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V CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação

Múltiplos Olhares
25, 26 e 27 de setembro de 2017
ISSN: 1981-8211

CADERNO DE RESUMOS
V CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em
Interação
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V CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação
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25, 26 e 27 de setembro de 2017
ISSN: 1981-8211

COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenadora
Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (DTL/UEM)

Membros da Comissão
Profa. Dra. Aldinéia Cardoso Arantes da Silva (DTL/UEM)
Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo (DTL/UEM)
Profa. Dra. Flávia Zanutto (DTL/UEM)
Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado (DTL/UEM)
Prof. Me. Pedro Afonso Barth (DTL/UEM)
Prof. Dr. Ricardo Augusto de Lima (DTL/UEM)
Profa. Dra. Lilian Cristina Marins (DLM/UEM)
Profa. Dra. Vera Helena Gomes Wielewicki (DLM/UEM)
Profa. Dra. Luciana Dias Di Raimo (DLP/UEM)
Profa. Dra. Roselene de Fátima Coito (DLP/UEM)

Membro externo
Prof. Me. Jefferson Gustavo dos Santos Campos
(Unifamma)

Suplentes
Prof. Dr. Neil Armstrong Franco de Oliveira (DTL/UEM)
Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo (DLM/UEM)
Profa. Dra. Roselene de Fátima Coito (DLP/UEM)

Secretária
Hilda de Carvalho (DTL)

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INDÍCE GERAL

SIMPÓSIOS DE LINGUÍSTICA............................................................................................................... 34
SIMPÓSIO 1) Linguagens e discursos nas relações de poder/saber da atualidade ...................... 35
1) O cuidado de si foucaultiano e o capital cultural bourdieusiano na publicidade: convergências no
ensino-aprendizagem da língua inglesa ....................................................................................................... 35
2) Análise de uma série discursiva: correção à escrita em língua inglesa feita pela cantora
Anitta em Maringá ...................................................................................................................................... 36
3) O sujeito no acontecimento “Jogo da baleia azul” ........................................................................ 37
4) Os enunciados “É golpe” e “Não é golpe” e os efeitos de sentido no discurso político da
presidenta Dilma Rousseff em seu processo de impeachment ......................................................... 38
5) Discurso e gênero: um estudo de caso sobre a mulher executiva em capas das revistas
Você S/A e Exame ..................................................................................................................................... 39
6) A circulação de discursos e constituição de verdades sobre o feminismo no Facebook....... 41
7) O saber econômico como fruto da estratégia retórica a produzir efeitos de verdade: o uso da
antítese no discurso econômico de John Maynard Keynes.......................................................................... 42
8) A estratégia biopolítica na dimensão da deficiência: corpos, discursos e práticas ................. 43
9) Dispositivo religioso: um mecanismo de leitura nas pinturas de Marianna Gartner................ 45
10) Objetivação da sexualidade de idoso ............................................................................................... 46
RESUMO 11 ............................................................................................................................................... 47
12) O Escola sem partido como nome próprio ................................................................................. 47
13) As condições de produção e a discursividade nos arranjos e na melodia de canções do
Engenheiros do Hawaii ................................................................................................................................. 48
14) As relações de saber e poder na constituição da ciência da linguagem .............................. 49
15) Nós Discursivos e Subjetivos que Prendem/libertam a Mulher Negra no Quarto de
Despejo........................................................................................................................................................ 50
16) Estupro contra a mulher: um movimento de desconstrução de discursos ...................................... 52
17) Práticas discursivas de objetivação/subjetivação do/sobre o idoso na internet .................. 53

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18) Arqueologia do corpo feminino de uma virgem juramentada ......................................................... 54


19) Discurso, velhice e anormalidade no filme O curioso caso de Benjamim Button (2008) ... 55
20) Resistência e poder no sujeito Helen Keller .............................................................................. 57
21) Um olhar analítico sobre o discurso de inclusão .............................................................................. 58
22) A “Maringá-Menina” e as porungas rio abaixo, dois discursos se confrontam no
nascimento de uma cidade....................................................................................................................... 59
23) O discurso do magistrado e a construção dialógica no discurso decisório: relações de aproximação
ou de distanciamento? ................................................................................................................................. 60
24) O entre-lugar no discurso das “Reflexões Pedagógicas sobre o ensino da EJA”: Relação
de Poder-Saber .......................................................................................................................................... 62
SIMPÓSIO 2) Linguística funcional: análises e perspectivas da língua em uso ............................. 63
1) Sobreposição semântica no conectivo “quando”: Uma análise em ocorrências na Ação
Penal 470 (caso Mensalão)...................................................................................................................... 64
2) Os usos e as relações de sentido estabelecidas pelas sentenças adverbiais: Um estudo
funcionalista à par do gênero discursivo jornalístico matéria ............................................................. 65
3) O uso de portanto no português brasileiro e no português africano ................................................... 66

4) As orações adverbiais hipotáticas concessivas na construção e argumentatividade textual .............. 67

5) Introdução, manutenção e retomada de tópicos discursivos na fala de professoras


universitárias ............................................................................................................................................... 69
6) Aspectos sintáticos de construções tanto que no português brasileiro............................................... 70
7) A Modalização Deôntica e a Modalização Epistêmica no discurso de posse do Presidente
Michel Temer .............................................................................................................................................. 71
8) A análise da (in)coerência do psicótico pela perspectiva funcionalista ............................................... 72

RESUMO 9 .................................................................................................................................................. 73

10) Usos epistêmicos e não epistêmicos do verbo modal poder em entrevistas jornalísticas do espanhol73
SIMPÓSIO 3) Diferentes tratamentos às classes de palavras e categorias gramaticais ............... 75
1) Adjetivo e substantivo: dificuldades de classificação no ensino de língua portuguesa ....................... 75
2) O passado linguístico pela via da História Social da Língua .................................................................. 76
3) Gramáticas revisitadas: a noção de sujeito ................................................................................... 77
4) A categoria gênero e a representação de homens e de mulheres no português brasileiro ................ 78
5) Uma proposta descritiva para organização das classes gramaticais ........................................ 80

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6) Análise de sentimentos: uma análise da polaridade do discurso por meio dos recursos linguísticos ..... 81
7) Relação entre aspecto verbal e finalidade argumentativa no gênero Resposta argumentativa
...................................................................................................................................................................... 82
8) Gramática descritiva, gramática normativa e classes gramaticais – a construção de uma
gramática pedagógica ............................................................................................................................... 84
9) A categoria gramatical de gênero no Latim: itinerários entre o linguístico e o cultural ........... 85
10) A posição do sujeito em orações interrogativas –wh no Português Clássico .......................... 86
11) Composicionalidade de locuções conjuntivas do português brasileiro............................................ 88
12) Descrição morfossintática do verbo no Kaingang ............................................................................ 88
SIMPÓSIO 4) Múltiplas discursividades em cenário social, midiático e artístico ............................ 90
1) Que leitura te move? ............................................................................................................................ 90
2) Deus na visão de Carlos Ruas no blogue “Um sábado qualquer” ............................................. 91
3) O não-dito e o silenciado: a resistência à Ditadura nas/pelas charges de Ziraldo no Pasquim ........... 92
4) Jogos de imagens do sujeito brasileiro nos pronunciamentos de Dilma e Temer frente ao
impeachment .............................................................................................................................................. 93
5) Interdiscurso: análise de propagandas segundo Mangueneau ............................................................ 94
6) Cultura pop e Feminismo: um percurso das imagens da mulher nas canções de Beyoncé . 95
7) South Park na “evidência” do dizer: o politicamente incorreto ........................................................... 96
8) Entre o artista e o artesão: ao significar suas obras, Hélio Leites se significa ...................................... 98
9) O político em funcionamento na materialidade artística pela composição cultura-popular-
religião ......................................................................................................................................................... 99
10) O entrelaçamento das formações discursivas no texto de teatro O balcão ................................. 100
11) Eu falo o que eu querer............................................................................................................... 101
12) Análise do discurso feminista em páginas do Facebook ................................................................ 102
SIMPÓSIO 5) Pesquisas e estudos em Letramentos ........................................................................ 103
1) Projetos de letramento e o ensino de língua materna no ensino fundamental: uma proposta
com jornal escolar .................................................................................................................................... 104
2) Letramento escolar: Uma proposta de leitura crítica......................................................................... 105
3) Práticas de Letramento acadêmico e aprendizagem de alunos do curso de Letras de uma
universidade pública paranaense .......................................................................................................... 106
4) Por que o inglês é a língua franca da academia? ...................................................................... 108

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5) Letramento e educação do campo: um olhar sobre a formação de educadores e educadoras do


PROCAMPO/UNEAL .................................................................................................................................... 109
6) Articulações teórico-metodológicas do Letramento a partir dos eixos de ensino-
aprendizagem de Língua Materna ........................................................................................................ 110
7) Letramento Literário: o conto como instrumento ........................................................................ 112
8) Alfabetização, letramento e linguística: um entrelace ................................................................ 113
9) Modelos culturais na escrita escolar ............................................................................................. 114
10) Jovens leitores reescrevem a sociedade: a leitura de textos sincréticos como
possibilidade de crítica e ação social ................................................................................................... 115
11) A reprodução de estigmas nos letramentos: análise das práticas de linguagem segundo
os gêneros sociais ................................................................................................................................... 117
12) Alfabetização e letramento: implicações para uma aprendizagem significativa ................ 119
13) Singularidades e letramento situado: os usos sociais da escrita em uma escola do campo
120
14) A relação do letramento literário no ambiente escolar com a formação de leitores críticos ........ 121
15) Letramentos escolares: relações de poder, autoridade e identidades ............................... 122
SIMPÓSIO 6) Recursos linguísticos e discursivos na argumentação ............................................. 124
1) Em meio ao riso: uma análise da representação social do professor ........................................ 124
2) Homem x Mulher: estereótipos “livres” no campo do humor........................................................ 125
3) A ideologia política na manchete do gênero notícia marcada pelos recursos argumentativos
.................................................................................................................................................................... 126
4) História e memória na crônica de Machado de Assis: um estudo dos recursos linguístico-
argumentativos ......................................................................................................................................... 127
5) Aspectos cognitivos da referenciação em textos argumentativos ............................................... 128
6) Contribuições da linguística textual para o revisor de textos ....................................................... 129
7) O hífen como recurso ortográfico e morfossemântico .................................................................. 130
8) Pronomes indefinidos e referência ................................................................................................... 131
9) Foucault e o discurso religioso: ordenação e funcionamento ...................................................... 133
SIMPÓSIO 7) Gêneros discursivos/textuais nas práticas sociais e de ensino: objetos de
descrição e de implementação didático-pedagógica ......................................................................... 134
1) O cognitivo e o ético na abordagem do gênero: uma proposta dialógica de análise
linguística .................................................................................................................................................. 134

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2) Construção de gêneros discursivos/textuais enquanto práticas sociais no contexto atual:


para além das práticas de ensino tradicionais .................................................................................... 135
3) Operações linguístico-discursivas na reescrita do gênero Conto de Mistério........................ 136
4) Práticas de ensino de língua materna: o que sabem os professores? ....................................... 137
5) O infográfico é (ou não) um gênero? ............................................................................................... 139
6) Análise da produção e reescrita textual nos anos iniciais: uma prática necessária ................. 140
7) Prática de análise linguística: reflexões sobre os elementos linguístico-discursivos em textos
do gênero Regras de Jogo ..................................................................................................................... 141
8) O trabalho com o tema do texto no 5º ano do Ensino Fundamental: uma proposta de
investigação de respostas discursivas escritas em oficinas de leitura ............................................ 142
9) Práticas de escrita no PIBID em sala de aula: relação com o conceito de gênero discursivo143
10) Marcas de estilo na produção dos gêneros 'carta aberta', 'carta de reclamação' e 'carta de
solicitação' em textos de alunos do Ensino Médio ............................................................................. 144
11) Concepções de leitura na prova de Redação do gênero textual Resumo............................... 145
12) A escrita do gênero discursivo carta pessoal no ensino fundamental enquanto atividade
dialógica .................................................................................................................................................... 146
13) Os aspectos sociais do gênero em atividades elaboradas por graduandos e pós-graduandos
em Letras .................................................................................................................................................. 147
14) Gênero Fábula: uma proposta de leitura e análise linguística ................................................... 148
15) Percepções das noções de gênero discursivo e de texto: um estudo comparativo entre as
formações inicial e continuada............................................................................................................... 150
16) HQs e Inglês: Uma proposta didática de ensino de língua inglesa por meio do gênero ....... 151
17) O gênero artigo de opinião em situação de vestibular ................................................................ 152
18) O sistema da projeção e a articulação de vozes no gênero notícia atributiva online ............ 153
19) A dificuldade de escrita do gênero fábula na escola ................................................................... 154
20) O processo de reescrita nas aulas do gênero resumo escolar ................................................. 156
21) O gênero ensaio: da esfera jornalística para a produção escrita de acadêmicos de Letras 157
22) A Linguística Contrastiva como aliada nas aulas de língua estrangeira moderna da
Educação Básica ..................................................................................................................................... 158
23) Uma proposta de ensino de leitura sobre o Gênero discursivo Canção: sincretismo entre a
linguagem verbal e a linguagem musical ............................................................................................. 159
24) Memórias literárias: um trabalho significativo de leitura e escrita em turmas de 7º. ano ...... 160

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25) A prática da escrita revelada no gênero crônica: entre nuances literárias e jornalísticas ..... 161
26) Gêneros do jornalismo cultural: bases para a produção textual escrita em curso de Letras162
27) Novela gráfica e algumas contribuições para a leitura e interpretação de textos
quadrinísticos............................................................................................................................................ 164
28) Ensino Escolar de Produção de Textos e a Consideração de Atividades Microtextuais ...... 165
29) A instrução ao sósia: a manifestação de um gênero na esfera acadêmica e seu potencial
formativo .................................................................................................................................................... 166
30 Leitura crítica de textos sob um viés dialógico: um possível encaminhamento ....................... 167
SIMPÓSIO 8) Lexicologia e terminologia: diálogos e interfaces ...................................................... 169
1) O léxico toponímico: nomes de motivações de natureza antropocultural atribuídos aos
municípios de Alagoas ............................................................................................................................ 170
2) A religiosidade na toponímia paranaense: primeiras reflexões ................................................ 171
3) A ocorrência de variação denominativa do termo “Agronegócios” em um corpus
semiespecializado. .................................................................................................................................. 172
4) Terminologia do Direito do Consumidor: Análise da variação denominativa ......................... 173
5) Coleta, etiquetagem e manipulação de corpus para a elaboração de um dicionário
Terminológico da Energia Eólica ........................................................................................................... 174
6) A elaboração do dicionário de energia hidráulica ....................................................................... 175
7) As marcas da fronteira na alimentação de paraguaios radicados em Aral Moreira-Brasil e
Departamento Santa Virgínia-Paraguai................................................................................................ 179
8) A retratação dos esquilos-europeus na tradução do léxico da obra Harry Potter and the
Philosopher’s Stone para o português brasileiro ................................................................................ 180
9) Estruturas de acesso à informação lexicográfica em dicionários eletrônicos de espanhol:
uma análise do potencial didático ......................................................................................................... 181
SIMPÓSIO 9) Para além do original: a tradução sob múltiplos olhares ......................................... 183
1) Carnaval pra inglês ver: uma análise tradutória do roteiro dos desfiles das escolas de
samba do Rio............................................................................................................................................ 183
2) Entre o metro e a ideologia: o caso de “La Malinconia”, de Umberto Saba ........................... 185
3) Expansão interpretativa e tradução: pluralidade e descentrismo............................................. 186
4) A tradução em Derrida: (des)caminhos para além de “Torres de Babel” ............................... 187
5) Da tela para o papel: um estudo sobre o seriado Supernatural ............................................... 188
6) Tradução de filmes no ensino de língua estrangeira ................................................................. 189

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7) A tradução interlingual e intersemiótica de Língua Inglesa: uma abordagem do livro O


menino do pijama listrado (2014) .......................................................................................................... 190
8) Breve percurso da história das traduções da bíblia até A Mensagem: contextualização
teórica e histórica ..................................................................................................................................... 191
9) Tradução cultural: Efeitos de sentido em “O Pistoleiro” (2004), de Stephen King ................ 192
10) Extraordinary tales: Edgar Allan Poe e o ensino de literatura via tradução na escola
pública........................................................................................................................................................ 193
11) Do jogo ao cinema: a tradução intersemiótica de Warcraft para a mídia cinematográfica
194
12) Uma análise da adaptação do texto literário Frankenstein, de Mary Shelley, para a versão
cinematográfica Mary Shelley’s Frankenstein ..................................................................................... 196
13) Ensino de língua inglesa e tradução: análise do interdiscurso em um blog jornalístico com
"dicas de inglês" ....................................................................................................................................... 197
14) The help: uso de traduções de textos literários na sala de aula .......................................... 198
15) A Revolução dos Bichos: do papel à tela................................................................................. 199
16) Ensino de Tradução para Secretariado – Um estudo sobre suas possíveis perspectivas e
abordagens ............................................................................................................................................... 200
17) Ka tū te ihi-ihi/ ka tū te wana-wana: o que acontece quando a Disney traduz para as telas
um semideus polinésio? ......................................................................................................................... 201
18) Shakespeare no meio do quê? ....................................................................................................... 202
19) O filme Little Women e a sobrevida do romance homônimo via adaptação cinematográfica
.................................................................................................................................................................... 204
20) Literatura e cinema: processos tradutórios do livro The boy in the stryped pyjama para o
filme homônimo ........................................................................................................................................ 205
21) Traduções bíblicas em linguagem contemporânea no Brasil: contextualização histórica .... 206
22) A canção e sua versão: procedimentos de adaptação/tradução nas canções de desenhos de
princesas do estúdio Disney .................................................................................................................. 207
23) Tradução e evolução: A transmissão cultural através da seleção literária ............................. 208
24) Merlim, uma adaptação bíblica de Robert de Boron ................................................................... 209
SIMPÓSIO 10) Tecnologias, ensino de línguas, políticas linguísticas e educacionais: ecos na
formação de professores ........................................................................................................................ 210
1) O uso das TIC na aprendizagem de línguas: limites e potencialidades da telecolaboração
no ensino médio profissionalizante ....................................................................................................... 211

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2) Avaliação de proficiência linguística e a formação de professores de LI ............................... 212


3) Língua portuguesa ou línguas em português? A proposta da lusofonia ................................. 213
RESUMO 4 ............................................................................................................................................... 214
5) Três práticas democráticas para o fomento de políticas educacionais - uma abordagem para
a proposição de políticas públicas a partir do público........................................................................ 214
6) A tecnologia na formação (continuada) do professor de inglês: potencializando o ensino e a
aprendizagem ........................................................................................................................................... 216
7) Ecos do programa paraná fala inglês: uma análise das notíciais oficiais e expectativas de
envolvidos no programa.......................................................................................................................... 217
8) Política linguística e formação de professores de línguas: bases conceituais e propostas
práticas com vistas ao engajamento..................................................................................................... 218
SIMPÓSIO 11) Reflexões sobre o ensino de linguagens nos cursos técnicos do IFPR .............. 220
1) Língua, variação e livro didático .................................................................................................... 220
2) Reescrevendo o futuro: a escrita como instrumento de inclusão no IFPR ............................. 221
3) Redação Interativa: uma proposta de aprimoramento da escrita para estudantes do ensino
médio ......................................................................................................................................................... 222

4) A produção textual no ensino médio nas instituições federais, estaduais e privadas. O que o
ENEM nos revela? ................................................................................................................................... 223
SIMPÓSIO 12) Ensino-aprendizado de língua estrangeira moderna no contexto brasileiro....... 226
1) O ensino-aprendizagem do gênero história em quadrinhos em espanhol ............................. 226
2) O ensino-aprendizado de língua estrangeira na era da mobilidade: o uso de dispositivos
móveis........................................................................................................................................................ 227
3) O uso de estratégias de aprendizagem no desenvolvimento da autonomia do aprendiz de
língua inglesa............................................................................................................................................ 228
4) Ensino de Língua Espanhola e PTD em Cena de rua ............................................................... 230
5) A internacionalização do ensino superior e o ensino de inglês nas séries iniciais: um estudo
de caso em um município do norte do estado do Paraná ................................................................. 231
6) O corpus como ferramenta de análise de elementos gramaticais em redações em língua
inglesa de alunos universitários............................................................................................................. 232
7) Passos e possibilidades para ensinar língua e literatura através das histórias em quadrinhos
– Conhecendo Miguel de Cervantes e sua obra: Dom Quijote ........................................................ 233

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SIMPÓSIO 13) Formação de professores e ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras:


diferentes olhares e múltiplas perspectivas ......................................................................................... 235
1) Marcas de linguagem lúdica em aulas de língua inglesa .......................................................... 235
2) Cuentacuentos: contribuições do teatro para o desenvolvimento da competência
comunicativa ............................................................................................................................................. 236
3) A língua Dothraki como LE: contrastes fonológicos com o Inglês como LM .......................... 237
4) Dúvidas na formação docente: o que e como ensinar a língua estrangeira? ........................ 239
5) PIBID e PROINTE em foco: construção identitária e aprendizagem do professor de língua
inglesa em espaços extracurriculares .................................................................................................. 241
6) Vivências de alunos ingressantes e formandos do curso de Letras: aprendizagem e
desenvolvimento da identidade docente .............................................................................................. 242
7) A identidade docente em um curso de Letras português-inglês .............................................. 243
8) O Celin e a sua contribuição com a formação de futuros professores de língua inglesa .... 244
9) Inglês como Língua Franca: algumas considerações a respeito da análise de um livro
didático ...................................................................................................................................................... 245
10) Elaboração de roteiro didático com unidades do PPPLE: espaço de formação continuada
para o professor ....................................................................................................................................... 246
11) A reflexão no estágio de docência em língua inglesa: contribuições de uma instrução ao
sósia 247
12) O Pibid-Letras/Inglês na formação docente continuada ........................................................ 248
13) Ensino de Língua Inglesa na educação básica pública: implicações sobre a (des)
valorização do idioma no atual cenário educacional .......................................................................... 249
14) Expectativa x realidade: os (per)cursos do professor em formação docente inicial nas
oficinas do Pibid ....................................................................................................................................... 250
15) O ensino por tarefas na formação inicial de professores em língua inglesa a distância:
possíveis encaminhamentos .................................................................................................................. 251
16) Bases de conhecimento docente em língua inglesa: a perspectiva de professores em
formação docente inicial no contexto do Pibid .................................................................................... 253
17) O inglês na escola pública funciona? - um relato de experiência, a partir da “amostragem
de tarefas” em LE, numa escola pública do município de Arapiraca (AL) ...................................... 254
18) A identidade do professor de língua Inglesa em busca de formação continuada: Sua
relação com o exame de proficiência Teaching Knowledge Test (TKT) de Cambridge ............... 255

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19) Proficiência leitora em língua inglesa: uma análise longitudinal dos testes ofertados pelo TEPLE
256
SIMPÓSIO 14) O Texto como Objeto: análises em perspectivas da linguística textual e da
linguística enunciativa ............................................................................................................................. 258
1) As limitações do código braille no universo multimodal ............................................................ 258
2) Intertextualidade e argumentação no gênero notícia no webjornalismo alagoano ............... 259
3) As representações do sujeito leitor idoso sob o Mangá “Zetsuen no Tempest”: uma
adaptação da peça “Tempestade” de Shakeaspere .......................................................................... 260
4) As categorias de pessoas como referência na enunciação ...................................................... 261
5) Polifonia e monofonia em reportagem da revista ACIM: “A Maringá da Diversidade”.......... 262
6) O “recadinho” nos gifs: uma reflexão sobre o reagrupamento de valores através da
entonação no comentário-réplica .......................................................................................................... 263
7) Os emojis em interações do Whatsapp: uma comparação entre produções de língua inglesa
e portuguesa ............................................................................................................................................. 264

8) Sociedades do conhecimento e as TICs na educação: intertextualidade e polifonia nos discursos do


porvir e na unesco ...................................................................................................................................... 265
9) Essa Coca-Cola é Fanta: suporte e produção de sentidos na campanha publicitária do Dia
Internacional do Orgulho LGBT .................................................................................................................. 267
10) O dialogismo, a interdiscursividade e a ideologia no discurso político .......................................... 268
11) A relação entre destinador/destinatário e enunciador/enunciatário no processo de leitura . 269
12) A condução ética na Revista Veja: os movimentos dialógicos e a reportagem enquanto
gênero discursivo ..................................................................................................................................... 270
13) Comando de produção escrita em livro didático do ensino fundamental: uma análise sob a
perspectiva dos gêneros discursivos .................................................................................................... 271
SIMPÓSIO 15) O discurso da violência e a Violência do Discurso ................................................. 273
1) Os discursos sobre a mulher em notícias online acerca da violência de gênero .................. 273
2) Marginalidade e violência: representações da linguagem agressiva no teatro de Plínio
Marcos ....................................................................................................................................................... 275
3) A escolha lexical na construção do discurso da violência ......................................................... 276
4) A “escrevivência” da violência em Maria, de Conceição Evaristo ............................................ 277
5) Ciça e a docilidade frente à violência contra a criança no Brasil ............................................. 278
SIMPÓSIO 16) Letramento e línguas indígenas na prática pedagógica .................................. 279

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1) Árvores Nativas no Pirajuí no Ensino Escolar ............................................................................. 279


2) A importância da religião indígena Guarani: aprendizagem das tradições e costumes dentro
e fora da Casa de Reza .......................................................................................................................... 280
3) Os conhecimentos tradicionais e universais na escola indígena: relato de experiência do
projeto Pibid Diversidade ........................................................................................................................ 281
4) A Contribuição da EaD Para a Formação de Professores Indígenas no Paraná .................. 283
5) Educação Escolar Indígena: fortalecimento da Educação Intercultural Bilíngue .................. 284

6) A função social da escrita e os jogos na alfabetização da criança indígena ......................... 285

7) O letramento na educação escolar indígena: possibilidades de aquisição e uso da linguagem


escrita ........................................................................................................................................................ 286
8) O Dialogismo entre as Línguas Indígenas e a Língua do Estrangeiro .................................... 287
SIMPÓSIO 17) Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem no Ensino Superior: estratégias e
ações ......................................................................................................................................................... 290
1) Crenças linguísticas de alunos sobre a língua portuguesa no âmbito da EAD ..................... 290
2) A construção identitária e cultural do sujeito no contexto da educação a distância ............. 291
3) A Educação a Distância e as Tecnologias Educacionais: apresentação do Grupo de
Pesquisa GPEaDTEC ............................................................................................................................. 292
SIMPÓSIO 18) Práticas escritas: da educação infantil à educação em nível universitário ......... 294
1) Acentuação gráfica na escrita inicial: a circulação da criança por práticas de letramento de e
oralidade .................................................................................................................................................... 294
2) O texto no processo de alfabetização: concepções e práticas docentes ............................... 296
3) Passos e impasses na utilização de enunciados escritos por crianças para pesquisa
científica .................................................................................................................................................... 296
4) A Atuação da Instituição Escolar na Emergência de Oscilação no Endereçamento de
Enunciados Infantis ................................................................................................................................. 298
5) A escrita acadêmica na formação de professores: entre realidade e expectativas .............. 299
6) Fronteiras entre o materno e o estrangeiro vistas a partir de rasuras ..................................... 300
7) Rasuras na dimensão ortográfica da escrita infantil .................................................................. 301
8) O caráter múltiplo das línguas na escrita infantil ........................................................................ 303
9) Translineação: marcas de heterogeneidade em enunciados escritos infantis....................... 304
10) Práticas de letramento, TIC e autonomia em contexto universitário ................................... 305

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11) Linha Braille: o romper da barreira comunicacional no contexto escolar ........................... 307
12) Fronteiras entre o estrangeiro e o materno na produção escrita em Inglês por
Acadêmicos do Curso de Letras/Inglês ................................................................................................ 308
13) Hipossegmentações e instâncias enunciativas: uma investigação a partir dos
constituintes Frase Entoacional (Φ) e Enunciado Fonológico (U) ................................................... 310
14) Grafias não convencionais em enunciados infantis e o conflito com a variação linguística
311

15) Rasuras presentes em produções escritas de uma turma do Ensino Fundamental II ..... 313

SIMPÓSIO 19) Ensino de língua estrangeira frente às dificuldades de aprendizagem ............... 314
1) Conhecer para compreender: uma análise do filme “A Chegada” como metáfora da relação
professor/aluno disléxico ........................................................................................................................ 314
2) Ensino de língua inglesa na educação de surdos: mapeando pesquisas, avanços e lacunas
no contexto brasileiro .............................................................................................................................. 316
3) Reflexões sobre o processo de aprendizagem de alunos com dificuldades: um ensino plural e ‘multi’
de língua inglesa ......................................................................................................................................... 317
SIMPÓSIO 20) Oralidade e gêneros orais em sala de aula: interações e diálogos ............... 318
1) Gênero textual entrevista telejornalística e ensino da língua portuguesa ........................................ 318
2) Influências da oralidade na escrita: análise dos processos de transferência da oralidade para
a escrita na produção de textos das séries iniciais ............................................................................ 319
3) Uma abordagem interdisciplinar de análise do texto falado em contextos forenses: a
preservação da face no Tribunal do Júri .............................................................................................. 320
4) Gênero textual entrevista em livros didáticos de língua portuguesa no ensino fundamental II e
médio .......................................................................................................................................................... 321
5) Turnos iniciados pelo marcador conversacional “well” em interações forenses .................... 323
6) Oralidade formal nas aulas de Língua Portuguesa: um caminho a percorrer .................................... 324
7) A influência da contação de histórias e leitura dramática na formação do cidadão.............. 325
8) Produção de seminários acadêmicos em contexto universitário: um hipergênero textual multimodal
em foco ....................................................................................................................................................... 326
9) Os marcadores discursivos “well”, “you know” e “I mean”: uma análise da língua inglesa
falada em contextos políticos ................................................................................................................. 327
10) O uso de perguntas prefaciadas pelo marcador "so" no contexto forense ......................... 328
SIMPÓSIO 21) Diferentes formas do discurso urbano: a linguagem, o político e o silêncio ....... 330

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1) Discursos urbanos dos/sobre os sujeitos negros do Ciclo do Marabaixo macapaense: o jogo


discursivo em funcionamento em versos de um “ladrão de marabaixo” ......................................... 330
2) Inês de Castro e Coimbra: um mito sempre em construção no espaço urbano .................... 331

3) Facebook e linchamentos: uma análise de discurso na rede ................................................... 333

4) A des-transformação da ideologia: uma leitura digital da cidade ............................................. 334


5) Jornalismo des-conhecido: o silêncio que significa o Caribe.................................................... 335
6) Encontros entre Amarildo e Haiti: o(s) percurso(s) de uma hashtag ....................................... 337
7) Memória e visibilidade de autores em Angoulême, a capital dos quadrinhos........................ 339
8) Signos envolvidos na construção colaborativa do entorno urbano: interpretando os
argumentos de mediação digital, pelo viés da semiótica de C.S. Peirce. ...................................... 340
9) Continuum espacial ......................................................................................................................... 341
10) Ocupar é resistir? Questões (im)pertinentes em movimento ................................................ 342

11) Imagem, Cidade e Resistência ........................................................................................................ 344

SIMPÓSIO 22) A constituição e a (re)constituição da linguagem em indivíduos com deficiência


intelectual .................................................................................................................................................. 345
1) Uso de linguagem verbal e não verbal na escrita inicial do parágrafo por estudantes com
dificuldades intelectuais de aprendizagem .......................................................................................... 345
2) A Neurolinguística Discursiva em Foco: um estudo sobre a apraxia de fala em uma criança
com síndrome de down ........................................................................................................................... 346
3) Estimulação fonoaudiológica de crianças com síndrome de Down por meio da
Musicoterapia ........................................................................................................................................... 347
4) Caracterização de alguns aspectos da linguagem oral e escrita de crianças com síndrome
de Down .................................................................................................................................................... 349
SIMPÓSIO 23) Análise do discurso em manifestações artísticas: Foucault e Bakhtin ................ 350
1) Formação Discursiva: o que pode e deve ser dito sobre Ana e Catarina ............................... 350
2) O Corpo Cinematográfico como Prática Discursiva no Processo de Normalização das
Relações Homoafetivas .......................................................................................................................... 351
3) Banner publicitário: o discurso e o acontecimento ..................................................................... 352
4) As relações de poder e os multiletramentos: uma possibilidade de leitura sobre o feminismo negro
353
5) Estratégias, táticas e resistência(s) em A Girl walks home alone at night: usos do véu islâmico ...... 355

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6) O cuidado de si: uma análise acerca da defesa pela castidade masculina na obra Virgeu de
Consolaçon ................................................................................................................................................. 356
7) O Discurso foucaultiano e a MPB no contexto ditatorial ................................................................... 357
8) Efeitos de verdade e poder em iconografias acerca da beleza feminina ............................... 358
9) Bakhtin e Ferreira Gullar – o conflito das vozes no poema “Não Há Vagas” ......................... 359
10) No livro-imagem “O cântico dos cânticos”: o ser da literatura ...................................................... 360
SIMPÓSIO 24) Língua e ensino: práticas reais e possíveis ............................................................. 361
1) O potencial educativo do dialogismo bakhtiniano em aulas de língua inglesa ...................... 362
2) Proposta de aula de leitura no Ensino Fundamental: gêneros discursivos manchete de
notícia e letra de música ......................................................................................................................... 363

3) A tira cômica no livro didático ........................................................................................................ 364

4) A memória, a (re)construção das identidades na pós-modernidade e uma proposta de


intervenção na escola com a novela gráfica Persépolis de Marjane Satrapi ................................. 365
5) As pesquisas colaborativas e seus desdobramentos no ensino de Língua Portuguesa...... 367
6) Multimodalidade e microtextos: novas possibilidades para a produção e leitura da crônica
contemporânea em sala de aula ........................................................................................................... 368
7) Processos fonológicos: marcas orais nas alterações de escrita em textos de aprendizes do
ensino fundamental II .............................................................................................................................. 369
8) Dinâmicas de Grupo Para se Fazer na Escola ........................................................................... 370
9) Leitura literária no Ensino Fundamental II: estudo de caso das concepções e práticas em
uma escola na cidade de Jaboti – PR .................................................................................................. 372
10) A leitura no ensino fundamental: uma proposta didática ....................................................... 373
11) Textualidades e escrita acadêmica: redimensionamentos epistemológicos em um curso
de graduação em Pedagogia ................................................................................................................. 374
12) A Influência da Internet nas Variações Linguísticas: Produção e Escrita ........................... 376
13) A leitura numa perspectiva discursiva: reflexões sobre as atividades de leitura no livro
didático do Ensino Fundamental ........................................................................................................... 377
14) As atividades (não) realizadas com a linguagem em livros didáticos de Língua
Portuguesa ................................................................................................................................................ 378
15) Tecendo estratégias de leitura para construção de sentidos na crônica de Stanislaw
Ponte Preta ............................................................................................................................................... 379
SIMPÓSIO 25) Variação linguística e ensino .................................................................................. 381

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1) Ensino de língua portuguesa no Brasil: reflexões acerca da língua materna e da língua


madrasta.................................................................................................................................................... 382
2) A variação linguística na fala do homem gay: análise de aspectos fonéticos no quadro Aula
de bichês da MTV .................................................................................................................................... 382
3) A elipse do sujeito pronominal de primeira pessoa .................................................................... 383
4) A variação no uso dos róticos condicionada pelo fator grau de formalidade ......................... 385
5) Estratégias de indeterminação do sujeito na linguagem falada ............................................... 386
6) Sociolinguística Educacional: a variação linguística como ferramenta de ensino da produção
textual ........................................................................................................................................................ 387
7) Análise de textos escritos de alunos do Programa de Aceleração de Estudos: uma
abordagem do ensino de língua materna pautada na Sociolinguística Educacional .................... 388
9) Crenças linguísticas de alunos sobre a língua portuguesa no âmbito da EAD ..................... 390

10) Variação linguística em livros didáticos de Língua Portuguesa para as séries iniciais do
Ensino Fundamental................................................................................................................................ 391
11) Crenças Linguísticas e Ensino de Língua Portuguesa na Escola Pública ......................... 392
12) Os processos fonéticos-fonológicos presentes nas produções orais e escritas de alunos
do ensino fundamental ............................................................................................................................ 393
13) Uma abordagem acerca das variações da língua e do preconceito linguístico no ensino
de Língua Portuguesa ............................................................................................................................. 394
14) Norma(s) Linguística(s) e ensino de Língua Portuguesa ...................................................... 395
SIMPÓSIO 26) O ensino de Língua espanhola na diversidade repensando a heterogeneidade
de funções da língua ............................................................................................................................... 397
1) Desenvolvendo a aprendizagem do espanhol dos negócios: constituição histórica e
pesquisas sobre o laboratório de línguas ............................................................................................ 397
2) A extensão universitária na Unespar e o perfil de seus acadêmicos: analisando o ensino de
língua espanhola do âmbito dos negócios........................................................................................... 398
3) A compreensão auditiva na aula de espanhol no ensino médio: o enfoque na diversidade
linguística e cultural ................................................................................................................................. 399
4) Língua espanhola em contextos específicos: debantendo os diferentes propósitos de sua
função ........................................................................................................................................................ 401
5) O ensino da língua espanhola no contexto de Secretariado Executivo: uma reflexão sobre
as formas da língua e as representações sobre a secretária em uma telenovela colombiana ... 402

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6) Um estudo sobre as crenças e atitudes linguísticas de estudantes do 3º ano do Ensino


Médio sobre a língua espanhola ........................................................................................................... 403
7) O ensino/aprendizagem de espanhol por meio de consignas elaboradas para as provas do
DELE .......................................................................................................................................................... 404
8) As variantes lexicais da língua espanhola em dicionários bilíngues português-espanhol: um
estudo do tratamento lexicográfico no campo semântico dos alimentos ........................................ 406
9) A tradução no ensino de língua espanhola: mapeando as consignas de um material didático
407
SIMPÓSIO 27) Experiências de formação acadêmica: a introdução à pesquisa e iniciação à
docência .................................................................................................................................................... 408
1) Análise de uma aula de gramática ................................................................................................ 408
2) Leitura interdisciplinar: uma proposta pedagógica para a autonomia do indivíduo .............. 409
3) O gênero discursivo miniconto multimodal: uma abordagem Bakhtiniana ............................. 411

4) Que professor de português queremos formar? (Uma análise das provas que contratam
professores de português para lecionarem na educação básica) ................................................... 412
5) Experiência do PIBID Interdisciplinar: cartas mágicas a 801 ................................................... 413
6) Planejamento e ensino de literatura no ensino médio: um relato da experiência de estágio
supervisionado ......................................................................................................................................... 415
7) Abordagem do gênero crônica em atividades de leitura em livros didáticos de língua
portuguesa ................................................................................................................................................ 416
8) A importância de refletir sobre a prática no ensino de língua portuguesa .............................. 417
9) Reflexões acerca da ação docente no desenvolvimento de um curso de extensão no Pibid
418

10) Literatura e valores: uma experiência literária na formação de alunos da educação infantil
420
11) Leitura Literária: perspectivas sobre o mundo ........................................................................ 421
12) A reescrita de gênero acadêmico: o desenvolvimento do aluno .......................................... 422
SIMPÓSIO 28) Por uma análise do discurso contemporânea: governamentalidade, sujeito,
língua(gem) ............................................................................................................................................... 424
1) Relações de Sofrimento e Prazer no ambiente de trabalho: uma análise discursiva do
profissional de secretariado ................................................................................................................... 425
2) Olhares de silêncio: o sujeito corpo punido ................................................................................. 426

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3) Processos de subjetivação dos sujeitos do cárcere brasileiro. ................................................ 427


4) O homem transexual em discurso na e pela mídia brasileira contemporânea ...................... 428
5) As relações de poder na construção de sentidos através do discurso fílmico em O Auto da
Compadecida............................................................................................................................................ 429
6) A identidade brasileira nas práticas de letramento da área do Design de Interiores ............ 431
7) Letramento escolar: processo constituinte da formação social do sujeito indígena ............. 432
8) “O amor 60+”: o idoso na capa de Donna.................................................................................... 433
9) Os contornos do biopoder e da biopolítica na adoção do português como língua oficial e de
ensino em Moçambique .......................................................................................................................... 434
10) Copacabana Palace: um olhar sob os elementos de significação e representação de
identidades ................................................................................................................................................ 436
11) Regimes de (in)visibilidade identitária no Ensino Básico moçambicano: (des)encontros
entre nacionalidade e etnicidade......................................................................................................... 437
12) Processos de governamentalidade no vestibular para os povos indígenas no paraná: uma
trajetória teórico-analítica ....................................................................................................................... 438
13) O digital como prática-pedagógica inovadora em comunidade indígena do Paraná:
métodos teórico-analíticos ...................................................................................................................... 440
14) “Nossos corpos têm mais vida, nossas vidas mais amores”?: representações do corpo
transgênero masculino no cinema ........................................................................................................ 441
SIMPÓSIO 29) Análises discursivas de diferentes materialidades: conceitos e diálogos ........... 443
1) Do Old Scholl ao Cool: formações discursivas no processo de leitura de capas de discos de
RAP ............................................................................................................................................................ 443
2) A influência da posição social na produção do Artigo de Opinião ........................................... 444
3) O corpo como materialidade discursiva em protestos do grupo feminista FEMEN .............. 446
4) Relações entre forma-sujeito e posição-sujeito no discurso bíblico ........................................ 447
5) O político e as redes sociais: as imagens de si e novos meios ............................................... 448
6) Memes e o(s) discurso(s) nas redes sociais virtuais.................................................................. 449
7) Leitura discursiva e práticas escolares: uma abordagem de textos midiáticos ..................... 450
8) Como pensar a constituição do saber ao historiar uma ideia linguística? Refletindo sobre a
categoria “tempo” nos Estudos da Linguagem.................................................................................... 452

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9) Questões sobre ética e moral discursivas nas propagandas governamentais sobre a


Reforma do Ensino Médio: os abusos de palavras e o os efeitos do deslocamento do termo
“reforma” para “novo” .............................................................................................................................. 453
10) Os sentidos de Autoria no discurso científico: uma análise do Author’s Guide na revista
científica Nature ....................................................................................................................................... 455
11) Análises discursivas de diferentes materialidades: incorporação de ethos............................. 456
12) As representações discursivas e considerações sobre autoria nas redações em contexto de
vestibular ................................................................................................................................................... 457
13) Análise de Discurso aplicada ao ensino de práticas de leitura a partir de gêneros
jornalísticos presentes em livro didático............................................................................................... 459
14) Ensino a distância: efeitos de presencialização...................................................................... 460
RESUMO 15 ............................................................................................................................................. 461
SIMPÓSIO 31) Desafios e possibilidades para o ensino de inglês e espanhol para alunos com
necessidades educacionais especiais: aspectos teóricos e metodológicos .................................. 462
1) Mapeando o ensino-aprendizagem de língua inglesa para alunos surdos em Pato
Branco/PR ................................................................................................................................................. 462
2) Balanço de teses e dissertações nas áreas de Educação e Letras/Linguística sobre o
ensino/aprendizagem de inglês para alunos com deficiência .................................................................... 463
SIMPÓSIO 32) O Saussure dos Manuscritos e algumas (re)visões da linguística contemporânea
em cursos de letras ................................................................................................................................. 465
1) A diacronia e sincronia no Curso de Linguística Geral ........................................................................ 465

2) De l’essence double du language e Notes pour un livre sur la linguistique générale 10.f:
uma associação possível entre manuscritos saussurianos .............................................................. 466
3) O signo em Saussure: resquícios de uma conceituação........................................................... 468
4) Saussure, a fala, o discurso e o objeto da Linguística ............................................................... 469
5) Literatura e Linguística: Um encontro entre Saussure, Jakobson e Guimarães Rosa. ........ 470
6) A dicotomia langue e parole nas obras Curso de Linguística Geral e Escritos de Linguística Geral, de
Ferdinand de Saussure ............................................................................................................................... 472
7) A dicotomia do Signo Linguístico nas obras Curso de Linguística Geral e Escritos de Linguística Geral,
de Ferdinand de Saussure .......................................................................................................................... 473
8) O conceito em movimento .............................................................................................................. 474

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9) Saussure entre o Curso de Linguística Geral e os Escritos de Linguística Geral - Língua, Fala e a
Linguagem................................................................................................................................................... 475
SIMPÓSIOS DE LITERATURA............................................................................................................. 477
SIMPÓSIO 1) Sui Caedere: reflexões sobre suicídio e literatura..................................................... 478
1) A Poética do Vazio em Jerusalém, de Gonçalo Tavares .......................................................... 478
2) Angústia/ Suicídio em Jerusalém ........................................................................................................ 479
3) O caráter na obra Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares .............................................................. 481
4) Psicanalisando a Literatura: A Ideação Suicida de ERNEST no Romance Jerusalém ........ 482

5) Vazio e Suicídio em Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares ..................................................................... 483

6) Artaud e a Fabricação da Loucura e do Suicídio ................................................................................. 484


7) O “Suicídio Falho” em The Bell Jar, de Sylvia Plath ............................................................................ 485
8) O Vazio Existencial e a Morte em Um homem: Klaus Klump, de Gonçalo M. Tavares ...................... 486
9) Sobre Suicídio e Literatura: Possíveis Operadores de Leitura ................................................. 487
10) Os Lusíadas e Mensagem: Um Estudo Comparatista ........................................................... 488
11) A arena infernal de Stavróguin: suicídio e dialogismo n’Os demônios de Dostoiévski .... 490
12) Das Experiências de Vazio à Tentação do Suicídio: Jerusalém de Gonçalo M. Tavares 491
13) Assim na Vida como na Ficção: a Literatura como Forma de Expressão da Angústia
Existencial na Obra de Horácio Quiroga .............................................................................................. 492
14) O Amor Suicida e a Palavra Poética no Romantismo............................................................ 494
15) A Autobiografia e as Memórias em “O olho de Vidro do meu Avô”, de Bartolomeu Campos De
Queirós ....................................................................................................................................................... 496
16) O Suicídio de Judas Iscariotes: Representações Bíblicas da Morte ................................... 497
17) A Morte (antes da morte) em Last Days, de Gus Van Sant ............................................................ 498
18) A Negação do Vazio no Conto: Sobre as Origens (pouco visíveis) de um Suicídio, de
Gonçalo M. Tavares ................................................................................................................................ 499
19) Entre a Vida e a Morte em A Desumanização, de Valter Hugo Mãe .............................................. 500
20) Temas Polêmicos na Literatura Infantil e Juvenil: Percepções Sobre o Suicídio em Crianças e
Jovens 501
21) Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares: O Vazio e o Suicídio Mesclado de Loucura e
Sanidade ................................................................................................................................................... 502

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SIMPÓSIO 2) Literatura latino-americana: diálogos em perspectivas comparativas ................... 504


1) O Contexto Histórico das “Órfãs da Rainha” em Desmundo (1996), um Romance Histórico
Contemporâneo de Mediação ................................................................................................................ 504
2) As Memórias da Ditadura em K. – Relato de uma Busca, de Bernardo Kucinski ................. 506
3) A Fotografia como Reconstrução do Passado em Relato de um Certo Oriente, de Milton
Hatoum ...................................................................................................................................................... 508
4) Os Vestígios da Biografia em O Ateneu, de RAUL POMPEIA: As Marcas de um “Pacto
Autobiográfico” ......................................................................................................................................... 510
5) Os Percursos da Memória em Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva ........................ 511
6) Considerações Histórico-Literárias sobre a Revolução Haitiana em El Reino de este Mundo
(2012 [1949]), de Alejo Carpentier ........................................................................................................ 513
7) Na Maria De Jesus Ribeiro: Trajetória das Imagens Ficcionais Desconstrutivas e Mediativas
de Anita Garibaldi .................................................................................................................................... 514
8) Literatura Espanhola e Latino-Americana: Símbolos, Religiosidade e Culturas
Transtemporais ........................................................................................................................................ 515
9) Conflitos Territoriais entre Paraguaios e Brasiguaios em Xirú, de Damián Cebrera ............ 516
10) O Paradoxo Civilização x Bárbarie no Conto – Amar a Un Hombre Feo – O Insólito do
Amor na História e Ficção da América Latina ..................................................................................... 517
11) Uma (re)leitura da Colonização Brasileira em A Mãe da Mãe da Sua Mãe e Suas Filhas
(2002): Um Romance de Mediação ...................................................................................................... 519
12) A Conquista da Europa no Teatro Histórico: Uma Leitura de Los Indios Estaban Cabreros
520
13) Jornalismo e Ficção em Foco nas Obras Latino-Americanas de Gabriel Garcías Márquez
e Fernando Morais ................................................................................................................................... 521
14) Entre o Revisitar e o Recriar da História Nacional: A Segunda Pátria, de Miguel Sanches
Neto 522
15) A Construção Discursiva sobre Simón Bolívar em La Carroza de Bolívar (2012), de Evelio
Rosero ....................................................................................................................................................... 523
16) A Palavra Armada em Menina, de Paulo Stucchi: a Guerra do Paraguai como pretexto 525
17) O romance histórico: uma trajetória em fases e modalidades – um caminho de
descolonização para a América Latina................................................................................................. 526
18) “Grupos simétricos en Poesía” (1958) y “La Masa sonora del poema sus organizaciones
vocálicas” (1986): consideraciones sobre la obra crítica e poética de Idea Vilariño..................... 527

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19) Feliz ano velho, a maldição de Funes ...................................................................................... 528


20) La noche de los feos: uma análise Literária e Semiótica ...................................................... 530
SIMPÓSIO 3) Literatura e mídias visuais: relações e interfaces ..................................................... 531
1) Shakespeare na Contemporaneidade: Analisando a Característica das Oposições na
Adaptação Fílmica Macbeth ................................................................................................................... 531
2) Soldados de Salamina: uma análise de três possibilidades de tradução intersemiótica ..... 533
3) A Transposição de Personagens do Romance Orgulho e Preconceito (1813) para a
Websérie The Lizzie Bennet Diaries (2012): Um processo de (re)interpretação e (re)criação ... 534
4) Considerações Acerca do Narrador em Heart of Darkness e Apocalypse Now .................... 535
5) Romance falhado? A escrita “não criativa” de Luci Collin ......................................................... 536
6) Do Argumento Roteirístico ao Filme: Uma Transmutação ........................................................ 537
SIMPÓSIO 4) Após o dilúvio, travessias do fim: teoria, interpretação e problematização .......... 538
1) A violência objetiva por meio da homotextualidade em caio fernando abreu ........................ 538
2) Era Uma Vez Três Mulheres em Duas Páginas no canto “Amuadinho” de Terras do Sem fim
de Jorge Amado ....................................................................................................................................... 540
3) As Formas de “Apropriação-do-mundo” em A Passagem Tensa dos Corpos ....................... 540
4) Debaixo do véu: ocultação e foraclusão em Pirlimpsiquice (1962), de Guimarães Rosa .... 542
5) Do Simbólico ao Imaginário: O Real de Policarpo Quaresma a partir do Materialismo
Lacaniano .................................................................................................................................................. 542
6) Mito familiar da ideologia em Admirável mundo novo, de Aldous Huxley: possibilidades de
diálogo entre Ferenc Fehér e Slavoj Zizek .......................................................................................... 544
7) A Insustentável Leveza do Ser e Suas Relações com o Poético: Da Narrativa Fílmica ao
Cinema de Poesia.................................................................................................................................... 545
8) Distopia e Pós-utopia: Uma Perspectiva de Análise de Farenheit 451 ................................... 546
9) Agenciamento Interpassivo: Considerações Sobre o Ambiente Ficcional de Imersão do
Jogo Game of Thrones ........................................................................................................................... 547
10) Desvelando os Quitutes: Um Estudo do Narrador na Obra A Deliciosa e Sangrenta
Aventura Latina de Jane Spitfire de Augusto Boal ............................................................................. 548
11) Não Verás País Nenhum: As Questões Ecológicas e suas Consequências Violentas .... 549
12) Que Mirada é Essa? O Ponto de Vista na Ficção Cinematográfica nos Longas La Ciénaga,
La Niña Santa e La Mujer Sin Cabeza de Lucrecia Martel ............................................................... 550
13) O Incômodo Silêncio das Filhas do Falecido Coronel ................................................................ 551

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14) A Experiência Abissal da Literatura em Enrique Vila-Matas ...................................................... 553


15) Bem-vindo a Hogwarts: Leitores e Leituras de Harry Potter ................................................. 554
16) A Cosmologia de VISNIEC no Espetáculo “O Corpo da Mulher como Campo de Batalha”
555
17) A Política Totalitária do Romance 1984, de GEORGE ORWELL, Sob a Perspectiva do
Materialismo Lacaniano .......................................................................................................................... 557
18) Autoficção e Outras Modalidades Híbridas.............................................................................. 558
19) Crusoé e Sexta-feira: Questão da Alteridade na Literatura e no Cinema........................... 559
20) Um Cinturão: As Entrelinhas da Memória e da Ficção no Contexto Histórico ................... 560
21) O Olhar de Carolina em Casa de Alvenaria ............................................................................ 561
22) A Violência Objetiva em O arquivo, de Victor Giudice ........................................................... 562
23) Traumas em Carne e Plástico: A Paixão pelo Real na Série Westworld ............................ 564
SIMPÓSIO 5) Estudos da paisagem na literatura: poesia e narrativa ............................................ 565
1) Imaginário e paisagem na poética de Sophia de Mello Breyner Andresen ............................ 565
2) Agarrados à terra: duplicidade narrativa e sentimento topofílico em Vidas Secas, de
Graciliano Ramos .................................................................................................................................... 566
3) Dois Milagres de Maria no Espaço Sagrado do Santuário de Terena: estudo do texto e das
Iluminuras .................................................................................................................................................. 567
4) As Cantigas De Amigo: Percepção E Construção Do Espaço Natural ................................... 569
5) A cidade e a paisagem de uma experiência distante: um olhar existencialista em Aparição,
de Vergílio Ferreira .................................................................................................................................. 570
6) Espaço e Identidade em Ana em Veneza .................................................................................... 571
RESUMO 7 ............................................................................................................................................... 572
8) A Imagem do Mar na Poesia Pessoana .......................................................................................... 573
9) Paisagem e Metapoesia em Poemas de João Cabral De Melo Neto ......................................... 574
10) Claridades do Sul: A Presença da Paisagem e da Decadência como Formas de
Revelação Lírica ...................................................................................................................................... 575

11) A Paisagem no Conto O Triunfo de Clarice Lispector ........................................................... 576

12) Cantigas de amigo galego-portuguesas: cenários medievais retomados por Marly de


Oliveira ....................................................................................................................................................... 577

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13) O Declarado e o Obscuro: Uma Leitura da Paisagem Amazônica a Partir do Discurso de


um Viajante Espanhol ............................................................................................................................. 578
14) A Paisagem e a Representação do Retirante em Dois Romances: A Bagaceira e Vidas
Secas 580
15) Entre Palavras e Imagens, Figurações do Espaço em Vergílio Ferreira ............................ 582
16) Diálogos entre Literatura e Pintura: Um dos Subsídios para os Estudos da Paisagem na
Teoria Literária ......................................................................................................................................... 584
SIMPÓSIO 6) Aspectos socioculturais da narrativa fantástica ......................................................... 586
1) A construção imagética da loucura como representação do fantástico no conto “A dança dos ossos”,
de Bernardo Guimarães .............................................................................................................................. 586
2) Elementos socioculturais infiltrados no conto Mandovi .................................................................. 587
3) O fantástico em “Fios de ouro”, de Conceição Evaristo ............................................................ 588
4) Uma análise do conto No rio, além da curva de Mia Couto pelo viés do Realismo
Maravilhoso ............................................................................................................................................... 589
5) Death Note: o fantástico na narrativa multimodal de Tsugumi Ohba e Takeshi
Obata ......................................................................................................................................................... 590
6) Quando a sociedade chega tarde ao confronto: um estudo sobre a negatividade do fenômeno
fantástico em “Paper menagerie”, de Ken Liu............................................................................................ 591
7) Resumo ............................................................................................................................................... 592
8) Detalhes do mundo proibido:Sobre escolhas vocabulares e polêmicas tradutórias no mundo de gelo
e fogo .......................................................................................................................................................... 592
9) O Pacto Diabólico Em O Retrato De Dorian Gray, De Oscar Wilde ........................................ 593
10) O Inquietante (Das Unheimlich) em “A Caçada”, de Lygia Fagundes Telles ..................... 594
11) O universo fantástico em Aura, de Carlos Fuentes ................................................................ 595
12) Fantasmas do Passado, uma análise do fantástico em Mariana Enriquez ........................ 596
13) O herói em Os Magos (GROSSMAN, 2011) .................................................................................... 598
14) O Insólito nos Ensaios Saramágicos ................................................................................................ 599
15) Os inquietantes autômatos de E. T. A. Hoffmann no mundo de Odradek .......................... 600
16) O fantástico em Merlim de Robert de Boron ........................................................................... 602
17) O espaço gótico como gerador do fantástico na poesia de Álvares de Azevedo ............. 603
SIMPÓSIO 7) A tessitura poética do erotismo: transgressão, interdito, sexualidade ................... 604

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1) Gillka Machado: “ser mulher”. Poética denúncia das mazelas da essência feminina .......... 604
2) Uma análise dos relacionamentos interpessoais na obra ‘’Minha vida fora de série’’ de
Paula Pimenta, a partir da teoria do ‘’Amor líquido’’ de Zygmunt Bauman. ................................... 605
3) “E então eu posso preparar-me para morrer”: Morte e erotismo em Enquanto agonizo...... 606
4) O erotismo na poesia de Hilda Hilst: um olhar lascivo de leitora ....................................................... 607
5) Erotismo nas releituras de contos de fadas de Angela Carter ................................................. 608
6) Humilhação, sexo e perversão em contos de Ana Paula Maia ................................................ 609
RESUMO 7 ..................................................................................................... Erro! Indicador não definido.
8) Rei da Vela: o erotismo com simulacro grotesco da política econômica de 30 ........................ 611
9) A construção da personagem Cristina na obra O abraço, de Lygia Bojunga, sob a perspectiva da
introspecção psicológica............................................................................................................................. 612
SIMPÓSIO 8) Cultura e literatura multicultural e de minorias, e sua inserção no espaço
educacional e difusão por meios eletrônicos....................................................................................... 614
1) As personagens femininas em Hibisco Roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie ..................... 614
2) Letramento literário e trabalho com poesia para alunos assentados da EJA ........................ 615
3) Draupadi – O mito na construção da identidade da mulher indiana ........................................ 616

4) Reflexões sobre o lugar de fala no conto Ana Davenga de Conceição Evaristo .................. 617

5) O herói do teatro negro em deslocamento e em crise: aspectos da modernidade em


Sortilégio – Mistério Negro, de Abdias Nascimento ........................................................................... 618
6) O Sol de fevereiro de Maria Helena Vargas da Silveira nas trilhas do contemporâneo....... 620

7) Mulheres do terceiro mundo, empreendedoras e arrimos de família ...................................... 621

8) Literatura de autoria feminina popular no Baixo Rio São Francisco alagoano: um estudo do
efeito narrativo criado por Morena Teixeira a partir da produção de bonecas/os de pano .......... 622
9) Tão resistente quanto uma torta: uma proposta de reflexão em The help no contexto escolar
623
10) Análise da representação simbólica dos animais nos contos The Badger and The Bear e
Dance in a Buffalo Skull de Zitkala-Ša ................................................................................................. 624
11) Entre a réplica e o real: uma análise da personagem Nkem, da obra No seu Pescoço, de
Chimamanda Ngozi Adichie ................................................................................................................... 625
12) O cemitério dos vivos: crítica e militância de Lima Barreto a favor dos silenciados pelas
teorias raciais do século XIX .................................................................................................................. 626

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13) A apropriação e representação cultural na literatura infanto-juvenil nativa de Olívio


Jekupé ....................................................................................................................................................... 627
14) Por entre as resistências e as insubmissões das mulheres negras: um olhar sobre Shirley
Paixão ........................................................................................................................................................ 629
15) O ato de escrever da personagem Jo March, no romance Little Women: uma estratégia
de resistência............................................................................................................................................ 630
16) Com os pés firmes no chão: a representação da terra na literatura indígena e japonesa
631
17) Estratégias de resistência, sobrevivência e continuidade no discurso de grupos étnicos
colonizados: reflexões teóricas .............................................................................................................. 632
18) Problematizando questões de hibridismo e transculturação na obra de Pauline Melville 633
19) Uma reflexão ideológica do poema Para ouvir e entender estrelas de Cuti ...................... 634
SIMPÓSIO 9) Literatura, teatro e cinema: interfaces e transições .................................................. 635
1) Dos palcos à tela: o processo de adaptação e construção das personagens em Nossa Vida
não Vale um Chevrolet, de Mario Bortolotto ........................................................................................ 636
2) Das (in)definições de contemporaneidade aos aspectos formais do texto dramático infantil:
uma leitura de A viagem de um barquinho, de Sylvia Orthof............................................................ 637
3) O narrador em Caderno de um ausente, de João Anzanello Carrascoza ............................................ 638
4) A Dramaturgia do Visconde de Taunay: um estudo sobre a presença/ausência de uma
fortuna crítica ............................................................................................................................................ 639
5) O diálogo entre o teatro expressionista e as a ideias freudianas: a expressão do mundo
interior pela deformação visual e sonora em A mulher sem pecado ............................................... 640
6) Espetáculo imaginário em A tragédia brasileira, de Sérgio Sant’Anna .............................................. 641
7) A característica manipuladora das protagonistas femininas nas obras “Macbeth” e “Arras
por foro de Espanha” ............................................................................................................................... 643
8) As mulheres de Asa Branca ........................................................................................................... 644
9) A tessitura dramática de Caio F. em seu teatro. Uma análise de Pode Ser Que Seja Só O Leiteiro Lá
Fora 644
10) Estudo do percurso do anti-herói na literatura brasileira: momentos representativos do século
XIX: a rapsódia Macunaíma e a Ópera do Malandro.................................................................................. 645
11) Representação das personagens femininas de Nelson Rodrigues na peça Vestido de
Noiva 646
12) Passageiro do fim do dia: as relações de voz e memória na narrativa literária contemporânea .. 648

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13) Confluências entre Paris, Texas e Crônicas de Motel ..................................................................... 649


SIMPÓSIO 10) Estudos franceses e intertextualidade ...................................................................... 650
1) La dame aux Camélias – do romance romântico ao romance de cordel: releituras
comparadas do perfil de uma cortesã .................................................................................................. 650
2) Letramento literário em “La tête en friche” ................................................................................... 651
3) Motivação ao letramento literário a partir do projeto ShortÉdition ........................................... 652
4) Le dernier jour d’un condamné – a personagem na narrativa e no filme ................................ 653
5) Leitura e letramento literário: a intertextualidade em “A primeira só” e “Eco e Narciso” ...... 654
6)Um olhar crítico sob o leitor e a leitura em Piloto de Guerra de Antoine De Saint- Éxupery ... 656
7) Obra literária e filme: uma releitura de “Le dernier jour d’un condamné”, de Victor Hugo ...... 657
8) Diálogo entre Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato e os contos de Charles Perrault
.................................................................................................................................................................... 658
SIMPÓSIO 11) Literaturas afrodescendentes e indígenas: novos desafios .................................. 661
1) Muitas vozes e muitas cores .......................................................................................................... 661
2) Versos, vivências identitárias na escrita de Maria Celestina Fernandes e Geni Guimarães .. 662
3) Personagens planos e esféricos como reveladores de um discurso afrodescendente na
obra de Machado de Assis e de Lima Barreto .................................................................................... 663
4) Emancipação da mulher através da Literatura ............................................................................... 664
5) De Amado e de Archanjo: algumas palavras.................................................................................. 665
6) De Abdias do Nascimento a Guellwaar Adún: a mística negra na Confraria dos Espertos 666
7) Identidade da mulher negra em Quarto de Despejo, de Maria Carolina de Jesus ................... 666
8) Por entre os Becos da Memória de Conceição Evaristo .............................................................. 667
9) O sonho nas obras O vendedor de passados e A vida no céu, de José Eduardo Agualusa.. 668
10) O Feminismo Negro de Chandra Mohanty e Lélia Gonzales ............................................... 670
11) Textualidades indígenas: reflexões e desafios de sala de aula ................................................ 671
12) Infância e estereótipos: a criança negra na literatura infantil ................................................ 672
13) Para além das margens: Quarto de Despejo e a literatura negra marginal. ........................... 673
RESUMO 14 ............................................................................................................................................. 674
15) Vozes, rastros de quem vive, no desvelar dos saberes humanitários ..................................... 674
16) O Racismo representado na Literatura Juvenil: uma análise da obra Pretinha, eu? ........................... 675

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SIMPÓSIO 12) Teatro em Perspectiva ................................................................................................ 676


1) Corpo e poder em Álbum de família, de Nelson Rodrigues ...................................................... 676

2) A importância da forma e do conteúdo da peça oswaldiana O rei da vela no Século 21 .... 677

3) Estilhaços políticos de uma Feira de Opinião: estudo da canção “Enquanto seu lobo não
vem”, de Caetano Veloso, e da peça “O líder”, de Lauro César Muniz .......................................... 678
4) Recontado a contrapelo: para uma concepção social e histórica do teatro moderno norte-
americano.................................................................................................................................................. 680
5) Artaud e Grotowski: a arte de não interpretar em busca do ser teatral................................... 681
6) Shakespeare e sociedade: percepções do texto shakespeariano no Brasil do século XVI ao
XXI 682
7) Valsa no. 6: um monólogo sobre o feminino ............................................................................... 683
8) Apropriação crítica da Revista de Ano e da Comédia de Costumes em Café (1933/1942), de
Mário de Andrade .................................................................................................................................... 684
9) Teatro e sociedade no MST: uma análise da peça A farsa da justiça burguesa................... 685
10) A luta de classes presente em sobrados e mocambos, de Hermilo Borba Filho .............. 686
11) Revolução na América do Sul sob o ponto de vista da morte .............................................. 687
12) O expressionismo alemão em debate: Bertolt Brecht e o conceito de realismo................ 688
13) A Invasão, de Dias Gomes e Eles não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri: ecos
do realismo crítico no moderno teatro brasileiro. ................................................................................ 690
14) O teatro de Chico Buarque na dialética entre o clássico e a vida social: um estudo em
torno de Gota d’água (1975) .................................................................................................................. 691
15) O Teatro de Chico de Assis em perspectiva Dialética ........................................................... 692
16) A última dança: uma Simone Weil épica, interpretada por Natalia Gonsales .................... 693
17) Os ingleses e a comédia de costumes de Martins Pena e França Junior: o mundo das
negociatas e dos favores ........................................................................................................................ 694
18) Arte e sociedade no teatro de Gianfrancesco Guarnieri........................................................ 695
19) Tradição do teatro dialético no Brasil: Uma leitura a partir de As Confrarias de Jorge Andrade .. 696
20) Trabalho de Brecht no teatro brasileiro atual .......................................................................... 697
21) O silêncio em dois espetáculos brasileiros ..................................................................................... 699
SIMPÓSIO 13) As incidências da dor: cortes literários, suturas psicanalíticas ............................. 700
1) As vozes silenciadas da Rebelião da Casa Penal São José (Liberto) .................................... 701

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2) Poesia melancólica: uma interpretação psicanalítica......................................................................... 702


3) A Moça Tecelã: Uma análise teórica do conto de Marina Colassanti ..................................... 703
4) Saturno em Mar Absoluto e Outros Poemas ...................................................................................... 704
5) A Melancolia da Forma: da Morte em Hilda Hilst .............................................................................. 705
6) Olhar melancólico e a busca por identidade ...................................................................................... 706
SIMPÓSIO 14) Literatura e ecocrítica: um olhar sobre o contemporâneo ..................................... 707
1) A presença imagística da natureza na poesia de Adélia Prado – um diálogo com a
ecocrítica ................................................................................................................................................... 707
2) Poesia, percepção e paisagem natural na obra de Rodrigo Garcia Lopes ............................ 709
3) Um olhar ecocrítico para o protagonismo feminino em The Fifth Sacred Thing (1993), de
Starhawk.................................................................................................................................................... 710
4) O fandango em perspectiva: acontecimentos geopoéticos na vida caiçara........................... 711
5) A Semântica espacial de Manoel de Barros ................................................................................ 712
6) Água, Fogo, Terra e Etéreo na poesia de Karen Debértolis ........................................................ 712
SIMPÓSIO 15) Transformações no espaço e no romance ............................................................... 713
1) As representações dos espaços internos e externos em Repouso de Cornelio Penna ...................... 714
2) A potência transformadora da água em A maçã no escuro, de Clarice Lispector .............................. 714
3) Um breve estudo sobre O Romance e a Narrativa: A Hora da Estrela, de Clarice Lispector
716
4) Água Viva: um romance lírico de Clarice Lispector ............................................................................ 717
5) A enunciação dos espaços: o amor em Uma viagem à Índia ................................................... 718
6) A função estruturante da cidade: notas sobre o monólogo interior em Ulysses, de James Joyce .... 722
7) Contra o silêncio desses espaços, ou a curadoria depois do fim em Wittgenstein’s Mistress
723
SIMPÓSIO 16) A parte da sombra, o amplo presente: territórios e dispersões da poesia
contemporânea ........................................................................................................................................ 725
1) “E tudo era o mar?”: Lírica e arquétipo em Talhamar (1982), de Dora Ferreira da Silva ..... 725
2) A coisa poética de Jacques Derrida.............................................................................................. 726
3) De haicais e epigramas: Meu olho não puxado puxou o lado errado (2016) e outros poemas
de Yassu Noguchi .................................................................................................................................... 727

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4) O sopro lírico de Dora Ferreira da Silva: imaginário e metapoesia em “Nascimento do


poema”....................................................................................................................................................... 728
5) Análise de uma nova modalidade de produção literária: ganhadores do prêmio ABLetras
ofertado pela Academia Brasileira de Letras em 2010 ..................................................................... 729
6) “Como o diabo gosta”: identidade e resistênciana poética de Belchior .................................. 731
SIMPÓSIO 18) Língua francesa, literaturas francesa e francófona................................................. 731
1) A produção textual escrita em língua estrangeira: aspectos processuais e formação de
professores ............................................................................................................................................... 731
2) A imagem pictórica e sua relevância como componente de interpretação na obra A
Invenção de Hugo Cabret ....................................................................................................................... 732
3) Formação docente: experiências vivenciadas pelos alunos bolsistas do PIBID-Francês.... 733
4) A construção do tempo da memória na novela “Sylvie: Souvenirs du Valois” de Gérard de
Nerval......................................................................................................................................................... 734
5) A experiência do PIBID entre os alunos do Curso de Letras/Francês .................................... 736
6) A ironia de Voltaire e a construção da criticidade para um mundo moderno ......................... 737

7) A aprendizagem de francês na formação do Secretário Executivo Trilíngue: um olhar à luz


da teoria da curva de esquecimento. .................................................................................................... 738
SIMPÓSIO 19) A voz e a vez dos animais não-humanos em diferentes ciências ........................ 741
1) Marley e eu, de John Grogan: especieísmo, vida e amor ......................................................... 741
2) Entre humanos e galinhas: o respeito aos animais não humanos na obra A vida íntima de
Laura, de Clarice Lispector..................................................................................................................... 742
3) A literatura animalista abolicionista em sala de aula: experiências e vivências .................... 743
4) O tratamento ético dos animais não humanos nas HQs “Armandinho” .................................. 744
5) A literatura infantil como ferramenta de divulgação e preservação de animais pouco
conhecidos da fauna brasileira .............................................................................................................. 745

6) “Na lista de prioridades do país, não tem lugar para os animais”: considerações sobre a
violência contra animais não humanos em Disgrace de J.M. Coetzee ........................................... 746
7) Relações de igualdade e distanciamento entre humanidade e animalidade na obra Vidas
Secas de Graciliano Ramos comparado com os escritos de Franz Kafka ..................................... 747
8) Literatura de defesa animal no contexto escolar ........................................................................ 749
9) Representação animal em Clarice Lispector ............................................................................... 750

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10) A Revolução dos Bichos não humanos: uma análise animalesca e abolicionista ............ 751
11) O discurso científico e o tema da experimentação em animais não humanos .................. 752
12) Os animais em A maçã no escuro, de Clarice Lispector: uma leitura ecofeminista.......... 753
SIMPÓSIO 20) Ecos da Cultura Clássica na Literatura .................................................................... 756
1) Reinventando o mito de Perséfone: a imagem da morte em O sofá estampado, de Lygia
Bojunga Nunes ......................................................................................................................................... 756
2) O destino d’Os filhos de Húrin: vestígios da literatura clássica no mundo secundário de J. R.
R. Tolkien .................................................................................................................................................. 757
3) Aspectos da construção do herói épico na Ilíada, em análise da trajetória de Páris
Alexandre .................................................................................................................................................. 758
4) A apropriação poética da Grécia antiga enquanto paisagem na obra de Sophia de Mello
Breyner Andresen .................................................................................................................................... 759
5) No universo de Star Wars: o herói mitológico na ficção científica ........................................... 760
6) Complexo de Electra: do mito grego à Psicanálise .................................................................... 761
7) Da ancestralidade mítica à modernidade: as nuances do retorno em Ciranda de Pedra, de
Lygia Fagundes Telles ............................................................................................................................ 762
SIMPÓSIO 21) Desafios contemporâneos de ensino e pesquisa em Literatura: entre artes,
mídicas e tecnologias .............................................................................................................................. 765
RESUMO 1 ................................................................................................................................................... 765
RESUMO 2 ................................................................................................................................................... 765
3) A poética pasoliniana entre o gesto e a palavra: reflexões acerca da criação do Decameron
(1971)......................................................................................................................................................... 765
Resumo 4 .................................................................................................................................................... 766
5) Novas tecnologias: WebQuest como recurso para aprendizagem de literatura afro-brasileira
.................................................................................................................................................................... 766
6) A literatura na formação do leitor crítico no Ensino Médio brasileiro de acordo com os
documentos norteadores da educação: um caso de prescindibilidade? ........................................ 767
7) Práticas literárias no ciberespaço: desafios de alunos da educação do campo ....................... 768
8) Contemporaneidade tecnológica: a leitura literária pelo olhar do público jovem ................................ 769
9) Metaficção historiográfica em O homem do castelo alto de Philip K. Dick............................................ 770
10) A balada de John Constantine ........................................................................................................ 771
11) Literatura e fanfics: Relatos de uma experiência no ensino médio ............................................... 772

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12) Ecos do Bildungsroman em A Droga da Obediência de Pedro Bandeira ............................................. 773


13) Os Cavaleiros do Zodíaco: narrativa e caracterização de personagens em tempos de arte transmídia
.................................................................................................................................................................... 774
14) I-POE: Uma Leitura de “Annabel Lee” ........................................................................................... 775
Resumo 15 ................................................................................................................................................ 776
16) Revitalização do mito grego: os crimes de sangue na franquia de videogames God of War
.................................................................................................................................................................... 776
17) Fandom: The Sims in Machinima .................................................................................................... 777
18) Literatura e fanfics: Relatos de uma experiência no ensino médio ..................................................... 778

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SIMPÓSIOS DE LINGUÍSTICA

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SIMPÓSIO 1) Linguagens e discursos nas relações de poder/saber da


atualidade

Profa. Dra. Adélli Bortolon Bazza (UEM)


adellibazza@hotmail.com
Profa. Dra. Denise Gabriel Witzel (Unicentro)
witzeldg@gmail.com

1) O cuidado de si foucaultiano e o capital cultural bourdieusiano na


publicidade: convergências no ensino-aprendizagem da língua
inglesa

Profa. Me. Aline Yuri Kiminami (UEM)


Prof. Dr. Pedro Navarro (UEM/Orientador)

Resumo:

Este estudo se propôs a analisar os conceitos de cuidado de si, de Michel Foucault, e


capital cultural, de Pierre Bourdieu, buscando encontrar confluências e afinidades
quanto aos dois conceitos, tendo como ponto de convergência o ensino-aprendizagem
da língua inglesa no cenário contemporâneo. Temos ainda como pano de fundo,
campanhas publicitárias de escolas de língua inglesa, materialidade na qual podemos
vislumbrar os discursos com relação à língua inglesa circulando. O conceito de cuidado
de si (epiméleia heautoû), como Foucault (2010) define em O governo de si e dos
outros, é o fio condutor da articulação entre subjetividade e verdade, conceitos que
juntamente ao biopoder e poder disciplinar, contribuem para que seja possível traçar um
paralelo com a teoria do capital cultural. Tal teoria, defendida por Bourdieu (1979, 2000,
2009), postula que há um tipo de capital que se manifesta na forma de um poder
simbólico de extrema importância no ambiente escolar, e que privilegia aqueles alunos

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que têm, de berço, mais condições e oportunidades de acessar a cultura legítima, o


código cultural valorizado pela sociedade escolar. Com isso, o autor indica que, para
que o aluno seja capaz de ser bem-sucedido no âmbito escolar, é necessário que ele
possua certas noções de cultura e capacidade linguística e comunicativa que devem ser
prévias, recebidas da família, de seu círculo social. É um poder simbólico que é
invisível, de construção da realidade e, portanto, estruturante e os sistemas simbólicos,
como a arte, a religião e a língua, são por ele estruturados. Esse tipo de poder faz crer,
faz transformar a visão e a ação sobre o mundo, se definindo sobre/em uma relação
entre os que exercem o poder, e aqueles que a ele estão sujeitos. Entendemos que o
poder simbólico detém o poder de transformar algo como uma língua em um capital
cultural, na medida em que, ao ser exercido, faz transformar a visão que temos sobre tal
objeto. Da mesma forma, a disciplina para Foucault (2000) é vista como uma técnica,
um mecanismo, um dispositivo de poder atuando sobre o corpo dos indivíduos,
manipulando gestos e condutas, os adestrando. Nessa medida, o poder é entendido
como invisível e simultaneamente, onividente. Percebemos também a inserção da
língua inglesa nos currículos escolares nacionais como uma das referidas táticas de
governamentabilidade, uma vez que o governo, através dessa imposição curricular,
gere a população no sentido de preparar os cidadãos para um mercado de trabalho que
exige o conhecimento da língua como requisito para obtenção de cargos mais altos e
variados. Ao ser capaz de se enquadrar nessa exigência e ser contratado, o sujeito
alcança uma situação favorável para que possa se subsistir, governar sua família e
acumular, produzir e fazer circular riquezas.

Palavras-chave: Cuidado de Si; Capital Cultural; Língua Inglesa; Análise do Discurso.

2) Análise de uma série discursiva: correção à escrita em língua inglesa


feita pela cantora Anitta em Maringá

Ana Paula Assoni (UEM)


Miriam Fila Miglioli Teixeira (UEM)
Profa. Dra Adélli Bazza (UEM/Orientadora)

Resumo:

No mês de maio do ano 2017, a cantora nacional Anitta publicou em sua rede social
instagran imagens, nas quais fazia correções à escrita em língua inglesa. Essas
correções foram realizadas nos folhetos encontrados em roupas de cama e toalhas de

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um hotel na cidade de Maringá. Depois disso, a cantora utilizou um “snapchat’,escolheu


fazer uma foto híbrida de seu rosto e de um cavalo/burro e postou, em sua rede social,
a correção executada pela mesma, bem como a referida foto. Esse evento foi alvo de
debates em redes sociais, pois a população, principalmente de Maringá, sentiu-se
ofendida com tal comparação. A correção, feita por Anitta, pautou-se, por exemplo, na
palavra change, a qual estava grafada como chance.Portanto, o chamado “erro” foi
detectado pela troca da letra ‘G’ pela ‘C’. Diante desse evento discursivo, o presente
trabalho apresenta uma análise sob o viés da Análise do Discurso foucautiana.. Para
isso, utilizamos os conceitos de formação discursiva de poder e memória, no intuito de
analisar a constituição dessa formação na correção executada pela cantora. Para a
análise dessa correção, utilizaremos os aportes teóricos de Paul Michel Foucault.
Apresentamos uma breve análise, principalmente, quanto à linguagem sendo utilizada
como poder. Esperamos, com esse trabalho mostrar como a contribuição dos aportes
teóricos foucaultianos podem contribuir na análise prática da relação de poder do
referido evento discursivo. Além disso, intencionamos contribuir com essa experiência,
para que possa ser utilizada de exemplo para análises de outros possíveis eventos
discursivos, tendo como sujeitos que conduzem essa análise professores de língua
portuguesa.

Palavras-chave: Análise do discurso;foucaltiana;poder;memória.

3) O sujeito no acontecimento “Jogo da baleia azul”

Celi Barbosa dos Santos(Profletras/UEM)

Resumo:

Este trabalho tem por objetivo apresentar uma possível análise descritiva do
acontecimento “Jogo da Baleia Azul” a fim de desenvolver um olhar crítico sobre a
construção do sujeito na formação discursiva presentes nas séries de enunciados de
dois documentos: o post que circulou nas redes sociais sobre uma reunião do prefeito
de Curitiba, Rafael Greca com os seus assessores para discutirem o efeito desse jogo e
sua repercussão entre os adolescentes e o documento enviado às escolas pela Rede
Estadual de Ensino do Paraná- SEED recomendando aos gestores das escolas,
docentes, funcionários e pais especial atenção no fortalecimento de mecanismos de

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proteção de crianças e adolescentes nas escolas diante de jogos violentos. A análise do


discurso está embasada na tríade língua, história e discurso. A relação do homem com
o mundo e com as palavras não ocorre diretamente, mas através da mediação dos
discursos, assim é mister que se busque a realidade de um dado discurso. Neste
processo, as perguntas relevantes são: “O que se diz?”, “Como se diz?”, e “Por que se
diz?” para que se analise com criticidade o sujeito discursivo de um dado
acontecimento. Sob este viés, pretendemos analisar quem são os sujeitos resistentes
nessas séries enunciativas através da materialidade dos discursos veiculados na mídia
e nas escolas, os quais acionam componentes lexicais, de memórias e dispositivos em
seus enunciados que marcam posicionamentos do sujeito discursivo. Teoricamente, o
trabalho ancora-se nos conceitos de sujeito, formação discursiva e acontecimento na
perspectiva da análise do discurso oriundas dos estudos foucaultianos e dos estudiosos
de suas teorias. (FOUCAULT, 2008, 1999; GREGOLIN, 2006; DREYFUS; RABINOW,
1995; FISHER, 2012). Percebemos que para Foucault o sujeito não está alienado por
ideologias ao ponto de encobrir sua visão da realidade, pois ao mesmo tempo em que é
constituído pelas relações de poder, ele não precisa permanecer neutro num dado
acontecimento e sim resistir frente ao que lhe é posto, construindo novas formas de
subjetividade.

Palavras-chave: Sujeito; Acontecimento; Análise do discurso.

4) Os enunciados “É golpe” e “Não é golpe” e os efeitos de sentido no


discurso político da presidenta Dilma Rousseff em seu processo de
impeachment

Cláudia Oliveira (UNEB)


Prof. Me. Emerson Tadeu Cotrim Assunção (UNEB)

Resumo:

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O discurso político sempre figurou como objeto principal de estudo da Análise do


Discurso francesa (ADF), já que as materialidades linguístico-discursivas advindas
desse tipo de discurso demandam olhares para os efeitos de sentidos presentes nesses
acontecimentos (PÊCHEUX, 1997), evidenciando afetamentos sócio-históricos e
posições ideológicas assumidas por sujeitos. As análises, que registramos nessa
comunicação, tomam como ponto de partida o estudo do discurso político da presidenta
Dilma Rousseff no momento do seu afastamento provisório, pelo Senado, de suas
funções presidenciais. Como objetivo, intencionamos compreender como as
materialidades dos enunciados É golpe e Não é golpe são agenciados no discurso de
Dilma Rousseff no acontecimento discursivo processo de impeachment no ano de 2016.
A pesquisa, de caráter qualitativo, foi realizada utilizando as transcrições, por nós
realizadas, dos dois discursos proferidos pela presidenta Dilma Rousseff, no dia doze
(12) de maio de 2016, em dois espaços e para públicos distintos: i) no salão do Palácio
do Planalto, para emissoras de rádio, televisão, mídias digitais, seus ex-ministros e
políticos e ii) na área externa da sede presidencial, para o público de simpatizantes e
militantes políticos. Para a análise, uma vez selecionado o corpus, utilizamos as
concepções teóricas de Análise do Discurso Francesa (ADF), com base nas noções de
enunciado e sujeito, advindas dos estudos de Foucault (2008); saberes sobre efeitos de
sentido em Pêcheux (1997), Orlandi (2003) e Gregolin (2006) e, por considerar a
relevância do sujeito político dentro da análise do discurso, buscamos apontamentos a
partir da concepção de Courtine (2006), Piovezani Filho (2009) e Possenti (2016).
Tematizamos, também, sobre as conquistas históricas de mulheres engajadas em
movimentos sociais diversos, no universo social e político para, assim, evidenciarmos a
trajetória política da presidenta Dilma Rousseff. Em decorrência desse cronotopo
(BAKHTIN, 2013), foi necessário traçar um paralelo com a história política dos
processos políticos dos anos de 1964, 1992 e 2016, de modo que alinhássemos os
acontecimentos políticos e jurídicos que culminaram no afastamento de Dilma Rousseff.
As análises apontam um plano muito bem arquitetado, por diversos segmentos, para
tomar à força o que não havia sido conquistado nas urnas, bem como a denúncia
presente no discurso da presidenta Dilma denunciando o golpe parlamentar de 2016.

Palavras-chave: Análise do Discurso; Política; Dilma Rousseff; Efeitos de sentido.

5) Discurso e gênero: um estudo de caso sobre a mulher executiva em


capas das revistas Você S/A e Exame

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Juliana Netto Ricobello (UEM)


Prof. Dr. Pedro Luis Navarro Barbosa (UEM/Orientador)

Resumo:
Nas análises discursivas sobre a produção do sujeito, a questão da memória surge
como um dos elementos importantes para a compreensão do funcionamento do
discurso midiático, quando este faz circular enunciados que constroem determinadas
representações sobre os indivíduos. A relação sempre tensa entre memória, história e
processos de subjetivação implica considerar dois aspectos: o primeiro diz respeito aos
modos de apropriação de elementos discursivos fornecidos pela memória histórica de
uma sociedade. Nos discursos midiáticos são analisados e recuperados aspectos
históricos que contribuem para a construção, no presente, de uma memória que
influencia o processo de produção de identificações; o segundo aspecto concerne ao
fato de que a prática discursiva midiática opera com a diversidade de tempos sociais e
com a diversidade de memórias coletivas, o que acarreta uma descontinuidade entre o
presente construído pela mídia (com os recortes que realiza da memória e da realidade)
e o conjunto de enunciações dispersas, heterogêneas e atemporais que forma o saber
histórico de um grupo social sobre aquilo que o constitui e o diferencia de outros. Em
virtude dessa base teórica, é analisado uma série enunciativa em que a mulher
executiva emerge como princípio de diferenciação e objeto do crescente e competitivo
mercado de trabalho, que vem solicitando, cada vez mais, um novo tipo de trabalhador,
no caso específico, uma “nova mulher executiva”, que precisa saber gerenciar um
grupo, controlar suas emoções, lidar com a disputa entre sexos no campo dos negócios
e mostrar criatividade para se manter no cargo ou galgar postos mais elevados. Em
relação ao objeto de estudo, que é a construção da identidade da mulher executiva na
atualidade, a crise de identidade alterou tanto a imagem do homem quanto a da mulher,
trazendo ganhos positivos. Observa que os papéis que tais sujeitos exercem hoje na
sociedade parecem não ser como antes, quando eram mais bem definidos e
delimitados. A partir das considerações feitas até o momento permitem observar como o
contexto discursivo é fundamental para que se verifiquem os mecanismos que
permeiam a produção e a manipulação de identidades veiculadas na mídia, em
especial, na mídia impressa acerca do sujeito mulher executiva . Os discursos sobre a
mulher executiva em publicações das revistas Você S/A e Exame possibilita uma
conexão entre poder e saber na produção de sentidos sobre esse sujeito, sobre a
participação feminina na área do empreendedorismo e sobre a competição com o seu
outro, a saber: homem executivo.

Palavras-chave :Análise do Discurso; Mulher Executiva; Identidade; Competição; Mídia


impressa.

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6) A circulação de discursos e constituição de verdades sobre o


feminismo no Facebook

Me. Ronaldo Nezo (UEM)


Profa. Dra. Eliane Rose Maio (UEM/Orientadora)

Resumo:

As redes sociais na internet estão modificando os processos sociais e informacionais da


sociedade. Dados referentes ao primeiro semestre de 2017 apontam que cerca de 66%
dos brasileiros tiveram as redes como principal fonte de consumo de informação e,
nesse segmento, o Facebook foi a referência para 57% das pessoas. Na atualidade, o
Facebook se constitui como a maior rede social do planeta, com cerca de 2 bilhões de
usuários - e, em 2016, o Brasil já tinha mais de 102 milhões de usuários da rede. As
redes, porém, não são apenas um espaço para consumo de informações; também
permitem aos próprios usuários disseminarem conteúdos, reconfigurá-los contribuindo
para a produção de saberes. Nesse ambiente de circulação e constituição de discursos,
temas relacionados à mulher e ao seu corpo ganham espaço em práticas discursivas
nos quais emergem temáticas defendidas por feministas e também antifeministas.
Confrontam-se valores opostos que retomam uma memória de uma luta histórica que,
noutras épocas, já apresentava o embate entre o desejo do sujeito mulher ter acesso
aos mesmos lugares e posições sociais ocupadas pelos homens e a tentativa de
manutenção da hegemonia masculina sustentada também em enunciados verbais e
imagéticos que desvalorizam tal luta recorrendo a estereótipos diversos - por vezes,
repetidos por mulheres. No início do século passado (anos 1900), as mulheres que se
decidiam ir à luta pelo reconhecimento de direitos e buscavam disseminar suas ideias
eram tidas como feias, masculinas, fúteis, amorais ou que se manifestavam por algum
tipo frustração. Ou seja, não sendo privilegiadas com a beleza e outros atributos
naturalizados como sendo femininos. Partindo desse contexto, o objetivo da pesquisa é
analisar em enunciados verbais e imagéticos discursos sobre mulheres e seus corpos
em que há menção ao feminismo. Para isso, investigam-se as especificidades das
redes sociais como lugar de práticas discursivas; compreendem-se noções a respeito
do discurso em Michel Foucault e a relação saber e poder na constituição de verdades;
por fim são retomados estudos que tratam de gênero, sexualidade e da luta de
mulheres tida como feministas na primeira metade do século 20 no Brasil. Conclui-se
que, se por um lado, o Facebook tem permitido manifestações de resistência e
empoderamento da mulher; por outro, discursos antifeministas têm contribuído para
constituição de verdades sobre mulheres que lutam pelo reconhecimento e valorização
de si mesmas.

Palavras-chave: Facebook; Feminismo; Discurso.

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7) O saber econômico como fruto da estratégia retórica a produzir


efeitos de verdade: o uso da antítese no discurso econômico de John
Maynard Keynes

Dr. Thiago Martins Prado (UNEB-PPGEL)

Resumo:

A pertinência teórica em realizar uma investigação das figuras de linguagem no discurso


econômico justifica-se de dois modos. No primeiro plano, a proposição de se analisar a
formação do argumento em narrativas científicas por meio da realização das figuras de
linguagem, demasiadamente ilustradas nos textos poéticos, está em consonância com
as exigências advindas da própria área dos Estudos de Linguagem. Na perspectiva de
Jakobson (2003, p.129): “o estudo linguístico da função poética deve ultrapassar os
limites da poesia”. De outro modo, atentando-se às observações de Chaïm Perelman e
Lucie Olbrechts-Tyteca (2005), a investigação sobre as figuras de linguagem devem
atender menos as necessidades de legitimação de um modo literário de expressão que
as emergências em reconhecê-las como técnicas do discurso persuasivo. No segundo
plano, ao notar a figura de linguagem como técnica de persuasão, podem-se interpretar
teorias científicas como montagens discursivas e questionar a sua legitimidade ou a sua
presunção em implicar autonomia ou fundamentos inquestionáveis para as áreas de
saber. Nesse sentido, reconhecer o discurso econômico como um entrecruzamento de
narrativas eivadas de ferramentas e estratégias de persuasão desmobiliza a nocividade
(ou a confiança) de uma interpretação mais monolítica ou mais hegemônica sobre os
fenômenos econômicos. Interpretar os efeitos de verdade nos discursos econômicos tal
como uma necessidade de uma instauração ou manutenção de um mecanismo de
poder sinaliza para o entendimento da construção do saber como uma estratégia não
isenta de comprometimento ideológico. Segundo os ensinamentos de Fiorin (1998), em
Linguagem e Ideologia, não somente as representações ideológicas são materializadas
pelo discurso como também o conhecimento, fruto de organização discursiva,
compromete-se com interesses sociais. Nesse sentido, Fiorin torna claro que a
neutralidade não é resultado de uma adequada aplicação científica; o discurso da
imparcialidade no campo da ciência deriva, em verdade, da força ideológica dos grupos
sociais dominantes. Levar isso em consideração é reconhecer que a prática retórica é o
centro da produção do saber científico. Quando os estudos linguísticos, com essa
perspectiva, aproximam-se da análise econômica, o tipo de investigação interdisciplinar
que pode surgir a partir daí tanto potencializa uma como outra área. Nas ciências
econômicas, o estudo a respeito da intenção discursiva, como uma vertente diferente da
análise da sequência monetária ou do planejamento para a maximização dos lucros,
aparece como um instrumento necessário para conter a nocividade da hegemonia
interpretativa nessa área. Nas ciências linguísticas, o alargamento do seu instrumental
teórico para a área da economia possibilita uma aplicabilidade que amplia a capacidade

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de modificar a dimensão social associada aos resultados das discussões da análise


econômica. Reconhecer e expor as intenções dos discursos na área da ciência
econômica, com o auxílio da teoria linguística, desmonta as estratégias incutidas neles.
A partir disso, uma boa maneira de buscar traços retóricos nos discursos da área
econômica é investigar a construção desses por meio das figuras de linguagem. Como
uma ilustração de como tal análise interdisciplinar pode ser conduzida, elegeu-se a
análise da figura de linguagem como recurso retórico no discurso de John Maynard
Keynes. Como um novo marco para a área das ciências econômicas, os estudos de
Keynes confrontaram a teoria clássica (de base liberal) com uma estratégia retórica que
foi marcada pelas antíteses: estímulo à poupança versus estímulo ao consumo,
autorregulação do mercado versus intervenção estatal na economia, contenção de
despesas públicas versus elevação de gastos públicos.

Palavras-chave: Figuras de retórica; discurso econômico; John Maynard Keynes;


efeitos de verdade; poder-saber.

8) A estratégia biopolítica na dimensão da deficiência: corpos, discursos


e práticas

Vivian Ferreira Dias (UFSC)

Resumo:

A sexualidade é compreendida por Foucault (2005) como localizada na encruzilhada


entre corpo e população. Igualmente a deficiência é atravessada pela estratégia
biopolítica, ou seja, por um poder que se investe sobre a vida biológica: nos corpos
(reabilitação/normalização) e na população (por meio do controle de doenças que
podem culminar em deficiência, de forma preventiva - exames do pezinho, da orelhinha,

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por exemplo). No entanto, diferentemente da sexualidade, que pode ser velada e não
publicizada, a deficiência é uma dimensão que pode cooptar qualquer um, em qualquer
tempo, e é facilmente percebida. O objetivo do presente trabalho é analisar a estratégia
biopolítica na dimensão da deficiência, o controle dos corpos, os discursos e as práticas
que subjetivam e produzem as pessoas com deficiência. Como material empírico dessa
análise, lanço mão de um texto/imagem veiculado em uma campanha publicitária na
Grande Florianópolis. Trata-se do símbolo internacional da pessoa com deficiência, já-
visto, mas deslocado- em vez do círculo em branco que representa a cabeça do
cadeirante, há um capacete de motociclista e junto dessa imagem está disposto o texto:
“Não troque de transporte, pilote sua moto com inteligência”. Por meio de uma análise
discursiva, de base foucaultiana, entendo que nesse texto da campanha o risco de se
tornar pessoa com deficiência é a estratégia para a produção de saberes sobre o corpo
no trânsito e para a regulação dos comportamentos dos sujeitos. O poder desse
discurso controla de forma coercitiva as práticas e as ações da sociedade (FOUCAULT,
1996). As relações de poder imbricadas no texto/imagem fazem emergir pelo menos
duas constatações: (1) há uma tensão entre ser pessoa com deficiência e ser pessoa
sem deficiência- aqui no caso o motociclista- que passa a ser uma potencial pessoa
com deficiência- existe, portanto, uma sobreposição dos sentidos (a tênue linha que
separa “normalidade” e “anormalidade”). E nesse embate de forças, os saberes
legitimados são aqueles identificados com o sentido da normalidade e que mantêm a
pessoa com deficiência, representada pelo cadeirante, em posição inferior, já que a
deficiência é discursivizada como algo que precisa ser evitado e (2) o saber produzido é
aquele da consequência, do castigo pela imprudência- “corra, dirija alcoolizado, costure
o trânsito e mudará o meio de transporte”. Não use a inteligência, que se associa a
sentidos ligados à prudência e responsabilidade no trânsito, e se tornará cadeirante, o
que culpabiliza a pessoa com deficiência adquirida. E coloca mais uma vez, numa
relação de oposição e binarismos, de um lado, a normalidade (ser inteligente, por
conseguinte agir com prudência, respeitando as normas de trânsito e de segurança)
como o saber legitimado, com potência reguladora sobre os comportamentos, e de
outro, a anormalidade como seu contraponto, uma vez que o risco pode produzir a
deficiência, ou seja, a sequela, a dependência, a culpa, o castigo.

Palavras-chave: deficiência, corpo, discurso, biopolítica.

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9) Dispositivo religioso: um mecanismo de leitura nas pinturas de


Marianna Gartner

Prof. Me. Ednaldo Tartaglia Santos (UNIFAP / PLE-UEM)

Resumo:

Nesta pesquisa, apresentamos uma análise do processo de (in)visibilidade discursiva de


algumas pinturas da artista plástica canadense Marianna Gartner. Esta análise se
fundamenta nos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise do Discurso (AD)
francesa, de linha foucaultiana. Elegemos, como materialidade discursiva, seis telas de
Gartner (Meninas com veado morto, Meninos com garça morta, Bebê Diabo III, Clara na
corda bamba, Jesus tatuado e Quatro homens em pé), além de uma interpretação
realizada por Alberto Manguel (2001) a respeito da tela Quatro homens em pé da artista
plástica canadense. Marianna Gartner se formou em pintura e fotografia pela
Universidade de Calgary, no entanto, dedicou-se exclusivamente à pintura. Ela teve
influência de artistas clássicos e modernos alemães e italianos. As imagens criadas por
Gartner chamam a atenção devido ao atravessamento discursivo de elementos
religiosos de base cristã, mais precisamente o duelo entre vida e morte, céu e inferno. O
interesse em analisar as obras de Marianna Gartner surgiu por meio da leitura da tela
Quatro homens em pé realizada por Alberto Manguel no livro Lendo Imagens: uma
história de amor e ódio. Na ocasião, Manguel fez uma interpretação calcada em
elementos religiosos do catolicismo, no entanto, em um primeiro momento, ao nível do
visível, não é possível fazer tal interpretação da referida tela. Nesse sentido,
questionamos como se dá o processo de visibilidade discursiva do dispositivo religioso
nas imagens criadas por Marianna Gartner, levando em consideração elementos de
invisibilidade e inteligibilidade construídos pela artista no universo de suas obras. No
processo analítico, fizemos uma articulação entre as noções de dispositivo religioso e
de memória discursiva que, quando organizadas e inter-relacionadas, dão
possibilidades de compreender o universo que a artista plástica cria em suas obras,
permitindo também entender a leitura realizada por Alberto Manguel em relação a
Quatro homens em pé. Por fim, as análises das obras de Gartner possibilitaram
visualizar uma performance discursiva verbal e não verbal inscrita no dispositivo
religioso cristão que é ativado pela memória dos sujeitos que comungam ou têm
conhecimento desse conjunto de práticas discursivas. Assim, afirmamos que a análise
discursiva, realizada ao nível do visível e do invisível nas imagens pictóricas de Gartner,
foi possível graças a (re)tomada de elementos discursos do dispositivo religioso cristão.

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Palavras-chave: Dispositivo religioso; memória; (in)visibilidade discursiva; pinturas de


Marianna Gartner.

10) Objetivação da sexualidade de idoso

Dra. Adélli Bortolon Bazza (UEM)

Resumo:

Nas últimas décadas, observou-se, em países desenvolvidos e em desenvolvimento,


um aumento no número de idosos, o que fez com que essa população se tornasse foco
do olhar do poder. Juntamente a um trabalho governamental que busca gerir esses
corpos e vidas, inicia-se uma produção discursiva que fala desse sujeito idoso. Entre os
saberes produzidos está o de que o idoso tem uma vida sexual ativa. Desse modo,
propomos investigar como essa vida sexual ativa está representada nos processos em
que se fala dele. Para tanto, embasamo-nos em uma análise discursiva calcada nos
pressupostos foucaultianos. Da vasta obra do autor, destacamos os conceitos de
objetivação, subjetivação, dispositivo da sexualidade. Em seu livro História da
Sexualidade I (2004), Foucault aponta duas estratégias diferentes como possibilidades
do dispositivo da sexualidade: a ciência sexual e a arte erótica. A primeira está pautada
na prática da confissão e da análise da verdade sobre o sexo. A segunda seria
constituída por uma vivência em que o sujeito vive para seu prazer, acumulando
experiências e as guardando para si. A série enunciativa constituída para essa análise é
composta de textos de mídia em que a questão da sexualidade do idoso seja
mencionada: dois comerciais (Havaianas e Corega), um folder educativo sobre o uso de
preservativo, um ensaio fotográfico com idosos (disponível on line), uma reportagem
sobre a vida sexual na terceira idade, o título de um livro e um texto humorístico que
circula em redes sociais. A análise das sequências enunciativas indica que, no campo
da objetivação, existe uma produção discursiva que insiste em uma vida sexual ativa.
Essa produção está pautada em uma estratégia em que a sexualidade está centrada no
ato sexual, com foco na virilidade. Centralizada numa técnica que esquadrinha uma
ciência sexual, essa técnica insiste na potência, na quantidade de ereção e no vigor do
corpo.

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Palavras-chave: Objetivação; Sexualidade; Idoso.

RESUMO 11

12) O Escola sem partido como nome próprio

Luciano Paz de LIRA – UNITAU


Profa. Dra. Claudete Moreno Ghiraldelo (UNITAU/Orientadora)

RESUMO:

Escola e partido são duas das palavras mais utilizadas hoje em dia no Brasil. Quando
elas são agrupadas para formar um nome próprio “Escola Sem Partido”, é sinal que um
determinado discurso procura sua estabilidade e força de interpelação. O presente
trabalho tem por objetivo refletir sobre os movimentos semântico-discursivos relativos
ao fenômeno da ambiguidade e eplipse contidos no nome próprio Escola sem Partido.
Pretende-se revelar as relações interdiscursivas, políticas e ideológicas presentes
implícita e explicitamente - lembradas ou esquecidas, a partir dos pressupostos da
Análise de Discurso Francesa. Para tanto, procuramos situar diacrônica e
sincronicamente a denominação do movimento e identificar os sentidos da forma-
sujeito, bem como às posições discursivas a ela associadas, índices de sua inscrição na
história e da materialidade mesma do nome. Do ponto de vista metodológico, o recorte
e a escolha quanto à perspectiva pecheuxtiana de AD significa que as condições
materiais de produção, veiculação, utilização e reutilização dos enunciados é
fundamental. Os resultados evidenciam as forças dinâmicas que possibilitam e
sustentam relações de dominação/exploração/reprodução e que são ocultadas pelo
movimento de interpelação presente, por exemplo, na constituição do nome próprio do
movimento e que permitem concluir acerca do jogo de forças políticas e ideológicas que
funcionam no sentido de legitimar e reproduzir determinadas relações.

Palavras-chave: Escola Sem Partido; Discurso; Forças de produção; Materialidade


discursiva; Interdiscurso.

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13) As condições de produção e a discursividade nos arranjos e na


melodia de canções do Engenheiros do Hawaii

Íngrid Francine Lívero Jordão (UEM)


Prof. Dr. Pedro Navarro (UEM/Orientador)
Profa. Dra. Flávia Zanutto (UEM/Co-orientadora)

Resumo:

O estudo do discurso presente em canções presta-se a uma análise tanto ao nível


lexical quanto ao nível da harmonia e da construção de notas melódicas, além disso,
esse mesmo estudo pode lançar luz sobre a constituição do sujeito do canto. É
plausível, dessa forma, que determinadas bandas, em certo momento, produzam
canções que venham a servir de corpus para a compreensão de uma época, de um
estilo musical e mesmo de um aspecto da história sociocultural de um país. Partindo de
postulados erigidos pelo campo teórico da Análise do Discurso, com especial atenção
para aqueles formulados por Michel Foucault, a presente comunicação tem como
proposta apresentar os resultados de uma pesquisa que analisou o discurso e o sujeito
do canto, partindo do pressuposto de que este é visto como um lugar vazio, a partir do
qual tantos outros indivíduos podem falar. O sujeito que enuncia desse lugar insere-se
em uma formação discursiva, de onde advêm e se faz “ouvir” diversas temáticas sobre a
vida, os anseios, as declarações de amor, apreciações morais e políticas que
constituem a contemporaneidade brasileira. Além desse aspecto norteador, os arranjos
e as melodias, os quais configuram uma possibilidade discursiva de “escuta do som da
voz,” abrem espaço para que se analise a posição de sujeito de onde a voz pode se
propagar, ressoando lugares de enunciação completamente diferentes em relação à
posição enunciativa postulada como origem, de forma a tomar o discurso literomusical
como formador de sujeitos e também formado por sujeitos em contextos únicos. A
banda eleita para análise discursiva foi os Engenheiros do Hawaii, existente desde 1985
e que trouxe um legado de letras e de melodias muito significativo e bastante difundido
ainda hoje. O corpus constituiu-se, portanto, de uma seleção de músicas dessa banda,
a qual deveria ter mais de uma versão, fosse gravada em estúdio, ao vivo ou acústico. A
partir de tais critérios, quatro composições foram escolhidas, a saber: Terra de
Gigantes, Pra ser sincero, Alívio Imediato e Toda Forma de Poder. Tendo em vista a
existência de mais de uma versão para cada uma, o trabalho foi feito com dez
gravações diferentes, encontradas na internet. Foi possível perceber desdobramentos
quanto às diferentes versões de produção. Com algumas exceções, as músicas em
versão acústica dão visibilidade a processos de subjetivação materializados de forma
mais intimista, com uma técnica instrumental mais aprofundada e mesmo com
instrumentos diferenciados. Não existe um sujeito único produtor ou mesmo ouvinte
dessas versões, assim há situações em que o sujeito se identifica com o que está sendo

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cantado na letra, há também o sujeito crítico na posição de enunciador que irá se utilizar
da formação melódica do show acústico para revestir os enunciados no intuito de
suavizar seu forte efeito verbal. No caso das versões em show ao vivo nesse modo, é
notável também o hábito do cantor de unir letras de diferentes canções em uma só,
além das várias fugas à melodia originalmente escrita em versos determinados para
efeito de show com o público que conhece e tem relação com a banda, prática
discursiva essa que delineia a construção do discurso e de seus sujeitos participantes
nesse contexto. Como as versões em estúdio foram na maioria gravadas nas décadas
de 1980 e 1990, seu caráter crítico é ainda mais evidente, não só na letra, mas também
na musicalização que acompanha as tendências de outros grupos ditos fundadores do
BRock, o qual tinha como um de seus objetivos identificar novamente o público jovem
após uma época de forte censura. Com essas reflexões, foi possível apontar elementos
de formação de um discurso que pode vir a se tornar novamente, se já não o é, parte
fortemente relevante das relações de poder-saber de nossa contemporaneidade.

Palavras-chave: Análise do Discurso; Subjetivação; Discurso em Foucault;


Discursividade Musical; Rock Nacional.

14) As relações de saber e poder na constituição da ciência da


linguagem

Daiany Bonácio (UEL)

Resumo:

No final do século XIX e início do século XX, estudiosos se debruçaram sobre a questão
de que faltava cientificidade aos estudos linguísticos. A filosofia da linguagem
concentrava suas pesquisas na instauração de uma ciência com método, objeto e
objetivos próprios. Desse mirante, observamos Ferdinand Saussure e os adeptos do
estruturalismo linguístico buscando pensar a linguagem enquanto ciência. Estamos
diante de uma ciência positivista das línguas, a qual procura mostrar uma forma própria
de compreender a própria ciência. Como Saussure propõe um estudo imanente da

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língua, relacionando-a a organização interna dos seus elementos, vislumbramos nesses


fatos a construção de um verdadeiro para época e a analítica do poder desenvolvidos
por Michel Foucault em seu livro Microfísica do Poder. Segundo o filósofo, alguns
discursos têm o poder de produzir as verdades de uma sociedade, as quais são
impostas por determinados grupos e circulam de forma naturalizada. Ao tomar tal
conceito para o tema proposto, observamos que a teoria saussereana foi adotada como
verdadeiro de uma época: os manuais de linguística colocam Saussure e seu livro
Curso de Linguística Geral (CLG) como o marco necessário para a instauração da
ciência linguística. Foucault (1998) mostra que a verdade é uma construção histórica,
efeitos de verdade que são produzidos; sendo assim, os manuais de linguística dizendo
que Saussure é o pai da linguística produz efeitos de verdade. Com base nessas
discussões, levantamos alguns questionamentos: que efeitos de poder circulam entre os
enunciados sobre a fundação da ciência linguística? Que tipo de poder é esse capaz de
produzir discursos tidos como verdadeiros e com efeitos tão poderosos? Não foi de
forma abrupta que o estruturalismo saussureano foi considerado o fundador da
linguística moderna; relações de saber e poder ao longo da história possibilitaram seu
aparecimento. Com a finalidade de discutir essas questões, discorreremos acerca do
que foi dito sobre a formação da linguística moderna e como isso instituiu novos
discursos para a ciência da linguagem da/na época. A partir dos conceitos de saber e
poder de Michel Foucault, buscamos observar os fatos desse período e tirá-los da
evidência a fim de compreender melhor os acontecimentos do momento em que se
buscava estabelecer a cientificidade dos estudos da linguagem.

Palavras-chave: Análise do Discurso; Verdade; Poder; Linguística.

15) Nós Discursivos e Subjetivos que Prendem/libertam a Mulher Negra


no Quarto de Despejo

Sandra Lúcia Dimidiuk Bassani (UNICENTRO)


Profa. Dra Denise Gabriel Witzel(Orientadora)

Resumo:

Com base nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de linha francesa e das
contribuições de Michel Foucault, nesse campo do saber pretendemos compreender as

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condições históricas e sociais de produção dos discursos em Carolina Maria de Jesus,


bem como perceber as formas pelas quais ela produz seu discurso a partir das
condutas/contracondutas, identificação/desidentificação, com as várias formações
discursivas que permeiam o discurso da escritora, partindo de estudos realizados sobre
o poder nas tramas discursivas das enunciabilidades. Carolina Maria de Jesus, na obra
O Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960),coloca em evidência a
discursividade do corpo e o dizer da mulher da favela, por meio de denúncias e críticas
sociais. Com a leitura dos livros e revistas que encontrava no lixo, ela tomou
consciência de sua posição no mundo e pôde reinventar seus modos de subjetivação,
relatando em diários suas amarguras e dificuldades. Carolina buscava melhoria de vida,
reconhecimento e aceitação na sociedade letrada. Utilizando a escrita como principal
prática, ela resiste. Metodologicamente, nossas reflexões se organizam a partir da
seleção de enunciados do livro que abordam o posicionamento da autora a respeito da
leitura, da escrita, das formas de submissão da mulher em meio a sociedade patriarcal
dos anos de 1950, forjada por relações de poder e formas de resistência.
Concentrando-nos, também, na irrupção dos discursos que ganharam materialidade nas
páginas da revista O Cruzeiro na década de 1950, autorizando a enunciabilidade hoje
do nome de Carolina, considerada um expoente da cultura negra, ela recebeu
reconhecimento pelo trabalho não somente literário, mas também social de uma autora-
personagem cuja obra se confunde com sua vida. Essa visibilidade ocorreu porque
relatava o cotidiano miserável de sua vida na favela, metaforicamente identificada como
“quarto de despejo”. Em nosso percurso analítico faremos alusão ao conjunto de
técnicas e procedimentos que caracterizam a economia das almas como significação de
condutas nos indivíduos; a produção de sentidos a partir das formas de resistência;
contraconduta e virilidade de Carolina de Jesus: sujeito-mulher, mãe solteira de três
filhos, negra, favelada, com pouquíssima escolaridade, catadora de recicláveis, a qual
enfrentava com palavras os poderes: do governo, vizinhos e, principalmente, a fome,
nesse sentido, verificamos o discurso ao lado da história e os recursos linguísticos que
estabelecem o que pode ser dito no surgimento dos enunciados na formação do sujeito
discutindo teórica e analiticamente os movimentos de controle dos poderes sobre os
corpos femininos, a governamentalidade, a comunidade em determinado momento
histórico, sua busca incessante de acesso ao poder, bem como a resistência e a
virilidade de um corpo feminino.

PALAVRAS-CHAVE: Quarto de Despejo, sujeito-mulher, resistência, contraconduta,


virilidade.

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16) Estupro contra a mulher: um movimento de desconstrução de discursos

Fernanda Bonomo Bertola (UEM)

Prof. Dr. Pedro Navarro (UEM/CNPq)

Resumo:

A cada 11 minutos, uma mulher é violentada sexualmente no Brasil. O estupro, crime


que ocorre, na maioria das vezes, contra pessoas do sexo feminino, espalha o medo
entre as mulheres. Uma pesquisa do Datafolha realizada, em 2016, a pedido do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, mostrou que, dentre os entrevistados, 90% das
mulheres têm medo de sofrer algum tipo de violência sexual, em que se enquadra,
conforme a legislação brasileira, o crime de estupro. Esse tipo de crime foi amplamente
debatido pela sociedade brasileira entre os meses de maio, junho e julho de 2016, em
razão de denúncias realizadas por jovens do sexo feminino sobre estupro coletivo que
sofreram nos estados do Rio de Janeiro e Piauí, no mesmo período do mesmo ano. Os
casos, que não têm relação entre si, e aconteceeram em datas diferentes, vieram à tona
com grande força devido à intensa atenção da mídia e grande repercussão nas redes
sociais. Pela forma como o caso foi noticiado em diversas oportunidades, percebeu-se a
necessidade de aprofundar uma reflexão discursiva acerca do estupro, na condição de
crime de gênero. Esta comunicação apresenta a proposta de pesquisa que será
desenvolvida para a produção da dissertação de mestrado da autora, sob orientação do
professor doutor Pedro Navarro. Ainda em fase inicial, a proposta pretende descontruir
discursos jornalísticos que, possivelmente, acabam por culpabilizar a mulher pelo ato
criminoso e, dessa forma, integram movimentações sociais, históricos e culturais que
desembocam no estupro. O trabalho tem como aporte teórico e metodológico a Análise
de Discurso de orientação foucaultiana e, para descontruir os discrusos, visa a analisar
a forma como é construída a culpa nos casos de estupro, acionando conceitos como
enunciado e função enunciativa, condições de possibilidade, subjetivação, objetivação,
prática discursiva, acontecimento, memória discursiva, poder, corpo e, com mais
ênfase, dispositivo. O corpus construído para a fase analítica será composto a partir de
enunciados recortados do Facebook e do site da Folha de São Paulo, esse por ser o
jornal eletrônico mais acessado, cuja fanpage registra a maior audiência, do País.
Assim, a pesquisa pretende analisar o modo como as mulheres alvos de crimes de

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estupro são faladas sob o possível funcionamento de um dispositivo de culpabilização


da mulher estuprada, formatado à luz de fatores históricos, culturais e sociais, os quais
se propõe levantar para a pesquisa com embasamento em teorias sociológicas e
feministas.

Palavras-chave: estupro; crime de gênero; dispositivo; culpabilização; jornalismo.

17) Práticas discursivas de objetivação/subjetivação do/sobre o idoso na


internet

Ivy Mariel Valsecchi (UEM)


Prof Dr. Pedro Navarro (UEM/CNPq/Orientador)

Resumo:

Com o trabalho, busca-se analisar de que forma se materializam as práticas discursivas


no espaço virtual que objetivam/subjetivam o sujeito idoso. Para tanto, o estudo está
embasado em uma abordagem discursiva, ancorada nos pressupostos de Michel
Foucault, que concebe o discurso como prática e cujo estudo divide-se em três
momentos. No primeiro, o do saber, o estudioso, por meio de seu método arqueológico,
busca entender a construção dos saberes na sociedade. No segundo momento, com a
genealogia do poder, Foucault trata da relação entre o saber e o poder, ou seja, as
maneiras pelas quais os saberes são construídos e legitimam o poder e este transforma
os saberes. Ao delinear uma genealogia, ou seja, uma “anti-ciência”, Foucault rompe
com a tirania dos discursos hierárquicos e privilegiados para considerar o saber das
pessoas. Trata-se, então, de agir contra os efeitos de poder centralizadores que regem
o discurso científico de nossa sociedade. O poder, para Foucault, se exerce, se dá nas
relações, é micro, ninguém o detém, ele escapa, além de ser, fundamentalmente, uma
relação de força. Em um terceiro momento, Foucault trata da subjetivação dos sujeitos a
partir do governo de si e dos outros, a, “governamentalidade”. Trata-se, por exemplo, de
governar a vida dos cidadãos, como os da terceira idade, para que vivam mais. Ao
conceber a noção foucaultiana de história, ou seja, que é serial, rompe-se com a noção
de uma história global, cronológica, pois se entende que a história tem rupturas.
Portanto, historicizar os discursos é fundante para uma análise foucaultiana. O
estudioso entendia, então, que existem verdades da época, a exemplo dos conceitos de
família, escola e também de velhice, que mudam de acordo com o tempo. Assim,
trabalham-se com séries enunciativas, que constituem uma forma de se fazer história -

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contada a partir de tais séries -; retoma-se a história para explicar o presente. Portanto,
fazer análise de discurso na perspectiva foucaultiana é como fazer uma espécie de
história do presente. A população idosa tem crescido vertiginosamente e os novos
arranjos familiares (com cada vez mais mulheres trabalhando fora, por exemplo, e
idosos que vivem sozinhos ou são colocados em instituições específicas para a terceira
idade), têm modificado as políticas públicas, buscando-se maneiras de garantir
qualidade de vida aos que têm acima de 60 anos. Frente a isso, pode-se dizer que nos
discursos que circulam há regularidades que permitem analisar a construção da
subjetividade das pessoas da terceira idade, já que, ao dizer quem é o idoso atual,
acaba-se por ditar atitudes que os idosos devem ter para que sejam vistos dessa
maneira. Tendo isso em vista, o estudo busca analisar a identidade da população idosa
com base em séries enunciativas organizadas em ambiente virtual (sites e blogs), com
foco exclusivo nos idosos, considerando que o processo de subjetivação destes está
fundamentado na historicização, em áreas específicas de saber e em práticas de poder.
As publicações demonstram o mesmo objetivo: promover um envelhecimento saudável
e ativo, com idosos que, inclusive, dominam as Novas Tecnologias de Informação e
Comunicação (NTIC’s), o que retoma uma memória histórica associada às imagens que
se tem dos idosos como sujeitos com problemas de saúde e inertes, sem disposição e
alheios às tecnologias. Há nas publicações uma regularidade que aponta para um
enunciado de que o idoso precisa ser ativo e conectado às novas tecnologias.
Entretanto, nos discursos são retomados saberes históricos que demonstram que há
práticas discursivas que estabelecem o que se espera desse sujeito, e não
verdadeiramente como esse sujeito se enxerga, já que, ao mesmo tempo em que é
circulada a importância de se deixar para trás uma visão estereotipada do sujeito idoso,
tal concepção é reforçada.

Palavras-chave: Idosos; Discurso; Subjetivação.

18) Arqueologia do corpo feminino de uma virgem juramentada

Isidora Popović (Unicentro)


Profa. Dra. Denise Gabriel Witzel (Unicentro/Orientadora)

Resumo:

O presente trabalho irá refletir sobre o acontecimento das virgens juramentadas-


mulheres que viveram como homem mantendo o juramento de não ter as relações
sexuais. A análise será realizada a partir dos conceitos e noções da Análise do Discurso
(AD) conduzidas nos vestígios teóricos de Michael Foucault. O objetivo será entender

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melhor como foi construído esse acontecimento em dado momento sócio-histórico e


discutir sobre a figura e o corpo feminino. Também, como instrumentos de análise, será
imprescindível discorrer sobre os conceitos essenciais do livro escrito por Foucault, A
Arqueologia do saber, notadamente o enunciado, o discurso e o arquivo. Por meio
desses conceitos, será mais fácil compreender aquilo que se diz sobre as virgens
juramentadas e realizar uma análise mais apropriada que exige este simpósio. Será
analisada uma reportagem de onde irrompem dizeres e imagens relacionados com elas,
mediante uma rede de saber e poder de que trata Foucault. A reportagem, gravada no
mês de julho de 2004, teve como sujeito entrevistado uma das virgens juramentadas do
norte de Montenegro, Stana Cerović. Stana era a mais nova das cinco filhas e, por essa
razão, assumiu o papel de homem desde criança, por causa da insistência de seus pais.
O caso dela também chamou muita atenção de vários estudiosos estrangeiros de
diferentes campos de conhecimento. Essa reportagem se constitui fonte de enunciados
por meio dos quais serão visíveis as condições de sua co-existência com outros
enunciados que apontam para o funcionamento desse fenômeno típico da península
balcânica. Através da análise dos enunciados, inscritos em dada formação discursiva, é
possível entender a posição desse sujeito feminino numa sociedade com a forte
dominação da mentalidade patriarcal e ter uma visão geral das práticas – discursivas e
não discursivas - realizadas por elas. Tudo isso dá um enfoque especial ao corpo como
espaço que faz com que emerjam esses enunciados e atualizem-se saberes. É
relevante articular tudo isso com as relações de poder que implicam os efeitos de
verdade e de subjetividade. Assim sendo, o corpo é também o objeto de poder que se
mostrará com bastante evidência na análise deste trabalho. Isso explicará como as
virgens juramentadas, ao desemepenharem o papel de homem, ocuparam uma posição
importante nessa sociedade, diferenciando-se bastante da posição que tinham as
mulheres naquela época. Em vista disso, ao assujeitar o seu corpo conseguiram ter um
certo poder.

Palavras-chave: Discurso; Corpo; Virgem juramentada; Poder.

19) Discurso, velhice e anormalidade no filme O curioso caso de


Benjamim Button (2008)

Josiele Cardoso da Silva (UEM)


Prof. Dr. Pedro Navarro (UEM/CNPq/Orientador)

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Resumo:

Esta pesquisa desenvolve a temática “O cinema, a velhice e a anormalidade em O


curioso caso de Benjamim Button (2008)”, da qual fizemos um recorte a partir do projeto
de iniciação científica, norteado, teórica e metodologicamente, pela Análise do Discurso
na perspectiva de Michel Foucault. O objeto de análise em questão surgiu de um Conto
de Francis Scott Fitzgerald, da década 1922, sendo adaptado em 2008 para o cinema e
dirigido por David Fincher. Inicialmente, é apresentada uma velhice como tempo de
rememorar o passado, de tentar reviver as lembranças, pois o filme se inicia com Dayse
(Cate Blanchett) contando à sua filha sobre a construção de um relógio, cujo sentido era
invertido, anti-horário. Também solicita a sua filha que leia para ela o diário de
Benjamim Button (Brad Pitt), o qual, assim como o relógio, seguia em um curso
contrário ao tempo cronológico, ou seja, iniciava sua vida na velhice e a termina na
primeira infância. Sendo assim, há nessa materialidade fílmica discursos relacionados à
velhice e aos idosos como, por exemplo, os problemas de saúde, a solidão, a
lembrança ou a falta dela e a morte. Para analisar essa materialidade fílmica, optamos
por elencar os seguintes conceitos: cinema, velhice e a anormalidade. Sendo assim,
com a linguagem cinematográfica, é possível materializar e difundir determinados
discursos. Já a anormalidade em relação à velhice, apresentada no filme, se encontra
no personagem principal da trama, pois ele segue em um sentido contrário aos demais
personagens humanos. O discurso fílmico sobre a velhice não é demarcado de maneira
objetivada ou logicamente estabilizada, mas sim de maneira poética, romantizada, não
havendo uma apelação ao grotesco e às imperfeições. Há um ideal de “normatização do
anormal” quando se refere ao sentido de vida de Benjamim Button, visto que o cinema
se utiliza de sujeitos e de situações anormais para criar esses personagens anormais,
sentimentos que condizem com os demais da sociedade para nos sensibilizar. Em
consequência disto, a contextualização desses conceitos só será possível por meio dos
estudos de Foucault (2009, 2010) sobre os indivíduos anormais, monstruosos, e as
transformações dos saberes e poderes investidos sobre eles, sobre um poder que
normatiza. Já os estudos de Courtine (2011) nos possibilita visualizar o corpo anormal
sendo incorporado ao cinema, como espetáculo de massa, o que viabiliza compreender
as mudanças do olhar em relação ao anormal. Por fim, buscamos com esta pesquisa
dar visualização discursiva às representações da velhice e da anormalidade na
linguagem cinematográfica capaz de gerar práticas de objetivação e de subjetivação.

Palavras-chave: Michel Foucault; Velhice; Poder de Normatização.

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20) Resistência e poder no sujeito Helen Keller

Suellen Fernanda de Quadros (Unicentro)


Profa. Dra. Denise Gabriel Witzel (Unicentro/Orientadora)

Resumo:

Apresentaremos neste trabalho reflexões sobre as práticas discursivas que emergem da


história de Helen Adams Keller (1880-1968) – mulher americana, surda e cega, que se
tornou uma ativista social na luta pelos direitos das mulheres e das pessoas com
deficiência e uma renomada escritora condecorada em vários países. Tomaremos como
norte os conceitos da análise do discurso (AD) de linha francesa, mais especificamente
nas formulações arqueológicas de Michel Foucault, por meio das quais analisaremos a
constituição do sujeito emaranhado às relações de poder e resistência presentes nos
discursos reverberados sobre o corpo de Helen Keller, visto a priori como um corpo
louco e deficiente, incapacitado de enxergar, de se comunicar e, consequentemente, de
viver em sociedade. Partindo do pressuposto que o discurso deve ser entendido como
um conjunto de fatos linguísticos e não linguísticos, ou seja enunciados, e que, segundo
Foucault, um enunciado precisa ter uma substância, um suporte, um lugar e uma data
(FOUCAULT, 2016), desenvolveremos uma análise a partir dos discursos
materializados em alguns trechos do filme “O Milagre de Anne Sulivan” (1962)- uma
produção baseada na história real de Helen Keller e que retrata o drama vivido pela
professora Anne Sullivan que, para ensinar Keller a compreender o mundo que a
cercava, precisou encarar inúmeras situações de poder e resistência por causa dos pais
que sempre mimavam a garota, sem ao menos lhe ensinar algo concreto para a vida.
Os trechos que compuseram a análise deste trabalho retratam como Keller foi
discursivizada durante sua infância, mais necessariamente nos momentos que
antecedem a fase de sua aquisição da linguagem. Dividimos a análise a fim de
demonstrar três pontos de vista sobre Keller: dos funcionários da fazenda, do irmão de
Keller e de seu pai. Interessa-nos evidenciar a tensão entre poder e resistência,
fortemente marcada nessa fase da vida do sujeito Helen Keller. A importância deste
trabalho centra-se na busca por informações históricas que nos possibilitam um trajeto
analítico focado no efeito do jogo de poder que reinventa verdades e cria novas formas
de sujeições do presente, pois, para Foucault, “onde há poder há resistência”
(FOUCAULT, 1975-1976). Visamos, também, compreender o funcionamento da
linguagem em determinados momentos e como a memória discursiva – o interdiscurso –
age na produção do sujeito e de sua subjetividade, entrelaçada por diferentes discursos
produzidos ao longo dos tempos nos mais distintos meios sociais e, consequentemente,
partindo de vários enunciadores.

Palavras-chave: Enunciados; corpo feminino; poder; resistência.

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21) Um olhar analítico sobre o discurso de inclusão

Profa. Me. Marilza Nunes de A. Nascimento( UFMS/UNIESP/CRE-9)


Profa. Espec. Vânia Aparecida de A. Bagi(CRE-9)
Profa. Dra.Claudete Cameschi de Souza(UFMS)

Resumo:

Este artigo objetiva analisar, interpretar e problematizar os efeitos de sentido


discursivos sobre inclusão. O objeto de análise é um enunciado veiculado pelo suporte
digital facebook que, por meio da linguagem verbal e não verbal, aborda o referido
assunto. A metodologia utilizada segue a Análise do Discurso de Linha Francesa (AD),
em que o enunciado foi recortado e analisado, em sua materialidade linguística, os
efeitos de sentido produzidos.Optamos por essa teoria porque entendemos que o
sujeito se constitui historicamente na/pela linguagem, produz identidades e
subjetividades, possibilitando a outros indivíduos (re) significar o mundo e a si mesmos.
Como nos orienta Orlandi (2012, p.15), a Análise do Discurso não trabalha com a língua
enquanto um sistema abstrato, mas com a língua no mundo, com maneiras de
significar, com homens falando, considerando a produção de sentidos enquanto parte
de suas vidas, seja enquanto sujeitos ou enquanto membros de uma determinada forma
de sociedade. Nesse sentido,nossa hipótese parte do princípio de que o enunciado
analisado trata as diferenças de forma estereotipada, produzindo efeitos de sentido
excludentes, os quais desconstroem a inclusão como necessária à promoção e
efetivação de equidade social. Dessa forma, para nortear esta investigação, aportarmo-
nos teoricamente em Foucault(1996), Costa(2010) e outros teóricos que trabalham sob
viés de que o sujeito discursivo é histórico, ideológico e social, uma vez que para a
Análise do discurso as palavras não possuem sentidos estagnados, mas os sentidos se
deslocam, dependendo de quem fala, de quando fala, de como fala, para quem fala e
para quê fala. Por outro lado, Foucault (1996), assevera-nos que a produção do
discurso é ao mesmo tempo, controlada, selecionada, organizada e redistribuída por
certo número de procedimentos que tem por função conjurar seus poderes e perigos,
dominarem seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade
de ideologias.Orlandi(2005), complementa ao dizer que os efeitos de sentido dependem
da formação discursiva e das condições de produção que se irrompem,tendo o sujeito
lugar de destaque e junto dele ganham foco a história e a ideologia (COSTA, 2010), as

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quais, ao nosso entender, são responsáveis pelos o efeitos de sentido do discurso e, ao


mesmo tempo, a dispersão deles.

Palavras-chave: Inclusão, Discurso, Efeito de sentido

22) A “Maringá-Menina” e as porungas rio abaixo, dois discursos se


confrontam no nascimento de uma cidade

Airton Donizete de Oliveira (UEPG)


Profa. Me. Letícia Leal de Almeida (UEPG/Orientadora)

Resumo:

Esta pesquisa, em fase preliminar, analisa duas publicações que começaram a escrever
a história de Maringá (cidade localizada no noroeste do Paraná e, segundo o IBGE, em
2016, tinha 403. 063 habitantes). A primeira é a Revista Maringá Ilustrada, com 200
páginas, lançada em 1957, em comemoração ao 10º aniversário de Maringá. Uma
publicação tradicional, elogiando a cidade recém-fundada, bem como seus
personagens, homens e mulheres que se estabeleceram em Maringá. A revista,
produzida por Ary de Lima e Antônio Augusto de Assis, fala da Maringá que deu certo,
uma promissora cidade que nascia no noroeste do Paraná. Esta análise começa pela
capa de ambas publicações. No caso da revista, na capa estampa-se a figura de uma
menina para dizer que se tratava da “Cidade Menina”, que nascia naquela boca de
sertão. Uma menina sorrindo com o olhar para cima, direcionado para o slogan da
revista: “Maringá, ‘Cidade-Menina’, que nasceu de olhos voltados para o céu”. A
imagem retrata um lugar em que tudo dá certo, com futuro brilhante, uma espécie de
oásis do norte e noroeste do Paraná. Na página 3, um texto reafirma os atributos da
capa, tecendo vultosos elogios àquela Maringá dos anos 1950. Entre outros, cita:
“Maringá, aí está a crescer, a progredir impressionantemente, a desenvolver-se, dentro
de características, dos mais modernos centros citadinos”. Pelas páginas da Revista
Maringá Ilustrada artigos e anúncios seguem o mesmo diapasão, retratando uma cidade
dos sonhos, onde a felicidade não era apenas um projeto, mas a realidade dos seus
quase 100 mil habitantes, na época. Mas outra publicação, também produzida em 1957

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e publicada em 1961, refuta essa visão. Trata-se do livro Terra Crua, de Jorge Ferreira
Duque Estrada. Uma narração realmente nua da história de Maringá, revelando a
violência que rondava a cidade na década de 1950. O que não é novidade, pois se trata
de uma região de fronteira, constituindo-se em um lugar de crimes e grilagens de terra.
A capa de Terra Crua já rompe com o discurso da “Cidade-Menina” estampando a
imagem de Zé Risada, também conhecido por Risadinha, negro e personagem folclórico
de Maringá. O livro revela passagens fortes sobre a violência na cidade, descrevendo
as mortes por grilagens de terra: “Jogado n’água, a cabeça do ‘bicho’ vai ao fundo,
enquanto as porungas, muito leves, flutuam juntamente com os pés, descrevendo, no
começo, uma dança desesperada, macabros revolteios”, diz, complementando que
assim “os cabras” (homens) desciam rio abaixo e logo deixavam de respirar; ou seja,
morriam. Estrada também fala de Aníbal Goulart Maia, que era uma espécie de “manda
chuva” em Maringá. Pistoleiro e grileiro de terra que tinha 80 jagunços na cidade. Logo
depois de escrever o livro, o autor mudou-se de Maringá e só retornou em 1961 para
lançá-lo. Para analisar esses dois discursos, que descrevem os primeiros passos de
Maringá, nos anos 1950, recorremos à Análise de Discurso, interpretando-os sob a ótica
foucaultiana. Para Foucault, os discursos são controlados pela sociedade. O discurso
político é tratado no que ele chama de “tabu do objeto”, pois há certas coisas e
determinados assuntos que não podem ser ditos. Assim, a Revista Maringá Ilustrada
cumpre bem esse papel, demonstrando uma cidade ideal para viver, sem violência ou
qualquer outra atribulação. Desta forma, a publicação agradava à Companhia
Melhoramento Norte do Paraná e o poder político local. O livro Terra Crua, ao contrário,
rompe a interdição (termo usado por Foucault) do discurso e descreve a Maringá real,
trazendo à tona os casos de violência e grilagem de terra. Com o andamento desta
pesquisa, pretendemos analisar mais detalhes das duas publicações, inclusive,
ampliando a análise sobre as capas de ambas que detêm forte visualidade.
Palavras-chave: Colonização regional; Maringá; discursos midiáticos e políticos.

23) O discurso do magistrado e a construção dialógica no discurso


decisório: relações de aproximação ou de distanciamento?

Sirval Martins dos Santos Júnior (FDV)


Valdeciliana da Silva Ramos (FDV)
Profa. Dra. Valdeciliana da Silva Ramos (FDV/Orientadora)

Resumo:

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Os cidadãos, atualmente, em busca de ter maior acesso à justiça, anseiam por


conhecer melhor os fatos que envolvem ações jurídicas nas quais estão envolvidos.
Assim, tendem a saber o teor dos textos jurídicos decisórios numa busca da
compreensão de seus direitos. A partir desta realidade, este trabalho se propõe a
verificar a construção dialógica presente no discurso jurídico, bem como discutir os
efeitos que as estratégias dialógicas podem produzir no sujeito interpretante deste texto.
Como este domínio discursivo recorre a gêneros distintos para se materializar
(decisório, processual, opinativo, científico, normativo), o presente estudo se preocupa
em analisar textos decisórios, selecionados por meio de amostragem, mais
precisamente textos produzidos por magistrados de 1ª instância. Assim, visa analisar os
mecanismos e as estratégias discursivas que promovem o dialogismo em sentenças.
Com base nos pressupostos de Bakthin (2002, 2003), que vê o dialogismo como
fundamental no processo de comunicação, tem-se que a relação entre quem enuncia e
quem recebe a enunciação é elemento fundamental para a concretização da
comunicação entre os sujeitos. Isso é presente na manifestação do discurso jurídico,
uma vez que as relações discursivas nesta área demandam relações de poder as quais,
por vezes, ultrapassam as relações de saber. Com efeito, a comunicação eficaz na
esfera jurídica deve ser um dos objetivos precípuos deste tipo discursivo, tendo em vista
que qualquer cidadão deve ter acesso a seus direitos e, para tanto, faz-se necessário
ter conhecimento e compreensão dos mesmos. Para analisar com mais precisão este
domínio discursivo, além da perspectiva de Bakhtin, recorre-se à concepção de
Contrato de Comunicação de Charaudeau (1992, 2006, 2007, 2008) – que permite
observar a finalidade comunicativa, quais as circunstâncias comunicacionais entre
outros aspectos pertinentes para se entender a construção do discurso na realidade
jurídica. Ademais, parte-se também da concepção de sujeito de Foucault, que vê o
sujeito não como essência em si, mas parte da noção de que a subjetividade é
construída no discurso e pelo discurso. Muitas vezes, a construção dialógica se realiza
por um duplo vértice, quais sejam: diálogo com o leitor – processo interacional que se
concretiza em tentar atingir o outro com o processo comunicativo (persuadir,
argumentar, seduzir, entre outros), que é a essência da análise deste trabalho; diálogo
com outros (autores, senso comum, fatos, dados, etc) – em que se materializa o
processo de intertextualidade, que, embora relevante, não é o cerne da análise neste
trabalho. De todo modo, a partir deste estudo, é possível vislumbrar que o dialogismo,
no discurso jurídico, permite uma infinidade de possibilidades discursivas, as quais,
muitas vezes, aproximam os sujeitos, tornando o texto mais acessível ao leitor, mas,
não raro, pode afastá-lo, estabelecendo uma relação de distanciamento como afirmação
de estrutura de poder. Por isso, é fundamental que o comunicante saiba os limites para
a utilização da estrutura dialógica, não só pensando em atingir um objetivo a qualquer
custo, mas também ponderando o papel social que cada sujeito desempenha no cenário
forense.

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Palavras-chave: Discurso jurídico. Dialogismo. Contrato de comunicação. Magistrado.


Relações de poder-fazer.

24) O entre-lugar no discurso das “Reflexões Pedagógicas sobre o


ensino da EJA”: Relação de Poder-Saber

Cristiane dos Santos Liberato EugênioElis Reginia (UFMS)


Profa. Dra. Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento (UFMS/Orientadora)

Resumo:

As “Reflexões pedagógicas sobre o ensino e aprendizagem de pessoas jovens e


adultas” é um documento que subsidia o processo de ensino-aprendizagem destinado
aos professores que atuam em salas de EJA com objetivo de auxiliar na elaboração de
projetos e propostas curriculares a serem desenvolvidos. Este trabalho tem como
objetivo analisar e discutir discursivamente esse documento destinado a professores da
EJA, questionando e problematizando o discurso, almejando contribuir para o
aperfeiçoamento de uma postura crítica em relação ao ensino-aprendizagem dessa
modalidade de ensino, a partir da análise das condições de produção e da materialidade
lingüística. Com base na análise desses documentos, essa pesquisa insere-se numa
perspectiva histórica que pretende chamar a atenção para a dimensão política, com o
interesse em estudar o discurso educacional tendo como objetivo o questionamento da
representação do governo sobre si e sobre o professor. Partimos da hipótese de que o
discurso político-oficial das reflexões pedagógicas direcionado ao ensino da educação
de jovens e adultos encontra-se atravessado pela imbricação de duas relações: de
poder e de saber, objetivando tanto o bem social quanto a busca da verdade, como
também esse discurso é atravessado por muitas vozes, dentre das quais se encontram
aquelas que perpassam o poder, que deixam resvalar a heterogeneidade constitutiva no
discurso político educacional do material em análise. Buscaremos, também,
compreender de que lugar fala o sujeito-enunciador e a representação que faz de si e
do seu sujeito-alocutário. A construção da identidade desses sujeitos passa pela esfera
da administração pública, da subjetividade sempre controlada e contida, para que
signifique dentro dos moldes preconizados. Por meio de designações, recategorizações,
a utilização de pronomes possessivos, determinados verbos e expressões, buscaremos

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emergência da representação estereotipada, marginal e excludente do/sobre o aluno da


EJA por parte da cultura hegemônica por interesses econômicos e sociais da história
brasileira.Com isso, observaremos os efeitos de sentido e suas implicações para as
relações de poder-saber no discurso das reflexões pedagógicas da EJA, bem como,
destacar as marcas linguísticas que caracterizam esse discurso e levantar as
emergências de representação incorporada nas relações de poder-saber. Para tanto,
nos valemos do arcabouço teórico da Análise do Discurso de origem francesa (AD), a
partir dos estudos de Coracini (2003; 2007; 2011), de Pêcheux (1988; 1990); de Orlandi
(1999) e de Authier-Révuz (1990; 1998), a partir do método arqueogenealógico de
Foucault (1990; 1997; 1999; 2007).

Palavras-chave: Discurso, Poder, saber, Resistência.

SIMPÓSIO 2) Linguística funcional: análises e perspectivas da língua em


uso

Profa. Dra. Simone Maria Barbosa Nery Nascimento (Unespar)

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simoneuem@gmail.com
Profa. Me. Virginia Maria Nuss (Unesp)
virnuss@hotmail.com

1) Sobreposição semântica no conectivo “quando”: Uma análise em


ocorrências na Ação Penal 470 (caso Mensalão)

Evelyn Cardogna Nogueira Furman (UNESPAR)


Profa. Me. Juliana Carla Barbieri Steffler (UNESPAR\ Orientadora)

Resumo:
O presente trabalho analisou vinte e três ocorrências de orações adverbiais temporais
introduzidas pelo conectivo 'quando', presentes na Ação Penal nº470 (Origens dos
recursos empregados no esquema criminoso (caso Mensalão)). A fundamentação
teórica baseou-se nos pressupostos funcionalistas de Haliday (1985) e Neves (2000)
que, simultaneamente, defendem a concepção de que a gramática é emergente e,
portanto, configura-se como resultado das pressões de uso de uma determinada
comunidade linguística. O estudo realizado apontou usos que estão para além da
clássica univocidade, segundo a qual para cada forma haveria uma única função
(quando > tempo). Isso ocorre, porque o conectivo apresenta a tendência geral de trazer
em sua carga semântica o sentido de condição e, mais raramente, o de contraste,
associado ao de tempo. Tal fato suscitou, a um só tempo, a necessidade de se revisar o
aparato teórico de cunho normativo (Cunha e Cintra (1985) e Mesquita (1990)), bem
como a nomenclatura comumente empregada, já que a conjunção, a princípio, indicativa
de tempo pode trazer outras noções, recorrentes também em textos escritos da
modalidade padrão do português brasileiro. Assim, por um lado, os resultados apontam
para a necessidade de se tratar as construções com 'quando' como aquelas cuja função
pode introduzir sentenças indicativas de tempo, tempo-condição, tempo-contraste. Por
outro, indicam a relação direta entre a sobreposição de carga semântica e os diferentes
momentos da organização do texto no que diz respeito ao gênero Ação Penal. Em
outras palavras, o conectivo tende a indicar a noção canônica de tempo se empregado
em sentenças cujos objetivos centram-se na explicação/definição de uma lei, um inciso,
um procedimento recorrente na esfera jurídica; se, ao contrário, a intenção é, de fato,
fazer referência ao evento motivo da ação – e, por conseguinte, desenvolver uma
sequência narrativa - o mesmo conectivo acumula ao sentido básico o de condição e de
contraste, respectivamente. Por conseguinte, foi possível a identificação das limitações
do tratamento tradicional dado às orações temporais e o reconhecimento da existência

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de polissemia na atuação dessas cláusulas. Ademais, em função do alto grau de


formalidade do gênero analisado e do paralelo que estabelece com a modalidade
padrão da língua portuguesa do Brasil, é possível considerar que o fenômeno da
sobreposição semântica do conectivo prototípico “quando” encontra-se já bastante
cristalizado e consolidado.

Palavras-chave: Orações Temporais; Tradição Gramatical; Funcionalismo.

2) Os usos e as relações de sentido estabelecidas pelas sentenças


adverbiais: Um estudo funcionalista à par do gênero discursivo
jornalístico matéria

Vanessa Leme Fadel Steinhauser (UNESPAR)


Profa. Me. Juliana Carla Barbieri Steffler (UNESPAR/Orientadora)

Resumo:
O presente trabalho resulta de uma análise advinda do Projeto de Iniciação Científica
intitulado “Estudo das orações hipotáticas adverbiais em textos jornalísticos: Uma
proposta de análise e recategorização semântica à par da noção de radialidade”
desenvolvido na UNESPAR – Campus de Paranavaí, no período de 2016 à 2017. O
estudo culminou na investigação de 26 matérias publicadas na Revista IstoÉ Online,
nas quais identificamos um total de 296 sentenças adverbiais, ou seja, orações que, em
termos semânticos, caracterizam-se por retratar circunstâncias diversas e,
sintaticamente, por estabelecer uma relação de dependência (Halliday, 1985) com as
consideradas principais. Os resultados apontam para a predominância significativa de
sentenças finais (41,21%), seguidas de temporais (17,56%). Nesse ínterim, os dados
foram analisados à luz das particularidades referentes ao contexto de produção inerente
ao gênero escolhido (matéria), no qual destaca-se a esfera comunicativa (jornalística e,
concomitantemente, digital) – conforme os pressupostos teóricos de Bakhtin (1997),

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Brait (2000), Costa (2010), Fiorin (2001), Koch (1997) e Marcuschi (2008).
Identificamos, assim, uma alusão à linguagem como prática textual-discursiva, em que a
conexão expressa entre texto e contexto, seja ele histórico, cultural, social ou cognitivo,
perpassa o sujeito e a sociedade, sendo o uso das categorias sintáticas e a
compreensão semântica, fatores subordinados aos contextos pragmáticos. Ademais,
vale ressaltar também que o projeto apurou a incidência de casos que transcursam as
classificações canônicas da gramática normativa e apresentam conectivos introdutórios
com cargas semânticas sobrepostas. Destarte, observamos que em uma mesma oração
pode haver duas ou, até mesmo, três circunstâncias empregadas. Tal aspecto pôde ser
materializado ao averiguarmos episódios de maleabilidade em que a estrutura provou
ser não-arbitrária, motivada, icônica e, o sentido, contextualmente dependente e não-
atômico – seguindo as premissas de Givón (1995). Dentre as noções de sentido que se
sobrepõem, destacam-se, principalmente, as relações de: tempo e causa; condição e
comparação; tempo e condição; tempo e comparação; tempo, causa e condição; tempo
e proporção; concessão e condição; causa e concessão; condição e consequência;
tempo e consequência; tempo, causa e comparação; condição, comparação e
concessão. Axiomaticamente, conclui-se que, seguindo os princípios da linguística
cognitivo-funcional – elencados por Ferrari (2011), Halliday (1985), Langacker (1987),
Neves (2000), entre outros, cujas postulações vinculadas à interdependência,
continuum e radialidade são subsídios cruciais aos novos estudos dessa corrente –
nosso trabalho buscou questionar o tratamento tradicional dado a esses fenômenos
linguísticos e defender o processo de interação e de usos contextuais efetivos da língua
voltados às estratégias discursivo-comunicativas.
Palavras-chave: Sentenças adverbiais; perspectiva funcionalista; gênero jornalístico
discursivo-comunicativo.

3) O uso de portanto no português brasileiro e no português africano

Kátia Roseane Cortez dos Santos (UEM)


Prof. Dr. Juliano Desiderato Antonio (UEM/Orientador)

Resumo:
O objetivo deste estudo é analisar as ocorrências do elemento portanto em um corpus
da modalidade oral do português brasileiro e do português africano. A partir de uma
perspectiva funcionalista da linguagem, busca-se identificar o valor semântico desse
elemento (análise pautada no trabalho de Lopes, Pezatti e Novaes, de 2001) e também
quais relações retóricas ele sinaliza (perspectiva adotada pela Teoria da Estrutura

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Retórica (Rhetorical Structure Theory – RST)). O corpus da pesquisa é constituído por


45 gravações e suas respectivas transcrições ortográficas; são textos exemplificativos
do português falado no Brasil (20) e nos países africanos de língua oficial portuguesa:
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe (5 de cada).
Constatou-se que o uso do elemento “portanto” é muito mais frequente na segunda
variedade, uma vez que ele surgiu apenas 1 vez nos textos brasileiros. Além disso,
evidenciou-se que, em relação ao valor semântico do elemento, na maior parte das
vezes ele surgiu como um marcador conversacional, em 46 de um total de 97
ocorrências; em segundo lugar na escala de frequência, estava o valor semântico de
articulador discursivo reformulador de termos, 13 ocorrências; e, em terceiro lugar, o
articulador discursivo encaminhador de tópico surgiu em 12 ocorrências. No que
concerne aos resultados da análise empreendida na perspectiva da RST, observou-se
que a na maior parte das vezes, o portanto sinaliza uma relação retórica de resultado,
em 16 de um total de 36 ocorrências. Ocupando a segunda colocação na escala, está a
relação retórica de elaboração, com 9 ocorrências; em terceiro, temos a relação de
resumo, que emerge 5 vezes no corpus analisado; e em quarto lugar temos a relação
retórica de reformulação (do tipo núcleo-satélite), apresentando-se 4 vezes nos textos.
Por fim, notamos que quando a relação retórica é de resultado, geralmente o valor
semântico de “portanto” é de conector ou advérbio; quando a relação é a elaboração,
tem-se normalmente o valor semântico de articulador discursivo encaminhador de
tópico; se a relação retórica for o resumo, é muito grande a possibilidade de o valor
semântico do elemento “portanto” ser o de articulador discursivo encaminhador de
tópico; por fim, há ainda a correspondência entre o valor semântico de articulador
discursivo reformulador de termos e a relação retórica de reformulação núcleo-satélite.

Palavras-chave: Portanto; Valor semântico; Relação retórica.

4) As orações adverbiais hipotáticas concessivas na construção e


argumentatividade textual

Me. Virginia Maria Nuss (UNESP)

Resumo:

As orações hipotáticas adverbiais concessivas podem ser observadas de modo a serem


descritos alguns processos de construção e argumentatividade textual. A forma e a
função de tais construções são capazes de proporcionar variadas orientações

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argumentativas e conduzir o ouvinte a diferentes conclusões, assim como realizar a


alteração do conteúdo informacional que o ouvinte já possui acerca de determinado
conteúdo, conforme o propósito do falante. A proposta deste trabalho visa apresentar os
resultados oriundos de análises que verificaram tal funcionamento. Com base nos
conceitos teóricos da Gramática Sistêmico Funcional (Halliday 1994, 2004) aliados aos
conceitos teóricos da Perspectiva Textual Interativa (Jubran, 2006; Koch, 2005, 2013),
investigaram-se questões pertinentes à formulação textual e interação. Estudos teóricos
argumentativos de cunho linguístico e discursivo (Semântica Argumentativa [DUCROT,
1988] e Nova Retórica [PERELMAN e OLBRECHTS-TYTECA, 2005], respectivamente)
também foram utilizados. Esse aparato teórico foi utilizado nas análises realizadas nas
ocorrencias de orações hipotáticas adverbiais concessivas encontradas em um córpus
de língua falada. O córpus em questão foi obtido por meio de entrevistas realizadas com
doze diferentes líderes religiosos (padres, pastores e representantes de doutrinas
cristãs) e possui aprovação do Comitê Permanente de Ética Em Pesquisa Com Seres
Humanos da UEM – COPEP/UEM. As entrevistas foram gravas e posteriormente
transcritas conforme as normas do projeto da Norma Urbana Oral Culta (NURC) de São
Paulo. Os parâmetros de análise utilizados foram: classificação das orações adverbiais
nos diferentes níveis de atuação lógico-semântica (níveis de conteúdo, epistêmico e ato
de fala), tipos de conjunções, tempo verbal, topicalidade, informatividade, posição das
orações adverbiais (posposta ou anteposta), e subtipos das orações condicionais
(factual, contrafactual e potencial). Os resultados encontrados, em termos de função
textual-discursiva, demonstram que as orações adverbiais hipotáticas concessivas
atuam mais como segmentos de centração e concernência do que de distribuição
tópica. Ao veicular, de diferentes maneiras, os conteúdos informacionais novos e
compartilhados entre falante e ouvinte, essas orações não apenas atribuem ao texto
coerência, mas possibilitam o relevo informacional e estruturação tópica. Acerca da
argumentatividade, as orações se articulam de modo a: (i) influir na argumentatividade
do texto, atribuindo força projetiva ao argumento; (ii) funcionar como argumento no
interior de outro argumento, incorrendo novamente em uma maior argumentatividade; e
(iii) constituírem-se em argumentos plenos dentro do texto.

Palavras-chave: Orações hipotáticas adverbiais concessivas; Articulação de orações;


Argumentatividade.

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5) Introdução, manutenção e retomada de tópicos discursivos na fala de


professoras universitárias

Maria Margarete de Paiva Silva (UNEAL/ UEM)

Resumo:

O estudo da língua em uso, como preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais


desde a década de 1990, vem se desenvolvendo a passos largos no Brasil,
compreendendo que os estudos tradicionais, baseados na gramática normativa, não
dão conta dos fenômenos que ocorrem na língua em funcionamento. Observa-se que,
no Brasil, o estudo da relação entre função e forma no âmbito gramatical vem ganhando
espaço nas universidades, entretando ainda está distanciado dos professores da
educação básica, o que proporciona pouca visibilidade ao estudo da língua em situação
real de comunicação. Entende-se que há uma necessidade emergente de que os
estudos que privilegiam conteúdos mais próximos da língua que utilizamos no nosso
cotidiano, através da fala, da escuta, da leitura e da escrita, nas diversas situações de
interação, sejam trabalhados na escola, a fim de atender às necessidades de
comunicação dos alunos. Não menos importante no funcionalismo, é compreenderque a
língua é governada por regras fonológicas, morfológicas, sintáticas, semânticas e
pragmáticas e que o uso dela se dá na interação entre falantes de uma mesma língua.
Para Dik (1989) um texto é um espaço vazio que vai sendo constituido com tópicos que
nele vão sendo introduzidos: o novo, que aparece no texto pela primeira vez; e o dado,
já conhecido. Alguns tópicos dados são mantidos e ou retomados, para garantir a
compreensão do texto. Nesse sentido, nessa comunicação oral abordaremos algumas
categorias de introdução, manutenção e retomada de tópicos discursivos presentes na
fala de duas professoras universitárias entrevistadas a respeito do currículo do curso de
Pedagogia. Quanto à metodologia, evidenciamos que as entrevistas orais
semiestruturadas foram gravadas e transcritas em 2016. Os dados selecionados foram
analisados com base na noção de tópico discursivo, pautados no funcionalismo de Dik
(1989), que reconhece tanto o sistema da língua quanto o uso da língua, mas considera
que o entendimento da forma do enunciado depende de sua função, com referência ao
falante, ao ouvinte e a seus papeis no contexto de interação. Também, nos
fundamentamos no estudo de Antonio (2005) em narrativa, haja vista que analisamos as
mesmas categorias de tópico discursivo em entrevistas orais. Como resultado,
encontramos as seguintes categorias: introdução (asserção metalinguística, posição
sintática do objeto, posição sintática do sujeito), manutenção (referência anafórica,
paralelismo sintático, subtópicos) e retomada de tópicos discursivos (referência
anafórica).

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PALAVRAS-CHAVE: Funcionalismo. Tópico dado. Tópico novo. Texto.

6) Aspectos sintáticos de construções tanto que no português brasileiro

Rosangela Jovino Alves (IFSC)


Profa. Dra. Maria Regina Pante (UEM/Orientadora)

Resumo:

A flexibilidade dos elementos linguísticos de qualquer língua em uso faz que esses
elementos sejam alvos de variação ou mudança linguística. Tanto a variação quanto a
mudança ocorrem porque as formas linguísticas alteram-se em função do uso, e essas
alterações envolvem o discurso e a gramática da língua. Quando as formas linguísticas,
em função do discurso, alteram-se na gramática, tem-se um processo de
gramaticalização. Na perspectiva de autores que entendem a língua como
um multissistema, a gramaticalização não é um processo unidirecional e derivacional de
mudança que ocorre quando itens lexicais adquirem características gramaticais e itens
gramaticais tornam-se mais gramaticais. Nessa perspectiva, a gramaticalização consiste
em um dos processos de mudança que pode ocorrer nos sistemas linguísticos, do
mesmo modo que a lexicalização, a semanticização e a discursivização. Esses
processos ocorrem simultaneamente, sem hierarquia entre eles, de forma
multidirecional. O sistema da gramática é constituído pelos subsistemas: fonologia,
morfologia e sintaxe. Dessa forma, na gramaticalização, uma palavra pode sofrer
alterações fonológicas, morfológicas e sintáticas. Os processos nos subsistemas da
fonologia (fonologização), da morfologia (morfologização) e da sintaxe (sintaticização)
ocorrem de forma simultânea e não há primazia de um subsistema sobre o outro. Neste
trabalho, destacamos aspectos sintáticos da gramaticalização da construção tanto que
no português brasileiro sob a perspectiva multissistêmica. Abordamos, assim, o
subsistema da sintaxe, tendo por objetivo evidenciar similaridades e diferenças nos
aspectos sintáticos de construções correlatas consecutivas com tanto que e outras
construções que não podem ser enquadradas sob o mesmo rótulo. Em sentenças
correlatas consecutivas, os elementos tanto e que estão em interdependência sintática,
ocorrendo cada elemento em uma sentença distinta. Por outro lado, em outras

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ocorrências, que denominamos evidenciais, os elementos tanto e que ocorrem em início


de sentença, com os dois elementos adjacentes, após pausa, tendo variações em que
esses elementos ocorrem introduzindo sentença, mas com outros elementos, até
mesmo sentenças, entre eles. Buscamos com este trabalho evidenciar novos usos de
tanto que no portugues brasileiro, ampliando a compreensão do processo de
gramaticalização a partir de uma perspectiva multissistêmcia e também contribuindo
para os estudos da gramática da língua em uso.

Palavras-chave: Funcionalismo; Gramaticalizaçao; Tanto Que..

7) A Modalização Deôntica e a Modalização Epistêmica no discurso de


posse do Presidente Michel Temer

Sâmia L. Cardoso dos Santos (UEM)


Prof. Dr. Juliano Desiderato Antonio (UEM/Orientador)

Resumo:

Considerando que todo enunciado tem marcas que nos permite avaliar a intenção do
falante. Ao produzir um discurso, o locutor usa estratégias discursivas para convencer o
leitor/ouvinte, visto que ele possui uma intenção comunicativa diante da comunidade
discursiva em que está inserido. Uma dessas marcas comunicativas é a modalização,
esta se responsabiliza por sinalizar para o interlocutor a opinião do locutor, marcando o
seu discurso como irrelutável ou contestável. Atualmente, muitos estudiosos têm se
interessado por esta peculiaridade, devido a grande quantidade de modalidades
existentes, suas complexidades e sua importância para o discurso. Desse modo, o
presente trabalho buscou investigar as modalidades epistêmicas e as modalidades
deônticas por meio dos verbos modais no discurso de posse do Presidente Michel
Temer, caracterizando o grau do possível, do obrigatório e do permitido e, por
consequência, compreendendo como o lider politico se posiciona diante da atual
realidade política do nosso país. Para o desenvolvimento desse trabalho, foram
utilizados como referência teórica Lyons (1977), Neves (1996), (1997), (2002), (2002),
(2006), Castilho (2012), Camparini (2002) e Nascimento (2010). Como apresentado
anteriormente, o corpus se constitue por meio do discurso de posse do presidente
Michel Temer, pronunciado no dia doze de junho de dois mil e dezesseis, retirado do
site oficial do Grupo Globo – G1. Nesse disrcurso, foram analisadas as incidências das
modalidades epistêmicas e deônticas, como elas são evidenciadas e a ocorrência dos
principais verbos modais e seu carater polissêmico. Para isso, se fez necessário um

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levantamento da quantidade de ocorrência de ambas as modalidades. Ao longo da


análise, foi constatado o predomínio da primeira pessoa ora no singular ora no plural, e
um grande número de verbos que dão ao falante um comprometimento com o que está
sendo enunciado, assim permite-lhe registrar a certeza, o dever e a opinião do
Presidente Michel Temer, isto posto constatou-se que o discurso do lider político
brasileiro é formador de opiniões e, por meio dele, o Presidente Michel Temer manteve
contato com a população, com o intuito de tomar posse do seu cargo político e
apresentar seu comprometimento e sua proposta, manifestando linguisticamente seu
grau de confiança naquilo que enuncia e faz obedecer.

Palavras-chave: Discurso Político; Modalização Espistêmica; Modalização Deôntica.

8) A análise da (in)coerência do psicótico pela perspectiva funcionalista

Fernanda Trombini Rahmen Cassim (UEM)

Resumo:

A linguagem do psicótico, especialmente dos indivíduos diagnosticados com


esquizofrenia, sempre foi vista como incoerente. Porém a visão de coerência adotada
para tal análise, muitas vezes, partiu de perspectivas linguísticas que não levam em
conta a língua em uso. De acordo com Dascal e Françoso (2012), a maioria das
pesquisas relacionadas com o comportamento linguístico de esquizofrênicos foi
centrada principalmente no estudo da aquisição da linguagem, o que nos serve para
refletir sobre a direção à qual os estudos psicolinguísticos evoluíram. Abordando a
esquizofrenia em termos psicopragmáticos, Dascal e Françoso (2012) apresentam as
ideias de Schwartz (1982), para o qual não há um "problema de linguagem" na
esquizofrenia. Com base na conhecida distinção chomskyniana entre competência e
desempenho, Schwartz (citado por Dascal e Françoso (2012)) conclui que as
peculiaridades do discurso esquizofrênico não implicam um déficit de linguagem (ou
seja, uma competência), mas eles supostamente representam deficiências no
desempenho linguístico. Quanto à natureza desses déficits, Schwartz (1982 apud
DASCAL; FRANÇOSO, 2012) afirma que estão relacionados à capacidade de atender
seletivamente a estímulos do meio ambiente. Bleuler (1950 apud SCHWARTZ, 1982),
ao observar o discurso peculiar dos esquizofrênicos, acreditava que o déficit
apresentado por eles não era linguístico. Ele afirmava que a “anormalidade” não estaria
na linguagem, mas em seu “conteúdo”. Tal premissa demonstra como, há muito tempo,
a ciência fracassou em distinguir pensamento de linguagem, o que levou a argumentos
tautológicos, como a crença de que há um distúrbio do pensamento quando a fala é

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incoerente. Schwartz (1982) acredita que a maioria das pesquisas sobre a “linguagem
esquizofrênica” é marcada por falhas metodológicas, observações problemáticas,
raciocínio tautológico e hipóteses teóricas que não consideram as complexidades da
linguagem. Nesse sentido, propomos, neste trabalho, apresentar as pesquisas já
realizadas nesse campo, demonstrando a necessidade de se considerar a perspectiva
funcionalista para tal análise. Para o funcionalismo, segundo Neves (1997), as relações
entre as unidades e as funções das unidades têm prioridade sobre seus limites e sua
posição, e a gramática é acessível às pressões do uso. Um modelo de análise
funcionalista que pode no servir para estudar as relações de coerência no discurso
psicótico é a Teoria da Estrutura Retórica, a qual descreve as funções e estruturas que
compõem os textos bem como a organização deles, levando em conta o fato de que as
relações entre as partes do texto formam um todo coerente. Tal coerência se dá quando
cada unidade textual tem uma razão para existir e exerce uma função considerando
suas demais partes. Segundo Giering (2007), a análise a partir da RST atribui um papel,
uma função, a cada unidade informacional do texto, conferindo razão e existência a
cada elemento. Isso porque toda unidade textual contém a intenção pragmática do
falante/escritor, o qual procura atingir uma comunicação eficiente com seu interlocutor.
Compreendemos, portanto, que a Teoria da Estrutura Retórica pode contribuir
fortemente para analisar as relações de coerência que emergem do discurso psicótico.

Palavras-chave: Coerência; Funcionalismo; Discurso psicótico; Teoria da Estrutura


Retórica.

RESUMO 9

10) Usos epistêmicos e não epistêmicos do verbo modal poder em


entrevistas jornalísticas do espanhol

Sandra Denise Gasparini Bastos (UNESP)

Resumo:

De maneira genérica, Quirk et al (1985) definem modalidade como o modo pelo qual o
significado de uma frase é qualificado, refletindo, assim, o julgamento do falante sobre a
probabilidade de ser verdadeira a proposição que ele expressa. Narrog (2012) afirma
que a noção de modalidade sempre deve ser vista associada à noção de subjetividade,
pois modalidade inclui subjetividade e subjetividade tem relação com modalidade.
Desse modo, de acordo com Magni (2010), pode-se dizer que, ao se tratar de

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modalidade, se está diante de uma relação entre o falante e seu enunciado, ou, ainda,
de uma relação entre o modo como o enunciador avalia e julga o conteúdo presente no
seu enunciado. É, portanto, uma relação subjetiva, contida em todo tipo de texto, tendo
em vista que este é produzido por um indivíduo que, uma vez formado por suas crenças
e opiniões, filtra e faz sua avaliação, ainda que inconscientemente, do que está sendo
enunciado. Para que esse julgamento seja analisado e descrito, é necessária uma
investigação conjunta entre todos os elementos (sintáticos, semânticos e pragmáticos)
presentes no contexto. Por essa razão, a abordagem funcionalista, que prevê uma
integração dos diferentes níveis de análise, tendo a pragmática primazia sobre a
semântica e esta sobre a sintaxe revela-se a mais adequada para os estudos
descritivos da modalidade de maneira geral. Entre as várias formas de expressão da
modalidade, este trabalho descreve os diferentes usos modais do verbo poder em
espanhol. Objetiva-se verificar em que medida o valor modal epistêmico expresso pelo
verbo diferencia-se dos valores modais não epistêmicos e em que medida o contexto
(informações pragmáticas e evidências gramaticais previstas nos parâmetros de
análise) contribui para diferenciar tais valores. Para auxiliar na análise, utiliza-se a
classificação de modalidade proposta por Hengeveld (2004), que dentro de um modelo
funcionalista distingue dois parâmetros importantes para o estudo da modalidade: o alvo
da avaliação e o domínio semântico da avaliação. O primeiro parâmetro, alvo da
avaliação, refere-se à parte do enunciado que é modalizada. Por esse parâmetro, as
modalidades podem estar orientadas para o participante, para o evento ou para a
proposição. Pelo segundo parâmetro, domínio semântico da avaliação, as modalidades
podem ser classificadas em facultativa, deôntica, volitiva, epistêmica e evidencial. Além
do valor modal epistêmico, foram identificados nos dados outros dois valores não
epistêmicos – facultativo e deôntico – que foram descritos e analisados com base em
alguns parâmetros de análise, entre os quais destacam-se: alvo da avaliação modal,
presença ou ausência do sujeito, traços [humano] e [animado] do sujeito, dinamicidade
e agentividade do predicado, pessoa gramatical do sujeito, tempo e modo verbal do
modal poder, presença da negação anteposta ao modal. O córpus utilizado nesta
pesquisa foi organizado por Gasparini-Bastos (2004) e está composto por 20 entrevistas
jornalísticas publicadas na revista espanhola El País (suplemento dominical do jornal),
selecionadas aleatoriamente entre os anos de 2000 e 2001. A proposta de se trabalhar
com esse tipo de gênero resulta interessante se se considerar que as entrevistas
jornalísticas são mais próximas da oralidade, quando comparadas a outros gêneros
textuais, o que favorece o maior aparecimento de elementos modais.

Palavras-chave: Funcionalismo; modalidade; verbo poder; espanhol.

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SIMPÓSIO 3) Diferentes tratamentos às classes de palavras e categorias


gramaticais

Prof. Dr. Juliano Desiderato Antonio (UEM)


prof.jdantonio@gmail.com
Me. André Vinícius Lopes Coneglian (Mackenzie)
coneglian03@gmail.com

1) Adjetivo e substantivo: dificuldades de classificação no ensino de


língua portuguesa

Caroline Larissa Saccoman (UNESPAR)


Dra. Patricia Ormastroni Iagallo (UNESPAR)
Tatiane de Souza de Jesus (UNESPAR)

Resumo:

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A teoria linguística reconhece a importância de se definir classes para as palavras.


Podemos claramente entender essa necessidade quando precisamos de uma
metalinguagem para a descrição gramatical. Outro exemplo são os estudos quanto aos
processos de formação de palavras. Para este trabalho, pensamos na necessidade do
professor de língua portuguesa que precisa de uma nomenclatura para o tratamento de
palavras como as que compõem o enunciado “Este doce é muito doce”. Embora as
gramáticas escolares definam o substantivo e o adjetivo como duas classes de palavras
distintas, muitas vezes o aluno – e mesmo o professor – tem dúvidas na análise desses
casos. Um dos motivos são as várias abordagens e considerações descritivas. Porém, a
necessidade do professor de língua portuguesa de considerações básicas para se
trabalhar, por exemplo, o que é um adjetivo e o que é um substantivo com seu aluno é
urgente. Este trabalho apresenta uma perspectiva de tratamento para essas duas
classes com foco numa tríplice classificação: morfológica, semântica e sintática e no
mecanismo de derivação imprópria, para auxiliar o professor de língua portuguesa.
Quanto ao critério de classificação pelos níveis linguísticos da morfologia, da semântica
e da sintaxe, um dos problemas é tratar o substantivo tendo como critério dominante
apenas a semântica, e o adjetivo, a sintaxe. Seguindo a proposta de Margarida Basilio
em “Formação e classes de palavras no português do Brasil” (2004), o professor ao
invés de considerar apenas um critério poderia – e deveria – se utilizar de um conjunto
de critérios, visto que seu campo de atuação naquele momento não é de defesa de
alguma linha teórica. Além do mais, o trabalho com os critérios semânticos e
gramaticais (sintáticos e morfológicos) só enriqueceriam os estudos de seus alunos. Por
exemplo, além da definição semântica dos substantivos podemos dizer como eles se
comportam na construção dos enunciados (descrição sintática) e como são suas
propriedades de concordância em relação aos adjetivos, por exemplo (descrição
morfológica). Outra questão a ser discutida no nosso trabalho, como vimos, é o fato de
o substantivo e o adjetivo apresentarem um fenômeno de mútua conversão ou
derivação imprópria, ou seja, uma expansão de propriedades de uma palavra a qual
passa a ser usada em situações próprias de outra classe, como por exemplo o adjetivo
“velho” se comportando como substantivo em “O velho atravessou a rua”.

Palavras-chave: classes de palavras; substantivo; adjetivo; ensino; derivação


imprópria.

2) O passado linguístico pela via da História Social da Língua

Prof. Dr. Hélcius Batista Pereira (UEM)

Resumo:

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O trabalho propõe uma reflexão sobre a pesquisa histórica da língua pela perspectiva
sócio-histórica. A partir de uma reflexão sobre os alcances e limites dos estudos
realizados com os instrumentais tradicionais da Linguística Histórica, propõe uma via
alternativa através da História Social da Língua. Nesta perspectiva, abre-se mão da
autonomia da Língua e, portanto, dos contornos tradicionais da Linguística, buscando
na multi/transdisciplinaridade as saídas para as escavações. As mútuas relações entre
as normas linguísticas e as sociais são exploradas, pelo diálogo do instrumental da
Linguística – da análise da gramática até a análise do discurso - e de outras ciências
sociais como a História e a Sociologia. Interessa a esta forma do fazer científico estudar
como as identidades são constituídas historicamente a partir da linguagem e,
simultaneamente, como a língua é resultante das definições identitárias. O trabalho
apontará alguns dos resultados obtidos por estudos realizados no Brasil nas últimas
décadas, a partir deste viés. Mais especificamente mostraremos brevemente os
caminhos trilhados por Pagotto (1998) em estudo sobre as normas linguísticas dos
textos constitucionais do Império e da Primeira República; por Pereira (2010) sobre a
realização do sujeito pela elite paulistana de fins do Século XIX e primeira décadas do
século XX; por Oliveira (2011) que se ateve sobre a ordem dos clíticos nas infinitivas
preposicionadas em textos de escritores brasileiros e portugueses dos Séculos XIX e
XX; por Santos Silva (2012), que analisou o uso dos clíticos por intelectuais paulistas do
período republicano; e, finalmente, por Ribeiro (2015) que analisou atas escritas por
diretores, secretários e professores da Escola Normal e do Ginásio da Capital de São
Paulo, procurando relacionar o que chama de “sintaxe da ordem” - a norma linguística
para a posição do sujeito sentencial e do clítico em contexto de infinitiva preposicionada
- às normas sociais e de criação de identidade sociocultural. Por fim, o trabalho também
dará notícias de pesquisa recém iniciada no âmbito do DLP/CCH/UEM sobre o uso de
pronomes demonstrativos por membros da elite brasileira da primeira metade do século
XX, mais especificamente da família Mesquita, proprietária do jornal O Estado de São
Paulo, suportada teoricamente por 4 pilares que se articulam para tratar a complexidade
da língua: a Teoria Multissistêmica, tal qual proposta por Castilho (2010); a
Sociolinguística Variacionista proposta por Labov (2008) e Weinreich; Labov & Herzog
(2006); o conceito de “comunidade de prática” de Eckert & McConnell-Ginet (2010); e,
como perspectiva para interpretação social dos fatos estudados, a Teoria da Economia
das Trocas Linguísticas, encontrada em Pierre Bourdieu (1994, 2003, 2007 e 2008).

Palavras-chave: Linguística Histórica, História Social da Língua, Diacronia.

3) Gramáticas revisitadas: a noção de sujeito

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Franciele Renata Ribeiro (UEPG)


Profa. Dra. Marina Chiara Legroski (UEPG/Orientadora)

Resumo:

A nomenclatura adotada hoje em dia nas gramáticas tradicionais teve origem em 1959,
por meio da Portaria nº36 do Ministério da Educação, que ficou conhecida como
Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB). Apesar de adotarem a mesma nomenclatura
geral, as gramáticas pós NGB diferem na forma de apresentação dos conceitos, uma
vez que este documento apenas normatiza a nomenclatura, deixando a cargo do
gramático fazer relação entre o nome e função da estrutura linguística em questão. O
foco do nosso trabalho é apresentar o termo ‘’sujeito’’ que é a nomenclatura usada e
determinada pela Nomenclatura Gramatical Brasileira como um dos termos essenciais
da oração, neste trabalho temos como objetivo refletir, comparar e buscar entender as
interfaces significativas sobre a definição do conceito presente nas Gramáticas
Tradicionais e Pedagógicas. Mostramos a partir dos dados coletados das gramáticas
dos autores: Bagno (2012); Bechara (2009); Cegalla (1971); Cereja (2009); Cunha
(2001); Luft (2002); Neto (1998); Perini (1996,2010) e Sacconi (1994), onde foram
analisadas as definições, atentando sempre para a função e o sentido que o mesmo
exerce. Para as definições sintáticas tomamos como base teórica Mioto (2007), e para
as definições semânticas analisamos pela ótica dos papeis semânticos atribuídos por
Cançado (2008), também fizemos a comparação e relação entre as definições.
Observamos que há uma imprecisão sobre a conceituação da noção de sujeito, onde
ocorre uma mistura de características linguísticas da sintaxe e da semântica, e por
vezes, não há a preocupação com a delimitação do termo. Desse modo, pretendemos
com o estudo aqui exposto informar as diferentes formas de construção do conceito
citado, discutir e colaborar com a reflexão de uma análise mais convincente a respeito
dos valores da significação do termo, cooperando para a divulgação dos estudos
sintáticos e semânticos nas gramáticas pedagógicas e para os professores atuantes em
sala de aula, visto que o termo é necessariamente utilizado nos estudos linguísticos
práticos e teóricos da área, também apontamos a necessidade de revisitar as
gramáticas, assim como a nomenclatura que ela segue, seus pontos de conceituação e
sobretudo no que se refere ao termo “sujeito”, nesse sentido, procuramos ajudar na
adoção de uma postura mais crítica diante desses dados linguísticos.

Palavras-chave: Gramática Normativa; Gramática Descritiva; Gramática


Pedagógica; Sintagma Nominal.

4) A categoria gênero e a representação de homens e de mulheres no


português brasileiro

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Prof. Dr. Juliano Desiderato Antonio (UEM)

Resumo:

O debate que se observa atualmente a respeito do sexismo no uso da língua, em


especial no que diz respeito à categoria gramatical de gênero, merece reflexões que
levem em conta explicações não apenas morfológicas, mas também semânticas,
psicolinguísticas e diacrônicas. Os posicionamentos a respeito desse tema podem ser
categorizados em dois extremos: de um lado, há o grupo de falantes que, acreditando
no pareamento entre gênero gramatical e sexo dos seres, tenta criar e impor um gênero
neutro para o português por meio da utilização de caracteres ilegíveis como “@” e “x” e
de uma terminação “e” para adjetivos, como em “indignade” (em vez de “indignado” ou
“indignada”); no outro extremo, há aqueles que tratam o gênero apenas como uma
categoria formal, sem qualquer motivação semântica, e desconsideram a necessidade
de um tratamento não sexista da língua. Neste trabalho, pretende-se discutir uma
proposta que explique: i) do ponto de vista diacrônico, a formação do gênero dos nomes
em português, com base em Coutinho (1974), Said Ali (1965), Mattos e Silva (2001) e
Silva Neto (1970); ii) do ponto de vista semântico-pragmático, a relevância de um
tratamento não sexista do gênero, a partir de Hellinger e Buβmann (2001); iii) do ponto
de vista psicolinguístico, evidências da percepção e da construção androcêntricas do
mundo por influência de fatores de ordem cultural, social e linguística; iv) do ponto de
vista formal, a sistematização morfossintática da categoria gênero no português,
fundamentada em Camara Jr (1976) e Kehdi (1990). Para se atingir esse objetivo, o
trabalho será guiado pelas perguntas (adaptadas) propostas por Hellinger e Buβmann
(2001): 1) Como se dá a representação linguística de homens e mulheres por meio do
gênero gramatical? 2) Em se tratando de referência humana, a opção é pelo masculino
como gênero não marcado? 3) Quais as evidências empíricas para a afirmação de que,
em contextos neutros, expressões de gênero masculino são percebidas como genéricas
e livres de preconceito? 4) A língua contém expressões idiomáticas, metáforas,
provérbios que sejam indicativos de hierarquias ou estereótipos socioculturais
relacionados ao gênero? Também serão discutidas duas propostas para o tratamento
não sexista da língua portuguesa: o Manual para uso não sexista da linguagem,
elaborado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo do Estado do Rio
Grande do Sul, a partir do manual da Red de Educación Popular entre Mujeres de
Latinoamérica y Caribe, e das orientações do Parlamento Europeu reunidas no
documento intitulado Linguagem neutra do ponto de vista do género no Parlamento
Europeu, traduzido e adaptado para o português.

Palavras-chave: Gênero gramatical; Semântica; Morfologia; Sexismo.

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5) Uma proposta descritiva para organização das classes gramaticais

Caroline Viera Santos (UEL)

Natália Marques de Jesus (UEL)

Maria Isabel Borges (UEL)

Resumo:

A distribuição de base prescritiva das classes gramaticais, apesar de falha, ainda


constitui uma referência predominante nos livros didáticos e nas aulas de português no
Ensino Fundamental. O fazer descritivo — instaurado como um princípio teórico-
metodológico na Linguística Moderna — norteia algumas proposições para, dentre
outros problemas, a expansão do foco na nomenclatura e na definição
descontextualizada do uso: Antunes (2007; 2014), Franchi (2006), Neves (2003) e
Pinilla (2013), por exemplo, contribuem no repensar sobre as concepções de gramática;
Neves (1999), Bagno (2011), Castilho (2010), Castilho e Elias (2011), Macambira (1975)
apresentam outras formas de organização das classes de palavras, as quais
desencadeiam em análises que contemplem a língua em uso, como é proposto no
âmbito da visão descritiva. Neste trabalho, objetiva-se apresentar alguns aspectos
referentes a uma proposta de organização e funcionamento das classes de palavras, já
em desenvolvimento em projetos de pesquisa sobre quadrinhos e gramática, desde
2013. Em linhas gerais, tal proposta coloca o texto como amostra de funcionamento do
português e considera diversos princípios e procedimentos descritivos vinculados à
língua em uso, tais como: a) critérios mórfico/morfológico, sintático/funcional e
semântico; b) distribuição das palavras em lexicais e gramaticais (NEVES, 2012); c)
modificadores, determinantes, especificadores, complementadores (CASTILHO, 2010);
d) palavras sinsemânticas e autossemânticas (ULLMAN, 1973); e) estrutura mórfica da
palavra em base lexical e morfemas gramaticais (derivacionais e flexionais) (BASÍLIO,
2007). As tiras cômicas de “A Turma de Charlie Brown” de Charles Schulz, “Bichinhos
de Jardim” de Clara Gomes e “(SIC)” de Walmir Orlandeli constituem as amostras de
textos para a descrição e explicação da organização e do funcionamento das classes
gramaticais, sobretudo, dos verbos (classe aberta) e das conjunções (classe fechada).
Entende-se como tira cômica um texto híbrido (conexão entre palavra e ilustração) que

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se desenvolve em uma sequência narrativa. Como fundamento, tal sequência se


organiza em construção da expectativa e desfecho cômico. (RAMOS, 2010; 2011; 2014)
O desenvolvimento da sequência narrativa depende, sobretudo, do que as personagens
fazem e dos efeitos provocados por tais ações em outras personagens. Constata-se,
por meio dos verbos indicadores de movimento, o acúmulo do desdobramento narrativo
com a caracterização das personagens. Dentre as conjunções, o “mas” sempre está
associado ao efeito cômico, uma tese já defendida por Vieira (2015) que se confirma.

Palavras-chave: Classes gramaticais; tira cômica; “A Turma de Charlie Brown”;


“Bichinhos de Jardim”; “(SIC)”.

6) Análise de sentimentos: uma análise da polaridade do discurso por meio


dos recursos linguísticos

Ana Carolina Leatte Santin (UEM)


Dr. Juliano Desiderato Antonio (UEM/Orientador)

Resumo:

A participação de usuários compartilhando informações, interesses e opiniões na WEB


tem aumentado nos últimos anos. O Facebook alcançou em 2017 o número de 2
bilhões de pessoas socializando mensalmente em sua plataforma. Este cenário constitui
um amplo campo de pesquisa para o linguista que se interessa em investigar a língua
em uso. A análise de sentimentos, uma área em ebulição que envolve a Linguística e a
Ciência da Computação, tem a finalidade de investigar e minerar a opinião dos usuários
de redes sociais para verificar suas avaliações a respeito, por exemplo, de produtos,
serviços, temas diversos e estilo de vida. O objetivo deste estudo foi investigar recursos
linguísticos empregados por usuários falantes do português brasileiro em redes sociais
para a indicação de avaliação positiva, neutra ou negativa. O corpus da pesquisa foi
composto por comentários extraídos manualmente de páginas públicas do Facebook.
Inicialmente, os dados foram segmentados para verificação da polaridade positiva,
neutra ou negativa das avaliações por meio do comportamento linguístico dos usuários.
A segunda etapa deste estudo consistiu em elaborar e aplicar um formulário online a fim
de comparar a análise prévia da polaridade de trechos dos comentários extraídos do

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Facebook com as respostas obtidas pelo formulário. Para a fundamentação da pesquisa


buscaram-se subsídios teóricos principalmente nos estudos sobre a análise de
sentimentos de Taboada (2011, 2016); na Teoria da Valoração de Martin & White
(2005); na definição de referenciação de Mondada e Dubois (2013); na noção de
formação ideológica de Pêcheux (1988); nas definições das propriedades gramaticais
de Neves (2000) e Castilho (2012); e nas considerações sobre construções e
expressões idiomáticas de acordo com Jackendoff (2013). Os resultados da análise do
corpus mostraram que é possível detectar as avaliações dos usuários por meio de
diferentes recursos linguísticos, tais como adjetivos, construções e expressões
idiomáticas. Constatou-se que a polaridade do discurso é determinada por fatores
cognitivos, sociais, culturais e históricos do falante, por exemplo, o substantivo direita
pode ter conotação positiva ou negativa dependendo do sujeito que desempenha a
atividade linguística. Também constatou-se que as construções e as expressões
idiomáticas denotam a valoração do discurso. Por meio da construção não basta...tem
que..., que possui o pareamento de forma e significado, e da expressão idiomática valer
a pena, que tem sentido cristalizado pelos falantes do português brasileiro, o usuário
desempenha sua prática linguística e formula sua opinião de acordo com as referências
que possui sobre o tema abordado. Em virtude da quantidade de dados publicados
constantemente no Facebook, conclui-se que as redes sociais constituem um amplo
material para a investigação da análise de sentimentos tanto para o linguista quanto
para aqueles que desejam minerar opiniões dos usuários.

Palavras-chave: Linguística; Análise de sentimentos; Facebook; Polaridade; Recursos


linguísticos.

7) Relação entre aspecto verbal e finalidade argumentativa no gênero


Resposta argumentativa

Me. Renata Boregas Santini (UEM)

Prof. Dr. Juliano Desiderato Antonio (UEM/Orientador)

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Resumo:

O presente trabalho possui como tema um estudo acerca do aspecto verbal, com o
objetivo de analisar quais aspectos verbais são mais recorrentes nos textos de gênero
textual Resposta argumentativa, bem como a relação dessa categoria com a construção
da argumentação nesse gênero. Buscamos em Castilho (2012), Comrie (1976) e
Travaglia (1985) considerações para fundamentar teoricamente questões relacionadas
à categoria do aspecto verbal e em Citelli (1986), (1994) e Garcia (2002) embasamento
teórico acerca da argumentação e também de como ela se constitui no gênero textual
aqui estudado - a Resposta argumentativa. Para o desenvolvimento do trabalho,
utilizamo-nos de redações produzidas em situação de vestibular, da prova aplicada no
concurso vestibular de verão, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no ano de
2013, as quais foram cedidas pela Comissão do Vestibular Unificado (CVU), da mesma
instituição. Utilizando-nos dessas redações, realizamos uma pesquisa de natureza
quantitativo-qualitativa, a partir dos seguintes procedimentos metodológicos:
inicialmente, separamos os textos em três blocos, conforme adequação estrutural do
texto ao gênero resposta argumentativa, bem como quanto ao alcance da finalidade
argumentativa. A partir desses critérios, há um bloco que contempla as redações
avaliadas como boas; outro, as consideradas regulares; e, no terceiro, aquelas
consideradas ruins. Após esse procedimento, selecionamos os verbos que constituem o
núcleo das sentenças, deixando, por ora, a análise daqueles que aparecem como
argumentos; fizemos a análise do aspecto desses verbos, seguida do levantamento da
quantidade de recorrência dos aspectos que esses verbos representam e, por fim,
avaliamos se essa recorrência está associada à avaliação do texto como bom, regular
ou ruim. Como esse trabalho constitui parte do processo de tese em desenvolvimento,
os resultados ainda estão em processo.

Palavras-chave: Aspecto verbal; Argumentação; Resposta argumentativa.

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8) Gramática descritiva, gramática normativa e classes gramaticais – a


construção de uma gramática pedagógica

Prof. Dr. Marcelo Silveira (UEL)

Resumo:

O presente trabalho faz parte dos projetos de estudos linguísticos “Cadernos de Teorias
da Linguagem” e “Gramática, Bilinguismo e Multiculturalismo”, ambos da Universidade
Estadual de Londrina, cujos objetivos estão ligados a modelos descritivos das ciências
da linguagem, levando em conta contextos multiculturais. Trata-se, aqui, de uma
pesquisa bibliográfica em gramáticas presentes nas escolas e academias, cujos
fundamentos traduzem as propostas da Nomenclatura Gramatical Brasileira – NGB.
Para essa análise qualitativa, são utilizadas dez gramáticas representativas publicadas
após o ano 2000, de autores brasileiros, tais como: Cintra e Cunha (2001), Bechara
(2002), Castilho (2015) e outros. Nosso objetivo é observar a maneira pela qual a
gramática tradicional – formalizada na NGB – direciona o olhar: em algumas obras, tem-
se o olhar descritivo; e, em outras, a função normativa e uniformizadora da escola
determina o tratamento de questões gramaticais. Nesse contexto, a abordagem dada às
classes gramaticais chama a atenção e não aparece de maneira uniforme em todas as
obras pesquisadas. As classes gramaticais começam a ser delimitadas no período
clássico, conforme Benveniste (1976), e seguem por todo o percurso de constituição da
gramática tradicional. Nas obras que tendem para a descrição, as classes gramaticais
são concebidas em sua dimensão sintática, semântica e morfológica (cf. MOURA
NEVES, 2011; BECHARA, 2002). Em outros trabalhos mais normativos (cf. ALMEIDA,
2010; ROCHA LIMA, 2002), as classes gramaticais são consideradas relativas à
morfologia, deixando em segundo plano os aspectos sintáticos e semânticos, que,
mesmo não evidenciados, continuam implícitos nas classificações gramaticais. É
preciso notar que a constituição das classes gramaticais, por sua origem clássica, está
baseada na estrutura do grego e do latim – línguas que reinaram no poder até o
Renascimento (cf. LYONS, 1987). Dessa forma, o sistema linguístico é classificado de
acordo com particularidades das línguas clássicas, deixando de contemplar
particularidades do sistema de línguas que não seguem o modelo da tradição, como as

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línguas orientais e as línguas ágrafas. Nossas pesquisas estão voltadas para a


compreensão das classes gramaticais, em função da constituição de uma gramática
pedagógica de línguas ágrafas, na qual a perspectiva didática deve estar acima de
qualquer normatividade.

Palavras-chave: Gramática descritiva; gramática normativa; classes gramaticais;


gramática pedagógica; línguas ágrafas.

9) A categoria gramatical de gênero no Latim: itinerários entre o


linguístico e o cultural

Douglas Gonçalves de Souza (UNEAL/PLE-UEM)

Resumo:

O Latim organiza a categoria de gênero, presente em nomes (substantivos, adjetivos) e


em pronomes, de modo tripartite: masculino, feminino e neutro. Conforme Faria (1995),
tal configuração categorial representaria um estado secundário, pois que resultaria de
um estado inicial em que a referida categoria, ainda no indoeuropeu, teria se constituído
com base na oposição entre seres animados e seres inanimados. Contudo, ao se
observar o arranjo da categoria no Latim, pode-se perceber que não há uma
equivalência direta, por um lado, entre seres animados e gêneros masculino e feminino,
e por outro lado, entre seres inanimados e gênero neutro, o que pode apontar para a
influência de outros fatores até mesmo extralinguísticos na distribuição do gênero. No
que tange ao gênero considerado controlado, isto é, observado a partir das relações
hierárquicas próprias de um sintagma nominal, o Latim, segundo Ernout (1953),
generalizou ao neutro a forma de masculino, no nominativo singular, dos particípios

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presentes e dos adjetivos de temas consonântico ou sonântico sincopado, como: ferens


(do verbo fero “transportar”, “aquele que transporta”), audax “audacioso”. Dessa
maneira, a mesma forma de nominativo passava a ser utilizada nos três gêneros.
Outrossim, o presente trabalho intenta não só descrever, de modo mais detalhado, a
sistematização da categoria gramatical de gênero do Latim Literário (Arcaico, Clássico e
Pós-Clássico) ao Latim Vulgar, como também refletir acerca de quais elementos
linguísticos e/ou socioculturais interferiram nesse processo e de que modo houve tal
interferência. Com base na seleção de fragmentos textuais e de sintagmas nominais
devidamente contextualizados – de modo que se observe o gênero em dados oriundos
de usos reais -, este trabalho será desenvolvido à luz das seguintes perguntas
(adaptadas) propostas por Hellinger e Buβmann (2001): 1) Como ocorrem os
procedimentos linguísticos de concordância, pronominalização e formação de palavras
no Latim, e como se dá a representação linguística de homens e mulheres por meio do
gênero gramatical? 2) Em se tratando de referência humana, a opção é pelo masculino
como gênero não marcado e isso recupera algum tipo de assimetria social? 3) Quais as
evidências empíricas para a afirmação de que, em contextos neutros, expressões de
gênero masculino são percebidas como genéricas e livres de preconceito? 4) A língua
contém expressões idiomáticas, metáforas, provérbios que sejam indicativos de
hierarquias ou estereótipos socioculturais relacionados ao gênero?

Palavras-chave: gênero gramatical, semântica, morfossintaxe, Latim

10) A posição do sujeito em orações interrogativas –wh no Português


Clássico
Samara Shiele Paes (UEM)
Prof. Dr. André Luis Antonelli (UEM/Orientador)

Resumo:

A presente comunicação tem como objetivo analisar as orações interrogativas matrizes -


wh do português seiscentista. Sabe-se que, no âmbito teórico da gramática gerativa, a
ordem de palavras no português clássico tem sido objeto de estudo de muitos
pesquisadores que se propõem a discutir questões como a posição dos verbos, dos

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clíticos etc. Em particular, este trabalho investiga a questão da posição do sujeito


nessas estruturas sintáticas, buscando verificar em que medida aspectos como o tipo de
elemento -wh presente na sentença ou sua função sintática influenciam na ordem linear
do sujeito em relação ao verbo finito da oração. Além disso, procurará responder
questões como: 1) qual a posição do sujeito em orações interrogativas –wh; 2) se o tipo
de elemento –wh influencia na possível posição ocupada pelo sujeito; 3) se a função
sintática exercida pelo elemento –wh é também um fator determinante na possível
posição ocupada pelo sujeito. Para tanto, será utilizado, como corpus da pesquisa, a
tradução do Novo Testamento realizada por João Ferreira de Almeida, publicada em
1681, uma vez que o material é de grande representatividade para o objeto de estudo,
pois, num trabalho que tem como foco as fases passadas de uma determinada língua
(portanto, diacrônico), com a ausência de falantes nativos da língua em questão, resta
ao pesquisador simplesmente a análise dos dados escritos aos quais tem acesso,
sendo o emprego de quantidades substanciais de dados a forma por excelência de se
corroborar uma tese. Além disso, esse corpus deve demonstrar como era a língua no
período investigado e, portanto, optou-se por essa tradução, pois, entre outras coisas, é
um trabalho de difusão da língua portuguesa, compreendendo várias características
gramaticais em uso do português seiscentista. Ademais, tendo em vista que alguns
aspectos (como a obrigatoriedade da posposição do sujeito em determinadas estruturas
interrogativas, por exemplo) não foram trabalhados em investigações sobre a posição
do sujeito em orações interrogativas do português clássico, esta pesquisa surge como
uma forma de preencher essas lacunas em torno do assunto, atentando para uma
amostra de dados diferente de outras já analisadas. Sendo assim, a partir de uma coleta
de orações interrogativas –wh finitas matrizes, essa comunicação se propõe a ampliar a
análise sobre a posição do sujeito em orações interrogativas -wh do português clássico,
focalizando algumas características particulares da ordem de palavras nessas orações.

Palavras-chave: Gramática gerativa; Português clássico; Orações interrogativas;


Posição do sujeito.

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11) Composicionalidade de locuções conjuntivas do português


brasileiro

André V. L. Coneglian (UPM)

Resumo:

Neste trabalho propõe-se discutir o estatuto categorial das tradicionalmente chamadas


locuções conjuntivas, que são aquelas formadas por uma base lexical e uma partícula
subordinativa, como é o caso de visto que, já que, se bem que, ainda que, entre outras.
No português brasileiro, o esquema sintático que permite essas formações é bastante
produtivo, principalmente para locuções que compõem a zona semântica das
causalidades, que abriga relações de causalidade, de condicionalidade e de
concessividade. Discute-se, especificamente, o modo pelo qual o significado dessas
locuções surge. Por um lado, há autores que argumentam a favor de processos
metafóricos e metonímicos na composição do significado dessas conjunções, ficando a
cargo da partícula subordinativa o estabelecimento de tal significado (por exemplo,
Barreto, 1999); por outro, há os autores que assumem uma completa indisociabilidade
entre base lexical e partícula subordinativa (por exemplo, Moraes, 1976). Essas duas
visões são reinterpretadas, neste trabalho, à luz da teoria da Gramática Cognitiva
(LANGACKER, 1987, 1991), como composicionalidade e analisabilidade,
respectivamente. A operacionalização dessas duas questões passa pela formação de
mapas semânticos das locuções da zona de causalidades.

Palavras-chave: locuções conjuntivas; composicionalidade; causalidade;


condicionalidade; concessividade.

12) Descrição morfossintática do verbo no Kaingang

Gislaine Domingues (UEL)

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Resumo:

Os dados do censo demográfico, realizado pelo Instituto de Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE) em 2010, apontam que, dos 191 milhões de habitantes do Brasil,
cerca de 0,4% se autodeclarou indígena, o que supõe um número de 817 mil índios
vivendo em território brasileiro. Dentre os povos indígenas do Brasil, estão os Kaingang,
a língua (Tronco Macro-Jê, família Jê), que recebe o mesmo nome do povo, é falada por
mais de 30.000 pessoas, distribuídas em mais de 30 Terras Indígenas nos estados do
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e pequena parte de São Paulo. Pautados no
modelo teórico funcionalista, mais precisamente na classificação de palavras a partir do
modelo dos protótipos defendido por Givón (1984, 1995, 2001) e Payne (1997), o
presente trabalho volta-se a descrição e análise morfossintática da classe dos verbo da
língua Kaingang. Descreveremos algumas das principais propriedades semânticas e
morfossintáticas da referida classe gramatical, enfatizando a classificação dos verbos
quanto ao número de argumentos; as características morfossintáticas dos verbos
estativos/descritivos e dos verbos ativos, bem como o processo de ativação verbal. O
corpus constitui-se de dados coletados com informantes indígenas da Terra Indígena
Apucaraninha, localizada no município de Tamarana-PR. A análise aponta que, em
relação aos critérios semânticos, os verbos no Kaingang podem denotar estados,
ações, processos e eventos. Quanto ao número de argumentos, dividem-se em
intransitivos e transitivos. Os intransitivos apresentam duas classes: os verbos
intransitivos simples e os verbos intransitivos estendidos. Os verbos intransitivos
simples ainda se subdividem em dois tipos: verbos ativos e verbos estativos/ descritivos.
Os verbos transitivos, por sua vez, dividem-se também em ativos e estendidos
(bivalentes), ou seja, possuem um argumento e um constituinte oblíquo. Quanto ao
processo de ativação verbal, descreveremos os aspectos morfológicos e a atuação
desse fenômeno na sintaxe da língua. Esperamos que este trabalho possa contribuir
não apenas para os estudos gramaticais, mas também para o conhecimento e
divulgação da cultura Kaingang, que possa servir como fonte para estudos
comparativos da família Jê e colaborar para a elaboração da gramática pedagógica a
ser utilizada pelos professores das escolas indígenas Kaingang no Paraná.

Palavras-chave: Kaingang; Verbo; Classe de palavras; Morfossintaxe.

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SIMPÓSIO 4) Múltiplas discursividades em cenário social, midiático e


artístico

Profa. Dra. Renata Marcelle Lara (UEM)


renatamlara@gmail.com
Profa. Dra. Célia Bassuma Fernandes (Unicentro)
bacelfer@hotmail.com \ bacelfer@yahoo.com.br

1) Que leitura te move?

Profa. Me. Rutzkaya Queiroz dos Reis

Resumo:

Que leitura te move? é pergunta e argumento do documentário audiovisual de mesmo


nome, e propõe para seu roteiro um protagonismo simultâneo das obras rememoradas
e seus leitores; professores de diversas áreas de formação, com atuação nos cursos de
Letras e Pedagogia no estado de São Paulo, Brasil, que formam outros e novos
professores. A premissa é que nesse contexto escolar brasileiro, o professor figura
sempre como aquele convocado a ouvir a instituição nas suas muitas e por vezes
confusas hierarquias, os alunos, às vezes, até e equivocadamente também pais de
alunos, os (des)governo(s), para tratar de conteúdos previamente estabelecidos como
parte de um plano de trabalho sistematizado que lhe chega proposto sob o viés da
leitura das diretrizes que regem esse sistema de ensino, embora o discurso afirme uma
“construção do conhecimento” que considere a formação docente na riqueza de suas
variantes. Mas, o que tem a narrar e dizer o professor para além de conteúdos
previamente estabelecidos, e das expectativas de públicos, do mercadológico ou até de
alguns pares? O documentário busca ouvir o professor na movência de afetos
dimensionados pela leitura trazida de seu arquivo pessoal, que compõe a memória da
vida, e inevitavelmente repercute na atuação como professor, dada a impossibilidade de
repartir o ‘ser’ em funções. Os vinte e quatro entrevistados responderam à pergunta
‘que leitura te move?’ rememorando afetos da infância à idade adulta, de variados
contextos e múltiplas dificuldades e alegrias, perpassando tipos de texto que vão da
fotografia ao romance, teatro, poesia, conto, manifestos, ensaios, história, geografia,
educação, sociologia e teologia, de operários no interior de São Paulo a Miguel de
Cervantes, Teolinda Gersão, Maria José Dupré, Marcelo Rubens Paiva, Oscar Wilde,

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Fiódor Dostoiévski, João Guimarães Rosa, Laurence Sterne, Pedro Calderón de la


Barca, , Edgar Allan Poe, Machado de Assis, Virginia Woolf, Paulo Freire, Antonio
Gramsci, Jorge Larrosa, Roger Chartier, Euclides da Cunha, Karl Marx, Pierre Bourdieu,
Leonardo Boff, Paulo, o apóstolo bíblico. As entrevistas foram gravadas entre
dezembro de 2016 e fevereiro de 2017, individualmente, numa proposta de
documentário fílmico com imagens em preto e branco, que considere a leitura que move
esses leitores como percurso de uma formação e narrativa de vidas que, no conjunto
formam inteligências, de alunos e seus pares, e individualmente percorrem sendas que
emulam particularidades que quando observadas de perto, revelam a universalidade do
que é humano. E aqui, o convite para ver imagens em preto e branco e ouvir as cores
dessas memórias.
Palavras-chave: documentário, cinema, literatura, professor(a), leitor(a).

2) Deus na visão de Carlos Ruas no blogue “Um sábado qualquer”

Isabela Rodrigues Vieira (UEL)


Profa. Dra. Maria Isabel Borges (UEL)

Resumo:

Neste trabalho, o objetivo principal é mostrar de que maneira Deus é retratado como
uma personagem caricata, tornando-o personificado, na série “Um sábado qualquer” de
Carlos Ruas. A proposta desse cartunista é, ao invés da publicação de suas tiras na
forma tradicional em jornais impressos, utilizar-se da internet, para reinterpretar os
principais fatos bíblicos, sem, inicialmente, posicionar-se a favor de uma ou outra
religião, e sim estabelecer discussões de cunho filosófico. Para tanto, a humanização de
Deus, segundo ele, inclui sofrer, chorar, sorrir, enraivecer, arrepender-se, discutir com a
mulher etc., resultando-se no blogue de maior acesso na atualidade, cerca de 2,7
milhões de leitores, que foi criado em 2009, com publicações impressas a partir de
2015. A tira cômica, como gênero quadrinístico, constitui uma sequência narrativa
organizada em torno da construção de uma expectativa que se direciona a um desfecho
cômico (RAMOS, 2010; 2011; 2014). Compartilha dos recursos da linguagem dos
quadrinhos, tais como: balões, personagens fixos ou não (podendo ser caricatos,
estilizados, humanizados ou personificados), onomatopeias, metáforas visuais, cores,
diferentes marcações temporais e espaciais, linhas cinéticas, ângulos de visão,
legendas etc. No âmbito da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, a Formação
Discursiva (FD) corresponde a tudo aquilo que é real na língua, determinando, assim, o
dizer do sujeito e camuflando as posições ideológicas. Nesse sentido, mesmo que a

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proposta de Ruas seja, à primeira vista, a mais democrática possível e destituída de


ofensas a um seguidor religioso, o efeito cômico, muitas vezes, banaliza fatos relatados
nos livros sagrados, aproximando-os de aspectos considerados pecados, por exemplo.
Em diversas tiras ausentes de linguagem verbal, é possível a atribuição de sentidos
vinculados às condições de produção ─ Brasil como Estado laico, liberdade de
expressão, pluralidade religiosa ─ e ao redizer da memória discursiva do sujeito leitor.
Ademais, não existe uma imparcialidade, um neutro no discurso, qualquer coisa que é
dita possui um significado e uma intencionalidade, pois, para a AD, não existe um
discurso sem sujeito, nem um sujeito sem ideologia. Toda a enunciação do sujeito é o
resultado de um produto ao mesmo tempo em que constitui um processo.
Teoricamente, consideram-se os trabalhos de Brandão (1999), Orlandi (2003) e a obra
“A ordem do discurso” de Foucault (1970), ao lado de estudos de Cagnin (2014),
Acevedo (1990) e Ramos (2010; 2011; 2014) sobre os quadrinhos.

Palavras-chaves: Análise do Discurso; internet; tira cômica; “Um Sábado Qualquer”.

3) O não-dito e o silenciado: a resistência à Ditadura nas/pelas charges


de Ziraldo no Pasquim

Me. Natália Martins Besagio (UEM)

Resumo:

Conhecido como um dos períodos de maior repressão da história brasileira, o governo


Médici (1969-1974) foi responsável pela constituição de um aparato repressor
assentado no tripé burocracia, censura e violência. Neste contexto, a liberdade de
expressão e, por conseguinte, a liberdade de imprensa, foram vetadas, abrindo espaço
para a construção de uma via alternativa de comunicação e fazendo emergir a
circulação de tabloides como O Pasquim que, em seu próprio nome, carregava a marca
do deboche. Tais publicações aproximaram-se da contracultura, oferecendo uma
vertente cultural para a análise das ações categorizadas como subversivas e que, de
alguma maneira, contestaram os padrões impostos pela Ditadura. A imprensa
alternativa teria se constituído como um veículo de ruptura com o modelo vigente,
desobedecendo não somente às austeras e violentas imposições militares, mas aos
próprios padrões de escrita e veiculação da informação. Não se enquadravam na
direita, nem tampouco na tradicional esquerda. Não utilizavam regras de publicação,

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pauta, ou mesmo editorial, como acontecera na redação do Pasquim. O frequente uso


de imagens, marca do tabloide, abriu a possibilidade de burlar a censura, encampada
durante o período de fechamento político. Merece destaque a charge que, como
instrumento de intervenção política, encontrou nos jornais alternativos seu espaço de
atuação, quebrando a monotonia e a severa objetividade do texto, além de dizer o que
não poderia ser dito/verbalizado, ou o que fora silenciado pela censura. Diante de tal
perspectiva, o presente artigo tem como objetivo responder ao seguinte
questionamento: de que modo o humor da charge subverteu, ou não, os valores
impostos pelo Regime Militar? Para tal empreitada pretende estabelecer um entremeio
entre a História e a Linguística por meio da Análise de Discurso, abordada pelo viés de
Michel Pêcheux. Isso porque, as charges publicadas no tabloide, especificamente
aquelas de Ziraldo Alves Pinto, são constituídas por um já-dito e esquecido, que retorna
na forma do dizer. Ou seja, o que fora dito ou representado por meio do traço sobre
humor, resistência, censura, violência; o que fora proferido por filósofos, sociólogos e
estudantes sobre a contracultura; os movimentos que eclodiram na década de 1960, os
dizeres políticos relacionados ao governo ditatorial e que significam ali, nas imagens
publicadas e veiculadas pelo Pasquim, constituindo-se como uma via eficaz de
resistência à Ditadura Militar no Brasil.

Palavras-chave: Ditadura Militar; Imprensa Alternativa; Análise de Discurso; Charge;


Ziraldo.

4) Jogos de imagens do sujeito brasileiro nos pronunciamentos de Dilma


e Temer frente ao impeachment

Vivian Elis Golfetto Ramos (UEM)


Profa. Dra Maria Célia Cortez Passetti (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este artigo apresenta uma discussão sobre os jogos de imagens e os efeitos de


sentidos nos discursos de Dilma Rousseff e de Michel Temer quanto ao impeachment.
O objetivo é analisar o funcionamento imaginário acerca do sujeito brasileiro nos
referidos discursos a fim de compreender os efeitos de sentidos resultantes de tal
funcionamento, tendo em vista o impacto deste acontecimento político na vida dos
brasileiros, uma vez que Dilma e Temer ocupam o cargo mais alto da hierarquia política
e o modo como governam incide na vida do sujeito brasileiro. Esse sujeito brasileiro
aqui é entendido como aquele que possui direito e deveres, dentre os quais o direito ao

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voto é um deles. Portanto, um sujeito que sofre as consequências, positivas ou


negativas, daqueles que governam o país, os estados e os municípios. Para isso,
retomam-se as condições de produção em que tais pronunciamentos se realizam,
aponta-se o modo como se configuram os dizeres possíveis para Dilma e para Temer,
no que diz respeito aos lugares sociais ocupados por esses sujeitos durante o processo
e busca-se compreender como funcionam as imagens do sujeito brasileiro e os
mecanismos de sustentação, atravessamento ou dissolução de tais imagens,
observando-se também os efeitos de sentidos produzidos no funcionamento do
imaginário em torno do ser brasileiro nos pronunciamentos de destituição e assunção da
Presidência da República. Nosso aporte teórico será sustentado pela vertente
pecheutiana da Análise do Discurso, bem como pelos estudos de Orlandi (2015) e
Indursky (2002). Os principais conceitos utilizados neste momento são formações
imaginárias e posição sujeito, por meio de uma análise de recortes construídos a partir
da transcrição dos pronunciamentos de afastamento de Dilma Rousseff e de posse
temporária de Michel Temer na abertura do processo de impeachment e que produzem
discursos acerca do sujeito brasileiro. Tais pronunciamentos, publicados pela página
online do jornal O Globo, foram transmitidos ao vivo, em rede nacional, pelos diversos
meios de comunicação, em 12 de maio de 2016. No discurso de Dilma, os resultados
apontam para o funcionamento imaginário de um sujeito brasileiro ativo, que pode/deve
se manifestar frente às questões do governo, enquanto que no discurso de Temer, o
mesmo sujeito aparece passivo, devendo consentir com as ações governamentais.

Palavras-chave: Discurso político; efeitos de sentidos; formações imaginárias; posição


sujeito.

5) Interdiscurso: análise de propagandas segundo Mangueneau

Caroline Bognar da Silva Ceolin (UEM)


Profa. Dra. Roselene de Fátima Coito (UEM/Orientadora)

Resumo:

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Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada para a disciplina de Estudos das
Interpretações II, que integra o quarto ano do curso de Letras Português/Inglês e
Literaturas correspondes da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O presente
estudo fundamenta-se na Análise do Discurso (doravante AD) de linha francesa
desenvolvida por Mangueneau (2008) e propõe-se a analisar cinco propagandas de
hortifrútis, de modo a relacionar o conceito de interdiscurso postulado pelo autor ao
corpus selecionado. O material escolhido para essa pesquisa é resultado de uma
campanha publicitária lançada no ano de 2008, intitulada Hollywood, cujo slogan é:
“Aqui a natureza é a estrela”. A campanha produzida pela agência MP Publicidade e
destinada à empresa Hortifruti, associa títulos de grandes produções cinematográficas à
frutas, legumes e verduras, por exemplo: “Melão Rouge”, “O quiabo veste Prada” e “A
hortaliça rebelde. No que se refere à base teórica do trabalho, interdiscurso é entendido
por Mangueneau (1997) como constituído por uma tríade, em outras palavras, por três
conceitos complementares, a saber: universo discursivo, que abrange o conjunto de
formações discursivas que interagem em uma dada conjuntura, campo discursivo, que
corresponde a um conjunto de formações discursivas que se encontram em
concorrência e se delimitam mutuamente em determinada área do universo discursivo,
e espaço discursivo, que compreende a subconjuntos de formações discursivas. A partir
da análise realizada, foi possível: a) verificar a presença do interdiscurso nas
propagandas estudadas, uma vez que elas dialogam com textos do campo discursivo
cinematográfico; e b) identificar que as propagandas analisadas pertencem ao universo
discursivo midiático, ao campo discursivo publicitário e possuem como espaço
discursivo os enunciados que produzem efeitos de sentido. Outro resultado obtido, é
relativo ao efeito de sentido produzido pela campanha publicitária desenvolvida, isto é, a
associação entre as características convenientes dos filmes e/ou personagens dessas
obras aos produtos comercializados. Diante do exposto, a relevância desse trabalho
reside na importância da AD para compreensão de enunciados e para a formação de
procedimentos que evidenciem o “olhar leitor” (MANGUENEAU, 1997), bem como na
contribuição à área de pesquisa.

Palavras-chave: Análise do Discurso; Mangueneau; Interdiscruso.

6) Cultura pop e Feminismo: um percurso das imagens da mulher nas


canções de Beyoncé

Ághata Cristine Rocha de Almeida (UEM)

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Nágila Naiane Ribeiro Oliveira (UEM)


Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo (UEM/Orientador)
Resumo:

O conceito de cultura pop pode ser entendido como “conjunto de práticas, experiências
e produtos norteados pela lógica midiática, que tem como gênese o entretenimento”
(SOARES, 2013), ou seja, ao falar do universo pop nos referimos aos produtos
midiáticos criados pela indústria do entretenimento em suas diversas áreas: música,
cinema, televisão etc. Esses produtos são difundidos globalmente, sendo consumidos
por milhões de pessoas ao redor do mundo e usados tanto para criar um senso de
pertencimento e identificação a um grupo quanto como forma de diferenciação dos
demais. Nesse universo pop, a cantora Beyoncé é uma das artistas mais relevantes da
atualidade, tendo acumulado vinte e dois Grammy Awards ao longo de vinte e sete anos
de carreira e declarada em segundo lugar na lista da revista Forbes das cem
celebridades mais bem pagas de 2017. Durante sua carreira solo, foram vendidos, até o
ano de 2016, mais de 75 milhões de álbuns no mundo todo, fato que comprova o
alcance de suas canções e sua influência, principalmente sobre seu público, composto
majoritariamente por mulheres de 12 a 34 anos. Além da carreira artística, a cantora
entrou em evidência por se declarar feminista durante a premiação do MTV Video Music
Awards de 2014, em sua performance da canção Flawless, que traz na letra parte do
discurso da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie sobre feminismo e o papel
da mulher na sociedade. Diante desse quadro, nosso objetivo neste trabalho é analisar
as letras das canções dos álbuns da cantora Beyoncé, procurando mostrar as imagens
de mulher presentes em sua discografia. Mais especificamente, nosso intuito é
identificar as possíveis imagens e observar se houve uma mudança de tais imagens no
percurso da carreira da cantora. Nossos pressupostos teóricos fundamentam-se nos
estudos da Análise do Discurso de linha francesa, principalmente os de Pêcheux e seus
seguidores no Brasil, e estudos sobre o Feminismo. As análises mostram a construção
de diversas imagens de mulher que se repetem ao longo dos álbuns: a submissa, a
independente, a sexualmente livre, a mãe, a apaixonada e a feminista. Entre elas, duas
são mais recorrentes, sobressaindo-se em todos os álbuns: a mulher submissa e a
independente. Entretanto, houve uma mudança na proporção de canções em que
aparece cada uma das imagens. Nos primeiros alguns, a imagem da mulher submissa
era a que predominava, porém, com o passar do tempo, passou a predominar a oposta.
A imagem da mulher feminista, por sua vez, apareceu apenas nos dois últimos álbuns
lançados.

Palavras-chave: Análise do Discurso; Feminismo; formações imaginárias; cultura pop.

7) South Park na “evidência” do dizer: o politicamente incorreto

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Lucas Mestrinheire Hungaro (UEM)


Profa. Dra. Roselene de Fatima Coito (UEM/Orientadora)

Resumo:

A linguagem humana – mais do que uma ferramenta de comunicação em sua função


expressiva – configura-se como meio onde emergem e se produzem subjetividade,
significados, cultura e sentidos, tanto de maneira verbal (fala, música etc) quanto não
verbal (imagens, figuras, signos visuais e sensoriais). A linguagem é tomada pelo
indivíduo, que se dá como sujeito ao ser interpelado pela ideologia e o inconsciente,
como objeto situado social e historicamente, também levando em conta os processos de
condição de produção sócio-históricas ideológicas. Portanto, entende-se a linguagem
como sendo o discurso. Uma forma de se tentar penetrar nos efeitos do sentido do
discurso é pela Análise do Discurso. Esta, especialmente a de linha francesa, estuda os
efeitos de sentido produzidos pelas escolhas de linguagem, utilizadas na construção do
texto (material tomado para análise) e pelas suas relações com a exterioridade que o
“emoldura”. O objeto de estudo neste artigo é a produção de dizeres no humor da série
animada norte-americana South Park. Seu sucesso é geralmente atribuído ao seu
humor escatológico, grotesco e às sucessivas referências a personalidades que habitam
o imaginário contemporâneo, carente de fama e sucesso. A série satiriza os excessos
da vida contemporânea: adoração de celebridades, ditadura do politicamente correto,
neoliberalismo e estereótipos. Esta série é veiculada diariamente na televisão brasileira
no canal fechado Comedy Central e prevê um público acima de 16 anos de idade.
Contudo, pelo horário que circula, após o almoço, essa classificação etária não
corresponde àquilo estabelecido pela censura. Diante disso, pensamos o politicamente
incorreto e nos perguntamos: o que esta produção animada afeta na produção de
sentidos produzidos sócio-historicamente na sociedade brasileira? Tendo em vista esta
inquietação, voltaremos nosso olhar para o humor. O discurso humorístico pode ter a
possibilidade de “trapacear a e com a língua”. Esse trapacear discursivo possibilita uma
produção de sentido contra hegemônica ou diferenciada dos discursos dominantes. O
humor vem a ser tomado como um discurso à deriva caracterizado pela busca de
inversão e a “deformação” do que é sério e/ou instituído. Podemos dizer que o humor
contido no discurso do politicamente incorreto, também, opera seu sentido, contrariando
ou invertendo padrões instituídos e verdades estabelecidas. O corpus neste artigo será
a estereotipização do baiano em um episódio de South Park dublado para o português
brasileiro e será analisada esta “evidência”, no sentido de naturalização de dizeres
sobre o nordestino, especificamente neste caso, o baiano.

Palavras-chave: Série animada; Condições de produção; Politicamente incorreto.

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8) Entre o artista e o artesão: ao significar suas obras, Hélio Leites se


significa

Bruno Arnold Pesch (UEM)


Renata Marcelle Lara (UEM)

Resumo:

Durante uma pesquisa teórico-análitica mais ampla, dedicamo-nos em compreender o


funcionamento da composição artesanato-cultura nas produções artísticas do
artista/artesão Hélio Leites. Nesta pesquisa, uma das etapas foi realizada em campo,
que contemplou uma entrevista semi-estruturada com o artista e uma observação não
participante de suas obras em miniatura, em um local de sua propriedade, onde
algumas de suas obras foram registradas. Para tanto, foram respeitados os parâmetros
requeridos pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, no que se refere,
entre outros, ao Termo de Consentimento e Livre Esclarecimento. Como afirma Orlandi
(1996) em Interpretação: leitura e efeitos do trabalho simbólico, a linguagem é uma ação
que transforma e constitui identidades; “ao falar, ao significar, eu me significo”
(ORLANDI, 1996, p.28). Partindo desse pressuposto, interessa-nos, nesta
comunicação, analisar trechos da entrevista concedida por Leites (2016) em que, ao
dizer/significar sua obra, o artista se significa. Nesse sentido, objetiva-se pela
alternância da descrição e interpretação, como nos ensina Pêcheux (1997), em O
discurso: estrutura ou acontecimento, observar as características e propriedades do
trabalho do artista/artesão capazes de visibilizar a relação artesanato-cultura. Entende-
se que artesanato encontra a cultura nas práticas de (entre) sujeitos em um
determinado momento sócio-histórico e ideológico, tal como aponta Mariani (2009) ao
falar sobre cultura num capítulo do livro O discurso na contemporaneidade. Nesse
encontro de artesanato com cultura (composição artesanato-cultura) vê-se que tanto o
sujeito quanto suas instituições e organizações são determinadas por causas que
escapam a seu controle. Pela análise discursiva da entrevista, pode-se observar que
Leites na e pela (com)posição sujeito-artista-artesão diz sobre sua produção artística,
sendo afetado pelo desejo do múltiplo da convivência sem precedentes, como também
pela divisão hierárquico-social. O sujeito investigado está entre o desejo do popular
(vivências cotidianas) e as regras sociais. Resalta-se que esta comunicação é um
recorte da pesquisa “O discurso artístico na composição artesanato-cultura em
miniaturas de Hélio Leites”, desenvolvida no Curso de Artes Visuais da Universidade
Estadual de Maringá.

Palavras-chave: Análise de Discurso. Hélio Leites. (Com)posição sujeito. Obras em


Miniatura.

