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THOMAS PAINE
SENSO COMUM
O FEDERALISTA
ALEXIS DE TOCQUEVILLE
A DEMOCRACIA NA AMÉRICA
o ANTIGO REGl ME E A REVOLUÇÃO
1
• werrort
1985
EDITOR: VlCl'OR CIVITA
lutos origm111s:
Texto de lbii>mlS Jefferson: Tne. Pofitit'al IVritirik.!· of TlaQmas- Jeff~rson
Texto dr Thomas Pnine; ÚJ>tlff/t'.m Sense
Tv.--t.l) de AJCJ1ande,r namilton, J11.mt:s Madlq(u1, Jult.n. Ja,·~ ilre Fedtraltst
Talo:,; dé Ah:m d" To(qu~,·illc: /k la n,m.oc:-ru.cü1 en A mlrique
L 'Andt'n Rékltnr: et la Ré-.,olutian
R~.
FEDERALISTAS
VIDA E OBRA
VIII JEFFERSON - PAINE - FEDERALISTAS
Em 1783. sete anos após a Declar.lao de lndenendência, o único vin-
culo institucional que unia ,os tirc,:e Estados norte-arnerlcanes eram os "Art}
gos de Confederação", f1 rmados em 1781. A fraqueza do Congresso - ünica
autoridade fooer<1I - e a autonomia dos E.s-t.ado-5 eram p<1teotes, Todas as
decisões importantes requeriam o 3JXJiO de sete delegados estatais ao Con-
gresso; as resoluções acerca da gu~tl'a e da paz, os tratados com o estrangej-
ro, a impressão de papel-moeda e ootras questões fundamentais deviam
contar com nove votos estatats afirmativo). Üe55a íorme. as abstenções re-
ptP.wnt.iv.arn verdadeiros vetos. O Congresso não tinha ,rutorídade direta so-
bre 05 indivTduo:;1 mas somente dtrav~ dos. Estados, e não tinha meios de im-
por 5Ua vontade aos mêSmru.. Assim, o:, congressistas foram iricapaze:i; de en-
caminhar medidas cficaaes p-aw aliviar ab dificuldades econômicas que apa-
ecersrn depois da Guerra da lnde~ndêncit1 Nao conseguiram lmpor a esta-
blhdade, nem mesmo à. uniforrnicii!.-de da moeda dos Estados, nem recolher
os impostos. necessários eo png,amento de dívidas. A íôm disso, o Congre~o
foi incapaz 1-ambêm de proteger de-termmada5 indústria.§ nacionars. que de-
viam enfrentar a competição da lngl.,t{'rr;i. /\ lentativQ de alguns Estados d
desenvolver uma politka prolecJoniStd e instínnr impostos dentro dê ~eu
erdlàrios aumentou amda mais él confusâe, põi!l. levou à r naçâo de bt1rreu·~,::
cJuian"ira~ que 0:5 scparavcrn uns dus. out,ntl~, ocentuandc as l~n<lt:m:;1u:, tJ
dí-. •• clucsc. A debiridade dcí unidõ tarnbém refletJu-se no m,;dml)f.l polittc-o. os
talã,-r;, come:caram ,1 rfr,p11lar erirre, 5l ~ alguns cfofo.~ não sornent
orno também chC-f.li!r.1.n1 ~ b~r i:,~u~ próprios bMCO.
O Feder-alista
X IEF:FERSON • PAINE FEDERALISTAS.
A. perig~ maioriil
Thomas Jeffer50:n
VIDÃ E OBRA XIJ I
Cronologia
b I Nf!W H , 19'11-193,7
, 194i
ult.ura, 1~6-1
THOMAS JEFFERSON
ESCRllOS POÚTICOS
CAPÍTULO II
L'> a Convencão pr
sem
justos direitos que recorremos de; qualquer modo ao governo), é preciso que ela
Lenha tal amplitude de modo a que egoísmos locais jamais atinjam a maior parce-
la; que em cada questão particular se encontre, em seus conselhos, urna maioria
livre. de imerc.sses privados li ue de. portanto. uma prcvaíêncís uniforme aos prin-
cípios de justiça.
e •...
m
ncsm J(!rl
• c.:1. W1ll1nm 11. rrnwfor{l, Manuccllo, 2.fJ tl~junlto ,Jr lPtH1. Wur~-Y, XJ, DS. il
li,1111 ::it,urt, MonlKcllo, 111 de jauelrn <lt: ll'IZ<, 1 Rlbllmcc~ de
g
JEFFERSON
O rei (LLmÍ:S XVI e-m 1789) teria então concedido, por convenção, liberdade
de religião, liberdade de imprensa, julgamento pelo júri, habeas corpus e corpo
legislaE.ivo de representantes. Considero estes os fundamentos que constituem o
governo livre, e que a organizaçâo do Bxecutlvo é interessante, porquanto pode
assegurar sabedoria e integridade em primeiro lugar, mas pode, cm seguida, favo
recer ou pôr em risco a preservaçâo destes fundamentes.
PierreSflffluel Dupon; de Nemour'.'., Momkellu, 18 de fe,,.erdro de 1815.
ura, uma vi
ocas as: relações entre senhor e escravo são o perpétuo exercido das. mai
turbulentas paixões, do mais constante despotismo por parte de um e de submis-
ESCRITOS POLÍTTCO
ão degradante por parte cl~ outro. ( ... ) Deve ser prod~gioso o homem Que Possa
manter sua conduta e moral sem que elas fiquem depravadas por tais cin.:unstãn-
cías. E com que execração se deve cumular o estadista que. permitindo que meta-
de dos cidadãos tripudie sobre os direitos de outrem. transforma aqueles em dês-
potas e este em inimigo, destrói a moral de um e o amor patriae de outro! Pois,
se um escravo pude ter um país neste mundo. este deve ser qualquer outro em
preferência àquele em que nasceu para viver e trabalhar para outrem. {. , • ) E
podemos julgar seguras as liberdades de uma nação quando removemos sua
úniua base firme, a convicção no espírito do povo de que ~stas liberdades são dà-
divas de Deus - que elas não devem ser violadas sob pena de ii,correr em sua
ira1 Na verdade, estremeço por minha pátria quando reflito que Deus é justo: que
ua justiça não pode dormir pum todo o scrnpre; que, considerando números,
naturcze e meios. naturais apenas, uma reviravolta da roda da farLúna, uma
mudança de situaçâo tigura entre o:,. eventos possíveis; que Isso pode tornar-se
provável por maio da interferência sobrenatural ! O Todo Poderoso n3o tem atri-
buto que: possa tornar nosso partido em tal contenda.
d
n
"Jmne 1~26.
H.
1. Os males. do governo hereditá.rro e as vantageas
do governo republicano
Realmente. é difícil conceber como um povo tâo bom. com um rei tão bum.
com ,governaoles. em geral- com tão boas disposições, um clima tão arnerm, um
solo láo fêrti]. se torne tà.o ineficaz para produz ir a felicidade humana por meio
de uma única maldição - a da má forma de governo. 8. entretanto. uma realida-
de. A despeito da moderaçâo de seus governantes. o povo ê pulverizada petos ví-
cios d~~ forma de governo. Dos vinte rnilhôes de habitantes que :::e supõe existiam
na França, sou de opinião que há dezenove milhões mais 111 felizes. mais malfada-
Jo.:.;, que a mais conspícuamente infeliz individuo de todos os Estados Unidos,
ra. Eli1::iheth Trist, Paris, 18 &o.: :Lgost1.1 de 1 785,
···"Hõeer
belo solo mais compn
JEFFF.RSO
Nosso
saeer
males, e que o tributo a ser i,ago para es
parte do que será pago a :n:h,, sacerdote.
se deixarmos o povo ni.1 ignorãru;ia.
A Geo.rsL' Why1he, Paris, 1
mente maior que aqimdes que vivem sob governos europeus. Entre os primeiros, a
opinião pública figura em lugar da lei e restringe a moral com o mesmo poder
com que as leis sempre fizeram em qualquer parte. Entre os segundos, sob o simu-
lacro de governar. dividiram suas nações em duas classes; lobos e cordeiros. Nâo
estou exagerando. Este é o quadro verdadeiro da Europa. Venerai, portanto, o
espírito de nosso povo e rnamcnde viva a atençâo dele. NãÕ sejais demasiado se-
vero para com seus erros: cumpre corrigi-lo esclarecendo-o. S,: se tornarem uma
vez desatentos aos negócios públicos, vós e e~ o Congresso e as assernblêias, os
juizas e o~ governadores, Lr-ansformar-nos-erno.:s, todos, em lobos. Afigura-se a Jej
de nossa natureza gera 1. a despeite dos exccçées individuais, e: a experiência
declara que o homem é o ~11100 animal que devora sua própria espêcie; isso por-
que não sei apliic.tr um termo mai1> suave aos governos Ja Europa t.: à pifhagem do
rico sobre o pobre.
JII
dos em a:ran
monarquia
cxistênci
ver, uma pequena rebelião, de quando em vez, é boa mecída e tão necessária. no
mundo político cerno tempestades ao mundo físico. Rebeliões mal sucedidas, de
fato; geralmente criam u~utpações dos direitos do povo que as produziu, A obser-
vação desta verdade deve fazer com que os. governantes republicanos honesto
amenizem as punições contra as rebeliões de sorte :i não as desencorajar demai
É um remédio necessária à saúde saudável do governo.
James Madison, Pari-&. 30 ci.l.lj:meim.c.fe liS7.
'6.
tribunais
uina de governo. Educai e esclarecei toda a massa dô povo. Capacitai-o .a. ver
que é dQ! interesse dele preservar a paz: e a ordem. e ele as preservará, E isto não
requer elevadíssimo grau de educação pat"a convencê-lo. O povo ia única base de
confiança para preservação de nossa liberdade.
A Jamt:;:; Madison, Paris. 2-0 de dezembro d~ 1787.
Durante al,gun~- sêculos tem sido prática dos reis casarem-se somente em
fa..mi1ias da realeza, Ora. tomemos qualquer ra9a de animais; confinemo-los ii.
ociosidade e inaüvidade, numa pocilga, estábulo ou salão nobre: mimemo-tos
com dieta, satisfaçarnos-Íhes todos os apetites, mergulhemo-los cm sensualidades,
alimentemos-lhes as paixões: deixemos que rudo se curve perante eles, afastemos
o que quer que possa levá-los a pensar; em poucas gerações tornar-sc-âo, todos
eles, corpos sem espírito. Isso por força de uma lei da natureza. a lei segundo a
qual nos acostumamos a modificar constantemente a índole e as propensões dos.
animais que criamos pera nossos próprios.. fins. Ta] é o regime de criar reis.
nesse nroccsso têm eles. continuado durante séculos. e:
Joba um11:don, Menticello, 5 de mu~e de J 8 L .
Isso para as bênçãos de ter reis e magistrados que seriam reis. Desses
aeontcclrnentos, nossa jovem república poderá aprender lições úteis: j:unais
recorrer a potências estrangeiras para resolverem lhe as divergências: resguar-
dar-se de m:igi~rados hereditârios, irnpedi:r que os eidadâos S'IJ tornem de tal
forma estabelecidos em rjQuc:zas e poder a pomo de .iulgarem-se dignos. de alian-
. pelo casamento, com sobrinhas, irmãs. etc., eh: reis; e, em suma, assediar o
irono do céu com eternas preces. extirpar da criaçâo esta classe de leões. tizres e
mamutes humanos chamados reis, dos quais pereça aquele que não dis
vraí nos deles, bom Dcns",
t1..,.i,J Uumphr~y11,, J>-.:u-i.s, 1-1 d.i: rl,!l:m,m dl! 1787.
li! VtJ-iuiml>ém cnrt:s u Jóhn Jay, Paris. l I de janeno de 1789 Worb, V, J.!I 1-.4'.'.
Podemos dizer, com confiança. que a pior das constituições americanas é
melhor que a melhor que já tenha exfatido em. qualquer outro país.
1\ Thomas M. Randolph.Jr; Paris, 6 dejulliode J 781.
Tenho consciência de que hã. defeitos em nosso governo federal: são. entre-
tanto. tão mais leves que os das monarquias que os encaro com muita indulgên-
cia. Confio também no bom senso d!o povo para remediá-los. ao passo que os
males do governo monárquico são irremediáveis. Se Qualquer dos: nossos compa-
triotas desejar um rei, dai-lhe u fábula de Esopo, das rãs que pediram um rei; se
isso não o curar, mandai-o à Eueopa, Voltará bom republicano.
D111,·1d Rumsay. Pa.ris.4 de agosto de 17S7.
n. AMPR:C
• ri11 um
envolvi meato com essa quarta parle da globo deve ser evitado se pretcnde:mos
que a paz. e a justiça selam as estrelas polares das sociedades americanas,
A Joseph Correa de- Scrr:1, Mont:icdlo, 24 de outubro de .1810.
noss
delas
,, Jo~·J>h R. Corroa dC' s~rr:i, d1(tl01l'll'llJ'l ! bó1anâeo português, era compunhelro f;Wnri{~1 do klltr~on. Vi:r;
Amertcan Taurist (J 94ti). p. 149,
T}rr,. ,111tt.J4Jéi',t{}1T,
tórios de ambas as Américas. a~ ferozes e sangrentas contendas da Europa. Dese-
ja ver esta coalizâo começada.
A Wi11iaw Shi>tl;. 4- de~ gosto de l 820.
James Monr,
Jurei, perante o altar de.: Deus. eterna hostilidade a toda forma de tirania
sobre o espírito do homem,
fHlções. l: tambêm
Hk l80:2.. WorJ:s.
22 JEFFERSO
esforços comparados aos dos líderes do outro, lado que desencorajaram todo pro-
grcsso na ciência como inovações perigosas, esforçaram-se para tornar a filosofia
e o republicanismo termos de censura e por persuadir-nos de que o homem só
pode ser governado por meio de vara. etc ! Terei a felicidade de viver e morrer
00111 esperança contrária.
. ue . -
provar-se o co
levolente .
m governo tão
cíedade inteira '
o
com a
prova de que um
nhas preces e esforços serão cordialmente distribuídos pura apoio desse governo
que com tanta felicidade estabelecemos. É realmente um pensamento encorajador
que. enquanto estamos assegurando os direitos de nós mesmos e dr; nossa posteri-
dade, estamos apontando o caminho para as. nações. em luta que desejam. como
nós. emergir também de suas tiranias. Possam os céus auxíliar-lhes íl luta e
conduzi-las, corno ílzeram a nós, triunfantemente através dela.
A William Hunter, AJe,:andria, t 1 d, março de il190,
CAPÍTULO Ili
Em rodo pais em que o homem tem lfüerdadc para pensar e falar • .surgem
divergências de opinião sobre diferença Lfc perccpçâo i.! irnperfeiçâo da razão; mas
24 JEFFERSO
SS:1$ divergências, quando permitidas corno neste pais: para puríflcar-se pelo
livre debate, são apenas nuvens passageiras. que se estendem transitoriamente
pelo país e deixam nosso horizonte mais brilhante e mais sereno . .t::sse amor pela
ordem eessa obediência às leis; que caracteriz.arn tão- extraordinariamente o
cidadãos dos Estados Unidos, constituem penhores seguros da ltraaqüitidade
interna; e o direito de voto eletivo, se preservado como a arca de nossa segurança.
dissipará pacificamente todas ~s cornbinaçôes de subverter-se uma Consthuição
ditad.•i pela sabedoria e apoiada na vontade d.o povo. Essa vontade é o único fun-
damento legitimo de qualquer governo. e proteger .SU1\ livre manifcstaçâc deve ser
nosso primeiro objetivo ..
mais que
tem
,C
especiais somente. Todos eles Linba.rn suas leis a fazer, como a Virgínia tinha
durante seu primeiro estabelecimento como nação. Mas não passaram a adotar,
como o fizera .i VirgÍn1n~ todo o sistema de leis adrede preparado. Como a asso-
iaçâo deles corno nação fora apenas: para fins especiais - a saber, para dirigi-
rem seus negócios uns. com os outros e com países estrangeiros - e os Estados
que compunham a associação decidiram dar-lhe poderes para tais fins. e nenhum
outro, não podiam adotar qualquer sistema geral JJOi''tuc i1:1Lo Leria abarcado objc-
tos sobre os Li uaís esta associação não tinha direito ai guru de formar ou declarar
uma vontade. Não era o órgão para declarar 11 vontade nacional nesses Ca,$.O.,,,
os casos confíados a ek.s. tinham liberdade de declarar a vontade da nação. a
lei; mas, que fosse declarada, não poderia haver lei. De sorte que a lei comum
;;i,ti;
não se transformou. lpso faeta, em lei na nova associaçâo: podia somente passar
e11 sê-lo por adoçâo positiva e tâo-somcnte à medido. que fossem autorizados a
adotá-la
AEd,mund Raudolpb. Moõ1.1~1.1-lk1. IS di: lü de 17
ver
esm:
uant
pela
Com respeito ao Estado da Viq,,f, oin em particular. o povo parece Ler deixs
do à parte o governo monárc uico e adotado o republicano com a mesr11:1 facili-
dade com que se teria desembaraça.do de um terno de roupa velho i,,í cnv~rs;;ada
um novo.
ue desejamos ver o eovo de outros países livre ê tã(') nntur:,,I e. pelo menos,
justificávc] quanto o de um rei desejar ver os reis de outros países mantidos em
"U despotismo,
srave. Que acontecerá agora a eles? ( ... ). Ninguém. espero, podera duvidar de
eu desejo de vê-los e a todos os homens exercerem o autogoverno e com capaci-
dade para exercê-lo. Mas a questão não é o que desejamos, e sim o que é
praLic.llvel. 1 s
ias, B
de um uesrão
dos
esplêndido libelo contra os governos deles. e ele está lutando pelos princípios de
· dependência nacional, dos quais toda a sua vida tem sido até então urna conu-
ua violaçjio,
Os trnnccses têm sido culp:H.fos. de grandes err m sua conduta para com
01..1trns 11:::i,çô1:_s. não só insultando inut ilmente todas a. abeças coroadas como,
também. Lenrando forcar u liberdade -obre seus vizrnh •• SUfl pi-(,pna maneira.
1790
d
1
•· füpír.ilo rle .::orr,oroçüo. (N. cki E.)
32 EFFERSO
Aqui. todos os ramos de governo são eletivos pelo próprio povo. salvo o
judiciário, de cuja ciência e aptidões ele não é juiz competente, Mesmo nesse
departamento, contudo, convocamos o jún de pessoas para decidir todas as oues-
tões controvertidas de fato. porque parn essa invesrigaçâo eles são intcir amcrue
»npetentes, de:ix:ando assim o, mínimo possível. aocuas a lei aplicável ao caso.
à decisão dos. juízes. A verdade é que o povo, espcciafmenle quando moderada
mente il'll)irw'do, é o único seguro, porque o único honesto. depositáric dos direi
tos públicos, e deve ser. portanto, introduzido na adminr~Lração destes cm toda
a~ funções cm que for eficiente. Errarão ás vezes, e acidtnrnlmcnte, mas jamais
deliberadamcn1r.!, com o propóuro sistcmêtico t: constante de derrubar O,!; li vres
princípios de lDverr,c,. Corps», hercditúrios. ao cornrário, :<.empre existentes. sem
prc alerta para seu engrandccunenm, aprovcuarn-sa de toda oporlunidndc- para
fomentar os pnviJégios de sua ordem e usurpar os uin:iLo., do povo.
A Al.lam.attàos Cum:i.•, MonúceJlu, 3 l de, r11.1tub:ro de 1,8,..J,
cu./\ i11
indivídu
::. axioma. em meu 1;sp:[rito. que nossa 1ihcrd~i:lo jamais !,)' Qo~r:.i. estar segur
ão nas 1,,iios do próprio povo, mas também do povo com cerro grau de ínstru
que cumpre ao Estado levar n d'eito. com base num plano geral.
lifti: Washin,~toJ1. t':,rf:,,, 4 cleJm1-1.:iro cie l 7a-ib.
maneira: dividiria o jomul em. quatro, capítulos, dando ao primeiro o título Verda
des: ao segundo, Probabilidades: ao terceiro, Possibilidades; e ao quarto, Menti-
as. O primeiro seria muito curto, porquanto conteria pouco mais que documen-
tação e informaçôes de fontes autênticas, p0r cuja verdade estaria disposto ~
arriscar a própria reputação. O segundo conteria o que. ep6s. madura considera-
ção de todas as circunstâncias. o levasse em seu julgamento à conclusão ,k ser
erovavelmente verdade: este, porêm, devia conter mais. pouco do que demasiado
muito. O terceiro e o quarto seriam declaradamente pará <JS leitores que preferem
mentiras para seu dinheiro a um espaço cm branco que elas possam ocupar .
A John Norvcll, \'lo'.i~lilogu:m, 11 dê junho()(.' l 8/07,
V. OSISTE~fAIEFF-EL~..SON
"Uin« Jlratlaç-iio di· nurr1r-irlmlt>:." ,·w1!>ti1ui t:H11m•11•rf.sti'1J11 vtuü /Jct ,·:i.frzJJu~u ,k,
fJ,m, jfG11·r1w1. ,-ISSL'g~ru M·, t:Ulll iss«, o /JG1 firipoflir> d~· w,trl rldadcir> flll co11tÍJWJ
dc.J I H•1,1,.rt.ii;ir~1 ptiltllro.1. f.. p,•Jn dil•l.~1r1J )11d1tw1a do trobalh», "colm·tt11drul' ,'iOb
·nela 1111111 q111• ~~·11 ..,. µ1•ijp1·Jv:. ,i//i;.,,\ p1nln,1 rll1•;gir ·; qll~ o gorcnr" Jka mais ~·111
uâ111iui:ihmlt1 t' "prJL'1• prvh:fl,c'úl) auuru u má iJ1b11mi,\lrtrçàu. ÜU(J 1hJ11fmrc1 t', ltu
l 't'.:, u PiJafç l.iâ.firo ("t1l'dl'U lf~1 lca 1fo p(rt.rr11111•1ll11 (!oú'Jii•o (/l• J,:J{i,:l'W'lr1 1 fi~Hl,·rio,
1
inistrar e
ída:dãus. ~ estas
CRITOS POL[T[CO 37
en1om.st1J ciL' 1
converter para seu próprio proveito os ganhos daqueles de cujos cargos foram
incumbidos. { __ ; -
(. _ . ) Informaram-me que, na questão de representação igual. nossos conci-
dadâos, em algumas. seções do Estada. reivindicam. percmptoriameatc, o direito
de repreeentação para seus escravos, O princípio. nesse como em muitos outros
casos. abrir-nos-á caminho paira corrigir conclusões. Fosse nosso Estado uma
pura democracia, na qual todos os habitantes se reunissem para tratar de seus
negócios, hevcriam de ser excluídos das deliberações: l) os infames. atê chegarem
à idade da 1'a7àO~ 2) mulheres que. para evitar depravação da moral e amhigili-
dade d-e deliberações, não poderiam misturar-se promiscuamente nas reuniões pú-
blicas de homens: 3) escravos, dos quais o infeliz estado de coisas conosco tira v··
direitos de vontade e de pmpried~de. Ãqueles, pois, que não tê-m vontade. não se
poderia permitir que a exercessem qa assemolêia popular e, naturalmente, nâo
poderiam delegar nenhuma a um agente numa assembíêia representativa.
de 'ieEemb,o ú,c 1816.
União formariam uma graduaçâo de autoridades, figura:rufo eada uma na base da.
lei e mantendo a parte de poderes que Ihe é delegada ,e constituindo verdadejra-
mente um s-iste1m1 de equilíbrio e controle fundamentais para o governo. Onde
cada homem seja um participante na direção de sua república-distrito ou de algu-
mas mais. elevadas, e. ache que não participe no governo dos negócios, não
simplesmente na eleição de um :só dia no ano mas todos os dias. onde não haja
um homem no Estado Que não seia membro de algum de seus conselhos- grandes
ou pequenos, ele preferirá arrancar o coração do corpo a deixar que seu poder
seja arrancado por um Cêsar ou um Bonaparte, Como sentimos poderosamente a
energia desta organizaçâo no caso do embargo? (. __ ) Como Catâo, pois. que
concluía cada discurso com as palavras; "Cwthago delenda ess •t, 1 8 assim em.
toda opinião com a injunção: "dividir os condados em distritos", Comecemo-lo
apenas para um único Iim: eles logo mostrarão quais os outros para os quais são
os melhores instrumentos.
or.l!13b C. Cabcll, Mootic~UQ, 2 de ícvcreiro ~e l 81 ti,
Na primeira
seus admjr1istradore
remro o verdadcir
40 JEFFERSO
taria ô Estado a agir cm massa, como cem feito tantas vezes vosso povo e com tão
grande efeito pelas assembléias das cidades. A lei relativa à liberdade religiosa,
que fazia parte do sistema, tendo eliminado a aristocracia do clero e restituído ao
cidadão :a liberdade de cspftito, e as dos vínculcs e descendentes criando uma
igualdade de conôição entre eles, isso na educação teria elevado a massa do povo
ao alto nível da respeitabilidade moral necessária â própria segurança do povo e
a um governo ordeiro, e teria com,pletadà o grande objetivo de qualificá-lo para
selecionar o verdadeiro oristoi para os: encargos de )!ovemo.
A John Adams, Motttfo:dfo. 2.8 de outubro d~ 1813,
Meu
com su.
para um
John CarMritd1L Momlccllo.:i i.Jcjunhodt! 1814.
THO,MAS PAINE-
SENSO COMUM
Introdução
Talvez os scn timentos contidos nas páginas seguintes nno estejam ainda
suficientemente na moda para lhes granjear um favo, geral: o longo hábito de não
pensar que uma coisa seja errada lhe dá o aspecto superficial de ser certa, e: ergne
de início um temível brado em defesa do costume. Mas o tumulto não tarda em
dcfen-
de
p
Autor
1
P.S. - A publicação desta nova edi.ção foi postergada com o fito d
necessário) qualquer tentativa de refutar a doutrina de independência. Corno
até agora não apareceu nenhuma resposta, presume-se q uc não aparecerá. uma
z que já passou, bastante, o tempo necessârlo para aprontar tal feno.
PAJNE
·timple
., Comuns constituem um freio imp •.•. ·•
ex-
clui do mundo; no entanto, a sua ativídad
mundo: e
destruiu
LO,
caminho I lvre
um .
.., C.irru~ 1, f!U!: ~i: tornou rei Jn lrl~Í1krrn rm 1 í115, li•i ~oniirnrtd1"1 pur traidor ,e 1nltn:tgô dn nação e d~c.ipi
tiuk• em lóel'.9. fN. d!\ i!'fi. ,ni1,I. J
SENSO COMUM 419
esta altura se impõe com extrema necessidade o estudo dos erros constitu-
cionais inerentes ã forma inglesa ele governo. Assim como nunca estaremos em
condições adequadas de fazer justiça a outros, se continuarmos. sob a influência
de qualquer parcialidade principal, assim tambêrn não poderemos fazê-la a nós
mesmos cnqaaero continuarmos agrilhados por qualquer obstinado precouccito,
E assim corno o indivíduo apegado a uma prostituta não tem capacidade para
escolher ou julgar uma esposa, assim tarnbêrn Qualquer inclinaçâo em favor de
ma Constituição ou de um governo apodrecido nos tomará incapazes de disco-
nir umbcrn governo.
1·uvorcç elros
pu triorcas. possui leia
luduica,
O governo dos reis foi introduzidn no mundo pcln., pa~ào~. dos quais o~ fi-
lhos de Israel tomaram o costume, FoL a invenção mais nróspcra nara mo-
Idolatria. Os pngãos prestavam honras divinas ,1ns rei.,; fo1
risrâo melhorou .a coisa, i}r\'ii:l:mdu honras divinas '"'" n.·i..: vi\•111-,, Ql1..: irr ev .• -
ia o título de sagrada majestade ;1 um verme tJLJC, no meio do :.t.u esplendor,
tas nos governos monárquicos, mas irtdubitavclrnenre merecem a atenção dos pai
-es que devem ainda formar o seu próprio governo. "Dai a César u que é de
3
Cêsar" é a doutrina bíblica dos tríbunais: contudo. não constitui apoio ao gover-
no monárquico. pois os judeus, naquele tempo. não tinham rei e viviam em estado
de vassalagem com respeito aos romanos,
Passaram se qua.sc três mil anos, desde a descrição mosaica da criação. até
que os judeus. impelidos por uma dect!pç.ào nacional. exigissem um rei. At6 então.
a sua forma de governo (salvo cm casos extraordlnários aos quais intervinha o
rodo-Poderoso) fora urna espécie de república, a.dnünís1rada por um jui.,. e pelo
anciãos das tribos. Não tinham rei nenhum, e era tido por pecado chamar alguém
com esse titulo, :i não ser 9 Senhor dos Exêrcitos, E quando a gente reflete c:eria-
mente na homenagem idólatra prestada :i. pessoa dos reis" 1100 pode admirar-se d
o Todo-PodcroS-o. sempre zeloso da sua honra, desaprovar uma forma de- govern
que tão irnpiedosnrncme 'ie arroga a prcrro~àliv:i. do cêu.
i\ monarquts, na Bíbliu. ocupa. o lugar de um dos pt;cado·s clo~ judeus, pelo
uc pairu sobre eles a matdlcão, V.aJc a pena atentar para a histôrfo dessa
,um
rcpli
"6NS0 COMUM 51
ou cm
arte:,; de
Ll!i pUL$CS
if:.nirk:a -crnpre pepismo ee governo.
narquia acrescentamos o da sucessão herediiúrfa; ~e a pri-
meira é urna degradacão e diminulçâo de nós mesmos, .i segunda, apresentada
e
ob o aspecto d1.: q uestão de direito. um insulto e ums impo~içào ã posteridade.
endo rodos os entes humanos iguais pela origem, ninguém peide ter, por nasci-
mcnto, o direito de colocar cm perpêtuo preferência, no tocante às demais. sua
5 l?AINE
eo
eonqui sra, conheceu alguns bons monarcas
meu ,i::oh 11111 1111mcn1 muito rnnior de maus: nirignén, poderá djzcr , com sensn-
tez, 4uc i.cjU- coisa bastarue uon rosu u exigência '-l LI!.; aprcscmam crn nome de Ofl.li-
lhcrmc ~' Conquistador. ª O desembarque de 1.1m ba~tarclo fnmc1:s rodeado de ban-
:11llh1•rm,• 1 n·i d.;i. ln~:flli:,if&., efa [ih,,, il.:,.,'1ir1111 ,li! Rolx-rt() o 0;;1
Jr,_gl,!11<?rt'.A l:!rn J(ln(." ~-Oni!IIISlnu" Ir.,,,,,, a.!111 r1..M1l 1,1..J,, J.1 w.i , uúrtu n
.•• ~NSO COMUM 5·
lico torna-se presa de qualquer canalha capaz de, com êxito. lidar com as tolices
da idade ou da infância.
A defesa mais piausíve1 jamais oferecida cm favor da sucessão hereditária é
preservar ela a nação das guerras civis: se tal fosse verdadeiro, seria importante;
mas na realidade é a mentira mais deslavada imposta à humanidade. Toda a his-
ória da Inglaterra nega esse fato. Trirua reis e dois menores reinaram nesse
insensato país, desde a conquista. e nesse tempo (incJuindo--s,e, a Revolução)., nâo
ouve menos. do que oito guerras civi_s e dezenove rebeliões. Portanto. em vez d
defender a paz, luta con tra ela e destrói o próprio alicerce sobre o qual parece
fil"mar-s.e.
