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No século XV
a economia recuperou, a produção voltou a crescer e o comércio desenvolveu-se. Portugal
tinha falta de muitos produtos.
Bobo – Que país pobre…. Coitados deles que não têm comida para tapar o estômago… (ri)
Mas por acaso sabes o que é que eles queriam ou o que fizeram?!
Bobo – (a rir apontando para os grupos sociais) Então pergunta-lhes por que eu também não sei!!!
Burguesia – Nós pretendemos encontrar novos produtos, novos mercados e acabar com o poder de
intermediários dos Muçulmanos e Italianos.
Bobo – (virado para o público a sussurrar) Estes são espertos, passam eles a ser os intermediários e
lucram bem mais. (pisca o olho ao público).
Nobreza – (de forma altiva) Eu sou o conde Soares e a expansão vai trazer-me fama e prestígio para
além de cargos e terras que vou conquistar.
Menina – (virada para o elemento do Clero) Então e tu?! Deves ser um elemento do Clero?!
Bobo – (Irritado) E sei! Sei por exemplo que o Clero quer espalhar a fé cristã e aquele ali (aponta para o
elemento do povo) é um elemento do povo.
Narrador – O conhecimento do Mundo no século XV era muito limitado. Apenas se conhecia a Europa,
uma parte da Ásia e o Norte de África. O continente Americano e a Oceânia eram
desconhecidos. Portugal juntava às motivações da população um conjunto de condições que
lhe permitiam ser o primeiro país europeu a lançar-se na Expansão Marítima.
(A menina e o Bobo continuam o seu percurso e encontram os reis de Portugal – D. João I e D. Leonor
Teles. O Bobo faz a vénia aos reis e a menina imita-o de forma atrapalhada).
Bobo – Eu sou o Bobo da Corte de Vossa Majestade e esta é uma amiga, a Inês.
Menina – (meio envergonhada) Estou a estudar para o teste de História e tenho várias dúvidas sobre o
papel de Portugal na Expansão.
Menina – Já sei que o nosso país está em paz com Castela, que todos os grupos sociais têm interesses
na Expansão mas como é que vamos conseguir chegar a outros territórios?
D. João I – Aperfeiçoamos as embarcações, como a Caravela onde aplicámos a vela triangular que nos
permitirá bolinar. Por outro lado também temos técnicas e instrumentos de navegação
astronómica deixados pelos Muçulmanos e Judeus, como a bússola, o astrolábio, o quadrante
e a balestilha. Por fim temos uma longa costa com muitos portos que nos tem permitido
conhecer bem o mar.
D. João I – Sim, mas com estas técnicas conseguimos navegar em alto mar .
Infante – Majestade venho pedir permissão para preparar uma expedição a Ceuta.
Infante – Porque, meu pai, Ceuta reúne um conjunto de vantagens que correspondem às necessidades
do nosso reino.
Infante – Ceuta é um entreposto comercial onde chegam produtos de luxo, ouro e especiarias; está junto
ao estreito de Gibraltar o que facilita o controle da entrada e saída no mar mediterrâneo e
também é uma cidade rica em cereais, como o trigo.
Menina – Ohhhhh
Infante - … porque os comerciantes muçulmanos desviaram as rotas das especiarias e do ouro para
outras cidades do norte de África; Ceuta tornou-se uma cidade cristã rodeada por cidades
muçulmanas; as despesas com a proteção da cidade são maiores que os lucros e a situação
de guerra impediu o cultivo de cereais o que prejudicou o comércio do reino.
O Infante apoiou, ainda, as conquistas no norte de África mas após o fracasso de Tânger virou-
se para as viagens de exploração e descoberta no Atlântico.
Menina – Chiu!!!
Menina – E os Açores?
Diogo de Silves – Sou Diogo de Silves aquele que redescobriu o arquipélago dos Açores.
Menina – A minha professora falou nisso nas aulas… Mas não me lembro bem….
Infante – São grandes extensões de terras, ou uma ilha inteira, que foram doadas a elementos da
pequena nobreza. Estes tinham poder de administrar a justiça cobrar os impostos e distribuir
terras aos povoadores.
Infante – Portugueses do Algarve de Entre o Douro e Minho e alguns estrangeiros vindo da Flandres. Nos
Açores pedi a Gonçalo Velho Cabral para arranjar casais dispostos a irem para as ilhas.
Narrador – O principal objetivo das viagens marítimas era a exploração da costa ocidental africana para
chegar aos locais de produção do ouro e controlar o comércio nessa região. No entanto só se
conhecia a costa ocidental de África até ao Cabo Bojador.
(entra a menina com o Bobo acompanhados pelo Infante D. Henrique e vão ao encontro de Gil Eanes)
Infante – Inês este é Gil Eanes o responsável pela passagem do Cabo Bojador.
Gil - … com toda a certeza, uma vez que fui eu que abri o caminho para a exploração da Costa Ocidental
Africana.
Bobo – (virado para o público) Deve-se achar muito…. (a menina dá-lhe um safanão discretamente)
Gil – Mas não fui o único. Depois de mim outros navegadores tiveram um papel tão importante como o
meu. Foi descoberto as regiões de Rio do Ouro, ilha de Arguim e Serra Leoa.
Bobo – Sabias que com a morte do Infante D. Henrique, as viagens de descoberta abrandaram?
Bobo – Foi. D. Afonso V preferiu investir na conquista de cidades no Norte de África, como Alcácer
Ceguer, Arzila e Tânger.
Bobo – Não. D. Afonso V arrendou a exploração da costa ocidental africana a um mercador rico, Fernão
Gomes.
Menina – Arrendou?!