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9) O político em funcionamento na materialidade artística pela


composição cultura-popular-religião

Guilherme Radi Dias (UEM)


Profa. Dra. Renata Marcelle Lara (UEM/Orientadora)

Resumo:

A criação artística, em sua composição heterogênea de sentidos, guarda relações


constantes com a história, colocando em relevo questões ligadas à memória e à
sociedade, além de ser concebida envolvendo o entrelaçamento de saberes e de
conceitos que modelam as suas características estéticas. Nesta pesquisa, vinculada ao
Grupo de Pesquisa Docente em “Discursividades, Cultura e Mídia e Arte”, nos voltamos
para a obra do artista brasileiro Flávio Império, abordando a imagem pictórica como
materialidade discursiva e trazendo como enfoque a composição cultura-popular-religião
nas obras da série Polípticos. Tomando por base os procedimentos da vertente
pecheutiana da Análise de Discurso, esta investigação tem por objetivo a análise da
composição cultura-popular-religião na configuração e significação da série pictórica
Polípticos, de Flávio Império, que se destacou também em outras frentes de criação
como o teatro e a arquitetura, nas quais teve um importante histórico de militância
política. Interrogamos, por meio da presente temática, de que forma a composição entre
cultura, popular e religião possibilita ou silencia o funcionamento do político como (efeito
de) resistência em Polípticos. Partindo do levantamento das condições de produção
relacionadas às criações pictóricas e às particularidades da poética deste artista,
realizamos um percurso de análise pautado nas especificidades do Discurso Artístico,
apresentados nos trabalhos de Nadia Neckel. Balizados pelo referencial teórico-
metodológico da AD, observamos, neste percurso investigativo, que os sentidos do
religioso, do popular e do político se entretecem no dizer característico que se constitui
nas/pelas imagens pictóricas de Flávio Império. A multiplicidade de sentidos do objeto
artístico, em sua constante mobilidade constitutiva da materialidade polissêmica do
Discurso Artístico, caracteriza as formas de significação referentes à obra artística, que
é marcada em seu caráter discursivo pela incompletude, pela falha, representando a
possibilidade sempre presente de que se tenham outros sentidos em funcionamento,
oportunizando assim perceber, pelas marcas discursivas, o jogo entre o real e o
simbólico operando por meio da linguagem artística e conjugando, no campo do
imaginário, a religiosidade brasileira com a cultura popular, marginalizada, e a cultura de
massa, programada e sistematizada, cujos sentidos estão entrelaçados na constituição
do objeto artístico.

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Palavras-chave: Análise de Discurso; Discurso Artístico; Polípticos; Flávio Império.

10) O entrelaçamento das formações discursivas no texto de teatro O


balcão

Nilda Aparecida Barbosa (pg-UEM)

Resumo:

Nesta comunicação pretendemos abordar o conceito de formação discursiva de acordo


com os pressupostos teóricos de Michel Pêcheux para analisar suas implicações no
texto teatral O balcão de Jean Genet. A compreensão da noção de formação discursiva
pressupõe seu embricamento em outros conceitos delineados pela proposta de
Pêcheux como ideologia, inconsciente, formações ideológicas e formas sujeito.
Portanto, são estas noções que mobilizaremos para esta análise que propomos
apresentar. O balcão é um bordel comandado por Madame Irma e desenrola-se em
quadros. Em cada um desses quadros, personagens realizam suas fantasias mais
secretas, como tornar-se um bispo, um rei, entre outras. Nas relações entre as
diferentes formações discursivas que permeiam cada quadro e na relação de conjunto
com os demais, pois cada quadro é um microcosmo, um aspecto que chama atenção é
o livre curso dado aos conteúdos do inconsciente. Se, em uma sociedade, o sujeito é
conduzido pelos aparelhos ideológicos do estado a seguir determinadas regras de
conduta, esses conteúdos do inconsciente que deslizam por meio dos atos falhos, dos
chistes, dos não ditos, no bordel são postos em evidência. O bordel torna-se ponto de
cruzamento de diferentes formações discursivas e extravasamento das pulsões e, se o
primeiro olhar nos conduz a pensar num sujeito que exerce a resistência por meio do
inconsciente, por outro lado, os muitos quadros que se desenrolam revelam o contrário,
pois os sujeitos vão ali, entre quatro paredes, viver personagens da sociedade da qual
sentem-se marginalizados, excluídos. Logo, à primeira vista, o bordel torna-se mais um
espaço de reprodução dos aparelhos ideológicos do estado. Nosso intuito, é olhar para
esses quadros procurando delinear o embricamento das diferentes formações
discursivas que os perpassam; procurando compreender como o autor trabalha a
resistência nesse mundo às avessas, quais são seus mecanismos de realização como
forma de luta de classes.

Palavras-chave: Formação discursiva; Pêcheux; Teatro francês; O balcão.

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11) Eu falo o que eu querer

Ailton Pirouzi Junior (UEL)


Guilherme Gonçalves Pacífico (UEL)
Dr. Marcelo Silveira (UEL/Orientador)

Resumo:
O presente trabalho pretende apresentar e defender a proposta de Le Page (1980), de
que todo ato de fala é um ato de identidade. Não fixando apenas na proposta
apresentada acima, mas também colocando as marcas e conclusões dos estudos feitos
pelos colaboradores do presente artigo. As identidades são marcadas pelas diferenças
e estão imersas num ambiente de poder e hierarquia, assim como as línguas que
servindo como item identitário, também são atingidas por esse envolvente. A ideia
mantida pelas ciências humanas é de que a identidade e suas relações de poder não
são fenômenos inatos. Segundo Kathryn Woodward, a sua construção e manutenção
acontecem por meio do social e simbólico (2000. p. 14). O papel do símbolo é dar razão
as definições de quem está incluído ou excluído, enquanto o do social é concretizar
essa classificação. As variações linguísticas do português brasileiro são assinadas por
uma dicotomia histórica entre o urbano e o caipira, aquele como detentor de uma norma
culta, uma identidade valorizada e conservadora, e este de um estigma social
simplesmente por estar fora do padrão, daquele círculo. Assim, acaba sofrendo com os
preconceitos linguísticos que envolve uma pessoa não letrada conforme o padronizado,
a gramática normativa o atribui a “burrice”, o desconhecimento sobre o mundo que o
cerca, descartando todo conhecimento adquirido com o cotidiano, com o vivo, a
improvisação e a criatividade. A canção “linguisticamente performática” “Zaluzejo”, da
banda O Teatro Mágico, propõe exatamente a desconstrução desses preconceitos por
meio da arte, da poesia, da sonoridade, da performance que atinge todos os envolvidos.
Faz um convite à percepção de que ali, nas discrepâncias entre o padrão e o utilizado
não são “erros”, mas sim, de uma criatividade resultante da manipulação e domínio da
língua (e todas as significâncias e conexões estabelecidas entre locutor e receptor) em
sua forma oral, mesmo que se altere suas formas sonoras ou escritas, todos os signos
vêm carregados de ideologia e formação histórica em seu intuito de se concretizar a
linguagem, a interação. Dito isso, pretendemos comparar a canção citada com algumas
situações comuns no dia a dia das pessoas que usam a língua da maneira descrita na
música e a partir disso mostrar que pode-se ter uma comunicação totalmente viável sem

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o uso da língua nomeada como “correta”. Após os estudos e análises serem aplicadas,
a principal intenção dos colaboradores serão levar essa ideia ao meio acadêmico e isso
não se refere só a faculdades ou e congressos, mas também salas de aulas e didáticas
dos professores atuais.

Palavras-chave: Linguagem; Identidade; Performance.

12) Análise do discurso feminista em páginas do Facebook

Mariana Guidetti Rosa (UFSCar)


Prof. Dr. Roberto Leiser Baronas (UFSCar/Orientador)

Resumo:

A partir de questionamentos acerca dos diferentes sentidos que circulam na web, e com
o objetivo de compreender como o discurso feminista se manifesta em duas páginas
que feministas do Facebook ("Empodere duas mulheres" e "Não me Kahlo, ambas com
aproximadamente 1 milhão de seguidores e muitos compartilhamentos), propõe-se
analisar três lexias recorrentes no Feminismo e que estão presentes em textos
feministas das duas páginas: sororidade, feminicídio e empoderamento. O presente
projeto de pesquisa de Mestrado está ancorado na Análise do Discurso de orientação
francesa de Michel Pêcheux, nas teorias sobre hipergênero e cenografia propostas por
Dominique Maingueneau, e também nos conceitos de poder e modos de subjetivação
de Michel Foucault. Almeja-se analisar os diferentes sentidos dos três termos
(sororidade, feminicídio e empoderamento) e suas circulações nos textos de duas
páginas da rede social Facebook, tendo como hipótese que há diferentes processos de
subjetivações (Foucault, 1984, 1985, 1995) produzidos em relação à posição da mulher
nos discursos na web. Para que se possa comprovar essa hipótese, inicialmente,
verificar-se-á como os textos eleitos para as análises a partir de determinados percursos
(Maingueneau, 2007, 2015) e inscrição em determinadas formações discursivas
(Maingueneau, 2015) se inscrevem no hipergênero (Maingueneau, 2015). A análise
pautar-se-á no reconhecimento das diferentes cenografias e como as mesmas são
mobilizadas; na sequência, como o interdiscurso irrompe nos textos escolhidos para
análise. Por fim, por meio dos percursos inesperados (Maingueneau, 2015), será
possível explicitar as relações imprevistas existentes no interior do interdiscurso, medir
a dispersão e explorar a disseminação dos sentidos das lexias escolhidas (sororidade,
feminicídio e empoderamento). Dessa forma, poder-se-á circunscrever os sentidos que
os termos produzem e, consequentemente, verificar a existência de diferentes modos

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de subjetivação e em quais discursos esses termos possibilitam subjetivar-se. A


pesquisa de Mestrado se encontra ainda em fase embrionária e há um exemplo de
análise a ser apresentado e discutido. Por se tratar da análise de somente um texto, a
noção de percurso não aparece, já que seria necessário, no entendimento de
Dominique Maingueneau (2007), mais textos de análise para conseguir estabelecer um
percurso analítico entre eles.

Palavras-chave: Discurso; Cenografia; Feminismo; Hipergênero

SIMPÓSIO 5) Pesquisas e estudos em Letramentos

Profa. Dra. Cláudia Madalena Feisteur (UNEB)


claudiamadalenafeistauer@gmail.com
Me. Emerson Tadeu Cotrim Assunção (UNEB)
emersonbrumado@hotmail.com

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1) Projetos de letramento e o ensino de língua materna no ensino


fundamental: uma proposta com jornal escolar

Ana Paula da Silva e Lino (UEL)


Profa. Dra Andréia da Cunha Malheiros Santana (UEL/Orientadora)

Resumo:

As estratégias que objetivam melhorar e universalizar o ensino brasileiro estão


relacionadas às demandas de uma nova realidade social do país. O crescente processo
de urbanização e industrialização, a expansão dos meios de comunicação e o impacto
da escrita em todas as esferas de atividades humanas demonstram a importância do
domínio do uso da linguagem nos mais diversos contextos, com as mais diversas
finalidades. Diante desse quadro, o ensino de língua portuguesa tem alcançado lugar de
destaque dentro das discussões sobre a melhoria do ensino no país. No entanto, a
realidade do ensino nas escolas públicas tem deflagrado que ainda há um longo
caminho entre o que se espera do ensino e o que, de forma geral, tem-se realizado
junto aos alunos. Na modalidade escrita, há um inadequado processo de escolarização
porque se artificializa a produção escrita de tal forma que ela não corresponde, de fato,
a uma prática social, mas apenas a uma atividade com função e finalidade unicamente
escolar. Diante do exposto, objetiva-se elaborar e aplicar, a uma turma do ensino
fundamental II, um projeto de letramento com o propósito de produzir um jornal escolar.
Nesse projeto, haverá a reflexão sobre o potencial da perspectiva do letramento à
melhoria da relação ensino-aprendizagem da modalidade escrita em língua portuguesa
ao aproximar as práticas sociais permeadas pela escrita das atividades escolares,
vinculando conhecimentos sistematizados a áreas, temas ou problemáticas de interesse
e relevância social para os alunos. A partir desse momento, pretende-se analisar os
pontos positivos e negativos dessa implantação, caso haja, no ensino da língua
materna. Sendo assim, tem-se como objetivos específicos: a) proporcionar a prática de
leitura e escrita provenientes das discussões e análises de assuntos relacionados às
questões sociais do entorno e de interação dos alunos; b) proporcionar aos educandos
momentos em que possam manifestar suas opiniões no tocante aos temas discutidos;
c) desenvolver a leitura e a escrita enquanto prática social, imbuídas de questões de
poder e ideologia; d) realizar o estudo de alguns gêneros discursivos necessários à
elaboração de um jornal escolar. Para tanto, esse trabalho tem como referencial teórico

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os documentos oficiais que regem a educação básica brasileira, especificamente no


tocante ao ensino da língua portuguesa, tais como Parâmetros Curriculares Nacionais
(1998) e Diretrizes Curriculares Estaduais (2008); os Estudos do Letramento, segundo
Street (2014), Kleiman (2000, 2005, 2006, 2010) e Soares (2001); e dos Projetos de
Letramento, baseado em Tinoco (2008). Também há a assunção da concepção sócio-
histórica da linguagem com base em Bakhtin (2003), considerando que as práticas
sociais devem orientar o ensino de língua materna no contexto escolar. Espera-se, com
esse projeto, que os alunos, ao compreenderem a escrita como ferramenta à
participação social, desenvolvam-se como autores de seus discursos, possibilitando um
trabalho significativo e crítico com a língua materna.

Palavras-chave: Projetos de letramento; Língua Portuguesa; Jornal escolar.

2) Letramento escolar: Uma proposta de leitura crítica

Elaine de Castro (UEM)


Profa. Dra. Neiva Maria Jung (UEM/Orientadora)

Resumo:

O ensino de Língua Estrangeira (LE) na Educação Básica, de acordo com os


Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), tem como objetivo contribuir para o processo
educacional do aprendiz, levando-o além da aquisição de habilidades e competências
linguísticas (BRASIL, 1998). Para tanto, as aulas de LE e Língua Materna devem
privilegiar ou propor atividades envolvendo a leitura e a escrita que promovam o
engajamento discursivo do aprendiz em práticas sociais variadas. Assim, o
desenvolvimento de atividades sobre temas relevantes e com base em gêneros
discursivos nas aulas de LE consiste numa possibilidade de ampliar a participação do
aprendiz em sua própria língua e cultura, promovendo seu letramento e contribuindo
para sua formação como cidadão (SCHLATTER, 2009). Por este viés, proponho uma
prática pedagógica embasada na Leitura Crítica (LC) e no letramento como prática
social (STREET, 2014), a partir de um processo de leitura que englobe o conhecimento
prévio, a compreensão e interpretação textual e o desenvolvimento da criticidade
mediante o texto. Proponho uma atividade de leitura para alunos do Ensino

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25, 26 e 27 de setembro de 2017
ISSN: 1981-8211

Fundamental II envolvendo gêneros textuais condizentes com a faixa etária, sugerindo


uma abordagem crítica a ser trabalhada por meio de três etapas: pre-reading, while-
reading e post-reading. Em cada uma delas, são sugeridos questionamentos e
exercícios que promovem a interpretação e compreensão textual, bem como a
identificação de um tema nas entrelinhas da história, sugerindo como foco da atividade
a discussão em torno de ideologias presentes no texto. Assim definido, o trabalho
processual com a LC acontece primeiramente por meio de uma contextualização,
trazendo para a sala de aula aquilo que já se sabe sobre o assunto do texto e passando
por uma investigação de informações presentes no próprio texto, sendo a LE um meio
de interpretação. Em seguida, são propostas questões que exploram a criticidade na
interação entre o leitor e o tema, a partir da reação e produção de discursos pelo
aprendiz, que exerce papel ativo ao ter como tarefa questionar, avaliar, opinar,
comparar com sua realidade, enfim, dialogar e não simplesmente receber a informação
veiculada pelo texto. Com tal proposta, espero reforçar a importância da LC para
ampliar a participação do aluno em práticas sociais letradas, formando-o como leitor
crítico e cidadão desde o Ensino Fundamental II.

Palavras-chave: Leitura Crítica. Letramento Escolar. Educação Básica.

3) Práticas de Letramento acadêmico e aprendizagem de alunos do


curso de Letras de uma universidade pública paranaense

Giselli Cristina Claro Rampazzo (UEM)


Profa. Dra. Neiva Maria Jung (UEM/Orientadora)

Resumo:

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Neste trabalho, temos como objetivo principal apresentar o projeto de mestrado


intitulado que parte da problemática de como alunos da graduação em Letras produzem
entendimentos em práticas letradas acadêmicas, ao chegarem nas universidades, e
como relacionam esse conhecimento acadêmico à prática de formação docente. Para
tanto, partimos dos pressupostos teórico-metodológicos dos Novos Estudos do
Letramento (STREET, 1984) e da Etnografia da Linguagem (GARCEZ; SCHULZ, 2015).
Os Novos estudos do Letramento mostram que práticas letradas são constitutivas da
identidade e pessoalidade, ou seja, toda e qualquer forma de leitura e escrita que
aprendemos e usamos está associada a determinadas identidades e expectativas
sociais acerca de modelos de comportamento e papéis a desempenhar, (STREET,
2006, p. 466). Nessa perspectiva, aprender o letramento acadêmico significa apreender
modelos de comportamento, papéis e identidades relacionados com as formas de
participação nas práticas letradas acadêmicas. A grande problemática do trabalho é
então compreender como acadêmicos de um curso de Letras se apropriam do
letramento acadêmico e que modelos de participação levam para a observação e
proposição de aulas nas disciplinas de Estágio, tendo em vista a formação docente. A
pesquisa está inserida na área da Linguística Aplicada. A etnografia da linguagem será
usada como aporte teórico- metodológico que possibilita observar práticas situadas e
particulares visando um entendimento interpretativo das ações e das formas de
participação utilizadas no local observado. Os dados serão gerados em quatro
disciplinas de um curso de Letras, de uma universidade pública situada no norte do
Paraná, procurando realizar uma observação longitudinal do curso, por meio de
observações, descrição da realidade e interpretação. Serão utilizados como
instrumentos o diário de campo e entrevistas semi-estruturadas com os interlocutors
bem como produções escritas realizadas por eles durante o decorrer das aulas
observadas. Em termos de resultados, pretendemos contribuir para currículos que
concebam a leitura e escrita como ferramentas para agir socialmente e que possibilitem
aos alunos reconhecer padrões culturais e ideológicos de uma prática acadêmica, a fim
de que possam também engajar seus futuros alunos com práticas letradas interculturais.

Palavras-chave: Escrita acadêmica; Práticas de Letramento; Aprendizagem; Formação


de professores.

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4) Por que o inglês é a língua franca da academia?

Carlos Eduardo de Araujo Placido (USP)

Profa. Dra. Marília Mendes Ferreira (USP/ Orientadora)

Resumo:

Nosso mundo parece estar diminuindo rapidamente. Os conceitos de tempo e espaço


nunca foram tão revisitados, bem como as nossas formas de obter nosso conhecimento
(ou conhecimentos). De acordo com o WTTC (World Travel and Tourism Council, 2008),
há um número crescente de pessoas que viajam todos os anos, o que representa mais
pessoas se comunicando em uma língua diferente da deles. Curiosamente, o turismo
não é o único cenário onde há necessidade do uso de uma língua “comum”. Esta
necessidade também se recai sobre o mundo cooperativo e acadêmico, bem como,
sobre outras áreas. Pessoas com diferentes línguas precisam de uma mesma língua
para se comunicarem, mesmo que essa língua não seja a língua materna de nenhuma
delas. Neste caso, uma terceira língua entra em jogo. Ao invés de ser simplesmente
uma ferramenta de comunicação, esta terceira língua pode ter implicações diretas sobre
a identidade das pessoas e suas relações sociais. Este é o caso da língua inglesa. Ela
vem sendo usada cada vez mais como língua franca no meio acadêmico brasileiro,
assim como em uma pletora de países nórdicos e asiáticos. Entretanto, a língua inglesa
não é a língua com maior número de falantes no mundo. Na verdade, em relação à
quantidade, ela é a terceira, logo atrás da língua chinesa e da língua espanhola,
primeira e segunda colocadas respectivamente. Se ela não é a língua com maior
número de falantes, por que ela vem se solidificando como a língua franca da academia,
mormente da academia internacional? Na tentativa de responder esta pergunta, esta
pesquisa vem investigando mais profundamente os diferentes fatores os quais
auxiliaram e ainda auxiliam na manutenção do status quo “privilegiado” da língua
inglesa no meio acadêmico. Sendo assim, o objetivo principal desta pesquisa é o de
tentar responder a seguinte pergunta: Por que a língua inglesa é a língua franca da
academia? Para isso, esta pesquisa vem sendo pautada nas obras seminais de Jenkins
(2000), Seidhofer (2004), Matsuda (2010) e Horner (2011) entre outros. Ela está dividida
em três partes que se complementam. Na primeira parte, ela traz uma leitura
revisionista dos principais conceitos acerca do termo língua franca, na medida em que a
posição de privilégio da língua inglesa vem sendo constatada por diversos

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pesquisadores (SWALES, 1990; JENKINS, 2000; CANAGARAJAH, 2002; MATSUDA,


2010; HORNER, 2010, ROYSTER & TRIMBUR, 2011, CAREY, 2013). Já na segunda
parte, ela expõe a importância da língua inglesa no mundo atual, principalmente em
relação à glocalização e a influência dos nativos e não-nativos sobre este idioma
(MCARTHUR, 1998; JENKINS, 2000; GNUTZMANN, 2002; MAIR, 2003; BRUTT-
GRIFFLER, 2006). Na terceira e última parte, esta pesquisa discute alguns dos
principais fatores que justificam a utilização do inglês como língua franca na academia
nos dias atuais, baseadas diretamente nas proposições fulcrais de Sue Wright (2004).

Palavras-chave: Inglês como língua franca; Letramento acadêmico; Língua inglesa.

5) Letramento e educação do campo: um olhar sobre a formação de


educadores e educadoras do PROCAMPO/UNEAL

Sanadia Gama dos Santos (UNEAL/PG-UEM)


Profa. Dra Neiva Maria Jung (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho é parte da tese de doutorado em andamento no Programa de Pós-


Graduação em Letras (DINTER UNEAL/UEM) a qual tem como objetivo investigar o
modo como professores/as, alunos/as e comunidade constroem práticas de letramento
no ensino-aprendizagem de língua portuguesa em escolas do campo no Estado de
Alagoas. O Programa de Licenciatura em Educação do campo (PROCAMPO),
coordenado pela UNEAL (Universidade Estadual de Alagoas) teve como objetivo
atender as demandas de atividades de formação para professores que atuam nas
escolas do campo em Alagoas. Em termos de proposta pedagógica, a formação
docente compreendeu a alternância: tempo comunidade e tempo universidade. Nesse
sentido, Silva (2009) embasou as matrizes metodológicas e epistemológicas da
Educação do Campo a partir de três grandes pontos: identidade - diversos sujeitos que
estão no campo; movimentos sociais - as práticas educativas a partir de cada
experiência e organização; e Educação do campo como ato político e criativo. Nesta
comunicação temos como objetivo analisar a proposta pedagógica do curso. Os dados

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para análise serão o Projeto Político pedagógico do curso, para contextualizar o


pensamento e a proposta de educação do campo, e atividades integradas realizadas
nas disciplinas Língua Portuguesa 3 e Literatura Alagoana da turma de Letras do curso
PROCAMPO durante a feira da Reforma Agrária, realizada em novembro de 2014. Essa
análise será realizada a partir da perspectiva dos Novos Estudos de Letramento que
propõem compreender que as maneiras utilizadas pelas pessoas, ao interagirem por
meio da leitura e escrita, tem relação com conhecimento, identidade e ser (STREET,
2003). Desse modo, letramento não é dado ou ensinado, mas traz efeitos sociais, é
construído histórica, ideológica ou socialmente. Em termos de resultados, os dados do
nosso trabalho mostram um letramento escolar que possibilita a formação de
educadores e educadoras do compõem o formato modular e dinâmico, o que teve
implicações nas concepções de tempo e espaço propostos para as atividades e,
consequentemente, no reconhecimento e legitimação de saberes e identidades locais.

Palavras-chave: Educação do campo; Formação docente; Letramento.

6) Articulações teórico-metodológicas do Letramento a partir dos eixos


de ensino-aprendizagem de Língua Materna

Sweder Souza (UTFPR)

Resumo:

No campo do ensino-aprendizagem, a recente incorporação do termo letramento gera,


ainda, dúvidas em relação à proposta por ele assumida. Algumas dessas dúvidas se
debruçam, por exemplo, em confundir alfabetização com letramento; que letramento é
um método didático que visa substituir a alfabetização; outros creem que letramento e

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alfabetização são sinônimos; dúvidas metodológicas que acoplem as propostas teórico-


metodológicas debatidas pelos estudos do letramento etc. Algumas dessas questões,
entre outras, podem decorrer da falta de esclarecimento acerca da área. Nesse sentido,
torna-se imprescindível debater, tanto teórica como metodologicamente, propostas
voltadas à articulação dos eixos de ensino-aprendizagem de língua materna, propostas
pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, os PCNs, com os estudos do letramento, no
sentido de dar um caráter cada vez mais social aos usos da oralidade, escrita, da leitura
e da prática de análise linguística. Dessa forma, os estudos acerca do letramento
abrem um grande leque de possibilidades articulatórias para o desenvolvimento das
quatro habilidades de ensino-aprendizagem que devem ser trabalhadas ao longo do
processo formativo do sujeito. A noção de cunho social ligada aos eixos já é abordada
teoricamente pelos documentos norteadores de ensino, ancoradas nas propostas do
Círculo de Bakhtin, tomando a língua como parte social da constituição do sujeito.
Assim, pretende-se trazer à tona uma recapitulação dos pressupostos assumidos pelos
estudos de letramento e seus diversos desdobramentos, abordados por Street (1984;
2014) e outros, bem como os relativos aos eixos de ensino-aprendizagem de língua
materna, tais como os encontrados nos PCNs, nos estudos de Mendonça (2006),
Antunes (2003), Geraldi (2002), Marcuschi (2008) e outros, a fim de tecer considerações
acerca de como os estudos de letramento, configurando-se como área macro, podem
contribuir teórica e metodologicamente para os eixos de ensino e, em que medida o
cenário escolar brasileiro, junto de cada eixo de ensino-aprendizagem, também podem
estar articulados aos pressupostos dos letramento. Nesse sentido, busca-se (re)pensar
tais questões de maneira com que se possa identificar e dar maior ênfase às teorias e
às práticas de letramento que estão articuladas aos eixos, uma vez que elas já parecem
imbricadas, mesmo que, ainda, as questões de letramento apareçam de maneira
sucinta nos documentos que regem o ensino no Brasil, como no documento de
Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais, os
PCN+, o qual apresenta uma breve explicação, de maneira um tanto limitada, sobre o
que seria o letramento, articulada à seção de Gramática, como: ‘‘conjunto de práticas
que denotam a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito’’ (BRASIL,
2002, p. 60). Assim sendo, pretende-se, com a presente comunicação, levantar as
proximidades entre os estudos teóricos de letramento e a sua relação com os eixos de
ensino-aprendizagem, a fim de fornecer material pertinente para o trabalho com o
ensino-aprendizagem e também à prática docente.

Palavras-chave: Letramento; Ensino-aprendizagem; Língua Materna.

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7) Letramento Literário: o conto como instrumento

Stéffani Priscila Léo dos Santos Rocco (UEL)

Profa. Me. Marlene Angélica Kronemberger Aguilera (UEL/Orientadora)

Resumo:

O texto literário é um instrumento colaborador para a formação de leitores, desse modo,


é a partir do letramento literário que ocorre a potencialização da leitura e a relevância do
ato de ler, o qual traz ao aluno um rico universo de novos conhecimentos, aprimorando
e construindo sentido por meio das palavras. O letramento literário é bem mais que a
prática de ler textos literários, como se a leitura fosse algo já definido, pronto e acabado,
mas sim o exercício de sentido e de compreensão do mundo por meio das palavras.
Porém, nas práticas escolares o uso da leitura limita-se apenas como pretexto para o
ensino da língua, a teorização da literatura ou um mero passatempo, deixando de lado a
importância de uma leitura significativa, que assegura o seu domínio efetivo, pois o texto
é muito mais que sinais gráficos. Deste modo, o presente trabalho tem como objetivo
uma proposta didática destinada aos últimos anos do ensino fundamental II em torno do
conto “A moça tecelã”, de Marina Colasanti. A partir de pesquisas iniciais junto ao
letramento literário, o proposto conto foi selecionado por tratar de questões
contemporâneas, sobretudo questões humanas, que afligem o homem em qualquer
época, o que leva o leitor a reflexões de caráter individual e social, e também por se
tratar de uma leitura prazerosa pois, a autora usa a leveza do recurso dos contos de
fadas, para a construção do conto. Vislumbra-se esse gênero textual por tratar de uma
narrativa curta, mas que demanda de uma atenção do leitor e a mediação do professor
para a compreensão do texto, buscando oportunizar ao aluno o letramento literário, na
intenção de que o aluno desperte o interesse pela leitura, a compreensão do texto e não
somente decodificação dos signos linguísticos, proporcionando a ele a interação com o
texto. O leitor que utiliza do letramento literário, tem suporte para deduzir as

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informações e situações, realizando reflexões durante e após o término do ato de


leitura, capaz de desenvolver uma noção crítica a partir das informações adquiridas no
texto. Para tanto, a proposta é fundamentada e tem como gênese o letramento literário
de Cosson (2012), a formação do leitor de Kleiman (2001) e o método recepcional de
Bordini & Aguiar (1998). Nesse sentido a começar por uma proposta de ensino
utilizando o gênero textual conto como instrumento de leitura, pode-se contribuir para a
formação de leitores segundo as concepções do letramento literário.

Palavras-chaves: Letramento Literário; Conto; Marina Colasanti.

8) Alfabetização, letramento e linguística: um entrelace

Silvia Adriana Trolez (UEM)

Wemerson Damasio (UEM)

Profa. Dra Annie Rose dos Santos (UEM/Orientadora)

Resumo:

O termo letramento, a partir da década de oitenta, passou a ser difundido entre os


estudiosos voltados à área da educação. Mais de duas décadas depois, os termos
alfabetização e letramento ainda continuam sendo fundidos e confundidos no Brasil,
especialmente entre os profissionais da área, embora sejam dissociáveis e
interdependentes. Isso implica em afirmar que se tratam de processos correlacionados
porém distintos, uma vez que a alfabetização é considerada um processo finito e o

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letramento, infinito. Associada aos dois conceitos, a linguística, também considerada


como estudo recente, aparece como um fator contribuinte e essencial para se alcançar
o objetivo maior proposto pelo letramento, qual seja, a dissipação do aprendido para o
cotidiano, haja vista que um dos objetos de estudo da linguística é a utilização da língua
em situação real de uso. Entretanto, como o Brasil é um país miscigenado, comumente
os professores se deparam em sala de aula com aprendizes das mais variadas regiões,
portadores de uma bagagem singular oriunda de seu contexto social. No panorama
educacional público do século XXI, a heterogeneidade dos educandos é ainda maior, o
que significa uma variação linguajeira digna dessa mistura de contextos sociais e
educacionais. Objetivamos, neste artigo, discutir alfabetização e letramento com o
aporte de Soares (2006). Fundamentamo-nos em Cagliari (1993) para alicerçar a base
de estudos sobre a relevância da linguística no processo de alfabetização. Também
com o amparo de Kleiman (2007) e Faraco (2002), trazemos subsídios para uma
reflexão acerca da prática docente na busca por resultados satisfatórios dos discentes
no que se refere ao processo de letramento. Para tanto, empreendemos
questionamentos a respeito das variações linguísticas apresentadas pelos estudantes,
tanto na oralidade como na escrita. Neste trabalho apresentamos uma pesquisa com
professores de Língua Portuguesa dos Ensinos Fundamental um e dois, da capital e da
região noroeste do Paraná, relativa aos conceitos de alfabetização, letramento e sobre a
percepção e recepção de seus discentes no tocante à variação linguística que os
aprendizes do Português Brasileiro apresentam em sua oralidade e escrita. Nosso
propósito é a reflexão acerca do objetivo de se auferir com os estudantes o resultado do
processo de letramento, distinguindo-o de alfabetização e remetendo a linguística como
contribuinte essencial para a disseminação do aprendizado no cotidiano do aprendiz.

Palavras-chave: Alfabetização, letramento, linguística, variação linguística.

9) Modelos culturais na escrita escolar

Joás Ferreira da Silva (UEM-PG)

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Profa. Dra. Neiva Maria Jung (UEM-Orientadora)

Resumo:

A escrita, concebida como prática social (STREET, 2014) presente nas comunidades
letradas, insere-se no grupo de atividades que manifestam aspectos das infra e das
supraestruturas ideológicas de cada corpo social. O trabalho, nesse sentido, tem por
objetivo refletir as relações epistemológicas, identitárias e de poder (ZAVALA, 2010;
WALSH, 2009) que permeiam a escrita produzida em ambiente escolar, pensada aqui
sob a perspectiva dos letramentos acadêmicos (LEA e STREET, 2006; LILLIS e
SCOTT, 2007). Para isso, identificam-se modelos culturais (HAMEL, 2013; TUTA, 2013)
na escrita de estudantes do Ensino Médio em um colégio particular do extremo noroeste
paranaense, analisando os procedimentos adotados por eles na incorporação ou
transgressão do modelo cultural privilegiado nos textos de apoio e sugerido no comando
da proposta de redação em contexto simulado de vestibular.

Palavras-chave: Escrita escolar; Interculturalidade crítica; Letramentos acadêmicos;

Modelos culturais.

10) Jovens leitores reescrevem a sociedade: a leitura de textos


sincréticos como possibilidade de crítica e ação social

Laura David Bucholz (UFSM)

Profa. Dra. Marluza Terezinha da Rosa (UFSM/Orientadora)

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Resumo:

Realizar a leitura de determinado texto não implica somente em decodificar as palavras


ou elementos gráficos, consiste em interpretá-lo de acordo com o contexto em que está
inserido, as vivências e a cultura do leitor, entre outros fatores. Por esse motivo, sabe-
se que todo texto oferece não uma única possibilidade de interpretação, mas uma
multiplicidade de sentidos possíveis, consequentemente, cada leitura é, também, uma
reescritura (DERRIDA, 2005). Ao criar um novo texto que se mantém no elo com o que
foi lido e interpretado, o leitor-autor estará praticando o ato da releitura. No momento em
que é feita a releitura e, também, a ressignificação, o autor acaba inserindo traços
próprios no seu texto, mesmo imperceptivelmente. Desse modo, a partir de uma
atividade de (re)leitura e (re)escrita de tirinhas e charges feita por alunos do primeiro
ano do Ensino Médio, foi analisado como o autor inseriu-se no texto produzido, além do
posicionamento crítico que tomou. Essa atividade foi uma das propostas realizadas pelo
projeto Compreender os letramentos locais para (in)formar novos leitores, que atua em
uma escola pública do município de Frederico Westphalen, RS, com o
público mencionado. Através de um Clube de Leitura, o projeto objetiva incentivar os
alunos a ler e desconstruir o conceito de que leitura refere-se somente à literatura ou às
grandes obras, utilizando-se, para isso, dos letramentos locais. Segundo Rojo (2009),
letramentos locais são diálogos cotidianos, não sistematizados e frequentemente
desvalorizados pela cultura oficial e pelo espaço escolar. No projeto, assim como na
atividade proposta, são trabalhados principalmente textos sincréticos, com os quais o
público tem mais familiaridade. As tirinhas e as charges foram utilizadas para discutir as
relações entre linguagem verbal e não-verbal e chamaram a atenção dos alunos pelo
fato de terem como base as imagens. Trata-se de gêneros que encontram leitores em
todas as idades, notadamente no caso das charges, por pertencerem ao discurso
jornalístico e por serem publicadas em locais de maior circulação como jornais, revistas
e internet. Atividades como essa contribuem “para entender a produção de sentidos por
parte de estudantes de um determinado contexto social e as representações por eles
elaboradas” (MACHADO, 2008). Os alunos participantes se colocaram como autores e
utilizaram o espaço das tirinhas e charges para críticas ou para a escrita de si.
Atualmente, a leitura crítica de gêneros textuais apresenta uma considerável
importância no contexto midiático, principalmente com a facilidade da divulgação de
informações. Isso faz com que o letramento crítico seja levado em consideração, já que
se consolida como uma prática que vai além dos textos cotidianos, permitindo que
sejam ressignificadas representações sociais que, hoje, são naturalizadas. Possibilita

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também que situações de discriminação diminuam, pois os autores podem


compreender-se como atores na sociedade e perceber, através dos textos que criaram,
problemas que antes poderiam passar despercebidos.

Palavras-chave: letramento, releitura, leitura crítica, texto sincrético.

11) A reprodução de estigmas nos letramentos: análise das práticas de


linguagem segundo os gêneros sociais

Wellington Felipe Hack (UFSM FW)


Profa. Dra Marluza Terezinha da Rosa (UFSM FW/Orientadora)

Resumo:

Cada vez mais, é necessário o uso de diferentes formas de linguagem, adequadas


segundo o contexto em que se está inserido e os objetivos pretendidos. Seja em lugares
formais, como em locais de trabalho ou documentos oficiais, seja na conversa com
amigos, a inserção em práticas que envolvem leitura e escrita sempre foi fundamental.
Entretanto, estudos realizados desde a década de 1970, dentre os quais se destaca o
trabalho de Lakoff (1973), apontam que, se dois falantes de gêneros sociais diferentes
se expressarem sobre o mesmo assunto e em termos semelhantes, a recepção será
distinta de acordo com a imagem que se faz do emissor da mensagem. Como sugere a
autora, no trabalho “Linguagem e lugar da mulher”, certas palavras e formas de
expressão são associadas ao que se considerada “feminino”, enquanto outras, ao
“masculino”. Desse modo, este artigo pretende analisar como hábitos de letramentos se
constituem em diferentes grupos sociais, de acordo com a autodeclaração de gênero
dos participantes, atendo-se ao fato de algumas manifestações da linguagem serem
mais recorrentes em um determinado gênero. Para o registro do corpus, foram
utilizados questionários respondidos por 20 alunos ingressantes no Ensino Médio em
uma escola pública de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Seguimos, neste
estudo, a definição, proposta por Rojo (2009) e Street (1995), de duas diferentes
práticas de letramento. A primeira refere-se aos letramentos dominantes, que são
formas de linguagem que, associadas a instituições formais, seguem uma linha de

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padronização. Nessa perspectiva enquadra-se o ensino escolar, que depende de


agentes culturalmente valorizados. A segunda divisão diz respeito à linguagem utilizada
no dia a dia, que não segue, portanto, uma padronização tão sistemática. Essas
manifestações são os considerados letramentos locais, ou vernaculares, usualmente
desvalorizadas no ensino tradicional. Porém, faz-se necessário compreender que esses
letramentos locais são o primeiro contato dos alunos com a língua, o que serve de base
para a reflexão tanto sobre as dificuldades que têm ao se confrontar com o ensino
escolar, quanto sobre o trabalho de inserção no uso mais formal da linguagem
(TFOUNI, MONTE-SERRAT e MARTHA, 2013). Com base nos conceitos acima
descritos, que se inscrevem nas teorias contemporâneas acerca da leitura,
pretendemos apresentar como os letramentos dominantes e os letramentos locais se
apresentam em cada gênero com características próprias. Em análise preliminar,
durante as atividades do projeto “Compreender os letramentos locais para (in)formar
novos leitores”, desenvolvido na escola, notou-se uma maior aproximação do público
feminino com trabalhos que envolviam o letramento dominante, como textos poéticos e
contos. Portais e letras de músicas também foram apontados como práticas mais
comuns ao gênero feminino em contraposição ao masculino.Já em textos que traziam
de alguma forma conteúdo relacionado a games e tecnologia, seja como assunto
principal seja como tema paralelo, nem sempre explorado nos espaços escolarizados
de trabalho com a linguagem, a predominância das respostas positivas veio do gênero
masculino. Para realizar a análise, o artigo se ancora no trabalho de Barton e Hamilton
(1998), segundo o qual as práticas sociais são estereotipadas por gêneros e classes.
Semechechem e Jung (2013) acrescentam que o modelo escolar brasileiro pressupõe
engajamento em eventos letrados, submissão às práticas dominantes, organização e
asseio pessoal, ou seja, características que reforçam um padrão comportamental
compreendido como feminino, o que dificulta o aprendizado de quem transgride esse
modelo. Assim, pretendemos analisar com quais formas de letramento os gêneros
masculino e feminino, segundo autodeclaração dos próprios estudantes, têm mais
proximidade. Buscaremos entender também de que modo a filiação a essas práticas
pode determinar características de pertencimento destes grupos.

Palavras-chave: Letramento, Gêneros Sociais, Linguagem.

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12) Alfabetização e letramento: implicações para uma


aprendizagem significativa

Marina Leopoldina Gonçalves de Paiva da Mota Pereira (UEM)


Vinicius da Silva Zacarias (UEM)
Viviane Evangelista Neves Santos (UEM)
Profa. Dra. Annie Rose dos Santos (UEM/Orientadora)

Resumo:

Esta comunicação é resultado de um estudo de caráter bibliográfico, no qual se busca


retomar os conceitos de alfabetização e letramento e observar como estes têm sido
interpretados e acolhidos na educação brasileira ao longo dos anos, assim como os
reflexos dessas interpretações nas atividades de ensino propostas,principalmente, para
os alunos das séries iniciais. Inicialmente, empreendemos uma breve conceituação
sobre a alfabetização e discutimos seus principais métodos, tendo como base teórica os
estudos desenvolvidos por Moll (1999), Soares (2004), Morais (2005), e Galvão e Leal
(2005). Com o respaldo dos de Mello (2007), tratamos da importância da teoria proposta
por Ferreiro e Teberosky (1985). Em um segundo momento, conceituamos letramento,
com base em Soares (2004) e Kleiman (2007), e fazemos um contraponto com a
definição de alfabetização; discutimos, também, as implicações negativas de um
trabalho em sala de aula exclusivamente alicerçado nos princípios do letramento. Os
resultados desses estudos apontam que cada um dos conceitos abordados tem sua
especificidade, que deve ser respeitada, e revelam ainda que no atual cenário da
educação brasileira, há necessidade de que alfabetização e letramento ocorram
simultaneamente, sem que um se sobressaia ao outro. Essa premissa é relevante para
desfazer a ideia equivocada de alguns profissionais que defendem a supremacia do
letramento em detrimento da alfabetização, o que Soares (2004) apresenta como causa
do evidente fracasso escolar de nossos alunos com relação à escrita e leitura, fracasso
comprovado pelos resultados das avaliações externas em nível nacional. Defendemos
que essas ponderações devem ser discutidas pelos profissionais da educação, já que,
especialmente o professor, pelo papel de mediador entre aluno e conhecimento que
desempenha, deve conhecer as diversas bases teóricas existentes para orientar sua
atuação em sala de aula, não aceitando nenhuma delas como verdades absolutas ou
receitas mágicas que sirvam para todo e qualquer tipo de contexto. Cabe ao professor,
em um olhar atento às necessidades dos alunos, buscar, no do arcabouço teórico
proposto pela literatura, as abordagens que mais possibilitarão ao aprendiz um

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desenvolvimento de suas habilidades de leitura e escrita com sucesso, cumprindo assim


sua função social na vida desses alunos.

Palavras-chave: Alfabetização, letramento, aprendizagem.

13) Singularidades e letramento situado: os usos sociais da escrita


em uma escola do campo

Bruna Carolini Barbosa (UEL/CAPES)

Dra. Ana Lúcia de Campos Almeida (UEL/Orientadora)

Resumo:

As pesquisas na área da educação têm buscado propor alternativas para práticas


mais contextualizadas e que considerem o educando enquanto sujeito histórico e
socialmente situado. Pesquisadores e educadores buscam meios de articular a
produção teórica e a prática docente. Entretanto, ainda se prioriza o espaço
urbano, enquanto o campo, sua escola e seus sujeitos não detêm a mesma
atenção e prioridade na agenda acadêmica. No que diz respeito ao ensino de
língua portuguesa, um olhar sensível à realidade e identidade do alunado garante
um ensino contextualizado em que os usos sociais da escrita norteiam o projeto
pedagógico, no entanto, em sua grande maioria, as práticas docentes têm se
pautado em uma concepção estruturalista da língua. Este trabalho baseia-se em
uma concepção sócio-histórica e ideológica do letramento (STREET, 1984, 1993,
1995, 2005; GEE, 2000; KLEIMAN, 1995; BARTON, HAMILTON & IVANIC, 2000)
e pretende, por meio de um estudo etnográfico, observar as práticas de letramento
implementadas por meio de um modelo escolar assumidamente ideológico em
uma escola itinerante de acampamento de Reforma Agrária. Para compreender o
lugar que a escola ocupa no MST é preciso refletir, primeiramente, sobre o sentido

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educativo do próprio Movimento, entendê-lo enquanto um sujeito social e


educativo; é preciso um olhar mais sensível sobre seus sujeitos, identidade social,
cultural e política, desde sua gênese até suas tensões atuais, sua busca por
direitos, existência e identidade, sua coletividade. Neste artigo procuramos tecer
reflexões sobre as singularidades desse contexto, bem como de suas práticas
orais e letradas. Para tanto, elencamos dois eventos de letramento para descrição
e análise à luz de uma metodologia qualitativa interpretativista. Os eventos de
letramento compreendem uma aula de compreensão textual e de uma “formatura”,
gênero discursivo predominantemente oral praticado em escolas itinerantes de
Reforma Agrária. A análise permite discutir as características da Pedagogia do
Movimento em que a escola é uma das agências dentro de um grande projeto de
letramento chamado MST.

Palavras-chave: Letramentos; Sujeito sócio-histórico; Educação do Campo.

14) A relação do letramento literário no ambiente escolar com a


formação de leitores críticos

Claudia Peres Barbosa Jorge (PG. UEL)


Dra. Ana Lúcia de Campos Almeida (UEL)

Resumo:

A qualidade da Educação Básica tem sido tema de grandes debates nos últimos tempos
no cenário nacional. A disciplina de Língua Portuguesa demarca importante espaço no
currículo escolar, assim possui destaque nas políticas públicas educacionais, a exemplo
do seu papel nas avaliações em larga escala, como a prova Brasil e o Sistema de
Avaliação da Educação Básica (Saeb), que compõem o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica. Ao mesmo tempo, observamos a ausência da formação crítica dos
estudantes que sofrem os efeitos alienantes da indústria cultural midiática, fazendo com
que os espaços de reflexão e interesse político sejam cada vez mais reduzidos.
Assistimos à reprodução das construções ideológicas das sociedades modernas, que
trazem em seu bojo papeis previamente definidos e estereotipados, tidos como naturais,
desconsiderando todo o conjunto de elementos/interesses subjacentes que permeiam
essas construções - como a reprodução das representações identitárias de grupos

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sociais marginalizados (mulher, negro, “pobre”). Este trabalho visa a estudar as diversas
maneiras por meio das quais as propostas de letramento literário podem contribuir com
as práticas escolares, visando desenvolver uma perspectiva crítica, a partir da análise-
interpretativa da crônica “Muribeca”, do poema “O Bicho” e do documentário “Ilha das
Flores”, sobretudo no que diz respeito à construção histórica de um grupo social
“marginalizado” em uma sociedade em que ainda prevalece um discurso conservador.
Refletir de que forma o texto literário pode contribuir para a emancipação do sujeito. O
tema será pesquisado tomando como referências teóricas os estudos de Cosson
(2012), Kleiman (1995), Street (2014) e Paulino (2008) sobre a relação entre o
letramento literário escolar e sua relação com a formação de um leitor crítico,
relacionando o trabalho a temas atuais que ao longo da história não foram abordados a
contento. Na escola, nota-se uma limitação dos saberes e do trabalho com a literatura,
limitando seu estudo a períodos literários, ao contexto histórico, às características de
estilo e autores principais sem se deter na própria leitura do texto literário. Pretendo,
dessa forma, contribuir com um instrumental teórico-metodológico que auxilie os
professores de LP na formação de leitores críticos no Ensino Básico.

Palavras-chave: Letramento literário; Formação de leitores; Formação de professores.

15) Letramentos escolares: relações de poder, autoridade e


identidades

Jakeline A. Semechechem (UENP)

Profa. Dra Neiva Maria Jung (UEM/Orientadora)

Resumo:

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Nesta comunicação temos como objetivo reconhecer organizações da fala-em-


interação, a fim de discutir procedimentos, papéis sociais e identidades coconstruídas
em eventos de letramento escolares. Partimos dos Novos Estudos de Letramento
(STREET, 1984, 1993, 2014) ou, no Brasil, dos Estudos de Letramento (KLEIMAN;
ASSIS, 2016) que reconhece ‘letramentos’ relacionados a contextos sociais, culturais e
ideológicos, ao invés de um único letramento, neutro, que é o mesmo em todo lugar
(STREET, 1984, 1993, 2014; STREET; LEFSTEIN, 2007). As práticas de letramento
são constitutivas, segundo Street (2006), da identidade e pessoalidade, e não seria o
espaço físico, a presença de tecnologias, a disciplina a qual o texto está vinculado, o
tema de um debate, que possibilitaria reconhecermos letramento escolar, letramento
digital, letramento matemático, letramento acadêmico respectivamente. Precisamos
observar como as pessoas em eventos de letramentos situados se reconhecem,
reconhecem os outros, os modelos culturais e ideológicos que trazem para esses
eventos e como se engajam e coconstroem ações em torno do texto escrito.
Considerando essa perspectiva ontológica e epistemológica, analisamos duas
atividades de leitura, uma de aula de língua espanhola e outra de uma aula de língua
portuguesa de um colégio público do Paraná. Os dados mostram organizações de fala-
em-interação institucional, em que as professoras controlam o sistema de tomada de
turnos e apresentam instruções sobre como lidar com o texto naquele aqui e agora, e os
alunos ratificam esses procedimentos, embora alguns apresentem também ações de
resistência. Em termos de resultados, identificamos que ainda temos muito presente em
nossas escolas uma pedagogização do letramento, em que regras para o engajamento
dos participantes como professor e como alunos são continuamente afirmadas e
reforçadas dentro de práticas que supostamente têm a ver apenas com usar o
letramento e falar dele, confirmando desse modo relações de hierarquia, autoridade e
controle por meio dessas práticas letradas, o que contribui para (re)afirmar o lugar do
letramento na escola, como apresenta Street (2014), “de uma estrutura de autoridade
culturalmente definida” (p. 138).

Palavras-chave: Letramentos; eventos de letramento; identidades.

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SIMPÓSIO 6) Recursos linguísticos e discursivos na argumentação

Profa. Dra. Isabel Cristina Cordeiro (UEL)


isabel-cordeiro@uol.com.br
Profa. Dra. Esther Gomes de Oliveira (UEL)
ego@uel.br

1) Em meio ao riso: uma análise da representação social do professor

Aldimeres Ferraz da Silva (UEL)


Valéria Di Raimo (UEL)
Profa. Dra. Rosemeri Passos Baltazar Machado (Orientadora)

Resumo:
Fundamentamos este trabalho a partir da perspectiva teórica da Análise de Discurso
francesa e o objetivo é explicitar os processos de significação de alguns discursos
chargísticos, perpassados pela temática da educação. Acreditamos que os discursos
relacionados à educação, em nosso país, são assuntos relevantes, uma vez que podem
despertar novas posturas, principalmente se levarmos em consideração que as
condições de ensino/aprendizagem no ensino público brasileiro não são satisfatórias.
Nosso corpus é constituído de quatro charges cuja temática é referente à educação no
contexto contemporâneo, abordando humoristicamente as condições sociais em que o
professor e o ensino brasileiro estão inseridos. Buscamos elucidar pontos relevantes
como as formações discursivas e ideológicas; as condições de produção; a constituição
dos sujeitos; os já-ditos e as representações presentes nos discursos. Refletimos a
respeito desses discursos, considerando que a língua tem caráter histórico e funcional.
Além disso, acreditamos que o humor tem relevante função social, pois se constitui
como prática sócio-comunicativa. Nesse sentido, organizamos nossa pesquisa do
seguinte modo: primeiramente, realizamos uma breve revisão da literatura acerca do
campo teórico do humor (MORAES, 2005; POSENTI, 1998; SOUSA, 2008) e também

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da Análise de Discurso de orientação francesa (PÊCHEUX, 2014; ORLANDI, 2009;


FOUCAULT, 2008; BRANDÃO, 2006). Não é novidade que o professor tem sido notado
como profissional extremamente desvalorizado e desmotivado, e o campo teórico do
humor possibilita uma leitura crítica e reflexiva, capaz de despertar a sociedade, de
forma lúdica, para tais questões e, ao mesmo tempo, auxilia na compreensão dos
sentidos que circulam socialmente, reflexos de uma construção sócio-histórica e
ideológica do meio em que vivemos. Nesse âmbito, os efeitos de sentidos das charges
analisadas estão estreitamente relacionados às condições de produção, ou seja, à
conjuntura educacional brasileira. Percebemos, então, o quanto repensar a condição
atual da educação brasileira é algo evidente em nossa sociedade. É por meio do
discurso de humor que o riso pode aliviar a exaustão, a tensão e as injustiças ao redor
da educação, mas acima de tudo, trata-se de um meio eficaz para a reflexão a respeito
da representação social do professor na sociedade e, consequentemente, referente ao
processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Professor; Campo do Humor; Análise de Discurso; Representação
Social.

2) Homem x Mulher: estereótipos “livres” no campo do humor

Ana Carolina Bernardino (UEL)


Profa. Dra. Rosemeri Passos Baltazar Machado (UEL/Orientadora)

Resumo:
A Análise do Discurso se forma a partir da construção de sentidos por meio de análises
da mensagem a ser transmitida. Os estudos do discurso passam pela materialidade
linguística e buscam compreender os processos de significação em uma dimensão
discursiva, levando em conta os aspectos exteriores à língua, tais como a formação
ideológica (FI), formação discursiva (FD) e as condições de produção (CPs).
Compreende-se que a linguagem é estritamente social e é por meio dela que os
indivíduos se relacionam e estabelecem interação. Sendo assim, estudar a linguagem é
uma forma singela de compreender o mundo em que vivemos. O presente artigo propõe
uma pesquisa dentro do campo do humor, sobre o aspecto do estereótipo, segundo a
abordagem teórica da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, revelado pelos
discursos apreendidos em charges, mostrando as diferenças entre homens/mulheres e
tem por objetivo estudar o funcionamento discursivo na produção dos sentidos, com o
intuito de verificar de que forma os possíveis efeitos de sentido são materializados por
meio da linguagem. A pesquisa consiste em uma análise de três charges, nas quais se

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observa a afirmação dos estereótipos (e sua cristalização) que caracterizam homens x


mulheres, em nossa sociedade. Dessa forma, busca-se compreender as dimensões
socioculturais e de produção de sentido por meio da análise, para identificar aspectos
linguísticos e ideológicos que fazem parte do discurso. A metodologia escolhida foi,
primeiramente, uma revisão bibliográfica a respeito do aporte teórico (AD), além de uma
reflexão sobre a aplicação do suporte teórico ao corpus selecionado. A dinamicidade
que constrói os discursos nos propicia possibilidades diversas para as análises do
corpus, o que torna esse trabalho justificável, afinal, a diversidade de interpretações é
possível visto que o gênero charge apresenta, em uma única imagem, diversos
atravessamentos. Pode-se perceber que o conceito de formação ideológica é
importantíssimo para a determinação dos múltiplos efeitos de sentidos e, que esses
sentidos serão construídos de maneiras distintas, pois os sujeitos que interpretam os
discursos não são (nem de longe) atravessados pelas mesmas formações ideológicas,
bem como não compartilham das mesmas condições de produção. Autores como
Pêcheux, Brandão, Orlandi, Possenti, entre outros fazem parte do embasamento teórico
contribuindo para a construção dos conhecimentos.
Palavras-Chave: Estereótipo. Homem X Mulher. Ideologia. Sentidos.

3) A ideologia política na manchete do gênero notícia marcada pelos


recursos argumentativos

Geisa Pelissari Silvério (PG-UEL)


Dra. Esther Gomes de Oliveira (UEL/Orientadora)

Resumo:
Há diversas maneiras possíveis de construir um enunciado para facilitar a transmissão
de informação e a interação entre os falantes. Essas maneiras, denominadas gêneros
discursivos, serão utilizadas de acordo com a necessidade do falante que fará
adequações conforme o contexto comunicativo em que está inserido. Além disso, ele
também determinará o que dizer e o modo como dizer, pensando em como atingir ao
seu ouvinte. Sendo assim, é fundamental que o locutor, ao participar da interação
verbal, reflita sobre o outro de si próprio, isto é, compreenda aquilo que seu interlocutor
deseja receber como informação a fim de que o processo interacional torne-se dialógico
e, consequentemente, haja a atitude responsiva ativa do outro para dar continuidade à
interação. O modo como o locutor pensa e seleciona esses enunciados evidencia a
argumentatividade intrínseca a qualquer palavra, pois sentidos são conferidos às
palavras escolhidas que permeiam a formação ideológica do enunciador. Logo, ao se

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operarem alterações nas escolhas lexicais em certo contexto, mudanças de significação


ocorrem, produzindo um novo discurso de efeito argumentativo, ou seja, os sentidos são
construídos no encadeamento discursivo. A teoria da argumentação apregoa que a
argumentação está na língua, pois é por meio dela que os usuários podem fazer
escolhas infinitas, utilizadas de modo intencional, despertando a adesão ou o
envolvimento dos interlocutores. Neste trabalho, baseado nos pressupostos teóricos de
Bakhtin (2003), Ducrot (1987) e Maingueneau (2005) e nas pesquisas desenvolvidas no
Brasil sob estes escopos teóricos, procuramos expor a importância de se compreender
como a palavra por si só é extremamente persuasiva e está permeada de ideologias, as
quais são acionadas pelos produtores do texto, mesmo quando intencionam somente
informar algo. Para a comprovação disso, utilizamos o gênero notícia, mais
especificamente a manchete, considerado um texto informativo, e buscamos
depreender como os recursos argumentativos exprimem a ideologia política do locutor
para o interlocutor, desmistificando a neutralidade que esse gênero tenta apresentar.
Logo, a compreensão desses recursos pelo interlocutor, e pelo aluno como uso didático,
leva-o ao desenvolvimento eficaz do senso crítico.
Palavras-chave: Manchete; Recursos Argumentativos; Ideologia Política.

4) História e memória na crônica de Machado de Assis: um estudo dos


recursos linguístico-argumentativos

Rita de Cássia Simões Martelini (UEL)


Profa. Dra. Esther Gomes de Oliveira (UEL/Orientadora)
Resumo:
A crônica de Machado de Assis é a parte menos conhecida de sua obra, mas foi como
cronista, na imprensa carioca, entre 1859 e 1900, que o escritor legou aos brasileiros
não apenas uma expressão literária de qualidade, mas também um panorama histórico,
político e cultural do país. Valendo-se da crônica, do jornal, de diversos pseudônimos e
de uma linguagem irônica e enviesada, Machado pôde refletir sobre os principais
acontecimentos de sua época, sem comprometer, contudo, o seu ofício de jornalista,
principalmente, em tempos de censura imposta pelos governos militares no início da
República. Persuadindo por implícitos e lançando mão de diversos recursos linguístico-
argumentativos, foi possível ao cronista opinar sobre episódios históricos, dos quais foi
testemunha, entre eles, a Abolição, a transição do Império para o sistema republicano e
a crise do Encilhamento. Do ponto de vista dos estudos da linguagem, a crônica
machadiana chama-nos a atenção exatamente pelo emprego desses recursos
linguístico-argumentativos, utilizados pelo cronista para defender seus argumentos.

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Para este trabalho, analisaremos uma crônica publicada em 14 de maio de 1893, na


série A Semana, da Gazeta de Notícias, cujo tema é o não comparecimento da
população às festividades municipais para a comemoração dos cinco anos da Lei
Áurea. Na visão do cronista, assim como a memória da Independência, esse dia, o da
Abolição, vai morrendo, “e a lembrança do passado com ele”. O primeiro recurso que
identificamos é a seleção lexical, verificada a partir de elementos da natureza, que
estabelecem uma comparação entre o tempo ido e o presente. Desta forma, termos
como “grande sol”, “felicidade” e “delírio” são empregados para referir-se ao treze de
maio de 1888, enquanto ao mesmo dia, cinco anos depois, restam o “céu feio e triste”, o
“Corcovado de carapuça” e a “ausência de sol”. Segundo pesquisadores da área de
linguagem, é por meio da seleção lexical que se inserem as oposições, os jogos de
palavras e as metáforas, conferindo ao texto uma carga significativa de implícitos. Outro
recurso que destacamos é o argumento de autoridade, empregado pelo cronista para
afirmar que esteve presente “naquele domingo de 1888” e, assim, introduzir a si mesmo
como prova no exame da questão, apelando para a modéstia e para o respeito. Tanto a
seleção lexical quanto o argumento de autoridade estão estrategicamente relacionados
ao terceiro recurso, a metáfora, que reforça a visão melancólica do cronista diante da
falta de memória histórica do brasileiro. Há uma compatibilidade sêmica entre “flores” e
“memória”: quando o cronista abre os jornais para ler as notícias, são as flores que o
fazem recordar dos personagens e dos eventos históricos, nacionais e internacionais;
para ele, o brasileiro é um povo sem flores, o que significa um povo sem memória.
Palavras-chave: Recursos linguístico-argumentativos; Machado de Assis; crônica.

5) Aspectos cognitivos da referenciação em textos argumentativos

Profa. Dra. Esther Gomes de Oliveira (UEL)


Profa. Dra. Isabel Cristina Cordeiro (UEL)

Resumo:
Essa comunicação tem como principal objetivo corroborar com os estudos que
relacionam os aspectos da cognição à coerência e à referenciação. Trata-se de um
trabalho vinculado ao projeto de pesquisa “Linguagem e Cognição: a construção de
sentidos no discurso”, desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina, cujo aporte
teórico fundamental é a Linguística Textual. Os estudos atuais que investigam os
fenômenos da referenciação apresentam diversificadas possibilidades de análise,
principalmente a partir de uma vertente sociocognitiva. A coerência, considerada o
“princípio de interpretabilidade” de um texto, é também um critério macrotextual e a sua

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relação com os demais fatores textuais é imprescindível. Dessa forma, pretendemos


demonstrar as maneiras pelas quais a força argumentativa dos elementos referenciais
se manifesta na construção persuasiva dos textos. Nesse engendramento linguístico-
cognitivo entre referenciação e argumentatividade, encontram-se amalgamadas uma
multiplicidade de mecanismos que são, inclusive, extremamente profícuos para o
posicionamento ideológico do enunciador do texto. Portanto, há um complexo
entrelaçamento de estratégias para a compreensão do sentido global de um texto e,
consequentemente, o alcance de seu nível de coerência, ou seja, são relevantes os
aspectos cognitivos, discursivos, sociais, culturais, linguísticos, entre outros. O
interlocutor mobiliza, ainda, variados fatores para conseguir chegar à completude
linguístico-argumentativa do texto, pois são resgatados, em sua memória discursiva,
diversos conhecimentos multidimensionais como, por exemplo: conhecimento
linguístico, enciclopédico; e todo esse aparato ainda é responsável pela dinamicidade
prototípica do mecanismo da referenciação, que se ramifica em processos referenciais
que defluem de operações cognitivas estimuladas para valorizar ou estabelecer a
posição do sujeito enunciador no interior do quadro enunciativo. A seleção lexical
mobilizada pelo enunciador legitima, às vezes, de forma sub-reptícia, o teor persuasivo
que subjaz ao texto. Desse modo, nesta comunicação, objetivamos apresentar, em
textos argumentativos, os seguintes processos referenciais: a) descrição nominal; b)
recategorização; c) anáfora; e d) intercâmbio de recursos multimodais e linguísticos.
Palavras-chave: Referenciação; cognição; argumentação.

6) Contribuições da linguística textual para o revisor de textos

Josyelle Bonfante Curti (UEL)


Profa. Dra Isabel Cristina Cordeiro (UEL/Orientadora)

Resumo:
A linguística textual, por prover estudos e investigações acerca do texto, sua construção
e suas funções, será tomada como base teórica nesse trabalho, evidenciando suas
colaborações para o revisor de textos. A construção de um bom texto depende da forma
como suas ideias estão organizadas e de como produzem sentido; dada a importância
da coesão e da coerência no processo de compreensão e de significação dos textos,
levando-se em consideração que se a coesão liga os elementos, a coerência nos
permite depreender sentido a partir da articulação desses elementos e da relação entre
eles e os fatores externos. Assim sendo, traçaremos um breve histórico da Linguística
Textual desde seu surgimento no Brasil, na década de 1960, comentando as diferentes

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perspectivas e abordagens pelas quais passou, até a atual concepção como disciplina
sociocognitiva interacionista, e discorreremos as definições de texto e os fatores de
textualidade, com ênfase na coesão, coerência e intencionalidade e o trabalho do
revisor de textos. Por meio de pesquisa bibliográfica e análise de excertos retirados do
Jornal Folha de Londrina, da cidade de Londrina-PR, com a finalidade de mostrar as
possibilidades de melhoria da construção textual, tomaremos como base o olhar e as
habilidades do revisor, sintetizando as características a ele essenciais e como ele pode
atuar no aprimoramento do texto. O estudo tem como objetivo geral verificar as
contribuições da Linguística Textual para o trabalho com o texto e a importância do
revisor de textos nesse percurso. Uma vez estabelecida essa importância e a
necessidade da revisão de textos, enfatizando seus benefícios e transformações, é
possível concluir que, se antes coesão e coerência eram fatores determinantes para se
definir um texto e um “não texto”, hoje o texto pode existir sem que tais fatores estejam
bem estabelecidos e marcados. Entretanto, um texto sem coesão e sem coerência não
se comunica com competência e tem seu sentido comprometido. Ainda que o texto
apresente coesão e coerência, se ele não estabelecer uma relação de interação verbal
concreta, ele não existe. Para o revisor, então, o essencial é entender o texto e seu
funcionamento, pois, mais do que corrigir erros, cabe a ele tornar o texto adequado e
capaz de se comunicar sem falhas e sem ruídos, tornar sua mensagem mais clara e
compreensível para conduzir o leitor à depreensão de significado e à atribuição de
sentidos. Por essa razão a revisão é importante no curso de construção textual, pois,
uma vez publicado, não há mais possibilidade de correção e adequação e a
compreensão do texto ficará prejudicada. Além dos exemplos analisados, o fato é que
todo texto merece ser revisado e refinado, por menor que seja seu tamanho e por maior
que seja o nível de instrução de quem escreve, pois todo texto tende a apresentar erros,
não por falta de sabedoria, mas porque a língua é heterogênea, multifacetada e
comporta diversas formas, finalidades, usos e estilos.
Palavras-chave: Linguística textual; Coesão e coerência; Intencionalidade; Revisão de
texto.

7) O hífen como recurso ortográfico e morfossemântico

Aline da Silva Aparecido (UEL)


Profa. Dra. Maria Isabel Borges (UEL/Orientadora)

Resumo:
Com o Novo Acordo Ortográfico, em vigor desde 2009, cujo objetivo é, por meio de uma
ortografia em comum, facilitar a comunicação escrita pelos países pertencentes a
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde,

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Guiné-Bissal, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-


leste. Surgiram várias dúvidas relacionadas ao hífen, nem sempre possíveis de explicar
pelos manuais normativo-prescritivos de gramática. Tratando o hífen como recurso
ortográfico a serviço de uma política linguística e presente na formação de palavras
compostas, observam-se que a descrição e a explicação de seu uso ultrapassam os
limites ortográficos. Nesse sentido, o objetivo principal, neste trabalho, é
descrever/explicar os usos do hífen como recurso linguístico e argumentativo nas tiras
cômicas “(SIC)” (2010; 2016; 2016) e “Grump” (2014; 2016) de Orlandeli e “Toda a
Mafalda” (2010) de Quino. Assim, torna-se possível observar o hífen sob os olhares
ortográfico e morfossemântico, revelando características desse recurso argumentativo
no funcionamento textual. São analisadas oitenta e oito tiras cômicas, as quais contêm
o processo de formação de palavras por composição por justaposição, ligadas pelo
hífen. Essas palavras favorecem a compreensão de sentidos possíveis a partir do texto,
auxiliando direta ou indiretamente para o humor, uma das características das tiras
cômicas. O hífen, sob uma visão prescritiva, pode constituir um recurso gráfico que
deve ou não ser usado na composição ortográfica de uma palavra, como em
“megassena”, presente em tiras do cartunista Orlandeli. Com base na regra prescritiva,
tal palavra deveria ser grafada aglutinada e com dois ‘s’, no entanto o autor optou por
escrevê-la com hífen. Baseando-se em uma visão descritiva de gramática, o hífen pode
participar da construção dos sentidos possíveis de uma tira cômica, como a palavra
‘governo-caramelo’, usada por Quino. Nesse caso, é preciso considerar o contexto de
produção, para que o composto tenha sentido. Basílio (1989) é a referência principal
adotada para tratar o hífen como recurso necessário no processo de formação de
palavras, em conexão com os trabalhos de Koch (1984), Koch e Elias (2011; 2012).
Sobre a noção de tira cômica e os recursos da linguagem dos quadrinhos, são
considerados os trabalhos de (2009; 2011; 2014). O hífen está presente em cento e
dezoito tiras, formando palavras, sobretudo, a partir da composição. Há poucos casos
de formação de palavras por derivação. Em todos os casos, atua como recurso
argumentativo fundamental para a construção do efeito cômico.
Palavras-chave: Formação de palavras; tira cômica; hífen como recurso linguístico e
argumentativo

8) Pronomes indefinidos e referência

Alice Pereira Luz (UEL)


Bianca Biazotto MORIS (UEL)

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25, 26 e 27 de setembro de 2017
ISSN: 1981-8211

Profa Dra. Maria Isabel Borges (UEL/Orientadora)

Resumo:
Os objetivos, neste trabalho, são: a) quantificar os pronomes indefinidos presentes na
série “(SIC)” (ORLANDELI, 2016) e em “10 anos com Mafalda” (QUINO, 2010); b)
relacioná-los com as ilustrações que constituem uma das linguagens fundamentais para
a configuração de uma tira cômica. Os pronomes indefinidos representam a outra
linguagem, a verbal, para que se tenha tal gênero quadrinístico. A tira cômica é definida
como um texto híbrido, geralmente curto, com personagens fixos ou não, os quais estão
situados em relação a um tempo e espaço, de modo que uma sequência narrativa, com
desfecho cômico, seja desenvolvida (RAMOS, 2010; 2011; 2014). Já os pronomes
indefinidos, sob o olhar prescritivo, são conceituados como uma classe gramatical
flexionada na terceira pessoa, indicando uma noção vaga e/ou indeterminada
(ALMEIDA, 1969; CUNHA, 1975; CUNHA, CINTRA, 2013; LIMA, 2011). Enquanto, sob
o ponto de vista descritivo, eles são analisados observando os fatos reais e as regras de
uso efetivo da língua, portanto, de maneira discursiva. Dentre as 77 tiras analisadas da
série “(SIC)”, 46 pronomes são utilizados. Das 696 tiras cômicas da Mafalda, a amostra
é constituída de 290, organizada nos seguintes temas: a família, a rua, a escola, a
situação do mundo e a sopa. Respectivamente, foram encontradas: 66, 24, 47, 24 e 8
ocorrências de pronomes indefinidos. Para Castilho e Elias (2012), os pronomes
retomam um substantivo previamente já enunciado, realizando o ato de substituição na
frase. Tal ação é chamada de “anáfora”. Os pronomes podem ser anafóricos, quando
retomam outra palavra, ou dêiticos, quando localizam no espaço e no tempo os
participantes do discurso. Os pronomes são polifuncionais, por executarem mais de
uma função. Conforme a definição Castilho e Elias (2012), há duas situações: a) quando
a informação sobre alguma quantidade pode ser definida; b) quando determinada
informação é indefinida. Em um contexto extralinguístico, Koch (2005) afirma que é
preciso compreender a referência de um modo globalizado, isto é, em relação com o
discurso. Uma vez utilizado um referente no âmbito do texto, a referência se constrói
discursivamente, ultrapassando os limites do texto. Assim, observa-se que, na maioria
das tiras, a ilustração sinaliza uma referência, tornando-os determinados e,
consequentemente, questionando a definição construída sob o olhar prescritivo.
“Ninguém” e “nada”, além disso, em “(SIC)”, expressam uma negação. Já nas tiras da
Mafalda, são usadas as expressões como “montes” e “nada”, representando os
pronomes “muito” e “nada”, os quais refletem uma visão contrária a que a gramática
prescritiva estabelece como também pressupõem uma relação discursiva. Em todas as
ocorrências, o efeito do humor se dá discursivamente e dependem desses pronomes.
Palavras-chave: Referência; Pronomes indefinidos; Tira cômica.

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ISSN: 1981-8211

9) Foucault e o discurso religioso: ordenação e funcionamento

Me. Éder Wilton Gustavo Felix Calado (UEL)


Dra. Rosemeri Passos Baltazar Machado (UEL/co-autora)

Resumo:
O discurso religioso é objeto de interesse dos mais variados ramos de estudo, não
sendo diferente por parte da Análise do Discurso francesa (AD). O presente trabalho
procura elencar os conceitos levantados por Foucault, no livro A ordem do discurso
(2009), lançado em 1971. Esse autor divide os conceitos de ordenamento discursivo
em: 1) procedimentos externos de controle do discurso; 2) procedimentos internos de
controle do discurso e 3) procedimentos que condicionam o funcionamento do discurso.
Os primeiros, procedimentos externos de controle do discurso, são sistemas de
exclusão, logo têm por propósito excluir aqueles que não pertencem ao funcionamento
discursivo, dentre os quais podemos citar: a) interdição, o qual mostra que não se pode
dizer tudo o que se quer dizer e em qualquer circunstância; b) razão versus loucura, que
consiste em um procedimento de rejeição. Por meio dele o louco é apartado, assim é
pelo discurso que se diferencia louco e sábio; c) Vontade de verdade, o qual evidencia
que se deve submissão ao discurso verdadeiro, que, por sua vez, é pronunciado por
alguém com direito de proferi-lo (este alguém é quem detém o saber). Já os
procedimentos internos de controle do discurso mostram que os discursos exercem seu
próprio controle, estabelecem os limites para o discurso. Segundo Foucault, esses
procedimentos são: a) comentário: procedimento que consiste na retomada dos
discursos maiores (no caso o discurso religioso), retomando-o e reformulando-o; b)
Autor: é um procedimento que recorta o discurso a partir de uma atribuição de
identidade (assim, não se pode falar em autor da forma tradicional, mas de uma função
autor); c) Disciplina, que consiste em restrições que limitam as proposições, assim, para
que um discurso seja aceito, ele precisa se adequar aos limites da disciplina que lhe
abarca. Por fim, os procedimentos que condicionam o discurso são aqueles que
selecionam os sujeitos que falam, como por exemplo: a) o ritual: tomado como o mais
visível dentre as formas de seleção, pois só participam do ritual os sujeitos autorizados,
iniciados; b) sociedades do discurso: são as sociedades que protegem e produzem os
discursos, porém para circular dentro delas próprias, em um espaço fechado; c)
doutrina: é a institucionalização do discurso nas mãos dos especialistas; e, por último,
d) a apropriação social do discurso, que consiste na propagação do discurso por meio
da educação institucional. Todos esses mecanismos, de uma forma ou de outra, são
visíveis no discurso religioso, refletir a respeito deles por meio da verificação de
exemplos que elucidem cada um dos procedimentos de ordenação é o foco deste
artigo. Essas aparições são, por vezes, sutis e por outras, descaradas, captadas nas
relações de poder do discurso religioso.

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Palavras-chave: discurso religioso, ordem, funcionamento, sujeitos.

SIMPÓSIO 7) Gêneros discursivos/textuais nas práticas sociais e de


ensino: objetos de descrição e de implementação didático-pedagógica

Prof. Dr. Neil Armstrong Franco de Oliveira (UEM)


prof.neilfranco@gmail.com
Profa. Dra. Terezinha de Conceição Costa-Hübes (Unioeste)

1) O cognitivo e o ético na abordagem do gênero: uma proposta


dialógica de análise linguística

Adriana Delmira Mendes Polato (UNESPAR)

Resumo:
A relação gramática-estilo é peculiarmente abordada por Bakhtin (1988; 2003; 2013),
Bakhtin/Volochinov (2006) e Volochinov/Bakhtin (1926). A arquitetônica dessa
discussão permite compreender que as escolhas linguísticas da autoria, seja em nível
vocabular, morfológico ou sintático, estão orientadas a ligações objetais e semânticas
de caráter cognitivo e ético, numa mobilização via gênero discursivo (SOBRAL, 2009), a
qual reflete o compartilhamento de axiologias sociais sustentadoras da constituição
textual/discursiva. Essas contribuições elucidam o funcionamento imbricado das
dimensões cognitivas e éticas que envolvem a constituição da (co)autoria, tanto no
processo de leitura quanto no processo de produção textual escrita, dos quais a
atividade epilinguística (FRANCHI, 1987; GERALDI, 1991) deve ser integrante para a
formação do sujeito social consciente, deliberado, capaz e habilidoso para interpretar as

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condutas que regem a interação e a interlocução demarcada e agir socialmente por


meio da linguagem. Isso tanto pode se dar quando compreende e responde às
estratégias de dizer do outro na leitura, ou quando lança um projeto de compreensão ao
interlocutor na escrita. Nesse sentido, a abordagem de todas essas escolhas
conscientes, deliberadas e, portanto, éticas da autoria, envolvem desde o gênero
mobilizador do dizer e suas possíveis formas sociais de realização composicional, até,
de modo mais vertical, a escolha dos aspectos estilístico-gramaticais - parte percebida
do enunciado capaz de revelar como e em que termos sócio-valorativos se dá a
interação autor-criador, interlocutor e tema. Essa é uma discussão merecedora de
atenção por parte dos linguístas aplicados que defendem o ensino na perspectiva dos
gêneros discursivos sob a perspectiva dialógica de trabalho com a linguagem, porque
remete à abordagem do gênero a partir do todo de seu acabamento estético, o que
circuscreve sua interpretação às representações das formas de organização da vida
social, para colocar em foco o discurso, ou seja a linguagem no centro das relações
sociais, conforme propôs Bakhtin/Volochinov (2006). A partir dessa compreensão,
discutimos uma proposta de análise linguística de estatuto dialógico, cuja finalidade é
interpretar efeitos, ou cargas sócio-valorativas do direcionamento motivado,
indissioncrático e vivo das escolhas estilístico-gramaticais da autoria em enunciado
específico, demonstrando como tanto respondem à dimensão cognitiva quanto à
dimensão ética que permeia o uso da linguagem, neste último caso, sendo o meio
dialógico para mover as relações sociais.
Palavras-chave: Gênero discursivo; Análise linguística; Perspectiva dialógica.

2) Construção de gêneros discursivos/textuais enquanto práticas


sociais no contexto atual: para além das práticas de ensino
tradicionais

Dr. Heliud Luis Maia Moura (UFOPA)

Resumo:
Considerando a multiplicidade de atividades sociais em mobilização nos contextos
sociais e culturais da atualidade, postulo a favor de uma perspectiva teórico-prática de
ensino de língua que possa consorciar-se com as expectativas das diferentes práticas
de linguagem. Nesse sentido, as metodologias de ensino de língua devem inserir as
mais variadas ações de linguagem, que requerem uma interação eficiente e satisfatória
dos indivíduos nos contextos por onde transitam, exigindo desses indivíduos variados

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processos de textualização e discursivização do universo biossocial. Os gêneros


textuais não constituem meros artefatos ou objetos estanques, mas espaços
sociodiscursivos nos quais os indivíduos devem se constituir como agentes dos seus
dizeres. Para este estudo, tomo como referencial teórico as postulações de Bakhtin
(2006, 2010a, 2010b, 2016), Bazerman (2011), Marcuschi (2007, 2008), Koch (2004),
Moura (2017), para os quais, sob diferentes perspectivas teóricas, os gêneros
discursivos/textuais constituem ações de linguagem por meio das quais nos inserimos
nos diversos espaços de interação. Para Bakhtin (2016), os gêneros do discurso
constituem atos enunciativo-responsivos, construídos em ideologia, que nos possibilitam
intervir na realidade. Segundo Moura (2017), os gêneros constituem modos de inserção
dos sujeitos nas várias esferas da atividade humana. Analiso 6 (seis) relatórios de
Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa de alunos do Curso de Letras da
Universidade Federal do Oeste do Pará, observando formas pelas quais os discentes
constroem o mencionado gênero, considerando-o como instrumento crítico-avaliativo
das ações pedagógicas desenvolvidas pelos professores em sala de aula. Nesse caso,
professores que atuam em turmas da Educação Básica. Tendo em conta as
metodologias utilizadas por esses professores e as concepções de ensino de língua que
subsidiam essas metodologias, observo especificamente as diferentes posturas
avaliativas dos alunos em relação as atividades implementadas por esses docentes, o
que vai refletir na construção do gênero em questão, já que este deve se constituir a
partir de uma concepção crítica acerca do ensino de língua nas escolas nas quais o
estágio é realizado. Os resultados preliminares apontam para o fato de que os relatos
dos estagiários estão permeados de contradições entre os paradigmas tradicionais e
perspectivas consideradas inovadoras no contexto atual.
Palavras-chave: Gêneros discursivos/textuais; Práticas Sociais; Ensino de Língua
Portuguesa.

3) Operações linguístico-discursivas na reescrita do gênero Conto


de Mistério

Luan Tarlau Balieiro (UEM)


Prof. Dr. Renilson José Menegassi (UEM/Orientador)

Resumo:

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No trabalho com a produção textual, dentre as quatro fases (MENEGASSI, 2010) em


que o aluno é orientado a perpassar, a reescrita é considerada uma fase de elevada
importância por conduzir o aluno a refletir sobre seu escrito a partir da materialização
linguística concreta de um gênero discursivo, alicerçada à concepção de escrita como
trabalho (FIAD; MAYRINK-SABINSON, 1991), a qual compreende a escrita como uma
atividade contínua de aprendizagem. Esta pesquisa objetiva discutir a atividade de
reescrita, por meio da revisão efetuada por uma professora na produção do gênero
discursivo Conto de Mistério, com enfoque nas quatro operações linguístico-discursivas
sistematizadas por Fabre (1986) e estudadas por Menegassi (1998): adição ou
acréscimo, substituição, supressão e deslocamento, à medida que sejam investigados
exemplos de cada operação para a apropriação global de suas características. Ao ter
como base tal objetivo, a pesquisa desenvolve-se à luz dos postulados da Linguística
Aplicada no funcionamento da escrita em língua materna e em trabalhos que discutem a
temática de elementos que levam ao reconhecimento das características das operações
executadas nos esboços de textos dos alunos. O material averiguado, para a
concretização dessa tarefa, é composto por textos do gênero discursivo Conto de
Mistério produzidos por alunos do 5.º ano do Ensino Fundamental, pertencentes a uma
escola da rede pública da região Noroeste do Estado do Paraná. O método empregado,
para a verificação do material desta pesquisa de cunho qualitativo e analítico, centra-se
nos exemplos evidenciados na dissertação de Mestrado de Gasparotto (2014), a fim de
identificar como a professora revisora constrói seus apontamentos por meio de
comentários nos textos dos alunos com a estrutura de um Conto, sobretudo
considerando os postulados de estudiosos como Fabre (1986) e Menegassi (1998), os
quais definem um suporte metodológico para a compreensão teórica e prática de
trabalhos situados no âmbito da Linguística Aplicada. Os resultados desta pesquisa
elucidam a eficácia que o processo de reescrita favorece à concatenação textual do
gênero discursivo Conto de Mistério, valendo-se da relevância dos comentários escritos
da professora revisora na produção do aluno mediante a aplicabilidade das operações
linguístico-discursivas, ora no plano textual de conteúdo, ora no plano textual de forma,
possibilitando o desenvolvimento linguístico e cognitivo do estudante em sala de aula.
Palavras-chave: Conto de Mistério; Ensino Fundamental; Operações linguístico-
discursivas; Reescrita.

4) Práticas de ensino de língua materna: o que sabem os professores?

Neluana Leuz de Oliveira Ferragini (UNESPAR)

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Resumo:
Este trabalho apresenta um diagnóstico realizado com professores da rede básica de
educação em escolas periféricas em uma cidade do norte do Paraná. O objetivo
consistiu em realizar um levantamento de conhecimentos prévios, em especial, quanto
à abordagem de gêneros, as práticas de oralidade e análise linguística em sala de aula
para organizar, posteriormente, materiais de apoio e cursos de extensão. Os tópicos
mencionados correspondem a aspectos de interesse do projeto de pesquisa “Gêneros
discursivos em sala de aula: propostas de estudo e didatização”, desenvolvido na
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus de Apucarana, pelas seguintes
razões: a) correspondem a práticas sugeridas nos documentos oficiais, como os PCN,
OCNEM e, em nível estadual, as DCE; b) representam encaminhamentos relevantes
para o ensino e aprendizagem de língua materna, permitindo uma abordagem mais
interativa, reflexiva e social da língua. Outras práticas, como leitura e produção de
textos também foram abordadas, mas não com o mesmo enfoque, uma vez que
partimos do pressuposto que atividades de oralidade e análise linguística fossem mais
silenciadas em comparação às atividades de leitura e produção, o que não descarta a
relevância de tais práticas. Os dados foram coletados via questionário composto por
perguntas objetivas e abertas, aplicado no segundo semestre de 2016, em quatro
escolas determinadas pelo Núcleo de Educação do município. Os resultados para a
abordagem de gêneros em sala de aula revelaram que: a) os professores embora digam
que saibam o que são gêneros textuais ou discursivos, e que costumam trabalhar em
suas aulas, ainda não assimilaram completa ou coerentemente o conceito, suas marcas
e possibilidades de transposição; contudo se demonstram empenhados e interessados
em aprender mais a respeito. Salientamos que embora assumamos a teoria bakhtiniana
em nosso projeto, como o fulcro incide na obtenção de dados os quais nos permitam
representar as informações quanto ao tema por parte dos docentes que formam o
corpus deste trabalho, não houve uma delimitação quanto à perspectiva teórica em
nossos questionamentos, por isso, adjetivamos o vocábulo gênero seguido dos termos
textual/discursivo. No tocante à prática de oralidade, o corpora revelou incidência
principalmente nos seguintes momentos: explicação de conteúdos, diálogos e leituras.
Isso posto, verificamos que, de forma sistemática, os gêneros orais não costumam ser
abordados nem mesmo são mencionados como de interesse do professor para
atividades futuras. Em relação à prática de análise linguística, observamos que este é o
tópico representativo de menor ciência por parte dos professores, não havendo uma
ideia conceitual, nem mesmo uma exemplificação do que seria essa prática. As
informações supracitadas permitem-nos compreender conceitos e teorias já apropriadas
ou em processo de assimilação e nos indicam caminhos para contribuir no
preenchimento de possíveis lacunas teórico-práticas.
Palavras-chave: Ensino e aprendizagem de língua materna; Gêneros Discursivos;
Práticas de Oralidade e Análise Linguística.

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5) O infográfico é (ou não) um gênero?

Rafael Vitória Alves (UEM)


Prof. Dr. Neil Armstrong Franco de Oliveira (UEM/Orientador)

Resumo:
Este trabalho buscou investigar, na literatura da área, os autores que consideram o
infográfico um gênero e os que não, levantando seus motivos e fazendo inferências.
Tratou-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica, cuja instrumentalização
metodológica pautou-se na “Análise de conteúdo” (Bardin, 1977). Assim, o percurso
analítico foi delineado a partir de três etapas: 1) pré-análise, 2) exploração do material e
3) tratamento dos resultados, inferência e interpretação. O corpus foi composto por 54
pesquisas que, na etapa de pré-análise, passaram por uma sistematização de dados –
compondo, assim, um panorama histórico-conceitual da condição de gênero do
infográfico. A partir disso, pôde-se, mesmo que parcialmente, dar uma resposta à
questão norteadora deste trabalho, tendo em vista que aproximadamente 80% dos
autores pesquisados reconhecem como gênero. Os motivos apontados se resumem a:
possuir um propósito jornalístico; ter autonomia, estrutura definida e própria, finalidade e
marcas formais que se repetem; e, também, enquadrar-se em perspectivas teóricas de
gênero. O trabalho se justificou por: a) a importância do conceito de gênero e
infográfico, especialmente na área da linguagem – a esse respeito, buscou-se respaldo
na corrente teórica de gênero discursivo de Bakhtin (2011), considerando que a maior
parte dos autores pesquisados utiliza referências diretas e indiretas a esse teórico e seu
círculo e, com relação ao conceito de infográfico, amparou-se no trabalho de Lucas
(2010), por ser uma pesquisa que aprofunda a questão conceitual, tecendo uma análise
crítica das definições preconizadas por diversos autores ao redor do mundo; b) a falta
de pesquisas atuais que abordam essa questão; c) o fato de que, ao tratar o infográfico
como gênero, contribui-se com o seu encaminhamento em determinados contextos – no
campo jornalístico, por exemplo, pode vir a se estabelecer uma referência para o
trabalho de produção dos jornalistas e, também, favorecer a relação leitor-infográfico,
uma vez que ele passa a reconhecer a estrutura do gênero e, por consequência, pode
facilitar a apreensão do significado; já no campo da linguagem e do ensino, impulsiona-
se sua inserção em sala de aula, oportunizando o contato com esse gênero, que tem se
tornado cada dia mais recorrente nos processos comunicativos, ampliando, dessa
forma, a capacidade linguística dos estudantes. Por fim, pretende-se colaborar com
novas pesquisas acerca dessa temática.
Palavras-chave: infográfico; gênero; estudos da linguagem.

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6) Análise da produção e reescrita textual nos anos iniciais: uma


prática necessária

João Carlos Rossi (UNIOESTE)


Profa. Dra. Terezinha da Conceição Costa-Hübes (UNIOESTE/Orientadora)

Resumo:
Diante dos desafios que o professor encontra no processo de análise de produção e
reescrita de textos dos alunos do ensino fundamental, anos iniciais, o presente artigo
busca, por intermédio de uma pesquisa analítico-reflexiva, destacar a importância de o
professor diagnosticar o texto do aluno para bem orientar a reescrita. A reescrita se
mostra como parte integrante e essencial do processo de produção textual, uma vez
que possibilita ao aluno refletir sobre a língua, por meio de uma situação real de uso,
mostrando-se, desse modo, como uma prática necessária em sala de aula. Este
trabalho está articulado às atividades de pesquisa em desenvolvimento, intitulada
“Ações colaborativas nos anos iniciais: um olhar para as práticas de produção e
reescrita textual em formação continuada”, desenvolvido junto ao Programa de Pós-
Graduação em Letras, nível de mestrado, da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – UNIOESTE, Campus Cascavel. As discussões teóricas aquecidas partem da
concepção de linguagem e, consequentemente, de escrita, como forma de interação,
ancoradas nos pressupostos teóricos do círculo de Bakhtin/Volochinov (2014 [1929]) e
de Antunes (2003). No que se refere ao diagnóstico e orientação de texto, recorremos
ao instrumento de análise linguístico-discursivo apresentado em Costa-Hübes (2012), a
fim de identificar os aspectos linguísticos-discursivos dominados e não-dominados na
produção escrita de um aluno do 5º ano, de uma escola da rede pública de ensino, dos
anos iniciais, da região Oeste do Paraná. O texto selecionado, aleatoriamente, para
reflexão, foi produzido no ano de 2011, e atendia à proposta de um simulado da Prova
Brasil. A análise realizada mostrou que o instrumento de diagnóstico de Costa- Hübes
(2012) vem a somar com o trabalho do professor, uma vez que apresenta um
direcionamento para o processo de correção de textos escritos, nos anos iniciais. Além
disso, foi possível verificar que o aluno do 5º ano ainda não domina aspectos estruturais
do gênero discursivo em questão, dada a ausência de marcadores temporais, que são
elementos estruturantes do texto e que se deve potencializar um trabalho linguístico, a
fim de levar o aluno a refletir sobre as etapas de produção de um texto, a adequação da
variante linguística ao contexto de produção, os aspectos ortográficos, bem como de
concordância nominal e critérios de paragrafação.
Palavras-chave: Produção de texto; Reescrita de textos; Tabela diagnóstica.

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7) Prática de análise linguística: reflexões sobre os elementos


linguístico-discursivos em textos do gênero Regras de Jogo

Leliane Regina Ortega (UNIOESTE)


Profa. Dra. Terezinha da Conceição Costa-Hübes (UNIOESTE/Orientadora)

Resumo:
A escrita exige reflexões sobre o uso da língua, o que torna necessário analisar como a
materialidade linguística se configura no texto para expressar o projeto enunciativo do
autor. Todavia, o ensino tradicional de gramática não possibilita uma compreensão
integral de como os recursos linguístico-discursivos se organizam em uma situação
concreta de comunicação, assim, pouco contribui para a aprendizagem de como utilizar
a linguagem nas diferentes interações verbais. Um dos elementos constitutivos do
gênero do discurso, o estilo (BAKHTIN, 2010[1979]), expressa as escolhas linguísticas
do autor e como esses recursos se relacionam com a situação extraverbal que compõe
o enunciado. No espaço da sala de aula, a compreensão do estilo do gênero, expresso
no texto-enunciado, pode ocorrer por meio de atividades de análise linguística
(GERALDI, 2011[1984]), as quais podem contribuir para que o aluno do Ensino
Fundamental compreenda a organização da linguagem e a empregue na elaboração de
seus enunciados. Nessa perspectiva, nosso objetivo é apresentar algumas atividades
de análise linguística a partir de textos do gênero Regras de Jogo, com a intenção de
promover a reflexão sobre como os elementos linguísticos se configuram nesse gênero,
cuja capacidade de linguagem é a injuntiva. Para isso, nossa base teórica é composta
por Bakhtin (2010[1979]), Geraldi (2011[1984]), Mendonça (2006), dentre outros. Nessa
perspectiva, partimos do pressuposto de que a análise linguística, cunhada por Geraldi
em 1984, representa a possibilidade de complementação às práticas de leitura e
produção de texto. Então, ao analisarmos enunciados do gênero Regras de Jogo,
consideramos importante promover a reflexão sobre como a coesão referencial e
coesão sequencial se organizam na estruturação do texto. As atividades elaboradas,
além de visarem à reflexão, têm a intenção de fazer com que o aluno perceba a relação
entre os elementos linguísticos e a situação de interação social que dá origem ao
enunciado. Como resultado, esperamos que as atividades representem algumas
possibilidades de trabalho com o estilo do gênero Regras de Jogo e que possam
contribuir com os professores da Educação Básica, tanto no que se refere ao trabalho
com os alunos, quanto orientação para a elaboração de atividades de análise linguística
com outros gêneros discursivos. Ao concebermos que o ensino deva estar em

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consonância com a vivência cotidiana do aluno, consideramos que as atividades de


análise linguísticas podem fazer com que compreendam o uso da língua em situações
reais e percebam essa aprendizagem como necessária para a atuação nas diferentes
práticas sociais.
Palavras-chave: Análise linguística; Gênero Regras de Jogo; Ensino de língua materna.

8) O trabalho com o tema do texto no 5º ano do Ensino Fundamental:


uma proposta de investigação de respostas discursivas escritas em
oficinas de leitura

Fernando Henrique Ribeiro Lima (UEM)


Prof. Dr. Renilson José Menegassi (UEM/Orientador)

Resumo:
Esta comunicação origina-se de uma pesquisa de mestrado desenvolvida no Programa
de Pós-graduação em Letras – PLE da Universidade Estadual de Maringá no ano de
2016. A temática da pesquisa abordou o ensino da leitura em situações de oficinas
realizadas em turmas de 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do
noroeste paranaense. O objetivo estabelecido é refletir sobre características do
desenvolvimento da leitura com ênfase na identificação do tema em um texto.
Paralelamente, objetiva-se, também, relacionar e compreender determinadas
estratégias de ensino importantes para o desenvolvimento dessa habilidade como um
conjunto de aprendizados importantes para o aperfeiçoamento da leitura em alunos do
5º ano. Metodologicamente, a pesquisa se baseou em um grupo de seis oficinas de
leitura realizadas no período de aula do qual originou-se um conjunto de respostas
objetivas e discursivas escritas geradas a partir de um caderno de atividades
especificamente desenvolvido para a realização das oficinas. Assim, a partir das
respostas construídas no contexto das oficinas, a leitura e análise dos dados, a exemplo
de Bortoni-Ricardo (2008), seguiram um movimento de análise comparativa
considerando a evolução das respostas a partir do trabalho realizado nas oficinas.
Teoricamente, esta pesquisa considera a leitura como processo (SOLÉ, 1998), portanto,
a geração dos registros durante as oficinas, a análise e as considerações relacionadas
ao desenvolvimento da compreensão de tema em textos trabalhados na sala de aula
estão relacionados à base teórica do Interacionismo pontuado pelos estudos do Círculo
de Bakhtin (BAKHTIN, 2011; BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1992[1929]) que consideram o

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texto como um conjunto de enunciados que fazem parte de um contexto social e,


simultaneamente, o espaço das interações dos sujeitos com seus discursos, intenções e
conteúdos propostos por seus enunciados, logo, um gênero discursivo. Os preceitos
teóricos bakhtinianos são refletidos nesse trabalho na perspectiva do ensino marcado
pelos estudos de Menegassi (2010; 2011) que voltam o olhar pesquisador para os
eventos da sala de aula, considerando a importância da mediação e das diferentes
interações que lá ocorrem. Com a pesquisa, pode-se observar que os leitores
reconhecem o tema com mais eficiência quando o texto lhes permite associar algum
conhecimento prévio relativo ao gênero lido. Além disso, percebeu-se, também, que a
leitura como processo põe o leitor em contato com perguntas de pré-leitura que auxiliam
na busca de informações elementares no texto e, consequentemente, oportunizam
melhor compreensão do tema por ele tratado. Por fim, o resultado a que se chega é que
o trabalho com o tema em sala de aula se aperfeiçoa na concepção de leitura como
processo, pois permite ao leitor maiores interações com o texto lido porque lhe permite
criar estratégias para que pense sobre as informações apresentadas, sua organização
no texto e como cooperam para tratar de um mesmo tema no discurso.
Palavras-chave: Leitura como processo; Ensino; Perguntas de leitura; Oficinas de
leitura.

9) Práticas de escrita no PIBID em sala de aula: relação com o


conceito de gênero discursivo

Adriana Beloti (Unespar/Campo Mourão)

Resumo:
Refletir acerca do processo de ensino e aprendizagem da escrita inclui considerar as
perspectivas teórico-metodológicas que pautam as práticas pedagógicas em sala de
aula. Nesse sentido, esta comunicação objetiva analisar a proposta de produção textual
escrita de uma Lenda Folclórica, constituinte de uma unidade didática produzida por
professores em formação inicial participantes do PIBID – Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência, a fim de avaliar como o conceito de gênero discursivo,
trabalhado em sua formação docente, subsidia o encaminhamento para a produção
textual escrita. Para tanto, pautamo-nos nos conceitos propostos por Bakhtin (2003), em
relação ao gênero discursivo, suas funções e características, e na concepção de escrita
como trabalho (FIAD; MAYRINK-SABINSON, 1991; MENEGASSI, 2016), considerando
a perspectiva processual de ensino da escrita desenvolvida em diferentes etapas, para

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discutirmos como foi trabalhada a prática discursiva de escrita e qual a função do


gênero apropriado pelos professores em formação inicial nesse processo. A
metodologia da pesquisa ancora-se na Linguística Aplicada (MOITA-LOPES, 1996;
2006), visto que o objeto específico de análise é parte do material didático produzido
para ser implementado em turmas de sexto ano do Ensino Fundamental II, participantes
do PIBID, tratando, portanto, de práticas de linguagem em contexto específico. Nossas
investigações consideram as atividades que antecederam a prática de escrita e o
encaminhamento para a produção textual, com foco nos conteúdos que se referem ao
gênero discursivo em estudo na unidade, ou seja, a Lenda Folclórica. A partir dos
registros da pesquisa, observamos que o conceito de gêneros discursivos pautou a
proposta do material didático e da escrita, contudo o foco recaiu nos aspectos
estruturais do gênero, destacando-se mais a estrutura da narrativa, o que reforça os
problemas ainda existentes na formação inicial do professor, que enfoca mais aspectos
estruturais e normativos do que os textuais-discursivos.
Palavras-chave: Escrita; Gênero discursivo; Material didático.

10) Marcas de estilo na produção dos gêneros 'carta aberta', 'carta de


reclamação' e 'carta de solicitação' em textos de alunos do Ensino
Médio

Marinês Lonardoni (UEM)


Sônia Maria M. Cassiolato (Col. Regina Mundi)

Resumo:
O ensino dos gêneros textuais/discursivos nas escolas é imperativo, já que os alunos
têm acesso, cotidianamente, a uma gama de textos e seus variados gêneros, seja na
internet, redes sociais, na escola e em outros ambientes. Contudo, quando se pensa no
ensino-aprendizagem dos gêneros em sala de aula, o procedimento de leitura e
produção dos gêneros requer que se considere a abrangência de aspectos relevantes
desse fazer/saber. Isto é, não basta o professor levar o aluno a reconhecer a estrutura
e as principais características de um determinado gênero e, a partir disso, se esperar
que o educando passe a produzir textos com base nesses aspectos. De acordo com
Bakhtin (1992, p. 178), a produção de todo e qualquer enunciado/texto deve refletir as
condições específicas e as finalidades de cada uma das esferas da atividade humana
na sociedade em que falante/escritor está inserido. Além disso, deve-se levar em conta

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não só o conteúdo (temático) e seu estilo verbal, mas também a construção


composicional dos gêneros. Dos três aspectos mencionados pelo linguista, o estilo
parece ser o responsável pelo maior grau de dificuldade na assimilação, ou percepção,
por parte dos alunos no momento da escrita. Diante dessa situação, verifica-se uma
necessária intervenção do professor no sentido de mostrar aos alunos ser possível
desenvolverem um estilo próprio, mesmo naqueles gêneros que apresentam uma
estrutura mais rígida, como a carta aberta, de reclamação e solicitação. Isso ocorre
tendo em vista o caráter individual do estilo (Cf. BAKHTIN, 1992, p. 282) e por sua
ligação indissolúvel aos gêneros do discurso. Desse modo, o estilo pode refletir a
individualidade de quem fala/escreve, mesmo quando
esses falantes/escritores estejam cursando os anos finais do Ensino Fundamental ou
no Ensino Médio. É nesse contexto que se insere a proposta desse simpósio:
apresentar e discutir as marcas de estilo na produção de textos voltados para os
gêneros textuais/discursivos carta aberta, carta de reclamação e carta de solicitação
elaborados por alunos do Ensino Médio. A teoria de base que permeia essa
reflexão ancora-se em Bakhtin (1992) e Marcuschi (2004).
Palavras-chave: marcas de estilo, gêneros textuais, carta de reclamação, carta
de solicitação, carta aberta e Ensino Médio

11) Concepções de leitura na prova de Redação do gênero textual


Resumo

Carla Catarina Silva (UEM)


Prof. Dr. Renilson José Menegassi (UEM/Orientador)

Resumo:
A partir das concepções de leitura inseridas nos campos de estudos da linguagem e
considerando a presença dos gêneros textuais no Ensino Básico nacional e sua
solicitação em provas de vários Vestibulares no país, uma vez que várias são as
concepções de leitura que embasam o trabalho dentro das salas de aula brasileiras,
este trabalho busca analisar quais perspectivas de leitura estão presentes em
comandos de produção textual de provas de Redação de Concursos Vestibulares da
Universidade Estadual de Maringá (UEM), em que o gênero textual Resumo é
solicitado. A escolha deste gênero textual se justifica pelo fato de que, desde a

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implantação de gêneros textuais nas provas de Redação da Instituição em 2008, foi o


segundo mais solicitado nas provas desde a primeira aplicação até o ano de 2016, com
16 solicitações, atrás apenas do gênero Relato. Devido às várias modalidades de
Vestibular que fazem parte do processo de seleção da UEM, - Vestibular Regular,
Vestibular na modalidade de ensino à distância EAD, e o Processo de Avaliação
Seriada (PAS) - selecionamos a modalidade Regular para análise dos comandos, mais
especificamente dos Vestibulares Regulares de Inverno 2008, Verão 2008, Inverno
2009, Inverno 2011, Inverno 2013 e Inverno 2014. Sendo o Resumo um gênero textual
em que se espera a apresentação das principais informações do texto e/ou autor do
texto, sem opinião ou intervenção explícitas do candidato, o que se assemelha às
características presentes nas concepções de leitura com perspectiva no autor e no
texto, buscamos verificar se os comandos referentes a esse gênero apresentam tais
concepções em sua formação. Para tanto, discutimos algumas concepções existentes
acerca do trabalho com a leitura, para, em seguida, analisar quais delas embasam os
comandos de produção textual das provas de Redação, que tomam o gênero Resumo
como proposta de produção. Os resultados demonstram a presença da perspectiva de
leitura com foco no texto em cinco dos seis comandos analisados e a concepção com
foco no autor em um deles. Demonstram, da mesma forma, que a perspectiva de leitura
presente no comando está atrelada ao gênero textual solicitado por ele, o que é muito
adequado ao processo, assim como as orientações do comando são muito importantes
para o direcionamento da leitura dos textos de apoio para posterior produção textual,
uma vez que são elas que possibilitam a verificação dos conceitos de leitura frente à
coletânea de apoio.
Palavras-chave: Concepções de leitura; comandos de produção textual; gêneros
textuais; prova de Redação de Vestibular.

12) A escrita do gênero discursivo carta pessoal no ensino


fundamental enquanto atividade dialógica

Márcia Cristina de Aquino de Paula (UEM)

Resumo:
Este trabalho aborda o ensino-aprendizagem de língua portuguesa, principalmente, no
que diz respeito às práticas de escrita. Temos como objetivo analisar como a posição
responsiva se materializa na escrita de estudantes inseridos em um processo de
implementação didática na escrita do gênero discursivo carta pessoal e como a prática

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pedagógica e metodológica podem contribuir para o desenvolvimento da escrita e da


linguagem, para esse estudo, nosso corpus de pesquisa são cartas escritas por
estudantes da Escola Estadual Professor Léo Kohler – EF, no município de Terra Boa –
PR, em intercâmbio com a Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental
Chico Soldado, no município de Cabixi-RO. Em nosso trajeto para o estudo e trabalho
com os gêneros discursivos retomamos alguns conceitos teóricos acerca dos
elementos das condições de produção escrita guiados à luz da concepção dialógica de
linguagem, conforme o círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2011; BAKHTIN/VOLOCHINOV,
2012). Em relação aos procedimentos metodologicos, a pesquisa caracteriza-se como
pesquisa-ação em uma abordagem qualitativo-interpretativa. As conclusões evidenciam
que o trabalho planejado oferece diferentes e reais condições de produção e contribui
de forma significativa para o desenvolvimento da linguagem, pois os estudantes podem
atuar de forma eficaz em diferentes situações sócio-históricas e comunicativas.
Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa, Produção escrita, Concepção
Dialógica.

13) Os aspectos sociais do gênero em atividades elaboradas por


graduandos e pós-graduandos em Letras

Dra. Márcia Cristina Greco Ohuschi (UFPA)

Resumo:
A expressão dos enunciados concretos, segundo Bakhtin/Volochinov (1992), é
determinada pela situação social mais imediata e pelo meio social mais amplo. Logo, os
gêneros discursivos só podem ser compreendidos a partir desses aspectos e, em
situação de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa (LP), no estudo de
enunciados de diversos gêneros, “é preciso entender quem são os interlocutores, em
que situação real se encontram, qual o papel que ocupam na sociedade, em que época
histórica se deu a enunciação” (OHUSCHI et al., 2010, p. 2). Ou ainda, conforme a
proposta de Perfeito, Ohuschi e Borges (2010, p. 55-56), é necessário, primeiramente,
observar aspectos concernentes “ao contexto de produção – autor/enunciador [físico e
social], destinatário/interlocutor [físico e social], finalidade, época e local de publicação e
de circulação”. O trabalho com os gêneros na perspectiva bakhtiniana parte desses
aspectos sociais “para o gênero/enunciado/texto e, só então, para suas formas
lingüísticas relevantes” (ROJO, 2005, p. 198), fazendo alusão ao método sociológico

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proposto pelo Círculo. Assim, dada a importância do contexto de produção no processo


de ensino e aprendizagem da língua na perspectiva dos gêneros discursivos, passamos
a observar como esse aspecto tem sido contemplado em propostas de intervenção
(sequências didáticas, projetos de leitura e escrita) elaboradas por alunos de graduação
e de pós-graduação (Mestrado Profissional em Letras, neste caso já professores de LP).
Desta feita, este trabalho, vinculado ao Projeto de Pesquisa “Dialogismo em práticas
linguageiras a partir do trabalho com os gêneros discursivos” (UFPA-Castanhal) e ao
grupo de pesquisa “Interação e escrita” (UEM-CNPq – www.escrita.uem.br), tem como
objetivo refletir sobre os aspectos sociais do gênero contemplados em atividades
elaboradas por graduandos e pós-graduandos em Letras. Para tanto, selecionamos a
primeira versão de quatro projetos de leitura e escrita, produzidos por mestrandos no
âmbito de uma disciplina por nós ministrada no Programa, e de quatro sequências
didáticas construídas por equipes de graduandos, durante uma disciplina do curso, e
analisamos as questões referentes ao contexto de produção inseridas nas propostas no
módulo de leitura, especificamente no que denominamos leitura aprofundada. Dentre os
resultados obtidos, destacamos: a) há produção de questões gerais sobre o gênero e
não sobre o texto-enunciado em foco; b) há questão que não leva à reflexão, bastando
ao aluno copiar a resposta do texto; c) há questões que não se referem ao contexto de
produção do texto, mas a outros aspectos, como conteúdo temático, construção
composicional, compreensão do texto; d) os estudantes da graduação tendem a
elaborar questões mais diretas, enquanto que os da pós-graduação procuram
contextualizá-las mais, por vezes, cometendo excessos. Desse modo, os resultados
demonstram que os professores investigados (em formação inicial e continuada) não
têm familiaridade com a abordagem dos aspectos sociais do gênero no processo de
ensino e aprendizagem da LP, provavelmente, por estarem habituados às perspectivas
tradicionais de ensino.
Palavras-chave: Aspectos sociais; gêneros discursivos; atividades de contexto de
produção.

14) Gênero Fábula: uma proposta de leitura e análise linguística

Bruna Aparecida dos Santos Santiago Ribeiro (UNESPAR/Apucarana)


Érica Angela Correa (UNESPAR/Apucarana)
Profa. Dra. Neluana Leuz de Oliveira Ferragini (UNESPAR/Orientadora)

Resumo:

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Em sala de aula, os encaminhamentos didáticos cujo objeto de estudo e análise são os


enunciados concretos dos mais variados gêneros, possibilitam um olhar contextualizado
do ensino e aprendizagem de língua portuguesa, via perspectiva discursiva, ao
promover a reflexão sobre as práticas letradas do cotidiano e não simplesmente o
estudo metalinguístico de regras e prescrições que envolvem fragmentos isolados,
como o texto, a oração e a palavra. Ao se eleger os gêneros do discurso como eixo de
progressão curricular, consoante preconizam os Parâmetros Curriculares de Língua
Portuguesa (BRASIL, 1998), e as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná
(PARANÁ, 2008), cria-se um ambiente favorável para que o sujeito aprendiz venha a
assimilar significativamente os mecanismos sociais de interação. Sob tal enfoque, o
trabalho em tela tem por finalidade organizar um encaminhamento didático para o
estudo do gênero discursivo fábula, propondo, a partir dos preceitos bakhtinianos e
daconcepção de leitura discursiva, um plano de trabalho docente e discente, com
ênfase para as práticas de leitura e análise linguística, voltado para o nível de 6º ano do
ensino fundamental II, a partir do texto- enunciado “A tartaruga e o coelho”, da autora
Diléa Frate. A eleição da fábula deve-se ao fato de que o gênero em questão
potencializa a discussão a respeito da conduta e moral humana, promovendo um
espaço para reflexão do ensinamento apreciado explícita ou implicitamente em um
enunciado concreto. Isso posto, julgamos que se trata de uma abordagem pertinente a
ser contemplada na série em questão. A escolha do sexto ano justifica-se porque
correponde a uma etapa de transição na vida do estudante, o início de um novo ciclo e
de uma nova fase de seu desenvolvimento, em que conflitos, anseios e dúvidas,
provavelmente, fazem parte de seus pensamentos. Dessa forma, acreditamos que o
gênero fábula, além de uma proposta de leitura e análise linguística, também pode
fornecer momentos de expressivas meditações por meio de uma didática
problematizadora, sugerida pelas diretrizes estudais: a didática da pedagogia histórico-
crítica. A proposta de transposição didática do gênero fábula, por conseguinte, seguirá
os passos do Plano de Trabalho Docente e Discente, considerando metodologicamente
as seguintes fases: prática social inicial, problematização, instrumentalização, catarse e
prática social final. Assim, espera-se que o estudo possa transcender os conteúdos
meramente escolares e venha a contribuir para o letramento e constituição de um
sujeito social crítico. O presente estudo integra as pesquisas do projeto “Gêneros
Discursivos em sala de aula: propostas de estudo e de didatização”, desenvolvido na
Universidade Estadual do Paraná- Campus de Apucarana (UNESPAR)..

Palavras-chave: Gêneros do Discurso; Ensino e Aprendizagem de Língua Materna;


Gênero Fábula.

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15) Percepções das noções de gênero discursivo e de texto: um


estudo comparativo entre as formações inicial e continuada

Profa. Dra. Cláudia Valéria Doná Hila (UEM)


Profa. Dra. Lilian Cristina Buzato Ritter (UEM)

Resumo:
Esta comunicação tem por finalidade apresentar resultados parciais do projeto de de
pesquisa “Formação do professor de Língua Portuguesa e práticas de linguagem em
sala de aula: múltiplos olhares” (UEM). o qual toma como base norteadora de trabalho a
concepção de texto como enunciado concreto, à luz da Análise Dialógica do Discurso, a
fim de contribuir, especialmente, com o processo de elaboração didática das práticas de
linguagem para a sala de aula. A formação inicial e continuada de professores passa
por contínuas ressignificações teórico-metodológicas que se refletem nas práticas de
linguagem em sala de aula, ou seja, na prática da leitura, da produção oral e escrita, na
prática da análise linguística. Mas, ainda é notório que tanto os professores em
formação inicial e continuada apresentam dificuldades para planejar aulas, definir
metodologias, elaborar materiais didáticos especialmente dentro de uma concepção
dialógica da linguagem, constituída pelo fenômeno da interação verbal. Nesse sentido, a
repercussão nas salas de aula é ainda muito lacunar. Mesmo na formação inicial
observamos a dificuldade dos nossos futuros professores realizarem a transposição
didática dos conteúdos referentes às práticas da linguagem na elaboração de materiais
didáticos e mesmo no planejamento e execução das aulas de docência. Da mesma
forma, os professores em serviço, quando de volta à Universidade, por meio de
iniciativas governamentais federais como o Profletras (Mestrado Profissionalizante em
Letras), também evidenciam dificuldades. Partimos do pressuposto do quão essencial é
para o professor ser submetido a um processo de apropriação de conceitos teórico-
metodológicos, na perspectiva bakhtiniana de linguagem, no tocante às práticas de
leitura, produção de textos e análise linguística com gêneros discursivos, a fim de lhe
possibilitar condições concretas de produção didático-pedagógica mais significativa à
adoção da concepção de texto em sua condição de enunciado. Inseridos neste
contexto, para este momento, em específico, discutimos sobre resultados parciais de
um estudo comparativo das percepções acerca das noções de gênero discursivo e de
texto entre sujeitos em formação inicial, no contexto do Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência (Pibid-Letras/Português), e sujeitos em formação continuada,
no contexto do Programa de pós-graduação Mestrado Profissional em Letras
(Profletras-Uem). Estas concepções são analisadas em diferentes instrumentos, ou

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seja, em planos de aula elaborados por pibidianos, e em atividades avaliativas


produzidas por mestrandos do referente programa profissional.
Palavras-chave: gênero discursivo; formação inicial; formação continuada.

16) HQs e Inglês: Uma proposta didática de ensino de língua inglesa por
meio do gênero
Bruno Moreira da Silva (UEM)
Nathália de Almeida Moura (UEM)
Prof. Dr. Wiliam César Ramos (UEM/Orientador)
Resumo:
O ensino de língua inglesa em contexto público vem se aprimorando muito nas últimas
décadas com a evolução de práticas metodológicas e pesquisas nessa área. Apesar
disso, o ensino desse idioma pode tornar-se difícil caso não haja interesse por parte do
aluno, o que traz à tona a necessidade de criar um ambiente no qual ele se sinta
confortável para aprendê-la. Dessa forma, a utilização de gêneros que já fazem parte do
cotidiano do aluno é uma ferramenta crucial no processo de ensino-aprendizagem,
justamente por aumentar as possibilidades de despertar seu interesse. É desse modo
que o uso das histórias em quadrinhos torna-se interessante para aplicação em sala de
aula, pois além de já serem conhecidas pelos alunos, apresentam elementos complexos
com relação aos sentidos, diferentes tipos de linguagem utilizadas - além da verbal - e
interpretação, apesar de sua estrutura simples. Com isso, este trabalho justifica-se por
buscar a criação de um ambiente onde o aluno possa iniciar sua jornada na
aprendizagem de uma língua estrangeira sem sentir a pressão de textos complexos.
Sendo assim, o artigo contém a elaboração de uma proposta didática para o ensino de
língua inglesa por meio do uso do gênero história em quadrinhos, especificamente com
a HQ Peanuts, sobre o tópico gramatical Present Perfect , o qual é apresentado de
maneira descontextualizada de seu uso em um momento inicial da aula, de forma a
colaborar para a construção de sua base de conhecimento em língua inglesa, em seus
primeiros estudos. Para tal objetivo, inicialmente foram utilizados os conceitos de
ensino-aprendizagem de Freire (2015), o qual aborda o papel do professor como
mediador do conhecimento. Em seguida, utilizou-se Ramos (2009) para elaboração da
definição formal do gênero e o site oficial da HQ para uma contextualização e descrição
dos personagens. Após isso, para a contextualização dos tempos verbais, Quirk et al
(2004) para o Present Perfect e Bechara (2009) para seus equivalentes em português, a
fim de, então, descrever as sequências didáticas nas quais o presente artigo se baseia,
de Gonçalves (2009) e Cotter (2006) e, finalmente a elaboração da sequência didática

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proposta e uma sugestão de aplicação. E como conclusão busca-se problematizar essa


questão ao sugerir mais pesquisas aplicadas com o foco em materiais didáticos que
possam ser utilizados para a formação de alunos de escolas públicas, aplicando o
conhecimento gerado em pesquisas teóricas na prática real dos professores.
Palavras-chave: Proposta didática; Ensino de Língua Inglesa; Ensino por Gêneros;
Histórias em Quadrinhos;.

17) O gênero artigo de opinião em situação de vestibular

Cindy Mayumi Okamoto Luca (UEM)


Everton Luis Paulino Vinha (UEM)
Profa. Dra. Cláudia Valéria Doná Hila (UEM/Orientadora)

Resumo:
Esta comunicação, inserida no projeto de pesquisa “Formação do professor de língua
portuguesa e práticas de linguagem em sala de aula: múltiplos olhares”, apresenta os
resultados finais do Projeto de Iniciação Científica (PIC) intitulado “O gênero artigo de
opinião em situação de vestibular”, que visou a caracterização deste gênero no contexto
de concurso vestibular. O referencial teórico ancora-se principalmente na Análise
Dialógica do Discurso (BAKHTIN, 2003; BRAIT, 2003, 2006; PEREIRA, 2010), que
concebe o gênero discursivo como um enunciado concreto. Também utilizamos, para
nossa modelização didática, o Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2003).
Como metodologia para alcançarmos o nosso objetivo, analisamos 50 artigos
produzidos no vestibular de inverno de 2014 da Universidade Estadual de Maringá
(UEM) que obtiveram ou nota máxima, ou uma que carregasse um valor próximo a dela,
para, assim, configurarmos este gênero na esfera referida. Desta maneira,
desempenhamos, inicialmente, um estudo sobre o artigo de opinião em sua esfera de
circulação real, elencando quais são as suas condições de produção (temas
prototípicos, autor, interlocutor, esfera, suporte e finalidade), estrutura composicional e
estilo linguístico recorrentes. Além disso, em consequência do fato deste gênero ser, em
sua essência, argumentativo, realizamos um estudo acerca do que é argumentação e
sobre quais são os diversos tipos de argumentos que existem, com base,
principalmente nos postulados de Fiorin (2015). Findadas as análises do gênero em sua
esfera de circulação concreta, contrastamo-las com as condições de produção, os
argumentos recorrentes, a estrutura composicional e o estilo linguístico presentes nas
50 produções que obtiveram nota máxima ou uma próxima a esse valor e que foram
produzidas dentro do contexto de vestibular, configurando, portanto este gênero quando

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inserido nesta esfera. Os resultados das análises evidenciam que muitas das
características a respeito do artigo de opinião em sua circulação social sofrem diversas
modificações quando se insere este gênero em contexto de vestibular, principalmente
no que diz respeito aos elementos estruturais e linguísticos. Acreditamos que essa
modificação se deva a essa transposição de esferas, visto que, apesar de
estruturalmente acertivas, a organização do texto, do discurso e da linguagem
aproximam-se da dissertação escolar, não evidenciando uma distinção pontual entre
ambos.
Palavras-chave: Artigo de opinião; Gêneros; Vestibular.

18) O sistema da projeção e a articulação de vozes no gênero notícia


atributiva online

Dra. Nara Augustin Gehrke (UFSM)


Dr. Thiago Santos da Silva (UNIPAMPA)

Resumo:
Orientando-nos por estudos sobre gêneros desenvolvidos por um grupo de
pesquisadores conhecidos como Escola de Sydney, realizamos uma investigação sobre
a notícia jornalística contemporânea (IEDEMA; FEEZ e WHITE, 1994; MARTIN; ROSE,
2008; ROSE e MARTIN, 2012). A Escola de Sydney, levando adiante o projeto
hallidayano (HALLIDAY, 1989; 1994), pauta o entendimento da linguagem como
estreitamente interconectada ao contexto social em que é produzida. Dessa concepção
decorre que o gênero é sempre abordado como presente em uma ação comunicativa
dentro de um domínio social de interação e sua estrutura se instancia em função dos
propósitos sociais a que atende, o que lembra a concepção de gênero de Bakhtin
(2000) e seu “intuito discursivo”. Para Martin e Rose (2008), os gêneros são produzidos
no interior de uma atividade dialógica (prática social) e funcionam como uma ferramenta
(configurações recorrentes de significados plurifuncionais) utilizada em dado contexto
cultural. Coerentes com essa perspectiva, entendemos a notícia jornalística como uma
prática cultural materializada em textos articulados em torno de uma “representação de
uma representação” (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014) e com caráter
“atributivo” (KURTZ, 2011). Com uma abordagem sistêmico-funcional do mecanismo de
alternância de vozes, analisamos léxico-gramaticalmente o funcionamento da projeção
na língua portuguesa do Brasil. Para tal, mapeamos escolhas sistêmicas,
particularmente no complexo oracional e na seleção de verbos do processo de dizer,

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num corpus de quinze notícias online reportando a resposta da presidente Dilma


Rousseff após as vaias recebidas na abertura da Copa do Mundo de 2014. Os dados
mostraram que a escolha preferencial foi de complexos oracionais paratáticos,
produzindo a Citação o efeito de fidedignidade ao dizer da Presidente, com
predominância do discurso direto, ampliado por uma forma híbrida denominada ilha
textual. O verbo dizer é o processo verbal dominante (41%), acentuando o efeito de
imparcialidade; porém, se associados, os verbos afirmar, declarar, enfatizar, garantir e
reafirmar (em torno de 20%), representam atos de fala com os quais Dilma Rousseff
afirma, reiterada e enfaticamente (MOURA NEVES, 2000; MARCUSCHI, 2007), suas
crenças e certezas, o que acaba criando uma imagem favorável a ela. A rememoração,
argumento empregado recorrentemente na resposta da Presidente, evidencia-se na
escolha de lembrar (9%). O verbo completar (6%) e, com menor ocorrência mas igual
funcionamento, complementar, concluir, finalizar e prosseguir auxiliaram a organizar no
texto a cronologia discursiva, o que é pertinente à produção de significados textuais.
Embora com pouca evidência quantitativa mas com relevância retórica, foram
empregados verbos como reagir e desabafar produzindo significados em direção a
retomadas opositivas ou à emocionalidade circunstancial.
Palavras-chave: Notícia jornalística; Sistema da projeção; Alternância de vozes;
Processos verbais.

19) A dificuldade de escrita do gênero fábula na escola

Débora Martinez Ribeiro (UNESPAR)


Prof. Dra. Akisnelen Torquette (UNESPAR/Orientadora)

Resumo:
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise reflexiva acerca da aplicação
de um projeto de estágio de regência sobre o gênero fábula. A regência faz parte da
avaliação da disciplina de Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa para o Ensino
Fundamental II, da Universidade Estadual do Paraná – Unespar - Campus de
Paranavaí, durante o terceiro ano do curso de Letras (Português/Inglês), e foi aplicada
ao sexto ano de um colégio público de Paranavaí-PR. O projeto de estágio consistia em
apresentar aos alunos a estrutura e as características do gênero fábula por meio de
apresentação de textos, questões interpretativas/discursivas, discussões sobre os
temas e moral das histórias, analisando os textos base, que serviram para os alunos
como referência para os estudos sobre o gênero escolhido. Também foi proposto um

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exercício de escrita como avaliação do trabalho feito com os alunos. Tal exercício é a
principal base de estudo deste trabalho, pois foi a partir dessa parte da aplicação da
regência que os alunos apresentaram as maiores dificuldades em relação ao
entendimento da estrutura composicional do gênero fábula. A Fábula é um gênero
literário que desperta curiosidade, criticidade e reflexão, por isso, é importante que ela
seja trabalhada nas aulas de Língua Portuguesa e que esse trabalho seja estudado
para ser cada vez melhor desenvolvido. As fábulas são pequenas histórias que
possuem uma moral, uma narrativa curta, em prosa ou em verso, usada para ilustrar um
vić io ou uma virtude. As personagens são geralmente animais, com características
psicológicas humanas, ou seja, que representam tipos humanos. Segundo Bagno
(2006, p. 51-53) é um gênero literário muito antigo que se encontra em praticamente
todas as culturas humanas e em todos os perio ́ dos históricos. Bagno completa que este
caráter universal da fábula se deve, sua ligação muito in
́ tima com a sabedoria popular.
Nascida no Oriente, as fábulas foram reinventada no Ocidente e têm como principais
autores o grego Esopo (séc. VI a.C.), Fedro (séc. I a.C.) eJean La Fontaine
(1621/1692), de quem recebeu a forma clássica como é conhecida até hoje. A análise
deste trabalho teve como pressupostos teórico-metodológicos a terceira concepção de
linguagem, que tem como proposta a concepção de língua como forma de interação e
os gêneros do discurso pautados em Bakhtin/Voloshinov (1999), nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (1999) e nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (2008),
que além de sustentar a análise deste estudo, também foi referência para a formulação
do projeto de regência aplicado no ano de dois mil e dezesseis. Os alunos conseguiram
resolver as questões interpretativas sobre o gênero com facilidade, porém apresentaram
dificuldades no momento do exercício de escrita, pois não conseguiram escrever dentro
da estrutura composicional do gênero estudado, confundindo a estrutura da fábula com
a estrutura do conto, gênero o qual já estavam habituados a escrever textos, pois a
professora da turma havia focado de forma mais enfática nesse gênero. Assim,
refletindo a luz da concepção interacionista de linguagem, entendemos que, mesmo
podendo parecer simples compreender a estrutura do gênero fábula, os alunos não
conseguiram de fato colocar em prática na produção de texto os conceitos aprendidos
tão bem durante os exercícios teóricos e de interpretação sobre o gênero. Uma
sugestão de proposta plausível para resolver tal problema seria explorar mais textos
desse gênero para que os alunos tenham mais contato e consigam observar melhor sua
estrutura e suas características, para posteriormente colocar em prática os conceitos
aprendidos e conseguir, de fato, escrever um texto dentro da estrutura composicional
requerida. Por fim, percebemos que alguns gêneros considerados simples ainda
causam dificuldades para serem escritos quando trabalhados de forma rápida, o que
nos faz pensar que todos os gêneros precisam ser trabalhados de maneira
desenvolvida para que realmente sejam compreendidos e os alunos possam produzi-
los.
Palavras-chave: Estágio de regência; Gêneros do discurso; Fábula.

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20) O processo de reescrita nas aulas do gênero resumo escolar

Aline da Silva Ramires (UEM)


Caroline Bognar da Silva Ceolin (UEM)
Victor Matheus dos Santos (UEM)
Profa. Dra. Cláudia Valéria Doná Hila (UEM/Orientadora)

Resumo:
Este estudo tem como objetivo apresentar resultados decorrentes da reescrita do
gênero resumo escolar, desenvolvida durante aulas de redação direcionadas ao preparo
de vinte e três alunos do terceiro ano do Ensino Médio, para a realização do vestibular e
do Processo de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Os três encontros destinados ao estudo do gênero foram conduzidos mediante o
emprego de Sequência Didática (SD) (SCHNEUWLY, DOLZ, 2004) elaborada por oito
bolsistas do subprojeto de Letras do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID). Todavia, o procedimento SD teve de ser adaptado, de modo que a
produção inicial foi deslocada após o trabalho efetivo com o gênero. Essa adaptação
ocorreu pelo fato de o Ensino Médio ter poucas aulas de Língua Portuguesa e os alunos
participantes desse projeto não conseguirem manter o trabalho com um mesmo gênero
durante muito tempo. Assim, esse ajuste da SD tentou averiguar se é possível ao
professor trabalhar a reescrita com poucas aulas e os impactos disso para o aluno. Em
termos metodológicos, nosso trabalho abrangeu, primeiramente, a identificação de
variados resumos e a realização de um resumo escolar “às cegas”; posteriormente, o
reconhecimento do gênero e de suas condições sócio-históricas, bem como o
aprendizado do uso da paráfrase e das regras de sumarização; por fim, um modelo do
gênero resumo escolar, acompanhado da revisão de suas características, seguido da
reescrita. Para a feitura do texto segundo, foi escolhido O impacto dos memes na
sociedade não deve ser menosprezado, de Viktor Chagas, pertencente a ordem do
expor, conforme o agrupamento dos gêneros textuais proposto por Schneuwly e Dolz
(2004). O corpus da pesquisa consiste em treze redações coletadas, analisadas à luz
dos pressupostos teóricos da Linguística Aplicada (LA) e da Análise Dialógica do
Discurso (ADD) de Bakhtin (1998, 2003). A análise debruçou-se sobre os componentes
da planilha de correção utilizada para avaliar as primeiras e as segundas versões, a
saber: a) tema, que diz respeito à quantidade de informações principais do texto-fonte
presentes nas redações; b) condições de produção, que compreende ao cumprimento
do objetivo de elaborar um resumo escolar, observando a identidade social do autor do
texto fonte; c) estrutura composicional, marcada pela exposição inicial do título, do autor

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e do tema, assim como pela manutenção da sequência das informações do texto fonte;
d) gramática e estilo, que inclui os níveis sintático, semântico e discursivo e os
elementos de coesão e coerência textual (KOCH, 2015). Os resultados parciais do
estudo evidenciaram melhor adequação na reescrita, em relação à identificação do
papel social do autor do texto de apoio, à estrutura do gênero produzido e à gramática e
estilo.
Palavras-chave: Gêneros discursivos; Reescrita; Resumo escolar.

21) O gênero ensaio: da esfera jornalística para a produção escrita de


acadêmicos de Letras

Allana Cássia de Freitas (UEM)


Prof. Dr. Neil Armstrong Franco de Oliveira(UEM/Orientador)

Resumo:
O objetivo central desta pesquisa, inserida num projeto maior, foi investigar e analisar o
gênero ensaio em alguma de suas características. Como se trata de um gênero
discursivo que pode se manifestar em diferentes campos da linguagem humana,
buscamos conhecer sua versão jornalística como forma de permitir sua presença na
realidade de produção escrita atual dos alunos de letras, em projeto que tem nos
gêneros jornalísticos a ferramenta para o desenvolvimento da capacidade de escrita de
futuros professores de línguas. Analisamos o gênero ensaio a partir da teoria dos
gêneros do discurso na concepção dialógica da linguagem e observamos como esse
gênero foi consolidado sócio-historicamente. Em um dos procedimentos metodológicos,
nossa investigação se restringiu às revistas impressas semanais de maior circulação.
Como primeiro resultado, constatamos que o referido gênero tem uma presença
significativa em uma dessas revistas, historicamente a de maior tiragem no país. Sobre
as bases da perspectiva bakhtiniana, a partir da análise de sua constituição,
compreende-se o ensaio jornalístico como um gênero argumentativo multifuncional
híbrido que trata de temas geralmente polêmicos sem a intenção de esgotá-los, ou seja,
da parte do autor há o intuito discursivo de levar o interlocutor a refletir sobre os fatos e
seus desdobramentos. Entendemos que o ensaio jornalístico exige, além de um
trabalho mais dedicado com a argumentação, o conhecimento de contextos históricos e
ideológicos, e também que esse gênero pede uma escrita por vezes mais complexa.
Do nosso corpus, elegemos um exemplar do gênero, publicado pela revista de maior
circulação no país, de autoria de um jornalista que por vários anos ocupou espaço

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próprio nas edições do veículo jornalístico, marcado explicitamente com o nome do


gênero, evidenciando que se trata de gênero utilizado, normalmente, por jornalistas de
maior experiência. Ainda assim, defendemos sua presença na lista de gêneros
jornalísticos que vêm figurando em suporte definido e implantado para a produção
textual escrita de acadêmicos de Letras da UEM. A experiência com o jornal vem
mostrando que ao professor em formação é relevante o contato com uma diversidade
genérica. Especificamente o gênero ensaio pode permitir maior desenvolvimento de sua
escrita e argumentação.
Palavras-chave: Jornalismo; gênero ensaio; produção textual escrita.

22) A Linguística Contrastiva como aliada nas aulas de língua estrangeira


moderna da Educação Básica

Cecília Gusson Santos (UEL)


Prof. Dr. Otávio Goes de Andrade (UEL/Orientadora)

Resumo:
Este trabalho é um projeto de mestrado vinculado ao Programa de Pós Graduação em
Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina. Por meio dele, pretendo
contribuir com a prática pedagógica do professor de língua estrangeira da Educação
Básica, propondo a utilização do arcabouço teórico-metodológico da Linguística
Contrastiva aliado à concepção bakhtiniana de linguagem. Conforme preconizam as
Diretrizes Curriculares Estaduais para o ensino de língua estrangeira, a prática em sala
de aula dos professores de Linguagens da Educação Básica deve norteada pelos
pressupostos do círculo de Bakhtin, ancorados na concepção do discurso como uma
prática social (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 1992) e no trabalho com os gêneros
discursivos. No entanto, acredito que esse conceito não é suficiente para uma
compreensão mais apurada de determinados fenômenos atinentes aos processos de
ensino e de aprendizagem de línguas. Fenômenos decorrentes do contato entre duas
línguas ou entre variantes de uma mesma como a transferência e a interferência
(LADO, 1957), a interlíngua (SELINKER, 1972), entre outros, podem impactar o
processo de ensino e aprendizagem. Esses fenômenos são consistentemente
fundamentados e explicados pela Linguística Contrastiva. O conhecimento sobre essa
área do saber, assim como o estudo de seu instrumental teórico-metodológico, podem
ser valiosos aliados para o aprimoramento profissional dos professores de Linguagens

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e, consequentemente, para o enriquecimento das aulas de línguas estrangeiras


modernas na Educação Básica.
Palavras-chave: Linguística Contrastiva; Língua Estrangeira; Formação do Professor;
Educação Básica.

23) Uma proposta de ensino de leitura sobre o Gênero discursivo Canção:


sincretismo entre a linguagem verbal e a linguagem musical

Cristiano Brun Amarante (UEM)


Edson Carlos Romualdo (UEM - Orientador)

Resumo:
Em uma perspectiva sistematizada, a Música trabalha os sons em seus diversos modos
contemplativos. Englobando o trino melodia/ritmo/harmonia em sua constituição, a
Música, por sua forte presença nas sociedades, tornou-se objeto constante de reflexão
para várias áreas do conhecimento. Dentre os diversos tipos musicais, a Canção - na
qual encontramos o sincretismo entre a linguagem verbal e a linguagem musical em
suas diversas variantes – certamente é a que mais acompanha as diferentes atividades
sociais humanas. O conceito bakhtiniano sobre Gêneros do Discurso possibilitam
relacionarmos a Canção a enunciados relativamente estáveis inseridos nas diversas
práticas sociais, sendo constituída por um conteúdo temático, um estilo e uma
construção composicional. Tendo em vista essas características, juntamente com o fato
de os documentos oficiais recomendarem o uso dos conceitos sobre gênero discursivo
na esfera do ensino/aprendizagem, podemos tomar o gênero Canção como instrumento
didático para o ensino tanto da linguagem musical, quanto para o ensino da linguagem
verbal. Fato é que a Canção tem sido mal usada para este fim, pois nela, o ensino de
uma das linguagens – a verbal ou a musical – é sempre privilegiado em detrimento da
outra. Diversas pesquisas nos mostram que a Canção tem sido usada como pretexto
para que se ensine apenas a linguagem verbal, e em outros casos, se ensine apenas a
linguagem musical. Embasados em teóricos como Caretta (2011), Tatit (2003), Carmo
(2012), Schroeder (2011), e Bakhtin (1997), propomos um trabalho em que a Canção
seja vista como gênero carregado de signos musicais e verbais, considerados em seu
caráter sincrético, tomando este gênero como constituído por harmonia, melodia, ritmo,
e o verbal musicado, entrelaçados entre si para a criação de sentidos. Utilizando a
Canção “O Pato”, de letra criada por Vinicius de Moraes e inserida no seu livro “A Arca

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de Noé”, de 1970, e musicada postumamente pelo grupo “MPB 4” para um especial


televisivo da rede Globo, de 1980, propomos um percurso didático para o ensino de
leitura da Canção, que englobe o conhecimento sobre os elementos melódicos,
harmônicos, rítmicos e verbais, para crianças de 9 e 10 anos de idade. Essa proposta é
apresentada por encaminhamentos didáticos elaborados com a intenção de um ensino
que proporcione parâmetros de observação sobre os elementos constitutivos da Canção
em sua totalidade genérica, embasada no sincretismo entre a linguagem verbal e a
linguagem musical.
Palavras-chave: Gêneros do Discurso; Canção; Sincretismo verbo/musical.

24) Memórias literárias: um trabalho significativo de leitura e escrita em


turmas de 7º. ano
Eliane Marina Tirapelle Brasil
Profa. Dra. Marinês Lonardoni (UEM/Orientadora)
Resumo:
Trabalhar com os gêneros textuais no Ensino Fundamental é essencial, pois contribui
para o aprendizado da prática das leituras, favorece o trabalho de compreensão e
interpretação dos textos lidos e repercute significativamente nos alunos, preparando-os
para a produção escrita dos gêneros aprendidos. Isso porque só é possível levar o
educando a escrever determinado gênero se antes este tiver sido “apresentado” a ele,
conhecendo sua estrutura, principais características e os aspectos determinantes de
sua composição e estilo. Tendo em vista esses pressupostos, o objetivo deste simpósio
é apresentar resultados do trabalho de leitura e produção escrita do gênero Memórias
literárias em uma turma do 7º. ano do Ensino Fundamental. A memória literária é um
gênero que traz consigo um propósito sócio comunicativo de recuperar, num relato,
escrito de forma contemporânea, vivências de tempos mais distantes, relacionados a
lugares, objetos, pessoas, fatos, sentimentos, valores vivenciados ou não pelo autor. O
trabalho com o gênero Memórias literárias propicia o contato entre gerações, o resgate
das memórias vivas das pessoas mais velhas, proporcionando sentimentos de
pertencer ao lugar onde se vive, contribuindo para a formação de seres humanos mais
completos. Desse modo, o ensinoaprendizagem desse gênero teve por finalidade levar
o aluno a apreender suas principais características, as marcas e recursos linguísticos do
gênero por meio da leitura e compreensão de variados textos e autores, bem como a
produção escrita por meio de oficinas, visando a mudança no modo de falar e escrever

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do educando, no sentido de uma consciência mais ampla da língua e do domínio da


estrutura do gênero em questão. Esse trabalho foi realizado através de sequências
didáticas, propostas por Dolz e Schnewully (2010), que levam o educando a uma
produção textual mais clara, concisa, coerente e diferenciada, tendo em vista o ensino
da leitura e da escrita, já que essa atividade traz consigo um caráter mais humanizador.
No decorrer das etapas da produção escrita, observou-se que a principal dificuldade
para a construção dos textos por parte dos alunos era a de distinguir entre
diárioxrelatoxmemórias literárias. Para tanto, foi necessário mostrar as diferenças na
ordem de relatar, exemplificar esse gênero nas suas características, sua estrutura, seu
estilo. Para o pleno reconhecimento desses aspectos, os educandos fizeram a leitura de
vários textos de Memórias com a propósito de visualizar/apreender as características do
gênero (marcas textuais; verbos no pretérito perfeito e imperfeito; figuras de linguagem;
algumas expressões). As atividades foram desenvolvidas com base nos estudos de
Dolz e Schneuwly (2010), Clara, R;Altenfelder, a. H; Almeida, N.(2010) e Bakthin(1982).
Palavras chave: Leitura e escrita, gênero textual, memória literária.

25) A prática da escrita revelada no gênero crônica: entre nuances literárias


e jornalísticas

Leticia Terazzin Marroffino (UEM)


Prof. Dr. Neil Armstrong Franco de Oliveira (UEM/Orientador)

Resumo:
Nossa comunicação é resultado de investigação, de cunho descritivo e analítico, que
procurou reconhecer o gênero crônica na interseção entre dois campos da linguagem
humana, a literária e a jornalística, com vistas a uma prática de escrita em condições
reais de produção, mais especificamente em suporte definido e implantado para a
produção de futuros professores de línguas, a partir da teoria do gênero discursivo da
perspectiva dialógica da linguagem, dos teóricos do círculo de Bakhtin. O presente
trabalho buscou em alguns conceitos do círculo, como dialogismo, gêneros e
enunciados, enfocar a tríade que constitui o gênero: conteúdo temático, estilo de
linguagem e estrutura composicional, assumindo-o como forma de interação social.
Nessa abordagem, compreendemos a crônica como a representação de um gênero na
fronteira de dois campos da linguagem humana, ou seja, um gênero bivalente que por
vezes circula no meio da esfera de textos literários e, também, na esfera jornalística, e
que historicamente parece ter se estabelecido como um gênero genuinamente

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brasileiro. Diante de tal embasamento teórico, para promover a análise, recorremos a


duas crônicas: a primeira de jornalista/cronista publicada em jornal impresso de
circulação nacional e a segunda de aluna de Letras integrante de projeto de ensino que
visa ao desenvolvimento da capacidade de produção textual escrita de acadêmicos de
Letras da UEM. O critério de escolha se deu pelo tratamento temático, pois ambas
buscaram numa espécie de metalinguagem, tratar do processo de escrita, com
personagens em primeira pessoa evidenciando a pouca experiência com gêneros
jornalísticos ou a prática jornalística. O resultado nos leva a defender que a crônica
pode permitir um exercício de escrita que busca no agente produtor uma capacidade de
reflexão acerca dos fatos e temas da sociedade, sendo a crônica um reflexo do olhar do
escritor a respeito do cotidiano, contribuindo, sem dúvida, para o desenvolvimento da
capacidade de escrita dos sujeitos envolvidos no referido projeto de ensino. Muito além
da teoria que engloba as noções de gêneros, esse projeto visou à prática escritora
trabalhada no atual ensino de língua portuguesa, como língua materna, trazendo a
realidade do projeto O Consoante como meio de formação para os futuros professores,
buscando nesse indivíduo a compreensão de que escrever é um processo contínuo.
Palavras-chave: Gênero crônica; jornalismo e literatura; produção textual escrita.

26) Gêneros do jornalismo cultural: bases para a produção textual escrita


em curso de Letras

Fernando Luiz Prezotto (UEM)


Prof. Dr. Neil Armstrong Franco De Oliveira (UEM/Orientador)

Resumo:
Este trabalho procura demarcar uma discussão que se centra no entendimento do
jornalismo cultural e na descrição de gêneros discursivos pertencentes a este campo da
linguagem humana, a fim de figurarem em suporte definido, uma espécie de jornal
eletrônico, dentro de projeto de ensino que visa à produção textual de acadêmicos de
Letras da UEM. Tem se a compreensão de que o trabalho com a produção textual
escrita ainda pode ser considerado problemático em todos os níveis de ensino, da
educação básica à graduação. Sendo a escrita uma prática social, e, em termos de
ensino e aprendizagem, um trabalho processual de aquisição, conforme apontam
alguns estudiosos, são necessárias condições para que se efetivem práticas sociais

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reais de escrita para que os sujeitos aprendizes compreendam as razões que motivam
uma enunciação pelo modo escrito. Dessa forma, considerando os gêneros discursivos
na perspectiva do círculo de Bakhtin e seus elementos constituintes (tema, estilo e
construção composicional), assim como os aspectos históricos, culturais e ideológicos
que integram a natureza de todo enunciado concreto, bem como a importância que tem
o campo social de onde emergem os gêneros (Bakhtin, 2003), entende-se que são
relevantes os trabalhos de produção textual escrita. Nossa pesquisa se recorta ao
interesse sobre a reflexão e descrição do campo do jornalismo cultural e de alguns de
seus gêneros como aportes ao trabalho processual de produção textual. A prática da
escrita para além do meio acadêmico se justifica pela necessidade na formação do
futuro professor de línguas para o reconhecimento de outros gêneros, e também da
necessidade de ser capaz de propiciar práticas semelhantes a futuros alunos. Em
síntese, nossa comunicação se organiza do seguinte modo: a compreensão do conceito
de gênero discursivo na perspectiva do círculo de Bakhtin; um breve histórico do
jornalismo cultural e de suas tendências na contemporaneidade, sendo este um dos
elementos responsáveis por aumentar o acesso a objetos culturais, evitando
preconceitos de ideologia ou mesmo parcialidade política; características básicas de
alguns gêneros do jornalismo cultural no que diz respeito aos elementos que o
constituem (conteúdo temático, construção composicional e estilo); e a necessidade de
proposta de produção textual escrita para futuros professores de línguas, com base em
uma diversidade de gêneros. Os gêneros discursivos do campo do jornalismo cultural
foram escolhidos para que o trabalho de produção escrita de acadêmicos do curso de
Letras se efetivasse de forma significativa. As análises foram feitas a fim de criar um
aporte básico para figurarem no suporte definido e já implantado para a produção
textual escrita de alunos de Letras, considerando que a partir das práticas de escrita
para além do meio acadêmico, o professor em formação possa experimentar gêneros
diferentes e ser dono de seu processo autoral, inserindo-se em uma prática de
produção que tem um público interlocutor, não só o professor que avalia. Para isso,
foram analisadas, além dos textos selecionados de diferentes plataformas, duas
resenhas produzidas por acadêmicos de Letras e publicadas na página do jornal em
rede social. Concluímos que, a partir desta prática, o aluno passa a ter contato com a
realidade da produção textual jornalística, sendo responsável por seu desenvolvimento
e também pelos impactos sociais que seu texto causa e/ou pode causar para a própria
formação profissional bem como para seu papel de sujeito produtor de texto em
sociedade.
Palavras chave: Gêneros discursivos; jornalismo cultural; produção textual escrita.

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27) Novela gráfica e algumas contribuições para a leitura e interpretação de


textos quadrinísticos

Pietra Poliana Amancio Irineu da Silva (UEL)


Profa. Dra Maria Isabel Borges (UEL/Orientadora)

Resumo:
A novela gráfica não é um gênero quadrinístico comum tanto na escola como nos livros
didáticos. Os gêneros usualmente encontrados são: cartum, charge e tira cômica.
Segundo Vergueiro (2004), há uma urgência no conhecimento da linguagem dos
quadrinhos para ser trabalhada pelo professor nas diferentes disciplinas, sobretudo, nas
aulas de português. Em relação à novela gráfica, não há um consenso das
características que a categorizam como um gênero discursivo consolidado sócio-
historicamente. Segundo Murray (2017), sob uma visão literária, limitada e
preconceituosa, a novela gráfica se destina ao público que domina capacidades
amadurecidas de leitura, possui temáticas particularidades (por exemplo, vieses
(auto)biográfico e histórico) e é vendida em livrarias em suporte livro. Comparando-a
com a tira cômica — um texto híbrido desenvolvido na conexão entre construção da
expectativa e desfecho cômico (RAMOS, 2010; 2011) — é possível dizer que ainda
predomina a visão de entretenimento e sem maturidade temática, tomando como
referência a definição já citada de Murray. Essa visão também se estende para os
demais gêneros quadrinísticos, os tidos gêneros de qualidade inferior, principalmente,
quando comparados com os gêneros literários. Nesse sentido, o desenvolvimento do
detalhamento narrativo, bem como o tempo, o espaço, o posicionamento do narrador,
dentre outros componentes, constituem elementos importantes de diferenciação entre
os gêneros “novela gráfica” e “tira cômica”: esta é compreendida como um gênero
sintético e com desfecho cômico; enquanto aquela, em função de sua extensão,
possibilita o detalhamento da trama, das personagens, do espaço e tempo, do claro
posicionamento do narrador, com efeitos de humor ou não. Os dois gêneros pertencem
a mesma esfera social e partilham, portanto, elementos da sua construção
composicional que integram a linguagem dos quadrinhos, tais como: tamanho e
distribuição das vinhetas; balões de fala; cor; linhas cinéticas; diferentes tempos e
relações com o espaço e com a sequência narrativa; caracterização de personagens
estilizadas etc. Neste trabalho, o objetivo é apresentar uma caracterização de novela
gráfica como gênero discursivo, em comparação com a tira cômica, a partir da análise
de base qualitativa por amostragem. Com base nos elementos que integram o gênero
do discurso (BAKHTIN, 2003), propõe-se apresentar uma perspectiva sobre o gênero
“novela gráfica”, levando-se em consideração a conexão entre os elementos
pertencentes a sua constituição, as condições de produção e os participantes desse

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processo discursivo, além de apresentar a contribuição dessas manifestações artísticas


para o ensino da leitura nas escolas. Ramos (2010), Acevedo (2009), Cagnin (2014) são
as principais referências sobre a linguagem dos quadrinhos e, para a caracterização da
tira cômica, Ramos (2011; 2014). Os objetos de estudo são: a novela gráfica “Scott
Pilgrim contra o mundo”, criação de Bryan Lee O’ Malley (2010), e a tira cômica
(“Snoopy” de Charles Schulz, “Mafalda” de Quino, “Calvin e Haroldo” de Bill Watterson,
“As cobras” de Luis Veríssimo, “Grump” de Orlandeli, “Quadrinhos Ácidos” de Pedro
Leite, “Bichinhos de Jardim” de Clara Gomes, “Armandinho” de Alexandre Beck).
Palavras-chave: Gênero do discurso; Novela gráfica; Tira cômica; Scott Pilgrim; Leitura
e ensino.

28) Ensino Escolar de Produção de Textos e a Consideração de Atividades


Microtextuais

Simone Regina de Oliveira (UTFPR)


Prof. Dr. Givan José Ferreira dos Santos (UTFPR/Orientador)

Resumo:
O tema ensino de produção de gêneros textuais argumentativos não se esgota quando
as práticas pedagógicas, ainda que bem fundamentadas, precisam ser ajustadas ou
empregadas de outro modo, para que o objetivo maior seja alcançado: “o texto seja
desenvolvido em um processo e não como um produto”. As aulas de produção de
textos, de modo geral, são (re)conhecidas como àqueles momentos em que o professor
orienta alunos com atividades específicas ou técnicas que prometem habilitá-los a
elaborar textos. Por trás de tal promessa, sabe-se que o desconhecimento a respeito da
organização e estrutura de um gênero textual, como o ensaio escolar, pode direcionar
ambas as partes à procura por fórmulas rápidas e momentâneas que auxiliem na
“fabricação de textos” para atingir propósitos relativos e imediatos de exames e
processos seletivos, tais como o ENEM e as vagas de estágio, trainee, emprego,
concursos, entre outros. Em vista disso, entre os diversos desafios dos professores de
Língua Portuguesa do Ensino Médio está a preparação consistente dos estudantes para
produção de textos escritos que exigem domínio de elementos constitutivos da
argumentação. No trabalho do movimento complexo da argumentação, não basta que o
produtor escolha um ponto de vista a ser defendido, a partir de um tema proposto,
conheça a estrutura básica de um texto dissertativo – introdução, desenvolvimento e

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conclusão – e elabore parágrafos conforme as ideias vão surgindo à mente. Esse


gênero do domínio discursivo da escola, à semelhança de outros que também
apresentam natureza predominantemente argumentativa, contém traços característicos
peculiares que precisam ser bem dominados pelos alunos-autores, a fim de que os
objetivos sociais de produção sejam efetivamente alcançados. Ainda que várias
propostas pedagógicas de trabalho com argumentação em sala de aula tenham sido
publicadas e testadas no cotidiano escolar de ensino de produção de texto, permanece
uma insatisfação, da parte dos professores e de alunos, quanto ao nível de qualidade
dos textos argumentativos escolares. Nesse sentido, esta pesquisa procura contribuir
com uma proposta de material didático para auxiliar o professor de Língua Portuguesa
do Ensino Médio a desenvolver a competência argumentativa de seus alunos,
especificamente na elaboração do gênero textual ensaio escolar. Assim, o material
didático proposto fundamenta-se em pressupostos teóricos e metodológicos da Teoria
dos Gêneros Textuais (MARCUSCHI, 2002; KOCH; ELIAS, 2012; SANTOS, 2013;
BAZERMAN, 2011; FERRAGINI, 2016) e da Semântica Argumentativa (KOCH, 1984;
DUCROT, 1983; BRETON, 2003; SANTOS, 2013; KOCH; ELIAS, 2016). A pesquisa
caracteriza-se metodologicamente como bibliográfica, descritiva e analítica, uma vez
que apresenta proposta e análise de categorias linguísticas _ gênero textual ensaio
escolar, tipos de argumento, esquema de construção textual e verbos introdutores de
opinião. Acredita-se que o material proposto venha se constituir em instrumento de
mediação pedagógica favorável ao desenvolvimento da capacidade de produção textual
argumentativa dos alunos.
Palavras-chave: Ensino de produção de textos. Atividades Microtextuais. Proposta
Pedagógica.

29) A instrução ao sósia: a manifestação de um gênero na esfera


acadêmica e seu potencial formativo

Soelene de Fátima Brovoski Modolo (UTFPR Pato Branco)


Profa. Dra. Siderlene Muniz Oliveira (UTFPR Pato Branco/Orientadora)

Resumo:
A atividade de linguagem, com papel fundamental na evolução da espécie humana,
pode ser decomposta em ações que se organizam em discursos ou em textos. Estes se
distribuem em gêneros adaptados às necessidades das formações sociodiscursivas, se
modificam permanentemente e se configuram historicamente pelo acúmulo de

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processos individuais de apropriação dos mesmos (Bronckart, 2012). É através dos


gêneros, compreendidos como instrumento de comunicação e objeto de ensino-
aprendizagem, que as práticas de linguagem encarnam-se nas atividades dos
aprendizes (Schneuwly; Dolz, 2004). Este trabalho tem por objetivo apresentar uma
análise de dois textos pertencentes ao gênero - e método - instrução ao sósia, bem
como destacar o seu potencial formativo, uma vez que possibilita uma transformação do
trabalho do sujeito mediante um deslocamento de suas atividades, permitindo uma
compreensão do real da atividade, que ultrapassa a tarefa prescrita e a própria atividade
realizada (Clot, 2007). Assim, pretendemos contribuir com a propagação do gênero
instrução ao sósia no meio acadêmico. Pressupostos teóricos do Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD), da Ergonomia da Atividade e da Clínica da Atividade embasam a
pesquisa. Foram analisadas as transcrições de duas instruções ao sósia, sendo uma
francesa e traduzida para o português (Clot, 2010) e outra brasileira (Riciolli, 2015).
Embasamo-nos no quadro de análise do ISD (Bronckart, 2012), tendo como foco o
plano global e os tipos de sequências predominantes. No que se refere ao plano global
dos dois textos, encontramos diferenças quanto à preservação da identidade dos
participantes, à forma de marcar os turnos de fala, à forma de o pesquisador introduzir a
entrevista, à transcrição das mesmas, sendo que somente a instrução ao sósia
brasileira foi submetida a normas de transcrição. No tocante às formas de planificação
dos textos, ambos se caracterizam pela sequência dialogal, por serem entrevistas,
marcadas pelas fases de abertura, transacional e de encerramento. Os dois textos
exibem segmentos organizados por esquematizações (Bronckart, 2012). Ainda, ambos
são organizados por meio da sequência injuntiva, diferindo um pouco quanto à
manifestação dos verbos. Além dos verbos no modo imperativo e infinitivo, conforme
proposto por Bronckart (2012), encontramos outros verbos nas sequências injuntivas:
futuro perifrástico, presente do indicativo, verbos modalizadores (Rosa, 2003). No
contexto de pesquisas sobre formação de professores, a instrução ao sósia tem um
grande potencial formativo, principalmente por possibilitar aceder ao real da atividade.
Assim, na esfera acadêmica, pode ser uma estratégia para estreitar a relação teoria e
prática, instigando reflexões por parte dos futuros professores acerca desse real da
atividade, dos conflitos existentes nas atividades docentes contextualizadas trazidas nas
instruções ao sósia.
Palavras-chave: gêneros textuais, instrução ao sósia, Interacionismo Sociodiscursivo,
formação de professores.

30 Leitura crítica de textos sob um viés dialógico: um possível


encaminhamento

Terezinha da Conceição Costa-Hübes (Unioeste)

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Resumo:

Conforme postulados de Paulo Freire, a criticidade implica no sujeito se apropriar de


sua posição no contexto em que vive, inserir-se, integrar-se objetivamente em sua
realidade. Todavia, atitudes como essas requerem a formação de um sujeito que saiba
ler criticamente seu meio, seu contexto, enfim, todos os textos com os quais ele possa
interagir. E ler criticamente pressupõe análise, reflexão, posicionamento embasado em
aspectos históricos e sociais que envolvem o conteúdo do texto e sua própria vida. Em
alguma medida, como diz Bonini (2012), é preciso indagar quem produziu o texto, para
quem foi produzido, a partir de quais pontos de vista, para provocar quais efeitos de
sentido. Essa atitude requer, na leitura de um texto, reflexões que extravasem seus
aspectos linguísticos e que avancem para sua dimensão extraverbal, conforme
postulados de Volochinov e Bakhtin (1926). Trata-se de compreender que o texto,
também denominado, nesse âmbito, como enunciado, organiza-se em duas dimensões:
verbal (ou verbo-visual) e extraverbal (ou social). Todavia, como orientar as atividades
de leitura na sala de aula, a partir de determinado gênero trabalhado, de modo que
essas dimensões sejam contempladas e alavanquem para o desenvolvimento crítico do
leitor? Na perspectiva de apresentar uma possível resposta a este questionamento,
elaboramos um instrumento teórico-metodológico que apresenta uma possibilidade de
encaminhamento para as atividades de leitura, de modo que, além de contemplar as
dimensões supra citadas, explore os diferentes níveis de leitura, conforme apresentado
por Menegassi (2010). Assim, essa proposta se volta para a dimensão extraverbal (ou
social) e verbal (ou verbo-visual) do gênero, conforme pressupostos bakhtiniano, em
diálogo com Luckesi et al. (1997), Menegassi (2010), Bonini (2012), entre outros
autores preocupados com o ensino da leitura crítica na escola. Nosso objetivo, portanto,
é socializar esse instrumento teórico-metodológico, na perspectiva de contribuir com a
condução das atividades de leitura na sala de aula que pretende formar um sujeito
capaz de ler criticamente. Este estudo se insere na área da Linguística Aplicada, uma
vez que está preocupado com as ações que se fazem com a linguagem, nesse caso,
em específico, no espaço escolar. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa
qualitativa interpretativista, conforme Bortoni-Ricardo (2008), de cunho teórico-reflexivo.
Os resultados apontam para um alargamento das possibilidades de atividades com a
leitura em sala de aula, possibilitando ao professor atentar-se para além das marcas
linguísticas de um texto e para questões que promovam a criticidade do leitor.

Palavras-chave: Leitura crítica; Ensino da leitura; Dimensão extraverbal e verbal do


gênero.

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SIMPÓSIO 8) Lexicologia e terminologia: diálogos e interfaces

Prof. Dr. Odair Luiz Nadin da Silva (UNESP)


odair.lluiz@gmail.com
Amanda Henrique Pereira (UNESP)
amanda_henrik@hotmail.com

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1) O léxico toponímico: nomes de motivações de natureza


antropocultural atribuídos aos municípios de Alagoas

Pedro Antonio Gomes de Melo (Uneal)


Prof. Dr. Manoel Messias Alves da Silva (Orientador/UEM)

Resumo:
O ato de nomear aglomerados humanos (cidades, povoados, aldeias etc.) aciona uma
complexa rede de fatores que, geralmente, estão associados a uma experiência vivida
pelo sujeito-nomeador ou por um dado grupo social. Essa atividade verbal não se dá de
maneira despropositada, de forma neutra ou aleatória, mas como uma estratégia de
posicionamento, que ocorre num contexto permeado por uma multiplicidade de sentidos
que, por sua vez, fazem parte de um universo sócio-histórico-cultural que deve ser
estudado pelo pesquisador no campo toponomástico. Sob esse olhar, buscamos
investigar as escolhas lexicais decorrentes de taxionomias de natureza antropocultural,
registradas na sincronia atual, para nomear municipalidades em Alagoas. Quanto aos
métodos empregados, trata-se de uma pesquisa bibliográfica que se insere no
paradigma pós-positivista de natureza qualitativa de cunho interpretativista, uma vez
que seus resultados são oriundos de interpretação de fenômenos linguísticos, nos quais
a intersubjetividade se marca na pesquisa, i. é., as possíveis motivações para escolhas
de nomes de municípios alagoanos, seus significados e suas representações simbólicas
no léxico toponímico, de forma objetiva, levando em consideração as bases de onde os
dados foram gerados. O inventário toponímico que compõe o corpus desta pesquisa
seguiu, fundamentalmente, os princípios teórico-metodológicos da Lexicologia e da
Toponímia, em especial o modelo teórico de Dick (1990 e posteriores) e as
contribuições de Isquerdo (1996; 2012). Após as análises, os resultados apontaram que,
dentro do grupo motivacional de natureza antropocultural, as taxes dos
antropotopônimos foram as mais produtivas com registros de 13 ocorrências de um total
de 46 topônimos, o que sugere que essas representações semânticas intencionais
estão ligadas às dadas motivações extralinguísticas e revelam traços socioculturais da
identidade do povo alagoano mediante as particularidades consubstanciadas no signo
toponímico e no conteúdo simbolizado por ele a ser interpretado pela comunidade.
Nesses casos, são nomes instituídos por aqueles que possuem o poder de mando, há
identificação pessoal dos homenageados, pessoas abastarda da elite, muitas vezes não
representando uma manifestação natural da população local. Assim, para a
identificação completa dos personagens, se faz necessário o recuo histórico à época do
batismo dessas cidades alagoanas. Nessa linha, evidenciamos que esses nomes não
representam a identidade da comunidade nomeada, mas uma conveniência intencional
do nomeador.

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Palavras-chaves: Lexicologia, Onomástica, Léxico toponímico, Nomes de município.

2) A religiosidade na toponímia paranaense: primeiras reflexões

Me. Anna Carolina Chierotti dos Santos Ananias (UEL)


Profa. Dra Aparecida Negri Isquerdo (UFMS/Orientadora)

Resumo:
O ser humano utiliza-se do léxico para nomear elementos de sua realidade física e
social, o que evidencia sua compreensão de mundo e a maneira de pensar e de agir de
sua comunidade. A Toponímia é responsável pelo estudo dos nomes de lugares e como
disciplina que se ocupa do léxico toponímico, mantém estreita relação com a
Lexicologia, à medida que o léxico toponímico também pode ser considerado uma forma
de repositório da história local, já que por meio do estudo dos topônimos é possível
recuperar dados acerca da trajetória dos grupos humanos que habitaram e habitam
determinada região e de momentos históricos vivenciados por eles. Este trabalho
apresenta considerações iniciais e resultados parciais a respeito da tese em
desenvolvimento - Marcas da Religiosidade e de Crenças Populares Impressas na
Toponímia Paranaense, desenvolvida no programa de Pós-Graduação em Estudos da
Linguagem na Universidade Estadual de Londrina (UEL). A tese tem como objetivo mais
amplo a catalogação e a análise da toponímia (elementos físicos e humanos) de caráter
religioso e de crenças populares pertencente aos 399 municípios que integram o Estado
do Paraná. Partimos da hipótese de que a preferência por nomes de cunho religioso é
condicionada por fatores histórico-geográficos, em especial os referentes aos processos
de povoamento e a fatores ideológicos relacionados ao sujeito nomeador. Para a coleta
de dados foram utilizados os mapas oficiais dos municípios paranaenses
confeccionados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes ao
censo de 2010. O estudo orienta-se, fundamentalmente, pelo modelo teórico-
metodológico proposto por Dick (1990; 1995; 1998; 2000; 2006) e outras contribuições
da área. A coleta de dados gerou o montante de 9.602 (8.582 de acidentes humanos e
1.020 de acidentes físicos) ocorrências de topônimos de natureza mítico-religiosa, o
agrupamento dessas ocorrências resultou num total de 621 topônimos distintos
referentes ao corpus final deste estudo. Os resultados preliminares do estudo da tese
em andamento indicam que, a grande quantidade de topônimos de cunho religioso
identificados em algumas localidades pode ser justificada pelas expectativas dos
colonizadores frente à nova terra, logo, atribuir aos lugares nomes com carga semântica
espiritual, de alguma forma, representa uma invocação de proteção.

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Palavras-chave: Toponímia; Léxico; Religiosidade; Paraná.

3) A ocorrência de variação denominativa do termo “Agronegócios” em


um corpus semiespecializado.

Rosemeire de Souza Pinheiro Taveira Silva (UNESP/FCLAr/ IF Goiano)


Prof. Dr. Odair Luiz Nadin (UNESP/FCLAr)

Resumo:
O Agronegócio tem uma participação significativa na economia brasileira, o que eleva
sua importância de ser estudado, pois economicamente é um setor que tem se
modernizado e a cada expansão há necessidade de termos para registrar seu
conhecimento. Com o avanço sócio-econômico este segmento de aporte agroindustrial
tem se apropriado de diversos termos e conceitos, oferecendo aos pesquisadores a
oportunidade em expandir e contribuir com a elaboração de um acervo lexical
significativo e de suma importância para a área. Este segmento que representa toda
uma cadeia produtiva demanda várias análises terminológicas, mas este estudo visa
analisar a variação dos diferentes termos atribuídos ao conceito do Agronegócio em um
corpus semiespecializado. O próprio termo que intitula a área apresenta uma variação
denominativa, como: “Agronegócio”, “Agribusiness”, “Complexo agroindustrial”, “Cadeias
agroeconômicas”. Para tanto, vale refletir: Os pesquisadores da área ao proferirem
sobre o conceito do Agronegócio selecionam um ou mais termos? Estes termos são
tratados como sinônimos? Para buscar dados passíveis de reflexão, esta pesquisa
contou com auxílio de estudos bibliográficos e a análise de um corpus eletrônico, a fim
de verificar a frequência de uso. Para a composição do corpus foram auferidos (10) dez
boletins, (125) cento e vinte e cinco dissertações e (05) cinco teses de (16) dezesseis
instituições nacionais de ensino superior que abarcam a temática do Agronegócio. Estes
materiais foram retirados do banco de dissertações e teses da Capes, salvos em pdf,
transformados em txt e processados no programa Unitex. Após a organização dos
dados foi verificada a frequência de cada termo analisado e pôde-se observar três
situações em que os autores: 1) optam por apenas um termo, exemplo: “Agronegócio”;
2) utilizam dois ou mais termos como sinônimos, exemplo: “Agronegócio” e
“Agribusiness”; 3) escolhem mais de um termo, sendo que um dos termos tem uma
pequena modificação e/ou restrição conceitual, exemplo: “Cadeias agroeconômicas” e
“Complexo agroindustrial”. Logo, esta pesquisa observa que a variação terminológica
está condicionada ao enfoque do autor e a marca temporal. Este estudo é baseado nas
reflexões de Araújo (2007), Massilon (2007), Callado (2011), Batalha (2011) e Vieira

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Filho (2017), pesquisadores do Agronegócio, e da Terminologia, Krieger e Finatto


(2004), Biderman (2001), Barros (2004), Freixa (2013) dentre outros estudiosos.
Palavras chave: Agronegócio; Terminologia; Variação terminológica.

4) Terminologia do Direito do Consumidor: Análise da variação


denominativa

Amanda Pereira (UNESP/PG-FCLAR/CNPq)

Resumo:
A Terminologia, como ciência, pode-se considerar que se constituiu em dois momentos
importantes, o primeiro, está vinculado às teorias consideradas clássicas, em que
destacam-se, principalmente, as escolas Russa, Tcheca e Vienense (LOTTE, 1961;
DRODZ, 1979; WUSTER,1969). O enfoque maior das pesquisas provenientes dessa
vertente está na organização da linguagem de especialidade para que essa se tornasse
mais precisa e que comunicasse ciência de modo mais inequívoco possível. Em um
segundo momento, a Terminologia lançou à linguagem em contexto de especialidade o
olhar preocupado com as questões referentes à língua e, a partir disso, desenvolveu-se
em torno de metodologias e abordagens mais próximas à realidade linguística. Em
decorrência disso, passou-se a considerar fatores próprios das línguas naturais, como a
variação terminológica. Nesse sentido, nosso trabalho tem como objetivo apresentar um
recorte da pesquisa de mestrado cujo escopo é a variação terminológica no Direito do
Consumidor, para tal, analisamos a variação terminológica denominativa do termo
consumidor. Valemo-nos dos pressupostos de Cabré (1999), para questões relativas à
Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT), Freixa (2002; 2006) para tratar das
motivações da variação denominativa, do reconhecimento das sinonímias e
classificação em escala de Equivalência Conceitual (Freixa, 2002, p.296). A partir da
identificação das unidades terminológicas sinonímicas referentes ao termo consumidor,
demonstraremos quais foram as ocorrências encontradas, a fim de verificar as
ocorrências dos diferentes usos nos textos que constituem o corpus, observando
também, como essas sinonímias apresentam-se nos contextos analisados. Por fim, com
esta pesquisa, visamos compreender de modo mais abrangente o fenômeno da
variação terminológica no âmbito do Direito do Consumidor, com enfoque em uma
modalidade importante que é a variação denominativa, pois como destaca Cabré (1999,
p. 138 tradução nossa) esse tipo de variação “se explica pela necessidade em adequar
a expressão às características discursivas de cada tipo de situação comunicativa”,
então, a variação é um movimento legítimo da língua à medida que seus usuários

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buscam por meio dela atender as suas necessidades comunicativas. Entendemos


também a relação interdependente das variações denominativa e conceitual, ao manter
o foco em um dos tipos de variação, buscamos abranger o fenômeno em si, de modo
amplo, visando compreender melhor como tal processo ocorre no âmbito das
especialidades.
Palavras-chave: Terminologia; Direito do Consumidor; Variação terminológica.

5) Coleta, etiquetagem e manipulação de corpus para a elaboração de


um dicionário Terminológico da Energia Eólica

Me. Daiane Jodar (UEM)


Prof. Dr. Manoel M. Alves da Silva (UEM/Orientador)

Resumo:
Buscando colaborar com a sustentabilidade, em especial, com a produção de energia
renovável, destacando a energia eólica, é que se motivou desenvolver essa pesquisa. É
sabido que a energia eólica é um tipo de energia renovável que provém do uso do
vento, que beneficia o meio ambiente, pois quando se utiliza a energia eólica, em sua
produção não se emite o dióxido de carbono na atmosfera. Desse modo, ao coletar os
termos da energia eólica empregados pelos estudiosos e usuários nas línguas
portuguesa e espanhola, para a produção de um dicionário terminológico, tem-se a
intenção de minimizar as confusões conceituais acerca da utilização desses termos e
destacar a importante função da análise contrastiva no que diz respeito às línguas
estrangeiras e suas especialidades. Ante dessa proposta, dentro de uma área de
especialidade como a energia eólica, um dicionário bilíngue é de suma importância para
que os diversos consulentes da obra, encontre eficácia na procura dos termos. Para
continuidade do trabalho faz-se necessário fazer o projeto de elaboração dos corpora,
mais especificamente, em números, foram escolhidos 111 textos em PB e 110 textos
em EE, somando um total de 220 textos. Essa etapa se de composição dos corpora foi
feita de modo geral com o uso da internet. A maioria dos textos foi encontrada na
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Outra fonte de pesquisa
foi também o banco de dados das diversas Universidades da Espanha, onde foram
encontradas teses e dissertações na língua espanhola europeia.Dando continuidade à
etapa, após a escolha dos textos, foram arquivados em pastas separadas no
computador, corpus em PE e corpus em EE. Depois da composição dos corpora, a
etapa seguinte se deu na conversão dos textos que estavam em grande maioria em

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PDF e foram transformados em Word e TXT pelo conversor de textos zamzar.com.


Após a conversão de todos os textos, outro passo para a organização dos corpora foi a
compilação dos textos. Essa etapa se deu fazendo a junção de todos os textos EE em
um único arquivo, do mesmo modo esse mesmo processo foi feito nos textos em
PB.Dando continuidade, seguiu-se o passo da manipulação dos corpora. São
chamados programas de computador que cooperam na manipulação desses tipos
corpora, formando verdadeiros bancos terminológicos, constituídos a partir de fichas
terminológicas. As fichas são arquivos de termos, empregados como utensílios de
armazenamento de dados concernente aos termos de uma pesquisa de especialidade.
A partir do preenchimento das fichas terminológicas é que se inicia a elaboração do
dicionário propriamente dito. Com base nas informações das fichas é que os verbetes
são elaborados.
Palavras-chave: Terminologia; etiquetagem; dicionário

6) A elaboração do dicionário de energia hidráulica

Me. Fernanda Callefi Panichella (UEM)

Resumo:
O objetivo deste trabalho é apresentar os caminhos percorridos de uma pesquisa
terminológica monolíngue descritiva acerca das unidades de conhecimento
especializado relacionada a uma subárea específica da língua portuguesa denominada
energia hidráulica da área das energias renováveis. Esta pesquisa está alicerçada nas
teorias e metodologias da Terminologia em sua vertente a Teoria Comunicativa da
Terminologia (TCT), especificamente em relação à fraseologia detectada entre o
Português Brasileiro (PB). A finalidade Terminologia é observar os termos em situações
reais de uso e, a partir desse olhar, promover uma comunicação eficaz, a um só tempo,
concisa, precisa e objetiva. A TCT ampliou os caminhos para o fazer terminográfico,
assumindo a diversificação discursiva em função da temática, do tipo de emissor, dos
destinatários, do nível de especialização, do grau de formalidade, do tipo de situação,
da finalidade, do tipo de discurso, etc. Um passo extremante importante para o estudo
dos termos. De acordo com Cabré (2005) a TCT possui um caráter interdisciplinar, isto
é, traz consigo fundamentos das ciências da linguagem, das ciências cognitivas e das
ciências sociais, sendo possível analisar o termo levando em conta as suas muitas
faces. A Terminologia, no Brasil, passou a desenvolver-se e ser praticada de maneira
sistemática em meados da década de 80 do século XX. A partir de sua estruturação da
Terminologia nos anos 80 do século XX, a sociedade tem passado por situações

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contraditórias com consideráveis avanços tecnológicos. A ciência e a tecnologia estão


presentes no cotidiano, nos mais diferentes matizes, isto é, desde informações técnicas
sobre explosão de um ônibus espacial, passando por uma terminologia forjada no bojo
da guerra, até questões mais difíceis de serem entendidas. Dessa forma, com essa
interferência direta, a língua deve estar apta para nomear novos referentes e novos
conceitos, a ponto de ser eficaz comunicativamente. As línguas especializadas,
juntamente com o suporte prático e teórico da terminologia, passam a ser
imprescindíveis para legitimar a função real de uma língua como veículo de
comunicação também em situações especializadas. Em um uso informal não há tanta
preocupação com a precisão terminológica, porém tratando-se de uso especializado,
essa precisão é fundamental, ainda mais em relação aos contatos entre cidadãos de
países cujas línguas sejam diferentes. Dessa forma, esses avanços científicos e
tecnológicos precisam ser nomeados apropriadamente. As UTs (Unidades
Terminológicas) constituintes de uma área especializada refletem a estrutura conceptual
dessa área e são a base da comunicação especializada. No caso, de níveis
socioculturais divergentes, o produto terminográfico pode preencher a lacuna e facilitara
propagação dessas novas unidades lexicais forjadas pelas necessidades de seu usuário
especializado, facilitando o intercâmbio econômico e tecnológico conforme Silva (2003,
p. 111). Segundo Barros (2004 a Terminologia é uma ciência particular do léxico, que
tem o termo como principal item de estudo, sendo seu principal dentro de uma
linguagem de especialidade a indução a um funcionamento eficaz, sem ambiguidades.
O termo e o conceito são inseparáveis, visto que, um termo no momento de sua criação,
já adquiri um sentindo, que atribui a um conceito em uma determinada área. O
significante e a significação do termo resultam de um consenso entre especialistas de
uma área do saber, e a sua aceitação pode ser observada nos diferentes usos, âmbitos
da comunicação. Para a concretização a produção do dicionário da subárea em estudo,
esclarece-se, primeiramente, a escolha e a justificativa do tema e é apresentado um
apanhado histórico que contextualiza a energia hidráulica no Brasil e no mundo, ainda
há dados e alguns aspectos que contribuem para a produção dessa energia. A partir da
apresentação das modalidades do trabalho terminológico. Além disso, foi possível, por
meio dos termos identificados em 148 texto, dentre eles teses, dissertações e textos
relacionados à área, organizar a ontologia da energia hidráulica constituída por 478
termos, que foram compilados através do programa UNITEX. Partindo da pesquisa
temática. Foi abordado o enfoque onomasiológico, ou seja, incide em realizar uma
recolha de UTs em uma área dada com o intuito de explorá-las e defini-las a partir dos
conceitos identificados. Da mesma forma que outras pesquisas monolíngues, foram
percorridas as seguintes etapas: delimitação da área de especialidade; a constituição do
corpus; a conversão dos textos identificados em formato pdf, com o auxílio dos
conversores “DoPDF” e “FineREADER 6.0”; os textos foram salvos em word, revisados,
etiquetados e saltos em TXT. ) manuseio do programa auxiliador (Unitex); recolhimento
dos termos e levantamento dos dados semânticos e morfológicos; preenchimento das
fichas terminológicas; verificação dos candidatos a termos, de acordo com a frequência;
elaboração de proposta para caracterizar as UT como UTF ou não; análise e conclusão

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dos resultados obtidos; organização dos verbetes; conclusão do dicionário. É


importante salientar que a Ontologia auxiliou na recolha dos termos fraseológicos, que
embora tivessem sido reconhecidos pelos especialistas da área de Energia Hidráulica
como termos, foi possível visualizá-los em uma estrutura conceptual e. dessa forma,
reafirmar como termo pertencente à área em estudo. Também foi possível verificar que
não há termos polissêmicos, fato que proporciona maior precisão à área em questão. A
Ontologia é a ciência que trata dos objetos, de como se organizam na realidade e nas
relações que estabelecem entre si, baseando-se na proximidade situacional dos
elementos com a realidade. As relações ontológicas surgem da abstração das relações
existentes na realidade entre os indivíduos. Perante essas relações é que se formam os
conceitos, que estão relacionados, quer pela sua natureza ou pelas conexões da vida
real dos objetos que eles representam (CONTENTE, 2008, p. 124).O termo ontologia é
definido, no sentido filosófico, como um sistema de categorias que consideram certa
visão do mundo, independente de uma língua particular, entretanto, a utilização mais
corrente corresponde o termo ontologia a um artefato de engenharia, composto por um
vocabulário específico que descreve uma certa realidade, acompanhado de uma série
de declarações explícitas relacionadas com o significado que se pretende transmitir
desse vocabulário. Fato verificado na construção da presente ontologia, que se baseou
em situações reais de uso da Energia Hidráulica. Perante as palavras do estudioso,
percebe-se que é possível rearranjar um pouco artificialmente a polissemia intersetorial,
advogando em favor da hominímia. Por isso, tenta-se por meio da ontologia da energia
hidráulica, obter termos mais precioso e claros para a subárea, evitando o uso de
polissemia. Segundo Santos (2010, p. 57) os compromissos ontológicos são acordos
para usar o vocabulário partilhado de uma forma coerente e consistente. Assim os
usuários da língua podem comunicar sobre um domínio do discurso sem
necessariamente operar uma teoria partilhada globalmente, melhor dizendo, resulta de
um contrato, uma espécie de acordo social entre pessoas que partilham algo em
comum. A preocupação da Ontologia é com o ser e com as características comuns de
todos os seres. Tal identificação ocorre por meio da observação, propiciando o
conhecimento do mundo físico e do raciocínio, assim, produz uma estrutura de
abstrações. Assim, as ontologias podem ser consideradas como instrumentos de
padronização que visam, a estruturação e a organização do conhecimento e a
recuperação da informação, fato que auxiliou na elaboração do Dicionário de Energia
Hidráulica. Também foi possível produzir um mapa conceptual, que visa demonstrar o
funcionamento da energia hidráulica. O mapa conceitual além de servir para a
organização das relações conceituais na microestrutura do dicionário proposto, limita o
universo da pesquisa. Posteriormente, houve um apanhado teórico sobre a fraseologia
na língua geral e na terminologia, assim, foi possível estabelecer parâmetros para a
análise das unidades terminológicas especializadas encontradas no corpus da subárea
em questão, uma vez que as unidades fraseológicas com sintagmas nominais foram as
mais recorrentes. Por meio das definições estudadas, é possível perceber que há
investigadores que têm uma visão restrita e só admitem como pertencente ao âmbito da
fraseologia expressões idiomáticas próprias de uma língua, ou seja, unidades que

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apresentam um alto grau de fixação idiomática. Em contrapartida, há outros que


admitem inserir no campo das fraseologias estruturas extremamente variáveis, dando
atenção à fixação e à característica sintagmática da combinação. Fato verificado em
Roncolatto (2004, p. 51), que têm os critérios de fixação e idiomaticidade como
princípios decisivos da fraseologia. Para Corpas Pastor (1997, p. 20) as UTFs são
unidades léxicas formadas por mais de duas palavras, estão institucionalizadas,
possuem estabilidade, podem sofrer modificações nos elementos que as integram e
algumas apresentam certas peculiaridades. Já Carneado Moré (1987, p. 34) insere no
campo das unidades fraseológicas duas concepções diferentes, sendo que a primeira é
mais ampla, pois insere provérbio, refrões e a segunda, mais estreita, formada por
unidades que não ultrapassam a estrutura de frase, por exemplo: expressões
idiomáticas e algumas frases proverbiais. Embora não haja consenso quanto ao
âmbito de estudo da Fraseologia, a maioria dos pesquisadores definem seu objeto de
estudo como uma unidade polilexical, melhor dizendo, são combinações de unidades
léxicas constituídas por mais de duas palavras gráficas que apresentam estabilidade e
fixação. Logo, a fraseologia não possui limites claros devido à heterogeneidade
manifestada nas unidades que compõem. Além do mais, as UTs dependem do seu
reconhecimento segundo o ponto de vista do pesquisador, sobre o fenômeno linguístico
a ser analisado. Concebe-se, neste estudo, fraseologia como uma disciplina científica
que se dedica aos os estudos do léxico, observando a contextualização das UFs que a
compõem. Tais construções são formadas a partir de combinação de dois ou mais
elementos, possuem certo grau de fixação, cunhadas ao longo dos anos - colocações,
locuções idiomáticas ou expressões idiomáticas, e ainda as parêmias: refrões e
provérbios entre outros enunciados fraseológicos. Esta visão contém argumentos
suficientes nas perante González Rey 1(2004, apud Nogueira 2008, p. 46), porque para
ela, a fraseologia conglomera aspectos como o valor cultural que possuem a maioria
das UFs, é representante da idiossincrasia de uma cultura, de uma sociedade, de um
modo comum de ver a realidade além do fator idiomaticidade. A UT (Unidade
Terminológica) contém valores ativados pragmaticamente, cuja composição pode ser:
simples, sintagmática ou fraseológica, A UT simples é caracterizada conforme a
extensão, isto é, constitui-se extensionalmente com uma única unidade. Por exemplo:
água, energia, sedimento. A UT sintagmática contém em sua composição um sintagma
nominal (SN), cujo complemento é um sintagma adjetival (SA), como ocorre em: turbina
francis, turbina pelton, turbina kaplan, etc. Na composição sintagmática foi possível
detectar os seguintes arranjos com base no corpus manipulado: Substantivo + adjetivo
(Bacia hidrográfica); Substantivo + preposição + substantivo (Altura do ressalto);
Substantivo + adjetivo + adjetivo (Balanço Energético Nacional); Substantivo + adjetivo
+ preposição + adjetivo (Conta consumo de Combustível). A construção sintagmática
terminológica não apresenta um especificador e seu núcleo nunca poderá ser um
pronome. A estrutura mais comum é N+prep+N. São compostas apenas por um
sintagma nominal, enquanto as UTs fraseológicas podem apresentar vários sintagmas,
pois são estruturas complexas. Transmite conhecimento específico de uma área, isto é,
configura-se no discurso em que ocorre a ter valor especializado. Diversos autores

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como: Hausman (1990), Pavel (1993), Corpas Pastor (1997), Pearson (1998), etc; não
distinguem UTs sintagmáticas das unidades fraseológicas, ou seja, não traçam limites
claros diferenciando as duas estruturas, ainda mais quando se refere à estrutura com
sintagma nominal. Embora haja divergências, parece que os pesquisadores concordam
que para fazer parte do campo das fraseologias é preciso possuir em sua estrutura, pelo
menos, duas palavras gráficas, como também a fixação dessas unidades, não obstante,
discordem quanto ao grau, a maioria entende que as UTFs (Unidades Terminológicas
Fraseológicas) possuem um certo grau de fixação. A maioria concorda que a diferença
entre a fraseologia da língua corrente e a fraseologia da língua de especialidade é que
esta segunda apresenta uma UT em sua estrutura. Neste trabalho, levando em conta a
multiplicidade de denominações e a quantidade de unidades consideradas
fraseológicas, toma-se por base os estudos de Bevilacqua (1996, 2001), que
complementam as noções expostas por Gouadec (1994) e apresentam subsídios para
análise e reconhecimento das unidades fraseológicas de uma língua de especialidade,
além de critérios para distingui-las dentre outras unidades sintagmáticas. Como também
Desmet (2002) e Cabré, Lorente e Estopà (1996), que consideram a base nominal,
desde que haja deverbais ou adjetivos no particípio. Com intuito de se apresentar uma
base teórica que se possa responder às hipóteses levantadas: No corpus sobre a
Energia Hidráulica é possível encontrar fraseologias? As teorias atuais dão conta da
fraseologia especializada? Quais são os parâmetros para reconhecer o fraseologismo e
como caracterizá-lo? São expostas ainda, as informações pertinentes sobre as etapas
da pesquisa, a pesquisa bibliográfica, a ficha de pesquisa terminológica, a estrutura dos
verbetes do dicionário, o programa Unitex e os termos da energia hidráulica. Em
seguida, há a apresentação dos verbetes que constituem o Dicionário Terminológico da
Energia Hidráulica.
Palavras-chave: Dicionário Terminológico; Energia Hidráulica; Fraseologia;
Terminologia.

7) As marcas da fronteira na alimentação de paraguaios radicados em


Aral Moreira-Brasil e Departamento Santa Virgínia-Paraguai

Me. Jefferson Machado Barbosa (UEMS-FUNDECT)

Resumo:
O Estado de Mato Grosso do Sul, mais precisamente a fronteira internacional entre a
cidade de Aral Moreira-Brasil e o departamento Santa Virgínia-Paraguai, localiza-se no
sul do estado e possui uma divisão geográfica no mapa com o país vizinho Paraguai.

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No entanto, a cultura paraguaia, em muitos aspectos, mistura-se com o a cultura


brasileira, em termos de música, pintura, religião, danças, culinária, enfim em diversas
manifestações. Em consequência do contexto histórico, anteriormente delineado,
observa-se que a alimentação das pessoas de origem paraguaia não se diferencia
muito da alimentação da população sul-mato-grossense. A fronteira seca que o Brasil
faz com o Paraguai facilita a troca ou empréstimo tanto de unidades lexicais, quanto dos
próprios alimentos. Os (i)migrantes paraguaios, que no Estado de Mato Grosso do Sul
se instalaram, trouxeram consigo costumes e comidas típicas de seu país e
implantaram na região alguns aspectos de sua cultura, por exemplo, uma iguaria típica
da culinária paraguaia é a sopa paraguaia, um bolo salgado feito de milho, fubá e
queijo, que já se tornou um prato presente no cardápio da culinária sul-mato-grossense
e não é algo diferente para os habitantes deste Estado. O objetivo da pesquisa é
apresentar a sistematização, lexemas, do campo semântico-lexical relativo à
alimentação de paraguaios residentes na região em estudo. Para tanto, realizamos
entrevistas com dez informantes do sexo feminino com idade superior a 45 anos e com
ascendêcia paraguaia. O corpus de análise faz parte do corpus de pesquisa de uma
investigação macro, realizada em 2010, cuja temática foi Narrativas de povos de
tradição oral: fronteira em questão. Nota-se nos dizeres desses informantes paraguaios
que o campo lexical referente à alimentação se apresenta composto por 15 (quinze)
unidades lexicais relativos a pratos e 2 (duas) unidades que se referem a bebidas. Os
15 (quinze) vocábulos nomeiam tipos de pratos que representam, em sua maioria, uma
tradição peculiar da alimentação de pessoas residentes na fronteira Brasil e Paraguai.
Percebemos que há vocábulos muito comuns entre ambos os países. Desse modo,
pode-se dizer que os vocabulários de paraguaios já foram anexados a cultura sul mato-
grossense, mesmo sendo de origem paraguaia.
Palavras-chave: Fronteira. Estudos do Léxico. Lexicologia. Campo semântico-lexical.

8) A retratação dos esquilos-europeus na tradução do léxico da obra


Harry Potter and the Philosopher’s Stone para o português brasileiro

Tiago Pereira Rodrigues (UNESP)

Resumo:
Essa comunicação apresenta um análise oriunda de uma pesquisa de mestrado
intitulada Uma análise dos neologismos mais frequentes na tradução da série Harry
Potter para o português brasileiro, a qual vem sendo desenvolvida por Tiago Pereira
Rodrigues, orientada pelo Prof. Dr. Celso Fernando Rocha e financiada pela Fundação

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de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (processo nº 2016/03328-5).


A saga britânica Harry Potter, composta por sete livros e de autoria de J. K. Rowling,
apresenta um número substancial de criações lexicais, que contribuem para a
constituição de uma nova realidade (o universo da magia) através da rotulação dos
seres que a compõem. O emprego do léxico na série, tanto neológico quanto não-
neológico, permite caracterizar alguns desses seres de modo a refletir determinadas
críticas a respeito do contexto cultural de que provém a obra (o cenário britânico
contemporâneo). Nesse ponto, menciona-se o personagem Quirinus Quirrell, que é
professor na escola de magia em que Harry Potter estuda e é seguidor do vilão-mor da
saga, Lord Voldemort. O modo como o professor Quirrell é caracterizado através do
léxico do primeiro volume da saga (Harry Potter and the Philosopher’s Stone, “Harry
Potter e a Pedra Filosofal”) fazem dele o retrato dos esquilos-europeus (Sciurus
vulgaris), nativos da Grã-Bretanha, e refletem uma crítica contra as percepções e
posturas que os britânicos assumem a favor dessa espécie em detrimento dos esquilos-
cinzentos (Sciurus carolinensis), nativos da América do Norte. Tais percepções e
posturas decorrem de sentimentos nacionalistas antiamericanos. Dessa maneira,
objetiva-se apresentar como o personagem, por meio do léxico que o caracteriza,
retrata os esquilos-europeus e reflete a crítica em tela nas versões britânica e brasileira
do primeiro volume da série Harry Potter. Para isso, parte-se do pressuposto de que a
tradução é uma atividade interpretativa essencialmente geradora de significados que é
sempre influenciada pelos valores culturais da língua de chegada. Empregam-se, ainda,
preceitos apresentados por teorias de cunho lexical e o aparato teórico-metodológico da
Linguística de Corpus e dos Estudos da Tradução Baseados em Corpus, que propõem
a compilação de corpora eletrônicos e o uso de ferramentas computacionais a fins de
investigação tradutológica, facilitando a extração dos dados e tornando mais profícuo a
comparação entre textos de partida e de chegada. Como resultado, verifica-se que a
tradução em português brasileiro, apesar de retratar, através do léxico referente ao
professor Quirrell, a crítica ao enaltecimento nacionalista exacerbado e a negação da
nação americana manifestados no modo como são concebidos os esquilos-europeus e
cinzentos na Grã-Bretanha, ela não mantém todas as formas como o texto de partida
realiza essa crítica.
Palavras-chave: Estudos da Tradução Baseados em Corpus, Lexicologia, nacionalismo
britânico antiamericano, esquilos-europeus, esquilos-cinzentos.

9) Estruturas de acesso à informação lexicográfica em dicionários


eletrônicos de espanhol: uma análise do potencial didático

Prof. Dr. Odair Luiz Nadin

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(FCLAR/UNESP-USP/PNPD/CAPES)

Resumo:
A Lexicografia, ciência de elaboração e estudo de dicionários passou, ao longo de sua
história, por inúmeras (r)evoluções no sentido de tornar o dicionário, além de sua
característica própria de “repertório de dados léxicos”, cada vez mais útil ao usuário. No
século XX, por exemplo, o perfil prototípico do possível usuário se tornou um dos
aspectos que passou a diferenciar os princípios teórico-metodológicos para a
elaboração de dicionários. Desde aquela época, inovações ocorreram com relação às
estruturas dos dicionários monolíngues e bilíngues, com o surgimento de dicionários
para aprendizes, pedagógicos entre outros inúmeros tipos de obras lexicográficas. É,
pois, a partir de um perfil, ainda que hipotético, de usuário, que devem (ou deveriam) se
estabelecer as diferentes estruturas de um dicionário. No final do século XX, com o
advento das tecnologias da informação e comunicação (TICs), da internet e da
Linguística de Corpus, novamente a Lexicografia passou (e passa) por transformações.
Atualmente, há que se pensar em formas de proporcionar cada vez mais informações a
cada vez mais tipos de usuários, bem como definir e estabelecer estruturas de acesso a
essas informações que possam contribuir à potencialização do valor didático do
dicionário. Isso traz à Lexicografia, desde os anos 90, outra (r)evolução: uma
(r)evolução teórica, metodológica e tecnológica. Assim, analisamos neste estudo um
conjunto de dicionário de espanhol disponível em suporte eletrônico (CD, DVD, on-line
e/ou aplicativo) usados em contextos de ensino e aprendizagem de espanhol no Brasil a
fim de identificar as estruturas de acesso às informações lexicográficas e analisar suas
possíveis contribuições para o ensino.
Palavras-chave: Lexicografia Pedagógica. Dicionário Eletrônico. Ensino de Espanhol
como Língua Estrangeira. Aprendiz brasileiro.

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SIMPÓSIO 9) Para além do original: a tradução sob múltiplos olhares

Profa. Dra. Liliam Cristina Marins (UEM)


liliamchris@hotmail.com
Me. Davi Silva Gonçalves (UFSC)
gdavi1210@gmail.com

1) Carnaval pra inglês ver: uma análise tradutória do roteiro dos desfiles
das escolas de samba do Rio

Aline Scarmen Uchida (UEM)

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Me. Elerson Cestaro Remundini (UEM)

Resumo:
Não é exagero dizer que o tradutor é um mensageiro cultural. É graças a ele que os
mais diferentes povos tomam conhecimento de elementos culturais uns dos outros. O
carnaval, por exemplo, apesar de celebrado em diversos países, tem no Brasil um
status e uma grandiosidade incomparáveis. Não há, em qualquer outro canto do mundo,
a mesma intensidade e a mesma adesão a esta festa como se observa em nosso país.
Além disso, o carnaval brasileiro é multicultural e as diferenças entre os modos de
festejá-lo em cada região são muito acentuadas. Isso equivale a dizer que a distância
entre os diferentes festejos carnavalescos nacionais não é apenas geográfica, mas
cultural. Essa distância é ainda maior quando o espectador ou folião vem de uma
cultura que não a nossa. O nababesco desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro,
por exemplo, certamente não é visto pelo estrangeiro da mesma forma que o brasileiro
o vê. E se o espetáculo já é de difícil compreensão ao espectador tupiniquim, tanto mais
o será para o gringo, que, para entender as narrativas contadas por cada escola, tem
como recurso o roteiro dos desfiles, um guia bilíngue (português/inglês) impresso,
entregue a toda a audiência do sambódromo carioca. É esse roteiro o corpus do
presente trabalho. Por ser uma espécie de guia, à primeira vista o material poderia ser
visto como um texto técnico. De fato, há muito de técnico em seu conteúdo. Porém, ele
se ocupa em explanar narrativas imersas em culturalidades múltiplas, embebidas em
brasilidade. Os enredos variam do universal - uma crítica à indústria da beleza - ao
extremamente local - a cultura do Estado do Pernambuco, num tributo a um
carnavalesco pernambucano, já falecido, com referências a enredos por ele criados.
Todavia, mesmo os temas universais de repente são cobertos por camadas densas de
localismo. Daí a importância de um roteiro que explique ao espectador o que ele
presencia, para que o propósito de cada escola seja alcançado: contar uma história que
seja compreendida (o compreender é fator crucial, por exemplo, na avaliação que os
jurados fazem do quesito enredo). É função do tradutor desse roteiro ajudar o
estrangeiro a construir sentido a partir do que vê, a compreender uma narrativa muitas
vezes costurada por elementos culturais a ele estranhos (e aqui o termo “estranho”
encarna os dois sentidos possíveis). O presente trabalho, portanto, consiste numa
análise dos textos em inglês do roteiro supracitado, com o intuito de verificar se o
objetivo da tradução, ou seja, auxiliar o espectador estrangeiro a compreender as
narrativas, é potencialmente alcançado. Serão observadas as soluções aplicadas para
reconstruir, aos olhos do leitor estrangeiro, as narrativas apresentadas em português,
bem como os casos em que tais soluções parecem resultar em obstáculos para sua
compreensão. Para tal, analisaremos o guia do ano de 2016 e nos valeremos das
contribuições teóricas de Vermeer (2004), Benedetti e Sobral (2003), Hansen (2010),
dentre outros.

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Palavras-chave: Tradução; Carnaval; Aspectos culturais; Desfile das escolas de


samba; Roteiro bilíngue.

2) Entre o metro e a ideologia: o caso de “La Malinconia”, de Umberto


Saba

Andréia Riconi (UFSC/CNPq)

Resumo:
O objetivo desta comunicação é refletir acerca de meu processo de tradução do poema
“La Malinconia” (1921), de Umberto Saba. Optei por situar minha argumentação em
duas esferas: uma relacionada às escolhas tradutórias referentes à métrica do poema;
outra aos aspectos de caráter ideológico que permeiam a tradução. Referente ao
primeiro aspecto, é notável que Saba, nascido em 1883, em uma Trieste ainda
pertencente ao terreno austríaco, começa a escrever em uma época em que os
movimentos de vanguarda acaloravam as discussões acerca da arte na Europa,
promovendo um ideal de ruptura com formas preestabelecidas e idealizando novos
modelos experimentais. Saba, no entanto, pareceu ficar, de certa forma, imune a essa
movimentação. Seu maior contato com a literatura dividia-se entre os autores canônicos
da tradição literária italiana e as influências germânicas, relacionadas à filosofia e a
psicanálise – proporcionadas pela localização geográfica de sua cidade natal – muito
em voga no período em que começou a escrever. Em virtude dessa conjuntura
geográfica e histórico-cultural, Umberto Saba se localiza em uma zona literária limítrofe
e híbrida, já que busca, através de um fazer literário aos moldes da tradição italiana
também refletir acerca dessas questões relacionadas à psique e aos sentimentos
humanos, que ganhavam força entre seus contemporâneos. O desafio aqui, portanto,
reside primordialmente nesse caráter que mescla o antigo e o novo, a tradição e a
contemporaneidade, que faz emergir um escritor moderno à moda antiga –
característica que, a meu ver, deve estar presente na proposta de tradução. No que
concerne ao segundo aspecto de minha análise, busco demonstrar como aquilo que o
tradutor se permite divulgar por meio de sua tradução, também transcende o âmbito do
texto em si. Isso porque muitas das escolhas feitas refletem e reforçam uma visão
ideológica que o tradutor nutre acerca do mundo e da literatura. Nesse sentido,
proponho debater algumas das sensações que o texto fez emergir em minha leitura, e
como tais sensações também modularam o resultado final de minha tradução. Assim,
essa comunicação visa demonstrar como, no caso da tradução de “La Malinconia”,
métrica e ideologia se mesclam para atingir um objetivo: o de visibilizar o estilo de

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escrita de Umberto Saba, sem, com isso, invisibilizar o trabalho tradutório. O aporte
teórico que sigo para embasar minhas escolhas é composto, principalmente, por Mario
Laranjeira (2003) e Humboldt (2001).
Palavras-chave: Tradução poética; Umberto Saba; La malinconia.

3) Expansão interpretativa e tradução: pluralidade e descentrismo

Prof. Me. Fernanda Silveira Boito (UEM)


Prof. Dra. Liliam Cristina Marins (UEM)

Resumo:
(Re)construímos representações e (re)aprendemos a dar sentidos sob a ótica dos
contextos sócio-históricos, culturais e ideológicos onde, enquanto sujeitos, nos
inserimos. Isso significa que o modo como agimos e pensamos, logo, o modo como
lemos e interpretamos, é determinado a partir da nossa relação com o grupo social, ou
seja, com a comunidade interpretativa da qual fazemos parte (FISH, 1980). Além de
impregnado pelo social, o olhar do sujeito para o mundo está também repleto de si e irá
sempre diferir de outros sujeitos cujas lentes nunca são as mesmas, distanciando a
produção de sentidos da homogeneidade e da universalidade, o que implica em dizer
que os sentidos serão sempre plurais e constituídos não somente pela exterioridade,
mas pela subjetividade do sujeito em toda a sua hipercomplexidade. Essa perspectiva
problematiza uma concepção tradicional de tradução enquanto recuperação de sentidos
e leva o processo tradutório a ser pensado sob um viés pós-moderno e derridiano: toda
tradução é fruto de um ato de interpretação, sempre provisório, empreendido por um
sujeito em condições socioculturais e histórico-ideológicas particulares, em um processo
que jamais encerra as possibilidades múltiplas de sentidos de um texto sempre aberto a
outras leituras. Isso também significa pensar em tradução na relação que estabelece
com um movimento de expansão interpretativa, que, a partir de uma visão
hermenêutica, vai em direção oposta à concepção de paralisia e controle de produção

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de sentido e tem como alguma de suas bases filosóficas a desconstrução de conceitos


cristalizados, a polifonia nas representações, o dialogismo socio-histórico e cultural, a
contaminação de sentidos, a pluralidade de ideias e de pontos de vista, a
desnaturalização daquilo que herdamos e o descentrismo como questionador da
existência de uma única verdade (MONTE-MÓR, 2017). A partir desse retrato
epistemológico, o objetivo desta fala é, assim, problematizar a tradução enquanto
possibilitadora de expansão interpretativa. Esta discussão se faz importante neste
momento histórico em que, tanto nos estudos da tradução como em diversas outras
áreas do saber, tem sido cada vez mais necessário questionar os modos tradicionais de
construção e produção do conhecimento e da natureza humana. Isso significa repensar
as relações, sempre oscilantes, entre centro e periferia do(s) sujeito(s) e do(s)
sentido(s), desnudando um movimento constante de deslocamento que reinterpreta o
“ser” o centro para o “estar” no centro.
Palavras-chave: Tradução; pluralidade; expansão interpretativa.

4) A tradução em Derrida: (des)caminhos para além de “Torres de


Babel”

Prof. Me. Fernanda Silveira Boito (UEM)

Resumo:
A desconstrução, desenvolvida por Jacques Derrida, enquanto pensamento e
movimento de problematização, marca a pós-modernidade por meio de uma abordagem
filosófica peculiar e nos leva a trilhar um caminho de (re)significação do traduzir. Sob o
viés desconstrutivista, esse caminho é percorrido não somente pelas vias de “Torres de
Babel” (2005), obra em que Derrida, no labirinto de suas reflexões sempre complexas,
debruça-se especificamente sobre tradução, a confusão entre línguas e a (impossível)
tarefa do tradutor, mas também no imbricamento entre noções discutidas em outras
obras do filósofo, especialmente “De que amanhã: diálogos” (2004), “Espectros de
Marx” (1994) e “Mal de Arquivo” (2001), que dialogam e se (entre) cruzam. Nessa
medida, o objetivo deste trabalho é o de voltar nosso olhar para alguns pontos da
fecunda obra de Derrida, principalmente nos trabalhos que estabelecem uma relação de
amizade com a psicanálise, redirecionando as discussões empreendidas pelo filósofo
para um contexto em defesa de uma concepção pós-moderna do traduzir. A presente
discussão aponta caminhos de encontro não declarados entre Derrida e a concepção
pós-moderna de tradução tendo como base as discussões empreendidas pelo filósofo

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no que diz respeito à herança e o papel do herdeiro; a questão da differànce, noção


central nos movimentos de desconstrução; os dizeres a respeito do (retorno do)
espectro; a noção de arquivo; o trabalho de luto entre línguas-cultura; e as discussões
sobre liberdade, máquina e a (sempre) presença do outro. Corroboramos uma visão
pós-moderna do traduzir, visão esta que vem em defesa de um processo tradutório
enquanto produção mediada por um tradutor agente e não-neutro, operando no terreno
de textos sempre novos em uma cadeia onde os sentidos são construídos e sempre
adiados, e podemos concluir que consideramos Derrida um grande aliado que vem em
nosso auxílio para desconstruir a tradução vista sob as lentes do positivismo. Mesmo
que, a nosso ver, este não seja o movimento declaradamente empreendido no fio
condutor de suas obras, para nós, a herança de Derrida continua presentemente viva e
seu espectro fala nos dizeres sobre tradução para muito além de “Torres de Babel”
(2005).
Palavras-chave: Tradução; Pós-modernidade; Desconstrução; Derrida.

5) Da tela para o papel: um estudo sobre o seriado Supernatural

Me. Luís Cláudio Ferreira Silva (UEL/UNESP)

Resumo:
Apesar da grande profusão de textos e teóricos que trabalham e estudam as questões
tradutológicas no Brasil e no mundo, toda vez que vai se discutir uma tradução, seja ela
interlingual, intralingual ou intersemiótica, quase sempre, ao menos me parece, que
retornamos ao velho jargão, sobretudo no senso comum, da “tradução literal versus
tradução livre”, que imbrica a oposição “tradução fiel versus tradução infiel”. Fato é que
se considerarmos o leitor como parte constituinte dos significados do texto, não haveria
uma fidelidade a ser restabelecida, visto que o sentido seria variável. Para discutir essas
questões e outras relacionadas ao tema, escolhi o seriado Supernatural, do canal
Warner, que é um dos seriados de maior sucesso nos últimos tempos tanto nos Estados
Unidos quanto fora dele. Criada por Eric Kripke, o programa tomou grandes proporções,
chegou à décima segunda temporada com um grande número de fãs. O crescimento da
marca foi tão grande que migrou para outras mídias, uma delas a literatura. Geralmente,
o caminho feito é o contrário na tradução intersemiótica: a adaptação do livro para as
telas, seja as do cinema ou as da tevê. Habituados ao caminho “tradicional”, os fãs,
munidos do dogma popular, rapidamente se posicionam para julgar se uma adaptação é
boa ou não a partir de uma suposta “fidelidade” em relação à obra “original”, conceitos

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já questionados pelos estudos mais recentes de tradução/adaptação. Agora da tela para


o papel, no caso de Supernatural, há fidelidade na adaptação literária? Quais são os
elementos que devem permanecer e quais podem ser recriados/inventados? Há criação
na tradução/adaptação e como ela é feita? Qual o papel do tradutor/adaptador na
transposição e de quais elementos ele dispõe, em ambas as mídias, para isso? Os
personagens principais, a saber, os irmãos Sam e Dean Winchester, são “distorcidos”
quando transpostos para o papel? Analisando os livros O diário de John Winchester
(2010) – escrito por Alexander Irvine e traduzido por Eduardo Friedman – e
Supernatural: nunca mais (2013) – escrito por Keith Decandido e traduzido por Bruna
Luiza Rötzsch – procurarei, então, refletir sobre o processo de tradução intersemiótica e
recriação, tendo como base alguns teóricos da área de tradução como Fish (1992) e
Diniz (2005), entre outros. Ao longo do trabalho, dissertarei sobre a evolução dos
conceitos teóricos de tradução e adaptação. Ao fim, tentarei responder as questões
postas no início do trabalho, de modo a contribuir com os estudos tradutológicos e sua
inserção na arte contemporânea, em diálogo com as mais variadas mídias.
Palavras-chave: tradução; adaptação; fidelidade; Supernatural.

6) Tradução de filmes no ensino de língua estrangeira

Luiz Sérgio Alzair Alzão (UEM)


Profa. Dra. Alba Krishna Topan Feldman (UEM/Orientadora)

Resumo:
O objetivo deste artigo é destacar o emprego de traduções de filmes no ensino de uma
língua estrangeira para alunos falantes da língua portuguesa, em qualquer nível
educacional. Tendo em vista que o cinema é uma modalidade de transmissão de
mensagens importante na construção de significados, construção de identidade e na
facilitação de divulgação e assimilações culturais, a sua utilização se apresenta
importante, não somente no letramento de uma língua, mas, também, na difusão de
diferentes culturas. A tradução de filme no ensino de língua estrangeira pode
proporcionar alguma facilidade para o desenvolvimento do trabalho do docente, pois o
cinema carrega consigo a inocente ideia meio de diversão, de lazer. Em um mundo em
que a imagem se torna cada vez mais corriqueira e substituta do texto nas
comunicações informais, tanto entre os jovens quanto entre toda sociedade em geral, a
característica imagética, própria da sétima arte, pode promover um ambiente de
aproximação entre os alunos e o professor, e despertar um maior interesse da turma

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pela aula. Além disso, a utilização da imagem pode diminuir um pouco o clima de
formalidade e de obrigatoriedade que a turma sente na execução dos estudos em sala
de aula. A imagem por si só já carrega consigo uma carga importante de informações
na transmissão de uma mensagem, como pode ser percebido nos centenários filmes
mudos, principalmente naquelas cenas que não trazem nenhuma inscrição gráfica, ou
seja, legenda. Além da imagem, as falas dos personagens de um filme também são
ricas na transmissão de mensagens, haja vista que trazem consigo uma enorme gama
de informações que podem auxiliar o professor no ensino da língua. Vale destacar que,
também a trilha sonora faz parte da rede de transmissão de mensagens composta pelo
cinema e está apta a ser utilizada pelo docente. Diante de todas essas facilidades
apresentadas pelo cinema, o professor pode fazer uso das representações imagéticas,
em consonância com as falas do filme para ensinar muito mais do que a simples
tradução de uma palavra pela palavra em si, pois seu trabalho será facilitado e mais
produtivo se ele se utilizar de toda a ferramenta oferecida pelo filme e associar a palavra
traduzida à mensagem cultural que ela leva consigo. Assim, a divulgação de uma
cultura distante e totalmente diferente daquela que os estudantes estão acostumados e
conhecem tem a capacidade de facilitar, não somente o aprendizado, mas também a
fixação da palavra traduzida na memória do estudante. O aporte teórico principal terá
com base, a obra de Jane Sherman, Using Authentic Video in the Language Classroom
(2003), que define alguns conceitos de como trabalhar um vídeo ao ministrar uma aula
de língua inglesa.
Palavras-chave: Jane Sherman; letramento; cinema.

7) A tradução interlingual e intersemiótica de Língua Inglesa: uma


abordagem do livro O menino do pijama listrado (2014)

Me. Mariana Cristine Gonçalles (UEM)

Resumo:
O artigo intitulado A tradução interlingual e intersemiótica no ensino de língua inglesa:
uma abordagem do livro “O menino do pijama listrado”(2014) tem como objetivo
principal trabalhar conceitos pós-modernos sobre tradução, como o conceito de
originalidade e equivalência, através de uma abordagem de leitura no ensino de língua
inglesa. O intuito primário é desconstruir uma ideia compartilhada pelo senso comum –
a de que a tradução é uma cópia do texto “original”– e, muitas vezes, inapropriada que
se tem sobre a tradução e, também, reforçar a relevância do ensino de língua inglesa

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em constante correspondência com outras áreas, como um campo multidisciplinar que é


o ensino de tradução e o de literatura. Autores como Jakobson (2003), Derrida (2002),
Arrojo (2003), Benjamin (2008) e Hutcheon (2006) serão base para o estudo desses e
de outros conceitos pós-modernos da tradução abordados na pesquisa. Outros autores
como Zilberman (1985), Cadermatori (1987) e Machado e Silva (2014) trarão a
discussão a respeito da importância da literatura no ensino. Além disso, Fish (1992),
Lopes Rossi (2001) e Leffa (2012) serão fundamentais para a discussão das novas
abordagens do ensino de língua estrangeira, sua multidisciplinariedade e a importância
da tradução nesse contexto. Para tanto, pretende-se trabalhar o best-seller The boy in
the striped pajamas (2011) de John Boyne, sua tradução interlingual, O menino do
pijama listrado (2014) por Augusto Pacheco Calil, e sua tradução intersemiótica, o filme
O menindo do pijama listrado (2008), em uma turma do primeiro ano do Ensino Médio
de um colégio particular na região de Marialva – PR.
Palavras-chave: Tradução interlingual; Tradução intersemiótica; Ensino de língua
inglesa; Best-seller.

8) Breve percurso da história das traduções da bíblia até A Mensagem:


contextualização teórica e histórica

Mariane Oliveira Caetano (UFSC)


Profa. Dra. Rosvitha Friesen Blume (UFSC/Orientadora)

Resumo:
O presente trabalho centra-se na apresentação e na discussão de um breve percurso
da história das traduções da Bíblia ao longo dos séculos. Tendo em vista que a
tradução de textos religiosos e especialmente da Bíblia, juntamente com a tradução de
textos literários e filosóficos, foi o fator que impulsionou as primeiras reflexões e as
discussões quanto aos processos tradutórios e o papel do tradutor, este trabalho tem
por objetivo apresentar, de forma cronológica e sucinta, o percurso das traduções
bíblicas, destacando algumas traduções selecionadas a partir de seu impacto na história
e seu caráter pioneiro dentro de determinadas línguas. Além disso, busca-se traçar esta
trajetória até a tradução da Bíblia em Linguagem Contemporânea A Mensagem, de
Eugene Peterson - projeto de tradução feito a partir das línguas originais da Bíblia para
o Inglês, que teve sua tradução para o português no ano de 2011. Ademais, este estudo
propõe contextualizar historicamente a Bíblia A Mensagem tendo em vista o aparato

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teórico e o projeto de tradução que motivaram tal tradução e suas peculiaridades. Em


relação a esta tradução, cabe investigar o processo ocorrido ao longo dos tempos para
entender o que motivou traduções bíblicas que deixaram de prezar por uma linguagem
rebuscada e, muitas vezes, poética, para se simplificarem à linguagem corriqueira em
diversos idiomas. Para tanto, esta pesquisa fundamenta-se, principalmente, em Pohling,
Deslile e Woodsworth e Raupp, e considera, primordialmente, as definições de Nida de
Equivalência Formal e Equivalência Dinâmica para a tradução da Bíblia. Tais definições
dizem respeito, respectivamente, a traduções que prezam pelo texto de partida e tentam
se aproximar dele ao máximo e a traduções que focam no público leitor e em sua
compreensão, adequando o texto à cultura e língua de chegada. A partir de tais teorias
entende-se que a datar da Reforma Protestante as traduções da Bíblia aconteceram em
maior escala. Isso explica o vasto número de traduções disponíveis na atualidade, que
também se relaciona ao movimento protestante - um dos grandes incentivadores do
exame aprofundado das escrituras consideradas sagradas. Além disso, é de extrema
importância destacar que traduções bíblicas como A Mensagem, que possuem uma
linguagem mais simples e próxima da usada no dia-a-dia dos falantes, têm se tornado
cada vez mais populares e sido incentivadas no meio cristão, visto sua aceitabilidade e
seu caráter simplificado no que diz respeito à compreensão dos textos bíblicos.
Palavras-chave: História. Traduções da Bíblia. A Mensagem.

9) Tradução cultural: Efeitos de sentido em “O Pistoleiro” (2004), de


Stephen King

Mayara Stéphanie Barbieri dos Santos (UEM)


Profa. Dra. Líliam Cristina Marins (UEM/Orientadora)

Resumo:
Neste trabalho, discutem-se algumas escolhas tradutórias e seus efeitos de sentido no
livro O Pistoleiro, escrito por Stephen King (2003) e traduzido por Mário Molina (2004),
texto inicial para a saga A Torre Negra. O objetivo deste trabalho foi analisar tais
escolhas tradutórias, a partir do conceito de tradução cultural (Cf. Azenha, 2013), e na
abordagem de estrangeirização e domesticação de termos. No que tange essa
abordagem, na estrangeirização, a tradução apresentaria o estrangeiro para a cultura
receptora, o que ressaltaria as diferenças linguísticas e culturais entre os textos,
obrigando o leitor a “viajar” para a língua e cultura do texto de partida. Por outro lado, a
domesticação seria um método de aproximação, pois não exigiria empenho do leitor,

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que recebe o texto como se tivesse sido escrito em sua própria língua. (Cf. VENUTI,
1995). Além disso, o objetivo e o público-alvo da tradução do livro analisado foram
considerados, não partindo de um julgamento de valor, mas como base para reflexão
crítica. Nesse sentido, foi-se consonante à ideia de que cada indivíduo, sendo sujeito
social e da linguagem, interpreta as línguas e as traduzem de acordo com suas
vivências, assim como discutido por Arrojo (2003). Também convergiu-se com Orlandi
(2012) quanto à ideia de que a língua é composta por discursos, que acontecem na
integração entre o que é social e histórico, entre sistema e sua realização; as palavras
de uma língua existem a partir de um processo sócio-histórico e são, portanto, parte de
discursos que se delineiam em relação com outros. Ademais, pensou-se sobre cultura,
já que ela está associada de forma indissolúvel com a língua. Conforme Azenha (2013),
defende-se que as diversas definições de cultura existentes possuem pontos de
convergência que permitem entendê-la como uma ponte que une povos – essa
definição é determinada pelo espaço físico, geográfico, além de instâncias como
línguas, formas de arte, religião, ciência e ética. Portanto, a análise dos trechos de O
Pistoleiro e a sugestão de outras possibilidades tradutórias foram realizadas
considerando tradução uma leitura e uma transformação, associada à cultura e à
interpretação. As discussões e análises aqui presentes permitiram a compreensão de
que a tradução não é um produto resultado de uma simples transferência de sentidos,
mas um processo que envolve pesquisa e interpretação, contextos culturais, ideologias
e possíveis efeitos de sentido, aportados nos escritos de Arrojo (2003), Campos (1991)
e Derrida (1980).
Palavras-chave: Domesticação; Estrangeirização; Efeitos de sentido; Stephen King;
Tradução cultural.

10) Extraordinary tales: Edgar Allan Poe e o ensino de literatura via


tradução na escola pública

Nara E. Ribeiro da Silva – Universidade Estadual de Maringá


Profa. Dra. Liliam Cristina Marins (UEM/Orientadora)

Resumo:
Este trabalho, que traz recortes de uma pesquisa de Mestrado 1 em desenvolvimento,
tem como objetivo apresentar e analisar as atividades em que traduções de textos
literários do autor norte-americano Edgar Allan Poe foram utilizadas para o trabalho com
leitura crítica em uma oficina ofertada em um colégio estadual central na cidade de

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Maringá-PR. As traduções utilizadas em sala foram interlingual (do inglês para o


português) e a intersemiótica (do livro para o meio fílmico), a última por meio da
animação Extraordinary Tales (2015) com produção e divulgação no meio virtual. Esta
pesquisa é relevante, pois, embora muitos leitores não visitem o texto de partida no
meio escrito e no suporte livro, o contato com textos literários acontece, muitas vezes,
por meio de traduções intersemióticas que permitem que esses textos circulem em
outros meios. Diniz (2005) afirma que é comum encontrar pessoas que tiveram seu
primeiro contato com determinado texto literário via filme, e este meio permite com que
leitores com letramentos diferentes daqueles requeridos para a leitura no papel leiam
textos literários em outras formas de circulação. Assim, as práticas tradutórias permitem
que mais leitores tenham contato com esses textos e oportunizam formas de leitura
além da linguagem verbal, como as imagens e som, aspectos que podem auxiliar no
desenvolvimento de leitura crítica. Para a oficina, o trabalho com traduções foi aliado ao
conceito de multiletramentos, o qual propõe uma leitura que possa ultrapassar os limites
do código linguístico e que considera diferentes modalidades semióticas como
produtoras de sentido do texto. Desta forma, entende-se que a leitura pode ser feita em
meios como a televisivo, o cinematográfico e o virtual e essa circulação interfere na
forma com que o leitor “recebe” o texto. Justifica-se a importância deste trabalho por
tratar-se de uma pesquisa vinculada à área de formação do leitor via tradução, uma vez
que esse trabalho propôs práticas de leitura além da palavra escrita (no suporte livro),
colaborando, assim, para a valorização de práticas de leitura que atualmente não são
contempladas na escola. Ressalta-se também a importância deste trabalho para os
estudos no campo de tradução, ao considerarmos que a tradução de textos literários
para o meio fílmico é uma prática crescente nos dias atuais, e, por permitir, que obras
literárias cheguem a um número maior de espectadores, valorizando letramentos
diferentes dos requeridos no meio impresso. Desta forma, esta pesquisa se
fundamentará nos pressupostos teóricos de Hutcheon (2005), Diniz (1998, 2005), e
Hattnher (2010) nos estudos de tradução/ adaptação.
Palavras-chave: Tradução; Literatura; Formação do leitor.