A lura pela monarquia e pela sucessão entre as c .•rsas de York e Lancaster"
mergulhou em sangue, durante munes anos. :l lagl:nerra.. Entre Hénriqu,·
Eduardo feriram-si! doze duras bstalhas, alêrn de escaramuças e cercos. Por duas.
ezcs foi Henriq uc prisioneiro de Eduardo. que. por sua vez, o Io] de Henriq ue. E
~ tão incerto {} destino de uma guerra e o humor de tuna nação. quando a razão
da luta esrâ apenas em questôes pessouis. que Henrique foi levado em triunfo da
ptisào ao paJticio~ e Eduardo obrigado :1 fugir do palácio paro um país estran-
iro: entretanto, sondo pouca dur.1douras as repentinas mudanças de humor, foi
Henrique, por sua vez, expulso do troem. substituindo.e nele Eduardo, Q1J.ant,
Parlarnemo. semerc :icarnn:1111hou o lado mais forte.
de Hcnricuc VI e .. ~ ínou inteiramente
com
d<: do
stado atu
mérí-
r dife
56
admue-se que
sem con!-1-iderar que nãe nos protcg~u dos nossos inimtgos por nO$.sa causa. senão
dos inimiJ!os dela, e por CQu.Sa dela. daqueles que não tinham nenhuma diver-
l2 Em í9 de nbril c:k 1775, íerjf-jiffl•Se as l:1111a1l1a~ de Lc..rio~kln e Cencord. que ai;s:in:i.lcmm n 11bem,:r.t d
ho!l'rifüt~1d,1,.~í ela Reovol1,1ção Amerk.ru,:i. (N. da ed, inl!.L
SENSO COMUM 57
gênci:l conosco rm outra causa, e que serjio sempre nossos inimigo» pela mesma
causa. Desista a Grã-Bretanha das suas pretensões ao continente, ou desfaça-se
da dependência o continentcve estaremos em paz com a frança e a Espanha, no
caso de guerrearem contra a Inglaterra. Deveriam acautelar-nos contra qualque
ão as misérias da última guerra de Hanôver. 1 3
cu preço
rtndn~ tcri1J1 d..:
e
mos. nos mo!.tra term
estrangeira, vai à ruina o ccmêrcio da América, pela sua ligação com a Grã-Bre-
tanha. A prÕiiima guerra não será provavelmente corno a última; e se não for, os
atuais defensores da reconciliação hão de. naquele dia, desejar a separação, visto
como a neutralidade seria em tal caso escolta mnis segura que o barco de: guerra.
Tudo quanto é direito ou natural pede a separaçâo. O sangue dos assassinados, a
voz lastimosa da natureza grita "É tempo de separar-se". A. própria rustflncia a
que o Todo-Poderoso colocou n tnglaterra da América constitui prova forte e
natural de que a autoridade de uma sobre a outra jamais foi desígnio do cé •...
Izualmcme, a época em que o c-0nLineote foi descoberto d;. mais valor ao argu-
ento, e a maneira pela qual foi povoado aumenta ~ sua fot,ça. A Reforma foi
precedida pelo descobrimento dn América, como se o Onipotente pretendesse,
com benevotêncra. abrir um santuário para os pen;egwdos do futuro, quandç, a
ázria já lhes nio oferecesse amizade nem segurança,
autoridade da Gri-.8.çt.o,nlla sobre este continente é uma forma de gove1·
no que. miüs cedo ou mais tarde. deve ter fim. E o espi rito sério não pode tira,
verdadeiro prazer da antccipaçâo, na dolorosa e posíuva certeza de qu
chama de "presente Constituiçâo" ~ s.impl~smcnt<: temporário, Como
podemos ter alegria, sabendo que este governo não é suficícntcmenre d
para garautir coisa que possamos legar ~ posreridadc, E por um ;i;impf
Jç argumcntaçâo, visco que estamos mergulhando a préxlma geração na dívida.
dc-v1.:ríarn-0: , fazcr lhe. o trabalho; diversamente. usamo-la vil e desproiiv"lmc.rn ....
rirmos acertadamente a linha do nesse dever, te-ríamos de ~gu ú~ fi-
. col
uJ-
t
·, por uma
te, d
,.klt.:i1,~ur.-ln
60 PA IN E
mplos ces
. tempo sujei-
to a uma Iorça exterior. O maior otimista d:1 Bretanha não pensa assim. O rasgo
uprcrno de sabedoria humana não pode, hnje, não consegue conceber plano,
menos que não seja o da sepnraçâo, capaz de prometer ao continente um ano d··
. A reconciliação t agora um .sonho Ialaz, A nan.irC4.a. abandonou s
ligação," e: :.i. arre não consegue tornar-lhe o lugar! pois, como dil muito bem Mil-
ron, ··flàO há reconciliaçao que brote sobre os profundos ferimentos do ódio
morto p·. 1 6
1 111
Ci1nç-ii<l Ji., i';,,w',.,u Pe.nfl'âo-, IV, 98 IJ"i. {N. d~ ed. 111.r.l.t
SENSOCOMU
m :t sistem uropa, n
ê recuar numa época cm que um pouco mais. mais um passo. faria dest
miMotc u gfúrin da terra,
havendo à Grã Bretanha manifestado a menor 1ncfü1aç00 por um
compromisso. podemos ter 3 certeza de que nas·: se ló~J·,ar:'.io termos dignos da
aceitação do conLinc:ritc, senão os costumeiros modos de dispêndio de ·:xm~uc e:
dinheiro .i que j6 temos sido submcudus,
11 hrn r 74:1~ u l'11rlruY1etm1 iti~lcs !lprnvm111 tc:1 d,'l Selo, cx_i~i1nl~1 que todos o~ jomei~. p:iníkll)~, docurnea-
Lo;, le-i;:,J~. ,,LJ;, ionrni:r.1n<:J~ IN'Ul'!H,,.:m um :,çJu Ji., í111µv~Lu. 1\ lei, ituç, enturcccu m.: cofón1.u americ mns, f~I
re\l<t~~otln M ue111 ,ei.:umti: ( N. da 6'.!. 1n11Ll
62 PAJNE
O objetivo disputaoo deve sempre estar crn justa proporção com o dispên-
dio. O afastamento de North, 18 ou de todo o gn.ipo detestável. é questão indigna
dos milhões por nõs gastos, A temporâna parada do comércio era uma inconve-
niência que houvera suficientemente equilibrado a revogação de todas as lei
reprovadas, se se tivessem consegu idn tais revogações: mas se todo o continente
m <l~ empunhar armas. se: cada homem deve transformar-se em soldado, mal
vale a pena lutar apenas contra um ministério desprezível, Caro; bem caro, paga-
mos a revogação das leis . se é pnr isso apenas que combatcmcs, pois cm ju~ta
avaliação. é a mesma loucura pagar o preço de Bunker Hill pela lei ou pela
terra. 1 51
Tendo sempre considerado a independência deste comincnte falo que
mais cedo ou mais tarde se: verificaria, pressinto que esse fato não pode estar
muito longe. U:i.mlc do rápido progresso do continente rumo ~ maturidade, Por
conscgulntc. ao se iniciarem ai) hostilidades. não teria valido a pena discutir uma
questão que o tempo acabaria. fi nalmen te, por reparar. não fora séria a nossa
intençâo; diversamente, houvera sido o mesmo que dissitlíH urna propriedade en
ação kga! destinada a regular as violuçôes do indivíduo cujo arrendutncnto está
a lerrtiinnr Nmguêm festejou mais ardentemente do que! cu a rcconei.
antes do fatídico 19 de abril de J775; 2ª mal. porúrn, se torno
daouele dta. r<!ncli Mrn .;cml'IL"c n endurecido mal humon.t<lo foraó d
I!
pretenso titulo de r,a1 do seu povo,
dormir plncidamcntc com
os. rcgecdircmos, ou
ficaremos perpetuamente a brigar. ou a suplicar ridiculamente. Já somos maiores
do que deseja o rei sejamos. Não tratará, pois. de: fazer-nos menores? Afinal, ~ta-
tá indicada para nos governar n potência que nos inveja ::i prosperidade? Quem
responder "não" será uni independente, pois a independêncin quer dizer: faremos
nós. as nossas leis. ou nos dirá o rei .• o maior inimigo que este continente tem ou
pode ler. "não haverá outras leis senão as que me agradarem",
Mas o 1tci. direis vós, possui o direito de veto na Inglaterra: o povo não pode
fazer leis sem o seu consentimento. À luz do direito e da boa ordem é sumarncnt
ridículo que um rapaz de vinte e um anos (o que já aconteceu freqüentemente
diga a vários milhôes de pessoas mais idosas e sensatas: "1Proíbo que esta ou
qucla decisão vossa passe a ser lei". Aqui, todavia.. ponho de lado essa espécie
de réplica. embora jamais deixe de mostrar r, seu absurdo. e respondo apenas que.
sendo a Inglaterra a morada do re], :e não o sendo a A mêrica, o caso é inteira-
mente outro, O veto mal é aqui dez vezes mais perigoso r fatal do que na Ingla-
terra, lá mal recusará o consentimento u um projet« de ler destinado a propor-
cionar ã lnglaterrn o estado de defesu mais forte possível: nu América; jamal
permitiria que tal projeto :,;e trnm,formasse em lei.
A América niio passa til: objeto sccundárío no sistema ela política britânic .•.
inglaterra só cnnsulta o bem desfl! pafs tHi. medida cm que corresponde ao pro
· ito dela. Logo. o seu interesse a leva a suprimir o desenvotvlmento do noss.
cm qualquer caso que lhe não acarrete vantagem ou que com ela interfira o mínl-
o que seja. Em que lindo ('~l!tdt, não lic;u'iomos <:m pouco tempo debaixo desse
governo tâu de segunda mão, conslderando-sc o que ocomcccu ! o~ homens n.""
passmn de Inimigos a arnigo« pela :llLi.!rução de uu1 nome. J.! pura mostrar quão
erigosa doutrinn {i agor Li 11 recon ei liaç2'to 1 ,:1f1 rmo qtu: nessa hora ser la ponnco do
rei re11,opr as lei». paro poder reempossar-s« no governo das ptóvÍl1cias, a lim de,
pf!!o arl(/!clo e pela argzí.cia. realizar com o ltmpu u que Ili<! não tJ dtuk» fa::.er peJ.
força 1: pela vioiênc!« agora. Rel:icít1nam-sc intimamcnj« a rceonciliacâo e ~
.,_
züg,urcs. cujas conseqüências poderão ser mais fatais do que toda s malignidade
da Bretanha.
Milhares de pessoas já estão arruinadas pela barbárie britânica (e provavcl-
mente outros milhares sofrt:rà.õ o mesmo desuno). Essas criaturas têm senti-
mentos diferentes dos que ternos nós, que nada sofremos. Tudo quanto possuem
agora é a liberdade; Hq uilo de que antes desfrutavam está sacrificado a serviço
dd~11 e. nada mais lhes restando por perder. desdenham a submissão. Adernais. a
atl tude geral das colônias cm face de um governo britân ice será como a do moço
que está quase fora do seu tempo: pouco se. importarâo com ele. E, o governo
incapaz de preservar a paz não ê governo. e nesse caso pagaremos dinheiro por
nada; e, dizei-me. que pode fazer a Inglaterra. cuja força estará inteiramente n
papel, se 110 mesmo dia da reconciliação irromper um tumulto civil? Tenho ouvi-
do alguns. arirmarem. ~ creio que multos ralaram sem pensar. que temiam uma
independência capaz de sr.:rill" guerras: civis, S6 r~ra~ vezes é que são verdadeira-
mente correios o~ nossos primeiros pensamentos, e é o caso aqui: lná dez veze
mais razões para temer u~ resultados de uma ligvçilo remendada do que os resul-
udos dt\ i11depie-n~l~neit1. Paço meu o caso do sofredor, e afirmo solenemente que.
se me expulsassem do lar t: ua pátria. se me destruissem a propriedade, se me
arruinassem ::i.& circunsrâneias. como homem, consciente dos males.jamais con,
reclsr ~ doutrina da reconcillaçâo e: tampouco me consideraria ligado a
menti
. Façamos. ma1
·ujcíLa à auiorl-
ENSOCOMUM 65
equalquer grupo de pessoas for delegado para esse: ou uutro firn serne-
íhante, ofereço lhe bs seguintes extratos de Dragonetti. i~ sábio observador d
governos: '· A Ciência do político". diz, "consiste cm lixar o verdadeiro ponto de
felicidade e liberdade. Hão de merecer a gratidão dos tempos os que descobrirem
um modo uc guvcrno que contenha a maior soma de felicidade individual. corn <J
menor dispêndio nacional", Dragoncttj, cm Virt:t1cs and Rewerd (Virtudes e
Prêmio),
Mas, pcrguntarâo alguns, onde está o rei da América'? Digo-vos, meus ami-
gos, que ele. reiria cm cima, e uâo devasta a humanidade como faz o facínora real
da Bretanha, Contudo. para não parecermos Iacunosos nem sequer em honras
terrenas, marque-se solenemente um dia para a proclamação do estatuto; apre-
sente-se esse estatuto colocado sobre a Jej divina. a palavra de Deus: coloque-se
obre ele urna coroa, mediante a qual saiba o mundo que. segundo a nossa manei-
rá dti aprovnr o monarquia, ü ltd I! o rei na América. Assim ~ômo nos governos
absolutos o rei é a lei, nos países livres à lei deve ser o rei; e não existirá outro.
Ma.:s: para nâo surgir posteriormente nenhum mau uso, i:ícja a coroa, ao término d
cerimônia, dcsmontad« e dispersa pelo povo, que a ela tem diri.?i..._...
O governo nosso é u nosso direito natural= e quando alguêm reflete seria
i.sa,;; humnnas, não tarda \;m s~ convencer de que é
rmar uma Cor1.stituiçti.c> nossa, do mnncira
1~11, do que confiar cio interessante evento
ra, um Mn~~:inelfo qualquer. z 4 valendc-
unir os desesperados \:
m
ar do continente o bárbaro e infernal poder que tem impelido indios 1c negros a
nos. destruir: E a crueldade se reveste de uma dupla culpa: trata a nós brutal-
mente, e traiçoeiramente a eles.
Ê estultícia, é loucura, falar de amizade com aqueles em quem a razão nos
proíbe depositar confiança, e que o sentimento, ferido por nul pontos. nos ensina
a detestar. Cada dia consome o resiinho de afinidade entre nós e eles; e poderá
haver- motivo para esperar que. cessada ã f"eJaçào, aumente o afeto. ou concorda-
remos, mais Facilmente em que haverá interesse dez veses mais numerosos e mais
i m portantes para brigarmos mais do que nunca.
Vós que nos falais de harmorna e reeonci liação podeis, acaso. devolver-nos
o tempo jâ passador Sereis capazes de devolver ã prostituição a primitiva inocên-
cia? Tampouco podereis reconciliar a Grã-Bretanha e a. América. Rort~pc::u ~~ o
derradeiro cordão. afinal, e o povo da Inglaterra oprcscnta reclamações contra
nós. Exixtcm danos que a natureza não consegui: perdoar: se o fizesse. deixaria de
'.Cr natureza. Perdoar o conuneme os crimes da Bretanha sesia como perdoar o
amante ao raptor da criatura amada. O Todo-Poderoso enraizou em nós senti
mentes tão irnperecedouros para fim; bons e sensatos, Esses sentimentos s?io os
guardas da sua imagem em nosso coração. Distinguem-nos do rebanho de ani-
mais. comuns. O contraio social se dissolveria e a ju:sLiçu seria extirpada da terra.
ou teria apenas exístêncla casual. SI.? fôssemos insensíveis tios apelos do afeto. O
lsdrâo e o assassino conscguírtam, freqüemcmente. a im1,unidade se os danos
suocnadcs pelo nosso c.spkho nao nos levassem a fazer justiça
humanidade, vós que ousais opor-vos não somente à tirania
xistc lugar do Velho Mundo que não esteia esma-
de foi perscguidit cm todo o globo. A .r\sia e a Áfri
considera uma estranha, e a Inglaterra
e preparai em tempo um asilo par~
m
doiR pafa
do que n
aptidâo do ccntin
E corno e 'Pinião n
8 P.AlNE
comércio proporciona
mêrcio.
S.8.
d
• ~ John Pntlck. ,l .\Tr.iv ,\aw:J llr.:11ory, ú! Ctm1p/1•,11 l'frli' 1lth,• llri(Mr Marilu•, l.~1;1.:Jr~:s. 1757. íntrõJu~.:i...,,
pá11-56. (N, ,Jn.°CLI. lr1.C:1,
SfNSOCOMUM
1 ª ,lt•~rnh l3un.:hrll t I l'l/i,,·1 1 'N6~ foi cr1,1,la11i,if1, n1<1çu, u,., .111hm,·i.; n .• \'UI p11r ~:1mud 1-'.:p~•r,. I', ,r til'""""""
•• vida, ll.urd11.·L• 1;;, 'li " :,~ ,p,t·.t..'lci n,!\'lli• in~lo,::.,, ;, servindo, J.; 1(1'JB ,1 t H2., (NIIII r..:..:rt:tiin~ d,, ,\tmrrttn
lli\11). (N. ~.1 i:"d 1111!
70 PAlNE
orecisarmos dos barcos, vendê-los-ernos. E assim substituiremos o nosso papel-
moeda por ouro e:: prata,
o tocante ao problema dê arranjar tripulaçáo, o povo cm gera! comete
grandes erros. Não é preciso que a quarta pane seja de marínnetros, O terrível
corsário. Capiiâo Dcath, que na última guerra 2 7 travou o mais encarniçado com-
bate, não contava com vinte marinheiros a bordo, embora no navio se encon-
trassem mais de duzentos homens, Bastará um reduzklo grupo de marinheiros hâ-
beis e sedais para. instruir em pouco tempo o número suficiente de cidadâos ao
manejo comum de um barco. Por conseguinte. nunca seremos mais capazes. de
iniciar as q ucsíões marítimas do que agora, enquanto a nossa madeira se encon-
tra parada. inativa a indústria. da riesc~, e sem trabalho marinheiros e cnnsb·1,_1-
tores navais, Ser há quarenta anos, se faziam na Nova Inglaterra barcos de guer-
ra, de setenta e oitenta canhões. por que .não se farão agora 'l A construção nava]
o maior orgulho da América. e nessa arte não tardaremos em sobrepujar o
undo inteiro. Os grandes impêrlos do Orierne são, na maioria, Internos e, por-
tanto, excluídos da possibilidade de com ela rivalizar. A África encomra-se 11:
barbárie, e não há nação da Europa que possua tamanha extensão de litoral ou
tamanha reserva interna de materiais. A natureza, se lhes dá urna coisa, nâo lhe
dá outra, Sômente com .a América (: que tem sido liberal em ambas. O enorme
império do Rússia esrâ qua~ ~tpàrndo do mar, motivo pelo qual as suas inárnc-
ras tlorest.ris, o nlcatrão. o ferro e o eordame constituem simples artigos d~
oméreío
11 r"aí.n.l!',e:r•••. c s"' .••q •• , A g.io,rn l'rn11L-O indL,nn í l 7!, f, 176;3-), N:&u_LL.1.[11; 1111 r 11,kti.k
1
ritwn{II entre I!
l11~Jau:rr:1 eº f r.a11ça. {N. Jtt ed, ingl.
"' Fil:ictélfiuttuil-sdi rmtre,cm do no fJebw.tué. (N. cio ecl. in.r,I )
proteger-nos? Pouca ulilidade terá uma esquadra a três ou quatro m1I milhas de
distância, e não terá nenhuma c111 súbitas emergências. Sendo assim, se nos cabe;
depois. proteger a nós próprios, por q1Je o não faremos por nós próprios? Por que
o faremos por outro?
Ê longa e imponente a lista de barcos de guerra ingleses, mas nem a décima
parte se encontra. em condições de serviço permanente, e um bom número nem se-
quer existe: no entanto. pomposamente continuam os. nomes a figurar na lista se
do barco resta apenas uma prancha; nem a quinta parte dos que estão em condi-
ções de servir pode. em qualquer tempo, ficar de prontidão num lugar qualquer.
A 1ndia Oriental e Ocidental, o Mediterrâneo, a África, e outras partes que a
Grã-Bretanha reivindica. muito exigem da &otrL Por um misto de preconceito t
descuido, adquirimos uma falsa noção relativamente à Marinha da Inglaterra, e
ternos falado como se nos Iosse dade encontrá-la toda à nossa disposição imedia·
tamente; por esse motiva. temos de acreditar dever possuir uma do mesmo tama-
nho. o que, não constituindo coisa imediatamente praticável, tem servido de base
para um grupo de conservadores disfarçados t10:s dissuadir de começar, Nada se
afasia mais da verdade do que isso, pois. se a Amêrica tivesse apenas a vigésima
parte da força naval da Bretanha. seria para esta adversária de força muíto supe-
rior. visto corno. nrio possuindo nem reivlndlcando nenhum domínio estrangeiro,
toda a nossa torça seria empregada cm nosso próprio litoral, onde. com o tempo,
acabariamos por dispor de uma vantagem d~ doi s pnr a u111 retativamcntc aos qu
'Criam obrigados a percorrer trl!S t:>ll quatro mil mitnas 3.JlCC~ dé. nos atacarem, e
rccrrcr ouuus L..t.nllL~ cm busçu di.: reabastccimemc e recrutamente. E não
te. pela sua frota. controlar {li Inglaterrn o n,ns~u com~rcio com a Europ
6s conuolarcmos, nu mesma medida, o comércio dela c,om ft India Ocidcmal,
uc, situada na vixinhnnçn do conrloente, se encontra ô sua intl!rr~1 mercê.
ria possível descobrir um rnêicdo qualquer para manter uma ío"
cmpo de paz. si: nfüi julgássemos necessário manter uma M.arinha
dessem prêmios aos mercadores p!lrn ccnsrruírorn o empregarem em seu ser-
u cinqücraa canhões (sendo os prémio
aos mercadores), cinqüenta ou scss
rda em r;cr-vJco perrnuncnte, constitui-
L.: tanto ~e queixar
••..• iques; É bon rirá-
a nossa ÍOl'Ç
rístico inercnt
falta? Por que rnoti
mais uma Vi!"J for admitida ao governo da
2 PA
ta.-
e-
t,,11
ENSOCOMUM 73
d
vinte e oi
PAíNE
epresenter
n çno,
uer
,r: coisa qu
um rnanifes
pacíficos que emprega-
H Chtirlb w. Comwtlll ti 735-1799) desempenhou o e;ir~..i dç, l1.>L'~L1 ilP T~iiOllfO c.1c 17H o I nm, no &l}\'Cf
110 dê North. (N. d:lll «l. ~g,I.J
:ra Os ~ue (lrc~d.;t'cm oo-u1pitadcr ir..rfclmmcme o tri!!!thl valor de uma tc:prr;:s1.'flla.;:ii.o grande B jmltl! para
o EsradQ, lciacn Political UflquJ~icions_, c!e Rurgh, (James Bul"!'!,h, P11filJc-lll Disqu!~'i1io,i.~: ar, m1 1-/nq,ri-ry inu»
Ptil>/{r: Error». Defects unJ!.Ahu.,;cs, 3 vols., L:iil\'ll'é!'<, 17'4--.5.) {N. d<1 A.
mos. sem resultado, para a repat:l'Çào. declarando ao mesmo tempo que, 1100
podendo mais viver Ielizmcntc nem seguramente ame a cruel atitude da cone
brirânica, tínhamos sido impelidos à necessidade de cortar LOÜas as relaçôes com
ela. e assegurando, igualmente. a nossa pacífica disposição com respeito às de-
mais nações, e o nosso desejo de comerciar- com elas, o manifesto produziria mais
bons efeitos a este continente do que .-;e enviássemos i lngl.atcrra um navio abar-
rotado de petições.
•
Com ~ nossa atual dcnominaçâo de cidadãos britânicos. não podemos ser
recebidos nem ouvidos no cxterior . o costume de todas ris corres cst.í contra nós.
e assim cstarâ até que. pela independência. nos enfileiremos com outras naçôes.
Tais prL.-:~os poderão, a princ:í-pio~ parecer estranhos ê difíceis, mas, corno os
outros passos que jit demos. se tomarão. em pouco tempo, familiares e agradá
eis; e alé que a independência seja declarada, o continente se sentirá corno um
homem que continua a. adiar uma quc.sti10 desagradável de dia para dia. mas sabe
C!uc deve. ser resolvida, detesta íniciá-la. quer vê-La terminada. e fica constantiJ-
mente perseguido pelo pensamento da sua necessidade.
.
Apêndice
T.;intl'l, 11u:rnrrrr.ri o meu rio.Ji;:~(11 .Q;:iv[~ ~· m ulLo a~ minlHu r.irç-11~ 1err~1ri;;,,, mas de tal mo1,fo que wbrcçarrcgl!lc
U ud'ul IU<.i> fl1)1.íd•·..,J \):à ~n.;l,l,5 nino:.. Tr.1lll11;i, IHllfV-51\.Líll, A riillH~Í,IÇillJ ili; l.nfor nur guc recelrí ns, IJJ'*I~ 11.mi_gã\'l?lil
otenas de llrnd.hot11M'ior-''.(N. d;'l ed. í11g.l.)
u ,\ novu 1.:,fü;i?ii> cr:11. .:i/.l.(Jn' \mc:,:m·amJ.•N. rl:i i:ld, m1iJ,}
78 PAJNE
cerra. dos reis. pois, assim como n natureza 1;1ila OK eorshece, eles ,ião a conhecem
embora sejam criaturas da nossa própria criação não nos. conhecem. e tornam-
se deuses. dos seus coadores. A fala. possui uma boa quaJir•.h.l.úc, e é a de não pre-
tendei' enganar: e mesmo que quiséssemos nãn poderíamos ser enganados por eia.
Dela transparecem a brutalidade e a tirania. Não nos assombra. E toda linha con-
vence; mesmo no momento de ser lida, que o Indio nu e desamparado .•caçando na
mata, é menos. selvagem que o rei da Grâ-Bretanha,
ir John Dalrymple, suposto pai de urna chorosa peça jesuítica, falsamente
chamada 'T)1e. address of lhe people of Englmtd to the inhabitaeus nf A merica ''l
Discurso do povo da Inglaterra aos habitantes da Américal, movido talvez pela
vii suposiçâo de que o povo daqui se arncdronluria com a pompa e a descrição de
um rei. deu (apesar d~ bastante tolamente de sua parte) o verdadeiro caráter do
atual. "Mas", diz o autor, "se tendes a intenção üc,:, apresentar cumprimentos a
uma administraçâo ela qual nâo nos queixamos (querendo dizer a do marquês de
Roekingham 3 8 na revogação da Lei do Selo), é assaz incorreto não anresentâ-los
ao príncipe, por cnjo consentimemo cJ.xc:h.1sfrcunenre puderam fazer algzmia
ColSQ, •> ~ conservantismo com testemunha l f: idolatria sem máscara, I! qucrn
,, a_ doutrin u. perde o, dl rcho à racionalldade
apostata da ordem da. virHtdade - e deve ser considerado com.
somente do~istiu da J)IIQpria digni\Eath.: de homem, mas também rnersu-
do níve] dos nr~imais.., e desprczivclmcnlc rasteja como verme pelo
ou censu-
da moral de uma
tinuar a ser
ovérnantc
como estio a•'
'' P:iln,c: H.•lí.:rc se IIQLIÍ if ruem, Íf.lllPL:ll rndlans 11756 [76Jl. [N U[] ed. inr,I.)
8'0 PAlNb
segundos
a convencerá
82
cites em promovê-la, pois, assim como a nomeação de comissões o~ protegeu. a
princípio. da cólera popular. assim também uma forma de governo prudente e
bem estabelecida constituirá o único meio certo de- continuar a lhes garantir pro-
teç ão. Logo. se não têm valor suficiente para ser h'lzigs, cabe-lhes ter suficiente
cnsatcz para desejar a independência.
Em resumo. a independência é o único laço capaz de nos unir e de nos rnan-
ler unidos, Yerernos, então. o nosso objetivo. C" os nossos ouvidos iLcarão Legal-
mente sutd();:, aos arriflcios de um inimigo intrigante e cruel. Desfrutaremos da
poSLÇ.ÕO adequada para discutir com a Crã-.Brctanhj_~ pois há motivo para coa-
cíuir CJliC o orgulho daquela corte será menos ferido pela discussâo de condições.
de paz com o~ Estados americanos do que pelas ccndíçôes de acomodação com
aqueles a quem chamam ~·súditos rebeldes". A nossa demora o anima a esperar
conquista. e a. nossa relutância sú tende a prolongar a luta. Sem nenhum bom
efeito. já cootíveraos o mosso comércio para obter a reparação aos nossos vexa-
mes; tentemos, aaora, a alternativa, reparando-os nós próprios e oferecendo,
depois. a abertura do comêrcio. A parte mercantil e sensata da tngtatcrta comi
nuará conosco, por ser <1 paz com o comêrcio preferível à guerra sem ele, E se a
oferta não for aceita, poderemos recorrer a outras naçêes.
obre tais. motivo!'> é que assento 11 q uci;t,.10. E nâo tendo havido. atl! agora
refutaçâu da doutrina cornída nax primeiras edições deste panfleto, hii uma prova
negativa de, ou não poder ser refutada a doutrina. ou serem os seus partidário
iJernnstad~mtnl't numerosos para qualquer oposlçâo. Logo, cm vez de olharmo
um paru o outro com iama curiosidade desconfiada ou duvidosa. estendamos, um
no outro, a rnào cordial da omizade 1.: unemo-nos parn o traçado de um c..'lminl
que. como ato de esq ueeimento, faça de~opan:cer qualquer anterior divergência,
:,'lting&mos O!, nomes de wltigs e conservadcrcs, e selam ouvidos entre nós ape-
nas os de .bo1J1 cidadão, amigo leal e resoluto, vlrtuoso def,.msor dos direitos da
tuunanidade e tios Estados ttvn» e lndept!nd~n te« da A mértaa.
ALEXANDER HAMILTO
JAMES MADISC)N
JOHN JAY
O FEDERALJSTA
.
CAPITULO (
l Imroduçâo]
(Por Hamiliou}
Outro motivo de eircunspccçâo ~ {(IJC' n.ãu pode haver certeza de que os que
advogam .i boa causu sejam animados de motlvos mais puros que sem; antagoriis.
tas: uns e outros podem ser acessíveis ~s ~ugt::-.lÕc.'i da ambição, l1it avareza, tia
animosidade pessoal. do espíritu de partido e d~ outros rnotivos iguulmerue pouc
louvávcls,
Por outrn parte. 11:10 h:'i nrar;fa rnuis absurdo dó C!Ue este l!:::.piriki de intole-
rância que. cm todas m, épocas, tem caructerizndo os partidos pohticcs, O rcrr,
e o fogo n:kt foz!:'m mais 1:m ,liéhto!i cm tialiLicu que cm rcligiâo: t;!\t:'.i já provado,
la experiência ele sccu los, que a perseguição não cura nem as heresias pchtica«.
nem as heresias religiosas.
• F. contudo. ]'OI' mai« ju.-:los que i:<it~i,; sentimentos devam parecer aos nornen
imparc:iab,j.fi ce-mo~ desgraçadamente dcmasindos indrcios de que eeomecerú no
nosso caso o 'LLH! tem nconrecldo ••.. m wtlu.s as di'icl1,.,~t:b nacionais, A animosi
dadc e a~ rrni xôes aol'i rnun iosas r"n,re,riin tndc;~ ti:Ç diq ucw ~ já í'(ld.: presumir :.<:.
celo procedlrneruo dos partidos opostos, que cudu um clcl~1, conta. pnru ruzer
triunfar a ·""íl op~ni:lo e para ganhar votos, C(.)111 n vlolênein d~1.:; suas cli;,:clnnrn.çô~.
e cem a o cri môni a li as !iUi'1S invectiva-.