Bobo – Sim. Foi feito um contrato de arrendamento em que Fernão Gomes teria de descobrir 100 léguas
por ano, durante 5 anos e, pagar uma renda anual de 200.000 reais.
Menina – Eu estou a estudar para o teste de História e queria saber como foi o Vosso reinado.
D. João II – O meu reinado foi um dos mais importantes da História do nosso reino, uma vez que
ocorreram uma séria de acontecimentos que vieram mudar o rumo da nossa História.
Menina – Quais?
(D. João II encaminha o Bobo e a Menina para junto de um mapa e faz a explicação da viagem de
Bartolomeu Dias)
D. João II – Em 1487-88, Bartolomeu Dias atravessou o Cabo das Tormentas. (aponta para a rota e diz…)
Este é o percurso feito por este navegador.
D. João II – Não chegamos logo à Índia, mas revelou a passagem para o Oceano Índico e permitiu a
chegada à Índia por mar, que só irá acontecer no próximo reinado.
Menina – Uma facada dou-te eu se não te calas… Mostra mais respeito pelo rei…
D. João II – Hoje mesmo vou ter uma reunião com o rei de Espanha e o Papa, se quiserem podem
acompanhar-me, que teremos todo o gosto em vos explicar como tudo se passou…
(dirigem-se para a corte de D. João II onde são apresentados ao rei de Espanha e ao Papa)
D. João II – Eles querem entender o que se passou após a chegada de Cristóvão Colombo à América.
Papa – Em 1479, assinámos o Tratado de Alcáçovas, no qual o Mundo foi dividido em duas partes, por
um paralelo: os territórios descobertos a Norte pertenceriam a Castela e a sul seriam para
Portugal.
Rei de Espanha – Em 1492, o navegador Cristóvão Colombo chegou a um novo continente – a América,
com uma viagem patrocinada por nós…
Papa – Esta descoberta reacendeu a discussão entre os dois países, uma vez que, Espanha tinha
patrocinado a viagem, mas o território estava no lado dos portugueses, de acordo com o
Tratado de Alcáçovas.
Papa – Mas houve uma solução: a assinatura de um novo tratado. O Mundo foi dividido em duas partes:
traçando um meridiano de polo a polo, as terras descobertas ou a descobrir, situadas a
ocidente desse meridiano seriam de Castela, as situadas a oriente ficariam para Portugal. O
meridiano foi traçado a 100 léguas da ilha de S. Antão, no arquipélago de Cabo Verde.
D. João II – Mas eu exigi que a proposta fosse alterada, puxando os limites mais para Ocidente, a 370
léguas da referida ilha.
Narrador – Com a morte de D. João II sobe ao trono D. Manuel I, que dá continuidade à política do seu
antecessor.
(a menina e o Bobo continuam a sua jornada e encontram o rei D. Manuel I acompanhado por Vasco da
Gama, escondem-se atrás de um arbusto e ouvem a conversa)
Gama - … foi difícil mas chegamos todos bem, a volta é que foi mais complicada…
Gama – Calecut tem uma população muito civilizada e com uma atividade comercial intensa e bem
organizada.
Gama – Não fomos bem aceites pelos comerciantes Muçulmanos e alguns chefes indianos porque me
parece que somos considerados uma ameaça ao comércio local.
D. Manuel I – Pois então que se desloque uma armada para impor o nosso domínio em terras do Oriente.
D. Manuel I – O Pedro…
(D. Manuel I despede-se de Vasco da Gama e vai ao encontro de Pedro Álvares Cabral. A menina e o
Bobo seguem-no..)
Menina – Sou a Inês e estou curiosa para saber como correu a sua viagem à Índia…
Pedro – Correu melhor do que esperávamos. Ao seguir a rota de Vasco da Gama tivemos de fazer um
desvio para sudoeste e no dia 22 de abril avistámos terra – era a costa da América do Sul. Chamámos a
esse território: Terra de Vera Cruz…
Pedro – D. Manuel I não ficou muito interessado no território, neste momento a grande preocupação dele
é o comércio com o Oriente..
Bobo – Sabes o nome que tem agora este território descoberto por Pedro Álvares Cabral?
Menina – É o México?
Bobo – Não, é o Brasil. Quanto ao México esse pertenceu aos espanhóis.
Bobo – Vamos sentar-nos que eu explico-te. A história do meu país percebo eu… (pisca-lhe o olho)
Menina – Porquê?
Bobo – Primeiro, foi necessário expulsar definitivamente os Muçulmanos do território e só depois deste
estar unificado é que se apostou na expansão.
Bobo – Após a chegada de Colombo à América, em 1492, outros navegadores partiram em busca de
riquezas nesse território, e foi nesta altura que se iniciou a conquista e exploração do território,
que se mostrou muito rico em ouro e prata.
Bobo – Não. Muito pelo contrário. Neste território encontrámos diversos povos, alguns deles com grandes
civilizações, como os Astecas, os Maias e os Incas.
Bobo – Estas civilizações tinham uma estrutura política organizada, viviam em grandes cidades, tinham
conhecimentos de matemática, de astronomia e de medicina. Tinham sociedades complexas,
com organização política e religiosa. E sobretudo, tinham grandes tesouros em ouro e em
prata.
Bobo – Não, estas civilizações eram tecnicamente menos desenvolvidas do que as europeias ou
asiáticas. Não usavam instrumentos agrícolas de metal, arados ou carros, desconheciam os
cavalos e as armas de fogo.
Bobo – Infelizmente não. Organizámos expedições para tomarmos posse dos territórios descobertos,
lideradas pelos conquistadores, que eram soldados, exploradores e aventureiros que
procuravam metais preciosos.
Menina – Isso é muito mau… O que aconteceu aos povos que lá viviam?
Bobo -