11) Do jogo ao cinema: a tradução intersemiótica de Warcraft para a


mídia cinematográfica

Pedro Henrique Blasque Rocha (UEM)


Profa. Dra. Liliam Cristina Marins (UEM/Orientadora)

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Resumo:
Devido ao crescimento do mercado de games no mundo, com forte presença na Ásia,
os jogos eletrônicos passaram a compreender um número maior de usuários, chegando
a movimentar cerca de $99.6 bilhões no ano de 2016, conforme pesquisa do website
Newzoo. Tendo em vista a massificação dos jogos, tornou-se viável a exploração deste
público por parte das produtoras cinematográficas, as quais passaram a criar obras que
têm como base franquias de jogos de sucesso. Ao considerar este contexto, a proposta
deste trabalho é analisar o processo tradutório do jogo eletrônico para a produção
cinematográfica, com base na discussão das escolhas realizadas no processo de
criação do filme, principalmente com relação ao enredo e caracterização de
personagens. Partindo deste ponto, serão utilizados o jogo Warcraft: Orcs and Humans
(1994), da Blizzard Entertainment, e o filme de Duncan Jones, Warcraft: The Beginning
(2016), produzido pela Legendary Pictures. A análise será baseada nos pressupostos
teóricos de Jenkins (2009), com relação à narrativa transmidiática, Plaza (2003), quanto
ao processo de tradução intersemiótica, e de Atkins (2003), o qual defende o ponto de
vista de ser o jogo uma produção ficcional. O jogo como obra ficcional deve ser
considerado, pois se trata de uma produção criativa que contém elementos da narrativa
literária e explora, por meio da interatividade, a construção de pensamento crítico e
estratégico pelo público gamer, deixando de ser visto apenas como mero
entretenimento. Para aprimorar o desenvolvimento do enredo do jogo e auxiliar na
construção do pensamento crítico, a narrativa cinematográfica foi adaptada aos jogos
por meio de CGIs (imagens geradas por computador), uma vez que a inserção deste
aspecto na mídia virtual permite que ambas as mídias evoluam, de modo que uma
mídia passa a adequar características de outra sem tornar a mídia primária obsoleta,
um processo definido por Jenkins (2009) como parte da cultura da convergência. Ao
levar em consideração a integração entre mídias e analisando o mercado emergente da
tradução intersemiótica de jogos para o cinema, os estudos de Derrida (2006), que
desconstroem a superioridade da obra original quando comparada à tradução, exercem
grande efeito quando se trata deste tipo de comunicação, uma vez que as obras
cinematográficas baseadas em jogos não são bem recebidas e ainda são avaliadas
partindo do conceito de hierarquização do jogo em relação à sua versão para o cinema.
Sendo assim, é preciso elucidar o papel da nova produção, reconhecer os novos
sentidos formados a partir da tradução e, consequentemente, a criação de uma nova
obra para outro meio de comunicação. Além de apresentar estes pontos, será
necessário discutir como estas novas construções contribuem para o desenvolvimento
do pensamento crítico do espectador.
Palavras-chave: Warcraft, tradução intersemiótica, jogos eletrônicos, cultura de
convergência.

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12) Uma análise da adaptação do texto literário Frankenstein, de Mary


Shelley, para a versão cinematográfica Mary Shelley’s Frankenstein

Sabrina Krüger Franco (UEM)


Profa. Dra Liliam Christina Marins (UEM/Orientadora)

Resumo:
O objetivo deste estudo é analisar a adaptação cinematográfica Mary Shelley’s
Frankenstein, de Kenneth Branagh, sob as lentes dos estudos da adaptação. De forma
específica, será analisado como o cineasta trouxe para o meio fílmico a representação
complexa do monstro da romancista inglesa Mary Shelly e quais elementos do texto
literário foram adaptados para o filme, como: os questionamentos da aberração acerca
de sua criação e existência, o comportamento da sociedade perante o diferente e a
discussão sobre quem é o verdadeiro monstro da história: o cientista, o monstro ou a
sociedade. Essa análise será realizada a partir dos estudos de Diniz (2005), segundo a
qual, quando se trata de adaptação, como a do meio verbal para o não verbal, o
cineasta, neste caso, precisa considerar os recursos que estão a sua disposição para
representar visualmente o que a palavra faz no texto literário. Essa representação visual
pode ocorrer por meio da fotografia, paleta de cores, enquadramento da cena, trilha
sonora, a própria atuação do ator, um ruído, focalização das lentes, entre outros. O
estudo também contemplará as considerações de McFarlane (1996), que critica o
critério de fidelidade em uma adaptação, argumentando que o filme possui um
propósito, que pode ser diferente do propósito do texto literário, pois o texto literário foi
destinado a um público diferente do público que o cineasta que adaptou o texto para o
cinema pretendeu alcançar. Esse estudo também contemplará os pressupostos de
Stam (2003), o qual explora a relação entre o cinema e o mundo, e como o cinema
possui uma linguagem que não se restringe apenas à linguagem metafórica, mas sim a
um conjunto de mensagens que são formuladas com base em uma forma de expressão,
isto é, o cinema possui um discurso significativo que é caracterizado por meio de
códigos. O autor expõe que a própria linguagem cinematográfica é a ferramenta usada
para marcar essa forma de expressão, assim, é essa linguagem que se responsabiliza
por “dar vida” aos elementos que estão no texto literário. A última autora que será
utilizada para sustentar a análise desse estudo é Hutcheon (2006). A autora questiona o
fato de fãs e críticos inferiorizarem uma adaptação, mantendo viva a crença que o texto
literário é sempre superior a qualquer tipo de adaptação. Ainda segundo a teórica, parte
do sucesso de uma adaptação vem da repetição do texto fonte com algum elemento

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que varia, característica que é mérito do cineasta, tornando, assim , o consumo dessa
adaptação algo prazeroso e rentável. Esse estudo pretende apresentar e discutir uma
das mais variadas formas de analisar uma adaptação fílmica que , mesmo considerada
“fiel” por inúmeros críticos de cinema, como Roger Ebert e Scott Telek, ainda não
obteve sucesso com o público.
Palavras-chave: Adaptação fílmica; Frankenstein; Texto literário; Imagem

13) Ensino de língua inglesa e tradução: análise do interdiscurso em um


blog jornalístico com "dicas de inglês"

Juliana Fontanella da Cunha (UEM)


Profa. Dra. Liliam Cristina Marins (UEM/Orientadora)

Resumo:
O blog “Dicas de Inglês Bruna Gusmão” é uma página pessoal publicada no website do
jornal O Diário do Norte do Paraná de Maringá desde 2013. O termo blog é a
justaposição das palavras web e log em língua inglesa as quais se referem,
respectivamente, à rede (ou internet) e a uma prática regular, o que levou à definição de
blog como “diário virtual”. Além de jornalista, a autora do blog é também tradutora e
professora de língua inglesa e apresenta um conteúdo de forma acessível à diversidade
do público que o jornal abrange. Nesse estudo, procuramos analisar o discurso da
jornalista no que se refere às concepções de tradução que subjazem suas postagens e
vídeos. Também buscamos uma perspectiva multidisciplinar, congregando saberes do
campo jornalístico, da tradução e do ensino de línguas, que se consolida no
“interdiscurso” do blog. Nesse sentido, toma-se como referência o tema desse
congresso, múltiplos olhares, para estabelecer o objetivo geral desse artigo. Espera-se
analisar neste estudo as publicações do mês de maio entre os anos de 2013 e 2017 a
fim de determinar elementos discursivos que caracterizem a relação tradução/ensino de
língua estrangeira proposta. Nota-se que os conteúdos das publicações são
diversificados: músicas, trechos de filmes ou livros, gírias e explicações gramaticais
pontuais advindas de experiências da autora ou da solicitação dos seguidores do blog.
Além disso, a variação de temáticas e elementos em língua inglesa também influencia a
forma como as postagens são apresentadas ao usuário de internet. A explicação para
essa variação está tanto na natureza do espaço de troca de saberes, a internet, quanto
no entendimento de que existe uma variedade de sujeitos a atingir com diferentes

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expectativas. Isso porque a autora interage com os sujeitos promovendo diferentes


abordagens sobre o conteúdo em um contexto de ensino e de aprendizagem que não
está submetido às regras de uma sala de aula presencial ou no ensino à distância. A
análise de algumas postagens mostra que, quando se recorre à tradução como recurso
para o ensino de pontos gramaticais, nota-se que ora é possível identificar uma
concepção mais prescritiva de tradução, ora uma concepção mais crítica ou cultural. Ao
pensar na tradução sob a luz da pluralidade, da multiplicidade e da comunicação de
massa, o aporte teórico deste estudo é constituído por autores da tradução segundo um
viés mais pós-moderno (ARROJO, 1986), a perspectiva das relações humanas e sociais
na cibercultura (LÉVY, 1999) e a análise do discurso (ORLANDI, 2012).
Palavras-chave: tradução; ensino de língua inglesa; análise do discurso; blog; internet.

14) The help: uso de traduções de textos literários na sala de aula

Taynara Cristina de Souza Silva (PLE/UEM)


Profa. Dra. Líliam Cristina Marins (UEM/Orientadora)

Resumo:
As aulas de língua inglesa na escola pública frequentemente são direcionadas para as
habilidades comunicativas, em especial a leitura e a escrita. Embora vários professores
demonstrem interesse pela literatura e considerem importante o estudo literário, ouvem-
se poucos relatos de docentes que trabalham com literatura inglesa ou estadunidense
em sala de aula. Em parte dos casos, não se faz esse tipo de trabalho por acreditar que
o nível linguístico dos alunos não é o suficiente para a leitura de um livro na língua
estrangeira. Diante dessa situação, a tradução tanto entre línguas quanto entre meios é
ferramenta fundamental para os alunos entrarem em contato com textos literários de
outros países. Isso porque a tradução permite que obras sobrevivam através das
culturas, línguas e épocas com a possibilidade de garantir, de forma ampliada, o que
Derrida (2002), a partir de Benjamin (2008), chama de sobrevida da obra. Nesse
trabalho, entende-se tradução como o resultado de um processo interpretativo e criativo
em o quê o tradutor tem a tarefa de ler um texto, traçar seus objetivos tradutórios e
recriar o texto de partida. Ou seja, a tradução é o resultado de um processo contínuo de
tomada de decisões as quais dão visibilidade ao tradutor no texto ou no filme e faz esse
profissional ser co-criador da obra a qual traduziu. Essa compreensão de tradução se
dá com base em autores que, apesar de trazerem ideias diferentes entre si, concordam
no ponto de que traduzir é ser constantemente impelido a fazer escolhas (HOUSE,

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2009; AMORIM, 2005). Assim, este trabalho traz uma proposta que tem como ponto de
partida o trabalho com literatura traduzida nas escolas públicas. Nesta proposta,
ampliando a discussão de Marins e Wielewicki (2009), objetiva-se a formação de
professores que viabilizem o uso analítico do texto e contraponha os textos tanto na
língua de origem quanto na língua ou no suporte de chegada. A finalidade é
problematizar as diferenças estruturais, culturais e linguísticas presentes nos textos e
desconstruir a ideia de hierarquização entre “original” e tradução. Assim, busca-se
alcançar tal proposta por meio da formação de professores por meio da equipe
multidisciplinar usando a obra The help na língua inglesa, na língua portuguesa e na sua
adaptação para o cinema e analisando as peculiaridades inerentes ao processo
tradutório de cada obra nos seus diferentes meios. A escolha dessa obra se dá pois os
temas abordados nela se relacionam com a realidade brasileira e com as lutas do
Movimento Negro Unificado Brasileiro, que culminaram na alteração da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96), tornando obrigatório o estudo da história e da
cultura afro na rede de educação básica conforme as Leis Federais nº 10.639/03 e
11.645/08; e, no caso do estado do Paraná, fizeram surgir as equipes multidisciplinares
– instâncias escolares para a discussão e o estudo sobre questões étnico-raciais com a
proposta de intervenção no ambiente escolar.
Palavras-chave: The Help/ A resposta; tradução interlíngual; tradução intersemiótica;
equipes multidisciplinares.

15) A Revolução dos Bichos: do papel à tela

Ana Flávia de Oliviera (UEM)


Profa. Dra. Vera Helena Gomes Wielewicki (UEM/Orientadora)

Resumo:
A tradução tem sido objeto de estudos e de discussões em diversas pesquisas na
atualidade. Isso acontece devido a sua presença cada vez mais vigente em nossos
cotidianos, seja por meio de filmes ou livros que são traduzidos e/ou legendados para
que um maior público tenha possibilidade de acesso a esses materiais, seja por meio de
traduções de um meio semiótico para outro – como são os casos das traduções
intersemióticas do meio textual para o cinematográfico, tão comum nos últimos anos
principalmente em se tratando de traduções de narrativas literárias que são traduzidas
para o meio intersemiótico cinematográfico. Dentre essas discussões, destacam-se as
discussões sobre a transposição de textos literários para o meio intersemiótico

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imagético, visto que determinados autores não consideram que as transposições de


textos literários para meios intersemióticos – seja o meio cinematográfico ou outros, tais
como quadrinhos, jogos e ilustrações – sejam também traduções. Partindo das
discussões que envolvem tradução intersemiótica de textos literários para o cinema, o
presente artigo pretende analisar partes da tradução intersemiótica de A Revolução dos
Bichos que foi pensado primeiramente como um livro e escrito por George Orwell –
publicado em 1945 no Reino Unido – mas que em 1954 foi traduzido para o meio
audiovisual por Halas e Batchelor em formato de animação – o filme foi produzido e
lançado nos Estados Unidos. Durante o artigo analisamos cenas do livro e do filme.
Intencionamos com essas análises destacar as opções de tradução feitas pelos
produtores/tradutores do filme e ainda discutir conceitos como o de fidelidade em
relação ao texto literário – que é o texto de partida para o filme. Além das análises de
algumas cenas da animação e de comparações com suas respectivas cenas nos
trechos do livro, procuramos discutir questões de tradução, adaptação e fidelidade, a fim
de evidenciar quais são nossas concepções em relação aos conceitos de traduções
intersemióticas, principalmente as traduções intersemióticas de textos literários para o
cinema. Como base de nossas discussões lançamos mão de autores como Arrojo
(1986), que discute sobre a inferiorização de traduções; Diniz (199, 2003, 2005) e
Amorim (2005), para abordar o conceito de tradução intersemiótica; e Hattnher (2010)
que apresenta questões sobre a fidelidade nas traduções. Apoiamo-nos também em
autores que estudam sobre cinema como Bordwell (1997) e Shaw (2006).
Palavras-chave: A Revolução dos Bichos; George Orwell; tradução intersemiótica.

16) Ensino de Tradução para Secretariado – Um estudo sobre suas


possíveis perspectivas e abordagens

Profa. Me. Aline Cantarotti (UEM/PG-UNESP/CAPES)


Profa. Dra. Paula Tavares Pinto (UNESP)

Resumo:
Dada à regulamentação da profissão de Secretário Executivo em 1985, dentre suas
atribuições, constam no artigo 4° do documento (BRASIL, 1985) dois itens: “redação de
textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro”; e “versão e
tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação da
empresa”. Assim, é uma das atribuições básicas do profissional de secretariado, desde

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1985, exercer também suas funções tanto em sua língua materna quanto em língua
estrangeira considerando também atividades de tradução. Discutir e problematizar a
atividade tradutória para o profissional de Secretariado seria, por assim dizer, ficar num
entremeio. O secretário executivo não é tradutor profissional, mas é, em alguns
momentos de sua atuação, requerido a traduzir de diferentes maneiras e considerando,
em especial, diferentes elementos dependendo do que é requisitado a traduzir. Além de
não ser tradutor profissional, também não tem um caminho de escolha específica para
sua atividade, uma vez que não escolhe traduzir, por exemplo, somente um tipo de texto
ou apenas um determinado assunto etc. É perceptível o não reconhecimento da
atividade tradutória como inerente ao trabalho do secretariado executivo e tal fato
direciona também ao não ensino e ao não reconhecimento de que a atividade tradutória
é intelectual, necessita desenvolvimento do pensamento e necessita discussões
teóricas e atividades práticas. Em outras palavras, traduzir para o secretariado
executivo necessita discussão, reflexão e ensino em seu meio institucional, nos cursos
para bacharéis. Nessa perspectiva, nos questionamos se existiriam estudos, mesmo
que iniciais, sobre o ensino de tradução para secretariado. Buscamos, então, levantar
estudos que desvendassem algumas perspectivas ou que discutissem possíveis
abordagens sobre esse ensino. Nossa hipótese era que talvez encontrássemos,
primeiramente, assuntos relacionados à tradução em estudos que tratassem sobre o
ensino de línguas estrangeiras (LE) para Secretariado, bem como nas disciplinas de
línguas estrangeiras ministradas na graduação em Secretariado. Assim, foi possível
também traçar uma perspectiva de ensino de LE para a área secretarial. Já em relação
aos Estudos da Tradução para secretariado, algumas discussões são bastante
preliminares e iniciam-se com publicações somente no ano de 2016 (ROCHA, 2016;
GYSEL, 2016). De qualquer forma, as perspectivas e abordagens encontradas estão
embasadas em fundamentações teóricas dos Estudos da Tradução bastante
diversificadas, não havendo ainda um consenso ou similaridades. Assim, nosso estudo
tem caráter bibliográfico e documental, de abordagem também descritiva.
Palavras-chave: Estudos da Tradução; Ensino de Tradução; Secretariado Executivo.

17) Ka tū te ihi-ihi/ ka tū te wana-wana: o que acontece quando a Disney


traduz para as telas um semideus polinésio?

Carla Cristina Gaia dos Santos (UEM)

Resumo:

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Ao traduzir para o cinema uma das figuras mais emblemáticas dentre as diversas
culturas polinésias, a Disney mais uma vez gera questionamentos sobre a maneira
como se apropria de culturas minorizadas. Em Moana (2016), os estúdios recriam Maui,
um semideus polinésio que continua vivo no imaginário dos povos da Oceania, e faz
dele um dos principais elementos causadores de humor na narrativa cinematográfica.
De acordo com os diretores, a produção do filme envolveu anos de pesquisas e
inúmeras viagens às ilhas do pacífico, além da parceria com diversos profissionais
polinésios, como linguistas, músicos, antropólogos e o roteirista Taika Waititi, escritor e
diretor neozelandês de linhagem maori. Todo o esforço colheu resultados positivos em
meio à crítica estadunidense, a qual enfatizou, sobretudo, o suposto empoderamento da
mais nova personagem da Disney, dita desbravadora, independente, e levou sites como
o Rotten Tomatos, parte do grupo Warner Bros, a classificá-lo com o certificado “fresh”,
resultado dos 95% das avaliações positivas recebidas. Contudo, todo o empenho nessa
produção parece não ter sido suficiente para evitar o descontentamento da recepção
crítica polinésia, visto que não deixou de levantar as mais controversas opiniões mesmo
antes de sua estreia mundial. O grande problema se instaurou, principalmente, no fato
de que, ao traduzir o destemido Maui para as telas por meio de uma criação
cinematográfica infantil, os estúdios acabam por tecer uma representação disneana de
uma das figuras de maior importância para os povos de origem polinésia. Enquanto a
crítica estadunidense, em sua grande maioria, aclama o novo filme, a recepção crítica
em sites australianos e neozelandeses por vezes levantam questionamentos sobre a
estereotipificação das personagens, principalmente do semideus Maui, figura central
das histórias de povos como os maoris, havaianos, samoanos e muitos outros.
Depreendemos, portanto, que a indigesta representação dessa personagem para crítica
polinésia levanta discussões quanto a questões de apropriação cultural e representação
identitária de culturas marginalizadas pelos olhos do Outro via tradução. Por
compreendermos que toda tradução implica em transformações de acordo com novos
tempos e novos contextos sócio-históricos, e, com isso, ela acaba também sendo
responsável por formular e fixar estereótipos de identidades culturais, tal qual nos
termos de Venuti (1998), procuramos no presente trabalho investigar e compreender a
recepção do longa pela crítica cinematográfica polinésia, a qual trilha um caminho
destoante quando comparada à positiva recepção da crítica estadunidense. Para isto,
percorremos redes sociais e diversos sites, assim como australianos e neozelandeses,
que dedicaram matérias e/ou entrevistas para discutir essa temática.
Palavras-chave: Maui, narrativas polinésias, tradução e construção de estereótipos
culturais, Disney.

18) Shakespeare no meio do quê?

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Giuliane Moreira Gonçalves (UEM)


Jháred Bailly Santos (UEM)
Profa. Dra. Liliam Marins (UEM/Orientadora)

Resumo:
Este trabalho tem como objetivo propor uma análise das escolhas tradutórias de
Esteves e Aubert (2008) em seu texto Shakespeare in the Bush – História e Tradução,
no qual os autores propõem uma tradução ao trabalho de Laura Bohannan,
Shakespeare in the Bush, no qual ela descreve sua viagem à tribo africana dos Tiv e
sua tentativa de contar a história de Hamlet, um dos clássicos de Shakespeare, àquela
tribo. Em seu texto, Esteves e Aubert (2008) apresentam um breve panorama histórico
das diversas publicações do trabalho de Bohannan – sendo a primeira em 1966, na
revista Natural History –, além de seu objetivo de tradução – a saber: tornar o texto mais
acessível, especialmente no âmbito acadêmico – e a própria tradução. Para analisar
esta última, as noções de comunidade interpretativa de Fish (1992), de formação da
identidade do sujeito por meio de memórias discursivas de Coracini (2003), as
concepções de tradução de Venuti (2000) e Hermans (1996), os modelos de tradução
de Vermeer (1986) os ideais de tradução relevante, leis de hospitalidade e double bind
de Derrida (2000) foram utilizados como referencial teórico. A partir destes teóricos, este
trabalho propõe também algumas sugestões de traduções para expressões e termos
que, a nosso ver, e de acordo com nossa comunidade interpretativa, poderiam ser
traduzidos de maneira diferente. Alguns dos termos analisados foram “mato”
(ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 141), “fui atingida pela graça” (ESTEVES; AUBERT,
2008. p. 142), “lutando com a língua deles” (ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 144), “bruxo”
(ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 145, 153) e “bruxa” (ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 145,
149, 153, 156, 157). Não obstante, este trabalho aponta escolhas tradutórias que foram
bem sucedidas, de acordo com nossas memorias discursivas e comunidade
interpretativa – como exemplo destas traduções temos “procurava por palavras”
(ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 151), “cervejada” (ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 143) e
“eliminado de cena” (ESTEVES; AUBERT, 2008. p. 146). Assim, ao fim da análise,
conclui-se que a comunidade interpretativa (FISH, 1992) e a noção de formação da
identidade do sujeito com base em memórias discursivas (CORACINI, 2003) são fatores
importantes no processo tradutório de um texto, influenciando ativamente nas escolhas
do tradutor, bem como sua concepção de tradução e seu objetivo com a mesma.
Conclui-se também que a tradução proposta por Esteves e Aubert (2008) atende aos
seus objetivos explicitados pelos tradutores embora nossa comunidade interpretativa –
bem como as memórias discursivas que formam nossas identidades – faria escolhas
diferentes, como foi apontado ao longo do trabalho.
Palavras-chave: Tradução; Análise; Shakespeare in the Bush.

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19) O filme Little Women e a sobrevida do romance homônimo via


adaptação cinematográfica

Gabriela Burgardt (UEM)


Profa. Dra. Vera Helena Gomes Wielewicki (UEM/Orientadora)

Resumo:
Os estudos da Tradução e da Adaptação já foram preconizados por teóricos
prescritivistas e descritivistas que, em maior e menor grau, respectivamente, colocavam
o texto “original” enquanto detentor do sentido único, a ser resgatado e transposto em
suas traduções. Assim, uma tradução era avaliada por meio do apego às noções de
fidelidade e equivalência, que determinariam sua qualidade, isto é, a superioridade do
“original” ainda era o fio condutor desse tipo de abordagem analítica. O filósofo Derrida
(2002), por meio de sua perspectiva desconstrutivista, problematiza as totalizações e
verdades. Ao refletir sobre o centro das estruturas – termo lido enquanto origem, nos
estudos tradutórios – afirma que, neste, “é proibida a permuta ou a transformação dos
elementos” (DERRIDA, 2002, p. 230). Nesse sentido, defende uma descentralização
dos centros, como forma de abertura dos círculos para as diferenças. É a partir disso
que outros teóricos se voltam à horizontalização das relações entre texto de partida e de
chegada - este visto, agora, como reconstrução daquele, não mais como transposição.
Amorim (2005), tendo como norte a ideia de que uma tradução é uma atualização do
texto-fonte, aponta para questões mercadológicas e determinações históricas como
elementos que influenciam o trabalho do/a tradutor/a. Hutcheon (2011) se especializa
na teoria da Adaptação, e nas implicações da mudança do contar para o mostrar (ou
vice-versa). Para a autora, mudanças na focalização, no ritmo, no tempo, no ponto-de-
vista, entre outros aspectos, fazem parte da adaptação, enquanto processo e produto.
Assim, escapa-se da ideia de que é a fidelidade ao “original” – geralmente um texto
literário, sacralizado e, por isso, “intocável” – que deve nortear a avaliação de traduções
e adaptações, enquanto de alta ou baixa qualidade. Pelo fato de os estudos
prescritivistas, antes citados, ainda econtrarem eco na sociedade, levando
frequentemente a opiniões contrárias ao resultado de traduções e, especialmente,
adaptações, é que estudos como esse se justificam. Nesse sentido, essa comunicação
toma, como objeto de análise, a adaptação, para o cinema, do romance Little Women
(1868), de Louisa May Alcott. Pela perspectiva derridiana, o filme homônimo (no Brasil:
Adoráveis Mulheres), lançado em 1994, da diretora Gillian Armstrong, garantiria a
sobrevida do “original” nas diferentes culturas e contextos. Como recorte para essa
trabalho, a construção da personagem Jo March, no meio cinematográfico, será

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investigada, por meio da análise dos elementos condicionantes antes elencados:


mercado, contexto histórico, mudanças necessárias na alteração de meios semióticos,
entre outros.
Palavras-chave: Little Women; adaptação; sobrevida; Jo March.

20) Literatura e cinema: processos tradutórios do livro The boy in the


stryped pyjama para o filme homônimo

Prof. Me. Maria Verônica Tavares Neves Cardoso (UEM/UNEAL)

Resumo:
Vivemos a era da convergência das mídias, segundo Jenkins (2009), com isso, nos
últimos tempos têm-se evidenciado e discutido, através de diversos estudos, os
diálogos entre narrativas nos mais diferentes suportes, e para isso, necessário se faz
suportes teóricos que possam alicerçar essas orientações metodológica. Assim sendo,
as teorias da tradução e da adaptação têm sido bastante difundidas e discutidas nos
meios acadêmicos. Esses processos sofreram e ainda sofrem de uma espécie de
“desvalorização”, uma vez que, tradicionalmente, o conceito de tradução esteve
intimamente ligado à ideia de “fidelidade” a um original. Esse tipo de preconceito tem se
mostrado ainda mais evidente quando esse processo tradutório/adaptativo tem como
vetor, a literatura adaptada para o cinema, como aponta os estudos de Bluestone (1957)
entre outros, no qual se evidencia a superioridade do primeiro gênero sobre o segundo.
Este estudo procura verificar o processo tradutório e de adaptação como um trabalho de
reescrita, no qual a preocupação não é valorar a obra original em detrimento da sua
reescritura, mas sim, observar e reconhecer como esses adaptadores utilizam recursos
para “mostrar” o “contado”, na perspectiva de Huctheon (2006), e assim, poder
reconhecer as riquezas que envolvem as relações existentes entre essas duas artes
distintas. A proposta desta comunicação é apresentar algumas considerações acerca
dos mecanismos discursivos utilizados nos processos tradutórios entre estes dois
gêneros artísticos: literatura e cinema, tomando como corpus de estudo o livro do
romancista irlandês Jonh Boyne, The boy in the stryped pyjama: a fable e o filme
homônimo, produzido por David Heyman e dirigido por Mark Herman. Ambos os
gêneros foram traduzidos para o Brasil como O menino de pijama listrado. Buscamos
selecionar e analisar trechos do filme, através da ótica da teoria da adaptação,
relacionando-os com o texto do livro. Assim sendo, utilizamos alguns estudiosos da área
fílmica, da tradução e da linguagem. Procuramos enriquecer o debate com teorias que

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tratam da tradução assumindo o caráter de tradução Intersemiótica nesse espaço de


transposição entre gêneros. O estudo encontra-se fundamentos em estudiosos como:
Jakobson (1971), Bastin (1998), Santaella (2002), McFarlane (1996), Diniz (2005),
Amorim (2005), Hutcheon (2006), Stam (2008) e Hatnner (2010).
Palavras-chave: gêneros narrativos; Adaptação; Tradução; Elementos da narrativa.

21) Traduções bíblicas em linguagem contemporânea no Brasil:


contextualização histórica

Francinaldo de Souza Lima (PGET/UFSC)


Profa. Dra. Karine Simoni (PGET-UFSC/Orientadora)

Resumo:
Os textos bíblicos começaram a ser traduzidos por volta do século III a.C, trabalho que
continua até hoje. Os projetos tradutórios se desenvolveram ao longo dos séculos,
adequando-se a muitas concepções tradutórias e formatos editoriais diferentes, a fim de
alcançar públicos diferentes. Por essa razão, faz-se necessário acompanhar a sua
trajetória e suas implicações tanto para o domínio religioso quanto para os Estudos da
Tradução em geral. Em particular, destacamos o surgimento de alguns projetos de
tradução bíblica em linguagem contemporânea, caracterizados por ter como ponto
fundamental a recepção do leitor, fornecendo o texto bíblico numa linguagem acessível
a este. Este trabalho é uma pesquisa descritiva, qualitativa, de cunho bibliográfico e
documental. O objetivo é traçar o panorama histórico das traduções bíblicas em
linguagem contemporânea no Brasil. Especificamente, propomos situar a prática dessas
traduções na História da Tradução, elencando fatores diversos que contribuíram em
algum grau para o desenvolvimento dessas traduções, assim como identificar os
projetos tradutórios dessa natureza desenvolvidos no Brasil até então. Os fundamentos
teóricos e metodológicos dessa pesquisa foram: Delisle e Woodsworth (1998), Geisler e
Nix (2006), Giraldi (2013) e Raupp (2015), sobre o histórico da tradução bíblica em
contexto mundial e nacional. Tomamos por base também o trabalho de Nida (1964) e o
de Lutero ([1530] 2006) sobre as reflexões teórico-metodológicas provenientes da
tradução bíblica e como elas contribuíram para os projetos tradutórios da Bíblia em
linguagem contemporânea. O panorama histórico permitiu-nos constatar que desde a
Idade Média existe uma preocupação em tornar o texto bíblico acessível ou em
linguagem vernacular ou adequado ao registro linguístico dos leitores menos instruídos.
Os ideais da Reforma Protestante no século XVI, as novas descobertas de manuscritos

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antigos no final do século XIX e as reflexões de Nida (1964) sobre o método de


tradução por equivalência dinâmica contribuíram para o aumento de traduções desse
perfil em diversas línguas. No Brasil, até o momento já foram produzidas oito traduções
completas distintas de bíblias em linguagem contemporânea, cinco delas de orientação
protestante, quatro das quais ligadas a traduções estadunidenses, duas de orientação
católica e uma judaico-messiânica. Essa ligação das bíblias protestantes com outros
trabalhos publicados nos Estados Unidos transparece a influência do movimento gospel
estadunidense no mercado editorial brasileiro. Defendemos, finalmente, o
acompanhamento desse movimento tanto em seu aspecto histórico, quanto em seus
desdobramentos teóricos e metodológicos de interesse dos Estudos da Tradução e
áreas afins.
Palavras-chave: História da Tradução; Tradução bíblica; Bíblia em linguagem
contemporânea.

22) A canção e sua versão: procedimentos de adaptação/tradução nas


canções de desenhos de princesas do estúdio Disney

Viviane Almada (UEM)


Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo (Orientador\UEM)

Resumo:
A canção é um gênero da esfera literária que, devido às suas características próprias,
se marca como “um gênero sincrético que relaciona a linguagem verbal com a musical”,
por conseguinte, “deve ser compreendida tendo como princípio essa característica
fundamental” (CARETTA, 2009, p. 99). Além de ser sincrético, a canção é considerada
por Lopes (2013) como um gênero discursivo híbrido, visto que incorpora algumas
propriedades, quanto ao conteúdo temático, à construção composicional e às marcas
linguístico-enunciativas, de outros gêneros discursivos da mesma ou de outras esferas
sociais. É comum e tem sido há muito tempo, no contexto musical, a prática de traduzir
canções para outra língua, principalmente em filmes de animação. A essas canções dá-
se comumente o nome de versões No mundo todo o estúdio Disney é famoso por seus
longas-metragens e uma de suas mais populares linhas de trabalho são as animações,
que se tornaram mundialmente reconhecidas pela grandiosidade da produção, histórias
que cativam o público e canções que são difundidas em larga escala quando lançadas.
Essas canções são mundialmente conhecidas, tendo muitas delas até mesmo

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concorrido e - ocasionalmente vencido – o Oscar de “melhor canção original”. Quando


os filmes de animação são lançados nos países que não falam a língua inglesa, são
produzidas versões nas outras línguas para as canções. Assim, esta comunicação tem
como objetivo realizar um estudo comparativo das canções originais das animações do
estúdio Disney e de suas versões na língua portuguesa. Nosso corpus de análise é
constituído de vinte e três canções, duas de cada um dos doze filmes de animação das
Princesas Disney lançados até o ano de 2016. Para determinarmos os critérios
analíticos questionamos o papel da canção na estrutura do enredo do filme, visto ser
esse um musical, e o aspecto sincrético do gênero canção. O primeiro questionamento
nos mostrou que a análise deveria verificar como o tradutor da canção manteve a
versão condizente com o enredo do filme, sem perder seu funcionamento na dinâmica
narrativa. O segundo, como o tradutor trabalhou os aspectos relacionados à linguagem
musical – ritmo, melodia e harmonia (LOPES, 2013) – e à linguagem verbal: rimas,
escolhas de palavras, manutenção do sentido primeiro da canção. Nossas análises
demonstram que a versão/tradução das canções tem como objetivo primordial a
manutenção de seu aspecto musical e de seu papel no enredo, posto que as escolhas
tradutórias analisadas apontam para essa perspectiva, ao deixar de lado a tradução
termo a termo em favor de uma linguagem que se encaixe com os aspectos musical e
narrativo, mantendo o sentido geral da letra original, apesar das alterações necessárias.
Palavras-chave: canção; tradução; versão; Disney; filme de animação.

23) Tradução e evolução: A transmissão cultural através da seleção


literária

Prof. Me. Davi Silva Gonçalves (UFSC/CAPES)

Resumo:
O foco desta comunicação concerne à tradição complexa dentro da qual a tradução tem
influenciado historicamente a evolução das culturas humanas. O surgimento da
linguagem nas interações sociais de nossos ancestrais foi decisiva para a evolução de
seus ambientes culturais – tão decisiva que a tentativa de separar estes campos
(linguagem e cultura) é tida como impraticável na contemporaneidade. Tendo em mente
que minha intenção principal aqui é a de refletir acerca da relação bilateral entre a
evolução da linguagem e a da cultura, o meu propósito específico é estabelecer esta
ponte no contexto específico das práticas tradutórias, ainda que de maneira
especulativa. O arcabouço teórico escolhido para a pesquisa conta, portanto, não só
com nomes relevantes para a tradutologia, como George Steiner, (1975), Antoine

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Berman (1985) e Lawrence Venuti (1991), mas também com teóricos do campo da
antropologia e da evolução da linguagem, como Charles Darwin (1859), Desmond
Morris (1994) e Luigi Cavalli-Sforza (2000). Em termos práticos, quando se pensa na
seleção de discursos que ocorre através do processo de tradução, meus achados
tornam possível afirmar que muitos deles acabam por funcionar mais como uma seleção
artificial do que natural (termos acerca dos quais pretendo me debruçar). Essas
traduções, afinal, não apontam necessariamente para um caminho pré-estabelecido, a
ser tomado durante a evolução cultural, mas sim para uma direção influenciada
diretamente pelo interesse de alguns sujeitos – independente dos possíveis danos
sociais para a cultura humana que possam estar envolvidos com tais interesses, em um
cenário de mais longo prazo.
Palavras-chave: Evolução. Transmissão Cultural; Seleção Natural e Artificial; Tradução.

24) Merlim, uma adaptação bíblica de Robert de Boron

Mariany Camilo Nabarrete (UEM)


Prof. Dr. Fabio Lucas Pierini (Orientador/UEM)

Resumo:
A Idade Média é permeada de mitologias. Nessa época a Igreja possuía grande poder,
tanto econômico quanto político, dessa forma tanto a cultura mitológica quanto a cultura
religiosa influenciaram em grande parte a literatura da época. Uma mostra dessa
literatura é o romance Merlim, escrito por Robert de Boron (1993) por volta do século
XII. Partindo dessa mistura de crenças notamos, no romance, referências à religião
católica e a Bíblia. Ao ler os primeiros capítulos do livro de Robert de Boron, o
sentimento de já conhecermos a história que estamos lendo pode se fazer presente, e
assim continuamos com essa sensação durante todo o texto, na leitura temos sempre a
impressão de estarmos relendo outra história. Ao chegar ao seu fim, com o sentimento
inquietante de já ter tido contato com aquele texto, uma pesquisa sobre a obra se fez
necessária. Esse trabalho propõe debater e apresentar algumas dessas referências
como sendo marcas de uma retextualização. Hutcheon (2011) nos diz que, ao lermos
um texto, podemos ter a impressão de já termos o lido, pois, quando lemos um texto e
conhecemos o anterior dele, o sentimos constantemente durante a nova leitura, a autora
também nos diz que esse reconhecimento da obra acontece ao termos aceso à
referencias de temas, eventos, personagens, culturas e outros. Já para Amorim (2005),
a reescritura está relacionada com o interior de um grupo, e os textos desse grupo

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reproduzem e refletem a ideologia dominante dessa mesma cultura, ele ainda diz que a
literatura é constituída tanto de textos quanto de leituras, escrituras e reescrituras no
interior de uma cultura. Desta forma com o auxílio de definições e de conceitos de
teóricos como Lefevere, Venuti e os já citados Amorim e Hutcheon, dentre outros,
propomos definir a história de Merlim, realizada por Boron, como uma adaptação. Com
essa definição em mente, e a partir de alguns dos trechos da bíblia juntamente com
alguns trechos da obra de Boron (1993) procuramos comprovar essa correlação entre
as histórias cristãs presentes na Bíblia e também dos contos Celtas presentes na
cultura popular e literária da época. Isso, pois, para Venuti (2002), um dos teóricos
estudados, o tradutor ou o adaptador tem o poder de criar um mundo ou contraí-lo a
partir de representações da cultura a qual ele teve acesso, confirmando as correlações
entre as duas culturas mais marcantes na obra, a religião cristã, a partir de seus
registros escritos encontrados na Bíblia, e os mitos e lendas celtas da época.
Palavras-chave: Adaptação; Idade Média; Merlim; Bíblia; literatura francesa.

SIMPÓSIO 10) Tecnologias, ensino de línguas, políticas linguísticas e


educacionais: ecos na formação de professores

Profa. Dra. Michele Salles El Kadri (UEL)


mielkadri@hotmail.com
Profa. Me. Taisa Pinetti Passoni (UTFPR)
taisapas@gmail.com

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1) O uso das TIC na aprendizagem de línguas: limites e


potencialidades da telecolaboração no ensino médio
profissionalizante

Patrícia da Silveira (IFPR)

Resumo:

Percebe-se que o uso das TIC no contexto escolar não é algo novo, pois estudos
realizados na década de 90 já afirmavam que a tecnologia havia proporcionado uma
mudança significativa no contexto educacional, uma vez que, com o advento das TIC foi
possível dispor de sons, imagens e textos, integrando aprendizagem e tecnologia e
reconfigurando a sala de aula. Isto posto, a telecolaboração, mediada por ferramentas
tecnológicas tais como o Skype, tem como objetivo promover a aprendizagem de
línguas a partir da interação entre parceiros de diversos países que utilizam uma língua-
alvo para se comunicarem. Dessa forma, as estruturas linguísticas não são eliminadas
do processo de aprendizagem, mas sim, passam a ser observadas a partir de um
contexto mais relevante diante das interações online. Esta interação com o outro, além
de permitir ao estudante o contato espontâneo e autêntico com a língua alvo,
promovendo, não só a competência comunicativa, mas também, a autonomia em
relação a sua própria aprendizagem, possibilita ao estudante a aquisição de
competências comunicativas interculturais, no qual a exigência de tornar-se proficiente é
substituída por tornar-se inteligível na língua-alvo. Todavia, cabe mencionar que este
discurso ainda não acompanha a prática, pois, mesmo depois de décadas de estudos
acerca desta temática, são muitas as limitações a serem vencidas em relação ao uso
das tecnologias em sala de aula. A falta de computadores equipados com programas
voltados à prática de telecolaboração e aparelhos como o headphone, as condições
vulneráveis de acesso à internet, a escassa formação do professor para atuar neste
contexto e a inesxistência de políticas voltadas a promoção de parceria entre
instituições estrangeiras que possibilitem a aprendizagem telecolaborativa de línguas
representam algumas das limitações do uso da tecnologia em sala de aula. Assim
sendo, este trabalho visa compartilhar a experiência do projeto BOM TO SEE USTED
desenvolvido em uma instituição federal de ensino médio profissinalizante no período de
agosto/2015 a julho/2016, que teve como objetivo promover a aprendizagem de língua
inglesa em contexto de telecolaboração. A partir desta experiência foi possível
identificar as potencialidades e os limites do uso das TIC na aprendizagem de línguas

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no ensino básico e espera-se que este trabalho possa contribuir para as discussões e
ações acerca desta temática.

Palavras-chave: Telecolaboração; Aprendizagem de línguas; Potencialidades e limites.

2) Avaliação de proficiência linguística e a formação de professores


de LI
Profa. Dra. Priscila Petian Anchieta (UTFPR)
Resumo:

Visto que o papel do professor é de grande relevância para o nosso contexto de ensino
e aprendizagem de língua inglesa (LI), devemos considerar que ele não participe do
processo de avaliação apenas como avaliador, mas também como avaliado. De acordo
com Martins (2005), a avaliação do professor é indispensável para o ensino de línguas,
além de representar um desafio no trabalho desenvolvido por aprendizes e mestres. Um
tipo de instrumento de avaliação que vem sendo utilizado por professores de LI, com o
intuito de verificar seu nível de proficiência na língua estrangeira (LE) com a qual
trabalham, são os exames de proficiência linguística. Dessa forma, nossa discussão
volta-se para a avaliação da proficiência de professores de LI e a sua importância para
o sistema de ensino e aprendizagem de línguas. Objetivamos com este trabalho
apresentar recortes de uma pesquisa de doutorado, desenvolvida na UNESP/SJRP.
Serão utilizados dados sobre o teste escrito do EPPLE (Exame de Proficiência para
Professores de Língua Estrangeira), com o intuito de apontar aspectos que englobam a
validade interna do instrumento, incluindo, por exemplo, a validade de construto e a
validade de conteúdo. De acordo com Fulcher e Davidson (2007), a validade de
construto é a base de evidências para a interpretação ou uso de um teste, enquanto que
a validade de conteúdo representa o conjunto maior de tarefas das quais o teste deve
ser uma amostra. Com efeito, a validade de construto descreve e permite verificar se
um instrumento realmente avalia aquilo que é proposto avaliar. Um teste de proficiência,
por exemplo, apresenta dados que podem ser operacionalizados por meio de um
processo de mensuração. Esse processo leva em consideração vários aspectos, como
o formato do instrumento (eletrônico ou impresso), o desempenho do candidato, os
enunciados das tarefas, e todas as atividades que por meio da observação podem gerar
variáveis que serão quantificadas e analisadas. Desse modo, além de considerações a
respeito do exame como um todo, apresentaremos algumas tarefas do teste escrito com
o intuito de investigar aspectos como o método do teste, a confiabilidade, a praticidade
e a validade que permeiam a implementação e o aprimoramento de um instrumento de

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avaliação. Por meio desta discussão, lançamos mão também de sugestões que foram
elaboradas com o intuito de contribuir para o aprimoramento do exame.

Palavras-chave: avaliação, construto, exames de proficiência, validade.

3) Língua portuguesa ou línguas em português? A proposta da


lusofonia

Kátia Roseane Cortez dos Santos (UEM)


Prof. Dr. Juliano Desiderato Antonio (UEM/Orientador)

Resumo:

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da disciplina Letramento e superdiversidade,


ministrada pela Profa. Dra. Neiva Maria Jung, em 2016, no Programa de Pós-graduação
em Letras da Universidade Estadual de Maringá. No que concerne ao tema
“superdiversidade”, partimos do trabalho Language and Superdiversity (BLOMMAERT;
RAMPTON, 2011) para estudarmos como as sociedades estão cada vez mais
heterogêneas (devido principalmente ao fenômeno da globalização) e como é preciso
pensar em termos de práticas linguísticas híbridas (superdiversidade) e não apenas em
termos de comunidades linguísticas heterogêneas, mas onde conceitualmente língua e
cultura não se intercruzam (diversidade).Nesse escopo, discutimos, a partir da obra O
português no século XXI (MOITA LOPES, 2013), questões relativas ao projeto de
lusofonia, tema caro a professores e pesquisadores de língua portuguesa. Diante disso,
este estudo tem por objetivo estabelecer um diálogo entre o material Português: um
nome, muitas línguas, publicado em 2008 no âmbito do programa Salto para o Futuro, e
alguns autores que abordam o tema da lusofonia por uma pespectiva que leva em
consideração fatores como a globalização, ideologias homogeneizantes de língua e
cultura, mercado internacional de línguas etc. – Moita Lopes (2013), Hamel (2013),
Signorini (2013), entre outros. Tal diálogo busca ampliar a discussão sobre lusofonia
que é apresentada no material indicado, voltado à formação de professores. A partir
dessa ampliação, tornou-se perceptível que o conceito de lusofonia é complexo e
fomenta muitas discussões. Há aqueles que defendem essa união em prol de uma
comunidade representativa de luso-falantes, alegando que o fortalecimento da língua
portuguesa seria benéfico no sentido de se contrapor a hegemonia do inglês. E há os

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que enxergam na lusofonia uma forma de homogeneizar línguas e culturas; exemplo


disso é o que ocorre em Moçambique, onde há uma forte discriminação contra as
línguas e culturas locais. Vale ressaltar que ainda não dispomos de ferramentas
adequadas para analisar com clareza a situação, o que abre espaços para mais
pesquisas na área. De toda forma, seja na defesa ou na crítica do conceito, é
importante que a interculturalidade seja encarada de uma forma positiva e que a
pluralidade seja vista como constitutiva da cultura, da língua e do próprio ser humano.

Palavras-chave: Língua portuguesa; Lusofonia; Formação de professores.

RESUMO 4

5) Três práticas democráticas para o fomento de políticas educacionais -


uma abordagem para a proposição de políticas públicas a partir do público

Leonardo Neves Correa (UNIMONTES)


Resumo:

A Abordagem do Ciclo de Políticas - ACP (vide BOWE et al, 1992; BALL, 2011;
MAINARDES, 2006) compreende as políticas como um fenômeno cíclico, que perpassa
três estágios principais: um contexto de influência - que descreve os atores,
organizações e eventos que influenciam a escrita de um texto político; o contexto de
produção textual, que caracteriza o processo de materialização da política em forma de
texto e, finalmente; o Contexto de prática que estuda a forma com que a política é
interpretada e executada pela população. Na organicidade da ACP, os cidadãos
comuns, que vivenciam as políticas dia-a-dia, teriam o poder de influenciar a
reformulação destas políticas ou mesmo fomentar a criação de novas. Nesta
perspectiva, esta comunicação objetiva apresentar o conceito de ‘práticas democráticas’
apresentadas por Matthews (2014) - especificamente às noções de naming
(identificação do problema), framing (enquadramento) e deliberação pública - como
ferramentas para a proposição de políticas públicas educacionais que levem em
consideração a voz de atores sociais que tradicionalmente são colocados às margens
dos processos de tomada de decisões. De modo a ilustrar o processo, será apresentada
uma proposta de pesquisa em andamento na Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes, que visa ao fomento de diretrizes educacionais especiais para o ensino de

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língua inglesa à alunos surdos em contextos de ensino regular. O projeto se divide em


três fases, de acordo que as referidas práticas democráticas. Na primeira fase, Naming,
serão realizadas uma série de entrevistas e grupos focais com alunos (surdos e
ouvintes), professores, interpretes e a comunidade escolar em geral de diferentes
regiões do país a fim de se identificar quais são as principais reivindicações destes
atores frente à questão. Em seguida, na fase de enquadramento, Framing, as
transcrições das entrevistas passarão por um processo de análise e enquadramento por
tópicos de proximidade, o objetivo é agrupar as falas que girem em torno de um
direcionamento comum, verificando quais são os principais argumentos e propostas de
cada um dos grupos. Posteriormente, na terceira fase, as análises da fase anterior
serão organizadas em um guia de discussão para deliberação pública e o tema do
ensino de inglês para surdos em contextos regulares será levado à um público mais
abrangente em uma série de fóruns deliberativos que objetiva verificar o posicionamento
da comunidade em geral (não apenas as comunidade surda e escolar) em relação ao
tema. Os resultados destes fóruns poderão ser utilizados como um instrumento de
representação popular para o fomento de políticas educacionais inclusivas nesta área.
Espera-se que esta comunicação possa contribuir para as discussões sobre
participação civil nos processos de tomada de decisões sobre temas educacionais de
interesse ao público geral.

Palavras-chave: políticas educacionais; práticas democráticas; abordagem do ciclo de


políticas.

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6) A tecnologia na formação (continuada) do professor de inglês:


potencializando o ensino e a aprendizagem

Luís Renato Dias Petry (UEL)


Profa. Dra. Viviane Aparecida Bagio Furtoso (UEL/Orientadora)

Resumo:

O homem sempre teve a necessidade de interagir e de se comunicar desde os


primórdios da humanidade. Com o passar do tempo e com a evolução das sociedades
surgiu a preocupação de se haver uma comunicação mais sistemática, para que uma
mensagem enviada seja compreendida da melhor forma possível, havendo uma
interação efetiva entre os interlocutores. Desta forma, cresceu o interesse de cunho
científico no ensino e no aprendizado de uma língua, e todos os processos neles
envolvidos. Com a evolução da tecnologia e sua transposição para os ambientes
educacionais de formato presencial e à distância, diversas questões de sua
aplicabilidade como instrumento de potencialização da formação continuada e a
atuação do professor de línguas na rede de ensino da Educação Básica vieram à tona.
O ensino e aprendizagem de uma língua são atos de criatividade, imaginação,
exploração de possibilidades, expressão, construção e aprofundamento na colaboração
social e cultural. No atual e dinâmico cenário de ensino e aprendizagem de uma língua
estrangeira não há como ficar alheio à evolução da tecnologia e dos recursos
tecnológicos que colaboram na formação inicial e continuada do professor e que
influenciam diretamente sua prática em sala de aula. Este trabalho, que se caracteriza
dos resultados iniciais da dissertação de mestrado em andamento do autor, justifica-se
pela importância de se resgatar historicamente a evolução da tecnologia e sua
influência no ensino e na aprendizagem de uma Língua Estrangeira Moderna, mais
especificamente a Língua Inglesa. Como objetivo geral, investigar como a tecnologia
subsidia a formação (continuada) do professor, ou seja, suas práticas pedagógicas,
evidenciando o ensino e a aprendizagem de Língua Inglesa. Como embasamento
teórico inicial, este trabalho analisa as Diretrizes Curriculares Estaduais (PARANÁ,
2008) e as Diretrizes para o Uso de Tecnologias Educacionais (PARANÁ, 2010) da
Secretaria de Estado de Educação do Paraná e de que forma elas contribuem para a
formação continuada e para a prática docente do professor de inglês. Para a coleta de
dados, foi aplicado um questionário de perguntas abertas e fechadas aos professores
do NRE (Núcleo Regional de Educação) de Ibaiti – Paraná, que compreende as
seguintes cidades: Conselheiro Mairinck, Figueira, Guapirama, Ibaiti, Jaboti, Japira,
Pinhalão, Siqueira Campos e Tomazina.

Palavras-chave: Tecnologia; ensino-aprendizagem; língua inglesa; Educação básica.

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7) Ecos do programa paraná fala inglês: uma análise das notíciais oficiais e
expectativas de envolvidos no programa

Atef El Kadri
Prof. Dra. Michele Salles El kadri

Resumo:

O objetivo do trabalho é o de investigar a iniciativa de uma política linguística no estado


do Paraná (Paraná Fala Inglês) à luz de literatura recente sobre globalização e ensino
de Língua Estrangeira (SZUNDY, 2016; BLOCK, 2008; CANAGARAJAH,2013; DEWEY
& JENKINS, 2010; HELLER & DUCHÊNE, 2012; RICENTO, 2015; PAN,2015; GANDIN
& HYPOLITO, 2003). Os dados foram coletados por meio de notícias encontradas no
site oficial do estado sobre o Programa Paraná Fala Inglês em janeiro de 2017 e
expectativas de professores envolvidos no programa. Os resultados da análise
demonstram que o que é divulgado do programa dá suporte à uma ideologia linguística
monolíngue baseada na noção de falante nativo e na necessidade de testes
padronizados como balizador desse aprendizado; na ideologia de que a língua inglesa é
uma commodity essencial à internacionalização das universidades e à ideologia do
aprendizado da língua inglesa como superior ao de outras línguas. Por outro lado, em
sua implementação, há propostas de subverter as ideologias engedradas no discurso
oficial por meio da produção local de material didático, adaptação do material oficial do
programa e conscientização dos envolvidos sobre as ideologias divulgadas no site.
Implicações e ecos do programa para a formação de professores serão discutidos.

Palavras-chave: ensino de línguas, internacionalização, formação de professores.

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8) Política linguística e formação de professores de línguas: bases


conceituais e propostas práticas com vistas ao engajamento

Profa. Me. Taisa Pinetti Passoni (UTFPR/UEL)

Resumo:

Concebida como um campo multi e interdisciplinar, a Política Linguística (PL) é um ramo


de investigação científica que se configura como uma área relativamente recente, com
origens nas décadas de 50 e 60 do século passado. Os temas de interesse dos estudos
em PL emergem de modo a relacionado ao escopo de atuação de professores de
línguas. Tendo em vista tal proximidade, a presente comunicação visa abordar as bases
históricas e conceituais da PL de modo a explorar possibilidades de engajamento dos
profissionais de ensino de línguas com este ramo de investigação a partir de
contribuições de propostas elaboradas por Field (2015) e Shohamy (2017). Para tanto,
primeiramente apresenta-se um histórico que carateriza as três fases que marcam a
linha do tempo da PL, de acordo com as proposições de Ricento (2006). A partir deste
panorâma, são apresentadas as três dimensões de atividades das quais a PL tem
tradicionalmente se ocupado, com devidos exemplos a fim de ilustrá-las: corpus, status
e aquisição. O planejamento sobre o corpus de uma língua objetiva empreender
esforços relacionados à adequação da forma ou estrutura da mesma, enquantro o
planejamento sobre o status empreende esforços voltados para as funções sociais que
diferentes línguas exercem em uma determinada comunidade discursiva (CALVET,
2007). Já as considerações acerca das ações voltadas para aquisição das línguas
empreendem ações que incidem sobre os usuários dos idiomas línguas por meio da
criação ou melhoria de oportunidades ou incentivos a sua aprendizagem (COOPER,
1989; HORNBERGER, 2006). Tendo por princípio que educadores são agentes em
potencial em PL, pois são indivíduos que interpretam, negociam, resistem e adaptam as
políticas em seus contextos de atuação (BALL, 1994, DAVIS, 2014; MENKEN E
GARCIA, 2010; SHOHAMY, 2017), a partir dos pressupostos abordados, a fim de
relacionar as contribuições específicas da PL para a formação de professores, são
apresentadas duas iniciativas que visam o engajamento de professores com o fazer e o
investigar neste campo do conhecimento. A proposta de Field (2015) aborda modos de
interagir com escolas e comunidades com vistas à insvestigação e à avaliação de
políticas, encorajando a participação local. O projeto de Shohamy (2017) elenca
atividades que visam o envolvimento de diretores de escolas com o reconhecimento das
demandas locais com vistas ao desenvolvimento de políticas situadas. Ambos os
trabalhos evidenciam e fomentam as negociações que potencialmente emergem das
apropriações resultantes da implementação de agendas em PL, de modo a extrapolar
as dimensões top-down ou botton-up as quais as políticas parecem se limitar, a fim

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reconhecer e estimular possibilidades do que se denomina “política linguística engajada”


(DAVIS, 2014).

Palavras-chave: Política e Planejamento Linguísticos; Formação de Professores;


Política Linguística Engajada.

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SIMPÓSIO 11) Reflexões sobre o ensino de linguagens nos cursos


técnicos do IFPR

Prof. Dr. Jefferson Adriano de Souza (IFPR)


jefferson.souza@ifpr.edu.br
Profa. Ms. Miriam Juliana Pastori Bosco (IFPR)
miriam.bosco@ifpr.edu.br

1) Língua, variação e livro didático

Luiz Henrique Alves (IFPR)


Profa. Ms. Rafael Petermann (IFPR/Orientador)

Resumo:

Desde que a educação básica iniciou seu processo de ampliação de acesso para todas
as pessoas, aqueles que historicamente nunca tiveram oportunidade de frequentar os
bancos escolares começaram a chegar às escolas, tornando-as espaços muito mais
plurais que outrora. Assim uma série de questões começou a vir à tona diante dessa
reconfiguração da instituição escolar e, dentre essas, a necessidade de uma nova
compreensão do fenômeno linguístico na sociedade e suas implicações para o ensino.
Em termos de teorias e de políticas linguísticas, avançou-se na direção de uma
compreensão mais social e cultural do fenômeno da linguagem, compreendendo que a
língua é uma prática social e não apenas um código, estático e alheio ao entorno extra
verbal. Todavia, pensar língua como prática social é ainda um desafio à praxis
pedagógica, já que a ideologia da padronização como uma ideologia linguística permeia
esse campo da atividade humana dentre diversos outros. Além disso, problematizamos
a questão dos livros didáticos de Língua Portuguesa como disseminadores e/ou
vulgarizadores das teorias linguísticas e, por isso, a importância de (re)pensa-los como
instrumentos didáticos. Nesse sentido, temos como objetivo neste trabalho analisar de
que maneira o livro didático de Língua Portuguesa adotado no IFPR-Campus Paranavaí
aborda as questões de variação linguística, verificando se, ao tratar da temática, a
concepção de língua como prática social é subjacente à abordagem do livro didático.
Para tanto, organizamos este estudo da seguinte maneira: primeiramente fizemos um

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levantamento bibliográfico a fim de sistematizar o conceito de língua como prática social


a partir de repertório teórico produzido na égide da Linguística Aplicada, com ênfase no
conceito de “ideologia da padronização” de Milroy (2011); em seguida olhamos
analiticamente para o livro didático adotado pelo IFPR-Campus Paranavaí no PNLD
2015-2017, com foco para as unidades didáticas que tratam de Variação Linguística.
Em termos de resultados, constatamos que o conceito de língua subjacente nesse
manual didático, ora reitera a ideologia da padronização ora avança em uma
compreensão mais plural de língua como prática social. Esperamos que este estudo
contribua como uma interlocução pedagógica que traga à tona reflexão a respeito da
compreensão e legitimação das línguas na sala de aula e a função do livro didático
nesse processo, e o papel da escola como agência de letramentos.

Palavras-chave: Língua; Ideologia da Padronização; Ensino de Línguas.

2) Reescrevendo o futuro: a escrita como instrumento de inclusão


no IFPR

Prof. Dr. Jefferson Adriano de Souza (IFPR)

Resumo:

“Reescrevendo o futuro” é um projeto de ensino e pesquisa a partir de práticas


reflexivas de leitura e de escrita, envolvendo estudantes dos últimos anos do ensino
médio integrado do IFPR. Os resultados do Enem 2014 e 2015 apontam a redação
como obstáculo para a inclusão e continuidade dos estudos. Em 2014, mais de 60% dos
34 estudantes de um campus do IFPR foram classificados nos níveis 1 (menos de 500
pontos) e 2 (menos de 600 pontos) da redação, fato que revela uma situação de
exclusão. Em 2015, 63% dos 44 estudantes desse campus obtiveram notas abaixo de
600 pontos. Desde outubro de 2015, este projeto vem tentando reescrever essa
estatística, oferecendo aos estudantes a possibilidade de melhorar seu desempenho na
redação do Enem. Para isso, foram organizadas oficinas de escrita: outubro de 2015;
abril-julho, agosto-setembro de 2016; abril-julho de 2017. O objetivo foi ampliar as
noções sobre: critérios do Enem; estrutura do texto dissertativo-argumentativo e
autocorreção. Refletindo sobre os resultados insatisfatórios das primeiras oficinas,
pensamos que a paráfrase estrutural de um texto nota 1000 poderia contribuir para
melhorar a escrita desses estudantes. Na terceira oficina (2016), testamos essa
hipótese com 10 sujeitos. Posteriormente, esse modelo foi reaplicado com todos os

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estudantes dos terceiros anos do ensino médio integrado. Nessa oficina, foram
utilizadas 10 redações do Enem com nota máxima, a fim de observar a estrutura desses
textos. Na execução deste projeto, buscamos suporte em Sercundes (1997), Simões
(2007), Geraldi (2012) e na Cartilha de redação no Enem (2016). Os dados sugerem
que essa abordagem, baseada na reflexão, análise e paráfrase estrutural de textos, tem
grande potencial para aprimorar a competência de escrita. Nas oficinas de 2017,
utilizamos apenas um texto nota 1000, por considerá-lo simples e, ao mesmo tempo,
contemplar todos os critérios do exame. Pautados na estrutura desse modelo, os
estudantes foram orientados a produzir outro texto com temática diferente. Nesse
campus, os resultados do Enem indicam aumento na média geral (todas as redações) e
na específica (as 30 melhores). Essa última passou de 588 (2014) para 604,67 (2015) e
622,1 (2016). Esperamos que esse projeto continue colaborando não só para ampliar os
resultados, mas sobretudo as possibilidades de inclusão dos estudantes. Neste recorte,
descrevemos a organização da oficina de 2017, apresentamos o depoimento de uma
participante e reflexões sobre o texto que ela produziu no Enem (2016). Entendemos
que o uso de um modelo nas oficinas, representando os critérios do Enem, favoreceu a
assimilação da estrutura do texto dissertativo-argumentativo. De acordo com a
estudante, o projeto melhorou sua organização textual e noção sobre a avaliação. As
reflexões sobre a sua dissertação indicam que é fundamental investir em uma
estruturação mais objetiva do texto e, principalmente, na qualidade da argumentação.

Palavras-chave: Oficina de escrita; Escrita como trabalho; Redação do Enem;


Paráfrase estrutural; Inclusão Social.

3) Redação Interativa: uma proposta de aprimoramento da escrita


para estudantes do ensino médio

Prof. Me. Míriam Juliana Pastori Bosco (IFPR)

Resumo:

O projeto de ensino “Redação Interativa”, realizado em um campus do IFPR, está


pautado no conhecimento de que grande parte da população brasileira e do público
atendido pela instituição apresenta dificuldades para escrever. Os resultados
apresentados na prova de redação do processo seletivo para ingresso em curso técnico
integrado ao médio indicam defasagem considerável no domínio da escrita. Em um dos

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processos seletivos realizados em anos anteriores, foram selecionados 40 estudantes


para o curso Técnico em Informática Integrado ao Médio. Em análise dos resultados,
conforme a lista dos aprovados, verificou-se que 70% dos estudantes que ingressaram
no campus não ultrapassaram 10 pontos (50% do máximo de pontos) na prova de
redação. Destes, 22% obtiveram no máximo 5 pontos. Tais dificuldades se agravam
quando considerada a possibilidade de realização da redação de vestibulares e
especialmente do ENEM, expedientes de ingresso no ensino superior no Brasil
atualmente e, portanto, uma etapa importante no processo de inclusão social
preconizada pelo IFPR. O objetivo deste trabalho é apresentar resultados parciais do
projeto de ensino “Redação Interativa”, que visa proporcionar aos estudantes
interessados de um campus do Instituto Federal do Paraná a oportunidade de realizar
oficinas de escrita, considerando-se, especialmente, o manual de redação do ENEM, a
análise de redações que conquistaram mil pontos em anos anteriores e a escrita e
análise de suas próprias redações. Os estudantes são atendidos quinzenalmente no
contra turno, horário em que ocorrem as oficinas, e também realizam atividades extras,
geralmente com atividades mais pontuais voltadas a aspectos gramaticais (uso de
conectivos, por exemplo). Em questionário respondido por parte dos participantes, os
estudantes indicaram atividades que consideraram interessantes (42,85% dos
respondentes indicaram a leitura do manual de redação do ENEM, com análise das
competências, como ponto relevante) e apresentaram reflexões sobre dificuldades de
escrita (37,5% dos respondentes afirmaram que têm mais dificuldades na competência
4, dentre as avaliadas pelo ENEM). A base teórica que inspira o projeto é
especialmente a do círculo de Bakhtin, que considera a linguagem como interação e
analisa as relações entre os componentes da situação de comunicação. A metodologia
a ser aplicada condiz com as ideias apresentadas por Geraldi (2012) e refere-se à
prática de escrita – análise linguística – reescrita de gêneros textuais. Os estudantes
realizam atividades de leitura do manual de redação do ENEM (MEC), escrita de
redações a partir de propostas já realizadas pelo exame, análise de redações que
obtiveram 1000 pontos em edições anteriores, análise da própria escrita e reescrita.

Palavras-chave: Oficinas de redação; ensino de escrita; redação no ENEM; inclusão


social.

4) A produção textual no ensino médio nas instituições federais,


estaduais e privadas. O que o ENEM nos revela?

Jaison Fernando da Silva (Univale)


Profa. Me. Lucimara C. Castro (Univale/Orientadora)

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Resumo:

O Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) é considerado importante instrumento de


avaliação de aprendizagem e é utilizado pela maioria das instituições educacionais
brasileiras, sejam públicas ou privadas, como indicador (ou não) do preparo do aluno
para o nível superior. No entanto, dentre as competências cobradas nesse exame, as
notas relativas à produção textual apresentam variações drásticas de uma instituição
para outra, o que justifica a necessidade de se investigar as razões desse fenômeno e
questionar como está a produção textual no Ensino Médio, uma vez comparadas as três
esferas: federais, estaduais, privadas. A investigação busca analisar como tem sido o
rendimento dos alunos no quesito produção de texto, utilizando os parâmetros do
ENEM, uma vez que, atualmente, os concluintes do Ensino Médio são incentivados a
fazer o exame. Algumas universidades públicas utilizam unicamente o ENEM como
critério de seleção para o ingresso nos cursos ofertados, além do fato de que a nota
obtida pode significar uma bolsa integral ou parcial pelo ProUni. Desse modo, participar
do maior processo seletivo do país, hoje, está atrelado, de alguma forma, à conquista
da vaga em uma instituição de ensino superior do Brasil. Considerando a amplitude
dessa modalidade de avaliação, o objetivo desse trabalho consiste em analisar os
dados do ENEM disponibilizados pelo Ministério da Educação, suas semelhanças e
diferenças, refletir sobre causas e efeitos dos fenômenos encontrados e suas possíveis
ressonâncias na educação. O método de pesquisa utilizado é o misto, principiando pela
pesquisa quantitativa em dados do ENEM dos anos de 2010 a 2014 que apontam o
desempenho em redação dos estudantes de cada uma das regiões geográficas do
Brasil e, a posteriori, usa-se a pesquisa qualitativa na compreensão do tema estudado e
no apontamento de estudos futuros. Espera-se encontrar nas três esferas – Instituições
federais, estaduais e privadas – independente do Estado, áreas que apresentem
desempenhos altos, médios e ruins em relação às primeiras colocações, quantificar até
que ponto os percentuais são significativos, bem como qual é a participação nas
primeiras cem colocações, das esferas federais, estaduais e privadas. Os dados pré-
analisados colocam o ensino público em situação deficitária em relação ao ensino
privado, suscitando a necessidade de se ampliar o viés de análise de forma a
considerar outras variáveis, principalmente a socioeconômica. Considera-se ainda que,
uma maior abertura de análise e amplidão do corpus, deve, necessariamente, conter
questionamentos sobre as variações regionais, uma vez que vivemos em um país de
dimensões continentais. Esse tipo de estudo atende à necessidade de produzir e
divulgar novos conhecimentos sobre a produção textual no Ensino Médio, uma vez que
a educação básica no Brasil é modelada por uma série de políticas públicas que nem
sempre acolhe as especificidades institucionais e regionais. Para Bakhtin em cada
esfera de uso da linguagem há uma ideia padrão de destinatário; esse por sua vez,
adota sempre uma atitude responsiva ativa frente a totalidade acabada do gênero. Para
atender a essa atitude, o discurso estabelece intercâmbios socioculturais, que são fruto
de processos cognitivos e conhecimentos acumulados ao longo do tempo, o que

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influenciaria diretamente na produção textual e consequentemente no rendimento dos


participantes. Por fim, deve-se acrescentar que o ENEM possui sempre ou quase
sempre um caráter seletivo e de diagnóstico com intensa repercussão educacional e
social e, principalmente, tem o mérito de possibilitar o exercício da reflexão sobre os
resultados de sua avaliação, o que pode contribuir para importantes avanços no
processo ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Exame Nacional do Ensino Médio; Redação; Desempenho;


Instituições Públicas, Estaduais e Privadas.

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SIMPÓSIO 12) Ensino-aprendizado de língua estrangeira moderna no


contexto brasileiro

Profa. Dra. Nerynei Meira Carneiro Bellini (UENP)


nerynei@uenp.edu.br
Profa. Me. Fernanda de Cássia Miranda (UENP)
fecmiranda@uenp.edu.br

1) O ensino-aprendizagem do gênero história em quadrinhos em


espanhol

Gabriel Gustavo dos Santos (UENP)

Resumo:

O projeto pretende viabilizar o ensino-aprendizagem sobre o gênero discursivo histórias


em quadrinhos em língua espanhola, com a intenção de aplicar, em um dos centros de
línguas do entorno da Universidade Estadual do Norte do Paraná de Jacarezinho, os
conteúdos desenvolvidos por ele. Para tal, em um primeiro momento, foram feitos
estudos em relação à bibliografia teórico-crítica e metodológica levantada, além de
discussões no Grupo de Pesquisa Ensino-aprendizagem de LEM acerca de assuntos
pertinentes ao desenvolvimento da pesquisa. As reflexões propiciadas por esses
estudos contribuíram para um maior esclarecimento sobre o assunto, e auxiliaram para,
posteriormente, a elaboração de estratégias e ações de ensino, bem como para a
assimilação do gênero referido. Ainda com base nesses estudos, foi possível observar e
ratificar o caráter multifuncional dos quadrinhos no ensino, uma vez que, se bem
trabalhados, eles podem servir como um rico material para auxiliar o ensino de uma
língua (seja ela estrangeira ou materna). Alguns aspectos bastante utilizados por eles e
que podem servir para uma abordagem didática são: sua grande variedade de palavras
que podem auxiliar na aquisição de um vocabulário mais amplo por parte do aluno, a
presença de uma enorme variedade de recursos expressivos, tais como: a
onomatopeia, a prosopopeia, a metáfora, a hipérbole, entre outros, que podem ser
trabalhados na língua alvo do ensino-aprendizagem. Além, é claro, dos elementos
próprios que constituem o gênero em questão, como: as linhas cinéticas, as metáforas

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visuais, os meios em que elas circulam, a variedade de formas dos balões, as


diferenças entre charge, cartum e tira e outras características que auxiliam na
compreensão do quadrinho como um todo. Ademais, outro fato que confirma a
importância do ensino-aprendizagem desse gênero é em relação a sua presença, cada
vez mais forte, nos ambientes escolares e acadêmicos, facilmente observável em livros
didáticos das mais diversas áreas do conhecimento (como português, sociologia,
história, filosofia, espanhol, inglês), em exames tais como o Enem, bem como no dia-a-
dia dos alunos (nos jornais, na internet, nos gibis). Com isso, intenta-se ampliar o
conhecimento dos alunos tanto sobre o gênero citado, quanto à língua em que ele será
disponibilizado, no caso, o espanhol. Posto isso, após as reflexões e estudos acerca do
tema, foi elaborado um questionário cujo conteúdo visa analisar o conhecimento dos
alunos a respeito do gênero história em quadrinhos. Esse questionário, que serviu como
uma avaliação diagnóstica, primeira parte da sequência didática, foi aplicado em uma
turma de Espanhol no nível de aprimoramento. Em seguida, os resultados colhidos
foram analisados, computados e serviram como matéria prima para a elaboração de um
artigo científico que discorre sobre as dificuldades dos alunos em relação a esse
gênero, e ratifica a importância de um estudo mais aprofundado sobre ele, para isso
foram utilizados como referencial teórico os estudos de Cagnin (1975), Ramos (2016) e
Vergueiro e Ramos (2010). Em seguida foi elaborada uma sequência didática que
intenta suprir as dificuldades encontradas na avaliação diagnóstica. Para tal, foram
utilizados como suporte teórico-metodológico as concepções de Schneuwly e Dolz
(2004), Lopes-Rossi (2012) e Cristovão (2009). Na atual fase em que o projeto se
encontra, ainda estão sendo elaborados e aplicados módulos de ensino-aprendizagem
sobre o tema, para que os alunos tenham, ao final do trabalho didático, total
esclarecimento sobre os quadrinhos, desde os elementos estruturais que os constituem
até a função social que eles desempenham em seus meios de circulação. Por fim, o
projeto pretende, após serem concluídos os módulos, a elaboração do trabalho final, em
que cada aluno terá de criar sua própria HQ, seja ela um cartum, uma tira ou uma
charge, na qual cada aluno utilizará, de maneira prática, os conhecimentos a que foram
submetidos no decorrer do projeto.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Sequência didática; História em quadrinhos;


Língua espanhola.

2) O ensino-aprendizado de língua estrangeira na era da


mobilidade: o uso de dispositivos móveis
Gabriel Marchetto (UEMS)
Prof. Dr. Ruberval Franco Maciel (UEMS/Orientador)

Resumo:

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Esta proposta de comunicação caracteriza-se como um recorte teórico de uma


dissertação em andamento e tem como objetivo a exposição e discussão de alguns
conceitos sobre o uso de equipamentos de tecnologia móvel (celulares, tablets, etc.) no
ensino-aprendizado de língua estrangeira (LE). Os pressupostos teóricos consultados
acerca da tecnologia móvel no ensino de LE baseiam-se nas pesquisas de Agullo &
Vallejo (2015); Donohue et al. (2015); Kukulska-Hulme (2009; 2013; 2016) e Stockwell &
Hubbard (2013). A respeito da ubiquidade dos textos multimodais presentes no contexto
digital, pesquisadores como Kalantzis & Cope (2008); Knobel (2016); Knobel &
Lankshear (2007); Kress (2003) e Santaella (2010; 2014) foram consultados. Kalantzis
& Cope (2008) declaram que os indivíduos, na atual conjuntura econômica, necessitam
possuir múltiplas habilidades para serem mais flexíveis e capazes de realizar uma série
de tarefas ao mesmo tempo, além de mudar de uma atividade para outra, rapidamente,
conforme necessário. Kukulska-Hulme (2011) afirma que a prática educacional não é
determinada pela tecnologia; tampouco a tecnologia é um fator determinante na
aprendizagem informal e diária. No entanto, apesar da prática educacional não ser
determinada pela tecnologia, Agullo & Vallejo (2015) destacam que a ubiquidade da
aprendizagem móvel, inevitavelmente, mudou os estilos de aprendizagem. Segundo
Kukulska-Hulme (2009), o conceito de aprendizagem móvel é instável, principalmente
devido à constante evolução deste campo de pesquisa, no entanto é inegável sua
influência na forma como a LE é aprendida e ensinada ao redor do mundo, pois os
alunos possuem dispositivos “poderosos” que possibilitam a criação e o
compartilhamento de textos multimodais; a comunicação espontânea com qualquer
pessoa ao redor do mundo; dentre outras atividades. Santaella (2014) afirma que o
novo tipo de aprendizado que vêm se desenvolvendo na era da mobilidade
caracterizase como aberto, individual ou grupal, podendo ser adquirido em quaisquer
situações, eventualidades e contextos, além de possuir a espontaneidade como
característica essencial. Kukulska-Hulme (2009) assevera que vivemos momentos
singulares, nos quais professores e alunos devem trabalhar juntos para compreender
como as tecnologias portáteis podem ser melhor utilizadas no contexto educacional. A
experiência pedagógica dos professores continuará a desempenhar um papel de
extrema importância no contexto escolar, no entanto necessita ser expandida e
reexaminada para atender as particularidades da aprendizagem móvel.
Palavras-chave: Mobilidade; Tecnologia Móvel; Língua Estrangeira; Ubiquidade.

3) O uso de estratégias de aprendizagem no desenvolvimento da


autonomia do aprendiz de língua inglesa

Giovanna Martinez Ursulino (UEM)

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Jaqueline C. de Godoy Martim (UEM)


Prof. Dr. Wiliam César Ramos(UEM/Orientador)

Resumo:

Há diversos fatores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem que extrapolam os


limites da sala de aula e da imagem do professor, dentre eles a forma como o aprendiz
lida com a aprendizagem fora da sala de aula. Nesse sentido, cabe ao professor
orientar o aprendiz no processo de aprendizagem (MICCOLI, 2007). Aprendizes da
língua inglesa tendem a demonstrar diversas maneiras de assimilar o conhecimento,
alguns mais facilmente que outros. Para isso, pensando naqueles com dificuldades mais
limitantes no processo de aquisição da língua inglesa e para a orientação de
professores, especialmente no contexto brasileiro em que o desenvolvimento da
autonomia do aluno, muitas vezes, passa despercebido tanto na educação básica como
nos centros de língua, é que desenvolve-se essa pesquisa visando despertar novos
processos pedagógicos nos quais o professor saiba como criar condições para o
desenvolvimento da autonomia de aprendizagem. Desta forma “debruça-se sobre o
papel e os meios que o professor dispõe de ajudar o aluno a mobilizar procedimentos, a
efetuar uma escolha, a modificar aquilo que não convém” (PERRADEAU, 2006, p. 187)
despertando-lhe metas que o motive e sanando suas possíveis dificuldades de
aprendizagem do idioma, por meio de estratégias que desenvolvam a sua autonomia de
aprendizagem. Autonomia significa, segundo o dicionário Aurélio, “faculdade de se
governar por si mesmo”. Assim, um aluno autônomo reconhece-se como um sujeito
ativo em seu próprio processo de aprendizagem, a saber que suas iniciativas promovem
e desenvolvem seus conhecimentos e habilidades de modo a atender suas
necessidades e objetivos. O desenvolvimento da autonomia dos alunos deve ser
incentivado pelo professor, visando a uma gradativa tomada de consciência por parte do
aprendiz, que deixa de centralizar a responsabilidade pela aprendizagem no papel do
professor, para entender que é ele quem deve tomar as rédeas de sua própria
aprendizagem, que é um processo de natureza cooperativa, cujo centro é o próprio
aprendiz interagindo com o professor e com os colegas. Ao levar em conta o tempo
gasto pelos aprendizes durante a aprendizagem de uma segunda língua, é preciso
salientar a necessidade de eles lidarem com suas próprias dificuldades, traçando
objetivos e descobrindo novas maneiras de sanar dúvidas, revisar conteúdos e
desenvolver habilidades comunicativas, pois nem sempre a figura do professor faz-se
presente. O desenvolvimento da autonomia de aprendizagem do aluno potencializa não
apenas seu desempenho como aprendiz, mas também como ser humano, fomentando
sua capacidade de lidar com os desafios da vida. (MICCOLI, 2007).
Palavras-chave: Aprendizagem; Autonomia; Estratégias; Língua Inglesa.

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4) Ensino de Língua Espanhola e PTD em Cena de rua

Profa. Dra Nerynei Meira Carneiro Bellini (UENP)

Resumo:

Figuras estilizadas com traços marcantes, pinceladas de cores intensas sobrepõem


fundos negros e saltam aos olhos do leitor em Cena de rua (1994), da artista plástica
mineira Ângela Lago (1945). O livro imagético, cujas únicas palavras estão no título,
convida o leitor a focar atenção nos impactantes desenhos. Ademais, a leitura poderá
suscitar nos espectadores questionamentos e indagações e estabelecer vínculos com a
sociedade brasileira no que tange à situação da criança marginalizada. É viável,
portanto, quando se lê Cena de rua chegar a reflexões e fruição leitoras no que
concerne ao contato com um texto de imagens que inova pela tessitura artística e pelo
estilo da escritora. A temática proposta vai ao encontro dos problemas discutidos nas
aulas de prática de ensino e orientação de estágio de língua espanhola ministradas na
Universidade Estadual do Norte do Paraná, campus Jacarezinho, quando alunos-
estagiários, em 2012 e 2013, diagnosticaram que, tanto na educação básica quanto nos
centros de línguas, professores utilizam, ainda, textos literários como pretexto para
ensinar gramática, excluindo o imprescindível contexto extraverbal. Ocorre, assim, nos
educandos, aversão à literatura e resulta em ausência de letramento literário. Visando
contribuir para a superação do mencionado problema, o Subprojeto Interdisciplinar
Letras Espanhol/Letras Português, vinculado ao Programa Institucional de Bolsas da
Universidade Estadual do Norte do Paraná, coordenado pelas professoras doutoras
Nerynei Meira Carneiro Bellini e Patrícia Cristina de Oliveira Duarte, propõe a
abordagem contextualizada de textos da esfera literária, em sala de aula. Devido à
complexidade de Cena de rua, estratégias e ações leitoras tornam-se importantes à
construção de sentidos os quais, segundo João Wanderley Geraldi (1995), vigoram na
integração de práticas de análise linguística e de leitura e produção textual. Com vistas
a um ensino de língua e literatura espanhola mais produtivo, propõem-se, neste
trabalho, estratégias e ações baseadas nas dimensões dos gêneros discursivos
(BAKHTIN, 2003), ou seja, conteúdo temático, construção composicional e estilo,
vinculadas às intenções discursivas e ao contexto extraverbal do livro. Coadunando-se
às orientações das Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná – DCE – para a
Educação Básica (PARANÁ, 2008), dentre outros documentos oficias, as atividades
didáticas propostas respaldam-se, ainda, no Plano de Trabalho Docente (PTD), de João
Luiz Gasparin (2009), e favorecem um processo de ensino-aprendizagem, no caso de
língua espanhola, que leva em conta os saberes do leitor, a fim de transformá-los em
conhecimento científico.
Palavras-chave: Cena de rua; Língua Espanhola; Leitura; Plano de Trabalho Docente;
ensino-aprendizagem.

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5) A internacionalização do ensino superior e o ensino de inglês


nas séries iniciais: um estudo de caso em um município do norte
do estado do Paraná

Paula Aparecida Avila (PPGEL/UEL)


Profa Dra. Juliana Reichert Assunção Tonelli (PPGEL/MEPLEM/UEL)

Resumo:

A internacionalização tem sido uma das metas do ensino superior (ES), haja vista a
crescente demanda por exames de proficiência, intercâmbio tanto de professores
quanto de alunos, programas do governo e investimentos de instituições particulares em
projetos e parcerias internacionais. Nesse cenário, embora a língua inglesa ocupe lugar
de prestígio, percebe-se grande dificuldade por parte de estudantes quando inseridos
em programas de intercâmbio no exterior ou mesmo quando são expostos à situações
nas quais o conhecimento de ao menos uma língua estrangeira (LE) é necessária em
seu próprio país, devido à falta de competência comunicativa na língua. Portanto,
acredita-se que quanto maior o período de exposição do sujeito à língua, melhor será
seu desempenho naquela língua (VICENTIN, 2013; MUÑOZ, 2014). Diante disso faz-se
importante investigar o ensino do inglês desde as séries iniciais de escolarização uma
vez que pesquisas evidenciam os benefícios da inserção de línguas estrangeiras,
especificamente a língua inglesa, cada vez mais frequente, na Educação Infantil e nos
anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas públicas brasileiras (BACARIN, 2013;
ROCHA, 2006). No Brasil, a obrigatoriedade da oferta de ao menos uma LE se dá a
partir do sexto ano do Ensino Fundamental II, sendo facultativo nas etapas anteriores de
escolaridade (Educação Infantil e Ensino Fundamental I) (BRASIL, 2010). Entretanto,
com o advento da globalização, as discussões sobre o ensino de língua inglesa nas
séries iniciais têm tomado proporções cada vez maiores por meio de teóricos que
defendem o ensino de uma LE desde tenra idade (MORENO, TONELLI, 2016). Nesta
mesma vertente está a crescente oferta de escolas de Educação Infantil e Ensino
Fundamental I que dispõem em seu currículo o inglês e carecem de documentos
norteadores para o ensino de LE. Assim sendo, neste trabalho buscamos compartilhar a
experiência da professora-pesquisadora e sua prática pedagógica em uma escola
municipal pública do norte do estado do Paraná no período de 2008 a 2009, a qual
oferta o ensino da língua inglesa nas séries iniciais desde 1994. Dessa forma, como
objetivo geral, buscamos identificar as possíveis relações entre o ensino de inglês nas
séries iniciais para a internacionalização do ensino superior. Para isso, pretende-se

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discutir as motivações para a implantação do inglês nas séries iniciais no locus


investigado, identificar as possíveis relações globais e locais pontuadas pelos sujeitos
envolvidos no ensino de inglês neste contexto e refletir sobre o projeto político
pedagógico da escola investigada de forma a pontuar as possíveis contribuições do
ensino da língua inglesa aos alunos quando/se futuramente ingressarem no ES. Isto
posto, espera-se que esta pesquisa contribua para as discussões acerca do ensino da
língua inglesa em uma cidade do interior do estado do Paraná e sua possível influência
na internacionalização do ES.

Palavras-chave: Internacionalização do Ensino Superior; Língua Inglesa para Crianças;


Ensino Fundamental I.

6) O corpus como ferramenta de análise de elementos gramaticais


em redações em língua inglesa de alunos universitários

Mayra Aparecida dos Santos (UNESP – São José do Rio Preto)

Resumo:

A presente pesquisa discute características da escrita acadêmica em língua inglesa de


alunos universitários brasileiros uma vez que a falta de proficiência adequada em língua
inglesa foi um dos problemas identificados em programas de mobilidade internacional.
Tendo em vista a habilidade de produção escrita e utilizando a abordagem teórico-
metodológica da Linguística de Corpus, realizamos uma investigação para encontrar
dificuldades de redação enfrentadas por esses alunos ao escreverem seus textos
argumentativos. Com o objetivo de realizar um estudo de caso, formamos
um corpus para análise com 82 textos redigidos por alunos brasileiros universitários
com proficiência no nível B1 de língua inglesa. Usando como base os descritores de
competência de produção escrita do Quadro Europeu Comum de Referência (CEFR) e
como corpus de referência o corpus MICUSP, realizamos uma comparação entre o uso
dos quantificadores some, many e any, nos textos escritos pelos alunos brasileiros em
comparação aos textos dos alunos que compõem o MICUSP. Selecionamos alguns
excertos em nosso corpus de análise onde os alunos utilizam os quantificadores para
observarmos de que forma estes alunos estão utilizando estes elementos gramaticais.
Os alunos brasileiros que escreveram os textos em língua inglesa coletados para
montagem de nosso corpus são estudantes regularmente matriculados nos 1o e 3o ano
de Licenciatura em Letras Português / Inglês e também alunos do 3º ano de
Bacharelado em Letras com Habilitação de Tradutor. Da mesma forma, levantaremos

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informações em relação ao uso de conjunções entre os dois corpora, uma vez que
consideramos este um elemento gramatical expressivo em textos argumentativos. O
desenho de nossa dissertação considera os trabalhos sobre Ensino e Aprendizagem de
Língua Estrangeira, Escrita Acadêmica e Linguística de Corpus de acordo com os
trabalhos de Berber Sardinha (2004, 2010), Dayrell (2011), Dew (2010), Romer (2004),
Tribble (2001) e Viana (2011). Também faremos uso da gramática com base em corpus
Longmam de Biber et al (1999) para análise dos dados. Como ferramenta de extração e
observação dos dados, utilizaremos a ferramenta computacional AntConc. A partir dos
resultados obtidos nas análises e com base na observação do corpus MICUSP, cujos
textos são escritos por estudantes também não-nativos de língua inglesa, serão
elaboradas atividades didáticas com foco na produção escrita.
Palavras-chave: intercâmbio universitário; língua inglesa; ensino e aprendizagem;
linguística de corpus.

7) Passos e possibilidades para ensinar língua e literatura através


das histórias em quadrinhos – Conhecendo Miguel de Cervantes
e sua obra: Dom Quijote
Ana Paula R. Ferro (OCE/FACON)
Resumo:
As transformações constantes da sociedade e dos meios de comunicação demandam
novas técnicas didático-pedagógicas que atendam às necessidades gerais. Nesse
sentido, devido a seu caráter icônico, as histórias em quadrinhos se apresentam como
excelente alternativa de fomento à leitura. Sob essa visão, o presente artigo visa discutir
e analisar os passos e possibilidades para que o professor recorra às HQs, para
possibilitar o conhecimento de uma obra literária clássica, em uma linguagem e ritmo
adaptáveis à faixa etária dos alunos, bem como conduzi-los a criar novas histórias, ou
recontar a obra lida por meio dos quadrinhos, contribuindo assim, para explorar as
quatro destrezas comunicativas da língua espanhola dos alunos do Ensino Fundamental
II. Quanto ao delineamento do perfil teórico-metodológico, o presente trabalho está
sustentado em revisões bibliográficas, vídeos e periódicos que versam sobre o tema em
questão, ademais da experiência prática em sala e aula, e formação acadêmica do
professor-autor. Na organização e no desenvolvimento do escrito, são apresentados o
percurso das obras literárias para HQs no Brasil, a relação da literatura com os
quadrinhos, o trabalho em sala de aula com as narrativas em quadrinhos, o ensino de
língua estrangeira por meio de clássicos adaptados para HQ, os passos e
possibilidades de se trabalhar com HQs e literatura na sala de aula e uma breve análise
da obra Dom Quixote em HQ.

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Palavras chaves: Clássicos literários; Adaptação para Histórias em Quadrinhos;


Ensino de línguas.

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SIMPÓSIO 13) Formação de professores e ensino-aprendizagem de


línguas estrangeiras: diferentes olhares e múltiplas perspectivas

Profa. Dra. Josimayre Novelli Coradim (UEM)


josimayrenovelli@hotmail.com
Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo (UEM)
cabrinisimoes@gmail.com

1) Marcas de linguagem lúdica em aulas de língua inglesa

Adriane Silva dos Reis (UTFPR)


Profa. Dra Didiê Ana Ceni Denardi (UTFPR/Orientadora)

Resumo:

A linguagem é um instrumento de comunicação. E na relação interlocutiva, os sujeitos


possuem características distintas em sua forma de falar, de expressar suas ideias e
sentimentos. Estas características de fala designam perfis e particularidades únicas de
cada ser social. Algumas pessoas ao se pronunciar verbalmente, se expressam de
forma mais tímida. Outros em seus atos de fala são ríspidos, inflexíveis, sérios, sisudos
e mal-humorados. Ainda há outros indivíduos que se manifestam de forma cômica,
fazendo os outros sujeitos rir e se divertirem pela forma de linguagem representada por
estes indivíduos. Levando em consideração as representações articuladas
comicamente, destacamos a linguagem lúdica. A linguagem lúdica é empregada para
entreter, divertir, recrear e brincar com alguém. Por este viés, ela também é manifestada
em contexto escolar. A forma de linguagem usada por um professor em sala de aula
pode afetar a relação com os alunos, designando uma relação social positiva ou
negativa, influenciando fatores afetivos e cognitivos dos alunos e provocando reações
interacionais-emotivas no ensino de Língua Inglesa (FINARDI; GIL, 2005). Com base
nesses pressupostos, esta comunicação objetiva apresentar resultados de uma
pesquisa etnográfica qualitativa sobre línguagem lúdica em aulas de Língua Inglesa. Os
dados foram produzidos em quatro aulas de Língua Inglesa em uma turma do segundo
ano do ensino médio de uma escola pública federal do Sudoeste do Paraná em

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setembro de 2016. Os dados foram coletados por meio diferentes instrumentos:


tomadas de notas, gravação em vídeo e transcrição de aulas. Posteriormente,
observamos nas transcrições as passagens em que a linguagem lúdica foi mais
acentuada e desenvolvemos a análise interpretativista das passagens selecionadas,
diagnosticando que as marcas de linguagem lúdica estão representadas tanto pela
forma de agir linguístico da professora como na forma de agir dos alunos. A maneira de
falar, cada qual com seu estilo, puderam proporcionar momentos de descontração e
divertimento durante as aulas observadas. A linguagem lúdica reportada por esse grupo
social-escolar também revelou a interatividade incentivada pela professora no ensino-
aprendizagem, a qual era tomada pela motivação dos alunos. Por esta razão, a
linguagem lúdica pode ser contemplada como um instrumento de conexão, interação,
afetividade e motivação em aulas de Língua Inglesa, visto que, ela permite uma
aproximação maior do aluno, contribuindo para o ensino-aprendizagem deste idioma.
Sob esta perspectiva, o objetivo principal da comunicação oral será apresentar uma
análise interpretativista sobre as marcas de linguagem lúdica manifestadas por uma
professora e seus alunos em aulas de Língua Inglesa em uma turma do segundo ano do
ensino médio de uma escola pública federal do Sudoeste do Paraná. Especificamente,
pretende-se mostrar como este estilo de linguagem atinge a relação social interativa em
sala de aula, bem como enfatizar o papel da linguagem lúdica no desenvolvimento de
relações de amizade e afeto entre professor e alunos nas aulas de Língua Inglesa.

Palavras-chave: Linguagem Lúdica; Aulas de Língua Inglesa; Ensino Médio.

2) Cuentacuentos: contribuições do teatro para o desenvolvimento


da competência comunicativa

Daniela Rocha de França (UEFS)


Profa. Me. Iranildes Almeida de Oliveira Lima (UEFS)

Resumo:
As atividades de extensão possibilitam aos estudantes de graduação uma experiência
de importância inestimável na sua área de atuação profissional, permitindo-lhes
perceber a importância do desenvolvimento de um trabalho consciente, ético, e que lhes
dará suportes para enfrentar as dinâmicas da vida laboral, assim como entender o
impacto que as ações de extensão causam na comunidade, visto que um dos pilares
necessários para a formação profissional é a práxis, as atividades de extensão são de
extrema importância para os graduandos em formação. Nesse contexto, o Programa
Portal: ensino-aprendizagem de línguas modernas para a cidadania, inclusão social e o
diálogo multi e intercultural tem contribuído intensamente para a formação de

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estudantes de graduação, oferecendo, aos participantes do Programa, meios para a


sistematização do conhecimento, a aproximação entre teoria e prática, o
desenvolvimento do trabalho em equipe, o crescimento pela troca de experiências. Este
relato de experiência propõe expor os resultados e as reflexões sobre uma das
atividades de extensão que acontecem no Programa Portal, denominada
Cuentacuentos. A proposta dessa atividade surgiu da ideia de trazer para Universidade
de Estadual de Feira de Santana uma experiência exitosa da Comunidade de
Catalunha, especificamente do município de Castellbisbal, em Barcelona, que leva a
dinâmica de contar contos para o teatro. A utilização da linguagem do teatro no
processo de ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira permitiu aos participantes
do projeto experienciar processos de construção/reconstrução identitárias, assunção da
autoria de personagens, intertextualidade entre autores hispânicos. Na nossa
modalidade, reconhecemos as vantagens desta atividade para o desenvolvimento da
competência comunicativa, pragmática-funcional, sociolinguística, sociodiscursiva,
discursiva, estratégica, cultural e intercultural. Experienciamos o Cuentacuentos para
aprender língua e literatura espanhola através do jogo teatral (Boal,1987; Spolin, 1963;
Bernard Dort, 1985; Pupo, 2001). O período de análise foi de agosto de 2014 a
dezembro de 2016, sendo que os sujeitos envolvidos eram iniciantes no processo de
aquisição da língua espanhola. O público-alvo do projeto eram alunos do ensino médio
ou egressos de escolas públicos da cidade de Feira de Santana.
Palavras-Chave: Espanhol/LE; Extensão Universitária; Gêneros Textuais; Teatro.

3) A língua Dothraki como LE: contrastes fonológicos com o Inglês


como LM
Fernanda Martins Ferreira de Araujo (UEM)
Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo (UEM/Orientador)

Resumo:
O presente trabalho apresenta uma análise inicial do projeto de pesquisa intitulado “Os
sons do Dothraki: uma análise contrastiva com os sistemas fonológicos do português e
do inglês”. O Dothraki é uma língua fictícia criada para o contexto da série Game of
Thrones, baseada nos romances de George R. R. Martin, produzida e exibida pela
HBO, que é considerada um dos maiores sucessos televisivos dos últimos tempos, com
milhões de telespectadores pelo mundo. Na história, a língua é falada por uma tribo
nômade guerreira que se destaca na série por ser uma das mais ouvidas na primeira
temporada. Devido ao grande sucesso da série, seus fãs buscaram o aprendizado

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dessa língua fictícia, gerando uma demanda por produtos que procurassem atender a
esse propósito, o que resultou no site , produzido pelos próprios fãs, e no livro Living
Language Dothraki (2014), de David Peterson, responsável pela criação da língua para
o seriado. O site e o livro constituem nosso corpus de pesquisa para essa comunicação,
cujo objetivo é contrastar os sistemas fonológicos da Língua inglesa (LI), como língua
materna, com o do Dothraki (LD), como língua estrangeira, a fim de apresentar algumas
das possíveis dificuldades que o falante de LI possuiria, caso estivesse aprendendo a
LD. A base teórica para a análise contrastiva fundamenta-se nos estudos da Linguística
Contrastiva (JAMES, 1981; WARDHAUGH, 1970). Esse ramo da Linguística surgiu em
1945, consolidou-se na década de 50 e teve seu declínio nos anos 80. No entanto,
voltou a ser empregado atualmente, com vistas a potencializar o processo de ensino-
aprendizagem de línguas estrangeiras (FERNÁNDEZ, 2003). Consideramos que a
Análise Contrastiva contribuirá para termos uma visão mais detalhada dos sistemas
fonológicos das duas línguas, permitindo levantar as dificuldades que os falantes de LI
terão ao tentarem pronunciar os fonemas da LD. Os resultados parciais mostram que o
sistema vocálico da LD diferencia-se muito da LI, pois possui apenas quatro vogais, em
oposição ao da LI, que possui doze. Desta forma, especificamente na pronúncia das
vogais, os falantes de LI não teriam problemas, visto que o quadro fonológico vocálico
da LI recobre o da LD. No entanto, ao contrastarmos os fonemas consonantais,
percebemos que a LD possui quatro fonemas distintos da LI, um uvular oclusivo, um
fricativo velar, um nasal palatal e o tape. Portanto, a dificuldade e possibilidade de erros
de pronúncia de falantes de LI mostram-se maiores quando tratamos da pronúncia das
consoantes do LD.
Palavras-chave: Análise contrastiva; Fonologia; Língua Inglesa; Dothrak.

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4) Dúvidas na formação docente: o que e como ensinar a língua


estrangeira?

Leandro Wallace Menegolo (UNIOESTE)


Vitor Emanuel Sguarezi Marangoni (UNIOESTE)
Profa. Dra Carmen Terezinha Baumgartner (UNIOESTE/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho é o resultado de uma pesquisa inserida na área de Linguística, Letras e


Artes, subárea de Linguística Aplicada, conforme classificação do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Estudou, especificamente,
fragmentos do domínio da imaginação popular que se constroem acerca do exercício da
profissão docente em língua estrangeira, principalmente pela associação da teoria com
a prática. O termo “crença”, aqui, significa “aquilo em que se crê” (HOUAISS, 2009).
Portanto, traduz um ponto de vista, uma forma de pensamento que é adotada por um
grupo de pessoas. O mesmo vale para todos os sinônimos empregados para se referir a
ela (visão, opinião, ponto de vista, convicção, maneira de acreditar, etc.). Por meio de
um levantamento de crenças sobre o ensino e a aprendizagem de línguas estrangeiras
com um grupo de alunos iniciantes de um curso de licenciatura em Letras de uma
universidade pública, localizada na região Oeste do Paraná, o objetivo foi observar o
que pensam sobre o ensino e a aprendizagem de uma língua estrangeira, e por meio
dos dados gerados com um uqestionário, refletir sobre suas implicações na formação
acadêmica. A metodologia adotada classificou-se, conforme Gil (2002), como pesquisa
qualitativa, aplicada, por sua finalidade e por ser voltada “à aquisição de conhecimentos
com vistas à aplicação numa situação específica” (p. 27). Foi exploratória, consoante
seu objetivo mais geral, e porque a maior familiaridade com o problema possibilita torná-
lo mais explícito, a partir do que as reflexões se dão no contato com o objeto de estudo.
De campo, pela natureza e ambiente em que os dados foram gerados e analisados.
Primeiramente, reunimos informações sobre os modos de pensar o ensino e a
aprendizagem de LE, conforme discutidos por Moita Lopes (2002, p. 65) e Barcelos
(2004; 2007), fruto de nossas reflexões nas aulas da disciplina de Linguística Aplicada.
Com base nessas informações, elaboramos um instrumento de geração de dados
(questionário contendo perguntas) e o aplicamos em uma turma de alunos no início do
ano letivo, quando seus contatos com o conhecimento científico estava apenas
iniciando. Essa estratégia decorre do fato de que desejávamos captar as crenças que
traziam consigo como resultado de suas vivências anteriores a seu ingresso na
Universidade, num curso superior de graduação Letras/licenciatura. No total, foram
listadas 25 crenças e indagamos, o quanto esses estudantes as assumiam, numa
escala de 0 a 100%, dividida em 5 possibilidades de resposta previamente
estabelecidas para a tabulação dos dados: 0%, 25%, 50%, 75% e 100%. A amostra foi
de 46 estudantes, perfazendo 68,6% do total de 67 matriculados. Os resultados

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encontrados na análise dos dados foram de que há verdades presumidas que nada
influenciam (de 0% a 25% das ocorrências), as de pouca interferência (de 25% a 50%)
e as de alta interferência (de 75% a 100%) no grupo participante da pesquisa. Quanto a
essas (de alta interferência), o grupo demonstrou, no geral, estar afinado com as
contribuições da LA, mesmo não tendo sido exposto a nenhuma delas no ambiente
universitário, configurando a existência de uma conscientização acerca do que é ensinar
e aprender uma língua estrangeira. Além disso, a maioria das crenças depositava em
algo exterior ao indivíduo o crédito da responsabilidade pelo aprendizado da língua
estrangeira. Tais suposições mostram a ignorância social e a ausência de
questionamento crítico, pois levam professores de LE a realizarem suas aulas por meio
de regras sistemáticas e desprovidas de significação, afastando seus alunos do
consequente aprendizado e se frustrando na realização profissional.

Palavras-chave: Crenças; Ensino; Aprendizagem.

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5) PIBID e PROINTE em foco: construção identitária e


aprendizagem do professor de língua inglesa em espaços
extracurriculares

Profa. Me. Célia Regina L. Aleixo Devico (UEM)


Profa. Dra. Josimayre Noveli Coradim (UEM)
Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo(UEM)

Resumo:

A construção da identidade docente e a formação do professor de língua inglesa


ocorrem em diversos contextos, curriculares e extracurriculares, nos quais os
acadêmicos atuam ao longo do curso de licenciatura em Letras. Esta comunicação
objetiva investigar como a participação de acadêmicos do curso de Letras (habilitação
única/inglês e habilitação dupla/português-inglês) em dois espaços extracurriculares –
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid)/Letras-Inglês e o
Programa de Integração Estudantil (Prointe)/Inglês – afetam a aprendizagem docente e
o desenvolvimento de sua identidade profissional. O Pibid é uma política pública em
nível nacional que tem como um de seus objetivos contribuir com o fortalecimento da
formação de professores em cursos de licenciatura. Por sua vez, o Prointe caracteriza-
se por suas atividades de ensino e de serviço de apoio aos estudantes universitários e
tem como uma das finalidades oferecer oficinas de inglês instrumental, ministradas por
acadêmicos do curso de Letras, aos acadêmicos de uma universidade pública norte
paranaense. Esta investigação faz parte do projeto de pesquisa institucional “Formação
de professores de línguas: aprendizagem e desenvolvimento da identidade docente”, o
qual tem como objetivo geral “estudar e investigar a representação de oportunidades de
aprendizagem docente e o desenvolvimento da identidade profissional de acadêmicos
do curso de Letras em atividades e/ou espaços (extra)curriculares”. Para a geração dos
dados foram utilizados questionários de cunho dissertativo, aplicados aos pibidianos e
aos alunos-professores participantes do PROINTE. A análise e as discussões dos
dados estão pautadas nos estudos sobre aprendizagem docente (LAVE; WENGER,
1991; WENGER, 1998; JOHNSON, 2009, dentre outros) e nas pesquisas relacionadas
à construção e consolidação da identidade profissional (FLORES, 2003; BOHN, 2005;
BEIJAARD; MEIJER; VERLOOP, 2011; REIS; VAN VEEN; GIMENEZ, 2011, dentre
outros). Os resultados discutem quais experiências vivenciadas no âmbito dos dois
referidos projetos foram significativas para a aprendizagem docente e para o
desenvolvimento da identidade profissional. Ao lançar um olhar para esses dois
espaços extracurriculares, espera-se contribuir com o campo da formação de
professores de línguas, com as discussões sobre aprendizagem docente e formação da
identidade profissional em diversos tempos e espaços (extra)curriculares no âmbito do
curso de Letras.

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Palavras-chave: Aprendizagem docente; Identidade; Língua inglesa; PIBID; PROINTE.

6) Vivências de alunos ingressantes e formandos do curso de


Letras: aprendizagem e desenvolvimento da identidade docente

Profa. Me. Célia Regina L. Aleixo Devico (UEM)


Profa. Dra. Josimayre Noveli Coradim (UEM)
Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo(UEM)

Resumo:

A formação do professor de línguas é um processo contínuo de aprendizagem, o qual


ocorre nas diversas práticas sociais vivenciadas pelos acadêmicos do curso de
licenciatura e envolve a construção da sua identidade profissional. Pesquisas voltadas
à compreensão da aprendizagem docente (LORTIE, 1975; SHULMAN, 1986; LAVE;
WENGER, 1991; WENGER, 1998; JOHNSON, 2009; CORADIM, 2015, dentre outros),
bem como os estudos relacionados à construção e consolidação da identidade
profissional do professor de inglês (NÓVOA, 1995; FLORES, 2003; BOHN, 2005;
BEIJAARD; MEIJER; VERLOOP, 2011; REIS; VAN VEEN; GIMENEZ, 2011; REIS;
GONÇALVES; ORSINI, 2014, dentre outros) são importantes bases teóricas que têm
pautado as discussões sobre o processo de tornar-se professor de inglês e sobre a
construção da sua identidade.A presente comunicação tem o intuito de analisar quais
experiências e/ou espaços vivenciados por ingressantes e formandos dos cursos de
Letras (habilitação única e dupla) contribuíram, na visão deles, para a sua formação
e/ou identificação como docentes de inglês. Os dados aqui apresentados fazem parte
de um projeto de pesquisa institucional intitulado “Formação de professores de línguas:
aprendizagem e desenvolvimento da identidade docente”, o qual objetiva “estudar e
investigar a representação de oportunidades de aprendizagem docente e o
desenvolvimento da identidade profissional de acadêmicos do curso de Letras em
atividades e/ou espaços (extra) curriculares”.Eles foram gerados por meio de aplicação
de questionários de cunho dissertativo para alunos ingressantes e formandos dos
cursos de Letras-Português/Inglês e Letras-Inglês de uma universidade pública
paranaense.Os resultados discutem de que modo as experiências acadêmicas
(disciplinas, projetos, eventos, dentre outras) vivenciadas ao longo do primeiro ano
contribuíram para formação docente dos alunos ingressantes e quais disciplinas e
espaços/atividades vivenciadas ao longo do curso, segundo os alunos egressos,
influenciaram ou fortaleceram sua formação e identificação com a profissão professor

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de inglês. Espera-se que esse estudo dialogue com as investigações voltadas para
construção e consolidação da identidade do professor de inglês, além daquelas voltadas
à aprendizagem docente. Esse trabalho pode ainda servir de aporte para o
aprimoramento e fortalecimento das práticas educacionais da formação do professor de
inglês nos cursos de Letras.

Palavras-chave: Alunos ingressantes; Formação docente inicial; Formandos do curso


de Letras; Identidade; Língua inglesa.

7) A identidade docente em um curso de Letras português-inglês

Walison Rodrigues de Andrade (UEM)


Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo(UEM/Orientadora)

Resumo:
Esta comunicação apresenta os resultados de um projeto de iniciação científica
(PICUEM), o qual teve como principal objetivo investigar a construção identitária de
formandos de um curso de Letras com habilitação dupla (língua portuguesa e língua
inglesa). De modo específico, o referido projeto analisou os fatores que influenciaram as
escolhas pela licenciatura dupla; investigou como os acadêmicos se identificam ao se
formarem docentes em língua portuguesa e língua inglesa; e também verificou o papel
do curso de Letras na construção da identidade de professor de língua portuguesa,
língua inglesa ou de ambas as línguas. Os estudos sobre formação de professores de
línguas (CELANI, 2006; FREITAS, 2014; dentre outros) e a sua identidade (BOHN,
2005; FLORES, 2011; REIS; VEEN; GIMENEZ, 2011 e outros) embasaram esta
pesquisa qualitativainterpretativista. O contexto de investigação foi uma turma de quinto
ano do período noturno do curso de Letras com habilitação dupla português-inglês de
uma universidade pública paranaense e os dados foram gerados por meio da aplicação
de um questionário de cunho dissertativo aos formandos do mencionado contexto. Os
resultados apontam que a escolha da licenciatura dupla pelos respondentes foi
fortemente influenciada pelo turno em que o curso era ofertado e pelo fato de uma
licenciatura dupla oferecer maiores oportunidades de trabalho para um futuro
profissional. Além disso, constatou-se que os formandos que atuaram como sujeitos da
pesquisa reconhecem, de maneira unânime, a importância do curso em sua formação
identitária, ainda que aconteça de forma diferente para cada um deles. Finalmente, ao
pedir para que os alunos se identificassem como futuro professor, a pesquisa apontou
que, mesmo cursando uma licenciatura dupla, mais de dois terços dos respondentes se
enxergam como professores de uma língua apenas. O trabalho traz também dados

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referentes à (auto)confiança que os alunos sentem em ensinar cada língua e os


espaços que pretendem ocupar no mercado de trabalho. Esperase que a comunicação
contribua com as discussões sobre o papel dos cursos de licenciatura dupla na
formação profissional do docente e na sua construção identitária. Portanto, a pesquisa
desenvolvida esclarece e ilustra algumas das escolhas feitas pelo estudante da
licenciatura dupla e como esse as percebe enquanto aluno e futuro professor.
Palavras-chave: Formação docente inicial; Identidade; Curso de Letras; Habilitação
dupla.

8) O Celin e a sua contribuição com a formação de futuros


professores de língua inglesa
Me. Soraia Teixeira Sonsin (UNESPAR)

Resumo:

O projeto de pesquisa O CELIN e a sua contribuição com a formação de futuros


professores de língua inglesa está voltado para a Pesquisa Exploratória de cunho
descritivo, fundamentado na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (LEONTIEV,
1978) que nos possibilita compreender a organização e a concepção da Atividade de
ensino e aprendizagem e Vygotsky, (1934/2000), que considera que a mediação entre
pares no ambiente escolar é um processo importante de intervenção, pois possibilita
uma relação entre sujeito e objeto de conhecimento, propicia a compreensão crítica
sobre a relação entre aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, a partir das
interações sociais. O objetivo geral da pesquisa foi o de identificar a contribuição efetiva
do CELIN com a área de formação em língua inglesa. Utilizamos como instrumento de
pesquisa: questionários aplicados aos alunos, professores e secretárias e, documentos
acerca da formação do CELIN. Assim, foi possível identificar o trabalho cotidiano dos
professores, o material didático utilizado, os procedimentos teórico-metodológicos
utilizados por estes professores. Para chegar a uma análise dos resultados, inicialmente
realizamos um levantamento geral dos números de alunos (), professores (9) e
secretárias (2) inseridos no CELIN. Como resultado parcial obtivemos a análise das
contribuições advindas apenas por parte dos professores de Língua Inglesa, atuantes
no Centro de Línguas da UNESPAR - Campus de Campo Mourão - CELIN. Os
resultados parciais alcançados são: Professores com formação em Ensino Superior,
pós-graduação e certificados internacionais na área de atuação; material didático
internacional adequado com a formação proposta e de ótima qualidade; os recursos
didáticos variam entre aparelho de som, CDs, DVDs, data show, lousa branca e

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canetão; a metodologia de ensino está embasada na Abordagem Comunicativa; os


alunos recebem monitoria em horário de contra turno; as instalações físicas são
adequadas, porém com falta apoio institucional para desenvolver atividades culturais.
Além de toda a capacidade identificada voltada para uma formação de excelência, este
centro oferta um ponto alto em destaque que é a oportunidade automática de meia
bolsa aos estudantes do curso de Letras da UNESPAR – Campus de Campo Mourão.
Esta oportunidade viabiliza maior fluência na Língua Inglesa.

Palavras-chave: CELIN; Língua Inglesa; Formação.

9) Inglês como Língua Franca: algumas considerações a respeito


da análise de um livro didático

Flávia Meneguel Fogaça (UEM)


Vilma Gomes de Lima (UEM)
Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo (UEM/Orientadora)

Resumo:
Inglês como língua franca (ILF) vem sendo definido como o uso da língua na
comunicação entre falantes de diferentes línguas maternas (SEIDLHOFER, 2011). Os
estudos com foco na perspectiva do ILF vêm sendo desenvolvidos em diversos países e
têm sido objeto de investigação de pesquisadores, tanto no contexto nacional (EL
KADRI, CALVO, 2015; EL KADRI, 2013; GIMENEZ, 2013; MIRANDA, 2015; SIQUEIRA,
2011, dentre outros), quanto internacional (SEIDLHOFER, 2011; BERNS, 2011;
BAYYURT; AKCAN, 2015; MATSUDA, 2017, dentre outros). O fator principal que
contribuiu para que o inglês assumisse a categoria de língua franca foi a globalização,
processo capaz de encurtar distâncias e permitir a conexão em tempo real com pessoas
numa escala global. Frente a esta breve contextualização, o objetivo desta comunicação
é apresentar uma análise das quatro primeiras unidades do livro didático New Headway
Pre-intermediate, the Third edition (Student’s Book). De modo específico, ela examina
se e de que modo a perspectiva de inglês como língua franca se faz presente nesse
material, a partir das implicações linguísticas e/ou educacionais apresentadas por El
Kadri (2010), El Kadri; Calvo (2015), Gimenez et al. (2015). Nesse sentido, nossa
pesquisa é qualitativa, de cunho analítico, na qual o cerne da análise tem como base os
textos e as atividades propostas em nosso objeto de estudo. Os resultados alcançados
evidenciam que o material exibe algumas características da perspectiva do ILF, tal
como a ênfase no desenvolvimento de habilidades de expressão oral e escrita como
importantes focos de aprendizagem. No entanto, o livro aborda parcialmente questões

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como: a descentralização do falante nativo, a exposição a diferentes variedades do


inglês, o ensino de cultura em uma abordagem intercultural, uma articulação entre o
local e o global, a relação entre globalização e o inglês. Foi possível identificar também
que o livro não trata ou discute questões relacionadas aos objetivos do ensino e da
aprendizagem dessa língua, incubindo ao professor a tarefa de buscar essas
informações em outros materiais.

Palavras-chave: Inglês como Língua Franca. Livro didático. Ensino-Aprendizagem.

10) Elaboração de roteiro didático com unidades do PPPLE:


espaço de formação continuada para o professor

Profa. Me. Vanessa Christina Araujo (UEL)

Resumo:
A produção de Material Didático (MD) para o ensino de Português para Falantes de
Outras Línguas (PFOL) tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, motivada,
dentre outros fatores, pela expansão desta área no cenário mundial. Reconhecendo
essa expansão de produção, encontramos no Portal do Professor de Português Língua
Estrangeira/Língua Não Materna (PPPLE), um Recurso Educacional Aberto, unidades
didáticas que contemplam uma perspectiva de língua portuguesa em uso, em suas
diferentes variedades e que vêm a atender, assim, à crescente expansão do português
como língua pluricêntrica por suas variedades igualmente válidas, com suas respectivas
histórias e funções em cada nação. Dentre as tarefas do professor, reconhecemos a de
analisar e selecionar MD como de grande importância, pois ele é o mediador entre um
MD produzido em larga escala e um público-alvo específico. Assim, temos como
objetivo, nesta comunicação, apresentar um conjunto de elementos essenciais,
denominado diretrizes, para a seleção e elaboração de MD de PFOL, a saber:
públicoalvo e motivação para aprendizagem, contexto(s) de uso da língua-alvo,
programa de ensino, concepções de língua(gem), dimensão da língua portuguesa e
integração de práticas de linguagem. Com o propósito de selecionar o MD para o curso
de PFOL do Laboratório de Línguas da Universidade Estadual de Londrina,
encontramos no Portal do Professor de Português Língua Estrangeira/Língua Não
Materna unidades didáticas que iam ao encontro das concepções que orientavam nossa
prática pedagógica. A seleção das unidades e a elaboração do roteiro didático como
material principal do curso em questão nos impeliam cada vez mais a revisitar os

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pressupostos teóricos que embasavam nossa práxis a fim de prepararmos um roteiro


que contemplasse os escopos didáticos e acadêmicos. Os resultados alcançados com a
especificação e o reconhecimento dessas diretrizes para seleção e elaboração de MD
foi uma decisão mais informada de nós professoras, de modo a atender melhor às
necessidades de nossos alunos. Além disso, verificou-se durante o percurso de
elaboração do roteiro e a organização das diretrizes que ali residia um espaço de
formação continuada para nós professoras, pois precisamos por inúmeras vezes
recorrer as concepções que norteiam nossa prática pedagógica, as quais, muitas vezes,
são deixadas de lado em detrimento das concepções subjacentes aos MD.
Palavras-chave: Formação de professores; Material Didático; Português para Falantes
de Outras Línguas.

11) A reflexão no estágio de docência em língua inglesa:


contribuições de uma instrução ao sósia

Profa. Dra. Didiê Ana Ceni Denardi (UTFPR)


Soelene de Fátima Brovoski Modolo (UTFPR)
Profa. Dra. Siderlene Muniz Oliveira (UTFPR /Orientadora)

Resumo:

Este artigo objetiva discutir sobre o estágio curricular supervisionado, a partir das
representações de um estudante do 8º período de Letras de uma universidade pública
do Sudoeste do Paraná. Objetiva, também, apresentar os resultados das análises de
um texto de instrução ao sósia, no qual identificamos marcas de reflexão prática
(SCHÖN, 1983) e reflexão crítica (PIMENTA; LIMA, 2005, 2006; ZEICHNER, 2008).
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que responde a questões muito particulares e
preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado (MINAYO, 1994).
Tem por embasamento o Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2012), que,
focando no agir no trabalho, confere à linguagem papel fundamental no
desenvolvimento humano. Fundamenta-se, ainda, nos pressupostos teórico-
metodológicos de disciplinas do trabalho, como a Ergonomia da Atividade e Psicologia
do Trabalho, mais especificamente, na Clínica da Atividade (CLOT, 2007), as quais
buscam investigar as situações de trabalho para promover uma melhoria e o bem-estar
das condições de trabalho e saúde dos trabalhadores. Utilizamos a instrução ao sósia
como instrumento para a geração dos dados, que consiste em um procedimento no qual
o sósia faz inúmeras perguntas para saber como realizar determinada atividade, muitas
vezes, questões que o outro não lhe previu ensinar (CLOT, 2007). Além disso, a
pesquisa contou com uma entrevista semi-estruturada encaixada na instrução ao sósia

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para que o participante pudesse manifestar sua opinião sobre o tema. A partir do texto
gerado, identificamos marcas da reflexão prática e reflexão crítica no agir do estudante
de Letras referente à atividade de estágio considerada. Reflexão prática que envolve
repensar as experiências vividas à luz de teorias para uma maior adequação da própria
prática; reflexão crítica que requer tomada de consciência das implicações sociais,
econômicas e políticas das escolhas das ações. Como resultado, verificamos, também,
que as representações do sujeito sobre o estágio de docência reforçam algo que tem
resistido ao tempo: a estrutura curricular dos cursos de formação de professores é frágil
no sentido de assegurar momentos de reflexão sobre as questões
observadas/vivenciadas no estágio. Este é entendido, pelo sujeito, como um espaço
para aproximar o aluno das realidades de sua profissão, o que faz do estágio um
momento especial na formação. Com relação a dificuldades encontradas, o sujeito
aponta que um dos desafios é fazer com que os professores aceitem os estagiários nas
salas de aulas, o que denota uma fragilidade na “parceria” entre as universidades e as
escolas. Os resultados da pesquisa contribuem para reiterarmos o potencial formativo
da instrução ao sósia, a qual foi definida pelo sujeito desta pesquisa como um momento
que “permitiu parar por alguns momentos e fazer uma reflexão, algo que é
extremamente necessário para um bom planejamento futuro”.

Palavras-chave: professor de língua inglesa; estágio curricular supervisionado;


reflexão; Interacionismo Sociodiscursivo; Psicologia do Trabalho.

12) O Pibid-Letras/Inglês na formação docente continuada

Mariany Camilo Nabarrete (UEM)


Nágila Oliveira (UEM)
Profa. Dra. Josimayre Novelli Coradim (Orientadora/UEM)
Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo (Orientadora/UEM)

Resumo:

Muitos professores, ao se formar e começar a atuar em sala de aula, sentem a


necessidade de se manter atualizados em um processo contínuo de aprendizagem, o
qual ocorre por meio da formação docente continuada. Nesse sentido, este trabalho
apresenta resultados parciais de uma pesquisa realizada com seis professores
supervisores participantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID), do projeto Letras-Inglês, de uma universidade estadual paranaense. Tal projeto
é composto por duas professoras coordenadoras, quatro professores supervisores e
vinte e cinco pibidianos, sendo dois voluntários e uma mestranda. Os pibidianos têm a

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oportunidade de serem inseridos no contexto da Educação Básica desde o primeiro ano


da graduação e, juntamente com o acompanhamento de seus supervisores, participam
de várias etapas e atividades específicas da profissão. No âmbito desse projeto,
realizamos uma pesquisa de base qualitativa e interpretativista, tendo por objetivo
analisar, mediante a aplicação de um questionário de cunho dissertativo, as possíveis
contribuições do Pibid para a formação docente continuada dos supervisores
participantes. Consideramos que a formação docente continuada pode ser uma
oportunidade para que o professor (re)discuta questões referentes ao processo de
ensino e aprendizagem de línguas, reflita sobre sua aula, prática e carreira, troque
experiências com outros profissionais e acadêmicos do curso de licenciatura em Letras,
pense em possíveis soluções para problemas enfrentados em sala de aula, dentre
outros aspectos. As discussões teórico-analíticas embasam-se em estudos voltados
para a formação docente continuada, tais como Chimentão (2009); Telles (2009);
Jamoussi (2012); dentre outros. Os resultados da análise dos dados têm como foco: i)
discutir sobre a possível contribuição do Pibid para a formação docente continuada dos
supervisores; ii) analisar a forma como eles avaliam a sua atuação em sala de aula por
meio da vivência no projeto; iii) identificar atividades e/ou espaços oportunizados pelo
Pibid que puderam contribuir direta ou indiretamente para atuação e formação
continuada dos sujeitos investigados.

Palavras-chave: Pibid; Língua Inglesa; Formação docente continuada; Professores


supervisores.

13) Ensino de Língua Inglesa na educação básica pública:


implicações sobre a (des) valorização do idioma no atual cenário
educacional

Milene Luana da Silva (UEM)


Vanessa Tavares Baia (UEM)
Profa. Dra. Josimayre Novelli Coradim (UEM/ Orientadora)

Resumo:

Essa pesquisa trata de investigar os principais fatores que corroboram para a (des)
valorização da Língua Inglesa (doravante LI) no presente cenário educacional, na visão
de professores da rede pública de ensino que atuam em dois colégios estaduais em

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uma cidade do norte do estado do Paraná, um situado na região central e outro


localizado na região periférica. Esse estudo foi realizado no âmbito do Programa de
Iniciação Científica (PIC) da Universidade Estadual de Maringá, entre os anos de 2016 e
2017. Esta investigação é de natureza qualitativa e configura-se um estudo de caso.
Desse modo, para a geração dos dados, foi utilizado um questionário com questões
dissertativas referentes à visão desses professores sobre a (des) valorização do ensino
da LI no contexto os quais estão inseridos. Como fundamento teórico para a análise dos
dados, pautou-se nos estudos voltados ao processo de ensino e aprendizagem de
línguas no contexto brasileiro ao considerar a posição do inglês no contexto educacional
contemporâneo, ao status da LI e a visão e definições de estudiosos sobre a evolução
da língua, como: Seidlhofer (2005 apud ROCHA; SILVA, 2011), Lacoste e Rajagopalan
(2005 apud ROCHA; SILVA, 2011), Graddol (2006 apud ROCHA; SILVA, 2011), Bohn
(2000), entre outros. Além desses autores, foram utilizados os documentos oficiais
vigentes na educação brasileira, sendo eles: Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1998), Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006) e
Diretrizes Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008). Os resultados desse
estudo apontaram que os principais fatores contribuintes para a (des)valorização do
ensino de LI estão relacionados aos fatores externos à sala de aula (falta de
investimento na estrutura física e em recursos pedagógicos e tecnológicos) e internos
(desinteresse dos alunos no processo de aprendizagem de LI). É válido ressaltar que foi
possível verificar divergências entre pontos de vista dos docentes, levando em
consideração os diferentes contextos sócio educacionais nos quais estão inseridos.
Assim, com base na análise dos dados, evidenciamos que os fatores sociais, históricos
e econômicos interferem significativamente na visão dos professores e no
posicionamento dos alunos a respeito da (des)valorização do ensino da LI. Como
contribuições dessa investigação, aponta-se sua relevância para a reflexão a respeito
da visão da LI no cenário educacional brasileiro, visto que é considerada uma língua de
alcance global com possíveis implicações acadêmicas, profissionais e pessoais.

Palavras-chave: Língua Inglesa; (Des) Valorização; Educação Básica; Status da


Língua Inglesa na Contemporaneidade.

14) Expectativa x realidade: os (per)cursos do professor em


formação docente inicial nas oficinas do Pibid

Bianca Grela (UEM)


Fernanda Trevizan e Silva (UEM)
Profa. Dra. Josimayre Novelli Coradim (UEM/Orientadora)
Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo (UEM/Orientadora)

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Resumo:

Conforme o Portal de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior


(CAPES), o Programa Inicial de Bolsas de Iniciação à Docência (doravante Pibid) visa
contribuir com a formação de estudantes de licenciaturas por meio de sua inserção em
escolas da educação básica da rede pública, ao desenvolver atividades didático-
pedagógicas sob orientação de um coordenador (docente da instituição a qual estuda a
licenciatura) e de um supervisor (professor da escola básica). Nesse contexto, a
presente comunicação traz resultados de uma pesquisa que teve como objetivo
principal relatar as expectativas iniciais, bem como as crenças de duas docentes em
formação inicial no que se refere à elaboração de planos de aula para oficinas em
língua inglesa (LI) propostas pelo Pibid-Inglês da Universidade Estadual de Maringá
(UEM). Para tanto, tomou-se como corpus um dos diários reflexivos escrito pelas
pibidianas referente à atividade desenvolvida na escola cuja temática pautava-se no
gênero música. O foco investigativo centrou-se no contraste das expectativas iniciais
existentes antes da aula ministrada com a maneira como os fatos e as atividades foram
desenvolvidas na prática, considerando as adequações necessárias e, também, o modo
como as pibidianas lidaram com tais adaptações. A análise foi desenvolvida de forma
indutiva com base na identificação de temas e categorias que permearam a elaboração
e a aplicação do plano de aula em questão. O aporte teórico que embasou essa
investigação foram os estudos voltados às crenças de alunos e professores no que
tange ao processo de ensino e aprendizagem de línguas (BARCELOS, 2001; SILVA,
2007; CORADIM; ROSEIRA, 2014). Assim sendo, notou-se que as experiências
proporcionadas pelo Pibid foram de extrema importância para a formação das alunas-
professoras, já que suas crenças acerca da elaboração e aplicação de planos de aula
foram revistas. Além disso, salienta-se o quão torna-se imprescindível que o professor
pense em outras possíveis atividades e dinâmicas que vão além daquelas
contempladas em seus planos de aula , mas que ficam em suas construções mentais, a
fim de serem utilizadas mediante imprevistos e intervenções de diversas naturezas, a
saber: pedagógicas, contextuais, disciplinares, cognitivas, entre outras.

Palavras-chave: Pibid; Língua Inglesa; Formação docente inicial; Plano de aula; Diário
reflexivo.

15) O ensino por tarefas na formação inicial de professores em


língua inglesa a distância: possíveis encaminhamentos

Aline Priscilla Brancalhão Züge (UEM)

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Resumo:

O presente trabalho, de natureza qualitativo-interpretativa, volta-se para o levantamento


de possibilidades teórico-metodológicas de formação inicial de futuros professores de
língua inglesa, no contexto de Educação a Distância. A pesquisa justifica-se pela
necessidade, verificada pela pesquisadora, de atrelar sua experiência com o ensino de
língua inglesa a dois fatores, para ela, novos: a modalidade e o público, haja vista que
ela jamais havia atuado na modalidade a distância, tampouco na formação de futuros
professores de língua inglesa em um curso de Letras. Tal necessidade esteve atrelada
ao encargo atribuído à pesquisadora de que elaborasse um curso de extensão, via
educação a distância, a fim de minimizar as dificuldades dos professorandos. O
princípio norteador do estudo foi o de que, no que diz respeito à qualidade de ensino, as
práticas proporcionadas pela educação a distância não podem ficar aquém daquelas
oferecidas pelo ensino presencial. Tais práticas estão associadas à interação, ao uso
efetivo uso da língua inglesa e à lida adequada com a heterogeneidade. Esses fatores
são entendidos como propiciadores de aprendizado e devem ser ofertados na
modalidade a distância, da mesma maneira que, idealmente, espera-se que aconteça
na modalidade presencial. Uma vez que o estudo está voltado ao ensino de língua
inglesa a professorandos, foi também necessário buscar um embasamento teórico-
prático capaz de proporcionar uma adequada formação de professores de LI em
contextos não presenciais. Essa situação problema demandou o levantamento do
arcabouço legal referente à formação docente, que contempla práticas de letramentos e
a transposição didática. Procedeu-se, ainda, a um levantamento das mais comuns
abordagens de ensino de línguas estrangeiras, o que levou à constatação de que a
articulação do ensino por tarefas (RICHARDS & RODGERS, 2014; SCHLATTER, 2009;
SCHLATTER & GARCEZ, 2012) com as proposições do pós-método, de
Kumaravadivelu (1994) está em consonância com as demandas da formação de
professores de língua estrangeira dos dias atuais, tanto no que diz respeito ao
conhecimento de língua quanto ao componente pedagógico. Focalizou-se as interações
possibilitadas pela educação a distância, que se caracterizam pela utilização de
tecnologias da informação e da comunicação. Concluiu-se que a ampla
heterogeneidade dos alunos verificada na modalidade de ensino, em vez de ser um
entrave, pode atuar como fator de potencialização para a aprendizagem de língua
inglesa, pois fornece ricas oportunidades de movimentos interacionais, mediados pelas
tecnologias.
Palavras-chave: Ensino de Língua Inglesa. Formação de professores. Educação a
Distância. Ensino por tarefas.

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16) Bases de conhecimento docente em língua inglesa: a


perspectiva de professores em formação docente inicial no
contexto do Pibid
Jaqueline Mayumi Ikeda Loureiro (UEM)
Profa. Dra. Josimayre Novelli Coradim (UEM/Orientadora)
Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo (UEM/Orientadora)

Resumo:
Esta pesquisa tem por finalidade apresentar uma investigação cujo foco analítico são
as perspectivas de alunos em formação docente inicial sobre as bases de conhecimento
mobilizadas por eles durante a atuação no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência – Pibid, particularmente do projeto Pibid Letras-Inglês de uma universidade
pública paranaense. No âmbito da formação docente inicial, o Pibid incentiva alunos da
graduação a atuarem na área da licenciatura, bem como colabora com a valorização do
magistério e oportuniza a vivência do futuro docente na realidade do contexto em que
irá atuar. A dinâmica das reuniões do projeto Pibid-Inglês do contexto investigado
envolve desenvolvimento de planos de aula e atividades didático-pedagógicas, bem
como discussões teórico-metodológicas sobre diferentes aspectos voltados ao
processo de ensino e aprendizagem de línguas, além do compartilhamento de
experiências entre alunos em formação docente inicial, professores da rede básica e
professores do ensino superior. Ademais, o projeto interliga a aprendizagem teórica com
a prática, criando pontes interativas entre universidade e escolas. No âmbito desse
projeto, surgiu o interesse em analisar as bases de conhecimento mobilizadas pelos
pidianos perante sua atuação como professor em formação docente inicial. Essa
pesquisa, de natureza qualitativa e de base interpretativista, utilizou como instrumento
para a geração dos dados um questionário de cunho dissertativo. Com base nas
respostas de nove participantes do programa, realizou-se uma análise indutivo-dedutiva
com o intuito de identificar categorias analíticas recorrentes. O aporte teórico que
sustenta essa investigação são os estudos desenvolvidos por Shulman (1987) e
Grossman (1990), os quais denominam as bases de conhecimento como um conjunto
de conhecimento adquirido pelo professor ao longo de sua trajetória pessoal, escolar,
acadêmica e profissional. Os resultados evidenciaram que houve predominância do
conhecimento pedagógico de conteúdo, conhecimento discente e conhecimento do
contexto. Com base nos resultados, foi possível também identificar que a emoção
permeou os conhecimentos mobilizados pelos participantes da pesquisa. Concluiu-se
que, o Pibid proporcionou aos estudantes a aquisição de conhecimentos que
compactuam com os basilares de Shulman e Grossman, além de ter desenvolvido
habilidades emocionais.
Palavras-chave: Pibid; Língua inglesa; Formação docente inicial; Bases de
conhecimento.

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17) O inglês na escola pública funciona? - um relato de


experiência, a partir da “amostragem de tarefas” em LE, numa
escola pública do município de Arapiraca (AL)

Bruna Ciríaco Valério (SEEMA)

Resumo:

A princípio, por se tratar de tarefas, algumas reflexões teóricas são imprescindíveis,


sobretudo, as que nortearam o propósito desta pesquisa, destacando desse modo,
Scaramucci(1996) e Wills (1996) que salientam a importância do propósito
comunicativo; bem como Prabhu (1987) e Nunan (1989) que enfatizam os processos
cognitivos e interacionais e Ellis (2003a) que engloba em sua definição, tanto a parte
pragmática quanto a cognitiva da tarefa. O objeto da pesquisa é a análise da própria
tarefa que se realiza na sala de aula, priorizando o uso das principais abordagens de
ensino de língua estrangeira do panorama brasileiro. A escolha das abordagens para
cada tarefa ocorre numa relação de dependência, isto é, dentro da real necessidade do
público, tento em vista o conteúdo a ser ministrado na disciplina língua inglesa, no
ensino fundamental. Para tanto, é preciso um conhecimento claro das abordagens,
sendo assim, o trabalho apoia-se em Menezes (2014); Sant’Anna et.al. (2014) e Oliveira
(2014), como suporte das teorias de ensino de línguas, considerando aqui todas as
etapas: do planejamento à avaliação, além da didática com Chagas (1957) e Antunes
(2010). Nessa sustentação teórica, utilizamos também Geraldi (1997) e Faraco (2009),
no que se relaciona à concepção interacionista da língua, além da busca feita nas
fontes básicas, como Voloshinov e Bakhtin (1926) e Bakhtin (2003), conferindo desse
modo, a importância do estabelecimento de relações dialógicas no processo de ensino
e de aprendizagem. O objetivo da pesquisa é através do uso da “amostragem de
tarefas”, demonstrar que é possível promover uma aprendizagem significativa da língua
inglesa, dado que nesse processo, a interação é o caminho para a construção do
conhecimento. Como primeiros resultados foi possível perceber que em relação ao
conteúdo da disciplina de língua inglesa, os alunos se utilizaram das próprias tarefas
como fonte linguísticas de ensino para interagir com o mundo em sua volta e, assim,
compreender melhor o idioma estrangeiro, ou seja, as tarefas propostas pelo professor
iniciaram o processo de construção do saber. Pode-se observar também que nesse tipo
trabalho é plenamente possível o processamento da língua cognitivamente, já que numa
tarefa pode envolver habilidades produtivas ou receptivas, orais ou escritas, além da
inferência, da dedução e do raciocínio prático. A metodologia da pesquisa prima pela
abordagem qualitativa, a partir de aplicação de tarefas sistematizadas e fundamentadas
nas fontes supramencionadas, tendo como sujeitos, os alunos do 7º ano, de uma escola

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pública do município de Arapiraca (AL). Essa ação permite encontrar a partir do próprio
corpus da tarefa, meios que viabilizem resultados satisfatórios, pois ao passo que as
tarefas estão sendo realizadas, aprende-se com a execução e também com os
redirecionamentos, a serem dados, caso haja necessidade. Trata-se de uma pesquisa
ainda em andamento por entender que a aprendizagem ocorre na realização e na
continuidade progressiva das tarefas. Mesmo em desenvolvimento, já se percebe como
resultados parciais, um público mais motivado, por perceber fundamentos e finalidades
concretos na realização das tarefas. Conclui-se então, que as tarefas realizadas, por
serem baseadas no interação e na premissa de que ‘língua é comunicação’, estão
conseguindo efetivar essa comunicação em língua inglesa, a partir de situações reais,
vivenciadas em sala de aula.

Palavras-chave: Tarefas de ensino. Língua Inglesa. Interação. Aprendizagem.


Comunicação.

18) A identidade do professor de língua Inglesa em busca de


formação continuada: Sua relação com o exame de proficiência
Teaching Knowledge Test (TKT) de Cambridge
Janayna Ortunho Rosa Chamseddine (UEM)

Resumo:
Essa comunicação é fruto de reflexões pessoais, crenças e vozes que formam uma
polifonia em meu interior; moldando minha identidade docente, fazendo-me ressignificar
enquanto sujeito através da ideologia que faz parte de mim. Sendo esta a condição
para a constituição do sujeito e dos sentidos, Orlandi, 2003. Durante o ano de 2016
enquanto aluna do curso TKT, estava envolvida com mais sete colegas/alunas e quase
todas elas egressas de cursos preparatórios de proficiência, e também do curso de
Letras, esse lócus proporcionou muito estimulo para observação e reflexão acerca não
só de minha identidade enquanto aluna daquele curso, mas também entender o porque
de todas nós estarmos em busca de mais um certificado internacional. Então, dando
origem a essa comunicação busquei por alguns pilares constituintes da identidade
profissional indo de encontro a uma visão construtivista de acordo com Reis, 2011.
Onde é a ação do professor e sua busca para as respostas das seguintes perguntas
que movem a construção da identidade docente. Quem sou eu neste momento? Quem
desejo me tornar? O que me faz pensar assim? Tais perguntas me direcionaram a
encontrar alguns objetivos específicos nesse trabalho, como: *Revelar qual razão levou
o professor a optar pelo curso TKT; *Verificar possíveis lacunas na formação do
professor de língua inglesa; *Checar se há motivações extrínsecas ou intrínsecas a sua
participação no curso; *Verificar qual sua crença acerca do que constitui a identidade de
um professor de língua inglesa em busca de formação continuada. Para tanto,

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embasada na linguística aplicada, no campo de formação de professores de LI, a


literatura contemplará nuances de teoria de crença e reflexão, contudo, o escopo deste
trabalho atém-se a identidade do professor em busca de formação continuada.
Contemplarei no estado da arte: ABRAHÃO, 2004; 2006; BARCELOS, 2005; BASSO,
2000; BOHN, 2005; CELANI, 2006; FRANCO E LISITA, 2014, MIRANDA, NÓVOA,
1995; 2000; PIMENTA, 2005; REIS, 2011; entre outros de igual importância. Espera-se
através desse estudo, contribuir na formação docente continuada através das
descobertas de características que constituem a identidade docente do professor que
busca a certificação internacional como meio de crescimento acadêmico.
Especificamente o TKT de Cambridge.

Palavras-chave: Formação docente continuada, Identidade, TKT.

19) Proficiência leitora em língua inglesa: uma análise longitudinal


dos testes ofertados pelo TEPLE

Profa. Dra. Érica Fernandes Alves (UEM)


Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo (UEM)

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar um histórico do Teste de


Proficiência em Língua Estrangeira (TEPLE), ofertado pelo Departamento de Letras
Modernas (DLM) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). De modo específico,
será feita uma análise longitudinal dos modelos de provas elaborados em diferentes
períodos de sua realização - desde o início até o presente momento - com vistas a
compreender as possíveis mudanças na concepção de leitura e interpretação textual
(LEFFA, 1999; LEANE, 2002; MENEGASSI, 2005; PAIVA, 2005; dentre outros)
adotadas na elaboração do teste ao longo de sua vigência. O teste é aplicado desde
1993 e é um requisito obrigatório para os alunos de pós-graduação da UEM, bem como
de outras instituições brasileiras de ensino superior (IES) que aceitam a certificação
oferecida pelo referido teste. Por seu longo período de vigência, ele é referência entre a
comunidade acadêmica e, portanto, requer rigor e atenção em sua elaboração. O
TEPLE é viabilizado por meio de um projeto de prestação de serviços e também de
extensão do DLM da universidade em questão. O projeto de extensão visa auxiliar
pedagogicamente a aplicação do TEPLE. Desse modo, os docentes participantes
elaboram, revisam, aplicam e corrigem as provas de proficiência destinadas para a
comunidade acadêmica. Observamos que a ideia de proficiência leitora subjacente ao
teste atual é a de decodificação e compreensão da língua estrangeira por meio de
tradução de excertos e da busca de informações ‘localizadas’ em textos com temáticas

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voltadas ao meio acadêmico. O teste é composto por questões de caráter objetivo e


também dissertativo abrangendo a interpretação textual de maneira diversificada e
ampla. As questões abordam não só a procura por informações, mas a compreensão de
aspectos linguísticos essenciais para a totalidade do sentido dos textos. A temática de
cada teste varia de acordo com as atualidades e discussões pertinentes ao meio
acadêmico como um todo. Esperamos que este trabalho dialogue com outros estudos
voltados para avaliação (TUMOLO; TOMITCH, 2007; SCARAMUCCI, 2009; CONSOLO;
GATTOLIN; SILVA, 2017; dentre outros) de testes de proficiência em língua estrangeira
de modo a dar subsídios e colaborar tanto localmente, na elaboração e análise contínua
do TEPLE, quanto amplamente em reflexões a respeito de exames que avaliam a
proficiência leitora em nível de pós-graduação.

Palavras-chave: teste de proficiência; pós-graduação; leitura.

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SIMPÓSIO 14) O Texto como Objeto: análises em perspectivas da


linguística textual e da linguística enunciativa

Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo (UEM)

ecromualdo@uol.com.br

Profa. Dra. Célia Tamara Coêlho (Unespar)

celiatamara@uol.com.br

1) As limitações do código braille no universo multimodal

Gabriela de Souza Marques (UEM)


Prof.Dr. Edson Carlos Romualdo (UEM)

Resumo:

O código Braille, criado por Louis Braille, na França, em 1825, consiste em um sistema
de escrita em relevo constituído por 63 sinais formados por diferentes combinações de
seis pontos. Desde a sua primeira publicação, em 1829, o código tornou-se uma forma
de garantir às coletividades cegas o acesso à leitura e à escrita e, por conseguinte, à
comunicação por meio destas. Em síntese, o Braille é um sistema de representação da
linguagem verbal e, enquanto a noção de texto esteve restrita a essa modalidade, o
código desempenhou com êxito a sua função. Todavia os avanços nos estudos
linguísticos, especificamente em se tratando das contribuições da Linguística Textual,
trouxeram consigo novas concepções de língua, de linguagem, de leitura, de escrita e,
certamente, de texto. A função da linguagem de comunicar, defendida, a priori, por
Roman Jakobson (1896-1982), foi ampliando-se e, hoje, para algumas teorias, como a
Análise de Discurso de vertente pecheutiana, por exemplo, é possível dizer que o papel
de menor relevância da linguagem é o de comunicar. Notadamente no âmbito de
investigação da Linguística Textual, a função da linguagem foi estendida, ao longo do
tempo, ao contexto e à produção de sentidos, e não se deve deixar de destacar que, na
atual era da tecnologia, essa produção dá-se por outras semioses, que não a verbal.
Com base em Bentes (2012), é sobretudo na terceira e mais recente fase da teoria que
a língua deixa de ser vista como instrumento transmissor de informações, isto é, como
um sistema de codificação, e passa a ser entendida como atividade sociointerativa
situada, em que se propõe uma relação entre aspectos linguísticos, sociais e cognitivos.
A imagem e o som são, agora, considerados como produtores de sentidos e, diante

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dessa multimodalidade, o Braille, enquanto código, começa a apresentar algumas


limitações, embora seja uma ferramenta fundamental aos não videntes, por ter
possibilitado-lhes a constituição de uma nova individualidade histórica. A presente
comunicação, calcada em discussões de natureza teórica, tem por objetivo discutir por
que as limitações do código braille surgiram diante dos avanços trazidos pelos estudos
da Linguística Textual, sobretudo no que tange à noção de texto. Para tanto, é
necessário enveredar-se para estudos que se dedicam a discutir sobre o braille
enquanto código e sobre a trajetória da linguística do texto. Assim, esta apresentação
apoia-se nos trabalhos de Belarmino (2007), de Marcuschi (2008), de Cavalcante e
Custódio Filho (2010) e de Bentes (2012).

Palavras-chave: Código braille. Multimodalidade. Texto adaptado.

2) Intertextualidade e argumentação no gênero notícia no


webjornalismo alagoano
Me. Eduardo Pantaleão de Morais (UEM/DINTER)
Profa. Dra. Maria Célia Cortez Passetti (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho propõe uma discussão acerca da intertextualidade e da argumentação,


numa abordagem linguístico-textual-argumentativa, mostrando como os interlocutores
podem construir e recuperar sentidos no gênero notícia, cuja veiculação se dá em um
portal de notícias de grande circulação na cidade de Maceió-AL. Essa proposta de
análise revela a produção de sentidos persuasivos por meio da intertextualidade, na
produção de determinados enunciados, em contexto jornalístico, para obter a adesão do
leitor ao que é mobilizado no conteúdo da notícia jornalística de internet. A base
metodológica é qualitativa, possibilitando uma interpretação dos dados, à luz dos vieses
textuais e argumentativos, destacando, por assim dizer, a qualidade das informações
provenientes da observação do corpus, permitindo, portanto, uma análise
pormenorizada a partir da identificação e interpretação da intertextualidade enquanto
recurso textual em vias de persuasão, o que coaduna na elaboração de outros sentidos
imbricados no gênero notícia. A teoria escolhida para o estudo centra-se no domínio
textual que acentua, de maneira abrangente, a instauração da coerência organizacional
do texto face ao conjunto de sentidos que circulam na tessitura do texto, constituindo,
por assim dizer, uma teia de conhecimentos que se amalgamam para produzir sentidos
entre os interlocutores. Para a construção da teoria, faz-se preciso elencar alguns
teóricos do texto, como Beaugrande, Dressler (1981), Antunes (2015), Fávero (2015),

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Koch (2011, 2014), Marcuschi (2008), além de outros, segundo os quais, a


intertextualidade é entendida como categoria textual que revela conhecimento restrito
e/ou amplo. No que concerne à argumentação e à persuasão, buscaram-se Aristóteles
(2005), Perelman, Olbrechts-Tyteca (1996), Reboul (1998), Sousa (2001) etc. Essa
discussão buscou responder aos seguintes questionamentos: Por ser a notícia um
gênero de grande relevância na esfera jornalística, como se deu a produção de sentidos
persuasivos a partir da intertextualidade, em sentido amplo e restrito, para o
fortalecimento da linguagem persuasiva? Se, por um lado, a relevância do estudo se
justifica por haver no gênero notícia uma composição estrutural que lhe permite ser
estudado no universo da textualidade, revelando os aspectos interpretativos que estão
endossados em seu conteúdo, por outro lado, os resultados da discussão
demonstraram que o estudo da intertextualidade e da argumentação, no referido gênero
textual, apresentam um significativo movimento entre a mensagem, o gênero e os
interlocutores.

Palavras-chave: Gênero notícia. Intertextualidade. Argumentação. Portal de notícias


alagoano.

3) As representações do sujeito leitor idoso sob o Mangá “Zetsuen no


Tempest”: uma adaptação da peça “Tempestade” de Shakeaspere

Me. Célia Tamara Coêlho (UNESPAR)


Dr. Edson Carlos Romuado (UEM)

Resumo:

A presente comunicação tem por objetivo analisar as representações do sujeito leitor


idoso sob o viés da teoria bakhtiniana no que tange a tecer considerações sobre como a
identidade ideológica desse público é influenciada pelas leituras realizadas. Na narrativa
em questão, O Mangá “Zetsuen no Tempest, da editora Sampa (2014 – Volume 1),
constitui-se em uma adaptação da peça “Tempestade” de Shakespeare. Esse Mangá
discorre sobre como os artefatos simbólicos, tais como a linguagem verbal e não-verbal,
categorizam a realidade a partir das concepções culturais, sociais, históricas e políticas
que são atualizadas a cada leitura, considerando o cronotopo bakhtiniano como um
mecanismo, no qual o tempo e o espaço são tidos como formas de significação de uma
ética e estética dialógica e polifonica. As imagens mentais dos sujeitos que são
evidenciadas ao longo dessa narrativa evocam lembranças nos leitores que incitam as
tensões entre a experiencia de leitura e as redes de significação estabelecidas pela

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narrativa por meio de um tempo e espaço que articulam os valores, as formas de agir e
de pensar tanto do gênero em questão quanto dos leitores que o leem. Dessa maneira,
a leitura explicita a cosnciencia ética e estética da história que trasnpassa o tempo e
espaço de sua criação, na medida em que o princípio da exotopia em Bakhtin (2002)
configura-se como o acabamento de mão dupla, no qual o eu e o outro se fundem em
uma interação delineada pelas vozes sociais organizadas cognitivamente e
efetivamente mostrando as escolhas de leitura realizadas pelo sujeito leitor idoso que
são pertinentes para a construção do sentido neste Mangá. O ato de ler, enquanto
processo mental explicitado por Keunen (2000) em termos conceituais localizados nos
estudos de Bakhtin, salienta que o cronotopo funciona como um conjunto de estruturas
mentais que estabelecem esquemas de memória que são ativados durante a leitura.
Fato este que permite aos leitores reconhecerem os significados amalgamados aos
esquemas mentais e de ação, reguladores dos comportamentos humanos, traduzidos
em situações verossímeis presentes na história. Para tanto, o nosso estudo pontua
que o cronotopo precisa ser visto como fonte geradora do enredo da narrativa, já que
direciona o processo de interpretação, pois (re)organiza a memória dos leitores em um
ponto que possibilita o relacionamento entre o mundo do texto e o mundo do leitor,
determinando o sujeito bifurcado, invisivel para si mesmo e existente, somente, em
termos da visão do outro sobre mim. Ler, nessa perpesctiva, delineia um sujeito leitor
idoso que preenche os significados pelo papel que ocupa na sociedade atual, marcando
a linguagem como fato de negociação da aparência que calibra as possíveis posições
de tempo e espaço específico conseguidos pela observação e percepção de um sujeito
que colore o enredo das histórias pela sua experiencia e imaginação advindas das
mudanças da leitura em mim e de mim sob a percepção sob aquilo que leio.

Palavras-chave: Mangá; Cronotopo; Leitor idoso.

4) As categorias de pessoas como referência na enunciação

Daniel Álvaro Lima de Souza (UEL)


Profa. Dra. Maria José Guerra de Figueiredo Garcia (UEL/Orientadora)

Resumo:

O presente trabalho faz parte dos projetos de estudos linguísticos Cadernos de Teorias
da Linguagem e Gramática, Bilinguismo e Multiculturalismo, ambos da Universidade
Estadual de Londrina, cujos objetivos estão ligados a modelos descritivos das ciências
da linguagem, levando em conta contextos multiculturais, especialmente aos trabalhos
relacionados à linguística saussuriana. Diante da herança saussuriana, encontramos

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Émile Benveniste, autor que destaca a respeito de Saussure: “Não há um só linguista


hoje que não lhe deva algo” (1976, p. 34). Benveniste redimensiona a questão da língua
e fala em Saussure e propõe a Teoria da Enunciação, cuja ideia central é a de que a
língua se manifesta pela enunciação e que é por meio da enunciação que se produz
uma instância mediadora: o discurso. Esse trabalho tem então como compromisso
deixar transparente a ideia de Benveniste de que para dar sentido, no instante mediador
em que o indivíduo se apropria da língua para dizer algo, é necessário a utilização de
elementos de referência. Esses elementos são os dêiticos ou indicadores e eles podem
ser de pessoa; de espaço e de tempo e esses indicadores são essenciais para que se
atinja a totalidade do processo de significação simbólica no processo da enunciação.
Como este trabalho ainda se encontra em fase embrionária, nos ocuparemos apenas da
referência de pessoa, embora conheçamos a importância de todos os demais dêiticos.
Antes de iniciarmos este trabalho, se faz jus esclarecer que este estudo se ocupara das
marcas do sujeito que enuncia e não apresentará nenhum interesse no próprio sujeito.
Benveniste define, então, enunciação como o ato de apropriação da língua para dizer
algo, ou seja, a língua é apenas uma possibilidade que se realiza somente no ato da
enunciação enquanto expressão de uma relação com o mundo, assim elementos de
referência se tornam essenciais para apresentar essa relação. Pois enunciar é colocar-
se no mundo, num tempo e num espaço e colocar-se no mundo em relação com outra
e/ou outras pessoas. E é na estrutura das relações de pessoas do verbo, na teoria de
Benveniste, que temos como pessoas o eu, o tu e o ele (que nos aparece como pessoa
ausente ou não-pessoa). Para Benveniste o eu designa aquele que fala, no momento
em que se fala “eu” e o tu é designado pelo eu e se torna alvo do discurso do eu ou
aquele para quem se fala. Essa relação entre o eu e o tu é complementar e reversiva,
ou seja, o eu necessita de um tu e vice versa, assim como o eu em determinado
momento passará a ser um tu e o tu passará a ser um eu. Já a terceira pessoa, o ele, é
aquele ou aquilo do que se fala. O ele é uma referência que não participa (de maneira
ativa) do instante da enunciação.

Palavras-chave: Saussure; Benveniste; Enunciação; Dêiticos.

5) Polifonia e monofonia em reportagem da revista ACIM: “A Maringá


da Diversidade”
Giselli Cristina Claro Rampazzo (UEM)
Profa. Dra. Neiva Maria Jung (UEM/Orientadora)

Resumo:

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Maringá é um município brasileiro, no estado do Paraná, pertencente a região noroeste.


A revista Exame, em sua edição de março de 2017, trouxe um levantamento feito pela
consultoria Macroplan, em que elenca Maringá como a melhor cidade para se viver no
Brasil em contraposição com a pior cidade do ranking: Ananindeua/PA. A pesquisa
considerou as cem maiores cidades brasileiras em população, ou seja, com mais de 266
mil habitantes. As análises levaram em conta a evolução dos indicadores de educação,
saúde, segurança, saneamento, população, economia, gestão e transparência, e
situação fiscal entre 2005 e 2015. No entanto, Maringá recebe, anualmente, centenas
de imigrantes vindos em situação de vulnerabilidade e refugiados religiosos e políticos,
além dos inúmeros indígenas que perambulam pela cidade em situação precária e
diversos moradores de rua. Em paralelo a estes dados, a reportagem da Revista digital
ACIM (Associação Comercial e Industrial de Maringá) – edição comemorativa dos 70
anos da cidade, publicada em maio de 2017 – nos mostra uma Maringá da diversidade,
de acordo com o título da reportagem. Deste modo, o objetivo desta comunicação é
verificar a maneira como um discurso da “diversidade” é transformado em um discurso
monofônico em que o mesmo é investido de ideologia, bem como problematizar esta
diversidade. A perspectiva teórica é embasada no conceito de polifonia (BAKHTIN,
2005) procurando abordar as várias ideologias que coexistem no discurso da
diversidade em contraponto com a monofonia que o signo adquire na reportagem. A
análise mostra que a reportagem transforma as várias ideologias em uma verdade
social, invisibilizando a classe trabalhadora, os imigrantes, a massa proletária que
oferece a mão de obra para o desenvolvimento do município. A Maringá apresentada
contempla a classe produtiva e empresária da cidade, mostrando alguns estrangeiros
que vieram à cidade e aqui estão construindo suas vidas, pessoas bem sucedidas
financeiramente e incluídas na alta sociedade maringaense. A análise do texto verbo-
visual demonstra que não há espaço para outra definição de Maringá senão a
apresentada pela revista. O signo ideológico representado pela palavra “diversidade”
traz consigo índices de valores que espelham e constituem os sujeitos, remetendo,
desta forma, ao conceito da arena onde se desenvolve a luta das classes postulada por
BAKHTIN (2006).

Palavras-chave: diversidade; polifonia; monofonia; Maringá.

6) O “recadinho” nos gifs: uma reflexão sobre o reagrupamento de


valores através da entonação no comentário-réplica

Jane Cleide dos Santos Bezerra (UEM)


Prof. Dr. Renilson José Menegassi (UEM/Orientador)

Resumo:

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Considerando o texto como enunciação, este artigo tem como proposta fazer uma
análise da entonação na construção de sentido nos “recadinhos” dados através dos gifs,
nas redes sociais: facebook e twitter, como resposta a postagens feitas por outrem e,
que por sua vez, constitui-se em um novo comentário. O trabalho buscou evidenciar o
papel da entonação no agrupamento de valores que formam os juízos de valor
suscitados no comentário-réplica, mostrando que a entonação contribui de forma efetiva
para a completude do enunciado. Nesse sentido, ficou também evidente que não se
pode compreender o enunciado se não for analisado o elo existente entre o verbal e o
extraverbal, dado que, os aspectos axiológicos são imprescindíveis na constituição
do(s) dizer(es). Lembrando, inclusive, que os gifs nem sempre são constituídos somente
por elementos verbais, sendo bastante comum em sua composição, os gestos e as
imagens que, por vezes, encontram-se em movimento. Daí a importância de considerar
na/pela entonação, os valores conferidos e agregados ao dito pelo locutor e, que
portanto, devem ser compreendidos e compartilhados por seu interlocutor, pois tanto a
entonação quanto o gesto necessitam do apoio coral (VOLOSHINOV; BAKHTIN, 1926).
Para dar conta da proposta, o corpus desta análise foi formado por quatro gifs: dois
retirados do facebook e os outros, do twitter. Além dos dois autores citados, foram
utilizados no referencial teórico deste, Bakhtin e Voloshinov (2006); Bakhtin, 2003;
Souza (2012); Brait (2005) Menegassi (2009); Menegassi e Cavalcanti (2013);
Fontanella (2009; 2011) e Santos e Alves Filho (2013).

Palavras-chave: Enunciado. Entonação. Juízo de valor. Gifs. Comentários.

7) Os emojis em interações do Whatsapp: uma comparação entre


produções de língua inglesa e portuguesa

Natália Borges Carlos (UEM)


Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo (UEM/Orientador)

Resumo:

A partir do grande desenvolvimento tecnológico ocorrido no final do século XX, novas


formas de comunicação vêm sendo criadas e desenvolvidas, entre elas, sobressaem-
se, no uso da população em geral, aquelas que são simples, gratuitas e práticas e que
possam transmitir textos que não se restrinjam às modalidades falada e escrita. No
grupo de tecnologias com tais características, destaca-se o Whatsapp, aplicativo de

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origem americana que se caracteriza e se populariza pela possibilidade de trocar não só


mensagens escritas, mas também mensagens de áudio, vídeos, imagens e outros
textos multimodais via smartphones. Dentre essas possibilidades, o aplicativo permite
que seus usuários utilizem e troquem emojis em suas interações. Essa palavra, de
origem japonesa, é composta pela junção dos elementos e (imagem) + moji (letra) e
designa um pictograma ou ideograma, isto é, uma imagem que transmite uma idéia
completa. Esses emojis já eram anteriormente veiculados via smartphones, e, com a
criação do aplicativo Whatsapp, seu uso expandiu-se ainda mais e diversos usuários
passaram a utilizá-lo. Nosso objetivo nesta comunicação é o do analisar o uso de emojis
na produção de textos multimodais do aplicativo Whatsapp em interações de usuários
de inglesa e língua portuguesa, atentando-nos para possíveis semelhanças e diferenças
na aparição dos ideogramas nas duas línguas distintas. As interações do aplicativo, por
envolverem mais de um sistema de signos em sua composição, são compreendidas
como textos multimodais pela Linguística Textual, base teórica que sustenta nossas
análises. Nosso corpus de estudo constitui-se de sete interações na forma de diálogos
em língua inglesa de quatro jovens na faixa etária dos vinte anos e, da mesma forma,
sete interações em língua portuguesa de três jovens na faixa etária dos vinte aos vinte e
cinco anos e uma idosa de 65 anos. Essas conversas aconteceram pelo aplicativo
WhatsApp e foram adquiridas por meio de capturas de tela de dois celulares distintos,
com a permissão de todos os integrantes das interações. Realizamos uma analise
quantitativa e uma qualitativa dos emojis nas interações a partir dos seguintes critérios:
i) aparição sozinha ou acompanhada de texto verbal; ii) local de ocorrêmcia em relação
ao texto verbal; iii) intenção de utilização. De modo geral, a análise de nosso corpus
demonstra uma utilização diferenciada, no que diz respeito aos critérios levantados,
entre os usuários de língua inglesa e portuguesa. Tal resultado, embora demonstre
tendências de utilização dos emojis nas duas línguas, é significativo apenas para as
interações analisadas, não sendo possível, dado o limite do corpus, expandi-lo para
todas as interações em língua inglesa e portuguesa realizadas pelo aplicativo.
Palavras-chave: Emoji, Multimodalidade, Língua Inglesa, Língua Portuguesa,
Linguística Textual.

8) Sociedades do conhecimento e as TICs na educação: intertextualidade e


polifonia nos discursos do porvir e na unesco

Tacia Rocha (UEM)

Resumo:

A inovação tecnológica vem em "ondas" associadas à tendências econômicas e os


rótulos históricos tendem a se fixar às sociedades segundo a sua principal tecnologia de

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comunicação. Já vivemos a "era da imprensa", "era do rádio", "era do cinema" e a "era


da televisão". Atualmente, termos como “era – ou sociedade – da informação” e
“sociedade do conhecimento” são cunhados para identificar e entender o alcance das
mudanças provocadas pela introdução da inteligência artificial e as Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs). O discurso sobre o aumento das possibilidades de
aprendizado continuado, formal e informal com a inserção das TICs nos métodos
pedagógicos protagoniza as discussões nesse campo. Em consonância com o Círculo
de Bakhtin, que preconiza a interação verbal como a verdadeira substância da língua,
realizada através da enunciação e esta, por sua vez é uma réplica, um elo da corrente
ininterrupta da comunicação sociocultural, este artigo propõe-se a mostrar a polifonia e
a intertextualidade do discurso veiculado pela ONU, acerca das sociedades do
conhecimento, em material audiovisual produzido por uma iniciativa de comunicação
colaborativa (não governamental) - Porvir. O objetivo do artigo é resultado de uma
compõe minha pesquisa de mestrado: qual(is) texto(s) oficiais autorizaria(m) o discurso
acerca da emergência do uso de tecnologia na educação, fazendo com que ele
circulasse numa plataforma digital de cunho não governamental e fosse aceito como
subsídio para a formação de educadores e gestores, sobretudo de escolas públicas?
Para essa empreitada selecionamos o vídeo “Tecnologia da Educação”, do Porvir,
calcado na hipótese de se trata de um enunciado parafrástico, pois retoma o já-dito em
sua matriz - o relatório oficial emitido pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) - e o orienta no projeto de dizer da
plataforma. Esse vídeo é direcionado aos educadores e aos gestores escolares, com a
intenção ou um querer-dizer, na visão bakhtiniana do termo, de motivá-los a usar a
tecnologia de comunicação e informação (TICs) em sala de aula. Como arcabouço
teórico-metodológico recorremos aos conceitos da Linguística Textual, da Teoria da
Literatura e dos estudos bakhtinianos, que apontam todo texto como polifônico,
constituído por várias vozes e em diálogo com outros textos. Por razões didáticas
adotamos certa tipologia da paráfrase na análise dos enunciados dos textos matriz e
parafrástico. Os resultados revelam que entre o texto matriz (UNESCO) e o texto
parafrástico (Porvir) existe a consonância entre o discurso, com algumas trocas
sinonímicas de expressões, movimento de expansão e condensação de sentidos,
explicitando, explicando ou exemplificando os enunciados-fonte. A manutenção
semântica e a modificação linguística, provenientes da reformulação e (re)construção de
novos significados, confirmam nossa hipótese inicial da relação intertextual de nosso
corpus com o texto da UNESCO. Com isso, ao parafrasear um documento da UNESCO,
o Porvir atribui novos sentidos ao já-dito e garante relevância social ao seu discurso
exatamente por servir como uma espécie de “braço não-oficial” das políticas públicas
mundiais.

Palavras-chave: Paráfrase; Intertexto; Tecnologia na educação; Sociedade da


Informação.

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9) Essa Coca-Cola é Fanta: suporte e produção de sentidos na campanha


publicitária do Dia Internacional do Orgulho LGBT

Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo (UEM)


Me. Juliana de Mello Chagas Lima (UEM)

Resumo:

Por uma perspectiva textual, esta comunicação volta-se para uma ação publicitária
realizada pela empresa Coca-Cola Brasil, em comemoração ao Dia Internacional do
Orgulho LGBT, celebrado no Brasil e em outros países todo dia 29 de junho. Para a
ação, a empresa produziu e distribuiu aos funcionários uma edição especial de
embalagens de refrigerante. Em latas vermelhas, com a identidade visual tradicional e
bastante conhecida da Coca-Cola, foram impressos os dizeres: “Essa Coca-Cola é
Fanta, e daí?”, apropriando-se de um trocadilho metafórico que faz referência à
orientação sexual de uma pessoa. Dentro das latas, o que era encontrado era realmente
o refrigerante Fanta. A partir desses elementos, este trabalho pretende analisar
questões sobre a utilização de um suporte inovador para a propaganda, além de, no
caso específico da campanha, explorar o jogo de significados que o texto verbal/visual e
da relação entre os produtos Coca-Cola e Fanta permitem. Partindo do pressuposto que
o texto não se limita à linguagem escrita, tampouco prende-se apenas à questão verbo-
visual, como se poderia crer, entendemos que há outros elementos que corroboram
para a produção de sentidos. Com base em estudos do texto, com foco na produção
textual de sentidos e a definição dos suportes, como tratado por Koch e Travaglia (2009;
2011), Marcuschi (2003; 2008), Lima (2012) e Lima e Romualdo (2014), este trabalho
propõe a ampliação da definição de texto, considerando aspectos não só relativos à
questão verbal, como também elementos multimodais de sua produção e constituição, e
do papel fundamental do contexto e dos suportes na realização dos sentidos. Além
disso, traz como base os estudos sobre a natureza interacional dos textos e discursos,
conforme Bakhtin (2003). Nos estudos da comunicação, este trabalho baseia-se no
estado da arte da pesquisa relativa à mídia de ambiente ou, como é também conhecida,
a mídia out-of-home (OOH), uma vertente da criação e veiculação publicitária explorada
por autores como Himpe (2008) e Covaleski (2008). A análise mostra que, no tipo de
propaganda como a da ação da Coca-Cola, a produção de sentidos se dá por meio do
uso de um suporte diferente – a lata de refrigerante – e pela incorporação do próprio
produto como parte da peça publicitária. Tais elementos, ao estabelecerem dualidades
e relações de sentido, não podem ser compreendidos apenas como assessórios à
coerência de um texto, pois são não só pertinentes, como também necessários à sua
constituição.

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Palavras-chave: Texto; Dia Internacional do Orgulho LGBT; Coca-Cola; texto


publicitário; mídia de ambiente.

10) O dialogismo, a interdiscursividade e a ideologia no discurso político

Celso Daltin Filho (UEL)


Profa. Dra. Maria José Guerra (UEL/Orientadora)

Resumo:

Este artigo é parte dos estudos desenvolvidos no projeto Cadernos de Teorias da


Linguagem, em especial nos trabalhos voltados para a pesquisa sobre as várias
linguísticas que surgem na Europa a partir do século XX (Cf. Lopes, 1997), e como o
discurso e o texto são dimensionados como objeto pelas diferentes teorias que tratam
do discurso e da enunciação. Essas questões estão presentes em toda a linguística
europeia a partir do século XX, o que acaba por tornar a questão do discurso e da
enunciação também presentes na linguística russa e, consequentemente, em Mikhail
Bakhtin. Tratamos aqui dessa questão do discurso como valor ideológico (Bakhtin,
1986) e a arena de vozes dialógicas que se estabelece nos tecidos do discurso. O
conceito de dialogismo discursivo em Bakhtin (1981) está profundamente ligado ao
conceito de polifonia e ao jogo de vozes que se configura no discursivo quando a voz do
outro é projetada pela enunciação no enunciado. Essa perspectiva dialógica e polifônica
está presente – como herança bakhtiniana – nas reflexões da Análise do Discurso,
especialmente, na obra do linguista francês Maingueneau. Nesta pesquisa voltamos o
nosso olhar para o caráter interdiscursivo da linguagem, apoiados nos conceitos de
ideologia e de dialogismo bakhtiniano, que fazem parte, segundo o mestre russo, da
constituição do discurso como objeto sócio histórico, seja ele do âmbito literário, político,
publicitário ou qualquer outro. Essa discussão sobre dialogismo e polifonia encontra
ecos na obra de Dominique Maingueneau (1997, 2004), quando esse autor propõe o
debate sobre polifonia discursiva, um conceito decisivo não só para esse linguista,
especificamente, mas, também, para o panorama geral da Análise do Discurso. Este
trabalho prossegue e o que aqui apresentamos é o resultado de uma primeira parte de
nossa pesquisa. Como forma de aplicar os conceitos teórico que estamos estudando,
escolhemos o discurso político. São essas balizas teóricas bakhtinianas que nos
nortearam em nosso percurso de análise do discurso do presidente Temer quando
tomou posse do cargo de presidente interino do Brasil em 2016. Nesta análise, faz-se
necessário situar o jogo de vozes ideológicas pertencentes a várias instâncias
discursivas distintas, de modo a caracterizar o discurso político como um discurso
polifônico, com uma heterogeneidade mostrada; construído com base nos diferentes

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efeitos de sentido que ecoam na cadeia ininterrupta recuperada pela palavra do outro e
atualizada pela prática discursiva em sua manifestação social. Buscamos elementos
que possam nos auxiliar a compreender quais os mecanismos enunciativos
responsáveis pela construção discursiva dos jogos de poder, das instituições, das cenas
e atores políticos que dialogam - nem sempre de forma contratual - com as posições
enunciativas daquele que está no exercício do poder; observando também as vozes que
atravessam positiva ou negativamente o sentido proposto pelo sujeito da enunciação no
discurso político.

Palavras-chave: Discurso; Dialogismo; Ideologia; Política Brasileira; Michel Temer.

11) A relação entre destinador/destinatário e enunciador/enunciatário no


processo de leitura

Sonia Merith-Claras (UNICENTRO)

Resumo:

A Semiótica Greimasiana, enquanto referencial teórico-metodológico, tem como objeto


de estudo o texto, sejam eles verbais, não-verbais ou sincréticos. Sob a perspectiva de
um percurso gerativo de sentido, o qual compreende três níveis de análise, o
fundamental, o narrativo e o discursivo, a teoria busca explicar os sentidos produzidos,
para tanto, transita entre o que é posto na superfície, na concretude textual, e o que se
pode depreender no nível mais profundo de leitura, quer seja, na imanência textual.
Sendo assim, a teoria não busca o quê, mas como as relações de sentidos são
produzidas e/ou estabelecidas. Desta forma, pautando-nos no plano do conteúdo, uma
vez que a teoria também se propõe a estudar o plano da expressão, mais precisamente
no nível narrativo e discursivo do percurso gerativo de sentido, nosso objetivo é estudar
as estratégias de manipulações entre os sujeitos da narrativa (nível narrativo), para
posteriormente discutir as estratégias de manipulação entre enunciador e enunciatário
(nível discursivo). Quer seja, tomando o conto Venha ver o Pôr-do-sol de Lygia Telles,
intentamos discutir a relação de transitividade dos sujeitos com seus objetos-valores,
bem como os recursos de manipulação entre os sujeitos e a modalização do ser, um
estudo sobre as modalidades veridictórias (ser e parecer) e epistêmicas (crer) que
envolvem destinador-manipulador e destinatário-manipulado. Para além do posto, nosso
estudo visa debater, a partir das projeções da enunciação no enunciado, nível
discursivo, as escolhas feitas pelo enunciador no enunciado, com vistas a persuadir o

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enunciatário. Convém destacar que para dar conta das questões acerca da enunciação,
a teoria Semiótica, retomando os preceitos de Benveniste, estuda os recursos de
debreagem, quando enunciador projeta no enunciado as categorias de pessoa, tempo e
espaço. Desta forma, ao estudar tais recursos reconhecemos os sentidos da
enuncividade, do distanciamento da enunciação, quando o enunciador projeta a pessoa
do ele, do espaço do lá, no tempo do então, e os sentidos da subjetividade, quando o
enunciador projeta o eu, aqui e agora, produzindo um discurso enunciativo. É nas
projeções da enunciação que se estabelecem as relações persuasivas entre enunciador
e enunciatário, num jogo de fazer crer, passível de ser recuperado pela linguagem, pela
organização de percursos figurativos e temáticos postos em evidência no texto. Em
suma, nosso principal propósito é evidenciar um processo de leitura, respaldado na
teoria Semiótica greimasiana, que considera as relações persuasivas, ora entre os
sujeitos da narrativa, nível narrativo, ora entre enunciador e enunciatário, nível
discursivo.

Palavras-chave: Leitura; Manipulação; Modalização do Ser; Enunciador; Enunciatário.

12) A condução ética na Revista Veja: os movimentos dialógicos e a


reportagem enquanto gênero discursivo

Tiago Mathias da Silva (UNIP)


Me. Silvia Regina Emiliano Gonzaga (Faculdade Maringá/Orientadora)

Resumo:

Este resumo é parte de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que teve como
corpus três reportagens da Revista Veja analisadas à luz da teoria da enunciação
bakhtiniana. Pretende-se, a partir do aceite, apresentar o método e a técnica utilizados
durante as análises, que se pautaram nos movimentos dialógicos e no contexto de
produção categorizados por três pesquisadoras brasileiras (Rosângela Hammes
Rodrigues, Márcia Cristina Greco Ohuschi e Josa Coelho da Silva) da Análise Dialógica
do Discurso. Afinal, a interdisciplinaridade a Comunicação e a Linguística, numa
perspectiva moderna, permite compreender a condução discursiva de uma reportagem
escrita ao analisar o seu contexto de produção, sua estrutura e estilo composicionais e,
mais importante, a alternância do redator com as próprias convicções, com as diretrizes
da empresa na qual trabalha e, ainda, com o público para o qual se dirige. Ou seja, mais
crível será a interdisciplinaridade entre as linhas de conhecimento quanto maior for a
compreensão do pesquisador de que o jornalismo e o público lançam seus
posicionamentos ideológicos em um ambiente de constante interação. O método

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permitiu estabelecer relações diretas com técnicas e características da Comunicação,


ou mais especificamente, do Jornalismo. Enquanto gênero discursivo, inclusive assim
estabelecida nas pesquisas linguísticas, a reportagem pode ser analisada enquanto
materialidade ideológica e, também, enquanto manifestação da atividade informacional.
Para a análise dialógica, foi considerada a cobertura jornalística da revista acerca da
queda de ministros do Poder Executivo Federal durante três diferentes mandatos
presidenciais, no período entre 1995 e 2014. A partir das capas, a primeira reportagem
que abordou episódios políticos dessa natureza, em cada um dos mandatos, foi
selecionada e submetida às concepções bakhtinianas. Na tentativa de checar as
suspeições iniciais de que as reportagens tivessem mecanismos linguísticos para
configurar interpretações tendenciosas, o levantamento bibliográfico embasou a relação
entre Jornalismo, Ética e a Linguística. Este cruzamento metodológico possibilitou tecer
novas perspectivas para o texto jornalístico (reportagem enquanto gênero discursivo) e,
acredita-se, inédita contribuição interdisciplinar entre a Comunicação e a Linguística.

Palavras-chave: Texto; Linguística enunciativa; Reportagem; Ética; Revista Veja.

13) Comando de produção escrita em livro didático do ensino fundamental:


uma análise sob a perspectiva dos gêneros discursivos

Adriana Luzia Gomes Demori (UEM)


Profa. Luciane Braz Perez Mincoff (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho está vinculado ao Mestrado Profissionalizante (Profletras/CAPES), na


Universidade Estadual de Maringá (UEM) e objetiva analisar comandos para produção
escrita em Livro Didático de Língua Portuguesa do 9º ano do Ensino Fundamental,
adotado por escolas da Rede Estadual de Ensino da cidade de Maringá, Noroeste do
Paraná. O Livro Didático, entendido enquanto suporte, é um dos principais materiais
usados por grande parte dos professores nas aulas de Língua Portuguesa. Assim,
entendemos que é imprescindível analisarmos alguns aspectos desse recurso didático,
em especial os comandos de produção escrita. Apresentaremos, então, um estudo
dessas orientações para produções escritas de alunos do nono ano do Ensino
Fundamental com o intuito de desvelar o tratamento dado aos gêneros discursivos, pelo
LD, considerando as categorias discursivas, o conteúdo temático, a exauribilidade do
tema e os elementos composicionais do gênero presentes nessas orientações. Além
disso, por meio dos textos dos alunos observamos se por meio do contexto de produção

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apresentado encaminha os alunos a desenvolverem um texto que atenda às finalidades


discursivas tendo como foco a teoria dos gêneros. Dentre os comandos selecionados
para este estudo, optamos por apresentar uma proposta de produção do gênero
reportagem. Sob a perspectiva dos Gêneros do Discurso, subsidiada, assim, por
Bakhtin/Volochinov, os resultados das primeiras análises, os quais apresentaremos
nesta oportunidade, apontam para a ausência de algumas categorias discursivas no
comando de produção. Além disso, percebemos que o tema não é tratado de forma
exaurível pela unidade temática do LD, os elementos composicionais do gênero
reportagem é pouco explorado e as finalidades discursivas não leva o aluno a se
colocar numa situação comunicativa e de interlocução. Identificamos, também, que os
alunos incorreram na produção de uma tipologia textual pois não atenderam aos
elementos composicionais do gênero reportagem que circula na esfera jornalística.
Além disso, o comando de produção é estruturado em torno de etapas de escrita que
também não encaminham o aluno à produção de um gênero. Portanto, os primeiros
resultados obtidos refutam o próprio embasamento teórico dos autores do Livro Didático
que fundamentam o trabalho com a escrita a partir dos Gêneros.
Palavras-chave: Gêneros Discursivos-Livro Didático-Comando de Produção.

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SIMPÓSIO 15) O discurso da violência e a Violência do Discurso

Prof. Dr. Sérgio Manoel Rodrigues (USP)


sergio_manoel@bol.com.br

Esp. Roberta dos Santos Rodrigues (PUC-SP)


soyremolacha@hotmail.com

1) Os discursos sobre a mulher em notícias online acerca da violência


de gênero

Kelly Miranda (UTFPR)


Profa. Dra. Nívea Rohling (UTFPR/Orientadora)

Resumo:

Esta pesquisa tem como objeto de análise os discursos sobre a mulher em notícias
publicadas em jornais online, no tocante à violência de gênero. O trabalho está
fundamentado nos estudos sobre a linguagem e discurso, estudado pelo Círculo de
Bakhtin e nas teorias feministas de Michelle Perrot e Joan Scott. Os dados de análise
são compostos por notícias online publicadas nos jornais G1 e Gazeta do Povo, nas
páginas da rede social Facebook. Para tanto serão analisados os comentários obtidos a
partir da notícia, pois os discursos em que repercutem nos comentários são trazidos da
esfera cotidiana para serem reproduzidos e acentuados nas redes sociais.
Considerando os aspectos linguísticos, no qual o discurso está predisposto, busca-se
compreender como a mulher é discursivizada em jornais de grande circulação. Dessa
forma, é importante olhar as respostas dos leitores ao se posicionarem, pois mostram
discursos que circulam sobre a mulher, e como evidenciam o posicionamento do leitor a
respeito da violência de gênero, e que essa postura aponta para vários discursos em
circulação social. E, é nos comentários que se pode identificar as diferentes vozes que
permeiam o discurso. Nesse sentido, a contra-resposta tem um valor significativo para a
análise, pois quando o leitor tece algum comentário a uma notícia está sujeito a receber
uma resposta, há a interação entre os leitores. Nesse contexto é possível problematizar
que atos de violência contra a mulher estão assentados em discursos e concepções
sobre o que é ser mulher hoje, e sobre o seu papel na sociedade. Assim, modos de
conceber a mulher são perpassados pela linguagem em uso, em outras palavras, pelo

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discurso. Em síntese, o presente trabalho propõe a realização de um estudo discursivo


em diálogo com os estudos feministas.

Palavras-chave: Notícias online; Discurso; Feminismo; Violência Contra a Mulher.

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2) Marginalidade e violência: representações da linguagem agressiva no


teatro de Plínio Marcos

Prof. Dr. Sergio Manoel Rodrigues (USP)

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo abordar a obra de Plínio Marcos, analisando a
linguagem empregada pelo referido dramaturgo e as implicações da mesma no
conteúdo de peças teatrais como Barrela (1958) e O abajur lilás (1969). De acordo com
o crítico teatral Sábato Magaldi, a principal contribuição de Plínio Marcos foi a
incorporação de personagens marginalizadas, tais como prostitutas, proxenetas,
mendigos e homossexuais, à dramaturgia brasileira, dando voz própria a esses seres e
colocando-os em evidência sem caricaturá-los nem tipificá-los. Desse modo, tendo
como base a pesquisa bibliográfica e o método indutivo, pretende-se responder aos
seguintes questionamentos: o que essas personagens manifestam em suas “vozes” nas
relações que estabelecem com o outro? Quais as representações expressas pela
linguagem de textos plinianos? Como observado, no caso das peças citadas, as quais
serão corpora deste estudo, os seres ficcionais pertencem às classes desprestigiadas e
a exclusão que estes sofrem por parte da sociedade e dos próprios pares faz com que
sejam inseridos ainda mais no contexto da marginalidade. No entanto, cabe ressaltar
que, muitas vezes, o termo “marginal” confunde-se com a acepção de infrator ou
bandido, porém, na obra pliniana, nem todos os seres fictícios são marginais no sentido
de criminosos, mas tidos como sujeitos postos à margem, sobretudo por sua orientação
sexual, condição física ou posição social. Portanto, as ações das personagens plinianas
são marcadas pela extrema violência, uma vez que estas utilizam-se de atos agressores
como formas de defesa e sobrevivência no meio em que vivem. Percebe-se, ainda,
essa agressividade arraigada nas falas desses indivíduos, cujos diálogos são
constituídos por termos ofensivos, coloquiais e de baixo calão. Nas peças teatrais em
análise, certas palavras e expressões utilizadas por determinados grupos (presidiários e
meretrizes) resultam uma linguagem obscena e subversiva. Nesse sentido, pode-se
dizer que a marginalização dos seres de Plínio Marcos materializa-se pelo modo como
utilizam a língua, rompendo com as regras da gramática normativa e distanciando-se da
variante padrão falada pelas camadas sociais ditas elitizadas. Deve-se notar que o
embasamento teórico utilizado nesta pesquisa engloba, sobretudo, aspectos sobre o
diálogo teatral e conceitos acerca da marginalidade e da violência, fundamentados nos
estudos de autores como Patrice Pavis, Regina Dalcastagnè e Jaime Ginzburg.

Palavras-chave: teatro; Plínio Marcos; linguagem; marginalidade; violência.

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3) A escolha lexical na construção do discurso da violência

Roberta dos Santos Rodrigues (PUC-SP)

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo evidenciar como a escolha lexical torna o sentido de
determinado discurso violento. Sabe-se que cabe ao enunciador eleger os vocábulos
que irão construir o seu enunciado. Ele é, portanto, responsável pela criação do sentido
do seu discurso, sempre de acordo com sua intencionalidade. A intenção é o que irá
determinar a configuração que tal discurso irá seguir. Segundo os estudos de Mikhail
Bakhtin, o discurso é uma prática social determinada por uma formação ideológica e, ao
mesmo tempo, lugar de elaboração e de difusão da ideologia. Sob essa perspectiva, o
discurso não deve ser tomado como neutro e a atitude do sujeito não deve ser vista
como passiva. A escolha das palavras é de sua total responsabilidade e implica,
necessariamente, o rumo que tal enunciador dará à sua ação discursiva. Para que se
veja, na prática, como esse processo ocorre, serão analisados dois textos jornalísticos
com o mesmo tema (a violência urbana), divulgados na mesma data e local, porém com
linhas jornalísticas diferentes. De um lado, uma notícia veiculada no jornal “Expresso
Popular”, de caráter mais popular; do outro, o fato noticiado no jornal “A Tribuna”, que
tenta seguir um discurso mais imparcial, sendo os dois jornais editados pelo mesmo
grupo editorial e veiculados na cidade de Santos/SP e região. Levando em
consideração a origem dos textos, ou seja, ambos são veiculados em jornais, portanto,
o que não se pode deixar de evidenciar é a questão de como determinados meios de
comunicação direcionam o seu discurso com variadas intenções, seja a de manipular o
enunciatário ou mesmo chamar sua atenção, utilizando para isso, o “terror” que as
palavras podem gerar na construção do discurso. Tal procedimento pode ser observado
claramente nos telejornais com foco em notícias exclusivamente de temas que
envolvem a violência. Embora o termo imparcialidade seja muito utilizado quando o
assunto é o jornalismo, muitos teóricos afirmam que é uma ação quase utópica de se
alcançar, já que o direcionamento da notícia é dado por alguém que possui uma
ideologia ou que respeita a ideologia de um órgão. Fundamentalmente, o que vai
interessar neste trabalho é como a escolha vocabular pode ou não culminar na
construção de um discurso considerado violento, tendo como corpus as duas notícias
mencionadas acima.

Palavras-chave: discurso; escolha lexical; jornal; violência.

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4) A “escrevivência” da violência em Maria, de Conceição Evaristo

Hemilly Mansano (UEM)


Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (UEM/Orientadora)

Resumo:
A mineira Conceição Evaristo publica Olhos d’ água, coedição da Fundação Biblioteca
Nacional e da editora Pallas, em 2014. Composto por quinze contos, “Maria” chama a
atenção pelo diálogo com o título da obra: a lágrima da violência contra a mulher e seus
filhos – desprotegidos pelo sistema – ou “olhos d´água”como o profundo entendimento
dessa violência, ou dessa “escrevivência”, como a própria autora denomina. Mestra
em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, e Doutora em Literatura
Comparada pela Universidade Federal Fluminense, não está impregnado em seu texto
a ideia academicisita sobre a temática: a escritora se levanta como ativista e crítica da
violência e das condições ultrajantes que passam os desfavorecidos economicamente
no país. A pesquisa constituiu em analisar aspectos discutidos no conto presentes na
sociedade: a mulher, mãe, empregada doméstica, filhos de diferentes homens, moradia
em condições precárias. Eis a protagonista, destruindo heroínas como a ingênua D.
Cecília, em Lição de Botânica (1906), de Machado de Assis, ou até mesmo as
caipironas satirizadas por Martins Pena. Aqui a violência não vem como piada, mas
como relato poético (ainda que tecido pelo viés da violência – doce paradoxo da autora).
Violência contra a mulher, preconceito contra a mulher, preconceito racial, preconceito
social, predomínio da ignorância, da brutalidade. No entanto, nesse trabalho
enfocaremos a violência física e verbal contra a mulher. Para tal, vale analisar o peso do
nome “Maria”, aliado ao valor da diária de uma empregada doméstica (trabalho
desempenhado pela personagem), por sua vez aliado aos números da violência contra
mulher no país: o Brasil possui a quinta maior taxa de feminicídios no mundo (Ipea,
2012), com 61% desse número sendo as negras. Os dados comprovam. A
“escrevivente” traduz a triste crônica de seu tempo.
Palavras-chave: Conceição Evaristo, “Maria”, violência contra a mulher, rascismo e
sexismo.

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5) Ciça e a docilidade frente à violência contra a criança no Brasil

Ângela Silvana Rubin Leme (PDE/UEM)


Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (UEM –orientadora)

RESUMO:

O presente tema é fruto de atividades de uma sequência didática produzida em 2016 e


aplicada em 2017, visando a necessidade de formação de leitores críticos na escola
pública. Levando-se em conta que a leitura não é apenas decodificação, porém
interpretação, Ciça, livro infantojuvenil de Neusa Jordem Possatti, com ilustrações de
Renato Alarcão (Ed. Paulinas, 2004) serve como janela aberta ao diálogo com inúmeras
temáticas, a exemplo de problemas sociais, educação, racismo, bullying, diversidade e
superação. Eis aqui uma protagonista valente, disposta a superar os mais duros
obstáculos, ainda que sejam o amputamente da perna, a violência da fome e da miséria
que tanto a população rural quanto a urbana (ela passa pelos dois vieses) encaram no
Brasil. Propõe-se aqui a interpretação não apenas formal, porém conteudística do livro
infanto-juvenil, levando-se em conta a narrativa bastante poética, sensível; além do forte
cunho sociológico que compõe a protagonista. Ciça vivencia distintas situações que nos
levam à família explorada em Germinal (1885), de Zola. E assim como o autor é
planfletário, duro e crítico contra a miséria e à exploração, Ciça erige como importante
leitura de mundo – do primário à vida adulta. Pois se todas as mazelas são descritas
com poeticidade e leveza – como é pra figurar o monstro da violência em qualquer obra
infantil. O que não é leve é a realidade. Mas na fição, o mundo pode ser menos pesado.
Colhedora de café, criança, negra, vivendo em condições desprotegidas pelo Estado e
pela sociedade: a pequena Ciça é negligenciada não apenas pela família, que tem a
menina como força de trabalho para que possam comer –ou sobreviver, tal na Idade
Média e os senhores e vassalos. Vassalos do sistema, alheios à própria sorte no país
que, segundo aponta a Fundação das Nações Unidas para a Infância (Unicef/2016), a
cada hora, cinco casos de violência contra meninas e meninos são registrados (esse
quadro pode ser ainda mais grave se considerarmos que muitos desses crimes não
são denunciados).

Palavras-chave: Ciça, violência contra a criança, pobreza, fé.

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SIMPÓSIO 16) Letramento e línguas indígenas na prática


pedagógica

Profa. Dra. Rosângela Célia Faustino (UEM)

rcfaustino@uem.br

Me. Pedro Pablo Velasquez (UEM)

pedroppablito@hotmail.com

1) Árvores Nativas no Pirajuí no Ensino Escolar

Beatriz Véra (FAIND/UFGD)

Resumo:
Esta pesquisa foi desenvolvida na aldeia Pirajuí que fica no município de Paranhos,
Mato Grosso do Sul. Foi um estudo dos nomes de tipos de árvores nativas que existem
para se saber o que representam para a comunidade e, em quais locais da aldeia, os
tipos de árvores nativas e seus nomes na língua guarani e português. Os objetivos da
pesquisa consistem em: a) colocar na escrita os tipos de árvores nativas que tem na
aldeia Pirajuí e outros tipos que já desapareceram, relacionando-as com o clima da
região e com os tipos de clima durante um ano; b) Conhecer, identificar os principais
locais de árvores nativas que são sagradas para a comunidade da região; c) avaliar
como os resultados dessa pesquisa foram utilizados no ensino da língua guarani na
escola Professor Adriano Pires. Como procedimento técnico-metodológico utilizou-se
conversa com os mais velhos moradores da aldeia Pirajuí e com os jovens, e também
foi utilizado o mapa antigo da Pirajuí. A importância da investigação está nos cuidados
que as comunidades indígenas têm com a vegetação nativa das árvores que
preservam. Durante a pesquisa foram vistos como desafios as queimadas, os
desmatamentos e as transformações vegetais com a presença de outras arvores não
nativas. A Pirajuí é uma aldeia indígena ainda muito rica em vegetação original, que
preserva as encostas dos rios, nascentes e solos. Assim podemos presenciar muitas
plantas nativas dentro da aldeia Pirajuí.
Palavras-Chave: Reserva; Pirajuí; Árvores.

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2) A importância da religião indígena Guarani: aprendizagem das


tradições e costumes dentro e fora da Casa de Reza

Adriane da Silva (UEM)


Ronaldo Alves da Silva (UEM)
Profa. Dra. Rosângela Célia Faustino (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo apresentar a religião indígena guarani, sua importância
para a comunidade indígena, seus costumes diários, evidenciando os preceitos
apregoados por esta para que todos possam aprender a viver em harmonia com a
natureza e com Nhanderú (nosso pai, Deus). Também apresenta o significado de cada
instrumento utilizado na casa de reza,sendo eles: kangua’a, djatsa’a, mbaraká, araity,
takwapy, destacando a importância de cada um para a religião e a cultura guarani.
Trazemos ainda,neste trabalho, como surge o txamõi (nosso pajé), como é sua
preparação para se tornar um txamõi com muita força para que possa suprir as
necessidades de uma comunidade, pois ele tem que ficar preparado para tudo o que
acontece na aldeia. Apresentamos como é a preparação para os rituais, bem como a
dificuldade de manter a religião dentro das comunidades, pois hoje em dia se tornou
complicado encontrar na natureza os recursos necessários para a preparação do txamõi
e para os rituais que são feitos em seguida na casa de reza. Junto com essas
dificuldades veio também o desafio de lidar com a inserção de outras religiões dentro
das terras indígenas, na qual vários membros da comunidade deixaram de lado sua
religião ancestral e migraram para essa nova forma de servir a deus, na qual houve o
enfraquecimento do número de pessoas presentes nos rituais feito pelo pajé, isso
ajudou muito na perda da língua materna. Há algumas práticas e condutas feitas pelos
índios guarani que são passados de geração para geração, são práticas que servem
como respeito com a natureza e com o meio onde se está inserido, como por exemplo,
pedir permissão para a natureza ao retirar algo dela, seja uma erva medicinal ou uma
madeira para construção de casas ou da casa de reza. Outra prática é que, ao sair para
longe de sua casa, indo para o mato, ao retornar é preciso que chame pelo nome em
guarani da pessoa, para que seu espírito não fique ali naquele local, principalmente se
tratando de criança. Este trabalho foi desenvolvido por meio de aprendizados nas

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vivências e experiências do dia-dia nas terras indígenas guarani as quais, nós autores,
pertencemos. A religião indígena guarani é uma das manifestações culturais mais fortes
que se mantém até os dias de hoje, pois em algumas comunidades indígenas guarani, a
língua que prevalece como dominante é o português, são poucas as famílias que junto
com o pajé falam a língua guarani, por isso é muito importante a religião guarani se
manter forte na comunidade, pois como dizem os indígenas mais velhos: “a melhor
escola para o índio guarani é a casa de reza”.Nas escolas indígenas guarani onde
estãoinseridosprofessores, diretores e pedagogos indígenas estãoacontecendo vários
projetos para que possa ser revitalizada a língua guarani que ficou muito fraca e
poucofalada nas comunidades, essesprojetoscontam com a participação de algumas
lideranças e os mais velhos da comunidade, na qual houve essa parceria entre as
lideranças mais velhas e as escolas.Apósmuitosanos queaescola esteveseparada da
casa de reza, hoje está havendo uma proximidade entre elaspossibilitandoaosalunos o
conhecimentosobre sua cultura que jáestavaquase sendo esquecida.
Essesconhecimentos e experiências que só os mais velhospossuem e que buscamos
apresentar neste trabalho.

Palavras-chave: Religião Indígena; Nhanderú; Casa de Reza; Aprendizagem; Terra


Indígena.

3) Os conhecimentos tradicionais e universais na escola indígena:


relato de experiência do projeto Pibid Diversidade

Arieli Gonsalves dos santos Knop (UEM)


Rita de cássia Alves (UEM)

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Profa. Dra Maria Christine Berdusco Menezes (UEM/orientadora)

Resumo:

Trabalhar conhecimentos tradicionais aliados aos conhecimentos universais é de suma


importância para as comunidades indígenas, não apenas em questões relacionadas à
escola, como também em questões referentes à vida fora da comunidade indígena. É
direito do estudante indígena ter um ensino diferenciado, baseado tanto em sua língua
materna quanto na língua portuguesa. O presente trabalho objetiva relatar a experiência
de uma acadêmica indígena kaingang, do curso de Letras da Universidade Estadual de
Maringá, participante do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência para a
Diversidade (PIBID). Após estudos, reuniões, levantamentos e diálogos com a gestão
da escola indígena, foram desenvolvidas atividades com o tema: Receitas Tradicionais
Kaingang. Tal experiência se deu, com base em pesquisa sobre os conhecimentos
tradicionais e universais, de interesse dos Kaingang. A metodologia do trabalho buscou
uma abordagem interdisciplinar, com questões relacionadas às diferentes disciplinas,
por meio de recursos didáticos diferenciados. A ação se desenvolveu no período de
2015 a 2016. As vivências, possibilitadas pela realização de práticas pedagógicas,
resultaram em reflexões sobre o papel do professor na escola indígena. Sendo o
professor o organizador do espaço da aprendizagem e mediador de conhecimentos
para o estudante, é fundamental que o mesmo saiba de que forma trabalhar os saberes
tradicionais indígenas, articulados aos conhecimentos universais que se fazem
presentes na escola, a fim de promover a aprendizagem em um contexto educacional
diferenciado. Nessa perspectiva, a interculturalidade se destaca e a interdisciplinaridade
torna-se uma forma de ligação entre as disciplinas curriculares da escola, em suas
variadas áreas. Dentro do contexto escolar indígena que pretende ser intercultural e
interdisciplinar, são necessárias ações de pesquisa e produção que extrapolem o
espaço da sala de aula e envolvam as crianças e jovens estudantes e que, ao mesmo
tempo, conte com os saberes e ensinamentos dos mais velhos e sábios. Os resultados
desta experiência proporcionaram reflexões e aprendizagens práticas no espaço da
escola e da comunidade.

Palavras-Chave: Conhecimentos Tradicionais; Conhecimentos Universais; Pibid


Diversidade; Escola Indígena.

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4) A Contribuição da EaD Para a Formação de Professores Indígenas


no Paraná

Irismar dos Santos (UEM)


Profa. Dra. Rosângela Célia Faustino (UEM/Orientadora)

Resumo:
A Educação Escolar Indígena foi modificada partir da Constituição Brasileira de 1988, e
de legislações formuladas nos anos de 1990, desde o Decreto presidencial nº 26 de
1991, que transferiu a responsabilidade desta modalidade de Educação para o MEC –
Ministério da Educação, retirando-a da alçada da FUNAI – Fundação Nacional do Índio.
Tem sid opautada pela interculturalidade e pelo bilinguismo. Para tanto, faz-se
necessária a presença de profissionais indígenas nas escolas. Desde os anos de 2000,
vêm sendo criadas no Brasil formas de ingresso no Ensino Superior – políticas de ações
afirmativas – para a formação de professores indígenas. Em diferentes regiões se
destacam as Licenciaturas Interculturais. No Paraná, por meio da Lei 13.134/2001
SETI/PR houve a criação de vagas suplementares. Esta política de formação superior
no Paraná tem possibilitado que os indígenas acessem as universidades para obter um
diploma de ensino superior. Porém, considerando a difícil realidade dos povos
indígenas, após perder em grande parte de seus territórios e sustentabilidade, mesmo
com uma legislação específica se torna difícil estudar. As Terras Indígenas são
distantes das universidades públicas do Paraná. O transporte é precário e as estradas
ficam intransitáveis em período de chuva. Muitos dos estudantes do Ensino Superior
trabalham nas aldeias para sustentar suas famílias e para contribuir com a comunidade.
Para as mulheres é mais difícil ainda de estudar quando elas tem filhos pequenos e
famílias sob sua responsabilidade. Desta forma, a oferta de cursos superiores pela EaD,
que é uma modalidade de educação mediada por tecnologias e internet, possibilita o
estudo àqueles que não puderam ou não podem frequentar cursos presenciais.Neste
texto apresentamos uma pesquisa sobre como a EaD pode contribuir com a formação
de professores e profissionais indígenas no Paraná, haja vista a dificuldade de muitos
em frequentar os cursos presenciais.
Palavras-Chave: Educação Superior Indígena; Paraná; Educação a Distância

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5) Educação Escolar Indígena: fortalecimento da Educação Intercultural


Bilíngue

Jéssica Daiane dos Reis Schnekemberg (UNIVALE)


Profa. Me. Lucimara C. Castro (UNIVALE/Orientadora)

Resumo:

Os documentos referente à política da educação escolar indígena salientam que o dever


da escola é priorizar o ensino dos conhecimentos específicos de cada grupo
culturalmente organizado, e que este seja transferido, de preferência, na língua materna
indígena de cada etnia. As temáticas sobre alfabetização intercultural vêm sendo
desenvolvidas por vários pesquisadores no intuito de verificar principalmente as
implicações da cultura escrita em sociedades ágrafas, em específico/ especial, as
populações indígenas, tendo em vista as demandas surgidas que apontam para a
necessidade da aquisição deste saber em função das relações pós-contato entre estes
e a sociedade não-indígena. O processo de interculturalidade é alusivo às relações ou
trocas que se estabelecem entre culturas diferentes. A construção, exploração e
reconhecimento deste trabalho se deu acerca do papel e da formação do professor não
indígena em relação ao processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa, tendo
em vista a necessidade de refletirmos sobre a ação e planejamento de diferentes
práticas pedagógicas para a construção do conhecimento. Este trabalho intenciona
apresentar os resultados da análise de dados provindos do Colégio Estadual Cacique
Gregório Kaekchot, localizado na Terra Indígena Ivaí, que está situada no município de
Manoel Ribas, e tem como primeira língua o Kaingang. O objetivo do trabalho é verificar
como tem ocorrido o processo de ensino-aprendizagem da L1 (língua materna Kaingang
ou primeira língua) partindo para o processo de alfabetização na L2, a aquisição da
segunda língua, que neste caso, é a Língua Portuguesa, verificando as possíveis
interferências da língua materna na aprendizagem da paterna. Para dar conta dos
objetivos serão realizadas intervenções pedagógicas com os alunos do Ensino
Fundamental I e II, além de entrevistas com as pedagogas, diretora e supervisora do
Colégio. Como aporte teórico, contaremos com os estudos na concepção da Teoria
Histórico-Cultural elaborada por Vygotsky (1997), Leontiev (2000) e Luria (1902-1977), em
que a cultura é fator determinante nos processos de aprendizagem e no
desenvolvimento infantil. Contaremos, também, com os estudos da Sociolinguística,
considerando a importância de se partir da linguagem oral que as crianças indígenas
Kaingangs trazem quando chegam à escola, para que se efetive uma alfabetização nos
pressupostos da interculturalidade. Independentemente das questões culturais, étnicas
e econômicas, a escola tem papel excepcional na transmissão dos conhecimentos
universalmente produzidos e que devem estar à disposição de todos. A importância do

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ensino dos conhecimentos tradicionais na aquisição de conhecimentos científicos,


fortalece e ressignifica a identidade étnica cultural.

Palavras-chave: Educação Escolar Indígena; Alfabetização intercultural; Indígenas


Kaingang; Práticas pedagógicas.

6) A função social da escrita e os jogos na alfabetização da criança


indígena

Florêncio Rekayg Fernandes (UEM)


Marcella Hauanna Cassula (UEM)
Profa. Dra. Rosângela Célia Faustino (UEM/Orientadora)

Resumo:

As crianças indígenas adquirem conhecimentos a partir da vivência em seus grupos


culturais, observando e praticando atividades de artesanato, pesca, coleta, roças,
viagens, rituais; nos quais suas famílias estejam envolvidas. O brincar e o experienciar
tem um papel fundamental na aprendizagem infantil. Este texto tem como objetivo
refletir sobre a importância dos jogos didáticos na alfabetização da criança indígena,
tendo em vista que, segundo as políticas educacionais, o processo de alfabetização em
língua indígena e língua portuguesa deverá ocorrer entre o primeiro e o terceiro ano do
Ensino Fundamental. Em decorrência disso há uma urgente necessidade de materiais e
recursos bilíngues diferenciados para atender a demanda, pois, a educação específica
se constitui como um dos direitos dos povos indígenas. Deste modo, considerando que
a legislação estabelece uma educação escolar indígena bilíngue e intercultural, são
necessários estudos e reflexões sobre a alfabetização da criança indígena, a fim de
contribuir para que as políticas públicas atendam suas especificidades, possibilitando
acesso a uma educação que valorize a língua e a cultura da criança indígena. O texto
está organizado em dois momentos. Primeiramente traz um breve histórico da
legislação que regulamenta a Educação Escolar Indígena, e, em um segundo momento,
expõe algumas reflexões sobre a função social da escrita para a criança indígena e a

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importância dos jogos em seu processo de alfabetização. Trata-se de um estudo cujas


bases teóricas estão alicerçadas na Teoria Histórico Cultural, elaborada por Vigotski e
colaboradores.

Palavras-chave: Educação Escolar Indígena; Alfabetização; Jogos Didáticos.

7) O letramento na educação escolar indígena: possibilidades de aquisição


e uso da linguagem escrita

Dra. Maria Christine Berdusco Menezes (UEM)


Dra. Maria Simone Jacomini Novak (UNESPAR)

Resumo:

No âmbito educacional brasileiro e em decorrência das lutas indígenas por direitos


humanos, a Constituição de 1988 garantiu aos povos indígenas o ensino ministrado em
língua portuguesa assegurando a utilização das línguas maternas e os processos
próprios de aprendizagem. Dessa forma, o Ministério da Educação (MEC), assumiu a
responsabilidade da educação escolar indígena e, com base nas reformulações que
ocorreram no sistema educacional, elaborou diretrizes e referenciais para essa
modalidade de ensino. A legislação educacional produzida nos anos de 1990 orienta-se
pelas recomendações estabelecidas em fóruns mundiais e regionais de educação,
organizados pelas agências internacionais, como a Conferência Mundial de Educação
para Todos realizada em Jomtien, pela UNESCO, em parceria com outras instituições
multilaterais, que reuniu 155 países e resultou em posições consensuais que deveriam
fazer parte dos planos decenais de educação para todos. As discussões nos eventos
organizados no período reportam-se à garantia da alfabetização para todos. Em 1993, o
Brasil assumiu o compromisso assumido na Declaração de Nova Delhi. Nesse período o
letramento foi incorporado nas discussões e práticas de alfabetização como
possibilidade de um ensino significativo, uma vez que, de forma geral, na sociedade
atual, as crianças convivem com a leitura e escrita em seu dia a dia (SOARES, 2003,
2004, 2014). Por meio de pesquisas educacionais, linguísticas, históricas e
antropológicas decorrentes da introdução da escrita em comunidades indígenas,
ampliam-se, no Brasil, discussões acerca do letramento relacionando as áreas da
linguagem, da antropologia e da educação (STREET, 2010, GOODY, 2003). O presente
artigo tem como objetivo discutir e analisar a proposta de letramento no processo de

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alfabetização de crianças indígenas no Paraná, incorporada, a partir dos anos de 1990


com as orientações do Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas e
outras normativas. Com base na concepção histórico-cultural busca-se discutir as
implicações do letramento durante o processo de alfabetização das crianças indígenas,
em cuja realidade predomina o uso da linguagem oral. O texto é resultado de análises
oriundas da formação continuada de professores indígenas no Programa Saberes
Indígenas na Escola-Núcleo/UEM-PR e demais estudos na área de educação,
realizados no Laboratório de Arqueologia e Etnologia e Etno-história da Universidade
Estadual de Maringá (LAEE/UEM). É possível verificar que o conceito de letramento em
escolas indígenas diz respeito ao uso da diversidade textual durante o processo de
ensino da leitura e escrita, o que denota uma compreensão mais restrita ao uso da
tecnologia inicial da escrita para apropriação do código linguístico, com poucas
iniciativas de pesquisas e atividades didáticas que contribuam para a ampliação do uso
social da leitura e escrita em práticas cotidianas, o letramento. Em consonância com o
que dispõe a teoria histórico-cultural, a criança ao ingressar na fase inicial de
escolarização possui muitos conceitos e linguagens já formadas e desenvolvidas em
seu meio cultural. Esta realidade exige das escolas bilíngues, que as práticas de
alfabetização estejam relacionadas às práticas culturais de uso das linguagens, oral e
escrita, nas comunidades indígenas. Portanto, a alfabetização, que representa a
apropriação da técnica da escrita em língua indígena e língua portuguesa, é de extrema
relevância e atende às demandas das comunidades indígenas, porém, faz-se
necessário sua associação com práticas de letramento que fortaleçam a educação
escolar indígena específica e diferenciada e os saberes próprios das sociedades
indígenas, em consonância com a legislação atual.

Palavras-chave: Educação escolar indígena; letramento; alfabetização.

8) O Dialogismo entre as Línguas Indígenas e a Língua do Estrangeiro

Anelita Ray (UEL)


Profa. Dra. Maria José Guerra (UEL/Orientadora)

Resumo:

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Esta comunicação faz parte das pesquisas interdisciplinares desenvolvidas pelos


projetos de estudos linguísticos Gramática, Bilinguismo e Multietnia e Cadernos de
Teorias da Linguagem, ambos do Centro de Letras e de Ciências Humanas da
Universidade Estadual de Londrina, particularmente, do núcleo de estudos bakhtinianos
desse último projeto. Nosso trabalho busca elementos para a reflexão sobre as bases
teóricas que sustentam a construção das gramáticas pedagógicas, especialmente
aquelas que estão presentes na aprendizagem e no ensino de línguas indígenas
brasileiras. Isso exige o conhecimento aprofundado dessas culturas, o respeito ao
multiculturalismo e a construção de categorias de análise objetivas. Entretanto, quando
se tem em vista a língua e a gramática, é essencial observar que essa objetividade
científica e a neutralidade ideológica aparente da descrição gramatical, por mais técnica
que seja, tudo acaba sendo questionado quando fazemos uma análise levando em
conta as propostas de Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1981-1986). A partir dos conceitos
de enunciação e discurso em Bakhtin, pensamos o mecanismo enunciativo como
alicerçado sempre por um dialogismo constitutivo. É esse dialogismo que permite aos
valores ideológicos circularem – nem sempre de maneira contratual – por meio dos
percursos dos signos nos heterogêneos discursos sociais. Baseados nessa
interdiscursividade fundadora da comunicação, estudamos os valores ideológicos que
perpassam as gramaticais das línguas indígenas elaboradas por europeus, desde a
gramática do Guarani construída por jesuítas no princípio da colonização portuguesa.
Os interesses econômicos e religiosos sempre estiveram entrelaçados, mesmo que
indiretamente, nos estudos escolares da gramática. Há um caráter ideológico e
dialógico que materializa a voz do colonizador – o gramático – e do colonizado – o
falante de língua indígena. Analisamos, especialmente, a pesquisa de Ursula
Wiesemann no Summer Institute of Linguistics (1960, 1978) na elaboração da
transcrição da língua Kaingang ágrafa para uma gramática de língua escrita.
Percebemos, gerações depois de seu contato, ainda um eco sempre presente da voz
colonizadora. O trabalho da linguista alemã utiliza a análise tagmêmica proposta por
Pike a partir do descritivismo americano bloomfieldiano (Cf. SARFATI, PAVEAU, 2006).
Esse modelo descritivo segue a tradição dos estudos gramaticais ocidentais e é
aplicado ao Kaingang tendo como base comparativa o sistema linguístico do alemão e
as categorias linguística desse mesmo sistema, o que nos leva a questionar o olhar que
está envolvido nessa descrição. Apesar dos grandes avanços nas pesquisas de línguas
indígenas que Wiesemanm permitiu, muitos valores intrínsecos às tradições Kaingang
foram convertidos para valores de uma cultura gráfica, europeia, protestante. Questões
referentes ao léxico foram transportadas para o dicionário sem a devida reflexão
semântica para dimensionar gramaticalmente essa transposição. A análise crítica
pretende alertar sobre a importância de levar em conta o multiculturalismo e
compreender que todos os gêneros discursivos – dos mais engajados aos mais
aparentemente neutros – são construídos a partir de um dialogismo constitutivo, nem
sempre contratual, que revela que os valores ideológicos estão presentes, até mesmo
na construção de descrições supostamente técnicas da língua, como as gramáticas
escolares. A reflexão crítica sobre esse tema contribui para uma convivência cultural

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mais rica e, assim, é possível evitar problemas na educação escolar indígena tão
comuns na histórica brasileira.

Palavras-chave: Mikhail Bakhtin; Dialogismo; Gramática pedagógica; Povos Indígenas;


Kaingang.

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SIMPÓSIO 17) Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem no Ensino


Superior: estratégias e ações

Profa. Dra. Maria Luisa Furlan Costa (UEM)


luisafurlancosta@gmail.com
Profa. Dra. Annie Rose dos Santos (UEM)
arsantos@uem.br

1) Crenças linguísticas de alunos sobre a língua portuguesa no âmbito


da EAD

Fátima Christina Calicchio (Unicesumar)

Resumo:

Um estudo do fenômeno da língua pelo viés da Sociolinguística pode explicar as


relações sociais nas mais diversas esferas discursivas da comunicação humana. Nesse
sentido, ao refletirmos sobre ‘as falas’ de alguns escritores, da mídia impressa,
televisiva e digital, ao pensarmos sobre as conversas referentes à língua, seja em
qualquer esfera da vida social; sobretudo, a respeito do ensino da língua portuguesa no
curso de Letras e em cursos que incluem em suas matrizes curriculares essa disciplina,
observamos que há um conceito homogêneo sobre a língua: no caso dos falantes da
língua em suas práticas sociais há uma concepção de que a língua limita-se ao falar e
escrever bem, isto é, há uma noção de que as manifestações de nossa língua são
sinônimas da materialização do formalismo linguístico. No âmbito de alguns cursos de
ensino superior, especificamente, do curso de Letras e áreas afins em EAD, há uma
expectativa de se aprender, exclusivamente, a norma, isto é, os graduandos possuem
uma crença de que durante o curso de Letras ou os cursos que têm a disciplina de
Língua Portuguesa, aprenderão ‘a língua’ e não ‘sobre a língua. Isso significa que entre
os estudantes há uma concepção de aprendizagem de língua que se limita a
metalinguagem, deixando de lado questões como reflexões sobre o funcionamento dela.

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Diante dessa problemática, procuramos responder a esta indagação: como possibilitar


que o nosso aluno de língua portuguesa desenvolva competências linguísticas, para
que ele tenha acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da sua
profissão e da sua cidadania? Para dar conta de responder a essa indagação,
acreditamos que um estudo sobre as crenças linguísticas poderia se configurar como
um caminho profícuo para isso. Assim, o objetivo deste trabalho, assenta-se na tentativa
de desconstruir o conceito de língua unívoca, a fim de evidenciar se a Sociolinguística
Educacional pode funcionar, ou não, como uma ferramenta favorável à desconstrução
da concepção de uma variedade tida como padrão, única, para que seja possível traçar
praticas docentes, livros, manuais e instruções sobre os estudos da língua aos alunos e
aos professores de Letras e áreas afins no âmbito da EAD. Para tanto, este trabalho
tem como aporte teórico a Sociolinguística Educacional. Com base nos resultados desta
pesquisa, esperamos contribuir para estudos que evidenciem a necessidade de se
trabalhar com uma pedagogia da variação linguística (Faraco 2008) com vistas a
possibilitar o reconhecimento pelos alunandos e pelos professores da língua portuguesa
a importância da legitimidade das variações linguísticas.

Palavras-chave: Sociolinguística; Formalismo Linguístico; Variação linguística;


Educação a Distância.

2) A construção identitária e cultural do sujeito no contexto da educação


a distância

Mirian Lígia Endo Karolesky (UNIOESTE)


Simone Francisco dos Santos(UNIOESTE)
Profa. Dra. Beatriz Helena Dal Molin(UNIOESTE/Orientadora)

Resumo:
Vivemos em um mundo cada vez mais planetário, onde as fronteiras físicas e espaciais
já se dissolveram, e o sujeito tem assumido o papel de sujeito global, basta um simples
olhar ao redor, para perceber que estamos o tempo todo conectados por algum tipo de
tecnologia de comunicação, por meio de aparelhos de comunicação digital cada fez
mais sofisticados, que ampliam infinitamente nosso poder de armazenar dados e mantê-
los à disposição para acesso a qualquer momento. O tempo para o sujeito hodierno é
primordial, e este busca meios para maximizá-lo, isso também tem refletido quando se
trata de buscar conhecimento, aumentando a preferência pelo uso de meios virtuais,

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gerando um acentuado crescimento da modalidade de Educação à Distância. Os


avanços na área das Tecnologias de Comunicação Digital têm proporcionado à
modalidade de Educação a Distância a construção de Ambientes virtuais de Ensino e
Aprendizagem cada vez mais dinâmicos e interativos. Tais avanços têm modificado a
forma como o sujeito interage com o conhecimento e como constrói suas
representações do mundo e si mesmo enquanto sujeito da era tecnológica. O sujeito
que buscamos analisar é decorrente de um mundo globalizado, permeado de
tecnologias da inteligência e inserido em um ciberespaço e uma cibercultura, na cultura
da virtualização. Para embasar nossa análise suscitamos uma reflexão sobre o conceito
de ciberespaço e cibercultura proposto por LÉVY(1999), que coloca como ciberespaço
não apenas a infraestrutura onde se dá a comunicação digital, mas o universo de
proporção oceânica em informações que ali se encontram, assim como os seres
humanos que navegam e alimentam esse universo, gerando uma nova cultura, a cultura
cibernética ou cibercultura, a tais conceitos entrelaçamos aqui com a visão de
construção identitária trazida por CUCHE (2002), para quem a construção da identidade
se faz no interior de contextos sociais que determinam a posição dos agentes e por isso
mesmo orientam suas representações e suas escolhas. Para situarmos a reflexão sobre
a identidade do sujeito da EaD, buscamos pactuar com as ideias sociológicas de Cuche
(2002), e também com os estudos culturais tratados por HALL(2003, 2006), bem como
com os conceitos trazidos da Linguística Aplicada na interlocução com Maher (2007),
visando em nossa reflexão ressaltar o conceito de cultura como as diferentes formas de
viver e dar significado ao mundo. Assim, a proposta deste artigo é suscitar reflexões
sobre a construção da identidade e cultural do aluno no contexto da EaD, uma reflexão
dos conceitos de cultura e identidade que perpasse o campo Sociológico, dos Estudos
Culturais e da Linguística Aplicada.

Palavras-chave: Educação a Distância; sujeito; identidade e cultura.

3) A Educação a Distância e as Tecnologias Educacionais:


apresentação do Grupo de Pesquisa GPEaDTEC

Annie Rose dos Santos (UEM)


Maria Luisa Furlan Costa (UEM)

Resumo:

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Nesta comunicação, objetivamos apresentar o Grupo de Pesquisa GPEaDTEC


(Educação a Distância e as Tecnologias Educacionais), que abriga docentes, discentes
e equipe técnica da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e outras Instituições de
Ensino Superior, como a Universidade de Brasília (UnB). O Grupo de Pesquisa se
constitui como um conjunto de docentes e discentes que empreendem estudos e
pesquisa com foco nas questões históricas, metodológicas, políticas e práticas
mediadas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), com ênfase nas
ações institucionais e governamentais na modalidade a distância. Uma das finalidades
do Grupo GPEaDTEC é a realização de estudos e pesquisas direcionados às práticas
educativas desenvolvidas em uma modalidade distinta do ensino presencial,
perpassando pelas questões relacionadas aos Ambientes Virtuais de Aprendizagem
(AVA), a mediação que acontece nesses espaços, o sitema de tutoria e a produção de
material didático e audiovisual, com destaque para a historicidade desse processo. As
linhas de pesquisa abrigadas pelo GPEaDTEC são a) Ambientes Virtuais de
Aprendizagem, que realiza pesquisas referentes ao processo de construção dos
ambientes virtuais de aprendizagem e seu uso no ensino presencial e a distância; b)
Educação a Distância: história, políticas e práticas, que busca estudar e pesquisar
questões relacionadas direta ou indiretamente com a oferta de cursos na modalidade de
educação a distância, tomando como ponto de partida os aspectos históricos, políticos e
metodológicos; c) Tecnologias da Informação e Comunicação, que empreende estudos
e pesquisas voltados às tecnologias como recursos para o processo de ensino e
aprendizagem na modalidade de ensino presencial e a distância; e d) Formação de
Professores a Distância, cujos estudos e pesquisas se voltam à análise do processo
histórico de formação de professores em cursos e programas ofertados na modalidade
a distância, com ênfase nas práticas desenvolvidas pelas Instituições de Ensino
Superior públicas de nosso país. Assinalamos que as atividades do Grupo de Pesquisa
centralizam-se nas ações institucionais e governamentais desenvolvidas na modalidade
de educação a distância, particularmente nos cursos superiores ofertados nessa
modalidade de ensino. Pontuamos ainda que os docentes e discentes participantes do
GPEaDTEC encontram-se envolvidos com as atividades de ensino em curos ofertados
no ensino a distância, e desenvolvem projetos diretamente vinculados às linhas de
pesquisa contempladas pelo Grupo de Pesquisa. Salientamos também a atuação dos
pesquisadores integrantes do GPEaDTEC na produção de material didático para os
cursos superiores a distância ofertados pela UEM, bem como a participação individual e
coletiva em eventos que propiciam a divulgação dos resultados das pesquisas
realizadas pelo Grupo.