V rtUCI\.r\LI.) l 1-\.
dência da venlade. A tenoêncía de rodas das vos lerá leito ver que foram dit~das
por um espírito favorável it nova Constituiçâo: nem eu prcct."r:iclo encobri-la: por-
que. depois de ter atentamente examinado. estou convencido de que na sua ado
çào consiste o ínu. .rcssc da vossa liberdade. do vosso poder e da vossa felrcidadc.
Não quero fa7.er alarde de circunspccçjio que não renho e ainda menos enga
nar. afetando dúvidas. quando a minha opinião e&t:1 tomada: confesso a rnir,.ha
onvicção com l°r.uh.J uc.,:;1 t: exporei com Hberdadc o.'! motivos: cm que a fundo.
Quem tem n consciência das suas boas inte-,1ções não deve buscar rodeios.
Não me canso com prorestacõcs a este respeito: AS minhas intenções íicam
o meu coração: m:1-. us minhas r.::.1Lo<;1s serão expostas ao~ Dlho:s de rodo~ para
que Lodos as possam avaliar. A coragem com QUf pretendo apresentá las 111iio há
e fazer desonra n causa da \ erdadc,
Proponho-me discutir ncstrr obra os objetos seguintes: â 1di/idade aa
UNL:fO ,; nossa prosperidade poiãtca; a fllSUficiêJlc:ia da Confederaçãri atua)
para mame la: a necessidade do ttn» governo ao menos ,ii(J. rnérgicrJ corno aque!
que ,,, m.-i• pl'Opije; a cml}h,·midarle dn Cr>11stf11ti(ào uropossa com as verdadeiros
prinelpios do ~01•,·r110 1•cpub!fr:a1ra; u sua armlogiu com a Ca11s,irulçc'1v dos nú~!J'O."
Estados paf'ricul.a . re.,·; Iinaimont», o aumento t:! a st!gui11t,ça da mmwlt.•nçãa dest«
espécie tle governo, da nossa lfb{1tdade e das nossas nroprtedades, (JIIL' da adoçõo
o .fJtOjetc, proposto dav» resultar. TraLt.1.rti de responder ocasionalmeuto ti todas
)bjcçõ1:s g uc me parecerem digna..., d~ Bfcn~!ÚC'I.
Talvez pareçam supértlua« m, rnzôes com que eu prc
NIÃO: a afeiç5c) para esta forrnn de governo est ·
no coraçâo ~fa maior pune dos habita rues de cad,
parecer tJUC e-la encontre :idvcr~:iritis. Mn!'i o fato é
CAPÍTULO II
[Dos perigos que podem resultar da iuíluência e hcspltalldadc
das nações estrangeiras]
em sooeran u
esta doutrina tem rnuit
• 1 •
de n vos pnno pios . .:il!m que
qu polílica lhes. serve d
1:'i. n.iiuitl'.l!:; vezes observei com pm.-.er que ~ Amí:u·icn independente 11ão ·
composta de· territórios separados e d1!.HU1lc:s 1.1m; dos outros, Esra terra de hber
dadc ê vasta, K:rtU e nunca interrompida: a Providencio. o dotou. com predileção
particular. de prodigiosa variedade de terrenos e produções; deu-lhe rios inumerâ-
eis para prazer e mílldadc de seus haeltantes: lançou em torno, de seus límíre,
urna cadeia ccntinuada d1;; lagos e mares n..avegáveis pQ.nt servirem de laço às par
tes que ;:3 compõem; fez. correr no seu seio os mais. nobres rios do universo, e col
.ou-us a distâncias convenientes para que servissem de meio de comunieaçâo ao
ocorros Fraternais de seus habitantes e de canais s. permutação dos. seus produ
tos. Com igual prazer observei a complacência com que o Criador como qu
empenhou em dar habitantes unldos :i este país unido descendentes dos rnes-
mos antepassados, falando a mesma língua. professando a mesma religião. afeí-
çcados aos mesmos princípios de govot:rno, semelhantes cm hábitos e cm costu-
mes. e que. reunindo Sua.': armas. seus esforços. sua prudência - pelejando crua
pelejas em uma guerra de morte, compraram a prece de sangue a liberdade
CO m LHTI ,
Assim, u país parece ter sido criado para o povo e o-povo criado para o país:
e como qur.! se vê o empenho d~ Providência em embaraçar que uma herança, tão
visivelmente destinada para um povo de irmãos.. viesse a retalhar s~ em sobera-
nias isoladas. sem outra sociedade ou relação que a de um ciúme recíproco. Tal
tem sido até agora a sctHimento unânime dos homens de todas as classes e de
todas as seitas. F.m todas as relações gerais não temos formado até agora mais
que um povo somente; cada cidadão tem gozadc por Leda parLI! dos mesmo
direitos, dos mesmos privilégios, <la mesma proteção. Como- um só povo fizerno
; como
laçà"
riência nos mostrou que não devemos conceber esperanças antes do tempo-
Ainda todos se lembram das apreensões bem fundadas de um perigo iminent •..
qu~ determinaram li couvocaçâo do memorável Congresso de L 77~. Esta Assem-
bléia recomendou aos seus constituintes certas medidas. cuja prudência foi justifi
cada pelo resultado; e, não obstante isto. que imensidade de folhetos e de folha
hebdomadárias não produziu ai imprensa para desacreditá-las ! Alguns membros
la arJrni,1it;L.ração. guiados por interesses pessoais, outros pm uma suposta previ-
dência de males imaginários e por antigas aleições Incornpativeis com o vcrda-
deiro patriotismo. outros. enfim, com vistas decididamente contrârtas ao bem p.ú-
blico. todos fizeram infatigáveis ~srorc;o:s para levar o 110\10 a releírar a opinião
daquele Congresso patriótico. Alguém huuvc que se deixasse seduz ir: mas n grau
de maioria pensou e decidiu conforme- com :.: razâo e recolheu o fruto da sua
sabc:oori11. Refletiu-se que no Congresso havia muitos homens sisudos e experi-
mcmauos: que estes homens. reunidos de diferentes panes do país, 1inh,1111 trezido
e : ,e hnviurn cornun icado grande q uaruldadc de ÚLéÍs esclarecrmcmos: que deviam
ter apc-rfoi,;:<,ado 01.1 retificado as suas idêias, durante o tempo passado nu discus-
são dos verdadeiros mteresses elo pais~ que cmlô"'i ~e achavum individualmcnt
interessudos na prosperidade i; liberdade públicas: e que em cada um deles a incli-
nação ~é uniria ao dever parn lhe não inspirar outras medidas. cuja p.rudéo,cia e
uühdade lhi.: não houvessem sido demonstradas depois de madura delibcracüo,
V 1'.l...:LJl:r..;'l,.Llr.) m r\ J
go. Se o dito plano se rejeitasse. posso afirmar lhes que a sua previsão ficaria
complctamcme verifica, '
eja n resultado quul for. desejaria que todos cidadãos ficassem bem
convencidos desta importante verdade: que qualq uCT que venha a ser a época em
que a dissolução <la União se verifique. nesse rnomen lo poderão dizer os america-
nos com o poeta:
Adeus, minha grandeza, adeus pra.sempre]
1
CAPÍTULO X
1 Utilidade- da Uniâo corno preservativo contra
as facções e insurreições]
(Por !vfadisnn
Entre as numerosas vantagens que nos promeLe t1111i, União fundada em bons
princípios, não há nenhuma que tanto mereça ser desenvolvida como ;l. sua ten-
dência a amortizar e reprimir n violência das. facções.
Nada assusta mais vivamente os amigos dos governos populares sobre a sua
prosperidade e durn.çàu do q1,1c o1 soa tendência para este perigoso vício, donde se
segue que ninguém, tanto como eles. pode sen Lír todo e valor de um plano. que.
violar 1)S seus principies. possa opor um poderoso rcm~dliu àquela funesta
tendência.
instabilidade, a iojusúça e a confusão nos ccnselhos púbHcos são as
moléstias mortais que por toda parte têm feito perecer os i:;1>11t.:ruv~ populaecs, t;
nesta fonte L,o fecunda de lugnrcs-eomuns é quti" os inimigos da liberdade vão
uscar as suas declarnaçôes com melhor êxito ~ mais predilecâo .
., inapreciáveis melhoramentos que n Constituiçâo arn
modelos dos governos populares, tanto antigos corno modernos.. não podem ser
m uma insustentável parcialidade não pode pretender se
perigos de que se trata. eum tanta eficácia. como teria
Estes efeillo!. sàõ inteiramente devidos, ou pelo menos cm ,grande parte, f
instabilidade e ã injustiça que um espírita de facção manchou a nossa adminis-
tração pública, Entendo por facção uma reunião de cidadãos. quer formem a
maioria ou a minoria do todo, uma vez que sejam unidos e dirigidos pelo impulso
de urna paixão ou interesse contrário aos direitos dos outros cidadâos, ou ao ime-
ressc constante e geral da sociedade. 1
á doas métodos de evitar as desgraças da facção: ou prevenir-lhe ~ cau-
sas. ou corrigir 111c os efeitos.
Os métodos de prevenir as causas das Iacçõcs são igualmente dois; o primei-
ro, destruir a liberdade essencial à sua existência; o segundo. dar a rodos 01> cida-
dãos as mesmas opiniões, as mesmas paix,õcs e os mesmos Interesses.
O primeiro remédio é pior que o mal. É cerro que a liberdade é ptlra a facçâ
o mesmo que o ar é nara o fogo - um alimento. sem o qual ela expiraria n
mesmo momento: mas seria coisa t~o insensata destruir u. liberdade que é esscn-
cial ã vida política. só parque ela {;, o alimento das facções, como desejar :::i, priva
çâo do ar, só porque ele conserva ao fogo a sua força destrutiva.
O segundo meio teria tantó de impratlcávcl corno o primeiro de insensato
Enquanto ::1. rnzno do homem niio for infalível e ele tiver a faculdade de exercitá-
l:1, há de haver diversidade de opiniões: e enquanto c:...' is1ircm relações entre a su
uas palxõcs hâo de ter urnas
Mas a causa que mais cornumente tem dado lugar ao nascimento das fac-
ôes tem sempre sido a desigual discribuiçiio das propriedades, Os interesses. dos
pmprletáríos têm sempre sido diferentes dos interesses daqueles. que o não são
ma linha de. demarcaçâo sernelharuc separa igualmente os devedores do
edores,
É de necessidad interesses de
agricultur
talistas e
Ull
de ho-
e os
e que
Quando uma facção não compreende a maioria. o remédio existe no mesmo
ri ncipio do governo republicano que t!á à maioria os meios de destruir os proje-
os sinistro« da faoçâo por uma votação regular.
Pode talvez o partido faccioso embaraçar a administração, pode- fazer tre-
mer o Estado; mas n~o pode executar nem cobrir as suas víotências mm formas
espetá-
98 H1\.MlL TON-MADJSON-J A. Y
algum; cas
ízos, filhos de
r corruocão
emasiad am
que eles nomearem serão pouco
Instruídos de suas circunstâncias locais e dos seus interr;s~;;:s paruculuees: se se
diminui demais, flcarâo os r~rrcscnmni~cs cri1 dependênciu muito ln1e<füna di;;;
quem os. elege e nilo poderão os eleitores. por muito ocupados, reconhecer o inte-
resse geral da nação e conformar-se com ele na eleição que fizerem.
A eornbinaçâo que oferece a esLi: ri:$pcüo ü governo federativo é a mais feliz
de rodas as que se podem imaginar: os interesses gerais sâo confiados à legisl
rura nacíonat. os particulares e:: locais aos legistadores dos Estados,
O FEDERALIST
influêncl
nos seus Esmdo
Outros; uma seit.
m
JU lLJ\M ILJ VN-MALJDUN-JA 'i'
da
SS,j rros~dCtl
tcmoo em
mandar por navios estrangeiros as suas produções, recebendo pela mesma manei-
ra o valor delas
Suponhamos. por exemplo. que o nosso governo está em circunstáncias de
fechar os. nossos portos à Grã-Bretanha, com quem por ora não ternos tratado
:algum de COrt1.€"1'C10: qual serii o efeito natural de tal comportamento sobre n Sl18
politica? Não nos poria ele em estado de negociar com vantagem, a fim de obter
em todos os portos do reino privilégios comerciais tão varuajosos corno extensos?
Tem-se respondido a estas questões de: uma maneira que tem. mais de especiosc
do que de só lido.
Pretende-se que as nossas medidas proibitivas não poderiam fazer mudar o
istcrna dos ingleses. cujo conién;iu 1;0110~~0 continuaria, corno dantes, por meio
dos holandeses, que lhes cornprarjarn <i pagariam imediatamente os gênero"
necessários para prover nossos mercados.
as não receberia .i:li nevcgaçâc inglesa um golpe funesto, perdend
tante vantagem de não serem os ingleses os seus próprios feitores neste e
Não tomariam rara si oi. holandeses a maior parte dos lucros em compcnsaça
<lo trabalho e dos seus perigos? Não ocasicnaria, p.clC> menos, o Irctc 1,1m
!-i.~1,.1
considerável desfnlcue? Não facilitaria um cornêrcio tão indire
das outras naçôes, fazendo variar o pr
crcados e transportand
británi
p
., meios
irrretrnmente passl:
Então, ob:ri~i:i.dos a contentar-nos com o preço origin~1rír1 dos nossos san .• -
ros, é preciso renunciar a todos os lucros do nosso comércio, que servirão par.
nrlquecer os nossos inimigos e os nossos oerseauldorcs.
Igualmente se perderia este gQsto pelas empresas que caracteriza tão cxclusí-
varncntc o gênio dos mercadores e navegantes americanos, fonte inesgotável d
ri.gueza nacional, e a. pobreza e a vergonha cobririam de miséria e opróbriô um
país que, com o socorro da prudência, pode vir a ser a 3d]miraç.ào e a inveja do
l'HIJJl •
Existem direitos de grande importância para o comércio da. América. que se
perderiam perdendo-se a União: por exemplo, a pesca. a navegação dos. lagos e a
do Mississípi. A dissolução da União traria consigo questões mui delicadas sobre
n conservação destes: direitos: e o interesse dos nossos adversários, mais fortes do
g uc nós, as decidiria cm nossa desvantagem, quase com toda certeza.
s intenções da Espanha a respeito do Mississipi nâo têm necessidade de
comentárío, e O.'J franceses e ingleses. interessados na pesca tanto ou mais do que
nós, olham-na corno um objeto importante para a sua navegação.
eriarn eles com olhos indiferenres a nossa superioridade. demonstrada pela
experiência, neste precioso ramo de comércio. que nos põe cm circunstâncias de
.ender mais barato do que eles nos seus próprios mercados'! Não seria hem natu.
ral que eles procurassem retirar do campo da contenda t.,1.0 perigosos rivais.
Não eonsideremos este ramo de comercio como uma vantagem particular 3
alguns Estados somente: não hâ um só que não possa ter paru•.: nele com mais ou
menos vantagem: e para aproveità-lo não se espera provavelmente sendo pelo
11111enw dos capitais: destinados ao comércio.
A pesca é o seminário <los marinheiros; nâo há nada que tão essencial seja
para a Marinha; e quando o tempe tiver assimilado em todos os l~stados os de-
,i
ntos da navegaçâo, a pesca viri:1 ser um recurso universal.
Que il União nos: deve conduzjr por carnin hns diferemcs ao estabeleciment
e uma boa Marinha - objeto de tanta importância para a 11.m;:â,.J -. ~ coisa
fora de dúvida.
"'d.1 ÍnScLituiçio aumcnt.ca s~ e prospcru na razào da quantidacl1; e extensão
dos meios empregados. para rormã-!a t: ~1J.mmtá-l:1: e portnnto os Esrados Unido .. ,
ue reúnem Oi,. meios de todo o corpo rPi!llcraLivo. podem ter uma Mílrinl1.'I muita
cedo de, que um dos F.!<t~<lo~ cm sepnrndo. que: rião pode di~por :,çnâo c.11.:
Conrêdcrr:icla
p.·
d
asos, quando são construidos com
ra t1 forca naval como para
LiíilÍ
õe
empresas comerc111is adquirirâo muito maior extensão pela variedade das produ
.ôcs dos diferentes Estados: quando houver falta num dos mercados por causa da
m~ colheita, irá procurar recursos nos dos Estado~ vizinhos.
variedade das mercadorias nâo contribui menos do que a sua qualidade
para a atividade do comércio externo. Um grande número de gêneros de valor
diferente: promete muito maiores vantagens que um pequeno número de objeto
de valor igual, o que depende da maior concorrência e flutuaçâo nos mercados:
tal artigo km grande extração neste momento e não pode vencer-se em outro;
mas, havendo c~1idado d~ reunir grande quautidade dr: objetos. dificilmem
charão lodos sem compradores. o que evitará aos negociantes os inconvenientes
de considerável empate.
Q11111lquer pessoa farniliarizndn com cspcculaçôes, de cornercio conhece à 1:wi-
rneira vistu a rmça destas observaçôcs t.:. reconhece que a balança do comercio
gerul dos E.'ítado~ Unido, deve ser mais vantajosa que n dos lr1..:a: E~tados isola-
(,u reunidos por confederuçôes pnrciniis.
Responde- se á ta lvcz y uc, ainda no ca:in d(; os L!.&tt1dü~ Ilcarern separad
.empre haverá entre eles L1111a cnmunicaçân íntima q1,11; 11rntlu1ir~1 o rncxrno deito
1.JU{' na supos.iç:ãu dos btadn:o. Unidos: mas J~ se li:.-t ver em todos os: capitul
anteccdenrcs que, na prunejra f1ÍJ1(\l~S.I.!. umu mulLÍUUO de C3U!iaS há de cacudear,
intcrrurnper e restrinair ú cnmérciu de cada E.r.1::itlr~ LlU i:ôt1Íe'dernçi1u parcial, N~
h;\ SC'l'ifi<') a u111J:1dc de'> i•1\\h•l'sln .,.,.. ,...,_.,,...} ..,mdlil.ir ti unidade ílClS interesses O
A Asln, ri
nos cum.
J"ICU,
· animais
;0111
;1.,culdad
de 1
,t:1s urrcgnntes prcrcnsôes dos
europeus: pertence aos umcricanos restabelecer a honra da raçu humana ofendida
· ensinar L1 que~ rnodcraçâo a 1nn~l)s usurpudorcs,
106 H LT0N-MADIS0N-JA Y
iro
r
stqjarn
nosso sistema nacional aerertos esseneists 0 que se deve fazer alguma coisa para
subiralr-nos à anarquia que nos am ·
s ratos que servem de fundamento a esta opinião ji não são objc:to de refle-
õcs puramente especulativas: por toda parte os. povos os têm sentido, ç por tod
parte· eles têm arrancado àquclC8 mesmos, cuja falsa política é a causa prindpa]
cas nossas des~iraças. f1 cenf ssão forç.ada dos defeitos deste rihin,o do nos
governo federativo, que- os defensores ilustrados da União há longo tempo ha-
viam percebido e lamentado.
Com razão se pode dizer que havemos chegado ao último grau de humilha-
ção política, De tudo o que pode ofender o orgulho dle uma nação, ou degradar o
IU H ILTO N·MADISON-J AY
St!U caráter. quase que não há nada por que nós nâo tenhamos passado. Empe-
nhos, a cuja execução nós éramos obng_í:uJo::; por todos u::;, laços respeitados. entre
I)!; homens, foram violados a lodvs. os momentos e sem pudor.
·~ redu
timo
de. íns-
dêncín
tio
ra-
eas préli>f!ntcs,
'I'n] é rriste situ.açfto ;1 que no~ têm reduzido e~lm, mesmas mfl>l.ir
;i
conselhos pc!os quais se trata hoje de nos desviar da ad
iic;-itti proposta. N~o comentes <k nos hnvercm eonduzrdo i1 borda <lo abismo.
querem preci pia ar-nos nele.
Mas hoje, concidadão« mc:k1'>, hoje: que nos .neh.a11"!1.>~ profundamente penetra-
dos de todos M motivos. que podem nhr::1r ,,,brc uni povo ilustrado, é chegado
momento de opormos a tantos esforços iriim1gns umt1 invcneive! firmeza - de;
pug1latmos pela nossa segurança, pcln nossa rranqüilidndc, pela nossa dignidad
O FEDERt\USTA 109
pela nossa reputação -. de romper finalmente o encarno que nos tinha arrastad
para lnttgc da felicidade e da ventura,
É certo, corno j~ ficou observado, que murros fatos de tal evi<lérn;:1a. 4uc não
admitem comt,taç:ào. têm prcduzido uma csp;cjl;! til: m•. seruirnen Lo gemi à propo-
içâo absoluta de que existem defeitos essenciais na forma atual do nosso sistema
político: mas ~ utilidade dt.:'~Lt.: reccnhechncnrn, por pane dos antigos inimigos .da
Fi;tli.:raçào. ê destruída pela ll!n.acidridc da ~LJa oposição no único rcrnêdlo de que,
pelos princípios cm que se funda. ~~ pode esperar alguma probabilidade de
resultado.
Cunccde-s
da
níão,
Houve tempo crn que se 110s dizia que não era. de temer que o.~ Estados vies
sem a despreaar a. autoridade do corpo Icdcrativo: qu(; o senumento do interesse
ornurn regularia o procedimento õos diferentes membros e :1sscguraria em todo,
o caso a mais perfeita obediência às di:cisôe~ constítucíonaís da União.
Esta lfr1guagem nos parece hoje extravagante. e assim nos 1,á de parecer u
dia tudo quanto ho,je nos dizem as pessoas do mesmo partido. quando a cxperiên-
eia, que 6 o oráculo soberano <la sabedoria. nos tiver dadc novas Iiçôes, Serne-
lhante pretensão revela a mais profilnda ignorância ciaR causas que determinam o
procedimento dos homens e. de mais a mais. um esquecimento completo do
motivos que. na origem das causas, prcduzjrurn a necessidade do csiabcloci ruent
do poder civil.
Por que moLivo se estabeleceram os governos'! Porque as paixões dos 1i.,.
mcns não obedecem espontaneamente aos preceitos da raaâc e du justiça, E~ por
ventura demonstrado que a.s massas obrem com mais desinteresse e rctitliii(i do
que ,o~. i.ndiví<lúoS',~ Os observadores da marcha do espírite, humano estão persua
didos i.Jo contrário: e a sua opinião nesta pane ê fundado cm mui Ct)nv,ncente
ruzoes,
pessoas
'.UZ.inho.
;mándaram: porq IJ
desta naturcxa: e se alguém
orn a
ameaça cnir s
rui nas.
CAPfTULO XXXVII
iftcu~dade~ que a Convenção teve para orgamzar
um prnj~to satisfatôric]
n de
acil
rnnte nao p
orno r;:.
· "icis:::i
Por um lado, exiseo gênio republicano que não somente o poder emane
sempre do povo. mas que aqueles a quem u poder é confiado estejam sempre na
depcm.lcntia do povo. J3 pela e urra dul'aç:ào dos seus cargos e já pelo grande nú-
mero dos depositános do poder público; por outra parte. :l estabilidade e a ener-
gia do governo exigem .1 l)ro]ongaçào do poder e a suu execução por uma pessoa
somente,
ALé: que ponto n Convcnçâu foi feliz na resolução deste problema. ver se-.á
examinando com cuidado a sua obra; mas, pela rápidu vista de olhos que aLé aqui
Lemos lançado sobre o objeto, já se vi; quanto iu. ruela rcsoluçâo devia ter sido
dificultosa,
Que o estabelecimento dn linha do demarcação entre a autoridade do gover-
no geral .e: a dos governos especiais não c;r.rt menos uíficultoso, tacürncnec conhe-
cerão as pessoas acosturnadas a refletir e a considerar objetos de natureza
complicada.
faculdades do pensamento niio estão ainda :.ati~fttt1Jriamcnte definidas,
apesar de todos m: csforces da metafísica e da filo:-,.oíh; a sensação. a percepção.
n. vontade. o juízo, o desejo, n memória, a irnaginaçâo, todas estas faculdades
estão separadas urnas das outras por linhas de dcm:1_0·c:)ç6.o tão f1.1,üivas que Iacil
mtnro eséupltm li,:, m;J.is sutis indagações 1.: deixam à meditação e à oontrovérsi
largó · .. ·
is ainda, entre as suas
l-
manum •....•.
rias são tratadas com ruais aténçào e intdigênria do que cm qualqui;r outra parte
do mundo.
Aj1,iri:s.diçãoi dos seus diferentes tribunais gerais e locais. de direito. de eqüi-
dade. de. a lmirantado e outrns, ainda é origem de fn:.qüeatc.s e cornplieada ••
discussôes. que denotam suficientemente quanto são indeterminados- os limite
g m.· ~epara.rn a.!i -atdbui~cs Ja~ autoridade, congêneres.
Não há lei nova Que 11:ã<'! po.-.~i"! dar lugar m indecisôcs t.: equívocos at;.é que ,o
seu verdadeiro sentido tenha sido determinado por uma. longa sêríe dê discussôes
e apl icaçóes particn lares:: e isto por mais. preci~o::. que sejam os termos em que füi
onccbída e por m:iii~ madura que fosse a deliberaoãn tom q, 1e [:r)i organizada.
Atém da obscuridade resultatU,;; da complicaçiio dos objt::i..m;. e dia lmperfeí-
,.ri.o das faculdades humanas, hú ainda novos embm-açm'l priWcnicnlL-s do meio de
q ue o:, homens se servem para comunicar os.seus sernimenros recípmcos.
A:-1 rmbwrns servem para exprimir as l<iéia~ L'.. portante. ~ preciso que rüi.,o .: •
u:,_ idêku; sejam dlsriruas e cL)!l'l\S, mas que selam e-xprimida~ com palavras d·r.sti:11
tas e que lhes. sejam cxclusívnrnente apropriadas.
Ora, nem hã lintua Lâo rica que tlfereca um termo pum cada idéia abstrato.
nem tão correta que possa exprimir wd:n, as iJ!!iU!s sem ~t: servir de termo,"
cq Lti vuco~.
i\s.sim. qualquer que tenha sido~ cxatidâo com que um ubjcu.i foi disculkf
pode viril ser ::i dctínir;ào LIH!x:ato peln impç,rfi.:ê~ão dm~ termos e,1~ ~,uc se apresen-
Lr~: e muuo mais td111.fo quand,, ~e trmu de um nbJ1:m l!'otnplir:~t<lo I! novo. A!é
quando o TOIJO PODEROSO ..• ~ digna ,ã comunicar :w~ homens :~ suas voma
des, ficu a suu ~,-.r,rt:S: ,'ãa. ião clnrn e lumint-1~:1 cerne .Jc.::ve; ser, de i.:crlO modo equi-
voca e obscura .. por causa da melo ppr que chi.: ~m1 ;'H~ n~):..
Há .. portamo, rrês CHU!i~H, dii! incorreção: indccisàt) 11,Js objicb"'~. impcrteiçm,
·no:. 6rg,iio:i, un pí!ns;u1rumto. in<:ulid~nci.t no. linguugom, Cuda uma dcst,0.5 trê
eausas deve ,~r f11'rn.hu.i1.lo um certo i.tmu de obscurldadei e a Cnnvençâo, para
tst,1hclecer ti! [inhn de dc111nr<.":l4-!:i~, emrc t1}11ri!'ldiq5.t'J, r~dc.:ra.1 ~ u dos lL'<lt!tclos. deve
ter cxperi mcnmdo ti efeito de 11.11.Jas.
A.s ,,.Hfícu ld ades ai ê flqui apontadas acrc.':~cc:mo,ni,~ ugoru 1,1.i,; dl fcJ·cn1ce-.
pretensões dos grandes e Jos J">equcrms Est.:ido:-,,
Se supusermo» que os printclros hfü1 ,k nretcnder mi ft1rm.aç&,1 do govern
uma pnrte rm>norci,onad::i d ~un riquezn i: irnnortânciu. ao mesmo rernpe que os
segundos ndô hfü, r.k ser menos t~n:ut::s cl<..t~ direitos a perfoitu igualdade que
arn~lmcnlc ,r.h::sfrnlorn. nãe iremos long.é' d:1 verdade,
evcrnes impor que fle111hu111 c.h.:h.:;'i rcrã qucrrdn ceder: e que :i q~1cstãõ nii
pô1.k.: ser 1!!irmin~d't11 :<,cnii" por meio Ji.:o 11rrmsnçõL:"': é mesmo extremarneme prová-
vel tJU~. depor~ que '1 questão da n.i;pre~e111a1;àL1 l"ni concertada, novas de~:,.v~nças
nascc-arn entre :u, panes, u fim de darem ta! organit.açào ao t1..Jven10 e â dâstríh1J,-
çã.o dos J1t),i,.l-,res que se concedes;;;;~ precisnrneruc mals importâacie, nqueE(lós ramos
c1T1 que cada urna havin uh-ti,.h• rnaiur ,!ZJtHJ de ínílu~nda.
,r lá dh.11osiu11os n;1 Consrlturçúo por onde :,; e prova a rcafüfade destas suposi-
õcs ~ por onde s~ vc quantas v~1.C:, fot preciso ;l Convenção sacrificar príncípk,s
a esrrnnbas (:f\11;'\lc.ft:rnçõcs_ -
O FEDERA.1..lSTA 117
Ê im possí vcl que qu !! lg uer pessoa de piedade sincera refl ito nesta circuns
tância, ~e-111 parucipar da nosso adrniraçâo e sem reconhecer neste foto a mão do
TODO-PODEROSO, que tantas vezes assínalou a sua presença nos momentos
d.:t nol{s::1 revcluçâo,
Jâ vimos. cm um doa caouulos antecedentes. os inúld:,, ~srorço~ dcs Países
B!1ixos parn reformar vícios notórios da "IU:S Constlnriçâo: I! o histôrin de quas
t'l~
das as as~~mhl~iM dclihernntcs, t.:,;l1W()Ctid-t1r,, para rcun ir opln íi'iCb. npagar elu
e~. nâo :lfJl'L.:S<.!lfüL senão uma sêne de rrrrndc-;. de perndL,,
• pr'<'irria paro dur ,J mais rriste kli:1:J dt1 depravaçâo i: da fra_quL!l.,'1 dü
caráter humano.
~ po, aqui e por ali aluuns espctâculo-, nrnb lisonjr2íro~ ~!.! :tpn:sent.-im. tamo
1m11:.i ~enc;:ivl!J ~ o eontrnsrc: e i.c w examinam .:i.~ caus~~ deste pequeno numero d
•. n..::ci:s::iarkLmcnti; cendurldos ~1 duns ronclu'=iic.i; importantes: pri-
nvcnçiiu escapou por milagre il funcsu. inftui:-nc1~ do . :spirito dê
partido. 1 ii,, comum ;'1 l('.)Jrn; 111> corpos dclibi;mrr Lt.'.!t ,: qu.; ínfoli
vclrnentc o:-. ~urrorupc~ scgumfa. i1 ue ,l convicç;;h,i un nccessídade de sacrificar ao
~n, gcrn! lodosº" intcrc-:-;ci; t? opi11iõ(!., p.-rtic;ul.nrc:i-. ííbi111 como o th.:Sccngano de
que, novas demoras I! experiências nâo diminuiriam esta necessidade, foi a causa
que conciliem fin.rllmcnt,;: todos os deputados du Convenção,
e APíTuLo xxxix
[Conformddade do plano proposto eom os princípios republicanos.
reame de ums objecãol
(Por James Madi:son)
mais
governo
mas onde
naraula
herc
los. cão distantes uns dos outros como O:\! m<101c 1·op
pulavra república tem s,
xpressâo, recorrermo
tcmpórnr:io, a arbitri
E é da: essência que não uma só classe favorecida, mas que a maioria da
sociedade tenha parte em tat governo; porque de outro modo um corpo poderoso
de nobres, que exercitasse sobre o povo uma autoridade opressiva, ainda que
delegada, poderia reclamar paru si a honrosa denominação de- república.
