,
que além de livros, produziu crônicas, contos, máximas, romances e músicas,
conseguiu revelar temas que vão além de um relato sobre a indigesta realidade dos
favelados na década de 1950. Além de evidenciar os costumes dos habitantes da
favela, a violência, a miséria, a fome e as dificuldades para se obter comida, a autora
conseguiu incutir na obra, por se tratar do seu cotidiano, fragmentos dos diversos tipos
de preconceito que sofreu. Dessas marcas, deixadas pela autora, que contrastam um
“Eu” (Carolina), considerado como o modo como ela se enxerga, com um “Ela”
(Carolina), considerado como o mundo a enxerga, surge esse trabalho, que tem como
objetivo destacar os preconceitos sofridos por Carolina Maria de Jesus, relacionados à
construção da sua identidade como mulher negra, no intuito de evidenciar quão
grandiosa era sua força feminina, apesar de todas as dificuldades. Tendo em vista as
condições físicas e sociais que envolvem a figura da autora, faz-se necessário tratar das
condições que propiciaram a publicação do livro, já que a autora representa uma
confluência de improbabilidades, devido ao contexto social no qual se insere.
Igualmente, devem-se tecer considerações à respeito da escrita da escritora, não só por
ser um assunto controverso, apontado no estudo da transposição da escrita cursiva
para a letra de forma, realizado por Perpétua (2011), no qual se evidencia a intenção do
editor de compor uma imagem da autora diferente da que aparece no manuscrito e por
meio de acréscimos, substituições e supressões, procedimentos com base no processo
de verossimilhança, ou seja, uma tentativa de adequar uma imagem de Carolina a sua
condição social; mas acima de tudo, para destacar a posição social em que ela, como
mulher e negra, estabeleceu por meio da escrita.
Palavras-chave: Quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus, preconceito, mulher
negra, escrita como ascensão social.
Resumo:
Este estudo é parte de uma pesquisa que se debruçou sobre a autoria feminina afro-
brasileira, especificamente, sobre as escrevivências de Conceição Evaristo. Neste
sentido, por entender que há uma condição social, cultural e historicamente construída
para negros e negras nas veias da Literatura Brasileira, salienta-se a importância de a
Literatura Negra ou Afro-brasileira caminhar na desconstrução desse olhar
estigmatizado e, de certa forma, naturalizado acerca da população afrodescendente, em
especial, das mulheres negras. Em conformidade com os subsídios teóricos voltados
para a vertente afro-literária, os conceitos bakhtinianos de alteridade, dialogismo e
polifonia foram utilizados como metodologia, pela possibilidade de visibilizar as muitas
vozes imbricadas na escrita de Conceição Evaristo. Dentre outras coisas, constatou-se
que a linguagem literária da autora, além de ser um reflexo da sua própria vivência, bem
como de muitas outras vozes silenciadas, de muitas outras mulheres negras, representa
um movimento constante de firmar-se no mundo enquanto sujeito. Pode-se inferir,
ainda, que a narrativa evaristiana se configura como a representação de uma voz que
caminha ao encontro da construção identitária da gente negra. Neste trabalho, será
apresentada parte das considerações acerca do romance Becos da Memória (2006)
retirada do corpo da dissertação, cujo intuito é o de publicar sob a forma de artigo, haja
vista a grandeza em fazer circular as vozes das mulheres, sob a égide da autoria
feminina. Não é muito reiterar que a narrativa de Becos poderia ser a representação das
vivências de muitas mulheres, em especial, de mulheres negras, tão bem retratadas a
partir da obra de Conceição Evaristo. A Literatura Afro-brasileira abre suas cortinas para
o protagonismo das mulheres negras, trazendo-as para a cena principal, devolvendo a
elas o direito de gerir e serem donas das suas próprias histórias, tornando-as sujeitos,
outrossim, libertando-as da hiperssexualização, herança patriarcal e brancocêntrica que
silenciou, estigmatizou, invisibilizou e suprimiu a identidade das mulheres negras
perante os vieses literários canônicos. No palco da Literatura, entra em cena uma outra
história, escrita a partir de mãos negras, negros são os protagonistas, negras são todas
as vozes.
Palavras-chave: Autoria feminina; Conceição Evaristo; Literatura Afro-brasileira;
Gênero; Identidade.
Resumo:
O presente trabalho possui como objetivo apresentar, por meio de uma análise das
obras O vendedor de Passados e A vida no Céu, do escritor angolano José Agualusa, a
temática do sonho, visando destacar, primeiramente, algumas das formas sob as quais
o sonho tem sido tomado ao longo do tempo. Em um segundo momento, a partir da
análise de alguns trechos significativos, tencionamos demonstrar a importância desta
temática para a economia da obra de Agualusa. Desde os tempos mais remotos o
homem apresenta uma profunda relação com o sonho. Como referencial teórico sobre o
sonho, utilizamos em nossas considerações algumas definições do vocábulo sonho,
presentes tanto no Dicionário de Termos Literários quanto ideias presentes nos artigos
“O sonho e a literatura: Mundo grego”, de Adélia Bezerra de Meneses,que encabeça
alguns pensadores literários como Borges(1986) e Ricouer(1977), “Os sonhos parecem
literatura em estado puro”, de Teolinda Gersão e um artigo publicado no site
Literatorutra, intitulado “A literatura tem mais de sonhos do que imaginamos”. No
tocante à sua relação com a Literatura, valemo-nos de artigos do próprio José
Agualusa, como “O sonho merece mais atenção”, publicado no site Visão, e “Louco é
quem não sonha, publicado na Revista Pazes”, e o trabalho de Patrícia Cassese,
“Agualusa, tradutor de sonhos”, publicado no site O tempo. No período primitivo, muitas
das pinturas rupestres se constituíam de rememorações de sonhos, visões para o
momento da caçada; na Grécia antiga, berço de nossa civilização ocidental, marcada
pela intervenção quase direta dos deuses na vida dos indivíduos, a figura dos oráculos
gozava amplo respeito e admiração. Considerada uma espécie de emissário divino, era
consultada constantemente a respeito dos mais diversos temas e anseios humanos.
Freud, na virada do século passado, revolucionou os estudos psicanalíticos ao
considerar a importância do subconsciente. Deixando o âmbito mais geral,
direcionando-nos para as fontes de nossa análise, quando lançamos um olhar para a
tradição, história e memória dos povos africanos, vemos que, por vezes, o sonho,
instância irreal e imaterial, emerge como tênue fio a sustentar as esperanças de tempos
melhores, dignificando a luta de seus predecessores, em busca de um devir
compensador. Prova disso pode ser vista já no primeiro romance supracitado, em que a
personagem protagonista Félix Ventura, em meio a uma Angola pós guerra civil, tem
como profissão a tarefa de recriar, por meio de informações pedidas por seus clientes,
bem como fotografias antigas, filmes e notícias, um “novo passado” a seus clientes,
quase todos pertencentes a uma elite, e desejosos de uma “herança familiar nobre”.
Destacam-se nesse ínterim a personagem inicialmente nomeada de estrangeiro, a qual
serve de metáfora para a busca de uma identidade que já não se pode desgarrar
completamente dos traços europeus, e que ao mesmo tempo, vê a necessidade de
retomar e fazer presente as características autóctones. Além do sonho de uma “Nova
Angola” paradoxalmente junto à necessidade das personagens de um “novo passado”,
vemos materializada na obra a temática do sonho em relatos da personagem-narradora
Eulálio, uma lagartixa que vive com Felix Ventura (ao todo são seis sonhos, nos quais a
osga relembra parte de sua uma possível vida anterior, na qual possuía a forma
humana, incutindo nestes momentos importantes reflexões sobre a vida e a condição
humana). Em A vida no céu, romance “ecológico” ambientando em uma sociedade pós
apocalíptica, vemos a modificação do sonho da raça humana, não de ir aos céus ou
explorar os mares, mas de voltar a encontrar terra firme, bem como é possível, de modo
semelhante ao que fora feito com o romance O vendedor de passados, encontrar uma
personagem ligada mais diretamente à questão do sonho, Sibongile (chamada também
de Bongi), uma curandeira que aprendeu a interpretar os sonhos.
Palavras-chave: José Agualusa; Romances; Sonho; literatura africana ; identidade
Resumo:
O início do movimento feminista trouxe o debate pela afirmação de uma identidade
representativa a todas as mulheres. Porém, fez-se necessária a reflexão que existem
grupos de mulheres, como também romper com a ideia equivocada de universalidade
feminina, compreendendo as diferenças de identidades existentes. Logo, não há apenas
“mulher”, mas, “mulheres” que formam a pauta de reivindicações de umas, não
necessariamente de todas. Com a finalidade de traçar pontos afins entre as teorias
sobre o feminismo negro, tomou-se por base os estudos de duas autoras, Chandra
Talpade Mohanty(1955 - ), teórica feminista pós-colonial , transnacional e Lélia
Gonzales (1935 – 1994), antropóloga e militante do movimento feminista negro do
Brasil. Ambas escritoras comprometidas com defesa de um feminismo descolonizador,
com processos de resistência, com a práxis feminista anti-capitalista, educação anti-
racista, e a construção de uma solidariedade não-colonizadora. Para isso, foram
escolhidos os textos de Mohanty: Under Western Eyes: Feminist Scholarship and
Colonial Discourses escrito em 1986, uma crítica ao universalismo assumido pelas
mulheres do terceiro mundo no conhecimento ocidental, consideradas pobres,
ignorantes, controladas sexualmente, não educadas, tradicionais, domésticas, presas às
famílias, vitimizadas versus o estereótipo de mulher ocidental, considerada educada,
moderna, capaz de controlar seus corpo e sexualidade, livre para tomar suas próprias
decisões. Em 2002, Mohanty faz uma análise de conjuntura de seu ensaio, abordando
nova temática – a globalização – que é determinante para contextualizar a condição de
mulheres e meninas não brancas do 3º. Mundo. Os textos de Lélia Gonzalez, A questão
negra no Brasil de 1981 e A mulher negra na sociedade brasileira de 1982, apresentam
elementos da teoria marxista para explicar hierarquias sociais simbólicas e materiais.
Gonzales afirma que o racismo é uma ideologia que favorece a exploração capitalista,
pois o ele possibilita estabelecer ideologia, ele institui sua eficiência estrutural ao
promover a divisão racial do trabalho e, assim, atuar na definição das classes sociais,
funcionando como um dos critérios de maior importância na articulação dos
Resumo:
Os discursos sobre os nativos da terra condensaram identidades de diferentes povos
sob um mesmo nome, índios, com isso desenharam e unificaram imagens/vozes,
suprimindo diversidades, resumindo culturas. O desafio no cumprimento da Lei
11.645/08, sobre as questões de cultura, história, dos povos originários, na formação da
cultura brasileira, começa justamente nesse ponto: há de se reescrever muitas das
informações e conhecimentos produzidos ao longo do processo colonial, bem como
reavaliar os registros históricos, uma vez que os diferentes aspectos culturais dos povos
nativos eram narrados a partir do olhar do não índio sobre estas diferentes culturas.
Dessa forma, o ponto de vista, a voz indígena não foram levados em consideração, não
há muitas publicações, documentos destas vozes, há muito acerca delas. Quando
pensamos nas diferenças culturais das etnias, as diversas narrativas cosmogônicas,
mitos, rituais e, principalmente, o respeito a estes em sala de aula, compreendemos que
a tarefa está apenas começando. Nesse sentido, nossa proposta deste texto é refletir
sobre as textualidades indígenas, conceitos, implicações, a partir de nossas
experiências e dificuldades diárias. Ao iniciar o trabalho com a temática das
textualidades indígenas a primeira pergunta que escutamos dos colegas e alunos foi:
qual o critério de escolha dos autores a serem estudados em sala de aula? Pergunta
pertinente, ao mesmo tempo, respondê-la significa dar conta de critérios
academicamente aceitos, fazer escolhas, uma vez que estes, os autores indígenas, não
constam de listas de vestibulares ou de manuais didáticos de literatura que os
classifiquem. Ao superar esta primeira dificuldade, surgem outras, tais como, encontrar
os livros a serem trabalhados, com critérios aceitos/propostos por teóricos de literatura,
decidir o que trabalhar e como. Após decidir sobre o texto escrito, há de se considerar
que o termo “textualidades” não se restringe ao livro impresso, é preciso ter presente as
Resumo:
Este trabalho buscou refletir acerca dos estereótipos da criança negra, na literatura
infantil. Em um país de histórico escravista como o Brasil, em que a marginalização do
negro se fez durante séculos e, de certa forma, perdura até a atualidade, é importante
que se volte o olhar para averiguar como se dão as questões raciais na literatura
direcionada às crianças, percebendo se os textos literários apresentam crianças negras
de forma estereotipada e preconceituosa, ou se, ao problematizarem a questão do
preconceito, possibilitam a identificação, a inclusão, a superação dos estigmas e o
respeito à diversidade étnica e cultural. Em contato com a ficção, a criança vivencia
novas experiências a partir de situações conhecidas e vai alargando seu conhecimento
sobre o mundo e se instrumentalizando para o enfrentamento e compreensão de novas
situações que surgirão no decorrer de sua vida. É através das experiências psicológicas
e sociais que as histórias abordam que vai se tornando mais conhecedora de outras
realidades e passa a dominar melhor as dificuldades que encontra. Por isso, o texto
literário dirigido ao público infantil é tão significativo: ele permite que a criança expanda
seus conhecimentos cognitivos e psicológicos numa fase de extrema importância para o
desenvolvimento humano. É a infância um momento delicado na formação do ser.
Deste modo, a literatura relaciona-se com a criança porque permite que ela, por meio da
imaginação, faça reflexões sobre a realidade que vive. Se o fator social perpassa a
literatura, é possível dizer que as relações raciais podem ser reveladas ideologicamente
na literatura infantil. Conforme o proposto, assim, foram analisadas algumas obras com
o intuito de verificar como a criança negra é caracterizada na literatura que circula entre
crianças brasileiras. Ao longo da análise, procurou-se observar como a criança negra é
apresentada nessas obras: se o autor segue o estereótipo de inferioridade racial criado
acerca do negro na sociedade brasileira, ou se rompe com o mesmo, respeitando a
identidade negra como constituinte dessa sociedade. Desta maneira, as obras Xisto e
Xepa, de Cristina Porto, Manu das noites enluaradas, de Lia Zat, Felicidade não tem
cor, de Júlio Emílio Braz e Flora, de Bartolomeu Campos Queirós, foram analisadas
com o intuito de verificar se a criança negra aparece como protagonista, como é
caracterizada fisicamente e como ela própria se vê: eis o motivo instigante que move
esta pesquisa. Para a realização desse trabalho, buscou-se o embasamento teórico de
autores como Florestan Fernandes (2008) e Rosangela Malachias (2007), dentre outros.
Palavras-chave: Infância; criança negra; literatura infantil; estereótipos; ruptura.