Palavras-chave: Educação a Distância, Tecnologias Educacionais, Grupo de Pesquisa


GPEaDTEC.

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SIMPÓSIO 18) Práticas escritas: da educação infantil à educação em nível


universitário

Cristiane Carneiro Capristano (UEM)

capristano1@yahoo.com.br

Tatiane Henrique Souza Machado (UNIPAR)

tatiane@prof.unipar.br

1) Acentuação gráfica na escrita inicial: a circulação da criança por


práticas de letramento de e oralidade

Érica Fernanda Zavadovski Kalinovski (UEM)


Profa. Dra. Cristiane Carneiro Capristano (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho respalda-se na concepção heterogênea de escrita de Corrêa (1997, 2004)


e nos trabalhos que, ancorados nessa concepção, examinam a escrita infantil, como
Capristano (2007a, 2007b), Paula (2007), Chacon (2008), Machado (2014), Machado e
Capristano (2016), Ticianel (2016), dentre outros. Nosso objeto de estudo é a relação
que a criança estabelece com a acentuação gráfica na aquisição da escrita. O objetivo
foi analisar, quantitativa e qualitativamente, diferentes registros (convencionais e não
convencionais) do acento gráfico e observar, a partir deles, o modo como crianças
ingressas na primeira série do Ensino Fundamental I circulam por práticas de oralidade
e letramento. O material investigado foi composto por 861 enunciados escritos, nos
quais foram identificadas 3.243 palavras distribuídas em dois grupos de análise: (I)
palavras para as quais as convenções ortográficas preveem acento (2.858); e (II)
palavras para as quais as convenções ortográficas não preveem acento, mas foram

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acentuadas pelas crianças (385). Divididas em verbos e não verbos, essas palavras
foram analisadas considerando as seguintes variáveis: tipo de acento (circunflexo,
agudo e grave), posição do acento gráfico (oxítono, paroxítono e proparoxítono) e
número de sílaba (monossílabo, dissílabo, trissílabo e polissílabo). Na investigação
quantitativa, dentre outros resultados, constatamos as seguintes tendências com
relação ao primeiro grupo: (a) maior registro de acento previsto convencional em verbos
(68,76%), em verbos com acento agudo (70,90%), em verbos monossílabos tônicos
(73,19%), em não verbos com acento circunflexo (52,50%) e em não verbos oxítonos
(57,54%); (b) maior registro de acento previsto não convencional em verbos com acento
circunflexo (96,00%), em verbos paroxítonos, trissílabos e polissílabos (todos com
100%), em não verbos com acento grave (100%), em não verbos proparoxítonos
(88,51%) e em não verbos trissílabos (90,10%). Com relação ao segundo grupo,
observamos as seguintes tendências: (a) maior registro de acento agudo não previsto,
tanto em verbos (87,13%) quanto em não verbos (89,08%); (b) maior registro de acento
gráfico não previsto em momentos de correspondência entre acento gráfico e timbre
vocálico, tanto em verbos (86,14%) quanto em não verbos (70,07%); (c) maior registro
de acento gráfico não previsto em paroxítonos, tanto em verbos (81,19%) quanto em
não verbos (74,65%); (d) maior registro de acento gráfico não previsto em momentos de
correspondência com a sílaba tônica, tanto em verbos (90,10%) quanto em não verbos
(87,32%); e, por fim, (e) maior registro de acento gráfico não previsto em dissílabos,
tanto em verbos (57,43%) quanto em não verbos (46,48%). Com base na análise
qualitativa, constatamos que, de forma geral, a criança tende a acentuar (de modo
previsto ou não previsto) seguindo o que é mais recorrente na (sua) língua e na (sua)
escrita, em razão das vivências sócio-históricas que permeiam a sua vida. Vimos
também que, muitas vezes, os usos do acento gráfico (previsto ou não previsto) são
motivados por elementos que compõem as condições de produção e/ou por elementos
que se relacionam ao contexto ortográfico do enunciado escrito pela criança. De forma
mais específica, pudemos averiguar, por um lado, que registros não previstos de acento
gráfico são, geralmente, consoantes a aspectos da língua, sobretudo, fonológicos e, por
outro lado, registros previstos de acento gráfico, quando grafados de forma
convencional pela criança, estão ligados à recorrência no uso de algumas palavras e,
quando grafados de forma não convencional, guardam em si pistas de processo(s)
conflituoso(s) entre o sujeito escrevente e a (sua) escrita.

Palavras-chave: Escrita; aquisição da escrita; ortografia; acentuação gráfica.

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2) O texto no processo de alfabetização: concepções e práticas


docentes
Gilvana Mendes da Costa (UESPI)

Resumo:
Neste estudo, discute-se sobre o trabalho com o texto durante o processo de
alfabetização. Com base em uma pesquisa de natureza qualitativa realizada em uma
escola pública apresenta-se uma análise sobre as concepções de texto e sobre as
estratégias de ensino desse objeto nos anos iniciais do Ensino Fundamental. As
práticas docentes direcionadas a aquisição e ao domínio da modalidade escrita formal
da língua têm passado por constantes mudanças. A partir da década de 1980, o
processo de alfabetização agregou uma série de postulados teóricos com a finalidade
de compreender e superar as dificuldades inerentes à apropriação das habilidades de
leitura e de escrita. Nesse sentido, propõe-se apresentar a interferência dos estudos do
letramento e da teoria dos gêneros textuais no processo de alfabetização. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (1998), por sua vez, orientam
que o ensino de Língua Portuguesa deve realizar-se mediante o trabalho com o texto.
De modo geral, entende-se que a escrita textual é o registro das práticas comunicativas
realizadas pelos sujeitos em sociedade. Sendo assim, as turmas inseridas no processo
de alfabetização são estimuladas a aprendizagem da escrita a partir da leitura e da
compreensão de textos reais de uso da língua e, não com letras e sílabas isoladas.
Ressalta-se, com base nos dados da pesquisa, o desafio dos profissionais que lecionam
nos iniciais para compreenderem a teoria dos gêneros textuais e o papel fundamental
da formação continuada para superar essa realidade. Os estudos de Bortoni-Ricardo
(2006), Soares (1998), Kleiman (2005), Bakhtin (1979), Schneuwly e Dolz (2004) foram
de suma relevância para fundamentação deste trabalho.

Palavras-chaves: Alfabetização; Letramento; Gêneros textuais; Ensino-aprendizagem.

3) Passos e impasses na utilização de enunciados escritos por


crianças para pesquisa científica
Heloisa Klepa (UEM)

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Profa. Dra. Cristiane Carneiro Capristano (UEM/Orientadora)

Resumo:
A aquisição da escrita pode ser entendida como um processo de inserção da criança no
funcionamento simbólico da escrita (cf. CAPRISTANO, 2007). Quando as crianças
estão adentrando nesse funcionamento, os enunciados escritos que produzem de forma
autônoma, normalmente, não correspondem ao esperado pelas convenções gráficas e
ortográficas da escrita, já que esses enunciados são resultado de momentos em que as
crianças estão, de certa forma, testando seus conhecimentos sobre esse modo de
enunciação da linguagem. Por essa razão, os pesquisadores e demais interessados em
entender a aquisição da escrita podem ter grandes dificuldades para atribuir sentidos
para os enunciados produzidos de forma mais espontânea nesse processo. Este projeto
tem justamente o objetivo de discutir algumas dificuldades com as quais os
pesquisadores precisam lidar quando desejam investigar a aquisição da escrita a partir
do exame de enunciados produzidos pelas crianças, ou seja, quando usam os
enunciados infantis como materiais para pesquisa científica. Neste projeto, voltamo-nos
especialmente para dificuldades na atribuição de leitura para enunciados que são
elaborados a partir de propostas de produção textual em que as decisões sobre “como”
e “o quê” escrever ficam sob o encargo das crianças (CAPRISTANO, 2007). O corpus
desta pesquisa foi feita com base no exame de cerca de 3150 enunciados produzidos
por 130 crianças de duas escolas públicas municipais de São José do Rio Preto (SP).
Foram aplicadas 55 diferentes propostas de produção textual a esses alunos, nas quais
foram mobilizados diferentes gêneros discursivos: cartas, receitas, cartões, poemas e
entre outros. Esses enunciados compõem um banco que foi coletado pela
Coordenadora deste projeto, Profª. Cristiane Carneiro Capristano, nos anos de 2001 a
2004, equivalentes aos atuais segundo, terceiro, quarto e quinto anos do Ensino
Fundamental I. No exame desse banco, pretendeu-se, por um lado, identificar as
principais dificuldades para atribuição de leitura para os enunciados infantis e, por outro,
observar a frequência com que essas dificuldades apareciam, considerando as variáveis
escola, série/ano e proposta. Dentre os principais resultados pudemos observar que os
problemas para a atribuição de leitura, como previsto, vão diminuindo e mudando no
decorrer dos anos de escolarização da criança, mostrando sua inserção cada vez mais
sólida no funcionamento simbólico da escrita.
Palavra-chave: Aquisição de escrita, leitura, produção textual.

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4) A Atuação da Instituição Escolar na Emergência de Oscilação no


Endereçamento de Enunciados Infantis
Taynara Alcântara Cangussú (IFPR)
Profa. Dra. Cristiane Carneiro Capristano (UEM/ Orientadora)

Resumo:
Após a disseminação dos estudos de Bakhtin no Brasil, passou a ser tendência as
escolas adotarem os gêneros como ponto de partida para o ensino de línguas. Essa
nova perspectiva de ensino atingiu também as práticas escolares que perpassam o
processo de aquisição da escrita, visto que elas deixaram de se sustentar nos be-a-bás
das cartilhas para, cada vez mais, envolver as crianças com práticas de leitura e escrita.
Assim, principalmente no ambiente escolar, as crianças passaram a ser constantemente
chamadas a produzirem enunciados escritos que atendam a propostas de produção de
gêneros diversos. Os enunciados coletados a partir dessas propostas, contudo, são
constantemente julgados como não adequados às projeções feitas pelo professor das
diversas características constitutivas desses gêneros. Dentre essas características, está
o endereçamento. Capristano e Oliveria (2014), em análise a sete enunciados infantis,
constataram que essas “inadequações” relacionadas ao endereçamento do enunciado
seriam, na verdade, oscilações, muitas vezes, motivadas pelo fato de o escrevente
estabelecer como Outro/destinatário a instituição escolar. Tendo isso em vista,
propusemos este trabalho com o objetivo de analisar o modo como a instituição escolar
atua na emergência de oscilações no endereçamento dos enunciados infantis. Para
cumprir com esse objetivo, pautamo-nos nos princípios teórico-metodológicos do
paradigma indiciário − tais como propostos por Ginzburg (1986, 1993, 2007). Ancorados
nesses princípios, identificamos marcas linguísticas nos enunciados (ou a ausência
delas) que pudessem ser interpretadas como pista do endereçamento do enunciado.
Em seguida, selecionamos como objeto de análise os enunciados nos quais
identificamos marcas que apontavam para mais de um endereçamento, sendo, ao
menos um deles, a instituição escolar. Ao todo, foram analisados 274 enunciados,
coletados a partir de seis propostas que requeriam do escrevente a escrita em gêneros
diversos. Desses, foram encontradas marcas interpretadas como pista do
endereçamento à instituição escolar em 176 (40%). Em olhar atento a esses
enunciados, observamos regularidades que nos levou a interpretar que a instituição
escolar atua, pelo menos, de duas formas na emergência dessas oscilações: pela força
da cena enunciativo-pragmática − que envolveria a situação enunciativa tanto mais
imediata (presença de professores, alunos, carteiras enfileiradas, etc.), quanto com seu
entorno sócio histórico (escola como lugar marcado por relações hierárquicas, regras,
etc.) − ou pela força discursiva na representação do escrevente sobre o que é escrever

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na escola – que, no geral, se materializa na ideia de que todo enunciado escrito na


escola deve ter algumas marcas linguísticas e não outras.

Palavras-chave: Endereçamento; Instituição escolar; Enunciados infantis.

5) A escrita acadêmica na formação de professores: entre realidade e


expectativas

Ana Paula Domingos Baladeli (UNIOESTE)

Resumo:
O ingresso no ensino superior exige novas competências linguísticas, discursivas e
retóricas do futuro professor que, em não sendo plenamente desenvolvidas ao longo do
curso podem acarretar prejuízos em seu desempenho acadêmico. Isso ocorre porque
as atividades de leitura e de escrita de variados gêneros acadêmicos apresentam-se
como pressupostos para o desenvolvimento científico e profissional durante a
graduação. A atividade de produção textual na universidade caracteriza-se como um
tema transdisciplinar que, inevitavelmente está presente direta ou indiretamente em
todos componentes da matriz curricular dos cursos de formação de professores. Isso
ocorre porque as atividades de leitura e de produção de variados gêneros acadêmicos
apresentam-se como pressupostos para o desenvolvimento científico e profissional de
futuros professores. A imersão do acadêmico – futuro professor - no contexto da escrita
científica requer um conjunto de competências que o permitam produzir e interpretar os
gêneros textuais que circulam especificamente na esfera científica. Para Fulwiler (2002);
Street (1995, 2003); Marinho (2009); Motta-Roth e Hendges (2010) na universidade, as
práticas de letramento intensificam-se em razão da necessidade de produzir e divulgar
conhecimentos de natureza científica. Considerando que as práticas de letramentos
acadêmicos bem como as dificuldades a eles subjacentes podem representar
impeditivos para que os futuros professores se apropriem deste conhecimento como
locutores e autores de seus discursos, esta comunicação problematiza a escrita
acadêmica no curso de formação de professores. O objetivo é discutir a relação que um
grupo de professores em formação inicial de uma universidade pública do Paraná tem

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com os letramentos acadêmicos e científicos a partir do referencial dos Novos Estudos


do Letramento (STREET, 2003). Os dados obtidos a partir da aplicação de questionário
online à seis turmas de um curso de Pedagogia indicam que os acadêmicos consideram
seus níveis de letramentos acadêmicos estão diretamente relacionados à pouca prática
da escrita acadêmica no contexto das disciplinas do curso. Há na percepção dos
acadêmicos a reivindicação de uma nova postura por parte dos docentes, estes que
deveriam atuar como interlocutores dos textos dos acadêmicos por meio de avaliações
dialógicas, favorecendo o processo de tomada de consciência do acadêmico sobre sua
própria escrita.
Palavras-chave: Letramento científico; Escrita acadêmica; Formação do professor.

6) Fronteiras entre o materno e o estrangeiro vistas a partir de rasuras


Fernanda Gritti (UEM)
Profa. Dra. Cristiane Carneiro Capristano (UEM/Orientadora)

Resumo:
Nesta pesquisa, pretendeu-se investigar a relação entre língua materna (LM) e
estrangeira (LE) a partir de rasuras (apagamentos, inserções, sobreposições e
cancelamentos) ligadas à dimensão ortográfica da escrita que aparecem quando
crianças (falantes do Português Brasileiro e em processo de aquisição da escrita), com
pouco ou nenhum conhecimento do inglês, registram palavras no que supõem ser essa
língua estrangeira. Esta pesquisa fundamentou-se teoricamente no entrecruzamento de
três diferentes tipos de estudo: em estudos como os de Chacon (2017), a respeito da
sílaba, os de Coracini (2003 e 2007), a respeito da relação entre LM e LE e os de
Capristano (2013) sobre rasura. O corpus da pesquisa consistiu em um recorte de
material obtido durante um projeto de extensão desenvolvido no Colégio de Aplicação
Pedagógica da UEM, em 2014. Foram selecionados 52 enunciados desse material,
especificamente, enunciados de uma proposta de produção na qual as crianças
deveriam escrever palavras-chave da história infantil Chapeuzinho Vermelho, ditadas
pela pesquisadora que realizou a coleta do material. Analisamos as rasuras que
emergiram nos momentos em que as crianças registravam as palavras, em inglês, wolf,
grandma, mother, red hood, forest, eyes, teeth, hunter, arms, big. Nosso objetivo mais
geral foi verificar possíveis relações entre a LM da criança e o inglês (LE) que podem
ser indiciadas pelas rasuras presentes em seus enunciados escritos. Dos 52

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enunciados analisados, 111 rasuras foram encontradas, as quais foram dividas em dois
movimentos: um (Movimento 1) no qual foram agrupadas rasuras a partir das quais não
havia possibilidade de saber quais foram às seleções iniciais ou finais da criança; outro
(Movimento 2) no qual foram agrupadas as rasuras nas quais havia a possibilidade de
saber quais foram as seleções iniciais ou finais da criança, pela presença de
apagamentos mal sucedidos, por exemplo. Identificamos 25,2% (28) de rasuras
pertencentes ao movimento 01, e 74,8% (83) de rasuras pertencentes ao movimento 02.
Além disso, contabilizamos, no movimento 01, 71,4% (20) de rasuras por apagamento,
28,6% (8) de rasuras por sobreposição, e nenhuma rasura por inserção e
cancelamento. Já no movimento 02, foi verificado que 57,8% (48) das rasuras
ocorreram por apagamento, 29% (24) das rasuras por sobreposição, 10,8% (9) das
rasuras por inserção e 2,4% (2) das rasuras por cancelamento. Também foi averiguado
a quantidade de rasuras encontradas no movimento 01 e movimento 02 por localização
no interior da sílaba: ataque (1ª e 2ª posição) e rima (núcleo e coda). No movimento 01,
35,8% (10) das rasuras ocorreram na 1ª posição do ataque, 7,1% (2) rasuras ocorreram
na 2ª posição do ataque, 14,2% (4) rasuras ocorreram no núcleo da rima e 42,9% (12)
rasuras na coda. No movimento 02, 18,1% (15) rasuras ocorreram na 1ª posição do
ataque, 8,4% (7) das rasuras ocorreram na 2ª posição do ataque, 33,7% (28) das
rasuras ocorreram no núcleo e 39,8% (33) das rasuras ocorreram na coda. Na
perspectiva teórica assumida na pesquisa, essas rasuras seriam pistas da circulação
imaginária das crianças pelas fronteiras, pouco nítidas, entre sua LM e a LE que tenta
registrar.
Palavras-chave: rasura; língua materna; língua estrangeira.

7) Rasuras na dimensão ortográfica da escrita infantil


Jaqueline Moreira Valezzi (UEM)
Profa. Dra Cristiane Carneiro Capristano (UEM/Orientadora)

Resumo:

A fase inicial da aquisição da escrita caracteriza-se por ser um momento de grandes


desafios para as crianças. Nos enunciados escritos nessa fase, encontramos pistas de
dilemas vividos por elas no exercício de registrar fonemas da sua língua. Esses dilemas
materializam-se, comumente, em erros ortográficos ou, de forma menos comum, por

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meio de rasuras (apagamentos mal sucedidos, escritas sobrepostas, inserções, riscos


etc.) nas quais as crianças buscam alterar o registro de um fonema que,
aparentemente, julgam ser incorreto. Esta pesquisa teve como objetivo examinar essas
rasuras e entender possíveis conflitos vividos pelas crianças na aquisição da escrita
quando lidam com a dimensão ortográfica da nossa escrita. O material utilizado
compõem-se de 422 enunciados escritos por crianças da (antiga) quarta série do Ensino
Fundamental. Esse material foi analisado de forma quantitativa e qualitativa. Para a
análise, partiu-se dos pressupostos teóricos como os postulados por Capristano (2013),
Felipeto (2008), Calil (2007), Machado (2014), Machado e Capristano (2015),
Capristano e Chacon (2014), os quais nos fazem compreender as rasuras como
momentos de conflitos que favorecem o reconhecimento da circulação do sujeito
escrevente pela linguagem e, nesse sentido, podem mostrar a relação sujeito/linguagem
na aquisição da escrita. Utilizou-se, também, a proposta de Chacon (2015), o qual
explana que a presença de erros ortográficos na escrita infantil seria explicada melhor
se observássemos “como as crianças organizam a dimensão ortográfica da (sua) escrita
em função de como se mostram para elas as características internas à sílaba”
(CHACON, 2015, p. 3). Para tratar dessas características internas da sílaba, Chacon
(2015) toma como ponto de partida o trabalho de Selkirk (1982), que, em linhas gerais,
entende que a sílaba poderia ser descrita como um constituinte (do componente
fonológico da linguagem) composto por duas partes principais – o ataque (ou onset) e a
rima – que podem ser ramificadas. O ataque é representado por fonemas consonantais,
como em pra.to e a rima é dividida em núcleo e coda, sendo o núcleo representado por
um vogal e a coda como um prolongamento do núcleo, portanto, um efeito de
fechamento da sílaba, como em car.ta. Os resultados evidenciam que, muitas vezes,
vários tipos de rasuras convivem juntas em um mesmo enunciado. O tipo mais
frequente de rasura são as sobreposições (53,3%), seguida pelos apagamentos
(32,8%), pelas inserções (9,1%) e, por fim, pelos recomeços (4,8%). O aparecimento
desses diferentes tipos de rasuras é motivado por diferentes fatores, dentre os quais se
destacam os conflitos com a organização interna da sílaba, foco da pesquisa. Das 203
rasuras encontradas, 112 (portanto, 60%) funcionam dessa maneira. Ao analisar essas
rasuras constatou-se que existem posições na sílaba mais propensas para a
emergência delas: a primeira posição do ataque (88,1%) e o núcleo (61,8%). Vimos,
ainda, que, no ataque, o maior número de rasuras ocorre em formatos silábicos mais
complexos (18%), como CVC, CCV, CCVC, CCVCC. Observamos, também, que as
crianças rasuram a mesma letra por ela mesma, no ataque, com relativa frequência,
sobretudo por questões estéticas (12%), isto é, buscando, aparentemente, tornar mais
bonito o registro gráfico de uma letra. Quanto à rima, as rasuras parecem demonstrar
conflitos das crianças por diversos fatores: questões semânticas, a forte atuação das
variedades linguísticas da língua na produção das vogais, dentre outros. Todos esses
resultados deixam ver as idas e vindas do sujeito escrevente por zonas pouco
transparentes dos sistemas fonológicos e ortográfico da língua, isto é, as rasuras são
pistas mais da complexidade desses sistemas do que das dificuldades das crianças
com a escrita.

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Palavras-chave: Rasuras; Aquisição da escrita; Sílaba.

8) O caráter múltiplo das línguas na escrita infantil

Lisley Camargo Oberst (UEM)


Profa. Dra. Cristiane Carneiro Capristano (UEM/Orientadora)

Resumo:

Opondo-nos a uma concepção de língua materna (LM) como lugar do conforto, da


estabilidade e da segurança e de língua estrangeira (LE) como lugar do desconforto, da
instabilidade e da insegurança, oposição como a defendida por Guimarães (2010),
Coracini (2003, 2007), Uyeno (2003) e Revuz (1998), tivemos como objetivo refletir
sobre a possibilidade da existência de alguma relação entre LM e LE e sobre qual é o
tipo dessa relação se existente (de aproximação, distanciamento ou imbricação). O
objetivo principal deste trabalho é averiguar se essa possível relação entre as línguas se
deixa ver na escrita infantil. A fim de alcançar esse objetivo, propomos uma análise
qualitativa de produções textuais infantis que foram coletadas durante o projeto de
extensão intitulado “Introdução à Língua Inglesa: música para gente pequena” realizado
no Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá na cidade de
Maringá, Paraná, com crianças do 2° ano do Ensino Fundamental I. As crianças
participantes, ainda na aquisição de escrita do Português Brasileiro como LM, tinham
pouco ou nenhum contato prévio com a LE. Entre as propostas do projeto,
selecionamos para análise a proposta cuja produção textual era baseada no ditado de
palavras em Português (LM) e em Inglês (LE). Para a análise neste trabalho, foram
selecionadas duas palavras em Português, a saber: Caçador e Floresta, e duas
palavras em inglês, a saber: Hunter e Forest, dentre as palavras ditadas na proposta. A
partir dos registros escritos dessas palavras feitos pelas crianças, fizemos uma análise
qualitativa voltando o olhar especificamente para a organização interna da sílaba que
compõem as palavras. Buscamos, nessa análise, averiguar se havia características da
sílaba das palavras em LM que poderiam não ser transparentes para o escrevente, bem
como características da sílaba das palavras em LE que fossem familiares para ele. Em
outras palavras, partimos da hipótese de que o escrevente circula entre as línguas
materna e estrangeira de forma que podemos observar o estrangeiro no materno, bem

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como a familiaridade no estrangeiro, de forma que existe uma imbricação entre as


línguas. Nossas análises indicam que, de fato, as línguas têm um caráter múltiplo e
híbrido, assim como apontado por Guimarães (2010), e essa característica se deixa
mostrar na escrita infantil. A LM, portanto, para o escrevente, não é una e transparente,
assim como a LE não é totalmente opaca para ele.

Palavras-chave: Língua materna; Língua estrangeira; Escrita infantil; Multilinguismo;


Práticas sociais letradas.

9) Translineação: marcas de heterogeneidade em enunciados escritos


infantis

Viviane Favaro Notari (UEM)


Profa. Dra. Cristiane Carneiro Capristano (UEM/Orientadora)

Resumo:
Com base na concepção de escrita constitutivamente heterogênea, tal qual proposta por
Corrêa (2001, 2004), neste trabalho, partimos da hipótese de que, embora a
translineação seja um processo típico e exclusivo do modo de enunciação escrito, nas
translineações feitas pelas crianças, pode-se ver a emergência de suas diferentes
experiências sócio-históricas com os modos de enunciação falado e escrito da
linguagem e, de modo privilegiado, as experiências sócio-históricas ligadas à
organização interna da sílaba fonológica e ao funcionamento convencional da sílaba
ortográfica. A partir dessa hipótese, nosso objetivo foi investigar, longitudinalmente, a
translineação (convencional e não convencional) presente em enunciados de crianças
em aquisição da escrita, considerando as ocorrências dessa partição ao longo das
(antigas) quatro primeiras séries do ensino fundamental e examinando tendências e
particularidades envolvidas nessa emergência. De forma específica, buscamos (a)
verificar se existem mudanças, qualitativas e quantitativas, no modo como as crianças
translineiam, considerando as quatro primeiras séries do ensino fundamental; (b)
investigar em que medida as translineações (convencionais e não convencionais)
propostas pelas crianças estariam ligadas à organização interna da sílaba fonológica e
à relação dessa organização com o funcionamento convencional da sílaba ortográfica; e

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(c) examinar quais outros fatores podem estar envolvidos na emergência das
translineações feitas pela criança. Para cumprir com o objetivo proposto, utilizamos
como material de análise 3131 enunciados escritos que compõem o Banco de
produções textuais dos grupos de pesquisa (CNPq) Estudos sobre a aquisição da
escrita e Estudos sobre a linguagem. Na investigação quantitativa desse material,
observamos que 776 enunciados apresentaram partições de palavra no fim da linha;
nesses, encontramos 1356 ocorrências de translineação, sendo 941 (69,4%)
convencionais e 415 (30,6%) não convencionais. Ao considerar esses números a partir
da variável série, obtivemos os seguintes resultados: 145 (75,12%) não convencionais e
48 (24,88%) convencionais na primeira série; 113 (33,83%) não convencionais e 221
(66,17%) convencionais na segunda série; 75 (22,80%) não convencionais e 254
(77,20%) convencionais na terceira série; 82 (16,40%) não convencionais e 418
(83,60%) convencionais na quarta série. Com esses resultados, foi possível verificar um
processo progressivo nos registros convencionais e um processo regressivo nos
registros não convencionais de translineação. Qualitativamente, pudemos observar que
as translineações: (1) estão, de fato, diretamente ligadas à organização interna da
sílaba fonológica e à relação dessa organização com o funcionamento convencional da
sílaba ortográfica (apresentando partições em contexto de correspondência e de não
correspondência entre sílaba ortográfica e fonológica, bem como ruptura na
organização dessas sílabas); (2) envolvem fatores de diferentes naturezas em sua
emergência (relacionados, especialmente, à relação grafema/fonema, à segmentação e
a critérios semânticos); por fim, (3) deixam ver a construção de um imaginário acerca da
escrita.

Palavras-chave: Translineação; Aquisição da escrita; Heterogeneidade da escrita.

10) Práticas de letramento, TIC e autonomia em contexto


universitário
Me. Mônica Cristina Metz (UEM/UNICENTRO)
Me. Tatiane Henrique de Sousa Machado (UEM/UNIPAR)

Resumo:

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Alicerçado em pesquisas vinculadas ao quadro dos Novos Estudos de Letramento (New


Literacy Studies) (LEA & STREET, 1999; 2014 e STREET 1984; 1995), bem como em
contribuições de pesquisas feitas da perspectiva dos chamados Multiletramentos
(ROJO, 2013) e Letramento Digital (BUZATO, 2009), este trabalho teve como objetivo
refletir sobre relações entre Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e práticas
discursivas de letramento de acadêmicos de diferentes cursos de graduação de duas
universidades do interior do Paraná, com o propósito de ponderar sobre o efeito dos
usos de TIC para o desenvolvimento da autonomia dos estudantes. Para a realização
da pesquisa, foi aplicado aos estudantes um questionário estruturado, composto por
perguntas de múltipla escolha e perguntas abertas, a fim de averiguar diferenças entre
os usos das TIC por iniciativa própria e aqueles feitos por proposição de docentes, bem
como observar a existência ou não de variação na interpretação que os estudantes
fazem das práticas discursivas de letramento realizadas com ou sem TIC em contexto
acadêmico. Nesse sentido, e entendendo a leitura e a escrita como práticas sociais,
cultural e historicamente determinadas, cujos significados variam em consonância com
as condições de sua produção, com os contextos situacionais e institucionais nos quais
emergem, com os gêneros discursivos nos quais são atualizadas etc, nossa
preocupação foi avaliar os sentidos sociais e históricos evocados pelas práticas sociais
realizadas por meio das TIC na universidade, levando em consideração que essas
práticas podem ou não se diferenciar das práticas sociais e históricas realizadas por
meio eletrônico fora do contexto acadêmico. As análises quantitativa e qualitativa
realizadas neste estudo permitiram constatar que: (a) todos os acadêmicos do contexto
pesquisado utilizam TIC por iniciativa própria, tanto em suas práticas cotidianas, como
no processo de aprendizagem acadêmico; (b) quando essas atividades são orientadas e
propostas por docentes, as TIC, na maioria das vezes – embora também
frequentemente utilizadas, segundo os acadêmicos – restringem-se às que permitem o
compartilhamento de arquivos e/ou envio de tarefas; e (c) há pouca variabilidade na
interpretação que os estudantes fazem das práticas discursivas de letramento
realizadas com ou sem TIC em contexto acadêmico: no geral, entendem que as práticas
com TIC são mais “fáceis”, “ágeis” e “prazerosas” do que as realizadas de forma
“tradicional”, aderindo a uma orientação discursiva que avalia as TIC como
necessariamente positivas, sem questionar os limites e as potencialidades de sua
atuação em ambientes escolares e/ou acadêmicos. Entendendo autonomia no sentido
freireano como a capacidade dos sujeitos criarem, com o outro, “suas próprias
representações do mundo”, bem como pensarem em estratégias para resolução de
problemas e aprenderem a compreender a si mesmos e ao outro como sujeitos da
história (cf. FREIRE, 2002), os resultados alcançados pelas análises sinalizam que os
usos que esses acadêmicos fazem das TIC, por iniciativa própria ou com intervenção de
docentes, pouco contribui para a construção de sua autonomia. Os usos que os
estudantes dizem que fazem das TIC em suas práticas de letramento acadêmico, por
iniciativa própria ou com a intervenção de docentes, mostraram formas de manifestação
de ações/práticas/atitudes que poderiam ser consideradas autônomas ainda bastante
superficiais, na medida em que, por exemplo, quando buscam conhecimentos por

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iniciativa própria em contexto digital, essa busca se faz calcada exclusivamente na


suposta facilidade de acesso ao conhecimento que circula nesse meio, sem que haja
problematização desse conhecimento, ou seja, não há indícios, nas repostas dos
alunos, de uma preocupação em colocar os conhecimentos buscados no contexto digital
à distância, fazendo triagem e avaliação desses conhecimentos. Diante das
considerações preliminares apresentadas neste estudo, observamos ser cada vez mais
importante, mais pesquisas, que visem a analisar como os acadêmicos se apropriam
das práticas sociais de uso da linguagem por meio da tecnologia.

Palavras-chave: Letramento Acadêmico; Tecnologias da Informação e Comunicação;


Autonomia.

11) Linha Braille: o romper da barreira comunicacional no contexto


escolar
Cynthia Lanzoni Costa Tino (UTFPR/LD)
Dra. Shirley Rodrigues Maia (AHIMSA)
Dr. Vanderley Flor da Rosa (UTFPR/CP)

Resumo:
O ser humano é detentor de quatro habilidades linguísticas: escutar, falar, ler e
escrever. Essas habilidades dão condições ao agir social por meio do uso da língua,
mas somente são desenvolvidas por meio do relacionamento e comunicação com seus
pares. Para as pessoas com surdocegueira, essas habilidades estão comprometidas
devido às perdas sensoriais, o qual exige do ambiente educacional, o fortalecimento das
relações interpessoais para o pleno desenvolvimento destas pessoas. Para propiciar
melhorias na comunicação com vistas ao avanço no processo de inclusão, este estudo
teve por objetivo, disseminar ações determinantes com a finalidade de conscientizar os
docentes quanto à adequação da intervenção pedagógica a uma aluna com
surdocegueira na rede regular de ensino. A questão principal de investigação foi a

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averiguação das contribuições das ações determinantes disponibilizadas na


comunicação entre docentes e aluna inclusa. Este trabalho descreve os resultados de
uma pesquisa que investigou a mediação (professor regente) e intermediação (instrutor
mediador) de uma aluna com surdocegueira inclusa no Ensino Médio, em uma
instituição da rede pública ao norte do Paraná. O estudo teve como encaminhamento
metodológico, abordagem qualitativa, com pesquisa exploratória utilizando-se de
entrevista semiestruturada com professores e instrutores mediadores, fundamentação
teórica baseadas em referenciais teóricos como, Garcia (2006), Maia (2008), Cader-
Nascimento (2010), Nicholas (2011), e observação da prática docente para verificação e
validação dessas ações na realidade do atendimento à aluna no contexto escolar. Esta
análise revelou que existe necessidade de disseminação de ações determinantes na
mediação e intermediação dos alunos com surdocegueira no contexto escolar, devido a
promoção da práxis docente, que estas viabilizam. No entanto, o estudo demonstrou
que apenas ações determinantes disponibilizadas para intervenção pedagógica não
foram suficientes para melhorias na comunicação que viessem contribuir
significativamente no processo de inclusão, o que reforçou a necessidade de ajustes
razoáveis, também quanto às TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) a fim de
oportunizar maior acessibilidade à comunicação, de forma a garantir avanço no
processo de ensino e aprendizagem de pessoas com surdocegueira inclusas no
contexto escolar.

Palavras-chave: Inclusão. Ensino Regular. Surdocegueira. Informação e Comunicação.


Mediação

12) Fronteiras entre o estrangeiro e o materno na produção escrita


em Inglês por Acadêmicos do Curso de Letras/Inglês
Delma Cristina Lins Cabral De Melo (UEM)
Profa. Dra. Cristiane Carneiro Capristano (UEM/Orientadora)

Resumo:
A aprendizagem da escrita de uma língua estrangeira (LE), embora possua pontos em
comum com a aprendizagem da escrita na língua materna (LM) requer diferentes

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conhecimentos do aprendiz como, por exemplo, a apreensão da estrutura


morfossintática e semântica, dentre outros fatores. Nesse cenário, conforme afirma
Coracini (2007), os professores foram preparados para auxiliar os alunos a codificar o
pensamento, num ideário de língua transparente, quando, na verdade, a língua (seja ela
materna ou estrangeira), é lugar contradições e conflitos. Tomando, por um lado, a LM
como a palavra da língua nativa tratada por Bakhtin/Volochinov (2014) podemos, de
fato, constatar que a palavra da língua materna nas práticas sociais cotidianas não se
apresenta como forma normativa; ela se apresenta, como a palavra nativa, sem nenhum
mistério. A LE, por outro lado, principalmente na sua modalidade escrita, diante da
ênfase dada ao ensino da gramática, praticado ainda hoje no Brasil e pelo mundo afora
segundo Oliveira (2014), pode conduzir o aprendiz a acreditar que a escrita é adquirida
a partir da apropriação das formas gramaticais; e ainda, segundo Brown (2007), que a
equivalência entre duas línguas seja tão grande que a suposta transferência da
estrutura morfossintática da língua materna para a língua estrangeira e o dicionário
supram todas as necessidades do escrevente. Segundo Capristano (2007), a aquisição
da escrita é um processo permanentemente em construção, com transformações,
desenvolvimento e retrocessos. Partilhamos da concepção de que essa construção se
dá por meio da interação estabelecida com o outro, por meio de práticas sociais (LEA &
STREET, 2014). Partindo desse cenário, neste estudo de natureza qualitativa, foram
analisados 12 enunciados do gênero e-mail de agradecimento, produzidos por
acadêmicos do terceiro período do curso de Letras da Universidade Estadual de
Alagoas. Como aporte teórico, partimos dos pressupostos teóricos de Authier-Revuz
(1990; 2004) acerca das formas de heterogeneidade, em que se percebe o sujeito
negociando com os inúmeros ‘outros’ que o constitui, ou seja, a presença do ‘não-um’
que rompe com a ilusão do um, bem como alguns estudos acerca da aquisição da LE. A
partir disso, o objetivo deste trabalho, em fase preliminar, é discutir o que une e separa
a língua materna falada pelo acadêmico e a língua estrangeira que deseja aprender.
Nosso olhar estará voltado, especialmente, para o plano morfossintático e semântico do
texto escrito em LE, tendo a língua materna falada pelo aprendiz como o outro que se
inscreve na cadeia do discurso por meio de ocorrências morfossintáticas e semânticas,
rompendo o ideário do ‘um’ no enunciado de LE, e dando espaço na cena ao “não um”,
constitutivo do discurso. (cfme. Authier-Revuz, 1990; 2004). Reconhecemos, portanto,
que os enunciados vêm carregados de ‘outros’, outros dizeres, outra língua, outra
variedade linguística, inúmeros ‘outros’ que no fio do discurso se mostram em alguns
lugares, como na seleção morfossintática e semântica dos enunciados. Até o momento,
constatamos que as fronteiras entre o materno e o estrangeiro que mais se destacam
estão no plano semântico, envolvendo principalmente a língua materna como referência
para o dizer em língua inglesa, como exemplo em ocorrências como: “You are the best
friend of the world” ao invés de You are the best friend I’ve ever had. Em outros casos,
menos recorrentes, percebemos o envolvimento de fronteiras morfossintáticas, tais
como, por exemplo, na ocorrência. “I’m writing to thank you the delicious recipe of pie
called “cuca de banana”. I don’t know that’s perfect!, That’s so easy to cook!, em que,
dentre outros problemas relacionados com o período, o aprendiz recorre ao present

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simple em inglês ao invés do past simple na segunda e na terceira frase do enunciado e


não realiza conexão entre elas. Ocorrências como essas, de modo preliminar, nos
permite perceber que, de fato os enunciados vêm carregados de outros e que a língua
materna do aprendiz é o outro que, de formas variadas, mais se inscreve na cadeia
discursiva.

Palavras-chave: Escrita, Língua Estrangeira; Língua Materna; Fronteiras.

13) Hipossegmentações e instâncias enunciativas: uma


investigação a partir dos constituintes Frase Entoacional (Φ) e
Enunciado Fonológico (U)
Me. Giordana Ticianel (UNESPAR)
Profa. Dra Cristiane Capristano (UEM)

Resumo:
São poucos os trabalhos que se dedicam exclusivamente à investigação de
hipossegmentações – ausência de espaço(s) em branco que resulta na junção de duas
ou mais palavras. Ticianel (2016) fez um mapeamento das possíveis motivações das
hipossegmentações, explorando ainda a sua relação com o uso do Discurso Direto por
parte de escreventes das antigas quatro primeiras séries do ensino fundamental.
Considerando a mesma perspectiva explorada pela autora, o objetivo, neste trabalho, foi
investigar a possível relação existente entre hipossegmentações e a instância
enunciativa da qual emergem – Discurso Direto (DD) e Outros Contextos (OC) – em
produções textuais infantis. Essas ocorrências foram examinadas a partir dos dois
constituintes prosódicos mais altos da hierarquia proposta por Nespor e Vogel (1986):
Frase Entoacional (I) e Enunciado Fonológico (U). A escolha desses constituintes está
relacionada ao fato de eles considerarem informação sintática e semântica, além da
prosódica; característica que poderia estar associada, diretamente, às instâncias
enunciativas dos enunciados. Foram analisadas 220 hipossegmentações advindas de
462 produções textuais de escreventes das antigas quatro primeiras séries. A pesquisa

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partiu da concepção de escrita como constitutivamente heterogênea (CORRÊA, 1997,


2004) e compreende as hipossegmentações como indícios do trânsito dos escreventes
por práticas orais e letradas (CAPRISTANO (2007, 2010), CHACON (2009), TENANI
(2008)). Em relação às hipossegmentações que se associavam a limites de I, não
parecia haver uma relação direta entre a instância enunciativa e a emergência dessas
ocorrências. Pode-se fazer essa afirmação, pois os dados apresentavam um
funcionamento semelhante tanto no DD quanto em OC: relacionado à expressividade
dos enunciados; característica da linguagem e não restrita ao DD ou aos OCs. Em
relação às hipossegmentações que se associavam a limites de U, havia relação entre
as instâncias enunciativas, pois, além de haver uma quantidade muito superior de
dados no DD, nessa instância, os dados eram muito distintos entre si, diferente dos
dados em OC, restritos a certo funcionamento. Pode-se concluir que uma multiplicidade
de fatores permite a emergência de hipossegmentações. Todavia, em algumas dessas
ocorrências, certos fatores se mostram mais relevantes, por exemplo, as instâncias
enunciativas em que os escreventes enunciaram. Essas instâncias podem ser, assim,
por vezes, determinantes para a emergência de certos tipos de segmentações não
convencionais.
Palavras-chave: Hipossegmentações; Instâncias enunciativas; Frase Entoacional;
Enunciado Fonológico.

14) Grafias não convencionais em enunciados infantis e o conflito com a


variação linguística
Itamar Luiz Pereira Júnior (UNIPAR)
Letícia Meireles de Souza (UNIPAR)
Profa. Me. Tatiane Henrique Sousa Machado (UNIPAR/Orientadora)

Resumo:
Nesta pesquisa, pretendeu-se investigar a relação entre alguns fenômenos da variação
linguística e as grafias não convencionais presentes em enunciados produzidos por
crianças. Para tanto, esta pesquisa fundamentou-se teoricamente o referencial teórico
da heterogeneidade constitutiva da escrita (CORRÊA, 2004), na qual se supõe a não
existência de enunciados puramente escritos ou falados, uma vez que reconhece-se a
escrita como heterogeneamente constituída. O corpus da pesquisa consistiu em 29
enunciados produzidos por alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I, de uma escola
pública do interior do Paraná, especificamente, uma fábula na qual os alunos após

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ouvirem a fábula “ O Leão e o Ratinho” e discutirem, deveriam produzir tal texto


seguindo aspectos que relacionava com sua própria vida ou de alguém que conheciam.
Dessa maneira, foi deixado livre quanto a escolha dos personagens e do contexto que
envolveu a história, podendo utilizar da imaginação para executar a produção . O
objetivo deste estudo preliminar foi, de (a) mapear as grafias não convencionais
vinculadas a variação linguística dos alunos; (b) analisar quais fenômenos linguísticos
foram mais recorrentes na proposta analisada. Dos 29 enunciados analisados, 14
enunciados foram identificados algum tipo de grafia não convencional relacionada à
variação linguística, especificamente, 23 registros de grafia não convencional. Nessas
ocorrências o tipo de registros identificados mais identificados foram: (a) 07 ocorrências
do apagamento do /R/, onde o fonema /R/ em final de verbos é realizado como [Ø],
como por exemplo: ‘lenhado’, ‘professo’. Segundo Bagno (2007) esse apagamento
ocorre no vernáculo de todos os brasileiros. (b) 07 registros da harmonização de vogais
pretônicas, como por exemplo: ‘fifido’, em que o [e] se eleva e harmoniza com [u] na
sílaba subsequente. Com menor recorrência também foram identiticados: (c ) a não
marcação do ditongo (3) como em: ‘trosi’; (d) 03 ocorrências de epêntese vocálica,
como por exemplo em ‘indiguinado’, ‘adivogado. Conforme Câmara Jr. (1969) o ‘i’ é
frequentemente inserido entre duas consoantes. Soma-se a isso, o português brasileiro
o padrão silábico mais produtivo é o padrão CV, que nos casos em questão formariam a
sílaba “di”;(e) 01 ocorrência da não nasalização de sílabas pós-tônicas, o exemplo na
palavra ‘ficaro’ (f) 01 ocorrência de ditongação como por exemplo: vocêis, que ocorre a
ditongação das vogais [a, ɔ, u, e] quando seguidas de “s”, também generalizada na fala
do português brasileiro (BAGNO, 2007); (g) 01 ocorrência de despalatalização, como
em ‘compania’. Nesse caso, o fenómeno fonético consiste em suprimir o caráter palatal
de um fonema; Percebe-se, portanto, o trânsito do sujeito por práticas orais e letradas,
já que durante a construção da fábula, nos momentos analisados, ou seja, nas grafias
não convencionais é possível perceber o sujeito circulando pelo eixo da imagem da
escrita em sua gênese, supondo o escrito plasmado ao falado, já que todos os registros
identificados puderam ser explicados por meio de aspectos fonético-fonológicos. Logo,
longe de serem meros desvios ortográficos, esses podem ser interpretados como
índices do conflito do escrevente com a (sua) escrita heterogeneamente constituída,
cabendo ao professor conhecer essa constituição, a fim de melhor conduzi-lo no
processo de aquisição da escrita.
Palavras-chave: Língua materna; Variação linguística; Registro não convencional.

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15)Rasuras presentes em produções escritas de uma turma do Ensino


Fundamental II
Taísa Martins Jordão (UEM)
Profa. Dra. Cristiane Carneiro Capristano (UEM/Orientadora)

Resumo:
Neste estudo, partimos da hipótese, formulada e desenvolvida por trabalhos como
Capristano (2013), Capristano e Chacon (2014) e Machado (2015) de que rasuras
(apagamentos, escritas sobrepostas, inserções de traços etc.) deixadas pelos
escreventes em seus enunciados escritos podem indiciar conflitos vividos por eles no
processo de produção escrita, ligados à heterogeneidade da língua e da própria escrita.
Nesses mesmos trabalhos, as rasuras são interpretadas, teoricamente, como momentos
nos quais o sujeito escrevente deixa de ocupar a posição de utilizador de estruturas da
sua língua e passa, momentaneamente, a ocupar o lugar de observador dessas
estruturas, supondo, assim, que as rasuras são momentos em que o escrevente
suspende o gesto de escrever para voltar-se sobre aquilo que escreveu, retomando sua
escrita, reformulando-a e reconhecendo diferenças entre a sua escrita e a escrita do
outro. As rasuras, nessa direção, não são consideradas índice de conhecimento do
escrevente que, atento e consciente pretende evitar falhas na produção de seus
enunciados, mas, sim, de um sujeito que, imerso no funcionamento linguístico,
reconhece, inconscientemente, uma diferença entre o que escreveu e o que deveria
escrever, mesmo que o que deveria escrever não corresponda exatamente ao esperado
pelas convenções ortográficas (cf, Capristano, Chacon, 2014; Capristano, Machado,
2015). À luz desses pressupostos, o objetivo deste trabalho é investigar rasuras,
especialmente, aquelas que emergem sem a intervenção de um professor, presentes
nas produções textuais escritas de alunos de uma turma de 6º ano do Ensino
Fundamental II de uma escola estadual da cidade de Terra Boa – PR, a fim de verificar
quais são os conflitos vivenciados por alunos que estão em uma série inicial do Ensino
Fundamental II. Em um primeiro momento, faremos um levantamento de quais rasuras
são frequentes nos textos dos alunos, olhando cuidadosamente para todos os textos,
identificando os momentos em que as crianças rasuram, a fim de construir categorias
para, em um segundo momento, observarmos quais dimensões da língua, da sua
produção escrita, as crianças têm mais conflitos, seja, por exemplo, na dimensão
fonético/fonológica ou da relação entre grafemas e fonemas, ou, ainda, na dimensão
textual envolvendo, por exemplo, a coesão e a coerência. O aporte teórico para este
estudo será, em especial, os trabalhos de Capristano (2013), Capristano e Chacon
(2014) e Capristano e Machado (2015 e 2016), para as discussões sobre o
funcionamento linguístico-discursivo das rasuras, como também em Corrêa (2001,
2004, 2013) para a discussão sobre heterogeneidade da escrita.

Palavras-chave: Rasuras; Séries iniciais; Ensino Fundamental II.

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SIMPÓSIO 19) Ensino de língua estrangeira frente às dificuldades de


aprendizagem

Profa. Dra. Vera Helena Gomes Wielewicki (UEM)


vhgwielewicki@gmail.com
Prof. Me. Elerson Cestaro Remundini (UEM)
cestaromim@hotmail.com

1) Conhecer para compreender: uma análise do filme “A Chegada”


como metáfora da relação professor/aluno disléxico

Profa. Dra. Vera Helena Gomes Wielewicki (UEM)


Me. Elerson Cestaro Remundini (UEM)

Resumo:

O Outro sempre nos causa estranheza. Muito embora a diversidade seja um fator
inerente à vida (nossas impressões digitais, por exemplo, são únicas), costumamos vê-
la com resistência, recusa, certa repulsa, às vezes temor. Esquecemo-nos de que a
diferença é condição básica para a existência de tudo o que aí está, movidos por um
desejo de uniformização, num anseio infundado de que o diferente se encaixe aos
padrões que julgamos aceitáveis. E, ao nos negarmos a conhecer o Outro, a entendê-lo,
a saber o que ele tem a nos oferecer e ensinar, abdicamos de um conhecimento que
pode ser libertador. É esta uma das mensagens que o filme “A chegada”, de 2016, tem
a nos ensinar. Na obra, extraterrestres pousam na Terra e a cúpula militar norte-

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americana recorre à linguista e tradutora Louise Banks na tentativa de traduzir e decifrar


os sinais emitidos por eles, a fim de descobrir se são seres pacíficos ou uma ameaça à
humanidade. Louise inicia sua missão e, após muitos esforços em inúmeros contatos
feitos com os visitantes, começa a compreender sua maneira de se comunicar e sua
forma de pensar. A atitude da protagonista é uma metáfora ilustrando aquilo que deveria
ser nossa relação com o Outro em todas as esferas sociais: Louise pacientemente
busca entender os alienígenas. Porém, costumeiramente agimos como os militares,
que, ao se sentirem ameaçados, veem os extraterrestres como inimigos. Ao nos
deparamos com o Outro, ao invés de assumirmos a postura de compreensão da
linguista, optamos por encará-lo como uma ameaça, atacando-o. E como educadores,
não estamos imunes a essa realidade. Ao olharmos para nossos alunos, nos agarramos
a uma falaciosa expectativa de homogeneidade, segundo a qual todos são igualmente
capazes de desenvolver as mesmas habilidades e podem aprender a partir dos mesmos
métodos e abordagens, basta quererem. E quando isso não acontece (e quase nunca
acontece), algo nos parece sugerir que esse Outro é estranho. Ele, então, se torna uma
ameaça às nossas crenças como educadores, à nossa presumida competência
profissional e, na tentativa de preservar essas crenças, atribuímos a ele a culpa,
considerando-o incapaz, alguém que não está em conformidade com os padrões. É o
que ocorre rotineiramente em nossas salas de aula com alunos disléxicos, que, por um
distúrbio neurobiológico, têm dificuldades – às vezes intransponíveis – de desenvolver a
habilidade da leitura. Muitas vezes, por desconhecimento do problema, não os
compreendemos, e nos recusamos a tentar fazê-lo, negando a esses alunos a chance
de aprender e, acima de tudo, nos ensinar o muito que sabem, pois, como afirma Levy
(1994), o Outro é alguém que sabe, e sabe o que eu não sei. Assim, o presente trabalho
tem por objetivo analisar o filme “A chegada” como uma metáfora para a compreensão
da dislexia e da forma que o disléxico vê o mundo, tendo como foco noções de
educação pluralista. Para tratar do distúrbio, nos valeremos das descobertas de
estudiosos como (BENTON, 1980), Johnson e Myklebust (1983), Frank (2003) e outros.
Com relação às questões pedagógicas, recorreremos às contribuições de Levy (1994),
Cope e Kalantzis (2000), dentre outros teóricos.

Palavras-chave: Dificuldades de aprendizagem; Dislexia; Ensino de Língua


Estrangeira; Educação pluralista; Inteligência coletiva.

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2) Ensino de língua inglesa na educação de surdos: mapeando


pesquisas, avanços e lacunas no contexto brasileiro

Carla Cristina Gaia dos Santos (UEM)

Resumo:

O final do século XX foi marcado não apenas pela expansão da globalização e a


democratização dos meios comunicacionais, como pelo despertar das mais diversas
vozes. Vimos o levantar de uma consciência Surda, da necessidade de afirmação
identitária que partia dos próprios surdos e acabaram por resultar, por exemplo, em um
número considerável de publicações literárias voltadas a este público, para não
mencionar a popularização dos cursos superiores para formação de professores em
língua brasileira de sinais, o fortalecimento das associações de surdos e das línguas de
sinais como língua natural desses sujeitos. Desde a publicação da Lei n. 10.436 de 24
de abril de 2002 e do Decreto n. 5.626 de 22 de dezembro de 2005 que a língua
brasileira de sinais passou a ser oficialmente reconhecida como “meio legal de
comunicação e expressão” (BRASIL, 2002) dos surdos e a língua portuguesa como
segunda língua na modalidade escrita. Tal posicionamento se justifica principalmente
pelo fato de que os surdos são sujeitos que percebem o mundo e interagem nele via a
viso-espacialidade e tridimensionalidade das línguas de sinais associadas às suas
identidades híbridas e fronteiriças. Entretanto, como afirma Pereira (2014), pouca é a
literatura que se interessa pela investigação do papel das línguas estrangeiras no
processo de educação e socialização desses sujeitos, constatando em sua pesquisa a
lacuna existente entre os documentos oficiais norteadores do ensino de línguas
estrangeiras no Brasil e a realidade prática do ensino de língua estrangeira para surdos
na educação básica. Dessa forma, partindo do pressuposto de que conhecer uma
língua estrangeira é também uma forma de expansão de repertório crítico e, portanto,
direito do aluno surdo, o presente trabalho buscou mapear as pesquisas desenvolvidas
no Brasil a partir do ano 2000 que se preocupassem com o ensino e aprendizagem de
língua estrangeira por alunos surdos, mais especificamente o ensino e aprendizagem de
língua inglesa. Buscamos em periódicos especializados, em bancos de teses e
dissertações, anais de congressos e eventos científicos em geral, bem como em livros
publicados impressos e no banco de propostas didáticas em nível de PDE alimentado
pela Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná. Ao todo, foram coletados
57 trabalhos, os quais foram analisados qualitativamente, considerando-se as linhas
temáticas abordadas, os campos de pesquisas, as filiações teóricas, bem como os
contextos e os agentes dos processos educativos pesquisados. Constatamos que,
apesar de alguns trabalhos atribuirem excessiva preocupação ao desenvolvimento da

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escrita em língua estrangeira, em sua grande maioria, os trabalhos analisados


consideraram a identidade visual do surdo.

Palavras-chave: Ensino de língua inglesa; Educação de surdos; Educação inclusiva.

3) Reflexões sobre o processo de aprendizagem de alunos com


dificuldades: um ensino plural e ‘multi’ de língua inglesa

Me. Natália Barros da Silva Gomes (UNIFAMMA)

Resumo:

Os alunos não fazem parte de grupos homogêneos, assim como não pensam nem
constroem conhecimento de maneira padronizada. Uma sala de aula pode ser
composta por meninos e meninas, com crenças religiosas, etnias e relações familiares
diferentes, acessos também diferenciados às tecnologias digitais e aos produtos
culturais, por exemplo. Em uma mesma turma, pode haver um aluno surdo, um autista,
um disléxico, um indivíduo com altas habilidades, um que possui uma inteligência mais
voltada para o modo verbal e outro com uma inteligência intrapessoal pouco
desenvolvida. Todas essas formas de enxergar e significar o mundo podem e, de uma
maneira ou de outra, farão parte do processo de ensino de língua inglesa. A dificuldade,
na verdade, está em como o professor lidará com essa heterogeneidade. Afinal, se o
contexto escolar é plural e ‘multi’, há apenas uma forma de lidar satisfatoriamente com
ele: de modo plural e ‘multi’. É necessário, portanto, que o processo de ensino abarque
o aspecto socioantropológico de desenvolvimento - os letramentos, a bagagem cultural,
o contexto social, econômico e histórico -, bem como o aspecto biológico, isto é, as
dificuldades de aprendizagem e as diferentes inteligências (GARDNER, 1995) dos
sujeitos. A fim de contemplar as formas particulares de construir sentidos de/no mundo,
nossa proposta é refletir sobre as possibilidades de articulação entre o conhecimento
sistematizado e a vivência dos aprendizes no processo de ensino e aprendizagem de
língua inglesa. Para tanto, discutiremos a teoria das Inteligências Múltiplas (GARDNER,
1995; ARMSTRONG, 2009), integrada a um paradigma de educação pluralista
(KALANTZIS; COPE, 2000), à ideia de inteligência coletiva (LÉVY, 2015) e aos
pressupostos dos multiletramentos (THE NEW LONGON GROUP, 2000). Acreditamos
que o caminho seja considerar os letramentos locais (STREET, 2014) dos estudantes e
suas dificuldades de aprendizagem, de modo a abordar o conteúdo (os aspectos da
língua inglesa) de forma dinâmica, fazendo uso de várias modalidades de linguagem
(escrita, imagens, sons, gestos, etc.). Assim, pensamos ser possível criar condições
para que cada um tenha oportunidade de aprender a língua estrangeira em questão,

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coletivamente, tendo a diversidade como uma das ferramentas para expandir sentidos e
estimular a formação de redes de significados abrangentes e efetivos.

Palavras-chave: Educação Pluralista; Ensino de Língua Inglesa; Inteligências Múltiplas;


Multiletramentos.

SIMPÓSIO 20) Oralidade e gêneros orais em sala de aula: interações e


diálogos
Profa. Dra. Letícia Jovelina Storto (UENP)

leticiastorto@uenp.edu.br

Vanessa Santos Fonteque (PG-UENP)

vanessafonteque@hotmail.com

1) Gênero textual entrevista telejornalística e ensino da língua


portuguesa
Letícia Jovelina Storto (UENP)
Vanessa Santos Fonteque (PG-UENP)

Resumo:

O trabalho com gêneros textuais, em aulas de língua portuguesa, colabora em demasia


para a efetiva aprendizagem da língua, de modo a efetivar o aluno como o autor do seu
discurso e um cidadão consciente do seu papel na sociedade. Isso porque esse
trabalho favorece o ensino/aprendizagem contextualizado, em que o aluno consegue
observar o uso daquilo que aprende. Todavia, ainda são poucos os trabalhos com os
gêneros orais, mesmo que documentos da educação, como os PCN (BRASIL, 1998) e
as DCE (PARANÁ, 2008), coloquem-nos como objeto de ensino. Por isso se faz
importante estudá-los, analisando sua construção composicional e seus aspectos
linguísticos e discursivos. A fim de que este estudo sirva como subsídio para o trabalho
com a entrevista oral em sala de aula, objetiva-se caracterizar o gênero textual oral
entrevista presente em telejornais e em programas de cunho jornalístico, mostrando não

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se tratar de um gênero oral necessariamente do jornal, mas um gênero da atividade


jornalística. O aporte teórico utilizado centra-se na Linguística Textual e na Análise da
Conversação. Como conjunto de dados a serem estudados, elencaram-se nove
entrevistas, três ocorridas no Jornal Hoje, três no programa Fantástico e três no Jornal
Nacional, todos da Rede Globo de Televisão. A escolha para o canal deve-se à sua
importância em cenário nacional e internacional, figurando entre a rede de televisão
brasileira mais assistida. Além disso, a filiada regional da emissora, a Rede Paranaense
de Comunicação (RPC), mantém um programa de incentivo do uso do jornal televisivo
na educação básica chamado “Televisando o Futuro”. As análises comprovam que,
diferentemente do que se poderia supor inicialmente, a entrevista não é um gênero do
jornal ou gênero jornalístico, mas um "gênero da atividade jornalística" que se faz
presente em tal esfera com a finalidade de auxiliar na produção do jornal. Ademais,
como características, ela apresenta a assimetria entre os interlocutores, o emprego de
marcadores conversacionais de envolvimento do ouvinte e de atenuadores, além de
outras marcas linguístico-discursivas características de interações orais e também de
atividades relativas ao telejornal.

Palavras-chave: Gênero textual; Oralidade; Atividade Jornalística; Ensino.

2) Influências da oralidade na escrita: análise dos processos de


transferência da oralidade para a escrita na produção de textos das séries
iniciais
Daniele Carla de Morais
Fernanda Sanches
Profa. Dra. Me. Susiele Machry da Silva

Resumo

É muito provável que quando a criança inicia seu processo de aquisição de escrita a
mesma utilize da sua fala como referência, com isso pode apresentar aspectos de
interferência da oralidade na escrita, uma vez que utiliza de seu conhecimento sobre a
fala para representar os códigos da escrita. Tal processo, correspondente a não
diferenciação entre grafemas e fonemas, acontece com diversos tipos de processos que
sofrem variação na fala. Podemos ver isso quando a criança, por exemplo, quer
escrever “a gente” e escreve “agente”, pois para ela na fala não existe separação. Outro
exemplo que pode ser identificado em textos é de segmentação, quando a criança, por
exemplo, escreve “em bora” em vez de “embora” representado pela acentuação gráfica,
o que torna um erro ortográfico. É necessário que o professor veja os erros ortográficos
e as trocas de grafemas apresentados pela criança como uma carência de

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conhecimento da diferença entre a fala e a escrita; pois tais trocas são normais nessa
fase inicial, porém a tendência é que com o passar do tempo escolar e com a prática da
escrita essa carência e as consequentes trocas passem a inexistir. Para que seja
possível demonstrar de que forma a fala, ou o modo de falar da criança, possa interferir
na aquisição da escrita, foram utilizados textos produzidos pelos alunos do 3º ano do
Ensino Fundamental da Escola Municipal Perseverança, situada no município de
Marmeleiro. A escolha por uma turma iniciante está pautada no interesse de entender
como os processos de transferência da fala para a escrita acontecem nas fases iniciais
do processo de aquisição da escrita, em que a criança ainda está tomando consciência
dos sons da língua e repassando esses sons para um segundo sistema que é o da
escrita. Ao todo foram recolhidos oito textos, que foram submetidos à análise das
possíveis interferências da fala para a escrita. Assim tem-se como objetivos explorar e
identificar se há a presença de trocas de letras por razão de interferência da fala na
aquisição da escrita das crianças nas fases iniciais do letramento. A fundamentação
teórica tem como base pressupostos da linguística do texto teóricos como Koch (2009)
Marcuschi (2001) Bortoni-Ricardo (2006), entre outros, que tratam a respeito da
aquisição da fala quanto da aquisição da escrita e também se é plausível haver essa
interferência da fala na escrita. Os resultados revelam tendência de trocas,
principalmente ao nível fonológico, pelo uso da fala ao transcrever para o papel, ou seja,
ao produzir um texto a criança utiliza de sua oralidade para escrever certas palavras.

Palavras-chave: Aquisição da escrita, fala, produção textual, letramento.

3) Uma abordagem interdisciplinar de análise do texto falado em contextos


forenses: a preservação da face no Tribunal do Júri

Fernanda Camargo Aquino (UFMS)


Vanessa Hagemeyer Burgo (UFMS)

Resumo:

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O objetivo deste trabalho é analisar o texto falado no Tribunal do Júri, observando as


formas de preservação da face empregadas por defensores e promotores como uma
abordagem interdisciplinar das estratégias linguísticas desse tipo de interação verbal
específica. Nossa análise se ampara nos pressupostos de Goffman (1974), que
desenvolveu o conceito de face como o valor social positivo que uma pessoa
efetivamente reclama para si mesma através daquilo que os outros presumem ser a
linha por ela tomada durante um contato específico. Brown e Levinson (1978)
ampliaram essa noção e empregaram os termos “face positiva” e “face negativa” em
seus estudos acerca da polidez. A face positiva está relacionada à necessidade de
aceitação do indivíduo, o desejo de ser aprovado na atividade comunicativa e está
ligada à construção da sua imagem positiva. Nesse sentido, os atos que ameaçam a
face positiva do ouvinte são as desaprovações, insultos e acusações. Já os atos que
ameaçam a face positiva do falante são a auto-humilhações e autoconfissões. A face
negativa diz respeito ao desejo de autoafirmação e de não sofrer imposições,
relacionada, assim, à reserva de território pessoal e à necessidade de ser
independente. Os atos que ameaçam a face negativa do ouvinte são os pedidos, ordens
e elogios, enquanto que os atos que ameaçam a face negativa do falante são os
agradecimentos e a aceitação de ofertas. Dessa forma, o aporte teórico está ancorado
nos conceitos da Análise da Conversação em relação de interface com a Linguística
Forense, especialmente, nos trabalhos de Galembeck (1999), Marcuschi (2006),
Kerbrat-Orecchioni (2006), Koch (2009), Coulthard e Johnson (2010) e Caldas-
Coulthard (2014). Para a constituição do corpus, utilizamos gravações de audiências no
plenário do Tribunal do Júri na comarca de Três Lagoas, interior de Mato Grosso do Sul,
transcritas de acordo com Preti (2002). Como descrito por Caldas-Coulthard (2014), a
Linguística Forense é uma disciplina que surgiu com o interesse nos estudos
discursivos em contextos profissionais, e é muito influente em países de língua inglesa.
No português do Brasil, há poucas pesquisas realizadas em contextos legais utilizando
nossa língua materna como objeto de pesquisa. Ao final, esta pesquisa permite
evidenciar que os mecanismos de preservação da face, além de contribuírem para
estabelecer, realçar, enfraquecer ou ameaçar as imagens dos interlocutores, são
utilizados, em determinados casos, para fortalecer a argumentação dos interactantes
envolvidos no ambiente forense.

Palavras-chave: Preservação da face; texto falado; contextos forenses; Tribunal do


Júri.

4) Gênero textual entrevista em livros didáticos de língua portuguesa no


ensino fundamental II e médio

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Juliana Moratto (PG-UENP)


Letícia Jovelina Storto (UENP)

Resumo:

Trabalhar a oralidade em sala de aula é tão importante quanto o trabalho com a escrita.
Entretanto, percebe-se que muitos docentes em seu trabalho não dão o devido valor à
prática oral como se deveria. Ou seja, na esfera da vida social, os alunos produzem
muitos textos falados, mas, na escola, são cobrados especialmente pela sua produção
escrita. Isso porque, muitas vezes, tem-se uma visão equivocada do ensino da
oralidade e do seu papel em contexto pedagógico. Assim, em nossa pesquisa, temos
como objetivo verificar se livros didáticos de língua portuguesa da rede pública de
ensino brasileiro, presentes no Guia de Livros Didáticos (BRASIL, 2016) têm se
apropriado da concepção textual-discursiva da oralidade, pois entendemos que o livro é
o suporte de textos mais acessível que o professor dispõe para ensinar. Para isso,
buscamos nos principais aportes legais informações que pudessem orientar a nossa
análise, já que diversos documentos legais incitam o ensino/aprendizagem de gêneros
textuais orais no ensino fundamental II e médio. Dentre eles, destacamos o Guia de
Livros Didáticos: PNLD 2017: Língua Portuguesa: Ensino Médio (BRASIL, 2016), os
Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), as Diretrizes Curriculares da
Educação Básica (PARANÁ, 2008) e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio
(BRASIL, 2006). É possível encontrar nesses documentos, referências ao ensino da
língua portuguesa em eixos separados por leitura, oralidade, produção de texto e
conhecimento linguístico, de forma que todos os eixos sejam trabalhados em sala de
aula. Para atingir o nosso objetivo, elencamos duas coleções para estudo, uma voltada
ao ensino fundamental II e a outra ao ensino médio, ambas de língua portuguesa, e
analisamos o trabalho realizado com o gênero textual oral entrevista. O aporte teórico
está centrado na Análise da Conversação e na Linguística Textual. Por meio da
observação dos materiais, concluímos que os livros estudados têm tentado se adequar
às orientações dos aportes legais para o ensino da oralidade, mas ainda há lacunas
importantes decorrentes da concepção de oralidade e de uma visão dicotômica entre
fala e escrita. No entanto, para o trabalho ser efetivado e conseguir o resultado
esperado pelo guia do livro didático, o professor deve adotar uma postura condizente
com as instruções do material. Isso nos remete à importância de uma seleção criteriosa
ao adotar o material que lhe seja mais apropriado.

Palavras-chave: Livros Didáticos; Gêneros Orais; Entrevista.

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5) Turnos iniciados pelo marcador conversacional “well” em interações


forenses

Henrique Neri (UFMS)


Maria Victória de Oliveira Moreira (UFMS)
Profa. Dra. Vanessa Hagemeyer Burgo (Orientadora/UFMS)

Resumo:
Este trabalho tem por objetivo analisar o marcador conversacional “well” empregado por
falantes da língua inglesa, evidenciando suas variadas funções em interações forenses.
A escolha dessa proposta teve origem a partir de uma recente pesquisa de Heritage
(2015) acerca dos turnos prefaciados por “well” na língua inglesa. Trata-se de um
estudo em que o autor comprova que essa partícula contribui para demonstrar que o
turno que ela prefacia irá privilegiar as perspectivas e interesses do falante em sua fala
subsequente, no que se refere às expectativas estabelecidas no turno anterior. Apesar
das grandes e significativas contribuições dessa pesquisa, o autor afirma que ainda
resta muito a ser feito sobre o assunto. Essa orientação, portanto, nos despertou o
interesse em expandir a análise desse marcador conversacional para um contexto ainda
pouco explorado: o ambiente forense. Além disso, segundo o pesquisador, “well” é o
quarto item inicial de turno mais comum no inglês falado, superado em frequência
apenas por “yeah”, “oh” e “and”. Dessa forma, o arcabouço teórico está fundamentado,
principalmente, nos conceitos da Análise da Conversação em relação de interface com
a Linguística Forense. Este estudo segue o método empírico-indutivo, considerando-se
que os textos analisados foram obtidos em situação concreta de uso. Quanto à
constituição do corpus, foram utilizadas gravações oficiais de julgamentos,
disponibilizadas na Internet, especialmente encontradas no site YouTube. Como
segundo procedimento, houve a seleção dos textos e, em seguida, a realização das
transcrições para a análise dos dados. Os resultados mostram que os marcadores
conversacionais são intrigantes objetos de estudo, uma vez que possibilitam observar a
tessitura da fala em construção. Eles funcionam como elementos que orientam e
modulam a compreensão dos interlocutores e sinalizam as relações entre os
enunciados ou unidades discursivas. A partir desse viés de análise, portanto, é possível
assinalar as estratégias utilizadas pelos falantes, bem como a maneira pela qual esse
processo se desenvolve no ambiente forense.

Palavras-chave: Língua inglesa falada, marcador conversacional, interações forenses.

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6) Oralidade formal nas aulas de Língua Portuguesa: um caminho a


percorrer

Flávia Neves da Silva (UNIVALE)


Profa. Me. Lucimara C. Castro (UEM/Orientadora)

Resumo:

A comunicação em toda sua amplitude, é considerada como uma das principais


competências necessárias a todo ser humano. No século XXI, era completamente
tecnológica e expressiva, a habilidade linguística pode representar uma das principais
ferramentas para se destacar em meio ao desejo da ascensão social e da concorrência
pelo mercado de trabalho. Todo sujeito sabe se comunicar, mas é comum encontrar
pessoas que não conseguem em interagir umas com as outras em situações de
monitoramento. Diante dessa problemática, observa-se falhas na educação brasileira
que não consegue desenvolver plenamente o educando para atuar de forma ativa em
sociedade, principalmente por não tratar a oralidade como essencial no processo de
ensino-aprendizagem. Há portanto, a necessidade de reflexão acerca do contexto social
no qual estamos inseridos, pois nos deparamos com uma quantidade considerável de
indivíduos prejudicados pela pouca ênfase em atividades formais orais em sala de aula,
atividades estas que são responsáveis pela ampliação de vocabulário e pela boa
participação comunicativa frente as mais distintas tarefas linguísticas que nos cercam,
especialmente, as que exigem um vocabulário formal. As DCE’s (2008) sustentam que a
norma padrão é fator de agregação social e cultural. Assim, é direito de todos os
sujeitos terem acesso a ela, sendo função da escola possibilitar esse contato aos
estudantes. Nesse sentido, por meio do aprimoramento linguístico, os alunos terão a
oportunidade de transitar pelas diferentes esferas sociais, adequando seus discursos de
forma coerente, tanto em suas relações cotidianas quanto nas relações mais
complexas. Partindo desses pressupostos, o presente trabalho tem como objetivo
analisar as estratégias didáticas usadas pelos professores de Língua Portuguesa na
articulação da língua materna, intrínseca do aluno, com a língua paterna, fundamental
para a ascensão social, bem como verificar como tem se dado o trabalho de tais
professores com a oralidade em sala de aula, especialmente em situações formais de
fala. O material de análise será coletado por meio de uma entrevista com professores

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de Língua Portuguesa da rede Estadual de ensino, visando observar como tais


profissionais tem conduzido o trabalho com a oralidade formal nas aulas de Língua
Portuguesa. Como aporte teórico, contaremos com os pressupostos da Sociolinguística
tal como proposta por Labov, permeada por Bagno e o grupo de pesquisadores que
com ele estabelecem rede, no Brasil. Também apresentará consideráveis influências de
Bordieu, Schneuwly, Dolz e das DCES de Língua Portuguesa (2008), em relação ao
poder da linguagem para a ascensão social, a importância dos gêneros orais na
aprendizagem e no aperfeiçoamento da língua na escola e a conduta que o professor
deve aderir para trabalhar a variedade oral padrão, sem desprestigiar as demais
variedades. Um ensino de língua materna comprometido na luta contra a desigualdade
social leva os alunos pertencentes às camadas populares a dominar a linguagem
padrão, não para que se adaptem às exigências de uma sociedade que discrimina e
divide, mas para que adquiram condições de se posicionar criticamente diante de uma
sociedade de classes, repleta de conflitos e contradições.

Palavras-chave: Língua Portuguesa; Oralidade formal; Ensino-aprendizagem; Prática


social.

7) A influência da contação de histórias e leitura dramática na formação


do cidadão

Igor Martineli dos Santos (G-UNESPAR/FAFIPA)


Gersonita Elpídio dos Santos (Orientadora-UNESPAR/FAFIPA)

Resumo:

O presente artigo tem como objetivo propiciar estratégias que possam exercer forte
impressão no ato de ler e contar histórias, como um jogo feito por seus participantes na
leitura dramática, por exemplo. Isso porque, desde os tempos mais remotos, o homem
percebeu que cada habilidade que possuía era um recurso à sua disposição para
conquistar o respeito dos seus semelhantes, segundo Malba Tahan. Assim, cada
geração deveria contar a história da sua cultura para a geração seguinte, transmitindo
lembranças, emoções e ensinamentos é claro. Dessa forma, contar histórias é uma arte
milenar que agrada, não somente aos pequenos, mas todos aqueles que são ávidos por

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experiências que edificam, com o intuito de divertir, ensinar, relembrar ou apenas


passar o tempo. Atualmente, as histórias assumem formas nos mais diferentes meios
de comunicação, tais como: livros, filmes, programas de televisão, quadrinhos ou até
mesmo jogos. Assim, a leitura dramática possibilita aos participantes a oportunidade de
se ler em voz alta os textos dos seguintes gêneros: contos, crônicas, poemas, peças
teatrais, fábulas, entre outros. Representa uma estratégia, ou seja, uma modalidade
autônoma, que poderá ser realizada de maneira dramática, usando-se da expressão
oral, facial e gestos corporais. Da mesma maneira que uma peça teatral, a leitura
dramática necessita de um (a) diretor (a), mas isso não é uma regra, a montagem da
leitura pode ser feita sem o auxílio do mesmo, em que o próprio grupo possa se
autodirigir para a leitura. Além disso, pode-se usar recursos como iluminação, trilha
sonora e o uso de trajes de acordo com o texto a ser interpretado. Quando o professor
conta histórias aos seus alunos, proporciona uma atividade sadia, pois estimula a
imaginação de seus discentes, além de proporcionar um vocabulário mais rico e
incentivar à leitura de forma prazerosa, ampliando os horizontes e as experiências e
promovendo a socialização no cultivo da sensibilidade e da imaginação. Através dos
pressupostos teóricos de Malba Tahan, Nancy Mellon, Michèle Petit, entre outros, a
pesquisa procura mostrar os benefícios da arte de ler e contar históras, apontados
também por Daniel Pennac em seu livro Como um romance, obra em que o autor
ressalta sobre a importância do ato de dramatizar leituras e histórias na formação do
leitor. Dessa maneira, podemos concluir que o indivíduo ao realizar a leitura dramática
ou contar uma história, remete todos que estão à sua volta em uma atmosfera mística
que além de elevar o estado de espírito da plateia, também cria uma mudança social
significativa de quem assiste àquele momento.

Palavras-chave: Contar histórias; Leitura dramática; Tradição oral.

8) Produção de seminários acadêmicos em contexto universitário: um


hipergênero textual multimodal em foco

Vanessa Santos Fonteque (PG-UENP)


Letícia Jovelina Storto (UENP)

Resumo:
A realização de seminários acadêmicos no âmbito do ensino superior é uma prática
muito recorrente de modo que em qualquer curso de graduação ou pós-graduação, seja
na modalidade latu sensu ou stricto sensu, em diversos momentos, os alunos são

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convidados pelo professor a produzir seminários. Para sua produção, os estudantes


realizam pesquisas sobre um determinado tema e/ou assunto selecionado pelo
professor, estudam, planejam e elaboram uma apresentação de seminário que deverá
ser ministrada a seus pares. Sabemos que todo esse processo não se constitui de
modo simples, pois a produção de um seminário acadêmico demanda preparação para
que possa ser realizado. Por esse e outros motivos, o hipergênero multimodal seminário
deve ser instrumento de estudos e pesquisa. Assim, o objetivo central desta pesquisa é
refletir acerca dos elementos que constituem esse hipergênero. Isso com a finalidade de
se produzir um minicurso sobre realização de seminários acadêmicos, o qual possa
colaborar para o processo de ensino/aprendizagem desse instrumento. O minicurso
contará com orientações acerca dos gêneros existentes em seminários acadêmicos e
da maneira como eles se constituem em sua prática. Inicialmente, serão apresentados
elementos necessários para elaborar um roteiro contendo as etapas do seminário
acadêmico, orientações acerca da linguagem empregada durante a apresentação oral,
produção de slides de maneira adequada para uma apresentação, dentre outros
elementos relevantes para constituição de apresentação de seminário acadêmico. Os
aportes teóricos utilizados para este trabalhado são pautados em autores como Gomes-
Santos (2012), Schneuwly e Dolz (2004), Marcuschi (2008) e outros pesquisadores que
realizam estudos acerca desse tópico. Espera-se com o minicurso, que poderá ser
implementado em qualquer curso na modalidade do ensino superior, oportunizar aos
estudantes o conhecimento e aprofundamento sobre seminário acadêmico, com a
intenção de contribuir para sua formação.

Palavras-chave: Hipergênero multimodal; Oralidade; Seminário Acadêmico.

9) Os marcadores discursivos “well”, “you know” e “I mean”: uma análise


da língua inglesa falada em contextos políticos

Renata Motta Chicoli Belchior (UFMS)


Vanessa Hagemeyer Burgo (UFMS)

Resumo:

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Este trabalho busca analisar os marcadores discursivos da língua inglesa “well”


(bem/bom), “you know” (sabe) e “I mean” (quero dizer) e suas funções interacionais em
um contexto específico de conversação: o debate político. Com base nos pressupostos
teóricos da Análise da Conversação, esta pesquisa tem como corpus três debates
realizados durante o período de campanhas para as eleições à presidência dos Estados
Unidos do ano de 2016 com os candidatos Donald Trump e Hillary Clinton, todos
disponibilizados na Internet e transcritos conforme Preti (2002). Os marcadores
discursivos, na visão de Schiffrin (1987), funcionam em vários planos da conversação
(troca, ação, estrutura ideacional, estrutura da participação e estado da informação) e
podem operar em mais de um plano simultaneamente. Segundo a autora (2003), eles
podem ser considerados como um conjunto de expressões linguísticas, compostas de
membros de classes de palavras, tão variadas quanto às conjunções (ex.: e, mas, ou),
as interjeições (oh), os advérbios (agora, então) e locuções lexicalizadas (sabe, quero
dizer). Os marcadores discursivos configuram-se como uma classe que engloba
elementos das mais variadas classes gramaticais e possuem propriedades interacionais
e funções pragmáticas bastante definidas no texto falado. O marcador “well”, se
empregado como advérbio, contribui para o conteúdo informativo de um enunciado, no
entanto, quando utilizado como marcador discursivo, isso não ocorre. Dessa forma, ele
auxilia a articular a relação entre o enunciado anterior e o enunciado que ele introduz e,
nesse sentido, ajuda a orientar o ouvinte em relação ao enunciado que será expresso.
O marcador “I mean” pode assumir várias funções, entre elas: paráfrase, correção,
transformação do sentido pretendido pelo falante e reestruturação mais precisa dos
enunciados. Já o marcador “you know” funciona como sinal de sustentação de turno
conversacional e busca de aprovação discursiva. No domínio da pragmática, um mesmo
marcador pode exercer várias funções na conversação, considerados, portanto,
multifuncionais. Os marcadores discursivos não modificam o sentido básico dos
enunciados, porém, são fundamentais para a organização e estruturação do texto
falado, atuando na condução dos tópicos discursivos e contribuindo para marcar a
atitude do falante em relação ao que diz.

Palavras-chave: Análise da Conversação; marcadores discursivos; língua inglesa; texto


falado; debate político.

10) O uso de perguntas prefaciadas pelo marcador "so" no contexto


forense
Jullyene Louise de Souza Brasil (UFMS)

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Profa. Dra Vanessa Hagemeyer Burgo (UFMS/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho visa a analisar as perguntas prefaciadas pelo marcador conversacional


“so” empregadas por falantes da língua inglesa, de forma a assinalar o modo como
esses mecanismos são articulados em ambiente forense para a obtenção de objetivos
específicos. A escolha pela investigação aqui proposta originou-se do fato de que tem
crescido muito, nos últimos anos, o interesse no estudo linguístico dos processos
interacionais em ambientes institucionais, muito predominantemente, por pesquisadores
estrangeiros. Isso nos motivou, portanto, a realizar uma análise focalizada, em
particular, nos padrões de perguntas prefaciadas pelo marcador conversacional “so”
aplicadas em situações reais de uso na língua inglesa em contextos forenses. Dessa
forma, o aporte teórico está fundamentado, principalmente, nos conceitos da Análise da
Conversação em relação de interface com a Linguística Forense, e o corpus foi formado
por gravações oficiais de julgamentos, disponibilizadas na Internet, especialmente
encontradas no site YouTube. Como segundo procedimento, houve a seleção dos
textos e, em seguida, a realização das transcrições para a análise dos dados. Cabe
salientar que, de acordo com Johnson (2002), as perguntas prefaciadas pelo marcador
“so”, em interrogatórios policiais, são usadas para construir um discurso comprobatório,
assim como para avaliar e classificar as declarações anteriores produzidas pelo
inquirido. Por essa razão, o prefácio introduzido pelo marcador “so” possui um papel
central para a elaboração das perguntas nesse tipo de contexto. Ele possibilita repetir o
enunciado anterior dos suspeitos e, nesse processo, avaliá-lo e classificá-lo,
evidenciando sua importância no desenvolvimento da narrativa e na produção de uma
evidência de peso no interrogatório. Além disso, esse mecanismo auxilia o inquiridor a
fazer com que o inquirido reformule sua posição anterior. Trata-se, portanto, de uma
ferramenta importante para examinar a construção das perguntas dos inquiridores em
tribunais e seus objetivos nesse tipo especial de fala institucional. Por meio de uma
abordagem sociointeracional da linguagem, é possível evidenciar, portanto, o processo
de construção das perguntas em tribunais e as estratégias utilizadas pelos inquiridores
nesse tipo de contexto forense.

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Palavras-chave: Língua inglesa falada, perguntas prefaciadas, marcador


conversacional, contexto forense.

SIMPÓSIO 21) Diferentes formas do discurso urbano: a linguagem, o


político e o silêncio
Profa. Dra. Greciely Cristina da Costa (UNIVAS)

greciely@gmail.com

Profa. Ms. Cidarley Grecco Fernandes Coelho (UNICAMP)

profacidagrecco@gmail.com

1) Discursos urbanos dos/sobre os sujeitos negros do Ciclo do


Marabaixo macapaense: o jogo discursivo em funcionamento em
versos de um “ladrão de marabaixo”
Prof. Me. Ednaldo Tartaglia Santos (UNIFAP / PLE-UEM)

Resumo:

Este trabalho propõe uma análise acerca do funcionamento do jogo discursivo de


(des)legitimação de dizeres dos/sobre os sujeitos negros em versos de um “ladrão de
marabaixo” (cantiga popular de cunho religioso/satírico) que é veiculado em festejos
religiosos conhecidos por Ciclo do Marabaixo, realizado no extremo norte amazônico,
isto é, no estado do Amapá, principalmente, nas cidades de Mazagão, Santana e, na
capital, Macapá. Para tanto, esta pesquisa se inscreve nos aportes teóricos e
metodológicos da Análise do Discurso (AD) francesa, em sua vertente pecheutiana. O
Ciclo do Marabaixo ou o Marabaixo é um evento religioso ligado a rituais da Igreja

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Católica, bem como a de religiões afro-brasileiras. Esse festejo é cultuado por sujeitos
remanescentes de escravos e de refugiados negros do estado do Amapá. No interior do
Ciclo do Marabaixo acontecem vários rituais com seus significados e simbologias
próprias que vão desde orações e cultos aos santos católicos, como também o
consumo de bebidas alcoólicas à base de gengibre, a prática de danças ao som de
tambores e o uso de vestimentas que envolvem o ritual dito como profano, isto é, aquilo
que foge à doutrina católica. Os ladrões de marabaixo são cantigas populares orais
compostas por versos conhecidos como “ladrões”, pois, na composição dos versos,
os(as) cantadores(as) roubam a deixa de outro(a) e, no improviso, compõem novos
versos que ora estão voltados para apelos e agradecimentos aos santos da Igreja
Católica, ora retomam, satirizam, exaltam, denunciam fatos do dia a dia da população
local ou de âmbito maior. Assim, elege-se, como materialidade discursiva desta análise,
o “ladrão de marabaixo” intitulado “Marabaixo”, composto no final da primeira metade do
século XX por Julião Tomaz Ramos. O objeto de análise será os dizeres que transitam
no interior dos versos dessa cantiga, pois esse “ladrão de marabaixo” é tido como um
hino para os sujeitos negros envolvidos no Ciclo do Marabaixo de Macapá. Os discursos
que atravessam essa cantiga carregam processos de significação da vida social do/no
espaço urbano de Macapá, em meado do século XX, envolvendo os sujeitos negros que
foram remanejados de suas residências da área central da capital para bairros
periféricos, devido à política de desenvolvimento urbano do governo estadual. O
percurso analítico possibilitou estudar o “ladrão de marabaixo” como um gênero textual
que se ressignifica e produz sentidos para os sujeitos negros do Amapá. Identificou-se
um jogo discursivo que funciona por meio da tríade de posições-sujeito, negro-governo-
líder, e com as imagens que se têm/constroem dos sujeitos negros. Esse jogo
discursivo ora legitima a política de desenvolvimento urbano do governo estadual, por
intermédio do sujeito líder, ora tenta deslegitimar e silenciar os dizeres dos sujeitos
negros, possibilitando um efeito de assentimento acerca das ações do governo em
realoca-los em bairros periféricos de Macapá.

Palavras-chave: Jogo discursivo; Sujeito negro; Ladrão de Marabaixo; Macapá-AP.

2) Inês de Castro e Coimbra: um mito sempre em construção no espaço


urbano
Maria Cleci Venturini (UNICENTRO/UC)
Emily Smaha da Silva (PPGL - UNICENTRO)

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Resumo:
A cidade de Coimbra define-se como cidade-museu pelo viés da cultura, da história e da
ciência a partir de diferentes lugares discursivos e de sujeitos inscritos em formações
discursivas filiadas a esses lugares. A universidade – lugar do saber – representa um
desses lugares e, talvez por isso, funciona como um entre-lugar, no qual acontece o
embate entre o velho e o novo. A impossibilidade de apagar, de um lado, o fato de que
a UC é a segunda mais antiga universidade do mundo, posição visível por memórias
que ressoam pela biblioteca Joanina, pelas igrejas, por casarões, ruínas, ruelas,
aqueduto secular, jardim botânico e museu da ciência. Por outro lado, não é possível
apagar a UC como o lugar do saber científico, que agrega/alia passado-presente-futuro
no desenvolvimento de pesquisas que preservam e transformam memórias pela
configuração do tempo tridimensional, a partir de sujeitos e da inscrição deles em
lugares discursivos pelo político e pelo silêncio constitutivo do discurso da cidade-
museu. Recortamos para esta análise a morte e a pós-morte de Inês de Castro, como
um dos processos legitimadores de Coimbra cidade-museu, tendo em vista que nela
viveram reis, historiadores, cientistas e poetas. Além disso, Coimbra foi ‘o palco’ do
amor da morte de Inês de Castro – ‘a rainha de Portugal’. Na ‘Quinta das Lágrimas’,
ressoa ‘pela ausência’ o mito de Inês de Castro por meio da ressonância do
acontecimento da sua morte, que transformou a Fonte das Lágrimas no ‘céu da
memória’ de Inês de Castro e, por extensão, de Dom Pedro, sinalizando para o
funcionamento de um discurso político pelo qual Coimbra e Alcobaça disputam a
memória de Inês e o Infante Dom Pedro. Para dar conta desse discurso, buscamos
dispositivos analíticos na Análise de Discurso e na História, especialmente, em
Fernando Catroga, pesquisador que desenvolveu a noção ‘poética da ausência’, pela
qual interpreta e analisa ‘a cidade dos vivos’ pelo funcionamento metonímico do túmulo
– parte da cidade dos mortos - com vistas a compreender os silêncios e o político no
discurso sobre a ‘Rainha de Portugal’ – sujeito polêmico, mitológico, constituído,
contraditoriamente, de um lado como mulher apaixonada e, de outro lado, como uma
ameaça para a autonomia política de Portugal. A questão é saber o que é silenciado e
o que dado a ver pelo político.
Palavras-Chave: Análise do Discurso; mito; espaços urbanos.

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3) Facebook e linchamentos: uma análise de discurso na rede


Guilherme Ferragut (Unicamp)

Resumo:

O presente trabalho tem por objetivo analisar as postagens da página da Folha de


S.Paulo no Facebook sobre a polícia e a justiça, entendendo como tais discursos
circulam e se o descrédito de tais instituições pode influenciar de alguma forma nos
casos de linchamento como o ocorrido em maio de 2014 no Guarujá. Tal hipótese teve
sua formulação baseada no trecho do livro de José de Souza Martins (2015), quando
afirma que casos de linchamento podem ter seu estopim “em face das reiteradas
informações difundidas pela mídia quanto a episódios de justiça lenta e leis tolerantes
em relação a crimes que a população tende a considerar muito mais graves do que a lei
considera.” Sendo assim, mobilizando o dispositivo teórico da análise de discurso, que
encontra em Michel Pêcheux seu fundador e em Eni Orlandi sua principal representante
no Brasil, foram selecionadas as postagens no período de 18 de outubro de 2016 a 18
de janeiro de 2017 onde encontram-se as palavras polícia e justiça. Além da análise
dessas postagens, também analisaremos a maneira como tais informações chegam até
os usuários da rede social, tendo em vista que nem tudo que é postado no Facebook
acaba por chegar a todos os seguidores da Folha de S.Paulo. Para tal, mobilizamos o
conceito de Formação Algorítmica, responsável por varrer a memória metálica, conceito
apresentado por Orlandi, trazendo ao usuário aquilo que de alguma forma a Formação
Algorítmica considera relevante. Também trataremos dos linchamentos, considerando
que os corpos das vítimas de tal violência são textualizados pelos seus agressores. Tal
hipótese também vem embasada no corpo teórico desenvolvido por Orlandi. Quando
pensa-se na questão do linchamento, vê-se que ela está atrelada significativamente ao
modo como, culturalmente, os sentidos de justiça vão se produzindo, e também como
culturalmente a internet passa a determinar o modo como a sociedade se relaciona com
o próprio Estado e, em consequência, com seus aparatos, como é o caso do jornalismo.
Por esse caminho, percebe-se que, ao estudar a relação que as notícias publicadas
pelo Facebook têm com os linchamentos, estamos estudando os processos de
identificação dos sujeitos com a Justiça e a maneira como essa sociedade reage de
acordo com as publicações nesse novo meio de interação social e cultural. Porém, para
tratarmos dos algoritmos que regem a internet na atualidade, mostra-se latente entender
o seu processo de criação, em outras palavras, parte importante do que discutimos em
nosso trabalho passa por trazer a dimensão política que tal tecnologia envolve,
mostrando que o político se encontra também nas relações entre o homem e a
máquina.

Palavras-chave: Discurso; Facebook; Linchamento; Polícia; Justiça.

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4) A des-transformação da ideologia: uma leitura digital da cidade

Mariana Garcia de Castro Alves (Unicamp)


Profa. Dra. Cristiane Dias (Unicamp/Orientadora)

Resumo:

O trabalho apresentará uma reflexão sobre um grafo, elaborado na plataforma livre


Gephi, a partir do texto “A cidade como espaço político-simbólico: textualização e
sentido público”, de Eni Orlandi (2001). A proposta é realizar uma interpretação, por
meio da materialidade digital, das relações estabelecidas pelo termo “ideologia” nesse
texto. O objetivo é compreender como o ideológico é tomado pela autora. Na medida
em que a ideologia, como sentido de evidência, caracteriza a Análise de discurso no
âmbito dos estudos de linguagem, propomos observar de que maneira, pela escrita de
Orlandi que institucionalizou a Análise do Discurso no Brasil, esse sentido é
metaforizado, isto é, adquire significação histórica. Nesse texto, a ideologia aparece
como homogeneizadora do sentido de cidade (ORLANDI, 2001, p. 188) pelo discurso
administrativo, pela burocracia e pelo cálculo (ORLANDI, 2001,p. 190). Ao mesmo
tempo, não se separa das manifestações “incompreendidas” por aquele mesmo
discurso de organização. Assim, ideologia é materializada na discursividade da cidade,
como zona de conflito – este constitutivo das relações sociais – e como zona de
violência “quando o urbano se fecha ao movimento, à ruptura, ao irrealizado”
(ORLANDI, 2001, p. 190). A cidade como espaço de “des-transformação” é, pelas
narratividades urbanas que a engendram, capaz de deslocar sentidos já-ditos, ou
melhor, “des-estabilizar” o urbano pela divergência, segundo Orlandi. Ao compreender o
sujeito urbano como o “corpo em que o capital está investido” (ORLANDI, 2001, p. 193),
podemos dizer que a autora pensa a ideologia dentro do capitalismo brasileiro em sua
negatividade, sem incorrer em tipologias de classes sociais. São analisadas “falas
desorganizadas” (ORLANDI, 2001, p.191), flashes e letras de rap que tocam o senso-
comum. Nesse sentido, conforme Orlandi, “é preciso dar lugar ao impossível, à
indistinção, à ambiguidade, à hesitação do sujeito entre um e outro sentido, entre o
público e o privado, entre o que é processo de individualização dos sujeitos pelo Estado
e o processo de socialização, entre o que, na sociabilidade, é inclusão e o que é
exclusão, o que é conflito etc. Nessa disposição, restituir à cidade sua falta de sentido
pode ser um ponto de partida para começar a abandonar o esvaziamento do sentido da
cidadania” (ORLANDI, 2001, p. 191). A partir de uma leitura do grafo – tomado como

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tecnologia que, embora seja nossa leitura, vai além de nossa capacidade individual
(AUROUX) –, na relação paráfrase/polissemia, buscaremos também entender como as
relações planas da rede (LATOUR) podem nos lançar nesse texto que se abre a
determinada noção discursiva de ideologia. O trabalho se insere no campo da Análise
de Discurso de filiação francesa, especialmente em estudos do discurso digital.

Palavras-chave: Análise do discurso; Ideologia; Cidade: Grafo; Rede digital.

5) Jornalismo des-conhecido: o silêncio que significa o Caribe

Vinícius Brito (UNICAMP)


Profa. Dra. Cristiane Pereira Dias (UNICAMP/Orientadora)

Resumo:
“É quente nesta noite de verão e corpos suados revelam as muitas horas de celebração,
que se prolonga até altas horas sem que ninguém reclame pelo excesso de ruído. Este
é Porto Rico: puro Caribe” (NADAL, 2015, tradução e grifo meus). O trecho foi retirado
da grande reportagem “Puerto Rico, un tesoro escondido en pleno Caribe” (NGE, 2015)
– que compõe uma das publicações da National Geographic Espanha analisadas no
paper –, sobre um dos Estados que formam o Mar do Caribe. Formalmente, por Caribe
se diz “não apenas as ilhas das Antilhas, mas também todos os espaços marítimos e
continentais que compõem o perímetro geopolítico Caribe, que inclui a costa atlântica
da Colômbia, Venezuela, México, Guianas e América Central” (ARANA, 2004, p. 46-47,
tradução minha), porém os sentidos – que, diga-se, sempre podem ser outros
(PÊCHEUX, 1997, p. 160) – sobre esse lugar estão longe de ser definidos apenas pela
geografia ou por acordos econômicos. E desse horizonte nasce a pergunta que leva a
cabo esta primeira investigação: que sentidos o jornalismo de viagens produz sobre o
Caribe? Fala-se em primeira investigação porque, para investigar o como se fala (sobre)
o Caribe, vai-se inscrever o corpus em duas recentes reportagens veiculadas pelo site
da National Geographic Espanha, sobre as quais se vão traçar dispositivos teóricos e
analíticos atravessados pela Análise de Discurso. A começar pelo objetivo geral do

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paper: analisar as reportagens de viagem ao Caribe na National Geographic Espanha


para interpretar como se estabilizam sentidos sobre a região através dos sentidos sobre
os países/Estados (Porto Rico e Jamaica) caribenhos. São, por outro lado, objetivos
específicos: (a) verificar se a textualização, enquanto materialização do discurso,
constrói um discurso apolítico e a-histórico para dissociar/isolar disso a cultura
caribenha; e (b) se nesse processo de constituição dos sentidos há um “discurso
colonial” (ORLANDI, 2008, p. 19) que silencia e exotifica os caribenhos. O corpus, cujo
recorte se deve às mais atuais grandes reportagens do site espanhol da NG focadas em
viagem e, apenas, em países do Caribe, pode ser acessado através dos endereços
eletrônicos: http://zip.net/bftLbQ e http://zip.net/bstL1f. A escolha das reportagens se
justifica por estas razões: (I) o site da revista National Geographic Espanha é ligado à
National Geographic Society (NGS), “a maior instituição educacional e sem fins
lucrativos do mundo” (WENZEL, K.; & JOHN, V. M., 2012, p. 295-296); (II) a região do
Caribe foi escolhida pois “[além de] uma série de problemas comuns a todos os países
da América Latina, há [no Caribe] muitos processos históricos coloniais e
contemporâneos que têm ocorrido com maior força e clareza do que no resto do
subcontinente” (ARANA, 2004, p. 26-27, tradução minha); e (III) a Espanha, sendo o
país que tem se dedicado a explicar o Jornalismo de Viagens (JANÉ, 2002), (RIVAS
NIETO, 2006), diferentemente do Brasil, tem uma dedicação exclusiva da National
Geographic sobre o tema: a revista National Geographic Viajes. De maneira geral, esta
análise se justifica uma vez que, segundo Jané (2002, p. 190, tradução minha), o
jornalismo de viagens pode colaborar para uma imagem exótica e paradisíaca dos
“outros”. Tal funcionamento, para a AD, se dá quando “apaga-se o discurso histórico e
produz-se um discurso sobre a cultura. Como efeito desse apagamento, a cultura
resulta em ‘exotismo’” (ORLANDI, 2008, p. 20-21, grifo meu). Assim, no processo de
constituição do discurso colonial, torna-se princípio “reconhecer apenas o cultural e des-
conhecer (apagar) o histórico e o político. Os efeitos de sentido que até hoje nos
submetem ao ‘espírito’ de colônia são os que nos negam historicidade e nos apontam
como seres-culturais (singulares), a-históricos” (ORLANDI, 2008, p. 19, grifo meu). E
“como nos constroem uma história em que somos apagados como alteridade, somos
apenas ‘singulares’, temos ‘particularidades’. Não somos o outro constitutivo porque não
‘somos’ (seres históricos etc.)” (ORLANDI, 2008, p. 56). Para falar de discurso e de
jornalismo, é preciso, antes, entender o passado, pois “nós o apagamos, esquecemos,
remetemos à frente de outros episódios, voltamos, reescrevemos a história, inventamos,
em função das exigências do momento e das antigas lendas” (ROBIN, 2016, p. 31). Por
outro lado, o jornalismo de viagens abrange além do jornalismo de turismo ou turístico,
sendo compreendido desde as versões mais comerciais e publicitárias do jornalismo de
turismo, “no qual uma reportagem se transforma num ‘gancho’ para promover um

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destino turístico, até a reportagem de denúncia social, ecológica ou de divulgação


cultural e científica” (JANÉ, 2002, p. 187, tradução minha), “até a reportagem de
denúncia social, ecológica ou de divulgação cultural e científica” (JANÉ, 2002, p. 187,
tradução minha). Apesar disso, Jané (2002) aponta que publicações de viagem podem
produzir um efeito exótico sobre o “outro”. A análise das reportagens “Puerto Rico, un
tesoro escondido en pleno Caribe” (NADAL, 2015) e “Recorrido por Jamaica” (NGE,
2015) confirma a hipótese sobre uma interpretação, no jornalismo de viagens (JANÉ,
2002) desta edição online da National Geographic Espanha, que estabiliza sentidos
sobre o Caribe, Porto Rico e a Jamaica ao fazer circular um discurso colonial cujo
funcionamento se dá a partir do momento em que se apaga o discurso histórico para
focar (n)o discurso sobre (MARIANI, 1998, p. 60 apud COSTA, 2011, p. 9) a cultura,
segundo Orlandi (2008, p. 20-21). Por fim, chama-se a atenção para uma busca do
Caribe – onde “muitos processos históricos coloniais e contemporâneos têm ocorrido
com maior força e clareza do que no resto do subcontinente” (ARANA, 2004, p. 26-27,
tradução minha) – puro, em contradição com algo inautêntico (a exemplo do termo
“naif”, usado para adjetivar uma região da Jamaica em contraponto à capital,
interpretada como “descolorida”). Nesse sentido, alguns enunciados fazem circular o
discurso sobre Porto Rico e a Jamaica que a National Geographic quis dizer e que
delegam ao turismo contemporâneo um papel sagrado. Mas nessa busca pelo autêntico
(que pode derivar para ingênuo, como em naif), percebe-se uma coincidência com o
que Jané (2002, p. 190, tradução minha) escreve sobre um efeito do jornalismo de
viagens, que pode significar discursos exóticos e paradisíaco dos “outros”.

Palavras-chave: Análise de Discurso; Jornalismo; Silêncio; Caribe.

6) Encontros entre Amarildo e Haiti: o(s) percurso(s) de uma hashtag


Deborah Pereira (UNICAMP)
Profa. Dra Cristiane Pereira Dias (UNICAMP/Orientadora)

Resumo:

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O presente trabalho, resultado de pesquisas durante o curso de mestrado no programa


de pós-graduação em Divulgação Científica e Cultural no Labjor/Unicamp, tem como
objetivo compreender o funcionamento do enunciado #SomosTodos nas redes sociais,
exemplo: #SomosTodosAmarildo, #SomosTodosMacacos, #SomosTodosProfessores,
#SomosTodosMaju, #SomosTodoBrasil, #NinguéméHaiti, entre outros, à luz das teorias
da Análise de Discurso. Para isso, e de modo inicial, procura-se refletir sobre como
operam as hashtags que, de acordo com Paveau (2013), é um segmento linguageiro
precedido pelo sinal # - que a torna clicável e possibilita a criação de um fio. São, assim,
“tecnopalavras clicáveis (...) que permitem a organização da informação pela reunião de
várias mensagens[...]” (PAVEAU, 2013, s.p., tradução minha). É importante ressaltar
também a circulação das hashtags em ambientes ‘não-clicáveis’, como em muros de
vias públicas, camisetas, cartazes, programas televisivos e até mesmo em enunciações
orais. Assim, os enunciados aqui analisados por se constituírem, em grande parte,
como denúncia e protesto, possuem forte circulação nestes ambientes nos quais não é
possível clicar e funcionar como um hiperlink. Ainda assim, todo o seu funcionamento
está em diálogo com o digital já que símbolo (#) está presente e há, por meio dele, a
indicação da existência de “uma estrutura que relaciona de modo complexo o arquivo e
a memória discursiva” (SILVEIRA, 2015, p. 68). Deste modo, é possível dizer que as
hashtags funcionam sob o efeito de arquivo, carregando um “campo de documentos
disponíveis e pertinentes sobre uma questão” (PÊCHEUX, [1981] 2010, p. 57). Partindo
disto pensaremos, mais especificamente neste trabalho, a respeito de duas hashtags,
#SomosTodosAmarildo e #NinguémÉHaiti. Propomos compreender os efeitos de deriva
que levaram #SomosTodosAmarildo (2013) à #NinguémÉHaiti (2016), nos perguntando
qual trabalho com a historicidade faz funcionar #SomosTodos por #NinguémÉ. Para
estabelecer a relação entre os dois enunciados, que será melhor trabalhada neste texto
completo, tomamos como entrada a noção de efeito de memória (Indursky, 2003, p.
103), por meio do qual os sentidos são rememorados e atualizados, o que permite que
eles deslizem, se transformem e se re-signifiquem. Isto estaria na base do
acontecimento discursivo que vem “perturbar a memória” (Pêcheux, 1999) já que rompe
com a ordem do repetível, “instaurando um novo sentido, mas não consegue produzir o
“esquecimento” do sentido-outro, que o precede.” (idem, p. 107). Assim, #NinguémHaiti
rompe e ao mesmo tempo retoma a repetibilidade de #SomosTodosAmarildo, o coloca
em outro lugar e questiona a universalização (PÊCHEUX, 1975) e homogeneidade
posta neste “ser todos”, ressignificando-o.
Palavras-chave: Análise de Discurso; Hashtag; Memória; Universalidade

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7) Memória e visibilidade de autores em Angoulême, a capital dos


quadrinhos

Lucas Piter Alves Costa (UFSM/CAPES-PNPD)

Resumo:

Para um leitor de histórias em quadrinhos, percorrer as ruas de Angoulême parece um


convite ao reconhecimento da nona arte: muitas de suas ruas são designadas com
nomes de autores ou de personagens de histórias em quadrinhos, e suas placas
remetem à forma dos balões de fala – les bulles – característicos desses gêneros; há
estátuas e bustos de todo tipo, de Corto Maltese a Hergé; há livrarias especializadas em
crítica e teoria quadrinísticas; veem-se diversas associações de editores e autores;
museus e galerias voltados aos quadrinhos; escolas técnicas, enfim, uma gama de
instituições dedicadas às bandas desenhadas. Embora a cidade tenha outras
manifestações culturais também importantes, sua identidade é majoritariamente
construída em relação aos quadrinhos, sobretudo pelo fato dela sediar o Festival
Internacional de Banda Desenhada (FIBDA), um dos maiores do mundo, e pelos seus
inúmeros grafites com temas quadrinísticos – assinados por Schuiten, Franquin, Zep,
Morris, e tantos outros nomes da Bande Dessinée – que são objeto de interesse
turístico o ano todo. Levando-se em conta essas e outras materialidades discursivas
presentes em Angoulême em relação aos quadrinhos, buscar-se-á, neste trabalho,
discutir sobre como elas funcionam como modo de legitimar, canonizar e fazer circular
os discursos sobre os autores e suas obras. Este trabalho parte da noção de
Quadrinhos enquanto instituição relativamente autônoma (COSTA, 2013, 2016), que
engendra um campo discursivo no qual os estatutos das obras e dos autores são
negociados, disputados, regulados, postos em evidência, reconhecidos ou
marginalizados por meio de práticas, materializações e sujeitos (agentes) específicos.
Memória, visibilidade, invisibilidade e silenciamento são tematizados, neste trabalho, a
partir das relações engendradas no campo quadrinístico que criam espaços de
subjetivação das obras e, por conseguinte, dos autores, dando importância a alguns
nomes em detrimento de outros. Tais espaços de subjetivação (canonização,
associação, sustentação e recepção) permitem dar visibilidade aos meios e modos de
construção da imagem e do nome do autor e da obra, emergentes de todo interdiscurso.
As materialidades surgidas daí são encaradas, neste trabalho, como formas de
promover o reconhecimento coletivo de que as obras e os autores têm necessidade
para existirem e persistirem no discurso quadrinístico e num cenário cultural mais
amplo. Algumas das bases teóricas para esta abordagem estão em Foucault (1992,
2008), Maingueneau (2006), Orlandi (2004, 2010), Delormas (2014), Costa (2013,
2016).

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Palavras-chave: Quadrinhos; Espaço de sustentação; Campo quadrinístico;


Angoulême; Autoria.

8) Signos envolvidos na construção colaborativa do entorno urbano:


interpretando os argumentos de mediação digital, pelo viés da
semiótica de C.S. Peirce.

Julián Danilo Vargas Cubillos (UFMS)


Dra. Eluiza Bortolotto Ghizzi (UFMS)

Resumo:
Este articulo interessa-se na construção colaborativa do entorno urbano utilizando
meios digitais, tendo como referência, a preocupação sobre as faltas de garantias do
direito à cidade que existem nas comunidades marginadas. Nesta abordagem, o
arquiteto, devido a suas capacidades visuais e de síntese, toma a função de mediador
da informação para contribuir ao desenvolvimento de signos, os quais funcionam como
elemento de comunicação e de engajamento social. Entendemos que a construção
colaborativa pode ser analisada descrita em três níveis: (1) O processo colaborativo,
que busca entender a natureza do processo e estratégias de engajamento da
comunidade, como de mutirão ou autogestão. (2) O protótipo formal-espacial
desenvolvido, que entende sobre a concepção e representação, tanto como a escolha
dos materiais e as técnicas construtivas, e finalmente, (3) os mecanismos gráficos
efetivados na comunicação, utilizados na divulgação e construção do diálogo. Sendo
assim, dirige-se a análise às práticas colaborativas em rede de baixo para cima,
identificando aquelas que podem pertencer aos meios digitais e, toma como objeto de
estudo a produção do coletivo Arquitetura Expandida, especificamente no projeto La
casa de la lluvia [de ideas], localizado no bairro La Cecilia, localidade Cuarta, San
Cristobal Sur, Bogotá, Colômbia, a fim de identificar nestes três níveis, respondendo à
pergunta exploratória: como é possível integrar os meios digitais aos processos
colaborativos na criação do ambiente construído?. Como marco teórico, tomasse a
semiótica de C. S. Peirce, sustentado e articulado nas reflexões trazidas no artigo
publicado por Winfried Nöth na revista Intexto da UFRGS, intitulado ‘Análise de discurso
com Peirce: Interpretar, raciocinar e o discurso como argumento’, no qual, fundamenta a

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possibilidade de interpretar o argumento, como símil do análise do discurso, avaliando


os signos presentes durante o desenvolvimento do raciocínio, e por fim, entender a
construção colaborativa do entorno urbano como um processo semiótico com
propensão à hibridez, no qual, criam-se signos do tipo diagramas, ícones de projeto,
planos e maquetes acompanhados de índices, que remetem a imaginários, e símbolos,
que fornecem informações do consenso gerais, todos eles, permeados pela mediação
digital. Espera-se evidenciar uma a falta de articulação de elementos híbridos, por falta
de conhecimento de interfaces colaborativas, inclusão de processos paramétricos, e
provavelmente por causa da brecha tecnológica ou cognitiva, assim como, evidenciar a
necessidade do estudo do marco teórico orientado ao análise do discurso, proposto pela
semiótica de Charles Sanders Peirce.
Palavras-chave: Arquitetura; Processo; Discurso; Digital; Semiótica.

9) Continuum espacial

André Silva Barbosa (UNICAMP)


Profa. Dra. Eni Puccinelli Orlandi (UNIVÁS-UNICAMP/Orientadora)

Resumo:

No presente trabalho, apresentamos uma abordagem teórica em que propomos a


distinção de diferentes planos espaciais. Ela faz parte da nossa tese de doutorado, na
qual, de uma maneira geral, buscamos compreender discursivamente diferentes formas
de “organização”, de determinação da edificação do espaço urbano pelo processo
discursivo na/da contemporaneidade constituído por sentidos de injunção à velocidade,
e também o modo como a “ordem”, o “real da cidade” (ORLANDI, 1999), irrompe nessa
construção do espaço urbano. No desenvolvimento do nosso projeto de pesquisa, frente
as suas especificidades, em termos de questões, hipóteses e objetivos, nos deparamos
com a necessidade de fazermos essa discussão que aqui trazemos. Para cumpri-la,
elencamos determinados conceitos provenientes do campo da Geografia, os quais
foram (re)significados segundo o nosso dispositivo teórico, o da Análise de Discurso.
Especificamente, eles consistem nas categorias de “espaço” e “lugar”, tal como estão
presentes na obra de Yi Fu Tuan (1983). Eles foram trazidos e discutidos de acordo
com o trabalho de Orlandi da “linguagem" e do “silêncio fundador” (2007), e inseridos
nessa relação com base nos pressupostos produzidos pelas categorias de “aevum” e

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“tempus”, ainda segundo a autora (IBIDEM). É neste quadro que propomos apreender o
“espaço”, diferenciando-o do “lugar”, e compreendê-los, não pela perspectiva
geográfica, mas discursivamente. Segundo Tuan (1983, p.6), entre outras maneiras,
podemos pensar “no espaço como algo que permite o movimento”, e se assim o
fizermos, “então lugar é a pausa”, e “cada pausa no movimento torna possível que a
localização se transforme em lugar”. O “silêncio fundador”, é definido por Orlandi como
“garantia do movimento dos sentidos” (2007, p.23), como o “‘lugar’ que permite à
linguagem significar” (IBIDEM, p.68). A autora nos diz que o “silêncio fundador” é o que
produz as condições para a significação, “que dá espaço de recuo significante”
(IBIDEM, p.102). Um dos modos pelos quais ela trabalha o silêncio e a linguagem, é
através dos conceitos de “aevum” e “tempus”. Orlandi explica que “em latim o tempo
marcado (tempus) tem uma relação com o ‘evo’ (aevum), que é o tempo contínuo. O
tempo é que marca o ‘evo’” (IBIDEM, p.25), e, refletindo sobre o silêncio e a linguagem,
de acordo com essas ordens de tempo, ela diz: “o silêncio é a matéria significante por
excelência”, que se assemelha ao “aevum”, na medida em que consiste em um
“continuum significante” (IBIDEM, p.29). Já a linguagem, como prossegue a autora,
imprime-se nesse continuum, “ela o marca, o segmenta e o distingue em sentidos
discretos, constituindo um tempo (tempus) no movimento contínuo (aevum) dos
sentidos no silêncio” (IBIDEM, p.25). É tendo em vista esta propriedade de continuum
(temporal) do aevum, a de continuum (significante) do silêncio, e o caráter fundante de
ambos, que os constituem como possibilidade de movimento (do tempo e da
significação), que buscamos definir discursivamente o espaço, visando apreendê-lo em
seu aspecto de continuum do movimento – dos sujeitos, dos sentidos – em sua
condição de base para a produção da cidade, do espaço urbano, do lugar. É assim que
propomos a compreensão do espaço enquanto continuum espacial. Quanto o conceito
de “lugar”, prosseguimos entendo-o como “pausa” (TUAN). Porém, deslocando-o para o
campo discursivo, com base na relação do “tempus” e da “linguagem” com “aevum” e o
“silêncio fundador” (ORLANDI), passamos a trabalhá-lo como “linguagem”, ou melhor,
como “discurso”, e, ao modo da “fala”, que “divide o silêncio, organiza-o” (IDEM, 2007,
p.32), o consideramos como uma divisão, uma “organização” (dos sentidos) do espaço,
enfim, como uma “pausa”, uma clivagem no movimento do continuum espacial.

Palavras-chave: espaço; silêncio; lugar; linguagem; cidade.

10) Ocupar é resistir? Questões (im)pertinentes em movimento

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Cidarley Grecco Fernandes Coelho (UNICAMP)


Claudia R. Castellanos Pfeiffer (UNICAMP/Orientadora)

Resumo:

O acontecimento das ocupações de escolas em todo Brasil durante o ano de 2016, e


principalmente as ocupações no Paraná, associam-se aos movimentos que
aconteceram no Chile em 2006 e 2011. Este trabalho não tratará da revolução chilena
em si de modo aprofundado neste momento. Contudo, não se pode deixar de dizer que
os elementos históricos de cada um dos movimentos estudantis estão nas condições de
produção dos discursos sobre e das ocupações nas escolas, no Brasil e fora dele.
Movimentos da sociedade, movimentos na e da cidade. Discursos do urbano. A
memória do acontecimento no Chile e dos movimentos no Brasil está marcada por uma
diferença na língua. Lá, toma; ocupa, aqui. Assim sendo, na tomada de posição por
refletir sobre os movimentos secundaristas no Brasil, começamos o trabalho com alguns
questionamentos: Ocupar é resistir?. Esta primeira pergunta por sua vez, conduz a
outras questões igualmente (im)pertinentes: O que significa ocupar? O que significa
uma escola ocupada? Qual a diferença entre uma ‘toma’ e uma ‘ocupa’? Quais efeitos
de sentidos são produzidos ao se dizer “estou ocupado, na ocupação”?. Dizer que uma
escola foi ocupada pelos alunos é equívoco, o que nos faz perguntar, quem ocupa a
escola senão os que ali já estão cotidianamente? Ou ainda, estaria a escola até o
momento “desocupada”? Essa ocupação significa na relação com o espaço escolar,
mas também na relação com o tempo: tempo de preencher espaços significados por
vazios, de compreender silêncios, resgatar memórias e produzir efeitos de sentidos
outros num lugar tão marcado histórica e socialmente pela divisão. As questões não
param por aí, e é necessário iniciar o trabalho de análise por um recorte específico.
Desse modo, o que proponho aqui é discutir os sentidos da palavra ocupar e suas
derivações: ocupa, ocupada/o, ocupação, etc., e alguns de seus desdobramentos no
movimento estudantil que aconteceu no final de 2016, com início no Paraná. Discussão
vista como necessária uma vez que o processo no qual estão inseridas essas palavras
constituem sentidos e sujeitos numa sociedade dividida. Para tanto, a perspectiva
teórica da qual lanço mão é a Análise de Discurso, fundada na França por Michel
Pêcheux e no Brasil por Eni Orlandi, uma vez que esta considera o processo discursivo
em suas condições de produção explicitando “o modo de existência da linguagem que é
social” (ORLANDI, 2006). Dizer que a linguagem é social, é dizer que ela constitui
sentidos e sujeitos, é dizer que a formulação não pode ser e não é qualquer uma, é
considerar seus efeitos em espaços de circulação como lugares de produção de
sentidos. Assim, num movimento que busca um batimento entre teoria e análise,
procurarei explicitar o dispositivo teórico e analítico deste trabalho, sempre
considerando a relação com o político (ORLANDI, 1996).

Palavras-chave: Discurso; Político; Ocupação; Escola; Resistência.

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11) Imagem, Cidade e Resistência

Profa. Dra. Greciely Cristina da Costa (UNIVÁS)

Resumo:
A cidade é constituída por uma organização, injunção a trajetos, a vias, a repartições, a
programas, a traçados e a tratados. Porém, do ponto de vista simbólico, há dizeres que
trabalham na desorganização dessa organização. Ou seja, há discursos que
desorganizam uma rede de significação já estabilizada no e pelo urbano, produzindo,
assim, resistência. Há um confronto entre organização e ordem urbana. Imagem-
Cidade-Resistência é a série que proponho mobilizar para refletir sobre o tema
“Diferentes formas do discurso urbano: a linguagem, o político e o silêncio”, pensando,
sobretudo, os processos de significação em torno da vida em sociedade. Para tanto,
objetivo discutir o funcionamento de diferentes formas de linguagem no espaço público
e analisar o modo como algumas imagens se configuram como lugares de resistência
ou mesmo como elas produzem resistência na cidade, tomando como lugar de
observação: um graffiti do artista Bansky, fotografias que compõem o projeto Inside Out
realizado pelo artista JR, na Túnisia em 2011, e imagens do projeto fotográfico
desenvolvido, pelo mesmo artista, no Morro da Providência, no Rio de Janeiro,
denominado Women Are Heroes. Filiado à Análise de Discurso, esse estudo parte da
afirmação da linguagem e suas várias formas como mediadoras do homem e sua
realidade natural e social (ORLANDI, 1983; 1999; 2001). Concebe o espaço público
como espaço simbólico, espaço de sujeitos e de significantes. E toma a resistência
como possibilidade de deslocamento do já estabilizado, como ponto de ruptura de um
círculo de repetição (PÊCHEUX, 1990). Desse modo, interessa-me compreender como
diferentes imagens, enquanto formas de linguagem, ao mediar a relação do homem
com o espaço, podem transformar as relações sociais, ou seja, as relações de sentido
na e com a cidade. Podem funcionar como flagrantes do real da cidade trabalhando na
desestabilização da sobredeterminação do social pelo urbano, tendo em vista o fato de
a cidade ser um espaço de significação sujeito à transformação, ao silêncio, ao
silenciamento e à resistência. Com a análise das imagens aqui referidas, vislumbramos
a constituição de imagens como um poderoso instrumento de resistência que permite
resistir às políticas de esquecimento à medida que elas não deixam esquecer quer
sejam os sentidos de público da cidade, quer seja a cara da democracia, as reais
condições de existência do social.

Palavras-chave: Análise de Discurso; Imagens; Espaço Urbano; Resistência.

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SIMPÓSIO 22) A constituição e a (re)constituição da linguagem em


indivíduos com deficiência intelectual

Profa. Dra. Carla Salati Almeida Ghirello-Pires (UESB)


carlaghipires@hotmail.com
Profa. Me. Ana Paula Vila Labigalini (UEM)
avilalabigalini@gmail.com

1) Uso de linguagem verbal e não verbal na escrita inicial do parágrafo


por estudantes com dificuldades intelectuais de aprendizagem

Bethânia Vernaschi de Oliveira (UEM)


Lucilia Vernaschi de Oliveira (UEM)
Profa. Dra. Solange Franci Raimundo Yaegashi (UEM/Orientadora)

Resumo:
É bastante comum a queixa de professores e de outros profissionais que atendem
crianças, e até mesmo jovens e adultos, de que estes apresentam dificuldades na
compreensão do uso funcional do parágrafo, ao produzirem textos com coerência e
coesão textual. A dificuldade se acentua quando os aprendizes apresentam
comprometimentos intelectuais ao processar habilidades de simbolização e abstração
em leitura e escrita. Partindo desta realidade, o objetivo do nosso trabalho foi o de

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instrumentalizar futuras docentes sobre uma estratégia de ensino de produção escrita,


utilizando o texto e a representação de suas principais ideias por meio de ilustrações,
com o intuito de o estudante com dificuldades intelectuais de aprendizagem
compreenderem a correlação entre os desenhos das principais ações presentes no
material em estudo e a sua segmentação escrita alfabética, em parágrafos, ou seja, a
correspondência entre imagens não verbais e verbais e vice-versa. Participaram da
pesquisa dez alunas do terceiro ano do curso de Formação de Professores em nível
médio, na disciplina de Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa e Alfabetização,
no primeiro semestre do ano de 2016, em uma escola pública de Educação Básica,
localizada na região norte do estado do Paraná. A referida prática buscou prepará-las
para a docência nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em especial aos estudantes
com dificuldades de aprendizagem, nas práticas de estágio supervisionado e no
desempenho da futura profissão docente. Para a sua realização utilizamos uma lenda
do folclore brasileiro – lenda da mandioca - digitada em um único texto corrido, sem
indicação de parágrafos, e logo abaixo, apresentou-se uma tabela correspondente à
quantidade aproximada de parágrafos (desenhos) a serem elaborados, de acordo com
às normas da linguagem escrita convencional. Após a leitura, as participantes
desenharam os principais eventos ocorridos no texto em estudo. O passo seguinte foi o
de escrevê-lo em parágrafos, relacionando-os aos desenhos feitos anteriormente. Os
resultados demonstraram que a estratégia de ensino desenvolvida foi eficiente ao
evidenciar a relação linguagem verbal e não verbal, na aprendizagem da produção
textual escrita, conforme suas regras de paragrafação, entendendo que o interlocutor
pode se valer deste recurso para compreender e interpretar o material lido. Os autores
que fundamentaram este trabalho entendem a leitura e a escrita como instrumentos
fundamentais na constituição e na emancipação dos sujeitos sociais.

Palavras-chave: Dificuldades intelectuais de aprendizagem; estratégia de ensino;


produção escrita; paragrafação; linguagem verbal e não verbal.

2) A Neurolinguística Discursiva em Foco: um estudo sobre a apraxia de


fala em uma criança com síndrome de down

Laíse Araújo Gonçalves (UESB/FAPESB)


Profa. Dra. Carla Salati Almeida Ghirello-Pires (UESB/Orientadora)

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Resumo:
O principal objetivo deste trabalho é apresentar os resultados parciais de uma pesquisa
voltada para o campo da Neurolinguística Discursiva, a doravante ND. Trata-se,
especificamente, de um estudo de caso que visa analisar os dados linguísticos da fala
de uma criança com síndrome de Down e apraxia, contrapondo-se às perspectivas
patologizantes e reducionistas que limitam estes sujeitos. A apraxia de fala infantil (AFI)
não é uma doença, é um rótulo descritivo definido por um conjunto de sintomas clínicos
e, atualmente, vem sendo observada e diagnosticada na síndrome de Down, sendo
caracterizada como uma desordem neurológica que traz consequências na
programação e organização dos movimentos necessários para a realização da fala. Por
meio de uma terapia fonoaudiológica e linguística, focada nas principais dificuldades
apresentadas pela criança SD que, aqui, será chamada de IZ, visamos contribuir com o
desenvolvimento e controle voluntário na programação, sequencialização,
posicionamento e produção dos sons da fala em IZ, a fim de que este possa
desenvolver a linguagem oral de forma profícua e eficaz. O corpus desta pesquisa é
composto por um conjunto de dados linguísticos coletados no decorrer de atendimentos
realizados com IZ, no Laboratório de Pesquisa em Neurolinguística (LAPEN), na
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Para tanto, recorremos ao
arcabouço teórico- metodológico da doravante ND que nos propõe uma prática de
avaliar o sujeito de forma longitudinal, ou seja, por um período maior, no dia a dia e nas
suas relações com o meio social, em diversas sessões em que há o uso efetivo da
língua. Recorremos, em específico, aos postulados de Coudry e Morato (1990),
Canghilherm (1994) e Schwartzman (1999) acerca, respectivamente, dos aspectos da
linguagem na criança com síndrome de Down e aos conceitos de apraxia de fala,
conforme proposto por Kumin (2006) e Carrara (2016). Este estudo ancora-se, ainda,
nos postulados da Teoria Histórico Cultural (THC) que considera a importância do Outro
no processo de ensino e aprendizagem da criança.

Palavras-chave: Apraxia de Fala; Neurolinguística; Síndrome de Down.

3) Estimulação fonoaudiológica de crianças com síndrome de Down por


meio da Musicoterapia
Rosivan Nogueira Lima (Unicesumar)
Profa. Me. Ana Paula Vila Labigalini (UEM)

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Resumo:
A Síndrome de Down (SD) é uma cromossomopatia reconhecida em 1866 por John
Langdon Down. É caracterizada como uma alteração genética que ocorre durante a
divisão celular do embrião, e as características da síndrome descritas na literatura
médica são inúmeras. Entre elas, as alterações de linguagem podem interferir na
comunicação e no desenvolvimento global dos sujeitos diagnosticados com a síndrome.
A Fonoaudiologia é a ciência que abrange os estudos na área dos distúrbios da
comunicação humana, e a intervenção fonoaudiológica precoce é uma mediação
determinante na promoção do desenvolvimento da linguagem das crianças com SD. A
pesquisa em questão teve como objetivo observar o processo de aquisição e
desenvolvimento de linguagem de crianças com síndrome de Down por meio da
Musicoterapia, que utiliza instrumentos sonoros e seus elementos como o ritmo,
melodia, harmonia e sons para a reabilitação física, mental e social. Utiliza-se do uso da
expressão não verbal e verbal; da improvisação; ou da recriação de músicas, no intuito
de despertar as capacidades de percepção e expressão da criança com a música. O
delineamento metodológico da pesquisa ocorreu com intervenções fonoaudiológicas na
clínica escola Unicesumar, em torno de seis meses, com encontros semanais de 1 hora.
O grupo era formado por cinco crianças com SD, com idade entre dois e cinco anos e,
cinco estudantes do curso de Fonoaudiologia de anos letivos variados. Foram utilizadas
canções infantis cantadas e variadas para enriquecer o vocabulário das crianças e a
oportunidade de manipular instrumentos musicais, de formas variadas, como: madeira,
papel, metal, plástico e sementes. Além de cada instrumento emitir sons específicos,
possuem temperaturas, texturas e cores diferentes, estimulando as percepções
sensoriais das crianças. Os resultados da presente pesquisa de experiência
musicoterápica demonstram que as crianças utilizaram condições não-verbais de
linguagem para expressarem-se durante as intervenções, realizando um dos processos
dialógicos que De Lemos (1989) designa como especularidade, pois especulavam
enquanto ouvia uma música, ou balançava os instrumentos musicais, dessa forma
desenvolvendo-se e expressando-se de modo integral proporcionado pelo ambiente de
interação social vivenciado no grupo. Concluiu-se que as intervenções fonoaudiológicas,
utilizando a musicoterapia como estratégia nos atendimentos em grupo de crianças com
SD, favoreceu a aquisição e o desenvolvimento da linguagem dos sujeitos participantes,
no que tange as habilidades cognitivas, emocionais, linguísticas, sociais e motoras.
Evidenciando melhorias na qualidade de vida e na promoção da saúde desses sujeitos
e de seus familiares.

Palavras-Chave: Fonoaudiologia, síndrome de Down, Musicoterapia.

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4) Caracterização de alguns aspectos da linguagem oral e escrita de


crianças com síndrome de Down
Profa. Dra. Carla Salati Almeida Ghirello-Pires

Resumo:
Este trabalho objetiva caracterizar as especificidades da linguagem oral e escrita das
crianças com síndrome de Down (SD) na etapa da educação infantil contrapondo-se à
perspectiva biológica patologizante e reducionista a respeito do como se configura a
aquisição da linguagem desses indivíduos visando fornecer subsídios aos professores e
pais sobre especificidades nesse processo. O estudo ancora-se na Neurolinguística
Discursiva (ND) e na Teoria Histórico Cultural (THC) as quais consideram a linguagem
como uma atividade a ser desenvolvida a partir de suas interações, e que toda criança
pode aprender, embora possa fazê-lo por caminhos diferentes, ainda que apresentem
especificidades em relação à esse processo. Os dados foram coletados
longitudinalmente em situações interacionais no Laboratório de Estudos e Pesquisas em
Neurolinguística- Lapen, em uma Universidade estadual do interior da Bahia. Os
participantes da pesquisa foram quatro crianças acompanhadas no Laboratório, por
quatro anos. Os resultados demonstram que embora passem pelas mesmas etapas as
crianças SD necessitarão de um tempo maior para sistematizar o conhecimento
internalizado, sendo notada na oralidade a presença de processos fonológicos como
dessonorização, apagamento de silaba átona, anteriorização e posteriorizaçao,
permanecendo por mais tempo do que em crianças tipicas. Outro fato marcante na fala
dessas crianças é a presença do estilo telegráfico, caracterizado por omissão de artigos
conectivos e até mesmo verbos. Isso ocorre na fala de qualquer criança, mas nas
crianças SD irão permanecer também por mais tempo. Todos esses processos irão
trazer uma característica infantilizada às suas produções. Na escrita encontramos
também o estilo telegráfico além de uma grande resistência por parte das crianças de
entrar no processo de escrita. Consideramos que as características da fala de pessoas
com SD são as mesmas encontradas por todas as crianças típicas, entretanto estas
permanecem por um tempo maior, além disso, elas necessitam de maior mediação por
parte do professor pois ele fornecerá os modelos necessários para uma efetiva
internalização da linguagem. Outro fator observado é que estas crianças parecem
apresentar períodos de latência nos quais parecem não internalizar ou sistematizar o
aprendizado, mas que após algum tempo demonstram que aprenderam. Alguns autores
denominam estes períodos de saltos, e é preciso que os professores tenham
conhecimento deste fato para não se sentirem desestimulados com a aparente não
aprendizagem da criança, o qual ocorrerá mais tardiamente. É preciso salientar que

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apropriação da linguagem seja ela típica ou não está sempre relacionada com a
efetividade das interações fornecidas à essa criança.
Palavras Chave: Síndrome de Down; Linguagem orla, linguagem escrita.

SIMPÓSIO 23) Análise do discurso em manifestações artísticas: Foucault e


Bakhtin

Profa. Dra. Roselene de Fátima Coito (UEM)


roselnfc@yahoo.com.br
Me. Verônica Braga Birello (UEM)
vbirello@gmail.com

1) Formação Discursiva: o que pode e deve ser dito sobre Ana e


Catarina
Ana Laura Perenha dos Santos (UEM-PIBIC-CNPq- Gpleiadi- CNPq)
Roselene de Fatima Coito (UEM- Gpleiadi-CNPq)

Resumo:
Por meio da linguagem, o ser humano transforma a realidade em que vive e a si
mesmo, funda a existência humana, ou seja, confere-lhe sentido. E é esta capacidade
de atribuir sentidos que interessa à Análise do Discurso. O campo de estudo em
questão tem como objeto de estudo o discurso e seu sentido. Dito de outro modo, “ a
língua funcionando para a produção de sentidos”, enquanto trabalho simbólico, parte do
trabalho social geral constitutivo do ser humano e de sua história. Por meio desse

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estudo, pode-se conhecer melhor aquilo que faz o homem um ser com capacidade de
significar e significar-se. No trabalho em questão, abordaremos o conceito de formação
discursiva para embasar nossa análise. Este conceito consiste, na visada
Pêucheuxtiana, no que pode e deve ser dito de acordo com uma formação ideológica
dada, ou seja, numa determinada conjuntura social e histórica. Dessa forma, apropriar-
nos-emos deste conceito como forma de compreender o funcionamento do dizer em
contraponto com o feminismo e o posicionamento ideológico dos sujeitos-personagens
Ana e Catarina presentes no livro Laços de Família, da escritora Clarice Lispector.
Buscaremos por meio das formações discursivas, também, identificar a vertente social
presente no e sobre o discurso de cada uma das personagens, uma vez que nesse
conceito da Análise de Discurso as palavras não têm sentido nelas mesmas, pois
derivam seus sentidos das formações discursivas nas quais se inscrevem.
Palavras-Chave: Formação discursiva; Feminismo; Laços de Família.

2) O Corpo Cinematográfico como Prática Discursiva no Processo de


Normalização das Relações Homoafetivas
Marcieli Cristina Coelho (UEM)
Profa. Dra. Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso (UEM)

Resumo:
Este artigo teórico-metodológico parte de uma perspectiva arqueogenealógica,
subsidiadas pela Análise do Discurso de linha francesa e seus desdobramentos no
Brasil, e tem como objetivo geral compreender o modo como o discurso cinematográfico
nacional, mais precisamente o filme Tatuagem (2013), dirigido por Hilton Lacerda, por
meio de um simulacro do cotidiano das relações, desconstrói a normalidade
heteronormativa cristalizada na nossa sociedade brasileira. Para tanto,
problematizaremos os conceitos de norma e normalização, que constituem e
movimentam as novas formas de se relacionar, possibilitando perceber a emergência de
um temor, um pânico moral que atinge a sociedade ocidental de uma forma geral,
contudo em nossa pesquisa faremos um estudo específico do Brasil. Trata-se de um
pânico que evolui e aumenta, na medida em que as práticas sexuais e amorosas que
são reorganizadas pelo casamento em uma relação imaginária com o Estado colocam
em risco a instituição família. Como espaço de circulação dos sentidos, o cinema,
dentre outras mídias, comporta mecanismos que conformam efeitos de verdades e

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modos de existência a partir de uma dada realidade social, (des)identificando os sujeitos


espectadores. Considerando o discurso cinematográfico uma superfície de emergência
de enunciados que (re)apresenta, constitui e (re)significa sentidos sobre as outras
relações, o presente artigo foi norteado pela seguinte questão: a mídia cinematográfica
conforma uma conduta ética-moral vigente (do pânico moral) ou amplia ainda mais o
pânico instaurado na sociedade? Dessa forma, questiona a conduta ética-moral vigente
e promove reflexões sobre o medo diante de mudança em relações familiares. Dadas as
condições de fazer circular saberes e poderes, o cinema funciona como prática
discursiva que permite compreender o mecanismo sociopolítico contemporâneo e, em
cujas práticas sociais, os sujeitos são governados por jogos de poderes. Nesse
entremeio, o cinema nacional, com o longa Tatuagem, faz viver em suas práticas e
técnicas uma tentativa de normalização dessas relações outras, estabelecendo fios
condutores de uma união que vai além do sexo e problematiza questões que envolvem
amor, erotismo e família. Nesse entremeio, o cinema nacional, com o longa Tatuagem,
faz viver em suas práticas e técnicas uma tentativa de normalização dessas relações
outras, estabelecendo fios condutores de uma união que vai além do sexo e
problematiza questões que envolvem amor, erotismo e família.
Palavras-chave: (homo)sexualidade. norma/normalização. cinema nacional.

3) Banner publicitário: o discurso e o acontecimento

Cibele Peraro (UEM)


Lilian Regina Gobbi Bachi (UEM – Gpleiadi - CNPq)
Profa. Dra. Roselene de Fatima Coito (UEM/ Orientadora – Gpleiadi-CNPq)

Resumo:
Esta reflexão se propõe a analisar quando e como um discurso torna-se um
acontecimento, de acordo com os pressupostos da Análise do Discurso peucheuxtiana.
Levando-se em consideração que todas as ocorrências que acontecem na vida de um
povo faz parte de sua história, então teremos que todo e qualquer fato por qual essa
comunidade passe, trata-se de um acontecimento histórico. Contudo, ser um
acontecimento histórico não necessariamente é ser um acontecimento discursivo. Dito
de outro modo, a história enquanto ciência traz enunciados estabilizados e enquanto tal
suscita uma resposta unívoca. Tendo em vista que, para ele, os fatos históricos são
interpretações dos fatos e não os fatos em si, o real é apreendido na interpretação.
Podemos pensar aqui o clássico exemplo dado por Pêcheux ao analisar o enunciado
“on a gagné” que à época das eleições na França destacou-se na mídia. Tal expressão

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sofreu um deslocamento, partindo do campo esportivo para um campo político, tendo a


mesma estrutura sintática, porém sentidos diferentes. Outrossim, mesmo que para o
sujeito contemporâneo pragmático a homogeneização do discurso seja necessária, sem
a necessidade da interpretação, e mesmo que, diz o filósofo, no espaço discursivo da
mídia haja uma proibição de interpretação ao se aplicar o uso regulado das proposições
como se elas fossem estabilizadas, ou seja, como se todos partilhassem desta mesma
posição político-ideológica, deve-se considerar a desestruturação-estruturação das
redes de memória e trajetos sociais, porque, por meio das descrições regulares de
montagens discursivas, podem-se detectar os momentos de interpretação enquanto
atos que surgem como tomadas de posição, reconhecidas como efeitos de
identificação. Neste sentido de desestruturação-reestruturação das redes de memória e
trajetos sociais, partiremos da análise de um banner publicitário do curso pré-vestibular
Prove, vinculado ao colégio Adventista. Neste banner, figura a imagem de uma maçã
mordida e o discurso “toda conquista começa com uma decisão...”. Tais elementos
associados – a imagem da maçã, as palavras conquista e decisão - nos colocam diante
de questionamentos a propósito dos deslocamentos do dizer desse “dizer ordinário”.
Além disso, questionamos como que a partir da rede de memórias e trajetos sociais
deste dizer, vão sendo construídos e constituídos sujeitos ou forma-sujeito na
identificação ou contra-identificação deste dizer, que instaura um acontecimento
discursivo. Espera-se, então, com essa análise, compreender qual acontecimento tal
imagem está retomando, e se o discurso vinculado a essa imagem, retoma o mesmo
acontecimento. Também, objetivamos entender a possibilidade de um deslocamento
deste discurso ao ser produzido em uma dada época de uma dada sociedade mesmo
se este discurso se repetir, se ressignificra ou se apagar, tendo em vista que, em
instância teórica diferenciada da de Pêcheux, Foucault assevera em sua aula inaugural
de Collège de France, em 1970: “o novo não está no que é dito, mas no acontecimento
de sua volta”.

Palavras chave: Acontecimento; Sentido(s); Discurso; Memória.

4) As relações de poder e os multiletramentos: uma possibilidade de


leitura sobre o feminismo negro

Aline Rodrigues dos Santos (UEM)

Resumo:

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Este trabalho, sob o proposto teórico-metodológico que traça Roxane Rojo articulando o
conceito dos multiletramentos e a teoria dos gêneros do discurso de Bakhtin e seu
Círculo, trata-se de uma possibilidade de leitura, por meio de uma análise discursiva da
obra literária infantil O Cabelo de Lelê (2012) e da música brasileira Menina Pretinha
(2016), com enfoque na modalidade visual, a fim de desvelar possíveis relações de
poder. Para isso, recorremos a Foucault, mais especificamente, suas teorias sobre as
relações de poder, para problematizar a atual condição da escola diante dos embates
de forças entre letramentos dominantes e vernaculares, que já adentram seus muros
como efeito da revolução tecnológica e da globalização. Textos com temáticas de
culturas locais, como a estética e modos de ser das meninas negras, são produzidos,
lidos e já circulam, inclusive, no ambiente escolar, principalmente, por efeito das lutas e
conquistas do feminismo negro. Sublinhamos a importância deste estudo por conta da
temática feminista negra, bem como a ampliação da inserção da linguagem artística
visual em sala de aula numa abordagem sob o conceito de multiletramentos. A análise
discursiva da produção literária e da produção videográfica das quais nos dedicamos
permitiu-nos uma possibilidade de leitura que desvelou, por um lado, efeitos de sentido
sobre a linguagem visual e, por outro, a diversidade cultural com que as identidades das
meninas negras tem se construído na volta às origens para formar novos modelos de
estética, desconstruindo os modelos de branqueamento. A constituição de ambos os
gêneros discursivos na forma composicional, estilo e tema nos apontaram, entre outras
coisas, nas relações de poder, a luta da menina negra para se afirmar, assim como
afirmar sua cultura. Portanto, tal recorte atende, na instância da multiplicidade das
semioses e na pluralidade cultural, ao trabalho proposto por Rojo a partir do conceito de
multiletramentos. Diante da ampliação ao acesso à tecnologia/comunicação/informação,
mudanças sociais profundas ocorreram de modo que não cabe mais à escola ignorá-
las, já que implicam em transformações nas maneiras de ler, produzir e circular textos e
também na maneira como o aluno se vê em sua cultura local. Discutindo tais mudanças,
Rojo articula, baseando-se na questão de como trabalhar leitura e escrita na escola, seu
trajeto teórico-metodológico sob três aspectos: letramentos multissemióticos,
letramentos multiculturais e letramentos críticos e protagonistas. No eixo que se
articulam tais aspectos está a questão do poder que, em suas relações, coloca a escola
diante de alunos que pertencem a uma sociedade de múltiplas produções de semioses
e culturais e nessa rede que formam as relações de poder num movimento de resistir e
ceder, a escola, mesmo com sua rigidez no privilégio de letramentos dominantes, se vê
permeada por essas novas e outras semioses e multiculturalismo. Encontramos, assim,
em Foucault, a teoria que discute essa quebra da repressão e percebemos que as
próprias relações de poder são a possibilidade de, nesse jogo, no qual a escola apaga e
rejeita, também cede e aceita por conta da ação dos sujeitos que cada vez mais
resistem ao privilégio dos letramentos valorizados e se constituem nas práticas de
letramentos vernaculares.

Palavras-chave: multiletramentos, relações de poder, feminismo negro.

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5) Estratégias, táticas e resistência(s) em A Girl walks home alone at


night: usos do véu islâmico

Me. Ana Lúcia Dacome Bueno (UEM)


Profa. Dra. Roselene de Fátima Coito (Orientadora/UEM)

Resumo:
Para Michel Foucault (1997, 2004, 2013), o discurso consiste em prática de poder que
se imprime nas mais diversas materialidades e se difunde por todo o tecido social. O
poder estatal, desde a modernidade, assume essa forma difusa de gerir a população a
partir de diversos saberes, a fim de extrair-lhe – com o mínimo de recursos – a máxima
potência de trabalho. Contudo, em meio a essa articulação microfísica do poder, os
sujeitos a serem governados podem também encontrar brechas para criar espaços de
luta e resistência contra o poder em todo lugar onde ele está. Depreende-se então uma
arquegenealogia do discurso, cujo fim último é contribuir para o combate ao
pensamento unitário. Seu aparato teórico-metodológico é fundamental para os Estudos
pós-coloniais, amplo campo investigativo disposto a compreender como o conhecimento
foi/é instrumentalizado para a prática do imperialismo e de influências neoimperiais. É
sobre essas bases que Edward Said (2007) e Chandra Mohanty (1984) apontam o
funcionamento de uma hegemonia discursiva eurocêntrica de estereotipia e
inferiorização de culturas e sujeitos islâmicos que funcionam para o contínuo exercício
de sua colonização cultural e política . No contexto de proibição de usos do véu islâmico
na França, em vigor desde 2011, feministas islâmicas denunciam a reafirmação de um
estereótipo de mulher islâmica como deseducadas e sem poder que tem justificado a
interferência legal em suas práticas e costumes no país e o apagamento das vozes das
muçulmanas frente à questão. Em busca de compreender como seria possível lutar
contra esse discurso hegemônico de estereótipo dessas mulheres, visualmente
reconhecidas no Ocidente pelo uso do véu, neste trabalho, trazemos a pertinência da
arquegenealogia foucaultiana e promovemos um diálogo de suas concepções
discursivas de poder resistência com as noções de resistência sutil e pós-colonial por
meio das artes, propostas por Bill Ashcroft (2001). Desta vista, o filme irano-americano
A Girl walks home alone at night (2014) constitui uma materialidade discursiva cujas

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imagens de usos do véu islâmico produzem interessantes sentidos. A ordem do


discurso (no nosso caso, fílmico), suas condições de possibilidade e sentidos de
resistência feminista e pós-colonial que encontramos produzidos por algumas dessas
imagens amparam nossas reflexões sobre como o filme pode funcionar de modo a
contestar e resistir, através da arte, ao pensamento hegemônico ocidental, bem como
desvelar agências feministas de/em um Oriente Islâmico.

Palavras-chave: Discurso; Imagens; Mulheres islâmicas; Resistência pós-colonial.

6) O cuidado de si: uma análise acerca da defesa pela castidade


masculina na obra Virgeu de Consolaçon

Bruna Plath Furtado (PG-UEM)


Profa. Dra. Roselene de Fátima Coito (UEM/Orientadora)

Resumo:
O presente trabalho propõe analisar como se materializa no capítulo doze da obra
“Virgeu de Consolaçon” uma cultura do cuidado de si cristão. Para tanto, temos como
pressupostos teóricos a história do sujeito, sob uma perspectiva do cuidado de si,
elaborada por Foucault (1985), sobretudo no terceiro volume da obra História da
sexualidade. O corpus selecionado para tal investigação trata-se de um capítulo do livro
intitulado “Virgeu de Consolaçon” – pertencente ao século XIV da história portuguesa –
que trata da castidade enquanto uma lei da doutrina católica e à qual se submetem os
homens e mulheres que dispõem de sua vida à causa religiosa. Enquanto um texto que,
cronologicamente, está inserido em uma das fases, evidenciadas por Foucault (1985),
do cuidado de si, procuramos compreender como o modelo ascético-cristão do cuidado
de si, social e historicamente contextualizado, pode ser compreendido no corpus em
relação à temática da abstinência sexual enquanto uma prerrogativa para a purificação
espiritual e para a aproximação do homem para com Deus. A elaboração deste trabalho
justifica-se por desenvolver uma análise em um texto do século XIV da língua
portuguesa, sobre o qual ainda não foram desenvolvidos estudos pelo viés da análise
de discurso, tendo como ponto de partida o conceito do cuidado de si foucaultiano. Para
tanto, selecionamos como corpus o capítulo doze da obra referida anteriormente – que
era direcionada, no medievo português, aos homens que dedicavam a vida ao
sacerdócio e que haviam feito, entre outros votos, o voto de castidade – denominado
como Duodecimo capitolo – da fala e conversaçon que os homẽes nõ devẽ haver cõ as
molheres. O capítulo em questão aborda especificamente a temática da castidade

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masculina, apresentando informações sobre a importância desta, sobre como mantê-la,


sobre os malefícios impostos àquele que a infringi e sobre os benefícios em conserva-
la. Desse modo, temos por objetivo geral: analisar como emerge no capítulo doze da
obra “Virgeu de Consolaçon” uma cultura do cuidado de si cristão. Como objetivos
específicos, estebelecemos os seguintes tópicos: 1. apresentar uma contextualização
acerca da história do sujeito por um viés do cuidado de si, conforme elaborado por
Foucault (1985) e 2. descrever como se constrói uma argumentação em favor da
castidade no corpus selecionado em torno de uma necessidade que homem tem de
cuidar de si mesmo.

Palavras-chave: Análise de discurso; Cuidado de si; Castidade; Idade Média.

7) O Discurso foucaultiano e a MPB no contexto ditatorial


Caroline Peres Martins (UEM)
Junia Nunes Bermejo (UEM)
Renan Gustavo Parma dos Reis (UEM)
Prof. Dra. Roselene de Fátima Coito (UEM)

Resumo:

A presente comunicação se insere dentro da área da Analise do Discurso e propõe um


estudo a partir de Foucault de duas músicas de protesto que tiveram como contexto de
produção o período militar brasileiro (1964-1985), são elas as músicas “Apesar de você”
1970 e “Construção” 1971, ambas do cantor e compositor Chico Buarque de Holanda.
Para tal analise, foi realizado um estudo do conceito de Discurso foucaultiano a fim de
aplicar a teoria buscando entender como discurso se manifesta nos atos de
comunicação em especifico quando não há liberdade de opinião. Para compreender as
músicas em todos os seus sentidos, buscamos entender a importância não somente
artística das mesmas, mais também seu valor na promoção da informação e resistência
dos movimentos contrários ao regime vigente da época. Foram objetivos da pesquisa:
ressaltar como o discurso dialoga com conceitos como formação discursiva, ideologia e
história; compreender como as músicas de Chico Buarque de Holanda desempenharam
um papel marcante na história brasileira; resgatar o momento histórico do golpe militar e
sua consequência nas mais variadas esferas do Brasil da época e que ainda ecoam
discursivamente. A pesquisa foi além dos conceitos da Analise do Discurso, pois
estabelece relações claras e diretas com a Historia, Música e Cultura, tudo para melhor
entender o momento histórico da ditadura como um momento importante da história do
Brasil que não pode ser esquecido ou esvaziando como vem ocorrendo atualmente,
pois foi o momento onde varias ideologias foram alimentadas e conceitos criados, esses

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ainda moldam as formas de pensar e ainda habitam a identidade do povo brasileiro e


por vezes se manifestam discursivamente no dia a dia na nossa sociedade.Dessa
forma, procuramos por meio dessa pesquisa entender como o discurso dominante atua
e persiste na memória coletiva e transborda em nossas ações e posicionamentos
políticos. Portanto, ao reconhecermos que somos atravessados por dizeres diferentes,
temos a obrigação de saber reconhecer as mais diversas ideologias que formam os
nossos dizeres, que não porventura achamos serem nossas opiniões, como também é
obrigação não só reconhecer os discursos, mas saber se posicionar diante da ordem
sociopolítica mesmo que seja por meio de jogos de palavras e idéias, como fez Chico
Buarque, só assim teremos uma sociedade menos alienada.

Palavras-Chave: Análise do Discurso; Ditadura militar; Historia; Ideologia; MPB.

8) Efeitos de verdade e poder em iconografias acerca da beleza


feminina
Lucimara Cristina de Castro (UEM)
Profa. Dra. Roselene de Fátima Coito (UEM/Orientadora)

Resumo:
A beleza sempre esteve presente na história da humanidade, em rituais que permeiam
a vida dos sujeitos. Somos atravessados, na contemporaneidade, por discursos que se
materializam em imagens, em movimento ou não, que não cessam de lembrar sobre a
importância de ter boa aparência, um corpo belo, vestir-se na moda, como fórmula para
ser feliz, ser saudável, conquistar a longevidade e destacar-se socialmente. As
sociedades ocidentais, demarcadas pela hegemonia do sistema capitalista, presenciam
a emersão de uma economia da aparência corporal, especificamente em nosso trabalho
a aparência feminina, que faz do reconhecimento da beleza, a partir de padrões
preestabelecidos, uma forma de poder. A beleza feminina, reflexo de uma cultura
midiática, passou a ser objeto de poder do sujeito na sociedade. A representação da
mulher, hoje, é contornada por um apelo, manifestado pelos meios de comunicação e
pela publicidade, que disseminam a idealização de “formas perfeitas”. Assim, a
sociedade pós-moderna, pensada pela perspectiva foucaultiana, é caracterizada por um
controle biopolítico da aparência corporal, que se desdobra em biopoderes, a partir de
dispositivos de poder, como a mídia e a publicidade, cujo objetivo é disciplinar e
controlar os corpos por meio da venda de produtos/imagens corporais. Visando
entender a transformação da beleza em exercício de poder e estratégia de controle
biopolítico, procuramos, neste trabalho, responder à seguinte questão: a partir do que é
colocado em regime de (in)visibilidade, quais discursos estão inscritos em iconografias
acerca da beleza feminina na pós-modernidade e fazem emergir práticas discursivas

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que constroem um padrão preestabelecido de beleza como exercício do poder? Para


nortear a reflexão, traçamos como objetivo desenvolver um gesto de leitura a partir da
obra imagética “O nascimento de Vênus”, de Botticeli, e outras duas reproduções
iconográficas que dialogam com a pintura, acerca da beleza feminina, buscando
compreender os processos sócio históricos de objetivação da beleza que contribuíram
para a construção estética do corpo como exercício do poder. Procuramos, também, à
luz dos pressupostos teóricos de Michel Foucault, refletir sobre o processo de controle
da beleza feminina pela mídia, pela publicidade e pela indústria da moda, tomadas por
nós como dispositivos de poder, que “encarceram”, promovendo o controle dos corpos,
neste caso, o feminino, e o exercício de biopoderes. Nesse sentido, entendemos que a
idealização dos corpos decorre de um processo de normalização permeado de relações
saber-poder que, por sua vez, podem nos levar à possível compreensão do processo de
consolidação de um estereótipo da beleza feminina e dos aspectos relacionados a tal
representação.

Palavras-chave: Biopolítica; Biopoder; Beleza feminina; Iconografia.

9) Bakhtin e Ferreira Gullar – o conflito das vozes no poema “Não Há


Vagas”
Aruan Pamplona Simões Luz (UEL)
Profa. Dra. Maria José Guerra (UEL/ORIENTADORA)

Resumo:
Esta comunicação faz parte do projeto Cadernos de Teorias da Linguagem do Centro
de Letras e de Ciências Humanas da Universidade Estadual de Londrina, especialmente
do núcleo de estudos bakhtinianos desse Projeto. A linguística da enunciação, com
precursores como Émile Benveniste (1976) e Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1987), cada
um a seu modo, repensa a oposição saussuriana entre língua e fala, principalmente
quando colocam o discurso como matéria linguística. A partir dos conceitos de
enunciação e discurso em Bakhtin, precisamente, analisamos o mecanismo enunciativo
como alicerçado sempre por um dialogismo constitutivo. É esse dialogismo que permite
aos valores ideológicos circularem – nem sempre de maneira contratual – por meio dos
percursos dos signos nos heterogêneos discursos sociais. Nessa interdiscursividade
fundadora da comunicação social, não se pode deixar de lado o papel decisivo do
discurso literário. A literatura se ergue como discurso, compondo um dialogismo
interdiscursivos com os demais discursos sociais. É esse viés da teoria da linguagem

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de Bakhtin que utilizamos aqui para a análise do poema “Não há Vagas”, de Ferreira
Gullar (1980). Nossa análise do texto de Gullar procura mostrar como a teoria do
dialogismo e da polifonia proposta por Bakhtin pode ser observada na literatura.
Analisamos as construções e os meios presentes na constituição das várias vozes que
permeiam o poema. Sendo assim, podemos observar que as relações entre literatura e
linguística são bem mais próximas do que os debates contemporâneos têm
contemplado; pois, o texto literário só se constitui como literatura porque se consolida
como discurso impregnado de história, de enunciação e dos enunciados gramaticais.
Bakhtin nos desvenda o dialogismo constitutivo do signo na poética e o valor ideológico
que a palavra adquire em meio à comunicação social. O signo ideológico faz parte do
discurso e da comunicação social: é do discurso e é da história. Não é propriedade de
nenhum gênero discursivo. Pretende-se aqui discutir, essencialmente, o discurso da
obra literária; de acordo com a escola russa, o discurso da obra poética. Por meio da
análise linguística da obra literária, é possível dar uma outra perspectiva para o objeto
analisado, mostrando como as diversas ideologias que perpassam qualquer texto
aparecem e também se intercruzam no discurso da literatura e são concretizadas pelas
várias vozes presentes no poema. Bakhtin contribui ainda para a discussão do papel
fundamental que a literatura tem no contexto geral da língua e da linguagem;
destacando que apenas a literatura consegue exprimir certas ideias de certos sujeitos
inseridos em certos contextos sócio históricos. O mestre russo é um dos que, dessa
forma, nos assegura que há, uma relação intrínseca e específica entre essas duas
áreas da Humanidades: Linguística e Literatura, permitindo-nos perceber os limites da
língua além das interações cotidianas. Bakhtin aproxima-se mais da análise literária nos
anos finais da vida, unindo de forma cada vez mais intensa a língua e a poética.
Palavras-chave: Bakhtin; Enunciação; Dialogismo; Discurso Literário; Poética; Ferreira
Gullar.

10) No livro-imagem “O cântico dos cânticos”: o ser da literatura

Prof. Dr. Roselene de Fatima Coito (UEM – Gpleiadi- CNPq)

Resumo:

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Ângela Lago, artista plástica mineira e escritora de literatura infantil, tem, dentre as
produções de seus textos, livros-imagem como uma proposta de leitura para o público
infantil. Dentre estes livros, aqui destacaremos o livro “O cântico dos cânticos”. Este
livro com tema provindo de uma poesia lírica apropriada pelo Rei Salomão que faz parte
dos oito cânticos dos livros de sapiência, traz na instância do mostrar o (des)encontro
amoroso de um casal. Na constituição da históra, por meio de imagens, tem-se, na
modalidade enunciativa visual, efeito de dessemelhança, termo utilizado por Rancière.
Tendo em vista que o termo dessemelhança refere-se ora à alteridade ora à identidade
e ora à alteridade identitária da e na imagem, busca-se nesta reflexão discutir o ser da
literatura na e por meio da imagem. Contudo, esta reflexão se pautará em dois
movimentos filosóficos, ou seja, nas reflexões acerca da literatura proposta por Michel
Foucault e nas reflexões filosóficas acerca da imagem proposta por Jacques Ranciére.
Da literatura, o livro “As palavras e as coisas” escrito por Foucualt e alguns de seus
interlocutores e também de seus comentadores; da imagem, o livro de Rancière “o
destino das imagens” e alguns de seus comentadores.O objetivo principal nesta
comunicação é pensar o ser da literatura a partir da imagem e, no nosso caso, do livro-
imagem em questão. Para tanto, será feito um recorte deste livro proposto para o
público infantil a fim de que se questione não o que é a literatura e sim o seu ser.
Nestes sentido, a própria questão de se pensar a literatura produzida para o leitor
criança enquanto uma modalidade enunciativa de menor importância para a constituição
do cânome, será posta em xeque.

Palavras-chave: imagem; literatura infantil, efeitos de.

SIMPÓSIO 24) Língua e ensino: práticas reais e possíveis

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Prof. Dr. Richarles Souza de Carvalho (UNESC)


rsc@unesc.net
Prof. Ms. Carlos Ancângelo Schlickmann (UNESC)
cas@unesc.net

1) O potencial educativo do dialogismo bakhtiniano em aulas de língua


inglesa

Alan Tocantins Fernandes (UFMT)

Resumo:
A construção e reconstrução de conhecimento em aulas de língua inglesa muitas vezes
seguem um discurso monológico no qual apenas um ponto de vista é representado, por
mais diversificados que sejam os meios de representação. Os modelos de diálogos, por
exemplo, são usados para, meramente, praticar a fala e fornecer exemplos de itens e
usos de linguagem. Neste cenário, os diálogos são pouco autênticos, bem diferentes
dos diálogos da vida real, pois contêm gramática e vocabulário simplificados para uma
determinada atividade e a duração, geralmente curta, das aulas. Neste método, as
ideias e as vozes dos professores são as primeiras e últimas nas salas de aula, em uma
espécie de força onipresente e autoritária. Muitas vezes, a franqueza e a formalidade
com as quais o professor se expressa em sala de aula pode ser um reflexo do contexto
institucional e da sua posição de autoridade, podendo reduzir as oportunidades de os
alunos praticarem diálogos mais autênticos dentro e fora da sala de aula. Para Mikhail
Bakhtin, o monologismo indica desligar o processo de diálogo, bem como suas
potencialidades. Para ele, o diálogo é a natureza da vida humana em si, uma espécie
de discurso e um modelo de consciência centrado na comunicação. É através das
interações sociais, que o ser humano resiste, confronta e constrói sentidos. O objetivo
deste trabalho é uma reflexão a respeito da aplicabilidade do diálogo e do dialogismo,
propostos por Bakhtin, no processo de apropriação da língua inglesa a partir de
observações de aulas em um contexto acadêmico. A coleta de dados foi realizada por
meio de gravação de vídeos, totalizando oito horas distribuídas em quatro encontros, de
um curso denominado ‘Language Development in Academic Contexts’, oferecido pelo
programa ‘Inglês Sem Fronteiras’, pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e

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teve, portanto, a sala de aula como espaço de circulação discursiva. Foi observada a
dialogicidade presente nas interações verbais face a face e práticas discursivas por
meio da produção e da compreensão dos significados. As práticas discursivas
dialógicas demonstraram grande influência na subjetividade, valorizando o
conhecimento sócio-histórico e cultural prévio dos participantes, sob uma perspectiva
interacionista da linguagem. Nesse modelo de aula proposta, o professor compartilhou
de sua autoridade com os estudantes, servindo apenas como facilitador do processo.
Os alunos trabalharam de forma dialógica, através de conversas exploratórias,
marcadas pela originalidade e autenticidade, e foram estimulados a pensar
sensatamente. Suas vozes foram ouvidas e suas opiniões valorizadas, proporcionando
tanto confrontações quanto convergência de sentidos no decorrer das aulas. Esta
relação de sentidos que se estabeleceu entre os enunciados na comunicação verbal
dos alunos, que é defendida por Bakhtin, foi possível graças ao considerável espaço
cedido para o processo interacional e o dialogismo mediado através da língua inglesa.
O presente estudo demonstra que os conceitos de diálogo e dialogismo de Bakhtin
podem ser usados como ferramentas de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Bakhtin; Dialogismo; Apropriação de língua inglesa.

2) Proposta de aula de leitura no Ensino Fundamental: gêneros


discursivos manchete de notícia e letra de música

Betania Elisabete Braga (UEM)


Profa. Dra. Eliana Alves Greco (UEM)

Resumo:

O objetivo desta comunicação é apresentar e discutir uma proposta de aula de leitura


com gêneros das esferas jornalística e musical para uma turma do nono ano do Ensino
Fundamental. Os gêneros discursivos escolhidos para o processo de elaboração
didática são a manchete de notícia e a letra de música. A opção por se trabalhar com
mais de um gênero discursivo e de esferas de circulação diferentes se deve ao fato de
levar os alunos a compreenderem que uma mesma informação pode apresentar
diferentes sentidos, dependendo do gênero, do suporte, dos interlocutores e da maneira

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como foi organizado. Os textos a serem trabalhados foram selecionados com a intenção
de chamar a atenção do leitor logo de início, motivando-o para a leitura. Nossa pesquisa
está fundamentada na concepção interacionista de linguagem, na perspectiva dialógica
dos estudos de Bakhtin (2016) e contempla também os pressupostos teóricos sobre
leitura abordados por Leffa (1996), Solé (2008) e Coracini (2010). Buscamos, com o
trabalho em sala de aula, promover a prática da leitura e da compreensão textual,
desenvolvendo, nos alunos, além da motivação para a leitura, a possibilidade de fazer
inferências e de expressar sua criticidade. Nesse sentido, nossa proposta busca fazer
com que os alunos entendam que não existe neutralidade no discurso, que é necessário
que eles, enquanto leitores, desenvolvam suas próprias estratégias para compreender o
enunciado e definir seu posicionamento diante do que está lendo. Ressaltamos o papel
do professor de Língua Portuguesa em auxiliar os alunos a desenvolverem as
competências necessárias para participarem de economias e de sociedades pós-
industriais, a compreenderem os diferentes efeitos de sentido que uma mesma
informação pode ter, dependendo do veículo que a divulga, dos sites que se pode visitar
e da confiança na veracidade dessa informação. Em um mundo tecnológico, a
informação pode ser produzida e acessada por qualquer pessoa de maneira muito
veloz, sendo imprescindível que se consiga compreender as diferentes abordagens que
ela pode ter. Ao estudar reflexivamente um discurso, o leitor pode se sentir impelido a
concordar ou não com a opinião do autor, mas nunca ficará indiferente a ele.
Acreditamos que a leitura pode oportunizar nos alunos a possibilidade de desenvolver
suas próprias posições valorativas diante dos enunciados, tornando-os cidadãos plenos.

Palavras-chave: Leitura; Esfera jornalística; Gêneros discursivos; Inferências.

3) A tira cômica no livro didático

Bianca Reineri Alves (UEL)


Rayane Imakami Moreira (UEL)
Profa. Dra. Maria Isabel Borges (UEL/Orientadora)

Resumo:
Ramos (2010; 2011; 2014) trata a tira cômica como gênero quadrinístico, tendo como
característica fundante o humor como desfecho de uma expectativa, construída a partir
de uma sequência narrativa. Compara a tira a certas estratégias textuais presentes nas
piadas, tais como: exploração de estereótipos, inferências, ambiguidades, narratividade
etc. Em livros didáticos, vestibulares, Enem, Prova Brasil e concursos, é comum o uso

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da tira cômica e outros gêneros (charge, cartum, histórias de aventuras). Com base no
levantamento dos gêneros quadrinísticos utilizados no livro didático “Gramática: texto,
análise e construção de sentido” de Maria Luiza A. Abaurre e Marcela Pontara (2006),
Ensino Médio, volume único, há 287 ocorrências presentes em exercícios e
sistematizações teóricas: 256 tiras, 16 cartuns, 1 charge, 11 textos sem especificação
de gênero, 2 denominadas apenas como quadrinhos, 1 caso de mistura de tira e charge
em mesma atividade. Nesse sentido, além do objetivo de levantar quais gêneros são
utilizados, verificamos de que forma a caraterização do gênero "tira cômica" — em
especial, “Garfield’ de Jim Davis e “As Cobras” de Luiz Fernando Veríssimo — é trazida
à tona para as discussões gramaticais, uma vez que o foco do livro é a gramática.
Identificamos 6 ocorrências de “As Cobras”, sendo 2 tiras voltadas para classes
gramaticais, 1 para sintaxe, 2 para interpretação de texto e 1 para figuras de linguagem.
Já em relação a “Garfield”, foram encontradas 20 tiras cômicas, no entanto existe 1
caso de classificação de cartum e 1 de texto sem especificação de gênero pelas
autoras. Nessas tiras, foram contemplados: morfologia (5), interpretação de texto (4),
sintaxe (3), regência (1), concordância (3), crase (1), coesão e coerência (1), vestibular
e Enem (2). Observamos que a linguagem dos quadrinhos, de modo geral, constitui um
aporte secundário para as discussões gramaticais, apesar de Geraldi, desde a década
de 1980, destacar a urgência do trabalho com a língua portuguesa a partir do texto.
Esse ponto é retomado por diversos linguistas — por exemplo, Antunes (2007; 2014) e
Neves (1999) — e pelos próprios documentos oficiais (Parâmetros Curriculares
Nacionais e Diretrizes Curriculares de Ensino, no Paraná) DCEs). A caracterização dos
gêneros aparece em vários momentos, para exploração gramatical, inclusive nas tiras
de “Garfield” e “As Cobras”.

Palavras-chave: Tira cômica; gêneros quadrinísticos; texto; livro didático; gramática.

4) A memória, a (re)construção das identidades na pós-modernidade e


uma proposta de intervenção na escola com a novela gráfica
Persépolis de Marjane Satrapi
Thaís Fernanda Rodrigues da Luz Teixeira (UEL)
Profa. Dra Maria Isabel Borges (UEL/Orientadora)

Resumo:

Trata-se de uma pesquisa-ação articulada com uma proposta de intervenção, com o


objetivo de atender às demandas de leitura e escrita em sala de aula. Pretende-se

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estabelecer relações entre as memórias (SANTO AGOSTINHO 1999; POLLAK, 1992;


CANDAU, 2016) e as identidades na pós-modernidade (HALL, 2003; BAUMAN, 2005;
WOODWARD, 2000). O gênero-âncora é a novela gráfica Persépolis de Marjane
Satrapi, publicada em quatro volumes entre 2000 e 2003. No entanto, para este
trabalho, utilizou-se o volume único (2007). Na história, Marji é seu próprio campo de
observação e investigação, pois, por meio de suas memórias, uma identidade vai sendo
(re)construída, ao mesmo tempo, em que se ressignifica. Apropriando-se de um gênero
em consolidação, narrado por uma voz feminina, nos limites do real e do ficcional
(GARCÍA, 2012), espera-se trabalhar a relação híbrida entre a linguagem verbal e a não
verbal (CAGNIN, 1975; RAMOS, 2010); e os aspectos sociais, culturais e históricos
constituintes da obra. Para o sujeito, a escrita e a fala são provenientes de um lugar e
um tempo particular, em uma história e uma cultura específica. O que se diz está
sempre “em contexto” posicionado. (HALL, 1996). As identidades adquirem sentido por
meio da linguagem e dos sistemas simbólicos pelos quais elas são representadas
(WOODWARD, 2000). A identidade é uma produção que nunca se completa, está
sempre em processo, e é sempre constituída interna e não externamente à
representação. (HALL, 1996). A representação atua simbolicamente para classificar o
mundo e nossas relações no seu interior (HALL, 1996). Deve-se falar em identidades
possíveis, das quais o sujeito pode se identificar, ao menos temporariamente. (HALL,
2013; BAUMAN, 2005). Por isso, optou-se por elaborar uma proposta de intervenção, a
partir da novela gráfica Persépolis (SATRAPI, 2007), para que os alunos repensem suas
posições identitárias no mundo tanto como sujeitos da/na linguagem quanto sujeitos-
protagonista de suas memórias. Sob tal contexto, a proposta de intervenção será
desenvolvida com os alunos de um oitavo ano do Ensino Fundamental, na disciplina de
Língua Portuguesa. A proposta estabelece o contato com obras autobiográficas para
que o aluno tenha motivação para se posicionar discursivamente, reivindicando um
lugar para falar de si mesmo. Para simbolizar a concepção de autobiografia, será
utilizado o gênero-âncora Persépolis de Marjane Satrapi (2007) e trechos das seguintes
obras: O diário de Anne Frank por Otto H. Frank e Mirjan Pressler (2013), Inverno na
manhã de Janina Bauman (2005), Adeus tristeza de Belle Yang (2010), Quarto de
despejo: diário de uma favelada de Carolina Maria de Jesus (2015), Carolina – A
biografia de Carolina Maria de Jesus em quadrinhos de Sirlene Barbosa e João Pinheiro
(2016) e Vincent de Barbara Stok (2014).

Palavras-chave: novela gráfica; leitura e escrita; identidades; memórias; pós-


modernidade.

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5) As pesquisas colaborativas e seus desdobramentos no ensino


de Língua Portuguesa

Dra. Cristiane Malinoski Pianaro Angelo (UNICENTRO)

Resumo:

Neste trabalho, buscamos refletir a respeito das contribuições da pesquisa colaborativa


no ensino de Língua Portuguesa, focalizando o desenvolvimento dessa modalidade de
investigação no processo de formação contínua do docente. No cerne dos aportes
teóricos está o conceito de colaboração, conforme discutido por Magalhães, Ibiapina,
Ninin, Pimenta, Liberali, Bortoni-Ricardo, dentre outros estudiosos, conceito que
também remete aos trabalhos do Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2003;
BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1999) e de Vygotsky (1994), quando esses teóricos afirmam
que é nas relações com o outro social, por meio da palavra, da colaboração, da
interação, do embate de vozes, que o indivíduo se constitui enquanto sujeito e enquanto
profissional. O corpus das análises constitui-se de dissertações e teses dos programas
de pós-graduação brasileiros, autorizados e em funcionamento na área de Letras,
Linguística, Linguística Aplicada, Educação, ou áreas afins, no período de 2010 a 2016,
e com as seguintes características: 1ª) fundamentadas metodologicamente nos
pressupostos da pesquisa colaborativa; 2ª) que tenham como lócus de investigação o
contexto de formação contínua; 3ª) que tenham como sujeitos participantes os
professores de língua portuguesa da educação básica, incluindo-se aqui os professores
das séries iniciais, na situação de trabalho com a leitura e a escrita. A pergunta que
orienta o processo investigativo necessário para tratar o tema levantado é: De que
forma as pesquisas colaborativas repercutem no ensino de Língua Portuguesa?
Atreladas a essa pergunta estão outras: Quais as práticas docentes em relação à leitura
e à escrita, antes do trabalho colaborativo desenvolvido junto ao professor? Como se dá
o trabalho colaborativo nas práticas docentes em relação à leitura e à escrita? Quais as
práticas docentes em relação à leitura e à escrita, posteriormente ao trabalho
colaborativo desenvolvido junto ao professor. Os resultados das análises demonstram
que a pesquisa colaborativa possibilita a ressignificação no ensino de Língua
Portuguesa, questionando práticas docentes cristalizadas, direcionadas por um discurso
autoritário e unidirecionado, para aproximar-se mais de uma perspectiva dialógica de
linguagem e de ensino, em que as vozes dos sujeitos – professor e alunos – podem ser
ouvidas, discutidas, respondidas, com a presença do caráter dialógico na relação.

Palavras-Chave: Pesquisa colaborativa; Formação docente contínua; Ensino de Língua


Portuguesa.

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6) Multimodalidade e microtextos: novas possibilidades para a produção


e leitura da crônica contemporânea em sala de aula
Dra. Nara Augustin Gehrke (UFSM)

Dra. Sara Regina Scotta Cabral (UFSM)

Resumo:
Gêneros multimodais são comumente apresentados em sala de aula, porém sua
abordagem fica aquém do potencial dos textos. Com a pesquisa aqui relatada
buscamos propor uma abordagem pedagógica da multimodalidade, uma lacuna ainda
presente na realidade escolar brasileira. Com interesse na leitura e na produção de
textos multimodais, realizamos um estudo analítico-descritivo com abordagem
qualitativa (Fase I), buscando estabelecer parâmetros para a validação de um novo
gênero com potencial de ferramenta para a comunicação contemporânea (ROAS, 2006;
ZAVALA, 2006) por nós denominado microcrônica verbo-visual. A pesquisa afilia-se às
áreas da Linguística Sistêmico- Funcional, da Semiótica Social e da Escola de Sydney.
Considerando gênero tanto como prática social desenvolvida em estágios orientados
para um objetivo (MARTIN, 1985; 1997) quanto como uma configuração recorrente de
significados plurifuncionais relevantes para uma dada comunidade (MARTIN; ROSE,
2008), formulamos protocolos de análise para o reconhecimento de como significados
plurifuncionais (HALLIDAY: MATTHIESSEN, 2004; 2014) eram produzidos e como se
articulavam os modos semióticos (KRESS, van LEEUWEN, 2006) em um único quadro.
Aplicamos esses instrumentos a um conjunto de 100 microtextos publicados
diariamente em um jornal circulando na região sul do Brasil e, numa fase posterior do
estudo, coletamos textos no ambiente digital. Com os resultados, reconhecemos como o
propósito sociocomunicativo que dá unidade ao gênero o de partilhar uma impressão
pessoal sobre um tema considerado relevante socialmente, a partir do que o cronista
interpreta da representação de significados atinentes ao cotidiano representados
visualmente. Se circunscrita ao jornal, impresso ou online, esse propósito se amplia,
possibilitando ao jornalista e, por extensão, à empresa jornalística, o estreitamento de
laços com o leitor por meio do (re)conhecimento de aspectos do cotidiano de ambos
representados semioticamente. A construção semiótica escolhida pelo cronista é
apresentar seu texto como uma soft news (TUCHMAN, 1972) no espaço do jornal, onde
imperam as hard news. Os dados evidenciaram o gênero como uma espécie de zoom
para questões do dia a dia. A estrutura global do gênero consiste da apresentação de
uma imagem fotográfica e sua interpretação verbal. A configuração Cenário ^
Comentário ((Apreciação)/ (Locução) / (Ideia)) corresponde à estrutura esquemática de

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uma microcrônica verbo-visual. Concluída a Fase I, comprovamos tratar a microcrônica


de um gênero multimodal compatível com uma observação comentada, um dos gêneros
da família das estórias (story genres), em processo de estabilização, à semelhança da
image-nuclear news story (CAPLE, 2009), porém com características próprias da
crônica jornalística brasileira (ANDRADE, 2005; SCHENEIDER, 2012; GABRIEL
JÚNIOR, 2013). No atual estágio da pesquisa (Fase II), estamos investigando uma
abordagem do gênero com vistas ao trabalho pedagógico e a produção textual, tendo
dois objetivos principais: sistematizar uma teorização sobre a multimodalidade e a
microcrônica verbo-visual em suas diferentes possibilidades composicionais e elaborar
material didático-pedagógico com vistas à qualificação da leitura e da produção de
textos multimodais.
Palavras-chave: Produção e leitura; Gêneros multimodais; Microcrônica verbo-visual;
Escola de Sydney; Crônica jornalística.

7) Processos fonológicos: marcas orais nas alterações de escrita em


textos de aprendizes do ensino fundamental II

Silvia Adriana Trolez (PROFLETRAS/CAPES - UEM)


Wemerson Damasio (PROFLETRAS/CAPES - UEM)
Luciane Braz Perez Mincoff (PROFLETRAS/CAPES - UEM)

Resumo:
O ensino de Língua Portuguesa no Brasil tem demonstrado que a prática da escrita
apresenta supremacia sobre a fala. Por outro lado, é comum nos textos dos aprendizes
a presença de marcas da oralidade. Diante desse conflito entre a fala e a escrita,
evidenciamos a necessidade de desconstrução da ideia de “erro” gerada nas mais
variadas situações de uso da linguagem que nos colocamos, inclusive em nossas
escolas. Nesse contexto, buscar a compreensão da escrita com marcas da oralidade
faz-se necessário, através do viés dos processos fonológicos, fenômenos linguísticos

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recorrentes na fala e na escrita da língua portuguesa, que caracterizam as modificações


sofridas pelos fonemas em início, no meio ou no fim da palavra. Classificados em três
grandes grupos: por inserção, por supressão e por alteração de segmentos no interior
de uma palavra, os processos aqui analisados tratam dos dois últimos. Nesse sentido,
esses fenômenos são responsáveis pelas mudanças linguísticas, logo pela evolução da
língua, por isso enquadrá-los apenas como erros de ortografia sem compreender o
fundamento desses desvios na oralidade e na escrita demonstra preconceito linguístico,
uma vez que o Brasil apresenta variação linguística de norte a sul de seu território.
Analisar como os processos fonológicos se manifestam na escrita de aprendizes do
ensino fundamental II, mais especificamente em textos produzidos por aprendizes de
sexto ano e buscar reflexões sobre quais condicionantes linguísticos e extralinguísticos
influenciam a transição da oralidade para a escrita são objetivos deste trabalho. Além
disso, nossa investigação traz como propósito repensar como as práticas pedagógicas
podem potencializar aos aprendizes um agir linguageiro responsivo, adequando a
oralidade e a escrita de acordo com as situações de uso da língua. Torna-se mister
nessa pesquisa evidenciar que a identificação dos processos fonológicos podem mitigar
a ocorrência de tais fenômenos nas atividades de escrita na escola. Nessa
continuidade, buscamos fundamentação teórica em Hora (2011, 2012) Mollica (2004),
Marcuschi (2010), Bagno (2003, 2006), Cagliari (1997), Capristano (2011) e outros
estudiosos que refletem acerca da temática apresentada para alicerçar nossa análise
dos processos fonológicos identificados na produção textual escrita de aprendizes do
fundamental II. Para a investigação, tomamos por referência apenas as discordâncias
da escrita no que diz respeito à ortografia dos morfemas. Não nos detivemos na
presente pesquisa às noções de “erro” com relação à concordância, coesão, coerência
e conteúdo.
Palavras-chave: Variação linguística; Oralidade e Escrita; Processos Fonológicos.

8) Dinâmicas de Grupo Para se Fazer na Escola

Márcia CristinaValle (UFJF/ PROFLETRAS)

Lucilene Hotz Bronzato (orientadora – UFJF/PROFLETRAS)

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Resumo:
Não obstante as discussões sobre o ensino de Língua Portuguesa façam parte do
cenário nacional, desde a década de 1980, os dados negativos em relação às
competências linguísticas dos alunos e a ambiência conflituosa em sala de aula ainda
são realidades comuns em escolas públicas brasileiras. Neste contexto, esta pesquisa-
ação participativa (MORIN, 2006), de natureza interventiva, do MESTRADO
PROFISSIONAL EM LETRAS/UFJF, pretende apontar uma possível alternativa ao
modelo clássico de aula predominante na maioria das escolas, de modo que o ensino-
aprendizagem de Língua Portuguesa faça, de fato, diferença na vida dos alunos,
despertando o interesse pelo processo de construção dos conhecimentos necessários a
uma formação cidadã. Tal processo só existe na interação, assumindo-se, assim, a
perspectiva de que a “língua é fundamentalmente um fenômeno sociocultural que se
determina na relação interativa e contribui de maneira decisiva para a criação de novos
mundos e para nos tornar definitivamente humanos” (Marcuschi, 2001, p.125). Para se
alcançar este objetivo, considera-se como caminho possível um modelo de aulas
estruturado por meio de DINÂMICAS DE GRUPO PARA SE FAZER NA ESCOLA,
projeto em desenvolvimento desde setembro de 2016, na Escola Municipal Santos
Dumont, em Juiz de Fora (MG), em uma turma de 7º Ano, do Ensino Fundamental II.
Contrapondo-se ao modelo tradicional de aula, as dinâmicas de grupo serão utilizadas
com o escopo de oferecer aos alunos aulas efetivas de Língua Portuguesa,
interconectando os quatro eixos do ensino: leitura e produção de textos (literários e não
literários), oralidade e análise linguística, como condição para a formação de sujeitos
participativos e conscientes de seu papel na construção de uma sociedade mais ética e
solidária, em oposição a um mundo de relações cada vez mais “líquidas” (Bauman,
2003). Por sua natureza interativa, as dinâmicas de grupo criam possibilidades de um
modelo de aula e de sala de aula diferenciado do tradicional, pois não somente rompem
com a canônica disposição das carteiras em filas, uma vez que a sua execução requer
que o trabalho seja feito ora em círculo, ora em grupos (de tamanhos variados), como
também favorecem a aproximação de seus integrantes, evidenciando, assim, vários
pontos positivos, dentre eles: permitir que todos se “enxerguem”; favorecer o diálogo e
as oportunidades para que todos tenham voz; criar condições para o desenvolvimento
da cultura de respeito à diferença e à pluralidade; possibilitar a construção
compartilhada dos saberes em que o aprender e o ensinar façam parte do processo
educacional; possibilitar a ampliação das dimensões cognitivas, humanas, culturais,
artísticas do aluno, falante de uma língua viva, que, segundo Antunes, é “histórica e
culturalmente situada”. Esta tecnologia pode ser uma ferramenta importante para ser
usada em sala de aula, pois além de promover o conhecimento, sensibiliza os
participantes a um novo olhar sobre si mesmos e sobre o grupo. A intervenção propõe o
trabalho com quatro dinâmicas de grupo, orientadas por temas: duas que já foram
desenvolvidas: a primeira, QUEM SOU EU?, cujo objetivo foi o de sensibilizar e motivar
os educandos para uma convivência menos agressiva, mais fraterna e respeitosa,
despertando neles o interesse para as aulas de Língua Portuguesa. Já o objetivo da

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segunda dinâmica, FAMÍLIAS MODERNAS, foi o de propiciar aos alunos a reflexão


sobre a formação familiar, enfatizando a família moderna e levá-los a refletirem sobre a
importância do respeito às diferenças nas relações ente eles. A terceira dinâmica de
grupo, que está em desenvolvimento e cujo tema é VIOLÊNCIA VERBAL, tem o objetivo
de refletir com os alunos sobre o assunto e as possibilidades que a língua oferece para
minimizar este problema. Por último, será a dinâmica que tem como tema o
PRECONCEITO. A presente pesquisa-ação é, desse modo, a oportunidade de repensar
o papel de autoria do professor em sala de aula, apontando, por meio da práxis, os
caminhos para a mudança de paradigma das aulas. Autores como BRONZATO (2009);
BAKHTIN (2004); ANTUNES (2014); MARCUSCHI (2001); MIRANDA (2006); GERALDI
(1984); SOLÉ (1998); COSSON (2014) são alguns teóricos de referência.
Palavras-chave: Dinâmicas de grupo. Aula de Português. Cidadania.

9) Leitura literária no Ensino Fundamental II: estudo de caso das


concepções e práticas em uma escola na cidade de Jaboti – PR

Patrícia Cardoso Batista (UEL)


Profa. Dra. Sheila Oliveira Lima (UEL/Orientadora)

Resumo:
Partindo do pressuposto de que, para alguns alunos, o interesse pela leitura é
construído no espaço familiar, mas, para outros, é sobretudo na escola que esse hábito
deve ser incentivado, há preocupação em criar situações para despertar o desejo pela
leitura, dentro dessa instituição, afim de que ela seja a ponte para um processo
educacional eficiente, proporcionando a formação integral do indivíduo, além de ser a
garantia do acesso ao conhecimento. A importância da leitura é ressaltada por diversos
autores. Para Smith (1999), com a leitura muitas coisas são aprendidas. Aumenta o
nível de compreensão da língua escrita e falada, também implica na melhora da escrita,
ortografia, vocabulário e diversidade de assuntos com os quais tem contato. E, para
Lajolo (1993), ler ajuda a entender o mundo e viver melhor. Portanto, essa atividade
pode e deve começar na escola, mas não se encerra nela. Assim, fica evidente o quão
pertinente é analisar o que realmente tem sido feito nas escolas, para que se formem
leitores, sobretudo com o intuito de que não se limitem somente a esse espaço. Nesta
pesquisa, o objetivo é investigar as concepções e práticas de leitura de uma professora

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de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II, atuante no Colégio Estadual Júlia


Wanderley, localizado na cidade de Jaboti, estado do Paraná, no qual vem realizando
diferentes trabalhos envolvendo a leitura. Diante disso, a presente investigação
configura-se no panorama da pesquisa qualitativa como um estudo de caso, utilizando-
se para coleta dos dados a entrevista semiestruturada, propondo questões tais como: o
papel que exerce como formadora de leitores, como escolhe os textos, os projetos
extracurriculares que ocorrem na escola, as estratégias para que os alunos se
interessem pelos livros, a importância da literatura na escola, a aceitação dos alunos
referente às atividades propostas, a avaliação da leitura etc. Sendo assim, realizam-se
análises das respostas fornecidas, para entender o trabalho que vem sendo,
efetivamente, desenvolvido pela docente para contribuir com a leitura. Para tanto,
recorre-se a alguns autores: Lajolo (1993), Smith (1999), Barthes (2004), Colomer
(2007), Petit (2009) e Jouve (2013), que constituem a referência principal para a
produção deste estudo. Os resultados possibilitaram inferir que o trabalho da professora
se demonstra relevante para a formação de leitores na escola em que atua, sendo a
mediação um conceito muito recorrente em sua fala, o qual valoriza em suas aulas.

Palavras-chave: Leitura; literatura; ensino; concepções e práticas docentes.

10) A leitura no ensino fundamental: uma proposta didática

Vinicius da Silva Zacarias (UEM)


Profa. Dra. Eliana Alves Greco (UEM/Orientadora)

Resumo:
A presente comunicação tem por objetivo apresentar uma proposta de trabalho com
leitura para turmas dos anos finais do ensino fundamental, assim como discutir os
resultados da implementação de tal proposta em um grupo de 7º ano, composto por
nove alunos de uma escola rural do Estado de São Paulo, situada na região de Mirante
do Paranapanema. Para tal, primeiramente serão discutidos, tendo por base Kleiman
(2004), Leffa (1999) e Solé (1998), estudos relacionados à leitura, aos conhecimentos
mobilizados para sua boa realização, além de diferentes perspectivas teóricas pelas

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quais essa atividade tem sido encarada em sala de aula. Após realizar essas
considerações, será apresentada a sequência didática, elaborada com base nas
estratégias propostas por Solé (1998), contendo atividades planejadas para antes,
durante e depois da leitura. A proposta consiste na realização da leitura compartilhada
de uma crônica de Stanislaw Ponte Preta intitulada “Dois amigos e um chato”, seguida
da produção coletiva de um resumo de seu enredo, tendo o professor como escriba.
Posteriormente ao desenvolvimento das atividades com a turma, serão apresentadas as
considerações a respeito dos aspectos cognitivos e comportamentais dos estudantes
observados pelo professor-pesquisador durante o desenvolvimento da aula. Foi possível
notar uma boa receptividade da proposta, já que toda a turma realizou o que lhes foi
solicitado dentro de seus limites, ainda que, para que isso ocorresse, fosse necessário
um estímulo do professor-pesquisador no sentido de evitar que alguns alunos
perdessem o foco na leitura. No que se refere aos aspectos especificamente cognitivos,
foi possível perceber a grande dificuldade enfrentada pelo grupo frente à leitura e à
construção dos sentidos presentes no texto, havendo necessidade de intervenções para
que os alunos pudessem compreender o significado de algumas expressões, assim
como para identificar o efeito de humor pretendido pelo autor. Como resultados da
implementação da atividade, pode-se observar que, depois de realizadas todas as
intervenções necessárias, todos os alunos atingiram a compreensão do texto. Além
disso, ofereceu-se às crianças uma aula muito prazerosa e interessante, com o
exercício da competência leitora, em primeiro momento, mas também da competência
escritora, por meio da produção do resumo coletivo.

Palavras-chave: Leitura; estratégias de leitura; crônica.

11) Textualidades e escrita acadêmica: redimensionamentos


epistemológicos em um curso de graduação em Pedagogia

Dr. Richarles Souza de Carvalho (UNESC - SC)

Resumo:

Neste trabalho pretendo apresentar a experiência como professor da disciplina de


Produção e Interpretação de Textos e a busca pela desconstrução de conceitos do

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senso comum sobre o que é texto, bem como registrar o nível embrionário de
apropriação da escrita acadêmica. A disciplina em questão (abreviadamente chamada
PIT em nossa comunidade acadêmica) foi outrora institucional, ou seja, todos os cursos
de graduação ofereciam-na em suas matrizes. Atualmente, não há mais esta
obrigatoriedade, contudo, muitos cursos ainda têm PIT na primeira ou na segunda fase,
como é o caso de todos os cursos de licenciatura. Em Pedagogia, portanto, os
ingressantes têm contato com esta disciplina que tem como objetivo central a
apropriação de determinados gêneros acadêmicos os quais serão do convívio dos
graduandos nos anos vindouros. Na primeira parte do semestre, todavia, fazemos uma
discussão sobre a leitura em nossas vidas e buscamos um redimensionamento do
conceito de texto, a partir da própria revisão da noção de leitura. Apesar do foco da
disciplina ser a escrita verbal e os gêneros acadêmicos, a discussão que se faz sobre
leitura e diferentes textualidades é de grande relevância para, entre outras questões,
ampliar o repertório teórico dos acadêmicos e fazê-los questionar a própria condição de
leitores e escritores. Minhas ponderações junto aos alunos começam inclusive com um
pouco de análise etimológica, levando-os à reflexão de que a própria noção de
letramento vem do termo em inglês literacy (inicialmente alguns textos trouxeram uma
tradução mais literal: literacia). Lembro que literacy vem do latim littera. Littera por sua
vez significa letra. Sendo que letramento é obviamente derivado de letra, temos também
aí a presença da “letra” = littera. Contudo, bem como nos lembra Rojo, após algum
tempo, o termo passa a se configurar como plural – letramentos – como “conjunto muito
diversificado de práticas sociais situadas que envolvem sistemas de signo, como a
escrita ou outras modalidades de linguagem, para gerar sentidos.” (ROJO, 2009, p. 10).
Minhas indagações sobre o que é texto numa tentativa de ampliar as noções de leitura e
de próprio texto passam pelo seguinte histórico: Já na década de 1960, o semiólogo
Roland Barthes indagava sobre os sentidos das imagens: “O que significa? Como age?
O que comunica?” De lá para cá, muitas pesquisas e trabalhos teóricos têm produzido
tentativas de explicação sobre as significações que o imagético pode construir em
múltiplos contextos. Além de admitirmos a construção de sentidos por meio de imagens,
principalmente na contemporaneidade, a relação da palavra (verbal) com outras
semioses não verbais (entre elas, a imagem) é algo que não se pode deixar de lado em
investigações discursivas bem como na própria escrita acadêmica (em alguns casos tal
relação é constitutiva). Diversas abordagens acabam cunhando termos, conhecidos no
mundo acadêmico das humanidades, que têm por objetivo tentar descrever ou explicar
a relação entre escrita e imagem, por exemplo: plurissemiótico, multissemiótico,
multimodal, verbovisual, iconotexto etc. Portanto, uma imagem pode se constituir em
escrita no sentido que se “inscreve” na história, pelo fato de construir sentidos, de se
filiar a discursos. Uma imagem (estática ou em movimento, colorida ou monocromática)
pode ser interpretada como texto, pois pode ser uma unidade de significação que
materializa discursos. Como afirmei acima, o foco da disciplina de PIT é a escrita verbal
acadêmica. Para tanto, a apresentação por meio de leituras e discussões diversas de
determinados gêneros acadêmicos é feita na segunda metade do semestre. Entre eles,
podemos destacar: resumo, resumo, resenha, ensaio e artigo. Após a leitura de vários

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exemplares de cada gênero, proponho, sempre com base em temáticas bem definidas,
a produção dos referidos gêneros e em momento posterior, é desenvolvida a prática de
reescrita. Tanto por meio da avaliação formal da disciplina, quanto por questionários e
pela avaliação que se faz semestralmente sobre o professor, é possível afirmar com
tranquilidade que os acadêmicos se apropriam minimamente dos gêneros textuais que
foram trabalhados, bem como redimensionam seus posicionamentos sobre leitura e
diferentes textualidades.

Palavras-Chave: Escrita Acadêmica. Pedagogia. Produção e Leitura de Textos.


Diferentes textualidades.

12) A Influência da Internet nas Variações Linguísticas: Produção e


Escrita

Thaís Polo Ferreira (UFMS)


Talita Galvão dos Santos (UEM)
Profa Dra.. Patrícia Graciela da Rocha (UFMS/Orientadora)

Resumo:

A internet possibilitou e tem facilitado, cada vez mais, a comunicação e a interação


entre os usuários, principalmente através da circulação de informações e das redes
sociais. Esse avanço tecnológico impressiona por sua rapidez e por suas vantagens,
podendo citar: digitalização, globalização, mobilidade, trabalho em grupos virtuais,
acesso à informação em tempo real. Essas transformações trouxeram consigo, novos
padrões de comportamento, dentre os quais, linguísticos. De acordo com Bakhtin
(1992), cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de
enunciados, os gêneros do discurso. Dessa maneira, as pessoas que utilizam a internet
construíram um novo padrão de grafia, as quais acreditam, ser o mais compatível ao
mundo virtual e, portanto, mais efetivo. A influência de tal fenômeno não se limita
somente ao espaço virtual, do mesmo modo que a dificuldade no trato linguístico, quer
na língua falada ou escrita, sempre constituiu preocupação não somente para docentes
e teóricos da Língua Portuguesa, mas também para os que fazem parte de outras áreas

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de ensino. Sendo assim, pretendeu-se verificar, com esse trabalho, a desenvoltura da


produção textual escrita, tanto na riqueza de ideias, quanto no domínio linguístico de
uma amostragem, investigando a influência da internet na escrita. Os métodos e as
técnicas para coleta de informações utilizadas para alcançar essas finalidades
basearam-se em teorias linguísticas, virtuais ou não, e na leitura de artigos de
especialistas no assunto. Foram pesquisados, através de entrevista escrita e falada,
dados fornecidos por informantes por meio de questionários da ferramenta Google Docs
e entrevistas orais. Com a aplicação de questionários, traçou-se o perfil do usuário e do
não-usuário da Internet com vistas a verificar a interferência dessa prática na produção
do texto, considerando duas vertentes: a riqueza de ideias e o domínio linguístico. Com
base nos dados levantados nesse estudo, pode-se dizer que o texto eletrônico é pródigo
para o desenvolvimento, tanto do acesso às informações quanto da fluidez textual,
necessários à criatividade da escrita e, de fato, ocorre a interferência no domínio das
normas linguísticas de seu usuário, especialmente no uso de abreviações. Analisou-se,
ainda, teórica e empiricamente, o surgimento de uma nova realidade no ensino de
Língua Portuguesa, através do acesso ao texto eletrônico.

Palavras-chave: Linguagem; Internet e Comunicação; Variação Linguística.

13) A leitura numa perspectiva discursiva: reflexões sobre as


atividades de leitura no livro didático do Ensino Fundamental

Profa. Dra. Eliana Greco (UEM)


Ueysla Priscila Sinhoreto (UEM)

Resumo:

A utilização do livro didático em aulas de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental é


uma prática comum entre os docentes. No entanto, para utilizar esse artifício de ensino,
devem-se considerar alguns parâmetros, evitando-se a utilização como único recurso
pedagógico ou o uso de exemplares inadequados ao contexto escolar em que se atua.
No que se refere ao ensino de leitura, o professor, na maioria das vezes, pauta-se na
leitura realizada pelo livro didático, que, além de ser única, é a do autor do livro, não
propiciando a formação de leitores críticos. Entende-se por leitor crítico aquele que
dialoga e recria sentidos implícitos, faz inferências, estabelece relações e se utiliza de
seus conhecimentos prévios, a fim de se completar os vazios do texto, construindo
novos significados. Para a formação de leitores críticos, é necessário estudar a
dimensão social e histórica da linguagem, bem como considerar que cada leitor possui
uma história de leitura. Considerando que há diferentes perspectivas de leitura na

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prática em sala de aula e no livro didático, acredita-se que o trabalho com a leitura sob a
perspectiva discursiva pode propiciar a formação de leitores críticos, uma vez que
considera a história de leitura dos alunos e as condições de produção do produtor e do
leitor do texto. Dessa forma, ao se adotar o livro didático, um dos quesitos a se analisar
é se as atividades de compreensão e de interpretação do texto trazem a perspectiva
discursiva de leitura. Nesse sentido, esta comunicação tem por objetivo analisar as
atividades de leitura presentes em um dos livros didáticos do 6° ao 9° ano do Ensino
Fundamental utilizados na rede estadual de ensino de Maringá, considerando a
perspectiva discursiva de leitura. O corpus de análise será constituído pelas atividades
de leitura presentes na coleção didática Projeto Teláris – 6º ao 9º ano, adotada em uma
Escola Estadual na cidade de Maringá, no Paraná. Pretende-se analisar de que forma o
livro didático trabalha a leitura, buscando observar se a concepção de leitura discursiva
é adotada e se as atividades propiciam a formação de leitores críticos. A pesquisa tem
como aporte teórico a Análise do Discurso conhecida como de linha francesa, tendo
como base os seguintes autores: Pêcheux (1997), Brandão (1994), Orlandi (1993) e
Coracini (1995). Orlandi concebe a leitura como um processo discursivo em que atuam
dois sujeitos que produzem sentidos – o leitor e o autor –, sendo que cada um desses
se insere num momento sócio-histórico e são ideologicamente constituídos. Pretende-
se, com esta pesquisa, contribuir teórica e metodologicamente para o ensino de Língua
Portuguesa no que se refere à formação de leitores críticos.

Palavras-chave: Leitura; Livro didático; Análise do Discurso.

14) As atividades (não) realizadas com a linguagem em livros


didáticos de Língua Portuguesa

Prof. Me. Carlos Arcângelo Schlickmann

Resumo:

O principal objetivo desta pesquisa é investigar os princípios teóricos e as metodologias


propostas para a prática de análise linguística nos livros didáticos de Língua
Portuguesa, procurando estabelecer relações entre esta prática, as teorias linguísticas

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atuais (enfatizadas principalmente por Bakhtin) e as recomendações das propostas


curriculares veiculadas pelos órgãos oficiais, expostas, principalmente, nos Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (séries finais). Na tentativa de alcançar
esse objetivo, metodologicamente, a coleta dos dados consta do levantamento das
propostas de prática de análise lingüística nos livros didáticos de Língua Portuguesa
recomendados pelo MEC a partir de 1999. Aleatoriamente, foram analisados diferentes
volumes de diferentes coleções didáticas a partir da recomendação feita pelo MEC no
Guia dos Livros Didáticos durante o período em que as análises ocorreram, em especial
coleções utilizadas em escolas públicas da cidade de Criciúma e que foram
disponibilizadas em períodos de estágio curricular obigatótio do curso de Letras da
Universidade do Extremo Sul Catarinense. Os volumes das coleções em geral são
estruturados em diversas unidades temáticas, havendo uma clara distinção de
atividades que enfocam práticas de leitura, práticas de produção textual (com ênfase na
escrita) e trabalho com conhecimentos linguísticos, que não chegam a ser práticas de
análise linguística em sua totalidade. A prática de análise linguística (estudo operacional
e reflexivo da língua) aparece inserida em exercícios que abordam regras da gramática
normativa ou teoria gramatical, bem como em algumas atividades acerca de variedade
linguística e no estudo de determinados recursos expressivos. O texto, nessas
coleções, nem sempre aparece como objeto de ensino. O trabalho com a oralidade
praticamente inexiste, restringindo-se a algumas propostas de discussão e debate em
sala ou para efetivar diferenciação entre língua oral e língua escrita. Mesmo assim, há
que se considerar a preocupação dos autores em em propor abordagens que fogem um
pouco à concepção prescritiva. As propostas de análise linguística das coleções ainda
não se configuram como conteúdo da disciplina de Língua Portuguesa, que permitam ao
aluno construir e expandir o seu conhecimento linguístico e promovam uma
observação/reflexão sobre a língua em uso.
Palavras-chave: análise linguística; livro didático, ensino.

15) Tecendo estratégias de leitura para construção de sentidos na


crônica de Stanislaw Ponte Preta

Silvia Adriana Trolez (UEM)


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Profa. Dra. Eliana Alves Greco (UEM/Orientadora)

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Resumo:

Desde a mais tenra idade, as pessoas são desafiadas a ler o mundo. Tanto o mundo
que as rodeia, quanto o que existe além do seu próprio entorno. Nessa continuidade, o
texto passa a ser uma das possibilidades de concretização do processo de leitura, mais
especificamente a leitura no âmbito escolar. A escola, por sua vez, caracteriza-se como
um reduto onde a leitura assume um papel de extrema relevância nas interações entre
os aprendizes e os textos. Nesse sentido, tem ocorrido um maior investimento em
práticas de leitura nas atividades apresentadas nos livros didáticos, porém, com lacunas
a serem preenchidas. Diante desse contexto de leitura na escola, esta comunicação
tem como objetivo apresentar uma proposta de trabalho com o processo de leitura que
contemple estratégias para os alunos alcançarem a compreensão da materialidade e da
discursividade do texto, bem como discorrer sobre os resultados da aplicação dessas
atividades. A proposta de trabalho com a leitura ocorreu em uma turma de 8º ano do
Ensino Fundamental, composta por 30 alunos, de um colégio estadual na região
noroeste do Paraná. A investigação, que busca subsídios teóricos em Kleiman (2004) e
Solé (1998), apresenta uma sequência didática, elaborada com base nas estratégias de
leitura propostas por Solé, e aponta o desenvolvimento das atividades com a turma e
considerações a respeito dos aspectos cognitivos e comportamentais dos alunos,
observados durante o desenvolvimento da aula. A proposta consiste na realização da
leitura compartilhada da crônica “Prova falsa”, de Stanislaw Ponte Preta, com atividades
planejadas para antes, durante e depois da leitura. A proposta de implementação foi
bem acolhida pelo grupo, o qual foi motivado para a leitura de um gênero de leitura
prazerosa. No que tange aos aspectos cognitivos e aos objetivos da leitura, foram
verificados obstáculos enfrentados pelo grupo frente ao processo de construção dos
sentidos do texto, havendo necessidade de intervenções para que os alunos
extrapolassem a etapa de decodificação e alcançassem a compreensão e a
interpretação do texto. Outrossim, os aprendizes demonstraram dificuldades para
identificar o efeito de humor pretendido pelo autor. Posto isso, o trabalho aqui
apresentado vê na figura do professor um mediador do processo da leitura
compartilhada, o que resultou em uma prática na qual os aprendizes atingiram a
compreensão do texto, à luz das estratégias de leitura. Diante dessa reflexão, o texto
deixa de ser pretexto para atividades de constatação de informações já postas pelo
autor e passa a ser espaço para o leitor criar, recriar, elaborar hipóteses, constatar,
concordar ou se opor diante daquilo que é lido na interação com o próprio texto.

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Palavras-chave: Leitura; Estratégias de leitura; Crônica.

SIMPÓSIO 25) Variação linguística e ensino

Profa. Dra. Joyce Elaine de Almeida Baronas (UEL)


joycealmeidabaronas@uol.com.br

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25, 26 e 27 de setembro de 2017
ISSN: 1981-8211

Prof. Me. Flávio Brandão Silva (Unespar)


brandao77@uol.com.br

1) Ensino de língua portuguesa no Brasil: reflexões acerca da língua


materna e da língua madrasta

Ana Laura Perenha dos Santos (UEM)


Tascira Santonastaso (UEM)
Profa. Annie Rose dos Santos (UEM/Orientadora)

Resumo:
Neste artigo pretende-se mostrar a necessidade de um ensino de língua materna
pautado em uma gramática desenvolvida com base no real português brasileiro. Por
essa razão, fez-se uso de entrevistas, matérias, vídeos, livros didáticos e gramáticas,
para oferecer um panorama sobre a realidade da dificuldade do ensino de um português
brasileiro nas escolas brasileiras. O estudo pautou-se prevalentemente nas teorias do
linguista Marcos Bagno, no que tange ao preconceito e a reforma linguística e, por meio
da análise dos seus conceitos, deseja-se conscientizar o leitor sobre o abismo entre a
norma padrão ensinada nas salas de aula e a língua falada pelos brasileiros. Ademais
propõe-se mostrar como a gramática ensinada nas salas de aula foi desenvolvida a
imagem e semelhança da língua lusitana, e não brasileira. Entre esses dois idiomas
existe uma forte afinidade, mas não uma identidade. Dessa forma, o ensino do
português conforme a gramatica normativa vigente, posiciona-se no limite sutil entre
uma prática de ensino de língua materna e uma de língua estrangeira ou madrasta.
Palavras chave: língua materna; português brasileiro; educação; gramática;

2) A variação linguística na fala do homem gay: análise de aspectos


fonéticos no quadro Aula de bichês da MTV

Claudio Alves de Souza Júnior (UEM)


Kaique Henrique da Silva Araujo (UEM)
Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo (UEM/Orientador)

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Resumo:

É amplamente entendido que, devido a seu caráter social, a língua portuguesa está
sujeita a influências que, como aponta Camacho (1988), podem ser geográficas,
sociais, históricas e estilísticas. A este conjunto de mudanças pelas quais a língua
portuguesa passou e tem passado ao longo de seu desenvolvimento dá-se o nome de
Variação Linguística, um fenômeno natural que ocorre em todas as línguas faladas no
mundo. Nessa perspectiva, tanto a língua quanto o social no qual ela se desenvolve são
heterogêneos e se modificam mutuamente. Neste trabalho, destacamos, em função de
nosso objetivo, a variação social. Esse tipo de variação é, segundo o autor
anteriormente citado, aquela que se dá por meio do intercâmbio que ocorre entre os
membros de um mesmo setor sociocultural de uma sociedade, cuja interação se efetiva
mediante normas de conduta e padrões culturais e, portanto, linguísticos. Levando-se
em consideração a heterogeneidade linguística e todos os grupos sociais, identificados
por meio da própria variação social, que coexistem e integram a sociedade, recortamos,
nesta comunicação, a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transgêneros), e, dentro de tal comunidade, destacamos, sobretudo, as
particularidades do falar dos homens gays. De forma geral, apontam-se características
específicas na fala desse grupo que permitem sua identificação, além de assegurar sua
singularidade e existência enquanto grupo social diferenciado. Assim, nosso objetivo é o
de descrever e analisar as especificidades fonéticas da fala do homem gay, tomando
como corpus o quadro Aula de bichês, do programa Comédia MTV. Tal quadro utiliza-se
das especificidades do falar do homem gay para a construção do humor e, nesse
processo, possibilita o agrupamento de traços desse falar no âmbito fonético e lexical. A
análise dos fenômenos fonéticos será realizada sob a luz das teorias vinculadas à
Sociolinguística, em especial o que diz respeito à variação linguística, e das teorias
fonéticas que abordam os elementos segmentais e suprassegmentais. Os resultados
parciais demonstram que fenômenos fonéticos ocorrem na fala do grupo, tais como a
nasalização, o alongamento de vogais em posições específicas, o vozeamento e
desvozeamento de consoantes oclusivas, que são utilizados, no quadro, como forma de
caricaturar a fala desse grupo e, por meio disso, construir o humor.

Palavras-chave: variação linguística; fonética; homem gay; Comédia MTV.

3) A elipse do sujeito pronominal de primeira pessoa

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Heloanna Salatta Pini (UEM)


Profa. Dra. Jacqueline Ortelan Maia Botassini (UEM/Orientadora)

Resumo:
Afirma-se que a língua portuguesa possui uma morfologia verbal suficientemente rica
para indicar o pronome-sujeito sem que haja a necessidade de explicitá-lo. Desse modo,
segundo o exposto nas gramáticas tradicionais, a possibilidade de se utilizar o
pronome-sujeito ficaria restrita a situações em que se queira dar destaque a ele,
por motivos como: a) chamar a atenção para a pessoa do sujeito (Nós erramos,
nós devemos consertar o erro.); b) opor as pessoas gramaticais (Eu canto; ele
toca violão.); c) evitar ambiguidades (Ele não dizia nada e eu não fazia questão
de conversar.). Também a Gramática Gerativa atesta que a ocorrência de
sujeitos nulos na língua portuguesa está associada à riqueza da sua flexão
verbal. Essas observações sobre a elipse do sujeito pronominal apresentam
uma visão normalmente fundamentada nos empregos literários, na língua
escrita, em livros didáticos; porém, na língua falada, esse fenômeno linguístico
parece manifestar-se de outra forma. Vários estudiosos (DUARTE, 1993;
MONTEIRO, 1994; MENON 1994 e 1996; BOTASSINI, 1998; dentre outros),
trabalhando com esse tema, têm demonstrado que o português contemporâneo do
Brasil vem explicitando cada vez mais o sujeito pronominal e, muitas vezes, por razões
diferentes das expressas nos compêndios gramaticais. Esta comunicação,
fundamentada na metodologia da Sociolinguística Variacionista, objetiva examinar a
variação na elipse dos pronomes-sujeito de primeira pessoa, ou seja, pretende verificar
quais fatores levam um falante a explicitar ou a elidir os sujeitos pronominais “eu” e
“nós”. Para tanto, serão examinados o fator linguístico tempo e modo verbal e os fatores
extralinguísticos sexo, faixa etária e grau de escolaridade, em um corpus constituído de
dezesseis entrevistas realizadas com norte-paranaenses, gravadas e transcritas pela
Professora Jacqueline Ortelan Maia Botassini para a realização de sua tese intitulada
Crenças e atitudes linguísticas: um estudo dos róticos em coda silábica no Norte do
Paraná. A opção por trabalhar com os pronomes de primeira pessoa (eu e nós)
justifica-se por haver, nesse caso, um paradigma flexional bem marcado
(exceção feita ao pronome “eu” em alguns tempos verbais) que, segundo a
tradição gramatical, dispensa o uso do pronome-sujeito. Portanto, se ainda
resiste a afirmação de que o português é uma língua de sujeito nulo, será na
observação dos pronomes de primeira pessoa que ela poderá ser constatada
com maior evidência. Além disso, a situação de entrevistas, solicitando que o
informante fale a respeito de sua vida, viabiliza a utilização elevada desses
pronomes.

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Palavras-chave: elipse; sujeito pronominal; Sociolinguística Variacionista; Lingua


Portuguesa;

4) A variação no uso dos róticos condicionada pelo fator grau de


formalidade

Profa. Dra. Jacqueline Ortelan Maia Botassini (UEM)

Resumo:

Este trabalho, baseado nos princípios teórico-metodológicos da Sociolinguística


Variacionista, objetiva examinar a variação no uso dos róticos em coda silábica, em
relação ao grau de formalidade das diferentes partes que compõem uma entrevista
constituída de i) narração, ii) descrição, iii) questionário e iv) leitura. Mais
especificamente, pretende-se verificar se os informantes mudam as variantes da
variável /r/ (retroflexa, tepe, velar, vibrante alveolar múltipla e apagamento) dependendo
do tipo de entrevista e do grau de formalidade. Para tanto, foi investigada a fala de
quarenta e oito informantes norte-paranaenses, cariocas e gaúchos, todos residentes no
Norte do Paraná. O fator grau de formalidade das diferentes partes da entrevista
possibilita constatar a variação na fala dos informantes em função dos diferentes estilos
contextuais. Labov (2008), fazendo referência à investigação do uso do inglês na cidade
de Nova Iorque, já asseverava que há variação regular em estilos e contextos
diferentes. Botassini (2009) pôde confirmar o condicionamento de variantes róticas em
função de diferentes estilos de fala. A fim de verificar se essa situação também se
manifesta na presente pesquisa, a entrevista foi dividida em quatro partes (narração,
descrição, questionário e leitura), as quais apresentam diferenças no grau de
formalidade e, consequentemente, no menor ou no maior nível de consciência da fala.
Os resultados obtidos apontaram que a variável independente grau de formalidade das
diferentes partes da entrevista mostrou-se altamente condicionadora de uso das
variantes róticas. Dependendo da situação – mais informal e menos estruturada, mais
formal e mais controlada –, os informantes mudam a variante utilizada. De modo geral,
observa-se uma fala mais espontânea no momento da narração, com ocorrências

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frequentes de informantes que se emocionam ao contar um fato marcante de sua vida,


situação em que se produz uma fala menos “policiada”. Na parte descritiva, amplia-se
muito pouco o nível de consciência da fala. Entretanto essa consciência aumenta
razoavelmente no momento de responder ao questionário fonético-fonológico e atinge
um grau elevado na leitura, conforme se verifica na análise dos dados. O aumento no
nível de consciência da fala implica o uso de formas linguísticas mais formais e,
portanto, menos espontâneas.

Palavras-chave: róticos; coda silábica; grau de formalidade; Sociolinguística


Variacionista.

5) Estratégias de indeterminação do sujeito na linguagem falada

Junia Nunes Bermejo (UEM)


Profa. Dra. Jacqueline Ortelan Maia Botassini (UEM/Orientadora)

Resumo:
Conceituar sujeito não é tarefa fácil, já que não existe consenso, mesmo entre os
gramáticos, sobre esse termo. Alguns estudiosos baseiam-se em critérios puramente
semânticos para defini-lo; outros, em critérios sintáticos; outros, em critérios discursivos;
outros, ainda, utilizam mais de um critério. O mesmo problema se verifica em relação à
classificação dos tipos de sujeito (determinado, indeterminado, inexistente etc.).
Tratando-se especificamente das formas de representação do sujeito indeterminado, as
gramáticas tradicionais, quase que invariavelmente, fazem referência a duas situações:
1) utilizar verbo em terceira pessoa do plural sem um referente específico ou 2)
empregar o verbo na terceira pessoa do singular acompanhado do índice de
indeterminação do sujeito. Diversos estudos, entretanto, demonstram que essas formas
canônicas não são os únicos recursos utilizados pelos falantes para indeterminar o
sujeito. Há referência, por exemplo, ao emprego de formas pronominais (como “a
gente”, “nós”, “você”, “eu”), ao uso de expressões nominais (como “o camarada”, “o
indivíduo”), à utilização de estruturas que tradicionalmente são chamadas de voz
passiva sintética (como “Vende-se esta casa”), mas com a intenção de indeterminar o
sujeito, dentre outras formas. Este trabalho, baseado na metodologia da Sociolinguística
Variacionista, pretende investigar as estratégias utilizadas para indeterminar o sujeito na
linguagem falada, confrontando o que prescrevem as gramáticas tradicionais com o uso
real e efetivo da língua, podendo-se, assim, trazer contribuições para o ensino e a
aprendizagem da língua materna. Pretende, ainda, verificar se os fatores

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extralinguísticos sexo, faixa etária e grau de escolaridade condicionam determinadas


formas de indeterminação. Para tanto, far-se-á uso de um corpus constituído de dados
recolhidos do banco de dados de entrevistas gravadas e transcritas pela Professora
Jacqueline Ortelan Maia Botassini para a realização de sua tese intitulada Crenças e
atitudes linguísticas: um estudo dos róticos em coda silábica no Norte do Paraná. Das
48 entrevistas que compõem esse banco de dados (realizadas com informantes
gaúchos, cariocas e norte-paranaenses), serão utilizadas 16; mais especificamente,
serão utilizadas as entrevistas realizadas com os informantes norte-paranaenses, por se
tratar de amostras de fala de pessoas nascidas e residentes nesta região. Esses 16
informantes estão divididos, igualmente, por sexo (8 homens e 8 mulheres), faixa etária
(primeira FE – 8 informantes com idades entre 20 e 35 anos; segunda FE – 8
informantes com idades entre 50 e 65 anos) e grau de escolaridade (8 informantes com
formação superior e 8 com ensino médio).

Palavras-chave: sujeito; estratégias de indeterminação; Sociolinguística Variacionista;


entrevistas;

6) Sociolinguística Educacional: a variação linguística como ferramenta


de ensino da produção textual

Mariana Rodrigues Athayde Dormevil (UNEMAT-Sinop)


Profa. Dra Neusa Ines Philippsen (UNEMAT/Orientadora)

Resumo:
O presente artigo é resultado de aplicação de um dos módulos do Projeto “Do oral para
o escrito: a variação morfossintática e lexical no processo de produção textual como
ponto de partida para a ampliação da competência comunicativa”, do Programa de Pós-
graduação Profissional em Letras – PROFLETRAS, da Universidade do Estado de Mato
Grosso, Campus Universitário de Sinop-MT, e apresenta uma pesquisa qualitativa
interventiva realizada por meio da metodologia de pesquisa-ação na Escola Estadual
“Marechal Cândido Rondon” com alunos do final do Ensino Fundamental II – 9º ano, na
disciplina de Língua Portuguesa. Para tanto, foram utilizados como aporte teórico:
Bortoni-Ricardo (2014), Faraco (2008), Bagno (2007), dentre outros, mediante aplicação
do procedimento metodológico de Sequência Didática dos teóricos Dolz, Noverraz e
Schneuwly(2004), promoveu-se a reflexão sobre a língua, com o intuito de levar os

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alunos à percepção da presença de variação na própria fala, além da presença de


variação na escrita, através do gênero entrevista.O módulo aqui descrito teve como
objetivo específico levar os alunos a identificar as diferenças entre o oral e o escrito,
além de observar as variações dentro da própria sala de aula, desta maneira
promoveram atividades em um contexto significativo para a melhor compreensão do uso
da língua tendo em vista a ampliação da competência comunicativa e a superação da
cultura do “erro”, dando-se, assim, um novo percurso e enfoque ao ensino de língua
materna. Deste modo, compreende-se a escola como a instituição responsável pela
ampliação deste bem, para que os alunos possam entender que há formas alternativas
que servem a propósitos comunicativos distintos e que estes são assimilados de
diferentes maneiras pela sociedade, de acordo com o prestígio sócio-político-histórico.
Por sua vez, tais reflexões sugeridas pela escola não devem denegrir a origem do aluno
ou a forma como o mesmo se expressa, sendo este, assim, um dos caminhos para a
ampliação da competência comunicativa e à diminuição do preconceito linguístico.
Observou-se com a aplicação do módulo que muitas variações morfossintáticas, como
os casos de concordâncias nominal, verbal e também do uso do artigo definido de
gênero contrário ao pré-estabelecido gramaticalmente, não são percebidas como
variações pelos alunos, pois é fato natural de seu idioleto, já as variações de colegas
recém chegados de outras regiões foram facilmente identificadas como “erros”, fazendo-
se necessária a mediação do professor para a compreensão dos fenômenos
identificados.