É bas.lanJ.e, para que tal governo exista, que os administradores do poder
selam designados direta ou indiretamente pelo povo; mas sem esta condição, slne
qua non, qualquer governo popular que se organize nos Estados Unidos. embora
bem organizado e bem .administrado~ perderá infalivelmente tudo o caráter
republícuno.
Em diferentes Estados da União muitos dos fündonários do governo são
nomeados indiretamente só pelo povo; e na maior parte até o magistrado
M'LS:
210
eleição de presidente é anual: mas cm nenhum
upremo sejn acusado e julgado: L! em Delawar
idcnre é inviolável durarue ,o pen'odo inteiro d· a
magísrrmur •..
No plano da Convenção n presidente dos Es.(ados Unidos não, o é nunc
Quanto aos juízes, depende u duração dos seus empregos do seu honrad
omportamcnto, e não podia ser de· outra maneira: e, pelo que diz respeito ao
oflclais ministeriais, deve fazer-se um regulamento particular sobre a duração dos
seus cargos, conforme com a razão do ciso e· com as constiroições dos Estados.
Se alguma outra prova se. pudesse pedir ~o caráter republicano deste sisre-
ma. uma que bastaria por todas é ._-L absoluta proibição ti.,: títulos de nobreza,
tanto no geverno federativo como nos dos Estudos. e a expressa garantia das for
mas republicanas a cada um dos últimos.
'"l'vhi.s nâo basta ·•• dizem o~ advcrsanos. "que n Convcrt,çào proposta adira ã
forma. republicana: ~ preciso que conserve ainda ru formasjederatfras. que do ~G
únicas: que podem fo7.e1 da Unijío urna Cunfeaeru.ç-ào de Hstad()s soberanos: e
comudo o governo nacional que !\C propõe não pode ter outro d"c:,w que o de uma
verdadeira consolidação. E com que direito se Ih esta ousada inovuçâo?"
O caso qo1.: ~e tem feito dcllLa 11hjeç;o merece yue n examinemos com rnuitn
par ticul arl i.J ude.
8em querer agora examinar 11t~ que ponto u distinção é exata. t! necessário,
para julgar da força do argumento, responder prrmerro que ludo a três qucsuos.
I ."' qual é o verdadeiro caráter do governo proposto:
V' ate que pm1(,, estava a Con vençâo nu Lürin1d,, para propô-lo;
," utê onde a rullá d~ autoridade legul podia ser suprrda pelo inte-re!:>se qu
a Cenvençâo d1wi;1 tomar pelo bem da pátria,
Prtmetr», Para hem deterrrunar o& verdadeiros caracteres de um governo, ~
preciso considerá lo. não ~ em relação ao pnncípio sobre que lbi estabclecitk
mas relativamente it origem dn -.e,J poder. na 11,n L' i.:>:Li.:ns:in dc<~L !'k'l<l1:r ~· ii allli.,
ridudc por que podem ~l.!1 feitas 2s rnudança« ruturas na Min nrl!:mizaçio,
t.:1'\ 11!.
ma.
nta
·n~
vo dlr c
o urnn 1~:-11;511
minoria, corm
ívidunis ou n
ntaue de rodos
tribunal
leis da t.:on
inova·
Depois de ter exanunado a forma gerul do governo ptopost.c e .a. massa geral
de poder que lhe compete, segue-se o exame d:i sua urganizução particutar e da
distrihu iç,ilo1.'"l dess;.i massa d~ p~idt!r pelas di ferentes partes de que o diío g-ovc.rm.i $é
compõe.
Repreende-se ~ Constituiçâo proposta (j lnfruçâo do principio pclítlco que
exiae a sepa r:aç·ão e JísLim;:ào dos poderes Lcgi :s lativo, Execut ívc e Judiciário.
Estn prccauçâo, tãq,; csscnclat iL lil1-er,hvJ1.· - di.zcrn -. f,1i inteirumerne des-
pr,e:1 a d A 1u1 Mr;.aniza.çâo ;in r,1,vcrnõ fedem l. onde os diferentes poderes se acham
distrihL11dL11:. e conrunLlic.lu:~ com (,!'.li exclusão de toda idéiti. de ordem ê simetria que
rnuitns das suas partes csscntinis ficam c:.;pom1.~ a s,c:r l!i,.tnta.gad.a!li pelo peso
desproporcionado de t1lguma~ outras.
Ni,, J1~ verdade p,i,:ilitkH de maior v:Llrn intrínseco. ULL escorauu por melhores
u.lorid~di!.~, do que aque ia cm q ue estn ohj c."ÇÜ·o ~·e funda: ti uc umuluçâo d11J:i.
poclc1·c;i; Li.:!!,i~h1Llvn. E:x\':i: :uliv~) I! Judicrâno nm: mãos de um sô individuo. i,ndl.':
umu ~ c:orpomção, sojtL por efeito de (;Onqu.ista nu de ctciçâo, cu11:s1irn~ nccessa-
riamente ,L tirania.
Pon.:mm• .se ~~ Corn1Lfl ui1;ão pmpu,i:;u1 se p1)dC' fazer n objeção de acumular
a~,-:i m os poderes nu de o~. misi urar J..: rnaneiru r, ue possa vir ~- resultar esu
acumulu~:1o. ê: precls.• 1 rc,:jdn-'.H ~ ~cm mais exame: mas muito enganado 11;:,;t01J c.11
,~e dc:..(L' capítulo nâo resu] Lur prova cri rnpleta de q ue " acusaçüo ~ 81ilm [unida
mente, e de que o principio que lhe serve deo h:"l~<: f:Oi mal ~ffLi.!iFltH~,.,: aindu pier
,,.plieil~fo.
Examin~moi primeiro cm que sentido é essencial 5 liberdade n separaçâo
d\1S t1'ês puderes principais.
O orúc~.lo sempre consuliado ,;:. s~mpr;: cit.aicl() neata nHIL~ria é Monrtisquicy,
Se eh: não é autor do mes1imht!I preceito d!.:' que folnmn~. pelo menos, tbi ele
quem melhor o dcscnv('lh'eu 1.: quem o recorrH.'fü.kHJ ele uma maneira mc1is efeuva
à atenção lio :gêntro huma
Comecemos por determinar o ::.c.:utido que se Ih~ lig •.•.
A Con~tituiçâo i.ngle~n era p,am M~ntesquieu. !;> c.JLH: é Homem para m,h,,) os
escritores d.mdáfü:1,s ~onrc poesia ~pica.
Do mesmo rno<io qm:: o:,; poe1n1i::-; do cantor J'i"!. Tróia [êm sido para c.>s ülti
mo,;; o modelo por excelência, de onde devem partir rodos es prir.i:cipios ,e todas as
]- J
obra« do nesrno gênero devem :-:e,· julgadas, assim ri escritor francês unha cnca-
rado ,\ Constituição inglesa corno o verdadoirn tipo dn líb{:rtladl' política. e nos
deu, na forma c.k verdades dementares. os princípio, carac1<;ris.ticos deste sistéma
anlcular: portanto, para termos toda a cencz.a de nos não enganarmos no verda
dciro sentido do princípio que ele estabeleceu. vamos procurá-lo na própria. ori-
gern de onde ele o tirou.
O mais ligl~irn exame tla Conslituiçio inglesa nos deixará convencidos d
que u~ três poderes, Lcgislauvo. Fxccutivo e- Judiciário, se nâo acham nela imei-
ramentc distintos ç separados, /\ magistratura executiva forma parte r:t1:nstih1imc
do Poder Legislativo.
prerrog:uiva de f:17cr tratados pertence exclusivamente ao primeiro poder:
porque todos C'1:-. que- fizer. salvo pequenas cxccç6e5. ficam tendo Força de atos
lezislativos.
!OdO!-i O or ele
nstitu
corpo kJLisla-
rc.:i. 4u1: ~
suprema
te) mcsrnu tcrnp
ç,r nenhuma:
e pur sij
diferentes
diferentes governos dos Estados: porque sei muito bem que no meio dos excelen-
cs princípios, proclamados pelus constimiçôcs respectlvas. aparecem vestígios
manifestos da precipitação. e mais ainda da inexperiência com que foram organi-
zadas, Sei que muitas vezes o prmcipio fundamental que ::;e examina tem si
infringido por demasiada confusâo, e mesmo por verdadeira consoiidaçâo dos
poderes; e que nunca se fez disposição eficaz para que fosse mantido em prática
oder proclamado cm teoria. A minhn intcnçâo tem sido fazer ver que a acusa-
cão. foi La à Constituiçâo, de infringir um principio sagracki para todo govcrn
livre. não é fundada nem 110 verdadeiro sentido atribuído a este princípio por seu
autor. ne1L1 ,rnqudc que atê aqui se lhe tem dado na América. Em outra ocasião
tomaremos a falar sobre este importante assunto.
---
13 HAMil.L TON-MAD!SON-J AY
ainda f muito menos favoráve 1 àq uela s: mas, atém destas considerações. há ainda
outras duas não menos importantes. particularmente aplicá veis ao sistema federal
da América, o qual. por meio delas. se apresenta debaixo de um novo ponto de
vista cheio de imercssc.
Primeira. Num.~ repú blica simples. todo autoridade delegada pelo povo [;
ionfiada a um aovcrno único. ctrj~s usurpações são prevenidas pela divisão do
poderes: mas na república c.mnpiJst.1 i:l.i América. não somente a autoricadc dele-
iada pelu povo ee;tíi dividida em dois governos bem distintos, mas " porção de
poder confiada a cada um deles é ainda subdividida em frações muito distintas e
separadas. Daqui ck,hrad,i segurança para os direitos <lo povo, porque cada
gtn·1..:r110 diferente, retido por Lodo}; ns ourrns nos seus limites constitucionais. se
dele
rla se veriam
ndc11k d
,.k dúvida, Pdo
dos.
diíl
do povo ao~ seus constitulrues. Assim. :sl: pelo grau de libcrdudc ym: a lnglutcrrn
ainda hoje conserva. não ob:c,;tt111te a~ 'mas clcicôcs serenais. ~ apesar dos outro.
vícios da urganização do seu Parlamento. não pode pôr-se em dúvida que, rcstrin-
gindo-se a três. o período de sele anos e fazendo se ao mesmo tempo as outras
reformas. convenientes, a influencia do povo sobre os seus representantes cresce-
ia até tornar-se satisfatória: por muito mais forte ratão devemos pensar que a.,
eleicôes bienais com um sisrcrna íecfor~I não podem ser insuficientes para obter ii
dependência tão essencial em que a Cârn ara dos Representantes deve ficar dos
seus constituintes,
elei~ões na Irlanda foram •. llé estes últimos tempos reguladas pela únit.1
vontade tlu~ n.:b da Inglaterra. e quase se não renovavam senão por ucasião da
x:Jltnçiln de cada novo .sobcríl110. OtJ pur Ot:ài,iào de outro motivo igualmcmc
importante. O Parlamento que começou com Jorge IJ continuou tllurrmte; todo o
u reinado. oue se estentli.:u a coisa de trinta e cinco anos. A única dcpcndencia
ue este tinhu d;,:
do alnum :'.3
vas aos seus habitantes: I.'. exigiriam, por can:-.cq(iêm:ia. que os escravos fossem
por inteiro admitidos nu censo, i1 sernclhunçn do que acontece com ar;1.11el1.:s habl
tantos c1 quem os outros Es1.1Jo.s não concedem todos os direitos de cidudâo. N~(·
obstante isto. nãn é a observannia rigorosa do princípio tJU'-' favorece o t,J_LLC de:,;
exigem: tudo ü q ue pedem é nus seus adversários ~i mesma moderação. Se:j~1m os
esernvos c,nlsi<.lcruJo~ s .•.,b um ponto UI.'. ,·isLa particular: e cdotando Sl" o 1;xpe
díente proposto pela C' onvencâ». que os conxidera corno pessoas. mas colocadas
pela servidão abaixo da classe de cidadâns uvrcs, fiquem os escravos privados
dos três quintes dos seus direitos J."' humunidudc, i:i
•.1.111 p,1~11-r t'fl!cfl\1,,,- ~~,e r1u:1t'.rnf.1, e ,·,n :Jli.!r.il lúJu t"lite tupüulil, i! JlfC'C l'oil h:r r,ri:~~·nc( :a ~b11~11ln J.'1 .:!11
,L-.;.i" ~ • lk, .u L>}J.1~ 1 ," d.1 C"<111',l1luti,,1,1, 4~c: d1l. :ll~1111;
"f,'i~ru ~.: .1 ,, l!Ú1111,·1t> Ji. ri:rm.~l'.11i.i111,:-,. ~- U Ç.j llll-nrhJ.iút• ÚO\ lnhUJ<1, 1frr~!tl"i ili' c:11J1.1 f-.qm,11' ~"2,L111J.lc• u numc
r11 111•~ l1111,1t;111IL''. tf~t· ~a: ddi:rnun:m:i 1,J11numd,1 ,1-;; til'\. lt11incm. ,h,1, 1·~cr11vo" n1• m.u11~.• ., \lm, pi.:.,'iltih livre
mcluindo ü-.,,h,i1~-1úu~ a -.~r\it,) 1em1111r1ín'-', tllCnl•\ o~ indiv" n~ 1:1:1:.1d11~. r.•. c..i um1mJ."raçáo si:ró feit11 11nl~·~
1 l!rmn d,: tres !lílíl':, a ~on!i,t J:1 prim~'ll",'I ~1":i:;,cfnhlt<lll Llv C't111gn;~M), i,õ Ui(i Jll1í cJiJntC cfC' tfa7 f.'111 dez !lílllli,
p,:'ln 11iam.:1rn r,,r ~I"" ,,.,. t.1e1c-r,11111a11lc> pt•r ll:'i'. l l','. do 1 .J
O FEOERAtlST A E4J
de quc :
L44 H A MILTON-MAD ISON-J A
segura ao
povo repr
O FEDERAUST 145
Sob outro ponto de vista, são ainda mais graves os prejuízos de um governo
instável. A Iaha de confiança no corpo legislativo não pode senão desanimar
todas as empresas úteis, cujo resultado depende da estabilidade das leis existen-
rcs. Qual será o comereiame sensato que vai arriscar n sua fortuna num ramo de
omêrcio, quando souber que os planos que adotou podem ser contrários à lei,
antes de terem execução'? Que fabricante ou fazendeiru irá expor os seus fundo
ou comprometer g seu trabalho para-fazer algum estabelecimento ou melhorar
algum gênero de indústria sem ter a certeza de que os seus primeiros esforços ou
sacrifícios não hão de ~r vitima da inconstância do governo? Numa pulavra, não
há rnelhornmcato ~ empresa que possam ir para a frenlc com um governo sem
prtncípios constantes e permanentes.
O mais deplorável efeito da inconstância do governo é. porém. a perda do,
respeito e da afeição do povo para um sistem« político que mostra tanta fraqueza
e engana tantas esperanças. Nenhum governo merece respeito sem que mereça ser
respeitado, ê não é p<)J:i,-;Ív~1 merecê-lo sem um certo graui d.., ordem e d
constáncia,
CAPÍTULO LXIII
[Continuação do mesmo assunto]
Uma nova consideração. que fa1 sentir a necessidade do Senado, é que sem
sentirneruo do caráter nacional, Sem um el
rpo
1 tivesse
governo para com o povo. Talvez alguém julgue isso um paradoxo; mas a expli-
um teorema tão incontestável corno digno
1i m d
p
O FEDERALISTA
nía das suas próprias paixões. pelo emprego de um tão poderoso recurso! Se
assim fosse. não se estaria hoje repreendendo a liberdade popular o ter feito beber
a cicuta aos mesmos, cidadãos a quem elevou estátuas no outro dja,
Talvez se diga que um povo. espalhado numa vasta região. não pode, como
os numerosos habitantes de um pequeno distrito, ser infectado de violentas pai-
'.Ões e coalízar-se para ti execução de projetos injustos, Bem longe de querer pôr
em dúvida a importância desta distinçâc. jà num dos capitules antecedentes. fii.
ver que esta precisamente ~ urna das mais irnoortames vantagens do sistema fede-
rativo; mas esta importante vantagem não dispensa u emprego de outras cautelas.
Se a extensão da América defende l'l.i.; seus habitun~es dos perigos a que se acha
expostas a:'> pequenas repúblicas. expõe-nos. por outra parte. ã longa influência
daquelas insinuações pérfidas que os arlificios concertados d.05 Intrigantes podem
espalhar pd<, meio deles.
1:50
ciar-lhe o valor: observei, contudo, que a ignorância das antigas re-públicas, ares-
peito do sistema representativo, nâ<~ era cão grande corno geralmente se pensa; e.
para prová-lo. basta apontar um pequeno número de fatos.
Nas mais puras demucr~cim; da Grécia. muitas dias funções executivas eram
desempenhadas, não pelo povo. mas por magistradcs da sua escolha, que o repre-
sentavam no exercício do Poder Exeeutivo.
Antes da reforma de Sólon. era Atenas governada por nove arcontes,
nomeados anualmente pelo povo: o grau de poder que lhes competia perde-se na.
noite dos. tempos. Depois desta época, acha-se uma assembléia composta, primei-
ro, de quatrcccntos e depois de seiscentos membros, eleitos anualmente peto
povo, que o representavam parcialmente no cxcr.:;Í.;;io do Poder Lt!gülaliFo; por-
que não só faziam as leis conjuntamente com o povo. mas atê tinhum o direito
exclusivo de as propor. O Senado de Cartago, fosse qual fosse a extensão do seu:
Poder e a duraçâo das suas funções. e certo que era eleito pelo povo: e todos ou
quase todo.~ os governos populares da Antiguidade rHJS oferecem circcnsrâncía
da mesma natureza.
::-m E$putw havia êforos: em Roma havia tribunos: corpos na realidade
s. mas eteüos todos os anos pr'!!ç totalidade do povo, e desrinad
a representá-lo no exercício de um poder que quase não reconhecia limites.
s, porém,
152 AMlL"tON-MADISON-JAY
constantemente fazendo: e que não pode perocr, par um momento que seja, t
apoio do rei. sem ficar no mesmo momento esmagado pelos Comuns,
Os exemplos da Antiguidade confirmam esta opinião. Em Espartá. todo o
mundo sabe por que guisa os representantes anuais do povo. ou os êforos. contra-
balançaram o poder do Senado vitalício, usurparam succssivarnenre a sua autori-
dade: e acabaram por concentrar nas suas mãos Lodos os poderes. Os tribunos
romanos, que-tarnbêm eram representantes do povo, levaram quase sempre vanta-
gem nas suas desavenças com o Senado vitalicic e por Ílm de comas acabaram
por rri un t"il r dele; fato ta nto mujs digno de ponderação quanto, aínca depois de o
número dos tribunos ter sido elevado a dez. nenhum dos seus atos podia ter segua
mente sem a condiçâu indispeasàvet de absoluta unanimkl3-die de lodo o corpo
tribunicío. l'âo irn.:ststh•el força h f, de ter sempre cm tmJo país livre u membro do
governo que tiver ó povo da sua parte 1 A todos estes exemplos pode acrescentar-
$C- 11 de Cartago, cujo Scrludo. segundo o testemunho de Poííbie, bem longl' d
poder rnv:1d1r todos os poderes, já pelos princípios da Segunda Guerra Púnica
a petJiuu quuse toda a autoridade que de princípio tivera.
~lc:;i. foto.s nos demonstrum que não e possíve: que o Senado do Uniüu
venha l'I mrn~forrnar-s.e em corpo independente e aristocrático: entretanto, se, por
c.:111~;.1:, que il prudência humana nâo pode prever, r.;stL1 revotução vier um di
IU!Z,ar. J C amara dos keprescnrantes, cora lndü ~ pt'v~, <,h1 suu parte, de
u tempo ter ba::a.amc forçn paro ri.:sliluir a Constitulçâo ~los principio
nem mesmo o Scm,dc, p,1tlcr/1 de-tender a sua nL1toridntlc lego) comra
reseruantcs lmcl.li,H1Js do povo, senão por meio de uma f''1lit1ca Lào !h.1strn...i~ e
te um tal Leio pelo b~m público, que lhe faça LC.:I!' parte na nJciçãu t! ~immuias uo
povo. naturalmente tcnidcntes parn o~ primeiros,
CAPÍTULO LXVII
[Da autoridade do presidente. ArtiJfoiu com que se pretende
inimizar ai opinião pública com este artigo da Constituição J
(Por A lexandor Hamllloe)
de'? Citarei para exemplo a temeridade com que se censurou um poder concedid
ao presidente dos Estados Unidos, o qual. pelo próprio texto da Co11F:tituiçào, é
evideneementc confiado à autoridade executiva de cada E'lLado particular. Falo
o poder de preencher as vagas que acidental mente possam vir a ter lugar no
Senado.
Um escritor estimado no seu partido. qualquer que seja o seu merecíment
obre a credulidade dos seus concidadâos: e deste
mal fundadas.
forem
pC'S$0~LS.
arccendo-lhcs que o v.gor 1.: uuulidane essencial :10 primeiro, qm . • erar
segurá-la deixnndo-o nas rn:ius de mn ,ó; mas cnrendernm que !I autoridade legls-
lal iva não poderia vigiar convcnienrerneme os. interesses do povo e conciliar se a
sua confi ança sem prudenre discussão e deliberação refletida. Que ,'l energía '
O FEDERALISTA
ouvir
1
TI certo que C!1il mnln,, IN i,:~w..r~~ .,iecu\-ih11 111 t~. v 1.h: ."l,lrn Yr,11. 5u tcrn d,;d1·1d.id:
p.ar.a v un 1,;(1 fim J.a; 11o111c!!i;~n dos tmprcgos; Jçr.~e}' -ç1'3dt o ir0vi:mridor oomul1.ti lo. m:"I, nàQ ~
,'1rl !a!rlili.l 11 ,~gu1r :,~ suns Licci~.:i;.. 1 N, do r.)
158 Mil. TON-MADISON-IAY
causas devem
isto se verifica
1 .J ;r
ua tendân
. .•
" ª'
is nor tudo quanto a
J.60 HAMILTON-MADTSON-JAY
ilté dnze
odn de n, ,_
reia-
r que,
162 HAM[L TON-MADISON-J
·, particulurmcnte essen
Liluiçào que limita ,
ibunai
J
tivo: porque ~e pensa q1,1C! de semelham
rodcr Judicrário sobre a l'egislatuni. vis
nulos os atos de outrn sem que Ilhe seja neccss
nina e: ue grande importância em todas as constituiçôe •.•.• n
. o;cr'
forn de propôslto discutlr us prtnciplos ern que se ronda.
Todo ato de uma amoridade delegada, co11Lr.l1io aos termos da. comlssão. ·
nulo. Hst.ci principio ~ iml\lbilitvel: e. ponanto, lodo mo do corpo legislativo, con-
trário à Consuruíção. não pode- ter validade. Negar isto seria o mesmo que díze
que o delegado é superior ao constituinte. o criado no amo. os repl'cscman:t.cs do
O ffil)ERALISTA 1,6:]
l64 HAMlLTON-MAD]SON-J A
c1 r aos j uíze
uc a indepen-
das; funções do juiz depende do seu bom procedimento; e que, bem longe de ser
censurável a este respeito. indesculpavelmente vicioso teria sído o seu plano. ser
esta instituiçâo, essencial ~L todo bom governo. O exemplo da Inglaterra é muito
boa prova do quanto ela tem de excelente.
CAPÍTULO LXXXIV
lObj~ções mistas]
enho
oas contestes, ou
111·7
hâ
de
170 llAMlLTON-M,AD[SON-JAY
não há ncccssi-
V 1&_·L.:..LJ'.L:.-.l'..ttJ... Q.l!'t. 1"11
de Nova York? De observação pessoal não podem esperar coisa alguma; porque
essa só pode ser feita pelos habitantes dos lugares cm que a legislatura reside. Em
conseqüência disto, não tem outro rernêdio senão fiar-se nas informaçóes de ho-
mens inteligentes cm que confiem; mas como hão de estes últimos obter a.~ sua
informações? Examinando as medidas do governo, por meio da imprensa; corres-
pondendo-se com os seus representantes ou com outras pessoas residentes: no
lugar das deliberaçôes. Todos estes. meios de informar-se do procedimento dos
seus representantes na legislatura nacional terá o povo à sua disposição; e. quan-
to à tardança das comunicações ocasionada pela dlstâocía. essa será contraba-
lançada pela vigilância dos governos dos Estados. Os depo-sit~rius dos poderes
Executivo e Legisl3tivo em cada Estado serão outras; tantas: sen rinelas postas às
pessoas empregadas aos diferentes ramos da administração nacional; 1;; como ele,
devem ter sempre entre si correspondência regular e detiva, ~,à.o podem Ler falta
de rneKJs de se informar do ccmoortarncnte dos represemanjes e de o fazer F:~ber
ao povo. A única riv~1lid:1de de poder é quanto basta para os dispor a informar â
nação de tudo quanto o governo federal puder fazer de contrário aos seus interes-
ses; e é bem de crer que. por este- meio, o povo lift de ter mais exa tu conhecimento
<lo comportamento dos seus representantes no _gnvcrn~) nacional que do dos mem
bros d:1 legisluturu do seu próprio ~i>lado.
cvirta-sc. alem disto, que os habitantes da residência do governo e suas
imcdiaçucs devem ter tanto interesse nas questões relativas ~"t liber&lc:fe- ~ prospcri-
dade geral como o~ dos mai5 apartados: e que por isso mesmo não si.; devei
achar menos prontos que os primeiros :, dar rebate 110s outros, e a chamar
indiunação pübJica sobre us autores de qualquer proJ~to pernicioso. Por outro
• a., lê'llhmi públicas Ievarílo us notícias á toda pnrtc com toda :i. pronudào que
ror possível.
1:n rtc \'Úria.
exrruo rdinária de
ração rctatlva às
como também concordam em q uc o governo nacional deve ser investido de novos.
(,; mais extensos poderes. que, por não poderem ser confíados a um corpo único,
xigern uma: nova aíganizaçào dó governo federal Isto posto. é preciso abando-
nar de 'Lodo a questão da despesa, porque sem comprometer a segurança pública.
não se pode diminuir a extensão das bases do novo· sistema, A.s. duas câmaras não
d evem constar por ora senao -d e sessenta e crnco
'· mern b FOs, numero
' .. el
que nao
superior ao dos membros do Congresso atual. É certo que: este número há de ser
progressivamente aumentado; mas este aumento há de ir Lendo lugar na mesma
razão do aumento de população e de riqueza do país. É supérfluo advertir que,
ainda mesmo agora, seria insuficiente menor número de deputados; é que, quando
com O tempo tiver crescído a ropul::1çio,. 0 mesmo nómcro representará incom-
pletamente o povo.
E de onde pode provir este aumento de despesa que se receia? Diz-se que da
multídão de empregados que deve. exisfü adotando-se o novo governo. Veiamo
dadcs qu
:n-
- les
ias poliúcas. os
q
·,n primeiro
migo-s da
qu
que
76 HAMILTON-MAD lSON-J AY
•" .Ili: Addres« lo tlrf• Poop!e of thc Sta/J! o/Nr;11< Ynr«, (N, (]~ PublmK,)
O riEDERALIST A 111
pode consumar pelas únicas forças: do raciocínio (l da reflexão. É preciso. para o
conseguir. a reunião de muitos juízes; é preciso que a experiência dirija os. seus
trabalhos - que o tempo aperfeiçoe a sua experiência; e os enganos inevitáveis
1.;m Lodos os primeiros ensaios não podem ser corrigidos senão pelo sentimento
dos inconvenientes que deles devem seguir-se, ,. Estas judiciosas reflexões contêm
uma lição de rnoderaçâo a lodos os amigos sinceros da União para que se acaute
lem do perigo, tanto de recear. de chamara anarquia • .a guerra civil. a discórdia
perpétua entre os Estados e talvez o despotismo militar de algum demagogo viro-
rioso, nas diligências que fizerem para obter por meios pouco apropriados o que
mais facilmente devem esporar do tempo e mi experiência. Se falo, porém, desta
pessoas com tanta moderação. confesso que não posso tratar com .igual U'anqfü-
lidadc aqueles que afetam trator de imaginários os perigos de continuarmos mais
empo na situação em que nos achamos: será em mim falta de: longanimidad
potluca; mas não está na minha mão fazer outra coisa, Urna nação sem govern
nacional é. um espetáculo assustador; e o estabelecimento de uma Constituição
cm tempo de prorunca paz. pelo consentimento voluntário de um povo inteiro. é
um prodígio, por cujo eomplcmento ~u nãc posso esperar sem ansiedade. Em tão
árdua empresa nâo posso concilittr com as regras du prudência que vamos abrir
mão do que jâ ternos cm sete dos treze Estados. p.ara recomeçar uma carreira, de
que j!i andamos mais de metade: é temo tanto mai8 a$ conseqüências de nova
renrarivas quanto sei muito bem que poderosas personagens neste e em outro
Estados se têm declarado inimigtts de todo e qualquer governo nacíonal, qualouer
que .seja. a orgarrizaçâo que se lhe de.
TOCQUEVILLE
VIDA OBRA
A Dcmocraci.3 na Ami.•fica, Tocqueville cfinna que os. homens
o lijvro
alimentam uma "paixão msaciàvel, ardente. eterna. invendvef" pela iguaJda
de, e que a sociedade evolui necern~riamente no sentido do igu,.llililrismo,
ameaçando a liberdade individuê'I. O autor vlu na dvilizctt;ão americana
uma forte tendência para a unlformizaçâo e uma difiçuld;id1;1 muito gl'"çinde
no sentido de tolerar pessoas ou gru pos que qu ísesscrn pensar ou viver como
lhes eprouvesse,
Deputado n,J Assembleia Nacional, em 18481 Tocqucvllre colaborou na
redaçõo da Constitinção da Segunda República Francesa, Durame quatro
meses. cm 1849. foi ministro das RPl~çõ@, Fderiores do governo cie Lu,s Na-
poleão (1808-18731 I ncompatibillzadc com o diefe de Estado, retirou-se deli-
nítivamente da vida política, recolhendo-se a suas propriedades. onde f ale-
ceu cm 1859. Nos Oltirno!í. anos de vid.,c1, termino~, O Aniieo R~ime e él Rr:va-
lu~ão, pubHcado em 1656, e Lembr.mça~ de 1848, publrcado em 1893. A pri-
eira dessas obras trata da cent.ralil:.ação monêrqulca e da decadência ria
aristocracla, Tocqueville acredita q1,.n; {I centrellzaçâo conduz ao mesmo r
sultado que o nive!amento democrático. o isolamento de indivíduos unifor-
mes. incapazes d,p, sP oporem ao despotlsmo. A~ Lõm branças tratam d'i1 Rn
veluçâo de 1848 e de sua experiência posterlor corno membro do governo
Cronologja
Dentre as coisas novas que. duraute minha estada nos Estados Unidos.
chamarem-me a e1Je11ção. nentuana impressionou-me úio intensamente quanto a
igllaidade de condições. Descobri. sem dificuldadas, a in./luência prodigiosa exer-
cida por este fawr na marcha da sociedade: da ao espírtlo fll'Jblico certa. direção:
às leis, um ar especlal: aos govcrnante«, 1101ros prittcipios, t' aos ga vemados, l1ábi-
tos parttcuiares. ( ... -
Desse moda, à medida que estudava a sociedade americana, ,,
mais, na i.gua/dad11 de con<J.i~es o fato originárin de qne cada aspecto parecia
provl« e reencontrava-o, incessamememe, como o pomo central a que rheg.a,,am
todas as minhas observaeões.
enaon
li
Desde que w, trabalhos da inteligênci« se tomaramfontes deforça e riqueza,
teve-se que considerar cadu desenvolvimento da ciência, cada ri.ovo eonhecimento
ou idéia nova, corno gerou? de- poder posto ao alcance do p011cJ·. A poesia, a
eloqüência, a memória, as graças do espírito, os ardores da imaginação, a pr,Q{l.m-
didade do pensamento, todos esses dons que o céu repartiu (w acaso, têm sido
proveitosos à democracia. Suas conqutsta» estenderem-se, portanto. com àS da
dvilir:açâo e da cultura, a litcrauuu tornou-se arsenal aberto a rodos, em que
fracos é os pobres vieram, todos os dias. buscar armas. ( _ . _)
Se, a partir do século XI, e xaminamos o que se passa na França a cada cm-
qiir:nta anos. ao fim d,• cada um de.~~,)-~ periodos será fiu:ii perceber que um.
dupla revotucõa se operou 1w :•f;/tJdo der saciedade. O ttnbre tt..•rá ha:Lnuln na esca-
la social, t• o plebeu, subido; utn desce, o uu11;u ascende Cuda meio século ()S
aproxima r:, breve. tocar-se-ão
isso udo ~ peculiar ã Fiança. D,• qualquer lado que observemos, notamas a
mesma revoluçâo que prossegue ~m todo o universo cristiio, Em toda parle viu-se
os diversos t"m:idenres da viua do~· povos tornarem-se proveuosos à democrocia;
todos os homens ajudaram vss« processo com seus esforços: tant» os que preten
diam colaborar como os que nPm sonhavam em servi-lo; tanto 08 que· combate-
rani em seu favor como os qu(! ~e declararam mimlgo«; rodos foram impelido.•.
onfusamente, na mesma via e todos trabalharam em comum, 1ms contra a vontu-
de, outros seru sabê-l», cegos instrumentos das mãos de Deus. ( ... )·
1Và<J Irá povo na Europa em que a grande revolução &Ocial a que.fiz alusãô
terrhafei!a progressos mais ró-pfdas do que entre nós; 11-uJ'S a revolução. neste p · '
desen volveu-se sempre ao acaso. Nunca os chefes de Estado pensaram em prt-p11.-
, em seu favor: /a-s..: opesar deles ou sem
mais poderosas, mais i11ralig<1,1tes é mais
da uaçdo nao buscara.rr1 apoderar-se dessa revoluçdo para dirigi~la. A
emocracio foi. portamo, obcndonad« o seus instl11tos $C/vug,ms: cresceu com
essa« crianças privad«: dos cuidados patemos, que se crtam
'düd~s. qtw s6 CQ1iheccm da sociedade o~· v(clc,,)· e as mlsérias. Parecia-
inaa, a eslstênet« tia revotução, qu,mdo apoderou-se, i,ropil,udamellfe, do podf:r.