Resumo:
A literatura de autoria feminina brasileira tem sido tema recorrente em trabalhos
acadêmicos na tentativa de evidenciar vozes antes silenciadas na literatura. Observou-
se que, pelo empenho das escritoras em trazer para o interior da narrativa vozes
anteriormente ausentes, no que diz respeito tanto à produção de literatura por mulheres
quanto à representação de personagens antes não privilegiadas no texto literário,
inverteu-se o padrão hegemônico masculino, branco e heterossexual até então
representado na literatura. Embora este processo tenha ocorrido e ainda ocorra de
forma demorada, como verificado na pesquisa realizada por Dalcastagnè (2008), a
representação da mulher na literatura tem ganhado seu espaço, produzindo, a partir da
escrita feminina, uma literatura com novas perspectivas e novos contornos. Neste
sentido, nos interessa observar as construções e representações da literatura de autoria
feminina negra; o espaço reservado às escritoras negras; a presença e/ou ausência
dessas produções em um panorama de obras publicadas e o modo como essas
produções dialogam com o restante da literatura produzida no país. Quarto de despejo
(1960) é exemplo de como, neste contexto de literatura produzida por mulheres, o sexo
feminino, marginalizado histórico e literariamente, ganha espaço e voz no interior do
texto literário. É por meio de sua obra que Carolina Maria de Jesus (1960) suscita um
despertar para a condição de marginalidade vivida pela mulher negra no país e mostra
que é possível à mulher resistir e deslocar-se da condição de objetificação em que é
colocada e transformar-se em sujeito. A leitura, consequentemente, com base na teoria
e perspectiva proposta possibilita a reflexão sobre a representação da escrita feminina
negra no país e descreve a dura realidade vivida pela mulher negra habitante da
periferia brasileira na época em questão. Diante disso, justifica-se o uso de teorias que
contemplam temas relacionados à crítica feminista, estudos de gênero, representação,
raça e cultura. Como aporte teórico, nos embasamos na Crítica Feminista
Angloamericana que se ocupa da denúncia das arbitrariedades e formas como são
RESUMO 14
Resumo:
Nosso objetivo é desvelar e conhecer um pouco da identidade ameríndia, por meio de
uma escuta, coletando histórias envolvendo o mito/mítico/memória, preservando
saberes da identificação étnica no registro de uma possível textualidade de valores
culturais da etnia Terena. A constituição desta identidade refere-se a história dos
indígenas da etnia, o local no qual estão inseridos (BHABHA, 1998). Nossa pesquisa ao
coletar vozes contemporâneas colabora na construção cultural da identidade sul-
matogrossense, pois a coleta da voz escolhida permite, auxilia, apresenta e valoriza a
interação de algumas vivências do cotidiano, da trajetória do dia-a-dia. Conhecemos o
valor e a importância da Lei nº 9.795/99, o Decreto 4.281/2002 e à Resolução CNE/CP
nº 2/2012. Sendo que o Art 11 da Lei nº 9.795/99, ao enfatizar a dimensão ambiental,
justifica nossa procura desta interseção ambiental/humana, resignificando os saberes
étnicos, nosso trabalho tem cunho etnográfico, dialoga com vozes e é subsidiado pelo
mote bibliográfico da fenomenologia e alguns apontamentos culturais coletados da
língua materna. Por meio da coleta de vozes, os mitos, e as simbologias artísticas se
manifestam, pois ao olhar, ouvir e registrar as vozes indígenas revive-se a oralidade
cultural. O apoderamento do colonizador nos trouxe o óbito cultural das culturas
tradicionais indígenas, neste desenraizamento perdeu-se os meios materiais/imateriais
do que é original, dos princípios que explicam a existência humana, afinal quem somos
nós? O que significa sermos seres humanitários? De onde viemos? Como cuidar de
nossa casa, planeta terra: Tudo o que há no universo cósmico há ligação com o ser
humano ou o ser humano está ligado ao cosmo? Estamos aqui por um mero acaso?
Esta condução interrogativa vem ao encontro da nossa pesquisa, pois o olhar a tudo
Resumo:
A presente pesquisa faz referência a análise do livro juvenil Pretinha, eu? Do autor Júlio
Emílio Braz que tem como principal linha temática o racismo. Temos como principal
objetivo a análise do livro juvenil Pretinha, eu? de Júlio Emílio Braz, publicado em 1997,
com o intuito de apresentar como ocorre a abordagem da discriminação e do
preconceito racial no cotidiano das crianças e jovens afrodescendentes, discriminação
essa que é sofrida pela personagem protagonista Vânia durante a história narrada no
livro. Para tal, primeiramente, nós nos pautaremos em conceitos teóricos apresentados
por Regina Zilbermanm (2006), Dulce Suely Castilho (2004) e Florestan Fernandes
(1772), além de Silva e Silva (2011). A análise foi realizada em duas etapas: em um
primeiro momento fizemos um levantamento teórico sobre a descriminação racial
buscando afirmações de teóricos especializados na área, com essas teorias elencadas
faremos então uma análise a partir de fragmentos do livro estudado, Pretinha, eu?
(BRAZ, 1997). A escolha pela temática, discriminação racial, retratada no livro Pretinha,
eu? se justifica por ser um tema cotidiano entre muitos adolescentes e jovens
considerados afrodescendentes. No livro encontramos, de maneira clara, essas
nuances do racismo presentes em nossa sociedade, de modo geral o racismo pode ser
demonstrado pelos conceitos de autores já citados anteriormente, e como a negritude é
retratada na literatura juvenil. Durante a análise percebemos que há um grade didatismo
no tratamento do tema racismo: percebe-se claramente que a obra tem uma destinação
paradidática. Porém, mesmo assim, reforçamos a importância de obras como Pretinha,
eu? Como obras importantes pelo tratamento temático e por ter como protagonista que
se depara com enfrentamentos importantes, no contexto social atual.
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo entender as noções de corpo na dramaturgia de Nelson
Rodrigues, enfocando, principalmente, as relações que as personagens da peça Álbum
de família, escrita em 1945 pelo referido dramaturgo, estabelecem com os seus e com
os corpos alheios. Segundo o crítico teatral Sábato Magaldi, além da instauração da
modernidade no teatro brasileiro, uma das principais marcas de toda a produção teatral
de Nelson foi a exposição significativa dos considerados temas tabus (tais como
Resumo:
Resumo:
Resumo:
A dramaturgia norte-americana contribuiu, em grande parte, para a modernização do
teatro brasileiro a partir do final da década de 40 bem como proporcionou, por meio da
arte teatral, a consideração de questões sociais recentes na história do Brasil, mas
intocadas pela dramaturgia local. Especialmente por esse fator, decorre a necessidade
de se compreender a história do teatro moderno norte-americano além dos limites da
crítica corrente e da história oficial que, por vezes, negligenciam os aspectos mais
significativos de um teatro assumidamente político e intrinsicamente social. É sempre
importante lembrar que o teatro nos Estados Unidos foi, primeiramente, comercial:
espetáculos ambiciosos, encenados em amplas casas durante o apogeu da Broadway
no início do século XX, resultados de grandes produções e elencos numerosos. Em
oposição a esse teatro, surge em meados da segunda década do século XX, um
movimento formado por diferentes grupos teatrais e intitulado Little Theatres. Tal
designação referia-se, justamente, ao teatro off-Broadway, e às companhias que
compunham esses grupos, que possuíam elencos fixos, desvinculados de estrelismos e
que montavam peças de dramaturgos locais. Deve-se considerar ainda, no âmbito
histórico, a formação da população estadunidense e, principalmente, da classe
trabalhadora, resultante da imigração de diversas partes da Europa, exortada por
experiências sindicalistas e teatrais. Apesar de não ser reconhecida pela história oficial,
a classe trabalhadora exerceu um papel decisivo na constituição do teatro
estadunidense do século XX, mediante a montagem de peças agitprop, por exemplo. A
busca por inovações cênicas e dramatúrgicas ensejada pelo teatro de grupo e a
articulação política e social da classe trabalhadora no âmbito teatral possibilitaram, em
grande medida, as inovações formais relacionadas ao teatro épico e, portanto,
desprendidas dos valores do mundo burguês. Trata-se, propriamente, da crise do
mundo burguês representado pela Primeira Guerra e os anos subsequentes que
culminaram na Grande Depressão Americana, no plano econômico – conjuntura
importantíssima na história teatral norte-americana, principalmente considerando os
conturbados anos 30 e a inerente militância de esquerda desse período – e da crise
política, que levariam à Segunda Guerra Mundial. O capítulo do teatro americano em
foco parte dessas premissas históricas e estéticas para ser construído, o que em curto
espaço de tempo será abafado e sufocado, com a retomada do teatro comercial.
Resumo:
Apesar de o teatro ter passado por inúmeras inovações e avanços ao longo do tempo,
ainda é possível encontrar vários grupos teatrais na atualidade que limitam as suas
representações ao princípio da mimese aristotélica. Teóricos e dramaturgos, como
Constantin Stanislavski (1863-1938), foram capazes de criar e desenvolver técnicas
para trazer mais emoção às representações teatrais, focando, por exemplo, na forma de
preparação do ator; práticas como esta foram e ainda são muito aceitáveis no meio
cultural e teatral até hoje. Foi a partir dessa proposta de preparação do ator, criada por
Stanislavski, que Antonin Artaud (1896-1948) e, mais tarde, Jerzy Grotowski (1933-
1999) passaram anos de suas vidas se dedicando à arte de não interpretar em busca do
ser teatral. A ideia desses autores era a criação de uma dicção artística que fosse não
simplesmente de extrema fidelidade com o real, mas que possibilitasse a
experimentação da própria realidade, colocada diante do público. “Queremos fazer do
teatro uma realidade na qual se possa acreditar, e que contenha para o coração e os
sentidos esta espécie de picada concreta que comporta toda sensação verdadeira”
(ARTAUD, 2006, p. 97). Com isso, Artaud e Grotowsky tencionaram renovar o teatro
com um outro olhar e uma nova perspectiva, uma vez que, para eles, arte teatral é mais
do que uma encenação ou uma representação de um “fazer ser” o que não é. O teatro
está aquém e além de palco, luzes e efeitos sonoros, pois não se limita a um abre e
fecha de cortinas e de reações previsíveis. Esses encenadores e teóricos, então,
desenvolveram uma nova noção de “interpretação”, tensionando a relação ator e
espectador, tirando este da passividade a partir do trabalho psicofísico daquele. Desse
modo, a teoria da preparação do ator criada por Stanislavski não foi suficiente para
abranger e abarcar a grandeza e ousadia do Teatro da Crueldade de Artaud e do Teatro
Pobre de Grotowsky. Assim sendo, este trabalho tem por objetivo delinear as diferenças
e as semelhanças dessas duas propostas que revolucionaram o teatro no século XX,
tomando por base O teatro e seu duplo (2006) de Antonin Artaud e Em busca de um
teatro pobre (1992) de Jerzy Grotowski. O objetivo é estabelecer relações entre as
obras e suas propostas na tentativa de entender não só as potencialidades dessas
teorias, mas também suas limitações, que foram desfavoráveis para a sua prática. A
intenção desta pesquisa não é relatar o que foi o Teatro da Crueldade de Artaud ou o
Teatro Pobre de Grotowski, e sim encontrar linhas de conexão e de fuga (DELEUZE;
GUATTARI, 1995) entre essas ideias, considerando-as em seus respectivos contextos
histórico-culturais (francês e alemão) e sem desconsiderar a importância dos
Resumo:
Resumo:
As mulheres são presenças fundamentais na dramaturgia de Nelson Rodrigues e em
Valsa no. 6 a representação do feminino se constrói especialmente pela entrada da
protagonista, na passagem dos 14 para os 15 anos, na vida adulta, e com o início da
atividade sexual, logo, é a sexualidade da mulher e as interdições morais que pesam
sobre ela o foco da peça. Embora trate-se de um monólogo, muitas vozes sociais
habitam o dizer da adolescente Sônia, configurando uma interdição moral à realização
dos desejos sexuais femininos, pois a personagem, apesar da busca por sua
identidade, é moldada pelo olhar e julgamento do outro, dando voz ao discurso de
outros personagens e assumindo para si uma máscara social. Aliás, trata-se de
abordagem recorrente na dramaturgia de Nelson Rodrigues, que em muitas de suas
peças permite que a mulher tenha um comportamento transgressor no exercício da
sexualidade, seja traindo o marido, como em A falecida, ou desejando o próprio filho,
como em Álbum de família, contudo, essa liberalidade é frequentemente punida com a
morte. Em Valsa no. 6 chama a atenção o modo como o autor estabelece relação
estreita entre forma e conteúdo ao eleger o monólogo para construir essa arena
discursiva, como diria Bakhtin, na qual digladiam-se as vozes dos genitores, do médico,
de vizinhos e, especialmente, da consciência fraturada de Sônia, que, em busca de sua
identidade, acaba por tornar evidente a cisão de personalidade entre aquela que admite
o desejo por Paulo e a relação com um homem casado e a que nega peremptoriamente
a possibilidade de praticar esses mesmos atos. Sônia, ao exercer sua sexualidade,
perde sua identidade, dividida entre a educação religiosa e os desejos proibidos, como
se houvesse duas Sônias, uma pura e ingênua e uma outra que carrega a marca da
vergonha e da perda da pureza. O monólogo, enquanto forma dramática, tem a potência
de revelar o íntimo da personagem, assim como pode constituir uma mise-en-scène em
que vários discursos se desenrolam pela subjetividade de uma única personagem,
levando o teatro para além da representação nos moldes realistas. Esse dialogismo
incorporado à forma do monólogo só é possível porque o texto dramático é
intensamente teatral e performático, fazendo da presença da protagonista em cena um
modo de multiplicação de perspectivas ideológicas, para o que contribuem as
frequentes quebras da quarta parede, recurso raro em Nelson Rodrigues, mas muito
eficiente para a construção formal da peça e a revelação da subjetividade da
personagem e sua constituição como mulher.
Resumo:
Esta comunicação tem como objetivo analisar a apropriação crítica de gêneros cômico e
musicado da tradição teatral da segunda metade do século XIX por Mário de Andrade
em sua peça-coral Café, no século XX. Noutras palavras, embora não seja correto dizer
que Mário de Andrade seguiu à risca uma dessas formas, é inquestionável que elas
constituem uma história cultural que faz parte do seu repertório. Dessa forma,
precisamos retomar tradições específicas de nosso teatro que dialogam com as buscas
estéticas do modernismo. Nesse sentido, o estudo parte da recapitulação de alguns
momentos da história do teatro brasileiro, isto é, a tradição do teatro cômico e musicado
do século XIX, as Revistas de Ano e as Comédias de Costumes. Todavia, não
analisaremos influências diretas dessas formas do século XIX no século XX, mas é
importante, para o estudo da obra de Mário de Andrade, conhecer formas alegóricas de
teatro e o teatro musicado, matrizes do teatro político brasileiro. Autores importantes
para esse percurso são Iná Camargo Costa (1998), Roberto Ruiz (1988) e Neyde
Veneziano (1991; 1996 e 2010), dentre outros. Esses autores valorizam, através de
uma leitura dialética, a importância da tradição cômica e musicada do século XIX para o
teatro brasileiro, em contraposição às leituras equivocadas e de juízo de valor feitas
sobre esta tradição e que ainda são voz corrente. Com base nesses autores, podemos
nos referir, principalmente, à linhagem de comédia rebaixada do século XIX, tão
importante quanto esquecida e, talvez até pior, desvalorizada por sua suposta
irrelevância. Os desdobramentos da segunda metade século XIX para o século XX
fazem sentido, pois autores como Martins Pena, Artur Azevedo e França Júnior nos
auxiliam a entender o projeto e o resultado do trabalho teatral de Mário de Andrade.