Palavras-chave: Sociolinguística educacional; oralidade; produção textual; variações


morfossintáticas.

7) Análise de textos escritos de alunos do Programa de Aceleração de


Estudos: uma abordagem do ensino de língua materna pautada na
Sociolinguística Educacional

Mariana Spagnolo Martins (PPGEL-UEL)


Myriam Rossi Sleiman Gholmie (PPGEL-UEL)
Profa. Dra. Joyce Elaine de Almeida Baronas (UEL/Orientadora)

Resumo:

Acreditamos que toda a criança, ao adentrar na escola, já domina, de fato, a estrutura


de sua língua. Por conseguinte, a tarefa da escola deveria ser a de proporcionar ao
aluno a autonomia de pensar sobre a língua, habilitando-o a compreender que o

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português que falamos tem como característica a heterogeneidade. Desde a década de


60, os sociolinguistas vêm conquistando espaço no meio acadêmico devido às
pesquisas que consideram não somente a língua culta, mas, sobretudo, o vernáculo. Os
estudos de variação linguística atualmente despertam o interesse de vários estudiosos,
resultando no crescente interesse pelos conceitos da Sociolinguística aplicados ao
ensino de língua materna. O propósito desse tipo de pesquisa é quebrar paradigmas
que geram preconceitos linguísticos e discriminações socioculturais, razão de nosso
entusiasmo pelo tema. Ademais, é comum encontrarmos professores que ainda
apresentam certa resistência a tais conceitos, acreditando que a língua esteja restrita a
regras gramaticais. Segundo essa visão, deve-se valorizar a variante culta de forma a
homogeneizar a língua, reforçando a ideia de que, para ser um bom falante de
português e conquistar prestígio social, é necessário utilizar-se exclusivamente da
linguagem padrão. No entanto, deixa-se de lado todo o contexto cultural e social que
explicaria o fato de uma criança chegar à escola utilizando uma linguagem diferente,
sendo esta encarada pelos normativistas como erro. Preocupados com as situações
que geram preconceito linguístico, os sociolinguistas tentam esclarecer que a variação é
o que enriquece a nossa cultura. Historicamente falando, o Brasil foi concebido por meio
da miscigenação, fato este que hoje nos proporciona uma variedade de comunidades
linguísticas, cujas falas apresentam resquícios da heterogeneidade presente na língua.
Assim sendo, este trabalho, sob os aportes teórico-metodológicos da Sociolinguística
Educacional e inserido no campo do ensino de língua materna, pretende traçar o
percurso dos estudos sociolinguísticos até chegar à visão da Sociolinguística
Educacional, para explicar o fato de, na qualidade de sociolinguistas, valorizarmos o
vernáculo da linguagem oral. Em relação à escrita, levaremos em conta alguns aspectos
estruturais da língua, já que analisaremos produções textuais de alunos matriculados no
sexto ano do Ensino Fundamental de uma escola da periferia do Município de Cambé-
PR. O Colégio Estadual Onze de Outubro foi selecionado por participar do Programa de
Aceleração de Estudos (PAE), iniciativa do Governo do Estado do Paraná que busca
reorganizar a Proposta Pedagógica e o trabalho do docente a partir da formação de
turmas específicas de alunos em situação de distorção, isto é, alunos que ultrapassam
em dois anos ou mais a idade regular prevista para o ano em que estão matriculados.
Para tanto, a selecionamos para análise textos de alunos de quinze ou dezesseis anos
que compõem uma turma do “Acelera” (como o Programa em tela é conhecido). A partir
desse corpus e com base nos estudos de Faraco (2002), Matos e Silva (2003; 2004),
Bortoni-Ricardo (2005), Gorski (2006), entre outros, propomos especificamente: i)
examinar os textos dos alunos, levando em conta o contexto social em que vivem; ii)
analisar as dificuldades de escrita à luz dos conceitos de Bortoni-Ricardo sobre os

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contínuos; e iii) suscitar uma reflexão sobre o fato de a norma culta ser considerada por
muitos um modelo a ser seguido, ponto de vista que fortalece o preconceito linguístico.

Palavras-chave: Sociolinguística Educacional; Programa de Aceleração de Estudos;


variação linguística; preconceito linguístico.

9) Crenças linguísticas de alunos sobre a língua portuguesa no âmbito


da EAD

Fátima Christina Calicchio (Unicesumar)

Resumo:

Um estudo do fenômeno da língua pelo viés da Sociolinguística pode explicar as


relações sociais nas mais diversas esferas discursivas da comunicação humana. Nesse
sentido, ao refletirmos sobre ‘as falas’ de alguns escritores, da mídia impressa,
televisiva e digital, ao pensarmos sobre as conversas referentes à língua, seja em
qualquer esfera da vida social; sobretudo, a respeito do ensino da língua portuguesa no
curso de Letras e em cursos que incluem em suas matrizes curriculares essa disciplina,
observamos que há um conceito homogêneo sobre a língua: no caso dos falantes da
língua em suas práticas sociais há uma concepção de que a língua limita-se ao falar e
escrever bem, isto é, há uma noção de que as manifestações de nossa língua são
sinônimas da materialização do formalismo linguístico. No âmbito de alguns cursos de
ensino superior, especificamente, do curso de Letras e áreas afins em EAD, há uma
expectativa de se aprender, exclusivamente, a norma, isto é, os graduandos possuem
uma crença de que durante o curso de Letras ou os cursos que têm a disciplina de
Língua Portuguesa, aprenderão ‘a língua’ e não ‘sobre a língua. Isso significa que entre
os estudantes há uma concepção de aprendizagem de língua que se limita a
metalinguagem, deixando de lado questões como reflexões sobre o funcionamento dela.
Diante dessa problemática, procuramos responder a esta indagação: como possibilitar
que o nosso aluno de língua portuguesa desenvolva competências linguísticas, para
que ele tenha acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da sua
profissão e da sua cidadania? Para dar conta de responder a essa indagação,
acreditamos que um estudo sobre as crenças linguísticas poderiam se configurar como
um caminho profícuo para isso. Assim, o objetivo deste trabalho, assenta-se na tentativa
de desconstruir o conceito de língua unívoca, a fim de evidenciar se a Sociolinguística
Educacional pode funcionar, ou não, como uma ferramenta favorável à desconstrução

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da concepção de uma variedade tida como padrão, única, para que seja possível traçar
praticas docentes, livros, manuais e instruções sobre os estudos da língua aos alunos e
aos professores de Letras e áreas afins no âmbito da EAD. Para tanto, este trabalho
tem como aporte teórico a Sociolinguística Educacional. Com base nos resultados desta
pesquisa, esperamos contribuir para estudos que evidenciem a necessidade de se
trabalhar com uma pedagogia da variação linguística (Faraco 2008) com vistas a
possibilitar o reconhecimento pelos alunandos e pelos professores da língua portuguesa
a importância da legitimidade das variações linguísticas.

Palavras-chave: Sociolinguística; Formalismo linguístico; Variação linguística;


Educação a Distância.

10)Variação linguística em livros didáticos de Língua Portuguesa para as


séries iniciais do Ensino Fundamental

Ana Claudia Nogueira Marques (UEM)


Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo (UEM/Orientador)
Profa. Dra. Josimayre Novelli (UEM/Coorientadora)

Resumo:
O presente trabalho surgiu de uma inquietação pessoal em pesquisar em livros
didáticos propostos pelo MEC para as séries iniciais do Ensino Fundamental como é
tratado a variação linguística, sendo que é durante esse período da educação que os
alunos começam a criar laços com certas disciplinas, por isso analisei dois livros
didáticos de uma mesma coleção, o primeiro e o quinto, para assim poder comparar os
dois nesse sentido. Essa inquietação surgiu da lacuna que ainda existe na discussão de
variação linguística e da conscientização da heterogeneidade da Língua Portuguesa. Já
que, ao chegarem no Ensino Médio, muitos alunos alegam não gostar da Língua
Portuguesa por ela ser muito difícil, mesmo sendo a língua materna. Sendo assim, esse
estudo poderá contribuir com os autores e professores da área para que eles possam
abrir essa discussão em seus livros didáticos ou com seus alunos, podendo mostrar as
diversidades culturais e linguísticas e como elas são importantes para a construção de
nossa sociedade. Mostrando, também, como podemos aprender nossa própria língua
de uma maneira heterogênea, validando os saberes prévios de cada aluno, fazendo
assim com que eles se sintam como se não soubessem nada da própria língua materna.
O objetivo da pesquisa é o de analisar dois livros didáticos de uma mesma coleção em

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busca de atividades que debatem sobre o tema em questão, e de propostas que


mostrem a diversidade linguística e cultural da nossa língua, abrindo os olhos de nossos
alunos sobre o quão importante é estudar e entender a variedade linguística, além de
tentar diminuir os pensamentos sobre os mitos de que aprender a Língua Portuguesa é
impossível, sendo assim, farei com que esses dois livros sejam meu corpus. Tratarei,
então, sobre os conceitos de letramento e variação linguística para poder me embasar e
fazer a análise, além também de discutir sobre o Programa Nacional do Livro Didático e
os Parâmetros Curriculares Nacionais, já que estarei manuseando dois livros didáticos
de uma coleção que consta da lista do MEC. Com esse estudo, espero colaborar com
os estudos sobre variação linguística e conscientização da língua nos livros didáticos de
Língua Portuguesa, tentando fazer com que os professores se esforcem cada vez mais
para que o ensino da nossa língua possa abranger todas as variações presentes dentro
da sala de aula, sem que haja algum tipo de preconceito ou exclusão.

Palavras-chave: Variação linguística; livro didático; língua portuguesa; ensino


fundamental;

11) Crenças Linguísticas e Ensino de Língua Portuguesa na Escola


Pública

Milena Simão da Silva (PIBIC/Fundação Araucária/Unespar),


Prof. Dr. Flávio Brandão Silva (Orientador – Unespar)

Resumo:
Durante o processo de ensino-aprendizagem, com base nas prescrições da gramática
normativa, a escola propõe ao aluno o estudo da norma padrão, como a norma
linguística de prestígio, socialmente aceita. Nessa perspectiva, falar e escrever bem
consiste em utilizar “corretamente” as regras gramaticais. A gramática normativa, por
sua vez, ao apresentar as regras para o bom uso da norma padrão, privilegia a escrita.
Ao privilegiar a norma padrão, a gramática normativa acaba desconsiderando a
variação linguística que ocorre tanto na fala como na escrita. Tal postura provoca uma
disparidade entre o que está contemplado na gramática normativa e o que efetivamente

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ocorre em situações práticas de uso da língua, a qual, por sua natureza dinâmica, está
sujeita à variação. Assim, este trabalho pretende apresentar os resultados de uma
pesquisa realizada, por meio da aplicação de questionário, com professores de língua
portuguesa da rede estadual de educação, do município de Paranavaí-PR, quanto às
crenças (valoração positiva ou negativa) em relação ao ensino de língua portuguesa, e,
mais especificamente, como esses professores avaliam a inserção da variação de
linguística no processo de ensino-aprendizagem. Com este estudo, espera-se contribuir
com as reflexões sobre um ensino de língua portuguesa na escola, que leve em
consideração a variação linguística, bem como, sobre o papel do professor nesse
processo, em vistas a uma verdadeira Pedagogia da Variação Linguística.
Palavras-chave: Variação Linguística; Crenças e Atitudes Linguísticas; Ensino de
Língua Portuguesa;

12) Os processos fonéticos-fonológicos presentes nas produções


orais e escritas de alunos do ensino fundamental

Vanusa Fogaça de Freitas Prado (UEL)


Profa. Dra Dircel Aparecida Kailer (UEL/Orientadora)

Resumo:

A intenção de desenvolver esta pesquisa de mestrado surgiu a partir de algumas


indagações durante a minha prática em sala de aula sobre a acentuada presença de
marcas características da fala nas produções escritas dos alunos de uma turma do 6.º
ano do ensino fundamental II, de um colégio estadual da região sul da cidade de
Londrina – PR. Diante disso, o presente estudo, pautado nos pressupostos teórico-
metodológicos da Sociolinguística Educacional (BORTONI-RICARDO, 2005), tem como
objetivos: a) identificar os processos fonético-fonológicos recorrentes na fala de um
grupo de vinte oito alunos; b) averiguar quais marcas da oralidade (processos fonético-
fonológicos) estão presentes nos textos escritos desses alunos; c) categorizar os desvios
dos alunos conforme o contínuo de urbanização de Bortoni-Ricardo (2005); d)
desenvolver atividades de intervenção sobre os processos fonético-fonológicos mais
recorrentes nas produções orais e escritas dos alunos pesquisados. Sendo assim, para
a seleção do corpus para análise, primeiramente, foi feito um levantamento dos
processos fonético-fonológicos mais recorrentes na fala desses alunos, por meio da
gravação de um fato familiar narrado oralmente; em seguida, foi realizado o mesmo
levantamento em um texto relatado de forma escrita. Após os dois levantamentos e

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análise dos processos fonético-fonológicos mais recorrentes tanto na oralidade como na


escrita, serão desenvolvidas atividades de intervenção com o objetivo de refletir sobre o
uso da fala e da escrita, além da variação dentro de uma mesma modalidade por
diversos fatores, tais como o grau de formalidade, da situação de produção e de uso, a
idade, o sexo, a região onde o indivíduo vive, entre outras variáveis, podendo assim
contribuir para a diminuição do preconceito linguístico dentro e fora do ambiente
escolar. Pretende-se analisar estes dados com base nos pressupostos teóricos da
Sociolinguística Educacional, por meio da categoria de erros apresentada por Bortoni-
Ricardo (2005), além de Cagliari (1996), Marcuschi (2001), Silva (2003), dentre outros
estudiosos que abordam a oralidade e a escrita da Língua Portuguesa. Neste sentido,
cabe destacar a afirmação de Oliveira e Cyranka (2014) sobre a importância de o aluno
conhecer e saber quando usar determinadas variantes linguísticas, ou seja, cabe ao
professor “promover uma mudança no foco de ensino de língua materna, de modo a
desenvolver no aluno a consciência de que o “português são muitos” e, por isso mesmo,
ele deve ser multidialetal em seu próprio idioma, haja vista a diversidade de usos que se
pode fazer dele”. (Oliveira e Cyranka, 2014, p.2).

Palavras-chave: Sociolinguistica Educacional; Oralidade; Escrita; Ensino Fundamental.

13) Uma abordagem acerca das variações da língua e do


preconceito linguístico no ensino de Língua Portuguesa

Glaucia Jussara Alves (UNIVALE)


Profa.Me. Lucimara C. Castro (UNIVALE/Orientadora)

Resumo:
É notória a dinamicidade de qualquer língua e as inúmeras transformações que está
sujeita. Essa peculiaridade de toda e qualquer língua é denominada de variação
linguística: mudanças que estão sujeitas ao contexto histórico, geográfico e sociocultural
no qual os falantes estão inseridos. Essa pluralidade da língua é facilmente observada
no Brasil, um país de extensão territorial e multiplicidade cultural significativas. As
variações linguísticas acontecem porque, tendo em vista que a função primordial da
língua é a comunicação, os falantes adequam a língua de acordo com a necessidade de
interação social. Considerando que essas variações visam à comunicação, é um

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equívoco considerá-las erros. Seria impossível pensar em uma fala padronizada nas
quais todos os brasileiros seguissem a mesma prosódia e o mesmo vocabulário. Assim,
o ensino de Língua Portuguesa se torna cada vez mais desafiador, devido à sociedade
discriminar o indivíduo que não se comunica pela norma padrão. Partindo desses
pressupostos, este trabalho tem por objetivo discutir como os professores de Língua
Portuguesa trabalham as variações linguísticas e o preconceito linguístico em sala de
aula. Nesta abordagem, consideramos que tanto a variação linguística quanto o ensino
de gramática exercem papéis essenciais no processo de aquisição do conhecimento e
ampliação dos horizontes cognitivos. Com o propósito de examinar questões em relação
ao ensino-aprendizagem da variação linguística e o preconceito linguístico nas escolas,
realizaremos uma pesquisa de campo com professores do 6º e 9º ano, do ensino
fundamental, de três escolas, sendo, respectivamente, uma federal, uma estadual e
uma particular. Como aporte teórico, contaremos com os pressupostos da
Sociolinguística, tal como proposta por Labov, e permeada por Bagno e o grupo de
pesquisadores que com ele estabelecem rede, no Brasil. Percebemos que o conteúdo
de variação linguística tem sido muito mais abordado atualmente e os docentes estão
cada vez mais sensíveis e suscetíveis em relação às variantes dentro de sala de aula,
as quais atuam com frequência. Assim, é preciso reconhecer que as crianças, ao
chegarem à escola, já possuem uma gramática internalizada, uma gramática natural
processada a partir de suas próprias experiências linguísticas, não demonstrando
nenhum tipo de preconceito, nem com a gramática tradicional, nem com a variação
linguística.

Palavras-chave: Variação linguística; Ensino; Preconceito linguístico.

14) Norma(s) Linguística(s) e ensino de Língua Portuguesa

Flávio Brandão Silva (Unespar)

Joyce Elaine de Almeida Baronas (UEL)

Resumo: O ensino de Língua Portuguesa, no Brasil, já se alterou consideravelmente,


se comparado aos anos anteriores, graças ao desenvolvimento dos estudos linguísticos.
Entretanto ainda carece dos resultados das pesquisas realizadas no ambiente

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acadêmico, pois continua, em sua grande maioria, prescrevendo regras gramaticais da


gramática normativa, sem uma prévia discussão do que vem a ser efetivamente a
norma padrão. Na escola, em geral, não se discutem questões cruciais para a
abordagem da língua, como o distanciamento entre o que é prescrito pela gramática
tradicional e o que é falado e escrito na norma culta. Diante dessas considerações, é
preciso que a escola repense a forma de tratar a língua, pois já não é possível esperar
que os alunos aceitem regras excessivamente abstratas, que em nada retratam a
realidade linguística que vivenciam. Na realidade, quando o ensino de Língua
Portuguesa privilegia apenas a norma culta, tende a não promover a emancipação
social e intelectual do indivíduo, mas a reforçar as desigualdades já existentes na
sociedade. Neste caso, um trabalho com a linguagem, abordando a diversidade que a
língua apresenta, com seus diferentes usos, pode apresentar resultados mais
significativos, se comprada a uma prática pedagógica centrada na prescrição
gramatical, No entanto, ressalta-se que não é objetivo desta pesquisa descartar o
ensino gramatical, muito pelo contrário: propõe-se sim o estudo gramatical de forma que
o professor seja capaz de apresentar a prescrição gramatical aliada à análise de textos
escritos na norma culta do Brasil a fim de comparar as diferentes normas e
compreendê-las. Nesse sentido, um dos desafios que o ensino de Língua Portuguesa
na escola apresenta é o de formar estudantes realmente “proficientes” quanto ao uso da
língua materna, em situações diversas de interação verbal. Desta forma, a presente
pesquisa propõe uma comparação entre o que é prescrito pela tradição gramatical e o
que é praticado na norma culta do Brasil, a partir da análise de textos publicados em
2016 um jornal da cidade de Londrina-PR. A análise dos textos sinaliza um
distanciamento entre o que é prescrito pela gramática normativa e o que efetivamente é
possível se realizar em textos redigidos na norma culta, fato que deve ser levado para a
sala de aula, a fim de evidenciar aos alunos tal distanciamento.

Palavras-chave: normas; Pedagogia da Variação; variação e ensino.

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SIMPÓSIO 26) O ensino de Língua espanhola na diversidade repensando


a heterogeneidade de funções da língua

Profa. Dra. Andréia C. Roder Carmona-Ramires (Unespar)

prof-andreia@bol.com.br

Profa. Dra. Viviane Cristina Poletto Lugli (UEM)

Vivianelugli@yahoo.com.br

1) Desenvolvendo a aprendizagem do espanhol dos negócios:


constituição histórica e pesquisas sobre o laboratório de línguas

Camila J. B. Tavares (UNESPAR)


Keslen Cristina da Siva (UNESPAR)
Profa. Dra. Andréia C. Roder Carmona Ramires (UNESPAR/Orientadora)

Resumo:

Sabemos que o profissional que apresenta boa comunicação possui um diferencial no


seu posto laboral (KOTLER, 1993) e, tratando mais especificamente sobre língua
estrangeira, no cenário do mercado de trabalho, o domínio de línguas é um fator que se
apresenta relevante há décadas. Diante disso, entendemos que o estudo de línguas
estrangeiras torna-se um elemento indispensável para qualquer profissional que busca
por um lugar de destaque no mercado de trabalho globalizado. De acordo com Beltrán
(1998), a língua espanhola é uma das muitas que se encontra em ascensão no setor de
ensino e serviços, posto que há uma considerável valorização em torno dessa língua no
mundo dos negócios, sobretudo na área da américa latina. Sendo assim, o modo como
a língua espanhola deve ser ensinada para a área dos negócios deve ser discutida e
pesquisada, haja vista que a demanda para sua aprendizagem é grande. O ensino de
língua estrangeira, com fim específico, tem sua origem nos anos de 1960, devido à
necessidade de rápida aprendizagem e entedimento sobre línguas estrangeiras após a
segunda Guerra Mundial (CONDE-RODRIGUES, 2005). Nessa linha, verificando o

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ensino de língua espanhola, constatamos que muitos são os fatores que ratificam a
necessidade da aprendizagem dessa língua para sua utilização no âmbito empresarial:
países fronteiriços ao Brasil são falantes dessa língua; estes países apresentam
expressão cultural fortemente representada na literatura mundial; o espanhol é falado
em mais de 20 países como língua oficial; possui destaque mundial sendo segunda
língua nativa mais falada no mundo, sobretudo no comercio (SEDYCIAS, 2005).
Destarte, entendemos que um projeto que vise desenvolver no aluno/funcionário da
UNESPAR – Apucarana, condições para o aprimoramento das competências
necessárias da aprendizagem de Língua Espanhola voltada para a área dos negócios é
um fator necessário para o fomento do ensino, da extensão e da pesquisa universitária.
Sendo assim, ambicionamos, nesse trabalho, apresentar, resumidamente, um histórico
da constituição do projeto Laboratório de Línguas: desenvolvendo a aprendizagem do
espanhol dos negócios, bem como expor uma das pesquisas, ainda em fase inicial,
desenvolvida por meio da coleta de dados advinda da realização desse projeto.
Esperamos que a discussão desses dados venha a auxiliar futuras pesquisas na área
de língua estrangeira para fins específicos, com o fito de promover mais debates nessa
área.

Palavras-chave: Língua Espanhola; Fins Específicos; Secretariado Executivo;


Laboratório de linguas.

2) A extensão universitária na Unespar e o perfil de seus acadêmicos:


analisando o ensino de língua espanhola do âmbito dos negócios

Camila J. B. Tavares (UNESPAR)


Keslen Cristina da Silva (UNESPAR)
Profa. Dra Andréia C. Roder Carmona Ramires (UNESPAR/Orientadora)

Resumo:

Na área dos negócios, entendemos que o processo de ensino e aprendizagem de


línguas estrangeiras deve fazer com que o aprendiz desenvolva competências e
conhecimentos específicos da língua a ser aprendida e assim, o profissional deverá

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desenvolver competências comunicativas direcionadas à prática da profissão. Com


este propósito nasceu o ensino de línguas com fins específicos em meados dos anos
60, tendo como objetivo maior capacitar o aluno a uma competência comunicativa que
o faça se desenvolver de forma eficaz em contextos acadêmicos profissionais. E para
tanto, o conhecimento a respeito de fatores gramaticais e culturais em Língua
Estrangeira deve ser observado como uma competência crucial de apoio para o
discente e seu desenvolvimento como aprendiz de língua, pois o desconhecimento a
respeito desses aspectos pode ocasionar consequências nefastas para o
estabelecimento das relações internacionais, causando desconforto entre os envolvidos
e, até mesmo, graves conflitos (REYES DÍAS, 2009). Consequentemente, saber o que
falar em outras línguas, e, sobretudo, quando falar, torna-se fator extremamente
relevante, posto que entendemos os aspectos da comunicação como determinados
culturalmente, e, dessa forma, “o conhecimento da existência desses aspectos é o ponto
de partida para que interlocutores de diferentes comunidades linguísticas realizem uma
comunicação com sucesso” (SARMENTO, 2004, p. 9). Observando essa necessidade na
UNESPAR, (Campus Apucarana) houve no ano 2000 a iniciativa, por parte de uma
professora de língua espanhola, de criar o curso de extensão “Ensino de Língua
Espanhola em nível básico” aos acadêmicos da então FECEA. Esse curso de extensão
ofertava 20 vagas, englobando alunos de cursos de bacharelado do Campus
Apucarana, bem como funcionários e comunidade externa. Atualmente o curso está
intitulado “Laboratório de Línguas: Desenvolvendo a aprendizagem do Espanhol dos
negócios” e o objetivo agora é o ensino da Língua Espanhola voltada para a área dos
negócios. Dessa forma, objetivamos nessa pesquisa, ainda em fase inicial, traçar o
perfil dos alunos matriculados nesse curso de extensão, entre outras informações, com
o fito de promover mais pesquisas na área de línguas estrangeira para fins específicos.
Visamos também fazer com que esses dados venham a auxiliar futuros trabalhos na
área de língua estrangeira para fins específicos, com o fito de promover mais debates
nessa área de estudo.

Palavras – chave: Língua Espanhola; Extensão, Bacharelado; Unespar.

3) A compreensão auditiva na aula de espanhol no ensino médio: o


enfoque na diversidade linguística e cultural

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Thiago Augusto dos Santos de Jesus (COLUN/UFMA)

Resumo:

O ensino de língua espanhola no contexto educacional brasileiro tem dado muita ênfase
à realidade linguística e cultural do espanhol da Espanha, deixando de abordar outros
contextos linguístico-culturais do espanhol falado na América, como se a língua falada
nos países da América Latina não tivesse uma representação social e cultural para as
interações comunicativas entre brasileiros e esses povos hispano-falantes. Essa visão
vem sido representada por muitos livros didáticos e pelas metodologias de ensino de
algumas instituições que evidenciam a natureza lexical, gramatical, cultural e social da
variante europeia, deixando de abordar outros usos e outras funções comunicativas do
idioma em sala de aula. Com o objetivo de mostrar a diversidade de contextos e de
usos da língua espanhola no ensino médio, propõe-se o desenvolvimento da habilidade
linguística de compreensão auditiva para evidenciar aos alunos outras formas de
pronunciação, de léxico e de uso da língua em contextos comunicativos reais através de
áudios de entrevistas, propagandas e vídeos de hispano-falantes da América. Além de
desenvolver a compreensão auditiva dos alunos, desenvolve-se também de forma
integrada a compreensão leitora dos áudios, já que nas atividades propostas os textos
não descrevem de forma literal as informações ouvidas, exigindo, assim, uma
interpretação das mensagens. Os objetivos deste trabalho são: discutir a inclusão da
diversidade linguística e cultural da língua espanhola em sala de aula e os usos dessa
diversidade nas interações comunicativas e sociais entre brasileiros e hispano-falantes,
avaliar se as propostas metodológicas dos livros didáticos adotados pelas escolas
públicas atendem a essa diversidade de contextos e usos da língua e propor atividades
didático-pedagógicas de desenvolvimento da compreensão auditiva para enfatizar a
diversidade de contextos e de usos do idioma. Baseando-se nas contribuições teóricas
de TARALLO (2005), MOLLICA (2007), BORTONI-RICARDO (2004) e COAN e
PONTES (2013), o uso das diferentes variedades da língua permite aos alunos a
perceber o dinamismo inerente próprio da língua e reconhecer as funções sociais e
comunicativas de representação das identidades dos falantes do idioma. Para a
realização deste trabalho, adotou-se a pesquisa de caráter explicativo-interpretativa de
enfoque qualitativo para a análise das atividades propostas dos alunos do segundo ano
do ensino médio do Colégio Universitário da Universidade Federal do Maranhão.

Palavras-chave: Aprendizagem; Diversidade linguística; Compreensão auditiva; Função


social; Usos do idioma.

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4) Língua espanhola em contextos específicos: debantendo os


diferentes propósitos de sua função

Andréia C. Roder Carmona-Ramires (UNESPAR)

Resumo:

Ao depararmo-nos com as diversas vertentes do ensino de línguas, constatamos que


várias são as perspectivas de trabalho possíveis. Tratando mais especificamente sobre
o ensino de língua espanhola, observamos que cresce a cada dia o trabalho com essa
língua voltada para o uso em contextos específicos, haja vista que a busca pela
aprendizagem de língua espanhola aumentou nas últimas décadas devido a inúmeros
fatores, a saber: há mais de 20 países que o falam como língua oficial; países
fronteiriços ao Brasil são falantes dessa língua; apresenta grande expressão cultural
fortemente representada nas áreas da literatura mundial, na música e etc. (SEDYCIAS,
2005); possui destaque em pesquisas no âmbito científico, econômico e também no
aspecto turístico. Dessa maneira, entendemos que o trabalho com Fins Específicos é
uma variedade que serve funcionalmente para ensinar a utilização da língua em
contextos particulares. Nos anos 60, surge o ensino de línguas com fins específicos,
que buscava capacitar o aluno a uma competência comunicativa que o fizesse se
desenvolver de forma efetiva e eficaz em contextos acadêmicos profissionais
(RODRIGUEZ-FERNANDEZ, 2005). O estudo de Língua Estrangeira com fins
específicos, diferente do estudo de uma língua apenas para fins de turismo ou
conversação, vem da necessidade de economizar tempo na hora de aprender,
concentrando no que se necessita especificamente para o trabalho. Desse modo, para
aprender de maneira mais direcionada sobre determinado assunto, é extremamente
válido escolher a metodologia mais adequada ao interesse de cada público. E dessa
forma, para uma aprendizagem dirigida, é necessário que o ensino seja voltado para o
desenvolvimento de competências e conhecimentos específicos da língua a ser
aprendida, desenvolvendo atividades comunicativas direcionadas à prática de suas
profissões. O conteúdo aprendido deve contemplar vocabulário, redação comercial,
além de simular situações reais de uso da língua para o futuro profissional. Destarte,
observar e considerar os diferentes objetivos de aprendizagem dos discentes ao
entrarem em contato com uma língua estrangeira é fator significativo para se alcançar
um melhor desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem, bem como para a
elaboração de futuras pesquisas na área do ensino de línguas, seja esse ensino geral
ou específico. Por conseguinte, objetivamos fomentar uma discussão sobre as
necessidades específicas de comunicação formal funcional que se apresentam no
ensino de línguas voltado para a área profissional. Para tanto, apresentamos, nesse
estudo, uma revisão sobre os distintos enfoques, metodologias e as orientações
didáticas do ensino de Espanhol para Fins Específicos, bem como a visão de alguns

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autores da área a respeito desse tema. Esperamos que a discussão desses dados
subsidie futuras pesquisas em Língua Espanhola para fins específicos, objetivando
fomentar mais debates nessa área.

Palavras-chave: Língua Espanhola; Fins Específicos; Extensão;

5) O ensino da língua espanhola no contexto de Secretariado Executivo:


uma reflexão sobre as formas da língua e as representações sobre a
secretária em uma telenovela colombiana

Amanda Ferreira Prazeres de Lima (UEM)


Kezia Naiara Bernardes Dos Reis (UEM)
Profa. Dra. Viviane Cristina Poletto Lugli (UEM/Orientadora)

Resumo:

O presente trabalho visa a demonstrar como a língua espanhola, refletida por meio de
práticas sociais, aponta questões relativas ao papel da Secretária projetado por uma
telenovela colombiana. Considerando os princípios de Análise Crítica do Discurso
(FAIRCLOUGH, 1995; VAN DIJK, 2009) que compreende as ações verbais como o
resultado de práticas sociais e de representações sobre o mundo, o nosso objetivo
nesta comunicação, consiste em apresentar excertos de uma telenovela colombiana,
estudados em língua espanhola, no contexto de secretariado, que demonstram não
apenas as formas dos elementos linguístico-discursivos que concretizam o discurso,
mas as concepções disseminadas pelo gênero que contribuem na formação de
estereótipos relacionados aos profissionais de Secretariado. Tendo em vista a
representatividade das telenovelas e o poder de influência que elas possuem tanto na
formação de opiniões, como na constituição de identidade, faz-se relevante o
ensino/aprendizagem da língua por meio desse gênero, assim como a reflexão sobre
esse tipo de prática social, no sentido de observar se tal prática reproduz
representações sobre o exercício da profissão de Secretariado e se condiz com a
postura real desse profissional. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica,

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em que revisamos artigos especializados na área e analisamos, por meio da língua


espanhola, a forma como as Secretárias são representadas no gênero televisivo.
Partindo da compreensão de que os gêneros textuais dialogam (BAJTÍN,2005;
BRONCKART,1999) com uma rede de outros textos, tais como artigos de revistas,
livros, músicas etc, já proferidos em outros momentos e contextos sóciohistórico
(BRONCKART, 1999), o nosso olhar neste trabalho se volta para as formas da língua
que concretizam o gênero telenovela com o objetivo de compreender, por meios dos
recursos linguístico-discursivos, os efeitos de sentido da língua espanhola no gênero. A
concepção norteadora deste estudo é de que o gênero textual é um instrumento por
meio do qual o homem age pela língua e em suas formas de ação estão presentes
intencionalidades que podem refletir estereótipos propagados por meio de textos
elaborados por estruturas de poder e de dominância. Os resultados parciais
encontrados até o momento demonstram que tais intencionalidades podem explicitar-se
ou camuflar-se por meio das formas linguísticas que concretizam os enunciados. Nesse
sentido, o nosso olhar se desloca não apenas para as formas da língua, mas para as
funções dessas formas linguísticas trabalhadas no ensino de língua espanhola para
Secretariado, por meio da telenovela, que permitem a compreensão dos efeitos de
sentido dos elementos que podem ser mobilizados tanto como reforçadores de práticas
sociais estereotipadas como transformadores de práticas discursivas sobre a esfera
secretarial.

Palavras-chave: Língua espanhola; Secretariado; Representações.

6) Um estudo sobre as crenças e atitudes linguísticas de estudantes do


3º ano do Ensino Médio sobre a língua espanhola

Me. Michelli Cristina Galli (IFPR)

Resumo:

No ano de 2015, alguns comentários durante as aulas de língua estrangeira moderna


despertaram o interesse em se analisar as crenças dos alunos do 3º ano do Ensino
Médio do Instituto Federal do Paraná em relação à língua espanhola. Na época, o
estudo possibilitou conhecer melhor o contato dos discentes com a língua falada nos
países fronteiriços do Brasil e a partir dos resultados foi possível repensar as aulas para

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esse público. Novamente, em 2017, depois do repensar o ensino do espanhol para


jovens em constante contato com a língua no contexto de compras e da proposição de
atividades que aproximam os alunos da cultura dos hisponofalantes, um novo grupo
contribuiu com este estudo. Nesta nova etapa, as entrevistas com os discentes
aconteceram no mês de agosto, todas realizadas com autorização dos pais ou
responsáveis com o objetivo identificar e analisar as crenças e atitudes dos estudantes.
Questões sobre a língua, a cultura e o contato com a Língua Espanhola e seus falantes
fizeram parte do questionário. No entanto, para este trabalho, optou-se por analisar
apenas as seguintes questões: 1) Comparando essas línguas: espanhol argentino,
espanhol paraguaio, japonês, italiano, guarani, inglês, qual língua é a mais feia? Por
quê?; 2) Como é a Língua Espanhola?; 3) Você acha o português parecido com o
espanhol?; 4) Para quais fins você utilizaria a Língua Espanhola?; 5) Você pretende
viajar para algum dos 21 países hispanofalantes? Por quê? e 6) Você gosta de estudar
espanhol?. Ao todo foram 16 entrevistados, jovens entre 16 e 18 anos, do sexo feminino
e masculino. No decorrer das entrevistas verificou-se que a proximidade entre as
cidades de Assis Chateaubriand/PR e Salto de Guairá favorece o contato entre
brasileiros e paraguaios. Distintamente dos resultados obtidos no ano de 2015, os
dados apontam para a valorização da cultura e dos falantes. Ademais, no término das
análises, constatou-se que o termo “feia” não foi bem visto pelos discentes, que
preferiram classificar as línguas como diferentes ou de difícil compreensão. A
semelhança entre as línguas portuguesa e espanhola foram unanimemente confirmadas
pelos entrevistados, contudo houve ressalvas para algumas particularidades na fonética
e no léxico. Em relação ao uso da língua, os discentes afirmaram que a utilizariam em
viagens, para trabalho e para intercâmbio. Fundamentando-se nas respostas, é possível
identificar um tratamento mais cordial e valorativo do espanhol como língua estrangeira.

Palavras-chave: Crenças e atitudes linguísticas; Alunos do 3º ano do Ensino Médio;


Língua Espanhola; IFPR.

7) O ensino/aprendizagem de espanhol por meio de consignas


elaboradas para as provas do DELE

Thays Pereira de Jesus (SET/UEM)


Profa. Dra.Viviane Cristina Poletto Lugli (UEM/Orientadora)

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As provas de avaliação do DELE (Diplomas de Español como Lengua Extranjera)


constituem um alvo a ser analisado por candidatos aspirantes à obtenção desse título
oficial que comprova o domínio da língua espanhola, visto que tais provas constituem
modelos específicos e de referência para o ensino/aprendizagem por exigirem
determinadas capacidades de linguagem dos candidatos. Por tal razão, o
ensino/aprendizagem de espanhol por meio de provas já aplicadas em anos anteriores
torna-se essencial para a compreensão e desenvolvimento de habilidades que permitam
ao candidato alcançar um bom resultado na prova. Assim, o objetivo deste trabalho é
analisar as provas do DELE, disponibilizadas pelo site do Instituto Cervantes de
Curitiba, para verificar quais gêneros textuais e capacidades de linguagem (PASQUIER
e BRONCKART,1993; DOLZ e SCHNEUWLY,1998) são requeridos para esta prova.
Para tanto, este trabalho se sustenta pelos conceitos da teoria socio-interacionista
(BRONCKART, 1999; PASQUIER e BRONCKART,1993; DOLZ e SCHNEUWLY,1998;
DORA RIESTRA, 2010; CRISTOVÃO, 2005) que compreendem ser por meio da
mobilização de capacidades que o aluno age pela linguagem adequadamente e, desse
modo, consegue realizar as consignas de tarefa. As consignas de tarefas são segundo
Dora Riestra (2010), as ferramentas que mediam a atividade de ensino, pois causam
um efeito sobre os alunos na realização de atividades de leitura e escrita. Desse modo,
os textos escritos referentes às provas do DELE, aplicadas no Brasil e outorgadas pelo
Ministério da Educação, Política Social e Esporte da Espanha, precisam ser vistos como
desencadeadores de ações direcionadas ao candidato que deve compreender o
enunciado para a realização da tarefa. Para a realização dessas tarefas, podem,
portanto, ser mobilizadas diferentes tipos de capacidades que, conforme Pasquier e
Bronckart(1993) e Dolz e Schneuwly (1998), demandam a compreensão de textos: as
capacidades linguístico-discursiva, as capacidades discursivas e/ ou as capacidades de
ação. Para verificar os tipos de capacidades que precisam se mobilizadas pelos
candidatos, selecionamos modelos de provas aplicadas para análise, para, a partir
disso, repensar o ensino-aprendizagem de espanhol para candidatos a este tipo de
avaliação. Assim, esta pesquisa é do tipo bibliográfico, pois trata de textos publicados
no site do Instituto Cervantes de Curitiba e da teoria especializada na área de gêneros
textuais.

Palavras-chave: Avaliação; Ensino-Aprendizagem; Consignas.

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8) As variantes lexicais da língua espanhola em dicionários bilíngues


português-espanhol: um estudo do tratamento lexicográfico no campo
semântico dos alimentos

Sueli Cabrera Fioravanti (PG-UEL)

Resumo:

A língua espanhola é falada oficialmente por vinte e um países, desde a Europa até a
hispanoamérica, revelando sua riqueza em variação linguística, da qual o presente
estudo centra-se na variação lexical. Nesta pesquisa observou-se o tratamento
lexicográfico apresentado nos atuais dicionários bilíngues de espanhol elaborados para
consulentes brasileiros em relação às variantes lexicais do idioma. Para isso realizou-se
um recorte, selecionando apenas as variedades referentes ao campo semântico dos
alimentos. Foi escolhido o léxico dos alimentos porque o ato de alimentar-se faz parte
do convívio social e cultural dos povos no decorrer da historia. Elegeu-se para análise
os dicionários das seguintes editoras: Michaelis(2011); Santillana(2012) e
Saraiva(2013). Justifica-se a escolha destas obras, por serem as mais vendidas nas
livrarias virtuais do Brasil. Sendo as mais adquiridas, são as mais utilizadas pelos
consulentes brasileiros em suas pesquisas por equivalências na língua espanhola. Os
objetivos deste trabalho foram: i) verificar como os dicionários bilíngues português-
espanhol apresentam as informações referentes às variantes regionais da língua
espanhola; ii) averiguar se a maneira como essas obras registram as variantes pode
auxiliar ao consulente brasileiro no processo de busca das diferentes unidades lexicais
dadas aos nomes dos alimentos nos diversos países nos quais o idioma é falado e; iii)
ponderar se a forma como as variantes linguísticas pertencentes ao léxico dos
alimentos da língua espanhola são apontadas favorece para a ampliação do
conhecimento dessas unidades lexicais. Considerou-se que a questão das variantes foi
expressa de forma superficial na maioria das obras lexicográficas examinadas. Em sua
maioria, os dicionários bilíngues analisados registram explicações sobre algumas das
distintas formas lexicais utilizadas nos países de fala hispânica. Desta maneira, os
dicionários bilíngues nos quais as variantes lexicais são expostas podem contribuir às
expectativas do consulente brasileiro em conhecer os substantivos referentes aos
alimentos em espanhol. Entretanto, faz-se necessário que as obras lexicográficas sejam

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adequadas a proporcionar um conhecimento peculiar das variantes linguísticas da


língua espanhola.

Palavras-chave: variante lexical; dicionário bilíngue; língua espanhola.

9) A tradução no ensino de língua espanhola: mapeando as consignas


de um material didático

Viviane Cristina Poletto Lugli (UEM)

Resumo:

O objetivo deste trabalho é demonstrar o papel que exercem as consignas de tradução


em um material didático elaborado para o ensino de tradução em língua espanhola. De
acordo com DORA RIESTRA (2004), as consignas consistem em operações mentais
que realizam os alunos ao realizar tarefas. É por meio de consignas, que segundo Dora
Riestra (2004, p.67), é possível descrever os efeitos previsíveis das ações de linguagem
na atividade de ensino e analisar tanto a ação verbal de quem ensina como a ação
mental de quem aprende. Assim, em um curso de espanhol para fins específicos, como
no contexto de ensino de língua espanhola para Secretariado Executivo em que
atuamos, refletir sobre as relações entre os três pólos do triângulo didático (DOLZ,
GAGNON e DECÂNDIO, 2009) constituídos pelo ensino, o aluno e a língua ensinada
torna-se essencial para a compreensão sobre o desenvolvimento de capacidades que
os alunos precisam desenvolver para a realização de atividades de tradução. Nesse
eixo de ação, a análise do material didático a ser apresentada focaliza os tipos de
atividades didáticas que se desenvolvem no ensino, por meio do material, inserido em
um contexto social e cultural determinado, assim como o conjunto de saberes que são
veiculados em gêneros textuais considerados instrumentos de referência para os
aprendizes. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica em que direcionaremos nosso olhar
para as práticas sociais de referência dos aprendizes com o fim de promover, por meio
do ensino da língua espanhola, a apropriação de saberes técnicos e socialmente
constituídos, tomando os gêneros textuais em língua espanhola como objetos de ensino
(DOLZ e SCHNEUWLY, 2004) na tradução e como megaferramentas no ensino/
aprendizagem que levam os aprendizes a apropriar-se da língua alvo por meio de
atividades significativas de tradução. Para a realização desta pesquisa, a perspectiva

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teórica adotada foi a do interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 1999; DOLZ e


SCHNEUWLY, 2004; DORA RIESTRA, 2004) em diálogo com os estudos da tradução
(AZENHA JUNIOR, 2008; RODRIGUES, 2000; SOBRAL; 2008).

Palavras-chave: Consignas; Material didático; Tradução.

SIMPÓSIO 27) Experiências de formação acadêmica: a introdução à


pesquisa e iniciação à docência

Prof. Dr. Manoel Messias Alvino de Jesus (UTFPR)

manoelmessias@utfpr.edu.br

Profa. Me. Cíntia Machado Santos (UTFPR)

cintia.caterpillar@gmail.com

1) Análise de uma aula de gramática

Camila Vitória Braguim (UEM)


Lorena Martins Pedroso Almeida (UEM)
Sarah Mariana Longo Carrenho Cocato (UEM)
Profa. Dra. Cláudia Valéria Doná Hila (UEM/Orientadora)
Profa. Dra. Lilian Cristina Buzato Ritter (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este artigo propõe-se a analisar duas horas-aula de Língua Portuguesa ministradas a


alunos do 7º ano de uma instituição pública de ensino na região de Maringá, cujo
conteúdo foi o estudo dos sujeitos oculto e indeterminado. Essas aulas foram
observadas para cumprimento da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado II, do

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curso de Letras (habilitação única em Português), da Universidade Estadual de Maringá


(UEM). Produzimos, in loco, uma vinheta narrativa, contendo descrições detalhadas dos
procedimentos metodológicos utilizados. Em uma pesquisa de abordagem qualitativa e
interpretativista apoiada nessa vinheta, inicialmente, explicitamos o que propõem os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa: fazer o uso do eixo
uso-reflexão-uso, ou seja, as situações de interação verbal devem tornar-se o ponto de
partida e de chegada para qualquer prática didática. Explanamos sobre a dificuldade da
comunidade escolar em dizer qual o sentido do grande esforço aplicado nas aulas de
gramática – culturalmente concebida como um dos conteúdos de maior relevância –,
pois não se nota progresso nas habilidades de compreensão e produção textual de
alunos que conhecem, ainda que precariamente, uma exaustiva lista de conceitos
metalinguísticos, como afirma Geraldi (1993, 1997). Por meio da perspectiva dialógica
da linguagem do Círculo de Bakhtin, discutimos as práticas pedagógicas aplicadas nas
aulas observadas – seus propósitos, seu sentido social e educativo, suas relações com
os demais eixos práticos do ensino de língua -, constatando reverberações da
internalização da concepção de linguagem como expressão do pensamento.
Pretendemos compreender como as diferentes concepções de linguagem e de ensino
inscrevem-se nesse corpus e quais razões sócio-históricas lhe atravessam. Objetivamos
refletir sobre a visão de que o ensino de gramática encontra sentido na perspectiva do
uso da língua, o que se materializa, em termos procedimentais, na adoção do texto
como unidade para a prática de Análise Linguística. Para subsidiar a reflexão sobre as
dificuldades encontradas, explanamos sobre as concepções de linguagem com enfoque
no ensino da gramática. Afirmações e dados comprobatórios compõem a análise dos
dados selecionados, evidenciando problemas conceituais e procedimentais no ensino e
na aprendizagem de Língua Portuguesa. Ao final, alternativas pedagógicas a esses
problemas são apresentadas, quando propomos práticas de ensino de língua centradas
nos efeitos de sentidos dos recursos linguístico-enunciativos utilizados no texto,
engendrando sequências didáticas que materializam o que Geraldi (1993, 1997) chama
de Análise Linguística.

Palavras-chave: Concepções de Linguagem; Interacionismo; Ensino de Gramática;


Análise Linguística.

2) Leitura interdisciplinar: uma proposta pedagógica para a autonomia


do indivíduo

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Profa. Dr. Cibele Beirith de Freitas (UNESC)


Profa. Me. Daniela Arns Silvera (UNESC)

Resumo:

O presente resumo pretende apresentar algumas reflexões acerca da leitura e da


interdisciplinaridade em sala de aula, além de um exemplo de prática de leitura
interdisciplinar. O objetivo deste estudo é trazer conhecimento sobre a relevância dessa
prática a partir de um olhar do Subprojeto Interdisciplinar do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, desenvolvido por acadêmicas dos Cursos de
Letras, Artes Visuais, Pedagogia e História, da Universidade do Extremo Sul
Catarinense (UNESC), cujo propósito é fomentar estudos teórico-práticos e, a partir
disso, refletir sobre práticas pedagógicas. Entende-se que, por meio das práticas de
leituras críticas, é possível construir na escola indivíduos também críticos e atuantes na
sociedade, do ponto de vista de sua emancipação com relação ao espaço que ocupa e
às mudanças que pode propor a esse ambiente. Atualmente, percebe-se que os alunos
demonstram pouco interesse pela leitura, o que traz como consequência os graves
índices das pesquisas em nível de proficiência dessa prática no país. Nesse sentido,
acredita-se que os métodos precisam ser refletidos e revistos. A prática de leitura
interdisciplinar é, ao mesmo tempo, o objetivo e o objeto do processo de aprendizagem,
uma vez que promove a criticidade por meio das discussões e argumentações que
permeiam os temas abordados nos textos, e, também, objeto, quando de sua relação
própria de acesso às mais variadas áreas do conhecimento, perpassando por todas as
disciplinas escolares. Desta forma, o processo ensino-aprendizagem é integral, posto
que aciona, na medida em que a leitura vai acontecendo, os conhecimentos prévios dos
estudantes, instiga a novos conhecimentos e propõe um constructo de saberes novos e
interligados, não mais fragmentados, como de uma ou outra disciplina apenas, mas na
sua interdisciplinaridade. A presente pesquisa, portanto, tem caráter bibliográfico, com
enfoque nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, e em teóricos relevantes na
área, como José do Carmo Ligeski, Sauthier, Ângela Kleiman, Marisa Lajolo, entre
outros. a partir da experiência realizada, foi possível verificar que a prática de leitura
interdisciplinar em sala de aula é uma prática que possibilita, tanto ao professor como
ao aluno, o olhar para além do que está colocado no texto, um olhar dos contextos em
que leitor e texto estão inseridos.

Palavras-chave: Leitura; PIBID; Interdisciplinar; Texto.

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3) O gênero discursivo miniconto multimodal: uma abordagem


Bakhtiniana

Jaíne Esser (UEM)


Profa. Dra. Lilian Cristina Buzato Ritter (UEM/Orientadora)

Resumo:
Esta comunicação tem por finalidade apresentar os resultados do projeto de iniciação
científica intitulado “Uma abordagem bakhtiniana do gênero discursivo miniconto
multimodal” (UEM), o qual encontra-se inserido no projeto de pesquisa “Formação do
professor de Língua Portuguesa e práticas de linguagem em sala de aula: múltiplos
olhares” (UEM). O objetivo de nossa investigação foi caracterizar o gênero miniconto
multimodal, à luz da perspectiva bakhtiniana. Sob esse panorama, a presente pesquisa
situou-se teórico-metodologicamente no escopo da Análise Dialógica do Discurso. A
investigação também se baseou nos procedimentos metodológicos da Linguística
Aplicada de base qualitativa, na medida em que nos dedicamos à análise e à descrição
do gênero nas suas diferentes dimensões social e verbal. A justificativa para a escolha
desse gênero se deu diante do fato de se apresentar escasso nos livros didáticos
disponibilizados nas escolas. Os exemplares encontrados para serem analisados foram
retirados de sites e blogs. Com base na teoria bakhtiniana, apresentamos a sócio-
histórica do gênero miniconto multimodal, identificamos suas condições de produção,
considerando: locutor, interlocutor, finalidade, local de circulação, suporte. E, à luz
desses aspectos sócio-enunciativos, delimitamos seu conteúdo temático, estilo e sua
estrutura composicional. Ao final da investigação concluímos: o papel social assumido
pelos contistas é o de impactar o leitor, por meio de uma estética da brevidade; o papel
social do leitor atende à demanda dos que desejam ler enunciados multimodais; tem um
público específico determinado pelo momento e lugar de circulação do enunciado; a
finalidade é a de levar esse leitor a uma leitura breve e prazerosa. O conteúdo temático
aborda questões sociais, comportamentais, relacionamentos afetivos e ambientais. Com
relação à estrutura composicional, consideramos o texto imagético e todas as outras
semioses como partes estruturais do gênero. O estilo dos minicontos apresenta-se
muito diversificado. Toda a seleção de recursos linguístico-enunciativos favorecem a

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presença de implícitos, contribuindo para a concisão. De forma geral, relacionando com


o aspecto pedagógico de se explorar o miniconto multimodal em sala de aula, podemos
afirmar que é uma possibilidade de trabalhar com a perspectiva dos multiletramentos,
uma vez que esse gênero abarca uma diversidade de semioses na sua composição. É
de extrema importância que o professor conheça as características do gênero com o
qual irá trabalhar com os alunos nas suas aulas de leitura e escrita. Nesse sentido,
acreditamos que o desenvolvimento desse projeto de iniciação científica contribuiu com
nossa formação como futuros professores de Língua Portuguesa.
Palavras-chave: gênero discursivo; miniconto multimodal; perspectiva bakhtiniana.

4) Que professor de português queremos formar? (Uma análise das


provas que contratam professores de português para lecionarem na
educação básica)

Larissa Martins Pedro (UNESC)


Prof. Me.Carlos Arcângelo Schlickmann (UNESC/Orientador)

Resumo:

A presente pesquisa tem como intuito analisar as questões da prova de ACT (Admissão
em Caráter Temporário) da cidade de Criciúma, buscando verificar quais os problemas
ali encontrados, no que diz respeito aos conteúdos abordados, e o que isso influencia
no ensino real do português. Observa-se, desse modo, que o ensino de Língua
Portuguesa no Brasil vem passando por uma série de mudanças desde que se efetivou
como disciplina e, junto com a sua evolução, muitos são os teóricos que escrevem
sobre a melhor maneira de ensinar português para pessoas que já o falam. É certo que
esses estudos devam contribuir, de alguma forma, para a prática de sala de aula;
portanto, a partir dessa pesquisa, busca-se comparar os conteúdos exigidos do
professor nessa prova com esse material, fazendo um parâmetro do professor sugerido
pela prova e do sugerido pelos teóricos. Assume-se, assim, que apesar de essas
questões exigirem o conhecimento diretamente do professor, e não aquilo que será de

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fato ensinado aos alunos, há uma grande relação entre o que é posto na prova e o que
se espera que um professor de português ensine em suas aulas. Isso porque essas
provas não servem apenas para medir o conhecimento do egresso, mas sim para
verificar se ele está pronto para a sala de aula, o que significa que o professor, ao
dominar os temas abordados, está apto para lecionar (provavelmente o que ali é posto).
Essa análise das provas foi feita mediante as quatro práticas de ensino propostas por
Irandé Antunes (2003): a leitura, a escrita, a gramática e a oralidade; por isso, as
questões foram separadas conforme essas categorias e estudadas sobre um viés
interacionista, em que se verificou a qualidade, a viabilidade e a relevância da questão.
Entretanto, o que é perceptível é que as questões, além de serem fracas em conteúdo,
não estão em concordância com o que os teóricos da área dizem sobre o ensino e que
outras questões que mediriam com muito mais eficácia o conhecimento do professor e a
forma como este abordaria os conteúdos com os alunos, numa perspectiva amplamente
mais aceita – como a interacionista –, são deixadas de lado. Percebe-se uma grande
ênfase dada à nomenclatura gramatical, o que não contribui para o uso produtivo da
língua, e uma negligência ao texto, que deveria ser o centro das aulas de português.
Questões que concernem ao ensino de leitura e escrita, por exemplo, não são
abordadas, estando, em seu lugar, perguntas sobre sequências textuais (com erros
conceituais) que apenas exigem do professor o conhecimento de taxonomia. Tampouco
exige-se do professor habilidade de interpretação nas questões textuais, que cedem
espaço para outras perguntas que não o texto em si. Esses e outros problemas fazem
com que a prova não avalie com eficácia o professor, abrindo margem para a
problematização do que ali é posto.

Palavras-chave: ACT; Testes para professores; Língua portuguesa.

5) Experiência do PIBID Interdisciplinar: cartas mágicas a 801

Larissa Martins Pedro (UNESC)


Talyta Teixeira Thomé (UNESC)
Profa. Ms. Daniela Arns Silvera (UNESC/Orientadora)

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Resumo:

O presente trabalho, intitulado “Experiência do PIBID Interdisciplinar: cartas mágicas a


801”, apresentará as experiências vivenciadas pelas acadêmicas em um projeto
realizado com discentes da oitava série, na Escola Pascoal Meller, de Criciúma/SC.
Esse projeto, portanto, teve como finalidade expor aos alunos o gênero textual “carta”,
sua história e seu desenvolvimento, no intuito de fazê-los perceber a importância do
gênero tanto no passado quanto na atualidade. De cunho interdisciplinar, as bolsistas
garantiram em sua metodologia um ensino amplo e não direcionado, aspirando
relacionar as diversas áreas do conhecimento em um ensino plural. Dessa forma, nas
aulas, os alunos tiveram contato com as diversas disciplinas, como Geografia, História,
Português, Sociologia, entre outras, haja vista as cartas dizerem respeito à humanidade
como um todo, e não apenas a um gênero trabalhado necessariamente na aula de
Português. Assim sendo, as acadêmicas abordaram conteúdos como o surgimento das
cartas no mundo, a carta de Pero Vaz de Caminha (tanto como literatura de informação
quanto como documento histórico), a produção de uma carta, o caráter do selo
enquanto objeto cultural e outros, utilizando-se de handout em todas as aulas, para o
acompanhamento dos conteúdos pelos alunos. Para os oito encontros do projeto, fez-se
uso da temática do universo de Harry Potter, garantindo, assim, um caráter lúdico e
dinâmico aos encontros. Desse modo, de acordo com a ideia inicial pensada pelas
bolsistas, a sala foi dividida em quatro casas: “Sonserina”, “Grifinória”, “Corvinal” e
“Lufa-lufa”, para a realização de uma competição saudável entre os alunos e, também,
para confirmar a participação deles perante as atividades escolhidas; sendo assim, ao
final de cada aula, ou de uma semana para a outra, os alunos desenvolviam essas
propostas, servindo como um incentivo para o maior aprendizado das discussões
trazidas. Em suma, as acadêmicas perceberam que além de o ensino interdisciplinar
influenciar de maneira positiva o aprendizado dos discentes, promovendo uma “ponte
de saberes”, esse tipo de ensino também se faz muito importante para os docentes,
pois estarão em contato com uma metodologia mais efetiva e ampla, desvinculada da
ideia das disciplinas como se fossem caixas, umas separadas das outras. Não obstante,
toda essa experiência não deixa de ser um desafio, já que as acadêmicas precisaram
aventurar-se por terrenos não ensinados na graduação, o que acabou por enriquecer
ainda mais a experiência de iniciação à docência.

Palavras-chave: Carta; PIBID; Interdisciplinar; Harry Potter.

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6) Planejamento e ensino de literatura no ensino médio: um relato da


experiência de estágio supervisionado

Me. Cíntia Machado Santos (UEL/ UTFPR – Apucarana)


Dr. Manoel Messias Alvino de Jesus (UTFPR – Apucarana)
Dra. Neluana Leuz de Oliveira Ferragini (UNESPAR – Apucarana/Orientadora)

Resumo:

Dentre as práticas formativas preconizadas nos cursos de licenciatura, talvez a mais


importante seja a iniciação na atividade docente e contextualização das teorias vistas
em sala de aula a partir da prática do estágio curricular, uma vez que permite ao
estudante refletir sobre o papel que deverá exercer como educador, sobre as práticas
pedagógicas, sobre a realidade em sala de aula. Desse modo, este trabalho teve por
objetivo apresentar o dossiê das atividades de estágio supervisionado da graduação,
contendo o planejamento das atividades realizadas, o relato e reflexão das experiências
de regência de estágio supervisionado efetivadas no Colégio Estadual Prof. Izidoro Luiz
Ceravolo de Apucarana no ano de 2016. A proposta de trabalho desenvolvida com
estudantes do ensino médio foi a de desenvolver as faculdades de leitura e análise do
texto literário como forma de preparação para exames pré-vestibulares e Enem. Em
formato de Oficina, com uma carga horária total de 20h fracionada em 5 encontros de 4
horas nos quais foram abordados conteúdos de letramento literário relacionados a obras
selecionadas das listas de vestibulares da UEL, UEM, Unespar e Enem. A estrutura de
cada encontro foi articulada de modo a suscitar reflexões acerca de elementos
relacionados ao contexto de produção da obra, estética literária, particularidades
estéticas do escritor, a função dos recursos linguísticos e formais do gênero na
constituição geral do sentido da obra, a importância social da temática, relações de
intertextualidade com outras obras da literatura e outras manifestações de arte (artes
plásticas, cinema, desenho, música) entre outros elementos. Neste sentido, o
planejamento de cada encontro foi orientado de forma a propor um gama de questões
que permitissem a leitura minuciosa e crítica do texto literário, mas que resultou,
sobretudo, na abertura da aula provocando o diálogo professor-aluno na medida em que
estes revelaram sentir-se convidados a refletir, questionar-se e emitir suas opiniões
dentro das discussões propostas e praticamente anulando o volume de conversas
paralelas à aula. Apesar de bastante dispendiosa, a construção de cada plano de aula
foi extremamente útil na medida em que demandou a previsão de cada detalhe a ser
executado na aula. Após o término das atividades de direção de sala, ficou evidente a
utilidade do planejamento e especialmente da construção do plano de aula. A riqueza
de detalhes no documento, facilita ainda mais a realização da aula, tornando claros os

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objetivos, os tempos de realização, o passo a passo das atividades, oferecendo


dinamismo, objetividade às atividades do professor e, por conseguinte, dos alunos.

Palavras-chave: Planejamento. Ensino de literatura. Estágio supervisionado.

7) Abordagem do gênero crônica em atividades de leitura em livros


didáticos de língua portuguesa

Janaína Gomes da Silva (PIBIC/Fundação Araucária-UEM)


Profa. Dra. Lílian Cristina Buzato Ritter (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho tem por finalidade apresentar os resultados do projeto de iniciação


científica intitulado “ Abordagem do gênero crônica em atividades de leitura em livros
didáticos de Língua Portuguesa” (PIBIC/Fundação Araucária-UEM), cujo objetivo foi
analisar atividades de leitura com o gênero crônica em livros didáticos, visando
compreender como ocorre a abordagem das condições de produção, do conteúdo
temático, da estrutura composicional e do estilo do gênero em tais exercícios. A
investigação está ancorada nos procedimentos metodológicos da Linguística Aplicada
de base interpretativista e nos aportes teóricos da concepção bakhtiniana sobre gêneros
discursivos e linguagem. Nessa direção, esta pesquisa é um estudo documental de
cunho qualitativo. Para desenvolver a pesquisa, primeiramente, pautamo-nos na teoria
bakhtiniana acerca dos gêneros discursivos e em outros autores da Linguísica Aplicada,
os quais abordam o ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, em especial, a prática
de leitura. O corpus de análise foi constituído pelas atividades de leitura referentes ao
gênero crônica apresentadas no livro de Português do 7º ano “Para Viver Juntos”
(coleção 1) e no livro didático do 8º ano “Português Linguagens” (coleção 2). O
resultado de nossa análise constatou que a coleção 1 apresenta a seguinte
regularidade: das categorias consideradas constituintes das condições de produção, a
mais explorada foi o conteúdo temático, detendo-se basicamente na temática específica
da crônica lida com o intuito de promover a compreensão das ideias do texto. A
segunda categoria mais contemplada foi a da estrutura composicional, focando de
forma prioritária os elementos da estrutura narrativa: personagens, tempo, espaço,

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enredo. Além dessas, destacou-se também o trabalho parcial com a categoria do estilo,
por meio de atividades mais próximas de uma abordagem textual no tocante a aspectos
da tipologia textual da narração. Em relação à coleção 2, a regularidade do trabalho de
leitura com o gênero crônica é caracterizada, assim como no outro livro analisado, em
primeiro lugar, pela abordagem de atividades sobre o conteúdo temático, as quais
focaram na compreensão das ideias do texto lido. Porém, diferentemente do livro do 7º
ano, não há menção alguma ao gênero crônica nesta seção de compreensão textual.
Não podemos deixar de reafirmar que, para os autores desta coleção, portanto, as
características bakhtinianas do gênero em pauta não se mostra como conteúdo
produtivo para o trabalho com a leitura em sala de aula. As noções bakhtinianas só são
contempladas na seção de produção de texto. Já, a segunda categoria mais abordada
também é, como no livro anterior, a estrutura composicional, priorizando da mesma
forma elementos da narração. Não houve a preocupação em contemplar os papéis
sociais do locutor, do interlocutor e o meio e forma de circulação da crônica. Isso revela-
nos uma preocupação maior com o aspecto linguístico da crônica em detrimento ao
aspecto sócio-discursivo.

Palavras-chave: Leitura; gêneros discursivos; crônica.

8) A importância de refletir sobre a prática no ensino de língua


portuguesa

Ana Carolina Ribeiro (UEM)


Laura Bellanda Galuch (UEM)
Profa. Dra. Annie Rose Santos (UEM/orientadora)

Resumo:

A reflexão sobre o ensino de língua portuguesa, bem como sobre a prática pedagógica
em âmbito escolar são fundamentais para o fortalecimento da relação teoria-prática no
processo de formação para a docência. Este trabalho tem como objetivo relatar a
aprendizagem como docente de língua portuguesa por meio de experiências
desenvolvidas no ensino fundamental e no ensino médio durante o ano de 2016 como
parte do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), Subprojeto

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Letras Português, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). As reflexões aqui


apresentadas se fundamentam em ideias de Peres (2012) sobre os saberes
necessários para ser professor; em Santos (2012), no que se refere aos objetivos do
ensino de língua portuguesa; nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua
Portuguesa (BRASIL, 1998) que apresentam conteúdos, metodologias e perspectiva de
docência para a atualidade; e nas Diretrizes Curriculares para os cursos de Licenciatura
em Letras (BRASIL, 2001) que discorrem sobre o currículo para a formação do
licenciado nessa área, bem como sobre o aluno que a escola deve formar. Foram
realizados estudos teóricos sobre o ensino de língua portuguesa e a formação docente
com o intuito de compreender as atividades práticas realizadas no sexto ano do ensino
fundamental de uma escola pública, e com alunos do primeiro e do segundo anos do
ensino médio de um colégio de aplicação, pertencentes ao Núcleo Regional de Ensino
de Maringá. Nesse processo de formação docente em que a teoria e a prática
relacionam-se e dão sustentação uma a outra, fica evidente a relevância de o professor
em formação inicial vivenciar diferentes contextos de docência e ter acesso a
elementos teóricos para ampará-lo no planejamento, na execução e na reflexão sobre
suas práticas pedagógicas nos diferentes níveis de ensino. Conclui-se, portanto, que a
possibilidade de o aluno em processo de formação para a docência vivenciar situações
práticas guiadas pela teoria deve ser uma preocupação dos cursos de licenciatura que
buscam superar tanto a prática desenvolvida sem amparo teórico, como a teoria sem
elementos práticos que possam lhe dar significado. A formação docente nessa
perspectiva é condição para ter consciência sobre a realidade dos estudantes, atuar
sobre ela, de modo a proporcionar um ensino contextualizado para o desenvolvimento
de um aluno crítico e reflexivo com base em conhecimentos.

Palavras-chave: ensino de língua portuguesa; prática; reflexão.

9) Reflexões acerca da ação docente no desenvolvimento de um curso


de extensão no Pibid

Cindy Mayumi Okamoto Luca (G-UEM)


Luan Tarlau Baliero (G-UEM)
Profa. Dra. Cláudia Valéria Doná Hila (UEM/Orientadora)

Resumo:

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O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) visa proporcionar


experiências formativas que auxiliem o sujeito em sua edificação na condição de
professor. Tais vivências não se restringem apenas no âmbito escolar, mas também se
sobressaem ao desenvolvimento de cursos de extensão no âmago do próprio programa.
Com o objetivo de aprimorar ainda mais o conhecimento dos pibidianos, o projeto de
cunho extensivo não se limita somente ao aperfeiçoamento de ações didáticas dos
estudantes enquanto professores em formação, mas também aos seus conhecimentos
acerca de um determinado conteúdo. Assim sendo, no Pibid do curso de Letras –
Português, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), tem-se a acepção de que o
trabalho calcado em gêneros do discurso propicia o desenvolvimento de práticas
docentes em todos os envolvidos, principalmente na aplicação desses gêneros em
atividades de extensão. Além do mais, assumindo o papel social de professores
formadores, almeja-se, de acordo com os pressupostos teóricos do filósofo e pensador
russo Bakhtin (2003), o fato de que os discursos de outrem se transformem em
discursos internalizados pelo indivíduo; dessa maneira, inserir o pibidiano na função de
um co-formador, favorece, significativamente, a apropriação do gênero, assim como o
progresso de sua identificação enquanto docente. A partir disso, o presente trabalho
objetiva expor algumas reflexões acerca de nossa ação docente mediante à condução
de um curso de extensão, denominado “Fundamentos teóricos e metodológicos para a
escrita do gênero Artigo de Opinião”, especificamente no que concerne aos resultados
esperados e os obtidos diante dessa experiência. De modo conciso, tivemos a ideia de
estruturar o curso em cinco encontros, os quais apresentaram os seguintes conteúdos:
a) trabalho com as condições de produção (finalidade, interlocutor, posição social,
suporte, esfera de circulação, relação interdiscursiva) do gênero Artigo de Opinião tanto
em âmbito escolar, quanto em sua circulação comum, bem como a sua estrutura
composicional e o seu conteúdo temático; b) apresentação dos tipos de argumentos que
foram mais recorrentes nas produções desse gênero em contexto de vestibular e uma
explicação de como os pibidianos podem fazer uso deles durante a produção (FIORIN,
2016); c) solicitação de uma produção textual desse gênero; d) elucidação do processo
de revisão dos textos, isto é, como podemos revisar uma produção textual
(MENEGASSI; GASPAROTTO, 2016); e) proposição de uma revisão de um texto
alheio; f) teorização acerca das estratégias que podem ser encontradas em um texto
reescrito, contemplando os postulados das operações linguístico-discursivas de
acréscimo, substituição, supressão e deslocamento (FABRE, 1986), explicando e
exemplificando-as; g) solicitação de uma reescrita dos textos; h) discussão acerca de
quais foram as estratégias encontradas nos textos reescritos e a exploração sobre a
importância desse trabalho com a concepção de escrita como trabalho (FIAD;
MAYRINK-SABINSON, 1991) em contexto de ensino e aprendizagem. Como referencial
teórico, pautamo-nos no Interacionismo Social e o Interacionismo Sociodiscursivo,
teorias norteadoras para as pesquisas provenientes do Pibid de Letras – Português. Os
resultados das análises evidenciam que houve a apropriação do Artigo de Opinião por
parte dos ministrantes do curso de extensão por meio do estudo para a transposição do

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conteúdo proposto; no entanto, houve falhas no que diz respeito à internalização do


gênero por parte dos demais pibidianos.
Palavras-chave: Ação docente; Curso de extensão; Pibid.

10)Literatura e valores: uma experiência literária na formação de alunos


da educação infantil

Letícia Pacheco Wendler (UEPG)


Prof. Me. Jhony Adelio Skeika (UEPG/Orientador)

Resumo:

O ensino de literatura na educação infantil é visto, em muitos contextos escolares, como


um passatempo ou uma distração, uma vez que os professores contam histórias a seus
alunos quando está “sobrando tempo” em sala de aula ou ainda quando estes estão
demasiadamente agitados; há também aqueles que a utilizam, muitas vezes, até como
forma de castigo ou punição. Com isso, deixa-se de considerar primeiramente que a
literatura tem grande poder de colaborar na formação humana, nas mais diversas
situações de interação social, proporcionando experiências de grande valor que podem
ser levadas para toda a vida. Porém, isso não é observado em muitos contextos
escolares, ou seja, o texto literário é utilizado apenas como um meio pelo qual se
exercita a compreensão textual, a qual, por vezes, mostra-se sem nexo e sem a
orientação adequada, isso considerando os diferentes níveis de aprendizagem.

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Pensando nisso, o presente estudo tem por foco a ideia de que a literatura é uma arte
de suma importância na formação e manutenção de valores humanos, sociais, culturais,
etc., podendo colaborar significativamente na educação de crianças e adolescentes que
estão inseridos em um mundo cada vez mais guiado pelas mídias tecnológicas e que
têm muito pouco, ou até nenhum, contato com livros físicos fora do ambiente escolar.
Buscou-se, de maneira sucinta, fazer uma breve retomada histórica acerca da educação
infantil, enquanto formadora dos primeiros aprendizados formais e de alguns valores, e
sobre a sua relação com a literatura, fomentando o gosto pela leitura. Por fim, a
pesquisa faz a descrição de uma experiência literária a partir do texto O Pequeno
Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry) realizada com crianças de quatro e cinco anos de
idade em um centro de educação infantil particular da cidade de Ponta Grossa/PR, no
ano de 2014. Buscou-se refletir sobre de que modo e em que intensidade o texto
ficcional tem influência sobre os alunos, partindo-se de uma pesquisa de caráter
exploratório, ou seja, focada na teoria sobre literatura e sua função formadora, por meio
de uma pesquisa bibliográfica. Pôde-se observar que a literatura se mostra um
importante meio de manutenção e reformulação de valores, uma vez que, mesmo pela
da ficção, proporciona a experiência de situações nunca antes vivenciadas, colaborando
na ampliação da visão de vida e na formação humana de seus leitores.

Palavras-chave: Literatura; Educação Infantil; O pequeno príncipe; Formação humana;


Valores.

11) Leitura Literária: perspectivas sobre o mundo

Prof. Me. Josilene de Paiva Kanashiro (SEED/ Londrina)

Resumo:

A Leitura Literária na sala de aula é uma das possibilidades que o sujeito em formação
tem para entender o mundo que o circunstancia sobre várias perspectivas. É por meio
dela que o professor, enquanto mediador do processo de ensino e de aprendizagem,
deve promover situações que possam propiciar a reflexão acerca da sociedade na qual
estamos inseridos, além de viabilizar a compreensão do processo histórico e cultural
pelo passamos ao logo de uma trajetória que marcou o passado, mexe com o presente
e interferirá no futuro. Vale ressaltar que o ato de ler implica na aprendizagem do
aprender a ler, ou seja, de entender aquilo que foi lido. Isto significa que a atividade de
ler a literatura é extremamente complexa. O papel do professor, neste caso, é de
proporcionar situações de interação entre os sujeitos envolvidos no processo e mediar o

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conhecimento científico a partir do entendimento de mundo que cada um traz em si. O


trabalho partiu do questionamento sobre quando e por quem a leitura literária é
realizada em sala de aula, bem como de que maneira o professor pode proporcionar
essa mesma leitura aos alunos; por outro lado, como os alunos recebem e executam a
leitura dentro e fora do âmbito escolar. Dessa maneira, o estudo da Leitura voltada à
Literatura tem como objetivo principal compreender de que forma a prática da Leitura
Literária, dentro da Educação Básica, pode interferir no processo de refletir sobre a
necessidade de formar leitores capazes de regularem seu próprio comportamento de
maneira consciente a fim de elaborarem uma relação com o universo que os rodeia e
que viabiliza uma pluralidade de significações. Além de analisar a relevância da leitura
Literária para o processo de formação de leitores mediante a ação docente. Assim, o
trabalho tem o objetivo de apresentar resultados obtidos a partir da leitura do livro ‘Meu
pé de Laranja Lima’ de José Mauro de Vasconcelos em duas turmas do 7º ano do
Ensino Fundamental de uma escola pública estadual do norte do Paraná, que ocorreu
entre os meses de julho e agosto de 2017, incluindo a participação dos cinquenta e
quatro alunos que estão matriculados nas mesmas. A pesquisa pauta-se em
pressupostos acerca da linguagem e da leitura na perspectiva histórico‐cultural; bem
como nos estudos apontados por sobretudo em estudos de Marx, Vigotski, Luria,
Leontiev, Candido, Gasparin, além de outros autores, considerando o do processo de
aprendizagem da leitura.

Palavras-chave: Leitura Literária; Teoria Histórico-cultural; Aprendizagem; Educação


Básica; Formação.

12) A reescrita de gênero acadêmico: o desenvolvimento do


aluno

Juçara Zanoni do Nascimento (UNIR/UEM)

Resumo:

No período de janeiro a março de 2015 foi oferecido na Universidade Federal de


Rondônia (UNIR), Campus de Vilhena, por meio do Grupo de Estudos Pedagógicos

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(GEP), o Curso de Extensão “Gêneros textuais na universidade: Resumo e Resenha”.


Os principais objetivos do curso visavam o estudo e a produção desses gêneros
acadêmicos. No curso, em um primeiro momento, os alunos leram, analisaram e
compararam vários resumos para depois produzi-los, o mesmo trabalho se deu com a
resenha. Terminada a primeira versão de cada resumo ou resenha, o aluno discutia,
individualmente, com a professora questões referentes ao gênero produzido, fazia as
correções necessárias e, a partir disso, elaborava uma nova versão do texto;
posteriormente, com a nova versão pronta, discutia novamente com a professora e, se
fosse necessária a elaboração de uma nova versão, novamente ele a faria. Esse
procedimento era repetido por várias vezes até que o texto ficasse com as
características necessárias para que se configurasse e fosse reconhecido como
pertencente ao gênero resumo ou resenha, considerando-se o propósito comunicativo,
o tema, a estrutura composicional e o estilo. Nota-se, por meio da análise das versões
desses gêneros, que, quanto mais o aluno se propôs a reescrevê-los, mais aprimorado
ficou seu texto e mais desenvolvida sua capacidade de textos, ou seja, o aluno evoluiu.
Embora essa evolução seja notada no Curso, uma questão ainda nos intriga: será
possível encontrar vestígios ou elementos relativos às questões tratadas no Curso em
outros resumos ou resenhas produzidos por esses alunos, solicitados em outros
momentos, por outros professores? Será que quando o aluno escreve um resumo ou
uma resenha, ele se apropria de elementos discutidos no Curso? É com essa questão
que nos preocupamos no trabalho a ser apresentado nesta comunicação. Assim, nosso
objetivo foi analisar três versões de resenha de um mesmo texto, produzida por um
aluno desse Curso de Extensão. Primeiramente, verificamos como ele foi dando forma
ao gênero textual; posteriormente, analisamos outra resenha, escrita por esse mesmo
aluno, mas solicitada em outro momento, por outro professor, em outro contexto, no
intuito de verificar se nessa última resenha há vestígios de elementos discutidos,
apreendidos no Curso. Como suporte teórico-metodológico foram utilizados os
pressupostos teóricos da Linguística Textual sobre linguagem, língua, texto, gênero
(KOCH, 2006 e 2008; MARCUSCHI, 2008). Os resultados apontam que a resenha
produzida fora do Curso, possui elementos que também estão presentes na terceira
versão de resenha produzida no Curso. Dessa forma, conclui-se que, após a análise
das três versões de resenhas produzidas no Curso de Extensão e de uma resenha
produzida algum tempo depois das atividades do Curso, o aluno se apropriou de
elementos discutidos nessa formação.

Palavras-chave: produção textual; gênero acadêmico; reescrita.

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SIMPÓSIO 28) Por uma análise do discurso contemporânea:


governamentalidade, sujeito, língua(gem)

Profa. Dra. Érica Danielle Silva (UNESPAR)


erica_dsilv@yahoo.com.br
Profa. Me. Raquel Fregadolli Cerqueira R. Gonçalves (UEM)
raquelfregadolli@hotmail.com

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1) Relações de Sofrimento e Prazer no ambiente de trabalho: uma


análise discursiva do profissional de secretariado

Débora Sayuri Niki Caires (PG/UEM)


Nôga Simões de Arruda Corrêa da Silva (PG/UEM)
Verônica Braga Birello (PG/UEM)
Profa. Dra. Roselene de Fátima Coito (UEM/Orientadora)

Resumo:

Neste trabalho, buscamos interpretar a relação de sofrimento e prazer para o


profissional de Secretariado Executivo atuante em Maringá/PR, por meio de dez
entrevistas guiadas por um roteiro semiestruturado. Entendemos que poderíamos
relacionar a teoria da Psicodinâmica do Trabalho de Dejours (2012) com os estudos de
Foucault (1999) estabelecendo uma ponte por meio das análises das entrevistas e as
questões de sofrimento, prazer, poder, reconhecimento, estreitando o laço entre as
duas teorias. Sendo assim, optamos por conduzir a análise a partir dos pressupostos
teóricos da Análise do Discurso (AD) de filiação foucaultiana (1999). Dito isto, nossa
pesquisa busca analisar quais são as percepções de prazer e sofrimento do sujeito
profissional do secretariado executivo, atuante em uma cidade do norte do estado do
Paraná. Nos interessa, portanto, o que esse sujeito enuncia acerca dos prazeres e
sofrimentos em sua ordem do discurso, ou seja, o que é possível dizer a partir da
posição Secretário Executivo, na região norte do estado do Paraná em 2017. Para
tanto, partiremos da teoria da psicodinâmica do trabalho com Dejours (2012) e
Hernandes e Macêdo (2008). Para abordar questões pertinentes do secretariado
executivo trabalharemos com autores como Neiva (2014), Nonato Jr. (2009) e Frota
(2013), no que tange a questão da AD pensaremos com Foucault (1996; 1999 e 2004).
Após realizadas as entrevistas e a transcrição e tabulação das mesmas, para fins
metodológicos, percebemos que os principais enunciados acerca do sofrimento do
Secretário Executivo giram acerca da falta de reconhecimento, de status e de
valorização da diferença que fazem dentro de uma organização, sendo, portanto, uma
questão de poder. No mesmo sentido, identificamos que os principais elementos do
prazer profissional são a autonomia para influenciar, conhecer, ser responsável, orientar
e ainda ter participação no processo de decisão das empresas e assessorados, ou seja
o poder. Dessa forma, entendemos que os aspectos que o exercício do poder seria a
vontade que moveria os profissionais de secretariado em seu dia a dia profissional. A
ambivalência sofrimento-prazer é driblada por estratégias de enfrentamento de modo
que alguns não souberam informar o que poderia ser diferente na profissão e contexto
em que estão inseridos. Identifica-se como principal contribuição gerencial o fato de que
se conhecer os fatores geradores de sofrimento e prazer para o profissional de
secretariado permite a adoção de estratégias para aumento da felicidade na profissão.

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Palavras-chave: Prazer e sofrimento; Psicodinâmica do Trabalho; Análise do Discurso;


Secretariado Executivo.

2) Olhares de silêncio: o sujeito corpo punido

Valéria Oliveira (GEDUEM/UEM)

Resumo:

Considerando um percurso arqueogenealógico ancorado nas obras de Michel Foucault,


especialmente as produções que sustentam suas considerações sobre o sujeito, o
poder e a punição, apresentadas entre os anos 1968 e 1978, e seguindo os
pressupostos da exclusão e da marginalização de sujeitos, que apoiaram a tese de
doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Letras na Universidade
Estadual de Maringá, propomo-nos a perguntar: Como a sociedade punitiva enquadra
um sujeito como passível ou não de “delinquência”, acomodando-o numa quadra
discursiva de exclusão, de compensação, de marca e de encarceramento? Para tal
tarefa, observaremos e apresentaremos parte do acervo fotográfico imagético captado
pelo fotógrafo Luiz Alfredo Ferreira em 1961 e apresentado no Documentário:
Holocausto Brasileiro (2016), de Daniela Arbex e Armando Mendz. Como suporte
teórico e metodológico traremos o diálogo entre as noções foucaultianas acima
pontuadas e os domínios da fotografia e do documentário como Butler (2015), Lins
(2011), Gauthier (2011), Rouille (2009), Jullier (2012), Kossoy (2007, 2009), Flusser
(2009), entre outros. Percurso que oferecerá base para compreendermos que a
materialidade propõe um exame das condições e do funcionamento do encarceramento
de sujeitos tidos como “loucos” ou “desajustados” no Hospital Colônia de
Barbacena/MG, entre aproximadamente os anos 1940 e 1980, observando o descaso
Estatal e social dos sujeitos que por lá passaram. Além dessa via os gestos analíticos
empreendidos para esta pesquisa irão centrar-se primordialmente, a partir das noções
de punição e de reclusão em Foucault (2015) e no funcionamento político e discursivo
do cárcere e da “delinquência”, como medidas punitivas aos sujeitos que, conforme o
filósofo aponta, recusam-se a produzir ou a serem produtivos socialmente, gerando um
contrapoder. Nossa trajetória apontará, portanto, que o repositório imagético fotográfico

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do referido documentário mostra discursos de dominação e de subjugação sobre os


corpos punidos, cuja reclusão os relegou à marca do não cuidado. A sociedade,
entendida como parte orgânica do Estado, tratou tais corpos na injunção de uma
compensação, marcando-os como passíveis de reclusão e de abandono, cujo
encarceramento manteve o silêncio e o esquecimento desses corpos punidos, que
tornaram-se, para além desta pesquisa, também anormais por quase quatro décadas.

Palavras-chave: Corpo punido; Reclusão; Poder; Sujeito.

3) Processos de subjetivação dos sujeitos do cárcere brasileiro.

Fernanda Pereira (UNIOESTE)


Patricia Zancanaro Godin (UNIOESTE)

Resumo:

Tomando como perspectiva teórica a corrente francesa da Análise de Discurso (AD),


partindo, sobretudo, de Michel Pêcheux, este estudo pretende compreender os
processos de subjetivação dos sujeitos alvo de detenção no sistema carcerário
brasileiro. Para a análise de discurso, as posições defendidas pelos sujeitos provêm de
uma formação discursiva (FD) predominante e se materializam no discurso, portanto
todo sujeito enuncia de acordo com aquilo que lhe é permitido pela FD, pois estar em
uma FD significa ter sido interpelado por ela, constituído por ela, não havendo
possibilidade de escolha, nesse sentido, partindo da teoria discursiva, pretende-se
analisar como ocorre a constituição discursiva dos sujeitos do cárcere brasileiro a partir
das FDs que os interpelam, busca-se entender como estes sujeitos visualizam-se a si
mesmos, o que pensam sobre vida no crime, sobre o cárcere, sua situação como
sujeitos do cárcere, sua posição perante a sociedade e como acreditam ser vistos pela
sociedade. Espera-se, a partir disso, identificar quais as contradições, resistências e
silenciamentos encontram-se presentes na relação desses sujeitos com o crime,
criminalidade e o encarceramento. Busca-se ainda compreender a dinâmica do corpo
preso e como o encarceramento tem servido, historicamente, além da punição, para a
anulação e exclusão de determinados sujeitos. Para tanto, trabalhar-se-á com
sequências discursivas transcritas a partir do documentário O cárcere e a Rua, onde
três detentas relatam suas trajetórias na cadeia. O Brasil vive hoje uma crise no sistema

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carcerário que aumenta contingencialmente dia após dia, tanto pela entrada de novas
pessoas no sistema carcerário como pela reincidência que leva ao retorno da detenção,
tais fatores atrelados ao alto custo do sistema prisional e baixo investimento, têm levado
esse sistema ao colapso, o que resulta no cerceamento de direitos básicos dos detentos
como saúde, higiene e alimentação, dignidade e um plano mínimo de ressocialização,
logo, o cárcere tem, na maioria das vezes, contribuído para o retorno de muitas pessoas
à criminalidade. Nesse sentido, entende-se que analisar os processos de identificação
e contraidentificação destes sujeitos com o mundo da criminalidade seja importante no
que concerne a produção de um novo olhar sobre os sujeitos do sistema criminal
brasileiro no que tange as mazelas da vida no crime e na prisão.

Palavras-chave: Análise de discurso, criminalidade, sistema carcerário, processo de


subjetivação.

4) O homem transexual em discurso na e pela mídia brasileira


contemporânea

Bernardo Lucas Hananias Ribeiro (UNESPAR – Campus Apucarana)


Profa. Dra. Érica Danielle Silva (UNESPAR – Campus Apucarana/GEDUEM-CNPq/UEM
Orientadora)

Resumo:

Este estudo, ainda em fase inicial, tem como temática a representação midiática de
homens transexuais. A transexualidade diz respeito à identidade de gênero de um
sujeito, como ele se reconhece e quer ser reconhecido social e legalmente, e foge à
regra pré-estabelecida para os corpos de que o sexo/genitália é determinante único e
natural de um gênero. Nesse sentido, esses sujeitos constroem sua identidade
enquanto homens por meio da experiência transexual. Os assuntos relacionados às
pessoas transexuais passaram a ser discutidos no Brasil ainda no final do século XX,
com a emergência dos movimentos sociais. No entanto, a representação desses

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sujeitos por meio do discurso midiático televisivo nunca foi feita. Diante disso, nosso
objetivo é compreender a contribuição da telenovela brasileira contemporânea para a
construção e constituição identitária do sujeito homem transexual, considerando que o
tratamento desses sujeitos pela televisão aberta pode produzir sentidos para a
legitimação social deste grupo. Parece-nos de suma importância abordar este assunto,
pois trata-se de uma inquietação política e social emergente na contemporaneidade
discutir a respeito dos ‘mecanismos reguladores’ desses corpos, que administram o
dizer o sexo/o gênero e obrigam-lhes a uma existência discursiva: constrói-se uma teia
de saberes, de análises, de dispositivos de ouvir, de falar e de registrar sobre a
(tran)sexualidade. Pautamo-nos nos estudos sobre transexualidade apresentados por
Jaqueline Gomes de Jesus, doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro e Berenice Bento, doutora em Sociologia pela Universidade de Brasília e
fundamentamo-nos, também, em pressupostos teórico-metodológicos de Foucault, a fim
de verificar como os desdobramentos desse investimento discursivo constrói objetos de
verdade e institui condutas da população, atravessando instituições, sob a ordem da lei,
da economia, da pedagogia, da medicina. Instauram-se, assim, tecnologias políticas do
corpo, formas de poder da sociedade contemporânea denominada por Foucault
(2009) de “biopolítica”, que se destina ao controle das populações e que se exerce por
meio da governamentabilidade. Trata-se de um pensamento econômico-político em que
aquele que governa sabe dizer “sim” aos desejos da população e o corpo é ponto de
apoio para a condução, regulação e utilidade das práticas de liberdade dos sujeitos.

Palavras-chave: Gênero; Relações de Poder; Transexualidade.

5) As relações de poder na construção de sentidos através do


discurso fílmico em O Auto da Compadecida

Carla Caroline Ferreira (UNESPAR – Campus Apucarana)

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Profa. Dra. Érica Danielle Silva (UNESPAR – Campus Apucarana/GEDUEM-CNPq/UEM


Orientadora)

Resumo:

O objetivo deste trabalho, em fase inicial, é analisar de que forma o discurso fílmico
produz sentidos que contribuem para a (re)produção da identidade do sujeito
nordestino. Para tanto, nosso objeto de estudo é o filme O Auto da Compadecida
(2000), de Guel Arraes. Fundamentando-nos na perspectiva da Análise do Discurso de
linha francesa, especialmente de base foucaultiana, trazemos para a discussão as
práticas discursivas que constituem o sujeito nordestino, destacando-se aquelas que se
materializam no e pelo discurso cinematográfico. Nessa perspectiva, o sujeito é uma
construção historicamente realizada pelas práticas discursivas; não preexiste à
sociedade, mas é constituído por uma rede de discursos, estratégias, poderes e
práticas. Como explica Veiga-Neto (2007), uma analítica do sujeito, nessa perspectiva,
não deve partir do próprio sujeito, mas dos saberes e das práticas discursivas e não
discursivas que o envolvem. Uma vez problematizados, as práticas e os saberes podem
revelar quem é esse sujeito, como e porque dizemos o que ele é. Analisar, pois, uma
produção fílmica que circunscreve sentidos sobre o sujeito nordestino, implica interrogar
o que, como e porque os enunciados dizem o que dizem sobre esse sujeito, o que
configura uma prática discursiva sobre sua identidade. Isso porque, o processo de
constituição identitária se constrói a partir de uma rede de memórias que o ancora e
legitima, em instituições sociais. Em se tratando da construção da identidade
nordestina, há um trabalho imagético e linguístico bem marcado, que se pauta em
representações e símbolos culturais que convoca, frequentemente, estereótipos e
formas de tratamento desse sujeito. Desse modo, trataremos os mecanismos verbais,
visuais e sonoros cinematográficos como espessuras fílmicas, na medida em que se
inscrevem em regimes de verdade produzindo sentidos sobre a identidade nordestina,
por meio de suas peculiaridades linguístico-imagéticas. Por esse viés, nossa proposta é
empreender, no desenvolvimento da pesquisa, um gesto analítico-interpretativo para
analisar os sentidos construídos pelo filme a respeito da identidade nordestina.
Verificaremos se esse discurso pode produzir sentidos sobre para a manutenção dos
estereótipos do povo nordestino, compreendendo as relações de saber-poder na
constituição do funcionamento da memória discursiva sobre a variante e identidade
nordestina no filme estudado.

Palavras-chave: Identidade nordestina; Auto da Compadecida; Discurso fílmico.

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6) A identidade brasileira nas práticas de letramento da área do Design


de Interiores

Carla Prado (UEM)


Profa. Dra Ismara Tasso (UEM/Orientadora)

Resumo:
Brasilidade é o termo que indica a identidade nacional brasileira, usado pelo governo de
Vargas, na Campanha da Brasilidade, possuia diversos objetivos porém, de forma geral,
a ideia era homogenizar a socidade brasileira. Os profissionais de design de interiores,
a partir de seus projetos de ambientes, criam representações da identidade nacional,
tema recorrente em diversos eventos da área, tanto que no ano de 2015,
especialmente, a maior mostra de arquitetura, design, decoração e paisagismo do país,
denominada Casa Cor, elegeu como seu tema a brasilidade. Além dos discursos das
próprias ambientações (os espaços físicos) existem as práticas de letramento
características deste universo profissional que revelam os objetivos desses
profissionais: as descrições, as justificativas, ou ainda, as explicações desenvolvidas
pelos próprios designers, são publicadas pela mídia nos sites e revistas impressas ou
online. Compreendendo que o letramento é a prática social que envolve cultura, história,
identidade e relações de poder o presente estudo se justifica em verificar como essas
práticas de letramento revelam a brasilidade, isto é, essa identidade nacional que se
configura da e nas práticas sociais. O objetivo deste estudo é, embasado nas
considerações sobre o modelo ideológico de letramento, verificar como a ideia de
identidade brasileira aparece no contexto do design de interiores; de que forma ela se
apresenta e se reforça nesta prática social e quais características brasileiras são
reconhecidas como componentes da identidade nacional. Para tanto, será estudada
uma publicação online sobre o ambiente denominado “o quarto da filha pela arquiteta
Olga Portela, que foi premiado pelo voto popular da mostra Casa Cor Rio Grande do
Norte 2015 como ambiente destaque, a mostra tinha como tema a brasilidade. O que se
espera da presente pesquisa é observar se o letramento aplicado pelo Estado durante a
construção da nacionalidade brasileira, está presente, ainda hoje, nas instituições não
educacionais como a mídia que envolve a área de design de interiores. E se essas
práticas de letramento, da mídia da área do design de interiores, sugere a manifestação
de determinadas características culturais (europeizadas) como sendo brasilidade e
marginalizando outras (não desejadas pelo Estado). Além destes, também é de
interesse verificar se existe algum tipo de resistência que possa ser observada nas
adaptações apontadas nestes próprios ambientes descritos pelos seus criadores. Com

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estes fins, o presente estudo considera importante relacionar a brasilidade com as


práticas de letramento das ambientações físicas que possuem visibilidade midiática na
sociedade brasileira para observar como esta mesma identidade é representada,
reforçada e refletida.

Palavras-chave: Letramento; Brasilidade; Identidade.

7) Letramento escolar: processo constituinte da formação social do


sujeito indígena

Carolina Ravaneda Kovalczuk (UEM)


Profa. Dra. Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso (UEM/Orientadora)

Resumo:
O grupo indígena é alvo de discriminação não apenas pelas divergências culturais,
como também pelas linguísticas, uma vez que a língua materna desses povos podem
ser tanto as línguas relativas às culturas, como também a língua portuguesa. Isso
porque a língua oficial foi decorrente de um sistema colonizador violento e impositivo,
conforme as práticas de governo do regime político em vigência na época, a
colonização e a escravidão. Esse regime se constitui de discursos historicamente
construídos que, ainda na contemporaneidade, fazem vigorar versões e convicções
sobre os indígenas que resultam na descrença, bem como na não correspondência aos
critérios do processo de letramento explanados por tais documentos. Desse modo, a
prática de exclusão social se consolidou pelo processo de colonização e repercute na
contemporaneidade, em especial, ao que se refere ao domínio da língua portuguesa
cujos saberes são determinados pelos princípios da cultura escrita. À vista disso, esta
comunicação é um recorte da pesquisa Língua Portuguesa, Letramento e Diversidade
Cultural e(m) discurso e desafios em que se considera o letramento escolar como um
processo viabilizador das relações de poder. Nessas condições, a leitura torna-se
relevante no momento em que tenta enfrentar as lacunas deixadas pela composição
histórica do país, a fim de fazer com que os estudantes indígenas sejam proficientes em
língua portuguesa para que possam exercer seus direitos como cidadãos brasileiros.
Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo compreender as diferenças entre
alfabetização e letramento, bem como as consequências que cada prática estudada
afetam, linguisticamente, o indivíduo indígena. Para isso, a pesquisa tem como

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materialidade de análise as provas de redação de vestibulares específicos desse grupo,


uma vez que se trata de um projeto de natureza quantitativa e teórico-analítica. Assim, é
característica da investigação conceituar esses processos, além de estabelecer
relações entre língua materna e língua estrangeira e a forma como o português é
tratado em um determinado grupo étnico. Tais relações visam entender como a
habilidade da leitura, é abordada nas duas modalidades, especialmente na comunidade
em questão. Para a fundamentação teórica deste trabalho foi utilizado o método
arqueogenealógico da teoria foucautltiana da Análise do Discurso, os Estudos
Linguísticos e os Novos Estudos do Letramento, além da de documentos como os
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira e de Língua Portuguesa, o
documento: Alfabetização e letramento: conceitos e relações, disponibilizado pelo
MEC.. Assim amparados, entendemos a leitura como uma habilidade que visa o
processo formador do sujeito alfabetizado e também letrado, visto que esta abrange a
diversidade de gêneros textuais, além de construir o pensamento crítico, superando a
ideia de que ler é apenas decodificar.

Palavras-chaves: Letramento; Alfabetização; Língua Portuguesa; Língua Estrangeira

8) “O amor 60+”: o idoso na capa de Donna

Me. Daniela Polla (UEM)

Resumo:

Na contemporaneidade, os saberes sobre o sujeito idoso, bem como o discurso


midiático, cada vez mais, contribuem para governar tais sujeitos a uma determinada
estética de existência. O saber científico, por exemplo, objetiva os idosos como mais
suscetíveis às patologias diversas (osteoporose, labirintite, cardiopatias, dentre outras),
como interessados nas novas tecnologias, vivendo a sexualidade de maneira particular.
As questões relativas às técnicas de existência adotadas pelos idosos com relação à
vivência da sexualidade aparecem como uma regularidade temática dentre as diversas
práticas discursivas que objetivam os sujeitos com mais de sessenta anos de idade.

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Dados científicos revelam que apenas uma parcela muito restrita dos idosos procura
atendimento médico para consultar transtornos relativos à sexualidade, sendo que os
profissionais de saúde são apresentados como a última referência a ser consultada
nesse quesito. Considerando essas condições de possibilidade e com o objetivo de
analisar a linguagem empregada para objetivar a sexualidade na terceira idade, bem
como o modo pelo qual os sujeitos idosos são discursivizados com relação à
sexualidade contemporaneamente, propõe-se uma análise discursiva, com base no
referencial teórico-metodológico desenvolvido a partir das contribuições de Michel
Foucault, especificamente, empregando os conceitos de: objetivação, prática discursiva,
enunciado, função enunciativa e técnicas de si. Como materialidade discursiva a ser
analisada optou-se pela capa do caderno Donna, do jornal Zero Hora, editado em Porto
Alegre-RS, do sábado e domingo, dias 22 e 23 de julho de 2017. Tal capa possui como
título: “O amor 60+”, o que permite uma observação de que a forma de linguagem
utilizada exclui as expressões: idoso, terceira idade, velho, velhice; de modo a criar uma
objetivação de maior leveza e cuidado para falar da sexualidade de pessoas com mais
de 60 anos; sendo que, tanto no discurso midiático quanto nos saberes científicos, em
geral, a sexualidade na terceira idade aparece associada a amor, carinho, cuidado e
não ao sexo propriamente dito. Outra consideração a que a capa analisada permite
chegar é de que ainda há uma oposição entre o idoso tradicional e o “novo idoso”, na
medida em que ocorre o emprego da expressão “do tempo do vovô” em oposição ao
idoso da contemporaneidade, o qual pode casar-se na terceira idade, em contraste com
o idoso “do tempo do vovô” que, em caso de separação ou de ficar solteiro(a)/viúvo(a),
permaneceria solteiro em vez de casar novamente ou realizar um casamento tardio.

Palavras-chave: idoso; lingua(gem); sexualidade; discurso; Michel Foucault.

9) Os contornos do biopoder e da biopolítica na adoção do português


como língua oficial e de ensino em Moçambique
David António (CAPES/PLE/UEM-GEDUEM)

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Resumo:

A variedade do Português Europeu (PE) foi adotada como língua oficial e de ensino em
Moçambique - falada pela minoria da população ‒ no meio das línguas Bantu (LBs) e da
variedade do Português de Moçambique (PM) - faladas pela maioria da população no
país. No entanto, assiste-se no país que o PE é visto por uma parte da população em
suas categorizações como norma prescritiva, não atendendo, em geral, no plano das
expectativas de proficiência, eficiência e domínio linguístico o que se espera do ensino
escolar, pelo menos nas séries iniciais e imediatamente posteriores, por isso, diz-se se
tratar de uma língua “imaginada”. Em contrapartida, o PM é praticado na sociedade, por
isso, mais objetiva, e à qual se denomina por isso mesmo, norma objetiva. Nesse
sentido, assumimos que essa situação (socio) linguística criada à volta do Português é
perpassada pelos contornos do biopoder e da biopolítica, concebidos por Michel
Foucault, respectivamente pela imposição a que a língua se sujeitou aos
moçambicanos, bem como pela necessidade de uní-los linguisticamente, à luz do
princípios históricos-coloniais. Sob esta perspectiva, o nosso objetivo é refletir sobre o
exercício do biopoder e da biopolítica em torno da adoção do Português como língua
oficial e de ensino em Moçambique. Para o efeito, suportam o estudo dados recolhidos
sobre a formação de professores de e em Português nos Institutos de Formação de
Professores (IFPs), na Província de Zambézia. Baseamo-nos nos procedimentos
teórico-metodológicos elaborados por Foucault, a partir do exercício da tecnologia do
biopoder e da biopolítica na “sujeição dos corpos e [no] controle da população”
(FOUCAULT, 1999, p. 131. Grifo nosso). Conceberemos o biopoder como um poder
soberano disciplinar e doutrinário e a biopolítica como estando intrínseca ao pacto de
segurança. No reforço útil e dócil dessa técnica, a biopolítica correspondeu às técnicas
de poder presentes em todos os níveis do corpo social e utilizadas por instituições bem
diversas, entre elas a escola e a administração das coletividades (FOUCAULT, 1999).
Na reconstrução das formulações do termo biopolítica, FARHI NETO (2007, p. 80)
avança que, “com isso, Foucault amplia a perspectiva analítica da biopolítica, da
questão do racismo, da eugenia, para um novo campo, a segurança, que lhe permite
continuar a interpretar, biopoliticamente, as relações contemporâneas entre Estado e
população”. Sendo assim, questionamos como manifestamente se exercem as
tecnologias do biopoder e da biopolítica na adoção do Português como língua oficial e
de ensino em Moçambique. Por conseguinte, os resultados revelam o exercício de uma
imposição – sob a lógica de uma violência simbólica - na circulação e uso do PE no
país, com o desencadeamento de um procedimento de exclusão de outras línguas e/ou
de suas variedades, bem como do exercício do PE com características de uma norma
prescritiva, que se assume de unidade nacional, cuja vontade é de inclusão dos
moçambicanos.

PALAVRAS-CHAVE: Português Europeu língua oficial e de ensino; biopoder;


biopolítica; formação de professores.

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10) Copacabana Palace: um olhar sob os elementos de significação


e representação de identidades

Maraisa Daiana da Silva (UEM)


Profa. Dra. Ismara Tasso (UEM/Orientadora)

Resumo:

Os sujeitos são atravessados por construções simbólicas - também chamadas


representações - e essas construções são propagadas na cultura e já preexistem antes
dos sujeitos, de forma que constituem e estabelecem “o que” e “como” ver a si e ao
mundo. Conforme atesta Silva (1999), isso requer que pensemos os conhecimentos e
as práticas como artefatos culturais, pois, nessa junção, sujeito e práticas discursivas,
existe a possibilidade de serem entendidos e notados como representação de grupos
sociais - constituídas nas possibilidades e nas várias experiências de vida,
fundamentadas por regimes de verdade predominantes e desiguais, que fazem circular
relações de poder na produção dos significados e do imaginário social. A sociedade tem
a necessidade de ter/manter valores de uma identidade que posicione os sujeitos social
e politicamente, o que torna emergente o tema sobre como essas identidades se tornam
visíveis, quais os meios que os representam e se representam a verdade que, para
Foucault (2001, p. 12), “a verdade é deste mundo”, “produzida nele graças a múltiplas
coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder”. Não existe verdade sem
poder e quem regula esse poder são instituições socialmente localizadas, instâncias
que permitem dizer se um enunciado é ou não verdadeiro. Sendo assim, inserimos a
fotografia nesse contexto, pois, desde os primórdios, é considerada o meio mais "fiel" de
reprodução da realidade, e que continua trazendo, atualmente, identidades à tona. A
pergunta que move o questionamento desse trabalho é: a câmera escura que teria
congelado essa imagem não poderia ser vista como neutra e inocente, mas como “uma
máquina de efeitos deliberados” (DUBOIS, 2004, p. 40), um “dispositivo codificado
culturalmente”? Pautamo-nos no fato de que a fotografia apresenta linguagens, institui

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relações, poderes, lugares, de forma que o fruto disso é uma gramática que reclama
para si um novo posicionamento - um olhar que alcance um ponto além; que transite por
elementos que possuem tanto significações conhecidas por nós, quanto por outros
elementos mais periféricos. Nessa proposta buscamos pensar a fotografia como
documentos visuais que simulam e tornam possível uma representação aceita e
reconhecida de pessoas que estão à margem, a partir de algumas imagens
selecionadas do livro Copacabana Palace de Peter Bauza. Vinculado ao Grupo de
Estudo em Análise do discurso da UEM (GEDUEM), subsidiado pelo escopo teórico da
Análise do Discurso franco-brasileira, baseando-se nos procedimentos foucaultianos
centrados nos conjuntos crítico e genealógico, este trabalho tem por objetivo contribuir
com uma reflexão sobre o funcionamento discursivo da linguagem fotográfica,
focalizando nos jogos de verdade e de poder que, imageticamente, subjetivam estes
seres, objetivando, também, entender o processo de identificação que a fotografia pode
oferecer à sociedade ao ler imagens.

Palavra chave: Fotografia; Identidade; Poder.

11) Regimes de (in)visibilidade identitária no Ensino Básico


moçambicano: (des)encontros entre nacionalidade e etnicidade

Enísio Guilhermina Cuamba (UEM)

Resumo:
O presente estudo insere-se no projeto “Discurso, Letramento e Proficiência em
Regimes de (In)visibilidades: Língua Portuguesa como Adicional e Estrangeira” que fala
sobre a questão dos regimes de (in)visibilidade identitária no Ensino Básico
moçambicano. Uma vez que para as escolas daquele país, acorrem alunos falantes de
línguas diversificadas, a saber: a Língua Portuguesa e as línguas bantu, geram-se
desafios para os gestores e todos os intervenientes escolares. Sob tal perspectiva, o
processo de ensino-aprendizagem do Português, naquele contexto, pode ter
significados diferenciados para cada etnia, por conseguinte, os agentes educativos
deverão não só ter em conta cada comunidade particular, como também os significados
que a leitura e a escrita têm para cada um desses grupos étnicos. Em função disso, as

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formas como os alunos e os professores discursivizam essas diferenças podem não


condizer com as políticas linguísticas estabelecidas por lei, afinal de contas, quer as
leis, quer os materiais didáticos procuram construir o ideário da “Unidade Nacional” que
funciona como uma espécie de homogeneização linguística e cultural. Tal fato, pode, de
certa maneira, colocar em desigualdade identitária os alunos falantes de uma e de outra
língua, gerando-se a sensibilidade de que o Estado moçambicano, no exercício da
biopolítica, não está salvaguardando os direitos linguísticos individuais dos alunos. Este
trata-se do nó górdio na educação moçambicana contemporânea cujas condições de
existência linguístico-discursivas demandam pela implementação de ações biopolíticas.
Neste estudo, sob as perspectivas dos Novos Estudos do Letramento e da Análise do
Discurso foucaultiana, elegemos por objetivo analisar como se constituem os regimes
de (in)visibilidade identitária no Ensino Básico moçambicano. A materialidade agenciada
é constituída, por um lado, por enunciados proferidos por alunos e professores e por
outro, por recortes das leis educacionais, analisados à luz do método arquegenealógico
foucaultiano. Os resultados sugerem que a (in)visibilidade identitária no Ensino Básico
não funciona em conformidade com as práticas sociais, uma vez que a ordem política e
discursiva estabelece que a nacionalidade vincula-se à Língua Portuguesa como
resultado da homogeneização linguística e cultural e a etnicidade relaciona-se com o
uso das línguas bantu.
Palavras-chave: identidade; Ensino Básico; biopolítica; nacionalidade, etnicidade.

12) Processos de governamentalidade no vestibular para os povos


indígenas no paraná: uma trajetória teórico-analítica

Me. Raquel Fregadolli Cerqueira Reis Gonçalves

Resumo:

O Grupo de Estudos em Análise do Discurso da Universidade Estadual de Maringá


(GEDUEM/CNPq), completa, neste ano, dez anos de existência, produção acadêmica e
reflexões acerca das demandas discursivas emergentes na contemporaneidade, em
especial, no que concerne aos processos de inclusão e de exclusão que emergem das

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relações de saber e de poder. Em todos esses anos, grande parte dos trabalhos do
grupo esteve relacionado às questões relativas ao sujeito marginalizado, dentre elas, o
vestibular indígena tem sido objeto de investigação, desde 2010. Neste ano, inicio a
pesquisa de mestrado que tem continuidade nos dias de hoje com o doutorado. Esse
período de pesquisa proporcionou participação acadêmica no vestibular na elaboração
das provas e do processo de avaliação e com oficinas de preparação dos candidatos
para esse processo avaliativo. Esse envolvimento humano e teórico construiu um
regime de olhar e de dizer sobre o vestibular indígena no que compete ao processo de
avaliação da língua portuguesa, dadas as condições de existência desse processo
seletivo. Desse modo, esta comunicação busca mostrar um recorte do percurso teórico
analítico do regime de governamentalidade no qual o Vestibular para os Povos
Indígenas no Paraná está circunscrito. As pesquisas realizadas pelo grupo nessa
temática têm revelado que há muitas contradições inscritas e convertidas em
procedimentos de governamentalidade que, no âmbito político e social, sabotam o
exercício da cidadania indígena contribuindo, assim, para a manutenção da exclusão
das populações indígenas. As redações imprimem os saberes adquiridos pelos
candidatos no processo de formação escolar e, por meio delas, é possível avaliar o
modo como o processo de letramento escolar tem preparado esses candidatos para a
prova, para a vida e para o mercado de trabalho. Na perspectiva discursiva, a
contradição entre a proposta constitucional e a realidade do processo de formação
escolar regula os saberes sobre o letramento escolar em língua portuguesa no contexto
multilíngue e multicultural indígena. O não cumprimento das propostas especificas) leva
ao rompimento do pacto de segurança, sabotando a cidadania indígena. Na permanente
busca por compreender a condição política e cultural do indígena na
contemporaneidade, pautamo-nos nos princípios teóricos da Análise do Discurso na
perspectiva de Michel Foucault, nos Novos Estudos do Letramento e na Linguística
Aplicada. Sob tal perspectiva, este artigo se constitui de duas partes que se referem ao
mestrado e ao doutorado respectivamente. Sob esses princípios, temos compreendido
que as deficiências no domínio do letramento escolar funcionam como estratégia de
governamentalidade dessas populações, enfraquecendo sua potência de resistência, de
cidadania e de inclusão.
Palavras-chave: Governamentalidade; Processo de Exclusão; Vestibular Indígena;
Letramento escolar.

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13) O digital como prática-pedagógica inovadora em comunidade


indígena do Paraná: métodos teórico-analíticos

Luana Vitoriano-Gonçalves (UEM)


Profa. Dra Ismara Tasso (UEM/Orientadora)

Resumo:
A língua, o discurso, a tecnologia, a cultura e os letramentos têm sido temáticas
priorizadas nas nove linhas de pesquisa contempladas pelo Grupo de Estudos em
Análise do Discurso da UEM (GEDUEM – CNPq). Filiada a esse grupo trazemos para o
tema deste estudo “a língua portuguesa, tecnologias e letramentos: o digital como
prática-pedagógica inovadora em comunidade indígena do Paraná”. Nesta comunicação
pretendemos explanar os métodos teórico-analíticos que serão utilizados para esta
pesquisa de doutorado. A fim de investigar as competências linguístico-discursivas da
modalidade escrita da Língua Portuguesa de alunos do segundo e terceiro ano do
Ensino Médio de escolas indígenas do Paraná, desenvolveremos uma plataforma
digital, na qual disponibilizaremos vídeoaulas sobre produção textual, com enfoque para
o ensino de gêneros e tipos textuais para preparar os alunos para o processo seletivo
do Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná. Essas vídeoaulas serão disponibilizadas
na plataforma “Edmodo”, que possui as funcionalidades de um ambiente virtual de
aprendizagem (AVA). Este método de ensino e aprendizagem será oferecido para os
alunos do Colégio Estadual Indígena Kuaa Mbo'e (Diamante D’Oeste – Paraná) e por
meio desta prática-pedagógica investigaremos as condições de possibilidades de tal
procedimento configurar-se como um método viável (e eficaz) – ou não – para a
construção de saberes dos alunos indígenas. Para investigar o conhecimento adquirido
(ou não) pelos alunos, por meio desse curso, nós realizaremos duas avaliações
diagnósticas que, posteriormente, serão analisadas: a primeira antes dos alunos
assistirem e estudarem pelo curso pré-vestibular online; a segunda depois desse
processo de ensino e aprendizagem. De tal modo, admitimos como dispositivo capaz de
reger o funcionamento deste estudo a “Tecnologia e inovação” e elencamos como
problematizações as seguintes indagações: De que modo as Tecnologias da
Informação e da Comunicação podem funcionar como um recurso de aprendizagem
eficaz para suprir as lacunas educacionais das comunidades indígenas do Paraná? E,
ainda, de que forma o dispositivo “Tecnologia e inovação” cria condições de
possibilidades para uma prática-pedagógica inovadora nessas comunidades? O
percurso teórico-analítico estabelece-se sob o regime de olhar da Análise do Discurso,
de linha franco-brasileira, priorizando, especialmente, os princípios erigidos por Michel
Foucault, de pesquisas de TASSO (2014), ORLANDI (2008), como também, estudos

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sociológicos (BAUMAN, 2012), antropológicos (ANDERSON, 2008), filosóficos


(DELEUZE, 2000), entre outros.

Palavras-chave: Língua Portuguesa; Prática-pedagógica; Normalizações; Tecnologias;


Inovação.

14) “Nossos corpos têm mais vida, nossas vidas mais amores”?:
representações do corpo transgênero masculino no cinema

Talita Dias Tomé (UEM)

Resumo:

Criado há pouco mais de um século, o cinema tem se revelado, nas duas últimas
décadas, importante dispositivo técnico e tecnológico. Localizado em uma época e um
espaço, o cinema cria condições para a coexistência enunciativa, que delineiam,
inicialmente, no âmbito da formação dos conceitos, segundo Foucault (2013, p. 68), um
campo de presença (isto é, todos os enunciados já formulados em alguma outra parte e
que são retomados em um discurso a título de verdade admitida, de descrição exata, de
raciocínio fundado ou de pressuposto necessário, e também os que são criticados,
discutidos e julgados, assim como os que são rejeitados ou excluídos). O cinema, por
sua formação e seu modo operacional, é, desse modo, um espaço de circulação de
diferentes discursos que fazem reverberar verdades de uma época, de um espaço
institucional, de um espaço geográfico ou, ainda, de espaços fronteiriços; cujos marcos
limítrofes, têm, no corpo biológico, sociocultural e político, a superfície de sua inscrição
material e discursiva. De modo que as produções cinematográficas colocam em cena (e
também em jogo) domínios de saber e exercícios do poder relacionados com uma
época e com um lugar, inscrevendo os sujeitos representados nesse espaço fílmico em
lugares, entrelugares ou lugares à margem, especialmente, ao se referir ao
pertencimento identitário, alimentado por regimes de verdade. Certamente, a vontade
de verdade não é dada ao acaso. Como destaca Foucault (1996, p. 20), uma verdade
só aparece aos nossos olhos se sua “força [for] doce e insidiosamente universal”. E,
ainda, essa vontade de verdade estará sujeita a ser substituída sempre que outra a
sobrepuser com a pujança necessária ao deslocamento dessa que lhe antecedeu.

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Fenômeno aliado ao acontecimento que se efetiva sempre no âmbito da materialidade,


“que é efeito”. Acontecimento este constituído de “séries homogêneas, mas
descontínuas umas em relação às outras”, além do fato de o descontínuo não ser “uma
sucessão de instantes do tempo” e, sim, de se dar por “cesuras que rompem o instante
e dispersam o sujeito em uma pluralidade de posições e de funções possíveis”
(FOUCAULT, 1996, p. 57-58). Sendo assim, vinculado ao Grupo de Estudo em Análise
do discurso da UEM (GEDUEM), subsidiado pelo escopo teórico da Análise do Discurso
franco-brasileira, baseando-se nos procedimentos foucaultianos centrados nos
conjuntos crítico e genealógico, o presente trabalho objetiva, por meio da análise dos
filmes Boys don’t cry, Tomboy e Meu nome é Ray, apresentar um estudo sobre a
representação do corpo do homem transgênero - como o cinema retrata o processo de
ocultamento do corpo feminino e a descoberta do corpo masculino; ou mesmo o desejo
de transformar o corpo feminino em masculino.

Palavras-chave: cinema; transgênero; corpo; foucault; biopolítica.

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SIMPÓSIO 29) Análises discursivas de diferentes materialidades: conceitos


e diálogos

Profa. Dra. Luciana Cristina Ferreira Dias di Raimo (UEM)


diaslucian@yahoo.com
Profa. Dra. Ana Paula Peron (UNESPAR)
anapaulaperon@gmail.com

1) Do Old Scholl ao Cool: formações discursivas no processo de leitura


de capas de discos de RAP

Bruna Caires Delgado (UEM)


Profa. Dra Luciana C. F. Dias Di Raimo (UEM/Orientadora)

Resumo:

Carregar um disco de vinil sob o braço para ouvir em casa, curtir um CD no walkman
com os fones nas orelhas ou baixar um álbum no seu site preferido de RAP envolvem
condições de produção diferentes nas quais um sujeito- ouvinte das batidas significa em
uma direção e não outra . De que forma as Formações Discursivas que determinam os
processos de leitura desses materiais autorizam a produção de certos sentidos e não de
outros? Como a cidade é significada nos gestos de leitura? Na visão discursiva, que
aqui defendemos, o texto verbal, a pintura, a música e a fotografia estão serão sempre
ligados a sobredeterminações que autorizam a produção de certos sentidos e não de

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outros. E pensando na leitura enquanto processo discursivo, é relevante nos


questionarmos: como fica o olhar do leitor? Na divisão entre modernidade x pós
modernidade, entendemos que as concepções de leitura em cada momento também
proporcionam um olhar direcionado para o que é tendência na escola, por conseguinte,
também fora dela. Neste trabalho, propomos apresentar gestos de leitura de cinco
materialidades diferentes para alunos de Ensino Médio: a capa do disco “Escolha o seu
Caminho”, 1992, Racionais MC’s; a capa do CD e do disco “O Rap é Compromisso”,
Sabotage, 2000; a capa “online” do álbum “Cores e Valores” dos Racionais MC’s, 2014
e um trabalho póstumo intitulado “Sabotage” de um coletivo, em 2016. Assim, nos
interessa compreender em que medida o Movimento Hip Hop tem “autoridade” de poder
falar por meio da música, das fotografias, da dança, da rima, da pichação, do grafitti.
Ademais, a pós-modernidade impõe “deslocamentos na maneira de conceber o sujeito e
suas relações com o outro-social” (Hall, 1992/1997) e isso é parte das condições de
produção nas quais as capas emergem. Dessa forma, é preciso relacionar as
composições textuais com as condições de produção e nos perguntar sobre quais as
possibilidades de leitura nessas diferentes materialidades? Concordamos com Coracini
(2015) que afirma: “é o momento histórico-social que aponta para a leitura a ser
realizada” (p.27). Melhor ainda, é dizer que “aponta para as leituras possíveis para um
dado texto, e não o texto em si” (CORACINI, 2015, p.28). O equívoco, a incompletude
do texto, do hipertexto são conceitos produtivos e que podem fomentar uma análise que
desloque um olhar restrito para o conteúdo das capas. O que se mantém e o que muda
nessas formas diferentes de ler a capa de um disco: seja a capa do vinil, seja o encarte
do CD, seja, ainda, a capa que circula no ciberespaço?Assim sendo, tendo em vista
diferentes materialidades das capas, empreenderemos uma análise acerca da relação
do sujeito com o texto e o desaparecimento do objeto manipulável. Nossas propostas de
leitura pensam a perda da materialidade do disco/CD, a privação de nossa posição de
leitor com relação ao palpável, os gestos – físicos que substituem outros gestos menos
visíveis. Para tanto nos apoiamos nas reflexões de CORACINI (2015), ORLANDI
(2012), DI RAIMO (2012) e PFEFFER (2015).

Palavras-chave: Leitura Discursiva; Hip Hop; RAP; Formação Discursiva; Capa de


Disco.

2) A influência da posição social na produção do Artigo de Opinião

Cíntia Bicudo (UEM)

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25, 26 e 27 de setembro de 2017
ISSN: 1981-8211

Profa. Dra. Luciana C. Ferreira Dias Di Raimo (UEM/Orientadora)

Resumo:
O Artigo de Opinião, na circulação social, é uma textualização na qual podemos
contemplar a tomada de posição do sujeito-autor e a produção de um efeito-
convencimento em leitores diversos imaginariamente projetados na leitura. Neste
gênero, o autor pode marcar sua tomada de posição constituída e determinada histórica
e ideologicamente e produzir um efeito-autoria, assim como deixar emergir um dado
estilo de escrita, textualizado a partir de recursos como o humor, a ironia, utilização de
metáforas futebolísticas para fidelizar o leitor. O Artigo de Opinião, historicamente,
passou a fazer parte dos conteúdos ensinados na escola devido aos Parâmetros
Curriculares Nacionais que elegeram os gêneros discursivos como objetos de ensino
em 1998. No que concerne ao nosso contexto de estudo, a prova de redação do
vestibular da Universidade Estadual de Maringá (UEM), passou a solicitar os gêneros
em 2008, ao adotar o gênero discursivo como instrumento de avaliação, estabelecendo
critérios para a atribuição de nota das redações produzidas no vestibular. Neste
contexto, o sujeito-candidato, na posição de sujeito locutor, tem que produzir, seguindo
as instruções do comando de produção que irão estabelecer o contexto fictício (qual
papel social o sujeito-aluno deve ocupar para escrever, qual a finalidade, em que
meio/suporte seu texto será publicado e quem são os possíveis leitores do seu texto).
No caso do artigo de opinião, seguindo tais recomendações, pelas injunções próprias do
gênero, é necessário ao produtor marcar um posicionamento frente a uma questão
polêmica e/ou atual. Diante do exposto e da importância de estudos de enfoque
discursivo acerca da redação no vestibular, o objetivo desta pesquisa é analisar, com
base na Análise de Discurso de linha francesa (Pêcheux, 1988; Orlandi, 1988, 2015),
como a posição social apresentada no comando de produção da redação é assumida
pelo sujeito-candidato. Para isso, selecionamos o comando do vestibular de inverno de
2014 e 103 redações produzidas neste vestibular, já que esta proposta foi a primeira a
apresentar uma posição social para o candidato incorporar. Em termos de etapas do
trabalho, primeiro, apresentamos uma revisão da literatura pertinente, em seguida,
destacamos as posições sociais incorporadas pelos candidatos para a produção do
Artigo de Opinião do vestibular de inverno de 2014 da Universidade Estadual de
Maringá e por fim, analisamos se a posição social ocupada pelo sujeito-candidato
contribui para a argumentação e a sustentação do ponto de vista assumido.

Palavras-chave: Artigo de Opinião; posição social; autoria.

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3) O corpo como materialidade discursiva em protestos do grupo


feminista FEMEN

Fernanda Pereira (UNIOESTE)


Patrícia Zancanaro Godin (UNIOESTE)
Profa. Dra Dantielli Assumpção Garcia (UNIOESTE/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho tem como marco teórico a Análise do Discurso (AD) de linha
francesa, formulada por Michel Pêcheux, na qual o discurso é compreendido como
efeito de sentido entre interlocutores, sentido que se dá dentro de uma determinada
formação discursiva (FD), e que determina aquilo que pode e deve ser dito, (pensado,
sentido, produzido, etc.) sobre determinado assunto. Ela interpela os individuos em
sujeitos, e é a partir dela que esses sujeitos se contituem, construindo sua leitura de
mundo, suas “verdades”. Em uma sociedade já habituada à luta histórica dos
movimentos feministas por igualdade de direitos, na qual o corpo nu é explorado
comercialmente pela mídia, parece estranho que a exposição do corpo feminino em
manifestações de protesto, seja vista de forma tão ofensiva e negativa. O grupo
feminista FEMEN, que luta contra o patriarcado em suas três formas, é alvo de
agressões, durante seus protestos por expor seus corpos seminus. Dentro deste
contexto, o objetivo deste trabalho é compreender os processos discursivos que
possibilitam a produção de efeitos de sentido nas manifestações do grupo, e como o
corpo nu se constitui como materialidade discursiva, deslocando os corpos das
manifestantes do ideal de feminilidade, construído ao longo do século XIX, e que ressoa
ainda no século XXI. O corpus escolhido para a análise é composto por duas imagens
de um protesto do grupo, o qual questiona o controle exercido sobre os corpos
femininos pelas principais religiões do mundo ocidental. Por meio da análise destas
materialidades imagéticas, busca-se compreender como o corpo feminino nu, quando
utilizado como veículo de protesto, produz efeitos de sentido que rompem com a FD
vigente que determina o que pode e deve ser uma mulher, dentro dos ideais que
persistem na sociedade. A partir de Orlandi (2014) e Ferreira (2011) este trabalho busca
compreender o corpo, como materialidade discursiva. Para a AD, existem o real da
língua, o real da história, e o real do sujeito, como aquilo que irrompe, aquilo que falha e

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que produz, portanto, a ruptura através de efeitos de sentido inesperados. O corpo,


quando faz ou mostra aquilo que não é esperado, que não é determinado, também
apresenta um real, materializando aquilo que fala e aquilo que falta no sujeito. Nesse
sentido, o corpo nu, quando utilizado para denunciar e questionar práticas de controle
sobre o corpo, produz o desconforto, o estranhamento, a ruptura com esses discursos
tão estabilizados na memória da sociedade, deslocando os corpos das manifestantes de
seu “lugar” (físico e ideológico).

PALAVRAS-CHAVE: Análise do Discurso francesa, Feminismo, Religiões, Corpo.

4) Relações entre forma-sujeito e posição-sujeito no discurso bíblico

Luana Cimatti Zago (UEL)


Profa. Dra. Rosemeri Passos Baltazar Machado (UEL/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho propõe-se a refletir discursivamente acerca de como se dá a relação entre


a forma-sujeito e a posição-sujeito no discurso bíblico, tendo em vista Jesus Cristo
como indivíduo recrutado em sujeito do discurso pela forma-sujeito messiânica. Se, de
um lado, a forma-sujeito está relacionada ao sentido evidente para os sujeitos, ou,
ainda, ao sujeito tal como é definido historicamente no imaginário da sociedade, de
outro, a posição-sujeito tem a ver com a tomada de posição do sujeito no discurso.
Chama-se, aqui, de forma-sujeito messiânica aquela que corresponde ao que já estava
definido historicamente no imaginário da sociedade judaica sobre o “messias”. Tendo
como corpus a Bíblia de Jerusalém, dela seleciono sequências discursivas que me
permitiram mostrar que, das várias posições que esse sujeito poderia ocupar no
discurso, ele ocupou uma que, politicamente, não correspondia plenamente à forma-
sujeito messiânica, o que nos permite lançar um olhar discursivo para a compreensão
de sua morte na cruz, conforme o registro dos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e
João. O sujeito do discurso, ao ser interpelado ideologicamente, ao mesmo tempo em

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que se identifica com a forma-sujeito, também rompe com ela, recusando a totalidade
dos saberes a ela circunscritos. Esse sujeito reivindica ser o esperado “ungido” de
Deus, aquele já constituído na memória coletiva, entretanto o “lugar” que ele ocupa no
discurso, a maneira como ele se marca, confronta, em certa medida, essa forma-sujeito.
Este estudo organiza-se da seguinte maneira: primeiro são feitas algumas
considerações teóricas, baseadas no que elaborou Michel Pêcheux (2009), acerca dos
conceitos de forma-sujeito e posição-sujeito, bem como uma breve retomada do
conceito de memória discursiva, ancorada na obra Papel da memória, de Achard et al
(2010), onde se destaca que é a memória discursiva que restabelece os “implícitos”
(pré-construídos, elementos citados e relatados, discursos-transversos etc.), de modo
que, para que um discurso faça sentido, estão envolvidos retomada, remissão,
regularização, repetição, reconhecimento. Em seguida, tem-se uma breve análise da
relação entre a forma-sujeito messiânica e a posição-sujeito ocupada pelo sujeito do
discurso Jesus Cristo, tendo em vista as questões políticas que permeiam essa relação.
Para finalizar, são feitas reflexões destacando os principais pontos da relação forma-
sujeito e posição-sujeito no discurso ora estudado.

Palavras-chave: Forma-sujeito; posição-sujeito; memória discursiva; discurso bíblico.

5) O político e as redes sociais: as imagens de si e novos meios


Renata de Oliveira Carreon (UFSCar/ CAPES)
Prof. Dr. Roberto Leiser Baronas (UFSCar/ Orientador)

Resumo:

Ao final do século XX começaram as mutações dos meios massivos de comunicação e


a expansão dos novos meios. Com isso, ocorreram mudanças também nas práticas
relacionadas ao consumo midiático, o que tornou possível a irrupção de distintos modos
de apropriação desses dispositivos por parte dos atores sociais. O universo do político
tornou-se midiatizado e, decorre disso, que a Internet passa a constituir o espaço da
política contemporânea. Por conseguinte, surgem novas formas de fazer campanha
política. Assim, a digitalização da política gerou discussões acerca das transformações
que supõe o processo democrático, levando-se em consideração que há dois processos
de mutação entrelaçados analiticamente: de um lado, o modo com que os líderes
políticos utilizam os meios digitais e, de outro, a forma com que os cidadãos fazem uso
desses meios na Internet. A popularização desta é crescente e, cada vez mais, nítida, o
que faz com que o uso de diversas mídias de interatividade social represente um
aspecto constitutivo do cotidiano da sociedade contemporânea. A contemporaneidade
passa a apresentar como característica inerente a si o primado do visual, uma vez que

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se perdeu, com a mídia, a linearidade do texto enquanto tal, apresentando, agora,


verbal e não verbal em inter-relação. Tal semiose em materialidades diversas faz com
que se precise de um novo olhar sobre a ordem do discurso, impelindo analistas a
trabalharem com materiais multimodais. Com isso, o discurso político foi submetido a
mudanças que geraram modificações dos objetos de análise que, por sua vez,
impuseram transformações teóricas e metodológicas. Para além e aquém dos novos
recursos tecnológicos terem interferido nas práticas de produção e interpretação dos
discursos políticos, entendemos que a apresentação de si do orador é um fator decisivo
na configuração atual do discurso político. Tendo em vista a configuração atual da
dinâmica de uso da Internet frente ao cenário político, uma vez que este passa a ser
cada vez mais interativo e menos verticalizado, faz-se necessária uma breve reflexão
acerca do papel e da relevância das redes sociais na conjuntura política atual tomando
como fio condutor a noção de ethos. Propomo-nos, nesta comunicação, dar a circular
nossos estudos acerca do tema, realizados, sobretudo, na Universidad de Buenos
Aires, ancorados pelos autores Carlón, Slimovich e Scolari. Mobilizaremos, ainda, os
pressupostos teórico-metodológicos da Análise do discurso de orientação francesa,
tendo como aporte, principalmente, Dominique Maingueneau. (Apoio: CAPES e
CAPES/PDSE)

Palavras-chave: Redes sociais. Ethos. Comunicação política.

6) Memes e o(s) discurso(s) nas redes sociais virtuais

Gustavo Haiden de Lacerda (UEM)


Profa. Dra. Luciana Cristina Ferreira Dias Di Raimo (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho tem por objetivo apresentar algumas considerações iniciais levantadas em
nosso projeto de pesquisa, considerando os espaços digitais e os sujeitos que os
constituem e que neles se constroem, tendo por objeto de estudo algumas produções
de memes virtuais nas redes sociais e os discursos por/em eles articulados.
Acreditamos que o meme, mesmo que muito recente e ainda pouco estudado, seja um

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gênero que possa contribuir para estudos das mais diversas áreas, uma vez que nele
cabem signos multissemióticos, imbricando textos verbais, pictóricos, cinéticos,
possibilitando um convívio de representações várias, nunca pensadas antes do
surgimento da internet e das redes sociais de compartilhamento. Justamente esse
caráter de “novidade” é o que nos leva a pensar a o meme como fruto de realidades
atuais e que promovem novos olhares para as relações discursivas. Assim, pensamos
no momento sócio-histórico atual, no qual os usuários das redes digitais encontram-se
cercados por avalanches de informações, veiculadas sob diferentes formatos,
propiciadas pelo advento da web, tentando perscrutar os percursos dos discursos
presentes nos memes e seus modos de funcionamento. Para prosseguir em
investigação e análise, vinculamos este estudo à Análise do Discurso (AD) de linha
francesa, mobilizando conceitos chaves para compreender a produção, circulação e
efeitos de sentido estabelecidos por/em estes textos, uma vez que é no texto que se
“organiza a relação da língua com a história no trabalho significante do sujeito em sua
relação com o mundo” (ORLANDI, 1999, p.69), de modo que entrevemos nos memes
novas formas de significar a si e ao mundo. Sendo assim, nossa análise vai ao encontro
de uma visão que entende o discurso como efeito de sentidos entre interlocutores
(Pêcheux, 1998), materializado em gêneros discursivos que ecoam em vozes múltiplas
(polifonia), deslocando a ideia de que a linguagem é transparente, pelo contrário,
destacando a opacidade e heterogeneidade constitutivas do dizer
(MAINGUENEAU,1997; ORLANDI, 1999). Com isso em mente, visamos mobilizar na
análise do material selecionado, mais especificamente memes que circularam nos
ambientes do Facebook e Twitter nos anos de 2016 e 2017, os conceitos de condições
de produção, paráfrase/polissemia e formação discursiva, questionando os modos de
realização desses discursos, por meio de redes de sentido que nos permitem ver nos
memes recursos para discutir questões como autoria, deslizamentos de sentido e
identificação/filiação a formações discursivas (FOUCAULT, 1971; ORLANDI, 1999).

Palavras-chave: Memes virtuais; discurso; internet; circulação;

7) Leitura discursiva e práticas escolares: uma abordagem de textos


midiáticos

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Profa. Dra Luciana Cristina Ferreira Dias DI Raimo (UEM)

Resumo:

Este trabalho tem por objetivo apresentar reflexões de natureza teórico-prática, tendo
em vista a apresentação de uma metodologia de leitura de cunho discursivo em sala de
aula com base em discursividades produzidas no espaço da mídia digital. Uma vez que
a metodologia é de filiação discursiva, é preciso ser consequente com o campo da AD
que nos demanda relacionar o texto (sua textualização, em condições imediatas) a suas
condições de produção mais amplas. Além disso, advogo a pertinência do movimento
de uma análise prévia à leitura do texto (ou conjunto de textos que constituirão uma
aula), visto que a própria natureza do material não é indiferente ao modo como uma
metodologia de leitura pode ser formulada. Dito de outro modo, segundo Orlandi (1999,
p. 27) “cada material de análise exige que seu analista, de acordo com a questão que
formula, mobilize conceitos que outro analista não mobilizaria face a suas (outras)
questões”. Para tanto, diante do texto escolhido, é relevante pensar que funcionamento
está em jogo na produção de efeitos de sentidos no texto, isto é, levantar o que é
produtivo naquele material em uma aula de leitura e valer-se desse conceito. Nesse
caso, considerando a relevância de pensar práticas de linguagem na escola que
redimensionem o espaço da sala de aula, nesta comunicação em especial, apresentarei
um percurso de formulação de uma metodologia de leitura de cunho discursivo
(Pêcheux, Orlandi, Pfeiffer), tomando como peça de análise uma crônica jornalística
publicada em 18/01/2017, no sítio eletrônico do Jornal O Globo, assinada por Zuenir
Ventura, sob o título Trump e a pós-ética. A metodologia envolveu, primeiramente trazer
uma análise prévia do material (texto da crônica argumentativa) no sentido de levantar
as regularidades discursivas específicas do/no texto. Com base na análise
empreendida, cheguei a três eixos basilares que se constituem como ponto de
ancoragem de uma abordagem do material: (i) a própria materialidade da crônica que
demanda, nas palavras de Lagazzi (2010, p.99), um gesto de significar na unidade
(tanto para o autor quanto para o leitor), considerando as condições de produção, as
histórias de leituras dos sujeitos-leitores e circulação do texto em meio a uma página
eletrônico do Jornal O Globo; (ii) prática da autoria como injunção à textualização e
como organizador de discursividades (aquele que dá ao discurso uma unidade aparente
com base em um princípio organizador) e (iii) a tensão entre paráfrase (a evidência de
um sentido) e polissemia (abertura ao equívoco), na medida em que sentidos sobre a
noção de pós-ética nos quais se joga com um dado relativismo relacionado à produção
de sentidos na era da pós-verdade em que uma mentira passa a ser “verdade” ou ao
efeito no qual crenças pessoais valem mais que fatos ficam imobilizados, no movimento
da interpretação, justamente pelo fato de a crônica produzir a manutenção de
dicotomias estabilizadoras: Obama representando a verdade e uma ética que emerge
como sentido evidente, óbvio e unívoco e Trump relacionado à pós-ética, a uma

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subversão de sentidos inscritos da memória do que vem a ser ética. Entendemos que
ler a crônica é expor-se à opacidade da linguagem, ou seja, é preciso dar visibilidade à
contradição tomada como um ponto nodal na leitura da crônica em tela. A crônica, ao
emergir em meio ao mito da transparência da linguagem, acaba reiterando um
movimento de significação que se fixa em um sentido estabilizado (paráfrase) e que se
sustenta na lógica disjuntiva bem/mal, não dando consequências à polissemia
(diferentes sentidos que a palavra ética pode evocar no deslizamento de uma formação
discursiva filosófica para uma formação discursiva política) e à contradição entre a
“mentira que pode ser tornar verdade” ou uma “pós-ética” (uma ética que não pode ser
vista como ética) que vence as eleições nos Estados Unidos.

Palavras-chave: leitura discursiva;crônicas; metodologia de leitura

8) Como pensar a constituição do saber ao historiar uma ideia linguística?


Refletindo sobre a categoria “tempo” nos Estudos da Linguagem

Prof. Me. Anderson Braga do Carmo (Unicamp/Unespar)

Resumo:

Como se faz a história das ideias linguísticas? O que é uma ideia linguística? O
presente estudo, vinculado a uma pesquisa maior na qual se busca historiar a categoria
“tempo” dentro do âmbito dos estudos linguísticos, tem o objetivo de responder estas
questões, mostrando como a área da História das Ideias Linguísticas, tal como se
desenvolve no Brasil, ou seja, fundamentada em perspectivas materialistas, tem
contribuído para os estudos da linguagem no que se refere à compreensão do saber
sobre conceitos, noções e categorias estruturais e imprescindíveis da área. Para tanto,
analisaremos como a ideia de tempo se configura e historiciza nas obras de dois
linguistas fundamentais para as Ciências da Linguagem: Ferdinand de Saussure e
Émile Benveniste. Tanto em Benveniste, quanto em Saussure, tempo vem predicado
como fator ou categoria que causa problema aos linguistas: para Saussure, ele coloca a
ciência em duas rotas divergentes (sincronia e diacronia); para Benveniste, ele recobre
representações muito diversas no encadeamento das coisas (físico, crônico e
linguístico). O que propomos mostrar é como tempo, ao figurar como uma ideia

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linguística, é compreendido e funciona nas obras destes autores na medida em que


estas obras são afetadas por uma exterioridade, já que são produções científicas,
materialmente determinadas e produzidas por sujeitos em condições históricas
específicas. Desta maneira, a partir dos pressupostos da História das Ideias
Linguísticas – Auroux (2009), Guimarães (2004), Machado (2011) e Colombat, Furnier e
Puech (2017) – em articulação com a Semântica do Acontecimento – Guimarães (2002,
2007, 2011) – buscamos mostrar como tempo, ao ser pensado a partir destes lugares
de reflexão, precisa se desautomatizar dos relatos oficiais para que o conhecimento
sobre este possa ser concebido como uma realidade histórica. Ao passo que
historiamos o saber sobre esta categoria na Linguística, percebemos os contornos
específicos desta ideia (Guimarães, 2004) que se relaciona com tantas outras no interior
das obras em que são produzidas, ou seja, nos acontecimentos em que funcionam. O
que este estudo demonstra é que ao mesmo tempo em que encontramos complexidade
em historiar esta ideia, nos deparamos com uma das categorias mais elementares e
produtivas para se pensar o funcionamento de uma língua e a experiência subjetiva.

Palavras-chave: Tempo; Acontecimento; História das Ideias Linguísticas.

9) Questões sobre ética e moral discursivas nas propagandas


governamentais sobre a Reforma do Ensino Médio: os abusos de
palavras e o os efeitos do deslocamento do termo “reforma” para “novo”

Mariana Morales da Silva (PPGL/DL/UFSCar e FFCL-Ituverava)


Prof. Dr. Roberto Leiser Baronas (UFSCar/Orientador)

Resumo:
Diante do contexto político brasileiro contemporâneo, fazem-se recorrentes discursos
pelos quais se afirma haver uma crise, sobretudo moral, implicada nas relações políticas
e ideológicas. Em decorrência da inquietação provocada por sentidos de
ausência/presença de moral e ética no contexto político brasileiro, propõe-se, neste
estudo, deslocar as questões de ética e moral para o campo linguístico, mais

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especificamente aquele que tem a história, a política e a ideologia imbricadas


constitutivamente nas reflexões do funcionamento do signo. Ou seja, este estudo aloca-
se no escopo teórico metodológico da Análise de Discurso francesa na relação com a
ética e moral da/na Linguagem, a partir do debate inaugurado por Marie-Anne Paveau.
Objetiva-se, portanto, compreender como que efeitos do discurso podem remeter a
valores axiológicos de valoração ético-moral no discurso veiculado nas propagandas
acerca da Reforma do Ensino Médio do Governo Federal. Especificamente, foca-se nos
anúncios e publicidades distribuídos na materialidade de vídeos de divulgação para
canais abertos televisivos e disponibilizados no canal do YouTube do Ministério da
Educação, assim como em sua plataforma oficial, publicados em 26 de dezembro de
2016. Para este estudo, elegeram-se os vídeos intitulados “Com o Novo Ensino Médio,
você tem mais liberdade para escolher o que estudar!” e “O Novo Ensino Médio vai
deixar o aprendizado mais estimulante e compatível com a sua realidade!”.
Primeiramente, analisaram-se os efeitos do deslocamento do termo “reforma”, em
Reforma do Ensino Médio, para o termo cristalizado pela propaganda governamental
“novo”, em Novo Ensino Médio, os abusos de palavras nos usos dos termos “novo”,
“escolha”, “liberdade” e, finalmente, os efeitos de sentidos pela emergência das
segundas orações nos enunciados evocados pelos sujeitos-femininos na segunda
propaganda governamental supracitada: “Eu quero ser Professora. É o que eu amo” e
“Eu quero um curso técnico para já poder trabalhar”, na relação com os efeitos de
sentido dos enunciados evocados pelos sujeitos-masculinos: “Eu quero fazer
jornalismo” e “E eu, designer de games”. Analisaram-se, assim, os elementos
linguístico-discursivos contidos nas formulações que contribuem para a reflexão de
como o funcionamento discursivo e seus efeitos de sentidos podem carregar valores
axiológicos negativos ou positivos sobre certos itinerários formativos e outros não,
previstos pelo art. 36 da Lei n.º 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, por meio da qual a
reformulação do Ensino Médio foi juridicamente positivada.

Palavras-chave: Reforma do Ensino Médio; Análise do Discurso; Ética discursiva;


Propaganda Governamental.

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10) Os sentidos de Autoria no discurso científico: uma análise do Author’s


Guide na revista científica Nature

Ádria Ramos Lustosa Nakamura (UFSCar)


Luciana Aleva Cressoni (UFSCar)
Profa. Dra Ana Silvia Couto Abreu (UFSCar/Orientadora)

Resumo:

Ancorados na lembrança de que a memória sempre nos falha e que é na falha que nós,
analistas do discurso, aprendemos que um novo (na língua, na história e no simbólico
que nos constitui) é possível, apresentamos o resumo deste trabalho procurando
entender um pouco mais sobre os processos discursivos de autoria no discurso
científico. A Análise de Discurso (AD) fundamenta este trabalho e filiados a essa
perspectiva teórico-metodológica, entendemos que o discurso não é mera transmissão
de informação, mas um processo de produção de efeitos de sentidos que se constitui
“no funcionamento da linguagem, que põe em relação sujeitos e sentidos afetados pela
língua e pela história” (ORLANDI, 2013:21). Com um corpus composto por formulações
retiradas da sessão “For Authors”, do site da publicação científica Nature – International
Weekly Journal of Science, pretendemos analisar se as condições de produção
impostas pelo guia de autoria da publicação faz com que os pesquisadores que se
submetem a elas, realizem um exercício de autoria que ancora seus sentidos na
produção do conhecimento ou na divulgação do mesmo (ZAMBONI, 2001). Um
acontecimento discursivo é justamente uma possibilidade de falha em uma enunciação
carregada de memórias discursivas e de formações ideológicas que, na maioria das
vezes, nos coloca em um movimento discursivo de reprodução de discursos outros,
geralmente de discursos ancorados em formações discursivas e ideológicas
dominantes. Nos questionamos sobre se, as análises das formulações contidas nas
orientações para autores da Nature Research Editing Service e o modelo de escrita
proposto pelos editores da Nature apresenta os artigos da revista como artigos que nos
remetem ao discurso científico de “disseminação científica (compreendida como
direcionada a especialistas” ou ao discurso de “divulgação científica (compreendida
como destinada ao grande público leigo” (Zoppi-Fontana, 2012). Quando o Author’s
guide apresenta que “Articles and Letters published in Nature have an exceptionally
wide impact, both among scientists and, frequently, among the general public.”

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questionamos os efeitos de sentido produzidos pelas formulações wide impact e general


public na produção dos artigos científicos. E ao pensarmos sobre isso, indagamos a
respeito de quantas forças, ou formações ideológicas estão em jogo (disputa) nessas
formulações que nos são apresentadas como simples “normas de publicação”.
Questionamos como os sentidos dominantes que aparecem em nossos jogos
parafrásticos, ao analisarmos esses dizeres, dão (ou não) as formas de um artigo
científico, e mais especificamente, não qualquer artigo científico, mas um artigo que
possa ser publicado na Nature. Sabemos que uma ordem historicamente estabelecida
dá à prática científica uma memória discursiva que diz sobre uma certa objetividade.
Objetividade essa que nos remete a ”um impossível lugar” para o sujeito do discurso
científico. Para sustentar nossas análises pensamos com Pêcheux (2008), quando
definia o seu objeto teórico, o discurso, em relação às “coisas-a-saber”: diante da
representação de um “real impossível” de ser representado, quem é o homem que faz
ciência e que ciência é essa (feita?) divulgada pela Nature em busca das “coisas-a-
saber”(PÊCHEUX, 2008).

Palavras-chave: Discurso científico; autoria; análise do discurso.

11) Análises discursivas de diferentes materialidades: incorporação de


ethos

Paula Camila Mesti (UFSCar)


Prof. Dr. Roberto Leiser Baronas (UFSCar/Orientador)

Resumo:

A intensa circulação de discursos na web produziu mudanças significativas e


fundamentais para a sociedade como um todo. A partir da socialização das ferramentas
de comunicação mediadas pelo computador, os indivíduos passaram a poder se
construir, interagir e se comunicar com outros indivíduos de maneira totalmente

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diferente de outrora. As alterações ocorridas nas atitudes e nas práticas desses sujeitos
devem-se aos conteúdos transmitidos pelos atuais e diferentes dispositivos. Não há
dúvidas de que a mídia, sobretudo por conta da web, mudou a maneira de se fazer
política. Acredita-se que essas novas práticas sociais face aos conteúdos transmitidos
pelas mídias também merecem outro tratamento epistemológico por parte dos
pesquisadores. Utilizando-se como corpus de análise uma materialidade diferente da
que se é acostumada, os vídeos das entrevistas televisivas feitas com as presidentes
sul-americanas – Michelle Bachelet, Cristina Kirchner e Dilma Rousseff –, bem como os
comentários postados nesses vídeos, neste trabalho pretende-se demonstrar gestos
interpretativos que evidenciam como as imagens dessas presidentas podem ser
construídas nos enunciados das perguntas feitas pelos jornalistas, nos enunciados das
respostas dadas por esses sujeitos políticos e, ainda, nos comentários postados pelos
internautas. Para que esta pesquisa fosse desenvolvida, buscou-se subsídios no
arcabouço teórico da Análise do Discurso, mais especificamente um diálogo com os
trabalhos mais atuais de Dominique Maingueneau no qual são apresentadas algumas
modificações para a noção de ethos e algumas reflexões sobre a complexidade das
estratégias na gestão da relação entre ethos dito e ethos mostrado. (Processo FAPESP:
2013/12814-2).

Palavras-chave: Análise do discurso; Discurso político; Ethos discursivo.

12) As representações discursivas e considerações sobre autoria nas


redações em contexto de vestibular

Luís Aguiar (UEM)

Profa. Dra. Luciana Dias di Raimo (UEM/Orientadora)

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Resumo:

A partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, passaram a ser


valorizados na Língua Portuguesa o ensino de gêneros orais e escritos nos contextos
de uso e de circulação social. O gênero discursivo refere-se a formas típicas de
enunciados que se realizam em condições e finalidades específicas nas situações de
interação social. Assim, os professores do Ensino Médio, da região noroeste do Paraná,
trabalham os gêneros discursivos com base nos que são cobrados pelo programa da
prova de redação da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Dessa forma, o gênero
resumo foi considerado um gênero complexo, em situação comunicativa do vestibular,
porque não basta o candidato conhecer a estrutura, ele também precisa compreender
as ações discursivas desenvolvidas pelo autor do texto fonte, para depois expressá-las
no seu resumo. Isto posto, o corpus da análise é constituído por redações que
obtiveram notas insatisfatórias(zero), produzidas pelos candidatos no vestibular de
inverno 2014 da UEM, em que o tema é Prática do “rolezinho” em shopping centers. O
artigo está alicerçado em pressupostos teóricos da Análise do Discurso, especialmente
no que tange aos estudos de Ideologia. Por meio das redações foi possível observar
que a resistência envolve uma análise de como o poder se exerce, como no caso dos
“rolezinhos”. Assim, mesmo nos resumos, o discurso se relaciona com outros textos
(existentes, possíveis ou imaginários), com suas condições de produção (os sujeitos e a
situação), com o que chamamos sua exterioridade constitutiva (o interdiscurso, a
memória do dizer). Em termos de subjetividade, o candidato se afirma como rolezeiro
dentro do resumo, mostrando-se resistente, visto que para a A.D (Foucault), o poder é
produtivo, ele produz subjetividades e maneiras de resistir a formas de controle. Desse
modo, o artigo analisa o sujeito/candidato resistente por meio das redações e, ainda,
verifica que há uma luta de classes que envolvem o sujeito dentro destes discursos.

Palavras-chave: Rolezinho; Resistência, Ideologia.

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13) Análise de Discurso aplicada ao ensino de práticas de leitura a


partir de gêneros jornalísticos presentes em livro didático

Érica Neri Camargo (PG-UEL)


Profa. Dra. Sheila Oliveira Lima (UEL/Orientadora)

Resumo:

A intenção com este trabalho, desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina


(UEL), no Programa de Mestrado Profissional em letras (Profletras), é apresentar alguns
resultados parciais da pesquisa em andamento, que tem como suporte teórico a Análise
de Discurso (PÊCHEUX, ORLANDI). A análise está centrada no ensino de práticas de
leitura apresentadas em 4 textos argumentativos de gêneros discursivos diferentes da
esfera jornalística (2 crônicas, artigo de opinião e editorial) de um livro didático do 9º ano
da rede pública. Objetiva-se verificar em que medida essas práticas proporcionam um
percurso formativo de leitores proficientes, que sejam capazes de chegar ao nível
discursivo do texto, reconhecendo os aspectos discursivos como vozes sociais,
posições ideológicas, a opacidade do texto, os efeitos de sentido, etc e posicionarem-se
e interferir criticamente em sua realidade social, com uma postura transformadora. O
livro analisado foi o segundo mais escolhido no triênio 2014-2016, sendo o número um
adotado para o triênio 2017-2019 em 40 das 61 escolas públicas pertencentes ao
Núcleo Regional de Ensino de Apucarana, o qual contempla 16 municípios da região.
Formar leitores proficientes é temática recorrente nos estudos da área educacional e a
Análise de Discurso (AD) pode contribuir para um ensino significativo das práticas de
leitura, pois traz em seus pressupostos a compreensão de que a leitura é um ato de
produção, uma prática social e histórica, e que há diferentes modos de leitura. O texto
não traz em si o significado, ele deve ser visto em relação ao discurso e com
multiplicidade de sentidos, construído a partir de outros textos e discursos. É por meio
dele que leitor estabelecerá a interação com outros sujeitos, vozes e histórias para a
construção de sentidos. A prática de ensino de leitura pelo viés discursivo oferece
condições ao leitor para compreender sua relação com o mundo, discursos, ideologias,
poderes e saberes, e ter condições para intervir em suas realidades e contextos para
transformá-los. A partir dessa análise, será apresentada uma proposta de ensino de
leitura com os textos analisados, baseada nos pressupostos da Análise de Discurso.
Para além da aplicação em sala, o objetivo é, também, o desenvolvimento de oficinas
voltadas aos professores de Língua Portuguesa para ampliação de seu arcabouço
teórico.

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Palavras-chave: Análise de discurso; Gêneros jornalísticos; Ensino de práticas de


leitura; Livro didático.

14) Ensino a distância: efeitos de presencialização

Vera Lucia da Silva (UNICESUMAR)

Resumo:

O ensino a distância (EAD) enquanto alternativa “democratizada” de inclusão para todos


terem acesso ao curso superior se coloca como uma alternativa contemporânea
utilizada pelas instituições privadas de ensino que oferecem, a baixo custo, a
oportunidade de concluir o sonhado curso superior, bem como, oportuniza a criação de
condições necessárias para entrar no competitivo mercado de trabalho. A aprendizagem
do século XXI se efetiva por meio de programas educacionais, baixo diálogo e grande
distância (BELLONI, 2015), ou seja, se produz em meio a efeitos de presencialização e
nas franjas discursivas observa a pregação de tempos autonomia, mas sem deixar o
aspecto colaborativo, autoaprendizagem, mas sem esquecer-se da mediação
tecnológica, possibilidade de estudar a qualquer hora, qualquer lugar e quando for
possível, mas sem se esquecer que às 23:59 h, o programa será fechado. Enquanto
modelo que se impõe e se adequa às evidências ideológicas de um mundo “sem
fronteiras” pela facilidade tecnológica de estar aqui e lá, simultaneamente, esse modelo
de educação também é afetado pela ilusão conteudista, evidência de sentido literal sem
brechas e a impressão de que a materialidade linguística consegue apagar as
condições de produção de um contexto social, histórico e ideológico (ORLANDI, 2001).
Entre tantos debates, surgem nesse campo movediço o objetivo desta reflexão que é
apresentar uma análise, amparada na teoria discursiva pecheutiana, sobre os efeitos de
sentidos produzidos nas propagandas, regras para produzir material didático e sobre
como apresentar as aulas. Já que o sentido não está nas palavras, mas na posição
daquele que enuncia (PÊCHEUX, 2009) e estamos sempre condenados à interpretação
(ORLANDI, 1996), vasculhar dizeres sobre a EAD significa não cair nas garras dos
discursos homogeneizantes, romper silêncios e rememorar o repetível sobre uma
educação que também precisa se mercantilizar e o aprendiz se ressignificar em cliente,
podendo adquirir o produto oferecido, a qualquer momento, sob os moldes de uma FD
educacional que determina o que pode e deve ensinar e aprender sob o efeito vantajoso

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de que tudo pode acontecer aqui e agora. Sob o efeito de uma língua opaca, fluida e
que não permite ser domesticada (ORLANDI, 2009), a EAD busca por um lugar ainda
em processo de efetivação e entre dissensos e consensos, o efeito de presencialização
permeia o fazer educação a distância que segue em busca do seu lugar, ou seja, sem a
sombra da educação presencial.

Palavras-chave: Análise de discurso; educação a distância; presencialização.

RESUMO 15

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SIMPÓSIO 31) Desafios e possibilidades para o ensino de inglês e


espanhol para alunos com necessidades educacionais especiais: aspectos
teóricos e metodológicos

Silvia Márcia Ferreira Meletti (UEL)

smeletti@gmail.com

Vinícius Neves Cabral (UEL)

mad.vinny@hotmail.com

1) Mapeando o ensino-aprendizagem de língua inglesa para alunos


surdos em Pato Branco/PR

Yohanna Hemilly Katlee Kühl (UTFPR)


Profa. Dra Didiê Ana Ceni Denardi (UTFPR/Orientadora)

Resumo:

A partir de 2001, constata-se uma concreta e periódica modificação na realidade das


escolas regulares estaduais, no que concerne o atendimento a alunos surdos. Leis
foram apresentadas (Lei nº 10.436, entre outras) para que esses e outros alunos
especiais tivessem assegurado seu direito de inclusão nas escolas regulares. Tais
mudanças têm provocado um efeito significativo sobre esses alunos, e também sobre
os professores. No tocante ao ensino de Língua Inglesa isso representa um novo
desafio, pois a Língua Inglesa para alunos surdos inclusos será uma terceira língua,
como é apontado por estudiosos (Carvalho, 2014). Essas questões serviram como base
motivadora para o projeto de pesquisa e objeto da presente comunicação. Trata-se de
uma pesquisa qualitativa etnográfica (MOREIRA, 2008), cujo objetivo principal é fazer
um mapeamento do ensino-aprendizagem da Língua Inglesa para alunos surdos, na
cidade de Pato Branco/PR, compreendendo-o, bem como investigar elementos que os
alunos surdos identificam como subsídios para melhorias em seu desenvolvimento na
língua em questão. O projeto já se encontra em andamento e tem como participantes
alunos surdos inclusos dos Ensinos Fundamental II e Médio de escolas da rede

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estadual de ensino de Pato Branco/PR. Na geração de dados há uma revisão


bibliográfica de documentos oficiais e estudos relacionados à inclusão no ensino regular
(MITTLER, 2003, QUADROS, 2009, CARVALHO, 2012, GESSER, 2013,
STREIECHEN, 2013) e revisão bibliográfica sobre ensino-aprendizagem de Língua
Inglesa (BARCELOS, 2007, GIMENEZ E FOGAÇA, 2007, DCE-LEM, 2008), observação
de aulas de Língua Inglesa nas escolas pesquisadas e questionários com questões
abertas e semiestruturadas aplicados aos participantes. Sendo assim, alguns aspectos
já puderam ser analisados à luz da perspectiva teórico-metodológica do Interacionismo
Sociodiscursivo (BRONCKART, 2012 e seguidores), especificamente por meio da
análise de conteúdo temático. Tais aspectos revelam contribuições significativas para o
entendimento das barreiras enfrentadas por professor, aluno surdo e intérprete em sala
de aula, como por exemplo: a) a falta de uma metodologia clara de ensino-
aprendizagem de como trabalhar em sala de aula os diferentes conteúdos disciplinares
e, dentre esses, a Língua Inglesa; e b) a escassa formação continuada específica para
os professores que tem em suas salas de aula alunos especiais surdos, contemplando
as incumbências que envolvem a vida do professor de Língua Inglesa na educação
inclusiva.

Palavras-chave: Mapeamento; Inclusão; Ensino-Aprendizagem de Língua Inglesa;


Alunos surdos; Interacionismo Sociodiscursivo.

2) Balanço de teses e dissertações nas áreas de Educação e


Letras/Linguística sobre o ensino/aprendizagem de inglês para alunos
com deficiência

Me. Vinícius Neves de Cabral (UEL)


Dra. Silvia Márcia Ferreira Meletti (UEL)

Resumo:
Nos propomos a apresentar, com base no Materialismo Histórico-Dialético-Cultural, um
balanço (2000-2016) das teses e dissertações dos programas de pós-graduação em
Letras/Linguística e Educação do Brasil. Tivemos como objetivos, catalogar e analisar
as produções que tivessem como foco o ensino de inglês para alunos com deficiência. A
análise das pesquisas se justifica na compreensão da produção cultural intelectual

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como exercício ambíguo da expressão da cultura e da possibilidade de crítica e


descolamento da cotidianidade e do senso comum. Buscou-se encontrar nos trabalhos,
possíveis contradições entre o papel da pesquisa como fonte de crítica e transposição
ou conservação da ordem social vigente. A pesquisa se caracterizou como estudo
bibliográfico e teve como fonte de dados as páginas dos programas de pós-graduação
das áreas supracitadas. Os programas foram acessados por meio da Plataforma
Sucupira, a base de dados da pós-graduação brasileira, supervisionada pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Foram
consultados 178 programas e catalogadas 46 256 dissertações e teses. Destas, 20
dissertações e três teses tinham o foco procurado. Acessou-se e analisou-se 20
trabalhos. Os resultados indicam a concentração da pós-graduação nessas áreas no
Sudeste e Sul do país, evidenciando a necessidade do atendimento governamental à
pós-graduação nas outras regiões. A análise dos trabalhos aponta: 1) para o
preocupante esvaziamento teórico da pesquisa em Ciências Humanas, dando voz ao
senso comum dentro da produção intelectual; 2) e consequente contradição entre a
concepção da deficiência como social e as propostas de ensino de inglês para alunos
com deficiência; 3) o foco das pesquisas na visão do professor como incapaz de
ensinar; 4) a percepção do espaço segregado de ensino como melhor possibilidade e 5)
a necessidade de pesquisas que tenham como objetivo principal propostas e testes de
atividades para ensino de inglês para alunos com deficiência.

Palavras-chave: Linguística Aplicada. Educação Especial. Balanço de Produção.


Ensino/Aprendizagem

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SIMPÓSIO 32) O Saussure dos Manuscritos e algumas (re)visões da


linguística contemporânea em cursos de letras

Profa. Dra. Flávia Zanutto (UEM)

flazan@uol.com.br

Prof. Me. Jefferson Campos (FAMMA)

jeffersongustavocampos@gmail.com

1) A diacronia e sincronia no Curso de Linguística Geral

Mariane Lima Giembinsky (UFU)


Profa. Dra. Eliane Silveira (UFU/Orientadora)

Resumo:

O Curso de Linguística Geral é uma obra póstuma, publicada em 1916, por ex-alunos
de Ferdinand de Saussure, os quais reuniram algumas folhas manuscritas pelo próprio
professor e anotações dos alunos que assistiram aos três cursos ministrados pelo
mestre genebrino em 1907 a 1911. Albert Sechehaye e Charles Bally após a morte de

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Saussure, buscaram reunir todo o material e a partir desse material, decidiram por fazer
uma edição a partir do que reuniram, por entenderem que os ensinamentos eram
brilhantes. Assim, o livro foi publicado em 1916. Em 1955 e 1968 surgiram novos
manuscritos disponibilizados para Universidade de Genebra. A partir deles, surgiram as
edições críticas de Engler (1968), Túlio de Mauro (1968) e Godel (1969).
Posteriormente, em 1996 também houve a descoberta de novos manuscritos. Neste
trabalho, partiremos da edição crítica de Túlio de Mauro e dos cadernos de alguns
alunos para que, através de uma reconstrução cronológica possamos entender como os
conceitos de diacronia e sincronia se deram nos cursos ministrados por Saussure e
posteriormente como foram reorganizados na edição do Curso. Durante o século XIX
predominava o estudo sobre a gramática comparada que buscava comparar as línguas
entre si, buscando identificar as particularidades e o que o havia em comum entre elas.
Saussure iniciou seus trabalhos como comparatista ao estudar o sistema das vogais em
indo-europeu em 1878. Nesse ano publicou em Leipzig o Trabalho sobre o sistema
primitivo das vogais indo-europeia e sobre o genitivo absoluto em sânscrito em 1880
com a tese Sobre o genitivo absoluto em sânscrito. Para Normand (2009), Saussure
antes de ser conhecido pela publicação do Curso de Linguística Geral, era conhecido
como estudioso da gramática comparada. Também Calvet (1975) cita que Saussure
ficara conhecido pelos conceitos de língua, fala e linguagem, sincronia e diacronia,
significante e significado, porém essa imagem que temos de Saussure é póstuma.
Antes da publicação do CLG o que o tornou reconhecido era a produção da linguística
comparada. Com a publicação do CLG, tem-se um Saussure que define o objeto da
Linguística, que a coloca como uma ciência e prioriza um aspecto desse objeto: a
sincronia, pois somente no estado de tempo, podemos entender a língua enquanto
sistema. Partindo desse movimento, entendido aqui como definido por Silveira (2007),
buscaremos dentro da edição do Curso de Linguística Geral verificar como ocorreu essa
passagem da diacronia para sincronia. Qual a relação desse movimento com a edição e
os cadernos dos alunos? Diante de tais questionamentos, buscaremos entender como
se deu esse movimento e qual a importância dele na fundação de uma ciência.

Palavras-chave: diacronia; sincronia; edição; movimento.

2) De l’essence double du language e Notes pour un livre sur la


linguistique générale 10.f: uma associação possível entre manuscritos
saussurianos

Me. Allana Cristina Moreira Marques (UFU)


Profa. Dra. Eliane Silveira (UFU/Orientadora)

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Resumo:

Após um século da publicação do Curso de Linguística Geral (CLG), o retorno a esta


edição, cujas condições de produção são, como sabemos, deveras particulares, parece,
ainda hoje, imprescindível. A atualidade do pensamento fundador de Ferdinand de
Saussure, que se apresenta nas páginas deste livro, pode ser evidenciada,
exemplarmente, no lugar que esta obra ocupa em diversos cursos de Letras e
Linguística no Brasil. Atualmente, com a descoberta e a democratização dos
manuscritos saussurianos, a teoria linguística de Saussure – dentre as diversas
temáticas abordadas por ele em seus escritos autógrafos, como a poesia anagramática,
as lendas germânicas, a gramática comparada – tem ganhado novo interesse e
colocado novos questionamentos e desafios tanto para o ensino dessa teoria nos
cursos de graduação como para os pesquisadores que mergulham na investigação
desta reflexão teórica fundamental. Neste trabalho, propomos um estudo que busca
examinar as fontes manuscritas de Ferdinand de Saussure, especificamente, os
documentos Notes pour un livre sur la linguistique générale 10f. e De l’essence double
du langage. O primeiro, doado à Biblioteca de Genebra em 1955 e supostamente escrito
entre os anos 1893-1894, foi catalogado por Robert Godel e arquivado sob o código Ms.
fr. 3951/9. Contrariamente ao segundo, era conhecido pelos editores do CLG, e,
segundo a edição crítica de Rudolf Engler (1989[1969]), foi utilizado para a elaboração
dos capítulos “Objeto da Linguística” e “O Valor Linguístico”. O segundo manuscrito faz
parte dos documentos saussurianos encontramos mais recentemente, em 1996. Foi
catalogado por Rudolf Engler e arquivado sob o nome Archives de Saussure 372. A
descoberta desse último documento, supostamente escrito em 1891, trouxe novas
questões para aqueles que se dedicam à investigação da produção saussuriana,
sobretudo, tal qual evidencia Silveira (2016), pelo conteúdo surpreendente desses
manuscritos. A escolha por ambos documentos, em meio às numerosas folhas
manuscritas de Saussure – grande parte delas arquivadas na Biblioteca de Genebra e
uma parte arquivada na Biblioteca de Harvard – se deve ao fato de que, em momentos
distintos, foram considerados por estudiosos da fortuna saussuriana (GODEL (1957);
RASTIER (2016)) como sendo anotações para o livro de linguística geral – no caso de
Rastier como sendo o próprio livro – prometido por Saussure em carta enviada a Meillet
em 1894, mais tarde integralmente publicada por Benveniste (1964). Esta mesma
hipótese levantada em relação a documentos encontrados em momentos distintos e
catalogados/arquivados separadamente nos faz questionar qual é a relação entre o
manuscrito já conhecido pelos editores do CLG e aquele que veio a público somente a
mais de século depois de escrito. Em outras palavras, procuramos investigar se há
relação desses documentos por seus conteúdos ou aspectos de cunho formal. É
possível pensarmos, com base nesses elementos, que se trata de um mesmo projeto
saussuriano, tal como as supostas datações desses manuscritos e a hipótese de serem

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o livro prometido nos permitem supor? Tendo em vista tais questões, neste trabalho
procuraremos, a partir de uma análise inicial dos manuscritos selecionados, averiguar
quais elementos nos permitem estabelecer uma aproximação entre este documentos
historicamente distanciados.

Palavras-chave: Ferdinand de Saussure; Manuscritos; Relações

3) O signo em Saussure: resquícios de uma conceituação

Micaela Pafume Coelho (UFU/PPGLE/IFMT)


Profa. Dra. Eliane Silveira (UFU/PPGEL/Orientadora)

Resumo:

O axioma saussuriano "A língua é um sistema de signos" mobiliza todos os elementos


que, em relação, compõem a teorização de Ferdinand de Saussure. Como é possível
depreender por meio do Curso de Linguística Geral, esse axioma é crucial para a
delimitação e para a compreensão da língua, definida por Saussure como objeto da
Linguística. Ao esmiuçar essa expressão, notamos a importância de nos atermos a
outros dois elementos principais: o sistema e o signo. Em trabalhos anteriores,
buscamos compreender de que forma a noção saussuriana de sistema estabelecia uma
relação de continuidade e, ao mesmo tempo, de ruptura com os conceitos de sistema
que embasavam as reflexões de estudiosos da linguagem anteriores e contemporâneos
as Saussure. Para isso, tornou-se imprescindível tratar do signo linguístico – conceito
que, assim como a noção de sistema, compõe o axioma saussuriano. Entretanto, por
não ser o foco do trabalho, suas características não foram analisadas a fundo. Dessa
forma, tendo em mente a importância do postulado de Saussure, e considerando a
relevância de se compreender seus elementos componentes para que se possa
percorrer a complexidade das reflexões saussurianas, propomo-nos, neste trabalho, a
investigar o conceito de signo linguístico. Não obstante, nossa proposta não é restrita
apenas à investigação do conceito em si, nem limitada às páginas do Curso de
Linguística Geral. Procuramos compreender, também, de que forma o signo e seus

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elementos componentes perpassam a teorização de Saussure em outros dois


momentos: por volta de 1878, na ocasião da escrita e da publicação do livro "Mémoire
sur les systèmes primitif des voyelles dans les langues indo-européennes" e por volta de
1891, quando Saussure dedicou-se ao conjunto de manuscritos postumamente
intitulado "Da essência dupla da linguagem" (EDL). Com isso, buscaremos mostrar que
o signo linguístico se constitui como um elemento essencial na delimitação saussuriana
do objeto da Linguística, mas, ao mesmo tempo, evidencia a existência de resquícios do
objeto empírico dos estudos da Gramática Comparada – ou seja, as línguas – na
própria conceituação da língua enquanto um sistema de signos. Esses resquícios se
tornam mais evidentes quando Saussure aproxima o conceito de signo às noções de
unidade, de entidade e de identidade, estabelecendo, entre elas, uma relação que vai
além de uma simples flutuação terminológica.

Palavras-chave: Saussure; Signo; Resquícios; Essência Dupla da Linguagem.

4) Saussure, a fala, o discurso e o objeto da Linguística

Profa. Dra. Maria José Guerra (UEL)

Resumo:

O presente trabalho faz parte do projeto de estudos linguísticos “Cadernos de Teorias


da Linguagem”, cujos objetivos estão ligados a modelos descritivos das ciências da
linguagem, levando em conta contextos multiculturais, a fim de estabelecer uma relação
interdisciplinar com as pesquisas do Projeto “Gramática, Bilinguismo e Multietnia”,
ambos da Universidade Estadual de Londrina. Esta pesquisa está ligada,
particularmente, ao núcleo de estudos saussurianos do projeto “Cadernos de Teoria da
Linguagem”, cujas análises estão direcionadas para a obra do Mestre de Genebra e
para a maneira como a herança saussuriana abre os caminhos da linguística
contemporânea. Nesse contexto teórico, discutimos o papel dos fundamentos
linguísticos saussurianos na constituição da linguística como ciência, como método e
como objeto. É justamente quanto à concepção da língua como objeto da linguística que
está caminhando esta pesquisa aqui apresentada. Trata-se da discussão primeira dos
estudos sobre Ferdinand Saussure (CLG, 1975; ELG, 2004), abordando a construção
do objeto dessa nova ciência, que surge a partir dos fundamentos deixados pelos
filólogos comparativistas do século XIX (Cf. WEEDWOOD, 2002). Saussure, ao propor o

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recorte sincrônico e desvendar um outro caminho para a linguística histórico-


comparativista, propõe também as novas dimensões da língua na linguística. É desse
fundamento teórico e dos debates da linguística atual sobre essa questão que estamos
falando. O debate sobre o conceito de língua em Saussure, progressivamente, vem
deixando de lado a reflexão profunda e desafiadora de temas controversos na obra do
mestre genebrino, principalmente se levarmos em consideração os Escritos de
Linguística Geral – com tradução brasileira desde 2004 pela Editora Cultrix de São
Paulo. Há capítulos do CLG que, direta ou indiretamente, são constantes nos
programas que trazem uma abordagem mais cuidadosa de Saussure, como “O Objeto
da Linguística” ou “A Natureza do Signo Linguístico”, de acordo com um breve
levantamento nos sites de oito grandes universidades públicas e quatro grandes
universidades confessionais brasileiras acessados pela internet no segundo semestre
de 2016. Há mais de um século entre o início da presença do trabalho de Saussure nos
cursos de licenciatura e a realidade da formação de licenciador para a escola no Brasil
do século XXI. Essas questões essenciais na abordagem saussuriana não são
mencionadas, nem sempre constam dos programas pesquisados e os disponíveis na
WEB da disciplina Linguística. Assim, nossa proposta gira em torno de um conceito
central para começar essas análises: o conceito de língua. Entretanto, se estudamos a
língua, precisamos chegar à massa falante, à fala, à faculdade da linguagem
– conceitos totalmente imbricados na teoria do mestre – e, além desses, há um outro
conceito ainda mais polêmico na obra saussuriana, o discurso. A publicação nas últimas
décadas dos Escritos de Linguística Geral (2004) traz ideias importantes sobre como
Ferdinand Saussure pensa a fala, o discurso e a faculdade da linguagem. Tomamos
aqui, além das obras CLG e ELG do mestre, as ideias de Michel Arrivé (2010), além de
outros estudiosos que pensam também as novas fontes saussurianas. Apresentamos
nesta comunicação trabalhos que ainda estão em andamento, mas que já trazem
algumas reflexões para debate.

Palavras-chave: Ferdinand Saussure; língua; fala; discurso; faculdade da linguagem.

5) Literatura e Linguística: Um encontro entre Saussure, Jakobson e


Guimarães Rosa.
Susanah Yoshimi Watanabe Romero (UEL)
Profa. Dra. Maria José Guerra Figueiredo Garcia (UEL/Orientadora)

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Resumo

Esta comunicação faz parte do projeto Cadernos de Teorias da Linguagem do Centro


de Letras e de Ciências Humanas da Universidade Estadual de Londrina, mais
precisamente do núcleo de estudos saussurianos desse Projeto. Nessas pesquisas,
despertou-se um interesse particular relativo à maneira como Saussure e a herança
saussuriana abriram caminhos para o estudo das profundas relações entre linguística e
literatura (cf.: ARRIVÉ, 2010). Nossa pesquisa pretende fornecer elementos para a
construção de uma reflexão teórica sobre os elos entre os estudos linguísticos e os
literários, como expõe os trabalhos de herdeiros saussurianos como Roman Jakobson
(1999) e Roland Barthes (2012). No cenário da linguística do século XXI, ainda é notória
a polêmica que diz respeito à tarefa comum de linguistas e literatos: a língua, a
linguagem e as escrituras. Ainda temos discussões como se literatura e linguística
seguissem lados opostos, assim como a ciência e arte (cf: Coquet, 2013); estabelece-se
uma fronteira ilusória entre as duas abordagens. Nesse contexto, a publicação dos
Écrits de Linguistique Générale (2002) – Escritos de Linguística Geral (ELG) - do mestre
genebrino, bem como as reflexões de pensadores saussurianos contemporâneos, como
Michel Arrivé, Loïc Depecker, Jean-Claude Coquet e outros, todos trazem contribuições
valiosas para esse debate sobre limites e fronteiras. Michel Arrivé (2010), a partir da
leitura dos Écrits e de outras fontes, dedica um capítulo da obra Em Busca de Ferdinand
Saussure (2010) às considerações saussurianas sobre literatura. O autor destaca as
relações entre língua literária e escrita, presentes desde o CLG – Curso de Linguística
Geral – mas, também, abre caminho para a reflexão da literatura a partir dos estudos da
lenda, o que descortina uma perspectiva para a literatura oral. Toda essa contribuição
do pensamento saussuriana é aprofundada com a leitura de dois herdeiros: Jakobson e
Barthes, especialmente com os estudos sobre a função poética, a metáfora e a
metonímia do mestre russo. Baseado em conceitos saussurianos como sintagma e
paradigma, Jakobson desenvolve ideias que entrelaçam definitivamente linguística e
literatura. Nesse panorama, esta comunicação procura discutir todas essas
considerações teóricas aplicando categorias linguísticas - como os eixos metafóricos e
metonímicos, a função metalinguística e outras – na análise no conto “Famigerado”, da
coletânea Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa (1962). O contista escolhido é
conhecido por desenvolver neologismos e formas literárias que contemplam a voz
mineira, o que nos aproxima ainda mais das discussões entre escrita, literatura e
oralidade, presentes nos estudos sobre a lenda do ELG. Propomos, então, um olhar
saussuriano sobre Guimarães Rosa, o que nos abrirá uma perspectiva capaz de
abarcar os estudos literários, a oralidade e contextos multiculturais, seguindo as bases
interdisciplinar do Projeto.

Palavras-chave: Linguística; Literatura; Ferdinand Saussure; Guimarães Rosa; Lenda e


Oralidade.

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6) A dicotomia langue e parole nas obras Curso de Linguística Geral e


Escritos de Linguística Geral, de Ferdinand de Saussure

Gabriele Pecuch Pinto (UEM)


Profa. Dra.Flávia Zanutto (UEM/Orientadora)
Prof. Dr. Pedro Navarro (UEM/Co-orientador)

Resumo:
De forma similar ao que ocorre em outras instituições de ensino superior, na
Universidade Estadual de Maringá, o espaço ocupado pela linguística no currículo da
graduação em Letras é modesto. Por esse motivo, as disciplinas voltadas aos estudos
linguísticos abrangem conteúdos de certa forma limitados, restringindo-se, muitas
vezes, a uma bibliografia tida como mais relevante. Das obras constantes na ementa da
disciplina de “Linguística I”, o Curso de Linguística Geral (CLG), de Ferdinand de
Saussure, encontra-se entre as imprescindíveis. De acordo com essa publicação, a
língua poderia ser estudada pautando-se na definição de algumas dicotomias: língua
(langue) e fala (parole), significante e significado, sintagma e paradigma, e sincronia e
diacronia. Escrito a partir de uma compilação de anotações de alguns alunos, feitas
durante três cursos ministrados por Saussure na Universidade de Genebra, entre 1907
e 1911, o CLG pode ser considerado o responsável pela introdução da linguística no
meio científico. Apesar de alguns estudiosos questionarem a veracidade das premissas
apresentadas na obra introdutória de Saussure, por se tratar de uma edição póstuma,
organizada por dois dos discípulos do professor suíço, Charles Bally e Albert
Sechehaye, é inegável sua relevância para a linguística. No CLG, Saussure aponta a
língua como um sistema homogêneo, um produto social de caráter abstrato dependente
de uma massa falante para existir, enquanto a fala consiste em um ato individual e
variável, por meio do qual a língua se concretiza. Ainda, para Saussure, a fala de um
indivíduo resultaria em combinações lineares denominadas sintagmas, estabelecidas a
partir da relação de oposição entre os termos. No CLG, destacam-se os estudos de
Ferdinand de Saussure voltados sobretudo à língua, entretanto, a descoberta de novos
manuscritos atribuídos ao lingüista genebrino acarretou na proposição de novas teorias
acerca de suas dicotomias. A partir dessas novas proposições, outras obras foram
publicadas, entre elas, os Escritos de Linguística Geral (ELG). Semelhante ao que o

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CLG apresenta com relação à dicotomia langue e parole, nos ELG a língua também é
apontada como um fenômeno compartilhado pela sociedade, contudo, desta vez, deixa-
se de focar somente no indivíduo e na produção da fala como um simples ato concreto
da língua, e passa-se a questionar o falante como um sujeito capaz de produzir algo
além. Enquanto no CLG a fala, por vezes, é vista como um produto da língua, nos ELG
a parole deixa de ser uma coadjuvante e atinge um novo patamar, resultando em um
elemento verdadeiramente relevante para a vida em sociedade e para a evolução do
pensamento humano: o discurso. Nesta comunicação, buscaremos apresentar o
levantamento comparativo entre CLG e ELG, que fizemos em nossa pesquisa de
iniciação científica, bem como discutir a importância desse achado aos estudos
linguísticos.

Palavras-chave: Ferdinand de Saussure; Curso de Linguística Geral; Escritos de


Linguística Geral; ditocomia langue e parole; discurso.

7) A dicotomia do Signo Linguístico nas obras Curso de Linguística


Geral e Escritos de Linguística Geral, de Ferdinand de Saussure

Leonardo Vinícius Sfordi da Silva (UEM)


Profa. Dra. Flávia Zanutto (UEM/Orientadora)
Prof. Dr. Pedro Navarro (UEM/Co-orientador)

Resumo:
Saussure é considerado o pai da ciência linguística, contudo, diferente de muitos
pensadores, este não deixou nenhuma publicação. Há, o Curso de Linguística Geral
(CLG), obra póstuma, construída a partir de anotações de seus alunos da Universidade
de Genebra, organizada e publicada por Charles Bally e Albert Sechehaye, apresenta
parte/fragmentos de sua teoria linguística. A visão dos alunos sustentou, por quase um
século, o entendimento dos pressupostos da ciência Linguística e consolidou a imagem
do linguista como estruturalista. Assim, nesta comunicação, temos o objetivo de refletir
sobre o pensamento de Ferdinand de Saussure no que tange à teoria do Signo

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linguístico publicado por seus alunos, comparando com os manuscritos do próprio


professor, parte deles disponível no livro Escritos de Linguística Geral (ELG). Nesta
comunicação, apresentaremos as discussões desenvolvidas em nosso projeto de
iniciação científica “A dicotomia do Signo Linguístico nas obras Curso de Linguística
Geral e Escritos de Linguística Geral, de Ferdinand de Saussure”, que tecem
considerações o espaço reduzido em que esse assunto tem no curso de Letras da
Universidade Estadual de Maringá, que concentra o estudo sobre o pensamento
saussuriano apenas na disciplina de Linguística I, voltando-se unicamente para o CLG.

Palavras-chave: Ferdinand de Saussure; Curso de Linguística Geral; Escritos de


Linguística Geral; Signo Linguístico; Discurso.

8) O conceito em movimento
Eliane Silveira (UFB)

Resumo:

A nossa proposta de pesquisa visa examinar o laço existente entre o livro Curso de
Linguística Geral, publicado em 1916, de autoria atribuída postumamente a Saussure,
que comporta os conceitos basilares da linguística como ciência moderna e um
manuscrito saussuriano descoberto em 1996, o “De l’essence double du langage”,
dedicados especificamente aos conceitos da linguística e cuja forma e conteúdo vem
desafiando os pesquisadores da área. Partiremos do princípio que a linguística
moderna, fundada por Saussure, se deu a partir da publicação do referido livro e
buscaremos saber, em primeiro lugar, se o manuscrito citado contém os elementos
basilares dessa fundação. Para tanto examinaremos a hipótese de haver nesse
manuscrito o esboço dos conceitos fundadores da linguística moderna. Considerando
que o livro é o efeito das aulas que Saussure ministrou entre 1909 e 1913 e o
manuscrito foi redigido por volta de 1891, supomos que o estado em que os conceitos
saussurianos se encontram não são os mesmos. Assim, um segundo objetivo deste
trabalho é evidenciar o movimento de Saussure na elaboração desses conceitos desde

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o manuscrito até a forma como eles se encontram no Curso de Linguística Geral. A


metodologia do trabalho será, a partir de uma leitura minuciosa do manuscrito e do
conhecimento aprofundado do Curso de Linguística Geral, selecionar os fragmentos do
manuscrito que contenham conceitos considerados basilares para a fundação da
linguística enquanto ciência moderna, tal como têm sido lido no Curso de Liguística
Geral há um século. Em seguida comparar os mesmos conceitos nos diferentes
materiais para, por fim, examinar se houve deslocamento teórico entre um e outro
material. O resultado das nossas pesquisas deve mostrar, portanto, a natureza dos
laços entre esses dois materiais tão distintos. Os resultados parciais da nossa pesquisa
já nos permitiu constatar que nesse manuscrito Saussure mostra uma preocupação com
a noção de sincronia para além da diacronia; com a diferença entre forma e substância;
com a noção de identidade linguística e com a questão da diferença implicando a noção
de oposição na língua. Esse conteúdo, podemos reconhecer facilmente, dá os
fundamentos para o aforismo: a língua é um sistema de signos, presente no Curso de
Linguística Geral, considerado a base da fundação da linguística moderna e cujos
efeitos nas chamadas ciências humanas são indiscutíveis. Além disso, é importante
acrescentar que na décima sétima folha do “De l’essence double du langage” tem como
tema o objeto da linguística e discute a questão do ‘ponto de vista’ na constituição
deste. O leitor do Curso de Linguística Geral reconhecerá imediatamente a relação com
o início do capitulo III da parte I: O objeto da linguística. Na verdade, percebe-se que o
tema do objeto da linguística é transversal às preocupações de Saussure em todo esse
manuscrito o que favorece uma aproximação com o Curso de Linguística Geral
deixando-nos o trabalho de estabelecer qual é a natureza de aproximação possível
entre esses dois documentos.

Palavra-chaves: conceito; movimento; linguística.

9) Saussure entre o Curso de Linguística Geral e os Escritos de


Linguística Geral - Língua, Fala e a Linguagem

Angélica de Castro Albuquerque (UEL)

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Profa. Dra. Maria José Guerra (UEL/Orientadora)

Resumo:

Esta comunicação faz parte do projeto Cadernos de Teorias da Linguagem do Centro


de Letras e de Ciências Humanas da Universidade Estadual de Londrina, mais
precisamente do núcleo de estudos saussurianos desse Projeto. Este trabalho está
inserido em um contexto maior que procura desvendar a rica e complexas herança
saussuriana. Nessas pesquisas, despertou-se um interesse particular relativo à reflexão
sobre os conceitos saussurianos a respeito da linguagem, a língua, fala e como esses
conceitos são estabelecidos pelo mestre genebrino. O objetivo desse trabalho é
pesquisar as diferenças entre esses conceitos estabelecidas na obra póstuma
organizada pelos alunos, o Curso de Linguística Geral (CLG) (1975), e os Escritos de
Linguística Geral (ELG) (2004), publicação mais recente com os manuscritos do mestre
genebrino encontrados em uma das propriedades da família, obra que nos revela
pensamentos e teorias de Saussure que não encontramos no CLG. Discussões a
respeito da temática apresentada aqui já não são novidade no campo da linguística,
temos como exemplo o teórico Michel Arrivé, que dedica um capítulo do seu livro Em
busca de Ferdinand Saussure (2010) para expor essas duas faces de Saussure: o autor
reconhecido por uma obra que é produto das anotações de terceiros a partir de um
curso e o autor complexo, cheio de meandros encontrado nas fontes manuscritas.
Voltamos nossas análises, especificamente para os conceitos de língua, fala e
linguagem. É a partir desses conceitos que o Mestre de Genebra vai propor o objeto da
linguística como ciência no quadro geral das ciências humanas no início do século XX.
Pretendemos observar também como esses conceitos estão sendo utilizados em obras
como manuais de linguística que circulam nos cursos de graduação em letras, quais são
as leituras que nestas primeiras décadas deste século estão sendo feitas da herança
saussuriana. Nosso propósito é também pensar como os conceitos básicos deixados
por Ferdinand Saussure circulam nos cursos de Letras. Deteremos uma atenção
especial ao conceito de fala e massa falante, conceitos que exigem um cuidado especial
no contexto dessas ideias precursoras no campo da linguística. Toda essa discussão
nos leva também a pensar como as propostas de Ferdinand Saussure encontram ecos
no universo contemporâneo, cuja preocupação maior é uma educação afinada com
funcionalidade do mercado de trabalho.

Palavras-chave: Herança Saussuriana; Língua; Fala; Massa Falante, Fontes


Manuscritas.

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SIMPÓSIOS DE LITERATURA

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SIMPÓSIO 1) Sui Caedere: reflexões sobre suicídio e literatura

Prof. Dra. Luzia Aparecida Berloffa Tofalini (UEM)


luziatofalini@hotmail.com \ luziatofalini@bol.com.br
Prof. Dr. Willian André (UNESPAR)

1) A Poética do Vazio em Jerusalém, de Gonçalo Tavares

Vanessa Ferreira dos Santos Valles Leal (UEM)


Profa. Dra. Luzia Aparecida Berloffa Tofalini (UEM/Orientadora)

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Resumo:
A presente comunicação expõe de que forma o vazio existencial manifesta-se nas
personagens de Jerusalém, um romance do escritor português Gonçalo M. Tavares.
Sabendo que a literatura pode ser “[...] lida essencial e constantemente com a imagem
do homem, com a forma e o estímulo da conduta humana.” (STEINER, 1988, p. 22) e
que o enredo do romance está inserido no pós-guerra, no pós-holocausto, podemos
inferir que as personagens tavarianas configuram-se como sujeitos fragmentados,
integrantes da pós-modernidade (HALL, 2006) e da fase líquida (BAUMAN, 2007). As
caracterizações e as relações existentes entre os personagens Mylia, Ernst Spengler,
Theodor Busbeck, Kaas Busbeck, Hanna e Hinnerk Obst sugerem que suas existências
são permeadas de vazio. É pelo crivo da poesia que compreenderemos o íntimo do ser,
lembrando que “A arte poética nos estimula a questionar regimes políticos, valores
sociais e religiosos, que geram guerras, injustiças sociais, crises existenciais, a
infelicidade, enfim.” (D’ONÓFRIO, 2007, 11). Para tanto, será necessário interpretar a
expressividade e a significação do silêncio – uma vez que “A poesia nasce no silêncio e
no balbucio, no não poder dizer, mas aspira irresistivelmente a recuperar a linguagem
como uma realidade total. O poeta transforma em palavra tudo o que toca, sem excluir o
silêncio e os brancos do texto. (PAZ, 2012, p.288)” –, bem como a própria linguagem
literária do escritor. Além disso, a representação do sujeito dos séculos XX e XXI na
obra revela-nos o quão importante têm sido as contribuições de outras áreas do
conhecimento, como por exemplo a Filosofia e a Sociologia, para as interpretações
literárias. A apresentação, enveredaremos especificamente nos estudos de Bauman e
Sartre, este para compreender o sujeito em si e aquele para compreender a sociedade
em geral. A análise da presença do vazio na literatura ajuda-nos a entender não só a
personagem de ficção, mas também ao ser humano, ainda que de forma enviesada.
Somente a poesia é capaz de identificar o vazio na literatura: “Conviver com a poesia,
permite-nos estar de olhos mais abertos, olhando além do que se vê, percebendo outros
detalhes dentro dos contornos visíveis. (PAIXÃO, 1982, p. 95)”, no entanto, atualmente,
a sociedade confere a ela pouca importância (PAIXÃO, 1982). Quando captarmos a
linguagem poética e aquilo que ela transmite, seremos sujeitos mais conscientes e
menos fragmentados.

Palavras-chave: Poesia, Vazio existencial, Jerusalém, Gonçalo M. Tavares.

2) Angústia/ Suicídio em Jerusalém

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Gabriela Fujimori da Silva (PG-UEM/IFPR)


Profa. Dra. Luzia Aparecida Berloffa Tofalini (UEM/Orientadora)

Resumo:

Em Jerusalém, obra do escritor português Gonçalo M. Tavares, o tema da morte


evidencia-se em suas diferentes facetas. Em um período pós-guerra, evidenciado como
pano de fundo da sintaxe narrativa, a morte está nas atrocidades cometidas na
Segunda Grande Guerra, um dos maiores assassínios em massa, bem como é
constante na vida conturbada das personagens que compõe o enredo. As memórias do
Holocausto da década de 1940 vão sendo resgatadas e há interferência na vida das
personagens, que se revelam em situações-limite, acometidas pela angústia, dor e
loucura. Neste trabalho o objetivo é analisar em especial o suicídio que se atrela à
Ernest Spengler, homem esquizofrênico e que se coloca diante da opção da morte
voluntária. Ernest, assim como outras personagens, é atormentado por lembranças, por
circunstâncias de maus-tratos e indiferença que o levam ao desespero existencial.
Nesse sentido, o suicídio aparece-lhe como única opção diante de uma vida fadada à
tristeza e a uma existência violada. Se a abordagem da morte é questão normalmente
polêmica e indesejável, tratar da morte voluntária parece ser um assunto ainda mais
abominoso. Ao longo da história muito se discutiu em termos de se pensar o suicídio
como um ato de covardia, comportamento antinatural ou mesmo um crime contra a
sociedade e a honra. A busca pela compreensão da finitude é complexa, principalmente
quando se discute sobre a morte que foi escolhida, motivada, como uma opção própria
que abrevia a vida. Sendo de interesse de estudiosos de diferentes áreas, tais como a
filosofia, sociologia, medicina, psicanálise, os literatos também se debruçam sobre o
fenômeno. Da mesma forma que a ficção representa a vida, também a nega, A
literatura, dada sua capacidade plurissignificativa, aborda temas de relevância universal,
tal qual a morte e, assim, o suicídio, como uma de suas faces. O espaço literário
permite o registro, transfigurado e/ou representativo da realidade, muitas das vezes,
experiências de sobremaneira negativas. Em Jerusalém, o suicídio é uma das faces da
morte e atrela-se ao sentimento de angústia de Ernest, desencadeada pela vivência no
Hospício, onde era dia a dia hostilizado pelo superior Gomperz e à solidão obscura
dentro de si, que o levaram a enxergar na janela de seu sótão uma abertura que o
levaria ao escape de toda a existência amargurada. O aporte teórico deste trabalho
envolve principalmente os estudos de Durkheim, O Suicídio: estudo de sociologia
(2000); Marx, Sobre o suicídio (2000) e, Heidegger, Ser e tempo (2005).

Palavras-chave: Literatura, angústia, suicídio, Jerusalém.

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3) O caráter na obra Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares

Juliana A.B. Menezes (Doutoranda UNESP – ASSIS)

Resumo:

O artigo, em questão, visa a construir um olhar reflexivo sobre a formação do caráter na


obra Jerusalém (2004), de Gonçalo M. Tavares compreendendo ser este um espaço
que caracteriza, de fato, o encontro entre leitor e autor via texto. Desse modo, quando o
leitor aceita o jogo do autor e trilha as pistas deixadas pelo mesmo é que os sentidos
são construídos no ato da leitura. O narrador, o enredo, as personagens são diferentes
pontos de vista, ou melhor, perspectivas dentro da tessitura textual, em que o leitor
decide em quem vai confiar ou acreditar. A relevância do tema faz-se necessário em um
cenário dito "Pós-Moderno" em que a sensação é a de que nada mais é sólido, como
disse Berman (1998). Nesse sentido, o grande problema parece ser o fato de alguns
valores, sendo classificados como "bons" ou "maus", do ponto-de-vista do caráter,
serem questionados. Como definir o que é ética, por exemplo, nesse novo modelo de
pensar-viver. Respeito? Honestidade? Como as personagens de Gonçalo Tavares, em
Jerusalém são construídas? Como o enredo, o espaço, o tempo contribuem para a
construção de uma visão do sujeito pós-moderno? Como o caráter desses personagens
é entrelaçado no texto? Desse modo, repensarmos sobre a formação do julgamento
feito aos personagens desse romance poderia nos levar `a compreensão de uma
liberdade questionável do ponto de vista moral. A pós-modernidade é composta pela
fusão do mundo material (político, econômico, social) e espiritual (formado pelos
imperativos artísticos e intelectuais autônomos). Um mundo oco, viciado, vazio que não
raras vezes leva o sujeito ao ato extremo do suicídio. O sujeito pós-moderno é aquele
que está imerso na cidade e alheio a ela. O constante paradoxo entre a ideia do
progresso vinda das conquistas econômicas, culturais, políticas, tecnológicas, do tempo,
do espaço, do conjunto de experiências que prometem aventura, conhecimento,
novidade, em contrapartida ao isolamento do homem na sociedade e sua angústia. As
personagens de Jerusalém são profundas, carregadas da dramaticidade peculiar aos
que vivem em ambientes tensos e violentos. O silêncio é imposto aos personagens,
logo a solidão e o sofrimento são frutos da angústia de ter consciência da falta de
perspectiva de qualquer tipo de mudança ou ruptura. Nesse contexto, como avaliar
condutas? Como julgar comportamentos? Como compreender o narcisismo de
Gomperz e de Theodor Busbeck? Como avaliar o desespero de Ernest e a sua tentativa
de suicídio?

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Palavras-chave: Jerusalém, Gonçalo Tavares, Caráter, Vazio, Suicídio.

4) Psicanalisando a Literatura: A Ideação Suicida de ERNEST no


Romance Jerusalém

Alessandro José Berloffa Tofalini (EPPM)


Resumo:

Este trabalho examina a articulação entre a ideação suicida do personagem Ernst, do


romance Jerusalém, de autoria de Gonçalo Manuel de Albuquerque Tavares – o corpus
– e o arsenal teórico psicanalítico, principalmente no que se refere à obra Luto e
melancolia do fundador da psicanálise Sigmund Freud. Este estudo foi delineado a partir
da hipótese de que diante do sentimento avassalador de vazio, o personagem Ernst,
considera a possibilidade de recorrer ao suicídio para se livrar do desespero, da dor e
da angústia diante do estado de desamparo psíquico que o domina em determinado
momento do desenrolar da história. O presente trabalho justifica-se principalmente pela
temática do suicídio que vem se tornando cada vez mais frequente no seio de nossa
sociedade e, consequentemente, sendo cada vez mais debatida nos círculos
psicanalíticos e nos centros de atenção à saúde mental. Além disso, o trabalho pretende
engrossar a fortuna crítica relacionada à obra de Gonçalo M. Tavares, escritor
português considerado “um abalo sísmico” nas letras lusas contemporâneas. Para a
consecução do presente trabalho realiza-se uma pesquisa bibliográfica na qual se
busca vincular alguns conceitos psicanalíticos ao romance Jerusalém, principalmente no
que concerne à ideação suicida do personagem Ernst, constante já no início da obra. É
necessário destacar que os métodos dedutivo e indutivo serão utilizados
concomitantemente para a formulação das hipóteses acerca da ideação suicida de
Ernst. A pesquisa teórica para a realização deste trabalho inclui as obras completas de
Sigmund Freud, destacando-se o texto Luto e melancolia, escrito em 1915 e publicado
pela primeira vez em 1917; o texto O medo do colapso constante no livro Explorações
psicanalíticas, redigido em 1963 pelo pediatra e psicanalista inglês Donald Woods
Winnicott, além de outros autores que tenham abordado a temática do suicídio desde o
ponto de vista psicanalítico. Espera-se, com este trabalho, contribuir para a discussão
acerca da temática do suicídio, perpassada pelo ponto de vista psicanalítico, por meio
de formulação de hipóteses que se acerquem ao referencial teórico da psicanálise,
articulando-o às obras de artes literárias. Do diálogo entre o referencial teórico

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psicanalítico e a obra artístico-literário podem resultar esclarecimentos dos conceitos


psicanalíticos e apreensões acerca de elementos contidos na obra.

Palavras-chave: Literatura; Teoria Psicanalítica; suicídio; Jerusalém; Gonçalo M.


Tavares.

5) Vazio e Suicídio em Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares

Víctor Matheus dos Santos (UEM)


Prof. Dra. Luzia A. B. Tofalini (UEM/Orientadora)

Resumo:

Essa comunicação é fruto de uma pesquisa que faz parte do projeto Representações do
vazio na literatura de Gonçalo M. Tavares, vinculado à Universidade Estadual de
Maringá. A metodologia do trabalho conjuga os métodos indutivo e dedutivo. Trata-se
de um estudo que visa ao detalhamento das experiências de vazio realizadas pela
personagem de nome Ernst, no livro intitulado Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares.
Focaliza-se principalmente a tentativa de suicídio de uma das personagens e os
possíveis motivos que a levaram a esse gesto extremo. Os principais objetivos
consistem em: aprofundar conhecimentos relacionados à literatura; levantar elementos
teóricos acerca do suicídio; discutir de que modo o suicídio é representado no texto
literário. No intuito de alcancar tais objetivos, estabeleceu-se uma ordem de análise,
levando em conta cronologia, acontecimentos e relevância das informações para a
formação da personagem. O primeiro foco de análise e pesquisa prende-se à relação
entre Ernst e o hospital Georg Rosenberg – o hospício onde Ernst viveu por um tempo –
levando-se em conta que determinados eventos ocorridos ali são de extrema
importância para a compreensão das ações da personagem. Dentre eles o encontro
com Mylia e as repressões sofridas por Gomperz. O segundo ponto para estudo
consiste nas relações entre Ernst e as experiências amorosas sofridas por ele. Dessa
forma, será contextualizado desde seu envolvimento com Mylia até os acontecimentos
após sua liberação (alta) do Georg Rosenberg. Em terceiro lugar será analisado o vazio
da relação entre Ernst e seu filho Kaas. Apoiando-se na ideia de que Ernst é impedido
de ter contato com o filho durante toda sua vida, prorar-se-á demonstrar os males que a

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falta dessa espécie de contato proporciona à personagem e como essa falta ajuda a
aumentar a sensação de vazio sentido por Ernst. Um quarto ponto de análise é o fato de
Ernst, após ser liberado do hospital Georg Rosenberg, não conseguir se encaixar em
lugar nenhum. Após sua liberação, Ernst, por fatores como sua doença e seu histórico
de internação não consegue se reinserir na sociedade. Levando em conta a relevância
da exclusão social para os seres humanos, será explorado como isso ajuda a aumentar
o vazio da personagem. Por fim, o último foco fica a cargo da relação entre Ernst e a
morte, sendo ela abordada desde a tentativa de suicídio, momento em que conhecemos
a personagem, até a presença da morte em várias cenas e falas da personagem Ernest.
Estudos de autores como Antonio Candido, Anatol Rosenfeld, Émile Durkheim, Sigmund
Freud estão entre aqueles que dão suporte a essa comunicação. Assim, por meio de
uma pesquisa orientada visa-se a investigar e demonstrar modos pelos quais o suicídio
é representado na literatura de Gonçalo M. Tavares.

Palavras-chave: Literatura, suicídio. Jerusalém, Gonçalo M. Tavares.

6) Artaud e a Fabricação da Loucura e do Suicídio

Me. Renan Pavini (UEM/PUCPR)

Resumo:

O Dictionnaire de psyquiatrie (1993), dirigido por Jacques Postel, define o suicídio como
o “ato de se dar, a si mesmo, a morte”. Este ato pode ser tanto racionalmente, em
função de considerações religiosas, filosóficas ou morais, quanto um ato patológico,
devido a uma evolução de diversas afecções mentais. Nenhuma dessas causas foi o
motivo de Van Gogh se matar, segundo Artaud. Diversamente, “Van Gogh não morreu
em um estado de delírio próprio”, escreve, “ele não se suicidou num gesto de loucura”,
mas “a sociedade, para puni-lo por se ter desvencilhado dela, o suicidou”. Artaud, em
Van Gogh, le suicidé de la société (1947), somado a dois outros textos de seu período
surrealista, que trazem a temática do suicídio de forma explícita (Sur le suicide (1925) e
Le suicide est-il une solution? (1925)), acusa as instituições de tentarem impedir que
homens de gênio – como Van Gogh, Nerval, Rimbaud, Poe, Lautréamont, Nietzsche –
venham a revelar verdades que a própria sociedade não estaria pronta a escutar. Neste
sentido, Artaud já antecipa alguns traços que virão nas profundas análises no
pensamento de Foucault, as instituições disciplinares que têm como finalidade gerar
corpos dóceis e, no limite, matáveis. Esta docilidade é contraposta com intensidade do
viver artístico e, portanto, para conter este, a própria medicina e a psiquiatria tiveram
que tratar a intensidade como um critério de doença (cf. O normal e o patológico de
Canguilhem). Dessa forma, mostraremos que se o suicídio se tornou uma patologia no

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campo da psiquiatria, só o pôde por ser, no fundo, um engodo, uma ferramenta para dar
fim a seres considerados perigosos para a sociedade que tem todo o interesse nestas
mortes. Como pôr fim a esses seres considerados um perigo para a sociedade? Fazê-
los se matarem. Como justificar esses suicidas? Tomando-os por loucos. É por esse
mesmo motivo que tomaram Artaud por louco, segundo a argumentação de seu
pensamento, é por isso que a sociedade criou instituições que selecionam seus loucos.
“Certamente já morri faz tempo, já me suicidei. Me suicidaram, quero dizer”, escreve
Artaud, “mas o que achariam de um suicídio anterior, de um suicídio que nos fizesse dar
a volta, porém para o outro lado da existência, não para o lado da morte?” Assim,
Artaud pensou não somente num suicídio arranjado, cometido pela assassina
sociedade, mas um suicídio poético e é justamente por causa deste que a sociedade
não consegue suportar mentes brilhantes: “Se eu me mato, não será para me destruir,
mas para me reconstituir, o suicídio não será para mim senão um meio de me
reconquistar violentamente, de irromper ritualmente em meu ser, de antecipar o avanço
incerto de Deus”.

Palavras-chave: Artaud; Suicídio; loucura; sociedade.

7) O “Suicídio Falho” em The Bell Jar, de Sylvia Plath


Lara Luiza Oliveira Amaral (UEM)
Profa. Dra. Luzia Berloffa Tofalini (UEM/Orientadora)

Resumo:

No romance The Bell Jar (1963), de Sylvia Plath, a personagem Esther Greenwood nos
faz mergulhar no mundo suicida que a aprisiona. Asfixiada em sua própria redoma, seja
na cidade pequena em que vive, seja em Nova York e seus milhares de caminhos e
opções, Greenwood conta-nos uma parte de sua história. Após uma estadia em Nova
York por ter ganhado uma bolsa de estudos da universidade, a personagem retorna
para a cidade pequena em que morava com sua mãe. A volta para casa é um dos
fatores que a levarão à depressão, culminando no seu internamento em uma clínica
psiquiátrica. A personagem joga o tema do suicídio em sua narrativa através de
reportagens, reflexões sobre o ato e até mesmo algumas “tentativas falhas”. Essas
tentativas, que mais parecem “ensaios” por meio dos quais ela parece se acostumar aos
poucos com a ideia de colocar um fim na própria vida, envolvem afogamentos, uso de

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gilete e enforcamento. Perto do final do romance, é descrita sua “tentativa quase não
falha” (já que Esther a realiza, porém, sobrevive), por ingestão de pílulas, que a leva ao
internamento. O autor A. Alvarez aborda, em O Deus Selvagem: um estudo do suicídio
(1971), algumas falácias relacionadas ao suicídio, como, por exemplo, a falácia de que
aqueles que ameaçam se matar na verdade nunca se matam, ou que aqueles que já
tentaram alguma vez nunca tentarão novamente. A partir dessas reflexões, propomos
uma relação entre as seis falácias citadas por Alvarez e o romance The Bell Jar. No
prólogo de seu estudo, Alvarez discorre sobre o suicídio de Sylvia Plath, mostrando
como o tema da morte e suicídio está presente em sua vida, e como esse tema pode
refletir em sua obra. The Bell Jar é o único romance publicado por Plath, entretanto, em
sua obra poética, vemos frequentemente o tema ser abordado (“Lady Lazarus”, “Morte
& Co”, “O caçador”, poemas publicados no livro Ariel, 1965). Em A Poética do suicídio
em Sylvia Plath (2003), de Ana Cecília Carvalho, a escrita de Plath é colocada em foco,
e a “poética do suicídio” seria uma forma de demonstrar como a melancolia atua em sua
produção poética e ficcional. Além desses dois teóricos principais, abordaremos o
estudo de Andrew Solomon, The Noonday Demon: an atlas of depression (2001), para
fundamentar nossa discussão. Ao comentar sobre a depressão, o autor acaba por
apontar para algumas “falácias” sobre o tema, assim como faz Alvarez. Manteremos o
foco na relação que Solomon apresenta entre depressão e suicídio. No romance The
Bell Jar, após sua tentativa de suicídio por ingestão de pílulas, Esther é internada em
uma clínica e diagnosticada com depressão. Entretanto, antes do diagnóstico médico, o
leitor já está ciente do problema, pelo modo como a narradora nos insere em sua
própria redoma, nos deixando presos em seu ar viciado e denso.

Palavras-chave: The Bell Jar; Sylvia Plath; literatura e suicídio.

8) O Vazio Existencial e a Morte em Um homem: Klaus Klump, de


Gonçalo M. Tavares

Me.Alessandra Regina de Carvalho (UEM)


Profa. Dra. Luzia A. Berloffa Tofalini (UEM/Orientadora)

Resumo:

O ser humano sente medo, insegurança e desespero frente à existência, gerando em si


angústia pela fragilidade das relações de natureza líquida, que se dissolvem muito mais
rápido do que o tempo destinado a construí-las. O ser vê-se fragmentado, diluído,
solitário, o que gera em si sentimento de vazio, angústia, melancolia e desespero que o
remete ao vazio existencial. Esse vazio se constrói pela relação entre o ser que vive, e o
todo disponível para ser escolhido viver ou não. A escolha em si já é motivo suficiente
para o sofrimento gerado. A filosofia apresenta algumas causas para o vazio existencial.

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A primeira está na ideia de que Deus não existe, ou ainda, havendo a possibilidade de
Deus existir, Este, necessariamente não atenderia às vontades humanas, o que não
preencheria o vazio existencial. Outra forma deste vazio está na ideia de que a razão
humana e a ciência são o único caminho para buscar a possibilidade de uma verdade,
sendo o ser humano considerado apenas um ser biológico, que chegaria ao fim com a
morte física. O vazio toma forma, e se constrói a agonia da alma. Em casos extremos, a
angústia gerada leva o ser humano a uma dor dilacerante que conduz ao desespero,
fazendo com que ele busque saídas não legitimadas, como o suicídio. De tudo o que se
tem conhecimento sobre a vida, a única certeza é a morte. Se morrer é fato, o que fazer
da vida? Deus existe? Pensar na morte gera no ser humano sentimentos antagônicos
como fascínio e medo. A Literatura entra em cena para corroborar com a filosofia,
sociologia, psicanálise, teologia, e demais áreas que estudam o ser humano e suas
relações, contribuindo, assim, de forma a apresentar as várias representações do vazio.
Temas recorrentes como trauma, depressão, silêncio, solidão, melancolia, desespero,
morte e suicídio demonstram as possíveis causas do vazio existencial. Nesse sentido, o
presente artigo pretende traçar um estudo acerca do vazio, da angústia, do desespero
e da morte dentro da literatura. A obra escolhida é Um homem: Klaus Klump de Gonçalo
M. Tavares. A análise será feita à luz de algumas teorias da confluência Literatura-
Psicanálise, Literatura-Filosofia e Literatura-Sociologia. Assim, convocam-se os estudos
de Sigmund Freud, Martin Heidegger, Jean Paul Sartre, Zygmunt Bauman, Eni Orlandi,
David Émile Durkheim, Viktor E. Frankl, Gilles Lipovetsky, Philippe Árie, Rollo May.

Palavras-chave: Vazio; Angústia; Desespero; Morte; Gonçalo M. Tavares.

9) Sobre Suicídio e Literatura: Possíveis Operadores de Leitura

Willian André (UNESPAR)

Resumo:

Ainda que o tema do autoaniquilamento possua presença constante em manifestações


literárias de autores e períodos diversos, parece não haver, em estudos sobre literatura,
um histórico correspondente de pesquisas acerca do assunto. Falta de opções não é a
justificativa: além da quantidade expressiva de obras e autores que de alguma forma
lidam com a morte voluntária, as possibilidades de abordagem também se revelam
múltiplas. Partindo dessa constatação, este trabalho visa a oferecer alguns possíveis
operadores de leitura para análises que pretendam se embrenhar pelo “mundo fechado

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do suicídio” (Alvarez, 1999), na tentativa de contribuir para a sistematização desse tipo


de conhecimento em estudos literários. A apresentação se divide em duas partes
principais. Em um primeiro momento, oferecemos alguns direcionamentos para
análises: a questão da “re-presentação” do suicídio em obras literárias; a influência do
ato derradeiro sobre a imaginação criativa; possíveis entrelaçamentos entre o
tratamento literário do assunto e o dado biográfico em obras de autores que cometeram
suicídio; interpretações do autoaniquilamento na matéria literária enquanto fuga,
performance, espetáculo, afirmação da liberdade individual ou de outros princípios; as
reações e perspectivas de terceiros que precisam lidar com o atentado violento contra a
própria vida por parte daqueles que lhes são próximos; aproximações e distanciamentos
entre a abordagem do tema a partir dos estudos literários e de outras áreas que
também se debruçam sobre ele, como a filosofia, a sociologia, a psicanálise, e a
teologia; diálogos entre o suicídio na literatura e em outras manifestações artísticas, tais
como pintura, cinema e música; a composição de mapeamentos; e confluências entre o
tema da morte voluntária e outros temas afins na matéria literária, como a depressão, o
trauma, o vazio, o silêncio, a angústia ou a melancolia. Em um segundo momento,
tentamos inventariar alguns estudos que podem servir como suporte teórico-crítico para
análises desse tipo. Para tanto, além de trabalhos pertencentes mais especificamente à
área da literatura, recorremos a autores e obras de outras áreas do conhecimento,
como filosofia, teologia, antropologia, sociologia e psicologia. Todas as possibilidades
de abordagem e materiais aqui reunidos limitam-se ao âmbito da sugestão, e, da
mesma forma, a proposta em questão não pretende ignorar que, esporadicamente,
afloram em nosso meio estudos profícuos contemplando a questão do auto
aniquilamento na literatura: nosso objetivo é muito mais o de trabalhar na consolidação
de uma cultura consistente de abordagens semelhantes.

Palavras-chave: Literatura e suicídio; operadores de leitura; possibilidades de


abordagem.

10) Os Lusíadas e Mensagem: Um Estudo Comparatista


Vítor Penteado (UEM)
Prof. Dra. Luzia A. B. Tofalini (Orientadora/UEM)

Resumo:

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Esse estudo visa a comparar textos do livro Mensagem, de Fernando Nogueira Pessoa,
com trechos da epopeia Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Trata-se de uma
comunicação que parte do pressuposto de que a literatura de Camões encontra
ressonância na produção literária de Fernando Pessoa sob diversos aspectos,
especialmente no que se refere a momentos nos quais os eu líricos, das duas obras se
mostram depressivos frente aos acontecimentos que ferem os brios da pátria
portuguesa. Por outro lado, ambos os eu líricos também sabem que a glória pessoal ou
coletiva é passageira e que a morte é inexorável: Essa consciência da efemeridade da
vida e das honrarias nubla, com uma nuvem de tristeza, os momentos que deveriam ser
de pura alegria, como se pode constatar, por exemplo, nos versos, a seguir, do poema
“Grande Império”, escrito por Fernando Pessoa (s.d. p. 13): “Triste de quem é feliz! /
Vive porque a vida dura / Nada na alma lhe diz / Mais que a lição da raiz / Ter por vida a
sepultura”. Sem a pretensão de esgotar o tema e, antes, visando a contribuir com outros
trabalhos, de caráter comparatista ou não, acerca da literatura portuguesa, esse estudo
se propõe, então, a demonstrar, ao menos em parte, o diálogo existente entre essas
duas obras, bem como aproximações ou distanciamentos inerentes ao conteúdo das
literaturas camoniana e pessoana. A fim de perseguir o objetivo primeiro – que consiste
em cotejar textos de tão alta literatura –, esse trabalho contemplará, também, a análise
dos períodos históricos nos quais Camões e Pessoa são comumente inseridos, mais
especificamente o Classicismo e o Modernismo. Nessa ordem e somando a isso
características encontradas no cerne das composições poéticas desses textos, como a
alma e o peito lusitano, o nacionalismo, os feitos heroicos, o amor pelas terras de
Portugal e, sobretudo, as notas depressivas que sugerem reflexões acerca da morte e
do morrer. Estudos como História social da literatura portuguesa, de Benjamin Abdala
Júnior, A poesia lírica, de Salete de Almeida Cara, Teoria do Texto, de Salvatore
D’Onófrio, Camões: temas e motivos da obra lírica, de Cristiano Martins, entre outros,
dão suporte teórico à discussão. Esses estudos mencionados aqui constam da
bibliografia do trabalho. Espera-se – além de aprofundar estudos referentes à literatura
portuguesa, tanto da era renascentista quanto da era modernista – contribuir para a
disseminação do saber e engrossar a fortuna crítica dos dois poetas em questão.

Palavras-chave: Literatura portuguesa, Os Lusíadas, Mensagem, Luís de Camões,


Fernando Pessoa.

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11) A arena infernal de Stavróguin: suicídio e dialogismo n’Os


demônios de Dostoiévski

Me. Thaís Figueiredo Chaves (UnB)

Resumo:

O romance Os Demônios, de Fiódor Dostoiévski, foi publicado em 1872. A narrativa se


desenvolve a partir de um grupo social existente na sociedade russa da época, a
intelligentsia. O círculo é retratado como altamente influenciado pelas ideias europeias,
afastado dos ideais do povo e dos valores religiosos. Para Dostoiévski, a Rússia
ocidentalizada estava se tornando frívola e caótica. O protagonista, Nikolai Stavróguin,
entediado e melancólico, encontrava-se perdido e desorientado nesta conjuntura. O
aristocrata não possuía qualquer ideal verdadeiro, mas em cada diálogo que
participava, conseguia convencer algum personagem de um ponto de vista diferente.
Dono de personalidade niilista e descrente, o jovem não conseguia se expressar
sozinho e necessitava de outras vozes para conferir sentido à sua autoconsciência
cambiante. O poder de influência de Stavróguin era tóxico: provocou assassinatos,
mortes e suicídios. Ao final do romance, quando todas as outras vozes do diálogo foram
consumidas e silenciadas pelas chamas do seu inferno pessoal, Stavróguin também se
mata. Para ele, diálogo significava vestígio de contato com o mundo exterior, portanto,
enquanto conversou e ouviu as próprias ideias em voz alta, viveu. Ao esgotar as
possibilidades discursivas exteriores e voltar-se para tipos de expressão
ensimesmadas, começou a morrer. Prova disso é que nas três vezes que se dispôs a
escrever, aproximou-se radicalmente do abismo existencial. Ato pessoal, a escrita o
obrigou a lidar com o eu interior fragmentado e reconhecer-se exaurido, sem nada mais
a expressar ou realizar. O presente trabalho analisará o autoaniquilamento do
protagonista não como ação instantânea, mas como processo desenvolvido em
múltiplas fases, fruto do esvaziamento da “arena de Stavróguin”. Conversas, cartas,
gestos, bilhetes e outras formas de expressão pessoal emitidas pelo protagonista na
busca pela própria voz serão analisadas. Tais comunicações expressavam instâncias
de sua autoconsciência despedaçada, nunca um ponto de vista imutável. O trabalho
partirá do ponto de vista do teórico Mikhail Bakhtin, segundo o qual a morte, em
Dostoiévski, é sempre vivenciada pelo outro, e não pelo ser que morre. Portanto, haverá
foco nas relações destrutivas construídas entre três personagens, através dos quais é

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possível perceber as nuances religiosas, sociopolíticas e filosóficas do suicídio de


Stavróguin.