Então, cada qual se submeu.:u serl'llme,1/e a seus mfnimos desejos; adoraranNia
coma lmag1:m da força: quando, depois, en.ftaquece.JJ. por culpa de seus próprto
cessas. os legfsladores conceberam u projeto lmprudenie ti.e destmf-la, ao lrwés
de buscar ütstruí-la a corri!Ji la t'; sl.'m p<Msur cm enstnâ-l« a governar, sd qw'sa·
ram expulsá-la do govemo.
O resullado Jot' qu« a revotuçdo democrúlica operou-se no pkuu: maietia! da
·nctc.dade. sen: que houvesse, nas leis. nas idéias, nos hltbilôs e costumes, a
mudcmça que leria sido necessária para tomá-Ia ríttl. Assim, remos a democracta,
o que deve atenuar seus victas I! re~Jçur-lh'! as 11a.1uage,,s namrafs; já
u.Jo os- motes que provoca. ignoramos os bens que pode proporeionar.
A VIDA
-
POLITICA
---
RIM:t:IRA PAR1 E
braços da
ma
eu clhnr. obscu-
p
192 TOCQUEVILLE
exercida. pelo ponto de partida, sobre o futuro dos Estados. Suficientemente pró-
ximos da época cm que as sociedades americanas foram fundadas para conhecer
em minúcias seus elementos, e- suficientemente longe desse momento para pode,
julgar o que esses germes já produziram, os homens de nossos dias parecem estar
destinados. a ver, mais longe do que seus predecessores. os eventos da burnani-
dade.( ... )
Os emigrantes que vieram, em diferentes períodos, ocupar o rerrnórío da
Uniáo americana diferiam uns dos outr
acima d
nhum
... )
Foi uu.::,. t;ULVUla:; ITI!!ICSni.: rfl, nnrtí'! n-'IJll<C ,,"nlt,,,.;,r .•. ,.. .•. , .....•. ,, __ ...I~. Estados
ue hoje
doutrina
m
virtude deste COntTJ.(O,
rnagisrredos, segundo as necessidades, aos quais prcmeiemes submissão e
obediêrtcia". Já não é uma pequena tropa d,; aventureiros buscando fortuna além
dos mares: 6 a semente de um grande povo que Deus vem plantar. com suas pró-
prias mãos. mi terra predestinada.
Isso se passou em 1620. A partir desta data, n emigrução niio parou mais.
:s paixões religiosas e polJ1mcas que dividiram o Império Britânico durante todo
o reino-de Carlos 1 impeliram, cada ano, às costas do América. novas levas de
sectários. Na Inglaterra. o núdoo do puritanismo continuava a situar-se nos elas-
ses médias; foi do seio dessas ctasses que saiu a rnaloría dos emigrantes. A popu-
lação da Nova Inglaterra crescia rapidamente, e., enquanto a hierarquia classifi-
cava ainda despodcamemc os homens. na mãe-pátria, a colônia apresentuva, cada
vez mais, o espetáculo novo de uma sociedade homogênea em todas os Slh:-L.S par-
tes. A democracia. tal como Q própria Actüsuid~de não ousara sonhar, ~rr1crgiu
grande e sufictcruernerue armada. do seio da velha sociedade feudal. (.
Por isso mesmo.é Jreqíientementc difícil, percorrendo-se os primeiros monu-
mentos históricas e legislativas da Nova Inglatcrrn, perceber o liame que atava os
e:m-igr~,u~s ao país de SéU:; ancestrais. Vé se. ~ cada momento. que fazem ata de
soberania; nomeiam magi!;tra.dos, fazem a paz e a guerra. estabelecem regula-
mentos de polícia, outorgam-se leis. como s~ nâc dependessem senão de Deus.
(. ...
··raii,;; sobre que r ,..
principi
pnncípíos, desconhecidos nas nações européias .• oµ por elas desprezados. foram
proclamados nos desertos cfo Novo Mundn e tomaram-se o .c,frnbolo futuro de um
grande povo. As teorias mais audaciosas do espírito humano foram postas en
prática nessa: sociedade, tão humilde em aparêacla. de que nenhum estadista teria
então se diHm1do o. ocupar-se: abandonuda à! origínatldade de sua narureza, a
imaglnação do homem improvisou flli Lima legislação sem precedentes. ( ... }
Já disse bastante parra revelar o caráter da civilizaçáo anglo americana, E. o
produto ( e este ponto, de pa:rlida deve estar ·a coei o momento presente 110 pensa-
mento) de dois elementos perfeitamente distimos, que. em outras ocasiões.
xrmbarem.se Ircqüeruemente, mas' que, na Amêrica, conseguiram se incorporar,
de algum modo, um ao outro. combinando-os. admiravelmeate. Penso no espirita
de rellgiiio e no àspirito de liberdoâe.
Os fundadores da Nova Inglaterra eram ao mesmo tempo ardentes sectários e
inovadores exultados, Presos aos Liames mais estreitos de certas crenças religio
..,~1s. eram livres Jc: qualquer preconceito político. Dai duas tendências diversas.
. cujos traços encontramos facilmente e sempre nas leis e cos-
ua
2 - A situa
' - -
imd:<J mP01":)"; •le influências iruelect U~lS. Ú vO'.'iJ ha 'ar certos
uornes corno emblemas de luzes ~ virtudes, A
sobre cs::.1.: pJ.,O poder que haveria razão de eh
podido transmitrr se de rmi rm.r.: f lho.
IJmf-
DEMC CRAClA NA AMÉRICA 7
cerca de nossos
aínda por fazcr.
obs1ácu !-..,.
nhecível; as familias dos grandes pronnetârios de terras foram rodas, ou quase
todas. absorvidas no seio da massa comum. Os filhos desses opulentos cidadãe •.
são hoje comerciantes, advogados. médicos. A maioria caiu ua obscuridade mais
profunda. O último traço das hierarquías e distinções hereditárias foi destruído; a
le_f nivelou todo mundo. ( .•. ·
ão foram somente as fortunas que se igualaram na A rnêrica; a igualdade
estende-se, aeê certo ponto, às próprias Intcligêncías.
Não creio que haja país no mundo em que: proporcionalmcme à população
; encontrem tão poucos ignorantes e menos sábios do que na América, A instru-
ção primária está ao alcance de todos: a educação superior não cst.á ao alcance
de guas.~ ninguém. Isso é facilmente compreensível e, de certa formi,l, é o resul-
tado do que dissemos acima. ( ...
a Arnêrica há poucos ricos; quase todos os americanos precisam, portan-
to, exercer uma proãssão. Ora. toda profissão exige aprendizado. Os american
só podem, portanto, dar os primeiros anos da vida ao culuvo geral da intelí-
ência: com quinze anos. entram para uma carreira: assim, sua educação acaba,
freqüentemente .. na época cm que começa a nossa. Se prossegue. dirige-se apen
a urna matêría especial e lucrativa; estuda-se uma ciência como se exerce uma
profissão: retêm-se dela as aplicações de utitídadc atual reconhecida,
a América • .i maior parte dos ricos começou pobre; q uase Lodos os ocioso
foram. na juventude, gente ocupada; resulta que, quando se podia ter gosto para
s estudos, niio ~i.: tem o tempo; quando SI.! adquiriu o tempo para dedicar-lhes,
não selem mais
os praze-
O rico, ao contrário. consegue, sempre, escapar ã prisão. ( .. , ) Pode-se dizer
que, para ele. todas as penas infligidas pL!.!a lei reduzem-se a multas. Haveria algo
mais aristocrático do que tal lcgislaçâo?
J - A soberania popular
no
~(I 1,uír.:.í~it1 rrnrvcrsal, N.:J.gu.!!I<! ~() p0clcci \'Oi:M a~ 11er1tc::,. tk bem, b10 6.
ri11m lnscritos 11.h füt::i" cl1.:bor::u~ >Pmt!ntt: o.:; QIJC- f:lª!t:'I~-
TOCQUEVILL •..
4 democracla .:.idmini~trntrva ( • 5)
iga-
r ela.
ivn
Certos interesses são comuns a todas as panes da nação, raiscorno a forma-
ção das leis gerais ,e a. relação do povo com 9.s estrangt.:fros. Outros interesses sâo
especifícos ele cenas partes da naçâo. tais como. por exemplo, as empresas
comunais.
Concentrar num mesmo lugar. ou numa só mão, Q poder de dirígir os pri-
meiros é fundar o q uc chamarei de cen tralizaçâo governarnen tal.
Concentrar, da mesma maneira, o poder de d[rigir os últimos é fundar o que
chamarei de centralização administrativa.
Compl'tt:nd~se que a cenrralizaçãn governamental adquira imensa forya
quando se combina com a centralização administratíva. Desta maneira. habitua
os homens a fazer abstração completa e: eonunun de suas vontades; n obedee •. ,.
não só um a vez e em um só aspecto. mas em tudo, todos os dias. Não somente os
doma, neste caso. pela força, mas também domma-os pelo hâblto; isola-os e, em
seguida. apodera -se de um por um n11 massa comum. Estas duas espécies de
centralização socorrem-se mutuamente e atraem-se tuna à outra; mas nã,
crer que sejam inscpar.'J
amo a mim. n5. muito
lt!gi~la cm ca
cn 1e em toda
parte nos Estados Unidos. É ubjeto de solicitude, desde o povoado ã União Iruei-
ra. O hábito aferra-se a cada um dos interesses do pais como se fossem intrusos
pe5soau;. Glorifica-se com a glória da nação; nos sucessos que obtém {) país,
pensa reconhecer sua obra pessoal, e com isso se exalta; alegra se com a prospcrí
dade geral. de que tira proveito. Tem. pela pátria, sentimento análogo ao que o
liga à família, e é ainda por uma espécie de egoísmo que se interessai pelo Estado.
(_ .. )
uma aristocraeía, sempre se tem certeza de manter alguma ordem no seio
da liberdade. "fendo os governantes muito a perder, a ordem ê-lhes de grande inte-
ressc .. Pode-se dizer. ígualmeutc, que numa aristocracia o povo está ao abrigo dos
excessos do despotismo, pois sempre 5c encontram forças prontas a resistir a,
déspota.
Uma democracia sem instiuuçôes nrovincíais não tem nenhuma garantia
con tra tais. males.
mo fazer suportar a liberdade nas grandes coisas n uma multidão que não
a
nprcndcu .a servir-se dela nus pequenas? Como rcslstlr tirania em um pais onde
1~ indivíduo é fraco, e os cidadãos não esiâo unidos por nenhum interesse
comum? Os que temem a lírenciosidade. como os que reoeiarn o poder absoturo,
de •.rem. portanto, desejar igualmc11Lé u dcscnvolvirneruo eradual das Iiberdad
vencido de qu
per igo de cair sob ,1 jogo dai een I raliz
ial é democ.:rálica. M1,1i1
,e
iminui. mns
repetido»
A DE~10CRACfl,. N MÉRI~A 20
processo movido conira um homem. está se :St:_guru de que ~ lei não será
levianamente, Neste sistema. nãu esta a lei exposta às agressões cotidi
ssinalandc 01'> erros do lqfr.,rmlor. obedece ~e a uma necessidade real:
parte-se <'!e foto rm.1.::i1ívn e observável. pois deve servir de base a processo legal.
( • • J
ord 1nál"i()$~ ••
cidadãos,
Mas. quando tentava fazê-los. entender que o Consetho de Estado mio era
órgio judiciário, mas instituição administrativa, cujos membros dependiam do
rei. de tal maneira .lilUC este, após havei· ordenado sobernnnmente ~, um de seus
functonários. chamado prcfcito.f cometer 1.1m;1 iniqüidade, podia ordenar a outro
de seus servidores, chamado c;onselilciru de Lstarío. impedir Que se punisse o pri-
meiro: quando lhes mostrei o cidadão. le~'ldo por ordem do príncipe. reduzido í1
pedir ,i~próprio príncipe :..t ,:nnor-i,.a1yào para obter jusüça. recusavam-se ~i crer
cm semelhantes exageros. e acusavam-me de mentira e iznorâncín. r ... )
11
r o
titulnte. ~.
utindu
ü .. ,1
.. .. . ,
ritos e os mais nobres caracteres que jamais. surgiram no Novo Mundo. George
Washington a presidiu.
Esta comissão nacional, após longas e rnad uras deliberações. ofereceu
mfirn, à adoção do povo, o corpo de. leis orgânicas que rege, ainda hoje, a União.
Todos o-; Estados a adotaram sucessivamente, O novo governo federa] entrou en
funções em l 789. 31]Ós dois. anos d~ interrcgnn. A rcvoluçâo da Amêrica termina,
portanto. precisammtc no momento cm que começava a nossa. ( ... )
Os deveres e direitos do governo _fedêJ"aJ eram simples e fáceis de definir.
pois a Uniào havia sida Jormadu com o fim ele responder a algumas grandes
necessidades gerais, Os deveres e direitos do governo dos Estados eram. ao
.onrrârío, múltiplos e complicados, já que esse governo penetrava em todos os
detalhes. dti. vida social.
Definiram-se, portanto, com cuidado. 11s mribu içôcs do governo fi.• xícral, e
declarou se que ludo o que não estava contido na definiçãci caía nas alrihuiçôe
do governo dos Estados , Assim, o governo rJo~ tstadm; tornou-se o direito
comum: o itovemn federal tornou ~é' ::i exceção. ( ..
Q srstcm
de pais. aprcserun
·uriclentcwc,11 •:.
lu.:ad1l ao cncic
lei~
funcionam. de
A DEMOCRACIA NA AMÉRfCA
certo modo, sozinhas. Sem dúvida, pode-se combinar as leis de maneira que.
sendo as eleições realizadas imediata e rapidamente, a sede do Poder Executivo
não caia nunca cm vacância; mas. o que quer que. se faça. o vaxio existe nos. espí-
ritos, apesar dos esforços do legislador. Ao aproximar-se a eleição. o chefe do
Poder Executivo só pensa na luta que se prepara; etc não tem mais futuro. nada
pode empreender e faz. prosseguir. sem convicção. o que talvez um outro irá ter-
minar. "Bstou tão próximo do momento de aposentar-me", escrevia o Presidenj
Jefl'hs.o11 a 21 de janeiro de 1809 (t-:eis semanas antes da eleiçâo), "que só torno
parte nos negócios atravês da expressâo de minha opinião. Parece-me justo deixar
a meu sucessor medidas cuja execução ele terá que seguir. e cuja responsabilidade
terá que assumir." Por seu lado, 3 nação tem seus olhos voltados para um s6,
ponte: ocupa-se apt:m.i:j em supervisionar o trabalho de parto que se prepara.
Quanto mais vasto é o lugar ocupado pelo Poder Executivo na dijreção do
negócios do Estado. quanto maior e mais necessârio é sua ação habitual. tanto
ais perigoso é esse estado de coisas. Em povo qtre se habituou u. ser governado
pelo Poder Executivo. e. com maior razão, a ser' administrado por um ta! pode
a elciç3o não pode deixar de produz.ir profunda. pcnurbação.t ...
Quando o chefe do governo ,é elcüo. n com,c.:tpl&ncia é. qu::is-e semere, certa
falm de cstabi tidade na polltica ímerior ~ exterior do Esta.do. É um cio.
.1foioi; dr. sistema, ,._. __ ·--- - -' · •
de poder ntribuídn
que se ohs: , -
a
quand
L V\... 1-.! U t:. 111.LL.t:
ê suas queixas,
que n guiass •.•
segue n.
Desse modo. ,.,. não p,·i ,, iatcntos de um homem, torna-
ram-nos qua~c inú Lei!,; ara recurs nas i rcun stân ci as
xtraordinarías, expuseram o s u pen'
5. As do Ststem« Federmtvo {~eção 19
histôrin do mundo não nos dá exemplo de grande noção que: rcnhs
permanecido república muito tempo, o que permite dize:r que a coisa ~ em si
imposaivel. Quanto a mim. j~1!go que é bustamc imprudente querer o homem lirnl-
tar O possivel e julf;.o.r o futuro. este homem de quem o real e n presente, escapam
a caea instante. que se encontra, incessantemente, surpreso e sem recursos. diante
das coisas qw melhor conhece, O que 11e pode l1iic:J. sem incorrer em maiores dú
vidas, é que a erisrência de uma grande república encontra-se inlin~utmente mais
exposta no perigo do que uma peq ucna nação republicana. ( ... )
ADEMOCRACm AMÉRICA 213
e, mesmo, da Cl\i.
i.: a de um povo que não poss
. O lcgi.~l ador
de nrmar-se, e
ue eles mes-
mos tinham combatldo, Grande número dentre os seus princípios terminou, aliás,
lateforma de seus adversários; e:: a Constituição Fê<kral. que
TOCQUEVlLLE
particular, com gostos e. prazeres à parte. O rico submete-se a isto como a um mal
irremediável; evita mesmo, euidadosamcnte, mostrar que isso o fere: ou ve-se, por-
amo, elogiarem em público a serenidade do governo republicano e as vantagens
das formas democráticas. Pois. após o fato de odiar o inimigo. ·o que há de mai
nar ural do que lisonjeá-to?
ede este cidadão opulento. Dír-se-ia um judeu da Idade Méd,a. temeroso de
que suspeitem de suas riquezas. VesLC·Se com simplicidade. move-se com modés-
tia; 1::tllrc as quatro paredes de sua casa. adora-se o luxo; só deixa penetrar neste
antuário alguns hóspedes seletos que considera, insolentemente, seus iguais. Não
se vê .. na Europa, nobre mais exclusivo em seus prazeres, mais zeloso das míni-
mas vantagens que uma posição prmvilegiada pode assegurar. Mas eis que sai dle
casa para trabalhar num refúgio poeirento que ocupa no centro da cídade e dos
egócios, em que rodos são livres de vir abordá-lo. Na meio do caminho. o sapa-
teiro passa. e ambos se detêm: começam a conversar. Que podem dizer? Ocu-
pam-se dos negócios do Estado. ~ não se deixarão sem dar-se a mão.
No fundo desse entusiasmo de convenção e no meio dessas formas obse-
quiosas face ao poder dominante, é fácil perceber nos ricos profundo desprezo
Las 1n~tituições democráticas de seu pais. O povo ~ um pod!er c:tue temem e des-
prezam. Se u_m mau governo da democracia trouxesse um dia a crise potítica, ''""
algum dia a monarquia se apresentasse, nos !Estados Unidos~ como ar,go praticá-
vel, descobrir-se-la c.:1.:db n verdade do que afirmo.
comelesa
nei-me, apenas aumentamos o mal. Tornariarnos, por acaso, a, pensamento por
um desses elementos materiais que aumenta com o número de seus agentes?
Contaríamos os eserilores como soldados de um exercito? Ao inverso de todos os:
clemeruos materiais, o poder do pensamento aumenta, com freqüência, com o
pequeno número dos que o exprimem. A 'palavra de um homem poderoso, que
penetra sozinha no meio das paixões de uma platéia muda, tem mais poder do
que os grlros conrosos de mil oradores: e por pouco que possa falar livremente
num único, lugar público, é como se falasse publicamente em cada povoado.
É-nos. portanto. necessário destruir tanto a liberdade de falar como a de escrever:
desta vez, chegamos ao ponto: todos se calam. Mas aonde chegamos? Partimos
das abusos da liberdade t enconsramo-nos sob os pés de um déspota,
Passamos da extrema independência à extrema servidão. sem encontrar. em
tâo longa cxtensào. um só lugar cm que pudéssemos repousar. (. __ )
um país em que reina ostensivamente o dogma da soberania popular. a
censura não é somente um perigo. é um absurdo, Quando se dá a todos. ó direito
de governar a sociedade, é. preciso reconhecer-lhe a cnpncidade de escolher entre
as difercnLes opiniões que a.giutm· Sr.!IJ.:S contemporâneos, f apreciar 05 diferentes
ratos cujo conhecirnemo pode guiá-los,
/\ s,ober.ania popular e à liberdade de imprensa são duas coisas absoluta-
mente correlatas: a censura e o vem unlversal são. ao ccnrráríe, duas corsas qu
se: ccntradiscm e não podem encontrar.se, muita tempo, nas instituições politiea
de um mesmo povo. Dentre o:; doze milhões de homens. que vivem no território
encontrou um só que ti vessc proposto restringir a llberdade de
aca-
224 TOCQUEVTLLE
sendo Fácil a criação de um jornal, rodo mundo pode faze-lo: por outro lado, a
.oncorrência faz com que um jornal não possa esperar grandes lucros, o que im-
pede as :1lt,:1s. capacidades industriais. de se meterem nesse ripo de empresa. Se o
iornais fossem, aliás, a fonte das riquez.as, corno são excessivamente numerosos,
os escritores de talento não bastariam parai dirigi-los. Os jornalistas. nos Estados
Unidos, têm em geral posição pouco elevada, sua educação é precária. e a feição
de suas idéias é. com Ireqílêncin. vulgar. (. , • ) O espírito do jornalista. na Arnêri-
c~. ê atingir. grosseiramente. sem preparo e sem arte. as paixões daqueles a quem
..t.: Llirig.1::, abandonar vs pdncípi.os para se lhar nos homens: segui-los em sua vid:
privada. p:·u·.u pôr .o iHI suus fraqoct.a!: ~ ,;; cios.
Não se pode negar quem efeitos políticos dessa licenciosidade da imprensa
contribuem indiretamente para a rnanutençâo da tranqüilidade pública. Resulta
11w m~ homens que já tem posição elevada na opinião de seus concidadãos não
rdem, assim. a mais remível arma de que pode-
.. ., )
lJ
em.
obter o sucesso.
ão é assim que se emende o dirci~o de associação nos Estados Unidos. Na
mêriea, os cidadãos-que fottnilm ~ minoria assoeiam-sc pri rneiro para c-0n statar
TOCQllEVILLE
uropa cstã
dad
ue a que se exerce n
gov~rno que s~ ataca.
Isso diminui bnstanté a for\ja moral dcss
raoo. vinculado ~ luta doi
podcrí
c~sos. _
pensamento'!
DEMOCRACJA Ati..'1ERfÇ, 229
vo a afastur Cio
instinto nâu rnen 3 afastarem,
'"m se
"·'º TOCQUEVILLE
ao
r-
ea
democracia fe, melhores e
m que
Que torça independente d:b Legisl::tção e dos homens de Estado pode ai crescer
prosperar a sociedade. ( ... )
J. os vi'ck,.-. da Democraci
aristocracia e ;i. di::mocroci.n acusam se mutuamente de facHlr.ar a corrup-
- ; é preciso dis-cingw.ír:
governos aristeeráucos, os l10me11.'S 4ue chegam ao poder são gente rte ••-,
e e:/:, desejam o poder. Nas demccro.cias, os estadistas sâo pobres ~ ainda lhes falta
232 TOCQUEVILLE
fazer fortuna. Conclui-se que, aos Estados artstocrátícos, os govcrnrne são pouco
acessíveis à corrupçjio, e só têm gosto moderado pelo dinheiro, enquanto o con-
trárío se d,; nos povos democráticos.
as, nas aristocracias. já que os que almejam atingir o poder dispõem de
grandes riquezas corno o número dos que ::i.UO suscetíveis de elevá los a essa
I'.'.
vido à reflexão permanecem expostos muito tempo. H.'1. mesmo no que se cham:
coragem instintiva, mais cálculo do que. se pensa: e- ainda que a]) paixões levem.
cm geral. por si sós. a fazer os primeiros esforços, é cm vi:o:;L,1 dos n::::;ultadós qu.
se continua. Arrisca "e urna parte do que caro. para salvar o resro,
é
SJ
ê-
JJ" TOCQUEVTLLE
"Seções l e .5)
Os víeios e à$ fraquc-za& do governo dt!mocrâtko ~iío vis{vcis: pode-se
clemonslrá-l1.1s através etc e~emplos patentes, enquarno sua iníluéncia salutar se
e,::crcc de maneira i11:oicnsívçl e, por assim dizer, oculta. Seus defoiLos aparecem â
primeira vists, mas suas qualidades sé se põem a descoberto a longo prazo,
eis da democracia americana são. cosn rrcr1üência. defeituosas ou incorn-
pletas; suct:de-lhc~ violar dírcitus adquiridos ou legalicar outros q 1,1e, por sua vez,
são perigosos, ( .. ) Como ~e dn que os Esta,fos americanos se mantenham e
prosperem:
'O êve-se distinguir cuidadosamente nas leis o objetivo que buscam e~ rn.111c1
ra corno se dirigem ;;i esse fim. a perfeição absoluta e o valor relativo.
Suponho que o objetivo do 'legislador seja favorecer uos inrercsscs de um
pequeno número, às expensas da maioria: seus disposiovos combinam-se de
maneira a obter 0 resultado que se propôe no menor tempo e com o mínimo de
esforços, A lei será bem feita. o fim. mau: será pcrigos;:i na medida mesma de sua
perfeição.
~m geral, as leis da democracia tendem ao bem do maior número, pois ema-
11am da maioria tios. cidadâos. que pode se enganar, mas não poderia ter interesse
contrário a si mesma, Ais leis aristccráticas tendem, ttc, contrário, a monopolizar
nas n1àús de um pequeno numero a riqueza e- o poder. pois n aristocracia. por sua
própria natureza, é sempre minoria. Pode-se. portanto. diz.cr que, de maneira
geral. o objetivo e.la democracia em sua legislação é mais útil :i humamdade do
que o da nristocrneia.
tas s:i terminam as tagcns, r ••. ) Pois as. leis democráticas c:ào quase
sempre defeituosas ou inrem stivas, com fiieqiil!11dn. sem ú quererem. trabalham
contra a própria democracia. ' ... )
136 TOCQUEVTLl..ê
iséri
ndidn
UC<.l.
um imenso
r,
sshn, n
uma linguagem de escravo
240 TOCQUEVILLE
I.
em direção ªº
,
são .fáceis
roa mpre em pm.\i senu-ocu-
4 TOCQUEVILL E
ruí
rindo
rpressa-se cm apa-
A DEMOCRACIA NA AtvLÉRIC 245
246 TOCQUEVILLE
nJ
da
nh
DEMOCRACIA NA AMÉRICA
rnurt.•.
geral
terem
,\ vontade:
imperfeitas; LI
.1 império d...i dtmocrnci~ e o jugo de um ~\. ni'to deveríamos tendei" antes para
primeira do que submetermo-nos volunrariarnentc ao outro'! E se fosse preeiso •
.nfirn, ehcgar à completa igualdade, não seria melhor deixar-se nivelar pela liber-
dade do que por um déspota?
248 OCQUEVJLLE
Aqueles que. após lerem lido este Iivro, julgarem que. escrevendo-o, quis
propor as leis e os costumes anglo-americanos como exemplo para todos os
wos de estrutura social democrática, cometeriam enorme erro: dariam impor-
tância a forma, abandonando a substância mesma do meu pensamento. Meu
objetivo foi mossrar, através do exemplo da América. que as leis e, sobretudo, o
costumes podiam permitir :n um povo democrático permanecer livre. De toda
maneira, veria corno grande infelicidade para o gênero humano que a. liberdade
tivesse que apresentar os mesmos traços cm todos os lugares.
Mas creio que se não ~e consegue introduzir pmJCO a pouco, e fundar. final
mente. entre nós, instillli~·õcs democráticas. e que, se se renuncia 11 dar a todos o
idadâos idéi~:1s e sentimentos que os. preparem para a llberdnde, permitindo-lhes
'm seguida o 11:,;u, não haverá independência para ninguém. nem para o burguê . . ,
nern p.arà o nobre, nem para C1 pobre, nem paru o rico. mas uma Lirani.l igual para
todos: e prevejo que se não se consegue fundar. entre nós. o império padfícu da
maioria. c.h<:g:1re1no~. cedo ou tarde! ao poder iltm. ltado de rum só.
3. O lmpério da Religiãn
;\o lado
na. Não poderia moderar-lhes u gosto pelo enr-iquecimcnto. excitado por todas a··
coisas, mas reina soberanamente na alma da mulher, e ê a mulher que faz O$ cos-
rumes A Amêrica é certnrneute o país do rnuudo em que o~ laços do matrirnóni
onde se concebeu a ideia mais alta e mais justa da foliei-
nidn.
(1 fofr
TOC EVrLLE.