Café (1933/1942) deu expressão artística à crise econômica e política que se seguiu à
quebra da economia cafeeira em 1929/30. Projeto cuidadosamente elaborado e que se
destacam pela perspectiva crítica, pelo engajamento social, pela busca estética e por
recursos épicos, expressionistas, cômicos, farsescos, alegóricos, etc.Trabalhos como os
de Mário de Andrade são poderosos materiais para colocar em evidência a
complexidade das obras produzidas nessa tradição do século anterior. Isso nos permite
retomá-lo e verificar a predominância de características modernas como o
enfraquecimento do núcleo dramático principal, por meio de conflitos frágeis e de
personagens sem identidade, pela exposição do contexto social em primeiro plano, pela
remissão ao entrave social brasileiro, pela alegorização do Brasil etc. Logo, interessa
compreender como essa retomada demonstra que o teatro brasileiro do século XX se
beneficiou dos recursos estéticos largamente utilizados pelas nossas comédias e pelo
Teatro de Revista. Todavia, Mário de Andrade não os utilizam como cópia, mas para
alcançar objetivos diversos, lutando contra outras formas consagradas, em um tempo
com novas demandas históricas e estéticas.
Resumo:
empresas, alguns grupos teatrais procuraram retomar aquela forma dos anos de 1960,
revisitando o teatro de grupo como criação coletiva e dialética, aliando cena à pesquisa
continuada e procurando se colocar no debate da relação entre arte e sociedade.
Alguns desses grupos surgiram dentro de movimentos sociais como o MST, tratando a
arte não como mero entretenimento, mas como uma maneira de resistência contra a
cultura hegemônica. Nesse contexto, surge em junho de 2001, no Rio de Janeiro, a
Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré, enquanto ocorria a segunda
etapa nacional de formação de curingas com o Centro do Teatro do Oprimido – CTO de
Augusto Boal. A partir do treinamento de militantes nas técnicas do Teatro do Oprimido,
formaram-se oficinas em assentamentos e encontros do MST por todo o país. A
publicação que usamos como base para nossa análise já é o resultado de um processo
de criação, encenação, discussão e publicação (por conta do registro de uma história
pouco estudada), que indicam um processo de consolidação dos mais importantes.
Para esta comunicação, foi elencada uma das três peças do MST analisadas no
decorrer do projeto: A farsa da justiça burguesa, um texto de teatro épico, escrito por
Sérgio de Carvalho, diretor da Cia do Latão, a partir de uma proposta feita pelo grupo
Filhos da Mãe... Terra. A peça foi elaborada para a quarta etapa do Teatro Procissão,
que foi realizada em Brasília no ano de 2005. A fábula da gira em torno do julgamento
de um militante que, em uma chacina, fingiu-se de morto para não ser executado. A fim
de alcançar os objetivos do projeto, a pesquisa foi guiada à luz da crítica materialista e
do teatro dialético, com caráter bibliográfico e analítico, partindo do estudo das formas e
chegando à análise da peça escolhida.
Palavras-chave: Teatro e sociedade; Teatro épico-dialético; MST.
Resumo:
Resumo:
O pensador húngaro Georg Lukács procurou demonstrar em seus ensaios, de teor
marxista, que, de um quadro de imposição ideológica burguesa sobre os setores da vida
social emergiu um pensamento que refletia a decadência do mundo burguês. Trata-se
de um momento no qual a burguesia, já consolidada como classe dominante, faz surgir
o proletariado como classe oposta e tal conformação na luta de classes, que deixa às
claras as contradições capitalistas, é o que determina a sua decadência. Desse modo,
de acordo com o pensador, quanto mais emergem as contradições capitalistas, mais
grosseiras se tornam as formas para glorificar e falsear a classe burguesa, assim como
caluniar o proletariado revolucionário e os trabalhadores rebeldes. Nesse sentido, a arte
e a literatura dentro de um quadro de decadência burguesa se preocupa com a
obtenção de um reflexo deformado da realidade objetiva, representando homens e
vivências singulares, deixando de relacionar homens e vivências ao conjunto das
relações sociais. O realismo crítico deve, segundo Lukács, opor-se a essa tendência de
falseamento burguês e apreender as determinações essenciais da luta de classes.
Partindo desse pressuposto, o presente trabalho tem como objetivo a análise das peças
Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri e A Invasão, de Dias Gomes,
levando em conta os ecos do realismo crítico de matriz naturalista no teatro moderno
brasileiro. A primeira, que estreou nos palcos em 1958 e tendo uma situação de greve
como eixo central, cujo enredo demarca a reivindicação por melhores salários por parte
de operários moradores da periferia, aponta para uma situação coletiva, de toda uma
classe lutando contra uma situação opressora. A segunda, escrita em 1960, tem como
eixo os desabamentos quase rotineiros nos morros cariocas que levam um grupo de
sem-tetos a invadirem o esqueleto de um edifício em construção, vivendo um clima de
opressão marcada por políticos demagogos e negociantes inescrupulosos. Os invasores
na peça de Gomes demarcam a heterogeneidade de objetivos de uma massa sem
perspectivas de melhora, cujo único fator de igualdade é a miséria que compartilham.
Ambas as peças focalizam o proletariado das grandes cidades, desprovidos de
heroísmo e singularidade, servindo apenas como massa de manobra em espaço isento
de protagonismo e marcado pelo dilaceramento do homem em nome do lucro. O que
pretendemos mostrar, através dessas peças, além da formação de uma acumulação
estética inovadora no teatro brasileiro, é que tanto Guarnieri como Gomes buscam não
somente descrever situações de opressão como elas são, mas analisar como essa
opressão se naturaliza no cenário sócio-político brasileiro.
Resumo:
A presente comunicação, fundamentada na crítica literária materialista, se propõe a
estudar parte da dramaturgia de Chico Buarque enquanto arte de resistência em meio
ao contexto sócio-histórico no qual se insere uma vez que seu contexto de produção
envolve a Ditadura Militar brasileira. Em nosso recorte, abordaremos – em níveis
formais e temáticos – a peça Gota d’água: uma tragédia brasileira (1975), escrita por
Buarque em parceria com Paulo Pontes, por meio da perspectiva épico-dialética e em
sua potência enquanto médium-de-reflexão da vida social. Para tanto, se faz oportuna,
num primeiro momento, uma breve recuperação histórica que envolve momentos
decisivos do processo de modernização do teatro no Brasil, uma vez que a perspectiva
épica não é tão somente um recurso de estilo, mas uma dialética entre arte e sociedade
que estuda configurações sociais, históricas e estéticas específicas. Feito esse rápido
preâmbulo, passaremos, quando pertinente, pela tragédia grega (Medeia 431 a.C), de
Eurípedes, pela atualização feita por Oduvaldo Vianna Filho no Caso Especial Medéia
(1973) e também pela peça Ópera do malandro (1978), de Chico Buarque no sentido de
apontar divergências entre as obras do autor estudado e suas outras versões. Ainda
que seja de nosso interesse observar as relações que a peça estabelece com outras
obras e mídias, vale salientar que, diferentemente das perspectivas comumente
adotadas em trabalhos cuja temática é semelhante, não é o nosso objetivo verificar o
que se mantém nas peças de Chico Buarque. Nosso propósito é, entre outros aspectos,
estudar o modo como o autor se apropria do material considerado clássico tendo em
vista o contexto – e as mazelas – do Brasil. Nos propomos, portanto, a discutir o modo
como Chico Buarque promove a recuperação do clássico a partir da localização
histórica e política de determinadas questões específicas que pretende discutir em suas
obras. Dentro dessa perspectiva, pretendemos proceder uma breve análise de pontos
chave da peça de Chico Buarque e Paulo Pontes na expectativa de demonstrar o modo
pouco usual como o autor lida com a tradição clássica promovendo a subversão do
conceito cristalizado de clássico. A historicização das obras rejeita sua aceitação
universalista e provoca a oportuna discussão em torno das questões específicas do
contexto histórico de produção da obra. No caso da obra de Chico Buarque e Paulo
Pontes, o cenário político e histórico em questão envolve o autoritarismo do regime
militar e o abismo social proporcionado em parte pelo chamado “Milagre Econômico
brasileiro”. Sendo assim, a discussão dos autores centra-se nas mazelas da
desigualdade social e nos mecanismos das classes dominantes para legitimar a
exploração dos menos favorecidos. Nesse sentido, utilizaremos apontamentos feitos
pelos próprios autores no Prefácio da peça que indicam o objetivo da obra: denunciar e
discutir questões sintomáticas de seu tempo histórico, a partir da formalização estética
desses materiais.
Resumo:
última dança rompe com o teatro burguês e leva seus espectadores não somente à
reflexão, mas também ao questionamento, à indignação, à rebeldia e à gana de assumir
seu papel protagonista na História, ciente de que nada é imutável e por isso, em busca
de mudança.
Resumo:
Resumo:
Nesta comunicação abordaremos alguns aspectos da cena teatral brasileira entre o final
dos anos de 1950 e o início dos anos de 1960. Período o qual se caracteriza pela
influência de três dos principais grupos teatrais da época (Arena, TBC e TMDC). Assim,
escolhemos duas obras do dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri Gimba, Presidente dos
Valentes e A Semente, as quais trazem com vigor a realidade brasileira da época,
apresentando uma nova forma de se pensar o teatro. Essas peças foram encenadas
pelo TMDC em 1959 e pelo TBC em 1961, depois do estrondoso sucesso da primeira
peça do jovem dramaturgo em 1958 pelo Arena, Eles não usam Black-tie. Obra que se
tornou um grande marco para o Teatro brasileiro, pois pela primeira vez trouxe o
proletariado para o centro do palco abordando temas coletivos como a greve, a favela e
a questão operária. Assim, Gimba e A semente retomam e ampliam algumas questões
já discutidas pelo autor em Eles não usam Black-tie (greve, vida operária e a questão
dos morros). Em Gimba é dado ênfase na marginalização dos moradores dos morros do
Rio de Janeiro, a peça se passa em uma favela e apresenta o retorno do malandro
Gimba após uma viagem de três anos. Em A Semente, o foco principal está na questão
operária, na realidade de um grupo de trabalhadores militantes em um grande polo
industrial, no qual a greve se torna a principal arma revolucionária. Nela se discute a
influência gerada pela exploração do trabalho na vida dos operários. Agileu, seu herói,
mantém um discurso incisivo durante toda a peça, porque está empenhado nos
movimentos reivindicatórios e acredita que a única forma de transformar a realidade
passa pela atuação direta. Contudo, esta comunicação visa promover um comparativo
entre as peças, apresentando como o autor lida com essa temática e sobre como
Resumo:
O presente resumo ter por objetivo discorrer acerca da tradição dialética no teatro
brasileiro da segunda metade do século XX. Para dar conta deste pressuposto, foram
selecionados os seguintes autores, Jorge Andrade e Bertolt Brecht que, dentro de suas
respectivas individualidades artísticas, apresentam um caráter dialético dando ao teatro
um aspecto social e político. Para este estudo foram selecionadas as seguintes obras:
As Confrarias de Jorge Andrade que faz parte de um ciclo de peças escritas pelo
mesmo autor, intitulada Marta, a Árvore e o Relógio e, A mãe, do autor alemão Bertolt
Brecht. A escolha das obras partiu da premissa de que a primeira contribui para um
estudo da tradição épica dialética do teatro brasileiro que pode ser vista na construção
da personagem Marta, e a segunda como um estudo comparativo que ajuda a
compreender a tradição épica alemã, também pela perspectiva de uma mãe.
No século XX, o teatro brasileiro, diante de transformações sociais e políticas buscava
uma identidade nacional, distanciando-se assim de obras estritamente vinculadas ao
teatro europeu. Essa identidade não se restringia apenas ao caráter temático, chegando
também ao nível formal, para comportar os novos assuntos do cenário brasileiro. Dentro
deste cenário são vários os artistas que contribuíram para esta ruptura, como Mario de
Andrade e Oswald de Andrade com um teatro que remonta problemas sociais advindos
do capitalismo, e Jorge Andrade, que associou a esta quebra formal eventos vinculados
à história nacional. Dentro desta tradição de modernização do teatro brasileiro, Jorge
Andrade, a partir do ciclo de peças, recorre à cisões históricas do Brasil e, a partir disto,
reconfigura a estrutura de suas peças teatrais, sempre colocando lado a lado
personagens individuais e coletivos. Escrita em 1969, a peça é uma das últimas a ser
escrita do ciclo. O enredo se passa em 1789, em Vila Rica, Minas Gerais. Contexto do
Ciclo do Ouro, no qual a Coroa Portuguesa cobra dos colonos altos impostos, dentre
eles, a Derrama e o Quinto. Dentro deste contexto de opressão existe Marta, mãe de
José, rapaz jovem que vai atrás de seu sonho, tornar-se ator. Marta, mulher inicialmente
com preocupações que permeiam o nível individual, após ver o marido ser assassinado
ao lutar pelas suas terras contra a Coroa, vai atrás do filho, e é exatamente nesse
percurso que ela, esposa e mãe fechada em seu mundo, começa a se conscientizar de
que a sociedade precisa ser modificada socialmente. Após encontrar o filho, Marta vê
que o mesmo tem em sua profissão de ator, uma “ferramenta” para lutar contra todas as
desigualdades impostas pelas instituições dominantes e, didaticamente, luta pela
“desalienação” do filho que acaba compreendendo a função social do ator. Morto por
lutar contra as injustiças sociais, o corpo de José é carregado pela cidade de Vila Rica
pelas mãos da mãe que, de Confraria em Confraria, procura sepultar o filho. Neste
momento Jorge Andrade apresenta um jogo – ruptura formal- de Marta em relação às
instituições religiosas, pois quando aquela percebe que o filho pode ser sepultado, inicia
um discurso que acaba expondo alguma crítica à instituição impedindo que José seja
sepultado. Ao fim, Marta entrega o corpo de José aos irmãos de todas as Ordens
religiosas, obrigando-os à sepultá-lo no meio da cidade, fazendo assim valer a morte do
filho, fazendo os seus ideais de liberdade serem lembrados. Diante disto, a presente
comunicação tem em vista a análise destas duas peças, a peça A mãe, baseada em
romance de Gorki, que tem uma estrutura similar à As Confrarias pela ruptura do papel
da mãe subjetiva para coletiva. Essa transformação é apresentada por Brecht de forma
didática, e é exatamente este método que vai nos ajudar na compreensão da peça de
Andrade. E As Confrarias que, assim como A mãe, mostra a trajetória de forma didática
de uma mãe que passa de uma figura subjetiva para coletiva levando consigo o papel
de conscientizadora, provocando mudanças inclusive na vida do filho, que também
deixa de ser uma personagem individual para representar uma classe. A partir desta
análise comparativa poderemos compreender melhor a tradição dialética no teatro
brasileiro na segunda metade do século XX, tanto no aspecto temático, quanto formal.