Palavras-chave: Dostoiévski, suicídio, Os demônios, dialogismo, polifonia

12) Das Experiências de Vazio à Tentação do Suicídio: Jerusalém


de Gonçalo M. Tavares

Profa. Dra. Luzia Aparecida Berloffa Tofalini (UEM)

Resumo:

Essa comunicação focaliza a problemática do vazio na literatura e a possibilidade de


suicídio decorrente dela. A sensação de vazio tem como consequência uma profunda
angústia que nasce na interioridade do ser. Os vazios são quase sempre
incompreensíveis, uma vez que, embora o sujeito detecte a falta de algo, essa
percepção ocorre de maneira difusa, obscura e confusa, impedindo-o de conseguir
perceber nitidamente o que seja. Não raro a dor interior provocada pela sensação de
vazio se torna insuportável, podendo levar o indivíduo à consumação do ato de tirar a
própria vida. Há diversas espécies de vazio. Entre elas se podem contar o vazio místico,
o vazio metafísico, o vazio existencial, o vazio virtual e o vazio de fundo psicanalítico.
Se a tais elementos for ainda somada a individualidade do sujeito – com suas
características próprias (de pensamento, de cultura, de história, de vida etc.) –, não é de
estranhar que cada um tenha suas próprias experiências de vazio. O objetivo geral
desse estudo consiste em analisar as experiências de vazio e o modo como elas se
relacionam com a possibilidade de suicídio. O corpus escolhido como base das análises
é o romance Jerusalém, do escritor português Gonçalo M. Tavares. O texto tem como
protagonistas as personagens Mylia, Theodor e Ernest. Theodor Busbeck, um
conceituado médico psiquiatra, casa-se e, mais tarde, divorcia-se de Mylia – portadora
de problemas mentais. Ernest Spengler é um sujeito com transtornos mentais
(esquizofrênico), também interno do Hospital Georg Rosenberg, que se apaixona por
Mylia. As personagens sentem um profundo vazio do qual não conseguem se
desvencilhar. Partindo de uma experiência de estresse pós-traumático, passando pela
esquizofrenia e chegando à tentativa de suicídio, o romance cria uma realidade na qual
os vazios – artisticamente construídos –, exercem papel importantíssimo para que se
possa compreender o ser humano. De fato, as experiências de vazio vividas pelas
personagens levam-nas a cometerem atos repulsivos. Como suporte teórico são

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convocados estudos sobre o vazio e/ou sobre o suicídio realizados por Zigmunt
Bauman, Manuel Castells, Sigmund Freud, Émile Durkheim, Edgar Morin, Abrão
Slavutzky, Humberto Correa e Sergio Perez Barreiro, entre outros. Espera-se contribuir
com a discussão envolvendo tanto a problemática do vazio quanto do suicídio, bem
como engrossar a fortuna crítica do escritor português.

Palavras‐chave: Vazio, Suicídio, Jerusalém, Gonçalo M. Tavares.

13) Assim na Vida como na Ficção: a Literatura como Forma de


Expressão da Angústia Existencial na Obra de Horácio Quiroga

Me. Valeria Maria Lima Campos (UNEAL/UEM)


Dra. Evely Vânia Libanori (UEM/Orientadora)

Resumo:

O suicídio é tabu em várias culturas e é um assunto debatido em várias disciplinas.


Filosofia, sociologia, psicologia e literatura são apenas algumas delas. Segundo Camus
(2010), este seria o único tema merecedor de discussão filosófica. Segundo a
Organização Mundial de Saúde, de agora até 2020, 1,5 milhão de pessoas terão
cometido suicídio, tendo esse ato se tornado questão de saúde pública. Angerami
(1997), pondera que o estresse causado pelo estilo de vida agitado das grandes
metrópoles, acaba por gerar sentimentos de abandono, solidão e desespero, gerando a
angústia existencial em milhares de pessoas. Muitas sendo diagnosticadas com
depressão e outras sem nenhum diagnóstico médico, sendo relatado apenas um vazio
existencial. Esse vazio, essa angústia, torna-se, então, tão insuportável que para o
indivíduo a morte torna-se uma alternativa à vida, solução para os problemas, alívio da
dor, a dor de existir. Sendo, portanto, não o desejo de acabar com a vida, mas com o
sofrimento causado por esta que levaria o indivíduo a suicidar-se. Porém, por vezes, os
acometidos por essa angústia existencial buscam a fuga dessa realidade dolorosa
através de realidades alternativas e as estampa nas páginas de seus livros. E, dessa
forma, nascem obras cercadas de morte, de um pesar tão grande que chega a tocar os
leitores de um jeito tão profundo que é como se o próprio estivesse repartindo a dor com
as personagens do romance. Não é de se estranhar que muitas obras, grandes obras,
estão repletas de terrores que atormentavam seus mestres criadores. Muitos são os

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exemplos na literatura mundial. Neste trabalho, abordaremos especificamente a obra de


Horácio Quiroga, considerado um mestre da Literatura Fantástica, o Alan Paul latino-
americano. Ao contrário dos dias atuais, Quiroga viveu numa época onde as 24 horas
do dia não eram ainda consideradas insuficientes para viver adequadamente cada dia.
Os ponteiros do relógio pareciam andar mais devagar, os afazeres eram menores, o
tempo ou a falta deste não havia se transformado ainda no inimigo diário dos cidadãos
pós-modernos, causando um estresse maior do que muitos podem suportar. Porém, a
morte era algo constante desde seu nascimento. Essa sombra parecia pairar ao seu
redor desde sempre. Tendo tido várias mortes na família; sendo a maior parte destas
através do suicídio. Quiroga foi criado como cristão e o suicídio é considerado o maior
pecado que um homem pode cometer, segundo a visão religiosa hebraico-cristã, o que
não o impediu de tirar a própria vida. Nos países eslavos, o suicídio promoveu histórias
tão macabras que assombram seus povos até os dias atuais. Já para outras culturas,
como a nórdica, mais especificamente a viking, a morte em batalha significava a entrada
para o reino de Valhalla, o equivalente ao paraíso. Já para muitos povos orientais, como
os nipônicos, a morte é a solução para preservar a família do suicida da vergonha pelo
fracasso deste. Na cultura judaica, a morte tem nome e forma, é conhecido por Azazel,
o anjo da morte. Sendo a morte um anjo, portanto, não seria algo ruim, mas apenas
mais uma das etapas da jornada do ser humano, uma que todos, sem exceção irão
passar. Já na cultura ocidental, o tema da morte é algo evitado, é um tabu. Todos
morrerão, mas não é necessário falar a respeito. Porém, alguns autores fazem questão
de fazer deste o tema principal de sua escrita, como o fez Quiroga. Este trabalho tem,
portanto, o objetivo de mostrar como a angústia existencial do autor diante de um
contato familiar tão íntimo com a morte impregnou sua obra, moldando seu estilo e
transformando-o no maior representante da Literatura Fantástica da América Latina.
Eternizando-o como um grande escritor e aumentando a aura de mistério em torno de si
ao colocar fim à própria angustia através do suicídio. Para fundamentar nosso trabalho,
fizemos um levantamento da obra de Quiroga, separando algumas personagens que
refletem o próprio autor, para fazer uma análise sob um viés existencialista, utilizando
Sartre (2007) e Haidegger (2006), e demonstrando ainda que a morte, para Quiroga, era
seu modo de vida, transformando sua angústia existencial diante do inevitável em
literatura, através de sua obra.

Palavras-chave: Angústia existencial; Morte; Suicídio; Literatura; Horacio Quiroga.

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14) O Amor Suicida e a Palavra Poética no Romantismo

Prof. Dr. Gabriel Pinezi (UTFPR)

Resumo:

O vínculo entre amor, morte e literatura aparece na cultura ocidental desde a


antiguidade, em torno do mito de Orfeu, poeta melancólico que desceu ao Hades em
busca de sua amada morta. O canto de amor está necessariamente relacionado, neste
mito, ao próprio vínculo humano entre linguagem, desejo e morte, pois cantar é
manifestar a “presença da ausência” do ser amado – isto é, transformá-lo, pela força da
poesia, em “signo”. Por isso, a lírica é, desde os gregos, pensada em sua relação com
amor e a morte: trata-se de um modo de extrair, da própria palavra, um prazer mortal.
Com o poder de sua lira, Orfeu busca ressuscitar em seu canto a Euridice amada,
trazendo-a de volta da morte; mas, para isso, ele mesmo precisa descer ao reino de
Hades, numa travessia de morte e ressurreição. O mito já ilustra que é na linguagem,
portanto, que os mortos sobrevivem e, ao mesmo tempo, os vivos experimentam a
própria mortalidade. Que nós, enquanto seres humanos, possamos amar aqueles a
quem pesa a sombra da morte e, nesse amor, dilacerarmo-nos – isso é o que torna a
poesia de amor possível. O objetivo dessa exposição é demonstrar que o tão antigo
vínculo órfico entre o poeta de gênio e a melancolia, que perpassa o ocidente da
antiguidade ao Romantismo, pode ser pensado em torno de uma “erótica da palavra”,
em que se imbricam os temas da fantasia, do amor e da morte. Tentaremos demonstrar
como a relação desses temas se apresenta no romantismo devido à herança histórica
de uma certa compreensão medieval do “amor hereos” enquanto uma doença mortal
que atormentava escritores e poetas. Segundo Agamben, em Estâncias, pode-se
demonstrar a existência de uma teoria da poesia e da linguagem no fim do medievo,
que, partindo dessa acepção erótica da melancolia, faz do amor uma experiência
intrínseca à própria linguagem. A poesia é, nesse sentido, uma experiência erótica por
si mesma, na qual o poeta extrai do canto a felicidade da impossível posse da mulher
amada. A hipótese que gostaríamos de demonstrar é que esta acepção do gênio
melancólico medieval em sua vinculação com uma certa compreensão do erotismo da
palavra poética perpassa obras modernas em que a realização máxima do amor se dá
no gesto suicida – como em Romeu e Julieta, de Shakespeare, Os sofrimentos do
Jovem Werther, de Goethe, os Hinos à noite, de Novalis, e Tristão e Isolda, de Richard
Wagner. No entanto, ao contrário da experiência do amor cortês, que faz da ausência
da amada na palavra poética a própria razão de viver e o antídoto contra esta “doença
mortal” que é o amor hereos, os românticos elevam a “autodestruição” dos amantes
como destino trágico e inevitável da paixão. Se o suicídio é a única forma de realizar a
paixão romântica, é porque o amor é, em si mesmo, uma experiência mortal, para além
de toda apreensão pela palavra.

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Palavras-chave: amor; suicídio; melancolia; gênio; romantismo.

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15) A Autobiografia e as Memórias em “O olho de Vidro do meu


Avô”, de Bartolomeu Campos De Queirós

Camila Yuemi P. Takashina (UEM)


Prof. Me. Pedro Bath (UEM/Orientador)

Resumo:

Este artigo tem como objetivo analisar os aspectos memorialísticos e autobiográficos


presentes na obra “O olho de vidro do meu avô”, de Bartolomeu Campos de Queirós,
com base na teoria memorialista e em estudos sobre autobiografia. Para isso, são
apresentadas características que comprovem a inserção da teoria autobiográfica e
memorialista na obra: o pacto autobiográfico e as memórias propriamente ditas. O
memorialismo, apresentado como lembrança edificadora de mitos pessoais e
monumentos de auto reconhecimento, é um trabalho com a subjetividade, de modo que
as memórias estão estritamente relacionadas à autobiografia. A autobiografia, por sua
vez, em sua definição mais simples de “escrita do eu”, apresenta, normalmente, um
pacto autobiográfico, que é o engajamento do autor em contar diretamente sua vida, por
meio da construção textual ou paratextual. Uma forma bastante comum em que o pacto
autobiográfico se constrói no meio literário é quando narrador, personagem e autor
possuem o mesmo nome, fazendo relação à mesma pessoa. Assim, o pacto
autobiográfico se dá a partir de um contrato de identidade. “O olho de vidro do meu avô”
é uma autobiografia memorialista por dizer respeito à escrita das lembranças da infância
do narrador-personagem, e, embora não haja uma relação explícita entre o nome do
autor e do narrador-personagem, o pacto autobiográfico acontece em uma obra anterior
de Queirós com a qual esta dialoga, na qual o autor revela-se como sendo a mesma
pessoa que o narrador-personagem. Mas é possível analisar outros aspectos presentes
no livro que podem comprovar que a obra é uma autobiografia, como a dedicatória que
Queirós faz em paratexto: “Para Maria das Graças”, pois esse nome faz relação com a
mãe da personagem, que também chama-se Maria. Além disso, outro aspecto é o
espaço em que se passa a história, que diz respeito a um lugar real, localizado em
Minas Gerais. Sendo assim, conclui-se que “O olho de vidro do meu avô” apresenta-se
como uma obra memorialista de caráter autobiográfico por conta de fatores como a
intertextualidade com outras obras autobiográficas de Queirós, que comprovam que o
autor, o narrador e o personagem da obra são a mesma pessoa; e os pactos
autobiográficos, que fazem relação com nomes e espaços que fazem parte da vida do
autor empírico. Por fim, a importância desse trabalho está em contribuir para uma
reflexão sobre a relação da vida de Queirós com seu fazer literário, além do estudo mais
aprofundado de uma das poucas autobiografias brasileiras direcionadas ao público
jovem, que rompe com a assimetria, por tratar das lembranças de infância do autor, e
que não possui caráter pedagogizante.

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Palavras-chave: Autobiografia; Memorialismo; Queirós; Literatura Juvenil.

16) O Suicídio de Judas Iscariotes: Representações Bíblicas da


Morte
Me. Thaize Soares Oliveira (UFGD)

Resumo:

O pensamento ocidental, tal como vemos hoje, parece ter sofrido certa influência da
Bíblia. Apesar do distanciamento histórico, é perceptível a presença de “ecos” dos
textos bíblicos em outros textos no decorrer dos séculos, isso nas mais diversas áreas
do conhecimento. A Bíblia, apesar de ser foco conhecido da teologia, também traz
possibilidades de análise que envolvam a literatura, a sociologia, a filosofia e outras.
Isso se deve a sua “harmonização altamente heterogênea de códigos, dispositivos e
propriedades linguísticas” como corrobora Robert Alter e Frank Kermode (1997), e ainda
outros fatores como estilo, estrutura e organização temática também colaboram para
que este texto seja objeto de estudo de outras áreas. Northrop Frye em seu livro O
Código dos códigos: A Bíblia e a Literatura (2004) afirma que a Bíblia pode ser
considerada uma pequena biblioteca, isso devido as mais variadas fontes, épocas e
contextos que ela trata. Sabendo dessa amplitude, tem-se aqui o objetivo de tratar o
texto bíblico pelo viés literário e as possíveis representações que este traz em relação a
morte, mais precisamente o suicídio. Para tanto, focaremos no personagem Judas
Iscariotes, que é uma das personalidades mais repudiadas na história do Cristianismo,
seja pela sua conduta como discípulo e traição, como também pela sua morte, o
suicídio, narrado no Novo Testamento, em Mateus 27: 1-5 e Atos 1:16-19. Destarte, é
sabido que são vários os escritores dos livros da Bíblia, e que cada um, a sua maneira,
retrata os episódios com a sua própria lente. Nesse sentido, o nosso desafio é refletir
sobre as lentes dos escritores que se encontram no Novo Testamento, dentre eles os
que escreveram os Evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas), como também o
do livro de João, e verificar de que forma eles detalham ou não, o mesmo episódio com
tons diferentes. Sendo assim, é possível que haja várias visões e representações do
personagem Judas Iscariotes e essas interpretações podem expor um panorama sobre
a temática do suicídio naquela sociedade. Também é válida a própria caracterização do
personagem, suas motivações, seus sentimentos que culminaram no seu suicídio. Para
tanto, é necessário apontar algumas considerações a respeito dos narradores presentes
nesses textos, e também, algumas particularidades literárias do texto bíblico, onde
serão válidas as colaborações de Robert Alter (1997; 2007), Frank Kermode (2007),

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Erich Auerbach (1976), e quanto às questões sociológicas relativas ao suicídio Émile


Durkheim (2014).

Palavras-chave: Bíblia; Literatura; Judas; Suicídio.

17) A Morte (antes da morte) em Last Days, de Gus Van Sant

Roberta Shizuko Takamatsu (Mestranda - UEL)


Rodrigo Souza Grota (Doutorando - UEL)

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo analisar a composição do texto dramático e da


narrativa sonora e visual do longa-metragem ficcional Last Days (2005), dirigido pelo
realizador norte-americano Gus Van Sant. Inspirado no imaginário em torno do cantor e
compositor de rock Kurt Cobain (1967-1994) que se suicidou aos 27 anos, o filme
acompanha os últimos dias do músico Blake, personagem explicitamente inspirado em
Cobain, e que se expressa por uma linguagem minimalista, composta por grunhidos,
frases incompletas e movimentos corporais sem sentido. A morte que irá acometer
Blake nos minutos finais se configura desde o início do filme por meio de uma série de
procedimentos estilísticos, incluindo desde o prolongamento temporal de situações
dramáticas (a partir da utilização sistemática de uma série de longos planos-
sequências), até mesmo o deslocamento espacial permanente, expresso por
movimentos de câmeras fluídos e contínuos (por meio de travellings que duram alguns
minutos). A estética empregada a este filme parece ter como objetivo reconstruir uma
espécie de beleza diante da morte, como se a não-ação do personagem principal,
misturada ao seu constante movimento/conflito interior, resultassem na expressão mais
exata dessa não-vida em vida, ou, em outras palavras, nesta morte antes da morte. Van
Sant adota uma estética não-realista, recusando uma lógica aristotélica, escapando de
uma linguagem causal mediada por certa unidade de ação, tempo e espaço. O próprio
conceito de personagem é problematizado a partir da criação de um personagem vazio
(sob um viés psicológico), aparentemente assexuado (a partir de sua composição visual
andrógina e mesclada), e que não apresenta em momento algum a expressão de um
desejo ou a ressonância de algum conflito dramático mais explícito. Van Sant opera em
uma abordagem mais fluida, em que tanto o universo exterior quanto o interior se
integram para a composição do personagem Blake, uma referência direta ao poeta e
pintor inglês William Blake (1757-1827), mas também uma releitura do mito Cobain,
associada a figuras malditas do passado, como Rimbaud e Verlaine, por exemplo. O
filme é esculpido em uma ambiência de delírio permanente, em que apenas Blake
parece estar conectado com uma outra realidade, uma dimensão interna e inacessível

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pelos demais personagens. A sequência final, que mostra a alma de Blake se


dissociando do corpo do músico, aspira a uma certa transcendência direta presente em
filmes de cineastas como o japonês Carl Theodor Dreyer e o francês Robert Bresson,
atribuindo a esta fábula um caráter místico, porém não religioso. Isto porque desde a
primeira sequência do filme Blake se mostra como um ente isolado, fechado em si
mesmo, porém sempre conectado a uma natureza não-mundana, algo que está muito
próximo do personagem e que no entanto resiste em se esconder/ocultar para nós
espectadores. É como se Blake sempre fosse um espectro, e a morte/suicídio apenas
tornasse esse tom espectral algo mais concreto e invisível.

Palavras-chave: Last Days; Gus Van Sant; Cinema Contemporâneo; suicídio; rock and
roll, Kurt Cobain.

18) A Negação do Vazio no Conto: Sobre as Origens (pouco


visíveis) de um Suicídio, de Gonçalo M. Tavares

Ibrahim Alisson Yamakawa (UEM)


Profa. Dra. Luzia Aparecida Berloffa Tofalini (UEM/ Orientadora)

Resumo:

O presente artigo, fundamentado no conceito de silêncio primordial e na noção de vazio,


pretende analisar o conto intitulado Sobre as origens (pouco visíveis) de um suicídio de
Gonçalo M. Tavares à luz da obra de Santiago Kovadloff Silêncio Primordial (2003). A
ideia é compreender os limites da representação do silêncio primordial e do vazio em
sua relação com o suicídio representado nesse conto tavariano. O silêncio primordial,
entendido como um vazio inevitável ou uma ausência originária, intrínseco a qualquer
sujeito, corrobora a ideia de que o vazio é inerente ao sujeito. Assim, o vazio originário
do silêncio primordial é condição à constituição do homem. Há uma ideia de vazio, no
entanto, que escapa a essa condição fundamental. Trata-se da ideia de vazio que é o
nada que falta à palavra, o vazio como ausência e negatividade dos sentidos. Trata-se
da noção de esvaziamento do sujeito que o coloca diante de um campo vazio onde os
sentidos são a priori impossíveis. Se por um lado existe um vazio enquanto presença
inalienável, propiciador da existência de sentidos, há, por outro lado, um vazio que é a
causa da perda do sentido da vida. A noção de vazio como negatividade dos sentidos,
assim, se mostra inversamente à noção de vazio oriunda do Silêncio Primordial, e
partindo dessa oposição é que esse artigo pretende discorrer sobre a relação entre
vazio e o suicídio. Ao partir da hipótese de que o vazio enquanto negatividade de
sentido cumpre um papel fundamental para a compreensão das origens do suicídio

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representado no conto Sobre as origens (pouco visíveis) de um suicídio é necessário


recorrer, inicialmente, ao conceito de silêncio primordial que acresce potência à
linguagem e ilustra a fragilidade das palavras, para poder entender as origens não ditas
desse suicídio narrado nesse conto tavariano. Acredita-se que só por meio do silêncio
primordial é possível alcançar suas origens indizíveis. Para tanto, o aporte teórico
necessário para orientar e fundamentar as discussões sobre silêncio primordial, vazio e
suicídio fica a cargo de estudos realizados por Santiago Kovadloff (2003), David Le
Breton (1999), Maria Lúcia Homem (2005), Alain Badiou (1996); (2008), entre outros.
Espera-se aprofundar conhecimentos teóricos e críticos relacionados ao texto literário,
além de contribuir para a ampliação da fortuna crítica do escritor em questão.

Palavras-chave: Vazio; Silêncio Primordial; Gonçalo M. Tavares.

19) Entre a Vida e a Morte em A Desumanização, de Valter Hugo


Mãe

Marco Antonio Hruschka Teles (UEM)


Profa. Dra. Luzia Aparecida Berloffa Tofalini (UEM/Orientadora)

Resumo:

Émile Durkheim, em O suicídio: estudo de sociologia (1973), atribui fatores sociais ao


ato de dar cabo à sua própria vida. Segundo o sociólogo francês, quanto mais envolvido
socialmente um indivíduo está, seja com relação à família, a grupo de amigos, à religião
ou ao trabalho, menores as chances de cometer um suicídio. Ou seja, eliminando a
possibilidade de um gene suicida no indivíduo, o motivo que o impulsionará ao ato
derradeiro será sempre de cunho social. Por outro lado, Albert Camus, em O mito de
Sísifo, trata da relação entre o pensamento individual e o suicídio. De acordo com o
escritor argelino, “um ato desses se prepara no silêncio do coração” (2009, p. 18).
Julgando que o sentido da vida é a mais importante das indagações, afirma que o único
problema sério na filosofia é justamente o do suicídio. Camus, apropriando-se da
célebre máxima de Shakespeare e utilizando-a a seu modo diria “Suicidar-se ou não se
suicidar: eis a questão”. O presente trabalho aborda a questão do suicídio como uma
possibilidade existencial, levando em consideração o ato como uma tentativa de
encontro com um ideal de autenticidade. Em A desumanização, de Valter Hugo Mãe, a
narradora, Halla, é assolada pela ideia da morte e, em determinados momentos, o
suicídio é uma possibilidade libertadora. Entre fiordes islandeses e outras paisagens
não menos insólitas e recônditas, como as do âmago do Ser, Halla narra a sua jornada,
que consiste na superação da perda de sua irmã gêmea. Após a morte de Sigridur,
Halla vaga como um fantasma à procura de sua completude. A ideia do suicídio é vista
como uma possibilidade ontológica pela menina, uma vez que somente se sentiria

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realizada ao lado da irmã. A sua existência só faria sentido se crescesse e


compartilhasse as experiências no mundo na companhia daquela que simboliza o seu
ponto de equilíbrio vital. Morte, assassinato e suicídio são palavras-chave desse
romance que desestabiliza o leitor pela singeleza da trama, pelo teor poético da
linguagem e pelas reflexões acerca do mistério que envolve o universo. Como suportar
a existência quando a sua irmã gêmea, ainda criança, morre? Como lidar com a
ausência de alguém que representa uma parte inestimável do seu próprio ser? Ao final
da história, percebe-se que, como num inevitável ciclo, a morte (ou o matar) pode ser a
porta de entrada para uma nova existência, a partir de então mais equilibrada pois que
purificada pelo ritual de morte/renascimento.

Palavras-chave: A desumanização; Valter Hugo Mãe; morte; suicídio.

20) Temas Polêmicos na Literatura Infantil e Juvenil: Percepções


Sobre o Suicídio em Crianças e Jovens
Prof. Me. Pedro Afonso Barth (UEM)

Resumo:

O suicídio é um tema tabu que apresenta reverberações e consequências na vida de


todos os envolvidos. Como é algo presente na vida concreta, é natural que crianças e
adolescentes possam se deparar com situações em que o suicídio acontece. Por isso, é
natural que obras para crianças e jovens lidem com essas questões. Entretanto, a
questão que visamos compreender e responder: quando o suicídio é retratado em obras
infantis/juvenis temos o olhar moralizador do adulto ou são as impressões de crianças e
jovens e suas reações ao ponto principal das narrativas? Uma das principais
características da Literatura Infantil e Juvenil de Qualidade é quando acontece o
rompimento da assimetria: quando o mundo a criança e/ou do adolescente é retratado,
sem o olhar moralizador e padronizador do adulto. Porém, durante muito tempo era
comum e esperado que obras direcionadas para crianças e jovens evitassem
determinadas temáticas como morte, doenças como AIDS, câncer e principalmente o
suicídio. Percebe-se que essa barreira invisível vem sendo rompida. Em meados da
década de 2010 observou-se um fenômeno mercadológico denominado como Sick-Lit,
obras direcionadas para adolescentes que tratam de temas polêmicos como
personagens depressivos, doenças terminais e tendências suicidas. São exemplos
dessa tendência “A culpa é das estrelas”, de John Green, “As vantagens de ser
invisível”, de autoria de Stephen Chbosky e “Os treze porquês” de Jay Asher.
Entretanto, ao falar da abordagem de temas polêmicos não podemos deixar de citar a

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obra da brasileira Ligia Bojunga, que durante décadas trouxe para a literatura infantil e
juvenil o enfoque nesses temas polêmicos, como em “O Abraço”, que trata de estupro e
“Meu Amigo Pintor” que retrata o suicídio. O presente trabalho tem o objetivo de discutir
e refletir sobre o tratamento de temas polêmicos como o suicídio na Literatura Infantil e
Juvenil refletindo sobre o modo que personagens adolescentes e crianças lidam com o
suicídio, especialmente nas obras anteriormente citadas. Para tanto, vamos articular
tanto pesquisas sobre Literatura Infantil e Juvenil como as desenvolvidas por Loterrman
(2006), Zilberman (2003), Martha (2009), como reflexões sobre o suicídio com em
Alavarez (1999) Schopenhauer (1951). Não é possível ter conclusões absolutas sobre
um tema tão amplo e polêmico, mas é possível apontar em cada uma das obras se há a
articulação do olhar da criança e do adolescente sobre a questão do suicídio ou apenas
o aproveitamento do tema com um mero chamariz para venda de produtos literários.

Palavras-chave: Literatura Infantil. Literatura Juvenil. Suícidio. Sick-Lit. Assimetria.

21) Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares: O Vazio e o Suicídio


Mesclado de Loucura e Sanidade

Roberto Araújo da Silva (UEM)

Resumo:

Essa comunicação visa a investigar o romance Jerusalém, do escritor português


Gonçalo M. Tavares sob o vies do vazio e da possibilidade de suicídio. A obra traz à
tona aquilo que o autor tem de mais próximo como visão da sociedade moderna, o que
pode impactar o leitor, ao mergulhar em textos que o leva a refletir a respeito da loucura
e da sanidade, que se tornam homogêneas, induzindo-o até mesmo a se confundir
entre um e outro, podendo remeter a um questionamento já levantado por Álvaro de
Campos no poema “Tabacaria”: “Em todos os manicómios há doidos malucos com
tantas certezas! Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?”
(PESSOA, 2007). Visto que já não sabemos até quais aspectos da realidade moderna
podem ser considerados afetados por um grau de loucura ou sanidade ou, até que
ponto é possível desresponsabilizar o ser por seus atos, visto que há um grau de
anormalidade psíquica presente nele. O vazio torna-se essencial na composição dessa
obra, uma consequência da vulnerabilidade profunda do ser humano, o qual muitas
vezes, tem como características inerentes o medo, a debilidade, deficiência, angustias e

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traumas, que atingem de forma diferente cada individuo, porém com o vazio presente
em todos. Tavares nos apresenta pessoas visivelmente em dependência à miséria da
vida, já desgraçadas e deterioradas psicologicamente, nos põe de frente com a
realidade quando traz à tona reflexão sobre o valor do ser humano, que compõe sua
personalidade do fruto da deterioração do sofrimento psíquico, um ponto fundamental
para a compreensão do desenvolvimento do enredo e de seus personagens. É esse
vazio intrínseco ao ser humano que permite ser preenchido pela dor e pela loucura,
muitas vezes fruto das mazelas morais, físicas e existenciais. A obra transcende a
representação da visão que o autor tem da sociedade, se transforma em uma criação
de um universo, com múltiplos sentimentos, como a dor, suicídio, medo da vida, amar e
tendo o sofrimento e a violência como aspectos indispensáveis. O sofrimento é uma
característica inconstante inerente ao homem, que só alcança a estabilidade com a
morte, o que faz, muitas vezes, o ser ter apenas a fé a quem recorrer. Jerusalém traz
uma complexidade capaz de trabalhar a interdisciplinaridade da literatura com a
sociologia, psicologia e filosofia. Com esse trabalho, esperamos aprofundar
conhecimentos relacionados à obra desse escritor, bem como contribuir para dar
visibilidade a ela.

Palavras-chave: Vazio; Loucura; Jerusalém; Gonçalo M. Tavares.

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SIMPÓSIO 2) Literatura latino-americana: diálogos em perspectivas


comparativas
Prof. Dr. Weslei Roberto Candido (UEM)
weslei79@gmail.com
Prof. Dr. Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE)
chicofleck@yahoo.com.br
Me. Cristian Javier Lopez (UVigo / Espanha)

1) O Contexto Histórico das “Órfãs da Rainha” em Desmundo (1996),


um Romance Histórico Contemporâneo de Mediação

Beatrice Uber (UNIOESTE)


Prof. Dr Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE/Orientador)

Resumo:

Desmundo (1996), da autoria de Ana Miranda, é uma narrativa híbrida, ou seja, mescla
elementos de história e ficção apresentando personagens femininas que ficaram
conhecidas como as “Órfãs da Rainha”, mulheres trazidas de Portugal para o Brasil
durante os primórdios da colonização brasileira, no século XVI, com o objetivo de casa-
las com colonizadores portugueses, gerar filhos desses homens e serem ótimas mães
— aspectos deste contexto histórico relidos pelo romance. Oribela de Mendo Curvo, a
personagem protagonista dessa obra literária, é quem narra, em primeira pessoa, sua
própria história e a das outras personagens órfãs, que a acompanharam na travessia
marítima e na inserção no “Novo Mundo”. Os relatos lineares dessa personagem
feminina descrevem sua saída de Portugal, a árdua viagem marítima, os preparativos
para o seu casamento, a cerimônia realizada pela igreja católica, a confirmação de sua
virgindade, a vida de casada ao lado do esposo Francisco de Albuquerque, sua
amizade com a nativa Temericô, sua adaptação à cultura dos nativos da terra, suas
duas tentativas de fuga no intuito de regressar à terra portuguesa, o caso amoroso
como mouro Ximeno Dias, sua conturbada gravidez ao lado da sogra e da cunhada —
que era fruto da relação incestuosa entre a mãe, dona Branca de Albuquerque, e o filho,
Francisco —, o nascimento do filho e o abandono do marido, o qual retorna à Portugal
com a criança, fruto que comprova a traição da esposa e evidencia a relação extra-
conjugal. Os relatos da protagonista da diegese romanesca destacam os difíceis

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momentos enfrentados por ela e as outras órfãs na colônia ultramarina de possessão


portuguesa. Nesse sentido, ambicionamos apresentar quem eram essas “Órfãs da
Rainha” segundo a história, dando ênfase a suas origens, principais características que
as qualificavam como órfãs, o local de onde descendiam, para onde eram levadas e em
quais condições se davam as viagens. Além de apresentar essas especificidades,
desenvolveremos uma análise que mostra como essas jovens mulheres foram
retratadas na narrativa fictícia em estudo, que relê criticamente suas imagens. Dentro
dessa proposta, explicaremos que o romance Desmundo pertence à terceira fase do
romance histórico, conhecida como “mediadora”, e recebe a denominação de “romance
histórico contemporâneo de mediação”, termo cunhado pelo pesquisador brasileiro
Fleck. O suporte teórico usado para embasar tal pesquisa é composto por alguns
autores, como Costa (1946), Garcia (1946), Almeida (2003), Fleck (2007; 2017), entre
outros.

Palavras-chave: Romance histórico contemporâneo de mediação; Literatura de autoria


feminina; Órfãs da Rainha; Desmundo (1996).

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2) As Memórias da Ditadura em K. – Relato de uma Busca, de Bernardo


Kucinski

Jéssica Baia Moretti da Silva (UEM)


Prof. Dr. Weslei Roberto Candido (UEM / Orientador)

Resumo:

A presente comunicação tem por objetivo analisar os relatos memorialísticos da ditadura


militar em K. – Relato de uma busca, de Bernardo Kucinski. O romance tem como tema
a constante e infrutífera busca de um pai, K. , por sua filha desaparecida política durante
o período da ditadura militar no Brasil entre os anos 1964 e 1985. No decorrer do
romance, não apenas K. tem voz, mas personagens de diferentes posições sociais
podem ser ouvidas, possibilitando, assim, uma maior compreensão do contexto da
ditadura militar. Muitíssimo semelhantes aos fatos ocorridos na vida de K. são os fatos
ocorridos na vida do autor, com a diferença de que a pessoa procurada não é a filha,
mas a irmã, Ana Rosa, que assim como a personagem do romance era professora
universitária. No romance, ficção e memória fundem-se de forma a compor este
significativo romance que traz à memória as torturas e os demais sofrimentos
ocasionados pelo regime ditatorial. K. é testemunha de dois eventos traumáticos: a
Shoah (termo em iídiche que define o holocausto judeu) e a ditadura militar brasileira.
Portanto, o romance será analisado sob a perspectiva do testemunho e do trauma. Para
expressar o seu sofrimento, K. recorre ao testemunho escrito, pois sem a ficção, ele não
pode se expressar e ser compreendido satisfatoriamente, tendo em vista o teor de seus
traumas. Os relatos memorialísticos de pessoas de diferentes extratos sociais e
diferentes visões políticas, como por exemplo, o pai de uma desaparecida político e
uma amante de um general, conferem à obra uma memória paralela a oficial. Desta
forma, somos levados a questionar e a repensar a memória até então concebida como
única e inquestionável. A importância da obra persiste no fato de ela ser uma tentativa
de resgate da memória nacional acerca do período ditatorial. Como principal
embasamento teórico para os estudos da memória os livros utilizados serão: A
memória coletiva (1990), de Maurice Halbwachs, História e Memória (2013), de Jacques
Le Goff, A memória, a história, o esquecimento, de Paul Ricoeur e História, memória,
literatura: o testemunho na era das catástrofes (2013), de Márcio Seligmann-Silva. Para
Halbwachs, a memória individual é construída sob o ponto de vista da memória coletiva,
pois não é possível se desvincular das lembranças e das referências do grupo do qual
se faz parte. Em K. - Relato de uma busca, a memória presente não é apenas a
individual de Kucinski, mas a memória coletiva de um dos períodos mais caóticos da
história do país.

Palavras-chave: Memória; K. – Relato de uma busca; Bernardo Kucinski; Ditadura


militar.

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3) A Fotografia como Reconstrução do Passado em Relato de um Certo


Oriente, de Milton Hatoum

Gabriela Soares Nogueira Andreatti (UEM)


Prof. Dr. Weslei Roberto Candido (UEM/ORIENTADOR)

Resumo:

O presente trabalho busca explicar, com base nos exemplos fotográficos encontrados
no romance Relato de um certo oriente, de Milton Hatoum, o uso da fotografia como
forma de presentificação das memórias congeladas no papel e a maneira como são
utilizadas para registrar os momentos e preservá-los do esquecimento e das oscilações
da memória. A reconstrução do passado, por meio dos registros fotográficos, torna-se
possível graças à faísca acesa na memória, que ao entrar em contato com o registro
imagético e com o instante capturado pelo olhar do fotógrafo, dá início ao trabalho da
reminiscência, o qual permite reconstruir a cena fixada na imagem. Por meio dela, as
demais memórias relacionadas ao spectrum da foto são gravadas na memória como em
uma chapa de prata, como afirma Aleida Assman. Desta forma, o uso da fotografia no
enredo da narrativa será analisado com base nos estudos de Roland Barthes, Jacques
Le Goff, Aleida Assmann e Maurice Halbwachs, com objetivo de traçar a conexão entre
memória e fotografia como um dos caminhos percorridos por aqueles que desejam a
reconstrução do passado a partir de uma materialidade que remeta a um determinado
evento. Assim, as imagens fotográficas, muito mais do que meros objetos decorativos,
são a representação do instante ali capturado, deixando o olhar transpassar o suporte
material, ao dar acesso à memória do momento fixado sobre o papel que recebe as
imagens, permitindo olhar para o que já não pode mais ser revivido, sem auxílio da
faculdade memorialística. Por isso, aquele que observa revive, por meio da visão, o
momento congelado no papel de uma forma mais impactante do que a lembrança
imaginada ou ouvida, uma vez que a imagem permite rever aquilo que não pode mais
ser alcançado. Embora, a fotografia não seja o instante real, porque é um anglo de
visão escolhido pelo fotografo, é tida por muitas pessoas como uma forma de
preservação mais fiel do passado. O espectador observa a foto e é como se o passado
renascesse diante de seus olhos. Por isso, no trabalho de memorialista, a narradora de
Relato de um certo oriente, evoca o personagem de Dorner, o fotógrafo alemão que
registrou as imagens da família e da época de sua infância. Visitá-lo permite à
memorialista, rever o passado pela materialidade da foto, que lhe produz a sensação de
que o distanciamento do passado se reduz diante da imagem. Ao mesmo tempo, Dorner
se torna uma testemunha mais confiável, uma vez que procurou registrar os momentos
em imagens e tem um olhar mais apurado para os detalhes que se perdem com o
tempo.

Palavras-chave: Memória; Fotografia; Literatura Brasileira.

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4) Os Vestígios da Biografia em O Ateneu, de RAUL POMPEIA: As


Marcas de um “Pacto Autobiográfico”

Gabriela de Castro Pereira (UEM)

Resumo:

Os limites entre história e ficção, em muitas narrativas, são tênues e estão atrelados de
tal forma à literatura que a memória se configura como parte da estrutura do romance,
como é caso de O Ateneu (1888). Nessa narrativa, é possível encontrar traços da vida
de Raul Pompeia. Desta maneira, o objetivo da presente comunicação é analisar os
traços autobiográficos do romance e verificar o quão próximo está de uma autobiografia;
se é possível que ele seja classificado dentro desse gênero. Para fundamentar a
pesquisa, usou-se como referencial bibliográfico o conceito de “pacto autobiográfico”, de
Philippe Lejeune (2014), afim de encontrar os chamados “biografemas” (Barthes, 2004),
da vida Pompeia no romance, por meio da coleta de dados biográficos. Embora o autor
não dê seu nome ao protagonista para narrar a história, ele dá o subtítulo de “Crônicas
de Saudades” ao enredo, que tem muitos traços similares aos que foram vividos por
Pompeia. Portanto, o trabalho investigativo se pauta em apontar ressonâncias
bibliográficas de Raul Pompeia em Sérgio.

Palavras-chave: Raul Pompeia; Ateneu; autobiografia; memória; romance.

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5) Os Percursos da Memória em Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens


Paiva

Caroline Peres Martins (UEM)


Prof. Dr. Weslei Roberto Candido (Orientador /UEM)

Resumo:

Com a instauração da Comissão Nacional da Verdade e a abertura dos arquivos do


DOPS, que apesar de não punir nenhum dos violadores de direitos humanos, teve como
resultado de seus interrogatórios que o Estado assumisse oficialmente os crimes
cometidos durante a ditadura militar. O relatório dessa Comissão impulsionou o
interesse por diversas publicações que abordavam essa temática, fazendo com que
elas retornassem ao âmbito de interesse das pessoas, como é o caso de Ainda estou
aqui (2015), de Marcelo Rubens Paiva. A presente comunicação procura discutir de que
modo é construída a memória da família Paiva, no livro em questão. A visão
retrospectiva do narrador propicia o exame de um capítulo representativo da Ditadura
Militar no Brasil: o desaparecimento do deputado cassado Rubens Paiva. Essa narrativa
memorialística visa preservar a figura de seu pai e, concomitantemente, desfazer a
versão da história oficial encontrada nos manuais didáticos, uma vez que o regime
militar, ao promulgar a Lei da Anistia em 1979, traçou meios para ocultar as ferocidades
ocorridas no período ditatorial brasileiro, visto que impôs a obrigatoriedade de
esquecimento, por meio de várias tentativas de apagamento das memórias individuais,
a fim de amenizar os traumáticos anos de repressão comandados por agentes de
Estado contra aqueles que se opunham ao regime. A pesquisa se fundamenta em
autores como Aleida Assman, Henri Bergson, Márcio Seligmann-Silva, Paul Ricoeur,
Michel Pollak e, sobretudo, em Maurice Halbwachsm, em razão da análise que o autor
faz acerca do caráter coletivo da memória, por ser construída a partir de um dado
comum ao grupo. O autor ainda explica que a memória coletiva é fundamental para
coesão social, já que não é imposta e possui uma adesão afetiva, em que membros do
grupo compõem sua memória a partir de um acontecimento passado que lhes é
partilhado, isto é, a memória é como um processo social de reconstrução do passado,
experimentado por certo grupo ou sociedade. Esse passado se difere da história, uma
vez que ela se refere apenas aos fatos, sem considerar os sentimentos experimentos
pelos indivíduos. Aspira-se, por fim, comentar o modo como a progressiva doença de
Mal de Alzheimer, que acomete a progenitora do autor e narrador da obra, Eunice
Paiva, pode ser considera a metáfora da grande amnésia coletiva presente no Brasil ao
se abordar a ditadura, pois a reconciliação entre o Estado e a sociedade fez com que

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esse passado, enquanto trauma político, continuasse submerso no inconsciente social


como um silêncio coletivo.

Palavras-chave: Memória; Coletividade; Esquecimento; Regime militar;

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6) Considerações Histórico-Literárias sobre a Revolução Haitiana em El


Reino de este Mundo (2012 [1949]), de Alejo Carpentier

Tatiana Pereira Tonet (UNIOESTE)


Prof. Dr. Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE/Orientador)
Resumo:

Este artigo propõe uma análise interpretativa dos fatos fictícios e históricos sobre a
Revolução Haitiana (1791-1804), presentes em El reino de este mundo (2012[1949]), do
escritor Cubano Alejo Carpentier. Buscando alcançar o objetivo proposto, iremos
analisar as questões sociais, econômicas e políticas que desencadearam o conflito, a
sua trajetória – desde o levante iniciado na parte norte da colônia francesa à
emancipação territorial e escravocrata –, as primeiras lideranças haitianas, e os
desdobramentos e efeitos da sublevação na vida dos principais personagens, sendo
eles fictícios e de extração historiográfica. A revolução escravocrata de Saint-Domingue,
mais conhecida como Revolução Haitiana, foi a maior rebelião escrava do mundo, que
deu origem à libertação dos escravos e a independência da ilha. Após a proclamação
da república, Saint-Domingue recebeu o nome de Haiti e se tornou o primeiro estado
independente da América Latina, assim como a primeira república negra do mundo.
Desse modo, para constatar a confluência entre ficção e história no romance de
Carpentier que relê esse passado latino-americano, recorre-se ao discurso
historiográfico, com uma breve análise interpretativa de fatos elencados pela história
oficial a respeito da Revolução Haitiana, assim como os contextos anteriores e
posteriores à revolta de origem escrava. Essa análise permite confrontar as visões
dicotômicas sobre esse passado da América Latina, bem como analisar as diferentes
possibilidades que a ficção dispõe para reler as diversas passagens historiográficas
relacionadas à antiga colônia francesa entre os séculos XVIII e XIX. Nesse intento,
buscamos elucidar como a ficção pode corroborar as versões hegemônicas da história,
enaltecer personagens e fatos ou descontruir os relatos historiográficos por meio de
outras vozes e outras perspectivas, fornecendo uma visão diferenciada do conflito por
meio de técnicas escriturais próprias do fazer literário. Com base nos historiadores Pons
(1991), Popkin (2007, 2012); Geggus (2014), entre outros pesquisadores, podemos
afirmar que Carpentier recorre à história tradicional para desenvolver seu romance
híbrido com o propósito de expor, satirizar, ironizar e criticar a opressão do homem pelo
homem, independentemente de sua raça ou cor. O conflito é descrito como o único
levante negro e escravo a obter êxito na história da humanidade, que teve como
consequência a continuidade da exploração, antes praticada pelo homem branco, pelos
próprios ex-escravos. Como resultado, é possível evidenciar como a história oficial
relida pela ficção contemporânea pode ampliar a visão crítica do leitor na atualidade.
Pressupostos teóricos como os de Aínsa (1991), Menton (1993), Márquez Rodríquez
(1995) e Fleck (2017), sobre o gênero híbrido de literatura e história, serão, também,
subsídios para nossa análise.

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Palavras-chave: Revolução haitiana; Saint-Domingue; El reino de este mundo (2012


[1949]); escravos; romance híbrido.

7) Na Maria De Jesus Ribeiro: Trajetória das Imagens Ficcionais


Desconstrutivas e Mediativas de Anita Garibaldi

Marina Luísa Rohde (UNIOESTE)


Prof. Dr Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE/Orientador)

Resumo:

Ana Maria de Jesus Ribeiro (1821 – 1849), conhecida como Anita Garibaldi, ganha
importância para a região sul do Brasil após o seu envolvimento amoroso com Giuseppe
Garibaldi. Sua vida é estudada pela historiografia em função de seu envolvimento
amoroso com o marinheiro italiano como também pela sua presença em combates no
Brasil e na Itália. A história de Anita e Giuseppe tem instigado historiadores e
romancistas que percebem um aspecto singular nessa relação que é o fato de Anita
também estar presente na esfera pública em um período em que essa presença era
condição prioritariamente masculina. A separação conjugal de seu primeiro marido, a
participação em batalhas e a saída do país para acompanhar Giuseppe tornaram Anita
uma personalidade distinta e respeitada em seu país de origem e também em outros
países do continente americano, com representações literárias dessa personagem em
distintos países, além do reconhecimento Italiano. O momento de destaque da atuação
de Anita no contexto brasileiro se dá no período da Revolução Farroupilha (1835–1845),
sendo esse um dos temas mais trabalhados da historiografia sul-rio-grandense, por ser
a maior representação de luta do Estado contra o Império. Como corpus de análise para
o presente estudo, abordaremos dois romances, o primeiro do brasileiro João Felício
dos Santos, A Guerrilheira (1979), e o segundo da Argentina Alicia Dujovne Ortiz, Anita
cubierta de Arena (2003). Em linhas gerais, A Guerrilheira nos apresenta aspectos que
corroboram com as proposições sobre o novo romance histórico latino-americano
evidenciadas por diferentes teóricos, entre eles Aínsa (1988-1991), Menton (1992),
Esteves (2010) e Fleck (2017), em sua finalidade principal de ressignificar criticamente
os registros do passado. Anita cubierta de arena, por sua vez, parte de um prisma que
ainda corrobora com o revisionismo crítico, todavia, o seu efeito já não se concentra nos
experimentalismos linguísticos e formais. Seguindo a mesma tendência exposta pelo
novo romance histórico latino-americano de lançar luzes às deliberadas omissões do

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passado, essa escrita híbrida muito recorrente na contemporaneidade, com seu início
na década de 80, é denominada por Fleck (2008) de romance histórico contemporâneo
de mediação, uma vez que ele atua nessa perspectiva intermediária entre as fases
acrítica e crítica propostas por Fleck (2017). Intentamos, assim, refletir acerca dessas
duas representações no que tange os elementos simbólicos utilizados por ambas as
narrativas ao retomarem o passado histórico por um viés revisionista.

Palavras-chave: Anita Garibaldi; Novo romance histórico latino-americano; Romance


histórico contemporâneo de mediação; A Guerrilheira (1979); Anita cubierta de arena
(2003).

8) Literatura Espanhola e Latino-Americana: Símbolos, Religiosidade e


Culturas Transtemporais

Amanda Neri de Souza Lopes (UFMS)


Profa. Dra. Amaya Obata Mourino de Almeida Prado (UFMS/Orientadora)

Resumo:

No ano de 1613 na cidade de Madrid - Espanha, Miguel de Cervantes Saavedra teve


seu segundo livro publicado Novelas Exemplares, o primeiro sendo o fomoso Dom
Quixote de La Mancha (1605) que deu a ele o reconhecimento de grande escritor,
valorizando, posteriormente, as novelas assim que foram publicadas. Essas novelas
fazem parte do seu segundo livro, esse foi escrito durante 22 anos, proporcionando
doze novelas que também seriam reconhecidas e traduzidas para muitas outras línguas.
Dentre as doze novelas, a novela que terá enfase no trabalho será a sexta A força do
sangue que contribui para a discussão proposta. Além dessa novela de Cervantes,
utilizaremos também um conto do escritor colombiano renomado Gabriel Gárcia
Márquez que produziu várias obras que foram traduzidas para vários idiomas, sendo
reconhecido como um dos maiores escritores do realismo mágico do século passado
nos países latino-americanos. O conto que será trabalho, Gárcia Márquez denominou
de O rastro do teu sangue na neve, sendo esse o último conto do seu livro Doze contos
peregrinos (1992). Para trabalharmos os símbolos presentes nas duas obras, eles serão
analisados de acordo com o Dicionário de símbolos (1995) de Jean Chevalier, que nos
traz definições de símbolos utilizados em obras literárias. Em ambos os textos o sangue
é representado como causador de todo o sofrimento que existem nas duas obras, pois
tanto uma quanto a outra obra abordam sobre a pureza feminina diante a perda da sua

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dignidade quando essas têm relações sexuais, propositalmente ou não, já que na


novela de Cervantes o sangue seria retirado de maneira criminosa e a mulher seria
vítima da desonra e no conto de García Márquez esse sangue saía de uma mulher que
perdeu sua virgindade propositalmente, mas mesmo assim ela deveria esconder esse
fato por questão de honra principalmente para zelar o nome da sua nobre família, para
tornar difícil a encoberta nos dois casos, ambas as mulheres engravidaram, mas nem
isso colocaram as duas em exposição ao ridículo, como acreditavam antigamente
nesses países que as obras foram escritas, pois nesses países havia, e ainda existe
hoje, uma grande influência do catolicismo nas suas culturas. Nessa comunicação,
entretanto, temos intensão de trabalhar a novela citada de Cervantes e o conto de
Gárcia Márquez e suas características similares, expondo a relação entre dois textos
escritos em dois países distintos, mas com suas culturas semelhantes. Além da cultura,
o que ainda será enfatizado é a questão do tempo, pois entre a publicação de uma obra
e outra se passaram 387 anos ou mais, pois enquanto Novelas exemplares de Miguel
de Cervantes foi publicada no famoso Século de ouro espanhol, a outra seria publicada
só no Realismo Mágico no Doze contos peregrinos de Gárcia Márquez. Mesmo que as
características de escrita e de fazer literatura são distintas, alguns símbolos como o
vermelho e o sangue, estão presentes nas obras de maneira que interligam esses dois
textos com a religiosidade e crenças sociais de anos passados.

Palavras-chave: Literatura espanhola; literatura latino-americana; obras transtemporais;


símbolos; religiosidade.

9) Conflitos Territoriais entre Paraguaios e Brasiguaios em Xirú, de


Damián Cebrera

William Duarte Ferreira (UNILA)


Profa. Dra. Débora Cota (UNILA/Orientadora)

Resumo:

Cornejo Polar (2013) introduz o conceito de heterogeneidade em um âmbito em que


forças centralizadoras buscavam estabelecer um núcleo homogêneo que refratasse
uma identidade peruana coerente e unificada, apagando, assim, os conflitos étnicos
existentes naquele território. O conceito, a partir disso, é expandido e passa a dialogar
com o cenário latino-americano de maneira geral, posta a impossibilidade de se pensar
em uma identidade latino-americana única e totalizante. Abordando de modo especifico
o território paraguaio, é possível observar um cenário semelhante àquele encontrado no
Peru, em que as tensões culturais e identitárias não se limitam à pluralidade de

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tradições locais ou regionais, mas se constituem como conflitos de raça, língua e


sentimentos (POLAR, 2013). É possível citar como exemplo disso a tensa relação entre
paraguaios e os chamados “brasiguaios” – brasileiros e filhos de brasileiros detentores
de grandes terras paraguaias (GODOY, 2014). A migração de brasileiros ao Paraguai,
cujo maior fluxo se deu a partir do final da década de 1950 mediante a aproximação
política entre os dois países, alterou consideravelmente a realidade agrícola e
econômica deste. Esse processo, no entanto, também culmina em uma série de
conflitos; de um lado, camponeses paraguaios reivindicam seu direito às terras
ocupadas por brasiguaios enquanto estes se colocam como responsáveis pelo
desenvolvimento econômico do país (GODOY, 2014). Xirú (2012), de Damián Cabrera,
refrata elementos dessa realidade por meio de uma narrativa que, ao abordar a
heterogeneidade étnica existente no Paraguai e os conflitos gerados a partir disso,
mostra-se heterogênea e híbrida desde sua construção estilístico-composicional. Em
vista disso, este estudo tem como objetivo verificar de que maneira se dá a construção
dessa narrativa e de suas personagens, enfocando, de maneira particular, nos conflitos
entre paraguaios e brasiguaios. Nesse bojo, não é possível ignorar o fato de essas
tensões serem reverberadas desde o próprio título da obra, uma vez que o termo xirú –
palavra da língua portuguesa advinda do vocábulo guarani che irú, que significa
“amigo”, “companheiro” – é utilizado por brasileiros e brasiguaios na intenção de referir-
se, de modo pejorativo, aos paraguaios (CABRERA, 2010). Assim, a fim de que seja
possível atingir os objetivos aqui propostos, além de refletirmos acerca do já citato
conceito de heterogeneidade (POLAR, 2013), também nos apoiaremos na
caracterização do texto literário em prosa enquanto um fenômeno pluriestilístico,
heterodiscursivo e heterovocal (BAKHTIN, 2015), o que nos possibilidade pensar
nesses conflitos não apenas no plano literário como, também, no plano social posto
que, nessa perspectiva, as personagens são visualizadas como seres essencialmente
sociais e historicamente concretos, de modo que suas vozes se constroem enquanto
posições axiológicas em relação ao mundo.

Palavras-chave: Paraguai; Brasiguaios; Heterogeneidade; Damián Cabrera; Xirú.

10) O Paradoxo Civilização x Bárbarie no Conto – Amar a Un Hombre


Feo – O Insólito do Amor na História e Ficção da América Latina

Adriana Aparecida Biancato (UNIOESTE)


Prof. Dr. Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE/Orientador)

Resumo:

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A obra Amores Insólitos de Nuestra Historia (2001), da escritora argentina María Rosa
Lojo simboliza a hibridização da história, ficção e memória frequente nas produções
narrativas contemporâneas do gênero romance histórico. O livro publicado em 2001 é
composto de catorze contos, que por meio da literatura, retrata a ocupação da Argentina
no século XIX. O presente trabalho tem como objetivo analisar o conto Amar a un
hombre feo, um dos relatos que compõe a obra, no qual o paradoxo civilização x
bárbarie é o que confere à história o aspecto insólito. O conto apresenta o personagem
Domingo Faustino Sarmiento, um dos políticos e intelectual mais importantes do século
XIX da Argentina, fragmentado pela visão da amada, Ida Wickersham, que o vê como
um homem fragilizado em busca do amor. María Rosa Lojo, ao dedicar-se a reler a
história do passado argentino – entrelaçado com as memórias remanescentes da
Galícia espanhola de onde vieram seus pais – opta por uma modalidade de escrita
ficcional híbrida, seja nos contos ou nos romances, cuja linguagem se aproxima
bastante do cotidiano do falante hispânico contemporâneo. As narrativas são,
geralmente, lineares e, embora se apresentem releituras críticas do passado, a autora
opta por estratégias escriturais menos desconstrucionistas do que aquelas que
caracterizam o novo romance histórico latino-americano (paródia, carnavalização, ironia,
grotesco, etc). Sua leitura do passado empreende muito mais uma “humanização” das
grandes figuras históricas – como veremos no conto selecionado – do que a própria
desconstrução das imagens consagradas destes pelo emprego da carnavalização ou do
grotesco. Diante dessa realidade, podemos afirmar que María Rosa Lojo é uma
representante exemplar da escrita híbrida que Fleck (2017) classifica como “mediadora”
entre o tradicionalismo e o criticismo/desconstrucionismo latino-americano. Uma obra
composta da hibridação entre memória, história e ficção, na qual os textos nela
expostos transpassam a hegemonia do discurso oficial em memórias coletivas e
individuais. Os contos seguem uma trajetória temporal – começam no período da
conquista (1577), revisitam a história hegemônica rio-platense e alcançam a
modernidade (1913). Este repertório permitirá à escritora a tão desejada (re)
territorialização e o arraigamento identitário, constituindo, assim, um sentimento de
pertença a uma territorialidade geográfica e simbólica. Ao se propor a análise do
aspecto insólito presente na narrativa selecionada, busca-se a reflexão que a própria
autora traz no prólogo do livro sobre temas como o amor e o poder, testemunhos dos
paradoxos que sempre estiveram presentes na literatura. A redundância dos amores
com o insólito que o acompanha é explorado pelos personagens Sarmiento e Ida por
meio da civilização almejada pelo primeiro e a barbárie que lhe é própria, responsável
pelo encantamento da amada. Como base teórica deste estudo serão utilizados os
pressupostos dos estudos pós-coloniais, bem como Santiago (2000), Weinhardt (2002),
Fleck (2007; 2011), entre outros, a fim de explorar a configuração do insólito na
hibridização das personagens.

Palavras-chave: Amores insólitos de nuestra historia (2001); História e Ficção;


Civilização X Barbárie, Amar a un hombre feo. Literatura latino-americana.

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11) Uma (re)leitura da Colonização Brasileira em A Mãe da Mãe da


Sua Mãe e Suas Filhas (2002): Um Romance de Mediação

Patrícia de Oliveira (UNIOESTE)


Prof.Dr. Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE/Orientador)

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo analisar o romance A mãe da mãe da sua mãe e
suas filhas (2002), de Maria José Silveira, romancista e tradutora contemporânea, este
livro aborda a história de uma família durante vinte gerações, focalizando principalmente
nas mulheres dessa família, paralelamente 500 anos de Brasil são relidos, passeando
por modelos de cultura, sociedade, política, religião, guerra, conflitos, estilos e
comportamentos diferentes. Nesse corpus visamos a uma análise das personagens
femininas, desde uma índia nascida em 22 de abril de 1550 até chegar a
contemporâneidade, em meados dos anos 2000. As personagens representam o olhar
de baixo, dos que viveram e tiveram suas vozes caladas, retratando as contribuições,
felicidades e embates sofridos, contrastando-as com a história cultural brasileira que o
discurso histórico retrata, trazendo não mais o olhar masculino, branco, do
conquistador, historicamente difundido, mas sim a visão das mulheres e como estas
influenciaram e ajudaram na construção da nação brasileira durante todo esse processo
histórico relido pela ficção. O presente romance histórico caracteriza-se por trazer o
registro da oralidade, em que as histórias da família são recontadas e rememoradas via
oralidade de geração para geração, nas entrelinhas é abordada a história de maneira
crítica, porém muito sútil, fazendo com que qualquer leitor compreenda mais da
literatura e história brasileira de modo mais crítico e sútil, algumas das características do
romance contemporâneo de mediação, proposto por Fleck (2017). A obra ainda
confronta os conceitos de mestiçagem e pureza, revelando quão frutífera e
impulsinadora do novo a miscigenação foi para o contexto da América Latina .Para
tanto, realizamos um trabalho de busca sobre as relações, realizadas pela autora, entre
ficção e história, numa teia familiar de vinte personagens mulheres configuradas em sua
obra. Deste modo, embasamo-nos primeiramente, nos estudos da crítica feminista –
entre eles os de Brandão (1996), Gazolla (1990), Hollanda (1994); Santos (2002) e Zolin
(2009), e, em seguida, nos estudos sobre o gênero híbrido romance histórico, com
suporte em Lukács (2009, 2011), Aínsa (1922), Menton (1993), Fleck (2007; 2011),
entre outros, para evidenciar aspectos formais dessa obra como um romance histórico
contemporâneo de mediação.

Palavras-chave: Romance histórico contemporâneo de mediação; A mãe da mãe da


sua mãe e suas filhas (2002); Colonização brasileira;Literatura brasileira.

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12) A Conquista da Europa no Teatro Histórico: Uma Leitura de Los


Indios Estaban Cabreros

Ana Maria Klock (UNIOESTE)


Prof. Dr. Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE/Orientador)

Resumo:

A poética do descobrimento compreende uma categoria que reúne expressões literárias


que se voltam à releitura dos acontecimentos e eventos protagonizados por Cristóvão
Colombo em 1492 e às implicações do choque entre a América e a Europa. Esse
campo, como demonstram os estudos de Heloísa Costa Milton (1991) e Gilmei
Francisco Fleck (2008), configura-se por revelar diferentes orientações de
ficcionalização da história em que se verifica, como apontam os autores, uma vertente
que se caracteriza por apresentar uma tendência mais apologética e exaltadora,
inclinada à ratificação do discurso histórico assertivo, e outra que se elabora por meio
de um discurso paródico e desmistificador, oferecendo outras possiblidades de
apreensão do passado. Na primeira vertente identifica-se uma maior recorrência no
cânone europeu e norte-americano, em que Colombo e o evento do descobrimento são
edificados sob uma perspectiva enaltecedora e positiva; na segunda, por sua vez,
evidente no contexto latino-americano, manifesta-se um discurso contestador e
renovador da história que busca imprimir um novo olhar sobre o passado histórico,
dando respaldo à necessidade de romper com a visão unilateral da história. Das
produções que se alinham à vertente paródica, desponta a peça teatral Los indios
estaban cabreros (1960) do dramaturgo argentino Agustín Cuzzani (1924-1987),
produção que expressa o humor sarcástico característico do escritor e que compõe o
gênero por ele chamado de farsátira, como o próprio nome alude, uma combinação de
sátira com farsa. Em Los indios estaban cabreros, Cuzzani retoma o tema do
descobrimento da América a partir da perspectiva dos autóctones, compondo uma
história ao revés em que são os astecas que encabeçam uma viagem de travessia em
busca do deus Sol, tendo como personagem equivalente à figura Cristóvão Colombo o
Príncipe Tupa. A peça, dividia em três atos, se desenrola inicialmente no cenário de
uma pequena aldeia do Império Asteca, comandado sob o rígido governo de Axayaca,
no ano de 1491. No ato dois, o cenário transcorre na Espanha e explora o contato entre
astecas e espanhóis e os choques que advém de uma mútua falta de entendimento e
de interpretações equivocadas, momentos marcados pela ironia e pelo absurdo. No ato
final, a peça traz um desfecho trágico que se coloca como equivalente ao destino da
América. Com base nessa exposição, o intento desse trabalho é o de analisar a peça
como texto literário, para tanto, observar-se-á como ocorre a manipulação da história na

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composição do universo diegético, os procedimentos de dramatização do evento


histórico a partir do olhar contemporâneo e os recursos e as estratégias empregadas na
composição do texto para dar sustentação ao sentido.

Palavras-chave: Poética do descobrimento; Teatro histórico; Paródia; Intertextualidade;


Los indios estaban cabreros.

13) Jornalismo e Ficção em Foco nas Obras Latino-Americanas de


Gabriel Garcías Márquez e Fernando Morais

Bruna Signor (UTFPR)


Prof. Dr Wellington Ricardo Fiorucci (UTFPR/Orientador)

Resumo:

Esse estudo comparado apresenta uma análise sobre as obras Notícia de um


Sequestro (1996) do jornalista e escritor colombiano Gabriel García Márquez e Olga
(1985) do também escritor e jornalista brasileiro Fernando Morais. As narrativas
utilizam-se da Literatura e do Jornalismo em suas histórias. Esses dois gêneros
literários fazem com que um fato jornalístico deixe de ser apenas uma notícia breve,
objetiva e engessada pela ditadura do lead, para se tornar uma narrativa envolvente,
humanizada, tornando seus leitores cativados pela trama das personagens e narradoras
de suas histórias, misturando jornalismo e ficção. García Márquez recebeu o Prêmio
Nobel de Literatura em 1982 pela obra Cem anos de solidão, mas tornou-se também um
dos nomes mais representativos do gênero Jornalismo Literário e ainda é muito
aclamado na atualidade. Ele relata na obra Notícia de um Sequestro, o rapto de dez
jornalistas e parentes de políticos influentes na Colômbia em 1990 pelos Extraditáveis,
um grupo de narcotraficantes liderados por Pablo Escobar, um dos maiores traficantes
de todos os tempos. Eles buscavam conseguir, através dos sequestros, pressionar o
então Presidente Cesar Gaviria a desistir da política de extradição de cidadãos
colombianos, que ao serem presos, seriam levados e julgados nos Estados Unidos e
cumpririam penas incomensuráveis de acordo com a lei daquele país. O autor transitou
por todo o processo de criação, desde as entrevistas com os sobreviventes, pesquisas
em arquivos históricos, cartas e diários pessoais até a finalização de sua obra
enriquecendo ainda mais o gênero. Olga, a segunda obra a ser analisada, conta a
história de Olga Benario Prestes, judia e comunista, que foi companheira de Luís Carlos
Prestes. Ambos eram ativistas políticos muito conhecidos. Ela foi presa entregue a Hitler
pelo governo Vargas, quando estava grávida de sete meses de sua filha e acabou
assassinada nos campos nazistas. O romance-reportagem passou a constituir-se como

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a única forma de expor aos leitores as barbáries cometidas pelo governo, entre elas, o
desrespeito aos direitos humanos. Os dois escritores estudados buscavam transmitir a
verdade por trás da história dita como “oficial”, ao realizar uma observação criteriosa de
todos os fatos e envolvidos. Desse modo, eles buscavam relatar, em períodos
diferentes, a realidade social na qual seus países estavam inseridos, devido à violência,
o medo e o abuso de poder, seja dos políticos, como no Brasil, ou dos narcoterroristas,
no caso da Colômbia.

Palavras-chave: Jornalismo Literário; Romance-reportagem; Notícia de um Sequestro;


Olga.

14) Entre o Revisitar e o Recriar da História Nacional: A Segunda


Pátria, de Miguel Sanches Neto

Me. Thiana Nunes Cella (IFPR)

Resumo:
O diálogo entre a história e a ficção é antigo e constante. A produção literária
contemporânea tem demonstrado constante interesse em revisitar e reexaminar o
discurso histórico oficial. Ao realizar a tarefa de revisitar o passado, a produção literária
alcança a ficcionalização, ou a recriação, da narrativa histórica. Nessa empreitada, o
romance histórico contemporâneo, na concepção de Esteves (2010), se apresenta
como um vantajoso caminho para o questionamento da história oficial. Exemplo desse
diálogo questionador é o romance A segunda pátria (2015), do paranaense Miguel
Sanches Neto. O Estado Novo, o Terceiro Reich, a personagem de Adolf Hitler, a
perseguição aos negros no Sul do país, o protagonista negro que vive um romance com
uma alemã são elementos que caracterizam o romance de Sanches Neto. É com o
cenário brasileiro dos anos pré Segunda Guerra Mundial que a obra dialoga; entretanto,
o autor modifica um ponto fundamental do passado nacional: torna o país um aliado do
Terceiro Reich, em que o Sul do país passa a ser palco de ações pautadas no racismo,
no antissemitismo e na eugenia, princípios básicos do nazismo. De tal modo, o romance
mostra como a violência, a privação de direitos e o controle autoritário afetariam, e
afetam, a vida da população. Nessa empreitada, Sanches Neto reafirma o antigo e
constante diálogo entre a ficção literária e o discurso histórico, mostrando como a
produção literária contemporânea se articula intimamente com o discurso histórico e o
problematiza. Em A segunda pátria, conhecemos o engenheiro civil Adolpho Ventura,

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negro que perde progressivamente sua liberdade: o emprego, a casa, seu filho mestiço
e qualquer direito depois do pacto nazista. Dessa forma, o romance apresenta um
enquadramento histórico bem delimitado, mas não segue os princípios da história
oficial, subverte-a, questiona-a, mostrando um Brasil temivelmente plausível. A segunda
pátria enquadra-se, assim, na acepção de Esteves (2010), como um romance histórico
contemporâneo. Para o teórico, esses romances pretendem ultrapassar os limites entre
as categorias da história e da ficção, buscam a reavaliação da história, o
questionamento das convenções da historiografia e da composição romanesca
tradicional. Dessarte, passam a ser carreadores de novas problematizações sobre a
representação do passado. Uma característica importante do novo romance histórico é
a sua consciência de que no relato histórico oficial apresenta-se, invariavelmente, a
versão contada pelos vencedores, de forma que as diferentes perspectivas daqueles
que ficaram à margem do poder fossem relegadas ao esquecimento. É por isso que
nessa tipologia textual, todas as formas de narrar o passado são permeadas pela
consciência de que a construção verbal não é ingênua, de que todas são
representações configuradas por seus produtores (Weinhardt, 1994). Essa
problematização ganha maior relevância em países que possuem um histórico de
conflitos culturais e de lutas por riquezas, como é o caso dos países formadores da
América Latina, em que a versão dos vencedores sempre foi predominante. À vista
disso, sob a matriz metodológica da literatura comparada, o presente artigo realiza uma
análise de A segunda pátria (2015) com o objetivo de examinar como o seu discurso
ficcional está atrelado ao discurso histórico, e como seus elementos ficcionais realizam
um exame crítico da história dita oficial.

Palavras-chave: História; Romance histórico contemporâneo; Miguel Sanches Neto;

15) A Construção Discursiva sobre Simón Bolívar em La


Carroza de Bolívar (2012), de Evelio Rosero

Hugo Eliecer Dorado Mendez (UNIOESTE)


Prof. Dr. Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE/Orientador)

Resumo:

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O processo de representação, interpretação e materialização do passado encontra-se


vinculado ao posicionamento ideológico e discursivo daquele que vise recontar a
história. Assim, no contexto latino-americano contemporâneo, as relações entre a
história e literatura têm sido altamente problemáticas e conflituosas devido à intenção
subversiva de grande parte da produção romanesca de viés histórico. Segundo afirma
Fleck (2017), a escrita de romances híbridos, que transitam entre a história e a ficção,
na América Latina, tem servido como um meio para a descolonização; uma ferramenta
para fazer contraponto ao discurso historiográfico hegemônico. Nesse nosso contexto, e
com essas intenções, foram desenvolvidas novas modalidades da forma escritural
híbrida, como é o caso do novo romance histórico latino-americano. O presente texto
parte de uma produção literária que se insere nessa modalidade de romance histórico, a
saber, La Carroza de Bolívar (2012), de Evelio Rosero. Nessa escrita híbrida se
contrapõe o discurso historiográfico e o ficcional com relação à figura de Simón Bolívar
A arte literária, por meio de diversos recursos e estratégias escriturais, mostra uma clara
intenção desmistificadora e desconstrucionista. A diegese da obra se desenvolve a
partir de uma ideia clara: mostrar o verdadeiro perfil de Bolívar, um homem desonesto,
cruel e covarde que nunca mereceria o título de “herói da independência.” Essa
configuração da imagem de Bolívar se dá a partir da visão de mundo de Justo Pastor
Proceso López, protagonista do romance, e de alguns outros conterrâneos seus que
"não esqueceram os estragos feitos por Bolívar na sua região". Vale a pena destacar
que a voz deste protagonista representa o conjunto de vozes marginais da cidade de
Pasto, no sul da Colômbia, que sofreram as marcas da guerra da independência e os
estragos feitos por Bolívar. Em outras palavras, trata-se de uma visão periférica da
história do nascimento de uma nação, Colômbia, e da consagração de um herói,
Bolívar. No entanto, para esta comunicação, o nosso foco estará em analisar as
relações entre o discurso histórico e o discurso artístico-literário presentes no romance.
Isto é, daremos destaque ao posicionamento crítico de Evelio Rosero em La Carroza de
Bolívar, que desacredita a história como verdade absoluta e reveste o discurso artístico
e literário da capacidade de conscientizar a sociedade sobre a sua história e trazer à
tona a memória do passado. Para tanto, basear-nos-emos nas teorias de Cobo Borda
(1989); Aínsa (1991); Pulgarin (1995); Fleck (2015, 2017); entre outros.

Palavras-chave: Romance Histórico Latino-americano; Simón Bolívar; Discursos na


História.

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16) A Palavra Armada em Menina, de Paulo Stucchi: a Guerra do


Paraguai como pretexto

Me. Adenilson de Barros de Albuquerque (IFPR)

Resumo:

O romance Menina (2012), de Paulo Stucchi, apresenta a história dos perigos vividos e
da amizade construída entre duas personagens centrais: o soldado brasileiro Negro
João e a menina paraguaia María. Elas convivem durante as duas semanas decorridas
após a batalha de Acosta Ñu, ocorrida em 16 de agosto de 1869, na qual muitos
adolescentes e crianças paraguaios, comandados pelo general Bernardino Caballero,
foram mortos pelas tropas aliadas, sob o comando geral do conde d’Eu. No calor da
referida batalha, a personagem Negro João se aproxima e escuta as últimas palavras
do menino Pedrito, quem pede que sua irmã María seja levada à Igreja de São Pedro,
em Assunção, onde seria cuidada pelo padre Flores. A personagem cabo Reis,
referindo-se a Negro João como macaco, ordena que a menina, quem assistiu de perto
a morte do irmão, seja também morta naquele instante. Cansado de testemunhar o
derramamento de sangue de gente inocente, Negro João decepa dois dedos e a orelha
de seu superior. Temos, por conta desse episódio, um desertor que inicia o
cumprimento da promessa de levar a menina até Assunção e um homem ferido sedento
por vingança. O desenvolvimento da narrativa, portanto, entre alguns momentos de
revelação da história da vida pregressa das personagens Negro João, como escravo na
fazenda Alta Serra, e María, na região de Piribebuy, além do último capítulo cuja tempo
histórico é o ano de 1933, tem como eixo a cassada que, ordenada pela personagem
conde d’Eu, é empreendida pelo cabo e mais quatro soldados ao desertor e sua
protegida. O romance Menina, entretanto, explora o que, em nota, o autor chamou de
potencial dramático presente na Guerra do Paraguai. A prioridade narrativa está voltada
ao suspense e ao apelo emotivo encadeados durante os capítulos, cuja linguagem não
recebeu atenção cuidadosa na revisão ortográfica e apresenta escrita bastante
deficiente, especialmente nas passagens em língua espanhola. Apesar dos momentos
de, por exemplo, valorização do papel da mulher paraguaia na reestruturação do país,
notamos posicionamentos históricos ideologicamente marcados por parte do narrador,
ecoados em alguns momentos nas falas das personagens. Estes posicionamentos –
aqui denominamos palavra armada – serão, no presente artigo, analisados segundo os
pressupostos que norteiam os romances históricos contemporâneos de mediação (Fleck
2017).

Palavras-chave: romance histórico; América Latina; unilateralidade.

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17) O romance histórico: uma trajetória em fases e modalidades –


um caminho de descolonização para a América Latina

Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE-CASCAVEL)

Resumo:

Desde seu surgimento, na época do Romantismo europeu (1814) – pela consagrada


escrita do romancista escocês Walter Scott –, até nossos dias o gênero híbrido de
história e ficção denominado romance histórico apresenta fases bastante diferenciadas.
Tais fases são determinadas por modalidades diferentes de uma vasta produção
possível de ser amalgamada em conjuntos específicos que se diferenciam por alguns
aspectos específicos: o tratamento dispensado ao material histórico inserido na tessitura
romanesca; a ideologia que permeia a produção literária híbrida; as estratégias
escriturais empregadas pelo romancista na composição da obra; a intenção que move a
releitura do passado pela ficção. Se considerarmos tais aspectos, a trajetória do
romance histórico apresenta três fases distintas: 1- fase acrítica; 2- fase crítica e
desconstrucionista; 3- fase mediadora. Seguindo alguns estudos clássicos sobre o
gênero – como os produzidos por Lukács (1977) Dekker (1987); Aínsa (1988-1991),
Márquez Rodríguez (1991), Hutcheon (1991), Menton (1993); Mata Induráin (1995);
Esteves (2010), Fernández Prieto (2003), entre outros – podemos ver que se evidencia
uma vasta gama de distintas produções que, por um e por outro crítico, são
classificadas em modalidades cujas características básicas nem sempre são claras e
precisas. Os estudos que realizados desde 2007 até o presente ano de 2017 (FLECK-
2007; 2017), mostram que há essa possibilidade de dividir a trajetória do romance
histórico nas três fases acima mencionadas e inserir nelas as 5 modalidades
recorrentes dessa produção híbrida. Desse modo, na fase primeira – a que
consideramos acrítica – encontram-se inseridas as modalidades do romance histórico
clássico scottiano e todos os que o imitaram, assim como o romance histórico
tradicional que dele derivou com certas alterações na estrutura. Ambas as modalidades
da primeira fase não buscam realizar uma releitura crítica do passado registrado na
historiografia. Já na segunda fase do gênero – inaugurado pela escrita prestigiosa do
boom latino-americano – a ênfase recaiu sobre uma releitura crítica e
desconstrucionista do discurso e dos heróis da história tradicional, cujas modalidades
expressivas são o novo romance histórico latino-americano – inaugurado por Alejo
Carpentier com El reino de este mundo, em 1949 – e a metaficção historiográfica, que

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prima por mostrar que tanto história como ficção são produtos de linguagem, discursos
manipulados e construídos de acordo com os condicionantes sócio históricos. Já a
terceira e atual fase do gênero é por nós denominada de “fase mediadora”, porque nela
se percebe um intentio de “mediação” entre o tradicionalismo precedente e a criticidade
e o desconstrucionista do período do boom da literatura latino-americana. Discorrer
sobre essa diferente produção híbrida e sua importância para a América Latina como
via de descolonização é nosso intuito maior.

Palavras-chave: História e ficção; América Latina; Novo romance histórico latino-


americano; Metaficção historiográfica; Romance histórico contemporâneo de mediação.

18) “Grupos simétricos en Poesía” (1958) y “La Masa sonora del


poema sus organizaciones vocálicas” (1986): consideraciones sobre
la obra crítica e poética de Idea Vilariño

Me. Cristian Javier Lopez (UVIGO)


Resumen:

Este trabajo es un extracto que forma parte de un proyecto de investigación doctoral del
Programa de Pos grado en Estudios Literarios de la Universidade de Vigo/España, que
lleva por título Idea Vilariño y Helena Kolody: cantos a la vida – encuentros poéticos en
América Latina, bajo la tutela de la Dr.ª Carmen Luna Sellés. Para esta ocasión nos
proponemos analizar, de manera objetiva, algunas de las consideraciones teórico-
críticas desarrolladas por la poeta uruguaya Idea Vilariño en dos de sus obras sobre la
producción lírica en la literatura hispanoamericana: Grupos simétricos en Poesía (1958)
y La Masa sonora del poema sus organizaciones vocálicas (1986). En ambos estudios
la poeta establece una postura analítica rígida y contraria a las convenciones
establecidas por el canon literario en lo que respecta a la rítmica y elabora un estudio
minucioso sobre los aspectos vocálicos, sonoros y rítmicos en producciones líricas del
poeta nicaragüense Rubén Darío. Una vez destacados aquellos puntos sustanciales de
cada una de las obras teóricas de la poeta uruguaya, pasamos a ejemplificar las
posiciones metodológicas por ella defendidas en poemas de la propia autora, con el fin
de visualizar como son conjugadas la teoría y la práctica en su producción que obedece
a los criterios que ella considera vitales en la creación lírica. El estudio de poesía y
crítica literaria de escritura femenina en nuestro continente se apoya en la necesidad de
dar relevancia a aquellas producciones que, por diversas razones de orden política,

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cultural o de género, no tuvieron el mismo impacto o repercusión que las realizadas por
autores masculinos, normalmente aceptados por el canon. Considerando lo mencionado
anteriormente, una de las figuras femeninas que - durante la segunda mitad del siglo
XX, en el ámbito de la literatura uruguaya y latinoamericana - marca su presencia tanto
en la poesía, de carácter político y existencialista, cuanto a lo que se refiere a la crítica
literaria se muestra en la persona de la uruguaya Idea Vilariño. Su labor académica se
ve reflejada en diversas traducciones de obras clásicas, diversos poemarios y trabajos
de crítica literaria latinoamericana. El estudio y la pasión por la música llevaron a la
poeta a centrar su producción lírica, de carácter estructuralista y existencialista, en
consonancia con la musicalidad de la lengua castellana y su elemento rítmico. De esta
convergencia literario-musical se desprenden los estudios mencionados centrados en
aspectos que buscan volver a la esencia del género lírico. En este sentido la poeta
busca restablecer la base sonora de la lírica en la importancia de la voz, del ritmo, de la
sonoridad de las palabras y su profundo sentido musical. En consecuencia, muchas de
sus producciones fueron también llevadas al ámbito de la propia música. Revelar esa
confluencia en la crítica y en la creación lírico-poética de Idea Vilariño es el objetivo
mayor que buscamos alcanzar con este estudio. Para tanto, nos valemos, también, de
algunos de los presupuestos teóricos de la Literatura Comparada en los que respecta la
relación de la literatura con otras áreas de conocimiento.

Palavras-chave: Idea Vilariño; Poesía Latinoamericana; Poesía Uruguaya; Literatura


Comparada.

19) Feliz ano velho, a maldição de Funes

Prof. Dr. Weslei Roberto Candido (UEM)


Resumo:

A presente comunicação tem por objetivo discutir como se estrutura o discurso


memorialístico na narrativa de Marcelo Rubens Paiva intitulada Feliz ano velho (1982).
Tomamos como metáfora para o enfrentamento do texto a personagem Funes, criada
por Jorge Luis Borges em 1944. Assim como a personagem do relato do escritor
argentino, Marcelo está impossibilitado de se mexer após um acidente. Apenas sua
cabeça funciona e ele vive um verdadeiro inferno para passar o tempo. Uma das saídas
é lembrar de pessoas, conversas e episódios que possam distraí-lo ao longo do tempo.
Outra característica aproxima Funes de Marcelo: ambos são jovens, com a diferença

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que o primeiro vive em uma estância, longe das grandes cidades e é uma pessoa
simples, que encontra na memória uma nova forma de vida, enquanto o segundo este
está em São Paulo, é um jovem universitário, de família classe média alta e com acesso
a todos os recursos possíveis para tratá-lo após o acidente. Porém, a memória se
converte para Funes e para Marcelo em uma forma de vida. O personagem do relato
argentino é ficcional e tem uma memória gigantes, quase patológica, que o leva a
precisar do mesmo período de tempo para lembrar tudo o que aconteceu antes, é
comparado a um Simônides e desenvolve formas de memorizar tudo o que pode ver
dentro de seu limitado novo mundo. Marcelo está em uma cama de hospital, na UTI,
acompanhado de enfermeiros e de familiares, mas apenas sua cabeça mexe e seu
ângulo de visão não permite que possa conhecer tudo ao seu redor. Desta maneira,
Marcelo inicia um processo de rememoração de episódios que o marcaram desde sua
infância: mortes, desaparecimentos, amigos, namoros, aventuras e diálogos, que lhe
permitem ter uma visão mais ampla das pessoas com quem teve contato. Com a
sensação de ter a cabeça em uma bandeja, Marcelo não perde o senso de humor e
embarca nessa aventura ao redor de suas memórias. O memorando brasileiro se
converte numa espécie de Funes, lembra, recorda, vasculha a memória em busca de
explicações, respostas e como narrador controla sua história e os episódios que
pretende contar, como a morte do pai que antecipa ao leitor ainda no leito do hospital,
mas que avisa será feito posteriormente. Se no relato de Borges, a história é ficcional,
liga-se à tradição memorialística no ocidente e faz de Funes uma personagem universal,
mesmo estando em uma estância nos confins do Uruguai, no relato de Marcelo há o
traço autobiográfico, o narrador autodiegético, que coincide com o autor e com o nome
que está na capa do livro, formando a tríade necessária para a tese do “pacto
autobiográfico”, desenvolvido por Philippe Lejeune. Apesar da natureza distinta das
narrativas, uma ficcional e outra memorialística, tendo como pano de fundo os anos da
ditadura no Brasil, Funes e Marcelo se constroem na memória, no ato de lembrar, no
vício de rememorar disparado pelos acidentes que os impossibilitaram os movimentos
das demais partes do corpo. No dizer de Aleida Assmann (2011), o corpo se transforma
em espaço da memória ou de anti-memória, muitas vezes, pois é o corpo traumático,
afetado pelo impacto de uma experiência negativa que sofre com o aprisionamento ao
passado.

Palavras-chave: Funes; Marcelo Rubens Paiva; memória; relato; autobiografia.

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20) La noche de los feos: uma análise Literária e Semiótica

Henrique Nascimento da Silva (UFMS)


Laís Toledo Tavares (UFMS)
Profa. Dra. Rosana Cristina Zanelatto Santos (UFMS/Orientadora)

Resumo:

Considerando que a literatura latino-americana pode servir como patamar para análises
a partir de diversos campos teóricos, este trabalho tem o propósito de discutir o conto
La Noche de Los Feos (1966) do escritor uruguaio Mário Benedetti. Este conto é uma
das dezenove histórias que compõem a obra “La muerte e otras sorpresas”, publicada
em 1968, na qual Benedetti revela narrativas que abordam atmosferas da vida humana
em seu cotidiano e em suas questões existenciais. A análise elucida-se à luz de duas
perspectivas teóricas: teoria literária e semiótica discursiva (francesa). O conto, como
gênero literário, possui inúmeras conceituações e abordagens das mais variáveis
perspectivas e noções. Em nosso percurso analítico apresentamos o diálogo entre
perspectivas da construção do texto literário, com enfoque no gênero conto, a partir da
noção de efeito na composição do conto, conforme apresentada por Edgar Allan Poe
(1809- 1849); como também noções sobre os termos “Belo” e o “Grotesco”
apresentados por estudiosos como Platão, Victor Hugo e Umberto Eco a fim de elucidar
e reconhecer conceitos sobre a oposição principal que se fez em nossa leitura: a beleza
e a feiúra. Por fim, e não menos importante, acrescentamos à análise do conto
fundamentos teóricos da semiótica discursiva, a qual foi desenvolvida pelo teórico
francês A. J. Greimas (1917-1992), apontando para o percurso gerativo de sentido,
estrutura base e elementar da semiótica discursiva e que nos apresenta três níveis de
análise: nível fundamental, narrativo e discursivo. Atentamos-nos, neste trabalho ao
nível fundamental (etapa mais simples e abstrata), em que são desenvolvidas oposições
de termos gerais e abstratos do texto, apoiados ao esquema estrutural do quadrado
semiótico, bem como à aplicação das categorias: euforia VS disforia, em que
determinam valores positivos e negativos, estabelecendo a relação de conformidade ou
de desconformidade do ser vivo com os conteúdos representados, classificando-os
como euforizantes e disforizantes. Assim sendo, podemos perceber que os diferentes
campos teóricos elencados para realizar esta hipótese interpretativa dialogam e se
mostram complementares na leitura e elucidação do conto, pois ambos apontam para
seus paradoxos, oposições e ambiguidades textuais sob as aproximações e os
distanciamentos entre beleza-feiúra.

Palavras-chave: Teoria Literária; Semiótica Discursiva; Conto.

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SIMPÓSIO 3) Literatura e mídias visuais: relações e interfaces

Profa. Dra. Eva Cristina Francisco (IFSP)


evacristina@ifsp.edu.br
Profa. Me. Élida Cristina de Carvalho Castilho (IFSP)
elida.castilho@ifsp.edu.br

1) Shakespeare na Contemporaneidade: Analisando a Característica


das Oposições na Adaptação Fílmica Macbeth

Profa. Dra. Lucyana do Amaral Brilhante (IFMS)

Resumo:

Este estudo tem por objetivo analisar a tradução fílmica da peça Macbeth, do
dramaturgo inglês William Shakespeare, realizada pelo diretor australiano Geoffrey
Wright e lançada no ano de 2006. O trabalho examina as conexões estabelecidas entre
os dois textos, bem como as necessárias transformações para a adequação ao novo
meio semiótico, mas enfocando uma característica marcante do texto shakespeariano: a
expressão simultânea de sentimentos e valores opostos. Tal característica,
consubstanciada no uso da linguagem, no comportamento dos personagens, no uso de
imagens ou, ainda, no enredo, deve ser reconfigurada no processo de tradução da obra
literária para o texto fílmico. Objetivamos, portanto, a apreciação de como esses
elementos são redimensionados na película à luz dos conceitos de reescritura (Andre
Lefevere), dialogismo (Mikhail Bakhtin), intertextualidade (Julia Kristeva) e
transtextualidade (Gérard Genette). No trabalho deixamos clara a compreensão da
adaptação fílmica como o resultado de um processo tradutório. Consequentemente,
destacamos a relevância do contexto da tradução na produção dos significados. Se não
há texto estável e independente das interposições do contexto em que ele se inscreve,
não se pode compreender a tradução como uma atividade de mera transposição de
significados fixos. Contrapomo-nos, dessa forma, à percepção da adaptação fílmica

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como mera cópia da obra literária. Entendemos, diferentemente, que a obra


traduzida/adaptada engendra novos sentidos, novas significações e novos diálogos com
o texto de origem e com o contexto de sua produção. Nessa perspectiva, não é possível
ignorar as relações intertextuais entre o filme Macbeth (2006) e outras adaptações da
peça shakespeariana, especialmente as adaptações de Akira Kurosawa (Trono
manchado de sangue, 1957), Orson Welles (Macbeth, 1948) e Roman Polanski
(Macbeth, 1971). Outro elemento de grande destaque na adaptação fílmica analisada
aponta inequivocamente para a exploração do papel das figuras femininas. O filme
enfatiza a construção das personagens femininas, permitindo, especialmente, variados
olhares em relação a Lady Macbeth e às bruxas. Cumpre ainda destacar a tentativa de
Wright de, ao mesmo tempo, reverenciar o cânone (esforço de manter as falas da peça
de Shakespeare) e produzir uma obra de forte apelo popular (filme com enredo
contextualizado no submundo do crime, temática muito comum nos filmes de ação
amplamente difundidos junto ao grande público). A análise lança, dessa maneira, um
olhar sobre as relações estabelecidas entre a peça shakespeariana, o filme de Wright e
diversas obras e contextos com os quais eles dialogam.

Palavras-chave: Literatura; cinema; Macbeth; tradução Inter semiótica.

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2) Soldados de Salamina: uma análise de três possibilidades de


tradução intersemiótica

Me. Maria A. M. Bessana (FCL)

Resumo:

Até meados do século XIX a capa do livro tinha por função primordial proteger seu
conteúdo. No entanto, a partir de 1890, na Europa, e mais tarde nos EUA, tornou-se
uma ferramenta de atração do comprador/leitor e sua função como instrumento de
marketing e de promoção do produto livro se acentuou gradativamente, como
destacaram Drew e Sternberger (2004), sendo ainda, nas palavras de Gerard Genette
(1996), a primeira manifestação do livro, prenhe de significados, oferecida à percepção
do comprador/leitor, que desempenha um papel no processo de envolvimento físico
com o livro, podendo ainda ser uma pista do impacto que o editor deseja causar nos
leitores, expressando sentidos resultantes de determinada leitura do livro, em um
contexto específico, localizável no tempo e no espaço. Tal relevância de seus atributos
mais tarde levou ao surgimento do termo grabability, um indicador de seu potencial
como objeto a ser apanhado ou deixado de lado em um ponto de venda (e até mesmo
conservado no decorrer do tempo). Sobre a imagem, Martine Joly (1996) afirma que
esta comunica e transmite mensagens, nas quais seu motivo pode ter uma significação
particular, participando da mensagem visual e contribuindo para a compreensão e a
produção da mensagem. Ao optar pela linguagem visual para a capa o que se verifica é
a tradução dessa leitura para outro sistema sígnico, uma tradução intersemiótica,
segundo Roman Jakobson (2011), ou uma transposição criativa, segundo Linda
Hutcheon (2004). Este trabalho propõe uma análise das imagens usadas na capa de
três traduções do livro Soldados de Salamina, do escritor espanhol Javier Cercas,
editado no Brasil pela Editora Francis (em 2004) e pela Globo Livros, na coleção
Biblioteca Azul, e pelo Grupo Folha, na Coleção Folha Literatura Ibero-Americana
(ambas em 2012).

Palavras-chave: Tradução; Tradução intersemiótica; Transcodificação criativa,


Soldados de Salamina, Javier Cercas.

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3) A Transposição de Personagens do Romance Orgulho e Preconceito


(1813) para a Websérie The Lizzie Bennet Diaries (2012): Um
processo de (re)interpretação e (re)criação

Daiane da Silva Lourenço (UEM)


Profa. Dra. Vera Helena Gomes Wielewicki (UEM/Orientadora)

Resumo:
O romance Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, foi publicado pela primeira vez em
1813. Ao longo de dois séculos a narrativa foi adaptada para filmes, peças de teatro,
musicais, fanfictions, mash-ups e spin-offs. Neste trabalho, interessa-nos estudar
especificamente uma adaptação circulando na internet: a websérie The Lizzie Bennet
Diaries. A websérie apresenta o enredo de Orgulho e Preconceito contado da
perspectiva de Lizzie (Elizabeth), atualizado para o ano de 2012, nos Estados Unidos.
Lizzie é uma universitária de 24 anos da área de comunicação, com dívidas de
financiamento estudantil, morando com os pais e as irmãs, Jane e Lydia, tentando
construir uma carreira profissional. O projeto recebeu boas críticas e prêmios,
conquistou tanto leitores de clássicos de Austen quanto internautas que não conheciam
o romance. Para que a websérie fosse bem recebida pelo público e pela crítica, houve
um processo de transposição do romance para a tela, atualizando a narrativa e
traduzindo signos verbais para não-verbais. Considerando que o modo contar (um
romance) é diferente do modo mostrar (uma websérie), analisamos a caracterização
dos personagens da família Bennet nos episódios 1, 2 e 3 da websérie. Comparamos a
construção dos personagens no romance e na websérie baseando-nos na concepção
de que a adaptação não precisa ser fiel ao texto adaptado, pois o adaptador de uma
maneira ou de outra promove intervenções no texto (AMORIM, 2005). Além disso, tanto
a websérie quanto o romance são textos independentes e não devemos estabelecer
uma hierarquia entre eles ou realizar um julgamento de “bom” ou “ruim”, pois são
gêneros diferentes com suas próprias especificidades. Nosso objetivo foi compreender
os efeitos que a adaptação conseguiu ou não criar na construção dos personagens,
observando as omissões, transformações e adições realizadas, e os recursos utilizados
na transposição para o novo meio. A partir dos estudos de Hutcheon (2011),
percebemos que a adaptação não é simplesmente uma reprodução e que o processo
de adaptação para a websérie envolveu uma mudança de mídia, de foco e de contexto.
Os personagens foram reinterpretados e recriados. Alguns elementos da narrativa são
mais facilmente adaptáveis para outra mídia enquanto outros são praticamente
impossíveis de serem transpostos. Em relação à caracterização dos personagens,
baseado em Gancho (2006) e Abdala Junior (1995), verificamos que aspectos físicos
dos personagens são mais facilmente adaptáveis. Os aspectos sociais e psicológicos
são possíveis de serem transpostos, porém exigem uma produção mais rigorosa com
imagem, som e movimento para convencer o espectador sobre a construção do
personagem. No romance, predomina a caracterização indireta dos personagens,

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permitindo ao leitor conhecê-los e interpretar suas qualidade e defeitos a partir de ações


e falas. Na websérie, por ser um diário, a caracterização direta dos personagens é
apresentada por Lizzie.

Palavras-chave: Orgulho e Preconceito; Personagens; Websérie; Adaptação;


(Re)criação.

4) Considerações Acerca do Narrador em Heart of Darkness e


Apocalypse Now
Aline Scarmen Uchida (UEM)
Profa. Dra. Vera Helena Gomes Wielewicki (UEM/Orientadora)

Resumo

O papel do narrador, no romance, é de extrema importância. É por meio da forma como


ele narra os acontecimentos que se obtém conhecimento sobre determinado fato; é pela
sua visão que concordamos ou desconfiamos do que está sendo dito e, ademais, ele é
também o responsável por inserir o leitor no contexto da narrativa que está sendo
contada. A maneira como o leitor pode se engajar ou não na leitura depende, em partes,
de como a narração se estabelece, por isso, é necessário observar o narrador e verificar
quais são os traços presentes em sua narrativa que expressam o que irá nos cativar no
momento da leitura e o que criará essa sensação de inserção e vínculo quando lemos
algo. Desta maneira, de forma a avaliar como se dá tal relação entre narrador e leitor,
este trabalho terá como enfoque o narrador em Heart of Darkness (Coração das
Trevas), de Joseph Conrad, publicado em 1902. Consoante a essa narrativa, será
utilizado também o filme Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, lançado em 1979,
para estabelecer um contraste entre ambos os narradores, tanto no meio escrito quanto
no fílmico. O livro descreve a trama de Marlow, que, por meio de uma viagem pelo rio
Congo, na África, busca a Kurtz, famoso comerciante de marfim que não retorna a
civilização há dias. De maneira análoga, o filme retrata a trajetória do capitão Benjamin
L. Willard, que foi encarregado de uma missão secreta: eliminar Kurtz, um respeitado
coronel das Forças Especiais, que, desde que se deslocou a uma missão no coração do
Vietnã, não foi mais visto assumindo seu posto como oficial do exército dos Estados
Unidos. Para tanto, o enfoque deste trabalho será verificar se tanto o narrador de Heart
of Darkness, quanto o narrador de Apocalypse Now podem ser inseridos no caso de
narradores que afastam o leitor da tranquilidade contemplativa e passiva quando este
se encontra diante de uma narrativa tão complexa e interessante como são as obras de

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Conrad e Coppola. Ao tratar de narração no cinema, é essencial lembrar que, diferente


de romances, a força ilocucionária do narrador se demonstra de forma mais difícil de ser
localizada que um narrador de um livro, uma vez que, para a arte cinematográfica, a
câmera possui papel primordial em conduzir o leitor / espectador a determinadas
leituras. Para que sejam traçadas as semelhanças e diferenças entre cada narrador em
seu suporte correspondente, os pressupostos de Adorno (2003) e Benjamin (1994)
serão empregados para tratar sobre a posição do narrador no livro, enquanto para
teorias acerca de cinema, adaptação e tradução intersemiótica, recorrer-se-á Stam
(2000), Bazin (1985) e Gaudreault (1987), no tocante às diferenças de usos e recursos
narrativos entre meios distintos.

Palavras-chave: Cinema; Tradução intersemiótica; narrador.

5) Romance falhado? A escrita “não criativa” de Luci Collin

Andiara Maximiano de Moura (UEM)


Profa. Dra Lucia Osana Zolin (UEM/Orientadora)

Resumo:

Nas últimas décadas fomos envolvidos/as em diversas tecnologias e mídias,


readaptando nossa forma de viver e interagir em sociedade. Estas inovações vêm se
infiltrando no mundo artístico, desvinculando o convencional modelo de Arte e dando
espaço às novas noções de identidade e cultura. De acordo com Goldsmith (2015), com
exceção da escrita que tenta manter uma identidade autêntica e estável, a cultura da
Arte tem aceitado o mundo digital e toda a sua complexidade. Entretanto, não raro,
escritores/as contemporâneos/as subvertem essa estabilidade, modificando o conceito
da própria estrutura textual, como é o caso de Luci Collin. De forma peculiar, suas
opções estéticas chamam a atenção da crítica literária por representarem de modo
subversivo códigos estéticos e ideológicos recorrentes na pós-modernidade. Sua
narrativa se afasta das grandes narrativas mestras totalizadoras, referidas por teóricos
da pós-modernidade, como Lyotard (1984), pretensamente capazes de unificar e
organizar qualquer contradição no sistema de produção e recepção da arte, a fim de
coaduna-las com verdades absolutas e com sentimentos nobres e elevados. Ao invés
disso, por meio de uma linguagem lúdica e satírica, muitas vezes, irônica, convidam o/a
leitor/a a relativizar e a problematizar tais noções. O romance Nossa Senhora D'Aqui,
como a própria autora apresenta, é uma “epopeia falhada”. A construção do romance é

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uma sátira às noções canônicas da literatura, adaptando a grande epopeia Eneida, de


Virgílio, ao contexto da pós-modernidade. Ao invés da criatividade literária tradicional,
configurada por meio de acontecimentos históricos portentosos, da narrativa linear e de
uma só ação; talhada com perfeição linguística; e composta de personagens
grandiosos/lendários, dotados de virtude e força, vivendo conflitos igualmente heroicos,
cuja experiência é modelo para o homem comum, como nos assegura Machado (1962),
coloca em cena o avesso disso, observável na narrativa espelhada, despedaçada,
condensada e inacabada; na variedade linguística; e nos personagens medíocres,
frágeis, desconexos e autônomos, vivendo microcosmos, por meio de conflitos banais,
destituídos do peso modelar; desestruturando e problematizando o próprio sentido da
epopeia. Para tanto, esta comunicação visa demonstrar/analisar as estratégias de
subversão dos modelos convencionais da arte literária empreendidas no romance
Nossa Senhora d'Aqui (2015), de Luci Collin. Interessa-nos investigar o teor crítico
desses códigos ideológicos e estéticos, definidos por Godsmith (2015) e Perloff (2013)
de “recorte e cole” e “não original”, as influências de diversas tecnologias e mídias
contemporâneas, os temas e as representações de personagens e ideologias
difundidas. As análises estão fundamentadas em teorias e conceitos empenhados em
pensar as estratégias narrativas contemporâneas ou pós-modernas, que problematizam
a criatividade literária e as multimodalidades, como Eagleton (2010), Godsmith (2015),
Hutcheon (1991; 2011) e Perloff (2013).

Palavras-chave: Narrativa pós-moderna; Escrita contemporânea; Luci Collin;


Multimodalidades; Adaptação.

6) Do Argumento Roteirístico ao Filme: Uma Transmutação

Eva Cristina Francisco (IFSP - Avaré)


Élida Cristina de Carvalho Castilho (IFSP - Avaré)

Resumo:

Para que um filme chegue às telas do cinema, ele deve passar por todo um processo
que envolve uma coletividade de trabalhos. Diretor, roteirista, atores e muitos outros
profissionais artísticos desenvolvem seus trabalhos em conjunto para que o produto
final se efetive. Ademais, o que se intenta ao produzir uma obra cinematográfica é
cativar o público, promover a agradabilidade, fazer com que o espectador não tire os
olhos da tela e que viva a história com os personagens em tempo real. Assim, o objetivo
dessa pesquisa é fazer uma breve investigação do referido processo por meio da leitura

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de um roteiro de cinema em comparação com o produto audiovisual. O roteiro


cinematográfico é constituído de vários elementos que permitem analisar as
minuciosidades presentes na construção fílmica. Elementos como premissa, abertura,
tema, caracterização, diálogos, tensão principal, culminância, resolução, ironia
dramática, entre outros, lançam luz sobre o trilhar da criação cinematográfica. A fim de
que nosso objetivo seja atingido, podemos contar com a metodologia da Crítica
Genética, bem como de considerações feitas pela Análise do Discurso. Quando
pensamos em Crítica Genética, naturalmente supomos o uso de documentos de
processo em forma de manuscritos. Com os estudos acerca da gênese da criação, que
envolvem também as obras de arte das mais diversas (cinema, pintura, teatro, etc.) os
documentos que mostram os “passos” dados pelo criador deixam de ser apenas
manuscritos, passando a abarcar outros elementos como, no caso do cinema e do
teatro, o roteiro. Assim, é possível engendrar algumas reflexões sobre o roteiro como
processo criativo, mais especificamente no caso da adaptação fílmica. Para tanto,
temos como corpus a transmutação do romance queirosiano, O Primo Basílio (1878),
para o filme homônimo de Daniel Filho (2007), trazendo uma leitura comparativa entre
os roteiros e desvelando os argumentos construídos no decorrer da construção fílmica.

Palavras-chave: Roteiro; Cinema; Transmutação de Formas.

SIMPÓSIO 4) Após o dilúvio, travessias do fim: teoria, interpretação e


problematização

Profa. Dra. Marisa Corrêa Silva (UEM)


mcsilva5@uem.br
Prof. Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE)
acirdias@yahoo.com.br

1) A violência objetiva por meio da homotextualidade em caio fernando


abreu

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Klara Marcondes Ferreira (Letras, UEM)


Profa. Dra. Marisa Corrêa Silva (UEM/Orientadora)

Resumo:

Segundo alguns autores, o romance O Bom-crioulo, publicado em 1895, de Adolfo


Caminha, é uma primeira expressão da Literatura Gay no cenário literário nacional. Tal
publicação abre caminho para novas expressões homoeróticas/homoafetivas, o século
XX segue com o avanço das mesmas. Sendo assim, a visibilidade da homotextualidade
no Brasil é recente. A respectiva comunicação tem o objetivo de apresentar a discussão
teórica que embasa o Projeto de Iniciação Científica (PIC), intitulado “A Violência
Objetiva por meio da homotextualidade em Caio Fernando Abreu”, buscando dar maior
visibilidade à literatura homossexual nacional, ainda pouco estudada. A pesquisa
científica desenvolve-se a partir de dois contos contidos na obra Inventário do ir-
remediável. Tal obra divide-se em cinco capítulos que se referem a títulos de
inventários. Os contos escolhidos como objeto de estudo são "Madrugada", parte do
Inventário do Espanto e "Inventário do ir-remediável", parte do último inventário – que é
homônimo. Em “Madrugada” dois homens que não se conhecem, cuja profissão é a de
operários, encontram-se em um bar e desenvolvem instantaneamente uma espécie de
comunhão. O enredo desenvolve-se em um ambiente, aparentemente, hostil. A forma
como os dois personagens se comportam na sequência de fatos acaba, de certa
maneira, incomodando as pessoas presentes. Em “Inventário do ir-remediável” há dois
narradores, um autodiegético e outro extradiegético, que narram fatos, sensações e
sentimentos relacionados à cisão de um relacionamento afetivo, sob uma mesma
perspectiva. Há um tom introspectivo, agudo, intenso e doloroso. Pensando no
desenvolvimento dos dois enredos e na forma como as experiências, relações
homoafetivas são vividas na narrativa de Caio - já que o escritor, homossexual, viveu
em uma época de extrema repressão no país, além de acompanhar também a pós-
repressão, a busca pela liberdade essencial – além dos contos, toma-se objeto de
estudo a conceituação de Slavoj Žižek – filósofo contemporâneo cujas teorias são
baseadas no materialismo lacaniano - a respeito da violência. Assim, as violências
simbólica, sistêmica, subjetiva e em especial a violência objetiva apresentam-se como
ponto de partida para entender como a violência objetiva sistêmica dá-se por meio da
linguagem, do ritmo e da organização literária de Caio Fernando Abreu.

Palavras-chave: Homotextualidade; Zizek; Materialismo Lacaniano; Violência.

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2) Era Uma Vez Três Mulheres em Duas Páginas no canto “Amuadinho”


de Terras do Sem fim de Jorge Amado

Wilma Nunes Rangel (UNIOESTE)


Prof. Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE)

Resumo:

Era uma vez, três irmãs em duas páginas de Terras do sem fim (1943) de Jorge
Amado. Entre a pausa de contos de fadas e a vida nua e crua, entre o que marca e
surpreende, entre o amar ou o ‘jorgear’ o encontro com Lucia, Violeta e Maria e o
desencontro com o homem amado, surgiu a elaboração desse estudo. Com o intuito de
problematizar a mulher ali subalternizada, que vivem sob a bota dos coronéis, não tendo
voz e nem vez, e ainda na contemporaneidade vem sendo abandonada. Intenta-se, a
partir de reflexões associada à crítica de Antônio Candido, as teorias de Walter
Benjamin o simbolismo, arquétipos e memórias demonstrar por meio do profundo corte
em Gestação da Cidades, tentaremos apontar as marcas da submissão, descritas nas
palavras escolhidas a dedo, nas trajetórias determinadas pelo machismo, autoritarismo
da sociedade cacaueira dominante. O baiano, e sua apreensão da realidade, tamanha
fidelidade e sensibilidade criadora, em que o lírico vislumbra pulsante uma fábula antiga
em forma de geração, a dor em ler a expressividade das injustiças, do abandono e os
abusos dos machos, o pagamento no destino lascivo, pulsante, (re)inventado e
embaralhado no embrião dos temas, ainda presente no olhar da mulher hodierna.
Palavras-chave: Romance; Jorge Amado; gênero mulher;

3) As Formas de “Apropriação-do-mundo” em A Passagem Tensa dos


Corpos

Diana Milena Heck (UNIOESTE)


Profa. Dra. Regina Coeli Machado e Silva (UNIOESTE/Orientadora)

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Resumo:

O filósofo alemão Hans Ulrich Gumbrecht propõe, em sua obra Produções de Presença:
o que o sentido não consegue transmitir (2010), ao lado da compreensão semiótica,
entender a produção da presença de experiência no mundo. O filósofo pretende
elaborar conceitos que possibilitem ultrapassar o estatuto da interpretação das
Humanidades a fim de que o sujeito possa imaginar uma cultura diferente da sua, além
de “[...]sugerir e inspirar imagens e conceitos que nos ajudem a captar os componentes
não interpretativos da nossa relação com o mundo” (2010, p. 114). Para isso,
sistematiza quatro modos de apropriação-do-mundo pelos seres humanos, separados
em duas tipologias: “cultura de presença” e “cultura de sentido”. A primeira centra-se na
ideia de inscrever o próprio corpo na cosmologia, ou seja, como algo integrante da
existência. A segunda tipologia está orientada pela percepção e imaginação do mundo.
O primeiro dos quatro modos de apropriação-do-mundo seria o de comer as coisas do
mundo, que inclui práticas antropofágicas - desde o canibalismo até a ideia de comer
um corpo simbolicamente, no sentido de apoderar-se dele - e de teofagia como, por
exemplo, comer o corpo e beber o sangue de Cristo. O segundo conceito se refere a
penetrar coisas e corpos, ou seja, tudo que se refere a penetração do corpo do outro,
seja de maneira violenta, através de um assassinato, por exemplo, seja de forma
consensual, por uma relação sexual (lembrando que a relação sexual também pode ser
uma maneira violenta de penetrar o outro e, consequentemente, o medo de uma
penetração violenta gera o pesadelo em ser violado). O terceiro conceito de
apropriação-do-mundo é o que o teórico chama de misticismo, que a cultura ocidental
classifica como as formas de vida espiritual. O último conceito apresentado por
Gumbrecht se denomina a interpretação e a comunicação e está relacionado com o
medo do outro poder interpretar até o que não se quer comunicar. Dentro desta
perspectiva teórica, pretende-se entender a literatura como forma de produção de
presença da experiência do mundo, ou seja, verificar se através de uma obra literária é
possível interpretar o mundo. A partir do exposto, objetiva-se analisar se os quatro
modos de apropriação-do-mundo, elaborados por Gumbrecht, estão presentes na obra
A passagem tensa dos corpos, de Carlos de Brito e Mello (2009) e como a configuração
dos mesmos (se for possível) possibilitam uma interpretação do mundo e da temática
que cerca a mesma.

Palavras-chave: Literatura brasileira contemporânea; filosofia; modos de apropriação-


do-mundo; Gumbrecht; Carlos de Brito e Mello.

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4) Debaixo do véu: ocultação e foraclusão em Pirlimpsiquice (1962), de


Guimarães Rosa

Helena Gabriela Montemezzo (UEM)


Profa. Dra Marisa Corrêa Silva (UEM/Orientadora)

Resumo

O presente trabalho visa estudar o conto Pirlimpsiquice (1962), do escritor João


Guimarães Rosa, pelo viés do materialismo lacaniano. Pretende-se, então, analisar um
evento específico de tal conto como sendo ilustração do feminino lacaniano – a partir da
leitura de Slavoj Žižek (2015) – por meio da estrutura e de elementos narrativos
utilizados pelo autor na construção da diegese. Além disso, considerando um capítulo
de Žižek no livro O Sofrimento de Deus: Inversões do Apocalipse, procura-se relacionar
a passagem focada no conto de Guimarães Rosa com o uso do véu por mulheres
islâmicas. Dessa forma, enxergando o véu como metáfora da ocultação específica que
conduz ao conceito de "foraclusão", objetiva-se avaliar de que maneira ocorre tal prática
(de ocultação) na narrativa estudada e como sua estrutura se enquadra no materialismo
lacaniano. Ademais, ainda sob uma perspectiva zizekiana – que, por sua vez, é
contemplada em Lacrimae Rerum: Ensaios Sobre Cinema Moderno – será apresentado
um paralelo entre Pirlimpsiquice e o filme O cavaleiro das trevas (2008), de Christopher
Nolan. Assim sendo, será atribuída ao conto de Rosa não só uma referência lacaniana,
mas também um diálogo de base midiática.

Palavras-chave: Materialismo lacaniano; Guimarães Rosa; Ocultação; Foraclusão.

5) Do Simbólico ao Imaginário: O Real de Policarpo Quaresma a partir


do Materialismo Lacaniano

Maria Betânia da Rocha de Oliveira (UEM)


Profa. Dra. Marisa Corrêa Silva (UEM/Orientadora)

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Resumo:

O presente trabalho propõe uma leitura do romance Triste Fim de Policarpo


Quaresma (1911), do escritor pré-modernista Lima Barreto, pelo viés do Materialismo
Lacaniano do teórico crítico esloveno Slavoj Žižek. Inicialmente, apresentamos o autor e
traçamos uma breve visão do movimento literário ao qual ele está vinculado. Por ser
uma corrente relativamente nova no Brasil, destacamos que o Materialismo Lacaniano,
antes ligado à filosofia política, avança gradativamente e atinge a área dos estudos
culturais, por meio da proposta de ler textos literários a partir da aplicação dos conceitos
de Lacan apropriados por Žižek. Apropriamo-nos do pensamento de Badiou (2002) –
também pensador dessa corrente - para defender que o processo de criação romanesco
de Lima Barreto passa por um processo adequado de transformação estética, sem
perder a autonomia do processo artístico. O elemento ideológico conduz a narrativa,
mas a incorpora ao processo de criação estética, o que vale afirmar que nas obras
desse escritor se instaura uma nova realidade, que é a própria realidade do romance.
Nessa perspectiva, apresentamos o romance de Barreto como um romance que
evidencia o entrelaçamento dos vários aspectos que compõem a realidade do ser,
exatamente porque os aspectos exteriores da realidade são substituídos pelos
conceitos do que é Simbólico, Imaginário e Real propostos por Žižek. Com os
personagens que desfilam pela cidade do Rio de Janeiro, o narrador de Triste Fim
expõe os problemas do indivíduo moderno em busca de afirmação no mundo novo que
se desenhava com a Proclamação da República. A narrativa oscila entre as mazelas
presentes no cotidiano e a resistência desse indivíduo diante delas, já que na dinâmica
social determinada pela época, grande parte da população era sacrificada em benefício
de poucos. O conjunto da obra de Barreto ultrapassa os conceitos da descrição da
realidade vista ou vivenciada por ele, uma vez que a verdade do autor confunde-se com
a verdade da arte, tal qual expressa por Badiou (2002). Ou seja, a literatura real desse
autor se mistura com o irreal, de forma que a verdade da arte ultrapassa os limites do
imaginário. E isso confere ao texto literário a essência do real sob o ponto de vista
ideológico do escritor. A proposta de Žižek é intervir no discurso político por acreditar
que isso pode afetar as ideias das pessoas e ajudar a transformar a realidade. Nessa
perspectiva, o objetivo deste trabalho é aplicar os conceitos de Real, Simbólico e
Imaginário, em Triste Fim de Policarpo Quaresma para explicar a forma como esses
conceitos propõem um direcionamento sobre a possível relação existente entre o que
Žižek afirma sobre as questões da atualidade e o que pode ser aplicado à realidade do
romance em estudo.

Palavras-chave: Crítica Literária; Lima Barreto; Materialismo Lacaniano; Slavoj Žižek.

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6) Mito familiar da ideologia em Admirável mundo novo, de Aldous


Huxley: possibilidades de diálogo entre Ferenc Fehér e Slavoj Zizek

Marcia Geralda de Almeida (UEM)


Dra. Marisa Correa Silva (UEM/Orientadora)

Resumo:

Tendo em vista as transformações sofridas pelo gênero Romance desde o seu


surgimento até os dias atuais, este trabalho tem como objetivo propor um possível
diálogo entre as concepções do filósofo Ferenc Fehér acerca do gênero em questão, no
que se refere especificamente à instituição familiar, articuladas ao pensamento do
filósofo esloveno Slavoj Žižek no que diz respeito ao mito familiar da ideologia. Se por
um lado, Fehér aponta a dissolução da instituição familiar como uma das marcas
basilares do romance moderno, Žižek, por sua vez, apresenta o mito da formação do
par amoroso como uma ramificação do mito familiar da ideologia. Esses conceitos
žižequianos são aplicados ao cinema, principalmente hollywoodiano, com resultados
interessantes, porém sua aplicação ao romance pode ser relevante. Se por um lado, a
instituição familiar surgiu como uma exigência e um mecanismo de manutenção da
sociedade burguesa, que se opunha à sociedade aristocrata, Fehér argumenta que com
o desenvolvimento da sociedade burguesa, a dissolução da instituição familiar
apresenta-se como uma das marcas mais significativas do gênero que foi popularmente
designado como a epopeia burguesa. Em contrapartida, o filósofo Žižek propõe a
existência do mito familiar da ideologia, em que a narrativa familiar influencia a
sociedade e apresenta-se como “operação ideológica fundamental”, isto é, é usada para
estruturar conflitos histórico-sociais. Segundo o filósofo esloveno, existe uma trama
principal que serve de pano de fundo para uma trama secundária, que é a mais
evidenciada, ou seja, a trama principal torna-se mero pretexto, de maneira que fatos
históricos se tornam mero pano de fundo para evidenciar a formação de um par
amoroso. A questão é o que esse mito familiar da ideologia oculta (deixa de fora) ou
ressalta ao evidenciar o casal cujo amor sobrevive a todo caos, enquanto o
leitor/espectador permanece na superfície da obra. Ainda que o objeto dessa análise
seja uma distopia, uma obra a frente de seu tempo, ambos os conceitos são aplicáveis
ao Romance Admirável mundo novo, na medida em que permitem uma reflexão acerca
do desenvolvimento e atualidade (da estrutura e conteúdo) do gênero, além de trazer
para a discussão dois teóricos que, embora estejam distantes temporalmente, podem
dialogar e render novas perspectivas a respeito do Romance. Em Admirável Mundo
Novo a dissolução da instituição familiar é basilar, uma vez que nessa sociedade
distópica, o conceito de família foi abolido em nome do progresso, no entanto, o
narrador indica a retomada dessa instituição, ao colocar em cena o Selvagem, bem
como cria a expectativa da formação do par amoroso. O interessante é verificar até que
ponto os conceitos de ambos se aproximam e em que sentido eles divergem.

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Palavras-chave: mito familiar da ideologia, Admirável mundo novo, Slavoj Zizek,


Ferenc Fehér

7) A Insustentável Leveza do Ser e Suas Relações com o Poético: Da


Narrativa Fílmica ao Cinema de Poesia

Fabiana Maceno Domingos Pedrolo (UNIOESTE)


Prof.Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE/Orientador)

Resumo:

O presente estudo propõe uma análise acerca do filme A insustentável leveza do ser
(1987), de Philip Kaufman, inspirado no romance homônimo de Milan Kundera(1984) e
pretende apontar os elementos da linguagem cinematográfica que o aproximam tanto
do romance lírico quanto do cinema de poesia, este último, termo cunhado pelo cineasta
italiano Pier Paolo Pasolini. Com base nas considerações de Ferreira(2004)
pretendemos elencar os aspectos inerentes ao universo lírico que podem compor a
produção fílmica e contribuir de forma significativa nos sentidos. A insustentável leveza
do ser é um filme, sobretudo, poético, dotado de um lirismo tal qual a obra literária o é.
No cinema, no entanto, a narrativa ganha nova dimensão, novos recursos que
contribuem demasiadamente para que o espectador tenha condições de ampliar as
suas percepções acerca das personagens, do espaço e, consequentemente sobre o
enredo. Analisando tanto as personagens de forma isolada quanto suas relações entre
si e o ambiente onde estão inseridas, intentamos evidenciar a forma lírica como a
diegese se constrói e quais características do cinema de poesia são percebidas
mediante o plano e a montagem presentes na obra. Neste sentido, a análise do uso da
subjetiva indireta livre bem como a forma poética como se constroi a diegese foram
fundamentais para que este trabalho fosse realizado. Ao considerarmos a poesia como
um elemento presente neste filme, sobre o qual debruçamos nosso olhar, é
imprescindível que a compreendamos como um meio de expressão dotado de algumas
peculiaridades: pois a poesia é, sobretudo, uma manifestação livre. Kinski (2016)
considera que a poesia, por desbravar um território mítico, inconsciente, clássico e
sagrado alia à linguagem a reinvenção o que acaba por deixar o campo aberto a
diversas interpretações. Assim, este artigo pretende levantar discussões acerca das
contribuições da lírica no cinema e como estas duas formas de arte podem ser
consonantes e enriquecerem uma a outra favorecendo para que cada vez mais o campo
cinematográfico possa ser analisado por diversos prismas. Esta comunicação propõe

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um estudo do campo do subjetivo, introspectivo na tentativa de promover uma


percepção poética e diferenciada de A insustentável leveza do ser a fim de fomentar
interpretações plurais acerca do cinema, da poesia e suas relações.

Palavras-chave: A insustentável leveza do ser; Cinema; Poesia.

8) Distopia e Pós-utopia: Uma Perspectiva de Análise de Farenheit 451

Gabriela Bruschini Grecca (UNESP)


Profa. Dra. Rejane Cristina Rocha (UFSCar/Orientadora)

Resumo:

Esta comunicação pretende analisar as tensões entre distopia e pós-utopia na obra do


norte-americano Ray Bradbury, Farenheit 451 (1953). Consideramos esta obra um
romance distópico, segundo a classificação de M. Keith Booker (1994), por apresentar
uma narrativa ambientada em um futuro indeterminado, no qual certos aparatos
tecnológicos se desenvolveram e servem a propósitos específicos para a conservação
de Poder de determinadas instituições, seja um governo autoritário, sejam os costumes
sociais que perpetuam, por exemplo, o consumismo e a homogeneização do
pensamento. Ainda que a obra de Bradbury e outras distopias contemporâneas sejam
vistas como inseparáveis da utopia (ao proporem, por vezes, finais esperançosos), cabe
a nós nos perguntarmos se este embrião utópico é o mesmo encontrado em obras de
vanguarda, que idealizam o futuro para distanciar-se das mazelas do presente. Em
nossa hipótese inicial, Farenheit 451 parece inspirar uma visão de mundo mais pós-
utópica do que utópica; para compreendê-la, traremos como fundamentação teórica o
conceito de “pós-utopia” de Haroldo de Campos (1997) e relido por Diana Junkes
(2017). Trata-se de uma utopia reproposta, a qual, nas palavras de Junkes, trata o
futuro como não-ideal, que pode ser construído a partir do adensamento do presente,
valorizando a visão da contemporaneidade como agoridade. Assim, o futuro pós-utópico
passa a ser visto como contingência e a história, aberta, plural, visão de mundo a qual,
ao nosso ver, está mais próxima de Farenheit 451, principalmente no modo como, no
final da narrativa, as estratégias de resistência são pensadas para um futuro aberto.
Assim, nosso objetivo principal é aprofundar a ideia de pós-utopia, que até o presente

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momento permanece no âmbito da poesia haroldiana, e trazê-la como proposta de


leitura do modo como a distopia parece relacionar-se como o futuro, ao não negá-lo
totalmente, nem idealizá-lo, mas o “desauratizando” para que uma leitura crítica possa
ser feita.

Palavras-chave: Romance distópico; pós-utopia; Ray Bradbury; Farenheit 451.

9) Agenciamento Interpassivo: Considerações Sobre o Ambiente


Ficcional de Imersão do Jogo Game of Thrones

Mario Lousada de Andrade (PLE/UEM)

Resumo:

O conceito de agência, tal como proposto por Janet Murray (2003), tem sido uma “pedra
de toque” para os estudos empenhados em compreender as implicações da
interatividade suscitadas pelas narrativas que circulam no ciberespaço. Aliado ao
conceito de imersão e transformação, a agência configura-se, segundo a autora, como a
atividade gratificante de realizar ações em ambientes ficcionais criados a partir de
propostas interativas. Pensando no caso específico das narrativas de games, o
“agenciamento interativo” do jogador deve funcionar como o “poder/liberdade” de
locomover-se no ambiente ficcional de imersão, acatar ou dispensar atalhos e/ou itens,
valer-se de estratégias para derrotar forças adversárias, moldar características e
tomadas de decisões das personagens/avatares, etc. A agência, portanto, está
diretamente relacionada ao papel “ativo” dos “leitores multimodais” e alcança espaço
para a discussão concernente à recepção de narrativas multissemióticas. Contudo, esse
papel “interativo” dos jogares das narrativas de games é passível de questionamentos
quando analisamos, por exemplo, a jogabilidade de Game of Thrones (TELLTALE
GAMES, 2014). Dividido em seis episódios, o jogo em questão fornece alternativas para
que o jogador direcione as falas e ações das personagens, com pouquíssimas
passagens em que uma determinada escolha realmente afete o destino das mesmas.
Nos momentos de luta (agon) o sistema direciona o jogador para os botões que deve
apertar. Em síntese, os episódios do jogo são constituídos pela altíssima predominância
de cutscenes “interativas” contrapostas por uma baixíssima exploração do ambiente.
Considerando esses aspectos como problemáticos para o conceito proposto por Murray
(2003), a presente comunicação utiliza o conceito de interpassividade, conforme
apresentado por Slavoj Žižek (2010), para propor a noção de “agenciamento

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interpassivo” com o objetivo de fomentar uma discussão teórica para a utilização do


conceito de agência diante de jogos nos quais o jogador pensa estar ativo, quando na
realidade está passivo e desempenhando pseudo-ações. No que se refere ao ambiente
ficcional de imersão, evidenciar-se-á que ao invés de o mesmo ser explorado pelo
jogador, é explorado pela máquina que desempenha o papel que caberia, em termos
ludológicos, ao jogador, gerando, pela estética do objeto, a interpassividade.

Palavras-Chave: agência; interpassividade; ambiente ficcional de imersão; Game of


Thrones.

10) Desvelando os Quitutes: Um Estudo do Narrador na Obra A


Deliciosa e Sangrenta Aventura Latina de Jane Spitfire de Augusto
Boal
Hadassa Welzel (UEM)

Resumo:

Tanto a dramaturgia de Augusto Boal (1931-2009) quanto seus escritos teóricos têm
sido amplamente estudados no âmbito internacional e, infelizmente, um pouco menos
no âmbito nacional; mais conhecido por peças como Revolução na América do Sul
(1960) e pela obra Teatro do oprimido e outras poéticas políticas (1980), seu trabalho
como dramaturgo e diretor é, de forma geral, o mais ressaltado quando se fala em Boal.
Dessa forma, chamou-nos atenção o fato de uma obra sua, A deliciosa e sangrenta
aventura latina de Jane Spitfire, escrita em 1976, não ser muito conhecida/estudada.
Não menosprezando seu trabalho como dramaturgo, antes, trazendo à tona mais uma
característica fundamental de todo o seu trabalho, a experimentação, decidimos então
nos debruçar sobre seu único romance. Em um contexto como o contemporâneo, de
figuras políticas com discursos extremamente conservadores, esse romance policial em
chave crítica de Boal se atualiza. Mais especificamente, a protagonista da obra,
Jane/Janet, faz com que a relacionemos a um Estados Unidos que ainda atua de forma
extremamente violenta e arbitrária para com os outros países. Vale mencionar que a
obra em questão foi escrita em Buenos Aires, ao longo do exílio do autor, o qual, após
ter desenvolvido um trabalho significativo para o início do teatro épico no Brasil junto do
Arena, foi torturado e, em seguida, forçado ao exílio. Assim, para darmos conta da
dimensão histórica e estética dessa obra, faremos um breve recuo histórico para então
relacioná-la com a atualidade, dialeticamente. Para tanto, teremos em vista uma
concepção benjaminiana da história, segundo a qual o presente é iluminado quando nos
voltamos ao que veio antes, da mesma forma que o passado só se torna “completo”
quando um olhar do presente se volta para ele e, para tanto, nos pautamos em suas
Teses sobre o conceito de história (1940). Além disso, o fio condutor de nosso trabalho

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será o texto A posição do narrador no romance contemporâneo, de Theodor Adorno,


mais especificamente, seu conceito de distância estética, o qual, em nossa concepção,
é fundamental para entender os primórdios do romance moderno e também as obras
que temos até hoje. Além destes, também serão utilizados teóricos da literatura como
Rosenfeld, e a obra Violência: seis reflexões laterais (2007), do filósofo esloveno Žižek,
uma vez que tanto a obra de Boal quanto a de Adorno permitem - e pedem por -
relações externas.

Palavras-chave: Literatura e sociedade, crise do romance, Augusto Boal, ditaduras.

11) Não Verás País Nenhum: As Questões Ecológicas e suas


Consequências Violentas

Estela Pereira dos Santos (PLE-UEM)

Resumo:

Por meio de seu título, o romance Não verás país nenhum (2008), do escritor brasileiro
Ignácio de Loyola Brandão, faz uma clara alusão irônica aos versos “Ama, com fé e
orgulho, a terra em que nasceste!/ Criança! Não verás nenhum país como este!”, de
Olavo Bilac, que abrem o poema “À Pátria”. O movimento paródico carrega um humor
doloroso e, desse modo, o título do romance dá um tom pessimista a ele, que é narrado
por Souza, um ex-professor de história. O narrador e personagem Souza nos conta
sobre aquilo que poderá vir a ser o nosso país: um total caos criado pelo próprio ser
humano com o passar do tempo. Ao seguirmos a narração, que se passa em São
Paulo, percebemos que todos os fatos apresentados são permeados pela falta de
recursos naturais, próprios do meio ambiente, como plantas, água e alimentos, além da
falta de animais de todas as espécies. Além da escassez de recursos naturais, há
também no romance a forte presença da violência, do autoritarismo e da opressão por
parte do Esquema, um órgão composto por Civiltares, os quais são semelhantes aos
militares do período de ditadura no Brasil. Há também a proibição de livre circulação da
população, sujeitos doentes, mulheres estéreis e uma frequente falsificação da história.
Em função da escassez de bens naturais e de toda poluição, há fichas para água, a que
poucas pessoas têm acesso, porque para isso é preciso ter dinheiro para comprá-las, e
fichas de circulação, pois cada um só pode circular em uma área pré-determinada e em
um ônibus apenas, e essa circulação também depende de seu poder financeiro. Desse
modo, é gerada a exclusão daqueles que não são favorecidos financeiramente e

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também se cria um ambiente hostil, no qual as pessoas fazem de tudo para


sobreviverem, inclusive fazem uso da violência. Ao percebemos a falta de um meio
ambiente preservado, ou a inexistência de recursos naturais, podemos observar
também uma grande carga de violência nas linhas da narrativa. Este trabalho, portanto,
tem como objetivo um estudo das questões ecológicas e suas consequências violentas
que são apresentadas na obra literária de Brandão, isto por meio de dois conceitos
teóricos fundamentais, de modo articulado: o conceito de ecocrítica, discutido e
postulado por Greg Garrad (2006) e de violência objetiva, por Slavoj Žižek (2014). Além
disso, auxiliam na discussão proposta por este estudo: Cadernos de Literatura Brasileira
(2001); Jardim; Libanori (2014); Santos; Silva (2015) e Silverman (2000).

Palavras-chave: Não verás país nenhum; Ecocrítica; Violência objetiva.

12) Que Mirada é Essa? O Ponto de Vista na Ficção Cinematográfica nos


Longas La Ciénaga, La Niña Santa e La Mujer Sin Cabeza de Lucrecia
Martel

Josiane Valcarenghi Ribeiro Nantes (UNIOESTE)


Prof. Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE/Orientador)

Resumo:

Nos anos 1900, aproximadamente, Henry James, segundo Norman Friedman (2002, p.
169), em seus prefácios, viu-se preso num problema que o molestava profundamente,
estava preocupado em poder determinar um núcleo para suas narrativas, seu êxito se
deu quando restringiu a visão da ação à consciência de um dos personagens de sua
história que levou ao que hoje se conhece por ponto de vista na ficção. Encontrou-se
uma relação do ponto de vista no que diz respeito à forma como o autor fará a história
chegar ao leitor/espectador, que se preocupa em apontar o que se irá mostrar e não
contar na estória, fazendo com que esta “pareça verdadeira”. Abandona-se a forma
tradicional de narrar, em que o narrador apresenta, como um resumo, a estória e passa-
se a dramatizar a consciência mental de quem irá “mostrar” a ação ficcional. A ficção
pós-moderna não possibilita ao leitor uma saída, mas muitos caminhos interpretativos,
não se deve mergulhar numa diegese composta por elementos restritos, esperando-se
encontrar a chave do mistério, Khalil (2016, p. 199), utilizando-se do conto “O fio da
fábula” de Jorge Luis Borges, em que narra o problema de Teseu em não encontrar a
saída do labirinto porque lá estaria outro labirinto, o relaciona a situação da posição do
leitor na pós-modernidade. Ler/ver uma narrativa pós-moderna é estar preparado para
encontrar-se num labirinto sem fim, em que continuamente poder-se-á retornar ao

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mesmo lugar. Lucrecia Martel, em seus três longas – La ciénaga, La ninã santa e La
mujer sin cabeza - apresenta uma narrativa incoerente, próxima da natureza da
consciência humana, em que os pensamentos caóticos das personagens se mostram
por si só através de um narrador que narra não como agente ativo da ação ficcional, e
por isso a diegese não necessita de interventores, ela se auto conduz. O pulo do gato
está na posição em que essa mente está localizada para então “mostrar” o que se
deseja ao espectador. Porém, a mente humana é como um labirinto que, às vezes, se
possibilita entrar, oportuniza-se muitos caminhos, mas que não se encontra a saída.
Lucrecia Martel coloca seu leitor/espectador, constantemente, nesses labirintos. O
objetivo desta discussão é verificar como se constrói o ponto de vista nas narrativas
cinematográficas pós-modernas, de forma mais específica, nas narrativas de fluxo de
consciência. Busca-se ainda, explanar sobre a teorização a respeito do conceito de
ponto de vista e a importância deste elemento para a construção narrativa pós-
moderna, em consequência disso discutir-se-á a presença deste nos filmes de Lucrecia
Martel. Como base teórica utilizar-se-á os estudos de Norman Friedman (1946) quanto
a especificação do ponto de vista e quando necessário, a título de comparação teórica,
de outros autores que tratam deste mesmo assunto.

Palavras-chave: Narrativas Pós-modernas; Narrativas de Fluxo de Consciência; Ponto


de Vista Cinematográfico; Cinema Argentino; Lucrecia Martel.

13) O Incômodo Silêncio das Filhas do Falecido Coronel

Me. Thays Pretti (UEM)


Resumo:

Katherine Mansfield, nascida Kathleen Mansfield Beauchamp, é uma importante


escritora neozelandesa do início do século XX, que alcançou reconhecimento
principalmente a partir de seus contos. Em seus textos, aborda o cotidiano de uma
forma que se situa entre o delicado e o cirúrgico. É desse modo que explora as
disparidades entre as classes sociais a partir da relação entre meninas em idade
escolar, no conto A casa de bonecas (The doll’s house), por exemplo, ou revela o
conflito íntimo de uma mulher que descobre que a mulher que ela mais admira é amante
de seu marido, no conto Felicidade (Bliss). Essa habilidade de imiscuir a solidão à
felicidade, o cirúrgico ao sensível, acaba tendo por consequência ressaltar o silêncio
existente na obra (ou talvez o mencionado imiscuir de características diversas seja
consequência da habilidade de lidar graciosamente com o silêncio), uma vez que, em
várias situações, a escolha por não dizer determinadas informações a respeito da
narrativa faz com que tais informações sejam silenciosamente gritadas, ganidas pelo
texto como um todo. Nesta análise, optamos por observar como isso se dá a partir do

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conto As filhas do falecido coronel (The daughters of the late colonel), presente na obra
A festa ao ar livre e outras histórias (The garden party and other stories), publicada em
1922. Para tanto, nos valeremos principalmente da obra As formas do silêncio, de Eni
Puccinelli Orlandi (1997). Tal recorte se dá pelo fato de que, ainda que seja difícil
pensar em silêncio ao se falar sobre comunicação, texto, literatura, e ainda que, na
maioria das vezes, o silêncio seja tido como uma espécie de vazio, como o intervalo
existente entre as “partículas significativas” da palavra, da frase ou da obra, o silêncio é
pleno de significação e se configura como uma forma de expressão, não raro mais
eloquente que o discurso verbal. No conto escolhido para análise, podemos perceber a
presença do silêncio já desde seu título: As filhas do falecido coronel. Há nesse título
um silêncio imposto pela figura autoritária do coronel, uma vez que, mesmo após sua
morte, suas filhas são significadas a partir dele. Os nomes, as características, as
identidades dessas mulheres, tudo isso foi interditado pela grande e silenciosa presença
do coronel. Assim como o título, a frase de abertura do conto também é igualmente
impactante (tendo sido a imagem que inspirou esta análise). O narrador, extradiegético,
diz: “A semana seguinte foi uma das mais ocupadas de suas vidas” – uma frase repleta
de silêncios. Em primeiro lugar, não sabemos da vida de quem o narrador trata. Quem
tem uma semana ocupada? Em segundo lugar, não sabemos a que essa semana se
segue. É a semana seguinte a que acontecimento? E, mais do que isso, que
acontecimento é tão impactante que o narrador, emulando o sentimento das
personagens, não consegue expressar? De silêncios em silêncios, as duas irmãs, sob o
jugo da autoridade do pai mesmo após a morte deste, vão escondendo mesmo de si
mesmas o que sentem em relação a essa morte, tão avassaladora quanto libertadora.
Assim, como já foi dito por Yamakawa & Tofalini, “na literatura, os silêncios são”. Em
toda linguagem, é claro, mas especialmente em na literatura, uma vez que os
significados se tornam mais fluidos. No caso específico deste artigo, investigar As filhas
do falecido coronel a partir dos modos do silêncio perceptíveis na obra acresce e
aprofunda muito sua leitura, uma vez que esse tipo de estudo nos auxilia a desvendar o
que só o silêncio encerra. O silêncio, intrigante, envolvente, é muito mais do que um
recurso estilístico nesse conto: ele é fundamental para a construção da significação da
obra, bem como para a reflexão a respeito da essência humana e da sociedade.
Observar os silêncios do conto é ouvir o ganido de sofrimento e o debater-se das
personagens, Constantia e Josephine, em uma realidade que não permite que elas
sejam quem realmente são. É entender a visceral crítica da autora a uma sociedade
que, ela toda, muitas vezes silencia as mulheres – esposas, filhas, funcionárias –
mulheres em geral, pertencentes e fundamentais a essa sociedade que as silencia.
Assim, o silêncio, nesse conto, é um grito.

Palavras-chave: Katherine Mansfield; conto; silêncio; patriarcalismo; opressão.

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14) A Experiência Abissal da Literatura em Enrique Vila-Matas

Ramon Guillermo Mendes (UEPG)


Profa. Dra. Keli Cristina Pacheco (UEPG/Orientadora)

Resumo:

Em seu conto, presente na coletânea Exploradores do abismo (2013), A glória solitária,


o escritor espanhol Enrique Vila-Matas nos apresenta uma digressão sobre o fazer
literário. Se em outros de seus contos presentes no livro o autor explora situações limite
em que as personagens são obrigadas a enfrentar seus medos, temores ou desafiar
problemas metafísicos que ficam abertos e sem solução, nesse conto-ensaio Vila-Matas
reflete sobre própria escrita enquanto limite, mas um limite do desaparecimento, ou
como o título sugere, uma glória que não pode ser partilhada de forma convencional,
pois se trataria de uma de uma negação da possibilidade da glória enquanto gozo
coletivo de um sucesso individual. Para o escritor a literatura é um ato de solidão
extrema que busca romper com uma ideia de Eu que é aclamada pela denominada
“sociedade do espetáculo”. Não é o sucesso midiático, a venda frenética de exemplares
de livros ou CDs que torna um artista um gênio, essa exposição não resolve uma
questão fundamental: para que serve a arte? Para que serve escrever literatura? Vila-
Matas traz exemplos de grandes nomes da música, em especial do jazz como Miles
Davis e o pianista Thelonious Monk, um tocava seu sax de costas para a plateia o outro
“martelava” as teclas do piano sem que saísse nenhuma nota das mesmas. O que une
essas duas performances é a solidão, ambos necessitavam se isolar da comunicação
possível com os outros para criar suas canções. Citando Kafka e Walser, como figuras
emblemáticas do fazer literário como busca implacável pelo desaparecimento e pela
solidão necessária, Enrique Vila-Matas propõe pensarmos em uma extensão àquilo que
Maurice Blanchot (2011) já chamava de solidão absoluta da obra literária ou espaço
exterior de criação que perpassa e transcende a mera realidade de um Eu autoral, uma
experiência de solidão limítrofe que torna o literário esse espaço impróprio,
desterritorializado, como apontam Deleuze e Guattari (1996), e que como as
personagens de Vila-Matas nos conduzem a uma experiência abissal com a realidade,
assim como o escritor espanhol escreve em seu conto Uma invenção muito prática,
publicado em outra coletânea intitulada Suicídios exemplares (2012), morrer e lançar-se
no vazio são as formas artísticas por excelência que a literatura emula de maneira
visceral. Buscamos pensar essas questões a partir de algumas obras de Enrique Vila-
Matas, entendendo o fazer literário como uma reflexão acerca da própria possibilidade
do literário enquanto manifestação daquilo que Agamben (2005) denominou Genius –
“aquilo que há de mais impessoal em nossa subjetividade”.

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Palavras-chave: Desaparecimento; Solidão; Escrita.

15) Bem-vindo a Hogwarts: Leitores e Leituras de Harry Potter

Me. Elaine Cristina Amorin (Centro Educacional Criarte)

Resumo:

O presente artigo surgiu a partir da constatação do fenômeno mundial da série de livros


Harry Potter, de autoria da britânica J.K. Rowling e a influência dos mesmos no que diz
a leitores e leitura. Verifica-se assim, por meio da Estética da Recepção, como ocorrera
a recepção dos livros de Rowling em diferentes âmbitos. Primeiramente, constatou-se a
recepção da série na cibercultura e, após pesquisa exploratória, verificou-se que são
inúmeros os grupos virtuais e sites de hiperficções literárias (fanfics) relacionados à
série Harry Potter, sendo assim, possível, observar que os leitores demonstram
liberdade para criar a própria significação sobre o enredo. Constatou-se que, tanto nas
discussões em comunidades virtuais (e-fóruns) quanto na criação de fanfics os fãs de
Harry Potter buscam se identificar com a obra que leem, assim como, possibilidades de
expor as próprias considerações deles sobre as aventuras do jovem bruxo. Além disso,
na obra, o leitor através do horizonte de expectativa, tem a possibilidade de verificar a
retomada e subversão de ideias relacionadas ao mundo da bruxaria comumente
encontrada em diversos livros, principalmente na análise da figura da bruxa na Idade
Média e os estereótipos comumente encontrados nas histórias literárias. Ao considerar
também, a identificação da série com os leitores, segue-se um terceiro tópico:
relacionado às obras: Animais fantásticos e onde habitam e Harry Potter e a criança
amaldiçoada. O primeiro parte de um livro escrito para explorar aspectos do mundo de
Harry Potter e por meio de adaptação, torna-se um filme e, que por consequência,
transforma-se em um livro-roteiro e o outro, baseia-se na continuação da série, contudo,
adaptado ao gênero dramático e mudanças estas que podem ser consideradas em
caráter de ressignificação e transposição, mantendo o caráter dialógico com os livros
anteriores. Por fim, ao analisar os três aspectos relacionados aos livros de Harry Potter:
cibercultura, adaptação e desmistificação do mito da mulher-bruxa, percebe-se a

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premissa de que o fenômeno Harry Potter assim tornou-se por estimular um processo
de interação entre obra e leitor com a possibilidade de produzir uma gama variada de
sentidos para o mesmo texto. Ou seja, no processo de leitura é o fato de o mundo ser
constantemente dado e refutado, o que permite uma oscilação experimentada pelo leitor
de Harry Potter, que vai além das expectativas (ruptura), das surpresas (perturbação) e
das decepções (obliteração). Assim, tome seu lugar, que o expresso de Hogwarts já
vai partir.

Palavras-chaves: Recepção, Harry Potter, Cibercultura, Desmistificação, Adaptação.

16) A Cosmologia de VISNIEC no Espetáculo “O Corpo da Mulher


como Campo de Batalha”

Me. Camylla Galante (UNIOESTE)

Resumo:

Há na antropologia alguns autores que trabalham com o conceito de performance como


um viés de análise, uma forma de estudar o comportamento de povos primitivos ou
civilizados quanto aos rituais, cotidianos ou cerimoniais, sagrados ou profanos. Entre
estes está o cingalês Stanley Tambiah (1929 – 2014) que propõe uma análise dos
rituais contemporâneos como sendo performances, sendo estas compreendidas como
sistemas de comunicação simbólicos, culturalmente construídos, sendo compostas de
sequências padronizadas de atos e falas. A comunicação simbólica que se constrói com
os rituais perpassa necessariamente por cosmologias, que são definidas na teoria do
antropólogo como um corpo de concepções que governam e regem os fenômenos que
compõe o universo como um todo ordenado, além de regular as normas e os processos
que o norteia. A cosmologia agrega os princípios orientadores, que definem o que é
considerado sagrado, são usadas como referência, e são perpetuadas
consideravelmente sem mudanças (TAMBIAH, 1985). Se comparada a noção de
performances rituais de Tambiah com performances teatrais que se alicerçam em textos
dramáticos, percebe-se que há consideráveis semelhanças. Ambas, se se considerar
suas origens, remetem a rituais sagrados que foram paulatinamente profanados,
trazidos para o cotidiano, ambas são, em certa maneira, sistemas de comunicação

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simbólicos com sequências de atos e falas e há também o fato de serem orientadas por
concepções que regem as ações. Por conta destas semelhanças, propõe-se neste
trabalho a utilização da teoria acerca dos rituais de Stanley Tambiah para a análise do
espetáculo O corpo da mulher como campo de batalha (2017), dirigido por Fernando
Philbert com Ester Jablonski e Fernanda Nobre como parte do elenco, sendo o texto
desta peça escrito em 1997 por Matei Vișniec, dramaturgo, escritor e jornalista romeno
radicado na França. Nas obras deste autor há alguns elementos, personagens e
motivos que se repetem, o que dá margens para se considerar que cada uma delas seja
parte de um todo maior, interligadas no universo da obra do dramaturgo romeno,
formando uma “cosmologia” do escritor. Os espetáculos que encenam sua obra seriam,
por sua vez, os rituais, as performances no sentido utilizado por Tambiah, regidos todos
eles pela “cosmologia” que se compreende a partir da leitura do conjunto da obra de
Vișniec.

Palavras-chave: Antropologia; Stamley Tambiah; Matei Vișniec.

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17) A Política Totalitária do Romance 1984, de GEORGE ORWELL,


Sob a Perspectiva do Materialismo Lacaniano

Dra. Érica Fernandes Alves (UEM)

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise do totalitarismo presente
no romance distópico, britânico, 1984, de George Orwell pelo viés do Materialismo
Lacaniano. O romance em questão foi publicado poucos anos após a Segunda Guerra
Mundial e o início da Guerra Fria, em 1948. Depois de presenciar o regime político
fascista de Francisco Franco na Espanha, o governo totalitário nazista de Adolf Hitler na
Alemanha, bem como o totalitarismo stalinista na União Soviética, George Orwell
parece ter se inspirado para escrever obras voltadas para a crítica e exploração de
temas políticos, sendo 1984 uma delas. Nesse trabalho procuramos mostrar, mais
especificamente que, no romance, o partido político, intitulado Socing, se trata de um
partido totalitário, que se esforça para manipular a ordem do Simbólico na sociedade e
que as ações das personagens se estabelecem por meio do que é promulgado pelo
partido, sendo elas, portanto, condicionadas a algo exterior ao desejo individual. A
coletividade imposta pelos ideais partidários do Socing provoca a perda da identidade e
subjetividade das personagens, fato que contribui para a passividade e inércia da
população. O regime totalitário do romance se enquadra nos reconhecidos totalitarismos
da primeira metade do século XX, pois opera de modo aterrorizante, provocando a
desintegração não apenas do meio social das personagens, mas também afeta
drasticamente seu psicológico. Ao realizar a análise pela perspectiva materialista
lacaniana, entendemos que a realidade descrita no romance é constituída pela tríade R-
S-I, desenvolvida pelo psicanalista Jacques Lacan e discutida pelo filósofo Slavoj Žižek.
Nessa concepção observamos que o partido Socing, deliberadamente, planeja e
executa ações que interferem na ordem do Simbólico, alterando a vida das
personagens. As consequências advindas da manipulação dessa instância são sentidas
de várias maneiras no romance, tais como a perda da memória coletiva, a desconfiança
mútua entre as personagens, o medo constante e a incitação ao ódio, dentre outras.
Nossa análise fundamenta-se em estudos realizados no âmbito do Materialismo
Lacaniano, mais especificamente, por parte de Žižek (2010), além de discutir sobre a
concepção de totalitarismo, proposta por Arendt (1989). Os resultados revelam que a
manipulação da ordem do Simbólico se caracteriza como crucial para a desintegração
da condição de sujeito.

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Palavras-chave: totalitarismo; Simbólico; Materialismo Lacaniano.

18) Autoficção e Outras Modalidades Híbridas

Dra. Giovana dos Santos Lopes

Resumo:

A corrente da literatura contemporânea acompanha o processo de urgência dos novos


tempos, nas questões que envolvem a pós-modernidade, e assim, tenta suprir essa
realidade que muda constantemente. Na mesma corrente, os gêneros têm sofrido
inovações e modificações, a mescla real e ficção tem se apresentado de formas
diferentes em algumas obras, o que favorece debates acerca de novas tendências,
como a autoficção. No tocante à literatura do “eu”, a autoficção tem gerado, ainda
dúvidas entre seu conceito e sua classificação, por se tratar de uma modalidade que
envolve características da autobiografia e da ficção. Como se apresenta, ainda, como
uma modalidade relativamente nova em estudos e debates acadêmicos (desde a
década de 70, iniciados na França) a autoficção gera atribuições e conceituações
divergentes, inclusive, proporcionadas pelos teóricos franceses, que foram os primeiros
a iniciarem tais estudos. No campo da literatura brasileira, a autoficção vem ganhando
espaço dentro das escritas do “eu”, e por esse meio vem favorecendo diferentes
classificações e abordagens, continuando, assim, divergências analíticas. Nesse
sentido, observa-se que tal modalidade carece de especificações de suas
características, assim como delimitações com outros exemplos muito próximos. Há, até
o momento, diferentes estudos acerca da autoficção, que inserem determinadas obras
literárias em sua classificação, todavia, trata-se de obras que são definidas em outras
modalidades, por meio de suas características, que, muitas vezes se misturam aos
traços da autoficção. Houve estudos em que seus autores tiveram necessidade de
reavaliá-los, e assim refazê-los sob determinados aspectos que se apresentam marcas
específicas da autoficção. É nesse âmbito que este trabalho se apresenta: analisa duas
obras, O irmão alemão (2014), de Chico Buarque, e Diário da queda (2011), de Michel
Laub, que proporcionam um debate entre a autoficção, a autobiografia ficcional e o
romance autobiográfico, com ênfase em investigar as características que possibilitam a
autoficção e seus exemplos fronteiriços, assim como a formação do híbrido. Este

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trabalho analisa as questões que envolvem tal temática utilizando como bases as
teorias de Serge Doubrovsky (autoficção), Phillip Lejeune (autobiografia) e Manuel
Alberca (autobiografia ficcional e romance autobiográfico).

Palavras-chave: Autoficção; Romance autobiográfico; Autobiografia ficcional; Híbrido,


O irmão alemão; Diário da queda.

19) Crusoé e Sexta-feira: Questão da Alteridade na Literatura e no


Cinema

Carla Denize Moraes (UNIOESTE)


Prof. Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE/Orientador)

Resumo:

Neste trabalho exploraremos a leitura cinematográfica de um dos textos consagrados


pelo cânone e considerados por muitos críticos a primeira obra do romance inglês,
Robinson Crusoé (1719), de Daniel Defoe, o qual traz estreitas ligações com o contexto
social e político de sua época, como a ascensão da burguesia, o colonialismo e a
consolidação do capitalismo. O protagonista criativo e dominador representa a figura
masculina do branco europeu cuja postura de superioridade em relação ao nativo
Sexta-feira exprime o caráter colonialista de naturalização da diferença, expressa tanto
pela inclinação do nativo em se deixar colonizar quanto pela altivez de Crusoé, que se
pretende salvador daquele. Percebe-se que em Defoe não há maiores questionamentos
quanto à relação com o outro, ou seja, as questões relativas à alteridade são
camufladas sob o tom de harmonia de convivência entre os personagens. Essa postura
instiga a questionar o tratamento que se dá à alteridade nos textos literário e
cinematográfico que objetivamos colocar em comparação. Tomando como obra de
referência o clássico inglês, pretendemos empreender uma análise da obra
cinematográfica de Luis Buñuel, intitulada As Aventuras de Robinson Crusoé, lançada
em duas versões, uma mexicana e outra estadunidense, em 1954. À época, o produtor
Oscar Dancigers visava à abertura para o mercado internacional e por essa razão
propôs ao diretor um projeto cuja execução se deu em língua inglesa e língua
espanhola simultaneamente. A interpretação fílmica da obra de ficção inglesa, apesar
de recuperar narrativamente a maioria dos elementos da obra de partida, traz a marca
pessoal do diretor que insere na narrativa reflexões a respeito da solidão do homem

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moderno de sua angústia na convivência com a sociedade humana. Além disso, fica
evidente como Buñuel joga luz em temáticas específicas do livro, ampliando-as, como a
relação do protagonista - interpretado pelo ator irlandês Dan O’Herlihy - com o pai e a
problematização da religião, que se dá por meio de diálogos com Sexta-feira - encenado
pelo mexicano Jaime Fernandez - o qual acaba desestabilizando as certezas de Crusoé
em relação a seu Deus; questões que, no filme, acabam por revelar certa evolução de
Crusoé como ser humano. Tendo em vista essas discussões, pretendemos investigar e
analisar de que maneira o cineasta espanhol traduz o clássico de Defoe em termos
cinematográficos e que elementos são inseridos ou destacados por ele, revelando sua
visão contemporânea sobre a obra.

Palavras-chave: Robinson Crusoé; Daniel Defoe; Luis Buñuel; literatura e cinema.

20) Um Cinturão: As Entrelinhas da Memória e da Ficção no


Contexto Histórico

Gislaine Gomes (UNIOESTE)


Profa. Dra Rita das Graças Felix Forte (UNIOESTE/Orientadora)

Resumo:

A análise de contos e romances escritos por Graciliano Ramos não é novidade para a
academia, um dos mais célebres escritores da modernidade abraçou em suas obras
variadas temáticas nas linhas e, ainda mais nas entrelinhas, de seus textos que
caracterizam suas obras por uma (quase) infinidade de possibilidades de pesquisa e
descobertas através de seus personagens e seus respectivos espaços. Assim ocorre
também em relação à presença da história e de representações sociológicas dentro de
narrativas diversas, a interpretação de uma obra em específico muitas vezes configura-
se em uma interpretação profunda de parte ou de um todo social a partir de elementos
que se apropriam de problemáticas reais na tentativa de estruturar um enredo a fim de
registrar, através de seu discurso, a época, a cultura e a política em seu contexto
histórico e social, como comenta Antonio Candido (2006, p.91) “A grande maioria dos

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nossos escritores, em prosa e verso, fala de pena em punho e figura um leitor que ouve
o som da sua voz brotar a cada passo por entre as linhas”. Da mesma forma que
Graciliano Ramos problematiza de forma astuta as temáticas da sociedade, também o
leito de Graciliano poderá receber e elucidar estas através dos tempos e dos espaços
distintos em que se encontra. Nessa perspectiva objetiva-se a análise de um dos mais
intensos contos de Graciliano Ramos, um fragmento da obra Infância (1945) que
provoca elucidações em qualquer que seja o leitor. O conto em questão, Um cinturão,
um dos primeiros na descrição fictício-bibliográfica de Ramos, apropria-se do discurso
da família patriarcal e as ressonâncias deste no pensamento alheio, da criança vítima
do sistema, e a forma como ela reage às adversidades da maneira na qual vinha sendo
criado. Pensar em sociedade patriarcal é pensar no contexto em que se encaixa a
escrita de Ramos, o que implica igualmente em uma reflexão a respeito das dos
reflexos dos acontecimentos históricos espelhados na trama e na estética de uma obra.
No caso da narrativa em análise, sabendo da participação ativa do autor em oposição
ao governo de Getúlio Vargas correspondente ao período de escrita de algumas de
suas obras, buscam-se os elementos que transitem entre a autobiografia fictícia e o eco
de parte da ditadura na construção da narrativa através da sociologia, da historiografia
e da crítica literária nacional para elucidação da pesquisa em proposição.

Palavras-chave: Graciliano Ramos; Infância; Patriarcalismo; Getúlio Vargas; Ditadura.

21) O Olhar de Carolina em Casa de Alvenaria

Tallyssa I. M. Sirino Rezende (UNIOESTE/PUCPR)


Prof. Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE/Orientador)

Resumo:

Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada (1961), de Carolina Maria de Jesus, o


segundo diário publicado da autora, traz sua narrativa pessoal no período entre 5 de
maio de 1960 a 21 de maio de 1961, quando, ao surgir como a novidade editorial de
Quarto de despejo (1960), começa a pisar na “sala de visitas” de São Paulo – tal termo
havia sido cunhado por ela, ainda em Quarto de despejo, para designar a parte
média/elitista da cidade. Jacques Ranciére, em A partilha do sensível (2009), aponta
que partilhar do sensível é ocupar espaços políticos, e, após o sucesso editorial de
Quarto de despejo, Carolina passa a ser personagem importante também na esfera

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política do país, portanto, a ocupação do espaço literário por Carolina é um ato de


partilhar do espaço de tomada de decisões. No entanto, o encontro de Carolina com a
sala de visitas é narrada no diário sem que o deslumbre das luzes da cidade ceguem
seu senso crítico, pois, ela segue lendo e reescrevendo esses encontros com a
distância de alguém que não pertence. Em Casa de alvenaria, ela narra as travessias
que traça consigo mesma, como no trecho: “Cada fim de ano é de um geito. O ano
passado eu estava na favela. Este ano na casa de alvenaria. Desde os meus 8 anos
que estou procurando localizar a tranquilidade e a felicidade” (JESUS, 1961, p. 119),
que resume a travessia maior presente no livro: sua saída do Canindé e seu passeio
pela elite literária e política de São Paulo, mas que não dá conta da busca de uma vida,
como citado no excerto, e, Carolina, a autora, narradora e personagem, ora se vê feliz
com o sucesso que tem, ora narra sua descrença com aqueles a quem chama de
“falastrões”. E os encontros dessa busca são o mote deste trabalho, que pretende
refletir sobre como eles são estetizadas em Casa de alvenaria, entendendo tais
ficcionalizações como um ato político de ocupação de espaços, possível a partir da
performance literária de Jesus, tanto é que a continuação do título “diário de uma ex-
favelada” não dá conta do que Jesus constrói, neste segundo diário publicado, uma vez
que busca colocá-la como uma estranha naquele ninho, ou uma estrangeira cujas
impressões sobre o país visitado não são validadas pelas vozes de autoridade, ao invés
de entendê-la como alguém que vê de fora as incongruências impossíveis de serem
percebidas pelos que se consideram cidadãos legítimos daquela sala de visitas, como é
o caso de Audálio Dantas, quem tenta desvalidar a autora, já no prefácio à obra em
questão. Portanto, duas perguntas são levantadas a fim de guiar este estudo: em quais
construções estéticas de Casa de alvenaria é possível ver Carolina como a mulher que
descreve a si mesma como a “empregada doméstica, lavradoura, catadora de papel”
que se transforma em “agora escritora e admirada” (JESUS, p. 119), em uma
construção ficcional positiva dos inúmeros encontros estabelecidos na obra; e de que
forma a narração desvela a hipocrisia presente nos moradores da sala de visitas, como
em “eu pensava: elas são filantrópicas nas palavras. São falastronas. Papagaios
noturnos. Quando avistam-me é que recordam que há favelas no Brasil” (JESUS, 1961,
p. 97)? Levando a uma outra questão: quem é Carolina ao final do diário de 1961?

Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus. Casa de alvenaria (1961). Literatura e


política.

22) A Violência Objetiva em O arquivo, de Victor Giudice

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Suélen Dominguês (UEM)


Profa. Dra. Marisa Correa (UEM/Orientadora)

RESUMO:

O conto O arquivo, de Victor Giudice, publicado no livro O Necrológico, em 1972, relata


a vida cotidiana de um trabalhador chamado João, o qual, após sucessivos
rebaixamentos de postos e salários – chamados de “promoções” – na empresa à qual
se dedicou por vários anos, próximo a se aposentar acaba se transformando em um
arquivo de metal. O conto promove uma reflexão sobre a desumanização do
proletariado, inserido no mercado capitalista. Essa desumanização, contudo, é
camuflada por uma série de ações violentas, as quais se apresentam como benefícios,
quando, na verdade, são explorações. Na sociedade, tende-se a associar a violência
com atos de crime e terror, entretanto, essa forma visível de violência oculta um
conjunto de relações violentas e dominadoras que são intrínsecas ao capitalismo e
agem invisivelmente em formas de concentração de renda e de exclusão social.
Segundo Zizek (2014) é necessário compreender os contornos dos cenários violentos
para identificar uma violência que subjaz aos nossos próprios esforços. Em O arquivo,
temos o chefe da empresa como o principal propagador da violência objetiva, isto é, ele
age sutilmente, por meio de “máscaras de caridade” e um discurso autoritário, impondo
seus valores ao trabalhador João, que ignora o processo de aquisição e acredita que
esses valores são seus. Deste modo, a exploração é distorcida, apresentada como
“normalidade” e êxito profissional. O trabalhador inserido neste mercado de trabalho
torna-se cada vez mais alienado, lutando para atingir as metas que lhe são impostas e
conseguir as ditas promoções. No entanto, estas promoções beneficiam apenas um
lado - o chefe da empresa que lucra com o trabalho do proletariado – enquanto o outro
lado gradativamente vai sendo desumanizado, reduzido a um arquivo, uma coisa, um
nada. Ainda assim, João descreve seu chefe como “excelente” e se emociona ao ser
rebaixado para um trabalho não qualificado. O discurso do chefe e o posicionamento de
João denotam a crueldade do mercado capitalista, que, por vezes, vê o trabalhador
apenas como um objeto de uso, podendo ser descartado assim que não for mais útil à
empresa. Assim, propomos verificar como a violência é construída, no contexto do
conto, e quais são suas consequências na vida do personagem. Para isso, apoiamo-nos
na obra do filósofo esloveno Slavoj Žižek, que discorre sobre o fenômeno moderno da
violência inerente à globalização e suas diversas facetas na sociedade.

Palavras-chave: O arquivo; Materialismo Lacaniano; Slavoj Žižek.

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23) Traumas em Carne e Plástico: A Paixão pelo Real na Série


Westworld

Me. Ariane Andrade Fabreti (UEM)

Resumo:

A série estadunidense Westworld, exibida desde outubro de 2016 pelo canal pago HBO,
bebe da narrativa distópica à moda de grandes autores literários deste gênero, como
Isaac Asimov (1920-1992) e Aldous Huxley (1937-1963), ao mostrar um parque
temático futurista onde robôs hiper-realistas atendem a todos os tipos de desejos
(sexuais, afetivos etc.) dos seres humanos visitantes. Sob o viés do Materialismo
Lacaniano elaborado pelo filósofo esloveno Slavoj Žižek (1949-), que importa conceitos
de Jacques Lacan (1901-1981) e de Karl Marx (1818-1883) para enxergar as
contradições sociais e políticas do capitalismo, a presente análise da primeira
temporada de Westworld se concentra na chamada Paixão pelo Real, termo utilizado
por Žižek que discorre acerca da necessidade contemporânea de alcançar o cerne dos
acontecimentos traumáticos para ultrapassar a artificialidade das relações ditadas pelos
meios de produção. Na ótica lacaniana, o Real é a instância do trauma, do desequilíbrio
da suposta ordem não só individual como social. O personagem William, ou o Homem
de Preto, interpretado quando jovem por Jimmi Simpson, e na maturidade, por Ed
Harris, cuja função no parque temático é, aparentemente, encontrar um nível mais
profundo e definitivo naquele universo artificializado, personificaria a Paixão pelo Real à
medida que a sua jornada se torna cada vez mais violenta entre robôs e humanos.

Palavras-chave: Westworld; Slavoj Žižek; Materialismo Lacaniano; Paixão pelo Real.

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SIMPÓSIO 5) Estudos da paisagem na literatura: poesia e narrativa

Profa. Dra. Clarice Zamonaro Cortez (UEM)


zamonaro@teracom.com.br
Carlos Henrique Durlo (Mestando - PLE/UEM)
carlos.durlo@gmail.com

1) Imaginário e paisagem na poética de Sophia de Mello Breyner


Andresen

Cristian Pagoto (UFPR)

Resumo:

A partir, sobretudo, dos anos 1970, evidencia-se uma reviravolta no conceito de


paisagem. Motivada pelas novas abordagens de diferentes áreas do saber – sociologia,
psicologia, antropologia, filosofia etc. – a noção de paisagem passa a ser compreendida
tanto como uma construção cultural como uma construção da subjetividade. Ou, ainda,
como uma construção estética e artística, resultante da criação do escritor e do leitor.
Nesse sentido, a paisagem passa a ser compreendida como “o estar no mundo e o
estar na escrita”, conforme definição de Ida Ferreira Alves. Essa nova abordagem é
atravessada pelos conceitos de visível e invisível, de objetividade e subjetividade, de
identidade e alteridade, de real e imaginário. Compreendendo o referente do poema
como um universo imaginário, conforme acepção de Michel Collot, uma vez que nele o
referente desvela uma visão de mundo subjetiva, construída diferentemente por cada
leitor, pode-se considerar a objetividade como uma mera ficção, enquanto o imaginário
assume o lugar do real. O poema, portanto, é o lugar onde imaginário e paisagem
surgem mais fortemente entrelaçados. Procurando analisar como o imaginário une-se à
paisagem, esta comunicação busca abordar a poética de Sophia de Mello Breyner
Andresen, escritora portuguesa fortemente marcada pela visualidade de seus poemas.

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Desde seu livro inaugural, Poesia (1944), Sophia evoca uma série de imagens
obsessivas pessoais – o mar, a praia, o jardim, Apolo, Delfos, Minotauro. Se nos
primeiros livros é perceptível a presença de lugares carregados de afeto, de memória,
de subjetividade pessoal, mais tarde, a partir sobretudo da década de 60, sua poesia
abre-se para o tempo histórico, para o real objetivo. Cada vez mais envolvida nos
movimentos políticos contra a ditadura salazarista, contra as injustiças sociais de seu
tempo, seus livros não abandonam a paleta de imagens pessoais e míticas, mas atribui
a elas o apelo que o seu próprio tempo histórico exige. A paisagem, antes carregada de
memória pessoal, vê-se tingida de valores míticos e simbólicos evocativos de
referências históricas. Um movimento para a objetividade que evidencia uma maior
presença de mitos, símbolos e paisagens solares, o que não implica no esconjuro da
noite e das sombras, mas a constatação de uma relação tensa e complementar entre
luz e trevas. Por meio da apresentação de alguns poemas de Sophia de Mello, buscar-
se-á apresentar como o imaginário poético une-se à paisagem para desvelar o
movimento de um eu poético que se abre cada vez mais para o mundo e para o outro.

Palavras-chave: Poesia portuguesa; Imaginário; Paisagem; Mito.

2) Agarrados à terra: duplicidade narrativa e sentimento topofílico em


Vidas Secas, de Graciliano Ramos

Marco Aurélio de Souza (UFPR)


Dr. Fernando Cerisara Gil (UFPR)

Resumo:

Muito já se falou a respeito do uso do discurso indireto livre em Vidas Secas, romance
de Graciliano Ramos (1996), recurso que, nesta narrativa, provoca uma espécie de
duplicidade de focos: alternância entre a visão do narrador – figura intelectualizada, apta
a descrições realistas do ambiente e da paisagem sertaneja – com a de Fabiano, o
sertanejo inarticulado, quase mudo, que é o centro de força e a principal figura de
autoridade na família que protagoniza o clássico romance escrito pelo autor alagoano
(CINTRA, 1993; PACHECO, 2015). Contudo, o papel da natureza e das paisagens
dentro da obra em questão são, por sua vez, temas pouco explorados pela crítica,
tocados apenas de modo tangencial ou circunstancial, desprovidos de uma análise que

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aborde as funções que tais descrições do ambiente natural possuem no romance. Este
artigo propõe, deste modo, uma análise das descrições paisagísticas e do papel que o
meio ambiente possui dentro do romance, utilizando-se, para isso, dos conceitos de
topofilia e topofobia, conforme proposição do geógrafo Yi-Fu Tuan (2005, 2012).
Defendo a existência de uma ênfase topofóbica da narrativa – a constância de uma
paisagem do medo – enquanto forma da predominância do foco urbano/intelectual do
narrador sobre a perspectiva das personagens, o homem sertanejo representado.
Assim, diante da possibilidade de inserção formal dos vínculos afetivos das
personagens com o lugar, o narrador, vinculado a uma ótica estranha ao ambiente do
sertão, opta sempre pela recorrência da natureza como ameaça ou perigo iminente na
vida da família de retirantes. Para tal análise, discuto, num primeiro momento, o
conceito de paisagem e seu uso nos estudos literários (TUAN, 2005, 2012; ANDRADE,
2013; FEITOSA, 2013) e, em seguida, o tema em sua relação com a linguagem do
romance de Graciliano Ramos, especialmente no que tange ao recurso do discurso
indireto livre e suas implicações, ancorado na ideia, presente em artigo de Ana Paula
Pacheco (2015), de que é possível observar, na linguagem de Vidas Secas, uma fratura
social que separa, de um lado, seu narrador urbano e intelectualizado e, de outro, o
protagonista rural e iletrado. Na sequência, analiso a constante topofóbica da narrativa
para, numa visão global da obra, demonstrar de que modo os vínculos afetivos das
personagens com o ambiente natural em que vivem são eclipsados do romance por
efeito das escolhas e da ótica deste narrador socialmente apartado da realidade
material de seu personagem.

Palavras-chave: Paisagem, Graciliano Ramos, Duplicidade narrativa, Vidas Secas.

3) Dois Milagres de Maria no Espaço Sagrado do Santuário de Terena:


estudo do texto e das Iluminuras

Carlos Henrique Durlo (PLE/UEM)


Profa. Dra. Clarice Zamonaro Cortez (UEM/Orientadora)

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Resumo:

As Cantigas de Santa Maria, obra do século XIII, compiladas no scriptorium do rei Dom
Alfonso X, abordam, em tom narrativo, temas diversos do contexto medieval,
contemplando as categorias de personagens, tempo e espaço. De caráter pessoal e
religioso, os textos poéticos divulgam e ampliam o culto marial, no reino afonsino.
Composta por 420 cantigas, a obra religiosa do rei Sábio apresenta diversos santuários
dedicados à Maria. São espaços sagrados que ocupam lugar de destaque e revelam os
feitos miraculosos realizados por intervenção da santa. Há doze cantigas de milagre
dedicadas ao Santuário Mariano de Terena, no Alentejo, cujos temas abordam desde a
ressurreição de um menino que havia sido morto pelo demônio (CSM 197) à cura de um
burro aleijado (CSM 228). Além de milagres, as cantigas apresentam temas do cotidiano
medieval, como as doenças do corpo e da alma, os conflitos morais e sociais, entre
muitos outros. O espaço sagrado torna-se fundamental e determinante para a ação das
personagens das cantigas, considerando que os milagres e as curas sempre ocorriam
em locais específicos, como as igrejas, capelas de convento e santuários. Nesse
sentido, a percepção desses espaços só é possível a partir da relação do sujeito com o
outro e consigo mesmo, reunindo a experiência e o conhecimento subjetivos. Enquanto
lugar, possui múltiplos valores e significações, ao envolver a percepção e a ação do
indivíduo, constituindo-se em uma formulação de cultura e crenças em um espaço
coletivo. As Cantigas de Santa Maria são acompanhadas de iluminuras que, por vezes,
ampliam os acontecimentos do texto poético. O ilustrador, ao utilizar-se dos pincéis e
tintas, deixa-se levar pela estética, apresentando cenas e espaços, muitas vezes, não
revelados na escrita. A nossa proposta de comunicação é apresentar os dois milagres
revelados no texto poético e nas iluminuras das cantigas (CSM 197 e CSM 199), de
Dom Afonso X, cujo espaço sagrado é o Santuário de Terena, localizado na região do
Alentejo, em Portugal.

Palavras-chave: Cantigas de Milagre; Espaço Sagrado; Santuário de Terena;


Iluminuras.

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4) As Cantigas De Amigo: Percepção E Construção Do Espaço Natural

Nágela Neves da Costa (UEM)


Profa. Dra. Clarice Zamonaro Cortez (UEM/Orientadora)

RESUMO:

A presença da natureza na literatura pode ser encontrada desde os textos literários dos
antigos gregos. Esse fato se deve à Retórica, responsável pela construção da imagem
do homem ideal e, por conseguinte, pela determinação da paisagem ideal. É com
Homero que, rejeitando o trágico, dá início à exaltação do mundo Ocidental, da terra e
do homem (CURTIUS, 1996). Desse modo, ao construir o cenário em que se
desenvolve o drama de suas narrativas, Homero opta pala descrição de paisagens
agradáveis: árvores, bosques com águas correntes, campinas viçosas. Tal descrição da
paisagem foi adotada por diversos poetas posteriores a Homero, quando a natureza foi
habitada por homens e por deuses. À sombra das frondosas árvores, sob a relva,
próximos a uma fonte, homens escreviam, compunham versos e filosofavam. Essa
paisagem atraiu motivos eróticos, ligando a natureza ao amor, ideia seguida também
pelos trovadores que compuseram suas paisagens entre os séculos XII e XIV,
conciliando a temática amorosa à natureza. Na Idade Média, a cantiga de amigo é
classificada de acordo com o espaço geográfico em que ocorrem os fatos e o cenário
representa o sofrimento amoroso da mulher solteira, a saudade de seu namorado (o
amigo) decorrente da angústia sentida pela ausência e incerteza de sua volta. Desse
modo, de acordo com o cenário em que ocorre o drama, encontram-se as bailias ou
bailadas, as de romaria ou peregrinação, as barcarolas ou marinhas, além das albas,
alvas ou alvoradas e das pastorelas, de gênero importado. Em todas as modalidades, a
jovem apega-se à natureza para aliviar suas ansiedades e incertezas. Nessa
perspectiva, nossa comunicação propõe apresentar o espaço e a paisagem rural como
produtores de sentido. Sobre espaço e paisagem estaremos apoiados nos pressupostos
teóricos de Ernest Robert Curtius, Ida Alves e Michel Colott. Nosso corpus de análise
compõe-se de textos selecionados da obra 500 Cantigas de Amigo, de Rip Cohen
(2003): Oi oj‟eu hũa pastor cantar, do trovador Airas Nunes e Levad’ amigo, que dormid’
las manhãas frias, de Nuno Fernandez Torneol. Ambas as composições são
adaptações de gêneros líricos provençais e franceses ao esquema rítmico e formal da
cantiga de amigo (gênero lírico de origem portuguesa).

Palavras-chave: Cantigas de Amigo; Espaço Natural; Paisagem.

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5) A cidade e a paisagem de uma experiência distante: um olhar


existencialista em Aparição, de Vergílio Ferreira

Me. Maria do Carmo Faustino Borges (UEM)


Profa. Dra. Clarice Zamonaro Cortez (UEM/Orientadora)

Resumo:

O presente estudo tem por objetivo destacar paisagens e imagens dentre os aspectos
que constituem a estrutura do texto literário Aparição, de Vergílio Ferreira, e comentar
alguns aspectos da linguagem utilizada na sua construção, enquanto observações da
crítica literária. Esta narrativa caracteriza-se por romper com a estrutura tradicional do
romance e se configura na fusão das formas da prosa e da poesia. Neste processo, há
a recorrência a um narrador-personagem que domina o mundo narrado e, portanto, sua
visão de mundo projeta-se no espaço que o cerca, nos objetos e na natureza, além das
personagens. Esses elementos são transformados em uma linguagem permeada pelo
lirismo que lhe dá formas subjetivas. Alberto, o narrador, apresenta-se vítima da
indiferença e da hostilidade da cidade de “muralhas”, de “portões de ferro”, que
reforçam a dificuldade da sua revelação em um labirinto de ruas e becos, e direcionam-
nos a elementos que trouxeram alguma identidade àquilo que o eu-lírico trazia em seu
âmago de possíveis frustrações. O aspecto físico da cidade (Évora) corrobora, deste
modo, à construção de paisagens e cenas de degradação, de depressão. Estão
presentes na narrativa os monumentos, os fatos históricos e as mortes que marcaram a
cidade durante a civilização Greco-romana e a Idade Média. O eu-lírico abre-se ao
desabafo das barreiras que havia em suas relações pessoais com a sociedade. A
edificação desta cidade, com seus muros altos, sufoca-o, e ele grita, recobra um
passado cheio de angústia ante a realidade da vida. Seu respirar é a poesia.
Observamos que a visão do narrador é sempre introspectiva, o espaço e as imagens
são descritos por um viés existencialista e os contornos ficam diluídos, acompanhando
as marcas e a passagem do tempo. Por meio de excertos de Aparição e de teorias
voltadas aos aspectos acima referidos para o estudo desta narrativa, fundamentamos
nossas considerações, apoiados em estudiosos como Gaston Bachelar, Mikail Bakhtin,
Maurice Blanchot, Alfredo Bosi, Olinto Antonio Pegoraro, Massaud Moisés, Maurice
Merleau-Ponty, Catherine Belsey, Terry Eagleton, entre outros. Concluímos que o texto
Aparição comporta uma leitura dentro de pressupostos da crítica contemporânea:
aquele que questiona, quer por sua estrutura fragmentada, quer por sua polifonia, quer

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por intertextualidades. Observamos, ainda, que a posição do protagonista está


constantemente voltada à rejeição do discurso ideológico da história narrada.

Palavras-chave: Paisagem; imagem; crítica literária; Existencialismo.

6) Espaço e Identidade em Ana em Veneza

Cinthia Torres Aranha (UEL)


Dra. Luciana Brito (UENP/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho busca analisar um dos espaços presentes na obra Ana em Veneza (1994)
do escritor brasileiro João Silvério Trevisan. O romance narra os deslocamentos de três
personagens que, saindo do Brasil em momentos diferentes, acabam por se encontrar
em Veneza, sendo eles Julia da Silva-Bhruns (Dodô), que aos seis anos (em 1858),
parte do Brasil com o pai e os irmãos em direção à Lübeck, Alemanha; Ana,
personagem título, escrava recém-liberta que acompanha a família Bhruns à distante
Europa; e por fim, Alberto Nepomuceno, que, em 1888, aos vinte e quatro anos, sai do
Brasil e viaja também para o Velho Mundo a fim de estudar música. O romance tematiza
essencialmente a questão do exílio - seja ele individual, a sensação de não
pertencimento a uma cultura ou sociedade, ou o exílio espacial, aquele que o indivíduo
sofre quando afastado de determinado espaço -, e a perda e busca da uma identidade.
Ana em Veneza é uma obra rica em temas e abre inúmeras possibilidades para a
pesquisa. O estudo do espaço e sua relação com a formulação de identidades é um
deles. Busca-se buscando-se aqui analisar a representação da paisagem brasileira no
romance, sua relação de oposição com a alemã, e o impacto deste conflito na
construção identitária da menina Julia. Ao ajustar o foco da análise na já mencionada
personagem, problematiza-se a questão do deslocamento, do desterro do espaço que é
reconhecido enquanto terra mátria, e o contato brusco e forçado com um outro espaço
desconhecido, fato que culmina em um trauma que assombrará a personagem mesmo
em sua vida adulta. Através de uma abordagem sociocultural, procura-se analisar o
espaço e, consequentemente, a paisagem não apenas como o plano de fundo em que
se passa a ação, e sim enquanto processo social e cultural criado e modificado pelo
homem, e que com este forma relações de interdependência. Utiliza-se aqui bases

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teóricas como Henri Lefebvre, em O espaço e a política (2008), pioneiro nas Ciências
Humanas a pensar espaço e sociedade como conceitos interdependentes, sendo o
primeiro um produto dos processos sociais; Michel de Certeau, em As artes de fazer
(2002), em especial o segundo volume que discorre sobre os usos sociais e culturais do
espaço; Stuart Hall com suas contribuições essenciais ao problema da identidade na
modernidade tardia em A identidade cultural na pós-modernidade (2015); Zygmunt
Bauman em Identidade (2005); e outros que se fizerem necessários ao longo do
trabalho.

Palavras-chave: Espaço; identidade; deslocamento; Ana em Veneza.

RESUMO 7

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8) A Imagem do Mar na Poesia Pessoana

Danielle Cristina Pereira Penha (UEM)


Dra. Clarice Zamonaro Cortez (UEM/ Orientadora)

Resumo:

Visando a correta interpretação do texto literário, o crítico deve lançar mão de


elementos que o auxiliem nessa jornada. Desta feita, os estudos das imagens de um
texto têm ganhado força e relevância no meio acadêmico. Capaz de cooperar com o
escólio dado ao texto, as imagens ressaltam o lirismo textual e colaboram com o autor
no momento de despertar a subjetividade do leito. Ricardo Reis, heterônimo de
Fernando Pessoa, reafirma seu caráter de poeta epicurista e estóico por meio do jogo
que faz com as palavras, criando imagens representativas de sua cultura clássica. Reis
é um homem do século XX, embora o seu caráter pagão reafirme o ressentimento e o
sofrimento diante da transitoriedade da vida. Drama do homem de sempre, registra em
seus poemas a influência dos clássicos, como Horácio (68-8 a.C.), sobretudo, das
Odes, da Epístola aos Pisões e a Arte Poética tanto no nível de expressão como do
conteúdo. Tal como o poeta latino, as Odes de Ricardo Reis também sugerem a
felicidade no sossego do campo (aurea mediocritas), criando imagens da natureza,
constituindo-se em um recurso fundamental à manifestação lírica do poeta. Álvaro de
Campos, heterônimo pessoano que canta a modernidade advinda dos avanços
científicos, também escreveu odes, no entanto de maneira totalmente nova e até
revolucionaria suas odes não cantam a tranquilidade e o equilíbrio, outro sim, buscam
incitar no leitor o espírito de pressa e de vontade de mudança que residia na alma do
homem do século XX. E que resultou em uma solidão extrema. Pensando nisso, nos
dedicaremos no presente artigo ao estudo da representação do mar em alguns textos
dos dois heterônimos acima citados, porque acreditamos que o mar ocupou um lugar de
destaque na obra de Fernando Pessoa. Ele assim como outros autores portugueses,
também rendeu homenagem ao mar por meio de textos que deixam claro o apreço do
povo português pelos ignotos caminhos marítimos. Apreço que foi otimizado pelo
emprego do recurso da imagem textual. Para Bosi (1983), a imagem é manifestação
linguística tão importante quanto a linguagem. Ligada à sensação visual, o leitor tem a
primeira noção da realidade que o circunda, a partir das formas que seus olhos
reconhecem como objetos que, posteriormente, serão nomeados através da linguagem.
A imagem apesar de importantíssima, nunca é elemento único dentro do texto, ela
apresenta uma finitude, um passado que a constitui e um presente que a mantém viva,
permitindo a sua recorrência por meio do imaginário. Além desse caráter finito,
apresenta mais dois aspectos que a caracterizam, a simultaneidade e o hiato. Sobre a
primeira Bosi (1983) explica que, decorre do fato de ser simulacro da natureza dada. Já
o caráter de hiato imagético vem de Santo Agostinho, mas Bosi (1983) retoma essa
teoria em seus escritos e disserta sobre a importância apontada pelo clérigo. Com
relação ao texto poético, esse hiato também se faz presente, porque ela proporciona um

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intervalo entre imagem e som. O presente trabalho apoia-se também nas ideias teóricas
de Bosi (1983), Paz (1982), Candido (1977) entre outros.

Palavras-chave: Literatura e imagem; Ricardo Reis; Álvaro de Campos; Poesia


pessoana; mar.

9) Paisagem e Metapoesia em Poemas de João Cabral De Melo Neto

Fabiane Renata Borsato (Unesp e ILCML - FLUP)

Resumo:

O poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto apresenta certa predileção pela
descrição de paisagens. Para além da obra Paisagens com figuras (1954-5), o autor
reiterou sua opção pela apresentação de paisagens em todas as suas obras. Em Serial
(1959-1961) e A educação pela pedra (1962-1965), as paisagens são descritas de
distâncias e perspectivas diversas, sendo que em Serial, pelo procedimento da
comparação, os eus líricos descrevem os contrastes e as equivalências paisagísticas.
Além disso, Cabral pinta, obsessivamente, Sevilha e Pernambuco, buscando apreender
a geografia, a cultura e a formação social dessas localidades, por meio de uma
linguagem poética que pudesse representar essas paisagens, ou seja, expressar a
coisa apresentada. Nesse trabalho, interessam as paisagens das obras de Cabral em
que a metapoesia se faz presente como importante procedimento de conciliação da
linguagem e do objeto por ela representado. São poemas em que a linguagem é criada
segundo a medida ou a desmedida da paisagem, procurando cumprir aquela “imitação
da forma” anunciada pelo crítico da poética cabralina, João Alexandre Barbosa.
Paisagens cortantes e áridas ensinam o discurso da negatividade, como no poema “A
Escola das facas”, da obra homônima. Outras descrevem arquiteturas da coexistência
de um discurso prolixo e contido, como se lê em “A capela dourada do Recife”, de
Museu de tudo (1966-1974). O poema “O nada que é”, da obra Agrestes (1981-1985),
apresenta a paisagem desmedida do canavial e de seu anonimato. As paisagens dos
poemas de Cabral apresentam múltiplos espaços e tempos, fazendo confluir aspectos
urbanos, rurais, históricos e, numa atitude metalinguística, do próprio fazer poético.
Sendo assim, este trabalho deve apresentar um conjunto de poemas de diversas obras
de João Cabral para neles analisar o modo como o poeta promove equivalências entre
linguagem e objeto apresentado. Os modos de enunciação das paisagens e dos
homens que nelas habitam revelam as vicissitudes da cultura e da história dessas
geografias, bem como da palavra poética capaz de enunciá-las. Para o estudo proposto,
além da fortuna crítica da obra de Cabral, composta de obras de João Alexandre
Barbosa, Benedito Nunes e Antonio Carlos Secchin, será consultado o texto em prosa

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“Joan Miró”, de autoria do próprio João Cabral. Nesse último, o poeta discute a pintura
renascentista e sua estaticidade, fundamentada na linha estática, na perspectiva e na
busca do equilíbrio de formas e proporções, em contraposição às pinturas dinâmicas de
Miró, liberto da moldura e afeito às linhas. Esses textos devem contribuir com a análise
das perspectivas adotadas pelos eus líricos no momento de enunciação das paisagens.

Palavras-chave: João Cabral de Melo Neto; paisagem; metapoesia.

10) Claridades do Sul: A Presença da Paisagem e da Decadência


como Formas de Revelação Lírica

Me. Kellen Fátima Wiginescki de Barros (UEM)

Resumo:

O estudo em questão advém da percepção de Gomes Leal (1848-1921) sobre temas


universais transcrita de forma heteróclita e compósita, demonstrando como a paisagem
e o espaço urbano decadente influenciaram em seu estadode espírito. Este trabalho,
objetiva, primeiramente, compreender essa relação entre o texto poético e a paisagem,
elementos reveladores do estado de espírito do poeta, em sua principal obra,
Claridades do Sul, cuja primeira edição data de 1875. A obra em questão apresenta
inovação na linguagem e na temática, numa postura de libertação dos padrões
estabelecidos até então e reflete tanto a vida conflituosa e inconstante do poeta como
também o meio em que vivia. Levando em conta que o homem é parte integrante da
paisagem e que nesse contexto, sujeito e objeto não se separam, percebemos que o
espaço urbano descrito pelo eu lírico é, na verdade, o estado de espírito do próprio
poeta. Uma vez parte complementar da paisagem, o poeta a absorve, e, nesse
processo, tanto sujeito quanto objeto vão se degenerando e refletindo-se diretamente na
construção poética. A relevância dessa pesquisa se justifica em função da grandeza dos
movimentos literários do século XIX, em seus Ismos, Romantismo, Realismo,
Simbolismo, Decadentismo, referências às manifestações posteriores em todas as
modalidades de arte. O presente trabalho está ancorado nos pressupostos teóricos de
Candido, Aguiar e Silva, Bosi, Borges, Paz, entre outros, que versam sobre teorias do
texto poético, bem como nas ideias teóricas sobre espaço e paisagem, de autoria de
Santos e Oliveira, Blanchot, Bachelard, Alves, Collot, Oliveira, Marandola Júnior, entre
outros. Depreendemos que Gomes Leal revelou de forma profundamente lírica, à luz do

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seu tempo, a visão singular do meio decadente em que se encontrava, nos versos que
compõem Claridades do Sul. Contribuir com a fortuna crítica da obra poética de Gomes
Leal foi um dos principais objetivos propostos neste estudo.

Palavras-chave: Poesia; Claridades do Sul; Decadentismo; Paisagem; Revelação


Lírica.

11) A Paisagem no Conto O Triunfo de Clarice Lispector

Maria Alice Sabaini de Souza Milani (UNESP)


Prof. Dr. Arnaldo Franco Junior (UNESP/Orientador)

Resumo:

Essa comunicação tem como objetivo analisar as paisagens no conto “O triunfo”, escrito
por Clarice Lispector em 1940. O conto em questão foi publicado pela revista Pan, na
edição de número 227, do dia 25 de maio de 1940. Este conto ocupou três páginas da
revista e marcou a primeira colaboração literária de Clarice Lispector na imprensa de
que se tem registro. Este texto não aparecerá em nenhum dos seus livros posteriores,
mas será recuperado por Moser em seu livro “Clarice Lispector todos os contos”
publicado pela editora Rocco em 2016. O narrador narra a estória de Luísa que, ao
acordar, percebe que o marido havia ido embora, pois a outra cama do aposento estava
vazia. Inconformada com o abandono, ela procura-o no outro quarto e no escritório, mas
a busca é em vão. Encontra apenas um papel, no qual o marido confessava sua
angustia por não conseguir escrever e sua mediocridade. Nesse momento, Luísa
interrompe a leitura e começa a chorar. Após cessar o choro, ela vai lavar o rosto para,
em seguida, abrir a janela da sala de jantar e tomar o seu café ela decide pegar umas
peças de roupa para lavar. Após terminar a tarefa, ela decide tomar um banho. Esse

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banho lhe provoca prazer e a faz acreditar que ele voltaria porque ela era a mais forte.
No entanto, é interessante observar que, ao longo da narrativa, há várias descrições da
paisagem que circunda a protagonista. Essas descrições paisagísticas não somente são
caracterizadoras do espaço, mas também concedem ao texto certo lirismo próprio da
poesia, além de favorecer o reconhecimento e exteriorização antecipada do conflito
vivido interiormente pela personagem Luísa. Nesse sentido, paisagem e estado de
espirito coincidem e a paisagem colabora também para tensionar o conflito que se dá
não somente entre Luísa e o marido, mas também entre a protagonista e seus próprios
pensamentos. A linguagem imagética que permeia esse conto, possibilita que tanto a
descrição metafórica como o cromatismo dessas paisagens permitam que o leitor seja
tomado de prazer pela beleza e sensibilidade do texto clariciano, pois desde o início do
conto, nota-se uma certa poética do olhar, como bem define Pontieri (1999), que é
responsável por transformar elementos do cotidiano em um todo harmônico na
construção de uma paisagem que é ao mesmo tempo materialização do vivido. Como
referencial teórico utilizaremos Pontieri (1999), Lemos & Alves (2012), Collot (2013)
entre outros.

Palaras-chave: Clarice Lispector; O triunfo; paisagem; linguagem imagética; conto.

12) Cantigas de amigo galego-portuguesas: cenários medievais


retomados por Marly de Oliveira

Me. Josilene Moreira Silveira (UFMS)


Dra.Clarice Zamonaro Cortez (orientadora/UEM)

Resumo:

As cantigas de amigo, gênero a que Marly de Oliveira se apropria, filiam-se aos cânticos
autóctones de eu-lírico feminino, sendo de exclusiva autoria masculina na época.
Nesses cantares, as jovens solteiras exprimiam seus anseios amorosos e sentimentos
não correspondidos, a espera do namorado, ausente devido às guerras, navegações ou

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ao trabalho com a terra. Marly de Oliveira resgata este cenário medieval, em que as
mulheres estão sempre a espera do homem, na cantiga “Que diria a fremosinha”,
referência direta à cantiga do trovador Afonso Sanches, em que a moça lamenta pela
ausência do amado. Nesses cantares, o mundo exterior participa das alegrias, tristezas
e ansiedades da moça, refletindo o seu estado de espírito: contente, enamora e feliz
(SPINA, 1996). A poetiza arrisca-se ainda pela modalidade de origem provençal em que
os jovens namorados se despedem ao amanhecer, no poema homônimo “Albas”,
demonstrando grande sensibilidade estética na composição deste quadro lírico. O
lamento, nesse caso, é dos jovens namorados que passaram a noite juntos e precisam
se despedir ao nascer do dia, revelando certa liberdade de costumes, não comum ao
cenário galego-português. Diante disso, em cotejo com as cantigas medievais, busca-se
analisar, na estrutura poética e temática, como a poetiza retoma essas paisagens e
temas medievais e os impregna com sua identidade estética. Cada época soube
expressar em sua literatura seus medos, angústias e alegrias sobre o amor, levando o
indivíduo a indagar-se sobre a existência. Na busca pelo essencial em poesia, a poetiza
recorreu a um dos principais temas da literatura: o amor. Nesse sentido, nota-se que,
mesmo no exercício de retomar as cantigas, Marly de Oliveira as reinventa,
impregnando-as de sua percepção sobre o amor.

Palavras-chave: Cantigas de amigo; albas; cenário medieval; Marly de Oliveira.

13) O Declarado e o Obscuro: Uma Leitura da Paisagem


Amazônica a Partir do Discurso de um Viajante Espanhol

Ruan Fellipe Munhoz (PLE/UEM)


Profa. Dra. Clarice Zamonaro Cortez (UEM/Orientador)

Resumo:

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O presente artigo expõe uma leitura do relato Viaje al outro Brasil: Del Mato Grosso a la
Amazonia y al Nordeste Atlántico, publicado pelo escritor-viajante espanhol Javier Nart,
em 2002. Centralizamos nossa análise na proposta apresentada pelo narrador de
desconstruir a visão de paraíso terreal comumente ligada à região amazônica,
selecionando argumentos que comprovem a sua ideia de que essa imagem garante
somente os privilégios dos países do chamado Primeiro Mundo. Nessa visão, o
ecossistema amazônico precisa deixar de ser visto como um jardim intocável, como
pretendem os ecologistas, para começar a ser útil aos seus habitantes e ao
desenvolvimento do país. Para tanto, utilizamos o conceito de viagem defendido por
Ianni (2003) que trabalha com os sentidos metafóricos para esse termo tão utilizado nas
ciências sociais e humanas, dando ênfase ao caráter transgressor desse ato que, literal
ou metaforicamente, destina-se a ultrapassar fronteiras. Independentemente da viagem
e dos objetivos do viajante, vale ressaltar que o ato só é válido quando proporciona a
transmissão das experiências por meio da narração oral ou escrita. Na literatura,
observamos que, segundo Carrizo Rueda (2008), os relatos de viagens são textos que
apresentam as memórias, informações, percepções e visões dos viajantes sobre o
espaço percorrido. Durante muito tempo, esses textos foram considerados apenas
como material destinado aos historiadores, sociólogos e antropólogos, e foram
relegados à margem pela crítica literária, justamente por suas características fronteiriças
entre a ficção e o documental. Porém, deve-se considerar que tudo o que é dito passa
pelo crivo de quem observa e o que se transmite é representação e não a realidade
objetiva e concreta. Nesse sentido, utilizamos a teoria de Belsey (1982) que define o
discurso como uma produção de caráter subjetivo. Fica evidente, então, que o narrador
em primeira pessoa do relato de viagens desenvolve o seu ponto de vista sobre a
paisagem e os problemas socioambientais presentes no espaço visitado a partir de
descrições que não são ingênuas, mas construídas a partir de fatores da sua
subjetividade, e, para isso, seleciona informações no seu acervo pessoal para elaborar
uma posição ideológica sobre as especificidades do local. Em suma, tanto o que o autor
apresenta quanto o que ele deixa de apresentar faz parte de uma escolha, o que nos
leva a indagar sobre os motivos que o levaram a construir determinado discurso e os
seus interesses com essa ação.

Palavras-chave: Relato de viagens; paisagem amazônica; discurso ideológico.

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14) A Paisagem e a Representação do Retirante em Dois


Romances: A Bagaceira e Vidas Secas

Samara Pereira Souza de Lima (UFMS)


Dr. José Alonso Tôrres Freire (UFMS/Orientador)

Resumo:

O espaço, convertido em paisagem ou ambientação, pode ser um elemento essencial


para a articulação do enredo, relacionando-se estreitamente com os demais elementos
da narrativa, de modo que a relação dos personagens com o meio em que circulam
evidencia uma série de aspectos políticos, históricos, sociais e culturais, além de
contribuir tanto para a formação quanto para a deformação dos seres. Dessa maneira,
considerando que a paisagem manifesta os mais diversos fenômenos humanos e seus
conflitos sociais, o presente trabalho tem por objetivo analisar a construção da
paisagem do sertão nordestino e a representação do retirante nos romances A
Bagaceira (1988), de José Américo de Almeida, e Vidas Secas (2016), de Graciliano
Ramos. Para tanto, serão utilizados como aporte teórico a obra Espacio y Novela
(1980), de Ricardo Gullón, a obra Poética e filosofia da paisagem (2013), de Michel
Collot, o estudo crítico Entre construções e ruínas: o espaço em romances de Dalcídio
Jurandir e Milton Hatoum (2008), de José Alonso Tôrres Freire, A invenção do Nordeste
e outras artes (1999), de Durval Muniz de Albuquerque Junior, Ficção e Confissão
(2012), de Antonio Candido, e a obra Uma história do romance de 30 (2006), de Luís
Bueno, dentre outras. De acordo com Bueno (2006), a partir dos romances de 30,
instaura-se na Literatura Brasileira a figura do fracassado, não como um desistente,
mas como um símbolo das falhas da organização da sociedade. Esse advento abriu
caminhos para incorporação e problematização de figuras marginais na literatura, como
o pobre, o proletário, a criança, a mulher, o homossexual, o doente mental etc.
Pensando a condição do retirante também como figura marginal representativa aliada
aos efeitos da seca no sertão nordestino, em que se desloca constantemente, este
trabalho obteve como resultados a identificação da hostilidade dos conflitos de classes e
manutenção das relações sociais demarcados na própria construção dos espaços nos
romances em questão. A problemática do espaço e a condição social destituem os
personagens de sua pessoalidade e apresentam seres deslocados, solitários e
oprimidos, promovendo o questionamento sobre sua condição de ser humano e seu
lugar na sociedade. Outra observação relevante é a construção da figura da mulher ora
retomando aspectos históricos e culturais, ora vestindo o espaço e beirando o exotismo.

Palavras-chave: Paisagem; Vidas Secas; A Bagaceira; Retirante; Relações Sociais.

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15) Entre Palavras e Imagens, Figurações do Espaço em Vergílio


Ferreira

Profa. Dra. Ana Cristina Fernandes Pereira Wolff (UTFPR)

Resumo:

As relações entre o texto verbal e a imagem remontam ao mundo grego, e atualmente


são mais evidentes e enfáticas as conexões intrínsecas entre ambos. A esse respeito,
Mangel (2001) argumenta que a palavra e a imagem são indissociáveis. Ao retomar
antigos pensadores, ele lembra que todas as nossas experiências são imagéticas e
configuram uma linguagem cujas imagens se traduzem em palavras e cujas palavras se
traduzem em imagens, num movimento para compreender nossa existência. Nesse
sentido, guardadas as devidas particularidades, podemos dizer que existem pontos em
comum entre literatura e pintura: a leitura de um quadro não acontece
instantaneamente, e sim por meio de uma sucessão de percepções; a de um texto
literário, ainda que temporal, exige, ao final, uma síntese em que coexistem,
simultaneamente, seus elementos constitutivos (AGUIAR E SILVA, 1990). Vergílio
Ferreira foi um ficcionista extremamente preocupado com o máximo da grandeza
humana, com o valor absoluto da existência do homem. Consequentemente foi
extremamente voltado a novas formas de dizer, atento à exploração de novos
significados para além dos sentidos cristalizados, debruçando-se constantemente na
recriação da linguagem (ou das linguagens). Em seu texto, o lírico invade a prosa num
movimento em que é difícil precisar os limites de um e outro. Por conseguinte, a
narrativa impregna-se de imagens, luzes e cores. O trabalho do escritor assemelha-se
ao de um pintor no esforço para captar tanto o efêmero quanto o essencial. Cria-se
uma teia imagética que transita da suavidade e luminosidade do impressionismo ao
grotesco e à força do expressionismo. No sentido de explorar tais características no
texto vergiliano, nesta comunicação apresentamos e discutimos fragmentos de três
romances do autor, a saber: Aparição (1959), Estrela Polar (1962) e Signo Sinal (1979).
Nosso objetivo é observar o entrelaçamento entre o texto verbal e os elementos
pictóricos na composição da particular linguagem de Vergílio Ferreira, em especial no
que se refere à configuração do espaço. Essa categoria narrativa emerge com força do
tecido ficcional vergiliano e nos conduz a um olhar mais atento ao mundo que nos cerca
e nos envolve. O espaço em Vergílio Ferreira não pode ser visto apenas como mera
grandeza física, não se trata somente de uma estrutura tridimensional; ao contrário,
reveste-se de sentidos altamente simbólicos e existenciais, os quais se fundem no
tecido de palavras e imagens do universo vergiliano.

Palavras-chave: Palavra; imagem; espaço; Vergílio Ferreira.

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16) Diálogos entre Literatura e Pintura: Um dos Subsídios para os


Estudos da Paisagem na Teoria Literária

Mágna Tânia Secchi Pierini (UNESP)

Resumo:

A percepção das relações entre literatura e pintura remonta desde a Antiguidade e


circunda em torno da questão polêmica acerca da especificidade, de um lado, e das
correspondências entre essas manifestações artísticas, de outro, desembocando no
paralelo entre essas artes nas produções modernas. Como uma forma de
exemplificação, propomos a reflexão sobre tais diálogos a partir da sugestão de
apropriação do uso de técnicas impressionistas da fase inicial de Monet, na composição
do capítulo “A ria de Aveiro” da obra Os Pescadores (1923), do autor português Raul
Brandão, relacionando elementos estéticos dos trechos deste capítulo com as técnicas
de pintura apresentadas na tela de Monet “A Catedral de Rouen”. Dentre essas técnicas
estão: a observação da paisagem natural ou do objeto ao ar livre, a presença de termos
específicos da arte pictórica na escrita literária de Brandão, a valorização da luz e da cor
no processo de composição e, principalmente, a observação e registro do objeto a ser
pintado/descrito a partir de momentos diferentes do dia, aproximando, assim, o registro
narrativo por meio de impressões poéticas, de aspectos interpretativos da tela “A
Catedral de Rouen”. Da mesma forma, serão brevemente apresentados e discutidos
aspectos do contexto histórico-estético do período de produção do respectivo romance
e da tela, estabelecendo ligações entre tais períodos e apropriação dos termos
específicos da pintura pela literatura como, por exemplo, planos, perspectiva,
profundidade, impressões, dentre outros. No caso do texto ficcional selecionado, da
também apropriação de termos como: pintura, tela, nuances e tonalidades de cores,
efeitos da luminosidade no produto final e registro da observação da ria em diversos
momentos do dia, sob os efeitos da luz, conforme trechos destacados do capítulo e a
técnica utilizada por Monet na tela mencionada, eliminando totalmente, neste caso, os
limites entre matéria pictórica e literária. Tais considerações serão reforçadas
principalmente por Lichteinstein (2005) e Argan (2004). Em um segundo momento,
serão ponderados aspectos desse diálogo a partir do texto de Brandão e a tela de
Monet, tendo em vista a observação do registro da paisagem da ria em Aveiro. Esse
registro, ao se aproximar da pintura de uma tela impressionista, adquire caracterizações
modernas e inovadoras no âmbito da descrição da paisagem na literatura, visto que é
observada e registrada a partir de perspectivas distintas e não fixas, tem dinamicidade e
apresenta nuances diferenciadas conforme os efeitos externos da luz do sol, dentre
outros. Sendo assim, nota-se na paisagem da ria, em Aveiro, registrada por Brandão,
por meio de impressões narrativo-poéticas, a presença de uma descrição moderna da

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paisagem, que não mais se apresenta de maneira estática e única, como ocorria na
descrição da Paisagem romântica, por exemplo. Pelo contrário, Brandão se utiliza de
técnicas da pintura impressionista para registrar literariamente um dos elementos da
paisagem portuguesa e, assim, apresenta um exemplo de inovação e modernização na
descrição da paisagem pela literatura. Contudo, tal inovação vai ao encontro das
propostas dos Estudos modernos e contemporâneos acerca do conceito de Paisagem
na teoria da literatura, que se pautam principalmente nas relações de
multidisciplinaridade e das considerações teóricas de Buescu (1990), Collot (2010)
(2011), Schama (2009), Cauquelin (2000), dentre outros.

Palavras-chave: Literatura e Pintura; Raul Brandão; Os Pescadores; Claude Monet; A


Catedral de Rouen.

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SIMPÓSIO 6) Aspectos socioculturais da narrativa fantástica

Prof. Dr. Fábio Lucas Pierini (UEM)


fabiopierini@gmail.com
Mariany Camilo Nabarrete (UEM)
marianycamilo@hotmail.com

1) A construção imagética da loucura como representação do fantástico


no conto “A dança dos ossos”, de Bernardo Guimarães

Abílio Aparecido Francisco Junior (UEL)

Resumo:
A loucura não é tema novo para nenhum de nós, porém, apesar de muito estudada,
ainda verifica-se sempre algo novo para tirar noites de sono de estudiosos do assunto.
Michel Foucault, em sua obra História da loucura, irá defini-la de diversas formas, entre
as quais chamamos atenção para uma em particular, que delimita o apego do homem
em si por meio de seus devaneios e ilusões, os quais ele alimenta sem descanso.
Assim, esse homem passa a viver uma mentira como verdade, uma ilusão como
realidade. Dada a contextualização, faz-se necessário identificar como o fantástico se
adequa a tal conjuntura, para isso, é importante apresentar o pensamento de Todorov
(2014, p. 31), em sua obra Introdução à literatura fantástica, afirmando que “o fantástico
é a hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais, face um
acontecimento aparentemente sobrenatural”. Partindo desse pressuposto, integra-se a
ideia de loucura do sujeito que não consegue diferenciar o real e o irreal ao conceito de
fantástico, visto que a ruptura e hesitação entre uma realidade e outra é sua própria
marca. No conto aqui analisado, intitulado “A dança dos ossos", de Bernardo
Guimarães, vemos um narrador com voz ativa na história que é cético, característica
importante para que o fantástico aconteça, o qual apresenta imagens verbais do
imaginário popular, levando o leitor a desconfiar de tal discurso, enquanto outra
personagem conta um caso sobrenatural. Assim se constrói o objeto de análise, um
narrador incrédulo que, a partir de sua narração, cria imagens de possível loucura no
decorrer da narrativa, levando o leitor a se perguntar se a história sobrenatural contada
pelo mestre da barca pode ou não ser real, visto que o narrador, em boa parte da
diegese, desacredita piamente do barqueiro. Dessa forma, a partir da leitura do conto de
Bernardo Guimarães, verificou-se a possibilidade de se estudá-lo como uma construção

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imagética proporcionada pelo narrador, o qual influencia o decorrer de toda a narrativa,


a fim de (des)estabelecer uma linha de acontecimentos que é apresentada por duas
vozes presentes no conto. O que abre caminho para a análise tanto da loucura, que
será investigada a partir da obra do filósofo francês Michel Foucault, História da loucura
(1978), quanto do fantástico de Todorov por meio dessa construção imagética, sendo
viável estabelecer relações diretas e intrínsecas com sua obra Introdução à literatura
fantástica (2014).

Palavras-chave: Loucura; Fantástico; Bernardo Guimarães; A dança dos ossos.

2) Elementos socioculturais infiltrados no conto Mandovi

Fabiana Almeida Sambati (UEM)


Dr. Fábio Lucas Pierini (UEM/Orientador)

Resumo:
A narrativa fantástica, ao gosto brasileiro, encontrou rico insumo na tradição popular de
contar histórias e causos recheados de eventos extraordinários, envolvendo aparições
de fantasmas, criaturas insólitas e fenômenos sobrenaturais, capazes de mexer com o
imaginário e a coragem daqueles que mergulham nesse universo, hipnotizados pela
destreza do sertanejo em narrar tais histórias. Em algumas regiões do país, ainda não
totalmente sobrepujadas pelos avanços tecnológicos e onde parece persistir o hábito de
reunir-se para conversar nas casas de vizinhos ou conhecidos, a prática de contação de
causos permanece praticamente inalterada, sedimentada por fatores culturais e sociais
característicos dessas populações. Apesar dos cenários urbanos apresentarem uma
recorrência mais significativa nas produções fantásticas brasileiras, as histórias
assombrosas, com persongens que retornam do além túmulo, com sede de vingança,
ambientadas nos contextos ruralistas, constituem também uma evidência da influência
que os autores brasileiros sofreram de outros escritores estrangeiros, que buscavam na
Literatura Fantástica, uma saída para amanizar as angústias existenciais vividas em um
momento histórico turbulento, perscrutado pelo caos e pelas incertezas sobre um futuro
que parecia se desenhar sobre bases essencialmente racionalistas, na velocidade das
novas tecnologias que viriam a modificar as concepções sobre o homem frente ao seu
próprio papel, seu valor, suas expectativas, inseridas no ceticismo científico materialista
que se impunha sobre suas vidas. Visando contemplar o texto fantástico sob uma ótica
voltada para as interações sociais, para a forma de organização de uma determinada
comunidade, bem como para o modo que o homem se relaciona com o meio que o
circunda e consigo mesmo, este trabalho tem como principal diretriz identificar e tecer

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algumas considerações acerca de certos aspectos socioculturais que permeiam o conto


Mandovi, do escritor pernanbucano Coelho Neto, produzido no final do século XIX, na
fase regionalista do autor. O texto, que integra uma coletânea de sete contos e novelas,
intitulada Sertão, narra a desventura da personagem que dá nome ao conto e depara-se
com o dilema de manter sua reputação de caboclo valente ou sucumbir ao medo ao ter
que atravessar uma mata assombrada, após um jogo de carteado, rumo ao seu destino.

Palavras-chave: Mandovi; Literatura Fantástica; aspectos socioculturais;

3) O fantástico em “Fios de ouro”, de Conceição Evaristo

Marcela Gizeli Batalini (UEM)


Profa Dra. Alba Krishna Topan Feldman (UEM/Orientadora)

Resumo:

Observa-se, no que tange à tradição literária, a posição secundária ocupada pela


mulher, a inferiorização dessa produção a partir de pressupostos sustentados por uma
tradição patriarcal. Ao atentar-se para a mulher negra, soma-se ainda o preconceito
quanto sua etnia. Desse modo, na literatura fantástica é possível notar um
reconhecimento ainda tímido da produção de autoria feminina, ainda que autoras como
Mary Shelley e sua obra “Frankenstein” (1818) tenham exercido bastante influência
nesse contexto. Frente a essas questões, o presente trabalho tem por objetivo analisar
o conto “Fios de ouro”, de Conceição Evaristo, publicado no livro “Histórias de leves
enganos e parecenças” (2016), com o suporte da teoria fantástica de Tzvetan Todorov
(1981) que, embora receba críticas por parte de alguns especialistas, quanto à
terminologia e metodologia utilizadas, apresenta contribuições significativas ao estudo
do fantástico, podendo ser aplicadas no conto em questão. Verifica-se que tal narrativa
apresenta as três condições elencadas por Todorov para a definição do fantástico: no
aspecto verbal, ambiguidades no enunciado e na enunciação, a hesitação do/a leitor/a
frente aos fatos narrados, oscilando entre uma explicação “natural” e sobrenatural do
acontecimento; no aspecto sintático, indícios de que algo acontecerá nessa esfera e a
irreversibilidade da leitura; quanto ao aspecto semântico, apresenta-se como tema a
transformação física da personagem, o crescimento exagerado de seus cabelos, bem
como sua composição de ouro, isto é, mudanças externas que apontam para a
presença de elementos fantásticos que desmantelam a ordem anterior. Nota-se ainda

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que, por meio do fantástico, Conceição Evaristo lança luz às questões de gênero, etnia
e faixa etária, ou seja, a protagonista é mulher, negra e idosa inserida em um contexto
que ainda a faz vítima de preconceitos nessas esferas. A partir da inclusão do insólito,
tem-se uma ruptura frente à dura realidade que se impõe a ela, vislumbrando para si e
para sua descendência vivências outras, que valorizam as supracitadas questões que
compõem sua identidade. Assim, podemos notar que o fantástico na literatura de autoria
feminina suscita também um questionamento de papeis que lhe foram designados
socialmente, a contestação de construções que relegam à mulher um lugar à margem
do discurso, da sociedade.

Palavras-chave: Fios de ouro; Conceição Evaristo; Fantástico; Conto.

4) Uma análise do conto No rio, além da curva de Mia Couto pelo viés
do Realismo Maravilhoso

Tiago Alves Santos (G-UENP/CJ-PIBIC VOLUNTÁRIO)


Dra. Nerynei Meira Carneiro Bellini (UENP/CJ)
Resumo:

Este trabalho está ancorado na literatura do insólito, especialmente, na vertente do


realismo maravilhoso do venezuelano Alejo Carpentier (1967). O corpus da análise
constitui no conto No rio, além da curva, inserido no livro Estórias Abensonhadas
(2012), do escritor moçambicano Mia Couto. Este artigo é resultado de estudos e
discussões travadas no Grupo de Pesquisa Leitura e Ensino e como parte de projeto de
iniciação cientifica (PIBIC- VOLUNTÁRIO) realizado na Universidade Estadual do Norte
do Paraná (UENP). O nosso trabalho está dividido da seguinte maneira: características
do realismo maravilhoso, com foco nas especificidades dessa modalidade em relação
ao realismo mágico, conforme pressupostos de críticos que defendem a diferença entre
as duas vertentes; explanação breve das principais narrativas de Mia Couto, antes e
após a guerra civil, que ocorreu no país logo depois de sua independência. Partindo
dessa perspectiva, a análise do conto No rio, além da curva visa a identificar os
elementos insólitos presentes na narrativa e mostrar o porquê do próprio território de
Moçambique favorecer o aparecimento do realismo maravilhoso na obra do escritor
moçambicano. O escritor cubano Alejo Carpentier foi o primeiro a cunhar o termo real
maravilhoso ao se referir à realidade hispano-americana e sua correlação literária. Esse
autor e crítico afirmava que o contexto da América Latina era maravilhoso, portanto, as
ocorrências extraordinárias faziam parte do cotidiano. Guardando as devidas

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proporções entre os continentes americano e africano, Couto viu em seu universo


eventos importantes à recriação do insólito na literatura. Por isso, neste trabalho
utilizaremos, além de considerações teóricas de Alejo Carpentier (1967), pressupostos
de Remo Ceserani (2006), Flávio Garcia (2013), Irlemar Chiampi (2012), Nerynei Meira
Carneiro (2004), Selma Calasans Rodrigues (1988), Figueiredo (2005) e demais
teóricos que abordam o insólito. Escolhemos trabalhar a literatura moçambicana,
porque, tal como ocorre na brasileira, é rica em representações folclóricas e lendas
populares, que ancoram as narrativas insólitas. Mia Couto, por meio da invenção
literária, enriquece suas produções com costumes, crenças, enfim, a cultura do povo de
Moçambique. O escritor destaca dois momentos históricos do povo moçambicano, a luta
pela independência e, depois, a guerra civil. Almeja-se que este trabalho estimule mais
pessoas a estudarem acerca da literatura africana tanto nos cursos de Letras como nas
escolas da educação básica.

Palavras- chave: Literatura do insólito; Realismo Maravilhoso; Literatura Africana.

5) Death Note: o fantástico na narrativa multimodal de


Tsugumi Ohba e Takeshi Obata

Me. Leticia Toniete Izeppe Bisconcim (UEM)


Me. Tayza Cristina Nogueira Rossini (UEM)

Resumo:

A narrativa fantástica, forma que constitui parte do universo cotidiano de muitos leitores,
proporciona uma experiência imaginária que ultrapassa os limites da razão. De modo
geral, se caracteriza pelo sentido de que a obra contesta a si própria, contradizendo as
convenções que a tornaram possível. Propomos discutir neste trabalho, dentre os
teóricos que estudaram o gênero, algumas das noções defendidas por Todorov (1975),
Bessière (1974), e Finné (1980), tendo como proposta a análise da narrativa de “Death
Note” uma série de mangá escrita por Tsugumi Ohba e ilustrada por Takeshi
Obata.Publicada pela Editora JBC, o último dos doze volumes foi lançado em junho de
2008.Os personagens vivem em clima de medo causado pelo extermínio dos criminosos
no Japão. Os elementos fantásticos presentes no mundo narrado não pertencem ao

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cotidiano dos personagens, já que a escrita do nome no caderno da morte é capaz de


exterminar o indivíduo, provocando na sociedade o efeito de abalo, que faz com que
haja a busca por explicações racionais para as situações apresentadas,
desafiando,assim, as fronteiras entre o real e o imaginário. Levando em consideração a
grande repercussão de tal obra, disseminada em diferentes modalidades: mangá,
animê, live action, filme, percebemos a relevância desse tema, objetivando
compreender como o fantástico, em suas características, extrapola o universo da
literatura em si, catalogada e reconhecida como tal, estando presente também nos
mangás e animês, que se constituem enquanto formas ficcionais, se configurando
enquanto prática de letramento literário. A sinopse da obra descreve um espaço para
caracterização de um thriller policial, repleto de mistério e suspense. Não há
classificação em um único gênero,portanto, afirmamos ser possível uma análise
dos elementos fantásticos dentro da obra. Assim, a análise se inicia pelo motivo
fantástico na obra: o caderno da morte, derrubado no mundo real por um shinigami.
Desse modo, tem-se o início da trama, com base no que anunciou Todorov (1970),
destacando que o relato fantástico deve ser assegurado por um elemento sobrenatural,
inexistente na vida cotidiana, que, deve causar hesitação da personagem ou do leitor
(como função do texto) que se identifica com a personagem ou com a situação
fantástica. Destaca-se, aqui, o caderno, como elemento sobrenatural, que traz a
hesitação em Raito e no leitor, que em um primeiro momento não acreditam em seu
funcionamento. No entanto, é esse elemento sobrenatural, que muda toda realidade
criada. “O humano cujo nome for escrito neste caderno morrerá”. Esse é o ponto de
partida para nossos estudos, o que vai de encontro à função social da literatura
fantástica, no que diz respeito à vontade de fazer por meio da literatura o que não se
pode fazer no real.

Palavras-chave: Fantástico, Mangá, Death Note.

