A linguística, em uma primeira definição, poderia ser definida como o estudo cientifico da linguagem humana. Porém isso não responderia completamente à pergunta "de que trata a linguística?", pois existem diversas formas de abordar metodologicamente o objeto de estudo, nesse caso a língua. E, apesar de a metodologia escolhida não modificar exatamente o objeto estudo, ela vai modificar a forma como esse objeto vai ser analisado e a proposta de explicação para o fenômeno estudado vai ser diferente também. Historicamente falando, a linguagem foi abordada como objeto de estudo de diversas formas, originando diversas teorias "linguistas". Isso deve por que, como em toda ciência, esses estudiosos fizeram um recorte parcial do fenômeno analisado atribuindo-lhes explicações que lhe parecessem mais coerentes, propriedades e vai estabelecer relações elas; com isso o objeto deixa de ser um objeto observacional e passa a ser um objeto teórico. Por exemplo, limitando o nosso objeto observável a linguagem, a Gramatica gerativa vai focar no enunciado em si, em suas estruturas (forma); para John Austin, teremos o enfoque nos atos de fala assertivo (função); e a Semântica Argumentativa veria o enunciado afirmativo como uma negação polêmica (função). Mesmo objeto analisado, formas diferentes de analise, resultados diferentes. Temos um problema resultante disso, pois a definição do objeto teórico cria um mundo particular da teoria, que é povoado pelos fenômenos e pelas entidades teóricas, que não se confunde com o mundo observável. Isso gera um questionamento a respeito da natureza das entidades. Seriam elas reais ou são apenas conceitos úteis sem nenhuma realidade? Tradicionalmente, essas questões constituem o problema ontologico. Que tem sua origem e respostas na filosofia medieval. As repostas encontradas tratam de descobrir a que na realidade os nomes comuns, se esses nomes realmente nomeavam algo real, e foram três as respostas achadas: a nominalista, para eles os termos/as palavras não correspondiam a nada no mundo, era só nomes; a conceptualista, que admitiam a existências dos conceitos das coisas na mente humana, que corresponderia a algo real, mas a existência desses conceitos está restrita à mente das pessoas; a platônica, que acreditam que os conceitos existem, um objeto real só existe por que participa de um desses conceitos. Para eles, o conceito vai existir mesmo sem possuir uma manifestação física ou sem ser percebido por uma mente. Atualmente, temos as ideias de Bloomfield, no tratante aos termos teóricos da linguística, no campo nominalista, Sapir no conceptualista e Karl Popper no platonista. Para Popper, nós vivemos em três mundos diferentes e relacionados entre si, o primeiro mundo é o das coisas reais, físicas; o segundo corresponde à psicologia humana; e o terceiro é o mundo das ideias, uma vez criados pela mente humana elas passam a ter uma existência independente de qualquer coisa, de si por si. As formas como o estudo da língua foram abordadas antes do século XIX foram: através da lógica filosófica grega, as gramaticas de caráter normativo de prescritivo, as gramaticas gerais, e o estudo da origem e evolução das línguas. No século XIX, começasse a pensar em fazer linguística por meio da ciência e para isso era preciso criar leis de acordo com a regularidade dos fenômenos e isso foi possível através da comparação entre as línguas e o seu desenvolvimento. No século XX, porém, há uma insistência em delimitar um objeto que fosse homogêneo, para isso, Saussure vai priorizar o formal e estabelecer dicotomias para validar a totalidade do seu sistema, a langue. Chomsky também busca essa homogeneidade, ele busca isso na noção de estrutura. Para Chomsky, é muito importante as estruturas que estão na mente das pessoas, por isso ele valorizará a questão da aquisição da linguagem. Já para Labov, o importante é o sistema comunicativo usado nas interações sociais e as variações linguísticas causadas por esse sistema. Resumindo, há três tendências no estudo da linguagem, são elas: a sistêmica, que se aproxima do gerativismo; a "psicologizante", um pouco mais funcionalista; e a "sociologizante", que se relaciona à sociolinguística.