Resumo:
Esta comunicação pretende apresentar alguns resultados das pesquisas realizadas em
estágio pós-doutoral realizado na UFRJ até julho de 2017. O objetivo da pesquisa era
estudar a importância de Brecht para o teatro político a partir dos anos 1990 no Brasil. O
recorte se refere ao teatro de grupo que tenha alguma continuidade em termos de
pesquisa histórica e estética, além de processos de construção coletivos e que tomem
como ponto de partida uma relação entre arte e sociedade que não aceite as limitações
de um mercado cultural no qual sejam simples mercadorias. Essas condições remetem
a uma recepção atualizada da obra de Brecht. Nesse sentido, interessa discutir de que
maneira esses grupos se organizam como forças de produção, como realizam suas
pesquisas, quais as vertentes estéticas que mobilizam, como concebem a mediação
entre arte e sociedade e sua expressão artística, entre outros itens. Cada um dos
grupos segue um caminho próprio, tendo uma atuação também específica, o que vale a
pena estudar. Em outras palavras, não interessava buscar alguma redução teórica
unificadora, mas compreender as diferentes dinâmicas de cada um dos grupos. O ponto
de partida são os objetos mesmo, e não uma busca normativa. Para essa comunicação,
gostaria de contrastar o que venho chamando de “ritual épico” do Ói nóis aqui traveiz
em Viúvas – performance sobre a ausência, de 2011, com a perspectiva dialética
machadiana de Memórias de um cão, do coletivo de teatro Alfenim, de 2016. São dois
grupos que atuam em regiões as mais diversas do país, respectivamente em Porto
Alegre-RS e em João Pessoa-PB, e têm concepções políticas, sociais e estéticas muito
diversas, mas ambos dialogam muito de perto com a tradição crítica do teatro dialético.
Com esse enfoque, gostaria também de evidenciar a importância do teatro brasileiro
contemporâneo para o campo dos estudos literários, questão que é comumente deixada
de lado nos cursos de Letras no Brasil. Esses grupos também se destacam porque,
embora estejam à altura das inovações estéticas mais avançadas e na moda no campo
das artes – seja o ritual artaudiano ou o teatro pós-dramático –, eles não se perdem em
torneios autocentrados em um Eu Demiurgo ou numa autorreferencialidade castradora.
Seus projetos têm referente material, e a palavra continua sendo o espaço privilegiado
para a exposição da dialética da formação subjetiva e cultural, com todas as
contradições que a vida social e estética apresentam.
Resumo:
“E era uma impossibilidade de falar sobre isso”, lamenta a personagem de Conversas
com meu pai, espetáculo com texto de Alexandre Dal Farra a partir de material
autobiográfico de Janaina Leite. Tendo como base a ideia de traûma (do grego, ferida) e
sua impossibilidade de representação, lerei aqui dois espetáculos da dramaturgia
brasileira contemporâneas, a saber: o já citado Conversas com meu pai, de 2014;
Gritos, da Cia. Dos à Deux, de 2016. Ambos foram construídos sob o domínio do nada e
do esquecimento, intensificando a presença do vazio e do silêncio na construção
cênica. Enquanto Conversas com meu pai invoca o discurso mítico para dar forma ao
informe, Gritos cria um “poema gestual” cujas lacunas e vazios são abissais. Portanto,
recorro a Psicanálise para a leitura do trauma, do luto e da melancolia nesses textos, a
fim de evidenciar que o interdito no silêncio revela mais sobre essas personagens que
aquilo que, de fato, elas expressam verbalmente. Cria-se, desta forma, uma atmosfera
onírica e uma cena mais próxima do real, mas não do realismo: nos dois espetáculos
estamos diante de uma cena simbólica, cujo referencial é sempre evocado por meio de
imagens (poéticas e visuais) e sugestões, permitindo ao silêncio e à escuridão
expressarem mais do que precisavam e deviam, fornecendo ao espectador subsídios
para a compreensão da sensação, e não da fábula em si. Não há, aqui, uma fábula
tradicional no sentido usual da palavra nos estudos teatrais. Há, porém, uma linha de
reflexão acerca do passado e sua tensão com o presente, impossibilitando, nos dois
casos, uma representação tradicional com começo, meio e fim, visto ser a memória um
campo minado pelo tempo. Assim, por meio do distanciamento do discurso gestual
poético – no caso de Gritos – e da evocação dos mitos de Édipo e Ló – no caso de
Conversas com meu pai – temos a apreensão do sentido pleno do vazio representado.
Tratando de temas tabus, os espetáculos se esforçam para alcançar uma perspectiva
poética e analítica por meio de uma representação que se afasta da cena mimética
tradicional, irrompendo o real autobiográfico e o poético como recursos de
distanciamento ao mesmo tempo em que se constroem como recursos de aproximação
entre espectador e cena. Logo, a cena é construída sob o espaço do ambíguo que, uma
vez fortalecido pelo vazio e pela impossibilidade de representação, permite infinitas
leituras sobre um mesmo fato, evidenciando as diferentes perspectivas de cada sujeito.
Palavras-chave: Conversas com meu pai; Gritos; silêncio; dramaturgia brasileira; teatro
contemporâneo.
Resumo:
Este trabalho apresenta os resultados da minha pesquisa de conclusão de curso,
realizado no período entre junho de 2016 a junho de 2017, com o título: As Vozes
Silenciadas da Rebelião da Casa Penal São José (Liberto). Havia um presídio
localizado no centro do Bairro Jurunas, na Avenida 16 de novembro, em Belém do Pará,
com grande mobilidade urbana, onde ocorriam várias irregularidades desde sua criação
como casa de detenção, até que no final dos anos 90, ocorreu uma rebelião que teve
como reféns agentes carcerários e próprios detentos, fato que deixou a população da
época em pânico. Visto que o objetivo geral deste trabalho é narrar os acontecimentos
que levaram a desativação da casa penal São José, a partir do relato dos exs
presidiários que participaram direto ou indiretamente do evento em Março de 1998;
Trata-se, portanto, de uma metodologia que se fundamentou em informações
quantitativas e qualitativas, ou seja, em estudos bibliográficos como Michel Foucault,
Antônio Drauzio Varella, Gay Talese, Tom Wolfe, Mikhail Bakhtin, entre outros – como
também analise de documentos históricos e de arquivos públicos e privados que
contribuíram para a pesquisa, mas o trabalho baseou-se essencialmente na
investigação dita de campo - observação direta, interação pessoal, convivência mais
próxima possível com os sujeitos entrevistados -, na criação e manutenção de arquivos
para o registro de dados biográficos, anotações, reflexões, problematizações
detalhadas, coletando dados sobre como era à vida dos detentos na época e mostrando
como a rebelião ainda influencia na vida das pessoas que passaram pela última fase do
São José, para enfim, chegar à última etapa que é analisar todo o conteúdo colhido e
ficcionalizá-lo, ou seja, após este esforço, entrarei nas etapas mais estritamente
literárias da pesquisa: os procedimentos de ficcionalização para exibir o lado das vozes
que foram silenciadas naquele dia, as vozes dos presidiários. Portanto, esse estudo
inclui um ponto de vista literário narrativo, na medida em que os entrevistados tornam-
se personagens das suas próprias histórias, portanto, em síntese o trabalho inicia-se
por uma estrutura narrativa em 3° pessoa, cujo é divido em 10 capítulos, onde conta a
trajetória um detento que é protagonista e tem contato com todos os personagens
secundários da história que estavam presentes na Rebelião de 1998.
Palavras-chave: rebelião, entrevista, narrativa, personagens, literatura.
Resumo:
Desde a Antiguidade Clássica, a melancolia despertou interesse entre os mais diversos
campos de estudo, o que gerou, no decorrer da história, diferentes modos de concebê-
la e defini-la. Seja um simples estado temporário da alma, seja uma patologia que deve
ser curada, os caminhos percorridos pela melancolia revelaram-na um objeto de estudo
complexo e, muitas vezes, ambíguo. No entanto, entre as mais diversas áreas do saber,
é inegável que algumas características tornar-se-iam estereótipos para identificar o
homem atormentado pelos domínios da melancolia: o sujeito melancólico é, por
excelência, um ser triste, mórbido e detentor de ideias pessimistas. Na Modernidade,
com o advento dos estudos psicanalíticos, principalmente os elaborados por Freud, a
melancolia teria uma miragem científica: assemelhando-se ao estado de luto, ela é, em
contrapartida, um estado patológico que deve ser coibido com o uso de medicamentos.
Em outras palavras, segundo a perspectiva freudiana, tanto a melancolia como o estado
de luto são maneiras de se reportar a perda de um objeto amado. Contudo, enquanto o
enlutado supera o seu estado, o melancólico recusa-se a sair dele, mergulhando cada
vez mais no abismo de sua própria dor. Se, por um lado, a melancolia foi o objeto de
estudo de diferentes áreas do conhecimento, por outro lado, ela também se deixaria
escoar pelas obras literárias e, dessa maneira, a visão psicanalítica assoma como um
meio importante para se compreender as manifestações artísticas melancólicas. Os
poetas que cantam a melancolia cantam, na verdade, um objeto irrecuperável e, por
isso, uma poesia repleta de imagens obscuras e taciturnas fazem emergir um discurso
essencialmente melancólico. Nesse sentido, mais do que um simples afeto ou doença, a
melancolia se fez presente em diversas obras poéticas, destacando-se com imagens
peculiares e topois recorrentes que delineiam um discurso melancólico. Afinal, como
fala a melancolia e como os poetas fazem-na falar em versos? Procurando as respostas
para essas perguntas, o presente trabalho tem como objetivo, portanto, analisar os elos
que se estabelecem entre a melancolia e a poesia e, mais especificamente, como eles
podem ser compreendidos a partir de uma visão psicanalítica. Para tanto, além do
artigo “Luto e Melancolia”, de Freud, utilizar-se-á a obra Sol Negro: Depressão e
Melancolia, da psicanalista Julia Kristeva e, ademais, observar-se-á as manifestações
melancólicas em alguns poemas de escritores brasileiros, como os de Álvares de
Azevedo e de Lúcio Cardoso, cujos versos deixam entrever a dor irreparável do objeto
amado perdido e, por conseguinte, a face mórbida da melancolia.
Resumo:
A partir dos estudos realizados sobre o conto A moça tecelã de Marina Colasanti, foi
permitido compreender que existe uma infinidade de possibilidades para esse texto. No
entanto, nos limitaremos aqui aos estudos da Teoria Psicanalítica. Essa vertente teve
suas pesquisas iniciadas por Freud com o objetivo de sublinhar ângulos pouco
iluminados por outras críticas literárias. De um modo geral, nos interessam nesse
momento formações do inconsciente, lapsos, chistes, associações, desejos,
sentimentos, etc., sempre que esses atuem como elementos que constroem o texto. O
primeiro livro da escritora Marina Colasanti intitulado Eu sozinha fala sobre a solidão,
sobre o prazer de se estar só e questiona a necessidade de ter alguém, desse modo
surgem as perguntas: por que a autora insiste nesta tenuidade? Será que o desejo da
narradora é trazer à tona esse enclausuramento que ocorre dentro de si mesma? Ou
forçar o leitor a pensar em seu autoenclausuramento? No conto, o leitor é convidado a
viajar para um mundo de fantasias, onde a moça com sua máquina de tear é capaz de
construir elementos da natureza, dar vida a seres e tecer um marido de carne e ossos.
O texto de Marina Colasanti faz uma intertextualidade com várias outras obras da
história da literatura, em especial com Penélope de Ulisses e com o conto A filha do
moleiro. A partir dessas constatações buscamos os pontos em comum entre as
personagens, e também a narradora, no que diz respeito ao sentimento de dor, de
angustia, de solidão e de poder. A partir dos estudos de Boudoim pudemos comparar a
obra, objeto dessa análise, a um sonho, fruto do inconsciente, o que nos faz pensar se
de fato todas as ações narradas acontecem ou se partem da imaginação da mulher,
como uma forma de ressignificação do simbólico, defendido pela Teoria Lacaniana.
Além disso, buscamos em Jean Bellemin-Nöel (1983) evocar a hipótese do inconsciente
do texto, que é o desejo do escritor impresso na obra. A partir disso, associamos o fato
da personagem estar “escondida” fisicamente com o fato estar “escondida”
psicologicamente, pois ela é aprisionada simbolicamente pelas ordens do marido “e
entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais
alta torre (COLASANTI, 2000, p. 12).” Nessa linha de raciocínio, aproximando a fábula
da realidade, percebemos que é na intimidade de nossos quartos que sofremos as
crises da solidão, do ser, é justamente nesse cômodo que dialogamos com nossa
consciência a respeito de nossas dores psíquicas. Assim, buscamos em autores como
Freud, Bourdieu, Baudoim, Sarte, Tadié, Lacan embasamentos para essa análise.
Resumo:
A melancolia tem sido tema constante na literatura universal, seja na poesia ou na
prosa, representada em diferentes épocas históricas, em diferentes gêneros (na lírica,
na tragédia e na epopeia) e de diferentes maneiras. A estética da melancolia é
embrionária de elos rompidos pelo tempo (Antônio Nobre, por uma infância desbotada
em decorrência do relógio da vida) da perda de um referencial (a crise renascença que
se vê emergida num plano dividido entre a religião e o humanismo, em poetas barrocos)
e da morte (convivência com uma finitude que desestabiliza o sujeito, como no Eu, de
Augustos dos Anjos). Em Cecília Meireles estes motivos também serão representações
alegóricas da “DOR”, criando uma poética do despovoamento, pela qual irrompe o
motivo da melancolia: “o vivendo de nunca chegar a ser”, ideia elaborada, por exemplo,
no poema Sugestão. Essa perspectiva de uma poética da ausência ou do
despovoamento, é colocada paradoxalmente no eixo da continuidade de uma vida
resistente à finitude, recuperada na dimensão simbólica pela arte da palavra. Isso alude,
certamente, ao conteúdo catártico da literatura, que objetiva subjetivamente uma
percepção crítica do mundo, como resultado do sofrimento, da purgação. Por isso ao
recuperar Aristóteles, Scliar (2001) enfatiza que os artistas e filósofos estão inclinados
para a melancolia, surgida do medo e da tristeza. Eis porque Aristóteles considerou o
trágico, que concerne à dor e ao sofrimento como caractere superior de imitação
artística, na medida em que provoca no individuo uma mudança estrutural. Essa
representação da catarse na pode ser percebida nas ideias de Schopenhauer (1989),
ao apreender a arte poética como instrumento de redenção do sujeito fadado ao
sofrimento. Freud (1985) nos diz que a melancolia é produto de uma perda de algo
indefinível que se distanciou do sujeito no plano da idealização, isto é, o indivíduo,
fatalmente melancólico não tem consciência e não compreende o que se perdeu, a
perda é de natureza mais ideal, o que resulta em um profundo desencantamento, e
consequentemente o faz perder o interesse pelo mundo das exterioridades.