6) Quando a sociedade chega tarde ao confronto: um estudo sobre a


negatividade do fenômeno fantástico em “Paper menagerie”, de Ken
Liu

Me. Márcio Henrique de Almeida Soares (UEL)

Resumo:
Em A construção do fantástico na narrativa (1980), Filipe Furtado afirma que “o Sujeito
[fenômeno] do fantástico é negativo, enquanto o actante com idênticas funções no
maravilhoso [...] tem quase sempre realização num herói de sinal iniludivelmente
positivo à luz dos valores comuns” (p. 97). Deste modo, a diferenciação entre fantástico

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e maravilhoso poderia ser determinada a partir da análise do caráter positivo ou


negativo do principal ator da história, o qual, no fantástico e ainda segundo Furtado,
seria sempre o fenômeno frente a uma personagem que geralmente apenas reage às
ações do outro. Mas e se, em uma narrativa que carrega os principais traços do
fantástico, a ação do fenômeno é recebida positivamente pela personagem e só
posteriormente adquire um caráter negativo? É o que ocorre em “Paper menagerie”
(2011), de Ken Liu. Na história, um menino mestiço, Jack, filho de um pai norte-
americano e uma mãe asiática, todos vivendo nos Estados Unidos, tem um primeiro
contato inocente com as dobraduras “mágicas” de sua mãe. Os animais de origami
criados pela mãe a partir de papel de presente ganham vida frente aos olhos da criança
e se tornam seus melhores brinquedos. Apenas aos dez anos de idade, após uma
disputa com um garoto vizinho que compara seus brinquedos a “lixo” e o subsequente
bullying sofrido na escola é que o fenômeno – e toda a cultura que ele representa – se
torna negativo para Jack. O fenômeno, portanto, não é negativo em si, mas apenas
adquire esse caráter a partir de determinado momento, especificamente quando do
envolvimento da sociedade na interação personagem-fenômeno. Essa negatividade
tardia do fenômeno poderia corroborar a classificação dessa narrativa dentro do terreno
do maravilhoso conforme estabelecido por Furtado, no entanto, encontramos respaldo
para classificá-la como fantástica em Joël Malrieu, o qual pontua, em sua obra Le
fantastique, que “a verdadeira monstruosidade se encontra na sociedade” (MALRIEU,
1992, p. 85) e não no fenômeno fantástico. Este último seria apenas um veículo para
revelar o mal presente na sociedade. A partir dessa ideia, o presente trabalho visa
analisar como a imposição violenta de determinadas normas e padrões sociais é que
culminam na negatividade atribuída ao fenômeno fantástico na história de Liu, bem
como nas narrativas fantásticas tradicionais do século XIX que originaram os estudos
dos teóricos referenciados.

Palavras-chave: Paper menagerie, Ken Liu, fantástico, Joël Malrieu, literatura


contemporânea.

7) Resumo

8) Detalhes do mundo proibido:Sobre escolhas vocabulares e polêmicas


tradutórias no mundo de gelo e fogo

Murilo Filgueiras Correa (UEM – PLE)

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Resumo:

É notório o sucesso popular que atingiram as obras componentes da saga As Crônicas


de Gelo e Fogo bem como o seriado televisivo Game of Thrones do canal HBO, estima-
se que ainda na primeira temporada do seriado, lançada em 2009, o público para cada
um dos episódios fora de pelo menos 10 milhões de espectadores. Já os livros foram
traduzidos para mais de 20 idiomas e já venderam cerca de 20 milhões de cópias pelo
mundo. Neste artigo objetiva-se lançar um olhar sobre uma polêmica pontual criada pelo
tradutor português Jorge Candeias no ano de 2011, ao ser informado das adaptações
as quais suas traduções foram submetidas pela editora brasileira LeYa antes de serem
publicadas no Brasil, Candeias questionou veementemente uma opção vocabular
escolhida pela editora brasileira – a adição do adjetivo “siciliano” a um trecho do texto
que discorria sobre limões. Segundo o tradutor português, tal escolha simboliza uma
estupidez por parte da editora, uma vez que no universo ficcional criado pelo escritor
estadunidense George R. R. Martin a Sicília simplesmente não existe. Contudo, por
meio de argumentação construída a partir de considerações teóricas acerca da literatura
fantástica feitas por nomes como Umberto Eco, Selma Calasans Rodrigues, Antoine
Faivre, Wolfgang Iser, e também dos estudos linguísticos como Ferdinand de Saussure
e Jacques Derrida, procura-se demonstrar como tal crítica possui inconsistências no
sentido de que para criar um universo crível e portador de verossimilhança o escritor
deve invariavelmente lançar mão de referências deste universo real de modo a construir
descrições capazes de criar a ilusão realista, e o limite para o uso de tais referências,
como será visto, acaba por mostrar-se nebuloso e incerto, difícil de ser definido.
Observa-se, ainda, peculiaridades referentes a processos tradutórios e suas relações
com o texto original, o papel do tradutor, a questão da fidelidade e a que a fidelidade
deve ser aplicada. Analisa-se aqui um caso singular e restrito, todavia o intuito do
trabalho é contribuir para as discussões acerca das mais variadas formas de
manifestação e representação do fantástico na literatura.

Palavras-chave: Literatura fantástica; Tradução; Fidelidade; George R. R. Martin; Jorge


Candeias.

9) O Pacto Diabólico Em O Retrato De Dorian Gray, De Oscar Wilde

Paulo Henrique Da Cruz Silva (UEM)


Prof. Dr. Fábio Lucas Pierini (UEM/Orientador)

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Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo principal demonstrar de que forma ocorre o
pacto diabólico realizado pela personagem Dorian Gray na narrativa fantástica de Oscar
Wilde O retrato de Dorian Gray. Nossa metodologia baseou-se no estudo comparativo
desta narrativa com outras duas em que o pacto se mostra mais evidente como em o O
Diabo Enamorado de Jacques Cazotte e A História maravilhosa de Peter Schlemihl de
Adelbert von Chamisso. Nessas narrativas as personagens principais Álvaro e Peter
Schlemihl também fazem seus respectivos pactos com o diabo em troca de seus
desejos, porém são esses mesmos desejos que se tornam seus castigos ao longo da
história: o preço pela realização do desejo residiria nas consequência do próprio
atendimento a eles. A mesma coisa acontece na história de Oscar Wilde, na qual o
desejo de Dorian Gray, após ser atendido torna-se seu pesadelo. Considerando as
diferenças entre épocas e locais em que cada uma das histórias foi escrita, podemos
perceber, segundo autores como Bessière (1974) e Bozzetto (1992) que o pacto
diabólico é, ao mesmo tempo, um ponto de virada no que diz respeito ao fantástico em
geral, pois redefine o conceito de sobrenatural, e uma visão crítica do homem e da
sociedade em que ele se encontra porque desloca a maldade de um objeto exterior ao
ser humano – uma criatura que procura desviar as pessoas de seu caminho natural
para o bem – para o próprio homem, revelando que a maldade desde sempre habita em
seu interior, constituindo sua natureza primitiva.
Palavras-chave: Pacto diabólico; O retrato de Dorian Gray; Literatura Fantástica; Oscar
Wilde.

10) O Inquietante (Das Unheimlich) em “A Caçada”, de Lygia


Fagundes Telles

Larissa Reggiani Galbardi (UEM)


Prof. Dr. Fábio Lucas Pierini (UEM/Orientador)

Resumo:
O estudo da narrativa fantástica se justifica pela necessidade de compreender as
relações que temos com o desconhecido e o modo como lidamos com crenças e
superstições, seja esse modo objetivo ou subjetivo. Também pela relação entre essa
necessidade de compreensão, a maneira de lidar com crenças e superstições e o papel
da ciência como um mediador empiricamente verificável se contrastado com a

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especulação popular. Lygia Fagundes Telles é autora de várias narrativas que podemos
considerar fantásticas, já que lidam com eventos que contrastam as noções de real, não
só de seus personagens, mas também de seus leitores. A autora cria situações que
despertam o sentimento do inquietante (Das Unheimlich), através de um jogo de
ambiguidades e ocultamentos. O inquietante transforma o familiar em estranho e o
estranho em familiar e essa pesquisa tenciona demonstrar de que maneiras Lygia
Fagundes Telles alcança esse tipo de efeito de leitura por meio do recurso narrativo
detectado por Freud (1919) no início do século XX nos contos de ETA Hoffmann. O
conto a ser estudado será “A Caçada”, que tem as características que Freud pontuou no
texto O inquietante (2010). Freud usou o termo unheimlich, que seria o oposto de
heimlich, para afirmar que o inquientante é o oposto do que é comum, seria uma
espécie de elemento assustador que remonta ao que é familiar. Freud afirma que a
condição crucial para o inquietante seria a incerteza intelectual e, já que o unheimlich é
uma espécie de heimlich, o inquietante também deve caminhar em direção à
ambiguidade. No caso do conto A caçada de Lygia Fagundes Telles, podemos
investigar tanto os recursos de linguagem que tornam possível a relação com o
desconhecido quanto vislumbrar o “passo a passo” da formação dessa relação dentro
da narrativa. A pesquisa também pode perpassar a questão da oralidade no conto A
caçada, mais precisamente em relação ao artigo de Jean Molino. Trata-se de “O
fantástico entre o oral e o escrito”, mais precisamente investiga as relações entre o
fantástico oral e o fantástico escrito. Jean Molino afirma que embora as narrativas orais
não fossem denominadas fantásticas e não fosse possível reduzir essas narrativas a um
gênero bem definido, há uma aproximação entre essas narrativas orais e o fantástico
escrito. No conto de Lygia Fagundes Telles, alguns elementos que podem ser
considerados comuns com o que Molino denomina fantástico oral são os temas do
sonho, da loucura e da morte.

Palavras-chave: Narrativa fantástica, A caçada, Lygia Fagundes Telles, Inquietante,


Unheimlich, Oralidade.

11) O universo fantástico em Aura, de Carlos Fuentes

Ana Carolina Penha Prado (UEL)


Prof. Dr. Adilson dos Santos (UEL/orientador)

Resumo:

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Narrativas com acontecimentos e aparições sobrenaturais, ou seja, propriedades que


colocam em xeque as leis naturais, compõem a modalidade literária elencada como
vertentes do insólito. Um dos vieses dessa literatura, que teve auge no romantismo do
século XIX com escritores como E.T.A. Hoffman e Guy de Maupassant, é o fantástico. O
estudioso Tzvetan Todorov, em Introdução à Literatura Fantástica (2004), elenca essa
vertente como um gênero textual e a diferencia das outras vertentes insólitas a partir da
noção de que o evento sobrenatural instaurado na narrativa fantástica gera a hesitação,
tanto à personagem que vivenciou a experiência quanto ao leitor que o acompanhou.
Na américa latina, um dos escritores que se utilizou desse recurso narrativo para
compor as suas obras foi o autor mexicano Carlos Fuentes (1928-2012). Juntamente
com Gabriel Garcia Marquez, Mário Vargas Llosa e Octávio Paz, Fuentes consagrou-se
como prosador da década de 60 e contribuiu para que a tradição de uma narrativa
insólita se formasse no seu cenário de produção. Assim, com base na definição de
fantástico estabelecida por Torodov e na legitimidade do escritor latino-americano no
âmbito literário, este trabalho busca analisar a prestigiada novela do autor, Aura,
publicada no ano de 1962 e recebida de maneira muito positiva pelos críticos e leitores
da época. A prosa, narrada em segunda pessoa do singular, insere o leitor como
testemunha da trajetória da personagem e se constitui por uma ambientação onírica, em
que a realidade e a fantasia se confundem no desenlace da trama. Essas
intermediações entre o mundo real e o mundo dos sonhos, por conseguinte, acabam
por se solidificar como elemento essencial para se depreender de que maneira o autor
constrói um universo fantástico e alcança a ambiguidade. Assim, partindo das
considerações de pensadores que se propuseram a refletir acerca do fantástico:
Tzvetan Todorov (2004), que abordou pioneiramente do gênero; Filipe Furtado (1980),
que elencou elementos para a construção do fantástico na tessitura do texto; e Remo
Ceserani (2006), que caracterizou possíveis procedimentos e sistemas temáticos para
solidificação dessa vertente; o presente estudo busca reconhecer quais elementos
textuais e temáticos intrínsecos ao texto fantástico estão presentes na novela de Carlos
Fuentes a fim de validar a hesitação da personagem principal e, por finalidade, do leitor
da obra.

Palavras-chave: Literatura; Fantástico; Carlos Fuentes; Aura.

12) Fantasmas do Passado, uma análise do fantástico em Mariana


Enriquez

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25, 26 e 27 de setembro de 2017
ISSN: 1981-8211

Felipe Teodoro da Silva (UEPG)


Dr. Fábio Lucas Pierini (UEM)

Resumo:
O objetivo desse trabalho é examinar o funcionamento do Fantástico na narrativa da
escritora argentina Mariana Enriquez, assim como estabelecer relações entre os
eventos sobrenaturais e questões sócio-culturais na narrativa. Trazendo influências da
literatura gótica, da escola argentina dos contos de Borges e Cortázar e do americano
Stephen King, Mariana Enriquez se destaca não só como uma das mais importantes
autoras da chamada “nova narrativa argentina”, mas também como um expoente do
Fantásticos nos dias atuais. Em “As coisas que perdemos no fogo” (2017), primeiro livro
de Mariana publicado no Brasil, encontramos histórias cheias de mistério, terror,
ambientadas em uma argentina marginal, onde sujeitos estranhos caminham pelas ruas
e casas abandonadas dominam as avenidas. Enriquez retrata um lado obscuro do país,
ambientando suas histórias em bairros pobres e criando uma relação entre o Terror e a
crítica social. Um dos temas centrais de sua narrativa é o medo da violência, das
ditaduras, das polícias ou dos criminosos, tema que não diz respeito apenas à
Argentina, mas que é um dos grandes medos da América Latina como um todo.
Mariana escreve suas histórias de terror para apontar para coisas esquecidas ou
escondidas, ela quer revelar o “muito mais”, o covil, o lugar onde se escondem os
fantasmas. E o que seriam esses fantasmas? Na ficção de Enriquez os espectros estão
longe de ser apenas almas atormentadas que se cobrem com um lençol branco para
assustar os vivos, mais do que representar o estereótipo, Mariana apresenta os
fantasmas e o os eventos sobrenaturais como traumas, sejam eles pessoais ou
históricos. Além de contos de terror, as narrativas da escritora argentina escondem em
sua superfície, por trás dos clichês do gênero, histórias que remetem a nossa realidade
e que retratam medos sociais que ainda ecoam na cabeça da autora e do seu povo. O
conto escolhido para a análise é “A casa de Adela”, sobre uma menina sem braço que
desaparece numa casa abandonada, o texto de certa forma alude à política da ditadura
argentina, fazendo uma referência ao ato de roubar os filhos dos inimigos do regime e
entregá-los a famílias aliadas e também aos inúmeros desaparecimentos não
esclarecidos que ocorreram no período. Além disso, no decorrer da narrativa outros
elementos são evocados por Enriquez, como o arquétipo da casa mal-assombrada, a
força das lendas urbanas e a curiosidade pelo desconhecido. A história trabalha com a
hesitação, uma das características do fantástico, sem descartar no fim a possibilidade
do evento sobrenatural. “A casa de Adela” não se destaca apenas por ser um conto
sobre fantasmas muito bem escrito, mas porque consegue deixar claro que a narrativa
está voltada para a realidade argentina e latino-americana, que o texto é capaz de
abordar a política e os medos das nossas sociedades usando o sobrenatural e atingindo
em sua unidade, uma experiência de medo que é universal e que além de nos lembrar
do passado, deixa uma reflexão sobre o presente e o futuro.

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Palavras-chave: Literatura fantástica; Literatura argentina; Conto contemporâneo.

13) O herói em Os Magos (GROSSMAN, 2011)

Giuliane Moreira Gonçalves (UEM)


Prof. Dr. Fábio Lucas Pierini (UEM/Orientador)

Resumo:
O fantástico está presente na literatura desde o século XVIII (FAIVRE, 1991), ainda que
de forma esporádica e utilizando-se de temas e motivos que seriam, posteriormente,
utilizados pela literatura fantástica como é conhecida na atualidade. Seu
desenvolvimento culmina num momento literário extremamente favorecedor ao gênero
aqui estudado – títulos como Harry Potter (ROWLING) e As Crônicas de Nárnia
(LEWIS) são apenas alguns exemplos de textos fantásticos que circulam no cenário
literário atual, demonstrando o quanto autores têm se utilizado da literatura fantástica
para encantar seu público-leitor. Neste contexto surge a trilogia Os Magos, com o
primeiro volume de mesmo título (GROSSMAN, 2011). Romancista e crítico literário,
Grossman dá vida à Quentin Coldwater, um adolescente de 17 anos que é levado à
faculdade de magia de Brakebills para prestar uma prova admissional. Ao entrar para a
faculdade, Quentin faz grandes amizades, aprende importantes lições sobre a magia e a
vida e é também lançado em uma série de aventuras na terra e também no mundo
mágico de Fillory, a fim de se tornar rei deste mundo. Diante do exposto, este trabalho
tem como objetivo analisar elementos de realismo presentes no exemplar de literatura
fantástica de Grossman (2011. Os Magos). Para tanto, a figura do herói foi explorada –
tanto em sua formação enquanto personagem, como também em relação aos ritos de
iniciação que este enfrenta a fim de completar sua trajetória. Ao tratar da figura do herói,
dois títulos foram estudados: O Herói de Mil Faces (CAMPBELL, 1997) e Morfologia do
Conto Maravilhoso (PROPP, 2001). Nestes livros, os autores estabelecem uma série de
elementos que contituem o herói numa narrativa e suas implicações no decorrer da
ação. Entretanto, suas abordagens são diferentes: Campbell (1997) propõe um estudo
psicológico do heroi mitológico – e também do próprio gênero e suas funções sociais –,
enquanto Propp (2001) propõe um estudo morfológico do conto maravilhoso, elencando
uma série de funções recorrentes neste gênero e, entre elas, as características e a
importância do heró para este tipo de narrativa. No que tange aos ritos de iniciação, o
título estudado foi Ritos de iniciação e Sociedades Secretas (ELIADE, 2004). Neste
trabalho, Eliade apresenta diversos ritos de iniciação, além dos temas iniciáticos que
embasam estes rituais, propondo a relação entre crenças e desejos inconscientes do
indivíduo e demonstrando as razões para a permanência dos ritos de iniciação nas
sociedades secretas. Estas, por sua vez, podem ser representadas pela sociedade

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mágica em Os Magos (GROSSMAN, 2011), tendo como neófito o personagem principal.


Logo, a partir desses autores, foi possível comprovar que estes elementos de realismo
inclusos na narrativa fantástica de Grossman (2011) são utilizados a fim de dar
credibilidade e verossimilhança ao romance.

Palavras-chave: Literatura Fantástica; Herói; Mito; Conto Maravilhoso; Ritos de


Iniciação.

14) O Insólito nos Ensaios Saramágicos

Isabela Padilha Papke (UEM)


Prof.Dr. Fábio Lucas Pierini (UEM/Orientador)

Resumo:
Os estudos da obra de Saramago se expandem especialmente no que diz respeito ao
alegórico, pois sua linguagem fluida cria ambientes de contornos imprecisos e
personagens de comportamentos conflituosos, que exigem uma interpretação que
busque nos níveis mais profundos suas escolhas de expressão. Contudo, diversas
vezes a alegoria saramaguiana sofre o processo de insolitação (Guiomar, 1957;
Boucharenc, 2014; Komandera, 2010) que, segundo Jacques Goimard (2003),
apresenta o sentido segundo como concreto e apaga o sentido primeiro, criticando a
própria relação de sentido tradicionalmente estabelecida entre os elementos
constitutivos da alegoria presente no texto. Dessa forma, justifica-se a necessidade de
explorar as relações entre o insólito dos eventos narrados em ambas as obras em
função dessa conduta de desvio no tratamento da alegoria. Nessa apresentação iremos
colocar em foco o fenômeno insólito nas obras, este que em Ensaio sobre a Cegueira
é introduzida ao seu leitor com o sentimento da primeira personagem infectada “O cego
ergueu as mãos diante dos olhos, moveu-as. Nada, é como se estivesse no meio de
um nevoeiro, é como se estivesse caído num mar de leite.” (Ensaio sobre a cegueira, pg
13), é notável que o acontecimento teria tudo para não ser algo tão sobrenatural, mas
através da fala do personagem que se segue mostra o problema na tal “cegueira
inesperada”, “Mas a cegueira não é assim, disse o outro, a cegueira dizem que é
negra”(Ensaio sobre a Cegueira, p. 13) e ao passo que não se sabe explicar o porquê
tal fenômeno se desdobra na cor branca, e nem porque subitamente aparece no início,
como sendo algo totalmente inesperado e torna-se abundante ao logo da narrativa, ao
atingir uma gama gigantesca de personagens, temos então , um gancho metafórico,

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devido as colocações do autor, que são típicas do gênero ensaio, que se alinha ao
fenômeno da insolitação, fenômeno esse que causa reflexões que se estendem a mera
sobrenaturalidade do evento, que se tornam mais compreensíveis em Ensaio sobre a
Lucidez. Em ensaio sobre a Lucidez, temos a estranheza das coisas familiares
evidenciada pois o fenômeno é o voto em branco generalizado, algo que não é
sobrenatural mas causa estranhamento por ser feito em massa. “quando o fantasma de
abstenção sem paralelo na história da nossa democracia ameaçava gravemente a
estabilidade não só do regime, mas também, muito mais grave, do sistema” (Ensaio
sobre a Lucidez, pg.23) ´Podemos notar que aqui diferentemente do Ensaio sobre a
cegueira, o fenômeno é consciente, e possui finalidades. É interessante essa
comparação entre as obras, por as duas obras serem tomadas como uma “bilogia” e
sendo uma dependente da outra, nessa nova narrativa há a tentativa de revolução, em
meio a tudo que houve anteriormente, quando o governo trata os atingidos pela
cegueiras de forma deplorável. Esse sentimento e essa liga entre as obras é muito bem
exposto nesse trecho de Ensaio sobre a Lucidez “ A querer tapar a chaga, diremos que
a cegueira desses dias regressou sob uma nova forma, chamaremos a atenção da
gente para o paralelo entre a brancura da cegueira de há quatro anos e o voto branco
de agora” .Concluímos, portanto em um fenômeno uma fraqueza não esperada do ser
humano e no outro, numa intenção de revolução, ou vingança, um ato de
consentimento, de conformismo como forma de protesto, quase beirando uma ironia.
Podemos notar, enfim, que Saramago faz da insolitação em sua obra, aquilo que
Guiomar acredita ser o processo de criação do insólito: “conceder aos seres e coisas
um novo estado, uma existência e o poder de transmitir uma mensagem” (1957,
GUIOMAR, apud PIERINI, 2017).

Palavras-chave: Saramago, Insólito, Branco, Ensaio.

15) Os inquietantes autômatos de E. T. A. Hoffmann no mundo de


Odradek

Lucas Henrique da Silva (UEL)

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Resumo:

Em “No mundo de Odradek: a obra de arte frente à mercadoria”, capítulo de Estâncias,


Agamben (2012, p. 87-88), teorizando sobre a relação entre o homem e as coisas no
contexto capitalista, afirma que há um “mal-estar no homem em relação aos seus
objetos, que ele mesmo reduziu a ‘simulacro de coisas’, na suspeita de uma possível
‘animação do inorgânico’”. Neste trecho, Agamben discute sobre a nossa recusa de
tomar consciência da degradação dos facticia – aquilo que é criado pela mão do homem
– mercadorizados. Este recalque, comenta ele, expressa-se quando os objetos mais
familiares de repente se envolvem de uma aura ameaçadora, destruindo a nossa
segurança e trazendo à tona o Unheimlich. No gênero fantástico, um dos escritores
mais conhecidos abordou este tema de forma magistral: trata-se de E. T. A. Hoffmann
(1776-1822). Nos contos hoffmannianos, temos coisas que se animam e tornam-se, de
repente, estranhas, como é o caso dos bonecos vivos dos contos “O homem da areia” e
“Os autômatos”. Hoffmann nos avisa sobre a degradação da natureza operada pelas
mãos da técnica, de forma que se permite uma aproximação entre o tema dos
autômatos e o culto à mercadoria. Estas personagens em seus contos aparecem
sempre acompanhadas de uma ameaça para os humanos, a qual coloca em dúvida a
noção de coisa e sujeito. Assim, surge a presença ameaçadora do objeto animado,
“destinado a ter uma segunda vida na idade do maquinismo avançado” (AGAMBEN,
2012, p. 88). A leitura de Agamben da áurea ameaçadora dos objetos permite um
diálogo com as ideias de Eliane Robert Moraes expostas em O corpo impossível (2002).
Para a estudiosa, Hoffmann retratou em sua época a crescente desconfiança do homem
em relação à sua própria imagem. Neste sentido, a degradação dos objetos de que fala
Agamben pode ser pensada como a degradação da própria imagem humana,
desembocando, assim, no Unheimlich, no mal-estar (Freud). O gênero fantástico,
enquanto arte dedicada em trazer à luz do dia as fantasmagorias, muitas vezes tratou
deste pesadelo, desta doença, que relegamos num fingimento a “outro mundo”. De
forma penetrante, narrativas como as de Hoffmann expressam os terrores do corpo.
Dado isto, este trabalho pretende efetivar considerações sobre o tema dos autômatos
em Hoffmann. Abordar-se-á, dentro do campo de significações desta personagem,
questões relativas à inquietante relação entre o homem e seus objetos, por meio da
leitura dos contos e da teoria.

Palavras-chave: E. T. A. Hoffmann; Autômato; Unheimlich.

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16) O fantástico em Merlim de Robert de Boron

Mariany Camilo Nabarrete (UEM)


Dr. Fabio Lucas Pierini (Orientador/UEM)

Resumo:

O romance Merlim, escrito por Robert de Boron no século XII, foi publicado em uma
época em que a teoria da literatura fantástica ainda não era estudada, em uma época
em que as suas definições ainda não tinham sido feitas. Desta maneira toda a análise
que será desenvolvida levará em conta aspectos do gênero da literatura fantástica
moderna e do gênero maravilhoso, para assim podermos identificar e apontar as
características presentes nesta obra da Idade Média. A intensão de estudar sobre esse
assunto se deu a partir do último parágrafo do livro Le Moyen Âge fantastique ou la
Petite Histoire du Merveilleux de Ducret (2012), nesse último parágrafo o autor descreve
o mundo da Idade Média como um mundo fantástico inserido em um mundo
maravilhoso, Ducret, em sua obra, utiliza tanto o conceito do Maravilhoso quanto do
Fantástico, ainda de acordo com ele, o gênero Fantástico foi advindo do Maravilhoso,
sendo possível perceber alguns de seus elementos já na Idade Média. O romance
estudado conta a origem de Merlim, Boron (1993) nos diz em sua obra que o
personagem misterioso atuou na Inglaterra, em um tempo que o cristianismo havia
acabado de chegar à ilha que não tinha tido nenhum rei cristão. A dificuldade em
colocarmos o romance em uma determinada categoria se dá tanto pela dificuldade em
delimitar tais categorias, quanto nas características do Romance. Merlim é repleto de
lendas, porém não deixa de ser um homem, com atitudes humanas. O espaço e tempo
em que a história ocorre pertencem ao mundo real, mas Merlim consegue ultrapassar o
limiar do tempo com suas previsões. Durante sua infância, juventude e velhice Merlim
auxilia os que estão a sua volta, mas todo o seu auxílio se dá pelos seus dons de
conhecer o passado e ver o futuro, eliminando então a ação de um Deus ou do diabo.
Tzvetan Todorov em As estruturas narrativas (2006), diz que o fantástico se encontra
em mundo como o nosso, da maneira que o conhecemos, com ações e acontecimentos
que não podemos explicar, ou que não conseguimos encontrar uma solução possível, a
incerteza em relação a outros seres é permeada pelo fantástico e, ao escolhermos uma
ou outra resposta saímos do fantástico e adentramos a um “gênero vizinho”, o
maravilhoso. Com as obras desse único autor conseguimos observar a dificuldade de
delimitação o gênero, dificuldade essa que permeará toda a pesquisa. Com o decorrer

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do trabalho procuraremos elucidar as características presentes na história, que por


origem, não permite ser denominada como fantástica.

Palavras-chave: Adaptação; Idade Média; Merlim; Religiões ocidentais; Literatura


francesa.

17) O espaço gótico como gerador do fantástico na poesia de


Álvares de Azevedo

Monique Boer (UEM)


Prof. Dr. Fábio Pierini (UEM/Orientador)

Resumo:

A obra de Álvares de Azevedo, fortemente influenciada pela tradição romântica e pelos


aspectos sócio-culturais da primeira metade do século XIX no Brasil, permite ser
analisada por meio do viés da literatura fantástica, não apenas pelos elementos
poéticos, mas também pela compreensão da vida do poeta, que morreu quando ainda
estava num processo criativo em andamento e sem definição precisa. Importa-nos aqui
a leitura do poema “Meu Sonho”, disposto na terceira parte de Lira dos vinte anos
(1953), pois nele há recorrência de termos que induzem à atmosfera e ao espaço
góticos, o que pode ser um indício de fantástico. Mesmo com a tendência de
impossibilitar leituras alegóricas em textos poéticos, que surgiu após a publicação de
Introdução à literatura fantástica (1969), de Tzvetan Todorov, buscaremos comprovar o
efeito de fantástico na poesia a partir de teóricos como Michel Viegnes (2006) e pela
constatação de elementos do gótico europeu.
Palavras-chave: espaço gótico; Álvares de Azevedo; fantástico; poesia.

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SIMPÓSIO 7) A tessitura poética do erotismo: transgressão, interdito,


sexualidade

Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (UEM)


maraire2@gmail.com
Profa. Me. Beatriz Pazini Ferreira (UEM-PLE - Unifamma)
pazinibia2001@yahoo.com.br

1) Gillka Machado: “ser mulher”. Poética denúncia das mazelas da


essência feminina

Diego Rasteiro Ramires Fonseca (UEM)

Resumo:

A pretensão enunciativa deste trabalho reside no mundo das letras fechado aos escritos
femininos, território até então, dominado pelo contingente representativo em sua maioria
masculino, onde, segundo ZOLIN (2009, p. 217) “para a mulher inserir-se nesse
universo, foram precisos uma ruptura e o anúncio de uma alteridade em relação a essa
visão de mundo centrada no logocentrismo e no falocentrismo”. Embasados por este
viés, foi escolhida como contraponto dessas premissas a poetisa Gilka Machado,
pioneira no que concerne ao lirismo erótico brasileiro. Suas obras abarcam a
transgressão e o empoderamento letrado das mulheres na literatura no Brasil, este fator
será objeto da discussão desta comunicação, que realiza um recorte em determinados
poemas da escritora e aplica as concepções Foucaultianas de: “poder, saber e prazer”.
Embora saibamos da dificuldade de romper com as raízes do “habitus” da sociedade
patriarcal que engessa e que turva o pensamento dos “homens”, acerca do que se
refere aos escritos das minorias, a presente discussão nos leva a refletir criticamente,
as relações de poder existentes entre sexo e poder, “A humanidade é masculina e o
homem define a mulher não em si, mas relativamente a ele; ela não é considerada um
ser autônomo” (BEAUVOIR, 1980).

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Palavras-chave: Literatura de autoria feminina; Estudos de gênero; Escritora brasileira.

2) Uma análise dos relacionamentos interpessoais na obra ‘’Minha vida


fora de série’’ de Paula Pimenta, a partir da teoria do ‘’Amor líquido’’
de Zygmunt Bauman.

Bianca Paixão Izalberti (UEM)


Prof. Me. Pedro Afonso Barth (UEM/Orientador)

Resumo:

O presente trabalho propõe uma análise dos relacionamentos interpessoais da


personagem adolescente Priscila no livro ‘’Minha Vida Fora de Série’’, de Paula
Pimenta, a partir da teoria do Amor Líquido, criada pelo sociólogo polonês Zygmunt
Bauman para caracterizar os relacionamentos na sociedade contemporânea. O Amor
Líquido, para o sociólogo, é a fragilidade e efemeridade apresentada pelos
relacionamentos atuais, sejam eles familiares, amorosos ou até mesmo de amizade.
Para este autor, essa efemeridade é consequência da era moderna, do uso exacerbado
das tecnologias e do consumismo, característicos do período histórico contemporâneo,
conceituado por Bauman como Modernidade Líquida. A análise constitui-se de maneira
a destacar algumas características dos relacionamentos de Priscila com sua família,
amigos e namorados, e apresenta-las dentro da teoria criada por Bauman. Além de
contextualizar brevemente os conceitos de base: Amor Líquido e Modernidade Líquida e
outros conceitos importantes para a compreensão desta teoria, como: Conexão,
Parentesco e Afinidade, o trabalho visa identificar no livro ‘’Minha Vida Fora de Série’’
pontos importantes e facilmente notados atualmente na vida de jovens e adultos, por
exemplo: divórcio, brigas entre irmãos, fim de antigas amizades e formação de novas,
decepções amorosas, além da descartabilidade e facilidade de substituição das
relações interpessoais. A relevância deste trabalho é cooperar com a compreensão das
relações e comportamentos dos jovens. Como resultado do trabalho, podemos destacar
a percepção da sociedade contemporânea a partir dos relacionamentos sociais
adolescentes e das diversas situações enfrentadas por esse público nesta faixa etária
tão complexa. A análise também ajuda a identificar e explorar uma das razões da
popularização da Literatura Juvenil no Brasil, a aproximação do cotidiano dos jovens
ficcionais com o dos jovens do mundo real, criando uma literatura voltada de forma

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específica para o público adolescente. Essa literatura, ainda que voltada para o público
jovem, também tem atingido grandemente o público adulto, o que pode ser explicado
graças às temáticas, que além de retratarem a vida dos jovens, retrata a modernidade
líquida que a sociedade compõe, ainda que de forma ficcional e um pouco romantizada,
e todos os problemas e crises enfrentados pelos seres humanos que nela vivem.

Palavras-Chave: Amor Líquido; Adolescência; Literatura juvenil; Paula Pimenta.

3) “E então eu posso preparar-me para morrer”: Morte e erotismo em


Enquanto agonizo

Leila de Almeida Barros (PG – UNESP/Araraquara)


Prof. Dr. Alcides Cardoso dos Santos (UNESP/Araraquara – Orientador)

Resumo:

As considerações filosóficas feitas por Georges Bataille (1897-1962) centram-se em


conceitos normalmente considerados obscuros ao pensamento ocidental racional, como
o erotismo, a morte, a transgressão e o sacrifício. Para Bataille, os indivíduos, tendo a
solidão como única certeza e separando-se uns dos outros por um extenso abismo,
temem ao mesmo tempo em que desejam a morte. Como consequência, o sujeito que
está no centro das atenções do filósofo é aquele que, por possui uma noção muito mais
dolorosa de sua própria finitude, enfrenta a morte através de uma experiência erótica –
uma revelação que viabiliza ao sujeito moderno o acesso às facetas mais remotas e
inacessíveis de seu ser. Addie Bundren, personagem central do romance de William
Faulkner Enquanto agonizo (1930), talvez seja aquela cujos pensamentos fazem ecoar
essas asserções bataillianas. No centro da narrativa está a jornada de uma família de
pequenos agricultores em direção a Jefferson, sede do condado imaginário de
Yoknapatawpha. A família viaja durante dias em um vagão carregando o corpo de
Addie, a matriarca, em um caixão que fora cuidadosamente construído por um de seus
filhos. O motivo da viagem envolve uma promessa feita pelo patriarca, Anse, depois da
manifestação do desejo da mulher em ser enterrada junto à sua família no cemitério de
Jefferson. No capítulo quarenta, o corpo da matriarca é reencarnado via linguagem,
permitindo à personagem já morta contar a sua própria versão do passado e dos fatos

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presentes – um privilégio conferido até então apenas aos vivos. Conforme ela analisa
cronologicamente os passos de sua trajetória como esposa e mãe, o leitor tem acesso
às verdadeiras justificativas e sentimentos de uma mulher que não logrou encontrar
felicidade em vida. O sentimento de violação que sentira após descobrir estar grávida
de seu filho primogênito desperta na personagem a consciência de que sua morte havia
sido anunciada antes de tudo a partir da primeira união corporal com seu marido –
quando ela se diluíra ao tornar-se um só ser com ele. Para Addie, viver é um movimento
que constantemente evoca a morte e, portanto, uma resposta inconfundível à própria
vida. No entanto, quando Bataille afirma que aos indivíduos é dada a oportunidade de ir
até certo limite para enfrentar a morte, sendo o limite a própria vida, é evidente que a
Addie é dada a honra, por parte de seu criador, de superar por completo tal limitação.
Sendo assim, este trabalho parte do pressuposto de que a Literatura, quando colocada
lado a lado com a Filosofia, não tem a única função de ilustrar questões filosóficas ou
objetificá-las concretamente. Nessa perspectiva, acredita-se que os textos literários, em
certo sentido, são capazes de “filosofar” a partir de sua própria estrutura, linguagem,
temas e personagens. Dito isto, pode-se pensar nos romances de Faulkner, em geral, e
em Enquanto agonizo, mais especificamente, como o meio encontrado pelo autor para a
construção e o desenvolvimento de uma compreensão filosófica de sua obra.

Palavras-chave: Literatura e Filosofia; Morte; Interdito; Erotismo.

4) O erotismo na poesia de Hilda Hilst: um olhar lascivo de leitora

Ana Caroline de Almeida Leite (UEM)


Profa. Dra Marcele Aires Franceschini (UEM/Orientadora)

Resumo:

Hilda de Almeida Prado Hilst, nascida em 21 de abril de 1930, na cidade de Jaú, interior
de São Paulo, escreveu por quase cinquenta anos e é considerada umas das mais
importantes escritoras em língua portuguesa do século XX. Suas obras foram traduzidas
em países como Alemanha, Argentina, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e
Portugal, e, de tão variada e densa, convida o leitor a ir além das fronteiras do conciso
entendimento. Autora de prosa, teatro e poesia, é na terceira faceta, a lírica, que amarra
a tessitura erótica vinculada a um trabalho rigoroso que dialoga com a tradição e ainda
assim se faz contemporânea. Sua poesia adquire força própria ao contemplar diversas
faces da vida humana, como a derrelição (termo que exprime a noção de abandono,
desamparo) e o amado que se faz ausente. É frequente na poesia e prosa hilstiana o
uso de vocábulos comuns, reconhecidos facilmente por até mesmo quem não esteja lá

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tão habituado à leitura. As palavras vêm em um tom veladamente cômico, quiçá pueril,
fatores que aproximam a poética da autora a um erotismo que se manifesta
despretensiosamente, como aquele que se origina do desejo natural que emerge no ser
humano. A presente comunicação tem como objetivo apresentar um dos traços mais
notáveis da lírica de Hilda Hilst: o erotismo pouco velado, quando não escrachado, que,
através do signo imagético, alcança uma imagem reveladora da expressão poética,
como é também a figura do divino (sagrado) e as numerosas indagações sobre a
existência – pontos que prendem o leitor à poesia da autora. A poesia hilstiana ganha
substância na semântica das palavras, nas diversas imagens que, por elas, surgem
numa manifestação erótica a qual o presente trabalho pretende comentar. Os poemas
analisados não pertencem a uma só obra, foram escolhidos por motivos diversos e
neles estão traçados o viés erótico da poeta. Todos os poemas contêm o tom do
comportamento humano face à libido, seja esse tom abarcado de sedução, lascívia ou
carnalidade, todos eles se ligam a um erotismo próprio do desejo. Buscou-se o desejo
erótico da escritora, que por meio de uma linguagem elaborada, alcançou um alto nível
em sua obra. A poesia exige um olhar atencioso para identificar o que é e como se
manifesta esse erótico.

Palavras-chave: Hilda Hilst; Erotismo; Poesia.

5) Erotismo nas releituras de contos de fadas de Angela Carter

Me.Carla Kühlewein (Unespar/Apucarana)


Ueysla Priscila Sinhoreto (UEM)

Resumo:

Com certa originalidade, Walter Benjamim (1994) afirma, categoricamente, que o


narrador do conto de fadas é o mais verdadeiro de todos, pois se preservou ao longo
dos tempos, tendo em vista sua proximidade com a transmissão oral de histórias tão
antigas quanto se possa supor. Tais textos, quando retomados na contemporaneidade,
trazem consigo toda a carga simbólica que lhes é peculiar, nesse ínterim recuperam

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também a potência narrativa devido à oralidade e vivacidade dos elementos que os


compõem (personagens, ambientação, conflitos existenciais). É sob essa medida que
as releituras de Angela Carter, em especial a poética contida em “A companhia dos
lobos”, se constroem, de forma a resgatar o modo de narrar primevo, tal como é dado
aos contos de fadas desde suas origens mais remotas. Ocorre que para compor essa
releitura de Chapeuzinho Vermelho, Carter recupera o erotismo de outrora desses
textos, ampliando seu modus operandi, ou seja, detalhando gestos e situações eróticas
por meio de uma linguagem poética que em nada distancia o narrador do leitor,
conforme alerta Benjamim, ao contrário, essa relação íntima se estabelece pelos laços
que o próprio texto trava entre ambos, unidos pelo “nós” que irrompe ao longo da
história e os coloca (leitor/narrador) como testemunhas de um lobo que “devora” a avó e
a chapeuzinho, com o mesmo apetite das versões infantis, porém em um contexto um
tanto avesso a essa fase de vida.

Palavras-chave: Angela Carter; Conto de fadas; Erostimo; Mulher; Poética; Releitura.

6) Humilhação, sexo e perversão em contos de Ana Paula Maia

Prof. Dr. Moacir DALLA PALMA (UNESPAR)

Resumo:

Este trabalho pretende analisar quatro contos de Ana Paula Maia, que integraram a
coletânea 50 Versões de Amor e Prazer: 50 contos eróticos por 13 autoras brasileiras,
organizado por Rinaldo de Fernandes, em 2012. A perspectiva adotada aqui vai de
encontro à frase de Georges Bataille, em O Erotismo (2004), de que “o sentido do
erotismo é a fusão, a supressão dos limites”, mais ainda, “o sentido último do erotismo é
a morte”. Por isso, a análise dos contos “Danado”, “Perversão”, “Fome” e “Tarantino”,
volta-se para a concepção de que a satisfação sexual só pode ser alcançada com o
rompimento dos limites considerados socialmente aceitos. Daí, perpassar em todas as
narrativas a ideia do vínculo que existe entre sexualidade e violência, seja no prazer que
sente o personagem do conto “Danado” de ser humilhado, seja no prazer que sente o
personagem de “Perversão” de humilhar as mulheres com quem se relaciona. Essa

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relação também aparece nos vários orgasmos sentidos pela personagem de “Fome”, ao
saciar sua tara por comida em um restaurante, ou na ação final dos policiais em
“Tarantino”, quando demonstram o prazer sexual que sentiriam se pudessem matar
alguns “vagabundos”. Sendo assim, para discutir as perversões sexuais presentes nos
quatro contos de Ana Paula Maia, usar-se-á como aporte teórico, Perversos, Amantes e
outros Trágicos (2013), de Eliane Robert Moraes, A Política Sexual da Carne: a relação
entre o carnivorismo e a dominância masculina (2012), de Carol J. Adams, Estilísticas
da Sexualidade (2006), organizado por Alexandre Fleming Câmara Vale e Antonio
Crístian Saraiva Paiva, além da obra já referenciada de Bataille, O Erotismo, e de outros
autores que discutem tanto a violência quanto a sexualidade. Vale destacar que Beatriz
Resende, em Contemporâneos: expressões da literatura brasileira no século XXI
(2008), chama a atenção para a potência da linguagem de Ana Paula Maia, que “pega
pesado na violência, na imundície, na podridão, no fétido, no perverso”, utilizando-se de
uma escrita poderosa na qual parece “estar falando, ou escrevendo, sempre
exatamente do mesmo espaço de seus personagens”. Vale destacar, ainda, a relação
que existe entre os quatro contos presentes na coletânea 50 Versões de Amor e Prazer.
No conto “Danado”, a perversão de Jairo se dá na busca de encontrar o desejo sexual
para se masturbar por meio da humilhação que sente em relação às atitudes de Márcia,
que o ignora completamente porque pensa estar envolvida em um relacionamento sério
com outro homem. Este outro homem é Otávio de “Perversão”, que busca o desejo
sexual, também para se masturbar, humilhando mulheres que considera feias e mal-
amadas. Uma das mulheres humilhadas é Márcia, que no conto anterior acaba se
suicidando por causa disso. Em “Fome”, embora o centro da história seja a perversão
de Elvira, que sente desejo e prazer sexual quando se alimenta, Otávio aparece no
início da história para tentar uma investida em Elvira, que segundo seu ponto de vista é
feia. Jairo também aparece, ao final da narrativa, quando Elvira o encontra caído no
estacionamento, feliz por estar ferido e sangrando. Por fim, em “Tarantino”, embora o
centro seja a perversão dos dois policiais, o diálogo entre eles revela terem notícia do
que aconteceu com Otávio na segunda parte de “Perversão”, quando Gisele, a segunda
mulher que Otávio tenta humilhar, o agride com um cilindro de gás. Portanto, as quatro
narrativas, além de estarem ligadas pelo aspecto da perversão, estão ligadas também
pela presença das personagens se entrecruzando de lá para cá.

Palavras-chave: Literatura Brasileira Contemporânea; Ana Paula Maia; violência;


sexualidade; perversão.

7) Ode à bunda, ode ao falo: Luigi Ricciardi, Bocage, Glauco e Maria


Teresa Horta

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Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (UEM)

Resumo:

Luigi Ricciardi, escritor maringaense, autor Criador e criatura (2015), envolve em seu
livro de contos a pulsão erótico-pornográfica a todo instante, quase que num ritmo
binário. Erótico quando extravasa seu amor platônico por Dinamene (não a de Camões,
a do autor mesmo), já no primeiro capítulo – tanto o é que na crítica do livro ousei
chamar tal procedimento de “amor autoral”. De fato, há um fértil diálogo entre Ricciardi e
Breton em seu Nadja (1928), igualmente a vislumbrar o amor idealizado, ou
“cosmológico” com pitadas de perseguição, voyeurismo e dependência psicológica,
beirando a neurose do ideal não-consumado (o que “poderia” ser – o pretérito). No
entanto, para a surpresa do leitor, repetidamente, não apenas em Dinamene, mas ao
longo do livro, sem avisos, o autor irrompe do ideal ao brusco do pornográfico – em
especial quando voyeuriza a “bunda”. Palavrões ao excesso, imagens que sustentam e
validam a natureza pornográfica, como tem de ser. O ritmo da narrativa é frenético,
beirando o cinematográfico, tamanha a profusão de imagens. Ricciardi, professor de
francês, ainda abusa da técnica mise en abyme, termo cunhado por André Gide (1869-
1951), costumamente traduzido como “narrativa em abismo” para designar narrativas
que incorporam outras narrativas. Pois bem: metalinguagem e comicidade completam o
toque da narrativa. Seguindo tal lógica, elencamos Bocage (1765-1805) e Glauco
Mattoso (seu fiel tradutor) para conduzirmos o discurso relacionado à bunda, à coprofilia
e ao falo. Pornografia barata – coisa linda de se ver. No entanto, aos que pensam que
Maria Teresa Horta (1937) se impõe como a erótica romântica velada – nos moldes de
Florbela Espanca – engana-se: talvez ela, em “Joelho”, seja a mais pornográfica de
todos – quebrando o tabu de que mulher faz “poeminhas de amor”. No entanto, jamais
poderíamos cair em tal erro com Maria Teresa, destemida autora das Novas Cartas
Portuguesas (1972), juntamente com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. Em
suma, consuma-se nessa análise o “ménage” da escrita de autores masculinos,
produtores de seus textos prosaicos e poéticos em distintos momentos, ao que se refere
à bunda; e uma autora feminina, ousada, atemporal, tomando como seu o falo.

Palavras-chave: Luigi Ricciardi; Bocage; Glauco Mattoso; Maria Teresa Horta; erótico-
pornográfico.

8) Rei da Vela: o erotismo com simulacro grotesco da política econômica


de 30

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Profa. Me. Beatriz Pazini Ferreira (PLE-UEM-Unifamma)

Resumo:

Após a crise de 1929, Oswald de Andrade escreve a peça O Rei da Vela para retratar a
Revolução de 30 e a Revolução Constitucionalista de 32. A peça, dividida em três atos,
manifesta o desgosto da população que, para se manter financeiramente, passa por
escritórios de agiotagem. A situação socioeconômica do país é crítica, então Oswald
satiriza os valores burgueses que são assumidos por algumas personagens, como é o
caso de Aberlado I. Esse cenário político também é dissimulado pelo conteúdo erótico,
expresso no decorrer da peça, especificamente no segundo ato no qual se verifica o
forte apelo ao erotismo e à liberdade sexual constatado nas personagens: Heloísa ao
envolver-se com Mr. Jones, norte-americano com quem Adalberto I mantém negócios; o
envolvimento de Adalberto com a sogra, Dona Cesarina e Dona Poloca, tia da noiva de
60 anos, cuja virgindade representa a repressão e é anunciada a todo o momento.
Instala-se ali um clima sexual destacado pelo espaço “ilha tropical” que possui
conotação de liberdade e de reservado que representa certa atmosfera grotesca
constatando o projeto radical do Modernismo tanto no plano político quanto no estético.
Destarte, o objetivo do texto é analisar o erotismo expresso na obra, a partir de práticas
discursivas, e discorrer sobre a subversão de valores e comportamentos das
personagens da peça. Para isso, aproveitamos as lições de Georges Bataille (1987) e
de Otávio Paz (1994) para a definição e a posição do erótico nas práticas discursivas,
além de Michel Foucault (1988) para enfatizarmos as relações de poder que incorporam
a obra.

Palavras-chave: Rei da Vela (1929); erotismo; burguesia.

9) A construção da personagem Cristina na obra O abraço, de Lygia


Bojunga, sob a perspectiva da introspecção psicológica

Vanessa Kelly Namie Tamimori (UEM)

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Prof. Me. Pedro Afonso Barth (UEM/Orientador)

Resumo:
A categoria personagem, elemento constituinte e essencial na narrativa, é apresentada
no livro A personagem de ficção, de Antonio Candido, como um sujeito que evidencia
diversas características comuns às pessoas da vida real, ou seja, a personagem
desempenha uma função mimética como reflexo do mundo empírico. Nesse sentido, ao
mimetizar o ser empírico, a personagem cria uma aproximação entre o ser fictício e o
ser real e, consequentemente, uma aproximação entre o universo literário ficcional e o
mundo real, conferindo ao romance um caráter mais verossímil. As obras de Lygia
Bojunga, ao abordar temas densos considerados distantes do universo infantil e juvenil,
tais como questões sociais, suicídio, assassinato e estupro, cria uma aproximação ao
“mundo adulto” ou mesmo uma identificação por parte do leitor jovem, uma vez que
retrata temas problemáticos inerentes à vida dos próprios jovens, o que resulta no
caráter verossímil de tais obras. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como
objetivo analisar de que forma se dá a construção da personagem Cristina na obra O
abraço, de Lygia Bojunga Nunes, sob a perspectiva da introspecção psicológica. As
narrativas que seguem a linha de introspecção psicológica são caracterizadas por seu
caráter intimista, explorando o interior das personagens. Essa tendência explora, de
maneira geral, temáticas centradas no amadurecimento, aprendizado e
desenvolvimento do jovem enquanto ser humano, não apenas como uma pessoa em
idade de transição, que não se situa na infância e nem na idade adulta. A obra O abraço
retrata a questão do estupro vivido por Cristina, uma menina de oito anos de idade, que
tem seu psicológico e a sua identidade degradados ao ser confrontada por esse tipo de
violência ainda quando criança. A construção da personagem se dá de forma totalmente
fragmentada na narrativa, uma vez que além de Cristina não receber o suporte
psicológico necessário após o viver o trauma do estupro, na idade adulta a menina
desenvolve a síndrome de Estocolmo, nome dado a um estado psicológico particular em
que uma pessoa cria simpatia pelo seu agressor, podendo até se desenvolver para um
sentimento de amizade e até amor, que é o caso de Cristina, que sente desejos sexuais
pelo homem que a violou. Nessa perspectiva, a essência da personagem também é
desintegrada nesse processo de degradação psicológica que ela sofre, e isso evidencia
apenas uma de tantas consequências que o estado psicológico de uma criança sofre ao
ser vítima de um abuso sexual. A personagem da obra é, portanto, mímesis, a imitação,
o simples reflexo do ser empírico, e a ficção nada mais é que a mímesis do mundo real.

Palavras-chave: personagem; instrospecção psicológica; abuso sexual; O abraço;


Lygia Bojunga.

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SIMPÓSIO 8) Cultura e literatura multicultural e de minorias, e sua inserção


no espaço educacional e difusão por meios eletrônicos

Profa. Dra. Maria Carolina de Godoy (UEL)


mcdegodoy@uol.com.br
Profa. Dra. Alba Krishna Topan Feldman (UEM)
profa.alba@gmail.com

1) As personagens femininas em Hibisco Roxo, de Chimamanda


Ngozi Adichie

Geniane Diamante Ferreira Ferreira (UEM)

Resumo:
Analisam-se no romance Hibisco Roxo (2003), de Chimamanda Ngozi Adichie, aspectos
de convivência e o conseqüente enfrentamento e negociação por parte das
personagens femininas diante do desafio de justapor diferentes culturas frente à
colonização inglesa na Nigéria. Mais especificamente, verificam-se as narrativas das
mulheres em um contexto multicultural, cada uma em um diferente estágio de tal
negociação, no que tangem as diferenças culturais, o preconceito, a adaptação à nova
nação agora colonizada, mas já, em termos, independente. O principal embate se dá no
âmbito da subordinação às figuras masculinas (pai, marido) e assentimento e anuência
de tal estrutura binária por parte da igreja (na figura, principalmente, do padre). As
personagens femininas Beatrice, Kambili e Ifeoma representam posições diferentes da

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mulher na sociedade, com maior ou menor resistência e agência perante a opressão e


objetificação provinda da maior parte das personagens masculinas da obra. Beatrice,
totalmente submissa ao marido, Eugene, e Ifeoma, irmã de Eugene, viúva,
independente, com uma vida profissional ativa, estão em polos opostos; e Kambili, filha
de Beatrice e sobrinha de Ifeoma, tem como modelos sua mãe e tia e se desenvolve ora
pendendo para a resistência, ora para a subordinação. Como adolescente, tenta
encontrar sua posição como mulher na sociedade nigeriana modificada pela invasão
europeia nos seus mais diversos âmbitos, nesta obra, principalmente no religioso e
patriarcal como já mencionado. O objetivo principal é analisar a situação da mulher na
contemporaneidade e sua convivência na sociedade sob diferentes aspectos, dando
relevo aos processos de ruptura com a tradição de padrões culturais e estéticos. Com
isso, discutimos a importância da abordagem histórica e literária, mas também social e
política da Literatura, assim como os reflexos produzidos a partir de tal orientação,
observando quais são as estratégias usadas por estas personagens representativas
para lidar, conviver e negociar com o outro. É importante salientar que a autoria
feminina do livro também traz questões sobre a perspectiva de autoras mulheres na
literatura acerca da sociedade e da cultura. A fundamentação teórica se dá pelo viés
dos Estudos Culturais – multiculturalismo, pós-colonialismo e identidade debatidas por
S. Hall, A. Semprini, B. Aschcroft, Z. Bauman, K. Woodward, entre outros.
Palavras-chave: Estudos Culturais; personagem feminina, Hibisco Roxo.

2) Letramento literário e trabalho com poesia para alunos


assentados da EJA

Daniela Aparecida Arfeli (UEM)


Alba KrishnaTopan Feldman (UEM-Orientadora)

Resumo:

A presente comunicação faz parte de uma dissertação, discute a formação de leitores


literários na Educação de Jovens e Adultos, do Ensino Fundamental II, de uma escola
de assentamento, no Pontal do Paranapanema - SP. O trabalho fundamenta-se no

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método de pesquisa qualitativa, com cunho etnográfico, propondo uma intervenção


pedagógica através da sequência básica de Cosson (2014). Parte-se do gênero
discursivo poema, como forma de refletir sobre a temática da passagem do tempo, e
relacionar a experiência do texto literário com a vivência dos alunos. Os princípios
teóricos que norteiam esta pesquisa aplicada dizem respeito ao letramento literário e
estão pautados em teóricos como Candido (2013), Cosson (2014), Micheletti (2006),
Corsi (2015), Bakhtin (2011), entre outros. Por ainda estar em fase de aplicação, o
trabalho apresenta resultados parciais, mas pretende-se, com a análise de dados,
desenvolver uma reflexão acerca do letramento literário na EJA para alunos
assentados.

Palavras chave: letramento, literário, EJA.

3) Draupadi – O mito na construção da identidade da mulher indiana

Luiz Sérgio Alzair Alzão (UEM)


Profa. Dra Alba Krishna Topan Feldman (UEM/Orientadora)

Resumo:
O objetivo deste artigo é explanar a influência da semideusa Draupadi na construção
da identidade da mulher indiana e como seu exemplo orienta o comportamento dessa
mulher ainda hoje, principalmente em relação ao marido e seus familiares. Draupadi é
personagem do grande épico Mahabharata, considerado um dos livros sagrados do
hinduísmo e o mais longo poema do mundo, com cerca de 100 mil versos. A autoria
desse clássico é atribuída ao grande sábio Vyasa, que, por volta do ano 800 a. C. teria
compilado as histórias passadas verbalmente de geração a geração. O clássico narra a
história da guerra de Kuruksetra entre os Pandavas e os Kauravas, duas ramificações
da dinastia dos Kurus, do Reino de Hastinapura, na Índia, pela qual Draupadi é
considerada a grande responsável. A princesa nasceu logo após seu irmão, de um
sacrifício do fogo feito por um brâmane a pedido do seu pai, rei Drupada, para obter um
filho. A filha de Drupada, de pele escura e beleza extrema, foi ganha por Arjuna em uma
competição de arco e flecha, organizada pelo pai para definir quem a ganharia como
esposa. A heroína se vê obrigada a casar com Arjuna e seus quatro irmãos, ao
acompanha-lo até sua casa e, Kunti, a mãe dos Pandavas ordenar que ele divida com
os irmãos o que havia trazido da rua, como sempre faziam com as esmolas, sem, no
entanto, ver que se tratava de Draupadi. A posição da esposa fica bem explicitada
quando os Pandavas se deitam lado a lado, a mãe deita-se atravessada acima das

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cabeças dos filhos e Draupadi, sem se sentir humilhada, abaixo da linha dos pés dos
maridos. Para acalmar o ciúme do filho Duryodhana, por Yudhisthira ser o primo mais
velho e herdeiro natural do trono, Dhritharashtra concede uma parte árida do reino para
os Pandavas governarem. Os irmãos tornam a área próspera e constroem um palácio
de beleza nunca antes vista, o que aviva o ciúme de Duryodhana, que sabedor da
impossibilidade de derrotar os primos nas armas, decide derrota-los em um jogo de
dado fraudulento. Yudhisthira perde o reino, as riquezas, os irmãos como escravos, a si
mesmo e por fim Draupadi. Chamada à assembleia só de homens, Draupadi, se recusa
a atender e pede que respondam quem o marido havia perdido primeiro, se ela ou a si
mesmo. A rainha é arrastada pelos cabelos pelo irmão de Duryodhana, Dussasana, que
tenta puxar seu sarí – vestimenta feminina composta por peça única e sem costuras – e
despi-la. Draupadi pede ajuda ao deus Krishna, seu protetor, e assim que uma peça é
puxada, outra é reposta imediatamente. Humilhada, Draupadi jura lavar os longos
cabelos no sangue de Duryodhana quando os maridos o matarem. Exilados por treze
anos na floresta, ela mantém viva a chama da vingança na mente de Yudhisthira, que
parece acomodado. Após exterminarem os primos Kauravas na batalha de Kuruksetra e
estabelecerem seu herdeiro no trono, os Pandavas partem em caminhada em direção à
morada dos deuses nos picos dos Himalaias seguidos por Draupadi, que não abriu mão
de acompanhar os maridos. Yudhisthira seguia na frente, acompanhado pelos irmãos e
a esposa, a última da fila; a primeira a cair e ser deixada para trás, como deveria ser.

Palavras-chave: O Mahabharata; Draupadi; Hinduísmo; A guerra de Kuruksetra.

4) Reflexões sobre o lugar de fala no conto Ana Davenga de


Conceição Evaristo

Amanda Gomes do Amaral (UEL)


Profa. Dra Maria Carolina de Godoy (UEL/Orientadora)

Resumo:
Este estudo consiste num recorte dos resultados da pesquisa de IC/CNPq, realizada no
período de agosto de 2016 a agosto de 2017, cuja proposta foi estudar três contos de
escritoras brasileiras negras de diferentes períodos para observar como ocorrem
mudanças – ou pontos de contato – no quesito lugar de fala e como essas escritoras
usam a linguagem para retratarem diferentes mulheres em diferentes contextos. O

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recorte escolhido se atentará ao conto “Ana Davenga” do livro Olhos d´água de 2014 da
escritora mineira Conceição Evaristo. O recorte incorpora três conceitos fundamentais
para analisar e compreender de que maneira a literatura propicia espaço para discorrer
sobre questões sociais representadas de forma artística: o interpretativismo do
antropólogo Clifford Geertz - dispositivos simbólicos transmitidos historicamente nos faz
compreender pormenores da vida em sociedade; o lugar de fala explanado pela teórica
Regina Dalcastagnè - discussão iniciada por movimentos sociais, que auxilia o
entendimento da relação entre o lugar de onde falamos e as demarcações de relações
de poder que pairam sobre esses discursos; e a concepção de escrevivência da
escritora já citada, Conceição Evaristo - vivência, memória e ancestralidade são
componentes chave que embasam essa literatura afro-brasileira focada numa
coletividade que há tantos séculos tentam silenciar. Usamos o conceito de “literatura
afro-brasileira” baseado nos escritos de Eduardo de Assis Duarte (2011), pois o teórico
reflete sobre essa específica elaboração literária em território brasileiro, porém munida
pela especificidade da cultura africana e suas vertentes. O ato de pesquisar
cientificamente tais escritoras é considerado de extrema relevância social no exposto
trabalho por serem a crítica e a academia instâncias legitimadoras, e considerando isso,
se faz necessário usar a pesquisa como ferramenta de legitimidade em benefício de
uma literatura mais democrática. Pretende-se entender de que modo a personagem
principal do conto escolhido pode ser lida como porta-voz de uma categoria social e
quais traços em sua voz podem ser vistos como resistência à repreensão de grupos
dominantes e como tomada de sua autoridade devida. Foi analisado o contexto social e
ideológico em que se insere a protagonista; características estéticas e seus
desdobramentos culturais e sociológicos; e as vozes que permeiam os discursos das
personagens, tendo ou não influência em sua vivência. Todos esses aspectos foram
considerados indispensáveis para caraterizar o lugar de fala da personagem.

Palavras-chave: lugar de fala; literatura afro-brasileira; mulher; discurso.

5) O herói do teatro negro em deslocamento e em crise: aspectos


da modernidade em Sortilégio – Mistério Negro, de Abdias
Nascimento

Arnaldo Nogari Júnior (UEL/CAPES)


Maria Carolina de Godoy (UEL/CNPq/FA)

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Resumo:
De modo geral, a modernidade e os estudos desenvolvidos a partir desse período
ocasionaram a ruptura nas formas estéticas e temáticas das variadas formas de
manifestação artística. Isso ocorreu devido à construção de novos pensamentos que
desprendem o homem dos conceitos que o fixavam como indivíduo imutável e
totalitário, dando lugar a considerações que destacam a fragmentação identitária do
mesmo, a qual é reflexo dos inúmeros processos sociais no qual está inserido (HALL,
2015). Evidentemente, assim como o homem, a arte desse período também sofre com
os reflexos provenientes das novas teorias sociais, como também dos demais avanços
do campo da psicologia e das inovações tecnológicas, estas responsáveis pela difusão
da informação de maneira global. Desse modo, as classes populares, agora em contato
com as novas teorias, visam sua libertação dos preceitos estipulados pela elite
conservadora, responsáveis pela marginalização dos grupos minoritários, da construção
de preconceitos e de estereótipos, além da submissão dos próprios oprimidos frente aos
valores tradicionais. No Brasil, dentre as classes marginalizadas está a dos negros,
indivíduos que, desde sua chegada ao país pela consolidação do regime escravocrata,
por conveniência dos detentores do poder, e ainda com o apoio das instituições
religiosas, foram concebidos como seres inferiores, por conta da cor de sua pele, sua
cultura e religiosidade que se diferencia da branca cristã. Por assim ser, os negros
foram colocados em posição de submissão, o que ocasionou a discriminação e o
racismo, por conta da repetição de um discurso infundado, porém que favorecia a
classe elitista, e que ainda permanece nos dias de hoje. Insatisfeito com esse cenário,
Abdias Nascimento promoveu diversas medidas para combater o racismo e convencer a
sociedade, brancos e negros, da incoerência e inconsistência da superioridade de uma
raça perante a outra. Dentre os movimentos fundados por Nascimento está o Teatro
Experimental do Negro (TEN), o qual visava, através da arte teatral e da escolarização,
proporcionar subsídios aos afro-brasileiros para se tornarem cidadãos conscientes de
seu verdadeiro papel social e para lutarem pelo seu lugar na sociedade. De modo a
conscientizar o espectador a respeito da condição imposta injustamente ao negro
brasileiro, as peças do TEN revelam a realidade social do grupo do oprimido a partir de
sua própria perspectiva, a qual é marcada pela presença de personagens em conflito
com sua própria identidade, devido a traumas do passado e que ainda persistem no
presente. Assim sendo, o presente trabalho pretende expor como é representada a
identidade do herói oprimido em uma das peças do TEN, Sortilégio – Mistério Negro,
escrita por Abdias do Nascimento, de maneira a destacar como a trajetória do
protagonista reflete conflitos, além de destacar aspectos políticos e didáticos da referida
peça teatral, recorrentes nas demais peças do TEN e no teatro de classes populares.

Palavras-chave: Sortilégio; Abdias Nascimento; Teatro Experimental do Negro; herói


moderno; Identidade.

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6) O Sol de fevereiro de Maria Helena Vargas da Silveira nas trilhas


do contemporâneo

Eduardo Souza Ponce (UEL/CAPES)


Profa. Dra Maria Carolina de Godoy (UEL/Fundação Araucária/Orientadora)

Resumo:

Pouco difundida na academia e nos circuitos literários, a produção literária de Maria


Helena Vargas da Silveira, de grande multiplicidade de formas e temas, é caracterizada
pela insubordinação em relação aos estereótipos e ao silenciamento sofridos
historicamente pelo povo negro. A presença de uma voz insubmissa que narra a história
individual, e consequentemente a história coletiva de um povo, alça a autora para um
grupo de escritoras negras que denunciaram uma condição de vida e asseguraram a
transmissão de uma memória apagada pela história oficial, panorama delineado por
Amanda Crispim Ferreira em sua dissertação de mestrado Escrevivências, as
lembranças afrofemininas como um lugar da memória afro-brasileira: Maria Firmina dos
Reis, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo e Geni Guimarães (2013). Sendo
assim, Maria Helena pode ser pensada em um panorama de escritoras que fazem da
escrevivência - termo cunhado por Conceição Evaristo (2007) para designar um modo
de escrita que se faz a partir das experiências coletivas e individuais advindas da
condição do que é ser negro no Brasil -, elemento articulador do ato de escrita. A
presente pesquisa tem como objetivo pensar de que forma O Sol de fevereiro, publicado
em 1991, relaciona-se com essa tradição da escrita afro-brasileira de autoria feminina e
dialoga com o cânone literário brasileiro. O Sol de fevereiro (1991) é composto por
contos, crônicas, máximas e ilustrações, criadas por Djalma do Alegrete especialmente
para a obra, que compõem a representação de um espaço humanizado a partir de
experiências vivenciadas pelos seus moradores. O livro apresenta-se tanto como uma
coletânea de contos e crônicas quanto como uma narrativa maior, construída a partir de
relatos que podem ser compreendidos como episódios completos, e, desse modo,
insere-se no que Fábio Lucas (1983), ao traçar um breve mapeamento do conto
brasileiro moderno, considera uma tradição na contística brasileira iniciada com Noite na
Taverna, de Álvares de Azevedo, em 1855. No presente trabalho busca-se relacionar de
que maneira O Sol de fevereiro (1991), ao fazer parte de uma tradição da literatura afro-
brasileira de autoria feminina e ao estar em consonância com uma tradição do cânone
literário, revela-se uma obra significativa para se pensar na literatura brasileira
contemporânea, compreendida por Regina Dalcastagnè (2012) como um território de
contestação da hegemonia a partir da tomada de poder de vozes outrora silenciadas.
Para tal, parte-se do conceito de escrevivência, entrelaçado às considerações de Walter

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Benjamin (1989, 2012) e Silviano Santiago (2002) acerca das especificidades do narrar,
do flâneur e do narrador pós-moderno, em busca da compreensão das especificidades
das vozes narrativas que se manifestam na obra.

Palavras-chave: Literatura afro-brasileira; literatura brasileira contemporânea; Maria


Helena Vargas da Silveira.

7) Mulheres do terceiro mundo, empreendedoras e arrimos de família

Greicy Juliana Moreira (UEM)


Profa.Dra.Alba Krishna Topan Feldman (UEM/orietandora)
Resumo:

Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa-interpretativa,


realizada por meio de narrativas de vidas e questionário semi-estruturado, com
mulheres empreendedoras, que, não obstante, desempenham o papel de arrimo de
família, ou seja, mantêm a casa financeiramente e são gestoras com excelência. As
variáveis utilizadas para seleção dessas atrizes sociais foram: mulheres, gestoras e
mantenedoras do lar financeiramente, ambientadas em contextos socioeconômicos
distintos, na cidade de Maringá-Pr. O objetivo, portanto, é investigar o universo
feminino da mulher gestora empreendedora e mantenedora do lar. Além disso, verificar
como essas empreendedoras entendem-se como profissionais e ainda, compreender
quais são as maiores dificuldades apresentadas no contexto profissional x pessoal. É
importante salientar ainda que, elas são vítimas de discursos que as apontam como
super-mulheres, que conseguem desenvolver várias atividades ao mesmo tempo,
porém não existem ações que minimizem essas dificuldades. Assim, essa pesquisa
será desenvolvida sob o aporte teórico dos estudos de crítica feminista de Mulheres do
Terceiro mundo, como por exemplo, Mohanty (2003), Davis (2013), Zolin (2009),
Boaventura (2010) dentre outros. Os resultados desse estudo mostram que o caminho
trilhado para chegarem onde estão foi árduo e continua sendo, uma vez que manter
uma empresa funcionado e dar conta da vida pessoal, dividindo o tempo entre família e
serviço não é fácil. Além disso, elas manifestaram orgulho por conseguir sua
independência financeira, prover o sustento da casa, contudo disseram também ser
uma responsabilidade muito pesada. Outro fator relevante é a afirmação de
trabalharem mais de oito horas por dia, e ainda, durante os finais de semana, assim
sentem-se culpadas por não conseguirem priorizar nem a família nem o trabalho.
Portanto, podemos inferir que essa proposta é de grande relevância, uma vez que
averiguar a mulher de múltiplas funções, auxiliará para um melhor entendimento dos
problemas enfrentados, além de apontar sugestões para melhoria da prática profissional

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e desenvolvimento pessoal. Pretendemos, portanto, à luz dessa pesquisa contribuir


significativamente para que haja mudança de visão sobre o papel da mulher na
sociedade corporativa. Dessa forma, o presente estudo contribui também como
instrumento para formulação de ações e políticas públicas em prol do universo feminino,
auxiliando na diminuição das diferenças de gênero e promovendo melhorias sociais,
com destaque para as mulheres que são mantenedoras financeiras do lar, melhorando
suas condições de vida.

Palavras-chave: Mulheres de terceiro mundo,Empreendedoras, Arrimos de família.

8) Literatura de autoria feminina popular no Baixo Rio São Francisco


alagoano: um estudo do efeito narrativo criado por Morena Teixeira a
partir da produção de bonecas/os de pano

Jairo José Campos da Costa (UNEAL/PG-UEM)


Profa. Dra. Lúcia Osana Zolin (UEM/Orientadora)

Resumo:
O presente texto é parte de nossa pesquisa de doutoramento no Programa de Pós-
Graduação em Letras - PLE (DINTER / Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL /
Universidade Estadual de Maringá - UEM) o qual tem como objetivo investigar
manifestações de literatura de autoria feminina popular oral e escrita no povoado Ilha do
Ferro (um dos primeiros sinais de povoamento do Estado de Alagoas, que integra o
chamado Brasil profundo, em função do início da colonização europeia), zona rural do
município de Pão de Açúcar – Baixo São Francisco de Alagoas, a partir do universo
criativo de Bernadete Rosalia Teixeira, mais conhecida por Morena Teixeira, exímia
contadora/escritora de histórias, verdadeiro sacrário das memórias daquela pequena
sociedade ribeirinha do Velho Chico. Nesta comunicação, nos limitaremos a analisar um
aspecto do universo criativo da artista, qual seja, o efeito narrativo criado a partir da
relação literatura X produção de bonecas/os de pano, singularidade mantida até hoje,
aos 91 (noventa e um) anos de idade, pela artista. Essa análise será realizada a partir
da perspectiva dos estudos culturais – STUART HALL, (2003), do multiculturalismo –
ANDREA SEMPRINI, (1999), dos estudos de gênero – JUDITH BUTLER, (2016) e dos
estudos acerca da produção artística popular – WALTER BENJAMIN, (1994). Esse
trabalho se desenvolve numa metodologia qualitativa, utilizando história de vida em
pesquisa presencial; procuramos registrar/analisar algumas “cenestéticas” da vida real,
nos termos de LUÍS DA CÂMARA CASCUDO, (2004), acompanhando o processo

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criativo teixeireano há mais de 10 (dez) anos. Desse modo, Morena Teixeira mantém a
tradição da produção de bonecas/os de pano: para cada artefato criado ela tem como
regra nominar e afixar o nome em uma parte do corpo da/o personagem (com ênfase na
criação de mulheres: noivas, mães de santo, freiras, crianças...), depois cria quadrinhas
poéticas e pequenas narrativas envolvendo seus brinquedos tradicionais, em tom
nostálgico, em (re)leitura muito singular da relação tradição X modernidade, sendo isso
com um alto grau de inventividade/criatividade. Em termos de resultados, observamos
uma mistura de gêneros e formas artísticas, a predominância de personagens femininas
em detrimento de personagens masculinas nas tramas do cotidiano (re)criadas
artisticamente pela autora, além de pontos de vista sobre as relações matriarcado X
patriarcado.
Palavras-chave: Literatura de autoria feminana popular; Baixo São Francisco alagoano;
Morena Teixeira; narrativa X produção de bonecas de pano.

9) Tão resistente quanto uma torta: uma proposta de reflexão em The


help no contexto escolar

Taynara Cristina de Souza Silva (PLE/UEM)


Profa. Dra Líliam Cristina Marins (UEM/Orientadora)

Resumo:

O livro The Help, de Kathryn Stockett (2009), permite tratar de diversos temas inerentes
à realidade dos negos em diversos contextos mundiais, por exemplo: o mito da
democracia racial, o preconceito e a segregação racial regulamentados por lei, a
resistência de grupos, o modo como pessoas buscam a igualdade racial e o modo como
pessoas se empenham em perpetuar a desigualdade. A resistência é selecionada neste
trabalho, pois é um tema que, ao longo do desenvolvimento da história, se relaciona
com todos os outros temas mencionados anteriormente direta ou indiretamente. Isso
porque o fato de as personagens da obra estarem em uma zona de contato, conforme
Pratt (1999), com relações assimétricas de dominação social, racial e cultural, torna o
cenário da obra propício para o surgimento de movimentos de resistência como
diversas formas de dizer “não” para o opressor (ASHCROFT, 2002). Neste trabalho, são
trazidos três tipos de resistência de acordo com Ashcroft (2002), a saber: a) resistência
pacífica, em que a recusa em ser absorvido pelas imposições do dominador é explicita e

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se resiste sem uso da violência; b) resistência literária, na qual a escrita é um ato


libertário originado de movimentos que buscam a liberdade de um povo ou grupo; c)
contra-discurso, em que se responde ao discurso dominante a fim de ressaltar o ponto
de vista do oprimido, em alguns casos, sobre os mesmos fatos relatados pelo opressor.
Desse modo, por meio de uma análise do desenvolvimento da personagem Minny, esse
trabalho objetiva traçar um percurso da resistência desta personagem, que passa pelos
conceitos mencionados de Ashcroft (2002). Tal percurso de resistência faz Minny
chegar ao ponto de entregar uma torta de chocolate incomum para sua ex-patroa e,
ocasionalmente, garantir a segurança de todas as outras personagens envolvidas no
movimento de resistência: a escrita coletiva de um livro tratando da realidade de negras
que trabalham para pessoas brancas. Toda essa trajetória da personagem faz
referência a diversos movimentos sociais e acontecimentos históricos que influenciaram
o cenário internacional da luta pelos direitos civis e pela igualdade racial ressaltando o
contexto histórico vivenciado em muitas regiões dos Estados Unidos da década de
1960; sendo assim, este trabalho também traz um breve panorama histórico com base
nos fatos relatados em The Help.

Palavras-chave: The help/ A resposta; resistência étnico-racial; estudos literários.

10) Análise da representação simbólica dos animais nos contos The


Badger and The Bear e Dance in a Buffalo Skull de Zitkala-Ša

Laura Pinhata Battistam (UEM)


Profa. Dra Alba Krishna Feldman (UEM/Orientadora)

Resumo:
O presente trabalho estuda a representação simbólica dos animais em contos da
literatura infantojuvenil indígena norte-americana. As análises foram feitas sob a
perspectiva da teoria Ecocrítica e buscou traços comparativos entre as histórias
ficcionais infantojuvenis e a história real dos indígenas pela colonização e genocídio
feito pelo homem branco. Os contos escolhidos foram The Badger and The Bear e
Dance in a Buffalo Skull, ambos de Zitkala-Ša, escritora indígena natural da tribo de
Yankton Dakota nos Estados Unidos, também chamada de tribo Sioux. Os contos foram
retirados do livro Old Indian Legends, o qual é composto por outras 12 histórias além
das que foram escolhidas para a análise neste trabalho, em que se constitui por um
compilado de mitos e lendas – nem todas exclusivas –, mas também que foram ouvidas

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tradicionalmente por meio da contação de histórias na infância da autora. A partir dos


dois contos escolhidos de Zitkala-Ša, foram selecionados cinco animais personagens
para a análise de suas representações. O conto The Badger and The Bear traz as
figuras do texugo e do urso, em uma das interpretações, como forma alegórica
representando como foi a história do primeiro Thanksgiving sob a perspectiva do
indígena norte-americano. No segundo conto, Dance in a Buffalo Skull, os animais
apresentados são os ratos, o búfalo e o trickster Dakota. O trickster, também chamado
Iktomi, é uma figura antropomórfica, indefinida. Há histórias em que é qualificado como
parecido com uma aranha, em outras, como Dance in a buffalo skull, aparece com sua
forma confusa e não identificada. Iktomi é um espírito trapaceiro e também o deus da
linguagem e das invenções. Apesar de ser confundido com a forma de uma aranha,
Iktomi pode assumir a forma de qualquer animal, e às vezes, até de um ser humano.
Nesta segunda história, os ratos se comportam e agem de forma curiosamente humana
e devido a este motivo, podem ser interpretados como a alegoria dos indígenas –
quando distanciados de sua própria natureza- e o trickster interpreta-se como o perigo
ou até mesmo o medo do desconhecido, sendo bem representativo para os homens
brancos, os quais seriam a ameaça à vida dos indígenas. No caso do búfalo, por ser um
animal altamente sagrado na cultura Sioux, o fato de seu crânio estar abrigando um
festival de ratos, pode ser interpretado como a proteção ao povo indígena, pois esse
abrigo fez com que os ratos ficassem confortáveis para festejar e ficarem desatentos ao
que estava acontecendo fora dele. Em suma, a análise da representação e simbologia
dos animais presentes nos contos nos mostra que, na literatura e na cultura indígena,
os animais são colocados como seres de equivalente relevância que os humanos.
Palavras-chave: Literatura e cultura indígena; Literatura infantojuvenil; Ecocrítica;
Representação animal.

11) Entre a réplica e o real: uma análise da personagem Nkem, da


obra No seu Pescoço, de Chimamanda Ngozi Adichie

Adriana Gomes Cardozo de Andrade (UNESPAR-CM)

Resumo:
Historicamente e, ainda, no presente a literatura de autoria feminina, em especial do
terceiro mundo, enfrenta dificuldades para ascensão no cenário literário ocidental, que

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ainda privilegia em seu cânone a literatura de autoria masculina e que seja originária de
países desenvolvidos. Destoante a isso, alguns escritores tem conseguido destaque no
cenário literário, como a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie que tem
conquistado espaço no meio literário nacional e internacional, com seus contos e
romances. A jovem autora chama atenção para a literatura africana ao dar voz a
personagens historicamente silenciados e diminuídos pela condição feminina, pela
origem de países do terceiro mundo, por viverem em situação diáspora, por suas
características étnicas marcadas. Nas obras ela mostra também um pouco da cultura e
dos costumes dos espaços por onde suas personagens circulam. O conto “Réplica”,
integrante da obra No seu Pescoço (2009), narra a história de Nkem, uma mulher
nigeriana que vive nos Estados Unidos com seus dois filhos e ocasionalmente visita sua
terra natal. Ela mudou-se grávida para os Estados Unidos como uma forma de garantir
aos seus filhos cidadania americana, situação comum a famílias nigerianas abastadas.
Certo dia, Nkem recebe uma ligação de uma amiga que lhe revela que seu marido
Obiora mantem um relacionamento com outra mulher mais jovem. Este acontecimento
abala a vida previsível da personagem de maneira a levá-la a questionamentos acerca
de si, do seu passado, bem como das relações que a cercam. Diante do exposto, esta
comunicação pretende apresentar uma breve análise da personagem feminina Nkem,
que longe de sua cultura, família, esposo, tenta adaptar-se a rotina das famílias
americanas, enquanto lida com questões de pertencimento ao não reconhecer-se como
nigeriana nem como americana, a submissão ao marido que impôs a ela viver em
diáspora, identidade fragmentada e transculturação. O objetivo é uma reflexão sobre
como a personagem lida com tais questões tão comuns na contemporaneidade em que
massas migram de território em busca de condições melhores ou mesmo da
sobrevivência. Para a análise o aporte teórico será embasado em autores como Hall
(2003, 2005), Bhabha (1990), Ahmad (2002), Bauman (2004) Spivak (1987), entre
outros que teorizam a respeito de diáspora, identidade, transculturação e hibridismo.

Palavras-chave: literatura de autoria feminina; diáspora; Chimamanda Ngozi Adichie;


tranculturação; identidade fragmentada.

12) O cemitério dos vivos: crítica e militância de Lima Barreto a


favor dos silenciados pelas teorias raciais do século XIX

Profa. Me. Ana Carolina de Azevedo Mello


Profa. Dra. Alba Krishna Topan Feldman (UEM/orientadora)

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Resumo:

Tendo como corpus de análise o romance O Cemitério dos Vivos (2004), de Afonso
Henriques de Lima Barreto, este artigo propõe o estudo da obra compilada
postumamente que é dividida em duas partes: Diário do Hospício (2004) – relato
pessoal do escritor durante o internamento no hospital para alienados e o romance O
Cemitério dos Vivos (2004) – uma conjunção entre realidade e ficção que entrelaça as
memórias de Lima Barreto às denúncias das situações que permeiam o hospício. O
estudo da produção literária de Lima Barreto torna-se fundamental para compreensão
da identificação com o negro, da discriminação, do racismo e da modernidade de suas
obras, visto que, embora criticado e não adaptado ao cânone pela elite literária de seu
tempo, marginalizado socialmente por ser negro, bêbado e duas vezes recolhido em
hospital psiquiátrico, suas obras trazem à tona os derrotados pela discriminação de
classe ou de cor, nos anos da Primeira República. Outrossim, seus romances, crônicas
e escritos íntimos, trazem como pano de fundo sua vida pessoal, o preconceito racial,
pelo cientificismo exacerbado da época, cujas teorias raciais transformaram-se em
argumento para o estabelecimento das diferenças de raça, justificando cientificamente
organizações e hierarquias tradicionais, devido à sua interpretação pessimista da
mestiçagem. Considerando esse propósito, é indubitável que a teoria pós-colonial seja a
mais apropriada para tal intento, uma vez que, embora o contexto social em que se
insere o romance O Cemitério dos vivos diga respeito a um período em que a abolição
da escravatura já era uma realidade, as marcas da escravidão continuam nítidas no
relacionamento instituído entre colonizadores (homens da sciencia) e colonizados
(população negra e mestiça). Assim, os ex-escravos ainda não são vistos como sujeitos,
por parte da sociedade, mas sim como objetos. A pesquisa tem o intuito de demonstrar
a ciência e suas teorias raciais como força de legitimação da inferioridade de grupos
étnicos, relatadas no projeto ficcional da obra O cemitério dos vivos, a partir da
personagem Vicente Mascarenhas, heterônimo de Lima Barreto. Para tal empenho, o
estudo será realizado à luz das relações entre as teorias raciais ocorrentes no Brasil, no
período de 1870 a 1930, a história da loucura e a literatura.

Palavras-chave: Literatura; Pós-Colonialismo; Teorias raciais; Raça; Loucura.

13) A apropriação e representação cultural na literatura infanto-


juvenil nativa de Olívio Jekupé

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Dra. Érica Fernandes Alves (UEM)

Resumo:

No Brasil, comemora-se todos os anos o Dia do Índio, em 19 de abril. Data criada em


1943 pelo então presidente Getúlio Vargas, nesse dia há vários eventos dedicados à
valorização do índio. O desrespeito e diminuição desses povos, porém, começam
quando, nas escolas principalmente, pesquisas e festas são organizadas com o intuito
de preservar e manter as tradições indígenas, mas tais comemorações são
extremamente rasas e desvirtuadas: nelas o sujeito indígena é comumente retratado
como primitivo e pagão, e, destituído do poder da escrita, é analfabeto e culturalmente
inferior ao sujeito não índio. Tendo em vista tal constatação, o presente estudo tem por
objetivo geral a análise de textos do escritor indígena brasileiro Olívio Jekupé, a saber:
os infanto-juvenis Ajuda do Saci Kamba’i (2006) e Tekoa: conhecendo uma aldeia
indígena (2011). O objetivo principal é mostrar como a apropriação da língua do não
índio pelo indígena serve como instrumento para que esse conte sua própria história ao
invés de ter sua história contada pelo viés ocidental. Além disso, busca-se discutir
também que é por meio da escrita de próprio punho que os indígenas podem recuperar
sua memória nas representações que discutem a verdadeira cultura, tradição e história
de seus povos. Levando em consideração que os povos indígenas foram exilados da
história oficial do Brasil e que a representação distorcida dos mesmos nos vários
âmbitos sociais, principalmente nas escolas foram cruciais para a marginalização não
só do indígena mas como de tudo o que advém dele, tais como cultura, tradições,
linguagem, dentre outros, este trabalho procura estabelecer uma visão diferenciada
desses aspectos, em que a criança branca e a indígena, em sua inocência pueril, se
descobrem mutuamente e desconstroem os estereótipos acerca da cultura do outro.
Nosso estudo fundamenta-se em Graúna (2012), Thiél (2013), Ashcroft (2007), dentre
outros. Ao discutir que a apropriação dos discursos do não índio é um meio de fazer os
povos indígenas se defenderam das mazelas que lhes foram impostas desde a
colonização, já que ela pode ajudar na representação sem estereótipos, pretende-se
concluir que a literatura nativa, tal qual a de Jekupé, serve como instrumento de
reeducação do não índio e de visibilidade do fazer literário nativo brasileiro.

Palavras-chave: literatura infanto-juvenil; literatura nativa; apropriação.

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14) Por entre as resistências e as insubmissões das mulheres


negras: um olhar sobre Shirley Paixão

Rosângela Aparecida Cardoso da Cruz(UEM)


Profa. Dra Lúcia Ozana Zolin (UEM/Orientadora)

Resumo:
Este estudo apresenta uma breve análise acerca do conto Shirley Paixão, de Conceição
Evaristo, publicado por meio do livro Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2011), pela
editora Nandyala. Objetiva-se lançar os olhos sobre a força e a resistência das mulheres
negras, vitimadas, em sua maioria, por violências domésticas praticadas pelos próprios
companheiros e/ou pais, no caso das filhas. Perceber como é silenciada, de certa
maneira, esta temática dentro dos espaços literários e ressaltar a grandeza de se tratar
e trazer para o cerne da literatura, assuntos tão recorrentes e cotidianos na vida das
mulheres e, em especial, das mulheres negras, cultural e historicamente,
hiperssexualizadas. Partindo do pressuposto de que ao trazer para as suas narrativas
essas violências, Conceição Evaristo se utiliza deste espaço como um ato de
resistência, neste sentido, importa reiterar que, ao atribuir às suas personagens a
condição de sujeito e protagonistas de suas próprias histórias, a literatura evaristiana
caminha ao encontro da construção identitária de um povo, literariamente, invisibilizado
e/ou representado sob a égide dos estereótipos. No referido conto, a autora aborda a
questão do estupro do pai em relação à sua filha, ressaltando a urgência de se retratar
assuntos tão presentes na vida de mulheres e crianças e, de certa forma, ainda tão
silenciados. Nas narrativas evaristianas, mulheres negras desconstroem o papel de
subordinação e subalternidade, patriarcalmente imposto, é a protagonista de mesmo
nome que vai socorrer a criança abusada, arriscando a própria vida e a das demais
filhas. Nesta direção, Conceição Evaristo corrobora para a construção da identidade das
mulheres negras, retirando-as das zonas da marginalidade e submissão. Diante disso,
este trabalho se propõe a dialogar com Bonnici (2011), Davis (2016), Hall (2006),
Mohanty (2009) dentre outros, os quais alicerçarão as considerações acerca da referida
proposta de análise. Vale lembrar que a literatura afro-brasileira, em especial, a
evaristiana, caminha na contramão dos discursos e representações literárias
perpetradas para negros e negras na literatura brasileira, por meio das escrevivências, a
escritora negra atribui a identidade de sujeito a seres, até então, pensados tão somente
sob a condição de objetos e/ou animalização.

Palavras-chave: Autoria Feminina; Conceição Evaristo; Violência doméstica;


Resistência; Identidade.

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15) O ato de escrever da personagem Jo March, no romance


Little Women: uma estratégia de resistência

Gabriela Burgardt (UEM)


Profa. Dra. Vera Helena Gomes Wielewicki (UEM/Orientadora)

Resumo:

O romance Little Women, escrito pela estadunidense Louisa May Alcott e publicado em
1868, narra eventos cotidianos da família March, com enfoque na relação afetiva das
quatro irmãs - Meg, Beth, Jo e Amy. Na narrativa, as meninas, ao lado da mãe,
enfrentam as dificuldades financeiras ao se verem sem o pai no lar - que está em
serviço na Guerra Civil -, bem como as demandas sociais e históricas da passagem da
infância à vida adulta. Especialmente com esse livro, a autora alcançou sucesso literário
e Little Women (no Brasil: Mulherzinhas) pode ser considerado canônico em seu país de
origem - algo positivo, uma vez que se entende que, especialmente naquele recorte
histórico, mais espaço era delegado aos homens quanto às produções culturais que se
tornavam sacralizadas. Entretanto, o livro em questão é caracterizado, por vezes, por
um tom de moralidade e estereotipação, o que poderia ser lido como um reflexo das
relações de gênero e construções sociais moldadas pelo patriarcado, enquanto bloco de
poder, nos termos de Steinberg e Kincheloe (2009). Não obstante, Little Women
apresenta uma voz que resiste: a da protagonista Jo March. Nesse sentido, essa
comunicação pretende abordar, sob a égide dos estudos multiculturais, um olhar sobre
a atividade da escrita protagonizada por Jo. Por meio do conceito de resistência literária
de Bill Ashcroft (2001), pretende-se analisar como o ato de escrever da personagem
resiste às pressões culturais impostas às mulheres naquele dado momento. O autor,
que se volta aos estudos pós-coloniais, pensa a resistência pelo ponto-de-vista dos
povos colonizados, enquanto ato libertário de grupos específicos. Aqui, as mulheres
serão compreendidas enquanto grupo “colonizado” pelo patriarcado. Ainda, ao se
considerar que o feminismo, enquanto crítica teórica e movimento social, teve seu ápice
na década de 60, do século XX – como explica Hall (2005) -, é possível que a
resistência literária de Jo March, nas páginas do livro, bem como da escritora que as
escreve, seja lida como prenúncio de um movimento feminista que traria mais igualdade
às mulheres, em relação ao matrimônio, ao sufrágio, às relações de trabalho e sociais,
como um todo. Trabalhos como esse se justificam pela importância de se trazer, aos
bancos acadêmicos, pesquisas que privilegiem estudos críticos sobre textos literários
produzidos por mulheres, que retratem mulheres e que possam propiciar a
problematização das condições sociais das mulheres, em variados recortes históricos.

Palavras-chave: Little Women; ato de escrever; Jo March; resistência.

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16) Com os pés firmes no chão: a representação da terra na


literatura indígena e japonesa

Clarinda Matsuzaki Inumaru (UEM)


Marcos Vinicius Rodrigues da Costa (UEM)
Profa. Dra. Alba Krishna Topan Feldman (Orientadora)

Resumo:
Este trabalho tem por objetivo analisar a representação da ‘’terra’’ na literatura indígena
e nipo-brasileira, tendo como foco principal de análise o modo com ela está ligada aos
aspectos culturais e identitários de um determinado povo e nação. Para alcançarmos os
objetivos aqui apresentados, utilizaremos como base para esse trabalho os textos
literários The Round House, da escritora Indígena americana Louise Erdrich, publicado
em 2014, e o Jardim Japonês, da brasileira Ana Suzuki, publicado em 1986. Essas
histórias, de culturas e povos distintos, possuem elementos característicos que unem as
personagens a ‘’terra’’ e ao espaço circundante, o que a torna um elemento fundamental
para a construção desses personagens. As representações da ‘’terra’’ na literatura não
são apenas geográficas e territoriais, mas também demostram uma variedade de
paisagens sociais e culturais, que são aspectos que buscamos analisar neste trabalho.
The Round House conta a história de Geraldine, uma mulher indígena, membro de uma
comunidade Ojibwe, que é brutalmente violentada por um homem branco nos limites de
suas terras. Nessa obra a terra e o espaço possuem grandes significações para a
construção dos personagens e para o enredo. O Jardim Japonês é uma obra de ficção
que conta a história de uma família nipo-brasileira vivendo no Brasil e que possuem a
terra como fator primordial para a construção da identidade, tendo o Jardim, um papel
fundamental nessa construção. Nossa metodologia se utilizará dos seguintes
procedimentos: selecionar trechos primordiais e analisa-los, em profundidade, a partir
da obra, para depois fazer emergir o conteúdo identitário, cultural e étnico do texto,
sintetizando a discussão com a pesquisa bibliográfica durante todo o estudo. Como
referencial teórico para esse aprofundamento empírico, nos apoiaremos nos teóricos
Cristhiano Aguiar (2017), que abordará questões referentes à narrativa e aos espaços
ficcionais e Gaston Bachelard (1957), que nos trará importantes considerações sobre a
poética do espaço. Em suma, com este trabalho buscamos, em particular, explorar as
relações entre as representações da "terra" e a identidade para os povos indígenas e
para a comunidade nipo-brasileira nos romances aqui selecionados, e de que forma o

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espaço circundante contribui para a formação da identidade dos personagens dessas


obras.
Palavras-chave: Terra; Cultura; Indígena; Nipo-brasileira;

17) Estratégias de resistência, sobrevivência e continuidade no


discurso de grupos étnicos colonizados: reflexões teóricas

Profa. Dra. Alba Krishna Topan Feldman (UEM/UEL)


Profa. Dra Nelci Alves Coelho Silvestre (UEM)

Resumo:
O revide ou resistência é um modo de ir contra a dominação do poder, de não aceitar as
imposições colonialistas, étnico-raciais, culturais, entre outras, e de procurar reverter a
situação para que os oprimidos possam resgatar sua subjetividade, buscando a
centralização de sua identidade fragmentada por meio de sua auto-expressão, e a
obtenção de sua voz. A presente comunicação tem o objetivo de discutir aspectos de
resistência pós-colonial e de outras estratégias de lutas de minorias étnico-raciais-
culturais contra seus aparatos de opressão, sejam estes institucionalizados ou
executados de forma individual. Ao mesmo tempo em que abordamos e contribuímos
com nossas reflexões a respeito dos aspectos da classificação dos tipos de resistência
elaborados por Ashcroft (2001), que aborda a resistência pacífica, violenta e discursiva,
também discorreremos sobre suas estratégias como a mímica, conceito desenvolvido
por Homi Bhabha (1998), estratégia constituída de elementos que desestabilizam e
questionam os padrões dominantes. Além disso, nos deteremos também em aspectos
da resistência discursiva e suas divisões, tais como a reescrita, a releitura e a paródia,
embasados em Hutcheon (1989). Ao estudarmos a resistência discursiva direta e
indireta, observaremos a visibilidade do autor, seu contexto e a contribuição destes tipos
de resistência específica para os estudos literários e para as manifestações culturais em
geral. Além dos aspectos mencionados, investigaremos uma estratégia de
sobrevivência e de continuidade fundamentada por Gerald Vizenor (2008) a partir dos
estudos indígenas estadunidenses, como o conceito de survivance, que, segundo o
autor, é um senso ativo de presença, mesmo na ausência obrigatória, ou decretada
pelas forças dominantes. Trata-se de uma prática, muitas vezes contraditória, na qual o
oprimido negocia, e usa a resistência de forma ativa, repudiando a dominação e a
vitimização. Ao discutirmos o conceito de survivance como Vizenor (2008) o utiliza para

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a literatura indígena estadunidense, buscaremos paralelos em sua aplicação no estudo


das escritas literárias de autores de minorias étnico-raciais-culturais e na resistência
discursiva de escritores indígenas brasileiros, africanos e afro-brasileiros. Ao final,
veremos como esses conceitos podem se estender à educação e a outros métodos de
difusão da mídia para a expressão da voz das minorias silenciadas.
Palavras-chave: Literatura de Minorias; Resistência Discursiva; Bill Ashcroft; Gerald
Vizenor.

18) Problematizando questões de hibridismo e transculturação na


obra de Pauline Melville

Celia Regina dos Santos (PPH/DLM/UEM)


Profa. Dra Sandra Pelegrini (PPH/UEM/Orientadora)

Resumo:
Apesar de hibridismo ter-se tornado um tema de prestígio através dos Estudos
Culturais, devido às suas potencialidades que nos permitem questionar noções de
pureza, de essencialismo e binarismos, as limitações políticas que também envolvem o
conceito, especialmente no que tange as questões de relações desiguais de poder no
mundo hoje, propiciam uma crítica controversa, porém relevante, sobre como o termo é
apropriado, reconfigurado e articulado em contextos diferentes. A produção literária da
escritora Anglo-Caribenha Pauline Melville nos chama a atenção por desenvolver-se na
mistura cultural e étnica da Guiana, onde seus personagens debatem-se com
sentimentos conflituosos e ambivalentes entre a integração e a rejeição às diferenças
culturais na modernidade. A abordagem usada pela escritora, ao expor as implicações
da interação cultural para os desprivilegiados, não somente possibilita uma exploração
do amplo campo de influência do hibridismo, mas traz à tona uma crítica à certos
aspectos de sua celebração nos Estudos Pós-coloniais, a saber, as suposições
generalizadas sobre o hibridismo cultural como uma forma de agência política. Para
desenvolver o debate é relevante investigar as articulações ambíguas do conceito em
campos de pesquisa diferentes ao longo dos últimos duzentos anos e apresentar o
histórico conceitual e teórico de tais articulações. Para tanto, questionaremos a
conceitualização do termo desenvolvida por Homi Bhabha, que nos apresenta a noção
do poder de negociação no entre-lugar, na liminaridade do hibridismo. Tais premissas
têm norteado nossos debates de que na experiência de contato tanto o sujeito não-

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europeu quanto o seu outro são afetados e transformados pelas culturas que se
encontram, e que, por sua vez, esse processo trans-cultural permite não somente a
produção de uma nova identidade cultural única, como uma forma alternativa criativa de
resistência. No entanto, ao lermos o romance A história do ventríloquo, escrito em 1997,
é possível observar que Melville subverte os pressupostos relacionados à essas noções
ao não celebrar o hibridismo e criar uma sensação de indeterminação e apatia nas
relações interculturais representadas no texto, resultantes da colonização inglesa na
Guiana. Para entender esses personagens, Arif Dirlik, por exemplo, argumenta sobre o
perigo da elite cultural nascida nas margens se confundir e confundir o leitor com os
marginalizados, com aqueles que realmente não tem voz. Assim, este trabalho
configura-se como uma proposta de investigar não somente como o hibridismo tem sido
articulado de formas múltiplas e, por vezes, controversas, mas de apresentar uma
leitura crítica-reflexiva sobre o assunto.

Palavras-chave: Hibridismo; transculturação; problematização; A história do


ventríloquo; agência.

19) Uma reflexão ideológica do poema Para ouvir e entender


estrelas de Cuti

Rute Gaia Fernandes (UEL - mestranda)


Profa. Dra. Maria Carolina de Godoy (orientadora - UEL)

Resumo:
Esse trabalho busca fazer uma análise ideológica do poema Para ouvir e entender
estrelas de Cuti, tal análise terá como referencial teórico os pressupostos da Análise do
Discurso (AD) e o os conceitos de identidade e representação de Stuart Hall, nosso
objetivo maior é compreender como a ideologia presente no objeto de estudo dialoga
com a ideologia dominante na estética da literatura canônica. Sendo assim partiremos
da concepção bakhtiniana de língua como um fator social, de tal forma que a A.D.
considera o fator social da linguagem e defende que os efeitos de sentido advindos
dessa são sociais e, portanto, determinados pelas condições de produção do sujeito
inserido em um dado contexto. Dessa forma, pode-se dizer que a questão central
focalizada pela A.D é o discurso e tudo que está relacionado a ele, incluindo o sujeito
que o reproduz e o contexto de produção ao qual está inserido. Para essa teoria é
preciso ver o texto em situação de interação e o sujeito como atuante e receptivo na

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linguagem (postura que pretendemos assumir na realização desse trabalho), seus


objetivos, são, portanto, conceber como a linguagem se materializa e apreender como a
ideologia se materializa no discurso e o discurso na língua. Sendo assim, nesse
trabalho o foco será observar como o discurso do poema Para ouvir e entender estrelas
de Cuti apresenta-se e como ele se relaciona com a literatura canônica e seu discurso
tradicional, tanto no tocante à temática quanto no que diz respeito a estrutura do poema
(uma vez que forma e conteúdo são ambos veículos ideológicos). No que se refere mais
especificamente à ideologia, Marx diz que vincula-se à produção de ideias, de
concepções e da consciência ligada à atividade material dos homens; a ideologia
configura-se então como um instrumento de dominação de classes, isto é, a classe
dominante de dada época ou de um dado contexto específico, como na literatura, por
exemplo, passa suas ideias para os demais. Ainda nos valendo dos importantes
pressupostos da A.D. utilizaremos também as ideias de Chaui, a qual assegura que a
ideologia cria na consciência dos homens uma visão ilusória da realidade como se fosse
real e verdadeira, como um sistema lógico de representações e de valores, de normas,
de regras e de conduta que prescrevem como se deve pensar e agir. Esclarecido isso, é
importante lembrarmos do cenário evocado no poema: o Natal, celebração judaico-
cristã que no ocidente é comumente associada à fartura de alimentos e troca de
presentes. É nesse contexto que buscaremos compreender o lugar que a criança negra
ocupa e como isso é representado na literatura afro-brasileira.

Palavras-chave: Análise do discurso (AD); Ideologia; Discuso; Identidade e


representação; Literatura afro-brasileira.

SIMPÓSIO 9) Literatura, teatro e cinema: interfaces e transições

Prof. Dr. Wagner Corsino Enedino (UFMS)


wagner_corsino@hotmail.com
Prof. Dr. Ricardo Magalhães Bulhões (UFMS)
ricardoufms1@gmail.com

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1) Dos palcos à tela: o processo de adaptação e construção das


personagens em Nossa Vida não Vale um Chevrolet, de Mario
Bortolotto

Gracy Kely Nonato Ruiz (UFMS-Três Lagoas)


Prof. Dr. Wagner Corsino Enedino (UFMS-Três Lagoas/orientador)

Resumo:

Em consequência do capitalismo e do consumo exacerbado, a pós-modernidade


configura-se na formação de novos universos sociais de realidades distintas, as quais
se convergem em linguagem artística que investidas dessas novas realidades extraem
do diálogo arte-sociedade o mote de suas produções. Ao longo da história da Literatura
Brasileira, o diálogo entre arte e sociedade é terreno fértil para as mais variadas
manifestações artísticas. Nessa perspectiva, a contemporaneidade, rompendo com
valores tradicionais e abrindo espaço para inovações de estilos e estética, apresentou
novas possibilidades em que a arte está cada vez mais próxima da realidade. Nesse
segmento, o teatro mostrou-se um dos recursos mais enriquecedores em retratar a
realidade social, trazendo para o proscênio temas que representam as diferentes
camadas de uma sociedade em constante transformação. Com efeito, a adaptação de
peças teatrais para o cinema, o qual, muitas vezes, tem a literatura como fonte de
inspiração, colabora para o diálogo entre literatura e outras artes. Assim, novos autores
surgem no cenário cultural trazendo à cena personagens que representam as mais
variadas facetas do mundo pós-moderno. Pautado nas considerações de Magaldi
(1998), Palottini (1989), Candido (2009), Prado (2005) e Rosenfeld (2005) acerca da
tradição teórica sobre teatro e dramaturgia, em atenção especial à personagem no
teatro, esse estudo traz para o centro da discussão a construção dessas personas. O
ponto de partida para a reflexão é a peça Nossa Vida não Vale um Chevrolet, do
dramaturgo contemporâneo Mario Bortolotto, encenada pela primeira vez no ano de
1990, porém publicada apenas em 2008, ano em que o texto foi adaptado para o
cinema com o título Nossa Vida não cabe num Opala, sob a direção de Reinaldo
Pinheiro e roteiro de Di Moretti. Mario Bortolotto figura entre dramaturgos de destaque
no cenário nacional; reconhecido com prêmios pelo conjunto da obra e pela autoria da
peça estudada. Povoam os textos do autor personagens que retratam a margem da
sociedade, constituídos num meio hostil e violento, caracterizados pela exclusão
econômica, social e cultural. Diante das relações que se estabelecem entre teatro e
cinema, estão considerados nesse estudo conceitos fundamentais para a análise,
elencados por Brito (1996), Xavier (2003), Hutcheon (2011) e Bazin (2008), os quais
discutem as especificidades de cada arte e como se dá o processo de adaptação de
textos dramáticos para a linguagem cinematográfica.

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Palavras-chave: teatro brasileiro contemporâneo; adaptação; personagem.

2) Das (in)definições de contemporaneidade aos aspectos formais do


texto dramático infantil: uma leitura de A viagem de um barquinho, de
Sylvia Orthof

Luciana Petroni Antiqueira Chirzóstomo (UFMS)


Prof. Dr. Wagner Corsino Enedino (UFMS/Orientador)

Resumo:
Atualmente, o teatro para crianças apresenta temática voltada para a ecologia, para os
problemas da vivência infantil, para o desenvolvimento psicológico da criança, como o
medo, a morte, a velhice, o sexo, os preconceitos, o que revela um amadurecimento do
teatro infantil brasileiro. Nesse sentido, percebe-se a pertinência de uma pesquisa que
suscite uma reflexão acerca do teatro infantil como promotor de conhecimento e
diversão tanto para as crianças quanto para os adultos, pois conforme afirma Pupo
(1991), em sua maioria, os autores fazem uso de informações que as crianças não
conseguem decifrar. A partir dos pressupostos teóricos de Magaldi (2004, 1998),
Pallotini (1989), Pascolati (2009), Prado (2009), Ryngaert (1996) e Ubersfeld (2005),
que versam sobre a materialidade do discurso teatral, pretende-se abordar questões
relativas à forma do texto dramático na obra A viagem de um barquinho (1975), da
dramaturga brasileira Sylvia Orthof. Para compreender a dramaturgia contemporânea
faz-se necessário refletir acerca das considerações de Agamben (2009) e
Schollhammer (2009) sobre as (in)definições de contemporaneidade, em consonância
com as características estilísticas/estruturais da literatura infantil/juvenil contemporânea
observadas por Nelly Novaes Coelho (2000). Encontra-se, em Sylvia Orthof,
personalidade de destaque no movimento literário e teatral ligado às crianças, uma
considerável fonte de pesquisa. Orthof atuou como atriz no Teatro Brasileiro de
Comédia (TBC) e na TV Record, em São Paulo. Depois, em Brasília, foi professora de
teatro na Universidade de Brasília onde foi atriz, diretora, pesquisadora, professora de
teatro e dramaturga, com um trabalho sempre voltado para as crianças. A autora
escreveu mais de 120 livros entre contos, peças teatrais e poesias para o público
infanto-juvenil. Fundou duas companhias de teatro: A Casa de Ensaio de Sylvia Orthof,
no Rio de Janeiro e a Companhia de Teatro Livro Aberto, em Petrópolis/RJ. Sylvia
Orthof tem obras premiadas, como A viagem de um barquinho (1975) que ganhou o
primeiro lugar no concurso de dramaturgia do Teatro Guaíra, em Curitiba/PR. Suas

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obras são permeadas de comicidade que encantam crianças e adultos. Nesta obra, a
escritora aborda valores muito caros ao ser humano, tais como: a perda, a separação, a
busca do ente querido, a transitoriedade da vida e a liberdade. A efabulação consiste na
consciência da mudança e da busca constante que a vida exige. Com efeito, no espaço
diegético, os protagonistas “Menino” e “Lavadeira” saem em busca do barquinho de
papel perdido, vivendo diversas aventuras e conhecendo personagens (Sol, Cavaleiro
Verde, Cavaleiro Azul, Sapo, Pirilampo, Personagem Sonho e Fada-princesa) até
encontrar o que tanto anseiam; já o barquinho de papel (metáfora da existência
humana) viaja em busca de sua própria identidade.

Palavras-chave: Literatura infantil brasileira; Teatro infantil brasileiro; Sylvia Orthof.

3) O narrador em Caderno de um ausente, de João Anzanello


Carrascoza

Osmar Casagrande Júnior (UFMS)


Prof. Dr. Ricardo Magalhães Bulhões (UFMS/Orientador)

Resumo:

Analisamos o papel do narrador em Caderno de um Ausente (2014), segundo romance


publicado por João Anzanello Carrascoza. Para tanto, partimos das considerações
sobre o narrador pós-moderno, de Silviano Santigo, marcando as semelhanças e,
principalmente, as diferenças entre esse e o narrador de Carrascoza. Partimos das
hipóteses de Silviano Santiago em O narrador pós-moderno (1986). Considerando que
Santiago estabelece sua leitura em diálogo com O narrador (1936), de Walter Benjamin,
recorreremos ao mesmo, assim como retomaremos as concepções de Theodor Adorno
em Posição do narrador no romance contemporâneo (1950). Apesar de publicados com
certo lapso temporal, os três textos se relacionam por abordarem uma espécie de
subtração da figura do narrador. Dos aspectos abordados por Silviano Santiago, nossa
análise centra-se na posição do narrador como homem experiente, portador da palavra,
capaz de narrar, que olha para a ação do jovem inexperiente, produto da sociedade do
espetáculo (e da imagem), impossibilitado de narrar o que ele próprio vive. Em Caderno,
o narrador, João, também é um homem maduro que lança o olhar a uma jovem. Ele
narra sua própria história enquanto prenuncia possíveis enredos para sua filha recém-
nascida, Beatriz. A afinidade entre o narrador do texto de Silviano Santiago e o de
Carrascoza, em nossa leitura, limita-se a essa perspectiva. A mesma temática, do
homem observando o jovem, tem um posicionamento do narrador bastante diferente em

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Caderno. Para tanto, remetemo-nos ao texto O narrador na literatura brasileira


contemporânea (2009), de Jaime Guinzburg, que, numa leitura panorâmica da produção
romanesca brasileira mais recente, retoma a questão do narrador em relação a
Benjamin e Adorno, com breve alusão a Silviano Santiago. Guinzburg questiona as
afirmações generalizadas sobre a impossibilidade de narrar que têm sido feitas a partir
da leitura de Adorno. Recorremos ainda a Marcelo Conde, em A escrita comovida de
João Anzanello Carrascoza (2009) e a Karl Erick Schøllhammer, em Ficção brasileira
contemporânea (2011), para contextualizarmos à prosa brasileira contemporânea o
diálogo estabelecido com o narrador pós-moderno. As questões que nos motivam a
estabelecer o diálogo do narrador de Carrascoza com o narrador pós-moderno tal qual
proposto por Silviano Santiago devem-se à singularidade da escrita daquele. Com a
mesma temática, o olhar do homem maduro para a ação do jovem inexperiente, o
narrador de Carrascoza despe-se da frieza objetiva do narrador pós-moderno para, num
extremo oposto, impregnar a narrativa com as suas impressões, com efeitos de afeto,
sensibilidade e “sabedoria” (ao modo benjaminiano). Dessa forma,
contemporaneamente, assemelha-se ao que Benjamin considerava ser o narrador
clássico, o qual é valorizado por ele como uma forma em extinta do fazer literário.

Palavras-chave: narrador pós-moderno; João Anzanello Carrascoza; prosa brasileira


contemporânea.

4) A Dramaturgia do Visconde de Taunay: um estudo sobre a


presença/ausência de uma fortuna crítica

Fábio Luis Silva Neves (Doutorando - PPGLetras/UFMS)


Dr. Wagner Corsino Enedino (UFMS/Orientador)

Resumo:
Alfredo D’Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, é autor de quatro obras teatrais,
Da mão à boca se perde a sopa (provérbio – 1874), Por um triz coronel (comédia –
1880), Amélia Smith (drama – 1886) e A Conquista do filho (drama – 1896). O autor
teve seu nome inserido no cânone literário brasileiro durante todo o século XX, sendo
considerado pela crítica e historiografia como um dos melhores escritores do
regionalismo romântico. No entanto, tais abordagens debruçaram-se, quase sempre,
acerca de suas obras narrativas e descritivas, sobretudo A retirada da Laguna (1871) e

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Inocência (1872), havendo uma lacuna crítica quanto à sua produção dramatúrgica. Tal
lacuna é evidenciada, até mesmo, nas antologias destinadas ao estudo teatral
brasileiro, que apresentam características estéticas e temáticas dos períodos romântico
e realista, presentes na dramaturgia de Taunay. Dessa forma, temos como objetivo
deste trabalho apresentar aspectos das quatro produções teatrais do autor que,
comparadas com obras e autores do período romântico e realista, sugerem relações de
semelhança e de contiguidade. A proposta se justifica, sobretudo, pelo fato de que as
características evidenciadas pela historiografia literária sobre as narrativas que
consagraram o escritor podem ser contempladas em suas peças, situadas na transição
do romantismo para o realismo, e que, lidas à luz do século XXI, sugerem a
consolidação de um projeto literário. Entendemos, ainda, que elementos apresentados
pelos críticos de teatro sobre as obras do século XIX, tais como o uso do provérbio, a
utilização do maniqueísmo, da comédia de costumes, a relação do erudito com o
popular, a fusão do drama com o melodrama, a denúncia da corrupção moral pelos
favores, pela conquista do poder e pela traição velada, assim como a influência dos
escritores franceses, apontadas nas dramaturgias de Gonçalves de Magalhães, Martins
Pena, José de Alencar e Artur Azevedo, também se fazem presentes na de Taunay.
Para tanto, utilizamos como suporte teórico e metodológico, obras de renomados
críticos brasileiros, tais como: Alfredo Bosi (2006), Antonio Candido (1997), Antônio
Soares Amora (1967), Décio de Almeida Prado (2003), João Luis Lafetá (2004), João
Roberto Faria (2001), José Veríssimo (1977), Massaud Moisés (1985), Nelson Werneck
Sodré (1976), Sábato Magaldi (1997), entre outros estudiosos da obra de Taunay.

Palavras-chave: Visconde de Taunay; Dramaturgia; Fortuna Crítica; Romantismo;


Realismo.

5) O diálogo entre o teatro expressionista e as a ideias freudianas: a


expressão do mundo interior pela deformação visual e sonora em A
mulher sem pecado

Fabrícia Aparecida Lopes de Oliveira Rocha (UFMS)


Prof. Dr. Wagner Corsino Enedino (UFMS/Orientador)

Resumo:

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Este estudo observa deformações visuais e sonoras em A mulher sem pecado (1941).
Para isso, analisamos as rubricas do texto. A ideia é mostrar como essas indicações
cênicas intensificam a exploração da vida interior de Olegário, protagonista. A previsão
expressionista de iluminações irreais na vertical, efeitos sonoros, entre outros recursos
cênicos, revela, virtualmente e visualmente, a essência que a personagem quer
esconder, assim como projeta uma guerra entre o viver consciente e inconsciente.
Apesar de a peça já ter sido relacionada ao expressionismo, as didascálias ainda não
haviam sido estudadas tão especificamente. Ao ler as rubricas, com base nas ideias de
Eudinyr Fraga (1998) sobre o Expressionismo, tentamos considerar também
pressupostos freudianos que aparecem na segunda fase do movimento, ocasião em
que a obra foi escrita. Isso ajudou a entender como o dramaturgo analisa a essência
humana e as verdades misteriosas que todos nós portamos e costumamos ocultar. Com
o objetivo de demonstrar a importância das didascálias, para essa exploração da vida
interior, lançamos mão, ainda, de outros teóricos, especialmente Anne Ubersfeld (2013),
para entender a presença virtual do espetáculo no texto dramático. Antes disso, num
primeiro momento, fizemos uma retomada sobre o que foi o Expressionismo no teatro.
Tratamos mais demoradamente a segunda fase, que inclui a obra psicológica do
dramaturgo. Havia todo um desejo pela busca de uma verdade mais profunda que a
empírica nesse período histórico, por isso Fraga (1998) fala da influência das ideias de
Sigmund Freud (2010) na segunda fase do movimento, já que os textos buscavam o
fato ilógico que se manifesta na mente das pessoas. Depois, num segundo momento,
analisamos essas ideias nas rubricas e demonstramos como a peça explora verdades
ocultas da essência do “eu”, pela previsão cênica de iluminações irreais, uso de
microfone para exposição da voz interior, conforme era típico no Teatro Expressionista.
Apesar de não negar a autonomia do texto teatral como objeto artístico autônomo, em
relação ao método desse percurso, observamos a obra como parte de uma cultura
literária, que se manifestou na segundo fase do expressionismo, por volta da década de
40. Como resultado, percebemos o quanto o autor revela a feiura do ambiente externo,
com profundidade, justamente por evitá-lo. Ao focar o estudo da vida interior e não o
panorama social, a peça nos mostra, paradoxalmente, o universal na obsessão de um
só homem e o faz com a ajuda de deformações visuais e sonoras bastante sofisticadas.

Palavras-chave: Nelson Rodrigues; rubricas; deformações visuais e sonoras;


Expressionismo; Teatro brasileiro.

6) Espetáculo imaginário em A tragédia brasileira, de Sérgio Sant’Anna

Prof. Dr. Anderson Possani Gongora (UNESPAR/ Campus de Paranavaí)

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Resumo:

Em A tragédia brasileira: romance-teatro (1987), Sérgio Sant’Anna apresenta aspectos


narrativos interessantes: alterna romance, monólogo, roteiro cênico e ensaio. Narrada
em terceira pessoa, a história do atropelamento de uma menina chamada Jacira
desvenda um sacrifício ritual em que a violência primária leva a reflexões sobre a
condição do ser entre a poesia e a morte. Com uma personagem denominada Autor-
Diretor, o coveiro, o texto é composto pelo uso de técnicas comuns ao teatro: com uma
pá, de hábito, faz soar três pancadas no chão e, logo em seguida, descerra as cortinas
em meio a um jogo de luz e sombra. A partir de então, as imagens criadas pelo texto
tornam-se espetaculares e trazem consigo reflexões caras a vários contextos como o
religioso, o filosófico, o artístico, entre outros. As várias narrativas encadeadas por um
único acontecimento, a morte da pequena Jacira, levam ao estudo de como a violência
é representada na obra de Sant’Anna em consonância com as outras artes,
especialmente a arte dramática. Para isso, o diálogo entre a Literatura e o Teatro torna-
se indispensável como mais uma proposta de representação dos dramas existenciais de
personagens que se veem acuadas em tempos de opressão. Com base no hibridismo
dos diferentes contextos e “metamorfoses espetaculares” que envolvem os fatos
narrados, este trabalho tem por objetivo uma análise da parte intitulada “O Segundo
Ato”, composta por seis incríveis cenas. Nelas, tendo por condição de escrita a própria
representação teatral e a possível encenação do episódio mórbido de Jacira, o Autor-
Diretor assume o andamento dos trabalhos a ponto de controlar minimamente cada
atuação dos atores no palco imaginário. Além disso, a constante retomada do tema
principal pelo Autor-Diretor, isto é, a morte da inocente protagonista, acaba funcionando
como uma importante estratégia para manter o liame narrativo do livro, recurso esse
considerado até mesmo como “um espectro” que insiste em permear o palco e a
narrativa ficcionais. Dramática e filosoficamente, os “atores” dialogam sobre vários
assuntos como se estivessem ainda no lugar dos espectadores e, nesse contexto de
representação, as respostas para suas angústias existenciais são encontradas, quase
sempre, a partir do próprio texto ou ainda no íntimo do indivíduo que se propõe a refletir
sobre sua peculiar condição e/ou sobre a condição da humanidade. Assim como
manipula as demais personagens a seu bel-prazer, o Autor-Diretor enfatiza a leitura do
espetáculo imaginário pelo viés do seu característico ponto de vista, que, na verdade,
pode conduzir propositadamente o ponto de vista do profissional das artes cênicas ou
até mesmo interferir na visão do leitor que o acompanha no decorrer da leitura do texto.

Palavras-chave: Sérgio Sant’Anna; Romance-Teatro; violência; recepção e percepção.

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7) A característica manipuladora das protagonistas femininas nas obras


“Macbeth” e “Arras por foro de Espanha”

Ana Caroline Larentes de Castro (UNESPAR)


Débora Martinez Ribeiro (UNESPAR)
Prof. Me. Maria Elisa Fraga (UNESPAR/Orientadora)

Resumo:
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise comparativa entre duas obras
distintas: Macbeth, do célebre dramaturgo William Shakespeare, e Arras por foro de
Espanha, obra de Alexandre Herculano, autor português conhecido principalmente por
seus romances históricos. O foco da análise das obras está centrado nas protagonistas
femininas, que são Lady Macbeth e D. Leonor Teles. Apesar de serem obras distintas
desde o gênero literário, uma peça de teatro e um romance, por meio da leitura e
análise das obras foi possível encontrar diversas semelhanças, principalmente em
relação às características psicológicas e o comportamento das protagonistas femininas,
anteriormente citadas, no decorrer das obras. Ambas apresentam uma característica
manipuladora e até mesmo diabólica, utilizando o ponto fraco de seus maridos para
controlá-los, deixando-os à mercê de seus desejos; desejos estes que sempre as guiam
na busca de poder, como forma de saciar a ambição que as consome. São obras que
representam períodos históricos diferentes, porém, características semelhantes quando
centrados na vida das personagens Lady Macbeth e D. Leonor Teles. A análise das
personagens foi baseada principalmente na teoria de Antônio Cândido (1976) sobre a
personagem do romance e em Décio de Almeida Prado (1976) sobre a personagem do
teatro, relacionando as duas personagens por meio da concepção sobre personagens
planas e esféricas, segundo a teoria de Antônio Cândido. Além desses autores, foi
utilizado como base teórica autores como Margot Berthold (2011), Neuza Machado
(2010), Maria de Fátima Marinho (1992), entre outros. Como resultado desse estudo, foi
possível constatar que embora a personagem do teatro e do romance possuam
diferenças, ambas as personagens das obras analisadas são responsáveis pelos
principais acontecimentos dentro da trama, sendo fundamentalmente por meio delas
que discorre o enredo e seus conflitos. Ademais, o poder de articulação e manipulação
da linguagem utilizada pelas personagens é uma característica digna de ser exaltada se
analisado os contextos históricos representados nas obras e, ainda, pela procedência
literária dos autores estudados, pois as protagonistas femininas conseguem se sobrepor
aos protagonistas masculinos, tanto na crueldade de seus atos, quanto no poder de
manipulação em relação às pessoas.
Palavras-chave: Macbeth; Shakespeare; Arras por foro de Espanha; Alexandre
Herculano.

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8) As mulheres de Asa Branca

Fernandes Ferreira de Souza (UEMS)


Wagner Corsino (UFMS)

Resumo:

Ainda que os dois textos selecionados de Dias Gomes, o original e o reformulado,


estampem no título o nome de um personagem masculino, e ainda que na cidade de
Asa Branca, os poderes civis, políticos, militares e eclesiásticos sejam representados
por homens como o deputado Chico Malta, o Padre Hipólito, o prefeito Florindo Abelha,
o bem sucedido empresário Zé das Medalhas e o próprio Cabo Roque, são as mulheres
que fornecem combustível e assunto para o cotidiano de Asa Branca. São, também,
elas peças fundamentais na sustentação do mito do herói, assim como cabe a elas a
resolução do conflito estabelecido quando o herói, tido como morto na guerra,
reaparece na cidade. O subterrâneo desta cidade é movimentado pela presença
feminina. Essas mulheres, aparente e dramaticamente, dividem-se em dois grupos
icônicos e antagônicos: as sacras e as profanas, ainda que, talvez num estudo
posterior, seja possível conferir a Porcina o status de alguém que esteja além e acima
desses padrões. Por hora, vamos colocá-la no segundo grupo. Acrescente-se, aqui,
numa tentativa de burlar a censura, Dias Gomes dá o seguinte título ao projeto da
novela, “Roque Santeiro e sua fogosa viúva, a que era sem nunca ter sido”. São elas:
Porcina, Dona Pombinha, Mocinha, Matilde, Ninon e Rosali.

Palavras-chave: Teatro Brasileiro; Dias Gomes; Mulheres

9) A tessitura dramática de Caio F. em seu teatro. Uma análise de Pode


Ser Que Seja Só O Leiteiro Lá Fora

Maysa Bernardes Buzzolo (UFMS)


Prof. Dr Wagner Corsino Enedino (UFMS/orientador)

Resumo:

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A dramaticidade é elemento flamejante e indiossincrático na estética da obra


caioferdiana, mas ainda pouco se sabe das construções estéticas na própria
dramaturgia de Caio Fernando Abreu. Seu texto teatral, ainda pouco desbravado e
desconhecido seja do grande público e até mesmo dos pesquisadores de sua obra, traz
inúmeras particularidades e traços da escrita própria do autor e a partir da leitura e
análise da peça Pode Ser Que Seja Só O Leiteiro Lá Fora –sua primeira peça teatral e
tida como muitos sua marca pessoal no teatro e uma de suas mais importantes obras,
seja como dramaturgo ou como escritor de maneira geral. Busca-se, então, aqui
delinear uma marca, registro ou traço da escrita dramática de Caio F. em sua obra
teatral. À luz de Ball (2009), Rosenfeld (2014), Prado (2014), Maingueneau (1996),
Bachelard (1993) e Szondi (2011) a pesquisa desenvolve-se buscando traçar as
relações do teatro,bem como as suas nuances poéticas e seu flerte com o lirismo, a fim
de buscar um viés existencialista em sua escrita a partir de seus efeitos de sentido com
suas intensas e longas reflexões nas falas que muito lembram monólogos e se
apromixam por sua essência dos solilóquios, tão presentes nas obras literarias que
inspiraram e constituiram a formação leitora de Caio. Ainda por meio da observação das
relações com a obra do autor formando uma rede em sua literatura, uma espécie de
mise em abyme na qual cria-se um universo ficcional em que os textos, e principalmente
as imagens, se convergem e refletem de inúmeras formas de maneira que não se
tornem repetitivas ou batidas, ou seja, prentende-se indentificar as inúmeras formas que
Caio F. desenha sua literatura em cada linha de seu texto, em especial neste trabalho,
seu texto teatral. É de interesse também identificar e reconhecer sua evolução desde a
primeira escrita no início da década de 70 em Londres, e premiada no Brasil pelo
Serviço Nacional do Teatro e censurada pela Ditadura por quase uma década no ano de
1976, até as versões das edições -póstumas - de seu Teatro Completo dos anos de
1996 e 2008 reunida e publicada por seus companheiros das artes dramáticas.

Palavras-chave: Caio Fernando Abreu; Dramaturgia; Teatro; Moderno Teatro Brasileiro.

10) Estudo do percurso do anti-herói na literatura brasileira:


momentos representativos do século XIX: a rapsódia Macunaíma e a
Ópera do Malandro

Me. Adriele Gehring (SEED-PR)


Me. Maiara Cristina Segato (UTFPR-Campo Mourão)

Resumo:
O trabalho que se propõem a partir deste resumo tem por objetivo analisar rupturas com
formas estéticas consagradas, com especial olhar à categoria do personagem,
discutindo a evolução do anti-herói (e uma sua subcategoria, o malandro), dentro da

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literatura brasileira em momentos estética e historicamente representativos. Para tanto,


fizemos uma seleção de obras que situam e apresentam essa evolução progressiva,
para que esse percurso seja justificado e bem localizado nos momentos que serão foco
para nossa discussão: meados de 1930 e de 1970 respectivamente. Duas obras foram
escolhidas como objetos de estudo centrais para esse propósito, Macunaíma (1928), de
Mário de Andrade, e Ópera do malandro (1978), de Chico Buarque. Mesmo
pertencentes a gêneros distintos e terem sido produzidas num espaço de tempo de 50
anos, carregam características que as aproximam como representativas de projetos de
ruptura artísticos conscientes e articulados com os respectivos momentos históricos.
Assim, não iremos compará-las, mas compreender sua importância para a literatura
nacional, o que mostra o resultado de processos de criação e recepção maduros,
conscientes e produtivos o suficiente para sustentar nossa proposta de análise. Isso
porque, em ambos os casos, fugimos de uma estética tradicional em busca do novo, e
esse novo está diretamente relacionado com questões do tempo histórico e social, ou
seja, são obras de autores que têm consciência de que a arte tem função social e
rompem com as formas dadas, o que os torna, além de autores, críticos de sua obra
arte. Essas obras surgem em momentos de crise política e econômica, em momentos
de fratura social, e contribuem para que a arte tenha papel ativo. Para pontuar
ordenadamente esse processo daremos foco especial às rupturas trazidas pelo
Movimento Modernista, via Mário de Andrade, evidenciando questões estéticas
afloradas pelo novo projeto literário. Um padrão análogo de projeto estético será visto
no teatro, a partir do final dos anos 1950, com o surgimento de grupos engajados com
cunho coletivo que remontam à dialética entre arte e sociedade em meio à crise do
capitalismo, caminho esse que servirá de base para o teatro engajado de Chico
Buarque, que retoma, em certa medida, a discussão sobre o anti-herói nacional,
articulando-se com a linhagem estabelecida.

Palavras-chave: Mário de Andrade; Chico Buarque; Literatura e Sociedade.

11) Representação das personagens femininas de Nelson


Rodrigues na peça Vestido de Noiva

Ricardo Santos Porto ( IFMS/ PPGMEL - UFMS)


Dr. José Alonso Tôrres Freire (UFMS/ Orientador)

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Resumo:
O teatro de Nelson Rodrigues é indubitavelmente uma das manifestações mais
expressivas da dramaturgia nacional, considerado precursor da modernização do teatro
brasileiro, com a montagem de Vestido de Noiva em 1943. O autor apresenta em suas
peças, uma vasta gama de enredos e personagens marcantes, não apenas por suas
personalidades, mas também pela forma de interagir com o mundo, sempre, de alguma
forma, procurando transgredir e questionar os valores morais e a hipocrisia da
sociedade da antiga capital federal. As diversas facetas das personagens femininas
apresentadas são os elementos cruciais nas obras Rodrigueanas e, baseado nisso, este
trabalho procurará estudar e entender como a peça Vestido de Noiva busca representar
o complexo universo da alma feminina. As mulheres nessa obra agem como arquitetas
de seu próprio destino e mesmo quando pressionadas pelos acontecimentos, isso
acontece muito mais pelas consequências de seus próprios atos ou pela inexorabilidade
do destino do que pela opressão masculina. Dessa forma, um dos objetivos deste
trabalho será investigar como as personagens femininas de Nelson Rodrigues na peça
Vestido de Noiva são representadas no contexto da sociedade carioca da metade inicial
do Século XX e também a maneira como se configura a atuação social dessas
mulheres, especialmente Alaíde, Madame Cleci e Lúcia, o trio de protagonistas. Outra
possibilidade a ser explorada neste trabalho é analisar as diversas visões que os outros
têm dessas personagens, pois o que pensam ou falam sobre elas ajuda a compor uma
configuração multifacetada. Podemos adiantar que cada uma dessas personagens
apresenta algum poder de transformação do contexto no qual estão inseridas, seja por
meio de ações, seja por meio de manipulações, muitas vezes fazendo escolhas para
atingir seus objetivos em detrimento de outrem. Outro aspecto de interesse a respeito
da obra selecionada para análise é como as questões religiosas e morais interferem nas
relações pessoais, transformando mulheres em santas ou despudoradas baseando-se
apenas nos valores que a sociedade impõe ao comportamento feminino. Para a
consecução dos objetivos propostos, esta pesquisa tem como suporte teórico os
ensaios presentes em Teatro Completo de Nelson Rodrigues (2003), Panorama do
Teatro Brasileiro (1997) e Nelson Rodrigues Dramaturgia e Encenações (2010), de
Sábato Magaldi, o ensaio A personagem no Teatro (1987), de Delcio Almeida Prado,
Ronaldo Lima Lins, Posição do Narrador no Romance Contemporâneo, de Theodore
Adorno e Representação Social e Mimesis de Luiz da Costa Lima, entre outras
referências.

Palavras-chave: Teatro brasileiro; personagens femininas; representação; Nelson


Rodrigues.

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12) Passageiro do fim do dia: as relações de voz e memória na


narrativa literária contemporânea

Me. Jucelia Souza da Silva (UFMS)


Dr. Ricardo Magalhães Bulhões (UFMS/Oritentador)

Resumo:
Apresentamos aqui uma leitura do romance O Passageiro do Fim do Dia de Rubens
Figueiredo, pretendendo investigar a respeito das nuances de voz e memória, partindo
da seguinte questão: como pode o sujeito narrar sua história com uma memória
imprecisa, formada a partir do trauma que causa repulsa, esquecimento,
dilaceramentos, ressentimentos? Procuramos ainda refletir sobre algumas questões que
não dizem respeito apenas a esta obra especificamente, mas de imbricações que a
partir dela nos remetem à narrativa ou a obra literária de uma forma geral. Trata-se de
um romance, um gênero que trabalha especialmente com a multiplicidade de conflitos
no interior da narrativa. Falar do romance contemporâneo é falar da fragmentação ou da
multiplicidade de um tempo e a partir de um olhar, de um cenário ainda por formar-se
Estamos falando do sujeito contemporâneo e das contradições próprias do presente e a
representação disso na arte literária. Para tanto contamos com as reflexões recentes a
respeito do tema com Jaime Ginzburg, Idelbar Avelar, Moacyr Scliar e outros que tratam
do processo de transmissão da memória em uma realidade violenta. A melancolia se
apresenta como um traço constante em diversas obras literárias brasileiras,
concretizadas na apresentação de personagens de diferentes autores. Jaime Ginzburg
(2012), ao trazer o assunto para o século XX, apresenta a hipótese de que em vários
casos esse efeito de construção se dá como consequência de regimes autoritários em
determinados períodos históricos, como o Estado Novo e a Ditadura Militar no Brasil,
assim como em outros momentos de nossa história, como aqueles que Eric Hobsbawm
chama de “era dos extremos”. O protagonista do romance de Rubens Figueiredo tem
como cenário a cidade e suas contradições próprias: trânsito caótico, periferias,
problemas com a geração de emprego, desigualdades, violência, medo. A narrativa se
passa na atualidade do século XXI, tendo como tempo da narração apenas o final de
um dia até o anoitecer, não mais que isso. O espaço da narração também é limitado,
apenas o ponto de espera do ônibus e a viagem em seu interior, apesar das diversas
quebras com a intervenção da memória do protagonista que convida o leitor a circular
por muitos outros espaços. Ao final, o que nos fica é um convite a mergulhar na escrita
de Rubens Figueiredo e, por extensão, à reflexão sobre a arte literária em geral ao tratar
da incapacidade de narrar pelo sujeito contemporâneo diante de uma realidade
sufocante em tempos de violência.

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Palavras-chave: Literatura brasileira; Romance; Memória.

13) Confluências entre Paris, Texas e Crônicas de Motel


De Sam Shepard

Roberta Shizuko Takamatsu (UEL)


Rodrigo Souza Gorta (UEL)

Resumo:
Esta análise tem como foco as relações entre literatura, teatro e cinema que podemos
destacar ao comparar o livro Crônicas de Motel (1982), do dramaturgo, escritor e ator
norte-americano Sam Shepard (1943-2017) e o filme Paris, Texas (1984), dirigido pelo
cineasta alemão Wim Wenders. Em ambos os casos, estamos diante de um texto
dramático escrito por Shepard, figura icônica da cena teatral independente dos EUA no
começo dos anos 1970. Tanto nos textos que integram a coletânea Crônicas de Motel
quanto no roteiro cinematográfico de Paris, Texas, Shepard constrói o percurso
dramático de um herói desfigurado, com passado difuso e presente inexistente: um ser
que caminha de olhos fechados, como se a si importasse apenas uma dimensão
simbólica invisível em um primeiro momento. O autor descreve as paisagens em torno
dos seus personagens como se elas reverberassem conflitos internos que não podem
ser unicamente expressos por meio dos diálogos. Desta forma, nossa análise se centra
nas confluências que podem existir entre Cinema, Teatro e Literatura, sobretudo no que
se refere à composição de personagens, trama e dos diálogos, particularmente. Nesse
sentido, lançamos a seguinte questão: haveria uma forma de escrita que pudesse servir
a um só tempo tanto ao teatro, à literatura e ao cinema? Haveria uma forma de escrita
que pudesse ser apresentada em livro, encenada no palco, e transformada em filme
sem sofrer alterações relevantes? Acreditamos que o caso do roteiro do filme Paris,
Texas, seja uma resposta positiva a esta questão, já que, ao nosso olhar, Shepard
consegue criar diálogos que ao mesmo tempo têm uma plasticidade poética, uma
dimensão teatral e um coloquialidade cinematográfica, podendo ser apresentado em
qualquer contexto artístico sem uma perda significativa de seu potencial estético. Isto
ocorre possivelmente, pois Shepard é, ao mesmo tempo, um herdeiro de uma certa
tradição da prosa americana do século 20, em que os diálogos são concisos e as
descrições são secas, tornando o conflito dramático subjacente uma camada
aparentemente inexistente. No caso específico do filme Paris, Texas, Travis é um
cavaleiro errante que ruma sem direção: ele abandonou o seu passado, a sua família,
para experimentar uma espécie de vazio original, última possibilidade de reinvenção
que havia naquele momento. Ao se reaproximar do filho, e pela primeira vez exercer a

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figura de pai, notamos que Travis preserva um dilema silencioso e contínuo em relação
à sua família. Ele admira a sua mãe, e culpa o pai por ter lhe restringido os sonhos em
vida. A partir dessa constatação, Travis se encarrega de ajudar o filho a encontrar a
mãe: o trio não se encontra em muitos anos. Vem então essa jornada em busca da
reconstituição, mesmo que temporária, do núcleo familiar. Jane, a personagem vivida
por Nastassja Kinski, no entanto, trabalha como uma prostituta nessas cabines de sexo
explícito. Surge então o diálogo em que Travis reencontra Jane, relatando um pouco do
passado em comum, e os sentimentos que ele carregava consigo mesmo durante anos
em sua jornada solitária pelo deserto. Esse diálogo, que chega a durar cerca de 10
minutos, é o tema central da nossa análise, pois concentra questões essenciais aos
estudos de possíveis interfaces entre literatura, teatro e cinema. Acreditamos que essa
cena em especial do filme Paris, Texas é ao mesmo tempo pertencente a esses três
contextos estéticos, reafirmando a nossa suspeita de que Shepard é um autor
contemporâneo, sobretudo pela forma com a qual rompe as barreiras entre linguagens.

Palavras-chave: Cinema e Literatura; Sam Shepard; Paris, Texas; Crônicas de Motel.

SIMPÓSIO 10) Estudos franceses e intertextualidade

Profa. Dra. Margarida da Silveira Corsi (UEM)


margaridacorsi33@hotmail.com
Prof. Dr. Wagner Vonder Belinato (UEM)

1) La dame aux Camélias – do romance romântico ao romance de


cordel: releituras comparadas do perfil de uma cortesã

Profa. Doutora Margarida da Silveira Corsi (UEM)


Prof. Doutor Gilmei Francisco Fleck (Orientador-UNIOESTE)

Resumo:

O romance La Dame aux camélias (1848) de Dumas fils foi transposto pelo próprio
Dumas fils para o teatro em 1849 e apresentado ao público no Teatro de Vaudeville em
1850. Em 1853, La traviata-Violetta, ópera de Verdi/Piave/Duprez, também foi inspirada
no romance de Dumas fils, sendo traduzida para o francês em 1862. No século XX, a

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história de La Dame aux Camélias foi retomada em algumas transposições para o


cinema – Camille, de Cukor (1929) e filme homônimo de Bolognini (1981) e, atualmente,
pode ser lida no romance de cordel de autoria de Evaristo Geraldo (2010). Este
trabalho visa analisar a dialogia do romance La Dame aux camélias (1848), de Dumas
fils com sua transposição para o gênero romance de cordel. Este estudo parte da
pesquisa bibliográfica, passa pela realização das análises comparativas dos
enunciados. Para tanto, propomos a realização do estudo comparativo da protagonista
do romance de Dumas fils e sua versão para o romance de cordel A dama das
Camélias em cordel, de Evaristo Geraldo (2010). A realização da análise comparativa
da composição do perfil da protagonista nas referidas obras considera a ampliação do
conceito de gêneros literários para os gêneros do discurso de Bakhtin, em que os
enunciados literários são abordados como gêneros discursivos, cujo estudo do tema, da
estrutura composicional e do estilo considera a relação de autor e destinatário(s) com as
condições de produção, as esferas de circulação, o suporte e o contexto interativo. A
proposta está embasada na transtextualidade de Genette (1982), na dialogia de Bakhtin
(1992), na intertextualidade de Samoyaut (2008), na definição de personagem de ficção
de Candido et all (1998), e do cordel de Abreu (2006), entre outros. A partir deste
escopo teórico, propomos averiguar em que sentido a composição do perfil da
protagonista Marguerite Gautier, nesta adaptação da obra de Dumas fils, em
comparação ao perfil encontrado no romance de partida, conserva ou amplia o tema da
cortesã arrependida. Esta pesquisa se justifica pela importância do estudo do enunciado
literário como gênero discursivo e porque aborda comparativamente o romance e a
literatura de cordel. Espera-se que o resultado deste trabalho possa contribuir para
desvendamento de algumas especificidades concernentes à retomada/ampliação do
tema da cortesã arrependida, considerando que esta suposta ampliação está imbricada
com a estrutura composicional, com o estilo dos autores, com o contexto sócio-histórico
de produção e a esfera de circulação das obras, o que, a nosso ver, leva ao
imbricamento das obras analisadas com o romance de partida.

Palavras-chave: literatura; transposição; cordel; transtextualidade;

2) Letramento literário em “La tête en friche”

Prof. Dr. Wagner Vonder BELINATO (UEM)

Resumo:

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O presente trabalho busca investigar as relações de leitura presentes na obra literária


« La tête en friche », de Marie-Sabine Roger (Éd. du Rouergue, 2008), tendo como base
as relações intertextuais que se constroem entre a(s) história(s) do(s) protagonista(s) da
obra, sua(s) trajetória(s) de vida e as leituras que por estes são realizadas. “Cabeça
inculta”, em tradução literal, ou “Minhas tardes com Marguerite” — título adotado em sua
versão fílmica de Jean Becker (2010) —, o título da obra faz referência direta à situação
de Germain, um dos protagonistas. Jardineiro e faz-tudo, quase analfabeto aos 45 anos,
morando em um trailer no jardim da mãe com quem mantém relação conturbada,
Germain continua em “friche” (do francês “terra não cultivada”, “inculto”, “abandonado”).
A banalidade de sua vida e de seus trabalhos intermitentes o leva a dispensar seu
tempo a alimentar os pombos do parque, ocasião em que encontrará, ao acaso,
Marguerite, antiga pesquisadora agrônoma, apaixonada pela leitura, seu oposto, que
por seu turno vive em uma casa de repouso. Caberá a ela incitar o letramento e o
letramento literário em Germain. Enquanto alimentam os pombos do parque em que se
encontram e nos dias e semanas que se seguem, Gérard e Marguerite tornam a leitura
(realizada por Marguerite e acompanhada por Germain) um hábito. Sucedem-se os
livros, sempre escolhidos pela leitora Marguerite a partir dos diálogos com seu novo
companheiro. Desta forma, são lidos “Promessa ao amanhecer”, de Romain Gary (Ed.
Estação Liberdade, 2008); “A peste”, de Albert Camus (Ed. Record, 2008) e “O velho
que lia romances de amor”, Luís Sepúlveda (Ed. Porto, 2009), entre outros. A análise
proposta, portanto, visa estabelecer os pontos de diálogo entre as leituras e a situação
dos protagonistas, tocando na função implícita de distensão da narrativa sumarizada de
ambos (BAL, 2009), antecipando e revelando os desdobramentos de suas histórias
neste jogo entre níveis ficcionais. Bal (2009) menciona ainda que “Functional events
open a choice between two possibilities, realize this choice, or reveral the results of such
a choice.” (BAL, 2009). Toma-se a relação de ambos para investigar ainda o papel da
motivação para o leitor em fase de letramento em Francês Língua Estrangeira (FLE) no
mundo referencial dos personagens que acompanha. Para tanto, suportam a análise
ainda as reflexões de Rouxel (1996), Albert&Souchon (2000) e Beacco (2015).

Palavras-chave: La tête en friche; Intertextualidade; Letramento Literário; FLE

3) Motivação ao letramento literário a partir do projeto ShortÉdition

Profa. Dra. Margarida da Silveira Corsi (UEM)


Prof. Dr. Wagner Vonder Belinato (UEM)

Resumo:

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Partindo do pressuposto de que a Leitura Literária tem papel fundamental no


desenvolvimento das habilidades linguísticas e literárias no processo de aquisição de
línguas, atuando ao mesmo tempo sobre os caracteres pragmático e intercultural do
idioma (CUQ&GRUCA, 2014), o presente trabalho levanta hipóteses de aplicação
didática em relação ao projeto de leitura francês ShortÉdition (disponível em Francês e
Inglês) para o letramento literário em Língua Estrangeira, especialmente em Francês
Língua Estrangeira (FLE). Iniciado no ano de 2001 pela start-up grenobloise
ShortÉdition, o projeto tem como mote central a distribuição de histórias curtas online,
não ultrapassando um tempo inicialmente previsto de 20 minutos de leitura, e foi
cooptada pela SCNF, empresa francesa de trens, que disponibiliza máquinas
distribuidoras de histórias com tempos determinados de 1, 3 ou 5 minutos nas principais
estações de trens francesas. A dinâmica de distribuição faz com que, atualmente, o
projeto compute 13 milhões de histórias distribuídas em tarjas de papel semelhantes a
um extrato bancário longas de até 1,5 metros e 200.000 leitores cadastrados em seu
site. A concepção do projeto nos faz aventar, neste sentido, que as histórias, também
apresentadas em formato de podcast (áudio online), podem atuar de modo favorável no
processo de letramento, mormente de Letramento Literário, em classes de Francês
Língua Estrangeira (FLE). Sobressaem como pontos positivos nesta abordagem as
características de acessibilidade dos textos e os diferentes formatos em que os mesmos
se encontram, sua atualidade linguística e lexical, bem como a brevidade do tempo
dedicado à leitura das narrativas, favorecendo a composição de oficinas didáticas que
englobem diferentes competências no aprendizado da língua-alvo. Desta forma,
norteiam a proposta as reflexões didáticas expostas principalmente em « Enseigner la
lecture littéraire » (ROUXEL, 1996), « Les textes littéraires en classe de langue »
(ALBERT et SOUCHON, 2000) e « Cours de didactique du français langue étrangère et
seconde » (CUQ et GRUCA, 2014). Tendo em vista que momento da motivação é
primordial para preparar o aprendiz para o contato com o texto, explorando ou
antecipando aspectos que serão trabalhados nos passos posteriores da oficina didática,
o projeto e as hipóteses aqui aventadas podem motivar o leitor em fase de letramento
em Francês Língua Estrangeira (FLE).

Palavras-chave: ShortÉdition, Letramento Literário; FLE

4) Le dernier jour d’un condamné – a personagem na narrativa e no


filme

Luana Caroline Garcia Kohler (UEM)


Luiza Prevedel Pereira (UEM)
Profa. Dra Margarida da Silveira Corsi (UEM/Orientadora)

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Resumo:

Desde que o cinema veio ao mundo, ele tem andado lado a lado com a literatura, como
diz Corsi (2007); os diretores e produtores do cinema utilizam a literatura como suporte,
pois é mais fácil se aproximar do público com temas já conhecidos por eles. Victor
Hugo, célèbre escritor francês do século XVIII, é reconhecido em todo o mundo por
suas obras ímpares com temáticas extremamente impactantes. Com apenas 39 anos, já
havia publicado diversos romances, dramas e coletâneas poéticas; também já era
membro da Académie Française, prestigiada e desejada por muitos outros autores.
Hugo possui um estilo literário único: o autor traz os elementos principais da ficção que
atrai o público leitor e espectador, fazendo uma ligação entre literatura e cinema com
maestria. Seus textos possuem personagens cativantes, atraindo o interesse de
gerações para suas obras. Notre-Dame de Paris (1831), Les Miserables (1862) e Les
Travailleurs de la mer (1866) são alguns de seus romances mais conhecidos, além de já
terem sido adaptados diversas vezes para o teatro e para o cinema. Le Dernier Jour
d’un Condamné (1997), obra analisada nesta comunicação, traz como temática a pena
de morte, que até então era aceita por lei e muito praticada na França e em diversos
outros países. Em adaptação da obra de Victor Hugo, o diretor Michel Andrieu, com
toda a ajuda da sua equipe (roteirista, cinegrafista, figurinista, atores e etc), nos
concede uma nova perspectiva da literatura para o cinema. A imagem criada por
Andrieu é um misto de passado com modernidade, optando por mesclar imagens em
preto e branco com imagens coloridas. Observando e ponderando as personagens da
obra de Victor e da adaptação do filme homônimo, de Michel Andrieu (2002), a análise
comparativa das duas produções foi baseada nos três pilares constitutivos de Bakhtin
(1992) – estrutura composicional, tema e estilo – e no conceito de adaptação
cinematográfica de Corsi (2007), Hohlfeldt (1984), Schlögl (2011), Sales Gomes (1998)
e Candido (1998). A partir da análise comparativa da personagem-protagonista,
verificou-se em que aspectos o filme Le dernier jour d’un condamné (2002) retoma ou
amplia os aspectos temáticos abordados por Victor Hugo. Essa comunicação tem como
objetivo ressaltar a importância do estudo acerca da arte cinematográfica que, na
maioria das vezes, busca adaptar obras literárias passando uma releitura da obra para
os telespectadores; assim como colaborar com a formação de um leitor/telespectador
crítico, consciente da riqueza das duas obras e do diálogo entre elas.

Palavras-chave: literatura francesa; cinema; narrativa; personagem; gêneros.

5) Leitura e letramento literário: a intertextualidade em “A primeira só” e


“Eco e Narciso”

Ana Paula Ribeiro Assoni (UEM)

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Profa. Dra Carmen Rodrigues de Lima (UEM/Orientadora)

Resumo:
A palavra “literatura” vem do latim litteratura (escrita, gramática, ciência), traçada a partir
de littera (letra). Inicialmente a palavra estava ligada à erudição e à elite, no entanto,
com a evolução de seu sentido, e a referência às obras e não aos homens, o escrito
passou a ser reconhecido por sua forma e seu valor, não pela relação social. Desse
modo, seu caráter humanizador tem sido relacionado ao ensino-aprendizagem. A
importância cultural que a literatura traz ao leitor, e as transformações possíveis que ela
poderá alcançar em nossos alunos deve ser aperfeiçoada, especialmente no que
concerne à forma como eles veem o mundo, resultando no amadurecimento não
apenas enquanto pessoas, mas como leitores. Segundo Candido (2013), tais
transformações permitem compreender que a literatura forneça a possibilidade de
vivermos dialeticamente os problemas. No trabalho que se apresenta, pretendemos
fazer uma leitura do conto “A primeira só”, de Marina Colasanti (2006) e o mito “Eco e
Narciso”, recontado por Ana Maria Machado (2011), que estão inseridos em nossa
proposta de intervenção pedagógica junto aos alunos de 8º ano, matriculados no
Programa de Aceleração de Estudos (PAE). A identificação (personagem X leitor)
gerada pela literatura faz que não nos sintamos sozinhos e, muitas vezes, percebamos
que os problemas pelos quais passamos também são enfrentados por outras pessoas,
sejam elas reais ou não. Essa característica é significativa para a formação humana,
principalmente, para os jovens, em especial, quando esses jovens enfrentam situações
mais complexas, como no caso dos alunos matriculados no PAE. Nesse sentido, nossa
pesquisa está amparada nas propostas de leitura e letramento literário, sugeridas por
Cosson (2014) e Micheletti (2001), que nos auxilia na busca pela humanização, já que
estaremos trabalhando não apenas no âmbito da língua e linguagem, mas
principalmente, no domínio social. E a intertextualidade por Kristeva (1974), com o
intuito de conduzir os leitores à percepção em relação à articulação sêmica entre as
duas composições textuais, para que assim, eles possam atingir a construção de
sentido através dos conhecimentos que os acompanham, a partir da comunidade que
estão inseridos, transcendendo os muros escolares. A escolha dos gêneros literários se
deu através da prática em sala de aula, que nos mostra que a leitura dinâmica pode
aproximar mais o leitor iniciante do texto e, nesse sentido, haver uma maior adesão à
leitura, além de podermos afirmar que o conto é uma narrativa paradigmática para o
ensino, já que ele faz relação com o meio.
Palavras-chave: Literatura; leitura; letramento literário; intertextualidade; ensino.

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6)Um olhar crítico sob o leitor e a leitura em Piloto de Guerra de Antoine De


Saint- Éxupery

Janeffer Desselman (UEPG)


Profa. Dra. Andréa Correa Paraíso Muller (UEPG/ Orientadora)

Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo observar de que forma a obra O piloto de guerra
(1941), de Antoine de Saint Exupéry é compreendida como uma obra de engajamento
político considerando o período de sua escrita. Esta obra foi aclamada nos Estados
Unidos e proibida na França no seu período de lançamento. O piloto de guerra foi
escrito em meados da Segunda Guerra Mundial, época em que Exupéry estava exilado
nos EUA. Pensando nestas questões, buscaremos observar qual foi a recepção que a
publicação desta obra obteve em solo estrangeiro e também no território de origem do
autor. Quais foram os motivos pelos quais essa obra foi proibida na França? Qual a
proporção dessa leitura nesse contexto mundial? Essa obra é uma narrativa conduzida
em primeira pessoa, por um aviador que narra não apenas suas missões no grupo 2/33
na época da espera pela guerra, mas também suas lembranças de infância, lugar a que
se diz pertencer de verdade. É nessa dupla viagem, da missão e das lembranças que o
leitor poderá conhecer os dissabores da guerra e também da vida adulta desse
narrador. Perguntamo-nos então, que leitor é esse? O inscrito no próprio texto e
também através do leitor real buscaremos responder se a obra foi lida na sua época de
lançamento. Nessa perspectiva, buscaremos nessa pesquisa observar de que forma o
contexto histórico, que anuncia essa obra a torna aclamada em um país e proibida em
outro. Buscaremos identificar de que forma os jornais da época tratam da publicação do
livro, como o período político pode instigar a leitura de uma obra. Identificaremos
também não apenas os leitores empíricos, que através de dados obtidos imaginamos
que leram, mas também as imagens de leitor e de leitura que se depreendem do próprio
texto. É uma tarefa bastante árdua tentar compreender a proporção que uma obra
atinge na sua totalidade com o passar dos anos, contam-se 76 anos da primeira edição,
portanto faremos um breve percurso do ano e do contexto de lançamento de Piloto de
guerra, abordaremos o contexto sócio-histórico de sua escrita, para compreender de
que forma esse período beligerante da segunda guerra mundial ressignifica o olhar para
uma obra. Essas são algumas das questões que motivam esta pesquisa. Para que este
trabalho seja possível, tomaremos as postulações de alguns teóricos como Munhoz
(2014), Corrêa (2015), Blanchot (1987), alguns periódicos como La Presse (1942) e
Jornal Municipal (1942), dentre outros. Compreendemos esta obra como uma obra de
resistência e reexistência.
Palavras-chave: Exupéry; resistência; leitura.

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7) Obra literária e filme: uma releitura de “Le dernier jour d’un condamné”,
de Victor Hugo

Renata Kelen da Rocha (UEM)


Vilma da Silva Araújo (UEM)
Profa. Dra Margarida da Silveira Corsi (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este artigo é resultado do Projeto de Iniciação à Pesquisa (PIC) Le dernier jour d’un
condamné: a releitura de um tema, vinculado ao projeto de pesquisa docente Romance
e suas intersecções-versões e transposições da ficção literária. Numa perspectiva
sócio-histórica e ideológica da linguagem, buscou-se analisar a dialogia que há entre a
obra narrativa Le dernier jour d’un condamné, de Victor Hugo, e o filme homônimo, de
Michel Andrieu. A partir disso, o estudo do tema pautou-se nos três pilares constitutivos
de gêneros discursivos – conteúdo temático, estilo e estrutura composicional –, de
acordo com os conceitos de Bakhtin (1992). Com isso, compreende-se o modo como
ocorre a adaptação do discurso verbal para o áudio-verbo-visual, além de que existe a
necessidade de se considerar a descrição e a interpretação dos enunciados em que o
diálogo intertextual, existente entre o verbal e o verbo-visual, conserva. Nota-se, apesar
desse cuidado, uma sutil ampliação temática no filme, sendo que os conceitos sociais
presentes no texto de Victor Hugo são expandidos. Embora haja essa interação entre
as duas atividades, não é cabível a exigência de fidelidade entre o filme adaptado e a
obra literária original, já que, com a transposição, surge a necessidade de criar-se uma
nova realidade dentro de uma outra linguagem. Para tanto, Candido (1998) aponta que,
ao discutir a criação ou a reflexão acerca do cinema, é preciso pensá-lo como uma arte
autônoma. A ficção, imbuída de fantasia e verossimilhança, é o ponto alto dos dois
gêneros, o que pode significar que o filme está, de certa maneira, apoiado nas bases da
prosa literária. Para Fournel (1999, p. 11, tradução nossa), “a principal diferença entre a
literatura e o cinema é a solidão”. Considerando o filme e o romance no momento de
recepção, o crítico francês afirma que, no contexto literário, “ler é uma aventura
individual, silenciosa e elástica”, enquanto a “leitura” fílmica é compartilhar “sentado no
escuro, lado a lado e viver a mesma narrativa, no mesmo ritmo”. Propomos uma
análise da narrativa Le dernier jour d’un condamné, de Victor Hugo e sua transposição
para o gênero filme homônimo, de Michel Andrieu, considerando as categorias, os

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elementos e as partes da narrativa literária, pertinentes tanto à conceituação literária


dos gêneros, quanto à conceituação bakhtiniana de gênero discursivo, em que
exploramos as características estruturais, estilísticas e temáticas do enunciado no
sentido de averiguar a transposição temática da abolição da pena de morte do romance
para o filme. Assim, os resultados encontrados contribuem para o desvendamento de
algumas especificidades concernentes ao conteúdo temático, considerando a riqueza
linguístico-cultural, a importância do contexto sócio-histórico-ideológico e estrutural,
relacionados à formação de conceitos que dizem respeito ao período de produção e aos
suportes em que estão inseridas as obras analisadas e comparadas.

Palavras-chave: Literatura; Cinema; Adaptação; Temática.

8) Diálogo entre Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato e os contos


de Charles Perrault

Regina de Miranda Mukai Reis (UEM)


Profa. Dra. Margarida da Silveira Corsi (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este trabalho visa pesquisar de que forma ocorre a retomada e amplificação dos temas
e/ou personagens das obras clássicas infantis por meio da intertextualidade presente na
obra Reinações de Narizinho (1982), de Monteiro Lobato. A presente análise está
alicerçada nos conceitos de intertextualidade apresentados por Bakhtin (1997), Kristeva
(2012) e Samoyault (2008). Tal pesquisa justifica-se, não apenas pelo fato de
Reinações de Narizinho (1931) ser o livro inaugural da coleção das obras completas de
Monteiro Lobato, destinadas à infância, mas também por ser, eternamente, uma obra
atual e atemporal. Afinal, através de intertextualidades, as histórias perpassam a
literatura infantil de Charles Perrault, um importante escritor francês, do século XVII,
autor de grande número de contos infantis, quando as personagens viajam graças ao
poder mágico do pó de pirlimpimpim; ou recebem ilustres visitas como Cinderela,
Branca de Neve e o Pequeno Polegar no Sítio do Picapau Amarelo. Constatamos, a
partir dos apontamentos realizados, que o leitor deve trazer consigo alguma experiência
literária para que seja capaz enxergar o intertexto presente em Reinações de Narizinho.
Monteiro Lobato, consciente de que a literatura infantil brasileira não passava da
introdução de obras estrangeiras, tem o cuidado em trazer às crianças brasileiras uma

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literatura nacional, mas sem perder o encanto das histórias clássicas, já conhecidas. É
capaz, ainda, de dialogar com as obras clássicas por meio da voz do narrador, das
próprias personagens do Sítio do Picapau Amarelo e dos clássicos infantis, o que
comprova a presença de intertextualidade, já que narra histórias fantásticas, ocorridas
na realidade do sítio ou em momentos e ambientes fora de sua época. Entendemos,
portanto, que a liberdade é essencial à literatura moderna para que os intertextos
perpassem nas criações atuais e atraiam o olhar e o interesse de nossas crianças para
a leitura. Assim, poderão trilhar o caminho da aventura, da fantasia, do mágico por meio
de histórias engenhosas e de excelente qualidade. Tudo isso contribui para que a obra
Reinações de Narizinho, publicada inicialmente, em 1931, continue a encantar crianças
e adultos de gerações vindouras em versões ilustradas, impressas, no cinema, na
televisão, entre outros.

Palavras-chave: Literatura Infantil; Intertextualidade; Monteiro Lobato.

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SIMPÓSIO 11) Literaturas afrodescendentes e indígenas: novos desafios

Prof. Dr. Dejair Dionísio (UNICENTRO)


dejair.dionisio@gmail.com
Profa. Dra. Ana Cláudia Duarte Mendes (UEMS)

1) Muitas vozes e muitas cores

Wagner de Souza (UNIOESTE)

Resumo:
A proposta desta comunicação é debruçar-se sobre narrativas que abordam a temática
do afrodescendente no Brasil, em sentido lato. Entretanto, o ponto nodal que pauta a
leitura dos textos que serão apresentados, é o que Zilá Bernd, em Introdução à literatura
negra (1988), vai chamar de “eu enunciador: o divisor de águas”. A teórica toma como
exemplo dois poetas: Luís Gama e Castro Alves, notando que para este o negro é o
outro, visto de cima, da casa grande, portanto, o discurso que decorre daí é do centro,
resultando numa escrita sobre o negro. Em contrapartida, Luiz Gama, sendo negro,
inverte a orientação de Castro Alves, notando-se aí uma história vista de baixo, da
senzala, da margem. Adrede, conforme Bernd, “essa coincidência do eu-lírico com o eu-
que-se-quer-negro marca o trânsito de uma consciência ingênua para uma consciência
crítica da realidade” (1988, p. 55-6). Com base nestes pressupostos tomar-se-ão como
narrativas norteadoras para análise e reflexão A legião negra (2001) e A luz de Luiz
(2015), ambos de Oswaldo Faustino, e Rei negro (1914) de Coelho Netto. Os romances
de Faustino inserem-se em duas categorias em que se poderia debruçar, quais sejam, o
discurso étnico das minorias: o afro-brasileiro e a releitura da história pela ficção.
Nestes, tem-se um discurso engajado, crítico, denotando inserção na causa negra,
destarte, seguindo Bernd, um discurso do negro. Netto, por sua vez, aponta para os
preconceitos e estereótipos reforçando-os, tendo no africano no Brasil o outro, logo,
desenvolvendo-se aí um discurso sobre o negro. A adoção do tema se dá, por ser um
assunto que ainda não chegou à exaustão. Há muito que se pesquisar sobre nosso
passado histórico e a literatura de manifestação afro em nosso país; notadamente ao se
pensar que quase sempre buscou-se um referencial de pesquisa ocidental para uma
produção com referencial diferente do nosso. Vale lembrar que a presença do negro no
Brasil se deu principalmente por meio do tráfico de escravos, entretanto, a escravização
era uma prática comum já no território africano. Muitos historiadores mencionam que as
tribos africanas, de modo semelhante a dos indígenas, tinham por costume capturar e

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tomar como escravos, homens de tribos inimigas. No entanto, essa captura era tida
como honrosa para a tribo que obtivesse um escravo de outra tribo, era um pressuposto
moral e ético que as tribos africanas partilhavam. A escravidão moderna, envolvendo
índios e negros no Brasil, teve como sustentáculo o lucro, obtido com a venda dos
escravos e acumulação de riquezas por conta do trabalho escravo. No Brasil o ato de
escravizar índios e negros teve como legitimação a base religiosa e o preconceito racial.
Para se discutir estas e outras temáticas buscar-se-ão teóricos como Zilá Bernd,
Antonio Esteves, Seymour Menton, Peter Burke, Clóvis Moura, Jacques Le Goff,
Marilene Weinhardt entre outros.
Palavras-chave: Literatura brasileira; afro descendente; discursos.

2) Versos, vivências identitárias na escrita de Maria Celestina Fernandes e


Geni Guimarães

Maria Aparecida de Barros (UNESP-Assis)


Prof. Dr.Rubens Pereira dos Santos (UNESP/Supervisor)

Resumo:
O presente artigo se destina a analisar uma composição poética da escritora angolana
Maria Celestina Fernandes, intitulada “Palhaço de laço”, e da escritora afro-brasileira
Geni Guimarães, “Plantio”, a fim de averiguar, nestas manifestações artísticas, o fator
identitário como estabelecimento de relações recíprocas com a memória coletiva. E, no
ritmo poético, perceber especificidades da literatura formulada por estas mulheres
negras para representação de si mesmas e dos grupos sociais descendentes de
africanos. Ao tecerem outros sentidos, outras significações, outras histórias, interessa-
nos observar como a palavra/escrita por elas processadas questionam representações
negativas geridas pela ideologia imperialista, que no injusto processo de invasão aos
territórios africanos e colonização brasileira impuseram a cultura e os costumes
europeus aos colonizados, fator legitimador de atrocidades, de exploração e
aniquilação dos valores civilizatórios das comunidades de etnias africanas. No plano do
discurso, as autoras sondam, imergem nos problemas resultantes das circunstâncias
que atravessam a vida das comunidades sociais dos povos negros, no devir de que as
(re)invenções oportunizem outras formas de se pensar as vivências. Tal
procedimento reveste-se pela ação política, já que a produção projeta subjetividades,
derivadas do conjunto de ideias, crenças de ordem individual e coletiva. A literatura
engajada feita por estas mulheres negras firma-se pela contestação, na denúncia às
reiteradas injustiças, ainda perpetuadas, alimentadas nos ideários de inferiorização ao
outro. Adotando a perspectiva do ser renegado, a de mulher negra, assumindo a
identidade com respaldo na memória ancestral, a escrita poética cinge-se da

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experiência da própria vida. E, por este ponto de vista, há estreitamento com a


população estigmatizada e ao trazer à superfície da escrita sentimentos que provocam o
rebaixamento do sujeito negro, as autoras denunciam tais comportamentos e
questionam os fatores históricos que os engendram, que engessam oportunidades.
Então, cabe-nos investigar nas vozes/escrita das autoras a recusa e a contestação ao
silenciamento, a resistência à ideologia que neglicencia os valores da ancestralidade
africana, enfim, a utilização do recurso da linguagem no planejamento de uma
conjuntura mais humanizante.
Palavras-chave: Maria Celestina Fernandes; Geni Guimarães; fator identitário;
memória.

3) Personagens planos e esféricos como reveladores de um discurso


afrodescendente na obra de Machado de Assis e de Lima Barreto
Rosane Queiroga Eliotério (UFJF)
Marco Aurélio de Sousa Mendes (UFJF)

Resumo:
O sistema educacional brasileiro passou por uma grande transformação no final do
século XX, incluindo, naturalmente, as escolas de Ensino Fundamental. Os índices
insatisfatórios de alfabetização preocupavam autoridades e estudiosos da área de
linguagem. Pesquisas referentes à aquisição da língua materna e ao processamento da
alfabetização começaram a ganhar notoriedade no meio acadêmico. A tais estudos
agregou-se o termo letramento, que passou a ser objeto de análise de diversos
pesquisadores. Tendo como foco o ensino de literatura, conceitos como letramento
literário, escolarização da literatura e ampliação de repertório passam a ser
fundamentais para que textos dessa modalidade tornem-se mais difundidos e
apreciados em nossas salas de aula, pois como aponta Antonio Candido em O direito à
literatura (2004), esta é uma necessidade universal, um direito e também fator de
humanização. Sabe-se que, ao ensino de literatura, não se destina o espaço que este
merece em nossas instituições de ensino. Inúmeras são as razões pelas quais esse
quadro assim se delineia: desde ausência de biblioteca nos estabelecimentos escolares
até falta de repertório do professor e lacunas na formação inicial dos profissionais do
quadro do magistério. Além disso, muitos alunos se sentem incapazes de compreender
textos mais complexos e, por conseguinte, veem-se desestimulados a leituras mais
densas. Entretanto, o quadro vem, paulatinamente, passando por alterações.
Aproveitando, oportunamente, essas mudanças, é que nossa proposta se volta para a
área do ensino de literatura canônica. Partindo dessa realidade e da necessidade de
modificá-la é que fazemos a proposta de uma experiência interventiva em uma turma de
Nono Ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Quilombo dos Palmares, de Juiz

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de Fora, no ano de 2017. Tem-se o objetivo de incrementar o letramento literário


através da ampliação de repertório. Para atingir tal meta escolhemos uma proposta de
trabalho que consiste na apresentação de personagens planos e esféricos aos alunos.
Para tanto, faremos a leitura de obras de dois autores que fazem parte do cânone
brasileiro: Machado de Assis e Lima Barreto. Do primeiro serão estudados os contos
Mariana e Pai contra mãe e, do segundo, o romance Clara dos Anjos. Devido ao fato de
o projeto se encontrar em sua fase inicial, pretende-se apresentar para esta
comunicação as linhas principais de nossa proposta interventiva, dando ênfase ao
aspecto da Leitura Compartilhada.
Palavras-chave: Letramento literário; Ampliação de repertório; Personagens; Escritores
afrodescendentes.

4) Emancipação da mulher através da Literatura

Danieli Conrado (Unicentro)


Dr. Prof. Dejair Dionísio (Unicentro)

Resumo:
A escolha pela obra de Carolina Maria de Jesus Quarto de Despejo. Diário de uma
favelada surgiu da necessidade de uma reflexão e compreensão desse tipo de
narrativa, a qual busca destacar a figura da mulher negra como personagem literário da
sua própria narrativa. Pensar nesse tipo de contexto requer uma análise de aspectos
relacionados à historicidade silenciada dos escravos e seus descendentes, assim como
o percurso das mulheres negras que deixaram de ser menores por suas condições e
passaram a recuperar suas identidades, a cultura e conquistaram a emancipação
através da escrita, ao que é exemplo de Carolina Maria de Jesus a qual analisaremos
no decorrer do trabalho. Por meio deste, a proposta do presente trabalho é observar e
construir elos reflexivos, assim como um itinerário entre o papel da mulher negra que
produz e como ela aparece no contexto da literatura, apontando a maneira
estereotipada que muitas vezes são vistas enquanto escritoras, as marcas do racismo e
as marcas da violência, sejam elas, psicológica, sociais e (ou) educacionais em relação
a essas mulheres que por vezes na arte são narradoras da sua própria história. Pensar
na sua des-relação canônica e a verificação da trajetória dessas mulheres invisíveis na
literatura. Faz-se necessário desenvolver uma melhor compreensão do percurso dessas
mulheres na literatura e na sociedade. A partir disso é possível enxergar que a
experiência da inserção da mulher negra na sociedade e na literatura fica cada vez mais
estereotipada se olharmos pela ótica da submissão. Neste aspecto, analiso a
importância da obra Quarto de despejo. Diário de uma favelada, de Carolina Maria de
Jesus, o qual será o alicerce da pesquisa para a concretização da análise proposta, pois

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a obra expõe questões relacionadas às mulheres negras no fim da década de 1950, e a


forma com que essas mulheres vêm tentando ganhar seus espaços no mundo da arte.
A obra citada, ainda nos convida a pensar sobre a importância da literatura na leitura do
mundo, na valorização da vida e no desenvolvimento da sensibilidade do ser humano
em situações desfavoráveis, a uma determinada classe social.
Palavras- chave: leitura de mundo; mulher negra; invisibilidade; favela

5) De Amado e de Archanjo: algumas palavras


(Arial 14, negrito, centralizado espaçamento entre linhas simples – apenas a inicial e os
Dra. Bárbara Poli Uliano Shinkawa (IFPR- Paranavaí)

Resumo:
Jorge Amado é um dos escritores brasileiros que mais ultrapassou as fronteiras de
nosso país e chegou a outros por meio de sua produção, em grande parte, romanesca.
Ainda que de origem confortável no que tange a questão financeira, ele viveu e relatou
histórias pouco interessantes à população mais elitizada, já que a grande parte da
crítica contida em seus enredos era endereçada a esse público. Amado foi e é um
escritor popular. E isso, ao contrário de ser um demérito, fez com ele fosse conhecido e
reconhecido por abordar temáticas populares e ter o povo sempre como a sua fonte
inspiradora mais cara e matéria-prima essencial. O romancista abordou temas pouco
comuns em diversos momentos de sua trajetória. Ainda que haja percalços no
tratamento de alguns assuntos no conjunto de sua produção, o pioneirismo e a ousadia
de Amado ao colocar, em 1934, como protagonista do romance Jubiabá, o negro Baldo,
é algo digno de nota. Cabe ainda mencionar os elementos religiosos do Candomblé
que considerou em seus escritos. Não só neles, mestre Jorge quando deputado, na
década de 1940, lutou para a liberdade de culto. Na obra amadiana, o mote para as
histórias surge do cotidiano baiano/brasileiro, do povo simples, muitas vezes, desvalido,
contudo, dotado de uma resiliência intrigante e encantadora nutrida por alegria mesmo
que diante de dificuldades imensas. Amado trouxe para a construção de sua obra não
só a miscigenação que formou a gente baiana/brasileira, mas também a(s) maneira(s)
como essa população encontrou para sobreviver e ainda ser alegre. Assim, Jorge
Amado procurou evidenciar a mistura ampla e irrestrita de vários aspectos (raça,
crença, culinária, etc) da nação brasileira. Pensando na mistura que Jorge Amado
propôs ao criar Pedro Archanjo, o trabalho se dispõe a refletir sobre os mecanismos da
escrita amadiana e o impacto dessa produção na literatura e na sociedade. Para isso,
baseio-me em alguns autores bastante importantes a essa análise como Cândido,
Prandi, Hall, entre outros, que auxiliam no trabalho de investigação e interpretação das
propostas criativas de Amado. A partir de trechos selecionados da obra Tenda dos
Milagres (1968), mostro como a construção de Archanjo é feita da reunião de elementos
populares com base no caldeamento tão celebrado por Jorge Amado. Também, como o
escritor coloca em xeque o limite entre a realidade e o sobrenatural quando constrói o

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personagem Pedro que já reúne no nome a condição humana e a característica de ser


“além da humanidade”. Ainda, como esse ser, homem e quase divino, representa os
muitos “Pedros” que constituem o povo simples e lutador do Brasil. Assim, pretendo
lançar uma breve reflexão sobre esses pontos.
Palavras-chave: Jorge Amado; Pedro Archanjo; Mestiçagem.

6) De Abdias do Nascimento a Guellwaar Adún: a mística negra na


Confraria dos Espertos

Prof. Dr. Dejair Dionísio

Resumo:
Èṣù é membro presente na chamada Confraria dos Espertos, sendo que dela fazem
parte também os heróis e anti-heróis tidos como astutos, trapaceiros mas bom amigos
de todo o mundo. No caso brasileiro, para além da mística religiosa que cerca esse
Orixá, associações ao Saci Pererê, dialogando com o Coiote americano, ao Macaco
Chinês, ao Pedro Malasartes ibérico, ao Mercúrio greco-romano, ao Anansi africano e
ao germânico Loki (MARTINS, 2011). Para além das associações, importaremos
observar a sua manifestação como aquele que é poetizado pelo eu-lírico de Abdias do
Nascimento no poema "Exu" (1955) e de Guellwaar Adún em "Padêlicença" (2016). A
partir de duas lendas vindas de África, que falam de esperteza, sobrevivência e de
trabalho, nas entrelinhas desse olhar maneiro dos dois autores que aqui cotejamos,
intentamos observar outras formas de narrar poeticamente e afrodescentemente, as
lacunas observadas pelo fazer literário no Brasil, ainda desinteressado pelas coisas que
são ausentes: a presença literária afrodescendente. Nesse sentido, pensar os
paradigmas da Lei 10.639/03, já maltratada pelo apagamentos político desinteressado
da diversidade, é o que buscaremos também, apontar nessa análise.
Palavras-chave: Èṣù; Literatura afrodescendente; poéticas orais.

7) Identidade da mulher negra em Quarto de Despejo, de Maria Carolina de


Jesus

Samantha Rachel de Jesus Calixto Oliveira (UEM)

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Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (UEM/Orientador)

Resumo:
Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, propiciou grande polêmica após sua
publicação em 1960, por sua autora ser mulher, negra, mãe solteira, catadora de papel
e moradora de um bairro desprestigiado, além de ter cursado apenas até o segundo ano
do ensino fundamental. Essa migrante de Sacramento, moradora da favela do Canindé,
que além de livros, produziu crônicas, contos, máximas, romances e músicas,
conseguiu revelar temas que vão além de um relato sobre a indigesta realidade dos
favelados na década de 1950. Além de evidenciar os costumes dos habitantes da
favela, a violência, a miséria, a fome e as dificuldades para se obter comida, a autora
conseguiu incutir na obra, por se tratar do seu cotidiano, fragmentos dos diversos tipos
de preconceito que sofreu. Dessas marcas, deixadas pela autora, que contrastam um
“Eu” (Carolina), considerado como o modo como ela se enxerga, com um “Ela”
(Carolina), considerado como o mundo a enxerga, surge esse trabalho, que tem como
objetivo destacar os preconceitos sofridos por Carolina Maria de Jesus, relacionados à
construção da sua identidade como mulher negra, no intuito de evidenciar quão
grandiosa era sua força feminina, apesar de todas as dificuldades. Tendo em vista as
condições físicas e sociais que envolvem a figura da autora, faz-se necessário tratar das
condições que propiciaram a publicação do livro, já que a autora representa uma
confluência de improbabilidades, devido ao contexto social no qual se insere.
Igualmente, devem-se tecer considerações à respeito da escrita da escritora, não só por
ser um assunto controverso, apontado no estudo da transposição da escrita cursiva
para a letra de forma, realizado por Perpétua (2011), no qual se evidencia a intenção do
editor de compor uma imagem da autora diferente da que aparece no manuscrito e por
meio de acréscimos, substituições e supressões, procedimentos com base no processo
de verossimilhança, ou seja, uma tentativa de adequar uma imagem de Carolina a sua
condição social; mas acima de tudo, para destacar a posição social em que ela, como
mulher e negra, estabeleceu por meio da escrita.
Palavras-chave: Quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus, preconceito, mulher
negra, escrita como ascensão social.

8) Por entre os Becos da Memória de Conceição Evaristo

Rosângela Aparecida Cardoso da Cruz(UEM)


Profa. Dra Lúcia Ozana Zolin (UEM/Orientadora)

Resumo:

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Este estudo é parte de uma pesquisa que se debruçou sobre a autoria feminina afro-
brasileira, especificamente, sobre as escrevivências de Conceição Evaristo. Neste
sentido, por entender que há uma condição social, cultural e historicamente construída
para negros e negras nas veias da Literatura Brasileira, salienta-se a importância de a
Literatura Negra ou Afro-brasileira caminhar na desconstrução desse olhar
estigmatizado e, de certa forma, naturalizado acerca da população afrodescendente, em
especial, das mulheres negras. Em conformidade com os subsídios teóricos voltados
para a vertente afro-literária, os conceitos bakhtinianos de alteridade, dialogismo e
polifonia foram utilizados como metodologia, pela possibilidade de visibilizar as muitas
vozes imbricadas na escrita de Conceição Evaristo. Dentre outras coisas, constatou-se
que a linguagem literária da autora, além de ser um reflexo da sua própria vivência, bem
como de muitas outras vozes silenciadas, de muitas outras mulheres negras, representa
um movimento constante de firmar-se no mundo enquanto sujeito. Pode-se inferir,
ainda, que a narrativa evaristiana se configura como a representação de uma voz que
caminha ao encontro da construção identitária da gente negra. Neste trabalho, será
apresentada parte das considerações acerca do romance Becos da Memória (2006)
retirada do corpo da dissertação, cujo intuito é o de publicar sob a forma de artigo, haja
vista a grandeza em fazer circular as vozes das mulheres, sob a égide da autoria
feminina. Não é muito reiterar que a narrativa de Becos poderia ser a representação das
vivências de muitas mulheres, em especial, de mulheres negras, tão bem retratadas a
partir da obra de Conceição Evaristo. A Literatura Afro-brasileira abre suas cortinas para
o protagonismo das mulheres negras, trazendo-as para a cena principal, devolvendo a
elas o direito de gerir e serem donas das suas próprias histórias, tornando-as sujeitos,
outrossim, libertando-as da hiperssexualização, herança patriarcal e brancocêntrica que
silenciou, estigmatizou, invisibilizou e suprimiu a identidade das mulheres negras
perante os vieses literários canônicos. No palco da Literatura, entra em cena uma outra
história, escrita a partir de mãos negras, negros são os protagonistas, negras são todas
as vozes.
Palavras-chave: Autoria feminina; Conceição Evaristo; Literatura Afro-brasileira;
Gênero; Identidade.

9) O sonho nas obras O vendedor de passados e A vida no céu, de José


Eduardo Agualusa

Ms.João Gabriel P.N.de Paula (UEM)

Resumo:
O presente trabalho possui como objetivo apresentar, por meio de uma análise das
obras O vendedor de Passados e A vida no Céu, do escritor angolano José Agualusa, a

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temática do sonho, visando destacar, primeiramente, algumas das formas sob as quais
o sonho tem sido tomado ao longo do tempo. Em um segundo momento, a partir da
análise de alguns trechos significativos, tencionamos demonstrar a importância desta
temática para a economia da obra de Agualusa. Desde os tempos mais remotos o
homem apresenta uma profunda relação com o sonho. Como referencial teórico sobre o
sonho, utilizamos em nossas considerações algumas definições do vocábulo sonho,
presentes tanto no Dicionário de Termos Literários quanto ideias presentes nos artigos
“O sonho e a literatura: Mundo grego”, de Adélia Bezerra de Meneses,que encabeça
alguns pensadores literários como Borges(1986) e Ricouer(1977), “Os sonhos parecem
literatura em estado puro”, de Teolinda Gersão e um artigo publicado no site
Literatorutra, intitulado “A literatura tem mais de sonhos do que imaginamos”. No
tocante à sua relação com a Literatura, valemo-nos de artigos do próprio José
Agualusa, como “O sonho merece mais atenção”, publicado no site Visão, e “Louco é
quem não sonha, publicado na Revista Pazes”, e o trabalho de Patrícia Cassese,
“Agualusa, tradutor de sonhos”, publicado no site O tempo. No período primitivo, muitas
das pinturas rupestres se constituíam de rememorações de sonhos, visões para o
momento da caçada; na Grécia antiga, berço de nossa civilização ocidental, marcada
pela intervenção quase direta dos deuses na vida dos indivíduos, a figura dos oráculos
gozava amplo respeito e admiração. Considerada uma espécie de emissário divino, era
consultada constantemente a respeito dos mais diversos temas e anseios humanos.
Freud, na virada do século passado, revolucionou os estudos psicanalíticos ao
considerar a importância do subconsciente. Deixando o âmbito mais geral,
direcionando-nos para as fontes de nossa análise, quando lançamos um olhar para a
tradição, história e memória dos povos africanos, vemos que, por vezes, o sonho,
instância irreal e imaterial, emerge como tênue fio a sustentar as esperanças de tempos
melhores, dignificando a luta de seus predecessores, em busca de um devir
compensador. Prova disso pode ser vista já no primeiro romance supracitado, em que a
personagem protagonista Félix Ventura, em meio a uma Angola pós guerra civil, tem
como profissão a tarefa de recriar, por meio de informações pedidas por seus clientes,
bem como fotografias antigas, filmes e notícias, um “novo passado” a seus clientes,
quase todos pertencentes a uma elite, e desejosos de uma “herança familiar nobre”.
Destacam-se nesse ínterim a personagem inicialmente nomeada de estrangeiro, a qual
serve de metáfora para a busca de uma identidade que já não se pode desgarrar
completamente dos traços europeus, e que ao mesmo tempo, vê a necessidade de
retomar e fazer presente as características autóctones. Além do sonho de uma “Nova
Angola” paradoxalmente junto à necessidade das personagens de um “novo passado”,
vemos materializada na obra a temática do sonho em relatos da personagem-narradora
Eulálio, uma lagartixa que vive com Felix Ventura (ao todo são seis sonhos, nos quais a
osga relembra parte de sua uma possível vida anterior, na qual possuía a forma
humana, incutindo nestes momentos importantes reflexões sobre a vida e a condição
humana). Em A vida no céu, romance “ecológico” ambientando em uma sociedade pós
apocalíptica, vemos a modificação do sonho da raça humana, não de ir aos céus ou
explorar os mares, mas de voltar a encontrar terra firme, bem como é possível, de modo

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semelhante ao que fora feito com o romance O vendedor de passados, encontrar uma
personagem ligada mais diretamente à questão do sonho, Sibongile (chamada também
de Bongi), uma curandeira que aprendeu a interpretar os sonhos.
Palavras-chave: José Agualusa; Romances; Sonho; literatura africana ; identidade

10) O Feminismo Negro de Chandra Mohanty e Lélia Gonzales

Nayane Cristhina Brianez Martins (UEM)


Profa. Dra Luzia Aparecida Berloffa Tofalini (UEM/Orientadora)

Resumo:
O início do movimento feminista trouxe o debate pela afirmação de uma identidade
representativa a todas as mulheres. Porém, fez-se necessária a reflexão que existem
grupos de mulheres, como também romper com a ideia equivocada de universalidade
feminina, compreendendo as diferenças de identidades existentes. Logo, não há apenas
“mulher”, mas, “mulheres” que formam a pauta de reivindicações de umas, não
necessariamente de todas. Com a finalidade de traçar pontos afins entre as teorias
sobre o feminismo negro, tomou-se por base os estudos de duas autoras, Chandra
Talpade Mohanty(1955 - ), teórica feminista pós-colonial , transnacional e Lélia
Gonzales (1935 – 1994), antropóloga e militante do movimento feminista negro do
Brasil. Ambas escritoras comprometidas com defesa de um feminismo descolonizador,
com processos de resistência, com a práxis feminista anti-capitalista, educação anti-
racista, e a construção de uma solidariedade não-colonizadora. Para isso, foram
escolhidos os textos de Mohanty: Under Western Eyes: Feminist Scholarship and
Colonial Discourses escrito em 1986, uma crítica ao universalismo assumido pelas
mulheres do terceiro mundo no conhecimento ocidental, consideradas pobres,
ignorantes, controladas sexualmente, não educadas, tradicionais, domésticas, presas às
famílias, vitimizadas versus o estereótipo de mulher ocidental, considerada educada,
moderna, capaz de controlar seus corpo e sexualidade, livre para tomar suas próprias
decisões. Em 2002, Mohanty faz uma análise de conjuntura de seu ensaio, abordando
nova temática – a globalização – que é determinante para contextualizar a condição de
mulheres e meninas não brancas do 3º. Mundo. Os textos de Lélia Gonzalez, A questão
negra no Brasil de 1981 e A mulher negra na sociedade brasileira de 1982, apresentam
elementos da teoria marxista para explicar hierarquias sociais simbólicas e materiais.
Gonzales afirma que o racismo é uma ideologia que favorece a exploração capitalista,
pois o ele possibilita estabelecer ideologia, ele institui sua eficiência estrutural ao
promover a divisão racial do trabalho e, assim, atuar na definição das classes sociais,
funcionando como um dos critérios de maior importância na articulação dos

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mecanismos de recrutamento para as posições na estrutura de classes e no sistema de


estratificação social (Gonzalez, 1982). O tema do feminismo negro é intrínseco a uma
leitura crítica de textos coloniais e pós-coloniais e fundamental que se aprenda a ler as
representações literárias das mulheres levando em consideração tanto quem escreve
quanto o meio que representa. Para tal, é necessário um letramento crítico, ou seja, a
capacidade de ler o mundo contextualizado nas relações de gênero. Pode-se afirmar
então, que os debates centrais ao feminismo pós-colonial estão preocupados com os
diferentes modos de ler o gênero: no mundo, na palavra e no texto.
Palavras-chave: Feminismo Negro; Estudos Pós-coloniais; Mohanty; Gonzales.

11) Textualidades indígenas: reflexões e desafios de sala de aula

Profa. Dra Ana Claudia Duarte Mendes (UEMS)

Resumo:
Os discursos sobre os nativos da terra condensaram identidades de diferentes povos
sob um mesmo nome, índios, com isso desenharam e unificaram imagens/vozes,
suprimindo diversidades, resumindo culturas. O desafio no cumprimento da Lei
11.645/08, sobre as questões de cultura, história, dos povos originários, na formação da
cultura brasileira, começa justamente nesse ponto: há de se reescrever muitas das
informações e conhecimentos produzidos ao longo do processo colonial, bem como
reavaliar os registros históricos, uma vez que os diferentes aspectos culturais dos povos
nativos eram narrados a partir do olhar do não índio sobre estas diferentes culturas.
Dessa forma, o ponto de vista, a voz indígena não foram levados em consideração, não
há muitas publicações, documentos destas vozes, há muito acerca delas. Quando
pensamos nas diferenças culturais das etnias, as diversas narrativas cosmogônicas,
mitos, rituais e, principalmente, o respeito a estes em sala de aula, compreendemos que
a tarefa está apenas começando. Nesse sentido, nossa proposta deste texto é refletir
sobre as textualidades indígenas, conceitos, implicações, a partir de nossas
experiências e dificuldades diárias. Ao iniciar o trabalho com a temática das
textualidades indígenas a primeira pergunta que escutamos dos colegas e alunos foi:
qual o critério de escolha dos autores a serem estudados em sala de aula? Pergunta
pertinente, ao mesmo tempo, respondê-la significa dar conta de critérios
academicamente aceitos, fazer escolhas, uma vez que estes, os autores indígenas, não
constam de listas de vestibulares ou de manuais didáticos de literatura que os
classifiquem. Ao superar esta primeira dificuldade, surgem outras, tais como, encontrar
os livros a serem trabalhados, com critérios aceitos/propostos por teóricos de literatura,
decidir o que trabalhar e como. Após decidir sobre o texto escrito, há de se considerar
que o termo “textualidades” não se restringe ao livro impresso, é preciso ter presente as

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produções audiovisuais, os filmes, todo patrimônio histórico cultural disponibilizado


pelas diferentes mídias. Nesse sentido, nossas reflexões devem considerar os conceitos
de literatura oral e performance; bem como discutir as diferentes identidades culturais,
preservadas ao longo dos séculos pela memória coletiva, responsável pela coesão e
manutenção dos mitos, presentes narrativas. São diferentes desafios ao professor, que
busca oportunidades de divulgar dúvidas, partilhar experiências, discutir caminhos a
serem percorridos na construção de uma literatura brasileira que tenha mais
diversidades e pluralidades, respeito e inclusão na e pela cultura brasileira.
Palavras-chave: Oralidade; identidade; Memória; cultura; mitos.

12) Infância e estereótipos: a criança negra na literatura infantil

Vera Dupont (UNIOESTE)

Resumo:
Este trabalho buscou refletir acerca dos estereótipos da criança negra, na literatura
infantil. Em um país de histórico escravista como o Brasil, em que a marginalização do
negro se fez durante séculos e, de certa forma, perdura até a atualidade, é importante
que se volte o olhar para averiguar como se dão as questões raciais na literatura
direcionada às crianças, percebendo se os textos literários apresentam crianças negras
de forma estereotipada e preconceituosa, ou se, ao problematizarem a questão do
preconceito, possibilitam a identificação, a inclusão, a superação dos estigmas e o
respeito à diversidade étnica e cultural. Em contato com a ficção, a criança vivencia
novas experiências a partir de situações conhecidas e vai alargando seu conhecimento
sobre o mundo e se instrumentalizando para o enfrentamento e compreensão de novas
situações que surgirão no decorrer de sua vida. É através das experiências psicológicas
e sociais que as histórias abordam que vai se tornando mais conhecedora de outras
realidades e passa a dominar melhor as dificuldades que encontra. Por isso, o texto
literário dirigido ao público infantil é tão significativo: ele permite que a criança expanda
seus conhecimentos cognitivos e psicológicos numa fase de extrema importância para o
desenvolvimento humano. É a infância um momento delicado na formação do ser.
Deste modo, a literatura relaciona-se com a criança porque permite que ela, por meio da
imaginação, faça reflexões sobre a realidade que vive. Se o fator social perpassa a
literatura, é possível dizer que as relações raciais podem ser reveladas ideologicamente
na literatura infantil. Conforme o proposto, assim, foram analisadas algumas obras com
o intuito de verificar como a criança negra é caracterizada na literatura que circula entre
crianças brasileiras. Ao longo da análise, procurou-se observar como a criança negra é
apresentada nessas obras: se o autor segue o estereótipo de inferioridade racial criado
acerca do negro na sociedade brasileira, ou se rompe com o mesmo, respeitando a
identidade negra como constituinte dessa sociedade. Desta maneira, as obras Xisto e
Xepa, de Cristina Porto, Manu das noites enluaradas, de Lia Zat, Felicidade não tem

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cor, de Júlio Emílio Braz e Flora, de Bartolomeu Campos Queirós, foram analisadas
com o intuito de verificar se a criança negra aparece como protagonista, como é
caracterizada fisicamente e como ela própria se vê: eis o motivo instigante que move
esta pesquisa. Para a realização desse trabalho, buscou-se o embasamento teórico de
autores como Florestan Fernandes (2008) e Rosangela Malachias (2007), dentre outros.
Palavras-chave: Infância; criança negra; literatura infantil; estereótipos; ruptura.

13) Para além das margens: Quarto de Despejo e a literatura negra


marginal.

Me. Tayza Cristina Nogueira Rossini


Me. Letícia Toniete Izeppe Bisconcim

Resumo:
A literatura de autoria feminina brasileira tem sido tema recorrente em trabalhos
acadêmicos na tentativa de evidenciar vozes antes silenciadas na literatura. Observou-
se que, pelo empenho das escritoras em trazer para o interior da narrativa vozes
anteriormente ausentes, no que diz respeito tanto à produção de literatura por mulheres
quanto à representação de personagens antes não privilegiadas no texto literário,
inverteu-se o padrão hegemônico masculino, branco e heterossexual até então
representado na literatura. Embora este processo tenha ocorrido e ainda ocorra de
forma demorada, como verificado na pesquisa realizada por Dalcastagnè (2008), a
representação da mulher na literatura tem ganhado seu espaço, produzindo, a partir da
escrita feminina, uma literatura com novas perspectivas e novos contornos. Neste
sentido, nos interessa observar as construções e representações da literatura de autoria
feminina negra; o espaço reservado às escritoras negras; a presença e/ou ausência
dessas produções em um panorama de obras publicadas e o modo como essas
produções dialogam com o restante da literatura produzida no país. Quarto de despejo
(1960) é exemplo de como, neste contexto de literatura produzida por mulheres, o sexo
feminino, marginalizado histórico e literariamente, ganha espaço e voz no interior do
texto literário. É por meio de sua obra que Carolina Maria de Jesus (1960) suscita um
despertar para a condição de marginalidade vivida pela mulher negra no país e mostra
que é possível à mulher resistir e deslocar-se da condição de objetificação em que é
colocada e transformar-se em sujeito. A leitura, consequentemente, com base na teoria
e perspectiva proposta possibilita a reflexão sobre a representação da escrita feminina
negra no país e descreve a dura realidade vivida pela mulher negra habitante da
periferia brasileira na época em questão. Diante disso, justifica-se o uso de teorias que
contemplam temas relacionados à crítica feminista, estudos de gênero, representação,
raça e cultura. Como aporte teórico, nos embasamos na Crítica Feminista
Angloamericana que se ocupa da denúncia das arbitrariedades e formas como são

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manipuladas as representações femininas na tradição literária, assim como se ocupa da


escrita da mulher como lugar da experiência social feminina, privilegiando questões
políticas, ideológicas, práticas legitimadas e implicações de ordem cultural e
intersubjetivas para as experiências de escritoras e/ou leitoras no processo de
representação.
Palavras-chave: Literatura de autoria feminina; Representação da mulher negra na
literatura; Literatura negra marginal; Quarto de Despejo.

RESUMO 14

15) Vozes, rastros de quem vive, no desvelar dos saberes humanitários

Jakeline da Silva (UEMS)


Profa. Me. Adma Cristhina Salles de Oliveira (UFMT/UEMS)
Prof. Dr. Luiz Augusto Passos (UFMT/Orientador)

Resumo:
Nosso objetivo é desvelar e conhecer um pouco da identidade ameríndia, por meio de
uma escuta, coletando histórias envolvendo o mito/mítico/memória, preservando
saberes da identificação étnica no registro de uma possível textualidade de valores
culturais da etnia Terena. A constituição desta identidade refere-se a história dos
indígenas da etnia, o local no qual estão inseridos (BHABHA, 1998). Nossa pesquisa ao
coletar vozes contemporâneas colabora na construção cultural da identidade sul-
matogrossense, pois a coleta da voz escolhida permite, auxilia, apresenta e valoriza a
interação de algumas vivências do cotidiano, da trajetória do dia-a-dia. Conhecemos o
valor e a importância da Lei nº 9.795/99, o Decreto 4.281/2002 e à Resolução CNE/CP
nº 2/2012. Sendo que o Art 11 da Lei nº 9.795/99, ao enfatizar a dimensão ambiental,
justifica nossa procura desta interseção ambiental/humana, resignificando os saberes
étnicos, nosso trabalho tem cunho etnográfico, dialoga com vozes e é subsidiado pelo
mote bibliográfico da fenomenologia e alguns apontamentos culturais coletados da
língua materna. Por meio da coleta de vozes, os mitos, e as simbologias artísticas se
manifestam, pois ao olhar, ouvir e registrar as vozes indígenas revive-se a oralidade
cultural. O apoderamento do colonizador nos trouxe o óbito cultural das culturas
tradicionais indígenas, neste desenraizamento perdeu-se os meios materiais/imateriais
do que é original, dos princípios que explicam a existência humana, afinal quem somos
nós? O que significa sermos seres humanitários? De onde viemos? Como cuidar de
nossa casa, planeta terra: Tudo o que há no universo cósmico há ligação com o ser
humano ou o ser humano está ligado ao cosmo? Estamos aqui por um mero acaso?
Esta condução interrogativa vem ao encontro da nossa pesquisa, pois o olhar a tudo

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que nos cerca conduzirá provavelmente a resposta e a outras perguntas da existência


humana, somos seres infinitamente em busca de outras dimensões e outros desafios.
Estes questionamentos e palavras vêm ao encontrar do bem comum da terra da
humanidade, da sobrevivência humana, da natureza do planeta, das relações sociais
dos saberes e diálogos a uma educação milenar das culturas indígenas, culturas estas
exterminadas pela invisibilidade do poder colonizador, pois o capital prima por outros
valores, distantes da compreensão do saber cósmico, ecológico. “(...) nós somos a
geração que deveria ousar a superar-se interiormente a si mesma (...)” (BRANDÃO,
2015.p. 210).
Palavras-chave: Mito; natureza; escutas; simbologias.

16) O Racismo representado na Literatura Juvenil: uma análise da obra


Pretinha, eu?

Christian Albert Sodré (UEM)


Prof. Me.Pedro Afonso Barth (UEM/Orientador)

Resumo:

A presente pesquisa faz referência a análise do livro juvenil Pretinha, eu? Do autor Júlio
Emílio Braz que tem como principal linha temática o racismo. Temos como principal
objetivo a análise do livro juvenil Pretinha, eu? de Júlio Emílio Braz, publicado em 1997,
com o intuito de apresentar como ocorre a abordagem da discriminação e do
preconceito racial no cotidiano das crianças e jovens afrodescendentes, discriminação
essa que é sofrida pela personagem protagonista Vânia durante a história narrada no
livro. Para tal, primeiramente, nós nos pautaremos em conceitos teóricos apresentados
por Regina Zilbermanm (2006), Dulce Suely Castilho (2004) e Florestan Fernandes
(1772), além de Silva e Silva (2011). A análise foi realizada em duas etapas: em um
primeiro momento fizemos um levantamento teórico sobre a descriminação racial
buscando afirmações de teóricos especializados na área, com essas teorias elencadas
faremos então uma análise a partir de fragmentos do livro estudado, Pretinha, eu?
(BRAZ, 1997). A escolha pela temática, discriminação racial, retratada no livro Pretinha,
eu? se justifica por ser um tema cotidiano entre muitos adolescentes e jovens
considerados afrodescendentes. No livro encontramos, de maneira clara, essas
nuances do racismo presentes em nossa sociedade, de modo geral o racismo pode ser
demonstrado pelos conceitos de autores já citados anteriormente, e como a negritude é
retratada na literatura juvenil. Durante a análise percebemos que há um grade didatismo
no tratamento do tema racismo: percebe-se claramente que a obra tem uma destinação
paradidática. Porém, mesmo assim, reforçamos a importância de obras como Pretinha,

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eu? Como obras importantes pelo tratamento temático e por ter como protagonista que
se depara com enfrentamentos importantes, no contexto social atual.

Palavras-chave: Negro, Literatura Infantil e Juvenill, Racismo, Ensino de Literatura.

SIMPÓSIO 12) Teatro em Perspectiva

Prof. Dr. Alexandre Villibor Flory (UEM)


alexandre_flory@yahoo.com.br
Profa. Ms. Karyna Bühler de Mello (PLE/UEM)
karyna.m.buhler@gmail.com

1) Corpo e poder em Álbum de família, de Nelson Rodrigues

Prof. Dr. Sergio Manoel Rodrigues (USP)

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo entender as noções de corpo na dramaturgia de Nelson
Rodrigues, enfocando, principalmente, as relações que as personagens da peça Álbum
de família, escrita em 1945 pelo referido dramaturgo, estabelecem com os seus e com
os corpos alheios. Segundo o crítico teatral Sábato Magaldi, além da instauração da
modernidade no teatro brasileiro, uma das principais marcas de toda a produção teatral
de Nelson foi a exposição significativa dos considerados temas tabus (tais como

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prostituição, homossexualidade, preconceito, adultério, pedofilia) nos palcos brasileiros,


entre as décadas de 1940 e 1960, escandalizando o público da época: de modo geral,
as obras rodrigueanas colocavam em xeque os valores ditados pela sociedade
burguesa e desconstruíam, por exemplo, o ideal de casamento. Desse modo,
baseando-se na pesquisa bibliográfica e no método indutivo, tentar-se-á esclarecer os
seguintes questionamentos: de que forma a noção de corpo é abordada no texto teatral
em análise? Como os seres ficcionais de Álbum investem ou se apropriam do corpo do
outro? De acordo com os estudos de Michel Foucault, a associação corpo-poder
concentra-se em uma perspectiva disciplinar e de dominação, a qual rege as atitudes,
os gestos e/ou os usos do corpo. Em suma, o poder opera o corpo em uma relação de
submissão, utilizando-se deste para a execução de determinada funcionalidade. Assim,
à luz da teoria foucaultiana, nota-se a preocupação das personagens rodrigueanas em
preservar seus corpos: embora manifestem suas paixões incestuosas durante a trama
em questão, esses seres têm a privação de seus desejos, porque a concretização
destes contraria os princípios e as convenções sociais, podendo macular a imagem
deles e o status de “família perfeita” que sustentam perante a opinião pública. Já o ódio
existente entre alguns membros desse clã, visto como representante da classe média
opressora, ocorre devido à vontade de destruir o outro por deleite ou frustração, o que
não deixa de ser, também, um recurso de domínio e aniquilamento do corpo. Evidencia-
se, portanto, a eliminação dos prazeres corporais das personagens dessa peça, uma
vez que seus instintos são reprimidos por um poder conservador e machista. No tocante
ao embasamento teórico, esta pesquisa utilizará, outrossim, as reflexões acerca do
corpo, de estudiosos como Jean-Luc Nancy e Jean-Jacques Courtine.

Palavras-chave: dramaturgia; Nelson Rodrigues; personagem; corpo; poder.

2) A importância da forma e do conteúdo da peça oswaldiana O rei da


vela no Século 21
Djeine Daniel (UEM)
Prof. Dr. Alexandre Flory (UEM/Orientador)

Resumo:

O presente estudo tem o intuito de analisar a importância das peças de Oswald de


Andrade para a dramaturgia brasileira, bem como, a contribuição do mesmo para

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entender-se o universo político econômico e social da época. O objeto principal da


pesquisa é a peça de maior evidência do autor, O rei da vela (escrita em 1933 e
publicada em 1937), no entanto se faz necessário um panorama sobre outras duas
peças escritas próximas a ela, O homem e o cavalo (1934) e A morta(1937) que vão
nos apresentar o teatro oswaldiano que se posiciona politicamente à esquerda e o faz
tentar na dramaturgia uma renovação já empregada na poesia e na prosa com o
movimento modernista. Para tal apresentar-se-á um panorama do teatro brasileiro, com
sua estética e ideologia, dos anos de 1920 até a chegada do movimento modernista o
que nos dará uma localização histórica contextual, na qual a dramaturgia oswaldiana irá
se confrontar e propor uma ruptura, pois ao seu ver o Brasil já possuía ferramentas para
a formação de um teatro nacional. A análise passará resumidamente pelas obras O
homem e o cavalo e A morta e se aterá a O rei da vela, para demonstrar que as peças
com ideias marxistas e traços de uma nova estética contribuíram na formação do teatro
moderno brasileiro. Este teatro nacional tão desejado por tantos dramaturgos brasileiros
e que de acordo com Décio de Almeida Prado, em sua obra: O teatro brasileiro
moderno, já encontra-se em vista de outros meios para comunicar a realidade brasileira
que o teatro de costumes e da revista já não dão conta por seus limites e desgastes
apontados pelo próprio público cansados dos dois gêneros. O foco na peça O rei da
vela, apesar da mesma ser objeto de muitos estudos, se faz por percebermos que há
semelhanças do cenário político econômico e social da década de 30 ao atual desta
pesquisa. Desta forma, ainda há possibilidades e material para uma avaliação crítica de
O rei da vela frente a um dos repertórios da dramaturgia mais convencional de sua
época, no caso o teatro de revistas, e de que forma isto pode ser atualizado para o
tempo corrente. É preciso também revisitar as críticas contundentes de Iná Camargo
Costa, bem como, Décio de Almeida Prado, Antonio Candido, Sábato Magaldi e outros
críticos e estudiosos da obra de Oswald de Andrade que apontam os acertos e as falhas
da peça. Cabe lembrar em um breve relato da encenação do Teatro Oficina em 1967,
30 anos após a publicação da peça e o desejo de José Celso Martinez, o diretor na
época, de encená-la novamente em 2017, após as mudanças de governo em 2016.

Palavras-chave: teatro brasileiro, Oswald de Andrade, O rei da vela.

3) Estilhaços políticos de uma Feira de Opinião: estudo da canção


“Enquanto seu lobo não vem”, de Caetano Veloso, e da peça “O
líder”, de Lauro César Muniz

Me. Cláudia Bellanda Pegini (UEM - PUCPR)

Resumo:

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O presente estudo tem como objeto de análise o movimento artístico-político: “Primeira


Feria Paulista de Opinião”, peça coletiva, montada pelo Teatro de Arena e dirigida por
Augusto Boal (1931-2009), em 1968, com forte inspiração do teatro épico. Partindo da
inquietação de dramaturgos representativos da cena nacional diante da censura
acirrada do contexto, nasce o evento que questiona os artistas de esquerda acerca: do
papel da arte, do artista, do público por eles pretendido e efetivamente atingido, das
diferentes tendências artísticas do grupo naquele contexto e dos limites que tais
modelos envolvem. As respostas apresentadas na Feira se materializam em teatro,
música e artes plásticas com o propósito comum de resistência e compreensão crítica
do período. Por meio da análise do conjunto de produções, configura-se o caráter
mosaico da Feira e a potência de correntes estéticas divergentes de esquerda se
aliarem para apresentar vozes paradoxalmente coerentes. Os dois fragmentos iniciais
da “Primeira Feira Paulista de Opinião”: a canção “Enquanto seu lobo não vem”, de
Caetano Veloso, e a peça “O líder”, de Lauro César Muniz, concentram de modo
exemplar a fragmentação de discursos e de gêneros que compõem a “Feira”. A letra da
canção de Veloso resgata, em chave paródica, o temor infantil, o medo primitivo ante a
certeza de que o algoz está a caminho. A música da fábula dos “Três porquinhos”, os
quais aproveitam a ausência do lobo para usufruir da liberdade de brincar, é acionada
para dar ao convite do eu lírico, na canção, o contorno de proveito com tempo
determinado, pois a ameaça, ironizada na figura do lobo, impera. Já a peça “O Líder”,
de Lauro César Muniz, segue o fundamento neorrealista de teatro, o que remete a uma
linguagem marcadamente distinta da proposta tropicalista da canção de Veloso. A
identidade de Romão, protagonista da peça, foi construída por Muniz a partir de
informações coletadas em uma notícia de jornal sobre um pescador que havia sido
preso por ser o único indivíduo alfabetizado de seu grupo social, o que o tornava
automaticamente representante deles e o que o transformou, aos olhos do governo pós
1964, em um líder perigoso, porque teria forte ascendência sobre os seus pares. “O
Líder” exige dois enfoques centrais de análise: o uso do jornal como linguagem
geradora de arte e o vazio comunicativo existente entre as personagens que
representam o universo urbano e as que vivem alheias às informações do mundo oficial.
Em meio a uma potente soma de perspectivas, a letra da canção de Veloso e a peça de
Muniz enfatizam, de forma distinta e complementar, a temática da vulnerabilidade das
pessoas frente ao poder ditatorial do contexto.

Palavras-chave: Primeira Feira Paulista de Opinião; Teatro de Arena; Caetano Veloso;


Lauro César Muniz.

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4) Recontado a contrapelo: para uma concepção social e histórica do


teatro moderno norte-americano

Isadora Garcia (UEM)


Prof. Dr. Alexandre Flory (UEM/Orientador)

Resumo:
A dramaturgia norte-americana contribuiu, em grande parte, para a modernização do
teatro brasileiro a partir do final da década de 40 bem como proporcionou, por meio da
arte teatral, a consideração de questões sociais recentes na história do Brasil, mas
intocadas pela dramaturgia local. Especialmente por esse fator, decorre a necessidade
de se compreender a história do teatro moderno norte-americano além dos limites da
crítica corrente e da história oficial que, por vezes, negligenciam os aspectos mais
significativos de um teatro assumidamente político e intrinsicamente social. É sempre
importante lembrar que o teatro nos Estados Unidos foi, primeiramente, comercial:
espetáculos ambiciosos, encenados em amplas casas durante o apogeu da Broadway
no início do século XX, resultados de grandes produções e elencos numerosos. Em
oposição a esse teatro, surge em meados da segunda década do século XX, um
movimento formado por diferentes grupos teatrais e intitulado Little Theatres. Tal
designação referia-se, justamente, ao teatro off-Broadway, e às companhias que
compunham esses grupos, que possuíam elencos fixos, desvinculados de estrelismos e
que montavam peças de dramaturgos locais. Deve-se considerar ainda, no âmbito
histórico, a formação da população estadunidense e, principalmente, da classe
trabalhadora, resultante da imigração de diversas partes da Europa, exortada por
experiências sindicalistas e teatrais. Apesar de não ser reconhecida pela história oficial,
a classe trabalhadora exerceu um papel decisivo na constituição do teatro
estadunidense do século XX, mediante a montagem de peças agitprop, por exemplo. A
busca por inovações cênicas e dramatúrgicas ensejada pelo teatro de grupo e a
articulação política e social da classe trabalhadora no âmbito teatral possibilitaram, em
grande medida, as inovações formais relacionadas ao teatro épico e, portanto,
desprendidas dos valores do mundo burguês. Trata-se, propriamente, da crise do
mundo burguês representado pela Primeira Guerra e os anos subsequentes que
culminaram na Grande Depressão Americana, no plano econômico – conjuntura
importantíssima na história teatral norte-americana, principalmente considerando os
conturbados anos 30 e a inerente militância de esquerda desse período – e da crise
política, que levariam à Segunda Guerra Mundial. O capítulo do teatro americano em
foco parte dessas premissas históricas e estéticas para ser construído, o que em curto
espaço de tempo será abafado e sufocado, com a retomada do teatro comercial.

Palavras-chave: teatro moderno norte-americano; teatro épico; teatro e sociedade.

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5) Artaud e Grotowski: a arte de não interpretar em busca do ser teatral

Me. Jhony A. Skeika (UEPG/UEL)


Bruna Dioine A. do Nascimento (UEPG)

Resumo:

Apesar de o teatro ter passado por inúmeras inovações e avanços ao longo do tempo,
ainda é possível encontrar vários grupos teatrais na atualidade que limitam as suas
representações ao princípio da mimese aristotélica. Teóricos e dramaturgos, como
Constantin Stanislavski (1863-1938), foram capazes de criar e desenvolver técnicas
para trazer mais emoção às representações teatrais, focando, por exemplo, na forma de
preparação do ator; práticas como esta foram e ainda são muito aceitáveis no meio
cultural e teatral até hoje. Foi a partir dessa proposta de preparação do ator, criada por
Stanislavski, que Antonin Artaud (1896-1948) e, mais tarde, Jerzy Grotowski (1933-
1999) passaram anos de suas vidas se dedicando à arte de não interpretar em busca do
ser teatral. A ideia desses autores era a criação de uma dicção artística que fosse não
simplesmente de extrema fidelidade com o real, mas que possibilitasse a
experimentação da própria realidade, colocada diante do público. “Queremos fazer do
teatro uma realidade na qual se possa acreditar, e que contenha para o coração e os
sentidos esta espécie de picada concreta que comporta toda sensação verdadeira”
(ARTAUD, 2006, p. 97). Com isso, Artaud e Grotowsky tencionaram renovar o teatro
com um outro olhar e uma nova perspectiva, uma vez que, para eles, arte teatral é mais
do que uma encenação ou uma representação de um “fazer ser” o que não é. O teatro
está aquém e além de palco, luzes e efeitos sonoros, pois não se limita a um abre e
fecha de cortinas e de reações previsíveis. Esses encenadores e teóricos, então,
desenvolveram uma nova noção de “interpretação”, tensionando a relação ator e
espectador, tirando este da passividade a partir do trabalho psicofísico daquele. Desse
modo, a teoria da preparação do ator criada por Stanislavski não foi suficiente para
abranger e abarcar a grandeza e ousadia do Teatro da Crueldade de Artaud e do Teatro
Pobre de Grotowsky. Assim sendo, este trabalho tem por objetivo delinear as diferenças
e as semelhanças dessas duas propostas que revolucionaram o teatro no século XX,
tomando por base O teatro e seu duplo (2006) de Antonin Artaud e Em busca de um
teatro pobre (1992) de Jerzy Grotowski. O objetivo é estabelecer relações entre as
obras e suas propostas na tentativa de entender não só as potencialidades dessas
teorias, mas também suas limitações, que foram desfavoráveis para a sua prática. A
intenção desta pesquisa não é relatar o que foi o Teatro da Crueldade de Artaud ou o
Teatro Pobre de Grotowski, e sim encontrar linhas de conexão e de fuga (DELEUZE;
GUATTARI, 1995) entre essas ideias, considerando-as em seus respectivos contextos
histórico-culturais (francês e alemão) e sem desconsiderar a importância dos

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dramaturgos anteriores, como Stanislavski, fundamentais ao desenvolvimento dessas


teorias.

Palavras-chave: Teatro da crueldade; Teatro pobre; Representação; Interpretação;


Corpo.

6) Shakespeare e sociedade: percepções do texto shakespeariano no


Brasil do século XVI ao XXI

Angélica Tomiello (UEM)


Prof. Dr. Alexandre Villibor Flory (UEM/Orientador)

Resumo:

Na relação entre cultura e sociedade é possível perceber as alterações de pensamento


ao longo dos tempos através das manifestações artísticas ocorridas em cada período
histórico. O fazer teatral, dentre essas manifestações, é aquele que primeiro consegue
refletir os impactos das alterações no panorama social. Pensando nesse aspecto, é
possível analisar a percepção que se tem de um autor ou de uma obra de acordo com
as diferentes abordagens e posicionamentos tomados em cada transformação da
configuração sócio histórica. O trabalho com o texto shakespeariano, por exemplo, seja
na produção de literatura dramática ou no uso para encenações, inserido nessa relação,
foi compreendido de diferentes maneiras desde as primeiras manifestações em território
brasileiro. Para chegar às diversas possibilidades e liberdades para com o texto vistas
no contexto contemporâneo é necessário entender o percurso pelo qual as peças do
bardo passaram durante as diferentes configurações sociais brasileiras enfrentadas a
partir do século XVI, quando o território nacional começou a ser influenciado pelo que
ocorria no continente europeu. Desde a utilização do teatro enquanto instrumento
didático pelos jesuítas até as alterações promovidas pela modernização do teatro no
Brasil, o dramaturgo elisabetano mais comentado pela crítica esteve presente em
diferentes medidas, seja enquanto um gênio na acepção romântica surgida no século
XIX, que ainda hoje domina muitas considerações críticas de estudiosos e acadêmicos,
seja enquanto um dramaturgo mais popular como o foi em seu tempo, o período
elisabetano, próximo às inovações. Através dessa reflexão, portanto, o presente
trabalho propõe expor um panorama das percepções do texto shakespeariano desde os
primórdios das manifestações teatrais em terras brasileiras, caminhando até as
concepções mais modernas e contemporâneas tomadas pelos grupos de teatro popular
na convergência de novas técnicas cênicas e midiáticas. Para a proposta em questão,

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considerações de estudiosos como Cafezeiro; Gadelha (1996), Heliodora (2007; 2013),


Camati (2016) serão utilizadas, dentre outros nomes que corroboram para a reflexão
sobre como o texto shakespeariano apontou limites e liberdades em manifestações
estéticas ocorridas em diferentes contextos históricos de produção numa sociedade
afetada pelo domínio europeu desde o início, como o Brasil.

Palavras-chave: Shakespeare; Teatro brasileiro; Cultura e sociedade.

7) Valsa no. 6: um monólogo sobre o feminino

Me. Marina Stuchi (UEL)


Dra. Sonia Pascolati (UEL)

Resumo:
As mulheres são presenças fundamentais na dramaturgia de Nelson Rodrigues e em
Valsa no. 6 a representação do feminino se constrói especialmente pela entrada da
protagonista, na passagem dos 14 para os 15 anos, na vida adulta, e com o início da
atividade sexual, logo, é a sexualidade da mulher e as interdições morais que pesam
sobre ela o foco da peça. Embora trate-se de um monólogo, muitas vozes sociais
habitam o dizer da adolescente Sônia, configurando uma interdição moral à realização
dos desejos sexuais femininos, pois a personagem, apesar da busca por sua
identidade, é moldada pelo olhar e julgamento do outro, dando voz ao discurso de
outros personagens e assumindo para si uma máscara social. Aliás, trata-se de
abordagem recorrente na dramaturgia de Nelson Rodrigues, que em muitas de suas
peças permite que a mulher tenha um comportamento transgressor no exercício da
sexualidade, seja traindo o marido, como em A falecida, ou desejando o próprio filho,
como em Álbum de família, contudo, essa liberalidade é frequentemente punida com a
morte. Em Valsa no. 6 chama a atenção o modo como o autor estabelece relação
estreita entre forma e conteúdo ao eleger o monólogo para construir essa arena
discursiva, como diria Bakhtin, na qual digladiam-se as vozes dos genitores, do médico,
de vizinhos e, especialmente, da consciência fraturada de Sônia, que, em busca de sua
identidade, acaba por tornar evidente a cisão de personalidade entre aquela que admite
o desejo por Paulo e a relação com um homem casado e a que nega peremptoriamente
a possibilidade de praticar esses mesmos atos. Sônia, ao exercer sua sexualidade,
perde sua identidade, dividida entre a educação religiosa e os desejos proibidos, como
se houvesse duas Sônias, uma pura e ingênua e uma outra que carrega a marca da
vergonha e da perda da pureza. O monólogo, enquanto forma dramática, tem a potência
de revelar o íntimo da personagem, assim como pode constituir uma mise-en-scène em
que vários discursos se desenrolam pela subjetividade de uma única personagem,

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levando o teatro para além da representação nos moldes realistas. Esse dialogismo
incorporado à forma do monólogo só é possível porque o texto dramático é
intensamente teatral e performático, fazendo da presença da protagonista em cena um
modo de multiplicação de perspectivas ideológicas, para o que contribuem as
frequentes quebras da quarta parede, recurso raro em Nelson Rodrigues, mas muito
eficiente para a construção formal da peça e a revelação da subjetividade da
personagem e sua constituição como mulher.