Quantia cheguei aos Estados Unidos, foi o aspecto religi{)~O o que primeiro
me chamou a atenção. A medida que prnkmgavu minha estadia, percebia as gran-
des conscqõências 4uc decorriam desses Iates novos. Tinha visto entre nós o esp[
rito de religião e o espírito de I ibcrdade moverem-se sempre em sentidos contrá-
rios- AL1ui encontro os Intimamente ligados um ao outro: reinam juntos sobre o
mesmo seio. Cada dia. s;c~tia crescer me o desejo de conhecer a causa deste
fenómeno,
Para consegui-lo, iruerroguei os fiéis de lOÜH_::; as 'Sei Las. A cada um exprimi
meu espanto e expus 11t1rL~;1:- dúvidas; mns todos atribuíarn principalmente (1 com-
pleta separação entre a lgrej~ e ú Estado o im pério pacifico exercido pe Ia rcligiào
em "cu paí~, Não lemo afirmar que durante minha. estadia m1 América jamais
encontrei um só homem, padre ou leigo. que não se tenha posto de acordo com
·~s~ idéia. ( ....
uando tentei saber qual era o pensamento do clero, f'Cl'CCbi que ç1 maioria
de st!U~ membros parecia afnstar-se vnluntnriumente dn poder, e desenvolver unia
or'gulho profisxionn] com rclnçâo oo füto de permanecer estranho a
poder. Vi-os separarem Si! de todos os partidos e se íurtarem a seu contato eom
todo o ardor de interesse pessoal,
sses ra.u,s !IC!lb:un111 ~M pr<,var que tinham me dlto u verdade. Então quis
,,ir dos raros. às causas: Íntt!rrngtJéi me de que maneira podia acontecer quc.dlml-
nuindo a força uparcrue du rcligrâo, Sé pudesse a1.1n1i.:11 Lar-lhe o poder real. e consí
derei não ser difici I desce, bri J n.
d.1.: scsscn 1a :~nos encer mu L1\CF!1J n i PM1 tti ,..,..,..'11"1 --lo
4. A In/lu.ê"cia da. lnstruçéo (Seção 7)
Procurar-se-ia inutilmente 110s Estados Unidos um único município mergu-
lhado na ignorância, A razão i: bem simples: oi- povos da Europa partiram das
trevas e da barbárie. para avançar em direção à civilização e à cultura. Seus pro-
grcssos são desiigua.1s; nessa corrido. uns correram. outros upcreas carrti
muitos se detiveram, e ainda dormem no caminho.
os Estados U nidus, nau xc deu n mesmo.
Os anglo-americanos chegaram perfeitamente civilizados ao solo que sua
po:slc.:ri(h1dc ocupa hoje: não tivera m que aprender, bastava-lhes não esquecer,
OnL, sâo os filhos desses mesmos americanos que todos O!$- anos transferem para
o deserto, com suas casas. os conhecimentos já adquiridos e a estima pelo saber.
ducação fez-lhes sentir a utilidade da cultura . e pô-los e111 estado de transmiti-
la aos seus descendentes. Nos Estados Unidos. a sociedade não tem infância.
füli
serve
nenhuma reir
na
251 TOCQUEV ILLE
com o povo americano. e não saberia dizer o quanto admirei sua experiência
~m~~ .
- participando na legislaçiio que o americano aprende a conhecer as lels; é
overnando que se instrui sobre as formas de governo. A grande obra da sccie-
dade cumpre-se, a cada dia, diante de seus olhos e, de certo modo. em suas mãos.
. . .)
{Se.çàu I)
s Jlorncns espathados
urna mesma f:nnilia. Desce
natural
1; nté a
'
snno.
chama a atenção, o pti ·
m branco, o europeu. u
( ...
Ch
DEMOCRACIA NA AMÉRTC 253
s ho.
ean
e.
u
15-4 TOCQUEVIl LE
O negro faz mil esforços inú1ci~ para. se: introduzlr numa sociedade que o
repele; inclina-se ante os gostos de seus opressores, adota-lhes a::; opiniões, aspi-
ra, irmtando-os, a confundir-se com eles. Disseram-Lhe. desde o nascimento, qn
sua raça ,é naturalmente inferior ã dos brancos, e nâo esrâ longe de crê-ln - por-
tamo. tem vergonha de si mesmo. Em cada um de seus traços descobre uma
marca de escravidão e. se pudesse, consentíriu ulegremerrte em repudiar-se intei-
ramente. O índio. ao contrârlo, tem a ímagjnação repleta da pretensa nobreza d
sua origem, Vive e morre em meio a esses sonhos de seu próprio orgulho, Longe
de querer subsfüuir seus costumes pelos nossos. apega-se ·à barbárie como a um
igno distintivo de suu raça e repele a civilização. talvez menos por ódio contra
·la do que por medo de parecer com os europeus. ( ... )
O negro gostaria de contundir-se com o europeu. e não pode. O índio poce-
ria, até certo ponto. consegui lo. mas desdenha tentá-lo. A servili1.ht.Jc de um, le-
Vil-o à escraviuâo, o orgulho do outro. à morte, { ... \.
J. A Destruição das Tribos ludlgem1.s (Seção 2)
ova tnsh•l~rra. o
rerâ
nao
dai
ue
nossos p.11s,
iovc
uando
256 TOCQUE LE
··I
ancestrais.
Os espantrôis, pôr meio de monstruosida.dc:,. sem precedentes, cobrindo-se de
vergonha indelével, não conseguiram exterminar a raça índia, nem mesmo impe-
di-ln de compartilhar de seus direitos; os americanos obtiveram esse duplo resul-
DEMOCRACil.A NA AMffRJCA ZS7
nao rezar no mesmo altar. Possui seus padres e templos. Não se U1e rocha .a porta
do céu: mas a desigualdade termina quase aos limites do outro mundo. Quando
o negro morre, seus ossos são jogados à parte e a diferenca de condiçâo é encon-
trada ,ué na desigualdade diante da morte. ( ...
nl
nort
idâ
. e
se
m em escravos, e ema riam que suportar a
concorrência dos outros Estados do sul que conservassem a escravidão. Desse
modo, o .sul tem razões para conservar a escravidão. que o norte não possuí.
as eis outro motivo mais poderoso do que todos os demais. A rigor, o sul
poderia abolir a servidão; mas corno poderia Ilvrar-se dos negros? No norte.
expulsam-se ao mesmo tempo escravidâo e escravos. No sul, não se pode esperar
atingir os dois resuhados ao mesmo Tempo. ( .. , ) Naturalmente, ali os negros são
mais numerosos do que 110 norte. E cada dia tornam-se mais numerosos. pois à
medida que se abole :1 escravidão em uma extremidade da União, os negros se
acumulam na outra. Assim. o número de negros aumenta no sul. não somente
pelo movimento natural da população. mas ainda através da emigração forçada
dos negros do norte. ( ... )
Se fo~.st: absolutamente necessário prever o futuro. diri a Que, de acordo com
<J curso provável dus coisas. a abolição da escravidão no sul aumentará a repug-
nância da população branca pelos negros, Fundamento esta opinião no que já vi
de Mliilogo no norte. ( ...
u obrigado a confessar que não considero a abolição da servidâo um me:i
de retardar. nos Estados Unidos. a luta entre ~u: du;,~ raças, ( __ ) No norte, lodo
proveito estava cm alforríar os escravos: livravam-se. axsirn. da cscravidâo. sem
nadn tér a temer dos negros libertos, Estes eram pouco numerosos pura tentarem
cxigl:r direiros, No sul, não é o mesmo. A questão de cscravidâo era para d"
,,~•,horc.:o.: cio norte uma questão comercial e industrial. No sul, é q uestãn de vida
nu ,,, , 1r1c. i J
Qu~isqu.cr que s.ejan1, ,11))ú~. ,o~ ~=-f1.m;v) dos. americanos ,.!l, sul dos estado
nídos ['l:lrtt conservar ~· escravícão, não n cnmseguiriio sempre, Encerrada e!
um $J ponto do globo, atacada pelo crlstlanlsrno eomo injusta. pel:
riorí·1icfl corno funesta. ::i. escrnvldâo. em meio à libi: :r,fodc democrátic,
d~ nesse século. não t! tnselnncâo que possa ser durndcur», Em ambos os cas
reparar se para grande» desgrucas.
m,~lc umericanas
car; no norte e no oeste. milho e trigo, Eis que são fontes diversas de riqueza;
mas. para se abastecer nessas fontes, há um meio comum. a união.
O norte, que exporta para todas as partes do mundo as riquezas dos anglo-
arnerjcanos e as riquezas do Universo para o seio da União, tem interesse evi-
dente em que a Federação permaneça tal corno hojê cm dia. a fim de. que o núme
rodos produtores e consumidores americanos que serve seja o mais alto possível.
O norte é o 1111termcd1ilrro mais natural que existe entre v sul e o OC1)le da Unià
tom relação ao resto do mundo; o norte deve. portanto, desejar que o sul e o oeste
errnaneçam unidos e prosperem. para QúC lhe forneçam matéria-prima para as
manufaturas e frete para os navios.
O sul e o oeste têrn, por seu lado. interesse aínda maior na conservação da
união e na prosperidade do norte, Os produtos do sul sâc exportados, cm grande
parte, além dos mares; u sul e a oeste tem. portanto, necessidade dos recarsos
comerciais do norte. Devem querer que a União tenha grande: poderio marítimo.
para poder protegê-los eficaxmen te. O sul e o oeste devem éontribuk pruzcirosa-
mente para .u man l.!llCnçào d a Marinha. embora não possuam navics; pois se a
frotas da 8uropa vie-.~~~m a bloquear- os portes do sul e o delta do Mlississipi, qu
erla do arroz da Carolina.1 d() tabaco da Yirgínia, do açúcar e d'o algodão qu
crescem nos vales do Mississipi? Não 1,ãi, portante, parte: do orçamento federel
quê não eomribue à conservação de um interesse material comum a 10d
Estados da Pcdcr.açiio.
(ndep,indcntêméntc de.ssu un idade comercia], o sul Uniâo (e:
lítica cm permanecerem unidos entre ~ n~. ( ... )
pintõ~s é dos semírneruos que poderiam
m
instinuvc e,
•
h em Que os ang 1 o-amencanos tem-lum, vanas
' • 1' ,,.
re~~s10- cs. to d- O:., tom
• uma
maneira de considerar a rcligiiio. Não se entendem sempre Quanto aos meios: a
empregar para bem governar e variam quanto ãs formas que convém dar :\1
governo, m.1ui estão de acerco q uan LO aos prinei pios gerais que devem reger a
sociedades humanas. Do Mai111; ~ F'lóri<la. do Mi~;:;ouri ao oceano Atlàntk
.acredi-ca-s.t que a fonte de todo poder Iegítlmo é o povo. Tem-se a mesma idéia da
liberdade r= d.1 igualdade: professam-se as mesmas opiniões quanto à_ imprensa, ao
direito de associação. ao júti it responsabilidade dos agentes do poder,
Se passamos das idéias políueas e religiosas. à~ opiniões lilasôfica.s e mor-ai
que regem as açôes cotidianas da vida e dirigem o conjunto da conduta, observa-
remos o mesmo acordo,
A DEMOC KACIA NA AMÉRTC A 61
2.62 TOCQUEVLLLE
. inveja.
264 TOCQUEVH..LE
iióimigos do que então. E, entretanto. se se estuda cuídadosarnente a história dos
Estados Unidos nos últimos quarenta e cinco anos, notar-se-á, sem dificuldade,
que o poder federal lcm decrescido.f , _.)
Quer-se a União, mas reduzida a uma sombra: querem-na fone em certos
casos ,t.: fraca em todos os outros: pretende-se que, em tempo de. guerra, ela possa
reunir em suas mãos as forças a acionais e todos os recursos. do pais, e que, em
tempo de paz, praticamente não e'.lrista; como se essa alternância de debilidade e
vigor estivesse cm sua natureza, No presente. nada vejo que possa deter lêL">se
movimeill.to geral dos espiritos: as causas que o fizeram nascer não pararam d
oper~r ao mesmo sentido. Continuará, ptl!"{ál:lto_ e pode-se predizer que, se não
surgir circuns.tància extra.ordinária, o governo da União se enfraquecerá cada dia
mais,
de que o poder federal, incapaz
tínaa, de alg11,rm
ca-
u-
A DEMOCRACIA NA A"M :ÊRlCA 26
ria pre
os Fstodos Unidos. a reli-
00111-
266 TOCQUEVELLE
deria
urnrn
meu pensamento.
Duramc as guerras da Revoluçãn Francesa, in1rndu:;,írnos n::i arte militar
urna tárícn nova que confundiu os mals velhos generais e quase destruiu as mais
antigas monarquias européias. Tentararn o~ franceses, pela primei,·a vez, ignorar
uma lmensidâo de coisas are cruãn julgadas indispensáveis ,à guerra; exigiram de
seus soldados novos esforços, que as naçêes eivilizadas jumais tinham pedido aos
•U r
seus; trzeram tudo correndo. e arriscaram a vida dos homens, com vistas aos
resullados esperados. Os franceses eram menos numerosos e ricos do que os. rrtL
rnigos; possuíam menos recursos; no entanto, foram cunstantemente vitcríosos,
atê que os outros tomaram a decisão de imitá-los,
Os americanos introduzjrarn algo de análogo no comércio. O que os trance-
ses faziam pela vitórin eles fazem pelos bom, preços,
O navegador europeu só se aventura nos mares com prudência; St) pane
quando o tempo permite; se sucede acidente- imprevisto. volta ao porto: de noite,
~uarda apenas parte das velas e. quando vê clarear o oceano com a proximidade
de terras, diminui a velocidade e consu I ta o sol.
O umericano 11egligen.cia essas precauçôes e enfrenta os perigos: Parte quan-
uo a tempestade ainda ronca; de noite. cerno de dia. abandona todas as velas a
ven to: conserta, cm marcha. o navio castigado pela tempestade e. q_ uando vê
aproximar se o fim da vi.1gem, continua 3 voar cm direção ii margem. como se já
tivesse descoberto o porto, Nà() poderia exprimir melhor meu pensamente do que
dizendo que o~ americanos colocam urna espécie de heroísmo cm seu medo d
fazer corn êrclo.
Eslt! movímemo umverscl que reina nos Esrados Unidos, essas reviravolta
68 TóCQUEYtl.LE
C{)f1-
neles
ci americanos
glcsa nos des
orte território
do continent
no
V
meio ,a
que
70 TOCQUEVILLE
ca
sma origem, .a m
/ 1
A igualdade sugere ao espírito 11 u mano uma série de ideias que não se lhe
apresemarínm sem cla;e mNlific~ 4utl!je todas ris qucjn possufa,. Tornemos como
exemplo a idéia da perfectibilid~dc humana, pois í: uma das principais idêias que
a inteligência humana pode conccb1,:r i: consttruí por '-l só uma grande teoria filo-
.,.\.fLca. t;ujas conscqüt!nc:ias ~e pndcm notar ~m cuda momerno, nu vida prática.
e bem que o horncru ~t pareça • sob vários aspectos, com os: anirnuis, um
traço ê-lhc peculiar: aperfeiçoa 8-C ç os anirnais não se aperfeiçoam,
mana n ão pode Ler deixado de descobri r. desde o princípio. esta dife,·em;,a. /\ tchM
de pcrfeccib1!idaJt.: é, pcrumto, tàr, velha 1.:0111ü ti mundo; a igualdade não lhe deu
ida. mas deu IJ1e nove, caráter.
!t..,.,
k»
monumentos
3cs ruturas .
27 TOCQUEVILL E
posição. e compreende-se bem demais que um povo ou indivíduo, por mais escla
recído que seja, não é infalível. Os outros melhoram r.: conclui se que o homem.
cm gera]. & dotado da faculdade indefinida de se aperfeiçoar. Seus reveses faze
no ver que ninguêrn pode se gabar de Ler descoberto l) bem absoluto; seus suces-
sos encorajam-no a prossegu ir sem pestanejar. Assim, buscando, tombando,
levantando-se. decepcionado com freqüência, nunca desencoraiado. tende sem
cessar para essa grandeza, imensa. conlusarnente entrevista ao funJo da longa
carreira que a humanidade ainda deve percorrer.
É incrível q u:311fos fatos decorrem, naturalmen l1.:. desta teoria Iilosófiea, de
que o homem é indefinidamente perfectível. e CJ ir, fluência ;prodígi()Sa que exerce
sobre aqueles mesmos que, tendo-se ocupado sempre de tJg..ir. e não de pensar,
parecem segui-la sem a. eonhcccrcm.
i=ncontrci um marinheiro americano a quem perguntei por que os navios de
seu país são construidos- tl::lr.a durarem pouco, e rcs.pt,ndeu me. sem hesitar, que a
rtc da navegação f,.li/,. cada dia. progressos tão n\p,1tlu~. que o mais belo navio
cedo s~ mtnwi.a quase inúlj], se p1'<.)kinga:.s~ sun. existência além de alguns anos.
estas palavras, pronunciadas ao acaso por um homem grosseiro e a propósito
de füt,;, particular. ,mtrevcji.:i u ideia ;ge:rnl e !i.Üm:mi'nicu segundo a qu:.'lJ um grande
povo dirige todas as coisas.
Chega, portanto. de- ver todas as nações democrâticas i::oh a imagem do pov
rnericano , e tratemos de enxergá-las cada uma sob seus próprios traços .
. . . ) Quando os homens que vivem no seio da sociedade democrática 1 ~
esclarecidos, descobrem, com facilidade. que nada os limita. nem o~ Iixa, nem o,
força a contentar :.,e com suas fortunas presentes. Todos, portanto, con
idéia de aumentá-la e, se são livres. tentam todos fazê lo, mas nem todos o conse-
guern da mesma maneira. A legislaçâo não concede mais privilégios. é verdade.
mas a naturezu, sim. A desigualdade natural sondo muito grande. as fortunas tor-
narn-se desiguais, a parur do momento em que cada um faz uso de todas as suas
Iacu Idades para enriquecer,
lei das partilhas opõe-se, ainda. a que se formem famílias ricas, mas n.io
impede mais que haja ricos. Devolve, Incessanterncnrc, os cidadãos a um nível
comum, ao qual escapam freqüentemente: tornam se mais. desiguais cm bens, na
edida em que a cultura é mais extensa, e a Iiberdnde, maior, (. .. ) All socicda
dcs democtnücas sempre encerrarão cm seu seio uma multídâo de pessoas opu
lentas 011 abastadas, ( ... ) E tais homens nem sempre ficaráo fechados cm preo-
cupações d3 vida mmeriat. e poderâo, se bem que em graus diferentes, dedlcar-s
aos trabal nos e prazeres d:1 rnteUgênci::i: e ,fadicm s_..: Eo. pois :.iil é verdade que
•• ;! inclina. por um it1dô. ao limitado. ao mri1~rinl. un lÍtiJ, ~d
m cessar. e acab.
urros. O número
de:
se pode. portamo, dizer que os homens que vivem nos períodos demo
crâtícos sâo, naturalmente, indiferentes à~ ciências, letras e ar1es; é preciso
somente. reconhecer que as cultivam à sua maneira e que assim lhes emprestam
suas próprias qualidades e defeitos,
278. TOCQUEV1lLE
id
da
28 TOCQUE VLLLE
maioria dos homens que compõe1n essas nações é muito ávid« de prazeres mate-
riais e atuais. Para espíril<lS com esta disposição, qualquer método que: teve, por
caminho mais curto, à riqueza, toda máquina que abrevie o trabalho, todo instru-
mento que diminua os gastos de produção. Wdai dcs:ctiberta que focilite os praze
res e os aumente. parecem o esforço mais grandioso da inteligência humana, E
principalmente sub este ponto de vista que ó:; povos democráticos se apegam à
ciências. compreendem nas e as honram Nos penedos aristocráticos. esperam-
se, particuL:umemc, das ciências. os prazeres do espírito; nas democracias, -OS d~
cor
cebesscm e! ara e
tíveis, facilmeate
A DEMOCRAC TA AMÉRIC 281
compr~entlcdam que com cultura ~ liberdade os homens que vivem nas épocas.
democráticas não podem deixar de aperfeiçoar a porção industrial das ciências, e
que, dora vantc, todo o esforço do poder social deve ser posto no sustento do-e
altos estudos e na criação de grandes paixões cieru.ífic::as .
e
Atualmente, preciso reter o espírito na teoria: por si mesmo procura a prá-
tica e. ao invés de levá-lo, incessantemente. ao exame detalhad
dârios, ê bom aras.tá lo, algumas vezes para elevá-lo à com
primeiras.
Porque a civili.1.açào romana morreu em consegüénda dn invasâo dos bár-
baros. não devemos crer füc-iJm~rm;: que a oivilir.açào não poderia morrer de outra
maneira. Se as luzes que nol> esclarecem viessem a extinguir-se um dia, a civiliza
ç:io definltVJrio. pouco a pouco, por si própria. Ã força de encerrar-se na anlica-
çâo. pcrc1i:r-:,;i.:-i:;trn de vista os princípios. e, quando se tiV(:~~e esquecido os princí-
pios 111loirnmcme. :-ft:guir-.sc-imn mal us métodos que deles derivam; não se r,ode-
iam inventar novos. e fie empregnriam, se-n inreligência ç sem une. processos.
'"U.d1LOS q_Lit! nfüJ l:H.: compreenderiam ruais.
1
... ) Não se.'. th~ve1 portanto. sossegar. pensendo que os bárbaros ainda
tão longe de nossas portas: pots, se há povos que deixam arrnncar a cultu 1·à de
•. uai; rniios, hfl outros cuc a abufarn com os próprios ~)~S-
lguma" rfadore~
ccrt
contrarlar
sceial
não,d
SEGUNDA PARTE
A VIDA SOCJAL
{ .. ) idéia.
o csoiritc. tanto
mais il um
rígern dcm
ais
es democrálicns Que os
us SCmi:!llrnntes.;
grande vantagem dos americanos t terem chesado .ã democracia sem
terem passado por revoluções democráticas, e de terem nascido iguai::,;, ao invé
de Lerem voltado a esse estado,
ra agir.
e unir
rle
bngar seus
...• não aprendem u
mas poderiam conservur, por muit~..1 tempo. riquezas l: luzes: enquanto que. se não
adquirissem <1 !ISO da nssocincão na vida cotidiana, a própria clvillzaçâo estaria
cm perigo. Um pnvt1 cm que m; particulares perdessem o noder de fazer isolada-
mente grandes coisas. sem adq uirír a faculdade de produzj-las cm comum, retor-
naria à barbárie.
Infelizmcnt . a mesma cstnnura social que torna as associacêes tão necessâ-
rias aos po ernucráticos torna as mais difíceis do que cm qualquer outra
situação. (. _ . J
'ei que isso não causa. embaraço a muitos de meu
dern que, na medida cm que os cidadãos ~~ tornam ma is Iracos e incapazes. é prc
ciso tornar o governo mais h.'.tt,j l i.: ative, a fim de que a sociedade possa executar
o que os ind1v-fcluos não podem fai.~-r. Crêem responder a Ludo com isto. M
pen .'m que s<:: enganam. ( ...
"')
.;
m com
; mas se
mul que: produzem é.
comum
ci
tlplicu de maneira extraordináría o número de! jornais n~ América. Se todos os
habitantes d~ Uniâo fossem eleitores sob o Imperio de um sistema que limitasse
o direito eleitoral à escolha dos legisladores, não reriam nec-cssidad.c de mais que
um número reduz ido de Jornais. porque ~ó Leriam algumas ocasiões muito impor·
lantes. mas raras, d~ agir em conjunto. Mas, no interior da grande associação
nacional, a lei estabeleceu cm cada província. cidade e. de certo modo. em cad
povoado. pequenas associaçôcs com fins de adminislracáo local. O legislador for-
çou dessa maneira cada americano a participo.r. cctidianarnente, junto com ou-
tros cidadãos. de uma obra comum. e cada um deles necessita de umjomal. pura
saber o que falem os outros. ( ... J
Podería atribuir igualmente o poder ceescente dos jornais a razões mais ge-
ruis do que as usadas Ireqüen temeu lc; para explicá-lo.
Um jornal sé• pode sobreviver !':e reprcduzjr urna doutrina ou sentimento co-
muns a um grande número de pessoas. Um jornal, pertarrto, sempre representa
uma associação cujos membros sâo os leitores. Esta associação pode ser mais ou
ncnos dcllnida. rnaís ou menos estreita, mais ou menos numerosa: rnas existe .aó
menos em germe nos. espí rires, pelu única raziio de que o jorna t não rnort.•.
Isso nos leva n uma última reíle~i:io quo terminará o capítulo. Quanto mai
as condições ~e tornam iguais, menos os homens são individualmente, fortes, mais
se dclxam lev.u pela massa ~ mais lhr.:s é dificil manterem uma opinião ou •..
i'l bandonu. O jorriàl rec rcsenta s associação; pode-se dizer q uc faln com
a leitor em M.mne dos outros e os conduz tanto rnars facumemc quanro mai
Iracos são h1,lividuaimc.:011!.
dos jorn~is deve, portanto, crescer à medida q ue os homens se
Estando a inclinação natural que todos os homens têm pelo bem-estar satis-
feita, sem difíeuldade e sem l.emor. a alma dirige-se para outros lados. apega-se a
empreendimento mais difícil e maior, que a anima e seduz. É assim que .. em meio
aos gozos materiais. os membros de uma arístocracía demonstram com
freqüência um despreze orgulhoso por esses mesmos prazeres e encontram forças
insuspeitas q uando, enfim, é-lhes necessário privar-se deles. Todas a~ revoluçôe
que abalaram ou destruíram as aristocracias mostraram com que facilidade pes-
óas acostumadas ao supértluo podiam privar-se do necessário. enquanto que ho-
mens laboriosamente alçados à abastança quase não C1Clli .Segtda.rn viver aoô
1
ha vê- ta perdido.
Se dos níveis superi
as
, por maior q
cm ore u ltrapassndo
desordenada. Caem,
em
i'. TOCQUEVIL
Dentre m. bens materiais, há uns cuja posse ~ criminosa: torna se- o cuidado
de renunciar a eles. Há outros. cujo uso a moral e a rcligiiio permitem: a este
abandona-se- sem escrúpulos o coraçâo, a imaginação, a vida, ~ perdem-se de
vista. no esforco de possui-los, os bens mais preciosos que faz,cm :1 gJótia e a
gr:l(jdcz.a da espécie humana,
O que condeno na igual'dade não é levar os homens â procura de prazeres
proibidos; é absorvê-los inteiramente na procura das prazeres p4:nni1idos.
Desse modo. poder-se-ia estabelecer nu mundo uma espécie de materiatisrno
honesto. que não corromperia as almas, mas as amoleceria e terntinaria rompen-
do-lhes todas as fibras..
ré uma industria.
s. ( ... ) Nflo
rcs quant
id
f')l'<lr1SS3õ
:impet <:m
de abrir lhe cm todas as direções mH
para a fortuna~ uma teoria industrial mais poderosa do que
o~ costumes e a::. leis atou-o '1 urna pro11ssl'.fo e, muita::; vezes, a um h1gar que não
pode abandonar. Atribuiu-lhe um lugar determinado na sociedade, do qual nã
pode: sair. Em meio ao movimento universal, tornou-o imóvel.
"' medida que a divisâo do trabalho recebe aplicação mais completa, o ope-
rário torna-se mais fraco, limitado. dependente. A arte progride, o artesão retn ,_
a
cede. Por outro lado, medida que se descobre com maior evidência que os pro-
dutos t1e uma indústria são tanto mais perfeitos e menos caros quanto mais vasta
~ .a fábrica e maior o capital, homens riquíssimos e esclarecidos: apresentam-se
para explorar setores que, até lá, tinham sido abandonados a artesãos cgnorantes
u pobres. Atraem-nos u quamidade de esforços necessária e a imensidão dos
resultados esperados.
Portamo, ~IJ mesmo tempo que abaixa a classe dos operários. a eiencra
industrial eleva a dos mestres.
Enquanto o operário concentra sua inteligência cada vez mais num só deta-
lhe, o mestre passeia, cada dia, o olhar cm vasto conjunto, seu espírito estende-
ua mesma nroporçâo cm que o do OULE'o se ,etrai. Breve, bast•.trá . ao segundo a
força física sem ii inccligiucia: 1J primeiro precisa da ciênc1a e quase do gênio
para ser bem sucedicfo. Um assemelha-se cada vez mais ao adm.i.nmstraclor de um
vasto império, e o outro. a um animal. O mestre ~ o operário nada tê111, portanto.
de semelhame e diferem cada dia mais. Só estão lizados como os dois elos cxtre-
quena -
ela
uas rruscrías. Mas a aristocracia manufatureira de hoji:: em dia, após ter empo-
brccido e. embrutecido o~ homens de que se serve, em tempos de crise abandona-
os ât caridade públiea, Isto é um resultado natural do que dissemos acima. Entre
o operário e o patrão, as relações sâo freqüentes, mas não há verdadeira
associaçâo ,
Creio que, em todo caso. a aristocraeia manufatureira que vemos crescer
ob nossos. olhos é a mais dura que jamais apareceu sobre a face da terra; mas é
ao mesmo tempo. uma das mals restritas e menos perigosas. 'Entretanto, é desse
lado que O$ amigos da democracia devem. sem cessar, voltar seus olhares inquie-
tos: pois se alguma vez H desiguukíadc permanente das condições e a aristocracía
penetrarem rio Novo Mundo, pode-se diz er que será. por esta porta,
A DEMOCRACIA NA AMÉRf,~
TERCEIRA PARTE
FLUÊNCIA DA DiEM0CRACTAS0BRE OS COSTUMES
ira
>,.o~ u grande principio da econe-
no!:~O tempo. Dividiram cuidndos~me
fim de que o grrrnde trabalho social fosse
o mundo em
.j $ sexos linhas de ação nitidamente separadas
uis que os dois marchassem com n mesmo passo, mas em caminhos sempre dife-
'entes, Não se vêem americanas, dirigindo os negócios extcrnus da familia. condu-
.cindo um comérclo ou peneuando, enfim. na esfera rolítica'. mas tambêm não se
encontram mulheres y ue sejam obrigadas u dcdlcar-se aos rudes trabalhos do
2% TOCQUEVJLLE
em me]
peu seja.
l.tl
Os lcg.islatlorcs arneri
go penal. punem a vinlaei
condene com ardor r ..
~ cm õ~ mais precioso do que a honra de
quanto sua independência, estimam que não há castigo demasiado severo para o
que as destroem sem seu consenurnento. Na França. cm que o mesmo crime é pu•
nido de maneira bem mais suave, é freqüentemente dificil encontrar um jlhi que
condC'nc- nesses casos, Seria desprezo pelo pudor. ou pela mulher? Não posso dei
••. ar ui;: crer que são ambos. ( ... )
Quanto u mim. não hesitarei em dizê-lo: ~e bem 1-1 u~ nos EsL:adus Unidos a
mulher não saia nunca do círculo doméstico e que. nesse particular, ela seja bas-
tante dependente, ~m nenhuma parte sua posição me pareceu tão elevada. ~ se,
agora que me aproximo <lo fim desta obra, cm que mostrarei tantas coisas coasi-
deràveis sobre os americanos, me perguntassem a que atribuo, principalmente, a
pro5pcddadc extraordin ária e i-1 força crescente desse povo, responderia y ue é à
uperioridade de suas mulheres .
i
ã parte. facil-
•cic;,ociocs dcmocráticr.••.
crcm nrceisa-
não
d
d
da que
l":ícil de
mo
O cxêreítc e a am
·mo •
·~ fWr~L extingui
A igualdade
vam, não furtam
exércitos. sempre têm grande influencfo sobre o destino dessas naçêcs. F.. portan-
ro. necessário conhecer o~ lnsiiruos naturais dos que os compõem. (, .. l
os exércitos democráticos, todos os soldados podem tornar-se oficiais, o
que generaliza o desejo de promoção e estende os limites da ambição militar
quase até os extremos. Por seu lado. o oficial nada vê que o detenha natural e
obrigatoriamente num posto determinado e cada posto possui a seus olhos valor
imenso, pois sua posição na sociedade quase sempre depende de sua posíção n
ixêrcitc.