Considerando esses conceitos procuro analisar o livro Mar absoluto e outros poemas,
de Cecília Meireles, estabelecendo a relação entre poesia e melancolia. Assim, busco
entender se a poética ceciliana apreende a dor da realidade desnudada do pathos da
condição existencial do sujeito (arte-poética como representação da dor imanente) ou
se em uma atitude autorreflexiva o sujeito melancólico transfere-se para o objeto
literário. Dito de outra maneira, a melancolia surge da consciência poética, que dá forma
aos sentimentos, colocando a escritora e o leitor em uma relação de meditação com o
mundo, ou a melancolia surgida das vivências da autora dá forma a poesia.
Resumo:
No presente artigo, analiso pelo viés da semiótica peirceana, o livro Da morte.Odes
mínimas, de Hilda Hilst, publicado em 1980. Procurando investigar como a relação
triádica do significado (signo, objeto e interpretante) cria a forma da melancolia para
representar oniricamente os espasmos deformantes da morte. O signo morte irrompen-
se no processo de um olhar lírico, daquilo que nomeio tanatocentrismo, ou seja, a morte
como centro de todas as coisas. Essa ideia centrípeta da morte em Hilda Hilst é posta
como projeto de poesia na ode “XXXII”, quando a voz lírica apresenta o motivo de sua
poesia: a presença finda do sujeito e de seus objetos de desejo. Na criação hilstiana a
morte desnuda-se como encarnação da própria hora do desfecho trágico da vida; da
ausência reveladora do nada; da partida, despedida de afetos idos, perdidos no
cronotopo da existência frágil e dolorosa e da memória, apego ao passado como
maneira de acessar o epílogo da paixão, da infância e ainda como uma tentadora
resistência ao olvido (sentidos configurados, por exemplo, nos poemas XXIX e XXXV e
no poema II da terceira parte do livro, “Tempo-Morte”). Essa compreensão da vida
marcada pelo fim é posta ainda no exórdio do livro por aquarelas surrealistas feitas pela
autora, que apontam para a propositura desmembrada, deformada do “eu” por se saber
ser-morte. Estabelecendo-se, desse modo, uma relação tradutora entre o signo poético
e o signo visual, tensionadora desse saber ser-morte. Em face dessa pulsão de tânatos,
na forma poética hilstiniana, surge a compreensão poética da melancolia.
Etimologicamente melancolia quer dizer bile negra, termo oriundo da compreensão
clássica do humor depressivo instaurado no cérebro pela disfunção da bile negra. Para
Jean Starobinski (2016, p. 429), a melancolia é o espírito da constatação desolada,
inerente à viuvez da vida, logo, conforme medita o pesquisador, podemos compreender
a personalidade melancólica como aquela que reflete a consciência latente do homem
sobre a viuvez, sobre a morte. Tal consciência determina o sistema criativo hilstiano,
transformado em metáfora, uma vez que transfere para o plano semiótico da palavra-
imagem os sentidos da viuvez, revelados em signos como deserto e nada, síntese da
presença da negação, indiciando uma vida ceifada na dura presença da morte. A
metaforização é, inclusive, o percurso de resignificação da melancolia no plano de
possibilidade de reestruturação do próprio eu, pois o põe na consciência meditada da
vida.
Resumo:
Busco descrever no presente trabalho as características do processo migratório dos
nordestinos para cidades mais desenvolvidas, e como essa ação prejudica a identidade
do individuou, mostrando como a melancolia está posta nas suplicas dessas pessoas,
conforme veremos no poema que será alvo de nossa analise, Oração, de Jorge Lima. O
apego a oração é o único recanto que como balsamo cura as feridas deixadas pela
saudade e a falta de algo, tendo esperança num futuro próximo. É a única forma que o
ser humano encontra em momentos de desespero. Esse processo é uma realidade
vivenciada por milhares de famílias brasileiras. A melancolia nesse ponto, se dá através
de uma vida de sofrimento interno. Em que a necessidade clama mais alto do que o
estar perto de quem ama, e até mesmo do ideal de lugar perfeito que criamos. Essa
montanha de sentimentos tornasse um recanto de memorias e uma lagoa de
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
de forma transparente esse vínculo. Essa é uma trama que oferece possibilidade para
se pensar o liame homem e lugar em toda a sua estrutura, tendo em vista que todos os
elementos são resultantes desse amálgama. Desde a retirada de madeira na mata para
a confecção dos instrumentos, até o baile beira-mar, o homem caiçara está integrado à
natureza que o cerca, revelando uma esfera propícia às reflexões sobre os
acontecimentos geopoéticos na rede dessas práticas. Assim, essa proposta de estudo,
pretende oferecer um panorama das formas pelas quais o território caiçara se manifesta
no fandango, com destaque para as expressões do eu-lírico no discurso poético das
canções.
Palavras-chave: Fandango caiçara; dinâmicas culturais; território; geopoética.
Resumo:
A produção poética manoelina traz variegados elementos da natureza pantaneira, e em
seu percurso dialético, carrega um delírio verbal característico: a palavra que se
expande de forma a assumir infinitas significações. A poesia de Barros faz uma alusão
pluridimensional das raízes primigénas que regem o mundo, tal qual o investimento
semântico da espacialidade metaforiza os quatro elementos fundamentais da natureza.
Assim, essa apresentação é um recorte de um projeto científico maior, de natureza
bibliográfica e qualitativa, e se refere ao tratamento do espaço perante Barros,
adentrando sua cosmogonia sorvida e transcorrida no permeio de terras e águas
pantaneiras, onde o poeta volta-se à origem mítica e imanentemente lúdica.
Palavras-chave: cosmogonia, Manoel de Barros, poética.
Resumo:
“Ar, terra, água, fogo – estas são ‘as’ palavras” (Air, soil, water, fire—these are words):
eis o verso de Walt Whitman em “To the Sayers of Words” (Leaves of Grass, 1867)
dialogando com os escritos poéticos da paranaense Karen Debértolis. Cada um de nós
é palavra complementar ao elemento, de modo que nossa mais íntima substância os
“interpenetra”. Tanto a Whitman quanto a Debértolis não existimos aquém ou além
deles. Não somos um nome. Somos o amálgama. Mas para se chegar a ele, só os
iniciados. Ou os da quintessência, como descreve Rimbaud em sua famosa “carta-
vidente” (1871) a Paul Demey – Les lettres du Voyant. À escritora, autora de livros
poéticos e prosaicos, a quintessência é quase uma via para se atingir a transcendência
poética, o poder visionário através do “longo, imenso e sensato desregramento de todos
os sentidos”, como discorre Rimbaud na Carta. Desregrar os sentidos, ao mesmo tempo
em que nos guiamos por eles sem as amarras do que, a nossos olhos, “parece”
verdade. O seco, o telúrico do entendimento, do que se pede ao íntimo-ínfimo: “Não
preciso mais perseguir desertos para colorir minha alma”; o fogo-salamandra do eu:
“Deixo que o cheiro de almíscar e mato do incenso queimando nas mãos dos três
magos inundem luas, planetas e estrelas desenhados dentro de mim” (Estalagem das
almas, 2006); o fluido, o líquido que jorra da mente: “É necessário fazer o degelo de
pensamentos congelados” (‘Dia difícil’, em A mulher das palavras, 2010); o etéreo, o
plasma: “Olhar novamente ∕ com mais calma. ∕ E, assim, ∕ talvez, ∕ tudo se torne ∕
invisível, ∕ transparente” (poema sem título publicado no blog da autora em 9 de julho
de 2010). No que toca ao etéreo, prima-se aqui pelo discurso de Bachelard. Ao poeta-
filósofo-cientista, para se chegar ao ínfimo da substância é necessário que o leitor-
viajante, ou quem comungar da alquimia das palavras, prepare-se à experiência, como
manifestado em O direito de sonhar (1939). Karen Debértolis parte do macro para o
micro e do micro para o macro com maestria, evocando os elementos poéticos com o
fluxo imagético e sonoro dos haicais, espécie de “renga”, como a própria autora afirma
em entrevistas, ou o “encadeamento dos poemas”. No mesmo tom poético (estando a
poética presente tanto no texto poético quanto no prosaico), a autora se revela por
correlações: Terra (o Grande Yin), ou o mundo em seu estado bruto; a Água (o
Pequeno Yang) – a energia, o fluxo do que sai como sentimento e pulsão; o Ar (o
pequeno Yin), ou o pensamento, o corpo mental, o corpo Átmico; e o Fogo (o Grande
Yang) – o espírito, a imaginação, a liberdade, a intuição. Karen Debértolis celebra os
elementos nos vieses da palavra. Ave, palavra.
tauantinti@gmail.com
Me. Camila Hespanhol Peruchi (UNICAMP)
camilahespa@hotmail.com
Resumo: O presente trabalho visa à elaboração de uma análise do papel dos espaços internos
e externos no romance Repouso (1948) e suas implicações em Dodôte, personagem
protagonista. Alguns pontos presentes na obra, como o declínio do patriarcalismo, o processo
de urbanização associado à decadência da vida do campo e até mesmo a alteridade entre
campo e cidade são necessários para o entendimento e configuração do processo melancólico
de Dodôte. Processo esse que a mantém em permanente divórcio com o meio em que está
inserida e distante das relações familiares e sociais. Há pouca interação de Dodôte com os
demais personagens, mas deve-se frisar a relação com Chica, empregada da casa, e Dona
Rita, a avó. São nessas relações que alguns pontos devem ser ressaltados. Enquanto Chica
participa do lado afetivo, compartilhando momentos de angústia e incertezas, Dona Rita tem o
papel representativo do social com a intenção sempre clara de fazer com que a neta adquira
pertencimento social. Roberto DaMatta, em sua obra A casa e a rua (1985), expõe a ideia de
que existem dois tipos de códigos em uma sociedade: um é código da casa fundado na família e
o outro seria o da rua baseado em leis universais; cada ser age conforme a demanda de cada
código. Assim, Dona Rita é a força de reajuste do código da rua, muito embora por muito tempo
ela tenha sido a única representação de família para Dodôte, e é Chica quem organiza o mundo
da casa para Dodôte.
Resumo:
Por volta dos séculos XII e XIII, os poemas, em língua românica, que narravam feitos
históricos e galantes aventuras foram designados de romança. Mais tardar, as
diferenças advindas dos primeiros romances perpetuaram até aparecerem às línguas
românicas como o português, espanhol, francês, etc, e preservou-se o termo romance
para então nomear as obras literárias formadas em verso, e depois em prosa. O
Romance é uma narrativa literária em prosa, geralmente longa, com fatos criados e
vivenciados por personagens que enfrentam alguns conflitos ou dramas, em espaço e
tempo amplos e determinados. O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2004. p,
714) apresenta a seguinte definição do termo romance: “Descrição longa das ações e
sentimentos de personagens fictícios, numa transposição da vida para um plano
artístico”. Segundo o teórico Aguiar e Silva, na Idade Média o termo romance, designou-
se a língua vulgar, românica e depois, acabou ganhando um significado literário
referindo-se a determinadas composições originárias do latim vulgar e não da língua
latina exclusiva dos clérigos. Embora as divergências semânticas, o vocábulo “romance
passou a denominar, sobretudo as composições literárias de cunho narrativo. Tais
composições eram primitivamente em verso – o romance em prosa é um pouco mais
tardio -, próprias para serem recitadas e lidas, e apresentavam muitas vezes um enredo
fabuloso e complicado” (AGUIAR E SILVA, 1991, p. 672). O romance não é estagnado a
uma única forma ou conteúdo, vai tomando novas formas e conteúdos à medida que o
homem o alimenta. À medida que o romance evoluía, houve muitas tentativas de
classificação tipológica. Aguiar e Silva registra, em sua Teoria da Literatura (1991, p.
685), a classificação estabelecida pelo crítico Wolfgang Kayser (1968). Ei-la: 1.
Romance de ação ou de acontecimento: “caracterizado por uma intriga concentrada e
fortemente desenhada, com princípio meio e fim bem estruturados, [...] análise
psicológica das personagens e a descrição dos meios”; 2. Romance de personagem:
“caracterizado pela essência de uma única personagem central, que o autor desenha e
estuda derradeiramente e à qual obedece todo desenvolvimento do romance”; 3.
Romance de espaço: “se caracteriza pela primazia que concede à pintura do meio
histórico e dos ambientes sociais nos quais decorre a intriga. É o que se verifica nos
romances de Balzac, de Zola, de Eça de Queirós, de Tolstoj, etc”; No entanto o
romance não cessa, dificultando a ação de enquadramento em uma das tipologias
exclusivamente, logo vão aparecendo novas formas de romance. E as relações da obra
individual e a rejeição da teoria clássica dos gêneros vigentes até então na sociedade,
modificam-se e criam-se novos gêneros com mais liberdade e espontaneidade criadora.
Resumo:
Sacudindo as estruturas da narrativa tradicional, Água Viva apresenta uma linguagem
poética, cheia de rupturas e movimentos entre o dito e o não-dito a fim representar a
complexidade e profundidade da alma humana. Por meio de uma viagem pelo mais
profundo do ser, a escritora penetra na subjetividade da personagem com o intuito de
acompanhá-la em seu processo de conhecimento existencial. Rompendo com a
narrativa referencial, Lispector criou uma obra que foge a lógica espaço-temporal. No
romance o presente acomoda passado e futuro e o que passa a valer é o tempo do
agora, o tempo presentificado. Além da transfiguração do tempo, espaço e causalidade,
elementos que por serem exteriores acabam por serem modificados a fim de se
encaixarem ao fluxo de consciencia da mente humana, também é verificado uma
linguagem intensamente lírica andando de mãos dadas com a prosa. A poesia é um
componente importante na obra, já que, a partir dela se torna possível, por meio de seu
caráter alegórico, chegar o mais perto de traduzir o turbilão de habita as partes mais
profundas do indivíduo. A aproximação da prosa e da poesia é tão grande que podemos
observar além do ritmo, uso de figuras de linguagem, repetição de sons e palavras, em
certos momentos até mesmo trechos que apresentam grande semelhança com a
estrutura de um poema. A angústia criada a partir da necessidade de verter em palavras
as sensações, questionamentos e desassossegos da alma da narradora criam um texto
repleto de rupturas e pausas, porém, ao contrário do que se possa imaginar, esses
“espaços” não são vazios, mas sim recheados de um silêncio que funciona como
substância constitutiva de significados. O silêncio entedido como fundador de sentido
que permeia os diálogos e preenche as frestas texto, é o que leva leitor a atingir a
compreensão da narrativa, já que, é exatamente essa incompletude que permite
enxergar através das entrelinhas e torna possível captar as impressões propostas pela
narradora do romance. Nessa peregrinação pelo íntimo da personagem
acompanhamoas a sua busca pela autenticidade e somos levados a participar de suas
reflexões e de seu desejo de econtrar a essência e o sentido da vida. Neste trabalho
buscamos fazer uma análise dessas e outras particularidades dessa obra da escritora
brasileira Clarice Lispector a fim de identificar características que permitam a
classificação do texto como um Romance Lírico.