Palavras-chave: Nelson Rodrigues; sexualidade; feminino; monólogo.

8) Apropriação crítica da Revista de Ano e da Comédia de Costumes em


Café (1933/1942), de Mário de Andrade

Sula Andressa Engelmann (UEM)

Resumo:

Esta comunicação tem como objetivo analisar a apropriação crítica de gêneros cômico e
musicado da tradição teatral da segunda metade do século XIX por Mário de Andrade
em sua peça-coral Café, no século XX. Noutras palavras, embora não seja correto dizer
que Mário de Andrade seguiu à risca uma dessas formas, é inquestionável que elas
constituem uma história cultural que faz parte do seu repertório. Dessa forma,
precisamos retomar tradições específicas de nosso teatro que dialogam com as buscas
estéticas do modernismo. Nesse sentido, o estudo parte da recapitulação de alguns
momentos da história do teatro brasileiro, isto é, a tradição do teatro cômico e musicado
do século XIX, as Revistas de Ano e as Comédias de Costumes. Todavia, não
analisaremos influências diretas dessas formas do século XIX no século XX, mas é
importante, para o estudo da obra de Mário de Andrade, conhecer formas alegóricas de
teatro e o teatro musicado, matrizes do teatro político brasileiro. Autores importantes
para esse percurso são Iná Camargo Costa (1998), Roberto Ruiz (1988) e Neyde
Veneziano (1991; 1996 e 2010), dentre outros. Esses autores valorizam, através de
uma leitura dialética, a importância da tradição cômica e musicada do século XIX para o
teatro brasileiro, em contraposição às leituras equivocadas e de juízo de valor feitas
sobre esta tradição e que ainda são voz corrente. Com base nesses autores, podemos
nos referir, principalmente, à linhagem de comédia rebaixada do século XIX, tão
importante quanto esquecida e, talvez até pior, desvalorizada por sua suposta
irrelevância. Os desdobramentos da segunda metade século XIX para o século XX
fazem sentido, pois autores como Martins Pena, Artur Azevedo e França Júnior nos
auxiliam a entender o projeto e o resultado do trabalho teatral de Mário de Andrade.

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Café (1933/1942) deu expressão artística à crise econômica e política que se seguiu à
quebra da economia cafeeira em 1929/30. Projeto cuidadosamente elaborado e que se
destacam pela perspectiva crítica, pelo engajamento social, pela busca estética e por
recursos épicos, expressionistas, cômicos, farsescos, alegóricos, etc.Trabalhos como os
de Mário de Andrade são poderosos materiais para colocar em evidência a
complexidade das obras produzidas nessa tradição do século anterior. Isso nos permite
retomá-lo e verificar a predominância de características modernas como o
enfraquecimento do núcleo dramático principal, por meio de conflitos frágeis e de
personagens sem identidade, pela exposição do contexto social em primeiro plano, pela
remissão ao entrave social brasileiro, pela alegorização do Brasil etc. Logo, interessa
compreender como essa retomada demonstra que o teatro brasileiro do século XX se
beneficiou dos recursos estéticos largamente utilizados pelas nossas comédias e pelo
Teatro de Revista. Todavia, Mário de Andrade não os utilizam como cópia, mas para
alcançar objetivos diversos, lutando contra outras formas consagradas, em um tempo
com novas demandas históricas e estéticas.

Palavras-chave: Teatro Cômico e Musicado; Revista de Ano; Comédia de Costumes;


Mário de Andrade; Café.

9) Teatro e sociedade no MST: uma análise da peça A farsa da justiça


burguesa

Ana Carolina da Silva Favorin (UEM)


Profa. Dr. Alexandre Villibor Flory (UEM/Orientador)

Resumo:

O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa de Iniciação Científica, a qual foi


desenvolvida na área dos estudos teatrais, mais especificamente do teatro épico dentro
de movimentos sociais como o MST que, desde 2001, vem se solidificando com seus
projetos na área teatral. A cena brasileira passa por uma de suas mudanças mais
significativas na década de 1960, marcada pela estreia de Eles não usam Black-tie, de
Guarnieri, ainda em 1958, montada pelo teatro de Arena de São Paulo. A criticidade e a
função social do teatro começam a aparecer a partir desse momento, por tentar
expressar questões relativas às classes populares e contando com uma busca formal
de inovação. Em 1954, com o golpe militar e perseguição sistemática aos artistas da
época, esse processo foi podado. Posteriormente, já nos anos de 1990, com a suposta
vitória neoliberal e o abandono das artes à sua própria sorte ou sob a tutela das grandes

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empresas, alguns grupos teatrais procuraram retomar aquela forma dos anos de 1960,
revisitando o teatro de grupo como criação coletiva e dialética, aliando cena à pesquisa
continuada e procurando se colocar no debate da relação entre arte e sociedade.
Alguns desses grupos surgiram dentro de movimentos sociais como o MST, tratando a
arte não como mero entretenimento, mas como uma maneira de resistência contra a
cultura hegemônica. Nesse contexto, surge em junho de 2001, no Rio de Janeiro, a
Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré, enquanto ocorria a segunda
etapa nacional de formação de curingas com o Centro do Teatro do Oprimido – CTO de
Augusto Boal. A partir do treinamento de militantes nas técnicas do Teatro do Oprimido,
formaram-se oficinas em assentamentos e encontros do MST por todo o país. A
publicação que usamos como base para nossa análise já é o resultado de um processo
de criação, encenação, discussão e publicação (por conta do registro de uma história
pouco estudada), que indicam um processo de consolidação dos mais importantes.
Para esta comunicação, foi elencada uma das três peças do MST analisadas no
decorrer do projeto: A farsa da justiça burguesa, um texto de teatro épico, escrito por
Sérgio de Carvalho, diretor da Cia do Latão, a partir de uma proposta feita pelo grupo
Filhos da Mãe... Terra. A peça foi elaborada para a quarta etapa do Teatro Procissão,
que foi realizada em Brasília no ano de 2005. A fábula da gira em torno do julgamento
de um militante que, em uma chacina, fingiu-se de morto para não ser executado. A fim
de alcançar os objetivos do projeto, a pesquisa foi guiada à luz da crítica materialista e
do teatro dialético, com caráter bibliográfico e analítico, partindo do estudo das formas e
chegando à análise da peça escolhida.
Palavras-chave: Teatro e sociedade; Teatro épico-dialético; MST.

10) A luta de classes presente em sobrados e mocambos, de


Hermilo Borba Filho

Beatriz Pazini Ferreira (PG- UEM)


Alexandre Villibor Flory (UEM/Orientador)

Resumo:

A partir do século XX encontra-se uma vasta produção dramaturga brasileira em que o


foco é a reinvenção e a renovação destacando-se alguns nomes como Ariano Suassuna
e Hermilo Borba Filho. Ressalta-se a importância dos dramaturgos visto que estes
buscaram confluências do popular e do medieval em suas obras, ao mesmo tempo em

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que exibem a intertextualidade medieval com as marcas nordestinas (relação com a


Literatura de Cordel). Borba Filho atuou no Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP);
na direção artística do Teatro de Estudante de Pernambuco (TEP) e no Teatro Popular
do Nordeste (TPN), paralelamente com o Teatro Arena do Recife. A partir do Teatro
Popular, o dramaturgo tece críticas ao desenvolvimento das relações humanas
capitalistas, a exemplo da peça Sobrados e Mocambos (1977), que apresenta visão
pessimista e irônica da colonização e da miscigenação por meio do recurso
carnavalesco e cômico focando assim o mundo às avessas. Borba Filho teatraliza a
obra de Gilberto Freyre a partir da recriação das informações histórico-sociais: a
escravidão, a marginalização do negro, do mulato, do índio, da mulher, a presença do
capital estrangeiro, a religiosidade e as superstições, além da chegada dos engenhos,
do poder da Igreja, do surgimento dos bacharéis. A obra assume a luta de classes
sociais que não se relacionam pacificamente; ao contrário, há disputas de poder vistas
no campo do trabalho e nas relações familiares. Destarte, o texto objetiva analisar a
presença das classes dominadoras e servis e as relações de poder e de autoridade.
Para isso, aproveitam-se as contribuições de Foucault para pensarmos na questão de
lutas ideológicas e Durval Muniz (2001) e Gilberto Freyre (1967) para a compreensão da
história do teatro nordestino.
Palavras-chave: Sobrados e Mocambos (1977); luta de classes; relações de poder.

11) Revolução na América do Sul sob o ponto de vista da morte


Karyna Bühler de Mello (UEM)
Resumo:

O objetivo da comunicação é apresentar uma possível leitura da peça Revolução na


América do Sul, de Augusto Boal, que estreou no Rio de Janeiro em setembro de 1960
a partir do que José Antônio Pasta define como “ponto de vista da morte”. A peça se
constitui como um marco da apropriação crítica de Brecht no Brasil, estimulando uma
série de peças nacionais que, aos poucos, se distanciam da notação realista. Por meio
dela, Boal teria conseguido resolver alguns problemas de ordem estrutural postas pelo
Teatro de Arena ao longo dos Seminários de Dramaturgia e do Laboratório de
Interpretação propostos pelo diretor naqueles anos, possibilitando a formalização
estética dos processos sociais e históricos brasileiros. Defendemos a perspectiva de
que a peça de Boal está situada em uma linhagem de obras literárias que recupera e
formaliza a nossa realidade social brasileira. Pasta (2011) localiza uma estrutura que

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perpassa algumas obras capitais da nossa literatura, revelando certos aspectos da


cultura brasileira. Significa, para ele, que esses artistas, ao mergulharem radicalmente
nos impasses fundamentais da matéria histórica brasileira, os formalizam por meio de
uma estrutura comum, a qual ele denomina “ponto de vista da morte”. Para o crítico, há
a reiteração desse ponto de vista em algumas obras representativas da nossa literatura.
O “ponto de vista da morte” funciona como uma estrutura simbólica profunda (como
uma estrutura de sentimento) que deixa entrever momentos-limite da nossa história. De
acordo com Pasta, são em situações em que a modernização conservadora se
apresenta de forma mais acentuada que se nota esse recurso. Para o crítico, o “ponto
de vista da morte” é uma forma de representação da nossa “dialética rarefeita entre o
não-ser e o ser outro” (GOMES, 1996, p.90) que consiste na formação contraditória do
sujeito brasileiro, dividido entre uma concepção “moderna” (que prevê o indivíduo
autônomo e livre) e uma concepção retrógada (provinda da presença secular da
escravidão entre nós, que impossibilita essa visão autônoma do ser). Dessa contradição
irrompe a volubilidade presente em obras importantes da nossa literatura, sendo
Memórias Póstumas de Brás Cubas a representação mais-bem acabada dessa
manifestação, como já avaliou Schwarz (2000). Portanto, nosso objetivo é de apontar a
aproximação desse recurso na peça Revolução na América do Sul, de Augusto Boal, se
dá pela localização histórica da mesma, ou seja, por estar inserida em um momento que
a presença da modernização é logo submetida à ação contrarrevolucionária, que
desencadeou a Ditadura Militar e seus efeitos retrógrados, um dos vários momentos em
que é reposta essa dinâmica bem afeita ao Brasil. Trocando em miúdos, essa
aproximação se dá pela reiteração do atraso característico do nosso processo de
modernização conservadora, que ficou bem evidente nos anos 1960 no Brasil. Esse
processo contraditório pode ser identificado no título da peça: embora seja intitulada
como Revolução..., o processo revolucionário é negado ao longo da mesma. Dessa
forma, a intenção da obra de Boal de desmascarar o processo contrarrevolucionário em
curso no Brasil se inicia por uma promessa não cumprida, a da Revolução, uma
presença ausente na obra, assim como Zé da Silva é formado por uma série de
negações: de identidade, de consciência, de comida, de princípios firmes, de liberdade,
de igualdade, de ideologia, de dignidade, de respeito.

Palavra-chave: Ponto de vista da morte; Revolução na América do Sul; Teatro Épico.

12) O expressionismo alemão em debate: Bertolt Brecht e o


conceito de realismo

Devalcir Leonardo (UEM)

DTL / DLM / DLP


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ISSN: 1981-8211

Dr. Alexandre Villibor Flory (UEM/Orientador)


Resumo:

Parafraseando Adorno (2003) ao afirmar que forma é conteúdo sócio-histórico


decantando, esta comunicação tem como objetivo analisar e elucidar questões sobre a
problemática da modernidade da arte a partir do Debate sobre o Expressionismo,
ocorrido entre os pensadores Ernst Bloch, Hanns Eisler, Georg Lukács, Bertolt Brecht e
Theodor Adorno. Este debate é retomado na década de trinta, em decorrência dos
seguintes fatos, em 1934: 1º Congresso dos Escritores Soviéticos e publicação do
ensaio Grandeza e Decadência do Expressionismo, de Georg Lukács. Em 1935: a
constituição do 1º Congresso Internacional dos escritores pela Liberdade da Cultura e a
fundação da revista Das Wort (a palavra). Em 1937, a famigerada exposição
denominada de “Arte Degenerada” (entartete Kunst), organizada pelos teóricos do
nacional-socialismo, recebendo 2.009,899 visitantes só em Monique (MACHADO,
2016). Diante destes fatos, o recorte desta comunicação parte da retomada das aporias
envolvendo o Expressionismo, especificamente, as reflexões de Bertotl Brecht em seu
ensaio Sobre o realismo como resposta a Lukács. Os ensaios foram publicados na
revista Das Wort em 1938. Apesar do tom polêmico em torno do debate, sobressai uma
postura diplomática de Brecht em não extrapolar os limites do estético envolvendo os
diferentes pontos de vistas sobre a arte. No entanto, segundo Rosenfeld (2012) Brecht
tinha elaborado outra resposta mais contundente sobre as posições de Lukács, mas
para não provocar um conflito aberto e prejudicar a Frente Popular Antifascista, acaba
por não publicar. Este recuo faz com que a tese de Lukács sobre o Realismo Socialista
sai vitoriosa. Diante destas polêmicas, o método dialético de análise, desta
comunicação, será estabelecer uma comparação entre Brecht e Lukács e diferenciar
suas concepções sobre o conceito de realismo para cada pensador. Neste sentido, o
livro Um Capítulo da História da Modernidade Estética (2016), de Carlos Eduardo
Jordão Machado, bem como, suas traduções sobre o Debate proporcionam uma
importante reflexão que permite repensar as experiências das vanguardas históricas.
Portanto, a retomada deste Debate não implica em encontrar acertos e erros, mas sim
em apreender do processo histórico novas abordagens dos elementos estéticos e sua
sedimentação ideológica, em uma perspectiva dialética.
Palavras-chave: Bertolt Brecht; Expressionismo alemão; Arte degenerada;
Modernidade artística.

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13) A Invasão, de Dias Gomes e Eles não Usam Black-tie, de


Gianfrancesco Guarnieri: ecos do realismo crítico no moderno teatro
brasileiro.

Marcio da Silva Oliveira (UEM)


Prof. Dr. Alexandre Flory Villibor (UEM/Orientador)

Resumo:
O pensador húngaro Georg Lukács procurou demonstrar em seus ensaios, de teor
marxista, que, de um quadro de imposição ideológica burguesa sobre os setores da vida
social emergiu um pensamento que refletia a decadência do mundo burguês. Trata-se
de um momento no qual a burguesia, já consolidada como classe dominante, faz surgir
o proletariado como classe oposta e tal conformação na luta de classes, que deixa às
claras as contradições capitalistas, é o que determina a sua decadência. Desse modo,
de acordo com o pensador, quanto mais emergem as contradições capitalistas, mais
grosseiras se tornam as formas para glorificar e falsear a classe burguesa, assim como
caluniar o proletariado revolucionário e os trabalhadores rebeldes. Nesse sentido, a arte
e a literatura dentro de um quadro de decadência burguesa se preocupa com a
obtenção de um reflexo deformado da realidade objetiva, representando homens e
vivências singulares, deixando de relacionar homens e vivências ao conjunto das
relações sociais. O realismo crítico deve, segundo Lukács, opor-se a essa tendência de
falseamento burguês e apreender as determinações essenciais da luta de classes.
Partindo desse pressuposto, o presente trabalho tem como objetivo a análise das peças
Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri e A Invasão, de Dias Gomes,
levando em conta os ecos do realismo crítico de matriz naturalista no teatro moderno
brasileiro. A primeira, que estreou nos palcos em 1958 e tendo uma situação de greve
como eixo central, cujo enredo demarca a reivindicação por melhores salários por parte
de operários moradores da periferia, aponta para uma situação coletiva, de toda uma
classe lutando contra uma situação opressora. A segunda, escrita em 1960, tem como
eixo os desabamentos quase rotineiros nos morros cariocas que levam um grupo de
sem-tetos a invadirem o esqueleto de um edifício em construção, vivendo um clima de
opressão marcada por políticos demagogos e negociantes inescrupulosos. Os invasores
na peça de Gomes demarcam a heterogeneidade de objetivos de uma massa sem
perspectivas de melhora, cujo único fator de igualdade é a miséria que compartilham.
Ambas as peças focalizam o proletariado das grandes cidades, desprovidos de
heroísmo e singularidade, servindo apenas como massa de manobra em espaço isento
de protagonismo e marcado pelo dilaceramento do homem em nome do lucro. O que
pretendemos mostrar, através dessas peças, além da formação de uma acumulação
estética inovadora no teatro brasileiro, é que tanto Guarnieri como Gomes buscam não
somente descrever situações de opressão como elas são, mas analisar como essa
opressão se naturaliza no cenário sócio-político brasileiro.

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Palavras-Chave: Teatro Moderno Brasileiro; Realismo Crítico; Dias Gomes;


Gianfrancesco Guarnieri.

14) O teatro de Chico Buarque na dialética entre o clássico e a vida


social: um estudo em torno de Gota d’água (1975)

Cláudia de Godoy Braz (UEM)


Prof. Dr. Alexandre Villibor Flory (UEM/Orientador)

Resumo:
A presente comunicação, fundamentada na crítica literária materialista, se propõe a
estudar parte da dramaturgia de Chico Buarque enquanto arte de resistência em meio
ao contexto sócio-histórico no qual se insere uma vez que seu contexto de produção
envolve a Ditadura Militar brasileira. Em nosso recorte, abordaremos – em níveis
formais e temáticos – a peça Gota d’água: uma tragédia brasileira (1975), escrita por
Buarque em parceria com Paulo Pontes, por meio da perspectiva épico-dialética e em
sua potência enquanto médium-de-reflexão da vida social. Para tanto, se faz oportuna,
num primeiro momento, uma breve recuperação histórica que envolve momentos
decisivos do processo de modernização do teatro no Brasil, uma vez que a perspectiva
épica não é tão somente um recurso de estilo, mas uma dialética entre arte e sociedade
que estuda configurações sociais, históricas e estéticas específicas. Feito esse rápido
preâmbulo, passaremos, quando pertinente, pela tragédia grega (Medeia 431 a.C), de
Eurípedes, pela atualização feita por Oduvaldo Vianna Filho no Caso Especial Medéia
(1973) e também pela peça Ópera do malandro (1978), de Chico Buarque no sentido de
apontar divergências entre as obras do autor estudado e suas outras versões. Ainda
que seja de nosso interesse observar as relações que a peça estabelece com outras
obras e mídias, vale salientar que, diferentemente das perspectivas comumente
adotadas em trabalhos cuja temática é semelhante, não é o nosso objetivo verificar o
que se mantém nas peças de Chico Buarque. Nosso propósito é, entre outros aspectos,
estudar o modo como o autor se apropria do material considerado clássico tendo em
vista o contexto – e as mazelas – do Brasil. Nos propomos, portanto, a discutir o modo
como Chico Buarque promove a recuperação do clássico a partir da localização
histórica e política de determinadas questões específicas que pretende discutir em suas
obras. Dentro dessa perspectiva, pretendemos proceder uma breve análise de pontos
chave da peça de Chico Buarque e Paulo Pontes na expectativa de demonstrar o modo

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pouco usual como o autor lida com a tradição clássica promovendo a subversão do
conceito cristalizado de clássico. A historicização das obras rejeita sua aceitação
universalista e provoca a oportuna discussão em torno das questões específicas do
contexto histórico de produção da obra. No caso da obra de Chico Buarque e Paulo
Pontes, o cenário político e histórico em questão envolve o autoritarismo do regime
militar e o abismo social proporcionado em parte pelo chamado “Milagre Econômico
brasileiro”. Sendo assim, a discussão dos autores centra-se nas mazelas da
desigualdade social e nos mecanismos das classes dominantes para legitimar a
exploração dos menos favorecidos. Nesse sentido, utilizaremos apontamentos feitos
pelos próprios autores no Prefácio da peça que indicam o objetivo da obra: denunciar e
discutir questões sintomáticas de seu tempo histórico, a partir da formalização estética
desses materiais.

Palavras-chave: Teatro dialético; Teatro brasileiro; Chico Buarque; Teatro e sociedade.

15) O Teatro de Chico de Assis em perspectiva Dialética

Renan Gustavo Parma dos Reis (UEM)


Prof. Dr. Alexandre Villibor Flory (UEM)
Resumo:

Walter Benjamin nos fala da importância de se estudar a história a contrapelo, rever o


passado e recontá-lo por outro ponto de vista, a do dominado que, ao perder suas lutas,
perdeu também o direito de estar na história oficial. Esse conceito ilustra muito bem o
resgate que vem acontecendo dos movimentos culturais das décadas de 50 e 60 e que
foram interrompidos brutalmente pela Ditadura Militar e que, precisam ser revisitados
para de resgatar essa versão dos fatos e dar continuidade aos projetos. Nesse sentido,
grupos de teatro, pesquisadores e movimentos sociais vêm retomando o estudo acerca
dos movimentos teatrais como o Arena e o CPC, um trabalho árduo devido à
complexidade de sua atuação em seus respectivos momentos históricos, como também
difícil pela falta de fontes para as pesquisas. Mas o processo de revisitação já é capaz
de mostrar grandes avanços - como os livros organizados pela equipe do LITS, seja da
peça Mutirão em Novo Sol, do Arena, ou de peças do CPC - e apontam caminhos que

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permitem novas propostas, como o que se pretende aqui. Longe de esgotar as


possibilidades de futuras pesquisas, o projeto terá como foco dar um pequeno passo
para a construção da história a contrapelo do teatro político no Brasil. Tomando como
objeto a análise da trilogia do Cordel, em especial a peça O testamento do cangaceiro,
de 1960, de Chico de Assis, a pesquisa pretende entender como ele articulou seu
pensamento político, a influência de Erwin Piscator e outras possibilidades com novas
estéticas que tinham como propósito buscar novas relações com públicos diferenciados.
Nessa época, com os Seminários de Dramaturgia do Arena, havia a possibilidade de se
testar linguagens próprias da cultura popular, como a literatura de cordel, bem como
temas como a luta no campo ou a luta dos operários. Chico de Assis é um dos autores
menos estudados do período, e esse estudo pretende contribuir com a retomada de
uma pequena parte de sua produção.

Palavras-chave: Teatro brasileiro; Chico de Assis; teatro e sociedade.

16) A última dança: uma Simone Weil épica, interpretada por


Natalia Gonsales
Me. Aline Guerios (IFSC)
Kena Moreano (UEM)

Resumo:

O monólogo A última dança, com adaptação e dramaturgia de César Baptista e atuação


de Natalia Gonsales, é baseado no diário de Simone Adolphine Weil (1909 – 1943),
Vivendo a vida da fábrica e na publicação Simone Weil - A condição operária e outros
estudos sobre a opressão, de Eclea Bosi. O recorte dos registros da filósofa francesa
descreve o olhar crítico de Weil, a qual abdicou de boas condições para trabalhar e
registrar a vida das operárias européias na fábrica da Renaut, no século XX. Tanto os
diários quanto a montagem apresentam a exploração da força de trabalho, a
precarização do ambiente industrial, as incansáveis horas de labor, a repetição de
movimentos alienantes, as poucas horas de sono e os miseráveis meios de subsistência
da classe proletária. A montagem de Baptista e Gonsales apresenta diversos elementos
narrativos como o cenário (por Flávio Tolezani), a música (por Daniel Maia), as luzes
(por Igor Sane), a fumaça, o efeito sonoro, o figurino e a maquiagem. Além disso, ao
passo que o diálogo com o público e a interação da atriz com a platéia tornam o
monólogo bastante dinâmica; nota-se que com mesmo peso, forma e conteúdo e texto e
cena, causam constante, o que Bertolt Brecht chamou de V-effekt ou estranhamento. A

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última dança rompe com o teatro burguês e leva seus espectadores não somente à
reflexão, mas também ao questionamento, à indignação, à rebeldia e à gana de assumir
seu papel protagonista na História, ciente de que nada é imutável e por isso, em busca
de mudança.

Palavras-chave: Monólogo; Teatro brasileiro; Simone Weil; Texto; Cena.

17) Os ingleses e a comédia de costumes de Martins Pena e


França Junior: o mundo das negociatas e dos favores
Andresa de Angeli Viotti (UEM)
Prof. Dr. Weslei Roberto Candido (UEM/Orientador)

Resumo:

O presente resumo tem por objetivo discorrer sobre os costumes da sociedade


fluminense do século XIX. Considerando suas representações nas peças Os Dous ou o
Inglês Maquinista, do comediógrafo Martins Pena (1815 – 1848) e Caiu o Ministério!, de
França Júnior (1838 – 1890), sendo possível demonstrar e analisar como ocorre a
dialética entre as obras e o seu contexto histórico. Considerando que a primeira peça é
de 1842 e a segunda de 1883, será necessário, para entendimento das obras,
compreendermos seus pressupostos políticos e sociais, pois estaremos analisando, em
Martins Pena, um período localizado em um Brasil império que ainda sente as
reverberações de um Brasil colônia e, em França Junior, um país já que pressente as
mudanças para uma república. No campo econômico, será necessário
compreendermos o mundo das negociatas do século XIX e a relação dos investimentos
ingleses nas construções das primeiras ferrovias brasileiras e nos questionar sobre os
interesses britânicos em proporcionar o crescimento da economia exportadora no nosso
país. Pode-se verificar como os negociantes estrangeiros são representados de forma
grotesca e caricata por meio dos personagens ingleses Mr. Gainer em Os Dous ou o
Inglês Maquinista e Mr. James em Caiu o Ministério!, figuras que são ridicularizadas o
tempo todo nas peças, mediante seus projetos mirabolantes. À exemplo, no primeiro
caso temos Mr. Gainer que busca financiamento para colocar em prática seu projeto de
fazer açúcar a partir do osso do boi e, no segundo, Mr. James que projeta um sistema
“cinófero”, como o mesmo chama, no qual os trens seriam puxados por cachorros que
estariam posicionados dentro das rodas da máquina, além dessas ideias absurdas
ainda observamos o escárnio através das representações psicofísicas dessas
personagens, como pronunciar os plurais de forma errada, ou trocar as palavras
masculinas por femininas, por exemplo. Satirizando, dessa maneira, a figura do inglês
tão presente na nossa cultura oitocentista. Para tanto, é preciso passar em revista as

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características da Comédia de Costumes, gênero brasileiro, inaugurado por Martins


Pena, a fim de compreender o comprometimento social do teatro. Utilizaremos os
estudos realizados por Iná Camargo Costa (1998) e Sábato Magaldi (2004), entre
outros, como base teórica para discutir como ambos comediógrafos utilizam o recurso
cômico para tecer críticas e instaurar reflexões através da arte.

Palavras-chave: Comédia de Costumes; Martins Pena; França Junior.

18) Arte e sociedade no teatro de Gianfrancesco Guarnieri

Tarik Mateus Adão C. de Almeida (UEM)


Prof. Dr. Alexandre Villibor Flory (UEM/Orientador)

Resumo:

Nesta comunicação abordaremos alguns aspectos da cena teatral brasileira entre o final
dos anos de 1950 e o início dos anos de 1960. Período o qual se caracteriza pela
influência de três dos principais grupos teatrais da época (Arena, TBC e TMDC). Assim,
escolhemos duas obras do dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri Gimba, Presidente dos
Valentes e A Semente, as quais trazem com vigor a realidade brasileira da época,
apresentando uma nova forma de se pensar o teatro. Essas peças foram encenadas
pelo TMDC em 1959 e pelo TBC em 1961, depois do estrondoso sucesso da primeira
peça do jovem dramaturgo em 1958 pelo Arena, Eles não usam Black-tie. Obra que se
tornou um grande marco para o Teatro brasileiro, pois pela primeira vez trouxe o
proletariado para o centro do palco abordando temas coletivos como a greve, a favela e
a questão operária. Assim, Gimba e A semente retomam e ampliam algumas questões
já discutidas pelo autor em Eles não usam Black-tie (greve, vida operária e a questão
dos morros). Em Gimba é dado ênfase na marginalização dos moradores dos morros do
Rio de Janeiro, a peça se passa em uma favela e apresenta o retorno do malandro
Gimba após uma viagem de três anos. Em A Semente, o foco principal está na questão
operária, na realidade de um grupo de trabalhadores militantes em um grande polo
industrial, no qual a greve se torna a principal arma revolucionária. Nela se discute a
influência gerada pela exploração do trabalho na vida dos operários. Agileu, seu herói,
mantém um discurso incisivo durante toda a peça, porque está empenhado nos
movimentos reivindicatórios e acredita que a única forma de transformar a realidade
passa pela atuação direta. Contudo, esta comunicação visa promover um comparativo
entre as peças, apresentando como o autor lida com essa temática e sobre como

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alguns personagens se dialogam, bem como evidenciar os primeiros recursos épicos


utilizados pelo autor em sua forma dramática. Para isso toma-se como ponto de partida
o conceito de teatro moderno, que de acordo com Costa (1998) compreende o processo
histórico que se desencadeou a partir crise do drama no final do século XIX europeu. O
teatro moderno passou a utilizar em sua forma recursos de outros gêneros, como o
épico e o lírico, o que culminou no que conhecemos como teatro épico. Mais importante
até do que definir apenas novos padrões, importa ver, nesse processo, a mediação
entre arte e sociedade.

Palavras-chave: Gianfrancesco Guarnieri; Realismo crítico; teatro épico; teatro político.

19) Tradição do teatro dialético no Brasil: Uma leitura a partir de As


Confrarias de Jorge Andrade

André Luiz da Silva Anelli (UEM)


Prof. Dr Alexandre Villibor Flory (UEM/Orientador)

Resumo:

O presente resumo ter por objetivo discorrer acerca da tradição dialética no teatro
brasileiro da segunda metade do século XX. Para dar conta deste pressuposto, foram
selecionados os seguintes autores, Jorge Andrade e Bertolt Brecht que, dentro de suas
respectivas individualidades artísticas, apresentam um caráter dialético dando ao teatro
um aspecto social e político. Para este estudo foram selecionadas as seguintes obras:
As Confrarias de Jorge Andrade que faz parte de um ciclo de peças escritas pelo
mesmo autor, intitulada Marta, a Árvore e o Relógio e, A mãe, do autor alemão Bertolt
Brecht. A escolha das obras partiu da premissa de que a primeira contribui para um
estudo da tradição épica dialética do teatro brasileiro que pode ser vista na construção
da personagem Marta, e a segunda como um estudo comparativo que ajuda a
compreender a tradição épica alemã, também pela perspectiva de uma mãe.
No século XX, o teatro brasileiro, diante de transformações sociais e políticas buscava
uma identidade nacional, distanciando-se assim de obras estritamente vinculadas ao
teatro europeu. Essa identidade não se restringia apenas ao caráter temático, chegando
também ao nível formal, para comportar os novos assuntos do cenário brasileiro. Dentro
deste cenário são vários os artistas que contribuíram para esta ruptura, como Mario de
Andrade e Oswald de Andrade com um teatro que remonta problemas sociais advindos
do capitalismo, e Jorge Andrade, que associou a esta quebra formal eventos vinculados
à história nacional. Dentro desta tradição de modernização do teatro brasileiro, Jorge

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Andrade, a partir do ciclo de peças, recorre à cisões históricas do Brasil e, a partir disto,
reconfigura a estrutura de suas peças teatrais, sempre colocando lado a lado
personagens individuais e coletivos. Escrita em 1969, a peça é uma das últimas a ser
escrita do ciclo. O enredo se passa em 1789, em Vila Rica, Minas Gerais. Contexto do
Ciclo do Ouro, no qual a Coroa Portuguesa cobra dos colonos altos impostos, dentre
eles, a Derrama e o Quinto. Dentro deste contexto de opressão existe Marta, mãe de
José, rapaz jovem que vai atrás de seu sonho, tornar-se ator. Marta, mulher inicialmente
com preocupações que permeiam o nível individual, após ver o marido ser assassinado
ao lutar pelas suas terras contra a Coroa, vai atrás do filho, e é exatamente nesse
percurso que ela, esposa e mãe fechada em seu mundo, começa a se conscientizar de
que a sociedade precisa ser modificada socialmente. Após encontrar o filho, Marta vê
que o mesmo tem em sua profissão de ator, uma “ferramenta” para lutar contra todas as
desigualdades impostas pelas instituições dominantes e, didaticamente, luta pela
“desalienação” do filho que acaba compreendendo a função social do ator. Morto por
lutar contra as injustiças sociais, o corpo de José é carregado pela cidade de Vila Rica
pelas mãos da mãe que, de Confraria em Confraria, procura sepultar o filho. Neste
momento Jorge Andrade apresenta um jogo – ruptura formal- de Marta em relação às
instituições religiosas, pois quando aquela percebe que o filho pode ser sepultado, inicia
um discurso que acaba expondo alguma crítica à instituição impedindo que José seja
sepultado. Ao fim, Marta entrega o corpo de José aos irmãos de todas as Ordens
religiosas, obrigando-os à sepultá-lo no meio da cidade, fazendo assim valer a morte do
filho, fazendo os seus ideais de liberdade serem lembrados. Diante disto, a presente
comunicação tem em vista a análise destas duas peças, a peça A mãe, baseada em
romance de Gorki, que tem uma estrutura similar à As Confrarias pela ruptura do papel
da mãe subjetiva para coletiva. Essa transformação é apresentada por Brecht de forma
didática, e é exatamente este método que vai nos ajudar na compreensão da peça de
Andrade. E As Confrarias que, assim como A mãe, mostra a trajetória de forma didática
de uma mãe que passa de uma figura subjetiva para coletiva levando consigo o papel
de conscientizadora, provocando mudanças inclusive na vida do filho, que também
deixa de ser uma personagem individual para representar uma classe. A partir desta
análise comparativa poderemos compreender melhor a tradição dialética no teatro
brasileiro na segunda metade do século XX, tanto no aspecto temático, quanto formal.

Palavras-chave Teatro dialético; Jorge Andrade; Bertolt Brecht.

20) Trabalho de Brecht no teatro brasileiro atual

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Resumo:
Esta comunicação pretende apresentar alguns resultados das pesquisas realizadas em
estágio pós-doutoral realizado na UFRJ até julho de 2017. O objetivo da pesquisa era
estudar a importância de Brecht para o teatro político a partir dos anos 1990 no Brasil. O
recorte se refere ao teatro de grupo que tenha alguma continuidade em termos de
pesquisa histórica e estética, além de processos de construção coletivos e que tomem
como ponto de partida uma relação entre arte e sociedade que não aceite as limitações
de um mercado cultural no qual sejam simples mercadorias. Essas condições remetem
a uma recepção atualizada da obra de Brecht. Nesse sentido, interessa discutir de que
maneira esses grupos se organizam como forças de produção, como realizam suas
pesquisas, quais as vertentes estéticas que mobilizam, como concebem a mediação
entre arte e sociedade e sua expressão artística, entre outros itens. Cada um dos
grupos segue um caminho próprio, tendo uma atuação também específica, o que vale a
pena estudar. Em outras palavras, não interessava buscar alguma redução teórica
unificadora, mas compreender as diferentes dinâmicas de cada um dos grupos. O ponto
de partida são os objetos mesmo, e não uma busca normativa. Para essa comunicação,
gostaria de contrastar o que venho chamando de “ritual épico” do Ói nóis aqui traveiz
em Viúvas – performance sobre a ausência, de 2011, com a perspectiva dialética
machadiana de Memórias de um cão, do coletivo de teatro Alfenim, de 2016. São dois
grupos que atuam em regiões as mais diversas do país, respectivamente em Porto
Alegre-RS e em João Pessoa-PB, e têm concepções políticas, sociais e estéticas muito
diversas, mas ambos dialogam muito de perto com a tradição crítica do teatro dialético.
Com esse enfoque, gostaria também de evidenciar a importância do teatro brasileiro
contemporâneo para o campo dos estudos literários, questão que é comumente deixada
de lado nos cursos de Letras no Brasil. Esses grupos também se destacam porque,
embora estejam à altura das inovações estéticas mais avançadas e na moda no campo
das artes – seja o ritual artaudiano ou o teatro pós-dramático –, eles não se perdem em
torneios autocentrados em um Eu Demiurgo ou numa autorreferencialidade castradora.
Seus projetos têm referente material, e a palavra continua sendo o espaço privilegiado
para a exposição da dialética da formação subjetiva e cultural, com todas as
contradições que a vida social e estética apresentam.

Palavras-chave: Teatro épico-dialético; Ói nóis aqui traveiz; Coletivo de teatro Alfenim;


teatro brasileiro; arte e sociedade.

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21) O silêncio em dois espetáculos brasileiros

Ricardo Augusto de Lima (UEM)

Resumo:
“E era uma impossibilidade de falar sobre isso”, lamenta a personagem de Conversas
com meu pai, espetáculo com texto de Alexandre Dal Farra a partir de material
autobiográfico de Janaina Leite. Tendo como base a ideia de traûma (do grego, ferida) e
sua impossibilidade de representação, lerei aqui dois espetáculos da dramaturgia
brasileira contemporâneas, a saber: o já citado Conversas com meu pai, de 2014;
Gritos, da Cia. Dos à Deux, de 2016. Ambos foram construídos sob o domínio do nada e
do esquecimento, intensificando a presença do vazio e do silêncio na construção
cênica. Enquanto Conversas com meu pai invoca o discurso mítico para dar forma ao
informe, Gritos cria um “poema gestual” cujas lacunas e vazios são abissais. Portanto,
recorro a Psicanálise para a leitura do trauma, do luto e da melancolia nesses textos, a
fim de evidenciar que o interdito no silêncio revela mais sobre essas personagens que
aquilo que, de fato, elas expressam verbalmente. Cria-se, desta forma, uma atmosfera
onírica e uma cena mais próxima do real, mas não do realismo: nos dois espetáculos
estamos diante de uma cena simbólica, cujo referencial é sempre evocado por meio de
imagens (poéticas e visuais) e sugestões, permitindo ao silêncio e à escuridão
expressarem mais do que precisavam e deviam, fornecendo ao espectador subsídios
para a compreensão da sensação, e não da fábula em si. Não há, aqui, uma fábula
tradicional no sentido usual da palavra nos estudos teatrais. Há, porém, uma linha de
reflexão acerca do passado e sua tensão com o presente, impossibilitando, nos dois
casos, uma representação tradicional com começo, meio e fim, visto ser a memória um
campo minado pelo tempo. Assim, por meio do distanciamento do discurso gestual
poético – no caso de Gritos – e da evocação dos mitos de Édipo e Ló – no caso de
Conversas com meu pai – temos a apreensão do sentido pleno do vazio representado.
Tratando de temas tabus, os espetáculos se esforçam para alcançar uma perspectiva
poética e analítica por meio de uma representação que se afasta da cena mimética
tradicional, irrompendo o real autobiográfico e o poético como recursos de
distanciamento ao mesmo tempo em que se constroem como recursos de aproximação
entre espectador e cena. Logo, a cena é construída sob o espaço do ambíguo que, uma
vez fortalecido pelo vazio e pela impossibilidade de representação, permite infinitas
leituras sobre um mesmo fato, evidenciando as diferentes perspectivas de cada sujeito.

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ISSN: 1981-8211

Palavras-chave: Conversas com meu pai; Gritos; silêncio; dramaturgia brasileira; teatro
contemporâneo.

SIMPÓSIO 13) As incidências da dor: cortes literários, suturas


psicanalíticas

Profa. Dra. Amanda Ramalho de Freitas Brito


(UNEAL/UFPB)
amandaramalhobrito@gmail.com
Prof. Dr. Hermano de França Rodrigues (UFPB)

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25, 26 e 27 de setembro de 2017
ISSN: 1981-8211

1) As vozes silenciadas da Rebelião da Casa Penal São José (Liberto)

Ingrid Clairley Barbosa da Encarnação (UFPA)


Prof. Dr. Heriberto Catalão Junior (UFPA/ Orientador)

Resumo:
Este trabalho apresenta os resultados da minha pesquisa de conclusão de curso,
realizado no período entre junho de 2016 a junho de 2017, com o título: As Vozes
Silenciadas da Rebelião da Casa Penal São José (Liberto). Havia um presídio
localizado no centro do Bairro Jurunas, na Avenida 16 de novembro, em Belém do Pará,
com grande mobilidade urbana, onde ocorriam várias irregularidades desde sua criação
como casa de detenção, até que no final dos anos 90, ocorreu uma rebelião que teve
como reféns agentes carcerários e próprios detentos, fato que deixou a população da
época em pânico. Visto que o objetivo geral deste trabalho é narrar os acontecimentos
que levaram a desativação da casa penal São José, a partir do relato dos exs
presidiários que participaram direto ou indiretamente do evento em Março de 1998;
Trata-se, portanto, de uma metodologia que se fundamentou em informações
quantitativas e qualitativas, ou seja, em estudos bibliográficos como Michel Foucault,
Antônio Drauzio Varella, Gay Talese, Tom Wolfe, Mikhail Bakhtin, entre outros – como
também analise de documentos históricos e de arquivos públicos e privados que
contribuíram para a pesquisa, mas o trabalho baseou-se essencialmente na
investigação dita de campo - observação direta, interação pessoal, convivência mais
próxima possível com os sujeitos entrevistados -, na criação e manutenção de arquivos
para o registro de dados biográficos, anotações, reflexões, problematizações
detalhadas, coletando dados sobre como era à vida dos detentos na época e mostrando
como a rebelião ainda influencia na vida das pessoas que passaram pela última fase do
São José, para enfim, chegar à última etapa que é analisar todo o conteúdo colhido e
ficcionalizá-lo, ou seja, após este esforço, entrarei nas etapas mais estritamente
literárias da pesquisa: os procedimentos de ficcionalização para exibir o lado das vozes
que foram silenciadas naquele dia, as vozes dos presidiários. Portanto, esse estudo
inclui um ponto de vista literário narrativo, na medida em que os entrevistados tornam-
se personagens das suas próprias histórias, portanto, em síntese o trabalho inicia-se
por uma estrutura narrativa em 3° pessoa, cujo é divido em 10 capítulos, onde conta a
trajetória um detento que é protagonista e tem contato com todos os personagens
secundários da história que estavam presentes na Rebelião de 1998.
Palavras-chave: rebelião, entrevista, narrativa, personagens, literatura.

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2) Poesia melancólica: uma interpretação psicanalítica

Flávia Aparecida Hodas (UEL)


Prof. Dr. Alamir Aquino Corrêa (UEL/Orientador)

Resumo:
Desde a Antiguidade Clássica, a melancolia despertou interesse entre os mais diversos
campos de estudo, o que gerou, no decorrer da história, diferentes modos de concebê-
la e defini-la. Seja um simples estado temporário da alma, seja uma patologia que deve
ser curada, os caminhos percorridos pela melancolia revelaram-na um objeto de estudo
complexo e, muitas vezes, ambíguo. No entanto, entre as mais diversas áreas do saber,
é inegável que algumas características tornar-se-iam estereótipos para identificar o
homem atormentado pelos domínios da melancolia: o sujeito melancólico é, por
excelência, um ser triste, mórbido e detentor de ideias pessimistas. Na Modernidade,
com o advento dos estudos psicanalíticos, principalmente os elaborados por Freud, a
melancolia teria uma miragem científica: assemelhando-se ao estado de luto, ela é, em
contrapartida, um estado patológico que deve ser coibido com o uso de medicamentos.
Em outras palavras, segundo a perspectiva freudiana, tanto a melancolia como o estado
de luto são maneiras de se reportar a perda de um objeto amado. Contudo, enquanto o
enlutado supera o seu estado, o melancólico recusa-se a sair dele, mergulhando cada
vez mais no abismo de sua própria dor. Se, por um lado, a melancolia foi o objeto de
estudo de diferentes áreas do conhecimento, por outro lado, ela também se deixaria
escoar pelas obras literárias e, dessa maneira, a visão psicanalítica assoma como um
meio importante para se compreender as manifestações artísticas melancólicas. Os
poetas que cantam a melancolia cantam, na verdade, um objeto irrecuperável e, por
isso, uma poesia repleta de imagens obscuras e taciturnas fazem emergir um discurso
essencialmente melancólico. Nesse sentido, mais do que um simples afeto ou doença, a
melancolia se fez presente em diversas obras poéticas, destacando-se com imagens
peculiares e topois recorrentes que delineiam um discurso melancólico. Afinal, como
fala a melancolia e como os poetas fazem-na falar em versos? Procurando as respostas
para essas perguntas, o presente trabalho tem como objetivo, portanto, analisar os elos
que se estabelecem entre a melancolia e a poesia e, mais especificamente, como eles
podem ser compreendidos a partir de uma visão psicanalítica. Para tanto, além do
artigo “Luto e Melancolia”, de Freud, utilizar-se-á a obra Sol Negro: Depressão e
Melancolia, da psicanalista Julia Kristeva e, ademais, observar-se-á as manifestações
melancólicas em alguns poemas de escritores brasileiros, como os de Álvares de
Azevedo e de Lúcio Cardoso, cujos versos deixam entrever a dor irreparável do objeto
amado perdido e, por conseguinte, a face mórbida da melancolia.

Palavras-chave: Psicanálise; poesia; melancolia.

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3) A Moça Tecelã: Uma análise teórica do conto de Marina Colassanti

Lilian Regina Gobbi Bachi (UEM)


Profa. Dra. Roselene de Fatima Coito (UEM/ Orientadora)

Resumo:

A partir dos estudos realizados sobre o conto A moça tecelã de Marina Colasanti, foi
permitido compreender que existe uma infinidade de possibilidades para esse texto. No
entanto, nos limitaremos aqui aos estudos da Teoria Psicanalítica. Essa vertente teve
suas pesquisas iniciadas por Freud com o objetivo de sublinhar ângulos pouco
iluminados por outras críticas literárias. De um modo geral, nos interessam nesse
momento formações do inconsciente, lapsos, chistes, associações, desejos,
sentimentos, etc., sempre que esses atuem como elementos que constroem o texto. O
primeiro livro da escritora Marina Colasanti intitulado Eu sozinha fala sobre a solidão,
sobre o prazer de se estar só e questiona a necessidade de ter alguém, desse modo
surgem as perguntas: por que a autora insiste nesta tenuidade? Será que o desejo da
narradora é trazer à tona esse enclausuramento que ocorre dentro de si mesma? Ou
forçar o leitor a pensar em seu autoenclausuramento? No conto, o leitor é convidado a
viajar para um mundo de fantasias, onde a moça com sua máquina de tear é capaz de
construir elementos da natureza, dar vida a seres e tecer um marido de carne e ossos.
O texto de Marina Colasanti faz uma intertextualidade com várias outras obras da
história da literatura, em especial com Penélope de Ulisses e com o conto A filha do
moleiro. A partir dessas constatações buscamos os pontos em comum entre as
personagens, e também a narradora, no que diz respeito ao sentimento de dor, de
angustia, de solidão e de poder. A partir dos estudos de Boudoim pudemos comparar a
obra, objeto dessa análise, a um sonho, fruto do inconsciente, o que nos faz pensar se
de fato todas as ações narradas acontecem ou se partem da imaginação da mulher,
como uma forma de ressignificação do simbólico, defendido pela Teoria Lacaniana.
Além disso, buscamos em Jean Bellemin-Nöel (1983) evocar a hipótese do inconsciente
do texto, que é o desejo do escritor impresso na obra. A partir disso, associamos o fato
da personagem estar “escondida” fisicamente com o fato estar “escondida”
psicologicamente, pois ela é aprisionada simbolicamente pelas ordens do marido “e
entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais

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alta torre (COLASANTI, 2000, p. 12).” Nessa linha de raciocínio, aproximando a fábula
da realidade, percebemos que é na intimidade de nossos quartos que sofremos as
crises da solidão, do ser, é justamente nesse cômodo que dialogamos com nossa
consciência a respeito de nossas dores psíquicas. Assim, buscamos em autores como
Freud, Bourdieu, Baudoim, Sarte, Tadié, Lacan embasamentos para essa análise.

Palavras chave: Interpretações teóricas; Psicanálise, Dor.

4) Saturno em Mar Absoluto e Outros Poemas

Profa. Dra Amanda Ramalho de Freitas Brito (UNEAL, UFPB)

Resumo:
A melancolia tem sido tema constante na literatura universal, seja na poesia ou na
prosa, representada em diferentes épocas históricas, em diferentes gêneros (na lírica,
na tragédia e na epopeia) e de diferentes maneiras. A estética da melancolia é
embrionária de elos rompidos pelo tempo (Antônio Nobre, por uma infância desbotada
em decorrência do relógio da vida) da perda de um referencial (a crise renascença que
se vê emergida num plano dividido entre a religião e o humanismo, em poetas barrocos)
e da morte (convivência com uma finitude que desestabiliza o sujeito, como no Eu, de
Augustos dos Anjos). Em Cecília Meireles estes motivos também serão representações
alegóricas da “DOR”, criando uma poética do despovoamento, pela qual irrompe o
motivo da melancolia: “o vivendo de nunca chegar a ser”, ideia elaborada, por exemplo,
no poema Sugestão. Essa perspectiva de uma poética da ausência ou do
despovoamento, é colocada paradoxalmente no eixo da continuidade de uma vida
resistente à finitude, recuperada na dimensão simbólica pela arte da palavra. Isso alude,
certamente, ao conteúdo catártico da literatura, que objetiva subjetivamente uma
percepção crítica do mundo, como resultado do sofrimento, da purgação. Por isso ao
recuperar Aristóteles, Scliar (2001) enfatiza que os artistas e filósofos estão inclinados
para a melancolia, surgida do medo e da tristeza. Eis porque Aristóteles considerou o
trágico, que concerne à dor e ao sofrimento como caractere superior de imitação
artística, na medida em que provoca no individuo uma mudança estrutural. Essa
representação da catarse na pode ser percebida nas ideias de Schopenhauer (1989),
ao apreender a arte poética como instrumento de redenção do sujeito fadado ao

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sofrimento. Freud (1985) nos diz que a melancolia é produto de uma perda de algo
indefinível que se distanciou do sujeito no plano da idealização, isto é, o indivíduo,
fatalmente melancólico não tem consciência e não compreende o que se perdeu, a
perda é de natureza mais ideal, o que resulta em um profundo desencantamento, e
consequentemente o faz perder o interesse pelo mundo das exterioridades.
Considerando esses conceitos procuro analisar o livro Mar absoluto e outros poemas,
de Cecília Meireles, estabelecendo a relação entre poesia e melancolia. Assim, busco
entender se a poética ceciliana apreende a dor da realidade desnudada do pathos da
condição existencial do sujeito (arte-poética como representação da dor imanente) ou
se em uma atitude autorreflexiva o sujeito melancólico transfere-se para o objeto
literário. Dito de outra maneira, a melancolia surge da consciência poética, que dá forma
aos sentimentos, colocando a escritora e o leitor em uma relação de meditação com o
mundo, ou a melancolia surgida das vivências da autora dá forma a poesia.

Palavras-chave: Melancolia; Cecília Meireles; Poesia.

5) A Melancolia da Forma: da Morte em Hilda Hilst

Profa. Dra Amanda Ramalho de Freitas Brito (UNEAL/UFPB)

Resumo:
No presente artigo, analiso pelo viés da semiótica peirceana, o livro Da morte.Odes
mínimas, de Hilda Hilst, publicado em 1980. Procurando investigar como a relação
triádica do significado (signo, objeto e interpretante) cria a forma da melancolia para
representar oniricamente os espasmos deformantes da morte. O signo morte irrompen-
se no processo de um olhar lírico, daquilo que nomeio tanatocentrismo, ou seja, a morte
como centro de todas as coisas. Essa ideia centrípeta da morte em Hilda Hilst é posta
como projeto de poesia na ode “XXXII”, quando a voz lírica apresenta o motivo de sua
poesia: a presença finda do sujeito e de seus objetos de desejo. Na criação hilstiana a
morte desnuda-se como encarnação da própria hora do desfecho trágico da vida; da
ausência reveladora do nada; da partida, despedida de afetos idos, perdidos no
cronotopo da existência frágil e dolorosa e da memória, apego ao passado como
maneira de acessar o epílogo da paixão, da infância e ainda como uma tentadora
resistência ao olvido (sentidos configurados, por exemplo, nos poemas XXIX e XXXV e
no poema II da terceira parte do livro, “Tempo-Morte”). Essa compreensão da vida

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marcada pelo fim é posta ainda no exórdio do livro por aquarelas surrealistas feitas pela
autora, que apontam para a propositura desmembrada, deformada do “eu” por se saber
ser-morte. Estabelecendo-se, desse modo, uma relação tradutora entre o signo poético
e o signo visual, tensionadora desse saber ser-morte. Em face dessa pulsão de tânatos,
na forma poética hilstiniana, surge a compreensão poética da melancolia.
Etimologicamente melancolia quer dizer bile negra, termo oriundo da compreensão
clássica do humor depressivo instaurado no cérebro pela disfunção da bile negra. Para
Jean Starobinski (2016, p. 429), a melancolia é o espírito da constatação desolada,
inerente à viuvez da vida, logo, conforme medita o pesquisador, podemos compreender
a personalidade melancólica como aquela que reflete a consciência latente do homem
sobre a viuvez, sobre a morte. Tal consciência determina o sistema criativo hilstiano,
transformado em metáfora, uma vez que transfere para o plano semiótico da palavra-
imagem os sentidos da viuvez, revelados em signos como deserto e nada, síntese da
presença da negação, indiciando uma vida ceifada na dura presença da morte. A
metaforização é, inclusive, o percurso de resignificação da melancolia no plano de
possibilidade de reestruturação do próprio eu, pois o põe na consciência meditada da
vida.

Palavras-chave: Morte; Melancolia; Hilda Hilst; Semiótica; Poesia.

6) Olhar melancólico e a busca por identidade

Ronaldo Gomes dos Santos (UEM)


Profa. Dra. Amanda Ramalho de Freitas Brito (UNEAL, UFPB/Orientadora)

Resumo:
Busco descrever no presente trabalho as características do processo migratório dos
nordestinos para cidades mais desenvolvidas, e como essa ação prejudica a identidade
do individuou, mostrando como a melancolia está posta nas suplicas dessas pessoas,
conforme veremos no poema que será alvo de nossa analise, Oração, de Jorge Lima. O
apego a oração é o único recanto que como balsamo cura as feridas deixadas pela
saudade e a falta de algo, tendo esperança num futuro próximo. É a única forma que o
ser humano encontra em momentos de desespero. Esse processo é uma realidade
vivenciada por milhares de famílias brasileiras. A melancolia nesse ponto, se dá através
de uma vida de sofrimento interno. Em que a necessidade clama mais alto do que o
estar perto de quem ama, e até mesmo do ideal de lugar perfeito que criamos. Essa
montanha de sentimentos tornasse um recanto de memorias e uma lagoa de

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sentimentos, que a qualquer momento pode se exteriorizar. O processo melancólico. A


lembrança do passado como uma forma de suportar e viver o presente. Mas tudo isso
com uma esperança de reencontro, de proximidade. Como a aclamação a Ave Maria,
para que lhe de asas para que posso voar de volta ao seu lar de consolo. A melancolia
se instaura dentro do ser. Uma realidade que faz uma retrospectiva de belas
lembranças, mas ao mesmo tempo tem o impacto de realidade, as asas cortadas, e vê
o ideal se afastar mais a cada dia, criando um não contentamento com o presente. Lima
(1980), faz uma alusão ao ser socialmente necessitado, que encontra nesse processo o
meio de se sustentar, mas se desvinculando de suas raízes. No poema encontramos
também o ideal religioso como a busca para não loucura, o ser sóbrio. Como se a
lembrança fosse a única coisa que dá força para persistência. Nisso Ave Maria é
escolhida não por acaso, é a santa mãe de Deus, que cuida dos mais necessitados.
Nesse caso a necessidade de proximidade, do querer estar perto. Também vemos o
tema infância, como uma forma de recordação e de nostalgia de um tempo perfeito, que
agora se perde, como a perda de identidade. Existe agora apenas uma realidade
sofrida, melancólica em sua quase totalidade. O querer retornar a vivencia passada é
uma característica que nos remete a pensar a melancolia em construção. A lembrança
das imagens do passado como símbolo que relembra tanto os tempos de alegria como
de desespero. Mas podemos pensar esse símbolo como objeto de melancolia, do
querer ao ponto de sofrer por não poder retomar o tempo passado e ver com olhar
míope suas lembranças .

Palavras-chave: Melancolia; Religiosidade; Lembrança.

SIMPÓSIO 14) Literatura e ecocrítica: um olhar sobre o contemporâneo

Dr. Vinícius Silva de Lima (UEPG)


viniciuslima@sercomtel.com.br
Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (UEM)
maraires2@gmail.com

1) A presença imagística da natureza na poesia de Adélia Prado – um


diálogo com a ecocrítica

Aline G. Roskosz B. (UEPG)

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Resumo:

O presente trabalho propõe-se a mostrar a relação entre a natureza e a literatura, por


meio de uma investigação analítica-interpretativa nas poesias “Módulo de verão”,
“Anímico” e “Bucólica nostálgica”, de Adélia Prado, considerada uma das mais
importantes vozes femininas da poesia brasileira contemporânea. Nota-se que nessas
poesias o eu-lírico apropria-se de forma sensível de imagens ligadas à natureza como
forma de expressão de seus sentimentos e sensações, demonstrados de diversas
formas; deste modo analisar-se-á a presença imagística da natureza (paisagem) e toda
sua significação estabelecida com o lugar, utilizar-se-á também o conceito de topofilia
(que se refere ao sentimento de familiaridade ou apego do ser ao espaço, termo criado
pelo geógrafo chinês Yi-Fu Tuan e também referente à geografia humanista) e como
este se apresenta nos poemas já mencionados da autora. A presente pesquisa busca
embasar-se nos pressupostos teóricos da ecocrítica,(mais especificamente na obra de
Greg Garrard, onde clarifica que o interesse da ecocrítica não diz respeito somente à
orientação ambientalista, mas sim “uma modalidade de análise confessadamente
política [...] os ecocríticos costumam vincular explicitamente suas análises culturais a
um projeto moral e político ‘verde`”. A Ecocrítica vem contribuindo para reflexões
contemporâneas a respeito de como habitar a terra de uma forma mais cuidadosa,
solidária e responsável percebendo que todos os seres compartilham do direito de estar
e viver no mesmo ambiente que os seres humanos. Assim sendo os textos literários,
vem explorando as mais variadas questões universais, inclusive a questão ecológica.
Em uma análise ecocrítica, várias são as questões com as quais consegue um texto
abordar, questões estas, como a natureza é representada no texto, podendo ser literário
ou não, se a escrita feminina e masculina se dão de modo diferenciados referente ao
tema natureza, ou ainda questões referentes aos valores que são dados ao objeto de
análise e se por ventura esses são ou não valores consistentes com o saber ecológico.
Todavia, ao se considerar a ampla visão do ambientalismo, posicionamentos políticas e
filosóficas direcionam para as mais variadas direções no debate ambiental, incluindo aí
posturas política e filosófica, sendo assim cada uma tem seu modo peculiar de
compreender os ambientes e sua relação com o ser, como também a crise ambiental
causada por esse mesmo ser, em consonância com os valores que prezam, os quais
podem buscar soluções para esses que estão em ameaça.) uma área relativamente
nova em nosso país, mas de tema antigo e universal ( a natureza ), que contempla os
estudos sobre a relação entre literatura e meio ambiente, bem como a relação entre o
homem e o meio em que vive e das variadas formas de relação estabelecida entre
esses elementos, desde que haja uma perspectiva ecocêntrica no texto de literatura, e
com isso traga ao centro o lugar e a contextualização da escrita, bem como sua
recepção. (GARRARD, 2006).

Palavras-chave: Natureza e literatura; Ecocrítica; Adélia Prado; Topofilia.

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2) Poesia, percepção e paisagem natural na obra de Rodrigo Garcia


Lopes

Prof. Dr. Vinícius Silva de Lima (UEPG)

Resumo:

O escritor, tradutor e músico londrinense Rodrigo Garcia Lopes desenvolve, em sua


obra, uma relação estreita entre poesia e paisagem. O objetivo deste trabalho é apontar
como Lopes constrói em sua obra uma paisagem natural marcada por uma intensa
interação entre o eu lírico e as coisas que o cercam em um permanente processo de
percepção e representação da paisagem. Como apontado por Michel Collot (2013), a
noção de paisagem exige, pelo menos três elementos imprescindíveis: um local, um
olhar e uma imagem. Desta forma, a representação da natureza supera a ideia de
simples mimesis, avançando para uma percepção e uma representação do ambiente.
Isto se dá, pois “a paisagem não é a região, mas certa maneira de vê-la ou de figurá-la
como „conjunto‟ perceptiva e/ou esteticamente organizado: ela jamais se encontra
somente in situ, mas também in visu e/ou in arte. Sua realidade é acessível apenas a
partir de uma percepção e/ou de uma representação” (COLLOT, 2013, p.50). A obra de
Rodrigo Garcia Lopes se situa dentro de um momento histórico e cultural
profundamente marcado pela modernidade artística, em que muitos valores pautados
no racionalismo e formalismo do texto foram abandonados como posturas estéticas e
substituídas por uma visão irracional, intuitiva e sensível do mundo. Tais mudanças
ocorrem principalmente a partir do Romantismo e se desdobram nas experiências de
Baudelaire, Rimbaud e Mallarmé. Lopes dialoga com as poéticas modernas, em
especial com Rimbaud, de quem é tradutor, e flerta com a poesia americana de Walt
Whitman e com os chamados poetas “beats”. É com a modernidade também que ocorre
uma ressignificação da paisagem literária. Segundo Anne Cauquelin no livro A invenção
da paisagem (2007), “a paisagem representada pelos artistas é a consolidação do
vínculo entre os distintos elementos e valores de uma cultura, ligação que oferece um
agenciamento, um ordenamento e, por fim, uma ordem à percepção do mundo”.
(CAUQUELIN apud KOZEL, 2007, p.68). Os poemas de Rodrigo Garcia Lopes mantém,
a todo o momento, uma relação entre o “dentro” e o “fora”, captando as diversas
percepções da paisagem geográfica e da paisagem interna, em um processo constante
de construção da paisagem natural. Os princípios teóricos a serem utilizados
assentamse nos estudos desenvolvidos por Kenneth White e sua Geopoética, além do
pensamento do francês Michel Collot e seu pensamento sobre as Poéticas da
paisagem. Portanto, a proposta em tela traz, como principal contribuição, a

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apresentação e o entendimento da poesia desenvolvida pelo poeta Rodrigo Garcia


Lopes e as relações que desenvolve com os elementos naturais e a paisagem.

Palavras-chave: Rodrigo Garcia Lopes; Percepção; Paisagem Natural.

3) Um olhar ecocrítico para o protagonismo feminino em The Fifth


Sacred Thing (1993), de Starhawk

Mayara Carrobrez (UEM)


Profa. Dra. Érica Fernandes Alves (UEM/Orientadora)
Profa. Dra. Alba Krishna Toppan Feldman (UEM/Co-orientadora)

Resumo:

O objetivo desse trabalho é explorar o protagonismo das personagens femininas no


romance The Fifth Sacred Thing (1993), da escritora estadunidense, Starhawk. Nossa
análise focaliza duas personagens principais, Maya, a anciã da comunidade localizada
no norte de São Francisco e Madrone, a curandeira. Ambas vivem uma realidade
utópica onde não há machismo, racismo ou homofobia, diferente do distópico sul, onde
uma ditadura controla vida das pessoas. Identificamos que não há um embate explícito
entre homens e mulheres, algo que pudesse ser caracterizado enquanto uma opressão
em relação as mulheres, visto que Starhawk volta-se enfaticamente para um conflito
ambiental e religioso, o que não significa que as personagens não estejam inseridas em
um ambiente conflituoso. Todavia, é o protagonismo feminino que chama nossa atenção
e que será problematizado, visto que o romance está repleto de elementos neopagãos
que possibilitam tal abordagem. Sendo assim, nosso objetivo consiste em observar
como o protagonismo feminino presente na obra é construído, bem como a maneira
como as personagens femininas lidam com a natureza. Para isso, utilizamos das
contribuições teóricas ecofeministas de Mies e Shiva (1994) e atentamo-nos ainda para
as questões que podem ser analisadas pelo viés da ecocrítica com base nos estudos de
Garrard (2006), dentre outros teóricos.

Palavras-chave: Ecocrítica; Ecofeminismo; Protagonismo Feminino.

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4) O fandango em perspectiva: acontecimentos geopoéticos na vida


caiçara

Thatyana Mariah Bartalo Athayde (UEL)


Prof. Dr. Frederico Augusto Garcia Fernandes (UEL/Orientador)

Resumo:

Manifestação poética, musical, coreográfica e festiva, o fandango caiçara é uma forma


de arte híbrida que reflete o modo de vida de comunidades litorâneas situadas entre o
sul do Rio de Janeiro e o estado do Paraná. A tessitura da arte fandangueira é
guarnecida por uma multiplicidade de elementos, que envolve a confecção dos
instrumentos (tradicionalmente viola, adufo e rabeca), a elaboração dos versos (muitas
vezes um processo criativo de improvisação entre os mestres), a dança (bailado e
batida de tamanco) e, finalmente o baile (momento de celebração da comunidade). Os
fazeres fandangueiros, em suas dimensões artísticas e sociais, atravessaram séculos,
de maneira geral, mantidos em suas formas tradicionais. Atrelado aos mutirões de roça
e relacionado aos sacramentos católicos, o fandango era festejado no cotidiano das
famílias em colheitas, batizados e casamentos. Ao longo do século XX, as demarcações
de terra pelo governo, a especulação imobiliária, a expansão das igrejas
neopentecostais, o alastramento da indústria cultural, entre outros fatores, alavancaram
um processo de gradativo apagamento dessas manifestações enquanto traço identitário
das comunidades caiçaras em questão. Em vista dessas modificações e da
necessidade de compreender as dinâmicas sociais impostas aos grupos que se
reconhecem a partir dessa arte, iniciou-se um movimento de debate entre as
comunidades com o objetivo de buscar mecanismos políticos para salvaguardar o
fandango caiçara. As mobilizações culminaram em 2012 no processo de
reconhecimento do fandango como forma de expressão do patrimônio imaterial
brasileiro pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Como
resultado dessa historicidade, o que se percebe atualmente, é um fortalecimento da
articulação entre as comunidades tradicionais e o universo acadêmico, na reivindicação
junto ao poder público pela manutenção da cultura de pesca artesanal e do modo de
vida caiçara. O território caiçara é lugar considerado também nas discussões sobre
zonas ameaçadas pelas políticas de industrialização e, nesse espaço, o fandango se
faz presente, seja de maneira objetiva ou subjetiva, como ponto de partida ou de
chegada. Refletir sobre a arte fandangueira, é interrogar-se ainda sobre seus diálogos
com uma ancestralidade indígena, africana e europeia e os modos pelos quais adquiriu
peculiaridades e configurações diferenciadas em cada lugar. É um contexto amplo que
atravessa a história do Brasil Colonial e, transformado ao longo dos tempos, se faz
presente na contemporaneidade, descortinando a energia e a vivacidade da própria
cultura. Em se tratando de uma cultura que pressupõe um modo de vida em profunda
conexão com o espaço, parece óbvio confirmar que suas expressões artísticas refletem

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de forma transparente esse vínculo. Essa é uma trama que oferece possibilidade para
se pensar o liame homem e lugar em toda a sua estrutura, tendo em vista que todos os
elementos são resultantes desse amálgama. Desde a retirada de madeira na mata para
a confecção dos instrumentos, até o baile beira-mar, o homem caiçara está integrado à
natureza que o cerca, revelando uma esfera propícia às reflexões sobre os
acontecimentos geopoéticos na rede dessas práticas. Assim, essa proposta de estudo,
pretende oferecer um panorama das formas pelas quais o território caiçara se manifesta
no fandango, com destaque para as expressões do eu-lírico no discurso poético das
canções.
Palavras-chave: Fandango caiçara; dinâmicas culturais; território; geopoética.

5) A Semântica espacial de Manoel de Barros

Claudine Delgado (UEM)


Dra. Marcele Aires Franceschini (UEM/Orientadora)

Resumo:
A produção poética manoelina traz variegados elementos da natureza pantaneira, e em
seu percurso dialético, carrega um delírio verbal característico: a palavra que se
expande de forma a assumir infinitas significações. A poesia de Barros faz uma alusão
pluridimensional das raízes primigénas que regem o mundo, tal qual o investimento
semântico da espacialidade metaforiza os quatro elementos fundamentais da natureza.
Assim, essa apresentação é um recorte de um projeto científico maior, de natureza
bibliográfica e qualitativa, e se refere ao tratamento do espaço perante Barros,
adentrando sua cosmogonia sorvida e transcorrida no permeio de terras e águas
pantaneiras, onde o poeta volta-se à origem mítica e imanentemente lúdica.
Palavras-chave: cosmogonia, Manoel de Barros, poética.

6) Água, Fogo, Terra e Etéreo na poesia de Karen Debértolis

Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (UEM)

Resumo:

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“Ar, terra, água, fogo – estas são ‘as’ palavras” (Air, soil, water, fire—these are words):
eis o verso de Walt Whitman em “To the Sayers of Words” (Leaves of Grass, 1867)
dialogando com os escritos poéticos da paranaense Karen Debértolis. Cada um de nós
é palavra complementar ao elemento, de modo que nossa mais íntima substância os
“interpenetra”. Tanto a Whitman quanto a Debértolis não existimos aquém ou além
deles. Não somos um nome. Somos o amálgama. Mas para se chegar a ele, só os
iniciados. Ou os da quintessência, como descreve Rimbaud em sua famosa “carta-
vidente” (1871) a Paul Demey – Les lettres du Voyant. À escritora, autora de livros
poéticos e prosaicos, a quintessência é quase uma via para se atingir a transcendência
poética, o poder visionário através do “longo, imenso e sensato desregramento de todos
os sentidos”, como discorre Rimbaud na Carta. Desregrar os sentidos, ao mesmo tempo
em que nos guiamos por eles sem as amarras do que, a nossos olhos, “parece”
verdade. O seco, o telúrico do entendimento, do que se pede ao íntimo-ínfimo: “Não
preciso mais perseguir desertos para colorir minha alma”; o fogo-salamandra do eu:
“Deixo que o cheiro de almíscar e mato do incenso queimando nas mãos dos três
magos inundem luas, planetas e estrelas desenhados dentro de mim” (Estalagem das
almas, 2006); o fluido, o líquido que jorra da mente: “É necessário fazer o degelo de
pensamentos congelados” (‘Dia difícil’, em A mulher das palavras, 2010); o etéreo, o
plasma: “Olhar novamente ∕ com mais calma. ∕ E, assim, ∕ talvez, ∕ tudo se torne ∕
invisível, ∕ transparente” (poema sem título publicado no blog da autora em 9 de julho
de 2010). No que toca ao etéreo, prima-se aqui pelo discurso de Bachelard. Ao poeta-
filósofo-cientista, para se chegar ao ínfimo da substância é necessário que o leitor-
viajante, ou quem comungar da alquimia das palavras, prepare-se à experiência, como
manifestado em O direito de sonhar (1939). Karen Debértolis parte do macro para o
micro e do micro para o macro com maestria, evocando os elementos poéticos com o
fluxo imagético e sonoro dos haicais, espécie de “renga”, como a própria autora afirma
em entrevistas, ou o “encadeamento dos poemas”. No mesmo tom poético (estando a
poética presente tanto no texto poético quanto no prosaico), a autora se revela por
correlações: Terra (o Grande Yin), ou o mundo em seu estado bruto; a Água (o
Pequeno Yang) – a energia, o fluxo do que sai como sentimento e pulsão; o Ar (o
pequeno Yin), ou o pensamento, o corpo mental, o corpo Átmico; e o Fogo (o Grande
Yang) – o espírito, a imaginação, a liberdade, a intuição. Karen Debértolis celebra os
elementos nos vieses da palavra. Ave, palavra.

Palavras-chave: Karen Debértolis; Quatro Elementos; Poética; Bachelard; Yin-Yang.

SIMPÓSIO 15) Transformações no espaço e no romance

Dr. Tauan Fernandes Tinti (UNICAMP)

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tauantinti@gmail.com
Me. Camila Hespanhol Peruchi (UNICAMP)
camilahespa@hotmail.com

1) As representações dos espaços internos e externos em Repouso de


Cornelio Penna

Renata de Paula Ferreira (UEL)


Profa. Dra Luciana Brito (UEL/Orientadora)

Resumo: O presente trabalho visa à elaboração de uma análise do papel dos espaços internos
e externos no romance Repouso (1948) e suas implicações em Dodôte, personagem
protagonista. Alguns pontos presentes na obra, como o declínio do patriarcalismo, o processo
de urbanização associado à decadência da vida do campo e até mesmo a alteridade entre
campo e cidade são necessários para o entendimento e configuração do processo melancólico
de Dodôte. Processo esse que a mantém em permanente divórcio com o meio em que está
inserida e distante das relações familiares e sociais. Há pouca interação de Dodôte com os
demais personagens, mas deve-se frisar a relação com Chica, empregada da casa, e Dona
Rita, a avó. São nessas relações que alguns pontos devem ser ressaltados. Enquanto Chica
participa do lado afetivo, compartilhando momentos de angústia e incertezas, Dona Rita tem o
papel representativo do social com a intenção sempre clara de fazer com que a neta adquira
pertencimento social. Roberto DaMatta, em sua obra A casa e a rua (1985), expõe a ideia de
que existem dois tipos de códigos em uma sociedade: um é código da casa fundado na família e
o outro seria o da rua baseado em leis universais; cada ser age conforme a demanda de cada
código. Assim, Dona Rita é a força de reajuste do código da rua, muito embora por muito tempo
ela tenha sido a única representação de família para Dodôte, e é Chica quem organiza o mundo
da casa para Dodôte.

Palavras-chave: Repouso; Dodôte; romance; espaço.

2) A potência transformadora da água em A maçã no escuro, de Clarice


Lispector

Mariângela Alonso (USP)

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Resumo: No universo inesgotável da fortuna crítica da obra de Clarice Lispector,


figuram análises que se voltam para as mais diferentes temáticas. Nesse sentido, o
estudo de A maçã no escuro, quarta obra de Clarice Lispector, publicada em 1961,
impõe-se como um desafio. O romance é um dos mais longos da autora, sendo
estruturado em três partes, “Como se faz um homem”, “Nascimento do herói” e “A maçã
no escuro”. De acordo com o crítico Benedito Nunes (1995), esta tripartição denota uma
relação intrínseca com os estágios vivenciados pelo personagem Martim em seu
itinerário. A obra em questão tensiona a definição do gênero romance, na medida em
que reverbera as transformações sofridas pela forma romanesca. Ao acreditar que
matou a própria esposa, Martim deixa a cidade, iniciando um circuito de isolamento pelo
descampado do mundo ao empreender uma fuga que o acaba levando aos domínios
rurais da propriedade de Vitória. Além de Vitória, outras duas figuras femininas ocupam
o campo de visão do personagem, a solitária Ermelinda e a mulata, com quem viverá
um encontro sexual. A chegada de Martim abala o cotidiano das três mulheres e as
relações de cada uma consigo mesmas. A estadia na fazenda vai restituindo os
sentidos do protagonista e despertando-lhe para a linguagem, um dos motes cruciais do
livro, uma vez que é somada à busca de autoconhecimento, a qual se dá por meio das
estranhas identificações com pedras, plantas e animais presentes no curral da fazenda.
A provação de tais experiências se faz pela atuação do elemento água e sua aderência
aos espaços percorridos pelo protagonista. Assim, campo e cidade tornam-se instâncias
complementares, na medida em que o poder criativo das imagens aquosas manifesta-
se na relação que Martim interioriza com as forças germinativas da natureza. É através
da água que ele se depara com as faltas e angústias que trouxera de Vila Baixa.
Portanto, a água participa de uma camada mais profunda do texto, na medida em que
espelha em sua liquidez o lado dormente e sombrio da trajetória do personagem. Em
linhas gerais, buscamos empreender um caminho possível de análise ao romance
mencionado, nos apoiando em leituras que abordam o aspecto imaginário do elemento
água e sua materialidade na proposição de desejos e sonhos da humanidade, tais como
Gaston Bachelard (1998), Gilbert Durand (1989) e Raíssa Cavalcanti (1997). Ademais,
os apontamentos críticos da obra clariciana serão considerados a fim de propiciar um
diálogo profícuo com a análise da matéria romanesca de A maçã no escuro.

Palavras-chave: Clarice Lispector; A maçã no escuro; água.

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3) Um breve estudo sobre O Romance e a Narrativa: A Hora da Estrela,


de Clarice Lispector

Ingrid Gryczak Moreira (UEM)


Profa. Dra. Luzia Aparecida Berloffa Tofalini

Resumo:
Por volta dos séculos XII e XIII, os poemas, em língua românica, que narravam feitos
históricos e galantes aventuras foram designados de romança. Mais tardar, as
diferenças advindas dos primeiros romances perpetuaram até aparecerem às línguas
românicas como o português, espanhol, francês, etc, e preservou-se o termo romance
para então nomear as obras literárias formadas em verso, e depois em prosa. O
Romance é uma narrativa literária em prosa, geralmente longa, com fatos criados e
vivenciados por personagens que enfrentam alguns conflitos ou dramas, em espaço e
tempo amplos e determinados. O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2004. p,
714) apresenta a seguinte definição do termo romance: “Descrição longa das ações e
sentimentos de personagens fictícios, numa transposição da vida para um plano
artístico”. Segundo o teórico Aguiar e Silva, na Idade Média o termo romance, designou-
se a língua vulgar, românica e depois, acabou ganhando um significado literário
referindo-se a determinadas composições originárias do latim vulgar e não da língua
latina exclusiva dos clérigos. Embora as divergências semânticas, o vocábulo “romance
passou a denominar, sobretudo as composições literárias de cunho narrativo. Tais
composições eram primitivamente em verso – o romance em prosa é um pouco mais
tardio -, próprias para serem recitadas e lidas, e apresentavam muitas vezes um enredo
fabuloso e complicado” (AGUIAR E SILVA, 1991, p. 672). O romance não é estagnado a
uma única forma ou conteúdo, vai tomando novas formas e conteúdos à medida que o
homem o alimenta. À medida que o romance evoluía, houve muitas tentativas de
classificação tipológica. Aguiar e Silva registra, em sua Teoria da Literatura (1991, p.
685), a classificação estabelecida pelo crítico Wolfgang Kayser (1968). Ei-la: 1.
Romance de ação ou de acontecimento: “caracterizado por uma intriga concentrada e
fortemente desenhada, com princípio meio e fim bem estruturados, [...] análise
psicológica das personagens e a descrição dos meios”; 2. Romance de personagem:
“caracterizado pela essência de uma única personagem central, que o autor desenha e
estuda derradeiramente e à qual obedece todo desenvolvimento do romance”; 3.
Romance de espaço: “se caracteriza pela primazia que concede à pintura do meio
histórico e dos ambientes sociais nos quais decorre a intriga. É o que se verifica nos
romances de Balzac, de Zola, de Eça de Queirós, de Tolstoj, etc”; No entanto o
romance não cessa, dificultando a ação de enquadramento em uma das tipologias
exclusivamente, logo vão aparecendo novas formas de romance. E as relações da obra
individual e a rejeição da teoria clássica dos gêneros vigentes até então na sociedade,
modificam-se e criam-se novos gêneros com mais liberdade e espontaneidade criadora.

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Por consequência a tricotômica classificação dos gêneros literários que se originavam


há muitos séculos, tomam no romance novos significados e fundamentação. O presente
trabalho propõe-se a efetuar uma análise literária, por meio da linguagem, evidenciando
aspectos estilísticos da literatura de Clarice Lispector, no romance A Hora da Estrela.
Elementos como a sintaxe narrativa, o perfil do narrador e o romance, assim como a
ficção e a angústia que perpassam a narrativa da escritora nessa obra. Objetiva-se a
demonstrar algumas marcas presentes no romance a partir da teoria estruturalista por
meio de uma narrativa psicanalítica, considerando condutas sentimentais, intenções e
motivos que constroem a narrativa, e que são sequenciadas e distribuídas pelo
narrador. Com base em estudos teóricos de Theodor Adorno, Roland Barthes, Walter
Benjamim, Antonio Candido, Lucien Goldmann, Georg Luckács, Tzvetan Todorov, entre
outros. A Hora da Estrela foi à última produção de Clarice Lispector, publicada em
outubro de 1977. Muito já se tem dito a respeito de tal obra e de tal escritora que em
2017 completa 40 anos, o grande romance de Macabéia, que é relatado pelo narrador
personagem Rodrigo S. M. Tratando-se de uma narrativa psicanalítica com caráter
filosófico existencial, considera-se uma obra de perfil único, mesclando habilmente a
estilística original da autora com dificuldades sociais oriundas daqueles que vivem a
margem da sociedade.

Palavras-chave: Romance; Narrativa; Clarice Lispector;

4) Água Viva: um romance lírico de Clarice Lispector

Aline Cazante (UEM)

Resumo:
Sacudindo as estruturas da narrativa tradicional, Água Viva apresenta uma linguagem
poética, cheia de rupturas e movimentos entre o dito e o não-dito a fim representar a
complexidade e profundidade da alma humana. Por meio de uma viagem pelo mais
profundo do ser, a escritora penetra na subjetividade da personagem com o intuito de
acompanhá-la em seu processo de conhecimento existencial. Rompendo com a
narrativa referencial, Lispector criou uma obra que foge a lógica espaço-temporal. No
romance o presente acomoda passado e futuro e o que passa a valer é o tempo do
agora, o tempo presentificado. Além da transfiguração do tempo, espaço e causalidade,
elementos que por serem exteriores acabam por serem modificados a fim de se
encaixarem ao fluxo de consciencia da mente humana, também é verificado uma
linguagem intensamente lírica andando de mãos dadas com a prosa. A poesia é um
componente importante na obra, já que, a partir dela se torna possível, por meio de seu

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caráter alegórico, chegar o mais perto de traduzir o turbilão de habita as partes mais
profundas do indivíduo. A aproximação da prosa e da poesia é tão grande que podemos
observar além do ritmo, uso de figuras de linguagem, repetição de sons e palavras, em
certos momentos até mesmo trechos que apresentam grande semelhança com a
estrutura de um poema. A angústia criada a partir da necessidade de verter em palavras
as sensações, questionamentos e desassossegos da alma da narradora criam um texto
repleto de rupturas e pausas, porém, ao contrário do que se possa imaginar, esses
“espaços” não são vazios, mas sim recheados de um silêncio que funciona como
substância constitutiva de significados. O silêncio entedido como fundador de sentido
que permeia os diálogos e preenche as frestas texto, é o que leva leitor a atingir a
compreensão da narrativa, já que, é exatamente essa incompletude que permite
enxergar através das entrelinhas e torna possível captar as impressões propostas pela
narradora do romance. Nessa peregrinação pelo íntimo da personagem
acompanhamoas a sua busca pela autenticidade e somos levados a participar de suas
reflexões e de seu desejo de econtrar a essência e o sentido da vida. Neste trabalho
buscamos fazer uma análise dessas e outras particularidades dessa obra da escritora
brasileira Clarice Lispector a fim de identificar características que permitam a
classificação do texto como um Romance Lírico.

Palavras-chave: Romance Lírico; Existencialismo; Clarice Lispector; Literatura


Brasileira

5) A enunciação dos espaços: o amor em Uma viagem à Índia

Ana Carolina Romero (UEL)


Fernanda T. S. Curanishi (UEL)

Resumo:

Esse estudo visa mostrar as dissonâncias entre Os Lusíadas, de Camões, e


Uma viagem à Índia, de Gonçalo Tavares, na tentativa de evidenciar uma releitura atual
através do amor enquanto espaço de transformação. Para isso, será necessário o
vislumbre de dois momentos no percurso teórico. De um lado, serão destacados os
aspectos intertextuais que estabelecem correspondências entre as duas obras,
destacando as semelhanças entre elas. Partindo da concepção intertextual de Genette
(2006), haverá especial atenção para as representações respectivas do amor em uma
obra que é, também, releitura. Em seguida, a pesquisa se concentrará em apontar o

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estabelecimento de um novo tipo de espaço, refletido no amor como sítio interno de


transformação. Nesse sentido, a vertente animalesca da protagonista de Tavares é
trazida à tona, revelando a precariedade de um universo racional, muitas vezes
destituído de sentidos. Para isso, serão convidados autores que contribuam para a
visão enunciativa dos espaços e das formas literárias. Considerando que o romance
pertença formalmente ao gênero narrativo que passa por constantes transformações ao
longo dos últimos três séculos, pode-se afirmar que seu fruto é relativamente moderno.
Destaca–se, nesse momento, a visão de Leenhadt, para quem “A subjetividade do
artista tende a conferir a si mesma curso muito mais livre enquanto que o espectador,
ainda marcado por normas cada vez mais obsoletas, não sabe mais como apreciar
aquilo que vê. Ele se preocupa em deixar crescer em si mesmo uma liberdade de
julgamento até agora não experimentada, procura ainda as muletas de um critério
socialmente aceito no qual se fiar” (LEENHARDT, 2007, pgs. 105-106). Lukács, por sua
vez, acredita que os leitores são movidos pela experiência de conteúdo que sobre eles
age mediante a leitura, pois "O romance encerra entre começo e fim o essencial de sua
totalidade, e com isso eleva um indivíduo às alturas infinitas de quem tem de criar todo
um mundo por sua experiência e manter a criação em equilíbro." (LUKÁCS, 2003, p.84).
No caso do romance, considerando esse contexto, o público é então condicionado pela
literatura. Por outro lado, o autor lembra que os escritores solucionam, em suas obras,
problemas técnicos de expressão. Desse modo, o autor também é condicionado pelo
perfil social de seu público, pois o que ele expressa em suas obras reflete em igual
instância o momento social em que ele se insere. Logo, obra e leitor são agentes que
reciprocamente se influenciam mediante forças sociais. Nesse meio, a forma constitui,
na visão de Lukács, um ponto cego que concede fibra aos elementos dispersos da obra,
destacando que na ausência dessa condição não existe o que Barthes denomina fruição
do texto. Firmando sua característica de verossimilhança perante seu público, o
romance contemporâneo apresenta elementos inovadores, desde que comparado ao
seu formato original. Na atualidade, a narrativa romanesca afirma-se expressando não
apenas elementos da condição humana, mas também referentes a seu interior. Uma
vez que o romance reflete o homem e seus espectros, sua estrutura formal já não
comporta mais os níveis de significância que lhe dominam e imperam, resultando daí
sua necessidade de reinvenção. Considera-se que a escrita contemporânea de
Tavares, em detrimento da epopeia camoniana, constitui uma recorrência à situações,
acontecimentos e temas frequentes em Os lusíadas, construindo o que pode ser
considerado, em seu efeito paródico, uma antiepopeia, pois transpõe os elementos
canônicos da literatura portuguesa e os insere em uma sociedade mecanicista e
racionalizada do século XXI, tecendo uma rede de contraposições em relação àquilo
que é eticamente condenável a nossos olhos. Portador de uma escrita arrojada,
Tavares apresenta o contemporâneo no romance, sem fugir ao domínio do social em
sua literatura. Nesse sentido, essa análise demonstrará de que formas o amor se
apresenta como um espaço de mudança para as personagens absorvidas em sua
trama. Em Camões, o amor é abordado nos cantos IX e X, quando os marinheiros, no
retorno de sua viagem, são recompensados pelas ninfas na Ilha dos Amores. Outro viés

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em que é mencionado, o amor também se expressa na relação entre Inês de Castro e


D. Pedro, retratado no canto III. Por tratar-se de uma transformação que parte do
interior para o exterior, o amor assume, então, posição de espaço. A narrativa de
Tavares, que também pode ser compreendida como uma homenagem à epopeia
camoniana, apresenta uma protagonista que é formada por escritas cuja base são os
mecanismos da memória, afetadas pelo tingimento de interpretações de Os lusíadas.
Logo, destaca-se aqui logicamente o texto como espaço exterior de significações, que
deve ser considerado essencialmente para que o amor possa elevar-se à condição de,
também, espaço. Aqui, o espaço assume a condição de categoria narrativa duplamente:
o do livro e o do amor. Essa técnica de escrita coloca em relevo estratégias ficcionais
que recuperam a memória coletiva do panorama histórico da literatura portuguesa, mas
também inclui o homem social apoiado na contemporaneidade, criando um texto que
mescla o particular e o universal. É relevante ter-se em mente que, para as
personagens de Tavares, o amor talvez já tenha sido destituído de seu lugar de
destaque. Isso é corroborado pela visão de Lukács, para quem "[...] é verdade que o
desenvolvimento de um homem é o fio a que o mundo inteiro se prende e a partir do
qual se desenrola, mas essa vida só ganha relevância por ser a representante típica
daquele sistema de ideias e ideais vividos que determina regulativamente o mundo
interior e exterior do romance." (LUKÁCS, 2003, p.83). Embora mantenha as
características que o elevem ao belo, Tavares faz com que seus leitores se confrontem
com a ideia de que o espaço necessário ao crescimento do amor já não se localiza
entre nós – eliminamos o que outrora fora ele, tornamos inexistente a possibilidade de
usufruir dele. Qual é, em verdade, o lugar que o amor ocupa para as personagens de
Tavares em Uma viagem à Índia? O que se propõe a narrativa, no instante em que se
aborda o extraordinário que há no amor, é apreender enfim o que de fato significa que
os pequenos gestos tenham sido substituídos pelos grandes movimentos – o que fez do
amor uma mera habilidade técnica. “Do coração dos homens o que as mulheres
conhecem são eletrocardiogramas saudáveis. E vice-versa.” (TAVARES, 2010, p. 221)
Tem-se em vista, diante disso, identificar o novo espaço reservado ao amor no século
XXI. De que modo se chegou a ele? De que maneira ele se estabeleceu? Demos
concessão a esse fenômeno? Colocamo-nos em concordância frente a ele? Mostra-se,
ele, benéfico? Há que se analisar a maneira como as personagens de Tavares o
expõem e reagem ao que se prostra diante delas. Senão, que alternativa real se tem de
transformá-lo? De tornar possível que se vivencie outra vez aquilo que fez do amor o
fenômeno de importância maior na experiência humana? Existe, finalmente, uma
possibilidade para as personagens de Tavares? Com quais consequências psíquicas e
sociais essas personagens se percebem forçadas a lidar? A discussão que se propõe
aqui, alinhada ao enredo ponderado pelo autor, visa a essas respostas. Contempla-se
soluções plausíveis? Ou, por fim, Tavares deixa-nos a tarefa constante e sempre
necessária de repensar o modo como nos relacionamos – conosco mesmos, com
aqueles diante dos quais nos encontramos e também com o universo no qual
coexistimos todos? Se a literatura é expressão do social, como já mencionado, que
espaço o amor assume em nós, e de que forma ele nos purifica? Em acordo com o que

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pensa o narrador de Uma viagem à Índia, a única velharia que chegaria intacta ao
século XXI teria sido o amor. Não existe um centro aonde nos dirijamos para então
sermos confiados a receber o instinto amoroso – com ele, nasce-se e, por conseguinte,
morre-se. É algo que a nós já pertence, ainda que não tenhamos nos tornado
conscientes de suas implicações. O espaço amoroso, em Tavares, é amplamente
discutido: por vezes, a sua acepção de vida do século XXI se assemelha a um
pessimismo sem grandes possibilidades, através do qual ele conclui sermos
inseparáveis de nossa maldade. O nosso pior sobressairia, eventualmente, ainda que
escolhêssemos durante anos simular sua inexistência. A respeito dessa maldade inata,
declara-se: “Ela existe na noiva radiante, que corta o bolo com o punho e a faca certa, e
no noivo que recebe felicitações já com os olhos nas pernas da melhor amiga da noiva.”
(TAVARES, 2010, p. 354) O narrador ainda salienta a influência do dinheiro na vida dos
homens: tornou-os previsíveis e destrutivos. Não haveria alguém que não faria de tudo
para obtê-lo e, caso não o conseguisse, onde o dinheiro não existisse, a destruição
seria ainda mais extrema. Outro ponto a constantemente incomodar o narrador seria o
da alta tecnologia: diante dela, o homem torna-se algo mecânico, perde sua
espontaneidade frente à vida. A ciência invade precisamente a religião, o que por via de
regra constituiria uma relação de contrariedade. De acordo com o que postula o
narrador de Tavares, “[...] religiosos, antes de se ajoelharem, estudam, com pormenor, a
anatomia dos ossos e músculos dos joelhos. Não escolhem as posições de acordo com
os Deuses que adoram, obedecem, sim, aos exatos conselhos do médico de família.”
(TAVARES, 2010, p. 349) Confrontando-se com o mal inato ao ser humano, com a
destruição que promove o dinheiro e com a profanação de valores em que implica a
tecnologia, que resta ao homem de inalterado? Que resta a ele daquilo que outrora ele
fora, daquilo de que originalmente ele se constituiria? Estaria o amor vinculado a esse
espaço de conexão do homem consigo mesmo? Em resposta a esse questionamento, o
narrador de Tavares afirma: “Invulneráveis à morte só os mortos e, temporariamente, os
que amam.” (TAVARES, 2010, p. 375) Há de se reconhecer, portanto, não ser ínfima a
importância que se atribui ao amor. Tão generosa é sua autoridade a ponto de inclusive
tornar irrelevante a morte. Que mais teria o poder de submeter a morte, senão o amor?
Tem-se feito valer essa potencialidade do amor? Ela se justifica no modo como se
vivencia o século XXI? Em que medida essa acepção amorosa ainda se faz provar no
comportamento que assume as personagens tavarianas? Ver-nos-íamos
decepcionados, se traçássemos uma comparação possível entre o amor em sua
ideologia e a maneira como decidimos deixar que ele se manifeste? “Os homens não
são seres vivos que mereçam especialmente o amor. Porém, o amor existe.”
(TAVARES, 2010, p. 153) O que faz de nós não merecedores? A que conclusões chega
Tavares? Trocando em miúdos, intenta-se chegar a uma réplica que seja considerada
plausível à seguinte questão: o que fizemos nós do amor? Que possibilidade de
existência concedemos a ele?

Palavras-Chave: Enunciação. Literatura. Gonçalo Tavares.

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6) A função estruturante da cidade: notas sobre o monólogo interior em


Ulysses, de James Joyce
Camila Hespanhol Peruchi (UNICAMP)

Resumo

Se já há muito tempo a crítica tem lutado com a obra de Joyce, foi para um
enfrentamento no tempo que ele a preparou. Essa preparação ou espécie de
antecipação, porém, não culmina na figura demiurga de seu autor, pois é possível vê-la
agir em todos os níveis do trabalho, com imensa força performadora no todo e no
interior de cada relação e de cada material, o que confere a ela um estatuto estético
mais alto e amplo. Essa força performadora atua na consciência aguda tanto do caráter
metalinguístico de Ulysses (paródico, irônico, justaposto, distanciado), quanto nos
demais materiais que mobiliza para constituir a sua própria forma. A ela podemos
chamar racionalidade estética. Ao intensificá-la, Ulysses nega tudo que não tenha
passado pelo crivo da objetividade de seu próprio texto; que não tenha, em suma, se
dobrado à razão da própria obra, Neste trabalho lidamos com apenas alguns dos
passos desse movimento interno que constitui Ulysses por meio do acompanhamento
do desenvolvimento do discurso indireto livre em monólogo interior e da sua gradativa
decomposição. Nossa hipótese interpretativa é de que o movimento maior da obra, ao
qual nos referimos acima, pode ser acompanhado microscopicamente pela dinâmica a
qual o monólogo interior é submetido. No processo de desenvolvimento do discurso
indireto livre em monólogo interior e a na sua posterior decomposição – que nada mais
é do que a sua recomposição, vida a partir da morte – estaria inscrita uma espécie de
razão única da obra inteira, que se constrói pela destruição, sem destruir, contudo, a
permanência da interioridade, cerne do monólogo interior. Para esta comunicação, cabe
um recorte. O estudo minucioso do monólogo interior aqui objetiva evidenciar como
esse material ganha uma particularidade em Ulysses por aparecer profundamente
imbricado com a experiência moderna na cidade, indicando a mediação sempre
existente entre a obra singular e a história. O que conhecemos hoje por romance
moderno – por mais que seja sempre reducionista qualquer definição generalizante
desse gênero aberto – constitui-se, sobretudo, pelo uso alternado do discurso indireto,
direto e indireto livre. Esse uso era o pano de fundo a partir do qual Joyce trabalharia.
Como afirma Galindo, foi, no entanto, na obra Os loureiros estão cortados (1888) de
Édouard Dujardin que Joyce buscou a técnica do monólogo interior, não tendo, portanto,
inventado-a, mas, uma vez que se apropriou dela, lhe conferiu um uso até então inédito,

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desenvolvendo todas as suas potencialidades expressivas. Acreditamos que essas


potencialidades expressivas estão intimamente vinculadas com a vida na cidade e sua
cadeia de estímulos. O princípio de estilização do monólogo em Ulysses pode ser
relacionado a base psicológica do tipo individual da metrópole: a contínua estimulação
nervosa e a ininterrupta alternância entre os estímulos exteriores e interiores. Interessa-
nos, portanto, em sentido estrito, o estudo da relação entre o espaço urbano e a técnica
do monólogo interior em Ulysses e, em sentido amplo, a relação entre os movimentos
de vanguarda e a vida na metrópole.

Palavras-chave: Ulysses; vanguarda; espaço; cidade.

7) Contra o silêncio desses espaços, ou a curadoria depois do fim em


Wittgenstein’s Mistress

Prof. Dr. Tauan Fernandes Tinti (Unicamp)

Resumo:

Dificilmente poderia ser mais confuso: talvez o mundo de Kate, a narradora de


Wittgenstein’s Mistress, romance de David Markson publicado em 1988 nos EUA, tenha
atravessado um enigmático apocalipse, que varreu da terra todos os animais além dela,
dos seres humanos a seus tão almejados gatos e gaivotas, deixando-a implacavelmente
solitária; ou talvez sua situação seja a de um apocalipse puramente subjetivo, fruto da
perda insuperável de um filho e do marido, com quem manteve uma confusa relação em
meio a amantes mais ou menos fictícios (do homossexual Ludwig [Wittgenstein?] ao já
falecido à época Vincent [Van Gogh?]). Mas, segundo a própria Kate, o tempo de sua
loucura foi há muito deixado para trás: tendo morado em museus desabitados e
perambulado por boa parte do ocidente, desistiu de procurar companhia e agora senta-
se em uma casa na praia (várias outras já haviam sido por ela queimadas) para
escrever à máquina o que seriam menos as suas memórias do que uma espécie de
curadoria alucinada do mundo. Segundo a influente leitura de David Foster Wallace
(2012), Kate habita o “paraíso lógico” construído por Wittgenstein em seu Tractatus
Logico-Philosophicus, que se mostra na verdade um “inferno metafísico”: um mundo
que não passa de “uma gigantesca massa de dados, de fatos logicamente distintos que
não possuem conexão intrínseca entre si” (Wallace, p.86; p.88). Em outras palavras,

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suas memórias funcionam como um inventário titubeante e auto-questionador (“Havia


Cézanne, é claro. / Apesar de que não era Cézanne, e sim Renoir.” (Markson, p.24)) de
informações desconectadas e não-conectáveis, para o desespero curiosamente frígido
da narradora: há coincidências temporais (Spinoza e Rembrandt viveram na mesma
cidade na mesma época, e talvez tenham conversado) ou linguísticas (o nome do
escritor William Gaddis a faz pensar no do pintor Taddeo Gaddi – ou talvez seja o
contrário, já que ela é também pintora), mas não existe a possibilidade de qualquer
relação causal em sua realidade deserta. Armada quase que apenas de fatos da história
cultural (os nomes recém-mencionados são apenas alguns dentre os inúmeros
mobilizados pela angústia epistemológica de Kate, e fazem um vulto crescente diante
de sua mirrada e fragmentária história pessoal), a narradora busca recriar em suas
páginas datilografadas um mundo que existe, até o momento da escrita, apenas dentro
de sua própria cabeça. E é isso o que nos aproxima da questão a ser explorada neste
trabalho: o espaço paradoxalmente infinito e claustrofóbico de Kate busca ser por ela
preenchido por uma ideia de cultura que pouco tem a ver com o conceito adorniano de
tradição (desenvolvido, por exemplo, em sua Teoria Estética) ou mesmo com a
concepção mais elástica de arquivo de Boris Groys (em On the New); em ambos os
casos, afinal, é essencial a própria relação de cada obra com todas as outras – algo que
permanece terminantemente excluído das possibilidades lógicas da narradora. Trata-se,
em suma, de um fim dos tempos datado, ou historicamente determinado: um mundo
vasto e habitado apenas por coisas, que são tanto desconectadas entre si quanto
impossíveis de serem postas em relações significativas; uma gigantesca massa de
dados, como quer Wallace, sem qualquer filtro capaz de organizá-los minimamente – ou
um mundo à procura dos algoritmos de busca adequados, que não podem ser
fornecidos por uma subjetividade solipsizada como a de Kate. E o isolamento da
narradora – e mesmo dos dados entre si – produz, além de tudo, uma deterioração
progressiva da massa de informações (Raskolnikov e Rilke se fundem
desapercebidamente em Rainer Maria Raskolnikov nas páginas finais do romance, por
exemplo), o que talvez não deixe de apontar para nossa própria situação.

Palavras-chave: Wittgenstein’s Mistress; Literatura americana contemporânea; David


Foster Wallace; Romance experimental.

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SIMPÓSIO 16) A parte da sombra, o amplo presente: territórios e


dispersões da poesia contemporânea

Prof. Me. Sandro Adriano da Silva (UNESPAR)


profsandrounespar@gmail.com
Prof. Dr. Paulo Cesar Fachin (Centro Universitário FAG)
paulo.fachin@hotmail.com

1) “E tudo era o mar?”: Lírica e arquétipo em Talhamar (1982), de Dora


Ferreira da Silva

Nathália Prestes da Silva (Unespar)


Prof. Me. Sandro Adriano da Silva (Unespar/Orientador)

Resumo:

Esta comunicação se constitui em uma notícia de pesquisa referente ao projeto “E tudo


era o mar? ’: lírica e arquétipo em Talhamar (1982), de Dora Ferreira da Silva”, em nível
de Iniciação Científica, vinculado à Unespar - campus de Campo Mourão - e subsidiado
pela Fundação Araucária. O projeto visa fazer um breve estudo da obra poética da
escritora e tradutora paulista Dora Ferreira da Silva (1918-2006), focando-se na obra
Talhamar, publicada em 1982. Para isso, o projeto fundamentar-se-á em teorias do
texto poético, de diferentes abordagens, bem como o conceito de arquétipo segundo
Jung (2000). Na concepção junguiana, os arquétipos constituem-se elementos
primordiais presentes no Inconsciente Coletivo – sendo, portanto, inerentes à
constituição psíquica a qualquer indivíduo e sociedade, pertencendo à nossa condição
humana. O símbolo é a manifestação, a epifania de um mistério (DURAND, 1996) que
perpassa todo ato criador humano. Assim, o símbolo traz em sua materialidade a
capacidade de transformar, sob as diretrizes da consciência – mas apresentando um
substrato inconsciente – um potencial de ordenação criativa, dinâmica e vital
(MIELIETINSKI, 1987). Levando-se em também em consideração a recorrência de
certas metáforas/símbolos na obra em foco, o projeto tomará também como base os
arquétipos “água” e “ar”, na perspectiva de Bachelard (1884-1962), a fim de elencar
como é reverberado esses símbolos nas poesias que compõem a obra Talhamar. Em
termos da poesia de Dora, no âmbito da obra em foco, a simbologia da água e do ar
constituem-se “dominantes” (JAKOBSON, 1077) imagéticas que estruturam a obra,
estabelecendo uma correspondência com o pressuposto de Croce (2011) segundo o

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qual a poesia surge do encontro entre um complexo de imagens e um sentimento que o


anima. Desse encontro emanam a experiência, a emoção, os frutos da intuição, a
loucura, o êxtase, o logos, a confissão, os processos sublimatórios (PAZ, 2012) e a
manifestação de um imaginário e da existência pela linguagem (HEIDEGGER, 1978).
Por se tratar de um projeto em fase inicial de desenvolvimento, os resultados são
preliminares e indiciam o trajeto analítico e interpretativo a ser tomado. Aqui, serão
apresentados a biografia da autora, em forma de uma breve introdução, o
embasamento teórico que darão suporte às análises dos poemas elencados, os
objetivos e a finalidade da pesquisa, bem como o horizonte de expectativa acerca do
corpus de análise, considerando a obra como um todo. Com isso, busca-se disseminar
os estudos provenientes desta pesquisa, contribuindo para pôr em evidência tanto a
obra de Dora Ferreira da Silva quanto sua recepção crítica, e, mais amplamente,
promover os estudos de literatura e de poesia de autoria feminina brasileira
contemporânea.

Palavras-chave: Poesia brasileira contemporânea; Dora Ferreira da Silva; Arquétipo;


Literatura de autoria feminina.

2) A coisa poética de Jacques Derrida

Henrique Colasante Lopes de Souza (UNESPAR)


Sandro Adriano da Silva (UNESPAR/UFSC - Orientador)

Resumo:

Neste texto, é apresentado uma síntese do pensamento de Jacques Derrida sobre


poesia. Através da metáfora do ouriço e de termos específicos, ele tenta difundir poesia
como algo que está além da linguagem, algo que está no nosso “coração poético” e que
a todos nós pertence. Che cos’è la poesia?, pergunta e provocação de Derrida, “em
duas palavras.” Esta comunicação, fruto de muitas perguntas e de muitas provocações
sobre a poesia, pretende apresentar leitura desse ensaio do pensador francês. Para tal,
desejamos percorrer seus liames argumentativos e suas reflexões. A começar pelo
título “Que coisa é a poesia”, percebe-se o clima filosófico. Ao colocar “Que coisa”,
Derrida quer expôr a poesia como algo que existe e está presente no nosso mundo,
algo que seja concreto, mas não palpável; que seja visível, mas não visto. Algo cuja
compreensão demanda uma renuncia ao saber. Poesia: um “ditado” para ser
decorado, recopiado, olhado, a fim que seja guardada na memória como um ato
repetitivo, constante. As duas palavras: uma, a economia da memória para a qual o o
poema deve ser elíptico por vocação, que traga algo por trás, algo que se esconda, mas
está ali bem diante dos seus olhos quando o lê; o sentido do poema tem mascarado

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pela linguagem, condensação, trabalho do inconsciente. A outra, o coração. Não é o


que significa amor, nem o coração órgão. É o “coração poético”, que condiz com a
poesia interior, intuitiva. Essa intuição em tentar traduzir nas palavras de um poema
uma vontade interior, seja ela de várias formas; essa marca de nascença que todos
temos e que alguns expõe através das palavras, outros através de atitudes, e por assim
vai. Poesia e tradução: uma relação que promete, mas que deixa sempre a desejar” em
forma de pergunta. A tradução como compreensão do poema, improvável e acidental
daquilo que está por baixo de camadas profundas. Diante delas, lemos o poema,
interpretamos, analisamos de várias formas, mas nunca chegamos a satisfação máxima
de realmente compreendê-lo. A poesia deixa uma “marca” que a “mim é dirigida,
deixada, confinada...”, que atinge o “eu” quando um poema é escrito e como o qual o
leitor se identifica como sendo parte de algo maior, algo em que ele possa estar
presente. A poesia, na visão derridiana, é um ouriço - comparando o animal ao
sentimento conquistado quando se absorve a unicidade particular do leitor, o animal
está enrolado em bola, em si, guardado em si, protegido por seus espinhos, ao vê-lo, a
vontade de pegá-lo se contrapõe ao ver a defesa pontiaguda para evitar a aproximação,
nunca chegaremos muito perto, apenas teremos a vontade de compreendê-lo. Todavia,
em última instância (ou primeira?), a poesia, conclui o filósofo, permanece como algo a
se “decorar”, a “deixar-se atravessar o coração pelo ditado”, e que isso é a “experiência
poética”. É através do decorar que há a aprendizagem através do coração; conhece-se
o coração por meio do aprender de cor. Du coeur.

Palavras-chave: Literatura, Filosofia, Poesia, Derrida

3) De haicais e epigramas: Meu olho não puxado puxou o lado errado


(2016) e outros poemas de Yassu Noguchi

Catarina Margarido Irikura. (UNESPAR)


Prof. Me. Sandro Adriano da Silva. (UNESPAR/ Orientador)

Resumo:

Esta comunicação objetiva um estudo das formas poemáticas haicai e epigrama,


recorrentes na obra Meu olho não puxado puxou o lado errado (2016), de Yassu

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Noguchi, bem como alguns poemas postados em seu perfil na rede de relacionamentos
Instagram. Os haicais são poemas de origem japonesa que possuem apenas três
versos, sendo o primeiro e o ultimo com cinco sílabas poéticas e o segundo verso com
sete sílabas poéticas e tem como foco retratar um momento vivido (MOISÉS, 2013). Do
mesmo lado, tem-se o epigrama, forma poemática grega, que não diferente do haicai é
de caráter breve, contudo era utilizado como forma de homenagear alguém, tanto em
ocasiões especiais, quanto na morte, surgindo a partir dos epigramas os epitáfios
(MOISÉS, 2013). Ambas as formas estão presentes no trabalho e na vida da poetisa
Yassu Noguchi, uma carioca, neta de japonês e apaixonada pela cultura e poesia
nipônica, que escreve em seus poemas sobre assuntos relacionados a sociedade
contemporânea utilizando do mundo virtual, em especial a plataforma Instagram, uma
rede social para compartilhamento de fotos e vídeos, para publicar e seus haicais e
epigramas e se aproximar do público atual. A poetisa, em 2016, lançou seu primeiro
livro de haicais e epigramas chamado Meu olho não puxado puxou o lado errado, do
qual está comunicação abordará. Á luz das Seis propostas para o próximo milênio
(1997), de Ítalo Calvino, o qual nos guia pelos caminhos da rapidez e ao mesmo tempo
da leveza; de A preparação do romance vol. I/II (2005), de Roland Barthes e Haikai:
antologia e história (2014), de Paulo Franchetti e Elza Taeko Doi, cujas obras nos levam
as raízes do haicai; e do ensaio O arco e a lira (2012), de Octavio Paz, pretende-se
mostrar como ambas as formas poéticas coadunam-se com a contemporaneidade,
visando a rapidez com que tanto o haicai, quanto o epigrama, trabalham, se
relacionando com a rapidez da tecnologia, dos centros urbanos e dá internet. Uma
leitura de sondagem aponta para a recorrência das duas formas poéticas perseguidas
pela poetisa, e, dessa forma, pretende-se uma revisitação teórica sobre ambas e como
elas são manipuladas na poesia de Yassu Noguchi, conferindo-lhe um estilo próprio. A
pesquisa pretende contribuir para os estudos da poesia brasileira contemporânea,
especialmente a lírica feminina, e, ainda, em especial, nutrir a recepção crítica da
autora, propondo, então, um trabalho inédito.

Palavra-chave: Haicai; epigrama; Yassu Noguchi; poesia contemporânea.

4) O sopro lírico de Dora Ferreira da Silva: imaginário e metapoesia em


“Nascimento do poema”

Cleber da Silva Luz (UNESPAR)


Prof. Me. Sandro Adriano da Silva (UNESPAR/Orientador)

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Resumo:

Segundo Octávio Paz (2012), a poesia é um exercício espritual de libertação interior, é


filha do acaso e fruto do cálculo, é voz do povo, lingua dos ecolhidos e palavra do
solitário. O crítico-poeta entende que a criação poética é um produto de encontro entre
a poesia e o homem. Sobre a criação poética, Massaud Moisés (1968) afirma que a
poesia se expressa na e pela palavra, o que a caracteriza também de ampla libertação
do espírito criador, ou seja, o eu criador do poema dá vida, por meio da palavra, às suas
experiências, suas necessidades e suas angústias. É nesse sentido que Barthes (2015)
aponta ser cada palavra poética um objeto inesperado, que torna a poesia algo
inumano, pois essa pousa o homem em conexão com as imagens mais inumanas da
natureza: a imagem do céu, do inferno, do sagrado, entre outras. Com base nessas
concepções do lírico, tencionamos apresentar uma análise interpretativa do poema
“Nascimento do poema”, poesia na mesma poesia”, em outras palavras, a construção
da metapoesia se dá por meio de utilização da metalinguagem para abordar a poesia na
vestimenta de poema, é incorporar a poesia ao linguístico e ao verbal.
Assim,abordaremos também os aspectos estilísticos, quais sejam, metáforas, símbolos
e imagens elencados pela poetisa no rito da criação poética, seus efeitos e produções
de sentidos. A poesia é, sobretudo, um conjunto de imagens e um sentimento que os
anima (CROCE, 2011), os quais estão ligados ao imaginário do poeta, ou seja, à “alta
fantasia”, (CALVINO, 1990), parte mais elevada da imaginação, distinta da imaginação
corpórea, parte imaginativa manifestada no caos dos sonhos do homem. É o que faz a
criação poética partir da imagética para chegar à expressão verbal, momento em que
concorrem vários elementos para formar a imaginação literária: a observação direta do
mundo real, o mundo figurativo trnasmitido pela cultura, a condensação e interiorização
da experiência sensível, que tem importancia decisiva na visualização e verbalização do
pensamento (CALVINO, 1990). O imaginário doreano é a “esfera psíquica onde as
imagens adquirem forma e sentido devido à sua natureza simbólica”(ARAÚJO;
BATISTA, 2003), uma “experiência amorosa como vontade de saber” (AGAMBEN,
2014).

Palavras-chave: Poesia brasileira; Dora Ferreira da Silva; Imaginário.

5) Análise de uma nova modalidade de produção literária: ganhadores


do prêmio ABLetras ofertado pela Academia Brasileira de Letras em
2010

João Carlos Dias Furtado (UEM)


Paulo Cesar Fachin (Centro Universitário FAG)

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Sandro Adriano da Silva (Unespar)


Prof. Dr Márcio Roberto Prado (UEM/Orientador)

Resumo:

O presente trabalho discute as novas formas artísitcas que se apresnetam dentro do


novo espaço social promovido pelas novas tecnologias, discutindo os modelos
canônicos da arte ocidental que por tanto tempo perpetuaram e perpetuam ainda no
ensino básico e no superior, tendo como exemplo o posicionamento crítio de Harold
Bloom no seu livro O Cânone Ocidental. Para isso foi questionado o papel da literatura
no século XXI; discutido a mídia social Twitter e sua funcionabildiade e aplicabildiade,
como um novo espaço de produção literária; e a promoção, em 2010, pela Academia
Brasileira de Letras de um concurso literário para as novas mídias (Twitter) e
premiação dos três melhores nessa categoria. Entendendo que as novas mídias são
uma realidade concreta e sensivelmente impactantes na vida cotidiana e que segundo
Lévy (1988), são reaoganizações sem volta e coletivas que promovem novas
experiências no ciberespaço e no mundo real, assim a cultura de mídia tornja-se um
espaço de encontros e desencontros heterogênos, múltiplos e pluritemporais, consoante
Santaella (2003) afirma em seu livro Culturas e Artes do Pós-Humano: das Culturas das
Mídias à Cibercultura. For analisados os textos porduzidos pelos três primeiros
colocados no concurso ABLetras 2010 (Gustavo Silva de Magalhães, Carla Ceres
Oliveira Capeleti e Bibiana Silveira Da Pieve), e a prtir disso é possível notar
particualridades da escrita no Twitter como algo similar ao olhar sensível e a estrutura
fixa do haicai, evidenciando as especificidades de cada época, linguagem e recursos
tecnológicos; como também é possível observar estruturas narrativas básicas nos textos
ganhadores como: narrador, espaço, tempo, clímax e desfecho, demonstrando um
caráter híbrido e dinâmico que a linguagem se apresenta nesses textos, criando
possivelmente a catagoria de twitteratura. Nesse sentido o trabalho aponta que o novo
suporte comunicacional promove não só novas formas de interação social mas também
uma nova forma de produção cultural/artísitca, emergindo com ela novas ideias e
formas poemáticas/narrativas, observadas por muitos com certo preconceito, entretanto
com uma força e produção gigantesca, extrapolando conceitos canônicos da literatura
clássica e da própria teoria literária. Essa produção direciona o olhar da arte para o
contexto do século XXI, repleto de tecnologias e com perspectivas de mais inovações e
formas de interação.

Palavras-chave: Twitteratura, teoria literária, contemporâneo.

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6) “Como o diabo gosta”: identidade e resistênciana poética de Belchior


Claudíne Lisboa (UEM)
Eloisa Pedroni (UEM)
Monique Boer (UEM)
Profa. Dra. Marcele Aires (UEM/Orientadora)
Resumo:

A pesquisa tem por objetivo geral identificar elementos da resistência na identidade


nacional brasileira presentes na produção poética de Belchior, compositor cearense,
especificamente na canção “Como o diabo gosta” presente no álbum “Alucinação”,
lançado em 1976. A hipótese que norteia o projeto é de que a problematização da
identidade do jovem brasileiro, a crítica à alienação promovida pelas relações
mercantis/sociais e a necessidade de resistência são os principais temas e que, para
tratá-los, Belchior faz largo uso de recursos estilísticos, colocando-se na contramão da
estética dominante da época e na música brasileira em geral.
Ainda tratando das hipóteses de pesquisa, acreditamos que o largo uso de recursos
estilísticos específicos em consonância com o contexto histórico da época sejam uma
forma de contrapor-se às ideias da produção musical dominante.

Palavras-chave: identidade; resistência; Belchior.

SIMPÓSIO 18) Língua francesa, literaturas francesa e francófona

Profa. Dra. Ana Paula Guedes (UEM)


apguedes@uem.br \ apguedes13@yahoo.com.br
Profa. Dra. Beatriz Moreira Anselmo (UEM)
beatriz.moreira.anselmo@gmail.com

1) A produção textual escrita em língua estrangeira: aspectos


processuais e formação de professores

Ana Paula Guedes (UEM)


Resumo:

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Nos cursos de Licenciatura em Letras com habilitação em Língua Estrangeira, a


formação de professores de língua estrangeira aborda os aspectos didático-
pedagógicos do exercício do magistério e, no âmbito específico do estudo sistematizado
da língua estrangeira, concentra-se no desenvolvimento das competências
comunicativas ler, ouvir, escrever e falar, respectivamente contornadas pelas atividades
de recepção e produção e pela reflexão sobre os aspectos da transposição didática
para seu ensino. De maneira geral, percebemos que o aprimoramento da escrita, na
formação docente, tem maior concentração nas atividades acadêmicas ligadas aos
estudos literários, tais como: resenhas, resumos, análises, estudos comparativos,
dentre outros e, quase sempre, desprovido da ponderação sobre o aspecto linguístico-
discursivo do texto produzido (GUEDES, 2006). Comumente, nos cursos de formação
de professores de línguas e nos cursos de línguas, tem-se como objetivo maior do
ensino a interação entre os interlocutores que se dá de maneira mais visível e imediata
nas atividades de oralidade que são apresentadas em número maior pelos materiais
didáticos enquanto que as atividades de escrita, aparentemente, são limitadas como
mecanismos de interação imediata isso porque na escrita, a interação acontece de
maneira processual. Mesmo diante de mecanismos mais dinâmicos de escrita, como os
disponíveis na internet (chats e fóruns, por exemplo), a comunicação escrita mobiliza
atividades reflexivas que favorecem a revisão, a reescrita, a reformulação antes da
efetiva interlocução. Nesse sentido, as pesquisas sobre a Linguística Textual
(HAYES;FLOWER, 1980; SHIMIDIT,1978; BERNARDEZ, 1982) destacam os processos
envolventes da escrita, especificando as atividades gramaticais, discursivas e
interacionais mobilizadas durante o ato da produção textual escrita enquanto que as
pesquisas sobre a abordagem acional exploram os mecanismos do ensino da
competência escrita (BEACCO, 2007; PUREN, 2016). Com base principalmente nessas
pesquisas, a presente proposta de comunicação pretende resgatar os pontos principais
do processo de escrita e destacar sua especificidade para o ensino da língua
estrangeira, dando a oportunidade de discussão aos participantes sobre as principais
considerações metodológicas para o seu ensino e consequentemente para sua
estruturação na formação docente inicial e continuada.

Palavras-chave: escrita, língua estrangeira; processo.

2) A imagem pictórica e sua relevância como componente de


interpretação na obra A Invenção de Hugo Cabret

Letícia Matheucci Zambrana (UEM)


Profa. Dra. Beatriz Moreira Anselmo (Orientadora/UEM)
Resumo:

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Neste artigo pretende-se analisar aspectos literários e a ilustração na obra A Invenção


de Hugo Cabret, do autor e ilustrador estadunidense Brian Selznick, pela tradução de
Marcos Bagno. O romance infanto-juvenil, que aborda a história de um dos
fomentadores da produção do cinema francês, George Méliès, trabalha entre a ficção e
o real, passíveis da verossimilhança da história da sétima arte, o cinema. A partir da
imagem pictórica produzida pelo próprio autor, nesse livro ilustrado de mais de 500
páginas, é realizada uma investigação sobre a intenção dessa ilustração, seja na
escolha de sua cor, contraste entre as cores, e as próprias imagens em si, que retratam
a sociedade da Paris dos anos 30, e que carrega toda uma carga emocional e histórica
da época em que se passa essa narrativa. No intuito de comprovar como a ilustração do
autor contribui para a interpretação da obra e como ela consegue, intencionalmente,
manipular o leitor para a compreensão dos sentimentos e emoções vivenciados pelos
personagens principais e secundários que ali permeiam no enredo, destacamos as
imagens em preto e branco e/ou com pouco contraste, que revelam a situação crítica
pós guerra na Europa, além das imagens majoritariamente sem expressões faciais no
que concerne ao olhar dos passageiros da estação de metrô, que revelam a falta de
empatia que emerge daquela sociedade, e que afeta, principalmente, a vida do
personagem protagonista, Hugo Cabret, que é um menino órfão e morador da estação
de trem que antes era habitada por seu tio. As ilustrações de Selznick ainda revelam a
dificuldade, a solidão e a ausência de afeto entre os personagens em alguns momentos,
mas também trazem ao leitor a esperança e felicidade no jogo de cores, preto e branco,
que contrastam nas páginas do livro, o que faz da ilustração importante componente na
decodificação e compreensão da obra. É importante destacar que todas as imagens são
representadas como ‘cenas’ nas páginas ilustradas do livro, causando um efeito
cinematográfico para que o leitor possa experienciar o cinema que era desenvolvido por
Méliès. Sobre tudo por isso, as imagens são em preto e branco, já que os primeiros
filmes da história do cinema também foram desenvolvidos com essa mesma coloração.
Brian Selznick tem a sensibilidade e o conhecimento histórico necessários para criar
essa importante obra que fornece aos novos leitores conhecimentos sobre a história da
arte e os integra no que tange a boa literatura.

Palavras-chave: Livro ilustrado; Literatura infanto-juvenil; Brian Selznick; Literatura e


cinema.

3) Formação docente: experiências vivenciadas pelos alunos bolsistas


do PIBID-Francês

Luiza Prevedel Pereira (PIBID-Francês/UEM)

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Mariana Adeline Bazotte de Mello (PIBID-Francês/UEM)


Profa. Dra. Carmen Rodrigues de Lima (UEM/Orientadora)

Resumo:

No estado do Paraná, o ensino da língua francesa nas escolas da rede pública de


ensino apresenta algumas particularidades. Uma delas é o fato de a língua francesa não
ser exigida como uma disciplina componente da grade curricular, funcionando, desta
forma, apenas no CELEM (Centro de Línguas Estrangeiras Modernas). Além disso,
infelizmente, a língua francesa não é tão comum aos alunos, visto que o inglês é a
língua estrangeira ofertada nos currículos. O resultado dessa constatação impõe
condições diferenciadas de trabalho ao professor de francês, uma vez que tem que lidar
com situações adversas como, por exemplo: alunos com idades e experiências
diferentes, salas de aula, por vezes, inapropriadas para o ensino de um idioma, entre
outras situações que interferem de forma direta na aprendizagem dos alunos. Assim,
nesse contexto, as preocupações inerentes à atividade de ensinar fazem com que o
docente tenha que criar estratégias, buscando ações eficazes que promovam a língua a
ser ensinada, tornando-a atrativa à comunidade. Nesse sentido, este trabalho, enquanto
relato de experiência, procura mostrar um aspecto bastante particular da ação docente,
realizada pelo subprojeto de língua francesa, no âmbito do Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência PIBID-UEM, em paralelo com atividades voltadas para a
docência em sala de aula ao longo do ano de 2017. As experiências que serão
apresentadas resultam de intervenções realizadas nas dependências do Colégio Tomaz
Edison de Andrade Vieira, escola que se localiza em um dos bairros da cidade Maringá,
junto às turmas do CELEM e à comunidade. É importante destacar que, inicialmente,
essas intervenções, antes de serem aplicadas em sala de aula, são previamente
discutidas, elaboradas e experimentadas durante os encontros semanais da equipe do
PIBID-Francês e resultam de leituras teóricas que priorizam o ensino/aprendizagem de
um idioma, bem como as práticas docentes, entre outros aspectos importantes que
atuam nesse contexto.

Palavras-chave: PIBID; Língua Francesa; Prática Docente; Rede Pública.

4) A construção do tempo da memória na novela “Sylvie: Souvenirs du


Valois” de Gérard de Nerval.

Érica Alessandra Paiva Rosa (UEM)


Profa. Dra. Beatriz Moreira Anselmo (UEM/Orientadora)

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Resumo:

Este trabalho visa apresentar uma análise interpretativa da novela Sylvie: Souvenirs du
Valois (1854), do escritor francês Gérard de Nerval (1808-1855). Nerval foi um dos
maiores escritores e intelectuais de seu século, sua produção ocorreu em contextos
oscilantes de boêmia, viagens e internações. A partir de 1941, o escritor teve problemas
de saúde mental, ficou diversas vezes internado e, em 1855, foi encontrado enforcado
em um beco parisiense com os últimos capítulos de sua obra Aurélia no bolso. Nerval
assumiu a literatura como um projeto existencial e em algumas de suas obras é possível
notar uma intimidade com fatos reais de sua vida, como a ocasião em que o escritor
teve um amor não correspondido pela atriz Jenny Colon e, na novela em análise, o
narrador passa pela mesma situação com a personagem Aurélie que também é uma
atriz. Sylvie: Souvenirs du Valois foi escrita durante uma das últimas internações do
escritor, em um episódio de intensa atividade psíquica do mesmo. Sylvie aparece pela
primeira vez na Revue des deux Mondes em 1853 e é publicada na coletânea de
novelas Les Filles du feu em 1954. A novela aborda a história de um homem que, ao
encontrar um jornal com um anúncio de uma festa em Valois, decide retornar
imediatamente para a cidade e no caminho se lembra de muitas coisas que viveu nesse
lugar quando era criança e adolescente, assim como de outros fatos. As lembranças
giram em torno de três mulheres muito importantes em sua vida – Aurélie, Sylvie e
Adrienne – e promovem uma reflexão do narrador sobre a felicidade que ele poderia ter
tido com cada uma delas, mas que não conseguiu alcançar. Nossa proposta de análise
neste trabalho destacará características do Romantismo francês presentes no texto,
dentre elas estão a natureza como parte integrante da temática abordada, a figura
feminina idealizada e o distanciamento da mulher real. A narrativa é repleta de
descrições que comparam o sujeito “mulher” com os elementos da natureza, de modo a
ressaltar a dualidade desse sujeito que ora é igualado ao dia, ora à noite. A descrição
das lembranças é feita detalhadamente fazendo com que os elementos da natureza e
as personagens femininas se relacionem e se integrem, com isso criam-se “imagens
que representam mulheres como deusas perfeitas”, fazendo delas seres inatingíveis.
Outro elemento importante para a estética romântica francesa que apresenta relevância
na obra é a memória. Assim, a análise dessa obra nervaliana procurará apontar como
as lembranças do narrador são representadas na narrativa e a importância do tempo
para a constituição da memória. Para isso, é necessário ressaltar a construção de um
tempo particular a partir da mistura de tempos do passado e presente. Tais tempos
combinados e atrelados a uma intensa descrição de lugares, seres e, sobretudo, de
expressão de sentimentos constroem um “tempo interior”, subjetivo e íntimo,
característico da memória do narrador. Assim, o texto não aparenta ser construído
apenas pela narração de acontecimentos do passado, já que o uso do tempo presente
gera a sensação de que os fatos acontecem ao mesmo tempo em que a leitura se
realiza. Nesse sentido, há uma possibilidade de interpretação na qual alguns
acontecimentos parecem ser invenções do narrador, em razão de seu trabalho com a
memória de um tempo muito distante. Tal memória apresenta tanto lembranças de

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episódios que podem ter acontecido no passado, como também “imaginações” do


sujeito que rememora no momento em que as conta.

Palavras-chave: Literatura francesa; Romantismo francês; Memória; Narrativa.

5) A experiência do PIBID entre os alunos do Curso de Letras/Francês

Daniele de Oliveira dos Santos (PIBID-Francês/UEM)


Karina Alves dos Santos (PIBID-Francês/UEM)
Profa. Dra. Carmen Rodrigues de Lima (UEM/Orientadora)

Resumo:

A língua francesa não consta na grade curricular de ensino da rede pública do Estado
do Paraná. Há alguns anos, o espaço destinado ao ensino desse idioma tem se limitado
apenas às escolas particulares e ao CELEM (Centro de Línguas Estrangeiras
Modernas), projeto mantido pelo governo do Paraná. Nesse sentido, o acesso ao
universo cultural da língua francesa possui algumas limitações e enfrentamentos. O
PIBID-Francês foi colocado em prática nesse contexto, a partir do ano de 2014 e, ao
longo desses três anos e meio, tem sido realizado nas dependências do Colégio Tomaz
Edison de Andrade Vieira, em Maringá-PR. É importante ressaltar que durante esse
período, a equipe de bolsistas tem sido revezada, principalmente, pelo fato de os alunos
que estão no último ano do curso se formarem, entre outras situações. Mas isso não
impediu que a unidade do grupo se abalasse. Os encontros do grupo (em que se dão os
debates teóricos, as oficinas e a preparação das intervenções) são realizados na UEM,
semanalmente. Assim, o objetivo dessa comunicação é apresentar um panorama das
ações desenvolvidas pelos bolsistas do subprojeto de língua francesa, considerando os
estudos dos textos teóricos que fundamentam a formação docente, bem como a prática
em sala de aula, dos participantes inseridos no contexto desse subprojeto -alunos do
curso de Letras/Francês da Universidade Estadual de Maringá-.

Palavras-chave: PIBID; Língua Francesa; Prática Docente; Tomaz Edison.

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6) A ironia de Voltaire e a construção da criticidade para um mundo


moderno

Mario Henrique Vieira Cardoso (UEM)


Profa. Dra Beatriz Moreira Anselmo (UEM/Orientadora)

Resumo:

O objetivo deste estudo é propor uma leitura da obra Candide, do escritor francês
François Marie Arouet - Votaire (1694-1778), que estabeleça uma relação entre o estilo
do autor - que nesta obra, esbanja sua ardil e ácida ironia, marca contínua na obra de
Voltaire -, a uma das atribuições mais caras a respeito da formação do leitor, a
criticidade. Este conceito de criticidade, segundo as palavras de Antonio Cândido
(2006), está ligado à maneira como o homem percebe o mundo após sua imersão na
literatura. Podemos inferir, a partir das palavras do autor, sobre como a literatura aguça
a visão do homem sobre o meio em que vive, dotando-o de uma percepção mais
acentuada. Para poder precisar de que forma esta obra contribui com a formação do
leitor e sua criticidade, elencamos investigar Candide a partir da ironia e da sátira,
pormenorizando suas possíveis construções e o efeito destas ferramentas na
composição da obra. Buscamos, ainda, apresentar de que forma esta figura de
linguagem - ironia - produz a sátira, colaborando para a formação do leitor, e os
desdobramentos desse diálogo no leitor e seu contexto social. Apontaremos nestes
desdobramentos do contexto social algumas possíveis materialidades sobre as
fomentações provocadas por este ganho de criticidade nas condições sociais as quais
pertence este leitor, ou seja, de que maneira as insatisfações originadas por tal
criticidade convergem com o rumo dos acontecimentos da época e com a nova
estrutura social originadas a partir destes acontecimentos. A Revolução Francesa,
ocorrida em 1789, é o principal acontecimento histórico que demonstra a conexão entre
a formação do leitor e a sua intervenção no contexto social. Pretendemos também
demonstrar nesta análise como se manifestam alguns preceitos embrionários que
alicerçaram a construção do pensamento moderno, tendo como destaque em nosso
trabalho: a tolerância religiosa, o fim do absolutismo e a consciência de classe. Todos
estes fenômenos ocorridos na sociedade foram provocados pela insatisfação social da
época, a qual a ironia de Voltaire foi uma arma fundamental. Entretanto, pretendemos
ainda demonstrar a partir da construção deste trabalho como essa figura de linguagem
também escondia possíveis estruturas para a construção desse novo modelo de homem
e sociedade, apresentando a sátira como uma forma de denúncia, que aponta estes
pilares para a construção do pensamento moderno.

Palavras-chave: Voltaire; Candide; ironia; criticidade; modernidade.

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7) A aprendizagem de francês na formação do Secretário Executivo


Trilíngue: um olhar à luz da teoria da curva de esquecimento.

Bernardo Lori (UEM)


Rafael Marques Landeira (UEM)
Richard Matheus Simão Campos (UEM)
Profa. Dra. Beatriz Moreira Anselmo (UEM/Orientadora)
Profa. Aurélia Moteka Batista de Queiroz Mott (UEM/Coorientadora)

Resumo:
Este artigo objetiva relacionar o estilo de estudo dos alunos de francês no curso de
Secretariado Executivo Trilíngue da Universidade Estadual de Maringá-UEM, pelo
número de horas de efetivo estudo extraclasse destes discentes, com a teoria da Curva
de Esquecimento de Ebbinghaus (1885). Psicólogo e pesquisador alemão do século
XIX, Ebbinghaus realizou uma série de experimentos constatando que, após certo
período de tempo, distinto para cada pessoa, as informações recebidas são
majoritariamente descartadas pelo cérebro, se não houver uma constante revisão sobre
o assunto. Portanto, a memorização seria uma relação direta entre a aprendizagem e a
experiência. Embora o experimento original deste pesquisador tenha sido feito com
sílabas desconexas e sem sentido, uma parcela do resultado é comum a todo tipo de
conteúdo, visto que o processo neurológico pelo qual passa nosso cérebro é
praticamente o mesmo, independentemente do número e da proporção das
informações. Se durante o século XIX a retenção de informações já era um desafio, hoje
ela o é mais do que nunca. Na atual Era da Informação somos constantemente
submetidos a novos conhecimentos, sendo que parte destes necessita ser retido, por
exemplo, o conhecimento adquirido durante a formação profissional. Destarte, o mesmo
ocorre com o aprendizado da língua francesa, bem como qualquer outra língua
estrangeira, dentro dos cursos de graduação, a citar, o Secretariado Executivo Trilíngue.
É exigido do discente, impreterivelmente, que ele tenha uma boa memória, que ele
retenha todo tipo de informações a respeito da língua, afinal, é um profissional trilíngue
que está se formando. No entanto, limitar o aprendizado da língua francesa apenas à
carga horária semanal de aulas, reduz diretamente o fator experiência coberto na teoria
de Ebbinghause, tornando deveras complicada a familiarização com um novo idioma a
nível profissional, que é o que se espera do profissional de secretariado. Sob o
pressuposto de que alguns graduados em Secretariado Executivo Trilíngue não retém o

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conhecimento adquirido nas aulas de francês durante o curso, e que os achados de


Ebbinghaus podem contribuir para amenizar este problema, esta pesquisa analisou
informações acerca dos hábitos de estudo da língua francesa dos alunos do primeiro
ano de Secretariado Executivo Trilíngue da UEM, no ano de 2017. Por meio de uma
análise quantitativa de dados obtidos pela aplicação de um questionário, foi constatado
que quase 70% dos estudantes não têm hábitos de estudo do idioma fora do ambiente
acadêmico, e que 65% têm dificuldades em se lembrar do conteúdo da semana anterior.
É possível notar a relação entre a pesquisa de Ebbinghaus e os fatos constatados
empiricamente. Diante disso, não se pode prescindir a importância do estudo
extracurricular no processo de aprendizagem de um novo idioma, no caso, o francês. O
aluno deve achar meios de familiarizar-se com a língua, com as novas informações as
quais é exposto, o que acarretará na retenção do conhecimento, na fluência linguística e
no sucesso profissional.

Palavras-chave: Língua francesa; aprendizagem; curva de esquecimento; Ebbinghaus;


Secretariado Executivo Trilingue.

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SIMPÓSIO 19) A voz e a vez dos animais não-humanos em diferentes


ciências

Profa. Dra. Elda Firmo Braga (UERJ)


elda@literaturas.net
Profa. Dra. Evely Vânia Libanori (UEM)
lieveorama@gmail.com

1) Marley e eu, de John Grogan: especieísmo, vida e amor


Sueli Meira Liebig (UEPB)

Resumo:

A capacidade de expressar sentimentos humanos faz da grande maioria dos animais


seres sencientes. Do ponto de vista biológico, a função mais importante do cérebro é a
de geradora de comportamentos que promovam o bem-estar. É bem verdade que nem
todos os comportamentos precisam de um intelecto. No entanto, o controle sofisticado
da conduta baseado num sistema sensorial complexo requer a capacidade de
integração de informações de um cérebro centralizado. Neste caso seria razoável e
prudente, além de moralmente importante, assumir que todos os animais têm algum
grau – pelo menos, um grau mínimo – de senciência. Organismos sensíveis não apenas
apresentam reações químicas diante dos processos que afetam o seu corpo, mas
também possuem estados mentais positivos ou negativos associados a esses
processos. Isto é, portanto, indício de que existe um "eu" que vivencia e experimenta as
diferentes sensações.Com base nisto, este trabalho se propõe a analisar as relações
entre o cão labrador Marley e seus donos, o jornalista americano John Grogan sua
família, experiência real transformada em romance em 2005, seguindo-se à morte do
animal, após treze anos de convívio e de múltiplas vivências, algumas maravilhosas,
outras nem tanto, envolvendo considerações filosóficas sobre os direitos do animal e
uma análise cultural da representação do cachorro enquanto ser senciente e, acima de
tudo, parte integrante e efetiva do clã. Nosso estudo tem respaldo teórico na teoria
do filósofo australiano Peter Singer, a partir da seminal obra Animal Liberataion
(1975), na Declaração Universal dos Direitos dos Animais – Unesco – ONU (1978) e
nos estudos culturais modernos de John Berger (1980), que procuram melhorar a
situação dos animais, além de pôr em xeque conceitos arcaicos como os de utilitarismo,
criados pelo filósofo Jeremy Bentham (1748-1832); passando pelas considerações
sobre antropomorfismo, como vistos por Mary Midgley (1983) e Masson e McCarthy

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(1996).Sem a pretensão de adentrar a questão da “retórica da animalidade” defendida


por Steve Baker (1993), este artigo concentra-se nos animais domésticos, reservando-
se, nesta instância, o direito de excluir da seara das relações político-sociais aqui
discutidas os animais ferais e outros, que de modo geral abrangem o campo de
interesse dos estudos ecocríticos.

Palavras-chave: Ecocrítica; Especieísmo; Direito animal; Marley & Eu.

2) Entre humanos e galinhas: o respeito aos animais não humanos na


obra A vida íntima de Laura, de Clarice Lispector

Rosiane Cristina de Souza (UEM)


Profa. Dra. Evely Libanori (UEM/Orientadora)

Resumo:

Clarice Lispector não publicou somente para adultos, mas também para um público
infantojuvenil. Entre essas publicações está a obra A vida íntima de Laura que conta a
história de uma galinha que vivia em um terreiro com mais outras galinhas e Luiz, um
galo que inchava de vaidade entre as galinhas do terreiro, que tinham por destino a
panela da casa de Dona Luíza. O presente trabalho tem por objetivo analisar como os
esquemas textuais são construídos dentro da narrativa, a fim de promover um diálogo
entre o narrador e o leitor (o público infantil); possibilitando que esse leitor mirim busque
em seu repertório uma série de fatos que estabelecerão um diálogo com a narrativa e o
possível entendimento sobre questões referentes à ética animal ou a falta dela em uma
sociedade em que os animais são visualizados como comida, meio de transporte,
segurança, e objetos para testes laboratoriais. Além disso, verificar como esses
esquemas textuais auxiliam na formação crítica do leitor no que se refere ao respeito
aos animais não humanos. Dessa forma, a obra será analisada pelo ponto de vista da
ética animal, uma linha de estudos que promove os respeito e a igualdade entre os
animais humanos e não humanos, levando em conta que todos são seres sencientes e
necessitam ser tratados com a mesma ética, tendo seu modo de vida e suas
necessidades respeitadas pelas sociedades humanas. Para que essa análise seja
realizada, será considerado para base teórica o autor Wolfgang Iser no que se refere à
teoria relacionada aos esquemas textuais. Quanto aos postulados referentes à ética
animal serão considerados os autores Sônia Felipe e Peter Singer. Além de Clarice
Lispector ser uma autora brasileira consagrada e de grande importância para nossa
literatura, ela promove diversas reflexões sobre o interior do próprio ser humano com o

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espaço e os seres que o cercam. É importente salientar que essa análise é uma
possibilidade de leitura que pode ser utilizada em sala de aula a fim de ensinar ética
animal às crianças, que muitas vezes ficam alheias às questões referentes ao massacre
animal existente em nossa sociedade, o que as levam a considerar “normal” muitas das
práticas que são realizadas diariamente. A obra de Clarice permite pensar os limites
entre os seres de diferentes espécies, assim como a necessidade de uma convivência
que respeite as diferenças. A inteligência e o afeto não são exclusivos dos seres
humanos.

Palavras-chave: Leitor. A vida íntima de Laura. Ética animal. Clarice Lispector.

3) A literatura animalista abolicionista em sala de aula: experiências e


vivências
Vanessa Ferreira dos Santos Valles Leal (UEM)
Profa. Dra. Evely Vânia Libanori (UEM/Orientadora)

Resumo:

A relação entre humanos e animais perdura há séculos. A literatura animalista


abolicionista é formada por textos literários preocupados em defender e libertar os
animais da tirania humana. A presente comunicação expõe as experiências e resultados
obtidos com a realização do Estágio Curricular Supervisionado III. Trata-se de estágio
de observação e regência de aulas de literatura no ensino fundamental e médio
(respectivamente, nos colégios Estaduais Theobaldo Miranda Santos e João XXIII) com
ênfase na literatura animalista abolicionista. As aulas planejadas – distribuídas em dois
encontros de observação e quatro horas aula de regência para cada turma – foram
embasadas pelas Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do Paraná (com os
pressupostos teóricos da Estética da Recepção, de Jauss, e da Teoria do Efeito, de
Iser) e pelos níveis de leitura sugeridos por Franco Junior (1996): a decodificação, a
associação, a análise e a interpretação. Seguimos uma mesma lógica na organização
dos planos de aula para ambos os níveis, adaptando apenas o grau de dificuldade e a
complexidade das discussões, sendo assim as duas primeiras aulas tiveram como tema
“as relações entre o ser humano e o ser não humano na literatura brasileira” e as duas
últimas trabalharam o tema “a importância de se respeitar os animais”. Demos primazia
à relação leitor e obra. Resumidamente, trabalhamos com a leitura e interpretação dos
gêneros conto e fábula; resgatamos discussões acerca do caráter artístico e a função
humanizadora da literatura; solicitamos uma produção textual; e, por fim, tecemos uma
reflexão juntos aos alunos com relação à literatura animalista abolicionista,
apresentando os conceitos e características dessa filosofia presentes nas obras

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literárias analisadas. O objetivo essencial do estágio foi executar práticas de docência


em literatura, vivenciando o processo de ensino-aprendizagem. Ele caracteriza-se como
uma exigência da grade curricular da licenciatura em Letras Português/Francês,
amparado pela Lei Federal (Portaria 5696/91-MEC) e previsto nas leis nº 9394/96 e nº
6.494/77 e no Decreto nº 87.497/82. Nossa cultura especista precisa saber que os
animais são seres sencientes, dotados de sensibilidade e consciência. Uma forma de
divulgar esse princípio ético é valer-se da literatura e de sua força humanizadora
(Candido, 1972), com as funções psicológica, formadora e social.

Palavras-chave: Literatura, Direitos dos Animais, Estágio, Ensino Fundamental, Ensino


Médio.

4) O tratamento ético dos animais não humanos nas HQs “Armandinho”

Elda Firmo Braga (UERJ)


Sandra Valéria Torquato Mouta (UERJ)

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise das Histórias em
Quadrinhos (HQs) produzidas pelo brasileiro Alexandre Beck, intituladas “Armandinho”,
publicadas inicialmente no Diário Catarinense e na atualidade disponíveis em jornais de
diferentes regiões brasileiras; em uma página de redes sociais; em um blog; contando,
também, com dez livros impressos. O título faz referência à personagem central da
obra, um menino de sete anos que vive com seus pais e um animal de estimação
inusitado: um sapo. Neste estudo, apreciaremos, em especial, a postura ética da
personagem principal em relação aos não humanos. Com uma linguagem espontânea,
crítica e terna, as tirinhas de Beck recuperam a pureza do olhar infantil e retratam,
através da percepção de uma criança, uma lógica que, em contraste com a do adulto,
poderá promover a ampliação da nossa visão de mundo e da natureza, alterar a nossa
percepção e nos oferecer uma possibilidade para (re)avaliarmos nossos valores,
atitudes, prioridades, forma como nos relacionamos com todos os nossos companheiros
na aventura de viver neste pequeno pedaço do universo. O menino atento, inteligente,
solidário, afetuoso e sensível observa e destaca aspectos e situações da realidade
referencial que o cerca com perspicácia e inabalável senso de justiça, sendo capaz de
se perceber como cidadão do mundo e irmão de todos os seres vivos habitantes da
terra. Dotado de uma ética de consideração respeito pelos animais, seu discurso se
contrapõe a um pensamento hegemônico, ainda vigente, no qual os bichos são tidos

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como inferiores e um mero produto à disposição das necessidades e interesses da


humanidade. No contexto de “Armandinho”, os não humanos são merecedores de
empatia e compaixão, precisam ser levados em conta e ter a sua dignidade respeitada.
A personagem convida a reflexão e estimula a formação de uma nova consciência ao
nos mostrar outras maneiras de nos relacionarmos com as demais espécies. Seu
posicionamento é de identificação com os mais diversos viventes. Seu respeito e
compromisso com as mais variadas formas de vida contribuem para combater o
especismo e, ao mesmo tempo, dar visibilidade a problemática que envolve a forma
como as pessoas tratam os não humanos. Para esta análise, nos propusemos a tecer
um diálogo interdisciplinar entre as referidas HQs e perspectivas filosóficas, pautando-
nos nos princípios de “ética do respeito à natureza” (TAYLOR, 2005) e de “ética no trato
dos animais” (NACONECY, 2006).
Palavras-chave: Ética do respeito à natureza; Ética no trato dos animais; Histórias em
Quadrinhos; “Armandinho”.

5) A literatura infantil como ferramenta de divulgação e preservação de


animais pouco conhecidos da fauna brasileira

Profa. Me. Shery Duque Pinheiro (E.M. Mariúcha e Programa de Estudo, Manejo e
Preservação do Bicho-Preguiça)

Resumo:

A presença de animais na literatura mundial não é um fenômeno recente, as tradicionais


fábulas originárias do Oriente, foram incorporadas ao mundo ocidental pelo sábio grego
Esopo no séc. VI a.C. Nas fábulas tradicionais os animais são exemplos de conduta
para o ser humano, e o desfecho sempre apresenta um caráter didático, conhecido
como moral da história. As narrativas atuais que envolvem animais como personagens
centrais, se popularizaram entre o público juvenil e adultos por meio de histórias
carregadas de emoção, cujo foco está na interação entre os animais domésticos e seus
tutores, quase sempre sob uma óptica antropocêntrica. Apesar, desse cenário
aparentemente favorável à disseminação de ideais igualitários e mote conservacionista,
estudo de casos desenvolvidos com crianças em fase de alfabetização demonstraram

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que quando convidadas a citar nomes de animais silvestres conhecidos, as espécies


mencionadas eram em sua maioria exóticas, ou seja, não encontradas em território
brasileiro. Os pesquisadores consideram que isso se deve a diferentes fatores dentre os
quais destacam a forte influência da mídia através da veiculação de desenhos
animados, filmes, jogos e livros infantis sobre os grandes mamíferos do hemisfério norte
e africanos. Além da lacuna na divulgação científica brasileira que torna o conhecimento
sobre os animais da fauna nacional incipiente. O Brasil é um dos países com maior
biodiversidade do planeta e, ainda assim, a fauna e a flora nativas são pouco
conhecidas pela população. Muitos dos nossos animais possuem peculiaridades
biológicas e hábitos comportamentais que são abordados superficialmente,
normalmente como exemplos negativos, criando uma rejeição que impacta sua
conservação. O bicho-preguiça se enquadra na categoria cujas espécies são
desconhecidas da população e apesar de seu carisma, são citadas pejorativamente
devido a sua lentidão, que é na verdade, a um aspecto importante da sua biologia.
Preguiças são mamíferos arborícolas que ao lado de tatus e tamanduás compõem a
Super Ordem Xenarthra, cinco das seis espécies que ocorrem na América do Sul, são
encontradas no Brasil. Dentre essas, a preguiça-de-coleira, que habita uma estreita
faixa de Floresta Atlântica entre os estados do Rio de Janeiro e Bahia, está criticamente
ameaçada de extinção. A ausência de livros infantis com conteúdo científico apropriado
representa um empecilho ao trabalho de preservação, por isso nossa proposta foi a
criação de contos infantis nos quais as histórias apresentassem os animais como seres
biológicos que sofrem com as ações humanas. Ao serem apresentadas as preguiças,
através de diferentes propostas como a contação de história, desenhos e atividades
lúdicas de pintura, quebra-cabeças, caça-palavras, as crianças naturalmente querem
saber mais, envolvendo-se no universo do personagem. Embora a leitura ocasional do
livro não seja suficiente para promover mudanças intensas e profundas, a sua utilização
como referência nas demais atividades práticas propostas, reforçam as informações e
estimulam a curiosidade. Logo, atividades como estas, que buscam divulgar a ciência
nas séries iniciais, são essenciais, uma vez que estas experiências valorizam o saber
científico e demonstram a riqueza e a importância da preservação da fauna nacional.

Palavras-chave: Literatura infantil, fauna brasileira, bicho-preguiça, preservação.

6) “Na lista de prioridades do país, não tem lugar para os animais”:


considerações sobre a violência contra animais não humanos em
Disgrace de J.M. Coetzee

Me. Jefferson de Moura Saraiva (UEL)

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Resumo:

Fruto de reflexões acerca de questões envolvendo animais humanos, animais não


humanos e as relações entre ambos, a pesquisa teve como objetivo mapear a violência
sistêmica dentro do romance Disgrace (1999) (Desonra na edição brasileira) do escritor
sul-africano J.M. Coetzee. A obra em questão, que foi alvo de bastante discussões
devido por tratar de questões raciais, tem como cenário o desolado interior da África do
Sul. Enquanto os centros metropolitanos são contagiados pelo clima amistoso
proporcionado pelo fim do regime segregacionista do apartheid, na área rural — onde a
violência ganha novas motivações devido às mudanças políticas — o clima é
completamente outro. É esse o palco no qual os destinos trágicos das personagens se
desenrolam. A análise, portanto, foca em como as diferentes personagens são
engolfadas e devastadas por um tornado de brutalidade. Isto é, o objetivo da análise é
mostrar como em uma sociedade complexa e contraditória, cujos membros são movidos
por ideologias e cujos sangramentos ainda necessitam de estancamento, a violência se
espalha de maneira sistemática, produzindo, ao mesmo tempo, indivíduos que são tanto
malfeitores quanto vítimas. Nessa esteira sangrenta, encontramos as vítimas por
excelência: os animais não humanos. São criaturas sem nenhum amparo legal e
expostas à toda sorte de hostilidade. Tal afirmação é sustentada pela análise dos
elementos formais do romance, somados aos esforços oriundos de áreas como os
estudos críticos animais, o ecofeminismo e o pós-humanismo. É imprescindível destacar
que, mesmo após os avanços de grupos que almejam a abolição dos animais não
humanos, o modo de vida e a mentalidade típica da maioria da população é enraizada
na filosofia cartesiana que classifica o animal não humano como um bem de consumo.
Tal posição, no entanto, já não é capaz de se manter em pé. Diferentes áreas do
conhecimento, como as ciências e a filosofia, têm demonstrado que há algo errado na
relação entre animais humanos e não humanos. Portanto, se faz mais do que
necessária uma mudança profunda de paradigmas. A literatura, por seu papel
transformador, é indispensável em tal processo. A presente comunicação é derivada da
dissertação “Retratos da violência: antropocentrismo e patriarcarlismo em Desonra, de
J.M. Coetzee”, defendida pelo autor em 2016.

Palavras-chave: Violência. Animais não humanos. Mulheres. Silêncio.


Carnofalogocentrismo.

7) Relações de igualdade e distanciamento entre humanidade e


animalidade na obra Vidas Secas de Graciliano Ramos comparado
com os escritos de Franz Kafka

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Letícia Nae da Silva Souza (UEPG)


Prof. Dr. Diego Gomes do Valle (UEPG/Orientador)

Resumo:

Este trabalho apresenta uma análise comparativa sobre a obra Vidas Secas, de
Graciliano Ramos, com os escritos do autor Franz Kafka, mais precisamente no conto
Um artista da fome e na novela Metamorfose, privilegiando os elementos formais da
estruturação, quais sejam: o foco narrativo, as técnicas narrativas do fluxo da
consciência e o monólogo interior. Para tanto, toma-se como base o método crítico de
Antonio Candido e outros autores, que buscam compreender os mecanismos sociais
existentes no texto literário e a forma como eles atuam enquanto componentes da
estrutura da obra. Apesar de não serem dois autores relacionados entre si, nessas suas
obras é possível perceber a problemática da humanidade x animalidade. A animalidade,
na literatura, muitas vezes, pode se dar pela solidão humana resultante da necessidade
de afeto que provém de uma sociedade individualista. A figura do animal pode funcionar
como uma projeção do humano correspondente aos seus desejos, ansiedades e/ou
medos. Sendo assim, o animal acaba sendo uma companhia quase humana para o
homem e, também, acaba substituindo a companhia de outro humano. Muitas são as
diferenças entre o animal versus humano, visto que este representa a civilização, e
aquele, a primitividade. Em Vidas Secas, tem-se a presença física da cachorra Baleia
com suas emoções representadas pelo narrador, aproximando-se, assim, à figura de
Fabiano, que, apesar de humano, não possui muitas falas, comunica-se quase sempre
com gemidos e vive de misérias, tendo assim uma vida comparada à de um animal. Nos
escritos de Franz Kafka, Um artista da fome apresenta um humano não reconhecido
pelo seu talento e que é tratado como um animal, colocado até dentro de uma jaula. Já
em Metamorfose, temos o homem metamorfoseado em animal, mais precisamente em
um “inseto monstruoso”, e que continua sendo tratado como um humano pela sua
família. A comparação desses elementos nas obras é possível através da técnica do
foco narrativo analisado nos textos, sendo esta técnica utilizada como base para este
trabalho. Outros elementos também são essenciais na abordagem da comparação e
análise, tais como: o narrador e suas especificidades, além das personagens, tendo em
vista as outras categorias analíticas com as quais o foco narrativo se relaciona no
processo de análise do romance.

Palavras-chave: animalidade; humanidade; foco narrativo; narrador; personagem.

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8) Literatura de defesa animal no contexto escolar

Aline da Silva Ramires (UEM)


Izabela Rubia Tavares Bonfanti (UEM)
Profa. Dra. Evely Vânia Libanori (UEM/Orientadora)

Resumo:

Este estudo tem como objetivo apresentar resultados decorrentes do trabalho com
literatura de defesa animal em aulas ministradas a alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental e do 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Maringá. As
turmas continham 32 alunos com idades entre 13 e 14 anos e 33 alunos na faixa etária
de 15 e 16 anos, respectivamente. As atividades foram desenvolvidas durante a
disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III - Ensino Literário por duas
alunas/estagiárias do 4º ano de graduação em Letras Português e Inglês da
Universidade Estadual de Maringá (UEM). Nos encontros destinados à regência
buscou-se consolidar o conhecimento dos aprendizes a respeito da função e
importância da literatura, propor reflexões acerca da relação entre o ser humano e os
animais, promover a conscientização da relevância da defesa animal e construir
sentidos por meio da análise de textos literários e sua estrutura. Para isso, o trabalho foi
conduzido a partir do levantamento de conhecimento prévio dos alunos, motivação do
tema por meio de vídeos e imagens e leitura de textos literários de diferentes gêneros.
Para a análise descritiva e interpretativa dos textos, visando o desenvolvimento da
agilidade, leitura, interpretação e criticidade, foi adotada a metodologia de níveis de
leitura, de Arnaldo Franco Junior (1996), e os alunos tiveram de responder
individualmente e em sala de aula os questionários relacionados a cada texto
trabalhado, com perguntas nos níveis de decodificação, associação e análise. Dessa
forma, buscou-se averiguar qual o nível de interpretação em que os alunos se
encontram e o que eles conseguiram depreender do que foi discutido nas aulas. A
análise debruçou-se nas folhas de respostas dos estudantes, as quais foram corrigidas
pelas estagiárias; na participação dos alunos durante as discussões; na frequência dos
alunos e interesse pelas aulas. Os resultados do estudo foram positivos e apontaram
para o sucesso do objetivo inicial do Estágio III, visto que os estudantes alegaram que
se conscientizaram do que é defesa animal e entenderam a relevância de se trabalhar
esse tema, além de que, durante as aulas, relataram situações de maus tratos que
presenciaram no seu dia a dia e fizeram questionamentos sobre como proceder diante
de casos assim. Ademais, os alunos prometeram divulgar os meios de denúncia de

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situações de maus tratos a animais para amigos, familiares e em redes sociais,


colaborando socialmente com a defesa animal.

Palavras-chave: Defesa animal; Animais não humanos; Relação ser humano e animais;
Ensino literário.

9) Representação animal em Clarice Lispector


Camila Pinheiro Delgado Escarmanhani (UEM)
Profa. Dra Evely Vânia Libanori (UEM/Orientadora)

Resumo:

O trabalho tem como objetivo o estudo da identidade de alguns personagens presentes


nas obras de Clarice Lispector e, ainda, do pensamento ético da personagem Lucrécia
em relação aos animais. Isso ocorre quando o narrador zoomorfiza as personagens,
dotando-as de características próprias de animais como os cavalos, tanto física como
psicologicamente. Os animais são vistos como seres autênticos porque representam a
existência livre e sem divisões, existência essa que os seres humanos perderam. Por
isso, os animais são objeto da contemplação e da admiração das personagens,
principalmente de Lucrécia do romance A cidade sitiada, que se identifica com eles.
Nesse sentido, as obras são perpassadas por considerações éticas em relação aos
animais. Os animais são o “outro” com que as personagens estão existencialmente
ligadas. Segundo os estudos de Affonso Romano Sant’anna isso ocorre quando a
personagem encontra traço de sua identidade no outro, e esse outro é o animal e esse
dualismo ocorre em várias obras para a composição da identidade de alguns
personagens. A base teórica para o desenvolvimento desse trabalho contará com os
pesquisadores contemporâneos que estudaram a mutabilidade da identidade humana,
como Stuart Hall e Zygmunt Bauman. O referencial teórico acerca do pensamento sobre
a ética humana para com o animal virá dos filósofos que problematizaram a forma como
a nossa cultura se relaciona com os animais, principalmente Sônia Felipe e Peter
Singer. Dessa forma, o estudo das obras, juntamente com o levantamento dos aspectos
da identidade e uma análise sob a luz da Ética Animal, poderá possibilitar uma reflexão
a respeito de como essa semelhança existente entre os animais não humanos e os
animais humanos que ocorria no passado foi distanciada da identidade humana
atualmente. É visto que alguns dos motivos seriam por pressupostos religiosos,
metafísicos ou morais. Além desses motivos é comum pessoas acreditarem que os
animais são destituídos de consciência, sendo assim inferiores aos animais humanos.
No entanto, um vasto grupo de cientistas, no ano de 2002, assinou um documento
conhecido por Declaração de Cambridge. Eles eram de diversas áreas do campo do

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saber, como Fisiologia, Anatomia, Neurologia, entre outras. Nesta declaração, houve a
afirmação de que tudo que é causado ao corpo do animal, como os mamíferos, aves e
peixes, são sentidos por eles, da mesma maneira que os humanos sentem. Por esse
motivo, esperamos que esse trabalho possa contribuir para o aprimoramento das
reflexões na área e, consequentemente, a atenção e o respeito ao comportamento do
animal humano para com o animal não humano.

Palavras-chave: Clarice Lispector; Animais; Ética Animal.

10) A Revolução dos Bichos não humanos: uma análise animalesca


e abolicionista

Verônica Franciele Seidel (UFRGS)


Profa. Dra. Luciana Gruppelli Loponte (UFRGS/Orientadora)

Resumo:
Os animais não humanos são, usualmente, vistos como coisas/propriedade, de modo
que não há uma preocupação em preservar e reconhecer seus direitos. Tal ausência de
reconhecimento pode ser denominada de especismo, prática que consiste no
pressuposto de que as vidas têm valores diferentes dependendo da espécie a que
pertencem. É a prática do especismo que leva, por exemplo, à permissão do uso de
animais não humanos em experimentos científicos; em produções cinematográficas; em
atrações culturais, como rodeios e zoológicos; na fabricação de cosméticos e remédios;
na confecção dos mais diversos produtos, desde sacolas plásticas até pneus; na guarda
de imóveis; em buscas policiais; e em produtos alimentícios em geral. Levando tais
questões em consideração, entendemos que um dos primeiros passos necessários para
mudar essa realidade seja a análise da relação estabelecida entre humanos e não
humanos. Dessa maneira, neste estudo, pretendemos dar lugar a reflexões sobre a
linguagem que auxiliem a pensar como se configuram as relações que estabelecemos
com animais não humanos, bem como de que forma tratamos esses seres em nosso
cotidiano. Assim, a partir de uma reflexão sobre a linguagem, propomos discutir o modo
como a relação entre humanos e não humanos é evidenciada em A Revolução dos
Bichos, de George Orwell. Essa obra representa um sistema ético em que todos os
animais possuem igual valor; contudo, também estabelece uma aproximação entre
humanos e não humanos no momento em que estes adotam o mesmo sistema de
opressão outrora instaurado por aqueles, servindo de inspiração para repensar tais
relações. Percebemos, então, que o processo de humanização presente na obra

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orwelliana não se configura como uma construção de virtudes éticas e morais, pois o
que ocorre é justamente o contrário: a humanização instaura-se como a capacidade de
reconstruir os antigos valores dos senhores proprietários dos animais não humanos.
Desse modo, a humanização implica a posse sobre os outros animais, tirando-lhes o
direito básico universal à vida e ao próprio corpo, assim como à sua força de trabalho e
aos seus desejos. Possuir a vida dos outros animais, cremos, distingue-se do
assassinato e assemelha-se à escravidão, porque tomar a vida não é tirar a vida, mas,
sim, apossar-se daquilo que é vivo, daquilo que é animado, isto é, daquilo que tem alma
e desejo. A revolução, dessa maneira, torna-se uma antítese de si mesma. O
movimento de oposição/tensão entre os animais não humanos e humanos instaurado
na obra sucumbe pela incorporação das práticas opressoras. Assim, a luta pela
igualdade torna-se uma luta pelo poder; do mesmo modo, o espírito de coletividade e
liberdade esvanece perante a assimilação do poder como forma e força de repressão e
estratificação.

Palavras-chave: linguagem; especismo; objetificação; libertação animal.

11) O discurso científico e o tema da experimentação em animais


não humanos

Verônica Franciele Seidel (UFRGS)


Profa. Dra. Ana Zandwais (UFRGS/Orientadora)

Resumo:

Entendemos, conforme a perspectiva bakhtiniana, que nenhum fato da natureza tem


significado em si mesmo, mas que tal significado surge justamente por meio da língua.
Sendo assim, a análise dos fenômenos linguísticos auxilia a compreender os
posicionamentos ideológicos que sustentam os discursos e, consequentemente, as
práticas humanas. A partir disso, pretendemos entender como os animais não humanos
(denominados usualmente de cobaias) e as práticas que os envolvem, com enfoque à
experimentação laboratorial, são percebidos e apresentados pelo gênero de discurso
científico, bem como de que forma tal visão auxilia a estruturar as relações que com
eles estabelecemos. Para isso, analisamos um artigo científico, utilizando como
categoria de análise a noção de gênero do discurso. O artigo analisado apresenta um

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posicionamento bastante evidente sobre o tema a que se refere: é favorável à


experimentação em animais não humanos em prol do progresso da ciência. A partir da
análise, podemos afirmar que o emprego de animais em estudos científicos ainda é
indispensável em muitos casos, conclusão a que chegam os enunciadores do artigo em
questão. Para chegar a tal conclusão, são apresentados julgamentos de valor que
acabam denunciando seus posicionamentos ideológicos acerca da temática. A partir
disso, evidenciam-se os interesses que movem o gênero de discurso científico: quer-se
o produto do labor científico independentemente dos recursos (sacrifício e sofrimento
animal) que sejam necessários para isso. A possibilidade de substituir o uso de animais
por métodos alternativos exigiria uma reestruturação no modo de fazer ciência, o que,
seja por aspectos econômicos, seja por alienação, acaba por não ocorrer ou acontece a
passos lentos. A partir da análise realizada, podemos perceber que, sob a perspectiva
dos enunciadores do artigo, o sofrimento ou a morte animal leva a avanços na ciência,
como a criação de medicamentos que salvam vidas humanas. Recorre-se, assim, à
citação de “produtos” dos testes em animais que são do conhecimento do leitor por
estarem presentes em seu cotidiano, mas não se estabelece em nenhum momento a
discussão acerca do direito que o ser humano arroga a si mesmo de sacrificar vidas de
seres de outras espécies em benefício da sua. Tal negligência pode ser explicada pela
afirmação dos enunciadores do artigo de que, para todos esses avanços ocorrerem, é
imprescindível o uso de animais. Percebemos, assim, no discurso analisado, a
perspectiva de que o emprego de animais é imprescindível ao progresso da ciência, de
modo que toda atividade contrária à realização de tal prática é vista como radical e
prejudicial ao desenvolvimento científico.

Palavras-chave: discurso científico; ideologia; objetificação; experimental animal.

12) Os animais em A maçã no escuro, de Clarice Lispector: uma


leitura ecofeminista

Michelle Cerqueira César Tambosi (UEM)


Profa. Dra. Evely Vânia Libanori (UEM/Orientadora)

Resumo:

Essa comunicação tem por objetivo apresentar a análise ecocrítica de A maçã no


escuro, de Clarice Lispector, no que se refere à representação dos animais não-
humanos na obra. Fruto da dissertação de mestrado “Uma leitura ecocrítica de A Maçã
no escuro” a análise sobre a presença dos animais não-humanos no romance é feita a

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partir de um ponto de vista ecossistêmico, no qual esses animais, os animais humanos


e aquilo que se entende por meio ambiente interagem. A modalidade de análise
ecocrítica estuda a relação entre a literatura e o meio ambiente ou a natureza. Para
realizar a análise ecocrítica, os principais aportes teóricos utilizados foram a teoria
ecocrítica, a filosofia ecofeminista e a filosofia ético animalista. A filosofia ecofeminista
estuda a conexão entre diferentes formas de opressão, como a opressão dos animais, a
exploração da natureza, das mulheres e de outras categorias oprimidas. Utilizamos
essa filosofia para fundamentar a análise da relação entre a humanidade e os animais
não-humanos no romance de Clarice. A ética animal foi utilizada em diálogo com a
teoria ecofeminista, de modo a compreender o papel de ambas as filosofias na
abordagem do texto literário. O diálogo entre essas diferentes filosofias, ainda que as
duas pertençam ao pensamento ambientalista, possibilitaram um entendimento ético
mais profundo, do que quando utilizadas separadamente, sobre a relação entre animais
humanos e não-humanos dentro e fora do romance.

Palavras-chave: A maçã no escuro; Animais não-humanos; Animais humanos;


Ecocrítica; Ecofeminismo.

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SIMPÓSIO 20) Ecos da Cultura Clássica na Literatura

Profa. Dra. Eliane Batista (UEM)


profelianebc@uol.com.br
Profa. Me. Aldinéia Cardoso Arantes da Silva (UEM)
acasilva@uem.br

1) Reinventando o mito de Perséfone: a imagem da morte em O sofá


estampado, de Lygia Bojunga Nunes

Profa. Dra. Marta Yumi Ando (UEM)

Resumo:

O presente estudo – que integra um projeto de pesquisa maior intitulado “A temática do


retorno e suas nuances: das origens míticas à modernidade”, em desenvolvimento no
Departamento de Teorias Linguísticas e Literárias da Universidade Estadual de Maringá
(Processo 8366/2016) – tem como objetivo principal verificar como se configura a
temática do retorno na narrativa infantojuvenil brasileira O sofá estampado (1980), de
Lygia Bojunga Nunes. São vários os aspectos relacionados à temática do retorno
presentes nessa narrativa, tais como: a intertextualidade com obras produzidas pela
autora na década de 1970, quais sejam, Os colegas (1972) e A casa da madrinha
(1978); a construção do enredo mediante o constante agenciamento de analepses, o
que se faz, estruturalmente, pela inserção de uma série de histórias encaixadas que se
entrecruzam e, na arquitetura da obra, se relacionam dinamicamente com a narrativa
principal; as lembranças do herói e a presença do sonho como elementos por meio dos
quais antigos sentimentos são (re)vividos; o regresso para a casa paterna a pontuar a
narrativa; os motivos, ou seja, unidades temáticas mínimas, na concepção teórica de
Tomachevski (1973), que são retomados ao longo da narrativa. Dentre tais aspectos,
destacamos, nesta comunicação, a representação estética da imagem da morte, que
também se relaciona com a temática do retorno, por configurar-se como um leitmotiv,
isto é, um motivo recorrente que permeia a narrativa, relacionando-se intimamente com
situações difíceis e dolorosas vivenciadas pelo protagonista. Como a morte, na

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narrativa, se configura não apenas como um tema, mas é personificada pela Mulher
sem rosto, podemos associar essa personagem ao mito de Perséfone, que, segundo a
versão mais divulgada da lenda, faz referência a uma deusa, filha de Zeus e de
Deméter, que, ao lado de Hades, reina no mundo dos mortos, mas, na primavera, sobe
à terra e à morada dos deuses no Olimpo para junto de sua mãe, para novamente
imergir nas sombras do mundo subterrâneo no inverno, o que representaria a alegoria
da germinação e o ciclo das estações. Em vista dessas considerações, nosso objetivo é
analisar como se configura a imagem da morte em O sofá estampado, relacionando-a à
temática do retorno, e como tal imagem revisita e reinventa o mito clássico de
Perséfone, aproximando-se e/ou afastando-se de tal mito.

Palavras-chave: Lygia Bojunga Nunes; retorno; morte; mito de perséfone.

2) O destino d’Os filhos de Húrin: vestígios da literatura clássica no


mundo secundário de J. R. R. Tolkien

Letícia de Oliveira Galvão (UEPG)


Profa. Dra. Jane Kelly de Oliveira (UEPG/Orientadora)

Resumo:

Através das possíveis relações existentes entre o livro Os Filhos de Húrin, de J. R. R.


Tolkien e o universo mitológico grego, este trabalho destina-se a verificar de que forma
podem-se inserir os elementos pertencentes à fábula trágica descrita por Aristóteles na
obra A Poética Clássica, dentro do mundo maravilhoso criado por Tolkien, buscando
comprovar que o autor embasou-se nas noções trágicas das fábulas clássicas para
construir o seu romance. O presente estudo também se objetiva a apresentar ao leitor
um novo olhar sobre o livro Os Filhos de Húrin tratando-o não apenas como uma
narrativa pertencente ao projeto literário tolkienista e, sim, como uma nova percepção
da tragédia intitulada Édipo Rei, de autoria de Sófocles. Neste romance encontramos o
jovem Túrin que, apesar de ser amaldiçoado por uma divindade cruel, ainda nutre
esperanças de fugir de seu destino reafirmado em todo o romance. Os infortúnios deste
personagem são propagados em todas as suas ações: ele é um guerreiro regido pelo
seu orgulho, proscrito, fugitivo, portador de uma espada amaldiçoada, assassino de seu
melhor amigo, matador do dragão que tenta destruir seu povo, marido de sua irmã por
acidente e, por fim, suicida. Durante a pesquisa apresentada poderá ser observado, em
vários momentos, a conexão entre a trama dos personagens desta obra com certas
narrativas alusivas às fábulas gregas como, por exemplo, os intertextos que decorrem

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de passagens inspiradas em Édipo Rei, de Sófocles e Prometeu Acorrentado, de


Ésquilo. Para fins de análise, será de uso geral a obra A Poética Clássica, escrita por
Aristóteles, a fim de verificar se há, na estrutura narrativa de Os filhos de Húrin, os
elementos qualitativos pertencentes à fábula da tragédia, com o intuito de promover a
hipótese de que Tolkien apropriou-se dos elementos derivados da tragédia descritos por
Aristóteles para construir o enredo de sua obra trágica. Além disso, há a percepção de
que o autor pode ter se inspirado a elaborar a sua obra durante seus estudos sobre a
Grécia Antiga para construir a narrativa de seu herói infeliz, referenciado como uma
“lenda” dentro da chamada Terra-Média. Deve-se destacar que, apesar de estar sendo
proposta a comparação entre os dois textos provenientes de gêneros diferentes,
acredita-se que isto não prejudicará a análise, pois o trágico, cujos elementos estão
formulados em A Poética Clássica, de Aristóteles, apresentam-se em diversos campos
da literatura, arte e cultura e investigar Os filhos de Húrin pode ser um dos pontos de
partida para se compreender a construção mitológica do mundo secundário de J. R. R.
Tolkien.

Palavras-chave: Herói trágico; J. R. R. Tolkien; Édipo Rei; Poética clássica;

3) Aspectos da construção do herói épico na Ilíada, em análise da


trajetória de Páris Alexandre

Jadd Santana Lima (UEM)


Profa. Me. Aldinéia C. Arantes da Silva (UEM/Orientadora)

Resumo:

A Ilíada apresenta uma gama de personagens variados, os quais, embora obedeçam a


um rígido padrão épico de conduta heroica, quando analisados em suas
particularidades, revelam propriedades sui generis que apontam o quão enriquecedora
é a obra na construção de personagens. O herói épico presente na epopeia "Ilíada"
representa uma classe de semideuses, sendo o elo entre os deuses do Olimpo e os
humanos, apresentando tanto nobreza quanto ações de caráter pouco elevado, porém a
epopeia clássica busca metamorfosear essa negatividade em positividade (KOTHE,
2000), mas será que esta característica está evidente em todos os heróis da narrativa
ou apenas naqueles que fazem parte do rol dos vencedores da guerra. A partir disso,
escolhemos a personagem troiana Páris da obra Ilíada de Homero para verificar essa
hipótese. Sendo assim, este trabalho tem o objetivo identificar algumas das
propriedades inerentes ao herói épico, através da análise da trajetória da personagem

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Páris Alexandre e ainda verificar se, embora tendo a sua coragem na guerra, muitas
vezes, questionada, se enquadra adequadamente no padrão épico de heroicização.
Uma das constatações que podemos fazer é que, ao partir do pressuposto que a
história geralmente é contada pela parte vencedora, podemos afirmar que isso, talvez,
tenha impedido, a um olhar desatento, visualizar Páris como um herói épico modelar,
uma vez que, esse era troiano e os gregos saíram vitoriosos da Guerra de Troia,
fazendo que se destacassem na Ilíada os heróis gregos Agamêmnon e Aquiles, por
exemplo. Para a análise, faremos uma breve apresentação do mito de Páris de modo a
comparar as versões apresentadas pelos mitólogos Spalding (1965), Brandão (1991),
Grimal (2000) e Kury (2001). Após isso, apresentaremos a etimologia do nome desse
personagem e algumas características do herói épico encontradas em Páris, de acordo
com a teoria de Kothe (2000), Pacheco (2009) e Santos (2011) e dos autores já citados.

Palavras-chave: Páris Alexandre; herói épico; Ilíada.

4) A apropriação poética da Grécia antiga enquanto paisagem na obra


de Sophia de Mello Breyner Andresen

Joana Souto Guimarães Araújo (USP)


Profa. Dra. Mônica Simas (USP/Orientadora)

Resumo:

O artigo propõe analisar de modo crítico e historicizado a poetização da Grécia antiga


na obra da autora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, observada em
diversos níveis, desde a presença da matéria mítica nos poemas, a nomeação de
personagens e lugares mitológicos, até a discussão teórica sobre pressupostos
estéticos da arte grega, nomeadamente da arquitetura e da escultura, transpostos para
pensar a poesia e a relação com o “real”. Tendo iniciado sua trajetória nos anos 1940, a
autora passa a investigar a antiguidade clássica de modo mais sistemático a partir da
década de 1960, período em que é possível observar em sua poesia um paralelo entre
a Grécia e o Algarve, lugares que a autora visitou intensamente. Além de aproximadas
geograficamente pelo mediterrâneo, do qual compartilham o mesmo tipo de vegetação,
luminosidade e vida marítima, ambas as localidades são relacionadas pelo potencial
que elas têm de promover interação entre homem e paisagem, ou melhor, entre uma
“paisagem espiritual” e uma “paisagem real”: termos utilizados por Maria Helena da
Rocha Pereira, crítica portuguesa que se dedicou aos estudos clássicos e também à
presença da Grécia antiga na poesia moderna portuguesa. Segundo a autora, o
helenismo na literatura moderna é marcante desde o romantismo alemão, perpetuando-

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se na primeira metade do século XX através do resgate da obra de Hölderlin e da


produção de poetas como Rilke, ambos os quais exerceram grande influência sobre a
poesia de Sophia Andresen. E também pelo viés classicizante de expoentes do
modernismo, como Ezra Pound, T. S. Eliot e Fernando Pessoa, no caso da literatura
portuguesa. Segundo Rocha Pereira, tal presença pautava-se tanto pela identificação
de uma “paisagem espiritual”, em que se considerava o universo mitológico, religioso e
os valores culturais da Grécia enquanto “pátria intelectual” (2003, p. 149), como também
pela presença de uma “paisagem real”, da terra, dos frutos e ventos, da rusticidade do
território grego e seu elemento marítimo. Com o intuito de avançar a discussão, nosso
artigo pretende historicizar o discurso sobre a antiguidade clássica, indagando sobre a
especificidade desse diálogo na poesia de Andresen. Com este objetivo, recorremos
também à crítica mais recente sobre este tema na obra da autora, a qual tem se
dedicado à conceitualização desse processo de apropriação.

Palavras-chave: Antiguidade clássica; Poesia moderna portuguesa; Sophia de Mello


Breyner Andresen; Paisagem.

5) No universo de Star Wars: o herói mitológico na ficção científica


Isabela Padilha Papke (UEM)
Profa. Dra. Eliane Batista (UEM/Orientadora)

Resumo:

A saga Star Wars, de George Lucas, é um fenômeno que se iniciou na década de 70 e


até hoje é considerado um ícone no universo da cultura pop. Mesmo enquadrando-se
no campo da fantasia e da ficção científica, o sucesso de Star Wars está na “fórmula”
como seu enredo é elaborado que, embora reúna os elementos do termo saga na
atualidade, possui raízes míticas que nos remetem à ancestralidade. Comprova-se por
intermédio das falas do próprio autor e de documentários, que o segredo da constituição
de seu enredo é justamente o fato de este se esmerar no campo mitológico, e mais
especificamente nas teorias de Joseph Campbell acerca da trajetória do herói. No
documentário Star Wars: The Legacy Revelead (2007), podemos observar mais a fundo
como essa ideia se transfigura realmente na saga. Contando com a presença de
historiadores, arqueólogos e estudiosos da área, o documentário frisa a importância de
Campbell nesse contexto, este que é um importante teórico, figura de renome no estudo
sobre a mitologia e autor da célebre obra denominada O herói de mil faces (2007).
Como o próprio estudioso nos diz: “o mito é uma metáfora para a experiência da vida,
uma abertura secreta através da qual as inexauríveis energias do cosmos penetram nas
manifestações culturais humanas”. Star Wars faz justamente isso, insere o mito na

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explosão de modernidade que são a ficção científica e a cultura pop atreladas a


conflitos familiares tão atuais quanto antiquados. De acordo com Campbell, o percurso
padrão da aventura mitológica do herói é uma magnificação da fórmula representada
nos rituais de passagem: separação-início-retorno, que podem ser considerados uma
unidade nuclear do monomito. Assim como o herói mitológico possui um percurso, a
personagem Luke Skywalker de George Lucas também possui. Luke é separado do pai,
assim que nasce, e somente irá reencontrá-lo na segunda narrativa denominada O
Império contra-ataca, finalizando seu ciclo, em O retorno de Jedi, terceira compilação
que marca o fim de sua missão e o resgate de seu pai, Anakin Skywalker. O percurso
do herói é marcado pela aventura numa região de prodígios sobrenaturais, onde
encontra fabulosas forças e obtém uma vitória decisiva, podendo retornar de sua
misteriosa expedição com o poder de trazer benefícios aos seus semelhantes. Essa
estrutura encaixa-se perfeitamente nas histórias da família Skywalker, já que essa parte
de uma vida cotidiana para depois tomar conhecimento dos poderes fornecidos pela
“Força” através dos treinamentos Jedi’s. Nessa perspectiva, pensando nessa relação de
antiguidade x atualidade que esse trabalho foi desenvolvido. Pretendemos analisar
como os aspectos dessa trajetória do herói mítico fazem parte do destino de
personagens como Luke e Anakin Skywalker, e que a originalidade do mito reside nessa
permanência ao longo dos tempos, como algo intrínseco à humanidade.

Palavras-chave: trajetória; herói mítico, Star Wars.

6)Complexo de Electra: do mito grego à Psicanálise


Mariana Adeline Bazotte de Mello (UEM)
Prof. Dr. Luiz Carlos André Mangia Silva (UEM/Orientador)

Resumo:
A importância da Literatura Grega é evidente em toda a tradição literária, seja porque a
maior parte dos gêneros encontrou na Grécia seu pleno desenvolvimento (como, por
exemplo, a poesia épica, a comédia, o romance, entre outros), seja porque os temas
tratados ali repercutiram nas mais diversas áreas do saber. A tragédia grega, em
particular, exerceu influência decisiva na formação do teatro ocidental. Intrigantes sem
dúvida são para nós (como o foram para os antigos) personagens tais como Édipo ou
Medeia, por exemplo. Quanto ao rei de Tebas, toda uma teoria foi derivada de sua
trajetória, sintetizada por Freud na ideia de um complexo de rivalidade entre filho e pai
e na busca do primeiro pela mãe. Trata-se do notório Complexo de Édipo. Da mesma
forma, Electra, filha de Agamêmnon, se prestou ao mesmo tipo de análise, de onde
surgiu uma vez mais um complexo, esse agora o de Electra. A heroína, junto com seu
irmão Orestes, é responsável por matar a mãe Clitemnestra como forma de vingança

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pelo fato de a rainha ter, por sua vez, assassinado o marido Agamêmnon após seu
retorno de Troia. Honrando o pai, portanto, Electra e Orestes cometem o matricídio e
devem suportar suas consequências. O termo “Complexo de Electra” foi introduzido por
Carl Gustav Jung e é utilizado como sinônimo do Complexo de Édipo Feminino para
enfatizar a existência, nos dois sexos, de um comportamento análogo com relação aos
pais. Assim, a relação estabelecida seria inversamente simétrica ao complexo edípico:
a filha desenvolveria um sentimento de amor direcionado ao pai e, por outro lado, de
ódio pela mãe. Independente da existência de discussões sobre a pertinência ou não
de um complexo, é interessante levantar alguns questionamentos referentes à
utilização de uma obra literária, baseada em uma lenda antiga, para o desenvolvimento
de uma teoria psicológica. Jean-Pierre Vernant, em “Édipo sem Complexo”, nos previne
quanto ao emprego do mito de Édipo na elaboração de teorias psicológicas. O autor
questiona em que medida uma obra literária, pertencente à cultura de Atenas do século
V a.C. e que reflete conteúdos de uma lenda tebana que antecede ao regime da
cidade, pode comprovar investigações de um médico psicanalista do início do século
XX. Considerando esses questionamentos, nosso objetivo neste trabalho é, a partir da
análise dos desdobramentos das ações de Electra nas três tragédias que encenam o
mito (Coéforas, de Ésquilo; Electra, de Sófocles; e Electra, de Eurípides), verificar se o
conceito de Complexo de Electra na Psicanálise se ampara seguramente na trajetória
da heroína grega e, também, realizar uma reflexão sobre o uso do mito em questão
para a formulação de uma teoria psicológica de caráter geral.

Palavras-chave: Tragédia grega; Complexo de Electra; Electras.

7) Da ancestralidade mítica à modernidade: as nuances do retorno em


Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles
Profa. Dra. Eliane Batista (UEM)

Resumo:

A temática do retorno encontra-se diretamente ligada às ações humanas, pois nas mais
variadas culturas e nos mais variados contextos, o ato de retornar adquire contornos
significativos, adentrando as esferas do mítico e do transcendente. De acordo com
Campbell (2008), a mitologia possui uma função psicológica, pois o mito deve fazer o
indivíduo atravessar as etapas da vida, do nascimento à maturidade, depois à
senilidade e à morte, tudo isso em comum acordo com a ordem social do grupo desse
indivíduo, em comum acordo com o mistério da existência. Basta atentarmos para os
diversos campos do saber e perceberemos que o retorno permeia a religião, a filosofia
e, principalmente, a literatura, se considerarmos que a narrativa ficcional é a arte do

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retorno e possui sua matriz arquetípica oriunda dos mitos e ritos sacros da Antiguidade.
Segundo Motta (2006), na modernidade, a narrativa, de forma cíclica, empreende um
percurso de retorno às fontes matriciais da tradição, buscando a infância perdida da
semente mítica. Se acreditarmos que o retorno é um processo ritualístico realizado pelo
homem e que o leva a uma dimensão mítica, também na narrativa literária ocorrerá o
mesmo processo, havendo um retorno às origens, aos mitos e símbolos considerados a
gênese da narrativa ficcional, cuja temática apontará para duas tendências: a vida e a
morte, determinadas pela possibilidade ou não de retornar. Essa ação configura-se um
processo bastante simbólico, pois tal atividade exige reflexão e está sempre motivado
por algum desejo, por alguma razão, que, na maioria das vezes, encontra-se no limiar
entre a salvação/redenção e a ruína. Diante disso, consideramos que o retorno tende a
possuir um efeito catártico, podendo provocar uma mudança de espírito naquele que o
realiza. Nessa perspectiva, a presente comunicação tem como objetivo apresentar
algumas das várias nuances dessa temática, partindo de suas origens míticas e com
destaque para a modernidade, por meio de considerações sobre Ciranda de Pedra, de
Lygia Fagundes Telles. O enredo da obra reúne uma série de elementos míticos e
simbólicos que evocam o retorno, a começar pelo título, no qual a palavra “ciranda”
relaciona-se diretamente ao aspecto de circularidade, e pela trajetória empreendida pela
personagem principal Virgínia, sendo o retorno a ação que determinará o processo de
transformação da mesma.

Palavras-chave: mito; retorno; nuances; Ciranda de Pedra.

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SIMPÓSIO 21) Desafios contemporâneos de ensino e pesquisa em


Literatura: entre artes, mídicas e tecnologias

Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado (UEM)


metatron58@yahoo.com.br
Me. Andrew Yan Solano Marinho (UNEAL∕UEM)
andrewjah@gmail.com

RESUMO 1

RESUMO 2

3) A poética pasoliniana entre o gesto e a palavra: reflexões acerca da


criação do Decameron (1971)

Tascira Santonastaso (UEM)


Prof. Márcio Roberto do Prado (UEM/Orientadora)

Resumo:

Na presente proposta pretende-se destacar alguns dos pontos de convergência e


divergência entre a produção cinematográfica feita por Pier Paolo Pasolini em
Decameron (1971) e sua matriz o Decamerone (1350-1353), escrita pelo inesgotável
Giovanni Boccaccio. Por tal razão, fez-se uso, além das obras originais, de entrevistas,
matérias e estudos independentes para o alcance satisfatório de uma visão o mais
elucidativa possível. O estudo pautou-se, também, nas teorias do filosofo italiano
Giambattista Vico, no que tange à sua concepção de poesia, isto é, a linguagem pela
qual se exprimiam os primeiros homens, além dos quais seria tolice procurar outros
primeiros. O olhar do cineasta, sobretudo na escolha dos atores e das ambientações,
foi influenciado pela ideia de Vico segundo a qual o mito não seria uma forma de
mascarar uma realidade aparentemente inexplicável, mas a criação da fantasia

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primitiva na qual devemos ler a real condição dos primeiros homens, seu modus
vivendi e sua postura diante do mundo físico: os mitos seriam testemunha de sua
história e máxima expressão de sua poética. Portanto, esse estudo tem como
finalidade fazer manifesta a transmutação da palavra em gesto operada, com sublime
mestria, pelo intelectual italiano Pier Paolo Pasolini.

Palavras-chave: literatura; cinema; Pier Paolo Pasolini

Resumo 4

5) Novas tecnologias: WebQuest como recurso para aprendizagem de


literatura afro-brasileira

Rosana Carneiro Dos Santos Pinto (UNEB)


Profa. Me. Maria Iraídes da Silva Barreto (UNEB/ orientadora).

Resumo:

Os grandes avanços tecnológicos que ocorreram no final do século XX originaram as


chamadas novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs), desencadeando
um processo contínuo de transformação tecnológica e proporcionando a criação de
novos dispositivos que geram, processam, armazenam e transmitem informações.
Nesse contexto, os seres humanos transitam culturalmente amparados pelas
tecnologias que lhes são contemporâneas, elas alteraram a maneira de pensar, sentir,
agir e fazem parte do nosso dia-a-dia em atividades corriqueiras como comer, trabalhar,
ler, conversar e nos divertir. A partir da postulação acima, entendendo que a
penetração das NTICs acontece em todos os seguimentos sociais, que os jovens,
adolescentes e crianças, estão envoltos pelo ambiente tecnológico em que a sociedade
se tornou, cabe refletirmos a respeito de como as instituições de educação agem sobre
essa realidade durante o processo de letramento literário. A Literatura reflete
sentimentos diversos, fatos, anseios, subversões, deleite, aflições, ela é reconhecida
como arte e possibilita aos sujeitos leitores, sensibilização, reflexão crítica, aumento de
saberes, compreensão do mundo e da condição humana. O presente artigo discute a
respeito da metodologia de pesquisa WebQuest e como esta pode ser usada no
processo de aprendizagem literária, nosso objetivo foi investigar como acontece a
pesquisa em Literatura, guiada pelo recurso digital WebQuest com estudantes recém-

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saídos do ensino médio, ingressos no segundo semestre do curso de Letras- Língua


portuguesa e suas Literaturas do Campus IV jacobina- BA. Nosso estudo caracteriza-se
como pesquisa de abordagem qualitativa, cujo o método empregado na investigação foi
uma pesquisa-ação feita a partir de um minicurso realizado durante estágio curricular
supervisionado II do curso de Letras- língua Portuguesa e Literaturas da Universidade
do Estado Da Bahia- UNEB. Os resultados mostraram-nos que a utilização das
WebQuests no aprendizado da Literatura Afro-brasileira gerou benefícios no
aprendizado, pois proporcionou aos estudantes ler e interpretar o texto literário de uma
maneira interativa e colaborativa, realizar reflexões sobre problemas sociais explicitados
por meio da crítica social imbricada nos gêneros que lhe foram oferecidos, poemas e
contos, produziram artefatos que divulgam essa Literatura nos mais variados meios.
Usamos Abar e Barbosa (2008), Barato (2001; 2016) para ajudar-nos a compreender as
WebQuests, Demo (2000;2009) e Moran(2007) para pensarmos a mediação
pedagógica em meio as novas tecnologias, Cosson (2010;2014) e Duarte (2008) para
refletirmos a respeito da Literatura e da Literarura Afro-brasileira respectivamente,
Santos (2015) e Torres e Irala (2007) para a discutirmos aprendizagem colaborativa e
Levy (1999;1996) para entendermos os conceitos de ciberespaço, virtualidade e
inteligência coletiva.

Palavras-chave: Novas tecnologias; WebQuest; aprendizagem; Literatura afro-


brasileira.

6) A literatura na formação do leitor crítico no Ensino Médio brasileiro de


acordo com os documentos norteadores da educação: um caso de
prescindibilidade?

Ana Paula Scatolim Hoffmann (UEM)


Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado (UEM/Orientador)

Resumo:
Este trabalho está intrinsecamente ligado ao Projeto de Iniciação Científica “A formação
do leitor crítico no Ensino Médio: Estratégias para o diálogo entre literatura, música e
mídias na sala de aula”, ainda em andamento, e que possui o objetivo de refletir sobre a
natureza e o papel da literatura na formação do leitor crítico no contexto do Ensino
Médio brasileiro, analisando a realidade da sala de aula para o ensino de literatura
articulado com aspectos musicais, observando onde se encontra a intersecção entre
ambas as áreas em um contexto transmídia e dialogando de modo direto com os
próprios documentos norteadores da educação, tanto nacionais como os do Estado do
Paraná (DCEs, DCNs e OCEMs). Na presente comunicação, o que se pretende é
discutir, através do corpus teórico dos documentos da educação brasileira, da prática

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em sala de aula e de dados teóricos, o caráter imprescindível (ou não) da literatura na


formação do leitor crítico. Isso se dá devido ao fato de que o educador ou o pesquisador
que busque comprovar a importância e a indispensabilidade dessa arte no meio
educacional deverá se confrontar com a legislação vigente, por vezes sujeita a
questionamentos. Além disso, a fuga frente ao próprio meio educacional, mais
propriamente a sala de aula, faz com que as reflexões baseiem-se em escolas e salas
ilusórias, o que não permite a real análise do atual sistema educacional e, por
consequência, a permanência de uma cultura de achismos e pouca ciência no âmbito
educacional.

Palavras-chave: Formação do leitor; Literatura; Ensino Médio.

7) Práticas literárias no ciberespaço: desafios de alunos da educação do


campo

Thiago Henrique da Silva de Sales (UEM)


Prof. Dr Márcio Roberto do Prado (UEM/Orientador)

Resumo:

É sabido que a convivência com o texto no ambiente escolar tem sido o centro de várias
questões e, em especial quando este é marcado pelo ciberespaço como novo canal de
comunicação onde a relação entre autores, textos e leitores é modificada. Num mundo
marcado pela aceleração tecnológica as formas de leitura são alteradas e requer uma
nova metodologia para que o professor forme leitores do texto literário. Portanto, esta
pesquisa se justifica pela necessidade de verificar e eventualmente responder à
questão: como e por que trabalhar o texto literário na era digital?, tendo por base os
relatos de experiências do trabalho realizado com alunos de 9ºano de um colégio do
campo. Desse modo, visa contribuir para que alunos e docentes encontrem significado
na vida partindo da interação com o texto na tela fazendo com que a leitura se torne
mais aceitável e atraente.

Palavras-chave: Ciberespaço. Texto Literário. Metodologia. Colégio do Campo.

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8) Contemporaneidade tecnológica: a leitura literária pelo olhar do público


jovem

Ana Paula Alves Scaramal Sanzovo (UNIVALE)


Profa. Me. Lucimara C. Castro (UNIVALE/Orientadora)

Resumo:

Refletir sobre a leitura literária na contemporaneidade é algo de fundamental


importância, uma vez que, com o avanço tecnológico, estamos cada vez mais
conectados uns aos outros, com o mundo que nos cerca e, por consequência, mais
acumulados de informações adquiridas por essas novas mídias. Lemos o tempo todo
por meio de e-mails, reportagens, frases e histórias contadas por amigos nas redes
sociais, como Facebook, Twitter e Whatsapp. “Navegamos” de um site a outro,
seguindo os assuntos e chamadas que atraem a nossa atenção, mesmo que apenas
por alguns segundos. Porém, com a dimensão da tecnologia, uma das preocupações no
mundo da leitura literária, além de o que está sendo lido pelos sujeitos jovens que
fazem parte desta sociedade em transformação, é a situação do livro (material
impresso) com tamanha digitalização no século XXI. Dentre tantos fatores que o
ambiente eletrônico pode nos proporcionar, um deles é a sua influência para o incentivo
à leitura literária, já que livros interativos, além de textos dos mais variados gêneros,
podem ser encontrados no espaço digital. Partindo dessas considerações, essa
pesquisa tem por finalidade analisar como tem se dado o incentivo à leitura literária aos
jovens, no ambiente familiar e nas escolas, considerando o espaço virtual como um
grande influenciador nesse processo. Como aporte teórico, contaremos com os estudos
de Cagliari, Koch, Elias, Kleiman e Lajolo, que nos dão embasamento a respeito da
leitura na sociedade, em sala de aula e no ambiente familiar. Seguiremos com a leitura
por vias digitais, respaldados em Lévy, Spalding, Stumpf e Gonçalves, que tratam sobre
a relação entre leitor e livro digital, de modo que haja uma interação entre eles. Para
coletar dados, aplicaremos um questionário para alunos da primeira série do Ensino
Médio de uma escola particular e uma escola estadual, visando observar como se
comportam perante a leitura literária e o seu conhecimento a respeito de livros
interativos. Os dados coletados serão comparados com a pesquisa nacional Retratos da
Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro. A análise do questionário tende a
nos referir e observar sobre como esses alunos veem o mundo da leitura literária, quem
é o maior incentivador desse hábito e qual o seu grau de interesse por ela. Estamos
vivenciando um momento em que a leitura está em toda parte, em uma abundância de
gêneros que demonstram a ebulição tecnológica. Essa agilidade de informações que o
ambiente digital nos permite ter, possibilita que os saberes sejam revistos e
reconstruídos.

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Palavras-chave: Livros; Tecnologia; Jovens; Leitura literária.

9) Metaficção historiográfica em O homem do castelo alto de Philip K.


Dick

André Moreira Felix (UEM)

Resumo:

O século XX marcou uma profunda ruptura com os valores clássicos e muitos dos
conceitos tidos como certos a respeito do homem e da sociedade, entre eles estavam a
noção de verdade histórica e valor histórico. Pela primeira vez coube questionar “quem
escreve a história” e “quais as razões e valores daquele que escreve”. Assim, o
chamado “texto oficial” foi posto em cheque, tanto pelos próprios historiadores como
pela literatura. A certeza de que não existem textos despolitizados e que, mesmo assim,
parte da forma como o mundo é compreendido dependem de tais textos, levou os
autores pós-modernos a testar os limites da história e dos fatos incontestáveis,
buscando explorar essas verdades (sem plurais) por trás da historicidade. Entre esses
movimentos surgiu a chamada “Metaficção historiográfica”, uma vertente do que viria
(possivelmente) a ser o pós-modernismo, que busca recontar sobre outros pontos de
vista os acontecimentos históricos determinantes de uma sociedade e até reescrevê-los
por completo, procurando, deste modo, dar voz para parcelas até então periféricas da
história oficial, bem como transgredir determinados valores sociais que implicariam em
uma historicidade parcial e tradicionalista. É o que faz o autor norte-americano Philip K.
Dick em sua obra O homem do castelo alto, de 1962. Extremamente conhecido por
suas contribuições à ficção cientifica do século XX, Philip K. rescreve nessa obra os
acontecimentos finais da Segunda Guerra Mundial, na qual os Aliados teriam sido
derrotados pelo Eixo e agora o mundo se vê sob o julgo de uma política nazista e
japonesa. Nessa realidade sombria os EUA são divididos entre as duas superpotências
e desta perspectiva a história passa a transitar entre diferentes personagens que
ocupam diferentes posições sociais dentro da nova sociedade, que precisam lidar com
as mudanças que esse novo contexto histórico impõe aos sobreviventes. Mas mais que
imaginar um presente alternativo, o autor questiona o verdadeiro sentido da “vitória” e
as consequências sociais para as nações derrotadas, mostrando que o distanciamento
do que poderia ter sido um mundo nazista para o mundo “real” não é tão grande. Mais
que isso, Dick propõe uma reflexão de como a própria noção de história interfere na
construção do conceito do “real”, ao introduzir dentro da obra de ficção uma segunda
obra, escrita pelo misterioso “homem do castelo alto”, na qual os Aliados seriam os
vencedores da Segunda Guerra. O presente trabalho, propõe, deste modo uma breve

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explanação entre o conceito de Metaficção historiográfica dentro do gênero romanesco


e a obra de Philip K. Dick, apresentando suas principais críticas e discussões.

Palavras-chave: Metaficção historiográfica; Romance; O homem do castelo alto.

10) A balada de John Constantine

Beatriz Cristina Godoy (UEM)


Prof. Dr Márico Roberto do Prado (UEM/Orientador)

Resumo:

Em 1989 a editora americana de quadrinhos DC Comics contratou o artista inglês Neil


Gaiman para uma última tentativa de ressuscitar a personagem The Sandman e “o que
era pra ser o resgate de um antigo personagem da Liga da Justiça acabou se tornando
a criação de uma mitologia própria” (GOIDANIGH & KLEINERT, 2011, p.178). Desde
então, a obra The Sandman e alguns de seus predecessores e sucessores mudaram a
maneira com que os adultos se relacionam com as histórias em quadrinhos ao criar
obras maduras, por vezes obscuras, mas, acima de tudo, histórias recheadas de
referências a diferentes obras e personagens, tanto do universo das HQs quanto de
outras artes e mídias. Por ser uma narrativa gráfica, a linguagem da obra se apoia
igualmente no texto e na imagem criando um maior número de possibilidades de se
estabelecer diálogos entre a obra analisada e textos distintos tornando possível realizar-
se uma leitura crítica da obra pelo viés da intertextualidade. A estudiosa francesa Julia
Kristeva (1969, p.64) caracteriza esse fenômeno como um ‘mosaico de citações’, uma
vez que, todo texto é em certa medida a recepção e acomodação de textos que o
precedem. Já o autor Laurent Jenny o define não como “uma soma confusa e
misteriosa de influências, mas o trabalho de transformação e assimilação de vários
textos, operado por um texto centralizador, que detém o comando do sentido” (JENNY
et al., 1979, p.14). Sendo assim, o objetivo do presente artigo é, primeiramente,
identificar quais textos são referenciados ao longo do terceiro número da série de
Gaiman, intitulado Dream a little dream of me. Pretende-se então, em um segundo
momento, analisar essas relações existentes entre a obra e os demais textos que a
compõe, em especial as canções que se encontram inseridas ao longo do enredo e o
diálogo desenvolvido com a personagem de quadrinhos John Constantine – das séries
A Saga do Monstro do Pântano e Hellblazer. Em seguida, busca-se estabelecer quais
diálogos são relevantes para a elaboração do texto central e de que maneira as
referências externas são incorporadas a tessitura da trama gaimaniana ao serem

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expandidos e/ou remodelados para contribuírem com a construção de sentidos plurais.


A análise se baseia nos estudos sobre intertextualidade de Laurent Jenny (1979), Julia
Kristeva (1969) e Genette (1982) e nos escritos sobre dialogismo do teórico russo
Mikhail Bakhtin (1993).

Palavras-chave: Quadrinhos; Intertextualidade; Canção

11) Literatura e fanfics: Relatos de uma experiência no ensino


médio

Fernando Macedo da Silva(UNEB)

Resumo:

No cenário atual, de uma sociedade cada vez mais conectada, é imprescindível o uso e
domínio das tecnologias dentro e fora dos muros da escola. É importante reafirmar o
caráter de transformação que as tecnologias causam em diversos setores da sociedade,
e na escola não é diferente. O presente trabalho tem por finalidade um relato de
experiências com discentes do 4º do Ensino médio profissionalizante ocorrido em uma
instituição da cidade de Jacobina-BA, ancorados na perspectiva das TIC na educação.
O objetivo é relatar o processo da realização da segunda etapa da XIV Gincana
Literária, intitulada Fanfiction, por meio da análise do processo de aplicação da oficina,
de relatos dos envolvidos na aplicação da mesma e das produções dos discentes. Este
trabalho visa problematizar, as perspectivas e os desafios do uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação para o ensino de literatura na educação básica. A oficina foi
aplicada por quarto estudantes do curso de Letras – Língua portuguesa e literaturas da
Universidade do Estado da Bahia entre os meses de julho e agosto em uma turma
composta por quinze alunos. Esta por ser a segunda etapa da XIV Gincana Literaria da
instituição, foi realizada com os grupos que já haviam sido definidos anteriormente pela
professora da turma. Primeiramente foi apresentada aos alunos o conceito de fanfic,
história e alguns exemplos, logo após foi apresentada também a ferramenta spirit
fanfics, noções básicas, layout, criação de perfis e o processo de compartilhamento das
produções na rede. Os livros trabalhados pelas duas equipes em que a turma estava
dividida foram “Vida secas” de Graciliano Ramos e “Quincas Borba” de Machado de
Assis. Desta forma a tarefa a ser executada pelos alunos era basicamente produzir um
texto, uma fanfic acerca dos romances trabalhados. Os alunos tiveram total liberdade,
na produção da atividade, tendo apenas o auxilio e mediação dos aplicadores na oficina
no trato com a ferramenta spirit fanfics, logo após finalizadas as produções, a segunda
etapa da tarefa dizia respeito à exposição do que foi produzido e compartilhado na

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ferramenta para outras turmas, essa exposição foi feita em forma de dramatização. Ao
final da oficina foi possivel concluir que as tecnologias desenvolveram papel de atrair e
estimular os estudantes, contribuindo assim para uma leitura e escrita profícuas e que, o
uso dessas tecnologias pelo professor, se mostra como um metodo e recurso de ensino
propicio ao o ensino e pesquisa.

Palavras-chave: Tecnologias da Informação e Comunicação; Educação; Fanfics;


Literatra e tecnologia.

12) Ecos do Bildungsroman em A Droga da Obediência de Pedro Bandeira

Flaviana Bersan Santos (UEM)


Prof. Me. Pedro Afonso Barth (UEM/Orientador)

Resumo:

O objetivo da presente pesquisa é de analisarmos o papel da literatura juvenil na


formação de jovens leitores e a instiuição da literatura juvenil brasileira – LIJ – como
literatura de boa qualidade e de caráter e importância igualitária em relação à literatura
para adultos. Para que seja comprovado o valor e a instância da LIJ como parte do
cânone literário, foi proposta uma análise da obra A Droga da Obediência, primeiro
volume de uma série denominada Os Karas, do autor paulista Pedro Bandeira, sob o
enfoque teórico do Bildungsroman ou romance de formação, teoria esta que surgiu no
século XVIII com a obra de Wilhelm Meisters Lehrjahre (Os Anos de Aprendizado de
Wilhelm Meister) do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe. Sob o amparo de
nomes tidos como referência no campo literário, como Crunivel (2009) e Luckács (2000)
foi feita uma pesquisa que foca desmistificar a crença de que a literatura juvenil é menor
ou inferior à literatura adulta, ou ainda, que seja uma literatura pobre e/ou de baixa
complexidade e rigor estético. A fim de desenvolver esse processo de estudo e
comprovação, foi realizado um estudo prévio sobre o Bildungsroman ou romance de
formação e também sobre o que é considerado literatura de qualidade e, a partir desse
ponto estabelecido, qual o papel dela na trajetória de leitura e vida dos leitores que a
consomem. A presente pesquisa ateve-se mais estrita e objetivamente à análise do
Bildingsroman presente no primeiro livro, A Droga da Obediência por ser fruto de uma
atividade proposta na disciplina de Tópicos da Literatura iInfantil e Juvenil, cursada
durante o nono semestre da graduação, a fim de propiciar uma introdução a um estudo
posterior e mais aprofundado da série, que veio a ser lançada num intervalo de tempo
de trinta anos desde o primeiro volume até o último, lançado em 2014 pela editora
Moderna. Com base nos estudos de nomes como Candido (1989), Quintale Neto (2005)

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e outros foi possível apontarmos características fundamentais que comprovam que a LIJ
possui um papel tão importante quanto, se não mais importante, que o da literatura
para adultos enquanto parte da formação do leitor. Sublinhamos aqui, que o papel do
estudo não é, de forma alguma, tentar questionar a importância da literatura para
adultos, mas única e exclusivamente destacar o quão necessário é considerarmos o
papel que a LIJ exerce na formação dos jovens leitores e o seu caráter de literatura de
qualidade pertencente ao cânone literário.

Palavras-chave: Bildungsroman; romance de formação; Pedro Bandeira; formação de


jovens leitores; literatura juvenil.

13) Os Cavaleiros do Zodíaco: narrativa e caracterização de personagens


em tempos de arte transmídia

Jháred Bailly Santos (UEM)


Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado (UEM/Orientador)

Resumo:

A caracterização de personagens de ficção, mais especificamente do romance, é


explicada, segundo Candido em "A Personagem de Ficção" - no capitulo sobre a
personagem do romance- como um processo no qual "[...] a personagem é,
basicamente, uma composição verbal, uma síntese de palavras, sugerindo certo tipo de
realidade. Portanto, está sujeita, antes de mais nada, às leis de composição das
palavras, à sua expansão em imagens, à sua articulação em sistemas expressivos
coerentes, que permitem estabelecer uma estrutura novelística". Partindo da proposta
de Candido, pode-se perguntar se tal definição também está presente em outros
contextos, especialmente no caso dos quadrinhos e dos games, nos quais uma
estrutura de composição por palavras nem sempre é a realidade predominante, sendo,
quase sempre, construído por desenhos. A dinâmica dos videogames na construção de
personagens ocorre de forma peculiar, na qual uma personagem tem uma possível
mudança visual e comportamental no decorrer da historia, com mudanças não só na
aparência, mas também em jogabilidade, como em acréscimos de habilidades ou
aperfeiçoamento das habilidades existentes. Tal mudança, nem sempre ocorre
igualmente nos quadrinhos, contexto em que temos mudanças visuais às vezes mais
singelas, porém podendo apresentar mudanças no potencial e/ou comportamento do
personagem. Estas mudanças visuais e comportamentais ocorrem, muitas das vezes,
com maior frequência em videogames e quadrinhos se comparados aos romances, uma
vez que as mídias digitais, no caso do videogame, e a mídia quadrinística se amparam
grandemente no visual para reforçar e reiterar as características e mudanças nos

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personagens - sejam elas simples ou complexas. No objeto de pesquisa em questão,


Os Cavaleiros do Zodíaco, quadrinho e videogame - este último intitulado Os Cavaleiros
do Zodíaco: Alma dos Soldados - a analise de personagem possibilita um parecer mais
concreto sobre as diferenças de constituição dessa categoria narrativa, tendo como
parecer um olhar sobre o quadrinho e sobre o videogame, utilizando-se de um mesmo
personagem, porém em momentos diferentes da história. De modo que, ao se
concluírem as comparações entre a caracterização de personagens de romance e de
outros meios, neste caso quadrinhos e videogame, constata-se que a construção é de
fato diferente, seja em termos de literatura face a outras mídias, seja entre mídias, como
quadrinhos e videogame.

Palavras-chave: Os Cavaleiros do Zodíaco; Personagem; Videogame; Quadrinho.

14) I-POE: Uma Leitura de “Annabel Lee”

Me. Lígia Ribeiro de Souza Zotesso (UEM/SED-MS)

Resumo:

Atualmente, no cenário da leitura, tem-se discutido sobre as suas práticas e,


principalmente, os seus leitores. Além disso, há também a discussão acerca da questão
mercadológica que, por sua vez, apresenta um avanço significativo com relação à taxa
de leitores. Tal resultado, fundamenta-se em pesquisas realizadas em 2017, pelo
Sindicato Nacional de Editores de Livro – SNEL, que confirma o aumento de 4,46% em
venda de volumes de livros, comparado a 2016. Consequentemente, tem-se pensado a
respeito de novos suportes que possam disponibilizar títulos facilitando o acesso à
leitura. Entretanto, os novos meios de leitura podem modificar a estrutura do texto
porque além da palavra escrita, há recursos que envolvem imagens, sons, movimento,
entre outros. Dessa forma, há duas perspectivas: primeira, o ambiente, cujas pessoas
anseiam por informação rápida e acessível, favorece à criação de mídias que
contribuem para a formação de leitores visuais. E, segunda, os novos formatos de
leituras influenciam na maneira de ler dos leitores. De qualquer modo, a leitura de
imagens requer um estudo voltado à sua estrutura, ao modo de apresentação, à
circulação e à recepção. Para isso, tem-se a proposta de Kress e VanLeeuwen (1996;
2000), a Gramática do Design Visual – GDV. Os teóricos afirmam que a imagem, por si
só, estabelece a interação social e cultural entre leitor e mensagem. Por isso, essa
prática requer um perfil de leitor capaz de se inserir na dinâmica das novas tecnologias.

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Partindo dessa concepção, este trabalho visa a uma discussão acerca da circulação e
recepção do poema “Annabel Lee”, de Edgar Allan Poe; em sua versão e-book (i-Poe).
Para isso, o poema será analisado a partir de sua reprodução no aplicativo, tendo como
foco a dinâmica visual que estabelece um novo conceito em torno de sua compreensão.
Com isso, pretende-se, nessa discussão, investigar se e/ou como a leitura do poema
“Annabel Lee”, através do aplicativo i-Poe, pode sofrer alteração em seu modo de ler e
compreender. Como fundamentação teórica, recorremos a Kress (2000, 2010), Kress e
VanLeeuwen (1996, 2001, 2006), com estudos sobre Gramática Visual; Halliday (1985,
1994, 2004), com trabalhos que versam sobre a gramática funcional; Jauss (1994), com
estudos sobre Estética da Recepção e, Iser (1996; 1999a; 1999b), com estudos sobre
Teoria do Efeito Estético. Além de outros estudiosos que possam contribuir para o
assunto proposto, como: Lévy (1998; 1999; 2004) e Jenkins (2009).

Palavras-chave: Literatura; Leitura; i-Poe; “Annabel Lee”.

Resumo 15

16) Revitalização do mito grego: os crimes de sangue na franquia de


videogames God of War

Élton Barbosa Bittencourt (UEM)


Prof. Dr Marcio Roberto do Prado (UEM/Orientador)

Resumo:

O presente trabalho visa problematizar elementos de teoria e de análise da narrativa


mítica a partir de uma base da Teoria da Literatura em contraste com uma obra do
universo dos videogames. Assim, o que propõe-se agora é aproximar as narrativas
míticas envolvendo crimes de sangue entre familiares com as ocorrências análogas
presente na série God of War, uma vez que esta não só apresenta várias ocorrências,
como também o faz de modo muito particular, tornando pertinente questionamentos que
se fazem importantes para os pensadores e pesquisadores da área de Letras na atual
conjectura em que as artes e a produção artística, principalmente literária, enfrenta.

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Segundo Grimal 1982, o que denomina-se mitologia grega é todo um arcabouço de


relatos maravilhosos de procedência dos povos de língua grega, desde Homero até o
fim do paganismo. Partindo-se da premissa que tais relatos maravilhosos afirmam-se
temporalmente devido a superposições de discursos, que os modificam gradualmente e
naturalmente, e de que, como Grimal também afirma, tais mitos ainda desempanham
papel considerável em nossos dias, os elementos encontrados em God of War
significam a atualização, para o pensamento e cultura atual, dos motes clássicos
restando para os profissionais da área de Letras lidar com tais elementos não só para
um maior entendimento destes dentro da produção artística atual, mas também para, a
partir disso, ponderar a respeito do meio que tal vem inserido, o videogame, e com isso
da própia noção de arte, além de preparar leitores críticos do ciberespaço. Para tal,
questionamentos a respeito do papel dos crimes de sangue e das personagens
envolvidas nos mesmos, da relevância de virem agora numa narrativa de videogame,
um meio diferente da narrativas tradicionais, e, principalmente, do papel desempenhado
pelo destino, representado na figura das irmãs do destino ou moiras tanto lá quanto
aqui. Traçar-se-á, então, possiveis caminhos interpretativos da obra atual buscando,
justamente, significados extrínsecos a obra, e desse modo, confirmando, a partir de tal
recorte, a literatura como um fato cultural ainda relevante capaz de se transformar e
adaptar em decorrência de seus diálogos com outras artes e mídias.

Palavras-chave: Leitura Literária; Mitologia grega; Videogames.

17) Fandom: The Sims in Machinima

Kauan Taiar Schiavon (UNICAMP)


Profa. Dra. Roxane Helena Rodrigues Rojo (UNICAMP/Orientadora)

Resumo:

Este projeto de Iniciação Científica centra-se nas culturas de fã, mais especificamente
na fandom de The Sims, a franquia de games mais bem-sucedida de todos os tempos
(JENKINS, 2009), focando principalmente nas produções dos fãs em Machinima,
gênero digital que consiste em uma animação em 3D produzida através de recursos de
um game. Dessa forma, ele é feito para diferentes meios e objetivos em um fandom
(grupos de fãs que compartilham o mesmo gusto e interagem entre si), tendo múltiplas
camadas multissemióticas (ex. linguística, imagem em movimento, áudio, performance,
etc.), reunidas em um produto final através das práticas de novos multiletramentos na
hipermídia. Em The Sims, são produzidos videoclipes, paródias, novelas, web-séries,

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concursos/reality-shows, gameplays, entre outros tipos. Porém, todos têm um processo


de criação e características semelhantes porque o próprio jogo possui as ferramentas
necessárias dentro dele para a captura de imagens estáticas e em movimento.
Buscamos, portanto, entender como se caracteriza a comunidade de fã desta franquia,
fazendo uma análise mais exaustiva possível de quais objetos e produtos são mais
frequentes (e os que têm maior destaque) para mapeá-la. Além disso, focaremos em
um tipo de produção de machinima (“Girls in the House”) para analisarmos o modo de
produção e sua repercussão na comunidade, estando pautados na metodologia
qualitativa documental de mídia social (LANKSHEAR; LEANDER, 2005). Para isso,
teremos como percurso teórico a popularização e desenvolvimento das tecnologias
digitais de informação e comunicação (TDIC), junto da Web 2.0, que trouxeram uma
mudança na sociedade usuária e um novo ethos (LANKSHEAR; KNOBEL, 2007), com
novos modos de agir na internet. Também o fenômeno da Cultura da Convergência,
teorizado por Jenkins (2009) é interessante para pensarmos em diversas facetas que
uma franquia pode ter, principalmente se for associada aos fãs. Dessa forma, espera-se
como resultado, através da tipologia em relação aos conteúdos produzidos
em Machinima, modalizar para possíveis fins educativos e pedagógicos e entender
melhor quem são os fãs, figuras de impacto para o funcionamento e compreensão do
Mercado cultural, de entretenimento e commercial atual, atraindo diversas
modadlidades de participação e níveis de engajamento (JENKINS, 2015 [1992]). Assim,
a pesquisa é importante para ampliar os estudos acadêmicos desse tipo de prática
cultural, tendo uma análise maior da relação entre fandom, mídia e convergência.

Palavras-chave: The Sims; Machinima; Fandom; Cultura de Fã.

18) Literatura e fanfics: Relatos de uma experiência no ensino médio

Fernando Macedo da Silva(UNEB)

Resumo:

No cenário atual, de uma sociedade cada vez mais conectada, é imprescindível o uso e
domínio das tecnologias dentro e fora dos muros da escola. É importante reafirmar o
caráter de transformação que as tecnologias causam em diversos setores da sociedade,
e na escola não é diferente. O presente trabalho tem por finalidade um relato de
experiências com discentes do 4º do Ensino médio profissionalizante ocorrido em uma
instituição da cidade de Jacobina-BA, ancorados na perspectiva das TIC na educação.
O objetivo é relatar o processo da realização da segunda etapa da XIV Gincana
Literária, intitulada Fanfiction, por meio da análise do processo de aplicação da oficina,
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aplicada por quarto estudantes do curso de Letras – Língua portuguesa e literaturas da
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composta por quinze alunos. Esta por ser a segunda etapa da XIV Gincana Literaria da
instituição, foi realizada com os grupos que já haviam sido definidos anteriormente pela
professora da turma. Primeiramente foi apresentada aos alunos o conceito de fanfic,
história e alguns exemplos, logo após foi apresentada também a ferramenta spirit
fanfics, noções básicas, layout, criação de perfis e o processo de compartilhamento das
produções na rede. Os livros trabalhados pelas duas equipes em que a turma estava
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texto, uma fanfic acerca dos romances trabalhados. Os alunos tiveram total liberdade,
na produção da atividade, tendo apenas o auxilio e mediação dos aplicadores na oficina
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etapa da tarefa dizia respeito à exposição do que foi produzido e compartilhado na
ferramenta para outras turmas, essa exposição foi feita em forma de dramatização. Ao
final da oficina foi possivel concluir que as tecnologias desenvolveram papel de atrair e
estimular os estudantes, contribuindo assim para uma leitura e escrita profícuas e que, o
uso dessas tecnologias pelo professor, se mostra como um metodo e recurso de ensino
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