Entre os povos. democráticos. freqüentemente sucede que o oficial nao pos
ua cetros bens salvo seu salário, e não possa esperar consideração exceto por
u as hon rns militares. C adu vez que mudo de fu nçêes, muda, portante, ele fortuna
e ê de certa forma outro homem.. Por isso. o que era acessório na existência dos
exêrcltos uristocràrlcos a: o principal. o todo. à própríu existência do exército
dcm
o
02
OCQUEVllLE
mina dando lhe o ,,
amor pela
política e a
impaciênc]
que sempr
DEMOCR.AC IA NA AMÉRJCA 303
mente resulta que cada um deles só fica alguns anos sob a farda, ( ... ) Dentre os
ldados que compõem um exército democrático, alguns se apegam à vida mili-
Lar: mas a maioria, levada contra a vontade ao uniforme e sempre pronta a retor-
nar ao lar. não se considera seriamente engajada na carreira militar e só pensa em
sair. Estes nunce contraem os desejos e sô compartilham pela metade das paixõc:
criadas por essa carreira. Inclinam se ante os deveres militares. mas a alma conti-
nua apegada aos interesses e desejos yuc .a marcavam nu vida civil. NMo assimi-
la111. portanto. o espírito do exército: levam ante:- ao seio do exército o espírito da
sociedade e ai o conservam. Entre os povos democráticos são os simples soldados
que permanecem mais verdadeiros cidadãos; é sobre eles que os hábitos nacionai:
i: a opinião pública têm mais poder. É sobretudo através dos ~otdadm; que se pode
gabar de Iazcr penetrar num exército democrático o amor pela liberdade e o res-
peito peles direi tos que se soube inspirar no próprio povo. (. , .
cm cidadãos esclarecidcs, 01·J.c1m.~. Firm..:,:; e livres pode se conseguir sol-
dados disciplinados, obedientes. Toda lei que. reprimindo o espírito turbulento d-
exército, tendesse l diminuir no seio da 1~açào o espírito de liberdade civil e a
ensombrar 11 1dêi(1 do que e certo e dos direitos. seria. portanto. contrária a seu
objetivo. Favorcccriu (, csutbelccimento de tirnnia~ milhares multe m.ai:... do que
lhes serià prejudicial.
final eh: contas 1: apcsnr a Iazer. um grande exército.
110 seio de um povo dernocrál ico, sempre serâ um ande perigo, e o meio rnai
e diminuir esse perigo será reduzir o exérc] t : mas é uma soíuçâo de que
s os povos podem ~
Essas <luas causas não agem da mesma maneira sobre os exércitos aristocrá-
ticos. Corno a promoção seguç mais o direito de nascença do que o de antigui-
dade, há sempre em todos os postos certo número de jovens que levam à auerr
toda a energia. dú corpo I! tia alma. ( ... )
Mostrei. i~uaJmc.:r'lle. que nas naçocs dernocrálicas a carreira militar é pouco
considcsada e procurada ern remoo de paz. Esse desfavor púbHco é um peso
demasiado grande que puira sobre o espírilo do exército. As almas ficam coma
que curvadas sob ele: e. quando enfim chega ;1 guerra. nâo conseguem retomar a
elasticidade e o vigor que ..t'i caructcrizarn. {. __
Creio, portanto, que: u 111 pov~, dernocráricu 4uc faça u guerra após longa paz:
arrisca-se muito mais do que 1;1111 ro .., a ser vencido: rnas não deve deixar -se nhater
facilmente pelos revc«. ~. pois us cbances do seu exército crescem ~~m a própri
duruçâo d~1 guerra.
Quando a guerra, prolongandu se, retireu, enfim, todos n~ cidadãos LIC! seus
trabulhos f')adftcos e fe, frnc:is~nr suas pequenas ~ntpri.:_~m;. sucede que a1, mes-
mas paixôc:, 4u1,.: o~ fl.17.i:1111 dar tanto valor á paz,
~Uetrá. apó~ ter destruído todas as imlú:,trias, tornu-se ela m~ . • rnn .,
'nica indústria e e para cta que convergem enüh1 d..: todos os ludos
.,m b, ciosos 01·isi ntiriúb da igualdade. f' por isso que essas
ações ucmocr~tic~~ que se levam curn tanta diflculuaue ao carnpo c.k b:tl:llh
Fazem nele ~lli::itu, prodigiosns, quando enllrn se conseguiu pó-las de- arrnne nas
tado por eles ao campo de baralha. leva-os a expor a vida para se assegurar. num
momento, o~ prêmios da vitória. Não bá grandezas que: satisfaçam imagi-
mais à
n:1.q:10 de um povo democrático do que ~ grandezu milirar, brilh~.111tc...: súbita. que
se obtêm 5cm trab alho, arriscando apen as a vid n. Desse modo. enquanto o inte-
resse <: ox gostos afastam <la guerra os ctdadãos de uma democracia, o~ hábitos
a a] ma os prepururn para fazê-la bem; tornam-se bons soldados na medida cm
que :>e consiga arrancá-los do trabalho e do bem estar. Se a paz ê particularmente
nociva aos exêrcuos democráticos, a guerra dá-lhes, portanto, vantagens que os
outros cxêrcuos não têm: e essas vantagens. s.e hem que não sejam muito sensí-
/cis, terminara dando-I hc~ .• a longo prazo, a vi tória,
Um povo aristocrático que. lutando contra uma nacáo democrática, não
consiga arruiná-la desde as primeiras batalhas, sempr arrisca a ser por ela
vencido.
QUARTA PARTE
OBSERVAÇÕES SOBRE O DtSTINO POLJTCCO
DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICA
con-
levar' pela
Deste modo. atingi por duas vias diferentes o mesmo objetivo, Mostrei que
e igualdade sugeria aos. homem; a idéia d~ um governo único, uniforme e fone.
Venho demonstrar que lhe~ <li. também a. inclinação para essa forma de governo;
C!, portaruo, para um governo desse tipo que tendem as naçôes contemporâneas. A
inclinação natural do espírito e dos corações leva-as a ísso t: basta-lhes não :se
reterem para que o atinjam.
Creio que. nus épocas democráticas qu omeçam. a independência indivi-
dual e us liberdades locals sempre ser âo um pr dum da arte. A centralizacâo será
o governo natural.
Tinha observadu. durante minha pcrmanêucm nos Estudos Unidos. que urna
estruturn socin] dt:mocd.úc:t, scrnelhunte à cio~ umcricanos podena facilitar
cxt ruordinariameme o cstabelecimenm de v111 déspoljsrno, e vira, recomando à
ropa, d~ que manei: a u muior!a dos nos~Li:,, pnnctpcs já se linha servido da
idéias. scnlimcaros. :1 ncccs:-1i1.fau~ que essa mi.:1:1111a estrutura seclal nroduz por
estenderem n cf rculo dó nodur.
Isso levou me a crer u11e !1, nncôes .,;rht-à~ terminarlarn, talvez. sofrendo u1
· <la AnriguidJdú.
reno
:i.n nego que uma Constituição deste tipo s1;J4J preferível iL que, tendo
centrado todos os poderes. os deixosse nas mãos de urn homem ou de um
corpo irresponsável dia.1,'lll do povo. Dentre toda« as diferentes formas que o des-
porismo ôemocrático poderia apresentar, esta seria certamente a pior.I. . )
Criar unia repn.:~·çnLação nacional em pais muito cenrralizado é. ponaoro.
diminuir o mal que 1~ extrema ccntraliznçâo pode produzir, mas não chega a
J2 TOCQUEVI [..LE
., pare-
1i
J]4
TóCQUEVJLLE
dia.
pruncrs
que:
,, d
se estreita.
Se, dentre todos esses traços, procuro o que me parece rnais geral e mais eví-
dente. noto que o que se observa 11<1s rortunas reproduz-se sob mil outras Iorma: ..
Q1.1tts.c todos os extremos ~e :-1.ni\'il.nm e: se embotam: quase uidos os pomo
salientes ~e ruen unrn para J:.i.r lugar n. 3Jg:o ijc, medluno. que é. ao mesmo tempo
menos elevado e:. menos baixo, menos brílharll{; e menos obscuro do que o que se
1,•iJ. antes no mundo.
31
TOCQUEVILLE
O ANTIGO REGIME E
A REVOLUCÂO'
• Wcl'l'c111
• O, l;!IJ1Ílul,,~ IH(Ut 11µtJlle111dç,s f~ram g~J,:ci'<>nndos de f. '<111d1m RJtiuu• 111 /e R,l1•1ih11fcm. C!JitlOf'I, ifieilli
mard, P95"'. ,.,.~1,• u1t~rl\lc,di1,nlopor J. P, Mll}'tlf.
Nc..~i~ 1·,(liçâ•i 1~,.;;1rúul4.~ m~11iê"m :i numeração da edição Í"11nc:..:.i.~ ç :.àu Lro..iuz_i(ltJ,, nn ,,,1,,
lmrf-'l.fuç1fo l'•m.im cJ'cLu::11:l·n-s oorti:HJ.:: parã.~rnío:squc se encontram assinalados por(.,. J.
tos foi feíHl por J,)se AtiJ~us.tQ <iiilHoo d'-" • . ,1~11(J11crqut'.
Prefácio
E,s-re Iivro mio é uma história do Revoluçiia mas um estudo sobre ela . .)UCJ
htsujr/ajáfolfefra e com tanto 1>1·J/lu; que não ouso refa:rê-la.
Ern 1789, os ftances1Js l'<'uli:.:uram o mnio» esforço oue gttalquer pO\"O jamais
terá feito, na :;1;m ido de, por ussim âi-=er" produzir uma ruptura em sua histári«
oue vtesse d separar por um ab;smo o C)lJf! desejavam ser do que tinham sido até
então. Deste modo. empenharam-se em assumir uma conformação diversa do. de
eus pais e tomaram todus as medidas para que sua nova condição nada preser-
Passe do passado. Fizeram, enfim. tudo r, que se poderia tmaginar qwi. devessem
fazer para prôdu:.ir turu: lra,1.efonnação completa de si próprios.
ontudo, sempre acredltei qul' eles tiveram nesta empresa exuaordiluí.r1'a
milito menos êxuo do que se pensava no exterior e do que- eles prôpno» pensaram
inicialrrumJe. Sempre acreditei que. apesar de tudo. IN.:n1iam conservado do W'ltigo
regime n maior parte dos sentimentos. dos hábifos e das prâpnas idéias, com a,"
:1uair haviam dirlgirlrJ a ret'Oh.tçiio que o destruira. D,•ste modo, ete«. embora sem
o deseiav, se haviam apoiado nas minas dn amtgo regime para construir ó edi}Tció
da nova sociedade. AS5im, puru compreender a Revolução e s1ui obra seria neces-
sârio esquece, pnr um momento o França de> presenu: pura lutorrogor cm sua
tumba c1 França do passado. P. tsto que tentei jaze: aqui, embora mi d(/it:uldade5
tenhan) sido CCl'ta,ncmt maiares do qu« uu leria podido imagtnar. (. , . )
T~,,rtf penetrar tJIÚ o cem« do a11tig<,; r>6·1tlme, aue. embora rên pn;xlmo d,
nó~· nu u:mpo,jti ${" acita oeuliada pel« Jl.'1'l 0l1Jr,iio. ,{. , .)
1
t camra-
ocicdad.es
de S(!US intor
tturn i11dlvidualis1no
lia.
,,, ele
O ANTlGO REGJME E A REVOLUÇÃO 23
CAl-'llºULO T
Juízos eontraditórios sobre a Revolução
ada mel
aos fiió!llof-0~ e
no-
ram
u rar seu pres-
1ício ::i
d
TOCQUEVILLE
sua forma, porque a vêem como se fo~se através de um espesso véu. obscurecen-
do-se, assim. a influência que. desde o início. ela deveria exercer sobre os destinos
do mundo e da própria Inglaterra. Arthur Young, que percorre a França. no
momento em que a Revolução Ma eclodir e que .i corrsjdcra iminente, ignora suas
dimensôcs e chega a perguntar-se se o ~u resultado não seria o de uma amplia-
ção rios privilôgios. "Penso que esta revolução faria antes o mal que o bem se vier
:a dar ainda mais preponderância à nobreza."
Qurmto a Burke, a. Revolução inspirou-lhe, desde o início, um ódio que ilu-
minou seu espírito. Contudo. o próprio Burke permaneceu por alguns momentos
na incerteza, Seus prognôsueos iniciais são de que a. Revolução debilmtaria e, do
certo modo, aníq uilaria :i França. "Pede-se admitir", diz ele. "que as faculdad
guerrcíras da frança estão extintas por' muito tempo. talvez mesmo para sempre.
ão é improvável que os homens da próxima geração venham a dizer como os
amigos; Gal/os quoque i,1 h-e!lisfloruisstJ audi1 imus; ouvimos dizer que. outrora
1
cabe-
O ANTIGO REGTME E A REVOLUÇÃO :327
unen-
ado a
r,..,,.
·xiio.
CAPÍTULO l lt
Fxamincrn-se todos os. anais da história e não se encontrará uma única revo-
1 uçâo política que tenha tido este caràtcr, Só nas revoluções religiosas ele será
encontrado, Assim, se queremos fazer-nos compreender com a ajuda da analogia.
é às revoluções. religiosas que devemos comparar a Revolução francesa.
Schiller observa. com razão. em sua história da Guerra dos Trinta Anos. que
a grande reforma do século XVJ teve por cfei Lo imediato a aproxirn açâo de povo
que mal se conheciam. unindo-os estreitamente por novas simpatias, Viram &e
então. de: fato. fr::uiceses combaterem contra franceses enquanto o~ ingleses vi-
nham cm r.:;ua ajuda. 1 lornens nascidos nos confins do Báltico penetraram atê
oraçâo cfo Alemanha para proteger alemães dos quais jamitiS haviam ouvido
falar atê então. Todas m, ~uen-a:s estrangeiras passaram a ter algo das guerra»
civis e em todas as guerras civis apareceram estrangeiros. Os antigos interesses de
cada naçâo foram esquecidos em Iavor de interesses 110,10::!. As questões de tcrri-
16rio foram irnb~Litoítlal:i por questões de principio, Para grande espanto e desa-
irado dos políücos da êpoca, todas as regras da diplomacia tomaram-se rníxôr-
ia e confusão. foi isto. precisamente. o que passou a ocorrer n~ Europa di:-pois
de 1769.
Rcvoluca
pouc e relacicnari
a nlaumn
.• i ml!smo.
CA:P?°TULO IV
estas
O ANTlGO REGTh'lE E A REVOLUÇÃO
Em 1.odo as
o o emoe-
repi
' vendo
despojos.
Subsistem ainda, no século xvrn. 3,
fos xnr e :XJ
e cultas. Ma
ma"
1
Em francês. l'errsl1,1e é :a cl!:\ig1mçw~1 parn. as ,errm, eoncedldas por nohres :l 11lchcii~ l!m lfllca de uma f\rM
t:\Çêt• ~.eunifoi:1.{N. d.ó T.J
332 TOCQUEVILLE
e fecundas Que as inspir aram .. Ê_ com o s~ estas antigas i n::;tüuições tivessem. sem
se deformar, perdido o sentido que as animava.
ediu que ainda subsiste
de nov:1
A
n
ns-cit1.JJi-
sque-
4uc
. _ . class__
que se mesclam entre ~i, urna oobrcz~, apagadn, uma. aristocraeía aberta, a rique-
za cransformada cm poder. igualdade perante a lei. igualdade dos encargos. Iiber-
dadc de imprensu e debutes públicos, Todos princípios novos e ignorados pela
ciedade da Idade Mécha. Ora, foram prcclsamenre estas novidades que, introdu-
zidas lenta e habilmente num velho corpo, o reamrnararn sem o risco de dissolvê-
lo e, embora mantendo suas formas antigas, deram-lhe um novo vigor. No século
O ANTIGO REG™EE A REVOLUÇÃO 3
XYU, ,L Inglaterra já é:, no seu rodo, uma nação moderna. com a peculiaridade de
haver preservado. como se fossem embalsamados, alguns restos du Idade Média.
Era necessário este rápido exame de outros países para entender os capítulos
seguintes. Ouso dizer que quem estudou e viu apenas a França, nunca compreen-
derá nada da Revolução [rancesa.
PITULO V
CAPlTULO ll
st
va de prm'Íncius
am tl si próprias;
·i
2
1\.ll ririnc:i1}:11,pro1·Jllcfas ,fr rulílli<J -ram o L~irlAIJ\Jdt'Q_Ue . .i Provenc:1, il llôf11cmhn ~ (1 Rr-.!rn.nh:i. {N. t,111 l 1
de sua jurisdiçâo, Ocupam-se, â::. vêzes, da adminístraçâo propriamente dita. cen-
surando ruidosamenre suas medidas e sentenciando seus agentes. Simples juízes
cstebclcccm normas de poli eia nas cidades e burgos. de sua comarca.
As cidades tem constituições muito diferentes. Seus magistrados são poria-
dores de nomes diferentes ou tornam seus poderes em diferentes fontes: aqui um
prefeito. ali côns1,11 les, acolá !)-índicos. Algun ~ :ião escolhidos pelo rei. o urros peío
amigo senhor ou pelo príncipe ao qual o soberano concedeu p,rrt~ do seu domínio
como apanágio. 11-iii os que são eleitos para o período de um ano por seus cida-
d.RO$t e outros que adquirir am a tiLulo perpétuo o direito de governá-los.
Estas são as sobras dos antigos poderes. Contudo. estabeleceu se em meio
delas, pouco a pouco, algo que. (.'m comparação. era novo ou transformação de,
antigo.É o que resta n mostrar agora,
No centro t!o reino. e peno do trono, formou-se um corpo administrativo do-
tado d~ um poder singular onde se reuniam, de maneira nova. rodos os poderes.
... ra o Conselno do Rei,
•wil origem i.:. antign mas ., maior parte {li.; suas funçc'k-:; é de data recente. ,~·
ao mesmo tempo. corte suprema de justiça. pois. tem o direito de anular as sentei,
ças ele lodos os tribunais comuns, c tribunal administrativo superior, pois a ele
competem. cm última instância, todas a::; jurisdiçôcs especiais, AL~m disso. _po
.sul, como conselho U(J governo e de acordo com a vontade do rei, o puder legislu
tivo, discutindo e pror,orido :i maior parte das leis. csrabclecendo e distribuiudo li
Impostes. Como conselho ~upedor de :i.d111[11io;tr,u,.ii.o, cnbe lhe estabelecer .t:-. re
os gerai~ que devera oricn ta r os agentes do p.overno. Decide sobre todas as.
questões irnportamcs e supcrvislona os poderes ~ecuritf~rios. Tudo ucabn por chu
h: r..: dele parte o movimento que a urdo se comumcn, cntrct::mm, ele n.à<'I
modo ulF,um,j1,ff18diçifo prúprln. É só o te, quem decide; mt•:i:1110 yu:.v11J
parece ser i:., conselho que se pronuncia, Embora tenha np::iir~ncias de distribuir
justiça. o conselho J compcsio apenas de simpícs comudheiros (donneurs d'avís).
como foi dito pelo Parlamerno em uma de: suas rcprcsearaçôcs.
O conselho não { composto de grandes senhores. mas de personagens de ori-
m medíocre ou inferior. de andges in1cndLnLe!-. e ou1r~-1ii. pessoa» I.JI.IC i,;c c,,.,.. ..
rncrn na prârica admlnlsrrauva. Todos sãu dcmissivuis.
n, geral. o conselho l\été' discrcturnerue e sem ruído. cvidcncian
menores rpr~ren~ôc-i. que poder. Assim, n~o tem, por si próprio, nenhu
Pelo contrário, desaparece diante do esplendor do I rono que lhe csrá pd>,dn,o, tti
poderoso que afetn ~ tudo e. ao rnesrn n tempo, tão obscuro q uc Ji f'h;iln,cmc se: foz
tar pela história.
o mesmo mudo Que iodu a admiflJSLraçào do Jl8.ÍS é dirigida p
, tl\J~S,1! todn ~ gestâo tl~ts questêcs internas é çonliildU. aos
'nico agente, u inspetor geral•
uern ubrie um almanaque uo antigo regime encontrará que cada provindJ
tinha seu mini c:tro parti cu lar. Mas, qunndo SI! estuda a admini~trnçuo atravês de
$c.:u:. próprios documentos, se percebe rapidamente que a ministro da província
tinha apenas algumas oportunidades, e ainda assim pouco importantes, de agir. O
O ANTIGO REGIME E A REVOLUÇ.ttO 337
lirsados pelos
I:? esta ainda possuía.
i Ficuldadc-. embora já
mo, de geme muito desprezível Contudo. estes homens. governavam a França
como dissera Law e como teremos ocasião de ver.
Comecemos pelo direito de imposto que. de certo modo! contém em si todos
os outros.
Sabe-se que uma parte dos impostos era dada em concessão, Neste-caso. era
o Conselho do Rei que tratava com as compantuas financeiras. estabelecendo as
condições do contrato e reguiando o modo da arrecadação. Todos os outros tri-
butns, como a talha, a capitação e as vigésimas, eram estabelecidos .e arrecadados
diretamente pelos agentes da administração central ou sob seu controle
lodo-poderoso.
O conselho fixava todo ano, por meio de uma decisão secreta, o montante da
talha e de seus numerosos complementos, como também sua distribuição·emre a
províncias. Assim, a talha cresceu de ano em ano, sem que niguêm fosse adver-
tido de: antemão por nenhum sinal.
Sendo a talha um velho imposto, seu lançamento e arrecadação haviam sldo
antigamente confiados a agentes locais, lodos mais ou menos independe:n·tes do
governo porque exerciam seus poderes por direito de nascimento, ctcíçêo ou em
virtude de comissão adquirida. Eram o senhor, o coletor paroquial, os tesoureiro.
da França, os eleitos. Estas surorídades existiam ainda no século XVTH, ma
algumas haviam absolutamente cessado de. i:;.a ocup~r da talhai e outras só o foi.
aiam de maneira muito secundárla e inteiramente subordinada. O poder já esta
todo nas mãos do intendente e de seus agenres. Só ele, na realidade, distribuía a
talha erure as ffeg-ucsias, dirigia e suoervislcnavs os coletores, coneedla prorr
coes e ...
- • "li,;
Ml"l,t'\.M i.A.A.A .A
O ANTIGO REGIME E A REVOLUÇÃO 339
cxclusívidadc a tarefa ce m
rpo de p ·· ·
oficiais.
Os corpos de justiça ti!lh:u-ri preservado o direito de estabelecer regul
mentes policiais e usavam-no com freqüência. M:l::; estes regulamentos se aplica-
vem upcnas a uma parte do território e, mais freqüentemente, a um s6 lugar. O
conselho podia sempre derrogá-los e, de fato, o [aaia com grande freqüência
uando se tratava de- jurisdições inferiores. Por seu lado. o conseuie comumente
estabelecia normas gerais, a.pli.dvcis igualmente a todo o reino. seja sobre maté-
rias já reguladas pelos tribunal !i, seis sobre rnatêrías diferentes. O número dcstés
regulamentos ou, como se dizia então, dcsres arestos do comelJm é imenso e cres-
ce sem cessar ã. medida que se aproxima a Revoluçâo. Durante; os quarenta anos
34 TOCQUEVILLE
mais cbrigado por lei d ocupar-se dos pobres do campo, O governo central cha-
mara a sj com ousadia a tarefa de prover sozinho às SUi.\§ necessidades.
O consethc atribuía todos os. anos a cada prevíncia certos fund
rbtraídos do produto geral clos trtbutos. que o Intendente distnbuía como :a.uxilt1
nas freguesias. A ore deveria dirigir-~i; o agricultor pobre. Nos tempos de- escas-
sez. era o intendente q uern ma11d(n•a dím·tbuir o trigo 01.,1 o arroz no povo. O con
selhe promu]gavn anualmente sc.::ntcnça."t que ordenavam se estabelecessem, em
lugares que o pr'Ópdo conselho tornava ô cuidado de indicar, oficinas de caridad
ndc O$ cnmponc.:scs mais pobres poderiam trabathar em troca d,!! um
salário. P. fácil perceber q,uc uma caridade que &i.' fa, de tio longe ê, co
ia. cega ou caprichrnm ~. em 1ado c,1so. sempre insuficiente.
O izovcmo ccn trat não ~e limitava a. vir cm socorro
lho:. ,1J, arte de enriquecer, ajudar .•.
te Opjeti vn, d'r:. !ri bu
C.-\P(TlJl..O V
A ccntntLização lntroduziu-se em meio aos antigos poderes
.: suplantou-os sem destrui-Ios
tabelecerem
um p1
ta grande cm pre
da .a substância d
342 TOCQUEVU.
da
O ANTIGO REGIME E A REVOLUÇÃO 34
inclinado que para impedi-lo de cair. Em seu seio. lodos os poderes tendem natu-
ralmente para a unidade e só com muita habilidade se pode mantê-los: divididos.
A revolução democrática, embora destruísse tantas instituições do antigo
regime, deveria, deste modo, consolidar a centralização. pois esta encontrava: seu
lugar de modo tão natural na sociedade que a Revoluçâo havia. criado que se
poderia tomá-la facilmente como uma de suas obras.
CAPÍíULOX
ernprc
teri
00""
TOCQUEVILLE
permitissem governar. Aqui, conservou até o fim .a imunidade de. intposto parai se
consolar de ler perdido o governo. ·
o século Xl V. a máxima, Nêa imponha tributos a quem não os quer, pare-
ce estabelecida tão sohdamente na França quanto na própria Inglaterra. É lem-
brada com frCt,lüê:ncia~ infringi-la parece sempre um ato de tirania, obedecê-La é
conduzir-se de acordo com o direito. Nesta época se encontra, como já. foi visto,
uma quantidade de analogias entre as nossas im,tituíçõe~ política:; e as tios. ingle-
ses. Depois. os destinos dos dois povos se separam e tornam-se cada ver mais
difereates medida que o tempo avança. f como duas linhas que. embora par-
à
eando, de pontes próximos, tomam drr~çõ~s um pouco diferentes e &e desviam n se-
guir indefinidamente à medida que: se .alongam.
Atrevo-me a dizer que no dia em que a naç.â(), fat.gad!a com ns prolongada
desordens que acompanharam o cativeiro da Rei João e a demência de Càrlos V[,
permitiu aos reis est:i~lecerem 1,1.m imposto geral sem seu concurso. em que
nobreza teve a fraqueza de permitir o lançamento de tributos sobre o Terceiro E
ado à condição de que ela própria e~frvcsse isenta - neste dia roi semead
ermc de quase todos os "icios e de quase mLi()s os abusos que minaram o anti
rregimé durante o resto de sua. vida e iermínararu por causar-lhe violentamente
morte. Admiro ::i incomum sagacidade de Comrnincs quando diz: "Carlos Vl
dfo,âu d~ impor a talha a seu gosto. sem n consentimenro dos
de seus sucessores e fel ao mino uma rerida qu
,.
tributo que não parecesse atingir diretamente os nobres. Estes, que apareciam
então para a realeza como uma classe riva I e perigosa, nào t~r:iam aceito jamais
urna novidade que lhes fosse tão prejudicial. O rei escolheu, portanto, a talha. um
imposto do qual os nobres estavam isentos. ·
todas as desigualdades particulares que já existiam. juntou-se assim uma
desigualdade mais geral que agravou e manteve todas as culta::,_ Desde então, a
lalha Se estende e SC diversífica à mcdída que as necessidades do tesouro público
crescem com as atribuições do poder cemral, Pouco tempo depois, ela estará dez
vezes maior e todos o~ novos impostos tornam-se talhas. Portanto, a cada ano
que passa, a desigualdade dos impostos separa as classes e isola os homens ma;
profundamente do que havia sido aLé então. Desde o momento ~m. que o imposto
tinha por objetivo não os mais capazes de pagar mns os mais incapazes de se:
defender. éramos conduzidos a esta. conseqüência monstruosa que consistia em
isentar o rico e tributar o pobre. Diz.-:!-l. s que Mazarin , para cobrir necess.idntf(!S d,,
dinheiro, pretendeu estabelecer uma taxa sobre as principais casas d!.! Paris. mas
.J ue, tendo encontrud« t:crto resis tênciu c11Lrc os Interessados, limitou-se a juntar
· cinco mltbões que lhe eram necessários ao decreto geral da tnliia. Queria
impor um tributo aos eidadâos mnis opulentos e se viu obrigado a lançá lo sobre
os mais míserávels. Mas o tesouro não perdeu nada,
O produto de taxas tão mal distribuídas tinha limites e: as necessidades do
príncipes eram Uimi,.o.das. Enjrctanto, estes não qlLçrinm. convocar os Estado
para obter subsídios nem impô-los à nobreza, provocando-a a reclamar a eenvo
·uçào daquelas essemblêlas.
Vem dai esta prodigiosa e pemicicsa feeundidnde do espírito financelro que
s dinheiros público
'.e um equívoco- acusar a Idade Média por todos os males produz.idos pelas
corporações industriais. Tudo Indica que. inicialmente, os mestrados e juízes de
ofício eram apenas meios de ligar entre si os, membros de urna mesma. profissâo
e: de estabejecer. no âmbito de cada indústria, um pequeno governo livre cuja mi
são era, ao mesmo tempo, a de assístír e controlar os trabalhadores. Não parece
que Sâo Luís tivesse dc:,c;:jado mais do que isto.
Foi só no começo do século XVI. em plena Renascença. que se imaginou
pela primeira ,,ez o direito de trabalhar como um privilégio que o rei poderia ven-
der. Só 1l partir de então cada COí'pO de Estado &e tomou uma pequena a.ri~•
cracia fechada. estabelecendo-se estes monopólios tãn prejudiciais ao progresso
das artes e que causaram tanta revolta em nossos antepassados. Desde Henrique
U, que. se não foi quem deu origem ac maí, foi por certo quem o generalizou, até
Luís XVI. que o cxLfrpou. pode-se dizer que os abusos do sísrema de juízes de ofi-
cio não cessaram jamais de crescer e de estender-se. e neste mesmo pcrfodo o
progresso da sociedade tornava tals abusos ainda mais difíceis: de suportar :à me-
dida que eram melhor percebidos pela consciência pública. A cada ano, que pas-
sava. novas profissões deixavam de ser livres; do mesmo modo, cresciam os priv;i-
l~gios da.s antigas. mas o mal jamais cbegou cão longe quanto nesta fase qu
habitualmente se designa como es belos anos do reinado de Luís XIV. porque ja-
mais em outra época as necessidades de dinheiro foram maiores nem mais defini-
tiva a resolução de não diir1sir-se, de modo algunt~ à. na
etronne dizia tom razão em 1775: ··o
Estado csrabeleeeu as comunidad
industriais apenas como Icnie de recursos, tanto pelos patentes que vende cerno
pelos novos oficias que cria ,e que as comunidades são obrigadas a comprar. O
edito de 1673 velo tírar a.s últimas conseqüências dos princípios de· Henrique Jl!
comunidades a pagarem pelas cartas de conürrnaçâo e
rtesãos que ainda não estavam em com1,midades a juntarem-se
l:i:s. Este n~iscrillvo1 negóc,o prod\Ulu. trci.cntas mil libra:s",
Vimos: como fo1 perturbada r,oda a constituição das cidades, niio por razôe;
políticas mas pela esperança de atrair alguns recursos para o tesouro.
Estai mesma necessidade de dinheiro, associadt11 à decisão de nadu pedir 40S
Estados, deu origem à vcnalidau:c d
ôrneno 1,jo estranhe que nmi
1Jnd.o. A vaidade do Terceiro Estado. que se compraz unicarnel'\tc. na
de funções. públíeas, será rna:ruída cm vigor durante uês séculos graças a esta
inslit:uiçãio nascida do cspíritc fiscal. Fazia-se assim penetrar até as entranhas da
nação esta paixão universal dos cargos que deveria tornar-se fonte comum das
revoluções e da servidão,
À medida que cresciam as dilicuhiades financeiras. surgiam novos empre-
go&, sempre retribuídos por isenções de impostos ou pOr privil.ê·gios . .E. como a
decisão da criação de novos cargos dependia das necessidades do tesouro e não
d4 edministração, chegou-se, deste modo, a instituir um número quase incrível
funções inteiramente inúteis ou daninhas, IEm 1664, quando da pesquisa feita por
Cclben, encontrou-se Que o capital comprometido nesta míser·ável propriedade se
3,4eo
TOCQUEVlLL
O ANTJGO REGIME E A REVOLUÇÃO
encontra
sem. ao mesmo tempo,
um engano: só um dei
raoâo: Iol (quem poderâa
--
LIVRO m
C,\PíTULO l
Deixo agora os faros antigos e gerais que: prepararam .:.:t grande Revolução
que desejo descrever ,e passo a examinar os faros particulares e mais recentes que
determinaram seu lugar, sua emergência e sea caráter.