Resumo:
pensa o narrador de Uma viagem à Índia, a única velharia que chegaria intacta ao
século XXI teria sido o amor. Não existe um centro aonde nos dirijamos para então
sermos confiados a receber o instinto amoroso – com ele, nasce-se e, por conseguinte,
morre-se. É algo que a nós já pertence, ainda que não tenhamos nos tornado
conscientes de suas implicações. O espaço amoroso, em Tavares, é amplamente
discutido: por vezes, a sua acepção de vida do século XXI se assemelha a um
pessimismo sem grandes possibilidades, através do qual ele conclui sermos
inseparáveis de nossa maldade. O nosso pior sobressairia, eventualmente, ainda que
escolhêssemos durante anos simular sua inexistência. A respeito dessa maldade inata,
declara-se: “Ela existe na noiva radiante, que corta o bolo com o punho e a faca certa, e
no noivo que recebe felicitações já com os olhos nas pernas da melhor amiga da noiva.”
(TAVARES, 2010, p. 354) O narrador ainda salienta a influência do dinheiro na vida dos
homens: tornou-os previsíveis e destrutivos. Não haveria alguém que não faria de tudo
para obtê-lo e, caso não o conseguisse, onde o dinheiro não existisse, a destruição
seria ainda mais extrema. Outro ponto a constantemente incomodar o narrador seria o
da alta tecnologia: diante dela, o homem torna-se algo mecânico, perde sua
espontaneidade frente à vida. A ciência invade precisamente a religião, o que por via de
regra constituiria uma relação de contrariedade. De acordo com o que postula o
narrador de Tavares, “[...] religiosos, antes de se ajoelharem, estudam, com pormenor, a
anatomia dos ossos e músculos dos joelhos. Não escolhem as posições de acordo com
os Deuses que adoram, obedecem, sim, aos exatos conselhos do médico de família.”
(TAVARES, 2010, p. 349) Confrontando-se com o mal inato ao ser humano, com a
destruição que promove o dinheiro e com a profanação de valores em que implica a
tecnologia, que resta ao homem de inalterado? Que resta a ele daquilo que outrora ele
fora, daquilo de que originalmente ele se constituiria? Estaria o amor vinculado a esse
espaço de conexão do homem consigo mesmo? Em resposta a esse questionamento, o
narrador de Tavares afirma: “Invulneráveis à morte só os mortos e, temporariamente, os
que amam.” (TAVARES, 2010, p. 375) Há de se reconhecer, portanto, não ser ínfima a
importância que se atribui ao amor. Tão generosa é sua autoridade a ponto de inclusive
tornar irrelevante a morte. Que mais teria o poder de submeter a morte, senão o amor?
Tem-se feito valer essa potencialidade do amor? Ela se justifica no modo como se
vivencia o século XXI? Em que medida essa acepção amorosa ainda se faz provar no
comportamento que assume as personagens tavarianas? Ver-nos-íamos
decepcionados, se traçássemos uma comparação possível entre o amor em sua
ideologia e a maneira como decidimos deixar que ele se manifeste? “Os homens não
são seres vivos que mereçam especialmente o amor. Porém, o amor existe.”
(TAVARES, 2010, p. 153) O que faz de nós não merecedores? A que conclusões chega
Tavares? Trocando em miúdos, intenta-se chegar a uma réplica que seja considerada
plausível à seguinte questão: o que fizemos nós do amor? Que possibilidade de
existência concedemos a ele?
Resumo
Se já há muito tempo a crítica tem lutado com a obra de Joyce, foi para um
enfrentamento no tempo que ele a preparou. Essa preparação ou espécie de
antecipação, porém, não culmina na figura demiurga de seu autor, pois é possível vê-la
agir em todos os níveis do trabalho, com imensa força performadora no todo e no
interior de cada relação e de cada material, o que confere a ela um estatuto estético
mais alto e amplo. Essa força performadora atua na consciência aguda tanto do caráter
metalinguístico de Ulysses (paródico, irônico, justaposto, distanciado), quanto nos
demais materiais que mobiliza para constituir a sua própria forma. A ela podemos
chamar racionalidade estética. Ao intensificá-la, Ulysses nega tudo que não tenha
passado pelo crivo da objetividade de seu próprio texto; que não tenha, em suma, se
dobrado à razão da própria obra, Neste trabalho lidamos com apenas alguns dos
passos desse movimento interno que constitui Ulysses por meio do acompanhamento
do desenvolvimento do discurso indireto livre em monólogo interior e da sua gradativa
decomposição. Nossa hipótese interpretativa é de que o movimento maior da obra, ao
qual nos referimos acima, pode ser acompanhado microscopicamente pela dinâmica a
qual o monólogo interior é submetido. No processo de desenvolvimento do discurso
indireto livre em monólogo interior e a na sua posterior decomposição – que nada mais
é do que a sua recomposição, vida a partir da morte – estaria inscrita uma espécie de
razão única da obra inteira, que se constrói pela destruição, sem destruir, contudo, a
permanência da interioridade, cerne do monólogo interior. Para esta comunicação, cabe
um recorte. O estudo minucioso do monólogo interior aqui objetiva evidenciar como
esse material ganha uma particularidade em Ulysses por aparecer profundamente
imbricado com a experiência moderna na cidade, indicando a mediação sempre
existente entre a obra singular e a história. O que conhecemos hoje por romance
moderno – por mais que seja sempre reducionista qualquer definição generalizante
desse gênero aberto – constitui-se, sobretudo, pelo uso alternado do discurso indireto,
direto e indireto livre. Esse uso era o pano de fundo a partir do qual Joyce trabalharia.
Como afirma Galindo, foi, no entanto, na obra Os loureiros estão cortados (1888) de
Édouard Dujardin que Joyce buscou a técnica do monólogo interior, não tendo, portanto,
inventado-a, mas, uma vez que se apropriou dela, lhe conferiu um uso até então inédito,
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Noguchi, bem como alguns poemas postados em seu perfil na rede de relacionamentos
Instagram. Os haicais são poemas de origem japonesa que possuem apenas três
versos, sendo o primeiro e o ultimo com cinco sílabas poéticas e o segundo verso com
sete sílabas poéticas e tem como foco retratar um momento vivido (MOISÉS, 2013). Do
mesmo lado, tem-se o epigrama, forma poemática grega, que não diferente do haicai é
de caráter breve, contudo era utilizado como forma de homenagear alguém, tanto em
ocasiões especiais, quanto na morte, surgindo a partir dos epigramas os epitáfios
(MOISÉS, 2013). Ambas as formas estão presentes no trabalho e na vida da poetisa
Yassu Noguchi, uma carioca, neta de japonês e apaixonada pela cultura e poesia
nipônica, que escreve em seus poemas sobre assuntos relacionados a sociedade
contemporânea utilizando do mundo virtual, em especial a plataforma Instagram, uma
rede social para compartilhamento de fotos e vídeos, para publicar e seus haicais e
epigramas e se aproximar do público atual. A poetisa, em 2016, lançou seu primeiro
livro de haicais e epigramas chamado Meu olho não puxado puxou o lado errado, do
qual está comunicação abordará. Á luz das Seis propostas para o próximo milênio
(1997), de Ítalo Calvino, o qual nos guia pelos caminhos da rapidez e ao mesmo tempo
da leveza; de A preparação do romance vol. I/II (2005), de Roland Barthes e Haikai:
antologia e história (2014), de Paulo Franchetti e Elza Taeko Doi, cujas obras nos levam
as raízes do haicai; e do ensaio O arco e a lira (2012), de Octavio Paz, pretende-se
mostrar como ambas as formas poéticas coadunam-se com a contemporaneidade,
visando a rapidez com que tanto o haicai, quanto o epigrama, trabalham, se
relacionando com a rapidez da tecnologia, dos centros urbanos e dá internet. Uma
leitura de sondagem aponta para a recorrência das duas formas poéticas perseguidas
pela poetisa, e, dessa forma, pretende-se uma revisitação teórica sobre ambas e como
elas são manipuladas na poesia de Yassu Noguchi, conferindo-lhe um estilo próprio. A
pesquisa pretende contribuir para os estudos da poesia brasileira contemporânea,
especialmente a lírica feminina, e, ainda, em especial, nutrir a recepção crítica da
autora, propondo, então, um trabalho inédito.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Este trabalho visa apresentar uma análise interpretativa da novela Sylvie: Souvenirs du
Valois (1854), do escritor francês Gérard de Nerval (1808-1855). Nerval foi um dos
maiores escritores e intelectuais de seu século, sua produção ocorreu em contextos
oscilantes de boêmia, viagens e internações. A partir de 1941, o escritor teve problemas
de saúde mental, ficou diversas vezes internado e, em 1855, foi encontrado enforcado
em um beco parisiense com os últimos capítulos de sua obra Aurélia no bolso. Nerval
assumiu a literatura como um projeto existencial e em algumas de suas obras é possível
notar uma intimidade com fatos reais de sua vida, como a ocasião em que o escritor
teve um amor não correspondido pela atriz Jenny Colon e, na novela em análise, o
narrador passa pela mesma situação com a personagem Aurélie que também é uma
atriz. Sylvie: Souvenirs du Valois foi escrita durante uma das últimas internações do
escritor, em um episódio de intensa atividade psíquica do mesmo. Sylvie aparece pela
primeira vez na Revue des deux Mondes em 1853 e é publicada na coletânea de
novelas Les Filles du feu em 1954. A novela aborda a história de um homem que, ao
encontrar um jornal com um anúncio de uma festa em Valois, decide retornar
imediatamente para a cidade e no caminho se lembra de muitas coisas que viveu nesse
lugar quando era criança e adolescente, assim como de outros fatos. As lembranças
giram em torno de três mulheres muito importantes em sua vida – Aurélie, Sylvie e
Adrienne – e promovem uma reflexão do narrador sobre a felicidade que ele poderia ter
tido com cada uma delas, mas que não conseguiu alcançar. Nossa proposta de análise
neste trabalho destacará características do Romantismo francês presentes no texto,
dentre elas estão a natureza como parte integrante da temática abordada, a figura
feminina idealizada e o distanciamento da mulher real. A narrativa é repleta de
descrições que comparam o sujeito “mulher” com os elementos da natureza, de modo a
ressaltar a dualidade desse sujeito que ora é igualado ao dia, ora à noite. A descrição
das lembranças é feita detalhadamente fazendo com que os elementos da natureza e
as personagens femininas se relacionem e se integrem, com isso criam-se “imagens
que representam mulheres como deusas perfeitas”, fazendo delas seres inatingíveis.
Outro elemento importante para a estética romântica francesa que apresenta relevância
na obra é a memória. Assim, a análise dessa obra nervaliana procurará apontar como
as lembranças do narrador são representadas na narrativa e a importância do tempo
para a constituição da memória. Para isso, é necessário ressaltar a construção de um
tempo particular a partir da mistura de tempos do passado e presente. Tais tempos
combinados e atrelados a uma intensa descrição de lugares, seres e, sobretudo, de
expressão de sentimentos constroem um “tempo interior”, subjetivo e íntimo,
característico da memória do narrador. Assim, o texto não aparenta ser construído
apenas pela narração de acontecimentos do passado, já que o uso do tempo presente
gera a sensação de que os fatos acontecem ao mesmo tempo em que a leitura se
realiza. Nesse sentido, há uma possibilidade de interpretação na qual alguns
acontecimentos parecem ser invenções do narrador, em razão de seu trabalho com a
memória de um tempo muito distante. Tal memória apresenta tanto lembranças de
Resumo:
A língua francesa não consta na grade curricular de ensino da rede pública do Estado
do Paraná. Há alguns anos, o espaço destinado ao ensino desse idioma tem se limitado
apenas às escolas particulares e ao CELEM (Centro de Línguas Estrangeiras
Modernas), projeto mantido pelo governo do Paraná. Nesse sentido, o acesso ao
universo cultural da língua francesa possui algumas limitações e enfrentamentos. O
PIBID-Francês foi colocado em prática nesse contexto, a partir do ano de 2014 e, ao
longo desses três anos e meio, tem sido realizado nas dependências do Colégio Tomaz
Edison de Andrade Vieira, em Maringá-PR. É importante ressaltar que durante esse
período, a equipe de bolsistas tem sido revezada, principalmente, pelo fato de os alunos
que estão no último ano do curso se formarem, entre outras situações. Mas isso não
impediu que a unidade do grupo se abalasse. Os encontros do grupo (em que se dão os
debates teóricos, as oficinas e a preparação das intervenções) são realizados na UEM,
semanalmente. Assim, o objetivo dessa comunicação é apresentar um panorama das
ações desenvolvidas pelos bolsistas do subprojeto de língua francesa, considerando os
estudos dos textos teóricos que fundamentam a formação docente, bem como a prática
em sala de aula, dos participantes inseridos no contexto desse subprojeto -alunos do
curso de Letras/Francês da Universidade Estadual de Maringá-.
Resumo:
O objetivo deste estudo é propor uma leitura da obra Candide, do escritor francês
François Marie Arouet - Votaire (1694-1778), que estabeleça uma relação entre o estilo
do autor - que nesta obra, esbanja sua ardil e ácida ironia, marca contínua na obra de
Voltaire -, a uma das atribuições mais caras a respeito da formação do leitor, a
criticidade. Este conceito de criticidade, segundo as palavras de Antonio Cândido
(2006), está ligado à maneira como o homem percebe o mundo após sua imersão na
literatura. Podemos inferir, a partir das palavras do autor, sobre como a literatura aguça
a visão do homem sobre o meio em que vive, dotando-o de uma percepção mais
acentuada. Para poder precisar de que forma esta obra contribui com a formação do
leitor e sua criticidade, elencamos investigar Candide a partir da ironia e da sátira,
pormenorizando suas possíveis construções e o efeito destas ferramentas na
composição da obra. Buscamos, ainda, apresentar de que forma esta figura de
linguagem - ironia - produz a sátira, colaborando para a formação do leitor, e os
desdobramentos desse diálogo no leitor e seu contexto social. Apontaremos nestes
desdobramentos do contexto social algumas possíveis materialidades sobre as
fomentações provocadas por este ganho de criticidade nas condições sociais as quais
pertence este leitor, ou seja, de que maneira as insatisfações originadas por tal
criticidade convergem com o rumo dos acontecimentos da época e com a nova
estrutura social originadas a partir destes acontecimentos. A Revolução Francesa,
ocorrida em 1789, é o principal acontecimento histórico que demonstra a conexão entre
a formação do leitor e a sua intervenção no contexto social. Pretendemos também
demonstrar nesta análise como se manifestam alguns preceitos embrionários que
alicerçaram a construção do pensamento moderno, tendo como destaque em nosso
trabalho: a tolerância religiosa, o fim do absolutismo e a consciência de classe. Todos
estes fenômenos ocorridos na sociedade foram provocados pela insatisfação social da
época, a qual a ironia de Voltaire foi uma arma fundamental. Entretanto, pretendemos
ainda demonstrar a partir da construção deste trabalho como essa figura de linguagem
também escondia possíveis estruturas para a construção desse novo modelo de homem
e sociedade, apresentando a sátira como uma forma de denúncia, que aponta estes
pilares para a construção do pensamento moderno.
Resumo:
Este artigo objetiva relacionar o estilo de estudo dos alunos de francês no curso de
Secretariado Executivo Trilíngue da Universidade Estadual de Maringá-UEM, pelo
número de horas de efetivo estudo extraclasse destes discentes, com a teoria da Curva
de Esquecimento de Ebbinghaus (1885). Psicólogo e pesquisador alemão do século
XIX, Ebbinghaus realizou uma série de experimentos constatando que, após certo
período de tempo, distinto para cada pessoa, as informações recebidas são
majoritariamente descartadas pelo cérebro, se não houver uma constante revisão sobre
o assunto. Portanto, a memorização seria uma relação direta entre a aprendizagem e a
experiência. Embora o experimento original deste pesquisador tenha sido feito com
sílabas desconexas e sem sentido, uma parcela do resultado é comum a todo tipo de
conteúdo, visto que o processo neurológico pelo qual passa nosso cérebro é
praticamente o mesmo, independentemente do número e da proporção das
informações. Se durante o século XIX a retenção de informações já era um desafio, hoje
ela o é mais do que nunca. Na atual Era da Informação somos constantemente
submetidos a novos conhecimentos, sendo que parte destes necessita ser retido, por
exemplo, o conhecimento adquirido durante a formação profissional. Destarte, o mesmo
ocorre com o aprendizado da língua francesa, bem como qualquer outra língua
estrangeira, dentro dos cursos de graduação, a citar, o Secretariado Executivo Trilíngue.
É exigido do discente, impreterivelmente, que ele tenha uma boa memória, que ele
retenha todo tipo de informações a respeito da língua, afinal, é um profissional trilíngue
que está se formando. No entanto, limitar o aprendizado da língua francesa apenas à
carga horária semanal de aulas, reduz diretamente o fator experiência coberto na teoria
de Ebbinghause, tornando deveras complicada a familiarização com um novo idioma a
nível profissional, que é o que se espera do profissional de secretariado. Sob o
pressuposto de que alguns graduados em Secretariado Executivo Trilíngue não retém o
Resumo:
Resumo:
Clarice Lispector não publicou somente para adultos, mas também para um público
infantojuvenil. Entre essas publicações está a obra A vida íntima de Laura que conta a
história de uma galinha que vivia em um terreiro com mais outras galinhas e Luiz, um
galo que inchava de vaidade entre as galinhas do terreiro, que tinham por destino a
panela da casa de Dona Luíza. O presente trabalho tem por objetivo analisar como os
esquemas textuais são construídos dentro da narrativa, a fim de promover um diálogo
entre o narrador e o leitor (o público infantil); possibilitando que esse leitor mirim busque
em seu repertório uma série de fatos que estabelecerão um diálogo com a narrativa e o
possível entendimento sobre questões referentes à ética animal ou a falta dela em uma
sociedade em que os animais são visualizados como comida, meio de transporte,
segurança, e objetos para testes laboratoriais. Além disso, verificar como esses
esquemas textuais auxiliam na formação crítica do leitor no que se refere ao respeito
aos animais não humanos. Dessa forma, a obra será analisada pelo ponto de vista da
ética animal, uma linha de estudos que promove os respeito e a igualdade entre os
animais humanos e não humanos, levando em conta que todos são seres sencientes e
necessitam ser tratados com a mesma ética, tendo seu modo de vida e suas
necessidades respeitadas pelas sociedades humanas. Para que essa análise seja
realizada, será considerado para base teórica o autor Wolfgang Iser no que se refere à
teoria relacionada aos esquemas textuais. Quanto aos postulados referentes à ética
animal serão considerados os autores Sônia Felipe e Peter Singer. Além de Clarice
Lispector ser uma autora brasileira consagrada e de grande importância para nossa
literatura, ela promove diversas reflexões sobre o interior do próprio ser humano com o
espaço e os seres que o cercam. É importente salientar que essa análise é uma
possibilidade de leitura que pode ser utilizada em sala de aula a fim de ensinar ética
animal às crianças, que muitas vezes ficam alheias às questões referentes ao massacre
animal existente em nossa sociedade, o que as levam a considerar “normal” muitas das
práticas que são realizadas diariamente. A obra de Clarice permite pensar os limites
entre os seres de diferentes espécies, assim como a necessidade de uma convivência
que respeite as diferenças. A inteligência e o afeto não são exclusivos dos seres
humanos.
Resumo:
Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise das Histórias em
Quadrinhos (HQs) produzidas pelo brasileiro Alexandre Beck, intituladas “Armandinho”,
publicadas inicialmente no Diário Catarinense e na atualidade disponíveis em jornais de
diferentes regiões brasileiras; em uma página de redes sociais; em um blog; contando,
também, com dez livros impressos. O título faz referência à personagem central da
obra, um menino de sete anos que vive com seus pais e um animal de estimação
inusitado: um sapo. Neste estudo, apreciaremos, em especial, a postura ética da
personagem principal em relação aos não humanos. Com uma linguagem espontânea,
crítica e terna, as tirinhas de Beck recuperam a pureza do olhar infantil e retratam,
através da percepção de uma criança, uma lógica que, em contraste com a do adulto,
poderá promover a ampliação da nossa visão de mundo e da natureza, alterar a nossa
percepção e nos oferecer uma possibilidade para (re)avaliarmos nossos valores,
atitudes, prioridades, forma como nos relacionamos com todos os nossos companheiros
na aventura de viver neste pequeno pedaço do universo. O menino atento, inteligente,
solidário, afetuoso e sensível observa e destaca aspectos e situações da realidade
referencial que o cerca com perspicácia e inabalável senso de justiça, sendo capaz de
se perceber como cidadão do mundo e irmão de todos os seres vivos habitantes da
terra. Dotado de uma ética de consideração respeito pelos animais, seu discurso se
contrapõe a um pensamento hegemônico, ainda vigente, no qual os bichos são tidos
Profa. Me. Shery Duque Pinheiro (E.M. Mariúcha e Programa de Estudo, Manejo e
Preservação do Bicho-Preguiça)
Resumo:
Resumo:
Resumo:
Este trabalho apresenta uma análise comparativa sobre a obra Vidas Secas, de
Graciliano Ramos, com os escritos do autor Franz Kafka, mais precisamente no conto
Um artista da fome e na novela Metamorfose, privilegiando os elementos formais da
estruturação, quais sejam: o foco narrativo, as técnicas narrativas do fluxo da
consciência e o monólogo interior. Para tanto, toma-se como base o método crítico de
Antonio Candido e outros autores, que buscam compreender os mecanismos sociais
existentes no texto literário e a forma como eles atuam enquanto componentes da
estrutura da obra. Apesar de não serem dois autores relacionados entre si, nessas suas
obras é possível perceber a problemática da humanidade x animalidade. A animalidade,
na literatura, muitas vezes, pode se dar pela solidão humana resultante da necessidade
de afeto que provém de uma sociedade individualista. A figura do animal pode funcionar
como uma projeção do humano correspondente aos seus desejos, ansiedades e/ou
medos. Sendo assim, o animal acaba sendo uma companhia quase humana para o
homem e, também, acaba substituindo a companhia de outro humano. Muitas são as
diferenças entre o animal versus humano, visto que este representa a civilização, e
aquele, a primitividade. Em Vidas Secas, tem-se a presença física da cachorra Baleia
com suas emoções representadas pelo narrador, aproximando-se, assim, à figura de
Fabiano, que, apesar de humano, não possui muitas falas, comunica-se quase sempre
com gemidos e vive de misérias, tendo assim uma vida comparada à de um animal. Nos
escritos de Franz Kafka, Um artista da fome apresenta um humano não reconhecido
pelo seu talento e que é tratado como um animal, colocado até dentro de uma jaula. Já
em Metamorfose, temos o homem metamorfoseado em animal, mais precisamente em
um “inseto monstruoso”, e que continua sendo tratado como um humano pela sua
família. A comparação desses elementos nas obras é possível através da técnica do
foco narrativo analisado nos textos, sendo esta técnica utilizada como base para este
trabalho. Outros elementos também são essenciais na abordagem da comparação e
análise, tais como: o narrador e suas especificidades, além das personagens, tendo em
vista as outras categorias analíticas com as quais o foco narrativo se relaciona no
processo de análise do romance.
Resumo:
Este estudo tem como objetivo apresentar resultados decorrentes do trabalho com
literatura de defesa animal em aulas ministradas a alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental e do 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Maringá. As
turmas continham 32 alunos com idades entre 13 e 14 anos e 33 alunos na faixa etária
de 15 e 16 anos, respectivamente. As atividades foram desenvolvidas durante a
disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III - Ensino Literário por duas
alunas/estagiárias do 4º ano de graduação em Letras Português e Inglês da
Universidade Estadual de Maringá (UEM). Nos encontros destinados à regência
buscou-se consolidar o conhecimento dos aprendizes a respeito da função e
importância da literatura, propor reflexões acerca da relação entre o ser humano e os
animais, promover a conscientização da relevância da defesa animal e construir
sentidos por meio da análise de textos literários e sua estrutura. Para isso, o trabalho foi
conduzido a partir do levantamento de conhecimento prévio dos alunos, motivação do
tema por meio de vídeos e imagens e leitura de textos literários de diferentes gêneros.
Para a análise descritiva e interpretativa dos textos, visando o desenvolvimento da
agilidade, leitura, interpretação e criticidade, foi adotada a metodologia de níveis de
leitura, de Arnaldo Franco Junior (1996), e os alunos tiveram de responder
individualmente e em sala de aula os questionários relacionados a cada texto
trabalhado, com perguntas nos níveis de decodificação, associação e análise. Dessa
forma, buscou-se averiguar qual o nível de interpretação em que os alunos se
encontram e o que eles conseguiram depreender do que foi discutido nas aulas. A
análise debruçou-se nas folhas de respostas dos estudantes, as quais foram corrigidas
pelas estagiárias; na participação dos alunos durante as discussões; na frequência dos
alunos e interesse pelas aulas. Os resultados do estudo foram positivos e apontaram
para o sucesso do objetivo inicial do Estágio III, visto que os estudantes alegaram que
se conscientizaram do que é defesa animal e entenderam a relevância de se trabalhar
esse tema, além de que, durante as aulas, relataram situações de maus tratos que
presenciaram no seu dia a dia e fizeram questionamentos sobre como proceder diante
de casos assim. Ademais, os alunos prometeram divulgar os meios de denúncia de
Palavras-chave: Defesa animal; Animais não humanos; Relação ser humano e animais;
Ensino literário.
Resumo:
saber, como Fisiologia, Anatomia, Neurologia, entre outras. Nesta declaração, houve a
afirmação de que tudo que é causado ao corpo do animal, como os mamíferos, aves e
peixes, são sentidos por eles, da mesma maneira que os humanos sentem. Por esse
motivo, esperamos que esse trabalho possa contribuir para o aprimoramento das
reflexões na área e, consequentemente, a atenção e o respeito ao comportamento do
animal humano para com o animal não humano.
Resumo:
Os animais não humanos são, usualmente, vistos como coisas/propriedade, de modo
que não há uma preocupação em preservar e reconhecer seus direitos. Tal ausência de
reconhecimento pode ser denominada de especismo, prática que consiste no
pressuposto de que as vidas têm valores diferentes dependendo da espécie a que
pertencem. É a prática do especismo que leva, por exemplo, à permissão do uso de
animais não humanos em experimentos científicos; em produções cinematográficas; em
atrações culturais, como rodeios e zoológicos; na fabricação de cosméticos e remédios;
na confecção dos mais diversos produtos, desde sacolas plásticas até pneus; na guarda
de imóveis; em buscas policiais; e em produtos alimentícios em geral. Levando tais
questões em consideração, entendemos que um dos primeiros passos necessários para
mudar essa realidade seja a análise da relação estabelecida entre humanos e não
humanos. Dessa maneira, neste estudo, pretendemos dar lugar a reflexões sobre a
linguagem que auxiliem a pensar como se configuram as relações que estabelecemos
com animais não humanos, bem como de que forma tratamos esses seres em nosso
cotidiano. Assim, a partir de uma reflexão sobre a linguagem, propomos discutir o modo
como a relação entre humanos e não humanos é evidenciada em A Revolução dos
Bichos, de George Orwell. Essa obra representa um sistema ético em que todos os
animais possuem igual valor; contudo, também estabelece uma aproximação entre
humanos e não humanos no momento em que estes adotam o mesmo sistema de
opressão outrora instaurado por aqueles, servindo de inspiração para repensar tais
relações. Percebemos, então, que o processo de humanização presente na obra
orwelliana não se configura como uma construção de virtudes éticas e morais, pois o
que ocorre é justamente o contrário: a humanização instaura-se como a capacidade de
reconstruir os antigos valores dos senhores proprietários dos animais não humanos.
Desse modo, a humanização implica a posse sobre os outros animais, tirando-lhes o
direito básico universal à vida e ao próprio corpo, assim como à sua força de trabalho e
aos seus desejos. Possuir a vida dos outros animais, cremos, distingue-se do
assassinato e assemelha-se à escravidão, porque tomar a vida não é tirar a vida, mas,
sim, apossar-se daquilo que é vivo, daquilo que é animado, isto é, daquilo que tem alma
e desejo. A revolução, dessa maneira, torna-se uma antítese de si mesma. O
movimento de oposição/tensão entre os animais não humanos e humanos instaurado
na obra sucumbe pela incorporação das práticas opressoras. Assim, a luta pela
igualdade torna-se uma luta pelo poder; do mesmo modo, o espírito de coletividade e
liberdade esvanece perante a assimilação do poder como forma e força de repressão e
estratificação.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
narrativa, se configura não apenas como um tema, mas é personificada pela Mulher
sem rosto, podemos associar essa personagem ao mito de Perséfone, que, segundo a
versão mais divulgada da lenda, faz referência a uma deusa, filha de Zeus e de
Deméter, que, ao lado de Hades, reina no mundo dos mortos, mas, na primavera, sobe
à terra e à morada dos deuses no Olimpo para junto de sua mãe, para novamente
imergir nas sombras do mundo subterrâneo no inverno, o que representaria a alegoria
da germinação e o ciclo das estações. Em vista dessas considerações, nosso objetivo é
analisar como se configura a imagem da morte em O sofá estampado, relacionando-a à
temática do retorno, e como tal imagem revisita e reinventa o mito clássico de
Perséfone, aproximando-se e/ou afastando-se de tal mito.
Resumo:
Resumo:
Páris Alexandre e ainda verificar se, embora tendo a sua coragem na guerra, muitas
vezes, questionada, se enquadra adequadamente no padrão épico de heroicização.
Uma das constatações que podemos fazer é que, ao partir do pressuposto que a
história geralmente é contada pela parte vencedora, podemos afirmar que isso, talvez,
tenha impedido, a um olhar desatento, visualizar Páris como um herói épico modelar,
uma vez que, esse era troiano e os gregos saíram vitoriosos da Guerra de Troia,
fazendo que se destacassem na Ilíada os heróis gregos Agamêmnon e Aquiles, por
exemplo. Para a análise, faremos uma breve apresentação do mito de Páris de modo a
comparar as versões apresentadas pelos mitólogos Spalding (1965), Brandão (1991),
Grimal (2000) e Kury (2001). Após isso, apresentaremos a etimologia do nome desse
personagem e algumas características do herói épico encontradas em Páris, de acordo
com a teoria de Kothe (2000), Pacheco (2009) e Santos (2011) e dos autores já citados.