A França é. há muito tempo. a mais literária de todas as nações da Europa.
Comudo, os homens de letras da França jamais haviam dado mostras do e$pírioo
que trouxeram à luz em meados do século XVUT~ nem ocupado o lugar que ent.iio
cupararn. Coisa jamais vista entre nós e. penso ~u, em qualquer parte.
Eles não se cinccmrrnvam, de modo algum, metidos nos assuntos. cotidiano
como na !nglaterra. Antes pelo contrário, nunca estiveram tão longe. destas ques-
tôes, Além disso, não estavam revestidos de qualquer ripo de- autoridade e n
preenchiam nenhuma função pública. numa sociedade 'J.Ue era, de resto, repleta de
funcionários.
n..,.
dias. a d issertar sobre
hr,
maior
e cnc
oea, N3Q hó. nenhuma, dcbdi,;
ão comenha um pôLLCU desre e~pírito.
s. sistemas poHticos destes escritores variavam tanto
u.asst: conciliú los para formar uma única teoria de governo e
um trabalho intermináve].
Contudo, descohrc-"-e facilmente
:s<.: utingirem as idé!as matrizes, que
darn, pelo menos, com 14!l'ltl noção muito geral. quu cada um parece te
352 TOCQUEVlLl
nccberam
t.lc-
seu dosnínio.
ar q uc havia
TOGQUEVILLE
estender-se à vontade
1:m Su lente.
Esm oi reunstâner». Ui~, neva ri a hi.-.1ôri". i.l 1.11.: ~u bo: dinuv a 1 ~1 cducnç
hticn de: um grande covo Inteiramente aos homc!"I~ d~ fcll'~t!i, foi l:dYC:t V L1lli!
ais contribuiu puro. dar a Revolução rr.ancc.'lr1 seu earárer nrl'.'mri e paru torná-
que vemos ht1Jc-.
crerccerurn upcnus sun
OA LGO REGUvlE E A REV O L U Ç Ã O 357
lo governo a,:m
duc:1çiio rc\•olueiomÍri:i do J)O,'r"O
de
rnoco algum.
A u~s:cmblda provincial da brai:,.;a
~dminis1.ração dali mãos do intendente, (JUC, havia vinte anos, as autorid
pagavam a~ terras tomadas para a con$lrução de C;:tminhos. A divida assim
o.ncraid.a, e aindt:1 não rcsgetaita pelo Estado neste pequeno rincão da Franç
elevava-se a 250 000 libras_ Era rcs;trifo o número de grandes prcnricrános atingi
dos desta maneira, mas grande o número dos pequenos pr<1pri~tãrios cujos ime-
O ANTIGO REGmME E A REVOLUÇÃO '59
sscs foram lesados, pois a terra já estava dividida, Cada um deles havia apren-
ido por experiência própria que o direito do individuo merece pouca deferência
quando o irneresse público requer que se lhe Faça violência. Doutrina que certa
mente não csq uecerarn qu andu ~ tratou de aplicá-ln a outros e em proveito
próprio.
Houve antigamente, num grande número de freguesias. fundações de cari
dsde que tmnham por' objetivo, na irneuçâo de seus fundadores, socorrer os habi-
tantos em certos casos e da maneira Que o doador indicava em seu testamento.
m sua maior parte, estas fundações foram destruidas aos últimos tempos da
rnonarquía ou desviadas de seus objeti v<.1s iniciais por simples decretos do conse-
lho, isto é, pelo mero arbírrio do governo. Em geral, os fundos que haviam sido
assim doados âs aldeias eram Ievantados cm proveito dos ho~pi1ai.s vizinhos, Na
mesma época, r1 propriedade destes hospitais foi por sua vez transformada em
bediêi1cià a idéias que o FimJaiJor não d vera e que, sem dúvida. não reria adota
do. Um edito de ~ 780 autorizou todos e~l~~ i.:,sti.1l.,~l1,.·dm1.:mo:, u venderem u::i. bens
m
todas .a~ cortes
360 • .,O C Q U E V íL LE
Paru conchnr; desejo reunir ,1lgum~s .J:._1:. i.:.1r:.1cw1istica" que descrevi ante
rn separado e mostrar corno ,, Revnlui;tro emergiu do (lnlig,• regime. que acabo
de reuatar. come i-.t: :-.urg;1:,s-t; de ,,;j prórma
O ímu de L[UC a Revolução. que deveria abolir vtolcntamemc a velha consti-
unção da Europa, tenha eclodino na l-rança :m invés de cm outro país. passa ij
·"r menos surpreendeu LI.' 4u1m1,fo s.~ considera 4ui: era emre nôs que o sistema feu
O ANTTGO REGIME E A REVOLUÇ ,\O .-61
uai rnuls tinha ~rJíJ,1 de 111do o '-[Ut.: podia pr •..itcgcr 1.m ~cn ir. sem mudar o que
pn-cfo) incomodar 11u irritar.
Quando se dá arençâo ao lmo de que a nobre? H. depois de Ler perdido seus
anriaos t.lin:itm; políticos e abandonado. mais do que se viu cm qualquer outro
pais da Europa Icudul a ~tdmmii::trnçào e- a direção dos habirnntcs, hm•1:i contu-
do. nâo apenas conservado ma" aumentado suas imunidades pecuniánas e as
11:mt:1~~c:n~ Ó;.> 41.1e seus membros individualmente desfrutavam. quando <.~ dá aten-
ção ao falo de que, crnhora tornando-se uma classe s11hNUll1üda. cln permanecia
uma d.hM: pri, 1l~gi;~dn e fi.:chad~l. ,.- como foi dito antes. cada ver menos uma
1
aristocracm ~ cadn vr'/ 111;11s nmn t::is1a J:-1 n5<1 havera razâo para espanto err
que -;.;t!u~ privil~.f!iº~ tenham parecido tão inexplicávci« t> tàn ue1t.:~t~v1:is ã(.):!. fran-
cscs l' que ~ asnirnçâo democrática tenha i11f1amau~, i.'.'US l.:t)ta~·t•i.::-. a pc~nm de
permanecer :-1intl:t hoje aces:•.
Quando M! ubscrvu, enfim. C(Lt<: este nobreza. scpurada deu, classes mêüias
que rcpchr« de seu melo. e do povo. cujo coraçâo perdera, estava mteírament
is<1l,11.lu tJ~ nação. Lendo ~e tranxíur.nado. em apureuer«. nu t.l.Lrc1yàll de um exér
cilf" ma~. ri .a rcn li dadu, •·m urn corpo d~ ofic] m:i. sem ~nld:1do~. 'lC compreende
corno pôd, ser derrubada no c,11~t~'(1 til' um minuto dt:f}l.)J:,. de SL:: haver mnntidn de
pé- púr milhares de anos.
imos como o govcrn« dn re i se hn via ntr ih ui d L, rodns :1, c.1 Ul;°'ih.,L" •••• ris 1n 1.:11c
ri;:, umw quanto :a~ maiores, dt.!p..,Ji:-i di.: ,ttx,hr ti~ lih-cl"O~llh.~·, pruvrncruis e de i..u1..,"itl-
t1111 iodr~i; n.:: rritlérc:i llh.:ai~ em rré~ ~111111·rn:,; 1•:Lrl~ ... da França. Vimo». por outra
pane, como t>arb ~e L11m ara. por c2m~i:t.1üênci11 necessâun. senllLlf íl ,to pai:-.. ou
melhor, 'li.: tt,ri1nrr1 trn.ln ,, pu.í~, quundo :11~ tmi1,1 forn npen 1s n capitnl, ês1c~; deis
t:ml'i r,:ir{iCLlla.1\1:~ ~1 França bastarium por 1,i ~os para cxpucar por que uma rebe-
li5o pôd,· dcarruir ccu11pl..:1um1.:m~ unrn monarquia que lravrn suportnde choques
t.1<., vrolentns durante Hum•~ ..:êculni;: I.! que, :1~ v~spc,·~1~ du 1.1u1.·~.b. aindu prm:ch•
inuhulúvo! mi:smti aqlLclc.:i.. que dl.'vc.:·n~l,n t.J •.•rruh:í la.
Frnnçn era um rn.is nnde u1d:1 :1 vidn p,1li1i~a se achnvn
tnpkt:111'1:nic..: liaviu 111111:; t1:mp1.) qut· cm qualquer ouir« pai:-. <la Eurupa, ,. oncc
o . . r:mi:.:ulttrt!~ 1irnis huvium perdido '-' hãhilL' tfas •. p,~:a~""ic., rul->lii,;as. n i.:11stumc tk
lc, no- fu1t1,. :1 c.:xpçriC:nc1 u Jrts nl\íVi 1rn:nt~):) popu lnr,s . . q uasc il. füi~i10 J,u povo.
E m~,1 int~~i~inar como lodos os Irnnccscs. '.>l"m o rl.". rcc~i.;r puderam cair numa
t~rrt, c.:I i: i.:\mw. ao mesmo tcmpu, 11~ mui-, ,1111i.::J1,,~l\h1, (Qv-.c.m o:, r;>ri-
1·\.!v\iluç~t1
metros ~• marchar pura da, encarregando-se 1.k ubrir r.: nlargar o caminho que
clu conduzra.
Jil nfio hnvln m:lt~ in~1i1uiçii..:!. livres e. por eonscqücncin. enmbêm fnltavam
=\•1 po:- J1P!.i1,ico=- vivos <= r:irtitln,; e1Lr,nn11-sdo~ e Jín~1cJPl>. Na nusú11ch de todas
CS1.:ts torças regulares, ~ eor,du~ii<1 da opir1i:iL1 pública, qunndL~ c:.:~ta , d,1 o renas-
er, coube unicamente aos rilós.rJfos I!, deste modo. a R~·\.•oJuç~o foi conduzi
menos p,t'lr considernçjio de cc:rco1 f.itl,:-i particulares que segunde pnne, µins abs-
1 rnto_s e 1 orias gerais. Era ernân previsiv d que. ao invés de atacar scpnradarnerue
7
as leis mas, :'ll::tta~!>e a todas f1S leis. Lo; quisesse substíunr u nn1igc1 t.:~~n,ciu11ç:h.1 da
frança 1;.c-10 sistema de governo completamenre novo que os escntores haviam
concebido.
Como a Igreja se encontrava naturalmente mesclada a tçda8 as velhas insti-
tuições que :;e trutava d<.~ destruir. 11âo se podia duvidar que a ~évoJução devesse
abalar a religião au mesmo tempo que punha abaixo o poder civil. A partir dest
momento era impossível dizer a quais temeridades inauditas poderia deixar arre-
bater-se o espírito dos inov~dorcs que· !:>C Jiberavam. a um só tempo. de todos ô
lmpcdírncntos que à religião. os costumes e as leis impõ,em à imaginação do
homens.
Quem tívesse estudado bem o estado do país, teria facilmente previsto que
não havia temeridade, por mais extraordinária. que não pudesse ser tentada. nem
-iolêncía que não viesse a ser sofrida.
Em um de seus c!oqüentes paníletos, Burke se admirava; "É notável que nao
,,e veja um hmncm que possa responda pelo menor distrito I Mais ainda, não se
vê um homem que possa responder por outro. Todos estào ptc:::~os em suas casas
em rcsistêncta, scium os reattsias. os moderados ou quat-:quer outros:... Burkc
conhecia mal as cnudiçôes em que bavíamos sido deixadv:, aos nossos novo,
narquía que ele lastirrtavs. A administração do nntigo regi"
me havia supnrnído. por antedpaçiio, a possibilidade e o desejo de coopernçâo
entre os Jranccses Quando sobreveio a Revolução. não se encontrariam na maior
pane da F-rnljt:1 ~k.1. Jiorncn-'b CJUe tivessem o hábito de agir em cernem de maneira
regular e de cuidar, por si próprios, de sua defesa. O r,micr central deveria encar
regar-se disto, Deste modo. l) potkr central não i.:nco,ih'ou nada diante de si que
pudesse ch:I~ lo, 11cm mesmo r1.:turdá-lu par um momento. quando <aiu das mão'°'
da ,idmini~traçii(> reul paru 3S di: umn asi,çrnbléia irrcsp011sável e soberana que
passa, sem trauslcâe, dª cu111pl:1c~nci.fl ao terror. J-'\ 111.1:smn causn. que üit> facil
mente rin:ra cair ;i monarqula, iornaru Ludo pos~jvcl aws ,1 suu queda.
!m nenhurnn época mais do que no sêculo X Vl}] se pregon1. e . apercnta-
mente. se :,Himhira o totcrância ern matérf.a rcli~iosa. a amnbilid:1de nn cornand ..•.
1
a humunicladc .: rncsmc a bcncvnlêncía. Até mesmo o direito uc ,!!LtCrra, ú.ltini
cfuiio da vioJ~m:ra . .:.e havia rcstrlnurdo -
,. ---
parte do solo, isolado antes que dependente, o povo se mostrava comedido e alti
vo. Es1ava fatigado lias muitas dificuldades e indiferente aos prazeres da vida, era
resignado freme aos maiores males e firme em face do perigo. Ruça simples e viril
que consrnuíra os poderosos exerci tos diante dos quais a Europa deveria dobrar-
::.e. Mas isto mes.1110 o transformava num perigoso senhor. Como suportara quase
só e desde há muitos sêculos o fardo dos abusos. vivendo à parte e alimentan-
o-se cm silêncio d~ seus preconceitos. de seus ciúmes e de seus ódios, endurecera
nos rigores. de seu destino e se corriam capaz. ao mesmo tempo, de enrijecer tudo
e· de fazer sofrer a lodos.
ra da Revolu-
ão e por impor-se a
querer viver
renascer ~- L"õtt,lilfdar-!'i i.:. Seu r.!~f}irito punha-se à mostra :-1c111 r.Jifo::ulc:k1des: dc\'s:ria
ser ao mc).;mu tem p,,1 n cnntinua<lur da Revoluçâo eu seu ucstrutor,
Com ,..:lt'itõ. o unugn regime mntiI1J1a Indu um conjum« de ins1ltuiçi'ie:1 de
d::tta moderna que. sem ser J~ modo algum hoslis- ~ igualdade. poderiam foc-il
mente incorpnrsr-se A- rtt•v:1 ,1}C"!da.Je, ofereccnJ11. conurdu .• faciJiui1dcs cxtmnrdí
niirias ,m despi uismu, E~L:iO.: lílRI it11iQ5c;) for:1 m 11rneur:1dns e énct1ntt·:J.da~ cm m!l·iu
às rufo as de todas ~[},, outrus•. Arni~aini.:n te, tín hum uaút, origem a hábitcs. paixões
· e idéias que tendiam :1 manter º" homens divididos e :-.11bmis!íos. Tudo isto foi res
ni rnado ,e cstimulndo. A central ir.aç.ã - ("l fü1 rl'.sg AHHfct de sL1a s rw· 11:J"i o rexrnurada.
~como.ao mesmo h1m1~1 em &.JUC! e~tn se rcsrabclecl», perruunccm dc~1ruido IIJ(k•
u LJL!e fl'Ude1'il limit rí-l:1 cm niu ras t>poc!u,. CftJL.!f~i u rerentinnmcnre, Jw, p,ri 'ipr~at.
cntranhns du riati:t11l que vinha de dt.:rruh~1UL rc11lL·:.:.a. um pnd.:r 111J1i~cx1i:-ni;;11. naii
minucioso e mai 11 nhsoluto do q ui! j!i mais :,;e :wuo:! tetrlru ~ld\1 1.:;,,.1aird,h1 11or nc
nhum <lui; nossos r,1.,, A empresa parcela de umt1 ttt1i1t!r1'l.fad1: extrnordJnitri.:1 t: seu
sucesso •m111dill~ !')11r1.ph~ "i1\ si:. pcnsavn llq 4111: :-1e vi.11 . : s~ e;,;,i:1uccfo u que nâu si.!
viu. O tkrm1n..Li..fúr t.:,JIU, mm, f1·C"r'm:i.nce-cu de
1
pc
o que httviu de mais substuneiul
~m .m:1 obrn, Sc1.1 t1ov1Jn1n c~'Llwu mono mas SLHJ. adrn i11isrnçíio eontirruuva t1
viver. E lt)uas ns vc-1..11:::.; que, dcr,,n-i~. s~ dcs~jr,u abater o poder absuluto, nâc si.'
pôJc (w;t:_r nuns do que i..:~ilui.::11 a cahc~:u tia LihcrdadL• sobre um corpo servil.
Desde que: o R~vtJluçtfo começou ~H~· no~~v.,, diui,,. 8\.i tem muluis vezes vasto
l~ pub1âo ~u Hhi.:1·u:1di: cxnnpuir .:-:e. dépms fl!!1!1\.:C~I"'. ~"1;line1wr' ~>,,.· urnn \'C/. ffltli
pura de n,w<r> nwo::n.:ur, ,·\., ..• ,m tem xido (.lt::s<lc l1ú mulr« tempo. !l~morti 111ul exnerl
rnent mfa e m.: 11 rc~L1 índn. rucíl de tlci;1.'!flé(ll'11J11r. de tlm(.!,çfrnnt.u e ,Jt: 'l'c-nc.:cr, super-
icla1 i? fJ{t)!l!ll!,í:rl'u. At) mexrnn tempo, ~1 paix~11 p.~1n igt,:ddr,d...: ocupa <l!! medo
constnme o nnrngo dos c{,r:\çr>~:-.. Jm, ,1 unis fnl u prhnciru a se ;_ip(ldcra.r. ~(s.1,;ucüm
do-se aos Xl.'nlimi.:nto:i;qw.;: 1111s são 11wis qu,i,;tilfo:s. Sr u prime1r'a muda sem ..:l.'2f~.:n
de aspcct». ,11 minui, cresce. ;;e forrnlé~L! ,.1u ,11e dcbllim .,c~undt1, 011 ,1conl E!{;'i111c11u ..•
1
,ti ou I ru e scmpn: a mesm rJ ..scrnpro hp:nde1 il<~ i'nl.'-:in,~ 1 \h.i1.-ii"r'O com ti mesmo ardm·
ibstirtado i.: rnuitus vL--.t.l.:!s .c...:su. pronta u .,n11;riticn:r ludt1 ii.4111.:lcs (.Jli..: lhe permitum
snt'iisfazíff·.~C. guurncccnd11 l.l _g'1\'Crl(() que lhe sejn f;'.lVl)ruvr;:r ,C fü,ünjcanc.lo O.Ili hitbi
tes, h.kiíw, e teis ,,w.: o dci,;pmi:snlú neccssi ru para reinar,
A Revn] llii!:10 írnni.:c.Hl ~çru apcn as trevas pa: a aqueles que só ~s ,1,.•l:-1 dc.sejc-m
1
-bservar, (: nu~ tempos que a precedem 4u~ é prci;;ho 1'11.1!<.t.;tJr n uni cu h.i-Z que pode
ih1mini1 IIL. Sem uma vr~iin nilich1 Lia ~mtíga ~o-cicd;túc.~ dl" .:rnn~ leis. de seu.a; vícios,
d'c seus. rwi1co11te.ítos. d~ li:Ua:-. mh~ri~!i e de :;uJ1 ft.rnn<l:e.rtt. não ~e cum,,rç;:endcrájn-
mais fl q ue fizeram i,~
franceses durante n curso dos :.!c' ••• s~ntu .un,,~ que sc-guirüm
sua queda, l\,1'.~.s nem mesmo esrn visâo seria su llcicntc :">C ni11 • \e penerrasse s, 11~·(1
priu natureza de nossn nnçâo,
Quando considero a nação cm si própria, encontro-a mais e_)(Jrnordiniiri:1
,que qualquer dn:=:; aêm'tkcimrntol-: d(.! sua hi!'it&ria. Jamais houve o~Jl.n.i sobre a
O ANTIGOREGJMF 1.: A REVOtUÇÃO
terra que fosse tão checa dt.: contrastes t l~ü extrema cm cadu 11111 d~ seus atos, ou
mais oricnuu.i.1 pdao:; sensações e menus DClú:<. principi.1.1s. A ssim. torna ai. coisas
.. ernpre pior 111.1 me1J10,r do que 1':iC espernva . .às vexes abaixo. u& vezes acima do
uivei comum i..f.A humanidade. Um povo de mi modo constante cm . ;eu~ principni .
insumos q ue pode ser reconhecido mcsmu 110~ retratos, q ue fizeram dele h.:í dois
ou rrês mil anos. ~ .:-1.-i mesmo tempo de.: (aJ .nmdu in~o11~tM.t;.;S em seus pensa
mentes diários e em seus gustos.quc acuba por se tomar JJm espetaculo incspe.
rado parn :1_i pmprto. muü.:11-. vezes se surprccndemío tanto quunt« u~ cstrangcirus
diunte do que ele próprio ncabs de fazer. Quando dr:!itado a 11,í r1·{,pi:rio. é o mais
w~sdn~ t.' n mais rorinciro 1.k WJ.n:'.., mas, 4u1rnth.1 1.: arrancado à sun morada 1..· a
seus l1áhiwi.; cornru ~J vontnde. Ji-!>p0l" s1.: a i1· t1 cxrrcmos t'. n IL1dn, ousar. 11 jnd1'>i;il
,1
por Lcli1p1.:inm1i.::11w mas se m.:ur11rnL1 mulher sob irnpéno arhi1d1ri" r:: mesmo vi,
lcnM de um príncipe, que sob ü ,1tDva;::1"itl1 ri:.:-_gL,lar e livtc llu!I prmndr,ui~ i.=itlaufü,~.
l·:h.11,: munigu declarado de toda C1hc<fü:11da. :iinanh~ i.l'nl rq, ne a umn ~sp6cil:' d('_
pai,'iíâo 4ur.:: mesmo as ntu.,:.õcs mais 1,~m ,••l 1l11«Ja:') para ti sr:n;id~Jn nà(1 podem igun
lar, P1ldl' ser Ctifü:.luzmdo J'lM u m fio ucs.JL' qu~ ninguêrn r~.:.Í:.;ta mo~ torna :,;:e iugo
vcrnável dc:Mk que. cm il lg~I inn parle. M! .aprc:si;;ní~ alaum exemplo .dt' rcsistcncin.
iludinrlo nssim sempre a. S(.!U:.. :-1,i.:,,h11r1:~ .• que ,1;.1rG temeu: niuitu, ma tem,cm muho
pouco, i\ u11~11 ~ t.ão livre qiu. · n~o lwja 1!~111'.!"l'.'lnça~ J4.: . :uhmcl.& k1. num tnC1 sul.
misso ~1u<.: j{, 11,1P possa qucõrnr ,,-, juglJ . ..\plo p;,1 ra 11.,dt1:--i as i.:11í~r1:.. sobretudo rmra
n aucrra. Am:111k do risco, d:1 força. do sucesso, dü brilh» ~ da bulha, mais qu
kt vtrJ~nh.:it,t glorin.. Mai:-i <.:,1p~w de herorsmo que de: virtude, dé gênio qu.c d••
ho,n senso, llHl.J.S arui pura conceber imensos jJL'\J)L!:LU~ 'i.llltl' pm'~I t,;OllclUií !?nlll\JL.'
empresas, ,~:amais hrill111ntc i.: a mais r,c.:rítri:o1:i 1.h1-. n~1~;c,., dn fawnrt1. P·t•d.: con
tituir !'1:-C 11ltan:.1.tiv111l11.!1Hr,; em nbji,;'Ll1 ,h: Hdmirnçêio. de udio, di.: n1cJ~idc,. d~ terror,
J'n('!.Sj:'.lmai:. de, intliri.:nmçn .
Só ~la pm,laii, uar origem n li mil I t!Vt 11 uç~n ião repentinn. r1:h1 rridl cnl, tãc\
impetuosn cm ~~LI curso 1:. contudo. lctn cheia de racua?JS, de folo> ,c, de 1.;~..-n1µJo::,.
ç;,lmtrml11.ôrlo,s. sem ns r:v.iie?.~ que i11u1q0t.H. ()S l"rimc<..,.e~ jam~ii1. ~, t,ud:m, feit
M ~i ••• e preciso I econhecer que ~{; m1 P1 un i.;:1 u conjun l(J de Loc.li1~ c~ta!,. ntY-Üc:, ti1:ri~1
sido suflelcrnc p:ll'a explicar urna rcvnluçfü, corno 1:!1~~1.
Eh; mi: dit111Li;: r.lli umbral 1.k:.stêl Revuluçâo mcnrorável. Não cruraret dcc;;10
·1., tct.lvc:, n f:"IÇ-1 k)i~l mais. Não 111:.i:; ~1 censlderurui unü'io nas ,íitJ..fl~ cuusas. mas;
~l cxamtnareí ~m si proprtn, u. enrlm, OJJ.sarcí julg.nr A ~m;icdmic que da ~rim1.
ÍNDICE
XIV
Bihiiografia ,. --. l 1, .i.. & ;a a • • 6 li • • • ,. •• , • .• • a ;, • • 1 • • •••.. ,. • 1 • • • • • • • 1 ,·:.v
ESCRITOS POLíTICOS ..•.... _ .. , . . . , ..........• , •....
AP. H - As bênçãos de um governo 1i vre ......•...........•.
1. Ohj,ao de governo: proteger os direitos naturuis e promover
u felicidade do povo , , ....• , . , , .. , .. , .. , .
1. Direitos naturais i!m geml . . . . . • . _ .. , • ; . 3
2. Es,:rtwa1ura, uma 1•io!açâo dos dfrefros nutumis , B
1 J. i-: leito da forma d!! governo sobre a felicidade ,;fo pó
1. Os m1.lle$ do g,01111mo heredirúrlo e QS 111mtaJ!l!tr.f; d1
rt'publicano , .. . • . , . . .. _ , , ..•
'º
11
bre o.~ males tias nu;Ul(lrquias , .••.......• , ..• 15
1 1 • li I li 1 • • f 1 • 1 • • f 1,, • • • • • ~ • • 17
•• • 1 •• •• ._ •• • ' • .• • •
v~rno • , •... 31
34
36
............... , ~ ..
- Da origem e t.lo plano de governe cm geral, com crn1ds.as obscrvaç·Õt.!15
sohJ't". r:. Ct1nstiLuiç.ão inglesa , _ , . .. . .. .•.. .• . 45
- Da monarquia e da sueessão heredhá.ria , , ..•.... 4Y
- J<eílcxoes sobre o estado atual Ja'i qucstci.e~ :lm~ric.mm-a~ ••.• _ .•. 5S
Da prcscme éupaddad.t da América. com algumas reílexêcs \'a-
ria<la..s , .... , ····" -- . ·········-- , ....•
Apêodice ~. , . , _ .•.•... , , , ....• , •. .. _ .
• • • • Ili •• ' •• l j 8S
C,\P, r lmrodução , • • • 1 • , 1 , , , " • • , , • •• • , • • • • , 1 l • • "•
89
CAP. H - Do.<: perigos que podem rcsuhar Ja influênein e ho~p!La:lidade
das na~õc:.s ,c,::-Mangcints . .•. •• . .. . .. , .••. , .... , .... p
C,\IP, X - U1ilidode da União cerno preaervatív« contra a:, fac:r;Ü~!i e
insi.1.rrc..:íçõe~ , .... , . _ . . . • . ...• , . . . . . . , ...• , ..•. 94
i\P. )0 ~ Utiridndu da União r~h1LÍvilmcml}; m, cmnljrcío e- it Marmha
IOT
'AP. XV - 0.us defoilO/o: dr! Corlcdcr~ç~o ari..1nl • • , • , •••• , , , 107
C,,P. XX X Vll Dificult.h:i.Jc~ qu_,: t1. Convenção Leve para o-rg~, nizar
. . f ..
um próJeto sal1s ,rilt,no , , , . ; .. , . .. , ..• , • • . • . lf j
CAP. XXXIX Cori:formrdadc uo pluno 1):m1wsto com os principio»
ri.;r,ubhc:im,s: . Exame de unia 1)hjççfio , . • • . . . . . . •.. , .••.. 11~
CAP,XL VU - Exam~ e cxphcação do pdncípm d., sepílrnção dos p~>·
deres .. , ... , . , . . .....• , .. , ..•.. , ; , , , ...• , .•... , . , .. 124
C,w. LI - Comi1\,LJW,:;:~o lfo mcllrn.O os.sunh1 t •• , •• , , ••••• , IJO
CAI'. LH - .Da Câmara dos rcpre!-i~l'ltüf1tct. CurHhç?i,c~ Jt,~ clcittm:,.;
e r.:k:t,dveis. Durnçin, do s ••. rví,çu d,~.., Llcputa,.h,:,; , , , •. , .
rv - Cominu.nç:h~ do mt:H,10 assuruu. Do modo du reprusenta.
ç:l,. ' . . .. . ' ' .. ' ' ' ..... ' ' . . . . . 1 •• ' •••
C AJ1' •. LXll - Con!il iunção d~-, Senado. Col!'ldiçõc~ dos seus memhro«.
li1"Jrnrn das ~UUI:) num,eaçut::s.. 1,iu:aldndc ui; repr~~t;:lfü·tção. Número do--:
!.cn:tdor~~. Durnçfio d.n !1-U:t.}. funç>l;ê:s ••. , . , , , , .. , ••••
AP. LXUJ - Ctrntinmtç.M do mc~mo l1SNL1!'11l0 • • • • t.. . . r ••••
CM• .. LX VU - Da {luturid:;u.ilc do presidemo, Anmcio com que se
pretende
.. ~' fnimizar a opinião públic.:u com este iílrtigo diJ ConMi
tu-aç.no .. • • ti • • 1 1. • .• 1 ! t J li i. ! ~ • " • .•. tt • ..- ,. • ~ ., • • • ~ -
153
CJ\I?, 1 .•. xx - Cont inunçâ« d~ (1'1t:.Smr1 assunto, LJnjd:tdiJ r.lu .Pode:"]' l:'.IIC·
cutivu, E.1n1mc do prii. ,jcLt,1 cle um Crn1~cthn Exe~utivo ...•.. , , _ •
15u
ÇA1,, I..XXVHl D~ inamnvTbilic:f. n,Jç <.1o Poder Judídúrío , .. ~. , ..
16 i
CAP, LXXXJV - Objc::,ç;õcs. mi.,tm, . , .. . , , ••.. , .. , . , , .... 157
CÀl"". [.7\XX.V - Conclusão . , , , . ,- .. 174
ALEXIS IJE TOCQtJEVlLLE - V[da t: obra _. _ •.. 11~)
Crnnuk)giu " ~ _,. ,-.,.
, ,.
__ 182
Hihliografia
·······---- ~---···-···----·••••""---·- 182
Primeil".a Pare
IS l-0}0,1AJ fNS1 '/'t"[,ICW•V,H.S l>A SOCIEJ).l[)'t POU"J'TCA
~i;iunda Pnrcc
Í('JO IJOPO[)'F:)~ POPUJ.Af< t,, sr ,1."i' BASI.
.P.rlme_ir'1 Parte
. -1 VJDA lNTliLEC'JVA L f.' seus FUNJ>.·IMEtVjOS
Qum:t Pnn.c
DBSERVAÇ'/l}."S SOJ:lRé' o Dl,STINCJ rournco fJAS SOCIE[}Al)ES DTiMOCRATJCAS
LíVROI
LIVROI
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causaram todas as enfermidades que levaram à mor
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LIVRO JII
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