Resumo:
Resumo:
Resumo:
A importância da Literatura Grega é evidente em toda a tradição literária, seja porque a
maior parte dos gêneros encontrou na Grécia seu pleno desenvolvimento (como, por
exemplo, a poesia épica, a comédia, o romance, entre outros), seja porque os temas
tratados ali repercutiram nas mais diversas áreas do saber. A tragédia grega, em
particular, exerceu influência decisiva na formação do teatro ocidental. Intrigantes sem
dúvida são para nós (como o foram para os antigos) personagens tais como Édipo ou
Medeia, por exemplo. Quanto ao rei de Tebas, toda uma teoria foi derivada de sua
trajetória, sintetizada por Freud na ideia de um complexo de rivalidade entre filho e pai
e na busca do primeiro pela mãe. Trata-se do notório Complexo de Édipo. Da mesma
forma, Electra, filha de Agamêmnon, se prestou ao mesmo tipo de análise, de onde
surgiu uma vez mais um complexo, esse agora o de Electra. A heroína, junto com seu
irmão Orestes, é responsável por matar a mãe Clitemnestra como forma de vingança
pelo fato de a rainha ter, por sua vez, assassinado o marido Agamêmnon após seu
retorno de Troia. Honrando o pai, portanto, Electra e Orestes cometem o matricídio e
devem suportar suas consequências. O termo “Complexo de Electra” foi introduzido por
Carl Gustav Jung e é utilizado como sinônimo do Complexo de Édipo Feminino para
enfatizar a existência, nos dois sexos, de um comportamento análogo com relação aos
pais. Assim, a relação estabelecida seria inversamente simétrica ao complexo edípico:
a filha desenvolveria um sentimento de amor direcionado ao pai e, por outro lado, de
ódio pela mãe. Independente da existência de discussões sobre a pertinência ou não
de um complexo, é interessante levantar alguns questionamentos referentes à
utilização de uma obra literária, baseada em uma lenda antiga, para o desenvolvimento
de uma teoria psicológica. Jean-Pierre Vernant, em “Édipo sem Complexo”, nos previne
quanto ao emprego do mito de Édipo na elaboração de teorias psicológicas. O autor
questiona em que medida uma obra literária, pertencente à cultura de Atenas do século
V a.C. e que reflete conteúdos de uma lenda tebana que antecede ao regime da
cidade, pode comprovar investigações de um médico psicanalista do início do século
XX. Considerando esses questionamentos, nosso objetivo neste trabalho é, a partir da
análise dos desdobramentos das ações de Electra nas três tragédias que encenam o
mito (Coéforas, de Ésquilo; Electra, de Sófocles; e Electra, de Eurípides), verificar se o
conceito de Complexo de Electra na Psicanálise se ampara seguramente na trajetória
da heroína grega e, também, realizar uma reflexão sobre o uso do mito em questão
para a formulação de uma teoria psicológica de caráter geral.
Resumo:
A temática do retorno encontra-se diretamente ligada às ações humanas, pois nas mais
variadas culturas e nos mais variados contextos, o ato de retornar adquire contornos
significativos, adentrando as esferas do mítico e do transcendente. De acordo com
Campbell (2008), a mitologia possui uma função psicológica, pois o mito deve fazer o
indivíduo atravessar as etapas da vida, do nascimento à maturidade, depois à
senilidade e à morte, tudo isso em comum acordo com a ordem social do grupo desse
indivíduo, em comum acordo com o mistério da existência. Basta atentarmos para os
diversos campos do saber e perceberemos que o retorno permeia a religião, a filosofia
e, principalmente, a literatura, se considerarmos que a narrativa ficcional é a arte do
retorno e possui sua matriz arquetípica oriunda dos mitos e ritos sacros da Antiguidade.
Segundo Motta (2006), na modernidade, a narrativa, de forma cíclica, empreende um
percurso de retorno às fontes matriciais da tradição, buscando a infância perdida da
semente mítica. Se acreditarmos que o retorno é um processo ritualístico realizado pelo
homem e que o leva a uma dimensão mítica, também na narrativa literária ocorrerá o
mesmo processo, havendo um retorno às origens, aos mitos e símbolos considerados a
gênese da narrativa ficcional, cuja temática apontará para duas tendências: a vida e a
morte, determinadas pela possibilidade ou não de retornar. Essa ação configura-se um
processo bastante simbólico, pois tal atividade exige reflexão e está sempre motivado
por algum desejo, por alguma razão, que, na maioria das vezes, encontra-se no limiar
entre a salvação/redenção e a ruína. Diante disso, consideramos que o retorno tende a
possuir um efeito catártico, podendo provocar uma mudança de espírito naquele que o
realiza. Nessa perspectiva, a presente comunicação tem como objetivo apresentar
algumas das várias nuances dessa temática, partindo de suas origens míticas e com
destaque para a modernidade, por meio de considerações sobre Ciranda de Pedra, de
Lygia Fagundes Telles. O enredo da obra reúne uma série de elementos míticos e
simbólicos que evocam o retorno, a começar pelo título, no qual a palavra “ciranda”
relaciona-se diretamente ao aspecto de circularidade, e pela trajetória empreendida pela
personagem principal Virgínia, sendo o retorno a ação que determinará o processo de
transformação da mesma.
RESUMO 1
RESUMO 2
Resumo:
primitiva na qual devemos ler a real condição dos primeiros homens, seu modus
vivendi e sua postura diante do mundo físico: os mitos seriam testemunha de sua
história e máxima expressão de sua poética. Portanto, esse estudo tem como
finalidade fazer manifesta a transmutação da palavra em gesto operada, com sublime
mestria, pelo intelectual italiano Pier Paolo Pasolini.
Resumo 4
Resumo:
Resumo:
Este trabalho está intrinsecamente ligado ao Projeto de Iniciação Científica “A formação
do leitor crítico no Ensino Médio: Estratégias para o diálogo entre literatura, música e
mídias na sala de aula”, ainda em andamento, e que possui o objetivo de refletir sobre a
natureza e o papel da literatura na formação do leitor crítico no contexto do Ensino
Médio brasileiro, analisando a realidade da sala de aula para o ensino de literatura
articulado com aspectos musicais, observando onde se encontra a intersecção entre
ambas as áreas em um contexto transmídia e dialogando de modo direto com os
próprios documentos norteadores da educação, tanto nacionais como os do Estado do
Paraná (DCEs, DCNs e OCEMs). Na presente comunicação, o que se pretende é
discutir, através do corpus teórico dos documentos da educação brasileira, da prática
Resumo:
É sabido que a convivência com o texto no ambiente escolar tem sido o centro de várias
questões e, em especial quando este é marcado pelo ciberespaço como novo canal de
comunicação onde a relação entre autores, textos e leitores é modificada. Num mundo
marcado pela aceleração tecnológica as formas de leitura são alteradas e requer uma
nova metodologia para que o professor forme leitores do texto literário. Portanto, esta
pesquisa se justifica pela necessidade de verificar e eventualmente responder à
questão: como e por que trabalhar o texto literário na era digital?, tendo por base os
relatos de experiências do trabalho realizado com alunos de 9ºano de um colégio do
campo. Desse modo, visa contribuir para que alunos e docentes encontrem significado
na vida partindo da interação com o texto na tela fazendo com que a leitura se torne
mais aceitável e atraente.
Resumo:
Resumo:
O século XX marcou uma profunda ruptura com os valores clássicos e muitos dos
conceitos tidos como certos a respeito do homem e da sociedade, entre eles estavam a
noção de verdade histórica e valor histórico. Pela primeira vez coube questionar “quem
escreve a história” e “quais as razões e valores daquele que escreve”. Assim, o
chamado “texto oficial” foi posto em cheque, tanto pelos próprios historiadores como
pela literatura. A certeza de que não existem textos despolitizados e que, mesmo assim,
parte da forma como o mundo é compreendido dependem de tais textos, levou os
autores pós-modernos a testar os limites da história e dos fatos incontestáveis,
buscando explorar essas verdades (sem plurais) por trás da historicidade. Entre esses
movimentos surgiu a chamada “Metaficção historiográfica”, uma vertente do que viria
(possivelmente) a ser o pós-modernismo, que busca recontar sobre outros pontos de
vista os acontecimentos históricos determinantes de uma sociedade e até reescrevê-los
por completo, procurando, deste modo, dar voz para parcelas até então periféricas da
história oficial, bem como transgredir determinados valores sociais que implicariam em
uma historicidade parcial e tradicionalista. É o que faz o autor norte-americano Philip K.
Dick em sua obra O homem do castelo alto, de 1962. Extremamente conhecido por
suas contribuições à ficção cientifica do século XX, Philip K. rescreve nessa obra os
acontecimentos finais da Segunda Guerra Mundial, na qual os Aliados teriam sido
derrotados pelo Eixo e agora o mundo se vê sob o julgo de uma política nazista e
japonesa. Nessa realidade sombria os EUA são divididos entre as duas superpotências
e desta perspectiva a história passa a transitar entre diferentes personagens que
ocupam diferentes posições sociais dentro da nova sociedade, que precisam lidar com
as mudanças que esse novo contexto histórico impõe aos sobreviventes. Mas mais que
imaginar um presente alternativo, o autor questiona o verdadeiro sentido da “vitória” e
as consequências sociais para as nações derrotadas, mostrando que o distanciamento
do que poderia ter sido um mundo nazista para o mundo “real” não é tão grande. Mais
que isso, Dick propõe uma reflexão de como a própria noção de história interfere na
construção do conceito do “real”, ao introduzir dentro da obra de ficção uma segunda
obra, escrita pelo misterioso “homem do castelo alto”, na qual os Aliados seriam os
vencedores da Segunda Guerra. O presente trabalho, propõe, deste modo uma breve
Resumo:
Resumo:
No cenário atual, de uma sociedade cada vez mais conectada, é imprescindível o uso e
domínio das tecnologias dentro e fora dos muros da escola. É importante reafirmar o
caráter de transformação que as tecnologias causam em diversos setores da sociedade,
e na escola não é diferente. O presente trabalho tem por finalidade um relato de
experiências com discentes do 4º do Ensino médio profissionalizante ocorrido em uma
instituição da cidade de Jacobina-BA, ancorados na perspectiva das TIC na educação.
O objetivo é relatar o processo da realização da segunda etapa da XIV Gincana
Literária, intitulada Fanfiction, por meio da análise do processo de aplicação da oficina,
de relatos dos envolvidos na aplicação da mesma e das produções dos discentes. Este
trabalho visa problematizar, as perspectivas e os desafios do uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação para o ensino de literatura na educação básica. A oficina foi
aplicada por quarto estudantes do curso de Letras – Língua portuguesa e literaturas da
Universidade do Estado da Bahia entre os meses de julho e agosto em uma turma
composta por quinze alunos. Esta por ser a segunda etapa da XIV Gincana Literaria da
instituição, foi realizada com os grupos que já haviam sido definidos anteriormente pela
professora da turma. Primeiramente foi apresentada aos alunos o conceito de fanfic,
história e alguns exemplos, logo após foi apresentada também a ferramenta spirit
fanfics, noções básicas, layout, criação de perfis e o processo de compartilhamento das
produções na rede. Os livros trabalhados pelas duas equipes em que a turma estava
dividida foram “Vida secas” de Graciliano Ramos e “Quincas Borba” de Machado de
Assis. Desta forma a tarefa a ser executada pelos alunos era basicamente produzir um
texto, uma fanfic acerca dos romances trabalhados. Os alunos tiveram total liberdade,
na produção da atividade, tendo apenas o auxilio e mediação dos aplicadores na oficina
no trato com a ferramenta spirit fanfics, logo após finalizadas as produções, a segunda
etapa da tarefa dizia respeito à exposição do que foi produzido e compartilhado na
ferramenta para outras turmas, essa exposição foi feita em forma de dramatização. Ao
final da oficina foi possivel concluir que as tecnologias desenvolveram papel de atrair e
estimular os estudantes, contribuindo assim para uma leitura e escrita profícuas e que, o
uso dessas tecnologias pelo professor, se mostra como um metodo e recurso de ensino
propicio ao o ensino e pesquisa.
Resumo:
e outros foi possível apontarmos características fundamentais que comprovam que a LIJ
possui um papel tão importante quanto, se não mais importante, que o da literatura
para adultos enquanto parte da formação do leitor. Sublinhamos aqui, que o papel do
estudo não é, de forma alguma, tentar questionar a importância da literatura para
adultos, mas única e exclusivamente destacar o quão necessário é considerarmos o
papel que a LIJ exerce na formação dos jovens leitores e o seu caráter de literatura de
qualidade pertencente ao cânone literário.
Resumo:
Resumo:
Partindo dessa concepção, este trabalho visa a uma discussão acerca da circulação e
recepção do poema “Annabel Lee”, de Edgar Allan Poe; em sua versão e-book (i-Poe).
Para isso, o poema será analisado a partir de sua reprodução no aplicativo, tendo como
foco a dinâmica visual que estabelece um novo conceito em torno de sua compreensão.
Com isso, pretende-se, nessa discussão, investigar se e/ou como a leitura do poema
“Annabel Lee”, através do aplicativo i-Poe, pode sofrer alteração em seu modo de ler e
compreender. Como fundamentação teórica, recorremos a Kress (2000, 2010), Kress e
VanLeeuwen (1996, 2001, 2006), com estudos sobre Gramática Visual; Halliday (1985,
1994, 2004), com trabalhos que versam sobre a gramática funcional; Jauss (1994), com
estudos sobre Estética da Recepção e, Iser (1996; 1999a; 1999b), com estudos sobre
Teoria do Efeito Estético. Além de outros estudiosos que possam contribuir para o
assunto proposto, como: Lévy (1998; 1999; 2004) e Jenkins (2009).
Resumo 15
Resumo:
Resumo:
Este projeto de Iniciação Científica centra-se nas culturas de fã, mais especificamente
na fandom de The Sims, a franquia de games mais bem-sucedida de todos os tempos
(JENKINS, 2009), focando principalmente nas produções dos fãs em Machinima,
gênero digital que consiste em uma animação em 3D produzida através de recursos de
um game. Dessa forma, ele é feito para diferentes meios e objetivos em um fandom
(grupos de fãs que compartilham o mesmo gusto e interagem entre si), tendo múltiplas
camadas multissemióticas (ex. linguística, imagem em movimento, áudio, performance,
etc.), reunidas em um produto final através das práticas de novos multiletramentos na
hipermídia. Em The Sims, são produzidos videoclipes, paródias, novelas, web-séries,
Resumo:
No cenário atual, de uma sociedade cada vez mais conectada, é imprescindível o uso e
domínio das tecnologias dentro e fora dos muros da escola. É importante reafirmar o
caráter de transformação que as tecnologias causam em diversos setores da sociedade,
e na escola não é diferente. O presente trabalho tem por finalidade um relato de
experiências com discentes do 4º do Ensino médio profissionalizante ocorrido em uma
instituição da cidade de Jacobina-BA, ancorados na perspectiva das TIC na educação.
O objetivo é relatar o processo da realização da segunda etapa da XIV Gincana
Literária, intitulada Fanfiction, por meio da análise do processo de aplicação da oficina,
de relatos dos envolvidos na aplicação da mesma e das produções dos discentes. Este